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Sumário

Que roubada!...........................................................9
Um “tipinho” pra deletar......................................17
Deu PT.....................................................................25
Na corda bamba....................................................33
A gente nao precisa disso...................................37
Fique de olho!........................................................59
Se ligue nessa!........................................................65
Escondendo-me de mim mesma......................71
A escolha é sua......................................................81
Queria ser como os cabeludos..........................87
Seu corpinho é uma viagem!..............................91
Vacilou, dançou!.....................................................95
SOS Galera!...........................................................107
Vencendo essa batalha.....................................113
Por muito pouco!.................................................121
Segure essa onda...............................................129
Referencias...........................................................141
Autor
Cheguei em casa 7:30 da manha, depois de uma balada muito louca. Ainda
bem que meus pais ja tinham ido trabalhar. Se me vissem desse jeito... Caraca! Nao
quero nem pensar. Aff... Que ressaca!
Eu me encolhi no sofa parecendo que havia sido golpeado por alguem. Tava tao can-
sado que nem fui ao quarto e logo “’desmaiei”. Nem percebi quando, de súbito, apa-
receu Rafael.
- Ué, Ronaldinho! O que houve com voce? Apagou geral, cara!
Chamavam-me assim porque possuia dentes salientes e muito expressivos que po-
diam se enxergar de longe.
- Fala ai mano!
- Onde tava ontem? Cara, te procurei, te rastreei, mas ninguem te acha nesse mun-
dão, hein vei? Completou Rafael.
- Acabei de chegar de uma festa. Tava a galera quase toda lá, inclusive a Clara,
aquela paty, sabe? Que só anda de
cor-de-rosa, e que de vez em quando aparece nas boates, sempre com a turma da
escola.
- Tô ligado... Mas fala ai, como foi a balada?
- Cara, nem te conto. Começou lá pelas 10 da
Na Moral nessa
onda eu embarco

Que Roubada
- Tô ligado... Mas fala ai, como foi a balada?
- Cara, nem te conto. Começou lá pelas 10 da noite e ter-
minou agora ha pouco. Foi massa, curti de montão.

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Capitulo 01 Que roubada

noite e terminou agora ha pouco. Foi massa,


curti de montão.
- Acredito, voce deve ter se esbaldado.
- Quero te contar um lance.
- Não vai me dizer que e sobre a Clara?
- Desencanei. Dei um gelo nela e fiquei com a
Sabrina.
- Sempre achei que voce tinha uma queda por
Cheguei em casa 7:30 da manha, de- ela.
pois de uma balada muito louca. Ainda bem -Brother, ela é perfeita, TDB e tem algo de di-
que meus pais ja tinham ido trabalhar. Se me ferente das outras minas. Sabe o que me fa-
vissem desse jeito... Caraca! Nao quero nem lou?
pensar. Aff... Que ressaca! - Nao tenho a menor idéia.
Eu me encolhi no sofa parecendo que havia -Que se quisesse ficar com ela, teria que ser
sido golpeado por alguem. Tava tao cansado pra valer.
que nem fui ao quarto e logo “’desmaiei”. Nem - Pra valer? Você?!
percebi quando, de súbito, apareceu Rafael. - Pois. Dificil de imaginar, eu namorando sé-
- Ué, Ronaldinho! O que houve com voce? rio...
Apagou geral, cara! - Parece até piada.
Chamavam-me assim porque possuia dentes - Entao, ficar, ficar... Nao é a praia dela. Mas,
salientes e muito expressivos que podiam se pen- sando bem, eu até gostei. A Sabrina é
enxergar de longe. muito gata e tem muitos carinhas a fim dela,
- Fala ai mano! assim fico mais tranquilo.
- Onde tava ontem? Cara, te procurei, te ras- - Tu tá mudando hein, véi?
treei, mas ninguem te acha nesse mundão, - Verdade. Sabe, nesses ultimos dias fiquei
hein vei? Completou Rafael. pensando no que a professora de ciencias
- Acabei de chegar de uma festa. Tava a tem falado na sala. E depois da festa de on-
galera quase toda lá, inclusive a Clara, aquela tem...
paty, sabe? Que só anda de - Por que? Ta ficando careta mesmo, hein? Pri-
cor-de-rosa, e que de vez em quando aparece meiro quer namorar serio, depois você vem
nas boates, sempre com a turma da escola. com esse papo. Eu hein? Acho aquela mulher
- Tô ligado... Mas fala ai, como foi a balada? muito cheia de regras. Estou cansado daque-
- Cara, nem te conto. Começou lá pelas 10 da las aulas caretas e moralistas. Ela nem parece

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Que roubada

que esta no seculo XXI. Mais parece um mu- o que ela mencionou para voce refletir um
seu ambulante. Aposto que nem marido tem. pouco. Ela disse que todo dia nos noticiarios
Tambem, quem iria aturar aquela baranga aparecem casos que mostram que a galera
por muito tempo? da nossa idade tem sido cada vez mais afe-
- Eu sei, cara. Ela parece que nao vive em nos- tada pelo uso de drogas, o que tem deixado
so as familias muito preocupadas. Isso sem falar
Mundo! Veste-se como se estivesse nas autoridades, tanto locais como em todo
nos anos 60. Dizem que nem usa perfume, o pais. Cara, mesmo que essa seja uma infor-
tem um penteado da decada de 80 e, ainda macao que a gente nao curte, é preocupante
faz umas provas horriveis!. e precisamos ficar ligados.
- Encarar essa professora é demais pra mim, - Tá, mas por que toda essa história agora?
qualé? - Rafa nao quero dar uma de bom moço, mas,
Nao tenho saco pra assistir as suas aulas. ontem mesmo, vi na TV uma cena arrasadora.
- Pois é, mas ela não é tao ruim assim, até fi- Alguns carinhas das grandes cidades se dro-
quei sabendo que foi escolhida a melhor pro- gando em festas, boates, casas de shows, até
fessora de ensino fundamental da cidade. usando estimulantes sexuais em doses muito
- Como pode ser isso?! Nao acredito! fortes.
- E, a gente nao tem levado a sério as orien- - Esti... o que ?
tacoes da professora Arlete. Ela pode até nao - Estimulantes sexuais.
ser estilosa como a Gisele Bundchen, mas é - Que onda é essa?
uma boa professora. E depois de assistir as - Sao medicamentos para a elevaçao da po-
suas aulas e participar daquele projeto, as ve- tência sexual. Ees usam antes de transar.
zes, a minha consciência pesa. Sei nao, acho Émuito perigoso e sem orientaçao médica
que nao estou agindo direito. Voce lembra de pode trazer sérios problemas.
sua última aula? - Deve ser massa! Quer dizer que a gente fica
- E eu lá ando pensando nisso? Minha cabeca bem espertinho na hora “H”?
aqui nao segura essas prosas. Sabe que te- - Rafael, nao brinca, isso é serio, caraE Foi fei-
nho os campeonatos de basquete e futsal, en- ta uma pesquisa nos BUA, e ficou comprova-
contros com as gatinhas, fora que curto pegar do que 70% da rapaziada que usava esse tipo
uma onda ou um cineminha. Isso sem falar de droga, o fazia sem orientacao médica. Isso
nas baladas e muitas outras coisas maneiras. estava causando sérios efeitos colaterais. Por
Voce me conhece, acho as aulas dela um saco. isso, a galera deve ficar esperta. Mas, voltan-
- Voce acha que esse assunto nao é importan- do ao nosso papo, aqui em nossa cidade já
te? Tudo bem. Mas mesmo assim vou te falar existem muitos problemas por causa do au-

