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PORTUGUÊS 12.

o ANO

TEORIA

GÉNEROS TEXTUAIS

GÉNERO ESTRUTURA CARACTERÍSTICAS E MARCAS

Exposição sobre um tema Título: sugestivo e orientador do • Registo de língua formal/corrente;


Texto que visa a apresentação tema. • Mecanismos de coesão (articulação entre
de informação detalhada e fun- Introdução: breve descrição e apre- frases, parágrafos e referentes, deíticos e
damentada sobre um deter- sentação do tema, bem como refe- conectores);
minado tema, apresentando rência à organização do conteúdo • Vocabulário especializado e adequado;
muitas explicações e exemplos segundo uma estrutura específica.
• 3.ª pessoa;
demonstrativos. Desenvolvimento: caracterização
• Frases declarativas;
pormenorizada do tema em exposi-
ção, acompanhada de exemplos que • Apresentação de referências bibliográficas
demonstram a verdade do exposto. e citações adequadas;
Conclusão: reflexão final sumária e • Uso do presente do indicativo;
apelativa. • Verbos como ser, pertencer, ter, …

Apreciação crítica Título: sugestivo, apelativo e cativa- • Registo de língua corrente;


Texto em que o autor verbaliza dor da atenção do leitor. • Linguagem subjetiva, mas clara, para que o
a sua opinião pessoal sobre Introdução: apresentação do tema leitor perceba a apreciação pessoal;
um qualquer tema atual ou um ou objeto e respetivo juízo de valor. • Recursos expressivos (ironia, hipérbole,
objeto (um livro, um filme, um Desenvolvimento: descrição do tema/ comparação, metáfora, …);
acontecimento, um CD/DVD), objeto; apresentação de dados obje- • Frases declarativas, exclamativas e interro-
tipicamente de natureza cultu- tivos e subjetivos, manipulados pelo gativas;
ral, com o objetivo de o analisar autor. Apreciação do tema ou objeto,
e avaliar, orientando, assim, o • Linguagem valorativa e apreciativa (adjeti-
tendo por base os aspetos positivos e
leitor nas suas escolhas. vação);
negativos que apresenta.
• 1.ª/3.ª pessoa.
Conclusão: retoma final do tema e
reiteração da opinião pessoal.

Texto/Artigo de opinião Título: sugestivo, apelativo e cativa- • Registo de língua corrente;


Texto em que o autor ex- dor da atenção do leitor. • Linguagem subjetiva, mas clara, para que o
pressa a sua opinião pessoal/ Introdução: apresentação do tema e leitor perceba a opinião pessoal;
ponto de vista sobre um tema juízo de valor sobre o mesmo. • Recursos expressivos (comparação, enume-
da atualidade, que pode ser de Desenvolvimento: descrição do tema; ração, metáfora, …);
qualquer natureza e se sustenta apresentação de dados objetivos e • Frases declarativas e interrogativas;
de argumentos. Regra geral, é subjetivos. Demonstração do ponto
atual e interessante ao leitor. • Expressões de apreciação ou juízo de valor
de vista por meio de argumentos e/ou
(«em meu entender»; «na minha opinião»;
exemplos ilustrativos.
«penso que», …)
Conclusão: retoma final do tema e
• 1.ª/3.ª pessoa.
reiteração da opinião pessoal.

Relato de viagem Título/subtítulo: sugestivo e apela- • Registo de língua formal mas acessível ao
Texto que versa sempre sobre tivo. público-alvo;
temas relacionados com via- Introdução: apresentação do per- • Informação significativa;
gens ou percursos que o autor curso, da viagem, da experiência,… • Encadeamento lógico dos tópicos tratados;
fez. Desenvolvimento: exposição do local • Variedade de temas;
ou dos locais da viagem e sua descri-
• Discurso pessoal (prevalência da 1.ª pessoa);
ção e relatos da experiência pessoal.
• Dimensões narrativa e descritiva;
Conclusão: fecho do relato da viagem.
• Multimodalidade (diversidade de estilos de
escrita e de recursos).

Artigo de divulgação científica Título/subtítulo (ou antetítulo): • Registo de língua formal mas acessível;
Texto que versa sobre um objetivo e apelativo. • Informação seletiva;
assunto das várias áreas do Introdução: breve apresentação do • Linguagem técnica e científica;
Saber/da Ciência. O seu obje- tema/conteúdo a divulgar.
• Caráter expositivo;
tivo é dar a conhecer ao público Desenvolvimento: exploração do tema.
conclusões retiradas de proje- • Hierarquização das ideias;
Conclusão: apresentação da conclu-
tos de investigação. • Explicitação das fontes;
são do tema/conteúdo exposto.
• Rigor e objetividade.
• 3.ª pessoa.

