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contos, Poro e sobrado. Na capa, o seu nome est grafado como Li-
gia Fagundes. A autora bancou a edio economizando as mesadas
que recebia do pai. Por que lanar um livro de contos? Ela respon-
de: Bem, quando mudamos para So Paulo e eu entrei no Instituto
Caetano de Campos, comecei a escrever os contos que depois reuni-
ria em Poro e sobrado. Num determinado momento, eu me dei con-
ta de que as pessoas que escreviam tinham livros publicados e eu
quis ter o meu. poca, a jovem ficou radiante ao ver o livro im-
presso numa grfica do centro, mas ser motivo futuro de arrepen-
dimento e insatisfao, assim como o livro seguinte lanado em
1943, Praia viva, assim como o anterior, no sero mais reeditados.
Em Mysterium, texto de Durante aquele estranho ch, ela afirma:
Recuso os meus primeiros livros (as precipitadas apostas) que con-
sidero prematuros, comeo a contagem a partir do romance Ciran-
da de pedra. Esse romance ficou sendo o divisor de guas dos livros
vivos e dos outros. A autora justifica a atitude devido pressa
poca em estrear, mas, ao lermos hoje seus livros iniciais, devemos
reconhecer que, apesar da simplicidade dos enredos e da pequena
elaborao esttica, est l o germe de uma obra que vai abordar
questes intimistas e psicolgicas, relaes entre homem e mulher,
assim como, a decadncia da burguesia emergente do sculo XX.
por esse perodo, dcada de 1940, que Lygia conhece os es-
critores Mrio de Andrade e Oswald de Andrade. No texto Du-
rante aquele estranho ch, que d ttulo ao seu livro, ela relembra
o encontro, quando est ingressando no curso de Direito, com o po-
eta Mrio de Andrade na Leiteria Vienense no garoento centro de
So Paulo em meio a elegantes garons e valsas latejantes. No en-
contro, Mrio a aconselha a prosseguir escrevendo, confiante e de-
terminada em seu ofcio. J com Oswald de Andrade, a jovem cos-
tumava participar de saraus literrios em sua casa para ouvir o es-
critor ler seu novo livro, Marco zero. Para os homens, cerveja; para
as moas, guaran e pipoca, que depois foi cortada porque o baru-