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©2018 LilianGuedes
Capa: LA Design
Revisão Geral: Ivany Souza
Diagramação digital: Lilian Guedes
Criado no Brasil
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SINOPSE
Após ser demitida por ter esbarrado em um dos convidados por acidente,
Mine é surpreendida ao ser chamada para uma vaga de trabalho. O que ela
não esperava era que o local fosse na misteriosa mansão da cidade. Um lugar
isolado, de onde só se ouviu histórias urbanas sobre uma terrível tragédia no
passado.
Lá, Mine vai descobrir o que há por trás dos muros de concreto,
principalmente, quem é o homem misterioso que a salvou dos perigos desde o
primeiro momento em que a viu e o porquê de rondar seu caminho como um
protetor sombrio.
A intensa atração vai dominá-los, numa paixão intensamente perigosa capaz
de fazê-los suportar os caminhos difíceis a percorrer, mas, se depender dele,
ninguém sairá vivo se ousarem a tocá-la. Seu recado é claro:
“Não sou de dar sorrisos agradáveis, nem gestos afetivos. Tudo o que há em
mim é estratégico, falso, sem nenhuma redenção. Não me incomodo com o
que você e os outros pensam ao meu respeito. Na verdade, não dou a mínima
para sentimentalismos e muito menos para suas sensações prazerosas. Tudo
isso está perdido na minha escuridão e não pretendo trazer à tona.
Entretanto, apenas uma... Uma maldita jovem pode me fazer mudar. Apenas
ela estará perto o suficiente do perigo, e, no que depender de mim, longe o
bastante.
Lembrem-se, é apenas ela e não você. ”
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LEMBRETE
Cada momento dessa trilogia é especial e essencial.
Então, atente-se a cada detalhe, pois eles podem fazer toda a diferença e
ligar pontos inimagináveis.
NOTA DA REVISORA
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SUMÁRIO
PRÓLOGO
1 – À PRIMEIRA VISTA
2 – PERSEGUIDA
3 – MANSÃO MAKGOLD
4 – NA MIRA
5 – ANJO NEGRO
6 – CONFRONTO
7 – PEDIDOS
8 – PESADELO REAL
9 – VISITA PETULANTE
10 – FRUSTRAÇÃO
11 – SEM FÔLEGO
12 – CONFISSÕES
13 – A PARTE DOLOROSA
14 – INVASÃO
15 – PROVOCANTE
16 – ÀS ESCONDIDAS
17 – CONFIAR
18 – COMPLICAÇÕES
19 – EM CASA
20 – NÃO TOQUE
21 – EXPOSTO
22 – FORA DE CONTROLE
23 – ALIANÇA
24 – IDENTIDADE FALSA
25 – MINHA FORÇA
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26 – PROTETOR
27 – REPAROS
28 – ME DESCULPE
29 – CONVIDADOS
30 – PONTO FRACO
31 – RESISTIR
32 – ESCOLHA
33 – O ATAQUE
34 – LADO A LADO
35 – DESPERTANDO A FERA
36 – VOCÊ É MINHA
37 – GOLPE BAIXO
38 – INDIFERENTE
39 – SEM VIDA
40 – CORAÇÕES PARTIDOS
41 – FUGIR
42 – EXPLICAÇÕES
43 – REDENÇÃO
44 – NO COMANDO
45 – POR VOCÊ
46 – DECISÃO
47 – GRITE
48 – HERÓI
49 – ATRAÍDO
50 – A ISCA PERFEITA
51 – O INIMIGO
52 – SUA BRAVURA
EPÍLOGO
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PRÓLOGO
(JOHNATAN MAKGOLD)
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trança frouxa e sua pele está mais corada, talvez por ter passado o dia na
estufa, mesmo assim, continua radiante. Sou pego de surpresa quando seus
olhos castanhos me notam.
― O que foi querido? ― pergunta em seu sotaque, agarrando minha
mão sobre a mesa. Franzo a testa e balanço a cabeça apertando sua mão
macia, dando-lhe conforto.
― Já podemos comer? ― indago segurando meu sorriso ao ver
Thessy fazer uma careta engraçada.
― Sim, tenho muito trabalho a fazer ― papai responde impaciente, e
dou um sorriso apertado.
― Jura, papai? Não vai me pôr para dormir de novo? ― Thessy
reclama, fazendo-me sorrir, e a vejo mostrar sua pequena língua.
― Eu prometo que, assim que terminar tudo, irei ao seu quarto ficar
um pouco com você ― ele garante acariciando seu rosto, em seguida, olha
em minha direção e ergue sua mão para apertar meu ombro. ― Johnatan
pode cantar para você.
― Ela diz que minha voz é pior do que uma gaita quebrada ―
provoco, fazendo-o rir —, mas posso contar algumas de suas histórias
preferidas, talvez, O Touro Ferdinando.
― Isso não é verdade, é pior que um piano desafinado. Papai... ―
Thessy insiste.
― Thessy, eu tenho pilhas de papéis para assinar e um contrato para
analisar... ― Minha mãe o interrompe com uma tossida ao vê-lo se alterar.
Permanecemos em silêncio e de cabeças baixas.
― Não precisamos falar sobre trabalho agora. Vamos comer! ― ela
pede com um sorriso amável, o olhar transmite seu amor.
Mamãe odeia falar sobre trabalho durante as refeições, até mesmo a
menção da palavra trabalho a desagrada.
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12 ANOS DEPOIS
Meu corpo se move de forma voraz e faminta. Por dentro, vibro numa
mistura de tremores com a tensão; o suor começar a escorrer por minha testa
e nuca. Meus gemidos são apenas grunhidos, evitando fazer qualquer tipo de
barulho que chame atenção. Sinto as mãos fracas e quentes contra meu rosto
enquanto fodo Nicole Banks. Abafo seus gemidos altos com minha mão e
continuo a me mover dentro dela de forma mais dura.
Seus olhos escuros estão cheios de desejos, ela sente como pode
aclamar as necessidades do corpo, enquanto o meu só quer se livrar daquilo
que precisa para se fortalecer. Provoco-a, chupando um dos seus seios, e
mordo o mamilo com força, fazendo-a uivar. Quando penetro mais
profundamente seu corpo, entrega-se, e seu sexo se aperta contra o meu,
permitindo que seu orgasmo seja libertado.
Com mais duas estocadas, gozo fora dela e inspiro profundamente.
Minha sensação é de vazio, ao mesmo tempo de alívio. Mesmo que eu faça
isso para o prazer delas, eu preciso para descontar meu desconforto em
alguém; depois disso, mais nada. Muitos dizem que chegam ao paraíso, só
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num estilo descontraído. Muitos deles não sabem que meus ouvidos e olhos
estão bem atentos e que meu sexto sentido nunca falha. O corredor está vazio,
escuto vozes... capto cada instrumento tocado e passos alcançando o chão,
mas apenas um está bem nítido atrás de mim, de maneira desconfiada e, ao
mesmo tempo, hesitante. Coloco minhas luvas tranquilamente e me curvo
para o primeiro ataque.
William Houtember está nitidamente embriagado enquanto tenta me
golpear com seus socos fracos. Tenho o cuidado de não revidar — isso faz
parte do meu plano —, apenas me curvo e me afasto. Ele parece exausto,
grunhindo muito até conseguir me acertar. William não usa máscara como os
convidados, seus olhos escuros estão febris e furiosos, seus socos e chutes
são lentos enquanto os mantenho afastados de mim.
Tenho desejo de acabar com ele facilmente, mas me controlo.
Consigo pegar uma das cordas firmes, girar num movimento que o afaste e
que eu me coloque atrás de seu corpo para enroscar a corda em seu pescoço.
Ele luta com o aperto, enquanto puxo o objeto para baixo, fazendo-o ficar
pendurado. Dou um nó firme até ter a certeza de que a corda vai continuar
segura no gancho de aço da parede.
Afasto-me, parando de frente para ele, vendo-o se debater, e constato
que já esteve em dias melhores do que com essa barba podre e roupas baratas.
Afasto minha máscara e sorrio com frieza, o homem tenta dizer algo, mas sei
que, agora, sabe quem sou eu.
William tenta arrancar a corda em seu pescoço, mas é em vão. Seus
olhos esbugalhados, assim como seu rosto, estão em vermelho vivo, e sua
voz, engasgada. Então, puxo uma cadeira próxima dos seus pés e a derrubo;
depois, coloco em seu bolso uma embalagem de comprimidos
antidepressivos.
― Nós nos vemos no inferno! ― disparo e me viro quando escuto seu
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último engasgo.
Coloco minha máscara antes de atravessar para outro corredor, onde
há uma janela aberta de frente para o jardim, minha escapatória para que
ninguém desconfie.
Atravesso o gramado e entro na festa novamente. É fácil me esconder
de olhos curiosos e desconfiados. Inspiro o aroma suave e abafado do lugar e
caminho junto aos convidados, sorrindo algumas vezes.
Entre eles há políticos, condes, realezas, policiais e convidados das
mais altas sociedades. Na minha cabeça há assassinos, aproveitadores,
mafiosos, espiões e estupradores. William era um deles. Contudo, entre eles
estou eu, uma pessoa que eles próprios transformaram.
As bajulações e sorrisos lançados a mim eram entediantes, até mesmo
daquelas com quem eu fodia.
― Olá, Verônica! ― aproximo-me para beijar a mão da mulher.
― Pergunto-me onde esteve esse tempo todo ― diz sorrindo.
Seus olhos escuros são cheios de convites, os cabelos ruivos caem em
cachos perfeitos e seu vestido azul realça a cor da pele pálida.
― Está radiante ― elogio.
― Eu digo o mesmo ― pisca os olhos por trás da máscara
cristalizada. Acho que posso finalizar minha noite com ela.
― Boa noite! ― viramos ao ouvir Nicole do amplo palco com o
sorriso mais aberto do que quando cheguei. ― Agradeço mais uma vez por
todos estarem presentes na celebração da nossa nova empresa Banks
Company. Eu e meu querido marido agradecemos pelos patrocínios e a
presença de todos vocês. Muito obrigada e fiquem com nosso maestro! ― diz
e se retira graciosamente do palco, com a ajuda de Michael Banks, enquanto
a orquestra volta a dar vida ao local.
Eu os ignoro. Sinto-me entediado de ver os casais dançando de um
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lado para o outro em perfeita sincronia. Verônica está tão próxima que até
sinto seu corpo pedindo uma dança.
Olho em volta à procura de outro alvo, eu não sairia de casa se não
fosse algo importante. Passos, passos, meus ouvidos são bem atentos a isso,
assim como meus olhos para toques e gestos. Observo novamente ao redor
para ver qual deles são travados e cambaleantes. Franzo a testa encarando o
salão, há muitos bêbados perversos com algumas garçonetes.
― Algum problema, senhor Makgold? ― Verônica pergunta, fazendo
com que meus sentidos voltem para ela.
― Não ― respondo.
― Uma dança? ― pede com esperança.
― Acho que outros ficarão felizes com a honra de sua companhia ―
respondo distraído. Ignoro quando se afasta com dureza.
Os passos estão atrás de mim, posso contar quantas vezes tocam o
chão e travam. Aperto minhas mãos em frustração por isso me incomodar
tanto.
É como um flash, onde tudo acontece rápido demais. Curvo-me,
agindo conforme meus sentidos mandam. Consigo, com uma mão, pegar a
bandeja cheia de taças com champanhe antes que tudo caia no chão, e, com o
outro braço, agarro um corpo pequeno e muito quente, cheio de tremores. Se
não fosse pelo perfume intensamente suave, eu me moveria sobre esse corpo
até estar satisfeito e cansado, ela implorando para eu parar.
Inspiro, com admiração, fechando meus olhos em direção ao cheiro.
Sim, um botão fechado e vermelho que se abre sem se preocupar. É lindo,
perfumado e iluminador, suas pétalas são tão macias quanto uma seda, eu
tenho várias delas no jardim de casa, na estufa precisamente.
Abro meus olhos lentamente, vendo um rosto desconhecido com
olhos cinza arregalados, cheios de lágrimas amedrontadas. O cabelo é escuro
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ao meu ouvido.
― Sabe o quanto isso é entediante para mim ― confesso, dando-me
conta do quão próxima está.
― Menos alguns instantes atrás ― seus olhos demonstram ainda mais
seus desejos.
― Mais tarde ― asseguro, logo noto os olhos cinzas me encararem,
cheios de segredos.
Eu não sei quanto tempo dura, mas estou preso ali sem conseguir me
desviar. Eu posso ver como a respiração está acelerada e as maçãs do rosto
cada vez mais coradas. Instantaneamente, sinto o cheiro de rosas mesmo há
metros de distância.
Escuto alguém me chamar, mas não dou ouvidos neste momento.
Ergo minha taça para cumprimentá-la e, de certa forma, é gracioso vê-la
embaraçosamente envergonhada. No entanto, o que me deixa sério, de
repente, são os olhares da ala masculina próximos a ela.
Um grito faz todas as nossas atenções se voltarem para a escadaria de
carpete vermelho. Uma das garçonetes corre desesperada para um dos
policiais, que sobe correndo ao ouvir seu relato.
― O que aconteceu? ― Nicole murmura e segue em frente com
elegância.
Continuo no meu lugar, bebendo meu champanhe.
Os múrmuros de conversa fluem com curiosidade, a música volta a
tocar para distrair os convidados, e vejo Michael correr pelas escadas,
preocupado.
Nicole retorna para conversar com um dos seus seguranças e me olha,
desculpando-se. Aceno, seguindo até a saída para pegar meu casaco. Alguns
convidados, assustados, fazem o mesmo.
― Desculpe-me Johnatan, devo ficar. Vamos dispensar os convidados
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1 – À PRIMEIRA VISTA
― Sou apenas uma das ajudantes desta noite, senhor ― respondo sem
sorrir.
― Podemos contar com a sua ajuda mais tarde... ― diz outro e o olho
assustada.
― Com licença!
Viro-me com minha bandeja de prata e taças de champanhe ainda
cheias. Minhas pernas estão bambas e os malditos saltos não ajudam em
nada. Correr não me salvaria, e toda a postura que arrumei até estar aqui se
vai, preenchendo meus olhos com lágrimas enfurecidas. Meus pés parecem
ter vida própria e, quando travam, fazem-me tropeçar em um dos convidados
bem-arrumados.
Prevejo meu desastre numa fração de segundos: cairei com tudo e o
barulho alto da bandeja com as taças se espalharão, estragando a limpeza
brilhante do chão de mármore. Seria bom fechar os olhos e fingir que estava
morta?
Mesmo com a rapidez dos meus pensamentos e o pânico percorrendo
todo meu corpo, sinto algo me agarrando como se eu fosse uma boneca de
trapo. Quando abro os olhos, deparo-me com intensos e profundos olhos
azuis por trás de uma máscara escura de veludo.
Os traços do homem são bem másculos e firmes, uma mandíbula
muito delineada mesmo com a barba rasa. Os lábios levemente carnudos
estão entreabertos enquanto puxa uma respiração calma e profunda. Mesmo
com a máscara, ele aparenta ser bonito. Seus cabelos negros estão penteados
caprichosamente, mas com uma mecha caída em sua testa lisa, o arco do seu
pescoço parece cintilar com luzes do salão e seu perfume é uma mistura de
roupas limpas e hortelã.
Mesmo encarando os olhos penetrantes e frios ao mesmo tempo,
sinto-me uma inútil, sendo assim, seguro minhas lágrimas. Seus lábios
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estivesse satisfeito, parece mais alto, enquanto o estudo com meus olhos.
― Tudo bem, pode voltar ao seu trabalho. Foi um prazer conhecê-la.
― Arrasta sua mão em meu braço, o gesto cavalheiro me deixa surpresa, e
seguro minha respiração quando os lábios esculpidos grudam nas costas da
minha mão e ele inspira intensamente. Em seguida, ergue-se rapidamente.
Puxo minha mão, apertando-a contra meu peito. Vejo-o perder o foco
e logo se direcionar para Paris ao meu lado, que está com os olhos mais
arregalados que já vi.
― E quanto a você... Está demitida!
Minha boca se abre em choque enquanto o vejo se afastar com passos
largos, suas roupas são trabalhadas sob medidas. E devo confessar que seu
smoking preto combina perfeitamente com ele.
― Se quiser, posso conversar com ele... ― proponho ao me virar para
Paris, que me lança um olhar frio. ― Ou não ― encolho-me.
― Você já arrumou problemas demais essa noite, garota, apenas volte
para a cozinha e finja que nada aconteceu ― diz ela, seguindo para a cozinha,
assim como eu.
― Eu posso consertar isso. É minha culpa, eu não queria que fosse
assim. Apenas me deixe te ajudar, posso conversar com aquele homem, ele
pareceu-me... gentil? ― digo em dúvida assim que chegamos à ampla
cozinha com a equipe de garçonetes. Paris me encara.
― Garota, aprenda uma coisa ― suspira. ― Nenhum deles é gentil. A
única forma de serem mais educados é você aceitando estar na cama deles
esta noite, e vejo que você não tem experiência com isso ― dispara ao me
olhar de cima a baixo.
― Eu só estou querendo ajudar ― disparo ofendida, apertando meus
punhos.
― E eu estou tentando trabalhar tranquilamente e ganhar uma boa
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gorjeta para o sustento do meu filho ― sua voz é tão fria quanto a atitude.
Suspiro, sei o quanto ela precisa disso, o quanto ela tem necessidades, assim
como eu.
― Eu sinto muito...
― Algum problema por aqui? ― uma voz alta e feminina nos
interrompe. Viro-me para a esbelta mulher caminhando em nossa direção
com seu vestido colado ao corpo, muito bem-desenhado para ela. Os cabelos
louros são como ondas suaves.
― Não, senhora Banks ― Paris responde com urgência.
― Ótimo ― ela graceja de maneira ríspida, erguendo sua sobrancelha
perfeita para me olhar. ― Você também está dispensada do serviço depois
dessa noite, garotinha.
Quem era eu para protestar com ela? Sei que seu nome é Nicole
Banks, e que, por trás de tanta beleza, mesmo escondida por uma máscara
delicada de cetim, nota-se que tem um rosto perfeito, mas também a pessoa
mais ranzinza que já conheci. Aceno com a cabeça e me apresso para pegar a
próxima bandeja.
Volto ao trabalho com o humor e as forças afundadas no chão. Fico o
mais distante possível de alguns homens; meus pensamentos seguem direto
para meu pai.
Seu estado de saúde não estava nada bom, mal tínhamos dinheiro para
os remédios mais caros, muito menos para pagar uma consulta em um
hospital. Todos os meus empregos temporários ajudavam um pouco, até
mesmo com sua marcenaria dentro de casa, que não dava muito lucro.
Contudo, era o bastante para nós dois.
Balanço a cabeça voltando minha atenção para os meus pés doloridos
e a bandeja com algumas torradinhas minúsculas e estranhas. Nem tão atenta,
na verdade, minha atenção está agora pelo salão à procura dele. Eu deveria
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agradecê-lo por ter me ajudado ou dizer que sinto muito por minha falta de
cuidado... Quem sabe, até elogiar a forma como sua máscara o deixa ainda
mais intimidante.
Espere, isso não é um elogio, pisco distraída e me deparo com
incríveis olhos azuis cintilantes me observando. Meus olhos se arregalam ao
ver o homem bem-vestido, de barba baixa e, agora, com os fios dos cabelos
nos lugares certos. Viro meu rosto antes que minhas bochechas corem mais
que o necessário. Ele é brusco, isso era destacado em sua voz grossa e ríspida
com palavras firmes e pronunciadas sem hesitação. Imagino que seja alguém
muito importante no meio de muitos, já que os olhares para ele eram de
interesse.
De repente, um grito faz todos se virarem e vejo uma das garçonetes
descer as escadas correndo, em desespero, até alguns homens próximos, que
mal a escutam, correm para o local de onde ela veio. O salão é dominado por
múrmuros assustados.
― Vamos! ― uma senhora pequena de cabelos brancos bem
penteados num coque perfeito me puxa gentilmente chamando outros garçons
próximos.
Ela se chama Donna, uma chefe de cozinha, braço direito e esquerdo
do seu patrão. Bem, foi o que ouvi falar. Ela era profissional em seus
comandos e atenta aos pratos e bebidas que saíam da cozinha. Donna foi à
única que me ajudou, ela sempre tinha os olhos amorosos e um jeito
profissional. Admirei-a no primeiro momento ao ver como era respeitada por
todos ali, mas não fazia parte da equipe terceirizada. Pela exigência do seu
chefe, ela foi instruída a comandar a cozinha.
― O que está acontecendo? ― pergunto olhando em volta, assim
como os convidados curiosos.
― Quanto mais cedo estiver na cozinha, melhor ― diz gentilmente.
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― Sirva bebidas mais fortes para as pessoas no centro do salão, eles vão
precisar ― ordena, saindo do meu lado.
Pelas conversas no salão, alguém havia se matado. Isso me dava
calafrios e, aos poucos, os convidados foram sendo dispensados pela senhora
Banks. Quando minha bandeja fica vazia, sigo para a cozinha com dor em
minhas panturrilhas. Eu não sei o que aconteceu no andar de cima, apesar dos
murmúrios, a festa parece paralisada.
Donna se aproxima de mim com um sorriso terno.
― Deve ir para casa descansar.
― Com uma mão na frente e outra atrás. Não sei como vou falar com
meu pai. ― Sinto-me pior do que quando cheguei.
― Com isso não precisa se preocupar ― ela tira um cartão do bolso
de seu avental e me entrega. ― Vá amanhã às sete da noite para seu novo
emprego. O endereço é esse. ― Franzo a testa.
― Um emprego fixo? ― fico boquiaberta.
― Se tudo der certo, sim ― ela sorri. ― Não se atrase. Agora, eu lhe
darei uma carona para casa.
Encolho-me.
― Soube da morte de um dos convidados? ― sussurro. Seu sorriso
materno some aos poucos.
― É triste tudo o que aconteceu. Pegou a todos de surpresa pelo
suicídio ― ela lamenta e logo balança a cabeça, retornando seu sorriso. ―
De qualquer forma, temos que pensar em coisas boas.
― Ainda estão aqui? ― dispara a Senhora Banks ao entrar na
cozinha.
― Já estamos todos de saída ― Donna assegura.
A linda loura mascarada me parece uma mulher daquelas histórias de
contos de fadas, mas por trás é uma megera. Seus olhos de vidro voltam-se
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Assim que entro em casa, vejo meu pai sentado em sua poltrona
desgastada. Ele estava me esperando, porém eu queria que estivesse
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descansando. Tiro meus tênis, com alívio ao tocar o chão frio, e solto meus
cabelos.
― Você deveria estar dormindo ― repreendo-o e dou um beijo em
seu rosto cansado.
― Não posso ficar tranquilo sabendo que está lá fora. A violência
nessa cidade duplicou, querida ― suas palavras me fazem estremecer.
― Eu sei, pai ― suspiro, mas não quero falar do que aconteceu com
um dos convidados na festa. ― E eu perdi o emprego.
Seus olhos cinza me avaliam.
― Você sabe que eu sempre quis o melhor para você, não precisa
fazer isso por mim.
― Somos semelhantes. Temos os mesmos genes da teimosia ― eu o
lembro, caminhando até a geladeira para beber algum suco. ― Mas eu tenho
um novo emprego fixo, só tenho que ir à entrevista de amanhã na mansão
Makgold...
― Não! Você não vai! ― ele me interrompe. Viro-me chocada. ― Eu
sei o que está fazendo, Mine. Quero que você siga seus estudos, filha, eu vou
ficar bem.
Engulo o nó em minha garganta.
― Não posso te deixar sozinho, ainda mais doente como está. Pai, por
favor! Eu sei que não tem outra opção e que muitos vão falar que a casa dos
Makgold é assustadora, mas eu não acredito. Será um emprego fixo, vou
conseguir até mesmo juntar dinheiro...
― Não confio. Você sabe das histórias...
― Eu sabia que iria dizer isso ― reviro meus olhos. ― Apenas me
deixe tentar.
― Mine, não é seguro! ― implica e tosse em seguida. Não quero
discutir.
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2 – PERSEGUIDA
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engano, vejo por uma das janelas do segundo andar uma sombra me espiar e
se afastar.
― Mine, venha. Entre! ― Donna abre as portas duplas da mansão
quando mal chego à entrada. ― O senhor Makgold está ocupado no momento
e me pediu para mostrar todas as instalações.
Eu a encaro chocada.
― Ele não irá me conhecer? Eu pensei que... Bem, os patrões gostam
de conhecer seus funcionários, não é mesmo?
Franzo a testa e paro de tagarelar, talvez eu esteja nervosa e
agradecida por ele não querer me conhecer agora. Donna ri e envolve seu
braço em meus ombros.
― Acredite, ele a conhece! ― diz, sorrindo, e pisco confusa.
― Espero que isso não me assuste! ― mordo minha língua.
A gentil senhora tem seus olhos em mim.
― Muitos pensam e falam que ele é a pior pessoa do mundo. São
apenas conversas, querida. Não dê ouvidos ao que o povo diz.
Eu poderia dizer que não sou assim, mas me mantenho calada e
aceno.
Se do lado de fora o portão e o muro eram intimidantes, por dentro era
fascinante. Com o verde e as luzes, nada se comparava ao ambiente do
interior da mansão.
A sala de entrada parece um salão de boas-vindas, com móveis
escuros e antigos, muito bem-cuidados e lustrados. O cheiro de limpeza me
agrada, e o ar quente é reconfortante. A escadaria é dupla, a frente é forrada
por um carpete vermelho. Tudo em madeira limpa, mármore e granito
escuros cintilantes. Há quadros de pinturas clássicas e modernas, esculturas e
vasos com alguns objetos esculpidos, que acredito valerem mais que minhas
roupas. Da mesma forma como o resto do ambiente, é clean e perfeitamente
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estou contratada. ― Mine, essa é Jordyn, ela cuida da arrumação dos quartos,
limpeza dos móveis e do chão ― Donna nos apresenta e Jordyn se aproxima,
jogando o que sobrou da sua maçã no lixo.
― Bem-vinda ao conforto presidiário ― ela ironiza de maneira
simpática.
― Jordyn! ― Donna a repreende. ― Ela irá ajudá-la na organização e
na limpeza da casa ― explica.
― Eu agradeço por isso. Vamos nos divertir bastante ― Jordyn diz
com um leve sorriso, e vejo James revirar seus olhos.
― Mine, aquele é James...
― Já nos conhecemos ― o rapaz pisca para mim e sorrio.
― Ele cuida da parte elétrica e conserta qualquer coisa que quebre. E,
principalmente, cuida do lado de fora da casa junto com meu filho Ian ―
Donna continua a apresentação, e olho o garotinho que está sorrindo para
mim, ele é a criança mais linda que já vi e a mais engraçada também.
― Fico mais do lado de fora, não sou muito autorizado a entrar na
casa ― James me deixa confusa.
― Por quê? ― pergunto.
― Porque corto os pés dele se ousar pisar no trabalho duro que dei no
meu chão ― Jordyn explica em ameaça.
― Peter, como você bem sabe, é o motorista ― Donna sorri. ― E eu
sou a governanta, cuido da organização de vocês e da casa, e, sobretudo, da
comida e de toda a parte que se refere à cozinha. Devo dizer que o senhor
Makgold é exigente em alguns pratos ― explica me fazendo sorrir.
― E eu sou Ian, faço parte da administração da casa e sou os dois
braços do senhor Makgold ― o menino se aproxima com suas covinhas
adoráveis.
― Mais conhecido como xereta, falador, teimoso e bagunceiro ―
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vestida com luva negra, agarra o pulso de Tim. É como um leão selvagem à
minha frente; estremeço ao escutar o grunhido de dor. O homem não deixa
nenhum deles fugirem, lutando com dois e quebrando seus ossos sem hesitar,
mas logo um deles consegue escapar assustado. Ele continua com sua luta, os
braços os mantêm fixos enquanto grunhem ou tentam golpeá-lo.
O homem de capuz age com violência, um deles já está no chão,
afasto-me, arfando e sugando o ar frio enquanto o vejo bater nos seus
oponentes com golpes firmes. É como um lutador profissional reagindo a
qualquer tentativa de ataque, até que todos estejam no chão gemendo.
De repente, um tiro é disparado por um deles, atingindo a perna do
homem de capuz, salto com o estrondo e arregalo meus olhos ao vê-lo cada
vez mais violento. Pergunto-me se é mesmo humano para agir com tanta
brutalidade. Sem tempo para coordenar meus pensamentos, giro meus
calcanhares e forço minhas pernas a correrem para longe. A adrenalina faz
meu sangue ferver, tendo mais forças para ir mais longe e seguir meu trajeto
para chegar à minha casa.
Subitamente, sou puxada para trás com força, meus cabelos se
desenrolam do coque e meu grito é sufocado por uma mão com luva de couro
perfumada e fria. Debato-me enquanto o estranho me arrasta facilmente para
um beco escuro, chocando-me contra a parede. Sinto sua respiração quente e
abafada em meu rosto. Ele diz algo em outra língua, como se amaldiçoasse,
sua voz é grossa e firme.
― Silêncio! ― sussurra para mim e percebo que estou gemendo com
meu choro sufocante.
Escuto passos e xingamentos de alguém ao longe e estremeço com um
grito agonizante que cessa rapidamente.
Tento ver o rosto do homem à minha frente, ele retira sua mão da
minha boca e se apoia na parede, cercando-me. Pela pouca claridade da rua,
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consigo ver como sua mandíbula está travada e firme com uma barba rasa,
mas seus olhos estão em mim, e posso notar sua íris azuis com uma
tonalidade em chamas. Ele se aproxima e fecho meus olhos com força,
sentindo sua respiração próxima, tensa, inspirando intensamente.
Meu subconsciente me alerta para afastá-lo e correr... Quando se
aproxima mais que o suficiente, eu o olho, encarando apenas os olhos em
chamas, sinto que os conheço de alguma forma, isso é intimidante. Continuo
afrontando, mesmo espantada, e me preparo para o ataque.
Rapidamente ergo meu joelho para atingi-lo, ele se afasta com meu
golpe e se curva. Aproveito sua distância para escapar. Devo correr para
longe, bem longe daqueles olhos azuis em chamas ou daquele... sorriso? Ao
olhar para trás, durante minha corrida, eu o vejo pela luz do poste, ele está
sorrindo em vez de se contorcer de dor. Grunho por não o ter atingido o
suficiente.
Ao chegar ao vilarejo, estou sem fôlego, mas não paro, mesmo
sentindo queimação em minhas pernas e em meus pulmões. A presença
familiar do meu lar é bem-vinda e corro em direção à minha casa, subindo os
poucos degraus de madeira, empurrando a porta e a fechando atrás de mim.
Puxo o ar, respirando com dificuldade.
E se ele estiver atrás de mim? E se eu não o despistei o suficiente?
Meus olhos se alargam e minhas costas pressionam a porta de madeira. Um
leve estalo de dedos me faz saltar e encaro meu pai vestido com seu pijama.
― Mine, está tudo bem? ― questiona. Conheço aquele olhar e não
quero preocupá-lo.
― C-claro ― pigarreio diversas vezes. ― Está tudo bem, pai. Eu
estou bem. Muito bem. Superbem. ― Afasto-me da porta como um robô
enferrujado.
― Mine ― ele me alerta.
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― Acha mesmo que entrando naquela casa vai conseguir sair? ― ele
me olha em alerta, fazendo-me enrijecer.
― Posso pedir para o senhor Makgold.
― Como se isso fosse mudá-lo ― respira relutante e faço de tudo
para que não veja minha preocupação ao escutar sua tosse pesada. ― Você o
conheceu?
Pisco sem entender e logo acordo, balançando a cabeça.
― Não, ele estava ocupado ― explico.
― Tudo bem ― diz exasperado. ― Mesmo se discutir, será uma
torturante teimosia ― encaro seu rosto cansado. ― Irei visitá-la e isso é meu
dever. Quero me confirmar se estará segura.
― Pai...
― Mine! ― ele me interrompe. ― Fique longe do Makgold, ninguém
confia nele, muito menos eu. Prometa!
Eu queria perguntar sobre o que mais ele sabe sobre o senhor
Makgold, mas o que sei sobre suas histórias urbanas já é o bastante para uma
vida. E não posso acreditar que meu pai acredite nisso.
― Eu prometo ― suspiro e sorrio. ― Agora, vá descansar!
― Sempre mandona ― ele ri e tosse, aproxima-se e beija meu rosto.
― Eu te amo, querida.
― Eu também te amo, pai.
Ele se afasta e o vejo caminhar lentamente para seu quarto. Não posso
ficar longe de casa por tanto tempo, tenho que ter certeza de que ele estará
bem e tomando seus remédios, sem grandes esforços ou pegando friagem.
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3 – MANSÃO MAKGOLD
anterior. Sim, estou mais certa de que tudo foi um pesadelo e me sinto mais
aliviada.
Ao chegar à sala, encontro meu pai carregando as madeiras para
dentro e escuto uma voz familiar na porta. Cesar é nosso único melhor amigo
próximo à vizinhança, um senhor de cinquenta anos com uma mente de vinte.
Ele é igual ao papai, tanto em suas feições quanto em suas palavras, porém é
mais baixo e um tanto fora de si.
― Olá, Mine! ― Cesar me cumprimenta com seu sorriso cativante.
― Como está, Cesar?
― Muito bem! Estou aqui fazendo hora, pois minha linda esposa me
chutou de casa ― brinca.
― Fale a verdade, você saiu para não ter que ir ao mercado ― meu
pai zomba, voltando para pegar mais madeira e colocá-las em sua bancada.
Nosso amigo faz uma careta e me olha sorrindo, seus olhos são os
mais brilhantes que já vi, são castanhos puros e amáveis.
― Soube do novo emprego, Mine ― murmura e balança a cabeça. ―
Péssima ideia.
― Eu já imaginei que papai iria lhe contar ― reviro meus olhos e
suspiro, colocando minha mochila na cadeira.
― Eu vou te levar ― papai diz nos interrompendo.
Cesar acena concordando, e me viro para procurar alguma coisa para
comer. Na verdade, não sinto fome, apenas não quero ter que lutar com meu
querido e adorado Edson.
― Cesar, você pode cuidar dele enquanto eu estiver fora? ― pergunto
bebericando um suco de laranja.
― É claro que sim. Nada irá acontecer com este bebê ― Cesar brinca
rindo. Papai parece relutante, tosse e suspira.
Sorrio para eles. Eu os adoro... Por mais que se provoquem e adorem
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Pisco ao pegá-la.
― Bem, Mine, seja bem-vinda ao seu novo lar. Este é seu quarto ―
James sorri, dando-me espaço para destrancar a porta.
Abro e entro sentindo-me atônita. O lugar é espaçoso, com carpete em
tom creme, uma cama maior que a minha, um enorme guarda-roupa branco e
uma parede de vidro muito diferente. É uma mistura de craquelado com algo
cristalizado, aquilo me faz lembrar das janelas de catedrais sem desenhos,
apenas uma mistura de brilho e cores cintilantes. As cortinas claras se
prendem de forma delicada, como se me apresentasse o lugar. Eu encaro o
quarto espaçoso com cômodas vazias e criados-mudos com abajures brancos,
assustada.
― James? ― eu o chamo fracamente e o vejo encarando o quarto
impressionado também.
― Sim?
― Tem certeza de que aqui é meu quarto? ― pergunto confusa.
― Sim. É impressionante, não é? ― diz, caminhando até colocar
minha mochila em cima da cama.
― Isso é diferente ― ainda estou perplexa.
Ele olha para mim com um sorriso zombeteiro e cruza seus braços.
― O que pensou, Mine? Que iria viver debaixo da escada feito a gata
borralheira? ― ele ri e me encolho. ― Na verdade, aquele lugar já está
reservado com algumas coisas velhas da casa ― James brinca.
― Tem certeza? Porque até mesmo você está impressionado ―
acuso.
― Privacidade, lembra? ― diz sorrindo. ― Há quartos nessa casa que
nunca vimos, principalmente no andar de cima.
― Se o meu é assim, não quero nem imaginar como são os outros ―
disparo, aproximando-me da minha mochila.
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repreensão.
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4 – NA MIRA
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com as outras.
― Não me faça perguntas quanto a isso ― ela cora, e seguro minha
risada.
― Tudo bem, mas o senhor Makgold é assim tão solitário? ―
questiono, voltando com meu trabalho.
― O que te faz pensar assim? ― ela me pergunta, assoprando sua
mecha ondulada.
Penso em tudo que já conheci até agora dentro da casa e olho para
Jordyn, não posso lhe dizer do quadro da criança.
― Tudo aqui parece ser harmonioso até certo ponto, mas, ao mesmo
tempo, distante e solitário ― revelo.
― Concordo com você. O senhor Makgold é um solteirão ― ri e
balança a cabeça. ― Mas não parece ser tão solteirão quanto pensamos ― ela
me dá uma piscadela e a fito surpresa.
― Ele nunca foi casado?
― Nunca ― ela responde sem me olhar.
― Não tem filhos? ― Fico ainda mais curiosa. Seus olhos se erguem
para mim surpresa.
― Nem filhos. Acho que isso também está dentro das exigências do
senhor Makgold, não acha? ― Jordyn sorri. Talvez tenha razão.
Entretanto, não faz nenhum sentido ter uma pintura de uma criança
em sua sala de estudos ou uma das salas de estudos.
Penso em como ele é fisicamente, um senhor de meia idade ranzinza e
cabelos grisalhos. Confesso que antes o imaginava barrigudo, mas, olhando
pelas suas roupas, ele é bem alto e não tem nada de barriga, quem sabe é
esguio.
Na sala de entrada termino, com Jordyn, de limpar e encerar o chão,
sobrando apenas a limpeza de alguns móveis e os vidros das janelas. Ian e
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Sorrio agradecida.
Aceno com a cabeça e logo meu sorriso some ao ver os olhos de todos
chocados.
Encaro o senhor Makgold mancar com sua bengala de ouro até as
escadas e parar.
― Mine? ― ele me chama novamente, fazendo-me piscar e manter
minha postura. ― Só não entre na minha sala de estudos, a menos que eu
ordene. ― Suas últimas palavras saem um pouco mais frias, fazendo-me
estremecer.
Aceno com a cabeça.
― Como quiser ― respondo educadamente, temendo que ele tenha
me visto mais cedo. Câmeras? Penso.
― Perfeito! ― agora o sotaque britânico soa extremamente
pronunciado, de maneira fria e afiada como gelo.
Ian está parado no primeiro degrau das escadas e sorri levemente.
― Vejo que agora conhece a minha garota ― o garoto dispara de
maneira familiar para o homem frio à nossa frente. James balança a cabeça e
ri baixinho.
― Eu não sabia que ela era sua garota. ― Senhor Makgold diz,
bagunçando os cabelos lisos e louros da criança.
Ele se afasta rindo.
― Agora que sabe, pode me dar um aumento? Estou tendo algumas
dificuldades de treinamento ― Ian parece confortável, e todos ao redor
voltam ao seu trabalho, eu os assisto.
― Eu vou ver como anda esse treinamento. Você está responsável
pelo cargo que lhe dei, Ian. Deixe-me orgulhoso. ― Ele não é frio com o
menino.
Sinto Donna tocar meu ombro e arrumo minha expressão, surpresa
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mais escuras e nem mesmo sei que horas são. Deixo-me levar, agarrando
minha coberta junto ao meu corpo e adormeço num sono pesado e profundo.
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quadris. Ele tem a musculatura definida, a luz reflete em sua pele em diversas
formas enquanto ele ergue sua mão para beber alguma coisa e joga o copo em
outra direção, assustando-me.
Quando se aproxima novamente, não tenho para onde correr, vendo
os olhos em chamas em minha direção. Sua cabeça se inclina e ele inspira
profundamente, fechando seus olhos por um instante. Seu rosto se reflete
como uma sombra opaca por causa da pouca iluminação, porém posso sentir
o cheiro de barba feita, uma essência suave misturada com o cheiro da
bebida. Não me incomoda, mas me intriga.
― Fique longe de mim ― murmuro querendo soar ameaçadora.
Ele não se aproxima da luz o bastante, mas consigo notar seus lábios
se abrirem num sorriso sombrio.
Seus olhos azuis em chamas me encaram ameaçadores e rebeldes.
― Acredito que seja você que queira ficar perto demais do perigo ―
sussurra sombriamente.
― Eu não sei o que você quer de mim, mas aqui é a casa do meu
novo chefe e ele não vai gostar nem um pouco de uma visita inesperada ―
disparo em defesa, pronta para gritar.
― Ele realmente não é fã de visitas ― seu sotaque me faz estremecer.
― Quem é você? ― rebato irritada.
Seus olhos ardentes ficam frios e atentos aos meus, como se quisesse
me decifrar, mas preciso de respostas, sendo ou não um pesadelo. Eu não
quero um estranho me rondando toda noite.
― Bons sonhos...
― Não! ― digo com firmeza agarrando sua mão quente e a
empurrando para longe. Sua pele macia demais fez meus dedos formigarem e
minha atitude o impressiona.
Escuto seu grunhido rouco e seu corpo se aproxima ainda mais de
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mim, todo o peitoral e barriga definida com músculos tensos ficam à minha
frente. Ergo minha cabeça, não me intimidando, vendo seus olhos fechados
novamente. Ele inspira profundamente, como se o ato fosse uma boa forma
de mantê-lo calmo.
― Você cheira como ela ― ele sussurra dando-me aquele olhar
aquecido.
Fico confusa, mas atenta à sua intensidade.
― Ela quem? ― pergunto ofegante por sua aproximação.
Uma rosa vermelha desliza em meus lábios e se mantêm ali, inspiro o
perfume puro e fresco da flor posta em meus lábios e fecho meus olhos. A
rosa macia é pressionada ainda mais contra minha boca e o sinto inspirar
junto comigo. Como os meus, seus lábios também estão na rosa, meu coração
acelera e meus pensamentos se elevam ao imaginar que ele pode afastar a
rosa a qualquer momento entre nossos lábios. É estranho de certa forma, mas
também, tentador. Eu o espio, vendo-o relutante em se afastar.
― Você deve ficar longe do perigo ― ele sussurra em alerta com seus
lábios na rosa. Estremeço por sua voz estar tão próxima e tão suave.
― Por quê? ― sussurro e o vejo se afastar, deixando-me inebriada.
A rosa some dos meus lábios e toco com meus dedos. Tento me
aproximar e o sinto recuar.
― É hora de dormir ― ele murmura friamente, suas palavras saem
como um assovio.
Aperto meus dentes, encarando-o nervosa.
― Não!
Sou pressionada contra o vidro e apoio-me em seu peito nu e quente,
assustada por seu movimento repentino. Seus lábios estão em minha testa e
suas mãos em meu pescoço, com seus dedos tocando minha nuca numa leve
carícia ameaçadora. Sem entender, sinto-me fraca subitamente.
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― O quê?
Abro meus olhos e encaro a parede cristalizada. O dia estava
amanhecendo e meus pesadelos ainda não foram embora. Aperto minhas
cobertas ao meu redor e sinto minha cabeça martelar. Fecho os olhos e giro
meu corpo para encarar o teto. Quando viro meu rosto, deparo-me com um
botão de rosa vermelha aberta em meu criado-mudo.
Sento-me assustada, olhando a rosa descontraída num copo com água
e um pequeno bilhete abaixo, escrito com letras elegantes. As palavras
descritas me fazem estremecer e me assustar ao pensar que aquilo é alguma
possessão.
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5 – ANJO NEGRO
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mesmo gostou de me ver por aqui. Retorno para Lake enquanto James me
explica como cuida deles, mas diz que, em grande parte, o senhor Makgold
está presente para vê-los em treino no campo.
― Por que o chamam de Lesado? ― pergunto, amando a maneira
brincalhona como Lake move sua cabeça em direção a James.
― Cada um aqui tem sua personalidade e são muito inteligentes ―
James explica e percebe a curiosidade em meus olhos. ― Lesado é
atrapalhado e brincalhão. Poucas vezes acerta no treino, mas é bastante
esperto. Hush é cego e nunca vi nada parecido. Ele é muito atento, forte e
veloz, mas o principal é que consegue ouvir muito bem, melhor que os
outros. Quanto a Sid, ela é como uma fêmea com sexto sentido, pode não
acreditar, mas ela é bem intuitiva, é sagaz, elegante, obediente e rápida, muito
rápida ― eu o escuto, observando todos eles maravilhada.
― O senhor Makgold os treinou? ― pisco abismada.
― Parece que sim. Estou aqui há alguns anos, já os peguei assim, mas
o Lesado ainda era filhote ― sorrimos.
― Ele é filho deles? ― indago e James nega.
― Não, não há nenhuma semelhança. O senhor Makgold os alimenta
muito bem. Quando possível, treina e os deixa à vontade. E, se vier visitá-los,
nunca dê nada além de ração ― James aconselha.
― Ele parece adorar os cavalos ― penso, deslizando minhas mãos
pelo pescoço de Lake.
― Ele os ama. ― James garante e dou um leve sorriso.
― Já montou em algum deles? ― ele nega me deixando confusa.
― Ninguém monta neles ― afirma e franzo a testa.
Não querendo tomar mais do seu tempo deixo James com seu
trabalho, penso que ele gosta de estar ali. Sigo direto para meu quarto para
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vestir meu avental e começar minha jornada. A rosa vermelha continua ali,
intacta, mas outro bilhete se pôs no lugar.
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O dia inteiro espero ansiosa por meu pai, a todo o momento que ajudo
Jordyn olho para fora da casa na esperança de James vir até a mim e dizer que
ele já chegou. A minha ansiedade é tanta que não tenho apetite, nem mesmo
de escutar as más notícias do aumento de preços em algumas lojas e mais
mortes em Queenstown mencionadas por Peter.
― Jordyn, quando temos um dia de folga? ― pergunto
distraidamente.
― Bem, naturalmente não temos folga ― Jordyn ri sem jeito. Paro,
vendo-a se encolher.
― Você não tem? Como faz para visitar sua família? ― Estou
horrorizada, observando-a se preparar para encerar o chão.
― Eu não tenho família, Mine. Está casa e todos que estão aqui são
minha família ― responde e isso aperta meu coração.
― Ninguém próximo?
― Não ― seus lábios se apertam. ― Estou aqui desde os meus
quinze anos. Eu morava com uma tia, só que ela tinha problemas com seus
homens. Eu não me lembro dos meus pais direito, fiquei com essa tia porque
a escola era próxima e vivia mais lá do que com eles. Sabia que meus pais
queriam o melhor para mim e ela tinha condições para pagar o colégio, mas,
então, ela morreu e eu não tinha mais ninguém. E nem mesmo sabia onde
meus pais estavam e percebi que eles me abandonaram. Minha mágoa
evaporou quando num belo dia apareceu um anjo que me tirou do inferno. ―
Sua voz, antes triste, ergue-se cheia de esperanças.
Não consigo imaginar a dura infância de Jordyn longe dos pais. Se
fosse no meu caso, meu pai nunca, jamais me deixaria tão sozinha e não
consigo imaginar o que Jordyn passou longe de sua família. Entretanto, o
anjo surgiu e imagino Donna acolhendo-a. Ela é carinhosa e amável com
todos, e Jordyn teve essa sorte, todos nós tínhamos.
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― Preciso vê-lo.
Ele permanece em silêncio. Olho ao redor e noto que o retrato da
criança não está mais ali. Encaro suas costas e os cabelos cuidadosamente
penteados para trás. Engulo em seco, assustada ao notar sua bengala jogada
no chão.
― Era para ele ter vindo me visitar... ― explico com a voz falha.
― Não aceito visitas e eu nem mesmo fui informado sobre isso ― diz
num tom severo.
― Peço desculpas, mas meu pai está muito doente e preciso vê-lo.
Prometo que serei breve ― digo quase suplicante.
― Para que tanta importância?
Sua estúpida pergunta me enfurece, fazendo meus dentes se
apertarem.
― Porque ele é meu pai e preciso vê-lo. ― Tento controlar minha
voz.
― A resposta é não ― sua frieza me espanta.
Meu coração acelera em desespero.
― Senhor Makgold, eu prometo que virei o quanto antes ― asseguro,
vendo sua cabeça se mover em resposta negativa, engulo minhas lágrimas e
suplico. ― Por favor!
― Eu disse NÃO!
Seu corpo se vira e pulo ao escutar o soco estrondoso na mesa assim
como sua voz. Pela primeira vez vejo seus olhos azuis frios como gelo, a
barba cobre toda sua mandíbula e maxilar, e seus cabelos se espalham pelo
impacto. Ele me encara com uma fúria que nunca pensei que existisse.
Quebro qualquer simpatia que pensei em ter guardado e o vejo recuar,
virando sua cabeça quando ouso olhá-lo quase em reconhecimento.
― Saia! ― Ele ordena e meu ódio se aprofunda.
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Saio de sua sala, batendo a porta com força atrás de mim e corro
como se quisesse ser arrancada de tudo aquilo. Logo estou fora da casa, para
minha facilidade, vejo Peter passar com um carro prata pelo portão de aço e
forço minhas pernas a correrem para bem longe e ter forças para ir até meu
pai. Escuto alguém me chamar, mas é tarde demais e já estou correndo pela
rua pouco iluminada.
Respiro e inspiro, não me atrevo a olhar para trás, apenas corto
caminho, sentindo-me sufocada por causa das minhas emoções e não paro,
continuando meu percurso. De fato, sinto-me fraca e minha cabeça gira,
talvez pela falta de comida no estômago, mas consigo sobreviver até em casa
e apenas olho para trás para ver se estou longe o bastante.
De repente, meu corpo é lançado para trás, caio violentamente no
chão e encaro o asfalto. Pisco sentindo uma dor latejante em meu estômago e
sufoco, não conseguindo respirar, meus olhos se enchem de lágrimas, devido
ao meu esforço, e encaro os sapatos negros à minha frente. Levanto minha
cabeça com fraqueza e vejo apenas uma sombra escura. Ele se abaixa para me
ver de perto e gargalha, os faróis de um carro diante dos meus olhos me deixa
cega.
― Olá. Estou procurando seu chefe, mas você parece ter facilitado as
coisas para mim ― sua voz faz meus ouvidos zunirem.
Rastejo pelo chão e tusso pela falta de ar.
― Me deixe ir ― digo ao pensar no meu pai.
Um grunhido feroz se aproxima, cobrindo a risada do homem que me
empurra. Olho em sua direção vendo-o lutar e alguém torcer seu braço, o
grito de dor é imediato, eu me arrepio e me afasto amedrontada.
― Por favor... Não ― escuto com mais clareza o homem que me
empurrou suplicar.
― Quem te mandou aqui? ― a voz familiar com um leve sotaque me
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Abro meus olhos pesados apenas para ver quem me chama ao longe,
meus olhos vagueiam pelo campo novamente e sinto meu corpo ser carregado
por alguém. A voz de James se aproxima e pisco em busca de foco.
― Mine? O que houve? Senhor, precisa de ajuda? ― a voz de James
e Peter são insistentes e um pouco próximas, sinto alguém acariciar meus
cabelos assim que entro dentro da mansão novamente.
― NÃO! ― escuto a voz firme e transtornada de Johnatan Makgold.
Meus olhos pesados tornam-se a fechar sem que eu permita.
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6 – CONFRONTO
"Tente se alimentar.
Por favor"
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Rastejo pela cama escorregadia pelo cetim e vejo que estou com meu
vestido intacto. Toco minha barriga, mas a dor é suportável, não quero nem
imaginar se fiquei com algum hematoma devido ao baque.
Sigo até a mesa, vendo a sopa no prato, sei que para melhorar preciso
comer. Sento-me em uma das cadeiras estofadas e tomo dois copos de suco
de laranja, o líquido é bem-vindo, mesmo fazendo meu estômago se revirar.
Forço-me a comer um pouco de pão e frutas, devoro a sopa quente de
galinha, tendo a certeza de que foi Donna quem preparou.
Imagino que ainda estou na mansão, mas não sei onde vim parar, tudo
parece intacto e muito limpo, mas eu e Jordyn nunca limpamos esse quarto.
Termino de beber um copo d’água e me levanto para sair daqui o mais rápido
possível. Não posso contar a ninguém o que vi, e prometo a mim mesma
guardar segredo caso ele me deixe em paz.
Escolho uma das portas onde penso que seja a saída e dou de cara
com um lugar pouco iluminado com uma escadaria de aço curvada. Antes de
fechar a porta escuto alguém arfando no andar de baixo e desço as escadas
observando o lugar.
A primeira coisa que reparo é a parede do lado direito, é fumê e
envidraçada, dando uma imagem panorâmica das montanhas com os
pinheiros que cercam o campo. Assim que meus pés descalços tocam o
tatame, olho em todas as direções. É um salão escuro como a noite afora e
com poucas luzes ligadas. Há correntes, equipamentos estranhos para treinos
de musculação, esteiras, sacos de boxe de todos os tamanhos no chão, pesos,
barras de ferro, entre outras coisas que desconheço.
Caminho pelo salão aberto e o encontro, iluminado apenas por uma só
luz lâmpada acima de sua cabeça, ele se move rapidamente com seus cabelos
molhados e o suor escorrendo por suas costas nuas, largas e musculosas. Usa
apenas um moletom um pouco molhado por causa do suor; traz uma toalha
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que me lembre, na maioria, teve mortes, e agora estou num lugar onde você
treina para matar mais pessoas? ― pergunto de maneira óbvia, indicando seu
espaço.
Ele para de mover os punhos para me encarar.
― Está errada! ― sua voz é fria, o que aumenta ainda mais minha
fúria.
― Oh, sinto muito, mas não acredito em você! ― enfrento-o.
― Eu esperava um simples agradecimento ― seu resmungo me faz
rir sem humor.
― Perdoe-me, senhor Makgold, mas o senhor não é nenhum herói e
sim um assassino. Eu vi ― afirmo, apertando minhas mãos.
Seu olhar em chamas é disparado para mim com fúria e me encolho.
― E o que pretende fazer? ― seu tom é ameaçador e tento não
estremecer.
― Não vou contar a ninguém ― asseguro, mesmo sendo errado. ―
Mas não vou ficar aqui. Preciso voltar para casa e ter minha vida novamente.
Aqui não é meu lugar ― digo apertando meus dedos e sentindo meu coração
se apertar ao lembrar de Donna e de todos na casa.
Olho para cima, vendo seus olhos azuis distantes, logo pisca para
mim, parecendo quase assustado. Quase.
― Aprecio a primeira opção, Mine. Só que não vou aceitar você sair
daqui assim. ― Sua voz me causa calafrios e engulo em seco.
― Vai... ― gaguejo trêmula. ― Vai me matar?!
Era de se esperar e nem mesmo consigo esconder meu medo.
― É claro que não ― diz rapidamente, talvez assustado com minhas
palavras. ― Você não merece isso. ― Sua voz suave me deixa confusa.
― Então... ― respiro profundamente. ― Por que faz isso?
Seus olhos se alargam, e vejo, pela primeira vez, o medo dentro deles.
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7 – PEDIDOS
Minha boca fica seca e meus batimentos cardíacos acelerados. Ele não
pode dizer uma coisa dessas para uma pessoa despreparada, virar as costas e
deixá-la sozinha.
Tento colocar meus pensamentos em ordem, mesmo ainda com o som
da sua voz grossa, macia e suave em minha mente. Franzo a testa, encarando
a porta pela qual ele acabou de entrar, aperto meus dentes me mantendo
firme. Isso não justifica o que ele fez ou o que faz, pode até estar tentando me
manipular com suas palavras. Marcho até a porta de madeira escura e bato
freneticamente.
― Eu sei que está aí. Nossa conversa ainda não terminou! ― disparo
irritada aumentando a força do meu punho contra a madeira.
A porta se abre num puxão e dou um passo para trás ao vê-lo apenas
com uma toalha branca envolvida em sua cintura. As gotas de água
escorregando por seu bíceps e abdômen deixam minha garganta seca. Ele é
muito mais musculoso de perto, os cabelos lisos e molhados estão em todas
as direções, o cheiro que sai do banheiro evaporado atrás de si e do seu corpo
me atingem numa fragrância quente e suave.
É indiscreto estar cobiçando seu corpo, mas seus olhos estão frios. Ele
estava no banho e o interrompi, não sei se agradeço ou se fico envergonhada.
Coro em virtude dos pensamentos impróprios dos quais nunca imaginei que
pudesse ter um dia por alguém.
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― Não temos nada para conversar, Mine. Será que posso ter um
minuto de paz? ― reclama em tom brusco.
Encolho-me, ainda o encarando. Em seus olhos vejo o quanto se sente
evasivo, mordo meu lábio e engulo meu medo.
― Eu não vou dizer a ninguém, só quero que me deixe ir ― revelo
temerosa.
― Já falei sobre isso e a resposta é não ― ele sibila.
― Não posso continuar aqui. Não com você sendo assim ― defendo-
me.
― Está com medo?
Faço-me a mesma pergunta. Estou?
