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Genildo Rodrigues 1

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Ficha Elaborada pela Grammata Publicações)

Antônio Carlos Rodrigues, Genildo.


G331o O Cristão e a Política/ Genildo A. C.
Rodrigues. – Suzano, SP: Grammata Publicações, 2022.
92 p. : 14 x 21 cm

Inclui bibliografia
ISBN 978-65-88085-59-2

1. Política. 2. Jurídico.
3. Cidadania. 4. Política e cidadania
I. Título.
CDD 261.7
GENILDO ANTÔNIO CARLOS RODRIGUES

O Cristão e a Política
1ª EDIÇÃO

Suzano / SP
Grammata Publicações
2022
O CRISTÃO E A
POLÍTICA
Suzano, SP / 2022
Genildo Antônio Carlos
Rodrigues Categoria: Bíblia /
Cristianismo / Jurídico /
Coordenação Editorial: Teologia / Cidadania / Política
Professor Jean Carlos
Todos os direitos reservados
Capa: em Língua Portuguesa por
Lêda Santos Genildo Antônio Carlos
Thays Lopes Rodrigues

Diagramação: É expressamente proibida


Marcelo Lamba a reprodução total ou
Professor Jean Carlos parcial deste livro, por
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978-65-88085-59-2 mencionado.
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Todas as citações bíblicas
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Corrigida.

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Genildo Rodrigues 5

Sumário
Agradecimento - 7
Prefácio - 12
Introdução - 17

Capítulo 1
O que é Política? - 21

Capítulo 2
Relações do estado e o cidadão - 35

Capítulo 3
As revoluções: industrial, socialista, cultural e sexual - 43

Capítulo 4
As visões políticas: direita e esquerda - 61

Capítulo 5
O que seria ser de direita ou conservador? - 69

O que vem a ser o pensamento esquerdista ou de


esquerda? - 71

Capítulo 6
A influência do marxismo na igreja - 89

Conclusão - 86
Referências bibliográficas - 91
s
O que significa política? A palavra política pode significar
o conhecimento, a participação, a defesa e a gestão da
polis (Cidade- Estado, na Grécia) ou pode ser entendida
como a Ciência da organização social, da administração
de um município, estado ou nação; daquilo que é público1.

s
Aldo Moraes
Genildo Rodrigues 7

s
Agradecimento

E
u começarei agradecendo primeiramente a Deus
que me deu a maravilhosa oportunidade de conhe-
cer e de compreender um pouco do nosso tempo
presente. Acredito piamente que tudo que apren-
demos e entendemos é fruto unicamente do dom de Deus,
somente a Ele devemos tributar honra e glória para todo
sempre. Neste espírito de gratidão que afirmo o quanto
sou feliz por todos os diálogos, por cada dedicação nos
estudos, por ter a oportunidade debater com pessoas que
muito me edificaram e contribuíram para o meu entendi-
mento sobre a real situação de nosso país.
A presente obra é fruto desses encontros magní-
ficos, sejam de forma remota ou presencialmente. Quero
agradecer a meu amigo e irmão Yuke que tanto tem con-
tribuído para o meu aprendizado ao longo de nossa amiza-
de, nossas conversas extraordinárias sempre me levando
a refletir melhor sobre vários assuntos. Não posso deixar
de mencionar a motivação que você me deu para que essa
obra fosse lançada, haja vista que tudo aqui escrito pra-
ticamente começou a ser sistematizado pelo seu convite
para palestra em sua cidade e igreja.
Não posso deixar também de citar o meu amigo
e irmão Mendes, alguém que converso bastante sobre
o cenário atual da política brasileira e sua influência
no seio da igreja; Mendes tem sido um amigo bastante
participativo também nesta obra, na verdade acredito
que ele conhece muito mais do assunto do que a minha
8 - O Cristão e a Política
pessoa. Também sou grato a Deus pela vida dos meus
pastores Silony e Joaquim, ambos homens que tem sido
benção de Deus na minha vida. O pastor e advogado
Joaquim é a pessoa que geralmente vou ao seu encon-
tro para tratar, ou melhor, tirar dúvidas jurídicas sobre
vários assuntos no campo do direito.
O pastor Silony é um amigo de vários anos,
obrigado por sua amizade e por seus sábios conselhos.
Agradeço também pela vida do presbítero João, um
homem verdadeiramente paciente e bondoso, afinal
várias vezes conversamos sobre Cristo e a política bra-
sileira. A ideia primordial de colocar minhas reflexões
políticas e teológicas em uma publicação foi do meu
filho Mikael, era ele que ficava o tempo todo dizendo
que esse texto – na época escrevendo para ministrar
em uma palestra sobre “o cristão e a política” na cida-
de de Morrinhos GO–, seria o livro do papai.
Agradeço a Deus todos os dias pela vida do meu
filho, ele é um dos motivos principais desta obra, pois a
semente que plantamos hoje, servirá de frutos e sombra
para nossos filhos no amanhã, não tão distante assim.
Existem muitas pessoas queridas que fizeram parte da
história desse livro, evangelista Valdiney, presbítero Cé-
sar, no entanto não poderei mencionar todas, afinal, não
teria espaço. Porém, existe alguém que não poderia deixar
de ressaltar, na verdade, ela só vai ler essa parte quando o
livro for publicado. Esse alguém é a minha eterna e linda
princesa Aline Meiriany, agradeço a Deus por colocar você
em minha vida, meu amor, você sempre acreditou mais
em mim do que eu mesmo. Aline esse livro eu dedico a
você e a nosso filho Mikael, amo vocês!
E por último, quero agradecer a Deus pela sua
vida querido [a] leitor [a] por também fazer parte des-
Genildo Rodrigues 9
sa obra, afinal meu objetivo é ajudar você entender
que precisamos influenciar a cultura atual mediante o
evangelho de Cristo.
Boa leitura!
Genildo Rodrigues, casado com Aline e pai do Mikael.
Serve ao Senhor como evangelista na AD Missão, Goiânia
GO, CADESGO, teólogo e atua como professor de teologia
.
10 - O Cristão e a Política

s
Apresentação

É
com imensa gratidão e responsabilidade que rece-
bo do amigo de longas datas Genildo Rodrigues o
convite de fazer a apresentação dessa singular obra
literária, conheci o então jovem promissor no ano
de 2005 vindo do estado de Pernambuco para cidade de
Goiânia/GO e desde então construímos uma amizade que
com certeza durará pelo resto de nossas vidas, o que con-
cordamos em termos de variados assuntos é maior do que
aquilo que discordamos, sou grato a Deus pelas longas
conversas que já tivemos e pelo muito que tenho aprendi-
do ao longo desses anos.
O Irmão Genildo, como carinhosamente e respeito-
samente o trato, é um marido exemplar, um pai cuidadoso
e comprometido com a educação cristã de seu filho, todos
que o conhece nota que ele é um estudioso e incansável
leitor, tem uma mente privilegiada é apaixonado pelo en-
sino das Sagradas Escrituras.
O escritor Genildo Rodrigues ao escrever o livro O
CRISTÃO E A POLÍTICA, apresenta esta obra como um
alerta para as Igrejas Evangélicas do Brasil, traz um escla-
recimento de forma clara que o cristão tem um lado certo
para se posicionar politicamente e porque não dizer tam-
bém socialmente, haja vista que esta singular obra abran-
ge temas de relevância nesses aspectos.
Esta obra elucida ao cidadão que é cristão o de-
ver urgente de conhecer a política e de não ser facil-
Genildo Rodrigues 11
mente aliançado com posicionamentos anti-bíblicos
ou simplesmente negligentes deixando outros deci-
direm o nosso destino.
Parabenizo ao escritor Genildo Rodrigues por esse
livro e espero que o mesmo contribua para edificação e co-
nhecimento de todos que o lerem.
Pr. Silony Rodrigues – Bacharel em Ciências Contábeis,
Bacharel em Teologia Livre, Graduado em Teologia pela
Faculdade Teológica Batista de Brasília – FTBB, Pós-Gra-
duado em Contabilidade do Terceiro Setor, Pós-Graduado
em Psicopedagogia Institucional e Clínica.
12 - O Cristão e a Política

s
Prefácio

S
enti-me lisonjeado e simultâneo preocupado quan-
do fui convidado a prefaciar esse livro, a lisonjeia se
deve ao fato de participar da realização do sonho do
autor que é um amigo muito especial e preocupado
por entender ser um assunto que tenho pouco conheci-
mento. Creio que isso seja de algum modo providencial,
no sentido de que para prefaciar, acabei tendo o privilégio
de ler a obra e ser ensinado por ela, e creio que o leitor
igualmente se alegrará lendo-a.
Partindo de uma realidade onde o autor reconhe-
ce as dificuldades históricas dos cristãos protestantes de
lidarem com a política, Genildo Antônio, procura alertar
sobre a necessidade destes se envolverem, mas não de
uma forma atabalhoada e ignorante, mas com conheci-
mento e moderação, seu alerta se fundamenta tendo em
conta a forte propaganda ideológica feita pelos partidos e
ideólogos progressistas que preenchem as grandes mídias
e se valem do insaciável ativismo judicial, promovido pelo
Supremo Tribunal Federal, para conseguir seus intentos,
mudar a cultura e os valores tradicionais dos brasileiros
por força da lei, não por meio de uma mudança gradati-
va e progressiva da sociedade, ou seja, esses grupos que,
segundo o autor, se dizem democráticos, não respeitam
a vontade popular no que tange aos valores tradicionais
da maioria da população, como por exemplo, a defesa da
família tradicional. O livro, que pode ser visto como um
Genildo Rodrigues 13
manual introdutório sobre política, foi escrito de forma
didática e simples, podendo ser usado e lido tanto por lei-
gos quanto por um especialista no assunto. Desse modo,
objetivando esse alcance maior, o autor, no primeiro capí-
tulo, se propõe a conceituar termos básicos, porém impor-
tantes para o entendimento geral do livro e ele faz isso de
um modo interessante se valendo tanto de teóricos clás-
sicos como modernos e de espectros políticos diferentes,
enriquecendo o texto e valorizando leitor.
Ainda nesse capítulo, ao retratar sobre a triparti-
ção do poder, o autor faz críticas contundentes ao assa-
nhamento do judiciário e a leniência do legislativo que se
furta de sua função constitucional de criar leis e de ser-
vir de contrapeso de outros poderes. No segundo capítu-
lo, seguindo a sua didática de conceituação e explicação,
Genildo Antonio fala sobre a relação nem sempre pacífica
entre o estado e o cidadão. Ele fundamenta sua explicação
a partir da primeira sociedade familiar, o casal Adão e Eva,
que sintetizam as obrigações e condições para que um in-
divíduo seja considerado cidadão.
Há no capítulo uma brilhante interação entre a bí-
blia, a sociedade antiga e as contemporânea e a exigência
que cada uma delas impõe aos indivíduos em seus territó-
rios. Ele faz um apanhado histórico que permite ao leitor
analisar importantes observações e comparações entre o
Brasil e alguns países do ocidente, não para menosprezar
um em relação ao outro, mas para que o leitor possa pen-
sar em soluções mais aplicáveis a relação brasileira, bem
como identificar pontos onde o ordenamento jurídico e
social brasileiro pode melhorar.
Seguidamente, no capítulo quatro, o autor se pro-
põe a falar sobre as revoluções, a Industrial, a socialista e
a sexual, não sem antes conceituar cada uma delas. A fra-
14 - O Cristão e a Política
se “os revolucionários jamais irão querer preservar algo do
passado, pois segundo os iluminados, o passado é opressor,
é atrasado e precisa ser eliminado”, é chocante e resume
brilhantemente aquilo que o autor pretende, no entanto,
particularmente entendo que, como Chesterton, há as-
pectos bons em algumas revoluções. No entanto, a ideia
do autor é sobre como esse rejeitar tudo em nome de um
novo e desconhecido pode ser perigoso, pois os revolucio-
nários, tende a ignorar que suas perspectivas políticas e
ideológicas não são inéditas na história da humanidade.
O Genildo é muito feliz quando advoga que a fé
cristã é vanguardista na defesa da dignidade humana e
dos direitos dos menos favorecidos e de todos os homens,
mas alerta para que não se cometa desumanidades em
nome dos direitos humanos, o que seria uma contradição
lógica, no entanto, para o autor parece que os progressis-
tas assim procedem.
Como o público alvo da obra são os cristãos, o au-
tor dedica de forma bem explicativa, boa parte do capítu-
lo para falar da revolução russa e seus desdobramentos,
ele o faz por entender que essa revolução ainda conti-
nua vigente em nossos dias numa perspectiva cultural.
Os últimos capítulos são destinados à definição o que
seria esquerda e direita no aspecto político, como fez
em outras partes o autor começa com a definição clássica
para depois particularizar na realidade brasileira, isso é
fundamental, porque os termos tende a variar um pouco
de país a país, ou de tempos em tempos, posto isso ele
faz um belo alerta aos cristãos brasileiros, mas seu alerta
serve a todos os cristãos, porque todos são dirigidos por
uma mesma lei a bíblia sagrada.
Recomendo enfaticamente esse livro a todos os
irmãos em Cristo, como diz a bíblia “o meu povo perece
Genildo Rodrigues 15
por falta de conhecimento”, é bem verdade que o texto
bíblico aponta para o conhecimento de Deus e de sua
palavra, mas conhecer o tempo em que vivemos tam-
bém faz parte de nossa vocação. Afinal Deus nos cha-
mou para falar a geração presente e não para a que pas-
sou. Então leia o livro, conheça um pouco sobre política
e dialogue com o nosso tempo.
Mendes Gimo,
Graduado Em Ciências Pedagógicas e Professor de Teolo-
gia e do curso de Formação de Obreiros Da Assembleia de
Deus - Fama, Goiânia GO
16 - O Cristão e a Política

s
Recomendação

A
obra o Cristão e a Política é fruto de uma palestra
que ocorreu na cidade de Morrinhos / GO, acompa-
nhei de perto a construção de cada parágrafo, e pos-
so atestar que é oriunda de muita reflexão e estudo;
Genildo Rodrigues sem dúvida é um grande estudioso, e
isso será demonstrado na obra que têm em mãos. É um
livro simples, ou seja, descomplicado, sem ser simplista.
O autor entra na causa raiz de muitas questões que per-
meiam o seio da igreja, de forma cirúrgica e precisa. Além
de ter competência para comentar sobre a área política,
sua aptidão abarca as áreas da Teologia. É possível per-
ceber nas primeiras linhas a forma fluída que se discorre
o assunto, de forma lógica e concisa; certamente, o leitor
não tem como fechar o livro sem compreender o pensa-
mento do autor.
Yuke Yhen Duarte, graduando em História pela UEG de
Morrinhos/ GO, Formado em Gestão Ambiental pela
UniCerrado - Goiatuba/ GO; além de ser um estudioso
autodidata de Teologia.
Genildo Rodrigues 17

