Você está na página 1de 32

capa

11 Série Musicalização infantil

Ano 39 • Vol. 3 • Nº 148


Mônica Coropos

E M P A U T A
artigos, estudos e reportagens
3 MÚSICOS EM MISSÕES
Pregando Cristo por meio da música
Emirson Justino

12 Notas e notícias
O congresso da ambb em São Vicente
Rubens Oliveira

13 Dona Joana Sutton a hinista e mestra de todos


nós músicos brasileiros!
Artigo Emirson Justino
Músicos em missões – 3
Pregando Cristo por meio da música

16 Musicalizando com alegria


Mônica Coropos

20 Intercâmbio “Música nas igrejas dos


Estados Unidos”
Jéssica Mayumi

25 Consultoria de sonorização
Notas e notícias: O Congresso da
Ambb em São Vicente 12 Porque devo contratar um especialista?
Beto Pimentel

28 Estudando os voices

?
Diogo Monzo

30 Um sermão baseado em um hino


Emirson Justino
LOUVOR 1
E d i t o r i a l

25 Anos do
ISSN 1984-8676 Hinário para
o Culto Cristão
Literatura Batista
Ano 39 • Vol. 3 • Nº 148

LOUVOR é uma revista destinada aos ministros e


diretores de música, estudantes de Música Sacra,
professores, regentes, pianistas, organistas,
coristas, instrumentistas em geral, pastores, Neste ano de 2016 comemoramos os 25 anos do HCC agradecendo
comissão de música, grupos musicais e todos
aqueles interessados no programa de música ao nosso Deus pela vida de todos os que participaram desta gran-
e adoração da igreja local. Inclui matérias de de empreitada, criar um hinário para a denominação com diversas
técnica musical, reportagens, artigos inspirativos
e partituras sacras. Os artigos assinados são de músicas de autores brasileiros, leituras bíblicas e diversos outros
responsabilidade dos autores e não expressam
necessariamente a opinião da Redação
hinos que foram corrigidos e adaptados seguindo seu original.
Para essa comemoração a AMBB pediu a um dos membros da co-
Copyright © Convicção Editora
Todos os direitos reservados
missão que compusesse uma cantata que seria apresentada nos dias
do 32º Congresso na cidade de Santos – SP. Essa apresentação foi
Proibida a reprodução deste texto total ou no Teatro Coliseu, um marco para nós Batistas e também para a
parcial por quaisquer meios (mecânicos,
eletrônicos, fotográficos, gravação, estocagem cidade de Santos.
em banco de dados etc.), a não ser em breves
citações, com explícita informação da fonte Continuamos com a apostila de Mônica Coropos sobre musicali-
zação infantil. Um esforço de dar o melhor para nossas crianças e
Publicado com autorização
por Convicção Editora priorizar o ensino de música para criarmos uma geração que faça di-
CNPJ (MF): 08.714.454/0001-36 ferença, não só na música da igreja, mas também na nossa sociedade.
Endereços Em 2015 publicamos um artigo sobre um intercâmbio de alunos de
Caixa Postal, 13333 – CEP: 20270-972 música brasileiros que iriam para os Estados Unidos num esforço
Rio de Janeiro, RJ
Telegráfico – BATISTAS
da Drª Shelly Moorman-Stahlman que tem como prioridade em
Eletrônico – literatura@batistas.com seu ministério a formação de novos músicos e ela viu a oportunida-
de de dar a esses alunos brasileiros um diferencial na sua formação,
Editor levando para a universidade Lebanon Valley College na Pensilvâ-
Sócrates Oliveira de Souza
nia, este relato é o que trazemos nesta edição por Jéssica Mayumi,
Coordenação Editorial aluna do STBSB.
Solange Cardoso de Abreu d’Almeida (RP/16897)
Beto Pimentel, mais uma vez nos escreve sobre som, sua especia-
Redação lidade e grande necessidade em nossos templos nos dias de hoje.
Anderson Costa – AMBB
Diogo Monzo com sua experiência sobre harmonia funcional faz
Produção Editorial um texto dando uma verdadeira aula.
Oliverartelucas
Contamos com suas orações e colaborações para que essa revista
Produção e Distribuição seja relevante e continue sendo um instrumento de comunicação
Convicção Editora
Tel.: (21) 2157-5567
entre os músicos do Brasil.
Rua José Higino, 416 – Prédio 16 – Sala 2 – 1o Andar
Tijuca – Rio de Janeiro, RJ
Boa leitura,
CEP 20510-412
literatura@conviccaoeditora.com.br
M.M. Anderson Costa
2 LOUVOR
A r t i g o

MÚSICOS EM
MISSÕES
Pregando Cristo por meio da música

Emirson Justino

De 21 de janeiro a 3 de fevereiro, um grupo de 36 ministros de


música, músicos e pastores brasileiros viajou por várias cidades de
Portugal e da Espanha numa missão de apoio aos missionários locais
e de evangelização por meio da música. Músicos evangelizando ou
missionários cantando? Leia a matéria e tire suas conclusões.

D Depois de meses de contato e planejamento, sob a lide-


rança de Nadir Quadra, Tânia Kammer e Ícaro Bispo
(veja no final do artigo a lista dos participantes, as ativi-
dades que exerceram e suas igrejas de origem), formou-
se um grupo composto de 36 pessoas, vindas de cinco
estados brasileiros, do Chile e dos Estados Unidos. Com
recursos próprios e apoio da Junta de Missões Mundiais
(JMM) e da Associação dos Músicos Batistas do Bra-
sil (AMBB), os participantes formaram o Coro Músi-
cos em Missões, que apresentou um repertório variado
que incluiu músicas sacras de compositores brasileiros e
americanos, populares brasileiras e música erudita.
LOUVOR 3
Etapa Portugal Já no sábado, 23, foi realizado o 1º. Encontro dos
Músicos Baptistas de Portugal, um marco na histó-
Lisboa ria das igrejas batistas do país. Um dos grandes in-
centivadores e principal organizador desse Encon-
tro foi José Soares, da TIEB de Lisboa, o primei-
ro ministro de música a atuar em tempo integral
em Portugal. Seu interesse e esforço para que tudo
acontecesse da melhor maneira possível impressio-
nou a todos. Ao contrário do que ocorre no Brasil e
nos Estados Unidos, onde algumas igrejas chegam a
reunir alguns milhares de membros, as igrejas batis-
tas portuguesas, e europeias em geral, reúnem uma
membresia bastante modesta. A TIEB de Lisboa,
considerada a maior igreja batista de Portugal, con-
ta com pouco menos de 300 membros. O número
médio em todo o país é de 30 a 40 membros, sendo
que a igreja de Lagos, por exemplo, possui 8 mem-
bros. Apenas 3% de uma população de 10,5 milhões
de habitantes (dados de 2013) são de evangélicos.
A igreja católica é ainda muito forte, cuja influência
chega até as instâncias governamentais.
Olhando esses dados, é possível, então, avaliar o im-
pacto causado pela presença de 36 músicos brasilei-
ros em um único evento (o equivalente à membresia
de uma igreja), que reuniu 133 inscritos, de 24 igre-
jas da Convenção Baptista Portuguesa e de outras
igrejas. O grupo de brasileiros ministrou oficinas de
técnica vocal, backing vocal, fisiologia da voz, pia-
no, teclado, prática de banda, musicalização infan-
til, multimídia, teatro para corais, adoração e culto.
Um momento marcante para todos os participan-
tes foi o ensaio do Coro do Encontro. Por causa do
reduzido número de membros das igrejas, a maio-
ria dos participantes nunca havia tido a experiência
de cantar em um coro, ainda mais com cerca de 100
voze. Foi emocionante ver a expressão no rosto dos
participantes: um misto de surpresa e alegria ao per-
ceber o que era possível fazer em tão pouco tempo
com um grupo tão grande.
No culto de encerramento do Encontro, as oficinas
de backing vocal e de prática de banda apresentaram
os resultados alcançados, dirigindo um período de
Baseados na Terceira Igreja Evangélica Baptista de louvor. O coro do encontro também se apresentou,
Lisboa (TIEB), dirigida pelo pr. Joed Venturini, nos- sob a regência de Hiram Rollo Jr., com acompanha-
sa jornada começou com uma maratona de ensaios mento de Priscila Bomfim. No entanto, como a igre-
conduzidos por Wanilton Mahfuz e Hiram Rollo Jr., ja não possui espaço para reunir tal quantidade de
regente do grupo, que contaram ainda com o apoio coristas à frente do santuário, eles cantaram de seu
de Priscila Bomfim, pianista, e Eloisa Baldin, prepa- lugar na congregação, em meio a uma igreja com-
radora vocal. Uma vez que os 36 participantes só se pletamente lotada. Como encerramento da noite, o
reuniram nesse momento e que alguns deles não se Coro Músicos em Missões apresentou um concerto
conheciam, esse dia de ensaios pode ser considerado cerca de 40 minutos, cuja receptividade foi extraor-
também a data do nascimento do grupo. dinária.
4 LOUVOR
Várias cidades

