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ARTETERAPIA – CURSO DE EXTENSÃO

A ARTETERAPIA NA UNIMEP (UNIVERSIDADE METODISTA DE


PIRACICABA -SP)

IDEALIZADORES:

JOSÉ RAVANELLI NETO – PSICÓLOGO/ARTETERAPÊUTA

GISLEINE VAZ SCAVACINI DE FREITAS - PSICÓLOGA/PEDAGOGIA

PIRACICABA – 2011

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Projeto do curso de Arteterapia – Extensão

1- Relevância do Curso

De acordo com a American Art Therapy Association (1993), define a Arteterapia


como uma possibilidade de desenvolvimento de potencialidades pessoais por meio de
experimentação.

É dentro dessa perspectiva experimental tendo em vista um cuidado para


consigo mesmo, uma amplificação de perspectivas e potencialidades humanas que a
arteterapia se impõe como campo de um fazer, que só desenvolve algo pessoal
mediante um percurso processual. Só assim o curso pode ser pensado e idealizado. A
arteterapia oferece oportunidades para o desenvolvimento de potencialidades
pessoais por meios não verbais, através de um reequilibrio dos recursos físicos,
cognitivos e emocionais em experiências terapêuticas com linguagens artísticas
variadas. O uso da arte como terapia implica que o processo criativo, e do
pensamento pela arte podem tanto reconciliar conflitos emocionais, existenciais,
como facilitar a auto-percepção e o desenvolvimento humano.

A literatura especializada sobre a arteterapia indica os diferentes contextos em


que pode ser utilizada e o que a fundamenta. A identidade, a cara da arteterapia
passa pelo embasamento da arte como forma de conhecimento e da terapia como
compreensão da pessoa. Estes dois processos independentes e complementares
formam a Arteterapia como campo da atividade plástica como mediação
terapêutica. O jornal da associação americana da terapia da arte já conta com 25
anos de publicação ininterrupta sobre os avanços da pesquisa sobre a terapia da
arte. A Associação Americana de Arteterapia promove

A Arteterapia esta voltada a um fazer que engendra uma possibilidade de cuidado.


Arteterapia nesta perspectiva é uma saúde e um aprendizado, uma forma de pensar
e problematizar questões com a ajuda da arte, que utiliza-se da ficção e criação de
mundos metafóricos enquanto formas de conhecimento e esta atividade tem
interface direta com um cuidado de si implicado na construção e desconstrução de
valores pessoais e coletivos.

O termo Arteterapia pertence ao mundo pós-guerra, e no começo a sua intenção


inicial era mais voltada a possibilitar ao interessado uma livre expressão (arte pela
arte). Com o fervor da psicanálise nascente, a livre expressão de crianças, adultos,
alienados ganha conteúdos e motivações inconscientes. Atualmente o termo tem se
expandido e ampliado, ganhado novos significados.

O significado maior do termo ainda permanece o mesmo, ou seja, o encontro entre


arte, saúde e educação são os nortes da Arteterapia e devem ser mantidos para os
fins de formação destes novos profissionais que chegam ao mercado de trabalho
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que, hoje, diante da falta de instrumentos que permitam a criação de espaços
protegidos e de acolhimento, representa não só uma atração por esta profissão que
tem potencial de integrar e unir as pessoas, mas como um grande diferencial a ser
explorado em praticamente todos os ambientes e situações que envolva relações
humanas.

Para fins de formação, a arteterapia necessita compartilhar os referências


epsitemológicos da psicologia, educação e filosofia. Hoje, mais do que em outras
épocas, a noção de saúde mental se amplia e chega até a arteterapia, e ambas
ganham a noção ampliada de cuidado de si, de enfoque na saúde e não na doença,
postulados que rompem com a ideia de doença e fracasso escolar, deficiência para
chegar até a arteterapia, um fazer onde o sujeito e sua subjetividade são postos a
serviço de vivências significativas, experimentações em que a pessoa se coloca
inteira diante de imagens e pensamentos que digam a respeito de si e do outro. No
limite, um campo artístico e protegido que o homem atual, desassossegado, crie suas
próprias ferramentas para lidar, superar os obstáculos, encontrar sentidos,
reencantar o mundo e o viver.

