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Anatomia e Fisiologia Humana

Apontamentos 2020-2021

CLE 2019-2023

Catarina Fonseca | Inês Rosado | Inês Leal | Leonor Velez | Mariana Lavos
Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 2|Página
CLE 2019-2023
Índice:

Módulo I – Conceitos introdutórios .....................................................................................................................................7


1. Tipos de Anatomia .................................................................................................................................................8
2. Termos Descritivos ..................................................................................................................................................8
3. Exercícios .............................................................................................................................................................. 10
Módulo II – Osteologia ....................................................................................................................................................... 11
1. Conceitos Introdutórios à osteologia ............................................................................................................... 12
2. Ossos da cabeça ................................................................................................................................................ 12
3. Ossos da coluna e tórax .................................................................................................................................... 24
4. Osteologia dos membros superiores ............................................................................................................... 29
5. Osteologia dos membros inferiores.................................................................................................................. 35
6. Histologia e Fisiologia do Osso .......................................................................................................................... 45
7. Resumo .................................................................................................................................................................. 54
8. Exercícios .............................................................................................................................................................. 68
Módulo III – Miologia .......................................................................................................................................................... 81
1. Conceitos Introdutórios à miologia .................................................................................................................. 82
2. Músculos da cabeça e do pescoço................................................................................................................ 84
3. Músculos da tórax e do abdómen ................................................................................................................... 93
4. Músculos dos membros superiores ................................................................................................................ 100
5. Músculos do membro inferior .......................................................................................................................... 112
6. Histologia e Fisiologia dos Músculos .............................................................................................................. 123
7. Exercícios ............................................................................................................................................................ 133
Módulo IV – Articulações ................................................................................................................................................ 145
1. Introdução .......................................................................................................................................................... 146
2. Classificações .................................................................................................................................................... 146
3. Exercícios ............................................................................................................................................................ 156
Módulo V – Sistema Cardiovascular .............................................................................................................................. 161
1. Anatomia Macroscópica do Coração .......................................................................................................... 162
2. Anatomia Microscópica do Coração (Histologia) ...................................................................................... 168
3. Fisiologia do coração ....................................................................................................................................... 170
4. Anatomia da circulação .................................................................................................................................. 175
5. Circulação Arterial Sistémica .......................................................................................................................... 180
6. Circulação Venosa Sistémica ......................................................................................................................... 190
7. Circulações Especiais ....................................................................................................................................... 198
8. Exercícios ............................................................................................................................................................ 200
Módulo VI – Sistema Digestivo ........................................................................................................................................ 211
1. Introdução .......................................................................................................................................................... 212
2. Histologia do tubo digestivo ............................................................................................................................ 212
3. Anatomia do tubo digestivo ............................................................................................................................ 216
4. Glândulas Anexas ............................................................................................................................................. 227
5. Funções do aparelho digestivo ...................................................................................................................... 233
6. Exercícios ............................................................................................................................................................ 238

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Módulo VII – Sistema Hematopoiético, Linfático e Imunitário ................................................................................... 249
1. Componentes do sangue, eritrócitos, anemia e policitémia .................................................................... 250
2. Hemostase e coagulação do sangue ........................................................................................................... 262
3. Grupos sanguíneos, transfusões, transplante de tecidos e órgãos .......................................................... 268
4. Sistema Linfático e Imunidade ........................................................................................................................ 272
5. Exercícios ............................................................................................................................................................ 284
Módulo VIII – Sistema Urinário ........................................................................................................................................ 291
1. Introdução .......................................................................................................................................................... 292
2. Anatomia e fisiologia dos rins ......................................................................................................................... 292
3. Anatomia dos ureteres, bexiga e uretra........................................................................................................ 302
4. Exercícios ............................................................................................................................................................ 308
Módulo IX – Sistema Hidroelétrico ................................................................................................................................. 313
1. Compartimentos de líquidos orgânicos ........................................................................................................ 314
2. Regulação da composição do líquido intracelular .................................................................................... 315
3. Regulação da composição eletrolítica do LEC ........................................................................................... 315
4. Regulação do conteúdo de água ................................................................................................................. 316
5. Regulação da osmolalidade do líquido extracelular ................................................................................. 319
6. Líquido extracelular Na+ .................................................................................................................................. 320
7. Líquido extracelular – K+ .................................................................................................................................. 321
8. Exercícios ............................................................................................................................................................ 322
Módulo X – Sistema Respiratório .................................................................................................................................... 325
1. Anatomia do aparelho respiratório ................................................................................................................ 326
2. Anatomia dos pulmões .................................................................................................................................... 335
3. Difusão de gases através da membrana respiratória ................................................................................. 338
4. Regulação da respiração ................................................................................................................................ 344
5. Avaliação da função pulmonar ..................................................................................................................... 347
6. Exercícios ............................................................................................................................................................ 350
Módulo XI – Sistema Reprodutor .................................................................................................................................... 355
1. Sistema Reprodutor Feminino .......................................................................................................................... 356
2. Sistema Reprodutor Masculino ........................................................................................................................ 365
3. Exercícios ............................................................................................................................................................ 373
Módulo XII – Sistema Endócrino ..................................................................................................................................... 377
1. Anatomia e princípios gerais da fisiologia do sistema endócrino ............................................................ 378
2. Fisiologia do hipotálamo e hipófise ............................................................................................................... 383
3. Tiróide, paratiróide e suprarrenal .................................................................................................................... 387
4. Pâncreas ............................................................................................................................................................. 393
5. Exercícios ............................................................................................................................................................ 396
Módulo XIII – Sistema Nervoso ....................................................................................................................................... 401
1. Introdução .......................................................................................................................................................... 402
2. Anatomia do Sistema Nervoso Central.......................................................................................................... 402
3. Anatomia do Sistema Nervoso Periférico ...................................................................................................... 416
4. Vias da Motricidade/Descendentes .............................................................................................................. 419
5. Vias da Sensibilidade/Ascendentes .............................................................................................................. 423
6. Sentidos Especiais ............................................................................................................................................. 428
7. Exercícios ............................................................................................................................................................ 448

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Módulo XIV – Anatomia do Desenvolvimento ............................................................................................................. 455
1. Anatomia e Fisiologia Fetal e Neonatal ........................................................................................................ 456
2. Anatomia e Fisiologia da Infância.................................................................................................................. 467
3. Anatomia e Fisiologia da Adolescência ....................................................................................................... 477
4. Anatomia e Fisiologia da gravidez e a amamentação.............................................................................. 481
5. Anatomia e Fisiologia do Envelhecimento ................................................................................................... 484
6. Exercícios ............................................................................................................................................................ 486
Módulo XV – Anatomia e Fisiologia da Pele ................................................................................................................ 489
1. Introdução .......................................................................................................................................................... 490
2. Funções da pele ................................................................................................................................................ 490
3. Epiderme ............................................................................................................................................................. 491
4. Derme .................................................................................................................................................................. 492
5. Apêndices .......................................................................................................................................................... 493
6. Exercícios ............................................................................................................................................................ 494
Modulo XVI – Fisiologia em situações adaptativas .................................................................................................... 497
1. Termorregulação ............................................................................................................................................... 498
2. Fisiologia do exercício físico ........................................................................................................................... 503
3. Fisiologia e adaptação a grandes variações barométricas ..................................................................... 507
4. Exercícios ............................................................................................................................................................ 512
Semiologia e Patologia .................................................................................................................................................... 517
Módulo I – Agentes físicos e químicos .......................................................................................................................... 519
1. Agentes físicos ................................................................................................................................................... 520
2. Agentes Químicos ............................................................................................................................................. 527
Módulo II – Patologia Celular.......................................................................................................................................... 533
1. Atrofia e Hipertrofia ........................................................................................................................................... 534
2. Hiperplasia e metaplasia ................................................................................................................................. 537
3. Neoplasias benignas, malignas e de comportamento indeterminado ................................................... 539
4. Acumulação intracelular ................................................................................................................................. 546
5. Lesão e morte celular ....................................................................................................................................... 550
6. Inflamação aguda e crónica .......................................................................................................................... 558
7. Processos de reparação tecidular ................................................................................................................. 565
8. Edema ................................................................................................................................................................. 574
9. Exercícios ............................................................................................................................................................ 582

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CLE 2019-2023
Módulo I – Conceitos introdutórios

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1. Tipos de Anatomia

A anatomia humana estuda a morfologia macroscópica do corpo humano.

A abordagem da morfologia do organismo pode ser feita de diferentes perspetivas,


tornando assim possível dividir a Anatomia Humana em várias subespecialidades:

Anatomia Descritiva – Descreve características estruturais dos órgãos como entidades


independentes

Anatomia Topográfica – Relaciona entre si órgãos e estruturas de cada região

Anatomia Funcional – Designa a morfologia do organismo para as funções que


desempenha

Anatomia Comparada – Comparação morfo-funcional de diferentes espécies

Anatomia Patológica – Análise macro e microscópica de biópsias e peças cirúrgicas

2. Termos Descritivos

Posição Anatómica Descritiva – Em pé (ortostatismo), posição ereta, olhar no


infinito, membros superiores ao longo do corpo, mãos em supinação, calcanhares
unidos e pés afastados

Cefálico e Caudal – Descrevem movimentos direcionais sobre o tronco

 Cefálico – mais próximo da cabeça;


 Caudal – mais próximo da cauda;

Proximal e Distal – Comparam posições de estruturas em relação a outra relativamente


ao ponto de inserção ou ao centro do corpo (proximal – mais próximo; distal – mais
distante)

Medial e Lateral – Localizam uma zona/estrutura relativamente à linha média

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Plano frontal/coronal:

 Plano vertical, perpendicular ao solo


 Rasa o promontório, localizado no sacro
 Divide o corpo num segmento anterior/ventral (frente) e posterior/dorsal (trás)

Plano sagital:

 Plano vertical
 Define a linha média do organismo – eixo de simetria do corpo
 Une o vértex aos calcanhares
 Define a zona direita e esquerda
 Com base neste plano distinguimos a zona interna e externa
 É perpendicular ao plano frontal

Plano transversal/umbilical/horizontal:

 Plano horizontal
 É perpendicular aos planos frontal e sagital
 Passa pelo umbigo
 Define a zona superior e inferior

Para-planos:

 Definidos com base nos 3 planos principais


 Número virtualmente infinito de para-planos, paralelos aos planos principais

NOTA:

Vértex – Ponto mais alto da caixa craniana

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3. Exercícios

1. O que a anatomia descritiva estuda?


a. Características estruturais dos órgãos como entidades independentes
b. Relação entre si dos órgãos e estruturas de cada região
c. Morfologia do organismo para as funções que desempenha
d. Análise macroscópica e microscópica de biópsias e peças cirúrgicas
e. Comparação morfo-funcional de diferentes espécies

2. Dentro dos planos de referência que conhece qual rasa o promontório?


a. Frontal ou coronal
b. Sagital
c. Horizontal
d. A e b
e. Nenhum dos anteriores

3. Frequência 2019/2020 – Relativamente à posição anatómica descritiva


(incorreta):
a. O olhar encontra-se fixo no infinito
b. O indivíduo deve apresentar-se em ortostatismo
c. Os calcanhares encontram-se unidos
d. Os membros superiores estendem-se ao longo do corpo
e. As mãos encontram-se em pronação

4. Frequência 2020/2021 – As descrições anatómicas exigem um referencial para


as posições e partes corporais. Assim sendo, foram criados planos imaginários
que atravessam o corpo na posição anatómica. Qual o plano que divide o corpo
nos segmentos anterior e posterior? (assinale a alínea correta)
a. Plano sagital
b. Plano mediano
c. Plano frontal
d. Plano umbilical
e. Plano horizontal

dúvida verifiquem com a matéria


Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de

1A; 2A; 3E; 4C

Possíveis respostas:

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Módulo II – Osteologia

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1. Conceitos Introdutórios à osteologia

Para um estudo mais organizado dos ossos iremos estudar


as suas seguintes características:

 Identificação – nome
 Classificação – longo, curto, achatado, placóide
 Paridade – par, ímpar
 Localização – região anatómica
 Orientação
 Descrição

Quanto à classificação os ossos podem ser:

 Ossos Longos
o O comprimento predomina sobre as outras
dimensões;
o Estão divididos em duas zonas: corpo/diáfise e extremidades/epífises;
 Ossos Largos/Placóides
o O comprimento e a largura predominam sobre a espessura;
 Ossos Curtos/Cubóides
o O comprimento, a largura e a espessura são semelhantes;

2. Ossos da cabeça

A cabeça protege o encéfalo, dá suporte aos órgãos da visão, audição, olfato e


paladar e ainda permite a entrada de ar, água e alimentos.

Podemos dividir os ossos da cabeça em duas grandes categorias:

 Ossos do crânio (8)


o Na abóbada craniana
▪ Frontal (1)
▪ Parietal (2)
▪ Occipital (1)
o Na base do crânio
▪ Temporal (2)
▪ Esfenóide (1)
▪ Etmóide (1)
▪ Wormianos (o seu número varia de pessoa para pessoa e são
pequenos ossos que existem nas suturas)

 Ossos da face (14)


o Malar (2)
o Lacrimal (2)
o Nasal (2)
o Corneto Inferior (2)
o Maxilar Superior (2)
o Vómer (1)
o Palatino (2)
o Mandíbula (1)

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2.1 Ossos do Crânio

5.1.1 Osso Frontal

Classificação – Osso Placóide

Paridade – Ímpar

Localização – Parte ântero-superior da cabeça

Orientação:

 Tem uma face convexa anterior, com 2 cavidades separadas por 1 chanfradura
na parte inferior

Conexões:

 Ossos Parietais
 Osso Etmóide
 Osso Esfenóide
 Ossos Maxilares Superiores
 Ossos Malares Frontal visto pela face
anterior Frontal visto pela face
 Ossos Nasais posterior
 Ossos Lacrimais

Descrição: Frontal visto pela face


inferior ou orbitária
 Tem 3 faces:
o Anterior/Cutânea – que está em contacto com a pele
o Posterior/Cerebral – que está em contacto com o cérebro
o Inferior/Orbitária

 Tem 3 bordos:
o Anterior ou órbito-nasal:
▪ Onde está a chanfradura nasal e as arcadas orbitárias
o Superior ou parietal:
▪ Articula com os ossos parietais em cima e com as grandes asas
do esfenóide em baixo

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o Posterior ou esfenoidal
▪ Articula com a pequena asa do esfenóide

5.1.2 Osso Etmóide:

Classificação – Curto

Paridade – Ímpar

Localização – Parte anterior e média da base do crânio, atrás do frontal e à frente do


esfenóide.

Orientação – Tem uma lâmina horizontal com muitos orifícios. A apófise dessa lâmina é
anterior e superior.

Conexões:

 Frontal
 Esfenóide
 Palatinos
 Nasais
 Maxilares
 Lacrimais
 Vómer
Etmóide visto pela face anterior

Descrição:

O osso etmóide tem uma lâmina vertical na linha mediana.

Tem ainda uma lâmina horizontal ou crivada, com as seguintes


características:

 Forma quadrilátera
 Está entre as massas laterais
 Face superior – dividida pela apófise crista gali em 2 porções Etmóide visto pela
 Face inferior – que faz parte da abóbada/teto das fossas nasais face superior

Tem 2 massas laterais, uma de cada lado, com as seguintes particularidades:

 Têm forma cubóide


 Estão suspensas das extremidades laterias da lâmina horizontal
 Na sua face superior existem hemicélulas que se unem às hemicélulas
da face frontal e formam caixas de ar. Existem também goteiras se ligam
ao osso frontal e formam os canais etmoidais.
 A sua face interna é constituída pelo corneto superior, pelo corneto
médio e pelos cornetos supranumerários – Corneto de Santorini e de
Zuckerkandl
 Na sua face inferior encontramos o bordo inferior do corneto médio, o
meato médio e a apófise unciforme que se estende da extremidade
Etmóide visto pela
anterior do meato médio face inferior

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 Face externa – Tem a lâmina orbital – parede da órbita
 Face anterior – Tem hemicélulas que se ligam às
hemicélulas do osso lacrimal e maxilar superior
 Face posterior – Articula com o corpo do esfenóide e a
apófise orbitária do palatino; As hemicélulas ligam-se ao
esfenóide
Etmóide visto pela face
posterior

5.1.3 Osso Esfenóide

Classificação – Curto

Paridade – Ímpar

Localização – Mediano e simétrico; Localiza-se na porção


anterior e mediana da base do crânio, entre o etmóide, o
frontal, o occipital e os temporais.

Orientação – A linha que une os pontos mais afastados é


anterior e superior.
Esfenóide visto pela face
Conexões: anterior

 Todos os ossos do crânio


 Alguns ossos da face:
o Malares
o Palatinos
o Vómer

Descrição:

Este osso é composto por:

 Corpo – forma cubóide, 6 faces, 2 seios esfenóides


 Pequenas Asas – forma triangular
 Grandes Asas – tem 3 faces (posterior, anterior e externa) e 3 bordos (anterior,
externo e interno)
 Apófise Pterigóideia – Têm uma base, um vértice e 3 faces (interna, anterior e
posterior)

Tem ainda dois seios esfenoidais que são divididos pelo septo do seio esfenoidal.

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5.1.4 Seios Perinasais

Os seios perinasais são conjuntos de buracos ocos à


volta do nariz. Têm como função humidificar e
aquecer o ar inspirado, aumentam a ressonância da
voz, equilibram as pressões intracranianas quando há
variações na pressão atmosférica, segregam muco e
absorvem o impacto em casos de trauma.

5.1.5 Osso Occipital

Classificação – Placóide

Paridade – Ímpar

Localização – Mediano, simétrico; Localiza-se na porção posterior e inferior do crânio

Orientação:

 Face côncava é anterior


 Buraco occipital é inferior
 Ocupa um plano horizontal

Conexões:

 Esfenóide (à frente)
 Parietais
 Temporais
 Atlas (Primeira vertebra cervical)

Descrição:

 Tem um buraco occipital com as seguintes características:


o Forma oval;
o Liga a cavidade craniana e o canal raquidiano;
o Por ele passam o bulbo raquidiano, as artérias vertebrais e os nervos
espinhais
 Tem 4 porções:
o Escama
▪ Localizada atrás do buraco occipital
▪ Com forma de losango
▪ Com 2 faces e 4 bordos
o Apófise basilar/corpo
▪ À frente do buraco occipital
▪ Quadrilátero
▪ Com 2 faces e 4 bordos
o Massas laterais
▪ Localizam-se uma de cada lado do buraco
▪ Com 2 faces e 2 bordos

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5.1.6 Osso Parietal

Classificação – Placóide

Paridade – Par

Localização – De cada um dos lados da linha mediana, na porção


súpero-lateral do crânio, atrás do frontal, adiante do occipital,
acima do temporal.

Orientação:

 Face convexa – externa


 Bordo em bisel – inferior, com o ângulo mais agudo anterior e plano ligeiramente
superior ao posterior

Conexões:

 Frontal
 Occipital
 Parietal contralateral
 Esfenóide
 Temporal

Descrição:

 Forma quadrilátera
 Tem 2 faces – uma externa e uma interna
 Tem 4 bordos – superior, inferior, anterior e posterior
 Tem 4 ângulos – frontal, esfenoidal, occipital e mastóideu

5.1.7 Osso Temporal

Classificação – Placóide

Paridade – Par

Localização – Porção inferior e lateral do crânio, atrás do esfenóide, para a frente e fora
do occipital, abaixo do parietal

Conexões:

 Parietal
 Occipital
 Esfenóide
 Malar
 Maxilar inferior

Orientação e descrição:

 Escama – localiza-se na parte superior do osso temporal; a sua face convexa é


externa, com a apófise zigomática na parte anterior;
 Mastóide – Possui a apófise mastóideia
 Rochedo – Localiza-se na parte ântero-inferior; onde se localiza o orifício do
canal auditivo externo (CAE), a apófise estilóideia e a cavidade glenóideia

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5.2 Ossos da Face
Os ossos da face dividem-se em pares e ímpares:

 6 pares  2 ímpares
o Maxilar superior o Vómer
o Malar o Mandíbula
o Lacrimal
o Nasal
o Corneto inferior
o Palatino

5.2.1 Maxilar Superior

Classificação – Cubóide

Paridade – Par (pois são dois ossos que se unem no meio, por baixo do nariz)

Faz parte do teto da cavidade oral e da parede inferior das fossas nasais.

Orientação:

 Tem um bordo alveolar, que tem pequenos alvéolos onde se inserem os dentes,
que se situa na parte inferior. A concavidade deste bordo é interna e os seus
alvéolos mais pequenos situam-se anteriormente, ou seja, à frente.

Conexões:

 Malar / Zigomático
 Nasal
 Etmóide
 Frontal
 Lacrimal
 Vómer
 Concha Inferior
 Mandíbula

Descrição:

 Faz parte do teto da cavidade oral, ou seja, do céu da boca


 Faz parte da parede inferior das fossas nasais
 Possui 2 faces:
o Uma face interna que articula os ossos do maxilar superior
o Uma face externa, onde existe a apófise piramidal/zigomático que vai
articular este maxilar com o osso malar

5.2.2 Malar/Zigomático

Paridade – Par

Localização – Parte lateral da face

Conexões:

 Frontal
 Maxilar Superior
 Temporal
 Grande asa do esfenóide

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Descrição:

 Tem duas faces:


o Interna – Dá para dentro da cavidade orbitária
o Externa
 Tem quatro bordos:
o Ântero-superior
o Póstero-superior
o Ântero-inferior
o Póstero-inferior

5.2.3 Lacrimal

É um osso par constituído por pequenas lâminas ósseas que fazem parte da
face interna da órbita (na parte anterior) e a sua face interna corresponde
às fossas nasais.

5.2.4 Ossos Próprios do Nariz

Têm forma quadrilátera e tem 2 faces e 4 bordos.

Conexões:

 Osso nasal contralateral


 Frontal
 Etmóide
 Apófise montante do maxilar superior

5.2.5 Palatino

Paridade – Par

Localiza-se atrás do maxilar superior

Descrição – Tem uma:

 Lâmina horizontal, com uma:


o Face superior que forma o pavimento das
fossas nasais;
o Face inferior que forma abóbada
palatina;
 Lâmina vertical, com uma:
o Face interna que forma a parede externa das fossas nasais;

5.2.6 Vómer

É um osso ímpar que faz parte da porção


posterior do septo das fossas nasais.

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5.2.7 Corneto inferior

Localização:

 Parede lateral da cavidade nasal

Conexões:

 Etmóide
 Maxilar Superior
 Lacrimal
 Palatino

5.2.8 Maxilar inferior/Mandíbula

Paridade – Ímpar

É composto por uma arcada dentária inferior

Tem 2 porções:

 Horizontal – corpo
 Perpendiculares – 2 ramos (estendem-se para cima e são mais verticais)

Orientação:

 Tem um bordo alveolar superior, virado para cima


 Tem uma concavidade posterior, onde se introduz a língua
 Com uma ligeira inclinação para baixo e para a frente

Conexões:

 Temporais (Articulação ATM)

Corpo:

 Face anterior, que possui:


o Sínfise mentoniana – que é uma
linha que resulta da junção dos
dois maxilares inferiores enquanto
ainda somos embriões
o Linha oblíqua externa
o Buraco mentoniano/Forame mental – Por onde passam vasos e nervos
mentonianos
 Face posterior
o Apófise géni/Espinha geniana – importante pois é onde se inserem os
músculos que permitem os movimentos da mandíbula
o Linha oblíqua interna
o Fosseta sublingual – fica de baixo da língua e onde se alojam as
glândulas sublinguais
o Fosseta submaxilar – onde se alojam as glândulas submaxilares
 Bordo superior
o Que possui alvéolos
 Bordo inferior
o Que tem uma fosseta digástrica – onde se insere o músculo digástrico

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 20 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Ramos:

 Face externa
o Existe uma tuberosidade massetérica – onde se vai inserir o músculo
masséter (músculo mais importante da mastigação)
 Face interna, onde se localizam:
o Orifício do canal dentário inferior – onde passa o nervo dentário inferior
o Espinha de Spix
o Tuberosidade pterigóidea – onde se insere o músculo pterigóideo

NOTA:

Tuberosidade – Saliência que não é tao afilada como as espinhas/apófises, que é


mais rugosa

Orifício do canal dentário inferior – importante para os dentistas, pois é o local


onde se dá a anestesia

2.3 Ossos do Crânio em Geral


O crânio possui estruturas chamadas suturas, que
constituem zonas de união dos ossos e também
fontanelas que são áreas membranosas da abóbada
craniana presente nos recém-nascidos, ponto de junção
dos ossos (mais de dois).

As fontanelas existentes são:

 Fontanela Bregmática / Grande


 Fontanela Lambdática / Pequena
 Fontanela Ptérica
 Fontanela Astérica

NOTA:

Quando existe uma depressão na fontanela, significa que o bebé está desidratado.

As fontanelas fecham por volta dos 2/3 anos, sendo que a grande fontanela é a
última a fechar.

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Um encerramento precoce das suturas pode levar a deformidades no crânio. Essas
deformidades podem ser: Plagiocefalia, Braquicefalia e Escafocefalia.

O crânio tem 2 regiões – a abóbada e a base.

→ Abóbada

Desta região fazem parte o osso frontal, os ossos parietais e ainda a parte mais elevada
da escama do osso occipital.

→ Base

A base craniana divide-se em 3 andares ou 3 regiões:

 Andar Anterior:
o Limitada atrás pelo bordo posterior das pequenas asas do esfenóide
o Na linha média encontramos a parte inferior da crista frontal, buraco
cego, apófise crista-galli e a goteira ótica.
o Lateralmente encontramos as goteiras olfativas, os orifícios olfativos, a
sutura fronto-etmoidal e bossas orbitárias do frontal
 Andar Médio:
o Limitado à frente pela linha que limita posteriormente o andar anterior
o Limitado atrás pela lâmina quadrilátera do esfenóide
o Lateralmente limitado pelo bordo superior do rochedo
o Na linha média encontra-se a sela turca (parte do corpo do esfenóide
que apoia a hipófise)
 Andar Posterior:
o Limitado à frente pela lâmina quadrilátera do esfenóide e pelo bordo
superior do rochedo
o Limitado atrás pelo plano convencional que separa a abóbada da base
do crânio.
o Na linha mediana encontramos a goteira basilar, o buraco occipital, a
crista occipital interior e a protuberância occipital interior.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 22 | P á g i n a


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2.4 Generalidades da Face

2.4.1 Cavidade Oral

É limitada adiante e lateralmente pelo maxilar inferior


e arcadas alvéolo-dentárias dos maxilares superior e
inferior. É limitada acima pela abóbada palatina que
é constituída pelo maxilar superior e palatino.

2.4.2 Fossas Nasais

Cada fossa nasal tem 4 paredes – a externa, a superior, a inferior e a interna que são
formadas por diversos ossos.

Parede Externa, é composta por:

 Face interna do maxilar superior


 Apófise pterigóideia do esfenóide
 Osso Lacrimal
 Lâmina vertical do palato
 Corneto inferior
 Massas laterais (corneto superior e
médio) do etmóide

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Parede Superior, é composta por:

 Ossos nasais
 Frontal
 Lâmina crivada do etmóide
 Corpo do esfenóide

Parede Inferior, é composta pela:

 Apófise palatina do maxilar superior, à frente;


 Lâmina horizontal do palatino, atrás;

Parede Interna/septo, é composta por:

 Vómer em baixo
 Lâmina perpendicular do etmóide, em cima
 Cartilagem do septo, à frente

2.4.3 Cavidades Orbitárias

Cavidades onde se inserem os olhos.

Tem 4 paredes – externa, superior, inferior e interna que são formadas por diversos ossos:

Parede superior, é composta por:


Parede Externa, composta por:
 Fossa orbitária do frontal
 Pequena asa do esfenóide  Grande asa do esfenóide
 Apófise orbitária do malar
Parede inferior, engloba a:

 Apófise piramidal do maxilar


superior
 Apófise orbitária do malar
 Apófise orbitária do palatino

Parede Interna, é composta por:

 Apófise montante do maxilar


superior
 Osso lacrimal
 Lâmina do etmóide
 Corpo do esfenóide

3. Ossos da coluna e tórax

A coluna vertebral é composta por vários tipos de vértebras:

 Vértebras cervicais
 Vértebras dorsais
 Vértebras lombares
 Vértebras sacrococcígeas

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A cavidade torácica ou tórax é composta por:

 Vértebras dorsais
 Costelas
 Esterno
 Cartilagens costais

3.1 Ossos da coluna

A coluna vertebral tem 26 peças ósseas divididas em 5 regiões:

 Cervical – 7 vértebras
 Torácica – 12 vértebras
 Lombar – 5 vértebras
 Sacro – 5 vértebras sagradas fundidas em 1 peça óssea
 Cóccix – 3 a 5 vértebras coccígeas fundidas em 1 peça
óssea

As curvaturas da coluna vertebral denominam-se cifose e


lordose consoante o seu tipo de curvatura

 Lordose – curvatura para dentro


o Zona cervical
o Zona lombar
 Cifose – curvatura para fora
o Zona torácica
o Zona sacrococcígea

Estas curvaturas até um determinado grau são normais, no


entanto quando ficam muito aumentadas acabam por se
considerar patológicas.

Existem também curvaturas laterais, que a partir de um


determinado grau passam a ser patológicas – escoliose.

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3.1.1 Funções da coluna

 Suporta o peso da cabeça e do tronco


 Protege a medula espinhal
 Permite a saída dos nervos raquidianos da medula espinhal
 Proporciona um local de inserção muscular
 Permite o movimento da cabeça e do tronco

3.1.2 Características gerais das vértebras

As vértebras possuem:

 Um corpo vertebral (quase todas as vértebras)


 Buraco vertebral – só é possível pois existe um
arco vertebral (todas as vértebras)
 Arco vertebral (Apófises + Pedículos + Lâminas)
 Apófise transversa
 Apófise espinhosa
 Apófises articulares
 Pedículos – facilitam a articulação entre as
vértebras
 Buracos de conjugação – resultam da conjugação de duas vértebras

3.1.3 Vértebras Cervicais

A zona cervical compreende desde a vértebra C1 à C7.

As vértebras a partir da C3 têm:

 Um corpo vertebral;
 Um buraco vertebral triangular
 Uma apófise espinhosa bitrabeculada
 Apófises transversas que possuem:
o Tubérculo anterior
o Tubérculo posterior
o Goteira transversária
o Buraco transversário

Exceções:

→ C1 – Atlas

Não tem corpo.

Tem 2 massas laterais, com várias faces:

 Na face superior vai haver articulação das cavidades glenóideias com os


côndilos occipitais.
 Na face inferior vai haver uma zona para articular com o áxis (C2)
 Na face externa conseguimos ver a apófise transversa

No arco anterior existe o tubérculo anterior do atlas e a faceta articular para a apófise
odontoideia do áxis.

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No arco posterior localiza-se o tubérculo posterior do atlas.

NOTA:

Temos muitas cavidades glenóideias ao longo do nosso corpo e são elas que vão
fazer a articulação de uma superfície relativamente esférica.

C2 – Áxis

O corpo do áxis é denominado apófise odontoideia/dente


que tem:

 Apófises articulares superiores – articulam com as


apófises articulares inferiores do atlas
 Apófises articulares inferiores – articulam com as
apófises articulares superiores da C3.

Possui também apófises transversas.

3.1.4 Vértebras Torácica/Dorsais

A zona torácica/dorsal vai desde a vértebra T1 à T12.

Descrição:

 Tem corpo vertebral, onde temos estruturas


(hemifacetas) que articulam para cima e para baixo;
 Tem um buraco vertebral circular;
 A apófise espinhosa é inclinada para baixo;
 A apófise transversa tem uma faceta articular para
acoplarem com as vértebras de cima e de baixo;

3.1.5 Vértebras Lombares

A zona lombar vai desde a vértebra L1 à L5.

Descrição:

 Tem corpo vertebral reniforme (forma de rim)


 O buraco vertebral é triangular
 A apófise espinhosa é retangular e espessa
 A apófise transversa é muito pouco desenvolvida
 Tem apófises articulares superiores e inferiores para
articular com as vértebras superiores e inferiores.

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3.1.6 Vértebras Sacrococcígeas

A zona sagrada resulta da união de 5 vértebras.

Descrição:

 A união das apófises transversas forma as asas do sacro


 A união das apófises espinhosas forma a crista sagrada
 Possui o promontório – parte anterior do início do sacro
 Os buracos sagrados unem-se e formam o canal sagrado
 Possui o hiato sagrado

A zona coccígea resulta da fusão de 3 a 5 vértebras, varia de pessoa


para pessoa, e tem um formato de triângulo.

3.2 Ossos do tórax


A cavidade torácica ou tórax é composto,
como já vimos anteriormente por:

 Vértebras dorsais
 Costelas
 Esterno
 Cartilagens costais

3.2.1 Funções da caixa torácica

 Protege os órgãos vitais


 É uma câmara semirrígida, o que permite a respiração

3.2.2 Constituição da caixa torácica

A caixa torácica é constituída por:

 Vértebras torácicas
 Costelas
 Cartilagens costais
 Esterno

As costelas são 12 e podem ser classificadas a partir da forma como estas se unem ao
esterno:

 Verdadeiras (7) – costelas que se unem ao esterno diretamente através de


cartilagem, sendo por isso designadas “verdadeiras”
 Falsas aderentes (3) – costelas que se unem ao esterno através da junção de
cartilagem com mais cartilagem, sendo por isso designadas “falsas aderentes”
 Falsas flutuantes (2) – costelas que não se unem ao esterno e por isso designam-
se “falsas flutuantes”

O esterno divide-se em três partes:

 Manúbrio/cabeça
 Corpo
 Apêndice Xifóideu

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4. Osteologia dos membros superiores

Para cada um dos ossos vamos falar sobre:

→ Classificação/paridade;
→ Localização;
→ Orientação;
→ Conexões;
→ Descrições;

O membro superior divide-se em:

→ Cintura escapular;
→ Braço;
→ Antebraço;
→ Mão;

4.1 Ossos da Cintura Escapular


A cintura escapular permite a ligação do membro superior ao tórax e é constituída pela
clavícula à frente e pela omoplata/escapula atrás.

4.1.1 Clavícula

Classificação – Osso longo

Paridade – Par

Localização – Parte anterior da cintura escapular

Orientação:

→ A extremidade mais achatada da clavícula é a que fica para fora, ou seja, a


que se liga à omoplata;
→ A face mais rugosa da clavícula é inferior;
→ O bordo côncavo que está junto à
extremidade acromial é anterior;

Conexões:

→ Esterno;
→ Primeira cartilagem costal;
→ Omoplata;

Descrição:

→ Tem um corpo com 2 faces (superior e inferior) e 2 bordos (anterior e posterior);


o A face superior relaciona-se com o tecido celular subcutâneo do
pescoço e pele
→ Tem duas extremidades:
o Interna – que articula com o esterno – extremidade esternal
o Externa – que articula com a omoplata no acrómio – extremidade
acromial

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4.1.2 Omoplata

Classificação – Osso placóide (achatado)

Paridade – Par

Localização – Parte posterior da cintura escapular

Orientação:

→ A face côncava (tem este formato para se adaptar ao formato da


caixa torácica), que se apoia em cima das costelas, é anterior;
→ Tem uma forma triangular, por isso:
o Tem 3 bordos, em que o mais curto é superior;
o Tem 3 ângulos, em que a superfície articular é externa, para se
articular com o úmero;

Conexões:

→ Clavícula;
→ Úmero

Descrição:

A omoplata tem:

→ Face posterior que é convexa:


o Possui a espinha da omoplata
▪ Estrutura que sai na união dos ¾ inferiores com o ¼ superior da
omoplata
▪ Termina numa apófise denominada acrómio
▪ Divide a omoplata em 2 partes:
• Acima da espinha – fossa supraespinhosa
• Abaixo da espinha – fossa infraespinhosa
→ Face anterior que é côncava:
o É composta pela fossa infraescapular
o Possui a chanfradura coracóideia que permite a inserção de músculos
do braço
→ Bordo interno
→ Bordo superior
→ Bordo externo
→ Ângulo externo, que contém:
o Cavidade glenóideia – cavidade ligeiramente escavada para se
adaptar à cabeça arredondada do úmero
o Apófise coracóideia

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4.2 Osso do Braço
O braço é composto unicamente pelo úmero.

4.2.1 Úmero

Classificação – Osso longo

Paridade – Par

Localização – Braço

Orientação:

→ A sua cabeça é superior e interna;


→ Tem duas tuberosidades (saliências), em que a menor/mais pequenina fica
virada para a frente, ou seja, é anterior.

Conexões:

→ Omoplata;
→ Rádio;
→ Cúbito;

Descrição:

O seu corpo tem a forma de um prisma


triangular, com:

→ 3 faces – Antero-externa, Antero-interna,


Posterior
→ 3 bordos – Anterior, Interno, Externo

Na zona do bordo anterior existe, mais ou menos


a meio, a tuberosidade deltóideia onde se vai
inserir o músculo deltoide.

Possui uma extremidade superior, onde se


localiza:

→ Cabeça do úmero;
→ Duas Tuberosidades:
o Troquiter – tuberosidade maior que fica para fora;
o Troquino – tuberosidade mais pequena que fica para a frente;
→ Colo Anatómico – situa-se entre a cabeça do úmero e as tuberosidades. É uma
zona que não é particularmente frágil;
→ Colo cirúrgico – situa-se por baixo das tuberosidades e é o local onde se dão
normalmente as fraturas, por ser mais estreita e frágil, e é necessária intervenção
cirúrgica;

Mnemónica:

O “n” é mais pequeno que o “t” logo o troquino é mais pequeno que o troquiter

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CLE 2019-2023
Possui uma extremidade inferior, achatada da frente para trás, com duas superfícies
articulares:

→ Um côndilo umeral, onde se situa a cavidade glenóideia do rádio;


→ Uma tróclea umeral, onde se localiza a grande cavidade sigmóideia do cúbito.

4.3 Ossos do Antebraço


O antebraço é constituído pelo rádio e pelo cúbito.

4.3.1 Rádio:

Classificação – Osso longo

Paridade – Par

Localização – Parte externa do antebraço

Orientação – Tem duas extremidades, em que a sua extremidade mais volumosa é


inferior. Nesta extremidade é possível ver que há uma face mais plana, sendo esta
anterior. Na extremidade podemos ver uma apófise estilóideia que é externa.

Conexões:

→ Úmero
→ Cúbito
→ Ossos da mão:
o Escafóide
o Semilunar

Descrição:

O rádio é composto por:

→ Um corpo;
→ Uma cabeça – extremidade superior;
→ Uma apófise estilóideia – extremidade inferior;

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 32 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4.3.2 Cúbito:

Classificação – Osso longo

Paridade – Par

Localização – Na parte interna do antebraço

Orientação – A extremidade mais volumosa está na parte superior, com


uma grande chanfradura semilunar que se divide ao meio em duas
partes – a chanfradura maior localiza-se na parte interna e a chanfradura
mais pequena na parte externa

Conexões:

→ Úmero
→ Rádio
→ Piramidal

Descrição:

O cúbito tem:

→ Uma grande cavidade sigmóideia/grande chanfradura semilunar


→ Um olecrânio, por baixo da grande chanfradura
→ Uma apófise coronóideia, abaixo do olecrânio
→ Uma cabeça que termina numa apófise estilóideia

Ossos e estruturas do rádio e do cúbito:

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CLE 2019-2023
4.4 Ossos da mão
A mão possui 27 ossos, que se dividem em 3 grupos:

→ Carpo – com 8 ossos


→ Metacarpo – com 5 ossos
→ Dedos – os 5 dedos têm 3 falanges, exceto o 1º

4.4.1 Carpo:

Tem 8 ossos distribuídos em 2 fileiras:

4 ossos proximais – Escafóide, semilunar, piramidal e pisiforme

4 ossos distais – Trapézio, trapezóide, grande osso (ou capitado) e unciforme

4.4.2 Metacarpo:

O metacarpo tem 5 metacárpicos, constituídos por ossos longos, com corpo e 2


extremidades.

4.4.3 Dedos:

Os dedos são 5 e todos eles possuem 3 falanges, exceto o primeiro


dedo/polegar.

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CLE 2019-2023
5. Osteologia dos membros inferiores

Os membros inferiores são constituídos:

→ Pela bacia/pelve/cintura pélvica


→ Pela coxa
→ Pela perna
→ Pelo pé

5.1 Ossos da Bacia/Pelve/Cintura Pélvica

A bacia é constituída unicamente pelo osso ilíaco ou, também conhecido, por osso
coxal.

5.1.1 Osso Ilíaco/Coxal

Constitui a bacia juntamente com a coluna sacrococcígea.


Permite a ligação do tronco ao membro inferior. A chanfradura é
limitada pelo ressalto que é posterior.

Classificação – Achatado

Paridade – Par

Localização – Na cintura pélvica

Orientação:

 Possui uma cavidade articular, onde articula a cabeça do fémur, que é externa;
 Esta cavidade é limitada por um rebordo, exceto a parte de baixo que se
denomina chanfradura maior, que é inferior;
 Esta chanfradura é limitada por um ressalto à frente e atrás, em que o ressalto
maior que a limita é posterior;

Conexões:

→ Fêmur;
→ Sacro;
→ Ilíaco oposto;

Descrição:

O ilíaco é constituído por 3 porções:

→ Média
o É espessa, pelo rebordo, e estreita;
o É escavada na parte externa, pois é
onde articula a cabeça do fémur;
o Possui a cavidade cotilóideia ou
acetábulo (articular), onde articula
a cabeça do fémur;

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CLE 2019-2023
→ Superior
o É mais aplanado e é mais largo
o Ílion
→ Inferior
o Forma os bordos do Buraco Isquiopúbico/Obturador que é limitado:
▪ Anteriormente pelo Púbis
▪ Posteriormente pelo Ísquion

NOTA:

Chama-se Buraco Isquiopúbico, porque o osso ilíaco, numa fase embrionária, é


composto por 3 ossos – ílion (cima), ísquion (trás), púbis (frente) – que depois se
juntam e formam um osso só. Quando nascemos isto já é um osso só. Assim como
este buraco é limitado pelo ísquion e pelo púbis tem o nome de isquiopúbico.

O ilíaco é composto por:

 2 faces, uma interna e uma externa.


 4 bordos – superior, inferior, anterior e posterior
 4 ângulos – ântero-superior, póstero-superior, ântero-inferior e póstero-inferior

A face externa pode ser dividida em 3 partes:

→ Fossa ilíaca externa:


o É uma superfície triangular ondulada, convexa à frente e atrás e
côncava na parte média
o Tem uma linha semicircular posterior
▪ Delimita o grande glúteo
▪ Côncava para a frente e quase vertical
▪ Inicia-se no bordo superior do osso
▪ Termina no bordo superior da grande chanfradura ciática
o Tem uma linha semicircular anterior
▪ Delimita o médio glúteo
▪ Côncava para baixo e frente
▪ Inicia-se no ângulo ântero-superior
▪ Termina no bordo posterior do osso junto à parte média do bordo
superior da grande chanfradura ciática
o Tem uma linha semicircular inferior – delimita o pequeno glúteo
o Tem o buraco nutritivo
▪ Localiza-se perto da linha semicircular anterior
o Entre as 2 linhas semicirculares, perto da grande chanfradura ciática
encontra-se uma goteira vascular para um ramo da artéria glútea.

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CLE 2019-2023
→ Cavidade Cotilóideia/Acetábulo:
o Tem o rebordo cotilóideo
o Tem uma chanfradura posterior (ílio-isquiática), inferior (isquiopúbica) e
anterior (ílio-púbica)
o Dentro desta cavidade existe uma porção articular, que articula com a
cabeça do fémur, e uma porção não-articular

→ Buraco Obturador ou Isquiopúbico:


o Tem a cavidade coiloideia
o Tem o ísquion
o Tem o púbis

A face interna é composta por:

→ Linha inominada/arcuata – divide a face em


dois;
→ Fossa ilíaca interna (músculo ilíaco) – face
mais plana;
→ Tuberosidade ilíaca – face mais rugosa;
→ Faceta auricular do osso coxal – zona em que
o ilíaco articula com o sacro;
→ Buraco obturador

O ilíaco é composto por 4 bordos:

→ Bordo anterior, onde se localizam:


o Crista pectínea;
o Espinha do púbis;
o Espinha ilíaca ântero-superior;
o Chanfradura femuro-cutânea – onde
se insere o músculo femuro-cutâneo;
o Espinha ilíaca ântero-inferior;
o Chanfradura psoas-ilíaco – onde se insere o músculo psoas-ilíaco;
o Eminência iliopectínea – onde se insere o músculo iliopectíneo.

→ Bordo Posterior, onde se localizam:


o Espinha ilíaca póstero-superior;
o Chanfradura inominada;
o Espinha ilíaca póstero-inferior;
o Grande chanfradura ciática –
onde passa o nervo ciático;
o Tuberosidade ciática;
o Pequena chanfradura ciática;

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CLE 2019-2023
→ Bordo Superior
→ Bordo Inferior

5.2 Ossos da Coxa


A coxa é constituída pelo fémur e pela rótula.

5.2.1 Fémur

Classificação – Longo

Paridade – Par

Localização – Coxa

Conexões:

→ Cavidade cotilóideia do ilíaco (Acetábulo);


→ Extremidade superior da tíbia;
→ Face posterior da rótula;

Orientação:

→ Tem uma superfície articular esférica (cabeça) na parte supero-interna;


→ A maior tuberosidade da extremidade superior localiza-se na parte anterior;
→ O osso dirige-se obliquamente para baixo e para dentro;

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 38 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Descrição – É composto por um corpo/diáfise e por 2 extremidades/epífises.

O fémur é composto por 3 faces:

→ Face anterior:
o É convexa e lisa;
o Onde se inserem os músculos crural e subcrural;
→ Face póstero-externa:
o É larga e deprimida em goteira na sua parte média;
o Onde se insere o músculo crural do quadricípite;
→ Face póstero-interna:
o Não tem inserções musculares;

O fémur é composto por 3 bordos:

→ Bordos Laterais:
o Externo e interno
o Arredondados
→ Bordos posterior/linha áspera:
o Divide-se em 2 porções:
▪ Lábio interno – onde se insere o músculo vasto externo;
▪ Lábio externo – onde se insere o músculo vasto interno;
o Possui o buraco nutritivo na parte média;
o Tem uma trifurcação acima, ou seja, divide-se em 3;
o Tem uma bifurcação abaixo, ou seja, divide-se em 2 – nos lábios interno
e externo que vão delimitar no meio o escavado poplíteo

A epífise superior do fémur apresenta 3 porções:

→ Cabeça do Fémur (superfície articular)


o Tem uma iminência lisa e esférica (2/3 de esfera)
o Circunscrita por uma linha sinuosa;
o Apresenta no meio uma fosseta do ligamento redondo, de
onde sai o ligamento redondo – importante para manter o
fémur no sítio;
→ Grande e Pequeno trocânteres
o Grande Trocânter
▪ Anterior
▪ Forma quadrangular, aplanado de fora para dentro
▪ Onde se inserem os seguintes músculos:
• Médio e pequeno glúteos
• Obturador interno
• Gémeos
• Piramidal
o Pequeno Trocânter
▪ É uma apófise cónica, que surge na união do colo com a face
interna do corpo
▪ Dá inserção ao músculo Psoas-Ilíaco
→ Colo do Fémur
o Localiza-se entre a cabeça e os
trocânteres
o Dirige-se obliquamente para baixo e
para fora

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 39 | P á g i n a


CLE 2019-2023
A epífise inferior do fémur tem:

→ Dois côndilos – duas superfícies arredondadas, separadas pela chanfradura


intercondiliana onde vão estar os ligamentos cruzados;
→ Goteiras supracondilianas, localizadas na parte de trás acima dos côndilos,
onde se inserem os gémeos

5.2.2 Rótula:

Classificação – Achatado

Paridade – Par

Localização – Porção anterior do joelho

Orientação:

 A porção mais afilada é inferior;


 A superfície articular é posterior
o Tem 2 facetas articulares em que a
maior é externa

A linha a meio da rótula é onde se vai inserir a chanfradura intercondiliana do fémur.

5.3 Ossos da Perna


A perna é composta pela tíbia e pelo perónio.

MNEMÓNICA:

Tíbia – Interno

Perónio – Externo

ATENÇÃO:

Ao contrário do que acontecia no membro superior em que tínhamos o úmero que


articulava com o rádio e o cúbito, no membro inferior o fémur articula apenas com a
tíbia, mas não articula com o perónio!

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 40 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.3.1 Tíbia

Classificação – Achatado

Paridade – Par

Localização – Na parte interna da perna

Articula-se em cima com o fémur e em baixo com o tarso. Dirige-se verticalmente e


forma com o fémur um ângulo obtuso por fora. A tíbia não é rigorosamente retilínea, é
portanto contornada em S itálico.

Orientação:

 A extremidade mais volumosa está na parte superior


 A apófise lateral da extremidade inferior está na parte interna
 A extremidade superior projeta-se para trás.

Descrição:

O seu corpo tem a forma de um prisma triangular com 3


bordos e 3 faces.

→ Face interna,
o Face lisa e plana à exceção da sua parte
superior onde se inserem os músculos. Estas
inserções fazem-se sobre uma zona rugosa
vizinha do bordo anterior do osso. Uma outra
zona rugosa situada a alguma distância
atrás da precedente temos a zona de
inserção inferior do ligamento lateral interno
do joelho.
o Onde se inserem os músculos da coxa –
nomeadamente músculos da pata de
ganso:
▪ Costureiro/Sartórios;
▪ Reto interno/Gracilis;
▪ Semi-tendinoso
o Onde se insere o ligamento lateral interno do joelho;
→ Face externa
o Apresenta na sua metade superior uma depressão longitudinal sobre a
qual se inserem o músculo tibial anterior.
o A parte inferior desta face é convexa.
→ Face posterior, onde se inserem os músculos:
o Solhar
o Poplíteo
o Flexor comum dos dedos
o Tibial posterior.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 41 | P á g i n a


CLE 2019-2023
A extremidade superior da tíbia apresenta uma face superior – Planalto Tibial – em que,
as suas cavidades glenóideias, articulam com os côndilos interglenoideus entre os
côndilos femorais, apresentando 3 porções:

→ Cavidade glenóideia interna;


→ Cavidade glenóideia externa;
→ Estas cavidades são separadas por uma depressão e à frente por uma superfície
triangular (superfície interglenóideia), cujo vértice constitui a tuberosidade
anterior da tíbia, onde se inserem os ligamentos rotulianos.

A extremidade inferior é menos volumosa do que a superior e dada a sua forma cúbica
irregular podemos distinguir 5 faces:

→ Face inferior – Articula com o astrágalo (osso do pé);


→ Face anterior – Inserem-se os músculos extensores dos dedos;
→ Face posterior – Insere-se o músculo longo flexor próprio do 1ºdedo
→ Face externa – Existe a chanfradura peronial, onde liga o perónio;
→ Face interna – Existe o maléolo interno

Sendo cubóide teria 6 faces mas neste caso a 6ª refere-se à face que está ligada ao
corpo da Tíbia.

5.3.2 Perónio/Fíbula

Classificação – Longo (com epífises e diáfises)

Paridade – Par

Localização – Na parte externa da perna

Orientação:

 A extremidade mais afiliada está na parte inferior


 A faceta articular dessa extremidade é interna
 A fosseta (parte de trás da faceta que vai ligeiramente para dentro) relacionada
com essa faceta é posterior.

Descrição:

O seu corpo tem a forma de um prisma triangular com 3 faces e 3 bordos.

Em relação às faces:

 Face externa – onde se inserem os músculos longo e curto peroniais laterais ou


externos
 Face interna:
o Onde se localiza a crista interóssea – onde se insere o ligamento
interósseo
o Anteriormente – inserção dos extensores dos dedos e do peronial anterior
o Posteriormente – a goteira de inserção do músculo tibial posterior
 Face Posterior:
o Em cima temos a inserção do solhar
o Temos também as inserções do longo flexor do 1º dedo

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 42 | P á g i n a


CLE 2019-2023
O perónio tem duas extremidades a superior – cabeça – e a inferior – maléolo externo.

→ Extremidade superior – cabeça:


o Continua-se com o corpo pelo colo do perónio;
o Na face superior/base articula com a extremidade superior da tíbia;
o Possui uma apófise estilóideia;

→ Extremidade inferior – maléolo externo:


o Na sua face interna articula com o astrágalo;
o Na sua face externa relaciona-se com a pele;
▪ A nível posterior localiza-se a goteira na qual progridem os
tendões peroniais laterais;

5.4 Ossos do Pé
O pé é formado por 26 ossos agrupados em 3
grupos: tarso (7), metatarso (5) e dedos (14).

O pé é convexo dorsalmente e côncavo


ventralmente para formar os 3 arcos principais que
permitem a distribuição do peso do corpo – a andar
o peso é transferido da tíbia e perónio para o
astrágalo, deste para o calcâneo e depois para o
metatarso.

5.4.1 Tarso

O tarso localiza-se na metade posterior do pé, sendo constituído por 7 ossos dispostos
em duas fileiras:

→ Na fileira posterior – Protarso (mais próximos da perna) – localizam-se o


astrágalo/tornozelo (em cima) e o calcâneo/calcanhar (em baixo) sobrepostos
o O calcanhar é o osso mais largo e forte do pé.
→ Na fileira anterior – Mesotarso – localizam-se os ossos:
o Cubóide;
o Escafóide/navicular;
o Ectocuneiforme/cuneiforme lateral;
o Mesocuneiforme/cuneiforme intermédio;
o Endocuneiforme/cuneiforme medial;

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 43 | P á g i n a


CLE 2019-2023
O tarso é mais estreito posterior do que
anteriormente.

Os ossos do tarso formam uma abóbada de


concavidade inferior sobre a qual repousa
todo o peso do corpo.

5.4.2 Metatarso

É constituído por 5 ossos longos – I, II, III, IV e V metatársico – numerados de dentro para
fora.

Articulam-se:

→ Posteriormente com a 2ª fileira dos ossos do tarso;


→ Anteriormente com as primeiras falanges dos dedos;

Entre os metatarsos existe o espaço


interósseo/intermetatársico onde existem alguns
ligamentos.

5.4.3 Dedos

Numeramos os dedos de I a V de dentro para fora.

Cada osso tem 3 ossos longos (falanges), exceto o I dedo que tem apenas 2 (a 1.ª e a
3.ª falange).

Não se distinguem os dedos do lado direito dos do lado esquerdo.

As falanges são compostas por 3 porções, por serem ossos longos:

→ Cabeça (distal)
→ Corpo (medial)
→ Base (proximal)

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CLE 2019-2023
6. Histologia e Fisiologia do Osso

Para se falar acerca deste tema, temos que perceber os conceitos de histologia e
fisiologia.

Sendo assim, histologia é o estudo microscópico dos tecidos, podendo ser por biópsia
ou autópsia.

→ Biópsia – Feita numa pessoa viva, tiramos um pouco de um tecido e


estudamo-lo ao microscópio
→ Autópsia – Feita numa pessoa morta, tiramos um pouco do tecido e
estudamo-lo ao microscópio para perceber que lesão havia naquele
órgão para justificar a morte da pessoa

Já a fisiologia é o estudo das funções mecânicas, físicas e bioquímicas no organismo,


ou seja, eu tentar perceber, por exemplo, o que é que acontece para o músculo
contrair.

Quanto às funções do sistema esquelético, são 4:

→ Suporte mecânico (partes moles – órgãos, músculos)


→ Proteção de órgãos vitais (ex. crânio protege o cérebro)
→ Locomoção (funciona como sistema de alavancas/dobradiças)
→ Reservatório metabólico (sais minerais)

6.1 Tecido
Um outro conceito que devemos reter é o de tecido. Consideramos que o tecido é um
conjunto de células semelhantes em conjunto com substâncias que as envolvem.

O tecido ósseo é o principal constituinte do esqueleto, sendo que é um tipo


especializado de tecido conjuntivo e um tecido dinâmico, pois está constantemente a
ser formado e reabsorvido.

6.1.1 Tipos de tecido

Os 4 principais tipos de tecido no corpo humano são:

→ Epitelial (faz o revestimento, vemos, por exemplo, na pele)


→ Conjuntivo ou conectivo (faz união entre diferentes estruturas)
→ Muscular
→ Nervoso (nomeadamente a nível do cérebro)

O tecido do tipo epitelial e conjuntivo são os mais diversificados.

Os tecidos são classificados de acordo com:

→ A sua estrutura (forma das células)


→ As relações intercelulares
→ O material que constitui a matriz extracelular (MEC)
o MEC – É o conteúdo que está à volta das células no mesmo tecido

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CLE 2019-2023
❖ Tecido Conjuntivo

O tecido conjuntivo está presente em praticamente todos os órgãos do corpo humano


e é constituído por células separadas umas das outras por matriz extracelular.

Existem vários tipos de células especializadas:

→ Blastos
o Criam matriz extracelular
o Osteoblastos, condroblastos, fibroblastos
→ Clastos
o Degradam matriz extracelular
o Osteoclastos, condroclastos, fibroclastos
→ Citos
o Mantêm a matriz extracelular
o Osteócitos, condrócitos, fibrócitos

NOTA:

→ Osteo – no osso
→ Condro – na cartilagem
→ Fibro – nos tecidos fibrosos
→ Estas células existem porque todos os nossos tecidos do corpo são renováveis
e elas são responsáveis por essa tarefa de renovação

❖ Matriz extracelular

A matriz extracelular é constituída por fibras proteicas, proteínas não fibrosas e por
líquido.

As fibras proteicas são sintetizadas, normalmente, pelos fibroblastos e dividem-se em 3


tipos:

→ Colagénio:
o Corresponde a 1/4 a 1/3 das proteínas do corpo humano;
o É responsável por 6% do peso do corpo;
o São fibras muito fortes, mas não elásticas;
o Existem cerca de 20 tipos de fibras de colagénio diferentes, sendo que os
ossos são constituídos principalmente por fibras do tipo I e a cartilagem
principalmente pelo tipo II;
→ Reticulina
o São muito finas e mais fracas
→ Elastina
o Confere elasticidade aos tecidos

As proteínas não fibrosas e moléculas, como o ácido hialurónico – confere qualidade


oleosa aos tecidos – e proteoglicano – que armazena água, funciona como uma
esponja.

NOTA:

As fibras de colagénio tipo I e tipo II diferem essencialmente na elasticidade, apesar


de serem muito pouco elásticas, as fibras tipo II são um pouco mais elásticas que as
de tipo I.

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CLE 2019-2023
❖ Cartilagem

A cartilagem é composta por condrócitos, que se encaixam em lacunas (buracos)


numa matriz extensa, relativamente rígida.

A cartilagem é a estrutura mais sólida a seguir ao osso e portanto a sua matriz é


constituída por fibras proteicas, substância fundamental e líquido. As fibras de
colagénio conferem resistência e a elastina confere elasticidade. A substância
fundamental é composta por agregados de proteoglicanos e ácido hialurónico.

A cartilagem encontra-se rodeada por pericôndrio e não tem vasos sanguíneos


nem nervos, o que faz com que a cicatrização seja muito lenta.

Existem 3 tipos de cartilagem:

→ Cartilagem Hialina
o Está mais associada ao osso;
o Tem grandes quantidades de colagénio e proteoglicano;
o Existe em áreas de necessidade de suporte forte e flexibilidade
▪ Ex: Caixa torácica e nas articulações – faz com que deslize mais
suavemente
o É a cartilagem que constitui o esqueleto do embrião
o Está presente nos processos de remodelação e reparação ósseas
o É composta por:
▪ Condroblastos;
▪ Condrócitos – em lacunas;
▪ Colagénio – confere resistência;
▪ Proteoglicanos – confere resistência e
flexibilidade – permite a recuperação da
forma original;
▪ Pericôndrio – bainha de tecido conjuntivo
que reveste a cartilagem e que não está
presente na cartilagem articular;

→ Cartilagem Fibrosa
o Contém mais colagénio do que proteoglicano
o Existe em áreas onde é aplicada muita força
▪ Ex: joelho, ATM e entre algumas vértebras

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CLE 2019-2023
→ Cartilagem Elástica
o Contém mais fibras elásticas, colagénio e proteoglicanos
▪ Ex: Pavilhão auricular

❖ Osso

O osso é uma estrutura viva composta por células vivas e matriz óssea.

As células vivas são:

→ Osteócitos (em lacunas);


→ Osteoblastos;
→ Osteoclastos;

A matriz óssea é composta:

→ 35% por material orgânico


o 95% é colagénio, maioria tipo I
o Proteoglicanos
o Glicoproteínas adesivas – conferem maior estabilidade da matriz
extracelular
→ 65% material inorgânico (iões)
o Cristais de fosfato de cálcio (hidroxiapatite)
o Bicarbonato, magnésio, potássio, sódio, citrato

Classificação das células ósseas:

→ Osteoblastos

São importantes para a síntese da parte orgânica da matriz óssea, ou seja, o colagénio,
os proteoglicanos e as glicoproteínas adesivas. Eles não produzem iões!

Participam na mineralização da matriz orgânica, expondo a matriz inorgânica para


ação dos osteoclastos.

→ Osteócito

Resultam da evolução dos osteoblastos. Numa fase inicial


temos os osteoblastos que estão muito ativos a produzir
matriz, depois chega a uma altura em que se tornam
células mais maduras que já não vão produzir matriz,
apenas mantêm a que já lá está.

Mantêm a matriz óssea e ocupam cavidades na matriz em


lacunas. Em cada uma delas existe apenas 1 osteócito. E
elas comunicam através de canalículos que contém
prolongamentos dos osteócitos e que funcionam como
vias de transporte de nutrientes e metabolitos.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 48 | P á g i n a


CLE 2019-2023
→ Osteoclastos

São células gigantes, multinucleadas (com vários núcleos),


móveis e muito ramificadas.

São responsáveis pela destruição e reabsorção de matriz


óssea mineralizada. Isto acontece através da secreção de
iões H+ que provocam o meio ácido favorável à destruição da
matriz óssea. Além disso tem ainda a ação de colagenases
(proteínas/enzimas que degradam o colagénio) e outras
enzimas que participam neste processo.

Classificação do osso de acordo com a organização das fibras de colagénio:

→ Reticular (primário/imaturo/não lamelar):

É o primeiro tecido ósseo, está presente nos fetos e em situações de fratura, sendo
pouco frequente no adulto. É um osso mais “desorganizado” e mais imaturo. Depois de
formado é degradado pelos osteoclastos e os osteoblastos constroem uma nova matriz,
dando-se a remodelação e passa a ser osso lamelar.

→ Lamelar (secundário/maduro):

Substitui gradualmente o osso anterior através do “Remodelling” pela remoção do osso


antigo pelos osteoclastos e adição do novo pelos osteoblastos. É um osso mais
“organizado”, as suas fibras de colagénio estão organizadas em camadas (lamelas) e
por isso tem o nome de osso lamelar.

Classificação do osso de acordo com a quantidade de matriz óssea e espaços:

→ Osso esponjoso

Tem pouca matriz óssea e mais espaços. É composto por


trabéculas (placas ósseas interligadas entre elas) que não têm
vasos sanguíneos. Entre as trabéculas encontramos a medula
óssea e alguns vasos sanguíneos. As trabéculas/fibras deste osso
esponjoso vão organizar-se de acordo com as linhas de tensão
(stress mecânico) a que o osso está sujeito.

→ Osso compacto

É um osso mais denso, com menos espaços do que o osso


esponjoso e mais matriz óssea. Composto por várias camadas
sobrepostas, com pouco espaço entre elas.

O osso compacto tem vários vasos sanguíneos que se distribuem ao longo deste. Os
vasos são paralelos ao eixo do osso e estão dentro de canais dentro deste – Sistema de
Havers ou ósteons. Estes canais de Havers são característicos das diáfises dos ossos
longos. Os ósteons são revestidos por endósteo. Por eles passam vasos e nervos. Cada
canal é composto por 4 a 20 lamelas concêntricas, ou seja, várias lâminas que se
dispõem em círculos. Estes vasos são muito importantes, pois vão nutrir os osteócitos.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 49 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Os canais de Volkman são canais que permitem a comunicação de dois sistemas de
Havers, permitem a comunicação entre os sistemas de Havers e a cavidade medular e
permitem ainda a comunicação com a superfície externa. Estes canais atravessam
perpendicularmente os canais de Havers e não são envolvidos por lamelas ósseas.

NOTA – Revisão de conceitos:

Diáfise – Corpo do osso

Epífise – Extremidades de um osso longo

Periósteo – Membrana composta por dupla camada de


tecido conjuntivo que cobre a superfície exterior do osso,
exceto onde existe cartilagem articular. É o local de
crescimento ósseo em diâmetro, ou seja, quando o osso
alarga.

→ Superficial – Tem fibras de colagénio e fibroblastos


e fibras de Sharpey que prendem o periósteo ao
osso;
→ Profundo – Contém células osteoprogenitoras (que
se vão diferenciar em osteoblastos) – responsáveis
pelo crescimento dos ossos em diâmetro e
reparação de fraturas

Endósteo – Membrana fina de tecido conjuntivo que reveste as cavidades internas do


osso:

→ Superfície interna do osso


→ Cavidades do osso esponjoso
→ Canal medular
→ Canais de Havers e Volkman

Cartilagem articular – Camada fina de cartilagem hialina que cobre o osso no local de
articulação.

Placa epifisária/de crescimento – Área de cartilagem hialina entre a diáfise e a epífise,


em que acontece o crescimento da cartilagem seguido de ossificação endocondral. É
o que origina o crescimento do osso em comprimento.

Osso esponjoso – Tecido ósseo com muitos espaços pequenos e que se encontra
principalmente nas epífises, disposto em trabéculas.

Osso compacto – Osso denso, com poucos espaços internos, organizados em


ósteons/sistemas de Havers; forma a diáfise e cobre o osso esponjoso nas epífises.

Canal medular – Cavidade no interior da diáfise onde se localiza a medula óssea.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 50 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Medula Óssea

A medula óssea é o tecido encontrado no interior dos ossos, possui aspeto gelatinoso e
está relacionada com a produção de células sanguíneas. É composta pela medula
vermelha e pela medula amarela.

Medula Vermelha – Predomina no feto, em quase todos os seus ossos, e essa quantidade
de hemocitoblasto vai diminuindo conforme aumenta a idade do indivíduo, sendo
substituída por células adiposas e modificando a cor da medula, de vermelha para
medula amarela. É responsável pela hematopoiese – produção dos constituintes do
sangue.

Medula Amarela – Constituída essencialmente por tecido adiposo, apenas não existe
no ílio e no esterno, pois são onde se dá a hematopoiese na idade adulta.

❖ Desenvolvimento Ósseo Fetal

Ossificação Membranosa Ossificação Endocondral


Inicia durante a fase fetal. Algumas
Inicia durante a fase fetal e completa-se cartilagens só ossificam a partir dos 18/20
no 2º ano de idade. anos.

A maior parte dos ossos desenvolve-se a


Mesênquima. partir de um modelo cartilagíneo.
Acontece nos ossos cranianos, parte da A matriz de cartilagem calcifica com
mandíbula e na diáfise das clavículas. morte dos condrócitos.
No interior das membranas, em centros Os osteoblastos formam osso na matriz
de ossificação, os osteoblastos produzem cartilagínea calcificada, produzindo osso
osso ao longo das fibras de membrana esponjoso.
formando osso esponjoso.
Na superfície exterior, os osteoblastos
Sob o periósteo, os osteoblastos formam osso compacto sob o periósteo.
depositam osso compacto, formando a
superfície exterior do osso. Os centros de ossificação primários
formam-se na diáfise durante o
Fontanelas – Únicas áreas membranosas desenvolvimento fetal. Os centros de
que não estão ossificadas ao nascimento ossificação secundários formam-se nas
epífises.

Ocorre em membranas de
Ocorre em cartilagens
tecido conjuntivo

Ambos produzem inicialmente osso reticular, que é depois remodelado. Após a


remodelação o osso formado por um ou outro processo não se distinguem.

O crescimento ósseo dá-se de duas maneiras: em comprimento e em largura.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 51 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Crescimento ósseo em comprimento:

→ Dá-se partir da placa epifisária que separa epífise de diáfise.


→ Primeiro forma-se nova cartilagem (crescimento intersticial) seguido de
crescimento ósseo aposicional (à superfície da cartilagem).
→ Os osteoblastos alinham-se na superfície da cartilagem calcificada e depositam
nova matriz óssea (crescimento aposicional), mais tarde será remodelado.
→ O encerramento da placa epifisária ocorre entre os 12-25 anos e é
consequência da ossificação da placa epifisária, originando a linha epifisária.

Crescimento ósseo em largura:

→ Crescimento de osso sob o periósteo.


→ Os ossos aumentam em espessura (diâmetro) devido ao crescimento
aposicional de osso abaixo do periósteo.
→ Ocorre em ossos longos e de outros tipos.
→ Crescimento é rápido na puberdade e posteriormente mais lento.

❖ Remodelação Óssea

Permite a substituição de osso velho por osso novo – os osteoclastos removem osso velho
e os osteoblastos depositam osso novo. Ocorre conversão de osso reticular em osso
lamelar.

Está envolvida em:

→ Crescimento ósseo
→ Modificação da sua configuração óssea
→ Adaptação dos ossos a stress mecânico
→ Reparação óssea
→ Regulação dos iões de cálcio – permite manter níveis constantes de cálcio no
sangue (homeostase do cálcio) – pela intervenção de osteoclastos que libertam
cálcio quando degradam osso e de osteoblastos que absorvem cálcio quando
formam osso.

CURIOSIDADE:

A remodelação de todo o esqueleto ocorre a cada 10 anos.

❖ Reparação Óssea

É composta por 4 processos:

1. Formação de hematoma – O sangue libertado dos vasos sanguíneos lesionados


forma uma massa de sangue localizada – um hematoma
2. Formação do calo – O calo interno forma-se entre os topos ósseos e o calo
externo forma um colar em torno da fratura
3. Ossificação do calo – O osso esponjoso reticular substitui o calo interno e o calo
externo, por meio de ossificação endocondral
4. Remodelação do osso – O osso compacto substitui o osso reticular e parte do
calo interno é removida, restaurando o canal medular

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 52 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Efeitos do envelhecimento sobre o sistema esquelético – Geriatria

Na geriatria vamos ter perda de colagénio que leva à mineralização da matriz, fica mais
rígida (menos flexível) o que faz com que os ossos fiquem mais quebradiços.

O pico de massa óssea dá-se aos 30 anos.

Os homens têm ossos mais densos devido à testosterona, o que faz com que as fraturas
sejam mais frequentes nas mulheres idosas.

Após os 35 anos a perda de massa óssea varia entre 0,3-0,5% por ano, mas nas mulheres
após a menopausa pode aumentar até 3-5%.

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CLE 2019-2023
7. Resumo

Tabelas feitas por Inês Lúcio.

Osteologia do Crânio

Classificação Placóide e ímpar

Localização Parte ântero-superior da cabeça

Tem uma face convexa (anterior) e 2 cavidades


Frontal Orientação
separadas por 1 chanfradura

Ossos parietais, maxilares superiores, malares, nasais,


Conexões
lacrimais e o osso etmóide e esfenóide

3 faces: A, P, I
Descrição
3 bordos: A, S, P

Classificação Curto e ímpar

Localização Parte anterior e média da base do crânio

Tem uma lâmina horizontal com numerosos orifícios e


Orientação
uma apófise crista-galli (anterior e superior)
Etmóide

Ossos palatinos, nasais, maxilares superiores, lacrimais,


Conexões
frontal, esfenóide e o vómer.

Tem uma lâmina vertical (ou perpendicular) e uma


lâmina horizontal entre as massas laterais (são
Descrição
cubóides). A apófise crista-galli divide a parte superior
da lâmina horizontal em goteiras olfativas.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 54 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Classificação Curto e ímpar

Localização Parte anterior e média da base do crânio

Existe uma linha que une os pontos mais afastados


Orientação
(anterior e superior)
Esfenóide

Todos os ossos do crânio e com os malares, platinos e


Conexões
o vómer

Possui um corpo (com a sela turca), pequenas e


grandes asas e apófises pterigóideas (face interior).
Descrição
Existe também seios esfenóides (dois) e seios
perinasais.

Classificação Placóide e ímpar

Localização Parte posterior e inferior do crânio

Tem uma face côncava (anterior), buraco (inferior) e


Occipital Orientação
ocupa um plano horizontal

Conexões Ossos parietais, temporais, esfenóide e o atlas

Possui côndilos, buraco occipital (por onde passam os


Descrição nervos espinhais), escama, apófise basilar/corpo e
massas laterais.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 55 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Classificação Placóide e par

Cada um dos lados da linha mediana (superior e


Localização
lateral)

Tem uma face convexa (externa) e um bordo em bisel


Parietal Orientação
(inferior)

Osso frontal, occipital, parietal contralateral, esfenóide


Conexões
e temporal (do mesmo lado)

Tem uma forma quadrilátera e duas faces (externa e


Descrição
interna)

Classificação Placóide e par

Localização Parte inferior e lateral

Possui uma escama (superior), face convexa (externa)


Orientação
e apófises (anterior)
Temporal

Osso parietal (do mesmo lado), occipital, esfenóide,


Conexões
malar e maxilar inferior

A escama (superior) possui a apófise zigomática.


O mastóide (póstero-inferior) possui a apófise
Descrição mastóideia.
O rochedo (ântero-inferior) possui o orifício do CAE, a
apófise estilóideia e a cavidade glenóideia

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 56 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Osteologia da Face

Classificação Cubóide e par

Localização Faz parte do teto da cavidade oral e das fossas nasais

Possui um bordo alveolar, onde se encaixam os


Orientação dentes (inferior). A concavidade é interna e os
alvéolos mais pequenos são anteriores (à frente).
Maxilar
superior
Osso frontal, malar, mandíbula, lacrimal, nasal,
Conexões
etmóide, vómer e corneto inferior

Na face externa existe apófise piramidal ou


zigomática (liga-se ao malar).
A face interna articula com o maxilar superior do
Descrição
outro lado.
Existe uma apófise montante (ramo que sobe até ao
frontal).

Classificação Par

Localização Face lateral da face

Malar ou Orientação --
zigomático

Osso frontal, maxilar superior, temporal e a grande


Conexões
asa do esfenóide

Tem uma face externa e uma face interna (dá para


Descrição dentro da cavidade orbitária).
Tem 4 bordos (AI, PI, AS, OS)

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 57 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Classificação --

Localização Parte anterior da face interna da órbita

Lacrimal Orientação --

Osso frontal, etmóide, maxilar superior e corneto


Conexões
inferior

Possui pequenas lâminas ósseas que faz parte da face


Descrição interna da órbita. A face interna corresponde às fossas
nasais.

Classificação Par

Localização --

Ossos do Orientação Tem uma forma quadrilátera


nariz
Osso nasal contralateral, frontal, etmóide (por trás),
Conexões
apófise montante do maxilar superior.

Descrição Cada osso tem 2 faces e 4 bordos

Classificação Par

Localização Atrás do maxilar superior

Orientação --
Palatino

Conexões Corneto inferior e etmóide

Possui uma lâmina horizontal. Está na face superior,


pertence às fossas nasais. Na face inferior pertence à
Descrição abobada palatina (céu da boca).
Possui também uma lâmina vertical. Está na face
interna, pertence à parede externa das fossas nasais.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 58 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Classificação Ímpar

Localização Faz parte do septo das fossas nasais (inferior)

Vómer Orientação --

Conexões Maxilar superior, etmóide e esfenóide

É a parte de baixo do septo nasal. Sendo que a parte


Descrição
de cima é a lâmina vertical do etmóide

Classificação --

Localização Parede lateral da cavidade nasal

Corneto
Orientação --
inferior

Conexões Osso etmóide, maxilar superior, lacrimal e palatino

É um osso à parte. Sendo que, os cornetos superiores


Descrição
e médios pertencem ao etmóide (massas laterais).

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 59 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Classificação Ímpar

Localização --

Tem uma porção horizontal (corpo) e uma porção


Orientação
perpendicular (ramos).

Maxilar Conexões Ossos temporais


inferior ou
mandíbula
A face anterior possui a sínfise mentoniana e
a linha oblíqua externa
A face posterior possui a linha oblíqua
Corpo
interna, uma fosseta sublingual e submaxilar
e apófise géni.
Possui 2 bordos: S, I
Descrição
Na face externa existe a tuberosidade
massetérica.
Ramos Na face interna existe o orifício do canal
dentário interior, a espinha Spix e a
tuberosidade pterigóidea

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 60 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Osteologia da Coluna

C1-C7
A partir da C3, têm um corpo, um buraco triangular, uma
Vértebras cervicais
apófise espinhosa bitrabeculada e uma apófise transversa. A
primeira vértebra é o Atlas e a segunda o Áxis.

T1-T12
Cada vértebra tem um corpo (face superior e inferior), um
Vértebras buraco circular, uma apófise inclinada e uma apófise
torácicas/dorsais transversa.
A parte de baixo da vértebra articula com a parte de cima
da vértebra que está em baixo

L1-L5
Cada vértebra possui um corpo em forma de rim, um buraco
Vértebras lombares
triangular, uma apófise espinhosa retangular e uma apófise
transversa pouco desenvolvida.

É constituído por 5 vértebras unidas. Tem um promontório


(parte anterior) e buracos sagrados que se unem e formam
Sacro um canal sagrado.
A união das apófises transversas são as asas do sacro, e a
união das apófises espinhosas a crista sagrada.

É constituído por 3-5 vértebras fundidas na forma de um


Cóccix
triângulo.

Atlas → Possui 2 massas laterais. Na face superior tem a cavidade glenóideia, na inferior
uma zona para articular com o áxis e na zona externa existe a apófise transversa. Possui
um arco anterior que tem o tubérculo anterior (saliência) e uma faceta que vai articular
com a apófise odontoideia/dente. O arco posterior tem o tubérculo posterior. Os
côndilos occipitais (no occipital) articulam com a cavida glenóideia.

Áxis → O corpo é o dente e possui a apófise odontoideia/dente que passa pelo


“buraco” da C1 e roça na faceta. Possui também apófises articulares superiores e
inferiores. Estas vão-se unir com as apófises articulares inferiores do C1.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 61 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Osteologia dos Membros Superiores

Classificação Longo e par

Localização Parte anterior da cintura escapular

Tem uma extremidade mais achatada (externa), uma


Orientação face mais rugosa (inferior) e um bordo côncavo
Clavícula (anterior)

Conexões Esterno, primeira cartilagem costal e omoplata

Possui um corpo e duas extremidades.


O corpo tem duas faces (S, I) e 2 bordos (A, P).
Descrição Existe a extremidade esternal (liga-se ao esterno) e a
extremidade acromial (liga-se ao acrónimo, da
omoplata)

Classificação Placóide e par

Localização Parte posterior da cintura escapular

Tem uma face côncava (anterior), por cima das


costelas com a forma triangular. Tem 3 bordos, sendo
Orientação o mais curto o superior.
Tem 3 ângulos, sendo o ângulo articular externo
Omoplata
(articula com a cabeça do úmero).
ou
escápula
Conexões Clavícula e úmero

Divide-se em 2 partes pela espinha (baixo → fossa


infraespinhosa, cima → fossa supraespinhosa).
Tem uma face posterior convexa e uma face anterior
Descrição côncava. Tem 3 bordos (I, S, E)
Possui uma chanfradura coracóideia e uma apófise
coracóideia e um ângulo externo que tem a cavidade
glenóideia e a apófise glenóideia.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 62 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Classificação Longo e par

Localização Braço

Tem uma cabeça (superior e interna) e 2


Orientação
tuberosidades (a mais pequena é anterior).

Conexões Omoplata, rádio e cúbito


Úmero

Tem um corpo com a forma de um prima triangular.


Tem 2 faces (AI, AE) e 3 bordos (P, I, E).
Tem uma extremidade superior que é a cabeça do
úmero e possui o troquiter (maior para fora) e o
troquino (pequeno e para frente). Existe o colo
Descrição anatómico e colo cirúrgico.
Tem uma extremidade inferior que é achatada da
frente para trás. Possui um côndilo umeral (articula
com a cavidade glenóideia do rádio) e uma tróclea
umeral (articula com a grande cavidade sigmóidea
do cúbito).

Classificação Longo e par

Localização Antebraço (externo)

Possui 2 extremidades, sendo a mais volumosa inferior.


Rádio Orientação Existe uma apófise estilóideia (externa) e a face mais
plana é anterior.

Conexões Úmero, cúbito, escafóide e semilunar

Tem um corpo (superior) e duas extremidades. A


Descrição extremidade superior é a cabeça e a extremidade
inferior termina numa apófise estilóideia.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 63 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Classificação Longo e par

Localização Antebraço (interior)

Possui duas extremidades, sendo a mais volumosa


superior. Esta extremidade tem uma grande cavidade
Orientação sigmóidea (ou grande chanfradura semilunar). E
chanfradura está dividida em duas, sendo que a mais
Cúbito pequena é externa (lado do rádio)

Conexões Úmero, rádio e piramidal

Tem uma grande cavidade sigmóidea (superior),


corpo, cabeça (extremidade inferior que articula
com o rádio) e uma apófise estilóideia (na
Descrição
extremidade inferior). A grande cavidade é
delimitada pelo olecrânio (acima) e pela apófise
coronóideia (à frente).

8 ossos. 2 fileiras com 4 ossos cada.


Os ossos mais proximais são escafóide, semilunar,
Carpo piramidal e pisiforme.
Os ossos mais distais são trapézio, trapezóide, grande
osso/capitado e unciforme.

Mão
É numerado de 1º a 5º metacárpicos. São ossos
Metacarpo
longos e têm um corpo e duas extremidades.

São 5 dedos numerados de 1º a 5º. Possuem 3


falanges (proximal, média e distal), exceto o primeiro
Dedos
dedo. Este possui apenas 2 falanges (proximal e
distal).

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 64 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Osteologia dos Membros Inferiores

Classificação Achatado e par

Localização Cintura pélvica

Tem). uma cavidade articular (é um buraco externo


Esta é delimitada por um rebordo e tem 3
Ilíaco Orientação
chanfraduras (a maior é inferior). A parte mais saliente
é a que fica para trás.

Conexões Sacro, fémur e ilíaco contra lateral.

Tem 2 faces (I, E), 4 bordos (S, I, A, P) e 4 ângulos (AS,


Descrição PS, AI, PI).
Possui 3 zonas (média, superior e inferior)

Classificação Longo e par

Localização Coxa

Tem uma superfície articular esférica e tuberosidades


Orientação na extremidade superior (a maior é anterior).
É ligeiramente metido para dentro.
Fémur
Cavidade cotilóideia do ilíaco, extremidade superior
Conexões
da tíbia e face posterior da rótula.

Possui um corpo e 2 extremidades.


Tem 3 faces (A, PE, PI) e 3 bordos (L, P).
Descrição A extremidade superior é a cabeça do fémur e possui
o grande e o pequeno trocânter.
A extremidade inferior possui côndilos (2).

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 65 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Classificação Achatado e par

Localização Parte anterior do joelho

Tem a forma de triângulo e a porção mais afilada


Orientação
Rótula (estreita) é inferior.

Conexões Fémur e tíbia

A superfície que articula com os côndilos é posterior e


existe um risco que divide a superfície articular em
Descrição
duas facetas (medial e lateral). A maior superfície
articular é externa/lateral.

Classificação Longo e par

Localização Parte interna da perna

Possui um corpo e duas extremidades. A extremidade


mais volumosa é superior. A extremidade inferior possui
Orientação
uma apófise lateral (maléolo interna). A extremidade
superior é inclinada para trás.
Tíbia
Conexões Fémur, rótula, perónio e astrágalo

Tem a forma de um prisma triangular e por isso tem 3


faces (I, E, P) e 3 bordos.
A extremidade superior possui duas cavidades
glenóideias. A interna articula com o côndilo interna, e
Descrição
a externa articula com o côndilo externo.
A extremidade inferior articula com o astrágalo. Na
face externa existe a chanfradura peronial e na face
interna o maléolo interno.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 66 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Classificação Longo e par

Localização Parte externa da perna

Possui um corpo e duas extremidades. A extremidade


afilada é inferior. Nesta extremidade existe uma faceta
Orientação
articular interna (articula com a tíbia). Por detrás da
faceta, existe uma fosseta.
Perónio
Conexões Tíbia e astrágalo

Tem a forma de um prisma triangular e por isso tem 3


faces (I, E, P) e 3 bordos.
A extremidade superior é a cabeça que termina numa
apófise estilóideia. Esta extremidade articula com a
Descrição
extremidade superior da tíbia.
A extremidade inferior tem um maléolo externo. A face
interna vai articular com o astrágalo, sendo que a
face externa está em comunicação com a pele.

7 ossos. 2 fileiras (anterior e posterior).


A face anterior possui os ossos cubóide, escafóide,
Tarso
ectonuneiforme, mesocuneiforme e endocuneiforme.
A face posterior possui o astrágalo e o calcâneo


É numerado de 1º a 5º metatársicos. São ossos longos
e têm um corpo e duas extremidades. Os espaços
Metatarso
entre eles chamam-se espaços interósseos e é neles
que existem ligamentos que ligam os metatarsos.

São 5 dedos e são numerados de 1º a 5º. Possuem 3


falanges (proximal, média e distal), exceto o primeiro
Dedos
dedo. Este possui apenas 2 falanges (proximal e
distal).

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 67 | P á g i n a


CLE 2019-2023
8. Exercícios

1. Sobre a histologia e fisiologia do osso (assinale a incorreta)


a. Para além das fontanelas, existem outras áreas membranosas que não
estão ossificadas na altura do nascimento
b. Os centros de ossificação endocondral primários formam-se na diáfise
c. Os centros de ossificação secundários formam-se nas epífises
d. O crescimento ósseo em comprimento ocorre a partir da placa epifisária
e. O crescimento ósseo em espessura ocorre de forma aposicional sob o
periósteo

2. Em que osso do crânio podemos encontrar o orifício do canal auditivo externo?


a. Frontal
b. Occipital
c. Temporal
d. Parietal
e. Malar

3. Qual a estrutura do esfenóide que alberga a hipófise? (assinale a correta)


a. Corpo do esfenóide
b. Sela turca
c. Pequenas asas do esfenóide
d. Apófises pterigóideias
e. Grandes asas do esfenóide

4. Relativamente aos ossos que constituem o crânio, assinale a incorreta


a. Frontal
b. Parietal
c. Occipital
d. Únguis
e. Temporal

5. Em que região se encontra a hipófise? (assinale a correta)


a. Sela turca
b. Lâmina quadrilátera
c. Grandes asas do esfenóide
d. Lâmina horizontal
e. Pequenas asas do esfenóide

6. Com que osso não se une o malar?


a. Frontal
b. Temporal
c. Maxilar superior
d. Maxilar inferior
e. Todos os anteriores

7. Que osso tem superfícies articulares que contactam com o atlas? (correta)
a. Frontal
b. Temporal
c. Parietal
d. Occipital
e. Vómer

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 68 | P á g i n a


CLE 2019-2023
8. Relativamente ao sacro, assinale a incorreta
a. Constituído por 5 vértebras unidas
b. A união das apófises espinhosas constitui a crista sagrada
c. A união das apófises transversas constitui as asas do sacro
d. Tem apófises espinhosas bífidas
e. Encontra-se ligado ao cóccix

9. Destas estruturas, qual não se encontra no úmero


a. Acrómio
b. Troquino
c. Troquiter
d. Goteira bicipital
e. Impressão deltóideia

10. Com que região óssea se relaciona a extremidade externa da clavícula?


a. Acrómio
b. Apófise coracóideia
c. Cavidade glenóideia
d. Olecrânio
e. Troquino

11. Qual das seguintes estruturas não faz parte do osso ilíaco
a. Crista ilíaca
b. Tuberosidade isquiática
c. Sínfise púbica
d. Acetábulo
e. Sacro

12. O que distingue as vértebras lombares das restantes?


a. Apófises transversas e espinhosas fortes e retangulares
b. Corpos pequenos
c. Apófises espinhosas bífidas
d. Apófises transversas
e. Apófise odontoideia

13. Qual das seguintes estruturas não faz parte da escápula?


a. Cavidade glenóideia
b. Apófise coracóideia
c. Espinha escapular
d. Acrómio
e. Manúbrio

14. Em que cavidade se abre o canal lacrimo-nasal? (assinale a correta)


a. Meato superior
b. Meato médio
c. Corneto superior
d. Corneto medio
e. Meato inferior

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 69 | P á g i n a


CLE 2019-2023
15. Sobre a histologia e fisiologia do osso, assinale a correta
a. Durante a reparação óssea há formação do calo ósseo
b. O calo ósseo externo forma-se em torno da fratura e o calo ósseo interno
forma-se entre os topos ósseos
c. O osso esponjoso reticular substitui gradualmente o calo ósseo durante a
reparação óssea
d. Todas as anteriores
e. Alíneas a) e b)

16. O rádio…
a. Lateral (externo) em relação ao cúbito
b. Articula-se com o escafóide e o semilunar
c. Na extremidade superior apresenta a cavidade glenóideia para articular
com o cúbito
d. Todas anteriores
e. Alíneas a) e b)

17. Não faz parte dos ossos do tarso


a. Primeiro cuneiforme
b. Cubóide
c. Escafóide
d. Trapezóide
e. Astrágalo

18. O fémur
a. É o maior osso do esqueleto
b. Apresenta uma curvatura de concavidade posterior
c. Colo cirúrgico é uma zona estreita entre a cabeça do osso e trocartrose
d. Todas anteriores
e. Alíneas a) e b)

19. Relativamente ao atlas, qual a incorreta?


a. Articula-se com o occipital e áxis
b. Tem duas cavidades glenóideas
c. O arco anterior é o mais curto
d. O corpo é volumoso
e. Alíneas a) e c)

20. Sobre o plexo sagrado


a. É constituído pelo ramos anteriores de L4, L5, S1, S3 e S4
b. O nervo pudendo interno é um dos seus ramos colaterais (terminais)
c. O nervo ciático é o seu ramo terminal
d. Todas as anteriores
e. Alíneas a e b

21. Acerca da omoplata


a. O ângulo mais volumoso é lateral
b. A apófise coracóideia articula-se com a clavícula
c. A espinha da omoplata dirige-se para cima e para dentro
d. Todas as anteriores
e. Alíneas a) e c)

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 70 | P á g i n a


CLE 2019-2023
22. Acerca do esterno
a. Face posterior é côncava
b. Face posterior insere-se o transverso do tórax
c. Parte superior apresenta incisura jugular para articular com clavículas
d. Nenhuma das anteriores
e. Alíneas a e b

23. Qual não é osso do crânio


a. Occipital
b. Temporal
c. Etmóide
d. Corneto inferior
e. Frontal

24. Relativamente ao cúbito


a. Articula-se com o úmero, rádio e trapézio
b. Incisura troclear é anterior
c. Incisura radial é medial
d. Todas anteriores
e. Alíneas A e B

25. Na segunda fileira do carpo não encontramos:


a. O grande osso
b. O escafóide
c. O trapezóide
d. O trapézio
e. O unciforme

26. Acerca da coluna vertebral


a. Tem a cifose cervical e torácica e a lombar no plano sagital
b. Tem a cifose cervical e torácica no plano sagital
c. É retilínea no plano frontal
d. Tem a cifose cervical e torácica e a lordose lombar e sagrada no plano
sagital
e. Alíneas c) e d)

27. O úmero…
a. É um osso par
b. Apresenta na extremidade superior uma tróclea e um côndilo
c. O côndilo articula-se com o cúbito e a tróclea com o rádio
d. A goteira bicipital encontra-se na face posterior da diáfise
e. Todas corretas

28. Das seguintes afirmações assinale a falsa:


a. O tubérculo de Lisfranc dá inserção ao escaleno posterior
b. O tubérculo de Lisfranc dá inserção aos escalenos anterior e posterior
c. O tubérculo de Lisfranc dá inserção ao escaleno anterior
d. O tubérculo de Lisfranc encontra-se na 1º costela

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 71 | P á g i n a


CLE 2019-2023
29. O tubérculo mamilar encontra-se:
a. Nas apófises transversas das vértebras dorsais
b. Nas apófises transversas das vértebras lombares
c. Na face póstero-externa das apófises articulares inferiores das vértebras
lombares
d. Na face póstero-externa das apófises articulares superiores das vértebras
lombares
e. Todas erradas

30. O osso longo…


a. É um osso comprido
b. É um osso com mais de 2 cm de comprimento
c. É um osso em que o comprimento predomina sobre as outras dimensões
d. Nenhuma das anteriores

31. As vértebras cervicais…


a. Têm buracos transversários
b. Têm um buraco vertebral circular
c. Têm apêndices costiformes
d. Todas as anteriores
e. Alíneas a e b

32. No troquiter inserem-se…


a. O pequeno redondo, o grande redondo e o subescapular
b. O pequeno redondo, o subescapular e o supraespinhoso
c. O supraespinhoso, o infraespinhoso e o pequeno redondo
d. O infraespinhoso o supraespinhoso e o grande redondo

33. É um osso do crânio


a. Únguis
b. Malar
c. Etmóide
d. Maxilar superior
e. Palatino

34. Frequência 2019/2020 – Relativamente ao esqueleto da cabeça, trata-se de um


osso par (correta):
a. Osso frontal
b. Osso temporal
c. Osso etmóide
d. Osso esfenóide
e. Osso occipital

35. Frequência 2019/2020 – Relativamente ao etmóide (correta):


a. A lâmina crivada é vertical
b. Apresenta duas apófises laterais denominadas apófises crista galli
c. Articula posteriormente com o corpo do occipital
d. A face interior da lâmina crivada faz parte da abóbada das fossas nasais
e. Apresenta duas massas laterais cilíndricas

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 72 | P á g i n a


CLE 2019-2023
36. Frequência 2019/2020 – Relativamente aos ossos da face (incorreta):
a. No maxilar superior, o bordo alveolar é inferior
b. No maxilar superior, os alvéolos mais pequenos são posteriores
c. O malar articula com a grande asa do esfenóide
d. A apófise orbitária do malar faz parte da parede externa das cavidades
orbitárias
e. O osso lacrimal integra a parte anterior da face interna da órbita

37. Frequência 2019/2020 – Relativamente às suturas e fontanelas (correta):


a. A fontanela bregmática é geralmente a última a encerrar
b. As fontanelas consistem em áreas ossificadas da abóbada craniana
c. A fontanela lambdática pode também denominar-se grande fontanela
d. As fontanelas permanecem abertas até à puberdade
e. As suturas cranianas encontram-se encerradas à nascença

38. Frequência 2019/2020 – Relativamente às cavidades orbitárias (incorreta):


a. São compostas por 4 paredes (superior, inferior, interna e externa)
b. A parede superior é composta pela grande asa do esfenóide e pela fossa
orbitária do esfenóide
c. A parede interior é composta pela apófise piramidal do maxilar superior,
apófise orbitária do malar e apófise orbitária do palatino
d. A parede interna é composta pela apófise montante do maxilar superior,
osso lacrimal, lâmina papirácea do etmóide e corpo do esfenóide
e. A parede externa é composta pela grande asa do esfenóide e pela
apófise orbitária do osso malar

39. Frequência 2019/2020 – O número de vértebras cervicais existentes no corpo


humano é:
a. 5
b. 6
c. 7
d. 8
e. 9

40. Frequência 2019/2020 – Sobre a omoplata (correta):


a. A apófise coracóidea articula com a clavícula
b. A espinha da omoplata divide a sua face anterior em fossa
supraespinhosa e infraespinhosa
c. A cavidade glenóideia localiza-se na porção supero-externa e articula-
se com a cabeça do úmero
d. A apófise coracóidea serve como local de inserção de músculos da mão
e antebraço
e. A sua face côncava é posterior

41. Frequência 2019/2020 – Indique qual das seguintes estruturas não pertence ao
bordo anterior ilíaco:
a. Espinha ilíaca ântero-superior
b. Espinha ilíaca ântero-inferior
c. Chanfradura femuro-cutânea
d. Grande chanfradura-ciática
e. Eminência iliopectínea

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 73 | P á g i n a


CLE 2019-2023
42. Frequência 2019/2020 – Sobre a fisiologia e histologia do osso (incorreta):
a. O osso esponjoso apresenta menos matriz óssea
b. Apresenta trabéculas orientadas de acordo com as linhas de tensão
(stress mecânico)
c. No osso vivo, os espaços entre as trabéculas encontram-se preenchidos
por medula óssea e vasos sanguíneos
d. O osso compacto apresenta vasos paralelos ao longo do eixo do osso
dentro de canais de Havers
e. Os canais de Havers são revestidos pelo periósteo

43. Destes elementos não fazem parte da cavidade torácica (alínea correta):
a. Vértebras dorsais
b. Costelas
c. Esterno
d. Vértebras lombares
e. Cartilagens costais

44. Que ossos estão unidos pela sutura lambdoideia (alínea correta)
a. Occipital e parietal
b. Parietais
c. Frontal e parietais
d. Occipital e temporal
e. Esfenóide e temporal

45. Em que osso do crânio se pode testar o reflexo glabelar (alínea correta)
a. Frontal
b. Parietal
c. Occipital
d. Esfenóide
e. Temporal

46. Qual das 3 porções do osso temporal contém o orifício do canal auditivo
externo?
a. Porção escamosa
b. Porção Mastóidea
c. Porção petrosa
d. Porção membranosa
e. Nenhuma das anteriores

47. Qual destas estruturas não faz parte da fenda orbitária?


a. Grandes asas do esfenóide
b. Lâmina papirácea do etmóide
c. Palatino
d. Malar
e. Corneto inferior

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 74 | P á g i n a


CLE 2019-2023
48. O que distingue as vértebras torácicas das restantes vértebras?
a. Facetas articulares de articulação com as costelas
b. Corpos pequenos
c. Buraco transversário
d. Apófise odontoide
e. Apófises transversas e espinhosas fortes e retangulares

49. Qual das seguintes não é função da coluna vertebral:


a. Protege a medula espinhal
b. Suporta o peso da cabeça e do tronco
c. Proporciona um local de inserção muscular
d. Permite o movimento da cabeça e do tronco
e. Todas as anteriores são funções da coluna vertebral

50. O que distingue as vértebras cervicais das restantes (alínea correta)


a. Apófises espinhosas bífidas
b. Apófises transversas e espinhosas fortes e retangulares
c. Cornos grandes
d. Articula-se com as 10 primeiras costelas
e. Crista sagrada

51. Qual não é característica das vértebras cervicais?


a. Corpos pequenos
b. Apófises espinhosas bífidas
c. A primeira vértebra cervical denomina-se atlas
d. A segunda vértebra cervical denomina-se áxis
e. Apófises espinhosas longas e finas

52. O número de vértebras lombares é (certa):


a. Cinco
b. Seis
c. Sete
d. Dez
e. Doze

53. Qual(is) o(s) osso(s) que rodeia(m) a grande fontanela nos recém-nascidos?
(correta)
a. Etmóide e esfenóide
b. Frontal e parietal
c. Occipital e temporal
d. Esfenóide
e. Etmóide e frontal

54. Relativamente às seguintes afirmações indique a verdadeira:


a. O tecido ósseo tem como principais funções o suporte mecânico,
proteção de órgãos vitais, locomoção e reservatório metabólico.
b. Os osteócitos são células com elevada atividade sintética promovem a
manutenção da matriz óssea.
c. O colagénio confere resistência flexível ao osso e os sais minerais
conferem resistência à compressão (suporte de peso).
d. As alíneas a e c, estão corretas.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 75 | P á g i n a


CLE 2019-2023
55. Sobre a histologia e fisiologia do osso, qual a falsa:
a. O osso é o principal constituinte do esqueleto
b. O tecido ósseo é um tipo especializado de tecido conjuntivo
c. O tecido ósseo é um tecido dinâmico, estando constantemente a ser
formado e reabsorvido
d. As principais funções do tecido ósseo são: suporte mecânico, proteção
de órgãos vitais, locomoção e reserva metabólica
e. Em condições normais, o colagénio é o principal constituinte da matriz
orgânica.

56. Sobre o osso, qual a falsa:


a. O tecido ósseo é constituído por células de suporte designadas de
osteoblastos e osteócitos
b. Os osteoclastos são também células de suporte
c. A matriz extracelular óssea é constituída maioritariamente por material
inorgânico, do qual fazem parte os cristais de fosfato de cálcio
d. O colagénio é o principal material orgânico presente na matriz
extracelular óssea
e. O colagénio confere resistência flexível ao osso e os componentes
minerais conferem resistência a compressão

57. Sobre o osso, qual a verdadeira:


a. Na remodelação óssea, os osteoclastos são responsáveis pela deposição
de osso novo, enquanto os osteoblastos removem osso velho
b. Na remodelação óssea, os osteoclastos são responsáveis pela remoção
de osso velho, enquanto os osteoblastos depositam osso novo
c. A remodelação óssea é fundamental para o crescimento ósseo,
adaptação dos ossos ao stress mecânico, reparação óssea e regulação
dos iões em cálcio
d. B e C estão corretas

58. São ossos do membro inferior (assinale a alínea incorreta):


a. Astrágalo
b. Perónio
c. Tíbia
d. Rádio
e. Metatarsos

59. Qual destes ossos não faz parte da segunda linha do carpo (mais próxima dos
metacarpos)?
a. Unciforme
b. Grande osso
c. Trapezóide
d. Pisiforme
e. Trapézio

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 76 | P á g i n a


CLE 2019-2023
60. Relativamente à remodelação óssea, assinale a incorreta:
a. O objetivo é a substituição de osso danificado por osso novo
b. Os osteoclastos são agentes secundários na deposição de osso novo
c. Os osteoblastos têm um papel determinante na deposição de osso novo
d. Produz-se a conversão de osso reticular em lamelar
e. Está envolvida na reparação óssea

61. Recurso 2020 – Assinale qual dos ossos não pertence à face:
a. Maxilar inferior
b. Malar
c. Vómer
d. Temporal
e. Maxilar superior

62. Recurso 2020 – Assinale qual dos ossos não pertence ao crânio:
a. Frontal
b. Parietal
c. Occipital
d. Únguis
e. Esfenóide

63. Recurso 2020 – Relativamente à omoplata (incorreta)


a. O acrómio articula com a clavícula
b. A espinha da omoplata divide a sua face posterior em fossa
supraespinhosa e infraespinhosa
c. A cavidade glenóideia localiza-se na porção supero-interna e articula-se
com a cabeça do úmero
d. A apófise coracóideia serve como local de inserção de músculos do
ombro e do braço
e. A sua face côncava é anterior

64. Recurso 2020 – Relativamente ao membro inferior (incorreta):


a. O ilíaco resulta da junção do ílion, ísquion e púbis
b. Os músculos glúteos inserem-se na fossa ilíaca externa
c. A espinha ciática localiza-se no bordo anterior do ilíaco
d. A cabeça do fémur articula com a cavidade cotilóideia do ilíaco
e. Na extremidade distal do fémur identificam-se 2 côndilos, separados por
uma chanfradura intercondiliana

65. Recurso 2020 – Indique qual das seguintes estruturas não pertence à face interna
do ilíaco:
a. Fossa ilíaca interna
b. Linha inominada
c. Tuberosidade ilíaca
d. Superfície articular com o sacro
e. Linha semicircular posterior
66. Recurso 2020 – Sobre as características das vértebras (incorreta):
a. O canal raquidiano resulta da sobreposição dos vários buracos vertebrais
b. As apófises espinhosas apresentam uma posição posterior
c. As vértebras cervicais apresentam geralmente uma apófise espinhosa
bitrabeculada
d. A primeira vértebra cervical denomina-se áxis
e. O buraco vertebral das vértebras torácicas é circular

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 77 | P á g i n a


CLE 2019-2023
67. Frequência 2020/2021 – Relativamente aos ossos do crânio, é um osso par:
a. Osso frontal
b. Osso etmóide
c. Osso parietal
d. Osso esfenóide
e. Osso occipital

68. Frequência 2020/2021 – Relativamente à mandíbula, assinale a alínea incorreta:


a. Na face anterior é evidente a sínfise mentoniana
b. A fosseta sublingual e submaxilar localizam-se na face posterior.
c. No bordo inferior é evidente a presença de alvéolos.
d. A espinha de Spix localiza-se na face interna dos ramos laterais.
e. A tuberosidade massetérica localiza-se na face externa dos ramos
laterais.

69. Frequência 2020/2021 – Relativamente aos ossos da face, é um osso ímpar:


a. Vómer
b. Palatino
c. Malar
d. Lacrimal
e. Nasal

70. Frequência 2020/2021 – Sobre a coluna e caixa torácica, assinale a correta:


a. A porção inferior do esterno denomina-se de manúbrio
b. A primeira vertebral cervical denomina-se atlas
c. As apófises espinhosas apresentam uma posição lateral em relação ao
buraco vertebral
d. O buraco vertebral nas vértebras torácicas é triangular
e. As apófises espinhosas das vertebras lombares são bitrabeculadas

71. Frequência 2020/2021 – O número de vértebras dorsais ou torácicas existentes


no corpo humano é (assinale a alínea correta):
a. 5
b. 7
c. 10
d. 12
e. 15

72. Frequência 2020/2021 – Sobre a clavícula, assinale a alínea correta:


a. É um osso longo
b. Localiza-se na parte posterior da cintura escapular
c. Tem duas faces, sendo a mais rugosa superior
d. Tem duas extremidades, sendo a mais achatada interna
e. É um osso ímpar

73. Frequência 2020/2021 – Sobre o membro inferior, assinale a incorreta:


a. A tíbia localiza-se internamente em relação ao perónio
b. As cavidades glenóideias da tíbia articulam com os côndilos femorais
c. A extremidade mais volumosa da tíbia é inferior
d. A face externa da extremidade inferior do perónio articula com a pele
e. A face interna da extremidade inferior do perónio relaciona-se com o
astrágalo

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 78 | P á g i n a


CLE 2019-2023
74. Frequência 2020/2021 – Sobre o pé, assinale a alínea correta:
a. Todos os dedos exceto o 5º têm 3 falanges
b. O astrágalo pertence ao metatarso
c. Existem 8 ossos no tarso
d. Existem 5 ossos metatársicos
e. Existem 32 ossos no pé

75. Frequência 2020/2021 – Relativamente à fisiologia e histologia do osso, assinale


a alínea incorreta:
a. O osso esponjoso apresenta menos matriz óssea
b. O osso esponjoso apresenta trabéculas orientadas de acordo com as
linhas de tensão (stress mecânico)
c. No osso esponjoso, os espaços entre as trabéculas encontram-se
preenchidos por medula óssea e vasos sanguíneos
d. O osso compacto apresenta vasos paralelos ao longo eixo do osso
dentro de canais de Havers
e. Os canais de Havers são revestidos por periósteo

dúvida verifiquem com a matéria


Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de

71D; 72A; 73C; 74D; 75E


54D; 55A; 56B; 57D; 58D; 59D; 60B; 61D; 62D; 63C; 64A; 65E; 66D; 67C; 68C; 69A; 70B;
37A; 38B; 39C; 40C; 41D; 42E; 43D; 44A; 45A; 46C; 47E; 48A; 49E; 50A; 51E; 52A; 53B;
20B; 21A; 22E; 23D; 24B; 25B; 26C; 27A; 28A; 29D; 30C; 31A; 32C; 33C; 34B; 35D; 36B;
1A; 2C; 3B; 4D; 5A; 6D; 7D; 8D; 9A; 10A; 11E; 12A; 13E; 14E; 15D; 16E; 17D; 18E; 19D;

Possíveis respostas:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 79 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 80 | P á g i n a
CLE 2019-2023
Módulo III – Miologia

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 81 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Conceitos Introdutórios à miologia

As funções gerais dos músculos compreendem entre:

 Estabilidade postural – se tivéssemos só os ossos, não conseguíamos


manter uma postura
 Movimentos
 Respiração
 Mastigação
 Deglutição
 Expressão facial

NOTA:

Tónus muscular – força do músculo quando não o estamos a contrair

Os músculos podem inserir-se:

 Num osso e noutro osso, ou seja, têm inserção Osso-osso


 Num osso e na pele, ou seja, têm inserção Osso-pele

Tendões – porção final dos músculos que fazem a inserção dos músculos no osso ou na
pele

Aponevroses – Estruturas fibrosas que se encontram às vezes entre músculos ou a revestir


os músculos

Pontos de inserção:

 Origem – está ligada ao osso mais fixo


 Terminação – ligada ao osso mais móvel

Ação muscular – é o que acontece quando o músculo contrai

Músculos agonistas vs. Músculos antagonistas

NOTA:

Há músculos com várias origens ou extremidades fixas, cada uma designada de


cabeça.

A terminação é também chamada de terminação móvel.

A zona entre a origem e a inserção do músculo é o ventre.

Músculos agonistas são músculos principais que produzem movimentos articulares


ou mantém a postura. Contraem-se ativamente para produzir contrações
concêntricas, excêntricas ou isométricas.

Músculos antagonistas são músculos que não se contraem, não auxiliam, nem
resistem ao movimento, mas que alongam ou encurtam passivamente para que o
movimento ocorra.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 82 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 83 | P á g i n a
CLE 2019-2023
2. Músculos da cabeça e do pescoço

Os músculos da cabeça e do pescoço têm as seguintes funções:

 Expressão facial
 Mastigação
 Movimentos do globo ocular
 Movimentos da cabeça

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 84 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.1 Músculos da cabeça
Os músculos da cabeça são divididos em três teorias categorias:

 Músculos subcutâneos
 Músculos da mastigação
 Músculos responsáveis pelos movimentos oculares

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 85 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.1.1 Músculos subcutâneos
Os músculos subcutâneos têm pelo menos uma inserção por baixo da pele, ou seja,
subcutânea. Por sua vez, os músculos subcutâneos, dividem-se em:

 Subcutâneo do crânio
 Subcutâneo do pavilhão auricular
 Subcutâneo das pálpebras
 Subcutâneo do nariz
 Subcutâneo da boca

❖ Músculo subcutâneo do crânio

O principal músculo do crânio é o músculo occipitofrontal que está


divido em duas porções musculares, unidas entre si por aponevroses:

 Ventre occipital – ao contrair provoca:


o Elevação da zona supraciliar
o Elevação das sobrancelhas e pálpebra superior
 Ventre frontal – ao contrair:
o Move o couro cabeludo
o Provoca rugas transversais na pela da região frontal

❖ Músculo subcutâneo do pavilhão auricular

Os músculos do pavilhão auricular são músculos muito pequenos e em algumas pessoas


acabam por desaparecer completamente. Aquilo que é raro é haver pessoas que têm
estes músculos suficientemente desenvolvidos para fazer movimentos do pavilhão
auricular, ou seja, mexer as orelhas.