No domingo, o grupo de brasileiros dividiu-se em vá- campo missionário. As carências são enormes, e o
rias cidades a fim de realizar um trabalho mais próxi- avanço é lento numa Europa pós-cristã e materialista.
mo com as igrejas. Foram visitadas as cidades de Bra- Além disso, Portugal e Espanha, em especial, quando
ga (Pr. Teotônio Cavaco Norte), Guimarães (Pr. Di- apresentam algum viés religioso é ainda de fortíssima
né Lota Jr.), Tomar (Pr. Jorge Ligeiro), Rio de Mou- influência católica. Nesses países, onde os evangélicos
ro (Pr. Rui Sérgio Felizardo), Alfandanga (Pr. Jaime são tidos como seita, e combatidos de muitas formas,
Fernandes), Portimão (Pr. César Corsete), Faro (Pr. surpreendentemente a presença desse grupo de brasi-
Neilson Amorim), Oeiras (Pr. Pedro Salgueiro), além leiros foi percebida como algo positivo. Foi interes-
da TIEB de Lisboa (Pr. Joed Venturini). Foi um mo- sante notar que algumas pessoas passaram a olhar os
mento singular. Os músicos missionários puderam evangélicos com outros olhos. Certamente portas fo-
não só dar apoio às igrejas, mas sentir a realidade do ram abertas para o trabalho local.
LOUVOR 5
Portimão dos pelo governo português como entidades de en-
sino de música. O programa, intitulado “Concerto
de Música Sacra”, foi dirigido por Hiram Rollo Jr.,
com apoio de João Pedro Cunha, mestre de capela
da Igreja de São Sebastião, em Lagos.
A plateia, lotada, composta de maioria esmagado-
ra não evangélica, acompanhou, atenta, o programa,
que iniciou com o Pai nosso sertanejo, de Nabor Nu-
nes Filho, a capella, com o coro ainda entrando pe-
los corredores da igreja.
Reunidos no altar de um templo católico, foi emo-
cionante poder cantar “Sim, todos vão se curvar, to-
da língua confessará que Cristo é Senhor” (Só ao no-
me de Cristo, de Cindy Barry), além de músicas co-
mo Hino de Adoração (Agenor Miranda, falecido
recentemente), Glorioso em toda terra é teu nome
(Tom Fettke) e Que poder vem da cruz (Keith Getty
e Stuart Townend).
A audiência foi extremamente receptiva e ainda pe-
diu um bis, sendo executado o coro Aleluia (“Mes-
sias”, G. F. Handel).
Lagos

Na segunda-feira, 25, todo o grupo partiu rumo à ci-


dade de Portimão, ao sul de Portugal, região conhe-
cida como Algarve. Lá fomos recebidos pelos tam-
bém brasileiros e missionários músicos Henrique
Ramiro e sua esposa, Juliana. O casal vem desenvol-
vendo um trabalho junto à comunidade artística da
cidade e ajudando a igreja local. Fruto da visão de
apoio missionário da IB Morumbi, em São Paulo,
Henrique recebeu a doação de uma guitarra elétrica
e uma flauta transversal. Sua alegria foi imensa, pois
a guitarra utilizada pela igreja está em péssimas con-
dições. “Vamos utilizá-la já no culto do próximo do-
mingo!”, disse Henrique, feliz com o presente. Foi
entregue também um cornet, levado por Tania Kam-
mer, da IB do Alto da Mooca, São Paulo.
Creio que nossa participação nessa cidade foi uma
quebra de paradigma para muitas pessoas, dentro e
fora do grupo, pois o concerto ocorreu num templo
católico, a Igreja do Colégio. Fomos acompanhados
pelas Orquestra Joly Braga Santos e Orquestra Ama-
deus, grupos musicais locais ligados aos conservató-
rios das cidades de Portimão e Lagos, reconheci-
6 LOUVOR
No dia seguinte, 26, repetimos o programa na cida- de 1% da população). A história da Espanha remon-
de de Lagos, na também católica Igreja de São Se- ta aos tempos bíblicos. A cidade de Sevilha, onde ini-
bastião, acompanhados pelas mesmas orquestras. ciamos nossa jornada nesse país, foi fundada há 2.300
Mais uma vez, lotação completa. Nesse concerto, ti- anos. Muitos eventos ligados ao cristianismo aconte-
vemos ainda a participação do Pr. Noélio Duarte, ceram ali, e isso é evidente ainda hoje.
que declamou uma poesia de sua autoria intitulada
“Eu perdi o tom”. Trata-se de uma maneira bem-hu- Nossa chamada “Etapa Espanha” teve início em 27
morada de utilizar elementos musicais para mostrar de janeiro. Foi um momento de transição em vários
nossa condição humana de total carência de Deus. A aspectos. Saímos do conforto do idioma português
programação contou com músicas como Dê louvor (ainda que com um sotaque bem diferente do nosso)
a Deus (Keith Hampton), Bendize, ó minha alma para o espanhol, não dominado pela maioria dos par-
(Hiram Rollo Jr.), Grandioso és tu (Mary McDon- ticipantes. O trabalho foi mais concentrado em um
ald), Firme nas promessas (arr. de Mark Hayes) e Ao local, o Projeto Vida e Música, conduzido pelo pr. Ar-
contemplar a rude cruz (Isaac Watts, arr. de Jay Rou- mando de Oliveira Neto junto com a Iglesia Evangé-
se). Em um momento mais descontraído do concer- lica Bautista de Sevilla, dirigida pelo pr. Elton Rangel.
to, o Coro Músicos em Missões apresentou Aqua- O aspecto relacional foi mais forte, pois passamos vá-
rela do Brasil, de Ary Barroso, muito bem recebida rios dias encontrando as mesmas pessoas.
por todos.
Nossa presença em terras espanholas serviu de apoio
Tanto no concerto de Portimão quanto no de Lagos, aos missionários brasileiros que atuam em Sevilha
ficou clara a importância de lançar mão de estraté- (Pr. Elton e Pr. Armando), Huelva (Pr. Oswaldo Ma-
gias diferentes para atingir as pessoas com o evan- tos e sua esposa, Denise Elias Matos) e Málaga (Pr.
gelho. Muitas vezes é preciso deixar de lado alguns Marcos Bomfim de Araújo e sua esposa, Sylvia Ra-
posicionamentos e formas de enxergar o outro para miro), abrindo portas e chamando a atenção da co-
nos aproximar dele. Certamente muitas pessoas fica- munidade local para a igreja onde atuam.
ram surpresas ao ver um grupo de evangélicos can-
tando numa igreja católica, mas puderam ver que os Sevilha
evangélicos são “normais”, ou seja, pessoas comuns
que vivem vidas comuns, mas que possuem um al-
go mais, que é a vida de Cristo em nós. Temos certe-
za de que deixamos sementes de salvação ali que um
dia brotarão.
Etapa Espanha

A Espanha se assemelha muito a Portugal quando fa-


lamos em presença evangélica, sua imagem e seu tra-
balho. Embora a extensão territorial e a população se-
jam maiores (45 milhões de habitantes), o número de
evangélicos é mais ou menos o mesmo (pouco mais
LOUVOR 7
O Projeto Vida e Música é uma escola de música
aberta à comunidade, onde os alunos aprendem a
tocar instrumentos eruditos e populares. Mas a ên-
fase não está apenas no aprendizado. Há uma forte
preocupação com o relacionamento entre professo-
res (a maioria cristãos) e alunos. A ideia principal é
que, por meio desses relacionamentos, sejam criados
vínculos entre as pessoas e, a partir dessa proximida-
de, seja apresentado o evangelho, tanto em palavras
como em atitudes. Muitas pessoas que trabalham
hoje no projeto foram alcançadas dentro do próprio
projeto e se integraram à igreja.
Assim, de 27 a 29 de janeiro, como parte de nos-
sa atividade técnica, alguns de nós ministraram aos
alunos do Projeto aulas de violão, trompa, violino,
viola, canto, prática de orquestra etc. Outros mem-
bros do nosso grupo atuaram como elementos de
apoio às oficinas, por meio de acompanhamento
instrumental, preparação de salas e material etc.
No sábado, 30, foi realizado o 1º. Congresso de
Adoração e Música. Houve 170 inscritos de 19 igre-
jas evangélicas de Sevilha. A programação foi dirigi-
da principalmente pelo grupo de brasileiros. O pe-
ríodo de louvor com cânticos ficou a cargo de Mar-
tha Keila, com acompanhamento instrumental e vo-
cal de membros do grupo brasileiro. A plenária, que
debateu o tema “Adoração, louvor e culto”, foi diri-
gida por Emirson Justino. No período da tarde, jun-
tamente com Alzira Araújo, Judson Thompson, Hi-
ram Rollo Jr. e Mére Márcia Prado, houve um perío-
do de perguntas e discussão de temas relacionados
ao assunto.
Separados por áreas de interesse, os participantes se
dirigiram às oficinas de locução e uso da voz, multi-
mídia, musicalização infantil para líderes, prática de
banda, prática de coro, prática de orquestra e técni-
ca vocal para solistas e coristas.
No encerramento, as oficinas apresentaram o resul-
tado do trabalho desenvolvido durante todo o dia.
Foi significativo para os participantes se reunirem
com irmãos de outras igrejas e do Brasil e juntos lou-
varem a Deus.
No domingo, participamos dos cultos da Igreja Ba-
tista de Sevilha, lecionando em classes da EBD
(adultos e jovens/adolescentes), dirigindo o louvor
e realizando um culto cantado pela manhã. O maes-
tro Hiram Rollo Jr. ministrou entre as músicas que
cantamos e o pr. Elton Rangel fez o apelo final. Em
resposta, sete pessoas entregaram a vida a Cristo.
8 LOUVOR
À noite, deu-se o encerramento do trabalho desenvol- Na segunda-feira, 1, partimos pela manhã para a ci-
vido com os participantes do Projeto Vida e Música. dade de Huelva, cerca de 100 quilômetros de Sevi-
A orquestra apresentou as obras trabalhadas no even- lha, para um trabalho de apoio ao pr. Oswaldo Ma-
to, as crianças apresentaram coreografias de três can- tos, da Iglesia Bautista de Huelva. Creio que foi o
ções e o coro apresentou-se acompanhado da orques- momento mais incomum de toda a viagem. Como
tra e da banda. Depois de um novo apelo do pr. El- já foi dito, o evangelismo na Espanha tem como es-
ton Rangel, mais oito pessoas se entregaram a Jesus. tratégia os relacionamentos e a confiança. Assim, o
A alegria foi grande ao ver o trabalho render frutos. estreitamento de laços pessoais é algo muito impor-
Pessoas foram fortalecidas no compartilhamento da tante. O pr. Oswaldo havia tempos enfrentava difi-
fé e no estudo musical. Outras foram alcançadas com culdades para conseguir acesso a um asilo mantido
a mensagem do evangelho, e todos foram edificados. pelo governo a fim de ministrar aos idosos. No en-
tanto, quando a direção do asilo soube pelo pr. Os-
Huelva waldo da presença de um coro de brasileiros na ci-
dade, permitiu a realização de um breve programa.
Assim, por cerca de uma hora, cantamos músicas cris-
tãs, músicas populares espanholas (Cuando calienta el
sol) e brasileiras (Aquarela do Brasil e Carinhoso). A re-
cepção dos idosos foi muito boa. Vários membros do
grupo interagiram com eles, segurando-lhes as mãos
em movimentos de dança, pois muitos apresentavam
dificuldades de locomoção. Não é algo que os mem-
bros do coro estão acostumados a fazer, mas essa intera-
ção tão simples foi suficiente para nos aproximar deles.
O resultado é que, após a apresentação do coro, a di-
reção do asilo abriu as portas para o pr. Oswaldo e sua
igreja! Sair da zona de conforto para levar o evangelho:
essa foi a lição aprendida por todos naquele evento.
Nesse mesmo dia, cantamos, a pedido do proprietá-
rio, o Pai nosso sertanejo para os funcionários de um
restaurante, uma vez que não recebemos autorização
da prefeitura para que o fizéssemos para os clientes.
Na parte da tarde, outro evento incomum. Fomos a um
centro social para idosos, que se reúnem para dançar e
confraternizar. Repetimos a estratégia utilizada no asi-
lo e por cerca de uma hora cantamos músicas popula-
res, ensaiamos alguns passos de dança, e introduzimos
músicas sacras e evangelísticas. Houve uma boa recep-
ção, e alguma conversação pôde ser iniciada com al-
guns membros do coro. Sementes foram lançadas!
Encerrando a programação em Huelva, cantamos à
noite na igreja do pr. Oswaldo. Fomos extremamen-
te bem cuidados, com um lanche maravilhoso! A au-
diência era de cerca de 80 pessoas, sendo que a imen-
sa maioria era de não-evangélicos. Até mesmo eles
cantaram conosco Cuando pienso en el Señor, um
cântico de louvor e gratidão a Deus por nossa reden-
ção e o cuidado que ele tem por nós. Voltamos logo
em seguida para Sevilha, bastante cansados mas com
o coração cheio de gratidão a Deus por tudo que nos
permitiu fazer naquela cidade.
LOUVOR 9
Málaga gam. Sou formado pelo seminário, tenho conheci-
mento teológico, mas não sinto essa alegria. Como
vocês poderiam me ajudar a sentir o que vocês sen-
tem?” Esse é o poder do verdadeiro evangelho to-
cando a vida das pessoas.

