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Inclui bibliografia
ISBN 978-65-88085-59-2
1. Política. 2. Jurídico.
3. Cidadania. 4. Política e cidadania
I. Título.
CDD 261.7
GENILDO ANTÔNIO CARLOS RODRIGUES
O Cristão e a Política
1ª EDIÇÃO
Suzano / SP
Grammata Publicações
2022
O CRISTÃO E A
POLÍTICA
Suzano, SP / 2022
Genildo Antônio Carlos
Rodrigues Categoria: Bíblia /
Cristianismo / Jurídico /
Coordenação Editorial: Teologia / Cidadania / Política
Professor Jean Carlos
Todos os direitos reservados
Capa: em Língua Portuguesa por
Lêda Santos Genildo Antônio Carlos
Thays Lopes Rodrigues
Sumário
Agradecimento - 7
Prefácio - 12
Introdução - 17
Capítulo 1
O que é Política? - 21
Capítulo 2
Relações do estado e o cidadão - 35
Capítulo 3
As revoluções: industrial, socialista, cultural e sexual - 43
Capítulo 4
As visões políticas: direita e esquerda - 61
Capítulo 5
O que seria ser de direita ou conservador? - 69
Capítulo 6
A influência do marxismo na igreja - 89
Conclusão - 86
Referências bibliográficas - 91
s
O que significa política? A palavra política pode significar
o conhecimento, a participação, a defesa e a gestão da
polis (Cidade- Estado, na Grécia) ou pode ser entendida
como a Ciência da organização social, da administração
de um município, estado ou nação; daquilo que é público1.
s
Aldo Moraes
Genildo Rodrigues 7
s
Agradecimento
E
u começarei agradecendo primeiramente a Deus
que me deu a maravilhosa oportunidade de conhe-
cer e de compreender um pouco do nosso tempo
presente. Acredito piamente que tudo que apren-
demos e entendemos é fruto unicamente do dom de Deus,
somente a Ele devemos tributar honra e glória para todo
sempre. Neste espírito de gratidão que afirmo o quanto
sou feliz por todos os diálogos, por cada dedicação nos
estudos, por ter a oportunidade debater com pessoas que
muito me edificaram e contribuíram para o meu entendi-
mento sobre a real situação de nosso país.
A presente obra é fruto desses encontros magní-
ficos, sejam de forma remota ou presencialmente. Quero
agradecer a meu amigo e irmão Yuke que tanto tem con-
tribuído para o meu aprendizado ao longo de nossa amiza-
de, nossas conversas extraordinárias sempre me levando
a refletir melhor sobre vários assuntos. Não posso deixar
de mencionar a motivação que você me deu para que essa
obra fosse lançada, haja vista que tudo aqui escrito pra-
ticamente começou a ser sistematizado pelo seu convite
para palestra em sua cidade e igreja.
Não posso deixar também de citar o meu amigo
e irmão Mendes, alguém que converso bastante sobre
o cenário atual da política brasileira e sua influência
no seio da igreja; Mendes tem sido um amigo bastante
participativo também nesta obra, na verdade acredito
que ele conhece muito mais do assunto do que a minha
8 - O Cristão e a Política
pessoa. Também sou grato a Deus pela vida dos meus
pastores Silony e Joaquim, ambos homens que tem sido
benção de Deus na minha vida. O pastor e advogado
Joaquim é a pessoa que geralmente vou ao seu encon-
tro para tratar, ou melhor, tirar dúvidas jurídicas sobre
vários assuntos no campo do direito.
O pastor Silony é um amigo de vários anos,
obrigado por sua amizade e por seus sábios conselhos.
Agradeço também pela vida do presbítero João, um
homem verdadeiramente paciente e bondoso, afinal
várias vezes conversamos sobre Cristo e a política bra-
sileira. A ideia primordial de colocar minhas reflexões
políticas e teológicas em uma publicação foi do meu
filho Mikael, era ele que ficava o tempo todo dizendo
que esse texto – na época escrevendo para ministrar
em uma palestra sobre “o cristão e a política” na cida-
de de Morrinhos GO–, seria o livro do papai.
Agradeço a Deus todos os dias pela vida do meu
filho, ele é um dos motivos principais desta obra, pois a
semente que plantamos hoje, servirá de frutos e sombra
para nossos filhos no amanhã, não tão distante assim.
Existem muitas pessoas queridas que fizeram parte da
história desse livro, evangelista Valdiney, presbítero Cé-
sar, no entanto não poderei mencionar todas, afinal, não
teria espaço. Porém, existe alguém que não poderia deixar
de ressaltar, na verdade, ela só vai ler essa parte quando o
livro for publicado. Esse alguém é a minha eterna e linda
princesa Aline Meiriany, agradeço a Deus por colocar você
em minha vida, meu amor, você sempre acreditou mais
em mim do que eu mesmo. Aline esse livro eu dedico a
você e a nosso filho Mikael, amo vocês!
E por último, quero agradecer a Deus pela sua
vida querido [a] leitor [a] por também fazer parte des-
Genildo Rodrigues 9
sa obra, afinal meu objetivo é ajudar você entender
que precisamos influenciar a cultura atual mediante o
evangelho de Cristo.
Boa leitura!
Genildo Rodrigues, casado com Aline e pai do Mikael.
Serve ao Senhor como evangelista na AD Missão, Goiânia
GO, CADESGO, teólogo e atua como professor de teologia
.
10 - O Cristão e a Política
s
Apresentação
É
com imensa gratidão e responsabilidade que rece-
bo do amigo de longas datas Genildo Rodrigues o
convite de fazer a apresentação dessa singular obra
literária, conheci o então jovem promissor no ano
de 2005 vindo do estado de Pernambuco para cidade de
Goiânia/GO e desde então construímos uma amizade que
com certeza durará pelo resto de nossas vidas, o que con-
cordamos em termos de variados assuntos é maior do que
aquilo que discordamos, sou grato a Deus pelas longas
conversas que já tivemos e pelo muito que tenho aprendi-
do ao longo desses anos.
O Irmão Genildo, como carinhosamente e respeito-
samente o trato, é um marido exemplar, um pai cuidadoso
e comprometido com a educação cristã de seu filho, todos
que o conhece nota que ele é um estudioso e incansável
leitor, tem uma mente privilegiada é apaixonado pelo en-
sino das Sagradas Escrituras.
O escritor Genildo Rodrigues ao escrever o livro O
CRISTÃO E A POLÍTICA, apresenta esta obra como um
alerta para as Igrejas Evangélicas do Brasil, traz um escla-
recimento de forma clara que o cristão tem um lado certo
para se posicionar politicamente e porque não dizer tam-
bém socialmente, haja vista que esta singular obra abran-
ge temas de relevância nesses aspectos.
Esta obra elucida ao cidadão que é cristão o de-
ver urgente de conhecer a política e de não ser facil-
Genildo Rodrigues 11
mente aliançado com posicionamentos anti-bíblicos
ou simplesmente negligentes deixando outros deci-
direm o nosso destino.
Parabenizo ao escritor Genildo Rodrigues por esse
livro e espero que o mesmo contribua para edificação e co-
nhecimento de todos que o lerem.
Pr. Silony Rodrigues – Bacharel em Ciências Contábeis,
Bacharel em Teologia Livre, Graduado em Teologia pela
Faculdade Teológica Batista de Brasília – FTBB, Pós-Gra-
duado em Contabilidade do Terceiro Setor, Pós-Graduado
em Psicopedagogia Institucional e Clínica.
12 - O Cristão e a Política
s
Prefácio
S
enti-me lisonjeado e simultâneo preocupado quan-
do fui convidado a prefaciar esse livro, a lisonjeia se
deve ao fato de participar da realização do sonho do
autor que é um amigo muito especial e preocupado
por entender ser um assunto que tenho pouco conheci-
mento. Creio que isso seja de algum modo providencial,
no sentido de que para prefaciar, acabei tendo o privilégio
de ler a obra e ser ensinado por ela, e creio que o leitor
igualmente se alegrará lendo-a.