Divide-se em 3 porções:

 Músculo Auricular Anterior


 Músculo Auricular Superior
 Músculo Auricular Posterior

❖ Músculo subcutâneo das pálpebras e sobrancelhas

Os principais músculos das pálpebras e sobrancelhas são os seguintes:

 Músculo Occipitofrontal
 Músculo Supraciliar
o Ao contrair permite o movimento das sobrancelhas e franzir a testa
 Músculo Orbicular das Pálpebras
o É responsável pelo encerramento dos olhos
 Músculo Levantador da Pálpebra Superior
o É responsável por levantar a pálpebra

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 86 | P á g i n a


CLE 2019-2023
NOTA:

Ptose Palpebral – Ocorre quando há um problema no músculo levantador da


pálpebras e dá-se a queda da pálpebra superior

❖ Músculos subcutâneos do nariz

Os principais músculos responsáveis pelo movimento do


nariz são:

 Músculo Piramidal – Franze a testa e as sobrancelhas


 Músculo Transverso do Nariz – Dilata o nariz
 Músculo Dilatador das Narinas – Dilata as narinas
 Músculo Mirtiforme/Abaixador do septo nasal

❖ Músculos subcutâneos da boca

Os músculos responsáveis pelo movimento da boca podem ser divididos


consoante as suas funções:

Função – Franzir a Boca

 Músculo Bucinador
o Achata as bochechas ao puxar
para trás a comissura labial
 Músculo orbicular dos lábios
o Faz a oclusão da boca

Função – Sorrir

 Grande e Pequeno Zigomático


o Eleva e abduz o lábio superior
 Músculo Canino / Levantador do Ângulo da
Boca
o Posterior ao pequeno zigomático,
eleva o ângulo da boca
 Músculo Risorius de Santorini
o Abduz o ângulo da boca permitindo
o riso

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 87 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Função – “Expressão carrancuda”:

 Músculo Triangular dos Lábios


 Músculo Quadrado do Mento
o Puxa a comissura labial para baixo e para fora
 Músculo da Borla do Mento
o Eleva o mento e o lábio inferior

Outras funções:

 Músculo Levantador Comum do Lábio Superior e da Asa do Nariz


o Eleva o lábio superior e a asa do nariz
 Músculo levantador do Lábio Superior
o Eleva o lábio superior

2.1.2 Músculos da mastigação


Os músculos da mastigação podem ter a função de elevação da mandíbula ou de
abaixamento da mesma.

❖ Elevadores da Mandíbula

Os músculos envolvidos na elevação da mandíbula são:

 Temporal
o Eleva e retrai o maxilar inferior (mandíbula)
 Masséter
o Eleva e avança o maxilar inferior
 Pterigóideo Interno/Medial
o Avança e eleva a mandíbula

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 88 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Abaixadores da Mandíbula

Os músculos envolvidos no abaixamento da mandíbula, quando a abertura é forçada


são:

 Geni-hióideu
o Avança o osso hióide e baixa a mandíbula
 Milo-hióideu
o Eleva o soalho da boca e a língua e baixa a mandíbula quando o hióide
está fixo
 Digástrico
o Baixa e retrai a mandíbula e eleva o hióide
 Pterigóideo Externo/Lateral
o Avança e baixa a mandíbula

2.1.3 Músculos do movimento do globo ocular


Os músculos responsáveis pelos movimentos do globo ocular fazem parte de nervos que
estão associados também ao movimento. Os nervos referidos são:

 Nervo Motor Ocular Comum (ou Nervo Abducente)


 Nervo Motor Ocular Externo
 Nervo Patético

Os 6 músculos que estão envolvidos no movimento ocular são:

 Reto superior – por cima


 Reto inferior – por baixo
 Reto interno/medial – do lado de dentro, ou seja, do nariz
 Reto externo/lateral – do lado de fora
 Oblíquo inferior
 Oblíquo superior

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 89 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Nervo Motor Ocular Comum

Deste nervo fazem parte os músculos:

 Reto superior
o Eleva e desvia internamente o olhar
 Reto inferior
o Baixa e desvia internamente o olhar
 Reto interno
o Desvia internamente o olhar
 Oblíquo inferior/Pequeno Oblíquo
o Eleva e desvia externamente o olhar

❖ Nervo Motor Ocular Externo

Deste nervo faz parte o músculo:

 Reto externo
o Desvia externamente o olhar

❖ Nervo Patético

Deste nervo faz parte o músculo:

 Oblíquo superior / Grande oblíquo


o Baixa e desvia externamente o olhar

NOTA:

 Lesão do motor ocular comum

2.2 Músculos do pescoço


As principais categorias dos músculos do pescoço dividem-se em:

 Músculos cervicais
 Músculos hióideus
 Músculos verticais

2.2.1 Músculos cervicais


Dos músculos cervicais encontram-se os músculos cervicais superficiais e laterais.

❖ Músculos cervicais superficiais

Músculo subcutâneo do pescoço (ou platisma)

 Baixa a pele do mento e a comissura labial

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 90 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Músculos cervicais laterais

Músculo esternocleidomastóideo

 A contração bilateral realiza a flexão do pescoço – cabeça


para a frente
 A contração unilateral realiza a inclinação lateral e rotação
para o lado oposto

2.2.2 Músculos Hióideos


Dos músculos hióideos podemos subdividi-los em supra hióideos e infra hióideos.

❖ Músculos supra hióideos

 Geni-hióideu (Profundo)
o Abaixamento da mandíbula / elevação
do hióide
 Milo-hióideo (Médio)
o Abaixamento da mandíbula / elevação
do hióide
 Digástrico (Superficial)
o Ventre anterior – Abaixamento da
mandíbula / elevação do hióide
o Ventre posterior – Elevação do
hióide apenas
 Estilo hióideo (Superficial)
o Elevação do hióide apenas

❖ Músculos infra-hióideos

Profundos – estendem-se de vértebras para vértebras:

 Músculo tiro-hióideo
o Baixa o hióide e eleva a cartilagem tiroideia da laringe;
fixa o hióide quando a mandíbula baixa
 Músculo esterno-tiroideo
o Baixa a laringe e fixa o hióide quando a mandíbula
baixa

Superficiais – estendem-se de vértebras para as costelas:

 Músculo esternocleidohióideo
o Baixa o hióide e fixa-o quando a mandíbula baixa
 Músculo omo-hióideu
o Baixa o hióide e fixa-o quando a mandíbula baixa

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 91 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.2.3 Músculos vertebrais
Os músculos vertebrais podem realizar os movimentos de:

 Extensão do pescoço (pescoço para trás)


 Flexão do pescoço (pescoço para a frente)
 Rotação do pescoço
 Lateralização do pescoço

❖ Músculos vertebrais anteriores

Estes realizam a flexão da cabeça e são eles:

 Longo do pescoço
o Insere-se desde as vertebras C1 (Atlas) até à T3
 Grande reto anterior
o Insere-se desde a apófise basilar até a apófises transversas C3 a C6
 Pequeno reto anterior
o Insere-se desde a apófise basilar até às massas laterais do atlas
 Pequeno reto lateral
o Realizam a inclinação lateral da cabeça

❖ Músculos vertebrais laterais

Estes são músculos inspiradores acessórios e são:

 Escaleno anterior
o Localiza-se entre a C3 e a C6
o Realiza a elevação da 1ª costela
 Escaleno médio
o Localiza-se entre a C3 e a C7
o Realiza a elevação da 1ª costela
 Escaleno posterior
o Localiza-se entre a C5 e a C7
o Realiza a elevação da 2ª costela

NOTA:

Estes músculos são muito importantes quando quero fazer uma inspiração profunda,
pois para isso tenho de puxar a 1ª e a 2ª costela e isso é feito através deles.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 92 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Resumo – Movimentos da cabeça:

3. Músculos da tórax e do abdómen

3.1 Músculos do dorso


Os músculos localizados na zona do dorso, de um modo geral estão categorizados em:

 Músculos dorsais superficiais


 Músculos da nuca
 Músculos das goteiras vertebrais

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 93 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3.1.1 Músculos dorsais superficiais
Dentro dos músculos dorsais superficiais existem:

 Grande Dorsal
o Realiza a adução e rotação do braço para dentro
 Trapézio
o Tem três porções diferentes com diferentes funções:
▪ Porção superior – Realiza elevação e adução da omoplata e
ainda a inclinação homolateral da cabeça e rotação
contralateral do pescoço
▪ Porção média – Realiza adução da omoplata
▪ Porção Inferior – Realiza a depressão e adução da omoplata
 Angular da Omoplata
o Realiza a elevação da omoplata
 Rombóide
o Realiza a aproximação da omoplata à linha mediana
 Pequeno Dentado Póstero-superior
o Realiza a elevação de costelas (durante a inspiração)
 Pequeno Dentado Póstero-inferior
o Realiza o abaixamento das últimas costelas (durante a expiração)

3.1.2 Músculos da nuca

Os músculos da nuca dividem-se em Superficiais da nuca e em Profundos da nuca.

❖ Músculos superficiais da nuca

Os superficiais da nuca são:

 Esplénio do pescoço (Splenius Colli) e Esplénio da


cabeça (Splenius Capitis):
o Realiza a extensão, rotação e lateralização
da cabeça
 Grande Complexo, Pequeno Complexo e Transverso
do Pescoço:
o Realiza a extensão da cabeça e da coluna
cervical

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 94 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Músculos profundos da nuca

Os profundos da nuca são:

 Grande Reto Posterior


o Realiza a extensão da cabeça e inclinação
homolateral
 Pequeno Reto Posterior
o Realiza a extensão da cabeça
 Pequeno Oblíquo
o Realiza a extensão da cabeça
 Grande Oblíquo
o Realiza a rotação da cabeça

3.1.3 Músculos das goteiras vertebrais


Os músculos das goteiras vertebrais dividem-se em Sacro-costais e em Raqui-raquidianos.

❖ Músculos das goteiras vertebrais sacro-costais

Os músculos das goteiras vertebrais sacro-costais realizam extensão e inclinação


homolateral. Os dois músculos formam uma massa comum, composta pelo:

 Íliocostal – Extensão, flexão lateral e rotação da coluna


 Longo Dorsal do Tórax – Extensão da coluna

❖ Músculos das goteiras vertebrais raqui-raquidianos

Os músculos das goteiras vertebrais raqui-raquidianos também realizam extensão e


inclinação homolateral e são eles:

 Espinhais – Estende a coluna vertebral


o Da cabeça
o Do tórax
o Do pescoço
 Transversário Espinhoso – Estende o pescoço
 Intertransversários – Flexiona lateralmente a coluna
 Interspinosos – Estende as costas e o pescoço

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 95 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3.2 Músculos do tórax

Os músculos responsáveis pelo movimento do tórax estão agrupados em 4 grupos


musculares com as suas respetivas funções:

 Escalenos
o Realizam a elevação das duas primeiras costelas
▪ Escaleno anterior e médio – 1ª costela
▪ Escaleno Posterior – 2ª costela
 Intercostais externos
o Realizam a elevação das costelas
 Intercostais internos e Triangulares do esterno
o Atuam na expiração forçada, baixando as costelas
 Diafragma
o Realiza o movimento principal da respiração

3.2.1 Diafragma
O diafragma é uma membrana músculo-tendinosa que separa a cavidade torácica da
cavidade abdominal. Tem a forma de abóbada alongada transversalmente com uma
convexidade superior. Tem 2 partes laterais, separadas por uma chanfradura e possui
uma depressão na parte média da cúpula onde se encontra o coração.

As 2 partes do diafragma são:

 Parte central aponevrótica


o Formada pelo centro frénico
 Parte periférica
o Formada por feixes musculares que esse inserem em redor do orifício
inferior do tórax

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 96 | P á g i n a


CLE 2019-2023
O diafragma possui orifícios pelos quais atravessam outras estruturas:

 Orifício esofágico
o Orifício muscular
o Localizado na linha mediana, ao nível da 10ª vértebra dorsal
o É atravessado pelo esófago e pelos dois nervos pneumogástricos
o Constituído pelas fibras dos pilares principais
 Orifício aórtico
o Orifício fibroso
o Localiza-se abaixo do orifício esofágico
o É atravessado pela aorta e pelo canal torácico
o É formado por 2 pilares principais do diafragma
 Orifício da veia cava inferior
o Localizado no centro frénico
o É atravessado pela veia cava inferior

3.3 Músculos abdominais


Os músculos abdominais assistem em ações como:

 Flexão e rotação da coluna


 Expiração forçada
 Vómito
 Defecação
 Micção
 Parto

Estes músculos são entrecruzados entre si o que


aumenta a força da parede muscular.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 97 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3.3.1 Músculos da parede abdominal
Na parede abdominal existe uma linha branca que vai desde o apêndice xifóideu até
ao púbis e à sua volta localizam-se os músculos:

 Grande reto do abdómen


o Flexiona a coluna vertebral e comprime o abdómen
 Bainha dos retos
o Envolve o reto abdominal
 Intersecções tendinosas
o Cortam o reto transversalmente em 3 partes, pode dar origem ao “six-
pack”
 Linha semilunar
o Linha em forma de lua crescente que se situa lateralmente ao reto
abdominal

Da superfície para a profundidade, os músculos encontram-se pela seguinte ordem:

 Grande Oblíquo / Oblíquo abdominal externo


o Flexiona e roda a coluna vertebral e ainda baixa o tórax
 Pequeno Oblíquo / Oblíquo abdominal interno
o Flexiona e roda a coluna vertebral, comprime o abdómen e baixa o tórax
 Transverso do abdómen
o Comprime o abdómen

3.3.2 Músculos abdominais posteriores


O principal músculo posterior do abdómen é:

 Quadrado Lombar
o Flexiona lateralmente a coluna vertebral e baixa a 12ª costela

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 98 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3.3.3 Hérnias da parede abdominal
As principais hérnias formadas na zona abdominal são:

 Hérnia epigástrica
 Hérnia umbilical
 Hérnia incisional
 Hérnia de Spiegel
 Hérnia inguinal
 Hérnia femoral

3.4 Músculos do pavimento pélvico e períneo


Estes músculos formam a parede muscular que encerra a pélvis e formam por sua vez
as aberturas do ânus e urogenitais.

A região perineal é semelhante em ambos os sexos, pelo que são constituídos por:

 Triângulo Anterior
o Forma a abertura urogenital
 Triângulo Posterior
o Forma a abertura anal

Outros músculos, que não estão descritos no powerpoint, que fazem parte do pavimento
pélvico e períneo:

→ Bulboesponjoso – Constringe a uretra e faz ereção do pénis no homem e do


clitóris na mulher
→ Coccígeo – Eleva e apoia o soalho pélvico
→ Elevador do ânus – Eleva o ânus e apoia as vísceras pélvicas
→ Isquiocavernoso – Comprime a base do pénis ou clitóris
→ Esfíncter anal externo – Mantém o canal anal fechado
→ Esfíncter uretral externo – Constringe a uretra
→ Transverso do Períneo:
o Superficial – Fixa o tendão central
o Profundo – Apoia o soalho pélvico

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 99 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4. Músculos dos membros superiores

O membro superior está dividido em 4 regiões:

 Escápula (ombro)
 Braço
 Antebraço
 Mão

O ombro é constituído por um conjunto de músculos que fixam a omoplata ao tórax e


promovem um conjunto de movimentos.

Resumo – Movimentos do Braço:

4.1 Músculos e movimentos da omoplata


Os músculo responsáveis pelos movimentos realizados pela omoplata são:

 Trapézio
 Angular da omoplata
 Grande rombóide
 Pequeno rombóide
 Grande dentado
 Pequeno peitoral

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 100 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 101 | P á g i n a
CLE 2019-2023
4.1.1 Trapézio

O trapézio tem 3 regiões principais:

 Porção Superior
o Realiza a elevação da omoplata e aproxima-a da coluna vertebral
o Inclina a cabeça para mesmo lado e realiza rotação contralateral do
pescoço.
 Porção Média
o Realiza a aproximação a omoplata da coluna
 Porção Inferior
o Depressão da omoplata
o Realiza a aproximação a omoplata da coluna

Estende-se desde a região occipital até à torácica.

É um músculo mais superficial.

Tem origem na protuberância occipital exterior e no


ligamento cervical posterior e processos espinhosos de C7 a T12.

Insere-se na clavícula, acrómio, espinha e omoplata.

Tem as seguintes funções – fixação da omoplata, extensão cervical, movimentos de


elevação, depressão, rotação e retração da omoplata.

4.1.2 Angular/Elevador da escápula

Situa-se anteriormente ao trapézio, e insere-se no ângulo superior da omoplata.

Tem como funções:

→ Flexão lateral cervical


→ Movimentos de elevação, retração e rotação da omoplata

4.1.3 Grande dentado / Serrátil Anterior

Situa-se abaixo do grande peitoral, lateralmente a este, e insere-se no


bordo interno da omoplata.

Tem como funções:

→ Elevação das costelas (ação inspiratória)


→ Abdução e depressão da escápula
→ Propulsão do ombro

4.1.4 Pequeno Peitoral

Situa-se atrás do grande peitoral e insere-se na apófise


coroideia da omoplata

Tem como funções:

→ Elevação das costelas (ação inspiratória)


→ Depressão da escápula
→ Rotação inferior da escápula.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 102 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4.1.5 Grande Rombóide

Situa-se à frente do trapézio e insere-se no bordo interno da omoplata.

Tem como funções:

→ Fixação da omoplata
→ Movimentos de rotação e retração da omoplata.

4.1.6 Pequeno Rombóide

Situa-se por cima do grande rombóide e insere-se no bordo interno da omoplata.

Tem como funções:

→ Elevação, retração, rotação e fixação da omoplata.

4.2 Músculos e movimentos do braço


Os músculo responsáveis pelos movimentos realizados pelo braço são:

 Grande peitoral
 Grande Dorsal
 Deltoide
 Coracobraquial
 Grande Redondo
 Tricípetebraquial
 Coifa dos rotadores

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 103 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4.2.1 Grande Peitoral

Músculo mais superficial na região anterior e insere-se no troquiter.

Tem origem na região da clavícula e esterno, passando por 6


cartilagens costais e aponevrose abdominal.

Tem como função fixar o braço ao tórax.

E realiza os movimentos de adução, rotação interna, flexão do braço,


depressão da cintura escapular e elevação das costelas (durante a
respiração).

4.2.2 Grande Dorsal

Situa-se na região posterior do dorso e insere-se no


troquino.

Tem origem na apófise espinhosa T5 a L5, sacro e


crista ilíaca.

Realiza os movimentos de adução, extensão e


rotação interna do braço.

4.2.3 Deltoide

Situa-se no ombro e é dividido em 3 partes:

 Fibras anteriores
o Flexão do ombro
 Fibras laterais
o Abdução do braço
 Fibras posteriores
o Extensão do ombro

Tem origem na clavícula e insere-se na


tuberosidade do deltóide.

4.2.4 Coracobraquial

Tem origem na apófise coracóide da omoplata e insere-se no terço


médio do úmero.

Realiza os movimentos de adução do braço e flexão do ombro.

4.2.5 Grande Redondo

Tem origem na borda lateral da escápula e insere-se na crista


medial do sulco intertubercular.

Realiza os movimentos de adução e rotação interna do braço e


extensão do ombro.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 104 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4.2.6 Tricípetebraquial

Situa-se na região lateral do braço e insere-se na apófise


olecraniana do cúbito.

É formado por 3 cabeças, em que 2 têm inserção na


omoplata e 1 tem inserção no úmero.

Realiza os movimentos de extensão do cotovelo e ombro e


adução do braço.

4.2.7 Coifa de Rotadores

Conjunto de músculos que seguram a cabeça do úmero à cavidade glenóideia e


auxiliam os movimentos do braço. Os músculos desta categoria são:

 Supraespinhoso
o Situa-se acima da espinha da omoplata
o Tem origem na fossa supraespinhosa
o Insere-se no troquiter
o Realiza a abdução do braço
 Infraespinhoso
o Situa-se abaixo da espinha da omoplata
o Tem origem na fossa infraespinhosa
o Insere-se no troquiter
o Realiza a extensão do ombro e rotação externa do braço
 Subescapular
o Situa-se anteriormente à escapula
o Tem origem na fossa infraescapular
o Insere-se no troquino
o Realiza a extensão do ombro e a rotação interna do braço
 Pequeno redondo
o Situa-se posteriormente ao músculo subescapular
o Tem origem no bordo externo da omoplata
o Insere-se no troquiter
o Realiza a extensão do ombro, rotação lateral e adução do braço e firma
a cabeça do úmero no lugar

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 105 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Resumo – Movimentos do ombro e braço

Flexão Extensão Abdução Adução Rotação interna Rotação externa

•Deltóide •Deltóide •Deltóide •Grande peitoral •Grande peitoral •Deltóide


•Grande peitoral •Grande redondo •Supraespinhoso •Grande dorsal •Grande redondo •Infraespinhoso
•Coracobraquial •Grande dorsal •Grande redondo •Grande dorsal •Pequeno
•Bicípetebraquial •Tricípetebraquial •Pequeno •Deltóide redondo
redondo •Infraescapular
•Tricípetebraquial
•Coracobraquial

4.3 Movimentos do antebraço


Os músculo responsáveis pelos movimentos realizados pelo antebraço estão divididos
pelos movimentos de:

 Flexão
 Extensão
 Supinação
 Pronação

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 106 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4.3.1 Braquial Anterior

Situa-se junto à dobra do cotovelo, tem origem na superfície anterior


do úmero e insere-se na apófise coroideia do cúbito.

Realiza a flexão do cotovelo (antebraço).

4.3.2 Bicípite Braquial

Situa-se na região medial do antebraço e insere-se na


tuberosidade radial.

Formado por 2 porções:

→ Curta – tem origem na apófise caracoleia


→ Longa – tem origem no tubérculo supraglenóideu

Realiza a flexão do ombro e cotovelo e a supinação da mão

4.3.3 Longo Supinador/Supinador

Tem origem no epicôndilo lateral do úmero e do cúbito e insere-se


no rádio.

Realiza a supinação do antebraço e da mão

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 107 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4.3.4 Tricípite Braquial

Realiza a extensão do cotovelo (antebraço) e


ombro e a adução do braço

4.3.5 Ancónio

Situa-se junto ao cotovelo na região posterior, tem


origem no epicôndilo externo do úmero e insere-se
na apófise olecraniana e cúbito posterior.

Realiza a extensão do cotovelo (antebraço)

4.3.6 Curto Supinador

Situa-se na região anterior do antebraço junto à epífise do rádio, tem


origem no epicôndilo lateral do úmero e insere-se no rádio.

Realiza a supinação do antebraço e da mão.

4.3.7 Quadrado Pronador

Situa-se junto ao pulso na região anterior, tem origem no cúbito distal e insere-se no rádio
distal.

Realiza a pronação do antebraço e da mão.

4.3.8 Redondo Pronador

Situa-se na região anterior do antebraço junto à epífise do rádio e do cúbito, tem origem
na epitróclea do úmero e apófise coronóideia do cúbito e insere-se no rádio.

Realiza pronação do antebraço e da mão

Resumo – Movimentos do antebraço

Flexão Extensão Supinação Pronação

•Bicípetebraquial •Tricípetebraquial •Bicípitebraquial •Quadrado


•Braquial anterior •Ancónio •Curto supinador pronador
•Longo supinador •Longo supinador •Redondo
pronador

NOTA:

Toda a informação sobre cada músculo não está disposta no powerpoint, o que
significa que é apenas curiosidade. Precisamos apenas de saber que movimentos
essas estruturas realizam.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 108 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4.4 Movimentos do punho e dedos
Os músculo responsáveis pelos movimentos realizados pelo punho estão divididos pelos
movimentos de:

 Flexão
 Extensão
 Adução
 Abdução

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 109 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4.4.1 Grande Palmar

Músculo anterior do antebraço, responsável pela flexão e abdução do pulso.

4.4.2 Pequeno Palmar

Músculo anterior do antebraço, responsável pela flexão do polegar e do pulso.

4.4.3 Cubital Anterior

Músculo anterior do antebraço, responsável pela flexão e adução do pulso.

4.4.4 Flexor comum superficial dos dedos

Músculo anterior do antebraço, responsável pela flexão dos dedos nas articulações
interfalângicas e no pulso.

4.4.5 Flexor comum profundo dos dedos

Músculo anterior do antebraço, responsável pela flexão dos dedos nas articulações
metacarpofalângicas, nas articulações interfalângicas e no pulso.

4.4.6 Longo Flexor do 1º dedo

Músculo anterior do antebraço, responsável pela flexão do polegar.

4.4.7 Cubital Posterior

Músculo posterior do antebraço, responsável pela extensão e adução do punho.

4.4.8 Longo Radial

Músculo posterior do antebraço, responsável pela extensão e abdução do pulso.

4.4.9 Curto Radial

Músculo posterior do antebraço, responsável pela extensão e abdução do pulso.

4.4.10 Curto Extensor do 1º Dedo

Músculo posterior do antebraço, responsável pela extensão e abdução do polegar e


abdução do pulso.

4.4.11 Longo Extensor do 1º Dedo

Músculo posterior do antebraço, responsável pela extensão do polegar.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 110 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4.4.12 Extensor Próprio do 2º Dedo:

Músculo posterior do antebraço, responsável pela extensão do indicador e punho

4.4.13 Extensor Próprio do 5º Dedo:

Músculo posterior do antebraço, responsável pela extensão do mindinho e punho

4.4.14 Extensor Comum dos Dedos:

Músculo posterior do antebraço, responsável pela extensão dos dedos e punho

4.4.15 Longo Adutor do 1º Dedo:

Músculo posterior do antebraço, responsável pela adução e extensão do polegar;


abdução do punho

Resumo – Movimentos do punho

Flexão Extensão Abdução Adução

•Grande palmar •Curto e longo radiais •Grande palmar •Cubital anterior e


•Cubital anterior •Cubital posterior •Longo abdutor do 1º posterior
•Flexor comum profundo •Extensor próprio do 5º dedo
dos dedos dedo •Curto e longo radiais
•Flexor comum •Extensor comum dos •Curto extensor do 1º
superficial dos dedos dedos dedo
•Longo flexor do 1º dedo •Extensor próprio do 2º
•Pequeno palmar dedo

Resumo – Movimentos dos dedos

Flexão Extensão Abdução Adução

•Flexor comum profundo dos •Longo adutor do 1º dedo •Curto e Longo abdutor do •Adutor do 1º dedo
dedos •Extensor próprio do 5º dedo 1º dedo •Interósseos palmares
•Flexor comum superficial •Extensor comum dos dedos •Curto extensor do 1º dedo
dos dedos •Extensor próprio do 2º dedo •Abdutor do 5º dedo
•Curto e Longo flexor do 1º •Curto e longo extensores do •Interósseos dorsais
dedo 1º dedo
•Abdutor do 5º dedo
•Curto flexor do 5º dedo

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 111 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4.5 Músculos palmares
Músculos:

→ Interósseos Palmares – responsáveis pela adução do 2º, 4º e 5º dedos


→ Interósseos Dorsais – Responsáveis pela abdução do 2º, 3º e 4º dedos
→ Abdutor do 5º Dedo – Responsável pela abdução e flexão do 5º dedo

4.6 Músculos da mão


A mão possui duas estruturas onde estão localizados a maior parte dos músculos:

 Eminência tenar
 Eminência hipotenar

4.6.1 Eminência tenar

Que se situa próxima do polegar e é constituída por:

 Curto flexor do 1º dedo


 Curto abdutor do 1º dedo
 Adutor do 1º dedo
 Oponente do 1º dedo

4.6.2 Eminência hipotenar

Situa-se próxima do mindinho e é constituída por:

 Abdutor do 5º dedo
 Curto flexor do 5º dedo
 Oponente do 5º dedo
 Curto palmar

5. Músculos do membro inferior

O membro inferior está dividido em 4 regiões:

 Anca
 Coxa
 Perna
 Pé

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 112 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.1 Movimentos da coxa

Os músculo responsáveis pelos movimentos realizados coxa fazem os seguintes


movimentos:

 Flexão
 Extensão
 Abdução
 Adução
 Rotação interna
 Rotação externa

5.1.1 Músculos que participam na flexão da coxa

Estes músculos puxam a coxa para cima, ou seja, trazem o joelho para o peito. Todos
estes músculos têm inserção na parte anterior da coxa.

 Ilíaco
 Psoas
 Tensor da fáscia lata – músculo lateral
 Reto anterior – músculo na parte da frente
 Costureiro/Sartório – músculo lateral
 Longo e curto adutores
 Pectíneo

5.1.2 Músculos que participam na extensão da coxa

Estes músculos puxam a coxa para trás, ou seja, esticam a perna para trás. Têm uma
inserção posterior.

 Grande glúteo
 Semi-tendinoso
 Semimembranoso
 Bicípite crural

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 113 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.1.3 Músculos que participam na abdução da coxa

Estes músculos permitem puxar as coxas para fora, ou seja, abrir as pernas.

 Grande glúteo
 Médio glúteo
 Pequeno glúteo
 Tensor da fáscia lata
 Gémeos pélvicos – quando
contraem aproximam a
cabeça do fémur do ilíaco
 Obturador interno
 Piriforme/Piramidal

5.1.4 Músculos que participam na adução da coxa

Estes músculos permitem puxar as coxas para dentro, ou seja, fechar as pernas.

 Grande adutor
 Longo e curto adutores
 Pectíneo
 Reto interno

5.1.5 Músculos que participam na rotação interna da coxa

Estes músculos permitem rodar a coxa para dentro

 Médio glúteo
 Pequeno glúteo
 Tensor da fáscia lata

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 114 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.1.6 Rotação externa

Estes músculos permitem rodar a coxa para fora

 Ilíaco
 Grande glúteo
 Gémeos pélvicos
 Obturadores
 Piriforme
 Quadrado crural
 Grande adutor
 Longo e curto adutor

Resumo – Movimentos da coxa

Rotação
Flexão Extensão Abdução Adução Rotação interna
externa

•Ilíaco •Grande glúteo •Grande glúteo •Grande adutor •Médio glúteo •Ilíaco
•Psoas •Semitendinoso •Médio glúteo •Longo e curto •Pequeno glúteo •Grande glúteo
•Tensor da fáscia •Semimembranoso •Pequeno glúteo adutores •Tensor da fáscia •Gémeos pélvicos
lata •Bicípete crural •Tensor da fáscia •Pectíneo lata •Obturadores
•Recto anterior lata •Reto interno •Piriforme
•Costureiro •Gémeos pélvicos •Quadrado crural
•Longo e curto •Obturador interno •Grande adutor
adutores •Piriforme •Longo e curto
•Pectíneo adutor

5.2 Músculos da coxa


Os músculo da coxa podem estar localizadas em três compartimentos:

 Compartimento anterior
 Compartimento interno
 Compartimento posterior

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 115 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.2.1 Compartimento anterior

Neste compartimento vamos encontrar os seguintes músculos:

 Costureiro
o Quando contrai realiza a flexão da coxa e perna
 Quadricípite crural
o Realiza a extensão da perna (joelho) pelo reto anterior e flexão da coxa
o É composto por:
▪ Reto Anterior
▪ Vasto Interno
▪ Vasto Externo
▪ Crural (Profundo)

5.2.2 Compartimento interno

A sua maioria são músculos adutores:

 Grande adutor
o Realiza adução e rotação externa da coxa
 Médio/longo adutor
o Realiza adução, flexão, rotação externa da coxa
 Pequeno/curto adutor
o Realiza adução, flexão, rotação externa da coxa
 Pectíneo
o Realiza adução e flexão da coxa
 Reto interno
o Realiza adução da coxa e flexão da perna

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 116 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.2.3 Compartimento posterior

Estes músculos realizam a extensão da coxa e flexão da perna:

 Bicípite crural
o Também realiza rotação externa da perna
 Semitendinoso
o Também realiza rotação interna da perna
 Semimembranoso
o Também realiza rotação interna da perna

5.3 Músculos da perna


Os músculo da perna podem ser classificados segundo a localização:

 Anteriores
 Externos
 Posteriores

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 117 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.3.1 Músculos anteriores da perna

Estes músculos são responsáveis pela flexão do pé e inserem-se no dorso do pé ou na


parte de cima dos dedos:

 Tibial anterior
o Realiza a inversão do pé
 Peronial anterior
o Realiza a eversão do pé
 Extensor próprio do 1º dedo
o Realiza a inversão do pé e a extensão do 1º dedo
 Extensor comum dos dedos
o Realiza a eversão do pé e extensão dos 4 últimos dedos

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 118 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.3.2 Músculos externos da perna

Estes músculos são responsáveis pela eversão e extensão


do pé:

 Longo peronial lateral/externo


 Curto peronial lateral/externo

5.3.3 Músculos posteriores da perna

Os músculos da perna posteriores podem ser superficiais e são responsáveis pela


extensão do pé:

 Tricípite crural, constituído por:


o Solhar
▪ Não se insere no fémur, logo não contribui para a flexão da perna
o Gémeos interno e externo
▪ Os gémeos realizam também a flexão da perna, pois inserem-se
no fémur
 Estreito plantar/Plantar Delgado
o Realizam também a flexão da perna

Os músculos da perna posteriores podem também ser profundos, onde vamos ter os
seguintes músculos:

 Longo flexor comum dos dedos


o Realiza a inversão do pé, a flexão da perna e dos 4 últimos dedos
 Longo flexor do 1º dedo
o Realiza a inversão do pé, a flexão da perna e do 1º dedo
 Poplíteo
o Realiza a flexão da perna e a rotação interna da perna
 Tibial posterior
o Realiza a inversão do pé

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 119 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Resumo – Movimentos da perna

Flexão Extensão Abdução Rotação interna Rotação externa

•Costureiro •Quadricípete crural •Reto interno •Semitendinoso •Bicípete crural


•Reto interno •Semimembranoso
•Bicípete crural •Popliteu
•Semitendinoso
•Semimembranoso
•Gémeos
•Estreito plantar
•Longo flexor comum
dos dedos
•Popliteu

5.4 Músculos do pé

Os músculos do são categorizados por:

 Dorsais – parte de cima do pé


 Plantares internos
 Plantares externos parte de baixo do pé
 Plantares médios
 Interósseos – entre os ossos do pé

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 120 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.4.1 Músculos dorsais do pé

 Pedioso ou Curto Extensor dos Dedos – Extensão dos 4 dedos

5.4.2 Músculos plantares internos do pé

 Curto Flexor do 1º Dedo (Profundo)


 Abdutor do 1º Dedo (Profundo)
 Adutor do 1º Dedo (Superficial)

5.4.3 Músculos plantares externos do pé

 Curto Flexor do 5º Dedo (Profundo)


 Oponente do 5º Dedo (Profundo) – realiza o movimento de oponência
 Abdutor do 5º Dedo (Superficial)

5.4.4 Músculos plantares médios do pé

 Curto flexor plantar


o Realiza a flexão dos 4 últimos dedos
 Acessório do longo flexor
o Realiza a flexão dos 4 últimos dedos
 Lumbricais
o Flexão das falanges proximais nos 4
últimos dedos
o Extensão das falanges médias e distais dos 4 últimos dedos

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 121 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.4.5 Músculos interósseos do pé

Estes músculos são responsáveis pela flexão da 1ª falange.

 Interósseos dorsais
o Afastam os dedos do eixo do pé, ou seja,
realizam abdução
 Interósseos plantares
o Aproximam os dedos do eixo do pé, ou seja,
realizam adução

Resumo – Movimentos do pé

Flexão Extensão Inversão Eversão

•Tibial anterior •Longo peronial lateral •Tibial anterior •Peronial anterior


•Peronial anterior •Curto peronial lateral •Extensor róprio do 1º •Extensor comum dos
•Extensor próprio do 1º •Tricípete crural (Solhar dedo dedos
dedo e gémeos) •Longo flexor comum •Longo peronial lateral
•Extensor comum dos •Estreito plantar dos dedos •Curto peronial lateral
dedos •Longo flexor do 1º
dedo
•Tibial posterior

Resumo – Movimento dos dedos

Flexão Extensão Abdução Adução Oponência

•Longo flexor •Extensor próprio •Abdutor do 1º •Adutor do 1º •Oponente do 5º


comum dos do 1º dedo dedo dedo dedo
dedos e •Extensor comum •Abdutor do 5º •Interósseos
acessório do dos dedos dedo plantares
longo flexor •Curto extensor •Interósseos
•Longo flexor do dos dedos dorsais
1º dedo •Lumbricais
•Curto flexor do (falanges
1º dedo médias e distais)
•Curto flexor do
5º dedo
•Curto flexor
plantar
•Lumbricais
(falanges
proximais)
•Interósseos (1ª
falange)

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 122 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6. Histologia e Fisiologia dos Músculos

As células musculares funcionam como motores que produzem as forças responsáveis


pelo movimento dos membros, coração e outras partes do corpo.

O combustível dos músculos é extraído de nutrientes pelas células e permite o


funcionamento dos mesmo que é controlado pelo sistema nervoso.

6.1 Funções musculares


Os músculos têm como função:

→ Movimento corporal
→ Manutenção da postura – mantêm o tónus (força muscular que nos permite estar
em pé ou sentado)
→ Respiração – os músculos do tórax realizam os movimentos necessários à
respiração
→ Produção de calor corporal – a contração de músculos esqueléticos provoca
calor ocorrendo então a manutenção da temperatura
→ Comunicação – falar, escrever, gestos, expressão facial e escrita
→ Contração de órgãos e vasos
o Contração do músculo liso – permite a deslocação e mistura alimentos e
água no tubo digestivo, expulsa secreções orgânicas e regula fluxo nos
vasos sanguíneos
o Contração miocárdio – permite o batimento cardíaco que bombeia o
sangue para o corpo

6.2 Propriedades musculares

Contractilidade – Contração e encolhimento voluntário do músculo

Excitabilidade – Resposta do músculo a estímulos nervosos ou hormonais

Extensibilidade – Pode ser estirado e continuar a contrair

Elasticidade – Capacidade que o músculo tem de retomar ao seu comprimento em


repouso depois de ser estirado

6.3 Tipos de Músculo

Existem 3 tipos de músculos:

→ Músculo esquelético
→ Músculo liso
→ Músculo cardíaco

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 123 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6.3.1 Músculo Liso

Encontra-se na parede dos órgãos, tubos ocos, vasos sanguíneos, olhos, glândulas e
pele. Este tipo de músculo desempenha várias funções.

É controlado involuntariamente pelo sistema nervoso autónomo e pelo sistema


endócrino.

Por exemplo – passagem da comida pelo tubo digestivo.

6.3.2 Músculo Cardíaco

É a mais importante força impulsora do sangue no sistema circulatório

É auto-rítmico – o músculo cardíaco gera o seu próprio ritmo de contração, ou seja,


contraem-se espontaneamente em intervalos de tempo aproximadamente regulares
sem que seja necessária a intervenção do sistema nervoso ou endócrino

É controlado involuntariamente pelo sistema nervoso autónomo e sistema endócrino.

6.3.3 Músculo Esquelético

Juntamente com o tecido conjuntivo, corresponde a 40% do peso corporal.

É responsável pela maior parte dos movimentos do corpo.

As suas funções dependem maioritariamente do controlo voluntário do sistema nervoso.


Existe também um controlo involuntário, por exemplo, quando estamos com frio e
começamos a tremer para gerar calor.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 124 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Tabela-resumo tipos de músculo:

Músculo Músculo Liso Músculo Cardíaco


Esquelético

Localização Parede dos órgãos


ocos, vasos
Ligado a ossos Coração
sanguíneos, olhos,
glândulas e pele
Forma das células Muito longas e Cilíndrica e
Fusiformes
cilíndricas ramificadas
Núcleos
Múltiplos, com Único, de
Único, de
localização localização central
localização central
periféricas (ou 2)
Ligações célula a
As gap junctions
célula especiais Discos intercalados
aproximam algum
Nenhuma juntam células
músculo liso
umas às outras
visceral
Estriais
Sim Não Sim

Controlo Voluntário e
Involuntário Involuntário
involuntário
Contrações
Espontâneas Não Sim Sim

Funcionamento
Movimento de
alimentos ao longo
Movimento do tubo digestivo,
Bombeia o sangue
corporal esvaziamento da
bexiga, regulação
fluxo sangue

Estrutura do músculo esquelético – Anatomia macro e microscópica:

É formado por células, vasos sanguíneos e nervos

Fibras musculares esqueléticas (de dentro para fora):

→ Endomísio – envolve cada fibra muscular


→ Perimísio – envolve os feixes de fibras musculares
→ Epimísio – cobre toda a superfície muscular constituída por múltiplos feixes
musculares
→ Fáscia Muscular – camada superficial
ao epimísio que separa ou
compartimenta músculos ou grupos
musculares

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 125 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Fibra muscular:

→ Unidade celular do músculo


→ São compostas por
o Sarcolema – membrana plasmática da
célula muscular
o Sarcoplasma – Citoplasma
→ Têm diversos núcleos à periferia
→ No seu interior vamos ter miofibrilhas – constituídas
por sarcómeros, que são constituídos por
miofilamentos de actina (finos) e de miosina
(espessos). Cada sarcómero possui: Banda A (mais
escura), Banda I (mais clara), Banda H (no meio da
banda A), Linha M (no meio da banda H) e Linha Z
(no meio da banda I).

O número de fibras não aumenta após o nascimento, o que acontece é que em


resposta ao exercício físico vão aumentar de tamanho, mas não aumentam em número.
Ou seja, à medida que vamos crescendo as fibras tornam-se mais longas e com o
exercício físico existe hipertrofia muscular o que faz com que haja um aumento do seu
tamanho.

As fibras musculares são compostas por proteínas e vamos ter essencialmente 2 tipos de
proteínas principais – a actina (mais fina e, portanto, mais clara) e a miosina (mais grossa
e, portanto, mais escura).

Os miofilamentos de actina e miosina vão organizar-se de forma a formarem sarcómeros


– unidades funcionais do músculo, ou seja, quando há contração do músculo, há
contração de cada um dos sarcómeros. Os sarcómeros vão unir-se topo a topo de
modo a formarem as miofibrilhas

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 126 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Banda A – Anisotrópica: Banda I – Isotrópica:

Tem o comprimento dos filamentos de Inclui actina (não há miosina) e um disco Z


miosina num sarcómero. que faz a união entre os diferentes
sarcómeros. Está entre extremidades de
No seu centro está a banda H que é
filamentos de miosina
apenas miosina
Os sarcómeros ligam-se por discos Z que
→ No centro da banda H está a linha
seguram os miofilamentos de actina. Os
M que mantém os miofilamentos
miofilamentos de miosina encontram-se
de miosina no lugar
rodeados por 6 miofilamentos de actina.

Modelo de deslizamento dos filamentos:

Os miofilamentos de actina e miosina não variam de comprimento durante a contração


muscular, ou seja, não há encurtamento de filamentos. Assim, o que vai acontecer é
que os filamentos de actina vão deslizar sobre os filamentos de miosina e vão levar ao
encurtamento dos sarcómeros promovendo a contração muscular.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 127 | P á g i n a


CLE 2019-2023
As bandas I e as zonas H, durante a contração, tornam-
se mais estreitos, ou seja, os filamentos de actina vão
avançar por cima da miosina, encolhendo assim a
zona H. A banda I só tem filamentos de actina e se
estes andarem para cima dos filamentos de miosina,
então a zona com actina vai ficar mais pequena,
diminuindo assim de tamanho.

Os discos Z aproximam-se e isso leva ao encurtamento


do sarcómero.

Quando há contração máxima, a banda H


desaparece.

NOTA:

As bandas I e H só são visíveis quando há relaxamento muscular

Estrutura – Anatomia macro e microscópica – continuação:

→ Nervos e vasos sanguíneos:

Diversos nervos e vasos sanguíneos estendem-se para os


músculos esqueléticos

Neurónios motores – São células nervosas especializadas


que estimulam a contração muscular.

Os nervos estendem-se em associação com as artérias e


veias pelo tecido conjuntivo dos músculos esqueléticos.

A nível do perimísio, os axónios dos neurónios motores


ramificam-se e cada ramo projeta-se para uma fibra
muscular, formando uma junção neuromuscular.

Junção neuromuscular:

O terminal pré-sináptico do axónio está separado da membrana pós-sináptica da fibra


muscular pela fenda sináptica, ou sejam entre eles os terminais existe uma fenda. O
axónio vai libertar acetilcolina e que se vai liga a recetores da membrana pós-sináptica,
alterando a permeabilidade da membrana das células musculares, o que faz com que
haja entrada e saída de iões, produzindo um potencial de ação que leva à contração
muscular. Após o potencial de ação, a acetilcolinesterase (enzima) desdobra a
acetilcolina em ácido acético e
colina o que faz com que o
músculorelaxe.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 128 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Fisiologia das fibras do músculo esquelético:

Para analiarmos esta subparte da anatomia e fisologia do sistema músuclo-esquelético,


há conceitos base a reter:

→ Há sempre uma diferença entre a carga elétrica no interior e no exterior da


membrana, por existir uma distribuição desigual dos iões entre interior/exterior e
pela permeabilidade da membrana;
→ A carga elétrica celular é negativa comparando com o exterior, portanto é
negativa no interior da célula;
→ Quando a membrana de uma célula excitável é despolarizada, ou seja, recebe
um estímulo que faz disparar um potencial de ação, além de um limiar, há uma
rápida alteração na polaridade da tensão elétrica, de negativa para positiva e
de volta para negativa.

Quantos aos canais iónicos, é importante saber:

→ O potencial de ação é a reversão do potencial de membrana em repouso, de


modo que o interior da membrana celular passa de nagativo a positivo;
→ Isto acontece porque na membrana temos os canais iónicos que são
responsáveis pela entrada e saída de iões que vão levar à produção de
potenciais de ação.

Já ao nível dos potenciais de ação que ocorrem:

→ Potencial de membrana em repouso – A diferença de carga através da


membrana celular;
→ A despolarização resulta de um aumento da permeabilidade da membrana
celular ao ião Na+, o que faz com que este entre dentro da célula e a torne
positiva.
→ Se a polarização atingir o seu limiar, produz-se um potencial de ação e há
contração muscular.
→ A fase de repolarização de um potencial de ação ocorre quando os canais de
Na+ encerram e os canais de K+ se abrem por curtos instantes, o que faz com
que a carga da celula se altere para negativa novamente.
→ A propagação dos potenciais de ação ao longo da membrana células dos
neurónios e das fibras musculares esqueléticas ocorre de forma “tudo ou nada”.
o Se um estímulo é forte o suficiente para que a membrana atinja o valor
limiar, a despolarização ocorre da mesma maneira em todas as células –
tudo
o Se o estímulo for tão fraco que não permite à membrana o valor limiar,
poucas mudanças de permeabilidade ocorrem e o potencial de
membrana retoma os seus níveis de repouso – nada

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 129 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Despolarização – Alteração da Durante a fase de despolarização
diferença de cargas através da do potencial de ação, o potencial
membrana celular, tornando a de membrana altera-se de -85mV
carga no interior da célula menos para +20mV aproximadamente.
negativa e o exterior da célula
Durante a fase de repolarização, o
menos positivo. Quando atinge o
interior da membrana celular altera
limiar da estimulação é produzido
a sua carga de +20mV para -85mV.
um potencial de ação.

→ Acoplamento Excitação–Contração:

O processo de Acoplamento Excitação-Contração é o mecanismo através do qual o


estímulo elétrico, a excitação, leva à contração muscular.

A actina é constituída por actina fibrosa (G-actina), tropomiosina e troponina:

A miosina é constituída por cabeças e cauda:

Para haver um deslizamento as moléculas de actina têm de se ligar às cabeças da


miosina para haver contração muscular. Basicamente a cabeça da miosina vai ligar-se
à actina e vai puxar a actina para cima dela.

O problema é que a tropomiosina cobre, em situações normais, o sítio de ligação da


miosina à actina.

Para permitir a contração da célula muscular, a tropomiosina deve ser movida para
“descobrir” os sítios de ligação com a miosina presentes ao longo da actina.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 130 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Quando temos um potencial de ação vai haver, por parte das células musculares, a
abertura de canais de Ca2+ e este Ca2+ vai difundir-se para o sarcoplasma e vai ligar-se
a moléculas de troponina que estavam ligadas à tropomiosina. Os iões de cálcio ligam-
se à troponina e esta ligação vai fazer com que a troponina altere a sua posição,
levando atrás a tropomiosina e assim, a zona da actina que se liga à cabeça da miosina
fica exposta.

Portanto a cabeça da miosina liga-se à actina resultando na contração do músculo. A


miosina muda de forma para puxar a actina e esta desliza sobre a miosina, fazendo isto
à custa de energia ATP.

Quando há relaxamento muscular o ião cálcio vai


ser recaptado pelo retículo sarcoplasmático e o ATP
vai ligar-se à miosina. Portanto a miosina desliga-se
da tropomiosina, a troponina volta à sua
configuração normal e volta tudo atrás neste
processo.

6.4 Contração muscular

Este encurtamento muscular decorre por resposta a um estímulo que causa um


potencial de ação. É constituído por 3 fases distintas:

→ Fase de latência – Período desde a aplicação do estímulo até à contração


muscular;
→ Fase de encurtamento – Período durante o qual há contração;
→ Fase de relaxamento – Após a contração.

Tudo isto acontece numa fração de segundos.

6.4.1 Tipos de contração muscular

Portanto, existem vários tipos de contração musuclar, que se seguem a seguir:

→ Contração isométrica – produz uma alteração da tensão, mas não do


comprimento do músculo. Não há um movimento articular – contração estática;
o Ex – Posição de prancha

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 131 | P á g i n a


CLE 2019-2023
→ Contração isotónica – produz uma alteração no
comprimento, mas não na tensão. Há com
movimento articular – contração dinâmica. Esta
contração muscular divide-se em dois dipos:
o Contrações concêntricas – levam os
músculos a encurtar e a sua tensão a
aumentar – maioria dos esforços
musculares;
o Contrações excêntricas – levam os
músculos a aumentar o seu comprimento,
diminuindo gradualmente a tensão;
▪ Ex: Levantar um “peso morto”.

Um outro conceito importante é o de tónus muscular, que é a manutenção de uma


tensão uniforme por longos períodos de tempo, por exemplo, manter uma postura em
pé ou sentada.

6.5 Efeitos do envelhecimento no músculo esquelético

Com o avançar da idade, notam-se diferenças no músculo esquelético, como:

→ Redução da massa muscular


o Há cada vez menos fibras musculares (em número)
→ Aumento do tempo de resposta ao estímulo nervoso
o Os tempos de resposta a um estímulo aumentam – por exemplo vê um
obstáculo e demora a travar
→ As fibras musculares diminuem em número
o Começa a partir dos 25 anos e aos 80 anos temos menos de 50% das
fibras musculares que tinhamos
→ As unidades motoras diminuem em número
→ O tempo de recuperação aumenta
o O tempo para recuperar depois de um exercício ou stress muscular num
idoso é muito maior que num jovem

NOTA:

Como auxiliar de estudo, assite aos 2 vídeos:

→ https://www.youtube.com/watch?v=Jg1JTZEu7B4
→ https://www.youtube.com/watch?v=H_5_0PIvJ5s

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 132 | P á g i n a


CLE 2019-2023
7. Exercícios

1. Relativamente aos músculos da grande bacia é verdade que:


a. O grande glúteo encontra-se situado por baixo do médio glúteo
b. O pequeno glúteo é um abdutor e um rotador da coxa para dentro
c. O médio glúteo insere-se na fossa ilíaca externa para tás da linha
semicircular posterior e na crista do sacro e do cóccix
d. Alíneas a) e b) corretas
e. Todas erradas

2. O quadricípite crural:
a. É constituído por 3 porções: vasto externo, vasto interno, reto anterior
b. A sua origem é um tendão comum que se insere na espinha ilíaca ântero-
superior
c. É um flexor da perna e da coxa sobre a bacia
d. Alíneas a) e b) corretas
e. Todas erradas

3. Qual das seguintes afirmações é falsa:


a. O curto peronial faz parte da região externa da perna
b. O poplíteo faz parte da camada profunda da região posterior da perna
c. O longo peronial insere-se no 1º metatarso
d. O tibial anterior insere-se no tubérculo de Gerdy
e. O flexo próprio do 1º dedo faz parte da região anterior da perna

4. Inserem-se no bordo anterior da clavícula…


a. Grande peitoral e deltóide
b. Deltóide, trapézio, esternocleidomastóideo
c. Subclávio
d. Trapézio, esternocleidomastóideo, esternocleidohióideo
e. Todas erradas

5. São músculos mastigadores…


a. Temporal, masséter e pterigóideo interno
b. Pterigóideo interno
c. Masséter, temporal, pterigóideo interno e pterigóideo externo
d. Todas erradas
e. Todas corretas

6. O semimembranoso…
a. Insere-se no ílio
b. Insere-se no côndilo medial da tíbia
c. Insere-se no côndilo medial do fémur
d. É extensor da perna
e. Nenhuma das anteriores

7. Os músculos da região ântero-lateral do tórax são…


a. Grande dorsal, trapézio, rombóide, elevador da omoplata
b. Grande peitoral, redondo maior, grande dorsal, intercostais
c. Grande peitoral, redondo menor, subescapular
d. Grande peitoral, pequeno peitoral, subclávio, serreado anterior
e. Intercostais, supre-costais, transverso do tórax

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 133 | P á g i n a


CLE 2019-2023
8. Não pertence à região tenar (região palmar lateral)
a. O curto abdutor do polegar
b. O curto flexor do polegar
c. O curto extensor do polegar
d. O oponente do polegar
e. O adutor do polegar

9. Acerca do bicípede braquial


a. Cabeça longa insere-se por cima da cavidade glenóideia da omoplata
b. Tendão da cabeça longa insere-se no sulco intertubercular umeral
c. Cabeça curta insere-se na apófise coracoide da omoplata
d. Flexor do antebraço
e. Nenhuma das anteriores

10. É um rotador lateral do braço…


a. Supraespinhoso
b. Subescapular
c. Redondo menor
d. Todas anteriores
e. a) e b)

11. Relativamente ao quadricípite crural


a. Flexor da coxa sobre a bacia
b. Vasto lateral insere-se na face anterior do fémur
c. Reto anterior insere-se na espinha ilíaca anterior da perna
d. Todas verdadeiras
e. B e C

12. Um músculo não adutor da coxa é


a. Médio glúteo
b. Pequeno glúteo
c. Sartórios
d. Todas anteriores
e. Nenhuma anteriores

13. Flexor do antebraço


a. Flexor comum superficial dos dedos
b. Flexor comum profundo dos dedos
c. Flexor cubital do carpo
d. Braquiorradial
e. A e B

14. Sobre a histologia do músculo esquelético (assinale a alínea incorreta)


a. O sarcolema envolve feixes musculares
b. A lâmina externa localiza-se imediatamente exteriormente ao sarcolema
c. O endomísio envolve cada fibra muscular
d. O perimísio envolve um feixe de fibras musculares
e. O epimísio envolve grupos de feixes musculares

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 134 | P á g i n a


CLE 2019-2023
15. Sobre a fisiologia e histologia do músculo esquelético (assinale a incorreta)
a. As miofibrilas constituem cada fibra muscular
b. As fibras musculares possuem vários núcleos à periferia
c. Cada miofibrilha é constituída por actina e miosina
d. Os miofilamentos de actina possuem actina-F, tropomiosina e troponina
e. Os sarcómeros são constituídos por miofilamentos de actina

16. É responsável pela extensão cervical (assinale a correta):


a. Trapézio
b. Pequeno peitoral
c. Grande peitoral
d. Elevador da escápula
e. Rombóide

17. Do grupo de músculos da coifa dos rotadores, é responsável pela abdução do


braço (assinale a correta):
a. Infraespinhoso
b. Supraespinhoso
c. Pequeno redondo
d. Subescapular
e. Grande redondo

18. São músculos responsáveis pelo sorriso (assinale a incorreta)


a. Risorius de Santorini
b. Levantador do lábio superior
c. Grande zigomático
d. Pequeno zigomático
e. Masséter

19. São responsáveis pela rotação externa da coxa (assinale a incorreta)


a. Piramidal da bacia
b. Obturador interno
c. Obturador externo
d. Quadrado crural
e. Tensor fáscia lata

20. Os miofilamentos, como parte integrante do citoesqueleto, são constituídos por


(assinale a correta)
a. Tubulina e actina
b. Vimetina
c. Desmina
d. Actina
e. Nenhuma das anteriores

21. Qual destes músculos não é responsável pelos movimentos de rotação da


cabeça (assinale a correta)
a. Trapézio
b. Retos posteriores
c. Semi-espinhosos da nuca
d. Pequeno obliquo da cabeça
e. Grande reto anterior da cabeça

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 135 | P á g i n a


CLE 2019-2023
22. Qual o músculo que não faz parte dos músculos posteriores (extensores) do
antebraço (assinale a correta)
a. Ancóneo
b. Longo abdutor do polegar
c. Cubital anterior
d. Extensor comum dos dedos
e. Extensor próprio do dedo mínimo

23. Sobre a fisiologia e histologia de músculo esquelético, assinale a correta


a. As fibras musculares esqueléticas desenvolvem-se a partir dos mioblastos
b. O número de fibras musculares esqueléticas mantém-se relativamente
constante após o nascimento
c. A hipertrofia muscular em resposta ao exercício deve-se ao aumento do
número de fibras e não ao aumento do seu tamanho
d. Alíneas a) e b)
e. Alíneas b) e c)

24. Ação dos músculos da região lateral do pescoço


a. O platisma é inspirador
b. O esternocleidomastóideo flete a cabeça
c. Os escalenos são inspiradores
d. Todas corretas
e. b) e c)

25. São abdutores do braço


a. Deltóide e infraespinhoso
b. Grande redondo
c. Supraespinhoso e pequeno redondo
d. A e B
e. A e C

26. Músculos da iminência hipotenar


a. Palmo cutâneo, adutor do mínimo, curto flexor do mínimo e oponente do
mínimo
b. Lombricoides, interósseos palmares e interósseos dorsais
c. Curto flexor do polegar, oponente do polegar, palmo cutâneo
d. a e b
e. Todas erradas

27. Relativamente aos músculos da pequena bacia


a. São extrapélvicos: o piramidal da bacia e o obturador interno
b. São intrapélvicos: obturador externo, gémeos pélvicos e quadrado crural
c. O piramidal e os gémeos são extrapélvicos e o quadrado crural é
intrapélvico
d. A e C
e. Todas erradas

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 136 | P á g i n a


CLE 2019-2023
28. Qual das afirmações é falsa
a. O deltóide insere-se na omoplata
b. O coracobraquial insere-se na omoplata
c. O esternocleidomastóideo insere-se na omoplata
d. O bicípede insere-se na omoplata
e. O grande dentado insere-se na omoplata

29. O principal músculo responsável pelos movimentos oculares latero-superior é


(alínea correta)
a. Oblíquo superior
b. Reto externo
c. Reto superior
d. Reto inferior
e. Oblíquo inferior

30. O(s) músculo(s) responsáveis pela expiração forçada é/são (alínea correta)
a. Intercostais internos
b. Intercostais externos
c. Escalenos
d. Diafragma
e. Longo dorsal do tórax

31. O músculo responsável pelos movimentos de flexão, extensão e abdução é


(alínea correta)
a. Deltóide
b. Pequeno peitoral
c. Subclávio
d. Rombóide
e. Elevador da escápula

32. O músculo responsável pelo movimento de inversão do pé é (alínea correta)


a. Tibial anterior
b. Peronial anterior
c. Longo peronial lateral
d. Curto peronial lateral
e. Plantar delgado

33. Quais as diferenças entre a pélvis feminina e masculina


a. Não existem diferenças
b. Sacro mais largo na mulher e posterior
c. Bacia feminina mais leve e larga, menos afunilada
d. Forma oval na mulher
e. Respostas B, C, D

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 137 | P á g i n a


CLE 2019-2023
34. Qual o músculo responsável pela elevação das sobrancelhas e franzir da testa?
a. Esternocleidomastóideo
b. Risorius de Santorini
c. Occipitofrontal
d. Bucinador
e. Grande e pequeno zigomático

35. Destes músculos quais não são responsáveis pela elevação do maxilar inferior?
a. Masséter
b. Músculo pterigóideo interno
c. Músculo pterigóideo externo
d. Músculo temporal
e. Nenhum deles é responsável pela elevação do maxilar inferior

36. Qual destes músculos não faz parte do grupo eretores da coluna?
a. Transversário do pescoço
b. Trapézio
c. Longo dorsal do tórax
d. Iliocostal lombar
e. Iliocostal dorsal
f. Iliocostal cervical
g. Espinhal do tórax
h. Grande complexo

37. Que músculo não faz parte da coifa dos rotadores


a. Grande peitoral
b. Pequeno redondo
c. Subescapular
d. Infraespinhoso
e. Supraespinhoso

38. Qual o músculo que não faz parte dos músculos anteriores (flexores) do
antebraço?
a. Ancóneo
b. Quadrado pronador
c. Cubital anterior
d. Grande palmar
e. Redondo pronador

39. Que músculos não são responsáveis pela rotação externa da coxa?
a. Tensor fáscia lata
b. Quadrado crural
c. Obturador externo
d. Obturador interno
e. Piramidal da bacia

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 138 | P á g i n a


CLE 2019-2023
40. Quais os músculos que não compõem quadricípite crural?
a. Vasto interno
b. Vasto externo
c. Crural
d. Costureiro
e. Reto anterior

41. Indique a falsa:


a. A excitabilidade do músculo é a capacidade que este possui de
responder a estímulos nervosos e hormonais.
b. O músculo esquelético é um músculo de controlo voluntario e encontra-
se ligado aos ossos, sendo as suas células longas e cilíndricas.
c. O músculo liso é um músculo de controlo involuntário, reveste a parede
dos órgãos ocos e adota a função do órgão que reveste.
d. O músculo cardíaco é um músculo maioritariamente voluntário, e tem
como função principal bombear o sangue.
e. O músculo cardíaco é um músculo involuntário.

42. Sobre os efeitos do envelhecimento no músculo-esquelético, assinale a


incorreta:
a. Redução da massa muscular
b. Aumento do tempo que o músculo leva a contrair em resposta ao
estímulo
c. As fibras musculares diminuem em número
d. As unidades motoras diminuem em número
e. O tempo de recuperação diminui

43. Músculo, qual a falsa


a. O sistema muscular tem como funções o movimento corporal,
manutenção da postura, respiração, produção de calor corporal,
comunicação, contração.
b. Há 3 tipos de tecido muscular: esquelético, liso e cardíaco
c. O tecido muscular esquelético encontra-se sobretudo na parede de
órgãos ocos, vasos sanguíneos e glândulas.
d. As células do músculo esquelético são constituídas por múltiplos núcleos
de localização periférica
e. As células dos músculos lisos e cardíaco possuem 1 só núcleo de
localização central

44. Músculo esquelético, falsa


a. Organiza-se em múltiplos feixes de fibras musculares
b. O epimísio envolve fibra muscular
c. O perimísio envolve feixes de fibras musculares
d. O epimísio cobre toda a superfície muscular constituída por múltiplos
feixes musculares
e. A fáscia muscular separa ou compartimenta músculos ou grupos
musculares.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 139 | P á g i n a


CLE 2019-2023
45. Músculo esquelético, qual a verdadeira
a. Os miofilamentos de actina e miosina não mudam de comprimento
durante a contração
b. Os miofilamentos de actina e miosina deslizam uns pelos outros,
produzindo o encurtamento dos sarcómeros e consequentemente a
contração muscular
c. Miofilamentos de actina e miosina organizam-se para formar sarcómeros
d. Os sarcómeros unem-se topo a topo para formar as miofibrilas.
e. Todas são verdadeiras

46. Qual destes músculos é responsável pela expiração forçada?


a. Escalenos
b. Intercostais internos
c. Trapézio
d. Iliocostais cervical
e. Transversário do pescoço

47. Frequência 2019/2020 – Sobre os músculos da cabeça (incorreta):


a. O ventre occipital do músculo occipitofrontal eleva a zona supraciliar
b. O músculo subcutâneo do pescoço baixa a pele do mento e a comissura
labial
c. A contração unilateral do esternocleidomastóideo leva a rotação da
cabeça para o mesmo lado
d. O músculo estilo-hióideo e o ventre posterior do digástrico participam na
elevação do hioide
e. Os músculos escalenos anterior e médio fazem a elevação da primeira
costela

48. Frequência 2019/2020 – Qual dos seguintes não pertence ao grupo dos músculos
profundos da nuca:
a. Grande reto posterior
b. Pequeno reto posterior
c. Pequeno Oblíquo
d. Grande Oblíquo
e. Grande complexo

49. Frequência 2019/2020 – Sobre os músculos do pavimento pélvico e períneo


(correta):
a. Constituem uma parede muscular que encerra a pélvis
b. Apresenta aberturas do ânus e urogenitais
c. O triângulo anterior denomina-se urogenital
d. O triângulo posterior denomina-se anal
e. Todas as alíneas estão corretas

50. Frequência 2019/2020 – Indique qual dos movimentos do braço não é


desempenhado pelo grande peitoral
a. Adução
b. Abdução
c. Extensão
d. Flexão
e. Rotação interna

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 140 | P á g i n a


CLE 2019-2023
51. Frequência 2019/2020 – Indique qual dos músculos não faz parte da região
posterior da perna:
a. Longo flexor comum dos dedos
b. Extensor comum dos dedos
c. Longo flexor do grande dedo
d. Poplíteo
e. Tibial Posterior

52. Frequência 2019/2020 – Indique qual dos músculos abaixo não faz eversão do
pé:
a. Curto peronial lateral
b. Longo peronial lateral
c. Peronial anterior
d. Tibial anterior
e. Extensor comum dos dedos

53. Frequência 2019/2020 – Sobre a fisiologia do músculo esquelético (incorreta):


a. A actina e a miosina são os principais miofilamentos proteicos
b. A miosina e a actina ligam-se por pontes cruzadas
c. Quando há contração muscular, os miofilamentos de actina e miosina
deslizam uns sobre os outros levando ao encurtamento dos sarcómeros
d. Durante a contração muscular a banda I mantém um comprimento
constante – As bandas I e H ficam mais estreitas
e. Durante a contração muscular a banda A mantém o comprimento
constante

54. Recurso 2020 – Relativamente aos músculos do tórax (incorreta):


a. Os intercostais externos fazem elevação das costelas
b. Os intercostais internos e triangulares do externo são essenciais na
expiração forçada
c. O diafragma é o principal músculo da respiração
d. O escaleno anterior e médio elevam a 1ª costela
e. O escaleno posterior baixa a 2ª costela

55. Recurso 2020 – Sobre as interseções tendinosas (correta):


a. Ligam os retos do abdómen ao apêndice xifóideu
b. Dividem os retos do abdómen em diferentes segmentos
c. Separam a parede abdominal da coxa
d. São o local de saída de vasos sanguíneos do abdómen para a coxa
e. São o ponto de interseção para os músculos abdominais

56. Recurso 2020 – Relativamente aos músculos do braço (correta):


a. O tricípite braquial e o ancóneo contribuem para a flexão do antebraço
b. O longo supinador está envolvido nos movimentos de flexão do
antebraço
c. O braquial anterior e o bicípite braquial fazem extensão do antebraço
d. O bicípite braquial faz pronação do antebraço
e. O quadrado pronador faz supinação do antebraço

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 141 | P á g i n a


CLE 2019-2023
57. Recurso 2020 – Indique qual dos músculos faz a flexão do pé:
a. Gémeos
b. Estreito plantar
c. Solhar
d. Tibial posterior
e. Tibial anterior

58. Recurso 2020 – Em relação à fisiologia do músculo esquelético (incorreta):


a. A diferença de carga através da membrana celular é o potencial de
membrana em repouso
b. O potencial de ação é a reversão do potencial de membrana em
repouso de modo que o interior da membrana celular se torne negativo
c. Os canais iónicos são responsáveis pela produção de potenciais de ação
d. A propagação dos potenciais de ação ao longo da membrana celular
dos neurónios e das fibras musculares esqueléticas ocorre de forma “tudo
ou nada”
e. Após o potencial de ação, a acetilcolinesterase desdobra a acetilcolina
em ácido acético e colina

59. Frequência 2020/2021 – São funções em que se encontram envolvidos os


músculos da cabeça e pescoço (assinale a alínea correta):
a. Estabilidade postural
b. Respiração
c. Mastigação
d. Deglutição
e. Todas as alíneas anteriores

60. Frequência 2020/2021 – Interferem nos movimentos das pálpebras e/ou das
sobrancelhas todos os seguintes músculos (assinale a alínea incorreta):
a. Mirtiforme
b. Supraciliar
c. Orbicular das pálpebras
d. Levantor da pálpebra
e. Occipitofrontal

61. Frequência 2020/2021 – Sobre os músculos do pavimento pélvico e períneo,


assinale a alínea correta:
a. Constituem uma parede muscular que encerra a pélvis
b. Apresenta aberturas do ânus e urogenitais
c. O triângulo anterior denomina-se de urogenital
d. O triângulo posterior denomina-se de anal
e. Todas as alíneas anteriores

62. Frequência 2020/2021 – Relativamente aos músculos do braço, assinale a alínea


incorreta:
a. O tricípite braquial contribui para a extensão do antebraço
b. O ancónio contribui para a extensão do antebraço
c. O quadrado pronador faz supinação do antebraço
d. O braquial anterior faz flexão do antebraço
e. O bicípite braquial contribui para a supinação do antebraço

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 142 | P á g i n a


CLE 2019-2023
CLE 2019-2023
143 | P á g i n a Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana
Possíveis respostas:
1B; 2E; 3E; 4A; 5C; 6B; 7D; 8C; 9A; 10C; 11D; 12D; 13D; 14A; 15E; 16A; 17B; 18E; 19E; 20D;
21A; 22C; 23B; 24E; 25E; 26A; 27E; 28C; 29E; 30A; 31A; 32A; 33E; 34C; 35C; 36B; 37A;
38A; 39A; 40D; 41D; 42E; 43C; 44B; 45E; 46B; 47C; 48E; 49E; 50B; 51C; 52D; 53D; 54E;
55B; 56B; 57E; 58B; 59E; 60A; 61E; 62C;
Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de
dúvida verifiquem com a matéria
Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 144 | P á g i n a
CLE 2019-2023
Módulo IV – Articulações

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 145 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Introdução

Uma articulação é o local de união entre 2 ossos e são importantes


por três razões:

→ Movimentação dos segmentos corporais;


→ Mantêm a integridade do sistema esquelético;
→ Dissipam a energia;

2. Classificações

Podemos classificar as articulações quanto à sua estrutura ou quanto à sua


funcionalidade/grau de mobilidade.

2.1 Classificação Funcional


Podemos classificar as articulações funcionalmente/quanto ao grau de mobilidade em:

→ Sinartroses – Articulações imóveis/sem movimento


→ Anfiartroses – Articulações semimóveis/com pouco movimento
→ Diartroses – Articulações móveis/com muito movimento

2.2 Classificação Estrutural


Podemos classificar as articulações estruturalmente em:

→ Articulações fibrosas
→ Articulações cartilagíneas
→ Articulações sinoviais

2.2.1 Articulações fibrosas

São articulações em que 2 ossos estão unidos por tecido conjuntivo interposto entre as
estruturas articulares. Estas articulações não têm cavidade articular e possuem pouco
ou nenhum movimento.

Dividem se em:

→ Suturas
o São linhas de junção entre os ossos do crânio
o Têm tecido conjuntivo no meio
o São formadas pela junção de 2 superfícies
que não são totalmente regulares
o São evidentes no processo de sinostose, ou
seja, quando há o crescimento conjunto de
2 ossos em que existe substituição da
articulação que havia previamente por uma
calcificação.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 146 | P á g i n a


CLE 2019-2023
→ Sindesmoses
o Articulações em que os ossos estão mais afastados do que numa sutura
o Unidos por ligamentos/membrana interóssea
o Pode haver movimento condicionado pela flexibilidade do ligamento
(maior mobilidade)
o Por exemplo entre o rádio e o cúbito

→ Gonfoses
o Tipo muito particular de articulação que só existe na boca.
o Encaixe em cavidades por meio de tecido conjuntivo rico em colagénio
e que são reforçadas por ligamentos periodontais, que as prendem aos
dentes.

2.2.2 Articulações cartilagíneas

São articulações que ligam 2 ossos por meio de cartilagem. Esta cartilagem pode ser de
dois tipos:

→ Hialina – articulações cartilagíneas feitas por meio desta cartilagem


denominam-se sincondroses
→ Fibrocartilagem – articulações cartilagíneas feitas por meio de fibrocartilagem
denominam-se sínfises

Estas articulações não possuem cavidade articular e têm pouco ou nenhum movimento.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 147 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Tipos de articulações cartilagíneas:

❖ Sincondroses

São articulações assinoviais que se caracterizam pela junção de dois ossos por meio de
cartilagem hialina, o que faz com que tenham pouco ou nenhum movimento.

Dividem-se em 2 tipos:

→ Temporárias – Entre os ossos pode haver cartilagem que ao longo do tempo vai
sendo substituída por osso, ou seja, vai ossificando, por exemplo placas epifisárias.
→ Permanentes – Há a junção de dois ossos unidos por cartilagem hialina que se
mantém sempre assim em que não há ossificação, por exemplo articulação
costo-esternal.

❖ Sínfises

As sínfises são compostas por fibrocartilagem que unem 2 ossos ou 2 partes de um osso
que aderem por superfícies planas.

As sínfises são exemplos de anfiartroses.

Exemplos:

→ Sínfise púbica – união entre os dois ossos


ilíacos ao nível do púbis
→ Sínfise manubrioesternal – une o
manúbrio e o corpo do externo
→ Discos intervertebrais

2.2.3 Articulações sinoviais

A maioria das articulações do esqueleto apendicular


(membros superiores e inferiores) são articulações sinoviais
o que permite grande mobilidade.

Tem um osso que articula com outro osso, e a revestir esta


articulação existe uma cápsula que reforça a ligação
entre os dois ossos. A cápsula que reveste a articulação é
revestida por uma cápsula fibrosa e por dentro é
constituída por membrana sinovial. Esta membrana forma
a cavidade sinovial/articular, que é exclusiva deste tipo de
articulação, onde vai estar o líquido sinovial produzido pela
membrana sinovial e que vai olear a articulação, levando
a um menor desgaste desta.

Além disto, os ossos, na sua extremidade/zona articular,


vão estar cobertos por cartilagem que vai também diminuir
o atrito entre eles e o desgaste das articulações pela
absorção de impactos compressivos.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 148 | P á g i n a


CLE 2019-2023
As articulações sinoviais são compostas por:

 Cartilagem articular – Cartilagem hialina que vai revestir a epífise óssea e que vai
absorver os impactos compressivos dos movimentos.
 Cavidade articular/sinovial – Cavidade exclusiva deste tipo de articulação e é
um espaço adaptado para conter uma pequena quantidade de líquido (líquido
sinovial)
 Cápsula articular – Cápsula que reveste a articulação e que é composta por:
o Cápsula fibrosa – Cápsula densa e irregular que fortalece a articulação
por fora
o Membrana sinovial – Membrana que está no interior da cápsula articular,
que produz o líquido sinovial e permite maior liberdade de movimento.
Quando há lesão, não há produção de líquido sinovial o que causa dor
no movimento.
o Líquido sinovial – Líquido viscoso e lubrificante, que é resultado do filtrado
do sangue pelos capilares e que é muito rico em ácido hialurónico. O
ácido hialurónico confere a consistência deslizante e a qualidade
lubrificante do líquido. Este líquido pode extravasar da cápsula devido a
algum acidente/rotura desta, o que leva a uma maior produção de
líquido pela membrana, formando-se assim um grande inchaço da
articulação – muitas vezes é necessário retirar o seu excesso.
o Disco articular – Placa plana ou almofadada de fibrocartilagem presente
em algumas articulações sinoviais que se liga à cápsula fibrosa e é
necessário quando superfícies articulares têm formas diferentes, pois
permite que haja uma melhor articulação, nomeadamente:
▪ Articulação Temporomandibular (ATM)
▪ Articulação esternoclavicular
▪ Articulação acromioclavicular
o Menisco – Igual ao disco articular, difere apenas na presença de um
orifício/escavação central, existe por exemplo no joelho.
o Bolsa sinovial – Bolsa fibrosa alinhada com a membrana que contém
líquido sinovial e pode ser designada como uma “almofada” /airbag que
diminui o atrito da articulação.

NOTA:

Entre as articulações sinoviais pode existir bolhas de ar, o que causa o barulho
quando estalamos os dedos e isso contribui para um maior desgaste das
articulações, pois obrigamo-la a fazer um movimento que não é normal dela (esticar
ou puxar demasiado).

❖ Movimentos das articulações sinoviais:

Podemos ter articulações:

 Monoaxiais – Realizam movimentos ao redor de um eixo


 Biaxiais – Realizam movimentos ao redor de dois eixos, com ângulos adequados
entre eles
 Multiaxiais – Realizam movimentos ao redor de vários eixos

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 149 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Tipos de Articulações Sinoviais:

As articulações sinoviais podem ser planas, roldanas, cilíndricas, sela, esféricas ou


elipsóides.

i. Articulações Planas:

São articulações monoaxiais e que têm superfícies


planas deslizantes.

Ex: intervertebral (entre apófises articulares


vertebrais); acrómio-clavicular

ii. Articulações tipo Roldanas ou trocleartroses:

São articulações monoaxiais, em que há um cilindro convexo articulado com superfície


côncava.

Ex: úmero cubital, tornozelo, interfalângica

iii. Cilíndrica ou Trocartrose (Pivot)

São articulações monoaxiais. Este tipo de


articulação permite o movimento entre osso
cilíndrico que roda em torno do eixo
longitudinal.

Ex: atlanto-axial, radiocubital

iv. Sela

São articulações biaxiais, com formato de sela


complementar.

Ex: trapezóido-metacárpica

v. Esféricas/Enartroses

São articulações multiaxiais, que permitem o


encaixe entre uma cabeça esférica e uma
superfície côncava.

Ex: ombro e anca

vi. Elipsóide/Condilartroses

São articulações biaxiais, que permitem a


articulação entre superfícies articulares
elipsóides.

Ex: atlanto-occipital

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 150 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Tipos de movimentos:

Podemos realizar diversos tipos de movimentos com as articulações:

Movimentos de deslizamento: Movimentos especiais:

→ Típicos de articulações planas → Movimentos de elevação/depressão;


→ Movimentos de propulsão ou
Movimentos angulares:
projeção/retropulsão, retração;
→ Movimentos de flexão/extensão; → Movimentos de lateralidade ou
→ Movimentos de abdução/adução didução;
→ Movimentos de oponência;
Movimentos circulares: → Movimentos de inversão/eversão
→ Movimentos de rotação; Movimentos combinados
→ Movimentos de pronação/supinação;
→ Movimentos de circundação

2.2.4 Articulações específicas

Existem vários tipos de articulações com algumas particularidades importantes que


iremos estudar já de seguida.

❖ Articulação Temporomandibular – Bicondilo-meniscartrose conjugada

Articulação entre o temporal e a mandíbula. Pode também ser designada bicondilo-


meniscartrose conjugada:

 Bicondilo – Pois a mandíbula termina na parte de cima em dois côndilos


 Meniscartrose – Pois existe um disco/menisco entre as superfícies articulares
 Conjugada – Pois quando mexo o lado direito, mexo o lado esquerdo também

Em termos de superfícies articulares, vamos ter:

→ Superfície temporal, que é a cavidade glenóideia do temporal


→ Superfície mandibular, que é o côndilo mandibular

Entre estas superfícies articulares


vamos ter um disco/menisco
interarticular, o que permite uma
melhor adaptação entre as
superfícies articulares.

Vamos também ter os meios de união,


que são estruturas que vão facilitar
que as superfícies articulares se
mantenham no mesmo sítio uma em
relação à outra, ou seja, que o
côndilo da mandíbula não saia da
cavidade glenóideia. Quando
desencaixa existe luxação da
articulação temporomandibular
(ATM).

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 151 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Assim vamos ter os seguintes meios de união: uma cápsula articular que é reforçada por
2 ligamentos laterais – interno/esfenomandibular e externo/temporomandibular – e pelo
ligamento estilomandibular. Estes meios de união em conjunto vão fortalecer a ATM.

Depois vamos ter as sinoviais (superior e inferior) que vão estar separadas pelo menisco.

Movimentos da mandíbula:

→ Abaixamento e elevação mandibular


→ Projeção e retropulsão mandibular
→ Lateralidade ou didução

❖ Articulação do ombro ou escapulo-umeral – Enartrose

A cabeça do úmero articula-se com a cavidade glenóideia.

É uma enartrose, ou seja, é uma articulação sinovial que permite


movimentos muito amplos, movimentos em redor de vários eixos.

Existe uma bolsa infra-acromial que se separa da cavidade


articular pela cápsula articular.

A estabilidade do ombro durante os vários movimentos que faz dá-


se através de 4 ligamentos e 4 músculos – da coifa dos rotadores.

Em termos de superfícies articulares, vamos ter:

→ Cabeça do úmero
→ Cavidade glenóideia
o Tem à sua volta o Labrum glenóideu – Anel de fibrocartilagem que
reveste a cavidade glenóideia para aumentar a estabilidade da
articulação do ombro

Em termos de meios de união, vamos ter:

→ Cápsula articular
→ Tendão da longa porção do bicípite braquial
→ Músculos da coifa dos rotadores
→ Ligamento coraco-umeral
→ Ligamento coraco-acromial
→ Ligamentos gleno-umerais (superior, médio e
inferior)
→ Ligamento transverso do úmero

Movimentos que realiza:

→ Flexão/extensão
→ Abdução/adução
→ Circundação
→ Rotação interna e externa

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 152 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Articulação do cotovelo – bitrócleo-côndilo-trocartrose

É uma articulação sinovial que pode também ser designada por bitrócleo-côndilo-
trocartrose:

 Bitrócleo – No final do úmero existe uma tróclea de um ponto de vista anatómico


e de um ponto de vista funcional – entre o côndilo umeral e a tróclea umeral
“existe” outra tróclea, daí dizermos que é uma bitróclea
 Côndilo – No final do úmero existe um côndilo
 Trocartrose

Esta articulação é reforçada por ligamentos e possui uma bolsa olecraniana que cobre
o olecrânio – ponta do cotovelo.

Em termos de superfícies articulares, vamos ter:

→ Na parte umeral, a tróclea umeral e o


côndilo umeral
→ Na parte cubital, a grande cavidade
sigmóideia
→ No rádio existe a cavidade glenóideia do
rádio onde vai encaixar o côndilo umeral

Em relação aos meios de união, vamos ter:

→ Cápsula articular e sinovial


→ Ligamentos – anterior, posterior, lateral
interno, lateral externo e anular do
rádio

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 153 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Articulação do coxofemoral – Enartrose

A articulação coxofemoral é uma enartrose.

Temos como superfícies articulares:

→ Cabeça do fémur
→ Ilíaco
o Na cavidade cotilóideia existe o Debrum cotilóideu, que é uma gola/cordão
fibrocartilaginoso que reveste a cavidade cotilóideia aumentando a
superfície articular com a cabeça do fémur e a estabilidade desta
articulação

Como meios de união vamos ter:

→ Cápsula articular e sinovial


→ Ligamento iliofemoral
→ Ligamento pubo-femoral
→ Ligamento isquiofemoral
→ Ligamento redondo

Realiza movimentos de:

→ Flexão/Extensão
→ Abdução/Adução
→ Circundação
→ Rotação interna/externa

❖ Articulação do joelho – trócleo-bicondilo-meniscartrose

A articulação do joelho é uma articulação elipsóide que inclui a rótula. Pode também
ser chamada de trócleo-bicondilo-meniscartrose:

 Trócleo – Pois a articulação da rótula com o fémur acaba por funcionar como
uma tróclea
 Bicondilo – Pois temos os dois côndilos femorais
 Meniscartrose – Pois possui menisco

Em termos de superfícies articulares, vamos ter:

→ No fémur a tróclea femoral, que articula com a


rótula, os côndilos interno e externo
→ Na tíbia, vamos ter as duas cavidades glenóideias
que vão articular com cada um dos côndilos
→ A rótula que vai articular com a superfície articular
da rótula

Em termos de meios de união, vamos ter:

→ Cápsula articular
→ Ligamento anterior/tendão rotuliano
→ Ligamento posterior

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 154 | P á g i n a


CLE 2019-2023
→ Ligamento lateral interno e externo
→ Ligamentos cruzados anterior e posterior
→ Bolsas sinoviais (almofadas de líquido sinovial)
→ Meniscos

Os ligamentos articulares que fortalecem a articulação do joelho são:

→ Ligamentos cruzados anterior e posterior – Diminuem o atrito e impedem o


deslizamento anterior e posterior da tíbia em relação ao fémur.
→ Ligamentos cruzados medial e lateral – Limitam a rotação do joelho em extensão.
→ Tem um mecanismo medial e lateral – Absorvem impactos e moldam a
articulação.

CURIOSIDADE:

Quando existe um acidente de alto impacto que faz com que haja uma deslocação
rápida entre o fémur e a tíbia e um dos ligamentos do joelho não tem elasticidade
suficiente para esticar sem romper e por isso este rompe-se e muitas vezes tem que
ser corrigido com cirurgia.

Movimentos que esta articulação realiza:

→ Flexão/Extensão
→ Rotação (pequena)

Diferença entre tendão e ligamento:

Ambos são estruturas fibrosas que vão fazer união ao osso.

Um tendão é a parte final do músculo que se insere no osso, ou seja, todos os


músculos se inserem no osso ou na pele por via de um tendão.

Os ligamentos localizam-se entre duas estruturas ósseas, ou seja, não tem músculo
no meio.

2.2.5 Articulações e a Geriatria

Com o avançar da idade, existem alterações consideráveis


que tornam o movimento articular menos eficaz, sendo
importante salientar as seguintes:

→ Reparação tecidular lenta


→ Pior vascularização sanguínea
→ Cartilagem articular mais rígida
→ Diminuição da produção de líquido sinovial
→ Ligamentos e tendões menores e menos flexíveis, o
que leva a uma menor amplitude de movimento
→ Perda de massa muscular
→ Diminuição da atividade física por perda de
flexibilidade

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 155 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3. Exercícios

1. Relativamente à articulação do ombro (assinale a alínea correta):


a. O tendão do bicípite braquial atravessa a cápsula articular do ombro
b. O tendão do bicípite braquial ajuda a manter o úmero contra a
cavidade glenóideia
c. A coifa dos rotadores ajuda a fixar a cabeça do úmero na cavidade
glenóideia
d. Alíneas a) e c)
e. Alíneas a), b) e c)

2. Relativamente à articulação da anca (assinale a alínea incorreta):


a. O ligamento iliofemoral não faz parte desta articulação
b. O ligamento transverso passa por baixo do acetábulo, reforçando-o
c. A cabeça do fémur encaixa na fossa acetabular
d. O ligamento redondo localiza-se entra a cabeça do fémur e o acetábulo
e. A cápsula articular envolve completamente a cabeça do fémur

3. Assinale a afirmação incorreta


a. Ligamento radiário faz parte da articulação costovertebral
b. Articulações condrocostais são sincondroses
c. Líquido sinovial produzido pela membrana sinovial
d. Ligamentos são elásticos
e. Nenhuma anteriores

4. Acerca da sínfise púbica


a. Ligamento interósseo
b. Ligamento anterior
c. Ligamento inferior
d. Todas anteriores
e. B e C

5. Na articulação tibiotársica não se encontra


a. Ligamento astrágalo-peronial anterior
b. Ligamento astrágalo-peronial médio
c. Ligamento astrágalo-peronial posterior
d. Ligamento deltóide
e. C e D

6. Ligamentos cruzados
a. Anterior insere-se no côndilo interno do fémur
b. Posterior insere-se no côndilo externo do fémur
c. Encontram-se dentro da cápsula articular
d. A e B
e. Nenhuma anteriores

7. Articulação do cotovelo
a. Condilartrose composta
b. Bicondilo-tróclea-meniscartrose
c. Trocleartrose
d. Bitróclea-côndilo-trocartrose
e. Enartrose

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 156 | P á g i n a


CLE 2019-2023
8. São ligamentos de reforço
a. Ligamento glenoumeral superior
b. Ligamento glenoumeral médio
c. Ligamento glenoumeral posterior
d. Todas anteriores
e. A e B

9. A articulação tibiotársica
a. É uma condilartrose
b. É uma trocartrose
c. É uma sínfise
d. É uma trocleartrose
e. É uma artródia

10. A articulação do punho é


a. Enartrose
b. Condilartrose
c. Anfiartrose
d. Trocartrose
e. Trocleartrose

11. Qual das seguintes afirmações é falsa


a. O ligamento sacro-tuberoso insere-se na espinha isquiática
b. O ligamento sacroilíaco posterior dispõe-se em 2 planos
c. O ligamento iliolombar insere-se na apófise transversa da 5º vértebra
lombar
d. Nenhuma das anteriores (i.e. são todas verdadeiras)
e. b) e c)

12. São elementos articulares


a. A cartilagem de conjugação
b. Os ligamentos de reforço
c. Os ligamentos à distância
d. Todas as anteriores
e. b e c

13. São ligamentos de reforço da articulação do ombro


a. O ligamento glenoumeral superior
b. O ligamento coraco-glenóideo
c. O ligamento coraco-umeral
d. Todas as anteriores
e. a e b

14. São ligamentos da coluna vertebral


a. Os amarelos
b. Os interespinhosos
c. Os discos intervertebrais
d. Todos os anteriores
e. a e b

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 157 | P á g i n a


CLE 2019-2023
15. A articulação tibiotársica
a. É uma condilartrose
b. É uma trocartrose
c. É uma sínfise
d. É uma trocleartrose
e. É uma artródia

16. Não faz parte da articulação do cotovelo


a. O ligamento quadrado de Denuce
b. O ligamento Weitbrecht
c. O ligamento anular
d. O ligamento redondo
e. As fibras arciformes de Cooper

17. Qual das seguintes afirmações é verdadeira


a. As articulações metacarpofalângicas são condilartroses
b. As articulações interfalângicas proximais são trocleartroses
c. As articulações interfalângicas distais são trocleartroses
d. A articulação do punho é uma bicondilartrose composta
e. Todas as anteriores

18. Qual das seguintes afirmações é falsa


a. As suturas são articulações imóveis
b. A cartilagem articular não é vascularizada
c. O líquido sinovial encontra-se dentro da cápsula articular
d. Os ligamentos reforçam as articulações
e. Nenhuma das anteriores

19. Relativamente ao disco articular, assinale a certa:


a. Está presente em algumas articulações sinoviais
b. Liga-se à cápsula
c. É necessário quando superfícies articulares têm formas diferentes
d. A articulação temporomandibular tem disco articular
e. Todas as anteriores

20. Quanto às articulações cilíndricas. assinale a alínea incorreta:


a. Podem também denominar-se trocartroses
b. Mobilizam-se num plano monoaxial
c. Constituídas por um osso cilíndrico que roda em torno de um eixo
longitudinal
d. A articulação radiocubital é um exemplo de articulação cilíndrica
e. A articulação atlanto-axóidea é um exemplo de articulação cilíndrica

21. Frequência 2019/2020 – Sobre as articulações (incorreta):


a. São essenciais ao movimento dos segmentos corporais
b. Dissipam energia
c. Podem classificar-se quanto à sua estrutura e quanto ao seu grau de
mobilidade
d. Quanto à sua classificação estrutural dividem-se em sinartroses,
anfiartroses e diartroses
e. As articulações fibrosas não têm cavidade articular

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 158 | P á g i n a


CLE 2019-2023
22. Frequência 2019/2020 – Sobre a articulação do ombro (incorreta):
a. É uma enartrose, à semelhança do joelho
b. O bordo da cavidade glenóideia é ampliado pelo debrum glenoideu
c. O ombro faz movimentos de circundação
d. Tem cápsula articular
e. É uma sinovial

23. Frequência 2019/2020 – Fazem parte dos meios de união da articulação


coxofemoral (incorreta):
a. Cápsula articular
b. Ligamento iliofemoral
c. Ligamento pubo-femoral
d. Ligamento redondo
e. Ligamentos cruzados

24. Recurso 2020 – Relativamente às articulações sinoviais (incorreta):


a. Todas as articulações sinoviais contém líquido sinovial
b. As superfícies articulares encontram-se encerradas numa cápsula
articular
c. Em várias sinoviais há interposição de formações fibro cartilagíneas – os
discos e meniscos intra-articulares
d. O líquido sinovial é rico em ácido hialurónico
e. A articulação umerocubital é uma articulação em sela

25. Recurso 2020 – Em relação à articulação temporomandibular (ATM) (incorreta):


a. A superfície articular temporal é a apófise estilóideia
b. A superfície articular mandibular é o côndilo mandibular
c. A ATM é reforçada pelos ligamentos laterais interno e externo
d. A ATM executa movimentos de propulsão e retropulsão
e. A ATM executa movimentos de elevação e abaixamento mandibular

26. Recurso 2020 – Relativamente à articulação do cotovelo (incorreta):


a. É uma articulação complexa constituída pela articulação umerocubital,
úmero-radial e radiocubital proximal
b. Pode considerar-se uma bitrócleo-côndilo-trocartrose
c. A articulação umerocubital é reforçada pelo ligamento lateral externo
d. As articulações úmero-radial e radiocubital são reforçadas pelo
ligamento lateral externo e pelo ligamento anular do rádio
e. A articulação do cotovelo é também reforçada pelo ligamento anterior
e posterior

27. Recurso 2020 – Relativamente à cartilagem (incorreta):


a. Na cartilagem hialina há grandes quantidades de colagénio e
proteoglicanos
b. A cartilagem hialina cobre os ossos nas articulações
c. A cartilagem hialina forma a maior parte do esqueleto do embrião antes
de este ser ossificado
d. A cartilagem fibrosa é mais rica em proteoglicanos do que em colagénio
e. No pavilhão auricular a cartilagem é elástica

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 159 | P á g i n a


CLE 2019-2023
28. Frequência 2020/2021 – Relativamente à classificação das articulações, assinale
a alínea incorreta:
a. A articulação temporomandibular é uma bicondilo-meniscartrose
conjugada
b. O ombro é uma enartrose
c. O cotovelo é uma bitrócleo-côndilo-trocartrose
d. A articulação coxofemoral é uma trocartrose
e. O joelho é uma trócleo-bicondilo-meniscartrose

29. Frequência 2020/2021 – Relativamente às articulações, assinale a alínea


incorreta:
a. São essenciais ao movimento dos segmentos corporais
b. Dissipam energia
c. Podem classificar-se quanto à sua estrutura e quanto ao seu grau de
mobilidade
d. As sinartroses são articulações dotadas de grande amplitude de
movimentos
e. As articulações fibrosas não têm cavidade articular

dúvida verifiquem com a matéria


Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de

21D; 22B; 23E; 24E; 25A; 26C; 27D; 28D; 29D


1E; 2A; 3D;4C; 5B; 6C; 7D; 8D; 9D; 10B; 11A; 12D; 13C; 14D;15D; 16D; 17E; 18E;19E; 20E;

Possíveis respostas:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 160 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Módulo V – Sistema Cardiovascular

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 161 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Anatomia Macroscópica do Coração

O coração é fundamental e tem a função de uma bomba cardíaca que é essencial à


circulação do sangue em todos os vasos sanguíneos.

Podemos dizer que existem “dois corações” – o direito e o esquerdo – ou seja, um sistema
de duas bombas que são responsáveis pelas duas circulações diferentes que temos no
nosso organismo. Por um lado a circulação sistémica e por outro a circulação pulmonar.

→ O lado direito recebe sangue proveniente do corpo e bombeia para a


circulação pulmonar.
→ O lado esquerdo bombeia o sangue proveniente dos pulmões para a circulação
sistémica.

NOTA:

As câmaras cardíacas direitas são responsáveis pela circulação pulmonar e as


câmaras cardíacas esquerdas são responsáveis pela circulação sistémica.

Um adulto saudável bombeia 7200 litros de


sangue por dia, ou seja, nós não temos 7200
litros de sangue por dia, por cada número de
contração cardíaca que temos por minuto,
por hora e no dia inteiro é bombeada esta
quantidade de sangue. Tem o débito
cardíaco de mais ou menos 5 litros por minuto,
ou seja, em cada minuto o coração vai
bombear todo o sangue que o nosso
organismo tem.

O coração tem mais ou menos a forma de um


cone invertido em que o seu vértice é rombo,
encontra-se como que cortado. A este vértice dá-se o nome de ápex. A zona mais
plana denomina-se base.

Este órgão tem mais ou menos o tamanho de um punho fechado, tipicamente é maior
em adultos que praticam exercício físico com regularidade (ex: desportistas) este
aumento de tamanho deve-se ao aumento do tamanho das células do miocárdio. O
que ocorre também é que esta musculatura cardíaca, caso não haja doenças, vai
diminuir à medida que a idade avança, daí que indivíduos com mais de 65 anos têm
menos massa muscular cardíaca.

Ele localiza-se na cavidade torácica, entre as 2 cavidades pleurais e rodeado pelos


pulmões. Está no mediastino, rodeado pelo pericárdio, por isso diz-se que está na
cavidade pericárdica. Encontra-se em posição oblíqua entre a 4ª e 5ª vértebras.

NOTA:

Mediastino – região mediana do tórax onde se localiza o coração, a traqueia e o


esófago

Pericárdio – Membrana que envolve o coração

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 162 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.1 Funções do coração
O coração tem 4 funções essenciais:

→ Gerar pressão sanguínea – é importante para


que o sangue possa fluir através dos diferentes
vasos sanguíneos e é garantida através da
contração cardíaca
→ Garantir o fluxo unidirecional através das
válvulas – ou seja, que o sangue circule apenas
numa direção
→ Regular o aporte de sangue – Através da
frequência e força das contrações
→ Encaminhar o sangue – separação da
circulação sistémica da circulação pulmonar

1.2 Composição do coração

1.2.1 Câmaras Cardíacas


O coração é composto por duas aurículas na parte superior e dois ventrículos na parte
inferior.

A superfície interna das aurículas é praticamente lisa por não ser necessária tanta força
para receber o sangue, possuindo cada aurícula um apêndice auricular – projeção em
forma de “orelha” – formado por músculos pectíneos. As aurículas direita e esquerda
localizam-se na base do coração.

As trabéculas carnosas (irregularidades) existem nos ventrículos por ser necessária mais
força para expulsar o sangue do coração. Os ventrículos direito e esquerdo estendem-
se desde a base do coração até ao ápex.

Parte exterior do coração:

A separar as aurículas dos ventrículos encontramos


o sulco coronário. Existem também os sulcos
interventriculares anterior e posterior:

→ Anterior – estende-se ao longo da face


anterior do coração, separando o ventrículo
esquerdo do ventrículo direito.
→ Posterior – estende-se ao longo da face
posterior do coração, separando o
ventrículo esquerdo do ventrículo direito

Parte interior do coração:

As aurículas estão separadas pelo septo interauricular e os ventrículos pelo septo


interventricular. Estes septos permitem que apenas a aurícula esquerda comunique com
o ventrículo esquerdo e apenas a aurícula direita comunique com o ventrículo direito –
assegurando assim que haja separação da circulação sistémica (lado esquerdo) com
a pulmonar (lado direito).

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 163 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Existem também válvulas cardíacas que asseguram o fluxo unidirecional do sangue e
que impedem o refluxo de sangue. Válvulas essas que vamos estudar já de seguida.

Entre as aurículas e os ventrículos podemos encontrar as válvulas auriculoventriculares:

→ Direita – tricúspide (3 folhetos)


→ Esquerda – bicúspide/mitral (2 folhetos)

Entre os ventrículos e as artérias encontramos as válvulas semilunares aórtica, do lado


esquerdo, e pulmonar, do lado direito.

Verificamos que a superfície do ventrículo esquerdo era rugosa e isto deve-se à


existência de diversos músculos – os músculos papilares (têm a forma de pequenas
colunas) ligam-se pelas cordas tendinosas (série de estruturas fibrosas) às válvulas
auriculoventriculares.

Resumo:

 Válvula tricúspide separa a aurícula direita do ventrículo direito


 Válvula bicúspide/mitral separa a aurícula esquerda do
ventrículo esquerdo
 Válvula pulmonar separa o ventrículo direito da artéria
pulmonar
 Válvula aórtica separa o ventrículo esquerdo da artéria aorta

1.2.2 Parede cardíaca:


O coração é revestido por duas membranas que o envolvem e protegem – o pericárdio
e o miocárdio.

❖ Pericárdio:

É a membrana externa do coração que se divide em pericárdio fibroso e pericárdio


seroso.

O pericárdio fibroso (camada mais externa) é uma lâmina de tecido conjuntivo que
ajuda na manutenção do coração na sua posição anatómica.

O pericárdio seroso (camada fina interna de tecido conjuntivo) reduz a fricção durante
o batimento cardíaco. Este é composto pelo folheto parietal, que reveste o pericárdio
fibroso, e pelo folheto visceral/epicárdio que reveste a superfície exterior do coração.
Entre estes folhetos, parietal e visceral, existe a cavidade pericárdica onde circula o
líquido pericárdico que protege o coração.

NOTA:

A cavidade pericárdica é uma cavidade virtual, ou seja, uma cavidade inexistente,


que não possui uma grande quantidade de líquido, quando existe muito líquido
indica patologia.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 164 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Parede Cardíaca:

Divide-se em 3 camadas:

→ Epicárdio – É a camada mais externa, que corresponde ao folheto visceral do


pericárdio, e que protege o coração da fricção entre os órgãos.
→ Miocárdio – É a camada média, formada por cardiomiócitos, que permite a
contração do coração.
→ Endocárdio – É a camada mais interna, formada por células epiteliais, que reduz
a fricção resultante da passagem do sangue pelo coração.

Ao olharmos para esta imagem podemos observar que


a camada de células musculares é uma estrutura rugosa.
Se o sangue passasse por esta superfície rugosa, com
todos os seus componentes, estes iriam ser destruídos,
nomeadamente os eritrócitos, o que acontece é que o
coração, a nível mais interno, é constituído por um
epitélio que faz com que esta estrutura reduza a fricção
resultante da passagem do sangue.

Resumo:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 165 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.3 Artérias e veias do coração

Existe uma série de estruturas vasculares que


entram e saem do coração – 6 grandes
estruturas venosas que entram e saem do
coração, e 2 estruturas arteriais.

Estruturas venosas:

→ Veia cava superior


→ Veia cava inferior
→ Artérias Pulmonares (4)
o Artérias pulmonares esquerdas
o Artérias pulmonares direitas

Estruturas arteriais:

→ Artéria Aorta
→ Tronco da artéria pulmonar – divide-se em dois ramos (artéria pulmonar direita e
esquerda)

Circulação Coronária:

As artérias coronárias são ramificações da aorta que irrigam o coração.

O sangue que provem dos tecidos cardíacos regressa à aurícula direita através do seio
coronário (no sulco coronário) e das veias cardíacas.

1.3.1 Veias que transportam o sangue para o coração


Veia cava superior e inferior – trazem o sangue de todo o corpo para a aurícula direita

Veias pulmonares – trazem o sangue dos pulmões para a aurícula esquerda

Seio coronário – trazem o sangue das paredes do coração para a aurícula direita

1.3.2 Artérias que transportam o sangue do coração para as outras partes


do corpo
Artéria Aorta – levam o sangue do ventrículo esquerdo para o corpo

Artérias Pulmonares – levam o sangue do ventrículo


direito para os pulmões

Artérias coronárias – são as ramificações da aorta


situadas nos sulcos coronários e que irrigam o coração;
estas artérias podem entupir devido à acumulação de
placas formadas por tecido inflamatório e gordura, que
se se soltam podem gerar um enfarte, devido à não
irrigação de uma zona do miocárdio, por isso é

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 166 | P á g i n a


CLE 2019-2023
necessário agir rápido para que as células do miocárdio não morram e surjam
insuficiências cardíacas

 Artéria coronária esquerda ramifica-se em:


o Artéria circunflexa
o Artéria interventricular anterior/descendente anterior – desce ao longo
do sulco interventricular anterior e aparece lesionada com grande
frequência em enfartes
 Artéria coronária direita ramifica-se em:
o Artéria marginal direita
o Artéria interventricular posterior – localiza-se no sulco interventricular
posterior

1.4 Fluxo sanguíneo através do coração:

Partimos do princípio de que temos o sangue,


pobre em oxigénio, a retornar ao coração a
partir das veias cavas inferior e superior e
entra na aurícula direita para entrar na
circulação pulmonar e para isso passa pela
válvula tricúspide de forma a entrar no
ventrículo direito, depois é bombeado para
as artérias pulmonares passando pela válvula
semilunar pulmonar indo assim para os
pulmões (circulação pulmonar), onde é
oxigenado.

Após este processo o sangue retorna ao


coração pelas veias pulmonares (direita e
esquerda), entra na aurícula esquerda,
atravessa a válvula bicúspide/mitral, entra no
ventrículo esquerdo e é bombeado para a
aorta atravessando a válvula semilunar
aórtica, passando assim a circular na
circulação sistémica.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 167 | P á g i n a


CLE 2019-2023
NOTA:

Sangue venoso, circula nas veias – sangue pobre em oxigénio

Sangue arterial, circula nas artérias – rico em oxigénio

No entanto há exceções:

 As artérias pulmonares transportam sangue pobre em oxigénio que retornou


do corpo de modo a ir para os pulmões.
 As veias pulmonares transportam sangue rico em oxigénio que estava nos
pulmões de volta ao coração para ser bombeado para os diferentes órgãos.

2. Anatomia Microscópica do Coração (Histologia)

A histologia é o ramo da ciência que estuda a anatomia microscópica das estruturas


orgânicas, dos órgãos e sistemas dos indivíduos.

O coração histologicamente é composto por:

→ Esqueleto do coração;
→ Músculo cardíaco;
→ Sistema de condução;

2.1 Esqueleto do coração


O esqueleto do coração corresponde a uma membrana de
tecido fibroso entre as aurículas e os ventrículos que forma
anéis fibrosos em redor das válvulas cardíacas.

Funciona como:

→ Isolante elétrico entre as aurículas e os ventrículos (ele


“atrasa” os impulsos para que o coração funcione
adequadamente).
→ Apoio rígido para inserção dos músculos cardíacos.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 168 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.2 Músculo cardíaco
O músculo cardíaco é composto por:

→ Células musculares ramificadas de modo que se faça uma correta contração


do músculo em simultâneo – contração síncrona;
→ Filamentos de actina e miosina que formam sarcómeros, que vão formar
miofibrilhas;
→ Células ligadas por discos intercalares que transmitem os potenciais de ação de
uma célula para a seguinte, enviados pelo pacemaker cardíaco;

A contração do músculo cardíaco é de início lento mas prolongada ao longo do tempo


para garantir que todo o sangue que se encontra numa cavidade cardíaca seja
bombeada para a estrutura vascular, permitindo assim os diferentes eventos do ciclo
cardíaco.

O músculo cardíaco necessita de uma boa vascularização, feita pelas artérias


coronárias, para fazer o seu trabalho, por isso necessita de O 2 – respiração aeróbia.

2.3 Sistema de condução

As células musculares cardíacas são responsáveis pela contração cardíaca, que é


consequência de atividade elétrica e para isso é necessária a existência de um sistema
elétrico que é o chamado sistema de condução/aparelho cardionetor.

Este sistema de condução corresponde a células musculares cardíacas modificadas


que retransmitem o potencial de ação elétrico através do coração. Este potencial
elétrico é gerado a nível do nódulo sinusal/sinoauricular, que está na aurícula direita, e
depois é transmitido por um sistema – o sistema de condução. O caminho do impulso
elétrico será explicado um pouco mais à frente.

O nódulo sinusal (SA) na aurícula direita funciona como “pacemaker cardíaco”. Este
nódulo transmite o impulso para o nódulo auriculoventricular (AV) onde ocorre um
ligeiro “atraso” dos impulsos para haver tempo para as várias etapas do ciclo cardíaco.
Por isso o impulso nervoso transmite-se da seguinte forma:

Ramos
Nódulo Feixe de Fibras de
Nódulo AV esquerdo e
Sinusal His Purkinje
direito

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 169 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Os potenciais de ação têm origem no nódulo
sinusal, por mecanismo automático, e propagam-
se através da parede da aurícula desde o nódulo
SA até ao nódulo AV.

Os potenciais de ação propagam-se pelo nódulo


AV e pelo feixe de His, que se estende desde o
nódulo AV, através do esqueleto fibroso, até ao
septo interventricular.

O feixe de His divide-se nos ramos direito e


esquerdo e os potenciais de ação descem para o
vértice de cada ventrículo ao longo dos feixes
desses ramos.

Os potenciais de ação são transportados pelas


fibras da rede de Purkinje até às paredes
ventriculares.

Na imagem à direita o sistema de condução está representado a amarelo.

3. Fisiologia do coração

3.1 Atividade mecânica


Para compreendermos a fisiologia do coração existem alguns pontos chave que temos
que entender:

→ O coração corresponde a duas bombas (esquerda e direita) separadas que


trabalham em conjunto.
o “Bomba” de enchimento – aurícula
o “Bomba” de potência – ventrículo
→ O ciclo cardíaco corresponde ao processo de bombagem repetitivo que se
inicia com o começo da contração muscular cardíaca e acaba com o início
da contração seguinte.
→ À contração cardíaca damos o nome de sístole e à dilatação/relaxamento
cardíaco damos o nome de diástole.

NOTA:

A aurícula é uma “bomba de enchimento” porque recebe o sangue.

O ventrículo é uma “bomba de potência” porque bombeia o sangue para as


circulações.

Assistolia – Não há contração do coração

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 170 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3.1.1 Eventos que ocorrem durante o ciclo cardíaco:

Quando auscultamos o doente ouvimos dois sons, chamados 1º e 2º som. A sístole


começa com o 1º som. Estes sons refletem o encerramento das válvulas cardíacas.