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Que roubada

mento do uso de drogas. Foi o que a profes- ele teve uma parada cardíaca, mas OS mé-
sora falou na aula da semana passada. dicos conseguiram reanimá-lo. E, graças a
- Fala logo. Aonde você quer chegar? O que Deus, o quadro dele ja melhorou. Esta fora de
houve nessa festa de ontem e o que estate perigo.
martelando tanto? Sem entender a reacão de Rafa, perguntei:
- Mano, aconteceu uma coisa sinistra ontem. - Rafa, você esta bem? Fala alguma coisa!
- Como assim? - Rafael me perguntou espan- O que foi mano?
tado e com os olhos arregalados parecendo Quase perdendo a fala ele concluiu:
duas bolas de gude. - Ufa! Cara, se acontecesse algo com ele...
- E que... Lembra do Leo, o filho de dona Car- -Por que? Perguntei confuso.
mem, a zeladora da escola? Ele foi hospitali- - Ele é meu... meu... Irmão.
zado. Apareceu na festa com uns boys que - Seu irmão?! Mas, voce nunca falou nada.
a gente nem conhecia direito. Eram muito - E que eu moro com minha avó desde criança
estranhos, do tipo mala, que passam o rodo e tinha vergonha de dizer que minha mãe era
geral. E eu achando que era uma festa pra es- a zeladora da escola. Por isso, evitava andar
tudantes, mas tinha gente de todo tipo. com ele. Caraca, nunca podia imaginar que
- Ta falando sério? Nao brinca! ele iria se meter numa roubada dessa!
- A festa tava bombando, e o Leo na maior Enquanto Rafa refleti perplexo, sobre
pilha. Só vendo. Bebendo muito com aqueles o incidente, eu o abraçei e disse:
carinhas. Após ter dançado bastante, foi até o - É Rafa, ninguem podia imaginar que isso iria
barman e tomou mais alguns drinks. Voltou e acontecer com o Leo. Eu lamento muito, mas
continuou dancando. Era uma cena esquisita. agora ele tá bem. É isso que importa. Na mo-
Ele tinha um olhar meio que embaralhado e, ral, mano, por isso acho que devemos levar a
aos poucos, foi perdendo a mobilidade. Tava sério as aulas da professora Arlete. Voce sabe
meio diferente, estranho. De repente, apagou que ele faltava muito.
geral, caiu no chão e nao conseguiu mais le- - Agora entendo. Isso que aconteceu de fazer
vantar. Cara, foi uma cena hornvel! continuei agente parar e pensar.
explicando, e Rafael parecia aflito. - Infelizmente, muitos de nós nao entendemos
- 0 que aconteceu com ele? o valor e a importancia dos estudos. Quando
- Na verdade, ninguém sabia o que tava rolan- estava na sala, Leo nem se lichava para as au-
do. A galera ficou apavorada. Aí, alguns ami- las, e isso nao e novidade pra ninguém.
gos dele o levaram, as pressas, pro hospital. - Verdade, meu.
- Vai, fala logo, o que ocorreu com ele, cara? - Certamente, se estivesse atento, teria evita-
Rafael me interrompeu visivelmente preocu- do essa situaçao. Ainda bem que o pior nao
pado. aconteceu.
- Ficou em coma, por overdose, segundo os
médicos. Logo depois, ficamos sabendo que

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Que roubada

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Na Moral nessa
onda eu embarco

Na Corda
Bamba
- Tô ligado... Mas fala ai, como foi a balada?
- Cara, nem te conto. Começou lá pelas 10 da noite e ter-
minou agora ha pouco. Foi massa, curti de montão.

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Na Corda
Capitulo 02 Bamba

‘”Claro que ainda tenho dificuldades, mas


hoje eu as encaro de outra forma.”
Seus problemas tiveram inicio, revela,
ainda na adolescência. Para vencer a timi-
dez, ele se excedia na bebida. Aos 18 anos,
começou a fumar maconha. ‘”Achava o má-
ximo meus amigos que fumavam e ficavam
As estatisticas no Brasil mostram que alegres, rindo a toa afirma. ‘”Quis experimen-
muitas pessoas tem se enveredado pelo ca- tar para também me sentir mais feliz”. Tempo
minho das drogas. E lamentavél o número depois, passou a consumir cocaina. “”A certa
de jovens que, por razões diversas, começam altura, cheirava 5 gramas por noite confessa.
essa prática tão nociva, onde muitos termi- Para poder comprar a droga, Norberto pas-
nam indo por caminhos sem retorno. Mas, sou tambem a Vendê la. ‘”Comprava 10 gra-
nem todos os casos estão perdidos, como ve- mas e vendia metade pelo dobro do preco
remos nesta impressionante história. diz. Sempre com a concordância dos trafican-
Norberto ja foi coroinha, dono de bar tes. Seguia a risca o código de honra e era res-
e traficante. peitado por todos. Norberto casou-se aos 21
Hoje, abstêmio há mais de um ano, trabalha anos, mas o compromisso durou pouco não
como motoboy e participa de um grupo que me conformava com o fato de minha mulher
se dedica a recuperacão de dependentes. nao querer filhos”. A relacao com OS pais, am-
Muitas das pessoas que ajudei a se tomarem bos de sólida formacão católica, tambem se
dependentes, agora estão mortas”, diz. ‘Por deteriorou depois que começou a recorrer as
isso, quero fazer tudo o que estiver ao meu drogas. ‘”Eles nunca me perguntaram nada e
alcance para auxiliar outras a abandonarem sempre desconheceram o assunto” - afirma.
o vicio.” Meu pai somente soube do fato há poucos
Aos 31 anos, o motoboy exibe no ros- anos, quando me viu em uma reunião confes-
to várias cicatrizes, resultantes dos acidentes sando ser dependente’’.
que provocou quando dirigia sob o efeito das Até os 26 anos, Norberto garante que
drogas. minha vida já foi um inferno, mas aos conseguia conviver relativamente bem com a
poucos tudo esta se acertando”, comenta. sua dependencia. Minha vida pessoal estava
destrocada, mas ainda assim eu conse guia
trabalhar e produzir. Tinha o respeito dos tra-

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Na Corda Bamba

ficantes e dos meus compradores.” lho, o filho de Norberto nasceu. Trabalhando,


Os problemas pioraram depois que o na época, em uma oficina
motoboy começou a usar crack. ‘”Tinha uma mecânica, Norberto fez jornada dupla duran-
lanchonete, um carro e uma moto”, afirma. te dois dias. “Saí contentissimo sábado a noi-
“’Em pouco tempo, perdi tudo”. te, com um bom dinheiro
A mudanca para o crack trouxe outro proble- no bolso”, diz. Mas resolveu passar num bar
ma. Norberto afirma que nao conseguiu mais antes de ir para casa. Só voltou três dias de-
sustentar o vicio. pois.
Duas semanas mais tarde...
“Briguei com o traficante e não podia mais do ao nosso papo, aqui em nossa cidade já
manter o esquema de vendas”. Mesmo assim, existem muitos problemas por causa do au-
usava 11 pedras de crack por noite. “’Eram mento do uso de drogas. Foi o que a profes-
mais de R$ 100,00 por dia’’, explica. Além dis- sora falou na aula da semana passada.
so, nao conseguia mais trabalhar. Fechava a - Fala logo. Aonde você quer chegar? O que
porta e ficava pipando.” houve nessa festa de ontem e o que estate
Quando perdeu tudo, Norberto fez uma via- martelando tanto?
gem à - Mano, aconteceu uma coisa sinistra ontem.
Bahia, retomou a Sao Paulo e foi mo- - Como assim? - Rafael me perguntou espan-
rar na casa dos pais. Eram brigas diarias, diz. tado e com os olhos arregalados parecendo
“Nao conseguia arrumar emprego e ainda as- duas bolas de gude.
sim continuava usando drogas”. Um dos pou- - E que... Lembra do Leo, o filho de dona Car-
cos momentos de afeto que Norberto lembra mem, a zeladora da escola? Ele foi hospitali-
dessa época, aconteceu em 1994, logo depois zado. Apareceu na festa com uns boys que
de ele sofrer um acidente. “’Eu estava alcooli- a gente nem conhecia direito. Eram muito
zado e drogado e derrubei dois postes’’, afir- estranhos, do tipo mala, que passam o rodo
ma. Até hoje guardo a lembrança do meu pai geral. E eu achando que era uma festa pra es-
me olhando, comovido, na maca’’, diz. “Na- tudantes, mas tinha gente de todo tipo.
quela época não consegui perceber que eles - Ta falando sério? Nao brinca!
me amavarn, naqueles poucos minutos, a - A festa tava bombando, e o Leo na maior
sensaçao de carinho voltou”. pilha. Só vendo. Bebendo muito com aqueles
Mas tão logo saiu do hospital Norber- carinhas. Após ter dançado bastante, foi até o
to retomou o vicio. Em 1996, ainda morando barman e tomou mais alguns drinks. Voltou e
com a familia, o motoboy começou a namorar continuou dancando. Era uma cena esquisita.
a dona de um bar. “Na verdade, queria beber Ele tinha um olhar meio que embaralhado e,
de graça.” Poucos meses depois, a nova na- aos poucos, foi perdendo a mobilidade. Tava
morada engravidou. meio diferente, estranho. De repente, apagou
Eles passararn a morar juntos e, em ju- geral, caiu no chão e nao conseguiu mais le-