Partindo de uma realidade onde o autor reconhe-
ce as dificuldades históricas dos cristãos protestantes de
lidarem com a política, Genildo Antônio, procura alertar
sobre a necessidade destes se envolverem, mas não de
uma forma atabalhoada e ignorante, mas com conheci-
mento e moderação, seu alerta se fundamenta tendo em
conta a forte propaganda ideológica feita pelos partidos e
ideólogos progressistas que preenchem as grandes mídias
e se valem do insaciável ativismo judicial, promovido pelo
Supremo Tribunal Federal, para conseguir seus intentos,
mudar a cultura e os valores tradicionais dos brasileiros
por força da lei, não por meio de uma mudança gradati-
va e progressiva da sociedade, ou seja, esses grupos que,
segundo o autor, se dizem democráticos, não respeitam
a vontade popular no que tange aos valores tradicionais
da maioria da população, como por exemplo, a defesa da
família tradicional. O livro, que pode ser visto como um
Genildo Rodrigues 13
manual introdutório sobre política, foi escrito de forma
didática e simples, podendo ser usado e lido tanto por lei-
gos quanto por um especialista no assunto. Desse modo,
objetivando esse alcance maior, o autor, no primeiro capí-
tulo, se propõe a conceituar termos básicos, porém impor-
tantes para o entendimento geral do livro e ele faz isso de
um modo interessante se valendo tanto de teóricos clás-
sicos como modernos e de espectros políticos diferentes,
enriquecendo o texto e valorizando leitor.
Ainda nesse capítulo, ao retratar sobre a triparti-
ção do poder, o autor faz críticas contundentes ao assa-
nhamento do judiciário e a leniência do legislativo que se
furta de sua função constitucional de criar leis e de ser-
vir de contrapeso de outros poderes. No segundo capítu-
lo, seguindo a sua didática de conceituação e explicação,
Genildo Antonio fala sobre a relação nem sempre pacífica
entre o estado e o cidadão. Ele fundamenta sua explicação
a partir da primeira sociedade familiar, o casal Adão e Eva,
que sintetizam as obrigações e condições para que um in-
divíduo seja considerado cidadão.
Há no capítulo uma brilhante interação entre a bí-
blia, a sociedade antiga e as contemporânea e a exigência
que cada uma delas impõe aos indivíduos em seus territó-
rios. Ele faz um apanhado histórico que permite ao leitor
analisar importantes observações e comparações entre o
Brasil e alguns países do ocidente, não para menosprezar
um em relação ao outro, mas para que o leitor possa pen-
sar em soluções mais aplicáveis a relação brasileira, bem
como identificar pontos onde o ordenamento jurídico e
social brasileiro pode melhorar.
Seguidamente, no capítulo quatro, o autor se pro-
põe a falar sobre as revoluções, a Industrial, a socialista e
a sexual, não sem antes conceituar cada uma delas. A fra-
14 - O Cristão e a Política
se “os revolucionários jamais irão querer preservar algo do
passado, pois segundo os iluminados, o passado é opressor,
é atrasado e precisa ser eliminado”, é chocante e resume
brilhantemente aquilo que o autor pretende, no entanto,
particularmente entendo que, como Chesterton, há as-
pectos bons em algumas revoluções. No entanto, a ideia
do autor é sobre como esse rejeitar tudo em nome de um
novo e desconhecido pode ser perigoso, pois os revolucio-
nários, tende a ignorar que suas perspectivas políticas e
ideológicas não são inéditas na história da humanidade.
O Genildo é muito feliz quando advoga que a fé
cristã é vanguardista na defesa da dignidade humana e
dos direitos dos menos favorecidos e de todos os homens,
mas alerta para que não se cometa desumanidades em
nome dos direitos humanos, o que seria uma contradição
lógica, no entanto, para o autor parece que os progressis-
tas assim procedem.
Como o público alvo da obra são os cristãos, o au-
tor dedica de forma bem explicativa, boa parte do capítu-
lo para falar da revolução russa e seus desdobramentos,
ele o faz por entender que essa revolução ainda conti-
nua vigente em nossos dias numa perspectiva cultural.
Os últimos capítulos são destinados à definição o que
seria esquerda e direita no aspecto político, como fez
em outras partes o autor começa com a definição clássica
para depois particularizar na realidade brasileira, isso é
fundamental, porque os termos tende a variar um pouco
de país a país, ou de tempos em tempos, posto isso ele
faz um belo alerta aos cristãos brasileiros, mas seu alerta
serve a todos os cristãos, porque todos são dirigidos por
uma mesma lei a bíblia sagrada.
Recomendo enfaticamente esse livro a todos os
irmãos em Cristo, como diz a bíblia “o meu povo perece
Genildo Rodrigues 15
por falta de conhecimento”, é bem verdade que o texto
bíblico aponta para o conhecimento de Deus e de sua
palavra, mas conhecer o tempo em que vivemos tam-
bém faz parte de nossa vocação. Afinal Deus nos cha-
mou para falar a geração presente e não para a que pas-
sou. Então leia o livro, conheça um pouco sobre política
e dialogue com o nosso tempo.
Mendes Gimo,
Graduado Em Ciências Pedagógicas e Professor de Teolo-
gia e do curso de Formação de Obreiros Da Assembleia de
Deus - Fama, Goiânia GO
16 - O Cristão e a Política
s
Recomendação
A
obra o Cristão e a Política é fruto de uma palestra
que ocorreu na cidade de Morrinhos / GO, acompa-
nhei de perto a construção de cada parágrafo, e pos-
so atestar que é oriunda de muita reflexão e estudo;
Genildo Rodrigues sem dúvida é um grande estudioso, e
isso será demonstrado na obra que têm em mãos. É um
livro simples, ou seja, descomplicado, sem ser simplista.
O autor entra na causa raiz de muitas questões que per-
meiam o seio da igreja, de forma cirúrgica e precisa. Além
de ter competência para comentar sobre a área política,
sua aptidão abarca as áreas da Teologia. É possível per-
ceber nas primeiras linhas a forma fluída que se discorre
o assunto, de forma lógica e concisa; certamente, o leitor
não tem como fechar o livro sem compreender o pensa-
mento do autor.
Yuke Yhen Duarte, graduando em História pela UEG de
Morrinhos/ GO, Formado em Gestão Ambiental pela
UniCerrado - Goiatuba/ GO; além de ser um estudioso
autodidata de Teologia.
Genildo Rodrigues 17
Introdução
O
cristão não está à margem da sociedade e
como cidadão ele deve participar da vida
política, afinal somos partes da “polis”,
por outro lado, não podemos negar que
muitos dos nossos antepassados costumeira-
mente demonizavam a política, afirmando que os
cristãos não deveriam se envolver e muito menos
participar dela. No entanto, devido aos avanços de
políticas progressistas e ateístas que afetam dire-
tamente a cosmovisão cristã, os cristãos têm despertado
para as pautas que envolvem o legislativo brasileiro.
A cultura judaico-cristã no Brasil está sob ataque!
Vivemos tempos difíceis em nossa querida pátria, a moral
e os bons costumes têm sido atacados severamente.
O cristianismo tradicional no Brasil tem sido ataca-
do de todas as formas por seguimentos de ideologia de es-
querda radical e progressista (partidos políticos como PT e
PSOL) onde de todas as maneiras tem tentado subjugar a
população á aceitar ideologias como de gênero, linguagem
neutra, regulamentação das drogas (Estado), assim como
a sexualização de crianças e a orientação sexual nas esco-
las públicas e privadas; a legalização do aborto é um tema
corriqueiro no Brasil e uma vez ou outra volta à tona no
cenário político. Os cristãos e demais membros de outras
religiões, assim como alguns ateístas conservadores por
não apoiarem essas ideias são considerados como: homo-
fóbicos, machistas, xenofóbicos, atrasados, reacionários,
extremistas e preconceituosos.