Durante a sístole ventricular ocorrem 2 eventos:

 Período de contração isovolumétrica:


o Dá-se o 1º som cardíaco que marca o
encerramento da válvula bicúspide/mitral.
o Assim vai haver um aumento da pressão, mas
manutenção do volume de sangue no interior, pois
as válvulas estão fechadas.
o Todas as válvulas cardíacas estão fechadas.

 Período de ejeção:
o Para o sangue sair do ventrículo esquerdo para a
aorta a válvula aórtica vai abrir o que leva à
diminuição do volume sanguíneo. A pressão, numa
fase inicial, aumenta devido à contração do coração
para expulsar o sangue e depois vai diminuindo até
que o sangue já esteja quase todo na artéria aorta.
o Depois há o encerramento da válvula aórtica que é
quando se ouve o 2º som cardíaco.
o As válvulas auriculoventriculares abrem.

Durante a diástole ventricular ocorrem 3 eventos:

 Período relaxamento isovolumétrico:


o Há relaxamento ventricular em que o volume se mantém
constante, o que faz com que as válvulas semilunares
encerrem.
o Todas as válvulas cardíacas estão fechadas.

 Enchimento ventricular passivo


o O sangue das aurículas passa para os ventrículos
passivamente devido à diferença de pressão (que é maior
nas aurículas e menor nos ventrículos por estes se
encontrarem fechados)
o As válvulas AV estão abertas e as semilunares estão
fechadas.

 Enchimento ventricular ativo:


o Quando as pressões dentro da aurícula e do ventrículo
são parecidas acontece a sístole auricular, o que faz com
que o resto de sangue que existia nas aurículas passe para
os ventrículos devido à contração destas.
o As válvulas AV estão abertas e as semilunares estão
fechadas.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 171 | P á g i n a


CLE 2019-2023
NOTA:

O sangue passa sempre do local de maior pressão para o de menor pressão.

O 1º som cardíaco marca o início da sístole e o 2º som cardíaco marca o fim da


sístole e início da diástole.

3.2 Atividade elétrica: do potencial de ação ao ECG


Sistema de condução – Conjunto de células musculares cardíacas modificadas que
retransmitem o potencial de ação elétrico através do coração

As células cardíacas são as únicas células musculares do corpo humano que têm a
capacidade de transmitir um potencial de ação elétrico e ter um efeito de pacemaker.

Em situações normais, um adulto, em repouso, tem 70 pulsações por minuto.

3.2.1 Condução do potencial de ação

Temos os nódulos sinusal (SA) e o auriculoventricular (AV) que se situam na aurícula


direita e ajudam na propagação do potencial elétrico.

O nódulo SA é constituído por células musculares cardíacas de pequeno diâmetro que


têm uma capacidade de automatismo – inicia os potenciais de ação que se propagam
através da aurícula e provocam a sua contração.

O nódulo AV está ligado aos ramos do septo interventricular pelo feixe AV/de His. Os
ramos do feixe AV dão origem às fibras da rede de Purkinje que se estendem pelos
ventrículos.

Os potenciais de ação sofrem um atraso no nódulo AV, permitindo a contração da


aurícula e passagem de sangue para os ventrículos. A deslocação dos potenciais de
ação pelo feixe AV, seus ramos e fibras da rede de Purkinje provocam a contração dos
ventrículos (com início no ápex).

A transmissão do potencial elétrico decorre no seguinte sentido:

Ramos
Nódulo Feixe de Fibras de
Nódulo AV esquerdo e
Sinusal His Purkinje
direito

Para que a contração cardíaca seja favorável o ideal é manter esta ordem, pois todos
os “pontos” geram potenciais de ação.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 172 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Apontamentos não falados em aula que podem ser necessários:

Relação entre o potencial elétrico e a bradicardia:

 É o nódulo SA que comanda e transmite o potencial de ação mais forte.


 Quando este trabalha de forma deficiente os outros não conseguem controlar
as pulsações por não conseguirem emitir um potencial tão forte, o que leva a
baixar as pulsações.
 Quando este nódulo deixa de funcionar é o nódulo AV que passa a
desempenhar a sua função e a frequência cardíaca passa a ser 50 pulsações
por minuto.
 Se também o nódulo AV deixar de funcionar, o potencial de ação é apenas
iniciado no ventrículo pelo feixe AV e as pulsações rondam os 30 batimentos por
minuto, o que é insuficiente e pode ser necessário colocar um pacemaker.

Relação entre o potencial elétrico e a taquicardia:

 Deve-se a situação de fibrilhação auricular em que não há consenso no que


toca ao início do potencial de ação ou em situação de taquicardia ou de stress
em que há ativação do SNP que gera a produção de adrenalina fazendo com
que o nódulo SA bata mais rápido.

3.2.2 Eletrocardiograma (ECG)

O eletrocardiograma é um exame simples, não invasivo e


relativamente barato.

Este indica-nos os eventos elétricos que causam a


contração e o relaxamento das aurículas e ventrículos.

Este exame lê a condução dos potenciais de ação, isto é,


a passagem de corrente elétrica é lida pelos elétrodos
colocados na superfície do corpo que nos mostram a soma
de todos os potenciais de ação que são transmitidos
através do coração num dado momento.

Os potenciais de ação são alterados em situações patológicas, como fibrilhação


auricular, enfarte, etc, e é possível diferenciá-los através da análise de um ECG.

Para que consigamos medir com segurança e acuidade a atividade elétrica cardíaca
os elétrodos têm de ser colocados em localizações específicas a nível do tórax, dos
membros superiores e dos membros inferiores.

Um eletrocardiograma normal consiste numa onda P, numa onda T e num complexo


QRS.

Cada deflexão no registo do ECG indica um evento elétrico do coração relacionado


com um movimento mecânico posterior:

 A despolarização das aurículas produz a onda P;


 A despolarização dos ventrículos produz o complexo QRS;
o A repolarização das aurículas ocorre durante o complexo QRS, ou seja,
não é visível, isto porque a sua carga elétrica é muito menor que a carga
que a despolarização ventricular origina;
 A repolarização dos ventrículos produz a onda T;

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 173 | P á g i n a


CLE 2019-2023
O início do complexo QRS
precede a contração
ventricular, ou seja, precede
a sístole.

A onda T precede o
relaxamento ventricular, ou
seja, a diástole.

NOTA:

O complexo QRS resulta de 3 ondas individuais:

→ A onda Q é negativa. Se esta for positiva indica patologia.


→ A onda R é positiva.
→ A onda S é negativa

ECGs em diferentes situações:

Enfarte – segmento ST está deslocado para cima

Bloqueio completo – ondas P e complexos não


coordenados

Fibrilhação Auricular – ausência de ondas P óbvias


e complexos QRS rápidos

Extrassístoles ventriculares (ESV) – não são


precedidas de ondas P

Fibrilhação ventricular – ausência de ondas P, QRS


ou T

Bloqueios de ramo

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 174 | P á g i n a


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4. Anatomia da circulação

4.1 Visão geral da circulação

A circulação periférica, sistémica ou grande


circulação, transporta o sangue oxigenado,
que sai do ventrículo esquerdo, a todos os
tecidos do corpo e retorna à aurícula direita.

Esta circulação tem diversas funções:

 Transporte do sangue
 Troca de nutrientes, produtos de
degradação e gases com os tecidos
 Transporte de substâncias
 Regulação da pressão arterial
 Direcionar o fluxo sanguíneo para os
tecidos

Quando falamos dos vasos sanguíneos que constituem o nosso aparelho circulatório
conseguimos distinguir 3, como é possível ver na imagem abaixo: veias, artérias e
capilares sanguíneos.

As artérias vão dividindo-se sucessivamente em vasos de cada vez menor calibre –


arteríolas – e quando estas atingem uma dimensão de tal forma pequena, já a nível dos
órgãos dos diferentes sistemas, vão transformar-se numa rede capilar que depois se vai
juntar numa série de estruturas venosas de menor dimensão – vénulas – que ao unirem-
se vão formar vasos de maior calibre – veias.

Grande diferença entre artérias, veias e capilares – tem a ver com o número de
camadas que cada uma delas tem:

 As artérias, as arteríolas e as veias são constituídas por 3 camadas – interna,


média e externa
 As vénulas são constituídas por 2 camadas
 Os capilares são constituídos por 1 camada

A camada mais interna tem o nome de íntima – é constituída por um endotélio. A


camada média tem o nome de média – é constituída sobretudo por células musculares
lisas. A camada mais externa tem o nome de adventícia – é constituída sobretudo por
tecido conjuntivo.

A única camada que constitui os capilares é uma camada epitelial (endotélio) que é
muito permeável e isto permite a troca de substâncias, nutrientes, produtos de
degradação e gases com os tecidos.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 175 | P á g i n a


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As artérias, como são submetidas a uma pressão arterial mais elevada, ou seja, o sangue
que está a sair do coração é bombeado com uma pressão arterial mais elevada,
necessitam de ter um potencial de resistência maior. Assim as artérias têm mais células
musculares a nível da sua camada média do que as veias.

Na circulação sistémica circula sangue rico em oxigénio a nível do território arterial e a


nível do território venoso sangue pobre em oxigénio.

Na pequena circulação ou circulação pulmonar circula sangue rico em oxigénio a nível


do território venoso e sangue pobre em oxigénio a nível do território arterial. Esta
circulação leva o sangue do ventrículo direito para os pulmões e trá-lo para a aurícula
esquerda. Esta circulação transporta sangue pobre em O2 para os pulmões, onde liberta
o CO2 e recebe o oxigénio. O sangue oxigenado retorna à aurícula esquerda para ser
bombeado para a circulação sistémica.

4.1.1 Pressão Arterial (PA)

A pressão arterial é responsável pela circulação do


sangue e, por isso, tem uma importância crítica para a
manutenção da homeostase no corpo humano. Pode
ser caracterizada como a força que o sangue,
impulsionado pelo coração, exerce contra as paredes
das artérias por onde circula para que possa circular até
aos capilares e alcançar todos os tecidos periféricos.

Esta pressão resulta de dois indicadores muito importantes, o débito cardíaco e o


resistência vascular, e podemos calculá-la através da seguinte fórmula:

PA = DC x RV

Débito Cardíaco (DC) ou volume minuto – Quantidade de sangue bombeado pelo


ventrículo esquerdo para a aorta em cada minuto, ou seja, quanto mais sangue
bombear para a aorta, maior será a pressão arterial.

Resistência Vascular (RV) – Quantidade de sangue que atinge a aurícula direita a partir
dos grandes troncos venosos em cada minuto.

Como o sistema cardiovascular é um sistema fechado (não deve haver perdas), então
o débito cardíaco deve ser igual ao retorno venoso.

Já a pressão arterial média (PAM) é a pressão sanguínea média entre as pressões


sistólica e diastólica na aorta e podemos calculá-la através da seguinte fórmula:

PAM = DC x RP

Resistência Periférica (RP) – Totalidade da resistência de encontro à qual o sangue é


bombeado que depende do diâmetro dos vasos, ou seja, é a oposição dos vasos
sanguíneos à passagem do sangue.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 176 | P á g i n a


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O débito cardíaco depende da frequência cardíaca e do volume sistólico. É possível
calcular o débito cardíaco através da seguinte fórmula:

DC = FC x VS

Frequência Cardíaca (FC) – Corresponde ao número de


vezes que o coração se contrai por minuto, ou seja,
quantas mais vezes o coração contrair maior será a
quantidade de sangue que é bombeada. Esta
depende de 3 variáveis:

→ Automatismo
→ Ação autonómica
→ Ação humoral

Volume sistólico (VS) ou de ejeção (VE) – Volume de sangue ejetado a cada batimento.
Este depende de 3 pontos muito importantes:

→ Pré-carga
→ Pós carga
→ Inotropismo

O volume de sangue é igual à diferença entre o volume tele-diastólico e o volume tele-


sistólico.

Volume tele-diastólico (VTD) – Quantidade de sangue que existe num ventrículo no fim
da diástole

Volume tele-sistólico (VTS) – Quantidade de sangue que existe num ventrículo no fim da
sístole

Reserva cardíaca = DC máximo (durante exercício) – (DC em repouso)

4.2 Regulação da Função Cardíaca


A função cardíaca pode sofrer alterações, nomeadamente o débito cardíaco, devido
ao esforço físico, ao nervosismo ou até mesmo devido a patologias e estas alterações
são reguladas por mecanismos reguladores intrínsecos e extrínsecos.

4.2.1 Regulação intrínseca

Como vimos anteriormente, o volume sistólico depende de 3 pontos muitos importantes


e estes regulam a função cardíaca intrinsecamente. Vamos falar um pouco mais
detalhadamente em como estes se relacionam com o volume sistólico e como regulam
a função cardíaca.

A Pré-carga é a carga imposta ao miocárdio antes do início da contração e esta carga


é a quantidade de sangue que retorna ao coração durante o retorno venoso, assim o
músculo vai distender e as fibras ficam com maior comprimento e esta distensão das
fibras vai determinar o volume ventricular. Quanto mais distendidas estiverem as fibras,
mais sangue eu tenho dentro do coração, logo maior é o volume sistólico.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 177 | P á g i n a


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O Inotropismo (Lei de Starling do coração) tem a ver com a força de contração
cardíaca, ou seja, se essa contração cardíaca é mais forte ou é menos forte. E essa
força da contração cardíaca vai reger-se por um mecanismo da física chamado
Mecanismo de Frank-Starling (Lei de Starling do Coração).

De acordo com esta lei o músculo cardíaco tem a capacidade de aumentar a sua
força de contração proporcionalmente ao aumento do seu comprimento. Ou seja,
dentro de certos limites quanto mais distendidas estiverem as fibras musculares no final
do enchimento, maior será a sua força de contração, ou seja, quanto maior for a pré-
carga maior será a capacidade contrátil do coração e maior será o inotropismo. Isto
justifica porque a pré-carga tem um impacto essencial no volume sistólico.

A Pós-carga é a soma de todas as forças que se


opõem ao esvaziamento ventricular durante a sístole.
Se a pré-carga tem um efeito positivo no volume
sistólico (ou seja, ↑ pré-carga = ↑ VS), a pós-carga tem
um efeito negativo (ou seja, ↑ pós carga = ↓ VS). Se eu,
por exemplo, tiver um aumento da pressão dentro da
cavidade torácica a quantidade de sangue que é
ejetada de dentro da aorta pela contração ventricular
vai ser dependente dessa pressão, ou seja, a
quantidade de sangue que é ejetado vai diminuir.

4.2.2 Regulação extrínseca

A frequência cardíaca depende de 3 variáveis como já vimos anteriormente. Vamos


agora aprofundar o que acontece em cada uma destas variáveis.

Automatismo – Refere-se ao nódulo sinusal, uma vez que este é autónomo na geração
dos potenciais de ação a nível cardíaco. Ou seja, a quantidade de vezes por minuto
que há uma despolarização promovida pelo nódulo sinusal vai influenciar a frequência
cardíaca, uma vez que a atividade mecânica depende da atividade elétrica.

Ação autonómica – Refere-se ao sistema nervoso autónomo:

→ Simpático, que é responsável pelo aumento da frequência cardíaca em


situações de “luta” ou “fuga”.
→ Parassimpático, que é responsável pela diminuição da frequência cardíaca em
situações de repouso.

Notas que podem ser importantes apesar de não falado em aula:

O coração é inervado por fibras nervosas parassimpáticas e simpáticas que vão


influenciar a bomba cardíaca afetando assim a frequência cardíaca e o volume de
ejeção.

A regulação extrínseca do coração funciona para manter a pressão arterial, os níveis


de O2 e CO2 e o pH do sangue dentro dos valores normais. Se a pressão diminuir
subitamente os mecanismos extrínsecos detetam e desencadeiam respostas que
aumentam o débito cardíaco e restabelecem os valores normais da PA.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 178 | P á g i n a


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A estimulação simpática pode aumentar o débito cardíaco de 50% a 100% acima dos
valores de repouso, já a estimulação parassimpática consegue diminuí-lo de 10% a 20%.

A estimulação parassimpática tem um efeito inibitório que reduz todas as atividades do


coração devido à produção de acetilcolina, um neurotransmissor produzido pelos
neurónios pós-ganglionares parassimpáticos que aumentam a permeabilidade da
membrana plasmática ao potássio, provocando assim:

→ A diminuição da frequência cardíaca


→ A diminuição da força de contração do músculo auricular
→ A diminuição da velocidade de condução dos impulsos através do nódulo AV,
aumentando o período de retardo entre a contração auricular e a ventricular
→ A diminuição do fluxo sanguíneo através dos vasos coronários que mantêm a
nutrição do próprio músculo cardíaco

A estimulação simpática tem um efeito estimulador que aumenta todas as atividades


do coração devido à produção de noradrenalina, um neurotransmissor sintetizado pelos
neurónios pós-ganglionares simpáticos que aumentam a permeabilidade da
membrana ao cálcio, provocando:

→ O aumento da frequência cardíaca


→ O aumento da força de contração
→ O aumento do fluxo sanguíneo através dos vasos coronários visando suprir o
aumento da nutrição do músculo cardíaco

Ação humoral – Refere-se à adrenalina/epinefrina (hormona suprarrenal) que aumenta


a frequência cardíaca através da sua atuação no nódulo sinusal. É um controlo lento
que responde a diminuições da pressão arterial, aumentando-a. Esta ação pode ser
feita através do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona ou da produção de ADH.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 179 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5. Circulação Arterial Sistémica

Quando falamos da circulação arterial temos de ter em conta que é uma circulação
bastante complexa.

As artérias levam o sangue a partir do ventrículo esquerdo para todas as partes do corpo.

Na imagem conseguimos ver as principais artérias que transportam o sangue do


coração para os tecidos corporais.

Vamos falar apenas das principais estruturas vasculares do território arterial.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 180 | P á g i n a


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5.1 Artéria Aorta
Aorta

A artéria aorta é a principal artéria do nosso


corpo, nasce no ventrículo esquerdo e divide-se Aorta Crossa da Aorta
Ascendente Aorta Descendente
em 3 partes:

 Aorta ascendente
Aorta Aorta
 Crossa da aorta/arco aórtico torácica Abdominal
 Aorta descendente

A aorta descendente está subdividida em 2 segmentos aorta torácica e aorta


abdominal. Esta divisão é efetuada pelo diafragma (principal músculo que ajuda na
respiração e que divide a cavidade abdominal da torácica).

A artéria aorta é uma artéria bastante extensa e é a partir dela que vão nascer todas
as outras artérias que vão vascularizar todos os órgãos e sistemas do nosso organismo.

CURIOSIDADE:

A diferenciação entre as várias zonas da aorta define o tipo de abordagem em caso


de aneurisma:

 Aneurisma na aorta descendente ou na crossa da aorta requerem cirurgia


cardio-torácica, em que há necessidade de abrir o esterno.
 Aneurisma na aorta ascendente requer apenas cirurgia vascular.

5.2 Artérias Coronárias

As artérias coronárias são muito importantes pois são


elas que vão irrigar o coração. Elas são as primeiras Artérias
Coronárias
artérias a “nascerem” da artéria aorta.

Estas artérias são os únicos ramos da aorta


ascendente, dividindo-se em artéria coronária
Artéria Coronária Artéria Coronária
esquerda e artéria coronária direita. Esquerda Direita

A artéria coronária esquerda divide-se em 2 ramos:


artéria descendente anterior e artéria circunflexa.
Artéria descendente
Artéria
A artéria descendente anterior à medida que vai anterior / interventricular
Circunflexa
anterior
descendo ao longo do sulco interventricular anterior
ramifica-se em pequenos outros ramos arteriais,
com o nome de artérias diagonais.
Artérias Artérias obtusas
A artéria circunflexa também se divide em ramos Diagonais marginais
arteriais mais pequenos denominados de artérias
obtusas marginais.

É muito importante falarmos destes diferentes ramos, pois se a circulação for


interrompida numa destas artérias vai dar-se o Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM). Neste
caso pode ser realizada uma coronáriografia ou cateterismo cardíaco que é um
procedimento utilizado para visualizar quais são as artérias obstruídas e o seu estado.
Assim é absolutamente necessário eu saber quais são as artérias.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 181 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.3 Artérias da cabeça e pescoço
Nesta imagem conseguimos ter uma visão geral das artérias mais importantes que
irrigam a cabeça e o pescoço.

A nível da crossa da aorta/arco aórtico vamos ter 3 ramos arteriais que vão nascer deste
segmento da aorta e por ordem do seu aparecimento são:

 Tronco braquicefálico arterial


 Artéria carótida primitiva
 Artéria subclávia esquerda

Estas artérias são destinadas a irrigar a cabeça, o pescoço e os membros superiores.

O tronco braquiocefálico divide-se posteriormente para formar as:

 Artérias carótida primitiva direita – que vai irrigar a metade direita da cabeça e
do pescoço
 Artéria subclávia direita – que vai irrigar o membro superior direito

NOTA:

Se desconstruirmos o nome “tronco braquicefálico” conseguimos obter informação


sobre o que ele vai irrigar braquio (braço) + cefálico (cabeça).

A artéria carótida primitiva esquerda vai ser responsável pela irrigação da metade
esquerda da cabeça e do pescoço. E a artéria subclávia esquerda vai ser responsável
pela irrigação do membro superior esquerdo.

As artérias carótidas primitivas são muito importantes a nível da sua irrigação, no


entanto existem ainda outras artérias que também são importantes para a irrigação da
cabeça. Assim, para irrigar a cabeça e o pescoço, vão ter a ajuda de um ramo das
artérias subclávias – artérias vertebrais – que estão próximas da coluna vertebral. Logo,
as artérias carótidas primitivas e as artérias vertebrais irrigam a cabeça.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 182 | P á g i n a


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Cada artéria carótida primitiva divide-se para formar:

 Carótida externa – irriga os músculos da face e da boca


 Carótida interna – irriga o cérebro.

CURIOSIDADE:

Se me disserem que um doente teve um AVC porque tinha uma oclusão de uma
das carótidas vamos logo saber que era a carótida interna, pois esta é responsável
pela irrigação do cérebro. No entanto, uma oclusão nas artérias vertebrais também
pode ser causa de um AVC.

As artérias vertebrais, que ajudam a artéria carótida interna a irrigar o cérebro, vão
percorrer as vértebras da coluna cervical em direção ao cérebro e vão entrar pelo
foramen magno, reunindo-se dentro do cérebro para formar uma estrutura
denominada artéria basilar. Assim a artéria basilar resulta da união das artérias vertebrais
direita e esquerda.

A artéria basilar por sua vez junta-se aos ramos que vêm das artérias carótidas internas,
formando o Polígono de Willis – que é um mecanismo compensatório adaptativo que o
nosso cérebro ganhou ao longo dos vários milhões de anos.

Este Polígono de Willis é um mecanismo compensatório, pois se uma das artérias que
pertence a este polígono for obstruída, o sangue ainda pode irrigar essa zona se for por
uma outra artéria. Por isso, até determinada extensão o nosso cérebro consegue
compensar mecanismos de isquémia.

As artérias que irrigam o cérebro reúnem-se para formar o Polígono de Willis e são estas:

 Artéria comunicante anterior


 Artéria cerebral anterior
 Artéria carótida interna
 Artéria comunicante posterior
 Artéria cerebral posterior

NOTA:

O polígono de Willis pode ainda ser chamado de Círculo Arterial Cerebral ou


Círculo de Willis.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 183 | P á g i n a


CLE 2019-2023
As artérias da cabeça e pescoço e os seus ramos
Carótidas Externas:
 Tiroideia Superior
 Lingual
 Facial
 Occipital
 Auricular Posterior
 Faríngea Ascendente
 Temporal Superficial
 Maxilar

Carótidas Internas:
 Comunicante Posterior
 Cerebral Anterior
 Cerebral Média

Artérias vertebrais
 Espinal anterior
 Cerebelosa Posteroinferior

Artéria basilar
 Cerebelosa anteroinferior
 Cerebelosa superior
 Cerebral Posterior

Esquema-resumo:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 184 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.4 Artérias do membro superior
A artéria subclávia prolonga-se, sem se ramificar, pela artéria axilar e, seguidamente,
pela artéria umeral, que se vai ramificar nas artérias radial e cubital.

A artéria radial prolonga-se ao longo da face externa do braço e vai irrigar a arcada
palmar profunda.

A artéria cubital prolonga-se ao longo da face interna do braço e vai irrigar a arcada
palmar superficial.

A união destas duas arcadas palmares dá origem às artérias digitais, que irrigam os
dedos da mão.

MNEMÓNICA:

 RP – Radial Profunda // CS – Cubital Superficial


 Ordem das artérias:
o “Sei Amar Um Rato Como Amo Pato Doido” – Subclávia, Axilar,
Umeral, Radial, Cubital, Arcadas Palmares, Digitais

Esquema-Resumo artérias dos membros superiores:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 185 | P á g i n a


CLE 2019-2023
As artérias do membro superior e os seus ramos

Artérias Subclávias:
 Vertebral
 Torácica Interna
 Tronco tireocervical

Artérias Axilares:
 Toracoacromial
 Torácica lateral
 Subescapular
Artérias Braquiais:
 Braquial Profunda
 Radial
o Arco palmar profundo
▪ Artérias digitais
 Umeral
o Arco palmar superficial
▪ Artérias digitais

5.5 Aorta torácica e seus ramos


A aorta torácica tem ramos viscerais que irrigam os órgãos torácicos e ramos parietais
que irrigam a parede torácica.

As artérias torácicas e os seus ramos

Ramos viscerais:
 Bronquicos
 Esofágicos

Ramos parietais:
 Intercostal
 Frénico superior

Esquema-resumo ramos da artéria torácica:

NOTA:

Parietais – Parede

Frénico = Diafragma

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 186 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.6 Aorta abdominal e seus ramos
A aorta abdominal tem ramos viscerais que irrigam os órgãos abdominais e ramos
parietais que irrigam a parede abdominal.

As artérias do abdómen e os seus ramos


Ramos viscerais
 Impares
o Tronco celíaco
▪ Gátrica esquerda (estomâgo)
▪ Hepática comum
• Gastroduodenal
• Gástrico direito
• Hepático (fígado)
▪ Esplénica (baço e pâncreas)
▪ Gastrepiploica esquerda
o Mesentérica superior (pâncreas, cólon superior e intestino delgado)
o Mesentérica inferior (cólon inferior e reto)
 Pares
o Suprarrenal
o Renal
o Gonadal (ovários // testículos)
Ramos Parietais
 Frénica inferior (face inferior do diafragma)
 Lombar
 Mediana sagrada
 Ilíaca primitiva
o Ilíaca esquerda
o Ilíaca direita

Esquema-Resumo ramos da aorta abdominal:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 187 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.7 Artérias da bacia/pélvis
A artéria aorta, a nível do seu término na L5, vai dividir-se em 2 artérias ilíacas primitivas
que depois se vão dividir em ilíacas externas – dirigem-se para os membros inferiores,
sendo responsáveis pela vascularização arterial dos membros inferiores – e ilíacas
internas – dirigem-se para a região pélvica, sendo responsáveis pela vascularização das
estruturas que estão presentes nesta região.

Os ramos viscerais das artérias ilíacas internas irrigam os órgãos pélvicos e os ramos
parietais das artérias ilíacas internas irrigam a parede/pavimento pélvico e os genitais
externos.

As artérias da bacia e os seus ramos


Ramos viscerais
 Mediana Retal
 Vaginal
 Uterina

Ramos Parietais
 Sagrada lateral
 Glúteo superior
 Pudenda interna
 Glútea interna

Esquema-resumo artérias do abdómen e bacia:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 188 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.8 Artérias do membro inferior
As artérias ilíacas externas são ramos das artérias ilíacas primitivas. Cada artéria ilíaca
externa prolonga-se ao longo da coxa, sem se dividir, através da artéria femoral e
depois, quando chega à região do joelho, pela artéria poplítea. Posteriormente a artéria
poplítea divide-se para formar as artérias tibiais anteriores e posteriores. A artéria tibial
posterior vai dar origem às artérias peronial e plantares. Estas últimas, as artérias
plantares formam a arcada plantar de onde vão nascer as artérias digitais.

As artérias do membro inferior e os seus ramos


Femoral
 Femoral profunda

Poplítea
 Tibial posterior
o Fibular/Peronial
o Plantar média
▪ Digital
o Plantar lateral
▪ Digital
 Tibial anterior
o Dorsal do pé
▪ Digital

Esquema-resumo artérias dos membros inferiores:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 189 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6. Circulação Venosa Sistémica

O sistema venoso é responsável pelo retorno do sangue, pobre em O 2 e rico em CO2,


ao coração após irrigar os vários tecidos e órgãos do corpo.

Existem 3 grandes veias que fazem o retorno venoso ao coração:

 Veia cava superior – Traz o sangue venoso da cabeça, pescoço, tórax e


membros superiores;
 Veia cava inferior – Traz o sangue venoso do abdómen, bacia e membros
inferiores;
 Seio coronário – Traz o sangue venoso que irrigou o coração de volta a este

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 190 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Quando falamos em veias podemos classificá-las em 3 tipos:

 Superficiais
 Profundas
 Seios venosos – Também podem ser chamados de seios venosos durais/cerebrais
e são estruturas venosas que existem entre o periósteo e as meninges por onde
circula o sangue venoso que provem do sistema nervoso central, da face e da
calote craniana

RECORDA:

As meninges são membranas que revestem o sistema nervoso central.

O periósteo é a porção que reveste o osso.

Nas veias existe um circuito do sangue da periferia para a região central,


contrariamente ao que acontece nas artérias em que o sangue circula da região
central para a periferia.

6.1 Veias do coração

As veias coronárias desembocam no seio coronário, que


existe a nível do sulco coronário, e que drena
diretamente para a aurícula direita. Algumas pequenas
veias do coração terminam nas veias cardíacas, seio
coronário ou diretamente na aurícula direita.

6.2 Veias da cabeça e pescoço


Existem duas grandes estruturas venosas que realizam a drenagem venosa da cabeça
e do pescoço que são as veias jugulares:

 As veias jugulares internas (2) drenam os seios venosos e as porções anteriores


da cabeça e pescoço.
 A veias jugulares externas (2) e as veias vertebrais drenam as porções posteriores
da cabeça e pescoço.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 191 | P á g i n a


CLE 2019-2023
A veia jugular interna vai “colher” o sangue dos seios venosos que veio do sistema
nervoso central, da face e das calotes cranianas.

Existem 7 seios pares e 5 seios ímpares.

 Seios pares – existem 2 de cada (um à direita e um à esquerda):


o Seio transverso
o Seio cavernoso
o Grande seio petroso
o Pequeno seio petroso
o Seio esfenoparietal
o Seio sigmóide
o Seio basilar
 Seios ímpares – existe apenas 1 de cada:
o Seio sagital superior
o Seio sagital inferior
o Seio reto
o Seio occipital
o Seio intracavernoso

Estes seios vão confluir para o seio transverso que depois conflui bilateralmente em
direção ao seio sigmóide e este vai terminar a nível da veia jugular interna.

As veias jugulares vão unir-se à veia subclávia que vai formar o tronco braquiocefálico
venoso esquerdo e direito. Estes últimos vão juntar-se formando a veia cava superior.

As veias da cabeça e pescoço e os seus ramos


Jugular Interna
 Seio sigmóide
o Seios petrosos superiores e inferiores
 Seio cavernoso
o Veias oftálmicas
 Seio transverso
o Seio occipital
 Seio sagital superior
 Seio reto
o Seio sagital inferior

Braquiocefálica
 Jugular Interna
o Lingual
o Tiróideia Superior
o Facial
 Jugular Externa

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 192 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6.3 Veias do tórax
Existem duas estruturas venosas que formam o sistema venoso no tórax:

O tronco braquicefálico, que resulta da união das veias jugulares com a veia subclávia,
existe à direita e à esquerda que se unem parar dar origem à veia cava superior.

A veia ázigos vai também desembocar na veia cava superior e é muito importante pois
é responsável pela drenagem venosa da porção posterior e direita da parede torácica
e do esófago, brônquios, pericárdio e das estruturas existentes a nível do mediastino.

As veias do tórax e os seus ramos


Veia cava superior
 Braquicefálica
o Ázigo
o Hemiázigo
o Hemiázigo Acessória

Esquema-Resumo Veias da cabeça e tórax:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 193 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6.4 Veias do membro superior

Como vimos anteriormente as veias


podem ser profundas ou superficiais,
vamos agora estudar as veias profundas e
superficiais do membro superior.

As veias profundas do antebraço são: a


cubital e a radial que se unem, no braço,
para dar origem à veia umeral, que vai
desembocar na veia axilar.

As veias superficiais são: a basílica


(localiza-se mais internamente), a
cefálica (localiza-se mais externamente)
e a cubital superficial.

No prolongamento da veia basílica


encontram-se as veias axilar e,
subsequentemente, subclávia.

A veia cefálica tem um trajeto autónomo e vai drenar para a veia axilar.

Esquema-Resumo Veias do membro superior:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 194 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6.5 Veias do abdómen e bacia

Como vimos anteriormente as artérias lombares eram responsáveis pela irrigação das
estruturas parietais da região lombar. Então se temos artérias lombares, vamos ter veias
lombares que são responsáveis pela drenagem venosa das estruturas parietais que as
artérias lombares irrigam.

A veia lombar ascendente direita, proveniente


do abdómen, junta-se à veias ázigos e a veia
lombar ascendente esquerda junta-se à veia
hemiázigos que continua para dentro do tórax.

As veias provenientes dos rins, suprarrenais e


gónadas entram diretamente na veia cava
inferior.

As veias ilíacas internas, que drenam as regiões


pélvica e inguinais, ligam-se às veias ilíacas
externas (provenientes dos membros inferiores)
para formar as veias ilíacas primitivas – direita e
esquerda.

As duas veias ilíacas primitivas unem-se para


formar a veia cava inferior.

As veias provenientes do estômago, intestino, baço e pâncreas entram na veia porta,


que é formada pela união da veia mesentérica superior, que drena o intestino delgado
e grande parte do cólon, com o tronco esplenomesaraico. Este tronco resulta da junção
da veia esplénica, que drena o baço, com a veia mesentérica inferior, que drena o
cólon descendente e o reto.

A veia porta recebe ainda as veias gástricas que drenam o estômago.

A veia porta entra posteriormente dentro do fígado e assim divide-se numa série de
pequenas estruturas venosas que vão depois sair do fígado através das veias
hepáticas/supra-hepáticas que desembocam na veia cava inferior.

As veias do abdómen e bacia e os seus ramos

Veia cava inferior


 Hepática
 Ilíaca comum
o Ilíaca Externa e Interna
 Lombar ascendente
 Renal
 Suprarrenal
 Gonadal
o Ovariana e Testicular
 Frénica

Portal Hepática:
 Mesentérica superior
 Esplénica
o Mesentérica inferior, Pancreática e Gastromental
 Gástrica
 Cística

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 195 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Esquema-resumo Veias do Abdómen e Bacia:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 196 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6.6 Veias dos membros inferiores
No membro inferior temos uma série de veias das
quais iremos falar já de seguida.

As veias profundas são a peronial, as tibiais anterior e


posterior, a poplíteia, a femoral e a ilíaca externa.

As veias superficiais são a safena interna/magna e a


safena externa/parva – são elas que estão
tipicamente envolvidas quando há insuficiência
venosa dos membros inferiores (varizes).

As veias dos MI e os seus ramos


Veia ilíaca externa
 Femoral
 Popliteia
o Tibial anterior
▪ Veia dorsal do pé
o Tibial posteior
▪ Veias plantares
o Fibular
o Safena parva/externa
 Safena magna/interna
o Veia dorsal do pé
▪ Arco venoso dorsal
• Veias digitais

Esquema-resumo veias dos membros inferiores:

NOTA:

As veias não possuem válvulas, no entanto a camada íntima destas possui pregas
que formam como que se fossem duas pequenas asas/pregas que impedem o
sangue de refluir. Quando os doentes apresentam varizes são estas “válvulas” que
deixam de funcionar adequadamente.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 197 | P á g i n a


CLE 2019-2023
7. Circulações Especiais

Existem diversas circulações especiais:

 Circulação coronária
 Circulação cutânea
 Circulação no músculo esquelético
 Circulação cerebral
 Circulação intestinal
 Circulação hepática
 Circulação fetal

No entanto iremos falar mais especificamente da circulação coronária e da circulação


fetal. As restantes falar-se-ão quando se estudar detalhadamente a importância da
circulação de cada sistema.

7.1 Circulação Coronária

Como já falamos detalhadamente desta circulação nos capítulos da circulação arterial


e venosa, não nos iremos alongar muito na sua explicação, portanto para um estudo
mais completo consulta as circulações arteriais e venosas.

No entanto existem alguns aspetos que gostaríamos de ressalvar:

 A circulação coronária é assegurada pelas artérias e veias coronárias.


 O fluxo cardíaco nos vasos coronários não é contínuo, ou seja, quando o
músculo cardíaco contrai, durante a sístole, os vasos sanguíneos da parede
cardíaca são comprimidos e o sangue não circula através deles. Quando o
músculo cardíaco relaxa, durante a diástole, os vasos sanguíneos deixam de
estar comprimidos e a circulação nos vasos é restabelecida.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 198 | P á g i n a


CLE 2019-2023
7.2 Circulação Fetal
Existe uma circulação específica a nível do feto que garante
o aporte de oxigénio e nutrientes em quantidade suficiente
a esse mesmo feto.

Nesta circulação existem 2 estruturas muito importantes que


temos que ter em conta:

 Placenta
 Cordão umbilical

É o cordão umbilical que vai assegurar o aporte de O2 e


nutrientes ao feto durante a gestação. Para isso, este possui
estruturas arteriais e venosas no seu interior. A veia umbilical
(1) traz o sangue rico em oxigénio desde a placenta até ao
feto. As artérias umbilicais (2) trazem o sangue com CO2 do
feto para a placenta. Assim, o cordão umbilical é composto
por 1 veia umbilical e 2 artérias umbilicais.

Os pulmões fetais são funcionalmente inativos, havendo, por isso, uma dependência
completa da placenta para fornecer oxigénio e nutrientes ao feto – a placenta deve
ser bem vascularizada, com bons níveis de oxigénio (fumar durante a gravidez
compromete estes níveis).

O sangue oxigenado fetal provém da placenta e vai via veia umbilical diretamente até
ao fígado do feto, entrando na sua circulação mista, onde existe sangue misto – sangue
venoso e arterial misturado. Quando a veia cava inferior drena para a aurícula direita
do feto, ela já é constituída por esse sangue misto.

Grande percentagem do sangue da aurícula direita passa para a aurícula esquerda


através do foramen ovale devido à diferença de pressão entre elas. Parte deste sangue
de mistura ainda entra no ventrículo direito e é bombeado para a artéria pulmonar, no
entanto, como os pulmões são funcionalmente inativos, este sangue vai passar para a
artéria aorta através do canal arterial (ductus arteriosus). Assim, o sangue que não foi
bombeado do ventrículo esquerdo para a circulação sistémica do feto, vai para o
ventrículo direito, onde é bombeado para a artéria pulmonar, atravessando o canal
arterial para ir para a artéria aorta garantindo uma maior rentabilidade do O 2
disponibilizado pela mãe.

Como sabemos isto não acontece na vida extrauterina e, por isso, no momento do
nascimento vão dar-se algumas alterações para que o feto se adapte:

 Os pulmões tornam-se funcionalmente ativos.


 Há encerramento dos vasos e artérias umbilicais, canal arterial e canal venoso
pela contração das paredes musculares.
 A insuflação pulmonar aquando do nascimento altera o gradiente de pressão
interauricular na aurícula esquerda levando ao encerramento do foramen oval.

NOTA:

Quando o foramen ovale não encerra, essa pessoa terá risco de insuficiência
cardíaca relativamente cedo visto que o seu septo não está totalmente integro,
havendo passagem de sangue de um lado para o outro.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 199 | P á g i n a


CLE 2019-2023
8. Exercícios

1. Qual destas artérias é ramo da coronária esquerda


a. Tronco braquiocefálico arterial
b. Artéria subclávia esquerda
c. Artéria carótida primitiva esquerda
d. Artéria descendente anterior
e. Artéria aorta

2. Qual destas artérias é ramo da artéria aorta abdominal


a. Artéria subclávia esquerda
b. Tronco celíaco
c. Artéria carótida interna esquerda
d. Arcada digital dos pés
e. Sistema porta

3. Qual dos vasos não faz parte do sistema porta


a. Veia esplénica
b. Veia mesentérica superior
c. Veia mesentérica inferior
d. Veia epigástrica
e. Nenhuma das anteriores

4. Relativamente à anatomia do coração, assinale a incorreta


a. O coração é composto por 4 câmaras
b. O coração divide-se em duas aurículas e dois ventrículos
c. O pericárdio é a membrana que envolve o coração
d. O endocárdio assegura a manutenção o coração na sua posição
anatómica
e. A parede cardíaca divide-se em 3 camadas: o epicárdio, o miocárdio e
o endocárdio

5. Relativamente à anatomia do coração, assinale a incorreta


a. As aurículas estão separadas pelo septo interauricular
b. Os ventrículos estão separados pelo septo intraventricular
c. A aurícula e ventrículo esquerdos estão preparados pelo septo
interventricular
d. A aurícula e ventrículo esquerdos estão separados pela válvula tricúspide
e. Os músculos papilares ligam-se pelas cordas tendinosas às válvulas
auriculoventriculares.

6. Escolha a direção correta de passagem de estímulo elétrico pelo sistema de


condução cardíaco
a. Fibras de Purkinje, ramos direito e esquerdo, feixe de His, nódulo sinusal,
nódulo auriculoventricular
b. Feixe de His, nódulo auriculoventricular, nódulo sinusal, ramos direito e
esquerdo, fibras de Purkinje
c. Nódulo sinusal, nódulo auriculoventricular, feixe de His, ramos direito e
esquerdo, fibras de Purkinje
d. Nódulo auriculoventricular, nódulo sinusal, fibras de Purkinje, ramos direito
e esquerdo, deixe de His
e. Nódulo auriculoventricular, ramos direito e esquerdo, feixe de His, nódulo
sinusal, fibras de Purkinje

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 200 | P á g i n a


CLE 2019-2023
7. Relativamente à atividade mecânica cardíaca, assinale a incorreta
a. No período de contração isovolumétrico, ocorre contração ventricular
mas o volume mantém-se constante (válvulas cardíacas fechadas)
b. No período de ejeção ocorre encerramento das válvulas semilunares
c. No período de relaxamento isovolumétrico ocorre relaxamento
ventricular mas o volume mantém-se constante (válvulas cardíacas
fechadas)
d. No período de enchimento ventricular passivo, ocorre fluxo de sangue
do sistema venoso das aurículas para os ventrículos
e. No período de enchimento ventricular ativo ocorre contração auricular
com impulso do sangue para os ventrículos

8. A que corresponde o complexo QRS no ECG? (Assinale a correta)


a. Despolarização das aurículas
b. Despolarização dos ventrículos
c. Repolarização das aurículas
d. Repolarização dos ventrículos
e. Tem igual significado que a onda U

9. Das seguintes afirmações relativas à circulação, assinale a incorreta


a. A pressão arterial é definida pelo debito cardíaco e pelo retorno venoso
b. O debito cardíaco corresponde à quantidade de sangue bombeado
pelo ventrículo esquerdo para a aorta em cada minuto
c. O retorno venoso é a quantidade de sangue que atinge a aurícula direita
a partir dos grandes troncos venosos
d. O retorno venoso não influencia a pressão arterial
e. O debito cardíaco é dado pelo volume sistólico e pela frequência
cardíaca

10. Relativamente às artérias do membro superior, organiza-as de proximal a distal


(assinale a correta)
a. Subclávia, axilar, umeral, radial, arcada palmar profunda
b. Arcada palmar profunda, radial, umeral, axilar, subclávia
c. Radial, umeral, axilar, arcada palmar profunda, subclávia
d. Subclávia, radial, axilar, umeral, arcada palmar profunda
e. Subclávia, umeral, axilar, arcada palmar profundo, radial´

11. Organize de distal a proximal as seguintes artérias do membro inferior (assinale


a correta)
a. Ilíaca externa, femoral, poplítea
b. Poplítea, tibial posterior, artérias plantares, arcada palmar artérias digitais
c. Artérias digitais, arcada plantar, artérias plantares, tibial posterior, artéria
poplítea
d. Ilíacas primitivas, ilíacas externas, femoral, poplítea
e. Poplítea, artérias plantares, tibial posterior, artérias digitais

12. Qual das seguintes veias não faz parte do sistema venoso do membro inferior?
a. Veias peronial
b. Veias tibiais anteriores
c. Veia poplítea
d. Veia basílica
e. Veia safena externa

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 201 | P á g i n a


CLE 2019-2023
13. Não são ramos da aorta abdominal (assinalar a correta)
a. Artéria hepática primitiva
b. Artéria mesentérica inferior
c. Artérias suprarrenais
d. Artérias ilíacas primitivas
e. Tronco celíaco

14. Dadas as seguintes artérias 1 – umeral, 2 – cubital, 3 – subclávia, 4 – axilar, 5 –


arcadas palmares. Enumere as artérias, por ordem, da mais proximal para a mais
distal:
a. 3, 4, 1, 2, 5
b. 3, 4, 2, 1, 5
c. 5, 2, 1, 3, 4
d. 4, 3, 1, 2, 5
e. 5, 2, 3, 4, 1

15. Relativamente à circulação venosa, assinalar a incorreta


a. As paredes das veias são constituídas por três camadas – íntima, média
e adventícia
b. As vénulas recolhem sangue dos capilares
c. A veia porta é formada pela união da veia mesentérica superior com a
veia esplénica
d. A camada adventícia é a predominante na parede das veias
e. A veia mamaria interna drena para a veia subclávia direita

16. Fazem parte da circulação venosa do membro superior (assinalar a incorreta)


a. Veia umeral
b. Veia cefálica
c. Veia ázigos
d. Veia basílica
e. Veia cubital superficial

17. A despolarização da base do coração traduz-se no ECG sob a forma de


(assinale a correta)
a. Onda P
b. Complexo QRS
c. Onda Q
d. Onda R
e. Onda S

18. Relativamente ao sistema de condução do coração (assinale a alínea incorreta)


a. O nodulo sinusal tem a capacidade de se despolarizar per se
b. O feixe de Bachmann é responsável pela transmissão da onda de
despolarização da aurícula esquerda para a aurícula direita
c. A onda de despolarização sofre um atraso de 0,1 segundos ao nível do
nódulo auriculoventricular
d. A rede de Purkinje resulta da divisão dos ramos do feixe de His
e. A entrada de Ca2+ nas células musculares cardíacas origina que o Ca2+
seja libertado do retículo sarcoplasmático para iniciar as contrações

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 202 | P á g i n a


CLE 2019-2023
19. Define-se como epicárdio (assinale a correta)
a. O folheto visceral do pericárdio seroso
b. O folheto parietal do pericárdio seroso
c. O pericárdio fibroso
d. Superfície interna e fina do coração
e. Crista que separa as pregas musculares da porção lisa da aurícula direita

20. São veias que drenam diretamente para a veia inferior (assinalar a correta)
a. Veia mesentérica inferior
b. Veia mesentérica superior
c. Veia renal direita
d. Veia esplénica
e. Veia gastroepiploica

21. São responsáveis pela drenagem venosa da cabeça (assinalar incorreta)


a. Seio longitudinal superior
b. Veia jugular externa
c. Seio sigmóideu
d. Cisterna magna
e. Seio cavernoso

22. Qual destas válvulas cardíacas é bicúspide (2 folhetos ou 2 válvulas)


a. Tricúspide
b. Sigmóideas pulmonares
c. Válvula mitral
d. Nenhuma das anteriores

23. Qual dos componentes do sistema de condução do coração possui


automaticidade (assinale a alínea correta)?
a. Nódulo sinusal
b. Nódulo auriculoventricular
c. Feixe de His
d. Rede de Purkinje
e. Feixe de Bachmann

24. A despolarização ventricular traduz-se na eletrocardiograma sob a forma de:


a. Onda P
b. Intervalo PQ
c. Complexo QRS
d. Onda T
e. Alíneas A e B

25. Relativamente aos capilares sanguíneos, assinale a alínea incorreta:


a. Apresentam um revestimento interno de epitélio pavimentoso
estratificado denominado de endotélio
b. Classificam-se em contínuos, fenestrados e sinusoidais
c. A drenagem da rede capilar é assegurada por vénulas
d. As arteríolas são responsáveis pela condução do sangue à rede capilar
e. As substâncias podem atravessar a rede capilar através das células

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 203 | P á g i n a


CLE 2019-2023
26. As artérias vertebrais são ramos de (assinale a alínea correta)
a. Artéria Aorta
b. Artérias carótidas
c. Tronco braquiocefálico
d. Artérias subclávias
e. Tronco basilar

27. Dados os seguintes vasos: 1 – Artéria aciforme; 2 – Artéria interlobar; 3 – Artéria


segmentar. Um eritrócito acabou de passar peça artéria renal; escolha o
caminho que deve percorrer até alcançar a artéria interlobular
a. 3, 2, 1
b. 3, 1, 2
c. 2, 3, 1
d. 2, 1, 3
e. 1, 2, 3

28. Qual das seguintes é a função do sangue?


a. Formação de coágulos
b. Proteção contra substâncias estranhas
c. Manutenção da temperatura corporal
d. Regulação do pH e da osmose
e. Todas as anteriores

29. Define-se como trabécula carnosas


a. A fina membrana serosa que constitui o revestimento da superfície
externa do coração
b. Superfície interna e fina do coração
c. Pregas musculares existentes em ambas as aurículas
d. Grandes pregas e colunas dos ventrículos
e. Pregas que se separam os músculos pectíneos da porção lisa da
aurícula direita

30. A válvula que separa a aurícula direita do ventrículo direito é:


a. Válvula mitral
b. Válvula tricúspide
c. Válvula aórtica
d. Válvula pulmonar
e. Válvula de Thebesius

31. São eventos que ocorrem durante a sístole ventricular


a. Enchimento ventricular passivo
b. Enchimento ventricular ativo
c. Período de contração isovolumétrica
d. Período de relaxamento isovolumétrico
e. Nenhum dos anteriores

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 204 | P á g i n a


CLE 2019-2023
32. Qual das seguintes artérias tem a sua origem na aorta ascendente?
a. Tronco braquicefálico
b. Artéria carótida primitiva esquerda
c. Artéria subclávia esquerda
d. Artéria subclávia direita
e. Artérias coronárias

33. A repolarização ventricular traduz-se no eletrocardiograma sob forma de:

a. Onda P
b. Intervalo PQ
c. Complexo QRS
d. Onda T
e. Alíneas c) e d)

34. Quais os vasos que vão sair diretamente da crossa da aorta?


a. Tronco braquiocefálico
b. Artérias carótidas primitivas
c. Subclávia esquerda
d. Subclávia direita
e. Nenhuma das anteriores

35. Relativamente à circulação fetal, aquando do nascimento:


a. Ocorre o encerramento dos vasos umbilicais.
b. A insuflação pulmonar altera o gradiente de pressão interauricular.
c. A alteração no gradiente de pressão intra-auricular leva ao
encerramento do forâmen oval.
d. Todas as anteriores.
e. Opções B e C corretas.

36. Relativamente à anatomia do coração (incorreta):


a. O coração está localizado na região mediastínica
b. O ápex cardíaco localiza-se no 5º espaço intercostal esquerdo, linha
axilar anterior
c. O coração é constituído por 4 câmaras
d. A superfície interna das cavidades cardíacas é constituída por epitélio
pavimentoso simples sobre uma camada de tecido conjuntivo
e. A base do coração encontra-se atrás do esterno estendendo-se até ao
2º espaço intercostal

37. Frequência 2019/2020 – Relativamente às células musculares cardíacas


(incorreta):
a. Podem ocasionalmente ter mais que um núcleo
b. Os sarcómeros são constituídos por miofilamentos de actina e miosina
c. Estão ligadas por discos intercalares
d. O Ca2+ tem um papel importante na despolarização
e. O retículo sarcoplasmático liso é corresponsável pela contração de início
rápido e duração curta

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 205 | P á g i n a


CLE 2019-2023
38. Frequência 2019/2020 – Relativamente ao pericárdio (incorreta):
a. O pericárdio é a membrana que envolve o coração
b. O pericárdio fibroso é responsável pela manutenção do coração na sua
posição anatómica
c. O pericárdio seroso divide-se em folheto visceral e folheto parietal
d. O folheto parietal do pericárdio designa-se por epicárdio
e. A cavidade pericárdica situa-se entre o folheto visceral e o folheto
parietal

39. Frequência 2019/2020 – Relativamente à anatomia do coração e circulação


coronária (correta):
a. A comunicação entre a aurícula esquerda e o ventrículo esquerdo é
assegurada pela válvula tricúspide
b. As trabéculas carnosas estão ligadas às cúspides das válvulas
auriculoventriculares pelas cordas tendinosas
c. A fossa oval, localizada no lado direito do septo interventricular, demarca
a antiga localização do forâmen ovale
d. As artérias diagonais são ramos da artéria descendente anterior
e. As artérias coronárias direita e esquerda são ramos do segmento
descendente da artéria aorta

40. Frequência 2019/2020 – A despolarização auricular traduz-se no


eletrocardiograma sob a forma de (correta):
a. Onda P
b. Intervalo PQ
c. Complexo QRS
d. Onda T
e. Alíneas c) e d)

41. Frequência 2019/2020 – Relativamente aos eventos do ciclo cardíaco (incorreta):


a. O período de ejeção e o período de contração isovolumétrica
constituem a sístole ventricular
b. Durante o período de ejeção, as válvulas semilunares estão encerradas
e as válvulas auriculoventriculares estão abertas
c. Durante o período de relaxamento isovolumétrico, as válvulas
semilunares e as válvulas auriculoventriculares estão encerradas
d. Durante o período de enchimento ventricular ativo, a sístole auricular e o
movimento do sangue para dentro do ventrículo provoca um ligeiro
aumento da pressão ventricular
e. O 1º som cardíaco resulta do encerramento das válvulas
auriculoventriculares

42. Frequência 2019/2020 – É/São ramo(s) da aorta abdominal (incorreta):


a. Artérias ilíacas internas
b. Artéria mesentérica superior
c. Artéria mesentérica inferior
d. Artéria esplénica
e. Artérias renais

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 206 | P á g i n a


CLE 2019-2023
43. Frequência 2019/2020 – Relativamente à circulação venosa da cabeça e
pescoço (incorreta):
a. As veias jugulares externas desembocam nas veias subclávias
b. De cada lado do corpo, as veias jugulares internas juntam-se às veias
subclávias para formar o tronco braquiocefálico venoso
c. As veias jugulares externas e as veias vertebrais são responsáveis pela
drenagem venosa da porção anterior da cabeça e pescoço
d. Os seios venosos são espaços localizados na dura-máter
e. O seio sagital superior é responsável pela drenagem do sangue da região
superior da cavidade craniana e cérebro

44. Frequência 2019/2020 – As veias superficiais do membro superior são (correta):


a. Veias ázigos, veia hemiázigos e veia hemiázigos acessória
b. Veia radial, veia cubital e veia umeral
c. Veia radial, veia cubital e veia cubital superficial
d. Veia basílica, veia cefálica e veia cubital superficial
e. Veia basílica, veia cubital e veia cubital superficial

45. Frequência 2019/2020 – Relativamente à circulação fetal (correta):


a. Os pulmões do feto são funcionalmente ativos
b. O canal venoso conecta a veia umbilical com a veia cava inferior
c. Uma grande percentagem do sangue da aurícula esquerda passa para
a aurícula direita através do forâmen ovale
d. O canal arterial permite a passagem do sangue da artéria aorta para a
artéria pulmonar
e. A obliteração da veia umbilical ocorre nos primeiros minutos após o parto

46. Recurso 2020 – É parte integrante do polígono vascular de Willis o seguinte


(correta)
a. Artéria vertebral
b. Artéria cerebelosa póstero-inferior
c. Artéria basilar
d. Artéria coroideia anterior
e. Complexo da comunicante anterior

47. Recurso 2020 – Relativamente à anatomia do coração, assinale a falsa:


a. O pericárdio seroso reduz a fricção durante o batimento cardíaco
b. O pericárdio fibroso apresenta dois folhetos – parietal e visceral
c. O coração encontra-se localizado no mediastino
d. O sulco coronário separa as aurículas dos ventrículos
e. As veias cavas transportam o sangue proveniente do organismo para a
aurícula direita

48. Recurso 2020 – Define-se como fossa oval (correta):


a. Sulco anterior entre os ventrículos direito e esquerdo
b. Orifício de emergência das artérias coronárias
c. Orifício de drenagem do seio coronário
d. Abertura que existe entre a aurícula direita e esquerda nos estádios de
desenvolvimento embrionário e fetal
e. Depressão existente no lado direito do septo interauricular

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 207 | P á g i n a


CLE 2019-2023
49. Recurso 2020 – O nódulo AV está localizado (correto):
a. Aurícula esquerda
b. Aurícula direita
c. Ventrículo esquerdo
d. Ventrículo direito
e. Localização variável

50. Recurso 2020 – A despolarização do septo interventricular traduz-se no ECG sob


a forma de:
a. Onda P
b. Complexo QRS
c. Onda Q
d. Onda R
e. Onda S

51. Recurso 2020 – São eventos que ocorrem durante a diástole ventricular (correta):
a. Período de contração isovolumétrica
b. Período de enchimento ventricular ativo
c. Período de ejeção
d. Todas as anteriores
e. Nenhuma das anteriores

52. Recurso 2020 – A artéria subclávia direita é ramo de… (correta):


a. Aorta ascendente
b. Crossa da aorta
c. Aorta descendente
d. Tronco braquicefálico
e. Tronco basilar

53. Recurso 2020 – Relativamente à circulação venosa (incorreta):


a. As paredes das veias são constituídas por 3 camadas – íntima, média e
adventícia
b. As vénulas recolhem o sangue dos capilares
c. Os seios venosos são uma parte importante da circulação venosa do
crânio
d. A camada adventícia é a predominante na parede das veias
e. A veia mamária interna direita drena para a veia subclávia direita

54. Frequência 2020/2021 – Relativamente à anatomia do coração (assinale a


alínea incorreta)
a. O coração está localizado na região mediastínica
b. O ápex cardíaco localiza-se no 5º espaço intercostal esquerdo, linha
axilar anterior
c. O coração é constituído por 4 câmaras
d. A superfície interna das cavidades cardíacas é constituída por epitélio
pavimentoso simples sobre uma camada de tecido conjuntivo
e. A base do coração encontra-se atrás do esterno estendendo-se até ao
2º espaço intercostal

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 208 | P á g i n a


CLE 2019-2023
55. Frequência 2020/2021 – Relativamente às células musculares cardíacas, assinale
a alínea incorreta:
a. Podem ocasionalmente ter mais que um núcleo
b. Os sarcómeros são constituídos por miofilamentos de actina e miosina
c. Estão ligadas por discos intercalares
d. O Ca2+ tem um papel importante na despolarização
e. O reticulo sarcoplasmático liso é corresponsável pela contração de início
rápido e duração curta

56. Frequência 2020/2021 – Relativamente ao pericárdio (assinale a alínea


incorreta):
a. O pericárdio é a membrana que envolve o coração
b. O pericárdio fibroso é responsável pela manutenção do coração na sua
posição anatómica
c. O pericárdio seroso divide-se em folheto visceral e folheto parietal
d. O folheto parietal do pericárdio designa-se por epicárdio
e. A cavidade pericárdica situa-se entre o folheto visceral e o folheto
parietal

57. Frequência 2020/2021 – Relativamente à anatomia do coração e circulação


coronária (assinale a alínea correta):
a. A comunicação entre a aurícula esquerda e o ventrículo esquerdo é
assegurada pela válvula tricúspide
b. As trabéculas carnosas estão ligadas às cúspides das válvulas
auriculoventriculares pelas cordas tendinosas
c. A fossa oval, localizada no lado direito do septo interventricular, demarca
a antiga localização do foramen ovale
d. As artérias diagonais são ramos da artéria descendente anterior
e. As artérias coronária direita e coronária esquerda são ramos do
segmento descendente da artéria aorta

58. Frequência 2020/2021 – A repolarização ventricular traduz-se no ECG sob a


forma de (assinale a alínea correta):
a. Onda P
b. Intervalo PQ
c. Complexo QRS
d. Onda T
e. Alíneas b e

59. Frequência 2020/2021 – Relativamente aos eventos do ciclo cardíaco (assinale


a alínea incorreta):
a. O período de ejeção e o período de contração isovolumétrica
constituem a sístole ventricular
b. Durante o período de ejeção, as válvulas semilunares estão encerradas
e as válvulas auriculoventriculares estão abertas
c. Durante o período de relaxamento isovolumétrico, as válvulas
semilunares e as válvulas auriculoventriculares estão encerradas
d. Durante o período de enchimento ventricular ativo, a sístole auricular e o
movimento do sangue para dentro do ventrículo provoca um ligeiro
aumento da pressão ventricular
e. O 1º som cardíaco resulta do encerramento das válvulas
auriculoventriculares

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 209 | P á g i n a


CLE 2019-2023
60. Frequência 2020/2021 – São artérias que fazem parte do polígono de Willis
(assinale a alínea incorreta):
a. Artéria comunicante anterior
b. Artéria cerebral anterior
c. Artéria carótida interna
d. Artéria cerebral média
e. Artérias comunicante posterior

61. Frequência 2020/2021 – Relativamente à circulação venosa da cabeça e


pescoço (assinale a alínea incorreta):
a. As veias jugulares externas desembocam nas veias subclávias
b. De cada lado do corpo, as veias jugulares internas juntam-se às veias
subclávias para formar o tronco braquicefálico venoso
c. As veias jugulares externas e as veias vertebrais são responsáveis pela
drenagem venosa da porção anterior da cabeça e pescoço
d. Os seios venosos são espaços localizados na dura-máter
e. O seio sagital superior é responsável pela drenagem do sangue da região
superior da cavidade craniana e cérebro

62. Frequência 2020/2021 – As veias superficiais do membro superior são (assinale a


alínea correta):
a. Veia ázigos, veia hemiázigos e veia hemiázigos acessória
b. Veia radial, veia cubital e veia umeral
c. Veia radial, veia cubital e veia cubital superficial
d. Veia basílica, veia cefálica e veia cubital superficial
e. Veia basílica, veia cubital e veia cubital superficial

63. Frequência 2020/2021 – Relativamente à circulação fetal, assinale a alínea


correta:
a. Os pulmões do feto são funcionalmente ativos
b. O canal venoso conecta a veia umbilical com a veia cava inferior
c. Uma grande percentagem do sangue da aurícula esquerda passa para
a aurícula direita através do foramen ovale
d. O canal arterial permite a passagem do sangue da artéria aorta para a
artéria pulmonar
e. A obliteração da veia umbilical ocorre nos primeiros minutos após o parto

dúvida verifiquem com a matéria


Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de

55E; 56D; 57D; 58D; 59B; 60D; 61C; 62D; 63B


37E; 38D; 39D; 40A; 41B; 42D; 43C; 44D; 45B; 46E; 47B; 48E; 49B; 50C; 51B; 52D; 53E; 54B;
20C; 21A; 22C; 23A; 24C; 25E; 26D; 27A; 28E; 29D; 30B; 31C; 32E; 33D; 34C; 35D; 36D;
1D; 2B; 3D;4D; 5C+D?; 6C; 7B; 8B; 9D; 10A; 11C; 12D; 13A; 14A; 15E; 16C; 17A; 18B; 19A;

Possíveis respostas:

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CLE 2019-2023
Módulo VI – Sistema Digestivo

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 211 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Introdução

O aparelho digestivo é composto pelo tubo digestivo e pelas glândulas anexas. O tubo
digestivo é uma estrutura tubular que se estende desde a boca até ao ânus, é
constituído por órgãos exclusivos do aparelho digestivo, mas também tem órgãos
partilhados por outros sistemas e é por onde passam os alimentos. Já as glândulas
anexas segregam enzimas que auxiliam a digestão.

Tubo digestivo:

 Boca
 Faringe
 Esófago
 Estômago
 Intestino Delgado
 Intestino Grosso
 Reto
 Ânus

Glândulas anexas:

 Glândulas salivares
 Fígado
 Vesícula biliar
 Pâncreas

NOTA:

Apesar de estar no grupo das glândulas anexas, a vesícula biliar não é uma glândula
anexa, é um órgão de armazenamento onde é guardada a bílis produzida pelo
fígado.

2. Histologia do tubo digestivo

Quando falamos do tubo digestivo falamos de uma estrutura tubular que tem lúmen –
espaço oco no interior do tubo digestivo – que é revestido por uma série de camadas
que iremos falar seguidamente.

Este tubo tem diversas funções, sendo elas de


absorção, digestão e secreção.

O tubo digestivo é constituído por 4 camadas


que estão presentes ao longo de todo o tubo
digestivo, desde o esófago até ao ânus:

 Camada mucosa (camada mais interna)


 Camada submucosa
 Camada muscular
 Camada serosa ou adventícia (camada
mais externa)

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2.1 Camada mucosa
A camada mucosa é a camada mais interna do tubo digestivo e quando falamos dela
podemos ainda falar de mais 3 subcamadas – epitélio mucoso, lâmina própria e
muscular da mucosa.

RECORDA:

Todas as células que nós temos incluem-se num grande grupo de tecidos, por
exemplo as células da nossa pele – que são células de revestimento – são diferentes
das nossas células musculares, das células adiposas ou das células que dão suporte.
Os 2 grandes grupos de células que temos a nível do nosso organismo são o tecido
epitelial e o tecido conjuntivo. Tecidos epiteliais são tipicamente tecidos de
revestimento sendo essa a sua principal função – revestir . Já o tecido conjuntivo é
constituído por células e por moléculas (por exemplo elastina, colagénio), sendo
associado sobretudo a funções de suporte e proteção.

2.1.1 Epitélio mucoso:

O epitélio pode ser classificado quanto ao número de camadas:

 Estratificado – constituído por várias camadas


 Simples – constituído por uma única camada

E ainda pode ser classificado quanto à sua forma:

 Cilíndrico – têm a forma de um cilindro


 Pavimentoso – têm a forma de um mosaico (achatadas)

Na boca, orofaringe, esófago e canal anal está presente epitélio pavimentoso


estratificado húmido. No restante tubo digestivo está presente epitélio cilíndrico simples.

Por exemplo, o intestino delgado é constituído por epitélio simples, porque isso vai
permitir uma melhor absorção de nutrientes. Já a boca, orofaringe, esófago e canal
anal são constituídos por epitélio estratificado para permitir que o alimento seja bem

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 213 | P á g i n a


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destruído e para proteger as mucosas de possíveis traumas que ocorrem durante, por
exemplo, a mastigação.

Este epitélio pode formar glândulas intestinais ou criptas quando se estende para o
interior da lâmina própria. Quando falarmos acerca do intestino delgado este assunto
irá ser mais explorado.

2.1.2 Lâmina própria:

A lâmina própria é formada por tecido conjuntivo laxo, onde o epitélio mucoso vai
assentar.

2.1.3 Muscularis mucosae (muscular da mucosa):

A camada muscular da mucosa é uma camada fina e externa de músculo liso, pois este
músculo tem atividade independente da nossa vontade o que permite que a digestão
seja feita, ou seja, não somos nós que comandamos este músculo como acontece com
o músculo esquelético em que somos nós que damos a ordem para, por exemplo,
levantar o braço.

2.2 Camada submucosa


É uma camada espessa de tecido conjuntivo, logo tem função de suporte e proteção.
Esta camada é formada por nervos, muitos vasos sanguíneos e glândulas.

As glândulas da submucosa secretam/produzem substâncias essenciais para


desempenhar as diversas funções do tubo digestivo já anteriormente mencionadas.

Os nervos formam o plexo nervoso submucoso (plexo de


Meissner) que contém axónios que se estendem para as
células das glândulas epiteliais intestinais e estimulam a
secreção por parte destas.

O estômago e o esófago não possuem o plexo submucoso.

CURIOSIDADE:

A seguir ao cérebro, o intestino é o órgão com mais células nervosas.

2.3 Camada muscular


A camada muscular é constituída por músculo liso e tem duas camadas:

 Camada interna circular


 Camada externa longitudinal

Ao termos uma camada circular e uma camada longitudinal vai assegurar que os
movimentos peristálticos que fazem com que haja a progressão dos alimentos no tubo
digestivo sejam mais eficazes, pois existem fibras que contraem circularmente e outras
que contraem longitudinalmente.

Existem 2 exceções!

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 214 | P á g i n a


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Apenas a parte superior do esófago e o estômago são exceções:

 O esófago possui músculo estriado, uma vez que a deglutição de alimentos tem
uma parte voluntária e uma parte reflexa.
 O estômago tem 3 camadas de músculo liso, pois este é uma das porções do
tubo digestivo onde o processo de digestão física exige forças contrácteis muito
mais intensas, daí a necessidade de ter 3 camadas.

A camada muscular possui um plexo nervoso mioentérico (plexo de Auerbach) situado


entre as duas camadas musculares. É formada por axónios, corpos celulares de
neurónios e células neurológicas. Tem uma maior dimensão que o plexo submucoso.
Controla a motilidade intestinal e contém no seu interior células intersticiais que formam
uma rede de marca passos (pacemaker) que geram contrações rítmicas do músculo
liso e transmitem sinais dos neurónios aos músculos regulando o movimento.

NOTA:

Mioentérico = Mio (do grego – músculo) + entérico (refere-se ao tubo digestivo).

Alimentação entérica – Alimentação através de uma sonda nasogástrica em que


esta vai desde o nariz até ao estômago, ou seja, atravessa o tubo digestivo. Neste
tipo de alimentação o alimento sofre a ação das enzimas do estômago, intestino
grosso, intestino delgado e cólon, por isso podem ser dadas macromoléculas
(proteínas), pois estas vão ser processadas.

Alimentação parentérica – Alimentação através e um cateter venoso central nas


veias, ou seja, não passa pelo tubo digestivo. É feita, por exemplo, em doentes que
tenham feito alguma cirurgia ao tubo digestivo ou que tenham uma doença
inflamatória do intestino. Neste tipo de alimentação o alimento não sofre ação das
enzimas do tubo digestivo, por isso só podem ser dadas micromoléculas
(aminoácidos)

2.4 Camada serosa ou adventícia


É formada por tecido conjuntivo, tendo assim funções de proteção e suporte. É
revestida por epitélio pavimentoso simples, uma vez que os órgãos intra-abdominais se
encontram muito bem organizados entre eles, ou seja, não há atrito significativo entre
os órgãos.

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3. Anatomia do tubo digestivo

3.1 Cavidade oral


A cavidade oral é dividida em 2 regiões:

 Vestíbulo – espaço entre os lábios,


bochecha e alvéolos dentários
 Cavidade oral propriamente dita
– encontra-se medialmente aos
alvéolos dentários (metade dos
dentes estão incluídos na
cavidade oral).

Toda a cavidade oral é revestida


principalmente por epitélio pavimentoso
estratificado. É limitada pelos lábios
superiores e inferior (anteriormente), pela
fauce ou orofaringe (posteriormente),
pela mucosa jugal ou bochecha
(lateralmente), pelo palato
(superiormente), e pelo pavimento
muscular (inferiormente).

3.1.1 Lábios
Os lábios são pregas musculares formadas pelo músculo orbicular dos lábios e por tecido
conjuntivo.

A superfície externa dos lábios é coberta por pele muito fina – epitélio estratificado
queratinizado de cor rosada. Já a superfície interna dos lábios é coberta por epitélio
pavimentoso estratificado.

NOTA:

Epitélio Queratinizado – Tem queratina (proteína) para proteger.

3 áreas do organismo com a pele mais espessa:

 Face das mãos


 Planta dos pés
 Bolsas escrotais

Os freios surgem a partir dos processos alveolares dos maxilares superior e inferior. São
pregas mucosas que vão em direção ao lábio superior e inferior.

A nível dos dentes, a dentição completa é composta por 32 peças, no entanto, nem
todos possuem este número de dentes. Este número varia devido à nascença ou não
dos dentes do siso.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 216 | P á g i n a


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3.1.2 Bochechas
Também chamada de mucosa jugal, formam as paredes laterais da cavidade oral. São
revestidas no exterior por pele e no interior por mucosa com revestimento de epitélio
pavimentoso estratificado.

São compostas pelo músculo bucinador e por tecido adiposo.

❖ Funções das bochechas e dos lábios

As bochechas e os lábios têm como funções:

 Mastigação
 Fala
 Expressão facial

3.1.3 Palato
É o teto da cavidade oral que a separa da cavidade
nasal, ou seja, separa a nasofaringe da orofaringe.

É formado por 2 partes:

 Parte óssea anterior – palato duro, formado


por osso.
 Parte não óssea posterior – palato mole/véu
palatino, formado músculo esquelético e
tecido conjuntivo.

A úvula é uma projeção do bordo posterior do palato mole e evita que as substâncias
deglutidas contactem nasofaringe e fossas nasais.

As amígdalas palatinas estão localizadas nas paredes laterais da orofaringe, mas não
pertencem ao tubo digestivo. Elas são a primeira linha de defesa contra as infeções, por
isso pertencem ao sistema hematopoético, são órgãos linfóides.

❖ Funções do palato

 Deglutição
 Impede a passagem de alimentos para a cavidade nasal

3.1.4 Língua
A língua é o grande órgão muscular da cavidade oral
ligada pela parte posterior, sendo a parte anterior livre.
É revestida por epitélio pavimentoso estratificado
húmido. É pelo freio da língua que esta se liga ao
pavimento da boca.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 217 | P á g i n a


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A língua possui músculos intrínsecos e extrínsecos:

 Os músculos intrínsecos estão contidos na própria língua e são responsáveis pela


mudança de forma da língua (achatamento e elevação) durante a ingestão
de líquidos e a deglutição.
 Os músculos extrínsecos são externos à língua mas são ligados a ela e permitem
a protrusão (língua para fora) e retração (língua para dentro) da língua,
movimentação lateral e também as modificações de forma.

O sulco terminal divide a língua em 2 partes:

 2/3anteriores – onde se encontram as papilas, algumas com recetores gustativos.


 1/3 posterior – desprovido de papilas mas existem alguns terminais gustativos
dispersos e tem pequenas camadas e aglomerados de tecido linfóide na
amígdala lingual.

❖ Funções da língua

 Mistura de alimentos na boca e mantem-nos posicionados


 Papel importante na deglutição
 Um dos principais órgãos sensoriais do paladar
 Fundamental para a fala

3.2 Faringe
A faringe é partilhada pelo aparelho respiratório e pelo aparelho digestivo. É dividida
em 3 segmentos:

 Nasofaringe – em contacto com as fossas nasais.


 Orofaringe – em contacto com a cavidade oral.
 Laringofaringe – em contacto com a laringe.

A faringe liga-se, através da sua parte inferior, à laringe e ao esófago, pois tem uma
bifurcação a nível do seu término.

3.2.1 Nasofaringe
A nível da nasofaringe temos as coanas que são os orifícios posteriores das fossas nasais
e são “fechadas” pelo palato mole.

A nasofaringe é revestida por um epitélio cilíndrico pseudo-estratificado ciliado com


células caliciformes:

 Cilíndrico – tem a forma de um cilindro


 Pseudo-estratificado – parece ser estratificado, no entanto é simples
 Ciliado – tem cílios para captar as partículas em suspensão no ar
 Células caliciformes – têm forma de cálice e são responsáveis pela produção
de muco que tem uma ação lubrificante

As Trompas de Eustáquio progridem desde o ouvido médio e abrem-se na nasofaringe.


Estas permitem igualar as pressões entre a pressão atmosférica e a do ouvido médio.

Possui ainda a amígdala faríngea/adenóide.

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CURIOSIDADE:

Para sabermos se a sonda nasogástrica foi bem colocada, injetamos cerca de 20 a


30 cc de ar na sonda. Depois o médico que estiver a ouvir o estômago com o
estetoscópio consegue ouvir ou não o ar a entrar neste. Ou então basta colocarmos
a mão por cima do estômago uma vez que se sente bastante bem.

Se a sonda foi bem colocada por iniciar-se a alimentação, se não tem que se retirar
e recolocá-la.

3.2.2 Orofaringe
A orofaringe é fechada em cima pelo palato mole e em baixo pela epiglote.

É revestida por epitélio pavimentoso estratificado.

Possui as amígdalas palatinas e linguais.

3.2.3 Laringofaringe
A laringofaringe é fechada em cima pela epiglote e em baixo pelo esófago.

É revestida por epitélio pavimentoso estratificado.

A nível da parede posterior da orofaringe e da laringofaringe existem os músculos


constritores da faringe que são muito importantes.

A epiglote tem a forma de uma raquete de ténis e impede que o ar vá para o estômago
quando respiro, tapando o orifício superior do esófago, e que a comida vá para os
pulmões quando como, tapando o orifício superior da traqueia. Esta faz parte da laringe
e é muito importante para impedir que haja uma aspiração de alimentos para a árvore
brônquica.

3.3 Esófago
O esófago transporta os alimentos da faringe até ao estômago e
tem cerca de 25cm de comprimento, no entanto é variável.

Localiza-se na zona do mediastino, anteriormente às vertebras e


posteriormente à traqueia, passando através do hiato esofágico
(orifício do diafragma).

Normalmente é o enfermeiro que coloca a sonda nasogástrica


ao doente para o alimentar e por isso é muito importante
sabermos a localização anatómica do esófago.

3.3.1 Constituição histológica


O esófago é constituído por 3 camadas, como vimos anteriormente.

A sua camada mucosa é revestida por epitélio estratificado húmido.

A camada submucosa possui numerosas glândulas mucosas que produzem um muco


lubrificante espesso que atravessa os ductos da superfície esofágica.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 219 | P á g i n a


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A camada muscular tem uma camada externa de músculo liso longitudinal e uma
camada interna de músculo liso circular e na parte superior do esófago o músculo é
estriado.

3.3.2 Constituição fisiológica


A parte superior do esófago é revestida por músculo esquelético enquanto a parte
inferior é composta por músculo liso.

O esfíncter esofágico superior regula a entrada e saída de materiais do esófago e está


entre a faringe e o esófago.

O esfíncter esofágico inferior ou cárdia regula a saída de materiais do esófago e evita


o refluxo pela contração desta estrutura e está entre o esófago e o estômago.

Estes esfíncteres são importantes para impedir que os alimentos voltem para trás no seu
trajeto. Sobretudo o cárdia é muito importante para impedir a passagem dos sucos
gástricos que apenas a mucosa do estômago está preparada para aguentar esse pH
bastante baixo.

NOTA:

Quando a pessoa come uma refeição muito pesada há um relaxamento do cárdia


o que faz com que haja refluxo dos sucos gástricos.

3.4 Estômago

É um segmento dilatado do tubo digestivo localizado na parte superior esquerda do


abdómen. É limitado superiormente pelo orifício gastroesofágico (ou abertura cardíaca,
pela proximidade ao coração) e pelo cárdia (esfíncter esofágico inferior) e
inferiormente pelo esfíncter pilórico situado no orifício pilórico.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 220 | P á g i n a


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3.4.1 Constituição fisiológica
É constituído por 3 áreas:

 Fundo – situado à esquerda do cárdia e superiormente ao orifício


gastroesofágico.
 Corpo – composto pela grande curvatura e pela pequena curvatura.
 Piloro – (“porteiro” do estômago em formato de funil) composto pelo:
o Antro pilórico, que é a parte mais longa do funil
o Canal pilórico, que é a parte estreita do funil
o Esfíncter pilórico, um anel relativamente rico em músculo liso e que auxilia
a regular a passagem do conteúdo gástrico para o intestino delgado e
que envolve o orifício pilórico.

O estômago tem 2 curvaturas:

 Pequena curvatura – que é a mais interna


 Grande curvatura – que é a mais externa

3.4.2 Constituição histológica


O estômago tem uma série de pregas no seu interior que vai permitir que este se
distenda quando está cheio e se contraia quando está vazio.

A camada serosa é revestida por tecido


conjuntivo e por epitélio pavimentoso
simples.

A camada muscular tem 3 camadas /


túnicas:

 Longitudinal (externa)
 Circular (média)
 Oblíqua (interna).

A camada mucosa é revestida por epitélio


cilíndrico simples que forma criptas /
fovéolas, ou seja, orifícios gástricos
tubulares que abrem para as glândulas
gástricas. Aí existem também pregas
gástricas, que são mais visíveis quando o
estômago está vazio, que aumentam a
área de superfície.

Existem ainda células epiteliais do estômago que podem ser:

 Células mucosas da superfície


 Células mucosas do colo
 Células parietais (oxínticas)
 Células principais (zimogénicas)
 Células endócrinas.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 221 | P á g i n a


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As células mucosas da superfície produzem muco e revestem os orifícios gástricos que
protege a parede gástrica da agressão dos ácidos e enzimas digestivas. Produzem
muco alcalino que reveste as paredes do estômago e neutraliza as substâncias ácidas
formando um barreira física às enzimas digestivas produzidas pelo próprio estômago e
impede que as enzimas dos estômago atuem sobre as células.

As células mucosas do colo produzem muco que protege a parede gástrica.

As células parietais/oxínticas produzem ácido clorídrico (HCl) e fator intrínseco


(importante na absorção da vitamina B12).

As células principais produzem pepsinogénio.

Por sua vez, as células endócrinas produzem


hormonas reguladoras, chamadas:

 Células enterocromafins, que produzem


histamina levando ao aumento a secreção
ácida.
 Células G, que produzem gastrina.
 Células produtoras de somatostatina
produzem somatostatina, diminuindo a
secreção de gastrina e insulina.

3.4.3 Funções do estômago

 Armazenar alimentos
 Digestão de proteínas
 Absorção de algumas substâncias
 Mistura e propulsão (movimentos peristálticos)
 Proteção devido ao muco lubrificante que mata microrganismos
 Evita a digestão da própria parede do estômago

3.5 Intestino Delgado

O intestino delgado tem cerca de 6 metros de


comprimento e está dividido em 3 partes:

 Duodeno
 Jejuno
 Ílion

É neste local que ocorre a maior parte da


digestão e absorção.

Junto ao intestino delgado existem 2 glândulas


anexas principais ligadas ao duodeno que são o
fígado e o pâncreas.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 222 | P á g i n a


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3.5.1 Duodeno
O duodeno tem cerca de 25 cm e possui uma parte superior, uma parte descendente
e uma parte horizontal.

A parte superior inicia-se no piloro. Na parte descendente existe uma grande papila
duodenal e uma pequena papila duodenal, aberturas pelas quais passam sucos
provenientes do fígado e do pâncreas.

No duodeno, as camadas mucosa e submucosa aumentam em 600x a área de


absorção e digestão disponível, o que aumenta a eficácia da digestão e absorção dos
alimentos através de pregas intestinais circulares e vilosidades.

As pregas intestinais circulares apresentam-se perpendiculares ao eixo do tubo digestivo.

As vilosidades são projeções estreitas da mucosa com formato semelhante a dedos.


Cada uma delas é revestida por epitélio cilíndrico simples com microvilosidades que
contém uma rede de capilares sanguíneos muito desenvolvida e um capilar linfático
chamado quilífero – este vaso é importante para a absorção de gorduras. As
microvilosidades combinadas sobre a superfície epitelial formam uma bordadura em
escova e aumentam ainda mais a área de absorção.

A camada mucosa do duodeno é formada por epitélio cilíndrico simples, produzido nas
células das glândulas intestinais (criptas de LieberKuhn) com 4 tipos de células.
São elas as:

 Células de absorção – contém microvilosidades e produzem enzimas digestivas.


 Células caliciformes – produzem muco protetor.
 Células granulares (células de Paneth) – protegem contra bactérias.
 Células endócrinas – produzem hormonas reguladoras.

NOTA:

Criptas de LieberKuhn – localizam-se no fundo das vilosidades. É onde é formado o


epitélio e as células vão nascer, assim as células mais novas vão nascer e empurram
as células mais velhas, ou seja, quanto mais perto do fundo das vilosidades, mais
jovens são as células.

A camada submucosa contém glândulas duodenais como as glândulas de Brunner que


constituem um conjunto de glândulas de mucosa situadas nos primeiros centímetros do
duodeno, principalmente no piloro.

Têm como função proteger a parede duodenal do suco gástrico do estômago através
da produção de um muco alcalino em resposta a estímulos irritantes da própria mucosa,
à estimulação vagal (estímulo do nervo vagal responsável pelo controlo dos
movimentos intestinais) e a hormonas gastrointestinais (secretina).

Contém também glândulas mucosas tubulares espiraladas. Ambas as glândulas se


abrem na base das glândulas intestinais.

O duodeno está sobretudo associado a processos de digestão.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 223 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3.5.2 Jejuno
Tem cerca de 2,5m, mas tem menor diâmetro que o duodeno, que vai diminuindo
gradualmente do duodeno para o ílio. Apresenta estrutura semelhante ao duodeno e
é o local onde se dá a absorção de nutrientes de forma intensa (tal como no duodeno).

3.5.3 Ílion
Tem cerca de 3,5 metros e diâmetro ainda menor. Apresenta estrutura semelhante ao
duodeno, no entanto, a absorção de nutrientes é menos intensa.

As camadas mucosa e submucosa contêm numerosos nódulos linfáticos que formam as


placas de Payer que iniciam uma resposta imune contra microrganismos que entram na
mucosa através dos alimentos ingeridos.

A junção íleocecal, local onde o ílion se une à primeira porção do intestino grosso
(cego) possui um esfíncter íleocecal (anel de músculo liso) e uma válvula íleocecal
(pertence ao cego). Estas estruturas permitem que o movimento do conteúdo intestinal
seja unidirecional, ou seja, que este se mova do ílion para o intestino grosso e nunca ao
contrário.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 224 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3.5.4 Funções do intestino delgado

 Neutralização do ácido estomacal


 Digestão
 Absorção
 Mistura e propulsão (ondas peristálticas)
 Proteção pelo muco lubrificante que evita a digestão da própria parede do
intestino e protege contra o ácido estomacal e placas de Payer.

3.6 Intestino Grosso


O intestino grosso é a porção do tubo digestivo que se estende da junção íleocecal ao
ânus.

3.6.1 Cego
Tem cerca de 6 cm e corresponde a um “fundo do saco” (é como se fosse um beco
sem saída) situado inferiormente ao ílion.

Existe anexado ao cego um apêndice vermiforme, assim chamado devido ao seu


aspeto de verme – apêndice íleocecal – com 9 cm e que tem paredes ricas em nódulos
linfáticos que desempenham funções imunes.

3.6.2 Cólon
Este tem cerca de 1,5 a 1,8m e compõem-se em 4 partes:

 Cólon ascendente – inicia-se no cego e termina no ângulo cólico direito junto ao


fígado (ângulo hepático).
 Cólon transverso – estende-se do ângulo hepático ao ângulo cólico esquerdo
junto ao baço (ângulo esplénico).
 Cólon descendente – estende-se do ângulo esplénico até à abertura superior da
pequena bacia onde se torna cólon sigmóideu.
 Cólon sigmóideu – tubo em formato de “S” que se estende pelo interior da bacia
até ao reto.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 225 | P á g i n a


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Na constituição histológica do cólon apenas a camada serosa não apresenta
alterações face ao restante tubo digestivo.

A camada muscular apresenta uma camada de músculo circular completa e uma


camada de músculo longitudinal incompleta, ou seja, que não envolve
completamente a faixa interna.

A camada incompleta apresenta 3 faixas cólicas (teniae coli) que acompanham todo
o comprimento do cólon. São elas as haustras/saculações que resultam da contração
das faixas e que estão presentes ao longo da extensão do cólon, dando-lhe um aspeto
enrugado e apêndices epiplóicos ligados à face externa do cólon, em toda a sua
extensão que são constituídos por pequenas bolsas de tecido conjuntivo cheias de
gordura. Esta camada não forma pregas, nem vilosidades, pois o cólon apenas absorve
água.

Em relação à camada submucosa, é de salientar que apresenta glândulas. No que diz


respeito à camada mucosa, esta é revestida por epitélio cilíndrico simples e não forma
pregas ou vilosidades como o intestino delgado, mas forma criptas que são glândulas
tubulares retas presentes em grande número e compostas por 3 tipos de células: células
de absorção, células calciformes (predominantes) e células granulares.

3.6.3 Reto
É um tubo muscular que se inicia na terminação do cólon sigmóideu e termina no canal
anal.

Este tubo é revestido por epitélio cilíndrico simples, apresentando uma túnica muscular
espessa quando comparado com o restante tubo digestivo.

3.6.4 Canal Anal


Tem 2-3 cm, inicia-se no terminal inferior do reto e termina no ânus (abertura externa do
tubo digestivo).

Apresenta:

 Esfíncter anal interno, composto por músculo liso;


 Esfíncter anal externo, composto por músculo esquelético ou estriado;

Apresenta ainda epitélio cilíndrico simples na sua porção superior e epitélio


pavimentoso estratificado na sua porção inferior (histologicamente há variações
conforme a estrutura é mais externa/interna ou superior/inferior).

As funções do intestino grosso são:

 Absorção de sais, vitaminas e água produzidos pelas bactérias (parte proximal)


 Armazenamento de fezes (parte distal)
 Mistura e propulsão que impulsiona as fezes para o ânus, proteção pelo muco
lubrificante que protege contra os ácidos produzidos pelas bactérias

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 226 | P á g i n a


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4. Glândulas Anexas

4.1 Glândulas salivares


As várias glândulas salivares existentes na cavidade oral produzem saliva – uma
combinação de secreções mucosas e serosas de várias glândulas.

Estas dividem-se em glândulas maiores, que produzem 90% da saliva (1L a 1,5L diários),
e as menores, que produzem os restantes 10%.

As glândulas maiores são:

 Glândulas parótidas – que ficam a nível da região parotídea limitada


posteriormente pela orelha e inferiormente pelo ângulo da mandíbula.
 Glândulas submandibulares – que ficam debaixo da mandíbula.
 Glândula sublingual – que fica debaixo da língua.

As glândulas menores são:

 Glândulas linguais
 Glândulas palatais
 Glândulas bucais
 Glândulas labiais

A saliva é importante para lubrificar essencialmente no processo de mastigação e para


produção de enzimas (digestão química).

As glândulas são formadas por alvéolos mucosos ou serosos. Os alvéolos serosos são
importantes para a produção enzimática e os alvéolos mucosos são importantes para
a produção de muco.

As glândulas salivares são estruturas glandulares que surgem afetadas numa série de
doenças, por exemplo na papeira/parotidite.

Estas glândulas são histologicamente formadas pelo canal salivar e pelo epitélio do
canal, ácinos, ductos, células mioepiteliais, estromas e capilares.

4.1.1 Glândulas parótidas


Localizam-se nos dois lados da cavidade oral, anteriormente aos ouvidos, abaixo da
apófise zigomática e posteriormente aos ramos da mandíbula.

A saliva produzida vai desde a glândula parótida até à cavidade oral pelo ducto
parotídeo/ducto de Stensen (5 cm de comprimento) emerge sobre a superfície do
masséter (abertura no 2º molar onde se verifica uma alteração da mucosa).

Esta produz uma secreção predominantemente serosa mais aquosa e predomina na


salivação estimulada.

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4.1.2 Glândulas submandibular
Localiza-se entre o corpo da mandíbula e o músculo mielóide no assoalho da boca.

Esta glândula está protegida pelo corpo da mandíbula.

O ducto submandibular/ducto de Wharton abre no assoalho bucal abaixo da parte


interior da língua sobre o cume da papila sublingual lateralmente ao freio da língua –
montanhas de um e do outro lado do freio.

Produz uma secreção mista – tem ácinos serosos e mucosos – e predomina na salivação
não estimulada.

4.1.3 Glândulas sublingual


Estão situadas no chão da cavidade oral e possuem 2 ductos, o de Bartholin e de Rivinus.

A secreção é predominantemente mucosa e não possui ductos bem definidos, em vez


disso, cada glândula sublingual abre-se para a cavidade oral por 10 a 12 ductos.

4.2 Fígado
É o maior órgão interno do corpo, com 1,36kg.

Situa-se no quadrante superior direito do abdómen (epigastro direito) abaixo da


superfície inferior do diafragma.

Possui 2 lobos principais, o lobo esquerdo e lobo direito que estão separados pelo
ligamento falciforme, e ainda 2 lobos menores, o lobo caudado e o lobo quadrado.

Na sua face inferior situa-se o hilo hepático que


é uma área por onde entram e saem diferentes
estruturas.

Das estruturas que entram no hilo distinguem-se


a veia porta, a artéria hepática e o plexo
nervoso. Por outro lado, das estruturas que saem
fazem parte os vasos linfáticos e os canais
hepáticos direito e esquerdo por onde vai ser
transportada a bílis.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 228 | P á g i n a


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4.2.1 Constituição histológica
O fígado contém vários septos que formam vários lóbulos hexagonais (unidade
funcional do fígado) que são formados por hepatócitos (células hepáticas). Nos vértices
de cada lóbulo vai existir um sistema porta com 3 vasos, sendo eles: um ramo da veia
porta – traz o sangue da veia porta proveniente do tubo digestivo –, um ramo da artéria
hepática – traz o sangue da aorta para oxigenar os tecidos – e um canal hepático –
transporta a bílis em direção à vesícula biliar para entrar no processo de digestão.

O ramo da veia porta vai através de uma série de sinusóides hepáticas (estruturas
venosas) ligar-se a uma estrutura central que se encontra no centro deste hexágono
que é a veia central que vai levar o sangue para as veias hepáticas e estas
posteriormente para a veia cava inferior.

Existem vários cordões hepáticos com vários hepatócitos (células do fígado).

Entre os cordões hepáticos existem sinusóides hepáticos que são espaços formados por
endotélio pavimento muito fino com células endoteliais e células fagocitárias (células
de Kupffer). Entre as células de cada cordão existem canalículos biliares.

4.2.2 Funções do fígado


O fígado tem 6 funções:

 Síntese de bílis (600-1000 mL bílis/dia)


o Não contém enzimas digestivas.
o É fundamental para a digestão porque dilui e neutraliza o ácido gástrico,
aumentando o pH do quimo para permitir a ação de enzimas
pancreáticas.
o Contém bilirrubina, colesterol, lípidos, hormonas lipossolúveis e lecitina.
 Armazenamento de glicogénio, lípidos, vitaminas (A, B12, D, E e K), cobre e ferro.
 Biotransformação de nutrientes – transforma nutrientes de uma categoria em
outra dependendo da carência de certos nutrientes e excesso de outro.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 229 | P á g i n a


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 Desintoxicação – quando se ingere substâncias tóxicas às células do corpo, o
fígado torna-as menos tóxicas ou faz com que a sua eliminação seja facilitada
(ex. álcool).
 Fagocitose – células de Kupffer situadas nas paredes sinusóides do fígado
fagocitam hemácias e leucócitos velhos, bactérias e outros detritos aí existentes.
 Síntese – pode produzir os seus próprios componentes sanguíneos: proteínas do
sangue como albumina, fibrinogénio, globulinas, heparina e fatores de
coagulação.

NOTA:

Bilirrubina – pigmento biliar que resulta da quebra da hemoglobina

4.2.3 Drenagem da bílis

4.2.4 Fluxo de bílis no fígado


Por dia produzimos cerca de 1L de bílis. Esta é
produzida a nível dos hepatócitos e ela é
transportada através dos canais biliares que se vão
unindo em canais de cada vez maiores dimensões
até que temos um único canal que vai para o lobo
esquerdo do fígado – canal hepático esquerdo – e
um único canal para o lobo direito do fígado – canal
hepático direito. Depois estes juntam-se para formar
o canal hepático comum.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 230 | P á g i n a


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A bílis é libertada para o duodeno
apenas quando é necessária para o
processo de digestão, no entanto
não estamos sempre a fazê-la e por
isso fica armazenada a nível da
vesícula biliar.

Quando a bílis é necessária para a


digestão ela desce pelo canal
cístico. Da união do canal cístico
com o canal hepático comum forma-
se o canal colédoco que vai drenar a
bílis para o duodeno para cumprir a
sua função.

CURIOSIDADE:

A vesícula biliar é melhor vista quando o paciente está em jejum, uma vez que se vai
encontrar distendida por ter bílis armazenada no seu interior.

O canal pancreático principal, responsável pela drenagem dos sucos pancreáticos, e


o canal colédoco, pelo qual é drenada a bílis, vão unir-se a nível da sua porção terminal
formando uma ampola – ampola hepatopancreática/de Vater – que se vai abrir a nível
da grande papila duodenal, localizada no duodeno.

Já o canal pancreático acessório vai drenar para a pequena papila duodenal.

NOTA:

O canal pancreático principal toma também o nome de canal de Wirsung.

O canal pancreático acessório também pode ser chamado de canal de Santorini.

4.3 Pâncreas
É composto pela cabeça, corpo e cauda e é
classificado como glândula endócrina, uma vez
que segrega substâncias lançadas diretamente no
sangue, porque os ilhéus pancreáticos possuem
células que:

 Produzem insulina (células beta) e


glucagon (células alfa) que controlam os
níveis de glicose e aminoácidos no sangue.
 Produzem somatostatina que regulam a
secreção de insulina e glucagon e inibe a
secreção da hormona do crescimento.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 231 | P á g i n a


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Pode também ser uma glândula exócrina, que segrega substâncias transportadas por
um sistema de canais excretores, porque possui:

 Glândulas acinares, produzem ácinos, que produzem enzimas digestivas.


 Conjuntos de ácinos com lóbulos separados por septos e conectados através de
canais intercalares e intralobulares. Os canais interlobulares ligam-se ao canal
pancreático principal/de Wirsung.
 Um canal pancreático acessório que abre na papila duodenal menor.
 O esfíncter de Oddi (hépato-pancreático) que regula a abertura da ampola
hepatopancreática.

4.4 Peritoneu
As paredes da cavidade abdominal e dos órgãos são revestidas por membranas serosas
que segregam fluido seroso que reduzem a fricção entre os órgãos, a isso chamamos o
peritoneu.

Existem 2 tipos de membrana serosa:

 Peritoneu visceral – reveste os órgãos


e permite que eles estiquem mais
 Peritoneu parietal – reveste a
superfície interior da parede da
cavidade abdominal

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 232 | P á g i n a


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5. Funções do aparelho digestivo

 Ingestão
 Mastigação
 Propulsão (Deglutição e Propulsão)
 Mistura
 Secreção (Muco, Água e Enzimas)
 Digestão (Mecânica e Química)
 Absorção
 Eliminação

5.1 Deglutição
A deglutição é composta por duas fases:

 Fase voluntária
 Fase involuntária.

Falemos agora um pouco mais detalhadamente sobre cada uma destas fases.

5.1.1 Fase Cefálica


É a fase voluntária – depende da nossa vontade.

Aqui o alimento é empurrado pela língua contra o palato


duro e posteriormente contra a orofaringe.

5.1.2 Fase Faríngea


A partir desta fase, o processo é involuntário (fase reflexa) que se inicia com a
estimulação dos recetores táteis na orofaringe. É o sistema nervoso parassimpático que
está em ação.

Os potenciais de ação aferentes são


conduzidos através dos nervos trigémeo (V)
e glossofaríngeo (IX) até ao centro da
deglutição no tronco cerebral.

Aí chegados, geram potenciais de ação


nos neurónios motores que são conduzidos
pelos trigémeo (V), glossofaríngeo (IX), vago
(X) e pelo espinhal (XI) ao palato mole e à
faringe.

Assim, o palato mole vai elevar-se, vai haver o encerramento da nasofaringe e vai
elevar-se a faringe. Posteriormente há uma contração progressiva dos músculos da
parede posterior da faringe. Tudo isto vai contribuir para que o bolo alimentar chegue
ao esófago.

Para garantir que o bolo alimentar não passa para a árvore respiratória, as cordas vocais
fecham-se e ao mesmo tempo a epiglote inclina-se sobre a laringe de modo a cobri-la.
Assim o bolo alimentar entra no esófago.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 233 | P á g i n a


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Resumo do mais importante a reter:

1. Elevação do palato mole e encerramento da nasofaringe


2. Elevação da faringe
3. Contração sucessiva dos músculos constritores faringe – progressão do bolo
alimentar através da faringe até ao esófago
4. Simultaneamente as pregas vestibulares e as cordas vocais estendem-se e
encerram a passagem da laringe
5. Epiglote inclina-se sobre a laringe de modo a tapar a sua abertura
6. Com a contração do constritor esofágico inferior, o superior relaxa, levando à
entrada do bólus no esófago.

5.1.3 Fase Esofágica


Nesta fase dá-se o movimento do bolo alimentar do esófago para o estômago através
de contrações peristálticas e da gravidade que auxilia o movimento.

A presença de alimentos no esófago estimula o plexo intramural mioentérico que


controla as ondas peristálticas e estimula recetores táteis, que enviam impulsos pelo
nervo vago (X) para o bulbo raquidiano.

Os impulsos motores passam do bulbo para as fibras eferentes do nervo vago (X), deste
para o músculo estriado e liso do esófago, estimulando a sua contração que gera ondas
peristálticas.

5.2 Secreção Gástrica


Quando o bolo alimentar entra no estômago passa a
chamar-se quimo.

A nível do estômago acontece digestão (em maior


quantidade) e absorção.

As secreções estomacais são constituídas por:

 Muco – produzido pelas células da superfície e


colo
o É alcalino e viscoso que lubrifica e
protege as células epiteliais do quimo
ácido e da pepsina.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 234 | P á g i n a


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 Ácido clorídrico – produzido pelas células parietais da região pilórica
o Tem pH entre 1 e 3 e tem como função matar as bactérias ingeridas,
impedindo a sua digestão.
 Gastrina e Histamina– atuam na regulação da secreção estomacal.
 Fator intrínseco – produzido pelas células parietais da região pilórica
o Glicoproteína que se liga à vitamina B12 (necessária para produzir ADN
essencial à produção contínua de hemácias) para ser absorvida no ílion.
 Pepsinogénio – produzido pelas células principais
o Corresponde à forma inativa da pepsina, ou seja, é uma proenzima.
▪ Pepsina – enzima que digere proteínas e está armazenado em
grânulos de zimogénio.
o É convertido em pepsina através da ação do ácido clorídrico.

5.2.1 Fase Cefálica


A fase cefálica começa antes da comida chegar ao estômago e resulta de uma
cadeia de estimulações.

 O sabor, o cheiro a comida e as sensações


tácteis estimulam o bulbo raquidiano.
 O nervo craniano X transmite potenciais de
ação do SNA parassimpático para o estômago
e estimula os neurónios do plexo intramural.
 As fibras pós-ganglionares estimulam a secreção
das células parietais, principais e células
endócrinas (produzem gastrina e histamina).
 A gastrina e a histamina por sua vez vão
estimular a secreção gástrica.

5.2.2 Fase Gástrica


Nesta fase, o alimento entra no estômago. Vai ocorrer
então:

 Distensão gástrica, pela presença do quimo,


que estimula mecanorrecetores (recetores de
estiramento) e ativa um reflexo parassimpático
em que os nervos vagos (X) transportam os
potenciais de ação para o bulbo raquidiano.
 Envio de potenciais de ação pelo nervo X que
estimula secreções por células parietais,
principais e endócrinas (para a produção de
gastrina e histamina).
 Distensão do estômago que ativa reflexos locais
que aumentam a secreção gástrica.
 Transporte de gastrina de volta para o
estômago, onde juntamente com a histamina
estimulam a secreção.
 A secretina e colecistoquinina inibem a
secreção gástrica.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 235 | P á g i n a


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5.2.3 Fase Intestinal
É nesta fase que o quimo entra no duodeno e o processo de digestão no estômago
para.

 O quimo no duodeno com pH < 2 ou contendo produtos de digestão de


gorduras (lípidos) inibe a secreção gástrica por 3 mecanismos:
o Quimiorrecetores no duodeno estimulados pelo H+ (devido ao baixo pH)
ou por lípidos. Os potenciais de ação gerados pelos quimiorrecetores são
transportados pelos nervos vagos até ao bulbo, onde inibem potenciais
de ação parassimpáticos, diminuindo secreções gástricas.
o Reflexos locais ativados pelo H+ ou por lípidos também inibem secreções
gástricas.
o A secretina e colecistoquinina inibem secreção gástrica.

5.3 Movimentos Gástricos


As ondas de mistura iniciam-se no corpo do estômago e
progridem em direção ao piloro.

A porção mais fluida do quimo é empurrada para a região


pilórica, enquanto a porção central do quimo, mais sólida,
escapa à constrição peristáltica e move-se em sentido
retrógrado para o corpo.

As ondas peristálticas movem-se na mesma direção e


sentido das de mistura, mas são mais fortes.

De novo, a porção mais fluida do quimo é empurrada para


a região pilórica, enquanto a porção central, mais sólida,
escapa à constrição peristáltica e move-se em sentido
retrógrado para o corpo.

As ondas peristálticas de contração empurram alguns


milímetros do quimo mais fluido através da abertura
pilórica, para o duodeno. A maior parte do quimo, que
inclui a porção mais sólida, é forçada em sentido contrário
para o corpo do estômago, para uma melhor mistura.

5.4 Secreções pancreáticas


Das secreções pancreáticas vamos apenas falar das
secreções exócrinas, isto é, do suco pancreático
produzido no pâncreas e que é libertado no intestino
delgado pelos canais pancreáticos.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 236 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Possuem 2 componentes:

 Componente aquoso – produzido nas células epiteliais cilíndricas dos canais


pancreáticos
o Estas células vão secretar o ião bicarbonato (ião básico) que vai
aumentar o pH intestinal
o O ião bicarbonato ao ser libertado vai:
▪ Neutralizar o quimo ácido
▪ Inibir a ação da pepsina que vem do estômago (a pepsina só
funciona em ambiente ácido)
▪ Proporcionar um ambiente favorável à ação das enzimas
pancreáticas

 Componente enzimático – produzido pelas células acinares


o Enzimas de grande importância na digestão:
▪ Enzimas proteolíticas que digerem proteínas, como a tripsina,
quimiotripsina e carboxipeptidase.
• Estas enzimas são segregadas na sua forma inativa para
não digerirem os tecidos que as produzem
▪ Amílase pancreática – responsável pela digestão química de
hidratos de carbono
▪ Lípase pancreática – responsável pela digestão química dos
lípidos
▪ Desoxirribonucleases e Ribonucleases – responsáveis pela
degradação do ADN e RNA, respetivamente

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 237 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6. Exercícios

1. Sobre a anatomia e fisiologia do tubo digestivo, a falsa


a. O tubo digestivo é constituído por 4 camadas/túnicas principais: mucosa,
submucosa, muscular e serosa/adventícia
b. A mucosa do tubo digestivo é constituída pelo epitélio mucoso, lâmina
própria e pela muscular da mucosa.
c. A camada muscular da mucosa do tubo digestivo é constituída por
músculo esquelético
d. O plexo de Meissner encontra-se na camada submucosa do tubo
digestivo
e. O plexo de Auerbach encontra-se na camada muscular do tubo
digestivo

2. Sobre a anatomia e a fisiologia do estômago, a falsa


a. A camada muscular do estômago é constituída por 2 túnicas:
longitudinal e oblíqua
b. A mucosa gástrica organiza-se em criptas onde se abrem inúmeras
glândulas gástricas
c. As células mucosas de superfície gástricas são produtoras de muco
alcalino que funciona como barreira física às enzimas gástricas
d. As células parietais produzem acido clorídrico: o fator intrínseco
e. A gastrina é produzida pelas células G que são células endócrinas
gástricas

3. Sobre a anatomia e fisiologia do aparelho digestivo, a falsa


a. O colon é constituído por 2 camadas de músculo, uma circular completa
e outra longitudinal incompleta organizada em 3 faixas cólicas
b. As 3 faixas cólicas também conhecidas por teniae coli são responsáveis
pela formação de haustras ou saculações ao longo de todo o colon
c. O hilo hepático localiza-se na face inferior do fígado e através dele
entram: veia porta, artéria hepática e plexo nervoso
d. As estruturas que saem do hilo hepático são a veia porta e os canais
hepáticos direito e esquerdo
e. O pâncreas é uma glândula anexa com componente endócrino e
exócrino.

4. São funções da língua (assinale a correta)


a. Mistura alimentos na boca e assegura o seu posicionamento
b. Papel importante na deglutição
c. Um dos principais órgãos sensoriais do paladar
d. Fundamental para a fala
e. Todas as alíneas anteriores

5. São células epiteliais do estômago (assinale a correta)


a. Células mucosas da superfície
b. Células mucosas do colo
c. Células oxinticas
d. Células principais
e. Todas as anteriores

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 238 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6. Quanto à produção de bílis (assinale a incorreta)
a. São produzidas 600-1000 mL bílis/dia
b. Não contem enzimas digestivas mas é fundamental para a digestão
c. Diminui o pH do quimo para permitir ação de enzimas pancreáticas
d. Contém lecitina
e. Contém hormonas lipossolúveis

7. Sobre a anatomia e fisiologia da faringe (assinalar a correta)


a. A faringe é um órgão apenas digestivo
b. As trompas de Eustáquio abrem-se na laringofaringe
c. As trompas de Eustáquio abrem-se para igualar as pressões atmosféricas
e do ouvido médio
d. Os músculos constritores da faringe encontram-se na parede posterior da
nasofaringe
e. A amígdala faríngea ou adenoide encontra-se na laringofaringe

8. O tubo digestivo é constituído por (selecionar a falsa):


a. Cavidade Oral
b. Fígado
c. Esófago
d. Cego
e. Reto

9. O estômago tem como funções (selecionar a falsa):


a. Ativação do pepsinogénio
b. Promover a absorção de vitamina B12
c. Armazenamento temporário
d. Solubilização do quimo
e. Secreção de HCl

10. Quanto à deglutição:


a. Existem 5 fases
b. A fase cefálica é involuntária
c. Na fase faríngea o NC trigémeo e glossofaríngeo conduzem a
informação até ao centro de deglutição
d. A fase faríngea é voluntária
e. Todas as respostas anteriores são falsas

11. Quanto às hormonas gastrointestinais:


a. A colecistoquinina (cck) é produzida no jejuno
b. A colecistoquinina (cck) tem a função de estimular a contração da
vesícula biliar
c. A gastrina é produzida no estômago
d. A secretina inibe a secreção gástrica
e. Todas as respostas anteriores são verdadeiras

12. Quanto à histologia do tubo digestivo:


a. É constituído por 3 camadas
b. A camada mucosa contém o plexo de Meissner
c. A muscular da mucosa é constituída por músculo esquelético
d. O plexo mioentérico encontra-se entre 2 camadas de músculo liso
e. No estômago a camada muscular é constituída por 2 camadas de
músculo liso

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 239 | P á g i n a


CLE 2019-2023
13. Quanto às secreções pancreáticas:
a. O ilhéu pancreático é constituído por células alfa e beta
b. A célula beta secretam glucagon
c. As células acinares secretam enzimas (digestivas)
d. Todas as respostas anteriores são verdadeiras
e. Alíneas a e c

14. Relativamente à histologia do tubo digestivo todas as afirmações são


verdadeiras à exceção de (escolha a falsa):
a. O tubo digestivo em geral é constituído por 4 camadas ou túnicas
principais: mucosa, submucosa, muscular e serosa.
b. A camada do tubo digestivo em contato direto com os alimentos
ingeridos é a submucosa.
c. A camada mucosa é composta por 3 camadas: o epitélio, a lâmina
própria e a muscularis mucosae.
d. O epitélio pavimentoso estratificado reveste a boca, orofaringe, esófago
e canal anal. O epitélio cilíndrico simples reveste o restante tubo
digestivo.
e. O plexo intramural é composto pelo plexo mioentérico e plexo
submucoso e localiza-se na camada submucosa e muscular.