― Só quero seguir meus instintos.
Ele me estuda com seu olhar penetrante. Logo balança a cabeça e
esfrega as mãos em seu rosto.
― Mine, entenda que tudo que estou fazendo é para te proteger ― diz
exasperado. ― Desde quando começou a entrar em perigo sinto que é meu
dever fazê-lo e é por isso que não posso deixá-la ir. ― Sua intensidade me
deixa sem estruturas.
― Isso é...
― Amanhã vou levá-la para ver seu pai ― ele me interrompe e me
surpreendo. ― Espero que faça o que peço, mantenha-se distante.
― Estou tentando, mas você não deixa ― defendo-me, nem sei por
que ainda estou discutindo com ele.
― Estou dizendo para se prevenir dos perigos a fora, Mine. Você é
praticamente um tipo de ímã para isso ― ele me encara.
― É porque você está nos mesmos lugares que eu. Então,
tecnicamente, não sou eu o ímã para o perigo ― corrijo-o vendo seus olhos
se abrirem em advertência, mas não me encolho, ele sabe que estou certa.
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saiu, acho que foi resolver alguns problemas em sua empresa. Arrepio-me ao
pensar que sejam outros problemas como assassinatos. Assustada, decido
voltar meu caminho para meu quarto, mas antes que eu vá longe demais,
escuto a porta da sala ser aberta e me escondo próximo ao corredor para
espiar.
Eu o vejo fechar a porta com o pé e caminhar exasperado em direção
às escadas com seu paletó cinza em suas mãos, ele parece cambaleante. Antes
de subir, vejo sua cabeça girar em minha direção e me escondo no escuro.
Para minha sorte, ouço seus passos pesados nos degraus e suspiro de alívio.
Ele parece cansado. Pergunto-me se bebeu demais e por onde esteve
durante toda a noite. A lembrança do tiro em sua perna dias atrás me faz
estremecer, mas ele não está tão cambaleante como antes. Volto para meu
quarto na ponta dos pés e tranco a porta. Talvez meus pensamentos dele ter
ido para mais uma de suas caçadas não estejam no caminho errado.
Choramingo. Não, eu não quero ficar aqui.
Enfio-me novamente em minhas cobertas, cobrindo-me por inteira.
Ele pode estar trabalhando para alguém, é um matador de aluguel ou um
psicopata. Meus pensamentos não me levam a lugar nenhum, minha
curiosidade está cada vez mais insuportável, mas não quero correr sem antes
saber os porquês. Fecho meus olhos e aperto a coberta em meu corpo.
E nas próximas horas é como se acordasse a cada cinco minutos. Os
sonhos ruins não facilitam, nem mesmo Johnatan Makgold com todo seu
corpo másculo quebrando meu pescoço ao disparar numa voz fria:
― Minha Mine!
Sua voz é tão sombria e tão potente que abro meus olhos em lágrimas
pela milésima vez e, em todas elas eu prometo a mim mesma que não irei
dormir, mas sou incapaz ao ser arrastada para os pesadelos novamente.
Acordo com minhas pálpebras pesadas me deparando com a leve
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suas patas. Johnatan passa por eles se aproximando de Hush e colocando sua
mão em sua cabeça.
Observo-o dizer algo para Hush, que logo se levanta numa postura
mais rígida e reta. Johnatan faz o mesmo a Sid, que parece se curvar ainda
mais pelo seu toque ou suas palavras, seus olhos se fecham. Sinto a agonia e
a curiosidade em meu peito para saber o que Johnatan murmura. Ele não
acaricia somente, tocam-nos.
Pisco meus olhos quando Hush move suas patas e corre em disparada
pelo campo, dessa vez mais bruto e violento. Quando Sid se levanta, eu a
encaro curiosa e ainda mais impressionada ao vê-la correr com leveza e
agilidade.
Com Lake, Johnatan afasta seus cabelos e toca sua cabeça. O cavalo
fica imóvel e solta um suspiro abafado. Quando Johnatan se afasta, seguindo
para o meio do círculo, Lake caminha ao seu lado. Todos eles parecem livres,
não tendo nada que os prendam. Quando Hush e Sid correm ao lado da cerca
onde estou, afasto-me um pouco para não os distrair.
Eu os assisto fascinada, algumas vezes Johnatan move suas mãos
como um comando para eles e tanto Sid quanto Hush mudam o percurso de
suas corridas. A leve brisa parece brincar com os cabelos escuros de
Johnatan, mas fixo em sua boca se movendo. Franzo a testa me perguntando
em como eles podem escutá-lo, imagino que seja para cada um deles, pois
logo Sid se mantém atrás de Hush, ela é muito mais rápida, em seguida, Lake
se junta a corrida.
Ao passar por mim, novamente me afasto, mas com ele não funciona.
Lake para abruptamente ao meu lado, colocando sua cabeça para fora da
cerca tentando me cheirar.
― Lake. Não. Volte ― eu tento afastá-lo sem ser vista. ― Vá para
corrida, Lake... Não ― murmuro.
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8 – PESADELO REAL
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por isso, mas me mantenho ali. Não posso correr, não agora.
― Pai, está tudo bem. As pessoas aqui são maravilhosas ― revelo
sorrindo e vejo a angústia em seus olhos.
― Não posso lutar contra isso, não é mesmo? ― suspira e o olho com
amor.
― Sou igual a você ― isso o faz rir. ― Você não quer entrar?
Seus olhos cinza olham para trás de mim e vejo seu sorriso
desaparecer aos poucos. Sigo sua distração e vejo Johnatan nos observando
antes de entra dentro da casa.
― Não ― meu pai responde. ― Vim só para ver como você está.
Ainda me preocupo, não confio neste homem. Mas estou feliz que esteja
bem. Donna é uma ótima pessoa e minha cliente de muitos anos, confio nela,
pedi para cuidar bem de você.
Reviro meus olhos sorrindo para ele. Não me surpreendo que conheça
Donna, para mim seria estranho se ele não conhecesse as pessoas dessa
região.
Nós nos despedimos, e, com uma grande dor em meu peito, eu o
abraço, beijando seu rosto diversas vezes e o assisto seguir até sua
caminhonete. A preocupação continua em seus olhos, misturada com tristeza;
engulo o nó em minha garganta, não quero que ele veja a preocupação e o
medo nos meus. Com um suspiro triste, fecho o portão e sigo para dentro da
casa tentando conter minhas lágrimas.
― Como foi com seu pai? ― escuto-o atrás de mim e me viro, ele
está encostado ao lado da porta com os braços cruzados.
Ele havia trocado de roupas, agora está com uma calça de linho,
sapatos e um suéter de gola V azul-escuro, o tecido desenha seu peitoral
musculoso.
― Foi bem ― respondo. ― Mesmo assim eu preferiria vê-lo em vez
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vejo por baixo do seu corpo suado, sentindo uma mão em meu quadril e outra
em minha garganta. Com uma mão livre toco seu peito, sentindo seus
músculos rígidos em minha palma e seu coração acelerado. Levanto meus
olhos assustada ao ver os seus abertos e febris, encarando-me como se não
me reconhecesse, mas não sinto medo. Sufoco quando o aperto em minha
garganta se intensifica.
― Johnatan ― eu tento chamá-lo sem tirar minha mão de seu peito.
― Sou eu... Johnatan... Mine... Sua Mine.
Suplico com meu olhar, arrasto minha mão para seu rosto a fim de
afastar o suor de sua testa. Ele inclina a cabeça em minha palma e inspira o
perfume em meu pulso. Seus olhos se fecham e a mão acaricia minha
garganta, arrastando-se por meu braço até alcançar meu pulso.
― Mine ― sussurra como uma oração, fazendo-me arrepiar. Sinto
seu corpo pesado e seminu em cima de mim.
Minha respiração trava quando seu rosto, ainda angustiado, aproxima-
se do meu queixo, sentindo o cheiro do meu pescoço e plantando um beijo
ali. Seus lábios macios queimam minha pele, e sua barba rasa me causa
cócegas suaves. Permaneço parada, deslizando minha mão em seu cabelo
para confortá-lo, seguro a vontade de puxá-lo para mim. Ele volta a inspirar o
perfume em meu pescoço, despertando-me um gemido rouco, e desliza para
baixo, apoiando sua cabeça em meu peito. Seus braços me cercam num
abraço sufocante e muito quente.
Passo meus braços em volta do seu pescoço, apreciando o perfume
suave misturado com seu suor.
― Foi um pesadelo? ― sussurro com minha pergunta idiota. Ele
acena em meu peito. Pergunto-me se tem muitos pesadelos. ― Como é? ―
indago, querendo apenas escutar sua voz.
Sua respiração profunda para, seus braços parecem travarem ao meu
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redor, continuo:
― Talvez posso te ajudar. Eu também tive pesadelos nos últimos
dias...
― Mine ― escuto-o murmurar em meu peito, fazendo meu coração
disparar.
― Sim? ― ofego.
― Silêncio ― sussurra. Inspiro profundamente, um pouco aborrecida
e preocupada.
Observo as cortinas balançarem como distração, sinto-o inspirar,
lembro-me que disse que tenho o perfume de uma rosa, olho para o lado,
vendo a flor próxima a mim, eu a pego, mas também há outras nos jarros no
quarto.
― Era noite ― ele começa, paro encarando seus cabelos. ―
Estávamos todos no jantar em casa, um dia comum, uma noite comum como
todas as outras... Felizes até... Foi tudo muito rápido. Invadiram a casa, eram
cinco homens de roupas escuras e com toucas que mostravam apenas os
olhos. Lembro-me de ter sido derrubado e espancado. O primeiro tiro foi em
meu pai. Eu não pude fazer nada, três deles continuaram me espancando
como se eu fosse um saco de pancadas até pensarem que eu estava prestes a
perder minha consciência... Mas os gritos... os gritos não me deixavam fechar
os olhos, eram os gritos de minha mãe e minha irmã. Eles as machucaram, eu
juro que tentei levantar, mas me impediram. Eu as escutei gritar por mim, por
ajuda, porém não pude fazer nada enquanto era obrigado a vê-las sendo
violentadas na minha frente.
Minha respiração trava enquanto o escuto, suas mãos passam a ficar
em punhos, engulo o nó em minha garganta. Lágrimas caem dos meus olhos,
mas minha dor é incomparável à sua, eu o sinto estremecer e o conforto em
meu abraço.
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― Sim, mas tem sempre alguém vindo. É algo grande que acabou se
tornando minha promessa e minha sentença para sobreviver. Não posso voltar
atrás ― diz exasperado.
― Não gosto de te ver assim ― desabafo.
― A vida me tornou assim. Não sou o mesmo de doze anos atrás. É
por isso que tem que ficar longe de mim.
Suas palavras me atingem por dentro.
― Você não vai me machucar.
― É claro que não ― sussurra.
― E por que quer que eu me afaste? ― indago, olhando em seus
olhos.
― Porque sou um monstro, Mine. Não tenho um coração, tudo foi
arrancado de mim.
― Não ― balanço minha cabeça. ― Não foi...
― Você não deveria estar aqui ― ele murmura, agora confuso. ― O
que está fazendo comigo, Mine?
Afasta-se exasperado. Olho a rosa, puxando-a para mim.
― Você disse que tenho o cheiro dela ― sussurro, colocando a rosa
em meus lábios.
Seus olhos se erguem confusos.
― Sim. Você tem ― afirma com intensidade.
Olho-o mais uma vez quando se aproxima mais. Seu corpo cobre o
meu novamente, suas mãos acariciam meu rosto. Logo o sinto beijar a rosa
em meus lábios. Fecho os olhos, inalando o perfume puro profundamente.
― Mine ― sussurra meu nome, aquecendo-me por dentro.
Suas mãos se movem deslizantes até minha cintura e me arrepio ao
sentir seu toque.
― Sim? ― murmuro em resposta.
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9 – VISITA PETULANTE
Não, não. Isso é errado, não está certo. O que está acontecendo
comigo?
Empurro-o, fazendo-o parar e se afastar automaticamente. Seus olhos
azuis me encaram confusos. Engulo em seco, alarmada comigo mesma.
Na cama com seu chefe, Mine? Que desastre!
― Mine? ― murmura como se acordasse de um sonho.
Seus cabelos úmidos estão caídos para frente. Ele se apoia no colchão
e seus olhos nebulosos analisa todo meu corpo.
Mesmo eu estando com meu camisetão, minhas pernas estão expostas.
Desgrudo minhas coxas dos seus quadris rapidamente, sentindo-me
desconfortável com o aperto e a umidade em meu sexo.
Johnatan parece confuso, olha-me diversas vezes, abrindo e fechando
sua boca sem saber o que dizer. Seus lábios estão avermelhados e inchados
por causa do nosso beijo. Encaro-o, esperando sua reação, mas parte de mim
se sente perdida, como se me perguntasse o que acabou de acontecer.
Ligeiramente e de forma desajeitada, eu me movo debaixo dele, em
choque por me deixar levar dessa forma. Ele se afasta, imediatamente pulo
para fora de sua cama a fim de ficar em pé, porém de pernas bambas. Meu
coração acelera, minhas bochechas e orelhas queimam de vergonha. Não
consigo olhá-lo nos olhos. Serei demitida, com certeza.
Sinto as lágrimas enquanto meu subconsciente me castiga por tal
comportamento inadequado. Preciso correr.
― Mine ― diz com sua voz rouca.
Eu me encolho, odiando a forma como sua voz soa ao falar meu
nome.
― Sinto muito por isso, senhor. Juro que não foi minha intenção ―
disparo quase sem fôlego, aperto meus dedos nervosamente.
― Não era para você estar aqui. ― Certo, seu tom é muito frio.
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meus lábios e me recordo dos seus macios, quentes e urgentes. Sinto até
mesmo a presença do hálito suave, ardente e intenso. Balanço a cabeça,
afastando-me do pensamento e do desastre.
Dispo-me e vou para meu banho a fim de descarregar todo o peso do
meu corpo.
A cascata de água quente correndo por minha pele não ajuda, lembra-
me de suas mãos deslizando pelas laterais do meu corpo até puxar minhas
coxas para seus quadris e acariciar meu joelho enquanto sua boca desliza por
meu queixo, descendo por meu pescoço. Eu me irrito comigo mesma por
deixar meus pensamentos me levarem e fazerem minhas coxas se apertarem.
Pego meu sabonete, esfrego meu corpo com força, engolindo as lágrimas de
decepção.
Depois do banho, escovo meus dentes, penteio os cabelos molhados,
prendendo-os com uma delicada presilha no alto da cabeça, deixando-os
soltos para que sequem naturalmente. Caminho para o quarto nua e visto
minhas roupas de trabalho.
Uma batida na porta faz meu coração saltar em desespero, olho para
os lados, buscando alguma forma de me esconder. As batidas são insistentes,
encolho-me. Não estou pronta para ver seu rosto logo de manhã.
Sacudo a cabeça e respiro desanimada. Abro, olhando
cuidadosamente, suspiro aliviada ao ver Jordyn sorrindo.
― Oi ― cumprimento sem jeito.
― Bom dia, Mine! ― Ela graceja. Suas roupas são quase as mesmas
que as minhas e seu cabelo caramelo está preso em um rabo de cavalo. ―
Posso entrar?
Noto que seguro a porta como uma barreira protetora.
― Claro ― aceno, deixando-a passar.
Ela assovia olhando em volta.
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meus problemas.
Jordyn se levanta, puxa minha mão e me arrasta para fora do quarto.
― Agora, vamos. Estou morrendo de fome.
― O senhor Makgold já acordou? ― pergunto ao passar pela sala e
encarar o segundo andar.
― Sim ― responde. ― Treinou mais cedo os cavalos e já saiu para o
trabalho.
Franzo a testa, mas fico aliviada, sigo Jordyn até a cozinha para o café
da manhã.
― Bom dia, querida ― Donna me recebe com um abraço e me serve
um chá.
Sento-me, sorrindo para todos à mesa. Ian me olha com um sorriso
encantador, acaricio seus cabelos, fazendo-o suspirar. Damos risadas quando
James o distrai roubando uma fatia do seu bacon. Forço-me a comer para me
manter de pé até o almoço. Peter não está conosco, pois tinha saído junto com
Johnatan.
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sala de entrada.
Gosto de me ocupar esfregando com força. É como se eu descontasse
minha fúria em meus braços frenéticos.
De repente, a porta principal é aberta abruptamente, por um segundo
penso que seja ele, mas uma mulher alta com vestido branco e justo, de
cabelos loiros ondulados até os ombros finos, passa pela porta caminhando
confiante pela entrada segurando uma taça de vinho. Levanto-me, vendo-a
desfilar até as escadas com seus saltos agulha, nariz empinado e óculos de
sol. Ela é bonita, franzo a testa ao me perguntar se a conheço de algum lugar.
Olho para Jordyn ainda abaixada e a vejo se encolher. Também me pergunto
que louco desfila por aí com uma taça de vinho.
Para meu espanto, a loura deixa a taça delicada cair sobre o carpete da
escada. O vinho espalha-se por boa parte do tecido, a taça cai no chão de
mármore, transformando-se em cacos.
― Ops! ― escuto sua voz fina e vejo o quanto ela fingiu o acidente.
― Acho que estraguei o seu trabalho duro, caipirinha.
Ela se vira com elegância para Jordyn abaixada aos seus pés, olhando
o local manchado com os cacos de vidro. Os olhos de minha amiga se
levantam e os vejo cheios de lágrimas ao encarar a loira. Meu coração dói por
vê-la naquele estado. Aperto meus dentes.
― Limpe! ― a loira ordena em seu tom nada sutil, meu ódio
aumenta, fazendo meus punhos se fecharem.
Jordyn pisca, engolindo um soluço, e rasteja para pegar os cacos de
vidro. A mulher assiste sorrindo, eu a encaro chocada, vendo subir mais um
degrau para seguir aonde não é autorizada.
Contorno a sala e subo as escadas rapidamente, impedindo-a de dar
mais um passo. Ela para assustada por minha presença à sua frente, retira os
óculos me olhando de cima abaixo. Seus olhos são castanhos, nojentos e
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frios.
― Você não está autorizada a subir! ― disparo friamente, pela minha
visão periférica Jordyn me olha chocada, parando de pegar os cacos.
― E você, quem é? ― pergunta com arrogância, erguendo a
sobrancelha perfeita. ― Não, espere. Me corrijo... Quem você pensa que é
para falar assim comigo?
Tenho nojo de sua voz, é inevitável não fazer uma careta.
― Sou como ela ― eu a encaro. ― E merecemos respeito!
Agora posso ter uma visão mais clara. Ela é a mulher que me demitiu
na festa de máscaras, meu estômago se revira. Era de se esperar tamanha
petulância.
― Eu te conheço de algum lugar? ― analisa-me com decresça.
― E isso te interessa? ― desafio.
― Senhora Banks, ela é nova. ― Jordyn justifica, aperta os lábios
quando a loura se vira para encará-la, mas a mulher logo volta para mim.
Estou um degrau mais alta que ela.
― Não me interessa que essa petulante seja nova. Não esperava que
Makgold pudesse contratar alguém desse nível. ― Encara-me friamente, mas
não me intimido. ― Com certeza, seu chefe não vai gostar nem um pouco do
que está fazendo com suas visitas.
― Desde que elas não sejam mal-educadas com as pessoas dessa
casa, eu não me importo ― cruzo meus braços, bloqueando-a.
― Mine, não ― Jordyn sussurra em aviso. Ignoro.
― Saia da minha frente! ― ela ordena.
― Não! ― rebato naturalmente.
Seus olhos se abrem perplexos.
― Mine ― Jordyn sufoca, mas não tiro meus olhos da loira
perfumada até demais.
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10 – FRUSTRAÇÃO
― Acho que você deve tomar certa providência com sua nova
serviçal, Johnatan ― ela diz “toda inocente”, olhando para cima.
― Basta! ― A voz em alerta de Johnatan assusta nós duas. ― Nicole,
agradeceria se você tivesse mais respeito com as pessoas dessa casa.
Ela fica surpresa.
― Querido? Desde quando você se preocupa? ― pergunta
horrorizada.
Quem é ela para chamá-lo de querido?
― Desde que não falte com respeito com nenhum deles ― Johnatan
avisa atrás de mim. ― E foi grosseria da sua parte, senhorita Clark, tratar um
dos meus convidados dessa forma.
Encolho-me. Certo, eu tinha que levar uma bronca mesmo.
― Acho melhor demiti-la ― Nicole diz distraída com suas unhas
bem-feitas.
― Banks, aguarde-me na sala de visitas ― ele sugere, fazendo-a abrir
a boca em choque.
― Como é? ― dispara num tom ríspido.
― Jordyn? ― Johnatan a chama.
― Senhor?
― Arrume uma pá para limpar esses cacos, irá se cortar.
Francamente! ― sugere áspero, ignorando Nicole.
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― Mine...
― E... e-eu preciso do emprego...
― Mine! ― ele me chama com firmeza, fazendo-me calar. ―
Acalme-se. Não vou te demitir. ― Faz uma careta e franzo a testa.
― Então, por que me chamou? ― pergunto apertando minhas mãos.
Ele suspira exasperado, desliza sua mão pela lateral de sua cabeça.
Seus cabelos lisos estão bem-penteados.
― Vou resolver isso depois com Nicole ― revela e continua ― eu te
chamei por que preciso da sua ajuda.
Fico ainda mais confusa.
― Que tipo de ajuda? ― arregalo meus olhos.
Será que é para ser sua cúmplice? Oh, não, não!
― Não é muito ― ele tenta acalmar minha tensão. ― Como pode ver
ao seu redor, há vários livros. Alguns bem gastos... Estou querendo recolhê-
los para doá-los à biblioteca da cidade. Preciso que você os organize para
mim ― diz me observando com cautela.
Meus olhos percorrem a imensidão.
― E como vou saber quais o senhor não quer?
― Todos eles têm datas e autores poucos conhecidos. São livros bons,
mas quero esvaziar alguns espaços ― ele enfia as mãos nos bolsos, nunca
deixando de me olhar.
― São muitos ― murmuro.
― Sim, são dezenas.
― Você já leu todos?
― Sim.
― E qual é o seu preferido? ― questiono. Inclino a cabeça dando-lhe
um leve sorriso.
Noto seus olhos se levantarem e seu sorriso sincero aparecer um
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Quando mal coloco meus pés para caminhar, Nicole surge passando
por mim como um furacão, entrando na sala batendo a porta com força. Olho
com desgosto, mas sigo em frente. Ao descer as escadas, encontro Donna e
Jordyn na sala, o carpete está molhado, mas limpo.
― Ela limpou? ― pergunto olhando o carpete.
― É claro que não ― Jordyn responde chocada. ― O que você fez?
― Querida, tem que lutar contra seus hormônios ― Donna aconselha,
mas não evita sua risada.
― Ele te demitiu ― Jordyn lamenta desanimada.
― Não ― corrijo rapidamente. ― Ele só pediu para organizar sua
sala de estudos na segunda-feira.
As duas se olham surpresas.
― Ele não brigou com você? ― Jordyn pergunta.
― Não.
― E esse livro? ― ela continua.
― Eu ganhei ― sorrio duramente.
― Isso foi sorte. Mas, querida, tente não pisar no mesmo caminho
que a senhora Banks ― Donna alerta beijando meu rosto.
― Farei o possível ― suspiro.
― Vou voltar para a cozinha. ― A gentil senhora se afasta, deixando-
me com Jordyn.
― Você está bem?
― Sim ― ela sorri, surpreendendo-me com um abraço. ― Obrigada
por me defender.
― Ninguém mexe com minha maníaca por limpeza ― brinco
retribuindo o abraço.
― Precisava ver ela esperando aqui embaixo. Foi um tormento.
― Eu sinto muito, mas você não se deve abater por pessoas amargas
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mais forte. Ele usa uma camisa branca com os dois botões de cima abertos,
um paletó escuro fechado e uma calça social escura.
Minha garganta fica seca imediatamente. Seus olhos azuis me avaliam
de cima abaixo, noto seu sorriso contido ao passar por mim. Seu perfume é
celestial, uma colônia pura e suave, misturada com o banho. Eu pisco
algumas vezes atrapalhada, vendo-o se encaminhar para fora. Peter o segue
até seu carro.
― Cavalheiro... Damas ― James pronuncia, dando espaço para mim,
Jordyn, Donna e Ian, a fim de que entremos em uma luxuosa van escura.
A viagem no carro é tranquila. Donna me explica em detalhes como
Johnatan nos chama — balançando os dedos sutilmente — e como devemos
nos comportar diante dos convidados. Eu a escuto atentamente, vendo Jordyn
reclamar com James sobre seu cabelo. Johnatan e Peter foram em outro carro.
Chegando ao lugar, aprecio a enorme e iluminada casa rústica de
concreto e madeira, num estilo clássico. O ambiente espaçoso é cercado por
carros e convidados elegantes passando pelo carpete vermelho, entregando o
convite para o segurança.
Seguimos direto para os fundos onde se encontra a cozinha mais
próxima. Lá há uma quantidade razoável de garçons. As mulheres estão
vestidas iguais e os homens com ternos escuros. Jordyn parece conhecer
alguns e me explica que a maioria trabalha para Johnatan. Fico surpresa por
suas exigências.
Donna nos instrui a organizar as bandejas com canapés, pratos
principais e bebidas. Há algumas cozinheiras, o aroma agridoce é
maravilhoso. Dessa vez, teremos que servir de acordo com os pedidos dos
convidados. Donna é ótima em montar grupos, dividindo as mesas que cada
um irá atender. Fico feliz por Jordyn estar comigo junto com mais cinco
pessoas: três homens e mais duas garotas.
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pelo que posso ver, com um vestido verde-esmeralda justo, os cabelos loiros
presos num coque perfeito. Para meu alívio, ela se distrai com sua bebida e
volta para conversar em particular com o homem ao seu lado.
― Obrigado, querida ― o homem que segura a mão da loira agradece
com um sorriso bondoso e simpático. Sorrio timidamente para ele percebendo
o quão é amigável, pelo contrário de sua esposa Banks.
Evito fazer uma careta e continuo a distribuir. Meu desconforto se
torna ainda pior quando meus olhos distraídos se encontram com os azuis em
chamas. Sua bebida é um whisky, coloco à sua frente sem conseguir
desgrudar meus olhos dos seus.
― Obrigado, Mine ― diz suavemente me fazendo arrepiar.
― Desde quando você agradece a um funcionário, Makgold? ― a voz
da loira me distrai e arrumo minha postura.
― Com licença ― murmuro antes de escutar a resposta de Johnatan.
Caminho rapidamente de volta à cozinha, respirando com dificuldade.
― Como foi? ― Laura pergunta assim que apareço.
Dou de ombros e empurro a bandeja para seu peito.
― Eles são todos seus ― resmungo, retornando para minhas mesas
anteriores.
É impossível não percorrer meus olhos pelo local onde está Johnatan.
Eu nem mesmo sei direito o que anotei no meu pequeno bloco. Antes que eu
me vire para uma convidada, vejo uma mulher morena e elegante com um
vestido cor de pele apertado se aproximar de Johnatan. Ele se levanta com
um sorriso, pega sua mão para beijá-la e a olha por inteiro, como se a
devorasse, a morena não muito alta fica vermelha apenas com o gesto.
Meus dedos se apertam na caneta, meu estômago se embrulha. Em
seguida, vejo-a puxá-la para uma dança no espaço central do salão. Ela
desliza suas mãos para seu pescoço e Johnatan desliza as suas por sua coluna,
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murmurando algo que a faz sorrir feito uma idiota. A música é calma para o
ambiente, mas é gritante para meus ouvidos, junto com as conversas ao redor
e os tinir de talheres, copos e pratos.
― Moça? ― a mulher que atendo chama minha atenção, movo para
ela meus olhos febris por vê-los dançar lentamente, próximos demais.
― Sim? ― controlo minha frieza. A mulher pisca.
― Entendeu o que eu pedi? ― tenta soar gentil, mas está confusa por
eu estar parada ali.
― Perfeitamente ― luto para não olhar para a pista de dança. ― Um
coquetel de frutas ― aceno e me afasto, cerrando meus dentes.
― Mine? Você está bem? ― Jordyn me chama assim que passo por
ela duramente.
― Só preciso de um pouco de ar ― disparo.
Na cozinha, entrego as anotações e caminho até Donna.
― Mine ― ela sorri e me olha confusa. ― Você está bem?
Não!
― Sim ― minto. ― Será que posso dar uma volta? Preciso de ar
fresco. Sinto-me sufocada no salão.
― Esses convidados! ― Donna murmura como se eles fossem
culpados, apenas uma minoria. ― Vá, querida. Quando se sentir melhor,
volte.
Ela aperta meu ombro e agradeço.
Caminho para fora da cozinha como se quisesse correr. Eu não sei o
porquê do meu nervosismo, mas quanto mais me afasto, mais me sinto
melhor.
O ar frio da noite ajuda a acalmar a temperatura em meu corpo. O
lugar é mais tranquilo à medida que a música calma da festa se torna um
sussurro para meus ouvidos. Inspiro profundamente, encarando o céu escuro
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11 – SEM FÔLEGO
Pisco, olhando para a casa, está longe demais para alguém pedir
ajuda. Os gritos parecem ser sufocados, arrepio-me por inteira. Olho em volta
à procura de alguma coisa que me beneficie e encontro uma barra velha de
madeira jogada numa pilha de pallets. Pego-a rapidamente, segurando com
firmeza, sigo para a direita, de onde tenho certeza que o grito veio.
Tento controlar minha respiração entrando num local solitário com
muros e prédios em construção. Caminho pela sombra, observando a fraca
iluminação da rua fechada, seguro a madeira atenta ao meu redor com
cuidado. Ao virar pela próxima rua, no beco, vejo um homem de terno
deitado no chão por cima de uma mulher, cuja boca está tapada pela mão do
indivíduo. Ela geme sufocada, seu vestido está em trapos.
Fico imóvel, aterrorizada, quando o homem move seu corpo
bruscamente, machucando-a ainda mais, eu o escuto arfar e ofegar
brutalmente. Logo, a cabeça da mulher se vira em minha direção e seus olhos
claros se arregalam ao me ver, sua mão esquerda estica para mim como se
pedisse por ajuda. Engulo meu choro e agarro a madeira. Ela chora sufocada,
caminho lentamente, erguendo a barra mesmo estando fraca.
É tudo muito rápido, o homem, alto e bruto, ergue-se rapidamente,
seguro minha respiração e paro ao vê-lo agarrar os cabelos negros da mulher,
puxando-o com força, fazendo-a gritar. Em seguida, ele desliza a faca em seu
pescoço, o sangue espirra com violência. Os gritos cessam engasgados, sua
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cabeça se vira com os olhos alarmados para mim. Solto a madeira com
fraqueza e o barulho chama a atenção do estuprador, que arruma suas calças.
Ele se vira um pouco assustado, olhando-me com os olhos febris.
― Ora! Ora! Acho que minha diversão está apenas começando.
Tremo e congelo dos pés à cabeça quando se levanta, ainda agarrado
com a faca afiada, limpando o sangue em seu terno.
Eu não consigo correr. Não com minhas pernas flácidas, não com os
olhos mortos e esbugalhados de pânico da mulher em minha direção. Sinto
minhas lágrimas, avanço alguns passos para trás, trêmula, quando o vejo se
aproximar com um sorriso sombrio e um gemido de excitação.
Seus passos são largos e rápidos, antes de conseguir chegar tão perto
de mim...
― JOHNATAN!
O homem gargalha e agarra minha mandíbula com força. Aperto
meus dentes para conter a dor. Tento afastar sua mão, mas logo fico imóvel
quando a lâmina se aproxima do meu rosto, acariciando minha pele.
― Vamos ver o quanto você irá gritar ― sua voz é arrastada ―, e
ninguém irá escutar.
Seguro minha respiração quando seu rosto frio se aproxima do meu,
mas logo franze a testa, olha para trás ao escutar uma voz grossa e russa, um
tom tão sombrio quanto a noite escura.
― Está errado. Eu escuto muito bem.
Nunca me senti tão segura por vê-lo, mesmo ameaçador, intimidante e
glorioso com o olhar em chamas... Espere! Ao lado oposto vejo um vulto
negro. A sombra se aproxima, deparo-me com o mais desafiante de olhos
grandes, negros e obscuros. Hush?
O homem olha em direção ao monstro de quatro patas e me solta
assustado quando Hush se empina em suas patas traseiras, chocando-as com
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o chão num baque forte, fazendo o criminoso se afastar ainda mais com o
susto. Em seguida, Hush se coloca à minha frente, erguendo a cabeça para
enfrentar o estuprador. Johnatan permanece cauteloso, olhando as ações do
homem mais velho, que aparenta ser um dos convidados.
― Que merda é essa? Tire esse animal daqui! ― grita alarmado.
Afasto-me, ainda fraca para acompanhar tudo. Hush continua a
encarar, mesmo sendo cego, ele se aproxima em passos lentos, soltando um
ar pesado que me faz estremecer. Escuto Johnatan pronunciar algo em russo,
fazendo o cavalo se afastar brevemente e erguer seu pescoço. Arregalo meus
olhos ao ouvir um grunhido de dor e sei que não são de Johnatan. Merda, ele
está lutando! Ouço passos, socos e a tortura na voz do estuprador.
― Não se preocupe ― escuto Johnatan sufocar. ― A dor é prazerosa,
não é mesmo?
Suas palavras ofegantes são ameaçadoras, os pelos da minha nuca se
arrepiam só de escutá-lo. Caminho até Hush para ver o que acontece. Minha
aproximação chama a atenção do cavalo, sua enorme cabeça vira-se em
minha direção, empurrando-me com seu focinho para me afastar com
delicadeza. Cambaleio para trás confusa, num picar de olhos o vejo correr em
alta velocidade, inclinando seu corpo negro e atropelando o estuprador,
fazendo-o voar para o alto com violência.
Pisco surpresa com Johnatan preparado, conseguindo agarrar a camisa
do bandido antes dele cair no chão e, com habilidade, gira seu corpo e ergue
seu pescoço. O rosto do estuprador está cortado em todas as direções,
pergunto-me se Johnatan fez aquilo com a faca afiada. Para meu espanto,
Johnatan injeta uma seringa no pescoço do homem, que cai ao chão quando
meu salvador o empurra e coloca a seringa em seu paletó amarrotado. Os
gritos do estuprador ecoam, fazendo-me querer tapar meus ouvidos para não
escutar sua tortura.
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morena elegante que se rende aos seus pés. Isso é completamente errado e
sabemos disso ― disparo, enfrentando-o.
― De toda a situação que é para se preocupar, você está falando sobre
isso? ― também me enfrenta com seu peito erguido. ― E é claro que você
não é igual a elas! Que inferno!
Ele está exasperado, correndo suas mãos dos seus cabelos até o rosto.
― Espero que isso esteja claro ― aviso.
― Mine... ― observa-me seriamente. ― Você é terrível ― desabafa,
e o olho incrédula.
― E você, um grosso!
Sua sobrancelha grossa se levanta.
― Eu não vou lutar com você, Mine ― diz erguendo suas mãos
rendidas.
― Ótimo ― dou de ombros. ― Porque não sei lutar ― faço uma
careta.
Ele se ergue com sua postura reta e me olha brevemente sério, mas
logo fica confuso quando movo minhas mãos tentando mostrá-las fora do
paletó, um pouco atrapalhada, e lhe dou um tapa em seu peito. O gesto é
fraco e estúpido. Sua sobrancelha se levanta.
― Isso é para você ficar longe de mim. Estou em choque com tudo
que aconteceu ― digo irritada e passo por ele sem olhar para trás.
― Mine! ― O escuto grunhir atrás de mim e aperto meus lábios me
afastando. ― MINE, SERÁ QUE DÁ PARA ME ESCUTAR?!
Sua voz firme me faz virar e encarar seus olhos azuis. Aperto meus
dentes, nervosa.
― O que você quer, Johnatan? ― questiono com raiva.
A frieza em minha voz o pega de surpresa, e espero sua resposta
enquanto seus olhos perfuram os meus.
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― Você!
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12 – CONFISSÕES
nosso lado me olhando chocada. ― O que o seu paletó está fazendo com ela?
Pisco me esquecendo desse “pequeno e grande” detalhe. Começo a
retirar a peça, mas Johnatan protesta.
― Não precisa, Mine. Fique. ― Suas palavras não parecem ser
mencionadas para a situação, mas imploram por algo a mais. Nicole franze o
cenho.
― Eu já estou melhor agora, senhor Makgold. ― Devolvo, já
sentindo saudade do seu perfume. ― Obrigada!
― Ora! Como sempre um cavalheiro ― Nicole sorri. ― Mas nunca
pensei que seria com alguns de seus funcionários, querido.
Johnatan suspira enquanto meu sangue ferve toda vez que ela o chama
de querido.
― Basta, Nicole ― ele diz firmemente, fazendo seu sorriso
desaparecer aos poucos. ― Eu já estava indo. Por que não escolhe nossa
música? ― sugere.
A simples palavra nossa fez meu estômago se embrulhar, logo o
sorriso da loira surge triunfante. Uau, ele consegue mesmo quebrar um
coração!
― Tudo bem ― ela diz me olhando com desgosto, encaro-a
seriamente. ― Você não vem? ― pergunta se virando para ele.
Johnatan se mantém cauteloso, olhando para ela com um sorriso que
não chega aos seus olhos. Nicole parece não perceber isso.
― Daqui a pouco ― acena. ― Só preciso de um minuto com a Mine.
Tento me focar em outra direção menos neles.
― Certo ― ela concorda, e escuto seus saltos se afastarem.
Suspiro aliviada, vendo-o colocar seu paletó. Johnatan se aproxima de
mim, inclinando-se junto ao meu ouvido. Sua respiração faz cócegas em
minha pele, fico paralisada com sua aproximação repentina.
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manter minha postura rígida na minha tarefa. Entretanto, devo olhar em sua
direção para saber se precisa de algo com seus sinais. Donna disse que ele
gosta de seus funcionários sempre atentos.
Relutante, olho discretamente para sua mesa e lamento surpresa ao
perceber seus olhos fixos em mim enquanto toma seu whisky. Olhos azuis
selvagens e famintos que me deixam desorientada, viro-me fingindo não dar
importância já que ele não fez nenhum movimento para chamar minha
atenção, afinal, em todo caso, eu sou sua funcionária.
À medida que sirvo as mesas, meus pensamentos se voltam para os
corpos do lado de fora, arrepio-me ao me questionar o que pode acontecer.
Todos parecem tão normais, nem mesmo Johnatan parece se importar com o
ocorrido. Por outro lado, Jordyn se mostra cansada e meu coração se aperta
por seus esforços. Sorrio para ela do outro lado do salão para lhe mostrar
solidariedade.
Para nosso alívio, somos dispensados mais cedo assim que o salão
começa se esvaziar aos poucos.
― Graças a Deus! ― Jordyn glorifica se jogando no banco assim que
entramos na Van.
― Hoje foi um dia muito longo ― Donna concorda.
― Posso vigiar por mais tempo ― Ian se agita ao lado da mãe.
Sorrimos cansados.
― Quantos doces esse garoto comeu? ― James pergunta, rindo e
ligando o carro.
― O suficiente ― Donna responde beijando o filho.
Encosto-me no banco próximo à janela, pensativa. No breve
momento, desejo um bom banho e cama. Seria tarde demais ligar para papai a
essa hora da noite, tentarei amanhã de manhã.
Subitamente, a porta da van é aberta chamando nossa atenção, Peter
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abertos. Suas mãos sobre a mesa estão apertadas em punhos firmes, sua
cabeça está abaixada com seus cabelos espalhados para frente, não consigo
ver seu rosto, procuro entender por que ele está assim. Sinto-me presa em
meu lugar quando ouso erguer minha mão para tocar a sua.
― Johnatan ― eu o chamo com esforço. Minha voz parece presa em
minha garganta.
Ele levanta sua cabeça, seus olhos se abrem alarmados e febris.
― Mine, o que está fazendo aqui? ― pergunta com angústia.
Fico confusa, sinto meu corpo pesado não ajudar a me mover. Mãos
frias tocam meus ombros, fazendo-me tentar olhar para atrás sem conseguir
ver seus rostos, todos usam toucas escuras. Olho para Johnatan, encarando
sua cabeça baixa novamente, em seguida, corro meus olhos para mim, vendo-
me num vestido de renda cor de pele com mangas delicadas. Rapidamente
sinto o pânico em meu peito.
― O que você quer, Johnatan? ― pergunto, de repente, mantendo
meu foco em sua direção.
Quando sua cabeça se levanta, vejo os cortes se abrirem em seu rosto
perfeito, seu pescoço começa a ficar arroxeado até rasgar e sangrar. Os olhos
mortos se destacam, sua boca se move deixando o sangue escuro escorrer.
― Você ― diz cuspindo o sangue.
Meu coração acelera e minha respiração se altera em pavor.
― Johnatan ― choro, sentindo uma dor em meu peito.
Estou agarrada a alguma coisa, afasto meus olhos dos seus e me vejo
segurando a faca afiada. O sangue pegajoso está em minhas mãos, choro
desesperada. Eu não fiz isso com ele, eu não sou uma assassina. Ao olhar
para meu lado, vejo o estuprador com seu rosto desfigurado. Quando me
afasto, dou de cara com a mulher que teve sua garganta cortada, os olhos
mortos com um sorriso sombrio. Tento me fixar em Johnatan, mas não
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exercícios ou...
― Caçando pessoas ― completo como se o acusasse, meu estômago
se embrulha.
Ele me observa, aproximando-se com um suspiro. Isso o deixa mais
alto e com os músculos tensos.
― Mine, isso faz parte de quem eu sou ― declara olhando em meus
olhos.
― E quanto aos corpos? ― Interrogo. ― O que faz com eles? Porque
parece que você não tem problema nenhum de ser um suspeito. ―
praticamente o acuso.
Seu olhar de reprovação não me intimida, logo inspira fundo.
― Exceto o mais recente, tive que fazer uma denúncia anônima. O
homem era um traficante foragido do Texas, conhecido como Black Jack e
encontrado morto por aqui ― Johnatan me informa automaticamente, como
se aquilo tivesse saído de um noticiário. ― A mulher era uma prostituta que
acompanhava um dos convidados, mas que acabou topando com ele e foi
arrastada para o beco. Odeio pensar no que poderia ter acontecido com você
se eu não chegasse a tempo ― ele murmura com frieza me fazendo arrepiar.
― Como sabia que eu estava lá? ― pergunto temerosa.
― Eu te segui ― dispara, mantendo seus olhos penetrantes em mim.
Continua: ― E aos outros mortos que caço, antes que eles me cacem, eu não
preciso fazer nada quanto a isso. No começo, pensei em me livrar, até me dar
conta de que a gangue finaliza o serviço sem deixar vestígios. Então,
significa que querem se manter longe dos problemas tanto quanto eu ―
explica e fico pensativa.
Ele percebe meu desconforto.
― Estão por toda as partes, se eu não lutar contra isso, acabarei
morto. Não quero isso no momento, não sem antes descobrir o que está
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mesmo tempo. Parte de mim está agradecida por ele ter salvado minha vida, a
outra parte está fascinada pela forma com que consegue me chocar. Ele fareja
nos arredores, algo entre as folhas das árvores chama sua atenção. Em
seguida, volta a farejar com desconfiança. Logo levanta sua cabeça e suas
orelhas, parecendo assustado. Olho para as árvores, vendo alguns pássaros
brincarem e voarem para longe, mas Hush é diferente. Ele se afasta em
disparada para dentro dos pinheiros.
― Hush ― assusto-me largando a cesta.
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13 – A PARTE DOLOROSA
em que parece pequeno com os tecidos se movendo ao nosso redor por causa
da leve brisa do dia. O chão é coberto por um carpete felpudo da mesma cor.
É como estar no céu.
Johnatan me analisa com as mãos atrás de sua cabeça numa pose
sensual e confortável.
― Eu só vim atrás do Hush. ― Devo-lhe uma explicação.
― Hush está no lago ― ele informa. Pisco confusa. Há um lago aqui?
― Mas ele saiu correndo, parecia assustado ― revelo.
― Hush me escutou, Mine. Ele é atento, não se assusta com nada ―
Johnatan garante num murmuro, noto o quão relaxado está.
― Então, aqui é um lugar para você se distrair também? ― pergunto
olhando os tecidos ao redor.
― Para meditar ― ele me corrige. ― Venha. Deite-se.
Franzo a testa sem entender, vendo sua mão bater no colchão
indicando o seu lado.
― Eu não sei meditar ― digo ainda parada.
― Não tem problema ― ele sorri. ― Eu sei.
― Você é meu chefe.
― Anda ― exige.
Aproximo-me da cama e deito ao seu lado, sentindo como a cama é
macia assim como o travesseiro.
― Isso é diferente. Não sei como ficar ao lado de alguém que medita.
O lugar é lindo, mas acho melhor eu ir. Tenho que ajudar Donna. Não é uma
boa ideia continuar aqui...
― Mine ― ele me interrompe.
― S-sim ― gaguejo encarando o céu azul.
― Silêncio ― ele pede, o espio pelo canto do olho.
É fascinante observar sua forma serena e tranquila sem rugas de
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preocupação. O branco parece combinar com ele. Sua barba está feita,
mostrando sua mandíbula quadrada assim como o queixo levemente pontudo.
Quanto aos seus lábios esculpidos? São uma distração para mim.
― Obrigada pelos remédios ― sussurro sem querer incomodar sua
meditação. ― Pode descontar do meu salário o celular e os remédios. ― É
claro que ele irá descontar. Eu não sei por que continuo falando.
― Mine, acha que me importo com tão pouco? ― dispara, encarando
o céu.
― Mas é o que deve ser feito ― rebato voltando a encarar o céu antes
que meus olhos se distraiam com seu bíceps musculosos. Pela minha visão
periférica, posso vê-lo me encarando agora.
― Isso é o que você diz ― ele fala. Viro minha cabeça, seu rosto está
a centímetros do meu.
Ele se move apoiando o cotovelo no colchão, deitando sua cabeça em
sua mão para me olhar.
― Por que tem esse lugar? Não imagino ser algo ligado a você ―
penso em voz alta.
― É onde gosto de ficar, longe de todos ― responde calmamente. ―
Mantenho minha mente distante. Ou tento.
Seus olhos estão nos meus parecendo analisar cada uma das minhas
feições. Coro.
― Fala como se fosse algo vazio.
― Porque é o que sou aqui ― ele volta a se deitar. ― O vazio ajuda.
É fácil para pensar onde será, quando e como.
Suas palavras me causam calafrios.
― Por que não deixa a justiça fazer isso? ― reclamo de repente.
― Porque a justiça nunca foi ao meu favor. ― Sua voz calma fica
mais fria.
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profundamente. Meu coração está cada vez mais acelerado à medida que sua
boca se move contra a minha, acompanho-o num beijo calmo e carnal.
Puxo o ar com mais força ao sentir suas mãos, agora em meu corpo,
deslizando seus dedos por minha espinha. Sua língua me invade, fazendo a
minha clamar de saudades. Pareço queimar por dentro. Trago-o mais para
mim, apertando seu pescoço num abraço colado. Suas mãos apertam meus
quadris, fazendo-me descruzar minhas pernas ao ser puxada para seu colo.
Seu corpo é forte e seus braços me cercam num abraço firme.
Acaricio seu rosto, permitindo que nosso beijo se aprofunde e que suas mãos
passeiem por minhas costas. Ambos nos sentimos excitados com a
aproximação. Seu gemido rouco me faz estremecer, minha respiração começa
a ofegar.
Suas mãos macias tocam meu rosto em uma carícia suave, afasto-me
vendo seus olhos em mim. Grandes olhos azuis líquidos que parecem
confusos e intensos. Eu o encaro ainda tocando seu rosto. Ele se afasta mais
atento, franzo a testa quando sua cabeça se inclina para a esquerda. Pergunto-
me o que está acontecendo, já sentindo falta de seus lábios em mim, mas sua
respiração suave se torna pesada, e suas mãos em meu rosto começam a ficar
tensas.
― Johnatan... ― eu o chamo rouca, mas paro quando escuto um
relinchar.
Franzo a testa.
Johnatan me olha confuso e desconfiado. Inclina-se para me beijar
novamente, afastando-me do seu corpo.
― Vá para casa ― ele sussurra ao meu ouvido.
― O quê? ― pergunto perplexa. ― Por quê?
Johnatan se levanta parecendo atento ao relincho de um dos cavalos.
Ele se abaixa para pegar e colocar sua camiseta preta de gola V. Aperto meus
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14 – INVASÃO
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com frieza.
Cruzo meus braços boquiaberta. Como ele pode falar assim com as
pessoas que realmente se importam com ele?
― Sim, senhor ― James e Peter dizem ao mesmo tempo.
Noto as mãos de Johnatan em punhos apertados.
― Peter, pode cuidar disso por enquanto ― Johnatan ordena antes
deles se afastarem. ― Preciso da maleta. Hush está ferido.
Cambaleio para trás, deixando-o passar. Meus olhos ardem em
lágrimas e meu coração palpita em preocupação com Hush. James corre para
o celeiro, posso sentir o quanto aquilo o deixou em choque. Johnatan segue
para a floresta ignorando Donna quando ela aperta seu ombro preocupada.
Eu não devo ficar furiosa com Johnatan reagindo assim com todos à
sua volta, agora minha única preocupação está em Hush. Peter segue para
dentro da casa depois de verificar a caixa e ver o que precisa. Jordyn e Ian
assistem da varanda preocupados. Sinto o aperto em meu coração ao ver as
lágrimas do garoto.
Olho em direção às árvores e caminho em passos duros.
― Onde vai querida? ― Donna pergunta e meu coração se afunda
com a tristeza em sua voz.
Olho timidamente para ela, escondendo minha fúria por Johnatan. É
melhor não me intrometer e ficar ao seu lado.
Em poucos minutos Lake e Sid retornam correndo para o campo e
meu coração se alivia por vê-los bem, mas ainda dói ao pensar em Hush. Isso
me angustia.
― Eu preciso vê-lo ― murmuro quando Jordyn e Ian entram na casa.
― Me dê notícias, querida ― Donna concorda com um aceno.
Caminho em direção à floresta, seguindo James. Nosso percurso é
longe do local de meditação. Localizo Johnatan rapidamente à frente e o
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proteção com uma luminária led que clareia o local num tom alaranjado.
Franzo a testa me perguntando por quanto tempo fiquei com meus olhos
fechados. Sinto o nariz de Johnatan correr por meus cabelos e me encolho em
seu peito.
― Ele vai ficar bem? ― pergunto temerosa.
― Sim, vai ― Johnatan assegura. ― Hush é forte ― garante e sinto a
ferocidade em sua voz.
― Ele é.
Olho para cima vendo seus olhos intensos em mim, avaliando meu
rosto como, se de alguma forma, fosse a primeira vez que me visse. Ele não
parece incomodado comigo em seus braços. Pelo contrário, sou eu que me
sinto pesada.
― Você está exausta ― analisa me encarando preocupado. ― Vou
levá-la para casa e voltar para ficar com Hush ― avisa depois de beijar minha
testa.
Mudanças de humor... Eu não consigo acompanhá-lo. Horas antes ele
estava meditando, depois estressado a ponto de destratar James, agora está
calmo, mas com aparência de cansado.
― Por favor, deixe-me ficar ― imploro.
Eu também quero ficar com Hush, penso.
Estou exausta e confusa, mas não quero ficar longe do cavalo. Eu
quero vê-lo de pé, correndo com toda sua postura rígida, confiante e
desafiante.
Johnatan ignora, carregando-me para fora da barraca, logo me deparo
com a escuridão acinzentada da floresta. Quero lhe perguntar o que
aconteceu, como Hush se feriu, mas sei que não vou ter sucesso com suas
respostas.
O céu estrelado passa entre os galhos das árvores enquanto o encaro
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uma calça escura de moletom. Quando ele se vira, vejo seu peitoral na
claridade cinza descendo como sombra até o abdômen definido. A calça se
prende perfeitamente em seus quadris, mostrando as curvas malhadas. Pisco
meus olhos em busca de foco e localizo sua ferida exposta sem curativo.
Ajoelho-me e rastejo-me até ele, tendo seus olhos em mim.
― Onde está o curativo? O que pensa que está fazendo expondo-se
dessa forma? ― repreendo olhando para cima e sento em meus calcanhares.
Seus olhos me encaram surpresos, mas um tanto fascinados. Meus
cabelos com certeza devem estar uma palha, mas não me importo, estou
aborrecida.
Ele ergue sua mão para acariciar meu rosto e inspiro seu perfume
suave em seu pulso, deitando minha cabeça na palma quente e macia.
― Você é linda! ― sussurra acariciando seu polegar em minha
bochecha.
Aperto minhas mãos em meu colo, com o coração disparado. Pânico
me invade quando percebo que estou sem a calça.
Apresso-me e me cubro com o lençol, sentindo minhas bochechas
esquentarem. Vejo a sombra do seu sorriso por minha reação. Sua mão se
abaixa e ele se aproxima para se sentar na cama. Encaro-o e localizo o soro e
as gases em cima de um banco estofado branco próximo à cama.
― Para seu alívio, já estava indo fazer isso ― ele me informa,
limpando seus pontos e os cobrindo com um curativo já pronto.
Eu não faço ideia de que horas são, porém lembro-me de Hush.
― Como ele está?
― Está bem ― Johnatan suspira e se vira para mim. ― Estava
tentando se levantar, tive que sedá-lo novamente. Ainda é cedo para ele fazer
esforços. Felizmente, a lança não foi tão profunda.
Johnatan parece mais tranquilo agora, mesmo com seus músculos
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me caçando eu não colocaria proteção na casa? Que uma cerca elétrica teria
uma carga tão fraca? E que um invasor sairia daqui imune?
Pisco meus olhos estremecendo com seu olhar sombrio.
― Você tem armas? ― sussurro.
― Vivemos num campo minado. Devo ter algo em minha defesa ―
ele alerta.
― Não aprecio isso. ― Um arrepio me percorre.
― E nem eu ― concorda. ― Mas eles sabem que estou atento e mais
treinado. Mesmo assim, ousam se arriscar em meu território ― sua voz
ríspida é fria como gelo.
― Quem são exatamente eles? ― pergunto por fim.
Sua expressão tensa muda para algo mais obscuro, seus olhos se
levantam em minha direção com intensidade.
― Policiais, advogados, juízes, empresários ― ele responde ríspido.
― No começo, pensei que fosse um pequeno grupo, uma gangue, mas é pior
que isso. É uma máfia no país e fora dele.
É impossível não sentir medo ao escutar sua voz carregada de ódio e
tensão.
― Você sabe o porquê? Conhece quem pode estar por trás de tudo
isso?
Bem, pelo pouco que sei, uma máfia tem alguém para dar as ordens e
Johnatan deve saber os motivos.
― É o que estou tentando descobrir há muito tempo. O motivo sobre
o ataque contra minha família eu já sei ― ele declara feroz, balançando a
cabeça tentando afastar os pensamentos. ― Mas não quero conversar sobre
isso. Nunca.
É um alerta para que eu fique em silêncio e não arranque mais nada
dele.
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15 – PROVOCANTE
Seu sorriso se abre para mim fazendo minha respiração parar. Meus
olhos fitam sua boca levemente carnuda, revelando a fileira de dentes
perfeitos e brancos. A forma como sorri o torna mais jovem e ainda mais
sexy, ao passo que seu olhar se torna feroz e observador.
― O quê? ― murmuro desorientada por causa do meu corpo
pulsante; minhas coxas se apertam.
― Estou te distraindo ― afirma, reprimo meu gemido ao escutar o
leve sotaque russo.
― Não tem como descobrir. ― Quero fugir do seu olhar predador.
― Não? ― continua desafiante. ― Estou vendo você tremer
enquanto aperta suas coxas por baixo deste lençol, mas nada é mais
encantador do que seus olhos devoradores ― sua voz rouca me arrepia.
Aperto meus lábios e sinto meu coração bater mais forte. Minhas
bochechas coram e minha garganta fica seca. Ele consegue me ler, mas é
muito mais que isso, sei que está certo.
Johnatan se aproxima fechando nosso curto espaço sem desviar seus
olhos dos meus. Sinto-me uma presa possuída pela magia do seu olhar.
Inspiro, sentindo seu perfume cada vez mais perto. Oh! Isso é uma completa
distração.
Encaro seus lábios entreabertos e fecho meus olhos quando sua boca
cobre a minha.
Deslizo minhas mãos por seu rosto, abraçando seu pescoço. Suas
mãos deslizam por minha coluna até chegarem à minha cintura, puxando-me
para ele. Arrepio-me quando sua língua invade minha boca lentamente, como
se saboreasse meus lábios, assim como meus gemidos, curvando cada vez
mais meu corpo e me deixando sem fôlego. Ele é quente, e desejo sentir sua
pele contra a minha.
