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A pontuao
A pontuao, no final do verso, produz um ritmo lento, arrastado, que remete para o
prolongamento do tempo passado.
Sonoridades:
A aliterao
- Aliterao dos sons (d) e (l) na primeira estrofe
" sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,"
A aliterao sugere a distncia temporal, pelo prolongamento da sonoridade das consoantes.
A lquida (o som l) associa-se imagem do cu, que se confunde, pela imensido, com a
gua, imagem invertida do mesmo, uma vez que o mar o local onde as formas se espelham.
- Aliterao do som (t) na segunda estrofe
"E to lento o teu soar,
To como triste da vida,"
"Mergulhar" no tempo passado, atravs da evocao da imagem do sino, pressupe, numa
primeira fase, uma imagem visual que , posteriormente, substituda pelo som da badalada imagem auditiva - que provoca a aliterao do som (t) na segunda estrofe.
- Aliterao do som (s) na terceira estrofe
"Quando passo, sempre errante,"
A aliterao significa que o som permanece, para o poeta; viver o presente implica, para ele,
lembrar o passado.
-Aliterao do som (t) na quarta estrofe
"Vibrante no cu aberto,
(...)
Sinto a saudade mais perto."
O som perpetua-se indefinidamente - o passado absorve o presente.
Ao longo do poema, verifica-se a predominncia da vogal aberta (a) e dos sons nasais, que
apontam, respectivamente, para a intensidade da inscrio que as imagens do passado tm
na alma do poeta e para a consequente entrega a essas imagens, o que pressupe a
passividade face ao tempo presente - esta ideia sugerida pelo arrastamento rtmico
provocado pelos sons nasais.
Vogal aberta (a): aldeia, tarde, calma, badalada, alma, soar, pancada, mais, passo, passado,
saudade;
Sons nasais: dolente, dentro, lento, pancada, som, tanjas, quando, sempre, errante, mim,
sonho, distante, vibrante, longe, sinto.
http://mym-pt.blogspot.pt/2011/11/o-sino-da-minha-aldeia-fernando-pessoa.html