15. Relativamente às glândulas anexas do tubo digestivo, escolha a afirmação


verdadeira.
a. As glândulas salivares principais são as submandibulares, sublinguais,
parótidas e pâncreas; todas elas são pares à exceção do pâncreas que
é glândula ímpar
b. O fígado divide-se em 4 lobos principais, divididos por septos em vários
lóbulos hexagonais. Cada lóbulo é constituído por 6 sistemas porta e uma
veia central.
c. O hilo hepático é uma estrutura localizada na face inferior do fígado de
onde saem a veia porta e 2 canais hepáticos.
d. O pâncreas é uma glândula unicamente exócrina, constituída por ilhéus
de Langerhans que produzem insulina.
e. Todas as afirmações são verdadeiras.

16. As seguintes afirmações são verdadeiras à exceção de:


a. A mucosa e submucosa do intestino são camadas especializadas na
digestão e absorção dos alimentos.
b. As vilosidades e microvilosidades existentes ao longo de todo o tubo
digestivo aumentam 600 vezes a área disponível para a digestão e
absorção.
c. O epitélio da mucosa duodenal é cilíndrico simples e dele fazem parte
células de absorção, caliciformes, granulares e endócrinas.
d. A absorção de nutrientes faz-se sobretudo ao nível do duodeno e jejuno.
e. No íleo encontram-se numerosos nódulos linfáticos também conhecidos
por Placas de Peyer.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 240 | P á g i n a


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17. Relativamente às seguintes afirmações indique a verdadeira:
a. O colon é constituído por 2 camadas musculares, uma circular e outra
longitudinal que forma 2 faixas cólicas.
b. Ao longo da camada muscular circular do colon encontram-se várias
saculações e apêndices epiploicos.
c. O ângulo esplénico localizado no hipocôndrio direito corresponde ao
ângulo cólico direito.
d. A válvula ileocecal, localizada no cego evita passagem de conteúdo
fecal do cólon para o íleo.
e. As afirmações A e D estão corretas.

18. Sobre a anatomia e fisiologia da faringe, assinale a alínea incorreta:


a. A faringe é um órgão comum aos aparelhos respiratório e digestivo
b. Liga-se inferiormente à laringe e ao esófago
c. As trompas de Eustáquio progridem desde o ouvido médio e abrem-se
na nasofaringe para igualar as pressões atmosférica e do ouvido médio.
d. Os músculos constritores da faringe encontram-se na parede posterior da
orofaringe e laringofaringe
e. A amígdala faríngea ou adenoide encontra-se na face posterior da
orofaringe.

19. Sobre a anatomia e fisiologia do estômago, assinale a alínea incorreta:


a. A camada muscular do estômago é constituída por 2 túnicas designadas
de longitudinal e oblíqua
b. A mucosa gástrica organiza-se em criptas onde se abrem inúmeras
glândulas gástricas
c. As células mucosas da superfície gástrica são produtoras de muco
alcalino que funciona como barreira física as enzimas gástricas
d. As células parietais gástricas produzem ácido clorídrico e fator intrínseco
e. A gastrina é produzida pelas células G que são células endócrinas
gástricas

20. Sobre a anatomia e fisiologia do intestino delgado, assinale a incorreta.


a. O fígado e o pâncreas são duas glândulas anexas ligadas ao duodeno e
a papila duodenal
b. A organização em pregas, vilosidades e microvilosidades da mucosa,
permite aumentar cerca de 600x a sua área de superfície
c. A presença de vilosidades e microvilosidades na mucosa intestinal torna
a digestão e absorção dos alimentos mais eficaz
d. O intestino delgado é apenas responsável por cerca 20% da digestão dos
alimentos; a restante ocorre ao nível do cólon.
e. A absorção dos nutrientes é mais intensa no duodeno e jejuno; e nas
placas de Peyer ao nível da sua mucosa e submucosa

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 241 | P á g i n a


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21. Qual a falsa
a. O cólon é constituído por 2 camadas de músculo, uma circular completa
e outra longitudinal incompleta organizada em 3 faixas cólicas.
b. As 3 faixas cólicas também conhecidas por teniae cóli são responsáveis
pela formação de haustras ou saculações ao longo de todo o cólon.
c. O hilo hepático localiza-se na face inferior do fígado e através dele
entram as seguintes estruturas – veia porta, arteira hepática e plexo
nervoso.
d. As estruturas que saem do hilo hepático são a veia porta e os canais
hepáticos direito e esquerdo.
e. O pâncreas é uma glândula anexa com componente endócrino e
exócrino.
22. Relativamente ao aparelho digestivo (Certa):
a. É apenas constituído pelo tubo digestivo
b. O esófago tem a função de armazenamento
c. A cavidade oral tem como glândulas anexas as glândulas salivares
d. O intestino grosso é constituído pelo duodeno, jejuno e íleo
e. O intestino grosso tem como glândulas anexas o pâncreas e o fígado

23. Quanto às principais funções do aparelho digestivo são (certa):


a. A metade distal do intestino grosso armazena as fezes até serem
eliminadas
b. As contrações segmentares misturam o quimo e as contrações
peristálticas dirigem-no para o intestino grosso
c. A língua transforma o bolo alimentar e dirige-o para a Laringe
d. Com exceções de algumas substâncias. há pouca atividade absortiva
no estômago
e. A digestão das proteínas inicia-se pela ação do ácido clorídrico e da
pepsina

24. Relativamente à cavidade oral (certa):


a. No palato a parte anterior denomina-se palato duro
b. O palato consiste em três partes
c. A úvula é uma projeção do bordo posterior do palato ósseo
d. Todas as alíneas anteriores estão corretas
e. As alíneas a) e c) estão corretas

25. Relativamente ao pâncreas endócrino (falsa):


a. É constituído por ilhéus de Langerhans
b. Secreta hormonas que regulam os níveis de glicose no sangue
c. A insulina, produzida pelas células alfa do pâncreas endócrino, tem uma
ação antagónica da glicagina
d. A glicose é o principal regulador da produção de insulina

26. Relativamente à anatomia e fisiologia do estômago (falsa):


a. O ácido clorídrico é responsável pelo pH baixo no estômago
b. O fator intrínseco é secretado pelas células parietais gástricas
c. O fator intrínseco liga-se à vitamina B12 para facilitar a sua absorção no
íleo
d. A secreção ácida elimina bactérias ingeridas com os alimentos
e. O muco é uma substância ácida e viscosa que protege as células
epiteliais.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 242 | P á g i n a


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27. Relativamente à anatomia das glândulas salivares (certa):
a. As parótidas são as menores
b. As parótidas localizam-se anteriormente ao ouvido
c. As sublinguais localizam-se ao longo do limite inferior da metade posterior
da mandibula
d. As submandibulares localizam-se abaixo do pavimento bucal

28. Relativamente à anatomia da cavidade oral: (incorreta)


a. O vestíbulo é o espaço entre os lábios ou bochecha e os alvéolos
b. O músculo bucinador constitui os lábios
c. A úvula é uma projeção do bordo posterior do palato mole
d. O palato duro é a porção anterior e óssea do palato
e. As amígdalas palatinas localizam-se nas paredes laterias da orofaringe

29. Frequência 2019/2020 – Relativamente à histologia da adventícia do tubo


digestivo (correta):
a. Camada espessa de tecido conjuntivo situada entre a mucosa e a
muscular
b. Camada de tecido conjuntivo que constitui a túnica mais externa do
tubo digestivo
c. Túnica mais interna composta por 3 camadas
d. Túnica constituída por músculo liso que se dispõe em 2 camadas,
localizando-se entre as túnicas submucosa e serosa
e. Túnica constituída unicamente por epitélio estratificado pavimentoso
cilíndrico simples

30. Frequência 2019/2020 – São exemplos de glândulas anexas do tubo digestivo


(incorreta):
a. Fígado
b. Duodeno
c. Glândulas salivares submaxilares
d. Parótidas
e. Pâncreas exócrino

31. Frequência 2019/2020 – Relativamente à anatomia e fisiologia do fígado, quanto


à definição de cordões hepáticos (correta):
a. Cordões sanguíneos que preenchem os espaços entre os cordões
hepáticos
b. Nomenclatura das células funcionais do fígado
c. Vértice do lóbulo hepático onde se localizam a veia hepática, artéria
hepática e canal hepático
d. Estruturas localizadas entre a veia central e os septos de cada lóbulo,
compostas por hepatócitos
e. Porções do fígado divididas por septos de tecido conjuntivo

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 243 | P á g i n a


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32. Frequência 2019/2020 – Relativamente à anatomia do intestino delgado, quanto
à definição de microvilosidades (correta):
a. Invaginações tubulares da mucosa na base das vilosidades
b. Glândulas mucosas tubulares espiraladas que se abrem na base das
glândulas intestinais
c. Pequenas evaginações em forma de dedo na mucosa do duodeno
d. Pregas formadas a partir da mucosa e da submucosa que são
perpendiculares ao eixo do duodeno
e. Extensões citoplasmáticas das vilosidades que formam, ao longo da
superfície epitelial, uma bordadura em escova

33. Frequência 2019/2020 – Relativamente à anatomia e fisiologia do estômago


(correta):
a. A camada muscular gástrica é composta por 3 túnicas: uma externa
oblíqua, uma média circular e uma interna longitudinal
b. A produção de secretina pelo duodeno é responsável pela diminuição
da secreção gástrica
c. As células mucosas do colo e da superfície produzem uma substância
ácida e viscosa que cobre a superfície das células epiteliais
d. As células principais produzem pepsina, uma proenzima que participa na
digestão química das proteínas
e. As células parietais são responsáveis pela produção de hormonas
reguladoras como a gastrina

34. Frequência 2019/2020 – Relativamente à cavidade oral, quanto à definição de


vestíbulo (correta):
a. Prega fina de tecido que liga a língua ao pavimento da boca
b. Aglomerado de tecido linfoide localizado no 1/3 posterior da língua
c. Porção posterior da cavidade oral que se abre na faringe
d. Espaço entre os lábios ou bochechas e os alvéolos dentários
e. Porção anterior e óssea do palato

35. Frequência 2019/2020 – Relativamente à anatomia e fisiologia do pâncreas e


vias biliares (incorreta):
a. O canal pancreático principal é designado por canal de Wirsung
b. A ampola de Vater resulta da união do canal pancreático principal com
o canal cístico
c. O pâncreas exócrino é constituído por ácinos que produzem enzimas
digestivas
d. A bílis é responsável pelo aumento do pH do quimo permitindo a ação
das enzimas pancreáticas
e. A abertura da ampola de Vater é regulada pelo esfíncter de Oddi

36. Recurso 2020 – Relativamente à anatomia e fisiologia do fígado, assinale a


correta quanto à definição de sinusóides hepáticos:
a. Cordões sanguíneos que preenchem os espaços entre cordões
hepáticos
b. Nomenclatura das células funcionais do fígado
c. Vértice do lóbulo hepático onde se localizam a veia hepática, artéria
hepática e canal hepático
d. Porções do fígado divididas por septos de tecido conjuntivo
e. Estruturas localizadas entre a veia central e os septos de cada lóbulo,
compostas por hepatócitos

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 244 | P á g i n a


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37. Recurso 2020 – Relativamente à anatomia e fisiologia do intestino delgado,
assinale a correta quanto à definição de vilosidades:
a. Invaginações tubulares da mucosa na base das vilosidades
b. Extensões citoplasmáticas das vilosidades que formam, ao longo da
superfície epitelial uma bordadura em escova
c. Glândulas mucosas tubulares espiraladas que se abrem na base das
glândulas intestinais
d. Pequenas evaginações em forma de dedo na mucosa do duodeno
e. Pregas formadas a partir da mucosa e da submucosa que são
perpendiculares ao eixo do duodeno

38. Recurso 2020 – Sobre a anatomia da cavidade oral (incorreta):


a. O palato é constituído por uma parte óssea designada de palato duro e
por uma parte não óssea designada por palato mole
b. O palato mole separa a orofaringe da laringofaringe
c. A úvula é uma projeção do bordo posterior do palato mole
d. O palato atua na deglutição impedindo a passagem dos alimentos para
a cavidade nasal
e. As amígdalas palatinas estão localizadas nas paredes laterais da
orofaringe

39. Recurso 2020 – Sobre a anatomia e fisiologia do esófago (incorreta):


a. Órgão localizado no mediastino, anterior à traqueia e posterior às
vértebras
b. Passa através do hiato esofágico do diafragma
c. A sua porção superior é constituída por músculo esquelético e a inferior
por músculo liso
d. Possui dois esfíncteres, o esofágico superior e o esofágico inferior,
também conhecido por cárdia
e. Transporta alimentos da faringe até ao estômago

40. Frequência 2020/2021 – Relativamente à histologia da adventícia do tubo


digestivo, assinale a alínea correta:
a. Camada espessa de tecido conjuntivo situada entre a mucosa e a
muscular
b. Camada de tecido conjuntivo que constitui a túnica mais externa do
tubo digestivo
c. Túnica mais interna composta por 3 camadas
d. Túnica constituída por músculo liso que se dispõe em 2 camadas,
localizando-se entre as túnicas submucosa e serosa
e. Túnica constituída unicamente por epitélio estratificado pavimentoso
cilíndrico simples

41. Frequência 2020/2021 – São exemplos de glândulas anexas do tubo digestivo


(assinale a alínea incorreta)
a. Fígado
b. Baço
c. Glândulas salivares submaxilares
d. Parótidas
e. Pâncreas exócrino

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 245 | P á g i n a


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42. Frequência 2020/2021 – Relativamente à anatomia do fígado, assinale a alínea
correta quanto à definição de sinusóides hepáticos:
a. Canais sanguíneos que preenchem os espaços entre os cordões
hepáticos
b. Nomenclatura das células funcionais do fígado
c. Vértice do lóbulo hepático onde se localizam a veia hepática, artéria
hepática e canal hepático
d. Estruturas localizadas entre a veia central e os septos de cada lóbulo,
compostas por hepatócitos
e. Porções do fígado divididas por septos de tecido conjuntivo

43. Frequência 2020/2021 – Relativamente à anatomia do intestino delgado, assinale


a alínea correta quanto à definição de microvilosidades:
a. Invaginações tubulares da mucosa na base das vilosidades
b. Glândulas mucosas tubulares espiraladas que se abrem na base das
glândulas intestinais
c. Pequenas evaginações em forma de dedo na mucosa do duodeno
d. Pregas formadas a partir da mucosa e da submucosa que são
perpendiculares ao eixo do duodeno
e. Extensões citoplasmáticas das vilosidades que formam, ao longo da
superfície epitelial, uma bordadura em escova

44. Frequência 2020/2021 – Relativamente à anatomia e fisiologia do estômago


(assinale a alínea correta)
a. A camada muscular gástrica é composta por 3 túnicas: uma externa
oblíqua, uma média circular e uma interna longitudinal
b. A produção de secretina pelo duodeno é responsável pela diminuição
da secreção gástrica
c. As células mucosas do colo e da superfície produzem uma substância
ácida e viscosa que cobre a superfície das células epiteliais
d. As células principais produzem pepsina, uma proenzima que participa na
digestão química das proteínas
e. As células parietais são responsáveis pela produção de hormonas
reguladoras como a gastrina

45. Frequência 2020/2021 – As três faixas de tecido muscular liso que percorrem todo
o comprimento do cólon designam-se por (assinale a alínea correta):
a. Haustras
b. Criptas
c. Apêndices epiplóicos
d. Teniae coli
e. Pregas circulares

46. Frequência 2020/2021 – Relativamente à anatomia e fisiologia do pâncreas e


vias biliares (assinale a alínea incorreta):
a. O canal pancreático principal é designado por canal de Wirsung
b. A ampola de Vater resulta da união do canal pancreático principal com
o canal cístico
c. O pâncreas exócrino é constituído por ácinos que produzem enzimas
digestivas
d. A bílis é responsável pelo aumento do pH do quimo permitindo a ação
das enzimas pancreáticas
e. A abertura da ampola de Vater é regulada pelo esfíncter de Oddi

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 246 | P á g i n a


CLE 2019-2023
47. Frequência 2020/2021 – Coloque por ordem proximal-distal os segmentos do
intestino grosso (assinale a alínea correta)
a. Cego, cólon ascendente, cólon sigmóideu, cólon transverso, cólon
descendente, reto, canal anal
b. Cego, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon
sigmóideu, reto, canal anal
c. Cólon ascendente, cego, cólon sigmóideu, cólon transverso, cólon
descendente, reto, canal anal
d. Cólon ascendente, cego, cólon transverso, cólon descendente, cólon
sigmóideu, reto, canal anal
e. Cego, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, reto,
cólon sigmóideu, canal anal

dúvida verifiquem com a matéria


Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de

38B; 39A; 40B; 41B; 42A; 43E; 44B; 45D; 46B; 47B;
e E; 21D; 22C; 23A; 24A; 25C; 26E; 27B; 28B; 29B; 30B; 31D; 32E; 33B; 34D; 35B; 36A; 37D;
1C; 2A; 3D; 4E; 5E; 6C; 7C; 8B; 9D; 10C; 11E; 12D; 13E; 14B; 15B; 16D; 17D; 18E; 19A; 20D

Possíveis respostas:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 247 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 248 | P á g i n a
CLE 2019-2023
Módulo VII – Sistema Hematopoiético, Linfático e
Imunitário

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 249 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Componentes do sangue, eritrócitos, anemia e policitémia

O sangue é um tecido que sempre gerou grandes mistérios e discussões entre a


comunidade clínica. É uma fonte importante não só de saúde, mas também de doença.

Mas o que é realmente o sangue?

Este é um tipo de tecido conjuntivo, composto por


células e fragmentos de células a que damos o
nome de elementos figurados do sangue. Além
disso, é composto também por uma matriz líquida
denominada de plasma. O sangue corresponde
a 8% peso corporal do Homem e para se analisar
o sangue este é centrifugado de modo que se
separem os componentes do sangue.

Na mulher adulta existem cerca de 4-5L de


sangue e no homem adulto 5-6L. Motivo este pelo
qual as mulheres apenas podem doar sangue 3x
por ano e os homens 4x.

RECORDA:

Tecido conjuntivo – tecido constituído por células separadas umas das outras por
matriz extracelular, que tem como funções suporte e proteção.

O sangue tem 7 funções, sendo elas:

→ Transporte de gases, nutrientes e produtos de


degradação do metabolismo dos tecidos periféricos
→ Transporte de moléculas processadas
→ Transporte de moléculas reguladoras (hormonas e
enzimas)
→ Regulação do pH e osmose
→ Manutenção da temperatura corporal
→ Proteção contra substâncias estranhas
→ Formação de coágulos

O sangue é muito importante para transportar moléculas reguladoras, como a insulina,


desde o pâncreas endócrino até às células alvo para garantirem a entrada de glicose
nas células, e para o transporte de moléculas processadas, como a vitamina D.

Relativamente à regulação do pH e processos de osmose o sangue tem um papel


imprescindível para manter a homeostasia (equilíbrio do nosso organismo) através do
tampão bicarbonato, do hidrogenião.

Este tipo de tecido protege de substâncias estranhas através dos glóbulos brancos e dos
anticorpos. Forma coágulos através das plaquetas e dos fatores da coagulação.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 250 | P á g i n a


CLE 2019-2023
E mantém também a temperatura corporal:

 Quando está muito frio o nosso organismo vai


tentar regular a temperatura através de
vasoconstrição periférica de modo que o
sangue permaneça nas regiões mais profundas
e assim não haja perda de calor. Daí que
quando, por exemplo, existem fenómenos de
queimadura ao frio são nas regiões mais distais
(dedos das mãos e pés, ponta do nariz e
pavilhões auriculares).
 Quando está muito calor, vai haver
vasodilatação periférica de maneira que o
sangue vá à superfície e por fenómenos de
convecção haja perda desse calor.

Vamos agora, mais detalhadamente, olhar para a


constituição do sangue.

Se nós virmos o sangue total, o que nós temos é que


cerca de 55% corresponde à sua matriz líquida (plasma)
e os outros 45% corresponde aos elementos figurados.

1.1 Plasma

O plasma é a parte líquida e mais leve do sangue, por isso é


constituído por 91% de água e 9% outras substâncias (proteínas,
iões, nutrientes, gases e produtos de degradação [lípidos, hidratos
de carbono ou proteínas]). Assim o sangue pode ser considerado
como um colóide, pois é um líquido com substâncias em
suspensão.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 251 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Este tem como componentes:

Água Proteínas Iões


• É um solvente • Albumina • Envolvidos na osmose,
• Meio de suspensão dos • Principal proteína do potenciais de membrana
componentes do sangue sangue e equilíbrio ácido-base.
• Proteína transportadora
de fármacos e homonas • Ex: sódio, potássi, cálcio,
• Garante viscosidade ao magnésio, cloro, ferro,
sangue fosfatos, hidrogénio,
• Regula a pressão hidróxido e bicarbonatos
osmótica
• Importante tampão a
nível da regulação do
pH
• Fibrinogénio
• Importante na
coagulação
• Globulinas
•
•β
• ϒ (anticorpo)

Substâncias
Nutrientes Gases
reguladoras

• São nutrientes basicos, • Oxigénio (essencial para • Enzimas (catalização de


como é o caso da a respiração aeróbica, reações químicas)
glicose, aminoácidos, recetor terminal na
triacilglicerol, colesterol cadeia de transporte de • Hormonas (estimulação
(fontes de energia e eletrões) ou inibição de funções
componentes básicos de orgânicas)
moléculas mais • Dióxido de carbono
complexas) (produto de degradação
da respiração aeróbia, e
• Vitaminas (promovem a importante tampão do
atividade enzimática) sangue para regular o pH)

• Azoto (inerte)

Nota: Soro ≠ plasma

O soro é plasma sem fatores de coagulação!

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 252 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.2 Elementos figurados do sangue

Os elementos figurados do sangue correspondem aos glóbulos vermelhos, aos glóbulos


brancos e às plaquetas sanguíneas.

1.2.1 Hematopoiese

Na imagem seguinte podemos ver a formação dos diferentes tipos de elementos do


sangue através de um processo designado hematopoiese.

Os elementos figurados do sangue são criados a partir de células estaminais, por isso é
possível dizer que eles são células estaminais pluripotenciadas. Estas células podem
dividir-se e seguir diferentes linhagem de diferenciação de forma a obter o elemento
figurado do sangue que eu necessito.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 253 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Temos assim 2 tipos de diferenciação:

 Diferenciação Mielóide – origina diferentes linhagens:


o Uma linhagem mieloblástica que vai originar os neutrófilos, eosinófilos e
basófilos.
o Uma linhagem monoblástica que vai originar os monócitos e macrófagos.
o Uma linhagem que vai originar os eritrócitos.
o Uma linhagem que vai originar os megacariócitos que são responsáveis
pela produção de plaquetas.
 Diferenciação Linfóide – origina, tal como o nome indica, os linfócitos

Mais a baixo iremos ver como o percursor mielóide vai dar origem ao eritrócito, mais
detalhadamente.

Este processo acontece na medula óssea vermelha que é


progressivamente substituída por medula óssea amarela (gordura)
e por isso apenas alguns ossos têm a capacidade de produzir
elementos do sangue devido à existência de medula óssea
vermelha na idade adulta. Esses ossos são: as costelas, o esterno,
a região sagrada, o fémur e o úmero.

1.2.2 Glóbulos vermelhos ou Eritrócitos

Os glóbulos vermelhos são 700x mais numerosos que os


glóbulos brancos e 17x mais numerosos que as plaquetas
sanguíneas.

A mulher possui em média 4.800.000/mcL, sendo que o


normal se encontra entre os seguintes valores: 4.200.000 a
5.400.000/mcL.

Já o homem tem em média 5400000/mcL, sendo que os


valores normais se encontram entre: 4.600.000 a
6.200.000/mcL.

No entanto à medida que envelhecemos a quantidade


destes elementos no sangue tende a aumentar.

Falemos agora um pouco da morfologia dos eritrócitos.

Os eritrócitos têm a forma de discos bicôncavos com uma


porção periférica mais espessa que o centro da célula.
Esta sua forma bicôncava faz com que tenha uma maior
área de superfície o que leva a uma entrada e saída de
gases da células mais rápida, isto é muito importante, uma
vez que a sua função é o transporte de gases a nível,
sobre tudo o transporte de O2.

Além disso esta forma bicôncava permite que o eritrócito se deforme, ou seja, altere a
sua forma quando passa em vasos de menor calibre, nomeadamente nos capilares
sanguíneos.

Os glóbulos vermelhos não têm núcleo e quase não têm organelos. São compostos por
hemoglobina (1/3 volume da célula), lípidos, ATP e anidrase carbónica.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 254 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Assim, este elemento do sangue tem como função:

 O transporte de oxigénio dos pulmões para os vários tecidos do corpo, através


da hemoglobina.
 O transporte do dióxido de carbono dos tecidos para os pulmões, através de
uma reação que é catalisada pela anidrase carbónica.

❖ Hemoglobina

É uma proteína complexa, constituída por 4 cadeias de polipéptidos (globina) e 4


grupos heme, em que cada globina está ligada a um grupo heme. O grupo heme
corresponde a uma molécula pigmentada contendo um átomo de ferro ligado a ele.
A hemoglobina embrionária, fetal e adulta são os 3 tipos diferentes de globinas.

CURIOSIDADE:

Um dos tipos de anemia que temos é por deficiência de ferro. Se eu não tenho ferro,
não consigo sintetizar hemoglobina, se não consigo sintetizar hemoglobina não
consigo ter eritrócitos e daí advém a anemia, que corresponde a uma baixa do
número de hemoglobina e eritrócitos.

Cada molécula de hemoglobina pode ligar-se até 4 moléculas de oxigénio, por ter 4
grupos heme.

A hemoglobina que temos ao longo da vida vai variando, assim podemos ter:

 Hemoglobina embrionária – presente no embrião até ao 3º mês de vida.


 Hemoglobina fetal – substitui a hemoglobina embrionária e está presente no feto
até à data do seu nascimento e possui 2 grupos alfas. Esta hemoglobina tem
muito mais afinidade ao oxigénio porque no feto o oxigénio vem do sangue da
mãe enquanto, depois do nascimento, o oxigénio está no ar inspirado, sendo
que, por isso, na primeira necessita de uma absorção mais eficaz.
 Hemoglobina adulta – começa a ser produzida a partir do nascimento e possui
1 grupo beta e 1 grupo alfa.

A hemoglobina pode ser classificada consoante o que tem ligado: oxihemoglobina


(tem ligado oxigénio), desoxihemoglobina (não tem oxigénio ligado) ou
carbaminohemoglobina (tem ligado dióxido de carbono).

O oxigénio liga-se ao grupo heme da hemoglobina e o dióxido de carbono liga-se ao


subgrupo da hemoglobina.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 255 | P á g i n a


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❖ Anidrase carbónica

A anidrase carbónica é importante para o transporte/processamento do dióxido de


carbono. Este pode ser transportado no sangue de 3 formas:

 Dissolvido no plasma.
 Combinado com proteínas (sobretudo hemoglobina).
 Sob a forma de iões de bicarbonato – principal forma:

O CO2 vai ser libertado dos tecidos para o sangue, entrando assim no eritrócito. Quando
entra no eritrócito combina-se água e através de um processo catalisado pela anidrase
carbónica vai então formar-se ião bicarbonato e hidrogenião. O hidrogenião liga-se à
hemoglobina e o ião bicarbonato é libertado para o exterior para circular a nível do
plasma.

❖ Questões importantes:

Quais as 2 principais formas de transporte de oxigénio no sangue?

 Através da oxihemoglobina (HbO2)


 Através do oxigénio dissolvido no plasma.

Quais os fatores que condicionam a difusão de oxigénio dos eritrócitos para os tecidos?

 Baixa pO2 tecidular


 Competição H+ vs. O2 pela Hb – alta concentração de H+ faz com que a
hemoglobina tenha menor afinidade para o O 2
 Competição CO2 vs. O2 pela Hb – alta concentração de CO2, acontece o
mesmo que acontece com o hidrogénio

Como se chama a hemoglobina que transporta dióxido de carbono?

 Carbamino-hemoglobina (Hb COO-)

Qual a principal forma de transporte do dióxido de carbono no sangue?

 H+ Hb (HCO3- – bicarbonato dissolvido no plasma)

NOTA:

Ver o vídeo seguinte para uma melhor compreensão das questões e de todo este
sistema.

https://www.youtube.com/watch?v=QP8ImP6NCk8&feature=youtu.be

No entanto os eritrócitos também se podem ligar ao monóxido de carbono, formando


a carboxiemoglobina e podendo levar a uma intoxicação por monóxido de carbono.
São suscetíveis de provocar estas intoxicações, por exemplo, lareiras, fogueiras,
esquentadores, tubos de escape – resumindo, produtos de combustão incompleta. A
afinidade da molécula de monóxido de carbono para a hemoglobina é superior à do
dióxido de carbono e à do oxigénio, o que significa que quando o monóxido de
carbono se liga à molécula de hemoglobina acontece uma ligação irreversível.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 256 | P á g i n a


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CURIOSIDADE:

Doentes que tenham sofrido intoxicação por monóxido de carbono são muitas vezes
colocados sobre um aporte suplementar de oxigénio e ao aumentarmos a pressão
de oxigénio a nível do ar que o doente inspira, estamos como que a
empurrar/romper as ligações do monóxido de carbono com a hemoglobina. Sendo
que a pO2 normal é de 21%, teremos que realizar uma oxigenoterapia suplementar
com uma pressão superior, por exemplo 40%, 60% ou até mesmo 100%. Mas por
exemplo em crianças, grávidas ou pessoas que entram em coma devido a esta
intoxicação podemos ter que, além de fazer a oxigenoterapia, levar o doente para
uma câmara hiperbárica.

❖ Eritropoiese

Na medula óssea, as células indiferenciadas dão origem aos eritroblastos. A perda do


núcleo origina os reticulócitos (pois têm retículo endoplasmático) que são libertados no
sangue. Já no sangue estes perdem o retículo endoplasmático, produzindo assim os
eritrócitos.

Esta produção de eritrócitos vai depender da estimulação da medula óssea por uma
hormona – a eritropoietina – produzida no rim em resposta à baixa de oxigénio no
sangue. – mecanismo de feedback positivo.

CURIOSIDADE:

Uma das substâncias que é proibida usar nos desportistas é a eritropoietina. Se eu


lhe dou eritropoietina estou a estimular a produção de eritrócitos, se aumento a
produção de eritrócitos quer dizer que vou ter maior número de moléculas de
hemoglobina capazes de captar oxigénio. Como o meu metabolismo é um
metabolismo aeróbio, se eu tenho maior quantidade de oxigénio disponível, maior
rendimento eu tenho dos meus músculos esqueléticos e a nível das provas
desportivas.

Indivíduos que vivam em locais de maior altitude têm uma maior percentagem de
glóbulos vermelhos, uma vez que a percentagem de oxigénio nesses locais é menor,
para captar mais oxigénio.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 257 | P á g i n a


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NOTA:

Com a hemólise:

→ A hemoglobina vai para a circulação e os macrófagos degradam-na.


→ A globulina da hemoglobina vai ser aproveitada para fazer parte da
constituição de aminoácidos e intervir na reconstrução de DNA.
→ O grupo heme da hemoglobina vai dividir-se em ferro, que vai ser
armazenado no fígado ou vai diretamente para a medula óssea/rim, e no
restante grupo heme que vai ser degradado em biliverdina que se degrada
posteriormente em bilirrubina. A bilirrubina livre/não conjugada que anda
livre no sangue ligada à albumina do plasma e vai para o fígado. No fígado,
a bilirrubina livre conjuga-se a um ácido e é libertada pelas fezes, conferindo-
lhe a coloração castanha

A maturação completa dos eritrócitos demora cerca de 3 semanas e estes têm um


tempo de semivida relativamente curto – 3 meses.

A anemia corresponde à deficiência de eritrócitos causada pela perda


muito rápida ou produção demasiado lenta de eritrócitos. Na UC de
Semiologia e Patologia iremos desenvolver mais este assunto e estudar
os vários tipos de anemia.

A policitémia é uma condição de saúde em que a proporção do volume sanguíneo


ocupado pelos eritrócitos se encontra aumentado, ocorre por exemplo em indivíduos
que vivem em locais de altitudes mais elevadas. Também na UC de Semiologia e
Patologia irão estudar este assunto mais pormenorizadamente.

CURIOSIDADE:

O eritrócito na mulher vive 110 e no homem 120 dias. Durante este período encontra-
se em circulação a transportar oxigénio. No fim do seu ciclo de vida a membrana
plasmática torna-se mais rígida, fazendo com que não consiga circular nos vasos
mais pequenos e ocorra hemólise (degradação do eritrócito).

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 258 | P á g i n a


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1.2.3 Glóbulos brancos ou leucócitos

São conhecidos como “unidades móveis” do sistema de defesa do organismo, ou seja,


deslocam-se pelos diferentes tecidos para nos
defenderem.

São produzidos na medula óssea e no tecido


linfóide e são 700x menos frequentes que os
glóbulos vermelhos. São maiores que os
glóbulos vermelhos e possuem núcleo.

Existem diversos tipos de glóbulos brancos:

→ Neutrófilos
→ Eosinófilos
→ Basófilos
→ Monócitos
→ Linfócitos

Os neutrófilos, os eosinófilos e os basófilos são também nomeados polimorfonucleares,


isto porque o seu núcleo tem diferentes formas. São também chamados de granulócitos
uma vez que contêm grânulos no seu interior.

Inicialmente existem dois grandes grupos de leucócitos – os granulócitos e os


agranulócitos – que são produzidos na medula óssea, em que os granulócitos
apresentam vários grânulos citoplasmáticos e os agranulócitos não.

Os agranulócitos são os monócitos e os linfócitos. Os granulócitos são os neutrófilos, os


eosinófilos e os basófilos.

Os granulócitos e os monócitos são produzidos na medula óssea. Já os linfócitos e os


plasmócitos são produzidos em órgãos linfoides – gânglios linfáticos, baço, timo,
amígdalas... No entanto isto não acontece bem assim, os linfócitos são produzidos na
medula óssea e vão madurecer e diferenciar-se a nível dos órgãos linfóides.

Os granulócitos armazenados na medula óssea são libertados para sangue quando é


necessário defender-nos contra substâncias estranhas. Estes têm um tempo de semivida
de 4 a 8 horas no sangue e de 4 a 5 dias nos tecidos.

Os monócitos têm um tempo de semivida de 10 a 20 horas no sangue e vários meses a


anos nos tecidos sob a forma de macrófagos Quando os monócitos passam do sangue
para os tecidos passam a denominar-se macrófagos.

Já os linfócitos têm um tempo de semivida de vários meses a anos, isto é muito


importante para fortalecer a imunidade através das células de memória.

NOTA:

Quando eu vacino um doente o que vai acontecer é que os meus linfócitos vão
reconhecer o antigénio e vão produzir anticorpos contra esse antigénio de maneira
a destruir esse antigénio. O que nós injetamos na vacina é um antigénio atenuado,
que rapidamente os nossos linfócitos vão produzir anticorpos para destruir.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 259 | P á g i n a


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❖ Neutrófilos

Os neutrófilos são o tipo mais comum de leucócitos –


correspondem a 60-70% do número total de leucócitos. Têm uma
série de pequenos grânulos citoplasmáticos.

Também são chamados de glóbulos brancos polimorfonucleares


por existirem várias formas de núcleos diferentes. Os núcleos estão
divididos entre 2 e 5 partes.

Estão em circulação durante menos de 12 horas com migração subsequente para os


tecidos com uma sobrevida de dias, por exemplo se eu fizer um corte na pele vai ser
ativada a libertação de neutrófilos para a corrente sanguínea, que eles vão percorrer
até chegarem ao local do corte, onde se transferem para os tecidos permanecendo
neles durante vários dias para combater a infeção.

O seu papel principal é de realização de fagocitose e a nível dos grânulos


citoplasmáticos que nós temos vão existir enzimas com a capacidade para destruírem
bactérias, as chamadas lisozimas.

Se no hemograma existir leucocitose (aumento do número de leucócitos) com


neutrofilia (aumento do número de neutrófilos) existe suspeita de infeção bacteriana.

❖ Eosinófilos

Correspondem a 2 a 4% dos leucócitos e têm grânulos citoplasmáticos que coram de


vermelho com eosina (corante específico).

Este tipo de leucócitos têm a capacidade de saírem da


circulação para os tecidos durante uma reação inflamatória.
Por exemplo, o aumento dos eosinófilos é muito típico nos
tecidos quando se desenrola uma reação alérgica. Isto porque
são responsáveis pela destruição da histamina (enzima que se
encontra envolvida nos processos alérgicos). A histamina é
destruída por reação enzimática, que é libertada e provoca
uma resposta inflamatória.

Quando existe um aumento dos eosinófilos temos que excluir sempre a possibilidade de
existirem parasitas no interior do doente, uma vez que este tipo de leucócitos libertam
químicos tóxicos que atacam certos parasitas.

❖ Basófilos

Os basófilos são os menos comuns de todos os leucócitos (0,5 a


1%) e têm grânulos citoplasmáticos que coram de azul ou púrpura
com corantes alcalinos.

Estes migram para os tecidos onde desempenham um papel


importante nas reações alérgicas e inflamatórias. Ao contrário
dos eosinófilos que estão envolvidos na destruição de histamina,
os basófilos têm uma grande quantidade de estamina e
aumentam o processo inflamatório.

Por fim libertam ainda heparina que inibe a coagulação do sangue (anticoagulante).

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 260 | P á g i n a


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❖ Monócitos

Os monócitos correspondem a 3-8% dos leucócitos, são os glóbulos brancos de maiores


dimensões e estão em circulação por menos de 3 dias.

Transformam-se em macrófagos, que são essenciais para a


defesa do organismo e para o controlo das células envelhecidas
no organismo, nomeadamente os glóbulos vermelhos que
quando morrem por hemólise, a hemoglobina é degradada por
estes. Os macrófagos migram para os tecidos e aí permanecem
durante bastante tempo.

Têm um papel importante na realização de fagocitose.

❖ Linfócitos

Os linfócitos correspondem a 20-25% dos leucócitos e são os glóbulos brancos de


menores dimensões. Têm origem em percursores hematopoiéticos medulares mas
migram para os tecidos linfóides onde se multiplicam.

Estes respondem essencialmente a infeções virais.

Existem dois tipos de linfócitos:

→ Linfócitos B são responsáveis pela produção de anticorpos.


→ Linfócitos T são responsáveis pelo ataque e destruição de
células infetadas por vírus e outros microrganismos
intracelulares; são produzidos no timo

CURIOSIDADE:

Os linfócitos T são muito importantes em doentes infetados pelo vírus VIH Sida. Estes
doentes não morrem de sida, morrem sim por condições associadas ao VIH –
infeções, neoplasias, etc. Isto deve-se à baixa contagem de linfócitos T que estes
doentes apresentam, o que os torna mais suscetíveis às infeções.

❖ Propriedades de defesa dos neutrófilos e monócitos:

Diapedese – Capacidade que os neutrófilos e monócitos têm para saírem da circulação


através dos poros dos vasos sanguíneos e entrarem nos tecidos para combaterem as
bactérias

Movimentos ameboides – capacidade que os neutrófilos e monócitos têm de se


deslocarem como uma ameba, através de projeções irregulares do citoplasma

Capacidade de migração enfilando-se e enrugando-se para atravessarem os vasos

Quimiotaxia – Indução da deslocação dos neutrófilos e monócitos em direção à fonte


da substância química (bactérias, toxinas bacterianas, produtos de degradação dos
tecidos inflamados, complemento, produtos de coagulação), ou seja, há uma atração
dos neutrófilos e monócitos gerada por mediadores químicos que os fazem deslocar-se
ao local da infeção

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 261 | P á g i n a


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Capacidade de fagocitose – função mais importante dos neutrófilos e monócitos:

 Existe uma série de recetores a nível da superfície do neutrófilo/monócito que


vai reconhecer a bactéria.
 Essa bactéria vai ser endocitada e vai fundir-se com o grânulos que existem no
neutrófilo, por exemplo, e que têm lisozimas no seu interior.
 As lisozimas vão destruir a bactéria e vai formar-se o produto de degradação.
 O produto resultante da degradação da bactéria é depois excretado para a
corrente sanguínea.

Produção de anticorpos – Função dos linfócitos B.

Figura – Diapedese Figura – Movimento Amebóide

Figura – Quimiotaxia
Figura – Fagocitose

2. Hemostase e coagulação do sangue

2.1 Hemostase

A hemostase é a ação de parar uma hemorragia e é feita através de 4 mecanismos


distintos:

→ Espasmo vascular
→ Formação do rolhão plaquetário
→ Coagulação
→ Eventual crescimento de tecido fibroso sobre o
coágulo

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 262 | P á g i n a


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Durante o espasmo vascular ou vasoconstrição, quando existe
uma lesão vai ocorrer:

→ Encerramento imediato, mas temporário de um vaso


sanguíneo;
→ Contração involuntária da musculatura lisa da parede
vascular, que é uma contração secundária a reflexos
nervosos, espasmo miogénico local e fatores químicos
(células endoteliais → endotelina; plaquetas →
tromboxanos).
o Ou seja, através do sistema nervoso autónomo de espasmos miogénicos
(espasmos das próprias células musculares) e fatores químicos que se
libertam pela lesão do vaso sanguíneo vai ocorrer uma contração da
musculatura da parede lisa muscular de modo que não haja um
extravasamento do sangue para fora do leite vascular

2.2 Plaquetas ou Trombócitos

As plaquetas ou trombócitos são responsáveis pela coagulação


do sangue e são menos frequentes que os glóbulos vermelhos,
mas mais frequentes que os glóbulos brancos. Derivam dos
megacariócitos que vêm da diferenciação da linhagem
mieloide.

Elas não são células propriamente ditas, são sim minúsculos fragmentos de células em
forma de disco resultantes da fragmentação do megacariócito. E têm um tempo de
semivida muito curta – de 5 a 9 dias.

São muito importantes na prevenção das perdas de sangue pela formação do rolhão
plaquetário e pela formação/contração de coágulos sanguíneos.

NOTA:

São compostas por uma pequena quantidade de citoplasma envolvido por uma
membrana plasmática.

Medem cerca de 3 micrómetros de diâmetro e existem cerca de 250-400 mil


plaquetas por mililitro.

A sua superfície tem glicoproteínas e proteínas que permitem às plaquetas fixarem-


se a outras moléculas. Algumas dessas moléculas superficiais, assim como as
libertadas dos grânulos existentes no citoplasma da plaqueta, têm um papel
importante no controlo das perdas de sangue.

O citoplasma também contém actina e miosina, que permitem a contração da


plaqueta.

Na formação do rolhão plaquetário dá-se a adesão das plaquetas à região lesada do


vaso sanguíneo de forma a evitar, conjuntamente com o espasmo vascular, que haja
perdas de sangue. Isto deve-se ao fator de von Willebrand. Atrai plaquetas para o local
através da ativação plaquetária devido à libertação de tromboxanos que está dentro

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 263 | P á g i n a


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das plaquetas para que se chamem outras plaquetas para o local. Ao chegarem ao
local as plaquetas formam o rolhão através da agregação plaquetária.

❖ Questões importantes – Hemostase Primária:

Qual é o objetivo da hemostase primária?

 Formação do rolhão plaquetário

Qual o produto final resultante da hemostase (primária + secundária)?

 Coágulo sanguíneo – quando chego ao final da hemostase primária, que é


aquela em que vão participar as plaquetas, eu vou ter a formação do rolhão
plaquetário que é uma estrutura débil. No final da homeostase secundária com
a entrada dos diversos fatores de coagulação este rolhão vai ser estabilizado e
formar o coágulo sanguíneo.

Quais os recetores plaquetários com especial relevância na hemostase primária?

 Glicoproteína IB
 Glicoproteína IIB/IIIA

Estas glicoproteínas estão envolvidas na adesão plaquetária.

Qual a molécula que medeia a adesão das plaquetas ao colagénio exposto pela lesão
das células endoteliais?

 Factor von Willebrand – as plaquetas não aderem diretamente à lesão vascular,


ou seja, quando lesamos o endotélio vascular o colagénio fica exposto e é
necessário que haja um revestimento da lesão para que as plaquetas consigam
aderir a esta. Este revestimento é feito por este fator.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 264 | P á g i n a


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Qual a função do ADP durante a formação do rolhão plaquetário?

 Ativação das plaquetas


 Promoção da agregação plaquetária

Qual a função do tromboxano A2?

 Vasoconstrição
 Ativação das plaquetas
 Contribuição para a agregação plaquetária

Qual o recetor responsável pelo agregação plaquetária?

 Glicoproteína IIB/IIIA

NOTA: Ver o vídeo para uma melhor compreensão da matéria

https://www.youtube.com/watch?v=SffnpNxGWb8&feature=youtu.be

Na coagulação há a formação de um coágulo em que existe um vaso contraído e é


formado por plaquetas e uma rede fibrina que retém as plaquetas. Para esta ocorrer
têm de existir múltiplos fatores de coagulação e fatores plaquetários a ocorrerem ao
mesmo tempo. Estes dependem de vitamina K e cálcio.

Se existir uma hipocalcemia existe um problema na coagulação.

A vitamina K torna o sangue espesso pelo que, quando a pessoa tem o sangue muito
espesso são dados inibidores de vitamina K para evitar tromboses.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 265 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Resumo – Hemostase Primária

Tem 4 etapas:

 Vasoespasmo – por processos de sistema nervoso reflexo, fenómenos ligados a


recetores químicos e fenómenos miogénicos intrínsecos
 Adesão Plaquetária – mediada pela glicoproteína IB e IIB/IIIA
 Ativação e desgranulação plaquetária – importância dos:
o Grânulos densos – importantes porque têm no seu interior várias
substâncias – SAC:
▪ Serotonina – agente vasoconstritor
▪ ADP – importante na ativação plaquetária e na etapa seguinte a
esta
▪ Cálcio – papel importante na hemostase secundária
o Grânulos alfa – duas moléculas no seu interior:
▪ Fibrinogénio, importante para o processo de hemostase
secundária
▪ Fator de Von Willebrand, importante para mediar a adesão das
plaquetas ao endotélio vascular lesado
 Agregação plaquetária – Mediada pela glicoproteína IIB/IIIA

A hemostase primária termina na formação do rolhão plaquetário.

❖ Questões Importantes – Hemostase Secundária:

Qual a principal molécula responsável pela estabilização do rolhão plaquetário e,


consequentemente, formação do coágulo sanguíneo?

 Fibrina – que é o produto final da degradação da ativação de um fator da


coagulação (fibrinogénio)

Quais os mecanismos que levam à ativação da cascata da coagulação?

 Via intrínseca – exposição do colagénio subendotelial que provoca a ativação


do fator de coagulação
 Via extrínseca – libertação do fator tecidular (ou tromboplastina)

Chamamos cascata, porque os fatores “em cima” ativam os fatores por baixo deles e
assim sucessivamente, como se fosse uma ativação em degraus. Se o fator de cima não
é ativado, então o que está a seguir deste também não é ativado. Eles vão-se ativando
uns aos outros até chegar a um fator que é comum às duas vias (intrínseca e extrínseca)
que é o fator X, que posteriormente ativa o fator II que depois vai ativar o fator I que é
o fibrinogénio, degradando-se depois em fibrina.

Quando começa a ativação em cima vai ativar-se esta cascata que vai então culminar
com a ativação do fibrinogénio em fibrina com a formação do coágulo sanguíneo.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 266 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Para além da fibrina, que moléculas são necessárias para a formação do coágulo
sanguíneo?

 Cálcio – que foi libertado durante o processo de ativação e desgranulação


plaquetária durante a hemostase primária e que fica de reserva para este
processo de formação do coágulo sanguíneo
 Fosfolípidos – que estão na superfície da membrana celular das plaquetas para
conseguir que se forme o coágulo sanguíneo

NOTA: Ver vídeo para uma melhor compreensão da matéria

https://www.youtube.com/watch?v=y0sk8LG4mWQ&feature=youtu.be

CURIOSIDADE:

Um antiagregante plaquetário vai atuar a nível do processo de agregação das


plaquetas, ou sejam vai atuar no processo de hemostase primária.

Um anticoagulante vai atuar a nível dos fatores de coagulação, por isso tem um
papel fundamental no processo de hemostase secundária.

A diferença entre escolher um ou outro reside no facto de saber qual é o processo


fisiopatológico que se encontra na base da obstrução/ lesão.

2.3 Controlo da formação do coágulo:

O coágulo não pode estar sempre a formar-se e por isso


têm de existir determinados mecanismos que cheguem a
uma determinada altura e determinem que já não é
necessária a formação desse coágulo.

Então o que se encontra na base destes mecanismos de


controle da formação do coágulo para que este se
encontre limitado àquilo que é estritamente necessário?

São os fármaco anticoagulantes que impedem os fatores


de coagulação de iniciar a formação de coágulos.

São estes a heparina e a antitrombina que inibem a atividade da trombina, fazendo


com que o fibrinogénio não seja convertido em fibrina.

Temos também a prostaciclina que vai neutralizar os efeitos da trombina, ou seja, tem
um efeito vasodilatação e impede a libertação de fatores de coagulação a partir das
plaquetas.

CURIOSIDADE:

Apesar de termos heparina endógena, em algumas situações clínicas, por exemplo


enfarte agudo do miocárdio, damos heparina como forma de tratamento.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 267 | P á g i n a


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2.4 Retração e dissolução do coágulo:

A retração do coágulo resulta de uma contração das plaquetas que aproximam os


bordos do tecido danificado de forma a iniciar o processo de cicatrização.

O soro, plasma sem fatores de coagulação, é removido do coágulo para ficarem


apenas os fatores de coagulação e as plaquetas.

O fator XII, a trombina, o ativador do plasminogénio tecidular e a uroquinase ativam a


plasmina, que dissolve a fibrina. Se dissolvemos a fibrina, dissolvemos toda a rede que
estabiliza o coágulo sanguíneo e este acaba por se dissolver.

3. Grupos sanguíneos, transfusões, transplante de tecidos e órgãos

Transfusão corresponde à transferência


de sangue ou de componentes de
sangue de uma pessoa para outra. Hoje
em dia já não se fazem transfusões de
sangue completas, fazem-se conforme a
necessidade do doente, podendo
realizar-se então: transfusão de eritrócitos,
plaquetas, plasma fresco congelado,
fatores da coagulação, imunoglobulina
humana.

Realizar uma infusão significa introduzir no


corpo algo que não seja sangue.

No entanto quando são realizadas


transfusões sanguíneas, podem ocorrer
reações transfusionais que são interações
entre antigénios da superfície dos eritrócitos e anticorpos do plasma.

Quando existe uma transfusão deve ter-se em conta o grupo sanguíneo da pessoa. Se
der sangue do tipo B a uma pessoa do tipo A irá ocorrer um processo de aglutinação,
visto que uma pessoa do tipo A tem anticorpos tipo B e uma pessoa de tipo B tem

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 268 | P á g i n a


CLE 2019-2023
anticorpos tipo A e, por isso, a pessoa tipo A reconhece o outro tipo de sangue e
provoca a destruição dos glóbulos vermelhos que gera uma anemia hemolítica grave
que causa a morte.

Os grupos sanguíneos são determinados pelos antigénios de superfície dos eritrócitos –


aglutinogénios.

Os anticorpos (aglutininas) podem ligar-se aos antigénios de superfície dos eritrócitos


produzindo aglutinação ou hemólise.

3.1 Sistema AB0

Antigénios:

 Tipo A – antigénios A
 Tipo B – antigénios B
 Tipo AB – antigénios AB
 Tipo O – sem antigénios

Anticorpos:

 Tipo A – anticorpos anti B


 Tipo B – anticorpos anti A
 Tipo AB – sem anticorpos
 Tipo O – anticorpos anti A e anti B

Dador é quem doa sangue e recetor é quem recebe sangue.

O cruzamento dos grupos sanguíneos AB0 é responsável pelas reações transfusionais.

3.2 Sistema Rh – Classificação

O sangue de doentes Rh positivo tem determinados antigénios Rh (antigénios D),


enquanto o sangue de doentes Rh negativo não os tem.

Ao contrário do sistema AB0, em que já temos de base os anticorpos, aqui os anticorpos


anti antigénio Rh só são produzidos quando uma pessoa Rh negativa é exposta ao
sangue Rh positivo. Numa primeira transfusão há produção desses anticorpos, por isso
não tem problema, no entanto numa segunda transfusão estes anticorpos já lá vão estar
presentes para destruir.

CURIOSIDADE:

Em Portugal os tipos de sangue mais frequentes são o A e o 0.

Os Rh positivos são mais frequentes que os Rh negativos na Europa Ocidental, exceto


o país Basco, uma vez que os seus habitantes não se cruzavam muito com pessoas
de outras regiões.

Esta classificação é importante, pois se a mãe for Rh negativa e o pai for Rh positivo o
feto vai sempre ser Rh positivo, devido à existência de antigénios positivos.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 269 | P á g i n a


CLE 2019-2023
A nível da circulação placentária há um contacto muito íntimo entre a circulação fetal
e a circulação materna. O que vai acontecer é que as células Rh positivas vão entrar
na circulação materna fazendo com que esta desenvolva anticorpos anti Rh. Se a
mulher tem uma segunda gravidez em que o bebé seja Rh positivo os anticorpos que a
mãe produziu na primeira gravidez vão atacar o bebé e provocar a doença hemolítica
do recém-nascido ou eritroblastose fetal, ou seja, vai haver destruição dos eritrócitos do
bebé.

Para prevenir que isto aconteça deve administrar-se imunoglobulina anti-Rh0 (D)
durante a gravidez ou, se isto não tiver sido feito, deve ser administrada após cada
parto/aborto – imunosensibilização.

Se a mãe positiva e o pai for negativo não tem problema nenhum, apenas ao contrário
dará este problema.

3.3 Dadores e recetores (sistema AB0 e Rh)

O grupo AB só pode dar ao grupo AB.

O grupo A só pode dar ao grupo A e ao AB.

O grupo B só pode dar ao grupo B e ao AB.

O grupo 0 pode dar sangue a todos os grupos.

O recetor universal é o AB+, pois não tem


anticorpos.

O dador universal é o 0-, porque não tem


qualquer tipo de antigénio de superfície.

No entanto, estes grupos são extremamente


raros.

Os homens podem dar sangue de 3 em 3 meses, ou seja, 4 vezes por ano. Já as mulheres
podem dar de 4 em 4 meses, ou seja, 3 vezes por ano sem que daí resulte qualquer
prejuízo para si próprio.

Uma unidade de sangue total representa aproximadamente 450mL, ou seja, cada vez
que vou dar sangue retiram-me 450mL de sangue. Cada pessoa tem em circulação 5
a 6 litros de sangue, dependendo da sua superfície corporal. O sangue doado é
rapidamente reposto pelo nosso organismo. Não há qualquer possibilidade de contrair
doenças através da dádiva de sangue, pois todo o material utilizado é estéril e
descartável e usado uma única vez.

Requisitos para doação de sangue:

→ Bom estado de saúde;


→ Hábitos de vida saudáveis;
→ Peso igual ou superior a 50kg;
→ Idade entre os 18 e os 65 anos;
→ Para uma primeira dádiva o limite de idade é aos 60 anos, ou seja, se eu der
sangue pela primeira vez aos 64 anos, já não pode dar.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 270 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Não devemos dar sangue se:

→ Alguma vez utilizou drogas por via endovenosa


→ Teve contactos sexuais a troco de dinheiro ou drogas
→ Teve contacto com múltiplos parceiros/as
→ Se teve relações sexuais com:
o Alguém que tenha um dos requisitos acima
o Alguém seropositivo para o VIH
o Portador crónico do VHB e VHC
→ Tem história familiar de doença de Creutzfeldt-Jakob e variantes
→ Fez tratamento com hormona de crescimento, pituitária ou gonadotrofina de
origem humana
→ Fez transplante de córnea ou dura-máter
→ Fez transfusão
→ Tem epilepsia, diabetes insulino-dependente ou HTA grave
→ Teve parto nos últimos 6 meses ou se estiver a amamentar (adiar 3 meses após o
cessar do aleitamento)
→ Foi operado nos últimos 4 meses (6 meses caso tenha tido complicações)
→ Fez endoscopia nos últimos 4 meses
→ Fez tatuagem ou piercings nos últimos 4 meses
→ Fez tratamento dentário (por ex: extração dentária) há menos de 1 semana
→ Teve um novo parceiro sexual nos últimos 6 meses

Os critérios de suspensão baseados em comportamentos


sexuais, incluindo sexo oral, estão indubitavelmente associados
a um aumento de prevalência de doenças infeciosas, algumas
das quais transmissíveis pela transfusão. Há um conjunto de
variáveis que afetam o nível de risco por comportamento sexual:
consumo de álcool e drogas previamente ou durante contacto
sexual, número de parceiros (sequenciais ou concorrentes),
práticas sexuais desprotegidas (para doenças infeciosas),
parceiros com infeções sexualmente transmissíveis (IST),
participação em práticas homossexuais ou heterossexuais anais.

3.4 Transplante de tecidos e órgãos

Presença de antigénios em todas as células do organismo aumenta a possibilidade de


resposta imune por parte do recetor, por isso é necessário medicação para prevenir a
rejeição do enxerto/órgão. Temos de ter em conta o tipo sanguíneo e o tamanho dos
órgãos.

Existem diferentes tipos de transplante:

 Autotransplante
 Alotransplante – de um indivíduo
para outro
 Xenotransplante – entre espécies

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 271 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4. Sistema Linfático e Imunidade

4.1 Anatomia do sistema linfático

A medula óssea corresponde ao tecido gelatinoso que preenche a cavidade interna


dos ossos, sobretudo a nível dos ossos longos.

Esta tem células progenitoras das células sanguíneas (linhagem mielóide e linfóide) e é
a seu nível que ocorre a produção dos elementos figurados do sangue periférico.

RECORDA:

O sangue periférico é um tipo de tecido conjuntivo. É composto por células e


fragmentos de células ( elementos figurados do sangue ) e por uma matriz líquida
(plasma). A mulher adulta possui 4-5L e o homem adulto 5-6L. Corresponde a 8% do
peso corporal.

O sistema linfático é formado por um sistema circulatório constituído por linfa que circula
pelos capilares linfáticos e vasos linfáticos.

Este sistema é ainda composto por uma série de órgãos linfáticos, que são eles: baço,
gânglios linfáticos, tecido linfático, timo e amígdalas.

Os gânglios linfáticos são importantíssimos constituintes do


sistema linfático. E vamos ter uma série de macrófagos e
células dendríticas (células mononucleares da família dos
macrófagos). Ambos são responsáveis pela fagocitose dos
antigénios, processando-os e apresentam-nos aos linfócitos,
levando-os a produzir anticorpos e a criar células de memória.

4.1.1 Funções do sistema linfático

O sistema linfático tem 3 principais funções:

→ Equilíbrio hídrico do nosso corpo – a linfa


é constituída essencialmente por água e
por solutos provenientes do plasma e das
células. Por isso uma forma de eu regular
a minha quantidade de líquido circulante
é esse líquido entrar para o sistema
linfático.
→ Absorção de gorduras – cada vilosidade
intestinal, a nível do intestino delgado,
tem o quilífero que é responsável pela
absorção de gorduras (no quilo)
→ Defesa do organismo – através dos
gânglios linfáticos e do baço

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 272 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4.1.2 Vasos linfáticos

Os vasos linfáticos são formados por capilares linfáticos que transportam a linfa dos
tecidos. A única diferença entre os vasos sanguíneos e os linfáticos é que os primeiros
são constituídos por uma membrana basal não deixa passar a água livremente. Os
vasos linfáticos têm uma série de células epiteliais, formando um epitélio pavimentoso
simples que estão ligeiramente sobrepostas, o que permite uma entrada fácil de líquidos
na circulação linfática.

Os capilares linfáticos vão posteriormente unir-se em estruturas de cada vez maior


calibre originando os vasos linfáticos.

Circulação da linfa nos vasos:

Capilares Linfáticos – Vasos Linfáticos – Troncos Linfáticos – Ductos/Canais Linfáticos


– Veias

Os gânglios linfáticos estão distribuídos ao longo dos vasos linfáticos e são uma espécie
de “check points” a nível da circulação linfática que vão verificar se existe algum
microrganismo em circulação que seja necessário eliminar.

CURIOSIDADE:

Por esta razão, quando temos por exemplo uma amigdalite, os gânglios linfáticos a
nível do pescoço aumentam de dimensão.

Os vasos linfáticos vão convergir de forma a formar estruturas de maior calibre – troncos
e canais linfáticos que vão drenar para o sangue a nível das veias torácicas, mais ou
menos a nível da junção das veias jugulares internas e subclávias (tronco
braquiocefálico).

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 273 | P á g i n a


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A linfa proveniente da ½ direita do tórax, do músculo superior direito e da ½ direita da
cabeça e do pescoço drena para as veias torácicas direitas.

A linfa proveniente dos membros inferiores, da pélvis, do abdómen, da ½ esquerda do


tórax e da ½ esquerda da cabeça e do pescoço drena para as veias torácicas
esquerdas.

Os troncos linfáticos jugular, subclávio e


broncomediastínicos podem unir se para
formar o canal linfático direito.

A ½ direita do corpo infratorácica e todo o


hemicorpo esquerdo drenam principalmente
para o canal torácico.

A nível dos troncos intestinais e lombares eles


podem juntar-se em alguns casos, formando
uma cisterna quilosa/de Pequet.

4.1.3 Órgãos linfáticos

O tecido linfático é um tecido conjuntivo reticular que contém linfócitos e outras células.
E pode dividir-se em 2 tipos:

Os órgãos linfáticos são classificados conforme a presença ou ausência de cápsula, por


isso podem ser classificado em:

→ Capsulado – gânglios linfáticos, baço e timo


→ Não capsulado – tecido linfático difuso, nódulos linfáticos e amígdalas

Tecido linfático difuso:

Encontramos este tecido sobretudo linfócitos, macrófagos


e outras células dispersas do sistema imune. Se ele é difuso,
quer dizer que não é delimitado, liga-se aos tecidos
circundantes. Está presente em vários órgãos de vários
sistemas, por exemplo no intestino. Tem uma localização
profunda em relação à mucosa, ou seja, em todos os
órgãos que possuem mucosa existe MALT em baixo dessa
mucosa que confere proteção a esse órgão. Pode
encontrar-se ao redor dos nódulos linfáticos e dentro do
baço.

Nódulos linfáticos:

Eles são um arranjo compacto de tecido linfóide. São


numerosos a nível do tecido conjuntivo laxo dos
aparelhos digestivo, respiratório e urinário (MALT –
tecido linfóide associado às mucosas) e encontram-
se aqui uma vez que estes órgãos são portas de
entrada/saída de alimentos, ar e urina, necessitando
de uma proteção especial feita por estes nódulos.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 274 | P á g i n a


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Exemplos:

→ Placas de Peyer – nódulos linfáticos que existem na ½ inferior do intestino


delgado e do apêndice
→ Folículos linfóides – nódulos linfáticos existentes nos gânglios linfáticos e baço.

Amígdalas:

São grandes agregados de nódulos linfáticos na


cavidade oral e na nasofaringe. São um tecido não
capsulado.

Existem 3 grupos:

→ Palatinas – na junção da cavidade oral com


a faringe
→ Faríngea/Adenóide – na união da
cavidade nasal com a faringe;
→ Lingual – na parte posterior da língua

Gânglios linfáticos:

Encontram-se a nível superficial, na hipoderme, e


profundo. Se os gânglios linfáticos estiverem aumentados,
eu consigo palpá-los, o que não acontece com os
gânglios linfáticos profundos.

Podem ficar localizados no vasos sanguíneos ou


adjacentes a estes.

Estes são revestidos por uma cápsula, que tem extensões


para dentro do gânglio (trabéculas).

Os seios linfáticos estendem-se através do tecido linfático,


por onde circula a linfa.

Os gânglios linfáticos podem ser divididos em duas áreas


– córtex (porção mais periférica) e medula (porção mais
central).

A nível do córtex, os gânglios são constituídos pelo seio


subcapsular, seios corticais, trabéculas e nódulos
linfáticos.

Já na zona medular é composto por cordões medulares


e seios medulares.

As substâncias estranhas existentes na linfa são


removidas da circulação linfática por fagocitose,
apresentando-as aos linfócitos que vão ser estimulados
a produzir anticorpos.

Os gânglios linfáticos são as únicas estruturas que filtram a linfa.

A nível do córtex existem áreas que são chamados centros germinativos que são áreas
onde há uma rápida divisão dos linfócitos.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 275 | P á g i n a


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Depois de passarem por estes processos, os linfócitos deixam o gânglio linfático e
circulam em direção a outros tecidos.

Apresenta um vaso aferente (por onde entra a linfa que se destina à filtração) e um
vaso eferente (por onde sai a linfa depois da filtração).

Baço:

Está localizado no hipocôndrio esquerdo, debaixo da grelha costal e não é palpável


em condições normais.

É o maior órgão do sistema linfático com as seguintes dimensões: 7cmx14cm; 140g –


180g.

Tem uma cápsula e extensões que estão para dentro do órgão – trabéculas.

É divisível em dias regiões diferentes. A polpa branca (interna) é constituída por tecido
linfático que envolve as artérias dentro do baço. Já a polpa vermelha (externa) está
associada à circulação venosa do baço.

Quando as substâncias estranhas entram no baço através da circulação, estimulam os


linfócitos da polpa branca a nível da bainha linfática periarterial e nódulos linfáticos. As
substâncias estranhas e eritrócitos anómalos são retirados do sangue pelos fagócitos da
polpa vermelha que existem a nível dos cordões esplénicos e seios venosos.

O baço é um reservatório limitado de sangue a nível dos cordões esplénicos,


comportando muito sangue e é extremamente irrigado.

Timo:

É uma glândula localizada no mediastino anterior e superior. É bilobado, ou seja, possui


dois lóbulos – direito e esquerdo. Tem tamanho variável e diminui com a idade. A partir
dos 18-20 anos este já começa a ser uma estrutura vestigial. Tem uma cápsula,
trabéculas e uma série de lóbulos.

É uma área importante para a maturação dos


linfócitos nos grupos etários mais jovens.

O seu córtex é mais rico em linfócitos do que a


sua zona medular. A medula apresenta
corpúsculos tímicos ou de Hassal.

A sua função principal é a maturação dos


linfócitos T, que passam de linfócitos pré-T para
linfócitos T.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 276 | P á g i n a


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4.2 Imunidade

Designamos imunidade como a capacidade de resistir às agressões de substâncias


estranhas, como microrganismos, substâncias químicas, e ameaças internas, como o
cancro.

Existem 2 tipos de imunidade:

→ Imunidade inata ou imunidade não específica


o Perante diferentes agressões reage sempre da mesma forma:
▪ Ataca qualquer organismo
▪ O organismo reconhece e destrói algumas substâncias estranhas,
mas a resposta é sempre a mesma a cada exposição
→ Imunidade adaptativa ou imunidade específica
o Perante diferentes agressões reage de maneiras diferentes:
▪ Ataca um organismo em particular com uma ação específica
àquele organismo
▪ O organismo reconhece e destrói algumas substâncias estranhas,
mas a resposta aumenta cada vez que ocorre uma nova
exposição ao agente agressor

Estes dois sistemas trabalham de forma interligada, ou seja, quando há um quadro de


infeção ambos entram em ação.

Características específicas da Imunidade adaptativa:

→ Especificidade – capacidade que imunidade


adaptativa tem de reconhecer determinada
substância como estranha.
→ Memória – capacidade que a imunidade
adaptativa tem de recordar contactos prévios
com determinada substância, o que permite
que tenha uma resposta mais rápida, mais forte
e mais prolongada no tempo. Está na base da
vacinação, uma vez que nos é injetado um
corpo inativo.

4.2.1 Imunidade Inata

Tem várias áreas de defesa e atua através de:

→ Fagocitose de bactérias e outros agentes invasores por


leucócitos e células do sistema monócito-macrófago
→ Destruição de microrganismos deglutidos pelas secreções
ácidas do estômago e pelas enzimas digestivas – o HCl
destrói bactérias ingeridas nos alimentos
→ Resistência da pele à invasão por microrganismos –
estrutura semipermeável, ou seja, absorve algumas
substâncias e é a 1ª linha de fronteira aos microrganismos
→ Presença no sangue de certos componentes químicos que
se fixam aos microrganismos ou toxinas (lisozima,
polipéptidos básicos, complemento e linfócitos NK).

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 277 | P á g i n a


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Os linfócitos NK (natural killer) vão identificar e destruir todos os vírus e células que se
encontram infetadas, atuando sempre da mesma forma.

As lisozimas, enzimas presentes no processo de fagocitose que ajudam na digestão de


bactérias.

O complemento é um processo muito importante, são uma série de proteínas,


polipéptidos que existem a nível do nosso plasma e que são fundamentais para a nossa
defesa. Eles formam como uma cascata de ativação das diferentes frações do
complemento. Normalmente eles circulam a nível do sangue numa forma inativa e
quando, por exemplo, alguns componentes bacterianos existem a nível da circulação,
eles vão combinar-se com esse agente estranho e vão ficar ativas. Além disso eles
podem combinar-se também com anticorpos. Uma vez que esta ativação se inicia, vai
iniciar-se a tal cascata de ativação em que uma proteína ativas as outras e assim
sucessivamente. Esta cascata vai então promover a inflamação, promover a fagocitose
e ao mesmo tempo podem agir diretamente a nível das paredes das bactérias
causando lise da sua parede e a sua morte.

Quando falamos deste tipo de imunidade temos de falar de fatores mecânicos que
evitam a entrada de microrganismos (pele e mucosas) ou removem-nos (lágrimas, saliva
e muco).

Temos de falar ainda de mediadores químicos que promovem a fagocitose e a


inflamação através do complemento e interferão:

→ Interferões – papel mais importante em proteger contra infeções virais;


→ Complemento – grupo de 9 proteínas plasmáticas que formam uma cascata
para atacar substâncias externas – toda a cascata serve para formar um
complexo que causa apoptose das células invasoras, vírus e bactérias

E por fim falamos também de diferentes células:

→ Neutrófilos – realizam fagocitose


→ Macrófagos – realizam fagocitose
→ Basófilos (no sangue) /mastócitos (nos tecidos) – produzem mediadores que
promovem a inflamação
→ Eosinófilos – produzem enzimas que reduzem a inflamação
→ Células NK – lisam células tumorais e infetadas por vírus

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 278 | P á g i n a


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Uma das bases da imunidade inata é a resposta inflamatória que é comum a todos os
mecanismos de agressão que nós temos e é uma sequência complexa de
acontecimentos que envolve muitos dos mediadores químicos e das células da
imunidade inata.

Exemplo – Imagem:

Uma série de sinais químicos são libertados pelos macrófagos e pelas células
mastocitárias a nível do local da lesão e vão fazer com que o capilar fique mais
permeável. O processo de coagulação inicia-se, vai haver uma série de quimiocinas
que vão ser libertadas pelas bactérias que vão atrair as células monocitárias que se
transformam macrófagos e os neutrófilos de forma que o processo de fagocitose possa
existir.

4.2.2 Imunidade Adaptativa ou Adquirida

A imunidade adaptativa baseia-se no seguinte princípio – capacidade que temos de


reconhecer e memorizar uma substância.

Esta imunidade divide-se em 2 tipos:

→ Imunidade mediada por anticorpos


→ Imunidade mediada por células

Aspetos importantes para falarmos quando falamos de imunidade adaptativa:

Antigénios – grandes moléculas que estimulam uma resposta imunitária adaptativa e


que permite reconhecer uma célula como externa.

Haptenos – pequenas moléculas que se combinam com outras para estimular uma
resposta imunitária adaptativa. Tem que se unir a outras moléculas de maiores
dimensões de maneira a conseguirem desencadear uma resposta adaptativa.

Linfócitos B – responsáveis pela imunidade humoral (mediada por anticorpos).

Linfócitos T – implicados na imunidade mediada por células.

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As células do sistema linfático não conseguem reconhecer o antigénio todo,
reconhecem sim determinantes antigénicos.

As células B e T têm origem na medula óssea, maturam-se nos órgãos linfáticos primários
e provoca uma resposta imunitária nos órgãos e tecidos linfáticos secundários. As células
T diferenciam-se no timo e as células B na medula óssea.

Vai ocorrer um processo de seleção negativa,


ou seja, todos os linfócitos que reajam contra
autoantigénios (antigénios do próprio corpo)
têm que ser eliminados para evitar que haja
uma destruição das próprias células. Se não
ocorrer esta eliminação, podem ocorrer
algumas doenças, como por exemplo doenças
autoimunes (artrite reumatóide, lúpus).

Os linfócitos necessitam de ser ativados ou inibidos, conforme a sua necessidade para


combater ameaças.

Ativação dos linfócitos:

→ Um linfócito vai reagir apenas a uma parte específica de um antigénio, que é o


determinante antigénico (pertence ao agressor).
→ Na superfície de um linfócito, seja ele B ou T, há um recetor antigénico que vai
combinar com o determinante antigénico.

Inibição dos linfócitos, através dos seguintes mecanismos:

→ Tolerância – supressão da resposta do sistema imunitário a um antigénio, é


importante nas reações alérgicas
→ Eliminação de células autorreativas – células que se ativam a elas próprias
→ Prevenção da ativação dos linfócitos
→ Células T supressoras

❖ Imunidade Adaptativa – Mediada por anticorpos:

Ocorre à custa das células B que maturam na medula óssea. A sua função é proteção
contra organismos extracelulares.

Anticorpo é sinónimo de gamaglobulinas e imunoglobulinas.

Pode provocar as reações alérgicas:

→ Numa primeira exposição a um alergénio é este tipo de


imunidade que o reconhece.
→ Nas seguintes já é a imunidade mediada por células, visto
que, o alergénio já foi reconhecido (células de memória).

Os anticorpos são proteínas compostos por 2 cadeias leves e 2 cadeias pesadas. Existem
5 tipos diferentes de anticorpos:

→ IgG – Valor aumentado em situações de infeção crónica

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 280 | P á g i n a


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→ IgM – Valor aumentado numa primeira infeção ativa/aguda, ou seja, num
primeiro contacto com um antigénio; é um marcador de infeção aguda.
→ IgA
→ IgE – Valor aumentado em casos de alergias
→ IgD

O anticorpo liga-se ao antigénio para que as células responsáveis por destruírem outras
reconheçam a substância como estranha e a matem. Possuem:

→ Região variável – combina-se com o antigénio e varia de anticorpo para


anticorpo
→ Região constante – ativa o complemento ou liga-se às células

Os anticorpos IgM e IgG ao combinar-se com um antigénio, a região constante do


anticorpo pode ativar a cascata do complemento que estimula a inflamação
recrutando neutrófilos, monócitos, macrófagos e eosinófilos para o sítio da infeção,
eliminando a bactéria e induzindo a lise celular.

Numa primeira exposição (resposta primária) a um antigénio há formação de


anticorpos e células B. A resposta é mais lenta e menos intensa por existirem poucos
anticorpos.

Numa segunda exposição (resposta secundária ou de memória) a resposta é mais


rápida e intensa por existirem as células memória, que permitem a produção de
anticorpos mais rápida e em maiores quantidades.

Existem diversos fatores que podem


condicionar a ligação ao determinante
antigénico de um antigénio, por exemplo
pode haver a combinação com o
determinante antigénico de 2 antigénios
diferentes tornando-os ineficazes, ou seja, o
anticorpo ligar-se a 2 antigénio tornando-os
ineficazes.

Depois, a atuação como opsoninas, que são substância que envolvem os antigénios e
vão aumentar e facilitar o processo de fagocitose. – ligação a antigénio e macrófago

Outro aspeto importante, vimos que o complemento era ativado não só por substâncias
estranhas, mas também por anticorpos.

Os anticorpos têm a capacidade de se ligarem a basófilos ou mastócitos, provocando


a libertação de mediadores da inflamação.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 281 | P á g i n a


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❖ Imunidade adaptativa – Imunidade mediada por células

Ocorre à custa das células T que maturam no timo. Elas são células citotóxicas que lisam
células infetadas por vírus, células tumorais e tecidos transplantados. Estes linfócitos vão
ainda produzir citocinas (proteínas) que promovem a fagocitose e a inflamação.

Função – proteção contra organismos intracelulares

NOTA – não falado em aula, mas pode ser importante:

Dentro da célula, depois da entrada de uma proteína intrusa, esta pode ser
fragmentada formando o Complexo histocompatibilidade major (MHC) de classe I
no retículo endoplasmático rugoso da célula ou pode ser ingerida por endocitose
ficando dentro de uma vesícula sendo aí fragmentada e formando um complexo
histocompatibilidade major (MHC) de classe II:

→ Classe 1 – mata diretamente as células


→ Classe 2 – Estimula-se a defesa por células imunitárias

A proteína intrusa entra:

→ Fragmenta-se e forma o MHC I no retículo endoplasmático da célula


→ É ingerida por endocitose sendo fragmentada dentro de uma vesícula e
forma o MHC II

❖ Formas de adquirir imunidade adaptativa:

Exposição natural – contacto não deliberado com o antigénio ou anticorpo

Exposição artificial (ou imunização) – introdução deliberada de um antigénio ou


anticorpo no organismo

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 282 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Existem 4 formas de adquirir imunidade adaptativa:

→ Imunidade Ativa – Ativação da produção de anticorpos pelo próprio indivíduo


e pode ser:
o Natural – Exposição natural a um antigénio (Ex: apanhar varicela no seio
da comunidade)
o Artificial – Exposição deliberada a um antigénio (Ex: vacinas – injeta-se o
antigénio no nosso corpo)

→ Imunidade Passiva – A imunidade criada por outro organismo que é transferida


e pode ser:
o Natural – Transferência de anticorpos da mãe para o feto (através da
circulação placentária) ou para o bebé (através do leite materno)
o Artificial – Transferência de anticorpos ou células de um animal imune
para outro não imune (Ex: dar logo os anticorpos e não o antigénio)

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 283 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5. Exercícios

1. Os basófilos caracterizam-se por (assinale a incorreta):


a. Serem os menos comuns de todos os glóbulos brancos.
b. Libertarem heparina.
c. Desempenharem um papel importante em reações alérgicas e
inflamatórias.
d. Apresentarem grânulos citoplasmáticos que coram de azul com corantes
ácidos.
e. Conterem grande quantidade de histamina.

2. Qual destes tipos de glóbulos brancos, tem como uma das principais funções a
fagocitose? (assinale a correta):
a. Eosinófilos.
b. Macrófagos.
c. Linfócitos T.
d. Linfócitos B.
e. Basófilos.

3. No que se refere aos sistemas ABO e Rh, qual dos seguintes grupos sanguíneos é
considerado dador universal? (assinale a correta):
a. B Rh-
b. AB Rh-
c. AB Rh+
d. O Rh-
e. O Rh+

4. Cada molécula de hemoglobina pode associar-se com quantas moléculas de


oxigénio?
a. Uma
b. Duas
c. Três
d. Quatro
e. Ilimitadas

5. Os glóbulos brancos mais pequenos que incluem células B e células T são:


a. Linfócitos
b. Monócitos
c. Neutrófilos
d. Basófilos
e. Eosinófilos

6. Qual dos elementos figurados do sangue são polimorfonucleares?


a. Eritrócitos
b. Neutrófilos
c. Eosinófilos
d. Linfócitos
e. Monócitos

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 284 | P á g i n a


CLE 2019-2023
7. No que se refere ao Sistema ABO, qual dos grupos sanguíneos é considerado o
recetor universal?
a. A
b. B
c. O
d. AB
e. Todos os anteriores

8. Qual a molécula que medeia a adesão das plaquetas ao colagénio exposto


pela lesão das células endoteliais?
a. Glicoproteína IIb/IIIA
b. Fibrina
c. Factor von Willebrand
d. ADP
e. Prostaciclina

9. No que se refere aos eritrócitos, assinale a alínea incorreta:


a. A rutura do eritrócito seguida da libertação de hemoglobina designa-se
por hemólise.
b. A sua produção ocorre na medula óssea a partir de células percursoras
indiferenciadas
c. A maturação completa dos eritrócitos demora em média 90 dias.
d. Os eritrócitos permanecem em circulação durante 120 dias
aproximadamente.
e. Cada molécula de hemoglobina pode ligar-se a quatro moléculas de
oxigénio.

10. Como se chama o processo pelo qual se dá a dissolução do coágulo sanguíneo


após a regeneração, e sem o qual os vasos sanguíneos ficariam gradualmente
bloqueados? (certa)
a. Hematopoiese
b. Fibrinólise
c. Leucopenia
d. Trombocitopenia
e. Entropolese

11. Todos os seguintes são tipos de anemias, à exceção de:


a. Megaloblástica
b. Hemolítica
c. Aplástica
d. Reticular
e. Ferropénica

12. Leucopenia é definida por: (certa)


a. Estimulação química da produção de leucócitos
b. Um tipo de leucemia caracterizado por mieloblastos anormais
c. Contagem de leucócitos anormalmente diminuída
d. Um grupo de neoplasias envolvendo leucócitos
e. A capacidade dos leucócitos de migrarem

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 285 | P á g i n a


CLE 2019-2023
13. Qual a classe de anticorpos produzidos após a exposição inicial a um antigénio?
a. IG M

14. O primeiro passo da hemóstase é (assinale a correta):


a. Vasoconstrição
b. Conversão do fibrinogénio em fibrina
c. Ativação da via intrínseca
d. Agregação plaquetária
e. Ativação da via comum

15. Frequência 2019/2020 – Relativamente à imunidade (incorreta):


a. Os haptenos são pequenas moléculas que se combinam com outras
para estimular uma resposta imunitária inata
b. Os linfócitos T são responsáveis pela imunidade medida por células
c. Os linfócitos B diferenciam-se na medula óssea
d. A inibição da atividade linfocitária pode ser mediada por célula T
supressoras
e. A imunidade artificial ativa resulta da exposição deliberada a um
antigénio

16. Frequência 2019/2020 – Relativamente aos anticorpos (incorreta):


a. São proteínas plasmáticas da fração ϒ
b. São constituídos por 4 cadeias proteicas
c. A região variável combina-se com o antigénio
d. A região constante é responsável pela inibição do complemento
e. As IG G atuam como opsoninas estimulando a fagocitose

17. Frequência 2019/2020 – O tipo de leucócitos mais comum na circulação é


(correta):
a. Neutrófilos
b. Linfócitos
c. Basófilos
d. Eosinófilos
e. Macrófagos

18. Frequência 2019/2020 – Relativamente à homeostase primária (incorreta):


a. A glicoproteína IB é responsável pela agregação plaquetária
b. O fator Von Willebrand medeia a adesão das plaquetas ao colagénio
exposto pela lesão endotelial
c. A desgranulação plaquetária leva à inibição de serotonina, ADP e cálcio
d. As plaquetas secretam tromboxano A2 promovendo a vasoconstrição
e. O produto final é o rolhão plaquetário

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 286 | P á g i n a


CLE 2019-2023
19. Frequência 2019/2020 – Seis alunos de Enfermagem fizeram o teste laboratorial
para determinação do grupo sanguíneo. Eis os resultados:
Assinale a relação dador-recetor passível de reação transfusional:
a. Dador Fábio, recetor Leandro
Fábio A Rh + b. Dador Pedro, recetor Fábio
Rúben O Rh –
c. Dador Jéssica, recetor Tatiana
Leandro AB Rh +
Pedro A Rh + d. Dador Leandro, recetor Rúben
Jéssica B Rh + e. Dador Rúben, recetor Leandro
Tatiana B Rh+

20. Recurso 2020 – Os eosinófilos caracterizam-se por (incorreta):


a. Constituírem 2 a 4% da população leucocitária
b. Libertarem químicos tóxicos que atacam determinados parasitas
c. Serem comuns em tecidos onde se desenvolve uma reação alérgica
d. Apresentarem grânulos citoplasmáticos que coram com corantes
alcalinos como a eosina
e. Destruírem a histamina por reação enzimática

21. Recurso 2020 – Qual o tipo mais numeroso de glóbulos brancos, cuja principal
função é a fagocitose?
a. Eosinófilos
b. Monócitos
c. Linfócitos
d. Basófilos
e. Neutrófilos

22. Recurso 2020 – Relativamente à via de coagulação intrínseca (correta):


a. Inicia-se com a libertação de fator tecidular
b. Inicia-se com a exposição do colagénio subendotelial
c. Depende dos recetores plaquetários glicoproteína IB e IIB/IIIA
d. O fator de Won Willebrand medeia conjuntamente com o cálcio e os
fosfolípidos plaquetários a ativação do fator X
e. Alíneas A e B

23. Recurso 2020 – Relativamente ao complemento (incorreta):


a. Normalmente, as proteínas do complemento circulam no sangue sob
uma forma inativa
b. A via alternativa do complemento faz parte da imunidade adquirida e
tem início quando a proteína C3 do complemento se ativa
espontaneamente
c. As proteínas do complemento podem aderir à superfície das bactérias e
estimularem os macrófagos para as fagocitarem
d. A proteínas do complemento podem formar um complexo de ataque à
membrana
e. Quando um anticorpo se combina com um antigénio na região variável,
a região constante pode ativar a cascata do complemento através da
via clássica

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 287 | P á g i n a


CLE 2019-2023
24. Recurso 2020 – Relativamente à imunidade adaptativa (incorreta):
a. Os linfócitos B após serem ativados diferenciam-se em plasmócitos ou
células B de memória
b. A imunidade mediada por anticorpos pode ser responsável por reações
de hipersensibilidade tardia, como, por exemplo, as alergias
c. Os principais produtos segregados na imunidade mediada por células
são as citocinas
d. A região específica do antigénio reconhecida pelo linfócito designa-se
por epítopo
e. A principal função da tolerância linfocitária é evitar que o sistema
imunitário reaja contra autoantigénios.

25. Frequência 2020/2021 – O tipo de leucócito de maior dimensão existente na


circulação é (assinale a alínea correta):
a. Neutrófilo
b. Linfócito
c. Basófilo
d. Eosinófilo
e. Monócito

26. Frequência 2020/2021 – No que se refere aos eritrócitos, assinale a alínea


incorreta:
a. A rotura do eritrócito seguida da libertação de hemoglobina designa-se
por hemólise
b. A sua produção ocorre na medula óssea a partir de células percursoras
indiferenciadas
c. A maturação completa dos eritrócitos demora, em média, 60 dias
d. A perda do núcleo por parte dos eritroblastos resulta na sua
transformação em reticulócitos
e. Cada molécula de hemoglobina pode ligar-se a quatro moléculas de
oxigénio

27. Frequência 2020/2021 – Relativamente à hemostase primária (assinale a alínea


incorreta):
a. A glicoproteína IB é responsável pela agregação plaquetária
b. O fator von Willebrand medeia a adesão das plaquetas ao colagénio
exposto pela lesão endotelial
c. A desgranulação plaquetária leva à libertação de serotonina, ADP e
cálcio
d. As plaquetas secretam tromboxano A2 promovendo a vasoconstrição
e. O produto final é o rolhão plaquetário

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 288 | P á g i n a


CLE 2019-2023
28. Frequência 2020/2021 – Relativamente ao complemento (assinale a alínea
incorreta):
a. Normalmente, as proteínas do complemento circulam no sangue sob
uma forma inativa
b. A via alternativa do complemento faz parte faz parte da imunidade
adquirida e tem início quando a proteína C3 do complemento se ativa
espontaneamente
c. As proteínas do complemento podem aderir à superfície das bactérias e
estimularem os macrófagos para as fagocitarem
d. As proteínas do complemento podem formar um complexo de ataque à
membrana
e. Quando um anticorpo se combina com um antigénio na região variável,
a região constante pode ativar a cascata do complemento através da
via clássica

29. Frequência 2020/2021 – Relativamente à imunidade adaptativa (assinale a


alínea incorreta):
a. Os linfócitos B após serem ativados diferenciam-se em plasmócitos ou
células B de memória
b. A imunidade mediada por anticorpos pode ser responsável por reações
de hipersensibilidade tardia, como por exemplo, as alergias
c. Os principais produtos segregados na imunidade mediada por células
são as citocinas
d. A região específica do antigénio reconhecida pelo linfócito designa-se
por epítopo
e. A principal função da tolerância linfocitária é evitar que o sistema
imunitário reaja contra autoantigénios

30. Frequência 2020/2021 – Seis alunos de Enfermagem fizeram o teste laboratorial


para determinação do grupo sanguíneo; eis os resultados:
• Fábio A Rh+
• Rúben 0 Rh-
• Leandro AB Rh+
• Pedro A Rh+
• Jéssica B Rh+
• Tatiana B Rh+
Assinale a relação dador – recetor passível de reação transfusional
a. Dador Fábio; recetor Leandro
b. Dador Pedro; recetor Fábio
c. Dador Jéssica; recetor Tatiana
d. Dador Leandro; recetor Rúben
e. Dador Rúben; recetor Leandro

dúvida verifiquem com a matéria


Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de

20D; 21E; 22B; 23B; 24B; 25E; 26C; 27A; 28B; 29B; 30D
1D; 2B; 3D; 4D; 5A; 6C; 7D; 8C; 9C; 10B; 11D; 12C; 13A; 14A; 15A; 16D; 17A; 18A; 19D;

Possíveis respostas:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 289 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 290 | P á g i n a
CLE 2019-2023
Módulo VIII – Sistema Urinário

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 291 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Introdução

O sistema urinário é constituído, a nível macroscópico, por:

→ 2 rins
→ 2 ureteres – estruturas tubulares que transportam a urina dos rins para a bexiga
→ Bexiga – reservatório localizado na linha média
→ Uretra – estrutura responsável pela condução da urina da bexiga para o exterior

2. Anatomia e fisiologia dos rins

Os rins, conjuntamente com o fígado, constituem o principal sistema “purificador” do


organismo. Os rins são o principal sistema de eliminação de toxinas e de produtos de
degradação do metabolismo do nosso organismo.

Necessitamos de, aproximadamente, um terço deste para manter a homeostase, ou


seja, um terço da capacidade funcional do rim é suficiente para mantermos os
mecanismos de excreção.

Mesmo após lesões extensas, os rins mantém a capacidade de levar a cabo as funções
necessárias à vida.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 292 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.1 Funções do rim:
Os rins têm diversas funções, como:

→ Excreção
o É responsável pelo processo de filtração do sangue, pela reabsorção de
água, iões e moléculas úteis e pela eliminação de substância tóxicas na
urina
→ Regulação do volume e pressão sanguíneos
o O controlo do volume de líquido extracelular ajuda na regulação do
volume de sangue e da tensão arterial
→ Regulação da concentração de solutos no sangue
o Sobretudo dos iões Na+, K+, Cl-, HCO3-e HPO42- através dos seus processos
de reabsorção e eliminação
→ Regulação do pH do líquido extracelular
o Através da secreção do hidrogenião (H+)
→ Regulação da síntese de glóbulos vermelhos, através da
síntese de eritropoietina no rim
→ Síntese de vitamina D – 1, 25 –OHD
o É importante no metabolismo do cálcio, na pele e
nos ossos, sendo que é sintetizada e ativada no rim

2.2 Localização e anatomia externa do rim


O rim é um órgão par/duplo, em forma
de feijão, com aproximadamente 11cm
de comprimento, 5cm de largura e 3cm
de espessura.

Este localiza-se na cavidade abdominal,


junto à parede posterior do abdómen,
por detrás do peritoneu – dentro da
cavidade peritoneal – e de cada lado
da coluna vertebral, sendo por isto um
órgão retroperitoneal. Estão entre a 12ª
vértebra dorsal e a 3ª vértebra lombar,
sendo parcialmente protegido pela
grelha costal.

O rim direito tem uma posição mais baixa que o rim esquerdo, devido à presença do
fígado. Assim, temos que:

→ O rim direito está tapado pelo fígado;


→ O rim esquerdo se situa acima do baço;

Cada rim está envolvido pela cápsula renal – camada de tecido conjuntivo fibroso – e
pela gordura peri-renal – camada densa de tecido adiposo que rodeia a cápsula renal
–, esta serve como almofada de proteção mecânica, protegendo contra choques
mecânicos.

A fáscia renal – fina bainha de tecido conjuntivo laxo que ancora o rim à parede
abdominal – envolve cada rim e fixa-o à parede abdominal.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 293 | P á g i n a


CLE 2019-2023
O hilo renal situa-se no bordo interno de cada rim, onde entram a artéria e nervos renais
e saem a veia renal e o ureter. Este hilo “abre-se” no seio renal que contém gordura e
tecido conjuntivo.

2.3 Anatomia interna e histologia do rim


Cada rim é constituído por duas porções – córtex e medula.

O córtex é a zona mais externa (periferia) do rim e com coloração mais clara. Este é
constituído por colunas renais/de Bertin que são prolongamentos do córtex para a
medula.

Já a medula é a zona mais interna e com coloração mais escura. Esta rodeia o seio
renal e é constituída por pirâmides renais e pelos raios medulares, que são
prolongamentos das pirâmides para o córtex.

A papila renal é o orifício de


saída das pirâmides e é por
onde vai sair a urina, em
direção ao hilo renal. Cada
papila renal é constituída por
pequenos cálices, que são
câmaras para dentro das quais
se projetam as papilas renais e
existem cerca de 8 a 20 em
cada rim. Estes pequenos
cálices vão unir-se e originar os
grandes cálices que são cerca
de 2 a 3 em cada rim. E
finalmente estes grandes
cálices vão convergir num
único canal chamado bacinete
ou pélvis renal que depois vai
ter a sua continuidade através
do ureter.

Temos então, a nível da excreção, pequenos cálices, grandes cálices e bacinete ou


pélvis renal – estruturas estas que se encontram no seio renal.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 294 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Quando falamos na capacidade funcional do rim, temos obrigatoriamente de falar da
unidade funcional do rim, que é o nefrónio.

O nefrónio é então a unidade funcional do rim, sendo que existem 1.300.000 nefrónios
em cada rim. Nascemos com uma grande quantidade de nefrónios, no entanto à
medida a idade vai progredindo estas estruturas vão diminuindo em número, levando
também à diminuição da capacidade funcional do rim.

Este é composto por:

 Corpúsculo renal, do qual fazem parte:


o Cápsula de Bowman
o Glomérulo renal (rede de capilares)
 Túbulo contornado proximal
 Ansa de Henle
 Túbulo contornado distal

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 295 | P á g i n a


CLE 2019-2023
NOTA:

Túbulo contornado proximal, porque fica mais próximo do corpúsculo renal.

Túbulo contornado distal, porque fica mais longe do corpúsculo renal.

Quando falamos em nefrónios podemos classificá-los quanto à sua localização em:

 Corticais (85%) – são os mais frequentes


 Justamedulares (15%) – são nefrónios em que a ansa de Henle penetra em
grande profundidade na medula renal

O que vai acontecer então no corpúsculo renal?

No corpúsculo renal, cápsula de Bowman e glomérulo, acontecem as seguintes etapas:

▪ As substâncias saem do sangue no glomérulo a favor do gradiente de pressão e


entram na cápsula de Bowman através da membrana de filtração
▪ O segmento terminal do nefrónio drena para um tubo coletor e ele vai drenar
para a papila renal

Temos ainda o aparelho justaglomerular composto pela mácula densa (parte do túbulo
contornado distal) e pelas células justaglomerulares da arteríola aferente. E este
aparelho justaglomerular é extremamente importante no controlo da pressão arterial
pela síntese de determinadas hormonas.

2.4 Artérias e veias do rim


O rim é constituído por artérias pares e veias tal como outras partes do corpo, e vão
dividindo-se sucessivamente em.

Artéria Artéria Artéria Artéria Artéria Arteríola


renal segmentar interlobar arciforme interlobular aferente

Cada um dos glomérulos de cada nefrónio vai ter uma arteríola aferente, e é através
dela que o sangue a ser filtrado entra no glomérulo para iniciar o processo de filtração.
Assim a arteríola aferente irriga o glomérulo.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 296 | P á g i n a


CLE 2019-2023
As arteríolas eferentes dos glomérulos irrigam os capilares peritubulares (à volta dos
tubos) e os vasa recta.

Depois essa rede capilar drena para estruturas venosas.

Veia Veia Veia


Veia renal
interlobular arciforme interlobar

MNEMÓNICA:

Aferente – À frente (entra)

Eferente – Exit (sai)

2.5 Fisiologia do rim


Uma das principais funções do rim é a produção de urina. Para que isso aconteça são
necessários 3 fenómenos:

 Filtração
 Reabsorção tubular
 Secreção tubular

É importante também mencionar que existem mecanismos de


concentração da urina e mecanismos de regulação da
concentração e volume da mesma.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 297 | P á g i n a


CLE 2019-2023
NOTA:

Ver o vídeo seguinte para uma melhor compreensão das questões e de todo este
sistema.

https://www.youtube.com/watch?v=Vqce2dtg45U&feature=youtu.be

Pontos a reter do vídeo acima mencionado sobre:

 A filtração glomerular:

O filtrado renal é composto por plasma, sem células sanguíneas ou proteínas, ou seja, a
membrana basal tem uma série de poros com uma determinada dimensão que
permitem apenas a passagem de moléculas abaixo de um determinado peso
molecular. Simultaneamente a condicionar a passagem dessas moléculas mediante o
seu peso molecular, condiciona também a passagem das moléculas de acordo com a
sua carga elétrica, que na maioria dos casos é diretamente proporcional ao seu peso
molecular. Então as grandes macromoléculas, como as proteínas, por terem um
elevado peso molecular não conseguem atravessar a membrana basal do glomérulo,
não estando por isso presentes no filtrado glomerular e o mesmo se passa com as células
sanguíneas. Assim, se eu tiver elementos figurados do sangue ou proteínas
(nomeadamente a albumina) presentes na urina, significa que há algo a nível do
glomérulo que não se encontra bem.

CURIOSIDADE:

A diabetes, numa fase em que já atingiram os rins, podem indicar níveis aumentados
de albumina na urina nas análises. Por isso é tão frequente pedir análise à urina.

O nosso organismo tenta reaproveitar ao máximo tudo aquilo que tem e assim a maior
parte do filtrado (99%) é reabsorvida. A pressão de filtração é responsável pela
formação do filtrado. Assim tenho que garantir que dentro do glomérulo renal tenho
uma pressão maior do que a nível da cápsula de Bowman, sendo dependente da
pressão:

 Dos capilares glomerulares, que depende da pressão gerada pela arteríola


aferente
 Na cápsula de Bowman, que geralmente é pequena de maneira que os solutos
passem a favor do gradiente
 Oncótica, que tem a ver com a pressão dada pelas proteínas, sendo maior a
nível do glomérulo do que na cápsula

A taxa de filtração glomerular é regulada por autorregulação e por estimulação


simpática.

Assim, o sistema nervoso autónomo tem um papel muito importante para que aconteça
a estimulação simpática através da constrição da arteríola aferente ou eferente ou da
vasodilatação da arteríola aferente ou eferente.

Na autorregulação, o próprio glomérulo sabe quando tem que aumentar ou diminuir


essa pressão. Se houver vasodilatação da arteríola aferente e contrair a arteríola
eferente, vai haver um aumento da pressão dentro do glomérulo porque está a entrar
mais sangue do que o que sai e a pressão de filtração vai ser maior, pelo que o filtrado
vai aumentar. Já no caso de haver vasoconstrição da arteríola aferente e uma

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 298 | P á g i n a


CLE 2019-2023
vasodilatação da arteríola eferente, vai haver uma menor pressão, por estar a sair mais
sangue do que o que entra, diminuindo assim a pressão de filtração.

Assim a autorregulação vai minimizar as variações das pressões arteriais sistémicas


alterando o diâmetro da arteríola aferente. E a estimulação simpática apenas vai
diminuir o diâmetro da arteríola aferente.

 Quanto à regulação:

Mecanismos envolvidos no filtrado glomerular no processo de absorção:

 Reabsorção por transporte passivo – transporte a favor de um gradiente de


pressão que não implica consumo de energia
o Difusão simples
o Difusão facilitada – quando há um transporte que ajuda na difusão
 Reabsorção por transporte ativo – transporte contra um gradiente de pressão
que implica consumo de energia (ATP)
 Reabsorção por processos de simporte (do nefrónio para os capilares
peritubulares)

O segmento fino da ansa de Henle é especializado para o transporte passivo. O restante


nefrónio e tubos coletores realizam transporte passivo, transporte ativo e processos de
simporte.

O transporte ativo é principalmente responsável pela passagem de sódio através da


parede do nefrónio. Enquanto outros iões e moléculas são transportados principalmente
por processos de simporte.

O transporte passivo move água, ureia e compostos lipossolúveis não polares (solúveis
em lípidos e sem carga).

NOTA:

Processos simporte e antiporte – são 2 tipos de transporte ativo, contra o gradiente


de pressão. Chama-se simporte porque são transportadas 2 substâncias na mesma
direção. Chama-se antiporte porque são transportadas 2 substâncias em sentidos
diferentes.

 Quanto à secreção tubular:

As substâncias entram nos túbulos contornados proximal, distal e nos tubos coletores. Os
iões hidrogénio, potássio e algumas substâncias não produzidas no organismo são
secretados por mecanismos de antiporte, ou seja, dois iões diferentes ou solutos são
transportados em direções diferentes através de uma membrana.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 299 | P á g i n a


CLE 2019-2023
 Quanto ao mecanismo de concentração da urina:

Sabemos que a urina não tem uma concentração igual ao longo de todo o túbulo
contornado proximal, ansa de Henle e túbulo contornado distal. A nível dos diferentes
segmentos do nefrónio a concentração vai ser diferente. Para que exista concentração
de urina têm que ocorrer os diversos mecanismos. Vamos então estudá-los
pormenorizadamente.

Os vasa recta, a ansa de Henle e a distribuição da ureia são responsáveis pelo gradiente
de concentração existente.

O túbulo contornado proximal vai ser essencial para a remoção de Na+ e de outras
substâncias por transporte ativo e é aqui que vai ter lugar a principal parte de redução
do volume do filtrado glomerular em cerca de 65%, sendo que a água acompanha o
sódio, ou seja, é igualmente removida. Nesta fase a concentração que habitualmente
está nos 300mOsmol/kg mantém-se.

O segmento do ramo descendente da ansa de Henle é permeável à água, mas é


impermeável aos iões, o que significa que vai ocorrer saída água. Assim, o volume do
filtrado glomerular vai diminuir em 15% e a concentração vai aumentar, por haver mais
iões em menos quantidade de líquido, passando a concentração a ser 1200mOsmol/kg.

No entanto, o ramo ascendente da ansa de Henle é impermeável à água, por isso não
há perda, nem reabsorção desta, e permeável aos iões, tendo assim reabsorção de Na+,
K+, Cl-. Assim a concentração vai diminuir pois os iões vão ser reabsorvidos para o
organismo, finalizando assim com uma concentração de 100mOsmol/kg.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 300 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Resumo da imagem acima:

 Nas setas vermelhas temos o mecanismo de reabsorção por transporte ativo.


 Nas setas azuis temos o mecanismo de reabsorção por transporte passivo.
 Nas setas verdes temos o mecanismos de secreção por transporte ativo.
 No túbulo contornado proximal:
o Por mecanismos de transporte ativo vai ocorrer reabsorção iões NaCl,
glicose e alguns aminoácidos.
o Por mecanismos de transporte passivo ocorre reabsorção do ião
bicarbonato (HCO3–) e água.
o Por mecanismos de secreção por transporte ativo ocorre secreção de
alguns fármacos, substâncias tóxicas e hidrogenião (H +)
 Na ansa de Henle – segmento descendente:
o Por mecanismos de transporte passivo ocorre reabsorção de água
 Na ansa de Henle – segmento ascendente:
o Por mecanismos de transporte ativo ocorre reabsorção de NaCl
 No túbulo contornado distal:
o Por mecanismos de transporte ativo ocorre reabsorção de NaCl e de
HCO3–
o Por mecanismos de secreção por transporte ativo ocorre secreção do
ião potássio, alguns fármacos e de hidrogenião
 No tubo coletor:
o Por mecanismos de transporte passivo ocorre reabsorção de água e
ureia
o Por mecanismos de transporte ativo ocorre reabsorção de NaCl

CURIOSIDADE – Porque reabsorvemos ureia se esta é tóxica para o nosso organismo?

Pois assim tornamos a medula óssea hipertónica de modo que a água saia
passivamente e assim tenha um mecanismo de reabsorção de água de forma
passiva.

 Quanto à regulação da concentração e volume da urina:

Já quanto à regulação da concentração e volume da urina, existem uma série de


hormonas que estão envolvidas neste processo, sendo elas as seguintes:

→ Aldosterona – afeta o transporte de Na e Cl no nefrónio e nos tubos coletores. O


seu aumento vai aumentar a reabsorção de Na e diminuir a concentração e
volume da urina.
→ Renina – é produzida nas células justaglomerulares e é
importante na estimulação da produção de angiotensina II,
esta vai aumentar a produção de aldosterona
→ Hormona antidiurética (ADH) – vai diminuir o volume da urina
através do aumento da reabsorção de água, aumentando
consequentemente a volémia (quantidade de sangue
circulante) e causando um aumento da pressão arterial.
→ Hormona natriurética auricular – inibe a produção de
hormona antidiurética e diminui a concentração da urina.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 301 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Este diagrama mostra as alterações a nível da osmolalidade da urina nos diferentes
segmentos do túbulo contornado proximal, ansa de Henle, túbulo contornado distal e
tubo coletor.

Os números dentro do nefrónio representam o valor da concentração nessa mesma


porção de segmento.

3. Anatomia dos ureteres, bexiga e uretra

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 302 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3.1. Os ureteres

Os ureteres são os tubos que transportam a urina dos rins até à bexiga.
Dirigem-se para baixo e para a linha média, indo desde o bacinete,
situado no hilo renal, até à bexiga através da sua face póstero-lateral
(por trás lateralmente), onde a urina é armazenada.

3.2. A bexiga

É um reservatório muscular oco que armazena a urina e está situada na cavidade


pélvica, imediatamente posterior à sínfise púbica. No homem, esta está imediatamente
anterior ao reto e na mulher situa-se ântero-inferiormente ao útero.

A bexiga tem uma parte


chamada trígono vesical, trígono
porque tem forma de triângulo. É
uma área triangular da parede
da bexiga delimitada
posteriormente pelos ureteres e
anteriormente pela uretra. Este
difere histologicamente da
restante parede e é sujeita a
expansão mínima quando a
bexiga enche. O aumento ou
diminuição do seu volume
dependem da quantidade de
urina presente em cada
momento.

3.3. A uretra
A uretra transporta a urina para o exterior e sai da bexiga
pela sua porção ântero-inferior.
No homem, a uretra estende-se até à extremidade do pénis
onde se abre para o exterior e esta divide-se em três partes:

 Uretra prostática
 Uretra membranosa
 Uretra esponjosa (conduz os espermatozoides)

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 303 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Na mulher, a uretra é muito mais curta que a masculina e exterioriza-se no vestíbulo,
anteriormente à abertura vaginal.

NOTA:

O vestíbulo é um dos constituintes da vulva – órgão genital externo feminino e que


vem depois da vagina.

3.4. Junção uretra-bexiga

A junção uretra-bexiga é importante pois vai explicar-nos alguns mecanismos. Esta é


constituída por um tecido conjuntivo elástico e músculo liso, o que permite funcionar
como um orifício/esfíncter que abre e fecha. O tecido e o músculo retêm a urina na
bexiga até a pressão aumentar o suficiente para forçar a sua saída.

Nos homens, existe o esfíncter uretral interno que contrai para evitar que o esperma
entre na bexiga durante as relações sexuais. Já nas mulheres o esfíncter uretral interno
não é funcional.

Quer a mulher, quer o homem, possui um esfíncter uretral externo, que é composto por
músculo esquelético. Este circunda a uretra, à medida que esta atravessa o pavimento
pélvico. Os esfíncteres controlam o fluxo da urina através da uretra.

3.5. Histologia dos ureteres, bexiga e uretra

Os ureteres e a bexiga, são compostos, do interior para o exterior, por:

 Epitélio de transição Interior


 Lâmina própria de tecido conjuntivo
 Camada muscular de músculo liso
 Adventícia fibrosa composta por tecido conjuntivo Exterior

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 304 | P á g i n a


CLE 2019-2023
A bexiga tem uma parede muito mais espessa que a do ureter, pois
tem que armazenar urina. As camadas exteriores ao epitélio, são
compostas principalmente por músculo liso, chamado músculo
detrusor e a sua contração expulsa a urina da bexiga.

A espessura do epitélio da bexiga varia entre 4-5 camadas de


células quando a bexiga está vazia para apenas 2-3 quando está
cheia, assim as células deslizam umas sobre as outras e diminui o
número de camadas à medida que o volume da bexiga aumenta.

A uretra é constituída por epitélio cúbico estratificado ou pseudo-estratificado.

CURIOSIDADE:

As pessoas com cancro da bexiga em que ocorre uma diminuição do número de


células, vão perder a capacidade de distensão da bexiga e assim esta vai ter mais
frequentemente queixas urinárias.