Conclusão
Foram 15 dias intensos, em que muitos de nós vi-
vemos coisas inusitadas e fundamentais para que
o evangelho fosse pregado. Experiência e conheci-
mento foram compartilhados com outros líderes
que atuam em uma realidade que carece de apoio
e orientação. O impacto causado pela presença de
um número tão significativo de missionários músi-
cos brasileiros que, com técnica e qualidade, pude-
Na terça-feira, 2, pela manhã seguimos para Málaga, ram chamar a atenção para Deus certamente abriu
no litoral mediterrâneo, em uma viagem de cerca de e abrirá portas para o trabalho realizado nos locais
3 horas a partir de Sevilha. Fomos recebidos pelo ca- por onde passamos. Música e missões juntas com
sal Marcos Vinicius Araújo, pastor da Iglesia Bautis- um mesmo propósito: “Para que ao nome de Jesus
ta La Luz, e sua esposa Sylvia Ramiro. O almoço foi se dobre todo joelho dos que estão nos céus, na ter-
tipicamente espanhol: uma belíssima paella. ra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Je-
sus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp
O concerto da noite contou com a presença de cerca 2.10,11).
de 60 pessoas, mais uma vez com mais da metade de
não-cristãos. Repetimos basicamente o mesmo con- Participantes (em ordem alfabética, agrupados
certo de Huelva, com ótima receptividade também. por oficinas e aulas que ministraram e apoiaram):
Com esse concerto, encerraram-se as atividades do Backing vocal: Gilza Senna (PIB de Niterói, RJ),
Coro Músicos em Missões na Península Ibérica. No Judson Thompson (SIB em São Mateus, ES), Leo-
retorno a Sevilha, já tarde da noite, pudemos com- nardo Feitosa (IB do Recreio, Rio de Janeiro, RJ),
partilhar no ônibus as experiências e os destaques. Martha Keila (PIB do Paraíso, RJ);
Entre as muitas coisas compartilhadas, quero desta-
car um comentário do Pr. Noélio. Em um dos con- Culto, adoração e louvor: Emirson Justino (IB do
certos nas igrejas católicas de Portugal, o Pr. Noélio Morumbi, São Paulo, SP);
foi procurado por um padre da cidade, que resumi-
damente disse: “Fico maravilhado com a alegria e a Fisiologia da voz: Noélio Duarte (PIB em Caramu-
sinceridade dos evangélicos quando cantam e pre- jo, Niterói, RJ);

10 LOUVOR
Multimídia: Lene Rollo (Shades Crest Baptist Grupo de apoio às oficinas: Adilson Santos (IB
Church, Birmingham, Alabama); Constantinópolis, Manaus, AM), Alzira Araújo
(PIB de Vitória, ES), Beatriz Rocha (PIB de Suma-
Musicalização infantil: Deise Louzada (IB Itacuru- ré, SP), Cristiane Moutta (IB do Recreio, Rio de Ja-
çá, RJ, atuando no Chile), Josélia Duarte (PIB em neiro, RJ), Ery Zanardi (PIB de Teresópolis, RJ),
Caramujo, Niterói, RJ) Mônica Coropos (PIB São Fátima González (PIB de Niterói, RJ), Gláucia Ro-
João de Meriti, RJ); drigues João (PIB de Inhaúma, RJ), Katya Fernan-
des Dias (SIB em São Mateus, ES), Mizael Gusmão
Piano: Priscila Bomfim (IB Jardim da Prata, Nova (IEC Pernambucana, Recife, PE), Priscila Fernan-
Iguaçu, RJ); des (PIB em Bento Ferreira, ES), Raquel Lamarque
(PIB Mauá, SP), Regina Codeço (TIB de Itaperu-
Prática de banda: Filipe da Costa (PIB de Niterói, na, RJ) e Silvia Santos (IB Constantinópolis, Ma-
RJ), Ícaro Bispo (IB no Jardim das Indústrias, São naus, AM).
José dos Campos, SP), Josimar Rocha (PIB de Su-
maré, SP), Wanilton Mahfuz (IP Chácara Primave-
ra, Campinas, SP), Weslley Sanchez (IB Ebenézer,
São Paulo, SP); Grupo de tradução e interpretação em espanhol:
Cristiane Moutta (IB do Recreio, Rio de Janeiro,
Prática de orquestra: Wanilton Mahfuz (IP Cháca- RJ), Gilza Senna (PIB de Niterói, RJ) e Martha Kei-
ra Primavera, Campinas, SP); la (PIB do Paraiso, RJ).
Teatro para corais: Eloísa Baldin (IB em Planalto Coro Músicos em Missões
Paulista, São Paulo, SP);
Coordenação geral: Nadir Quadra (IB no Jardim
Teclado: Fátima González (PIB de Niterói, RJ) e das Indústrias, São José dos Campos, SP);
Regina Codeço (TIB de Itaperuna, RJ);
Auxiliares de coordenação: Ícaro Bispo (IB no Jar-
Técnica vocal e canto: Cleide Almeida (IB de Jd. dim das Indústrias, São José dos Campos, SP) e Tâ-
Satélite, São José dos Campos, SP), Eloisa Baldin nia Kammer (IB do Alto da Mooca, São Paulo, SP);
(IB em Planalto Paulista, São Paulo, SP), Gilza Sen-
na (PIB de Niterói, RJ); Ensaio preparatório: Wanilton Mahfuz (IP Cháca-
ra Primavera, Campinas, SP);
Trompa: Filipe da Costa (PIB de Niterói, RJ);
Piano: Priscila Bomfim (IB Jardim da Prata, Nova
Viola: Mére Márcia Prado (PIB de Niterói, RJ); Iguaçu, RJ);
Violão: Emirson Justino (IB do Morumbi, São Pau- Preparação vocal: Eloísa Baldin (IB em Planalto
lo, SP), Eth Zanardi (PIB de Teresópolis, RJ), Paulista, São Paulo, SP);
Violino: Weslley Sanchez (IB Ebenézer, São Pau- Regência: Hiram Rollo Jr. (Shades Crest Baptist
lo, SP). Church, Birmingham, Alabama).

Emirson Justino
É formado em canto e piano pela Escola de Música Villa-Lobos, é aluno do 2° ano do curso de Licenciatura em Música da
FABAT – Seminário do Sul, atuando como coordenador de música na Igreja Batista em Praça do Carmo. É também aluno do
6° período do curso de Psicologia da UFRJ e tem por orientação teórica a Psicanálise. É membro da Segunda Igreja Batista em
Campos dos Goytacazes, RJ.

