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“Onde se produz a osmose? Em toda parte. Em todas as células da vida social (...) E também no teatro.
Como?” (p.54)
“Essa transmissão não ocorre sempre de modo pacífico. Repousa sobre a relação sujeito-objeto. Contudo,
ninguém pode ser reduzido à condição de objeto
absoluto. Assim, o opressor produz, no oprimido, dois tipos de reação: a submissão e a subversão. Todo
oprimido é um subversivo submisso. Sua submissão é seu
tira na cabeça, sua introjeção. Não obstante, apresenta também o outro elemento,
a subversão. Nosso objetivo consiste em dinamizar esta última, fazendo desaparecer aquela”. (p.55)
“Em compensação, em uma sessão específica de O tira na cabeça, pode acontecer que alguém relate um
episódio de opressão individual cujas particularidades
podem singularizar-se ao extremo, podem afastar-se das circunstâncias particulares dos outros
participantes. Nesse caso, seremos tomados de em-patia, nos tornaremos espectadores da pessoa que
relata. Podemos até nos solidarizarmos com
ela, mas já não se tratará mais de Teatro do Oprimido, não consistirá senão de
teatro para um oprimido”. (p.58)
“[...] O protagonista deve ver-se a si mesmo como protagonista e como objeto. Ele é o observador e a
pessoa observada”. (p.58-59)
“Essas três hipóteses são válidas tomando como base a hipótese fundamental
da totalidade do Teatro do Oprimido: se o oprimido em pessoa (e não o artista em
seu lugar) realiza uma ação, essa ação realizada na ficção teatral possibilitar-lhe-á
auto-ativar-se para realizá-la em sua vida real”. (p.59)
*vicário
adjetivo
1. 1.
que substitui outra coisa ou pessoa.
"plantonista v."
2. 2.
outorgado por outrem (diz-se de poder).
4.1 Sartrouville
“Foi algo bonito de se ver. Pela primeira vez, doentes assistiam a debates dos
quais eles mesmos eram o objeto; pela primeira vez, assistiam a discussões entre
médicos e enfermeiros, enxergavam a vida "do outro lado", descobriam o que se pensava a seu respeito,
coisa que era, em geral, muito diferente daquilo que diretamente se lhes dizia. Era bonito. E era cada vez
mais comovente”. (p.67-68)
“As técnicas apresentadas neste livro podem todas ser utilizadas de maneiras variadas e diferentes. O
modo constitui uma técnica auxiliar e pode ser utilizada de
forma complementar a outra técnica, para aprofundar uma busca que está sendo
realizada e facilitar a descoberta e a compreensão de uma cena, bem como das
relações que se estabelecem entre as personagens. Uma mesma técnica pode ser
aplicada em modos distintos e variad os, sendo que cada um deles conservará sua
utilidade e suas propriedades peculiares”. (p.70)
o MODO "NORMAL"
“O mod o normal é a base real sobre a qual uma improvisação é efetu ada. Digo real
e não realista, porque realista é um a palavra já demasiadamente carregada de
conotações de estilo teatral. (...) Um a improvisação pode ser real
mesmo sendo surrealista, expressionista, simb ólica ou metafórica. Uma improvisação é real quando é
sentida”. (p.70)
“Se realmente não houver nada a fazer, nem vale a pena tentar, Mas, geralmente, pode-se fazer alguma
coisa. A experiência demonstra que o protagonista,
pelo simples fato de contar a cena vivida ou de propor uma improvisação da mesma, revela seu desejo de
revivê-la, de transformá-la, de examinar suas variantes e
alternativas. Sendo assim, é preciso experimentar”. (p.72)
“O modo romper a opressão consiste fundamentalmente em pedir ao protagonista para que reviva a cena
não como ela realmente ocorreu, mas como ela
poderia ou poderá se dar no futuro. Os antagonistas, evidentemente, não permanecerão inertes, reagirão e
a temperatura do conflito apresentará tendência a aumentar. Assim, a dinâmica tendo sido restaurada, a
situação se tornará mais clara
e as alternativas mais evidentes”. (p.72)
o MODO "ÁGORA"
“o modo âgora verifica as forças que agem dentro do protagonista, durante seus
momentos de repouso; não as forças que agem durante a própria ação - ação de
conflito em relação a outras personagens - mas as que agem quando ele está em
conflito consigo mesmo, quando ele se opõe a si mesmo”. (p.76)
“Se possível, sempre que utilizarmos uma técnica que, de modo geral , analise
e decomponha os elementos da vontade ou do desejo do protagonista, como ocorre
na técnica específica chamada arco-íris do desejo, é desejável concluir pelo modo
âgora. Isso consiste em fazer o protagonista sair do palco e pedir às outras personagens que é desejo do
protagonista que dialoguem entre si”. (p.76)
O MODO "FEIRA"
“A grande vantagem do modofeira é a de libertar os atores da pressão excessiva que
o público exerce, já que, mesmo se for considerado como um grupo de espect-atores, ele possui uma
presença física. Os atores correm o risco de ficar tensos quando
um público os observa, quando a totalidade do público está concentrada na observação de uma mesma
ação”. (p.76)
O MODO "DECALAGEM"
“Este modo consiste em separar o monólogo interno do diálogo externo e do desejo
em ação. Trata-se, num primeiro momento, de pedir aos atores da imagem para
que verbalizem, durante alguns minutos, os pensamentos que lhes ocorrem, e isso
mantendo a imagem imóvel e rígida. Em um segundo momento, se lhes pedirá
para que dialoguem, permanecendo, tanto quanto possível, imóveis. Finalmente, numa terceira fase,
deverão procurar mostrar, por meio de uma ação física muda,
seus desejos, assim convertidos em realidade: a imagem em movimento”. (p.78)
5.2 A improvisação
“A maior parte das técnicas do arco-íris do desejo começa por uma improvisação. A
complexidade e a riqueza do jogo de imagens que se segue dependem da complexidade e da riqueza dessa
primeira improvisação”. (p.78)
A IDENTIFICAÇÃO
Pode-se falar de identificação quando o ator está prestes a dizer: "E u sou exatamente assim ."