A cada toque, meu corpo se arqueia contra o seu completamente
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entregue. Suas mãos deslizam por minhas costelas até minhas pernas nuas,
ergo meus joelhos automaticamente, sentindo sua palma quente em minha
pele exposta. Meu corpo pulsa violentamente com seus toques suaves e sua
boca percorrendo minha garganta com suavidade. A barba rala provoca
minha pele sensível. Quando suas mãos se tornam mais urgentes, apertam
minhas coxas com desejo, fazendo-as abraçarem seus quadris. Em seguida,
sua boca retorna para a minha. Gemo sentindo sua ereção em meu ventre.
Meu sexo se aperta dolorosamente, deixando-me cada vez mais
molhada. Nunca senti nada parecido. A excitação dentro de mim faz com que
minhas emoções sejam expostas para fora, inconscientemente. Toco seus
músculos fortes sobre a pele macia, arranhando e apertando-o. É um
sentimento misto de adoração, desejo e angústia. Gemo num sussurro quando
sua ereção está em meu sexo coberto apenas por minha calcinha,
provocando-me com movimentos fortes, mostrando-me o quanto me deseja.
― Sim, minha Mine ― ele sussurra num leve sotaque russo com sua
voz grossa e potente, fazendo-me ofegar e fechar meus olhos.
― Johnatan ― eu o chamo com desejo, empurrando meus quadris
contra o seu corpo.
Eu deveria me afastar, mas meu corpo o quer, a minha alma o deseja e
minha carne quer ser consumida por ele. Sua boca desliza provocante em
meus ouvidos, fazendo-me arrepiar ao escutar as palavras russas serem
sussurradas com perversão, gemo agarrando seu corpo possessivamente,
como se eu entendesse cada palavra que me diz.
― Deixe-me te sentir, Mine? ― pede ofegante. ― Deixe-me tirar
essa tensão de dentro de você? ― suplica mordiscando meu lóbulo.
Suas mãos fortes sobem por meu corpo, fazendo minha camiseta
subir. Fico mais ofegante.
― Mine ― ele grunhe meu nome em russo com urgência, deslizando
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Sou possuída por sua boca e agora, com sua ereção cutucando-me
com movimentos fortes, meu ventre se contrai num aperto latejante. Quando
dou por mim, já o estou agarrando, minhas mãos seguem direto para seus
cabelos, puxando-o para mim.
― Você... Você ― repito, sentindo meu seio ser sugado cada vez
mais forte. ― Johnatan! ― suplico.
Ele desliza suas mãos pelo meu corpo, em seguida, escuto minha
calcinha ser rasgada e arrancada de mim. Minha respiração se acelera, estou
completamente nua para ele. Pisco meus olhos quando o vejo se afastar
novamente. A luz da lua banha meu corpo, vejo-o de joelhos entre minhas
pernas, olhando ferozmente para meu corpo muito exposto. Seus cabelos
estão por todas as direções e seu peitoral parece mais largo que o normal. Eu
o aprecio com toda a sua musculatura, até me distrair com suas mãos se se
movendo para sua calça. Ele me provoca com um sorriso torto enquanto o
assisto deslizar a calça para baixo.
Engulo em seco ao ver sua ereção grossa e dura apontada em minha
direção. Lambo meus lábios me perguntando como será a sensação de tê-lo
dentro de mim. Meu sexo pisca com o pensamento, mas, na verdade, eu
nunca fiz aquilo. Mesmo que o tenha desejado, o medo e a insegurança
invadem meu corpo.
― Mine? ― Johnatan me chama voltando-se para mim. O calor do
seu corpo contra o meu me conforta.
― Eu... eu nunca fiz... eu ― gaguejo, olhando em seus olhos e sua
boca próxima à minha.
― Eu sei ― ele beija meus lábios brevemente ― Mesmo eu estando
louco para estar dentro de você, se não quiser...
― Eu quero ― digo rapidamente. ― É errado, mas eu o quero ―
disparo trêmula.
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É como se fosse uma resposta para sua pergunta silenciosa, suas mãos
deslizam por meu corpo suavemente, apertando meus quadris para que pare
de se mover contra ele. Em seguida, nossos lábios grudam-se e o sinto me
penetrar. Minha carne macia pulsa com sua presença. Gemo ao sentir a leve
dor, mas ele não para, de uma forma delicada, continua a me invadir com
cuidado.
Agarro seus cabelos entre meus dedos, puxando-o para mim. Minhas
pernas o apertam com urgência. Ao mesmo tempo em que sua invasão é
dolorosa, também é prazerosa. Respiro com dificuldade, mordendo seu lábio
inferior com gemidos dolorosos quando o sinto se esforçar para me invadir.
― Mine ― ele me chama rouco e gemo em agonia, querendo acabar
com a tensão em meu corpo.
― Hum! ― ronrono sem soltar seu lábio inferior.
Suas mãos em meus quadris me abraçam. Meu corpo está trêmulo e
meu ventre contraído. Mesmo com a dor, meu corpo se esfrega contra o seu,
suplicando para que ele se mova e termine com minha tortura.
Seu grunhido faz meu corpo ficar conectado com sua voz, sinto-me
completamente inebriada. Ao abrir meus olhos, noto os seus fechados, como
se apreciasse sua invasão. Sua boca levemente aberta é uma distração carnal.
Quando levanto, meus olhos encontram os seus em chamas, fixos em mim.
Uma de suas mãos se ergue para acariciar meu rosto e deslizar seu polegar
por meu lábio inferior.
Novamente suas palavras em russo são sussurradas ao meu ouvido,
acaricio suas costas, apreciando cada momento. De repente, solto um grito
ofegante quando me invade de uma vez, sem hesitar. A reação repentina me
assusta e o vejo parado, ajustando-se para que eu me acostume com sua
presença. Depois, começo a gostar daquela forma e esfrego meu corpo contra
o seu, apreciando sua ereção dentro de mim, preenchendo-me mesmo com a
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leve dor, mas que me faz ficar ainda mais ligada a ele como nunca estive com
ninguém. Gemo em satisfação.
― Hum ― jogo minha cabeça para trás.
― Isso... Sinta-me ― eu o escuto.
E eu o sinto. Ignoro tudo ao meu redor, permitindo-me focar apenas
no ponto onde sou estimulada. Quando Johnatan se retira de dentro de mim,
lamento com um murmuro e sinto seus dedos provocarem meu clitóris, um
ponto sensível e desconhecido. Minha respiração se altera apenas com aquele
toque, fecho meus olhos intensamente. Seu dedo se arrasta para dentro de
mim com facilidade.
Meus mamilos roçam seu peitoral másculo enquanto me remexo,
querendo-o grudado em mim. Seu dedo se move enquanto eu me entrego à
deliciosa tortura. Minha vagina volta a se apertar quando ele penetra dois
dedos, movendo-os mais profundamente. A provocação parece se intensificar
ainda mais com os seus toques.
Meus quadris vão de encontro aos seus dedos, querendo-o por
completo até eu estar sem fôlego e sentir algo dentro de mim se explodir,
fazendo com que meu corpo caia de volta para o colchão. Mesmo com a
sensação estranha, meu corpo inebriado pede por mais. Abro meus olhos
preguiçosamente, vendo o sorriso de Johnatan em minha direção.
― Não sabe o quanto é fascinante ver você ter seu primeiro orgasmo
― ele murmura rouco cheio de desejos. Seus dedos continuam dentro de
mim, provocando-me.
Quero lhe dizer o quanto foi intenso, mas eu simplesmente coro. Ele
percebe minha timidez repentina, afastando, em seguida, os dedos de mim.
Inspiro profundamente.
Mas não dura muito tempo para me chocar e deixar minha garganta
mais seca, quando o vejo erguer sua mão até seus lábios para chupar o
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― Bom dia ― ele corteja num tom rouco, lambendo seus lábios
molhados com minha excitação, sem deixar de me lançar um sorriso safado.
― Café da manhã? Ou isso? ― sugere penetrando seus dois dedos.
Caio para trás me contorcendo pelo seu toque. Como ele consegue ter
esse poder sobre mim?
― Isso... ― gemo sentindo seus dedos se moverem mais
profundamente.
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16 – ÀS ESCONDIDAS
pele, seguindo seu destino até o interior das minhas coxas. Movo meus
quadris em direção à sua mão.
Abro minha boca sem emitir som pela excitação que cada toque me
desperta. Meu sexo úmido se contrai em torno de seus dedos, o aperto forte
em minhas entranhas faz meu corpo estremecer. No momento, só tenho a
consciência de seus dedos dentro de mim e seu polegar provocando meu
clitóris.
Meus gemidos se tornam intensos, preciso da minha libertação,
preciso me livrar da agonia do aperto dentro do meu corpo pulsante. O
idioma russo sussurrado de maneira provocante é como música para meus
ouvidos, como se chamasse por meu orgasmo bem no fundo do meu interior.
― Não goze! ― ouço-o em algum lugar, enquanto meus olhos se
reviram em excitação.
Sinto sede e não sei se vou aguentar segurar tendo seus dedos se
movendo tão ágeis dentro de mim.
― Johnatan, não! ― ofego querendo apertar minhas coxas. ― Por
favor...
Mordo meu lábio gemendo com intensidade.
― Minha Roza ― o sotaque dispara com devoção em tono das
palavras. ― Apenas me espere possuí-la ― diz deslizando seus lábios macios
e quentes por meu joelho erguido.
A flor volta a passear pelo meu corpo até ser depositada em minha
boca, e inspiro seu perfume puro e intenso. Quando ele aproxima seu corpo
de mim, tenho o vislumbre de sua ereção potente. Engulo meu desejo ao
lembrar que tudo aquilo já esteve dentro de mim horas atrás.
― Apreciando a vista? ― pergunta rouco. Encaro seus olhos em
chamas, mas coro por ser pega de surpresa. ― Diga-me o que pensa!
Não é uma pergunta, muito menos um pedido, é novamente uma
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ordem.
Engulo em seco e sinto seus dedos mais profundamente.
― É... ― Arfo com prazer, mordo uma das pétalas quando sinto seu
dedo se afundar ainda mais dentro de mim. Oh, Deus...
― Diga ― ele exige causando-me arrepios.
― Que você... você é... ― tento dizer com urgência ao choramingar,
mas, ao mesmo tempo, eu me seguro em tremores para não gozar enquanto
seus dedos me provocam ainda mais.
Johnatan entende o que quero dizer e continua sua perversão:
― Você o quer dentro de você, Mine? ― pergunta e aceno com a
cabeça. ― Quer tê-lo todo dentro de você?
Seu polegar em meu clitóris duro e pulsante me faz lamentar ainda
mais.
― Você não pode gozar sem antes me dizer que quer tê-lo todo
dentro de você. Te devorando... Te desejando... Te adorando... Te possuindo
tão duro e ao mesmo tempo tão forte. ― Cada frase vem com uma nova onda
de sensações provocantes, enquanto seus dedos me torturam ― Responda! ―
exige grunhindo para mim, fazendo meu corpo gritar em desejo.
― Sim ― choramingo. ― Eu o quero todo dentro de mim, Johnatan.
Agora!
― Não sabe o quão gostoso é escutar meu nome saindo de seus lábios
provocantes. Seus gemidos estão me levando à perdição, minha Mine ―
geme de forma tão sensual que me sinto sufocante.
Sua mão livre desliza com força por meu corpo até apertar um dos
meus seios. Após retirar a rosa dos meus lábios, selamos um beijo. Lamento
quando seus dedos se retiram de repente e esfrego minhas coxas ao seu redor.
Johnatan se debruça sobre mim e inspiro seu perfume inebriante, uma
mistura de sexo e rebeldia. Seus cabelos se espalham para frente e noto como
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sua pele suada e corada mantêm seus músculos mais firmes. Seus olhos azuis
em chamas me encaram com luxúria. Os tremores em meu corpo aumentam
ainda mais quando finalmente sua pele cola-se contra a minha com
suavidade, mantendo seu peitoral um pouco distante dos meus seios para
provocar meus mamilos que parecem se erguer para ele, levando meu corpo
junto até grudá-lo por completo.
Deslizo meus dedos trêmulos por seus músculos e agarro seus
cabelos, trazendo-o para mim. Nossos lábios se encontram num beijo erótico,
cheio de desejo. Sua língua saboreia minha boca e retribuo a carícia, fazendo-
o ofegar em meus lábios. Em seguida, Johnatan se afasta para olhar minha
boca com tesão. Pisco em surpresa ao ver a embalagem da camisinha ser
posta em meus lábios.
― Morda a ponta do plástico! ― ordena.
Obedeço sem perder nosso contato. Ele puxa o plástico, rasgando-o
em meus dentes e retira o pedaço que restou em minha boca. Para completar,
provoco-o alcançado a camisinha com a língua e a puxando, mantendo-a
presa em meus lábios. Seus olhos piscam surpresos com minha coragem
perversa, fazendo meu coração acelerar com seu sorriso torto arrebatador.
Ele tira o preservativo dos meus lábios e sinto o gosto doce em meu
paladar. Seus olhos se escurecem, ficando cada vez mais surpresos com
minha depravação. Sigo olhando para baixo para analisar seus músculos, suas
pernas afastam as minhas enquanto o assisto colocar o preservativo
lentamente em sua ereção, como se me mostrasse todo seu comprimento e, ao
mesmo tempo, me provocasse deslizando a camisinha sobre ele.
― Ah! ― Arfo de repente quando ele me pega de surpresa
penetrando profundamente.
Sua boca cobre a minha e ofegamos com seu movimento. Meu sexo
dolorido se aperta, sentindo-me preenchida, desejando-o mais
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profundamente.
― Mais... ― deixo escapar inebriada, apertando seus músculos com
força.
― Quanto? ― rosna voraz mordiscando meu lábio. Ofego ― Quanto
precisa dele, minha Mine? ― sussurra deslizando seus lábios até meu ouvido
enquanto se move de maneira perversa.
― Mais fundo ― quase grito quando o sinto se mover com mais
força.
Rapidamente suas mãos apertam meus quadris, puxando-me para fora
do colchão. Gemo em surpresa ao estar sentada de frente para ele, sentindo-o
inteiramente dentro de mim até alcançar o ponto mais sensível e excitante em
meu interior.
Não nos movemos, apenas apreciamos um ao outro em nossa
conexão. Ao mesmo tempo que eu o sinto fundo, também o sinto muito
pulsante.
Sua presença tão próxima junto à forma como estamos me faz sentir
desejada. Ele me abraça com força, faço o mesmo, envolvendo meus braços
em volta do seu pescoço, arqueando meu corpo para sentir sua boca sugar um
dos seus seios. Sem demora, meu orgasmo intenso explode, fazendo-me
arranhar seus ombros ao gemer livremente. Sua voz russa me faz querer
puxá-lo de volta para meu seio, mas me mantenho embriagada com a
sensação libertadora dentro do meu corpo frágil.
Ao voltar para meu estado normal, mesmo ainda o tendo dentro de
mim, pisco meus olhos desorientados. Droga, eu fiz isso sem querer, mas
toda aquela sensação intensa me fez perder o controle de segurar minhas
entranhas apertadas. Coro, vendo-o me avaliar com curiosidade.
― Desculpe ― murmuro quase sem voz.
― Do que está se desculpando, Mine? ― sussurra acariciando meus
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cabelos.
Coro ainda mais sem saber o que dizer.
― Eu... eu... ― aperto meus lábios, engolindo em seco. A inquietação
me faz remexer em seu colo.
Seu olhar curioso fica sério de repente. Johnatan agarra meus quadris,
mantendo-o parado.
― Você gozou ― ele rosna antes de ofegar. ― Apenas diga que
gozou.
Hipnotizo-me com seus olhos em chamas me encarando com
intensidade. Meus lábios tremem ao se abrirem:
― Eu gozei ― digo rouca, vendo o desejo em sua expressão
satisfeita.
― E eu ainda não ― ele ergue sua sobrancelha. ― Estou dolorido
dentro de você e essa maldita camisinha parece me matar. O que fará quanto
a isso, minha Mine? ― gemo suavemente só de escutá-lo dizer que sou dele.
Minha reação de remexer o deixou daquela forma? Mordo meu lábio
voltando a cercar seu pescoço com meus braços para aproximar meu rosto do
seu, assim como minha boca. Seus lábios se aproximam, ameaço me afastar,
provocando-o e imitando seu sorriso torto. Sua expressão me transmite seu
desejo.
Movo-me em cima dele, logo sendo surpreendida com seu gemido
repentino. Aprecio vendo o quão entregue ele está. Suas mãos me ajudam a
mover para cima e para baixo. Grudo meu corpo no seu, seguindo suas
instruções sozinha. Suas mãos deslizam por minhas costas com domínio até
seus dedos estarem enfiados entre meus cabelos, puxando-os para trás, dando
livre acesso ao meu pescoço exposto.
Eu o escuto sussurrar algo, desejo ardentemente saber o que
significam as palavras, mas, ao invés disso, meu corpo parece entendê-lo.
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Meus quadris se movem num rebolado para frente e para trás. A excitação
retorna, fazendo-me ficar cada vez mais frenética.
― Isso, Mine! ― ele murmura, completamente entregue, e gemo
apertando seus braços. ― Isso é bom, continue.
Ele está perdido com seus olhos fechados.
― Ah! ― gemo com sua boca em meu seio, sugando-o com força
enquanto sua mão volta aos meus cabelos, puxando-os para trás.
Com movimentos acelerados, gozamos juntos. Caímos de volta no
colchão com nossas respirações aceleradas e abafadas, no momento, o lugar
parece quente demais. Depois de um tempo, movi meu rosto em seu peito
másculo, inspirando seu perfume enquanto seu nariz fuça meus cabelos e
suas mãos acariciam minhas costas suavemente.
― Como se sente? ― pergunta. Não ouso abrir meus olhos.
― Bem ― respondo ainda ofegante. Na verdade, sinto-me leve. ― E
você?
Minha pergunta sai preguiçosa, abro meus olhos cansados, erguendo
minha cabeça para apoiar meu queixo em seu peito. Seus olhos encaram o
céu pensativo, assisto-o tomar uma profunda respiração antes de me encarar
com seus olhos muito brilhantes e cheios de intensidade.
― Eu me sinto vivo ― declara, afastando os fios de cabelos da minha
testa suada.
Franzo o cenho.
― Por que diz isso com desconfiança? ― pergunto vendo seu sorriso
fraco. O gesto não chega aos seus olhos.
― Porque é novo para mim. ― Ele se ajusta cobrindo nós dois com
um lençol. Continuo a observá-lo.
― Novo como?
― Eu nunca me importei tanto com isso. Eu não ligo se uma mulher
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goza ou deixa de gozar. Isso é como uma arma para saciar minha tensão ―
revela me deixando confusa. Sua mão toca meu rosto para me tranquilizar. ―
Mas não foi o mesmo com você. Digo... Foi completamente diferente. Eu me
importei com você. Eu quero ver seu corpo, desejo conhecê-lo cada vez mais
para saber as sensações que sente no momento. Eu quero senti-la por inteira
mesmo odiando essas coisas que rompe nosso contato, mas eu a sinto pulsar
em desejo. É novo para mim, me fez gostar de como isso me agrada. É como
se eu quisesse me queimar dentro de você e virar cinzas sobre seu corpo,
apreciar seu perfume... Sua excitação, principalmente quando goza, é
inebriante. Estou arrebatado.
Não posso deixar de sorrir mesmo com suas palavras um tanto
perversas. Aqueço-me de dentro para fora. Seu polegar desliza pelo meu
lábio inferior, acariciando-o presunçosamente.
― Eu sou diferente? ― murmuro sentindo meu coração se aquecer.
― Completamente ― ele me dá seu sorriso brilhante, fazendo-me
perder o fôlego. ― E inteiramente minha ― dispara de maneira possessiva.
― Mas não acha isso perigoso? O que os outros vão pensar? ― pisco
desorientada.
Será que vou ser capaz de esconder meu interesse agora por Johnatan,
mesmo ele sendo meu primeiro e talvez último homem? Meu coração acelera
com a intensidade dos meus pensamentos.
― Vamos dar um jeito ― assegura rapidamente antes de beijar meus
lábios com suavidade. ― Até lá, vou te querer mais um pouco.
Arregalo meus olhos sentindo sua ereção em meu sexo, cutucando-me
pronta para me possuir. Eu o observo trocar a camisinha rapidamente. Mesmo
com o curativo em suas costelas, ele é quente. Tudo em Johnatan Makgold
exala mistério e, ao mesmo tempo, erotismo, agora mais do que nunca.
― Você sempre é assim tão insaciável? ― indago chocada, mas já
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excitada.
Seus olhos se erguem e noto Johnatan agarrar sua ereção para ajustar
a proteção, o gesto firme me faz engolir seco. Queria saber onde ele encontra
camisinha com tanta rapidez.
― Isso também é uma novidade para mim. Estou sendo insaciável
apenas com você ― afirma abrindo minhas pernas com facilidade. ― Seu
corpo é tão delicioso, tão provocante, tão meu ― sussurra se aproximando e
logo agarra meus cabelos para fixar meus olhos nos seus, revelando sua
possessividade sexual. ― Só meu.
E novamente sou consumida por seu fogo e suas carícias provocantes,
levando-me ao êxtase, fazendo-me gemer como nunca pensei que faria um
dia. Mesmo tendo-o como minha primeira vez, eu o sinto como se
completasse meu coração e possuísse minha alma. Não tinha dúvidas, eu sou
sua Mine, ou melhor, sua Roza, pois é a palavra que mais capturo em seu
idioma sussurrado enquanto me provoca.
Você é minha"
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― Então, ela está mais que feliz. Jordyn sonhou com a chegada do
sábado a semana inteira ― rimos.
― Tenho que cuidar dos outros, mesmo com a folga, não posso
abandoná-los ― sorrio para James vendo sua preocupação com os outros
cavalos.
― Eu vou entrar. Cuide bem dele! ― acaricio o pescoço de Hush.
― Pode deixar ― James me dá sua palavra e, em seguida, segue com
ele.
Os outros estão fora do celeiro. Sid é uma égua expressiva ao me
olhar com indiferença. Sua cabeça se vira para lado vendo Hush se
aproximar, a linda égua branca não vai com a minha cara de forma alguma.
Aperto meus lábios evitando sorrir com a ideia de que ela não me aceita ao
lado de Johnatan, meu modo de pensar é comicamente estúpido.
Já Lake corre para Hush, depois saltita ao seu redor, parecendo feliz
de ter seu amigo de volta ao campo. Ian se junta a eles, pulando com Lake,
feliz ao ver Hush. Pela primeira vez vejo Hush curvar sua cabeça em direção
a Ian. O pequeno garoto louro parece surpreso com o gesto repentino do
animal, esticando sua mão para tocar o focinho dele com cuidado.
Depois de deixá-los no campo caminho para a casa. Assim que entro,
parece que tudo se tornou novo para mim, ao mesmo tempo em que me sinto
mais familiarizada com o lugar. Caminho cheirando a rosa, à procura de
Donna para lhe dizer como Hush está.
Ao caminhar pelo corredor das salas, paro abruptamente ao escutar a
voz desconhecida de uma mulher. Dessa vez mais melosa, tenho certeza de
que não é a senhora Banks. Fico na parede escondida para escutar a voz
suave e afobada de Johnatan, mas, de certa forma, aborrecido com algo.
Aproximo-me sem ser vista para conseguir escutá-lo com clareza.
― Podemos ir jantar ou para algum lugar mais calmo ― eu a escuto.
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pronta para chocar minhas costas na madeira, mas me assusto ao ver Jordyn
em meu quarto com minha cama coberta de peças de roupas.
― Jordyn! ― disparo assustada. Consigo disfarçar com sucesso a dor
em meus olhos.
Aproximo-me do criado-mudo para colocar minha rosa no copo e o
bilhete na gaveta. Eu desejava ficar sozinha.
― Hoje é sábado ― ela bate palmas e me distraio com sua
empolgação. ― Vamos a uma boate.
Balanço minha cabeça incrédula, vendo a quantidade de peças em
minha cama, algumas mais curtas, outras mais longas.
― Boate? ― ela acena. ― Você tem idade para entrar em uma?
― Não e nem você, eu vi pela sua ficha na última festa de jantar a que
fomos ― diz cada vez mais que empolgada. ― Eu tenho dezoito e você
dezenove, mas nessa boate eu tenho alguns conhecidos. Às dez horas da noite
vamos ter que estar prontas. O senhor Makgold não estará em casa, talvez
sairá com aquela ruiva nojenta. Aproveitamos o horário e fugimos ― ela bate
palminhas saltando junto com seus cabelos caramelos.
Meu coração pode ficar pior?
― Como? ― pergunto rouca, mas Jordyn parece não perceber o
tremor em minha voz.
― Apenas escolha algo legal para essa noite, vamos nos divertir,
esquecer cansaço, esquecer problemas, preocupações e decepções ― dispara
me pegando de surpresa.
― Já sofreu alguma decepção? ― fico curiosa.
― Algumas, mas foram passageiras e estou vendo que você também.
Você pode achar que eu não estou percebendo, mas estou sim ― ela tagarela
me fazendo engolir seco. ― Seja lá quem fez isso com você, vamos resolver
depois.
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Franzo a testa.
― Eu não sei se é uma boa ideia ― digo preocupada.
― Não é uma boa ideia irmos ao baile ou tirarmos satisfação com
quem te deixou assim? ― pergunta em dúvida.
― O quê? Eu não tenho ninguém ― minto. ― Quer dizer, talvez, eu
não sei.
― É o James, não é? Eu sabia que aquele garoto não sabe
simplesmente esquecer seu trabalho e se concentrar em uma garota ― diz
distraída com os sapatos.
Fico alarmada.
― O quê?
― Vamos lá, Mine. Está na cara que ele gosta de você. Até que é
bonitinho ― ela sorri.
― Não, Jordyn, não! Somos apenas bons amigos ― eu a corrijo.
― Tudo bem ― ela dá de ombros.
― Eu estou querendo dizer que não é uma boa ideia irmos ao baile
assim ― informo ainda incrédula com os assuntos anteriores. ― E você tem
apenas dezessete anos, e eu, quase vinte.
Jordyn joga uma camiseta xadrez em meu rosto, fazendo-me piscar.
― Dezoito ― ela corrige como se ferisse sua alma. ― Então, vamos
comigo, senhora dois a três anos mais velha? ― ela me deixa inquieta.
― Jordyn...
― Você está parecendo nosso chefe. Só perde para ele em questão de
idade ― zomba me distraindo com uma peça decotada. Jesus, ela usa isso?
― Qual a idade dele? ― finjo desinteresse.
― Vinte e oito ― responde.
Pisco ainda encarando a roupa em minhas mãos. Sim, ele é bem mais
velho. Isso não poderia soar tão erótico para mim, nem mesmo estando
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carros do chefe.
― Jordyn você está louca? ― pergunto a repreendendo. Ela dirige
para longe, sorrindo.
― Eu não vou entrar numa boate sem estilo, eu gosto dessa BMW ―
ela ri empolgada.
― Se acontecer alguma coisa com esse carro, estamos fritas. Já não
basta fugir, agora isso? ― reclamo.
― Mine, vai ser divertido. ― Jordyn parece não me dar ouvidos.
Sua pisada no acelerador me faz segurar o banco, assustada com sua
direção.
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17 – CONFIAR
autofalantes como gritos. Algumas mãos abusadas cercam meu corpo, mas
me afasto olhando para Jordyn, que dança com um homem esguio
animadamente.
Questiono-me por que vim parar num lugar desses. O pressentimento
é estranho para mim, a pista se torna sufocante. Numa parte conflitante em
minha mente, sinto-me vigiada, mas devo repetir a mim mesma que estou
aqui para cuidar de Jordyn.
Balanço minha cabeça para focalizar Jordyn, querendo sentir o alívio
de tê-la por perto, só que não a encontro. As luzes começam a piscar com
frequência, interrompendo minha visão. Minha respiração abafada se altera,
meu alívio de encontrá-la dura apenas meio segundo ao ver um outro homem
a encarando de maneira fria. Pelo pouco que vejo, é o homem esguio de
mandíbula firme. Ele diz algo a ela, em seguida agarra seu braço.
A pista parece cada vez mais apertada, empurrando-me para trás
quando ouso seguir meus passos para frente.
Minhas costas batem contra um corpo causando-me um choque
instantaneamente. Viro-me para pedir desculpas erguendo minha cabeça para
o enorme homem com terno sob medida encarando-me com seus olhos em
chamas. Seu cheiro intenso faz a música gritante desaparecer da minha mente
como distração.
― Johnatan? ― eu o chamo. Tenho um leve vislumbre de conforto
em seus olhos, mas logo retornam para frios novamente.
Isso não é bom, ele está nervoso. Pior, furioso.
As pessoas dançam em volta enquanto nos olhamos. Sem que eu
espere, Johnatan se curva, aproximando-se de mim, e paraliso. Ele inspira,
fechando os olhos como se pedisse por controle, mas sua mandíbula continua
travada. Quando penso que vai me fitar, fixa sua visão para cima.
Sigo seu olhar vendo Jordyn sendo puxada pelo homem de terno
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preto. Ele deve ser algum segurança que descobriu sua idade, meu estômago
se embrulha. A música pode estar alta, mas a voz russa de Johnatan, como se
amaldiçoasse a situação, faz meus ouvidos zunirem e meus ossos tremerem.
Sua mão quente agarra meu cotovelo quando estou disposta a correr
até Jordyn. Olho para ele incrédula. Ele se curva, fuçando seu nariz em meu
cabelo até chegar ao meu ouvido, arrepio-me sentindo sua respiração quente.
― Fique aqui ― sua voz fria faz meu corpo estremecer em excitação
e medo.
Johnatan se afasta, fico surpresa ao ver Peter à minha frente com a
expressão repreensiva. Sinto-me como uma criança desobediente. Johnatan
segue até onde Jordyn foi carregada para uma sala, estremeço pelo que pode
acontecer.
Peter é gentil, conduzindo-me até uma área distante.
― Mine, o que pensam que estão fazendo? ― pergunta preocupado.
― Foi por Jordyn, eu temi que acontecesse alguma coisa com ela. Eu
juro que estava prestes a tirá-la daqui.
Peter balança a cabeça desapontado.
― E ainda roubaram o carro do senhor Makgold? ― sua expressão
lembra meu pai.
― Não, eu não sabia que ela faria isso. Peter, eu só estava querendo
protegê-la ― explico em defesa.
― Eu sei disso, Mine, mas o senhor Makgold está furioso. Seja lá o
que ele for dizer, apenas o escute sem interrompê-lo ― seu alerta faz meu
coração disparar.
Assusto-me com a chegada de Johnatan.
― Jordyn está na Mercedes ― seu tom de voz é frio e autoritário. ―
Vou levar a BMW. Aguarde meu sinal ― Johnatan informa. Peter o entende
perfeitamente.
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que o meu.
― Você está certo. Eu só sei poucas coisas sobre você e sinto muito
pelo o que te aconteceu, mas não é necessário manter todos na sua escuridão
― enfrento-o com raiva sem ter medo dos seus lindos olhos gélidos.
― Vamos embora agora! ― sua voz fria faz meus dentes se
apertarem, afasto-me quando ele ousa me tocar novamente.
― Eu posso ir sem sua ajuda. É só me mostrar o caminho ― destaco
minha fúria.
Johnatan ergue sua sobrancelha antes de se afastar para que eu siga
em frente com meus passos duros.
― Devagar! ― ordena atrás de mim.
Ah, pronto! Agora ele quer que caminhemos normalmente? Vai
entender!
― Você é um controlador ambulante ― acuso resmungando.
― Por que é tão difícil manter uma pessoa em segurança hoje em dia?
― Ele pergunta agressivo.
― Preferiria ir com Peter em vez de aguentar seu humor ― viro meu
rosto para encará-lo.
― Vamos conversar quando estivermos em casa. ― Engulo em seco
ao pensar que Jordyn também está no meio.
Paro de andar para olhá-lo com petulância.
― Bem, senhor. Pode descarregar sua frustração agora, porque não
vou estar a fim de ouvi-lo mais tarde ― digo confiante. É melhor ter sua
fúria aqui do que Jordyn presenciá-la.
Sua boca se aperta numa linha firme. Travo quando vejo sua intenção
de se aproximar para tirar toda a merda do meu corpo com um olhar
censurado, mas ele para abruptamente quando nos assustamos com um grito
fino e agonizando em algum lugar.
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roupas escuras de couro bloqueia minha saída. Sua moto fosca preta me
intimida. Ponho-me a fugir de volta quando ousa me seguir. Minha respiração
não ajuda manter meu corpo tranquilo, fico sem saída, parando no meio do
estacionamento ao ver a BMW prata de Johnatan se aproximando. O carro
veloz faz meus olhos se arregalarem, estou encurralada com as pernas
bambas.
Logo a porta do passageiro é aberta, o carro desliza em uma manobra
giratória até que vejo Johnatan se esticar para me puxar com rapidez,
fazendo-me entrar dentro do carro em movimento, como uma boneca de
trapo protegendo a cabeça. A porta se fecha com um baque firme. Com sua
ajuda, ele trava o cinto de segurança em meu corpo. Sua agilidade foi tanta,
que mal consigo respirar, imaginando que se o carro me batesse, estaria
voando a quilômetros de distância.
A respiração pesada de Johnatan preenche o ambiente. Encaro a frente
vendo a moto se aproximar. Johnatan troca a marcha dando a ré com
velocidade, meu susto sai pela boca ao ver os tiros contra o carro como
faíscas, o barulho é assustador. Muitos são atirados contra os vidros, que não
sofrem nenhuma lesão.
Johnatan acelera, passando pela rua estreita. Aperto minhas mãos no
banco com medo. Ao chegar na rua principal, Johnatan vira o carro, batendo
a traseira com força contra o motoqueiro perseguidor. Ele dirige com mais
velocidade. Noto mais duas motos nos perseguindo.
― Johnatan ― chamo-o com pavor quando ele gira o carro abrindo a
janela do seu lado.
Suas mãos apertadas no volante estão com luvas escuras. Ele saca, de
dentro do seu paletó, uma arma e atira contra os dois perseguidores. Ambos
perdem o controle, caindo brutalmente junto com suas motos. O último
disparo vai direto no primeiro motoqueiro caído, assustando-me quando vejo
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chocada.
― Como pôde tratá-la dessa forma?
― Ela vive na minha casa, deve ter cuidados, mesmo eu tendo uma
equipe de segurança lá fora para cada um deles. ― avisa entredentes.
Balanço minha cabeça sem acreditar.
― Espere ― peço coordenando meus pensamentos. ― Tinha alguém
nos vigiando?
― Vigiando Jordyn e não você. Quando soube que estava junto com
ela na boate, eu queria matar quem quer que seja que a deixou entrar. ― Seu
olhar é severo.
― Queria que eu ficasse para fora? ― Veja, eu também posso ser
petulante.
― Queria que você estivesse aqui. Em segurança!
― Pode estar com raiva de mim, mas tratar Jordyn dessa forma é
exagero ― disparo.
― E o que sabe sobre exagero, Mine? Ambas quase foram mortas.
Estávamos numa elite organizada por uma máfia que sabia que uma das
minhas funcionárias estava no local com uma acompanhante que
provavelmente não sairia imune para contar história. Enquanto eu tive que me
duplicar para salvar vocês... ― A revelação me faz estremecer. ― Então... O
que sabe sobre exagero?
Inspiro profundamente, controlando meu medo.
― Ela só queria se divertir ― sussurro. ― Mas não a culpe por tudo
que aconteceu essa noite...
Eu sei que boa parte da sua fúria tem a ver com os ocorridos no
estacionamento. Seus olhos se levantam para mim friamente.
― Eu a culpo por ela arrastar você ― dispara ríspido.
― Mas em parte isso não faz diferença. Não a culpe por algo que
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― Porque acho que suas mãos em meu corpo estão bastante abusadas
― diz se virando para mim. ― Não pode tocar em um homem tão
vulnerável, Mine ― fico pasma com a mudança do seu humor.
― Quanto à ruiva? ― questiono sem pensar. Sua sobrancelha se
ergue.
― Você a viu, sabia que estava por perto. Ela não significa nada ― a
voz tão sedutora não poderia fazer meus mamilos endurecerem.
Dou um passo para trás, sendo interrompida por sua mesa enquanto
encaro seus olhos famintos em mim.
― Ela te beijou ― digo trêmula quando seus lábios se abaixam para
meu pescoço, provocando-me.
― E eu não aceitei ― ele inspira meu perfume gemendo. ― Seu
perfume é inebriante.
― Quem é ela? ― continuo tentando coordenar meus pensamentos
com suas mãos deslizantes pela lateral do meu corpo. Isso não facilita meus
esforços.
― Mais tarde ― ele sussurra.
― Por que não agora? ― afasto-me brevemente para encará-lo.
Seus olhos me avaliam dos pés à cabeça. Suas mãos fortes se predem
em meus quadris, puxando-me para cima e me sentando em sua mesa.
― Porque estou com sede de você. Quero foder seu interior até tirar
toda merda de dentro de mim. Esse vestido está me matando desde o
momento em que pus meus olhos em você e preciso muito disso. Preciso
muito de você, da sua boca fodidamente excitante. Esse seu perfume de rosa
pura está me matando de tesão. Quero correr meu nariz por todo seu corpo,
em seguida, sentir seu gozo no meu paladar! ― a declaração me faz ofegar.
― Eu gosto da rosa... E dos bilhetes ― revelo com um suspiro, suas
mãos deslizam por minhas coxas.
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18 – COMPLICAÇÕES
Deixo-o deslizar pela base do meu pescoço e percorrer pelo meu colo até
tocar meu seio enrijecido. Assisto-o curiosa vendo seus olhos famintos em
nossas mãos.
― Faça com que isso ― ele aperta minha mão em meu seio ― seja
minhas mãos sobre seu corpo ― sussurra.
Então, arrepia-me ao acariciar meu mamilo rígido com meu polegar.
― Mostre-me o quanto isso te excita, Mine. ― Seus olhos em chamas
caem sobre os meus. Agrada-me ver o quão excitado ele está.
Olho-o apoiado sobre a mesa, vendo minha mão provocar meu seio. A
sensação é excitante, mas preciso de mais. Mordo meu lábio para conter a
vergonha, levando minhas mãos para ambos os seios. Lembro-me como as
suas podem me levar ao prazer. Arqueio meu corpo excitada quando meus
dedos giram em torno dos meus mamilos rígidos, puxando-os.
Fecho meus olhos imaginando suas mãos em vez das minhas. Deslizo
minha mão esquerda por minha barriga enquanto a outra mão continua a
torturar meu seio. Meu corpo pede por suas mãos em mim, mas eu ainda o
imagino me tocando. Gemo ao sentir seus lábios roçando entre meus seios
novamente, mas dessa vez, ele sussurra palavras russas. Seus lábios começam
a percorrer todo o trajeto da minha mão, deixando-me cada vez mais
enlouquecida.
― Eu preciso de mais, Mine ― ouço-o sussurrar contra minha pele.
Seu hálito quente me provoca. ― Toque-se!
Sua voz potente é como uma descarga elétrica que percorre o meu
corpo. Minha respiração se altera quando ponho meus dedos a deslizarem
para minha intimidade. Seus lábios seguem meus toques com suavidade.
― Eu quero você ― confesso rouca. Meu corpo necessita se livrar do
desejo que o consome.
― Você me terá, minha Mine ― assegura com suavidade. Gemo ao
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perversão ao dizer algo em russo, eu sorrio mesmo sem entender. Deixo sua
boca cobrir um dos meus seios enquanto minhas mãos exploram suas costas
musculosas. Gememos juntos pela excitação.
Puxo-o para que seus lábios colem nos meus enquanto nos movemos
em nossa dança sincronizada, um movimento completo e cheio de prazer.
Não demora muito e gozo. Meu corpo estremece com as vibrações intensas
que me invadem. Fecho meus olhos enquanto sinto meu corpo relaxar aos
poucos.
As mãos de Johnatan se apertam em minhas coxas as mantendo em
torno do seu corpo. Ele geme intensamente estremecendo dentro de mim.
Mesmo com a camisinha, eu sei que ele também chegou ao clímax. Seu rosto
se esconde entre meus seios, inspirando meu cheiro com força. Abraço sua
cabeça, permanecendo assim por um longo tempo.
― Você está bem? ― sua pergunta me faz abrir os olhos e encarar o
teto rústico.
Sinto-me cansada e ao mesmo relaxada.
― Não ― respondo presunçosa.
Espio sua cabeça, vendo-o beija meus seios.
― Você está cansada ― adivinha. ― E está muito calada ― ele
observa olhando para meus olhos.
― Sim ― aperto meus lábios para não sorrir.
― Não sabe o quanto é excitante vê-la gozar dessa forma. Nunca
imaginei que poderia gozar vendo o prazer de alguém ― ele sorri debochado.
Coro pelo súbito elogio.
Depois de se retirar de mim, ele me ajuda a sair da mesa. Encaro a
madeira vendo alguns papéis espalhados.
Apresso-me para colocar minhas roupas, Johnatan faz o mesmo. Em
parte, meu corpo está sobrecarregado, depois de uma noite agitada desejo ir
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Um russo tão potente que mesmo sendo sussurrado faz meu corpo se
arrepiar.
― O que isso quer dizer? ― pergunto com um sorriso bobo.
― Você não pode nem imaginar ― diz todo misterioso enquanto me
olha com carinho.
― Vou descobrir ― bocejo ― qualquer dia desses.
― Que monstro eu criei? ― brinca me fazendo rir.
Johnatan insiste em me levar até a cama e cobrir meu corpo. Assim
que ele se aproxima para beijar meus lábios, abraço seu pescoço, puxando
seu corpo para mim.
Eu não sei o que ele fará agora, mas sei que não pretende dormir. Sair
para sua caçada não é uma boa ideia, e imaginá-lo solitário numa academia
espaçosa bem-equipada faz meu coração se apertar.
Seus braços me cercam, acariciando minhas costas enquanto o aperto
em meus braços. Inspiro seu perfume.
― Fique ― peço fracamente. Seus braços se apertam ao meu redor.
― Mine... Eu ― sussurra relutante ao meu ouvido.
― Por favor, fique! ― peço-lhe com urgência, as lágrimas preenchem
meus olhos depois de tudo que aconteceu. ― Não quero que se afaste depois
dessa noite. Preciso de você aqui. Quero me sentir segura.
Johnatan me olha por um momento, afastando minhas lágrimas com
os dedos. Fecho meus olhos quando nossos lábios se encontram. Perco-me na
intensidade do seu beijo.
Quando abro meus olhos, vejo-o tirando a camisa e se juntando a
mim. Escondo meu rosto em seu peito nu sentindo-me cada vez mais
confortável. Seus braços cercam meu corpo, deixando-me aquecida.
Rapidamente me perco num sono profundo e ao mesmo tempo feliz por tê-lo
comigo, no meu quarto, em segurança. Isso é o paraíso.
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"Estou no campo"
Fico feliz ao ver seu curativo, daqui alguns dias ele já poderá se livrar
dos pontos. Admiro a leve brisa brincar com seus cabelos, e sorrio quando
seus olhos me encontram. De alguma forma, isso o faz relaxar. Johnatan sorri
de volta, estendendo a mão para que eu me junte a ele.
Faço o que me pede sem desviar meus olhos dos seus, assim que
alcanço sua mão, ele me puxa, beijando meus dedos antes de encontrar meus
lábios. Eu não deveria me sentir envergonhada por ele estar naquele estado de
espírito carinhoso.
― Bom dia ― saúdo timidamente.
― Será um lindo dia hoje ― diz apreciando o clima.
― Você dormiu bem? ― pergunto quando seu braço envolve meu
corpo.
― Mais do que bem ― dispara sorrindo todo sonhador. ― Eu
gostaria que você dormisse comigo. ― Ele mesmo se surpreende com o que
acabou de dizer.
― Gostaria? ― pergunto surpresa.
― Sim, hoje também ― franze a testa pensativo. ― Aliás, todas as
noites. É uma ordem ― ele tenta parecer severo, apertando-me ao seu lado.
― Eu também gostaria de quando acordar, vê-lo ao meu lado ―
disparo sem pensar, em seguida, aperto meus lábios por causa da exigência.
Meu pensamento alto o deixa um pouco sem jeito.
― Eu sei. Só que, em parte, assusto-me com tamanha intensidade ―
confessa. ― Mas não quer dizer que não a admiro enquanto dorme. É
fascinante e inspirador. Eu realmente quero isso todos os dias ― declara.
Suspiro pensativa com o caminho que estamos percorrendo.
― Eu sei que não está preparado para que todos saibam o que há
entre a gente ― digo de repente, vendo seus olhos pensativos.
Minha atenção vai para os cavalos: Lake parece sapatear, Hush
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continua sua caminhada devagar, talvez cansado pelos esforços, e Sid corre
livremente sem se importar comigo ali presente. Reluto, mas olho para
Johnatan, vendo-o me encarar.
― Você disse que eu mantenho todos no escuro. ― Oh, droga, agora
não! ― Mas, na verdade, mantenho apenas você. Eu gostaria de ser um
homem normal, Mine. Ter uma vida como qualquer outro cidadão dessa
cidade. Poderia te levar para um jantar, um passeio, para qualquer lugar que
desejasse ir sem me preocupar com os demais. Mas não posso. Eu sou
seguido, eles sabem meus passos e se souberem de você...
― Nada vai me acontecer. Sei que não vai permitir. ― Toco seu rosto
preocupado.
― O que estou querendo dizer é que mesmo eu evitando te expor,
eles vão descobrir. Não posso suportar outra perda, então, tenho que mantê-la
no escuro, perto de mim ― seus olhos fixam nos meus com intensidade.
― Eu só não quero me sentir sufocada com tudo isso. É assustador,
Johnatan ― confesso com preocupação. Ele toca meu rosto, beijando-me
brevemente.
― Eu sei ― suspira. ― Mas para mim, isso se tornou pior.
― Por quê? ― meu coração se aperta ao ver a dor profunda em seus
olhos.
― Porque acho que finalmente encontrei um motivo para viver e por
quem lutar. ― Sua emoção é comparável com a minha.
Acaricio sua barba macia, aproximando-me para beijar seus lábios.
Seus braços me apertam, fazendo-me sentir sua entrega em nosso beijo
profundo e cheio de paixão. Quando nos afastamos, nós nos olhamos com
intensidade, como se existisse apenas eu e ele no mundo.
― Eu quero que você continue lutando ― afirmo com um sorriso.
Johnatan parece se emocionar com minha confiança. Nós nos aconchegamos
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Na volta para a mansão, tivemos que nos separar. Era impossível tirar
o sorriso do meu rosto. Retornei para meu quarto a fim de tomar um banho
relaxante antes do café da manhã com os outros.
Jordyn parecia atrasada, mas hoje o dia estava mais tranquilo. Um
domingo bem-vindo com sol forte deixando a cor verde do campo mais nítida
e harmoniosa.
Depois de comer, Johnatan aproveitou a manhã para olhar Hush e
James o ajudava. Eu os assistia de longe, sem tirar meus olhos de Johnatan,
memorizando cada movimento seu. Sua paciência com os animais é
admirável. Eu deveria perguntar qualquer dia o que ele fala para os cavalos
quando toca suas cabeças.
― Como você está? ― olho para trás vendo Donna se aproximar.
― Bem ― pigarreio para limpar minha voz. ― Me desculpe por ter
feito aquilo ontem...
― Sei que sua intenção de proteger Jordyn foi de coração, mas, Mine,
foi errado vocês duas saírem por aí sozinhas ― diz docemente. Balanço
minha cabeça concordando.
― Prometo que isso não irá se repetir ― asseguro, recebendo seu
sorriso materno.
― E a propósito ― ela começa pensativa, tendo minha atenção ―, eu
sei o que acontece dentro e fora da casa.
Ela olha para mim e atrás de mim, talvez para Johnatan no campo.
Engulo meu nervosismo, pronta para negar tudo.
― Donna...
― Eu nunca o vi assim, minha querida ― confessa encantada,
assistindo Johnatan sobre meu ombro. Surpreendo-me. ― Eu só quero ver
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― Filha, eu não quero isso para você. Eu quero que seja alguém na
vida. Sinto-me um estorvo.
― Não diga isso ― repreendo-o.
― Então, volte para casa. Não a quero aqui, nem mesmo perto deste
homem desprezível ― suas palavras brutas me surpreendem.
― Por que o odeia tanto?
― Eu não o odeio, mas não a quero perto dele. Sinto que é perigoso
demais. ― Seus olhos me avaliam. ― Vamos embora! ― insiste.
― Papai, você ainda não está cem por cento. Devo trabalhar para
pagar seus remédios e os celulares.
― Engano seu. Estou noventa e nove vírgula cinco por cento bem ―
brinca, dando-me seu sorriso jovial, mas logo sua expressão muda e seus
olhos perdem o foco.
Uma de suas mãos aperta meu ombro e a outra treme.
― Papai? ― chamo-o confusa.
Ele sufoca o ar me assustando, em seguida, cai sobre mim. Seu peso
me enfraquece e o vejo cair no chão.
― Pai! ― grito assustada, vendo-o tremer.
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19 – EM CASA
Quando ouso a chegar perto para segurá-lo, alguém me puxa para trás,
mantendo-me segura.
― Me solta! ― agito-me nos braços de quem quer que seja.
Minhas lágrimas caem ao ver meu pai tendo uma convulsão, sei que
não posso tocá-lo, mas meu desespero é agonizante.
― Mine, não pode ― escuto James atrás de mim tentando me segurar
enquanto luto em seus braços.
É a imagem mais horrível que já presenciei. O medo de perdê-lo é
angustiante. Choro enquanto James me abraça, consolando-me.
― Eu chamei a ambulância ― escuto Donna se aproximar com
urgência.
Assim que meu pai para de se debater, seus olhos ficam arregalados e
sua respiração sufocada. Corro para ele para pegar sua mão.
― Pai, vai ficar tudo bem. Respira com calma ― peço soluçando.
Peter se aproxima para tocá-lo.
― Ele pode estar em choque. Mantenha-o assim até a ambulância
chegar.
A espera por uma ambulância parece uma eternidade. Eu fico
ajoelhada ao seu lado sem me mover, assim que os paramédicos chegam,
tenho que me afastar para eles cuidarem do meu pai. No carro, sigo junto
com ele, alcançando sua mão enquanto uma enfermeira coloca uma máscara
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tendo em seu braço o tubo de soro injetado. O “bip” ecoando pela sala branca
me faz abraçar meu corpo temeroso, caminho até ele e pego sua mão. Fico
um pouco aliviada por senti-lo quente novamente. Curvo-me para beijar seu
rosto.
― Está me ouvindo? ― pergunto próximo ao seu ouvido. ― Eu estou
bem aqui. Por favor, fique bom logo. Eu preciso de você ― sussurro trêmula,
encostando meu rosto em seu peito, chorando silenciosamente.
De repente, a porta é rompida. Ergo minha cabeça vendo uma
enfermeira bem-vestida me olhar confusa.
― Você tem autorização para estar aqui? ― pergunta, e sinto sua leve
irritação. Pego em meu bolso a carteira do Doutor Banks e entrego. Ela olha
surpresa antes de me devolver.
― Certo, mas não vai poder ficar muito tempo. Tenho que tirar
sangue dele agora ― explica. Aceno, sem querer discutir como meu pai deve
ser cuidado.
Afasto-me, observando meu pai dormir enquanto a enfermeira se
aproxima com sua bandeja, preparando uma seringa.
― Você não disse que ia tirar seu sangue? ― pergunto confusa.
― É um tranquilizante. Como veio na ficha, ele teve uma convulsão
― aperto meus dentes sentindo meus olhos ferverem.
― Isso é errado! ― cuspo as palavras para ela.
― Está confrontando meu lado profissional? ― diz petulante.
― Eu nem sei o porquê de estar aqui, mas deveria ser algo ilegal
contratar alguém que não sabe lidar com pacientes ― disparo incrédula.
― Se fosse tão ilegal, o Doutor Banks, sendo o dono, não me pediria
para fazer isso. ― Engulo minha fúria mesmo pensando que é errado.
Ela ousa se aproximar, mas logo nos assustamos quando a porta é
aberta.
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"VISTA!"
Reviro meus olhos, mas faço o que pede. De imediato, já sinto sua
fragrância. Sorrio grata, guardando o bilhete no bolso da jaqueta, franzo a
testa quando sinto algo estranho e puxo para fora. Arregalo meus olhos ao ver
a seringa no bolso. É a mesma que seria injetada em meu pai. Guardo
novamente quando sinto alguém atrás de mim.
Pelo vidro escuro da cafeteira vejo o reflexo do homem estranho de
porte militar vestido um terno sem gravata. Apresso-me trêmula para deixá-lo
passar. Olho em volta vendo o local se esvaziando.
Saio do seu caminho, deixando-o se aproximar da cafeteira
tranquilamente para pegar seu café. Ele usa um anel negro e tem uma
tatuagem nas costas da mão esquerda. É uma espécie de sinal com três pontas
formando um triângulo com um número 8 desenhado no centro.
― Hospitais me deixam nervoso ― diz ele com sua voz grossa.
Aperto meus dentes mal conseguindo segurar meu café. ― Você trabalha por
aqui ou está acompanhando alguém?
Eu devo dar o meu melhor, jamais vou dizer sobre meu pai. Olho para
o corredor, vendo-o vazio, sinto minhas pernas ficarem como geleias. Não
posso correr, não agora.
― Não. Eu só passei mal ― minto.
Ele se ergue, dando-me um sorriso. Seus caninos são cobertos de
ouro. O homem de olhos verdes me observa.
― Tenho outra pergunta ― indaga. Mantenho meu corpo firme.
― Qual?
― Trabalha para o Makgold? ― o nome é destacado em sua voz.
― Não ― respondo firmemente.
― Resposta errada.
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girando seu corpo brutalmente para o chão, mantendo-o preso abaixo dele
enquanto atinge seu rosto com socos fortes.
― INFELIZ! VOCÊ A MACHUCOU! VOCÊ A TOCOU! VOCÊ A
DEIXOU COM MARCAS! ― Johnatan grita com ódio em sua voz, socando
o rosto de adversário freneticamente.
Lunter ri, recebendo os golpes. Seu rosto fica cada vez pior.
― Acha mesmo que eles não vão descobrir?
Ele se engasga quando Johnatan o agarra pelo pescoço com seu braço,
mantendo-o apertado. Lunter tenta se soltar em vão. Quero afastar meus
olhos da sua morte junto com seus olhos verdes sombrios em mim, mas eu
continuo assistindo paralisada até Lunter perder suas forças, parando de se
mover. Johnatan o joga no chão e ofega.
― Johnatan! ― chamo-o ao ver o motorista apontar a arma em sua
direção.
Johnatan é mais rápido, sacando sua arma e atirando de volta. Em
seguida, vem em minha direção para me abraçar, como se tentasse se segurar
em algo. Tudo é tão rápido que sinto meu corpo se mover de um lado para o
outro quando o veículo perde o controle e gira.
Tento me agarrar em seu corpo, escondendo meu rosto na curva de
seu ombro. Quando o carro para de girar, Johnatan cai grunhindo. Abro meus
olhos, vendo-me pendurada. Estico minhas mãos para tocar seu rosto, ele arfa
me olhando preocupado.
― Você está bem? ― pergunta preocupado.
Balanço minha cabeça dando um soluço.
― Eu quero sair daqui ― Meu corpo pendurado estremece.
Johnatan beija uma das minhas mãos e puxa meu cinto com
facilidade. Meu corpo se solta e ele agarra minha cintura para que eu não caia
sobre seu corpo. Choro abraçando seu pescoço assim que seus braços me
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cercam.
― Eu sinto muito ― ele lamenta beijando meu ombro e me
apertando. ― Temos que ir.
Aceno me arrastando para fora da Limusine. Estamos numa espécie
de beco sem saída. Assusto-me ao escutar mais um tiro, mas não ouso olhar
para trás, sabendo que foi Johnatan colocando um fim em tudo. Depois sai,
ajudando-me a ficar de pé, mantendo-me junto de seu corpo enquanto
seguimos para longe. Sou incapaz de manter meus pés firmes ao andar
rapidamente. Olho para trás no exato momento em que a Limusine explode,
cegando meus olhos. Assustada, escondo-me debaixo de seu braço.
Assim que viramos a esquina, Johnatan me afasta brevemente para
tirar a jaqueta, virá-la do avesso e colocar um boné cinza.
― Mantenha a cabeça baixa ― seu tom é como um aviso.
Obedeço, voltando a nos abraçar antes de entrar na avenida
movimentada. Johnatan consegue roubar um boné com agilidade, sem
ninguém perceber, e coloca na minha cabeça. A agitação me deixa fraca,
ainda estou amedrontada. Minha respiração não ajuda, muito menos minhas
pernas cambaleantes.