18 - O Cristão e a Política
Existem dois termos hoje que os famosos toleran-
tes da pluralidade gostam de usar contra aqueles que dis-
cordarem de suas visões bizarras: fascistas e nazistas. Es-
ses rótulos são aplicados de forma errônea pelos supostos
militantes da tolerância, afinal eles querem de toda ma-
neira injetar essas perspectivas nefastas e perversas na
sociedade brasileira, que é considerada majoritariamente
conservadora na questão dos costumes e valores. Os ideó-
logos políticos e ativistas têm tentado mediante o Supre-
mo Tribunal Federal (STF) obrigar a população a aceitar
todas as suas pautas ideológicas. Por tanto, é fundamen-
tal que a população brasileira, em particular os cristãos,
haja vista que estes são defensores da moralidade judaico-
-cristã, começarem a se manifestarem contrários a esses
projetos cujo objetivo é mudar a tradição brasileira (cultu-
ra) que de forma pragmática sempre funcionou ao longo
dos séculos. Não sou contrário às mudanças, porém que
elas aconteçam de forma gradativa e progressiva, sendo
testada e aprovada ao longo do tempo; defendo que o Es-
tado não deva determinar suas normas opressivas na vida
privada de seus cidadãos.
Jamais podemos nos esquecer que em uma so-
ciedade democrática, o voto tem o poder de intervir
nestas questões culturais, afinal o candidato eleito
pela nossa escolha popular, será nosso representan-
te no congresso nacional e no senado federal. Deve-
mos proteger, por exemplo, a família tradicional, não
deixando que ideologias perniciosas venham destruir
– os valores morais que foram passados ao longo dos
séculos – a tradição judaico-cristã.
Durante muito tempo os evangélicos foram prati-
camente excluídos da política brasileira, ninguém antes
dava muito crédito para os cristãos em geral e os valores
Genildo Rodrigues 19
morais defendidos pelos cristãos conservadores eram des-
prezados. Para alguns políticos, por exemplo, os eleitores
evangélicos eram tidos como ignorantes e que não deve-
riam jamais se envolver na política.
Observe o nível de discriminação religiosa e social
contra os evangélicos de diversos vieses no Brasil. Pois
bem! Agora a situação mudou, haja vista que também so-
mos cidadãos e temos o direito não somente de votar, mas
também de lutarmos por políticas públicas que valorizem
nossa cosmovisão.
A igreja é ainda vista por muitos como cabo eleito-
ral e por isso tem sido maliciosamente ludibriada. Falar
de política não deve ser algo pecaminoso para a igreja, afi-
nal, as leis que são aprovadas no congresso nacional po-
dem interferir tanto positivamente como negativamente
na igreja. Portanto, para que nós não venhamos sofrer as
consequências de sermos negligentes, devemos estar de
olho nas agendas políticas dos nossos candidatos.
As pautas como a liberdade religiosa, família
tradicional, a crença em Deus e a liberdade de expres-
são são valores que os cristãos autênticos defendem,
no entanto, pautas como aborto e ideologia de gênero
não nos representam. Sabemos que o único Messias da
igreja é Jesus Cristo, por isso jamais devemos confiar
na totalidade das palavras de qualquer político, a igreja
não tem ídolos políticos.
s
O objetivo principal da Suprema Corte é zelar
pela Constituição e interpretá-la fielmente como
os constituintes a redigiram, contudo, vale lem-
brar que muitas vezes o juiz precisará compreen-
s
der a presente realidade do anseio da sociedade,
Genildo Rodrigues 21
s
Capítulo 1
O que é Política?
22 - O Cristão e a Política
E
m breves palavras a política nada mais é do que a arte
de governar visando à realização da administração
pública para o bem comum de toda sociedade. A vida
em sociedade é feita a partir de políticas públicas se-
jam elas positivas ou negativas, no entanto, para que essa
sociedade seja próspera e mais igualitária é necessário ter
leis fortes e verdadeiras que realmente resguardem a famí-
lia, a vida, liberdade e a propriedade, por exemplo, o meio
fundamental para isso é através dos nossos representantes
eleitos democraticamente no parlamento. Segundo Prioli:
s
Capítulo 2
Relações do estado e o cidadão
36 - O Cristão e a Política
O
que é ser cidadão? Ou melhor, como um indivíduo
se torna cidadão na sociedade? Só entenderemos
o que é cidadania quando entendermos o que é ser
cidadão. A cidadania nada mais é do que o indiví-
duo exercendo o seu papel na sociedade (cidade); é a ad-
ministração da cidade. A cidade é um conglomerado de
pessoas que precisa de regras de convívio. Diria que isso
parte do princípio de moral e dignidade como nos mos-
tra as Escrituras quando Deus coloca Adão e Eva no Jar-
dim do Éden. Eis ali a primeira sociedade Familiar com
sua responsabilidade de administrar a criação de Deus.
Cada sociedade tem suas maneiras, ou seja, suas leis
para classificar o modo necessário de se tornar um cidadão
da cidade, do estado e do país. Não basta apenas nascer den-
tro de um país para ser considerado um cidadão da nação.
O processo de cidadania vai depender das normas da nação
a qual o indivíduo nasceu, é por isso que, todos os estados
brasileiros precisam da burocracia do cartório — registro —
para poder declarar não somente o nascimento, mas tam-
bém a morte do indivíduo. É necessário entendermos que
antes do atual “Estado Moderno” que conhecemos, existia
um tipo de sociedade bem diferente da nossa. O grande ju-
rista e filósofo italiano Norberto Bobbio, por exemplo, vai
dizer no livro organizado por José Fernandez, — Norberto
Bobbio: O filósofo e a política “[...] que Aristóteles definiu
— três formas típicas de — Kratos — poder — com base no
grupo ao qual se aplicam: o poder do pai sobre os filhos, do senhor
sobre os escravos e do governante sobre os governados”.
É a partir dessas categorias de poder, em especial do
“poder do pai”, que iremos começar a entender sobre a for-
mação do cidadão e o seu pertencimento no núcleo familiar,
no clã, na cidade, para que dessa forma possamos entender
o cidadão e a sua responsabilidade na sociedade moderna.
Genildo Rodrigues 37
Na era primitiva — outra sociedade — era o pai, ou me-
lhor, existia um patriarca que nos dava o sentimento de per-
tencimento de algo maior, algo além de nós mesmo, em outras
palavras, além do indivíduo. Esse patriarca criava suas regras
e leis para proteção de seu clã ou de sua sociedade; neste clã
todos tinham que fazer sua parte para que a prosperidade e a
segurança permanecessem. Cada clã tinha seu processo para
que o indivíduo após o nascimento se tornasse um verdadei-
ro cidadão dessa comunidade — os judeus, neste caso, Israel,
por exemplo, era necessário que toda criança homem, passas-
se pela circuncisão para que a partir dela ele tivesse o direito
de ser considerado um descendente desse clã, que futuramen-
te seria uma grande nação. No entanto, é necessário lembrar
que ser descendente, ou melhor, ter nacionalidade não torna
por si só à pessoa como um autêntico cidadão da comunida-
de, mas antes é necessário obedecer às leis que constituem as
regras e costumes desta nação, que no caso de Israel a princí-
pio seria a Torá. Em resumo, para se tornar um verdadeiro ci-
dadão da cultura, em outras palavras, da sociedade de Israel,
era necessário ser circuncidado (seja o israelita de nascimen-
to ou estrangeiro) e ser obediente à constituição dessa nação.
