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Rede Globo de Televisão

Central Globo de Produção

VALE TUDO

Capítulo 204

Novela de
GILBERTO BRAGA/AGUINALDO SILVA/LEONOR BASSERES

Personagens deste capítulo

AFONSO FREITAS MARCO AURÉLIO


ANDRÉ FÁTIMA MARIA JOSÉ
AUDÁLIO FERNANDA ODETE
ALDEÍDE HELENA PEQUENINA
BARTOLOMEU IVAN RENATO
CÉSAR IRIS RAQUEL
CELINA JARBAS SARDINHA
CONSUELO LUCIANO SOLANGE
DANIELA LAÍS TIAGO
DAYSE LEILA WILLIAM
EUGÊNIO LUCIMAR

Participação Especial

ARNALDO
CUNHA
LAURA
MARÍLIA
OLAVO
PROCURADOR
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CENA 1. SALA DE AFONSO NA TCA. INTERIOR. DIA.


Afonso, Ivan e William, cena de ritmo de diálogo muito
rápido.
Ivan — (a William) PDG da Macpherson and
Son?
Afonso — Tava a fim de ter um pé no Brasil,
achou que a TCA era bagunça por causa
da atuação do Marco Aurélio lá na
Irlanda e veio se assuntar, se
apresentou só com o nome da mãe,
pensando talvez em comprar a TCA ou
entrar de sócio...
William — A gente não tem tempo a perder, olha
aí a hora, o Marco Aurélio pode ter
apanhado mais um cheque em branco
assinado pelo Antunes pra retirar a
grana do empréstimo no Californian
Savings Bank...
Afonso — Eu vou ligar já pro banco, pra
tentar sustar o pagamento desse
cheque! Melhor ligar pra polícia
também...
William — Ele tem avião particular, não tem?
Ivan — Claro que vai tentar se mandar do
país, o melhor que a gente tem a fazer
é ir pra casa dele nesse instante!
Corta rápido pra:

CENA 2. DELEGACIA. INTERIOR. DIA.


Arnaldo falando com um auxiliar figurante, Gildo
presente. Diálogo muito rápido.
Arnaldo — Você me localiza esse Freitas, além
do Marco Aurélio. Bota o Tomaz pra ver
se encontra o César também, e eu quero
depoimento dessa empregada, Dayse não
sei das quantas. Pra terem mentido
sobre o dia da chegada dessa mulher do
Marco Aurélio no Rio, seja lá o que
eles tiverem querendo esconder a
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empregada deve tar fazendo parte do


conchavo, com certeza subornou a
empregada também...
Corta rápido pra:

CENA 3. SALA DE MARCO AURÉLIO E LEILA. INTERIOR. DIA.


Leila chorando, com Eunice e Bartolomeu. Continuação da
última cena do capítulo precedente.
Leila — Não matou, Bartolomeu, o Marco
Aurélio não matou ninguém... Mas a
gente ia ter que fugir do país de
qualquer maneira, a gente vai fugir
desse país, se Deus quiser...
Bartolomeu — Mas porque essa mentira sobre a sua
chegada de Itaipava? Isso não faz
sentido! Quem matou a Odete Roitman?
Leila — Eu cheguei com o Bruno no dia do
crime...
Corta pra:

CENA 4. SALA DE MARCO AURÉLIO E LEILA. INTERIOR. DIA.


Flash-back a ser gravado. Leila e Bruno sendo recebidos
por Dayse, chegando de Itaipava, com alguma bagagem.
Dayse sorridente. Bruno vai pro seu quarto e Leila faz
perguntas sem importância a Dayse, fora de áudio.
Leila — (off, narração) O Marco Aurélio não
tava em casa, claro... eu comecei a
tomar as providências que toma toda
dona de casa quando chega de fora...
Corta pra:

CENA 5. QUARTO DE FÁTIMA NA CASA DE MARCO AURÉLIO E


LEILA. INTERIOR. DIA.
Leila entrando, casual. Plano da cama de Fátima,
intocada, como se ninguém tivesse dormido ali. (Flash-
back a ser gravado)
Leila — (off, narração) Fui procurar a
Fátima, mas como a cama dela tava
intacta, eu achei que ela não tivesse
dormido em casa...
Corta pra:
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CENA 6. QUARTO DE MARCO AURÉLIO E LEILA. INTERIOR. DIA.