3.6. Fluxo da urina pelo nefrónio e ureteres

A pressão hidrostática é de 10mmHg na Cápsula de Bowman e 0mmHg no bacinete,


ou seja, entre o início do rim (Cápsula de Bowman) e o final do rim (Bacinete) a pressão
vai variar. Esta diferença de pressão vai forçar o filtrado a percorrer o nefrónio desde a
cápsula até ao bacinete.

Nenhum gradiente de pressão interfere com a circulação da urina pelos ureteres e até
à bexiga, uma vez que a pressão existente é nula. Por isso o movimento da urina pelos
ureteres é dado por contrações peristálticas (podem gerar pressões > 50mmHg)
provocadas pelo músculo liso circular dos ureteres que faz com que o fluxo de urina
nestes seja relativamente contínuo. Assim formam-se ondas peristálticas que se
propagam do bacinete até à bexiga – frequência de alguns segundos até 2-3 minutos.

A DECORAR:

• Estimulação Parassimpática (relaxamento): ↑ frequência urinária


• Estimulação Simpática (stress agudo): ↓ frequência urinária

No ponto em que os ureteres penetram na bexiga,


atravessam-na obliquamente através do trígono. A pressão
interna da bexiga comprime esse segmento do ureter,
prevenindo o refluxo da urina. Quando não há urina na
bexiga, a sua pressão interna é 0mmHg.

Com um volume de 100mL de urina a pressão sobe para


10mmHg e continua a aumentar gradualmente até o
volume vesical atingir 400-500mL, o que causa já muito
incómodo. No entanto, a pressão na bexiga não aumenta
proporcionalmente ao volume de urina nesta. A partir dos
400-500ml a pressão sobe rapidamente, sendo que o
máximo que a bexiga pode armazenar é de 1000mL.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 305 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3.7. Reflexo da micção

O fluxo da urina no ureter entre o rim e a bexiga é contínuo.

A bexiga é um reservatório de urina e tem capacidade para se distender


de forma a acomodar um grande volume de líquido. A sua capacidade
máxima é de 1 litro de urina, sendo que a partir dos 500mL o desconforto é
notório. A pressão no seu interior não aumenta proporcionalmente ao
enchimento. A pressão no interior da bexiga mantém-se baixa até o seu
volume exceder cerca de 400-500mL. Quando a parede vesical está
distendida ativa o reflexo da micção e posteriormente ocorre a eliminação
da urina contida na bexiga.

A distensibilidade da bexiga deve-se a 3 fatores:

 Parede com grandes pregas que se desfazem para aumentar a capacidade


 O revestimento da bexiga é de epitélio de transição, que também é distensível.
 A parede vesical, à exceção do trígono, tem músculo liso, que também se
distende para acomodar a urina.

O reflexo da micção é integrado na região sagrada da medula espinhal e é modificado


por centros existentes na protuberância e no cérebro, ou seja, quem comanda é a
região sagrada da medula e a protuberância e alguma parte do córtex.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 306 | P á g i n a


CLE 2019-2023
À medida que a bexiga enche são estimulados os recetores
de estiramento. Os potenciais de ação transportados pelos
neurónios sensoriais dos recetores de estiramento da parede
da bexiga, ascendem pela medula espinhal, ou seja, quando
a bexiga está muito cheia o músculo avisa que a bexiga tem
de ser esvaziada e portanto vai ativar uns recetores de
estiramento que através dos nervos pélvicos envia potenciais
para a medula espinhal para contrair o músculo liso da bexiga.
Através de umas vias ascendentes esses potenciais vão para o
córtex e para a protuberância e avisam que tem que urinar.

Depois estes emitem potenciais de ação que por vias descendentes vão para a região
sagrada da medula espinhal, onde são ativados os nervos parassimpáticos e vai
mandar o esfíncter relaxar para a urina sair. Por outro lado vai haver inibição destes
nervos motores somáticos, ou seja, a diminuição dos potenciais de ação motores
somáticos vai permitir que o relaxamento do esfíncter uretral externo.

O reflexo de micção, integrado na medula espinhal, predomina nas crianças e é


automático, ou seja, quando o estímulo para urinar chega à medula espinhal a criança
urina logo, uma vez que não há controlo central a partir da protuberância nem do
córtex, pois o estímulo não se dirige até estes.

A capacidade para inibir voluntariamente a micção surge por volta dos 2-3 anos de
idade. A influência da protuberância e do cérebro nos reflexos de micção passa a
predominar a partir dessa idade.

A urina sai da bexiga quando a pressão aumenta o suficiente para a forçar a uretra,
enquanto o esfíncter externo está relaxado.

O reflexo da micção produz uma série de contrações vesicais. Este é integrado na


medula espinhal e é automático, mas pode ser estimulado ou inibido pelos potenciais
de ação descendentes. Os centros superiores evitam a micção, enviando potenciais de
ação ao cérebro e protuberância, pelas vias espinhais, para inibir o reflexo da micção
espinhal. Consequentemente, a estimulação parassimpática da bexiga é inibida e os
neurónios motores somáticos, que mantêm o esfíncter uretral exterior contraído, são
estimulados.

Resumindo…

O lento aumento da pressão explica a pouca necessidade de urinar quando a bexiga


contém menos de 400mL de urina. Quando o volume aumenta para mais de 400mL, a
pressão na bexiga aumenta rapidamente e surge a vontade de urinar.

O início voluntário da micção envolve um aumento nos


potenciais de ação enviados pelo cérebro para facilitar o reflexo
da micção e para relaxar voluntariamente o esfíncter uretral
externo. Os músculos do abdómen contraem-se, enérgica e
voluntariamente, causando um aumento da pressão abdominal,
aumentando da pressão aplicada na parede da bexiga fazendo
com que haja o estímulo do reflexo da micção.

A irritação vesical ou uretral por infeções bacterianas ou outras


circunstâncias também podem desencadear a vontade de
urinar, mesmo com a bexiga vazia.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 307 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4. Exercícios

1. Sobre a anatomia e fisiologia do sistema urinário (assinale a incorreta):


a. Os ureteres são 2 tubos que transportam a urina dos rins à bexiga
b. Os ureteres entram na bexiga pela sua face póstero-lateral
c. A bexiga é um órgão muscular
d. Todas alíneas anteriores são falsas

2. Sobre anatomia e fisiologia da junção uretrovesical, a falsa:


a. O esfíncter uretral externo é constituído por músculo liso

3. Sobre as alterações do rim associadas ao envelhecimento (assinale a incorreta):


a. Há uma diminuição gradual do tamanho dos rins
b. A capacidade do rim para concentrar a urina aumenta gradualmente
c. A capacidade do rim para eliminar sangue, ácido úrico, ureia, creatinina
e toxinas diminuiu
d. As suas capacidades de secreção e absorção declinam, e nefrónio
inteiros deixam de funcionar
e. Alterações dos vasos sanguíneos renais provocam diminuição do débito
urinário

4. Qual a ação da angiotensina II no rim (assinale a correta):


a. Aumento da taxa de filtração glomerular
b. Aumenta a reabsorção iónica
c. Estimula a libertação de eritropoietina
d. Diminuir a taxa de filtração glomerular
e. Suprime a libertação de aldosterona

5. O túbulo contornado proximal é responsável pela reabsorção de que


quantidade da água filtrada (assinale a correta):
a. 25%
b. 90%
c. 55%
d. 40%
e. 65%

6. Afinal a ordem correta de fluxo sanguíneo renal:


a. Artéria renal – artéria segmentar – artéria interlobular – capilares
peritubulares – arteríola aferente
b. Artéria interlobular – artéria arcuata – capilares glomerulares – veia renal
c. Veia arcuata – artéria arcuata – capilares glomerulares – veia renal
d. Veia renal – artéria segmentar – artéria interlobar – arteríola eferente
e. Veia interlobar – arteríola aferente – arteríola eferente – capilares
glomerulares

7. A porção do nefrónio entre a Ansa de Henle e o tubo coletor designa se por


(assinale a correta):
a. Canal papilar
b. Túbulo contornado proximal
c. Túbulo contornado distal
d. Pequeno cálice
e. Aparelho justaglomerular

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 308 | P á g i n a


CLE 2019-2023
8. Sobre o reflexo da micção (incorreta):
a. É ativado quando a parede vesical se encontra distendida
b. Produz uma série de contrações da bexiga
c. O esfíncter externo deverá estar relaxado para que a urina saia da
bexiga
d. O reflexo da micção integrado na região sagrada da medula espinhal
predomina nas crianças
e. O reflexo da micção integrado na medula espinhal predomina nos
adultos

9. Sobre a anatomia e fisiologia do sistema urinário (assinale a incorreta):


a. O trígono é uma área triangular de parede da bexiga, delimitada
posteriormente pelos ureteres e anteriormente pela uretra
b. O trígono difere histologicamente da restante Parede da bexiga
c. A parede da bexiga espessa e composta por músculo esquelético, ou
seja pelo músculo detrusor
d. A contração do músculo detrusor expulsa a urina da bexiga
e. A uretra transporta a urina para fora do corpo e é mais curta na mulher

10. Dados os seguintes vasos:


1 – Artéria arciforme
2 – Artéria interlobar
3 – Artéria segmentar.
Um eritrócito acabou de passar pela artéria renal, escolha o caminho que deve
percorrer até alcançar a artéria interlobular.
a. 3, 2, 1
b. 3, 1, 2
c. 2, 3, 1
d. 2, 1, 3
e. 1, 2, 3

11. Em relação ao aparelho urinário (a correta):


a. O músculo detrusor é o músculo esquelético da uretra
b. A pressão hidrostática impulsiona a urina ao longo do nefrónio
c. Os ureteres são 3 tubos localizados na linha média do organismo
d. A pressão vesical aumento proporcionalmente ao volume de urina e
assim por cada 100ml de urina dentro da bexiga a pressão da bexiga
aumenta em 100mHg
e. A bexiga está localizada na cavidade pélvica, anterior à sínfise púbica

12. Qual a estrutura do rim que se estende entre as pirâmides renais:


a. Coluna renal
b. Medula renal
c. Pélvis renal
d. Papila renal
e. Cálice renal

13. Assinale a estrutura responsável pela filtração sanguínea:


a. Cápsula glomerular
b. Ansa de Henle
c. Ramo ascendente da ansa de Henle
d. Ducto coletor
e. Corpúsculo renal

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 309 | P á g i n a


CLE 2019-2023
14. Qual destas não é função dos rins?
a. Regulação do volume e pressão sanguíneos
b. Regulação da concentração de solutos no sangue
c. Regulação do pH do líquido extracelular
d. Regulação da síntese de vitamina A
e. Regulação da síntese de eritrócitos

15. Define-se como cápsula renal


a. Camada fina de tecido conjuntivo que fixa os rins e tecido adiposo
circundante à parede abdominal
b. Tecido conjuntivo fibroso que rodeia cada rim
c. Local por onde a artéria renal e os nervos renais entram no rim e por onde
o ureter e as veias renais saem
d. Estrutura em forma de cone existente na medula do rim
e. Porção interna do rim que circunda o seio renal

16. Define-se como ureter


a. Grande canal de transporte de urina situado no centro do seio renal
(bacinete)
b. Estruturas em forma de funil que circundam as papilas renais (papila
renal)
c. Estruturas em forma de funil de maiores de dimensões que convergem
para formar o bacinete
d. Vértice da pirâmide renal, localizado na medula
e. Estrutura tubular que se estende do bacinete até à bexiga

17. Sobre a anatomia e fisiologia do sistema urinário, qual a falsa?


a. Os ureteres são dois
b. Os ureteres entram na bexiga pela sua face póstero-lateral
c. A bexiga é um órgão muscular oco, cuja principal função é o
armazenamento da urina
d. No homem, a bexiga localiza-se imediatamente posterior ao reto
e. Na mulher, a bexiga localiza-se imediatamente

18. Junção ureto-vesical, qual a falsa


a. Nos homens, o esfíncter uretral interno contrai para evitar que o esperma
entre na bexiga durante as relações sexuais
b. Nas mulheres, o esfíncter uretral interno não é funcional
c. O esfíncter uretral externo é constituído pelo musculo liso
d. O esfíncter uretral externo circunda a uretra, à medida que esta
atravessa o pavimento pélvico
e. Os esfíncteres controlam o fluxo da urina através da uretra.

19. Relativamente ao sistema urinário (escolha a verdadeira):


a. A pressão hidrostática impulsiona a urina ao longo do nefrónio
b. O bulbo, centro cerebral superior, pode estimular ou inibir o reflexo da
micção
c. A uretra armazena urina
d. A região sagrada da medula espinhal é importante no reflexo da micção
e. As alíneas a) e d) são verdadeiras

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 310 | P á g i n a


CLE 2019-2023
20. Qual das seguintes são consideradas funções renais
a. Regulação da tensão arterial
b. Filtração dos metabolitos do sangue
c. Regulação do pH sanguíneo
d. Manutenção de eletrólitos no corpo
e. Todas as alíneas

21. São funções do rim:


a. Regulação da produção de glóbulos vermelhos – eritropoiese, produz
eritropoietina
b. Auxílio na síntese de vitamina D ativa – importante metabolismo do cálcio
c. Regulação da pressão arterial e do equilíbrio ácido-base
d. As opções a) e c) são verdadeiras
e. Todas são funções do rim

22. (Frequência 2019) São elementos constituintes do nefrónio (incorreta):


a. Ansa de Henle
b. Tubo coletor
c. Túbulo contornado proximal
d. Túbulo contornado distal
e. Cápsula de Bowman

23. (Frequência 2019) Relativamente à fisiologia do nefrónio (correta):


a. Ao nível do túbulo contornado proximal, o Na+ é removido por transporte
passivo
b. O ramo descendente da Ansa de Henle é impermeável à água
c. No tubo coletor, a ureia difunde-se para o líquido intersticial da medula
d. Os iões H+ e K+ entram nos túbulos contornados distais e coletores por um
mecanismo de simporte
e. Cerca de 65% do filtrado glomerular é reabsorvido no túbulo contornado
distal

24. (Frequência 2019) Em relação ao aparelho urinário (correta):


a. Há desconforto vesical quando a bexiga contém 100-200 mL de urina
b. A distensibilidade da bexiga deve-se apenas à contração do musculo
liso da bexiga
c. O reflexo de micção é integrado na região sagrada da medula espinhal
e modificado por centros existentes na protuberância e no cérebro
d. A contração dos músculos abdominais diminuem a pressão aplicada na
parede vesical
e. A uretra é mais longa nas mulheres do que nos homens

dúvida verifiquem com a matéria


Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de

21E; 22B; 23C+D?; 24C


1D; 2A; 3B; 4A; 5E; 6A; 7C; 8E; 9C; 10A; 11B; 12A; 13E; 14D; 15B; 16E; 17D; 18C; 19E; 20E;

Possíveis respostas:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 311 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 312 | P á g i n a
CLE 2019-2023
Módulo IX – Sistema Hidroelétrico

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 313 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Compartimentos de líquidos orgânicos

60% do nosso organismo é constituído por líquido e


temos que saber que líquido é este, onde ele anda
e o que se passa. Comecemos então por explorar
este conceito.

O líquido intracelular compõe 40% do peso


corporal e é todo o líquido contido nos vários
milhões de células existentes no organismo. Este
líquido não é apenas composto por água, no
entanto iremos analisar isso mais à frente.

Já o líquido extracelular são os restantes 20% do peso corporal e é todo o líquido


existente no exterior das células, podendo estar entre as células ou dentro dos vasos
sanguíneos. O líquido que circula entre as células tem o nome de líquido intersticial
(15%) – espaço extracelular fora dos vasos sanguíneos –, já o líquido que está dentro dos
vasos tem o nome de plasma (5%) – espaço extracelular dentro dos vasos sanguíneos
(intravascular) –, e existe ainda uma pequena quantidade, inferior a 1% que está na linfa
(no sistema linfático), líquor (na coluna) e líquido sinovial (entre articulações).

CURIOSIDADE:

É de referir que existem pequenas diferenças entre homens e mulheres pela


quantidade de tecido adiposo, que é maior nas mulheres, e a fração de peso
composta por água diminui quando aumenta a quantidade de tecido adiposo.

Estes compartimentos – intracelular, extracelular, intravascular e intersticial – têm


composições diferentes, sendo que ocorrem trocas contínuas entre eles – a água
difunde-se de um compartimento para o outro por osmose e as pequenas moléculas e
iões são transportados por difusão ou deslocam-se livremente entre eles, mas as grandes
moléculas (proteínas) têm mobilidade limitada. A pressão osmótica da maioria dos
compartimentos é aproximadamente igual (homeostasia).

NOTA:

A osmose é a passagem de água através das paredes do tubo digestivo.

CURIOSIDADE:

A proporção do peso do corpo que é composta por água diminui ao longo da vida e
a maior diminuição ocorre nos primeiros 10 anos de vida.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 314 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2. Regulação da composição do líquido intracelular

O líquido intracelular é composto por grandes


moléculas orgânicas (proteínas) que não podem
atravessar a membrana plasmática (MP). As
moléculas são sintetizadas dentro das células e
influenciam a concentração de solutos no
interior.

O transporte de iões (Na+, K+ e Ca2+) através da


membrana plasmática influência a
concentração de iões dentro e fora da célula,
por isso, a distribuição de iões dentro e fora da
célula depende de diferença de carga elétrica
e a distribuição de água dentro e fora da célula
é determinada por osmose.

A composição do LIC é muito diferente da do LEC e as trocas entre uma e outra dão-
se de acordo com a necessidade do ião em questão no sangue.

CURIOSIDADE:

Por exemplo, se um doente que tenha tido uma gastroenterite, comeu algo que não
devia e tem uma diarreia muito abundante e portanto vai ter uma baixa de volémia
(desidratado), assim vai haver uma maior movimentação, naquela altura até a
pessoa melhorar, do líquido do compartimento intracelular para o compartimento
intravascular de forma a haver uma maior demanda de iões de sódio para
aumentar a volémia e a tensão arterial, havendo ao mesmo tempo uma maior
quantidade de osmose e uma maior chamada de água do líquido intracelular para
o líquido intravascular.

NOTA:

O volume de LEC pode aumentar ou diminuir ainda que a osmolalidade seja


mantida dentro de um intervalo normal.

As membranas celulares que separam os 2 compartimentos são permeáveis. O volume


do LEC pode aumentar ou diminuir ainda que a osmolalidade seja mantida dentro de
um intervalo normal.

3. Regulação da composição eletrolítica do LEC

Os eletrólitos são moléculas ou iões com cargas elétricas e podem ser ingeridos através
dos alimentos e da água, o que faz aumentar o seu teor no organismo. Os principais iões
extracelulares são: Na+; Cl-; Ca2+; Mg2+ e iões de fosfatos. É de referir que órgãos como
o rim, principalmente, e também o fígado, pele e pulmões eliminam estes mesmos
eletrólitos.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 315 | P á g i n a


CLE 2019-2023
A quantidade de Na+ no organismo tem um efeito muito marcado sobre a pressão
osmótica extracelular. Sempre que dissermos que há muita quantidade de sódio (sal)
significa que temos muita osmolalidade (parece que esta parte do sangue está mais
“grosso/espesso”). Ora quando temos muita osmolalidade o que tentamos fazer é
tentamos chamar água para tentar diminuí-la e assim tornar o sangue mais “líquido”.

CURIOSIDADE sobre solutos

Qualquer alteração nestes valores para cima ou para baixo podem levar a eventos
arritmogénicos fatais, por isso é tão necessário percebermos estes mecanismos.

4. Regulação do conteúdo de água

O objetivo é mantermos a homeostasia, ou seja, termos um volume total de água


corporal constante, não estar sempre a variar. Por isso devemos sempre beber entre 1,5L
a 3L de água por dia e ao mesmo tempo eliminar essa quantidade que ingerimos
através de vários mecanismos descritos na tabela abaixo.

NOTA:

O conteúdo de água no organismo é regulado para que o seu volume total


permaneça constante. Qualquer variação no volume de água altera a
osmolalidade dos líquidos orgânicos, a pressão arterial e a pressão do líquido
intersticial.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 316 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Então como regulamos a quantidade de água que bebemos?

A variação no volume de H2O faz com que varie:

→ ± TA
→ ± Osmolalidade líquidos orgânicos (há muito sódio)
→ ± Pressão do líquido intersticial

Regulamos a quantidade de água que bebemos sobretudo através de dois


mecanismos:

→ Sensação de sede
→ Em resposta à redução do fluxo sanguíneo no rim

Falemos primeiramente da sensação de sede. Quando necessitamos de água, o nosso


hipotálamo, através dos núcleos supraópticos vai estimular a sensação de sede e pode
ser estimulado, por exemplo, devido a:

→ Aumento da osmolalidade dos líquidos


extracelulares (hiperglicemia)
→ Redução do volume do plasma (ex.
choque hemorrágico)
→ Barorrecetores ativados pela diminuição
da TA (hipotensão)

Logo, a ingestão de água depende de mecanismos reguladores.

A redução do volume do plasma pode ocorrer devido a choque hemorrágico, uma vez
que a pessoa perde muito sangue, perdendo assim muito líquido do compartimento
intravascular e consequentemente muita água, levando a que o mecanismo da sede
seja ativado.

A hiperglicemia também ativa o mecanismo de sede através do


hipotálamo pelo aumento da osmolalidade do sangue. Portanto
esta pessoa está sempre a “pedir” água na tentativa de diminuir
essa osmolalidade (“grossura” do sangue), e a água vai mover-
se do espaço intersticial para o espaço intravascular.

A hipotensão estimula a sensação de sede para aumentar a quantidade de água no


espaço intravascular, no entanto normalmente isto não chega nos hipotensos
sintomáticos, por isso convém deitar a pessoa e levantar-lhe as pernas para haver mais
fluxo sanguíneo e dar-lhe água, algo com café ou comida com mais sal. O sal aumenta
a osmolalidade, a tensão e a necessidade de ingerir água.

NOTA:

Esta sensação que ocorre hipotálamo, mais concretamente as células dos núcleos
supraópticos. A ingestão de água depende de mecanismos reguladores embora os
hábitos e as situações sociais também a possam influenciar.

Não é apenas o sal que aumenta a necessidade de ingerir água, o açúcar também.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 317 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Já em resposta à redução do fluxo sanguíneo no rim é ativado o sistema renina-
angiotensina-aldosterona (SRAA). Ou seja, sempre que há redução do fluxo sanguíneo,
seja por choque hemorrágico ou pela perda de água devido à hipertensão ou por
gastroenterite, um dos sistemas que é ativado é este sistema renina-angiotensina-
aldosterona.

CURIOSIDADE:

Os fármacos que usamos para a tensão arterial vão inibir o sistema renina-
angiotensina-aldosterona e assim inibir a reabsorção de sódio e de água, diminuindo
a pressão arterial.

Quando chega pouco sangue ao rim, porque temos hipotensão, choque hemorrágico,
desidratação grave, o rim ativa e produz uma substância chamada renina que vai
ativar uma série de enzimas que faz com que o angiotensinogénio se transforme em
angiotensina I que posteriormente se transforma em angiotensina II e esta tem 5 efeitos
muito importantes:

→ Ativa a atividade simpática, o que faz com que haja um aumento da frequência
cardíaca, aumentando a pressão arterial naquele momento
→ Reabsorção tubular dos iões Na+ e Cl-, excreção de K+ e retenção de água,
aumentando a volémia por aumento do plasma naquele momento
→ Estimulação da glândula adrenal para secretar aldosterona, que faz o mesmo
que a angiotensina II de forma direta, aumentando a reabsorção de Na+ e água
quando necessário
→ Vasoconstrição arteriolar com consequente aumento da pressão sanguínea
→ Estimulação da glândula pituária no lobo posterior (neuroposterior) para secretar
ADH que vai estimular o ducto coletor a absorver água, o que faz com que a
urina seja mais concentrada/pouco diluída por haver menos água

Estes 5 efeitos vão levar à retenção de água e sal, aumentando o volume circulante
efetivo e a perfusão renal e também a tensão arterial.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 318 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5. Regulação da osmolalidade do líquido extracelular

O aumento da osmolalidade do líquido extracelular


provoca:

→ Sede
→ Aumento da ADH (adeno-hipófise)
→ Aumento reabsorção de H2O do filtrado
glomerular nos túbulos contornados distais e
túbulos coletores

A diminuição da osmolalidade tem um


mecanismo/efeito inverso.

Os mecanismos da sede e da ADH são sensíveis às mais pequenas variações da


osmolalidade do LEC e são de resposta rápida, demorando minutos a horas.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 319 | P á g i n a


CLE 2019-2023
O aumento do volume líquido extracelular provoca diminuição da:

→ Hormona ADH
→ Sensação de sede
→ Estimulação das arteríolas aferentes renais, o que causa a diminuição da renina
por não ser ativado o SRAA
→ Hormona aldosterona (produzida pela suprarrenal)
→ Hormona natriurética auricular (HNA), que aumenta a excreção de Na+ e água

NOTA:

A HNA, hormona natriurética auricular, existe não na osmolalidade, mas sim no


volume de líquido. Assim, quando esta está aumentada significa que vai aumentar
ao máximo a excreção de Na+ e de água. Esta hormona, nos doentes com
insuficiência cardíaca descompensada, está presente e quanto mais alta estiver,
pior é o prognóstico desse doente. Pode também ser chamada NTproBNP. Esta
hormona ativa-se quando as outras hormonas já não estão a fazer efeito. Portanto
esta hormona é um marcador não só de gravidade, mas também de evolução e
prognóstico da doença.

Se ocorrer a diminuição da reabsorção de Na + há um aumento do volume de urina,


levando a uma diminuição do volume líquido extracelular. Se houver diminuição do
volume líquido extracelular ocorre o mecanismo/efeito inverso.

6. Líquido extracelular Na+

O ião Na+ é responsável por 90-95% da pressão osmótica extracelular, sendo o principal
ião extracelular.

A quantidade de Na+ excretada no rim, sendo este a principal via de excreção de Na +,


é igual à quantidade de Na + filtrado menos a quantidade de Na + reabsorvido, sendo
que a:

→ Taxa de filtração glomerular determina a quantidade de


Na+ que entra no nefrónio
→ Aldosterona determina quantidade Na+ reabsorvida.

É de referir que pequenas quantidades de Na + podem ser perdidas


no suor.

NOTA:

O volume do LEC pode aumentar ou diminuir ainda que a osmolalidade seja


mantida dentro de um intervalo normal. A aldosterona só mexe no volume e não na
osmolalidade porque aumenta a reabsorção de sódio e água mantendo sempre a
osmolalidade igual.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 320 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Para resumir, analisemos as seguintes situações – mecanismos compensatórios:

→ O ↑ da osmolalidade do sangue, leva ao aumento da secreção de ADH, com


consequente aumento da reabsorção de água, ficando a urina mais
concentrada, levando ao aumenta da sensação sede, assim vamos tentar
diminuir a osmolalidade do LEC
→ A ↓ osmolalidade do sangue, vai inibir a secreção de ADH causando uma
diminuição da reabsorção de água, fazendo com que haja um grande volume
de urina diluída, levando à diminuição da sede, assim vamos tentar aumentar a
osmolalidade do LEC
→ O ↑ TA, leva ao aumento da perda de água e sal provocando reflexos
barorrecetores que reduzem a secreção de ADH e também a inibição da
secreção de renina que leva à redução da produção de aldosterona

7. Líquido extracelular – K+

O potássio é o principal ião intracelular, no entanto ele é necessário fora das células e
por isso ele anda na circulação. Qualquer alteração no seu metabolismo pode levar a
arritmias malignas e morte. A sua concentração extracelular afeta potenciais de
membrana em repouso.

A quantidade de K+ excretado depende de 3 fatores: do K+ no filtrado glomerular, da


quantidade reabsorvida ativamente pelo nefrónio e da secreção de K + pelo TCD e
tubos coletores. A aldosterona, por sua vez, aumenta o K + excretado.

Posto isto, a concentração extracelular de K + deve ser mantida dentro de intervalos


estreitos (3,5 – 5,1mmol/,5 – 5,1mmol/L).

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 321 | P á g i n a


CLE 2019-2023
8. Exercícios

1. (Frequência 2019) Relativamente ao equilíbrio hidroeletrolítico (correta)


a. O aumento da osmolaridade do líquido extracelular aumenta a
secreção de hormona antidiurética
b. Um homem adulto tem aproximadamente 40% de água corporal total
c. A adenohipofise não secreta qualquer hormona
d. A sensação de sede é regulada pela glândula suprarrenal
e. O metabolismo celular pode ser a principal fonte de água no organismo

2. Define-se como simporte (assinale a correta):


a. Difusão de um solvente através de uma membrana semipermeável
b. Processo de transporte, mediado por um transportador ou canal, de
substâncias para dentro ou para fora das células (da região de
concentração mais elevada para a menos elevada)
c. Processo de transporte mediado que requer energia fornecida por ATP
d. Tipo de transporte ativo secundário em que duas substâncias são
transportadas em direções opostas através de uma membrana
e. Tipo de transporte ativo secundário em que duas substâncias são
transportadas na mesma direção através de uma membrana

3. Qual é a definição de osmose:


a. Passagem de uma substância ou ião contra um gradiente de
concentração
b. Passagem de 1 substância ou ião a favor de um gradiente de contração
c. Passagem de 1 substância ou ião contra um gradiente de concentração
d. Passagem de 1 líquido a favor do gradiente de concentração
e. Passagem de 2 substâncias ou iões contra o gradiente de concentração

4. Não é exemplo de transporte a favor do gradiente de concentração:


a. Difusão simples
b. Simporte
c. Osmose
d. Difusão facilitada
e. Nenhuma das anteriores

5. Sobre os compartimentos de líquidos orgânicos (assinale a correta):


a. O líquido intracelular corresponde a 20% do peso corporal
b. O líquido extracelular corresponde a 40% do peso corporal
c. O líquido extracelular compreende todo o líquido contido nos vários
milhões de células existentes no organismo
d. O líquido intracelular compreende todo o líquido existente no exterior das
células
e. O compartimento de líquido extracelular é constituído pelo líquido
intersticial e pelo plasma

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 322 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6. Sobre o equilíbrio hidroeletrolítico (assinale a incorreta):
a. O ião Na+ é o principal soluto constituinte do líquido extracelular
b. O ião bicarbonato é o principal soluto constituinte do líquido intracelular
c. O movimento da água entre os diversos compartimentos de líquidos
orgânicos designa-se por osmose
d. Os lactentes possuem maior % de água corporal total relativamente ao
adulto
e. O líquido intersticial corresponde ao subcompartimento do espaço
extracelular existente fora dos vasos

7. Relativamente ao equilíbrio hidroeletrolítico (assinale a correta):


a. O aumento da osmolaridade do líquido extracelular aumenta a
secreção de hormona antidiurética
b. Um homem adulto tem aproximadamente 20% de água corporal total
c. A adenohipofise secreta aldosterona
d. A sensação de sede é regulada pela glândula suprarrenal
e. O metabolismo celular pode ser a principal fonte de água do organismo

8. Equilíbrio hidroelétrico (assinale a correta):


a. O mecanismo da sede pode ser desencadeado pelo aumento da
osmolalidade dos líquidos extracelulares e pela redução do volume do
plasma.
b. O aumento da osmolalidade sérica produz a diminuição da hormona
antidiurética (ADH)
c. O aumento do volume de líquido extracelular produz diminuição da
produção de aldosterona, hormona antidiurética e da renina.
d. Todas as alíneas anteriores estão verdadeiras.
e. Alíneas A e C

9. Equilíbrio hidroeletrolítico (assinale a incorreta):


a. A hipercaliémia produz fraqueza muscular, perda do tónus muscular e
paralisias.
b. A hipercalcémica (potássio) pode ser tao grave ao ponto de produzir
arritmias e paragem cardíaca.
c. Hipocalémia produz diminuição da excitabilidade muscular, diminuição
do tónus do músculo liso e arritmias cardíacas
d. A hipercaliémia pode resultar do traumatismo celular e da diminuição da
excreção renal de K+
e. A função renal não interfere com as concentrações de K+ do organismo.

10. Relativamente ao Equilíbrio HE (escolha a correta):


a. O aumento de volume de LEC leva a diminuição da secreção de
aldosterona
b. O principal ião extracelular é o K+
c. A água atravessa a parede das células por osmose
d. O líquido intersticial é um dos tipos de líquido intracelular
e. As alíneas a) e c) são verdadeiras

Possíveis respostas:

1A; 2E; 3D; 4B; 5E; 6B; 7A; 8E; 9E; 10E;

Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de
dúvida verifiquem com a matéria

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 323 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 324 | P á g i n a
CLE 2019-2023
Módulo X – Sistema Respiratório

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 325 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Anatomia do aparelho respiratório

O aparelho respiratório está divido em dois – o aparelho respiratório superior e o


aparelho respiratório inferior

O aparelho respiratório superior engloba:

 Nariz, que é composto por:


o Pirâmide nasal
o Fossas nasais
 Faringe
 Laringe

O aparelho respiratório inferior engloba:

 Traqueia
 Brônquios
 Pulmões

Ainda a envolver e portanto relacionados com o aparelho respiratório e que participam


nas trocas gasosas, na inspiração e na expiração temos os músculos que participam nos
movimentos respiratórios, sendo eles o diafragma, os músculos intercostais (internos e
externos) e os músculos da parede abdominal.

1.1 Anatomia do Nariz


O nariz é então constituído pela pirâmide nasal e duas fossas nasais.

1.1.1 Pirâmide nasal

É uma estrutura visível que forma proeminência da


face e é composta por porções cartilagíneas e ósseas.

É uma extensão do osso frontal do crânio e constituí


extensões ósseas, denominadas de apófises frontais do
maxilar superior, cartilagens laterais do nariz, a
cartilagem alar menor e a maior e ainda tecido
fibroadiposo da asa do nariz.

1.1.2 Fossas nasais

As fossas nasais são o espaço interior da pirâmide nasal e vão desde as narinas (parte
mais anterior) até às choanas (parte mais posterior). Estas contêm duas paredes laterais
e um septo internamente. Para além disso o seu pavimento inferior constitui o palato
duro que separa a cavidade nasal da cavidade oral.

CURIOSIDADE:

Imediatamente após as narinas existe o vestíbulo nasal que é facilmente lesado


pelas bactérias das mãos, provocando vestibulite.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 326 | P á g i n a


CLE 2019-2023
As paredes laterais são constituídas posteriormente por 3 cornetos – o corneto superior,
o corneto médio (etmóide) e o corneto inferior – que estão separados por meatos (são
como ribeiras por onde sai a rinorreia anterior), e são anteriormente compostas por
cartilagem.

NOTA:

Rinorreia anterior – ranho que sai pelo nariz

Rinorreia posterior – ranho que sai pela boca

Nos seios perinasais, que têm forma sacular o que permite acumular secreções, existe
sempre lubrificação e uma quantidade de muco que vai permitir a drenagem dos
fluidos que produzimos diariamente.

CURIOSIDADE:

Pessoas com sinusite têm frequentemente inflamação dos seios perinasais, porque
têm alterações anatómicas que não permitem a drenagem dos fluidos que se
formam frequentemente, acabando assim por infetar/inflamar estes seios.

Estes líquidos, em situações normais, são drenados para as fossas nasais e depois saem
sobre a forma de rinorreia anterior através dos orifícios/óstios nos meatos superior e
médio.

Quando choramos ficamos com mais ranho, porque temos um canal muito pequenino,
na superfície interna do olho, chamado canal lacrimo-nasal, que vai drenar para o
meato inferior e sair pelo nariz.

O septo é uma estrutura que separa as fossas nasais em direita e esquerda. Este é
constituído por 3 ossos – o vómer, a lâmina perpendicular do etmóide e a cartilagem do
septo nasal.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 327 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.1.3 Funções do nariz
O nariz tem de facto 5 funções muito importantes e são elas:

→ Passagem do ar
→ Filtração do ar, através de:
o Cílios (pêlo que agarra poeiras)
o Fluxo turbulento (cornetos)
o Muco
→ Humidificação (através do muco e lágrimas) e aquecimento do ar, uma vez que
o nariz é a mucosa mais vascularizada
o Evita a agressão das vias aéreas inferiores pelo frio
→ Função olfativa
o Através do epitélio olfativo na parte mais superior da cavidade nasal
(órgão sensorial do olfato)
→ As fossas nasais e seios perinasais são câmaras de ressonância importantes para
a fala

1.2 Faringe
A faringe é um órgão comum a ambos os aparelhos respiratório e digestivo, por um
simples motivo, na sua porção terminal existe uma bifurcação que vai dar origem à
frente à laringe, que pertence ao aparelho respiratório, e atrás ao esófago, que
pertence ao aparelho digestivo.

Esta divide-se em três porções:

 Rino/nasofaringe
o É a porção superior da faringe
o Estende-se desde as choanas
até ao véu palatino/palato
mole, mais propriamente à
úvula
 Orofaringe
o É a porção média da faringe
o Estende-se desde a úvula até à epiglote
 Hipo/laringofaringe
o É a porção terminal da faringe
o Estende-se desde a epiglote até à laringe/esófago

NOTA:

A úvula é uma projeção de tecido mole do palato mole que prolonga o bordo
posterior do véu do palato.

Todas as estruturas do aparelho respiratório com exceção do pulmão,


nomeadamente os alvéolos, contêm epitélio ciliado e produzem muco para haver
uma certa lubrificação.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 328 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.2.1 Funções da faringe

 Úvula – Evita que as substâncias deglutidas contactem com a nasofaringe e


fossas nasais ao ficar horizontalizada
 Nasofaringe – Contém epitélio ciliado e produz muco que aprisiona detritos
respirados/deglutidos pela rinorreia posterior
 Trompas de Eustáquio – Estendem-se desde o ouvido médio até à nasofaringe e
igualam as pressões atmosféricas

CURIOSIDADE:

Quando estamos constipados e ouvimos a nossa própria voz significa que a


infamação já se está a estender ao ouvido e se não a corrigirmos rapidamente pode
provocar amigdalite ou faringite ou ainda uma otite, por isso devemos lavar o nariz
com soro fisiológico e realizar uma boa higiene nasal.

1.3 Laringe
A laringe estende-se da base da língua à traqueia e é por aqui que o ar passa da faringe
para a traqueia.

É constituída por um invólucro de 9 cartilagens interligadas por músculos e ligamentos.

 Tem 6 cartilagens que se organizam em 3 cartilagens pares, na parte posterior


da laringe:
o Cuneiformes – em forma de cunha
o Corniculadas – forma de cone
o Aritnóideias – forma de corneto e articula com o bordo póstero-superior
da cartilagem cricóideia
 As 3 cartilagens ímpares, na parte anterior da laringe, sendo elas a:
o Epiglote
o Cartilagem tiróideia – é a maior de todas, é facilmente palpável e é
chamada a maçã de Adão
o Cartilagem cricóideia – é a última cartilagens, formando a base da
laringe

NOTA:

É entre a cartilagem tiroideia e a cartilagem cricóideia que se realizam cricotomias


de urgência.

A união entre as cartilagens pares e ímpares vai formar uma série de ligamentos que vai
dar origem à estrutura que dá uma boa sustentação à laringe.

É importante saber o nome das cartilagens ímpares!

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 329 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.3.1 Cordas vocais
As várias cartilagens vão ligar-se entre si e
formar ligamentos, sendo que os ligamentos
superiores vão formar as cordas vocais,
pertencendo estas assim à laringe.

Então, as cordas vocais são dois pares de


ligamentos que se estendem desde a face
anterior das cartilagens aritenóideas até à
face posterior da cartilagem tiroideia.

 Os ligamentos superiores formam as pregas vestibulares ou cordas vocais falsas


(funcionam como suporte)
 Os ligamentos inferiores formam as pregas ou cordas vocais verdadeiras
(permitem a fonação)

Ao espaço correspondente à abertura das


cordas vocais dá-se o nome de glote.

Sempre que falamos as cordas vocais abrem e o


ar passa formando som.

Quando comemos estas cordas fecham-se para


que os alimentos, com a ajuda da epiglote, vão
diretos para o esófago, impedindo a sua
passagem para o sistema respiratório.

CURIOSIDADE:

É muito importante que as crianças quando estão a comer estejam concentradas


no que estão a fazer uma vez que estas não têm o reflexo da tosse tão imediato
como nós adultos. Assim se as crianças se estiverem a rir enquanto comem existe um
risco de a comida ir para a traqueia em vez de ir para o esófago, uma vez que a
epiglote não fechou.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 330 | P á g i n a


CLE 2019-2023
NOTA:

Tons mais agudos acontecem quando só vibram as partes anteriores das cordas
vocais e os sons mais graves só acontecem quando vibram segmentos maiores.
Como os homens têm cordas vocais maiores, têm a voz mais grave.

1.3.2 Funções da laringe


As principais funções da laringe são:

 É um canal permeável à passagem de ar, sobretudo através da estrutura forte


das cartilagem tiroideia e cricóideia
 Regula a passagem de ar para e dentro e fora das vias aéreas
 Evita que substâncias deglutidas entrem para as vias aéreas através da
inclinação da epiglote e o encerramento das cordas vocais
 As cordas vocais são a principal fonte de produção de som através da vibração
aquando da passagem de ar
 O epitélio cilíndrico ciliado e o muco captam detritos presentes no ar
conduzindo-os para a faringe

CURIOSIDADE:

As pessoas que têm tosse de cão (tosse canina) normalmente têm uma laringite.
Então a tosse canina é provocada por uma laringite, quando há inflamação da
laringe, a voz que sai pela vibração das cordas vocais vem alterada. Se for apenas
inflamação deve fazer-se repouso vocal e uma boa hidratação. Se houver
obstrução nasal concomitante lavar bem com soro fisiológico. Se houver infeção
será necessária a toma de antibióticos.

Portanto, quando a laringe não funciona adequadamente podemos ter falta de ar


(dispneia) ou então ficar asfixiados caso o alimento vá para a traqueia em vez de ir
para o esófago. Se esta estiver inflamada podemos ficar disfónicos (roucos) ou afónicos
(sem voz). A laringe tem um mecanismo de defesa que é acionado sempre que os
alimentos vão para o sítio errado, sendo este a tosse, de forma a eliminar o alimento das
vias aéreas.

1.4 Traqueia
É um tubo membranoso ligado à laringe, constituído por
músculo liso e tecido conjuntivo e reforçado, nas paredes
anterior e lateral, por 15-20 cartilagens em forma de C (anéis)
que mantém a traqueia aberta permitindo a passagem de
ar.

A parede posterior não tem cartilagem mas é constituída por


membrana ligamentosa e músculo liso traqueal.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 331 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Uma vez que o músculo liso à frente é mais rijo
e atrás é mais elástico permite que a traqueia
se dilate quando temos que respirar mais
fundo.

Posteriormente à traqueia localiza-se o


esófago.

NOTA:

Por exemplo, numa unidade de cuidados intensivos, quando uma pessoa vive,
normalmente a partir dos 20 dias, ligada a uma máquina de ventilação invasiva
porque deixou de respirar por si próprio necessita de ser entubado
orotraquealmente. Essa pessoa, como esteve em coma induzido não realizou
movimentos respiratórios e por isso não exercitou nenhum dos músculos ligados à
respiração sendo necessário muitas das vezes ser realizada uma traqueostomia por
incapacidade de realizar movimentos respiratórios de forma autónoma, pois para
respirar necessitamos de conseguir realizar esses movimentos de forma autónoma.
Assim, faz-se um orifício entre o 2º e o 3º anel cartilagíneo, porque por este ponto
não é necessária nenhuma força extra para que o ar circule, uma vez que estas
pessoas quando saem do ventilador são traqueostomizadas antes e depois realizam
muita fisioterapia para que os músculos voltem a ficar funcionais.

1.4.1 Funções da traqueia


A traqueia capta partículas estranhas inaladas através do epitélio ciliado e do muco
para a laringe e encaminha-as para a faringe a fim de serem deglutidas. Com o
tabagismos o epitélio sofre transformação pela agressão continua do fumo, inibindo
todas as funções protetoras.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 332 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.5 Árvore traqueobrônquica
A traqueia termina ao nível da 5ª vertebra torácica, onde se bifurca em brônquios
principais/1ª ordem que são separados pela carina e que se dirigem para cada um dos
pulmões. Estes são formados por uma mucosa sensível à estimulação mecânica que
defende contra corpos estranhos por ativação do estímulo reflexo de tosse.

Os brônquios principais ramificam-se em brônquios progressivamente menores de 2ª


ordem e por aí em diante até se ramificarem nos bronquíolos.

O brônquio direito é mais curto, tem maior calibre e é mais verticalizado havendo maior
probabilidade de aspiração/alojamento de corpos estranhos, por isso deve ser o
primeiro brônquio a ser verificado com o broncofibroscópio.

Brônquios Brônquios Brônquios Bronquíolos Alvéolos


Bronquíolos
Principais Lobares Segmentares Terminais Pulmunares

CURIOSIDADE:

É muito importante sabermos localizar a carina, porque quando vamos com o


broncofibroscópio temos de ir devagar para não a perfurar. Quando a localizamos
temos que dirigir o broncofibroscópio para a direita ou para a esquerda de modo a
entrar num dos brônquios.

1.5.1 Alvéolos Pulmonares


É o local onde se dá as trocas gasosas no pulmão, a principal função do sistema
respiratório. Estão preenchidos por ar e são envolvidos por tecido com fibras elásticas
que lhes garante elasticidade.

Os sacos alveolares são conjuntos de 2 ou mais alvéolos, os pulmões humanos têm cerca
de 300 milhões de alvéolos.

O alvéolo contém epitélio alveolar sem cílios e a remoção das impurezas respiratórias é
feita por células – os macrófagos. Este epitélio alveolar é constituído por dois tipos de
células:

 Pneumócitos tipo I que revestem 90% dos alvéolos e através dos quais ocorre a
maior parte das trocas gasosas entre o ar alveolar e o sangue
 Pneumócitos tipo II são produtores de surfactante pulmonar, lubrificante que é
essencial à expansão alveolar, evitando o colapso do pulmão

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 333 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.5.2 Histologia da árvore traqueobrônquica
A árvore traqueobrônquica é formada por estruturas revestidas por músculo liso e tecido
cartilagíneo, o que faz com que haja adaptação à quantidade e fluxo de ar que entra.
O relaxamento e contração do músculo liso das vias aéreas permite variar o volume de
ar.

No caso da asma dá-se a diminuição do fluxo de ar por inflamação e contração do


músculo liso (broncorreatividade).

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 334 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2. Anatomia dos pulmões

Os pulmões são os principais órgãos da respiração. O pulmão direito é maior do que o


pulmão esquerdo e possuem uma forma cónica de base inferior (suportada no
diafragma) e vértice/ápex superior.

A face interna, o local onde entram os brônquios principais, vasos sanguíneos, vasos
linfáticos e nervos, denomina-se hilo pulmonar.

O pulmão direito tem 3 lobos enquanto o pulmão esquerdo tem 2 lobos e estes lobos
estão separados por cissuras onde ocorre a drenagem da linfa.

2.1.1 Parede torácica


A parede torácica é formada por:

 Vértebras torácicas
 Costelas
 Cartilagens condrocostais
 Esterno
 Músculos torácicos

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 335 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.1.2 Caixa torácica
A caixa torácica é o conjunto formado pela parede torácica e pelo diafragma.

2.1.3 Pleura
A pleura é uma membrana serosa que envolve cada um dos pulmões. Existem duas
pleuras separadas pelo mediastino – a pleura visceral, mais interna, e a pleura parietal
mais externa. Entre as duas pleuras existe líquido pleural que confere lubrificação,
diminuindo o atrito entre estas.

2.2 Irrigação sanguínea


Há dois tipos de sangue a passar pelo sistema respiratório:

 Sangue oxigenado, que é o sangue que passou pelos


pulmões e recebeu o oxigénio por meio de trocas
gasosas
 Sangue desoxigenado, que é o sangue que libertou
oxigénio nos tecidos

Assim para o transporte do sangue, existem as artérias e as veias pulmonares.

RECORDA:

A veia cava superior e a veia cava inferior vão unir-se na aurícula direita que vai
levar o sangue desoxigenado para o ventrículo direito através da válvula tricúspide.
Do ventrículo direito, o sangue vai para a artéria pulmonar através da qual vai entrar
nos pulmões. Chegando aos pulmões ocorrem as trocas gasosas – o CO2 passa do
sangue para os alvéolos e o O2 passa dos alvéolos para o sangue – e passa a sangue
oxigenado. Este sangue oxigenado vai ser conduzido para a aurícula esquerda
através das veias pulmonares, passando depois pela válvula bicúspide/mitral para
o ventrículo esquerdo, sendo bombeado através da válvula aórtica para a aorta
para irrigar os órgãos.

2.3 Drenagem linfática


Para ocorrer a drenagem linfática, existem dois tipos de vasos linfáticos:

 Vasos linfáticos superficiais – que se situam abaixo da pleura visceral e fazem a


drenagem da linfa da pleura visceral e da superfície pulmonar
 Vasos linfáticos profundos – que seguem o trajetos dos brônquios e fazem a
drenagem da linfa dos brônquios

Existem vasos linfáticos que saem do pulmão através dos hilos pulmonares.

Aquando de uma neoplasia no pulmão, estas células neoplásicas podem ser


disseminadas para outros locais do organismo através do sistema linfático.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 336 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.4 Funções do sistema respiratório
Então para resumir, estas são as funções de todo o sistema respiratório:

 Respiração, através das trocas gasosas essencial à vida


essencialmente através dos alvéolos pulmonares
 Síntese/secreção/reciclagem do surfactante pulmonar
através dos Pneumócitos tipo II
 Clearence mucociliar (eliminação das impurezas) para
garantir proteção através dos cílios e do muco
 Equilíbrio ácido-base para controlo do pH no sangue,
devido ao CO2 e ao O2
 Fonação – ar que atravessa as cordas vocais essencial à
produção de sons e fala
 Olfato – através das fossas nasais

2.4.1 Processos envolvidos na respiração

❖ Inspiração

O processo da inspiração é um processo ativo, ou seja, implica gasto de energia devido


ao movimento de contração do diafragma (baixa).

Contração Diminuição Fluxo aéreo a


do diafragma Expansão da da pressão favor do
e músculos caixa intatorácica Entrada de ar
gradiente de
intercostais torácica
(Lei de Boyle) pressão
externos

❖ Expiração

Já a expiração é o processo inverso da inspiração. É um processo passivo que não


implica gasto de energia.

Relaxamento Aumento da Fluxo aéreo a


do diafragma Retração da pressão favor do
e músculos caixa intatorácica Saída de ar
gradiente de
intercostais torácica
(Lei de Boyle) pressão
externos

❖ Mecânica ventilatória

A ventilação é o processo através do qual o ar se movimenta para dentro e para fora


dos alvéolos através dos gradientes de pressão.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 337 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3. Difusão de gases através da membrana respiratória

Para começarmos esta temática teremos primeiramente de explorar alguns conceitos


que vão ser absolutamente necessários para o estudo da difusão de gases.

A ventilação é a entrada de ar atmosférico até aos alvéolos, para isso é necessário


ocorrer difusão de gases entre os alvéolos e os capilares pulmonares para poderem ser
transportados no sangue até às células e tecidos, processo chamado de perfusão, e
utilizados na respiração celular.

Resumindo:

→ Ventilação – Entrada de ar nos alvéolos


→ Difusão – troca de gases entre alvéolos e capilares
→ Perfusão – troca de gases entre capilares/células/artérias e os órgãos

Sendo assim, o objetivo da difusão alvéolo-capilar é permitir a


reoxigenação do sangue venoso e remover o CO2 criado pelo
metabolismo celular.

A difusão ocorre do local de maior para o de menor


concentração até se obter uma mistura homogénea. No final da
difusão existe uma pO2 e pCO2 no sangue idêntica à dos alvéolos.

3.1 Membrana respiratória


É o local onde se efetuam as trocas gasosas entre o ar e o sangue. É uma membrana
muito fina para facilitar a troca.

Esta é constituída por:

→ Líquido alveolar
→ Epitélio alveolar
→ Membrana basal do epitélio alveolar
→ Espaço intersticial
→ Membrana basal do epitélio capilar
→ Endotélio capilar

3.1.1 Difusão pela membrana respiratória


A difusão através da membrana depende de:

 Espessura da membrana
 Coeficiente de difusão do gás na membrana (idêntico ao de difusão na água)
 Superfície funcional da membrana
 Gradiente de pressão parcial do gás entre dois lados da membrana

Para poder ocorrer uma boa troca entre os alvéolos e os capilares pulmonares, a
membrana respiratória tem de estar intacta. E existem 4 situações que são importantes
conhecer para perceber quando há trocas gasosas deficientes.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 338 | P á g i n a


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❖ Espessura da membrana:

Uma maior espessura da membrana diminui o transporte de gases, pois vai haver uma
maior “parede” entre o alvéolo e o capilar dificultando a difusão de gases.

A espessura da membrana aumenta em situações de doença. A insuficiência cardíaca


é a causa mais frequente, uma vez que causa o aumento do fluído alveolar.

❖ Coeficiente de difusão do gás através da membrana:

A difusão de CO2 é 20x superior à de O2. Assim, o O2 é uma molécula de mais difícil
difusão.

Em situação de doença grave, a diminuição grave de O 2 ocorre antes da difusão de


CO2 se encontrar muito comprometida. Ou seja, numa situação de doença aguda
ocorre primeiramente hipoxemia (baixa de O 2) e num segundo momento o doente
entra em exaustão respiratória, em que para além de haver comprometimento de O2
(hipoxemia), vai também haver comprometimento da eliminação de CO 2, levando ao

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 339 | P á g i n a


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aumento da sua concentração na circulação arterial por não haver difusão
(hipercapnia – retenção de CO2).

CURIOSIDADE:

Se apenas houver hipoxemia, trata-se de uma insuficiência respiratória parcial ou


tipo I.

Se houver hipoxemia concomitantemente com hipercapnia trata-se de uma


insuficiência respiratória global (IRG) ou tipo II.

A hipoxemia mata mais que a hipercapnia.

❖ Superfície funcional da membrana:

A superfície funcional da membrana num adulto é de 70m2. Esta diminui em situações


de doença, como o enfisema pulmonar ou a neoplasia do pulmões.

Pequenas diminuições da superfície funcional da membrana apenas provocam


sintomas durante exercício. É necessária uma diminuição dessa superfície para 1/3 ou
para ¼ para que ocorram sintomas em repouso.

❖ Gradiente de pressão de gás entre os dois lados da membrana:

O aumento da ventilação (hiperventilação – respira mais de 20 ciclos por minuto) leva


ao aumento da pO2 e à diminuição da pCO2 alveolares, ou seja, aumenta a
transferência de O2 para o sangue e a remoção de CO2. Isto acontece, por exemplo,
durante o exercícios físico ou com a ansiedade.

Com a diminuição da ventilação (hipoventilação – respira menos de 16 ciclos por


minuto) ocorre o inverso do processo anterior, ou seja, diminuição da pO2 e aumento
da pCO2. Pode ocorrer, por exemplo, num episódio de AVC do tronco cerebral.

Sempre que falamos em hiper ou hipoventilação está a relacionado com a variação


de CO2 no sangue.

CURIOSIDADE:

A baixa de dióxido de carbono no sangue leva a uma vasodilatação cerebral,


chegando sangue com menos força ao cérebro e se não repusermos esses níveis
podemos mesmo desmaiar, pois há menos perfusão cerebral.

Por isso, em caso de ataque de pânico, devemos dar um saco à pessoa para ela
respirar para dentro deste, numa tentativa de esta voltar a inspirar o CO 2 que expirou
a mais e assim repor os seus níveis.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 340 | P á g i n a


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3.1.2 Relação ventilação-perfusão
A principal causa de hipoxemia é a desigualdade na relação ventilação-perfusão,
podendo haver um problema na ventilação ou na perfusão. No entanto, agora com o
SARS-COV-2 pode haver problemas tanto na ventilação como na perfusão
simultaneamente. Esta relação indica a relação entre o fluxo sanguíneo e a ventilação,
sendo o valor ideal igual a 1.

Efeito de Shunt Ventilação de Espaço Morto

O efeito de Shunt ocorre quando há ausência de ventilação de um alvéolo perfundido.


Há oclusão total ou parcial de um ou mais alvéolos – atelectasia (ou colapso pulmonar)
– por um corpo estranho, não ocorrendo ventilação, sendo a relação
ventilação/perfusão é igual a zero (V/Q = 0).

A ventilação do espaço morto ocorre quando há ventilação de um alvéolo não


perfundido. O alvéolo é ventilado mas existe oclusão nos capilares sanguíneos, não
ocorrendo, assim, trocas gasosas. A relação ventilação/perfusão é infinita (V/Q = +∞).

3.2 Transporte de O2 e CO2 no sangue


Em média, a pO2 alveolar é de 104 mmHg e a pO2 do sangue que flui para os capilares
alveolares é de 40mmHg. Deste modo, o oxigénio difunde-se dos alvéolos para o leito
dos capilares pulmonares a favor do gradiente de pressão.

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3.2.1 Gradiente de difusão do O2 e CO2

❖ Perfusão:

Nas terminações arteriais dos capilares pulmonares,


durante a perfusão, o O2 e o CO2 difundem-se de
acordo com os gradientes de concentração:

 O2: alvéolos → capilares pulmonares


 CO2: capilares pulmonares → alvéolos

Nas terminações venosas dos


capilares pulmonares já ocorreu difusão, logo a pO 2 Terminações Terminações
arteriais venosas
e pCO2 são iguais nos alvéolos e no sangue.

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❖ Tecidos:

Nas terminações venosas dos capilares


tecidulares, já ocorreu difusão, logo a pO2 e pCO2
são iguais nos tecidos e no sangue.

Nas terminações arteriais dos capilares tecidulares,


o O2 e o CO2 difundem-se de acordo com os
gradientes de concentração:

 O2: capilares → tecidos (pO2 = 20mmHg)


 CO2: tecidos (pCO2 = 46mmHg) → capilares
Terminações
Terminações
arteriais
venosas

3.2.2 Transporte de oxigénio no sangue


Aproximadamente 98,5% do O2 conduzido dos pulmões para os tecidos é transportado
no sangue, combinado com as hemoglobinas nos eritrócitos, sendo essa combinação
reversível.

A hemoglobina fica 100% saturada quando


uma molécula de O2 se liga a cada um dos
seus 4 grupos heme. O restante 1,5% de O2
que não se liga à hemoglobina é dissolvido
no plasma.

A curva de dissociação da oxihemoglobina


representa a percentagem de
hemoglobina saturada com oxigénio para
cada valor de pO2 sanguínea.

À saída dos capilares pulmonares a pO 2 é


de 104mmHg o que significa que a
hemoglobina (Hb) está 100% saturada
podendo fornecer o oxigénio suficiente aos
tecidos.

Os valores ideais, numa pessoa completamente saudável, são de uma pressão de O 2


entre 80 a 100mmHg, significa que de facto a hemoglobina consegue ficar saturada
acima dos 90%, não havendo assim problemas de perfusão. Assim hemoglobina está
sempre pronta para realizar as trocas e ainda existe alguma de reserva.

No entanto, podem ocorrer doenças, seja uma embolia pulmonar que afeta a perfusão,
seja pneumonia que afeta a ventilação, seja um cancro do pulmão que afeta a
ventilação, que podem afetar a verdadeira percentagem de O 2 que passa dos alvéolos
para os capilares e dos capilares para os tecidos.

Entre as pressões de O2 de 104 a 61mmHg existe um desvio na saturação de


hemoglobina/saturação de O2. No entanto, a hemoglobina ainda tem uma grande
capacidade para captar o oxigénio nos pulmões, mesmo que a pO2 nos capilares
pulmonares desça muito (até 60mmHg).

Se a pressão de O2 descer abaixo dos 60mmHg significa que vai haver muito pouco
oxigénio a circular para se ligar à hemoglobina. Se uma pessoa, numa gasimetria,
acusar pO2 abaixo de 60mmHg é indicação formal para ser internada e lhe ser
administrado O2.

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Em repouso, a pO2 tecidual é de 40mmHg e 75% da Hemoglobina está saturada. 23%
do oxigénio captado dos pulmões é libertado da Hemoglobina e difunde-se nos tecidos
enquanto os restantes 75% de O2 da hemoglobina ficam de reserva.

Durante o exercício, aumentam as necessidades de O2 dos tecidos, havendo uma


diminuição da pO2 sanguínea pela libertação de O 2 para o metabolismo aeróbio
celular.

Outros fatores que afetam a afinidade do oxigénio para a hemoglobina incluem o pH


sanguíneo (Efeito de Bohr), a pCO2 e a temperatura.

 pH baixo – dá-se o aumento de H+ que se liga à hemoglobina, diminuindo a sua


afinidade para o O2.
 Aumento da pCO2 sanguínea – leva à diminuição do pH (reação que ocorre
dentro dos glóbulos vermelhos com o aumento do H+) e dá-se a ligação do CO2
às cadeias de globina da hemoglobina diminuindo a afinidade da hemoglobina
para O2.
 Aumento da temperatura corporal

Estes fatores causam um desvio da curva para a direita o que se traduz em menor
afinidade da hemoglobina para o O 2 e a maior libertação de O2 para os tecidos.

4. Regulação da respiração

A regulação da respiração é-nos dada por centros


respiratórios localizados no tronco cerebral,
controlados pelo sistema nervoso central.

O ritmo básico da respiração é controlado por


centros respiratórios localizados no tronco cerebral.
Este ritmo pode ser modificado por sinais provenientes
de recetores sensoriais e de outras regiões do
cérebro.

4.1 Centros respiratórios do tronco cerebral


Os centros respiratórios do tronco cerebral
compreendem o centro respiratório bulbar e o grupo
respiratório protuberancial.

O centro respiratório bulbar compreende o grupo


respiratório dorsal e o grupo respiratório ventral.

 Grupo respiratório dorsal – encontra-se mais


ativo na inspiração e é responsável pela
estimulação da contração do diafragma – é
o mais importante
 Grupo respiratório ventral – é ativo na
inspiração ao realizar a contração dos
músculos intercostais externos. É também
ativo na expiração forçada ao realizar a
contração dos músculos intercostais internos e

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 344 | P á g i n a


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abdominais. Deste grupo pensa-se que faz parte o complexo pré-Bötzinger que
estabelece o ritmo respiratório base.

O grupo respiratório protuberancial não tem uma função especifica estabelecida, mas
ajuda na alternância entre a inspiração e expiração.

4.1.1 Transporte de oxigénio no sangue


O centro respiratório bulbar estabelece o ritmo
Temperatura Emoções
respiratório basal sendo influenciado pelos
gases presentes no sangue, a temperatura
Gases no Movimentos
corporal, emoções (pelos centros superiores sangue musculares
cerebrais) e os movimentos musculares e
articulares. Centro respiratório bulbar
(ritmo respiratório basal)
A inspiração inicia-se com a ativação dos
neurónios que estimulam os músculos
inspiratórios (diafragma e intercostais externos), Ativação dos neurónios que
que provocam a contração dos músculos estimulam os músculos inspiratórios
referidos por um período de cerca de 2
segundos que condiciona a inspiração.
Contração muscular (2 segundos)
Com a inspiração, aferências do grupo
respiratório protuberancial e dos recetores de
Ativação dos neurónios inibidores
distensão pulmonar vão ativar neurónios de
inibição da contração de músculos
respiratórios levando ao relaxamento destes e Relaxamento dos músculos
condicionando a expiração que dura cerca de respiratórios: expiração

3 segundos.

4.2 Mecanismos de regulação da ventilação

4.2.1 Controlo cerebral e do sistema límbico


Apesar de já termos falado numa imensidão de sistemas que controlam a respiração,
destes ainda nos falta falar sobre o córtex cerebral e sobre o sistema límbico.

Então o córtex cerebral controla a ventilação de forma voluntária e involuntária.

O controlo involuntário pelo córtex permite-nos falar e respirar ao mesmo tempo, ou seja,
para que se consigam produzir sons e manter as trocas gasosas simultaneamente.

O controlo voluntário ocorre quando, por exemplo,


efetuamos uma apneia voluntária (por exemplo, ao
mergulhar temos de suster a respiração) onde se verifica um
aumento do CO2, que estimula o centro respiratório bulbar a
aumentar a ventilação, aumentando a nossa necessidade
de respirar. Verifica-se também uma diminuição de O 2 que
pode provocar alteração da consciência, impedindo que a
pessoa mantenha a apneia de forma voluntária e retoma-se
ao controlo automático da respiração.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 345 | P á g i n a


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No caso da hiperventilação voluntária, quando, por exemplo, enchemos balões,
verifica-se uma diminuição da pCO2, que condiciona a vasodilatação que diminui a
pressão arterial cerebral levando possivelmente ao desmaio.

O sistema límbico influencia o controlo da ventilação associado às emoções.

Involuntária Fala

Córtex cebral Aumento pCO2


Apneia
Diminui pO2
Voluntária
Diminui pressão
Hiperventilação Diminui PCO2
arterial cerebral

4.2.2 Regulação química da ventilação


A regulação química da ventilação implica a pO 2, a pCO2, e o pH do sangue que
conseguem ser percebidas através de uma gasimetria. Quando estes valores se alteram
influenciam, de forma determinante, a ventilação através da atuação em
quimiorrecetores. Esses quimiorrecetores são neurónios especializados que respondem
a alterações químicas nas soluções (sangue e líquido cefalorraquidiano).

CURIOSIDADE – Quimiorrecetores centrais:

 Estão localizados no pavimento do IV ventrículo.


 Ligam-se ao centro respiratório através de sinapses diretas com o núcleo
dorsal do complexo respiratório bulbar.
 Sensíveis apenas a alterações da pCO2 (pH) no líquor, que altera a
quantidade de H+, que atua nos quimiorrecetores centrais.
 Não são sensíveis à variação da pO2 ou do pH por si só.
 São os mais importantes no controlo da ventilação.

CURIOSIDADE – Quimiorrecetores periféricos:

 Localizados nos seios carotídeos e arco aórtico


 O quimiorrecetor do sio carotídeo liga-se aos centros respiratórios através do
IX par craniano (nervo glossofaríngeo)
 Os do arco aórtico ligam-se através do X par craniano (nervo vago)
 São sensíveis a alterações da pO2, pCO2, e pH no sangue arterial

4.2.3 Efeitos do oxigénio


A diminuição da pO2 denomina-se hipoxia e
estimula o centro respiratório através dos
quimiorrecetores periféricos, condicionando o
aumento dos impulsos nos centros respiratórios,
com consequente aumento da contração dos
músculos respiratórios e da ventilação, com o
intuito de aumentar a pO2 no sangue.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 346 | P á g i n a


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A pO2 é menos importante do que a pCO 2 no controlo da ventilação, pois pequenas
variações da pO2 não alteram o estímulo ventilatório.

Pensa-se que este facto esteja relacionado com a forma em S da curva de dissociação
da Hemoglobina, na qual apenas com pO2 < 60mmHg, a saturação da Hemoglobina
se torna inferior a 90% e apenas nesta situação se inicia a estimulação dos
quimiorrecetores periféricos.

5. Avaliação da função pulmonar

Exames complementares respiratórios que nos ajudam a avaliar o pulmão:

 Exames de imagem
o Radiografia
o TC
o Ecografia
o Medicina nuclear
 Exames laboratoriais
o Sangue
o Líquido pleural
o Lavado bronco-alveolar
 Avaliação funcional respiratória
o Espirometria
o Capacidade de difusão
o Testes de broncoprovocação
o Gasimetria
 Técnicas endoscópicas e biópticas

5.1 Espirometria
A espirometria é um exame de diagnóstico não
invasivo, que para além de diagnosticar doenças,
identifica padrões e também permite medir a
evolução de uma doença.

O doente vai para dentro de uma cabine, onde fica


completamente selado e vai soprar para dentro de
um tubo de acordo com as ordens que forem dadas
pelo profissional que estiver no exterior.

Durante este exame são medidos não só os volumes, que seguidamente iremos estudar,
mas também o tempo que a pessoa demora a fazer o exercício que lhe foi proposto
pelo profissional fora da cabine.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 347 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.1.1 Volume pulmonar
Volume pulmonar é a quantidade de ar existente no pulmão num dado momento.

 Volume de reserva inspiratório (VRI) – quantidade máxima de ar que pode ser


inspirado a partir da posição inspiratória terminal (3000ml)
 Volume corrente (VC) – volume de ar inspirado ou expirado durante cada ciclo
respiratório (500ml)
 Volume de reserva expiratório (VRE) – volume de ar que pode ser expirado a
partir do nível respiratório de repouso (1100ml)
 Volume residual (VR) – volume de ar que permanece nos pulmões no fim de uma
expiração máxima (1200ml)
 Volume expiratório forçado no primeiro segundo (FEV1/VEF1) – quantidade de
ar que se consegue expelir no primeiro segundo.

5.1.2 Capacidade pulmonar:


Capacidade pulmonar é o somatório dos volumes.

 Capacidade pulmonar total (CTP) – É a soma de todos os volumes acima


referidos (VR + VRE + VC + VRI) e constitui a quantidade de ar contido no pulmão
no fim de uma inspiração máxima (5800ml).
 Capacidade vital (CV) – É a soma do volume de reserva inspiratório, do volume
corrente e do volume de reserva expiratório (VRI + VC + VRE). Traduz o volume
máximo de ar que pode ser expelido dos pulmões por uma expiração forçada
a seguir a uma inspiração máxima (4600ml).
 Capacidade inspiratória (CI) – É a soma do volume corrente com o volume de
reserva inspiratório (VC + VRI). Constitui o volume máximo de ar que pode ser
inspirado a partir da posição expiratória de repouso (3500ml).
 Capacidade residual funcional (CRF) – É a soma do volume residual com o
volume de reserva expiratório (VR + VRE). Traduz o volume de ar que permanece
nos pulmões na posição expiratória de repouso (2300ml).

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5.1.3 Débito ventilatório:
Débito ventilatório é o volume de ar por unidade de tempo, medindo o FEV1.

5.1.4 Padrões de distúrbios ventilatórios:


Existem doenças que condicionam um padrão obstrutivo e outras que condicionam um
padrão restritivo

 Padrão obstrutivo – há brônquios obstruídos,


logo a CV é a mesma, porque se consegue
expelir o mesmo volume de ar mas demora
mais tempo a que o volume seja expelido,
ou seja, o FEV1 é menor e o índice de
Tiffeneau também é menor.
o Exemplo – Asma, bronquite, DPOC

 Padrão restritivo – em patologias devidas a malformações à nascença e que


diminuem o tamanho da caixa torácica. A CV é menor e, consequentemente,
o FEV1 é menor. Assim, o índice de Tiffeneau encontra-se normal, porque ambos
os valores estão diminuídos.
o Exemplo – Cifoescoliose, problemas no diafragma, diminuição da caixa
torácica, nanismo

MNEMÓNICA:

Restritivo – Restrição ao ar – entra menos ar

Obstrutivo – Obstrução à passagem de ar – entra ar na mesma, mas demora mais


tempo

Nota:

Índice de Tiffeneau indica o valor de FEV1/CV e deve ser superior a 70.

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CLE 2019-2023
5.1.5 Aplicações:

 Identificação de doença ou envolvimento pulmonar


 Quantificação da doença
 Diagnóstico
 Deteção de doença precoce
 Investigação de dispneia
 Acompanhamento/resposta ao tratamento – asma e DPOC
 Avaliação da incapacidade
 Avaliação pré-operatória

6. Exercícios

1. Relativamente ao aparelho respiratório (afinal a correta):


a. A respiração é a única função do aparelho respiratório
b. A respiração consiste na inspiração e na expiração, por processos
passivo e ativo respetivamente
c. As artérias pulmonares transportam sangue desoxigenado
d. As veias pulmonares transportam sangue dos pulmões para o coração
e. Alíneas c) e d) são verdadeiras

2. Relativamente ao aparelho respiratório (assinale a alínea correta):


a. A parede dos brônquios é um elemento constituintes da membrana
respiratória
b. O aumento de espessura da membrana respiratória facilita as trocas
gasosas
c. A desigualdade ventilação perfusão é o mecanismo mais frequente de
hipoxemia
d. O oxigénio difunde se dos alvéolos para os capilares pulmonares contra
o gradiente de concentração
e. A curva de dissociação da hemoglobina é uma reta

3. Relativamente ao aparelho respiratório (assinale a correta):


a. Os pneumócitos tipo I correspondem a 90% das células alveolares
b. O hilo corresponde a face interna dos pulmões
c. Os lobos pulmonares são separados por cissuras
d. O diafragma tem forma de cúpula
e. Todas as alíneas são verdadeiras

4. Relativamente ao aparelho respiratório, normalmente os pulmões não colapsam


devido (assinale a correta):
a. Ao surfactante pulmonar
b. A pressão pleural
c. A capacidade vital
d. Ao edema interstício real
e. Aos seios perinasais

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 350 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5. Na regulação da respiração (assinale a incorreta):
a. O centro respiratório bulbar é influenciado, entre outros fatores, pela
temperatura corporal
b. A inspiração inicia-se com a ativação dos neurónios que estimulam os
músculos inspiratórios
c. Após a inspiração, a ativação dos neurónios inibidores da contração dos
músculos respiratórios
d. A expiração tem menor duração que a inspiração
e. A respiração pode ser controlada voluntariamente

6. Relativamente ao aparelho respiratório (assinale a correta):


a. Está dividido em aparelho respiratório superior e inferior
b. O pulmão direito tem 2 lobos
c. Os músculos da parede abdominal não influenciam os movimentos
respiratórios
d. A pirâmide nasal é constituída apenas por porções ósseas
e. Alíneas a) e b) são verdadeiras

7. Relativamente ao aparelho respiratório (assinale a correta):


a. O pulmão direito tem uma maior probabilidade de pneumonia de
aspiração
b. O esófago localiza-se anteriormente à traqueia
c. Alíneas a) e d)
d. A laringe tem apenas como função a fonação
e. As cordas vocais não são a principal fonte de produção de som

8. Sobre o aparelho respiratório (afinal a alínea correta):


a. Hipoxemia grave corresponde a pO2 menor que 60mmHg
b. O surfactante pulmonar é produzido pelos pneumócitos tipo I
c. A espirometria é um método de diagnóstico, investigação e
quantificação de doença pulmonar
d. A gasometria arterial é obtida por punção venosa
e. Alíneas a) e c)

9. Relativamente à curva de dissociação da hemoglobina (assinale a incorreta):


a. Hipoxemia grave (PaO2 menor 60 mmHg) cursa com franca diminuição
da saturação arterial de oxigénio
b. A PaCO2 condiciona alteração da afinidade da hemoglobina para o
oxigénio
c. É uma curva linear
d. O exercício altera a libertação de oxigénio para os tecidos
e. A febre aumenta a libertação de oxigénio para os tecidos

10. Relativamente ao aparelho respiratório (a verdadeira)


a. O esófago localiza-se anteriormente à traqueia
b. A traqueia sucede-se à laringe e termina ao nível da 5ª vertebra torácica
c. A traqueia pertence ao aparelho respiratório superior
d. As cordas vocais pertencem à faringe
e. O nariz é constituído apenas pela pirâmide nasal

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 351 | P á g i n a


CLE 2019-2023
11. Relativamente ao aparelho respiratório (a correta):
a. A espirometria é um método de diagnostico, investigação e
quantificação de doença pulmonar
b. A espirometria é um método de diagnóstico invasivo
c. A respiração é a única função do aparelho respiratório
d. A respiração consiste na inspiração e expiração, processos passivo e
ativo, respetivamente
e. O diafragma separa a região cervical da caixa torácica

12. Relativamente ao aparelho respiratório (a correta):


a. O pulmão direito tem 3 lobos
b. Os lobos pulmonares são separados por cissuras
c. Os pneumócitos tipo II são produtores de surfactante pulmonar
d. Ventilação corresponde ao processo através do qual o ar se movimenta
para dentro e para fora dos alvéolos
e. Todas as alíneas anteriores são verdadeiras

13. Relativamente ao aparelho respiratório (a correta):


a. A úvula é uma projeção de tecido mole do palato duro
b. A faringe, que se sucede à laringe, é constituída por 3 porções naso-, oro-
e hipofaringe
c. A inclinação da epiglote evita que as substâncias deglutidas passem
para as fossas nasais
d. As principais funções da laringe são respiração, fonação e defesa
e. Todas as alíneas anteriores são verdadeiras

14. Relativamente à regulação da respiração (assinale a incorreta):


a. Uma diminuição do pH pode estimular quimiorrecetores e determinar um
aumento da ventilação
b. Os neurónios no centro respiratório bulbar estabelecem o ritmo basal da
ventilação
c. A respiração pode ser controlada voluntariamente
d. A respiração pode ser modificada pelas emoções
e. O grupo respiratório protuberancial tem uma função muito bem
estabelecida no controlo da respiração

15. Relativamente ao aparelho respiratório, assinale a alínea correta:


a. O nariz, faringe e laringe pertencem ao aparelho respiratório superior
b. A traqueia, brônquios e pulmões correspondem ao aparelho respiratório
inferior
c. O diafragma é essencial à respiração
d. Estruturas da laringe evitam que substâncias deglutidas entrem para as
vias áreas
e. Todas as anteriores

16. Sobre a anatomia e fisiologia da faringe (correta)


a. A faringe é um órgão apenas digestivo
b. As Trompas de Eustáquio abrem-se na laringofaringe
c. As Trompas de Eustáquio abrem-se para igualar as pressões atmosféricas
e do ouvido médio
d. Os músculos constritores da faringe encontram-se na parede posterior da
nasofaringe
e. A amígdala faríngea ou adenoide encontra-se na laringofaringe

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 352 | P á g i n a


CLE 2019-2023
17. (Frequência 2019) Relativamente a anatomia do aparelho respiratório (incorreta)
a. A traqueia sucede à laringe e termina ao nível da 5º vertebra torácica
b. Os brônquios principais ramificam-se em brônquios progressivamente
menores
c. O brônquio esquerdo é mais curto que o direito
d. A laringe é composta por 6 cartilagens pares e três ímpares
e. Os alvéolos são a unidade funcional dos pulmões

18. (Frequência 2019) Relativamente ao aparelho pulmonar (incorreta):


a. A contração do diafragma e a expansão da caixa torácica são
fundamentais na respiração
b. O epitélio ciliado de algumas estruturas do aparelho respiratório dificulta
a clearance mucociliar
c. O pH do sangue é determinado em parte pelo aparelho respiratório
d. Ventilação é o processo através do qual o ar se movimenta para dentro
e fora dos pulmões
e. A difusão de gases ocorre entre os alvéolos e os capilares pulmonares

19. (Frequência 2019) Relativamente à faringe (correta):


a. É dividida em rino-, oro- e hipofaringe
b. A nasofaringe contém epitélio ciliado
c. Contém anéis de cartilagíneos como a laringe
d. A úvula é uma projeção de tecido do palato duro
e. Alíneas a) e b) verdadeiras

20. (Frequência 2019) No aparelho respiratório (assinale a incorreta):


a. Os gases CO2 e O2 difundem se de acordo com os gradientes de
concentração
b. O O2 difunde se dos alvéolos para os capilares pulmonares
c. O CO2 difunde se dos capilares pulmonares para os pulmões
d. A hemoglobina fica 100% saturada quando uma molécula de O 2 se liga
a cada um dos seus 4 grupos heme
A curva de dissociação da oxihemoglobina representa a percentagem de
hemoglobina saturada com CO2

dúvida verifiquem com a matéria


Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de

1E; 2C; 3E; 4A; 5D; 6A; 7A; 8E; 9C; 10B; 11A; 12E; 13D; 14E; 15E; 16C; 17C; 18B; 19E; 20E;

Possíveis respostas:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 353 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 354 | P á g i n a
CLE 2019-2023
Módulo XI – Sistema Reprodutor

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 355 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Sistema Reprodutor Feminino

O sistema reprodutor feminino é formado pelos seguintes órgãos.

 Ovários
 Trompas uterinas/de Falópio Órgãos genitais internos
 Útero (entre a bexiga e o reto)
 Vagina

 Vulva
Órgãos genitais externos
 Mamas

O útero e a vagina têm localização mediana, estando os ovários de cada lado do útero.

Os órgãos genitais internos estão ligados à parede interna da bacia por vários
ligamentos, sendo o mais importante o ligamento largo. Este ligamento é uma prega do
peritoneu que se estende de cada lado do útero e ao qual os ovários e as trompas
estão fixados, permitindo a sustentação do aparelho reprodutor à cavidade abdominal.

1.1 Ovários
São 2 pequenos órgãos, ligados ao
ligamento largo por meio de uma prega
peritoneal – o mesovário – e são sustentados
ainda por outros dois ligamentos:

 Ligamento suspensor – entende-se


desde o mesovário à porção interna
da bacia
 Ligamento ovárico – liga os ovários
ao ângulo uterino

As artérias, veias, vasos linfáticos e nervos


ováricos seguem o ligamento suspensor e
penetram no ovário por meio do mesovário.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 356 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Os tecidos que revestem os ovários do mais externo para o mais interno são:

 Epitélio ovárico/germinativo
 Túnica albugínea
 Parênquima ovárico
o Córtex – camada exterior mais densa
o Medula – zona central menos densa

O ovário é formado por um tecido conjuntivo denso chamado


estroma que dá consistência ao ovário fazendo com que este
não seja completamente mole.

É no córtex do parênquima ovárico que nos vamos fixar para estudar o fenómeno de
ovulação. Neste, em cada ciclo menstrual, portanto de 28 em 28 dias
aproximadamente, são produzidas cerca de 25 vesículas – folículos. Dentro destes existe
um oócito e que vai ser libertados durante a ovulação.

1.1.1 Ovulação
Na ovulação, dos 25 folículos formados, apenas
um deles liberta o oócito. Quando o folículo
rompe, ao 14º dia, o oócito vai para a cavidade
peritoneal e é captado pelas Trompas de
Falópio, sendo aí fecundado ou não.

O folículo após a ovulação, ou seja, aquele que


fica sem oócito, ganha o nome de corpo
amarelo/lúteo e vai ser responsável pela
produção de 2 hormonas – progesterona e
estrogénio.

No caso de o oócito não ser fecundado, o


folículo sofre atrésia, formando o folículo atrésico
(após 10-12 dias) que posteriormente forma o
corpo branco/corpus albicans que desaparece
depois.

Em cada ciclo ovárico, geralmente, apenas um


folículo atinge os estádios mais avançados da
maturação, sofrendo ovulação, enquanto os
restantes se degeneram (sofrem atrésia).

Se o oócito for fecundado por um


espermatozoide, forma-se o ovo/zigoto,
formado por 46 cromossomas (23 cromossomas
do homem + 23 cromossomas da mulher).
Posteriormente ocorre mitose/divisão celular que
aumenta o número de células e acontece a
implantação na parede uterina (nidação) para
formar o feto. Neste caso, em que pode ocorrer
uma possível gravidez, o folículo aumenta de
tamanho.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 357 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.2 Trompas de Falópio
As trompas de Falópio são duas, com cerca
de 10cm de comprimento, uma de cada
lado do útero, cada uma associada a um
ovário com associação à mesossalpinge.
Abre-se diretamente na cavidade
peritoneal, formando o pavilhão/infundíbulo,
com forma de funil, onde é recebido o oócito
do ovário.

Desde os ovários até ao útero, as estruturas das trompas são:

 Pavilhão/Infundíbulo (forma de funil)


o Parte inicial da trompa de Falópio
o Revestido por extensões chamadas franjas e cuja superfície interna é
revestida por epitélio mucoso ciliado
o Abre-se diretamente na cavidade peritoneal
 Ampola tubárica
o Porção mais longa, com cerca de 8cm
o Segue-se ao infundíbulo
 Istmo
o Extremidade mais próxima do útero
o Zona mais estreita com paredes mais espessas
 Porção intramural/Pars uterina
o Atravessa a parede uterina e termina num pequeno orifício uterino

A mucosa tubárica fornece nutrientes ao oócito ou ao embrião em desenvolvimento, à


medida que este progride ao longo das trompas e o epitélio ciliado auxilia a progressão
da pequena quantidade de líquido e do óvulo ao longo das trompas.

1.3 Útero
Este órgão tem a dimensão e a forma de uma pêra média, com cerca de 7,5cm de
comprimento e 5cm de largura.

As estruturas do útero de cima (do mais largo) para baixo


são:

 Fundo
 Corpo (porção principal)
 Colo uterino/cérvix (porção mais estreita)
o Canal cervical – que contém epitélio
cilíndrico com células mucosas cervicais que
produzem muco
o Orifício externo do canal cervical/óstio
o Vagina

O muco produzido pelas glândulas mucosas cervicais no canal cervical serve como:

 Barreira contra infeções


 Barreira contra os espermatozoides
o No entanto quando ocorre a ovulação, a consistência do muco diminui
para permitir a passagem destes.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 358 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Nota:

O rastreio do cancro do colo do útero é feito pela colpocitologia/análise de células


cervicais/papanicolau, em que se coloca um especulo à volta das paredes vagina
de forma a abrir para que com um cotonete sejam raspadas células da parte inicial
do colo do útero.

A parede uterina é composta por três camadas que, do interior para o exterior, são:

 Perimétrio (túnica serosa/peritoneu)


 Miométrio (túnica muscular mais espessa do corpo de uma mulher)
 Endométrio (túnica mucosa)

O endométrio possui uma série de glândulas uterinas e de artérias espirais da lâmina


própria que irrigam estas glândulas que dependendo de alguns mecanismos podem
rebentar e causar hemorragia. Este contém:

 Camada basal – que está em contacto com o miométrio e correspondente à


porção mais profunda
 Camada funcional – que sofre alterações em cada ciclo menstrual pela
irrigação sanguínea por artérias espirais

No colo do útero a camada muscular tem menos fibras e mais tecido conjuntivo denso,
sendo portanto mais rígido e menos contráctil do que o resto do útero.

O útero é suportado por vários ligamentos à cavidade pélvica, para


além do ligamento largo, no entanto este é o mais importante a
reter. Mas este também é suportado por músculos esqueléticos que
durante o parto se houver enfraquecimento, o útero pode descair
para a cúpula da vagina, originando situação de prolapso uterino.

1.4 Vagina
É um canal com cerca de 10cm de comprimento que se estende desde o útero ao
exterior. Tem de funções:

 Passagem do fluxo menstrual


 Penetração
 Nascimento

Na extremidade superior, em forma de cúpula, é inserida


sobre o colo uterino e forma o fundo de saco vaginal.

A camada muscular exterior permite a sua dilatação e a


túnica muscosa interior produz secreções vaginais para a
lubrificação, ajudando também a criar um pH resistente a
diversos organismos, diminuindo assim o risco de infeções
pélvicas e diminuindo agressões aquando das relações
sexuais.

O hímen cobre parcialmente o orifício vaginal quando a


mulher ainda é virgem.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 359 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.5 Vulva
O períneo é composto por:

 Centro fibroso – região entre a vagina e o ânus


 Órgãos genitais externos, na parte anterior
 Orifício anal, na parte posterior

A vulva é então composta por:

 Vestíbulo – onde se encontram 2 orifícios


o Meato uretral (anterior) – por onde
sai a urina
o Orifício vaginal (posterior)
 Pequenos e grandes lábios
 Clitóris – até 2cm de comprimento, com
vários recetores sensoriais
 Glândulas sebáceas, sudoríparas, e de
Bartholin (internamente que criam
humidade e tornam o pH mais ácido)

1.6 Mama
A mama é constituída por um mamilo, à
volta do qual existe uma aréola circular
pigmentada com uma série de glândulas
divididas em lobos que têm uma série de
canais e sistemas de canais que fazem com
que numa fase em que a mulher ainda não
engravidou sejam muito rudimentares, mas
que durante 9 meses se prepara para
aumentar esta rede canalicular e que fica
preparada então para amamentar.

As glândulas mamárias rudimentares ou


glândulas areolares protegem o mamilo e a
aréola da irritação provocada pela sucção
da amamentação, pois estas ficam maiores
e produzem algum líquido.

Cada glândula tem 15 a 20 lobos cobertos por tecido adiposo que por sua vez têm
canais galactóforos e lóbulos com sistema de canais.

As mamas só se desenvolvem na puberdade, após a 1ª menstruação, pela ação da


progesterona e estrogénios.

Estas são suportadas pelos ligamentos suspensores da mama/de Cooper.

Nota – Mama lactante (com leite):

 Nos lóbulos há várias terminações, canalículos e estes dilatam-se em sacos, os


alvéolos, rodeados de células mioepiteliais que se contraem para expelir leite.
 Na mama não produtora de leite está presente apenas o sistema de canais

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 360 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.7 Fisiologia da reprodução da mulher – ciclo menstrual
O ciclo menstrual é um conjunto de alterações cíclicas que ocorrem nas mulheres em
idade reprodutiva e não grávidas, que culminam com a menstruação e que tem a
duração de 28 dias.

A menstruação, por sua vez, é um período de hemorragia moderada, que ocorre


habitualmente uma vez por mês, durante o qual o epitélio mucoso da cavidade uterina
se desprende da parede uterina e é expulso pelo útero.

Normalmente isto acontece mais ou menos de 28 em 28 dias, no entanto pode variar


uma vez que há mulheres que têm ciclos irregulares.

As mudanças do ciclo menstrual compreendem as alterações cíclicas do ovário, do


útero e da secreção hormonal.

Através deste gráfico percebemos que vamos falar de 3 coisas muito importantes:

→ Ciclo ovárico – O que se passa dentro do córtex do ovário durante estes 28 dias?
Para respondermos a esta questão iremos falar mais à frente de 2 fases – fase
folicular (folículos) e fase luteínica (corpo amarelo/lúteo)
→ Ciclo uterino – Neste ciclo temos 3 fases – menstrual, proliferativa e secretora
→ Regulação central – Feita pelo sistema nervoso central, mais propriamente pela
hipófise e iremos falar de algumas hormonas, como a LH (hormona luteínica), FSH
(hormona estimuladora dos folículos), estrogénio e progesterona.

O primeiro dia do ciclo menstrual corresponde ao primeiro dia da menstruação (que


dura, em média, 4 a 5 dias).

O tempo decorrido entre o fim da menstruação e a ovulação (que ocorre cerca do 14º
dia do ciclo menstrual) denomina-se fase folicular (devido ao rápido desenvolvimento
dos folículos ováricos) ou proliferativa (devida à rápida proliferação da mucosa uterina).

O período entre a ovulação e a menstruação seguinte (cerca de 14 dias) designa-se


fase luteínica (devido à existência do corpo amarelo no ovário) ou secretora (devido à
maturação e secreção das glândulas uterinas).

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 361 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.7.1 Ciclo ovárico
Neste ciclo ocorre um conjunto de alterações que ocorrem de forma cíclica no ovário
durante o ciclo menstrual.

Este ciclo pode dividir-se em 2 fases – fase folicular e fase luteínica.

❖ Fase folicular

Nesta fase os 25 folículos desenvolvem-se através da libertação da FSH, a mais


importante, e também da LH. Ao libertar estas duas hormonas, a hipófise dá informação
ao córtex do ovário para desenvolver os folículos e aumentá-los de tamanho até que
fique maduro o suficiente para libertar o oócito.

Durante esta fase verifica-se um aumento da


secreção de GnRH pelo hipotálamo, que
estimula a adeno-hipófise a produzir pequenas
quantidades de FSH e LH.

Principalmente a FSH é responsável pelo


crescimento e maturação dos folículos
ováricos. Desenvolvem-se cerca de 25 folículos
em cada ciclo menstrual, mas apenas
normalmente um é libertado na ovulação.

Os folículos em desenvolvimento produzem estrogénios, que aumentam de forma


sustentada, o que é responsável por um efeito de feedback positivo sobre a hipófise, –
ou seja, quanto mais estrogénios os folículos produzirem, vão ter cada vez mais
capacidade de produzir mais estrogénio – o que condicionará a secreção em grandes
quantidades de LH e FSH (picos de LH e FSH). O pico de LH é de maior amplitude e
duração que o de FSH, podendo durar até 24 horas.

É este pico de LH, mais ou menos no 14º dia, que determina o início da ovulação,
determinando que:

 O oócito de 1ª ordem completa a primeira divisão meiótica imediatamente


antes ou durante o processo de ovulação.
 A “inflamação” e “edema” do folículo, com libertação de enzimas proteolíticas
que irão degenerar o tecido ovárico que rodeia o folículo e este rompe-se e o
oócito é expelido ovário (ovulação).
 A transformação do folículo em corpo amarelo, que irá ser muito importante na
fase seguinte do ciclo menstrual (fase luteínica).

Ovulação – Libertação do oócito do folículo

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 362 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Fase luteínica

Após a ovulação, o folículo transforma-se no corpo amarelo que produz progesterona


em grande quantidade, aumentando a sua concentração. Por outro lado, a produção
de estrogénios diminui ligeiramente.

As elevadas concentrações de progesterona


e de estrogénios exercem feedback negativo
sobre o hipotálamo e hipófise, inibindo a
produção de GnRH, FSH e LH.

A evolução do corpo amarelo depende da


ocorrência ou não de gravidez.

O corpo amarelo, no caso de gravidez, o


embrião em desenvolvimento produz
gonadotrofina coriónica humana (β-HCG ou
HCG) que impede a degeneração do corpo
amarelo, permitindo que este mantenha os
níveis de estrogénio e progesterona, que, por sua vez, impedem a menstruação. Desta
forma, o útero continua a crescer e há um desenvolvimento e crescimento normal do
feto.

Na ausência de gravidez, o corpo amarelo degenera-se ao fim do 25º/26º dia do ciclo


menstrual levando a uma diminuição de estrogénios e progesterona havendo, por isso,
menstruação. O corpo amarelo, em 7 dias, transforma-se em corpo branco/albicans
que vai acabar por desaparecer.

1.7.2 Ciclo uterino


Neste ciclo acontecem um conjunto de alterações que ocorrem principalmente no
endométrio durante o ciclo menstrual.

Este ciclo é composto por 3 fases – fase menstrual, fase proliferativa e fase secretora.

As fases menstrual e proliferativa do ciclo uterino correspondem à fase folicular do ciclo


ovárico. A fase secretora do ciclo uterino corresponde à fase luteínica do ciclo ovárico.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 363 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Fase proliferativa

Na fase proliferativa, o aumento da produção de estrogénios, por parte dos folículos,


condiciona a rápida divisão das células epiteliais restantes após a menstruação.

Estas células tornam-se cilíndricas e a mucosa pregueia-se formando glândulas espirais


que são nutridas por vasos sanguíneos que penetram através do tecido conjuntivo entre
as glândulas (artérias espirais).

Sumariamente, na fase proliferativa, sob a influencia dos estrogénios, produzidos pelos


25 folículos que são formados na fase folicular no ciclo ovárico, faz com que as células
epiteliais e células espirais aumentem de tamanho preparando o útero para um feto
que se poderá desenvolver.

❖ Fase secretória

Após a ovulação, sob a influencia da progesterona, inicia-se a fase secretória, na qual


as glândulas espirais continuam a desenvolver-se e o endométrio aumenta de espessura.

As glândulas espirais iniciam a secreção de pequenas quantidades de um líquido rico


em glicogénio e apenas cerca de 7 dias após a ovulação (21º dia do ciclo) o
endométrio está preparado para receber um embrião pelo que a nidação só pode
ocorrer após o 21º dia.

Se o embrião atingir o útero mais cedo, o endométrio não apresenta as condições


adequadas para que ocorra implantação.

❖ Fase menstrual

Se não ocorrer gravidez inicia-se a menstruação, uma vez que não há produção de
HCG, ou seja, não chega informação ao corpo do ovário para a manutenção do corpo
amarelo. Em virtude da atrofia do corpo amarelo, ocorre diminuição dos níveis de
estrogénio e progesterona.

Com esta alteração hormonal, as artérias espirais contraem-se de forma ritmada e por
períodos cada vez mais prolongados, o que condiciona isquemia das glândulas espirais
(exceto na sua porção basal) e posterior necrose das mesmas.

Estas células necróticas destacam-se da parede uterina e, em conjunto com as


secreções mucosas e pequenas quantidades de sangue provenientes das artérias
espirais, constituem o fluxo menstrual.

As contrações uterinas (do miomério), induzidas também pela diminuição do nível de


progesterona e libertação de mediadores inflamatórios, vão auxiliar na expulsão do
fluido menstrual através do colo do útero e vagina.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 364 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Resumo:

O primeiro dia do ciclo menstrual corresponde ao primeiro dia da menstruação (que


dura, em média, 4 a 5 dias)

O tempo decorrido entre o fim da menstruação e a ovulação (que ocorre cerca do 14º
dia do ciclo menstrual) denomina-se fase folicular (devido ao rápido desenvolvimento
dos folículos ováricos) ou proliferativa (devida à rápida proliferação da mucosa uterina).

O período entre a ovulação e a menstruação seguinte (cerca de 14 dias) designa-se


fase luteínica (devido à existência do corpo amarelo no ovário) ou secretora (devido à
maturação e secreção das glândulas uterinas).

1.8 Menopausa
É um período fisiológico definido pelo cessação do ciclo menstrual (amenorreia) e da
ovulação (há pelo menos 1 ano).

Antes do período efetivamente definido por menopausa, existe um período que pode
variar entre os 6 e 12 meses, definido por irregularidades, ou seja, num mês tem
menstruação, nos dois meses seguintes não tem, depois pode voltar a ter (peri-
menopausa), até deixar de ter a menstruação durante 12 meses seguidos.

É um processo gradual – climatério/peri-menopausa que ocorre entre os 45 – 55 anos.

Neste período há menor sensibilidade à estimulação da LH e FSH, resultando num menor


número de folículos, corpos amarelos e, consequentemente, diminuição da produção
de estrogénios e progesterona pelos ovários e sem capacidade reprodutiva.

2. Sistema Reprodutor Masculino

2.1 Eixo Hipotálamo-Hipófise-Gonadas

Hipotálamo
GnRH

Adenohipófise
FSH e LH

Gónadas
Gametogénese
Hormonas Sexuais

Orgãos sexuais
função e
reprodução

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 365 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.2 Função Reprodutora
No estádio inicial, que começa na idade fetal e termina no1º ano de vida (infância) são
segregados níveis elevados de GnRH, de gonadotrofinas (LH e FSH) e hormonas sexuais.

Da infância à puberdade são muito baixos os ritmos secretórios hormonais do eixo


hipotálamo-hipófise-gonadas e a função reprodutora não está desenvolvida.

No início da puberdade, a secreção hormonal aumenta significativamente. A atividade


reprodutora está desenvolvida.

Finalmente a função reprodutora diminui na fase tardia da vida devido à menor


responsividade das gónadas às gonadotrofinas (hiporresposta).

2.3 Gónadas e Órgãos Sexuais Acessórios


As gónadas masculinas são os testículos que produzem esperma e testosterona. A
principal hormona sexual é a testosterona, responsável pela espermatogénese e no
desenvolvimento e manutenção dos carateres sexuais secundários.

Os carateres sexuais secundários masculinos incluem:

 Pilosidade facial
 Distribuição masculina do pêlo corporal
 Tonalidade grave da voz
 Crescimento dos órgãos sexuais acessórios masculinos

Órgãos sexuais/reprodutores acessórios:

 Sistema de ductos (canais) que armazena e transporta o esperma para o exterior


 Glândulas acessórias (próstata, glândula bulbouretrais (glândulas de Cowper),
vesículas seminais)
 Pénis

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 366 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.3.1 Testículos
São 2 órgãos suspensos fora do abdómen, no escroto.
No desenvolvimento fetal estão na cavidade
abdominal, mas descem para o escroto a partir do 7º
mês de gestação.

Estão suspensos pelo cordão espermático, com vasos


sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo.

Faz parte do exame objetivo do recém-nascido


masculino, garantir que os testículos estão na bolsa
escrotal nos primeiros dias de vida. Quando os
testículos não se encontram nas bolsas e são retidos na
cavidade abdominal denomina-se criptorquidia.

❖ Escroto

É uma bolsa com dois compartimentos, um para cada testículo, colocadas


inferiormente à base do pénis. Estes mantêm os testículos abaixo da temperatura
abdominal (-2º graus), mantendo a temperatura essencial para ser possível a
espermatogénese.

Por outro lado, a secreção de testosterona pode ocorrer à temperatura corporal pelo
que a falência dos testículos em descer para o escroto (criptorquidia) não compromete
esta função, apenas a função da espermatogénese é perdida devido à maior
temperatura na zona abdominal levando à infertilidade.

❖ Cremáster

É um músculo que realiza contração involuntária e que eleva ou desce a posição


testicular para a termorregulação. A estimulação da face interna da coxa despoleta o
reflexo deste músculo – reflexo cremasteriano.

❖ Tubos seminíferos

Estes tubos têm paredes finas e um centro flagelar (tubos onde é produzido o esperma).
Contém células intersticiais produtoras de testosterona e uma túnica albugínea formada
por tecido conjuntivo denso fibroso. Nestes tubos, as células mais importantes são:

 Células de Sertoli
o Células localizadas nos tubos seminíferos
entre as células germinativas em
desenvolvimento que nutrem o esperma
(estimuladas por FSH)
 Células de Leydig (intersticiais)
o Localizadas entre os tubos seminíferos,
que segregam testosterona
(estimuladas por LH)

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 367 | P á g i n a


CLE 2019-2023
As células de Sertoli têm diversas funções, como:

 Suportam, protegem, nutrem, regulam e libertam as células germinativas


 Segregam a proteína transportadora dos androgénios
 Fagocitam células em degenerescência e corpos residuais
 São constituintes da barreira hematotesticular

Resumo:

As células intersticiais de Leydig estão entre os tubos seminíferos e produzem


testosterona na presença de LH. Logo, as funções testiculares são realizadas por
estruturas diferentes:

 Produção de esperma – tubos seminíferos (FSH)


 Produção de testosterona – células de Leydig (LH)

Os tubos seminíferos convergem numa rede – rede testis – pela qual saem pequenos
ductos que terminam numa estrutura única – o epidídimo. Cada epidídimo termina no
canal deferente que é constituinte do cordão espermático (juntamente com vasos e
nervos testiculares) e atravessa o canal inguinal (ponto fraco da parede abdominal
onde normalmente se formam hérnias inguinais) para o interior do abdómen.

Os canais das vesículas seminais juntam-se aos canais deferentes para formarem os
canais ejaculatórios e penetram na próstata onde se juntam à uretra intra-prostática.

O esperma é produzido nos tubos seminíferos (espermatogénese) e percorre


seguidamente um longo caminho iniciado no epidídimo.

Ao chegar ao epidídimo, o esperma sofre maturação durante cerca de 18 horas, altura


a partir da qual se torna móvel.

Tubos Canal Canais


Rede testis Epidídimo Uretra
seminíferos deferente ejaculatórios

❖ Espermatozoide

O espermatozoide é composto pelas seguintes estruturas:

 Cabeça – contém o citoplasma da célula, o


núcleo e o DNA
 Peça intermédia – contem numerosas mitocôndrias
que produzem energia que permitem o
movimento
 Cauda – em forma de flagelo que permite os
movimentos

Na cabeça do espermatozoide está o acrossoma, que é


uma estrutura que contem enzimas que facilitam a
penetração do espermatozoide no óvulo.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 368 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Epidídimo

O epidídimo é uma estrutura tubular, cada um acima


de cada testículo que serve como reservatório de
esperma. Os tubos seminíferos e o testículo produzem
5% do sémen.

Sémen – conjunto dos espermatozoides e os fluidos de


sustentação e nutrição

❖ Canais deferentes

Os canais deferentes integram o cordão espermático e


tem 3 camadas de tecido muscular liso que realizam os
movimentos peristálticos das paredes e conduzem o
conteúdo seminal do testículo para o exterior.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 369 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.3.2 Vesículas Seminais
As vesículas seminais são duas e produzem 60% do sémen.

Há dois canais ejaculatórios, cada canal é


formado pela ligação do canal deferente aos
canais da vesícula seminal de cada lado
correspondente.

Têm camadas de fibras musculares lisas e uma


adventícia fibrosa em redor e produzem um fluido
rico em frutose que nutre o esperma.

A mucosa pregueada da vesícula seminal é


revestida por epitélio pseudo-estratificado
cilíndrico e repousa sobre uma lâmina própria
fibro-elástica.

2.3.3 Próstata
A próstata produz 30% do sémen e localiza-se
imediatamente abaixo da bexiga e com a uretra no seu
centro.

Com o avanço da idade começa a sofre hipertrofia e é


um tecido com elevado risco de desenvolvimento de
neoplasia.

2.3.4 Uretra e Canal Ejaculatório


A uretra elimina produtos do sistema reprodutor e urinário.

Já o canal ejaculatório é a continuação do canal deferente até à próstata e é aí no


centro da próstata que se junta à uretra.

2.3.5 Fluído Seminal


O sémen fornece os nutrientes para os espermatozoides (esperma), tem um pH de 7.5,
ligeiramente básico para neutralizar a acidez da uretra e da vagina (após a
ejaculação) e estimula a motilidade dos espermatozoides.

2,5 a 6ml de fluído contém 50 a 100 milhões de células por ml. Apenas numa ejaculação
são libertados uma média de 250 milhões de espermatozoides.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 370 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.3.6 Glândulas de Cowper
Estas glândulas, também denominadas glândulas
bulbouretrais, são duas glândulas que são responsáveis pela
produção de 5% do fluido seminal e esvaziam a sua secreção
na uretra.

2.3.7 Pénis
A cabeça do pénis é composta por duas estruturas:

 Glande
o Com grande número de terminações nervosas
 Prepúcio
o Cobertura dermo-mucosa da glande

No seu interior, o pénis é composto por:

 Corpo cavernoso (face superior)


o 2 cilindros vasculares
o Preenchidos de sangue durante a ereção
o Controlado pelo Sistema Nervoso Autónomo
Parassimpático
 Corpo esponjoso (face inferior)
o Contém a uretra e termina na glande

2.4 Hormonas Sexuais Masculinas


As hormonas sexuais masculinas principais são:

 FSH – Estimula os tubos seminíferos e células de Sertoli (espermatogénese)


 LH – Estimula as células intersticiais (de Leydig) e a sua produção de testosterona
 Inibina – Feedback negativo na FSH
 Testosterona – Hormona sexual masculina dominante responsável pelos
caracteres sexuais secundários e pelo comportamento sexual masculinos

Resumo – esquema:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 371 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.4.1 Testosterona
A importância da testosterona traduz-se nas suas funções:

 Desenvolvimento e crescimento dos órgãos sexuais masculinos


 Energia e humor
 Massa muscular e energia
 Distribuição da gordura
 Desejo sexual
 Produção de esperma e fertilidade
 Função eréctil
 Distribuição pilosa
 Desenvolvimento da estrutura óssea

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 372 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3. Exercícios

1. Quanto ao sistema reprodutor masculino (assinale a correta):


a. O escroto mantém a temperatura testicular 3° acima da temperatura
corporal
b. As glândulas anexas são irrelevantes no sistema reprodutor
c. O canal deferente é constituinte do cordão espermático
d. O cremáster é um músculo de contração voluntária
e. O espermatozoide é constituído apenas por cabeça e cauda

2. Relativamente ao aparelho reprodutor feminino (assinale a incorreta):


a. É constituído pelos órgãos genitais internos e externos e ainda pelas
mamas
b. O ligamento largo é uma prega do peritoneu
c. No córtex dos ovários estão os folículos, cada um contendo um oócito
d. Ovulação corresponde à libertação do oócito pelo folículo
e. Em cada ciclo ovárico todos os folículos libertam o oócito para as
trompas

3. Relativamente ao aparelho reprodutor feminino (assinale a correta):


a. Na fase da ovulação há uma maior consistência do muco
b. O endométrio é a parte mais externa do útero
c. A fecundação ocorre na ampola tubárica
d. O muco produzido pelas glândulas mucosas cervicais facilita as infeções
vaginais
e. As mamas são suportadas pelos ligamentos da caixa torácica

4. Em relação ao sistema reprodutor masculino (afinal a incorreta):


a. As células de Sertoli são estimuladas por LH
b. É constituído por gonadas e órgãos sexuais acessórios
c. Criptorquidia refere-se à patologia em que os testículos têm localização
intrabdominal
d. É responsável pela maturação da linha germinativa e caracteres sexuais
secundários do sexo masculino
e. Os esperma é produzido nos testículos

5. Em relação ao sistema reprodutor masculino (assinale a incorreta):


a. As células de Leydig são responsáveis pela produção de testosterona
b. Existe produção de sêmen nas glândulas de Cowper (o bulbouretrais)
c. Os canais deferentes integram o cordão espermático
d. As células de Leydig que são estimuladas por LH
e. Os tubos seminíferos convergem numa rede chamada epidídimo

6. Em relação ao sistema reprodutor masculino (assinale a correta):


a. Os canais ejaculatórios terminam na porção intra-prostática da uretra
b. O sêmen é produzido nos tubos seminíferos testiculares
c. A adenohipofise produz FSH e LH após estimulação por GH
d. A ereção de pênis é dependente do sistema nervoso autónomo
simpático
e. O pénis é constituído por 2 corpos esponjosos e um corpo cavernoso

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 373 | P á g i n a


CLE 2019-2023
7. Quanto ao sistema reprodutor masculino (assinale a correta):
a. Os testículos estão suspensos pelo cordão espermático
b. Os testículos descem da cavidade abdominal para a sua posição
anatómica após a gestação
c. O cremáster é um músculo de contração voluntária
d. As glândulas bulbouretrais ou de Cowper esvaziam a sua secreção na
próstata
e. Existem duas glândulas seminais

8. Em relação ao aparelho reprodutor feminino, a camada uterina que sofre as


maiores alterações durante o ciclo menstrual é (assinale a correta):
a. Perimétrio
b. Endométrio
c. Istmo
d. Miométrio
e. Ligamento largo

9. Relativamente à gravidez e aparelho reprodutor feminino (assinale a correta):


a. O ligamento largo é um prega do peritoneu
b. A nidação corresponde à corresponde à implantação do embrião no
endométrio
c. Os espermatozoides são viáveis por apenas 24h
d. O trofoblasto produz estrogénio
e. Alíneas a) e b)

10. A ampola da trompa de Falópio (assinale a correta):


a. É a abertura da trompa no útero
b. É a estrutura que se segue imediatamente a seguir aos ovários
c. Está ligada diretamente à vulva
d. Apresenta um epitélio ciliado que auxilia na progressão do embrião
e. É a estrutura mais pequena da trompa

11. Relativamente ao aparelho reprodutor feminino, quando o folículo liberta o


oócito transforma-se em:
a. Ostrium
b. Zigoto
c. Corpo amarelo
d. Folículo atrésico
e. Corpo albicans

12. Relativamente ao aparelho reprodutor feminino (escolha a verdadeira):


a. A ovulação, definida pela libertação do oócito do perimétrio, ocorre em
média ao 14º dia do ciclo menstrual
b. A gonadotrofina coriónica humana (HCG) é produzida pelo endométrio
c. As hormonas testosterona e estrogénios são produzidas pelo corpo
amarelo
d. O canal cervical do útero possui glândulas mucosas cervicais produtoras
de muco
e. As alíneas a) e c) são verdadeiras

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 374 | P á g i n a


CLE 2019-2023
13. Relativamente ao sistema reprodutor masculino (assinale a incorreta):
a. A próstata produz 30% do sémen
b. As duas vesiculas seminais produzem 60% do sémen
c. A próstata é um órgão que sofre hipertrofia com a idade e tem baixo
risco de neoplasia
d. As glândulas de Cowper produzem 5% do sémen
e. A ereção é da responsabilidade do Sistema Nervoso Autónomo
Parassimpático

14. Relativamente ao sistema reprodutor masculino (alínea correta)


a. As células de Leydig são responsáveis pela nutrição do esperma
b. Existe produção de esperma nas glândulas de Cowper/Bulbouretrais
c. A testosterona tem importância na função erétil, distribuição pilosa e
desenvolvimento da estrutura óssea
d. Os canais deferentes não integram o cordão espermático
e. Os tubos seminíferos convergem numa rede chamada epidídimo

15. Relativamente ao sistema reprodutor masculino (alínea incorreta)


a. Os canais ejaculatórios terminam na porção intra-prostática da uretra
b. O esperma é produzido nos tubos seminíferos testiculares
c. A adenohipofise produz FSH e LH apos estimulação por GnRH
d. A ereção do pénis e dependente do sistema nervoso autónomo
simpático
e. O pénis é constituído por 2 corpos cavernosos e 1 corpo esponjoso

16. Quanto ao sistema reprodutor masculino, assinale a alínea errada


a. É constituído por gonadas e órgãos sexuais acessórios
b. É responsável pela maturação da linha germinativa e caracteres sexuais
secundários no sexo masculino
c. O sémen é produzido nos testículos
d. Criptorquidia refere-se à patologia em que os testículos tem localização
intra-abdominal
e. As células de Sertoli são estimuladas por FHS

17. (Frequência 2019) O corpo amarelo, se não houver gravidez, transforma-se em:
a. Corpo albicans
b. Oócito
c. Corpo vermelho
d. Folículo atrésico
e. Túnica albugínea

18. (Frequência 2019) Relativamente ao aparelho reprodutor feminino (correta):


a. Na fase da ovulação há uma maior consistência do muco
b. O endométrio é a parte mais externa do útero
c. A fecundação ocorre na ampola tubárica
d. O muco produzido pelas glândulas mucosas cervicais facilita as infeções
vaginais
e. As mamas são suportadas pelo ligamento largo

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 375 | P á g i n a


CLE 2019-2023
19. (Frequência 2019) Quanto ao sistema reprodutor masculino, escolha a ordem
correta do sistema de ductos, da sua origem ao seu final:
a. Tubos seminíferos, rede testis, epidídimo, canal deferente, canais
ejaculatórios, uretra
b. Uretra, canal deferente, epidídimo, rede testis, tubos seminíferos, canais
ejaculatórios
c. Tubos seminíferos, epidídimo, rede testis, canal deferente, uretra, canais
ejaculatórios
d. Canal deferente, tubos seminíferos, rede testis, epidídimo, canais
ejaculatórios, uretra
e. Tubos seminíferos, canais ejaculatórios, rede testis, canal deferente,
epidídimo, uretra

dúvida verifiquem com a matéria


Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de

19A
1C; 2E; 3C; 4A; 5E; 6A; 7A+E?; 8B; 9E; 10D; 11C; 12D; 13C; 14C; 15D; 16C; 17D; 18C;

Possíveis respostas:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 376 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Módulo XII – Sistema Endócrino

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 377 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Anatomia e princípios gerais da fisiologia do sistema endócrino

O sistema endócrino é um dos principais sistemas de


comunicação corporal, sendo o outro o sistema nervoso.
Estes têm até substâncias em comum, como a dopamina
que é um neurotransmissor no Sistema Nervoso e uma
hormona no Sistema Endócrino. No entanto a
comunicação é mais lenta do que no nervoso.