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Na Corda Bamba

vantar. Cara, foi uma cena hornvel! continuei - Agora entendo. Isso que aconteceu de fazer
explicando, e Rafael parecia aflito. agente parar e pensar.
- 0 que aconteceu com ele? - Infelizmente, muitos de nós nao entendemos
- Na verdade, ninguém sabia o que tava rolan- o valor e a importancia dos estudos. Quando
do. A galera ficou apavorada. Aí, alguns ami- estava na sala, Leo nem se lichava para as au-
gos dele o levaram, as pressas, pro hospital. las, e isso nao e novidade pra ninguém.
- Vai, fala logo, o que ocorreu com ele, cara? - Verdade, meu.
Rafael me interrompeu visivelmente preocu- - Certamente, se estivesse atento, teria evita-
pado. do essa situaçao. Ainda bem que o pior nao
- Ficou em coma, por overdose, segundo os aconteceu.
médicos. Logo depois, ficamos sabendo que
ele teve uma parada cardíaca, mas OS mé-
dicos conseguiram reanimá-lo. E, graças a
Deus, o quadro dele ja melhorou. Esta fora de
perigo.
Sem entender a reacão de Rafa, per-
guntei:
- Rafa, você esta bem? Fala alguma coisa!
O que foi mano?
Quase perdendo a fala ele concluiu:
- Ufa! Cara, se acontecesse algo com ele...
-Por que? Perguntei confuso.
- Ele é meu... meu... Irmão.
- Seu irmão?! Mas, voce nunca falou nada.
- E que eu moro com minha avó desde criança
e tinha vergonha de dizer que minha mãe era
a zeladora da escola. Por isso, evitava andar
com ele. Caraca, nunca podia imaginar que
ele iria se meter numa roubada dessa!
Enquanto Rafa refleti perplexo, sobre
o incidente, eu o abraçei e disse:
- É Rafa, ninguem podia imaginar que isso iria
acontecer com o Leo. Eu lamento muito, mas
agora ele tá bem. É isso que importa. Na mo-
ral, mano, por isso acho que devemos levar a
sério as aulas da professora Arlete. Voce sabe
que ele faltava muito.

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Na Moral nessa
onda eu embarco

A Gente
não precisa
Disso
- Tô ligado... Mas fala ai, como foi a balada?
- Cara, nem te conto. Começou lá pelas 10 da noite e ter-
minou agora ha pouco. Foi massa, curti de montão.

13
A gente não
Capitulo 03 precisa disso
na qual se depositam as principais expecta-
tivas de transformacao da sociedade. E para
que essa mudança se tome real e necessário
que possamos entender como essa realidade
pode se concretizar.
Há em nossos dias, um aumento acen-
tuado e indiscnminado do consumo de dro-
gas, principalmente, o crack. E muitos de nós
Oi, galera. Sou o Ronaldinho, alguns têm sido vitimas dessas nocivas substências
me chamam de Rony das Paradas, porque que destroem a saúde fisica e mental, defor-
curto a vida de boa, gosto de grandes aven- mam a moral e a dignidade de muita gente
turas, mas fico ligado com o mundo ao meu boa, de pessoas simples as celebridades. Eti-
redor. Sou, as vezes, tachado por alguns da ca, moralidade, valores... Eis ai as palavrinhas
turma, como aquele que produz idéias care- mágicas que muitos da nossa rapaziada não
tas, porque tenho cá os meus pontos de vista curtem, nao gostam nem de pronunciar e di-
que, de vez em quando, se chocam com os zem quase sem pre. Mo saco”, hein, vei! Sai
que se acham ultra-moderninhos. E isso ai, de baixo. Qual é? Sei muito bem o que é isso.
mas tenho minhas próprias convicçoes. Sem- Ninguém quer seguir normas e regras para
pre penso que o fato de ser um rapaz que orientar suas vidas. Hoje, fico chocado ao ver
gosta de viver bem a vida, no meio de como os brothers que seguem esse caminho
uma galera bem agitada, não descarta a pos- tem se destruido.
sibihdade de estar antenado com o mundo Muitos diziam: “’Pô meu,, isso nao tern
em que vivo. Tá ligado? nada a ver, a vida é isso mesmo, só curticao,
Acredito, que este é o melhor momen- tá ligado? Dá um rolé, de vez em quando pra
to para falar de algo muito oportuno e para fumar um baseado, não tem mistério não,
discutirmos um tema tão é maneiro!” E esses coitados, na sua grande
badalado em nossos dias, as drogas, abor- maioria, nao sabiam o que os aguardavam!
dado nos principais meios de comunicação, Foram parar nos cemitérios das dro-
escolas, centros de reabilitacao, ONGs, etc. gas, nas cracolândias da vida como cadáveres
Esse assunto tão delicado, nao é uma pre- ambulantes, mortos por dentro e decadentes
ocupação apenas dessas instituições e, num por fora. Cara, isso e de espantar mesmo. As
sentido mais amplo, uma questao mundial, drogas não tem fronteiras, qualquer um pode
pois tern afetado em cheio a nossa galera, embarcar nessa. E de assustar porque até a

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A gente não
precisa disso

turma da vanguarda tá entrando nesse car- mais manter o esquema de vendas”. Mesmo
rossel alucinado e se rebelando. Ué! Parece assim, usava 11 pedras de crack por noite.
que o mundo tá de ponta a cabeça. “’Eram mais de R$ 100,00 por dia’’, ex-
Quando interagimos sobre esse as- plica. Além disso, nao conseguia mais traba-
sunto, fico surpreso porque muitos o desco- lhar. Fechava a porta e ficava pipando.”
nhecem, e não tão nem ai. Logo, aproveito Quando perdeu tudo, Norberto fez
e acho interessante a gente entender o que uma viagem à Bahia, retomou a Sao Paulo e
vem a ser droga, qual a sua origem, co mo se foi morar na casa dos pais. Eram brigas dia-
apresenta e quais os efei tos e conse quências rias, diz. “Nao conseguia arrumar emprego e
desse elemento de tão grande poder de des- ainda assim continuava usando drogas”. Um
truição. dos poucos momentos de afeto que Norber-
to lembra dessa época, aconteceu em 1994,
logo depois de ele sofrer um acidente. “’Eu
estava alcoolizado e drogado e derrubei dois
postes’’, afirma. Até hoje guardo a lembrança
do meu pai me olhando, comovido, na maca’’,
diz. “Naquela época não consegui perceber
que eles me amavarn, naqueles poucos mi-
nutos, a sensaçao de carinho voltou”.
O termo drogas se refere a qualquer Mas tão logo saiu do hospital Norber-
tipo de substância utilizada para alterar e mo- to retomou o vicio. Em 1996, ainda morando
dificar as sensações da consciência e estado com a familia, o motoboy começou a namorar
emocional, de acordo com as caracteristicas a dona de um bar. “Na verdade, queria beber
das pessoas que as usam, o tipo, a quantida- de graça.” Poucos meses depois, a nova na-
de, OS efeitos esperados e circunstâncias em morada engravidou.
que e consumida, mas podem ser classifica- Eles passararn a morar juntos e, em ju-
das, segundo a Psicóloga Dra. Renata Bene- lho, o filho de Norberto nasceu. Trabalhando,
vute, como se vê a seguir... na época, em uma oficina mecânica, Norber-
cantes e dos meus compradores.” to fez jornada dupla durante dois dias. “Saí
Os problemas pioraram depois que o contentissimo sábado a noite, com um bom
motoboy começou a usar crack. ‘”Tinha uma dinheiro no bolso”, diz. Mas resolveu passar
lanchonete, um carro e uma moto”, afirma. num bar antes de ir para casa. Só voltou três
“’Em pouco tempo, perdi tudo”. dias depois.
A mudanca para o crack trouxe outro Duas semanas mais tarde...
problema. Norberto afirma que nao conse- do ao nosso papo, aqui em nossa cidade já
guiu mais sustentar o vicio. existem muitos problemas por causa do au-
“Briguei com o traficante e não podia mento do uso de drogas. Foi o que a profes-