(Flash-back a ser gravado) Leila olhando sua cama
desfeita, diante de Dayse. Nitidamente uma cama onde
dormiram duas pessoas e não uma.
Leila — A Fátima não dormiu em casa, Dayse?
Dayse — Eu... não sei dizer pra senhora,
porque quando eu acordei... ela
realmente não tava aí... e a cama tava
arrumadinha... quem sabe ela não saiu
cedo, d. Leila, e arrumou a cama?
Leila — A Fátima, arrumar a própria cama?
Escuta aqui, ô Dayse, tá se passando
alguma coisa estranha dentro dessa
casa! Porque nessa cama aqui, na minha
cama, dormiram duas pessoas!
Inserir durante o diálogo apenas um take rápido da cena
4, capítulo 190 (QUARTO DE MARCO AURÉLIO E LEILA)
Marco Aurélio e Fátima, quando ela tem a crise de
choro. O plano deve ser rápido e apenas lembrar ao
público que por causa desta cena a cama ficou desfeita,
como se ali tivessem dormido duas pessoas. Sem som. O
som é do tempo real, Leila e Dayse, sem interrupção.
Dayse — (muito sem jeito) Não, d. Leila, eu
acho que a senhora tá enganada, eu
servi café pro dr. Marco Aurélio
sozinho...
Leila — Olha essa cama?! Quantas pessoas
dormiram aqui?
Dayse — Eu... não sei, d. Leila... eu acho
que o dr. Marco Aurélio dormiu sozinho
sim...
Leila — Você é minha amiga, Dayse, você não
tem o direito de esconder nada de mim!
O que é que tá acontecendo entre a
Fátima e o meu marido?
Dayse — (sem jeito) Acho que não dormiram
juntos não, d. Leila... Eles se
encontraram fora daqui...
Leila — (fora de si) Se encontraram fora
daqui? Você vai me contar tudo o que
você sabe, Dayse, você é minha amiga!
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Se eu souber que a Fátima tá fazendo


uma coisa dessas comigo... eu... fala
Dayse!
Dayse — Eu acho que ela é que deu em cima
dele... Eu peguei sem querer, uma vez
ou duas... Depois a senhora sabe, é
difícil a gente deixar de escutar...
Antes de casar com a senhora, o dr.
Marco Aurélio tinha um apartamento,
parece que pequeno aqui mesmo na zona
sul... onde exatamente eu não sei...
mas ele não se desfez desse
apartamento, e tem se encontrado com a
d. Fátima sim...
Leila — (desesperada) Todo o mundo me avisou
que eu não podia confiar nessa
vagabunda!
Dayse — Calma, d. Leila...
Leila — (chorando) Eu não acredito... eu não
posso acreditar... (refaz-se um pouco)
Não fala pra ninguém que eu tô em
casa, Dayse... eu não quero falar com
ninguém... dá alguma desculpa pro
Bruno... me deixa sozinha... me avisa
só quando o Marco Aurélio chegar...
Leila deita-se na cama e tem uma violenta crise de
choro. Dayse faz menção de se aproximar pra consolar,
mas sente que não há o que fazer. Sai do quarto. Tempo
com Leila chorando.
Corta descontínuo pra muito mais tarde, Leila na cama,
os olhos inchados de tanto chorar. Tentando acreditar
no que ouviu. Tempo. Entra Dayse.
Dayse — A senhora pediu pra avisar quando o
dr. Marco Aurélio chegasse... ele tá
aí na sala, d. Leila, com o Freitas...
Leila — (sofrida) A que horas ele costuma se
encontrar com essa piranha no tal
apartamento?
Dayse — Não fica pensando nisso, d. Leila,
eu tenho certeza que é da senhora que
ele gosta... homem é assim mesmo...
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Leila — (autoritária) A que horas, Dayse?


Você sabe.
Dayse — Eu acho que geralmente assim depois
do expediente lá na TCA, antes do
jantar...
Corta pra:

CENA 7. SALA DE MARCO AURÉLIO E LEILA. INTERIOR. DIA.


Flash-back a ser gravado. No início é repetição da cena
22 do capítulo 192. Marco Aurélio e Freitas.
Freitas — (entregando a pasta a Marco Aurélio)
Eu verifiquei. Os papéis do leasing
estão todos aí. O senhor vai precisar
de mais alguma coisa?
Marco Aurélio — Acho que não, Freitas. Pode ir.
Freitas — Até amanhã, dr. Marco Aurélio.
Freitas sai. Marco Aurélio olha a pasta pensativo
enquanto termina o seu drinque. De repente, pega a
pasta de negócios, pra sair, ao mesmo tempo em que
Leila entra, vinda do quarto.
Leila — Nós precisamos ter uma conversa
muito séria/
Marco Aurélio — (saindo) Agora não dá, Leiloca. Eu
tenho um assunto super urgente pra
resolver, mas eu não demoro... na hora
do jantar eu tô aí...
Marco sai. Dayse entra. Leila sofrendo.
Leila — Você tem certeza que não sabe o
endereço desse bordel?
Rimo de diálogo muito rápido.
Dayse — Eu juro pra senhora...
Leila — Pega a chave do meu carro, depressa!
Ele saiu pra se encontrar com ela!
Levou uma pasta de trabalho pra
disfarçar!
Dayse — Pelo amor de Deus, d. Leila, a
senhora não vai fazer nada de cabeça
quente!
Leila — A chave do meu carro, depressa!
Corta rápido pra:

CENA 8. RUAS DA ZONA SUL. EXTERIOR. DIA.


VALE TUDO 204/6

Flash-back a ser gravado. Muito rápido. Ao por do sol.


São quase oito horas de noite, horário de verão. Plano
de Marco Aurélio, dirigindo seu Mercedes.
Plano de Leila, atrás, perseguindo o marido em direção
do seu carro.
Atenção edição: são planos muito rápidos, porque não há
suspense nesta situação.
Corta pra:

CENA 9. APARTAMENTO DE ODETE E CÉSAR. INTERIOR. NOITE.