LOUVOR 11
N O T A S E N O T Í C I A S

O CONGRESSO DA AMBB EM Nossos ensaios esse ano foram sob a batuta do MM Sidney
SÃO VICENTE Chiabai (ES), que com peculiar espontaneidade e com-
petência, nos fez cantar bem e com júbilo, expressões de
Por Rubens Oliveira fé e confiança no Senhor. As oficinas, nas áreas de gestão
Vice-presidente da AMBB – Associação dos (Rubens Oliveira, SP), arte e missões (Élcio Portugal,
Músicos Batistas do Brasil MG), comunicação visual (Alexandre Abreu, SP), regên-
cia (Donaldo Guedes, SP), belting (Fael Magalhães, RJ),
O grande acontecimento do congresso da AMBB técnica vocal (Ana Flávia, GO), produção musical (Thiago
não é um momento, uma oficina, ou um preletor, é Balbino, RJ), culto (Martha Keila, RJ) e prática de banda
a grande oportunidade que temos de viver dois dias (Mário César, SP) constituem-se em acervo para nosso dia-
intensos em comunhão com colegas que se fazem -a-dia nas igrejas. Na tarde do primeiro dia, nos deleitamos
amigos, porquanto fomos feitos irmãos. Sim, esse é com o Brassuka, grupo de metais da IB da Liberdade, com
o mote desse evento e seu ponto alto. É lógico que sua sonoridade marcante e bela.
muita coisa coopera para que isso aconteça. Dentre Como diferencial, comparado aos últimos anos, realiza-
elas destaca-se a hospitalidade da PIB de São Vi- mos nossas noites artísticas no belo Teatro Coliseu, com
cente, sob a liderança do pastor Dener Maia (que já suas colunas toscanas na marquise e colunas dóricas no
foi ministro de música), e acolheu-nos com muito salão nobre, sustentando com beleza e requinte, um belo
amor e empenho. Por isso, agradecemos a Deus foyer para recepção de nossos convidados.
pela existência desta igreja, seu prédio e principal- Na primeira noite, tradicionalmente coordenada pela lide-
mente seu povo adorável e acolhedor. rança local, celebramos os 25 anos do Hinário para o culto
O conteúdo do congresso, o cognoscível, se assim Cristão com uma cantata exclusivamente composta por
podemos dizer, foi garantido pelas reflexões sempre Ralph Manuel para a solenidade, executada pelos coros e
pujantes e espirituais do pastor Irland Pereira de orquestra de 5 igrejas batistas de São Paulo (Betel, Graça,
Azevedo que nos instrui, inspira e desafia a pau- Liberdade, Alto da Mooca e PIB Penha) juntamente com
tar todas as nossas ações ministeriais e escolhas o madrigal da AMBB, presenteando-nos com uma noite
pessoais, de forma que o nome do nosso Deus seja memorável, reconhecendo o nosso Deus como Senhor da
glorificado em tudo, tanto na postura quanto na arte, da música e das nossas vidas.

E
performance do ministro de música, cujo ministé- Na segunda noite o coro do 32º Congresso exaltou o nome
rio extrapola os limites da arte, tecendo liames com do Senhor com belas músicas sacras contemporâneas,
a vida, devoção, pastoreio e pregação evangélica. deixando-nos com saudades de tudo o que vivemos nesses
O congresso é comumente dividido em outros mo- dias. A Deus rendemos honra e glória por tudo, reconhe-
mentos onde ensaiamos repertório musical sacro, cendo que o grande acontecimento de Santos, “aconteceu”
num tempo onde nossos colegas compartilham somente por que dEle, por Ele e para Ele são todas as coi-
voluntariamente seus conhecimentos e experiências sas. Glória, pois, a Ele.
ministeriais, o que chamamos de oficinas e nos
aprazíveis recitais.

FOTOS

12 LOUVOR
A r t i g o

Dona Joana Sutton


a hinista e mestra de todos
nós músicos brasileiros!
Emirson Justino

“O Cântico reflete a fé, as tradições, os


valores, as preferências, as doutrinas, os
rumos e a espiritualidade de cada um
de nós. Nosso cântico reflete quem somos
e onde estamos, na peregrinação cristã.
Joan Sutton, 1991)
Joan Larie Sutton (26/07/1930 - 05/03/ 2016)

E Em 1935 veio para o Brasil (com 5 anos) acompanhando seus


pais que estavam sendo designados como missionários da Jun-
ta de Richmond - John e Esther Rifley -, e que serviram em
oito estados do Brasil. Seu pai foi diretor do Curso por Exten-
são do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, de 1938
a 1954. Sua mãe, D. Esther além do trabalho na Igreja local no
Rio foi também autora e compositora para crianças trabalhan-
do no Curso de Obreiras (mais tarde IBER, hoje CIEM). Es-
tudou nos Colégios Batistas de Belo Horizonte e do Rio de Ja-
neiro até o 2º grau, voltando para os EUA para estudar Licen-
ciatura (Pedagogia) em Violino, Mestrado em Música Sacra e
Bacharel em Letras e Literatura inglesa e francesa.

Viúva, bem jovem, conheceu no curso de mestrado em Música Sa-


cra e casou com o doce e amado prof. Boyd Sutton (já nos braços
do Pai) e volta para nosso país em 1959 como missionária, após três
anos de trabalho com seu esposo na Carolina do Norte. Filha de
missionários, criada nas cercanias do STBSB, volta, em 1961 lecio-
na música no STBSB e em 1963, junto com seu esposo iniciam o
Curso de Música Sacra do Seminário do Sul. John Edwin (1954),
Laura (1957) e Cecília (1960, nascida no Brasil), são os três filhos
amados deste casal de /músicos/professores/missionários.

Edith Mulhond, no livro Notas Históricas do HCC (pág. 36)


escreve: “Bem cedo revelou o seu talento musical. Desde os

LOUVOR 13
seis anos estudou piano, adicionando, depois, o violino. Em Em outubro de 1992, o amado casal missionário, nossos pro-
seu sermão oficial no VI Congresso Nacional da Associação fessores da década de 70 (para quem estudou no STBSB),
dos Músicos Batistas do Brasil, realizado em Fortaleza, CE, após trabalhar, servindo durante 33 anos no Brasil, voltou à
D. Joana recordou a sua formação espiritual e musical. Real- sua terra natal, onde em 1993, o Prof. Boyd assumiu o Minis-
çou as suas experiências nos corais da sua igreja e escola, as ca- tério de música da Igreja Batista de Shaw Creek. Lá em Hen-
pelas, os cultos, os orfeões. Sobretudo ela se lembrou dos hi- dersonville, Carolina do Norte, EUA continuaram a exercer
nos, que ajudaram a formar esta líder que mais tarde teria for- com dignidade o que sempre fizeram neste nosso país – Ser-
te influência na música sacra brasileira”. vir. Após grande enfermidade, o Senhor Deus chamou para si,
para seus braços nosso amado professor Boyd.
Após 20 anos abençoados no STBSB, em 1983, seguiu para
outro campo missionário no Sul do Brasil, onde prof. Boyd Joan Sutton – compositora/autora – e tradutora (músicas pa-
dirigiu o Departamento de música da Convenção Batista do ra coros e para o ensino de Canto) tem sido considerada por
Rio Grande do Sul. Lá, profª Joana continuou sua produção muitos estudiosos como dona de um patrimônio musical sa-
musical como tradutora e assessora de Música da JUERP. cro no Brasil (e isto é comprovado no material que doou pa-
ra a mesma Universidade que estudou, a Baylor University).
Com todo seu material - manuscritos pessoais, partituras, pa-
péis, materiais de ensino e outros itens por ela doado, foi cria-
do na Biblioteca da Universidade a Coleção de Música Sacra
Brasileira. Esta homenagem que a Baylor University fez, nos
EUA, foi no dia 28 de outubro de 2010, e na ocasião do jantar
solene, o ex-missionário e pioneiro na Música Sacra no Brasil,
– Bill Icther – fez um discurso em homenagem à D. Joana, fa-
lando do Brasil. Perguntou Bill para D. Joana quanto tempo
poderia dispor para falar e ela respondeu: “No máximo 5 mi-
nutos”. Impossível isto, mas esta é a Profª Joan - simples, hu-
milde, direta e clara.

D. Joana, como nós brasileiros a chamavam, era perfeita co-


mo tradutora - seu excelente dom -, e de uma simplicidade
na escrita impressionante, além do seu conhecimento, bem,
acho que por isto mesmo era assim. O interessante na vida da
professora é que não guardava para si o que sabia, mas prodi-
gamente repartia. Ela traduziu grandes obras como O Mes-
sias, de Handel; Elias e Cristus, de Mendelssohn; Réquiem,
de Brahms, As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz, de
Dubois, Glória, de Poulenc e Oratório de Natal de Bach (1º
Muito cooperou com a AMBB – Associação de Mú- cantata). Sua obra hinológica é vasta e está registrada em al-
sicos Batistas do Brasil e em 1987 foi designada pela CBB como guns hinários e também de forma avulsa. No HCC temos 52
a coordenadora do Projeto HCC – que não era só mais um hi- contribuições entre poesias, metrificação, músicas e traduções
nário, mas um projeto com cinco volumes para o auxílio às Igre- (33). “E Habitou entre nós” (SCTB) e “Presente de Natal”
jas Batistas brasileiras para apoio e uso no Culto Cristão: Um (infantil) são duas cantatas publicadas pela JUERP. A “Tri-
Hinário com harmonização em vozes SCTB; um com Cifras logia da Vida”, dedicada ao Coro Jovem de Itacuruçá (Igreja
para violão; um sem música e só com letra grandes; um facilita- batista no Rio) não foi publicada e entreguei os manuscritos
do com 80 hinos do HCC e com Notas Históricas sobre todos que tinha em meus arquivos quando da homenagem em Bay-
os hinos do HCC (autores, compositores, tradutores e arranja- lor. Além da música vocal (coro, solo) ela escreveu para vio-
dores). Conviver com ela nas mesas lotadas de Hinários de di- lino e piano. Aliás, lá na Coleção de Música Sacra Brasileira,
versos países e denominações, manuscritos, rascunhos, com sua em Baylor University, inaugurado por ela, estão todas as suas
disciplina, fé, perseverança e metodologia de trabalho foi uma obras que valem uma busca minuciosa para registrarmos aqui
pós-graduação para todos da Comissão do Projeto HCC. Nós, no Brasil para conhecimento dos alunos de hinologia.
seus alunos (ex), sentíamos grande orgulho de sentar com a mes-
tra em volta da mesa de trabalho. Como todos aprendemos! No Curso de Música do Seminário do Sul, ela foi a nossa que-
Em Janeiro de 1991, entregou à denominação batista brasilei- rida professora de coros graduados, hinologia, contraponto,
ra (CBB) o Hinário para o Culto Cristão, sendo oradora oficial harmonia, composição, forma e análise, violino, órgão e foi
nesta mesma Assembleia (72º) sobre “Adoração, Oração e Ação”. também uma conselheira, uma mentora de quase todos que