As glândulas endócrinas produzem hormonas –


mensageiros químicos – que são lançadas na corrente
sanguínea, em oposição às glândulas exócrinas. Difere
dos outros sistemas de órgãos, pois as glândulas não
estão anatomicamente ligadas, formando um sistema
funcional.

Os órgãos que produzem hormonas podem ter funções


não endócrinas, ou seja, produzem hormonas e fazem
parte de outro sistema, por exemplo, rim e coração.

1.1 Síntese e estrutura hormonal


Existem 3 tipos de classes químicas de hormonas sintetizadas:

 Aminas
 Péptidos/Proteínas
 Esteróides

1.1.1 Aminas
As aminas são derivadas do aminoácido tirosina.

Inclui as hormonas tiróideias, catecolaminas, como a adrenalina e a noradrenalina,


produzidas na medula da glândula suprarrenal, e ainda dopamina, produzida no
hipotálamo.

Existem 2 glândulas suprarrenais, no polo superior de ambos os rins, cada suprarrenal tem
2 glândulas endócrinas distintas:

 Córtex
o Produz corticoides
 Medula
o Produz noradrenalina e adrenalina

A noradrenalina e a adrenalina, tal como a dopamina, são ao mesmo tempo


neurotransmissores e hormonas, dependendo do sítio onde estão e do que estão a fazer
no momento.

A medula suprarrenal funciona como um gânglio simpático modificado (sem terminais


axonais) que liberta noradrenalina e adrenalina no sangue, ou seja, uma glândula
endócrina.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 378 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Múltiplas células têm recetores adrenérgicos alfa e beta, que são metaboreceptores,
pois iniciam o processo metabólico que altera a função celular. As hormonas estimulam
múltiplos recetores, como:

 Noradrenalina (3) – alfa1, alfa2, beta1


 Adrenalina (4) – alfa1, alfa2, beta1, beta2

Estas hormonas utilizam-se para tratar doentes mal e em choque. A diferença é que a
noradrenalina é um mais potente vasoconstritor, pois é só 1, não tem β2, que como
podemos ver no gráfico abaixo “contraria” a ação de 1.

Cada recetor tem uma função específica:

α1 Vasoconstrição α2 Inibição da ꞵ1 Taquicardia ꞵ2 Vasodilatação


norepinefrina
Aumento da Aumento da
resistência Inibição da Resistência
lipolise
periférica secreção de periférica
acetilcolina Aumento da ligeiramente
Aumento da contração diminuida
Inibição da miocárdico
pressão arterial secreção de
Aumento da Broncodilatação
insulina
Midríase secreção
Glicogénese
nos músculos e
Aumento do fígado
fecho do aumentada
esfíncter interno
da bexiga Aumento da
secreção de
glucagon

Relaxamento
do músculo liso
uterino

A partir desta analogia podemos tirar que:


 Os recetores β estão mais relacionados com o coração
 Os recetores  estão mais relacionados com a vasoconstrição e tensão arterial

1.1.2 Péptidos / Proteínas


Os péptidos/proteínas compõem a maioria das hormonas. O espetro vai desde
pequenos péptidos com 3 aminoácidos a pequenas proteínas.

Estas hormonas são inicialmente sintetizadas nos ribossomas das células endócrinas em
proteínas maiores (prépróhormona). São depois degradadas por enzimas proteolíticas
em próhormonas no retículo endoplasmático das células endócrinas.

São depois armazenadas em vesículas secretórias no complexo de Golgi, sendo, por


sua vez, clivada em hormona para subsequente exocitose. Os produtos de clivagem
também podem ser secretados juntamente com hormona e terem efeito biológico.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 379 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.1.3 Esteroides
São produzidos no córtex suprarrenal, gónadas e placenta (durante a gravidez) sendo
o colesterol o percussor de todas as hormonas esteroides.

São altamente lipossolúveis e depois da sua síntese difundem-se pela membrana celular
para o espaço intersticial e subsequentemente sangue, onde se podem ligar a proteínas
plasmáticas, aumentando a quantidade de hormonas transportadas.

O córtex suprarrenal está dividido em algumas zonas:

 Zona glomerular – produz aldosterona


 Zona fasciculada – produz glucocorticoides (cortisol)
 Zona reticular – produz androgénios (androstenediona)
 Zona medular – produz catecolaminas

Os esteroides do córtex suprarrenal são:

 Aldosterona
o Mineralcorticóide pelo seu efeito na regulação do metabolismo do sódio,
potássio e hidrogénio.
 Cortisol (e corticosterona)
o Glicocorticóides pelo seu efeito no metabolismo glicídico. Também têm
interesse na resposta ao stress e regulação do sistema imunitário.
 DHEA (desidroepiandosterona) e androstenediona
o Hormonas sexuais masculinas/androgénios pouco potentes, por sua vez
transformados em testosterona nos testículos ou estradiol nos ovários.

A conversão de DHEA e androstenediona em testosterona ocorre nos testículos e em


estradiol nos ovários (enzima aromatase). É também produzida uma quantidade muito
reduzida de testosterona nos ovários e de estradiol nos testículos, existindo ainda
produção de progesterona nos ovários.

1.2 Transporte hormonal

Os péptidos e catecolaminas são solúveis na água e circulam livremente no sangue, ou


seja, são hidrossolúveis.

Já os esteroides e hormonas tiróideias são pouco solúveis e circulam maioritariamente


ligadas a proteínas plasmáticas (complexo hormona-proteína) com uma quantidade
pequena de hormona livre no sangue.

A fração livre é a hormona ativa e que se difunde para as células-alvo.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 380 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.3 Metabolismo hormonal
Quando uma hormona atua numa célula-alvo a concentração sanguínea da mesma
deve retornar ao normal para prevenir efeitos nocivos para ser um mensageiro eficaz.

A concentração sanguínea depende da produção e do ritmo de eliminação


(clearance), que é maioritariamente resultado de inativação metabólica ou eliminação
renal e/ou hepática.

As hormonas péptidas são submetidas a endocitose pelas células e, por sua vez,
degradadas dentro das células. Estas hormonas e as catecolaminas também são
rapidamente degradadas no sangue e tecidos, mantendo-se ativas entre poucos
minutos a 1 hora. Por outro lado, as hormonas que se ligam a proteínas (tiróideias e
esteroides) permanecem horas a dias no sangue.

Existem casos de ativação metabólica (e não inativação) após a secreção, sendo


paradigma a testosterona (convertida nos tecidos em estradiol ou dihidrotestosterona).
Existem ainda mediadores químicos enzimáticos que funcionam como hormonas, mas
que, após a secreção, funcionam como ativadores de outras moléculas (por exemplo,
renina).

1.4 Mecanismos de ação


Os níveis elevados de hormona causam down-regulation dos recetores e níveis reduzidos
causam up-regulation. Uma hormona pode ainda reduzir ou aumentar o número de
recetores de outra hormona. No caso da hormona tiróideia, esta causa aumento dos
recetores para a adrenalina no tecido adiposo.

As catecolaminas e péptidos, que atuam principalmente na membrana celular, ligam-


se a recetores na superfície celular nomeadamente em canais de cálcio, atividade
enzimática, proteínas G ou JAK cinase. Esta atividade gera sinais que alteram a função
e conformação celular. Podem ainda regular a atividade dos genes de síntese proteica.

As hormonas tiróideias, esteroides e vitamina D atuam principalmente a nível intracelular


e atuam na regulação da síntese proteica a nível dos genes, mas podem também ter
recetores superficiais que iniciam uma resposta rápida.

1.5 Regulação da secreção hormonal


A secreção hormonal é geralmente periódica e não contínua, podendo ter um ritmo
circadiano e ser influenciada por:

 Alteração da concentração plasmática de iões ou nutrientes


o Glicose – insulina e glucagon
o Cálcio – PTH (secreção na hipocalcemia e restaura normocalcémia)
 Neurotransmissores
o Sistema nervoso autónomo (exemplo: medula suprarrenal)
o Cérebro (Hipotálamo)
 Outras hormonas
o Hormona trófica hipofisária
 Alterações físicas e químicas no lúmen gastrointestinal

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 381 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.5.1 Funções gerais das hormonas

1) Crescimento e desenvolvimento
2) Reprodução – as hormonas regulam a gametogénese e controlam o
desenvolvimento anatómico, funcional e da atitude/conduta em ambos os
sexos.
3) Produção, utilização e armazenamento de energia – as hormonas como
mediadores fundamentais do movimento de substratos energéticos e da
conversão dos metabólitos provenientes da digestão em produtos armazenáveis
e metabolicamente utilizáveis
4) Manutenção de homeostasia – intervenções na regulação dos líquidos corporais
e do seu conteúdo eletrolítico; pressão arterial e da frequência cardíaca;
equilíbrio ácido-base, temperatura corporal e das massas óssea, muscular e
gorda

1.6 Tipos de disfunção endócrina

 Hipossecreção
 Hipersecreção
 Hiporresposta
 Hiperresposta

1.6.1 Hipossecreção
A hipossecreção – pouca produção de hormona – pode ser primária, secundária ou
terciária. Exemplo – hipotiroidismo:

 Primária
o Falência de produção de hormona pela glândula
 Secundária
o Falência de produção de hormona por falta de hormona estimuladora
(produzida pela hipófise) – falha da hipófise
 Terciária (raro)
o Falência de produção de hormona e de hormona estimuladora
hipofisária por falta de trigger hipotalâmico – falha do hipotálamo

1.6.2 Hipersecreção
Tal como a hipossecreção, a hipersecreção – muita produção de hormona – pode ser
primária, secundária e terciária. Exemplo – hipertiroidismo:

 Primária
o Excesso de produção pela glândula
 Secundária
o Excesso de estimulação por hormona trófica
 Terciária
o Excesso de produção hipotalâmica (3-step)

As hipersecreções primária e secundária são frequentemente de etiologia tumoral.


Pode remover-se o tumor, pode ser bloqueada a síntese hormonal ou pode controlar-
se a situação com fármacos que bloqueiam a ação.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 382 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.6.3 Hiporresposta
Existem quantidades normais de hormona, mas a resposta das células-alvo é
desadequada/diminuída. Exemplo – diabetes tipo II (há resistência à insulina).

1.6.4 Hiperresposta
Existem quantidades normais de hormona, mas a resposta das células-alvo é
desadequada. Exemplo desta situação é quando o hipertiroidismo causa
hipersensibilidade à adrenalina.

2. Fisiologia do hipotálamo e hipófise

A hipófise (glândula pituitária) assenta na sela turca do


osso esfenóide na base do crânio, e é inferior ao
hipotálamo. Estas duas estruturas, a hipófise e o
hipotálamo, estão conectadas pelo infundíbulo.

A hipófise é constituída por 2 lobos:

• Lobo anterior – adeno-hipófise


• Lobo posterior – neuro-hipófise

A neuro-hipófise é um prolongamento do tecido


neuronal do hipotálamo, sendo que os axónios
terminam em capilares e não em sinapses.

A adeno-hipófise está conectada ao hipotálamo por


vasos sanguíneos que constituem o sistema porta
hipotálamo-hipofisário. Esta ligação possibilita uma
rápida resposta da hipófise e minimiza a quantidade de
hormona hipotalâmica produzida (não diluída na
corrente sanguínea).

2.1 Hipófise posterior – neuro-hipófise


A neuro-hipófise é um prolongamento do tecido
neuronal do hipotálamo. Não produz hormonas,
apenas armazena hormonas produzidas no hipotálamo
e liberta-as para a corrente sanguínea, através da
terminação axónio-capilar, aquando de um estímulo.

As hormonas armazenadas são:

1) Oxitocina
 Estimula a produção de leite materno e a contração uterina no período
expulsivo do trabalho de parto
 Também existe nos homens, mas a sua ação é incerta
2) Arginina-Vasopressina ou hormona antidiurética (ADH)
 Estimula a vasoconstrição periférica e aumento da pressão arterial e ainda a
retenção hidrossalina para aumento do volume intravascular

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 383 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.2 Hipófise anterior – adeno-hipófise
Nesta hipófise, existem neurónios hipotalâmicos distintos dos que
produzem as hormonas armazenadas na hipófise posterior.
Produzem as hormonas hipofisiotrópicas que controlam a
secreção hormonal da hipófise anterior.

Estas hormonas são as primeiras de uma cadeia de 3:

 Hormona hipofisiotrópica (hipotalâmica) que controla a


produção de…
 Hormona hipofisária que controla a produção de…
 Hormonas produzidas em múltiplas glândulas que atuam
em células alvo

Análise do gráfico:

No hipotálamo, tudo o que tiver “R” vai libertar (release). Tudo o que tiver “I” vai inibir.

A TRH estimula a produção de TSH que estimula a produção de hormonas tiróideias.

A TSH (thyroid stimulating hormone) ou tirotropina é produzida na adeno-hipófise e vai


fazer com que a tiróide produza hormonas tiróideias. A TRH vai libertar a tirotropina.

A CRH (corticotropin releasing hormone) vai estimular a hipófise a produzir ACTH


(corticotropina) que vai estimular o córtex adrenal a produzir cortisol.

A GnRH (Gonadotropin releasing hormone) liberta as gonadotrofinas (FSH e LH) que, por
sua vez, estimulam as gónadas a produzir androgénios, estrogénios e progesterona.
Neste sistema não há só uma hormona, tem 2 – LH e FSH. Estas têm 2 efeitos: por um lado
estão relacionadas com o desenvolvimento sexual e por outro com a produção de uma
terceira hormona.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 384 | P á g i n a


CLE 2019-2023
A prolactina estimula a mama a produzir leite e não tem uma terceira
hormona, no entanto neste eixo atuam 2 hormonas – PRH e PIH
(dopamina). A PRH vai estimular a libertação/produção de prolactina e a
PIH vai inibir a produção de prolactina.

O eixo da hormona do crescimento é uma mistura de tudo o que falamos. Tem uma
hormona libertadora (GHRH – Growth Hormone Releasing Hormone) e uma hormona
inibidora (GHIR – Growth Hormone Inhibiting Hormone). A GH tem 2 efeitos:

 Efeito direto nos tecido, sendo que tem uma hormona responsável pelo
crescimento celular
 Ser uma segunda hormona numa cadeia de 3, neste caso sendo a 3ª a insulin-
like Growth factors

A tirotropina (TSH/hormona estimuladora da tiróide) e a corticotropina (ACTH/hormona


estimuladora do córtex suprarrenal) têm como única ação induzir a secreção
respetivamente de hormona nas células-alvo, bem como manter o crescimento e
função das células.

A TSH estimula a produção das hormonas T3 (trio-iodotiroinina) e T4 (tiroxina) e a ACTH


estimula a produção de cortisol.

A FSH (folículoestimulina), a LH (lúteoestimulina) e a GH (hormona do crescimento) tem


dupla ação:

 Estimulam a produção hormonal em células-alvo (produção de 3ª hormona)


 Função adicional tecidular direta (desenvolvimento das células)

A FSH e a LH (gonadotropinas) segregam estradiol e progesterona (nos ovários) e


testosterona (nos testículos) para a ação direta no desenvolvimento nas células da linha
germinativa.

A GH segrega IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1) para a ação


direta no metabolismo proteico, lipídico e glicídico.

A prolactina não exerce qualquer estimulação de produção hormonal, apenas tem


efeito direto na glândula mamária estimulando o crescimento e produção de leite e
reduzindo a fertilidade durante a amamentação.

2.3 Hormonas hipofisiotrópicas


O controlo de produção de hormonas na hipófise anterior provém das hormonas
hipotalâmicas ou hipofisiotrópicas.

Estas hormonas são secretadas pelos neurónios do hipotálamo, mas não entram na
circulação sistémica, entram no sistema porta hipotálamo-hipofisário e exercem a sua
ação em células-alvo muito próximas na hipófise anterior.

Os nomes derivam consoante a hormona hipofisária que controlam:

 CRH (Corticotropin Releasing Hormone)


o Estimula a secreção de corticotropina (ACTH)
 GHRH (Growth Hormone Releasing Hormone)
o Estimula a secreção de hormona do crescimento (GH)
 TRH (Thyrotropin Releasing Hormone)
o Estimula a secreção de tirotropina

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 385 | P á g i n a


CLE 2019-2023
 GnRH (Gonadotropin Releasing Hormone)
o Estimula a produção de gonadotropinas (LH e FSH)

2.3.1 Hormonas inibitórias


As hormonas inibitórias principais são:

 PIH/dopamina (Prolactine Inhibiting Hormone)


o Inibe a produção de prolactina
 Somatostatina/GHIH (Growth Hormone Inhibiting Hormone)
o Inibe a produção de GH

Todas as hormonas hipofisiotrópicas também existem noutras localizações do sistema


nervoso central, onde funcionam como neurotransmissores ou neuromoduladores.

A única não péptica é a dopamina que se classifica como catecolamina.

2.4 Mecanismos de feedback

Feedback
Exercido pelas hormonas resultantes da hormona hipofisiotrópica.
negativo

Quando o feedback negativo é resultado da hormona hipofisária a


Short loop diminuir a produção de hormona hipotalâmica (p. ex ACTH diminui
CRH e TSH diminui TRH)

Quando o feedback negativo é resultado da hormona produzida na


glândula alvo a diminuir a produção de hormona hipotalâmica e
Long loop
hipofisária (p. ex. cortisol diminui CRH e ACTH e T3 e T4 diminuem TRH
e TSH)

Este sistema previne respostas hormonais exageradas sendo possível manter a


homeostasia, não havendo desregulação endócrina.

A prolactina não tem feedback negativo do tipo long-loop por não induzir a produção
de qualquer hormona, no entanto, é regulada via short-loop por aumentar a produção
de dopamina que, por sua vez, é inibitória da sua síntese.

2.5 Exemplo – Tiróide


Hipotiroidismo Primário – há diminuição de T3 e T4, mas há aumento de TSH e TRH, pois
deixa de haver feedback negativo. Como a tiróide não produz hormonas, não sinaliza
ao hipotálamo nem à hipófise para pararem de produzir, então o hipotálamo começa
a produzir TRH que estimula a produção de TSH para tentar compensar a diminuição
das hormonas tiróideias, mas como há uma doença na tiróide, nunca vai produzir.

Hipotiroidismo Secundário – há poucas hormonas tiróideias (T3 e T4), pois há pouca TSH,
o que vai acontecer é que vai haver um aumento da TRH para tentar estimular a
produção de TSH, mas sem sucesso, uma vez que há um problema na hipófise.

Hipotiroidismo Terciário – No dia a dia é indistinguível do secundário, uma vez que não
medimos a TRH, mas tem todas as hormonas baixas. Apesar da tiróide e da hipófise
estarem saudáveis, o hipotálamo não consegue produzir TRH e, por isso, não vai
estimular a produção das outras hormonas, havendo por isso uma baixa em todas elas.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 386 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3. Tiróide, paratiróide e suprarrenal

3.1 Tiróide

3.1.1 Anatomia da tiróide


A tiróide é um órgão endócrino superficial, localizado
na porção anterior do pescoço, à frente da traqueia e
acima da fúrcula esternal e posteriormente aos
músculos esterno-tiróideu e esterno-hióideu, ao nível
das vértebras C5 e T1, pesando cerca de 15-30g.

É constituída por 2 lobos, um de cada lado da traqueia,


unidos entre si por uma ligação estreita, o istmo. Tem um
formato em U ou H e um aspeto avermelhado por ser
uma glândula endócrina bastante vascularizada.

A tiróide é irrigada pelas artérias tiróideias superiores,


que são ramos da artéria carótida externa, e inferiores,
que são ramos dos troncos tiro-cervicais que emergem
da artéria subclávia.

O plexo venoso tiróideu é formado por 3 pares de veias tiróideias na superfície anterior
da tiróide que drenam para as veias jugulares internas e braquiocefálicas.

Os vasos linfáticos drenam para os gânglios linfáticos cervicais superiores e profundos


inferiores. Por sua vez, os vasos linfáticos da tiróide drenam para os gânglios linfáticos
pré-laríngeos que, por sua vez, drenam para os gânglios linfáticos cervicais superiores.
Outros vasos drenam para os gânglios linfáticos pré-traqueais e para-traqueais que
drenam depois para os gânglios linfáticos cervicais profundos inferiores. Alguns vasos
podem ainda drenar para os gânglios braquiocefálicos ou para o ducto torácico.

❖ Inervação

Esta glândula é inervada tanto pelo sistema nervoso simpático como pelo
parassimpático.

 Simpática – Gânglios simpáticos cervicais superior, médio e inferior


 Parassimpática – Nervo vago e seu ramo recorrente laríngeo

Nota:

A lesão unilateral do ramo recorrente laríngeo do nervo vago tem risco cirúrgico de
disfonia (rouquidão). A lesão bilateral tem risco de obstrução da via aérea porque o
nervo recorrente laríngeo é também responsável pela inervação das cordas vocais.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 387 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3.1.2 Histologia da tiróide
A unidade funcional básica da tiróide são os folículos, que são anéis de células que
envolvem o colóide. Cada folículo é composto por uma única camada de células
foliculares a envolver um lúmen repleto de colóide que é composto por tiroglobulina,
produzida pelas células foliculares, e por iodo que é ingerido.

A tiroglobulina é produzida pelas células foliculares e removem iodo da circulação para


ocorrer formação de hormonas tiróideias.

Nota:

Microscopicamente: as células foliculares da tiróide diferem das outras células


endócrinas, pois armazenam uma forma intermédia do seu produto de secreção,
tiroglobulina, extracelularmente no colóide, em vez de internamente em grânulos
secretores citoplasmáticos. A tiroglobulina é transformada nas hormonas tiróideias,
T3 e T4, que são libertadas no exterior do folículo para a corrente sanguínea.

As hormonas tiróideias são determinantes críticos para o desenvolvimento cerebral e


somático nas crianças e da atividade metabólica nos adultos, podendo afetar a função
de qualquer órgão. Apenas conseguimos viver sem tiróide, pois existem comprimidos de
hormonas tiróideias.

A tiróide engloba ainda outras células endócrinas, como as células parafoliculares ou


células C, que produzem calcitonina, uma hormona indispensável ao metabolismo do
cálcio.

MNEMÓNICA:

Células C de Claras, uma vez que o citoplasma cora pouco com os corantes
tradicionais e aparece tipicamente transparente ou branco.

Assim, a glândula tiróideia é responsável pela produção de:

 Hormonas tiróideias tetra-iodotironina ou tiroxina (T4) – 90%


 Hormonas tiróideias tri-iodotiroxina (T3) – 10%
 Calcitonina

3.1.3 Fisiologia da tiróide


A principal função da tiróide é a produção das hormonas tiróideias e, por sua vez, a sua
produção por meio do eixo hipotálamo-hipófise-tiróide, dependendo da estimulação
pelo hipotálamo e hipófise, nomeadamente pela libertação da TRH e TSH
respetivamente. A T4 é secretada em maior quantidade, mas a T3 é a hormona mais
ativa e 80% da T3 resulta da conversão periférica da T4.

Estas hormonas vão posteriormente atuar em funções:

 Metabólicas
 Termorreguladoras
 Cardiovasculares
 Desenvolvimento pré e pós-natal

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 388 | P á g i n a


CLE 2019-2023
O aumento do metabolismo basal, provoca:

 Aumento do número e tamanho das mitocôndrias


 Aumento do consumo O2 e da produção de calor
 Aumento da utilização de nutrientes

Estimula as vias metabólicas, mais as catabólicas que anabólicas, nomeadamente a


lipólise, a glicólise, a glicogenólise e a proteólise.

NOTA:

Lipólise – Degradação dos lípidos

Glicólise – Degradação da glicose

Glicogénese – Degradação do glicogénio em glicose (produção de glicose)

Uma pessoa com hipertiroidismo é uma pessoa mais stressada, mais magra, com
alguns tremores e mais ativa.

Uma pessoa com hipotiroidismo é uma pessoa mais pachorrenta, mais gorda e
tende a acumular mais gordura.

Nas crianças, promove o crescimento e desenvolvimento dos tecidos, por aumento da


síntese de proteínas.

A nível do sistema nervoso, atua no desenvolvimento desde o nascimento até à


puberdade e no funcionamento dos adultos:

 Aumento da mielinização das fibras nervosas para a transmissão dos estímulos


nervosos
 Aumento da velocidade dos reflexos
 Aumento da atividade mental (estado de alerta, emoção e memória)

A nível do sistema cardiovascular, atua:

 Aumento débito cardíaco


 Efeito direto sobre inotropismo – contração cardíaca

Para além da produção de hormonas tiróideias (T3 e T4) é ainda responsável pela
produção calcitonina, cujas funções são:

 Diminuição da atividade osteoclástica (destruição do osso)


 Promove a fixação de cálcio no osso HIPOCALCEMIA
 Diminui a absorção intestinal de cálcio

3.1.4 Patologia da tiróide (Curiosidade)


As doenças da tiróide são:

 Hipotiroidismo – níveis insuficientes de hormonas tiróideias


 Hipertiroidismo – níveis excessivos de hormonas tiróideias
 Bócio – qualquer aumento do tamanho da tiróide
 Tumores/neoplasias da tiróide

Eutiroideu – Pessoa com níveis de hormonas tiroideias normais

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CLE 2019-2023
Manifestações clínicas – Curiosidade:

Hipotiroidismo Hipertiroidismo

• Psicose (loucura mixedematosa) • Perturbações mentais, nervosismo e


• Lentidão de raciocínio apatia
• Apatia • Hipersudorese
• Intolerância ao frio • Febre
• Queda do terço externo das sobrancelhas • Hiperpirexia
• Palidez • Exoftalmia
• Traços faciais grosseiros • Retração palpebral e lagoftalmia
• Rouquidão • Alteração do apetite
• Derrame pericárdico • Tiróide palpável
• Bradicárdia • Taquicárdia, fibrilhação auricular e/ou
• Aumento do peso insuficiência cardíaca de alto débito
• Obesidade • Sopro focal ou generalizado
• Síndrome do canal cárpico • Esplenomegália
• Obstipação • Perda de peso
• Reflexos pendulares • Eritema palmar
• Edema • Unhas de Plummer (onicólise)
• Cabelo fino/perda de cabelo • Tremor fino
• Diarreia
• Hiperdefecação
• Miopatia proximal
• Reflexos vivos
• Mixedema prétibial

A patologia da tiróide pode estar relacionada com o meio ambiente. Por exemplo, a
deficiência de iodo na dieta com consequente diminuição da produção de hormonas
tiróideias conduz a hipotiroidismo. As necessidades de iodo aumentam desde o
nascimento até à adolescência, mantendo-se constante no adulto, exceto na gravidez
e na amamentação que aumentam novamente.

Nota:

Alimentos ricos em iodo são, na sua maioria, de origem marinha. Outros: leite, ovos
e sal iodado. Vegetais pobres em iodo.

Acima dos 19 anos – 100 a 150microg/dia; Grávidas: 200-250; cavala por porção
de 150g tem 255 microgramas

Por exemplo, o excesso de iodo, geralmente por iatrogenia medicamentosa pode


conduzir a hipertiroidismo.

Nota:

Amiodarona – Antiarrítmico com dose elevada de iodo (até 14% pode induzir
disfunção tiróideia)

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3.2 Paratiróide

3.2.1 Anatomia da paratiróide


As glândulas paratiróides são tipicamente 4
glândulas endócrinas situadas posteriormente à
glândula tiróide (1 par superior e 1 par inferior), com
0,5cm de comprimento.

É assim denominada devido à sua proximidade


com a tiróide. Contudo, exerce uma função
independente desta. A irrigação sanguínea é feita
sobretudo pelas artérias tiróideias inferiores.

3.2.2 Histologia da paratiróide


Histologicamente, tem 2 tipos de células, as principais, que são mais abundantes e
secretam a paratormona (PTH), e as oxifílicas, cuja função se desconhece.

3.2.3 Fisiologia da paratiróide


A PTH tem as seguintes funções:

 Aumenta da atividade osteoclástica/destruição óssea


 Aumenta a absorção intestinal de cálcio (por aumento da vitamina D) HIPERCALCEMIA
 Estimula a reabsorção de cálcio pelos rins

E ainda:

 Aumenta a excreção renal de fósforo (diminui a sua reabsorção nos HIPOFOSFATEMIA


túbulos renais)

Esta hormona é importante no metabolismo fosfocálcio devido ao seu efeito


antagónico ao da calcitonina.

3.3 Suprarrenal

3.3.1 Anatomia da suprarrenal

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As glândulas suprarrenais são glândulas endócrinas envolvidas por uma cápsula fibrosa
e situadas acima dos rins. Com um comprimento de cerca de 5cm, encontram-se ao
nível da 12ª vértebra torácica/dorsal e são irrigadas pelas artérias suprarrenais.

São órgãos retroperitoneais e estão envolvidos por abundante tecido adiposo.

Produz:

 Glucocorticoides (cortisol, corticosterona)


o Importantes nos metabolismos dos hidratos de carbono, das gorduras e das
proteínas, na resistência ao stress e na ação anti-inflamatória
 Mineralocorticóides (aldosterona)
o Controlo do balanço de Na+ e K+
 Androgénios (androstenediona)
o Caracteres sexuais secundários

3.3.2 Histologia da suprarrenal


É composta por 2 regiões distintas: córtex e medula e cada uma das partes secreta
hormonas. O córtex é a parte externa da glândula, com cor amarela devida a grande
quantidade de colesterol e subdivide-se em 3 regiões:

 Zona glomerulosa
o Região mais exterior
 Zona fasciculada intermédia
 Zona reticular
o Região mais interna
o Tem cordões de células em forma de rede e que é ricamente
vascularizada.

Por sua vez, a medula tem a parte interna de cor vermelho-escuro ou cinza.

3.3.3 Fisiologia da suprarrenal

❖ Mineralocorticóides

Aldosterona

Quando em excesso leva a: Pode provocar:

 Reabsorção de Na+ e H2O  Hipertensão


 Secreção de K+  Hipocaliemia/Paralisia muscular

Quando em deficiência: Pode provocar:


 Perda de Na+ e H2O  Toxicidade cardíaca; hipovolemia
 Retenção K+  Colapso cardiovascular
Cortisol

Tem capacidade anti-inflamatória e imunossupressora. É uma medicação que pode


produzir efeitos colaterais se não administrada corretamente e segundo prescrição
médica. É importante durante a administração a longo prazo, monitorizar eletrólitos,
glicemia, pressão arterial, peso, a função renal e o crescimento em crianças.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 392 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Quando em excesso provoca: Quando em deficiência, provoca:

 Aumento do apetite  Hipotensão


 Aumento do peso  Tonturas
 Aumento da pressão arterial  Hipovolemia
 Cefaleia  Colapso cardiovascular
 Insónia
 Acne
 Hiperglicemia

❖ Catecolaminas

As catecolaminas são a adrenalina, noradrenalina e dopamina. Estas são libertadas em


situações de stress, como stress psicológico ou hipoglicemia.

4. Pâncreas

O pâncreas pode ser divido em pâncreas endócrino e pâncreas exócrino, sendo este
último o produtor de enzimas necessárias à digestão dos alimentos.

4.1 Pâncreas endócrino


Composto por aglomerações de células especiais denominadas ilhéus de Langerhans,
e este é constituído por 4 tipos de células:

 Beta (50-80%): insulina e amilina


 Alfa (15-20%): glicagina
 Delta (3-10%): somatostatina
 PP (1%): polipeptídeo pancreático

É o pâncreas endócrino que secreta hormonas que regulam os níveis de glicose no


sangue.

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CLE 2019-2023
4.1.1 Insulina
A glicose (açúcar) é o principal regulador da produção de insulina pelas células beta
pancreáticas. Níveis superiores a 70mg/dl de glicemia estimulam a síntese de insulina.

A glicose tem como funções:

 Estimular a secreção de insulina com entrada da glicose para o interior da célula


beta através do seu transportador (GLUT 2)
 Em resposta ao aumento da glicose (após uma refeição) são libertadas, pelas
células neuroendócrinas do trato GI, incretinas, que por sua vez amplificam a
secreção de insulina

A insulina pega no açúcar e coloca-o dentro das células.

❖ Funções da insulina

Depois de secretada, a insulina exerce as suas ações nos tecidos sensíveis à insulina:

 Músculo esquelético
 Tecido adiposo

Outros tecidos, particularmente o cérebro, utilizam a glicose de uma forma


independente da insulina.

Por isso, a insulina:

 Promove a entrada da glicose para dentro das células


 Diminui a glicogenólise (degradação do glicogénio)
 Induz à síntese de glicogénio
 Sintetiza proteínas
 Lipogénese

Assim, a insulina é uma


hormona anabolizante.

4.1.2 Glicagina
Assim que as reservas de glicose acabam, a glicagina faz com que o fígado sintetize
glicose adicional através da gliconeogénese (formação de glicose).

A glicagina aumenta no estado de jejum ao estimular a degradação


de glicogénio em glicose (glicogenólise). Estimulam ainda a lipólise,
com consequente aumento dos ácidos gordos livres que, no fígado,
aceleram a produção de triglicéridos, aumentando o risco
cardiovascular e também de pancreatite.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 394 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Assim, a glicagina tem ações opostas às da insulina.

Resumo:

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CLE 2019-2023
5. Exercícios

1. (Recurso 2018) Quanto ao sistema endócrino (assinale a incorreta):


a. As hormonas aminas são derivadas do aminoácidos tirosina
b. As hormonas aminas incluem a prolactina e os corticoides
c. O córtex da glândula suprarrenal produz corticoides
d. A medula da glândula suprarrenal produz adrenalina e noradrenalina
e. As glândulas suprarrenais são duas e estão localizadas no polo superior
de cada rim

2. (Recurso 2018) Quanto ao sistema endócrino (assinale a correta):


a. A hipófise anterior é chamada de neuro-hipófise
b. A hipófise posterior é chamada adeno-hipófise
c. O hipotálamo assenta na sela turca
d. A hipófise esta localizada inferiormente em relação ao hipotálamo
e. O hipotálamo tem lobo anterior e lobo posterior

3. (Recurso 2018) Quanto ao sistema endócrino (assinale a incorreta):


a. PIH estimula a produção de prolactina
b. TSH faz feedback negativo sobre TRH
c. ACTH faz feedback negativo sobre CRH
d. GH estimula a produção de IGF-1
e. ACTH estimula a produção de cortisol

4. (Recurso 2018) Quanto ao sistema endócrino (assinale a correta):


a. No hipotiroidismo primário, a disfunção é na adenohipofise
b. No hipertiroidismo terciário, a disfunção é no hipotálamo
c. Na insuficiência suprarrenal secundária, a disfunção é na glândula
suprarrenal
d. A disfunção terciária é frequente
e. ACTH estimula a produção de GNRH

5. (Recurso 2018) Relativamente à tiroide (assinale a correta):


a. A tiroide, com um formado de U, é um órgão endócrino profundo
b. A tiroide é constituída, por dois lobos, cada um de cada lado da traqueia
c. A inervação simpática é feita pelo nervo vago
d. Se lesão do ramo recorrente laríngeo pode ocorrer disfagia
e. A tiroide não é responsável pela produção de hormonas

6. (Recurso 2018) Relativamente à tiroide e paratiroide (assinale a incorreta):


a. A unidade básica funcional da tiroide são os folículos
b. As hormonas tiroideias são importantes para o desenvolvimento do Ser
Humano
c. A calcitonina, produzida pela paratiroide, é importante no metabolismo
do cálcio
d. As glândulas paratiroides correspondem a quatro glândulas endócrinas
e. A paratormona (PTH) tem uma ação antagónica da calcitonina

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CLE 2019-2023
7. (Recurso 2018) Relativamente à suprarrenal (assinale a incorreta):
a. A zona fasciculada, da medula da suprarrenal, produz cortisol
b. Os glicocorticóides têm ação anti-inflamatória
c. Os androgénios são importantes na formação dos caracteres sexuais
secundários
d. O excesso de cortisol contribui para hiperglicemia
e. A aldosterona contribui para a retenção de sódio

8. (Recurso 2018) Relativamente ao pâncreas endócrino (assinale a incorreta)


a. É constituído por Ilhéus de Langerhans
b. Secreta hormonas que regulam os níveis de glicose no sangue
c. A insulina tem uma ação semelhante à da glicagina
d. A glicose é o principal regulador da produção de insulina
e. A glicagina aumenta no estado de jejum

9. (Recurso 2018) Relativamente ao pâncreas endócrino (assinale a correta):


a. A insulina promove a entrada de glicose dentro das células
b. A glicagina é produzida pelas células alfa do pâncreas endócrino
c. A insulina é uma hormona anabólica
d. A glicagina estimula a lipólise
e. Todas as alíneas anteriores

10. Relativamente à tiroide e paratiroide (assinale a correta):


a. A tiroide, localizada na porção posterior do pescoço, está localizada
acima da fúrcula esternal
b. A paratiroide produz hormonas tiroideias e calcitonina
c. As hormonas tiroideias inibem o crescimento e desenvolvimento dos
tecidos
d. A calcitonina promove a fixação de cálcio no osso
e. A paratormona (PTH) diminui a absorção intestinal de cálcio

11. Relativamente à suprarrenal (assinale a correta):


a. A suprarrenal é uma glândula endócrina localizada no polo inferior do
rim
b. É constituída pelo córtex e pela medula
c. A medula produz cortisol
d. O córtex produz catecolaminas
e. Alíneas b) e c)

12. Relativamente ao pâncreas endócrino (assinale a correta):


a. A insulina promove a entrada de glicose para dentro das células
b. A glicagina inibe a formação de glicose
c. A insulina é uma hormona catabólica
d. A glicagina estimula a lipólise
e. Alíneas a e d)

13. Quanto ao eixo hipotálamo-hipófise (assinale a incorreta):


a. A prolactina é estimulada por PRH
b. A hormona do crescimento (GH) é estimulada por somatostatina (GHIH)
c. A hormona do crescimento (GH) estimula a produção de IGF-1
d. TRH estimula a produção de TSH
e. O cortisol é produzido pelo córtex suprarrenal após estimulação por ACTH

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 397 | P á g i n a


CLE 2019-2023
14. Quanto ao sistema endócrino (assinale a correta)
a. Existem três classes de hormonas (péptidos, aminas, esteroides)
b. O colesterol é precursor de todas as hormonas péptidas
c. A adrenalina é uma hormona esteroide
d. As hormonas tiroideias são transportadas dissolvidas na corrente
sanguínea
e. As hormonas esteroides são transportadas dissolvidas na corrente
sanguínea

15. Relativamente ao pâncreas endócrino (assinale a incorreta):


a. É constituído por Ilhéus de Langerhans
b. Secreta hormonas que regulam os níveis de glicose no sangue
c. A insulina, produzida pelas células alfa do pâncreas endócrino, tem uma
ação antagónica da glicagina
d. A glicose é o principal regulador da produção de insulina
e. A glicagina aumenta no estado de jejum

16. Quanto ao eixo hipotálamo-hipófise (assinale a incorreta):


a. A prolactina não estimula a produção de outra hormona, tendo efeito
direto na glândula mamária
b. GnRH estimula a produção de LH e FSH que por sua vez atuam nas
gónadas
c. CRH e TRH são hormonas hipotalâmicas ou hipofisiotróficas
d. Défice de produção de hormona tiroideia por défice de TSH chama-se
hipossecreção secundária
e. Aumento de produção de CRH é um exemplo de hipersecreção primária

17. Quanto ao sistema endócrino (assinale a correta):


a. Cortisol ao inibir a produção de ACTH e CRH é um exemplo de feedback
negativo
b. Hormonas tiroideias inibirem a produção de TSH é um exemplo de
feedback negativo de long-loop
c. A aldosterona é uma amina
d. Não existe ocitocina nos homens
e. A noradrenalina não tem utilidade terapêutica

18. Sobre o sistema endócrino (assinale a correta):


a. É o único sistema de comunicação corporal
b. É um sistema de órgãos anatomicamente ligados entre si
c. As aminas são derivadas do aminoácido tirosina
d. Noradrenalina é broncodilatadora pela sua ação alfa
e. As hormonas peptídicas são altamente lipossolúveis

19. Relativamente à tiroide (a incorreta):


a. A tiroide tem um formato de U ou de H
b. O nervo recorrente laríngeo, pertencente à inervação simpática, se
lesado pode resultar em disfonia
c. A unidade funcional básica da tiroide são os folículos
d. As células para foliculares produzem calcitonina, importante no
metabolismo do cálcio
e. A calcitonina contribui para a hipocalcemia

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 398 | P á g i n a


CLE 2019-2023
20. Relativamente à paratiroide (a correta):
a. São 2 glândulas endócrinas
b. A irrigação sanguínea é feita sobretudo pelas artérias tiroideias superiores
c. Secreta calcitonina e paratormona (PTH), ambas importantes no
metabolismo
d. A PTH tem atividade osteoclástica
e. As alíneas b) e d) são verdadeiras

21. Relativamente à suprarrenal (a correta):


a. A medula é constituída por três zonas: glomerulosa, fasciculada e
reticular
b. A medula produz androgénios
c. Hiperaldosteronismo leva a hipotensão por retenção de sódio
d. Deficiência de cortisol pode conduzir desde hipotensão até colapso
cardiovascular
e. As catecolaminas são libertadas durante o sono

22. Assinale a alínea errada


a. Existem 3 classes de hormonas (péptidos, aminas, esteroides)
b. O colesterol é percussor de todas as hormonas esteroides
c. As hormonas tiroideias são transportadas ligadas a proteínas plasmáticas
d. As hormonas esteroides são transportadas ligadas a proteínas
plasmáticas
e. A adrenalina é uma hormona esteroide.

23. Assinale a alínea certa:


a. Hipossecreção primária refere-se a aumento de secreção hormonal pela
glândula-alvo
b. Hipersecreção primária refere-se a aumento de secreção hormonal pelo
hipotálamo
c. Hipersecreção terciaria é frequente
d. Hipossecreção secundária pode ser devida a tumor hipotalâmico
e. Um exemplo de hipossecreção secundária é a diminuição de produção
de TSH

24. Assinale a errada


a. A hormona antidiurética aumenta a pressão arterial fazendo perda
hidrossalina
b. CRH estimula ACTH que estimula a produção de cortisol pelo córtex
suprarrenal
c. Prolactina é inibida pela dopamina (PIH)
d. Défice de TSH diminui a produção de hormonas tiroideias, sendo este um
exemplo de hipossecreção secundária
e. Não se doseiam hormonas hipofisiotróficas na prática clínica

25. (Frequência 2019) Quanto ao sistema endócrino (correta):


a. É um sistema de órgãos ligados entre si
b. É o único sistema de comunicação corporal
c. É composto por glândulas exócrinas
d. Os órgãos que pertencem ao sistema endócrino também podem ter
outras funções
e. Existe apenas uma classe de hormonas

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 399 | P á g i n a


CLE 2019-2023
26. (Frequência 2019) Relativamente ao sistema endócrino (correta):
a. A hipófise posterior é chamada adenohipofise
b. A hipófise anterior é chamada neuro-hipófise
c. A hipófise assenta na sela turca
d. A hipófise está localizada superiormente ao hipotálamo
e. O hipotálamo tem lobo anterior e lobo posterior

27. (Frequência 2019) Relativamente à suprarrenal (correta):


a. O córtex da suprarrenal produz mineralocorticóides, glucocorticoides e
androgénios
b. A aldosterona leva à reabsorção de sódio e água e à secreção de
potássio
c. As catecolaminas são libertadas em situações de stress
d. O excesso de cortisol contribui para a hiperglicemia
e. Todas as alíneas são verdadeiras

28. (Frequência 2019) Relativamente ao pâncreas endócrino (incorreta):


a. É constituído por ilhéus de Langerhans
b. Secreta hormonas que regulam os níveis de glicose no sangue
c. As células Beta produzem insulina
d. A glicose é o principal regulador da produção de insulina
e. A glicagina aumenta em resposta à hiperglicemia

dúvida verifiquem com a matéria


Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de

20D; 21D; 22E; 23E; 24E; 25D; 26C; 27E; 28E


1B; 2D; 3A; 4B; 5B; 6C; 7A; 8C; 9E; 10D; 11B; 12E; 13B; 14A; 15C; 16E; 17A e B; 18C; 19B;

Possíveis respostas:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 400 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Módulo XIII – Sistema Nervoso

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 401 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Introdução

O Sistema Nervoso divide-se de forma simples em dois grandes grupos:

Cérebro

Sistema Nervoso
Encéfalo
Central (SNC)
Sistema Nervoso

Tronco cerebral

SNA Simpático

Sistema Nervoso
SNA Parassimpático
Autónomo (SNA)
Sistema Nervoso
Periférico (SNP)
Sistema Nervoso
SNA Entérico
Somático (SNS)

O Sistema Nervoso Periférico é responsável pela sensibilidade e outras funções:

 Sistema Nervoso Simpático prepara-nos para uma reação de stress.


 Sistema Nervoso Parassimpático é o oposto do Sistema Nervoso Simpático, ou
seja, prepara-nos para o relaxamento.
 Sistema Nervoso Entérico é responsável pela sensibilidade e pelos movimentos
involuntários do nosso tubo digestivo.
 Sistema Nervoso Somático é responsável por movimentos involuntários.

2. Anatomia do Sistema Nervoso Central

O Sistema Nervoso Central divide-se, de forma simples, em cérebro, cerebelo e tronco


cerebral. No entanto, em termos taxonómicos, este sistema divide-se em 5 parênteses:

 Telencéfalo
 Diencéfalo Dão origem ao cérebro
 Mesencéfalo Dão origem ao mesencéfalo
 Metencéfalo Dão origem ao cerebelo e à ponte
 Mielencéfalo Dão origem ao bulbo

O sistema nervoso central vai dividir-se, dependendo da localização em que está em


encéfalo – se estiver dentro da cavidade craniana – e em medula espinhal – se estiver
dentro da cavidade vertebral.

Na medula espinhal, vamos ter em cada segmento várias raízes a sair pelos buracos da
coluna – raízes nervosas – e estas fazem parte do sistema nervoso periférico.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 402 | P á g i n a


CLE 2019-2023
No encéfalo vamos ter vários nervos que, por exemplo, vão ser responsáveis pelos nossos
olhos para se movimentarem, etc e esses nervos também fazem parte do sistema
nervoso periférico.

Recapitulando, o encéfalo divide-se em:

 Telencéfalo
 Diencéfalo Dão origem ao cérebro
 Cerebelo
 Tronco cefálico, divide-se em:
o Mesencéfalo
o Bulbo
o Ponte

No sentido céfalo-caudal, temos:

1- O cérebro é a parte mais alta do sistema nervoso, sendo que primeiro vem o
telencéfalo (hemisférios cerebrais) e depois o diencéfalo.
2- Depois vem o tronco cefálico, em que primeiro está o mesencéfalo, depois a
ponte e posteriormente o bulbo
3- Atrás do tronco cefálico está o cerebelo

2.1 Meninges
As meninges são “películas de proteção” do sistema nervoso central e, por isso,
envolvem, em toda a sua extensão, o encéfalo e a medula espinhal, protegendo-os
contra choques mecânicos.

As funções das meninges são essencialmente 3:

 Proteção
 Espaço/canais de circulação do líquido cefalorraquidiano
 Acomodar os vasos sanguíneos que transportam o O 2 e os nutrientes para as
células do sistema nervoso central

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 403 | P á g i n a


CLE 2019-2023
As meninges dividem-se em 3, de fora para dentro:

Dura-máter Aracnóide Pia-máter

• Espessa • Esponjosa • Aderida ao encéfalo


• Externa • Por onde circula o e medula
• Resistente liquor (Líquido • Tem vasos sanguíneos,
cefalorraquidiano) que levam o O2 e os
nutrientes para as
células do SNC

O espaço abaixo da dura-máter toma o nome de espaço subdural. O espaço abaixo


da aracnóide toma o nome de espaço subaracnoideu. O espaço para fora das
meninges tem o nome de espaço epidural (acima da dura-máter).

A dura-máter tem 2 folhetos – folheto externo/parietal e folheto interno/visceral. No


espaço entre estes dois folhetos teoricamente não existe qualquer conteúdo.

A aracnóide serve como sustentação da dura-máter em relação ao córtex e onde


correm os vasos que vão a seguir nutrir o SNC.

A pia-máter envolve todas as circunvalações, todos os defeitos, todos os acidentes


anatómicos do SNC.

Na dura-máter existem estruturas que são como extensões da


aracnóide – granulações aracnóideias – que são responsáveis pela
reabsorção do líquido cefalorraquidiano. Em algumas situações, no
espaço entre dois folhetos (interno e externo) da dura-máter forma-
se uma estrutura por onde circula o sangue venoso, dando origem
aos seios durais – desdobramento da dura-máter e onde se faz a
drenagem venosa superficial do sistema nervoso.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 404 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.2 Medula Espinhal

A medula espinhal é o canal que leva a informação destes


comandos para o resto do corpo para que este desenvolva
a sua função. Esta é então o local de passagem de todas as
grandes vias e de onde se destacam as raízes medulares do
nervo espinhal e os 31 pares de raízes raquidianas.

Tem origem no tubo neural e tem como limite superior o


bordo superior do atlas e como limite inferior o bordo inferior
da L1.

A medula espinhal divide-se em 3 segmentos:

 Segmento Cervical
 Segmento Dorsal
 Segmento Lombar – Cone e Filum Terminal

A sua forma é irregular ao longo de toda a coluna,


acompanha a curvatura da coluna vertebral, tendo então
uma lordose, uma cifose e novamente uma lordose.

Dos vários segmentos desta vão emergir várias raízes, neste caso as raízes cervicais, que
vão para os membros superiores. As raízes do segmento torácico vão para o tórax e
para o abdómen. As raízes do segmento lombar que vão para os membros inferiores.

Como a medula espinhal efetua comandos que


o cérebro determina, se esta for lesada pode
ocorrer perda de sensibilidade e da função
motora dos membros:

 Se esta for lesionada a nível da região


dorsal, todos os nervos que estão abaixo
dessa região ficam afetados e por isso, se
a lesão for total, a pessoa fica
paraplégica, ou seja, deixa de conseguir
movimentar e sentir os membros
inferiores.
 Se essa lesão ocorrer na região cervical,
todos os nervos abaixo dessa região são
afetados, ou seja, a pessoa perde a
sensibilidade e movimentação dos 4
membros – tetraplégica.

Tem uma dilatação cervical que corresponde à saída do plexo braquial


de C5 a T1 e uma dilatação lombar que corresponde à saída do plexo
lombosagrado ou lombossacral de L1 a S4.

Na região cervical existem 8 pares de nervos cervicais, na região


torácica 12 pares de nervos torácicos, na região lombar existem 5 pares
de nervos lombares, na região sagrada 5 pares de nervos sacras e na
região coccígea 1 nervo coccígeo.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 405 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.2.1 Configuração Interna da medula espinhal

A medula é constituída por substância cinzenta por dentro, em forma de H, e por


substância branca à volta, contrariamente ao que acontece no cérebro que tem
substância cinzenta a cobrir a substância branca.

Da parte posterior da substância sai a raiz posterior que tem um gânglio sensitivo ou
gânglio da raiz posterior. Da parte anterior sai a raiz anterior que não tem nervo sensitivo.
A parte posterior liga-se à anterior formando o nervo raquidiano ou nervo espinhal.

No centro do “H” existe um canal central por onde passa líquido cefalorraquidiano.

As meninges vão recobrir a medula espinhal em toda a sua extensão. Assim sendo, é
revestida pela dura-máter, pela aracnóide e a pia-máter.

Consoante estamos para a frente ou para trás, a medula tem 2 hemisférios que são
divididos por um acidente anatómico anterior (comissura anterior) e um acidente
anatómico posterior (comissura posterior).

A medula divide-se ainda em zona posterior (cordões posteriores), em zona anterior e


em zona lateral. Nas zonas anterior e lateral encontram-se as vias motoras. Nos cordões
posteriores temos as vias propriocetivas, que são responsáveis pela perceção da nossa
posição pelo nosso cérebro.

Na parte posterior da medula saem as raízes sensitivas/posteriores e na parte anterior


saem as raízes anteriores/motoras que se vão unir, já fora da coluna vertebral, num
gânglio – gânglio raquidiano.

2.3 Encéfalo

Encéfalo

Tronco
Cérebro Cerebelo
cefálico

Telencéfalo Diencéfalo Mesencéfalo Bulbo Ponte

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 406 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.3.1 Cérebro

O cérebro é o centro onde se integram e elaboram as grandes funções motoras,


sensitivas e associativas do sistema nervoso. Tem origem no tubo neural e está dentro
da caixa craniana, encontrando-se coberto pelas meninges e ossos cranianos.

Pode ser dividido em:

 Diencéfalo/cérebro intermédio
 Telencéfalo/cérebro hemisférico

❖ Diencéfalo

O diencéfalo é constituído por 4 estruturas – o epitálamo, o tálamo, o hipotálamo e


subtálamo.

Epitálamo:

O epitálamo é constituído pela habénula, a


epífise/glândula pineal e pela comissura branca
posterior. É a parte mais posterior do diencéfalo
e a sua glândula principal é a glândula pineal.

A glândula pineal/epífise é uma glândula


endócrina de forma piriforme ímpar e com
localização mediana. É o elemento mais
evidente do epitálamo e produz melatonina.
Localiza-se no teto do 3º ventrículo entre as
comissuras posterior e habenular. Apresenta
concentrações de fosfato e carbonato de
cálcio que aumentam com a idade. Esta
glândula não está protegida pela barreira
hemoencefálica e constitui um órgão muito
importante no ciclo circadiano pela produção
de melatonina(sono/vigília).

NOTA:

A partir dos 54 anos, há uma acumulação de carbonato de cálcio criando uma


ossificação (areia pineal) visível na TAC. A calcificação é patológica em crianças
com menos de 9 anos em que a calcificação é superior a 1cm.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 407 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Tálamo:

É como se fosse uma portagem do cérebro, pois é uma passagem obrigatória para
quase toda a informação que é encaminhada ao córtex cerebral (exceto o olfato).
Está à frente do epitálamo e faz parte das paredes laterais do 3º ventrículo. É uma
aglomeração de neurónios e núcleos com 4 faces e 2 extremidades.

Ele é constituído por 2 massas volumosas de substância cinzenta, de forma ovoide,


dispostas uma de cada lado, na porção latero-dorsal do diencéfalo.

Como no tálamo passa toda a informação que é encaminhada para o córtex cerebral,
se este for lesionada vai causar uma série de problemas a nível, cognitivo, executivo,
etc.

Corresponde a uma aglomeração de neurónios e núcleos e forma também a parede


ventral do 3º ventrículo.

Tem 4 faces: superior (triângulo da habénula), inferior (região subtalâmica), interna


(tubérculos quadrigémeos) e externa (núcleo caulado e capsulado interno).

Tem 2 extremidades: anterior, que limita o buraco de Monro, e posterior, onde estão os
corpos geniculados.

O tálamo tem as seguintes funções:

 Sensibilidade – Integração, modificação e retransmissão dos impulsos sensitivos


ao córtex
 Motricidade – Através dos circuitos pálido-corticais e cerebelo-corticais
 Comportamento emocional – conexões com o sistema límbico (grupo anterior)
através da área pré-frontal
 Ativação do córtex – conexões com o SRAA

Hipotálamo:

Serve de conexão à glândula hipofisária e também ao quiasma ótico, ou seja,


relaciona-se com a nossa produção endócrina e tem também relação com o nosso
sistema de visualização.

Funções do hipotálamo:

→ Controlar o SNA parassimpático (hipotálamo anterior) e simpático (hipotálamo


posterior)
→ Regular a temperatura corporal através dos neurónios termorrecetores e centros
de perda de calor (no hipotálamo anterior) que levam à vasodilatação
periférica e sudorese e dos centros de conservação de calor (no hipotálamo
posterior) que leva à vasoconstrição periférica, tremores musculares e liberação
de hormona tiroideia
→ Regular o comportamento emocional através das conexões com o sistema
límbico e a área pré-frontal
→ Regular a ingestão de água e alimentos através do centro da sede e da fome
(no hipotálamo lateral) e do centro da saciedade (no núcleo ventromedial)
→ Regular a diurese através da produção da vasopressina, nos núcleos
supraóptico e paraventricular
→ Regular o sistema endócrino através das relações com a neuro-hipófise (ADH e
ocitocina), das relações com a adeno-hipófise (fatores de liberação ou inibição)
– sistema porta hipofisário

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 408 | P á g i n a


CLE 2019-2023
→ Gerar e regular ritmos circadianos (regular o sono e vigília através das conexões
do hipotálamo posterior com o SRAA, do nervo supraquiasmático e das
conexões com a retina)
→ Ativar a reação de luta ou fuga

Eixo Hipotálamo-Hipofisário:

Existe uma ligação entre o sistema endócrino e o sistema nervoso central, sendo esta
feita através do eixo hipotálamo-hipofisário.

Estrutura
Glândula Hormona Efeitos principais Regulação
Química
Hipófise – Lobo Estimula a contração dos músculos
Ocitocina Peptídeo Sistema Nervoso
posterior do útero e glândulas mamárias
Antidiurética Promove a reabsorção de água Osmolaridade do
Lobo posterior Peptídeo
(ADH) pelos rins sangue
Somatotrofina Estimula o crescimento do corpo; Hormonas do
Lobo anterior Proteína
(GH) afeta o metabolismo das células hipotálamo
Estimula a produção e secreção do Hormonas do
Lobo anterior Prolactina Proteína
leite hipotálamo
Estrogénios no
Estimula os folículos e a
Lobo anterior FSH Proteína sangue; hormonas
espermatogénese
do hipotálamo
Progesterona ou
Estimula o corpo amarelo, a testosterona;
Lobo anterior LH Proteína
ovulação e as células intersticiais hormonas do
hipotálamo
Estimula a tiróide e secreta as Tiroxina; hormonas do
Lobo anterior TSH Proteína
hormonas hipotálamo
Estimula a secreção hormonal das Cortisol; hormonas do
Lobo anterior ACTH Proteína
glândulas adrenais hipotálamo

Não temos de saber que a hipófise se divide em várias estruturas e qual a estrutura
responsável pela produção endocrinológica, ou seja, não temos de saber a tabela.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 409 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Subtálamo:

O subtálamo é a zona de transição entre o diencéfalo e o mesencéfalo, situa-se


imediatamente abaixo do tálamo, é constituído pelo núcleo subtalâmico.

Tem como funções:

→ Conexões com o globo pálido (através do circuito pálido-subtálamo-palidal)


→ Participar na regulação da motricidade somática

Resumo:

O diencéfalo é constituído pelo epitálamo na parte posterior, o


tálamo na parte intermédia que faz parte das paredes laterais do III
ventrículo e depois temos o hipotálamo que se relaciona com a
hipófise através do eixo hipotálamo-hipofisário.

❖ Telencéfalo:

O telencéfalo divide-se em 2 hemisférios cerebrais bastante desenvolvidos, onde se


situam as sedes de memória e dos nervos sensitivos, sensoriais e motores.

Neste temos o córtex cerebral e várias estruturas subcorticais como o estriado, a cápsula
interna, os núcleos da base, etc.

O telencéfalo é a parte mais volumosa do encéfalo e os seus dois hemisférios


encontram-se separados pela fenda inter-hemisférica.

Imaginando um corte longitudinal no telencéfalo, poderíamos observar os dois


hemisférios, a fenda inter-hemisférica e a conexão entre os dois hemisférios. É esta
conexão que faz com que a informação do hemisfério direito passe para o hemisfério
esquerdo e vice-versa.

A conexão é assegurada pelo corpo caloso, pelo septo pelúcido, pelo fornix e pelo
diencéfalo.

Apresenta córtices cerebrais com diferentes funções:

→ Lobo frontal – Função motora voluntária, motivação, agressão humor (emoções)


e o olfato. No córtex pré-frontal estão envolvidas características da
personalidade, ponderação e tomada de decisões
→ Lobo parietal – Córtex sensitivo (tato) e da linguagem. Entre o lobo frontal e
parietal está o córtex motor primário
→ Lobo occipital – Atua na receção e integração das imagens visuais
→ Lobo temporal – Córtex da memória a curto prazo, da memória semântica,
audição e olfato. A área de Wernicke é zona responsável pela compreensão da
linguagem e situa-se no lobo temporal.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 410 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Córtex cerebral:

O córtex cerebral é a parte mais exterior do telencéfalo e divide-se em 4 lobos –


occipital, parietal (atrás do lobo frontal), frontal (mais anterior) e temporal (mais inferior).

O lobo frontal é responsável pela área motora. O lobo temporal é responsável pela
audição e memórias. O lobo parietal é responsável pela sensibilidade. E o lobo occipital
contém o córtex visual.

O sulco central ou Rolando separa o lobo frontal do lobo parietal. O sulco Sylvius ou
fenda sílvica separa o lobo temporal, do lobo frontal e do parietal.

O lobo frontal tem uma área motora acessória, na parte anterior do lobo frontal, e uma
área motora primária, imediatamente à frente do sulco central. O lobo parietal tem uma
área de sensibilidade, imediatamente atrás do lobo parietal. O lobo occipital tem o
sulco calcarino e o córtex visual. O lobo temporal, abaixo da fenda sílvica, é responsável
pela audição.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 411 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Configuração interna do cérebro

O cérebro é constituído por formações cinzentas centrais e por uma substância branca
abundante, revestida por um córtex telencefálico que forma fendas e as
circunvalações da morfologia externa.

• Corte horizontal de Fleshisig – passa pela porção mediana do diencéfalo e


mostra as principais estruturas cinzentas e brancas;
• Corte frontal de Charcot – passa pelo diencéfalo ao nível dos corpos mamilares;

2.3.2 Cerebelo

O cerebelo está atrás do tronco cerebral e abaixo do telencéfalo e do diencéfalo. Este


ocupa uma parte da cavidade craniana que tem o nome de fossa posterior. Esta fossa
é determinada pela escama do occipital até à protuberância occipital externa e
depois, interna e superiormente, temos a tenda do cerebelo.

Na linha média, esta estrutura é formada pelo vérmis e lateralmente pelos hemisférios
cerebelosos que são constituídos essencialmente por substância branca.

O cerebelo tem uma função essencialmente de propriocepção, ou seja, é uma função


do nosso corpo saber o que está a fazer. Por isso, é através do cerebelo que
conseguimos manter o equilíbrio, manter o tónus muscular e coordenar os movimentos
voluntários.

❖ Anatomia Funcional do cerebelo:

Filogénese Morfologia Conexões Funções

Manutenção do
Arqueocerebelo Lobo Floconodular Aparelho vestibular
equilíbrio
Manutenção do
Paleocerebelo Lobo anterior Aparelho espinhal
tónus muscular
Coordenação dos
Neocerebelo Lobo médio Córtex cerebral movimentos
voluntários

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 412 | P á g i n a


CLE 2019-2023
À frente do cerebelo está o 4º ventrículo e depois temos os pedúnculos cerebelosos, é
através destes que o cerebelo vai comunicar com o tronco cerebral e posteriormente
com o telencéfalo.

❖ Configuração interna do cerebelo:

O cerebelo interior é constituído, de cima para baixo, por:

 Cúmen vermiano
 Pirâmide vermiana
 Úvula vermiana
 Amígdalas do cerebelo

Ao contrário dos hemisférios cerebrais, o lado esquerdo do cerebelo está relacionado


com os movimento do lado esquerdo do corpo, enquanto o lado direito está
relacionado com o lado direito do corpo. Assim, o hemisfério cerebral esquerdo está
relacionado com o lado direito do corpo e o hemisférios cerebral direito está
relacionado com o lado esquerdo do corpo.

O cerebelo recebe informações do córtex motor e dos gânglios da base de todos os


estímulos enviados aos músculos. A partir das informações do córtex motor sobre os
movimentos musculares que pretende executar e de informações propriocetivas que
recebe diretamente do corpo (articulações, músculos, áreas de pressão do corpo,
aparelho vestibular e olhos), avalia o movimento realmente executado.

Após a comparação entre desempenho e aquilo que se teve em vista realizar, estímulos
corretivos são enviados de volta ao córtex para que o desempenho real seja igual ao
pretendido. Dessa forma, o cerebelo relaciona-se com os ajustes dos movimentos,
equilíbrio, postura e tónus muscular.

Propriocepção

❖ Clínica

Sintomatologia homolateral – se existe uma lesão no lado esquerdo do cerebelo (ex.


tumor), os sintomas aparecerão no lado esquerdo do corpo e se a lesão for no lado
direito, os sintomas aparecem no lado direito do corpo.

Sintomas de lesão:

→ Hipotonia – diminuição do tónus muscular, tensão, da contração normal de


músculo ou grupo muscular;
→ Alterações posturais e alteração da locomoção
→ Ataxia – perda da faculdade de coordenar os movimentos voluntários

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 413 | P á g i n a


CLE 2019-2023
→ Nistagmo – movimento involuntário, rápido, do globo ocular (lateral, vertical,
rotatório)
→ Disartria – articulação imperfeita das palavras – gagueira ou outro

Síndromes cerebelosas:

→ Síndromas do vérmis (meduloblastoma do vérmis) – causa o comprometimento


das funções vestibulares, coordenação muscular, dificuldade no ortostatismo
(estar de pé);
→ Síndromas dos hemisférios cerebelosos (tumores) – causa atraso no início dos
movimentos e impossibilidade de mover todos os membros de forma
coordenada.

2.3.3 Tronco cefálico/encefálico

O tronco encefálico faz a ponte ou conexão entre o telencéfalo e diencéfalo e o


cerebelo com a medula espinhal.

De cima para baixo, o cerebelo é constituído por:

 Mesencéfalo
 Ponte/Protuberância
 Bulbo protuberancial

Deste tronco nascem vários nervos que são nervos que já


fazem parte do sistema nervoso periférico, no entanto, no
seu conjunto, formam 12 pares e são conhecidos como
pares cranianos. Os pares cranianos são responsáveis por:

 I par – Olfato
 II par – Visão
 III e VI par – Movimentos oculares
 V par – Sensibilidade da face
 VII par – Motricidade da face
 VIII par – Audição e equilíbrio
 IX par – Audição e parte gustativa
 X par – Controlo dos órgãos periféricos
 XI par – Inerva o esternocleidomastóideo
 XII par – Inerva os músculos da língua

O tronco cefálico possui 3 funções gerais:

 Recebe informações sensitivas de estruturas cranianas e controla os músculos da


cabeça
 Contém circuitos nervosos que transmitem informações da medula espinhal até
outras regiões encefálicas e, em direção contrária, do encéfalo para a medula
espinhal
 Regula a atenção, função esta que é mediada pela formação reticular
(agregação mais ou menos difusa de neurónios de tamanhos e tipos diferentes,
separados por uma rede de fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco
cefálico)

Além destas 3 funções gerais, as várias divisões do tronco encefálico desempenham


funções motoras e sensitivas específicas.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 414 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Na constituição do tronco encefálico entram corpos de neurónios que se agrupam em
núcleos e fibras nervosas, que, por sua vez, se agrupam em feixes denominados vias,
fascículos ou lemniscos. Estes elementos da estrutura interna do tronco encefálico
podem estar relacionados com relevos ou depressões da sua superfície.

Muitos dos núcleos do tronco cefálico recebem ou emitem fibras nervosas que entram
na constituição dos nervos cranianos.

Dos 12 pares cranianos, 10 fazem conexão no tronco cefálico.

❖ Mesencéfalo

É parte mais alta do tronco cerebral, tem 4 faces e apresenta como limite superior o
diencéfalo e como limite inferior a protuberância.

O mesencéfalo possui uma estrutura denominada lâmina quadrigémea que é onde


originam alguns pares cranianos.

Este, no seu interior, é atravessado por um canal oco, denominado Aqueduto de Sylvius,
que faz a comunicação entre o 3º e 4º ventrículo e o seu limite inferior está no sulco
puntobulbular.

Compreende os tubérculos quadrigémeos e os pedúnculos cerebrais.

Apresenta 4 faces – anterior, posterior e duas laterais.

Tem como funções:

 Receção e coordenação de informação sobre o estado de contração dos


músculos e sobre a postura corporal
 Receção das vias ascendentes, descendentes, de associação e transversais
 Dá origem aos núcleos de pares cranianos – III, IV e V

❖ Protuberância/Ponte

A protuberância está abaixo do mesencéfalo, acima do bulbo protuberancial e à frente


do 4º ventrículo. É onde está determinada a formação reticular ascendente que é
responsável pelo nosso grau de consciência/de atenção. Faz parte do 4º ventrículo.

É a partir desta que nascem os pares cranianos V, VI, VII e VIII.

Dá passagem para as vias ascendentes, descendentes, de associação e transversais.

Esta estrutura controla a respiração, é o centro de transmissão de impulsos para o


cérebro e dá passagem para as fibras nervosas que ligam o cérebro à medula.

❖ Bulbo

O bulbo recebe informações de vários órgãos do corpo, controlando as funções


anatómicas – batimentos cardíacos, respiração, pressão arterial, reflexos de salivação,
tosse, espirro e deglutição.

Apresenta parte integrante da formação reticular ascendente, faz parte da parte


inferior do 4º ventrículo e dá origem aos pares cranianos IX, X, XI e XII.

Apresenta uma formação reticular.

Dá passagem às vias ascendentes, descendentes e de associação.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 415 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3. Anatomia do Sistema Nervoso Periférico

O Sistema Nervoso Periférico divide-se em Sistema Nervoso Autónomo e Sistema Nervoso


Somático. Apesar de ambos fazerem parte do Sistema Nervoso Periférico, diferem
essencialmente no facto de:

Sistema Nervoso Somático Sistema Nervoso Autónomo

Músculo liso, músculo cardíaco


Órgão efetor Músculo Esquelético
e glândulas

Efeitos Apenas estimulatório Estimulatório ou inibitório

Neurotransmissor Acetilcolina Norepinefrina e Acetilcolina

Nervos motores:

A medula tem uma substância cinzenta e uma


substância branca que se divide em cordões
anteriores, cordões posteriores e cordões laterais.

Dos cordões anteriores sai, ântero-lateralmente,


a raiz anterior que é motora. O neurónio lança o
axónio através da raiz anterior e que vai até ao
músculo esquelético no sentido de realizar o
estímulo elétrico que vai provocar uma
contração do músculo.

Nervos sensitivos:

O axónio do neurónio é estimulado


eletricamente quando o órgão sensorial toca em
algo. O estímulo entra pela raiz posterior
passando no gânglio dorsal, entrando depois na
parte póstero-lateral da medula e vai para a
substância cinzenta.

Fibras vegetativas:

Estas vêm do centro da substância cinzenta da


medula, vão pela raiz anterior e vão conectar-se
a um neurónio que existe no gânglio ou na cadeia
autonómica que existe ao longo do nosso tórax e
abdómen. Daí vai até ao músculo liso dos órgãos,
neste caso, do trato digestivo, de forma a
determinar um estímulo elétrico e fazer com que
o músculo liso contraia. Estas fibras têm função
involuntária.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 416 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3.1 Sistema Nervoso Autónomo
O Sistema Nervoso Autónomo divide-se em divisões simpáticas e parassimpáticas que
diferem na localização dos corpos celulares dos neurónios pré-ganglionares e na
localização dos gânglios autonómicos. Tem vários neurónios com bainhas mielinizadas
e não mielinizadas com efeito estimulante ou inibidor em músculos, glândulas, músculo
cardíaco, etc pelos neurotransmissores acetilcolina (ACh) no SNP e adrenalina ou
epinefrina (NE) no SNS.

O Sistema Nervoso Entérico é uma rede complexa de corpos celulares neuronais e


axónios na parede do tubo digestivo. É constituído por neurónios sensoriais, motores e
entéricos. Este encontra-se na espessura da parede do tubo digestivo.

A diferença fundamental entre o Sistema Nervoso Autónomo Simpático e


Parassimpático reside no facto de o 1º nos preparar para situações de “stress” e o 2º nos
preparar para situações de “relaxamento”.

Órgão/Função SNA Simpático SNA Parassimpático

Arteríola em geral Vasoconstrição Vasodilatação

Frequência cardíaca Aumenta Diminui

Pressão sanguínea Aumenta Diminui

Amplitude cardíaca Aumenta Diminui

Metabolismo basal Aumenta Diminui

Atividade mental Aumenta Diminui

Brônquios Dilata Contrai

Pupila Dilata Contrai

Concentração de glicose
Aumenta -
no sangue

Glicogenólise (fígado) Aumenta -

Glândulas sudoríparas Aumenta sudorese -

Coronárias Vasodilatação Vasoconstrição

Peristaltismo Diminui Aumenta

Secreção gastrointestinal Diminui Aumenta

Glândulas salivares - Aumenta salivação

Masculino Orgasmo e ejaculação Ereção do pénis

Feminino Orgasmo Ereção do clitóris

Relaxa o músculo da Contrai o músculo da


Bexiga urinária parede e contrai o parede e relaxa o
esfíncter esfíncter

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 417 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3.1.1 Generalizações

Ambas as divisões produzem efeitos estimulatório e inibitórios.

A maior parte dos órgãos são inervados por ambas as divisões. Estas produzem
geralmente efeitos opostos num mesmo órgão.

Cada divisão por si ou ambas funcionando em conjunto podem coordenar as


atividades de diferentes estruturas.

O SNS produz efeitos mais generalizados.

A atividade simpática prepara geralmente o corpo para a atividade física, enquanto a


atividade parassimpática é mais importante para funções vegetativas.

3.1.2 Sistema Nervoso Autónomo Simpático

Este sistema tem uma cadeia de gânglios simpáticos paravertebrais, situados


bilateralmente ao lado da coluna vertebral torácica e lombar.

Os neurónios pré-ganglionares, isto é, aqueles que interligam a medula espinhal com o


gânglio nervoso, são curtos e saem do corno lateral do H medular (substância cinzenta).

As fibras pós-ganglionares, aquelas que partem dos gânglios, são muito longas atingindo
os órgãos alvo deste sistema.

Como já referido anteriormente, este sistema prepara-nos para situações de stress.


Durante essas situações o corpo centra as energias nos órgãos vitais – cérebro, coração
e fígado. Então o que é que o corpo faz?

 Dilata as pupilas
 Inibe tudo o que seja produção de glândulas, nomeadamente a saliva
 Relaxa os brônquios para entrar o máximo de oxigénio possível
 Aumenta a frequência cardíaca
 Inibe a produção/função do estômago e do tubo digestivo
 Aumenta a secreção de adrenalina e noradrenalina pela suprarrenal

As fibras pré-ganglionares simpáticas fazem sinapses num gânglio nervoso liberando


acetilcolina (ACh), atuando sobre recetores nicotínicos, o que estimula as fibras pós-
ganglionares.

As fibras pós-ganglionares simpáticas fazem sinapses com os órgãos alvo com liberação
de noradrenalina e/ou adrenalina, atuando sobre recetores adrenérgicos alfa e beta,
dependendo do tecido envolvido.

Apesar dessas considerações, há exceções:

 As fibras que inervam as glândulas sudoríparas fazem sinapses ganglionares e


terminais (nos órgãos alvo) mediadas por ACh
 A inervação da glândula suprarrenal – há fibras pré ganglionares curtas
libertando ACh, porém não há sinapse ganglionar nervosa típica, a própria
glândula suprarrenal atua como gânglio nervoso com produção e libertação de
catecolaminas

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 418 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3.1.3 Sistema Nervoso Autónomo Parassimpático

Anatomicamente situa-se na porção cranial e caudal da coluna vertebral.

Geralmente as fibras pré ganglionares são longas, ao contrário do SNA Simpático, e as


fibras pós-ganglionares são curtas já que os gânglios nervosos, neste sistema, se situam
próximos ao tecido alvo.

A maior parte das fibras (75%) do SNA Parassimpático são provenientes do nervo vago.

Outros pares de nervos cranianos deixam o sistema nervoso compondo o sistema


parassimpático – III (nervo oculomotor), VII (nervo facial) e IX (nervo glossofaríngeo).

Como referimos anteriormente, este sistema prepara-nos para situações de


relaxamento e por isso vai atuar de forma contrária ao sistema nervoso simpático.

Os recetores ganglionares são colinérgicos nicotínicos enquanto nas terminações


(órgãos alvo) os recetores são muscarínicos (subdivididos ainda em diversos tipos,
dependendo do órgão envolvido).

O neurotransmissor principal é a norepinefrina, enquanto no SNA Simpático é a


acetilcolina.

4. Vias da Motricidade/Descendentes

Os impulsos nervosos são emitidos pelo córtex cerebral e, dependente da função que
quer ser exercida, por outros centros nervosos superiores. Estes impulsos propagam-se a
axónios que descem a substância branca. Os axónios estão agrupados em feixes
nervosos que constituem as vias descendentes/motoras.

Estas vias permitem executar ou controlar movimentos, pois são elas que estimulam
musculatura esquelética.

Estas vias chegam até ao nível dos cornos cinzentos anteriores da medula espinhal onde
se encontram os neurónios motores inferiores, que enviam axónios para os músculos
esqueléticos pela raiz raquidiana anterior, estimulando-os.

4.1 Organização anatómica


O neurónio é constituído por um corpo celular, dendrites e por axónios,
que no seu conjunto formam a substância branca e descem ao longo
da medula espinhal.

Assim, nas vias da motricidade nós temos:

 Protoneurónio ou primeiros neurónios motores – efetuam uma


ação e saem do SNC em direção ao SNP. O corpo celular está
no córtex cerebral e estende-se até ao corno cinzento onde é
sinapsado com os teleneurónios
 Teleneurónio ou neurónios de associação – estabelecem
conexões entre outros neurónios formando circuitos completos
 Deutoneurónio ou segundos neurónios motores – o corpo
celular está na medula espinhal e terminam nos músculos

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 419 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4.2 Tipos de motilidade

4.2.1 Voluntária ou consciente

Trajeto da informação:

 Área pré motora


 Área motora (1º neurónio)
 Tronco cefálico
 Medula
 Músculo

Ao chegar ao músculo avalia-se se o movimento executado foi o desejado. Se não foi,


a informação retrocede e passa do músculo para a medula e por sua vez, para o tronco
cefálico que irá transmiti-la para o cerebelo que transmite a informação para a área
pré motora de modo a reajustar o estímulo e transmitir nova informação. O ciclo decorre
novamente.

Áreas motoras do córtex cerebral:

Tudo o que está para a frente do sulco central é responsável pela motricidade.

 Córtex motor primário – situado na circunvalação pré-central, é responsável


pelos movimentos finos
 Área pré-motora – responsável pela organização das funções motoras
 Área pré-frontal – responsável pelas funções de motivação, capacidade de
previsão e planeamento de comportamento e ainda pela motivação e
regulação do comportamento emocional e afetivo

NOTA:

Apraxia – É uma lesão da área pré-motora que leva à incapacidade de executar


movimentos apreendidos

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 420 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4.2.2 Involuntária ou inconsciente

Pode ser:

 Reflexa – sem qualquer intervenção voluntária (ex – reflexo do martelo)


 Movimentos automáticos – executados repetidamente até deixarem de ser
controlados pela vontade
 Movimentos associados – executados ao mesmo tempo que movimentos
voluntários de forma a permitir o equilíbrio (ex – para me apoiar num pé realizo
o movimento de levantar o pé e movimentos de equilíbrio)
 Movimento estático – permite o tónus muscular e a manutenção da postura

4.3 Vias descendentes


São vias nervosas motoras que contêm axónios que transportam potenciais de ação
provenientes de várias regiões do encéfalo para o tronco cerebral ou para a medula
espinhal. O nome destas vias baseia-se na sua origem e terminação.

Fibras
Vias Piramidais ou
descendentes do
de Motricidade Vias Extrapiramidais Vias oculomotoras
Sistema
Voluntária
Autónomo
Via óculo-
Via reticulo-espinhal
Via corticoespinal cefalogira
Via teto-espinhal
ou piramidal Vias da
Via rubro-espinhal
Via corticobulbar motricidade
Via vestibuloespinhal
ou geniculada intrínseca
Via olivo-espinhal

4.3.1 Via Piramidal ou Diretas

É a via da motricidade mais importante do nosso corpo!

Esta é constituída por um 1º neurónio que tem o seu corpo celular no córtex cerebral e
depois lança o axónio pela substância branca até fazer sinapse diretamente com os
segundos neurónios na medula espinhal ou no tronco cerebral. As fibras (conjunto de
axónios) passam diretamente pelas pirâmides bulbares, onde existem 2 feixes –
corticoespinal e corticobulbar.

❖ Via corticoespinal

Tem origem no córtex cerebral, área motora primária, secundária e somestésicas.

Termina no corno anterior da medula espinhal.

Tem como função realizar movimentos voluntários, rápidos e dependentes de


habilidade.

Exemplo do trajeto da informação que vai para o braço, perna e face:

Córtex Coroa Cápsula Pedúnculos


Ponte Bulbo Medula
Cerebral radiada interna cerebrais

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 421 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Inicia no córtex cerebral, passa pela coroa radiada, depois pela cápsula interna, depois
vem pelos pedúnculos cerebrais passando pelo tronco cerebral, seguidamente pela
protuberância, no bulbo temos a decussação das pirâmides que é quando os feixes
cruzam de um lado para o outro e depois descem pela medula.

É pela decussação das pirâmides que o lado direito do cérebro controla o lado
esquerdo do corpo e vice-versa. Esta decussação não ocorre em todas as fibras,
apenas 75 a 85% das fibras corticoespinhais da parte inferior do bulbo raquidiano
cruzam para o lado oposto.

As fibras cruzadas constituem o feixe corticoespinal lateral da medula espinhal. As


restantes fibras descem, sem cruzar, e formam o feixe corticoespinal anterior. Apenas
decussam perto do nível medular na altura em que farão sinapse com os segundos
neurónios.

Lesões nesta via podem provocar diminuição do tónus muscular, paresia (diminuição
e/ou limitação da força muscular), mas não paralisia.

❖ Via corticobulbar

Esta via tem origem no córtex cerebral e termina nos núcleos motores dos nervos
cranianos no tronco cerebral. O seu cruzamento varia para os diferentes nervos
cranianos.

Tem como funções movimentar a face e a cabeça, nomeadamente, movimentos


oculares, da língua, mastigação, expressão facial e os movimentos do palato, faringe e
da laringe.

NOTA:

Na frequência o professor apenas vai perguntar sobre a via corticoespinal.

4.3.2 Via Extrapiramidal

Os primeiros neurónios fazem sinapse em alguns núcleos intermédios. As suas fibras não
passam diretamente através das pirâmides bulbares.

Nesta via existem 5 feixes:

1- Reticulo-espinhal
2- Tecto-espinhal
3- Rubro-espinhal
4- Vestibuloespinhal
5- Olivo-espinhal

❖ Via reticulo-espinhal

Tem origem na formação reticular e termina nos neurónios motores na medula espinhal.

Tem como funções: enviar sinais excitatórios para a medula através do sistema reticular
pontino, enviar sinais inibitórios para a medula através do sistema reticular bulbar e
manutenção da postura.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 422 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Via tecto-espinhal

Tem origem no colículo superior e termina nos neurónios motores na medula espinhal.

Tem como função realizar movimentos reflexos da movimentação da cabeça em


resposta a estímulos visuais.

❖ Via rubro-espinhal

Tem origem no núcleo rubro e termina nos neurónios motores na medula espinhal.

Tem diversas funções, como facilitar a atividade muscular (flexora), atua em conjunto
com o sistema lateral da medula, relaciona-se diretamente com a via corticoespinal da
via piramidal, motricidade voluntária (discreta e grosseira) e regula o controlo motor fino
dos músculos da porção distal dos membros superiores.

❖ Via vestibuloespinhal

Tem origem nos núcleos vestibulares e termina nos neurónios motores na medula
espinhal.

Tem como funções enviar sinais excitatórios para a medula e facilitar a atividade
muscular (extensora ou anti-gravitária) permitindo a manutenção do equilíbrio.

5. Vias da Sensibilidade/Ascendentes

NOTA:

De todo este ponto “5. Vias da sensibilidade” apenas precisamos de saber bem a
parte inicial e a sensibilidade exterocetiva.

As diferentes fibras sensitivas ao entrarem na medula espinhal são repartidas


constituindo vias. Algumas dessas fibras ascendentes ligam a medula espinhal ao
cérebro, constituindo as vias da sensibilidade/ascendentes – fazem parte da substância
branca da medula espinhal.

O órgão efetor vão ser os órgãos da sensibilidade que transmitem a informação desde
a pele até ao córtex sensitivo (lobo parietal).

A sensação exige os seguintes passos/etapas:

 1º Os estímulos com origem no interior ou exterior do corpo têm que ser


detetados por recetores sensoriais e convertidos em potenciais de ação que se
propagam ao SNC através dos nervos;
 2º No SNC, as vias nervosas transportam os potenciais de ação ao córtex
cerebral e a outras áreas do SNC;
 3º Os potenciais de ação que atingem o córtex cerebral têm que ser traduzidos,
de modo a ter consciência do estímulo e perceber o que se está a sentir.

Os neurónios são formados pelo corpo celular, axónio e dendrites.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 423 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Existem 3 tipos de neurónios motores (efetuam uma ação e saem do SNC em direção
ao SNP) e podem ser classificados quanto à sua função:

 Protoneurónio ou 1º neurónio – recetor sensorial que vai até à medula espinhal;


 Deutoneurónio ou 2º neurónio – vai desde a medula espinhal até quase ao córtex
cerebral.
 Teleneurónio ou 3º neurónio – localizado no tronco cerebral até ao córtex.

5.1 Tipos de sensibilidade

5.1.1 Terminações nervosas sensoriais

A. Tato – sensibilidade discriminativa

 Corpúsculos Meissner
 Corpúsculos de Pacini
 Discos de Merkel
 Órgãos de Ruffini

B. Dor e temperatura

 Terminações nervosas livres (nociceptores)

C. Sensibilidade Propriocetiva

 Fusos Musculares
 Órgãos de Golgi

Existem 3 tipos de sensibilidade:

 Exterocetiva
 Propriocetiva
 Interoceptiva

5.1.2 Vias de Sensibilidade Exterocetiva

Dá informações inconscientes provenientes do mundo exterior e pode ser:

 Nociceptiva (sensibilidade pouco definida)


o Termo álgica – dá a sensação de temperatura e dor transmitida pela via
espinotalâmica lateral ou posterior
o Táctil-protopática – dá a sensação do tato e pressão transmitida pela via
espinotalâmica anterior
 Táctil epicrítica (sensibilidade discriminativa cuja informação é transmitida pelos
feixes de Goll e Burdach):
o Estereognosia – reconhecer pelo tacto objetos
o Grafistesia – capacidade de reconhecer letras pelo tacto

Para sentirmos dor, tem de haver o processo de nociceção em que há a transdução da


dor, transmissão, modulação e perceção da dor.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 424 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Nocicetores – Recetores da dor, terminações nervosas livres estimuladas pela lesão dos
tecidos envolventes e estão presentes na pele e órgãos internos:

 Recetores sensoriais especializados que iniciam a sensação de dor


 Têm um alto limiar de ativação
 Disparo persistente
 Intensidade proporcional à intensidade do estímulo: quanto maior o estímulo,
maior a sensação de dor
 Estruturas protetoras que indicam a presença de lesão tissular e são percebidas
como desagradáveis
 Permitem o desencadear de um reflexo

Existem vários tipos de nociceptores:

 Mecanorrecetores – respondem a estímulos mecânicos e transmitem a


informação por fibras A delta
 Termorrecetores – respondem a estímulos térmicos e transmitem a informação
por fibras A delta
 Polimodais – podem receber estímulos térmicos, mecânicos ou químicos e
transmitem a informação com fibras C
 Silenciosos – respondem na presença de inflamação

Se não tivéssemos nociceptores na boca morder-nos-íamos a nós próprios e não


sentiríamos.

5.1.3 Vias de Sensibilidade Propriocetivas

Dá-nos informações inconscientes do estado muscular e postural, isto é, dá informações


intrínsecas ao próprio corpo que nos permite saber de olhos fechados se estamos em
pé, deitados, se um dedo está para cima ou para baixo, etc.

Pode ser:

 Consciente:
o Quando as vias atingem o córtex cerebral
o São os feixes de Goll e Burdach
 Inconsciente
o Quando as vias atingem o cerebelo
o São elas:
▪ Via espinho-cerebelosa posterior
▪ Via espinho-cerebelosa anterior
▪ Feixe cuneo-cerebeloso

Dá-nos uma noção de posição e orientação espacial e permite-nos perceber a posição


e movimentação entre segmentos corporais.

Os órgãos tendinosos de Golgi, localizados na junção entre músculos e tendões e os


fusos neuromusculares, localizados no músculo esquelético, são importantes
mecanorrecetores para a propriocepção.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 425 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.1.4 Vias de Sensibilidade Interoceptiva

Estado visceral – dores no interior, órgãos (ex. Dor abdominal)

5.1.5 Outras vias ascendentes:

 Via cúneo-cerebelosa
 Via espino-tectal
 Via espino-olivar
 Via espino-reticular

5.2 Perspetiva Clínica – Dor


A dor é uma sensação que se caracteriza por um grupo de experiências percetuais e
emocionais desagradáveis que desencadeiam respostas autonómicas, psicológicas e
somato-motoras.

Está associada a 2 componentes de ação:

 Potenciais de ação rapidamente conduzidos


por axónios mielinizados, de grande
comprimento e que produzem uma dor aguda
bem localizada e penetrante
 Potenciais de ação mais lentamente
propagados, transportados por axónios mais
pequenos e com uma mielinização menor,
que levam a uma dor crónica, difusa tipo
queimadura ou moinha

Existem 3 tipos de fibra:

 Fibras A-delta:
o Grossas mielinizadas, de condução rápida, transmitem dor aguda
o O sentir inicial é rápido e localizado.
 Fibras C:
o Finas e desmielinizadas, de condução lenta, transmitem dor crónica
o O sentir é difuso e mantido (prolongado)
 Fibras A-beta:
o Fibras grandes, mielinizadas, de condução rápida, mas não causam dor
o São responsáveis por sensações inócuas

5.2.1 Tipos de dor:

Existem vários tipos de dor – aguda, crónica, fantasma ou irradiada.

❖ Dor aguda:

As fibras A-delta, responsáveis pela dor aguda, fazem sinapse nas células da medula
espinhal que se dirigem para uma área do tálamo chamada complexo ventrobasal. O
complexo ventrobasal também recebe neurónios que medeiam o tato. Este complexo
envia “output” para o córtex somatosensorial e ainda facilita o entendimento da origem
da dor.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 426 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Dor crónica:

As fibras C fazem sinapse nos neurónios na medula espinhal. Dirigem-se para uma
estação intermédia no núcleo médio do tálamo.

A partir do núcleo médio do tálamo a informação atinge o sistema límbico que é


responsável pelos aspetos emocionais e motivacionais da dor.

A compreensão do impacto destas conexões é fundamental para a interpretação da


dor.

É uma dor incapacitante e desesperante que pode levar ao isolamento social. Está
associada a perturbação depressiva (ex: fibromialgia) e pode ter origem numa dor
aguda ou sem lesão aparente. Pode estar associada a alterações do tálamo (sistema
talâmico disfuncionante), perda de modalidades sensoriais, ansiedade, depressão e
stress. Esta dor exige uma abordagem multidisciplinar.

❖ Dor irradiada:

Sensação dolorosa numa região do corpo que não é a origem do estímulo, sendo que
é mais frequente para a pele.

É clinicamente útil e pode ajudar a diagnosticar um enfarte agudo do miocárdio e uma


pancreatite aguda.

❖ Dor Fantasma:

Dor intensa num membro que já não existe que geralmente provém de uma
amputação num meio não cirúrgico em que não se anestesiaram todos os nervos que
irrigavam a perna.

A teoria baseia-se no facto de todos os membros estarem constantemente a


transmitirem informações e, quando há uma amputação, deixa de ser transmitida
informação do membro amputado, o que causa dor – teoria do portão.

CURIOSIDADE:

Teoria do portão – teoria segundo o qual, após o desencadear de uma dor, se tenta
diminuir esta sensação por provocar outro estímulo de modo a haver vários
potenciais de ação que competem na mesma via.

Com a amputação, há perda de impulsos nervosos como o tato, a pressão do membro,


que normalmente suprimem a transmissão de potenciais de ação de dor nas vias de
dor (teoria do portão). Assim, com a amputação, o efeito inibitório da informação
sensorial é suprimido, o que pode causar dor crescente.

5.2.2 Avaliação da dor

A dor pode ser avaliada através da utilização de escalas de dor, como:

 Escalas numéricas e visuais analógicas da intensidade de dor


 Escalas de descritores verbais
 Escala visual analógica
 Escala de faces Wong Baker

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 427 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6. Reflexos

NOTA:

Esta parte não foi dada em aula, no entanto costuma sair nas frequências, então
achamos pertinente completar a sebenta com esta informação.

Para entender os reflexos é importante compreender o arco reflexo que tem 5


componentes que permitem um reflexo:

→ Recetor sensorial
→ Neurónio aferente ou sensorial Corresponde ao trajeto que a
→ Neurónio de associação informação nervosa faz do início
→ Neurónio eferente ou motor do reflexo até ao final do reflexo.
→ Órgão efetor (geralmente um músculo)

6.1 Principais Reflexos


Reflexo da extensão (martelo) – reflexo patelar:

→ 1º o recetor sensorial é ativado, porque recebe o estímulo do martelo e a


informação vai para o neurónio aferente ou sensorial
→ 2º a informação passa do neurónio sensorial para a medula espinhal, ao gânglio
posterior, e na substância cinzenta passa para o neurónio de associação
→ 3º, em seguida, passa para o neurónio eferente ou motor
→ 4º, a informação chega ao órgão eferente (músculo) e dá-se a extensão da
perna. Para que a extensão ocorra, o quadricípite crural (grupo anterior) contrai
e os isquiotibiais (grupo posterior) relaxam.

Reflexo dos órgãos tendinosos de Golgi – reflexo miotático inverso:

→ Impede a contração ou extensão excessiva do músculo


→ Órgãos tendinosos de Golgi – São terminações nervosas sensoriais que estão
entre as fibras de colagénio nos músculos no seu interior; localizado entre o
músculo e o tendão
→ Fusos musculares – Localizados entre as fibras extrafusionais do músculo
→ Os órgãos tendinosos de Golgi vão permitir avaliar se há uma contração
muscular excessiva ou não – se o músculo estiver em tensão excessiva, existe
uma informação que é dada ao órgão tendinoso de Golgi que manda a
informação para a medula espinhal e depois, novamente para o músculo para
que este relaxe sob perigo de lesão no mesmo.
→ Funções:
o Proteção contra e contração excessiva
o Controlo sobre o nível de excitação dos neurónios motores.

Reflexo retirada:

→ Impede que nos piquemos no pé ou na mão


o 1º, a informação é obtida pelo recetor nociceptivo (recetor sensorial da
dor)
o 2º, a informação vai pelo neurónio aferente
o 3º, chega ao neurónio associativo;
o 4º, passa para o neurónio motor;

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 428 | P á g i n a


CLE 2019-2023
o 5º, flexão do músculo para que haja a retirada do membro;
→ Ao mesmo tempo do reflexo de retirada existe o reflexo extensor côndilo-lateral,
reflexo que ocorre no lado oposto do local onde ocorreu o reflexo de retirada
para que a pessoa não se desequilibre. Este reflexo permite que haja flexão de
uma perna e a extensão da outra para promover o equilíbrio.

6.2 Exame Neurológico


Permite avaliar se existe o normal funcionamento dos vários reflexos.

Existem vários reflexos tendinosos e cutâneos.

Reflexos tendinosos:

→ Reflexo bicipital – Incide ao nível do nervo musculo-cutâneo de C5 a C6


→ Reflexo tricipital – incide ao nível do nervo radial que se forma pela união de
outros nervos de C7 a C8
→ Reflexo dos flexores dos dedos – incide nos nervos medial e cubital que se
formam pela união de outros nervos de C8 a T1
→ Reflexo estilorradial – incide no nervo radial que se forma pela união de outros
nervos de C5 a C6
→ Reflexo patelar ou rotuliano – incide no nervo femoral que se forma pela união
de outros nervos de L2 a L4
→ Reflexo aquiliano – incide no nervo tibial que se forma pela união de outros
nervos de L5 a S2

Se estes reflexos não ocorrerem, conclui-se que existem danos no nervo associativo (ao
nível da medula) ou ao nível do trajeto da informação.

Reflexos cutâneos:

→ Abdominais – estímulo na zona abdominal de fora para dentro provoca o


encolher do umbigo
→ Cremasterianos – estímulo na face interna da coxa que leva ao repuxamento
cutâneo que provoca o levantamento homolateral do testículo (o testículo de
um dos lados levanta)
→ Sinal de Babinsky – Estímulo da zona plantar do pé que não deve levar a nenhum
reflexo (este sinal positivo a não ser em recém-nascidos indica patologia)

Depois de realizar os exames neurológicos, devem-se avaliar os seguintes reflexos:

Qualidade Quantitativa Descrição


Ausente 0 Mesmo com manobras
facilitadoras – ausente
Diminuído + Dificuldade ou movimento
articular discreto
Normal ++ Facilidade de obtenção
com resposta normal
Vivo +++ Facilidade aumentada,
sendo amplo e brusco
Exaltado ++++ Aumento da área
reflexógena, policinético
(várias contrações), amplo
e brusco

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 429 | P á g i n a


CLE 2019-2023
7. Fisiologia do Sistema Nervoso

NOTA:

Esta parte não foi dada em aula, no entanto costuma sair nas frequências, então
achamos pertinente completar a sebenta com esta informação.

O Sistema Nervoso é composto por neurónios que recebem estímulos e conduzem os


potenciais de ação e por células não neuronais – células gliais – células de suporte e
proteção dos neurónios (astrócitos e olidendrócitos).

Os neurónios possuem um núcleo e dentro deste um nucléolo (ambos no corpo celular).


Nas terminações do corpo celular estão as dendrites. Os axónios podem estar
mielinizados ou desmielinizados, sendo que quando possuem bainha de mielina existe
um aumento da condução do impulso. A transmissão da informação é feita entre
neurónios através de sinapses que podem ser de 2 tipos.

Organização do tecido nervoso:

→ Os axónios juntos formam feixes nervosos que têm como função propagar os
potenciais de ação de uma área para outra
→ Os corpos celulares e as dendrites dispõem-se em grupos, sendo a substância
branca constituída por feixes (axónios) e bainhas de mielina
→ A substância cinzenta é formada pelos corpos celulares neuronais e axónios não
mielinizados

7.1 Potenciais de ação


Os potenciais de ação são sinais elétricos produzidos por células e que permite a
transmissão de impulsos nervosos.
Meio pela qual as células transferem informação de uma parte do corpo para outra,
permitindo:
→ A perceção da luz
→ A contração muscular
→ A secreção glandular

Os potenciais elétricos das células resultam de uma diferente concentração iónica


através da membrana celular e das características da permeabilidade celular. Assim,
por norma:
→ O meio intracelular é constituído por Na+ e Cl-
→ O meio extracelular é constituído por K+ e proteínas (iões orgânicos)

As diferenças nas concentrações iónicas resultam das bombas de sódio-potássio e de


características da permeabilidade da membrana.
As bombas de sódio e potássio correspondem a um transporte ativo em que há gasto
de ATP, contra o gradiente de concentração em que saem 3 iões de Na+ da célula e
entram 2 iões de K+ para a célula.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 430 | P á g i n a


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As características da permeabilidade da membrana fazem com que esta tenha uma
permeabilidade seletiva em que há dificuldade para as proteínas de entrar e sair e para
os iões que precisam de canais iónicos para a atravessarem. Estes canais iónicos podem
ser de 2 tipos:

→ Sem portão – Canais iónicos permeáveis pelos quais as substâncias transitam


livremente e são responsáveis pela permeabilidade iónica da membrana celular
quando esta não é estimulada ou está em repouso, permitindo o movimento a
favor do gradiente de concentração. Existem mais canais potássio e cloro, do
que de sódio (o que contribui para a diferença de concentração dentro e fora
da célula).
→ Com portão – Abrem e fecham em resposta a estímulos. Existem 3 principais
canais iónicos com portão: porta de ligando que têm um ligando e um recetor
em que há uma substância, ligando, (ex. ACh) que se liga a um recetor e permite
que os canais se abram; portão de voltagem que são importantes no músculo
liso e cardíaco e são estimulados em resposta a pequenas alterações de
voltagem; e outros canais iónicos (canais táteis e de temperatura).

O potencial de repouso da membrana corresponde a uma diferença de potencial, isto


é, diferença de carga elétrica através da membrana quando as células não estão a ser
estimuladas (em repouso).
→ A diferença de potencial resulta das características de permeabilidade da
membrana e da diferença de concentração entre o líquido intra e extracelular.
→ Quando a membrana está em repouso, há entrada e saída de iões a favor do
gradiente de concentração e existem mais canais de K + do que Na+ que estão
fechados (a membrana é praticamente impermeável ao sódio, impedindo a
sua difusão a favor do gradiente) e, por isso, o Na+ é bombeado ativamente
para fora pelas bombas de sódio e potássio.
→ Como a saída de Na+ não é acompanhada pela entrada nas mesmas
proporções de K+ (saem 3Na+ e entram 2K+), estabelece-se uma diferença de
cargas elétricas entre meios, levando a que, no interior da célula existam mais
iões K+ e no exterior existam mais iões Na+.
→ Assim, é criado um potencial eletronegativo na fibra nervosa por haver um
défice de cargas positivas no interior da célula – potencial de repouso da
membrana (-90mV). Diz- se que a membrana está polarizada.
Propagação do impulso:
→ 1º, Os canais de Na+ estão fechados e o Na+ é ativamente bombeado para fora
pelas bombas de sódio e potássio, havendo um diferença de cargas elétricas
no meio intra e extracelular – membrana em potencial de repouso em que o
exterior fica positivo e o interior negativo (membrana polarizada)
→ 2º, Quando uma zona da membrana é estimulada, esta torna-se permeável ao
Na+ pela abertura dos canais de Na + e entra; o K+ sai para compensar, o que
gera uma onda de despolarização
→ 3º, Só quando se se atinge e ultrapassa o limiar do potencial de ação é que
ocorre a propagação do impulso nervoso – regra do tudo ou nada – caso
contrário a despolarização não tem qualquer efeito. Os potenciais de ação são
de tamanho e duração fixa ao longo de todo o axónio
→ 4º, Imediatamente após a onda de despolarização ter-se propagado ao longo
da fibra nervosa, o interior da fibra torna-se carregado positivamente, porque
um grande número de iões Na+ se difundiu para o interior. Essa positividade, faz

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 431 | P á g i n a


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com que os iões Na+ deixem de entrar para o interior da fibra, porque a
membrana tornou-se novamente impermeável a Na+.
→ 5º, Por outro lado, a membrana torna-se ainda mais permeável ao K+, que migra
para o meio interno. Devido à alta concentração de K+ no interior, muitos iões
se difundem, então, para o lado de fora de modo a compensar. Quando o
impulso passa, dá-se a repolarização – restabelecimento da concentração
iónica inicial. A repolarização normalmente se inicia no mesmo ponto onde se
originou a despolarização, propagando-se ao longo da fibra.
→ 6º, Após a repolarização, a bomba de sódio bombeia novamente os iões Na+
para o exterior da membrana, criando um défice extra de cargas positivas no
interior da membrana, que se torna temporariamente mais negativo do que o
normal. A eletronegatividade excessiva no interior atrai iões K+ de volta ao
interior (por difusão e por transporte ativo). Assim, o processo traz as diferenças
iónicas de volta aos seus níveis originais.
→ Por vezes, ocorre a hiperpolarização em algumas células, quando os canais de
potássio voltagem dependentes ficam abertos mais tempo do que o normal.
Quanto ao impulso nervoso é importante ter noção de que é unidirecional (nunca volta
para trás) – condução ortodrómica – que pode aumentar de velocidade conforme haja
ou não bainhas de mielina e quanto maior for o diâmetro axonal. Nas regiões dos
nódulos de Ranvier, a onda de despolarização "salta" diretamente de um nódulo para
outro, não acontecendo em toda a extensão da região mielinizada (a mielina é
isolante). Fala-se em condução saltatória e com isso há um considerável aumento da
velocidade do impulso nervoso.
Potencial local – Estímulo aplicado em determinado ponto da membrana que produz
uma alteração no potencial de repouso num determinado local. Este pode resultar:
→ Ligação de um ligando aos seus recetores (ex. Ligando - ACh, recetor-
nicotínico);
→ Alteração da carga;
→ Estimulação mecânica;
→ Alterações da temperatura;
→ Alterações espontâneas na permeabilidade.
Quando o potencial local provoca uma despolarização celular, atingindo um nível que
se designa por limiar, ocorre uma série de alterações de permeabilidade que resultam
num potencial de ação. Isto é, antes de ocorrer um potencial de ação, ocorre um
potencial local.

7.2 Sinapses
As sinapses são zonas de conexão (sem contacto físico, com articulação funcional)
entre dois neurónios.
Existem 2 tipos de sinapses:
→ Sinapses elétricas (mecanismo de neurotransmissão elétrica) – são gap junctions
(junções comunicantes) em que as proteínas tubulares, designadas por
conexónios permitem a deslocação de correntes locais entre as células pela sua
proximidade. Um potencial de ação numa única célula gera uma corrente local
que provoca um potencial de ação numa célula adjacente.

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→ Sinapses químicas (mecanismo de neurotransmissão química) – transmissão de
informação através de um neurotransmissor (ligando), que se liga a um recetor
(proteína) na membrana pós-sináptica. O impulso é transmitido numa única
direção, podendo ser bloqueado. Comparativamente com as sinapses elétricas,
esta é muito mais lenta porque tem de haver libertação do neurotransmissor. A
maioria das sinapses do SNC são químicas.

7.2.1 Sinapse Química

Com a transmissão de um impulso, as extremidades axónicas da célula pré-sináptica


ficam dilatadas com vesículas/grânulos de secreção que se fundem com a membrana,
havendo a liberação dos neurotransmissores na fenda sináptica.