Flash-back a ser gravado. No início, é uma repetição do
final da cena 27 do capítulo 192, Marco Aurélio e
Odete.
Odete — O que foi que você fez com os doze
milhões de dólares da nossa conta
conjunta... já que você não pagou
ainda nenhuma prestação de leasing?
Marco Aurélio — Eu fiz um negócio ainda melhor pra
nós... eu te explico...
Odete — Explica que é um ladrão sem vergonha
que vem roubando a companhia há anos?
Não é pra mim que você tem que
explicar isso não/
Marco Aurélio — (corta) O que é que você pretende
fazer/ Você tá me ameaçando?
Odete — Eu estou pasma! Eu tive muita
confiança em você, Marco Aurélio e
você traiu essa confiança.
Marco Aurélio — Você não vai Lucrar nada em me
denunciar, Odete... Talvez... se você
conseguir manter a calma... a gente
talvez pudesse entrar numa
composição... Você sempre foi uma
empresária esperta... com jogo de
cintura...
Odete — Manter a calma... com a minha
família toda contra mim... aquela cena
deprimente lá na firma... eu estou com
ânsias de vômito, Marco Aurélio, a
idéia de que além de tudo... você...
(vontade de vomitar) Me espera aqui...
VALE TUDO 204/7

Odete vai entrando no lavabo. Vai fechar a porta.


Marco Aurélio — Você tá precisando de alguma
coisa?
Odete fecha a porta. Ao mesmo tempo, a campainha toca e
Marco abre a porta. Entra Leila, feito um raio,
nervosíssima. O revólver está à vista desde o início da
cena. Discussão histérica.
Leila — Onde é que ela está?
Marco Aurélio — Pera aí, Leila, ela não tá se
sentindo bem... o que é que você tá
fazendo aqui? Você não tem nada com
isso!
Leila — (uma fúria) Eu não tenho nada com
isso?
Marco Aurélio — São assuntos meus, particulares!
Leila — Eu nunca vi ninguém tão cínico
quanto você!
Marco Aurélio — Se intrometendo num assunto desses
você só pode se rebaixar, meu amor!
Leila — Eu nunca fui tão humilhada em toda a
minha vida! Todo o mundo me avisou, a
própria mãe dela me avisou, eu fui uma
imbecil, Marco Aurélio! Vocês me
traíram de uma maneira bárbara!
Marco Aurélio — Pera aí, do que é que você tá
falando?
Leila — (pega o revólver) Nega! Quero ver
você ter a coragem de negar que eu te
meto uma bala na cara!
Leila aponta o revólver pra Marco Aurélio.
Marco Aurélio — Negar o que?
Leila — Não, eu acho que quem merece uma
bala não é você não, eu não podia ter
confiado nessa/
Odete abre a porta do lavabo, Leila vê a sua silhueta.
Marco Aurélio — Pra aí, Leila, você tá pensando
que/
Leila dá três tiros. Odete cai. Logo depois de Odete
cair, Leila se dá conta de que é Odete quem está no
chão. Marco Aurélio certifica-se de que Odete está
morta enquanto fala.
VALE TUDO 204/8

Marco Aurélio — Você se dá conta do que você fez,


Leila?
Leila tem uma violenta crise de choro. Marco a ampara,
com pena e carinho.
Marco Aurélio — Fica calma... Vamos embora
daqui... a gente não tem um minuto a
perder... eu vou te ajudar...
Corta pra:

CENA 10. QUARTO DE MARCO AURÉLIO E LEILA. INTERIOR.


NOITE.
Flash-back a ser gravado. Leila chorando, mais calma.
Marco Aurélio consolando.
Marco Aurélio — Fica calma, Leiloca... eu já fui
até lá... tá tudo sob controle... tão
desconfiando da própria Fátima... eu
te juro que esse caso não tinha a
menor importância pra mim... Você é a
mulher da minha vida... a gente vai
escapar dessa juntos... Nós tínhamos
que nos mandar do Brasil do qualquer
maneira...
Corta rápido pra:

CENA 11. SALA DE MARCO AURÉLIO E LEILA. INTERIOR. DIA.


Leila termina sua confissão a Bartolomeu e Eunice.
Marco vai entrar, da rua.
Leila — (tensa) Ele me convencer... me
convenceu que pra escapar eu tinha que
tratas a Fátima como se nada tivesse
acontecido... nós conversamos com a
Dayse... que entendeu tudo... o Marco
Aurélio foi muito generoso com ela...
conversamos com o Bruno, que não
desconfiou de nada, mas acabou dando
com a língua nos dentes... Eu não
queria matar ninguém, Eunice,
acredita, eu perdi completamente a
cabeça...
Marco entrou, com a sua chave.
Marco Aurélio — Vambora, Leiloca, que o resto da
grana já tá no meu bolso. Tira essa
VALE TUDO 204/9

gente daqui porque nós não temos um


minuto a perder!
Corta rápido pra:

CENA 12. ANTE-SALA DA DELEGACIA. INTERIOR. DIA.