14 LOUVOR
estão espalhados por este país na Educação e no Ministério de dez (10) bisnetos: Alexis e Marcus Allison, Shelby, Peyton, e
música. Muito está nos nossos corações, marcas em cada um Annalynn Lewis, Madison, James, e William McSwain, e Ava
que teve o privilégio de estudar com ela. Sempre muito exi- e Grabriella Sutton.
gente, mas também muito competente. Os que não estuda-
ram com ela, receberam dos que tiveram este privilégio, o jei- Em julho de 2013, aos 82 anos, casou com Reagan (Rick)
to firme de encarar a obra de Deus, o desejo de fazer um traba- Houston, e com este vieram também:
lho, bem feito e correto, a amabilidade, o sorriso suave, o es-
mero em procurar a excelência em tudo. Uma americana de uma filha Lynn Houston Baskett, duas netas: Heather e Holly
alma brasileira. Baskett; e um bisneto: Jameson Baskett.

Gostaria de lembrar um hino (480 HCC) de protesto que fez Gostaria que as gerações de hoje ou vindouras a tivessem co-
em 1965 – Seguir a Cristo não é sacrifício – no primeiro pe- nhecido, e por isso não quero perder a oportunidade de es-
ríodo de férias nos EUA. Presente em grande assembleia fica- crever e deixar registrada a minha gratidão e de tantos irmãos
va triste quando alguém ao abraçá-la dizia do sacrifício que que conviveram com ela e que ainda hoje cantam seus hinos
sua família estava fazendo no campo missionário e em respos- ou arranjos
ta, então ela compôs este hino em inglês e que foi traduzido
em 1966. Foi o seu primeiro hino a ser publicado, entrando na Ao Senhor seja a Glória e a honra por sua vida preciosa!
Coletânea Vinde, Cantai (1980). Foi também o hino oficial
da União Feminina Batista do Brasil em 1985. Diz ela: ”este
hino expressa bem como sinto a chamada e a bênção suprema
de obedecer a Deus. Gosto muito do estribilho.”
Não nos promete honras nem riquezas,
mas ele diz: Convosco eu estarei.
REFERÊNCIAS:
Seguir a Cristo não é sacrifício,
é triunfar com Deus, é ser feliz. (estribilho do hino 480)

Joan Sutton deixa entre nós a MULHOLLAND, Edith Brock. Notas históricas do
sua linda prole, sua especial família: Hinário para o Culto Cristão (HCC): Rio de Janeiro:
Três filhos - John Edwin, Laura e Cecí- JUERP, 2001
lia. Cinco (5) netos, filhos do John Ed-
Hinário para o Culto Cristão. Rio de Janeiro: JUERP,
win: Leslie Sutton Lewis, Lora Lynn
1991 p.vii (apresentação)
Sutton, John Ryan Sutton, Matthew
William Sutton; e Samantha LeeAnne
Floyd, filha da Laura. Deixa também

Westh Ney Rodrigues Luz


Profª da FABAT/ STBSB - Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, assessora da comissão executiva da AMBB, relatora da
comissão de Assuntos, Base Bíblica e Organização do HCC e membro da Igreja Batista Itacuruçá, Rio

LOUVOR 15
A r t i g o

Musicalizando
com alegria
Mônica Coropos

1.Expressãocorporal–Dinâmicadomovimento 2. História sonora


• Andando livremente, sentindo a música Era uma vez uma lagartinha
• Galopando O seu nome era pimpinha (3x)
• Arrastando os pés no chão Pimpinha (bis), você é tão bonitinha! (bis)
• Girando De manhã, chegava o sol
• Abaixando A pimpinha acordava
• Perninha de borboleta E corria pra graminha
• Cobra Na graminha ela brincava
• Dormindo Pimpinha (bis), você é tão bonitinha! (bis)
• Espreguiçando Ela via as borboletas
• Nadando para frente Que voavam sem parar
• Nadando para trás Então, ficava tristinha
• Passarinhos a voar Porque não podia voar!
• Formiguinhas na ponta do pé Pimpinha (bis), não fique assim, tão tristinha
• Pimpinha (bis), você é tão bonitinha! (bis)
Pimpinha cheirava as flores,
Pimpinha sentia o vento
Pimpinha está cansada
Pimpinha se arrasta no chão
Pimpinha (bis), dorme logo, lagartinha!
Pimpinha (bis), você é tão bonitinha! (bis)
Mas no outro dia, bem cedo
Algo novo aconteceu.
Onde estava a lagartinha? Ela desapareceu!
Hoje é dia de alegria
A Pimpinha quer contar
Numa linda borboleta
Ela vai se transformar
Entra dentro do casulo
E espera um tempão... (*** todos parados por alguns segundos,
estátua)
Uma linda borboleta
Se tornou a lagartinha

16 LOUVOR
Mas o nome da borboleta 4. Expressãocorporal-dinâmica
Continua sendo Pimpinha!
• Andar devagar – Greensleaves
Pimpinha (bis), você é tão bonitinha! (bis)
Pimpinha (bis), borboleta bonitinha!


3. O ROCK QUE A GENTE REPETE

Ô.............. •
Vou cantar um rock’n roll •
Uma música legal •
Que surgiu há muito tempo •
E é tão sensacional
Tem guitarra, bateria
Contrabaixo também tem
Tem um ritmo gostoso
E dançar faz muito bem
Digo common, everybody!
“Vem com a gente” a tradução!
Cante com muita alegria • Pular
Cante com muita emoção
Ô..............

LOUVOR 17
• ANDAR NORMALMENTE 6. ESCALA CORPORAL
• Há uma pulga
• Uma escada vou subindo
• Eu vou subir com cuidado esta escada
• Escala (Mônica Coropos)

Mão nos pés


Mãos nos joelhos
Mãos de lado
Mãos na cintura
Mãos nos ombros
Mãos nas orelhas
Mãos na cabeça
Mãos pra cima
Mãos pra cima
Mãos na cabeça
Mãos nas orelhas
Mãos nos ombros
Mãos na cintura
Mãos de lado
Mãos nos joelhos
Mão nos pés

7. ESCALA NOS SINOS OU XILOFONES


8. ESCALA CROMÁTICA
• TCHIURURURURU
• Correr • COMPRIDO X CURTO
• ESCALA CROMÁTICA (Mônica Coropos)

Vou cantar sons bens juntinhos


Imitando o escorregar
Pelas notas vou passando
Até no chão chegar

18 LOUVOR
9. ESTAÇOES DO ANO

• Clássicos mundiais

Mônica Coropos
Mestranda em Música (UFRJ); Pós-graduada em Música e Educação (IBEC/Universidade Gama Filho); Graduada em Licenciatura em
Educação Artística – Habilitação em Música pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1991). Professora de Educação Musical da
Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro (SME), Co-diretora e sócia do Instituto Cultural, Social e Recreativo
Harmonia; Professora da Disciplina Tópicos Especiais em Educação Musical no IBEC/UGF. Compositora, Produtora, Instrumentista
(teclas) e Escritora. Tem vasta experiência na área de musicalização, ministrando em congressos, treinamentos e oficinas no Brasil
e exterior o Curso de Formação Continuada para Educadores Musicalizando com Alegria, prática metodológica que propõe
educar musicalmente com músicas. Destaca-se em suas produções a Série de CDs e livros MUSICALIZANDO COM ALEGRIA e o
Hino “Usa, Senhor” do Hinário para o culto cristão (HCC). Currículo completo em: http://lattes.cnpq.br/5444794997576352

LOUVOR 19
A r t i g o

Intercâmbio
“Música nas igrejas
dos Estados Unidos”
Jéssica Mayumi

O O intercâmbio “Música nas igrejas dos Estados Uni-


dos” foi idealizada pela Dra.Shelly Moorman-Stahl-
man da Lebanon Valley College. Com apoio de pes-
soas importantes como o presidente da LVC Thay-
ne, Dean Green, Dra Norris e Jill Russell. Duas pes-
soas importantes nesse processo foram Carmen Sa-
raiva que deu aulas de português para a Dra. Mo-
e William Smith, e Quím e Carmen Saraiva. Somos
gratos pela vida de cada um que abriu as portas de
suas casas aos brasileiros.
A ideia de fazer esse intercâmbio quando a Dra. Moor-
nan-Stahlman veio nos anos de 2014 e 2015 e fez con-
certos e master class em diversas cidades brasileiras, in-
clusive na Faculdade Batista do Rio de Janeiro. Foram
orman-Stahlman e Erica Yane que intermediou o selecionados 18 alunos dos estados do Rio de Janei-
contato com professores da Faculdade Batista do ro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. O
Rio de Janeiro. Ambas brasileiras que atualmen- curso teve a duração de três semanas e foi designa-
te residem nos Estados Unidos. Nesse período, do a alunos que tocam piano ou órgão e que têm
os alunos ficaram em casas de famílias america- interesse em música nas igrejas e música nas es-
nas, são eles: Chaplain e Becky Fullmer, Eliza- colas. Foram dias intensos de muitas atividades
beth Lingle, Robert e Chantal Atnip, Natalia em que tivemos diversas aulas e palestras como:

20 LOUVOR
história da música nas igrejas, história dos órgãos, dos
sinos, instrumentos orff, técnicas de aquecimento pa-
ra canto coral etc. Além de muitas horas de observação
em escolas e na universidade.
Pudemos participar de cultos em diversas igrejas, de di-
ferentes denominações como católicas, presbiterianas,
moravianas, entre outras e ver suas semelhanças e dife-
renças litúrgicas. Visitamos igrejas em Camp Hill, Her-
shey, Harrisburg, Elizabethtown, Nova York, Lilitz,
Lancaster e Filadélfia. Foi muito interessante entrar em
ambientes tão diferentes, tão históricos e participar das
celebrações deles. Após as celebrações, tivemos o prazer
de conhecer e conversar com os responsáveis pela músi-
ca e saber mais sobre os órgãos daquelas igrejas e tocá-los.
Contemplando a parte de educação musical, observamos
escolas em Annville e Lebanon. Vimos estruturas maravi-
lhosas, salas de coro, salas de orquestra com muitos instru-
mentos. Na educação infantil havia livros didáticos para
cada aluno, muitos instrumentos orff. Um universo com-
pletamente diferente da nossa realidade brasileira. Mas is-
so não quer dizer que estão em um modelo perfeitamen-
te eficiente de educação musical. Pelo contrário, em pales-
tras e conversas com alunos da universidade e com profes-
sores vimos que há críticas sobre o currículo e uma busca
em aprimorá-lo. Foram observações que não nos desani-
maram, mas nos levaram a refletir.
No dia 28 de janeiro foi o dia do nosso recital. Nós,
alunos brasileiros fizemos um recital na capela da LVC
com músicas brasileiras. Peças para piano, violino e voz
que foram de Francisco Mignone a Tom Jobim. Para
abertura e encerramento formamos um coro, e canta-
mos “Eu só quero um xodó” de Luiz Gonzaga e “Tem-
plo coração” de Alex Calixto e Alceny Oliveira. Ambos
colegas nossos da Faculdade Batista do Rio de Janeiro,
Alex estava presente na viagem e regeu o coro. Para esse
evento foram convidados os alunos da LVC e toda co-
munidade. Lindo ver a recepção deles à nossa música e
ver a alegria dos brasileiros ali residentes em ouvir mú-
sica brasileira interpretada por brasileiros.
Além de todo conteúdo musical, aprendemos muito
sobre a cultura, sobre a diversidade e sobre amor. To-
dos ficamos em casa de famílias americanas e tínhamos
amigos designados, com os quais já fazíamos contato
por redes sociais. Mas foi maravilhoso conhecê-los pes-
soalmente e ter essa troca de conhecimentos, de cari-
nho e de compartilhar momentos maravilhosos e ines-
quecíveis como: a neve. Sim, a neve. A tão esperada ne-
ve, caiu e muito! Ficamos um final de semana sem po-
der sair de casa. Mas estávamos todos juntos na casa da
Dra. Moorman-Stahlman, o que nos uniu mais ainda.
Divertimos na neve, trabalhamos retirando-a e no do-
mingo fizemos um culto Taizé, que é uma liturgia vin-
LOUVOR 21
da da França, um culto muito simples, lindo e reflexi-
vo, em que são entoados cantos em latim (existe um li-
vro com as canções) e entre eles orações. O mesmo cul-
to foi feito posteriormente na capela da LVC.
Durante esses dias, tivemos espaço para discutir e refle-
tir sobre os assuntos abordados. E fomos divididos em
grupos com assuntos distintos. Para pensarmos no que
aprendemos, e como podemos usar esses conhecimen-
tos no futuro, no que isso nos seria importante e como
faríamos para obter bons resultados. Mas todos chega-
mos a mesma conclusão: não crescemos apenas musical-
mente, mas pessoal e espiritualmente também. Foram
pequenos detalhes que nos impressionaram por não ser
de nosso costume e que vimos que faz toda diferença,
como a pontualidade. No início, sofremos bastante, mas
no fim percebemos que se não fosse essa rigorosidade.
nada funcionaria tão bem. O amor incondicional pelo
próximo, o confiar e acreditar em nós mesmos e no ou-
tro. E não aprendemos com palavras, aprendemos com o
agir. A Dra. Moorman-Stahlman nos tratava com tanto
amor e carinho, confiou tanto em nós, nos apoiou e nos
apoia tanto, que víamos Cristo em sua vida. E nos levou
a refletir se agíamos dessa maneira com nosso próximo,
com nossos alunos e com nossos liderados. Se eles viam
Cristo em nosso agir, em nossa vida.
Estar com pessoas de lugares diferentes, de denominações

22 LOUVOR
diferentes, de pensamentos diferentes nos fez quebrar pa-
radigmas e ver como somos preconceituosos com aquilo
que não sabemos. Primeiro ponto que refletimos é o fato
que culturalmente não amamos verdadeiramente o nosso
próximo, isso mesmo! Não amamos, não nos conectamos
com o outro inteiramente. Pois nos aproximamos até on-
de nosso interesse vai, sem que haja empatia. E percebe-
mos isso na prática, pois mesmo sendo jovens organistas e
pianistas do mesmo país e tendo as mesmas projeções pa-
ra o futuro, não nos conhecíamos. E quando nos conhe-
cemos virtualmente, já formamos nossos preconceitos, se-
ja pelo método de ensino que utilizamos, pelo local que vi-
víamos, pelo local que estudávamos.
Depois de três semanas começamos a ver o outro. Co-
mo diz Carl Rogers: “(...) ver o mundo dos olhos do
outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos de-
le”. Isto é, vimos que tínhamos visões erradas sobre o
outro. Que pensar no nosso futuro sem o outro era va-
zio e mais difícil, que juntos somos mais fortes. Estáva-
mos nos deixando levar por uma cultura que vê o outro
como concorrente e inimigo. Onde compartilhar meu
conhecimento não é deixar um legado, mas, sim, criar
um concorrente. Porém, isso ocorre por não termos a
cultura de reconhecer nossos mestres e ter humildade
de ser um aprendiz. Posso citar o exemplo dos constru-
tores de órgãos. Visitamos a fábrica “Brunner” em Sil-
ver Springs, onde conhecemos todo o processo e o do-

LOUVOR 23
no nos contou como aprendeu o ofício. Em nenhum
momento ele se vangloriou de ser dono de uma fábri-
ca, de seus conhecimentos, mas se preocupou em dizer
que trabalhou por décadas em outra fábrica e citar o
nome daquele que lhe ensinou a trabalhar com órgãos
e de mostrar toda sua gratidão e respeito por ele.
Sonhar o sonho dos nossos colegas nos faz mais for-
tes. Infelizmente, tivemos que ir para muito longe
para sairmos da nossa bolha. A bolha da nossa cida-
de, nossa faculdade, nossa igreja, e olhar de fora. Um
olhar crítico para nossa bolha e para o mundo em vol-
ta dela. Sei que muitos brasileiros não gostam como
as coisas funcionam em nosso país e vislumbram um
mundo melhor no exterior. Mas chegamos lá e vimos
muita coisa boa, um mundo surreal, mas a vontade
de voltar para nosso Brasil foi grande. E não somente
pelo apelo emocional; era a vontade de fazer diferen-
te. É muito fácil termos dificuldades, erros e apenas
apontá-los e não fazer nada para mudar. É difícil pois
a mudança tem que partir de nós. E uma mudança in-
terior é dolorosa e exige sacrifícios. Temos a consciên-
cia que não iremos mudar a cultura estabelecida por
anos e anos, mas sabemos que se a mudança começar
em cada um de nós, podemos fazer mais pelas nossas
igrejas e pela educação musical em nosso país.
Vamos começar compartilhando nossas experiências
nos EUA e nossas reflexões em nossa página no Face-
book (www.facebook.com/brazilexchange). Espera-
mos assim motivar pessoas que estavam com seus so-
nhos adormecidos, cativar pessoas para nos ajudar e
manter por mais anos o projeto do intercâmbio. Nos-
sa oração é que mais pessoas tenham essa incrível opor-
tunidade que tivemos, que mais pessoas voltem reno-
vadas. Agradecemos a Deus por essa oportunidade e a
cada pessoa que nos apoiou. Agora não somos mais 18
alunos em lugares distantes. Juntos com nossos profes-
sores e amigos da LVC, somos uma família. Uma famí-
lia que se separou com lágrimas nos olhos e coração par-
tido, esperando nos reencontrar. Mas felizes pelo tempo
que passamos juntos e com forças renovadas para voltar
ao nosso país e fazer nosso trabalho. Que Deus nos guie
nessa jornada e nos dê força nas dificuldades. E que tu-
do seja feito para a sua honra e glória.

Jéssica Mayumi Prestes Carvalho


Seminarista da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro;
professora de violino e piano; cursa o 5o período de Música
na Faculdade Batista do Rio de Janeiro (Fabat); 2o período
de Licenciatura em Música na Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (UniRio).