Sem que eu espere, Johnatan para de andar, coloca meus braços ao
redor de seu pescoço e abraça meu corpo. Seus olhos me avaliam
preocupados, mas fora isso, parecemos um simples casal no meio das
pessoas. Ele se curva e me beija. Um beijo urgente, que se transforma para
algo mais intenso. Eu o abraço fracamente, retribuindo com todo meu ser.
Não entendo, mas me sinto protegida. Assim que seus lábios se afastam, eu o
encaro, sentindo o leve toque de suas mãos em meu rosto.
― Mine? ― ele me chama preocupados quanto minha visão começa a
escurecer. ― Vamos para casa. Eu vou cuidar de você. Dou a minha palavra.
Suspiro, satisfeita apenas em escutar sua voz terna, mesmo cheia de
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medo e devoção.
― Eu já me sinto em casa.
Gostaria de apreciar seus olhos marejados, mas a escuridão não
permite.
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20 – NÃO TOQUE
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Sinto minha cabeça pesada ser erguida. Dedos gentis acariciam meu
rosto.
― Mine? ― ele me chama, mas gemo contragosto não querendo abrir
os olhos. ― Mine, olha para mim ― sua voz é urgente. Sinto seus lábios
grudando-se aos meus.
Pisco ainda sonolenta, sentindo minhas costas protestarem de dor
quando ouso me mover. Deparo-me com sua expressão preocupada.
― Johnatan ― gemo rouca. Toco seu rosto para afastar seus cabelos.
Seus olhos se fecham num instante para inspirar o perfume em meu pulso. ―
Onde estamos?
Giro meus olhos. Estou num quarto, deitada em uma cama macia.
Meus olhos insistem em se fecharem, mas minha garganta está seca.
― Olha, estamos em um hotel. Mine, me escuta. ― Olho-o sentindo
minha respiração muito calma, mas meu coração acelerado. Não entendo. ―
Eu lhe dei um calmante, preciso que permaneça imóvel. ― Ele segura minha
cabeça.
― O que você fez? ― desejo me irritar, só que estou grogue demais
para isso.
― Eu só preciso que faça o que eu pedir. Você vai dormir por alguns
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esperançosa, querendo que ele se levante para acabar com tudo isso, só que
ele parece estar desmaiado. Isso não pode estar acontecendo. Fixo meus olhos
novamente no pequeno bilhete:
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Ele simulou tudo isso sem me dizer saber o porquê. O medo me atinge ao
pensar que os homens podem fazer mal a ele, até mesmo matá-lo. Mesmo
sendo inútil, eu preciso ajudá-lo, começando a sair desse terrível quarto
luxuoso, ao mesmo tempo assombroso.
Pego seu bilhete de aviso, enfiando em meu bolso. A jaqueta me faz
lembrar do rastreador e a coloco rapidamente depois de guardar o celular.
Assim que estou pronta, saio do quarto, deparando-me com um corredor
extenso com carpete vermelho e quadros pintados à mão. Não faço a mínima
ideia de onde estou, mas posso pedir ajuda a Peter, indo para o hospital.
Prendo meus cabelos, seguindo em frente ao ver o elevador adiante.
Logo travo minhas pernas bambas quando vejo um homem de terno sair de
um dos quartos, falando ao telefone em outro idioma. Ele é japonês, com os
cabelos negros e espetados. Sigo meus instintos em voltar para quarto,
girando meus calcanhares, mas paro abruptamente ao me deparar com outro
japonês de terno me encarando com frieza.
― Senhorita pode nos acompanhar? ― Ele pergunta gentilmente. Seu
sorriso não chega até seus olhos.
Afasto-me tentando controlar minha respiração. Olho para trás ao ser
bloqueada, vendo o primeiro japonês me encarar seriamente.
― E se eu não quiser? ― pergunto assistindo seus sorrisos sarcásticos
antes de ser arrancada do meu lugar com facilidade enquanto me debato
assustada, meus gritos são abafados por uma mão apertada em minha boca.
― Se continuar assim, vou explodir seus miolos dentro deste
elevador. Então, contenha-se e aja de forma civilizada! ― um deles ameaça
com uma arma, paro rapidamente, sentindo as lágrimas arderem meus olhos.
Quando me soltam, fico de pé sentindo a arma ser pressionada atrás
do meu corpo. Assim que chegamos ao térreo luxuoso, vagueio meus olhos
em busca da ajuda, mas as duas recepcionistas parecem distraídas pela beleza
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com isso.
― Mas foi graças a ela que te encontrei. Porque eu vim exatamente
atrás do homem que matou meu pai a sangue frio ― suas palavras saem com
ódio. ― Johnatan Makgold, você é um homem morto.
― Não ― sussurro sem fôlego ao vê-la se aproximar com agilidade,
suas duas espadas batem uma na outra.
Johnatan permanece em seu lugar, sacando a arma e disparando em
minha direção. O homem atrás de mim se afasta com o impacto, ao cair me
leva junto.
Afasto-me quando vejo o tiro em sua testa. Olho para cima assistindo
Nectara e Johnatan lutarem. Ambos são ágeis com movimentos brutais. A
mulher gira suas espadas como se fossem simples baquetas. Johnatan se
mantém na defesa, protegendo-se de qualquer ataque, até agarrar uma de suas
mãos girando a espada para si.
Encaro o chão não querendo vê-lo enfiar a lâmina em direção ao
estômago da mulher, mas retorno a assisti-los e vejo Nectara se ajoelhar
diante dele com os olhos arregalados e a respiração sufocante. Com frieza,
Johnatan puxa a espada e a deixa cair no chão. Ele agarra seu queixo,
apertando seus dedos em sua pele com força, encarando-a um ódio mortal.
Nectara estremece, seus olhos puxados tentam se manter aberto.
― Eu sei uma parte sobre você, Hanakuri. A única coisa que posso
dizer com toda a certeza é que eu não matei seu pai. Seria mais justo ser mais
civilizada para conversar comigo, mas seu pior erro foi tocar em alguém que
não deve ser tocado ― Johnatan murmura com frieza, soltando-a assim que
seus olhos se fecham, deixando o corpo da mulher chocar-se com o chão sujo
violentamente.
Preciso de ar, preciso de ar com urgência. Rastejo-me pelo chão para
me manter firme. Meu corpo treme e meus dentes batem enquanto choro.
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dias. Ele não deveria ter me tratado assim, não deveria ter me dopado, nem
mesmo me ter feito de cadáver correndo riscos.
Encaro o céu vendo a noite se aproximar, o lado do meu rosto ainda
arde, mas é uma dor superficial. Assim que estaciona, encaro o prédio de
vidro, fico feliz que não seja o hotel onde passei terror nas últimas horas. Eu
ainda tenho que confrontá-lo e perguntar para quem ele trabalha. Meus
pensamentos se diluem brevemente quando o escuto suspirar ao meu lado,
afasto-me da janela.
― Vamos ficar por aqui ― ele diz com calma, pegando-me de
surpresa por seu tom casual. ― Eu tenho um apartamento aqui. Na verdade, o
prédio é meu e são poucas as vezes que venho aqui para ter um pouco de paz
― suspira. Aperto meus dentes ao escutar seu um pouco de paz.
Antes que Johnatan explique sobre sua moradia, saio do carro
corajosamente. Sinto-me tonta só de olhar para cima, o prédio é enorme, ao
mesmo tempo peculiar e muito privado, pergunto-me se estamos fora da
cidade. A porta do carro se fechando me diz que ele também saiu. Um
homem alto de terno cinza e cabelos crespos se aproxima em reconhecimento
para Johnatan.
― Senhor ― cumprimenta o homem todo profissional. Quero revirar
meus olhos. Claro ele é Johnatan Makgold... O Poderoso Chefão, meu
pensamento é irônico.
Fora minha distração, as perguntas continuam a me atormentar e
nenhuma das respostas me levam a lugar algum, nem mesmo me ajudam a
me manter calma. Quando Johnatan fica ao meu lado, seguimos até a entrada
envidraçada do prédio. Eu o acompanho, vendo pelo canto dos meus olhos,
seu desconforto. Continuo em choque, então, não posso simplesmente sorrir
para ele dizendo que está tudo bem. Eu preciso saber mais.
Johnatan segue diretamente para o elevador, acenando para uma
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mamilos enrijecidos. Seus lábios deslizam por minhas costas até chegarem às
minhas nádegas. Meus gemidos se alteram quando sua língua desliza por meu
sexo. O tamanho da excitação não me deixa sentir constrangimento. Sem
demora, ele me invade lentamente.
― Você é tão gostosa por dentro, minha Mine. Sinta o quanto lhe
completo, o quando sua carne macia e pulsante se fecha perfeitamente em
mim ― diz inebriado. Sim, eu o sinto.
Quando ele se move, gemo, sentindo-o escorregar cada vez mais
fundo.
― Mais forte! ― peço sem pudor.
Meu pedido parece enlouquecê-lo, pois se move mais rápido enquanto
fico cada vez mais empinada para ele.
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21 – EXPOSTO
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controle. Você tem que ter sua mente sempre ligada a tudo e todos ao seu
redor. Dessa forma, seu corpo, junto com sua mente, trabalha em sincronia.
Aprender a escutar também faz parte da concentração ― ele sorri para mim,
terminando de se barbear, e eu apenas continuo interessada.
― Você já foi pego de surpresa?
Que pergunta idiota, penso.
― Sim. Duas vezes ― responde lavando o rosto. Sua barba está feita,
seu rosto liso, bem-desenhado e sem nenhuma ferida.
― Quais foram?
― Quando você caiu em meus braços a primeira vez em que a vi. Eu
não esperava e podia sentir algo estranho se aproximando, pronto para tornar
tudo uma catástrofe ― ele ri livremente. Delicio-me com o som, mas logo
fico séria.
― Isso não tem graça ― digo.
Johnatan tenta ocultar o sorriso.
―Tem toda a razão ― ele não evita o sorriso.
― E qual foi a segunda? ― cruzo meus braços o encarando.
Seus olhos azuis parecem brilhar com um humor repentino.
― Você me atacando no elevador ― ele gargalha.
― Você só pode estar de brincadeira. ― Eu tento, mas não consigo
me manter séria.
― Estou falando a verdade. Eu realmente estava nervoso com você
por não ter seguido meu aviso. Só que ver você distante de mim é
perturbador. Confesso que a prefiro falante do que calada. Parece que uma
porta se fecha e eu não consigo chegar até você ― desabafa, acariciando meu
rosto.
― Eu realmente não me arrependo de ter feito aquilo, nem mesmo da
minha reação ― digo, abraçando seu pescoço para beijar o queixo macio.
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ocorrido ― seus olhos ficam sérios. ― Eu ainda temo pelo pior, Mine. Não
quero que isso te atinja ― seus braços me apertam.
Fico pensativa ao acariciar seus cabelos.
― Eu tenho muitas perguntas.
― Eu sei que tem, mas, dentre elas, a maioria eu não quero responder.
― Por quê? ― franzo a testa.
― Porque pode fazê-la se afastar de mim. Por mais que eu queira
isso, meu coração não permite ― seu desabafo me faz sorrir.
― Eu já o vi matar, Johnatan, acredite, não pode ter algo pior que
isso. Dentre as muitas perguntas, a que mais me intriga é saber para quem
você trabalha.
Seus olhos ficam em alerta, noto que seu corpo relaxado fica tenso.
Eu lhe devo explicações.
― Enquanto estava no hotel, eu ouvi conversar com mais alguém.
Quando você foi levado por aqueles homens, eu vi seu celular numa ligação
automática para algum número restrito ― estremeço. ― Quando atendeu, eu
disse que te levaram, depois disso, o homem desligou. Sei que foi o mesmo
homem que estava naquele quarto. Você trabalha para ele? ― pergunto
vendo seus olhos me encararem, mas sem o foco de que estou à sua frente.
― Não ― ele responde. ― Ele trabalha para mim.
Franzo a testa.
― Então, por que ficou assim?
Finalmente seus olhos me encontram quando nota meu medo ao
pensar que a pessoa seja alguma ameaça.
― Porque não fui eu que deixei o celular em ligação automática ―
ele diz e me afasto para encará-lo.
― O quê?
Assusto-me quando ouço suas palavras russas como se amaldiçoasse
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algo.
― Colocaram uma escuta ― murmura para si mesmo. Minha
respiração se altera.
Pulo do seu colo, agarrando-o quando o telefone do apartamento toca,
deixando-nos paralisados.
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22 – FORA DE CONTROLE
Saio do seu colo para lhe dar espaço. Johnatan inspira profundamente,
levantando-se como se tivesse um peso em suas costas.
Sigo-o até a sala principal, onde atende o telefone em seu idioma
grave, mas logo se interrompe para me observar.
― Sim, ela está comigo ― informa. ― E os seguranças? Mantenha
sempre com ele. Pede para Donna voltar para casa. Avise ao James que
precisarei do carro pronto amanhã ― ele ordena, depois escuta a resposta do
outro lado. ― Ótimo! Mine precisa descansar. Amanhã vou levá-la para
visitá-lo.
Eu me aproximo dele assim que desliga, parece incomodado.
― Quem era? ― questiono, imaginando que tenha sido do hospital.
Seus olhos parecem cansados.
― Peter ― suspira. ― Seu pai acordou perguntando por você, mas
voltou a dormir por causa dos medicamentos. Donna ficou com ele esse
tempo e agora Peter passará essa noite. Amanhã a levarei para vê-lo. ― Meu
coração se aperta, logo seus braços me acolhem. ― Seu pai vai ficar bem,
não se preocupe.
― Você disse algo sobre os seguranças. O que isso quer dizer?
― Quer dizer que há dois homens fazendo a escolta no hospital ― diz
com firmeza. Aperto meus lábios.
― E como ele está? Por que não podemos ir agora?
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― Parece que ele acordou agitado. Não se preocupe, ele está em boas
mãos. Por ordens minhas, o atendimento dele está sendo exclusivo. Agora,
você precisa descansar. ― Nada o fará mudar, por isso, decido acatar sua
decisão.
Aperto meu rosto contra seu peito quando as lembranças do dia
vagueiam por minha mente.
― Quem são aqueles homens que o pegaram? ― franzo o cenho.
Escuto Johnatan suspirar enquanto acaricia minhas costas
distraidamente.
― Eles faziam parte da máfia. As tatuagens que alguns trazem nas
mãos pode ser a marca registrada que os consideram membros mais velhos.
― diz pensativo, assim como eu ao me lembrar da estranha tatuagem. ―
Quando percebi o movimento no hotel, tive que tomar providências. Aquilo
não era sangue de verdade. Era o sintético que uso para atrair as vítimas. Eu
tive que improvisar para te proteger. Não tinha muito tempo, eles estavam se
aproximando, então, tive que simular sua morte. Assim que invadiram o
quarto, deixei que me nocauteassem e usassem o choque, permaneci caído
para atraí-los apenas para mim.
― Eu os vi atingi-lo na nuca ― digo com uma careta aborrecida.
― Eu sei. Aquilo foi uma tortura aceitável ― ele vira a cabeça,
mostrando a marca vermelha em sua nuca, afastando o cabelo. ― Eu consigo
lidar com a tortura física. Onde me atingiram foi fraco ― sorri sem humor.
Pisco desorientada.
― Então, você estava acordado e não fez nada? ― questiono
horrorizada.
― Eu queria que me levassem para longe. Se começasse uma briga
ali, as coisas seriam muito piores, sobretudo com você daquela forma. Eu não
poderia me arriscar ainda mais ― explica exasperado.
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alerta, assim como sua testa franzida. Seu corpo sobre o meu parece criar
alguma barreira protetora. Lamento por não ter mais sua expressão jovial.
Johnatan baixa seus olhos confusos para mim quando toco seu peito.
― O quê? ― ele pergunta, inspirando profundamente como se tivesse
levado um susto.
― Eu não sei ― respondo perturbada. ― Você acordou de repente.
Teve algum pesadelo? ― pergunto preocupada.
Johnatan balança a cabeça.
― Não. Você se assustou com algo, tremeu em meus braços e eu
acordei. Jesus, mulher, quer matar esse pobre homem? ― tenta controlar sua
respiração.
Meus olhos se arregalam.
― Você é muito ativo ― murmuro. Como eu ia adivinhar que meu
corpo trêmulo iria acordá-lo feito louco? ― Desculpe.
Estico meu corpo encolhido, deixando seu corpo se deitar sobre o
meu. Johnatan apoia os cotovelos no colchão para me olhar.
― Do que está se desculpando? ― seu sorriso torto me faz parar de
respirar.
― Por ter te acordado ― digo com inocência.
― Você disse que eu sou ativo? ― sua sobrancelha se ergue. Engulo
em seco, balançando a cabeça. ― Você mesma pode dizer sobre isso, Mine.
Quando suas pernas afastam as minhas, sinto sua ereção por baixo de
sua calça. Arregalo meus olhos. Sem que eu espere, meu corpo gruda no seu.
― O que me diz, minha Mine? ― questiona, mordiscando meu lóbulo
antes de deslizar seus lábios em meu pescoço.
― Ativo deveria ser uma palavra proibida ― gemo quando sua
ereção se aperta em meu sexo latejante.
Seu corpo treme enquanto escuto sua maravilhosa risada, meu
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Franzo a testa.
― E se não der certo?
― Cancelo qualquer vínculo com a parceria que não mostra interesse
em ampliar o negócio, vendo para outro interessado e continuo normalmente
― murmura enquanto come sua omelete. ― Não gosto de ficar sempre nas
mesmas coisas. Gosto de buscar novos conhecimentos para outras inovações.
― Ele se curva para beijar meu rosto delicadamente.
― As pessoas da máfia nunca tentaram entrar no meio de todo esse
trabalho? ― pergunto com cautela.
― Algumas vezes, quando descobriram meu nome por trás das
empresas de grande sucesso. Mas eu tenho regras rígidas para contratar
alguém para a minha companhia. ― Ele me olha com um sorriso torto. ―
Todos os meus funcionários são altamente qualificados. Antes de serem
contratados, são avaliados e pesquisados.
Faço uma careta.
― Você fez algo do tipo antes de me contratar? ― fico desconfiada.
― Você foi uma exceção. Eu não precisei fazer uma pesquisa
profunda para saber de você. Aliás, muitos conhecem Edson Clark. Caso não
saiba, foi ele que esculpiu meu Lake em madeira.
Sorrio interessada. Seu sorriso também se abre.
― Isso é sério? ― ele acena. ― Nunca vi meu papai esculpir aquele
cavalo ― digo pensativa.
― Foi há quase seis anos ― revela. ― Eu o encontrei na praça da
cidade vendando algumas esculturas, então, disponibilizei a madeira e me
impressionei por ele ter conseguido terminar em menos de dois dias. Eu
ofereci uma boa gorjeta, mas ele só aceitou o custo da mão de obra.
― Bem, provavelmente eu estava em época de provas e passava mais
tempo estudando do que o ajudando, caso contrário, eu teria lembrado ―
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meu pai ergue os braços em minha direção, vejo a saudades em seus olhos
cinza. Minhas lágrimas caem e corro para ele, abraçando seu corpo, deitando
minha cabeça em seu peito.
― Está tudo bem agora, querida ― ele me conforta.
― Você me assustou.
― Eu sei, sinto muito. Eu abusei dos remédios no desespero de me
recuperar logo. Isso não vai se repetir ― promete beijando meus cabelos.
― Por que fez isso? ― ergo minha cabeça.
Seus olhos demonstram arrependimento.
― Estava tentando ficar melhor para que pudesse voltar para casa. ―
Sua confissão aperta meu coração. Um suspiro pesado atrás de mim lembra-
me de que Johnatan continua ali.
― Ela está segura na mansão Clark, eu garanto ― Johnatan dispara.
Olho para trás, confusa com seu alerta; assim que vê minhas lágrimas,
seus olhos suavizam em preocupação. Meu pai se ergue para me abraçar
antes de enfrentar Johnatan.
― Não diga o que é bom ou não para minha filha ― o tom frio me
faz estremecer.
― O que estou querendo dizer é que desde o dia em que Mine entrou
naquela casa ela continua sendo uma prioridade minha. Eu lhe prometi que a
protegeria ― Johnatan assegura. Afasto-me com o coração agitado.
Meu pai o observa seriamente, como se suas palavras fossem
criminosas.
― Está dizendo que não tenho capacidade de proteger minha filha?
― meu pai se altera. Seguro seus ombros quando tenta se levantar.
― Pai ― chamo-o desesperada quando o vejo arrancar os tubos de
suas veias e me afastar para se levantar. ― Pai, não...
Papai é quase da mesma altura que Johnatan. Ele está furioso e o
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outro homem apenas o encara sem se mover. Eu tento detê-lo, mas meus
esforços são em vão quando ele agarra o pescoço de Johnatan com uma mão,
empurrando-o contra a parede com força. A cena me assusta.
― Papai... Pare! ― tento afastá-lo.
― Não venha me dizer que minha filha ou qualquer um à sua volta
estão seguros ― ele volta a empurrar Johnatan contra a parede. ― Eu a criei
depois da morte da mãe. Eu a transformei numa pessoa melhor do que muitos
que se vê por aí. Minha Mine não precisa de proteção de um assassino, um
monstro sangue frio como você, seu pedaço de merda! Não venha me dizer o
que é melhor ou não para minha filha. SE AFASTE DELA ANTES QUE O
PIOR POSSA LHE ACONTECER! ― meu pai grita, fazendo as veias de seu
pescoço saltarem.
Johnatan não luta, apenas deixa sua cabeça ser chocada a cada frase
dita de meu pai.
― Pai, está me assustando! ― digo com firmeza, fazendo-o soltar
Johnatan. Papai se vira para mim com os olhos febris. ― Você não é assim.
Não sabe o que está dizendo! ― sussurro com tristeza.
― Querida, me desculpe ― apressa-se envergonhado.
― Por favor, não acredite em tudo que dizem ― peço olhando em
seus olhos.
Johnatan me olha surpreso e desliza seus cabelos para trás.
― Eu sinto muito, não queria que visse isso. ― Papai me abraça.
Olho para Johnatan com tristeza, desculpando-me. Ele acena, não
parecendo surpreso com tudo que aconteceu.
― Agora, volta para cama, não foi nada legal se levantar desse jeito
para uma confusão ― eu o repreendo antes de voltar minha atenção para
Johnatan. ― Sinto muito por isso, senhor Makgold. Agradeço por tudo que
tem feito pelo meu pai ― digo envergonhada.
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aproxima.
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23 – ALIANÇA
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me entrega a rosa.
― Aqui é maravilhoso ― pego a rosa, sentindo seu perfume. ― Há
quanto tempo tem esse lugar? ― pergunto apaixonada.
― Há muito tempo ― ele sorri olhando em volta. ― Minha mãe
tinha esse lugar para suas plantações. Ela amava principalmente as flores.
Uma vez plantei semente de rosas bem ali ― aponta para o lado esquerdo ao
lado da entrada. ― Eu pensei que era semente de abóbora grande, o vendedor
me enganou. ― Rimos. ― Imaginei que teria uma halloween com a maior
abóbora do mundo, mas acabei com rosas ― ele sorri timidamente.
― Mas você começou a gostar delas ― observo. Ele acena.
― Era como fazer a primeira obra de arte. Minha mãe sempre cuidava
e adorava as amarelas ― diz perdido em lembranças. ― Depois da sua
morte, eu não podia cultivar o lugar, tudo pegou fogo. A sorte foi que os
bombeiros chegaram antes que tudo isso virasse um deserto. Durante minha
luta para reerguer — e com a herança da família —, tive que terminar de
destruir o estrago para reconstruir a casa. Aqui só sobrou uma rosa vermelha
― diz, mas não consigo imaginar o lugar destruído.
― E onde está essa rosa? ― sorrio.
― Eu a deixei no túmulo da minha mãe.
Ver seu sorriso triste machuca meu coração.
― Ela com certeza amou ― digo com carinho, colocando minha rosa
em meus cabelos.
Para nossa surpresa, uma chuva inesperada cai por todo o lugar. O
cheiro da terra e da rosa se intensificam. Levanto minha cabeça, apreciando
as gotas.
― Está ficando forte ― pisco algumas vezes para afastar a água em
meus olhos.
Johnatan continua a me observar com um sorriso sonhador. A chuva
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― Células se unem...
― Podemos nos unir perfeitamente em meu quarto.
Johnatan volta a provocar minha pele. Suas mãos ousam levantar
minha camiseta para acariciar minha pele por baixo do tecido. Coerência, eu
devo me manter atenta antes que dê por vencidas as minhas fraquezas.
― O que estou querendo dizer é sobre aquelas tatuagens. Alguns têm,
outro não... ― Seu corpo congela. ― Você disse que eles são muitos, mas há
outros, assim como foi com Nectara. Eu não sei o que causa a ira deles contra
você, mas já pensou na hipótese de eles estarem se unido?
Johnatan se afasta, sinto um frio em minha espinha ao ver seus olhos
perdidos.
― Isso é impossível ― ele murmura, mas está desconfiado.
― Como você pode saber se todos eles estão atrás de você? ―
pergunto temerosa por sua expressão conturbada. ― Johnatan, o que tanto
eles querem de verdade?
Meu coração dispara quando seus olhos azuis profundos e obscuros
me encaram em alerta.
― Meu sangue.
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24 – IDENTIDADE FALSA
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poder. Ele disse que, para alcançar tudo isso, teria que correr atrás dos
comandos daqueles que o enviaram. ― Seu tom se torna cada vez mais duro.
― E o que isso tem a ver com você? O que é essa Sociedade? Não faz
o menor sentido! ― desespero-me por ver a luta em seus olhos.
Johnatan puxa o ar entre os dentes, esfregando seu rosto com força.
Quando seus olhos param nos meus, vejo a mistura de ódio com dor, tenho
que me segurar para não me afastar da expressão sombria.
― Sociedade pode ser o grupo que me persegue. Meu pai era um
deles. ― A revelação cheia de repulsa me alarma. ― Numa Sociedade
Criminosa como essa, você não sai imune. Ou você entra vivo e aceita as
condições propostas num contrato dando para eles total controle de sua vida,
sua família, seus bens e até sua alma. Ou você sai morto sem história para
contar. Eles sabem sobre você, sabem o que você faz ou deixa de fazer, sabe
sua classe social, te manipulam e, quando conseguem, a pessoa passa por um
ritual de aliança, esse ritual vem junto com o contrato. Meu pai assinou um
contrato com seu sangue, aceitando todas as propostas deles. Ele pôs em risco
a vida de todos na casa, quando o seu serviço não foi concluído no prazo
destinado, invadiram minha casa, torturaram e mataram a minha família na
minha frente!
Agora posso reconhecer a fúria contra seu pai.
Johnatan suga o ar como se precisasse se acalmar, mas seu rosto
vermelho e seus olhos em chamas ainda mergulham em ódio.
Engulo meu choro, respirando profundamente.
― E por que você? Mesmo com esse contrato, seu pai está morto
agora ― estremeço, já sabendo o caminho que isso o levará.
― Não vê? Isso é para que eu termine o serviço que ele começou ―
dispara com fervor.
Um arrepio frio percorre todo o meu corpo. Johnatan volta a encarar
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― Não foi você que disse que um Clark tem uma boa mira? ―
Johnatan me provoca beijando meu rosto. Afasto-me.
Jogo a faca com força. O cabo preto bate pesadamente na madeira
firme. Tento mais uma vez, duas, três, sem sucesso.
Olho para Johnatan, vendo-o me observar, apertando a mão em sua
boca para esconder sua diversão.
― Acho melhor você se concentrar em sua pesquisa, John ― digo
usando seu apelido para provocá-lo, mas a única coisa que consigo é um
sorriso largo.
― Gostei de ser chamado assim por você, mas te corrigindo, isso está
mais divertido que aquilo ― afirma.
Rosno arremessando a oitava faca. Suspiro e vou até a madeira para
pegar as que estão no chão.
― Isso não é tão divertido quanto aquela bazuca ― murmuro
retornando para o lugar.
― Fuzil ― corrige novamente. Aperto meus lábios para esconder
minha diversão. ― Agora, mantenha as pernas firmes, o corpo reto, os pulsos
relaxados e seu braço direito firme quando for arremessar. ― Que maravilha,
agora ele está me ensinando!
Esforço-me o quanto posso e não consigo até a terceira tentativa.
― Foco ― lembra-me.
Viro para ele, movendo meu braço cansado.
― Fala como se fosse fácil ― Minha descrença o faz levantar a
sobrancelha.
Ele se aproxima para pegar as cinco facas das minhas mãos. Ao
contrário de mim, não segura nos cabos, mas sim nas lâminas. Num
movimento rápido e de perfil, ele arremessa as cinco. Pisco meus olhos
surpresa, vendo as facas pregadas na madeira de forma horizontal.
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prazer, em te deixar cada vez mais enlouquecida, muito mais do que eu.
Aprecio suas sensações, seus gemidos, seu corpo se entregando
completamente a mim. ― Ele sorri enquanto eu coro. ― Nunca pensei que
tamanha sensação existisse. Quando estou dentro de você, tudo desaparece.
Não há problemas, sacrifícios, preocupações. Somos somente eu e você.
Apenas sinto a possessividade do momento, de como você me pertence, de
como nasceu exclusivamente para mim. ― Seu olhar profundo acelera meu
coração.
― Eu sou a sua Mine ― digo com fervor, observando seu sorriso
perfeito se abrir de forma provocante.
― Sim, você é a minha Roza ― declara com intensidade.
Ele se aproxima me puxando para seus braços e me beija com
carinho. Acaricio seu rosto enquanto sinto suas mãos em meu corpo me
impedindo de me afastar; aprofunda nosso beijo.
― Hum... ― gemo. ― Eu tenho que ir ― ofego com sua boca
deslizando em meu pescoço.
― Podemos terminar isso no meu quarto ― murmura rouco,
mordiscando minha pele.
― Mas eu preciso mesmo ir para o meu quarto ― digo fracamente.
Ele se afasta para me olhar com seus lindos olhos em chamas, cheios
de desejos.
― Está me dispensando? ― sua sobrancelha se ergue.
― Pense como um castigo. ― Afasto-me com um sorriso malicioso.
― Castigo? Por causa disso? Mine, você é importante demais ― ele
se preocupa. Sorrio.
― Fico muito feliz em escutar isso. E sim, é um castigo, mas também
porque preciso descansar um pouco mais. Amanhã, depois de ver meu pai,
voltarei à rotina da casa. ― Sorrio.
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― Sim ― acena.
― Boa noite, Johnatan ― jogo um beijo e caminho rebolando até a
saída.
― Qualquer dia você vai me matar ― murmura. Quando olho para
trás, vejo-o apreciar minha bunda.
― Não é você mesmo que diz que eu tenho que ficar longe do perigo?
― finjo inocência, vendo sua expressão se tornar selvagem.
― Mine ― grunhe.
Abandono a sala com uma risadinha maliciosa.
Sorrio feito uma boba por seu bilhete, guardo-o em minha gaveta
junto com os outros e cheiro a rosa antes de beijá-la, lembrando-me dos
momentos na estufa.
Depois de um banho relaxante, visto meu jeans e uma camiseta com
detalhes de renda branca. No caminho para a cozinha, encontro James saindo
de seu quarto.
― Oi ― cumprimenta, surpreso ao me ver. Sorrio.
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― Oi, James.
― Como está seu pai? ― pergunta.
― Está se recuperando. O senhor Makgold vai me levar para vê-lo
mais tarde ― eu me animo. James aprecia.
― Vocês parecem próximos ― seguro minha respiração por seu
comentário.
― Ele está me ajudando muito, assim como você, Peter e Donna ―
Tento contornar a situação.
― Estou falando de outra forma ― ele coça sua nuca. ― Eu vejo
como ele olha para você, Mine.
― O que está querendo dizer, James? ― sufoco meu nervosismo com
uma risada. Volto a caminhar sem sentir minhas pernas.
― O senhor Makgold pode ter suas exigências com todos aqui, mas
quando se trata de você...
― James... ― interrompo.
― Eu vejo isso em você também ― ele me olha com seus doces
olhos tristes e acaricia meu rosto. ― Só peço que tome cuidado. Fique longe
dele, é o melhor que você pode fazer. Antes que se machuque ― aconselha
com preocupação.
Suspiro com força.
― Eu estou bem ― asseguro com um sorriso. ― Obrigada por se
preocupar comigo.
― Não precisa agradecer ― acena.
No café da manhã, Donna diz que Peter continua no hospital com meu
pai. Devo agradecer de alguma forma o seu apoio. Jordyn me faz sorrir a
maior parte do tempo ao dizer que a deixei na mão nos últimos dias, com
isso, penso em aproveitar o tempo e ajudá-la. Ian se diverte por não ter aula,
correndo para o celeiro. James está quieto, sinto-me desconfortável por vê-lo
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tão preocupado.
― James está assim há muito tempo ― Jordyn comenta assim que ele
se afasta ― Vai passar.
― Ele parece infeliz ― murmuro.
― Talvez porque você não estava aqui nos últimos dias ― ela ri,
Donna bate em seu braço.
― Querida, James é apegado com todos na casa ― Donna a corrige
com um sorriso amoroso.
― Ele gosta dela, Donna. ― Jordyn revira os olhos e se levanta para
lavar a louça, assim como eu.
― James tem um grande coração ― a senhora pisca para mim.
― Com isso tenho que concordar ― Jordyn gargalha nos fazendo rir.
Depois de sair da cozinha, nós nos ocupamos na sala da entrada. Hoje
Jordyn insiste em trocar alguns móveis de lugar.
Somos interrompidas quando James aparece sorrindo para nós duas e,
em seguida, um homem de estatura média, de terno e com uma pasta de
couro, aparece observando tudo na casa.
― Olá, meninas ― James cumprimenta, fico feliz por seu humor
estar de volta. ― Esse senhor está à procura do senhor Makgold, mas eu não
posso atendê-lo agora, tenho que ir para o campo ― James se desculpa
saindo da casa quando acenamos.
O homem sorri com simpatia e estende a mão para nos cumprimentar.
― Olá! No que podemos ajudar? ― Jordyn pergunta.
― O Makgold está? Sou Garimi Leto ― ele se apresenta.
― Eu vou informá-lo...
― Ele não está ― interrompo Jordyn. ― O senhor Makgold foi
resolver alguns assuntos da empresa.
Jordyn pisca surpresa.
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― Que pena. Ele pediu que eu viesse. Sou o detetive contratado por
ele para falar sobre o incêndio que ocorreu está manhã em uma das empresas.
Arregalo meus olhos preocupada.
― Meu Deus ― Jordyn exclama ― Onde foi isso?
― Na companhia de transportes no centro da cidade, felizmente,
ninguém se feriu. ― O homem comunica para meu breve alívio. ― Mas já
que ele não se encontra, vou procurá-lo na MK Enterprise.
― É claro ― Jordyn concorda me olhando. ― Mine, pode
acompanhá-lo até a saída? ― Jordyn diz, demostrando que suas roupas
amarrotadas não estão nada adequadas para o momento. Aceno.
― C-claro ― gaguejo. Em seguida, sorrio para ele, caminhando até a
saída.
― Aqui é enorme ― Garimi observa com simpatia.
― Sim, é ― respondo por educação.
― Um bom lugar para o chefe relaxar ― continua apreciando.
Aceno o guiando para o portão, mas somos distraídos por Hush que
aparece todo glorioso. Garimi se vira surpreso.
― Minha nossa ― ele murmura olhando para Hush ao meu lado
como se o encarasse. ― Nunca vi um...
― Sim, ele é enorme ― eu sorrio ao ver seu choque, mas logo fico
confusa quando Hush fica imóvel.
Em instantes, Lake aparece, como sempre, curioso, e caminha mais
próximo de mim. Faço carinho em sua cabeça, querendo rir da expressão de
Garimi.
― Nunca pensei que Johnatan tivesse cavalos ― ele murmura.
― Eu também não ― confesso.
Gerimi olha impressionado para os dois cavalos e sorri. Lake me
empurra gentilmente com sua cabeça.
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25 – MINHA FORÇA
Corro para dentro da casa seguindo direto para o meu quarto. Procuro
o celular na cômoda e ligo para Johnatan. Temo pelo pior quando cai direto
na caixa postal. Impaciente, guardo a carteira em meu bolso, voltando para a
sala, na tentativa de me concentrar nas ordens de Jordyn com os móveis, mas
novamente tento ligar para Johnatan.
À tarde, quando escuto o portão se abrindo, corro para fora vendo o
conversível entrar. Sigo até Johnatan, aproveitando sua parada para entrar no
carro. Sugo o ar com força.
― Minha nossa, isso é tudo para me ver? Ou ver seu pai? ― sorri
humorado, mas logo fica sério ao ver a preocupação em meu rosto. ― O que
aconteceu?
― Pensei que tivesse acontecido alguma coisa com você ― disparo
preocupada. Fecho meus olhos brevemente quando seus dedos acariciam meu
rosto.
― Eu estou aqui ― diz com cuidado.
― Tentei te ligar ― reclamo.
Ele franze a testa e procura seu celular no bolso. Ao olhar a tela,
revira os olhos.
― Eu o deixo no silencioso quando estou em reunião. Desculpe ―
verifica novamente. ― Certo... Treze ligações da Roza ― ele murmura, pisco
pegando o celular de sua mão para ver o nome destacado. Sorrio brevemente,
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Johnatan, mas nada é pior do que quando estremeço Johnatan rosnar, numa
mistura de dor e ódio.
― Quando soube que estava vivo, contei os dias por esse momento,
mas não sabia que aquele garoto fraco se transformaria tão rapidamente. A
vida dá voltas, merdinha, mas sua ferida continua intocada ― dispara o falso
Garimi.
― Só se esqueceu de nunca subestimar a ira de uma fera ― a voz
sombria de Johnatan me faz arrepiar.
Escuto os passos pesados seguidos de socos. O homem parece
apreciar os esforços com algumas risadas. Espio, Johnatan encarar seu
inimigo com ódio e me surpreendo quando o homem me encontra espiando
sorrindo em ameaçada.
― Então, trouxe uma garota? ― o corpo de Johnatan fica rígido e me
olha em alerta, como se dissesse para que o obedeça. ― Tenho certeza de que
assim que matá-lo. Vou me divertir com sua vadia, assim como fiz com sua
mãe. Oh, e também com sua irmã ― meu estômago se embrulha. Johnatan
avança feito um leão para Devon.
Ambos lutam com agilidade. Johnatan lança socos fortes, cada vez
mais enfurecidos, a veia nítida em sua testa demonstra sua aflição. Em um
dos seus movimentos, ele chuta o joelho do seu oponente, fazendo-o se
curvar de dor, escuto até mesmo o osso da mesma perna ser quebrado com
mais outro golpe brutal. Eu nunca o vi tão descontrolado, nem mesmo o olhar
tão febril.
Sufoco meu soluço por ele estar brutalmente ameaçador, atingindo e
quebrando mais ossos do homem sem piedade. Rastejo pelo chão, querendo
que aquilo acabe, que os grunhidos de dor, assim como risadas forçadas,
cessem. De repente, alguém me puxa de volta para meu esconderijo, debato-
me quando tapam a minha boca, mas paro ao ver Matt Polosh, o advogado de
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Johnatan ali, pedindo-me silêncio com seu indicador próximo aos lábios.
― Fique aqui ― ele pede calmamente antes de espiar.
Escutamos Devon grunhir ainda mais, e Johnatan arfa parecendo
sufocado. Meu coração se aperta quando vejo curvar o corpo de Devon em
seu joelho. O homem estremece assustado. Respiro com dificuldade por ouvir
algo sendo estralado, tendo a certeza de que foi a coluna do falso detetive.
Em seguida, Johnatan arremessa o corpo do homem contra o
concreto, como se fosse um saco de pancadas. Devon não se move, tem um
dos olhos inchados e o nariz quebrado, mas Johnatan não para, continuando
acertando seu rosto com punhos firmes, freneticamente, mesmo o homem não
estando mais consciente. Engulo o nó na garganta e ouso ir até Johnatan, mas
Matt me segura, mantendo-me no lugar.
― Mine, não ― ele pede. Reconheço sua voz. Era ele que esteve no
quarto do hotel. Pisco encarando seus olhos negros.
― Me solta ― puxo meu braço e corro até Johnatan.
Sua respiração está ofegante enquanto ele continua a socar. Encolho-
me por nem mesmo ver direito o rosto do homem devido ao excesso de
sangue, mas quero tirar Johnatan dali.
― Johnatan ― eu o chamo, seus punhos se tornam mais fortes. ―
Para ― suplico trêmula, sentindo minhas lágrimas ao notar seu cansaço.
Com desespero por sua fúria inacabada, abraço suas costas, puxando-
o com todas as minhas forças para longe do cadáver, sem querer, consigo ver
até mesmo o braço deslocado do homem. Aquilo é demais para mim.
Johnatan parece não se conter, querendo continuar. Seu corpo ferve
por baixo de sua camisa, minhas forças são em vão. Por sorte, Matt aparece o
puxando de volta e tenta imobilizá-lo. Vejo a dor em seus olhos vermelhos
cheios de lágrimas. O suor escorre dos seus cabelos até o rosto.
― Johnatan, acabou ― eu tento fazê-lo me olhar, ficando à sua frente
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de joelhos como ele está. ― Volta para mim... por favor, Johnatan ― suplico,
acariciando seu rosto suado.
Ele tenta se soltar de Matt, mas este o segura com mais força.
― John... ― Matt grunhe.
― Johnatan, pare! ― digo com firmeza mesmo com a dor em meu
peito.
Seus olhos obscuros me encaram e um grito doloroso escapa de sua
garganta com força, fazendo as veias de seu pescoço e sua testa saltarem. Eu
o abraço por vê-lo tão fragilizado.
― Solte-o ― peço, Matt me olha em dúvida. ― Por favor.
Ele se afasta. O corpo trêmulo de Johnatan cai sobre mim, mantenho-
o em meus braços enquanto os seus me cercam com força e seu rosto se
esconde na curva de meu pescoço, sugando o ar com força. Aperto-o ainda
mais.
― Temos que sair daqui― Johnatan arfa poucos minutos depois de
tentar se recuperar.
Levanto-me com sua ajuda querendo ver seus olhos, mas tenho sua
rejeição. Ele me puxa e seguindo para o carro.
― Você tem ideia da merda que acabou de fazer? ― Matt dispara.
― Eu o matei ― Johnatan não parece nada arrependido.
― John, isso só piora tudo...
Johnatan solta meu braço para encarar Matt.
― Então, tente fazer melhor ― ameaça.
― Eu sou seu advogado, Johnatan. Eu não posso encobrir isso. Segui
suas pesquisas para ajudá-lo, mas aquilo, aquilo que vi é demais ― Matt
aponta.
― Eu te pago para trabalhar para mim e não para ter suas opiniões
sentimentais ― Johnatan continua furioso, Matt não se afasta.
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― Eu faço meu trabalho não pelo dinheiro, mas pela segurança, pela
razão, confiança e dignidade com meu cliente. Matar um homem a sangue
frio...
― ELE MATOU MINHA MÃE, MINHA IRMÃ! ELE AS
TORTUROU E QUER QUE EU ME SINTA ARREPENDIDO?! ― o grito
brutal de Johnatan nos assusta. ― Devon Gilbert já estava morto desde o dia
em que coloquei meus olhos nele. Entretanto, se mais deles aparecerem eu
não vou hesitar, Matt, jamais! ― inspira entredentes.
― Pensa que é fácil lidar com tudo isso também, Johnatan? Está
botando a vida de todos em risco, imaginem se virem Mine ― Matt dispara,
fazendo Johnatan se virar para mim com os olhos em chamas.
― Eu pedi para você ficar na droga do carro! ― repreende-me com
os olhos frios e a voz firme. Engulo meu medo.
― Ela não tem culpa se você a deixou sozinha, John. ― Eu não
consigo dar atenção a Matt me defendendo, meus olhos estão presos aos de
Johnatan.
― Não pedi sua maldita opinião ― dispara.
Matt suspira.
― Sei sobre sua história e sobre eles, Johnatan. Não é fácil. São mais
que poderosos no mundo inteiro ― Matt continua, encolho-me na porta do
carro.
― Você sabe a gravidade do que estava fazendo. Sabe onde estava se
metendo. ― Johnatan continua me encarando e ignorando Matt.
― Se eles souberem dela, irão caçá-la para matar. Está lidando com
uma máfia criminosa, Johnatan. Eles não vão parar, nunca param! ― As
palavras do advogado me aterrorizam.
― Há escolhas! ― Johnatan se exalta.
― Não há escolhas! ― Matt rebate.
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hoje. Atormentá-lo nem que fosse por uma ligação seria mais uma
desobediência.
Para me distrair, comuniquei a todo o estado de melhora do meu pai,
recebendo o alívio em troca. Depois do jantar, segui para o meu quarto, mais
uma vez agradecida por Peter voltar para o hospital levando algumas frutas,
sopa e verduras para meu pai. Uma coisa recompensada desse dia tortuoso foi
saber que amanhã papai receberá alta, Cesar, nosso velho amigo, estará por lá
para nos acompanhar.
No meu quarto, tomo um banho rápido e sigo para o guarda-roupa,
olhando as camisolas novas que Donna comprou. Sorrio com tristeza,
vestindo uma de seda vermelha, que me lembra o tom das rosas vermelhas.
Aproximo-me da linda flor ainda em meu copo, pegando-a para sentir seu
perfume intenso e profundo. Deito em minha cama, apertando suas pétalas
contra meu peito como se aquilo pudesse diminuir minha saudade. Inspiro
seu perfume mais uma vez e adormeço, mesmo com o coração apertado.
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― o elogio me faz corar. ― Eu te devo desculpas por essa tarde. Fui imaturo,
não te enxerguei quando deveria...
― Não precisa... ― ele me silencia.
― Mine, você é minha força. Escutar aquele homem imundo me fez
perder completamente o controle. Se você não tivesse me tirado dali eu o
estaria socando até agora ― sussurra, apertando seus dentes.
― Eu não sou tão forte como deveria ― lamento.
― Você é. Age por impulso, mas sei que é com as melhores
intenções. Eu tenho que me acostumar com sua teimosia, sei que você é
impossível, mas parte disso é uma das coisas que adoro em você. ― Ele sorri
com carinho. ― Você é esperta, rápida e inteligente. Apenas não quero que,
com isso, acabe se machucando por minha causa. Você é meu ponto fraco e
eu preciso de você, preciso que tire toda essa merda para fora de mim, só
você consegue fazer isso.
Choro silenciosamente e acaricio seu rosto enquanto ele afasta minhas
lágrimas.
― Você parecia perdido ― aproximo meu corpo do seu. Seu braço
me envolve, puxando-me mais para ele.
― Eu estava cego com as lembranças, mas você estava ali. Aquilo me
assustou. Não posso imaginar nada disso acontecendo com você ― respira
profundamente. ― Até que você me chamou... Eu não sei como consegui
deixar aquele homem para trás e te arrastar para fora dali. Na porta do
hospital, eu vi o medo em seus olhos, nunca pensei que me importaria tanto
com alguém sofrendo por mim. Foi como se eu tivesse esmagado seu
coração. Na verdade, esmaguei o meu coração e nem mesmo quis perceber
isso ― sua voz está carregada de culpa, minhas lágrimas caem sem parar.
― Eu só queria fazê-lo esquecer tudo. Só por um momento ― digo
trêmula, olhando em seus olhos.
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― Você fez ― ele me abraça ainda mais. ― Você faz o tempo todo.
Me desculpe por não ter lhe dado ouvidos ― pede, assim como seus olhos
azuis suplicantes.
― Então, somos dois ― sorrio abraçando seu pescoço.
― Não. Você agiu certo saindo do carro. ― Franzo a testa. ― Havia
mais um deles do lado de fora, mas ele escapou. Isso é um problema ―
segura-me em seus braços quando estremeço.
― Matt? ― pergunto preocupada.
― Ele está bem. Matt é temperamental ― dá de ombros.
Levanto minha sobrancelha.
― Ele sabe sobre você? A vida que leva?
― Sim ― responde, afastando minhas lágrimas.
― Você deve se desculpar. Ele parecia assustado.
― Farei isso amanhã ― sussurra cansado.
Olho para as rosas e sorrio para ele.
― As rosas são parte das desculpas? ― pergunto mordendo meu
lábio.
Ele sorri sem tirar os olhos de mim.
― Também ― confessa.
Ele se levanta para afastar o lençol de meu corpo, sinto sede assim
que noto sua cueca boxer branca. Seus olhos me observam com a camisola de
seda vermelha acima dos joelhos, sem disfarçar, ele sorri pegando cinco rosas
do meu buquê. Coro.
― Perfeita ― ele murmura. Fecho a cara, ele arranca as pétalas das
rosas.
― Por que fez isso? ― reclamo, vendo-o colocar o caule no meu
criado-mudo.
― Faz parte da minha redenção ― murmura.
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Sorrio quando espalha as pétalas em meu corpo até meu rosto. Inspiro
o perfume das pétalas e sinto a suavidade. Pego minha rosa ao lado,
colocando-a em meus lábios. Fecho meus olhos assim que seus lábios
também se grudam na rosa e inspiramos profundamente. Em seguida, afasto-
a da minha boca para beijá-lo com todo meu amor.
Abraço seu pescoço, deixando seu corpo grudar-se ao meu. Minha
boca é invadia por sua língua de encontro à minha enquanto sua mão
escorrega por meu corpo. Agarro-o com minhas pernas, já sentindo sua
ereção pronta para mim. Com um impulso de desejo para tê-lo, viro-o para a
cama e monto em seu corpo. Seus olhos se abrem em surpresa.
Sorrindo, curvo-me para ele, deslizando meus lábios por seu pescoço
até o peitoral másculo e perfumado. É inebriante escutar sua respiração cada
vez mais acelerada. Quando deslizo minha língua por seu abdômen, ele ofega
da mesma forma que percorro minhas unhas por sua pele quente.
― Era para eu me redimir ― ele geme.
Ergo-me para colocar meu indicador em seus lábios. Rebolo em sua
ereção e aprecio seus olhos se revirando em excitação.
― Silêncio! ― provoco, vendo seus olhos cheios de desejos. ― Eu
estou no comando, senhor Grekov. ― Ele sorri de maneira safada ao escutar
o nome.
Deslizo minha outra mão por seu abdômen definido, seguindo direto
para dentro da sua cueca boxer e alcançando seu membro pulsante. Lambo
meus lábios com sede. Seus olhos em chamas me observam em excitação.
― Oh! Minha Roza.
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26 – PROTETOR
com sua ereção em minha boca, deslizando minhas mãos em seus músculos
enquanto o escuto gemer enlouquecido.
― Mine ― ele me chama com a voz rouca, mas não posso voltar a
olhá-lo agora, estou ocupada em provocá-lo com minha boca. ― Mine... Eu...
Mine ― ele estremece com seus gemidos, como se estivesse lutando para
segurar seu prazer.
Sugo, querendo agora o jato quente jorrando em minha boca. Eu me
afasto ofegante, engolindo sua excitação. Fecho meus olhos, lambendo meus
lábios e degustando seu sabor.
Depois de alguns minutos, abro meus olhos e observo os seus em
chamas que piscam para mim de maneira intensa. Seu peito sobe e desce com
força devido à respiração descontrolada. Suas mãos se erguem para esfregar
seus olhos e afastar seus cabelos, o sorriso perverso surge de forma
inesperada.
― Você acabou... Você me... Eu... Estou sem palavras ― ele ofega a
cada palavra embasbacada parecendo confuso. ― Droga, você estava tão
linda...
Sorrio com seu elogio.
― Você tem um gosto maravilhoso ― digo suavemente, sentando-me
em seu colo. Sinto sua ereção ainda pulsante em meu sexo apertado.
― Não tanto quanto você, minha Mine ― ele murmura, logo seu
olhar desce para baixo. Eu sei que ele sente o quanto estou molhada. ― Você
quer matar esse homem? ― mordo meu lábio.
― Do que está falando? ― inclino minha cabeça fingindo inocência.
― Não adianta fazer essa cara de anjo ― ele sorri com perversão. ―
Está sem calcinha ― ele esfrega sua ereção e gemo suavemente. ― Sabe o
quanto me excitou? ― ergue-se para me beijar com ansiedade. ― Sinto meu
gosto ainda em sua boca ― murmura em meus lábios.
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Sorrio feito boba só de ver seus olhos brilhantes, bem como o leve
sorriso perfeito em seus lábios.
― Eu gostei ― confesso, acariciando seu rosto. Ele inspira o perfume
em meu pulso. ― Acho que me empolguei um pouco.
Sua sobrancelha se ergue por um momento e logo ri em silêncio.
― Um pouco? ― coro. ― Eu senti isso. Acho que tê-la na biblioteca
à minha mercê pode incluir um oral também. ― Ele reflete em voz alta me
fazendo rir. Pior, fico cada vez mais envergonhada.
― Você está sonhando com isso, não é mesmo? ― pergunto,
afastando os cabelos de sua testa suada.
― Desde que a ideia surgiu na minha cabeça, está difícil de tirá-la ―
sorri com perversão.
― Oh, meu Deus ― escondo o rosto em minhas mãos.
― Eu tenho que ir ― diz ao afastar minhas mãos para beijar meus
lábios.
Fico surpresa, ele se levanta indo para o banheiro. Quando retorna
para apanhar suas roupas, eu o seguro comigo.
― Não, não vai ― peço com urgência agarrando seu pescoço. ― Eu
sei que não vai dormir agora. Vai ficar naquela academia e...
― Você me quer aqui? ― sua pergunta sai um pouco esperançosa.
Como posso dizer, em uma única palavra ou uma pequena frase, que
o quero mais que qualquer coisa? Engulo minha vontade, talvez não seja o
momento.
― Quero muito ― confesso.
Ele inspira e beija minha boca delicadamente.
― A academia me afasta de pensamentos desagradáveis e ajuda a
canalizar meu corpo, mas desde a primeira vez que dormi com você, sinto-me
mais leve. Fico lutando para não me acostumar com isso. ― Ele sorri sem
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― Então, acho melhor levá-la até sua casa para visitá-lo mais tarde.
― Sorri, beijando meus lábios docemente. ― Eu preciso ir.
― Hum ― faço bico.
― Sabia que você ronrona bem baixinho quando dorme? ― Johnatan
revela.
Surpreendo-me.
― Andou me assistindo?
― Depois do nosso segundo round foi impossível pregar meus olhos
ao vê-la dormir tão serena ― diz, beijando a ponta do meu nariz.
― Eu estava muito cansada ― coro quando seu sorriso se abre um
pouco mais. ― E como você dormiu?
― Vamos dizer que tenho as melhores noites ao seu lado ― seu
sorriso nunca deixa seus lábios. Seus olhos brilhantes revelam que teve uma
boa noite de sono. Sorrio timidamente.
― Fico feliz em ouvir isso ― inspiro o leve perfume do seu rosto
recém-barbeado. ― Agora vá trabalhar ― Tento empurrá-lo.
Ele fica surpreso.
― Está me expulsando?
― Sim.
― Sabia que posso tê-la agora?
Seu olhar voraz me sobressalta.
― Eu não teria tanta certeza. Posso ser muito difícil ― asseguro.
― Gosto de desafios ― continua, provocando meus lábios com os
seus.
― E eu posso controlar você ― rebato com perversão. Ele me olha
em surpresa.
― Tem razão ― concorda. Confesso que amo ver seu bom humor
pela manhã.
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Sid correndo e relinchando como se estivesse com dor. Ele corre em minha
direção, ajudando-me a me levantar, em seguida, segura meu rosto para me
analisar.
― Eu estou bem ― asseguro com meus lábios trêmulos. ― Sid está
assustada, ela não quer sair da chuva ― explico.
Quando volta sua atenção para Sid, seus olhos se arregalam.
― Não é isso ― murmura. Fico confusa.
Johnatan me deixa em meu lugar, pulando a cerca com facilidade.
Volto a me aproximar da cerca, escutando Johnatan murmurar algo em russo,
em seguida, tanto Hush quanto Lake disparam para fora do celeiro em
direção à Sid. Ambos a prendem em seus corpos enquanto ela luta para
continuar correndo, tentando se erguer por cima deles, mas ambos os cavalos
parecem não facilitar, como se tivessem impedindo-a de persistir. Desta
forma, consigo ver seus olhos negros mais atentamente. Eu nunca os vi tão
tristes, nem mesmo tão devastada. Mesmo enfraquecida, ela continua a lutar
contra os cavalos prensados ao seu redor.
Johnatan se aproxima de Sid para tocar sua cabeça branca. Observo-o
dizer algo para ela, fazendo-a se curvar. A égua relincha, deitando no chão.
Sua pelagem branca está suja pela lama. Lake e Hush se afastam, voltando
para o celeiro com a respiração pesada, como se tivessem feito um grande
esforço. Entro no cercado e corro em direção à Sid.
Johnatan está abaixado, deslizando seus dedos por seu pelo branco
molhado.
― Eu sinto muito ― escuto Johnatan murmurar para ela enquanto a
égua puxa o ar com força.