Apenas um plano rápido. Raquel, Fátima, Gildo.
Figurantes passando.
Raquel — Vai ser feita justiça, minha filha,
porque vocês todos podem falar o
contrário, mas eu tenho muita
confiança em Deus, vai ser feita
justiça sim, o nosso país não é a
baderna que todo o mundo tá falando
não, a justiça ainda existe!
Corta rápido pra:
Gal Costa cantando BRASIL. As próximas cenas fazem um
clipe pra canção-tema: Até a cena 17 final, plano do
avião no ar, devemos ter exatamente um minuto e cinco
segundos na edição, da cena 13 inclusive à 17
inclusive. É o tempo da última parte da canção Brasil.

CENA 13. SALA DE MARCO AURÉLIO. INTERIOR. DIA.


Arnaldo com dois auxiliares figurantes prendendo Dayse.
Policial começa a colocar algemas em Dayse. (Mesmo que
não se usem algemas vamos usar pra ficar impactante).
Corta pra:

CENA 14. RUA CARIOCA. EXTERIOR. DIA.


(O certo seria porta do prédio de Marco Aurélio mas não
é importante que seja lá). Carro de polícia bem
característico, camburão. Arnaldo presta declaração a
repórteres. Policiais da cena precedente colocam Dayse
algemada no camburão e fecham a porta do camburão.
Corta descontínuo pra camburão em movimento.
Corta pra:

CENA 15. CELA DE DELEGACIA. INTERIOR. DIA.


Veiga empurra Olavo pra dentro da cela, onde há outros
detentos, figuração com ar bem popular. Corta pra fora
da cela, Consuelo chorando. Corta pra close de Olavo,
atrás das grades.
Corta pra:
VALE TUDO 204/10

CENA 16. CORREDORES DA TCA. INTERIOR. DIA.


Delegado Arnaldo efetuando a prisão de Freitas. Freitas
tentando argumentar que é inocente. Dois policiais
figurantes vão carregando Freitas ao longo do corredor.
Freitas é carregado esperneando, com as pernas no ar.
Corta pra:

CENA 17. CAMPO DE AVIAÇÃO. EXTERIOR. DIA.


Marco Aurélio, Leila e Bruno vão entrar com co-piloto
no avião particular de Marco Aurélio. Co-piloto vai
jogando malas dentro do avião. Bartolomeu e Eunice
despedem-se de Leila e Bruno, abraços demorados,
emoção. Marco Aurélio diz que não Há tempo a perder.
Todos entram. Plano de Marco Aurélio, pilotando seu
jatinho, pronto pra levantar vôo. Plano de Eunice e
Bartolomeu, abraçados, olhando o avião decolar. Plano
do avião já no ar, afastando-se. Plano de Marco
Aurélio, pilotando ao lado do co-piloto. Dá uma banana
lá pra baixo. Último plano deve ser o avião no ar.
Corta pra:
(Terminou Gal Costa)

CENA 18. SALA DO APARTAMENTO DE RAQUEL. INTERIOR. DIA.


Abre em Fátima com Poliana. Depois Tiago e Fernanda,
depois Raquel e Ivan.
Fátima — (chocada) Mas logo eu? Porque,
Poliana? Essa mulher só pode ser
maluca, onde é que já se viu?
Audálio — Se você acha isso mesmo, Fátima, é
porque você ainda tem muito o que
prender, sabe?
Corta pra Tiago e Fernanda, em outro ambiente.
Tiago — (muito triste) Meu próprio pai...
Muito difícil de aceitar, viu
Fernanda?
Fernanda — Eu sei, meu amor, e tô aqui pra te
dar toda a força que você precisar...
mas no seu caso... eu acho que a
melhor coisa que você tem pra fazer é
esquecer que tem pai...
Corta pra Raquel e Ivan em outro ambiente.
VALE TUDO 204/11

Ivan — Justiça, Raquel? Só mesmo da tua


cabeça... Vai ser feita justiça é no
meu caso...
Raquel — (maliciosa) Não sei não... Você tem
tanta certeza assim? Porque você se
acusou, fez o que a sua consciência
mandava... mas cadê as provas? Ou você
acha que numa hora dessas o Marco
Aurélio ia ter cabeça, tempo ou
interesse pra entregar essas provas
pra polícia?
Reação de Ivan, animado.
Corta pra:

CENA 19. DELEGACIA. INTERIOR. DIA.


Freitas presta depoimento oficial a Antunes, escrivão
batendo à máquina.
Freitas — As provas contra o Ivan Meirelles?
Claro que eu sei onde é que tão... Se
eu vou entrar pelo cano vou livrar a
cara dele porque?
Corta pra:

CENA 20. SALAS DE CELINA. INTERIOR. DIA.