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GÉNEROS TEXTUAIS

GÉNERO ESTRUTURA CARACTERÍSTICAS E MARCAS

Discurso político Título/subtítulo (opcional): objetivo. • Caráter persuasivo (o importante é conven-


Texto de natureza retórica, para Introdução: apresentação da tese cer o público da tese);
persuadir o leitor relativamente que se vai defender. • Informação seletiva;
à ideologia apresentada (reli- Desenvolvimento: exposição enca- • Capacidade clara de expor e argumentar:
giosa, política, social, …) e para deada de argumentos ou contra- – argumentos, contra-argumentos e provas
o levar a refletir sobre ela. Pode -argumentos para fundamentar e coerentes, com sentido e válidos
assumir a forma literária, como sustentar a tese defendida.
acontece com os Sermões do – Valores éticos e sociais
Conclusão: resumo da tese defendida
Padre António Vieira – sermões – eloquência: a arte de bem falar e a clareza
e intensificação da sua importância.
escritos para serem proclama- levarão o público a seguir a tese e a aceitá-la;
dos em voz alta para os fiéis da • Recursos expressivos (anáfora, interrogação
missa ou celebração religiosa. retórica, enumeração, comparação,...);
• Frases declarativas e exclamativas;
• Conectores discursivos;
• Verbos declarativos, de causa-efeito, de opi-
nião e de crença;
• 1.ª pessoa (singular, para discurso pessoal,
ou plural, para discurso de um partido ou
fação política).

Diário Data/local: delimitação temporal e • Registo informal e vocabulário simples;


Texto intimista e subjetivo, de local. • Ligação dos temas tratados ao quotidiano
caráter autobiográfico, em que Título/Introdução (opcionais): apre- (real ou imaginário) dos leitores;
o autor expressa sentimentos sentação do tema. • Narratividade: marcas semelhantes às de
relativamente aos assuntos que Desenvolvimento: relato de expe- quem está a contar uma história que viveu;
vai registando dia a dia. riências, pensamentos, ... • Ordenação cronológica dos acontecimentos
Conclusão (opcional): resumo do narrados;
relato apresentado. • Discurso pessoal (uso da 1.ª pessoa) e con-
fidencial.

Memórias Título/subtítulo (opcionais): suges- • Narratividade: marcas semelhantes às de


Textos, de caráter autobio- tivo. quem está a contar uma história que viveu;
gráfico, que relatam aconteci- Introdução (opcional): apresentação • Informação seletiva (só aquela que o autor
mentos passados, que o autor do tema. quer apresentar/recordar);
pretende relembrar e dar a Desenvolvimento: relato dos aconte- • Discurso pessoal (1.ª pessoa) e retrospetivo
conhecer ao leitor. cimentos passados, incluindo, deta- (remetendo para o referido passado e ao que
lhes sobre episódios mais íntimos, ... lhe sucedera então);
Conclusão (opcional): resumo valo- • Prevalência de muitas formas de expressão
rativo da(s) memória(s) lembrada(s). de tempo (tempos verbais do passado e pre-
sente, advérbios e locuções com valor tem-
poral, conectores);
• Verbos e expressões que remetem para a
ação de lembrar.

Síntese Deve conter um terço do tamanho do • Linguagem objetiva e clara;


Contração de um texto, reduzin- texto original. •F  rases organizadas com conectores discur-
do-o aos seus elementos essen- sivos;
ciais. • Ausência de informação acessória/desne-
cessária (adjetivos, modificadores, informa-
ção entre parênteses);
• Hiperónimos, holónimos, pronomes e termos
genéricos (para substituir enumerações lon-
gas);
• Frases declarativas;
• Frases em discurso indireto;
• 3.ª pessoa.

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TEXTOS-MODELO

APRECIAÇÃO CRÍTICA

Título sugestivo Não é uma questão de gosto: os festivais em Portugal são os melho-
e apelativo. res da Europa
Introdução Os festivais em Portugal são os melhores da Europa. Atentem
Tema e juízo de nos dois principais fatores que os definem, isto é, o cartaz e o
valor. preço dos bilhetes, e será muito difícil provar o contrário.
Por mais voltas que se dê (…) é de ciência certa que os fes-
tivais portugueses estão entre os melhores da Europa. Faça-se o
cotejo dos cartazes, compare-se o preço dos bilhetes e o resultado Comparação