Era justamente isso que dava a segurança de pertencimento de
cidadão desta nação; é à força desse pertencimento da comu-
nidade que levava o cidadão a defender a família que perten-
cia, seus amigos, seus vizinhos e sua comunidade. Durante o
domínio da cristandade, ou melhor, da cultura católica, antes
da reforma protestante, o indivíduo de qualquer sociedade
controlada pelo poder da igreja no Ocidente tinha seu perten-
cimento, quero dizer, o título de cidadão na hora do batismo
e perante o juramento dos pais a Santa Igreja e ao soberano
rei escolhido pelo clero. Após a queda do absolutismo assim
como a perda do poder papal, ou melhor, do poder da igreja em
ditar as regras do Estado natural, os revolucionários do libera-
lismo deram um novo sentido de pertencimento à sociedade.
38 - O Cristão e a Política
A partir do século XVIII as nações baseadas em seus
ideais liberais, já que agora existe a separação da cristanda-
de da política, eles irão criar leis, neste caso, constituições
positivistas ou leis comuns para dizer como os indivíduos
poderão ser classificados como cidadãos de nação. A socie-
dade moderna, iluminista, irá trabalhar agora em sua maio-
ria com o pensamento do contrato social, onde o indivíduo
não tem pertencimento em si, mas sim o coletivo. Enquanto
antes a sociedade começava pela família, ou seja, pela auto-
ridade da tradição da família, do clã, agora esse sentimento
de pertencimento dependerá unicamente do Estado. É bem
verdade que nações como EUA e Inglaterra farão as suas de-
terminadas constituições a partir do olhar especial na pes-
soa do indivíduo e de como esse indivíduo deve manter sua
relação para com o próximo e com sua comunidade.
No entanto, seja na sociedade do contrato social, ou
nos acordos em comum, ambos precisam obedecer às leis,
pois caso contrário será considerado um malfeitor, rebelde
ou até mesmo um terrorista. Ambos os sistemas vão pre-
cisar da burocracia do Estado para fazer o registro de per-
tencimento do cidadão, pois caso contrário, o indivíduo não
poderá ser considerado cidadão, neste caso refiro-me aos do-
cumentos pessoais de cada cidadão.
No cenário atual em especial no Brasil, basta apenas
nossos pais nos registrarem no cartório após o nascimen-
to que passamos a ser considerados cidadãos brasileiros.
Hoje não é a família ou a igreja que nos dá o sentimento
de pertencimento à sociedade, mas sim o Estado mediante
sua constituição federal, assim como as demais leis que são
submissas à constituição federal. Se porventura uma pessoa
nasce e não é registrada no cartório, tal indivíduo não pode
ser considerado um cidadão legal, ou seja, ele não tem os
mesmos direitos dos demais indivíduos registrados no car-
tório, assim como os verdadeiros pagadores de impostos.
Genildo Rodrigues 39
Quando não se acha, por exemplo, os documentos de deter-
minado indivíduo que morreu (morador de rua) ele é enter-
rado como indigente, como alguém sem pertencimento.
Além do registro de nascimento, o título de eleitor é
fundamental na vida dos cidadão, haja vista que é mediante
o — título de eleitor — que o indivíduo tem a oportuni-
dade de eleger seus representantes, afinal as leis nada mais
são do que o reflexo de nosso voto. Não podemos negar que
durante o início da democracia grega e da administração da
esfera pública, apenas homens com boa formação intelectual
e com vocação para vida pública tinham o direito ao voto —
mulheres, escravos, crianças, criminosos e até comerciantes
não era permitido — , assim como a liberdade de participar
das decisões da melhoria da sociedade. Com o tempo o voto
se tornou universal, quis dizer, um direito para todos os ci-
dadãos que esteja em perfeita integridade com a legislação
eleitoral, neste caso, escrevo sobre o Brasil.
Em síntese, ser cidadão é ser alguém que pertence
à determinada comunidade, que como tal deve respeitar as
leis vigentes desta nação, assim como também respeitar a
cultura da nação a que pertence. Caso o cidadão viole as leis
dessa sociedade, sejam elas tributárias, de trânsito, civil ou
penal, o mesmo deve ser punido e se for necessário excluído
por tempo determinado para o bem dos demais membros
dessa sociedade.
Para finalizar essa parte, gostaria dizer que o Estado
brasileiro é laico, no entanto, alguns políticos e juízes brasi-
leiros queriam um Estado ateu, ou seja, laicista. O laicismo é
uma doutrina ou ideologia que prega a não intervenção das
organizações religiosas em instituições políticas e sociais,
assim como também não usar o discurso baseado na fé em
questões públicas. É também uma doutrina que não aceita
que uma pessoa possa comentar ou de ter uma opinião no
cenário público mediante sua fé religiosa. O Brasil, no en-
40 - O Cristão e a Política
tanto, é laico, não tem uma religião oficial. Porém, a nossa
“Constituição Federal” não priva as pessoas de manifesta-
rem sua fé e muito menos de expressar sua fé e filosofia de
vida — A Constituição Federal, no artigo 5.º, VI:
s
Capítulo 3
As revoluções: industrial,
socialista, cultural e sexual
44 - O Cristão e a Política
O
que é a revolução? Bem, ao longo do tempo muitos
ideólogos têm manifestado esse desejo revolucioná-
rio. O escritor José Osvaldo de Meira Penna em seu
livro — o espírito das revoluções, vai dizer que ela é
um mito — o Mito da Revolução existe como arquétipo di-
nâmico de transformação violenta, quaisquer que sejam os
objetivos políticos ou sociais dos revolucionários.
Dessa forma podemos ter uma noção que a revolução
sempre veio para derrubar aquilo que já estava firmado e es-
tabelecido. Há revoluções de todos os tipos, sejam as revo-
luções políticas, sociais, indústrias, científicas, econômicas,
espirituais e culturais. Essas revoluções podem ser internas
ou externas dependendo da necessidade de qualquer opres-
sor revolucionário que está querendo implantar ou modifi-
car. A revolução sempre será um conceito moral, haja vista
ser necessário fazer um juízo de valores sobre os fatos pre-
sentes ou abstratos na visão do ideólogo. Certa vez o filósofo
liberal brasileiro Antônio Paim disse que “a verdadeira revo-
lução só se configura como tal na medida em que responde
a alterações substanciais na base moral da sociedade”, como
disse anteriormente. Às revoluções na França, na Rússia,
na China, em Paris (1968), Cuba e no Chile atualmente, por
exemplo, tinham e ainda têm como objetivo a modificação
de toda a estrutura organizada da sociedade. É a luta cons-
tante contra a cultura do absolutismo, do clero, do capitalis-
mo e da burguesia, ou seja, contra a cultura judaico-cristã.
De fato, os revolucionários jamais irão querer preser-
var algo do passado, pois segundo os iluminados, o passado
é opressor, é atrasado e precisa ser eliminado, não importa
se essa iluminação seja mediante o consenso de todos ou na
base da violência e do terrorismo. Como dizia o conservador
Russell Kirk: “— A ideologia é a doença, não a cura. Todas
as ideologias, incluindo a ideologia da Voz do Povo a Voz de
Deus, são hostis à permanência da ordem, da liberdade e da
Genildo Rodrigues 45
justiça. A ideologia é a política da irracionalidade apaixona-
da”. Não tem como falar sobre revolução, sem mencionar o
pivô de todas as revoluções que conhecemos.
A revolução francesa que deu início em 1778 pela
burguesia contra o absolutismo monárquico e o clero religio-
so é fundamental para entendermos essa questão. Podemos
dizer que existem três fases na revolução francesa: nobreza,
liberal e jacobina. Vale também ressaltar que a derrubada da
prisão da Bastilha e libertação do filósofo libertino Marquês
de Sade foi uma demonstração clara do início, por assim di-
zer, da revolução cultural iniciada na França.
A nobreza lutava pelo desejo de ter mais participação
nas questões públicas do Estado absolutista, não era contra
a monarquia para derrubá-la, mas apenas acreditava que o
rei não tinha mais condições de guiar a nação sozinha; todos
queriam lucrar com o Estado.