Introdução
O
cristão não está à margem da sociedade e
como cidadão ele deve participar da vida
política, afinal somos partes da “polis”,
por outro lado, não podemos negar que
muitos dos nossos antepassados costumeira-
mente demonizavam a política, afirmando que os
cristãos não deveriam se envolver e muito menos
participar dela. No entanto, devido aos avanços de
políticas progressistas e ateístas que afetam dire-
tamente a cosmovisão cristã, os cristãos têm despertado
para as pautas que envolvem o legislativo brasileiro.
A cultura judaico-cristã no Brasil está sob ataque!
Vivemos tempos difíceis em nossa querida pátria, a moral
e os bons costumes têm sido atacados severamente.
O cristianismo tradicional no Brasil tem sido ataca-
do de todas as formas por seguimentos de ideologia de es-
querda radical e progressista (partidos políticos como PT e
PSOL) onde de todas as maneiras tem tentado subjugar a
população á aceitar ideologias como de gênero, linguagem
neutra, regulamentação das drogas (Estado), assim como
a sexualização de crianças e a orientação sexual nas esco-
las públicas e privadas; a legalização do aborto é um tema
corriqueiro no Brasil e uma vez ou outra volta à tona no
cenário político. Os cristãos e demais membros de outras
religiões, assim como alguns ateístas conservadores por
não apoiarem essas ideias são considerados como: homo-
fóbicos, machistas, xenofóbicos, atrasados, reacionários,
extremistas e preconceituosos.
18 - O Cristão e a Política
Existem dois termos hoje que os famosos toleran-
tes da pluralidade gostam de usar contra aqueles que dis-
cordarem de suas visões bizarras: fascistas e nazistas. Es-
ses rótulos são aplicados de forma errônea pelos supostos
militantes da tolerância, afinal eles querem de toda ma-
neira injetar essas perspectivas nefastas e perversas na
sociedade brasileira, que é considerada majoritariamente
conservadora na questão dos costumes e valores. Os ideó-
logos políticos e ativistas têm tentado mediante o Supre-
mo Tribunal Federal (STF) obrigar a população a aceitar
todas as suas pautas ideológicas. Por tanto, é fundamen-
tal que a população brasileira, em particular os cristãos,
haja vista que estes são defensores da moralidade judaico-
-cristã, começarem a se manifestarem contrários a esses
projetos cujo objetivo é mudar a tradição brasileira (cultu-
ra) que de forma pragmática sempre funcionou ao longo
dos séculos. Não sou contrário às mudanças, porém que
elas aconteçam de forma gradativa e progressiva, sendo
testada e aprovada ao longo do tempo; defendo que o Es-
tado não deva determinar suas normas opressivas na vida
privada de seus cidadãos.
Jamais podemos nos esquecer que em uma so-
ciedade democrática, o voto tem o poder de intervir
nestas questões culturais, afinal o candidato eleito
pela nossa escolha popular, será nosso representan-
te no congresso nacional e no senado federal. Deve-
mos proteger, por exemplo, a família tradicional, não
deixando que ideologias perniciosas venham destruir
– os valores morais que foram passados ao longo dos
séculos – a tradição judaico-cristã.
Durante muito tempo os evangélicos foram prati-
camente excluídos da política brasileira, ninguém antes
dava muito crédito para os cristãos em geral e os valores
Genildo Rodrigues 19
morais defendidos pelos cristãos conservadores eram des-
prezados. Para alguns políticos, por exemplo, os eleitores
evangélicos eram tidos como ignorantes e que não deve-
riam jamais se envolver na política.
Observe o nível de discriminação religiosa e social
contra os evangélicos de diversos vieses no Brasil. Pois
bem! Agora a situação mudou, haja vista que também so-
mos cidadãos e temos o direito não somente de votar, mas
também de lutarmos por políticas públicas que valorizem
nossa cosmovisão.
A igreja é ainda vista por muitos como cabo eleito-
ral e por isso tem sido maliciosamente ludibriada. Falar
de política não deve ser algo pecaminoso para a igreja, afi-
nal, as leis que são aprovadas no congresso nacional po-
dem interferir tanto positivamente como negativamente
na igreja. Portanto, para que nós não venhamos sofrer as
consequências de sermos negligentes, devemos estar de
olho nas agendas políticas dos nossos candidatos.
As pautas como a liberdade religiosa, família
tradicional, a crença em Deus e a liberdade de expres-
são são valores que os cristãos autênticos defendem,
no entanto, pautas como aborto e ideologia de gênero
não nos representam. Sabemos que o único Messias da
igreja é Jesus Cristo, por isso jamais devemos confiar
na totalidade das palavras de qualquer político, a igreja
não tem ídolos políticos.
s
O objetivo principal da Suprema Corte é zelar
pela Constituição e interpretá-la fielmente como
os constituintes a redigiram, contudo, vale lem-
brar que muitas vezes o juiz precisará compreen-

s
der a presente realidade do anseio da sociedade,
Genildo Rodrigues 21

s
Capítulo 1
O que é Política?
22 - O Cristão e a Política

E
m breves palavras a política nada mais é do que a arte
de governar visando à realização da administração
pública para o bem comum de toda sociedade. A vida
em sociedade é feita a partir de políticas públicas se-
jam elas positivas ou negativas, no entanto, para que essa
sociedade seja próspera e mais igualitária é necessário ter
leis fortes e verdadeiras que realmente resguardem a famí-
lia, a vida, liberdade e a propriedade, por exemplo, o meio
fundamental para isso é através dos nossos representantes
eleitos democraticamente no parlamento. Segundo Prioli:

[...] política tem a ver com o modo como nos or-


ganizamos quanto sociedade – uma noção que
está embutida na própria palavra. Pólis é um ter-
mo grego que significa cidade. Essa concepção
original, a palavra se referia tanto espaço central
cidade-estado grega, onde estavam instaladas
as instituições políticas e administrativa quanto
ao corpo de cidadãos de determinadas cidades.

Para que haja uma boa gestão é necessário que os


governantes estabeleçam princípios para o bem-comum,
por exemplo, a educação precisa atender não somente a
classes altas como também as classes mais baixas, não ne-
cessariamente pelo poder do Estado, mas em parceria en-
tre setor público e privado. Lógico que esse projeto de edu-
cação não deve interferir nos valores morais aprendidos
pelo aluno no seio familiar. Para o jurista Norberto Bob-
bio toda a ação política deveria ser para o bem social, seja
para o indivíduo, como também para o coletivo, em outras
palavras, todos devem ser beneficiados na ação política.
Existem vários tipos de governo político, Aristó-
teles em particular cita alguns: democracia, monarquia,
aristocracia e etc. Na democracia o povo se reunia em
Genildo Rodrigues 23
assembleia para manifestar a sua voz, os seus desejos e
petições; é nela onde parte da sociedade organizada tem
a liberdade de expressar tudo àquilo que lhe convém. Na
democracia o governo não começa de cima / governan-
te, mas debaixo / população; o governo não representa
seus ideais, mas os ideais de seus eleitores. Na monarquia
a lei está sob a tutela especialmente do monarca (rei), é
ele mediante o seus ministros escolhidos que irá ditar as
normas do governo, exemplo, estilo de educação, estilo
econômico, e segurança pública. Na aristocracia é uma
elite de pensadores - iluminados da minoria da popula-
ção que irão planejar a forma de governo, são eles que de-
terminarão o que é necessário para as massas. Na aristo-
cracia assim como na monarquia absolutista a população
não tem liberdade em escolher suas questões sociais. No
entanto, é necessário lembrar que existe também dentro
da monarquia o pensamento de uma monarquia regida
por uma constituição federal onde existe um parlamento
que representa a sociedade, no Brasil, por exemplo, teve
durante a regência de Dom Pedro I e II o sistema da mo-
narquia constitucional, onde o imperador de certa forma
era submisso à constituição.
De acordo com Montesquieu em seu livro “Espírito
das Leis”, ele classifica que é necessário em um Estado
existir três poderes: executivo, legislativo e judiciário. A
função do executivo é administrar as questões públicas,
o legislativo é onde se cria as leis que regem o Estado de
direito, o judiciário tem a função tanto de julgar quanto
de condenar ou absolver de acordo com a lei em vigor no
país. Mas o que é o Estado? O Estado refere-se a qualquer
país soberano, com estrutura própria e politicamente or-
ganizada, bem como designa o conjunto das instituições
que controlam e administram uma nação. Conforme cita
Adam Smith em A Riqueza das Nações:
24 - O Cristão e a Política
Todo homem, enquanto não violar as leis da
justiça, tem total liberdade de ir em busca de
seu interesse próprio, como bem entender, ex-
pondo seu trabalho e seu capital à concorrên-
cia aberta com os de qualquer outra pessoa ou
categoria. O soberano (Estado) tem apenas
três deveres de grande relevância, por certo,
mas simples e inteligíveis ao entendimento co-
mum: primeiro, o dever de proteger a socieda-
de contra a violência interna e a invasão exter-
na; segundo, o dever de proteger, sempre que
possível, cada membro da sociedade contra a
injustiça e a opressão de qualquer outro mem-
bro, isto é, dever de implantar uma administra-
ção judicial exata; E, terceiro, o dever de criar e
manter certas obras e instituições públicas, que
nunca poderão priorizar o interesse de nenhum
indivíduo em particular, ou pequeno número
de indivíduos; pois o lucro jamais poderia com-
pensar algum indivíduo ou grupo de indivídu-
os, embora possa, com frequência, fazer muito
mais do que retorná-lo a uma grande sociedade.

Uma leitura cuidadosa em Smith4 constataremos


que ele jamais apoiaria qualquer barbárie social cometida
por um Estado tirânico, afinal, seus livros foram escritos
para combater filosoficamente qualquer exploração frené-
tica dos ricos sobre os pobres pelo poder do Estado. O fi-
lósofo Adam Smith foi um grande defensor da distribuição
de riqueza para as causas sociais, por isso é importante ler
seus livros clássicos “Teoria dos Sentimentos” e “A riqueza
das nações” para entendermos que Smith jamais defendeu
ou teve uma despreocupação com as questões sociais, afinal,
o Estado tem uma função importante na visão do filósofo.
Genildo Rodrigues 25
Em riqueza das nações Smith escreveu “Nenhuma sociedade
(Estado) pode florescer e ser feliz caso a maioria de seus mem-
bros sejam pobres e miseráveis”.
Trata-se de reconhecer igualmente o direito de cada
um, além disso, Smith diz que “aqueles que alimentam, ves-
tem e dão moradia a grande parte da população detém parte
do produto de seu próprio trabalho para ter mais do que o bá-
sico de alimentação, roupa e moradia”.
Simpatia era o lema de Smith, por tais sentimentos,
nos dá o prazer em ajudar e cuidar um dos outros em uma
sociedade próspera e rica. Os valores morais são indispensá-
veis na visão econômica de Adam Smith, a responsabilidade
do indivíduo e do Estado é fundamental para a distribuição
de riqueza e bem-estar social.
O Estado Brasileiro tem no mínimo quatro órgãos
fundamentais, sendo estes: executivo, legislativo, judiciá-
rio, e a burocracia.
A função do executivo é administrar as ques-
tões públicas, sancionar leis ou vetá-las, como também
representar a soberania nacional diante das demais na-
ções do mundo. É mediante aos projetos do governo
eleito o executivo (prefeitos, governadores e presiden-
te) que desenvolverá suas políticas públicas: economia
(liberal ou socialista), educação, saúde, segurança pú-
blica, infraestrutura, assim como à cultura, por exem-
plo. Em parceria (não em corrupção) com o legislativo,
o executivo pode aprovar projetos de leis, no entanto,
por si mesmo o executivo no presidencialismo consti-
tucional, por exemplo, não tem poder para criar leis,
antes manda projetos de leis, MP e PEC para serem
analisados e debatidos no legislativo. É necessário que
o governo constitucionalista, neste caso o executivo,
tenha uma base forte de parlamentares no legislativo
para que com isso seus projetos sejam aprovados.
26 - O Cristão e a Política
Por sermos uma nação constituída sob o império da
lei, o legislativo — Câmara e Senado — é fundamental na
sociedade democrática. É a lei que regula a sociedade, por
isso Davi Lago, mestre em Teoria do Direito diz que ela “es-
tabelece limites, ordenanças, permissões, proibições e san-
ções”. Dessa forma entendemos que nenhuma sociedade
consegue existir sem o espírito das leis como dizia o filósofo
Montesquieu; nenhuma nação poderá se proteger interna e
externamente sem um ordenamento jurídico que atenda a
realidade de sua nação.
É por isso que o legislativo tem como uma das suas
funções criar leis para atender o anseio do bem-comum da
população, é bem verdade, que muitas vezes os represen-
tantes do povo colocam suas pautas acima da população;
porém, a população pode se manifestar contra as atitudes
descabidas dos tais parlamentares. O parlamentar, seja ve-
reador, deputado e senador têm por finalidade criar leis que
venham melhorar a situação de seus municípios, estados e
Distrito Federal. É no parlamento, ou seja, no legislativo
que se criam leis tributárias, trabalhistas, administrativas,
penais, civis, eleitorais, etc. Dependendo de quem coloca-
mos lá, a sociedade poderá crescer ou diminuir economica-
mente e socialmente. Com a objetividade de entendermos
melhor a importância da eleição de um candidato para o
legislativo, quero compartilhar convosco um projeto de lei
que está em tramitação no legislativo enquanto estou es-
crevendo esse simples texto.
O projeto da “lei das Fake News” ou mais conheci-
do por parte da população brasileira como “a lei da mordaça
da liberdade de expressão nas redes sociais e da opinião públi-
ca”. O famoso “inquérito do fim do mundo” nas palavras do
ex-ministro da Suprema Corte Marco Aurélio Mello. O in-
quérito das Fake News surgiu da imaginação iluminada do
então presidente do STF na época, ministro Dias Toffoli em
Genildo Rodrigues 27
“14/03/2019”, por meio da “Portaria GP n 69”, instaurou “o
inquérito policial 4.781”, cujo objeto é apurar crimes relacio-
nados com notícias fraudulentas, calúnias, ameaças... que
venha atingir a honra e a segurança do Supremo Tribunal
Federal, de seus membros e seus familiares. Em outras pa-
lavras, é para proteger os ministros de não serem criticados
pelo seu ativismo político.
O inquérito das Fake News, ou seja, O PL
2.630/2020: cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsa-
bilidade e Transparência na Internet, com normas para as
redes sociais e serviços de mensagem como WhatsApp e
Telegram. A intenção é evitar notícias falsas que possam
causar danos individuais ou coletivos e à democracia. Fon-
te: Agência Senado, 10/07/2022 —, na verdade, não passa
de uma perseguição ideológica, haja vista que ainda não
existe tal lei em nenhuma Constituição Federal no mundo.
O Senado e a Câmara têm a difícil missão em validar ou
invalidar esse projeto de lei que já tramita no legislativo.
É bem verdade que existem os excessos nas redes sociais,
porém é inválido ou injustificável querer monitorar a indi-
vidualidade e privacidade da população. Se a câmara dos
deputados e o senador aprovarem essa lei é uma prova que
o ministério da verdade do livro de George Orwell “1984”
era uma profecia distópica para o Brasil.
O Judiciário é um dos Poderes da União, ou seja,
do Estado, que também tem sua independência, no entanto,
deve relacionar de forma harmônica com os demais pode-
res. Sua principal função é aplicar as leis para resolver con-
flitos e garantir os direitos dos cidadãos fundamentados na
Constituição Federal e nas leis complementares. De acordo
com a Constituição Federal Brasileira, em seu 2º artigo, são
poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
28 - O Cristão e a Política
O poder judiciário é um dos três poderes do esta-
do brasileiro. O seu papel é julgar, de acordo com a lei, os
conflitos que surgirem na sociedade. Processos judiciais que
começam por iniciativa dos interessados. No judiciário o de-
sembargador é considerado um juiz de segunda instância,
sendo assim, ele é responsável por resolver os casos que não
foram solucionados pelo juiz de primeira instância ou quan-
do algum dos julgados não fica satisfeito com a sentença
dada em um tribunal. Ele tem o poder de revisar e modificar
as decisões. O Supremo Tribunal Federal (STF) é a instância
superior do Poder Judiciário e tem seu destaque dentro da
organização do Estado. Suas funções vão desde o controle
da constitucionalidade das leis brasileiras, como assumin-
do também o papel de guardião da CF/88; é dever da Corte
Suprema fazer o julgamento de crimes cometidos pelo Pre-
sidente da República caso o mesmo venha cometer algum
crime em seu mandato.
O objetivo principal da Suprema Corte é zelar pela
Constituição e interpretá-la fielmente como os constituintes
a redigiram, contudo, vale lembrar que muitas vezes o juiz
precisará compreender a presente realidade do anseio da so-
ciedade, não que a função do judiciário seja atender o anseio
presente da sociedade, no entanto, é necessário fazer algo
quando os parlamentares não responde a realidade presente
do povo; deve-se lembrar que nem sempre o juiz irá interpre-
tar a lei secamente e por isso será necessário está atento às
lacunas que exista na lei. É bem verdade que as lacunas pre-
sentes na lei, muitas vezes irão tentar seduzir o juiz para o ati-
vismo judiciário. É necessário que o parlamento tenha o má-
ximo de cuidado na elaboração da lei para não deixar brecha
para nenhum juiz aventureiro por suas ideologias abstratas.
Dessa forma é perigoso, quando um juiz tenta se co-
locar como o grande representante da minoria, por exemplo.
No Brasil ultimamente têm surgido um ativismo judiciário
Genildo Rodrigues 29
terrível, onde os direitos constitucionais têm sido usados
por alguns ministros como se fosse seu brinquedo. Esse ati-
vismo judiciário tem prejudicado a legislação brasileira. Se-
gundo o jurista Reis Friede: “[...] é perigoso quando um juiz
faz interpretação jurídica condizente com sua ideologia de
ser o justiceiro _ fora da lei objetivo”, e abraçado por uma her-
menêutica jurídica subjetiva que é baseada no revanchismo.
O direito alternativo tem levado os juízes brasileiros
a criarem decisões abstratas em seus julgamentos confor-
me o momento de sua fantasia intelectual. O falecido juris-
ta brasileiro Miguel Reale dizia sempre em suas aulas que
o direito “é uma proporção real e pessoal, de homem para
homem, que, conservada, conserva a sociedade; corrompi-
da, corrompe-a”. Em troca de miúdos, o direito tem como
fundamentação, a dignidade humana e jamais a perseguição
ideológica, pois no momento que alguém usa a lei para seus
benefícios próprios, ele automaticamente corrompe a socie-
dade. Vale ressaltar que o jurista e sociólogo alemão Rudolf
Von Ihering diz em seu livro clássico “A Luta Pelo Direito”
que “o objetivo do direito é a paz. A luta é o meio de consegui-
-la”. No momento em que o ministro Alexandre de Moraes
multou o advogado do deputado federal Daniel Silveira, por
tão somente achar que existe excesso na recorrência da defe-
sa da decisão judicial, demonstra um ataque crucial ao direi-
to constituído. Enquanto o direito tiver de repelir o ataque
causado pela injustiça, e isso durará enquanto o mundo es-
tiver de pé, ele não será poupado. É um direito fundamental
qualquer pessoa lutar pela sua liberdade caso o indivíduo se
julgue que está sendo penalizado ou perseguido por qual-
quer um dos três poderes da federação brasileira.
O jurista e economista Cesare Beccaria, por exemplo,
disse no seu livro “Dos Delitos e Das Penas, capítulo IV” que
na questão da interpretação das leis, o juiz não deve ser coa-
gido (seja externa ou interno), ou se quiser formular somen-
30 - O Cristão e a Política
te dois silogismos (a maior lei geral e a menor ação, confor-
me ou não à lei), à porta da incerteza estará aberta. O direito
alternativo é perigoso, pois em suma, ele abre a porta para o
juiz usar a constituição federal apenas como um manequim
baseado em seu estilo revolucionário ou reacionário.
Para finalizar essa parte sobre o judiciário e seu ati-
vismo, gostaria de narrar de uma forma simples como prova-
velmente um dos nossos ilustres ministros do STF tem visto
a democracia brasileira e seu Estado de Direito Democrático:

“No MAR chamado Brasil, existe um Tubarão


Branco que não respeita nem a terrível Baleia
Assassina — Constituição Federal. Vale lembrar
que segundo os biólogos a briga entre esses se-
res marinhos são raras, mesmo que caso venha
acontecer é a Baleia que ganha e dificilmente o
Tubarão. Porém, no mar chamado Brasil, o Tu-
barão Branco tem vencido todas as lutas, ou
seja, espancado a Baleia Assassina e de brinde
caiu devorando o frágil cardume Dani Silveira.
A liberdade de expressão, quis dizer, liberdade
de nadar neste mar, não é para todos, mas ape-
nas para os peixinhos coloridos de estimação do
grande tubarão branquinho. Para alguns peixi-
nhos comuns esse ‘tubarão branquinho’ deveria
ser tirado (Impeachment) democraticamente da
SUPREMA PISCINA do mar. Bem, os nossos no-
bres cardumes do legislativo marinho não têm
força ou mesmo vontade de destronar o preda-
dor em nome da Baleia Assassina do seu opres-
sor. O tubarão branquinho é o verdadeiro abusa-
do que ataca constantemente a nossa legislação
marítima, isso é um fato que nenhum peixe
pode negar. Qualquer peixe com uma compre-
Genildo Rodrigues 31
ensão básica de direito marítimo vai dizer que
tanto o Branquinho como o presidente do Re-
cife e os demais que o apoiam deveriam sofrer
Impeachment por defender a barbárie. Um tu-
barão novato, ou melhor, o mini tubarão-mar-
telo, foi o único que tentou resistir ao grande
tubarão branquinho. Porém, não teve nenhum
apoio dos demais tubarão-martelinhos do Aquá-
rio da Suprema Piscina. Esse ativismo marinho
tem envergonhado nossa Suprema PISCINA.
No momento foi o cardume Dani — que tem
imunidade marinha —, ou melhor, uma lagosta
como a velha imprensa gosta de dizer, porém,
amanhã, poderá ser qualquer um que venha a
criticar os iluminados da cidade de Atlântida”.

Bem, essa minha escrita é apenas uma simples his-


torinha imaginária, afinal a situação do ativismo está muito
maior no Brasil. Em uma verdadeira democracia sempre será
possível criticar a honrada jurisprudência de qualquer Cor-
te Suprema no mundo, em especial quando essa jurispru-
dência tenta censurar a população. O professor e advogado
Gustavo Binehbolm, escreve muito bem sobre essa questão
sobre a censura em seu livro “liberdade igual”: ‘em todos os
tempos e em todos os lugares, a censura jamais se apresenta
como instrumento do arbítrio , da intolerância ou do auto-
ritarismo. Ao contrário, ela costuma ser imposta em nome
da segurança nacional, da moral ou, quiçá, dá própria demo-
cracia. Como regra, a censura é um mal que busca travestir-
-se em sentenças ambíguas e de forte apelo populista’. Esse
ativismo judiciário tem uma semelhança muito grande com
o ministério da verdade do livro de George Owell “1984”, às
vezes me sinto igual ao Smith da ficção do livro, afinal o mi-
nistério da verdade controla também nossos pensamentos.
32 - O Cristão e a Política
Voltado para a estrutura do Estado, não podemos es-
quecer que entre o governo e Estado há ainda o outro compo-
nente da máquina pública: a burocracia. O deputado federal
Luiz Philippe Orleans e Bragança, disse, por exemplo, que o
Estado, o governo e a burocracia _ formam uma espécie de trin-
dade, a qual faz um país avançar ou permanecer no atraso. Os
impostos são necessários para manutenção do Estado e do seu
sistema burocrático, caso sobre alguma coisa, é que vai ser co-
locado para o bem social. A burocracia é algo importantíssimo,
haja vista que ela é a estrutura organizada do setor público,
exemplos, cartórios, fórum, DETRAN, Receita Federal e de-
mais órgãos públicos. Em resumo, é a instância que aplica as
regras estabelecidas pelo Estado de acordo com a constituição.
Ela é constituída de técnicos (nem sempre isso é verdadeiro)
que administram as diversas áreas do Estado. Muitos desses
técnicos, não são eleitos, mas sim nomeados pelo governo para
assumir cargos chaves para implementação de projetos do go-
verno. Lamentavelmente, a grande burocracia brasileira tem
sido uma das grandes culpadas da corrupção estatal do gover-
no federal, estadual e municipal. Muitos políticos usam o Esta-
do como propriedade deles (o clientelismo e patrimonialismo)
para enriquecimento ilícito.
Quando foi formada a República Moderna, neste caso,
o Estado Moderno, os seus cidadãos fundaram com base não
em um contrato social abstrato fora da realidade daquele povo,
mas sim baseado na sua cultura e tradição. Conforme cita o
conservador Russell Kirk:

[...] o governo representativo surgiu a partir da


reivindicação feita por donos de propriedade de
que tinham o direito de serem consultados pe-
las autoridades políticas caso suas proprieda-
des viessem a ser taxadas: essa foi a origem de
representação popular na Europa, e a câmara
dos comuns do Reino Unido. [...] o principal cla-
Genildo Rodrigues 33
mor dos patriotas consistia em reivindicar tan-
to nos Estados Unidos como na Inglaterra, três
direitos fundamentais: o direito à vida, o direi-
to à liberdade e o direito à propriedade privada.

O Estado mediante sua Constituição Federal necessita


garantir para o povo que abriu mão de parte de sua liberda-
de (soberania individual) direitos inalienáveis fundamentais
para sua subsistência como: o direito à vida, o direito à liber-
dade e o direito à propriedade privada, dentre outros. Desses
direitos surgirá a necessidade do Estado ser punitivo contra
os que vão contra esses valores do; será agora o Estado o gran-
de agente da justiça e da vingança e não mais o indivíduo.
É bem verdade que a Constituição Federal, por exemplo,
de 1988 — é baseada na visão do direito positivista de bem-es-
tar social e não na perspectiva do direito natural. Dessa forma,
independente de que estiver no governo, o Estado continuará
sendo um Estado coletivo de assistencialismo. É mediante o par-
lamento que o executivo e legislativo consegue alterar os arti-
gos da constituição federal, seja com relação à criação de emen-
das constitucionais ou na criação de uma nova lei para atender
o direito de seus cidadãos, ou na maioria das vezes para atender
privilégios de uma determinada minoria (ex.: cotas raciais, pri-
vilégios às mulheres) em detrimento da maioria. Neste Estado
moderno, a exemplo do Brasil, será necessário existir os órgãos
que garantam a segurança como a polícia militar, civil, federal e
as forças armadas. Essa força de segurança é um poder do Esta-
do onde quem administra é o executivo eleito pelo povo para o
seu bem-comum. Em síntese, o Estado é administrado de acor-
do com a agenda do governo representativo: liberal ou coletivo.
A sociedade coletiva (iluminismo revolucionário) é
fundada segundo ideias abstratas que muitas vezes fogem
da realidade da comunidade e da nação — os planejadores
iluminados na sociedade coletiva entendem que eles são os
verdadeiros arquétipos do bem comum (revolução francesa
34 - O Cristão e a Política
de 1789 pelos jacobinos mostrou bem o que é um Estado
coletivo e opressor). A democracia igualitária atual é seme-
lhante ao que registrou o historiador francês Tocqueville:

“[...] você é livre de não pensar como eu; sua


vida, seus bens, tudo lhe resta; mas a partir
deste dia você é um estrangeiro entre nós. Irá con-
servar seus privilégios na cidade, mas eles se tor-
narão inúteis, porque, eles não a darão, e mesmo
se você pedir apenas a estima deles, ainda assim
simularão recusá-la. Você permanecerá entre os
homens, mas perderá seus direitos à humanida-
de. Quando se aproximar de seus semelhantes,
eles fugirão de você como de um ser impuro, e
os que acreditarem em sua inocência, mesmo es-
tes o abandonarão, porque os outros fugiriam
dele por sua vez. Vá em paz, deixo-lhe a vida,
mas deixo-a pior, para você, do que a morte”.

Em contrapartida, na sociedade republicana base-


ada no Direito Natural, Lei Comum (liberalismo clássico
no EUA e na Inglaterra) onde se respeita a propriedade
privada, o direito à vida e à liberdade do indivíduo. As
normas serão baseadas no que há de comum entre os ci-
dadãos; às leis deverão respeitar as tradições e costumes
de cada povo, não se pode esquecer que durante todo esse
período o cristianismo sempre esteve presidente influen-
ciando a sociedade. Dessa forma a sociedade em si se
reunirá em reuniões nas assembleias, com o objetivo de
criarem suas leis com o objetivo de beneficiar cada cida-
dão. No Estado Moderno todos serão iguais perante a lei,
inclusive o soberano, no entanto, não quer dizer que os
resultados serão iguais, afinal cada um receberá de acor-
do com seu comportamento na sociedade; esse assunto
ainda irei voltar a tocar mais adiante.
Genildo Rodrigues 35

s
Capítulo 2
Relações do estado e o cidadão
36 - O Cristão e a Política

O
que é ser cidadão? Ou melhor, como um indivíduo
se torna cidadão na sociedade? Só entenderemos
o que é cidadania quando entendermos o que é ser
cidadão. A cidadania nada mais é do que o indiví-
duo exercendo o seu papel na sociedade (cidade); é a ad-
ministração da cidade. A cidade é um conglomerado de
pessoas que precisa de regras de convívio. Diria que isso
parte do princípio de moral e dignidade como nos mos-
tra as Escrituras quando Deus coloca Adão e Eva no Jar-
dim do Éden. Eis ali a primeira sociedade Familiar com
sua responsabilidade de administrar a criação de Deus.
Cada sociedade tem suas maneiras, ou seja, suas leis
para classificar o modo necessário de se tornar um cidadão
da cidade, do estado e do país. Não basta apenas nascer den-
tro de um país para ser considerado um cidadão da nação.
O processo de cidadania vai depender das normas da nação
a qual o indivíduo nasceu, é por isso que, todos os estados
brasileiros precisam da burocracia do cartório — registro —
para poder declarar não somente o nascimento, mas tam-
bém a morte do indivíduo. É necessário entendermos que
antes do atual “Estado Moderno” que conhecemos, existia
um tipo de sociedade bem diferente da nossa. O grande ju-
rista e filósofo italiano Norberto Bobbio, por exemplo, vai
dizer no livro organizado por José Fernandez, — Norberto
Bobbio: O filósofo e a política “[...] que Aristóteles definiu
— três formas típicas de — Kratos — poder — com base no
grupo ao qual se aplicam: o poder do pai sobre os filhos, do senhor
sobre os escravos e do governante sobre os governados”.
É a partir dessas categorias de poder, em especial do
“poder do pai”, que iremos começar a entender sobre a for-
mação do cidadão e o seu pertencimento no núcleo familiar,
no clã, na cidade, para que dessa forma possamos entender
o cidadão e a sua responsabilidade na sociedade moderna.
Genildo Rodrigues 37
Na era primitiva — outra sociedade — era o pai, ou me-
lhor, existia um patriarca que nos dava o sentimento de per-
tencimento de algo maior, algo além de nós mesmo, em outras
palavras, além do indivíduo. Esse patriarca criava suas regras
e leis para proteção de seu clã ou de sua sociedade; neste clã
todos tinham que fazer sua parte para que a prosperidade e a
segurança permanecessem. Cada clã tinha seu processo para
que o indivíduo após o nascimento se tornasse um verdadei-
ro cidadão dessa comunidade — os judeus, neste caso, Israel,
por exemplo, era necessário que toda criança homem, passas-
se pela circuncisão para que a partir dela ele tivesse o direito
de ser considerado um descendente desse clã, que futuramen-
te seria uma grande nação. No entanto, é necessário lembrar
que ser descendente, ou melhor, ter nacionalidade não torna
por si só à pessoa como um autêntico cidadão da comunida-
de, mas antes é necessário obedecer às leis que constituem as
regras e costumes desta nação, que no caso de Israel a princí-
pio seria a Torá. Em resumo, para se tornar um verdadeiro ci-
dadão da cultura, em outras palavras, da sociedade de Israel,
era necessário ser circuncidado (seja o israelita de nascimen-
to ou estrangeiro) e ser obediente à constituição dessa nação.
Era justamente isso que dava a segurança de pertencimento de
cidadão desta nação; é à força desse pertencimento da comu-
nidade que levava o cidadão a defender a família que perten-
cia, seus amigos, seus vizinhos e sua comunidade. Durante o
domínio da cristandade, ou melhor, da cultura católica, antes
da reforma protestante, o indivíduo de qualquer sociedade
controlada pelo poder da igreja no Ocidente tinha seu perten-
cimento, quero dizer, o título de cidadão na hora do batismo
e perante o juramento dos pais a Santa Igreja e ao soberano
rei escolhido pelo clero. Após a queda do absolutismo assim
como a perda do poder papal, ou melhor, do poder da igreja em
ditar as regras do Estado natural, os revolucionários do libera-
lismo deram um novo sentido de pertencimento à sociedade.
38 - O Cristão e a Política
A partir do século XVIII as nações baseadas em seus
ideais liberais, já que agora existe a separação da cristanda-
de da política, eles irão criar leis, neste caso, constituições
positivistas ou leis comuns para dizer como os indivíduos
poderão ser classificados como cidadãos de nação. A socie-
dade moderna, iluminista, irá trabalhar agora em sua maio-
ria com o pensamento do contrato social, onde o indivíduo
não tem pertencimento em si, mas sim o coletivo. Enquanto
antes a sociedade começava pela família, ou seja, pela auto-
ridade da tradição da família, do clã, agora esse sentimento
de pertencimento dependerá unicamente do Estado. É bem
verdade que nações como EUA e Inglaterra farão as suas de-
terminadas constituições a partir do olhar especial na pes-
soa do indivíduo e de como esse indivíduo deve manter sua
relação para com o próximo e com sua comunidade.
No entanto, seja na sociedade do contrato social, ou
nos acordos em comum, ambos precisam obedecer às leis,
pois caso contrário será considerado um malfeitor, rebelde
ou até mesmo um terrorista. Ambos os sistemas vão pre-
cisar da burocracia do Estado para fazer o registro de per-
tencimento do cidadão, pois caso contrário, o indivíduo não
poderá ser considerado cidadão, neste caso refiro-me aos do-
cumentos pessoais de cada cidadão.
No cenário atual em especial no Brasil, basta apenas
nossos pais nos registrarem no cartório após o nascimen-
to que passamos a ser considerados cidadãos brasileiros.
Hoje não é a família ou a igreja que nos dá o sentimento
de pertencimento à sociedade, mas sim o Estado mediante
sua constituição federal, assim como as demais leis que são
submissas à constituição federal. Se porventura uma pessoa
nasce e não é registrada no cartório, tal indivíduo não pode
ser considerado um cidadão legal, ou seja, ele não tem os
mesmos direitos dos demais indivíduos registrados no car-
tório, assim como os verdadeiros pagadores de impostos.
Genildo Rodrigues 39
Quando não se acha, por exemplo, os documentos de deter-
minado indivíduo que morreu (morador de rua) ele é enter-
rado como indigente, como alguém sem pertencimento.
Além do registro de nascimento, o título de eleitor é
fundamental na vida dos cidadão, haja vista que é mediante
o — título de eleitor — que o indivíduo tem a oportuni-
dade de eleger seus representantes, afinal as leis nada mais
são do que o reflexo de nosso voto. Não podemos negar que
durante o início da democracia grega e da administração da
esfera pública, apenas homens com boa formação intelectual
e com vocação para vida pública tinham o direito ao voto —
mulheres, escravos, crianças, criminosos e até comerciantes
não era permitido — , assim como a liberdade de participar
das decisões da melhoria da sociedade. Com o tempo o voto
se tornou universal, quis dizer, um direito para todos os ci-
dadãos que esteja em perfeita integridade com a legislação
eleitoral, neste caso, escrevo sobre o Brasil.
Em síntese, ser cidadão é ser alguém que pertence
à determinada comunidade, que como tal deve respeitar as
leis vigentes desta nação, assim como também respeitar a
cultura da nação a que pertence. Caso o cidadão viole as leis
dessa sociedade, sejam elas tributárias, de trânsito, civil ou
penal, o mesmo deve ser punido e se for necessário excluído
por tempo determinado para o bem dos demais membros
dessa sociedade.
Para finalizar essa parte, gostaria dizer que o Estado
brasileiro é laico, no entanto, alguns políticos e juízes brasi-
leiros queriam um Estado ateu, ou seja, laicista. O laicismo é
uma doutrina ou ideologia que prega a não intervenção das
organizações religiosas em instituições políticas e sociais,
assim como também não usar o discurso baseado na fé em
questões públicas. É também uma doutrina que não aceita
que uma pessoa possa comentar ou de ter uma opinião no
cenário público mediante sua fé religiosa. O Brasil, no en-
40 - O Cristão e a Política
tanto, é laico, não tem uma religião oficial. Porém, a nossa
“Constituição Federal” não priva as pessoas de manifesta-
rem sua fé e muito menos de expressar sua fé e filosofia de
vida — A Constituição Federal, no artigo 5.º, VI:

[...] estipula ser inviolável a liberdade de cons-


ciência e de crença, assegurando o livre exer-
cício dos cultos religiosos e garantindo, na for-
ma da lei, a proteção aos locais de culto e as
suas liturgias. O inciso VII, estipula que nin-
guém será privado de direitos por motivo de
crença religiosa ou de convicção filosófica, ou
política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei.