é claro como a água. Há poucos eventos capazes de se baterem Linguagem


com aqueles que acontecem por cá. E assim acontece por duas valorativa
e apreciativa
simples razões: as marcas patrocinam e a comunicação social ofe-
rece um espaço sem igual. É esse o ciclo virtuoso dos festivais de
música que alegram o verão português. E tanto assim é que não
ligamos patavina aos festivais que acontecem lá por fora, em Espa-
nha, França, no Reino Unido, na Alemanha ou Escandinávia; ou
mesmo na emergente Europa do Leste, onde já se batem com os
melhores. Antes pelo contrário. São os estrangeiros quem cobiça
Desenvolvimento
os festivais portugueses.
Descrição do tema
e demonstração
Podemos começar por aí. No NOS Alive, diz a produtora
da opinião do autor. Everything Is New, há mais de vinte mil turistas oriundos da Grã-
-Bretanha, França, Espanha e de mais um ror de países. (...) Aqui
veem-se os melhores artistas a um preço que faz com que as férias
fiquem quase de borla. (...)
Vamos a contas? Um bilhete para a edição deste ano de Glas-
tonbury custava 238 libras esterlinas, cerca de 270 euros. (...); para
o Roskilde, na Dinamarca, €268. Para o NOS Alive, em Lis- Interrogação
boa, eram €129. Alguém se admira que a lotação esteja esgotada? retórica
Alguém se espanta com o contingente forasteiro? Bem, depende Mecanismos
da lotação. Mas, já que se fala nisso, vamos à questão da segurança. de coesão; 1.ª/3.ª
Por sorte, competência ou pelas duas razões em simultâneo, nunca pessoa
um acidente grave sucedeu num festival português. (...)
E se este ciclo virtuoso parece imparável, não vale, porém,
Conclusão esquecer os perigos que espreitam. (...) Por isso o fator chave dos
Reiteração de festivais deste ano e dos próximos é não tanto a sua rentabilidade,
opinião pessoal que por ora parece assegurada, mas a segurança que cada produção
fundamentada.
for capaz de oferecer aos artistas e, sobretudo, aos espectadores.
Façam o favor de bater três vezes na madeira.
Miguel Cadete, «Duas ou três coisas sobre o NOS Alive
e a excelência dos festivais em Portugal», Blitz, 7 de julho de 2017
(disponível em www.blitz.sapo.pt, consultado a 07/07/2017)

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TEXTOS-MODELO

DISCURSO POLÍTICO

Título
Informações sobre o Mensagem de Ano Novo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de
orador e o contexto. Sousa Palácio de Belém, 1 de janeiro de 2017
Introdução Muito Boa Noite. Enunciação
Cumprimento de
Há quase dez meses, ao tomar posse, recordei a nossa vocação de na 1.ª pessoa
protocolo: sauda-
ção aos ouvintes e sempre, que é a de sermos mais do que dez milhões que vivem num do singular

motivo do discurso. retângulo na ponta ocidental da Europa.


Somos e temos de ser uma plataforma entre culturas, civiliza- Frase declarativa
ções e continentes, espalhados pelo mundo, capazes de criar diálo-
go, fazer a paz, aproximar gentes. Para isso, defendi mais e melhor Conectores
educação, maior coesão, ou seja, menores desigualdades, capacidade
de nos unirmos no essencial. (…)
O ano de 2016 chegou ao fim. Será que conseguimos dar pas- Interrogação
sos em frente no caminho pretendido? (D)emos passos para corrigir retórica

injustiças e criámos um clima menos tenso, menos dividido, menos


negativo cá dentro e uma imagem mais confiável lá fora, afastando
o espectro de crise política iminente, do fracasso financeiro, da ins-
tabilidade social que, para muitos, era inevitável. Tudo isto foi obra
nossa – de todos os Portugueses. No entanto, ficou muito ainda por
Desenvolvimento fazer.
Argumentação O crescimento da nossa economia foi tardio e insuficiente.
a fundamentar
a tese exposta
Alguns domínios sociais sofreram com os cortes financeiros. A dívi-
(argumentos, da pública permanece muito elevada. (…). Mas, tudo visto e soma-
contra-argumentos do, o balanço foi positivo. (…) Quando queremos, nos unimos no Enunciação
e provas). na 1.ª pessoa
fundamental e trabalhamos com competência, com método e com
do plural
metas claras – somos os melhores dos melhores.
Começa hoje um novo ano. Neste tempo que se abre, temos de Caráter persuasivo
reafirmar os nossos princípios e saber o que é preciso fazer primei-
ro. Os nossos princípios: acreditamos nas pessoas, no respeito da sua Verbos
dignidade, das suas diferenças, dos seus direitos pessoais, políticos declarativos,
de opinião e crença
e sociais; (…) acreditamos no dever de construir a solidariedade e
a paz e de lutar contra o terrorismo, na Europa onde nascemos, (...)
nos novos mundos onde estivemos e estamos e queremos unir cada Enumeração
vez mais. À luz destes princípios, o caminho para 2017 é muito
simples: não perder o que de bom houve em 2016 e corrigir o que
falhou. (…)
(D)esejo do fundo do coração as maiores venturas a todos os
Conclusão Portugueses, onde quer que vivam, (…) e também àqueles que, dos
Finalização do dis- quatro cantos do mundo, chegaram e chegam à nossa terra. Com
curso, reforçando
a tese defendida,
esperança. Com confiança. Com Paz. Acreditando sempre em nós
e despedida. próprios. Acreditando sempre em Portugal!
Um bom 2017.
In Presidência da República Portuguesa
(disponível em http://www.presidencia.pt/?idc=22&idi=120518;
consultado a 16/11/2017)

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