Os liberais almejavam que todos tivessem os mes-
mos direitos fundamentais para existência humana, como
o direito à vida, à propriedade privada e a segurança, po-
rém, com um Estado assistencialista. A partir dos liberais
com seus ideais que vai surgir a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão.
Os radicais jacobinos que já estavam no movimen-
to liberal perceberam que nem todos (girondinos) visavam
derrubar o sistema opressor da monarquia e do clero, mas
apenas criar alguns limites necessários. Por este motivo
procuravam se manifestar contra a mudança moderada dos
liberais. Os radicais jacobinos tomaram a frente da revolu-
ção, seguindo de forma radical os pensamentos de Rousseau
sobre o “homem é bom, mas a sociedade que o corrompe”.
Eles decidiram que deveriam derrubar a monarquia e o cle-
ro, com isso aboliu o Estado da monarquia e o poderio do
clero em ditar a moralidade. No princípio a objetividade era
eliminar tão somente na guilhotina os defensores da mo-
46 - O Cristão e a Política
narquia absolutista e do clero: nobres, sacerdotes católicos
(havia também alguns protestantes) e qualquer um que fos-
se contrário à revolução. Tudo era necessário em nome da
liberdade, igualdade e fraternidade. Mas depois com o andar
da carruagem da revolução controlada pelos jacobinos, não
seriam só os traidores da revolução que devia morrer, mas
também todas as pessoas que não estivessem felizes e entu-
siasmadas com a revolução. Vale lembrar que o rei Luís XVI
e a rainha Maria Antonieta foram executados em 1793. Para
muitos historiadores, Robespierre foi o grande agitador do
caos e do horror por trás da revolução dos jacobinos, é tão
tal que o terror só acabou com a prisão e execução dele em
1794. Napoleão foi outra peça fundamental, mas isso leva-
ria muito tempo para explicar, o importante é sabermos que
ele conseguiu irritar o clero da igreja, pois diminuiu muito
o poder da igreja; Napoleão também promoveu um grande
crescimento na área da educação e estendeu a igualdade pe-
rante a lei nos lugares que conquistou. Em resumo é a partir
da revolução francesa que surge o termo direita e esquerda:
direita para os apoiadores da monarquia e do clero; esquerda
para os apoiadores das ideias liberais e revolucionárias. Mas
o tempo irá fazer com que esses termos sejam modificados
de acordo com seus países.
É interessante fazer uma simples observação antes
de continuar sobre as revoluções, que a igreja e muito me-
nos a cristandade é contrária à dignidade da existência hu-
mana, assim como da justiça social, mas sim, contrária aos
abusos que muitos comentem com o discurso em favor aos
pobres. Na perspectiva bíblica, tanto o rico como o pobre
têm o mesmo valor diante de Deus e como tal devem viver
para glória de Deus. Às Escrituras Sagradas deixa claro que
devemos voluntariamente suprir a necessidade dos mais
necessitados, haja vista que o Senhor Deus: defende a cau-
sa do órfão e da viúva e ama o estrangeiro, provendo-lhe
Genildo Rodrigues 47
alimento e vestimenta. Portanto, amareis o estrangeiro,
porque fostes igualmente peregrinos na terra do Egito(-
Deuteronômio, 10.18-19)”; no entanto, o Senhor também
diz que sempre vai existe pobre enquanto estivermos neste
mundo e por isso é necessário fazermos caridade, e não o
Estado apropriar da propriedade privada (meios de produ-
ção) do indivíduo para que dessa forma possa administrar
a distribuição de renda – “Nunca deixará de haver pobres
na terra; é por este motivo que te ordeno: abre a mão em
favor do teu irmão, tanto para o pobre como para o neces-
sitado de sua terra! (Deuteronômio, 15).
A revolução industrial mudou a vida das pessoas. O
filho do pequeno burguês (aquele que morava na cidade) ob-
servou que parte da população precisava de determinados
produtos, no entanto, os pequenos comerciantes só produ-
ziam o necessário para seu sustento, para as trocas necessá-
rias de alguns produtos entre si e por último para atender
alguma encomenda feita por um cliente local. O pessoal do
campo sabia produzir, haja vista que tinham talentos em
suas áreas específicas, mas não observavam a necessidade
da criação de uma grande indústria onde pudessem agregar
vários tipos de trabalhadores com a mesma profissão para
produção em massa. Lógico que, com um surgimento de algo
assim, seria necessário a divisão do trabalho, afinal era ne-
cessário ter várias funções nesta nova formação e percepção
de maneira de trabalhar. A industrialização criou a produção
em massa do necessário, assim também do não necessário.
Em alguns anos ela conseguiu substituir grande
parte da produção caseira. Inesperadamente, esse sistema
econômico poderia produzir mais bens do que a população
poderia consumir. Era necessário mudar o hábito das pesso-
as para elas adquirirem mais e mais. O desejo da sociedade
em comprar ou trocar o básico deveria agora mudar para o
tudo, ou seja, o excesso e o extravagante. Valores morais e
48 - O Cristão e a Política
econômicos, por exemplo, foram modificados. A própria ins-
tituição da família (tradicional) teve sua visão de mundo
modificada de cima para baixo e vice-versa, pois com a ne-
cessidade da transportação da grande indústria do campo
para a cidade, gerou uma necessidade maior da população
abandonar a vida no campo (as áreas rurais) para viver na ci-
dade, que se tornará em Metrópoles. Com a vinda da família
para cidade, geralmente o chefe familiar via a necessidade de
trabalhar um pouco mais para ter um lucro melhor e assim
poder dar uma vida melhor para seus filhos e sua esposa. É
bem verdade que outros tinham o desejo de abandonar aque-
les casamentos indesejados — casamentos feitos por acordo
familiares; por violar a inocência da moça e etc.; queriam
desfrutar de suas vidas de modo semelhante aos livros proi-
bidos por falarem de libertinagem (ou escutou alguém dizer
em sua grande maioria na juventude). A autoridade do pai e
da mãe nos lares começou a perder seu valor e importância,
afinal a cidade estava dando, em outras palavras, oferecendo
um novo sentido de pertencimento para o indivíduo familiar.
A questão de respeito, admiração e dignidade foi invertida
para muitas famílias, no entanto, os cristãos protestantes
em especial continuarão preservando os valores morais bí-
blicos e da tradição recebida por seus ancestrais. Outra coisa
importante de se observar é que existiu um aumento signifi-
cativo de pessoas em situação de miséria, afinal, com o acu-
mulado de pessoas nas cidades logo as indústrias não terão
empregos necessários para grande parte dessa população
que veio do campo. Dessa forma muitos vão viver as margens
da sociedade em situação caótica, onde existe: fome, violên-
cia, roubo, prostituição, doença, peste e toda espécie de ma-
lignidade. Lógico que, não podemos negar que a revolução
industrial tirou milhões de pessoas da miséria e da fome, no
entanto, a natureza corrupta do homem sabe sempre reve-
lar o lado ruim e oportunista em todas as áreas humanas.
Genildo Rodrigues 49
Tanto hoje como antes o — marketing — das propa-
gandas nos ensina, ou melhor, nos manipula a desejar o que
antes não tínhamos o mínimo desejo de possuir. O engraça-
do é que sempre vai existir um novo produto supostamente
melhor do que aquele que acabamos de adquirir. A vida de
um consumista é uma vida de constante insatisfação, afinal
as propagandas sempre oferecem algo novo e desnecessário
para preencher o nosso vazio. O triste é saber que produzi-
mos alimentos suficientes para toda população mundial, “28
julho 2021, o mundo produz alimento suficiente para alimen-
tar toda população humana. Ainda assim, de acordo com o
relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no
Mundo, um décimo da população global — até 811 milhões
de pessoas — estava desnutrida em 2020, um aumento de
118 milhões em relação a 2019 ” - mesmo assim, o órgão da
ONU no Brasil diz que ainda existem mais 814 milhões de
pessoas desnutridas por causa da fome no mundo em 2020.