A sabatina do atual ministro André Mendonça, por


exemplo, para o STF, foi na época uma demonstração cla-
ra de perseguição à fé cristã protestante no Brasil. Os sena-
dores da esquerda brasileira não estavam preocupados com
o saber judiciário do futuro ministro, mas apenas com sua
condição de ser cristão evangélico. Os senadores da esquer-
da queriam saber se o André Mendonça iria esconder, isolar,
neutralizar a sua fé na hora que ele precisasse participar de
julgamentos sobre questões constitucionais ligadas às pau-
tas do movimento das minorias, em especial do movimento
LGBTQ+, por exemplo, ou seja, queriam saber se o futuro
ministro seria contrário ou favorável a causa. Essa história
de privatização da fé é apenas uma desculpa para silenciar
os cristãos bíblicos no Brasil; não existe isso de separar o
cristão em dois tempos (dualismo), onde em casa ou na igre-
ja ele é uma pessoa e na esfera pública é outra pessoa to-
talmente diferente ou até mesmo afastado de sua fé. Não
somos agentes secretos e muito menos pessoas com dupla
Genildo Rodrigues 41
personalidade, temos identidade, somos cristãos em qual-
quer lugar que estivermos e nossas decisões são baseadas
tanto na nossa fé como na cultura que vivemos. Assim como
somos cidadãos dos céus, somos também cidadãos da terra
e esse sinergismo sempre fez parte da identidade cristã. A
cultura Ocidente foi fortemente influenciada — arte, lite-
ratura, cinema, etc. — pela caridade, pela honestidade, pelo
patriotismo, pelo respeito à lei e a ordem dos cristãos. O
Brasil é hoje de certa forma majoritariamente cristão; mes-
mo mediante um Estado laico o qual é o Brasil, isso não tira
a realidade da grande influência do cristianismo em nossa
soberana nação. Hoje no Brasil existem os defensores de um
certo iluminismo progressista pós-moderno onde não pode
existir uma verdade absoluta e muito menos que exista uma
religião que a represente, isso sim, é uma prática concreta de
perseguição ao cristianismo tradicional.
Em um Estado laico é necessário a existência do li-
mite do poder, haja vista que a lei brasileira declara que o
Estado não pode ter uma religião oficial como também não
deve atrapalhar ou proibir qualquer religião.

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distri-


to Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, sub-
vencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento
ou manter com eles ou seus representantes re-
lações de dependência ou aliança, ressalvada, na
forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou prefe-
rências entre si.
42 - O Cristão e a Política
No entanto, a liberdade para a cooperação das insti-
tuições religiosas com órgãos públicos de acordo com a lei —
casas de repousos, casas de recuperação, orfanatos, escolas e
universidades. São esses meios filantrópicos que cooperam
junto com o Estado para o desenvolvimento da sociedade e
o aperfeiçoamento da estrutura da nação.
Genildo Rodrigues 43

s
Capítulo 3
As revoluções: industrial,
socialista, cultural e sexual
44 - O Cristão e a Política

O
que é a revolução? Bem, ao longo do tempo muitos
ideólogos têm manifestado esse desejo revolucioná-
rio. O escritor José Osvaldo de Meira Penna em seu
livro — o espírito das revoluções, vai dizer que ela é
um mito — o Mito da Revolução existe como arquétipo di-
nâmico de transformação violenta, quaisquer que sejam os
objetivos políticos ou sociais dos revolucionários.
Dessa forma podemos ter uma noção que a revolução
sempre veio para derrubar aquilo que já estava firmado e es-
tabelecido. Há revoluções de todos os tipos, sejam as revo-
luções políticas, sociais, indústrias, científicas, econômicas,
espirituais e culturais. Essas revoluções podem ser internas
ou externas dependendo da necessidade de qualquer opres-
sor revolucionário que está querendo implantar ou modifi-
car. A revolução sempre será um conceito moral, haja vista
ser necessário fazer um juízo de valores sobre os fatos pre-
sentes ou abstratos na visão do ideólogo. Certa vez o filósofo
liberal brasileiro Antônio Paim disse que “a verdadeira revo-
lução só se configura como tal na medida em que responde
a alterações substanciais na base moral da sociedade”, como
disse anteriormente. Às revoluções na França, na Rússia,
na China, em Paris (1968), Cuba e no Chile atualmente, por
exemplo, tinham e ainda têm como objetivo a modificação
de toda a estrutura organizada da sociedade. É a luta cons-
tante contra a cultura do absolutismo, do clero, do capitalis-
mo e da burguesia, ou seja, contra a cultura judaico-cristã.
De fato, os revolucionários jamais irão querer preser-
var algo do passado, pois segundo os iluminados, o passado
é opressor, é atrasado e precisa ser eliminado, não importa
se essa iluminação seja mediante o consenso de todos ou na
base da violência e do terrorismo. Como dizia o conservador
Russell Kirk: “— A ideologia é a doença, não a cura. Todas
as ideologias, incluindo a ideologia da Voz do Povo a Voz de
Deus, são hostis à permanência da ordem, da liberdade e da
Genildo Rodrigues 45
justiça. A ideologia é a política da irracionalidade apaixona-
da”. Não tem como falar sobre revolução, sem mencionar o
pivô de todas as revoluções que conhecemos.
A revolução francesa que deu início em 1778 pela
burguesia contra o absolutismo monárquico e o clero religio-
so é fundamental para entendermos essa questão. Podemos
dizer que existem três fases na revolução francesa: nobreza,
liberal e jacobina. Vale também ressaltar que a derrubada da
prisão da Bastilha e libertação do filósofo libertino Marquês
de Sade foi uma demonstração clara do início, por assim di-
zer, da revolução cultural iniciada na França.
A nobreza lutava pelo desejo de ter mais participação
nas questões públicas do Estado absolutista, não era contra
a monarquia para derrubá-la, mas apenas acreditava que o
rei não tinha mais condições de guiar a nação sozinha; todos
queriam lucrar com o Estado.
Os liberais almejavam que todos tivessem os mes-
mos direitos fundamentais para existência humana, como
o direito à vida, à propriedade privada e a segurança, po-
rém, com um Estado assistencialista. A partir dos liberais
com seus ideais que vai surgir a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão.
Os radicais jacobinos que já estavam no movimen-
to liberal perceberam que nem todos (girondinos) visavam
derrubar o sistema opressor da monarquia e do clero, mas
apenas criar alguns limites necessários. Por este motivo
procuravam se manifestar contra a mudança moderada dos
liberais. Os radicais jacobinos tomaram a frente da revolu-
ção, seguindo de forma radical os pensamentos de Rousseau
sobre o “homem é bom, mas a sociedade que o corrompe”.
Eles decidiram que deveriam derrubar a monarquia e o cle-
ro, com isso aboliu o Estado da monarquia e o poderio do
clero em ditar a moralidade. No princípio a objetividade era
eliminar tão somente na guilhotina os defensores da mo-
46 - O Cristão e a Política
narquia absolutista e do clero: nobres, sacerdotes católicos
(havia também alguns protestantes) e qualquer um que fos-
se contrário à revolução. Tudo era necessário em nome da
liberdade, igualdade e fraternidade. Mas depois com o andar
da carruagem da revolução controlada pelos jacobinos, não
seriam só os traidores da revolução que devia morrer, mas
também todas as pessoas que não estivessem felizes e entu-
siasmadas com a revolução. Vale lembrar que o rei Luís XVI
e a rainha Maria Antonieta foram executados em 1793. Para
muitos historiadores, Robespierre foi o grande agitador do
caos e do horror por trás da revolução dos jacobinos, é tão
tal que o terror só acabou com a prisão e execução dele em
1794. Napoleão foi outra peça fundamental, mas isso leva-
ria muito tempo para explicar, o importante é sabermos que
ele conseguiu irritar o clero da igreja, pois diminuiu muito
o poder da igreja; Napoleão também promoveu um grande
crescimento na área da educação e estendeu a igualdade pe-
rante a lei nos lugares que conquistou. Em resumo é a partir
da revolução francesa que surge o termo direita e esquerda:
direita para os apoiadores da monarquia e do clero; esquerda
para os apoiadores das ideias liberais e revolucionárias. Mas
o tempo irá fazer com que esses termos sejam modificados
de acordo com seus países.
É interessante fazer uma simples observação antes
de continuar sobre as revoluções, que a igreja e muito me-
nos a cristandade é contrária à dignidade da existência hu-
mana, assim como da justiça social, mas sim, contrária aos
abusos que muitos comentem com o discurso em favor aos
pobres. Na perspectiva bíblica, tanto o rico como o pobre
têm o mesmo valor diante de Deus e como tal devem viver
para glória de Deus. Às Escrituras Sagradas deixa claro que
devemos voluntariamente suprir a necessidade dos mais
necessitados, haja vista que o Senhor Deus: defende a cau-
sa do órfão e da viúva e ama o estrangeiro, provendo-lhe
Genildo Rodrigues 47
alimento e vestimenta. Portanto, amareis o estrangeiro,
porque fostes igualmente peregrinos na terra do Egito(-
Deuteronômio, 10.18-19)”; no entanto, o Senhor também
diz que sempre vai existe pobre enquanto estivermos neste
mundo e por isso é necessário fazermos caridade, e não o
Estado apropriar da propriedade privada (meios de produ-
ção) do indivíduo para que dessa forma possa administrar
a distribuição de renda – “Nunca deixará de haver pobres
na terra; é por este motivo que te ordeno: abre a mão em
favor do teu irmão, tanto para o pobre como para o neces-
sitado de sua terra! (Deuteronômio, 15).
A revolução industrial mudou a vida das pessoas. O
filho do pequeno burguês (aquele que morava na cidade) ob-
servou que parte da população precisava de determinados
produtos, no entanto, os pequenos comerciantes só produ-
ziam o necessário para seu sustento, para as trocas necessá-
rias de alguns produtos entre si e por último para atender
alguma encomenda feita por um cliente local. O pessoal do
campo sabia produzir, haja vista que tinham talentos em
suas áreas específicas, mas não observavam a necessidade
da criação de uma grande indústria onde pudessem agregar
vários tipos de trabalhadores com a mesma profissão para
produção em massa. Lógico que, com um surgimento de algo
assim, seria necessário a divisão do trabalho, afinal era ne-
cessário ter várias funções nesta nova formação e percepção
de maneira de trabalhar. A industrialização criou a produção
em massa do necessário, assim também do não necessário.
Em alguns anos ela conseguiu substituir grande
parte da produção caseira. Inesperadamente, esse sistema
econômico poderia produzir mais bens do que a população
poderia consumir. Era necessário mudar o hábito das pesso-
as para elas adquirirem mais e mais. O desejo da sociedade
em comprar ou trocar o básico deveria agora mudar para o
tudo, ou seja, o excesso e o extravagante. Valores morais e
48 - O Cristão e a Política
econômicos, por exemplo, foram modificados. A própria ins-
tituição da família (tradicional) teve sua visão de mundo
modificada de cima para baixo e vice-versa, pois com a ne-
cessidade da transportação da grande indústria do campo
para a cidade, gerou uma necessidade maior da população
abandonar a vida no campo (as áreas rurais) para viver na ci-
dade, que se tornará em Metrópoles. Com a vinda da família
para cidade, geralmente o chefe familiar via a necessidade de
trabalhar um pouco mais para ter um lucro melhor e assim
poder dar uma vida melhor para seus filhos e sua esposa. É
bem verdade que outros tinham o desejo de abandonar aque-
les casamentos indesejados — casamentos feitos por acordo
familiares; por violar a inocência da moça e etc.; queriam
desfrutar de suas vidas de modo semelhante aos livros proi-
bidos por falarem de libertinagem (ou escutou alguém dizer
em sua grande maioria na juventude). A autoridade do pai e
da mãe nos lares começou a perder seu valor e importância,
afinal a cidade estava dando, em outras palavras, oferecendo
um novo sentido de pertencimento para o indivíduo familiar.
A questão de respeito, admiração e dignidade foi invertida
para muitas famílias, no entanto, os cristãos protestantes
em especial continuarão preservando os valores morais bí-
blicos e da tradição recebida por seus ancestrais. Outra coisa
importante de se observar é que existiu um aumento signifi-
cativo de pessoas em situação de miséria, afinal, com o acu-
mulado de pessoas nas cidades logo as indústrias não terão
empregos necessários para grande parte dessa população
que veio do campo. Dessa forma muitos vão viver as margens
da sociedade em situação caótica, onde existe: fome, violên-
cia, roubo, prostituição, doença, peste e toda espécie de ma-
lignidade. Lógico que, não podemos negar que a revolução
industrial tirou milhões de pessoas da miséria e da fome, no
entanto, a natureza corrupta do homem sabe sempre reve-
lar o lado ruim e oportunista em todas as áreas humanas.
Genildo Rodrigues 49
Tanto hoje como antes o — marketing — das propa-
gandas nos ensina, ou melhor, nos manipula a desejar o que
antes não tínhamos o mínimo desejo de possuir. O engraça-
do é que sempre vai existir um novo produto supostamente
melhor do que aquele que acabamos de adquirir. A vida de
um consumista é uma vida de constante insatisfação, afinal
as propagandas sempre oferecem algo novo e desnecessário
para preencher o nosso vazio. O triste é saber que produzi-
mos alimentos suficientes para toda população mundial, “28
julho 2021, o mundo produz alimento suficiente para alimen-
tar toda população humana. Ainda assim, de acordo com o
relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no
Mundo, um décimo da população global — até 811 milhões
de pessoas — estava desnutrida em 2020, um aumento de
118 milhões em relação a 2019 ” - mesmo assim, o órgão da
ONU no Brasil diz que ainda existem mais 814 milhões de
pessoas desnutridas por causa da fome no mundo em 2020.
O culpado de essas pessoas passarem fome não é do capita-
lismo como dizem os socialistas, mas sim, da natureza má
do ser humano; o socialismo produziu bilhões de pessoas
passando fome ao longo da história e milhões de mortes.
A propaganda capitalista selvagem do individualismo radi-
cal tem tão somente se aproveitado dessas pessoas egoístas
que preferem jogar comida fora e continuar comprando do
que não precisa. Sabemos que a fome, assim como a seca, no
presente século, por exemplo, são geralmente causadas por
desejos ligados ao individualismo radical de vários empre-
sários e políticos que querem apenas lucrar. Na verdade, es-
ses indivíduos não passam de parasitas que estão destruin-
do o nosso ecossistema e prejudicando milhares de vidas. É
por causa dessa situação cruel no mundo que é necessário
o cristão divulgar a consciência cristã para o mundo, pois
somente o evangelho tem o poder de influenciar o mundo
para a criação de instituições filantrópicas, para caridade in-
50 - O Cristão e a Política
dividual, para que dessa forma venhamos verdadeiramente
demonstrar nosso amor pelo próximo.
Em resumo, quero afirmar que a revolução industrial
foi necessária, mas não devemos jamais esquecer que ela
também prejudicou muitas pessoas, assim como melhorou
a vida de milhares. O pobre de hoje no Brasil em sua maioria
tem uma vida muito melhor do que há uns 20 anos atrás, no
entanto, não devemos dizer que tudo está perfeito, haja vis-
ta que a ideologia consumista está aí para continuar fazendo
seu trabalho de destruição.

O mal da revolução cultural marxista e do Gramscismo!