2- Breve histórico da Arteterapia

O início da arteterapia coincide com um momento histórico e cultural (Europa e


América dos anos 50, 60, 70) onde era importante a 'crença na importância da
atividade criativa e expressiva para o desenvolvimento pleno de cada ser e de cada
comunidade social' (Ciornai). Na área da saúde a arteterapia manteve esta forte
inclinação de utilizar-se da arte inserida agora no próprio campo da psiquiatria e da
psicoterapia, privilegiando os conteúdos e significados simbólicos. Movimento que
foi ao encontro dos trabalhos aqui no Brasil, desenvolvidos por Nise da Silveira e
outros expoentes, tais como Osório César. Mas é Nise da Silveira quem merece
destaque com seu trabalho pioneiro em terapia ocupacional realizado com pacientes
do hospital psiquiátrico Pedro II, no Rio de Janeiro, na década de 50, onde nem se
cogitava em dar ao paciente uma oportunidade de tarefa expressiva. Este
movimento atualmente só tende a se ampliar dentro da saúde mental e em todo o
promissor campo da saúde como cuidado. Na área da educação temos a arte-
educação em união com a Arte-educação, esta disciplina co-irmã da Arteterapia,
ligadas pelo favorecimento da livre possibilidade expressiva das crianças, e pela
suposição de que a exploração curiosa e integradora do próprio meio pela criança é
também um indicador de saúde mental (Victor Lowenfeld). A interface entre saúde e
educação na arteterapia é mantida pelo fazer que se abre constantemente ao
surgimento de novas problematizações, de poder construir algumas perguntas sem
respostas (nem certas ou erradas) a partir do sujeito que pergunta, elabora suas
próprias questões e deseja estar em relação com a sua verdade e os seus valores

Disponível desde a década de 70, o curso de Arteterapia ainda não pode ser
reconhecido enquanto profissão no Brasil, mas esforços estão sendo feitos neste
sentido e o próprio CRP tem reconhecido a relevância da profissão no Brasil.
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A Arteterapia já vem sendo aplicada com sucesso em diversos campos
institucionais, na própria saúde mental (SUS de Piracicaba – Saúde Mental), na
Clínica, em empresas e hospitais (como o Boldrini- Campinas), em escolas. Estudos
Americanos em arteterapia apontam vários benefícios na comunidade, é promissora
em locais coletivos, tais como os centros de lazer, os espaços da comunidade, tais
como escolas, igrejas, etc, proporcionando: aumento da criatividade e senso estético,
melhor integração consigo mesmo e com a realidade externa, aumento da auto-
estima, desenvolvimento pessoal e do pensamento singular.

Em nossa região (2002), o primeiro curso de Arteterapia surgiu em Campinas pelo


interesse de um psiquiatra Dr. James Novaes, foi oferecido dentro da Unicamp
(Saúde Mental), a cargo do Professor Joel Giglio e da arteterapêuta Joya Elieser e
no ano seguinte acolhido pela Universidade São Marcos em Paulínia. Atualmente
várias cidades da região oferecem o curso de formação em Arteterapia.

3- Objetivos do curso

O curso de arteterapia tem como possibilidade fornecer um fazer específico, um


método próprio, compartilhado pelos saberes já existentes e potencialmente capaz
de construir um ferramental teórico prático capaz de proporcionar e sustentar um
olhar e um fazer singular do profissional (arteterapêuta) frente ao seu cliente, a sua
instituição ou comunidade, apto ao trabalho em equipes multidisciplinares, ou nos
mais diferentes campos de atuação. Não basta dizer que fazemos uma arte
expressiva, diagnóstica, só que em outra via de comunicação (artística). Podemos
dizer que este fazer arteterapêutico tem condição de sustentar uma arteterapia que:

1- Sustente e promova padrões de competência profissional e desenvolvimento


com vistas a aumentar o conhecimento no campo da Arteterapia.
2- Promova a Arteterapia como tratamento alternativo e não somente auxiliar
na área da saúde e educação.
3- Faça emergir o processo e o pensar artístico, para ajudar pessoas de todas as
idades a promover um cuidado de si.
4- Aprenda que os desenhos, e demais produções são fonte de informação
psíquica e podem servir como método diagnóstico e interpretativo que devem
ser utilizados com responsabilidade.
5- Proporcione ao formando uma passagem segura pelas epistemes cardeais,
fundantes da arteterapia, a saber: arte, psicologia e filosofia.
6- Habilitar o formando a sustentar o processo de construção de vínculos nos
diferentes locais onde irá desenvolver este pensamento com arte com o outro,
num campo protegido e acolhedor, seja individualmente ou em grupos.
7- Proporcione ao arteterapêuta em formação, um acompanhamento integral
do processo do fazer arteterapêutico, desde a apresentação de um projeto
institucional até a supervisão e estudo de casos.