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A gente não
precisa disso

sora falou na aula da semana passada. dicos conseguiram reanimá-lo. E, graças a


- Fala logo. Aonde você quer chegar? O que Deus, o quadro dele ja melhorou. Esta fora de
houve nessa festa de ontem e o que estate perigo.
martelando tanto? Sem entender a reacão de Rafa, perguntei:
- Mano, aconteceu uma coisa sinistra ontem. - Rafa, você esta bem? Fala alguma coisa!
- Como assim? - Rafael me perguntou espan- O que foi mano?
tado e com os olhos arregalados parecendo Quase perdendo a fala ele concluiu:
duas bolas de gude. - Ufa! Cara, se acontecesse algo com ele...
- E que... Lembra do Leo, o filho de dona Car- -Por que? Perguntei confuso.
mem, a zeladora da escola? Ele foi hospitali- - Ele é meu... meu... Irmão.
zado. Apareceu na festa com uns boys que - Seu irmão?! Mas, voce nunca falou nada.
a gente nem conhecia direito. Eram muito - E que eu moro com minha avó desde criança
estranhos, do tipo mala, que passam o rodo e tinha vergonha de dizer que minha mãe era
geral. E eu achando que era uma festa pra es- a zeladora da escola. Por isso, evitava andar
tudantes, mas tinha gente de todo tipo. com ele. Caraca, nunca podia imaginar que
- Ta falando sério? Nao brinca! ele iria se meter numa roubada dessa!
- A festa tava bombando, e o Leo na maior Enquanto Rafa refleti perplexo, sobre
pilha. Só vendo. Bebendo muito com aqueles o incidente, eu o abraçei e disse:
carinhas. Após ter dançado bastante, foi até o - É Rafa, ninguem podia imaginar que isso iria
barman e tomou mais alguns drinks. Voltou e acontecer com o Leo. Eu lamento muito, mas
continuou dancando. Era uma cena esquisita. agora ele tá bem. É isso que importa. Na mo-
Ele tinha um olhar meio que embaralhado e, ral, mano, por isso acho que devemos levar a
aos poucos, foi perdendo a mobilidade. Tava sério as aulas da professora Arlete. Voce sabe
meio diferente, estranho. De repente, apagou que ele faltava muito.
geral, caiu no chão e nao conseguiu mais le- - Agora entendo. Isso que aconteceu de fazer
vantar. Cara, foi uma cena hornvel! continuei agente parar e pensar.
explicando, e Rafael parecia aflito. - Infelizmente, muitos de nós nao entendemos
- 0 que aconteceu com ele? o valor e a importancia dos estudos. Quando
- Na verdade, ninguém sabia o que tava rolan- estava na sala, Leo nem se lichava para as au-
do. A galera ficou apavorada. Aí, alguns ami- las, e isso nao e novidade pra ninguém.
gos dele o levaram, as pressas, pro hospital. - Verdade, meu.
- Vai, fala logo, o que ocorreu com ele, cara? - Certamente, se estivesse atento, teria evita-
Rafael me interrompeu visivelmente preocu- do essa situaçao. Ainda bem que o pior nao
pado. aconteceu.
- Ficou em coma, por overdose, segundo os
médicos. Logo depois, ficamos sabendo que
ele teve uma parada cardíaca, mas OS mé-

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Na Moral nessa
onda eu embarco

Fique
de Olho
- Tô ligado... Mas fala ai, como foi a balada?
- Cara, nem te conto. Começou lá pelas 10 da noite e ter-
minou agora ha pouco. Foi massa, curti de montão.

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Capitulo 04 Fique de Olho

tanto. Foi de tirar o folêgo. A gente precisava


mesmo se divertir. Estamos cansadas desse
mesmismo. Estudar... estudar... Ninguém me-
rece - desabafou Kayte.
- Sabe, eu me senti como uma pluma, cur-
to muito essa galera que chega pra agitar o
pedaço e se diverte de montão. Mas minha
mae vive me dizendo que a diversao deve ser
Chegamos de uma festa muito maneira. Foi sempre acompanhada de cuidados e muita
bastante divertida, lá encontramos uns gati- atençao.
nhos bem legais. A noite foi agitada, rimos, - Como assim?
zuamos e dançamos pra chuchu. Estavamos - É porque existe uma galera que ao se diver-
muito exaustas e, ao final, quando paramos tir não
para ver as horas, pra nossa surpresa, Kayte leva em conta os cuidados devidos. Como diz
percebeu que o seu celular tinha sido rouba- minha mãe : “vivem na zona de perigo”.
do. - Zona de perigo? Nao entendi.
-Brenda, amiga, nao acredito! -É que hoje em dia a gente acha que na diver-
- O que foi? sao vale tudo. Uso de bebidas, drogas, sexo
- Meu celular, acho que fui roubada. livre, liberdade total, entende? Frazer a qual-
- Sério? quer preço.
- O que vai dizer pra sua mae agora? - Mas,amiga, hoje o tempo é outro. Isso é, que
- Nao sei, acho que nao vou dizer que perdi é curtir a vida, nao acha? A gente tem que ex-
aqui na festa, senão ela me mata. Mas nao gri- travasar mesmo! A ordem é “nao se reprima”,
la, não. Apesar desse probleminha, acho que e não dê ouvidos a essas caretices.
ainda assim, a festa valeu a pena. Foi muito - Qual é Kayte, se liga! Você precisa ficar mais
massa. Não é mesmo? por dentro desses assuntos, viu?
-Com certeza, isso levanta muito o nosso as- -Que assunto? Nao vai me dizer que voce está
tral. nessa onda de ficar na vitrine, entrar para o
- é verdade, faz muito tempo que não me di- time das ‘’Virgens Maria” e se privar de tudo
virto que é bom, não acredito! O que deu em voce,
hein?
-Kayte, as estatisticas mostram um número
crescente de adolescentes que cometem di-

18
Fique de Olho

versas infraçoes por estarem sob efeito de


bebidas alcoólicas; também, a pouca idade
com que as meninas estao engravidando,
sem falar do aumento do número de casos
de doenças sexualmente transmissiveis entre
os jovens. E o grupo mais afetado é o nosso,
o das meninas.
- Como pode ser isso?
-É porque a gente, na maioria das vezes, nao
tá nem ai pra nada. Sai pra se divertir e passa
dos limites, se expondo ao perigo, tendo rela-
çoes sexuais precocemente,
e o que é mais grave ainda, com vários par-
ceiros, ignorando
os devidos cuidados, inclusive o uso da cami-
sinha.
Se entender o repentino silencio da
Kayte falei meio preocupada.
-Que há comvoce? Falei algo que não deveria?
- Nao é nada. Brenda, preciso ir. É que...
- Fala, você tá pálida, me diz o que esta acon-
tecendo...