É necessário entendermos tanto a dialética marxis-
ta como também as atrocidades cometidas mediante essa
filosofia da morte. Milhões foram mortos tão somente
para promover o planejamento de harmonia e igualdade
social. Existem uns pseudos-intelectuais que tentam dizer
que Stálin e Hitler não foram realmente socialistas do pen-
samento marxista, em especial o Hitler, afinal ele odiava os
judeus. Porém, ambos se achavam fiéis defensores do so-
cialismo na luta pela igualdade, liberdade e fraternidade de
seus compatriotas. É fato que Hitler odiava o comunismo,
mas, tal ódio só vai se oficializar após a quebra de aliança
que antes ele tinha com Stálin. Essa quebra se deve à dis-
puta pela Polônia, pois ambos defendiam um nacionalismo
radical e perverso (antes ambos andavam de mãos dadas).
Baseado neste nacionalismo radical, ambos eliminaram
muitos dos seus compatriotas por tão somente não aceita-
rem essa ideia revolucionária.
A revolução russa não aconteceu da forma que Karl
Marx tinha idealizado, mas sim uma modificação do pen-
samento por Lênin, haja vista que o projeto para revolução
do proletariado deveria surgir em um país industrializado e
com o capitalismo em pleno vigor. O problema da pobreza
Genildo Rodrigues 51
na Rússia não era do capitalismo ou a industrialização – épo-
ca da revolução o país já tinha se tornando a quinta maior
potência nesta questão –, mas sim do feudalismo; o lado ru-
ral ainda era muito forte na Rússia, porém sua tecnologia
para o trabalho era muito atrasada para aquela época.
Deve-se lembrar que o governo Czarista estava vi-
vendo um período de forte crise política e econômica, sem
falar que o governo não tinha apoio no parlamento Russo. A
guerra de mais de 2 anos com o Japão [1903-1905] levou a
Rússia governada por Nicolau II para o fundo do poço, afinal
o país tinha tido uma derrota massacrante, sem falar dos
protestos da população no mesmo período. Para alguns his-
toriadores o “Massacre no Palácio de Inverno”, em 1905, foi
a gota d’água, haja vista que ele mandou abrir fogo contra a
multidão que caminhava para protestar na frente do palá-
cio pacificamente. Mesmo assim, ele ainda conseguiu iludir
o povo durante dez anos, afinal o povo não queria o fim da
monarquia, mas apenas ter uma participação presente nas
decisões do governo mediante o seu parlamento, ou seja,
queriam a diminuição do poder do monarca. É no meio des-
se caos que Lênin, Trotski e Stalin vão começar a divulgar
sua visão sobre a salvação da nação mediante o comunismo
e ao mesmo tempo vão desmoraliza e demonizar Nicolau II
e seu governo desastroso para população pobre, mas mara-
vilhoso para elite burguesa. Mediante várias revoltas após
o Massacre no palácio do Inverno, com a perda do apoio de
praticamente todos os ministros e do exército e a falta de
armas para enfrentar a oposição, Nicolau renuncia e se esta-
belece um governo provisório. É desse caos que Lênin coloca
em ação sua revolução com o apoio dos camponeses e de-
mais aliados políticos. Será Lênin, Trotski e Stalin com seu
Exército Vermelho, as fazendas coletivas e a teoria de matar
o opressor dentro do oprimido (parece o Paulo Freire) que
irão distribuir o amor sanguinário e terrorista para todos
52 - O Cristão e a Política
aqueles que não forem favoráveis a revolução da libertação
da opressão capitalista (pesquise sobre o Gulag).
A ideologia marxista influenciou várias revoluções san-
guinárias no mundo em nome do socialismo e do comu-
nismo; onde quer que a teoria do marxismo se instalasse a
prática da maldade era colocada em ação em nome da re-
volução. Foram milhões de mortes, seja por fuzilamentos,
fome, campos de concentração, etc. Muitos de nós já ou-
vimos vários intelectuais dessa teoria dizendo que nunca
o marxismo ortodoxo foi colocado em prática, afinal, di-
zem eles, o marxismo é a superação do capitalismo, onde a
igualdade faz parte da teoria prática. Pois bem, essa é uma
verdadeira falsa narrativa, pois toda essas desgraças que
eles negam faz parte da doutrina marxista ortodoxa, afi-
nal, para chegar ao poder, ou melhor, para tomar o poder
da elite dominante é necessário usar da violência não sou
contra a burguesia, mas também para disciplinar os opri-
midos. Mas à frente irei falar resumidamente sobre Karl
Marx, o pai das revoluções revolucionárias.
A revolução na China, por exemplo, de Mao Tsé-
-Tung (1949 – 1960), influenciado pela revolução russa, vai
fazer uma revolução socialista nos mesmo termos, afinal o
feudalismo era também forte na China, a reforma agrária
seria o ideal da República Popular da China. Mao Tsé-Tung
tinha o prazer de usar os corpos dos rebeldes fuzilados do
regime (a rebeldia era, por exemplo, comer um ovo de pás-
saro ou um caroço de feijão) como fertilizantes para as plan-
tações. Em 1966, após ter sido deposto, Mao Tsé-Tung volta
dessa vez com sua revolução cultural mediante a utilização
de 20 milhões de jovens universitários, segundo o historia-
dor Paulo Sutti e a ex-professora Silva Ricardo no livro, “As
Diversas Faces Do Terrorismo”10 essa macha visava limpar
a China da influência cultural do ocidente e da cultura judai-
co-cristãs transmitidas pelos missionários, denominados de
Genildo Rodrigues 53
cristãos burocratas. Milhares de professores foram mortos e
presos; cidadãos contrários à revolução foram perseguidos,
delatados, sequestrados, humilhados, torturados e assassi-
nados. Neste período era normal, filhos delatarem os pais ou
vise versa, com os amigos delateram uns aos outros. Foram
três anos extensivos de medo e horror na China mediante
a Guarda Vermelha de Mao Tsé-Tung. A revolução cultural
chinesa despertaria a revolução cultural na França na déca-
da de 1960, o objetivo da revolução não estaria relacionado
unicamente com a economia, mas também com lado cultu-
ral. Multidões de jovens irão parar o país francês exigindo
abaixo ao patriarcado, a autoridade dos pais, o fim do ma-
chismo, tudo em nome da Revolução Sexual. É bem verdade
que devido ao fracasso da revolução do proletariado na Rús-
sia e na China, a Escola de Frankfurt vai surgir na Alemanha.
A Escola de Frankfurt vai começar a querer entender porque
a implantação do socialismo marxista não conseguiu êxito,
assim como entender a sociedade burguesa e dessa forma
convencer as massas de sua ideologia de justiça social.
Lógico que é sempre bom criticar o capitalismo, mas
ao mesmo tempo estar inserido nele, todo intelectual mar-
xista gosta de sobreviver parasitando do capital burguês
dos familiares ricos. Quem se destacou nesta escola foram
o Gyorgy Lukács e Horkheimer com a ideologia da Teoria
Crítica, eles usavam a psicanálise de Freud, a filosofia,
sociologia e a história para poderem criticar a “práxis
marxista”, ou em outras palavras, à dialética. A Esco-
la de Frankfurt analisou que a Primeira Guerra Mundial
(capitalista) acabou fazendo o oposto do que foi explicado
por Marx no Manifesto Comunista, a teoria não aconteceu.
Em vez da guerra capitalista (imperialista) afastarem os
proletários dos burgueses, fez, na verdade, o inverso, afinal
os proletários também queriam defender seus familiares,
por isso lutaram pelo nacionalismo (patriotismo), pela pre-
54 - O Cristão e a Política
servação dos valores morais representado pela burguesia,
que era influenciada pela tradição judaico-cristã. O hún-
garo Lukács percebeu, assim como Antonio Gramsci, que
a revolução socialista não se enraizou pela classe operária
porque os benefícios do capitalismo e da tradição burguesa
estava enraizada na consciência dos trabalhadores. Neste
caso seria fundamental para a revolução socialista destruir
a cultura ocidental e seus valores; é preciso converter, des-
mantelar toda a estrutura.
Nos EUA a escola de Frankfurt começou com o en-
tendimento (a transferência para os EUA ocorreram devido
à perseguição dos nazistas na Alemanha em 1941) que era
preciso criticar o socialismo e o comunismo ortodoxo, assim
como também fazer uma análise para descobrir como con-
seguir mudar a mentalidade das classes populares, pois só
assim poderão fazer uma revolução duradoura. A Escola de
Frankfurt vai trabalhar na objetividade de levar o cidadão a
criticar a sociedade e sua estrutura de poder. É a partir da
Teoria Crítica da Escola de Frankfurt que será desenvolvido
o pensamento do Politicamente Correto que terá como ob-
jetivo de certa forma, criar regras para impor limite à liber-
dade de expressão — rotulação das ideias. Um dos objetivos
da Teoria Crítica é criticar constantemente a burguesia, a
democracia liberal, as instituições tradicionais e em especial
a tradição judaico-cristã.
Na verdade, eles analisaram que o melhor lugar para
se começar a criar uma consciência de classe na população
seria mediante o ensino nas escolas e universidades públi-
cas, por exemplo, não é atoa que feministas e ideólogos mar-
xistas estejam tão presente majoritariamente na estrutura
da educação mundial nos últimos anos. O educador revolu-
cionário e progressista, como dizia Paulo Freire, tem a mis-
são de treinar agentes críticos contra o sistema neoliberal.
Dessa forma, o professor deixará de ser visto pelo aluno
Genildo Rodrigues 55
como o transmissor de conhecimento científico, histórico e
cívico. O aluno vai começar a ver seu professor como uma
espécie de mentor, de líder na luta revolucionária contra o
sistema capitalista.
Filósofos como Michel Foucault, Jean Sartre e Simo-
ne de Beauvoir serão, por exemplo, os queridinhos da re-
volução cultural na França e, porque não dizer também na
América nas décadas de 1960 e 1970. De certa forma será
através da Escola de Frankfurt e desses filósofos que o pen-
samento do relativismo irá fazer parte da derrubada da ver-
dade absoluta. Segundo o filósofo francês Michel Foucault
[1926-1984] a verdade dependerá de quem estiver no po-
der, pois para ele quem está no poder é quem tem a força de
criar o conceito do que seja verdade. Em seu livro ‘Microfísi-
ca do Poder’ publicado no Brasil pela primeira vez em 1979,
Foucault fala sobre a formação da verdade: “O importante,
creio, é que a verdade não existe fora do poder ou sem poder
(não é − não obstante um mito, de que seria necessário es-
clarecer a história e as funções − a recompensa dos espíritos
livres, o filho das longas solidões, o privilégio daqueles que
souberam se libertar). A verdade é deste mundo; ela é pro-
duzida nele graças a múltiplas coerções e nele produz efeitos
regulamentados de poder. Cada sociedade tem seu regime
de verdade, sua “política geral” de verdade: isto é, os tipos
de discurso que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros;
os mecanismos e as instâncias que permitem distinguir os
enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se san-
ciona uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são
valorizados para a obtenção da verdade; o estatuto daqueles
que têm o encargo de dizer o que funciona como verdadei-
ro… por “verdade”, entender um conjunto de procedimen-
tos regulados para a produção, a lei, a repartição, a circu-
lação e o funcionamento dos enunciados. A verdade está
circularmente ligada a sistemas de poder, que a produzem e
56 - O Cristão e a Política
apoiam, e a efeitos de poder que ela induz e que a reprodu-
zem. “Regime” da verdade. Esse regime não é simplesmente
ideológico ou superestrutural; foi uma condição de formação
e desenvolvimento do capitalismo. E ele que, com algumas
modificações, funciona na maior parte dos países socialistas
“deixo em aberto a questão da China, que não conheço”. Sei
que a citação foi um pouco grande, no entanto é necessário
entender que foi dessa forma, que iremos ver a manifestação
do mundo da relativização. O multiculturalismo é outro pro-
blema do mundo relativista, haja vista que cada país tem sua
cultura baseada em sua verdade que não pode ser criticada,
afinal nenhuma cultura pode se achar superior às demais.
Porém, para os ideólogos existe uma cultura que precisa ser
atacada, não por questão de intolerância, mas sim, porque
essa cultura se acha superior às demais, afinal ela defende
a verdade absoluta, e neste novo mundo plural tal defesa é
proibida. Dessa forma, a cultura judaico-cristã será a gran-
de inimiga do mundo secular e plural. A cultura pós-moder-
na, para outro, pós-cristã, será baseada na pluralidade das
verdades, cada uma agora terá seu conceito do que seja a
verdade, e caso algum outro indivíduo queira vir criticar sua
verdade, será chamado de intolerante e de antidemocrático
na maioria das vezes.
O lema da revolução cultural sexual americana na dé-
cada de 1970 - 1980 será, “faça amor, não faça guerra bicho”
ou “paz, amor e magia”, significava a crítica dos jovens
rebeldes (hippies) contra o sistema opressor e autoritário da
família e do Estado capitalista. Cada palavra do lema tinha
um significado; a paz era uma denúncia à guerra dos EUA
contra o Vietnã, o amor era contra os valores morais da cul-
tura judaico-cristã e a magia era “a liberação das drogas”.
Esses novos revolucionários, em sua maioria jovens
(as universidades brasileiras estão cheias desse viés) lide-
rados pelos filósofos da nova esquerda (Sartre, Foucault)
Genildo Rodrigues 57
vão querer a liberdade sexual para todos. Os gays, lésbicas,
adultérios e abortista terão sua participação nestas mani-
festações; as minorias como o movimento negro e femi-
nista terão uma participação maior na sociedade a partir
dessa revolução cultural. O feminismo deixará de priorizar,
por exemplo, a igualdade da mulher no mercado de traba-
lho, para lutar contra a família tradicional e pela feminiza-
ção dos homens; as radicais vão pregar o ódio aos homens,
afinal o patriarcado é opressor e deve ser exterminado.
Será a partir do feminismo radical que tudo que o homem
fizer para a mulher será visto como machismo, seja uma
demonstração de amor, proteção, cuidado e provisão, tudo
não passará de dominação na mente feminista. Segundo
Beauvoir, “não se nasce mulher torna-se mulher”, o
termo homem e mulher não passa de uma construção da
sociedade patriarcal, e precisa ser abolido para o bem do
símbolo oprimido que é a mulher.
O resultado dessa revolução cultural e sexual foi
a degradação do ser humano, antes ele era tido como à
imagem e semelhança de Deus, mas agora, não passa de
um objetivo descartável e sem nenhuma relação com o
transcendente. No Brasil, o professor Paulo Freire será o
grande defensor da teoria crítica, influenciando os pro-
fessores brasileiros a ensinarem os estudantes serem
rebeldes contra o sistema neoliberal e a tradição judai-
co-cristã. A partir dessa filosofia o segredo será criticar,
você não precisará ter uma solução plausível para o que
está sendo criticado, o importante é criticar.
Falando dessa Revolução Cultural é bom lembrar
que Marx e Engels eram completamente contrários ao
cristianismo, afinal segundo Marx foi o cristianismo que
criou a família patriarcal, a desigualdade social e o de-
moníaco capitalismo. De uma forma resumida, o judeu
alemão ateu Karl Marx [1818-1883] dizia que a religião
58 - O Cristão e a Política
(cristianismo) era é o ópio do povo, ele foi um filósofo e
historiador que começou a analisar a história mediante
uma releitura da economia mundial, em outras palavras,
o materialismo histórico científico, a famosa dialética; na
verdade Marx fez uma releitura da hermenêutica dialética
do filósofo alemão Hegel [1770-1831] — tese (princípio
da argumentação), antítese (contradição) e síntese (após
esse conflito, a conclusão aperfeiçoada).
Marx, vai dá um novo sentido ao conceito do “Espíri-
to Universal”, ou seja, “do saber ao decorrer da história” da
teoria de Hegel. Na verdade, tudo leva a crer que ninguém,
ao fundo, sabe bem o que esse “Espírito” que guia a histó-
ria humana significava, talvez seja por isso que Karl Marx
colocará esse conceito de Hegel no materialismo histórico.
Para Karl Marx tudo não passava de uma luta de classe, en-
tre opressores e oprimidos, entre a burguesia e o proletaria-
do. Alguns estudiosos como o economista austríaco Ludwig
Von Mises vão dizer que só depois de 20 anos da morte de
Marx que as pessoas começaram a dar uma atenção à teoria
marxista. Na minha humilde opinião, Karl Marx não criou
nada de novo, haja vista que na época dele muitos outros
economistas e filósofos já criticavam a revolução industrial
negativamente, como o mercantilismo e o capitalismo.
No entanto, Marx conseguiu sistematizar e romanti-
zar (ironia) a filosofia de Hegel para o seu ideal da revolução
do proletariado. Karl Marx ao contrário do que alguns pensam,
ele não era um proletário, mas sim um burguês, sem falar que
era sustentado por seu amigo Engels e por sua esposa, que era
filha de um grande nobre da Alemanha (ser parasita é o lema
dos revolucionários). Os livros de Karl Marx mas conhecidos
são “O Capital”, onde ele vai desenvolver o conceito de “mais
valia” e o “manifesto comunista” que prega a abolição do Esta-
do, da religião cristã, da propriedade privada, guerra armada do
proletariado contra a burguesia e o fim da família tradicional.
Genildo Rodrigues 59
Atualmente podemos ver essa teoria sendo execu-
tada na Revolução Cubana e na Revolução Bolivariana na
Venezuela que lutam contra a influência da cultura ociden-
tal e do espírito capitalista. No Brasil, o marxismo que pre-
domina é o cultural mediante o pensamento do comunista
italiano Antonio Gramsci, ele percebeu que as armas não
iria conseguir criar uma hegemonia perante a classe prole-
tária mundial, então foi para área intelectual - — política,
sociologia, direito e etc… Todo grupo social, nascendo no
terreno originário de uma função essencial no mundo…
nas camadas dos intelectuais que lhe dão homogeneidade e
consciência da própria função ou de classe. O Gramscismo
mediante sua guerra cultural tem conseguido desvirtuar a
intelectualidade nacional, bem como toda a estrutura polí-
tica e econômica. A luta é real, e se torna fundamental que
homens e mulheres lutem intelectualmente contra essa
doutrina má e perversa. O Feminismo, o movimento LGB-
TQ+ e demais teorias têm conseguido entrar em nossas es-
colas primárias e secundárias, para modificar a mente de
nossas crianças para criar uma hegemonia.
O capitalismo é cria do patriarcado segundo Karl
Marx e para se alimentar precisou oficializar as prostitu-
tas legais para reprodução social – o casamento tradicio-
nal. A mulher no casamento não passa de uma espécie de
prostituta oficial para seu marido de acordo com Marx e
Engels. É por isso que Marx vai escrever dizendo que os
pais não devem ter autoridade sobre seus filhos, pois se-
gundo ele, os pais não passam de exploradores das crian-
ças e que o certo era entregar as crianças para o Estado
do proletariado educar e ensinar os valores do materia-
lismo científico histórico. A filósofa Márcia Tiburi defen-
de a mesma coisa em seu livro - Feminismo em Comum:
60 - O Cristão e a Política
[...] a diferença das putas e das esposas, todas sub-
metidas ao patriarcado, umas vendendo o corpo
reduzido ao trabalho sexual, outras entregando-
-se ao trabalho doméstico, reprodutivo e sexual,
em troca do que comer e de onde dormir, de uma
casa, um lugar à sombra dos homens, como es-
cravos voluntários fizeram em todos os tempos.