― O que ela tem? ― pergunto preocupada.
Ela é maior de perto, embora nunca tenha me aproximado o suficiente
dela.
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― Assim como muitos nessa casa, Sid também teve suas perdas ―
Johnatan explica com tristeza. O nó em minha garganta é imediato.
Johnatan pronuncia algo em russo e se levanta quando Sid se ergue
também. Seus olhos negros lançados em minha direção são os mais dolorosos
que já vi. Quando ouso tocar seu corpo, ela se afasta em direção ao celeiro.
Nós a acompanhamos até entrar em sua cela e deitar-se no feno.
Sid parece observar a chuva cair como se estivesse solitária. Distraio-
me quando Johnatan se aproxima, entregando-me uma toalha. Tento me
secar, mesmo com as roupas encharcada. Sentamos nos fenos do celeiro,
observo-o tirar sua camisa para secar o corpo e os cabelos com outra toalha.
― O que aconteceu com ela? ― indago. Sua atenção se volta para
mim.
Ele se levanta, pegando um cobertor para envolver em meus ombros,
aproveito a toalha para enrolar meus cabelos.
― Cada um deles tem uma perda ― observo-o atentamente. ― Hush
foi meu primeiro cavalo. Ele foi criado por um adestrador rígido. Todos os
seus animais eram tratados por números e não por nomes, Hush era o Vinte.
Ele estava muito doente e isso piorou o humor do dono. Hush era um cavalo
de corrida, mas nunca ganhou. Era fraco por ser mal alimentado.
― Que tipo de adestrador faz isso com um animal? ― disparo
enfurecida. Johnatan concorda. ― Onde você o conheceu? ― pergunto em
relação a Hush.
― Em um evento fora da cidade, encantei-me logo que o vi. Na
verdade, estava atrás de um filhote, mas ver Hush me fez enxergar como ele
sofria tanto quanto eu.
Engulo o nó em minha garganta.
― Ele já era cego?
― Começou por um olho. O adestrador queria sacrificá-lo a sangue
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frio, dizia que o cavalo não prestava. Hush estava muito magro, malcuidado,
com feridas de gancho e o pelo não tinha brilho ― Johnatan relembra,
também enfurecido.
Seco minhas lágrimas com o cobertor. Pobre Hush!
― Mas você o salvou mesmo ele estando doente ― digo com um leve
sorriso emocionado.
― Sim, sabia que iria se curar rápido mesmo ficando cego. Ele seria o
melhor de todos. Agora veja, ele é ― seus olhos brilham ao falar sobre Hush.
― Depois de um tempo, eu retornei com Hush ao lugar de onde ele veio,
pensei que ele ficaria assustado, mas com os treinos, ele parecia cada vez
mais forte. Eu o fiz correr, sem ninguém montar, e ganhamos. Não seria legal
se o mantivesse longe, eu queria mostrar a todos o que aquele cavalo era
capaz.
― O adestrador o viu?
― Sim e o queria de volta ― ele sorri com a lembrança. Pisco
surpresa.
― E o que você fez?
― Eu quebrei o braço dele quando tentou pegar Hush com uma corda
― Johnatan revela com orgulho. ― Eu gosto de deixá-los livres. O celeiro é
aberto para eles correrem por aí e aproveitarem o dia. Não tenho
equipamentos para montaria, nem lanças. Nada que os agridam, apenas tenho
equipamentos para mantê-los fortes, saudáveis e seguros. Aquela arma ali é
para James afastar os pombos que invadem a ração. ― Johnatan faz careta.
Olho para a espingarda pregada na parede do celeiro.
― Lake?
Johnatan sorri.
― Lake foi o último deles. Encontrei-o em uma feira. Uma senhora o
estava vendendo a troco de bebida. Lake era um filhote frágil, foi separado
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dos pais assim que nasceu. Como todo animal frágil, ele tinha seus receios.
Perdi a conta de quantas noites tive que passar com ele aqui ― a revelação
me encanta. Imagino-o cuidando do filhote.
― Eles são de raças... E são tão sofridos ― eu imagino e aperto o
cobertor ao meu redor.
― Mais ou menos. Hush é Frísio, Sid é Lusitano e Lake é uma
mistura de Palomino com outra raça. Se eles valessem o quanto pesassem, eu
pagaria o dobro sem me arrepender ― desabafa.
― Você os ama ― digo deslumbrada.
― Eles fazem parte de tudo aqui. O campo seria muito vazio sem eles
― murmura.
― E Sid? Como a conseguiu? E o que ela perdeu? ― pergunto
curiosa.
― Eu a encontrei na estrada. Sid foi a segunda a chegar. Fiquei
surpreso quando a vi. Parecia perdida com toda aquela chuva. Eu parei o
carro para ajudá-la, pensei que estivesse ferida, mas não estava. Alguém
havia atropelado seu filhote e ela o protegia com seu corpo. O filhote já
estava morto.
Cubro minha boca em espanto. Meu coração se aperta intensamente.
― O que você fez? ― Johnatan sorri como se estivesse relembrando.
― Eu não podia tirar o filhote ou levá-la para longe. Acho que Sid
estava fugindo, então, fiquei com ela na estrada por um longo tempo.
Pisco surpresa.
― E depois? ― continuo curiosa.
― Eu vim para casa ― ele sorri. ― No dia seguinte, quando estava
saindo para trabalhar, eu a vi no portão.
― Ela seguiu você.
― Acho que sim. Talvez por entender que aqui ela poderia ser livre.
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― Tenho certeza de que ela está muito feliz por isso ― sorrio e beijo
seus lábios.
Seus braços me apertam num abraço quente.
― Você tem que entrar. Não quero que fique doente ― murmura
beijando meus cabelos.
Inspiro profundamente ao concordar. Levanto-me, entregando o
cobertor e a toalha.
― Você não vem? ― pergunto olhando a chuva agora mais calma.
― Vou ficar um pouco mais ― diz se levantando.
Pisco confusa, mas logo me dou conta do que acontece.
― Hoje é o dia da morte do filhote de Sid? ― indago chocada e
Johnatan confirma.
― Sim. Esses animais não são incríveis? Ela sente isso.
― Oh! Eu ficaria, mas acho que Sid não gosta muito da minha
presença ― lamento.
― Sid tem uma maneira difícil de se aproximar das pessoas. Ela não é
uma égua maldosa, apenas se mantêm reservada― explica com gentileza,
fazendo-me sorrir.
De repente, minha curiosidade retorna mais aguçada.
― Quando você os treina... O que você diz a eles antes de
começarem?
― Digo que eu sinto muito por suas perdas ― Johnatan revela.
A frase me faz sorrir devido ao seu respeito pelos cavalos.
― Eles têm sorte de ter você.
― E eu tenho sorte de tê-los também. Assim como você ― meu
sorriso se abre ainda mais, mas logo se desfaz e vejo seus olhos sérios. ―
Agora, volte para casa, tome um banho, coloque roupas secas e peça para
Donna lhe dar algum comprimido.
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para ele.
Johnatan me observa confuso.
― O quê? Não, Mine. É claro que não! ― dispara com firmeza,
encarando meus olhos.
Mostro a minha foto que foi tirada na avenida quando tínhamos
escapado de Lunter. Tentaram focar meu rosto, mas uma parte da minha face
está escondida atrás do ombro de Johnatan, revelando apenas meus olhos,
minha testa e meus cabelos.
Minhas pernas tremem ao ver que há mais fotos minhas desse mesmo
dia sobre a mesa e todas elas tentando focar em meu rosto até no momento
em que Johnatan me pegou em seus braços. Caio em sua cadeira de couro
assim que ele pega a foto da minha mão.
― Não ― o rosnado faz meus pelos se arrepiarem. ― Ninguém vai
tocar em você. Não vou permitir! Ninguém vai tirá-la de mim! ― Johnatan
dispara a plenos pulmões.
Assusto-me ainda mais com o soco estrondoso que dá na madeira.
Sua expressão destaca o ódio mortal e a agressividade, bem como seus olhos
febris.
Engulo o pânico, encarando-o atentamente.
― O que você pretende fazer?
― O mais importante. Te proteger ― a firmeza sombria em sua voz é
como um gelo afiado que me arrepia dos pés à cabeça.
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27 – REPAROS
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Tenho que ficar atenta a tudo e a todos. Se algo me acontecer, como vou estar
preparada?
Inspiro fundo olhando-o com carinho.
― Da mesma forma que você quer me manter distante, eu também
quero isso longe de você. Isso só te faz mal.
Johnatan inspira e expira exasperado. Ele encara as fotos como se
estivesse lutando para considerar o que lhe peço. Fico parada, aguardando sua
resposta, esperançosa.
― Tudo bem ― sua voz se torna mais grossa, como se fosse difícil
para ele aceitar os fatos. ― Não vou dizer que vai ser fácil para mim mantê-la
perto disso, mas concordo que saiba quando estiver em perigo ― Seus olhos
azuis penetrantes me encaram como um aviso.
― Posso aceitar isso, por enquanto ― contesto, reprimindo uma
careta. Por que isso é tão difícil para ele?
Johnatan solta sua respiração e senta em sua cadeira. Eu o observo
inquieta.
― Vou fazer algumas ligações ― informa guardando as fotografias
de volta no envelope. ― Pode esperar um pouco para ver seu pai? Estarei
livre mais tarde ― pede cansado.
― Está me expulsando da sua sala? ― pergunto escondendo meu
sorriso.
Johnatan fica surpreso.
― Não, é claro que não. Eu apenas... Mine, você me deixa
descoordenado ― ele me dá seu breve sorriso torto.
― Eu?
― Sim, você ― responde ligando seu laptop. ― Eu tenho que
aprender a não cair em suas tentações. Não posso dar meu braço a torcer tão
facilmente, principalmente quando seus olhos cinza me encaram desse jeito
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Quando chego à vila vejo que nada mudou. A casa continua a mesma
com a aparência de uma cabana. Saio do carro rapidamente, nem mesmo
espero Johnatan abrir a porta, e corro para dentro. Dou um breve olá para
Cesar, assim que o vejo na pequena cozinha, e sigo para o quarto encontrando
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meu pai deitado, parecendo entediado. Assim que me vê na porta, ergue seus
braços, corro para eles, deitando-me ao seu lado para abraçá-lo melhor.
― Que surpresa maravilhosa! ― diz beijando minha testa.
― Como se sente?
Ele tem os olhos cansados, mas sei que pode ser efeito dos remédios.
― Me sinto um nada nessa cama. Na semana que vem tenho certeza
de que estarei bem melhor para trabalhar com minhas madeiras ― fala cheio
de esperança.
― Tenta não exagerar demais, papai ― peço, beijando seu rosto e
acariciando sua barba grisalha.
― Eu prometo que tentarei ― sorri.
Somos distraídos quando Johnatan surge na porta do quarto. Ele nos
observa de braços cruzados.
― Você ― meu pai dispara com desgosto, eu cutuco ―, obrigado por
trazer minha filha! ― murmura relutante.
― Não tem de quê! ― Johnatan responde com educação. Sorrio para
ele vendo seu sorriso leve. ― Vou deixá-los sozinhos. Melhoras, Edson.
Johnatan se vira, dando de cara com Cesar, que se assusta, mas
também lhe dá espaço para que siga seu caminho.
― Esse homem me dá medo ― revela assim que Johnatan se afasta.
Depois, coloca dois copos de sucos de laranja na cômoda.
― Ele não é tão assustador assim ― digo me aninhando ao meu pai.
Cesar faz uma careta rimos quando segue para fora do quarto,
olhando ambos os lados para ver se Johnatan não está por perto.
― E como andam as coisas? ― meu pai pergunta.
Não posso demonstrar, muito menos lhe contar dos últimos ocorridos.
― Bem ― asseguro e olho para frente do quarto em busca de
distração. ― Vejo que tem uma TV e das boas ― elogio.
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28 – ME DESCULPE
Não sei por quanto tempo fiquei com papai lhe contando sobre a casa,
a vida e, principalmente, sobre os cavalos. Em parte, ele ficou impressionado
com eles, dizendo que jamais imaginaria Johnatan com um animal. Quando
dei por mim, já começava a escurecer, e tive, como sempre, dificuldade de
me despedir.
Ao encontrar Cesar, dei-lhe mais instruções de cuidados, assim como
dos medicamentos, adoraria que papai viesse comigo, mas seu orgulho nunca
será quebrado.
Minutos depois, surpreendo-me ao encontrar Peter na sala, apreciando
as obras inacabadas de meu pai.
― Peter? Pensei que estivesse de folga. Onde está o senhor Makgold?
― Ele teve que voltar para casa para atender um cliente. Algo
relacionado com uma nova empresa ― comunica-me. Suspiro.
― Parece ser importante ― sussurro.
― Sim, o homem parecia bem insistente ― Peter revira os olhos, o
gesto me faz ri. ― Pronta?
― Sim.
Depois de nos despedirmos de Cesar, seguimos para o carro, o tempo
está mais frio. Lamento por Johnatan não estar comigo, mas sei o quanto é
ocupado em seu trabalho a ponto de não ter um tempo livre quando
necessário.
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Johnatan não desce para o jantar, mas pede sua refeição em sua sala.
Fico apreensiva por ele não aparecer nas últimas horas. Na cozinha, todos
estão empolgados, eu também desejo estar, mas é impossível fazer meus
pensamentos pararem de se preocupar com meu russo misterioso.
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controle...
Seus olhos se tornam frios.
― Eu estou no devido controle, acredite. Não posso pensar em mim
sabendo que tem alguém querendo tirá-la de mim. Como vou viver em paz
com isso, Mine? ― sua respiração ofegante se altera.
― Você poderia ter me avisado ― engulo em seco.
― Para quê? ― ele pergunta com rispidez.
Fico surpresa por sua fúria e fecho minhas mãos.
― Eu acordei e o vi sair. Fiquei te esperando, louca de preocupação,
pensando no pior. Eu não sabia onde você estava... Você nem ao menos foi
me ver essa noite ― lamento, sentindo as estúpidas lágrimas caírem.
Johnatan me olha surpreso. Sua expressão dura suaviza em apreensão
ao ver meu desespero.
― Mine... Me... Me perdoe ― ele caminha em minha direção.
Afasto-me secando meus olhos.
― Você pensa que ninguém se preocupa com você, mas eu estou
aqui. Eu me preocupo e me importo com você. Tenho medo de que algo lhe
aconteça. Eu tenho medo de não o ter por perto, tenho medo de me sentir
sozinha e não quero isso. Dói muito ― aperto meu peito, querendo afastar a
angústia dentro de mim.
― Mine, eu não queria causar isso em você...
― Mas está causando ― choro.
― Por favor, não chore ― ele se aproxima para me abraçar, mas
recuso.
Preciso de espaço para respirar.
― Preciso ficar sozinha ― digo soltando minha respiração pesada ao
me afastar.
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No meu quarto, rodo a chave duas vezes, sigo para debaixo da minha
coberta a fim de me enterrar em meu colchão e chorar pelos meus medos.
Uma parte de mim sente-se forte o bastante para tê-lo ao meu lado, eu me
sinto mais viva quando o tenho comigo em todos os momentos. A outra parte
está fraca ao pensar no que pode lhe acontecer se houver descuido.
Eu não posso me afastar. Não posso deixá-lo sozinho mesmo com o
mundo caindo em nossas cabeças. Devo ser cuidadosa, devo protegê-lo
mesmo que tudo que eu faça seja inútil, mas tudo isso me leva pensar que
aguentaria suas dores e o aceitaria da maneira que é.
Seco minhas lágrimas, fechando meus olhos em busca de conforto,
meu coração continua dolorido, mesmo assim, adormeço ainda mais cansada.
Desperto com a claridade em meu quarto. Vejo uma rosa em meu
travesseiro, estico minha mão para pegá-la, mas estranho quando noto um
papel em minha palma. Pisco para focalizar minha visão embaraçada e
observo as letras de Johnatan no pequeno bilhete.
"Me desculpe"
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será preciso. Faço bico de volta ao meu quarto para guardar meus bilhetes.
Pego meu celular e fico pasma com a quantidade de mensagens de Johnatan,
mas me assusto ainda mais com as horas.
― Droga ― murmuro vendo o quanto estou atrasada.
Corro para o banheiro, arrancando minha roupa antes de entrar
debaixo do chuveiro.
Chego à cozinha como um flash. Donna está guardando a louça.
― Olá, Mine!
― Eu estou duas horas atrasada ― informo, sem mencionar que
passei a última meia hora limpando o espelho.
― Não precisa se preocupar, está tudo tranquilo na casa. Sente-se
para tomar seu café da manhã.
Faço isso obediente, servindo-me com chá e torradas.
― O senhor Makgold está? Preciso falar com ele ― digo com
urgência de boca cheia.
― Ele teve que sair para trabalhar ― Donna me informa.
Forço a comida a descer. Eu preciso falar com ele, me desculpar
talvez. Isso não deve ser dito ao telefone.
― Tudo bem... ― murmuro.
Assim que Jordyn aparece saltitante na cozinha, olha-me erguendo
sua sobrancelha.
― Olha quem se atrasou hoje ― ela zomba. Donna ri da minha
careta. ― Você tem dois quartos para arrumar. Uma sala para limpar e os
fundos da casa.
Pisco para ela horrorizada.
― Jordyn, tenho certeza de que estão limpos ― resmungo, fazendo-a
ri.
― Eu estou brincando. Hoje vamos sair para fazer compras ― ela
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29 – CONVIDADOS
Depois de falar com meu pai e saber como ele está, sigo para fora do
quarto a fim de me encontrar com os cavalos.
No celeiro, escuto Ian tentar treinar Lake, mas ele apenas caminha ao
redor do garoto. Sorrio me sentando no feno. Hush passa por mim virando
sua cabeça em minha direção como se me desse bom dia, deslizo minha mão
em seu pelo negro quando ele se afasta. Observo Sid caminhar para fora
tranquilamente e, em seguida, correr com toda sua elegância. Suspiro aliviada
por ela estar bem, adoraria poder acariciar seu pelo branco, mas ela é a única
que não deixa que eu me aproxime.
― Olá, dorminhoca ― escuto James atrás de mim carregando os
fenos para dentro do celeiro.
― Olá, James ― sorrio para ele.
James me olha desconfiado, afastando o suor de sua testa com a mão.
― Me deixa adivinhar. Jordyn saiu e não te levou ― cogita.
― Como sabe?
― Ela ficou o café da manhã todo falando em comprar isso e aquilo
― diz com uma careta. ― E você está aqui... então, é meio óbvio.
― Ela disse que vai me fazer uma surpresa. Espero que me agrade ―
digo rindo.
― Ela e Donna vão escolher nossas vestimentas. Eu gosto das minhas
roupas, o que há de mal nelas? ― dispara arregalando seus olhos claros.
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suspira. ― Isso é bom, de certa forma. Foi melhor eu não saber os detalhes.
Balanço minha cabeça concordando.
― Eu também perdi minha mãe quando era muito pequena, nem
mesmo a conheci. Mas papai preencheu todo o vazio do meu coração ― digo
com um leve sorriso.
― Você nunca sentiu falta dela? ― sua pergunta me faz pensar.
― Algumas vezes. Nas comemorações, no meu aniversário, no dia
das mães e quando comecei a me tornar mocinha ― coro o fazendo rir. ―
Papai sempre foi paciente, mas, às vezes, ele parecia muito inseguro.
― É uma forma de te proteger ― James me assegura e franze a testa.
― Eu não quero ser um pai viúvo com uma filha adolescente tendo seus
hormônios florescendo. Com todo respeito, acho que foi difícil para seu pai
lhe dizer algo sobre menstruação. ― O horror de James me faz rir.
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cheiro de flores.
― Nada como pétalas de rosa ― eu a escuto. Automaticamente, tiro
os pepinos dos olhos e a vejo jogar as pétalas na banheira.
― Onde você achou isso? ― pergunto desconfiada.
― No seu quarto. Fui pegar algumas toalhas e encontrei várias delas.
Anda pegando as rosas do Poderoso Chefão, não é?
Seria cômico se não fosse desconfortável.
Balanço minha cabeça rapidamente.
― O quê?... Não... Sim... O quê? ― disparo confusa.
― Eu guardarei seu segredo, mas se o chefe vir aquilo no seu quarto,
vai te matar. Temos sorte que ele não entra em nossos quartos ― ela diz
fazendo meus olhos se arregalarem. Tento disfarçar para parecer chocada. ―
Uma vez, eu peguei duas rosas da estufa escondida, mas não tive sorte, ele
me pegou no meio do caminho. Não queira nem imaginar sua reação.
Fico surpresa.
― Ele brigou com você? ― pergunto curiosa.
Jordyn se afasta para separar alguns produtos na sua pia.
― Eu preferiria levar uma surra do que escutá-lo nervoso. Às vezes,
ele me dá medo quando está muito bravo ― Jordyn desabafa. Encolho-me na
banheira.
― Espero que ele não veja ― aperto meus lábios. Não posso dizer
que Johnatan deixou o buquê em meu quarto. ― Aliás, não toque em minhas
rosas novamente. ― Eu declaro como aviso.
― Se continuar sendo malcriada, vou dizer ao senhor Makgold que
pegou uma dúzia delas ― ela desafia com suas mãos na cintura.
― Você é impossível, Jordyn ― jogo minhas mãos para cima
exasperada.
Ela gargalha com minha derrota e me entrega um roupão médio
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branco.
Depois que saio da banheira, Jordyn exige que eu use um creme
corporal, não posso lutar contra ela. O creme com um aroma floral refresca
minha pele; assim que termino, sou obrigada a sentar na cadeira para deixá-la
trabalhar com meus cabelos. Eu nem mesmo tenho o direito de me olhar no
espelho, nem quando ela corta minhas pontas, desfiando alguns fios, mas já
deixo avisado que não o quero curto.
Não sei por quanto tempo ela fica modelando e escovando meus
cabelos. Os cheiros dos cremes são maravilhosos. Depois de estar satisfeita,
Jordyn trabalha com meu rosto, fico em silêncio enquanto se ocupa com as
maquiagens. Quando me sinto livre de sua produção, Donna aparece no
quarto com um leve sorriso.
― Bem, Donna, esse cabelo é todo seu ― Jordyn anuncia.
Fico carrancuda. Juro que meu bumbum está dolorido.
Meus cabelos nunca foram tão bem-cuidados. Donna trabalha numa
trança cascata, deixando o restante dos meus cabelos soltos com cachos
modelados. Jordyn se ocupa em pintar as unhas dos meus pés e das minhas
mãos num tom claro. Quando finalmente consigo me livrar do dia de beleza,
Jordyn permite que eu me olhe no espelho.
Pisco os olhos para focalizar meu reflexo. Meus cabelos continuam
longos, estão comportados, modelando meu rosto de forma levemente
repicada. Na maquiagem, Jordyn não exagerou, ao mesmo tempo que parece
suave, é marcante, principalmente nos olhos. O rímel dá formas mais longas
aos meus cílios, e o lápis escuro destaca meus olhos cinza. A sombra em
minhas pálpebras é uma mistura de dourado com preto esfumado muito
suave. Até mesmo minha sobrancelha está bem-feita.
Jordyn sorri ao ver meu reflexo. Quando terminou de pintar minhas
unhas, minutos atrás, ela começou a se arrumar. Sua maquiagem é mais leve
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mãos provocam cada parte sensível da minha pele, fazendo minhas pernas
esfregam-se contra as suas.
Ao se afastar, vejo o olhar faminto em meu corpo. Fico ofegante,
observando-o me analisar e estremeço quando escuto suas palavras russas
saírem ofegantes, meu sexo se aperta dolorosamente. Ele sabe que quero
entender as palavras, mas apenas sorri, assentindo como se lesse meus
pensamentos.
― Você não faz ideia do quando está gostosa. ― Meu corpo vibra
com a provocação. ― Está tão linda.
Sua mão se ergue para tocar meu rosto, deslizando seu polegar por
meu lábio inferior. Encaro seus olhos com luxúria, alcançando seu dedo e o
sugando suavemente.
― Mine ― seu sotaque russo me chama em alerta. De imediato,
agarra meu corpo e levanta minhas pernas até a altura de seus quadris.
Sua boca volta a cobrir a minha, num beijo urgente cheio de desejos
silenciosos. Envolvo meus braços em seu pescoço, grudando meu corpo
contra o seu ao sentir sua ereção por baixo de sua calça, mas ele recua. Gemo
quando o sinto fechar meu roupão. Tento protestar em seus braços, fazendo-o
sorrir, meus lábios são incapazes de deixá-lo.
Quando ele se afasta para me olhar, abro meus olhos me sentindo
completamente inebriada, seus braços me seguram no lugar sem nenhum
esforço, eu o abraço, inspirando o perfume em seu pescoço.
― Se ficarmos assim, iremos nos atrasar. Eu tenho que tomar um
banho e sei que você precisa de tempo para terminar de se arrumar ―
murmura em meus cabelos.
― Eu me sinto dolorida ― esfrego-me em seu corpo o fazendo sorrir
perversamente.
― Gosto de saber disso. Aumenta meu tesão por você ― dispara
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enquanto eu coro.
― Eu não me importo se nos atrasarmos ― murmuro, apertando-o
em meus braços.
― Mine, Mine ― ele balança sua cabeça com um leve sorriso, mas
me afasta de seu corpo gentilmente. ― É uma festa importante, de negócios.
Eu não a quero vestida só com um roupão ― sussurra depois de beijar minha
testa.
Levanto minha cabeça para encará-lo.
― O que te faz pensar assim? ― pergunto chocada.
Seus olhos parecem sem foco, como se estivesse perdido em
pensamentos.
― Eu a quero linda essa noite. Aqui você parece sensual, mas
podemos dar um jeito em tudo isso mais tarde. Eu só quero fazer as breves
reuniões da festa olhando para você ― declara acariciando meus cabelos.
Franzo a testa e sorrio.
― Serei como uma distração? ― pergunto desconfiada.
― Completamente ― aprecia beijando meus lábios brevemente.
― Então, irei com esse roupão ― disparo.
Seu sorriso desaparece e seus olhos me encaram alertas.
― Nem pensar! Essa visão será s apreciada apena por mim ―
arrepio-me excitada por seu tom exigente.
― Quem sabe mais tarde ― mordo meu lábio.
Seu sorriso surgir novamente.
― Vou esperá-la ansiosamente ― ele se inclina para beijar meus
lábios e se afasta. ― Estarei te esperando na festa, infelizmente, tenho que
receber alguns empresários da Europa mais cedo. Até lá, não se atrase.
Levanto minha sobrancelha ao ver sua piscadela em minha direção
antes dele sair do quarto. Assim que a porta se fecha, caminho até o banheiro.
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Vejo pelo espelho meu rosto corado realçar ainda mais meus olhos, assim
como o rubi delicado que se destaca em minha pele.
Sorrio para mim mesma por tê-lo comigo, não tivemos nem tempo
para conversar, foi tudo tão intenso... e lindo... e dolorido... Eu ainda o quero
desesperadamente. Volto para o quarto e pego seu bilhete que havia deixado
cair no chão assim que ele me beijou, guarda-o junto com os outros.
Caminho pelo quarto, sorrindo com os saltos, acho que consigo me
acostumar com isso por algumas horas. Tiro para descansar meus pés
enquanto verifico a caixa principal em minha cama.
Assim que a abro, pego o vestido que Jordyn escolheu para mim.
Analiso cada detalhe do tecido em minhas mãos. A peça sem alça é longa e
dourada, numa mistura de pequenas pedras de cores cintilantes, que variam
entre as mais escuras até as mais claras, seguindo a cintura até se espalharem
pelo tecido chiffon da saia. Nunca usei nada parecido!
Vou até meu guarda-roupa pegar uma calcinha e sutiã sem alça de
tons claros. Em parte, devo agradecer a Jordyn e Donna pelas compras extras.
Coloco minhas roupas íntimas, e, em seguida, visto o vestido com cuidado.
Para minha sorte, o fecho fica na lateral, puxo o zíper e termino de ajustar o
tecido em meu corpo.
Parece que a roupa gruda como uma segunda pele. Mesmo suave, sua
firmeza me faz ter uma postura mais reta, com um corpo mais empinado,
tanto na frente como atrás. No espelho, vejo-me totalmente transformada.
O vestido justo dá formas aos meus seios, assim como destaca a pedra
rubi em meu pescoço. Por um momento, eu não sei como será essa festa, nem
mesmo como devo me portar; engulo o pânico dentro de mim, voltando para
meu quarto para colocar os saltos dourados.
Minutos depois, escuto alguém bater na porta, abro me deparando
com Jordyn. Seus cabelos caramelos estão numa linda trança embutida,
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alguns fios que escapam realçam seu rosto. O vestido de cetim azul com alça
cruzada a deixa mais radiante.
― Esqueci dos seus brincos ― ela sorri me olhando dos pés à cabeça
até parar em meu colar ― Mine, o seu é lindo ― murmura.
Franzo a testa ao ver o seu colar de cristal em forma de gota.
― Você ganhou? ― pergunto pegando os brincos de suas mãos e
colocando em minhas orelhas.
―O senhor Makgold está cheio de surpresas. Acho que eu posso me
acostumar ― ela pula empolgada. ― Até Donna ganhou um... De esmeralda
― sussurra para mim como se me contasse um segredo, mas logo se choca.
― Ele não viu as rosas, viu?
― Eu as escondi quando o escutei me chamar ― minto. ― Isso é
impressionante ― mudo o rumo da conversa para ela. Seus olhos brilham
com relação ao colar.
― Eu devo dizer que o seu é perfeito com o vestido. Está linda, mas,
agora, vamos! Todos estão prontos.
― Só não me faça correr ― peço indicando minhas pernas. Jordyn
sorri, revirando seus olhos enquanto me puxa.
Quando chegamos à sala de entrada, todos nos aguardam, exceto
Donna. Ian, Peter e James estão fascinantes em seus smokings com gravata
borboleta.
― Poxa vida! Quanta beleza ― Ian elogia com um lindo sorriso. Ele
está cheio de empolgação.
― Obrigada, Ian ― Jordyn agradece.
― Não é com você, mas sim com minha futura esposa ― Ian dispara,
fazendo-nos rir.
― As duas estão maravilhosas ― Peter diz com educação. Sorrio
agradecida.
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30 – PONTO FRACO
Peter nos guia para o elevador para seguirmos até o local indicado.
Meu coração bate acelerado. Quando as portas se abrem, seguimos por um
corredor aberto em tom madeira e tecidos vermelhos.
O lugar é ainda mais elegante, caminhamos até uma entrada aberta,
deparando-nos com um espaçoso salão cheio de convidados com trajes
elegantes e máscaras perfeitas. O espaço tem as mesas bem-organizadas, com
uma decoração impecável, as mesas também parecem oferecer bastante
espaço para uma pista de dança. Uma banda de jazz canta ao fundo num
ritmo suave.
Olho ao redor à procura de Johnatan, mas não o encontro. Não sei
como está vestido e nem mesmo se sua máscara é diferente. Peter conversa
com o maître, que nos guia até um local reservado. Eu os sigo tranquilamente
em meus saltos, só levantando minha cabeça quando me deparo com olhos
azuis em chamas fixos em mim. Paro abruptamente com a simples
intensidade. Johnatan está incrivelmente selvagem, posso ver pelos seus
olhos.
Ele não usa smoking como os demais presentes, mas sim um terno
escuto fechado sem gravata, com os dois botões da camisa branca abertos.
Sua máscara destaca as linhas perfeitas de sua face, mas, principalmente, seus
olhos. Johnatan toma seu whisky e se aproxima de mim, mantendo a
intensidade.
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você desde que apareceu nessa festa entediante. Eu não queria que fosse
assim, só queria que fosse... normal... eu e você. Apenas nós dois ― ele
parece cansado e meu coração se aperta.
A música se altera para casais trocarem. Johnatan volta a fazer seu
malabarismo com o outro homem, empurrando-o para outra parceira, quero
rir da sua agilidade.
― Então, fez tudo isso para me ter ao seu lado? ― pergunto toda
manhosa em seus braços.
― Eu só quero um momento de paz. Quero ter um tempo para
apreciá-la, mas parece cada vez mais difícil. Eu ainda não consegui me
desculpar inteiramente ― Johnatan faz meu coração disparar, balanço a
cabeça.
― Eu amei os bilhetes e o desenho no espelho, que infelizmente teve
que ser apagado. Eu sei o quanto deve ser difícil para você, mas tem que
resolver isso. Há outras pessoas correndo risco, precisa achar um jeito. Você
não está sozinho, eu estou bem aqui ― eu o conforto, querendo abraçá-lo e
mantê-lo comigo.
Seu sorriso surge todo tímido, brevemente perde o foco com a
iluminação em seus olhos. O jogo de luzes no salão, mesmo sendo suaves,
estão começando a ser irritantes.
― Eu quero beijar você ― sussurra acariciando meu rosto, seu
polegar desliza em meus lábios e me aqueço com sua aproximação. ― Ainda
estou sem palavras para dizer o quanto está linda.
Eu o desejo nesse momento, quero-o agora sem nem mesmo me
importar com todos em volta. Apenas fecho meus olhos, pronta para ter seus
lábios nos meus.
― Beije-me? ― murmuro suplicante. Sinto sua respiração próxima,
assim como suas mãos acariciando minha face.
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em passos duros.
― HEY! ― grito, fazendo o indivíduo parar.
Ian me olha assustado. Dylan ergue sua sobrancelha.
― Solta ele! ― disparo com firmeza vendo Dylan segurar o braço de
Ian com força.
O homem sorri de forma sombria.
― E o que você vai fazer? Sinto muito, minha jovem, mas tenho
trabalho a fazer. ― Noto a arma em sua cintura, mas antes que ele dê mais
um passo, arremesso a faca em sua direção.
O pânico me invade quando a faça passa por cima de sua cabeça,
chocando-se contra a parede e caindo ao chão. Dylan ri da minha tentativa
inútil, derrubando Ian no chão com um empurrão para apontar a arma em
minha direção. Engulo meu pavor.
― Você está se metendo com a pessoa errada, docinho ― Dylan
ameaça em alerta.
Vejo Ian rastejar, alcançando a faca e cravando-a em sua perna. Dylan
grunhe com o ataque se curvando para puxar a faca fora.
― CORRE, MINE, CORRE! ― Ian corre em minha em direção e
pego sua mão.
Curvo-me para o chão junto com Ian ao ver Dylan arremessar a faca
em nossa direção. Ele está pronto para atirar, mas é interrompido por um
vulto à sua frente. Ian se encolhe em meus braços e o mantenho protegido.
Meu coração se enche de alívio quando percebo que é Johnatan, ele
desarma Dylan com facilidade, empurrando seu corpo; em seguida, bate duas
vezes sua cabeça contra a parede brutalmente. Observo Dylan no chão antes
de voltar minha atenção para Johnatan. Seu rosto mascarado aparece como
uma sombra. Ele olha em minha direção, movendo sua cabeça para sairmos
dali.
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sobre laser. Paraliso em meu lugar olhando para ambos à minha frente.
― Johnatan? ― chamo-o quase sem voz.
Seus olhos são disparados para os meus e logo deslizam direto para
meu colar.
― Meu Deus ― Matt murmura chocado.
― Não. Se. Mova ― Johnatan ordena pausadamente com seus olhos
atentos em mim.
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31 – RESISTIR
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direções.
― Junte-se aos outros. Enviei uma mensagem a Peter dizendo que já
estávamos de saída ― ele explica ofegante. Franzo a testa.
― E quanto a vocês? ― indago, olhando para ambos.
― Vou ficar mais um tempo ― diz rapidamente.
― Eu não quero te deixar ― falo assustada.
― Eu vou estar bem atrás de vocês ― assegura, acariciando meu
rosto.
Johnatan se despede com um beijo terno, seus braços apertam meu
corpo.
― Não demora ― murmuro em seus lábios e beijo seu leve sorriso.
― Encontre-me na tenda ― sussurra para mim. Meu corpo estremece
com a intensidade do seu pedido.
― Como quiser. ― Sorrio e me afasto. Coro vendo Matt nos observar
contendo seu sorriso. ― Adeus, Matt! ― aceno.
― Até logo, Mine! ― responde.
Desço as escadas sentindo que eles me seguem com o olhar. Minhas
pernas continuam flácidas pelo o susto. Aperto a pedra do meu colar em
minha mão enquanto inspiro profundamente.
― Onde você estava? ― assusto-me com a voz de James assim que
chego ao andar principal.
Viro meu corpo, arregalando meus olhos. Pela minha visão periférica
vejo Johnatan e Matt parados nas escadas como estátuas. Pisco meus olhos
focando em James, Peter está logo atrás dele.
― Eu só estava querendo conhecer o lugar ― minto. James fica cada
vez mais confuso.
― Ian disse que sentiu alguém te perseguindo, por isso, viemos
buscá-la. ― Arregalo meus olhos com a informação.
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aberto.
― Eu não acredito que o senhor Makgold já vai ― lamenta. ― Logo
agora que tudo começou a ficar divertido ― reclama, abraçando Donna.
― Ela bebeu? ― James pergunta, aproximando-se para pegar sua
taça.
Sinto minha garganta seca, roubo o coquetel sem álcool, engolindo de
uma vez. O líquido gelado é bem-vindo ao meu corpo.
― Ela só está agitada. ― Peter sorri para Jordyn antes de verificar
seu celular. ― O senhor Makgold terá só mais uma reunião e voltará para
casa em breve.
― Isso quer dizer que a festa acabou. ― Minha amiga festeira faz
uma careta.
― Eu acho que todos nós estamos cansados, mas se lembrem de
agradecer ao senhor Makgold ― Donna diz, arrumando os cabelos de Jordyn
no lugar.
Quando seguimos para fora do prédio, arrepio-me ao ver o lugar de
Dylan vazio, a moça que nos entregou as máscaras ficou em seu lugar
atendendo os clientes que insistem em entrar na festa.
O carro está à nossa espera, Peter segue para agradecer ao manobrista
e pegar as chaves. Olho para trás, encarando a entrada na esperança de ver
Johnatan. Pânico me invade ao pensar na possibilidade de ele estar com
Dylan, e com o outro homem que o havia atacado.
― Mine... ― escuto Jordyn me chamar.
Viro-me, vendo-a se aproximar do carro junto com os outros.
Caminho sem vontade até eles, mas sou distraída quando um carro luxuoso e
escuro para em frente à entrada.
Quatro homens de terno e máscaras escuras saem como se fizessem a
segurança do local. O manobrista segue rapidamente até eles. Um outro
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homem alto, de terno escuro com gravata preta sob medida, sai do carro
abotoando seu paletó. Seus cabelos estão penteados para trás, a máscara
negra cobre até abaixo do seu nariz, deixando exposto apenas sua mandíbula
e seus lábios. Seus olhos permanecem fixos na entrada.
Um dos seguranças vai até a moça para lhe dar os convites antes de
voltar ao seu posto. Quando passa por mim, sinto o frio na barriga ao pensar
que aquilo não é um bom sinal. O desconhecido vira sua cabeça em minha
direção, noto seus olhos cor de gelo me observar friamente. Sua cabeça se
move como se me cumprimentasse e volta sua atenção até a entrada. Eu os
assisto entrarem no elevador e desaparecerem atrás da porta de metal. Meu
estômago se embrulha com o desconforto.
― Quem é ele? ― Jordyn pergunta de repente ao meu lado,
assustando-me.
― Eu não sei. ― Esfrego meu peito angustiada.
― Parece ser alguém muito importante ― repara e me viro para ela.
― Vamos embora ― digo, puxando-a comigo até o carro.
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em bando. Um deles pode ser o suspeito que estava com uma arma apontada
para você ― fala com firmeza, fazendo meu corpo estremecer.
― Johnatan, não vai ― imploro.
― Você sabe que nenhum deles pode saber de você. E se o homem
que a olhou for o mesmo que estava apontando o laser? Não posso correr esse
risco. Eu nunca deixei trabalho para trás, Mine, e não vai ser dessa vez ― seu
tom continua ríspido.
Sua raiva desperta a minha. Eu não posso permitir que ele volte para a
festa. Tento controlar a angústia.
― Johnatan! ― chamo-o tentando controlar a tensão em minha voz.
― Mine, eu sempre estive bem. Não precisa se preocupar quanto a
isso. ― Ele parece me ignorar. Meu sangue ferve.
― Volta para casa agora! ― digo com frieza. Sinto vontade de socá-
lo pelo telefone.
― Eu tenho que ir ― ele me ignora novamente.
Levanto-me da cama pronta para lutar mesmo que seja pelo telefone.
― Não. Você não vai! ― disparo.
― Mine...
― Se você voltar para esse prédio, eu juro que sairei dessa casa à sua
procura. Então, é melhor você me escutar quando eu digo para voltar! ―
praticamente grito com o telefone.
― Você não ousaria. ― Agora sua tensão se volta para mim.
― Então, não me teste, Makgold! ― disparo com frieza, escutando
seu silêncio do outro lado. ― Vou te esperar na tenda. Se dentro de meia hora
você não estiver aqui, eu mesma vou atrás de você.
Corajosamente, desligo meu celular, jogando-o na cama. Meu corpo
vibra com meus nervos à flor da pele. Depois de tirar o vestido, guardo-o. No
banheiro, tiro a maquiagem e tomo um banho rápido.
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toda a merda fora de você! ― diz pausadamente. Encolho-me com sua voz
firme.
― Eu não tenho medo de você...
― Segundo! ― dispara me fazendo saltar. ― Se você disser mais
uma vez que sairá dessa casa, eu juro que te tranco no quarto por uma
semana. ― Engulo meu pavor.
― Terceiro? ― pergunto com minha voz trêmula.
Seus olhos avaliam meu corpo. Sua intensidade se transforma da água
para o vinho.
― Você está quente nesse roupão ― ele completa. Mordo meu lábio.
Suspiro aliviada quando se afasta e tira sua camisa. Meus olhos
percorrem todo seu corpo banhado pela luz da lua.
― Então, essas opções... Você não estava falando sério, não é
mesmo? ― certifico-me.
Johnatan suspira.
― Não pense que não fiquei nervoso. Acabei de descobri que umas
das coisas que mais odeio no momento é discutir com você. ― Ele se senta
me olhando com preocupação. ― Eu adoro a forma com que se preocupa
comigo. Sinto-me alguém em seu mundo, sinto-me importante.
Acaricio seus cabelos sorrindo.
― Você é importante para mim, mas depois dessa noite, eu só o quero
ao meu lado. Desculpe, mas não tive outra escolha. Eu iria mesmo atrás de
você ― confesso.
― Nunca faça isso! ― pede rapidamente, pegando minha mão e a
beijando.
― Você sabe que eu nunca te escuto. São minhas emoções, Johnatan,
tudo isso me leva a fazer coisas erradas. Eu nem mesmo consegui arremessar
uma faca ― lamento.
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choque.
Johnatan puxa meu corpo, deitando-me no colchão enquanto continua
com sua boca provocante em minha pele. Sinto-o desamarrar meu roupão,
mas meus olhos estão na ferida em seu ombro esquerdo.
―Você está ferido! ― tento conter minha preocupação.
― Isso não é nada ― sussurra em meu peito e beija meu colar.
Sua boca desliza para cima até chegar a meus lábios, dando-me um
beijo molhado. Gemo em sua boca com suas mãos percorrendo meu corpo,
afastando o roupão e me deixando exposta. Minha respiração fica cada vez
mais ofegante ao senti-lo provocar cada parte sensível da minha pele com
seus dedos deslizantes.
Quando sua boca se afasta da minha, sugo o ar quente para tentar
manter meus pensamentos focalizados, mas é impossível quando meu corpo
se curva contra o seu sem que eu permita. Gemo com sua boca sugando meu
seio.
― Johnatan! ― ofego. ― Seu machucado... ― Mordo o lábio
sentindo seus dedos descerem por meu ventre até acariciarem meu clitóris.
― Eu estou aqui, minha Mine ― responde, sungando meus bicos
duros um de cada vez. ― Não há nada com o que se preocupar ― diz
ofegante.
Gemo, sentindo meu sexo pulsar enquanto seu indicador provoca meu
clitóris lentamente. Deslizo minhas mãos em seus ombros com prazer.
Johnatan geme quando meu corpo se ergue para ele, facilitando sua mão livre
a esfregar-se em meu corpo.
Pisco os olhos encarando o céu, isso não está me levando a lugar
nenhum. Eu preciso de mais. Agarro sua cabeça, puxando-o para mim. Seus
olhos me encaram com uma malícia cheia de desejo. Beijo seus lábios com
carinho, mas logo me afasto da tentação.
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beijo, deslizando minhas mãos por seu corpo até chegar à sua calça.
Johnatan me ajuda a afastá-la arrepiando-me com seus gemidos em
minha boca. Toco em sua ereção com vontade.
― Mine ― meu nome sai como uma oração cheia de prazer.
― Eu o quero dentro de mim. Agora! ― ordeno aos gemidos.
― Exigente ― murmura provocante, em seguida, sua boca volta a
devorar a minha.
Assim que nos livramos de sua calça, suas mãos deslizam em minhas
coxas quando as prendo ao redor de sua cintura. Escuto o plástico da
camisinha ser rasgado apressadamente até eu sentir sua ereção provocar meu
sexo molhado, fazendo meus quadris se moverem contra ele.
Ofegado com sua boca em minha pele sensível. Arrepio-me só de
escutá-lo me provocar com palavras russas. Com um desejo incontrolável,
puxo-o para mim, invadindo minha língua em sua boca, dando-lhe um beijo
cheio de tesão.
Johnatan penetra lentamente. Meu sexo aperta o seu com intensidade.
Gememos juntos enquanto nos mexemos. Johnatan se move devagar,
fazendo-me apreciar cada movimento prazeroso dentro de mim.
Somos apenas línguas, toques, beijos e respirações abafadas. Nossos
gemidos são suaves e ofegantes. Quando perdemos o controle, suas estocadas
se tornam mais profundas. Meu corpo vibrante gruda-se ao seu com desejo.
Minhas mãos arranham seu corpo com prazer. Suas mãos fortes esfregam-se
em meu corpo suado com força e possessividade. Quando atinjo meu
orgasmo intenso, gemo suavemente com o prazer. Johnatan estoca mais duas
vezes até gozar. Eu adoraria senti-lo me completar com seu prazer, mas
temos que ter precauções.
― Eu preciso ir ao médico ― digo rapidamente.
Eu o espio se levantar para tirar a camisinha e se limpar.
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32 – ESCOLHA
bolsa de gelo.
— BOM DIA! — Ian saúda com alegria e se aproxima para me dar
um beijo no rosto. Sorrio para ele acariciando seus cabelos. — Olá, meu
amor! — diz de maneira encantadora para mim.
— Bom dia, Ian! — cumprimento sorrindo, vendo-o se sentar em seu
lugar habitual. Em suas mãos, noto uma espécie de álbum.
Ian olha para o lado e vê Jordyn de cabeça baixa. Todos na mesa
assistem.
— Está com dor de cabeça, Jordyn? — pergunta tranquilamente.
— Não sabe o quanto... — murmura toda doente.
— Que pena... — Ian dispara soltando seu álbum pesado na mesa.
Jordyn salta com o barulho.
James gargalha enquanto Peter e eu apertamos nossos lábios para não
rir das implicâncias dos dois.
— Seu pestinha! — ela o olha em ameaça.
— Você está horrível! — Ian ri. — Me desculpe Jordyn, volte para
sua soneca — diz empurrando a cabeça de Jordyn contra a mesa e colocando
a bolsa de gelo de volta em sua cabeça.
— O que é isso? — Peter pergunta.
Surpreendo-me ao notar que é um álbum de moedas antigas.
— São minhas relíquias — o garoto responde, agrupando suas
moedas organizadamente.
— Eram do meu marido. Ian adora. — Donna explica, beijando a
testa do filho com ternura depois de servi-lo com pão fresco e leite.
— Algumas parecem tão velhas... — James vê mais de perto.
— Elas são bem-cuidadas — Ian defende com seu sorriso
encantador. — O senhor Makgold disse que muitas delas são raras, podem
valer milhões! — diz, apresentando-nos algumas com orgulho.
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Quando olha Johnatan curvado ao seu lado, sua expressão fica cada
vez mais pálida.
— Senhor? — responde trêmula. Ian gargalha livremente. —
Desculpe... O senhor precisa de alguma coisa? Oh, por favor, diga que não...
por favor, eu não estou bem, chefe...
Johnatan se ergue, cruzando seus braços, assistindo-a, seus músculos
parecem saltar quando fica daquela forma.
— Ficar com uma bolsa de gelo na cabeça não vai melhorar nada,
muito menos o esmorecimento em seu corpo — ele informa. Jordyn se
encolhe, afastando a bolsa de gelo.
— Eu disse para ela tomar o remédio — Donna suspira como se
estivesse cansada de dizer aquilo.
Johnatan tira uma pequena caixa do bolso e o coloca à sua frente.
Jordyn encara o remédio fazendo uma careta.
— Tome! — ordena seriamente, fazendo-a encolher com seu olhar
mandão. Rapidamente ela engole o que tem no pequeno frasco. — Não
preciso de seus serviços. Vá descansar, aliás, quando eu precisar de vocês, eu
os chamarei — Johnatan diz me olhando com intensidade, aperto minhas
pernas. — Mine, acompanhe-me até minha sala.
Arregalo os olhos com seu pedido. Depois que termino meu café,
sigo-o até a biblioteca. Pela janela de vidro atrás de sua mesa, vejo o tempo
nublado, mesmo assim, o contraste não perde a beleza das montanhas.
Ao fechar a porta, eu o observo se mover ao redor para se acomodar
confortavelmente em sua cadeira e colocar sua xícara de café em cima da
madeira. Noto alguns papéis empilhados, assim como o envelope pardo.
Mantenho minha atenção nele ao me aproximar.
— Você vai começar a ficar aqui na biblioteca. Precisarei de tudo
isso organizado o quanto antes — diz todo profissional, curvando-se para
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conferir algo em seu laptop. — Andei vendo alguns uniformes para você.
Balanço minha cabeça para coordenar meus pensamentos. Johnatan
ergue sua sobrancelha me revelando a sombra de um sorriso se formando em
seu rosto.
— Você não... — Engulo minhas palavras.
Caminho apressadamente até ele para ver o que tem em seu
computador. Johnatan aproveita para me puxar para seu colo e beijar meu
rosto.
Olho-o chocada depois de me deparar com um site de lingeries.
— Tem algumas muito tentadoras... — ele provoca e se curva para
rolar a página para baixo me mostrando alguns modelos.
Coro só de ver uma calcinha fio dental muito transparente.
— Você só pode estar brincando comigo! — disparo o fazendo rir.
— São boas opções, eu tenho até uma escada específica para você
subir e descer enquanto eu a assisto. — Johnatan aponta para uma prateleira.
Ergo minha sobrancelha por sua perversão.
— Tenho certeza de que Jordyn e Donna compraram algumas peças
muito sensuais para mim no dia das compras — minto, mas na verdade são
apenas naturais, nada muito fora do comum, embora algumas calcinhas sejam
realmente pequenas.
Os olhos de Johnatan se arregalam.
— Isso é maravilhoso! — comemora.
Eu o empurro rindo, levantando-me de seu colo.
— Você é um pervertido! — comento e caminho até a frente de sua
mesa. Johnatan me assiste.
— Somente com você — diz com um leve sorriso.
Inclino minha cabeça toda presunçosa.
— Você não me chamou até aqui para isso, não foi? — questiono,
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que prefere cuidar dos cavalos. Penso em ir até o quarto de Jordyn, mas
desisto imaginando que ela já deve estar no vigésimo sono.
No meu quarto, folheio o livro de medicina, mas uma página é o
suficiente para fazer minhas pálpebras pesarem.
Desperto quando sinto lábios quentes em minha bochecha. Viro meu
rosto vendo Johnatan curvado à minha frente.
— Desculpe a demora — sussurra, beijando meus lábios levemente.
— Que horas são? — pergunto me espreguiçando.
— Duas da tarde — responde, fico surpresa. — Vista uma blusa, vou
te esperar no carro.
Aceno e me levanto assim que Johnatan sai do quarto. Pego meu
casaco, vestindo-o rapidamente.
Caminho para fora da casa, escondendo minhas mãos em meus
bolsos. O ar frio faz meu nariz arder. O conversível de Johnatan está parado
em frente à imensa casa, entro, já puxando o cinto de segurança. Sorrio com o
cuidado de Johnatan, ele já havia ligado o aquecedor para me amenizar o frio
dentro do veículo, em seguida, entrega-me um par de luvas, eu as coloco sem
hesitar.
No caminho até a casa de meu pai, nós nos mantemos em silêncio,
meu corpo ainda anseia por descanso. Johnatan dirige tranquilamente,
acariciando meu joelho. Envolvo seu braço, inspirando o perfume suave de
sua roupa.
Quando chegamos, saio do carro às pressas. Corro para dentro, vendo
César e meu pai sentados à mesa. Seus olhos se erguem surpresos ao me ver.
— Surpresa! — corro até meu pai, sentando ao seu lado e o abraço.
— Isso é maravilhoso! — aperta-me em seus braços.
O aroma de espaguete me distrai.
— Isso parece bom — pego um prato e me sirvo.
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33 – O ATAQUE
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assustadora.
Em seguida, disparo acertando seu joelho. O homem grunhe e se
afasta de Peter. Deixo a arma cair, sentindo-me chocada com o que fiz. Peter
se mantém firme, acertando-o com um golpe forte o fazendo cair e desmaiar
no chão.
Rapidamente Peter inspira e expira o ar com dificuldade ao se
aproximar de mim.
Viro-me voltado para Johnatan no chão.
— O que aconteceu? — Peter pergunta quase sem fôlego tocando o
pescoço de Johnatan para sentir sua pulsação.
— Foi uma seringa — respondo em pânico acariciando os cabelos de
Johnatan. — Ele não acorda — choro.
Peter olha para trás e depois para mim.
— Vamos sair daqui!
Engulo minhas lágrimas acenando.
— Vamos para a casa de Matt — digo sem pensar, é o primeiro lugar
que sugiro por ser o mais próximo.
Peter acena antes de se abaixar para puxar o corpo de Johnatan para
seus ombros.
— Você o matou? — pergunto olhando o homem desacordado no
chão.
— Não. Ele foi nocauteado, mas preciso tirar vocês daqui — Peter diz
com urgência.
Ele se ergue com esforço, segurando o corpo pesado de Johnatan.
— Você recolheu a arma e a seringa? — digo e procuro no chão.
— Sim. Vamos — pede.
— Espere! — falo e caminho até o homem caído.
De perto, ele é mais alto e mais forte, mesmo com as roupas negras de
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34 – LADO A LADO
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ter assistido a toda aquela tortura como ele, me mataria por dentro. — As
lágrimas preenchem seus olhos.
— Eu sinto muito — aperto sua mão em conforto.
— Isso não melhora com o passar dos anos, a cena do fogo é
inesquecível. Até mesmo para Donna, que voltou no dia seguinte e encontrou
apenas cinzas. Seu marido dava aulas para Johnatan — Peter diz com tristeza,
fazendo meu coração se apertar ainda mais.
— Eu sabia que ele era professor, mas não sabia que dava aulas para
Johnatan. Donna o amava, eu podia ver em seus olhos quando a vi comentar
sobre o marido. Tenho que concordar com você sobre não querer ver a
tragédia com sua esposa e nem com nenhum deles... Pobre Johnatan! —
suspiro.
— Ele tinha um amor incomparável pela sua mãe e sua irmã. Era um
garoto de coração aberto, fazia tudo por elas, se sua pequena irmã lhe pedisse
qualquer coisa, eu o via fazer o impossível para conseguir — o sorriso de
Peter me faz sorrir também.
— Como ela era?
Seco as lágrimas nos cantos dos meus olhos.
— Como era a irmã de Johnatan?
Peter sorri abertamente.
— Era muito pequena, doce, muito esperta, e hiperativa — revela,
sorrindo ainda mais. — Ela adorava correr e se esconder. Teve uma vez em
que ela se escondeu e todos saímos de casa preocupados. Nós a encontramos
em cima de uma árvore. Ela dizia que queria um lugar seguro para se
esconder, mas não pensou que seria tão alto. Apesar do medo, só sairia dali
quando Johnatan a pegasse — sorrio criando uma imagem da cena em minha
mente. — Depois de tudo o que aconteceu, Johnatan se fechou. Não tinha
mais aquele brilho nos olhos, o sorriso, a vontade de voltar para casa e ver
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você em breve.
Aperto meus lábios por sua teimosia. Viro-me para Matt, que acena.
Sigo-o pelo corredor silenciosamente até chegar num quarto amplo de
hóspedes, com uma cama de casal, cortinas escuras e cômodas organizadas.
— Por que ele tem que ser tão... — aperto meus dentes para conter
minha irritação.
— Acredite em mim — Matt suspira sorrindo —, você consegue
controlá-lo — encaro-o confusa.
— Não está parecendo — disparo.