19
Na Moral nessa
onda eu embarco

A escolha
é sua!
- Tô ligado... Mas fala ai, como foi a balada?
- Cara, nem te conto. Começou lá pelas 10 da noite e ter-
minou agora ha pouco. Foi massa, curti de montão.

20
Capitulo 05 A escolha é sua

Todo dia se ve por ai tristes histórias Eu era uma jovem “sarada”, criada em
que nos deixam espantados, experiencias re- uma excelente familia de classe media alta de
ais que se confundem com ficção. Sao jovens Florian6polis. Meu pai e Engenheiro Eletrôni-
que viveram e tem vivido horrores por causa co de uma grande estatal e procurou sempre
das mas escolhas que fizeram. A exemplo, um dar tudo de bom e de melhor para mim e para
dramá tico depoimento veiculado na internet, meus dois irmaos, inclusive liberdade que eu
será narrado a seguir. Meu nome e Patricia, nunca soube aproveitar. Aos 13 anos, parti-
tenho 17 anos e encontro-me no momento cipei e ganhei um concurso para ser modelo
quase sem forças, pedi para a enfermeira e manequim para a Agência Kasting e fui até
Dane, minha amiga, escrever esta carta que o final do concurso que selecionou as novas
sera endereçada aos jovens de todo Brasil, Paquitas do programa da Xuxa...
antes que seja tarde demais.

21
Na Moral nessa
onda eu embarco

Seu corpinho
e uma viagem
- Tô ligado... Mas fala ai, como foi a balada?
- Cara, nem te conto. Começou lá pelas 10 da noite e ter-
minou agora ha pouco. Foi massa, curti de montão.

22
Seu corpinho
Capitulo 06 e uma viagem
microrganismos que vivem no intestino,
`zestômago, boca, nariz, garganta, aparelho
respiratório e sistema geniturinário, OS en-
volvidos na formaçao e excreçao da urina e
reproduçao.
Esse complexo visa alcancar necessi-
dades vitais. São elas: oxigenaçao, nutriçao,
eliminaçao, atividade, repouso e proteçâo.
Estas necessidades geram um trabalho har-
monioso e uma sintonia de causar espanto.
Gosto muito de mergulhar de cabeça nesse
universo biológico, maximizar meus conhe-
cimentos, compreendendo cada vez melhor
esse mundo fascinante.
Nossa... Depois das experiências tâo
Veja bem. Tal como a sociedade em
tristonhas desses jovens, acho que vale a
que vivemos, o nosso corpo tambem e regido
pena conversar um pouco sobre algo tão im-
por leis que devem ser obedecidas para seu
portante, que com certeza pode nos desviar
bom funcionamento e preservação da saude.
de um trágico caminho como este.
Como um manual de instruçoes, essas leis
A propósito, sou a Brenda, amiga da Kayte
orientam que tipo de ferramenta temos que
e do Ro naldinho, e gostaria que vocês em-
utilizar para não provocarmos danos a ele.
barcassem comigo numa grande aventura no
Isso, galera, e muito serio!
mundo fantastico da Biologia para entender
O coração, como sabemos, e õrgao vi-
um pouco a impressionante e maguinífica
tal para a vida humana. Está situado no cen-
máquina que é O seu corpinho.
tro da caixa toráxica, seu tamanho correspon-
A anatomia humana e deslumbrante.
de ao de uma mao fechada e pesa de 250 a
Quando assisto a essas aulas, flutuo no tem-
400 gramas. Caraca, meu, então imagina o do
po, viajo e fico cada vez mais fascinada. Estu-
Maguila?! Pois bem, assim como uma gran-
dá-la é uma viagem.
de cidade, o corpo precisa de um sistema de
Uauuuu! O nosso corpo possui sistemas com-
transporte para movimentar as suas cargas
plexos. Ha 100 trilhoes de células, em sua to-
vitais. É impressionante! O mais importante
talidade, e não meros 10 trilhoes como dizem
meio de transporte é o sangue, e seu fluxo
por ai Acontece que 90% dessas células são
e controlado pelo corac;ao que bombeia de

23
Seu corpinho
e uma viagem

5.000 a 6.000 litros de sangue por dia. Esse e evitemos quaisquer atitudes que possam
mecanismo é sensacional. afeta-lo. Caso contrário, nos trarão serios pre-
E o que dizer dos pulmões? São õrgaos do sis- juizos. Daí, a necessidade de estarmos ante-
tema respiratório responsáveis pelas trocas nados sobre as ações que podem, direta ou
gasosas entre 0ambiente e o sangue. Esses indiretamente, prejudicar a saúde do nosso
cari.nhas tem forma piramidal, consistencia corpo.
esponjosa e medem mais ou menos 25 cm de Fique esperto! Saiba que as leis que
comprimento. Além do mais, são compostos regem o funcio namento do seu corpo são
de brônquios que se dividem em bronquío- perfeitas; por isso, devemos ter os devidos
los e alvéolos pulmonares. Neles se dão as cuidados com a sua manuternção, o que re-
trocas gasosas ou hematose pulmonar entre sultará em admiração e respeito Aquele que,
o ambiente e o corpo. Voce pode dizer: aff! de modo maravilhoso, o criou. Ou você é do
Ninguém merece! Que parada é essa? Que tipo que acha que tudo isso é obra
termos complicados são esses? Já compreen- do acaso? Claro que nao!
deremos. Portanto, quando prejudicamos ou in-
No caso dos rins, que atuam como terferimos no mecanismo natural do nosso
um filtro para o nosso sangue, transportam corpo, intencionalmente ou não, sofremos
os nutrientes que vão alimentar as células e com enfermidades de diferentes proporções.
retiram delas as substâncias ruins, que não E isso aí galera, espero que no final desta via-
serão aproveitadas e precisam ser eliminadas gem a gente tenha apreendido, que curtir a
do organismo. Eles sao muito maneiros. Fiéis vida é importante, mas nao podemos abrir
como poucos amigos, tiram tudo aquilo que mão do respeito às regras básicas do “ jogo”.
prejudica essa máquina fabulosa, nos propor-
cionando bem estar. Viu? Os rins, õrgaos de
cor vermelho-escura do tamanho de um pu-
nho e com forma de um feijão, estão situados
na parte traseira da cavidade abdominal, um
a cada lado da coluna vertebral.
0 coração, OS pulmões e rins, assim como
OS demais õrgaos do nosso corpo, trabalham
para mantê-lo sempre com a melhor perfor-
mance possivel. E fantástico esse harmonioso
espirito de equipe com que trabalham nossos
õrgãos. Ou você tem dúvidas de que esse seu
corpinho e uma viagem?
Para ter um desempenho perfeito,
basta que sigamos normas pré-estabelecidas

24
Na Moral nessa
onda eu embarco

Vacilou
Dançou
- Tô ligado... Mas fala ai, como foi a balada?
- Cara, nem te conto. Começou lá pelas 10 da noite e ter-
minou agora ha pouco. Foi massa, curti de montão.