O culpado de essas pessoas passarem fome não é do capita-
lismo como dizem os socialistas, mas sim, da natureza má
do ser humano; o socialismo produziu bilhões de pessoas
passando fome ao longo da história e milhões de mortes.
A propaganda capitalista selvagem do individualismo radi-
cal tem tão somente se aproveitado dessas pessoas egoístas
que preferem jogar comida fora e continuar comprando do
que não precisa. Sabemos que a fome, assim como a seca, no
presente século, por exemplo, são geralmente causadas por
desejos ligados ao individualismo radical de vários empre-
sários e políticos que querem apenas lucrar. Na verdade, es-
ses indivíduos não passam de parasitas que estão destruin-
do o nosso ecossistema e prejudicando milhares de vidas. É
por causa dessa situação cruel no mundo que é necessário
o cristão divulgar a consciência cristã para o mundo, pois
somente o evangelho tem o poder de influenciar o mundo
para a criação de instituições filantrópicas, para caridade in-
50 - O Cristão e a Política
dividual, para que dessa forma venhamos verdadeiramente
demonstrar nosso amor pelo próximo.
Em resumo, quero afirmar que a revolução industrial
foi necessária, mas não devemos jamais esquecer que ela
também prejudicou muitas pessoas, assim como melhorou
a vida de milhares. O pobre de hoje no Brasil em sua maioria
tem uma vida muito melhor do que há uns 20 anos atrás, no
entanto, não devemos dizer que tudo está perfeito, haja vis-
ta que a ideologia consumista está aí para continuar fazendo
seu trabalho de destruição.
s
Capítulo 4
As visões políticas:
direita e esquerda
62 - O Cristão e a Política
S
erá que realmente existe uma verdadeira direita
orgânica no Brasil? É sobre isso que em poucas pa-
lavras humildemente gostaria de escrever. O Bra-
sil, ao contrário de outros países como Inglaterra
e França, não tem um histórico de lutas políticas nestes
dois blocos (direita e esquerda). A política brasileira sem-
pre foi oportuna e pluralista; na independência era uma
mistura de conservadorismo e liberais, e não de direita e
esquerda como conhecemos.
Não têm como querer relacionar a visão política, por
exemplo, de José Bonifácio com a direita ou com o libera-
lismo econômico de hoje no Brasil, na verdade, tudo não
passaria de um anacronismo político tupiniquim. Na inde-
pendência o que estava em jogo era a construção do Brasil
e sua libertação das amarras do poder de Portugal, e dessa
forma, todos os políticos da época queriam sua parte, sejam
os conservadores ou os liberais. Vale lembrar que, a luta fi-
cou muito tempo presa na questão do escravismo brasileiro
e sua cultura nefasta do lucro desenfreado com essa burocra-
cia que parasita nossos impostos sem nos dar nenhum re-
torno satisfatório. No período da proclamação da república,
por exemplo, existia o pensamento do positivismo político
herdado através do filósofo Auguste Comte (científico) que
tinha defensores no conservadorismo como no liberalismo
(progressismo francês, porém não à esquerda como conhece-
mos). No Estado Novo do fascista Getúlio Vargas é que co-
meçará a se revelar fortemente essa pluralidade entre direita
e esquerda, porém é a esquerda que vai se destacar com seus
pensamentos revolucionários inspirados pela revolução rus-
sa. No entanto, a direita brasileira na minha opinião só ficou
no papel, pois, na prática, todos no poder foram defensores
do Estado como defensores da mudança cultural.
Alguns dizem que iremos ter uma verdadeira dife-
renciação de direita e esquerda a partir da década de 1960,
Genildo Rodrigues 63
onde a esquerda revolucionária se revela de forma clara com
a bandeira do comunismo em prol da ditadura do proletaria-
do (lembrando que desde a década de 1920 já existia uma es-
querda marxista em progresso no Brasil.) A favor da reforma
agrária, contra a propriedade privada, pela abolição da famí-
lia tradicional e da moralidade judaico-cristã. O regime civil
militar parecia que seria um governo baseada em uma direi-
ta conservadora contra o comunismo de João Goulart e Leo-
nel Brizola, porém o positivismo militar abafou pensadores
como o historiador Gilberto Freyre; o economista Roberto
Campos que não se considerava conservador, mas apenas
como um liberal (lembrando que Campos foi ministro) en-
tre outros da suposta direita. Após a restauração da suposta
(sou cético) democracia, a esquerda gramscista (PSDB, FHC),
trotskista (MP, PCB, PCdoB, PT) e lenistas (Lula, Brizola) era
o pensamento dominante tanto na questão política como na
questão intelectual e cultural. Na verdade, ficou muito claro
na mente dos brasileiros que no período do regime civil-mi-
litar a esquerda não lutava por uma liberdade democrática,
mas sim, pela ditadura do proletariado.
O liberalismo econômico sempre esteve nos dois
lados, haja vista que o capitalismo que sempre existiu aqui
no Brasil foi mais baseado no lucro do que na questão social,
infelizmente. Contudo o liberalismo clássico sempre esteve
baseado no sentimento da filantropia humana, onde é fun-
damental a preservação da dignidade da pessoa e jamais a
exploração do seu semelhante. Acredito que poucos foram
os verdadeiros intelectuais do liberalismo clássicos na eco-
nomia brasileira (José Osvaldo Penna, Antônio Paim e Ro-
berto Campos) com um olhar tanto para o lado econômico,
social e moral. Olhando desta forma é complicado dizer que
realmente exista uma sólida direita no Brasil. Creio que tal-
vez estamos na construção dessa Nova Direita; o Bolsona-
ro, na minha humilde opinião não é de direita, mas sim um
64 - O Cristão e a Política
cidadão que defende ou parece defender alguns valores da
direita conservadora e dos liberais clássicos. Mas quem sabe
se daqui há alguns anos não iremos ter uma direita forte e
verdadeira no Brasil. Por enquanto o que temos são políticos
que hoje usam a bandeira da direita, ou melhor, do conser-
vadorismo e do cristianismo tradicional. Deus, Família tra-
dicional e patriotismo sempre serão símbolos no conserva-
dorismo, porém não quer dizer que realmente isso seja um
pensamento de direita, afinal, na hora da guerra, todos os
lados correm em busca desse lema no Brasil, vão até a mis-
sa. Outra questão importante a ser observada no Brasil é o
fascismo. Ultimamente parece ter se tornado algo comum
e leviano chamar as pessoas de fascista, basta alguém não
concordar com a visão do outro para que seja considerado
um fascista. Mas na verdade o que é ser um fascista?
Historicamente o pensamento fascista começa a apa-
recer no início do século XX na Itália, Alemanha e na Espa-
nha. Os fascistas mais famosos da história é o ex-socialista
marxista e inimigo declarado do liberalismo clássico Benito
Mussolini, que criou o Estado fascista italiano entre 1919-
1944 e o fracassado pintor, cabo Adolf Hitler, que fundou o
nazismo (Nacional Socialismo dos trabalhadores alemães),
ou seja, o Estado nazista entre 1933-1945 na Alemanha.
Ambos foram ditadores sanguinários que acreditavam que
eram os verdadeiros defensores do novo mundo e herdeiros
do cesariano, em outras palavras, se achavam imperadores
do mundo, assim como os imperadores romanos.
Ambos defendiam um sistema de governo autoritário
e totalitário, neste sistema o poder do Estado estava centra-
do neles, ou seja, eles se auto intitulavam como autoridade
suprema da nação; eram os grandes líderes que deveria ser
reverenciados, venerados, haja vista que eles acreditavam
serem os grandes heróis de suas nações. É importante lem-
brar que em todo Estado autoritário e totalitário existe uma
Genildo Rodrigues 65
espécie de doutrinação na mente dos cidadãos, onde eles ab-
sorvem a ideia do líder máximo como algo tão verdadeiro
como natural.