24 LOUVOR
A r t i g o

Consultoria de sonorização
Porque devo contratar
um especialista?
Beto Pimentel

D Dias atrás conversando com uma pessoa, diretora de


música em sua igreja, ouvi algo que me deixou impres-
sionado, perplexo, levemente chocado, mas ao mesmo
tempo alegre e admirado. Toda feliz, contava-me que
em breve sua igreja investiria em um novo sistema de
sonorização. Crendo que já estava assessorada, pergun-
tei-lhe quais equipamentos seriam adquiridos. Ela res-
– Como assim, comprar tudo, instalar e só depois me
chamar?
– Ué, vamos fazer como sempre fizemos! (rsrs) Res-
pondeu-me ainda mais feliz!
Com cuidado e carinho expliquei-lhe que este não é o
melhor caminho a seguir.
pondeu: Prontamente ela entendeu, aceitou minhas orientações
– Sei lá! Nós vamos comprar tudo, instalar e depois e pediu nosso site (www.explicasom.com.br) e telefone
chamá-lo para ver o que acha. (21 98707-3382) para apresentar à sua liderança.
Como nos filmes, tive a sensação de que tudo congelou Pensando sobre a conversa, constatei que a mesma ino-
e eu fiquei preso naquela cena. Alguns segundos depois cência e simplicidade desta pessoa é a realidade de mui-
ousei confirmar seu depoimento. tos líderes nas nossas igrejas.
LOUVOR 25
Ocorre mais ou menos assim: Vejo nas duas situações um grande desperdício.
A decisão Como usando o som antigo os resultados eram desastro-
sos, joga-se toda a culpa e frustração nos equipamentos.
Frustrado com o som ruim de mais um final de sema-
na, o pastor, apoiado pelo tesoureiro e pelo ministro/ Já com as novas aquisições, encontro equipamentos su-
diretor de música, enche-se de coragem e nas primeiras butilizados ou mesmo inadequados para o uso.
horas da segunda-feira já está em uma “loja de instru- Uma questão de lógica
mentos musicais”.
Assim como deve-se procurar um médico para que es-
Em rápida orientação, o vendedor oferece todos os te avalie qual é o melhor medicamento que o paciente
produtos que encontram-se em seu estoque apresentan- deve utilizar, é fundamental chamar um consultor de
do-os como a solução de todos os problemas já existen- sonorização antes de efetuar qualquer procedimento
tes e também os futuros, incluindo a tão sonhada ex- no som da igreja, seja em questões acústicas ou na re-
pansão do templo que o pastor tomou cuidado em ex- novação dos equipamentos existentes. Muitas vezes, os
plicar. Detalhe: o vendedor ofereceu toda orientação equipamentos existentes só precisam manutenção e re-
sem ver uma imagem sequer da igreja. Poucos dias de- gulagem adequada, e no caso de novas aquisições, estas
pois, lá estão os caras da loja entregando todo equipa- devem ser feitas não em função do estoque que o lojis-
mento. Coincidentemente, os carregadores são os mes- ta possui, mas, sim, pelas reais necessidades da igreja.
mos responsáveis pela instalação. Fazer esta avaliação é extremante importante uma vez
Tudo muito prático! que, entre outras vantagens, evita gastos desnecessários.
O investimento na contratação de um consultor de so-
Equipamento funcionando, o chefe da equipe de
norização independente, muitas vezes se paga só pela
transporte e montagem passa instruções para o irmão economia que será obtida com a correta utilização dos
do som (que saiu correndo do seu trabalho só para fa- recursos matérias (já existentes) e financeiro (com as
zer “o curso de uma tarde” que gratuitamente foi ofere- novas aquisições).
cido pela loja vendedora do equipamento). Chega o fi-
nal de semana! Festa na igreja! Todos felizes com o no- Lembre-se sempre que o melhor equipamento não é
vo sistema de som! As microfonias e outras discrepân- o mais novo ou mais caro, antes, o que melhor atende
cias sonoras que surgem ficam por causa da adaptação. nossas necessidades.
A vida parece maravilhosa! Cuidado com a moda
Um mês depois, as desculpas não se justificam mais. A Hoje, está na moda a configuração de caixas acústicas
frustração acumula-se agora com a despesa gerada com chamada Line Array.
a compra do novo equipamento.
Não nego as inúmeras vantagens deste sistema, ocor-
Surge uma sugestão: re porém que, dependendo do tamanho (largura, altu-
– Já que o som é novinho, vamos chamar alguém para ra e comprimento) da igreja, esta solução pode ser to-
talmente inadequada. Diversas variáveis devem ser ob-
dar uma explicação?
servadas antes da aquisição de um novo PA, dentre as
EXPLICAÇÃO = EXPLICASOM (www.explica- quais o estilo de louvor e culto que a igreja costumeira-
som.com.br). mente pratica. Levar todos estes dados em considera-
ção é a função do consultor de sonorização.
Beto Pimentel é chamado! Começa aqui a nossa história.
Alinhando e equalizando o som da igreja
Compra de equipamentos Consultor de sonorização contratado, equipamentos
Sempre que sou convidado para prestar consultoria de adquiridos ou corretamente utilizados, instalações cor-
sonorização nas igrejas, encontro uma destas duas si- rigidas, vamos agora abordar alguns detalhes impor-
tuações: tantíssimos no processo de alinhamento e equalização
do sistema de som.
– Equipamentos novos, comprados recentemente, mas
que ninguém consegue obter bons resultados. Alinhamento das caixas acústicas
– Equipamentos antigos, muitas vezes excelentes, mas Tão importante quanto a otimização dos recursos exis-
empoeirados e tidos como sucata pelos membros da tentes ou aquisição de novos sistemas de sonorização,
equipe de sonorização. está a correta utilização deles.
26 LOUVOR
Em se tratando de caixas acústicas, seja do PA (Public Uma vez que façamos o chamado “alinhamento da
Address System), popularmente chamadas de caixas da sala”, este não deve ser alterado, salvo em casos de
frente, ou as caixas do monitor, estas precisam ser fisi- mudanças no próprio sistema como a substituição
camente bem alinhadas. dos bancos da igreja, mudanças de caixas ou refor-
Não são poucas as vezes em que encontramos simples mas no ambiente acústico (colocação/remoção de
empilhamentos de caixas acústicas. Outras vezes, estas carpete) etc.
estão até em suportes adequados, sendo que direciona- Uma sala bem alinhada facilita demais a vida dos
das sem critérios técnicos. operadores de som da igreja, visto que, quando mui-
O resultado de caixas acústicas posicionadas de forma erra- to, precisarão fazer apenas pequenas mudanças de
da é o aumento de frequências de ressonâncias no ambien- equalização nos canais específicos da mesa de som
te, propiciando microfonias e “embolamento” do som. (não no sistema como um todo).

A inteligibilidade (capacidade de perceber e entender Hora de louvar


bem os sons) do que é tocado, cantado e falado pode A Bíblia nos diz em Romanos 12.1: “Rogo-vos, pois,
ser significativamente melhorada com o simples ali- irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os
nhamento físico das caixas acústicas do sistema. vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional”.
Equalização do som da igreja
Esta racionalização envolve desde a mensagem que
Uma vez que as caixas acústicas estejam corretamen- será pregada até a forma como devemos nos com-
te dimensionadas e alinhadas fisicamente ao ambiente, portar. A música tem o poder de tocar nossas emo-
precisamos agora efetuar a equalização do som. ções. A forma com que esta música será executada
Partindo do princípio que todo ambiente acústico pos- poderá aproximar ou afastar o ouvinte da presença
sui frequências de ressonância geradas pelos materiais de Deus. Inegavelmente, o louvor feito com volumes
as quais são construídos e mobiliários existentes, deve- controlados, bem mixado e onde haja inteligibilida-
mos corrigir a sobra dessas frequências. Em rápidas pa- de sobre a mensagem cantada, nos oferece maior
lavras funciona assim: digamos que a igreja possua uma possibilidade de concentração e meditação.
frequência de ressonância de 400Hz. Esta frequência Nunca podemos perder a consciência de que nós
fica naturalmente mais alta do que as demais frequên- (músicos, cantores e técnicos) somos facilitadores
cias em função da própria acústica do ambiente. De- para que a congregação se comunique com Deus por
vemos então diminuir esta frequência para que o som meio dos louvores.
percebido de modo geral, soe de forma natural e agra-
dável. Sem nenhum excesso e nem falta de frequências. Que Deus nos abençoe para que façamos bom uso
de todas as soluções, recursos e instrumentos que o
Esta correção preferencialmente deve ser feita fazen-
Senhor nos deu. Que o nosso louvor seja somente
do tratamento acústico (nas paredes, chão e teto).* Na
para a exaltação de seu santo nome.
impossibilidade do tratamento acústico (e mesmo para
pequenas correções em ambientes acusticamente tra- *Atenção: há diferença entre tratamento acústico e
tados), devemos utilizar equalizadores para eletronica- isolamento acústico. Este assunto, porém, merece
mente corrigir tais diferenças. um artigo especificamente falando sobre o tema.

Beto Pimentel
Membro da AES – Audio Engineering Society (82612), técnico de som, consultor de sonorização para igrejas (www.explicasom.
com.br), palestrante (www.projetocanthar.com.br), produtor artístico e executivo. Formado em Processamento de Dados pelo
colégio ENIAC, eletrônica pelo Instituto Pentágono de Ensino e Administração pela Universidade Salgado de Oliveira (Universo),
Membro do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro (CRA RJ Nº 20-74774). Atualmente, é bacharelando em Direito
pela Universidade La Salle (UniLaSalle). Atuando no mercado de áudio profissional desde 1983, trabalhou em empresas como
Gabisom (equipe responsável pela sonorização do Rock in Rio), Estúdios Transamérica, Impressão Digital, EMI-Odeon, Mega
Estúdio, Soundtrack Studio (como sócio). Atualmente, é diretor administrativo da empresa de cantatas e musicais Ômega Alfa
Ômega Produções Artísticas Ltda (www.oaoshop.com.br).

