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GÊNEROS:
MOSTRA DE
ARTE E
DIVERSIDADE
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São Paulo, 2022
TODOS OS GÊNEROS:
MOSTRA DE ARTE E DIVERSIDADE
CULTURA LÉSBICA
SUMÁRIO
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APRESENTAÇÃO
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HERDEIRAS DE SAFO
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O USO DA LÍNGUA
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SOM DE SAPA
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NARRATIVAS DISSIDENTES
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UMA SAPATÃO
NO MUNDO
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EXPEDIENTE
APRESENTAÇÃO
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Desde 2013, a Todos os gêneros: mostra de arte e diversi-
dade investiga e tensiona os debates sobre as diferentes
faces da experiência humana, as lógicas e a diversidade
de afeto, desejo e existência da população, em especial
a das pessoas LGBTQIA+.
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POR ADRIANA FERREIRA SILVA
herdeiras
de safo
Literatura lésbica: mulheres negras e indígenas reinventam
a cena; romances conquistam prêmios, e mercado editorial
investe em estrelas da geração Z
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De cabelos curtos e descoloridos, piercing na sobrance-
lha, Elayne Baeta é recebida aos berros por um bando
de adolescentes, numa reação típica a popstars, em uma
livraria no Recife em maio de 2021. A escritora de 24
anos causou frenesi ainda maior em sua participação
na Bienal do livro do Rio, em dezembro passado, quando
dividiu os holofotes com Clara Alves, outro fenômeno da
literatura young adult (para jovens adultos). Em comum,
ambas escrevem sobre meninas que namoram meninas.
Lésbica, Elayne vendeu 50 mil exemplares de O amor
não é óbvio e Oxe, baby (Galera Record); bissexual, Clara
vendeu 100 mil títulos de Conectadas (Seguinte), ro-
mance entre uma menina lésbica e uma bissexual. “Na
literatura para jovens, há uma procura cada vez maior
por temáticas LGBTQIA+”, explica Nathalia Dimam-
bro, editora da Seguinte, uma divisão da Companhia
das Letras.
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[ g o s t o ] por Bárbara Esmenia
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POR CRISTIANE BATISTA
o uso da
língua
Marisa Fernandes, Yone Lindgren, Márcia Rocha e a dupla
Horrorosas Desprezíveis, formada por Amira Massabki e
Patrícia Cipriano, falam da importância das nomenclaturas na
identidade, representatividade e autoestima de todes.
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44. Bate-bife. Biscoito fino. Bofinho. Bolacha. Botina. Butch.
Caminhoneira. Chic. Chinelinho. Chupa-charque. Chupa-priquito.
Cola-velcro. Come-grama. Couro. Dyke. Entendida. Fancha.
Femme. Francha. Fressureira. Fufa. Girina. Hari. Lacha. Lady.
Lancha. Lesbiana. Lésbica. Leitinho. Lesbian chic. Machona.
Machorra. Margarida. Maria João. Marlene. Melissinha. Mulher-
-homem. Mulher-macho. Petit four. Pochetinha. Preu. S10. Sáfica.
Sapa. Sapatão. Sapateen. Sapatilha. Saveirinho. Scânia. SUV. Tête.
Torta. Tuxa. Tríbade. Urningista.
som de sapa
Como o amor entre mulheres toca (n)o Brasil. A música como
espaço de expressão, acolhimento, orgulho, representatividade,
resistência, luta. Angela Ro Ro, Zélia Duncan, Maria Beraldo,
Ana Gabriela e GA31 cantam seu modo de ver e perceber o mundo.
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Autora de clássicos como “Tola foi você”, “Gota de san-
gue”, “Amor, meu grande amor” e “Balada da arrasada”,
Angela Ro Ro está no topo de qualquer playlist sapatão
que se preze. Autodenominada “lésbica diamante”, in-
victa em relação ao relacionamento afetivo/sexual com
homens, a artista começou a tocar piano aos 5 anos de
idade e, desde então, seu instrumento está “aberto às
últimas inconsequências da música e da vida”, como
publicou o jornal alternativo Chanacomchana em 1981.
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ZÉLIA E A CORAGEM COMO HERANÇA
—
MARIA E A VISIBILIDADE FORA DOS ARMÁRIOS
—
ANA GABRIELA E A CARTA PARA A MÃE
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O ORGULHO SAPATÃO DE GA31
Outra voz que clama por uma “nova era de paz, elegância,
amor e tesão para todos” é GA31, nome não binário por
trás de hits como “A força da mulher sapatona” e “Samba
digital”, que canta o autoconhecimento: “Tocar a vagina,
o valor, a verdade e as cores”. “O que começou como uma
brincadeira de transgressão e choque social acabou se
tornando um ponto de reflexão e inspiração. É divertido
fazer as pessoas pensarem de uma maneira leve, e me
choca como alguns ainda se assustam com os assuntos
mais naturais inerentes ao corpo humano”, analisa.