O comunismo é contrário ao cristianismo e a Revo-


lução Russa de 1917 nos mostrou isso, haja vista que lá foi
o primeiro país a oficializar o aborto totalmente [1920],
para beneficiar as orgias sexuais feministas. No comu-
nismo a religião oficial é a do partido do proletariado. O
anticristo é o próprio comunismo; ele promete o lema da
revolução francesa: fraternidade, igualdade e liberdade.
Contudo, os que esses países comunistas entregam são:
totalitarismo, autoritarismo, fome, libertinagem e opres-
são. A utopia marxista revolucionária só existe nos livros
e na mente dos doutrinados.
Em síntese a revolução marxista tem por objetivo
afirmar que estão nos salvando de algo, não importa se esse
algo seja bom ou mal, haja vista que é praticamente impos-
sível entender a mente doentia de um revolucionário como,
Karl Marx, Hitler e os demais salvadores tirânicos. Na filo-
sofia dos revolucionários, os fins sempre vão justificar os
meios, então, não é estranho na visão deles ter que matar,
estuprar, roubar, explodir, fazer sequestros, afinal, tudo vale
para derrubar o sistema opressor presente. Em cada país
têm sua forma de revolução, seja cultural, ou armada.
Genildo Rodrigues 61

s
Capítulo 4
As visões políticas:
direita e esquerda
62 - O Cristão e a Política

S
erá que realmente existe uma verdadeira direita
orgânica no Brasil? É sobre isso que em poucas pa-
lavras humildemente gostaria de escrever. O Bra-
sil, ao contrário de outros países como Inglaterra
e França, não tem um histórico de lutas políticas nestes
dois blocos (direita e esquerda). A política brasileira sem-
pre foi oportuna e pluralista; na independência era uma
mistura de conservadorismo e liberais, e não de direita e
esquerda como conhecemos.
Não têm como querer relacionar a visão política, por
exemplo, de José Bonifácio com a direita ou com o libera-
lismo econômico de hoje no Brasil, na verdade, tudo não
passaria de um anacronismo político tupiniquim. Na inde-
pendência o que estava em jogo era a construção do Brasil
e sua libertação das amarras do poder de Portugal, e dessa
forma, todos os políticos da época queriam sua parte, sejam
os conservadores ou os liberais. Vale lembrar que, a luta fi-
cou muito tempo presa na questão do escravismo brasileiro
e sua cultura nefasta do lucro desenfreado com essa burocra-
cia que parasita nossos impostos sem nos dar nenhum re-
torno satisfatório. No período da proclamação da república,
por exemplo, existia o pensamento do positivismo político
herdado através do filósofo Auguste Comte (científico) que
tinha defensores no conservadorismo como no liberalismo
(progressismo francês, porém não à esquerda como conhece-
mos). No Estado Novo do fascista Getúlio Vargas é que co-
meçará a se revelar fortemente essa pluralidade entre direita
e esquerda, porém é a esquerda que vai se destacar com seus
pensamentos revolucionários inspirados pela revolução rus-
sa. No entanto, a direita brasileira na minha opinião só ficou
no papel, pois, na prática, todos no poder foram defensores
do Estado como defensores da mudança cultural.
Alguns dizem que iremos ter uma verdadeira dife-
renciação de direita e esquerda a partir da década de 1960,
Genildo Rodrigues 63
onde a esquerda revolucionária se revela de forma clara com
a bandeira do comunismo em prol da ditadura do proletaria-
do (lembrando que desde a década de 1920 já existia uma es-
querda marxista em progresso no Brasil.) A favor da reforma
agrária, contra a propriedade privada, pela abolição da famí-
lia tradicional e da moralidade judaico-cristã. O regime civil
militar parecia que seria um governo baseada em uma direi-
ta conservadora contra o comunismo de João Goulart e Leo-
nel Brizola, porém o positivismo militar abafou pensadores
como o historiador Gilberto Freyre; o economista Roberto
Campos que não se considerava conservador, mas apenas
como um liberal (lembrando que Campos foi ministro) en-
tre outros da suposta direita. Após a restauração da suposta
(sou cético) democracia, a esquerda gramscista (PSDB, FHC),
trotskista (MP, PCB, PCdoB, PT) e lenistas (Lula, Brizola) era
o pensamento dominante tanto na questão política como na
questão intelectual e cultural. Na verdade, ficou muito claro
na mente dos brasileiros que no período do regime civil-mi-
litar a esquerda não lutava por uma liberdade democrática,
mas sim, pela ditadura do proletariado.
O liberalismo econômico sempre esteve nos dois
lados, haja vista que o capitalismo que sempre existiu aqui
no Brasil foi mais baseado no lucro do que na questão social,
infelizmente. Contudo o liberalismo clássico sempre esteve
baseado no sentimento da filantropia humana, onde é fun-
damental a preservação da dignidade da pessoa e jamais a
exploração do seu semelhante. Acredito que poucos foram
os verdadeiros intelectuais do liberalismo clássicos na eco-
nomia brasileira (José Osvaldo Penna, Antônio Paim e Ro-
berto Campos) com um olhar tanto para o lado econômico,
social e moral. Olhando desta forma é complicado dizer que
realmente exista uma sólida direita no Brasil. Creio que tal-
vez estamos na construção dessa Nova Direita; o Bolsona-
ro, na minha humilde opinião não é de direita, mas sim um
64 - O Cristão e a Política
cidadão que defende ou parece defender alguns valores da
direita conservadora e dos liberais clássicos. Mas quem sabe
se daqui há alguns anos não iremos ter uma direita forte e
verdadeira no Brasil. Por enquanto o que temos são políticos
que hoje usam a bandeira da direita, ou melhor, do conser-
vadorismo e do cristianismo tradicional. Deus, Família tra-
dicional e patriotismo sempre serão símbolos no conserva-
dorismo, porém não quer dizer que realmente isso seja um
pensamento de direita, afinal, na hora da guerra, todos os
lados correm em busca desse lema no Brasil, vão até a mis-
sa. Outra questão importante a ser observada no Brasil é o
fascismo. Ultimamente parece ter se tornado algo comum
e leviano chamar as pessoas de fascista, basta alguém não
concordar com a visão do outro para que seja considerado
um fascista. Mas na verdade o que é ser um fascista?
Historicamente o pensamento fascista começa a apa-
recer no início do século XX na Itália, Alemanha e na Espa-
nha. Os fascistas mais famosos da história é o ex-socialista
marxista e inimigo declarado do liberalismo clássico Benito
Mussolini, que criou o Estado fascista italiano entre 1919-
1944 e o fracassado pintor, cabo Adolf Hitler, que fundou o
nazismo (Nacional Socialismo dos trabalhadores alemães),
ou seja, o Estado nazista entre 1933-1945 na Alemanha.
Ambos foram ditadores sanguinários que acreditavam que
eram os verdadeiros defensores do novo mundo e herdeiros
do cesariano, em outras palavras, se achavam imperadores
do mundo, assim como os imperadores romanos.
Ambos defendiam um sistema de governo autoritário
e totalitário, neste sistema o poder do Estado estava centra-
do neles, ou seja, eles se auto intitulavam como autoridade
suprema da nação; eram os grandes líderes que deveria ser
reverenciados, venerados, haja vista que eles acreditavam
serem os grandes heróis de suas nações. É importante lem-
brar que em todo Estado autoritário e totalitário existe uma
Genildo Rodrigues 65
espécie de doutrinação na mente dos cidadãos, onde eles ab-
sorvem a ideia do líder máximo como algo tão verdadeiro
como natural.
Em um Estado fascista, não existe liberdade individu-
al, liberdade religiosa e comercial, afinal tudo é administra-
do e guiado pelo grande líder, o indivíduo não existe, o que
existe é o coletivo do Estado fascista. Não é atoa que cristãos
autênticos, liberais econômicos, conservadores e críticos
do fascismo foram perseguidos e mortos pelo Estado. Ainda
existe um grande debate sobre o viés do fascismo, se ele é de
origem da direita ou da esquerda. Na minha humilde opinião
não existe dúvida que o pensamento coletivista do fascismo
se iguala ao comunismo representado na Rússia de Stalin e
até mesmo na Cuba de Fidel Castro, no entanto, outros irão
dizer que tal pensamento pelo militarismo se encaixa me-
lhor nos regimes militares de direita; Hitler, por exemplo,
não chegou ao poder mediante a violência ou por um golpe
de Estado, pelo contrário, ele foi escolhido pelo povo para
governar a nação alemã.
Bem, com a relativização do nome fascista, os es-
querdistas brasileiros e mundiais começaram a dizer que
qualquer um que se diz ser defensor da família tradicional;
do cristianismo (bíblico); da tradição judaico-cristã; da eco-
nomia de mercado; da liberdade religiosa; da liberdade de
expressão e do patriotismo é digno de ser classificado como
o maior fascista intolerante que esse mundo já conheceu.
Porém, essas pautas não são defendidas por nenhum fascis-
ta. Na verdade o cristão que defende tais bandeiras está dan-
do uma demonstração clara que é contra o fascismo, mesmo
que ele não saiba o que o fascismo signifique. O escritor Ge-
orge Orwell disse que em sua época os esquerdistas gosta-
vam de usar esse termo para xingarem seus adversários.
66 - O Cristão e a Política
Como já escrevi o fascismo, na verdade, é defensor do
Estado totalitário e autoritário onde o líder é o grande se-
nhor que deve ser adorado. Uma das características básicas
do verdadeiro fascista é querer toda atenção e adoração para
ele. Na mente do fascista a crítica negativa ou positiva não
pode existir, haja vista que ele é o grande líder infalível; o
grande estrategista militar e cultural. Seu objetivo é sempre
deixar o povo em plena devoção à guerra; o amor à família
ou a Deus não pode ser maior que o amor por ele.
No Brasil tivemos um presidente fascista com um pé
quase no nazismo, Getúlio Vargas. Ele amava ser reveren-
ciado pelas classes populares como pai dos pobres, afinal ele
conseguiu praticamente legalizar a escravidão no Brasil me-
diante a criação do salário-mínimo. A CLT criada por Vargas
no “Estado Novo” não passa de uma imitação da “Carta Dele
Lavaro” reformista da Itália fascista de Benito Mussolini.
No Brasil, iremos ver que os direitos sociais para
o trabalhador foram criados com a condição do não aten-
dimento das reivindicações civis e políticas, mas sim para
fazer com que os trabalhadores e sindicatos se tornassem
massa de manobra das articulações governamentais. Os tra-
balhadores não tinham direito de escolher seus sindicatos,
mas o Estado que escolhia. O imposto sindical, criado em
1940, foi um instrumento de financiamento dos sindicatos
e de seu atrelamento ao Estado, como no governo petista.
Por ser obrigatório, terminou criando um fundo público de
utilização “privada” por parte do Estado e dos seus parasitas
corruptos. Alguns acreditam que é a partir daí que vai sair o
jeitinho de financiar campanhas eleitorais.
O professor de direito Vilmar Rocha, por exemplo,
vai dizer que “Estavam dadas as condições para a utilização
privado-corporativa do dinheiro dos contribuintes/trabalha-
dores, que pagavam, então, por sua subordinação/ incorpo-
ração ao aparelho do Estado. Neste sentido, financiavam a
Genildo Rodrigues 67
própria servidão. Em linguagem popular, poder-se-ia dizer
que a servidão foi o preço pago para ter a barriga cheia”. Não
podemos esquecer que a censura e a perseguição fez parte do
Estado Novo de Getúlio.
Na verdade, o nazismo, comunismo e fascismo são fru-
tos da doutrina socialista de Karl Marx e da filósofa Rosa
Luxemburgo. Não se engane Hitler, Lenin, Stalin, Benito
Mussolini, Mao e os amigos de Lula, Fidel Castro e Nicolau
Maduro, são todos filhos do socialismo, uma visão sangui-
nária dos maiores parasitas (capitalismo) e preguiçoso de
todos os tempos, Karl Marx e Engel. Vale lembrar que Marx
acreditava que o socialismo é a superação do capitalismo e
da tradição judaico-cristã, o comunismo seria a consumação
final de harmonia e bem-estar social no mundo.
A esquerda brasileira, por exemplo, gosta de acusar
o presidente atual do Brasil de fascista, porém idolatram
o maior fascista que esse país já conheceu: Getúlio Vargas.
Vargas criou em 1939, o DIP, órgão destinado a censura no
Brasil e ainda entregou Olga Benário Preste para alegrar o
coração do genocida e doente mental do fascista Hitler; Var-
gas queria apoiar os nazistas na Segunda Guerra Mundial,
só não continuou apoiado por pressão do nosso glorioso
exército brasileiro, pois caso contrário estaríamos em situ-
ação complicada com a nossa história.
Nunca devemos esquecer que os esquerdistas sempre
gostaram de acusar os outros (demais) daquilo que eles fa-
zem; a dialética marxista é um câncer para intelectualidade
mundial. Marx e seus pupilos conseguiram disturbar o pen-
samento dialético de Hegel e tornar ele na aberração do ma-
terialismo científico da diarreia marxista. Todos os políticos
com viés fascista tem algo em comum: o populismo.
Com a palavra, Vilmar Rocha, no seu livro “o fascí-
nio do neopopulismo”: “O populismo tem como primeira ca-
racterística apoiar-se em líderes messiânicos, carismáticos,
68 - O Cristão e a Política
que, pelo uso da palavra e da demagogia, estabelecem uma
relação direta com as massas, relação essa que prescinde de
qualquer mediação parlamentar, representativa. Lula apre-
senta-se, frequentemente, como um líder apoiado no caris-
ma, que teria a função de salvar os trabalhadores e os que
vivem na miséria. Esses traços são nítidos em seu discurso
quando sugere, inclusive, que a história e o processo políti-
co brasileiro começaram com ele. Ao utilizar frases do tipo:
“Nunca neste país...” “Pela primeira vez neste país...”, ele dei-
xa clara sua pretensão messiânica”. (ROCHA, 2006. p. 119).
Genildo Rodrigues 69

s
Capítulo 5
O que seria ser de direita ou
conservador?
70 - O Cristão e a Política

A
direita é mais conhecida no mundo pelo seu lado mais
conservador. Mas o que é ser um conservador? O fi-
lósofo católico inglês Roger Scruton expressou bem o
que é ser conservador: — Ser conservador é uma ma-
neira distinta de ser humano, e em todas as esferas da vida o
temperamento conservador se afirmou: arte, música, litera-
tura, ciência e religião. O conservadorismo é uma rica fonte
de reflexão sobre a ordem política.
É bem verdade que ser de direita ou conservador hoje
em nosso país é a mesma coisa que ser classificado como ho-
mofóbico, fascista, intolerante, machista, racista, preconcei-
tuoso e muitos outros adjetivos. Na verdade, o conservador
é alguém que respeita a ética, a arte, a cultura (a boa e verda-
deira tradição dos nossos antepassados) que respeita e dig-
nifica a sociedade que vivemos. Uma explicação boa também
sobre essa visão é a do conservador Michael Oakeshott em
seu livro — conservadorismo:

Ser conservador é, pois, preferir o familiar ao


estranho, preferir o que já foi testando a experi-
mentar, o fato ao mistério, o concreto ao possível,
limitado ao infinito, o que está perto ao distante,
o suficiente ao abundante, o conveniente ao per-
feito, a risada momentânea à felicidade eterna.