25
Capitulo 07 Vacilou Dançou

candidiase, chato, cancro mole, clamidia, con-


diloma, donovanose, hepatite b, herpes, linfo-
granuloma, gonorreia, sifiis e AIDS, esta ulti-
ma, com maior poder destrutivo e sem cura.
Nisso devemos ficar ligados.
A gonórreia, por exemplo, que ocorre
tanto em homens como em mulheres, e de-
corrente de uma bactéria de grande poder de
contágio. Pode infectar o trato genital, boca,
Como acabamos de descrever, o me- reto e, quando atinge os olhos, causa conjun-
canismo do corpo humano nas condicoes tivite go nocóica, como se observa na figura.
normais e em pleno funcionamento é algo in- Alguns pes quisadores acredi tam que ela au
crivel. Mas observamos que há um Constante menta o risco do portador ser in fectado pelo
desrespeito às leis naturais de preservacao a HIV Normalmente, é transmitida me diante a
saude. relaçao sexual, quando um entre os parcei-
Precisamos levar muito a sério o assunto que ros está infectado. Ocorre tambem no parto,
vamos discutir a partir daqui. No mundo das se a mãe for, igualmente, portadora da doen-
doenças sexualmente transmissiveis a coisa ca. Nos homens, a infeccão comeca na uretra,
nao tá pra brincadeira. canal por onde passam o esperma e a urina,
A OMS registrou, nos últimos anos, um enquanto nas mulheres, primariamente, no
aumento acelerado de pessoas que tem con- colo do utero, na garganta e no reto, em caso
traido DSTs pelo excesso de liberdade sexual. de sexo oral e anal, respectivamente.
Muitos tem vivido sem se preocupar com o Já a Sifílis ou cancro duro como e mais conhe-
próprio corpo e se expoem a essas doenças. cida...
Portanto, devemos focar nossa atencão nos
diversos tipos de DSTs; como se contrai; seus
sintomas; comportamentos de riscos; seu
tratamento; como se proteger; enfim, coisas
desse tipo. As DSTs parecem se multiplicar e
se diversificar na velocidade da internet e isso
e preocupante. Elas sao inúmeras, e verdade.
Portanto, vamos mencionar algumas e da-
remos urna maior atencão as mais comuns:

26
Na Moral nessa
onda eu embarco

SOS
Galera
- Tô ligado... Mas fala ai, como foi a balada?
- Cara, nem te conto. Começou lá pelas 10 da noite e ter-
minou agora ha pouco. Foi massa, curti de montão.

27
Capitulo 08 SOS Galera

ciedade
tem produzido muita violência mesmo. Mas,
eu estou me referindo as agressões em fami-
lia, que tem crescido assustadoramente.
- Pior, professor. No último final de semana
mesmo, na minha rua, foi a maior pancada-
ria. Lençol se rasgando, panela voando, ca-
chorro latindo e, no final, caramba, terminou
sobrando pro moleque. Lá o bicho pegou, até
- E ai, professor? Que cara e essa, meu? - iro- Conselho Tutelar rolou. Em casa também, de
nizei. uns dias pra cá...O clima nao tá muito bom -
- E...Meu final de semana nao foi dos melho- comentei.
res, Lucas. - E lamentável, mas essas histórias tem se re-
- Tambem, né! Depois da surra de ontem... petido em muitas outras ruas, muitos outros
Não deu mesmo pra você, hein? 3 X 0. Que bairros, em quase todos os lugares por onde
timeco!!! - brincou Marcos. a gente passa. A exemplo do que ocorreu em
Ai ninguém aguentou. A galera caiu na garga- Ribeirao Pires, em setembro de 2008, onde o
lhada. pai e a madrasta de dois garotos, 12 e 13 anos,
- é, rapaziada, mas o assunto que vamos tra- foram acusados de matá-los e esquartejá-los.
tar hoje, nao tem nada de engraçado. E, por Seus corpos foram encontrados numa lixeira,
sinal, não e muito discutido em sala de aula. nas proximidades de sua própria casa.
Na maioria dos noticiários, os casos de violên- - Cara, que barbaridade! - suspirou Marcos.
cia domêstica tem se tornado cada vez mais Escutamos o relato do professor com muita
frequentes. E, infelizmente, nesse aspecto, atenção.
nosso pais esta entre OS campeões. - Que história bizarra!!! - lamentei.
0 professor da uma pausa e... - Pois é, Pedro, histórias como estas tem cho-
- Alguem tem ideia do por que a violência vem cado todo o pais e o que e pior, pouco tem
atingindo tantos lares? sido feito para se evitar essas monstruosida-
- Qualé, professor! que pergunta mais..., o des, em especial, contra as crianças e ado-
mundo tá virado, meu. Tá tudo de perna pro lescentes. Entendem agora a necessidade de
ar, e voce vem com essa? ê porque de tanta discutirmos esse assunto?
violência? - O professor tem razâo, turma. É cha-
- é, sim, Marcos, você tem razao, a nossa so- to, incomoda,

28
Fique de Olho

mas nao podemos tratar dessas coisas com um todo. Com campanhas de prevençao,
banalidade, forúns, programas educativos, propagandas
muito menos ficarmos apáticos diante de etc.
tudo isso - reagiu Clarisse. - E claro que sim, professor. Depois dessa
- Cara, essas pessoas sao capazes de fa- aula, acredito que vamos estar mais ligados
zer isto com os próprios filhos?! E o que nao nesse assunto, até porque acho que todos
fariam com os dos outros? Nao tenho nenhu- nós, de uma maneira ou de outra, estamos
ma duvida de que as pessoas que agem as- envolvidos - interrompeu Clarisse.
sim foram vítimas de algum tipo de violencia - Gente, como foi interessante a aula de hoje!
ou vieram de um lar onde só rolava porrada é verdade que nao foi pra ninguem sorrir,
- Andre desabafou. mas tai um tema que precisamos levar mui-
- Quero ressaltar pra vocês, que ha várias to a sério. E esta discussão, pra mim, ja foi
formas de se disseminar a violência: filmes um bom começo para evitarmos atitudes tão
impróprios, jogos que estimulam o uso de agressivas - opinou Jaque.
armas e ate revistas em quadrinho. Sem fa- - Tambem acho. Nao vamos consertar o mun-
lar nos problemas sociais que agravam ainda do, mas juntos, podemos amenizar o proble-
mais a situação como desemprego, fome, al- ma. Basta que cada um faca sua parte - con-
coolismo, drogas, impunidade, desigualdade, clui.
dentre outros.
- Vixe! Isso é muito complicado. Resolver essa
parada é como se tivessemos que jogar todas
as conchas
da praia de volta ao mar - ironizou Andre.
-E complicado mesmo, você tem razao, mas
acredito que é fundamental, como primeiro
passo, entendermos como ela se origina e,
assim, buscarmos as formas possiveis para
prevení-la.
- E quern vai resolver essa parada, professor?
Com um ar preocupado - indagou Andre.
- Todos devemos fazer a nossa parte, a partir
de um esforço conjunto envolvendo a familia,
a escola, o govemo, enfim, a sociedade como

29
Na Moral nessa
onda eu embarco

Segure
essa Onda
- Tô ligado... Mas fala ai, como foi a balada?
- Cara, nem te conto. Começou lá pelas 10 da noite e ter-
minou agora ha pouco. Foi massa, curti de montão.

30
Segure
Capitulo 09 essa onda
Realmente, temos diversas razões para
nos preocu par. Talvez, a mais importante de-
las seja ate aonde a natureza humana pode ir,
capaz de agredir, maltratar e violentar o seu
semelhante, inclusive crianças, idosos e ou-
tras pessoas indefesas, apesar do avanço da
ciência e do conhecimento. Alguém poderia
nos explicar? Díficil, nao? Capra nós. Eu acho
que perguntas assim, nem Freud explica.
Aternçao passageiros do voo 0477 da Ninguem merece viver assim. Fico
Trans-Aerea Brasil com destino a urn lugar imaginando... Falamos sempre que não es-
maravilhoso, onde existe uma atmosfera con- tamos a fim de nos ligar com nada. Que isso
tagiante de felicidade, paz e justiça. Apertem não é problema nosso. E tudo que queremos
os cintos, estamos quase aterrissando. A nos- e nos esconder em nosso mundo, aprovei-
sa estada será definitiva e, portanto, sem re- tar de montão a vida, achando que somos o
torno. máximo. Mas, na moral,, nos não somos uma
Hummm... Onde estou? Que pena! Pensei ilha. Nao podemos nos isolar e, muito menos,
ainda dividida entre o sonho e o mundo real. ignorar o que esta acontecendo ao nosso re-
Mas, logo me dei conta da realidade. E, esta- dor.
mos nele, sim, e cada vez mais me surpreen- As situacõess chocantes e assombro-
do, pois e complexo e confuso. sas dos dias atuais nos tem forçado a refletir
Vivemos numa sociedade com muitas incerte- sobre o estranho comportamento humano.
zas e desafios. Com urn sistema de educação Talvez voce diga: Refletir sobre isso? Mô saco!
desacreditado, predominio da violência e tan- Tô fora! Cada um deve viver sua vida do jei-
tas outras mazelas. to que achar melhor”. Eu também pensava
A violência doméstica, especialmente, assim, até que, essa coisa chamada violência
tem atingido a muitos. Não tem fronteira, não domestica veio em minha direção. Na verda-
respeita cultura ou classe social, nao importa de, minha vida deu uma guinada por ter vivi-
gênero ou idade: se homens, mulheres, crian- do um drama familiar.
ças, adolescentes, jovens, adultos ou idosos. Sabe, na minha casa as coisas desan-
Isso mostra a existência de desordem e dese- daram. Começou a faltar respeito, atencão,
quilibrio familiar, o que explica o pessimismo companheirismo... Tava uma verdadeira mu-
de tantas pessoas em relacão ao futuro. vuca. Meus pais andavam em constante pe