William com Helena, em outro ambiente Laís, Marília e
Celina.
Helena — Mas eu não queria morar fora, meu
amor! Apesar dessa bagunça toda, eu me
sinto feito o meu irmão, sou
brasileira, quero morar aqui!
William — E não foi justamente por esse motivo
que eu agi da forma que agi e acabei
entrando pra sócio do grupo,
Heleninha? Agora, eu não posso deixar
a Macpherson ao Deus dará. A gente tem
que manter pelo menos um apartamento
em Londres pra passar uns três meses
por ano...
Helena o abraça, com carinho.
Corta pra outro ambiente, Celina, Laís e Marília.
Marília — Mas vocês acham que o Ivan Meireles
tem mesmo alguma chance de ir pra
VALE TUDO 204/12

cadeia por causa desse processo de


suborno?
Celina — Em primeira instância já foi
condenado, Marília. Hoje é o dia do
julgamento da apelação.
Laís — Eu acho que na terra da impunidade
ia ser até uma piada, o Ivan ser
condenado por tão pouco...
Celina — Eu não sei não, Laís... Houve muita
pressão por parte da imprensa... Eu
estou tão nervosa, meu Deus do céu....
Marília — Na pior das hipóteses, o que é que
pode acontecer?
Celina — A pena é de 1 a 8 anos, e pode ser
aumentada em um terço, se a corrupção
for consumada, o que foi o caso. O tal
funcionário público fugiu, tá sendo
julgado à revelia...
Laís — Eu tenho muita fé que o Ivan vai
escapar dessa, viu, Celina?
Celina — Deus permita que você esteja certa,
mas a opinião pública tá contra ele, o
Ivan foi capa de várias revistas, pelo
inusitado do processo. O povo está
querendo justiça!
Corta pra:

CENA 21. SALA DE ESPERA DO JULGAMENTO. INTERIOR. DIA.


Planos rápidos, um clima de muita apreensão. Raquel
abraçada a Ivan. Poliana, Iris, Afonso, Aldeíde, André,
Bartolomeu, Consuelo, Daniela com Luciano, Eunice,
Fátima, Fernanda com Tiago, Gildo, Jarbas, Maria José,
Renato. Mais repórteres e fotógrafos.
Corta pra:

CENA 22. SALA DO JULGAMENTO. INTERIOR. DIA.


Em suas respectivas posições, o advogado, 4
desembargadores, o procurados da justiça, o
desembargador presidente, o escrivão.
Procurador — Defendo portanto a manutenção da
condenação de primeira instância, já
que a defesa não conseguiu destruir o
VALE TUDO 204/13

manancial de provas apresentadas no


processo, tendo o doutor juiz julgado
nos precisos limites da Lei...
Corta rápido pra:

CENA 23. SALA DE ESPERA DO JULGAMENTO. INTERIOR. DIA.


Mesmos da cena 21, clima de grande apreensão. Abre em
Renato e Maria José.
Maria José — O senhor acha que vão condenar ele,
dr. Renato?
Renato —Se você quer a minha opinião, o Ivan
vai escapar, quer dizer, pelo menos da
prisão. Porque com as circunstâncias
atenuantes que o advogado de defesa
apresentou ele pode ter uma pena de
até dois anos, com direito a sursis, a
suspensão condicional, e nesse caso
não é preso... Pra ser preso, ele
teria que ser condenado a mais de dois
anos... E nesse caso, vamos rezar pra
que não aconteça, claro, ele teria
direito a prisão especial, porque tem
nível superior e é um réu primário e
com bons antecedentes...
Abrem-se as portas da sala do julgamento. Renato corre
pra falar com o procurador. Reação de Ivan, com medo,
vendo ao longe Renato falando com o procurador. Reação
de Raquel. Renato afasta-se do procurador. Raquel corre
até Renato.
Raquel — Pelo amor de Deus, Renato, ele vai
pra cadeia?
Corta pra:

1º INTERVALO PARA COMERCIAIS

CENA 24. SALA DE ESPERA DO JULGAMENTO. INTERIOR. DIA.


Mesmos da cena 23, continuação imediata, Raquel com
Renato.
Raquel — Fala, Renato, pelo amor de Deus, sem
rodeios.
VALE TUDO 204/14

Renato — Eu acho que a Celina tinha razão, a


imprensa fez muito alarde, a opinião
pública foi contra...
Raquel — Ele vai pra cadeia?
Renato — Foi condenado exatamente a dois anos
e um mês. Até o livramento
condicional, vai ter que ficar preso
por um ano e quinze dias.
Raquel — (apavorada) Um ano!
Corta pra:

CENA 25. QUARTO DE RAQUEL. INTERIOR. DIA.


Ivan e Raquel, muito emocionados e tristes.
Raquel — (quase chorando) Um ano...
Ivan abraça Raquel. Os dois ficam abraçados, um tempo.
Corta pra:

CENA 26. SALA DE IRIS. INTERIOR. DIA.