Desses três tipos de relação ator-imagem, a identificação é a mais
forte na medida em que é a própria personalidade do ator que anima essa relação,
sua própria sensibilidade, e não apenas o conhecimento aproximado que ele possa
ter da sensibilidade de outra pessoa.
o RECONHECIMENTO
"Não sou nem um pouco assim , mas sei muito bem de quem se trata!" Nesse caso,
o ator será mobilizado através de seus conhecimentos de um "outro", de suas
experiências de vida passada com um "outro"; será mobilizado não por causa de
sua relação com ele mesmo, mas por sua relação com esse "outro". Essa relação
será mais intensa se o ator tiver vivido ou se ainda estiver vivendo uma relação de
oposição à imagem (ou à personagem) que ele afirma conhecer ou reconhecer.
A RESSONÂNCIA
“Dos três tipos de relação ator-imagem, a resson ância é o mais difundido e certamente não o
menos importante. A ressonância é extremamente útil para determinadas técnicas que exploram
precisament e as relações aleatórias e ocasionais, e
que-realizam uma pesquisa "ao acaso". Trata-se de um tipo de relação na qual a
imagem ou a personagem despertam no ator sentimentos e emoções que ele não
pode identificar ou delimitar senão vagamente. "Ele é assim, mas poderia ser
diferente"; "Eu não sou assim, mas gostaria de ser"; "Ele poderia ser pior"; "Não
sei, mas tenho a impressão" etc” (p.80)
Suas semelhanças
A CATARSE CLíNICA
A CATARSE "MORENIANA"
O caso de Bárbara
A CATARSE ARISTOTÉLICA
“Na formas convencionais de teatro, a ação dos atores (ou das personagens) é observada pelos
espectadores. Em um espetáculo do Teatro do Oprimido, os espectadores não existem no simples
"spcctare = ver"; aqui, ser espectador significa ser
participante, intervir; aqui, ser espectador quer dizer preparar-se para a ação, e
preparar-se já é por si só uma ação”. (p.83)
“No caso de uma relação teatral convencional, o ator age no meu lugar, mas
não em meu nome. Em um espetáculo do Teatro do Oprimido, todos podem
intervir. O fato de não interferir já consiste numa forma de intervenção: eu decido
entrar em cena, mas também posso resolver não fazê-lo; sou eu quem escolhe”. (p.83)
PARTE 2
A PRÁTICA
1 AS TÉCNICAS PROSPECTIVAS
1.1 A imagem das imagens
o trabalho com um novo grupo deve iniciar-se com esta técnica. A imagem das
imagens pode também ser utilizada para avaliações periódicas de um grupo. Ela
relaciona os problemas individuais, singulares, com os problemas coletivos vividos
pelo grupo.
Em uma segunda etapa, todo o grupo maior se reúne c cada grupinho entra em
cena, no espaço estético, um de cada vez. Ali volta a realizar, diante de todos, cada
uma das imagens.
“Em seguida, o diretor proporá ao grupo formar com todas essas imagens uma
única imagem, que conterá os elementos essenciais destas últimas. Para auxiliar,
pode-se começar pela imagem do principal oprimido, o escultor. Os participantes
deverão, um a um, apresentar suas imagens do oprimido, utilizando para tanto
seus próprios corpos. Os participantes escolherão a mais representativa do grupo,
a mais completa, não a "melhor", "a mais bonita", mas a mais consensual”. (P.88)
“Duas imagens podem ser igualmente representativas, oferecendo duas vertentes, duas
características, ambas essenciais, do oprimido principal. Nesse caso,
pode-se então construir dois grupos de imagens”.
“Depois, em torno da imagem central (a imagem do oprimido) serão construídas, uma a uma, as
outras imagens, que se relacionarão com a imagem central
e que completarão o quadro ao retomar os elementos importantes do conjunto
das imagens individuais” (P.88)
A PRÁTICA