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4- Especialista em Arteterapia

Para os alunos com prévia formação em psicologia e terapia ou de nível


universitário superior que frequentarem a formação de 180 h mais a monografia
(estudo de caso, revisão bibliográfica, pesquisa em arte e arteterapia) que somados
compreendem atendimento e supervisão dentro dos eixos temáticos que o curso
oferece (Saúde e Educação), perfazendo um total de 180 horas estipuladas pelo
curso de especialização em Arteterapia. A universidade se compromete a contatar
instituições e organizações para que o projeto possa ser direcionado como proposta
confeccionada por um especialista em Arteterapia.

5 - Atos e documentos legais

Todos os candidatos passarão por entrevista de esclarecimento legal e ético sobre a


formação em Arteterapia, sobre o curso e demais questões pertinentes à formação e
atuação deste profissional. Só serão aceitos profissionais com diploma reconhecido e
avalizado pela instituição de ensino e responsáveis pelo curso.

6- Público alvo

Profissionais das áreas de Medicina, Psicologia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia,


Assistência Social, Filosofia, Enfermagem, Profissionais das áreas da educação e
(psico)pedagogia Profissionais em Artes, Músicos, afins e com formação superior.
Existe ainda a possibilidade de entrega do projeto pedagógico ao MEC para
apreciação e acompanhamento com vistas á regulamentação e reconhecimento do
profissional.

7- Concepção do Programa

A Arteterapia requer profissionais que estejam dispostos a produzir um saber de


competência com os paradigmas expostos pelo curso, que queiram participar dos
novos saberes que este campo articula, para que a profissão possa se desenvolver
com a ética e com a sensibilidade necessárias a formação de um campo de
conhecimento em desenvolvimento que quer se inserir em diferentes locais.

8- Coordenação

A coordenação do curso de arte terapia da Unimep está a cargo do professor José


Ravanelli Neto, Psicólogo, cursando Filosofia e especialista em Arteterapia
(UNICAMP), Psicologia Junguiana (Unicamp) e Clínica (CRP) e da Prof. Dra
GisleineVaz completar ...

9- Carga horária

Definida em 180 h

10- Período e periodicidade

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Aos sábados, período integral

11- Conteúdo programático

O curso de Arteterapia segue os eixos de promoção de saúde e educação,


compondo assim três campos básicos ou fundamentos que orientam a formação do
Arteterapêuta:

Saúde Mental – noções básicas e sólidas sobre o trabalho de Nise da Silveira, com a
possível visita do museu do inconsciente, pelo conceito de 'Grande Saúde' em
Nietzsche, arte resistência em Deleuze e sobre a saúde mental no SUS e suas novas
possibilidades de interação com a Arteterapia, privilegiando o cuidado a partir de
noções de saúde e não somente de doença, patologia, sofrimento.

Arte - noções básicas e sólidas sobre arte-educação, história da arte, Arteterapia,


experimentação artística – diferentes experimentações com diferentes materiais).

Psicologia/filosofia – noções básicas e sólidas sobre Gestalt, psicologia Analítica,


mitos e filósofos escolhidos (Nietzsche, Deleuze, Foucault).

O curso de Arteterapia não será dividido por módulos, uma vez que os conteúdos
são apresentados de forma seqüencial e há necessidade que os alunos construam um
olhar e uma atitude arteterapêutica gradativamente.