Iris e Pequenina.
Pequenina — Mas se você gosta dele, meu amor, se
você se sente bem ao lado dele, vai
recusar essa proposta de casamento com
o Poliana porque?
Iris — Não sei, vó... por mais que eu
pense... eu gosto dele sim... Acho que
pode ser um bom pai pros meus filhos,
um bom companheiro... Mas a vida
inteira eu sonhei com... ah, vó, a
senhora sabe como eu adoro as
histórias de amor, nas revistas... Eu
sonho com esses homens que tão nas
revistas...
Pequenina — É como você própria está dizendo,
são homens de revistas!
Iris — Mas na vida real também tem! O dr.
Ivan! Quando sair da prisão vai ser
feliz com a Raquel pelo resto da vida!
E o dr. William? Vai casar com a d.
Heleninha! Esse então parece que saiu
de um conto de fadas, é um príncipe
mesmo de verdade, que chegou na TCA
disfarçado, a senhora vê só que
VALE TUDO 204/15

história romântica, disfarçado! Um


homem daqueles!
Pequenina — É. Mas quem te pediu em casamento
foi o Audálio! E você mesma está
dizendo que gosta dele, que o vê
perfeitamente como pai dos seus
filhos!
Iris — (frágil) E onde é que fica o meu
romantismo, vó Pequenina? Os sonhos
românticos que eu sempre tive, desde
garotinha?
Pequenina — Ah, meu amor, esses grandes
amores... você faz como nove entre dez
brasileiras. Você acompanha nas
novelas de televisão!
Iris se convence.
Corta pra:

CENA 27. SALA DE AFONSO NA TCA. INTERIOR. DIA.


Laís e Afonso.
Afonso — Você tem certeza?
Laís — Absoluta. Ela se separou do Mário
Sérgio já faz algum tempo. Ele tá
morando em S. Paulo. Eu ouvi dizer que
separaram numa boa, mas eu posso te
garantir que a Solange tá sozinha,
criando a filha...
Corta pra:

CENA 28. SALA DE SOLANGE E SARDINHA. INTERIOR. DIA.


Solange estava cuidando da filha, Márcia, quando Afonso
entrou. Os dois estão constrangidos.
Afonso — Tô te incomodando?
Solange — Não, tudo bem... Cheguei do trabalho
agora, tava cuidando da Marcinha, mas
tudo bem...
Afonso — É verdade que você e o pai dela...
se separaram?
Solange — O Mário Sérgio foi pra S. Paulo.
Falei com ele ontem. Tá até namorando,
tá tudo bem...
Tempo. Emoção.
VALE TUDO 204/16

Afonso — Você... gosta de cuidar dela, não


gosta?
Solange — Hum-hum...
Afonso — Solange, eu sei o quanto eu fui
injusto com você... eu... pô, é
difícil falar o que eu tô pensando,
tudo o que tá entalado aqui, porque
você é tão... (corta-se) Eu queria
pedir você em casamento, queria me
oferecer pra criar do teu lado essa
menina que eu te juro eu sou capaz de
tratar como se fosse a minha própria
filha... e queria... (corta-se)
Afonso olha a menina. Planos alternados de Afonso e do
bebê.
Afonso — Eu não sou esse homem forte que eu
queria ser não. Eu me sinto... diante
de você... eu me sinto igualzinho a
essa criança, de quem você tá cuidando
tão bem... com tanto carinho... Eu
acho que isso eu tenho o direito de
pedir, sim, Solange... cuida de mim,
cuida?... vamos ficar juntos... eu
preciso tanto de você...
Solange cede e beija Afonso apaixonadamente. Planos
muito românticos.
Corta pra:

CENA 29. SALA DE RENATO NA REVISTA. INTERIOR. DIA.


Afonso e Sardinha, outro dia.
Afonso — (orgulhoso) Então a gente resolver
se casar só no civil, no mesmo dia que
a Helena e o William...
Sardinha — Eu acho que não preciso dizer o
quanto essa notícia me deixa feliz,
meu camaradinha... Porque o Mário
Sérgio é super boa gente, mas eu
sempre saquei que a Solange não era
apaixonada por ele.
Afonso — Claro que o rapaz é boa gente... E
você vai ver: eu vou criar a filha
VALE TUDO 204/17

dele como se fosse minha própria


filha!
Sardinha — Filha dele?
Afonso — Então, havia de ser filha de quem?
Sardinha — Escuta, ô Afonso, a Solange te falou
alguma vez que a Marcinha é filha do
Mário Sérgio?
Afonso — Falar eu acho que não... Mas... pô,
eles tavam juntos, esse tempo todo...
havia de ser filha de quem? A Solange
nunca foi de (corta-se) Péra lá, o que
é que você tá querendo me dizer?
Sardinha — Eu não tô querendo dizer nada,
inclusive porque eu jurei pra Solange
que eu nunca ia contar essa história
pra ninguém, e principalmente pra
você. Mas um toque eu acho que eu
tenho o direito de dar, já que vocês
resolveram se casar... Pede à Solange
pra te contar uma história sobre
produção independente.
Afonso — Produção independente, de cinema?
Sardinha — Não. Produção independente, de
criança.
Corta rápido pra:

CENA 30. SALA DE SOLANGE E SARDINHA. INTERIOR. NOITE.