Em um Estado fascista, não existe liberdade individu-
al, liberdade religiosa e comercial, afinal tudo é administra-
do e guiado pelo grande líder, o indivíduo não existe, o que
existe é o coletivo do Estado fascista. Não é atoa que cristãos
autênticos, liberais econômicos, conservadores e críticos
do fascismo foram perseguidos e mortos pelo Estado. Ainda
existe um grande debate sobre o viés do fascismo, se ele é de
origem da direita ou da esquerda. Na minha humilde opinião
não existe dúvida que o pensamento coletivista do fascismo
se iguala ao comunismo representado na Rússia de Stalin e
até mesmo na Cuba de Fidel Castro, no entanto, outros irão
dizer que tal pensamento pelo militarismo se encaixa me-
lhor nos regimes militares de direita; Hitler, por exemplo,
não chegou ao poder mediante a violência ou por um golpe
de Estado, pelo contrário, ele foi escolhido pelo povo para
governar a nação alemã.
Bem, com a relativização do nome fascista, os es-
querdistas brasileiros e mundiais começaram a dizer que
qualquer um que se diz ser defensor da família tradicional;
do cristianismo (bíblico); da tradição judaico-cristã; da eco-
nomia de mercado; da liberdade religiosa; da liberdade de
expressão e do patriotismo é digno de ser classificado como
o maior fascista intolerante que esse mundo já conheceu.
Porém, essas pautas não são defendidas por nenhum fascis-
ta. Na verdade o cristão que defende tais bandeiras está dan-
do uma demonstração clara que é contra o fascismo, mesmo
que ele não saiba o que o fascismo signifique. O escritor Ge-
orge Orwell disse que em sua época os esquerdistas gosta-
vam de usar esse termo para xingarem seus adversários.
66 - O Cristão e a Política
Como já escrevi o fascismo, na verdade, é defensor do
Estado totalitário e autoritário onde o líder é o grande se-
nhor que deve ser adorado. Uma das características básicas
do verdadeiro fascista é querer toda atenção e adoração para
ele. Na mente do fascista a crítica negativa ou positiva não
pode existir, haja vista que ele é o grande líder infalível; o
grande estrategista militar e cultural. Seu objetivo é sempre
deixar o povo em plena devoção à guerra; o amor à família
ou a Deus não pode ser maior que o amor por ele.
No Brasil tivemos um presidente fascista com um pé
quase no nazismo, Getúlio Vargas. Ele amava ser reveren-
ciado pelas classes populares como pai dos pobres, afinal ele
conseguiu praticamente legalizar a escravidão no Brasil me-
diante a criação do salário-mínimo. A CLT criada por Vargas
no “Estado Novo” não passa de uma imitação da “Carta Dele
Lavaro” reformista da Itália fascista de Benito Mussolini.
No Brasil, iremos ver que os direitos sociais para
o trabalhador foram criados com a condição do não aten-
dimento das reivindicações civis e políticas, mas sim para
fazer com que os trabalhadores e sindicatos se tornassem
massa de manobra das articulações governamentais. Os tra-
balhadores não tinham direito de escolher seus sindicatos,
mas o Estado que escolhia. O imposto sindical, criado em
1940, foi um instrumento de financiamento dos sindicatos
e de seu atrelamento ao Estado, como no governo petista.
Por ser obrigatório, terminou criando um fundo público de
utilização “privada” por parte do Estado e dos seus parasitas
corruptos. Alguns acreditam que é a partir daí que vai sair o
jeitinho de financiar campanhas eleitorais.
O professor de direito Vilmar Rocha, por exemplo,
vai dizer que “Estavam dadas as condições para a utilização
privado-corporativa do dinheiro dos contribuintes/trabalha-
dores, que pagavam, então, por sua subordinação/ incorpo-
ração ao aparelho do Estado. Neste sentido, financiavam a
Genildo Rodrigues 67
própria servidão. Em linguagem popular, poder-se-ia dizer
que a servidão foi o preço pago para ter a barriga cheia”. Não
podemos esquecer que a censura e a perseguição fez parte do
Estado Novo de Getúlio.
Na verdade, o nazismo, comunismo e fascismo são fru-
tos da doutrina socialista de Karl Marx e da filósofa Rosa
Luxemburgo. Não se engane Hitler, Lenin, Stalin, Benito
Mussolini, Mao e os amigos de Lula, Fidel Castro e Nicolau
Maduro, são todos filhos do socialismo, uma visão sangui-
nária dos maiores parasitas (capitalismo) e preguiçoso de
todos os tempos, Karl Marx e Engel. Vale lembrar que Marx
acreditava que o socialismo é a superação do capitalismo e
da tradição judaico-cristã, o comunismo seria a consumação
final de harmonia e bem-estar social no mundo.
A esquerda brasileira, por exemplo, gosta de acusar
o presidente atual do Brasil de fascista, porém idolatram
o maior fascista que esse país já conheceu: Getúlio Vargas.
Vargas criou em 1939, o DIP, órgão destinado a censura no
Brasil e ainda entregou Olga Benário Preste para alegrar o
coração do genocida e doente mental do fascista Hitler; Var-
gas queria apoiar os nazistas na Segunda Guerra Mundial,
só não continuou apoiado por pressão do nosso glorioso
exército brasileiro, pois caso contrário estaríamos em situ-
ação complicada com a nossa história.
Nunca devemos esquecer que os esquerdistas sempre
gostaram de acusar os outros (demais) daquilo que eles fa-
zem; a dialética marxista é um câncer para intelectualidade
mundial. Marx e seus pupilos conseguiram disturbar o pen-
samento dialético de Hegel e tornar ele na aberração do ma-
terialismo científico da diarreia marxista. Todos os políticos
com viés fascista tem algo em comum: o populismo.
Com a palavra, Vilmar Rocha, no seu livro “o fascí-
nio do neopopulismo”: “O populismo tem como primeira ca-
racterística apoiar-se em líderes messiânicos, carismáticos,
68 - O Cristão e a Política
que, pelo uso da palavra e da demagogia, estabelecem uma
relação direta com as massas, relação essa que prescinde de
qualquer mediação parlamentar, representativa. Lula apre-
senta-se, frequentemente, como um líder apoiado no caris-
ma, que teria a função de salvar os trabalhadores e os que
vivem na miséria. Esses traços são nítidos em seu discurso
quando sugere, inclusive, que a história e o processo políti-
co brasileiro começaram com ele. Ao utilizar frases do tipo:
“Nunca neste país...” “Pela primeira vez neste país...”, ele dei-
xa clara sua pretensão messiânica”. (ROCHA, 2006. p. 119).
Genildo Rodrigues 69
s
Capítulo 5
O que seria ser de direita ou
conservador?
70 - O Cristão e a Política
A
direita é mais conhecida no mundo pelo seu lado mais
conservador. Mas o que é ser um conservador? O fi-
lósofo católico inglês Roger Scruton expressou bem o
que é ser conservador: — Ser conservador é uma ma-
neira distinta de ser humano, e em todas as esferas da vida o
temperamento conservador se afirmou: arte, música, litera-
tura, ciência e religião. O conservadorismo é uma rica fonte
de reflexão sobre a ordem política.