Os neurotransmissores mais frequentes são:

→ Acetilcolina
→ Noradrenalina
→ Dopamina

Os neurotransmissores ligam-se aos recetores da célula pós-sináptica, o que leva ao


início do potencial de ação e à transmissão do impulso nervoso:

→ Chegada do impulso nervoso ao terminal


→ Abertura de canais de cálcio voltagem dependente
→ Influxo de Ca para dentro da célula pré-sináptica (2º mensageiro)
→ Exocitose dos neurotransmissores
→ Interação dos neurotransmissores com os recetores pós-sinápticos, causando
abertura de canais iónicos dos neurotransmissores dependentes
→ Os neurotransmissores são degradados por enzimas na fenda sináptica

7.2.2 Sinapse Elétrica vs. Sinapse Química

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8. Sentidos Especiais

Os sentidos especiais definem-se como os sentidos que têm recetores altamente


localizados e que proporcionam informação específica sobre o ambiente.

Os sentidos especiais são:

 Olfato
 Paladar
 Visão
 Audição
 Equilíbrio

8.1 Olfato
É o sentido do cheiro e ocorre em resposta a odores que estimulam os recetores
sensoriais localizados na região mais superior da cavidade nasal designada por recesso
olfativo.

A maior parte da cavidade nasal está envolvida na respiração, sendo apenas uma
pequena parte superior dedicada ao olfato, pois para sentirmos o cheiro temos que ter
um circuito neuronal que leve a informação desde o epitélio até ao cérebro. Esse
epitélio especializado nasal do recesso olfativo chama-se epitélio olfativo.

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Os axónios das células olfativas vão passar pela lâmina crivada do etmóide.

No epitélio olfativo vamos ter as células olfativas que vão estar suportadas por células
de sustentação e células basais.

As células olfativas são constituídas pelo seu próprio núcleo, pelos seus “pelinhos” e pelos
seus axónio que vão transmitir a informação.

8.1.1 Epitélio e Bulbo Olfativo

No epitélio e no bulbo olfativo existem cerca de 10 milhões de neurónios olfativos, cujas


terminações nervosas estão expostas.

Os axónios projetam-se através de pequenos buracos da lâmina crivada para os bulbos


olfativos. A partir do bulbo olfativo vai ocorrer uma sinapse entre o 1º neurónio e os
neurónios olfativos de 2ª ordem, que juntos formam as vias olfativas. Estas vias projetam-
se dos bulbos para o córtex cerebral.

As dendrites dos neurónios olfativos vão estender-se para a superfície epitelial da


cavidade nasal e as suas terminações são transformadas em expansões bulbosas que
se designam vesículas olfativas que contém cílios (pelos olfativos). Os pelos olfativos
estão dispostos numa fina camada mucosa na superfície epitelial. É aqui que as
moléculas que se encontram no ar se vão associar aos pelos e levar a uma descarga
que faz com que haja transmissão da informação.

Para que consigamos sentir o cheiro de algo, têm que existir moléculas
odorantes/moléculas com odor que se vão ligar a moléculas odorantes
transmembranares/quimiorrecetores nos pelos olfativos ou membranas pilosas olfativas.

Inicialmente, a membrana celular de um pelo olfativo não foi estimulada, pelo que o
seu canal iónico se encontra encerrado. O odorante vai ligar-se a esse recetor
específico e uma proteína G vai ser ativada. A subunidade alfa da proteína G vai ligar-
se ao adenilato ciclase e vai ativá-la. Isto vai levar à catalisação de ATP em AMP e o
cAMP (AMP cíclico) vai levar à abertura dos canais iónicos (sódio e cálcio) que leva à
despolarização do neurónio e logo à sua transmissão, começando assim a ser enviado
o sinal elétrico.

O sinal elétrico primeiro vai pelas células do recetor olfativas ativadas, vão ser
transmitidos estes sinais aos neurónios no glomérulo, sendo posteriormente transmitidos
para as regiões mais altas do cérebro.

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8.1.2 Vias neuronais do olfato

Os neurónios olfativos (I nervo craniano) encontram-se no bulbo olfativo onde vão fazer
sinapse com as células mitrais ou tufadas.

Os axónios dos neurónios do bulbo olfativo projetam-se


pelas vias olfativas para o córtex olfativo.

O córtex olfativo, que se encontra no rego de Sylvius, tem


3 áreas:

 Área Olfativa Externa – envolvida na perceção


consciente do cheiro
 Área Olfativa Interna – envolvida nas respostas
viscerais e emocionais aos odores
 Área Olfativa Média – recebe informação das
áreas olfativas externa e interna

É a única das grandes sensações que é diretamente


transmitida ao córtex cerebral, sem ir primeiro ao tálamo.

8.2 Paladar
As estruturas sensoriais que detetam os estímulos gustativos ou do paladar são os gomos
ou botões gustativos. A maioria dos botões estão associadas a zonas especializadas da
língua que chamamos papilas. Contudo, os botões gustativos localizam-se também
noutras áreas, também estão no palato ou mesmo nos lábios e na garganta.

Existem vários tipos de papilas consoante a sua forma:

 Papilas caliciformes ou circunvaladas


o São rodeadas por um suco ou uma vala
o São as maiores, mas são menos numerosas
o Estão em maior quantidade no “V” lingual,
na parte posterior da língua
 Papilas fungiformes
o Têm forma de um cogumelo
o Estão dispersas irregularmente por toda a
superfície dorsal da língua
o Surgem como pequenas “manchas
vermelhas” dispersas entre as papilas
filiformes
 Papilas foliadas
o Têm forma de folha
o Estão na parte lateral da língua
 Papilas filiformes
o Têm forma de um filamento
o São mais numerosas à superfície da língua
o Dão à língua uma forma rugosa,
facilitando a movimentação dos alimentos

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8.2.1 Funcionamento do paladar

Ação dos principais gustantes.

Existem 5 sabores primários – salgado, ácido, doce,


amargo e umami (glutamato).

O sabor umami é também reconhecido e que ativa


as células recetoras a levarem a informação que é
um sabor diferente.

Diferentes localizações da língua sentem mais uns


sabores que outros, uma vez que têm maior
quantidade de recetores que vão ser ativados com
esse sabor.

Para o sabor doce existem mais recetores no ápex da


língua. Para o salgado e azedo os recetores
encontram-se na parte lateral. Para o amargo os
recetores estão na parte posterior da língua. E para
o umami os recetores estão no centro desta (ver
figura).

O botão gustativo é constituído por várias células


recetoras e as várias células de suporte vão ser as
células de suporte e o tecido gustativo que o
mantém.

Como acontecia no olfato, existem também pelos


expostos e que permitem receber as moléculas que
vão ativar quando se agregam às mesmas.

No estímulo amargo, os gustantes amargos (exemplo – quinina) ligam-se a recetores que


levam à despolarização da célula por um mecanismo de proteína G. A subunidade alfa
da proteína G ativa a fosfolipase C que converte o fosfoinositol (PIP2) em inositol
trifosfato (IP3). O IP3 provoca libertação de cálcio do armazenamento intracelular que
leva à despolarização da célula.

No estímulo umami, os aminoácidos, como o glutamato, ligam-se a recetores. Esta


ligação leva à despolarização de um mecanismo da proteína G. A subunidade alfa da
proteína G ativa, neste caso, a adenilato ciclase (AC) e é esta que vai catalisar a
conversão do ATP em cAMP. O cAMP vai abrir os canais de cálcio, fazendo com que
haja um influxo do mesmo, provocando a despolarização da célula.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 437 | P á g i n a


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No estímulo doce, os açúcares, como a glicose ou adoçantes artificiais, vão ligar-se a
recetores e vão levar à despolarização da célula por um mecanismo da proteína G. A
subunidade alfa da proteína G ativa a adenilato ciclase, levando à produção de cAMP,
por conversão do ATP. A cAMP ativa a quinase, que vai fosforilar os canais de potássio.
Estes canais encerram e despolarizam a célula.

No estímulo salgado, atua o sal (NaCl). O sódio (Na +) difundem-se através dos canais
de sódio, levando à despolarização da célula. Este mecanismo é de via direta, uma vez
que o sódio entra diretamente na célula por difusão através dos seus canais.

No estímulo ácido, o ião associado é o hidrogénio. Estes iões de hidrogénio podem


despolarizar a célula por três mecanismos:

1. Ligam-se a canais de potássio com portão, levando ao seu encerramento e


impedindo a sua entrada na célula. Como impedem a entrada de potássio
despolarizam a célula.
2. Via direta – Os iões de hidrogénio entram diretamente através dos canais de
hidrogénio e levam à despolarização da célula
3. Podem abrir-se os canais com portão ligando-se com outros iões positivos, ou
seja, podem existir outros iões positivos que se ligam a canais com portão e que
levam à entrada ou encerramento de outros canais conduzindo à
despolarização da célula.

CURIOSIDADE:

Temos maior sensibilidade para substâncias amargas e a sensibilidade ao doce e


salgado é mais baixa.

Fortemente influenciadas por sensações olfativas

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8.2.2 Vias neuronais para o paladar

A informação é levada de diferentes partes da língua até ao cérebro através de


diferentes pares cranianos.

→ Se a sensação vier dos 2/3 anteriores da língua, à exceção das papilas


circunvaladas, esta informação é transportada pelo ramo do VII nervo craniano.
O V par craniano transporta sensações tácteis.
→ Se a sensação vier do 1/3 posterior da língua é o IX nervo craniano que vai
transportar a informação.

Na faringe superior todas as sensações do paladar são transportadas pelo IX nervo


craniano. E na epiglote pelo X nervo craniano.

Os axónios dos neurónios sensoriais fazem sinapse com os recetores gustativos onde
passam os nervos VII, IX e X e pelo gânglio de cada nervo. Os axónios vão entrar no
tronco cerebral e vão fazer sinapse no núcleo do feixe solitário. Os axónios do núcleo
do feixe solitário vão fazer sinapse no tálamo. Os axónios do tálamo vão terminar na
área gustativa do córtex.

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8.3 Sistema Visual
O sistema visual inclui os olhos, estruturas acessórias, nervos, feixes e vias óticas.

É onde recebemos a maior parte da informação sobre o mundo que nos rodeia é
detetada pelo sistema visual e inclui também dados sobre o claro e o escuro e as cores.

8.3.1 Estruturas acessórias do olho

Os olhos respondem à luz, iniciam potenciais de ação aferentes que depois são
transmitidos dos olhos para o encéfalo pelos nervos e vias óticas.

As estruturas acessórias são as sobrancelhas,


as pálpebras, as conjuntivas, o aparelho
lacrimal e músculos extrínsecos do olho.

As sobrancelhas protegem os olhos, evitando


que o suor escorra da testa para o interior e
ainda lhes faz sombra, impedindo que este
seja agredido por entrada direta da luz.

As pálpebras e as pestanas protegem os olhos de objetos estranhos. O espaço entre a


pálpebra superior e a pálpebra inferior chama-se fenda palpebral. Os ângulos onde as
pálpebras se juntam, nas margens interna e externa do olho, chamam-se cantos interno
e externo, respetivamente. O canto interno contém uma pequena elevação cor-de-
rosa que se chama carúncula lacrimal. As pálpebras são constituídas por várias
camadas de tecido.

O aparelho lacrimal é composto por uma


glândula lacrimal, situada no canto supero-
externo da orbita, e por um canal lacrimo nasal
que começa na região ínfero-interna da órbita.

A glândula lacrimal é inervada por fibras do nervo


facial parassimpático e produz lágrimas através
de vários ductos que depois saem pela superfície
anterior do globo ocular. As lágrimas são
constantemente produzidas ao longo do dia e
servem para humedecer a superfície do olho,
humidificar as pálpebras e tirar objetos estranhos.

A maior parte do líquido produzido pelas glândulas lacrimais evapora da superfície do


olho. No entanto, há um certo excesso que é recolhido pelos canais lacrimais
(canalículo superior e inferior) no canto interno do olho. O canal lacrimal abre no saco
lacrimal que por sua vez se prolonga para o canal lacrimo-nasal. Este último canal abre-
se no meato inferior da cavidade nasal por baixo do
corneto inferior – razão pela qual quando choramos
temos tendência a escorrer “água” pelo nariz.

O olho é comandado por 6 músculos extrínsecos. 4


destes músculos dispõem-se numa direção ântero-
posterior – reto superior, inferior, interno e externo. Os
outros 2 são: o oblíquo inferior e superior que formam
um ângulo com o globo ocular.

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8.3.2 Anatomia do olho

O olho é composto por 3 camadas ou túnicas.

→ Camada externa ou túnica fibrosa que é constituída pela esclerótica e córnea


→ Camada média ou túnica coroideia, constituída pelo corpo ciliar e íris
→ Camada interna ou túnica nervosa ou também denominada de retina

❖ Túnica fibrosa

É composta pela esclerótica e pela córnea.

Esclerótica

É a camada externa, firme, opaca e branca dos 5 seios posteriores do olho.

É composta por tecido conjuntivo de colagénio, ajuda a manter a forma do olho e


protege as suas estruturas internas. Continua-se pela córnea.

Córnea

É uma estrutura que não tem qualquer tipo de vascularização, é transparente e é o que
permite a entrada de luz no olho. A luz ao passar pela córnea refrata-se (muda de
direção).

❖ Retina:

É a parte mais interior das túnicas do olho e consiste na retina pigmentada e na retina
sensorial.

A retina pigmentada é mais externa e é um epitélio pigmentado cubóide simples.

A retina sensorial é a mais interna e responde à luz. Esta contém 120 milhões de células
fotorrecetoras (bastonetes), 6 a 7 milhões de cones e ainda numerosos neurónios de
ligação.

A retina cobre a superfície interior do olho, por trás do corpo ciliar.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 441 | P á g i n a


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Na imagem ao lado temos um fundo de olho em que existem
diversas estruturas. Perto do centro da retina posterior existe uma
mancha amarela que se chama mácula lútea. No centro desta
está uma pequena depressão (fóvea central) que normalmente é
o ponto onde a luz é focada. A fóvea é a porção da retina com
maior acuidade visual, com a capacidade de ver imagens finas.
Um pouco mais dentro da mácula lútea está uma mancha
branca (papila ótica) através da qual a artéria retinal vai entrar
no olho e a veia retinal vai sair do olho.

Depois existe uma zona desprovida de células fotorrecetoras, não respondendo por isso
à luz, chama-se plano cego do olho.

Retina Pigmentar:

A retina pigmentar ou epitélio pigmentar consiste numa camada única de células.

Esta camada está preenchida com o pigmento melanina e, em conjunto com o


pigmento da coroideia, proporciona uma matriz negra que reforça a acuidade visual,
isolando os fotorreceptores individuais e reduzindo a dispersão da luz.

No entanto, a pigmentação não é estritamente indispensável à visão. Por exemplo, em


pessoas com albinismo que não têm pigmentação são capazes de ver também,
embora tenham uma acuidade visual mais reduzida, pois há maior dispersão da luz.

Retina Sensorial:

A retina sensorial contém 3 camadas de neurónios:

 Fotorreceptores
 Bipolares
 Ganglionares

Os corpos celulares destes neurónios formam camadas nucleares separadas por


camadas plexiformes, em que os neurónios de camadas adjacentes fazem sinapse uns
com os outros.

A camada plexiforme externa está entre as camadas fotorrecetoras e bipolares.

A camada plexiforme interna está entre as camadas bipolares e ganglionares.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 442 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Bastonetes

Os bastonetes são células fotorrecetoras bipolares e estão envolvidos na visão não


cromática. Estes são responsáveis pela visão em condições de luz reduzida.

A parte modificada dendrítica e sensível à luz dos bastonetes é cilíndrica sem afunilar
na base como acontece nos cones. A parte cilíndrica e fotorrecetora dos bastonetes
tem cerca de 700 discos membranosos com duas camadas. São estes discos que
contêm a rodopsina.

A rodopsina é um pigmento púrpura, que consiste na proteína opsina unida por uma
ligação covalente a um pigmento amarelo fotossensível chamado retinal, que deriva
da vitamina A. Este pigmento tem como função absorver a luz, iniciando uma
sequência de ações que levam à hiperpolarização dos bastonetes e,
consequentemente, à transmissão da informação.

A rodopsina absorve luz levando uma proteína G (transducina) a produzir GDP a partir
do GTP. Uma vez excitada, a rodopsina ativa cerca de 500 moléculas de transducina.
Assim, uma vez ativada a transducina, uma das suas subunidades conduz à ativação
da PDE. A PDE hidrolisa o cGMP até 5’-GMP, provocando o fechamento dos canais de
sódio. A PDE hidrolisa até 4 000 moléculas de cGMP. Assim um simples fotão de luz pode
resultar no fechamento de milhares de canais de sódio.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 443 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Cones

Os cones intervêm na visão cromática e na


acuidade visual. A cor é uma função do
comprimento de onda da luz e por cada cor pode
ser atribuído um determinado comprimento de
onda.

Os bastonetes não são muito sensíveis à luz e não


são capazes de detetar informação da cor. Por
isso, a informação da cor é transmitida através dos
cones que necessitam de luz brilhante para o seu
funcionamento. Consequentemente, à medida
que ele diminui a luz, diminui também a cor.

Os cones são células fotorrecetoras e bipolares,


que ao contrário do que acontecia nos bastonetes
têm uma parte cónica sensível à luz, afunilando
ligeiramente até à base. Existem também diversos
discos, mas ao contrário do que acontecia nos
bastonetes, em que havia a rodopsina, nos cones
existe a iodopsina (molécula fotorrecetora).

A iodopsina consiste em retinal combinado com uma proteína fotopigmentar opsina. A


opsina sensível à luz vai ser da cor azul, vermelho e verde.

Os cones são muito numerosos na fóvea e mácula lútea e são poucos no resto da retina.
Enquanto os bastonetes são mais numerosos na parte da retina e não existe nenhum na
fóvea.

Diferenças entre bastonetes e cones:

Bastonetes Cones

Forma Cilíndricos Cónicos

Molécula fotorrecetora Rodopsina Iodopsina

Visão não cromática e Visão cromática e


Função
com pouca luz acuidade visual

Numerosos na fóvea e
Na retina, não existe
Localização macula lútea e poucos no
nenhum na fóvea
resto da retina.

Temos o campo visual do lado esquerdo e do lado direito. Este campo pode ser dividido
em duas partes – temporal, do lado do osso temporal, e nasal, do lado do osso nasal.

O que nós vemos da parte temporal esquerda vem da reflexão do lado da retina nasal.
Se houver uma lesão na retina nasal do olho esquerdo nós não vemos o campo visual
temporal esquerdo.

Depois de atravessar o cristalino, a luz de cada parte do campo visual projeta-se ao


lado oposto – a parte do campo visual nasal vai para a retina temporal e vice-versa.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 444 | P á g i n a


CLE 2019-2023
A retina nasal e a retina temporal juntam-se no nervo ótico – que são axónios que vão
desde a retina até ao quiasma ótico. No quiasma ótico existe um cruzamento

Explicação da imagem segundo a prof:

O campo visual nasal bate na retina


temporal. O campo visual temporal bate
na retina nasal. A retina temporal desce
pelo nervo ótico e depois pelo quiasma
ótico indo para o mesmo lado, onde
forma parte da via ótica. O mesmo
acontece com a retina temporal do outro
olho. A retina nasal, por outro lado, vai
pelo nervo ótico e, no quiasma, ela cruza
para o outro lado. Na via ótica, o que nos
temos é a informação da luz do campo
visual nasal e campo temporal direito.

Se houver uma lesão do nervo ótico


direito, deixamos de ver desse olho.

Se houver uma lesão da fita ótica


esquerda deixamos de ver o campo nasal
esquerdo e campo temporal do olho
direto – hemianopsia nasal do olho
esquerdo e hemianopsia temporal do
olho direito.

Uma lesão parcial das radiações óticas


dá sempre quadrantópsia.

Se houver uma lesão total das radiações dá também quadrantópsia.

Se houver uma lesão da parte interior do quiasma ótico vamos ter uma hemianopsia
temporal direita e temporal esquerda.

Se tivermos uma lesão total do quiasma ótico a pessoa fica com uma cegueira total dos
dois olhos.

NOTA:

Hemianópsia – Perda de metade do campo visual

Quadrantópsia – Perda de um quadrante do campo visual

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 445 | P á g i n a


CLE 2019-2023
8.4 Audição e equilíbrio
Podem dividir-se em 3 partes:

 Ouvido externo
 Ouvido médio
 Ouvido interno

O ouvido externo e médio estão


envolvidos apenas na audição. O
ouvido interno está envolvido na
audição e no equilíbrio.

8.4.1 Ouvido externo

Inclui o pavilhão auricular, o canal auditivo externo/conduto auditivo e termina na


membrana do tímpano.

Os ossículos não fazem parte do ouvido externo, mas sim do ouvido médio!

8.4.2 Ouvido médio

É um espaço preenchido por ar no rochedo temporal e que contém os ossículos –


martelo, bigorna, e estribo.

❖ Propagação do som:

As ondas sonoras entram pelo canal auditivo externo e no pavilhão auricular são
amplificadas de modo a coletar mais sons. Vai haver movimento da membrana do
tímpano que por sua vez vai fazer mexer o martelo que vai transmitir a informação à
bigorna que vai levar a informação ao estribo. Do estribo a informação vai para a
cóclea e para o nervo auditivo que levam o sinal sonoro até ao cérebro.

A trompa de Eustáquio abre-se no ouvido médio.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 446 | P á g i n a


CLE 2019-2023
8.4.3 Ouvido interno

O ouvido interno contém os órgãos sensoriais


da audição e do equilíbrio e consiste em
canais e câmaras comunicantes cheias de
líquido no rochedo do osso temporal.

Os canais e as câmaras no seu interior são


chamados de labirinto ósseo, que é
constituído por túneis no interior do osso e
consoante haja movimentação o líquido
(perilinfa) dentro dessas cavidades também se
movimenta. Estas cavidades são precedidas
pelas membranas que as forram e constituem
o labirinto membranoso, também este cheio
de líquido – a endolinfa. Os movimentos da
endolinfa são interpretados pelas células
ciliadas, que por sua vez transmitem as
informações ao nervo auditivo.

O ouvido interno, que contém 3 pequenas


estruturas cheias de fluido, chamadas canais
semicirculares (canais), está localizado no
interior da cabeça. Cada canal tem um
inchaço na extremidade, chamado ampola,
dentro do qual se encontram pequenos recetores de "equilíbrio" chamados cristas.

❖ Vias neuronais para o equilíbrio:

Fisiologia Vestibular:

As células pilosas vestibulares têm uma orientação


preferida para deflexão. Uma deflexão de estereocílios
de células pilosas da direção do mais curto para o mais
cinocílio despolariza a célula pilosa, aumentando a
liberação do seu transmissor sináptico – mais
provavelmente o glutamato.

A deflexão na direção oposta hiperpolariza a célula


pilosa, reduzindo a liberação do seu transmissor
sináptico.

Ligações de extremidade entre os estereocílios unem-


se a canais de iões seletivos para o potássio ativados
mecanicamente da mesma forma que as células
pilosas cocleares.

Todas as células pilosas dentro de um canal semicircular têm a mesma orientação ao


longo do eixo longitudinal do ducto.

Quando o animal vira a cabeça em uma direção no plano de um dos ductos, o início
ou o término da rotação, ou uma alteração na frequência de rotação, excitam ou
inibem as células pilosas da crista conforme a direção do movimento de arrasto induzido
da cúpula e da sua orientação com respeito ao alinhamento dos estereocílios bem
como cinocílios.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 447 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Vias vestibulares centrais:

A informação das células pilosas vestibulares é levada através do gânglio vestibular,


cujos axônios unem o ramo auditivo do VIII nervo craniano.

As fibras projetam-se ipsolateralmente para quatro núcleos vestibulares dos quais se


originam:

→ O trato vestibuloespinhal – projeta-se para os neurônios motores do pescoço e


tronco;
→ O trato vestibuloespinhal lateral – projeta-se para os neurônios motores dos
membros;
→ O trato vestibulomesencefálico – projeta-se para os neurônios motores dos
músculos extraoculares;
→ As fibras vestibulocerebelares para os núcleos cerebelares.

Esses e outros alvos medeiam um grande número de reflexos posturais e oculares,


exercendo papéis importantes na locomoção e visão.

9. Exercícios

1. (Recurso 2018) Quanto às meninges (assinale a incorreta):


a. A pia-máter é uma lâmina espessa e transparente de tecido conjuntivo
b. A dura-máter é uma membrana fibrosa, grossa e resistente
c. A dura-máter está na continuidade do epinervo dos nervos raquidianos
d. Com exceção do nervo olfativo e do nervo ótico, todos os pares
cranianos têm relações idênticas com as meninges
e. Para lá do cone medular, a pia-máter forma o filum terminale

2. (Recurso 2018) Quanto à origem dos pares cranianos (assinale a correta):


a. O IV par tem origem aparente no diencéfalo
b. O V par tem origem aparente no mesencéfalo
c. O II par tem origem aparente no diencéfalo
d. O III par tem origem aparente na ponte
e. O IX par tem origem aparente no mesencéfalo

3. Quanto às vias espinhais descendentes, são vias indiretas (correta):


a. Rubro-espinhal
b. Tecto-espinhal
c. Vestibuloespinhal
d. Oculo-espinhal
e. Olivo-espinhal

4. (Recurso 2018) Relativamente ao cérebro (assinale a correta):


a. É constituído por formações cinzentas centrais e uma substância branca
abundante
b. O corte Fleshsig passa pela porção mediana do diencéfalo
c. O corte do Charcot passa pelo diencéfalo ao nível dos corpos mamilares
d. O corte de Fleshsig mostra as mais importantes estruturas
e. Todas as alíneas são verdadeiras

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 448 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5. Dados os componentes de um arco reflexo:
1 – Órgão efetor;
2 – Neurónio de associação;
3 – Neurónio motor;
4 – Neurónio sensorial;
5 – Recetor sensorial.

Escolha a ordem correta que seguem os potenciais de ação quando um recetor


sensorial é estimulado:

a. 5, 4, 3, 2, 1
b. 5, 4, 2, 3, 1
c. 5, 3, 4, 1, 2
d. 5, 2, 4, 3, 1
e. 5, 3, 2, 1, 4

6. Qual destes acontecimentos se verifica ao picar o pé? (assinale a correta):


a. O membro afasta-se rapidamente, pelo reflexo extensor
b. O membro contralateral estende-se pelo reflexo de retirada
c. O reflexo responsável é o reflexo dos órgãos tendinosos de Golgi
d. Os membros flexores contraem-se e os extensores relaxam
e. Os neurónios sensoriais fazem sinapse com os nervos de associação
excitatórios que fazem sinapse com o neurónios motores beta

7. Quanto às vias de sensibilidade propriocetiva, são vias conscientes (assinale a


correta):
a. Feixe cuneo-cerebelose
b. Feixe de Burdach
c. Via espinhoso-cerebelosa posterior
d. Via espinhoso-cerebelosa anterior
e. Alíneas c) e d)

8. (Recurso 2018) Quanto às áreas motoras do córtex cerebral (assinale a correta):


a. A circunvolução pré-central é também chamada de córtex motor
primário
b. A área pré-motora é localizada posteriormente ao córtex motor primário
c. O córtex motor primário é responsável pela motivação e regulação do
comportamento emocional
d. A apraxia resulta de uma lesão na área pré-frontal
e. Alíneas a) e c) verdadeiras

9. (Recurso 2018) São funções do Sistema Nervoso Simpático (assinale a correta):


a. Aumento da frequência cardíaca
b. Dilatação dos brônquios
c. Midríase
d. Alíneas a) e b) são verdadeiras
e. Alíneas a), b) e c) são verdadeiras

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 449 | P á g i n a


CLE 2019-2023
10. (Recurso 2018) Relativamente ao Sistema Nervoso Parassimpático (assinale a
correta):
a. Situa-se bilateralmente ao lado da coluna vertebral torácica e lombar
b. Tem neurónio pré-ganglionar curto
c. 25% das fibras são provenientes de nervo vago
d. O recetores ganglionares são colinérgicos nicotínicos
e. Os recetores nos órgãos alvo são adrenérgicos

11. (Recurso 2018) Relativamente ao olfato, assinale a incorreta:


a. O córtex olfativo localiza-se no rego de Sylvius
b. O córtex externo tem função na modulação da informação sensorial
c. O córtex interno tem função de reação visceral a odores
d. O córtex médio não tem função na perceção consciente do cheiro
e. É a única das grandes sensações que é diretamente transmitida ao
córtex cerebral

12. (Recurso 2018) Uma lesão que destrói a fita ótica direita, resulte em (assinale a
correta):
a. Quadrantópsia
b. Cegueira total
c. Hemianópsia homónima esquerda
d. Hemianópsia nasal do olho direito
e. Hemianópsia heterónima bitemporal

13. (Recurso 2018) Relativamente às vias neuronais para o equilíbrio (assinale a


correta):
a. A via vestíbulo espinhal lateral projeta-se para os neurónios motores do
tronco
b. A via vestíbulo espinhal projeta-se para os neurónios motores do pescoço
c. As fibras vestíbulo mesencefálicas projetam-se para os neurónios motores
dos músculos intraoculares
d. As fibras vestíbulo cerebelares projetam-se para os núcleos cerebelares
e. Alíneas b) e d) estão corretas

14. São funções do Sistema Nervoso Parassimpático (assinale a correta):


a. Vasoconstrição
b. Miose
c. Contração do esfíncter da uretra
d. Diminuição do peristaltismo
e. Vasodilatação das artérias coronárias

15. Quanto às vias neuronais do paladar (assinale a incorreta):


a. A faringe superior é inervada pelo nervo glossofaríngeo
b. A epiglote é inervada pelo nervo glossofaríngeo
c. O ramo corda de tímpano pertence ao nervo facial
d. O 1/3 posterior da língua é inervado pelo nervo glossofaríngeo
e. Os 2/3 anteriores da língua são inervados pelo nervo facial

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 450 | P á g i n a


CLE 2019-2023
16. Quanto à medula espinal (assinale a correta):
a. A medula espinal tem um diâmetro uniforme em todo o seu comprimento
b. A dilatação cervical corresponde ao local onde os nervos que servem os
membros inferiores saem ou entram
c. A substância branca está organizada em cordões
d. O canal central está no centro da comissura branca
e. Cada raiz ventral, tem um gânglio designado gânglio raquidiano

17. Relativamente às funções do tálamo (assinale a incorreta):


a. Ativação do córtex
b. Sensibilidade
c. Passagem obrigatória para toda a informação encaminhada ao córtex
cerebral
d. Conexões com o sistema límbico
e. Motricidade

18. Quanto ao Sistema Nervoso Autónomo (assinale a correta):


a. Tem uma sinapse única
b. As fibras pré-ganglionares são mielinizadas
c. As fibras pós-ganglionares são sempre curtas
d. Todas as anteriores são verdadeiras
e. Alíneas a) e b)

19. Quanto às etapas e potencial de ação:


1 – Repolarização;
2 – Despolarização;
3 – Polarização;
4 – Hiperpolarização.
Coloque pela ordem correta:
a. 4, 2, 3, 1
b. 3, 4, 1, 2
c. 3, 2, 1, 4
d. 3, 1, 2, 4
e. 2, 3, 1, 4

20. Define-se como repolarização (assinale a correta):


a. Diminuição da permeabilidade da membrana ao ião K +
b. Influxo de Na+ para dentro da célula
c. Diminuição da permeabilidade da membrana ao ião Na +
d. Abertura dos canais Na+
e. Permanecia da abertura dos canais de K+ voltagem dependentes

21. Quanto à estrutura e funcionamento da retina (assinale a correta):


a. A retina sensorial é uma camada fina de células
b. A retina pigmentar está preenchida com melanina
c. Os bastonetes estão envolvidos na visão cromática
d. Os cones contêm rodopsina
e. Os bastonetes intervêm na acuidade visual

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 451 | P á g i n a


CLE 2019-2023
22. Quanto à via reticulo-espinal (assinale a correta):
a. Tem função de equilíbrio
b. Tem origem na formação reticular
c. Termina no corno anterior da medula espinal
d. Algumas fibras não cruzam
e. Algumas fibras cruzam ao nível da terminação

23. No funcionamento da retina:


1 – A transducina produz GDP;
2 – Encerramento dos canais de sódio;
3 – Ativação da fosfodiesterase;
4 – A rodopsina absorve luz
Coloque por ordem cronológica os eventos supradescritos
a. 1, 2, 3, 4
b. 4, 3, 1, 2
c. 4, 1, 2, 3
d. 4, 1, 3, 2
e. 1, 4, 3, 2

24. Quanto à dor:


a. As fibras C têm uma condução rápida
b. As fibras A-Delta têm uma condução lenta
c. As fibras A-Beta são responsáveis pelas sensações inócuas
d. As anteriores estão todas corretas
e. As respostas 1 e 2 estão corretas

25. Quanto à dor irradiada


a. Não é útil clinicamente
b. A sensação dolorosa numa região do corpo é a origem do estímulo
c. Resulta da perda de impulsos nervosos
d. É mais frequente para a pele
e. Todas as respostas anteriores são falsas

26. Faz parte do ouvido interno:


a. Martelo
b. Estribo
c. Janela oval
d. Todas as anteriores
e. Resposta a) e b)

27. No paladar, o estímulo amargo, está associado a:


a. Canal de potássio
b. Canal de hidrogénio
c. Recetor associados à proteína G
d. Canal de sódio
e. Canal iónico

28. O diencéfalo não é constituído por:


a. Tálamo
b. Subtálamo
c. Núcleos da base
d. Epitálamo
e. Hipotálamo

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 452 | P á g i n a


CLE 2019-2023
29. Quanto às vias neuronais do paladar, a faringe superior é enervada por:
a. Nervo facial
b. Nervo pneumogástrico
c. Nervo glossofaríngeo
d. Nervo espinhal
e. Nervo troclear

30. São células gliais:


a. Dendritos
b. Oligodendrócitos
c. Células de Schawnn
d. Todas as respostas anteriores são verdadeiras
e. Respostas b) e c) são verdadeira

31. Não faz parte do tronco cefálico


a. Ponte
b. Bulbo
c. Diencéfalo
d. Mesencéfalo
e. Nenhuma das anteriores

32. (Frequência 2019) Quanto à organização funcional dos nervos cranianos, qual
tem função motora, sensorial e parassimpática? (assinale a correta)
a. XI
b. IV
c. III
d. X
e. Alíneas b) e d)

33. (Frequência 2019) Relativamente ao olfato (incorreta):


a. O epitélio olfativo é composto por células especializadas
b. As vesículas olfativas são dilatações bulbosas dos axónios dos neurónios
olfativos
c. Nos bulbos olfativos, os axónios dos neurónios olfativos projetam-se para
estas estruturas
d. Os pelos olfativos têm quimiorrecetores que se ligam a odorantes
e. As células basais substituem os neurónios do epitélio olfativo perdido

34. (Frequência 2019) Faz parte do ouvido médio (correta):


a. Pavilhão auricular
b. Estribo
c. Cóclea
d. Janela redonda
e. Canais semicirculares

35. (Frequência 2019) Não faz parte do tronco cerebral (correta):


a. Protuberância
b. Bulbo
c. Diencéfalo
d. Mesencéfalo
e. Alíneas c) e d)

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 453 | P á g i n a


CLE 2019-2023
36. (Frequência 2019) Quanto à medula espinhal (correta):
a. A medula espinhal tem um diâmetro uniforme em todo o seu
comprimento
b. O cone terminal está situado ao nível da L2
c. A dilatação cervical corresponde ao local onde os nervos que servem os
membros inferiores saem ou entram
d. Aquando do nascimento, o cone terminal está situado ao nível do cóccix
e. Cada raiz ventral tem um gânglio, designado por gânglio raquidiano

37. (Frequência 2019) São sinais/sintomas de lesão do cérebro (incorreta):


a. Hipertonia
b. Falta de coordenação dos movimentos voluntários
c. Incapacidade de articular palavras
d. Nistagmo
e. Alterações posturais

dúvida verifiquem com a matéria


Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de

32D; 33B; 34B; 35C; 36B; 37A


q são todas V); 18E; 19C; 20C?; 21B; 22B; 23D; 24C; 25D; 26C; 27C; 28C; 29C; 30B; 31B;
1A; 2B; 3D; 4E; 5B; 6B; 7B; 8A; 9E; 10D; 11B; 12C; 13E; 14B; 15B; 16C; 17C (mas achamos

Possíveis respostas:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 454 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Módulo XIV – Anatomia do Desenvolvimento

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 455 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Anatomia e Fisiologia Fetal e Neonatal

1.1 Fecundação

Para falarmos da anatomia e fisiologia fetal temos de falar antes de haver pessoa.

1.1.1 Gametas masculinos

Os gametas masculinos são os espermatozoides que são compostos pelas seguintes


estruturas:

 Cabeça – contém o citoplasma da


célula, o núcleo e o DNA
 Peça intermédia – contem numerosas
mitocôndrias que produzem energia
que permitem o movimento
 Cauda – em forma de flagelo que
permite os movimentos

À medida que o homem envelhece, os espermatozoides vão sendo de pior


qualidade e vão perdendo a mobilidade, podendo ter movimentos anómalos.

Os espermatozoides têm 3 meses de feitura, ou seja, ficam maturados e são


ejaculados 3 meses depois. É por isso, que em certos casos de infertilidade, se dá
suplementos alimentares, que melhoram a qualidade dos espermatozoides com
duração de 3 meses.

NOTA:

Infertilidade é “ausência de gravidez após dois anos de relações sexuais regulares


e sem uso de contraceção”.

1.1.2 Gametas femininos

Os gametas femininos são os oócitos que têm diversas zonas celulares, sendo que
ficam maduros logo em feto. Por isso mesmo, existe a menopausa uma vez que a
mulher já não tem oócitos para expelir.

Assim, a mulher tem um ciclo de vida reprodutivo, desde a menarca (primeira


menstruação) à menopausa (última menstruação).

O oócito, encontra-se envolto na zona pelúcida, formada por uma rede de filamentos
glicoproteicos. Externamente à zona pelúcida, há a corona radiada formada por
células foliculares.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 456 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.1.3 Fases da fecundação

Para ocorrer fecundação é preciso um gameta feminino


e um gameta masculino. A fecundação é o processo
pelo qual o espermatozoide se liga a um oócito
secundário e o conteúdo da sua cabeça é penetrado
no citoplasma do oócito. Une-se ao pronúcleo e, desta
forma, forma um novo núcleo.

Os espermatozoides ligam-se à coroa radiada do oócito


secundário e apenas um entra em contacto com a zona
pelúcida e liga-se aos recetores ZP3 desta zona, e as
enzimas do acrossoma são digeridas. A cabeça do
espermatozoide entra na zona pelúcida e forma um
espaço perivitelino que impede a entrada de mais
espermatozoides.

Em resposta à penetração do conteúdo da cabeça do espermatozoide no oócito, o


núcleo desloca-se para um dos lados em que ocorre a segunda divisão meiótica. Assim,
origina-se um segundo corpo polar e começa as meioses. Passado 5 dias forma-se a
mórula (grupo de células agregadas). Esta continua a dividir-se e ao 5º ou 6º dia,
quando chega ao útero, passa a ter o nome de blastocisto. Depois este fixa-se no
endométrio num processo chamado nidação.

NOTA:

Os ciclos menstruais, normalmente duram 28 dias, sendo que a ovulação ocorre no


14º dia. No entanto, se o ciclo menstrual durar 40 dias (por exemplo) a ovulação
ocorre ao 26º dia. Isto porque a ovulação ocorre 14 dias antes da menstruação,
assim no ciclo de 40 dias, a ovulação ocorre ao 26º dia (40 – 14).

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 457 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Nidação

Com a formação da placenta nas primeiras semanas, cria-se o elo de comunicação


entre a mãe e filho.

1.2 Desenvolvimento embrionário


O zigoto é portador do material genético fornecido pelo
espermatozoide e pelo óvulo. Uma vez formado o zigoto,
este irá dividir-se muitas vezes por mitose até originar um
novo indivíduo.

Assim, todas as células que formam o corpo de um indivíduo


possuem o mesmo património genético que existia no
zigoto.

CURIOSIDADE:

Uma célula diferenciada nunca se pode diferenciar em outra, mas uma célula
indiferenciada pode formar uma qualquer célula específica.

1.3 Anexos embrionários


São estruturas de apoio/suporte que derivam dos folhetos germinativos do embrião, mas
que não fazem parte do seu corpo. Assim, existem:

 Vesicula vitelina ou saco vitelino


 Âmnio ou bolsa amniótica
 Córion
 Alantoide

1.3.1 Vesicula vitelina ou saco vitelino

É mais importante nos ovíparos que não têm capacidade de filtrar as substâncias. A sua
importante função é a nutrição.

Diferenciando-se a mesoderme e o tubo neural,


parte dos folhetos germinativos desenvolvem-se
formando uma membrana que envolve toda a
gema, constituindo (membrana + gema) o saco
vitelínico – um anexo embrionário, que permanece
ligado ao intestino do embrião.

À medida que o feto se desenvolve, há o consumo


do saco vitelino e, consequentemente, este vai-se
reduzindo até desaparecer.

1.3.2 Âmnio

Fina membrana que envolve o feto e o líquido


amniótico. Faz parte do saco amniótico.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 458 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.3.3 Córion

É uma das duas membranas do saco amniótico que envolve o feto e a placenta. É a
membrana externa.

1.3.4 Alantoide

Participa na formação da placenta e do cordão umbilical.

NOTA – Ver:

https://www.youtube.com/results?search_query=cord%C3%A3o+umbilical+funcion
amento

Resumo do vídeo:

O cordão umbilical é uma estrutura que liga o feto à


placenta e é uma via de comunicação entre o feto
e a mãe. É constituído por 2 artérias e 1 veia. Possui
uma geleia de Wharton que mantêm os canais
juntos e impedem que entrem em colapso, uma vez
que faz com que o canais fiquem abertos, e o fluxo
sanguíneo seja constante. A veia é mais larga e com
parede mais fina e por isso mais frágil. As artérias são
mais estreitas e espessas. A veia umbilical leva o
sangue oxigenado e os nutrientes da placenta para
o bebé, já as artérias fazem o processo contrário
(trazem excretos e sangue empobrecido em
oxigénio).

Ao cortar o cordão umbilical no nascimento, a falta de oxigénio faz com que as artérias,
que são responsáveis pela circulação do lado direito do coração (para os pulmões),
abram. Essa abertura faz com o líquido que estava nos alvéolos pulmonares seja
absorvido e permite uma abertura da via aérea entre a boca do bebé e os pulmões,
por onde se realiza a oxigenação do sangue.

No final da gravidez, o cordão umbilical tem cerca de 50cm de comprimento e 2cm de


diâmetro. Sendo que, em muitos casos, o cordão umbilical tem apenas uma artéria,
devido à degeneração da outra. Isto acontece em 1 a cada 200 bebés e cerca de 20%
dos bebés com esse problema são mais propícios a ter doenças cardíacas ou outros
problemas vasculares.

Outro problema com o cordão umbilical é que se este ficar enrolado no pescoço do
bebé, o que no parto traz muitos problemas devido à diminuição da frequência
cardíaca (uma vez que o fluxo sanguíneo reduz), o que pode levar à sua morte.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 459 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.4 Embrião

1.4.1 Terceira semana

Na terceira semana de desenvolvimento, inicia-se a formação do sistema nervoso


humano que surge como uma placa que se dobra, formando um tubo (tubo neural).

1.4.2 Quarta semana

Na quarta semana, o feto apresenta cabeça volumosa e os membros ainda não estão
formados apesar de ter coração.

1.4.3 Oitava semana

Deixa de ser um embrião e passa a ser um feto. Começa o período fetal.

CURIOSIDADE:

Só se sabe que a mulher está gravida duas semanas de gestação. Dessa forma,
por isso é que se diz que se o bebé nascer às 36 semanas é prematura (apesar de
ser 9 meses certos). Assim, o ideal é nascer às 38 semanas.

1.5 Período fetal

O embrião tornou-se um ser humano reconhecível, que se passa a chamar feto. Estão
formados todos os sistemas importantes.

O período fetal está basicamente envolvido no rápido crescimento do corpo e pela


diferenciação dos tecidos, órgãos e sistemas.

Têm-se períodos de crescimento normal contínuo que se alternam com intervalos


prolongados de ausência de crescimento.

Durante as últimas semanas, a velocidade de crescimento do corpo é muito rápida e o


ganho de peso do feto é extraordinário.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 460 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.5.1 Características externas do feto

Estão recomendadas 3 ecografias:


→ 12 semanas – rastreio de anomalias cromossómicas (trissomia) a partir de duas
características:
o Medição dos ossos próprios do nariz
o Translucência da nuca
o Nesta ecografia, se efetivamente o feto tiver anomalias cromossómicas,
os pais podem decidir abortar.
→ 22 semanas – ecografia morfológica em que se observa todos os órgãos do feto,
o número de dedos, os comprimentos. O feto aí entra para um percentil
→ 32 semanas – ecografia antropométrica, para perceber se o feto mantém o
percentil e a movimentação

Assim, nestas ecografias observa-se sempre 4 características externas do feto:


 Circunferência da cabeça
 Circunferência abdominal
 Comprimento do fémur
 Comprimento crânio-caudal

Mede-se estas características para se medir os percentis, para que, eventualmente, se


o feto diminuir o percentil, pode haver uma restrição de crescimento intrauterino. Isto
leva a problemas do cordão umbilical, placentário ou do próprio feto.

CURIOSIDADE:

Para se calcular o peso do feto, realiza-se uma equação com a circunferência


abdominal e com o comprimento do fémur.

1.5.2 9ª – 12ª semana gestacional

Nesta fase, existe um desenvolvimento de reflexos e das genitálias. Inicia-se a migração


intestinal e as mãos já são mais funcionais, sendo o feto mais flexível. Nesta altura,
começa a deglutição e a formação da urina lançada no fluido amniótico (sendo que
o feto a ingere).

NOTA – VER:

→ https://www.youtube.com/watch?v=LjEfq9Tx1vY (8 semanas)
→ https://www.youtube.com/watch?v=E4ST_kWlL-4 (12 semanas)
→ https://www.youtube.com/watch?v=yAY7MY-WRPc (12 semanas e 2 dias)

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 461 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.5.3 13ª – 16ª semana gestacional

Nesta fase dá-se num crescimento muito rápido e os olhos ficam mais centrais na face.
Os órgãos sexuais ficam mais visíveis e a circulação fica completa e funcional.

14ª semana – Dá-se o movimento dos membros coordenados (discretos) e o movimento


lento dos olhos.

16ª semana – A cabeça é pequena em relação às 12 semanas. Os membros inferiores


estão mais compridos e começa a acontecer ossificação ativa e os ossos começam a
ser perfeitamente visíveis nas ecografias (US). Nesta semana os olhos ocupam uma fase
anterior na face e as orelhas estão mais próximas da posição definitiva.

1.5.4 17ª – 20ª semana gestacional

É uma fase em que o crescimento é mais lento e os membros estão com uma proporção
relativa final. Os movimentos fetais são mais percetíveis.

A pele fica coberta por um material gorduroso – vérnix caseosa – secretado por
glândulas sebáceas do feto e células mortas da epiderme. Tem a função de proteção
da pele.

Os ossos iniciam a produção de células sanguíneas e existe uma imaturidade do sistema


respiratório (sem hipótese de sobrevivência, se ocorrer o parto).

18ª semana – O útero forma-se e dá-se início à canalização da vagina. Já se formaram


muitos folículos ovarianos primários.

20ª semana – As sobrancelhas e os cabelos são visíveis. O corpo fica coberto pelo
lanugo (penugem delicada que mantém a vérnix caseosa presa à pele). Os testículos
começam a descer, mas ainda estão localizados na parede abdominal posterior, tal
como os ovários.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 462 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.5.5 21ª – 25ª semana gestacional

Existe um ganho de peso substancial e a pele fica enrugada e translúcida (de rosa a
vermelha). Os ossos da cabeça e do ouvido endurecem, conduzindo o som. As ondas
cerebrais ativam o sistema e passam a ter capacidade de ouvir e ver. Os lábios e a
boca ficam mais sensíveis e dá-se o início da abertura das narinas. O sistema respiratório
ainda está em formação, mas já é possível sobreviver (em caso de parto).

21ª semana – Já conseguem fazer movimentos rápidos com os olhos

24ª semana – As células epiteliais secretoras (Pneumócitos tipo II) das paredes
interalveolares do pulmão secretam o surfactante. Já existe unhas e dedos, mas o
sistema respiratório continua imaturo.

NOTA – VER:

https://www.youtube.com/watch?v=P6qq_3QTEK8 (22 semanas)

1.5.6 26ª – 29ª semana gestacional

Os pulmões e os vasos pulmonares são capazes de realizar trocas gasosas. O sistema


nervoso central é maduro e já há movimentos respiratórios rítmicos. Existe a descida
testicular.

26ª semana – Os olhos ficam abertos e tem o lanugo e os


cabelos bem desenvolvidos. As unhas e os dedos dos pés
são visíveis. Existe uma boa quantidade de gordura
subcutânea. O baço faz eritropoiese até à 28ª semana e
depois passa a ser a medula óssea.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 463 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.5.7 30ª – 39ª semana gestacional

35ª semana – Seguram-se com firmeza e orientam-se espontaneamente pela luz. Fetos
geralmente “gordos”

36ª semana – Circunferência da cabeça e do abdómen quase iguais

37ª semana – O tamanho do pé é geralmente maior que o fémur (parâmetro alternativo


para confirmar idade fetal).

Com a aproximação do nascimento o crescimento torna-se mais lento.

Nas 37 semanas o CRL (Crown-Rump Length) é de 360mm e o peso cerca de 3.400g.


Nas últimas semanas da gestação, o feto ganha 14g/dia e, geralmente, os meninos
pesam mais e são mais compridos que as meninas.

CURIOSIDADE:

É possível abortar (se o feto não tiver anomalias) até às 10 semanas a partir da última
menstruação.

Se o feto tiver anomalias e se tiver anomalias, para abortar o caso pode ir para a
comissão de ética para se aprovar (ou não). No entanto, o máximo para abortar são
as 24 semanas.

NOTA – VER:

https://www.youtube.com/watch?v=_P_4OfGQwPc (30 semanas)

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 464 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.6 Crescimento fetal
O feto necessita de substratos, sendo que a fonte
de alimento do feto é o açúcar, ou seja, a glicose.
Assim, a glicose é a fonte primária de energia para
o metabolismo e crescimento do feto. Alguns
aminoácidos também podem ser fonte de
alimento se necessário.

A glicose vem do sangue da mãe e, através da membrana placentária, vai para o feto.
Assim, os fatores que influenciam o crescimento fetal são maternos, fetais e ambientais.

Dessa forma, se a mãe fumar ou consumir álcool, as crianças são pequenas. No último
trimestre, se a mãe for desnutrida, as crianças vão ter um peso reduzido.

Se for uma gravidez múltipla, as crianças vão ser menos pesadas do que as crianças de
gestação única. Se existir um fluxo sanguíneo uteroplacentário e feto-placentário
deficiente, acontece que:

→ A circulação materna ao ser menor (vasos coriônicos ou cordão umbilical


pequenos), o fluxo sanguíneo no útero também será menor, o que
desencadeará fome no feto
→ Disfunção ou defeitos da placenta

IMPORTANTE:

A patologia que leva a que os bebés nasçam mais “gordos” que o normal é a
diabetes. Isto porque na diabetes existe muita glicose na circulação sanguínea da
mãe, que porventura passa para o feto que vai fazer com que o seu peso seja maior.

1.7 Parto
Existem 2 tipos de partos:
 Parto eutócico – parto natural e sem ajuda de nenhum instrumento
 Parto distócico – existem 3 tipos:
o Parto com fórceps
o Parto com ventosas
o Parto por cesariana

1.7.1 Parto eutócico

Tem 3 fases diferentes: dilatação, expulsão e o nascimento.


Depois do bebé nascer ainda há a dequitadura que é a
expulsão da placenta.

Em primeiro lugar, rompe-se a bolsa amniótica (naturalmente


ou com ajuda de um instrumento cirúrgico) e começam as
contrações uterinas que leva à dilatação do colo do útero e
ajudam na saída do feto.

Depois existe o nascimento, com a expulsão do feto, e corta-se o cordão umbilical.


Depois do feto nascer, existe a expulsão da placenta – dequitadura.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 465 | P á g i n a


CLE 2019-2023
CURIOSIDADE:

Normalmente a placenta sai de forma natural, sendo apenas removida através de


uma cirurgia quando a mulher fica com febre após o parto ou se ao expulsar a
placenta, esta não vem “inteira”.

1.7.2 Posições dos fetos

Os fetos podem estar em diferentes posições, sendo a posição normal de polo cefálico
a olhar para trás.

As posições menos frequente é polo cefálico e a olhar para a frente.

A posição anormal é de face, vértice, nádegas e de ombro. A posição


de ombro, geralmente cria lesões de plexos braquiais (nervos dos braço).

As posição menos frequente e as posições anormais, não ajudam na


altura do parto, uma vez que o feto faz um movimento cefálico para
ajudar na sua expulsão.

1.7.3 Trabalho/movimento de parto

O feto desce e flete a cabeça sob o tronco, fazendo uma rotação interna, há a sua
restituição e depois faz uma rotação externa que leva ao seu nascimento, isto no parto
eutócico.

No parto distócico, pode ser através de fórceps, ventosas ou cesariana (que é uma
cirurgia).

NOTA – VER:

https://www.youtube.com/watch?v=cThhMB_k0-A (Desenvolvimento Fetal)

https://www.youtube.com/watch?v=mY9OF98gJEI (Gestação Semana a Semana)

https://www.youtube.com/watch?v=mg9son8HQX (Gravidez mês a mês)

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 466 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2. Anatomia e Fisiologia da Infância

2.1 Estadios da vida


Antes de falarmos do desenvolvimento infantil, necessitamos de ter um conhecimento
sobre os estadios da vida.

→ Período de germinação – Desde a fecundação até ao 14º dia


→ Período embrionário – Desde o 14º até ao 56º dia (8ª semana de gestação)
→ Período fetal – Desde o 56º dia até ao nascimento
→ Período neonatal – Desde o nascimento até ao 1º mês
→ Primeira infância – Desde o 1º mês até ao 2º ano ou 3º ano
→ Infância – Desde o 2º ano/3ºano até à puberdade
→ Adolescência – Desde os 11-14 anos até aos 20 anos
→ Idade Adulta:
o Juventude – 20 até aos 40 anos
o Meia-idade – 40 aos 65 anos
o Velhice – 65 anos até à morte

NOTA:

A idade em que a adolescência nas meninas começa depende da idade em que


se dá a menarca.

2.2 Período Neonatal – pós-parto


O neonato/recém-nascido quando acaba de nascer experimenta várias
alterações drásticas. As principais e mais precoces no recém-nascido são
a separação da circulação materna e a transferência de um meio líquido
para um ambiente gasoso. Quando o bebé percebe que saiu do ventre
da mãe e que houve um corte do cordão umbilical, entra uma enorme
quantidade de ar à força nos pulmões, que leva à sua insuflação e,
consequentemente, ao choro.

Assim, o recém-nascido pode ser avaliado logo após o seu nascimento


para verificar a sua condição fisiológica através do índice de Apgar.
Apgar pode também ser considerado uma sigla para:

• A – Aparência
• P – Pulso
• G – Gesticulação/Gestos
• A – Atividade
• R – (Esforço) Respiratório

Cada uma destas características é classificada numa


escala de 0 a 2, em que 2 é a função normal, 1 é uma
função diminuída e 0 a uma função claramente
deprimida/inexistente. Este índice é a soma dos 5
valores atribuídos, sendo o valor ente 8 a 10 um valor
normal, nos primeiros 5 minutos de vida. Este indice é
medido em vários momentos após o nascimento.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 467 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.3 Infância

2.3.1 Medidas antropométricas

Existem diversas medidas antropométricas que nós medimos quando as


crianças nascem e ao longo da sua infância quando acompanhadas
pelo seu médico de família/pediatra.

Todas estas medidas, incluindo o Índice de Apgar (IA) estão registadas no


Boletim Individual de Saúde.

As medidas antropométricas são o peso, a estatura e o perímetro cefálico.

❖ Peso

Nunca se deve pesar crianças com fraldas, roupas pesadas, segurando objetos, com
pulseiras, presilhas ou adereços no cabelo e pescoço, de modo que o peso seja
exatamente aquele que a criança tem.

Até cerca de 1 ano de idade as crianças não se conseguem manter


de pé, portanto vão ser colocadas numa balança própria para
crianças. A partir do momento em que já se conseguem manter de pé
são pesadas numa balança de adultos.

A criança é pesada logo quando nasce. Na primeira semana de vida,


pode existir uma perda de peso no máximo até 10%, ou seja, é normal
que a criança perca peso, no entanto, esta perda de peso não pode
ser superior a 10% do peso com que nasceu.

Nos 4 primeiros meses, há um ganho de cerca de 30g/dia. Dos 4-7


meses há um ganho de cerca de 25g/dia. Ao 1 ano de idade estará
com 3x mais peso comparativamente ao do nascimento e aos 2 anos
de idade 4x o peso do nascimento.

Normalmente, os meninos são mais pesados à nascença.

Os boletins individuais de saúde contém umas tabelas que determinam


os percentis (imagem ao lado) da criança e, é a partir dele, que
percebemos se esta tem o peso normal para a idade ou não. A tabela
do percentil das meninas é diferente da tabela do percentil dos
meninos.

Balança para crianças até 1 ano

Balança para crianças com mais de 1 ano

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 468 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Estatura

A estatura é medida de maneira diferente em crianças com menos de 2 anos e em


crianças com mais de 2 anos.

Em crianças com menos de 2 anos, o seu comprimento deve ser medido com elas
deitadas e utilizando uma régua de madeira ou plástico.

Normalmente, os meninos têm maior comprimento à nascença.

NOTA – Ver:

https://www.youtube.com/watch?v=z-qX-dLXi0Q para uma melhor compreensão


da medição e pesagem do recém-nascido.

❖ Perímetro cefálico

O cérebro e a nossa cabeça vão crescendo à medida que crescemos dando-se o seu
crescimento completo aos 2 anos de vida. Não nascemos com a cabeça
completamente “formada” devido à existência de fontanelas (fontículo na imagem)
que permitem que a cabeça seja mais maleável e passe pelo canal vaginal durante o
trabalho de parto. Após o parto, as fontanelas vão-se ossificando e vão formar as suturas.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 469 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Para medirmos o perímetro cefálico devemos ter em
atenção a idade da criança e o encerramento das
fontanelas, pois podem indicar problemas maiores.

Existem algumas malformações que decorrem do


encerramento precoce das fontanelas e suturas,
como por exemplo:

→ Acrocefalia – Encerramento precoce da


sutura coronal e lambdoideia
→ Escafocefalia – Fechamento prematuro da
sutura sagital
→ Braquicefalia – Fechamento prematuro
bilateral da sutura coronal
→ Microcefalia – Tem a ver com doenças
neurológicas e cerebrais, a cabeça é muito
pequenina
→ Macrocefalia – A cabeça fica muito grande,
deve-se perguntar à família se houve história
familiar de “cabeça grande”

2.3.2 Sinais vitais

❖ Tensão arterial

Mede-se igual ao adulto e no braço direito, em decúbito dorsal e utiliza-se uma


braçadeira adequada.

Grupo etário Média 90º Percentil 95º Percentil

Recém-Nascido 65/41 75/49 78/52

1 mês a 2 anos 95/58 106/68 110/71

2 a 5 anos 101/57 112/66 115/68

O normal é quando o percentil é inferior a 90. O limite superior do normal é quando o


percentil está entre 90 e 95. A tensão está alta quando o percentil está igual ou acima
do percentil 95.

NOTA – Ver:

https://www.youtube.com/watch?v=k4o4kOFeEhM para uma melhor compreensão


da medição da tensão arterial.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 470 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Frequência cardíaca

Nas crianças utiliza-se mais o pulso braquial para avaliar a frequência cardíaca. Deve-
se avaliar a FC com o 2º e 3º dedo, uma vez que o polegar, por ser muito vascularizado,
pode ter um “batimento próprio”.

Esta diminui com a idade, como é possível observar através da tabela abaixo.

Idade Frequência Média

Nascimento 140

Primeiros 6 meses 130

6 a 12 meses 115

1 a 2 anos 110

2 a 6 anos 103

6 a 10 anos 95

10 a 14 anos 85

❖ Frequência respiratória (FR)

A frequência respiratória é o número de vezes que o indivíduo respira por minuto e


conta-se da mesma forma que no adulto. Um adulto tem entre 12 e 20 ciclos respiratórios
por minuto e devemos olhar para a caixa torácica para a avaliar.

No entanto, deve-se observar o padrão-respiratório


conforme a faixa etária. Por exemplo, o lactente
apresenta uma respiração abdominal.

▪ Recém-nascido: 30 a 60 rpm
▪ Início da infância: 20 a 40 rpm
▪ Final da infância: 15 a 25 rpm

Consoante a idade da criança, apresenta taquipneia (aumento da FR) se:

▪ Lactentes de 0 a 2 meses: > 60 rpm;


▪ Lactentes de 2 a 12 meses: > 50 rpm;
▪ Crianças maiores de 12 meses: > 40 rpm.

2.3.3 Reflexos

Os reflexos do bebé são:

→ Preensão palmar
→ Preensão plantar
→ De Moro (reflexo do susto)
→ Assimétrico tónico da nuca
→ Apoio positivo
→ Reflexo fundamental
→ De Galant (encurvamento do tronco)
→ Posicionamento e deambulação

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 471 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Reflexo Primitivo Manobra Idade Anomalias
Persistência além dos 4
Reflexo de Preensão palmar meses sugere
disfunção cerebral.
Coloque os seus dedos
na mão do bebé e Persistência da mão
comprima as superfícies Desde o cerrada além de 2
palmares. nascimento até meses sugere lesão do
aos 3 ou 4 meses sistema nervoso
O bebé flexiona todos os central,
dedos e agarra os seus. principalmente
quando os dedos se
superpõem ao
polegar

Reflexo de preensão plantar

Toque a sola do pé na Persistência além de 8


Nascimento até 6
base dos artelhos. meses sugere
a 8 meses
Os dedos encurvam-se. disfunção cerebral.

Persistência além de 4
Segure o bebé em
Reflexo de Moro/do susto meses sugere doença
decúbito dorsal,
neurológica, além de
apoiando a sua cabeça,
6 meses sugere
dorso e pernas. Baixe
fortemente esse
bruscamente todo o Desde o
diagnóstico.
corpo cerca de 60 cm. nascimento até
Os braços fazem aos 4 a 6 meses
Resposta assimétrica
abdução e extensão, as
sugere fratura da
mãos abrem-se e as
clavícula ou do úmero
pernas são flexionadas. O
ou lesão do plexo
bebé pode chorar.
braquial.
O bebé em decúbito
Reflexo Assimétrico tónico da
dorsal, vire a sua cabeça
nuca
para um lado, segurando
a mandíbula sobre o
ombro. Os braços/pernas Desde o Persistência além dos 2
para o lado para o qual é nascimento até meses sugere doença
virada a cabeça fazem aos 2 meses neurológica.
extensão, enquanto os
do lado oposto fazem
flexão.
Repetir para o outro lado.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 472 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Segure o bebé pelo
Reflexo de apoio positivo tronco e desça-o até que Ausência de reflexo
os seus pés toquem numa sugere hipotonia ou
superfície lisa. flacidez
Desde o
Os quadris, joelhos e
nascimento ou
tornozelos fazem Extensão ou adução
desde os 2 meses
extensão e o bebé fica fixa das pernas (em
até aos 6 meses
de pé, suportando tesoura) sugere
parcialmente o seu peso, espasticidade por
mas sucumbindo após 20 doença neurológica.
a 30 segundos.

Reflexo Fundamental / dos


pontos cardeais
Estimule a pele perioral
Ausência deste reflexo
nos cantos da boca.
Desde o indica doença
A boca abrir-se-á e o
nacimento até generalizada ou do
bebé voltara a cabeça
aos 3 ou 4 meses sistema nervoso
na direção do lado
central
estimulado e sugará-

Reflexo de Galant Apoie o bebe em


Ausência deste reflexo
decúbito dorsal com uma
sugere lesão
das suas mãos e estimule
transversa da medula.
um dos lados das costas, Desde o
1 cm afastado da linha nascimento até
Persistência além dos 2
média, desde os ombros aos 2 meses
meses pode indicar
até às nádegas.
retardo do
A coluna se curvará do
desenvolvimento.
lado estimulado.

Mantenha o bebé de pé
segurando-o por detrás,
Reflexos de posicionamento como no reflexo de
Ausência de
suporte positivo. Coloque
e deambulação posicionamento pode
uma das plantas do pé Nascimento
indicar paralisia.
do bebé em contacto (melhor após 4
com o tampo da mesa. dias). Idade
Bebés nascidos de
O quadril e o joelho do pé variável até ao
partos pélvicos podem
flexionam-se e o outro pé desaparecimento
não evidenciar este
se direcionará para a
reflexo.
frente.
São verificados passos
alternados

NOTA – Ver:

https://www.youtube.com/watch?v=XV_sI8odL3w para uma melhor compreensão


da medição dos reflexos do bebé.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 473 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Os reflexos que existem nos bebes vão desaparecendo ao longo do tempo. Se não
desaparecerem, ou seja, se persistirem para além do tempo estimado, sugere alguma
anomalia.

2.3.4 Desenvolvimento motor

Uma criança quando nasce não sabe logo correr, saltar ou andar. Essas competências
são adquiridas ao longo do tempo. Vamos então ver que competências as crianças
vão adquirindo consoante a idade.

Podemos dar um intervalo de 3 meses quando o desenvolvimento não se dá no tempo


previsto. Existem crianças que, por exemplo, não gatinham, passam logo do sentar para
o andar.

NOTA – Ver:

• https://www.youtube.com/watch?v=eqVKa556T5o
• https://www.youtube.com/watch?v=S01aNOX5o5U

Ver os vídeos para uma melhor compreensão do desenvolvimento motor da criança


e que existem diversas maneiras de “gatinhar”.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 474 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.3.5 Desenvolvimento da linguagem

O desenvolvimento da linguagem, assim como o motor, depende da idade. Ninguém


nasce a saber falar.

Entre os:

→ 1 e 3 meses – Prestam atenção aos sons e acalmam-se com a voz da mãe.


Chora, faz alguns sons e dá gargalhadas. Observa o rosto, sorri quando alguém
fala com ele.
→ 4 a 6 meses – Procura de onde vem o som. Grita, faz alguns sons como se
estivesse a conversar e imita a sua voz.
→ 7 a 11 meses – Encontra de que lado vem o som. Faz alguns sons e repete
palavras. Bate palmas, aponta o que quer e faz tchau.
→ 12 meses – Começa a falar as primeiras palavras. Imita a ação de outra pessoa.
→ 18 meses – Pede as coisas usando uma palavra e já sabe falar cerca de 20
palavras.
→ 2 anos – Consegue dizer frases curtas com duas palavras. Já sabe falar cerca de
200 palavras.
→ 3 anos – É possível entender tudo o que fala, mas às vezes conjuga errado.
Conhece as cores.
→ 4 anos – Inventa histórias e compreende regras de jogo simples.
→ 5 anos – Forma frases completas e fala corretamente
→ 6 anos – Aprende a ler e a escrever

Para resumir o desenvolvimento infantil…

https://www.youtube.com/watch?v=NlhBKSXVPEo

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 475 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 476 | P á g i n a
CLE 2019-2023
3. Anatomia e Fisiologia da Adolescência

Na adolescência ocorrem transformações ao nível social, psicológico e físico.

No sexo feminino, é neste período que surge a menarca (1ª


menstruação), mas antes da menarca existe uma fase pré-
puberal, em que ocorrem várias mudanças:

→ Alargamento dos ossos da bacia


→ Início do ciclo menstrual
→ Surgimento de pelos na púbis e nas axilas
→ Depósito de gordura nas nádegas, nos quadris e nas
coxas
→ Desenvolvimento das mamas

Tanto para o menino, como para a menina existem os estadios de Tanner.

NOTA:

Saber os estadios de Tanner muito bem!

No caso das meninas, no desenvolvimento das mamas existem 5 estadios – M1, M2, M3,
M4 e M5. O 1 corresponde sempre ao infantil e o 5 à idade adulta.

Desenvolvimento das mamas:

→ Estadio M1 (infância) – Elevação das papilas e corresponde ao mais infantil.


→ Estadio M2 (8 aos 13 anos) – O broto mamário, com pequena elevação da
mama e da papua, e aumento do diâmetro da aréola. O crescimento do broto
mamário dá-se somente debaixo da areola, o que corresponde à telarca e
marca o começo da puberdade.
→ Estadio M3 (10 aos 14 anos) – Crescimento da mama e da aréola parecendo
uma pequena mama adulta. Não há separação dos contornos da mama e da
aréola. Ainda neste estadio o tecido debaixo da areola continua a crescer, mas
também aumenta o tecido acima.
→ Estadio M4 (11 aos 15 anos) – Crescimento e projeção da aréola e da papua
formando uma elevação acima do corpo da mama.
→ Estadio M5 (13 aos 18 anos) – Estadio adulto com projeção apenas da papua,
pois a aréola retorna para o contorno geral da mama.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 477 | P á g i n a


CLE 2019-2023
O intervalo entre os diferentes estágios varia de uma menina para outra.

Desenvolvimento dos pelos púbicos:

→ Estadio P1 (infância) – Não existem pelos pubianos


→ Estadio P2 (9 aos 14 anos) – Crescimento asperso de pelos finos, longos,
discretamente pigmentados e lisos ou discretamente encaracolados ao longo
dos grandes lábios
→ Estadio P3 (10 aos 14 anos e meio) – Os pelos tornam-se mais escuros, espessos e
encaracolados, distribuindo-se ao longo da sínfise púbica
→ Estadio P4 (11 aos 15 anos) – Os pelos já são do tipo adulto, porém em menor
quantidade, não atingindo a superfície interna das coxas
→ Estadio P5 (12 aos 16 anos e meio) – Os pelos (do tipo adulto) já estão em grande
quantidade e atingem a superfície interna da coxa

Os pelos axilares usualmente surgem após o aparecimento da pilosidade pubiana.

O crescimento do ovário processa-se lentamente desde a infância, porém apresenta


um aumento importante de tamanho cerca de dois anos antes da menarca (primeira
menstruação).

A menarca ocorre em uma fase avançada de maturação sexual, entre os estádios M3


e M4, época em que se observa uma desaceleração do crescimento físico que se
completa aos 18/20 anos.

Após a menarca, o ganho estatural é cerca de sete centímetros ao ano. Inicialmente


os ciclos menstruais são anovulatórios e irregulares, e persistem assim por cerca de um
ou mais anos.

O crescimento estatural encontra-se acelerado na época do aparecimento do broto


mamário (M2). A velocidade máxima de crescimento estatural é encontrada quando
as mamas se encontram no estádio M3.

Para resumir…

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 478 | P á g i n a


CLE 2019-2023
No sexo masculino, as alterações ocorrem mais tardiamente do que no sexo feminino.
Ainda assim, é na adolescência que se dão as seguintes transformações:

• Surgimento de pelos na púbis, nas axilas e no peito


• Aumento dos testículos e do pênis
• Crescimento da barba
• Voz grossa
• Ombros mais largos
• Aumento da massa muscular
• Início da produção de espermatozoides
• Aumento do peso e da estatura

Desenvolvimento da genitália:

→ Estadio G1 (infância) – O pénis, os testículos e o escroto têm aparência e


tamanho infantil.
→ Estadio G2 (9 aos 14 anos) – Aumento inicial dos testículos e escrotos cuja pele
se torna mais fina e avermelhada. Neste estadio não há crescimento do pénis.
→ Estadio G3 (10 anos e meio aos 15 anos) – Continua o crescimento escrotal e o
pénis aumenta principalmente em comprimento.
→ Estadio G4 (11 anos e meio aos 16 anos) – Continua o crescimento de testículos
e escroto. Há aumento do pénis em comprimento e em diâmetro, tornando-as
a glande evidente.
→ Estadio G5 (12 anos e meio aos 17 anos) – Os genitais são iguais aos de um adulto
em tamanho e forma.

Desenvolvimento dos pelos:

→ Estadio P1 – Não existem pelos pubianos


→ Estadio P2 (11 anos aos 15 anos e meio) – Crescimento asperso de pelos finos,
longos, discretamente pigmentados, lisos ou discretamente encaracolados ao
longo dos testículos
→ Estadio P3 (11 anos e meio aos 16 anos) – Os pelos tornam-se mais escuros, mais
espessos e mais encaracolados, distribuindo-se na sínfise púbica
→ Estadio P4 (12 aos 16 anos e meio) – Os pelos já são do tipo adulto, porém ainda
em menor quantidade, não atingindo a superfície interna das coxas
→ Estadio P5 (15 aos 17 anos) – Os pelos já são do tipo adulto e em grande
quantidade, atingindo a superfície interna da coxa

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 479 | P á g i n a


CLE 2019-2023
O primeiro sinal de puberdade no sexo masculino é o crescimento dos testículos,
podendo ocorrer entre os 9 e 14 anos. Este fenómeno é resultado do aumento de
tamanho dos túbulos seminíferos. Segue-se, posteriormente, o aparecimento dos pelos
pubianos e o aumento do pénis.

Após o desenvolvimento dos túbulos seminíferos, ocorre a maturação das células de


Leydig e a produção de andrógenos testiculares. Esta é a razão dos pelos pubianos
(ação dos androgênios) aparecerem depois do crescimento dos testículos.

Os pelos axilares usualmente surgem após dois anos da pubarca. Acompanham o seu
aparecimento o desenvolvimento das glândulas sudoríparas. A pilosidade facial
desenvolve-se depois da axilar.

O crescimento testicular é importante na puberdade. Antes do seu início, o testículo tem


um volume em torno de 1 a 3 mL. Um volume de 4mL ou mais é indicativo de puberdade.
Os volumes encontrados no adulto variam de 12,5 a 25 mL.

No início do desenvolvimento genital a velocidade de crescimento estatural é


constante, encontrando-se entre 5 a 6cm por ano. A aceleração do crescimento
começa cerca de um ano depois, com o menino no estágio G3. A velocidade máxima
de crescimento linear coincide com o estágio G4 e a desaceleração gradual com G5.

Para resumir…

Como complemento ao estudo:

https://www.youtube.com/watch?v=jA7OVq81EDM

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 480 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4. Anatomia e Fisiologia da gravidez e a amamentação

4.1 Gravidez

Para que ocorra gravidez é necessária a intervenção do homem para depositar


espermatozoides na mulher.

Os espermatozoides passam da vagina para o


colo uterino/cérvix, continuam pelo corpo do
útero e ascendem pelas trompas, atingindo a
ampola tubárica. É aí que ocorre o encontro
entre os espermatozoides e o óvulo em condições
normais fisiológicas.

Os espermatozoides para atingirem a ampola


tubárica contrariam a ação da gravidade, por
existem diversas forças responsáveis pelo
movimento deles:

→ Capacidade de propulsão própria


→ Contração muscular do útero
→ Contração muscular das trompas

Este movimento de contração do útero e das trompas deve-se à produção de ocitocina


pela neuro-hipófise durante o ato sexual e às prostaglandinas no esperma.

O oócito pode ser fecundado até 24 horas após a ovulação. Já os espermatozoides


podem durar até 6 dias no aparelho reprodutor feminino.

Para que ocorra a fecundação é necessário que exista a união do espermatozoide com
o oócito:

→ Espermatozoides – Gâmetas masculinos, formados nos testículos e constituídos


por cabeça (onde se encontra o núcleo com a informação genética), peça
intermédia e flagelo (permite a locomoção);
→ Oócitos – Gâmetas femininos. Encontram-se envoltos na zona pelúcida, formada
por uma rede de filamentos glicoproteicos. Externamente à zona pelúcida há a
corona radiada, formada por células foliculares.

Se tiverem ocorrido os movimentos certos, o oócito é fecundado por um


espermatozoide formando o ovo/zigoto
(46 cromossomas). À medida que vai
percorrendo o seu caminho até ao útero
sofre uma série de divisões celulares
(mitoses) até que se vai implantar na
parede uterina (nidação) mais ou menos 7
a 8 dias após a ovulação.

Entretanto o útero foi ficando “preparado”


e espessado pela ação das hormonas,
estrogénio e progesterona, produzidas
pelo corpo amarelo pelo córtex do ovário,
para receber o zigoto.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 481 | P á g i n a


CLE 2019-2023
A camada celular exterior do embrião chama-se trofoblasto e tem 2 funções muito
importantes:

→ Secreta enzimas proteolíticas que digerem as células do endométrio espessado,


implantando-se profundamente neste.
→ Secreta a HCG para a circulação sanguínea, esta vai estimular o ovário a manter
o corpo amarelo funcional e, por sua vez, a continuar a produzir estrogénios e
progesterona.

Por isso, é que a base principal para os testes de gravidez é a medição da HCG, porque
se a mulher mede a HCG no sangue ou na urina e esta é positiva, significa que está
grávida, uma vez que aquela hormona apenas é produzida pelo feto. Esta hormona
atinge o seu pico entre a 8ª e a 9ª semana de gravidez, diminuindo um pouco na 16ª
semana mantendo-se estável até ao fim da gravidez.

Os estrogénios e a progesterona são produzidos no 1º trimestre


pelo corpo amarelo, passando a serem produzidos pela placenta
a partir do 2º e 3º trimestres.

Estas duas hormonas são muito importantes para a manutenção


e o crescimento do feto dentro do útero.

CURIOSIDADE:

Existem gravidezes que podem ocorrer fora do útero – gravidez ectópica. Esta
apesar de rara, é muito grave. Esta gravidez acontece quando o oócito não é
agarrado pelo infundíbulo das trompas, havendo fecundação na cavidade
peritoneal. A mulher começa a ter dores abdominais muito fortes e a gravidez
costuma ser descoberta logo nas primeiras semanas. Esta gravidez costuma a ser
interrompida nas primeiras semanas, pois não há um correto desenvolvimento do
embrião.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 482 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4.2 Lactação

4.2.1 Mama

A mama é constituída pelo mamilo, por uma aréola circular


pigmentada e depois contém uma série de canais
galactóforos e de lóbulos. Com a ação dos estrogénios e da
progesterona, a mama vai começar a desenvolver-se na
puberdade.

Estes canais e rede canalicular extensa é rudimentar caso


não haja gravidez, no entanto vai-se desenvolver cada vez
mais ao longo dos 9 meses de gravidez com a ação
continuada dos estrogénios e progesterona, deixando de ser
rudimentar.

Lactação – Produção de leite pela mama e inicia-se apenas


após o parto.

Durante a gravidez a prolactina, que é a hormona responsável pela produção de leite


(não é responsável pela expulsão de leite), está inibida, uma vez que os estrogénios e a
progesterona vão preparar a mama para essa produção, fazendo com que a rede de
canais galactóforos deixe de ser rudimentar e passe a ser uma rede muito desenvolvida,
aumentando a quantidade de tecido adiposo e aumentando a quantidade desta rede
canalicular.

Quando acontece o parto, deixa de haver estimulação do corpo


amarelo, uma vez que o feto é expulso do útero, assim deixa de haver
uma produção abrupta de estrogénios e progesterona que inibiam a
prolactina. Esta é produzida pela hipófise anterior/adeno-hipófise e é
responsável pela produção de leite. Tem picos de secreção, quanto
mais o bebe beber, mais estimulada é a mãe para produzir mais
prolactina.

Por vezes, a mama está cheia de leite e parece que o bebe não consegue tirá-lo. Assim,
a ocitocina é responsável pela secreção/expulsão do leite por contração muscular da
mama. Esta hormona é produzida pela hipófise posterior. A ocitocina vai ainda estimular
a contração do útero de forma a eliminar todo o resto de células epiteliais da gravidez.

4.2.2 Leite materno

No início da amamentação não sai leite, sai uma


substância denominada colostro que é muito
nutritivo, tem pouca gordura e menos lactose que
o leite durante os primeiros 3 dias normalmente.

O colostro e o leite têm todos os anticorpos que a


mãe foi produzindo ao longo da vida, protegendo
o bebé contra infeções, sendo o colostro mais rico
que o leite nisto.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 483 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5. Anatomia e Fisiologia do Envelhecimento

Segundo a OMS, pessoa idosa é uma pessoa considerada de


3ª idade e que nos países desenvolvidos são pessoas com 65
ou mais anos de idade e nos países subdesenvolvidos são
pessoas com 60 ou mais anos de idade.

Esta definição está para ser mudada, uma vez que aos 65 anos
ainda existem pessoas bastante ativas e a esperança média
de vida tem vindo a aumentar (nas mulheres é de 81 anos e
nos homens é de 78/79 anos).

Gerontologia – Estudo de processo de envelhecimento

Geriatria – Estudo das doenças que afetam os idosos

O envelhecimento é um processo pessoal, natural e inevitável, com mudanças


biológicas, fisiológicas e psicossociais, como um resultado dinâmico de um processo
global de modificações progressivas e incessantes no funcionamento do organismo
(perda da homeostasia). Assim, a idade por si só constitui um fator de mau prognóstico,
conferindo-nos maior fragilidade.

Este não é um processo homogéneo, pois é influenciado por múltiplos fatores dentro da
própria pessoa e da população em geral, como:

 Estilo de vida
 Genética (25%)
 Ambiente (50%)

Existe um estudo que diz que pessoas que trabalham por turnos têm um envelhecimento
mais acelerado.

Com o envelhecimento há alterações na frequência cardíaca, diminuição da secreção


de hormonas, diminuição da temperatura corporal, alterações no ritmo circadiano
(relacionado com o sono) e diminuição da inflamação, pois há uma diminuição das
proteínas de fase aguda.

Os ritmos circadianos são processos biológicos que ocorrem regularmente em um ciclo


de aproximadamente 24h. Ou seja, de 24 em 24 horas, por exemplo, no período da
manhã por volta das 9h, o nosso organismo vai secretar uma determinada quantidade
de cortisona que nos vai dar algum estímulo. Depois ao fim da tarde, vai secretar mais
um pouco de cortisona que nos dá alguma vitalidade. Em situações de stress é
produzida adrenalina. Com o envelhecimento isto continua a acontecer, mas é mais
lento.

Em 1940, surgiu um termo denominado Homeostenose que se refere ao conceito de


diminuição das reservas fisiológicas com o avançar da idade, aumentando a
vulnerabilidade para doenças.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 484 | P á g i n a


CLE 2019-2023
O precipício é o culminar em:

 Internamento hospitalar
 Alterações cognitivas
 Incontinência
 Paragem cardíaca
 Morte

Mal os doentes chegam às Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), são utilizadas uma
série de escalas/scores/sistemas para estratificar o prognóstico do doente, sendo que a
escala mais utilizada é chamada APACHE, que inclui a idade, assim quanto maior for a
idade, maior vai ser o APACHE, ou seja, maior e pior vai ser o prognóstico.

O envelhecimento causa diminuição das reservas funcionais do organismo com o


aumento da idade. Assim, a diminuição das reservas funcionais da medula óssea faz
com que haja uma resposta muito mais tardia (ponderar tolerância a agentes da QT
nos idosos e idade nos transplantes medulares). Isto leva ao aumento da suscetibilidade
a infeções, por diminuição dos leucócitos.

Com o tempo há…

 Perdas de células não substituídas no organismo


o Neurónios (pico no nascimento)
o Células musculares/miócitos, afetando a função cardíaca e músculo-
esquelética (força muscular no máximo 20-30 anos), o exercício pelo
menos 30 minutos por dia e aeróbio retarda este processo
o Declínio da função do DNA mitocondrial/produção de ATP

 O aumento do entrecruzamento de fibras de colagénio – tecidos menos


elásticos/diminuição da compliance – perda da elasticidade dos tecidos e
órgãos com diminuição da sua eficácia. Exemplos:
o Perda da capacidade de acomodação cristalino – presbiopia
o Perda da elasticidade das articulações – patologia osteoarticular
degenerativa
o Diminuição da contractilidade muscular miocárdio/diminui débito
cardíaco

 Alterações na imunidade – perda da capacidade de resposta a antigénios (AG)


estranhos ao organismos com maior número de infeções e maior sensibilidade
ao antigénio do próprio organismo/autoimunidade.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 485 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6. Exercícios

1. São medidas antropométricas (assinale a correta):


a. Frequência cardíaca
b. Perímetro cefálico
c. Peso
d. Todas as anteriores
e. Alíneas b e c

2. Quanto ao desenvolvimento motor na infância (afinal a alínea correta):


a. Aos 7 meses, a criança põe-se de pé
b. Aos 3 meses, a criança sustenta a cabeça
c. Aos 4 meses, a criança realiza preensão palmar
d. Aos 9 meses, a criança dá os primeiros passos
e. Todas as anteriores

3. Quanto ao desenvolvimento motor, na infância:


a. Com 1 mês a criança põe-se de pé
b. Aos 8 meses realiza pinça digital
c. Aos 4 meses gira sobre o abdómen
d. Aos 9 meses caminha sozinho
e. Todas as respostas anteriores estão corretas

4. São medidas antropométricas:


a. Frequência cardíaca
b. Frequência respiratória
c. Comprimento
d. Todas as anteriores
e. As respostas b) e c) estão corretas

5. Relativamente à gravidez (a correta):


a. Ocitocina, libertada pela hipófise anterior, é importante para a
progressão dos espermatozoides
b. A nidação corresponde à implantação do embrião no endométrio
c. Os espermatozoides são viáveis por apenas 2h
d. O trofoblasto produz estrogénios
e. O esperma contém ocitocina

6. Relativamente à lactação (a correta):


a. Já ocorre saída de leite durante a gravidez
b. Lactação corresponde à produção de leito pela mama
c. Estrogénios e progesterona inibem a prolactina
d. Prolactina leva à secreção de leite
e. As alíneas b) e c) são verdadeiras

7. Relativamente ao envelhecimento:
a. Com o avançar da idade há perda progressiva da homeostasia
b. O envelhecimento tem influências genéticas, ambientais e dos estilos de
vida
c. No envelhecimento há aumento da temperatura corporal
d. Com o avançar da idade existem menos infeções
e. As alíneas a) e b) são verdadeiras

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 486 | P á g i n a


CLE 2019-2023
8. Relativamente ao envelhecimento (assinale a correta):
a. Com o avançar da idade há aumento da elasticidade dos tecidos
b. Com o avançar da idade a patologia osteoarticular degenerativa não é
frequente
c. Com o avançar da idade há perda da capacidade de resposta a
antigénios estranhos ao organismo
d. Com o avançar da idade há reconstrução dos neurónios
e. O exercício aeróbio não retarda a perda de miócitos

9. Na 18ª semana de gestação (assinale a correta):


a. Existe ganho de peso substancial
b. As ondas cerebrais ativam o sistema visual
c. A pele está coberta de vérnix caseosa
d. As células epiteliais secretoras das paredes intralveolares do pulmão
secretam surfactante
e. É possível a sobrevivência

10. Quanto aos anexos embrionários:


a. À medida que o embrião se desenvolve o córion é consumido
b. O córion é a membrana interna do saco que envolve o feto e a placenta
c. O córion pertence ao saco amniótico
d. O âmnio é a membrana externa do saco que envolve o feto e a
placenta
e. Todas as respostas anteriores estão incorretas

11. Quanto aos estádios de Tanner, no sexo feminino:


a. P2 ocorre entre os 11 e os 15 anos
b. P4 corresponde ao estádio adulto
c. No estádio P3 não há separação dos contornos da mama e auréola
d. Todas as anteriores são incorretas
e. As respostas a) e c) estão corretas

12. (Frequência 2019) Quanto às fases do parto eutócico:


1 – Dequitadura;
2 – Nascimento;
3 – Dilatação;
4 – Expulsão;
A ordem correta é:
a. 3, 4, 2, 1
b. 3, 4, 1, 2
c. 1, 2, 3, 4
d. 3, 2, 4, 1
e. 4, 3, 2, 1

13. (Frequência 2019) Relativamente ao período fetal (incorreta):


a. Estão formados todos os sistemas de órgãos importantes
b. Existem períodos de crescimento normal alternados com intervalos
prolongados de ausência de crescimento
c. Nas últimas semanas, a velocidade de crescimento é muito rápida
d. Ao 30º dia de gestação, o embrião passa a designar-se feto
e. Termina na altura do nascimento

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 487 | P á g i n a


CLE 2019-2023
14. (Frequência 2019) Relativamente aos reflexos (assinale a correta):
a. O reflexo de Moro dura até aos 2 meses
b. O reflexo de Sucção dura até aos 3 /4 meses
c. O reflexo de Preensão Palmar dura até aos 6 meses
d. O reflexo de Galant dura até aos 6 meses
e. O reflexo de Marcha Automática dura até aos 9 meses

15. (Frequência 2019) Relativamente ao da lactação (assinale a correta):


a. Durante a lactação há produção de testosterona
b. Lactação corresponde à produção de leite pela mama
c. A progesterona inibe a prolactina
d. Prolactina leva à secreção de leite
e. Alíneas b) e c) são verdadeiras

16. (Frequência 2019) Na fase pré-puberal, no sexo masculino ocorre (correta):


a. Alargamento dos ossos da bacia
b. Menarca
c. Aumento da massa muscular
d. Depósito de gordura nas nádegas e coxas
e. Todas as respostas estão corretas

17. (Frequência 2019) Relativamente ao envelhecimento (assinale a correta):


a. Idoso é definido com um indivíduo com mais de 70 anos de idade
b. Envelhecimento é um processo homogéneo
c. No envelhecimento há diminuição das reservas fisiológicas
d. Alterações cognitivas não são frequentes com o avançar da idade
e. Os idosos não têm suscetibilidade aumentada a infeções

dúvida verifiquem com a matéria


Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de

1E; 2B; 3B; 4C; 5B; 6E; 7E; 8C; 9C; 10C; 11D; 12A; 13D; 14B; 15E; 16C; 17C

Possíveis respostas:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 488 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Módulo XV – Anatomia e Fisiologia da Pele

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 489 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Introdução

A pele cobre todo o corpo e é constituída


fundamentalmente por uma camada
vascularizada de tecido conjuntivo (derme),
revestida externamente por um epitélio
(epiderme).

Na superfície da derme estão as papilas e, no


interior ou inferiormente à derme, estão as
glândulas sebáceas, sudoríferas e os folículos
pilosos.

O tecido subcutâneo, maioritariamente adiposo,


inferior à derme, também é chamado de
hipoderme.

Na superfície existe uma parte muito horizontalizada onde existem células que vão
perdendo o núcleo quando vão depositando a creatina da pele. Abaixo existe uma
parte mais retalhada, as papilas da epiderme. Desde as papilas até à superfície, existem
5 camadas onde as células vão migrando progressivamente para fazerem uma
renovação celular mesmo se existirem condições adversas.

2. Funções da pele

A pele tem as seguintes funções:

→ Proteção de radiação solar, trauma mecânico/agressão física, agentes químicos


ácidos e básicos, microrganismos, proteção contra desidratação;
→ Órgão sensorial corpúsculos de Meissner nas papilas (derme) e corpúsculos de
Pacini na hipoderme (terminações nervosas);
→ Termorregulação através de sudorese e vasoconstrição/vasodilatação;
→ Imunidade – células que combatem microrganismos;
→ Permite crescimento e movimento – pela sua elasticidade;
→ Excreção de substâncias pelo suor – água e produtos do catabolismo proteico
(ureia, amónia, ácido úrico);
→ Endócrina – síntese de vitamina D (Fig.1); Metabolismo do cálcio (Fig.2)

Fig.2 – Vitamina D e metabolismo


Fig.1 – Síntese de vitamina D
do cálcio

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 490 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Pessoas com perdas de barreira na pele, nomeadamente idosos, com a pele mais
desidratada, têm mais feridas, logo mais portas de entrada que conferem infeções.
Além disso, pessoas com, por exemplo, um trauma na pele, como por exemplo, uma
queimadura, são doentes muito mais sujeitos a infeções por perda da barreira natural.

Os fenómenos vasomotores para a pele, vasodilatação e vasoconstrição, dão


disponibilidade de mais taxa de transferência de calor. Ou seja, a quantidade de
sangue que vem à pele é essencial na termorregulação. Se vier mais sangue à pele, há
mais perda de calor, e se vier menos sangue à pele há mais retenção de calor. É. por
isso, que no frio existe vasoconstrição nas extremidades, para chegar menos sangue à
pele para haver menos perdas de calor. Esta vasoconstrição é realizada pela contração
involuntária do músculo liso, artérias, arteríolas, capilares, tudo na hipoderme. Mais à
frente este assunto vai ser mais aprofundado.

Resumo – Síntese da vitamina D:

→ A pele está em contacto com o sol e produz vitamina D1 e D3 que passam para
o fígado
→ No fígado forma-se o calcidiol
→ O calcidiol passa para os rins, onde se transforma em calcitriol (forma ativa de
vitamina D)

Resumo – Metabolismo do cálcio:

As glândulas paratiróideias regulam o metabolismo cálcico:

→ As paratiroides produzem PTH (hormona paratiróideia)


→ A vitamina D sinaliza o rim para se transformar na sua forma ativa
→ Forma ativa da vitamina D, produzida no rim, estimula o intestino para aumentar
a produção de cálcio (Ca+) e o osso para aumentar a sua circulação.

3. Epiderme

Esta camada é a proteção da “verdadeira pele” – a


derme – tem espessura variável, sendo mais espessa na
região palmo-plantar e, é onde se situam as impressões
digitais caraterísticas de cada indivíduo.

As células superficiais vão sendo renovadas,


continuamente, devido à sua erosão. É também nesta
camada que é produzida a melanina, que confere a
coloração da pele e protege da radiação solar.

É composta por 5 camadas, sendo elas:

→ Estrato córneo (mais superficial) – camadas de


células anucleadas, preenchidas por queratina
→ Estrato lúcido
→ Estrato granuloso
→ Estrato espinhoso ou mucoso – estrutura colunar
→ Estrato basal ou germinativo – regeneração
celular. Melanócitos que produzem melanina

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 491 | P á g i n a


CLE 2019-2023
3.1 Melanina
A melanina é uma substância derivada do aminoácido tirosina que confere
pigmentação à pele, olhos e cabelo. Esta não está presente nas pessoas albinas e em
pessoas com Vitiligo os melanócitos são destruídos de forma autoimune.

É estimulada pela radiação ultravioleta e a produção da mesma é estimulada por ACTH,


daí existir hiperpigmentação da pele e mucosa jugal nos doentes com doença de
Addison/hipocortisolismo primário e na doença de Cushing (hipercortisolismo
secundário).

No hipercortisolismo primário, a doença está nas suprarrenais e a hipófise tenta


compensar ao produzir mais ACTH. Esta ACTH é desviada e aumenta a produção de
melanina. Já no hipercortisolismo secundário, há um aumento da produção de ACTH
por um tumor na hipófise, habitualmente um adenoma. As pessoas com Síndrome de
Cushing têm estrias violáceas (arroxeadas), fácies em lua cheia, obesas, etc.

4. Derme

A derme é a “verdadeira pele”, pois é resistente, elástica e flexível. A sua espessura é


variável conforme localização – mais espessa na região palmar, plantar e dorsal e mais
fina na região frontal do corpo, pálpebras, escroto e pénis. É composta por tecido
conjuntivo com fibras elásticas, vasos linfáticos e nervos. É constituída também por 2
camadas (papilar – superficial; reticular – profunda).

Analisando as 2 camadas constituintes da mesma:

→ Camada papilar – contém múltiplas proeminências (papilas), pequenas,


vascularizadas e com corpúsculos tácteis (de Meissner), sobretudo na região
palmo-plantar.
→ Camada reticular – contém bandas entrelaçadas de tecido fibroso e também
fibras elásticas. Contém ainda as glândulas sebáceas, sudoríferas e folículos
pilosos (cuja raiz pode estar na hipoderme).

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 492 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5. Apêndices

5.1 Unhas
Estas têm uma raiz, corpo e extremidade livre. O seu crescimento em tamanho resulta
da proliferação celular do estrato espinhoso, onde se inserem. A substância da unha
(epidérmica) resulta do estrato lúcido (face superior) e estrato córneo (face inferior).

5.2 Pelo
Os pelos estão presentes em praticamente todas as áreas da pele, exceto na região
palmo plantar, face dorsal da última falange e algumas áreas genitais. A raiz do mesmo
termina num bulbo e este está contido numa invaginação de epiderme chamada
folículo piloso (pode estender-se até à hipoderme).

As glândulas sebáceas têm ductos que terminam no folículo piloso, sendo que este tem
2 camadas – a interna, que é continuação da epiderme (estrato espinhoso), e a externa,
que é constituída por derme vascularizada, com nervos e com tecido fibroso.
Conectados ao folículo piloso existem fibras musculares de contração involuntária. A
sua raiz assenta na hipoderme, atravessa toda a derme, saindo na epiderme.

5.3 Glândulas sebáceas


As glândulas sebáceas são pequenas, saculares,
localizadas na derme, estando dispersas por toda a
pele (exceto palmas e plantas). Estas são
particularmente abundantes na face e escalpe e os
ductos terminam nos folículos pilosos. A produção de
sebo (matéria lipídica produzida pelas células das
glândulas sebáceas) permite a lubrificação,
termorregulação e proteção contra microrganismos.

5.4 Glândulas sudoríferas


Tubo originário na derme ou hipoderme, inicialmente contorcido e posteriormente
retilíneo, que termina na superfície da epiderme. São particularmente abundantes na
região inguinal, axilas, palmas e plantas, onde também apresentam maior calibre. A
produção de suor ocorre nestas glândulas sendo importante sobretudo para a
termorregulação, mas também tem utilidade na proteção contra microrganismos e na
eliminação de água, eletrólitos e produtos do catabolismo proteico.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 493 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6. Exercícios

1. Quanto à pele (assinale a incorreta):


a. Os melanócitos produzem melanina e conferem coloração à pele
b. Os melanócitos localizam-se no estrato germinativo da epiderme
c. No vitiligo existe hipopigmentação
d. Nas doenças de Addison e de Cushing existe hipopigmentação
e. No albinismo não existe produção de melanina

2. Quanto à pele (assinale a correta):


a. As glândulas sebáceas produzem suor
b. As papilas existem na profundidade da derme
c. Não tem papel endócrino
d. As glândulas sudoríferas terminam nos folículos pilosos
e. A derme é flexível

3. Sobre a pele (assinale a correta):


a. Não é um órgão sensorial
b. O estrato espinhoso pertence à hipoderme
c. A melanina é produzida no estrato germinativo
d. Conectados ao folículo piloso existem músculos de contração voluntária
e. As glândulas sebáceas são particularmente abundantes na região
palmar

4. Sobre a pele (assinale a correta):


a. A derme é elástica e flexível
b. O estrato germinativo é composto por células anucleadas preenchidas
por queratina
c. O estrato córneo é responsável pela regeneração celular
d. A derme é constituída por tecido subcutâneo maioritariamente adiposo
e. A termorregulação depende dos corpúsculos de Meissner e Pacini

5. Relativamente à pele (assinale a correta):


a. A sensibilidade tátil é devida às impressões digitais
b. A melanina é responsável pela síntese de vitamina D
c. As glândulas sebáceas terminam nos folículos pilosos
d. As glândulas sebáceas são responsáveis pela produção de suor
e. A derme é composta por 5 camadas

6. Relativamente à pele (assinale a incorreta):


a. O estrato córneo é composto por células anucleadas preenchidas por
queratina
b. O estrato basal é responsável pela regeneração celular
c. A hipoderme é constituída por tecido subcutâneo maioritariamente
adiposo
d. A sensibilidade depende dos corpúsculos de Meissner e Pacini
e. A derme é rígida e pouco flexível

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 494 | P á g i n a


CLE 2019-2023
7. Relativamente à pele (assinale a correta):
a. Apesar das suas múltiplas funções fisiológicas, não tem papel na
termorregulação
b. É responsável pela excreção de produtos do catabolismo lipídico
c. A derme é constituída por duas camadas – papilares e reticular
d. As papilas existem na profundidade da derme
e. É irrelevante na imunidade

8. Quanto à pele (assinale a correta):


a. A derme é composta por cinco camadas
b. Não tem função de proteção
c. Tem papel na síntese da vitamina C
d. Para a função tátil interessam os corpúsculos de Meissner e Pacini
e. A epiderme é composta por duas camadas

9. (Frequência 2019) Relativamente à pele, organize os estratos por ordem


(superficial para profundo):
a. Estrato lúcido, córneo, granuloso, espinhoso, germinativo
b. Estrato córneo, lúcido, granuloso, espinhoso, germinativo
c. Estrato córneo, lúcido, espinhoso, granuloso, germinativo
d. Estrato lúcido, córneo, espinhoso, granuloso, germinativo
e. Estrato córneo, espinhoso, granuloso, lúcido, germinativo

10. (Frequência 2019) Relativamente à pele (incorreta):


a. É essencial na adaptação ao calor e frio
b. Contribui para a excreção de amónia e ácido úrico
c. A derme é constituída por duas camadas, papilar e reticular
d. A epiderme tem espessura constante
e. Os componentes sensoriais são corpúsculos de Meissner e de Pacini

dúvida verifiquem com a matéria


Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de

1D; 2E; 3C; 4A; 5C; 6E; 7C; 8D; 9B; 10D

Possíveis respostas:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 495 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 496 | P á g i n a
CLE 2019-2023
Modulo XVI – Fisiologia em situações adaptativas

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 497 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Termorregulação

7.1 Temperatura corporal normal


A temperatura corporal permanece estável apesar de grandes variações de
temperatura externa. Animais, como o ser humano, que mantém a temperatura em
intervalos estreitos são chamados de homeotérmicos. Para tal é necessário a existência
de mecanismos reguladores precisos.

A temperatura central mantida a 37.1ºC ± 1ºC e a


variação circadiana da temperatura é mais
elevada à tarde e mais baixa de manhã e à noite.
A temperatura também varia ao longo do ciclo
menstrual da mulher. A temperatura central é mais
bem estimada pela medição rectal ou timpânica,
enquanto a temperatura oral é cerca de 0.5ºC
inferior e a axilar é cerca de 1ºC inferior.

É controlada pelo balanço entre a produção e a perda de calor. A circulação para a


pele (e tecido subcutâneo) é responsável pela transferência de calor. A produção de
calor é um subproduto do metabolismo corporal – a curto prazo por contração muscular
e a médio/longo prazo por mecanismos endócrinos (adrenalina e hormona tiroideia). A
perda de calor regulada pela condução de calor até à pele, cujo fluxo sanguíneo pode
variar entre 0-30% do débito cardíaco, sendo a vasodilatação/aumento de débito, um
mecanismo de aumento de perda de calor e a vasoconstrição o oposto.

7.1.1 Mecanismos de perda e ganho de calor

 Radiação
 Condução
 Convexão
 Evaporação

❖ Radiação

Todas as substâncias com temperatura superior a zero absoluto (0ºK, 273ºC) irradiam
radiações infravermelhas, sendo o corpo um exemplo de irradiação de calor para o
exterior – este mecanismo é responsável por 60% de perda de calor, habitualmente. Se
a temperatura externa for superior à corporal é um mecanismo de ganho de calor.
Todas as substâncias acima de 0ºK, que são todas na terra, irradiam calor. Uma vez que
na maior parte do nosso país as temperaturas não vão acima dos 37º, a irradiação é
habitualmente um mecanismo de perda de calor.

❖ Condução

Perda de calor por contacto direto com objetos (3%) ou contacto direto com o ar (15%).
Se o meio exterior tiver temperatura superior à corporal, torna-se um mecanismo de
ganho de calor.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 498 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Convexão

Responsável pela remoção contínua de ar ou água adjacente ao corpo, mantendo a


perda de calor contínua. É responsável pelo mecanismo vestigial de piloereção que
evitava a perda de calor por condução. Outra noção a ter em conta é que uma pessoa
muito tempo dentro de água quente, a 27ºC, por exemplo, morre por hipotermia, pois
este mecanismo de perda de calor é mantido e a dada altura a pessoa tem hipotermia.

❖ Evaporação

A passagem de água do estado líquido para o estado gasoso (evaporação de suor)


necessita de grande quantidade de energia – 600 kcal/L. Existe perda de energia e
calor à superfície para sustentar este processo. Em condições normais é responsável por
22% da eliminação de calor. Se a temperatura externa for superior à corporal é o único
mecanismo responsável pela perda de calor. Há uma certa aclimatização ao calor
que iremos ver mais à frente. Este mecanismo é também muito importante quando
falamos no golpe de calor, é mais frequente as pessoas terem um golpe de calor em
ambiente quentes e húmidos do que em ambientes quentes e secos.

7.1.2 Regulação da temperatura corporal

Termorrecetores centrais:

 Calor – hipotálamo anterior


 Frio – mesencéfalo

Termorrecetores periféricos

 Pele – feedback negativo e positivo; menos importantes, pois a homeostasia é


relativa à temperatura central e não periférica – estes termorrecetores medem
mais a temperatura periférica

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 499 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Exposição a temperaturas elevadas

Mecanismos de diminuição de temperatura/adaptação ao calor:

 Vasodilatação aumenta a transferência de calor


 Inibição de apetite, diminuição de atividade muscular e alteração
do comportamento (ligar ar condicionado, por roupas frescas…),
diminuição da produção de adrenalina
 Aumento de sudorese/evaporação (600kcal/L de suor)
 A humidade relativa do ar pode complicar este processo
 Perdas normais de 600mL/dia que podem aumentar bastante de acordo com
temperatura externa
 A produção de suor pelas glândulas sudoríferas é estimulada por nervos
simpáticos pelo neurotransmissor acetilcolina
 O aumento de produção de suor seria acompanhado por espoliação de cloreto
de sódio, incompatível com a vida e, nesse contexto, existe produção de
aldosterona que trava esta excreção, diminuindo a concentração de iões no
suor (particularmente importante com exposição prolongada mecanismo de
aclimatização)

❖ Exposição a baixas temperaturas

Mecanismos de aumento de temperatura/adaptação ao frio:

 Vasoconstrição diminui taxa de transferência de calor pela pele/tecido


subcutâneo
 Piloereção – mecanismo residual em seres humanos
 Aumento de apetite
 Aumento de produção de adrenalina e hormona tiroideia
 Alteração do comportamento (ligar aquecimento, roupas quentes…)
 Aumento de contração muscular voluntária e involuntária
 Contração muscular (invisível/microscópica) involuntária na
dependência do hipotálamo posterior, com aumento de tónus
muscular e oscilação de fibras musculares

7.1.3 Meio externo e aclimatização

Ambientes extremos cujas características físicas impõem modificações agudas no


equilíbrio interno e na harmonia fisiológica orgânica. Estas traduzem–se em alterações
de parâmetros biológicos quantificáveis.

Relacionados com:

 Frio Termorregulação
 Calor
 Altitude
 Mergulho

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 500 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Modificações:

 Funções superiores
 Variáveis cardiovasculares Ambiente Resposta
 Ventilação Extremo Fisiológica Aguda
 Temperatura Corporal
 Variáveis metabólicas

Tipo Exposição a
ambiente extremo

Intensidade

Duração Exposições prévias

Stress

Resposta Fisiológica Aguda

Ambiente extremo

Resposta Fisiológica Aguda Repetição da exposição

Adaptação-Aclimatização

Ambiente extremo

Resposta Fisiológica Aguda Repetição da exposição

Adaptação-Aclimatização

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 501 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Exposição Continuada / Repetida

ADAPTAÇÃO FISIOLÓGICA

Aclimatização

Ocorre uma menor repercussão orgânica sobre parâmetros biológicos quando houver
exposição ao ambiente extremo que a determinou.

Exposição repetida

Modificação dos mecanismos de


controlo fisiológico

Resposta de menor amplitude


melhor tolerância ao ambiente
exposto

Adaptação Aclimatização

7.1.4 Anomalias da regulação da temperatura corporal

❖ Febre

Elevação do termostato corporal – resetting – é um novo


alvo, decorrente de agressão, normalmente por infeção
(também pode ser trauma, neoplasia, pancreatite, etc). O
nosso mesencéfalo tem a mensagem que a temperatura
corporal normal é de 37ºC ± 1ºC, na febre o hipotálamo
passa a ter a informação de que a temperatura corporal
é de, por exemplo, 40ºC. Posto isto, o corpo vai fazer tudo
para chegar o mais rápido possível a esse novo “alvo” – a
nossa temperatura corporal central mudou.

Bactérias podem ter efeito hipotalâmico direto ou indireto-via células do sistema


imunitário (macrófagos, linfócitos…) que produzem interleucina 1 e 6 que por sua
estimulam a produção de prostaglandina E2 (esta via é inibida pela aspirina, motivo
pelo qual é um antipirético).

Febre baixa pode ser benéfica no combate à infeção porque cria um ambiente hostil
à infeção, mas febre alta e mantida deve ser tratada pelos efeitos nefastos no sistema
nervoso central.

Na subida térmica existem arrepios ou calafrio, sensação de frio, vasoconstrição e


tremores, ou seja, apesar de a temperatura estar normal, estão em ação mecanismos
de aumento de temperatura, para ganhar rapidamente temperatura. Quando o
termóstato volta ao normal existe sensação de calor, sudorese e vasodilatação para
redução de temperatura.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 502 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Hipertermia

Aumento de temperatura sem alteração do termóstato e


ocorre por exemplo no exercício físico. O nosso hipotálamo
continua a ter a mensagem que a temperatura corporal
central é de 37ºC ± 1ºC, mas ganhamos imenso calor a um
ritmo grande que não somos capazes de o expelir pelos
mecanismos habituais, seja porque o meio externo está muito
quente ou porque tem um doença ou ainda devido ao
exercício físico. A hipertermia não é controlada por
medicamentos ao contrário da febre.

❖ Hipertermia maligna

Doença genética rara secundária a fármacos anestésicos (succinilcolina – relaxante


muscular, outros curarizantes, e anestésicos inalados/halogenados). Induz aumento de
metabolismo muscular, rabdomiólise, acidémia e pode culminar em choque e morte.
Tratamento com dantroleno.

❖ Heatstroke – golpe de calor

Com o calor intenso pode existir colapso por vasodilatação e diminuição do


metabolismo como mecanismo compensador extremo.