Luz suave. Solange e Afonso, ela rindo muito.
Solange — Aí... como ninguém topou... eu
resolvi mandar a ética pras cucuias
e... naquela noite... literalmente...
eu aproveitei o porre e... abusei de
você!
Afonso — (emocionadíssimo, quase chorando)
Essa é a história mais... eu não posso
acreditar, Sô, a Marcinha é... eu...
que sempre sonhei em ter uma menina...
ela é...
Solange — (no seu tom seco) Olha, Afonso, você
é bastante desligado, ficou dois anos
casado com a Fátima sem notar que ele
VALE TUDO 204/18

te corneava! Só por isso eu te perdôo,


viu, porque bastava olhar com mais
atenção pra Marcinha! Ela é a tua
cara!
Afonso beija Solange apaixonadamente. Deve ser uma cena
muito curtida pela direção porque eles fazem um casal
muito emocionante. A critério da direção, a criança
deve estar nesta cena ou não.
Sonoplastia: Da cena 27 até o final da cena 30, FAZ
PARTE DO MEU SHOW, por Cazuza. Não tem importância
termos letras e diálogos ao mesmo tempo, desde que seja
possível ouvirmos o diálogo.
Corta pra:

CENA 31. SALA DO APARTAMENTO DE RAQUEL. INTERIOR. DIA.


Abre em Daniela e Luciano.
Luciano — Tem que se apresentar hoje, Daniela?
Daniela — (muito triste) A Raquel vai levar...
eu não tenho nem coragem de olhar pra
cara deles...
Corta pra Raquel com Ivan, ele tem uma mala e uma
máquina de escrever portátil pra carregar.
Raquel — (muito triste) Doze meses... se ao
menos isso tivesse um sentido, Ivan...
Ivan — Quem sabe não tem?
Raquel — Prenderam meia dúzia de pobres, os
ricos ficaram impunes... Eu vou
acreditar que esse país tem jeito? vou
me conformar de você ser um bode
expiatório, num delito mínimo, quando
tanta gente, os próprios políticos, o
próprio povo... (gesto vago)
Ivan — O povo votou melhor nas últimas
eleições... esse ano vai ser decisivo
pra nós todos, Raquel... Eu tenho
esperança, sim, vou tentar aproveitar
esse tempo pra escrever um livrinho
sobre essa minha esperança...
Raquel — Eu não me conformo... Tem que ser o
único preso, por um delito mínimo?
VALE TUDO 204/19

Ivan — Eu prefiro pensar que em vez de ser


o único eu vou ser o primeiro. Um
crime não é mais grave do que outro
não... É preciso dar um basta nisso
tudo! Esse clima tem que acabar! Sabe
qual é a palavra mais odiosa que eu
conheço? acho que é careta. Porque
nesse país passou a ser careta quem é
íntegro, honesto, é careta não
transgredir a lei, não tentar levar
vantagem em tudo...
Raquel — Eu continuo achando que o que você
fez não foi mais do que molhar a mão
dum guarda de trânsito pra se livrar
duma multa...
Ivan — (olha o relógio) Tá na hora.
Corta pra:

CENA 32. EXTERNA DE PRESÍDIO. EXTERIOR. DIA.


Ivan vai caminhando em direção ao presídio, Raquel e
Afonso parados, vendo Ivan se afastar. De repente, Ivan
larga a mala e a máquina de escrever no chão, por um
instante, volta-se e fala com Raquel e Afonso.
Ivan — Há países em que é impossível molhar
a mão dum guarda, Raquel! Não existe!
Afonso — Quanto é que ganha um guarda num
desses países, Ivan?
Ivan — (emocionado) Não é só questão de
progresso não. É questão de
mentalidade também... Eu quero
escrever sobre isso... Porque eu não
tô agüentando mais morar num país onde
você molha a mão do guarda. Eu acho
que ninguém tá agüentando mais morar
nesse país em que o natural é molhar a
mão do guarda!
Raquel — Eu te amo.
Raquel e Ivan beijam-se suavemente. Ivan entra na
prisão, Raquel e Afonso olhando, muito emocionados.
Afonso ampara Raquel. Raquel com lágrimas no solhos.
VALE TUDO 204/20

Sonoplastia e edição: durante a última fala de Ivan,


entra inteira a canção “É”, do Gonzaguinha, que vai
constituir um clip bastante longo de todas as cenas que
se seguem. Estas cenas, a que vamos dar letras em vez
de números, devem ser entremeadas com planos que temos
em arquivo de POVO NA RUA, POVO NA RUA... A canção de
Gonzaguinha dura exatamente três minutos e dez
segundos. Deve morrer já dentro da cena 33, no
botequim.

CENA 33. (ANTIGA CENA 32A) SALA DE IVAN. INTERIOR. DIA.


Uma cela limpa, de prisão especial. Ivan bate à
máquina. Está escrevendo um livro.

CENA 34. (ANTIGA CENA 32B) SALA GRANDE DE REUNIÕES NA


TCA. INTERIOR. DIA.
Reunião de diretoria, Afonso presidindo, William ao
lado, discussões.

CENA 35. (ANTIGA CENA 32C) EXTERNA BONITA. EXTERIOR.


DIA.
Aldeíde e André beijam-se apaixonadamente.

CENA 36. (ANTIGA CENA 32D) EXTERNA BONITA. EXTERIOR.