31
Segure essa onda

de guerra: brigas, palavrões, discussões, ro- drasta Anna Carolina foram os culpados, fato
lava todo tipo de agressão. Eu e meu mano que levou a justiça a condená-los a mais de
Pedro, viviamos em meio a um bombardeio. 25 anos de reclusâo. Nao se trata de ficçao,
Um inferno! Não gosto nem de lembrar. Mas e realidade. Menina de apenas sete anos e
no fundo, no fundo, a gente sabia que preci- brutalmente assassinada em sua propria re-
sava dar um jeito na situacão, e foi dai que sidência. Isso da um no em nosso cérebro.
comecei a me ligar. Dai, surgem as perguntas: até quando
Ao assistir os noticiários, fico boquia- teremos que testemunhar crimes barbaros
berta com a crescente onda de violência fami- como este? Sera que vam.os esperar que ca-
liar que se espalha, rapida mente, por todos sos assim ocorram em nossa propria casa?
OS lugares. Talvez, você ja tenha presen ciado Infelizmente, esse nao foi um fato isolado. Em
OU ate mesmo vivido alguma forma de agres- nosso pais, sao comuns situacoes de violen-
são, já que ela se manifesta de diferentes ma- cia domestica afetando as criancas. Existem
neiras. Por isso, não da pra fantasiar, florear, inumeros casos a cada dia, so que muitos de-
fazer de conta.E aqui que está o «x” da ques- les nao sao divulgados.
tao. Precisamos encarar esta onda de frente, Outro episódio trágico que trouxe re-
sem covardia, apoiando as vítimas, das mais volta ao país foi o suposto acidente que pro-
novas as mais velhas, reprovando os agres- vocou a morte de Rita de Cassia Rodrigues de
sores e ajudando-os, quando a violência exer- Sena, em julho de 2009, após cair da janela
cida por eles e fruto de uma doentia, como o do 5° andar, numa altura de 25m, do predio
alcoolismo. onde morava, no Rio de Janeiro. E pasmem!
Segundo a Sociedade Internacional Uma criança com apenas cinco aninhos dei-
de Prevencao ao Abuso e Negligência na In- xada por seus pais, sozinha, no apartamento
fância, (Sipani) 18 mil cri anças sao vitimas de onde moravam. As crianças aqui, quando nao
violên cia domêstica por dia, no Brasil. Da pra sao jogadas pelas janelas, caem acidental-
acreditar? Da pra ignorar? mente. Acredite se quiser. Isto tem se torna-
Lembra do caso Isa bella Nardoni que sensi- do quase uma rotina. E não para por aqui
bili zou todo o pais? Uma menina que foi bru- Outra situacão preocupante esta na falsa se-
talmente morta, e o que nos deixa ainda mais gurança criada por muitos pais, que deixam
espantados, no lugar onde se acredita ser o seus filhos livremente em casa, sob toda in-
mais seguro para uma crianca estar, em sua fluência maléfica que o mundo moderno ofe-
própria casa. rece, sem o menor monitoramento.
Os dados da pericia mostraram. e Sei que a nossa galera nao gosta muito
comprovaram que seu pai, Alexandre e a ma- de ler jomais ou assistir reportagens. Prefere

32
Segure essa onda

navegar na net, em sites de relacionamento, larem que, no passa do, as mãess não costu-
jogos, e por ai vai... Simplesmente, ignorando mavam trabalhar fora e dedicavam a maior
fatos tao importantes, so porque imaginam parte do tempo à criação dos filhos. Hoje, a
estar imunes a toda essa problemática. Não cultura é justamente oposta. Muitas delas,
dá pra fecharmos os olhos para realidades bi- com a intensão de ajudar os maridos e ofere-
zarras como estas. cerem melhores condições de vida para suas
Em 2000, foi publicada, no Brasil, uma familias, saem para trabalhar e deixam seus
declaracão elaborada em 1924, na Suiça, filhos em casa com parentes, vizinhos, babás,
mostrando uma preocupacão internacional - de quem pouco se sabe a respeito - e até
em assegurar os direitos de crianças e ado mesmo sozinhos, o que os expoem à ação de
lescentes. Mas só depois de 1950, os paises aproveitadores.
passaram a se debruçar sobre a situação dos Agora, tá dando pra comecar a sacar
menores. Mas, onde estão esses direitos, toda essa parafemalia? O porque de alguns
hein?! Sao tantos os desafios enfrentados por brothers dizerem que seus velhos sao muito
diversas famílias que, a cada dia, se deparam ausentes? A partir daí, buscam mais inten-
com a falta de condicões mínimas de saúde, samente a atenção das minas e dos amigos,
moradia e educacão, problemas que estamos nem sempre confiaveis. Essa turma e cada
«carecas” de ver e ouvir falar... Ai pergunto: vez mais atraída pelos filmes, videogames,
você viu esses direitos por ai? Onde você acha pela intenet e muitas vezes pelas drogas,
que eles estão? como cigarros, bebidas e outras mais pesa-
0 que temos, na verdade, são cerca de das. O descaso dos pais forma uma corrente
600 mil crianças e adolescentes que são víti- que passa de geração a geração, onde eles
mas de várias formas de violência por ano, e perdem, na maioria das vezes, o respeito dos
tenho certeza que a maioria das pessoas nao filhos e estes, a confiança e o aconchego de
tem a menor noção de que a situação é grave. seus velhos.
Aposto que, assim como eu, há muitos As pessoas que praticam a violência
por ai que vivem ou viveram esta realidade e doméstica apresentam distúrbios que pro-
não tem a mínima informação de seus direi- vavelmente tiveram origem na infância, pois,
tos e como se proteger de tudo isso. como afirmam alguns estudiosos, as influen-
Voce sabia que a ausência dos pais, e, prin- cias do lar contribuem fortemente na for-
cipalmente, das mães no lar e um fator que mação do caráter e, consequentemente, no
tern facilitado a prática da violência? É verda- comportamento de cada um. Por isso, deve-
de! -se evitar qualquer atitude de violência contra
As vezes, ouvimos muitas pessoas fa- crianças e adolescentes, para que no futuro