Quando existe um completo compromisso dos mecanismos de regulação estamos


perante um golpe de calor, em que o aumento de temperatura causa delirium, choque,
convulsões e alteração do estado de consciência.

Acontece normalmente em ambientes quentes e húmidos. Sudorese e vasodilatação


inexistentes. Na ausência de mecanismos reguladores eficazes o aumento de
temperatura aumenta o metabolismo e existe este círculo vicioso. Tratamento com
arrefecimento externo, ressuscitação volémica e cessar atividade. Em casos raros
podemos utilizar máquinas de circulação extracorporal, como uma máquina de diálise,
onde o sangue circula em tubos exteriores acaba por arrefecer.

2. Fisiologia do exercício físico

O stress fisiológico resultante de atividade física suplanta as


catividades normais do dia-a-dia. A taxa metabólica de um
doente febril aumenta 100% e de um maratonista aumenta
2000%!

A fisiologia do exercício físico compreende o estudo do corpo e da dinâmica corporal,


estruturas e funções que são alteradas em consequência da exposição ao exercício
intenso (agudo) e prolongado (crónico).

O exercício físico corresponde à atividade física planeada, estruturada e repetitiva com


o objetivo de condicionar o corpo ou alguma parte do corpo. O exercício é importante
para melhorar a saúde em termos globais e para a reabilitação física e psicológica de
várias condições e patologias.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 503 | P á g i n a


CLE 2019-2023
8.1 O atleta

A força muscular, ventilação pulmonar e débito cardíaco dependem da massa


muscular. Nas mulheres é 2/3 a 3/4 da dos homens. Há aumento de massa muscular nos
homens devido a testosterona por efeitos anabolizantes de predomínio no músculo.

Em não-atletas homens a massa muscular é 40% superior


à das mulheres e nestas a percentagem de gordura é
superior (27% vs. 15%) por efeito do estrogénio na
deposição de gordura no tecido subcutâneo e mamas.

A testosterona também tem efeito de agressividade que


é de interesse nalgumas competições desportivas.

8.2 Atividade muscular no exercício

A força de contração muscular depende do tamanho do músculo. O poder de


contração depende do trabalho por unidade de tempo e depende da força muscular,
da distância de contractilidade e do número de vezes que contrai por minuto.

Endurance depende de manutenção de nutrição muscular e das reservas de


glicogénio musculares, que são dependentes da dieta (rica em hidratos de carbono).

8.2.1 Sistemas metabólicos musculares

3 sistemas principais de fornecimento energético

 Fosfagénio – consiste de ATP e fosfocreatina (fosfato + creatina)


 Glicogénio lactato
 Sistema aeróbico

❖ 1º sistema – FOSFAGÉNIO

ATP → ADP → AMP: a libertação de 1 radical fosfato liberta 7300 kcal por
mole de ATP e posteriormente por mole de ADP.

 Energia suficiente para 3 minutos


 Sistema complementado pelo fosfocreatina (fosfato + creatina) – a
libertação deste radical fosfato liberta 10300 kcal/mole
 Reservas superiores às de ATP – ainda assim apenas suficiente para
10 segundos de exercício máximo (corrida de 100 m)

❖ 2º sistema – GLICOGÉNIO

 Glicogenólise – conversão de glicogénio em moléculas de glicose


 Gliconeogénese – produção de novas moléculas de glicogénio, no fígado.
 Metabolismo pode ser anaeróbio com produção de lactato
 Produção de ATP 2.5 vezes mais rápida que metabolismo aeróbio
 4 moléculas de ATP por molécula de glicose
 Energia suficiente para 1,5 minutos em contração máxima

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 504 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ 3º sistema – AERBÓBIO

Para períodos de contração muscular prolongada é necessário o recurso ao


metabolismo aeróbio – produção de ATP nas mitocôndrias com recurso a glicose,
ácidos gordos e aminoácidos. Este sistema é mais lento, mas mais eficiente.

❖ Fase de recuperação necessita de oxigénio

O lactato é removido pela metabolização em piruvato.

A glucose é convertida no fígado a glicogénio – glicogénese.

Há um aumento da respiração/oxigenação na fase de recuperação que compensa o


défice de oxigénio sendo combinado com hemoglobina e mioglobina.

O glicogénio é novamente armazenado no músculo (pode necessitar de dias –


consoante o tipo de exercício e a dieta subsequente).

8.2.2 Hipertrofia muscular

Se existir contração prolongada sem carga não existe significativo aumento da massa
e força muscular.

Contração muscular até 50% da força máxima, poucas vezes por dia, 3x / semana
aumenta a massa muscular

 Aumento do número de fibras musculares (ligeiro)


 Aumento do tamanho das fibras musculares (significativo)

Existe também aumento do número de miofibrilhas. Há


um aumento de 120% no número de mitocôndrias,
aumento de 60 a 80% nos componentes do sistema do
fosfagénio, aumento de 50% nas reservas de glicogénio,
aumento de 75 a 100% das reservas de triglicéridos.

8.2.3 Diferentes tipos de fibras musculares

Fibras tipo I – lentas Fibras tipo II – rápidas

Exercício prolongado Resposta rápida


Mais pequenas 2x diâmetro

2 – 3x metabolismo anaeróbio e
Menor metabolismo anaeróbio
produção de lactato

Exercício aeróbico Exercício rápido/anaeróbico

Mais mioglobina Menos mioglobina

Exercícios longos: Maratona Exercícios rápidos: Sprint

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 505 | P á g i n a


CLE 2019-2023
8.3 Sistema respiratório

Durante o exercício existe aumento da capacidade máxima de


consumo de oxigénio (3600 para 4000 mL/min – 5100 mL/min no
maratonista).

Ocorre aumento da capacidade de difusão de oxigénio pela


membrana alvéolo-capilar (23 para 48 mL/min/mmHg) à custa
da perfusão de capilares pulmonares, habitualmente
encerrados, aumentando a área disponível para trocas gasosas.

8.4 Sistema cardiovascular

O fluxo de sangue para os músculos aumenta até 25 vezes durante o exercício. Este
fluxo dá-se entre contrações musculares (existe compressão dos vasos durante a
contração muscular). O aumento de pressão arterial e a dilatação das arteríolas
contribuem para este fenómeno.

Habitualmente é o sistema cardiovascular (e não o respiratório) que limita a atividade


física (90% vs. 65% em atividade máxima). O treino atlético aeróbico proporciona
condicionamento cardíaco – aumento de volume sistólico em repouso e máximo
durante o exercício e diminuição da FC em repouso com aumento do diferencial para
o exercício.

8.5 Termorregulação

Existe produção de calor em grande quantidade durante o exercício.


Problemas na eliminação do calor podem comprometer a atividade física e
culminar em golpe de calor. Ambientes quentes e húmidos complicam a
atividade física.

O golpe de calor trata se reduzindo a atividade física, reduzindo a


temperatura corporal e fazendo reposição volémica, de sódio e de potássio.

8.6 Benefícios do exercício físico

 Aumento da eficácia cardíaca por incremento do volume sistólico e redução


da frequência cardíaca e da pressão arterial
 Diminuição do consumo miocárdico de O2
 Aumento da rede capilar miocárdica
 Redução da mortalidade e morbilidade de causa cardíaca
 Aumento da rede capilar muscular esquelética
 Aumento da densidade mitocondrial no músculo esquelético
 Redução da resistência vascular periférica
 Aumento da capacidade vasodilatadora vascular
 Melhoria da capacidade de redistribuição de débitos
 Melhoria da capacidade de transporte de O 2 para os tecidos
 Redução da produção de lactatos para um certo nível de consumo de O 2
 Redução da perceção de esgotamento para um certo nível de consumo de O 2

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 506 | P á g i n a


CLE 2019-2023
 Potenciação da capacidade de utilização de ácidos gordos livres como
substratos energéticos para a síntese de ATP
 Aumento da produção de lipoproteínas de alta densidade (HDL)
 Incremento da resistência aeróbica
 Redução da incidência de obesidade
 Aumento da força e resistência musculares
 Menor incidência de problemas relacionados com atitudes posturais incorretas
por hipotonia muscular
 Melhoria da função articular
 Melhoria dos mecanismos de termorregulação e de tolerância a ambientes
quentes
 Atraso do aparecimento da osteoporose desde que sejam utilizados exercício
de força
 Aumento da tolerância à glicose
 Redução da dispneia em doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica e
em doentes com insuficiência cardíaca
 Aumento da sensação subjetiva de bem-estar
 Ação antidepressiva e melhoria da autoestima

3. Fisiologia e adaptação a grandes variações barométricas

9.1 Fisiologia de altitude

Altitude:

 < Pressão Atmosférica


 < Pressão parcial O2 alveolar
 < Pressão parcial O2 arterial

< Pressão Atmosférica


Melhoria de algumas atividades
< Pressão parcial O2 alveolar físicas – Saltos

< Pressão parcial O2 arterial

< camada protetora


< Densidade do ar > Ação das radiações
> Agressão das radiações ultravioleta e ionizantes
> Frio
< Humidade
<0.65ºC /100 m
> Vento
<1ºC/150 m

Evaporação mais fácil – maior


risco de desidratação

Hipóxia Hipobárica

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 507 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Velocidade
Ascensão

Sexo
< Idade
Masculino

Risco

Suscetibilidade
Exercício
individual

A diminuição de pressão barométrica (atmosférica) é responsável pela hipoxia. A


diminuição da pressão atmosférica de O2 resulta na diminuição da pressão alveolar e
subsequentemente arterial. A pressão de vapor de água mantém se constante, se a
temperatura for constante.

A pressão de dióxido de carbono (no sangue) vai reduzindo lenta e progressivamente


com a aclimatização, visto que a hiperventilação é um mecanismo compensatório de
adaptação. A pessoa para manter o mesmo nível de oxigénio tem de respirar mais vezes
para compensar a hipóxia, mas isto diminui o CO2 no sague e, por isso, aumenta o pH.
A alcalose tem riscos, como por exemplo, a convulsão.

Inicialmente, este estímulo de hiperventilação é travado por alcalémia respiratória, mas


posteriormente existe excreção de bicarbonato e o equilíbrio ácido base cerebral volta
a estimular o centro respiratório.

Inicialmente aumenta 65%. Ao fim 2 a 5 dias aumenta 400% pCO2 desce de 40 para 27
mmHg.

Respirar ar com FiO2 100% (oxigénio puro) melhora a pressão alveolar e arterial de O 2. A
9000m de altitude a pressão alveolar de O 2 seria de 18mmHg e passa a 139 mmHg
quando é respirado oxigénio puro.

Existe aclimatização a elevadas altitudes:

 Hiperventilação
 Aumento do volume sanguíneo
 Aumento dos hematócritos/eritrócitos
 Aumento da vascularização dos tecidos
 Aumento da capacidade de entrega e utilização de O2 do sangue aos tecidos
 Aumento da capacidade de difusão de oxigénio

Hemoglobina aumenta 50% (resposta tardia, iniciada ao fim de duas semanas e


completa ao fim de meses) e o débito cardíaco aumenta 30%.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 508 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Doença das montanhas/Mal da montanha:

Permanência em elevada altitude por período prolongado.

1. Hematócrito exageradamente elevado


2. Hipertensão pulmonar
3. Dilatação de cavidades cardíacas direitas
4. Insuficiência cardíaca global por cor pulmonale
5. Hipotensão/choque cardiogénico
6. Morte

Resolve-se com o regresso imediato a nível do mar.

9.2 Fisiologia espacial

Problemas decorrentes de ausência de peso/gravidade

1. Enjoo de movimento (motion sickness) nos primeiros dias


2. Translocação de fluídos pela ausência do efeito da gravidade na pressão
hidrostática
3. Diminuição de atividade pela ausência de necessidade de contração muscular
para oposição à gravidade

Períodos prolongados no espaço:

 Diminuição do volume de sangue


 Diminuição do número de eritrócitos
 Diminuição de força muscular
 Diminuição de débito cardíaco máximo
 Diminuição de massa óssea

9.3 Fisiologia de mergulho

Homem Meio Subaquático

O Homem não se climatiza às altas pressões.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 509 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Exercício Físico Perturbações sensoriais
(visão e audição) e
Frio Hipotermia das funções superiores
comportamentais e
orientacionais
AMBIENTE HIPERBÁRICO

Fauna e Flora Marinhas


Constrangimento
respiratório
(equipamentos, misturas
gasosas mais densas e
potencialmente tóxicas)

Substratos energéticos As exigências do mergulho são grandes para todo


Energia química o conjunto dos determinantes da aptidão física

ATP Músculo Esquelético


Proteínas Contrácteis
Cálcio
Força, Movimento
Termorregulação
Energia Movimentos unitários

Energia Térmica Mecânica Movimentos complexos

A pressão aumenta com a profundidade. O ar necessita ser fornecido a altas pressões,


expondo o pulmão a pressões alveolares elevadíssimas dos respetivos gases. A esta
condição chama-se hiperbarismo.

Uma coluna de água de 10m, exerce uma pressão semelhante a toda a atmosfera. Um
mergulhador a 10m está submetido a uma pressão de 2 atmosferas (atmosfera
terrestre+10m).

Lei de Boyle: proporcionalidade inversa entre pressão e volume do gás. Quando duplica
a pressão, o gás ocupa metade do espaço. A 10m profundidade um 1litro de gás é
comprimido para meio litro, e assim sucessivamente.

9.3.1 Efeitos do aumento da pressão parcial de gases

Narcose do azoto:

 36m: desinibição
 36-60m: obnubilação/confusão
 60-76m: diminuição global de força muscular
 76m: incapacidade total

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 510 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Aumento da pressão de oxigénio:

 Aumento de capacidade de transporte de oxigénio dissociado de hemoglobina


e dissolvido no sangue
 Cérebro suscetível a intoxicação por oxigénio – Convulsões podem levar ao
coma (em 30 minutos a 4 atmosferas) – Efeito Paul Bert
 Lesão de radicais livres de oxigénio (superóxido, peróxido) cuja produção
suplanta os mecanismos de compensação (enzimas como catalases,
peroxidases, superóxido dismutases
 Radicais livres oxidam enzimas e lesam sistemas metabólicos celulares
 Alterações pulmonares: edema pulmonar, atelectasia, congestão de vias
aéreas (Efeito de Lorrain Smith)

9.3.2 Doença de descompressão do mergulhador

Formação de bolhas de azoto na corrente sanguínea e nos tecidos durante a ascensão

Pressões elevadas de ar inspirado também contém pressões elevadas de


nitrogénio/azoto. Os capilares pulmonares ficam saturados com azoto que acaba por
ser absorvido para a circulação e para os vários órgãos, estando dissolvido.

Se existir rápido retorno à superfície o azoto passa ao estado gasoso, formando bolhas
que são responsáveis pelos sintomas.

9.4 Consequências

Agudas:

 Tipo I “Bends”
o Dor articular ou periarticular (89% dos mergulhadores com doença de
descompressão)
 Tipo II (Grave)
o Lesões que podem atingir o SNC
o 5-10% tonturas; 5% paralisia; 3% estupor
 Aparelho Respiratório “Chokes” (2%) – dispneia, edema pulmonar

Crónicas:

 Osteonecrose disbárica (lesão particularmente grave quando associada a


barotraumatismos)

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 511 | P á g i n a


CLE 2019-2023
9.4.1 Câmara hiperbárica como tratamento

Câmara hiperbárica

 Administração de oxigénio a 2-3 atmosferas


 Para tratar a quantidade de azoto dissolvido no sangue
 Radicais livres de oxigénio podem ser benéficos em
situações específicas

Tratamentos para:

1. Gangrena gasosa
 Infeções por Clostridium perfringens (microrganismos anaeróbios)
2. Lepra / Hanseníase
3. Doença de descompressão do mergulhador
4. Intoxicação por monóxido de carbono
5. Embolia gasosa
6. Osteomielite
7. Cistite rádica

4. Exercícios

1. Quanto à termorregulação (assinale a incorreta):


a. A radiação é um mecanismo de perda ou ganho de calor, que consiste
na emissão de radiações infravermelhas
b. A radiação é um mecanismo de ganho de calor se a temperatura
exterior for superior à do corpo
c. A evaporação é apenas um mecanismo de ganho de calor
d. A condução pode ser um mecanismo de perda ou ganho de calor
e. A convexão é um dos mecanismos de termorregulação

2. Quanto às variações barométricas (assinale a correta):


a. Na altitude, o único perigo é a hipoxia
b. A condição de cada indivíduo (idade, estado de saúde) não interfere
com a capacidade de resposta à altitude
c. A doença de descompressão é devido ao azoto
d. Os “bends” – sintomas articulares, são sintomas crónicos da doença de
descompressão
e. A câmara hiperbárica serve para tratar pneumonia

3. Quanto ao exercício físico (assinale a incorreta):


a. O lactato é convertido em piruvato no músculo
b. A glicogenólise consiste na conversão de glicogénio em moléculas de
glicose
c. O glicogénio é armazenado no músculo
d. O oxigénio liga-se à mioglobina
e. A glicogénese consiste na formação de glicogénio

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 512 | P á g i n a


CLE 2019-2023
4. Quanto ao exercício físico (assinale a incorreta):
a. Melhora o sistema osteoarticular
b. Melhora a função cardiovascular
c. Aumenta a sensação de bem-estar
d. Diminui a tolerância à glicose e a sua capacidade de utilização
e. Tem ação antidepressiva

5. Em relação à termorregulação (assinale a correta):


a. A temperatura corporal humana varia grandemente com temperaturas
externas, sendo isso chamado homeotermia
b. A circulação para pele e tecido subcutâneo é o mecanismo regulador
das transferências de calor
c. O mecanismo de convexão contribui para um aumento da radiação
d. Os termorrecetores centrais existem no cerebelo

6. Relativamente à termorregulação (assinale a incorreta):


a. Os termorrecetores centrais existem no mesencéfalo e cerebelo
b. Do ponto de vista endócrino, para a termorregulação, interessam a
adrenalina e hormonas tiroideias
c. As alterações comportamentais são importantes mecanismos de
adaptação ao calor
d. A aclimatização a climas frios depende do aumento da sudorese e da
aldosterona
e. Na febre existe um resetting do termostato corporal

7. Relativamente à termorregulação (assinale a correta):


a. O golpe de calor trata-se com dantroleno
b. Na febre, a alteração do alvo de temperatura hipotalâmica, pode ser
resultado de mediadores inflamatórios com interleucina 1, interleucina 6
e prostaglandina E2
c. A febre é sempre secundária a infeção
d. A hipertermia maligna é uma doença genética comum, secundária a
anestésicos halogenados e curarizantes como succinilcolina
e. O golpe de calor é resultado de mecanismos termorreguladores intactos

8. Sobre as variações barométricas (assinale a incorreta):


a. Pode existir lesão pulmonar e do sistema nervoso central, por toxicidade
do oxigénio, no mergulho
b. A toxicidade do azoto é fruto de radicais livres
c. No espaço, a ausência de gravidade, compromete a massa óssea
d. A intoxicação por monóxido de carbono pode ser tratada na câmara
hiperbárica
e. Na aclimatização a altitude existe maior capacidade de difusão do
oxigénio alvéolo-capilar

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 513 | P á g i n a


CLE 2019-2023
9. Relativamente ao exercício físico (assinale a incorreta):
a. Exercício de carga regular promove hipertrofia muscular
b. As fibras musculares de tipo I são responsáveis por esforço curto e
anaeróbio
c. Durante o exercício aumenta a capacidade de difusão de oxigénio
d. Durante o exercício existe redistribuição do fluxo sanguíneo para os
músculos, sendo estes particularmente irrigados durante a contração
muscular
e. Habitualmente é o sistema cardiovascular (e não o respiratório) que limita
a atividade física

10. Relativamente à termorregulação (assinale a correta):


a. A vasoconstrição periférica é um mecanismo de perda de calor
b. Existe temperatura constante ao longo do ciclo menstrual da mulher
c. A evaporação necessita de cerca de 600kcal/L
d. Os termorrecetores centrais do frio estão localizados na protuberância
e. Os idosos são menos suscetíveis a colapso circulatório e golpe de calor,
quando expostos a altas temperaturas

11. Sobre as variações barométricas (assinale a correta):


a. A hiperventilação aumenta a pressão de CO 2 no sangue
b. O “mal da montanha” é um estado de insuficiência cardíaca direita
decorrente da hipertensão pulmonar causada pela elevação do
hematócrito
c. O volume de um gás aumenta com a pressão barométrica, segundo a
Lei de Boyle
d. É possível aclimatização a altas pressões barométricas
e. A diminuição do débito cardíaco é um mecanismo de adaptação à
altitude

12. Quanto ao exercício físico (assinale a correta):


a. O radical fosfato ligado ao ATP produz mais energia do que o radical
fosfato ligado a creatina (fosfocreatina)
b. O sistema respiratório é normalmente o limitante na atividade física
c. As fibras de tipo 1 são fibras lentas
d. A fase de recuperação é independente de oxigénio
e. A dieta é irrelevante para a construção de reservas de glicogénio

13. Quanto ao exercício físico (assinale a incorreta):


a. O oxigénio ligue se a mioglobina, à semelhança do que faz com a
hemoglobina
b. O aumento da temperatura corporal neste contexto é chamado de
hipertermia
c. As fibras musculares de tipo 1 adequam-se, por exemplo, a exercícios
como a maratona
d. Corresponde a atividade física estruturada e repetitiva com o objetivo
de condicionar o corpo ou parte dele
e. O sistema anaeróbio é o mais utilizado em exercício físico prolongado

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 514 | P á g i n a


CLE 2019-2023
14. Sobre a termorregulação (assinale a incorreta):
a. A hipertermia maligna trata-se com dantroleno
b. A febre pode ser secundária a trauma e a lesões do sistema nervoso
central
c. Na febre, a alteração do alvo de temperatura hipotalâmica, pode ser
resultado de mediadores inflamatórios como interleucina 1, interleucina
6 e prostaglandina E2
d. O golpe de calor é resultado de mecanismos termorreguladores intactos
e. A hipertermia maligna é uma doença genética rara secundária hã
anestésicos halogenados e curarizante UFS como succinilcolina

15. Quanto à termorregulação (assinale a correta):


a. A temperatura corporal é regulada apenas pela produção de calor
b. A transferência de calor resulta da circulação para a árvore respiratória
c. A condução é um mecanismo apenas de ganho de calor
d. A febre não significa necessariamente infeção
e. O golpe de calor trata-se com dantroleno

16. Quanto às variações barométricas (assinale a incorreta):


a. À hipoxia de altitude chama-se hipoxia hipobárica
b. A hipoxia de altitude decorre da diminuição da pressão atmosférica e
consequentemente diminuição da pressão de oxigénio
c. Existe hiperventilação (alcalose respiratória) para compensar a hipoxia
de altitude
d. O débito cardíaco aumenta até 30% na aclimatização à altitude
e. A hemoglobina aumenta até um máximo de 5% na aclimatização a
altitude

17. Sobre a termorregulação (assinale a incorreta):


a. A temperatura corporal é dependente do método e local de medição
b. A temperatura normal é 37.1 ºC +- 1ºC
c. São mecanismo de termorregulação a convexão, radiação e inflexão e
evaporação
d. A evaporação pode ser o único mecanismo de perda de calor, em
ambiente mais quente que a temperatura corporal
e. Na febre, na subida térmica, pode existir contração muscular

18. Sobre a termorregulação (assinale a correta):


a. A hipoventilação é um mecanismo de adaptação à latitude
b. A doença de descompressão do mergulhador está relacionada com
toxidade do oxigénio
c. A câmara hiperbárica só serve para tratamento de doença de
descompressão
d. A hipoxia hipobárica depende da diminuição de PCO 2 atmosférica
e. O aumento de produção de eritrócitos é um mecanismo de adaptação
à altitude

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 515 | P á g i n a


CLE 2019-2023
19. Sobre a termorregulação (assinale a incorreta):
a. A testosterona contribui para o aumento de massa muscular
b. O exercício aeróbio promove melhoria cardiovascular e respiratório
c. O exercício anaeróbico de carga contribui para hipertrofia muscular
d. O glicogénio é produzido no músculo
e. O lactato é um produto do metabolismo anaeróbio

20. Sobre as variações barométricas, assinale a alínea correta:


a. Os sintomas mais frequentes da doença de descompressão são do foro
do sistema nervoso central
b. Se um mergulhador não respirar azoto (apneia ou mistura gasosa sem
azoto na garrafa de mergulho) é impossível ter doença de
descompressão
c. Ao aumento de pressão atmosférica chama-se hipobarismo
d. Ao défice de oxigenação de altitude chama-se hipoxia hiperbárica
e. O equilíbrio acido-base do corpo depende somente do sistema
respiratório (hipo- e hiperventilação).

21. (Frequência 2019) Relativamente às alterações barométricas (correta):


a. O débito cardíaco pode aumentar até 80% na aclimatização à altitude
b. A hemoglobina pode aumentar até 50% na aclimatização à altitude
c. O mal da montanha resulta de insuficiência cardíaca esquerda
d. Períodos prolongados no espaço resultam em aumento da massa óssea
e. Períodos prolongados no espaço resultam em aumento da massa
muscular

22. (Frequência 2019) Relativamente à termorregulação (incorreta):


a. Todas as substâncias com temperatura superior a 0 absoluto irradiam
radiações infravermelhas
b. Condução refere-se à transferência de calor por contacto direto com
objetos
c. A piloereção é um mecanismo vestigial de termorregulação
d. A evaporação é o único mecanismo de perda de calor quando a
temperatura externa é superior à temperatura corporal
e. O golpe de calor é mais frequente em ambientes quentes e secos

dúvida verifiquem com a matéria


Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de

20E; 21B; 22E


1C; 2C; 3A; 4D; 5B; 6A; 7B; 8B; 9B; 10C; 11D; 12C; 13E; 14D; 15D; 16E; 17C; 18E; 19D;

Possíveis respostas:

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 516 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Semiologia e Patologia

Apontamentos 2020/2021

CLE 2019-2023

Catarina Fonseca | Inês Rosado | Inês Leal

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 517 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 518 | P á g i n a
CLE 2019-2023
Módulo I – Agentes físicos e químicos

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 519 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Agentes físicos

Radiação Eletricidade
 Não ionizante  Determinantes
o Efeitos nefastos  Mecanismos e Efeitos
o Efeitos benéficos
 Ionizante
o Determinantes para efeito Calor
o Tipos de efeito  Mecanismo de eliminação de calor
Frio  Efeitos acumulação de calor
 Queimaduras
 Mecanismo de proteção
 Fatores de risco para a hipotermia

1.1 Radiação

No espetro eletromagnético existem 2 tipos de radiação – ionizante e não ionizante.

1.1.1 Radiações eletromagnéticas não ionizantes

Correspondem às radiações com frequências mais baixas, em que vamos ter uma
vibração e rotação nas moléculas biológicas.

Um exemplo deste tipo de radiação são as Radiações Ultravioletas (UV). Este é o tipo
de radiação que tem os efeitos mais nefastos no Homem. Existem 3 tipos:

→ UVA I e UVA II (320-400nm)


→ UVB (280-320nm)
→ UVC (200-280nm)

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 520 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Radiação UV

Efeitos Nefastos – Agudos:

 Ação inflamatória consequente


 Reação Inflamatória Aguda
a um estímulo nocivo
 Reação Inflamatória Retardada
 Temporária
 Reação Inflamatória Permanente
 Reversível

 Duração do efeito é prolongado


 Sinais demoram a surgir
 Resolução é morosa

Pigmentação:
 UVA
 Imediata e transitória o Melanina oxidada
 Retardada

 UVA e UVB continuada – provoca:


o Aumento número melanócitos
o Alongamento e extensão dos seus processos dendríticos
o Transferência da melanina para os queranócitos

Efeitos retardados:
 UV
 Pigmentação o Aumento da expressão da
 Cataratogénese Elastina e das Metaloproteinases
 Fotoenvelhecimento cutâneo ▪ Degradação de colagénio
 Fotocarcinogénese tipo I degeneração e
desorganização da derme

 Lesões do DNA  Fotoimunotóxicos


 Fotoimunomoduladores

Apoptose Cancro Alterações na vigilância


imunológica

Efeitos patológicos após transformações fotoquímicas de fármacos

→ Dermatose fototóxica
o Efeitos na epiderme
o Restrita ao local de exposição solar
→ Dermatose fotoalérgica
o Reação hipersensibilidade na pele
o Não se restringe à área foto-exposta

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 521 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Efeitos benéficos:

→ Síntese de vitamina D na pele que diminui o aparecimento


de raquitismo
→ Utilização da radiação no tratamento de doenças
cutâneas, como, por exemplo, a psoríase.

1.1.2 Radiações eletromagnéticas ionizantes

A interação destas reações com moléculas biológicas resulta na injeção de eletrões.


Estas radiações não são detetadas por quem as recebe e tem um efeito lesivo somatório,
ou seja, quanto mais tempo estivermos sobre estas radiações pior.

As radiações eletromagnéticas ionizantes correspondem a radiações de altas


frequências.

As radiações podem ser de 2 tipos:

→ Naturais (luz solar, raios cósmicos)


→ Artificiais (Raios X) – estas são causadoras de doença

As radiações ionizantes podem ainda existir sob 2 formas:

→ Radiação eletromagnética (raios X, raios Gama)


→ Partículas (neutrões)

Efeitos

A radiação ionizantes provocar alterações que podem dar origem a mutações, que se
traduzem:

 Ativação de proto-oncogeneses
 Inativações de genes oncossupressores
 Desregulação de genes envolvidos na apoptose
 Alterações do material genético

Lesões diretas no DNA Lesões indiretas no DNA

 Quebra de mono ou dupla cadeia  Formação de radicais livres e de


de DNA compostos reativos
 Lesão ou perda de bases  Propagação dessa reatividade a
 Ligações cruzadas DNA-DNA ou outras moléculas existentes na
DNA-Proteínas célula, provocando lesões
reversíveis até um certo limite

Assim, a radiação ionizante exerce uma ação direta no


ADN, sendo as células em divisão, ou processo de divisão, as
mais suscetíveis, mais concretamente quando se encontram
na fase G2 e mitótica do ciclo celular.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 522 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Determinantes para o efeito
 Intensidade da radiação
 Dose total de radiação
 Duração da exposição
 Idade a que o individuo é exposto
 Superfície corporal exposta
 Tratamentos associados ao aparecimento de
cancro

Tipos de efeitos:

 Irradiação total em grandes doses


o Dose muito elevada – lesão SNS
o Dose elevada – lesão da mucosa gastrointestinal e perturbação da
hematopoiese
 Irradiação total em doses pequenas e repetidas
o Lesões nos tecidos mais vulneráveis – anemia aplásica, esterilidade,
leucemias, doenças hereditárias
 Irradiação localizada em doses elevadas – exemplo radioterapia
o Náuseas, vómitos, astenia, cefaleias
o Risco acrescido de tumores secundários
o Alterações ao nível dos órgãos alvo

1.2 Eletricidade

1.2.1 Determinantes para o efeito

Na eletricidade temos de perceber que as lesões provocadas por esta vão depender:

→ Tipo de corrente
→ Quantidade de corrente
→ Percurso da corrente
→ Potencial de corrente ou tensão
→ Duração do contacto
→ Resistência

Existem 2 tipos de corrente – contínua e alterna. A corrente contínua leva a uma


contração breve dos músculos esqueléticos, seguido de relaxamento. Já a corrente
alterna leva a uma contração tetânica, ou seja, se mantém sempre, sem relaxamento.
A corrente alterna é a pior.

Quanto maior for o potencial/tensão (voltagem) da corrente, maior vai ser a lesão
provocada.

Quanto maior a resistência, mais calor é gerado com a


passagem da corrente, logo pode levar a queimadura
associada à própria eletricidade.

Diferentes percursos implicam lesões em diferentes


órgãos.

Uma duração de contacto maior tem tendência a


provocar maiores danos.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 523 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.2.2 Mecanismos e Efeitos

Quando ocorre estimulação do Sistema Nervoso, pode provocar:

→ Alterações da consciência
→ Paralisia

Quando ocorre estimulação do coração, pode provocar:

→ Fibrilhação ventricular
→ Arritmia
→ Assistolia
→ Fraturas

Quando ocorre estimulação dos músculos esqueléticos, pode provocar:

→ Luxações
→ Insuficiência respiratória

Pode ainda levar à produção de calor.

1.3 Frio/Hipotermia

Diminuição da temperatura Activação dos mecanismos


corporal abaixo dos 36º homeostáticos

→ Vasoconstrição periférica
→ Ativação dos músculos esqueléticos
→ Piloereção

Pode dever-se a fatores extrínsecos (Ex: exposição ao frio) ou


intrínsecos (Ex: perturbações na termorregulação). É frequente nos
bebés, alcoólicos, em pessoas com lesões do tálamo ou com
doenças tiroideias.

Quando a temperatura corporal baixa há a ativação dos


mecanismos homeostáticos que têm como função regulá-la.

1.3.1 Fatores de risco

São todos os fatores que impedem a homeostasia, como:

 Lesão do hipotálamo/hipófise
 Hipoglicémia
 Hipotiroidismo
 Neuropatia induzida pelo alcoolismo ou diabetes
 Vasodilatação dos vasos superficiais induzida pelo álcool
 Quadros clínicos que conduzem a uma reduzida
atividade muscular

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 524 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.3.2 Efeitos gerais

Os efeitos gerais da hipotermia podem ser diretos através


da depressão do metabolismo ou indiretos ao nível da
curva da dissociação da oxihemoglobina, pois a
diminuição da temperatura ambiente aumenta a
afinidade da hemoglobina para o oxigénio, pelo que esta
fica menos disponível para os tecidos.

Inicialmente vamos ter no aparelho respiratório uma


polipneia com hipocapnia e um aumento do pH. Depois
vamos ter uma bradipneia e no final uma paralisia
respiratória.

Ao nível do aparelho circulatório inicialmente vai provocar uma bradicardia. Se a


temperatura for inferior a 33ºC ocorre uma fibrilhação auricular. E se a temperatura for
entre os 25ºC e os 28ºC ocorre fibrilhação ventricular.

Relativamente ao rim, vai ocorrer poliúria por aumento da pressão venosa central e por
diminuição da ADH.

A nível do sistema nervoso central vai haver uma depressão de todas as funções com
uma amnesia quando estamos com 34ºC e uma inconsciência quando chegamos aos
30ºC.

Aos 27ºC acontece uma rigidez muscular e se o nosso corpo chegar aos 25ºC estamos
mortos.

1.3.3 Ações locais

 Queimadura por frio/Ulceração por frio


 Pé de trincheira/Pé de imersão

1.4 Calor
O homem produz em média cerca de 50 a 60 kcal por hora e para mantermos uma
temperatura corporal constante, o nosso organismo tem de perder cerca de 1ºC por
hora.

Mecanismos de eliminação de calor:

→ Condução do corpo para estrutura sólida


→ Convecção
→ Radiação
→ Evaporação (30%)

Para compensar o calor vamos ter dois mecanismos:

→ Vasodilatação renal e mesentérica


→ Vasodilatação periférica

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 525 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.4.1 Hipertermia

Uma elevação acentuada da temperatura corporal – golpe de calor – pode levar a


uma situação de hipertermia. Esta pode culminar e dar como consequências lesões
graves no sistema nervoso central – edema cerebral, aumento da pressão intracraniana
e diminuição da pressão arterial.

As pessoas mais suscetíveis a terem hipertermia são os


obesos e as pessoas que têm um menor número de
glândulas sudoríparas.

Aos 41ºC vai haver um aumento do metabolismo


celular, lesões no SNC, nos músculos, no fígado e vamos
também ter desnaturação proteica.

1.4.2 Queimadura

Uma queimadura é a ação direta e local a sólidos, líquidos, gases


com elevadas temperaturas ou até mesmo radiação.

❖ Causas

Podem acontecer devido a contacto dos tecidos com sólidos,


líquidos ou gases a elevadas temperaturas, exposição a radiação UV
ou contacto com corrente elétrica.

❖ Classificação

As queimaduras podem classificar-se em:

→ 1º grau – há um eritema, afetando apenas a epiderme


→ 2º grau – há formação de vesículas e bolhas, afetando a
epiderme e a derme superficial
→ 3º grau – há necrose da epiderme e da derme profunda
geralmente que não são muito dolorosas, uma vez que
quando essas duas camadas são destruídas, são
também destruídas as terminações nervosas.

❖ Efeitos

Os efeitos vão ser geralmente:

 Lesões isquémicas por formação de


trombos nos vasos
 Lesões das vias aéreas e pulmões por
inalação de gases a altas temperaturas
 Infeções oportunistas ao nível das
lesões cutâneas
 Desequilíbrio hidroeletrolítico por perda
da água através da pele lesada

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 526 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Cálculo da percentagem da área queimada – Regra dos 9:

Se, por exemplo, um adulto tiver o membro inferior esquerdo totalmente queimado vai
ter 18% da área queimada.

2. Agentes Químicos

Como agentes químicos temos: a exposição a tóxicos, veneno e suicídio.

2.1 Tóxicos
Todos os agentes podem provocar toxicidade, mesmo os mais inócuos, quando
administrados em grandes quantidades.

As intoxicações podem ser classificadas como:

→ Intencionais
o Suicídio
o Homicídio
→ Involuntárias
o Acidentes domésticos
o Acidentes industriais
o Poluição atmosférica e ambiental
o Toxicidade medicamentosa

2.1.1 Mecanismos gerais de lesão

→ Efeitos corrosivos
→ Efeitos metabólicos
→ Efeitos de membrana
→ Efeitos mutagénicos
→ Efeitos alérgicos
→ Disruptores endócrinos
o Síntese, metabolismo e excreção hormonal
o Sistema neuroendócrino
o Sistema Imunitário

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 527 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.1.2 Absorção

Os tóxicos são como qualquer tipo de medicamento e têm vários tipos de absorção:

→ Digestiva
→ Respiratória
→ Cutânea
→ Parentérica

2.1.3 Circulação e distribuição

Proteínas do plasma Dissolvidos no soro


pH, lipossolubilidade

Tecidos

2.1.4 Eliminação

A eliminação pode ser feita por via:

 Urinária
 Respiratória
 Digestiva
 Outras vias

2.1.5 Fatores que influenciam as lesões

Os fatores que influenciam as lesões podem ser:

 Individuais
o Estado de saúde (debilitação)
o Habituação (ao tóxico)
o Suscetibilidade individual
 Relacionados com o tóxico
o Tipo de agente
o Dose
o Concentração
o Ritmo de administração
 Interação com outros agentes

2.1.6 Efeitos corrosivos

Os ácidos e alcalinos fortes provocam a desnaturação


das proteínas, alterações da estrutura e integridade dos
tecidos e necrose.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 528 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.1.7 Efeitos metabólicos

Ao nível da atividade enzimática, os tóxicos que mais “atuam” são:

→ Organofosforados – interferem com as colinesterases


→ Cianeto – compromete as funções vitais
→ Monóxido de carbono
→ Opioides

Os tóxicos podem ainda provocar inibição da síntese proteica, como por exemplo os
cogumelos saudáveis.

2.1.8 Tóxicos inalados

❖ Poeiras inorgânicas

As poeiras depositam-se na via respiratória. Algumas


poeiras tóxicas:

 Asbestose – doença causada por geração de


pó de amianto
 Silicose – pneumoconiosa causada pela
inalação de finas partículas de sílica
 Pulmão do sulfatador de vinhas

❖ Gases e vapores

Alguns gases tóxicos:

 Monóxido de carbono
 Tabaco
 Fumos tóxicos – formaldeído

2.1.9 Poluição atmosférica

A poluição atmosférica pode provocar várias patologias e agrava sempre doenças das
vias respiratórias.

❖ Origem

 Atividade industrial
 Transportes
 Atividades domésticas

❖ Patologia

 Doenças das vias aéreas superiores


 Bronquite crónica
 Asma brônquica
 Enfisema pulmonar
 Neoplasia
 Aumento do risco para as infeções

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 529 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2.1.10 Poluente químico – Fumo do tabaco

O tabaco é constituído por diversas substâncias, como:

 Cadmio
 Ácido esteárico
 Fósforo
 Tolueno
 Nicotina
 Amoníaco
 Pintura
 Metanol
 Monóxido de carbono
 Arsénio
 Metano
 Ácido acético
 Butano

NOTA:

Não é necessário saber isto.

❖ Efeitos

 Cabelos  Cérebro
o Mau cheiro o Acidente vascular cerebral
o Descoloração o Dependência química
 Olhos  Ouvidos
o Cegueira por danos à retina o Infeções
o Catarata o Perda de audição
 Nariz  Boca, garganta e dentes
o Diminuição do olfato o Gengivites
o Cancro nas cavidades nasais o Cancro do esófago
 Mãos o Cancro nos lábios, boca,
o Má circulação garganta e laringe
o Doença vascular periférica o Mau hálito
o Manchas de alcatrão o Dor de garganta
o Diminuição do paladar
 Pulmões o Periodontite
o Cancro do pulmão, brônquios o Frouxidão e perda de dentes
e traqueia o Cáries e placa bacteriana
o Doenças Pulmonar Obstrutiva o Manchas
Crónica (DPOC) o Descoloração
o Bronquite crónica  Coração
o Asma o Enfarte
o Enfisema o Aterosclerose
o Tosse crónica  Pâncreas
o Falta de ar o Cancro
o Infeções respiratórias  Rins
 Fígado o Cancro
o Cancro  Cólon
o Cancro
o
Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 530 | P á g i n a
CLE 2019-2023
 Pele  Nas mulheres
o Psoríase o Cancro cervical
o Envelhecimento prematuro o Cancro do ovário
o Rugas o Cancro da mama
 Bexiga o Menopausa precoce
o Cancro o Fertilidade reduzida
 Pernas e pés o Menopausas mais dolorosas
o Doença vascular periférica  Nos homens
o Trombose Venosa Profunda o Impotência
o Gangrena o Cancro da próstata
o Pés frios o Infertilidade
o Dores nas pernas

2.1.11 Drogas

Que produzem distorções na perceção:

 Maconha (tetraidrocanabinol)
 Alucinogénios (LSD)
 Ecsatsy (metileno-dióxi-metanfetamina, MDMA)

Que diminuem a atividade mental:

 Ansiolíticos ou tranquilizantes (Lexotan, Valium, Diazepam, Dienpax, Lorax)


 Álcool Etílico
 Inalantes ou solventes
 Narcóticos (ópio e seus derivados: heroína, morfina e cocaína)

Que aumentam a atividade mental:

 Anfetaminas (Metanfetamina)
 Cocaína

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 531 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 532 | P á g i n a
CLE 2019-2023
Módulo II – Patologia Celular

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 533 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1. Atrofia e Hipertrofia

1.1 Adaptação celular

Célula normal
Stress, exigência (homeostasia) Estímulo
aumentada prejudicial

Célula danificada
Adaptação
Inabilidade para adaptar Morte celular

Para falar de adaptação celular, vamos primeiro falar da célula. Uma célula normal é
uma célula que está em homeostasia. Numa célula normal, caso ocorra algum tipo de
dano podem acontecer duas coisas: ou a célula adapta-se ou a célula acaba por
morrer. Se a célula não se adaptar pode acabar por morrer.

O stress persistente pode por si só produzir uma lesão celular


crónica. As principais respostas adaptativas são:

 Atrofia
 Hipertrofia
 Hiperplasia
 Metaplasia
 Displasia
 Acumulação intracelular

Para cada uma destas resposta adaptativas existe uma alteração


celular, ou seja, quando a resposta leva à alteração do volume
celular pode ocorrer uma atrofia, uma hipertrofia ou hipotrofia,
por outro lado, quando o mecanismo de ação é a alteração da
taxa de divisão celular podemos ter uma hiperplasia ou uma
hipoplasia. Se ocorrer uma alteração da diferenciação celular
ocorre uma metaplasia, e ainda, se houver uma alteração do
crescimento e diferenciação ocorre uma neoplasia.

1.2 Atrofia
Atrofia é uma adaptação em que há redução do
tamanho e da função das células.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 534 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.2.1 Caracterização

A atrofia caracteriza-se por:

 Redução no volume celular


 Preservação do padrão morfo-funcional
 Redução capacidade funcional
 Condição reversível

1.2.2 Mecanismo

A atrofia dá-se por:

 Autofagia (destruição de proteínas estruturais e organelos)


 Diminuição das exigências metabólicas
 Corpúsculos residuais (lipofuscina)

1.2.3 Causas

A atrofia pode ser causada por:

 Diminuição da carga de trabalho


 Perda da inervação
o Poliomielite
o Neuropatia diabética
 Isquémia
o Atrofia cerebral quando se tem uma
aterosclerose da artéria carótida
 Nutrição inadequada
o Caquexia (emagrecimento agudo comum
por doenças crónicas – causa atrofia celular)
o Inanição (emagrecimento por défice de
aporte nutricional – atrofia gradual dos órgãos
começando pelo tecido gordo, músculos,
tecido linfoide, pele, glândulas, ossos,
pulmões, coração e por último, atrofia do
cérebro)
 Perda da estimulação endócrina
o Hipófise atrofiada (atrofia consequentemente a tiróide e ovários)
 Envelhecimento
o Atrofia senil (ex: cérebro de 80 anos é igual a um de 3 anos)
 Compressão

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 535 | P á g i n a


CLE 2019-2023
1.3 Hipertrofia
Hiperplasia – aumento do nº de células (aumento da divisão celular)

 Ocorre se a população celular for capaz de sintetizar DNA, permitindo, assim, a


divisão mitótica (lesão persistente)

Hipertrofia – aumento de tamanho celular (aumento da síntese de proteínas estruturais


e diminuição do catabolismo proteico)

 Envolve um aumento de célula sem divisão celular.

1.3.1 Caracterização

A hipertrofia caracteriza-se por:

 Aumento do volume celular


 Preservação do padrão morfo-funcional
 Condição reversível

1.3.2 Mecanismo

A hipertrofia surge por um aumento da síntese de proteínas estruturais e organelos.

1.3.3 Causas

As causas de hipertrofia podem ser:

 Fisiológica
o Hipertrofia do miométrio (útero)
 Patológica
o Hipertrofia ventricular esquerda
 Condições para haver hipertrofia
o Preservação da integridade da célula
o Preservação da enervação
o Irrigação sanguínea adequada
 Limite para hipertrofia
o Células incapazes de divisão – lesão
o Células capazes de divisão – hiperplasia

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 536 | P á g i n a


CLE 2019-2023
2. Hiperplasia e metaplasia

2.1 Hiperplasia
A hiperplasia caracteriza-se por um aumento do número
de células de um órgão ou parte dele por aumento da
proliferação e/ou por retardo na apoptose. Apenas em
órgãos com capacidade replicativa. Sobrecarga de
trabalho (às vezes concomitante com hipertrofia). As
células conservam o controle da divisão celular. É
reversível. Diferente da neoplasia – a célula neoplásica
nunca pode voltar a ser a célula que lhe deu origem –,
onde as células têm um crescimento celular autônomo
e que independente de agente estimulador.

2.1.1 Caracterização

Como dito anteriormente, a hiperplasia caracteriza-se por:

 Aumento no nº de células
 Preservação do padrão morfo-funcional
 Aumento da capacidade funcional
 Condição reversível

Condições para haver hiperplasia – Hipertrofia + capacidade de divisão da célula

Se não houver uma capacidade de divisão celular e se continuar a haver uma


sobrecarga, a célula sofre uma lesão e morre.

2.1.2 Causas

Hormonal
Aumenta a capacidade funcional
do tecido quando necessário
(hormonas atuam como fatores de
crescimento e estimulam a
trancrição de vários genes)
Fisiológica

Compensatória
Hiperplasia Patológica Aumenta a massa tecidular após
dano ou remoção parcial
Causada por excesso de
estimulação hormonal ou fatores de
crescimento. Processo permanece
controlado, a hiperplasia regride
caso a estimulação seja eliminada.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 537 | P á g i n a


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 Hiperplasia hormonal
o Ex: útero gestante (gravidez)
 Hiperplasia compensadora
o Regeneração hepática, pós cirúrgica
 Bócio
 Hiperplasia endometrial

2.1.3 Morfologia da hiperplasia

 Aumento de volume do órgão – difuso, nodular


 Aumento da espessura das mucosas

2.2 Metaplasia

Metaplasia é uma resposta adaptativa, estável e potencialmente reversível, que


consiste na substituição de um tecido adulto bem diferenciado e funcional por outro
tecido mais resistente, mas menos funcional – alterações morfológicas e funcionais.

Por razões em grande parte desconhecidas, aumenta o risco de neoplasia e constitui


de certa forma uma autodefesa malsucedida.

2.2.1 Causas

Por exemplo, a neoplasia do pulmão dá-se devido ao fumo do tabaco. O epitélio


pseudo-estratificado ciliado torna-se epitélio estratificado pavimentoso, logo fica mais
suscetível a neoplasia.

Já a neoplasia do colo do útero, acontece porque o epitélio colunar transforma-se em


epitélio escamoso, levando à inflamação do colo do útero.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 538 | P á g i n a


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3. Neoplasias benignas, malignas e de comportamento
indeterminado

2.1. Neoplasias

A neoplasia é uma proliferação celular não controlada e autónoma. Foge aos princípios
que regulam a multiplicação celular. É irreversível e as suas células tem reduzida ou
mesmo perdida a sua capacidade de se diferenciar.

2.1.1. Etiologia

A neoplasia pode ter etiologia:

 Desconhecida – Sem causa aparente proliferem clones celulares atípicos


 Por ação de carcinogénicos – fatores determinantes (por exemplo, tabaco)
 Por facilitação de co-carcinogénios – fatores predisponentes

A proliferação celular desequilibrada e descontrolada origina neoplasia.

Para inibir a função dos oncogenes existem:

 Proto-oncogenes (impede a formação de oncogenes / células neoplásicas)


 Genes Supressores de tumores
 Genes Reparadores do DNA (atuam quando detetam algum problema no DNA)

Há autonomia de crescimento e irreversibilidade.

2.1.2. Nomenclatura

2 componentes

Parênquima Estroma

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 539 | P á g i n a


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Os tumores malignos e benignos têm dois componentes básicos, o parênquima e o
estroma. O parênquima é constituído por células neoplásicas enquanto o estroma é
constituído por tecido conjuntivo e vasos sanguíneos.

O nome que damos a uma neoplasia é baseado na origem da célula do parênquima.


Há uns indicadores importantes e que nos permitem saber à partida, só com o nome da
neoplasia se esta é benigna ou maligna. Às neoplasias benignas acrescenta-se,
geralmente, o sufixo “-oma” à célula de origem. Por exemplo, se tivermos uma origem
mesenquimal de fibroblasto, uma neoplasia benigna de fibroblasto é um fibroma, se for
de tecido adiposo, lipoma. Os tumores benignos das células mesenquimais geralmente
seguem esta regra. Há algumas exceções que, apesar de terminarem em “-oma”, não
são benignos como o linfoma, o melanoma e o mieloma, são estas as três neoplasias
que apesar da terminação em “-oma” são malignos.

Sobre a nomenclatura das neoplasias malignas, as de origem mesenquimal, recebem o


sufixo “-ssarcoma”. O sufixo “sarco” ou “sarcoci” significa “carne”. Por exemplo, as
neoplasias de origem mesenquimal no fibroblasto, designam-se de fibrossarcomas. As
neoplasias malignas de origem epitelial recebem o sufixo “-carcinoma”, portanto, as de
origem em padrão glandular denominam-se de adenocarcinoma.

2.1.3. Características

❖ Diferenciação

Grau em que as células neoplásicas assemelham-se às células normais. Quanto mais


bem diferenciadas, mais semelhantes são à célula que lhes deu origem. Uma neoplasia
benigna são células bem diferenciadas, e numa neoplasia maligna são células pouco
diferenciadas, ou seja, são muito diferentes, estranhas, aquela que lhes deu origem.

❖ Células anaplásicas

São células completamente diferentes da célula a que lhes deu origem.

→ Pleomorfismo
→ Núcleo hipercromático
→ Relação núcleo-citoplasma aumentada
→ Aumento no tamanho e número dos nucléolos
→ Mitoses atípicas

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 540 | P á g i n a


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❖ Ritmo de crescimento

 Lentamente vs. rapidamente


 Depende:
o Tipo de tumor
o Vascularização
o Suprimento hormonal – algo que o ative para aumentar

O ritmo de crescimento mais lento é característico de uma neoplasia benigna. O ritmo


de crescimento rápido é indicativo de uma neoplasia maligna. Recorde-se que existem
sempre exceções à regra e que este ritmo pode depender do local anatómico.

❖ Invasão local

Podem permanecer no local de origem, sem infiltrar ou invadir tecidos vizinhos ou


provocar metástase para outros locais. Ou podem ser invasivas provocando destruição
dos tecidos adjacentes e podendo desenvolver metástase regional e à distância.

Nas neoplasias invasivas, as células neoplásicas, à medida que vão crescendo, vão
destruindo os tecidos à sua volta e quando chegam aos capilares vão criando
metástases pelos tecidos.

❖ Metástases

Presença de células ou massas tumorais em tecidos que não apresentam continuidade


com o tumor primário. Principal característica das neoplasias malignas.

Disseminação das células tumorais ocorre através:

 Vasos sanguíneos
 Linfáticos
 Cavidades corporais

Para diferenciar do foco principal, deve-se investigar as células originárias e as


característica.

Por exemplo, se encontrarmos células alteradas e pouco diferenciadas, com


características de uma neoplasia da mama/adenocarcinoma da mama, no fígado,
este tumor que foi encontrado no fígado é uma metástase do tumor primário da mama.
Portanto, se encontrarmos um tumor na mama com características de células mamárias
e ao mesmo tempo, encontrarmos um tumor no fígado com características
hepatocelulares, são dois tumores diferentes, não a metástase de um.

No caso de um tumor cerebral, é necessário fazer uma biopsia para compreender se é


um tumor de origem cerebral ou se é a metástase de um outro tumor.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 541 | P á g i n a


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❖ Disseminação

2.1.4. Estadiamento

Permite estabelecer o prognóstico e o tratamento adequado ao tumor e avaliar.

O sistema TNM está baseado em 3 componentes:

 T – tamanho do tumor primário


 N – nódulo regional comprometido
 M – metástase

A classificação no sistema TNM tem como objetivos:

 Ajudar no planeamento do tratamento


 Dar alguma indicação no prognóstico
 Ajudar na avaliação dos resultados do tratamento
 Facilitar a troca de informações entre os centros de tratamento

A associação dos 3 fatores T, N e M permite classificar os tumores em 5 estádios clínicos


(0, I, II, III e IV). Cancro com metástases é sempre de estadio IV.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 542 | P á g i n a


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Das imagens apresentadas, é necessário saber:

 Um tumor Tis é um tumor in situ, ou seja, é um tumor benigno.


 Um tumor N0, é um tumor sem gânglios linfáticos metastizados
 Dos tumores classificados com N1, N2 e N3, é apenas necessário que saber que
estes têm gânglios linfáticos metastizados
 Um tumor M0, é um tumor sem metástases
 Um tumor M1, é um tumor que tem metástases

Consoante o TNM, é atribuído a um estadio. É apenas necessário saber que:

 Tis indica sempre e apenas estadio 0, independentemente dos componentes N


eM
 M1 indica sempre e apenas estadio IV, independentemente dos componentes
TeN
 No estadio III C, a componente T pode ter qualquer classificação mas a
componente N tem de ser N3, e a componente M tem de ser M0.

2.1.5. Características macroscópicas

As neoplasias podem ser classificadas quanto à forma, bordos e consistência.

❖ Forma

A neoplasia pode ter forma::

 Sólida
 Quística
 Polipoide
 Plana
 Deprimida
 Ulcerada

❖ Bordos

Os bordos podem ser:

 Bem delimitados
 Mal delimitados

❖ Consistência

A neoplasia pode ter uma consistência:

 Friável
 Elástica
 Pétrea

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 543 | P á g i n a


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2.1.6. Carcinogéneos

 Físicos
o Radiação UV
o Tabaco
 Químicos
 Biológicos

2.1.7. Manifestações clínicas

❖ Locais

Localização e dimensão do tumor.

 Obstruções
 Compressão de órgãos vizinhos
 Deslocamento de órgãos e estruturas
 Ulcerações
 Hemorragias

Dependendo do local anatómico ocorrem diferentes manifestações.

❖ Sistémicas

 Caquexia (atrofia por diminuição de aporte) neoplásica


o Doentes terminais
o Neoplasias do tubo digestivo
 Produção de hormonas
o Carcinoma de pequenas células do pulmão
 Metástases
 Síndromes paraneoplásicas
o Libertação de hormonas pelo tumor
vai se assemelhar a um síndrome no
qual há aumento destas hormonas,
como, por exemplo, a Síndrome de
Cushing (por aumento da hormona
ACTH), ou carcinomas pulmonares
(pode haver a libertação hormonal
de ACTH)

2.2. Neoplasias Benignas


Nas neoplasias benignas há presença de células bem diferenciadas e reduzido
crescimento ou crescimento lento. A irrigação tumoral é normal. Geralmente as células
estão encapsuladas e localizadas. Não metastizam e recidivam pouco, mas podem ter
evolução não benigna, por exemplo, pela localização, pelo volume ou pela produção
hormonal.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 544 | P á g i n a


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2.3. Neoplasias Malignas
Há presença de células pouco diferenciadas mas de grande e rápido crescimento. A
irrigação sanguínea altera favorecendo fenómenos de necrose, hemorragias intra
tumorais e ulcerações periféricas. São infiltrativas, metastizam e recidivam muito
frequentemente.

Resumo

2.4. Comportamento Indeterminado


Neoplasia sobre as quais existem dúvidas sobre o facto de serem malignas ou benignas.
Não podemos dizer se é benigno ou maligno.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 545 | P á g i n a


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4. Acumulação intracelular

As acumulações intracelulares, são adaptações das células


e algumas vezes reversíveis. Podem ocorrer acumulações de
substâncias intra ou extracelulares.

4.1. Degenerescências
Consoante a acumulação podemos ter uma
degenerescência hidrópica, gorda, hialina, mucoide ou
glicogénica. São de considerar:

4.1.1 Água – Degenerescência hidrópica

Numa degenerescência hidrópica existe celularmente uma


acumulação de água, ou seja, um edema celular. Um
edema celular é um distúrbio hidroeletrolítico no qual,
devido a um mau funcionamento da bomba sódio-potássio
ocorre uma rápida entrada de água na célula e vão ocorrer
alterações microscópicas como macroscópicas.

Macroscopicamente nota-se o aumento do volume do


órgão atingido e este fica pálido e com perda de brilho.

Microscopicamente nota-se o aumento do volume celular,


com alteração da relação citoplasma/núcleo, e presença
de vacúolos citoplasmáticos.

4.1.2 Lípidos – Degenerescência gorda

Na degenerescência gorda ocorre aquilo a que chamamos esteatose, ou seja, a


acumulação gorda no interior das células.

Os locais preferenciais são os hepatócitos, as células musculares estriadas cardíacas e


as células dos túbulos renais. Estas células são as preferências para a acumulação gorda
porque estas células participam diretamente no mecanismo da metabolização das
gorduras.
Macroscopicamente, há em geral aumento do volume, redução da consistência e
coloração amarelada.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 546 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Esteatose hepática

Neste caso, o fígado é responsável pela oxidação dos


ácidos gordos e pela mobilização de gordura para
depósitos. Se ocorrer algo que leve a que haja
demasiada gordura, esta começa a acumular no
interior das células.

Patologias como a cirrose hepática, fibrose e carcinoma hepatocelular devem-se aos


diferentes graus de lesão hepática. Um fígado normal pode estar exposto a, por
exemplo, álcool, e com esta exposição vai começar a adaptar-se ao álcool com
acumulação de gordura pelo que fica um “fígado gordo”, ou seja, um fígado com
esteatose. Se esta exposição for continuada, este fígado com esteatose pode sofrer
alterações tão grandes que chega a ter uma cirrose na qual existe uma estrutura com
fibrose. Por outro lado, se ocorrer uma exposição intensa podemos chegar a ter uma
necrose celular dos hepatócitos e um degeneração gordurosa, já mais grave que a
esteatose, que pode também posteriormente levar a uma cirrose. A cirrose hepática, já
ocorreram tantas alteração que já é um grande fator de risco para um carcinoma
hepatocelular.

Num fígado gordo, macroscopicamente ocorre aumento do volume e do peso, uma


coloração amarelada, um aspeto nojento, uma consistência amolecida e,
microscopicamente, a presença de gotículas de gordura nos hepatócitos que
aumentam de tamanho e comprimem os capilares sinusoides e os espaços porta, ou
seja, alteram a estrutura do fígado.

É necessário saber que, algumas das causas da esteatose hepática é o alcoolismo, a


desnutrição e anoxia.

Na desnutrição ocorre uma diminuição da síntese de proteína com aumento da


mobilização de ácidos gordos para tecidos periféricos, que leva a uma acumulação de
gordura nos hepatócitos.

A anoxia que inibe a oxidação das gorduras.

→ Depósitos de colesterol – Os depósitos de colesterol são mais frequentes: nas


pálpebras (xantelasmas), nas artérias (placas ateromatosas), na pele e nos
tendões (xantomas)
→ Aterosclerose – Degeneração associada à presença
de gorduras, específica da túnica íntima das artérias
elásticas de grande calibre.

Entre um vaso normal e um vaso com aterosclerose é


possível verificar a coloração que delimita a existência de
aterosclerose, cheia de depósitos, com várias cápsulas,
restos e colesterol, que se podem libertar e causar um AVC,
ou trombos.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 547 | P á g i n a


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4.1.3 Proteínas – Degenerescência hialinas

Alteração nas células ou no espaço extracelular, que apresenta uma aparência


homogênea, vítrea, rósea, na coloração hematoxilina-eosina.
Pode ser de 2 tipos: extracelular ou intracelular.
Degeneração hialina de tipo extracelular temos o exemplo da Doença de
Degeneração Hialina e a Amiloidose.
Como exemplo do tipo intracelular temos a Deficiência Alfa-1-Antitripsina e a
acumulação de Corpúsculos de Mallory.

4.1.4 Muco – Degenerescência mucóides

É a acumulação de muco no interior das células. Pode ocorrer: nas células epiteliais, nas
inflamações das mucosas e em certos tumores, por exemplo, do estômago, intestino e
ovário.

4.1.5 Carbohidratos – Degenerescência glicogénica

Acumulação anormal intracelular de glicogénio. Temos como exemplos: glicogênio em


células epiteliais no sistema renal e ilhéus de Langerhans (Diabetes Mellitus) e distúrbios
genéticos (Glicogenoses).

Tanto na Diabetes como na glicogenose ocorre uma alteração


do metabolismo da glicose ou do glicogénio. Na diabetes ocorre
o aumento da concentração de glicose no filtrado glomerular, o
que leva ao depósito de glicogénio. Na glicogenose, existe uma
deficiência enzimática do catabolismo do glicogénio, logo,
ocorre uma acumulação de glicogénio.

4.2. Pigmentos
Os pigmentos são substâncias exógenas ou endógenas
que impregnam os tecidos conferindo-lhes coloração.

Exemplos de pigmentos no corpo humano: melanina ou


tatuagens.

Nos trabalhadores de minas e de carvão, partículas de


carvão, depositados em estruturas alveolares e
pulmonares, são fagocitadas por macrófagos e não
conseguem ser destruídas.

Este pigmento castanho denso, de alto peso molecular, possui várias propriedades que
beneficiam nosso organismo, onde se destacam a absorção de raios ultravioleta (UV) e
efeito antioxidante, ao eliminar os radicais livres produzidos durante a exposição aos
raios UV, antes que possam interagir e causar danos celulares.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 548 | P á g i n a


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A presença da melanina no organismo não está restrita a pele, onde também pode ser
encontrada na retina, íris, orelha interna, células dopaminérgicas e noradrenérgicas.
Possui várias propriedades químicas, atuando como um efetivo polímero redutor na
troca de eletrões e ainda no sequestro de radicais livres e ligação com compostos
aromáticos e lipofílicos.

A hemocromatose é uma doença que provoca o excesso de ferro no organismo,


podendo haver acúmulo deste mineral em diversos órgãos do corpo, e o surgimento de
complicações como cirrose do fígado, diabetes, escurecimento da pele, insuficiência
cardíaca, dores nas articulações ou disfunção das glândulas sexuais, por exemplo.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 549 | P á g i n a


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5. Lesão e morte celular

5.1 Lesão celular


Existe uma célula que está normal e mantém a
homeostasia e que quando há algo que a altera ou
leva a um maior esforço, a célula pode adaptar-se.
No entanto, se não for capaz esta morre.

Os estímulos lesivos induzem alterações


morfológicas e funcionais reversíveis ou irreversíveis.

5.1.1 Causas

As causas desta lesão celular podem ser:

→ Redução do oxigénio
→ Agressão por agentes
→ Agressão por agentes químicos
→ Agressão por agentes infeciosos
→ Desequilíbrios nutricionais

5.1.2 Alvos

Os alvos mais comuns são:

→ Membrana celular
→ Produção de energia
→ Síntese proteica
→ Genes
→ Processos genéticos
→ ADN

5.1.3 Mecanismos

Para cada uma das lesões celulares e alvos, os mecanismos podem ser:

→ Carência de O2 ou nutrientes
→ Produção de espécies reativas de O2
→ Lesão mitocondrial irreversível
→ Influxo de Ca2+
→ Perturbações da função da membrana celular

5.2 Necrose
Se a morte celular ocorrer no organismo vivo e for seguida de autólise, o processo
recebe o nome de necrose.

É importante sabermos distinguir necrose de apoptose!

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 550 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.2.1 Mecanismos

Os mecanismos que levam à necrose são:

→ Inibição dos processos respiratórios da célula


→ Produção de radicais livres
→ Ação direta sobre enzimas, inibindo processos vitais da célula
→ Agressão direta à membrana citoplasmática

Os estímulos mais frequentes são por isquemia, agentes físicos, químicos e biológicos.
Estes estímulos fazem com que a célula tenha um aumento de água dentro de si (edema
intracelular) levando à rutura dos seus organelos e da membrana. Depois acontece que
se dá uma reação tecidular inflamatória, pois existe uma digestão enzimática e tudo o
que está dentro da célula acaba por sair e fica exposto. Esta exposição do conteúdo
intracelular provoca uma inflamação pois há “coisas” onde “não deviam estar”.

5.2.2 Características celulares

A nível do microscópico conseguimos observar algumas características celulares,


como:

• Citoplasma eosinófilo
• Cromatina, que se agrega junto à membrana nuclear
• Picnose

5.2.3 Tipos de necrose tecidular

Para cada tipo de tecido existem tipos diferentes de necroses, ou seja, aspeto
morfológico da necrose depende do tecido e do fator etiológico, os quais determinam
os mecanismos que causam a morte celular. O organismo, através da inflamação,
elimina o tecido necrótico substituindo por tecido fibroso. Podem ser:

• Por coagulação
• Por liquefação
• Gangrena
• Gordurosa
• Caseosa

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• Fibrinóide
• Gomosa
• Hemorrágica

❖ Necrose por coagulação

A necrose de coagulação é a necrose de isquémia.

A coagulação corresponde à transformação do estado


coloidal das proteínas celulares para um estado mais
sólido.

Há desnaturação das proteínas, com inativação das


enzimas proteolíticas. O tecido torna-se firme, pálido e
ressecado como se tivesse sido cosido.

Nos órgãos sólidos como o baço, o rim e o coração o enfarte/necrose é por


coagulação. Isto acontece porque estes tecidos são ricos em proteínas e pobres em
enzimas proteolíticas.

Microscopicamente, estes tecidos tornam-se homogéneo e


acidófilo, com perda do núcleo, mas preservando a
arquitetura tissular.

Isquémia: na necrose de coagulação há desnaturação de


proteínas celulares devido à queda acentuada no pH celular
durante o processo de lesão por hipóxia ou isquemia.

Mecanismo da isquémia:

Na isquémia há hipoxia (falta de O2), o que vai impedir a formação de ATP. E como não
há formação de ATP, vamos ter inibição da bomba de sódio/potássio, inibição da
bomba de cálcio e redução da síntese proteica.

→ Se a bomba de sódio/potássio é inibida vai ocorrer uma aumento da entrada


de sódio que vai levar a um edema do RER.
→ Se a bomba de cálcio fica inibida, o cálcio vai entrar no citosol. Esta entrada
provoca uma ativação de fosfolipase e isto leva a uma lesão da membrana. A
lesão faz com que haja uma entrada maciça de água e cálcio na célula. O
cálcio que entra vai desnaturar as proteínas e causa as alterações
características da necrose por coagulação.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 552 | P á g i n a


CLE 2019-2023
→ Se existir uma redução da síntese proteica, o metabolismo anaeróbio é ativado,
uma vez que não há oxigénio. O pH reduz, ou seja, fica mais ácido e há
libertação de enzimas lisossómicas que são ativadas nesse mesmo pH. Isto leva
à hidrólise da célula e consequentemente necrose.

❖ Necrose Gomosa

É uma variedade da necrose por coagulação,


característica da sífilis terciária/tardia.

Neste tipo de necrose, o tecido necrosado assume


aspeto compacto e elástico como borracha, ou
fluido e viscoso.

❖ Necrose por liquefação

Este tipo de necrose ocorre principalmente no cérebro e nos abcessos. O cérebro é rico
em lípidos que não sofrem coagulação como as proteínas, havendo a sua dissolução.
Os abcessos são ricos em enzimas hidrolíticas oriundas dos neutrófilos.

Está associada à infeção de um tecido, ou no caso específico da lesão por isquemia ou


hipóxia no tecido cerebral.

❖ Necrose Gordurosa

É a necrose do tecido adiposo devido a ação de lípases. É comum na necrose


pancreática aguda.

Os ácidos graxos/gordos são produzidos que formam complexos com o cálcio, criando
sabões de cálcio, que nos cortes aparecem como depósitos basofílicos, amorfos e
granulosos.

❖ Necrose Caseosa

É um tipo especial de necrose que ocorre na


tuberculose, em que as células são transformadas
numa massa amorfa constituída por proteínas e
lípidos.

Foi assim chamada, porque ao microscópio


lembra o aspeto de queijo cremoso.
Microscopicamente tem o aspeto granuloso
amorfo, com apenas uns detalhes celulares, sendo
a combinação da coagulação e da liquefação.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 553 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Necrose Fibrinóide

Ocorre principalmente nas paredes dos vasos e no tecido conjuntivo, onde a estrutura
normal é substituída por massa hialina. Esta massa é intensamente acidófila e com
propriedades especiais semelhantes à fibrina.

Constitui uma das lesões características das chamadas "doenças do colagénio" como
por exemplo a febre reumática e artrite reumatoide.

O material fibrinóide é formado de fibrina e outras proteínas precipitadas.

❖ Necrose Hemorrágica

Também chamado de enfarte hemorrágico, acontece geralmente devido a obstrução


venosa.

5.2.4 Gangrena

A gangrena cutânea é a morte do tecido, geralmente associada a


um menor fornecimento de sangue (isquémia) à zona afetada e
seguida de uma invasão bacteriana.

A desidratação da região atingida, especialmente, quando em


contato com o ar, origina a gangrena seca, tomando a área lesada
aspeto de pergaminho;

Existem diversos tipos de gangrena:

❖ Gangrena seca

Na gangrena seca ocorre necrose isquémica por coagulação das


extremidades. O tecido fica escuro e seco, devido a alterações da
hemoglobina e perda de água.

❖ Gangrena húmida

Na gangrena húmida ocorre infeção da região necrosada por microrganismos


anaeróbicos produtores de enzimas que tendem a liquefazer os tecidos.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 554 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Gangrena gasosa

A gangrena gasosa é uma emergência médica!

Esta é forma grave de gangrena associada a uma infeção


por bactérias (Clostridium perfringens), que produz gás
entre os tecidos. Este gás pode começar a circular e
provocar um tromboembolismo, AVC, etc.

5.3 Apoptose
Se por um lado temos a necrose em que há inflamação, digestão enzimática e
extravasamento celular, por outro lado temos a apoptose. Nesta vão existir corpos
apoptóticos que vão ser fagocitados, logo não vai haver exposição do conteúdo
intracelular para o tecido, logo não há inflamação.

Alguns estímulos podem induzir quer apoptose quer necrose, dependendo da


intensidade e duração da estimulação, da rapidez do processo de morte celular e das
alterações bioquímicas induzidas.

A apoptose ou morte celular programada, é um processo ativo


essencial para a manutenção e desenvolvimento dos seres vivos e de
grande importância na eliminação de células dispensáveis e atípicas.
Na apoptose, há dissolução nuclear sem perda total da integridade
das membranas.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 555 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.3.1 Mecanismo de ação

1. Compactação e segregação da cromatina


2. Condensação do citoplasma
3. Fragmentação nuclear
4. Fragmentação celular
5. Formação de corpos apoptóticos
6. Fagocitose por uma célula fagocítica dos corpos apoptóticos

Assim, na apoptose há dissolução nuclear sem perda total da integridade das


membranas.

Na apoptose, a célula sofre alterações morfológicas – retração com perda de volume,


perda de aderência às células vizinhas, condensação e fragmentação da cromatina e
formação dos corpos apoptóticos.

5.3.2 Fases da apoptose – SABER:

1. O DNA fragmenta-se
2. A cromatina condensa-se
3. A célula compacta-se
4. A membrana forma invaginações
5. Formam-se e libertam-se corpos apoptóticos que são fagocitados

A apoptose está relacionada com a manutenção da homeostasia corporal e com a


regulação fisiológica dos tecidos, mas pode também ser causada por um estímulo
patológico que induza lesão do DNA celular. Esta é:

• Indispensável para moldar os tecidos durante o desenvolvimento embrionário


• Fundamental para eliminar células neoplásicas
• Importante na renovação dos tecidos com grande atividade como é o caso da
pele
• Determinante nos tecidos que dependem de estimulação hormonal (mama e
endométrio durante a menopausa)

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 556 | P á g i n a


CLE 2019-2023
5.4 Morfostase
Picnose – O núcleo apresenta um volume reduzido e torna-se hipercorado, tendo a sua
cromatina condensada. É característico da apoptose, mas também ocorre na necrose.

Cariorrexe – A cromatina adquire uma distribuição irregular, podendo acumular-se em


grumos na membrana nuclear. Há perda dos limites nucleares.

Cariólise ou cromatólise – Há dissolução da cromatina e perda da coloração do núcleo.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 557 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6. Inflamação aguda e crónica

O termo inflamação: do latim inflamatio = incendiar; por extensão calor ou flogose (do
grego phleg ou phlogos = queimar, phox = chama).

A inflamação é a resposta do tecido vascularizado, ou seja, para haver uma inflamação


tem que haver sempre vascularização.

Objetivos

 Neutralizar/destruir agressor/agente lesivo


 Preparar a reparação

A inflamação está intimamente ligada com processos de reparação:

 Regeneração de células parenquimatosas


 Preenchimento da lesão com tecido fibroso (cicatrização)
 Combinação de ambos (+ frequente)

6.1. Agentes etiológicos


Tudo pode provocar inflamação:

 Agentes físicos (ex. corte, queimadura solar)


 Agentes químicos (ex. queimadura com ácidos)
 Agentes biológicos (ex. picada de mosquito)
 Reações imunológicas (ex. doenças autoimunes)

6.2. Sinais Cardinais


Existem 4 sinais cardinais:

 Rubor
 Calor
Celsius
 Tumor
 Dor

Em 1958, Virchow acrescentou mais um sinal – perda de função.

6.3. Sinais sistémicos

 Febre (37,5º)
 Proteínas de fase aguda e citocinas aumentadas – PCR
 Leucocitose (aumento dos leucócitos)
 Aumento da Tensão Arterial
 Aumento da Frequência Cardíaca
 Anorexia
 Sonolência
 Mal-estar
 Arrepios de frio
 Perda de apetite

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 558 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6.4. Protagonistas

No entanto, sem vascularização não há resposta!

6.5. Inflamação
Faca de dois gumes:

 Função protetora
 Potencialmente perigosa (inflamação a mais)

Inflamação tecidos
Resposta Hemostase
Local Reparação

Agressão – Lesão
Complementar:
Resposta  Imunológica
Generalizado  Circulatória
 Neuroendócrina
 Metabólica
 Termorreguladora
Mecanismo de defesa versus Mecanismo de lesão  Hematopoiética

A inflamação pode ser de dois tipos:

 Inflamação aguda – Ativação rápida e curta duração


 Inflamação crónica – Inflamação persistente/recorrente despropositada

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 559 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6.6. Inflamação aguda
É uma inflamação de ativação rápida (segundos ou minutos) e de curta duração (horas
ou dias).

Caracteriza-se, principalmente, pela presença de exsudação de fluido e proteínas


plasmáticas (anticorpos) e pela migração de leucócitos, principalmente neutrófilos.

6.6.1. Estímulos

 Microrganismos
 Traumas Mecânicos
 Tóxicos e cáusticos
 Frio e Calor
 Radiações
 Reações Imunológicas/Hipersensibilidade Hipoxia/Isquemia
 Corpos estranhos
 Neoplasia

6.6.2. Protagonistas

 Vasos (só há inflamação em tecidos vascularizados)


 Células sanguíneas, proteínas plasmáticas e plasma
 Células circulantes: neutrófilos, monócitos, eosinófilos, linfócitos, basófilos e
plaquetas
 Células dos tecidos: fibroblastos, mastócitos, macrófagos e linfócitos.
 Matriz extracelular: fibronectina, colagénio, laminina, elastina
 Sistema Linfático: conjuntamente com a fagocitose 2ª linha de defesa quando
a resposta local falha

6.6.3. Fases

1ª Fase – Vascular

 Alterações calibre vascular e do fluxo sanguíneo


 Maior permeabilidade vascular

2ª Fase – Celular

 Infiltração tecidular por leucócitos (extravasão e fagocitose)

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 560 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Fase vascular

Vasoconstrição breve Vasodilatação prolongada

 Inicia-se nas arteríolas


 Conduz ao aumento fluxo sanguíneo (eritema e calor)
 Mediadores: Óxido nítrico e histamina

Maior permeabilidade vascular Exsudado

Velocidade circulatória

 Maior inicialmente (breve vasoconstrição) para depois diminuir (vasodilatação


prolongada)
 Estase (eritema) e maior viscosidade sanguínea
 Marginação de leucócitos (neutrófilos)

Exsudação – Saída de fluido, proteínas e células sanguíneas dos vasos para o tecido
intersticial ou cavidades corporais.

Alteração permeabilidade vascular

Exsudado inflamatório

Constituição: O que limita a formação do exsudado:

 Água  Plaquetas
 Proteínas plasmáticas  Desaparecimento dos mediadores
 Restos celulares  Pressão hidrostática nos tecidos
 Neutrófilos  Drenagem linfática

Funções:

 Diluir agressor
 Presença de fatores de complemento, anticorpos, fibrinogénio...
 Maior concentração de agentes terapêuticos no local

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 561 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Sistema linfático

Maior fluxo linfático para promover:

 Drenagem do edema
 Remoção de leucócitos, restos celulares e microrganismos
 Proliferação de vasos linfáticos

Linfangite – Inflamação dos vasos linfáticos

Linfadenite – Inflamação dolorosa dos gânglios linfáticos

❖ Fase Celular

Por macrófagos e neutrófilos:

 Fagocitose de microrganismos, tecido necrosado e corpos estranhos


 Fatores de crescimento e citoquinas (IL-1 e TNF)

Se estes forem excessivamente ativados podem provocar danos teciduais e prolongar


inflamação (asma, doenças autoimunes, tuberculose, rejeição de transplantes, etc...).

Os macrófagos e neutrófilos fazem recrutamento de leucócitos para os locais da lesão:

 Marginação, rolling e adesão ao endotélio


 Migração através do endotélio (diapedese)
 Migração nos tecidos

Quando chegam aos tecidos os macrófagos e os neutrófilos fazem o


reconhecimento de microrganismos e de restos teciduais (Ativação
leucocitária) e ainda fagocitose por meio de:

 Reconhecimento e ligação
 Engolfamento
 Destruição

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 562 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Mediadores

São substâncias endógenas que regulam a resposta inflamatória. Fatores solúveis e de


curta duração. Um mediador pode estimular outros mediadores e diferentes
mediadores têm diferentes alvos e diferentes respostas.

São produzidos a partir de células ou de proteínas plasmáticas, em resposta a um


estímulo e são derivados das células como a histamina, serotonina, prostaglandinas,
leucotrienos, lipoxinas, espécies reativas de oxigénio, óxido nítrico, citocinas e
quimiocinas. Podem também ser derivados plasmáticos do sistema do complemento e
do sistema da coagulação.

❖ Padrões

Inflamação Serosa

 Deriva do plasma ou secreções células mesoteliais das cavidades peritoneais,


pleural ou pericárdica.
 Ex.: vesícula resultante de queimadura solar, infeção viral (varicela)

Inflamação fibrinosa

 Lesões mais graves, com maior aumento da permeabilidade vascular mais


moléculas e fibrinogénio (fibrina)
 Ex.: tecido de granulação

Inflamação purulenta

 Produção de pús ou exsudado purulento (neutrófilos, células necróticas, fluido


 Ex.: Bactérias piogénicas, apendicite, abcessos

Abcesso/Abscesso

 Coleção circunscrita de exsudado purulento

Empiema

 Presença de pús numa cavidade corporal.


 Ex.: piotórax, empiema do pericárdio...

❖ Inflamação aguda

Termina com:

 Agente lesivo – agressor é eliminado


 Mediadores são degradados
 Os leucócitos (neutrófilos) tem uma vida curta nos tecidos
 Ativação de mecanismos anti-inflamatórios

Prevenir o dano excessivo no hospedeiro

Inflamação Destruição
Demolição Reparação
Aguda tecidular

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 563 | P á g i n a


CLE 2019-2023
6.7. Inflamação crónica
Tem duração mais longa (semanas ou meses), é mais persistente, recorrente e
despropositada.

Pode iniciar-se:

 Após inflamação aguda


 Insidiosamente (artrite reumatoide, aterosclerose)

Principais características:

 Presença de macrófagos maioritariamente, linfócitos e plasmócitos


 Destruição tecidual, proliferação de vasos sanguíneos, fibrose e necrose tecidual

Exemplo: Artrite reumatoide, Aterosclerose, Tuberculose, Doenças pulmonares crónicas,


Doença de Alzheimer

❖ Causas

Pode ser causada por:

 Infeções persistentes por alguns microrganismos (tuberculose, sífilis)


 Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos endógenos ou
exógenos (silicose, aterosclerose)
 Autoimunidade (artrite reumatoide, esclerose múltipla)

❖ Mecanismo patogénico

Libertação extracelular de produtos leucocitários:

 Endocitose invertida
 Libertação citotóxica

Libertação de Espécies Reativas de Oxigénio (ERO):

 Destruição de proteínas, lípidos, hidratos de carbono, ácidos nucleicos

Inflamação granulomatosa:

 Presença de acumulações focais de macrófagos ativados, denominados


granulomas.
 Reação imunológica
 Ex.: Tuberculose, lepra, sífilis...

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 564 | P á g i n a


CLE 2019-2023
7. Processos de reparação tecidular

A célula normal em homeostase sofre uma lesão e podem ocorrer 2 coisas –


regeneração ou reparação tecidular. Neste capítulo vamos falar sobre a reparação
tecidular.

A reparação consiste na substituição das células e dos tecidos alterados por um tecido
neoformado que é derivado do parênquima ou do estroma do local que ocorreu a
lesão.

Se a reparação for feita principalmente pelos elementos parenquimatosos, pode


ocorrer uma reconstrução igual à original – regeneração.

Mas se, por outro lado, for feita principalmente pelo estroma num tecido fibroso não
especializado será formada uma cicatriz – cicatrização.

Pode ocorrer um ou outro processo ou os dois dependendo de alguns fatores sendo o


mais importante a capacidade dos elementos do parênquima se regenerarem.

Por vezes utiliza-se o termo quelóide que corresponde a uma cicatrização hipertrófica e
ocorrem mais comumente na raça negra.

7.1. Tipos de células


As células podem dividir-se de acordo com a capacidade de regeneração:

Células Labéis

 Multiplicam-se durante a vida toda


 Exemplos – Células epiteliais, hematopoiéticas e linfóides.

Estáveis

 Não se dividem, contudo têm a capacidade de proliferar quando estimuladas


 Exemplos – Fígado, pâncreas, salivares, endócrinas e as células derivadas do
mesênquima como fibroblastos, osteoblastos.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 565 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Permanentes

 Perderam totalmente a capacidade de se dividir


 Exemplo – Células do sistema nervoso central e músculo

A reconstrução de uma área lesada só pode ocorrer se as células da área afetada


forem do tipo label ou estável, pois se for do tipo permanente ocorre a sua substituição
por tecido conjuntivo.

Assim, o processo de reparação pode ser dividido em regeneração e cicatrização.

7.2. A proliferação tecidular

Agressão / Lesão

Necrose

Inflamação aguda, exsudado, demolição

Resolução Organização Regeneração Reparação


de exsudado com fibrose

Células lábeis ou Células permanentes


Fibrose estáveis com rede ou rede de suporte
de suporte intacta destruída

7.3. Regeneração
Processo onde o tecido lesado é reposto por células da mesma origem daquelas que
se perderam.

Por exemplo, na boca a reparação ocorre mais rapidamente talvez devido à presença
de saliva que impede a formação da crosta. Também devido ao facto de na boca
termos uma grande elasticidade, o que permite maior contração do tecido, visto que
nas mucosas móveis a reparação é mais rápida do que na mucosa mastigatórias.

Assim, a regeneração restitui à área lesada a completa normalidade, tanto morfológica


quanto funcional. Seria, portanto, ideal que todo o processo de cura se efetuasse pela
regeneração.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 566 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Maturação

Proliferação
Deposição de
colagénio

Inflamação

 Formação do  Matriz de colagénio


coágulo  Contração da ferida
 Quimiotaxia  Re-epitelização
 Angiogénese e tecido
de granulação
 Matriz provisória

Dias depois da ferida

A regeneração tem várias fases. Primeiramente uma fase de inflamação, seguida de


uma fase de proliferação e finalmente uma fase de maturação.

7.3.1. Inflamação

Nesta fase dá-se a hemóstase. A lesão causa a rápida ativação das cascatas de
coagulação. Existem eritrócitos, fibrina, fibronectina e componentes do complemento.
A hemorragia para e serve de rede para a migração celular.

7.3.2. Proliferação

Forma-se o tecido de granulação e ocorre angiogénese.

O tecido de granulação é formado nas primeiras 24-78h por fibroblastos e células


endoteliais vasculares. Tem coloração cor-de-rosa/vermelho, é mole e tem aspeto
granular. Caracteriza-se por ter:

 Angiogénese
 Proliferação de fibroblastos
 Deposição de proteínas da matriz
 Presença macrófagos/monócitos

❖ Angiogénese

Tem 2 formas:

 A partir de vasos pré-existentes (VEGF e NO)


 Do recrutamento de progenitores endoteliais
celulares da medula óssea (VEGF)

As células do estroma e do mesênquima secretam


VEGF.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 567 | P á g i n a


CLE 2019-2023
7.4. Cicatrização
É a substituição do tecido lesado por tecido conjuntivo fibroso. E para que esta ocorra
é necessário que ocorra:

 Eliminação do agente agressor


 Manutenção do potencial de proliferação das células
 Irrigação e nutrição suficientes

Como a cicatrização por tecido fibroso é constituída por tecido mais simples e mais
primitivo do que o tecido de origem, isto implica uma perda permanente da função
fisiológica da região comprometida.

Existem dois tipos básicos de cicatrização:

 Primária ou por 1ª intenção


 Secundária ou por 2ª intenção

Cicatrização por 1ª Cicatrização por 2ª


intenção ou união 1ª intenção ou união 2ª

Necrose celular Necrose celular


limitada considerável

Disrupção mínima Disrupção da matriz


da membrana basal extra-celular

Cicatriz

A cicatrização por 1ª intenção ou união primária tem importância principalmente, por


exemplo, nas cirurgias com cortes limpos. É o tipo mais simples de reparação e de
cicatrização que pode ocorrer. Por exemplo, numa cirurgia quando se faz um corte com
um bisturi, esta incisão leva à morte das células epiteliais, assim como dos elementos do
tecido conjuntivo. Uma vez feita a sutura, os espaços entre os bordos vai ser reduzido e
vai ficar cheio de colagénio. A fibrina vai induzir a migração e serve de matriz para a
proliferação de fibroblastos e angioblastos, começando assim a formação do tecido
de granulação. Vai iniciar-se também uma inflamação aguda com exsudado,
principalmente de neutrófilos inicialmente e depois mononucleares. Ao mesmo tempo
os fibroblastos e os angioblastos proliferam a partir dos bordos e começam a invadir a
área inflamada. A proliferação não vai ser continua nas células epiteliais e vai ser
controlada por fatores de crescimento celular, sendo esta uma das diferenças mais
importantes em relação ao que ocorre nas neoplasias.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 568 | P á g i n a


CLE 2019-2023
A cicatriz por 2ª intenção ou união secundária ocorre quando a área lesada é mais
extensa ou os bordos não podem ser unidos por sutura, exemplo disto são as úlceras ou
abcessos. É muito semelhante à cicatriz de 1ª intenção, mas difere no facto de a área
lesada ser muito maior e ter uma grande quantidade de exsudado inflamatório e restos
necrosado. Ao contrário da união primária, vai ocorrer uma grande quantidade de
tecido cicatricial.

A cicatrização por 2ª intenção vai assim diferir da cicatrização por 1ª intenção pela
perda de grande quantidade de tecido, presença de uma maior quantidade de restos
necróticos e exsudado inflamatório, por formação de uma maior quantidade de tecido
de granulação e pela produção de uma cicatriz muito mais extensa.

Às vezes as feridas são tão grandes que pode haver um excesso de contração.

7.4.1. Contração da ferida

Ocorre em feridas de grandes dimensões cicatrização por 2ª intenção. Aqui ocorre a


diferenciação de fibroblastos em miofibroblastos e há formação de uma rede de
miofibroblastos nos bordos da ferida. O processo inibido por exemplo pelos corticoides.

Excesso da contração

Contratura

7.4.2. Formação da cicatriz

A cicatriz é então formada por tecido avascular, constituído por colagénio denso,
fibroblastos e por fragmentos de tecido elástico, sem apêndices cutâneos.

E pode ser de dois tipos:

Queloide Cicatriz Hipertrófica

❖ Remodelação tecidual

Ocorre a substituição do tecido de granulação pela cicatriz. Nesta fase as


metaloproteinases têm grande importância por serem enzimas que degradam os
componentes da matriz extracelular. Há recuperação da resistência ao longo da
formação da cicatriz.

Após a uma semana da remoção de pontos, a força da cicatriz é de 10%. Ao fim de 3


meses atinge um patamar de 70-80%.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 569 | P á g i n a


CLE 2019-2023
7.5. Macrófagos
Os macrófagos substituem os neutrófilos às 48-96h e são elementos-chave na reparação
tecidular.

7.6. Condicionantes do processo de cicatrização

Fatores Locais:

 Tipo, dimensão e localização da lesão


 Circulação sanguínea
 Circulação linfática
 Infeção
 Corpos estranhos
 Tração e mobilização (precoces)
 Radiações ionizantes e ultravioleta

Fatores Sistémicos:

 Idade
 Estado Nutricional
 Estado do Sistema Circulatório
 Alterações metabólicas
 Hormonas
 Defeitos da função leucocitária
o Neutropénias
o Aderência deficiente
o Fagocitose deficiente
o Ação microbicida deficiente
o Locomoção e migração deficiente

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 570 | P á g i n a


CLE 2019-2023
7.7. Úlceras
As úlceras podem ser:

→ Úlceras de pressão
→ Úlceras arteriais
→ Úlceras venosas

7.7.1. Úlceras de Pressão

Qualquer lesão causada por pressão não aliviada resulta em dano dos tecidos
subjacentes.

Localizam-se preferencialmente sobre proeminências ósseas.

❖ Fatores intrínsecos

 Género
 Idade
 Imobilidade
 Peso
 Nutrição
 Medicação (corticosteroides, AINE, analgésicos,
sedativos β-bloqueantes e citotóxicos)
 Incontinência
 Doenças de base (doenças de pele)
 Infeção (sudorese)

❖ Fatores extrínsecos

 Pressão
 Fricção
 Deslizamento
 Humidade
 Substâncias irritantes

❖ Etiologia da ferida

A etiologia da ferida tem por base o modelo do gradiente de pressão, ou seja, a pressão
que fazemos sobre uma coisa é igual à que aquela coisa faz sobre nós.

❖ Prevenção da ferida

 Identificação do risco
 Avaliação do estado nutricional
 Preservação da integridade cutânea
 Alívio da pressão
 Tratamento das causas subjacentes
 Educação do indivíduo e/ou família

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 571 | P á g i n a


CLE 2019-2023
❖ Estadios da Úlcera de pressão

Estadio I

Área definida de vermelhidão persistente que não desaparece mesmo após a


mobilização.

Estadio II

Há a perda parcial da espessura da pele envolvendo a epiderme e a derme.

Estadio III

Perda total da espessura da pele envolvendo danos ou necrose do tecido subcutâneo


que pode estender-se até à fáscia subjacente.

Apontamentos de Anatomia e Fisiologia Humana 572 | P á g i n a


CLE 2019-2023
Estadio IV

Perda total da espessura da pele com destruição tecidular extensa até ao músculo, osso
ou estruturas de suporte (como tendões ou cápsulas articulares).

7.7.2. Úlceras arteriais

A causa principal das úlceras arteriais é o inadequado fluxo sanguíneo arterial. Podendo
ser muito frequente em caso de doença vascular periférica, diabetes ou trauma.

Caracterizam-se por:

 Dor tipo claudicação e que agrava se o membro ficar em


posição elevada
 Cor pálida livedo reticularis – roxo-negro
 Bordos definidos e regulares
 Exsudado mínimo
 Pele circundante fria e fina

Não se deve elevar o membro!

7.7.3. Úlceras Venosas

As úlceras venosas são consequência de uma insuficiência venosa crónica, que leva a
uma hipertensão venosa que provoca a ulceração.

Caracterizam-se por:

 Exsudado moderado-elevado
 Margens irregulares
 Cor vermelho-escuro
 Pele em redor com hiperpigmentação dermatite e
lipodermatoesclerose
 Indolores, normalmente melhora com elevação da
perna e com compressão

Neste tipo de úlcera deve elevar-se e comprimir o membro.

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8. Edema

O edema é o excesso de líquido acumulado no espaço intersticial, no interior das células


ou nas cavidades orgânicas.

Para que o edema ocorra deve sempre haver uma quebra dos mecanismos que
controlem a distribuição de volume no espaço intersticial. Esta desregulação pode ser
localizada, envolvendo os fatores que influenciam o fluxo do fluido ao longo do leito
capilar ou secundária a alterações dos mecanismos de controlo do volume do
compartimento extracelular e do líquido corporal total.

Normalmente quando é secundária leva a um edema generalizado.

8.1 Mecanismos de entrada e saída de solutos e macromoléculas nas e das


células

Existem 3 mecanismos de entrada e saída de solutos na e das células, que são:

Difusão:

→ É o mecanismo mais determinante, em que os


solutos e iões se difundem por gradiente de
concentração.
→ É especialmente importante para os solutos.
→ A velocidade de movimentação do soluto é
diretamente proporcional à diferença de
concentração entre os dois meios.
→ Não há gasto de energia, pois é um transporte
passivo.

Transcitose:

→ Importante para as macromoléculas (ex:


lípidos)
→ Implica uma sequência de endocitose,
formação de vesícula e exocitose para o
espaço intersticial.

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“Bulk flow” – fluxo em massa:

→ Importante para a regulação dos volumes de


sangue e de fluidos como determinantes do
movimento dos solutos.
→ Os movimentos da água e das substâncias
dissolvidas dependem da pressão hidrostática
e da pressão osmótica

8.2 Equilíbrio de Starling


Para complementar o estudo:

Aplica-se à microcirculação e, de acordo com a equação de Starling, o movimento do


fluído depende de seis variáveis:

• Pressão hidrostática capilar (Pc)


• Pressão hidrostática intersticial (Pi)
• Coeficiente de reflexão, (R): um valor que é
índice da eficácia da parede capilar para
impedir a passagem de proteínas e que, em
condições normais, se admite que é igual a 1, o
que significa que é totalmente impermeável às
mesmas e em situações patológicas inferior a 1,
até alcançar o valor 0 quando pode ser
atravessado por elas sem dificuldade.
• Pressão oncótica capilar (πc)
• Pressão oncótica intersticial (πi)
• Coeficiente de filtração (Kf): expressa a
permeabilidade da parede capilar para os
líquidos

O fluxo de água desde os capilares ao interstício (Q) é medido em mililitros por minuto
(mL/min). Se positivo, o fluxo tenderá a deixar o capilar (filtração). Se negativo, o fluxo
tenderá a entrar no capilar (absorção). Esta equação tem um importante número de
implicações fisiológicas, especialmente quando os processos patológicos alteram de
forma considerável uma ou mais destas variáveis.

Assim, fluxo = Kf (Pressão hidrostática – Pressão oncótica)

A pressão hidrostática é a pressão da parede sobre os vasos. A pressão oncótica é a


pressão das proteínas sobre os vasos.

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Explicação do gráfico:
Normalmente em situações fisiológicas, o que se espera é que a pressão hidrostática na
extremidade arteríolar seja maior que a pressão oncótica. Este gradiente de pressão, ou
seja, esta diferença faz com que haja fluxo do fluido do compartimento intravascular
para o intersticial. Ao longo do capilar a pressão hidrostática vai reduzindo, porque a
água vai saindo de dentro para fora do capilar. Além disto, a saída do fluxo intravascular
faz com que a concentração das proteínas intracapilares aumente, o que leva a um
pequeno aumento a pressão oncótica. Somando assim estes fatores, acontece uma
inversão ao longo do fluxo do gradiente da pressão, que na extremidade venosa a
pressão oncótica é superior à pressão hidrostática. Pensa-se que o eventual excesso de
líquido no espaço intersticial é drenado. Isto é o que se espera que aconteça.

No entanto, perturbações nas variáveis que regem este equilíbrio podem levar a
edema. Caso ocorram em um território capilar restrito, haverá formação de edema
localizado. Os grandes edemas envolvem, geralmente, alterações sistémicas mais
complexas.

8.3 Mecanismo básico para o aparecimento do edema


O desequilíbrio das forças de Starling leva ao surgimento de edemas e ocorre se há:

→ Aumento da pressão hidrostática capilar


→ Diminuição da pressão oncótica do plasma
→ Aumento da permeabilidade capilar
→ Bloqueio da drenagem linfática
→ Retenção de água e sódio por alteração hormonal
→ Aumento da pressão oncótica do tecido intersticial

8.4 Tipos de edema


O edema pode ser de 3 tipos: localizado, generalizado ou nas cavidades.

8.4.1 Edema localizado

Testes e conduta
Etiologia Mecanismo Semiótica
terapêutica
Erisipela Alta permeabilidade Calor, rubor, ardor e Antibióticos
(inflamação) do leito capilar turgor analségicos

Trombose Pressão venosa Edema assimétrico,


Anticoagulantes
Venosa elevada (Alta pressão circulação
(heparina)
Profunda hidrostática) contralateral

Edema assimétrico e
Linfedema Obstrução linfática Causa base
duro. Gânglios

Alta permeabilidade Assimétrico, frio e


Angioedema
do leito capilar indolor

Antagonistas Vasodilatação Edema simétrico,


cálcio arteriolar (Alto pH) indolor. Tornozelos

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Não esquecer: 5 sinais cardinais de inflamação:

→ Calor
→ Rubor
→ Inchaço
→ Dor
→ Perda da função

O edema inflamatório é localizado, mole, doloroso, quente e avermelhado.

Edema localizado de trombose venosa profunda do membro inferior esquerdo:

O edema linfático ou linfedema é congénito por hipoplasia dos vasos linfáticos,


adquiridas por filariose, surtos repetidos de erisipela, traumático e por neoplasia primárias
ou metastáticas dos nódulos linfáticos ou vasos linfáticos. É um edema localizado, duro,
inelástico, indolor, sem fator de melhoria, com espessamento da pele, acentuação dos
sulcos e dobras cutâneas, até às vezes com aspeto verrucoso. Pode causar elefantíase.

Na imagem abaixo temos um edema da mucosa por contacto com algo alérgico –
angioedema do lábio superior.

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NOTA – Para complementar o estudo (não foi dado em aula):

A erisipela é uma condição inflamatória que atinge a derme e o panículo adiposo


(tecido celular subcutâneo) da nossa pele, com grande envolvimento dos vasos
linfáticos. Representa uma forma superficial da celulite, pois atinge
predominantemente a derme e a parte superior da gordura subcutânea. Acomete,
predominantemente, os membros inferiores de pacientes da terceira idade, cujas
circulações venosas e linfáticas estão debilitadas. Porém, pode atingir pessoas de
qualquer idade e outras regiões da pele.

Habitualmente, a erisipela está relacionada a um fator chamado “porta de


entrada”, como úlcera venosa crônica, pé de atleta, picada de insetos, ferimento
cutâneo traumático e manipulação inadequada das unhas. Por meio desta porta
de entrada, bactérias penetram na pele, atingindo as camadas cutâneas inferiores
e espalhando-se facilmente com muita velocidade. A principal bactéria envolvida
é o Estreptococo beta-hemolítico do grupo A, porém, outras bactérias também
podem estar envolvidas. Pessoas com baixa condição imunológica, obesas e com
má circulação são as mais suscetíveis.

8.4.2 Edemas generalizados/Anasarca

Exames
Etiologia Mecanismo Semiótica
complementares

Alta pressão Urina espumosa,


hidrostática, baixa edema facil e Proteinúria > 3,5
Síndrome Nefrótica
creatinina (leito matutino e g/dia
capilar) anasarca

Urina I (hematúria,
cilindros)
Síndrome nefrítica Alta Pressão Hipertensão Creatinina e ureia
Insuficiência Renal hidrostática (leito arterial, hematúria, elevadas
Aguda (IRA) capilar) oligúria, naúseas (azotenia)
Eletrólitos (> K+ e <
Na+)

Pressão venosa Dispneia, estase


Insuficiência elevada (alta Ph) e jugular, Radiografia ao
Cardíaca baixo volume epatomegalia e tórax
Congestiva (ICC) arterial efetivo edema vespertino Ecocardiograma
(VAE) (ao final do dia)

Tempo de
Icterícia, eritema protrombina,
Baixa creatinina, palmar, bilirrubinas, enzimas
alto Kf e Ph e baixo encefalopatia hepáticas,
Cirrose Hepática
volume de sangu hepática, ultrasom
efetivo (VSE) equimoses, entre abdominal,
outros… albumina e
endoscopia

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O edema das nefropatias é um edema generalizado,
predominantemente facial, mole, frio, indolor e com caráter matinal. É
abundante na síndrome nefrótica, mas discreto na síndrome nefrítica e
insuficiência renal.

Síndrome nefrótica:

Sempre que uma doença renal tiver a presença de lesões específicas da membrana
basal glomerular e/ou dos pedicelos das células epiteliais glomerulares, haverá um
aumento da permeabilidade glomerular às macromoléculas. Nessas condições, as
proteínas plasmáticas são filtradas em grandes quantidades e existe uma perda urinária
(proteinúria) muito elevada. Clinicamente, manifesta-se por urina espumosa
(proteinúria) e edemas. Esse é um quadro que pode estar presente nas manifestações
de várias doenças, portanto é chamado de Síndrome Nefrótica. O edema reflete a
redução na pressão oncótica do plasma, o que irá acarretar uma menor reabsorção
do fluido intersticial, na extremidade venosa do leito capilar.

A Figura 7 mostra,
esquematicamente, as alterações
presentes na síndrome nefrótica,
responsáveis pelo edema. A
hipoproteinémia, resultante da perda
urinária de proteínas, é agravada
pelo catabolismo aumentado da
albumina, que acontece na
síndrome nefrótica. A redução da
pressão oncótica do plasma,
resultante da hipoproteinémia, por si
só, leva ao aparecimento de edema.

Síndrome Nefrítica:

Nas síndromes nefríticas agudas, das glomerulonefrites agudas, por exemplo, que se
manifestam com edema, hematúria, hipertensão – sem proteinúria. A causa
fundamental do edema é a redução da taxa de filtração glomerular (TFG). Esta queda
da TFG leva a uma redução da excreção de água e sal e, por isso, causa hipertensão
arterial e, por outro lado, uma elevação da pressão hidrostática do leito capilar que
provoca o edema.

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Doença do miocárdio:

O que leva à formação desse


edema é a queda do débito
cardíaco, em consequência da
falência do miocárdio. Como
resultado, eleva-se a pressão venosa
sistêmica ao mesmo tempo em que
se reduz o volume arterial efetivo de
sangue (VAES). O que leva à
ativação do Sistema Renina-
Angiotensina-Aldosterona, a uma
retenção de água e sal, a uma
elevação da pressão hidrostática do
leito capilar e, assim, a edema.

O edema generalizado de início é maleolar, mas pode atingir as serosas e generalizar


(anasarca). É vespertino, mole, frio, indolor e melhora com o repouso no leito. Os fatores
acompanhantes deste edema são: anorexia, dispneia, tosse noturna, oligúria,
taquicardia, palidez cutânea, estase jugular, hepatomegalia e fervores crepitantes.

Cirrose Hepática:

O edema por cirrose hepática pode ocorrer devido


à insuficiência hepatocelular que diminui a síntese
proteica, com diminuição da pressão oncótica, vai
também ocorrer o extravasamento de líquido dos
sinusóides hepáticos.

As principais manifestações clínicas na cirrose são:

→ Icterícia
→ Eritema Palmar
→ Encefalopatia Hepática
→ Equimoses
→ Hematemeses/Melenas
→ Esplenomegalia
→ Aranhas Vasculares
→ Hipotrofia Muscular
→ Alopecia, Ginecomastia e Atrofia Testicular
→ Ascite
→ Circulação Colateral ("Cabeça de Medusa")

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Hipoproteinémia:

Hipoproteinémia é o resultado de diversos fatores que, por fim,


resultam numa considerável queda na quantidade de proteína
sanguínea (queda da pressão oncótica), tanto do sangue
completo, como do plasma. Esta ocorre devido a uma grave
limitação de ingestão de proteína em uma dieta nutricional
regular.

Um exemplo de hipoproteinémia de fator nutricional é Síndrome


de Kwashiorkor, um tipo de desnutrição energético-proteica que
afeta crianças pequenas. Pode dever-se a má absorção.
Doenças do fígado também podem causar hipoproteinémia, por
diminuição da síntese de proteínas plasmáticas, como a
albumina. Doenças renais, como a síndrome nefrótica, também
podem resultar em hipoproteinémia porque as proteínas do
plasma são perdidas na urina.

8.5 Manifestações de edema


As manifestações mais comuns de edema são:

→ Aumento do volume local


→ Pele brilhante e lisa
→ Sinal de Godet (imagem ao lado)
→ Aumento do peso corporal.

Este pode ser detetado através da anamnese em que se deteta


alteração brusca do peso corporal ou através do exame físico –
localização, intensidade, consistência, elasticidade, sensibilidade,
alterações da pele (temperatura, coloração, textura e espessura).

NOTA – Ver:

https://www.youtube.com/watch?v=8I49kBUM0oM para uma melhor compreensão


do sinal de Godet (Minuto 8:50)

8.6 Classificação fisiopatológica


Pode ser classificado consoante a sua fisiologia e patologia. Assim, temos como causa
o aumento da pressão hidrostática capilar, como é o caso da ICC – tromboflebite –
vasodilatação, que origina um edema mole, frio ou quente, às vezes eritematoso, outras
cianótico, doloroso ou indolor.

O edema também pode ser causa do pela redução da pressão oncótica plasmática,
que pode ocorrer devido a hipoproteinémia, síndrome nefrótica, gastroenteropatias
perdedoras de proteínas, desnutrição proteica e insuficiência hepática, dando origem
a um edema mole, elástico, indolor, sem alteração da pele.

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Para recordar…

9. Exercícios

1. Quais os efeitos da radiação ionizante


a. Inativação de proto oncogenes
b. Ativação de genes oncossupressores
c. Regulação de genes envolvidos na apoptose
d. Lesão ou perda de bases
e. Formação de radicais livres

2. São causas de hipertrofia?


a. Nutrição inadequada
b. Exercício físico
c. Isquémica
d. Bócio
e. Perda de estimulação endócrina

3. As principais respostas adaptativas são?


a. Atrofia
b. Hiperplastia
c. Acumulação intracelular
d. Displasia
e. Todas as anteriores

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4. Acerca das úlceras de pressão:
a. Existem 3 estágios
b. No estádio I, existe perda parcial da pele
c. No estágio III, existe perda total da espessura da pele
d. No estágio III, existe destruição tecidular até ao músculo, osso ou estrutura
suporte.
e. No estágio III, existe destruição que se pode estender à fáscia subjacente

5. É sinal cardinal da inflamação:


a. Ganho de função
b. Rubor
c. Frio
d. Calor
e. Alíneas (b) e (d)

6. (Frequência 2019) A hiperplasia caracteriza-se por (correta):


a. Alteração do padrão morfo-funcional
b. Reversibilidade
c. Diminuição da capacidade funcional
d. Manutenção do número de células
e. Incapacidade de divisão da célula

7. (Frequência 2019) As principais características das células anaplásicas são


(correta):
a. Núcleo hipocromático
b. Existência de mitoses atípicas
c. Relação núcleo-citoplasma diminuída
d. Diminuição do tamanho dos nucléolos
e. Todas as alíneas são verdadeiras

8. (Frequência 2019) Relativamente ao processo de cicatrização, a união


secundária difere da primária por:
a. Perda de menor quantidade de tecido
b. Presença de menor quantidade de restos necróticos
c. Presença de menor quantidade de exsudado inflamatório
d. Formação de menor quantidade de tecido de granulação
e. Produção de cicatriz mais extensa

9. (Frequência 2019) É causa de atrofia (correta):


a. Gravidez
b. Exercício físico
c. Nutrição inadequada
d. Bócio
e. Hipertensão arterial

dúvida verifiquem com a matéria


Relembramos que as respostas podem não estar corretas, por isso em caso de

1D+E?; 2B; 3E; 4C; 5E; 6B; 7B; 8E; 9C

Possíveis respostas:

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