— Tudo em Johnatan parece ser difícil de ser domado. — Matt sorri
enquanto suspiro exasperada. — Mas você consegue, de alguma forma,
deixá-lo no controle. Precisa ver quando ele está negociando ou querendo
fechar um acordo complicado. É um inferno, na verdade, é melhor você nem
presenciar isso, seria muito estressante...
— Isso não está ajudando, Matt — olho para ele cansada. Ele sorri
sem jeito.
— Não sou a melhor pessoa para confortar alguém, principalmente
agora — balança a cabeça, sorrindo com simpatia. — Fique à vontade.
Aceno quando se retira. Olho ao redor do quarto moderno sem ânimo.
Sento-me na cama, sentindo o peso em minha cabeça.
Johnatan tem seus medos, todos eles relacionados a mim. É
impossível não me preocupar sabendo que a máfia deve estar sabendo sobre
nós dois. Não posso ficar parada enquanto o vejo sofrer.
Meu coração parece pequeno, sinto-me impotente por não poder
ajudar, mas preciso dele, preciso que fique comigo para me sentir completa
novamente. Abraço-me, sentindo a solidão à minha volta. Não o quero
distante, apenas desejo poder ajudar de alguma forma.
Levanto-me, inspirando profundamente antes de sair do quarto.
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— Por que não a ensina a lutar? Por que não a treina? — Matt
comenta, tendo meu interesse.
Arregalo meus olhos e me aproximo quase perto da porta para escutar
a resposta de Johnatan.
— Está louco?! — sibila fazendo com que eu me encolha. — Isso
arriscaria sua vida.
— Mas ela saberia se defender. É uma forma errada de pensar, mas
por que não tentar? — Matt diz com urgência.
— Eu disse não! — Johnatan dispara enfurecido, assusto-me quando
escuto um baque forte dentro da sala.
Meu coração acelerado está dolorido. Meus olhos se enchem de
lágrimas pela rejeição. Afasto-me da parede e sigo correndo pelo corredor,
esfregando meus olhos com força para afastar as lágrimas.
Ao chegar so quarto, sento-me na cama, puxando o ar para conseguir
respirar. Seria tão mais fácil, eu poderia não ser igual a ele, mas se pelo
menos pudesse me ensinar, eu poderia defendê-lo, poderia ajudá-lo de
alguma forma.
Eu não conseguiria golpear alguém sem treinar, até mesmo teria
coragem de acertar o homem novamente caso acontecesse o pior. Lamento
por Johnatan ser mais complicado do que imaginei. De repente, assusto-me
quando a porta é aberta e vejo Johnatan entrar no quarto.
Afasto minhas lágrimas, vendo seus olhos me observarem assustados.
— Mine... — ele se aproxima.
Levanto-me e me afasto, preciso de ar, ficar perto dele não ajudará.
— Ouvi você e Matt — confesso com minha voz embargada. — Por
que não me ensina a lutar? — pergunto tristemente, vendo seus olhos azuis
arregalados.
— Mine, não — responde balançando sua cabeça.
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duramente.
— O problema é que esse prédio não é o único — Matt revela,
roubando nossa atenção. — Há outros fora do país. O problema maior é que
não conseguimos identificar onde eles ficam, quantos são e nem mesmo o
registro deles — prendo minha respiração quando Johnatan xinga algo em
russo.
— Seu amigo investigador ainda está à procura? — pergunto para
Matt tendo sua atenção.
— Sim, ele está trabalhando para isso — Matt assegura.
— Ele não tem nenhuma ideia de quais países possam estar
envolvidos? Se já estão terminados? — Johnatan pergunta.
— Contando com esse prédio, Colton optou apenas pelo continente
americano, mas para administrar mais, já que começaram a criar, eles devem
ter algum em progresso — Matt opina pensativo.
— Como o prédio central dos negócios — Johnatan reflete.
— Exatamente, pense nele como o coração — Matt acena.
Afasto-me deles para analisar o mapa na mesa. Franzo a testa cada
vez mais confusa pela quantidade de papéis, na tentativa de achar alguma
ligação com a máfia. Afasto as anotações de Matt para analisar a planta do
prédio inacabado da Nova Zelândia. Encaro o mapa, lendo os países do
continente americano. Deixo ambos discutirem entre eles para fazer mais
ligações até escutar Johnatan praguejar em russo. Ele está cansado e não o
quero pior.
Inclino minha cabeça sem sucesso, encarando o mapa como distração
até encontrar o país, Rússia. Johnatan nasceu ali, sorrio levemente ao olhar o
mapa, mas logo meu sorriso desaparece, dando lugar ao choque enquanto
encaro as investigações de Matt. Apanho um lápis próximo, riscando alguns
pontos no mapa. Curvo-me sobre a mesa para alcançar uma régua e risco
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35 – DESPERTANDO A FERA
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profundamente.
— Sim — confesso ofegante, vendo seu corpo másculo se aproximar
cada vez mais, aquecendo meu espaço.
— De que forma? — pergunta com sua voz rouca.
Meu corpo está em tremores. Gemo quando sinto seus dedos
delicados deslizarem em meus ombros, percorrem minha nuca e descerem
suavemente por minha espinha, causando-me arrepios.
— Como uma fera — murmuro quase sem voz. Sua outra mão toca
meu rosto, deslizando seu polegar em meus lábios, dessa vez, mais
provocante.
Mordo seu polegar suavemente, lambendo seu dedo enquanto encaro
seus olhos sérios e cheios de desejos intensos. Seu gemido rouco faz meu
sexo se apertar.
— Você quer a fera agora? — seu sussurro me faz arrepiar. — Quer
despertá-la?
Mordo meu lábio, aproximando-me de sua boca. Deslizo minhas
mãos em seu peito até chegar à sua nuca e agarrar seus cabelos, trazendo-o
para mim.
— Eu acho... — mordisco seu lábio inferior, provocando-o. — Que já
despertei — sussurro, colando minha boca na sua, beijando-o com
ferocidade.
Johnatan agarra meu corpo com força, aprofundando nosso beijo.
Nossas línguas se encontram, saboreando uma a outra. Seu hálito doce me
inebria e o sugo com prazer. Ele geme em meus lábios, puxando a respiração
com força. Suas mãos fortes deslizam por minhas costelas, prendendo-se em
meus quadris.
Meu corpo é suspendido para cima e minhas pernas abraçam sua
cintura enquanto meus braços se apoiam em seus ombros. Quando sua boca
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— Hum — geme rouco sem parar de me torturar, sua voz parece não
ajudar a intensidade do meu sexo pulsante.
— Eu quero você — choramingo, arqueando ainda mais e esfregando
minhas pernas em seu corpo. Quando os movimentos de seu dedo começam a
acelerar, suas mordidas são ainda mais provocantes.
— Como uma fera? — escuto-o com sua boca ainda próxima ao meu
sexo. Se isso não fosse tão excitante, seria constrangedor.
Meu corpo tem fome, preciso dele dentro de mim.
— Sim! — gemo, contorcendo-me.
Rapidamente ,sua mão se afasta, assim como seu corpo. Pisco meus
olhos, vendo-o tirar suas calças junto com a cueca e, em seguida, colocar a
camisinha. Mordo meu lábio ao ver seu membro duro e seu corpo másculo à
minha frente, tento fechar minhas pernas para esfregá-las quando meu sexo
lateja ainda mais. Suas mãos seguram meus joelhos para impedir meus
movimentos. Minha respiração acelera ao vê-lo se curvar, voltando a roçar
seus lábios em minha pele.
Assim que seu corpo se une ao meu, sinto-me queimar. Seus lábios
nunca deixam meu corpo, provocando meus seios até beijar o rubi em meu
peito. Envolvo meus braços em seu corpo, deslizando minhas mãos em suas
costas. Movo meus quadris de encontro a ele ao sentir sua ereção em meu
sexo, esfregando-se lentamente, fazendo-me querê-lo ainda mais.
Ofego quando sua língua quente contorna meus lábios de forma
provocante até sua língua deslizar para dentro da minha boca, gemo me
perdendo em seu beijo intenso. Sua ereção esfrega-se cada vez mais forte,
fazendo-me agarrá-lo.
Suas mãos deslizam em mim com mais força, assim como seus
movimentos; meu corpo parece carregado e dolorido. Quando me penetra,
sou pega de surpresa com sua profundidade, fazendo-me gritar ofegante de
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contato.
— Mine... — ele grunhe. — Boa noite, querida!
Suspiro sorrindo com seus beijos em meu rosto. Johnatan se levanta
para cobrir meu corpo com o lençol, depois, segue para o banheiro. Nem
mesmo o vejo voltar, meu sono chega de imediato.
Estou de volta à rua sem saída aos choros. Johnatan está caído atrás
de mim. O desespero voltar com força, fazendo meu corpo tremer. Aponto a
arma para um homem frio com os olhos azuis em chamas me encarando em
ameaça. Ele usa a mesma touca ninja.
— Você não é o Johnatan. Não! — estremeço sem forças para soltar a
arma, meu dedo está preparado para puxar o gatilho.
— O QUE ESTÁ ESPERANDO?!
Olho para trás, vendo meu Johnatan caído e o outro me encarando
pronto para atacar.
— Por favor, não! — peço trêmula.
— Você não pode atirar em mim, Mine! — afirma com firmeza, sua
voz é desconhecida para mim. — Você me ama, é incapaz de fazer isso.
Ele caminha em minha direção lentamente, soluço quando o vejo tirar
a touca. Minha mente me deixa confusa ao pensar em qual Johnatan devo
confiar. Quero acordar, sair desse pesadelo horrível. Meu corpo parece
sobrecarregado, como se afundasse ainda mais no sono profundo. Sua risada
sombria me assusta, olho para seus olhos obscuros, procurando pelo
reconhecimento.
— Ele está morto — O Johnatan ameaçador diz com satisfação.
— Não. Não... — balanço minha cabeça para meu verdadeiro
Johnatan atrás de mim.
— Seu amor está morto — murmura, fazendo meu coração rasgar.
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Choro.
— É mentira — digo aos soluços.
— Você o matou — acusa, fazendo meus olhos se arregalarem e o
pânico tomar conta do meu corpo.
— Eu não o matei, você o matou. Você tirou ele de mim — choro,
dessa vez, seguro a arma com firmeza.
— Não — o Johnatan sombrio responde confuso, seus olhos
nebulosos se suavizam, sei que é para me confundir. — Você tem a mim
agora. Não precisa ser assim...
— Fique longe de mim — digo quando ousa se aproximar.
— Mine? Sou eu... esse sou eu, você não pode fugir desse pesadelo.
Eu não posso fugir desse pesadelo... Venha comigo! — pede, estendendo sua
mão.
Balanço minha cabeça.
— Não. Não... — digo desesperada.
— Venha comigo. Agora! — avança em minha direção.
Sem querer, disparo em sua direção três vezes seguidas sem hesitar.
Os tiros atingem seu peito, logo ele cai de joelhos à minha frente, seus olhos
me encaram horrorizados.
— Mine? — ele se esforça para me chamar. — Roza?
— O quê? — arregalo os olhos quando o vejo assustado e olho para
trás desesperada.
A rua parece estendida agora, o corpo atrás de mim não é mais de
Johnatan, e sim de Peter; em seguida, vejo caídos James, Jordyn, Donna e
Ian, já mortos. Ao lado, o corpo de Matt está debruçado na calçada. Pior
ainda é ver o corpo de meu pai sem vida.
— Pai... — solto a arma. Viro-me para encarar Johnatan, vendo-o
caído diante de mim com seus olhos arregalados, numa expressão sem vida.
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— Johnatan... Não, não me deixe, por favor! Johnatan! Não, não. NÃO!
— MINE! — abro meus olhos com o grito. Sento-me inquieta,
empurrando quem quer que seja. — MINE, PARA!
Meus braços frenéticos param ao escutar sua voz no escuro, sinto
meus olhos arderem em lágrimas. A luz do abajur é ligada, pisco contra a
claridade. Johnatan segura minhas mãos, beijando-as.
— Você está vivo — ofego o abraçando desesperada.
— Eu estou aqui. Hey, calma! Foi só um pesadelo — diz de forma
cansada como se estivesse lutado comigo por um bom tempo.
— E matei você — soluço, seus braços me apertam em conforto. —
Eu matei todos vocês...
— Mine, só foi um pesadelo, eu estou aqui. Está tudo bem —
tranquiliza-me, afastando minhas lágrimas, assim como meus cabelos do meu
rosto suado.
— Você tem razão — digo rapidamente, acariciando seu rosto.
Seus olhos preocupados me observam confusos.
— Sobre o quê? — pergunta.
— Sobre a ideia de treinar — engulo meu choro.
— Mine...
— Não... Eu não quero viver assim. Terei pesadelos. Eu não quero
mudar — digo sem fôlego.
Johnatan inspira antes de beijar meus lábios brevemente.
— Eu não quero que você mude. Não precisa ser assim — diz
afastando minhas insistentes lágrimas. — Você é perfeita, não se pode mudar
o que já é perfeito, a menos que tenha um motivo. Mesmo assim, você não
precisa disso.
Choro, dando-lhe um beijo. Meu coração dispara angustiado.
— Eu só pensei em ser mais forte na intenção de te ajudar, mas acho
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mesmo conseguiu fazer meus nervos ficarem contraídos quando ela está me
enfrentando. Acredite, é muita coragem sua fazer algo assim — ele elogia.
Olho-o sem recuar, apertando meus lábios para não sorrir. — Mine,
você pertence a minha vida agora. Quero mantê-la comigo para sempre.
Meu coração dispara com seu jeito terno. Num impulso, puxo-o para
mim a fim de beijá-lo com todo meu amor.
— Sinto-me um pouco melhor agora — digo, dando-lhe leves beijos
seguidos.
— Um pouco?
Seus olhos se erguem em surpresa.
— Sim — respondo, envolvendo uma das minhas pernas em sua
cintura. — Tem algum remédio para que eu me sinta melhor? — Finjo
inocência esfregando seus quadris contra os seus.
— Acho que tenho um remédio perfeito pós-pesadelo.
Assusto-me com seu tapa forte em minha bunda.
— Isso foi pelo tapa que você deu na minha cara.
Pisco chocada.
— Eu te bati?
— Sim, bem aqui — murmura rouco, apontando para sua face
esquerda sem deixar de esfregar sua ereção em meu sexo. Mordo meu lábio
reprimindo um gemido. — Está molhada, pronta para mim... Vire-se!
Pisco meus olhos com sua ordem. Todo meu ser aprecia seu olhar
mandão.
— O que vai fazer comigo? — pergunto excitada.
— Não faz ideia do que que quero fazer com você nesse momento. —
Seu sotaque rouco faz minhas entranhas se apertarem.
— Cite — provoco-o mordiscando seu lábio e rebolando lentamente
em seu colo.
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36 – VOCÊ É MINHA
nada.
— E a rosa? — inspiro o perfume puro da flor, como se o aroma me
acalmasse.
— Eu roubei — confessa, dando de ombros.
— Johnatan, você compra roupas íntimas caras, mas rouba uma rosa?
Ele acena com seu sorriso travesso. Seu humor matinal me
surpreende.
— Por que está com esse gênio todo? — pergunto desconfiada.
— Porque estou feliz — responde tirando seus sapatos. Franzo a testa.
Olho para os lados antes de olhá-lo por inteiro e para nos incríveis
olhos.
— Você abusou de mim?
Lembro que, depois da nossa madrugada erótica, ele mencionou, de
maneira muito perversa, que faria isso antes que eu pegasse no sono.
Ele joga sua cabeça para trás para gargalhar livremente. Escutá-lo
naquele estado preenche meu coração. Sorrio, pegando a última sacola.
Minha boca se abre em choque ao pegar uma caixinha.
— Certo — engulo em seco.
— Antes que entre em pânico, não se preocupe, o médico me receitou
— explica, desabotoando a calça.
Pisco surpresa.
— Em primeiro lugar, eu não estava em pânico e sim chocada, em
segundo lugar, eu estou em pânico agora. Espere... — ergo meu indicador —,
você foi ao...
— Não, eu liguei para o médico do centro. É de confiança — ele me
interrompe.
Arregalo meus olhos.
— Você contou a esse médico a nossa rotina? — envergonho-me.
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ser subestimado.
Uma risada arrogante e muito conhecida nos chama a atenção, assim
como o aplauso irônico. Sinto meu café da manhã querer sair ao notar Nicole,
a loura impecável.
— A realeza com uma plebeia — ela sorri com arrogância. —
Inacreditável — diz enojada, olhando-me de cima abaixo.
Aperto meus dentes.
— Nicole, o que faz aqui? — Johnatan pergunta. Fico feliz por sua
frieza.
— Reunião de última hora com a equipe técnica — explica,
encarando-o com um sorriso hostil. — Por isso, eu me hospedei por aqui.
Tenho tentado ligar para você nesses últimos dias...
— Estive ocupado — ele a interrompe sem lhe dar detalhes.
— Entendo — Nicole me olha. — Mas agora que está aqui, podemos
conversar? — pede, olhando-o intensamente.
Engulo minha fúria por ela tentar flertar com Johnatan na minha
frente. Aperto a mão do meu homem assim que ele ousa se afastar. Nicole
encara nossas mãos entrelaçadas e ergue sua sobrancelha com ironia.
— Me dê um minuto, Nicole — Johnatan pede.
A risada da loura imprestável me enfurece.
— Não me diga que vocês... — engole sua ira e acena, erguendo seu
indicador — Um minuto — exige, em seguida se afasta.
— Mine, não precisa ficar assim — Johnatan se explica, tocando em
meu rosto.
— Eu não confio nela — eu encaro as costas da loura como se
pudesse furá-la com meus olhos.
— Somos parceiros de negócios — insiste.
— Parceiros que já tiveram um caso, mesmo a parceira estando
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Ele não pode ser tão cego de não perceber o que está acontecendo. Como não
desconfia dela? Como pôde continuar sendo parceiro de trabalho daquela
megera? Meu coração se aperta.
Uma batida na porta ao meu lado me faz sobressaltar, mas continuo a
encarar a janela, não querendo dar atenção a ele.
— Para onde senhor? — Peter pergunta assim que o russo teimoso
entra no carro.
— Para casa — Johnatan ordena, movendo-se em seu assento.
Sinto seus dedos deslizarem em minha mão até alcançá-la. Afasto-me,
recusando seu toque. A única coisa que quero no momento é gritar em meu
travesseiro ou jogar vidros contra a parede. O sentimento de tormento e raiva
parecem andar de mãos dadas dentro de mim. Escuto Johnatan suspirar
irritado enquanto encaro as ruas passarem como um borrão.
— Peter? — escuto-o. Sua voz grossa está relutante. — Sobre
ontem... Eu agi por impulso, peço desculpas pelos meus erros. Também tenho
que agradecê-lo pelo o que tem feito por mim e pela Mine — parece sincero.
Ouço Peter pigarrear surpreso pelo ato inesperado.
— Está-está tudo bem, senhor — gagueja.
Quero me sentir aliviada por sua atitude, mas é impossível. Eu posso
sentir seus olhos em mim e ouvir sua respiração pesada.
— Feliz? — escuto Johnatan murmurar em minha direção e aperto
minhas mãos.
— Não fez mais que sua obrigação — digo friamente.
Peter me olhar pelo retrovisor, depois volta a sua atenção para a
estrada como se não sentisse o clima pesado no ar.
Escuto Johnatan grunhir, murmurando algo em russo. Volto meus
pensamentos para as ruas, apreciando os prédios da cidade.
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ar.
— Ninguém toca em você — sua frieza é pior que a minha.
— E por que não? — disparo furiosa, sentindo meu corpo ferver.
— Porque você é minha! — responde com firmeza, mas logo noto a
confusão em sua expressão, talvez, perdido em pensamentos.
— Bem-vindo ao meu mundo! — rebato, voltando minha atenção
para o saco.
— Eu sinto muito, tudo bem? Eu vou investigar sobre isso, mas não
tem que ter motivos para sentir ciúmes. Mine, você tem meu coração — ele
suspira. Continuo a trabalhar meus socos. — Será que dá para você voltar sua
atenção para mim em vez da merda desse saco de pancadas?!
— É melhor ter minhas mãos bem longe de você neste momento —
murmuro com raiva.
— Você quer me bater? — a confissão o deixa perplexo.
Sorrio com frieza.
— Pela primeira vez no dia você não está sendo cego. Estou me
segurando, acredite — resmungo.
Sou pega de surpresa quando meu corpo é virado para ele, o saco de
pancadas é afastado de mim.
— Eu estou bem aqui — murmura, usando toda a potência de sua voz
próximo ao meu ouvido. Tento me afastar. — Me bata. Desconte sua fúria em
mim, e depois vou tentar controlá-la — pede. Aperto meus dentes frustrada.
— Eu quero ficar sozinha — sinto meus olhos febris.
— Não. Você quer ficar comigo, precisa de mim. Você está com o
corpo fervendo, sua cabeça está pesada e a angústia dentro de você está te
deixando sufocada. — Ele me olha enquanto tento recuar. — Vamos lá,
mostre-me o que há dentro de você — aproxima-se enquanto encaro seu
peitoral.
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37 – GOLPE BAIXO
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importo.
― Não é tão simples quanto pensa ― ele informa friamente.
Surpreendo-me com sua seriedade.
Penso que talvez ele não queira me passar tudo que aprendeu, talvez
por ser difícil demais para ter que lidar com isso e acabar me ensinando de
forma errada, mas não o quero dessa forma. Solto um suspiro relutante.
― Não precisa me mostrar o que há de pior. Apenas... autodefesa? ―
peço sem jeito, olhando suas feições.
Sua cabeça se ergue para me encarar atentamente.
― Autodefesa ― repete, erguendo uma sobrancelha com ironia.
― É ― confirmo com a cabeça na esperança de que ele aceite.
Seus olhos azuis me avaliam, sei que há uma luta interna.
― Vista-se! ― ordena, levantando-se e já vestindo suas calças.
― Podemos fazer sem roupa ― provoco-o. Ele tenta conter seu
sorriso.
― Seria interessante, mas seria uma distração ― confessa, fazendo-
me sorrir.
Pego minhas roupas antes que ele volte à estaca zero. Quero tomar um
banho antes, mas algo me diz para me manter suada. Enquanto me visto,
Johnatan se afasta, deixando-me sozinha no tatame. Volto a deixar minha
regata até a cintura, prendo meus cabelos num coque e o aguardo retornar
com duas barras.
Sinto-me empolgada, mas disfarço meu sorriso apertando os lábios.
Assim que meu russo temperamental se aproxima, vejo as barras de madeira
girarem entre seus dedos rapidamente, criando um som suave no ar. Certo, eu
quero aprender isso também!
Ele me entrega uma barra, e encaro o objeto liso maravilhada, como
se fosse minha primeira arma de combate. É bambu, mas não me importo, é
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minha arma.
― Não se empolgue, só vou te mostrar o essencial ― Johnatan
dispara, mas ignoro sua hostilidade. ― É um bastão de bambu.
― O que vamos fazer? ― indago agitada.
Johnatan suspira caminhando até o centro do tatame, acompanho-o.
― Vou mostrar como se afastar de alguns golpes ― franzo a testa,
encarando meu bastão.
― Como? ― pergunto um pouco apreensiva. Boa parte de mim quer
aprender a dar uma surra com um bastão, seja ele de bambu ou o meu
preferido, o de ferro.
― Mine, você precisa de mais do que isso ― olho-o, agora atenta. ―
Externamente, você deve manter seu corpo tenso, mas seu interior tem que
estar relaxado. Você não pode hesitar, não pode se afastar e nem mesmo se
desviar. Seus olhos têm que estar sempre fixos em seu oponente, tantos nos
olhos dele quanto nos movimentos. No momento em que seu interior está
relaxado a sua mente se mantém atenta ― explica com confiança, como se
fosse um professor.
Escuto com atenção enquanto ele gira em torno de mim para arrumar
minha postura com seu bastão. Mantenho a coluna mais reta, a cabeça
erguida e minhas pernas um pouco afastadas. Quando está satisfeito com
minha postura, noto-o segurando o bastão com firmeza com uma mão, no
meu caso, prefiro segurar o meu com as duas. Sigo as instruções, forçando
meu corpo a relaxar internamente e me manter rígida externamente.
― Como estou?
Johnatan me observa com atenção, ajudando-me a arrumar o
posicionamento do bastão em minhas mãos, afastando-as um pouco mais e
fazendo-me segurar com firmeza.
― Ótimo ― seu tom se torna mais grosso. ― Eu vou atacá-la em
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quatro pontos. Aqui... Aqui... E aqui ― ele aponta com seu bastão, tocando
em meu ombro esquerdo, minha costela direita e minha coxa esquerda.
Franzo a testa.
― E o último ponto? ― pergunto confusa.
Pela primeira vez em meio a toda sua tensão, vejo seu sorriso
perverso. Seu bastão segue em direção às minhas costas até tocar minha
bunda.
Levanto meus olhos para ele.
― É uma parte da diversão ― informa, dando-me uma piscadela. ―
É melhor não errar seus movimentos.
― E como vou saber usar meu bastão corretamente?
― Eu disse, observe seu oponente. Você precisa de foco, força,
atenção e atitude ― comenta com seus olhos fixos nos meus. ― Preparada?
Inspiro profundamente, mantendo minha posição firme.
― Sim ― digo sem coragem.
― Mine ― chama minha atenção. ― Mantenha-se firme! ― ordena.
Aceno, querendo mostrar minha língua para ele por seu jeito mandão.
Vejo seu bastão vindo em minha direção, afasto-o com o meu quando
ele ousa se aproximar do meu ombro. Seu ataque não é ofensivo como
imaginei que seria, é como um aviso de onde pretende se aproximar para que
eu empurre seu bastão com o meu.
Ele faz o mesmo movimento em outros pontos, atacando-me, exceto
em minha bunda. Eu os afasto até notar que seus movimentos começam a se
tornar mais rápidos. Confesso que isso é muito emocionante para mim!
― Mantenha seus joelhos um pouco flexionados. Isso ajudará a
impulsar seu corpo. ― Faço o que me pede até seus movimentos cessarem.
― Agora, não avisarei onde vou atingi-la.
Franzo a testa.
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mãos.
Arregalo meus olhos quando me mostra um símbolo japonês no canto
do bastão.
― Está brincando comigo ― digo chocada.
― Não ― sorri.
― Oh! Me desculpe. Eu não, eu não sabia ― lamento desesperada.
Johnatan sorri e se apoia em seu cotovelo para me olhar.
― Não se preocupe. Não é de grande valor ― beija minha testa.
― Como não? Estava em leilão ― digo horrorizada. Johnatan faz
uma careta e acaricia meus cabelos.
― É só um objeto, Mine. Vem, vamos ― ergue-se, puxando minhas
mãos estendidas para me ajudar a se levantar.
― Para onde vamos? ― pergunto, seguindo-o pela academia.
― Treinar seus socos ― murmura.
Corro até ele empolgada.
― Jura?
Johnatan puxa o saco de pancadas e o encaro atentamente.
― Você deve manter sempre a postura firme, mas os ombros e braços
relaxados, assim como o resto do corpo. Contudo, seus braços e punhos
devem estar firmes para ter golpes rígidos. Nada de tapas ― ele alerta,
fazendo-me corar. ― Mostre-me.
― Certo ― aceno, mantendo minha posição para o primeiro soco.
Distraio-me com Johnatan atento em mim, mas logo arrumo a
postura.
― Seja mais firme!
Encaro o saco de pancadas, voltando a socá-lo com força. Johnatan
permanece parado ao meu lado, de braços cruzados, observando-me com uma
de suas mãos coçando seu queixo. Seria mais fácil se ele colocasse uma
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camiseta.
― Assim está bom? ― pergunto esperançosa.
Sua expressão séria está atenta ao meu corpo.
― Novamente ― ele pede, e faço. ― De novo! Mais forte! Mantenha
os braços um pouco mais levantados e firmes!
Eu faço como pede.
― Estou fazendo certo? ― É chato tê-lo só assistindo.
Johnatan se move para trás de mim a fim de prender meus cabelos no
coque. Em seguida, sinto-o deslizar seus polegares em minha nuca, tocando
no primeiro osso da minha espinha como se massageasse o local. Seus dedos
deslizam por meus ombros, puxando-os para uma postura correta,
percorrendo suas mãos fortes por minha cintura e posicionando meus pés um
na frente do outro.
― Não ― responde a minha pergunta próximo ao meu ouvido antes
de voltar para meu lado novamente.
Olho-o com sede. Tento me controlar para não o agarrar.
― O que preciso fazer? ― indago. Seus olhos me avaliam.
― Mantenha o punho direito quase próximo de sua mandíbula. Você
usa bem a esquerda, tente dar dois socos com a ela e um com a direita.
Aceno, fazendo o que me pede. Johnatan me observa caminhando ao
meu redor até ficar do outro lado. Sigo meus movimentos mais rígidos e
muito mais fortes contra o saco. É um alívio e, ao mesmo tempo, um
desconforto tê-lo ali como um falcão.
― Diga... alguma... coisa ― peço enquanto soco.
― Foco! ― ordena, reviro meus olhos. ― Fisicamente, você já está
relaxada, mas preciso que você imagine algo que te incomode, que te deixe
irritada.
Ele tem razão. Isso é fácil quando a imagem de Nicole volta à minha
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mente, meus socos se tornam cada vez mais forte e eufóricos, fazendo-me
esquecer que Johnatan está comigo.
De repente, sou interrompida por uma mão forte que agarra meu
punho antes mesmo de acertar o saco. Estou cansada e suada. Encaro
Johnatan, empurrando o saco de pancadas para se colocar à minha frente.
― O que está fazendo? ― pergunto, puxando o ar para meus
pulmões.
Suas mãos levantadas me deixam ainda mais confusa.
― Soque ― ele pede indicando suas mãos, eu o obedeço. ― Mais
forte, como estava segundos atrás.
― Não vou conseguir assim ― resmungo.
― Tente ― pede.
Observo suas mãos e volto à posição para socar novamente.
Nos meus primeiros golpes, Johnatan agarra minhas mãos para acertar
meus punhos.
Deixo-me levar pelos meus impulsos, voltando a golpear suas palmas.
Johnatan não parece se importar com isso, deixando-me com meus socos
rígidos até agarrar minhas mãos para puxar meu corpo para ele.
― Chega. Você não precisa ficar tão nervosa ― murmura, beijando
minha testa enquanto ofego em seu peito.
― Acho que sempre irei me sentir assim só de ver ou me lembrar
daquela mulher ― confesso encarando seus olhos.
― Vou me certificar de que tudo está bem. Nicole não é uma ameaça
― tenta me tranquilizar, mas não quero lhe dar ouvidos.
― E se não for?
― Darei um jeito ― responde com um suspiro.
― Ou eu darei um jeito ― digo seriamente, vendo seus olhos atentos
em mim.
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sotaque russo junto ao meu ouvido. Mordo meu lábio ao encarar, por sobre
seu ombro, o espelho extenso da pia a frente.
Ver o reflexo de Johnatan se mover é excitante, eu me inebrio sem
perder o foco de seu corpo forte e sua bela bunda. Sorrio perversamente,
deslizando minhas mãos em sua pele até alcançar suas nádegas, apertando-as
com tesão. Johnatan afasta seu rosto do meu pescoço para me encarar com
um sorriso malicioso.
― Você está gostando disso, não está? ― engulo em seco, apertando
meus lábios para não sorrir.
Gemo alto quando o sinto me atingir com força, aperto sua bunda
devido à sensação intensa. Suas estocadas fazem meu corpo subir e descer
contra a parede, beijo-o ofegante quando sinto seu tapa forte em minha
bunda.
Minha pele se arrepia com o contato e meu sexo se aperta contra o
seu. A sensação excitante se intensifica ainda mais com meu orgasmo se
aproximando. Fecho meus olhos brevemente até senti-lo se retirar de dentro
de mim. Pisco confusa.
― Johnatan? Eu estava... Eu ia... Johnatan?
Choramingo ainda mais quando seu corpo se afasta do meu,
deixando-me em pé.
― Eu senti que estava se aproximando. Eu amo quando fazemos isso
juntos, mas eu preciso de mais ― Johnatan aprecia. Meus olhos estão em sua
ereção.
― O que você está pensando em fazer? ― pergunto com malícia.
― Você pediu um banho ― ergue sua sobrancelha, ofego quando o
vejo segurar sua ereção com firmeza. ― E eu devo obedecer essa ordem com
prazer ― seu sotaque rouco e suave faz meu sexo se apertar.
― Eu quero você ― suplico, lambendo meus lábios ao encarar sua
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ereção.
― E me terá ― provoca com um sorriso perverso. ― Vire-se! ―
ordena.
Fico de frente para a parede. O vapor quente do banheiro não ajuda a
melhorar a temperatura febril do meu corpo. Logo me distraio com suas mãos
nas minhas, ajudando-me a me apoiar contra a parede, em seguida, desliza as
suas palmas por meu corpo até eu ficar empinada para ele. Quando afasta
minhas pernas, gemo sentindo seu indicador provocar meu clitóris.
― Johnatan ― choramingo, mas sou dominada por sua mão em meu
sexo e seus lábios em minhas costas molhadas.
― Eu sei que estava espiando pelo espelho ― arregalo meus olhos.
― Eu não... Ah! ― engasgo quando sinto seu tapa forte em minha
bunda. Minha pele se arrepia ruidosamente, e meu sexo pulsa com uma dor
prazerosa.
Gemo, ao ser dominada por sua língua em minha coxa, seguindo em
direção à minha vagina. Encosto meu rosto na parede e mantenho minhas
mãos no lugar, em busca de equilíbrio. Minhas pernas estão trêmulas, sei o
quanto estou exposta naquela posição, principalmente quando está abaixado
aos meus pés.
― Hora do banho, minha Roza. Não sem mova! ― ordena, dando-me
outro tapa forte.
Meu corpo estremece de prazer e meus gemidos se tornam cada vez
mais altos.
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38 – INDIFERENTE
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Faz pouco ou muito tempo? Eu não sei, mas quando abro meus olhos
pesados, deparo-me com o quarto espaçoso de Johnatan. A fraca luz do dia
me faz ter certeza de que o tempo lá fora está frio. Tateio a cama atrás de
mim à procura dele e não o encontro. Giro sorrindo ao ver uma rosa em seu
travesseiro. Pego-a, inspirando seu perfume e apreciando suas pétalas abertas
como se me dessem um bom dia, só que depois de alguns segundos, arregalo
meus olhos, sentando-me na cama em busca de um relógio.
Para meu desespero, Johnatan não tem um relógio em seus criados-
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aço.
Suas mãos tocam meu rosto, acariciando minha pele.
― Eles nunca se aproximam quando você está por perto ― sussurra,
beijando minha têmpora.
― Acho que posso me acostumar com isso ― ri do meu jeito
angelical.
― Vamos correr, super-heroína antipesadelos, antes que seu ego afete
sua cabeça ― diz, fazendo-me rir, e o empurro com o ombro.
Corremos tranquilamente lado a lado. Seguimos direto para a parte
principal da cidade, tudo está calmo e tranquilo. Depois de alguns minutos,
sinto o suor em minha testa, minha respiração começa a ficar mais ofegante e
minhas bochechas latejam.
Olho para o lado, já vendo o suor de Johnatan escorrendo por sua
face. Ele parece rebelde, exalando masculinidade até mesmo daquela forma.
Seus olhos percorrem todas as direções até encontrar os meus.
― Todo mundo que corre escuta músicas ― digo ofegante, vendo sua
testa franzir.
― Música serve como distração ― explica, virando-se para correr de
costas, não ouso a imitá-lo sabendo que vou cair. ― Cansada?
Sua pergunta me deixa confusa, minha garganta está seca e minha
respiração alta parece me entregar.
― Não ― franzo a testa ao ver seu sorriso.
Seus olhos percorrer por meu corpo enquanto corro.
― Flexione os joelhos enquanto corre ― pede, e obedeço.
Depois de longos minutos de corrida, sinto minhas pernas queimarem
com o esforço.
― Podemos parar um pouco? ― peço ofegante, parando de correr e
me apoiando em meus joelhos.
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― Eu sabia que você não iria aguentar muito tempo ― Johnatan ri,
correndo ao meu redor.
Ergo meu corpo duramente.
― Eu posso aguentar ― defendo-me e o olho por alguns instantes. ―
Mas preciso comer alguma coisa ― minha reclamação o faz parar
preocupado.
― Você não comeu...
― E nem bebi água ― completo com sede.
― Venha, vamos comer alguma coisa ― estende sua mão e a
alcanço, entrelaçando nossos dedos.
Caminhamos tranquilamente. Apesar do meu corpo está latejante e
minhas pernas doloridas, sinto-me mais acordada.
Ao atravessarmos a rua, damos de cara com a loja de café Starbucks
de Queenstown. Sorrio empolgada, sempre que acompanhava meu pai para ir
ao centro da cidade nas entregas de suas madeiras, passávamos no café.
Johnatan observa minha empolgação, abraçando meu corpo e beijando minha
testa.
― Eu pensei que você fosse exigente ao se tratar de seu paladar ―
provoco-o ao entrar no estabelecimento um pouco vazio pelo horário.
Johnatan me guia até uma mesa distante, próxima a uma janela de
vidro.
― E sou ― pisca para mim, fazendo-me corar. ― Mas posso abrir
algumas exceções por você.
― Estou lisonjeada ― digo de forma casual, pegando o cardápio. ―
Eu vou querer um cappuccino cremoso e uma rosquinha ― meu estômago
ronca.
Johnatan ergue uma sobrancelha, analisando-me.
― Rosquinha? ― reprova com uma careta, dou de ombros.
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franzo a testa, vendo-o digitar algum código. Arregalo meus olhos ao entrar
numa sala de aço equipada com medicamentos.
O lugar me lembra uma sala de cirurgia. Johnatan deita-me em uma
espécie de maca enquanto observo assustada. É tudo organizado com luzes
embutidas em prateleiras com remédios entre outros equipamentos cirúrgicos
e de pesquisas.
― Como se sente? ― pergunta, levantando minha blusa para ver a
ferida. Dou um tapa em sua mão quando ele toca.
― Confusa. Está começando a doer ― digo, tentando ser firme. ―
Sinto sono.
― Eles devem ter usado alguma bala com efeitos colaterais. Peter,
limpe o local ― Johnatan diz sem ao menos me escutar.
― Como ela foi atingida, senhor? ― Peter pergunta, ocupando-se
com seus afazeres.
― Enquanto estava nas minhas costas. Apenas limpe isso. Deus
queira que não tenha uma bala alojada ― Johnatan diz com firmeza.
Por um momento, permito-me fechar meus olhos pesados, mas logo
sinto uma mão quente tocar minha testa. Tento piscar e me manter acordada.
Ao observar seu rosto, vejo Johnatan apavorado.
― Não feche os olhos ― pede rispidamente.
― Mas estou com sono ― estremeço ao sentir Peter limpar a ferida
em minha costela direita e escuto seu pedido de desculpa.
― Apenas os mantenha abertos até eu ter certeza de que está tudo
bem com você ― ordena se afastando. Tento assisti-lo preparar uma injeção.
― Senhor, precisa da amostra de sangue ― Peter lhe entrega o
algodão com meu sangue.
Exatamente! Isso é um laboratório! Meus olhos piscam iluminados
com o lugar.
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39 – SEM VIDA
pesado parece me dominar, quando dou por mim, vejo Peter ao meu lado me
ajudando a seguir para o meu quarto.
Após colocar sobre a cama o curativo já preparado, ele me deixa
sozinha. Caminho para o banheiro afim de tomar um banho rápido e jogar
minha blusa suja no lixo. Depois que termino, aplico o curativo sem muito
ânimo, em seguida, rastejo-me para a cama e fecho meus olhos pesados,
pegando no sono rapidamente.
Desperto ao escutar uma porta se fechando. Olho para meu quarto,
deparando-me com a escuridão, ligo o abajur desorientada. Toco minha testa
ainda me sentindo grogue enquanto me levanto com preguiça. A dor agora
está pulsante, mas suportável. Saio do meu quarto, percebendo que já
anoiteceu. Penso se Johnatan já está em casa, mas decido ir até a cozinha a
fim de ver todos.
Escutar as conversas próximas me faz sentir um pouco mais tranquila.
Quando apareço na cozinha, todos me olham preocupados.
― Você parece horrível ― Jordyn diz colocando meu cabelo
bagunçado atrás da minha orelha.
― Querida, acabei de sair do seu quarto, havia deixado algo para
comer desde o almoço, mas vi que você não tinha acordado ainda ― Donna
revela, dou-lhe um sorrio.
― Você parece mesmo gripada ― Ian observa assim que me sento ao
seu lado.
― Eu vou ficar bem ― digo sem jeito.
― Eu gostaria de estar gripado ― James murmura cansado, franzo a
testa por seu comentário.
― Por que isso, filho? ― Donna pergunta, colocando a sopa quente
em meu prato.
― Eu procurei por Hush em todos os lugares. Ele nunca fugiu de um
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banho...
A informação desperta minha curiosidade.
― Conseguiu encontrá-lo? ― pergunto preocupada.
― Sim, no fim da tarde. Foi uma busca e tanto. Ele estava correndo e,
para piorar minha situação, sujou-se todo de lama ― engulo minha sopa
quente rapidamente.
― O senhor Makgold está em casa? ― minha pergunta chama a
atenção de todos ― Para explicar minha ausência ao longo do dia ― minto.
― Ele já está ciente, Mine ― Peter diz ao meu lado.
Aceno relutante.
― Não precisa se desesperar, hoje o dia foi tranquilo. ― Pobre
Jordyn, para ela tem sido mesmo tranquilo. ― Mas ele ainda não chegou ―
a informação me angustia.
Não devo demonstrar tamanho desconforto. Volto minha atenção para
a sopa, repetindo o prato duas vezes por causa da fome. Quando termino,
tento ajudar Donna a lavar a louça, mas sou dispensada depois que deixo um
copo cair acidentalmente.
― Você parece muito indisposta, querida, vá descansar ― a doce
senhora pede, guiando-me até meu quarto.
Eu realmente me sinto fraca, só que não queria me sentir tão
impotente. Precisava saber de Johnatan... Parte de mim está aliviada pela
volta do cavalo, mas, por outro lado, Johnatan não me deu nenhum sinal.
No meu quarto, verifico meu celular na esperança de ter alguma
ligação perdida dele. Ansiosa como estou, tento ligar para o seu, minha
preocupação me sufoca quando cai direto na caixa postal. Suspiro, relutante,
voltando para a cama, depois de tirar o roupão. Meu corpo parece derivar
pela fraqueza até o sono me dominar novamente.
Luto para abrir os olhos, meu corpo despertado traz uma sensação de
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formigamento, tenho certeza de que tive um pesadelo, mas não lembro como
foi e isso é um alívio. Alcanço meu celular, esfregando meus olhos para ver
as horas atentamente, são quase duas da manhã. Levanto-me da cama
ligeiramente e saio do meu quarto, vendo a casa adormecida.
Na sala de entrada, observo pela janela o carro de Johnatan
estacionado. Suspiro aliviada, mas logo estranho por ele ter deixado o carro
ali e não na garagem.
Saio da casa estremecendo com o vento frio, a temperatura faz a dor
em minha ferida ficar mais pulsante, arrependo-me por não ter pegado o
roupão, a fina camisola que uso não ajuda em nada. Abraço-me com cuidado
enquanto o procuro pelo campo. Mesmo as luzes iluminando o lugar, a noite
pode parecer tranquila, mas também solitária.
Meus passos me levam em direção a tenda. A floresta deveria me
intimidar, porém me sinto mais segura ali. Sigo pela trilha um pouco surpresa
de ver algumas luzes fracas no local, talvez Johnatan esteja na tenda.
Chegando lá, afasto os tecidos até encontrá-lo no meu campo de
visão. Vejo-o sem camisa, sentado na beira da cama, brincando com uma
rosa, tirando suas pétalas tranquilamente como distração para seus
pensamentos. Eu o assisto imóvel, parece preocupado e sozinho, meu coração
se aperta por vê-lo naquela situação. Aproximo-me, sentando-me na cama
lentamente.
Abro minha boca para chamá-lo, mas logo a fecho, vendo-o absorto
enquanto ele continua a arrancar as pétalas. Rastejo-me na cama,
aproximando-me de seu corpo e o noto só de cueca. Eu o abraço, beijando
seu ombro. Johnatan ergue a cabeça, inspirando profundamente.
― Você deveria estar dormindo. Está muito frio para estar aqui ―
murmura em tom de tristeza.
― Meu lugar é ao seu lado ― sussurro junto à sua pele.
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decote. Fecho os olhos inebriada com seus toques suaves em minha pele.
Meus seios enrijecem contra o tecido fino da camisola, meu sexo
pulsa assim que sinto sua mão se aproximar, apertando contra a calcinha.
Gemo, retornando para seus lábios, deixando-o me guiar até a cama,
deitando-me e se colocando com cuidado por cima do meu corpo.
Johnatan geme quando minhas mãos deslizam em seu abdômen até
invadir sua cueca, apertando sua ereção com excitação. Ele faz o mesmo com
seus dedos provocantes em meu clitóris, ofego, mordendo seu lábio inferior e
o puxando para mim.
― Mine... ― sussurra meu nome em meus lábios, para então devorar
minha boca num beijo fervente.
Sua língua, deslizando por minha boca, faz minha pele se arrepiar.
Depois que se livra da minha calcinha, ajudo-o a afastar sua cueca, enquanto
ele coloca a camisinha. Logo, suas mãos deslizam por meu corpo, levantando
minha camisola, tendo o cuidado de não tocar minhas costelas, e somente
desgrudamos nossos lábios para nos livrar da seda.
Nossas respirações ofegantes se misturam, ficando cada vez mais
altas ao nos provocarmos com desejo. Quando penetra com força, gemo alto
em sua boca pela invasão. Apesar do prazer que nos consome, seus gemidos
parecem de alguma forma angustiados.
Arranho suas costas, puxando-o para mim, sentindo seu corpo se
mover contra o meu profundamente. Meu sexo pulsante se aperta, deixando-o
cada vez mais louco. Ele sussurra meu nome em meus lábios enquanto eu
clamo por mais. Meu coração bate forte contra meu peito, como se ele já
completasse ainda mais meu espaço.
Johnatan parece cada vez mais profundo atingindo meu ponto
excitante até fazer minhas entranhas se apertarem dolorosamente, a
intensidade do nosso prazer faz nossos corpos estremecerem com a chegada
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"Para a dor.
Beba"
Ergo minha sobrancelha por sua ordem um tanto rude, mas não reluto,
bebendo com desgosto. Pergunto-me por que não me deixou na tenda e por
que não está comigo já que trocou meu curativo. Olho novamente para o
criado-mudo depois de deixar meu copo d'água no lugar, meu coração se
aperta por não ter uma rosa, a última que ganhei foi a roubada e está ali com
um ar de tristeza assim como eu.
Levanto-me, sentindo minha cabeça bem melhor, caminho até o
banheiro, tirando minha camisola e meu curativo, deixando-o de lado para
tomar meu banho. Depois que termino, torno a pôr o curativo e sigo para o
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pensar.
― Andou fuçando nas minhas coisas? ― pergunta, olhando para seu
laptop e depois para mim.
― Você faz pior do que eu ― acuso-o mencionando seu programa de
rastreamento.
― Eu fui verificar se ela tinha algum envolvimento em tudo o que
está acontecendo. Você não queria ter certeza disso? ― dispara com os olhos
fixos em mim.
― Certo. Conseguiu alguma coisa? ― questiono com ironia.
― Ela não tem nada a ver com os ocorridos ― assegura. ― Só foi um
jantar...
Cruzo meus braços ruidosamente, não me importando com a dor em
meu peito.
― Só um jantar?
― Mine... Por favor ― implora.
― Você tem alguma ideia do quanto fiquei preocupada com você?
Pensei que tivesse acontecido alguma coisa depois que James disse que Hush
apareceu e fiquei sabendo que você ainda não tinha voltado para casa ― digo
sem fôlego, encarando-o.
― Eu estava muito ocupado para dar qualquer tipo de informação. Eu
não podia me arriscar ― defende-se.
― Por que sinto que está escondendo alguma coisa de mim? ―
rebato, sentindo meu coração se apertar, meus olhos se enchem de lágrimas.
― PORQUE EU NÃO POSSO CONFIAR EM NINGUÉM! ―
encaro seu rosto avermelhado, assim como a veia pulsante em seu pescoço.
― E quanto a mim? ― insisto, vendo-o lutar para interromper a
conversa.
― Mine, eu não estou no momento pra discutir. Tenho que resolver
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40 – CORAÇÕES PARTIDOS
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sentindo-me envergonhada.
― Eu voltei... Pra casa ― digo trêmula.
Seus olhos se erguem, assim como seu corpo.
― Você sempre pode voltar. Estou feliz por vê-la de volta, mas não
nesse estado. O que aconteceu, filha? O que aquele maldito fez com você? ―
vejo a raiva o transformar.
Seguro minhas lágrimas. Meu pai me encara horrorizado, ele nunca
permitiu que eu chorasse, sei o quanto isso o corta por dentro, seu amor por
mim é incondicional.
― Você tinha razão...
Ele me observa, tocando meu rosto e afastando as lágrimas que
insistem em cair.
― Sobre o quê?
― De ficar longe daquela casa. Eu não pensei nas consequências. Me
desculpe, papai. Eu só não quero que me julgue pelos meus erros, por favor!
― peço aos soluços, vendo seus olhos se arregalarem.
― Seja o que for, por mais que erramos ou por mais que você erre, eu
jamais vou te julgar, filha. Você é e sempre será minha menina, minha doce
Mine. Eu nunca vou deixá-la sozinha ― puxa-me novamente para seus
braços, acolhendo-me. ― Não sabe o quanto meu coração sangra por te ver
assim, mas você precisa me dizer o que acontece, eu preciso resolver isso.
Arregalo meus olhos ao escutá-lo, não quero dizer, nem mesmo
imaginá-lo pegar sua arma de caça e ir atrás de Johnatan.
― Isso vai passar, papai ― beijo seu peito.
Ele toca meu rosto para encarar meus olhos.
― Mine, precisa me dizer o porquê de estar assim.
Balanço minha cabeça, dando-lhe um sorriso triste.
― Eu vou ficar bem, não é nada demais, só foram umas discussões na
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Em meu quarto, sinto-me no meu refúgio, nada mudou e sei que papai
não tirou nada do lugar, tudo está intacto. Depois de escolher meu antigo
conjunto de moletom, sigo para o único banheiro da casa, escutando meu pai
falar ao celular com algum cliente sobre as entregas.
No banho, mantenho-me imóvel, deixando a água cair em meu corpo.
A dor continua em meu peito como se me rasgasse ainda mais só de me
lembrar de seus olhos nos meus e das palavras frias ditas.
Desejo apagar sua voz, que ronda minha mente centenas de vezes. A
dor parece se intensificar, tomando parte em cada lugar do meu corpo e
impedindo minhas lágrimas de caírem, mas essa não é a melhor forma de me
sentir bem, de me sentir aliviada para respirar mais profundamente.
Eu me sinto presa em meu próprio corpo, como se tudo em meu ser
fosse trancado com vários cadeados de aço enquanto tento me mover para me
soltar. Saio do banho, secando meu corpo com força, não quero imaginar
suas mãos em mim, nem sua boca, nem nada, tudo isso me causa angústia.
Depois de me vestir, procuro a pequena caixa de primeiros socorros
no armário do banheiro para fazer outro curativo tendo o cuidado para que
meu pai não perceba. Ao olhar no espelho, vejo-me como um fantasma
pálido, as bolsas dos meus olhos estão inchadas, apenas minha boca está
avermelhada.
Permaneço ali vendo meu reflexo por um bom tempo, não
conseguindo me enxergar ou saber onde a verdadeira parte de Mine se
encontra. Com um suspiro pesado, decido voltar para meu quarto. Em minha
cama, encolho-me como uma bola até fechar meus olhos pesados.
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ou falsas. Eles não eram como você imagina, gente desse tipo são incapazes
de ter sentimentos por alguém.
― Eu pensei que ele fosse diferente ― confesso trêmula.
― Mine, você tem um coração tão bom, tão puro, que não enxerga
maldade em nas pessoas ― diz, acariciando meus cabelos. ― Ele a
machucou?
― E isso importa? ― sinto o buraco se intensificar.
Seus olhos se fecham, logo balança a cabeça para afastar seus
pensamentos.
― Qualquer linhagem Makgold é um monstro, mas se tornou ainda
pior por ferir você. Eu o odeio neste momento, como nunca odiei outro ser
humano. Você esperava que ele tivesse um mínimo de sentimento? Alguma
recompensa por um sorriso seu? ― abre os olhos, encarando-me seriamente.
― Eu sei que ele é um assassino. Desde que chegou à cidade não se fala de
outra coisa senão mortes, estupros e fatos misteriosos. Esse homem não
merece ter a vida que tem e sair ileso.
― Pai, você sabe que tudo isso são fofoca movidas pelas histórias
passadas. ― Encolho-me com seus olhos disparados em mim.
― Eu sei o que um Makgold é capaz de fazer. Confesso que fiquei
feliz ao saber da morte do pai, um homem sem escrúpulos, sem caráter, mas,
de fato, lamentei por sua mãe e por sua irmã. Só que nenhum homem daquela
casa era digno para viver, muito menos ele. ― Sua voz enraivecida me faz
estremecer. ― Era um garoto quando disseram que matou a família e eu não
duvidei disso. Depois circulavam por aí que ele estava morto. Passaram-se
anos, as histórias foram sendo recriadas como contos de terror, você cresceu
escutando muitas delas. Então, meses atrás, ele volta trazendo toda a conversa
bizarra à tona, assim como casos misteriosos. É um monstro de sangue frio,
você não poderia esperar que viesse mais dele ― seu ódio é explícito.
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nem nunca. Se isso facilita para o senhor, eu estou dizendo por mim mesma
que não quero nenhum tipo de contato. Espero que esteja claro agora, eu não
quero nada vindo de você, não o quero me ligando e muito menos vindo à
minha casa. Passar bem!
Desligo o celular, deixando-o na caixa postal. Suspiro, retornando aos
meus afazeres. Depois de arrumar a mesa para o café, sigo para o banheiro a
fim de fazer minhas necessidades matinais e trocar o curativo. Voltando para
a cozinha, ocupo-me com algumas ferramentas do meu pai. Sento-me na pia
e começo a fazer meu trabalho com a janela, batendo o martelo contra o
prego.
― Mine?!
Eu não sei quantas vezes meu pai me chamou, mas me viro para ele,
encarando meu trabalho de carpinteira.
― O que está fazendo?
Encaro as três madeiras pregadas na janela como bloqueio para
qualquer passagem, eu pretendo pôr mais.
― Protegendo a casa ― digo, voltando para meu trabalho.
― Querida, a janela pode ser trancada por dentro ― diz, tomando seu
café e se aproximando, espantado com a força com que bato o martelo.
― Eu acho que segurança é tudo. Estou fazendo isso para proteger
você ― inspiro. ― Vou precisar de mais madeiras para pôr na porta à noite,
essas são para as janelas dos nossos quartos ― digo apontando com o martelo
para uma pilha que eu já havia separado.
― Tudo bem, tudo bem ― repete, tirando o martelo da minha mão e
puxando meu corpo para fora da pia, colocando-me no chão. ― Isso é falta
do que fazer?
Fico feliz que esteja se divertindo.
― Não. Nunca se sabe quando um estranho pode entrar.
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41 – FUGIR
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― Está vendo? Ela está ferida! ― meu pai diz irritado. Não quero que
tenha outro ataque naquele estado.
― Senhorita Clark, você e seu pai devem nos acompanhar até a
delegacia para prestarem queixa...
― Eu só quero ir embora ― digo sem paciência.
― Eles atiraram? ― escuto o policial perguntar para meu pai.
Eu me remexo em meu assento por causa das dores musculares.
― Não. Um deles me acertou com um canivete ― respondo antes do
meu pai. ― Não quero estar aqui caso eles acordem, nem mesmo estando
presos ― reclamo angustiada.
O policial acena.
― De qualquer forma, vão ter que prestar queixa. No momento, vejo
que você precisa de atendimento médico. Peço que, assim que estiver bem,
apareça na delegacia ― pede. ― Vou ajudar meu companheiro com os
delinquentes. Estamos à disposição para o que precisar.
― Obrigado! ― meu pai agradece.
Logo, para nosso espanto, um conversível escuro freia abruptamente
até cantarem os pneus.
Eu sinto meu coração acelerar quando vejo Johnatan sair do carro
como um furacão, batendo a porta com força. Ele já teve dias melhores, sua
barba está por fazer, seus cabelos estão espalhados como se tivessem sido
movidos por suas mãos durante todo o caminho.
Antes de avançar em direção à caminhonete, seus olhos me observam
assustados. Ele usa jeans e um casaco preto aberto com uma camisa escura.