Os contrários ao conservadorismo e ao cristianis-


mo gostam de usar a desculpa que esses valores foram
forjados pelo capitalismo ou pela burguesia, pois era ela
que estava e ainda está no poder, essa explicação pela es-
querda é a mesma coisa que dizer que — o certo é errado
e o errado é o certo. Os novos socialistas, por exemplo, di-
zem que defendem a liberdade de expressão, porém ten-
tam tirar a — liberdade dos seus adversários mediante os
projetos de leis no legislativo para excluir os demais que
Genildo Rodrigues 71
não aceitarem suas ideias revolucionárias. No conserva-
dorismo, por exemplo, todos, poderão chegar a ser patrão
ou como os socialistas gostam de falar, se tornar um bur-
guês, sem falar que todos também têm o direito de falar
sem ter o medo de ser preso, assim como o respeito à fa-
mília tradicional. É fundamental entender que o conser-
vador é um grande defensor da tradição judaico-cristã, da
família tradicional e totalmente contrário ao aborto. Ser
conservador de forma resumida é defender a vida, a famí-
lia, a liberdade de expressão, a propriedade privada, a lei,
ordem e o patriotismo. O pensamento reacionário utópi-
co de um passado perfeito, não faz parte do pensamento
conservador representado pela Nova Direita em forma-
ção no Brasil, por exemplo. Por causa da queda do homem
no Éden a natureza humana é corrupta, por este motivo
o verdadeiro conservador não tem um Messias Político e
muito menos crer em um mundo perfeito nesta vida.

O QUE VEM A SER O PENSAMENTO


ESQUERDISTA OU DE ESQUERDA?
A esquerda progressista e radical é fundamentada
com a ideologia da libertação dos pobres e oprimidos. Na
atualidade o que tem elevado o pensamento da esquerda é
a questão da revolução cultural, ou melhor, as causas das
minorias oprimidas (gays, negros, mulheres, índios –
tudo em nome do vitimismo). A esquerda desde Marx é
defensora de um estado forte na mão dos proletários, no en-
tanto, após a Segunda Guerra Mundial foram as pautas de
destruição dos valores morais que eles começaram a defen-
der. A revolução sexual é o grande mito a ser reverenciado
pelos esquerdistas, afinal o movimento mexeu com a estru-
tura do poder de valores morais em todo ocidente.
72 - O Cristão e a Política
A esquerda é majoritariamente favorável à Pales-
tina, no entanto, contrária ao Estado de Israel, pois se-
gundo eles Israel não passa de colonizadores e opressores
brancos contra os palestinos. No Brasil, a esquerda esteve
no poder desde a redemocratização, vista de forma mo-
derada na abertura de mercado no governo de Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), e de forma mais radical no go-
verno petista – Partido dos Trabalhadores (Lula e Dilma).
Ambos os governos tinham em suas agendas políticas,
pautas favoráveis ao aborto e à regularização das drogas,
dentre outras; o PT se destacava por defender pautas mais
radicais, como reforma a agrária (onde o latifundiário é
o grande inimigo) e lutas de classes entre homossexuais
versus heterossexuais, machismo versus feminismo, po-
bre versus ricos, ideologia de gênero versus família tradi-
cional, e principalmente, negros versus brancos. Na visão
da esquerda, o Estado é o grande provedor de bem-estar
social, ou seja, tudo depende da caneta do presidente,
sem falar que geralmente a administração pública do Es-
tado está nas mãos dos — amigos (aliados políticos).
São muitas coisas que poderíamos falar sobre
a esquerda no Brasil na atualidade, têm a influência de
Gramsci na visão de poder político, ou seja, a hegemonia,
e também do intelectual Herbert Marcuse para a modifi-
cação da cultura e a ativação da sexualidade para a derru-
bada do patriarcado, neste caso em particular trataremos
de alguns pontos acerca do feminismo e a assuntos con-
cernentes à sexualidade.
A filosofia moderna do feminismo, ao declarar guer-
ra à família tradicional, está na verdade declarando guerra à
cristandade. Pois no plano divino ambas estão intimamente
ligadas. O grande aliado das mulheres não é o socialismo,
como acreditava Simone de Beauvoir, mas Cristo. A ideolo-
gia moderna declara guerra ao evangelho que prega a humil-
Genildo Rodrigues 73
dade e ensina que quem se humilha será exaltado. Por mais
romancista que seja o movimento feminista, não é para toda
a sociedade, afinal, à sociedade em si é opressora, machis-
ta e patriarcal, mas sim para os que estão de acordo com a
bandeira do movimento: aborto, liberdade sexual, contra a
família tradicional, contra a educação dos filhos pelos pais
que para o movimento são opressores e violentadores por
não crerem na ideologia de gênero e na apologia a bandei-
ra LGBTQI+. O objetivo desse movimento é destruir a visão
das leis morais existentes, que, portanto, foram testadas e
aprovadas ao longo dos tempos.
Não se deixe enganar, nunca existiu antes essa his-
tória de orientação sexual ou de construção sexual. Essa
percepção é algo moderno de aproximadamente 150 anos.
Antes era visto como ato ou prática seja no Egito, na Roma
antiga ou em qualquer lugar da história humana.
A partir da revolução francesa começamos ver esse
pensamento, mas é no período da revolução sexual nas dé-
cadas de 1960 e 1970, onde o movimento feminista começa
inserir essa ideia de construção sexual por meio da socieda-
de. A revolução sexual juntamente com o feminismo radical
criou um caos não somente nos EUA e na França, mas foi no
mundo Ocidental que essa percepção começa a ganhar força.
Esse movimento sexual queria colocar abaixo a moralidade
judaico-cristã, a autoridade dos pais sobre a criação de seus
filhos e libertar a prática sexual desenfreada.
Muitos ainda pensam ilusoriamente que o anticon-
cepcional foi criado para o planejamento familiar, contudo,
não foi pensando na família, mas sim, pensamento unica-
mente na libertinagem sexual — para o psicanalista Freud,
o anticoncepcional era como um símbolo da libertação da
mulher das amarras do patriarcado. A revolução tirou o sen-
timento real do sexo e o que sobrou foi à promiscuidade e
libertinagem selvagem. O movimento da homossexualida-
74 - O Cristão e a Política
de, assim como a sua teoria de que sempre a homossexua-
lidade foi aceita no mundo antigo, por exemplo, irá ganhar
destaque neste período da revolução sexual, no livro, ‘os ata-
ques contra a igreja de Cristo na página 39 e-book, 2022’, o
pastor José Gonçalves escreveu que: Os pesquisadores estão
de acordo que o moderno movimento homossexual tem seu
ponto de partida ligado aos fatos acontecidos em 28 de ju-
nho de 1969 em Stonewall, Nova York. Na ocasião, a polícia
fechou um bar gay e, sob protestos, expulsou os clientes do
lugar. Esse incidente aconteceu em um contexto de mani-
festações sociais que caracterizaram a década de sessenta
na América do Norte. A contracultura dos anos sessenta, o
movimento pelo direito civil dos negros e a guerra do Vietnã
alavancaram protestos por toda a nação. Foi nesse contexto
que o movimento homossexual também levantou sua ban-
deira…, em seu livro Eros: the myth of ancient greek sexu-
ality, o escritor Bruce S. Thornton, considerado como uma
das mais respeitadas autoridades em literatura grega antiga,
destaca que a crença de que a homossexualidade era algo na-
tural na antiga Grécia não se sustenta. Thornton destaca que
“a heterossexualidade, e não a homossexualidade era o pa-
drão na antiga Grécia”, como podemos observar, não existia
uma aceitação como algo natural ou normal à homossexuali-
dade, mas sim como uma prática fora do comum. Na década
de 1980, devido o avanço da libertinagem sexual a sociedade
ficar desesperada com o pavoroso surgimento do “câncer
gay” (HORTA, 2015, p.266 - 267), que algum tempo de-
pois ganhou o nome de — AIDS – o chamado vírus HIV pe-
los médicos franceses em 1983. A libertação sexual da mo-
ralidade cristã, não foi uma liberdade real, mas, na verdade,
foi o início do abismo da degradação moral e das doenças
sexuais (sífilis, seborreia, HIV). Bem, hoje sabemos que exis-
te o tratamento para o vírus HIV e que ele não é uma doença
gay, mas sim, falta de cuidado no ato sexual; e tanto homens
Genildo Rodrigues 75
quanto mulheres podem contrair. Uma das dicas dada pelos
médicos, haja vista, que o vírus HIV (AIDS) se tornou uma
questão de saúde pública, é o uso da camisinha e a redução
do número de parceiros. A revolução cultural e o movimento
feminista radical não trouxeram libertação para ninguém,
pelo contrário, trouxeram escravidão e humilhação para as
pessoas que aderiram essa ideologia perversa.
É verdade que muitas pessoas que defende a ideolo-
gia de gênero estão vivendo bem, no entanto, também é ver-
dade que existem milhares que lutam corriqueiramente por
causa da sua sexualidade, ou seja, não se identificam com
nenhum gênero específico e estão sobrevivendo à base de
remédios depressivos, de drogas ou de bebidas alcoólicas.
Outras delas se assumiram com gêneros específicos, porém,
não conseguiram preencher a lacuna da sua realidade sexual
e também tentam preencher o vazio mediante vícios.
A mídia não quer falar do lado negativo da supos-
ta libertação, na verdade, não estão preocupados com os
reais sentimentos dessas pessoas, mas apenas querem
criar mais gêneros, como, por exemplo, o cisgênero — o
homem ou mulher que nasce com o sexo específico e se
identifica com o sexo que nasceu — que, a meu ver, não
é gênero, mas sim, uma arma manipuladora para perver-
ter a mente das pessoas. Alguém poderia até perguntar o
porquê a Bíblia não aborda essas identidades de sexo e de
gêneros apresentada no Facebook, no cadastro de matrí-
cula de algum curso, por exemplo. Minha resposta para
essa questão é simples: porque elas não existem. São cria-
ções abstratas da imaginação da mente de alguém que não
aceita a realidade nua e simples: só existe macho e fêmea,
ou seja, meu sexo e meu gênero são um só. Eu não nasci
no corpo errado. Tanto a genética como a Bíblia confir-
mam isso, haja vista, que não são os cristãos que são con-
tra a ciência nesta questão, mas os ideólogos fanáticos do
76 - O Cristão e a Política
gênero que são contra a ciência. Não é vão que a filósofa
Judith Butler, a grande matriarca da ideologia de gênero
não gosta muito de usar a ciência nesta questão, assim
também como a psicologia, haja vista, que a psicologia,
vai dizer que tudo não passa de crise de identidade psico-
lógica e não que nasceu em um corpo errado. Em resumo,
essas ideologias não libertaram as mulheres e os homens
do jugo perverso da família tradicional e da moralidade
Ocidental, mas antes, colocou homens e mulheres dentro
de uma prisão ideológica fanática que só tem por objeti-
vidade perverter a criação original de Deus.
A luta dos ideólogos fanáticos da teoria de gênero
(LGBTQI+) não é tão somente contra a família tradicional
ou contra a cultura judaico-cristã, não senhor, essa luta é
contra o próprio Deus Criador e Soberano. Somente Cris-
to Jesus pode libertar o homem do seu pecado, angústia e
devolver a paz com Deus e consigo mesmo. O homem só
encontrará paz consigo mesmo, no momento em que ele re-
conhecer que somente em Jesus Cristo encontramos nossa
verdadeira identidade.
No entanto, acredito que o aborto é o assunto mais
recorrente no Brasil, não que a ideologia de gênero e a re-
gulamentação das drogas não sejam importantes, afinal, as
ideologias críticas do patrono da educação brasileira Paulo
Freire têm destruído a mente de nossa geração pós-moderna
nas escolas e universidades. Porém, o aborto é o mais cruel,
e o mais necessário falar no momento, quem sabe em um
livro futuro não me prenderei na ideologia de gênero e no
câncer do feminismo!
A Bíblia Sagrada, valoriza a dignidade da mulher
e da criança, no entanto, ela é totalmente contrária ao
aborto. Está relatado na bíblia que caso acontece uma bri-
ga no antigo Israel e por acidente uma mulher grávida fos-
se machucada, o culpado deveria pagar uma indenização,
Genildo Rodrigues 77
mas se o bebê morresse ou a mãe, o culpado deveria ser
morte de acordo com a Lei de Deus : Se homens brigarem,
e ferirem mulher grávida, e forem causa de aborto, sem
maior dano, o culpado será obrigado a indenizar o que lhe
exigir o marido da mulher; e pagará o que os juízes deter-
minarem. Mas se houver dano maior, então darás vida por
vida, (Bíblia atualizada, Êxodo, 21.22-23). Podemos con-
cluir que o aborto é algo abominável aos olhos de Deus;
por isso, após o dilúvio, o Senhor ao fazer uma aliança
com Noé e sua família, considerou a vida como um direito
inalienável: “Certamente pedirei contas do sangue de cada
um de vós. Pedirei contas a todos os animais e ao homem;
a cada indivíduo requererei contas da vida do seu próxi-
mo. Quem derramar o sangue do ser humano; pelo próprio
homem seu sangue será derramado; porquanto à imagem
de Deus foi a humanidade criada.(Bíblia atualizada, Gê-
nesis, 9.5-6)”, ninguém jamais teria o direito de tirar a
vida do outro por questão de vingança, por não gostar da
pessoa ou por tão somente achar que o outro ser dentro
de si mesmo não merece viver. O apóstolo Paulo vai dizer
que a mulher tem uma missão gloriosa na restauração da
humanidade, mesmo após a queda: “Contudo, a mulher
será restaurada dando à luz filhos, desde que permaneçam
na fé, no amor e na santidade, com bom senso (1 Timóteo,
2,15)”, é da semente da mulher que nasceu nosso salva-
dor: “Então, perguntou Maria ao anjo: ‘Como acontecerá
isso, pois jamais tive relação sexual com homem algum’? En-
tão o anjo lhe explicou: “O Espírito Santo virá sobre ti, e o
poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. E por esse
motivo, o ser que nascerá de ti será chamado Santo, Filho
de Deus… Hoje, na cidade de Davi, vos nasceu o Salvador,
que é o Messias, o Senhor (Lucas, 1.34-35/2.11)”! Na opi-
nião deste simples escritor, não existe nada neste mundo
tão belo quanto à gravidez!
78 - O Cristão e a Política
É mediante a gravidez que Deus de uma forma tão bela e
sagrada resolveu trazer nova vida para esse mundo. O ven-
tre feminino é um lugar sagrado que Deus consagrou para
trazer à existência de uma nova vida. Dessa forma podemos
perceber que a gravidez é o maior dom que Deus deu para
as mulheres. É no casamento que esse dom maravilhoso é
revelado com o perfeito amor de Deus, haja vista que foi o
próprio Deus que criou o santo matrimônio.
A mulher unida em uma só carne com seu esposo
mediante o amor, a dedicação e o respeito conseguiram en-
sinar esse fruto no caminho do Senhor. Não quero com isso
dizer que a mulher não foi chamada para desenvolver seus
talentos profissionais, afinal, as mulheres são brilhantes
em todas as áreas profissionais que elas atuam, no entanto,
acredito piamente que a maior vocação da mulher dada por
Deus é a maternidade, onde mediante essa santa vocação ela
se tornar a rainha do lar.
Infelizmente estamos vivendo uma época em que o
aborto é debatido como algo normal e natural, e a gravidez
é tida como um peso, um fardo, haja vista que tudo vale em
nome do “meu corpo, minhas regras”. O movimento fe-
minista, por exemplo, nunca lutaram pelo direito feminino
ou mesmo pela feminilidade da mulher, mas sim tão so-
mente por ter uma vida de libertinagem sexual. O embrião
(feto), ou melhor, a criança, jamais será uma parte do corpo
da mulher como elas tentam dizer, haja vista que a barrei-
ra uterina com o cordão umbilical mostra que o bebê não
é uma parte do corpo da mulher, mas sim, um ser distinto,
com uma personalidade própria. Quem apoia o aborto, está
defendendo o assassinato dos inocentes e destruindo a ima-
gem e semelhança de Deus. O dito é “Meu corpo, minhas
regras”, em outras palavras, quero uma licença para ma-
tar! Preciso ser politicamente correto — não quero prosse-
guir com uma gravidez indesejada. O direito ao aborto em
Genildo Rodrigues 79
qualquer situação (fora ao que está previsto no Código Penal
nos artigos 124 a 128) é crime. Se depender exclusivamente
da escolha da mulher e desconsiderando, inclusive, o papel
e a responsabilidade paterna, seria o único caso em todo o
ordenamento jurídico brasileiro em que a pessoa teria o pri-
vilégio de matar sem que isso fosse uma exceção, ou seja,
uma excludente da ilicitude (um tipo de legítima defesa).
Nem o Estado brasileiro, como regra geral, tem licença legal
para matar. Um dos candidatos à presidência da República
brasileira para a eleição de 2022, por exemplo, deu uma de-
claração polêmica, ou melhor, fez apologia sobre o aborto
em 07/04/22, “O aborto é uma questão de saúde públi-
ca, eu não quero ter um filho, vou cuidar de não ter
um filho. Vou discutir com meu parceiro: eu não quero.
O que não dá é que exista essa lei e não deixa cuidar.
Então, nós precisamos avançar muito. Essa pauta da
família sobre valores morais é muito atrasada”.
O candidato ataca fortemente a vida do bebê e toda
a estrutura da família tradicional. E ainda chama todos os
brasileiros que defendem valores morais de atrasados (igno-
rantes e preconceituosos).
Há uma pessoa distinta no ventre da mãe. O desejo
egoísta é usado para justificar o genocídio dos inocentes; a
verdadeira função da saúde pública é auxiliar a mulher e o
bebê na preservação da vida de ambos e não no extermínio
da vida do bebê. Os que defendem o aborto não estão preo-
cupados com a vida e a felicidade da mulher, mas sim estão
tão somente querendo observar a destruição psicológica e
física da mulher. Os pobres sempre foram usados pela es-
querda como uma justificativa para defenderem a legaliza-
ção das drogas e do aborto. Os pobres sempre foram usados
pela esquerda como massa de manobra no Brasil e no mun-
do. É por isso que sempre dirão que a elite tem dinheiro para
ir aos Estados Unidos para fazer aborto, já o pobre não e por
80 - O Cristão e a Política
isso precisam recorrer aos métodos mais grotescos. Essa de-
fesa esquerdista em usar esse argumento não passa de uma
manipulação para o sentido da vida humana e do pertenci-
mento do pobre no cenário nacional e mundial.
Genildo Rodrigues 81

s
Capítulo 6
A influência do marxismo
revolucionário na igreja
82 - O Cristão e a Política