33
Segure essa onda

essa Outra forma da agressão se manifes-


covardia não se manifeste neles, gerando um tar e mediante o abuso sexual, quando um
ciclo doentio que podera trazer serios danos adulto usa uma criança para ter prazer, atra-
a sociedade. vés de contatos e caricias improprias, tirando
Eu sei bem do que estou falando, pois fotos imorais ou obrigando-as a presenciar
tambem senti isto na pele. Quando o lar des- atos sexuais. No pior dos casos, usa a própria
morona, quando a familia e atingida, o nego- criança, o que e conhecido como pedofilia.
cio fica feio, sobra pra todo mundo. Uma modalidade de abuso sexual
0 que vou falar agora, infelizmente, que tem intensamente se multi plicado é a
muitos de vocês vao concordar. Existem pais virtual, OU seja, a que ocorre sem o conta-
por ai que nao devem ser espe lho pra nin- to fisico, porém, não menos nociva que as
guém, e ainda nos apelidam de «aborrecen- demais. Neste caso, o agressor geralmente
tes”, quando muitas vezes o problema tá com se faz passar por um ado lescente da mes-
eles e não com a gente. ma idade da vítima e a induz a praticar atos
Para nos protegermos dessa onda de obscenos diante de webcams ou outros apa-
violência, precisamos entender como ela se relhos que ge rem imagens de vídeos, carac-
manifesta, as formas de agressão mais co- terizando ainda a pornografia infantil. Muitas
muns, as principais vítimas e quem são OS pessoas mal intencionadas navegam na net a
agressores. procura de vítimas.
Na maioria das vezes, ela ocorre fisica- Alím de listarem e trocarem fotos e vi-
mente, ou seja, e quando sofremos a agress- deos de meno res, OS pedófilos também tem
são que nos deixa marcas visiveis no corpo. copiado fotos de meninas e meninos para
Seja com chicotes, cintas, algemas, correntes, criar perfis falsos e, assim, se aproximar e as-
fio de metal, paus, agua quente e outros ob- sediar outras crianças. Precisamos ficar muito
jetos que possam nos machucar. Mas existe espertos com fotos que expomos na intenet,
tambem negligência, que e outra forma de especialmente em sites de relacionamento. E
violência, onde somos privados de abrigo, ali- bom lembrar que alguns sites só são permiti-
mentacao, roupa, educação e cuidados médi- dos para maiores de 18 anos.
cos. Outros cuidados que devemos seguir
Em nosso país, ha muitas crianças que e evitar adicionar em nossa rede de relaciona-
vivem nessas condicões por falta de recursos mento pessoas adultas desconhecidas, tomar
financeiros das familias, pela convivência com cuidado com fakes, contas ou perfis usados
as drogas, dentre outros motivos; e nosso go- na internet para ocultar a identidade real de
vemo, sozinho, infelizmente, esta longe de re- um usuario, que aparentam ser de crianças e
solver esse problemão. verificar se há fotos de familiares e o conteú-

34
Segure essa onda

do dos recados e depoimentos. Por tras deles própria casa. Díficil de acreditar, mas e verda-
podem esconder-se pessoas com segundas de. Geralmente sao os mais próximos das ví-
intensões. Sites e recursos que possuem fer- timas: empregados que tem a função de cui-
ramentas que bloqueiam o recebimento de dar dessas crianças, parentes e, infelizmente,
recados e impossibilitam a visualizacao do OS próprios pais OU tutores. Aff! Quanto mais
seu album, permitindo seu acesso apenas a a gente se informa mais chocado a gente fica.
amigos e familiares. Já no caso da exploração E o que dizer para a turma do «nada a ver”? É
sexual, o agressor usa a criança com o fim de provável que muitos deles nao saibam, mas O
obter lucro. USO de drogas, em geral, e a prática do sexo
Não se torne isca desses monstros livre, tambem são fatores que geram violên-
que podem facilmente lhe enganar e depois cia. Situações, nas quais muitas crianças são
destruir sua vida, portanto, nao podemos va- vítimas, principahnente as que vivem nas
cilar. Se for assediado, DENUNCIE! ruas, sem esperança ou qualquer perspectiva
Por sua vez, a violência psicológica, de futuro.
considerada uma das piores formas de tor- Essas crianças, vítimas da propria so-
tura, afeta drasticamente nossa auto-estima ciedade, estão longe de ver seus direitos, de-
e inteligência. Essa atitude se manifesta atra- fendidos universalmente pela ONU, serem
vés de frases depreciativas do tipo: “’Você nao cumpridos. Brincadeira! Tudo que deve ser
presta pra nada”’, «você é uma praga”, «vou levado a serio em nosso pais, como sabemos,
te matar”, etc. Esse tipo de agressao provo- quase sempre acaba em carnaval, futebol ou
ca traumas e, na maioria das vezes, deixa da- coisas do tipo.
nos irreparáveis na vida de muitos de nós. As Lembre-se de que somos especiais e
crianças são as principais vítimas dessa forma que ninguém tem o direito de nos ferir. Deve-
de violência. mos sempre buscar ajuda quando sentirmos
Existe também o descaso com os be- medo ou desconforto; gritar e dizer nao quan-
bes recém nascidos, crianças com necessida- do tocados de maneira diferente por alguém;
des especiais, com enfermidades graves, de buscar ajuda de pessoas de nossa confiança
temperamento díficil e agitado, caladas e re- e informá-las sempre que formos ameaçados
traídas, menores de três anos, filhos adotivos por qualquer tipo de violência e ter sempre
ou com baixo rendimento intelectual. Esse acesso a um numero de telefone de ajuda.
grupo, por sua fragilidade e baixo poder de Muitas cidades tem um número de te-
auto defesa, se torna alvo fácil lefone para denuncia de maus tratos. Um dos
desses covardes e, portanto, requermuita contatos de telefone e o Disque 100, respon-
atenção e cuidado. Na maioria dos casos, os sável por denuncias de abuso e explo racao
principais suspeitos estão dentro da nossa sexual. A discagem e gratuita em todo o terri-

35
Segure essa onda

torio nacional. Há também locais de denuncia gaio? Voando de um lado para o outro como
bastante procu rados: as Delegacias de Prote- se fosse bombeiro. Nao vê que você pode ser
ção a Criança e ao Adolescen te e o Conselho engolido pelas chamas? Decidido como era,
Tutelar. o papagaio nao titubeou e, de pronto, disse
Galera, cuidado pra que ninguem en- para o macaco: não me importo amigo maca-
tre nessa! Sabe mos que somos alvo, tam- co, aliás, com uma coisa me importo, em fazer
bém, desses ataques. Portanto, busquemos a minha parte”.
nos proteger através das sábias orientações Ja pensou o que aconteceria se todos
dos nossos pais, dos conselhos dos amigos, os animais tivessem feito a sua parte? Pois
professores e da boa leitura, nossa principal bem, nós estamos em uma grande luta em
aliada. defesa de nos mesmos e de todas as crian-
Entao rapaziada, desde já é importan- ças. Combater esse mal que tanto nos aflige e
te sabermos lidar com esse tipo de problema deprecia parece uma missão impossível. Mas
ou, mais cedo ou mais tarde, a batata quente” pequenos gestos, ainda que sem aparente
vai parar em nossas mãos. importância, fazem uma diferenca espetacu-
Conta-nos uma lenda, que houve um lar.
grande incendio na floresta e os animais Todos podemos fazer algo, o caminho para
que ali moravam se desesperaram. Cada um minimizar este problema está em nossas
corria para se proteger como podia. Subiam mãos, por isso, precisamos agir.
em arvores, se escondiam em buracos, com È isso ai, galera! Essa onda de «newaborre-
medo da devas taçao provocada pelo fogo. cente” tá pegando. Eu e o meu mano Pedro
Contudo, um papagaio se destacou dentre to- estamos entrando nessa também. Drogas?
dos os bichos da floresta. Corajoso e destemi- Nem pensar! Sexo inconsequente, será que
do, resolveu apagar o fogo. Voou até um lado vale mesmo a pena? E o que dizer da violên-
que cia? Tem que ser reprimida a partir de casa,
havia ao lado de uma pequena mon- como fizemos.
tanha, abaixou-se e pegou um pouquinho de A vida que idealizamos, o país com o
àgua no seu bico ea levou até o incendio, qual tanto sonhamos é possivel se, juntos, re-
tentando contê-lo. Por diversas vezes repe- construirmos um caminho de respeito aos va-
tiu o feito. Estava totalmente exposto, qual- lores e principios que norteiam a vida. Porque
quer movimento errado e suas penas seriam a vida foi feita para ser curtida e vivida, então
lambidas pelo fogo. De repente, apareceu o devemos desfrutá-la no seu máximo.
macaco, que a ele observava. Tirado a enten-
dido, pergun tou: Que loucura e essa papa-

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