“Cada um busca a sua felicidade, então deixa cada um ser o que é!”.
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por Angélica Freitas
narrativas
dissidentes
Poeta com trajetória na cena literária, Bárbara Esmenia agora dá
forma física ao texto com sua estreia na dramaturgia
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As pequenas alegrias do cotidiano e da convivência e as
trocas de experiências e sentimentos entre mulheres
encarceradas inspiraram a poeta e multiartista Bárbara
Esmenia a criar Cavalos pretos são imensos, espetácu-
lo que marca sua estreia na dramaturgia. Contemplada
em 2020 no edital da 7a mostra de dramaturgia em pe-
quenos formatos cênicos, do Centro Cultural São Paulo
(CCSP), onde estreou, a montagem é também a síntese
da trajetória de uma artista cujo trabalho se desdobra
em poesia, teatro e uma intensa pesquisa sobre o método
criado pelo dramaturgo Augusto Boal, que deu a Bárbara
as ferramentas para levar seu ativismo como feminis-
ta negra e sapatão às artes. A partir desses elementos,
ela reflete sobre possíveis desdobramentos para uma
história que terminou em tragédia, a de Luana Barbosa
dos Reis, morta em consequência de um espancamento
cometido por policiais militares em abril de 2016. É a vi-
vência de corpos como o dela, uma mulher negra, lésbica
e periférica, que inspira Bárbara a dar, agora, presença
física às suas palavras.
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A HISTÓRIA DE LUANA
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NOVAS DRAMATURGIAS
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por Diedra Roiz
Aquí y ahora
Dançaram-me negra
uma sapatão
no mundo
Marília Oliveira cria narrativas visuais de afeto, cotidiano e
memória para celebrar o amor entre mulheres
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Como é a rotina de duas mulheres que se amam? Ela
deveria ser imaginada como algo banal, assim como a
de qualquer outro casal, mas nem todos os corpos têm
direito ao cotidiano por igual. “Quem é que pode, por
exemplo, andar de mãos dadas na rua?”, argumenta a
artista visual e pesquisadora Marília Oliveira.
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Qual gatilho a
ADRIANA FERREIRA SILVA comprar pão sem que isso seja um
levou ao fotolivro Um livro sobre o escândalo? Para que corpos a guer-
amor sapatão? ra é quase que uma condicionante?
Pensar isso ajuda a entender por que,
Li uma entrevista da
MARÍLIA OLIVEIRA
para mim, é importante discutir o
poeta baiana Lívia Natália, profes- cotidiano, pois o trivial, o banal, é
sora da UFBA [Universidade Federal também se dar o direito de construir
da Bahia], em que ela dizia como era suas próprias narrativas.
difícil para uma mulher negra como
ela tratar de afeto e de que maneira
atravessou isso até lançar um livro Um livro sobre o
ADRIANA FERREIRA SILVA
por GA31
(trecho de “Samba digital”)
Na manhã pós-sexo
Num verão exótico
Eu abri uma cerveja
E olhei no relógio
Te mostrei o desejo
Recitei monólogos
Te contei meus dramas
E o tesão é óbvio
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por Ana Gabriela
(trecho de “Teu nome imita o mar”)
Ah, bonita
Eu acho que não é de hoje que a gente se encontra e se gruda, não
Eu gosto de te ver de perto e aprender o jeito que teu beijo tem
Eu toco tua vontade
Bebo tua água e você se derrama
Tenso
Tão desavisado, meu tesão
Vive um momento tenso
Livre, leve e solto de coração
É gostoso, é tenso
Tão desavisado, meu tesão
Vive um momento tenso
Livre, leve e solto de coração
É gostoso
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EXPEDIENTE
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Carlos Costa
CONSELHO EDITORIAL
Ana de Fátima Sousa, Andréia Schinasi, Carlos Gomes,
Galiana Brasil, Natalia Souza e Regina Medeiros
PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Adriana Ferreira Silva e Cristiane Batista – Grená Conteúdo
Multiplataforma (terceirizadas)
EDIÇÃO
Fernanda Castello Branco, Icaro Mello e William Nunes
PROJETO GRÁFICO
Mily Mabe
ENSAIO FOTOGRÁFICO
Anne Karr (terceirizada)
PRODUÇÃO EDITORIAL
Luciana Araripe e Mylena Oliveira dos Santos (estagiária)
SUPERVISÃO DE REVISÃO
Polyana Lima
REVISÃO
Rachel Reis (terceirizada)
Encontre no Spotify a playlist Todos os gêneros 2022,
que celebra o amor, a identidade e a cultura lésbica.
Esta publicação foi composta das famílias tipográficas
Sentinel e Verlag. O miolo foi impresso no papel offset
120 g/m2. Duas mil unidades foram impressas pela Pig-
ma gráfica e editora em julho de 2022.
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