1) Mundo Pós-moderno - Caracterização da sociedade pós-moderna através da análise


sociológica de Zigmunt Bauman. 4h
2) Arte e Terapia – interface com a arte educação, privilegiando o papel e função do
arteterapêuta – 12 h
3) Gestalt terapia – noções e fundamentos 12 h
4) Psicologia Analítica – principais conceitos: complexo, criação, símbolos,
mitos e contos de fada, o processo fabulador, mais estudo sobre o livro
vermelho- 20 h
5) Arte terapia e filosofia – conceito de sujeito e além do homem (filosofia
nietzschiana, deleuziana e foucaultiana) - 12h
6) A questão Diagnóstica e interpretação em Arteterapia – baseado no livro de
Gregg Furth, O mundo secreto dos desenhos - 20 h
7) A Educação e a Arteterapia nas organizações – escolas, hospitais,
comunidade. Noções de vínculo e desenvolvimento – 20 h
8) Metodologia científica – quali e quanti 10 h
9) História da arte – principais escolas e pintores - 10 h
10) Oficinas de arte – curso voltado a experimentação exaustiva dos materiais e
possibilidades do fazer em cada situação - ateliê ou campo de
experimentação - 30 h
11) Arteterapia como processo – a importância do processo em At. - 10 h
12) Formação de grupos e noção de campo protegido – bases sólidas para
aproximação da realidade e dos locais de trabalho- 10 h
13) Corpo simbólico – terapias expressivas (danças, rituais) – 10 h
14) Musicoterapia – importância da música no processo at. - 4 h
15) Recursos arteterapêuticos na pedagogia – uso da arte na educação - 20 h

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O especialista em arteterapia teria ainda:

1) Supervisão de Estágio e estudos de casos – 10 h


2) Supervisões de elaboração da monografia – 10 h

12- Corpo Docente

Composto de especialistas da área, sendo a exigência da Associação dos


Arteterapeutas cumprida integralmente com 20% de arteterapêutas no curso,
exercendo atividades reconhecidas.

13- Metodologia

O conjunto de competências e habilidades requeridos do profissional arteterapêuta


passam pelo fazer, e pelos eixos conceituais definidos pelo curso (filosofia, psicologia
e educação/saúde).

14) - Competências e habilidades do Arteterapêuta

A Arteterapia é um exercício de sustentar um processo com o outro, nas questões


que importam ao outro.

15) – Avaliação

A avaliação deve ser feita com os alunos, com professores, implica confecção deste
instrumental. A avaliação institucional e integração com o MEC a elaborar-se e ou a
cargo da Universidade.
16) Concepção geral do TCC
O TCC em At. é concebido como uma oportunidade de contato direto com as áreas
da saúde e educação, com organizações e comunidades onde o futuro arteterapêuta
irá conhecer o cotidiano destes ambientes e identificar problemas, necessidades,
limites e possibilidades.
O trabalho de conclusão do curso é obrigatório, é individual e obedece aos
critérios do ABNT e não deve ultrapassar a 100 laudas.
A avaliação do TCC
A avaliação ficará a cargo do professor responsável da escolha do aluno.
Atividades acadêmicas extra-curriculares ou extencionista
Todas as atividades que não compõem o estágio e estão previstas de forma extra-curso
podem ser pré-agendados e comunicados com antecedência.
17) Infra-estrutura física e de suporte arteterapêutico

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Biblioteca
Necessidade de aquisição de obras de autores nacionais e estrangeiros
reconhecidos.

18) Ateliê ou sala de experimentação

Concebido como um espaço diferenciado onde funcionarão as aulas teóricas e toda


a parte prática do curso. Requer pias (2 pias grandes), e materiais básicos ao curso,
descrito em lista (anexo 1).
19) O espaço virtual
Poderá se construir um site do curso de Arteterapia, com informes, indicações de
sites ligados a Arteterapia e afins, troca de informes e procedimentos e avaliação de
atividades do curso, divulgação e avisos sobre o que está acontecendo no campo da
arte, educação e saúde da região e do país.

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Anexo 1

Lista dos materiais básicos do curso de At.

Mobiliário leve, para ser disposto na sala de experimentação.


- pincéis de todos os tamanhos, de boa qualidade
- cola Branca, bastão,
 papéis (sulfite, canson, seda,

 tintas aquarelas, a óleo, de parede

 argila

 tesouras

 papelão

 pranchetas

 suportes para pincéis/água

 grampeadores

 tecidos variados

 lápis, borracha, lápis de cores variados

 massinha de modelar várias cores

 rolo de papel pardo grande

 arames, fios, linhas,

 gliter, várias cores

 formas de papelão (pizza) para fabricação de mandalas

 colheres, garfos, espátulas

 esponjas

 paletas

 trapos

Materiais recicláveis – petis, revistas, bolas, bolas de tênis, etc


Quantidade correta para cada aluno e um estoque mínimo de utilização e
reposição para o curso.
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