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Estudo revela que a voz dos fadistas

tem características próprias

Um estudo científico hoje revelado pela Universidade de Aveiro veio comprovar


que “cantar fado não é para qualquer um”, já que os fadistas, homens e mulheres,
têm vozes peculiares.

O estudo, feito por um grupo de investigadores da Universidade de


Aveiro (UA) e do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), analisou as
vozes de 104 fadistas, 47 homens e 57 mulheres, 14 profissionais e 90
amadores.

“Os resultados revelaram que as vozes dos fadistas masculinos e


femininos são acusticamente diferentes nas medidas de frequência
fundamental e de perturbação. Estas medidas juntamente com o
vibrato foram semelhantes para amadores e profissionais e para as
várias idades. Por fim, o formante do cantor [projeção vocal] está
raramente presente”, aponta Ana Mendes, investigadora do Instituto
de Engenharia Eletrónica e Informática de Aveiro (IEETA) e igualmente
docente em Setúbal.

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Para traçar o perfil áudio percetual das vozes, a equipa de investigação
criou a “Escala de Apreciação de Voz Cantada” (EAVOZC), com o
objetivo de quantificar e qualificar com rigor parâmetros vocais como,
por exemplo, a altura tonal, o timbre ou o brilho.

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Os resultados revelaram que as vozes dos fadistas masculinos e


femininos são diferentes na altura tonal, na afinação e na rouquidão.
Por seu lado, os fadistas profissionais apresentam maior afinação,
emoção e precisão articulatória, assim como menor tensão que os
amadores. A voz do fadista masculino é caracterizada por timbre
escuro enquanto a do fadista feminino apresenta timbre claro e brilho.

A caracterização das vozes pelos cientistas, que descortinou as vozes


tipicamente graves e roucas e com vibrato mais fraco do que a dos
cantores líricos, permite agora que os artistas tenham um apoio clínico,
pedagógico e artístico à medida das suas necessidades.

“Dada a visibilidade e as exigências artísticas nacionais e internacionais


dos fadistas, tornou-se pertinente estudar esta voz, de forma a
proporcionar-lhes apoio clínico, pedagógico e artístico com evidência
científica”, justifica Ana Mendes, que coordenou o estudo.

A investigadora salienta que “ao contrário dos cantores líricos, que


possuem formação superior, os fadistas têm apenas o que chamam a
escola da vida e o acompanhamento clínico preventivo é raro, o que
pode dar origem a patologias difíceis de tratar”.

O projeto, que recebeu o nome de “Vocologia do fado -


Desenvolvimento da educação, saúde e performance dos cantores,
professores de canto e clínicos da voz do fado”, decorreu durante os
últimos dois anos e contou com a colaboração das investigadoras Inês
Vaz e Soraia Ibrahim.

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