Não deveria ser tão lindo, mesmo estando tão sombrio.
― Era só o que me faltava ― murmura o policial com ódio.
― Mine ― escuto meu pai próximo à janela.
― Pai... Eu quero ir... ― gaguejo vendo Johnatan se aproximar como
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42 – EXPLICAÇÕES
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roupas.
Boa parte do meu corpo está dolorido, bem provável que terei alguns
hematomas. Aperto meus lábios ao lavar minha ferida, com cuidado até
estancar o sangue.
― Filha, não seja teimosa ― implora.
― Pai, não é tão grave, nada que um curativo não resolva ― tento
amenizar sua inquietação.
― Mine? ― sei que ele continua angustiado do outro lado da porta.
― Sim, pai ― respondo, não querendo que minha voz soasse tão
triste.
― Ele foi atrás de você? ― sua pergunta me pega de surpresa,
abrindo ainda mais o buraco vazio em meu peito.
Tusso com o bolo em minha garganta.
― N-não ― engasgo e lavo meu rosto enquanto choro em silêncio.
― Querida, eu estou aqui. Você pode conversar comigo ― escuto a
ansiedade em sua voz, tento controlar a respiração para lhe responder.
― Obrigada, pai ― falo quase sem fôlego e volto para meu banho.
Assim que saio, seco meu corpo, encarando-me no espelho. Pego a
caixinha de primeiros socorros para fazer um curativo. Suspiro ao pensar que
terei que ir ao hospital para que me deem pontos. No meu quarto, visto meu
moletom, olho o relógio e me impressiono pelas horas passarem tão rápido.
Caminho em silêncio até a cozinha a fim de preparar algo para comer.
Meu pai parece distraído nas suas madeiras, sinto-me inquieta com seu
silêncio enquanto pego ingredientes para cozinhar.
― Eu ainda acho que você deve ir ao hospital ― meu pai diz, sem
parar de batucar com seu martelo.
― Eu estou bem ― asseguro, distraindo-me ao cortar os legumes.
― Você não está nada bem ― suspiro.
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pesar.
― Eu não me importo com o que você pensa ou deixa de pensar, mas,
a partir do momento que falar da minha mãe e minha irmã, pode acreditar que
as consequências por aqui serão bem piores do que você imagina ― a ameaça
de Johnatan faz os cabelos da minha nuca eriçarem.
― Minhas consequências já pioraram quando soube que você feriu
minha filha. O que aconteceu com você no passado não me importa, não sou
obrigado a ter piedade! ― Oh, isso é o inferno para mim.
Vejo a mandíbula de Johnatan se apertar, suas mãos se fecham em
punhos firmes. Meu estômago se embrulha em desconforto.
― Você não sabe nada sobre mim, nem mesmo sobre o que sinto por
Mine. ― Meu coração dispara.
― Sentir? ― papai testa a palavra com desgosto. ― Se sentisse
alguma coisa, minha filha não estaria assim. Você merece ficar sozinho,
Johnatan, as pessoas boas que ficam à sua volta sempre acabam se
machucando e uma delas foi minha filha...
― Pai! ― interrompo-o, incapaz de ouvir aquilo. ― Já chega, os
dois... PAREM! ― ambos recuam de imediato.
Olho para Edson com censura, escutar toda sua frieza me deixou
chocada, papai nem mesmo consegue me olhar por muito tempo, sabendo
como me sinto no momento. Quando me viro para Johnatan, vejo seus olhos
em desespero.
― Vou pegar o carro para te levar ao hospital ― escuto meu pai.
― Eu posso cuidar dela ― Johnatan intervém.
― Não ouse tocar em um único fio de cabelo dela ― eles continuam
a se enfrentar.
Sinto a fúria ferver meu sangue.
― Vocês podem parar! ― digo cortando as farpas. ― Pai, eu estou
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curvar.
Seus olhos se erguem e me encolho ao ver a tristeza dentro deles.
― Só quero fazer alguma coisa por você ― seu tom solitário faz
minhas lágrimas voltarem. ― Mine, eu estou no inferno sem você...
― Talvez Nicole possa resolver seus problemas ― sussurro,
respirando com dificuldade.
― Eu não quero ela, e sim você ― diz entredentes.
― Não foi o que pareceu ― falo sem ver seus olhos.
Quando ergue minha blusa, deixo-o cuidar de minha ferida, sabendo
que ele não vai sair dali sem fazer aquilo. Ao retirar meu curativo, escuto-o
gemer.
― Você pensa que eu tenho algum interesse por outra mulher a não
ser você? ― estremeço quando o sinto limpar minha ferida. ― Deveria
colocar gelo, vai ficar pior amanhã ― finjo não o escutar.
― Já acabou? ― pergunto, quando ele mal prepara a agulha.
― Está querendo fugir? ― apertos os lábios.
― Não. Só quero que você termine com isso e volte para a mansão.
Meu pai já está nervoso o bastante com toda essa situação, não quero afetar
sua saúde ― digo preocupada.
― Ele vai ficar bem ― murmura inquieto. ― Vai doer um pouco ―
avisa. Mordo meu lábio, sentindo a agulha em minha pele ser puxada junto
com a linha.
Assim que Johnatan termina, abaixa minha blusa. Eu deveria trocá-la,
mas não será na frente dele.
Desconfortável com sua atenção em mim, encaro minhas mãos. Ele
ainda continua de joelhos.
― Agora pode ir, Johnatan ― digo com esforço.
Engulo em seco quando não o vejo se mover.
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impotente. Na verdade, ainda me sinto dessa forma, mas sou forte o bastante
para defendê-la, é algo que está presente no meu ser. ― Franzo a testa o
vendo pensativo. ― Quando saí de casa para ir atrás do atirador, Hush me
guiou até ele. Eu o encontrei e o torturei, tentando arrancar informações. Agi
feito um monstro toda vez que lembrava que ele feriu você. Quando voltei
para casa, eu me isolei, envergonhado demais para procurá-la. Eu não queria
ver você.
Engulo minhas lágrimas.
― Porque você foi se encontrar com ela depois de perseguir aquele
homem e eu, tola, fui atrás de você na tenda, deixei que me tocasse. Se
soubesse que não queria me ver, eu não teria ido procurá-lo ― afirmo. ―
Isso já basta para mim.
― Não ― ele nega rapidamente. ― Eu não encontrei Nicole, não
tocaria em você se eu estivesse sujo.
― Ela te mandou uma mensagem quando eu estava na biblioteca, eu
vi.
― Apena me escuta ― implora e fico em silêncio. ― Eu não seria
capaz de olhar para você, porque me sentiria pior do que já estava. Quando
apareceu na tenda, foi como se eu estivesse me despedindo de algo que eu
não queria perder. Enquanto você dormia em meus braços, não conseguia
pensar em nenhuma solução, apenas queria afastá-la de mim...
― Por quê? ― sussurro.
― Por medo! ― dispara com seus olhos em chamas. ― Você é meu
único medo, Mine. Quando te levei para seu quarto troquei seu curativo,
pensando que dali para frente deveria voltar a ser o que eu era antes. Eu não
queria vê-la, não queria suportar a angústia, mas sabia que você viria atrás,
então, eu deveria dar um basta, foi quando te vi entrar na biblioteca. ― Pisco
confusa. ― Eu tenho câmeras pela casa, todas elas estão conectadas ao meu
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celular. Naquele momento, tive que agir. Sabia que você iria vasculhar
alguma coisa, nem que fosse um barulho de alerta, por isso, usei uma
mensagem que Nicole me mandou tempos atrás e enviei duas vezes. Você
abriu uma delas. Acredite, me doeu fazer aquilo com você e dizer coisas que
não eram verdades. Eu não fiquei com Nicole nem com nenhuma outra
mulher depois de você, não te usei como as outras com quem já convivi, mas
o mais importante de tudo foi que menti ao dizer que não te amava.
Soluço, apertando minhas mãos.
― Ou seja, você queria me machucar de alguma forma ― ofego,
vendo-o acenar tristemente. ― Pra que fez tudo isso? Por que queria e quer
me afastar de você?
Pela primeira vez eu o vejo quebrado, com seus olhos presos em
lágrimas.
― Porque eu não quero perder você. Não posso perder meu coração.
Eu preciso dele para seguir vivendo ― seu sussurro rouco me faz chorar
ainda mais. ― Não queria que nada te acontecesse, mas não pensei que você
iria embora. Fiquei louco sabendo que eles viriam atrás de você,
principalmente, se não estivesse comigo. Eu fui o errado, só pensei em meu
desespero sem prestar atenção nas consequências ― escuto a dor em sua voz.
― Por que tudo isso te faz pensar assim, Johnatan? Achou que a
melhor forma de ficar segura é estar longe de você, mas continuar naquela
casa aceitando sua arrogância e seu desprezo? Você foi frio agindo daquela
forma sem nem mesmo me dizer o porquê. Me comparou com suas outras
amantes e me fez acreditar que continuava tendo algo a mais com Nicole.
Dizer que não me amava não era algo que eu estivesse esperando. Estou me
perguntando por que fez tudo isso ― digo com firmeza, mesmo num estado
depressivo.
― Eles sabem sobre você ― perco o fôlego imediatamente. ― O
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homem que a acertou confessou que todos eles sabem de você. Agora a
querem como cobaia. ― A revelação me deixa arrepiada.
― O quê? ― pergunto quase sem voz. ― Para quê?
Johnatan suspira exasperado, esfregando seu rosto com força.
― Para me guiar até você, só que seria a base da tortura. Eu sofreria
ao escutá-la sendo ferida e sofreria ainda mais ao vê-la morta à minha frente
depois de te encontrar. ― Johnatan dispara com frieza, fazendo-me olhar
para ele alarmada. ― Eles sabem o quanto você significa para mim, e se isso
não tiver um fim, eles vão continuar te perseguindo, a menos que eu os
encontre por mim mesmo e aceite qualquer proposta que têm a me oferecer.
― Você prometeu para mim que não se envolveria com nenhum deles
― digo assustada.
― E não quero ― Johnatan responde. ― É isso que temo. Se algo te
acontecer, é por minha causa, e não estou preparado para lidar com isso. Eu
fiquei cego ao saber que a máfia sabe quase tudo sobre você.
― Acha que, com o prédio construído, eles vão nos deixar em paz?
― pergunto com medo da resposta.
― Estou achando que eles querem mais do que isso, Mine ―
estremeço.
Permanecemos pensativos. O quebra-cabeça em minha mente volta a
se formar, mas ainda está bagunçado. Esfrego minha testa devido à dor de
cabeça e o observo ajoelhado.
― Não se sente desconfortável ficando assim? ― seu sorriso torto é
triste.
― Não me importo em ficar rendido aos seus pés. Posso permanecer
assim até o fim da minha vida... Até você me aceitar. Até você me perdoar ―
sinto a batida distante do meu coração esquecido.
Engulo em seco.
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― Ainda me sinto insegura com tudo isso ― digo quase sem voz.
― Você acreditou mesmo em minhas palavras? ― pergunta fitando
meus olhos. ― Mine, eu já tentei diversas vezes dizer o que sentir por você,
como no baile, nas vezes em que ficávamos juntos, nos momentos em que a
tinha em meus braços. Acredite em mim, o que sinto por você é maior que
qualquer outra coisa que já senti em toda minha vida. Só que sempre que eu
quero colocar para fora o que sinto, acontece alguma coisa. É como se me
interrompessem, e cheguei à conclusão de que quero fazer em um momento
certo, sem que ninguém nos interrompa, o momento em que eu a torne única
e somente minha ― declara com ternura.
― Você pode me dizer agora ― digo aos soluços, fazendo-o sorrir.
― Não quando a vejo tão quebrada ― ele afasta uma mecha do meu
cabelo. ― Eu só quero me sentir livre para dizer isso, quero me sentir bem e
tranquilo ao confessar o que sinto por você e o quanto a quero para mim.
Aperto meus lábios, sentindo minhas bochechas latejarem enquanto
coro com seu olhar penetrante. Seus dedos acariciam meu rosto, afastando
minhas lágrimas.
― Eu ainda estou chateada com você ― inspiro fundo.
― Eu sei, mas não quero me levantar daqui e ficar longe de você ―
sinto seu polegar deslizar em meus lábios.
― Johnatan... ― chamo sua atenção, mas seus olhos estão cravados
em minha boca.
― Eu estou louco para beijar você ― arrepio-me.
― Você sabe que eu não vou deixar ― digo, vendo seus olhos nos
meus. ― Não agora. Ainda me sinto insegura ― repito com um suspiro.
Ele me observa, acenando desolado.
― Eu entendo, mas isso não muda o desejo que tenho por você.
Suspiro relutante.
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não faço ideia do que Johnatan está tramando, penso confusa. Depois de um
bom tempo, levanto-me para trocar minha blusa e volto para a cozinha, vendo
meu pai com suas madeiras. Fico feliz que a noite já tenha chegado, hoje foi
um dia e tanto.
― Ele não vai parar, não é mesmo? ― escuto meu pai.
― Eu não sei ― murmuro, voltando para os legumes.
― Continuo não confiando nele, mesmo ele querendo te levar para
um jantar ― diz com desgosto.
Surpreendo-me.
― Ele te falou?
Edson continua com seus resmungos:
― Tenho a leve impressão de que esse garoto quer me provocar. Só te
peço para ter cuidado.
― Mas eu ainda não aceitei ― revelo, voltando a cozinhar.
― Ótimo! Espero que não aceite ― suspiro.
― O que disse para ele foi rude, papai ― repreendo-o. ― Você não
sabe o quanto ele sofreu por causa de sua família, principalmente a mãe e a
irmã.
― Eu não me importo com sentimentos dele ― aperto meus dentes.
― Como se sentiria se tivesse acontecido o mesmo comigo e com a
mamãe? Mesmo ela não estando aqui, pense em como seria se estivesse no
lugar dele ― ele solta sua respiração com força.
― Está querendo me fazer sentir culpado?
― Estou querendo que você veja que mexer com a dor das outras
pessoas é pior do que podemos imaginar ― digo distraída com meus
afazeres.
Sinto suas mãos tocarem meus ombros, viro-me, olhando em seus
olhos. Eu o abraço com força, tendo seus braços me apertando em conforto.
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43 – REDENÇÃO
mais curto na frente. A saia é solta e longa na parte de trás, num corte em U.
Pego meu único salto prateado, eu só o usei uma vez, prometendo nunca mais
usá-lo, mas cá estou eu.
― Lá vamos nós! ― digo com um suspiro.
Verifico as horas, vendo que passa um pouco das seis.
Sigo para o banheiro a fim de tomar um banho relaxante, resolvo não
molhar muito meu cabelo. Depois que termino hidrato, minha pele e faço
outro curativo. Caminho de volta para o meu quarto, pegando uma das
minhas poucas maquiagens, confesso que sinto falta do kit completo de
Jordyn.
Apenas passo um lápis de olho, uma boa camada de rímel e um
batom, dando cor aos meus lábios. Minhas bochechas já estão coradas só de
lembrar do pedido de Johnatan. Em seguida, ocupo-me com os meus cabelos,
no final, prefiro um penteado mais simples, deixando-os um pouco rebeldes.
Então, começo a me vestir.
Na última vez em que experimentei o vestido, ele parecia mais solto.
Olho-me no espelho, encarando a mulher voluptuosa à minha frente. O
vestido grudou-se em mim completamente, deixando meu busto mais
marcante e meu corpo mais desenhado, a cor de fato realça minha pele, e
sorrio ao encarar a rosa em meu guarda-roupa, sua cor é semelhante à do
vestido.
Minutos depois, escuto uma batida na porta.
― Entre ― pigarreio.
Vejo meu pai pôr a cabeça para dentro e me olhar impressionado.
― Oh, Mine... ― Coro.
― Ele não chegou, não é? ― olho para o relógio, faltam alguns
minutos.
― Não, o imprestável não chegou ― responde com uma careta. ―
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partida.
Noto sua atenção em minhas pernas, analisando com possessão.
― Deus, dai-me o controle! ― eu o escuto murmurar para si e
reprimo minha risada.
― Aonde vamos? ― pergunto, observando-o dirigir.
Seu sorriso presunçoso se abre.
― É surpresa ― responde rouco.
Aceno, voltando a encarar a estrada. Ao nos aproximarmos de um
lugar conhecido na cidade, arregalo meus olhos e me viro para ele
rapidamente. Papai nunca teve condições de me trazer ao restaurante da
Skyline, e eu sempre quis apreciar a vista da cidade, nem que fosse para fazer
uma visita ao local.
― É aqui? ― pergunto impressionada.
Johnatan sorri, em seguida sai do carro para abrir a porta para mim.
Deixo as rosas no veículo e saio com sua ajuda. Fecho meus olhos
quando sinto seus lábios em meu rosto, assim como seus braços me cercando
num abraço reconfortante.
― Vai ficar maravilhada quando estiver lá dentro ― seu sussurro
cálido faz minha pele se arrepiar.
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Johnatan franze a testa e aperta seus lábios para não sorrir. Ele me
serve mais vinho e mantenho-me reta em minha cadeira.
― Você não precisa ficar nervosa quanto a isso, está tudo bem ―
assegura.
― Obrigada! ― murmuro sem graça. ― Mas não brigue por eles
fazerem isso.
― Pedido aceito ― ele afirma com a cabeça
Abro meu sorriso ao vê-lo confortável.
― Obrigada também por me trazer a um jantar.
― Você é a primeira garota que levo para jantar. ― Sua confissão me
pega de surpresa.
― Primeira? ― desconfio.
― Sim, primeira e única ― meu coração dispara. ― Nunca chamei
nenhuma mulher para um encontro. Nenhum jantar a dois.
Meu peito se aquece.
― É nosso primeiro jantar ― sussurro, sentindo as lágrimas em meus
olhos. ― Uma vez você disse que não poderia me levar para um jantar.
― Agora estamos aqui ― sussurra, puxando minha mão e a beijando.
Sorrio, afastando minhas lágrimas nos cantos dos olhos.
― Se essa é uma forma de se desculpar, pode ter certeza de que ainda
não estou cem por cento confiante ― digo engolindo meu nervosismo.
Ele solta um suspiro com tristeza.
― Eu sei que o que fiz não tem perdão, nem com minhas explicações
pela a forma que escolhi para mantê-la protegida, mas estou tentando me
redimir de alguma forma. Se eu puder fazer qualquer coisa que desejar, eu
faço. Por você eu tento me esforçar, por você quero dar o meu melhor ―
declara com fervor.
Tento não me manter embaraçada com sua intensidade. Olho para a
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para ele, eu cheiro como uma rosa. Só que ainda assim quero a sua
explicação.
Seu sorriso me acalma.
― Não somente Roza, mas sim, minha Roza ― aprecia o apelido
assim como eu. ― Acho que não preciso explicar o motivo de te chamar
assim. O momento certo lembra? ― inspira fundo, apreciando meu perfume e
lembrando-me de sua declaração no tempo certo e no momento certo. Por
que não agora? Penso.
Sinto as lágrimas preencherem meus olhos.
― Por que está agindo assim? Por que está se expondo dessa maneira,
sabendo que podemos correr riscos? ― É impossível esconder minha
preocupação.
Johnatan debruça meu corpo e me arrepio quando sinto seu nariz
percorrer meu pescoço, inspirando meu perfume profundamente. Fecho os
olhos, entregue a ele.
― Para que se preocupar com isso agora?
Ele me olha, ainda me mantendo debruçada em seus braços.
― Isso é por você, meu amor, não por mim. Você é única, é minha
redenção.
― Oh! ― engasgo com os olhos fixos nos seus. ― Amor? ― repito a
palavra como uma pergunta, sentindo-me privilegiada em seus braços, nem
mesmo me toco de que temos uma plateia à nossa volta.
― Sim ― ele cochicha. ― E agora? Ainda se sente insegura, amor?
― diz, aproximando-se dos meus lábios.
― Um pouco ― respondo ofegante.
― Isso é bom, porque estamos sendo vigiados ― murmura, sem
perder o brilho em seus olhos dilatados.
― O quê? ― agarro-me em seu paletó.
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44 – NO COMANDO
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inferno sem saber de você. Ainda estou nele sem você ao meu lado.
Encaro a paisagem e suspiro, fechando meus olhos, quando os abro,
observo-o com um sorriso triste.
― Isso nunca vai mudar, não é? ― questiono. Ele fica pensativo.
Suspiro. ― Eles não vão parar até pôr as mãos em você. Há alguém nos
vigiando aqui e, mesmo assim, você está se expondo ao perigo...
― Não me importo. Não posso ficar preso por aí, escondendo-me
deles. Eu gostaria muito de ter uma vida normal, gostaria de sair de casa com
tédio para passear tranquilamente. Eu era um jovem comum até perder minha
família a sangue frio, eles me tornaram assim e eu tenho que lutar dia após
dia para sobreviver, mostrar a eles que não os temo. Essas pessoas podem me
atacar em bando, mas eu vou continuar lutando. ― Sinto a ferocidade e a
força murmuradas e cada palavra. Arrepio-me com a profundidade em seu
olhar.
Estendo minhas mãos para agarrar as suas e sorrio ao vê-lo beijar
cada uma.
― Tenho orgulho de você, não por aceitar que mate pessoas, mas se
isso é para manter seus inimigos afastados, eu o apoio. Não posso julgá-lo
nem mesmo impedi-lo. Quero que lute por você, por mim e por nós. Só peço
que, quando chegar ao seu limite, apenas pare. Isso vai acabar atingindo você
de alguma forma e a mim também. Não quero que se machuque mais, não
quero mais esses homens atrás de você, por isso, dê a eles o prédio, deixe-os
seguir em frente com uma proposta de te deixarem em paz ― digo com
carinho, acariciando seu rosto.
― Mine Anne Clark, como pode ser tão forte a ponto de suportar toda
a merda que carrego? ― diz me olhando intensamente.
― Eu sou forte o suficiente para aguentar muitas coisas. ― Sorrio,
sentindo minhas lágrimas caírem, Johnatan as afasta com carinho. ― Dê a
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eles o prédio, Johnatan, eu sei que você consegue localizá-los pelo seu
rastreador. Quando tudo terminar, fique longe o suficiente de todo esse
inferno.
Ele fica surpreso.
― O rastreador, eu uso para me encontrar com eles ― afirma.
Fico confusa enquanto ele explica:
― Eu pesquiso os lugares que frequentam e faço uma breve amizade,
eles são homens de negócios, nada como a facilidade em manipular uma
mente humana. Logo depois, rastreio. ― A revelação me deixa perplexa.
― Mas eles não o conhecem?
― Sim, com um disfarce, porém, eu pego muitos desprevenidos.
Frequento o lugar e observo minha vítima ― arrepio-me ao escutar a ameaça
em sua voz.
― Acho que esse assunto não deveria ser tocado em um jantar a dois
― repreendo-o com um leve sorriso ao me afastar.
― Peço desculpas ― diz como um cavalheiro. ― Pronta para ir?
― Vai me deixar na porta de casa?
― Com toda certeza ― a voz rouca faz meu corpo se contorcer.
Quando Johnatan paga a conta, observo o lugar com cuidado, não
vejo sinal de Dinka. Sinto meu estômago se revirar quando meus
pensamentos começam a seguir por um lado negativo.
Do lado de fora, inspiro o ar frio. Johnatan entrelaça seus dedos nos
meus, levando-me em direção à área dada para a vista das montanhas.
― O que está fazendo?
― Vamos apreciar a vista ― responde com um sorriso aberto.
― Mas não temos tempo. Com certeza, tem alguém nos
perseguindo... ― insisto, mas logo paro quando Johnatan gira meu corpo e
abraça minha cintura.
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― Você tem que voltar para casa ― diz num tom mais sério e
potente.
― É isso mesmo que estou tentando fazer ― digo nervosamente
quando seu corpo se aperta mais contra o meu.
― Estou dizendo para minha casa ― Johnatan deseja mesmo aquilo.
Tento não esfregar minhas pernas com desejo.
― Johnatan... ― engulo.
― Mine, por favor, seu lugar é lá ― insiste. ― Por favor! ― suplica.
Ofego quando sua boca se aproxima para deslizar por meu ombro.
Inclino minha cabeça para trás, como se eu estivesse completamente rendida
a ele. Gemo suavemente ao sentir sua leve mordida em minha pele e aperto
seus braços com ardor.
― Eu posso pensar sobre o assunto ― murmuro gemendo.
Fecho meus olhos assim que seu nariz percorre minha pele,
inspirando meu perfume.
― Não há o que pensar. ― O leve sotaque faz minhas entranhas
clamarem.
Sinto minhas pernas feito geleias.
― Eu pensaria com mais clareza se você parasse de me provocar ―
confesso, quase sem fôlego, sentindo seu membro rígido em meu ventre.
Sua risada faz seu corpo tremer, essa é uma das suas reações que mais
aprecio, Johnatan parece mais jovem e mais vivo quando está sorrindo.
― Eu juro que não era essa a minha intenção ― encaro-o
desconfiada. ― Talvez um pouco.
Empurro seu ombro delicadamente, fazendo-o se afastar.
― Tenho certeza disso. Agora, vamos, senhor Makgold! Não
devemos ficar muito tempo aqui ― digo querendo fugir dele antes que me
puxe para seus braços.
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constatar que um motoqueiro nos persegue. Logo, Johnatan afasta sua mão
para pegar suas luvas de couro no porta-luvas, vestindo-as tranquilamente.
Olho novamente o retrovisor quando o farol alto de um SUV acende
atrás do motoqueiro. Ele não está sozinho! Assim que a luz reflete no
motoqueiro com roupas de couro, reconheço Dinka sem capacete na moto.
Piso fundo no acelerador e grudo minhas costas no banco, tentando controlar
minha respiração.
― O motoqueiro é o Dinka ― digo quase sem voz. ― E há um carro
atrás dele.
Johnatan acena, observando a movimentação atrás de nós.
― Temos convidados ― anuncia, tirando também uma pequena
maleta do porta-luvas. Em seguida, começa a montar sua arma.
― Essa é uma daquelas armas que não fazem barulho? ― pergunto
ao vê-lo fixar o objeto no cano de metal.
― Sim ― responde todo sereno. ― Está pronta?
― O que tenho que fazer? ― falo e engulo em seco.
― Apenas o que eu pedir ― Johnatan fica atento, olhando pelo
retrovisor.
Tanto o motoqueiro Dinka quanto o carro negro se separam, talvez na
tentativa de nos encurralarem. Agradeço pelas ruas estarem tranquilas e
pouco iluminadas.
― Johnatan, eles devem estar combinando algo ― digo em pânico.
― É claro que sim. ― Assusto-me quando um tiro é disparado contra
o carro. ― Não precisa ter medo, o carro é blindado.
― Como se isso fosse aliviar meu desespero. Juro que estou com
vontade de bater em você ― disparo nervosa.
― Vire à direita ― ordena ao sermos atingidos mais vezes.
Faço o que me pede sem hesitar, Johnatan abre sua janela e atira em
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direção a eles. A rua pela qual sigo é apertada, dando apenas para carros
pequenos; vejo o motoqueiro acelerar e o SUV passar direto, sabendo que o
espaço não é adequado. Com certeza, ele irá achar um atalho para voltar a nos
perseguir ou até mesmo encurralar. Johnatan volta a atirar, dessa vez, contra
Dinka, mas desvia, voltando para sua posição.
― Quantas pessoas será que tem no outro carro? ― preocupo-me.
― Talvez cinco deles, eu desconfiei de alguns no jantar. Vire à direita
novamente ― ordena enquanto atira.
Assusto-me quando vejo Dinka mirar sua arma em direção a
Johnatan.
― Não! ― Entrar em pânico agora não é o momento, viro à esquerda,
escutando os pneus cantarem.
― Mine, eu pedi para você virar a... ― Antes que ele termine sua
fúria vemos o SUV sair à direita e voltar a percorrer junto com o motoqueiro.
― Isso foi bom. Continue assim ― reviro meus olhos.
Quando passamos pelo semáforo, nem mesmo respeito as regras de
trânsito, escutando buzinas e protestos de alguns motoristas. Enquanto dirijo
para longe, as ruas começam a ficar mais iluminadas. Concentro-me tanto na
minha direção quanto no retrovisor. Agora, Dinka está sozinho, avançando
com uma habilidade incrível de mirar a arma em nossa direção e atirar, aperto
meus dentes por ele tentar acertar Johnatan.
― Onde está o SUV? ― pergunto mais para mim mesma.
Sigo para uma rua mais tranquila mesmo já chamando atenção com a
velocidade do carro.
― Com certeza, eles querem nos encurralar ― Johnatan diz
estressado, pegando outra arma e montando.
― Isso não é bom...
Meu coração se desespera ao pensar que não sairemos bem dessa.
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Freio o carro, jogando Johnatan para frente e para trás. Agradeço por ele estar
de cinto.
― Mine, continue! ― ordena ríspido, mas nos surpreendemos quando
o SUV atravessa a rua à frente.
Dou a ré, entrando na próxima esquina antes que o carro negro e a
moto nos alcancem. Encaro ambos à minha frente em ameaça, mas há algo na
moto de Dinka que me intriga. Acelero na ré, notando Johnatan tirar seu cinto
e colocar um pouco do seu corpo para fora da janela a fim de conseguir uma
boa mira.
― Atire nos faróis ― ordeno. A luz forte me atrapalha.
― O quê? ― Johnatan pergunta, não escutando enquanto dispara em
Dinka, que desvia e prepara sua arma para revidar.
― ATIRA NA PORCARIA DOS FARÓIS DO SUV! ― grito
estressada. Eles brincam de abaixar e aumentar aquilo para me cegar.
Ele acerta os faróis da SUV com sucesso, fazendo-a frear, mas Dinka
continua sua caçada. Assim que chego à rodovia, viro o carro saindo em
disparada, o motoqueiro curva sua moto quase conseguindo nos alcançar.
― Mine, continue ― Johnatan pede com urgência.
Arregalo meus olhos quando vejo Dinka com um armamento mais
pesado em seu ombro. Oh, aquela coisa! Aquela coisa que me intrigou em
sua moto!
― Aquilo é uma bazuca? ― pergunto em choque.
― É um RPG, um lançador de granada ― Johnatan explica.
Balanço minha cabeça como se estivesse confusa.
― Cadê a sua? ― Posso estar correndo a mil por hora, mas minha
cabeça fica momentaneamente desequilibrada.
― Era nosso jantar, acha que vou andar com uma coisa daquelas para
assustar você? ― Johnatan dispara furioso. ― Continue acelerando.
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― diz ríspido.
Engulo meu pânico com o SUV se aproximando, mas Dinka insiste
em nos perseguir com sua bazuca pronta para atirar. Sim, ele consegue
manobrar a moto com aquilo, com certeza, deve ser um atirador profissional.
― Ele vai atirar... Nós vamos bater! ― constato desesperada. Sinto
como se minha alma estivesse saindo do meu corpo.
― Mantenha a calma e continue, querida ― Johnatan pede, apertando
meu joelho em conforto.
Quando estamos próximos de nos chocarmos contra o outro carro,
viro o volante para a esquerda ao mesmo tempo em que Dinka dispara a arma
potente em nossa direção, mas acerta o SUV, que explode num estrondo
ensurdecedor.
O cretino freia sua moto a tempo e quase cai ao ver o estrago que fez
quando atingiu seus companheiros. Rapidamente dou a ré, passando ao lado
dele, querendo sair dali o mais rápido possível. Johnatan aproveita a
oportunidade para disparar contra alguma parte da moto, a fazendo explodir,
Dinka salta para o chão a tempo. Giro o carro, não querendo ver o fogo se
alastrando com mais uma explosão, mas vejo o homem robusto se levantar e
encarar nosso veículo fixamente.
Acelero para cada vez mais longe, sentindo as lágrimas caírem de
meus olhos devido à quantidade de emoções em meu corpo. Johnatan toca
meu ombro.
― Não encoste em mim ― digo com fúria, fazendo-o recuar.
― Mine, eu...
― Você, cala a boca! ― digo e com meus tapas. ― Está ficando
louco? Quer morrer se arriscando daquele jeito? ― esbravejo e o soco com
força enquanto ele se encolhe rindo. ― Não acho graça, Johnatan. Não.
Estou. Achando. Graça! Se quer morrer, posso te ajudar, o que acha? Que
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― O jantar foi tão lindo, menos essas últimas horas, mas sinto que eu
arrebentei ― tagarelo, tendo um ataque de risos.
Ele parece chocado com minha reação.
― Mine, encoste o carro! A estrada aqui já é um pouco mais
movimentada...
― Está certo ― inspiro fundo. Mesmo acelerando, eu tento encostar.
― Mine, você vai bater! ― Johnatan dispara assustado e desce seu
braço em minhas pernas.
Ele afasta meu pé do acelerador, freando com sua mão. O carro para
abruptamente, levando meu corpo para frente e para trás. Toco meu peito,
sentindo meu coração bater com força.
― Graças a Deus ― fecho meus olhos, tentando controlar meus
nervos.
Abro meus olhos em alerta quando sinto lábios roçarem minha perna,
sua mão afasta meu vestido e me contorço sentindo uma mordida provocante
em minha coxa.
― Sinto falta desse perfume. ― Sua língua parece queimar minha
pele ao lamber.
Mordo meu lábio, tentando resistir a qualquer tentação. Olho para
baixo, excitada com sua mão se enfiando no interior das minhas coxas.
Toco em seus cabelos macios, puxando-o com suavidade. Quando
sinto seus dedos se aproximarem do meu sexo pulsante, ofego. Aperto o
banco com um prazer lascivo enquanto com uso a outra mão para percorrer
seus cabelos até suas costas, alcançando o que quero. Quando o sinto tentar
afastar minha calcinha para invadir meu sexo úmido com seus dedos, aponto
a arma para sua cabeça, deixando-o imóvel.
― É melhor tirar suas coisinhas pervertidas daí. ― A arma pesada
está travada, logo, não temos nenhum perigo.
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Sinto seu sorriso no interior da minha coxa, próxima ao meu sexo. Ele
inspira profundamente, seguro-me para não me contorcer com o arrepio.
― Você tem certeza, minha Roza? ― pergunta o descarado rouco. ―
Não sabe a sede que sinto para degustar seu prazer em meu paladar. Eu posso
devorá-la só com minha boca, sei que você quer isso. Está tão pronta para
mim ― ele se atreve a tocar em meu sexo. Mordo meu lábio e finjo destravar
a arma, fazendo-o parar. ― Se atirar agora eu juro que morrerei feliz.
― Afaste-se agora ― ordeno.
Johnatan levanta relutante e miro a arma em sua direção. Ele me olha
com a sobrancelha erguida, levantando suas mãos em gesto de redenção. Dou
uma piscadela, assoprando o cano da arma e a entregando em seguida.
― Bem, a partir daqui você assume a direção ― digo saindo do carro.
Sinto minhas pernas doloridas por causa do tesão em meu corpo.
Johnatan também sai me olhando, corro para o outro lado do carro, sabendo
que se eu for pelo mesmo que ele, posso correr o risco de ser agarrada a
qualquer momento. Nós nos encaramos enquanto damos a volta em lados
opostos.
― Como se sente?
― Bem ― minto engolindo seco. ― E você? ― pergunto
casualmente.
― Duro e dolorido ― afirma. Aperto minhas coxas inquietas.
― Sinto muito ― soo como se não me importasse.
Entro no carro, sentindo meu corpo pesado, volto a colocar meu cinto
toda atrapalhada.
― Precisa de ajuda? ― questiona. Sinto a atmosfera mudar
novamente.
― Sei o que vai querer fazer ― sorrio ironicamente, vendo-o reprimir
uma risada.
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45 – POR VOCÊ
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que estou passando. Aceitou-me como sou, sem se importar com o que as
pessoas pensam ao meu respeito, sem interesse, sem repulsa, sem receios.
Então, eu cheguei à conclusão de que eu tenho alguém mais forte que eu para
aguentar qualquer desafio na vida. Alguém que não se importa de ficar no
lado escuro comigo, mas que tenta me puxar para a claridade. Agora eu sei,
que quando eu luto, não é só por mim, também é por você. Eu não posso
mudar quem eu sou, mas, por você, posso dar o meu melhor, porque você me
tornou assim diante dos seus olhos e eu não quero afastar esse fascínio, pois
me ajuda a ser firme, me faz querer viver ao seu lado. Eu pertenço a você,
Mine, assim como você pertence a mim.
Minhas lágrimas caem, meu coração bate com tanta força que chega a
doer. Puxo o ar e sigo até ele, sentindo minhas pernas bambas. Há tanta coisa
para dizer, tantos sentimentos fortes dentro de mim, loucos para se soltarem,
mas minha única reação no momento é chorar sorrindo. Suas mãos se erguem
para tocar meu rosto e afastar minhas lágrimas. Ele também está cheio de
emoções.
― Oh... John... ― toco seu rosto o trazendo para mim. ― Eu te amo
tanto ― beijo-o com todo meu amor.
Seu gemido rouco em meus lábios me faz arrepiar. Seus braços me
cercam em conforto enquanto sua língua invade minha boca num beijo terno,
ao mesmo tempo prazeroso. Agarro seu corpo, intensificando nosso contato
cheio de amor e saudades. Envolvo meus braços em seu pescoço, desejando
não sair dali nunca mais. Quando afastamos nossas bocas, permanecemos
com os rostos colados. Sorrio, entorpecida com aquele precioso momento.
― Consegui. ― O comentário vitorioso me faz rir.
― Sente-se feliz agora com o beijo? ― sussurro, beijando seus lábios
macios.
― Extremamente ― torna a me beijar, dessa vez com mais urgência,
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46 – DECISÃO
Quando entro em casa, não fico surpresa de ver meu pai sentado em
sua poltrona tomando café. Sinto seus olhos me avaliando. Suspiro, sentindo-
me desconfortável com sua atenção.
― Como foi? ― indaga. Parece intrigado.
Aperto meus lábios para não sorrir.
― Bem ― respondo rapidamente. Eu não posso dizer a ele que quase
fomos atingidos por uma bazuca, muito menos que eu dirigi em alta
velocidade. ― Você está aí há muito tempo?
― Mais ou menos ― ele se remexe em seu assento. ― Não precisa se
preocupar, pois não vi vocês dois se beijando.
― Pai!
― Acha mesmo que eu ia ficar sentado a noite toda nessa poltrona?
Assim que você chegou eu fui conferir e voltei para cá, como vi que você
demorou, peguei a parte do... Você sabe... Eu não demorei ― revela com
desgosto.
― Papai, eu sei que você não aprova Johnatan...
― Eu nunca vou aprovar ― dispara, levantando-se duramente e
colocando sua caneca na pia.
Suspiro.
― Por que o odeia tanto?
― Eu não o odeio, Mine, apenas não confio nele perto de você. Filha,
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Filha, estou tentando entender seu lado, como também seu coração. Sei que
você não tem culpa dos seus sentimentos, mas peço que tenha cuidado. E, se
você voltar, eu vou te visitar quase todo dia, com ou sem a permissão daquele
homem. ― sorrio vendo seu esforço.
― Obrigada, pai. Eu ainda vou pensar sobre isso ― assinto, ainda
pensativa.
― Boa noite, querida.
― Boa noite, pai.
"Volte!"
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não precisa, mas é para eu me sentir menos preocupada. E, pai, por favor,
quando for dormir, tranque a porta e as janelas ― digo lhe entregando a lista,
deixando-o mais confuso. ― Eu estou voltando para casa do Makgold, mas,
dessa vez, será diferente, você pode ir me visitar todos os dias e me ligar a
qualquer hora. Pai, apenas se cuide como eu também vou me cuidar ―
asseguro, acariciando seu rosto.
Meu pai pisca surpreso ao ver minha urgência.
― Tem certeza de que é isso mesmo que quer, querida? Não prefere
pensar melhor? ― pergunta e o aperto em meu coração se intensifica.
― Ele precisa de mim, como eu preciso dele ― desabafo, sentindo as
lágrimas em meus olhos. ― Eu prometo que vou me cuidar, mas também
quero que você se cuide.
Seus olhos cinza me encaram com tristeza.
― Eu não sou nenhuma criança, filha ― tenta sorrir quando me
abraça. ― Mas já vou deixar claro que se ele voltar a machucar você...
― Você pode caçá-lo com sua espingarda ― beijo seu rosto
ternamente. ― Eu te amo muito, papai!
― Eu também te amo, querida, mais do que imagina. Se cuide!
― Eu prometo ― asseguro.
Meu pai se afasta para olhar Peter.
― Cuide dela, por favor. Sei que tanto você quanto Donna podem
fazer isso pela minha menina ― reviro os olhos enquanto acaricio seus
cabelos grisalhos.
Peter abre um sorriso e vejo seus olhos brilharem determinados.
― Não se preocupe, Edson, vamos cuidar muito bem dela ―
assegura, em seguida ambos apertam as mãos.
Beijo o rosto de meu pai diversas vezes antes de sair. Encolho-me
com o vento gelado e encaro o céu acinzentado, o dia está mais frio do que o
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lábio inferior com seu polegar. Sua aproximação faz meu coração bater mais
forte. ― Você voltou para mim.
Sou surpreendida ao ser puxada para seu corpo, tendo seus lábios
quentes e macios grudados nos meus. Perco completamente os sentidos,
agarrando seu rosto, retribuindo o beijo com todo meu amor e saudade.
Minhas mãos se movem para os cabelos em sua nuca, puxando-o para
mim. Gemo em seus lábios, sentindo sua língua invadir minha boca,
intensificando nosso beijo. Eu o abraço com força, incapaz de desgrudar-me
dele, posso sentir, neste momento, o quanto ele sente minha falta, posso
sentir em nosso beijo o quanto ele precisa de mim.
Quando se afasta abro meus olhos inteiramente inebriada. Seu sorriso
aberto parece iluminar sua face cansada. Inspiro fundo sem conseguir soltar o
ar dos meus pulmões. Sinto minhas pernas fracas e me agarro em seu casaco
preto o impedindo que me solte. Johnatan me prende em seus braços sem me
perder de vista. Sorrio um pouco confusa e inebriada.
― Bem-vinda à nossa casa, minha Roza ― Meu coração se agita com
seu sotaque russo.
Ele, com certeza, sabe como seu timbre de voz me provoca. Inclino
minha cabeça para o lado e admiro seu sorriso feliz, desejando tirar uma
fotografia.
― Obrigada por me aceitar de volta ― sou surpreendida com um
beijo terno.
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47 – GRITE
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ouvido.
Conhecendo Jordyn, isso não vai ficar impune.
― Vamos entrar ― Donna nos guia para dentro da casa. ― Com
fome, Mine?
― Não ― respondo.
― Sim, Donna. Pode preparar algo para todos comerem. Eu vou
voltar para meu trabalho. Por favor, acomodem minha Mine. ― Mesmo com
todos presentes, Johnatan não deixa de ser possessivo.
Aperto meus lábios para não sorrir, mesmo estando vermelha feito um
tomate.
― É claro ― Donna assente com um sorriso aberto e se afasta.
― Mine, já coloquei suas coisas em seu quarto ― Peter informa,
encontrando-nos na sala de entrada pouco tempo depois.
― Obrigada, Peter ― ele sorri, voltando para o seu trabalho.
Johnatan acaricia minhas costas, sentindo minha tensão, e ergue meu
queixo com a ponta de seus dedos.
― Só vou terminar de organizar algumas coisas na biblioteca. Suba
depois de desfazer sua... Mochila ― ele diz, fazendo uma careta.
― Está bem ― forço minha voz trêmula a sair
Antes que se afaste, beija meus lábios novamente.
― Sinta-se à vontade. ― Observo-o subir as escadas mais animado.
Viro-me para Jordyn e James parados na entrada da sala.
― Que bom que você voltou, Mine, Ian vai ficar feliz, menos quando
descobrir que está se relacionando com o senhor Makgold. ― O comentário
de James me deixa vermelha, mas sei que é para fazer Jordyn ficar cada vez
mais chocada.
― James, por que você não vai cuidar do campo e me deixe
acomodar a Mine? ― Jordyn pede em tom de ameaça.
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Quando isso é correspondido, vai ver que tudo muda. Você vai aceitá-lo do
jeito que é, assim como ele vai te aceitar do jeito que você é, e ambos verão a
conexão da intensidade do relacionamento ― digo com um suspiro ao me
lembrar de Johnatan, mas rapidamente volto minha atenção para ela.
Jordyn faz uma careta, parecendo absorver o que acabei de dizer.
― Ok, mas... O que isso tem a ver com sexo?
Oh, meu Deus!
― Por que tem que ser tão direta? ― digo constrangida.
― Porque estou curiosa ― rebate.
― O que quero dizer é que, quando for achar seu parceiro ideal, vai
sentir as necessidades que há em sua mente e em seu corpo. ― Tento explicar
da melhor forma possível.
Jordyn sorri, vendo meu rosto e suspirando em seguida. Pergunto-me
se a Jordyn energética já se foi.
― Vocês parecem apaixonados, dá para sentir ― suspira sonhadora.
― Isso é tão romântico. Claro que o senhor Makgold não é um homem que
eu imaginava ser tão intenso, mas convenhamos, é gostoso pra caramba.
Nunca o vi sem roupa, só algumas vezes sem camisa quando estava no
campo. Confesso que já tive uma paixonite por ele, mas depois fui vendo o
quanto era severo, por isso, acabaram meus encantos. ― Eu a encaro com a
testa franzida, fazendo-a gargalhar. ― É brincadeira, só para te causar
ciúmes.
― E não conseguiu ― digo sentando ao seu lado. ― Só quando
aquela Nicole está por perto ― confesso carrancuda.
― Eca, aquela mulher! Sempre desconfiei de que eles tivessem um
caso ― murmura.
Suspiro.
― Já tiveram ― digo com uma careta. ― Mas não conta nada para
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ele.
― Segredo guardado. Sabe? Depois que você chegou, tudo mudou, eu
não notei isso antes, mas agora estou percebendo. Fico feliz por vocês de
verdade. Agora, espero que o chefe perca a postura severa e melhore ainda
mais, e isso vai precisar da sua força de vontade ― fico confusa. ― Sabe, eu
ainda sinto falta das minhas baladinhas...
― Quer que eu alivie esse lado para você dar suas fugidas?
Francamente, Jordyn! Eu vou continuar sendo a Mine Clark de sempre ―
levanto-me, amarrando meu cabelo num coque.
― Estou achando que isso vai ser difícil. Você está roubando os
genes dele... Foi pela saliva ou outra coisa? ― murmura apertando seus
lábios para não rir.
― Engraçadinha ― tento não rir também. ― Agora, vou subir para
saber o que o senhor Makgold quer comigo.
― Vão transar?
― Jordyn! ― repreendo-a, chocada, fazendo-a gargalhar até cair da
cama.
― Eu estou brincando. Por outro lado, imagine como vai quebrar o
coraçãozinho do Ian ― Jordyn é diabólica, nem uma criança ela perdoa.
― Eu também sinto falta dele ― sorrio para ela com carinho, em
seguida, somos surpreendidas com a entrada repentina de Johnatan em meu
quarto.
Ele olha para Jordyn em minha cama, confuso, depois para mim, vejo
em suas mãos um envelope pardo. Jordyn se levanta rapidamente.
― Eu já estou de saída ― diz apressada, caminhando rapidamente e
encarando seus pés até se topar com Johnatan.
Johnatan a segura antes que caia.
― Cuidado, Jordyn.
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com suavidade. Uma de suas mãos se ergue para apalpar um dos meus seios e
engasgo com meu gemido quando sua boca morde meu mamilo por cima da
roupa, meu sexo lateja.
― Eu pensei que iria me encontrar com você na biblioteca ― ofego
tentando não me contorcer embaixo dele.
Johnatan sobe para beijar meus lábios e sugar minha língua com
desejo. Oh, bom Deus, ajude-me a controlar a euforia dentro do meu corpo!
― Não consegui ficar muito tempo. Na verdade, não me concentrei
direito no trabalho sabendo que você estava de volta. Então, resolvi procurá-
la primeiro para dar-lhe sugestões. ― Em seguida, move sua ereção me
pegando de surpresa.
― Que tipo de sugestões? ― pergunto confusa.
― Mais tarde. Primeiro eu preciso dar as boas-vindas por completo
― murmura enfiando suas mãos por baixo da minha blusa para acariciar
meus seios.
Meu corpo fica cada vez mais quente com seu toque. Balanço minha
cabeça e tento afastá-lo. Seu corpo é pesado e insistente.
― Nem pensar! ― digo rindo.
Ele beija meu rosto até mordiscar meu lóbulo.
― Não seja difícil, minha Roza. Eu quero você agora. ― Novamente
empurra sua ereção contra mim.
Mordo meu lábio, mas, com esforço, consigo afastá-lo e me levantar
rapidamente. É libertador saber que todos da casa sabem sobre nós, mas
também é desconfortável imaginar que pensam estarmos aprontando.
Johnatan gira em minha cama e senta de pernas abertas. Arrumo
minha blusa no devido lugar, depois cruzo meus braços.
― Que sugestões? ― pergunto. Tento me manter centrada.
― Jura que vai me deixar assim? ― foge da pergunta apontando o
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pergunta inesperada.
― Sim, eu acho ― responde sem jeito.
― Então... ― digo sorrindo para Johnatan. ― Por favor! Quero ver a
cara do Ian quando me vir ― digo empolgada. Seu sorriso se abre apenas
para mim e sua mão se ergue para acariciar meu rosto.
― Leve o celular ― diz se aproximando para beijar minha testa.
Corro de volta para o meu quarto, encontrando meu celular na gaveta
e verificando a bateria, está cheia com várias mensagens de Jordyn e
Johnatan. Provavelmente, eles pensaram, no começo, que o celular estivesse
comigo, porém alguém o colocou para carregar enquanto eu estive fora e
tenho certeza de que foi Johnatan.
De volta para a sala, Johnatan está verificando as ferramentas na
maleta de James e retorna a fechá-la. Enfio o celular em meu casaco.
― Estou pronta ― sorrio.
Ele beija meus lábios levemente.
― Não demore. Qualquer coisa me ligue, tudo bem? ― pede
olhando-me atentamente.
― Com certeza farei isso ― aceno depois de abraçar Donna.
Quando James dá a partida, observo Johnatan, como um falcão, olhar
o carro se afastar.
No caminho, conversamos sobre os cavalos, revelando as brincadeiras
de desobediência, principalmente da parte de Lake, enquanto estive fora.
James também me conta que Johnatan lhe deu o mesmo envelope para
preencher, sinto meu amor aumentar ainda mais por ele ao saber que se
importa com os outros à sua volta sem ao menos perceber.
Quando chegamos à loja, James troca rapidamente algumas
ferramentas e retorna para o carro a caminho da escola de Ian. Também fico
sabendo por ele que o jovenzinho estuda em uma escola particular paga por
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Johnatan.
Assim que estacionamos, espero Ian do lado de fora. Eu o assisto se
despedir de alguns colegas e, em seguida, seus olhos se arregalarem,
chocados ao me ver. Aceno sorrindo ainda mais quando ele corre em minha
direção.
― MINE! ― grita de felicidade e me abraça.
Eu o envolvo em meus braços, beijando seus cabelos louros.
― Olá, Ian!
― Mas como? Você veio me ver? Nossa! Eu preciso te apresentar
para meus amigos. Eles vão morrer de inveja quando conhecerem a mulher
da minha vida. ― Sua empolgação me faz rir, assim como James dentro do
carro.
― Ela voltou para casa, Ian ― James dá a notícia, fazendo-o se
afastar para me olhar.
― Sabia que você voltaria para mim, meu amor. ― É impossível
ficar séria com Ian. Gargalho do seu jeito convencido.
― Mas ela já está namorando, Ian ― James quebra o espírito de
alegria, e paro de sorrir encarando Ian à minha frente.
Seus olhos piscam alarmados.
― Como assim? Namorando? Eu fui traído?
― E não faz ideia com quem ― James gargalha.
Curvo-me para encará-lo, suas risadas param aos poucos.
― James! ― eu o repreendo.
― O quê? Eu quero ver a cara dele ― diz sem perder a diversão.
― Não ligue para ele, Ian ― acaricio seus cabelos.
― Tem toda razão, vamos embora ― o garoto diz abrindo a porta
traseira para que eu entre primeiro. Em seguida, coloca seu cinto de
segurança. ― Está cada dia mais linda, meu amor ― Ian sorri todo sonhador.
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48 – HERÓI
asfixiado ao tentar tossir, as veias de seu pescoço e sua testa surgem com seu
esforço. Puxa o ar, mas não consegue soltar. Assisto seus lábios começarem a
ficar arroxeados e, seu rosto, vermelho vivo.
― Mine? ― Ian sussurra meu nome, agarrando meu braço. Tapo seus
olhos.
Assusto-me quando o homem é arrancado para fora do carro com num
filme de terror, Ian estremece em meus braços. Do lado de fora, escutamos o
homem gritar de dor e se engasgar com algo. Engulo meu pânico quando
mais alguém se aproxima, Ian e eu nos encolhemos. Escuto a porta do carro
ser aberta com força.
Inspiro fundo e aperto a chave ainda em minha mão, sabendo que ela
é a única arma que tenho. Subitamente, atiro meu braço em direção ao
invasor e acerto sua cabeça, ele recua um pouco, praguejando em russo.
Assusto-me e vejo Johnatan socar o carro.
― Mine ― grunhe, parecendo irritado com meu ato inesperado.
O sangue desce do seu rosto, fazendo-me soltar a chave desesperada.
― Johnatan? Oh, meu Deus. O que eu fiz? ― desespero-me. Quando
seus olhos se abrem, ele me encara em reprovação. ― Desculpe...
Johnatan suspira, afastando o sangue de sua testa antes de entrar no
carro com esforço.
― Vocês estão bem? ― pergunta, verificando o rosto de Ian e
soltando seu cinto com cuidado.
― Eu acho que sim, mas James não. Aquele homem iria nos matar,
Mine pediu para que eu gritasse e eu... ― o garoto continua amedrontado.
― Está tudo bem agora, Ian ― Johnatan tenta tranquilizá-lo. ― Me
espere do lado de fora e não olhe para trás ― Johnatan ordena ofegante.
Ian acena, saindo do carro engatinhando de cabeça baixa.
― O homem está lá fora? ― sussurro.
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― defendo-o
― Eu deveria ter impedido ― cisma com um suspiro pesado.
Balanço minha cabeça latejante, ocupando-me com o algodão e o
soro. Johnatan me observa confuso quando puxo seu rosto para limpar sua
ferida, aperto meus lábios devido ao pequeno calo avermelhado.
― Veja por outro lado, temos quase a mesma ferida no mesmo lugar
― tento brincar, mas parece não funcionar, suspiro. ― Johnatan, eu sei que
você está um pouco nervoso com tudo...
― Um pouco? ― ironiza franzindo o cenho para mim.
Tento me tranquilizar para não ficar tão séria quanto ele.
― Estamos bem, é isso que importa no momento ― aperto meus
dentes.
― Então, diga-me que se eu não tivesse chegado a tempo vocês
estariam bem? ― Acusa, e afasto minhas mãos por sua frieza. ― Por mais
que esteja bem agora, não quer dizer que possa ficar bem depois.
Sua raiva canaliza a minha enquanto o encaro sem acreditar.
― Você poderia estar aliviado de ainda estarmos vivos, Johnatan.
Pare de se culpar por tudo, pelo menos uma vez, ou subjugar qualquer coisa
que apareça na sua frente! ― afronto sem recuar.
― Não estou no meu melhor momento ― afasta-se de maneira
arrogante
Pulo do balcão fechando meus olhos devido à pulsação na cabeça e
em meu corpo, mas consigo aguentar a dor muscular.
― É claro que você não está ― murmuro encarando suas costas
enquanto ele mexe em outras coisas no balcão oposto.
― James deveria ter acelerado assim que a caminhonete se
aproximou.
― Está jogando a culpa em James agora? ― digo, incrédula com sua
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postura.
Pela minha visão periférica, Peter tenta se manter afastado.
― Se ele tivesse dado mais atenção, nada disso teria acontecido ―
Johnatan retruca.
― Ele é inocente.
Johnatan se vira para mim com seus olhos em chamas. Poderia
amedrontar qualquer um com toda sua tensão, exceto eu.
― Está defendendo-o? ― Seu tom é como uma acusação grave.
― Você o conhece melhor que eu. Está deixando a loucura dominar
sua mente e desconfiar até de quem é próximo a você ― rebato.
― Confiar é a última coisa que penso no momento. E sim, eu o culpo
por não estar atento à estrada, culpo-o pelo acidente que machucou todos
vocês. Então, ele não é a melhor pessoa em quem eu possa confiar perto de
você no momento ― dispara com toda sua fúria.
Fecho minhas mãos em punho e inspiro profundamente.
― Eu acho que uma pesada chave inglesa grande na sua cabeça não
foi o suficiente. ― É impossível evitar minha raiva também.
― Ele tem razão. ― Nós recuamos quando escutamos James na
maca.