LOUVOR 27
A r t i g o

Estudando os
voices
Por Diogo Monzo

Q Quando pensamos em “voices”, primeiramente deve-


mos lembrar da formação dos acordes, pois “voices” é
a maneira como você coloca as vozes dentro de um de-
terminado acorde. Assim como em um arranjo vocal, o
instrumento harmônico precisa pensar nos acordes co-
mo vozes, em que o músico escolhe a melhor maneira
de colocar essas vozes dentro de um arranjo ou mesmo
cisa ter alguns cuidados importantes, por exemplo,
o tecladista ou pianista e o guitarrista precisam evi-
tar atrapalhar a condução harmônica do contrabaixo.
Outro exemplo importante é o uso de notas demais
em acorde (voices), o uso de uma inversão do acor-
de ou construção dos voices ruins. Nós, músicos, pre-
cisamos estar atentos a isso, para construir o melhor
uma execução. Por isso, se for o caso, antes de prosse- som quando estivermos tocando.
guir essa leitura, relembre o que são acordes e sua for-
mação. Os exemplos a seguir são práticos e focam nos X7M,
X7, IIm7 V7, IIM7(b5) V7(b9) em exemplos aplica-
O foco desse artigo é o uso dos “voices” quando estamos dos no segundo cadencial ou IIm7 V7 I7M, assunto
tocando em grupo, porém, nada impede de usá-los dessa esse que abordamos no artigo “Uma oficina de har-
maneira quando estiver tocando em solo. A escrita dos monia”. Os exemplos estão colocados em sua manei-
exemplos foca nos acordes aplicados no piano ou no te- ra mais indicada para se estudar o ciclo das quintas.
clado, mas a partir dessas informações também é possível É importante quando estiver estudando os exemplos
aplicá-las em outro instrumento harmônico. que observe a maneira como os graus (voices) estão
colocados nos acordes. Indico que você escreva os
O indicado quando tocamos em grupo é evitar em pri- graus do lado de cada nota que está escrita na parti-
meiro lugar que um instrumento atrapalhe o outro e tura. Não deixe que seja um estudo apenas mecâni-
o uso da maneira correta dos acordes (voices) é uma co: pense, observe, crie novos exemplos e não se limi-
ferramenta importante nesse processo. O músico pre- te. Bom estudo.
28 LOUVOR
Os acordes X7M e X7 nestes exemplos estão com as
tensões (9 e 13), essas notas existem e podem ser usa-
das pois elas estão presentes nas escalas que geram esses
acordes, no caso do X7M a escala maior (modo Jôni-
co) e no X7 a escala mixolídia (modo Mixolídio).

Referências

GARDNER, Jeff. Jazz Piano: Creative Concepts


and Techniques. HL Music / Editions Henry Le-
moine. Copyright 1996 by Éditions Henry Le-
moine.

LOUVOR 29
A r t i g o

Um sermão baseado
em um hino
Emirson Justino

T Tenho tido o privilégio de ser convidado a pregar no


culto de consagração de vários ex-alunos e de colegas da
área da música. Sempre que é feito o convite, surgem as
perguntas: “Sobre o que vou falar? Por quanto tempo?
Como montar o esboço do sermão?”. Em algumas vezes,
falei sobre a importância do Ministério de Música; em
outras, sobre o chamado. Mas também houve ocasiões
como fio condutor da mensagem. Como composi-
tor, creio, sim, na inspiração que Deus dá aos ho-
mens para que, através das artes (no caso dos músi-
cos, a música e a poesia) possam transmitir as ver-
dades eternas encontradas na Bíblia. Mas é preciso
qualificar corretamente a “inspiração” que Deus deu
aos autores bíblicos para que eles, com suas palavras,
em que optei por montar o sermão tomando como base escrevessem as verdades divinas, eternas e imutáveis,
um hino! Essa ideia por certo saiu do comum, mas obri- e a “inspiração” (ou talvez “iluminação” seja o termo
gou-me a tomar alguns cuidados e fazer algumas obser- teológico mais correto) que Deus dá aos homens pa-
vações no momento da entrega do sermão. ra que, através de seu coração e inteligência, apresen-
tem as verdades divinas por meio das artes.
Em primeiro lugar, era preciso ficar claro, até para
mim mesmo, que não estava baseando o conteúdo Uma outra preocupação era alertar para o fato de
do sermão em um hino, ou seja, as ideias e posições que os músicos cristãos são, em primeiro lugar, cris-
apresentadas se baseavam na Bíblia, a Palavra inspi- tãos redimidos e comprometidos com Deus. A mú-
rada de Deus, e não na letra do hino, usado apenas sica ocupa um papel secundário, ainda que de grande
30 LOUVOR
importância, na vida deles. Assim, era preciso deixar
claro que os músicos cristãos têm sua fé baseada na
Bíblia, não em um hinário! Os hinos e músicas uti-
lizadas no dia a dia do ministério são apenas ferra-
mentas para exercer seu ministério e transmitir aos
homens aquilo que Deus deseja.

Tendo essas preocupações em mente, creio ser possí-


vel utilizar várias de nossas músicas — tradicionais,
contemporâneas, nacionais ou internacionais — co-
mo base para a mensagem a ser transmitida e, mais
especificamente, como linha mestra do roteiro de
um sermão.

Embora a maioria não tenha formação teológica ple-


na, o músico bem formado e experiente tem total
condição de transmitir a mensagem de Deus através
também de um sermão. Creio que devemos inclusive
incentivar os músicos a se prepararem adequadamen-
te para, eventualmente, assumir essa função em suas
igrejas! O chamado ao “pastoreio de músicos” tem
crescido nos últimos tempos, como pode ser atesta-
do pela crescente ordenação de músicos ao pastorado.
Que esses ministérios tão importantes para a igreja
de Cristo — o da palavra e o da adoração — possam
crescer e caminhar cada vez mais próximos.

O esboço de sermão a seguir baseou-se na letra do


hino 429 do Hinário para o Culto Cristão (296 do
Cantor Cristão, com algumas variações). Cada tópi-
co é desenvolvido a partir de uma ou duas estrofes
do hino, conforme apresentado abaixo, que devem
ser cantadas pela congregação antes da apresentação
do referido tópico. É uma ideia semelhante ao “ser-
mão segmentado”, conforme esboçada pelo pr. Jilton
Morais em seu livro “Púlpito, pregação e música”
(Rio de Janeiro: JUERP, 2002)

A ti seja consagrada minha vida Sermão ba-


seado no hino 429 do Hinário para o Culto
Cristão
Introdução
Uma música de qualidade, seja de qual estilo e épo-
ca for, possui riqueza dentro de si: teologia, música,
poesia. Ainda que seja uma canção escrita há sécu-
los, é possível que ela seja plenamente relevante para
os dias atuais.
LOUVOR 31
Importância do dia de hoje: CONSAGRAÇÃO • O “nosso” talento vem de Deus: “O que tens que
AO MINISTÉRIO não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te or-
Algumas definições: gulhas, como se não o tivesse recebido?” (1Co 4:7).
Como bons administradores, devemos desenvolver
• Consagrar: dedicar, oferecer. o talento dado por Deus (cf. Mt 25:14-30).
• Ministério: executar uma obra, um serviço.
• Consagração da vontade e do ser individual – 5ª e
Assim, neste dia de consagração ao ministério de música, 6ª estrofes
vamos abordar aspectos citados nas várias estrofes deste
hino. Para efeitos de melhor compreensão da mensagem • Ministério é serviço; servir é dar de si mesmo e
transmitida, a sequência das estrofes foi alterada. priorizar o outro.
• Paulo deu importância àqueles a quem instruía:
• Consagração do corpo – 2ª e 3ª estrofes “De muito boa vontade gastarei o que tenho e me
• Não é possível exercer o ministério plenamente se deixarei gastar pela vossa vida” (2Co 12:15).
nosso corpo não estiver também plenamente dedi- • O Senhor deve ocupar o lugar principal em nosso
cado a Deus. Um hino diz: “Deus não tem mãos se- coração.
não as nossas/ pra servi-lo no labor / Deus não tem
pés senão os nossos / para a obra em amor” (Hino • Consagração da vida inteira – 1ª estrofe
“Deus não tem mãos senão as nossas”, música de • Não há momento em que não estejamos diante de
Fred C. Mallory, letra de Annie Johnson Flint, trad. Deus: “Sabes muito bem quando trabalho e quando
J. Fred Spann. Coleção “Coral Sinfônico”, Departa- descanso; todos os meus caminhos são bem conhe-
mento de Música da JUERP, s.d.) cidos por ti” (Sl 139:3)
• Nossa voz precisa ser consagrada a Deus: • O ministério acontece em todos os instantes, em
• A importância de nosso estudo e dedicação. todos os lugares, de várias formas.
• O que dizemos é um reflexo do que há dentro de nós:
“A boca fala do que o coração está cheio” (Mt 12:34). Conclusão
•Consagração dos bens e talentos – 4ª estrofe O dia de hoje reflete os anos de preparação gastos
em resposta a um chamado específico. Hoje aconte-
• Liberalidade no serviço a Deus.
ce o ato de testemunho perante Deus e sua Igreja de
• Além da emoção, a inteligência também deve estar que esta vida se consagra ao ministério de música.
envolvida: “Cantarei com o espírito, mas também Contudo, a consagração de vida é um ato contínuo
com a mente” (1Co 14:15). e diário.

Emirson Justino
é Ministro de Música, Bacharel em Música Sacra pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Professor de Percepção
Musical, Harmonia, Orquestração e Composição. Compositor e tradutor, atua como líder de louvor na Igreja Batista do Morumbi,
São Paulo, SP.

32 LOUVOR

Você também pode gostar