P
odemos ver a influência do marxismo mesmo dentro
do cristianismo, como a teologia da libertação e a te-
ologia da missão integral. A — práxis libertadora de
Jesus de Nazaré (pensamento materialista) na visão
da Teologia da libertação e da ecologia espiritualista não
passa de um engodo dentro da cristandade. Outra doutrina
que é um câncer dentro da igreja é a teologia da missão in-
tegral (Renê Padilha) ambas as teologias veem a igreja como
uma espécie de militante política contra a opressão da bur-
guesia sobre os menos favorecidos, e se for necessário mui-
tos desses ideólogos pegam até armas em nome da revolu-
ção. É lamentável que poucos padres e pastores combatam
a influência distorcida do marxismo sobre a pessoa de Cristo
dentro dos seminários. Para os tais Jesus não passa de um
revolucionário socialista como: Karl Marx e Che-Guevara. É
uma blasfêmia fazer tal comparação! Como sempre, o teólo-
go marxista da causa da libertação, Leonardo Boff e as femi-
nistas estão juntos nessa causa do culto a Gaia (mãe terra).
A teologia da libertação tem uma visão errônea
sobre o Cristo crucificado, assim como as feministas com
a espiritualidade da Nova Era. Geralmente esses ideólo-
gos fazem uma separação do Jesus de Nazaré revolucio-
nário e do Jesus Cristo com a missão de perdoar pecados,
é como se existissem duas pessoas distintas. Essa heresia
é chamada teologicamente de adocionismo desenvolvida
no século II por Teódoto de Bizâncio. Teódoto via Jesus
como um homem perfeito, mas não Divino, somente após
o batismo que ele se tornará o Cristo na visão do herege
Teódoto. A visão dos pastores e padres que defendem essa
visão tem como pano de fundo o Jesus que lutava pela
libertação dos pobres e marginalizados, e contra o impe-
rialismo romano e a elite judaica.
Baseada nesta narrativa fantasiosa, eles chegam a di-
zer que os pobres de hoje têm muitas faces que Jesus de Na-
Genildo Rodrigues 83
zaré defende, por exemplo, a face dos adúlteros, da homos-
sexualidade, do lesbianismo, da mulher com uma gravidez
indesejada, dos ladrões e etc. No entanto, em nome do amor,
você não verá em nenhum momento o abandono do pecado
ser mencionado pelos teóricos do caos e da hermenêutica
bizarra sobre a pessoa de Cristo. É necessário combatermos
essas aberrações teológicas dentro da igreja de Cristo.
É de ficar espantado que na atualidade haja cristãos
defendendo comunismo e socialismo como se essas ideo-
logias fossem os representantes do evangelho de Cristo;
eles usam geralmente “Atos 2 e 5” como exemplos para o
socialismo cristão. Tal hermenêutica é apoiada por pessoas
que não têm nenhum compromisso sério com o evangelho
e com o período bíblico.
A Teologia da Missão Integral é outra problemática
dentro do seio teológico da igreja. Fruto de uma visão de
amor além do que Jesus revelou nas Escrituras, os ideó-
logos da missão integral acreditam que a missão da igreja
está além da questão espiritual e da filantropia (caridade
e fraternidade). Os tais defendem uma releitura das es-
crituras, ou seja, uma atualização das passagens bíblicas,
onde as parábolas de Jesus se tornam uma luta de resis-
tência contra o poder opressor da elite religiosa dominante
judaica e do imperialismo romano. É bem verdade que no
princípio a missão integral tinha o desejo de ajudar o outro
sem se importar com a questão da politicagem e da luta
de classe, afinal, tudo era por pura vontade de participar
das feridas sofridas do próximo. Parece até algo místico e
na verdade é o que tudo indica, no entanto, essa condição
mística, se tornou algo muito mais que holística e mística
na hermenêutica do evangelho de Cristo. Se tornou algo
utópico e distópico ao mesmo tempo.
O teólogo argentino Renê Padilha, um dos principais
nomes da TMI conhecido no Brasil, escreveu em seu livro
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“Missão Integral” que, “nem a interpretação nem a co-
municação do Evangelho se realizam no vazio; realizam-
-se num contexto cultural e são por ele condicionado”, ou
seja, é necessário uma atualização da leitura para nos-
sa realidade da luta pelos oprimidos em pró do reino de
paz e igualdade na terra. A missão principal da igreja se
converter em lutar em favor dos marginalizados e dos
oprimidos do mundo, essa visão se tornará algo seme-
lhante com a teologia da libertação. No seu livro “O Que
é Missão Integral?”, Padilha escreveu – “afirmamos
que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Por-
tanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e
pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela li-
bertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque
a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa,
sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe so-
cial, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em
razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explo-
rada. Aqui também nos arrependemos de nossa negli-
gência e de termos algumas vezes considerado a evange-
lização e atividade social mutuamente exclusivas”, com
essa posição começaremos a perceber que a perspectiva
dele sobre a missão evangelística da igreja, ou seja, da
Grande Comissão de Jesus em “Mateus, 28. 18-20: En-
tão, Jesus aproximando-se deles lhes assegurou: “Toda
a autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto,
ide e fazei com que todos os povos da terra se tornem
discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo; ensinando-os a obedecer a tudo quanto
vos tenho ordenado. E assim, Eu estarei permanente-
mente convosco, até o fim dos tempos.” Se transforma
em pleno ativismo político, econômico e social – a luta
de classe é agora a nova missão da igreja. A visão da
TMI vai se transformar em uma espécie de missão pro-
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gressista na cabeça dos pastores Ariovaldo Ramos e Ed
René. Ambos pastores são favoráveis a uma releitura
das escrituras, haja vista que eles são de certa forma à
favor do aborto, das pautas LGBTq+, ou seja, do casa-
mento homoafetivo, lógico que tudo em nome do amor
ao próximo, a igreja inclusiva. A visão sociopolítica
desses teólogos é mais favorável às pautas iluminista e
esquerdista do que realmente ao evangelho de Cristo.
Cristo se tornou agora para eles o grande defensor dos
pobres (lembrando que os pobres têm várias faces para
esse movimento) ao estilo de Karl Marx, haja vista que
é necessário combater o sistema capitalista burguês
opressor e o pensamento fundamentalista cristão.
Concluo escrevendo que a Teologia da Libertação e da
Missão Integral não passam de teorias militantes da esquer-
da marxista infiltradas nas igrejas; a proposta pode até ser
convidativa, afinal todos querem ver a terra se tornando um
núcleo de paz universal. No entanto o materialismo históri-
co, não conseguiu e jamais conseguirá criar uma comunida-
de global com perfeita igualdade, liberdade e fraternidade,
haja vista que a natureza má do homem sempre correrá para
a maldade. Às vezes parece que esses ideólogos se esquecem
de países como Coréia do Norte, China, Bolívia, Venezuela
e Cuba, como exemplos de perseguição contra o evangelho
autêntico de Cristo. Não têm como o cristão defender Jesus
Cristo como um revolucionário.
Os discípulos de Cristo não são militantes revolucio-
nários que precisam lutar para mudar a ordem, os costumes
e a economia neoliberal. Jesus não representa a luta de clas-
se entre opressor e os oprimidos.
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s
Conclusão
Porque os governantes não podem ser motivo de
temor para os que praticam o bem, mas para os
que fazem o mal. Não queres sentir-se ameaça-
do pela autoridade? Faze o bem, e ela te honrará.
Pois ela serve a Deus para o teu bem. Mas, se fi-
zerdes o mal, teme, pois não é sem razão que traz
a espada. É serva de Deus, agente da justiça para
punir quem pratica o mal. (Romanos, 13,3-4).

Acredito piamente que o cristão além de ter seu


compromisso supremo com o evangelho de Cristo, as-
sim como com seu reino, deve também ter um verdadeiro
compromisso com sua nação, por isso é necessário que ele
tenha um comportamento exemplar diante da sociedade
pós-moderna que é má e perversa. Por mais que essa socie-
dade esteja corrompida pelo pecado, é dever do cristão ser
uma luz neste mundo tenebroso e cruel.
No livro profético de Daniel (3.1-30) é relatado que o
rei Nabucodonosor mandou construir uma estátua de ouro
para que todos naquele reino se dobra-se diante dela, e os
que rejeitasse essa ordem deveria ser lançado na fornalha
de fogo, no entanto, três jovens escolheu a morte em vez
de se prostrar diante do sistema corrupto. Deus honrou a
perseverança desses jovens diante do relativismo cultural,
moral, religioso e político daquele reino e como resultado
de sua fidelidade Deus os livrou da fornalha, e todos foram
influenciados pela fé verdadeira daqueles servos de Deus.
O autêntico cristão precisa se comportar como es-
ses três amigos (Ananias, Misael e Azarias) na Babilônia,
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não deve jamais nos render diante do sistema corrupto
desta nação. Jamais devemos negociar nossos valores com
o deus deste século (sistema secular e o diabo), com isso
quero dizer que existirão algumas leis e costumes na so-
ciedade que não concordaram com as Escrituras e por mais
que as autoridades sejam constituídas pelo Senhor, não
quer dizer que devemos obedecer a tais leis que vão con-
tra as Escritura, mas somente as leis que honra a Deus. A
Constituição Federal máxima do cristão é a Bíblia Sagrada
e como tal é necessário que o cristão seja primeiramente
cidadão do céu, em outras palavras, que tenha um senti-
mento de pertencimento pleno e primário do céu e só de-
pois, cidadão da terra. Tudo que for contrário ao evangelho
de Cristo é pecado, por essa causa o cristão jamais deve
apoiar ou ser favorável ao aborto, legalização das drogas,
pautas homoafetivas e a sexualização de nossas crianças.
Desde o surgimento das tecnologias comunicativas como o
rádio, a televisão, assim como a própria internet, os ideólo-
gos materialistas e ateístas têm instrumentalizadas com a
objetividade de modificar a cultura Ocidental; eles usam as
novelas, os programas de auditórios, peças de teatros, mú-
sicas, e até os desenhos animados para perverter a mente
da família tradicional dentro dos lares.
O chamado do cristão perante a sociedade é para
influenciar esse mundo mediante o evangelho de Cristo,
tanto na política, economia como na cultura, nós somos
os mordomos de Deus e como tal devemos fazer cultura.
Entendemos que a igreja não precisa de políticos para pro-
tegê-la, haja vista que Cristo é o general por excelência da
igreja, no entanto, nós como cristão precisamos desenvol-
ver a mordomia cristã em todas as áreas, na literatura, no
cinema, na arte, na música, etc. Somente uma pessoa igno-
rante, ou melhor, sem conhecimento que talvez não com-
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preenda a necessidade da participação do cristão na políti-
ca, na polícia militar, fazendo arte e em departamentos dos
setores públicos. Alguns cristãos que se dizem fiéis a Jesus
Cristo, muitas vezes marginaliza os demais que participam
da política, no entanto não deixam de ir atrás das forças
armadas, assim como da polícia militar, ou até mesmo do
PROCON. Bem, eles poderiam não ir atrás, afinal tudo isso
não passam de funções administradas em sua maioria por
pessoas que não tem um compromisso com o evangelho
de Jesus Cristo. Devemos lembra sempre que é por cau-
sa de deputados e senadores cristãos e conservadores que
ainda no Brasil não foi legalizado o aborto, regulamenta-
do as drogas, oficializado a ideologia de gênero nas escolas
públicas e estaduais. Desta forma observamos que é fun-
damental o cristão entender qual é o seu papel na cultura
atual e como ele deve cooperar para transformar a cultura
mediante a influência do evangelho de Cristo.
A cultura tem a ver com os produtos da interativi-
dade humana sejam eles materiais e imateriais, tem haver
com a natureza criada por Deus, como a educação, ciência,
entretenimento, tecnologia, arquitetura, artes — mesmo
os produtos mais simples como uma refeição, brinquedos;
tudo isso é cultura. Nós sabemos que Deus criou a nature-
za: ela é obra de suas mãos. Em síntese, a criação é o que
Deus faz; cultura é o que nós fazemos. O frango que eu
levo para casa faz parte da criação de Deus, a galinhada
faz parte da cultura, isto é um simples exemplo para nos
mostrar a relação de Deus e dos homens na criação. A cul-
tura envolve a forma como as pessoas irão administrar a
criação de Deus. Os ímpios sempre irão fazer uma cultu-
ra contrária aos valores morais de Deus, afinal eles estão
presos aos fatores humanos. Os cristãos sempre devem
fazer cultura lembrando-se dos valores morais de Deus
Genildo Rodrigues 89
revelados no Evangelho de Cristo. Caim estava pensando
no terreno quando cultivava a lavoura, mas seu irmão Abel
estava pensando nas coisas celestiais quando cuidava da
agropecuária, haja vista que tudo era para revelar a glória
de Deus. Dessa forma, podemos dizer que o cristão foi cha-
mado para também fazer cultura, pois Deus nos deu o ta-
lento em todas as áreas: música, economia, arte, literatura,
cinema, esportes, etc. Que venhamos ser cada dia mais os
influenciadores da cultura de Deus nesta terra.
Acredito que devemos nos dedicar em ensinar nos-
sos filhos a serem verdadeiros cristãos, e jamais darem mal
testemunho, assim como devem ser um cidadão modelo
para essa geração. Devemos também ter o espírito de per-
tencimento com nosso próximo, seja na família, na igre-
ja, na comunidade, em todos os lugares. Nunca devemos
esquecer que Deus nos convoca para uma missão: ser sal
e luz neste mundo, afinal isto é a verdadeira cosmovisão
cristã, promover o Reino de Deus. É preciso entender que
vivemos em uma sociedade presa no individualismo radical
e que esse individualismo é totalmente contrária à vivên-
cia em comunidade, assim como no seio familiar. Há cada
dia que passa o belo desejo de fazer raízes de laços afeti-
vos com o próximo se têm perdido com o passar do tem-
po. O sociólogo Bauman disse certa feita que vivemos em
uma sociedade líquida, sem o desejo de criar a estabilidade
com o próximo. A tecnologia tem fortalecido esse relacio-
namento líquido; basta apenas um toque para desfazer a
amizade superficial, afinal nunca existiu algo duradouro.
Quando a única luz que ilumina os rostos das pessoas vem
da tela do computador, celular ou da televisão, é sinal que
estamos vivendo nas trevas. Na sociedade pós-moderna
tudo é feito para se promover e ter reconhecimento. Não
existe a verdadeira caridade e a verdadeira moralidade em
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uma sociedade que não preza pela estabilidade em comu-
nidade. É por isso que só em Jesus Cristo encontramos
nossa verdadeira humanidade e o verdadeiro sentido para
viver em comunidade.
Finalizo com uma citação do pastor anglicano
John Stott em seu livro – “ O Discípulo Radical” –
“A igreja, juntamente com o resto da sociedade, está
inevitavelmente envolvida na política, que é ‘a arte de
viver em comunidade’. Os servos de Cristo precisam ex-
pressar o senhorio dele em seus compromissos políticos,
econômicos e sociais, e em amor por seu próximo, parti-
cipando do processo político”.
Somos chamados a viver em obediência ao senhorio
de Cristo e a construir uma cultura que agrade ao Senhor
nosso Deus.
Em breve a grande pedra profetizada por Daniel irá
derrotar todo esse sistema corrupto, no entanto até lá é
necessário o cristão continuar influenciando a sociedade
mediante a cultura do Reino do Céu como pedras vivas
para glória de Deus.
Genildo Rodrigues 91

s
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