Eu não sei se ele acabou de acordar ou se ficou em silêncio nos
escutando. Peter parece desconfortável, olhando em outra direção, menos
para nós.
― James ― chamo-o aliviada.
― O senhor Makgold tem razão. Quando levei Ian para a escola e
voltei com as ferramentas erradas de Peter, percebi que alguém estava me
seguindo.
Todos nós ficamos surpresos.
― E por que não disse antes? ― Johnatan se irrita ainda mais.
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Estremeço.
― Diga-me que você nunca faria isso ― engulo meu pavor.
Ele acaricia meu rosto, olhando-me atento.
― Nunca diga nunca ― sorri em ameaça. ― Não se pode tirar a
fantasia de um homem.
Arregalo meus olho e balanço minha cabeça não querendo imaginar a
cena.
― Estou chegando à conclusão de que a fúria que tem dessa máfia
não chega nem perto do que sente por seu ciúme ― suspiro.
Johnatan arqueia sua sobrancelha.
― Ambas estão no mesmo patamar ― seus olhos se tornam cada vez
mais febris.
Balanço a cabeça ainda entorpecida.
― É melhor eu descer e ver como Ian está, enquanto você se desculpa
com James ― digo vendo sua testa franzir. ― Agora! ― ordeno novamente,
dando as costas para ele.
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Por que fez aquilo com a gente? ― suas perguntas me deixam tensa.
― Ele pode ter nos confundido ― murmuro.
― Ele não parecia confuso. Você viu o que ele estava fazendo, eu vi
o que ele estava fazendo, mas depois foi puxado...
― Ian ― interrompo-o, tocando seu rosto. ― Estamos bem agora,
tente não pensar mais nisso ― peço.
Somos distraídos quando escutamos a porta de seu quarto ser aberta,
revelando Johnatan. Ele fica surpreso por me encontrar ali e sorri para Ian.
― James está descansando. Agora, vamos ver você ― aproxima-se e
se senta ao lado de Ian.
Eu me afasto cruzando os braços.
― Eu sou um homem forte, vou ficar bem ― Ian se defende.
Sorrio.
― Sei disso ― Johnatan concorda. ― Sente alguma dor? Precisa me
dizer, Ian. Soube que foi atingido na perna.
O garoto faz uma careta.
― Aquele homem me acertou. ― Minha respiração para brevemente.
― Você estava lá, viu ele. O que aconteceu com ele? ― pergunta, não
deixando esconder sua curiosidade.
― Não há com que se preocupar, Ian ― Johnatan tenta confortá-lo,
vendo a marca um pouco arroxeada em sua coxa, ele estremece.
― Não estou preocupado. Foi o senhor que fez aquilo com ele? Eu o
ouvir gritar... De dor ― sua voz se torna mais baixa.
Todo o sangue do meu rosto desaparece. Johnatan parece travar. Fico
cautelosa, abro minha boca para dizer algo, mas logo a fecho.
― Sim ― confessa com sua voz grossa carregada de tensão.
Observo a reação de Ian, seus olhos castanhos o encaram atentamente.
― Ele morreu? ― murmura.
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49 – ATRAÍDO
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postura de Ian com os mimos que Donna lhe fazia. James parecia mais
cansado devido ao soro e aos remédios. Jordyn, como sempre, estava
inquieta, dizendo que deveríamos todos ir para o hospital, mas pouco de nós
sabemos o quanto isso seria arriscado, até mesmo para Johnatan.
Depois do jantar, deixo que Donna ajude Ian enquanto me encarrego
de limpar a cozinha com Jordyn, pela primeira vez, eu a vejo um pouco
calada, talvez perdida em pensamentos.
― Você está bem?
― Sim. É que não estou acostumada com folga, nem com
preocupação. Um acidente assim? James nunca perdeu o controle na direção
― reflete enquanto guarda a louça.
Engulo em seco.
― Foi de repente, mas agora está tudo bem ― aperto seu ombro em
conforto.
― Sim, que bom! ― concorda com um leve sorriso.
Quando terminamos, seguimos para nossos quartos. Tomo meu banho
tranquilamente, sem molhar meus cabelos, o remédio funcionou para o meu
corpo e minha cabeça, apenas sinto a leve dor irritante do machucado.
Depois, visto uma das camisolas de seda preta, o tecido solto me dá
conforto. Penteio meus cabelos com os dedos, encarando minha testa no
espelho do banheiro. Com um suspiro, volto para o quarto desanimada, sento-
me na cama e pego o celular novamente, deslizando meus dedos na tela
rachada para fazer uma ligação. Johnatan atende no primeiro toque.
― Mine? ― relaxo só de ouvir a sua voz.
― Onde você está? ― sinto-me ansiosa.
― Estou na tenda ― responde tranquilamente.
Sinto meu coração bater devagar, a última vez em que ele esteve na
tenda, as coisas não ficaram nada boas.
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estimulantes.
― Não tem ideia do quanto quero tê-la aqui em todas as posições
possíveis ― estremeço, envolvida com suas provocações.
Afasto-me para encarar seus olhos e deslizar minhas mãos por seu
peitoral até chegar à sua ereção, apertando-a com gosto. Ele empurra sua
pélvis de forma descarada para que eu sinta o quanto me deseja, umedeço
meus lábios secos com sede.
― Eu quero que você me tenha aqui e agora! ― exijo, aproximando-
me de sua boca e roçando meus lábios nos seus.
Johnatan desliza suas mãos até meus seios enrijecidos, apertando-os
com suavidade. Deixo-me levar pelos seus toques, meu corpo fala por mim o
quanto o quero enquanto movo meus quadris em seu colo. Johnatan ofega,
deslizando uma das alças da camisola e percorrendo seus lábios em minha
pele até tomar meu seio exposto em sua boca, gemo quando suga com força,
fazendo meu corpo arquear.
Em seguida, abaixa a outra alça, provocando meu outro seio, assim
como suas mãos tentadoras em minhas coxas. Olho para ele vendo seus olhos
observadores em mim e na forma como meu corpo se move contra ele. Seu
sorriso cafajeste faz meu coração acelerar, deixando minha respiração e meus
movimentos cada vez mais frenéticos.
― Então... O que me pede é uma ordem, querida? ― sua voz grossa
faz minha garganta secar ainda mais, molho meus lábios com a língua
novamente.
Johnatan observa minha boca com luxúria.
― Você tem que me obedecer, lembra?
Puxo seu lábio inferior com os dentes até invadir sua boca com minha
língua, num beijo sensual repleto de excitação e desejo.
― Se é o que me pede ― murmura rouco, molhando meus lábios com
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sua língua. ― Farei com todo prazer ― destaca seu tesão num leve sotaque
russo.
Em seguida, surpreendo-me quando rasga a seda com facilidade,
jogando a peça para o lado.
― Você... rasgou... ― gemo, arqueando meu corpo assim que sua
boca volta para meu ele, dando mordidas leves em minha pele.
Ofego pela inesperada palmada que atinge meu traseiro com força,
minha pele formiga com o contato, mas logo é massageada com um estímulo
tentador.
― Sem calcinha ― geme entre meus seios. ― Sua fera aprecia isso
― o rouco rosnado faz meu sexo se apertar dolorosamente.
― Minha o quê? ― pergunto inebriada.
Johnatan gira meu corpo para a cama, abrindo minhas pernas,
deixando-me exposta. Olho-o ajoelhado de frente para mim, apreciando seu
corpo vigoroso. Admiro a ereção em sua calça e o assisto se despir sem tirar
os olhos de mim.
Meu peito sobe e desce em euforia ao vê-lo tocar seu membro
potente, movendo sua mão enquanto a outra desliza pelo interior das minhas
coxas até chegar ao meu sexo pulsante e penetrando dois dedos em mim.
Meu corpo arqueia com desejo e gemo, querendo-o dentro de mim com
urgência. Meus quadris se movem contra sua mão, sendo completamente
consumida por seu toque e gemidos.
Perco o fôlego assim como minha voz quando sua língua se esfrega
em meu clitóris uma vez, Johnatan geme como se apreciasse o sabor, e sou
tomada novamente pela tortura com a retirada de seus dedos, tendo sua boca
e sua língua no lugar. É uma explosão de emoções em meu corpo, que se
arqueia ainda mais cada vez que chupa com força.
Gemo mais alto com sua língua na entrada do meu sexo, meus quadris
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apoiados na cama. Engulo em seco ao sentir seu indicador deslizar por minha
espinha em linha reta até chegar ao meu traseiro. Gemo em surpresa quando
afasta meus joelhos e empina-me cada vez mais para ele.
― Johnatan, eu preciso...
Sou interrompida por meu gemido assim que seu dedo se esfrega em
meu sexo exposto.
― Eu sei, minha Roza. Eu também preciso gozar, mas não sabe o
quanto quero aproveitar esta noite.
Sua ereção se aproxima, esfregando-se contra mim e me fazendo
agarrar os lençóis em excitação.
Uma de suas mãos desliza por minhas costas até agarrar meus
cabelos, meu corpo vibra pela sua selvageria, e sou surpreendida com outro
tapa em minha bunda, mas dessa vez é mais forte, fazendo-me empinar cada
vez mais até tê-lo dentro de mim outra vez.
― Ah... Johnatan... ― gemo com mais um tapa. Minha pele arde e
formiga.
― Gosta disso? ― pergunta. Não consigo responder tendo sua ereção
esfregando em meu sexo com força. Novamente sou atacada por sua
palmada.
― Johnatan ― choramingo, mordendo meu lábio. Meu corpo
fervente clama por ele.
Johnatan também sente o desejo ardente de me possuir, voltando a
penetrar com suas estocadas mais fortes e mais intensas. Suas unhas
arranham minha pele suada e, com um puxão em meus cabelos, levanta meu
corpo até ele, grudando minhas costas contra seu peitoral vigoroso.
Ergo minhas mãos para também puxar seus cabelos ao ser dominada
pelo prazer selvagem. Aprecio sua palma deslizar por meu ventre até esfregar
seus dedos em meu clitóris inchado, acompanhando seus movimentos
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profundos dentro de mim enquanto sua outra mão brinca com um dos meus
seios.
Viro meu rosto para encontrar sua boca e o beijo com intensidade,
sentindo meu corpo estremecer assim como ele ao gozarmos juntos num
prazer lascivo. Gemo em sua boca sem conseguir parar de rebolar fracamente
em seu colo. Seus braços fortes me envolvem num abraço confortável, e
permanecemos parados daquela forma por um bom tempo até nossa pulsação
se acalmar.
― Como se sente? ― sussurra próximo ao meu ouvido, seguindo
uma trilha de beijos da minha nuca até meus ombros.
― Uma presa atacada por uma fera selvagem e estimulante. Eu gosto
disso, eu gosto muito disso ― meu tom depravado o faz rir.
Quando Johnatan se afasta, ajuda-me a deitar na cama. Oh, eu não
tenho forças! O pensamento de não conseguir andar direito amanhã me deixa
corada.
― Se bem me lembro, a senhorita pediu isso ― diz, massageando
minhas costas.
Sinto-me ainda mais relaxada com seus dedos ágeis desfazendo
qualquer tensão que encontrem em minha pele. Gemo apreciando.
― Você é fera ― murmuro, dando uma risada cansada.
Escuto seu riso atrás de mim. Eu o deixo massagear-me por inteira,
impressionada com sua agilidade.
― Bem, foi um prazer te servir ― diz como um cavalheiro, e sinto
seus beijos em minhas costas. ― Mais alguma coisa que eu possa fazer por
você?
Pisco os olhos encarando os lençóis presunçosa. O frio me refresca
aos poucos, mas, mesmo depois que o calor deixe meu corpo, eu não quero
sair daqui.
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posições? Que tal pormos em prática uma outra? ― apoio-me em seu peitoral
pensativa.
Seus olhos brilham em admiração por me ver tão descontraída.
― É mesmo? Qual? ― pergunta, beijando meus lábios suavemente.
Dou-lhe um sorriso perverso, o gesto parece desligá-lo mantendo sua
atenção apenas em meus lábios e em meus olhos sedutores. Aproximo-me,
espalhando beijos até chegar ao seu ouvido.
― Hum, não sei, mas acho que você deve ter algum livro de Kama
Sutra ― sussurro, não conseguindo segurar minha risada.
Johnatan gargalha ainda mais, fazendo-me esconder meu rosto corado
na curva de seu pescoço. Seu corpo treme, assim como o meu, enquanto
rimos livremente.
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50 – A ISCA PERFEITA
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aceno para ele antes de me virar para meu russo amado e arrumar a gola de
sua linda blusa.
― Volta logo! ― ordeno, erguendo-me na ponta dos pés para beijar
seus lábios.
― Com certeza! ― promete, abraçando minha cintura e me apertando
junto ao seu corpo. Deito minha cabeça em seu peito. ― Seu pai me ligou,
disse que virá te visitar.
Pisco surpresa e olho para cima.
― Ele disse que viria me visitar praticamente todos os dias ―
informo em seguida, balanço a cabeça. ― Com tudo que aconteceu, eu me
esqueci de te pedir uma coisa ― mordo meu lábio, tendo sua total atenção.
― O que você quiser ― seu olhar profundo me faz sentir segura.
― Quero pedir para achar alguma forma de proteger minha casa,
proteger meu pai. Eles podem chegar perto dele e temo que algo ruim possa
acontecer. Não sei como, pelo menos um segurança... ― peço trêmula.
Johnatan me aperta em seus braços, deixando-me mais aquecida.
― Eu já fiz isso e são de confiança, não se preocupe ― assegura,
beijando meus cabelos.
― Obrigada! ― murmura aliviada.
Quando se afasta, aguardo-o entrar no carro e Peter dar a partida.
Aceno em adeus, vendo-o abaixar o vidro e me dar seu sorriso encantador ao
passar pelos portões. Suspiro, fazendo uma carranca e me assusto quando
Jordyn toca meus ombros curvados para me chacoalhar.
― Hora da tortura ― ela se empolga, fazendo-me rir ao me entregar
um balde com produtos de limpeza.
― Eu também te amo, Jordyn, mas pare de pedir ao meu namorado
que te beije ― finjo estar enciumada. Jordyn gargalha.
Antes de começar meus afazeres, resolvo tomar um rápido banho e
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me agasalhar. Depois, visito James, ele parece bem melhor, mesmo com
algumas dores na coluna.
Durante a faxina da casa, sou torturada por Jordyn em questão de
encerar o chão e afastar a neve da varanda. Mais à frente, vejo Ian, com
agilidade, carregar fenos leves em um carrinho para dentro do celeiro, sorrio
para ele, recebendo seus beijos no ar.
Vejo os cavalos correrem pelo campo, Lake brinca com a neve,
parecendo feliz. É impressionante como o branco destaca ainda mais o lugar,
num aspecto ainda mais vivo. Sid parece agitada e ao mesmo tempo satisfeita
com o tempo, correndo em círculos largos, assim como Hush.
Dentro da casa, também passo o aspirador nos carpetes, lavo as
roupas, ajudo Donna na cozinha e Jordyn no salão. Quando James se levanta
para almoçar, ficamos felizes ao vê-lo na cozinha. Ian chega em seguida,
coberto de neve.
― Como está sendo seu dia, garotão? ― James pergunta, tomando
sua sopa.
― Amor, o que aconteceu? ― Donna ri da situação do filho.
― Lake me derrubou e começamos uma guerra de neve. ― Ian se
sacode.
Jordyn o fuzila com os olhos.
― Moleque, você sabe quem limpou esse chão? ― reclama, fazendo-
o sorrir de maneira travessa.
― Você? ― Ian provoca saltitante até se sentar.
― E como está sendo o trabalho com os fenos? ― James chama sua
atenção.
― Qual a parte de guerra na neve você não entendeu? ― Ian o olha,
como se ele fosse um idiota.
O rapaz o encara com uma careta.
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No meu quarto, ligo para papai com mais privacidade. Ele atende no
segundo toque.
― Mine ― seu tom de alívio me faz rir.
― Oi, papai, como está?
― Bem melhor agora, filha ― percebo a alegria em sua voz assim
como algo batendo. Com certeza está trabalhando em suas madeiras.
― Pensei que já estivesse a caminho para me visitar ― comento.
― Gostaria muito, mas decidi fazer isso depois de entregar algumas
madeiras para a loja. Algumas vieram em péssimas condições.
Suspiro por sua teimosia.
― Espero que não esteja se esforçando tanto. ― Não posso deixar de
me preocupar.
― Você sabe como sou. Trabalho pra mim não é problema. Agora,
estou de saída para ir até a cidade. Logo nos vemos, querida ― despede-se
com urgência.
― Dirija com cuidado. Colocou correntes nos pneus? ― pergunto
desconfiada.
― Sim, senhorita ― responde rindo, como se eu fosse a capitã de um
esquadrão.
― Nós nos vemos em breve ― despeço-me e desligo.
Franzo a testa ao ver as horas no celular, passei meu dia ocupada e
agora, no final da tarde, não tive uma ligação de Johnatan. Ligo para ele
imediatamente, sem me importar que esteja numa reunião.
― Roza ― ele atende no meio do primeiro toque, suspiro aliviada.
― Oi! ― cumprimento timidamente e o escuto afastar o telefone e
ordenar, num tom irritado, para que alguém espere um segundo. ― Eu
interrompi, não foi? Só estou preocupada com você...
― Eu aprecio muito sua preocupação, minha Roza. Está tudo bem
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acelerar.
― Eu te amo e... volta logo para casa, amor ― sussurro para ele e
desligo em seguida, não querendo atrasá-lo com sua reunião.
Encaro a tela do meu celular deprimida, enfio o aparelho em minha
bota e caminho presunçosamente até a cozinha para ajudar Donna com os
pratos e a picar alguns alimentos, mesmo que ela proteste, pois necessito
ocupar minha mente. Depois retorno para o campo, inspiro o ar frio e esfrego
minhas mãos para aquecê-las.
No celeiro, Lake praticamente devora sua comida enquanto os outros
ainda aproveitam a neve. Com suas vasilhas cheias de ração, aproveito para
me encostar na cerca e assisti-los farejar, caminhar e correr. A luz do dia
começa a cair, deixando o lugar acinzentado, a neve cai tranquilamente e eu
não sei por quanto tempo permaneci ali parada, admirada, sem me importar
com o frio.
Hush parece cansado de ficar na neve e caminha para dentro do
celeiro tranquilamente, Sid também o segue, e Lake permanece no campo até
se entediar e se juntar a eles. Agora sozinha, eu posso voltar para casa
tranquilamente, não deixando de olhar para o portão de aço na esperança de
ver Johnatan em breve.
Ao me virar, sinto a agonia tomar conta do meu corpo por completo.
Meus joelhos travam assim que escuto um grito distante agonizante, meu
sangue se esfria dos pés à cabeça. Minha respiração trava enquanto olho ao
redor, assustada.
Permaneço em silêncio, na tentativa de escutar com mais clareza,
mesmo que talvez isso seja coisa da minha cabeça, mas o grito retorna alto e
embargado, vem do lado de fora e faz meu coração disparar.
― MINE! ― o grito cada vez mais alto me assombra.
― Johnatan? ― sussurro trêmula
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Você está bem? ― Checo seu corpo com minhas mãos agitadas.
― O que está acontecendo aqui? ― pergunta confuso, mantendo seus
olhos intensos em mim.
Não consigo segurar minhas lágrimas de alívio.
― Ouvi você gritando por mim. Parecia que estava sendo... torturado
― soluço, sentindo suas mãos quentes em meu rosto.
― Mine, amor eu não fiz nada disso ― meu coração se derrete por
ele, mas logo fico chocada quando o grito volta a me assombrar.
― Então... Johnatan, o que está acontecendo?
Olho em todas as direções e o abraço com força enquanto me encolho
com os gritos, às vezes distantes, às vezes próximos.
Johnatan me aperta em seus braços de maneira protetora.
― Eles usaram um gravador... Usaram você. Estão jogando ―
murmura em meus cabelos, parece dizer mais para si mesmo do que para
mim. Escuto seu coração acelerado.
Franzo a testa.
― O quê? ― não consigo raciocinar direito.
Confusa. Johnatan me afasta, protegendo-me atrás de seu corpo.
É quando vejo quatro deles se aproximando, todos vestidos de preto e
encapuzados com uma toca ninja. Um outro homem alto, e muito mais forte
que todos, também se aproxima em ameaça, seus olhos são sombrios e
perigosos. Agarro a mão de Johnatan assustada.
Os quatros fecham suas mãos em punhos firmes, estralando seus
ossos, como se preparando para a luta. O mais alto observa principalmente
Johnatan como seu alvo principal. Olho para trás em busca de uma trilha
como refúgio, mas, então, localizo outros dois escondidos atrás das árvores,
eles trouxeram mais reforços e sei que não são só aqueles, há mais
escondidos.
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51 – O INIMIGO
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coisa que quero no momento, claro que me tornaria ainda mais poderoso do
que já sou, mais conhecido no mundo daqueles que querem partilhar comigo
suas conquistas. Homens têm pretensões, querida Mine. Um prédio seria
como me entregar uma folha de papel onde eu possa desenhar e dar formas
de como quero. ― Charlie diz com ironia.
― E o que você quer? ― disparo sem qualquer empatia.
― Tudo. A casa, as empresas, suas parcerias, o cofre de milhões de
dinheiro que eu sei que ele possui. Johnatan se tornou um homem de grande
prestígio, está no sangue, claro. Se ele pudesse trocar toda sua vida para se
juntar a mim, eu poderia fazer isso tranquilamente, mas conheço meu filho,
sei como é um Makgold...
― Johnatan não é como você ― interrompo enraivecida, o
surpreendendo.
― Vejo a imagem de uma garota ridiculamente apaixonada. Ora,
Mine! Não seja estúpida ― ele se vira para pegar um galão e espalhar o
líquido em círculos. ― Johnatan pode se apaixonar, ficar cego também, só
que um dia vai perceber que isso não é tudo, vai perceber que sempre irá
buscar mais e eliminar aquilo que já teve. É desgastante. Se bem que, até o
momento, vejo que você não significa tanto assim. Estou um pouco
desapontado. Por que acha que a estou mantendo aqui comigo? Eu adoraria
ver os olhos dele para ver o que está prestes a acontecer.
O cheiro de gasolina faz meu estômago se revirar. Choro ao sentir
meu celular vibrar em minha bota sem poder alcançá-lo.
― Você é um monstro! ― engulo meu pavor para me manter firme.
― Obrigado. Saiba que Johnatan também herdou essa genética ― diz
caminhando ao meu redor enquanto joga a gasolina. ― Ele mata e vive uma
vida, como posso dizer... Quase normal.
Seu comentário acende minha fúria.
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tornozelos.
― MINE! ― a voz de Johnatan me surpreende, num alívio sufocante
em meio a fumaça. ― NÃO! NÃO! MINE! CADÊ VOCÊ?!
― Johnatan ― tusso, não conseguindo gritar, sinto que quero colocar
tudo que comi para fora. Pior, meus olhos lacrimejam com ardor,
interrompendo-me de enxergar direito. ― Me tira daqui! ― peço aos choros.
Outro baque forte faz a porta se abrir, eu não consigo vê-lo, as chamas
estão altas, acabando com a estrutura da cabana. Minhas narinas ardem ao
tentar inspirar profundamente e meu abdômen dói pelas tossidas forçadas.
Quando consigo vislumbrar vagamente, surpreendo-me ao ver Johnatan
passar pelo fogo com um cobertor. Pisco para clarear minha visão irritada,
vendo seu rosto corado e levemente machucado. Ele me olha em pânico e
corre até a mim se encolhendo quando algumas madeiras do teto começam a
cair.
― Temos que sair daqui ― dispara ofegante, com urgência, enquanto
afasta as cordas do meu corpo.
Levanto rapidamente, sentindo-me dolorida. Johnatan envolve o
cobertor úmido em nós dois e sigo seus passos para onde me guia, sinto o
calor fora da coberta ao passarmos pelas chamas. Quando saímos, caio de
joelhos, inspirando o ar frio como se eu precisasse dele mais que tudo na
vida.
― Graças a Deus! ― mal agradeço a Deus e sou puxada por
Johnatan.
― Bomba ― ele anuncia. Olho chocada para uma espécie de relógio
fixado próximo à porta destruída.
Sobressalto com o estouro da janela devido ao fogo e sou carregada
por ele para o mais distante possível. Em poucos segundos, a cabana em
chamas explode enquanto Johnatan corre comigo para dentro da floresta.
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Abraço seu pescoço com força, sentindo como se meu coração estivesse
preso na garganta. Meu Deus, eu estaria morta se ele não chegasse, eu
estaria...
― Shhh... ― seu sussurro suave me faz perceber que estou tremendo
junto com meu choro.
― Há mais deles. Onde estão? ― soluço.
Observo a floresta pouco iluminada pela lua cheia, sua luz passa entre
as copas de árvores refletindo entre sombras escuras e prateadas, dando um
contraste obscuro e ao mesmo tempo desconfiado.
― Eles tentaram me cercar, mas mesmo eu conseguindo me despistar,
não devem estar muito longe. Minha única preocupação é te levar para longe
daqui ― diz sem fôlego, não permitindo me soltar de seus braços.
Quando estamos o mais distante possível, Johnatan me coloca no chão
para examinar meu rosto preocupado. A fúria passa pelos seus olhos quando
me afasto surpresa ao tocar em minha face dolorida, assim como também o
canto da minha boca. Eu também toco o seu, vendo a marca de um soco em
sua bochecha, além de febril, ele está muito suado.
― Temos que ir para casa. Eles podem te encontrar ― engulo meu
pavor. ― Como conseguiu chegar até a mim?
Por um lado, fico confusa, já que a distância de onde estávamos para
onde nos encontramos no momento é enorme, mesmo não sabendo nossa
localização, aqui é um pouco mais rochoso do que plano.
― Seu celular ― responde exasperado, esfregando seu rosto em
frustração. Vejo meu colar enroscado em sua mão. ― Liguei para Peter assim
que consegui me afastar a tempo para me certificar sobre você, foi quando vi
seu colar na neve... ― mesmo passando por todo aquele pesadelo, aquilo
ainda o enfraquece. ― Depois tentei te ligar, mas o maldito sinal caiu, por
sorte, o sistema de rastreio do seu aparelho estava ativado no meu celular.
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Quando volto minha atenção para ele, seus olhos continuam ternos.
Acaricio seus cabelos, deslizando minhas mãos por seus ombros largos,
adoraria, mas naquele momento, não posso me perder na sua intensidade.
― Você é tão forte, minha Roza. Eu não sei o que seria de mim sem
você. Obrigado por ser a coisa mais importante que apareceu na minha vida.
― Eu me derreto por sua declaração estranhamente suave e cheia de carinho.
― Tenho que me manter firme por nós ― sorrio com ternura. ―
Mas, por favor, vamos sair daqui, amor. Agora...
Quando arrasto minha mão direita para acariciar sua mandíbula, paro-
a no ar, incrédula, há sangue, e ele escorre em minha palma. Encaro meu
corpo horrorizada antes de checar Johnatan. Abro a boca sem saber o que
dizer.
― Não! ― perco o fôlego. Johnatan perde a força de suas pernas. ―
Não, não, não ― caio de joelhos desesperada.
O sangue se espalha imediatamente por sua blusa. Dependendo de
onde foi atingido, tenho medo de movê-lo para tentar encontrar a ferida e
controlar o sangramento. Tento segurar meu choro agonizante.
― Mine... ― ele respira com dificuldade e afasta sua jaqueta, como
se tentasse ver sua ferida.
Johnatan ofega.
― Johnatan, olhe para mim, olhe para mim. Respira, respira. Amor,
eu estou aqui. Não feche os olhos ― imploro para que ele continue fixo em
mim.
Rapidamente, alcanço meu celular de dentro da minha bota e seco o
sangue em minha blusa enquanto tento ligar para emergência.
― Mine... Vai. Ficar. Tudo bem ― seu esforço me faz chorar ainda
mais.
Mesmo com a pouca iluminação vejo seus lábios perderem a cor de
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tanto que vou esperar você dizer na hora certa, no momento certo.
Ele acena sorrindo e me olhando com amor, mas, naquele momento,
seu olhar congela no mesmo instante em que sua respiração para, sua
expressão se torna vazia, deixando uma lágrima escorrer no canto do seu
olho. O celular em minha mão cai, mesmo escutando a voz de James,
enquanto o choque me atinge por completo.
― Johnatan? Fala comigo! Por favor... Não faz isso. Eu preciso de
você ― peço encarando seus olhos azuis sem vida. ― Respira, por favor...
Johnatan...
De repente, a dor angustiante me atinge com força, meu coração
parece rasgar de dentro para fora. É como se a escuridão me consumisse num
milésimo de segundos sem nem ao menos notar sua presença. Eu não posso
imaginá-lo daquela forma, só posso estar em um pesadelo, quero acordar,
mas não posso carregar aquela imagem de Johnatan comigo.
O pavor toma conta do meu peito enquanto tento inutilmente fazê-lo
acordar. Meu choro inconsolável me deixa sem ar, meu corpo não consegue
se manter firme vendo-o daquela forma. Abraço seu corpo implorando para
que respire, para que seu coração volte a bater, pois só escuto o silêncio em
seu peito.
Quando ouço passos brutos e firmes se aproximando, esforço-me para
levantar e proteger seu corpo de qualquer ameaça. Eu não sairei de perto
enquanto ele não estiver a salvo. Porém, uma sombra reluzente me chama
atenção, e logo me assusto ao ver Sid correr em minha direção.
Encaro Johnatan ainda com seus olhos abertos, percebendo que suas
palavras em russo foram de comando. Ergo minha palma em direção à Sid,
que corre sem hesitar.
― Sid... Não! ― balanço minha cabeça em negação. ― NÃO!
Sid abaixa-se próximo a mim em sua corrida, curvando sua enorme
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grito.
Depois de longos minutos, talvez horas, escuto Jordyn murmurar
temerosa:
― James... ― Desgrudo-me de Edson para olhar na mesma direção.
James sai entre as árvores mancando, as lágrimas preenchem seus
olhos. Ele caminha em nossa direção, dispensando ajuda médica. Os ombros
curvados demonstram sua derrota. Forço minhas pernas a darem alguns
passos e paro quando ele passa por mim sem conseguir me olhar. Minhas
lágrimas retornam com força enquanto encaro a floresta à frente, não me
permitindo acreditar que o pesadelo continue diante dos meus olhos.
― Mine, fique aqui! ― meu pai agarra meus ombros.
Respiro com mais dificuldade quando Peter surge de cabeça baixa, em
seguida, os policiais, assim como a equipe médica que carrega em uma maca
um corpo dentro de um saco preto. Balanço minha cabeça enquanto puxo o ar
com força.
― Eu sinto muito ― Peter lamenta quando passa por mim para ficar
ao lado de Donna.
Naquele momento, eu me dou conta de que meu mundo desaba em
pedaços.
― Não... ― balanço minha cabeça. ― NÃO É ELE, NÃO É! ― grito
forçando minhas pernas a correrem.
Meu pai me interrompe, segurando-me enquanto tento lutar em seus
braços.
― Mine, por favor, filha! ― pede com força, tentando me manter
imobilizada, de repente, sinto mais pessoas me segurando.
Sinto o buraco perfurar meu peito e a dor consumir cada parte do meu
corpo. Paro, sem forças de lutar contra aqueles que me seguram, o sentimento
é tão sufocante que deixo o grito agonizante escapar da minha boca,
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assustando a todos.
Sem perder o foco do horror à minha frente, assisto à equipe colocar a
maca dentro do veículo, um dos profissionais se dirige a um policial,
enquanto me olha com tristeza, como se lamentasse por mim.
― Fala para mim que não é ele. Peter, tire ele de lá, agora! ―
imploro. Tento me manter forte, mas uma parte de mim parece entorpecida.
― O que aconteceu? ― meu pai pergunta a alguém, ainda mantendo
seus braços em torno de mim.
― Os cavalos nos levaram até ele. Depois, o policial disse que estava
no controle, apenas atirou em um sujeito próximo, que parecia estar de vigia,
só não conseguiu pegá-lo devido à escuridão. Quando chegamos ao local,
vimos o fogo. Nos aproximamos e vimos um corpo ser queimado. Peter e eu
abafamos as chamas com nossos casacos, e aguardamos o socorro. ― Encaro
James alarmada com a informação, ele tenta ter todo o cuidado para falar em
minha presença. ― O corpo estava carbonizado, tínhamos chegado tarde
demais, não conseguimos reconhecer. Somente o relógio no pulso e as
abotoaduras, que pertenciam ao senhor Makgold... e isso ― James tira de seu
bolso meu colar de rubi. ― Estava ao lado.
Quanto a algum incêndio em uma cabana, nada é mencionado. Claro,
Charlie deve ter seus meios de ocultar seus podres. Pego meu colar trêmula,
apertando a pedra fria em minha palma com força. Balanço a cabeça, sem
conseguir acreditar.
― Mesmo assim vão ter que fazer exames para reconhecimento do
corpo. Eu não queria acreditar, mas quando vi... ― Peter engole sua tristeza
com dificuldade.
Sinto-me estremecer por inteira, o zunido do meu ouvido me deixa
atônica até minha ficha começar a cair, trazendo-me para a realidade. Não
estou em um pesadelo, estou vivendo o pior inferno da minha vida tendo nele
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silêncio, a mão de meu pai alcança meu ombro curvado, fazendo-me parar.
― Eu só quero ficar sozinha ― peço trêmula, incapaz de encará-lo.
― Tudo bem ― ele me permite seguir meu caminho.
Esfrego meu rosto para expulsar minhas lágrimas e sigo para o celeiro
pouco iluminado. Logo estranho quando escuto um relinchar afobado. Olho
em volta com cuidado, caminhando devagar até entrar no celeiro e me
esconder na sombra.
― Hey! Shhh! Está tudo bem garoto. Que tal darmos uma volta? ―
escuto uma voz grossa.
Percebo que é Lake que relincha, espio atrás dos fenos o policial
tentar se aproximar de Lake com uma corda na mão. Johnatan não permitiria
isso com seus cavalos, muito menos eu. O homem continua a insistir em se
aproximar de Lake, que parece temer a corda. Meu sangue ferve quando o
policial perde a paciência e atinge Lake com o objeto como se fosse um
chicote, Lake se assusta amedrontado. Atrás de mim, vejo a arma pendurada
que James usa para assustar os pombos. Vou até ela em silêncio, tirando-a do
lugar sem fazer barulho.
Escutar o pequeno relinchar agonizante de Lake me faz perder o
controle e caminhar em passos duros até o meio do celeiro para que o policial
possa me ver. Escondo a grande arma atrás de mim sem que ele perceba, o
homem se assusta a me ver e vejo seu sorriso brilhar com a luz da lua.
― Oh! Olá ― diz surpreso com minha chegada. ― Ele é lindo, estou
tentando ser simpático, mas ele não parece feliz...
― Você deveria estar com seu companheiro, ajudando-o com o seu
trabalho. Então, afaste-se do cavalo e corra! ― impressiono-me quando
minha voz saia tão limpa e fria.
― Mas é que o lugar sempre me chamou muito a atenção. Eu não
pensei que o falecido Johnatan Makgold possuía cavalos. Qual o nome desse?
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52 – SUA BRAVURA
de aviso e superioridade.
― Há coisas que não sabem sobre mim. Mas já alerto que eu não
tenho medo de vocês ― disparo sabendo que eles entendem minhas palavras.
― E outra! Nenhum de vocês é ou será como Johnatan. Portanto, não
coloquem ordem onde não devem, muito menos toquem nos cavalos, e se
isso chegar a acontecer, eu mesmo estourarei seus miolos sem misericórdia. É
melhor saírem dessa casa sem olhar para trás e nunca mais colocarem os pés
aqui. ― O outro policial imediatamente solta a corda de sua mão.
― Acho que a senhorita vai ter que nos acompanhar ― o policial com
a arma apontada para mim ameaça. Olho para a tatuagem nas costas de sua
mão com a sobrancelha erguida.
Para minha surpresa, escuto outra arma ser destravada. Pela minha
visão periférica vejo meu pai apontar sua espingarda para ambos.
― É melhor afastar essa arma para bem longe da minha filha, infeliz!
― meu pai grunhe num tom autoritário.
― Senhor Clark, deveria saber educar sua filha, não sabe dos riscos
que ela pode estar causando neste momento. ― Observo seu companheiro
pegar sua arma e apontar em minha direção com um sorriso irônico.
― Somos dois contra dois. É melhor soltarem as armas, fazendo isso
pelo o bem de todos.
Fico prestes a ordenar para que todos entrem na casa, mas pisco
brevemente confusa quando Ian se coloca à nossa frente. Os policiais também
têm a mesma reação, porém o encaram como se ele fosse sua primeira vítima.
Aperto meus dentes e respiro fundo. De repente, escuto o garoto pronunciar
frases russas.
Suas falas fervem em comando, em seguida, Hush e Sid surgem do
lado oposto, juntando-se a nós. Sid se põe ao meu lado, encarando os
policiais, sua pelagem branca está ainda mais suja de terra e manchas de
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sangue. Em seus olhos escuros, consigo ver a sua frieza como também sua
vulnerabilidade, basta uma palavra de Ian e, com toda certeza, ela avança.
Do meu lado oposto, não tão distante, Hush se mantém como vigia
pronto para qualquer movimento que possa bloqueá-los. Ele está sujo como
Sid, porém um pouco machucado, sua respiração é mais ofegante, como se
tivesse lutado contra um batalhão, o que era um fato. Em seguida, Lake se
põe à frente de Ian, surpreendo-me pela quantidade de sangue seco em seu
focinho, embora não tenha como enxergá-lo direito no celeiro.
É bem provável que ele tenha ido ajudar na floresta e retornou sendo
surpreendido pelo policial, agora que a corda estava fora de seu caminho, o
cavalo caramelo joga um pano escuro à sua frente, antes de curvar seu corpo
à espera da ordem de ataque. Quando observo o lenço escuro mais atenta,
percebo que é uma touca ninja, a mesma que o bando usava na floresta. Os
policias, surpreendidos, não abaixam suas armas, mas são nítidos seus
semblantes amedrontados, principalmente com a presença de Sid.
― Eu acho que vocês não são bem-vindos aqui, senhores! ― escuto
Jordyn atrás de mim.
― Um bando de animais e pessoas mal preparadas não nos
amedrontam ― o policial a responde grosseiramente.
― Alguém mais pode nos deter? ― o outro zomba com sarcasmo,
fazendo seu colega ri.
De repente, eu me distraio com o som de algo se movimentando. Por
cima dos muros que cercam o campo, vejo armas potentes surgirem, estilo
metralhadoras, e se colocarem em suas posições. São uma seguida das outras,
destravando-se em sincronia e mirando nos alvos.
Atrás de mim observo armas ainda maiores acima da casa. Choco-me
cada vez mais com o jardim, outras armas de fogo surgem por debaixo da
grama, essas são mais robustas que os fuzis, possuindo até uma lente com
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mira automática.
Uma delas brota próximo a mim, apontada para os policiais e percebo
que ela tem uma lente avermelhada. Sou novamente surpreendida quando
lasers de neon vermelho circulam pelo campo até pararem próximo a nós, um
dos policiais estica seu braço para tocar e afasta a mão de repente, como se
acabasse de ser queimado.
― Não pensaram que o senhor Makgold deixaria a casa desprotegida,
pensaram? ― escuto Peter dizer e olho para trás, vendo-o encarar os policias.
― Também já aviso que é melhor vocês saberem onde pisam. ― Nos pés dos
policiais, surpreendo-me com pontos avermelhados abaixo de seus sapatos.
Eles se mantêm imóveis.
― Mine ― James chama minha atenção com seu sussurro. Jordyn me
olha amedrontada e vejo um minúsculo controle em sua mão.
― Não atire! ― Jordyn alerta me deixando confusa. ― Se fizer isso,
as armas podem ser apontadas para você.
Aceno, abaixando minha arma antes de me virar para frente. Os
cavalos continuam em suas posições, e me surpreendo vendo Hush
completamente imóvel entre os lasers.
― Agora, não são mais dois contra dois, mas sim uns oitenta contra
dois ― meu pai destaca com ironia.
Os policias olham em volta.
― Seu chefe tinha autorização para possuir esse tipo de armamento?
― um dos policiais pergunta. ― Makgold deveria ser preso ― ele diz
rispidamente.
― O senhor Makgold tem a autorização até das mais pesadas. Aliás,
não é ilegal possuí-las e também nunca foram comprovadas as acusações para
que ele não tivesse o direito de tê-las. Seu advogado Matt Polosh fez o seu
trabalho, apresentou sua inocência e de tudo que foi comentado contra ele
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pela morte de sua família anos atrás. Mas se quiserem entrar nessa briga,
garanto a vocês que devem procurar também por algumas autoridades
importantes no governo. Johnatan Makgold fez questão de mandar seus
registros até mesmo para o Presidente ― a revelação de Peter me surpreende.
Os policias mafiosos abaixam suas armas, sem saída, e se olham,
parecendo desconfortáveis. As luzes abaixo dos seus pés somem, deixando
que se movam.
― Não precisamos mais dos seus serviços, podem sair daqui! ― meu
pai ordena.
Ambos esperam que as armas equipadas ao redor da casa voltem para
seus lugares, porém elas continuam paradas.
― Isso não vai parar por aqui, estão sabendo disso? ― o policial
ruivo, que estava no celeiro, diz ao guardar sua arma.
― Já perderam seu tempo. Vão embora, por favor! ― Donna pede
com firmeza, sem deixar a dor dominar sua voz.
― Nós nos veremos em breve, senhores. ― O outro recua, mantendo
seus olhos desafiantes em mim.
Sinto James afastar a arma da minha mão e caminho mais para frente
sem perder meu contato com os policias. Assim que eles entram no carro e
dão a partida, vejo as armas em cima do muro os acompanharem enquanto as
do jardim voltam para debaixo da terra e outras para seus devidos lugar na
casa. O laser desaparece, fazendo Hush se mover até ficar ao lado de Sid.
Alguns minutos depois, o silêncio nos domina, o lugar parece um
buraco onde só há um zunido. Peter é o primeiro a se mover, cabisbaixo, ele é
incapaz de nos encarar, então, fixa sua atenção para seu celular, que vibra em
sua mão. Engulo o nó em minha garganta.
― É o IML, não se preocupem, a equipe que levou o corpo é de
confiança. Eu tenho que ir para saber as notícias e acompanhar todo o
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processo ― Peter é cuidadoso, mas não demora muito para entrar na mansão,
pegar um casaco e sair com o carro em disparada.
Viro-me encarando todos, sem conseguir segurar minha emoção.
Choro quando Lake caminha até a mim para se curvar, Hush segue o
exemplo e me surpreendo quando Sid caminha calmamente à minha frente e
se curva.
Jordyn desaba nos braços de James e Donna, meu pai me olha com
tristeza, vendo a dor em meus olhos. Ian chora em silêncio, observando os
cavalos curvados ao meu redor.
Eu sinto a dor envolver todos, sinto a falta que Johnatan nos faz nesse
momento, e, de alguma forma, olhar para a floresta à frente me faz sentir que
ele não vai voltar, mas uma coisa que não posso permitir é que tomem tudo
aquilo que conquistou. Encaro os cavalos curvados como se esperassem por
algo. Controlo minha respiração e me curvo para acariciar a cabeça de cada
um, como Johnatan fazia.
― Eu sinto muito ― digo a eles com a voz embargada, pois sei que
Johnatan faria o mesmo em seu idioma russo.
Sid curva sua cabeça como se contorcendo com a dor, e me curvo
ainda mais próximo para sussurrar em sua orelha:
― Acabem com eles!
Afasto-me quando a vejo disparar para fora da casa assim como Hush
e Lake. Todos me encaram como se houvesse alguma esperança. Balanço
minha cabeça, querendo uma resposta, um minuto de paz, essa casa pertence
a Johnatan, mas sem ele, o preço que tomaram é procurar outro lugar para
ficar enquanto a casa fica à venda, isso é o que pode acontecer. Corro para
dentro, seguindo em direção a biblioteca.
Em meio à minha aflição ao passar pela porta, sigo até a mesa e giro
sua cadeira estofada, o vazio não é bem-vindo. Ele não está mais ali comigo,
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não está mais ali para me guiar. Observo seu espaço silencioso, em sua mesa
vejo papéis listando regiões próximas de cursos de medicina junto com meus
dados.
Pisco perplexa, ele estava preparando para mim. Choro desejando,
mais uma vez, que tudo isso seja um pesadelo. Encaro a vista noturna lá fora,
sabendo que todas essas noites serão meu tormento, meu inferno, minhas
lembranças arrancadas.
Caminho pela biblioteca, tocando em cada parte que me aproximo,
nos estofados, nas cômodas, nas cadeiras, e em seus livros. Livros esses que
me fazem parar de respirar ao notar que alguns deles estão afastados, puxo
alguns para o lado, deparando-me com uma máquina. É onde está sua sala
secreta com armamentos, abaixo, fixa como uma maçaneta, está a bengala de
ouro.
Afasto minhas lágrimas e me aproximo para enxergar as teclas. São
números e letras, ouso digitar o mesmo código da sala de laboratório, mas
não se abre. Fecho meus olhos, lutando comigo mesma para controlar minhas
emoções. Eu sei que ele esteve nessa sala, os livros não ficariam bagunçados
e sinto a necessidade de entrar nela. Abro meus olhos rapidamente, encarando
o aparelho diante de mim.
― Roza ― sussurro rouca, logo me assusto quando escuto a parede
ser destravada.
Afasto a estante de livros e entro na sala iluminada. As armas ainda
estão organizadas no mesmo lugar desde a última vez em que estive aqui.
Aperto meus lábios, encarando tudo ao meu redor até ver uma rosa na mesa
de vidro perto dos cofres. Caminho até ela, pegando-a.
Tento conter minhas lágrimas ao cheirá-la. Lembrar-me de seus olhos
em mim e de suas palavras na tentativa de dizer que me amava faz com que
eu sinta pior, mas não consigo segurar por muito tempo, pois desabo quando
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leio o pequeno bilhete acima da mesa ao lado do copo onde estava a rosa.
"Eu te amo"
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comigo.
― Eles tiraram você de mim ― murmuro, a dor em meu peito se
intensifica. ― Seu pai vai ter que pagar por isso, Johnatan, por você, eu não
vou descansar até vê-lo pagar por tudo que te fez. Eu não posso e não quero
ser a mesma Mine, não sem você.
Inspiro profundamente e caminho até a parede de madeira. As marcas
da faca continuam ali, puxo as mangas da minha blusa até o cotovelo e sigo
em direção às facas.
Eu as pego com firmeza, mantendo-me em minha posição. As
lágrimas continuam a cair, mas a lembrança de seus olhos sem vida são a
causa do meu tormento, assim como a dor em meu corpo e a fúria em meu
peito quando me lembro de Charlie com toda a sua ganância de desejar a
morte do próprio filho ao imaginar se apoderar de tudo que ele já conquistou.
Arremesso a faca contra a madeira com força arfando em seguida.
A primeira faca fica presa à madeira e continuo a arremessar as outras
cada vez mais forte até me lembrar de deixar Johnatan sozinho na floresta e
do corpo dentro de um saco preto. No sétimo arremesso, rosno com fúria até
que a faca atravesse a madeira e caia no chão, fazendo-me encarar o buraco
que provoquei. Arfo, sentindo o calor dominar meu corpo e minha cabeça.
Isso ajuda a canalizar meus sentimentos.
― Mine? ― a voz de meu pai não me surpreende e o olho fixamente.
Seus olhos cinza observam assustados o estrago que fiz na madeira. ― Filha,
você deve descansar, tudo isso irá fazer mal a você...
― O que pede não vai resolver o que estou sentindo por dentro ―
disparo rouca e me aproximo dele. ― Foi você, não foi?
― O quê? ― pergunta confuso, afastando minhas lágrimas.
― Você ensinou Johnatan. Você o ensinou a lutar ― soluço.
Ele parece alarmado.
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― Mine...
― O livro sobre a mesa, possui sua assinatura. Você deu aquele livro
a ele ― digo, vendo seus olhos observarem a mesa.
Ele finge dar de ombros.
― Foi um tempo difícil, não pensei que aquele garoto se tornaria um
assassino ― Edson tenta contornar a situação, ergo minha sobrancelha com
descrença. ― Estou querendo dizer que não pensei que ele se rebelaria tanto.
― Aqueles homens o perseguiam, pai. Eles o querem morto ― Tento
não mencionar Charlie Makgold.
― Ele está morto, Mine! ― meu pai diz com frieza.
― NÃO PARA MIM! ― inspiro fundo na tentativa de me controlar.
― Ainda faltam sair os resultados dos exames. ― Balanço minha cabeça,
afastando-me dele.
― Mine... Você está me preocupando, filha. Descanse um pouco ―
ele implora.
― Como você quer que eu descanse assim, pai? Olhe para mim? Eu
não o tenho comigo, mas eu não quero chegar à hipótese de que o vi morrer
em meus braços. Que vi seus olhos se esforçarem para se manterem abertos
por mim, quando lutou para tentar dizer que me amava e, em seguida, tudo
parou naquele momento. Então, eu o deixei sozinho para que os outros
terminassem o serviço. Eu não vou conseguir seguir em frente tendo essa
lembrança, não posso dormir sabendo que o pesadelo vai continuar a me
atormentar dia após dia ― choro.
― De qualquer forma, nós vamos dar um jeito ― ele tenta me
acalmar.
― Ensine-me a lutar. Aqueles homens não vão parar até conseguirem
tudo que Johnatan conquistou. Pode ser o começo de um grande inferno sem
ele aqui, e não posso permitir. Todos nessa casa vão perder tudo que têm,
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pai...
― Você não tem e não deve ser como ele ― sua voz soa firme.
― Eu não posso ser, porque ele é o melhor ― choro, fazendo-o
suspirar em derrota.
― Bem, provavelmente, ele soube de mim antes de trabalhar como
marceneiro, por isso, procurou-me para saber sobre técnicas de defesa. Vi o
quanto estava vulnerável e resolvi ajudá-lo sem qualquer tipo de ligação,
muito menos envolvimento, fui muito cuidadoso em relação a ele. Por outro
lado, pensei que, com os treinos, ele conseguisse dispersar a raiva e a
controlasse. Eu não podia dominar a mente de um adolescente.
Fico confusa com a informação, logo ele explica:
― Johnatan ia para a Rússia, mas voltava algumas vezes. Então, eu
conseguia um tempo, enquanto você estava na escola, para... treiná-lo. E foi
daí que perdi a empatia pelo garoto quando me confessou o que estava
acontecendo. Não o estava treinando para matar, mas sim para se defender.
Com isso, resolvi não me colocar em risco, muito menos você.
Eu o escuto atentamente tendo outra revelação.
― Por quanto tento o treinou?
Ele cruza seus braços de maneira desconfortável.
― Desde o momento que aceitei ajudá-lo foram entre três a quatro
anos, se não me engano. Mine, para que isso importa agora?
― Você conheceu o pai dele? ― pergunto sem hesitar.
Eu o assisto engolir seco.
― Sim, infelizmente ― responde exasperado. ― A verdade é que
Charlie Makgold foi um tormento na minha vida. Por causa dele perdi todos
os direitos de conseguir um bom emprego. Vender minhas madeiras nas ruas
foi um sacrifício, por mais humilde que meu trabalho seja, o Makgold
conseguiu sujar meu nome, acusando-me de coisas absurdas... Eu-eu não
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quanto ele, sei que sou capaz de me esforçar, sei que posso defender todos à
minha volta até a minha morte. Então...
― Que tragam a tropa inteira! ― desafio, expulsando as lágrimas que
caem dos meus olhos enquanto fixo meus olhos em um ponto cego.
Sigo meu caminho para onde eu possa descontar minha fúria e buscar
controle, equilíbrio, força, atenção e agilidade. Johnatan disse uma vez que eu
deveria ter um propósito para tudo isso, e agora eu tenho o meu: lutar por ele,
por mim e por todos nós.
Na academia, olho em volta, deixando meus pertences no degrau da
escada, incluindo o laptop que peguei da sala. Encaro as montanhas e o
campo, sabendo que tem movimentação do lado de fora, mas, no momento,
tempo para mim significa trabalho duro. Com meu reflexo na parede de
vidro, encaro meus olhos ardentes sem qualquer compaixão.
― Que a guerra comece!
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EPÍLOGO
(JOHNATAN MAKGOLD)
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potente agora.
― Eu sei que não, mas se imagine estando em meu lugar. Se ela
estivesse viva, você a colocaria nessa situação? ― pergunto.
― Eu a manteria segura ― consente engolindo com força.
― É o que estou tentando fazer por Mine. Jordyn e James são minhas
únicas opções naquela casa. Eles tiveram suas perdas, merecem saber a
verdade. James sempre buscou isso e Jordyn nunca se mantém quieta quando
está curiosa. Eu não posso segurá-los por muito tempo, Matt, mais cedo ou
mais tarde, a verdade virá à tona quando descobrirem a forma brutal como
suas famílias morreram. ― Controlo minha irritação.
― Tudo bem ― Matt acena relutante. ― Pensei que Nectara
estivesse mesmo morta ― ele saca seu celular de seu bolso.
Eu não a matei, sabia que um dia precisaria da sua ajuda. Quando a
feri com a espada, tive o cuidado de não atingir nenhum dos seus órgãos. Por
outro lado, aquilo serviu de aviso, deixando bem claro que era para ficar o
suficientemente longe de Mine.
― Eu sabia que um dia precisaria dela ― informo.
― E depois, quais são seus planos? ― Matt diz.
No começo, queria levar Mine comigo, mas tudo saiu do controle,
ficando cada vez mais arriscado. Principalmente agora, ao descobrir que o
desgraçado que está causando todo esse inferno na minha vida pode estar
realmente vivo, e eu não posso permitir que ele continue, pois sei que nunca
vai parar.
Observo de longe minha casa, na esperança de ver Mine do lado de
fora, mas agradeço por ela não aparecer com toda aquela movimentação. Meu
coração se sente solitário sem ela, incompleto, como se tivesse algo faltando.
Eu sinto sua falta, sinto a ansiedade urgente de dizer o quanto a amo e o
quanto ela significa para mim. Eu deveria voltar rastejando-me até ela,
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implorar seu perdão pela dor que eu possa estar lhe causando.
Quando descobri que realmente a amava, queria um longo momento
de paz, sem preocupações, para declarar meus verdadeiros sentimentos, para
que ficássemos ainda mais unidos. Só que todas as minhas tentativas foram
interrompidas por todo esse inferno.
Eu não podia deixá-la sem resposta, mesmo eu dizendo em russo o
quanto a amava, o quanto adorava tê-la em meus braços na tenda, eu devia
isso à minha Mine. Devia ter lhe dito casualmente o quanto me sentia
completo ao seu lado.
Fecho meus olhos para me lembrar do seu rosto, seu alívio ao me ver
salvando-a daquele fogo e toda a confiança colocada em mim fazem meu
amor por aquela mulher aumentar cada vez mais. Pensar em todos os
ocorridos tenebrosos os quais a envolviam faz meus punhos se fecharem com
firmeza até estalarem meus tendões.
― Eu tenho três ― informo a Matt trazendo meu foco novamente.
― Diga-me.
― O primeiro é dizer a ela que a amo. Mesmo estando impotente no
momento, é uma parte muito importante para mim. Está no topo das minhas
metas a serem atingidas ― digo de maneira exigente.
― Sabia que você não iria deixá-la de qualquer forma ― Matt dá de
ombros.
― Eu jamais vou deixar para trás o que já é meu ― a fervura em
minhas palavras o surpreende.
― Entendido. E quais são as outras duas? ― pergunta curioso
― Me infiltrar numa máfia ― respondo o espantando.
― Espere. Não será tão fácil, ainda mais sendo o falecido Johnatan
Makgold ― reflete confuso. ― E você havia me dito que Mine não queria
isso para você.
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A FERA – O RETORNO
Você percebe o quanto a vida te transforma? O quanto você aprende
pouco a pouco tudo aquilo que presenciou? Isso é para, no final de tudo, você
usar como técnicas para futuros aprendizados. Entretanto, há pequenas coisas
que não se podem mudar, e são com elas que devemos exercer o controle.
Principalmente, quando sente que perdeu alguém, sendo que esse alguém é
aquele que você mais amou e ainda ama. Amor! O sentimento mais forte que
alguém pode ter, eu poderia explicá-lo de muitas formas por horas. Só que
não me sinto a mesma em relembrar esse sentimento, não sem ele. Então, o
meu foco é outro, é nas forças que devo carregar até que se faça justiça, é o
meu propósito, minha meta para a destruição do inimigo. Essa é a nova forma
de decifrar meu verdadeiro eu.
E que fique bem claro, estou fazendo isso por ele e não por você.
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ADQUIRA TAMBÉM:
TUDO POR VOCÊ
VINGANÇA OBSESSIVA
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