É bem verdade que ser de direita ou conservador hoje
em nosso país é a mesma coisa que ser classificado como ho-
mofóbico, fascista, intolerante, machista, racista, preconcei-
tuoso e muitos outros adjetivos. Na verdade, o conservador
é alguém que respeita a ética, a arte, a cultura (a boa e verda-
deira tradição dos nossos antepassados) que respeita e dig-
nifica a sociedade que vivemos. Uma explicação boa também
sobre essa visão é a do conservador Michael Oakeshott em
seu livro — conservadorismo:
s
Capítulo 6
A influência do marxismo
revolucionário na igreja
82 - O Cristão e a Política
P
odemos ver a influência do marxismo mesmo dentro
do cristianismo, como a teologia da libertação e a te-
ologia da missão integral. A — práxis libertadora de
Jesus de Nazaré (pensamento materialista) na visão
da Teologia da libertação e da ecologia espiritualista não
passa de um engodo dentro da cristandade. Outra doutrina
que é um câncer dentro da igreja é a teologia da missão in-
tegral (Renê Padilha) ambas as teologias veem a igreja como
uma espécie de militante política contra a opressão da bur-
guesia sobre os menos favorecidos, e se for necessário mui-
tos desses ideólogos pegam até armas em nome da revolu-
ção. É lamentável que poucos padres e pastores combatam
a influência distorcida do marxismo sobre a pessoa de Cristo
dentro dos seminários. Para os tais Jesus não passa de um
revolucionário socialista como: Karl Marx e Che-Guevara. É
uma blasfêmia fazer tal comparação! Como sempre, o teólo-
go marxista da causa da libertação, Leonardo Boff e as femi-
nistas estão juntos nessa causa do culto a Gaia (mãe terra).
A teologia da libertação tem uma visão errônea
sobre o Cristo crucificado, assim como as feministas com
a espiritualidade da Nova Era. Geralmente esses ideólo-
gos fazem uma separação do Jesus de Nazaré revolucio-
nário e do Jesus Cristo com a missão de perdoar pecados,
é como se existissem duas pessoas distintas. Essa heresia
é chamada teologicamente de adocionismo desenvolvida
no século II por Teódoto de Bizâncio. Teódoto via Jesus
como um homem perfeito, mas não Divino, somente após
o batismo que ele se tornará o Cristo na visão do herege
Teódoto. A visão dos pastores e padres que defendem essa
visão tem como pano de fundo o Jesus que lutava pela
libertação dos pobres e marginalizados, e contra o impe-
rialismo romano e a elite judaica.
Baseada nesta narrativa fantasiosa, eles chegam a di-
zer que os pobres de hoje têm muitas faces que Jesus de Na-
Genildo Rodrigues 83
zaré defende, por exemplo, a face dos adúlteros, da homos-
sexualidade, do lesbianismo, da mulher com uma gravidez
indesejada, dos ladrões e etc. No entanto, em nome do amor,
você não verá em nenhum momento o abandono do pecado
ser mencionado pelos teóricos do caos e da hermenêutica
bizarra sobre a pessoa de Cristo. É necessário combatermos
essas aberrações teológicas dentro da igreja de Cristo.
É de ficar espantado que na atualidade haja cristãos
defendendo comunismo e socialismo como se essas ideo-
logias fossem os representantes do evangelho de Cristo;
eles usam geralmente “Atos 2 e 5” como exemplos para o
socialismo cristão. Tal hermenêutica é apoiada por pessoas
que não têm nenhum compromisso sério com o evangelho
e com o período bíblico.
A Teologia da Missão Integral é outra problemática
dentro do seio teológico da igreja. Fruto de uma visão de
amor além do que Jesus revelou nas Escrituras, os ideó-
logos da missão integral acreditam que a missão da igreja
está além da questão espiritual e da filantropia (caridade
e fraternidade). Os tais defendem uma releitura das es-
crituras, ou seja, uma atualização das passagens bíblicas,
onde as parábolas de Jesus se tornam uma luta de resis-
tência contra o poder opressor da elite religiosa dominante
judaica e do imperialismo romano. É bem verdade que no
princípio a missão integral tinha o desejo de ajudar o outro
sem se importar com a questão da politicagem e da luta
de classe, afinal, tudo era por pura vontade de participar
das feridas sofridas do próximo. Parece até algo místico e
na verdade é o que tudo indica, no entanto, essa condição
mística, se tornou algo muito mais que holística e mística
na hermenêutica do evangelho de Cristo. Se tornou algo
utópico e distópico ao mesmo tempo.
O teólogo argentino Renê Padilha, um dos principais
nomes da TMI conhecido no Brasil, escreveu em seu livro
84 - O Cristão e a Política
“Missão Integral” que, “nem a interpretação nem a co-
municação do Evangelho se realizam no vazio; realizam-
-se num contexto cultural e são por ele condicionado”, ou
seja, é necessário uma atualização da leitura para nos-
sa realidade da luta pelos oprimidos em pró do reino de
paz e igualdade na terra. A missão principal da igreja se
converter em lutar em favor dos marginalizados e dos
oprimidos do mundo, essa visão se tornará algo seme-
lhante com a teologia da libertação. No seu livro “O Que
é Missão Integral?”, Padilha escreveu – “afirmamos
que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Por-
tanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e
pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela li-
bertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque
a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa,
sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe so-
cial, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em
razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explo-
rada. Aqui também nos arrependemos de nossa negli-
gência e de termos algumas vezes considerado a evange-
lização e atividade social mutuamente exclusivas”, com
essa posição começaremos a perceber que a perspectiva
dele sobre a missão evangelística da igreja, ou seja, da
Grande Comissão de Jesus em “Mateus, 28. 18-20: En-
tão, Jesus aproximando-se deles lhes assegurou: “Toda
a autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto,
ide e fazei com que todos os povos da terra se tornem
discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo; ensinando-os a obedecer a tudo quanto
vos tenho ordenado. E assim, Eu estarei permanente-
mente convosco, até o fim dos tempos.” Se transforma
em pleno ativismo político, econômico e social – a luta
de classe é agora a nova missão da igreja. A visão da
TMI vai se transformar em uma espécie de missão pro-
Genildo Rodrigues 85
gressista na cabeça dos pastores Ariovaldo Ramos e Ed
René. Ambos pastores são favoráveis a uma releitura
das escrituras, haja vista que eles são de certa forma à
favor do aborto, das pautas LGBTq+, ou seja, do casa-
mento homoafetivo, lógico que tudo em nome do amor
ao próximo, a igreja inclusiva. A visão sociopolítica
desses teólogos é mais favorável às pautas iluminista e
esquerdista do que realmente ao evangelho de Cristo.
Cristo se tornou agora para eles o grande defensor dos
pobres (lembrando que os pobres têm várias faces para
esse movimento) ao estilo de Karl Marx, haja vista que
é necessário combater o sistema capitalista burguês
opressor e o pensamento fundamentalista cristão.
Concluo escrevendo que a Teologia da Libertação e da
Missão Integral não passam de teorias militantes da esquer-
da marxista infiltradas nas igrejas; a proposta pode até ser
convidativa, afinal todos querem ver a terra se tornando um
núcleo de paz universal. No entanto o materialismo históri-
co, não conseguiu e jamais conseguirá criar uma comunida-
de global com perfeita igualdade, liberdade e fraternidade,
haja vista que a natureza má do homem sempre correrá para
a maldade. Às vezes parece que esses ideólogos se esquecem
de países como Coréia do Norte, China, Bolívia, Venezuela
e Cuba, como exemplos de perseguição contra o evangelho
autêntico de Cristo. Não têm como o cristão defender Jesus
Cristo como um revolucionário.
Os discípulos de Cristo não são militantes revolucio-
nários que precisam lutar para mudar a ordem, os costumes
e a economia neoliberal. Jesus não representa a luta de clas-
se entre opressor e os oprimidos.
86 - O Cristão e a Política
s
Conclusão
Porque os governantes não podem ser motivo de
temor para os que praticam o bem, mas para os
que fazem o mal. Não queres sentir-se ameaça-
do pela autoridade? Faze o bem, e ela te honrará.
Pois ela serve a Deus para o teu bem. Mas, se fi-
zerdes o mal, teme, pois não é sem razão que traz
a espada. É serva de Deus, agente da justiça para
punir quem pratica o mal. (Romanos, 13,3-4).
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