DIA.
Tiago e Fernanda beijam-se apaixonadamente.

CENA 37. (ANTIGA CENA 32 E) COZINHA DE CELINA.


INTERIOR. DIA.
Jarbas discute calorosamente com Eugênio e Marina.
Celina faz festa na Rebeca, que está no seu colo. CAM
fecha no rosto de Rebeca.

CENA 38. (ANTIGA CENA 32F) ESCRITÓRIO DE RAQUEL NA


PALADAR. INTERIOR. DIA.
Raquel, Celina e Poliana em reunião de negócios. Falam.

CENA 39. (ANTIGA CENA 32G) IGREJA. EXTERIOR. DIA.


Casamento de Poliana e Iris. Explorar principalmente os
noivos. Entre os convidados estão Aldeíde, André,
Bartolomeu, Eunice, Consuelo, Daniela, Luciano,
Fernanda, Tiago, Flávia, Gildo, Jarbas com uma mulher
bonita, fazendo um casal (é importante aqui um plano de
VALE TUDO 204/21

Jarbas sorridente com a namorada), Maria José,


Pequenina chorando, Vasco. Saída da igreja, convidados
jogando arroz nos noivos.
Corta pra:

CENA 40. (ANTIGA CENA 32 H) SALAS DE CELINA. INTERIOR.


DIA.
Coquetel de casamentos civis. Planos rápidos, com
figuração muito elegante. Temos que passar que: Solange
está se casando no civil com Afonso; Helena está se
casando no civil com William.
Convidados cumprimentam efusivamente os casais.
Presentes: além dos noivos, Aldeíde e André, Bartolomeu
e Eunice, Celina, Daniela e Luciano, Eugênio muito
emocionado (marcar), Fernanda com Tiago, Flávia, Laís
com Marília (marcar as duas juntas), Marieta, Renato,
Sardinha com a filha de Solange (marcar), Suzana.

CENA 41. (ANTIGA CENA 33) BOTEQUIM. INTERIOR. DIA.


Lucimar, agora bem, vestida, pagando uma rodada a
Jarbas, que está com a mesma mulher do casamento,
abraçado, Vasco e figurantes.
Jarbas — E tá dando pra viver sem trabalhar,
superior?
Lucimar — Ih, botei pra render juros! Tá
pensando o que? 200 milhões! Tô
comprando um baita dum apartamento em
Copacabana! Vou ter até empregada de
uniforme! Vou pagar o salário mínimo,
conforme manda a lei, mas vou
descontar tudo o que eu tenho direito!
E muito breve eu vou fazer a minha
primeira viagem ao estrangeiro!
Jarbas — Olha aí, hem Vasco, vê se não vai
exagerar na cachaça pra ficar cumé que
era a minha patroa.
Lucimar — Ela não entorna mais não, Jarbas?
Jarbas — Que eu visse, nunca mais!
Corta pra:

CENA 42. SALA DE REUNIÕES DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS.


INTERIOR. DIA.
VALE TUDO 204/22

Cunha, o ator da primeira reunião que fizemos,


coordenando a reunião. Helena e William entre os
figurantes.
Cunha — Agora eu quero chamar o companheiro
William pra que ele entregue a fica
comemorativa de um ano de sobriedade à
nossa companheira Helena.
Helena se levanta e vai ficar de pé ao lado da mesa.
William vai até ela e lhe entrega uma ficha. Os dois
trocam um demorado abraço. Muita emoção.
Helena — (muito emocionada) Obrigada,
companheiros e companheiras... Pros
que não me conhecem, o meu nome é
Helena, eu sou uma doente alcoólica e
hoje eu não bebi. Aliás, de vinte em
quatro em vinte e quatro horas... faz
exatamente um ano que eu não venho
bebendo... Eu tô conseguindo levar uma
vida criativa... eu... eu sou
pintora... eu tenho conseguido
trabalhar... eu trouxe convites pra
vocês, porque amanhã... depois de
muito tempo inativa... eu tô
inaugurando uma exposição, e se vocês
quiserem me dar uma força no
vernissage eu vou ficar muito feliz...
Corta rápido pra:

CENA 43. GALERIA DE ARTE. INTERIOR. NOITE.


A exposição de Heleninha. Mostrar bem os quadros.
explorar beleza visual. Helena, ao lado de William,
recebe cumprimentos de convidados. Presentes Raquel,
Poliana, Iris, Afonso com Solange, Aldeíde com André,
Bartolomeu com Eunice, Celina, Consuelo, Daniela com
Luciano, Eugênio, Fernanda com Tiago, Laís com Marília
(marcar bem), Marieta, Renato, Sardinha. Depois de
planos gerais, Laís com Marília conversam com Sardinha.
Sardinha — Foi morar em Búzios, Marília?
Marília — Como psicóloga eu tava ganhando tão
pouco... Aproveitei que tinha uma
VALE TUDO 204/23

graninha que os meus pais deixaram,


entrei de sócia da Laís...
Laís — (orgulhosa) E tá se saindo uma
revelação como dona de pousada!
Corta pra Raquel com Renato, ao lado de uma das telas.
Renato — Eu ouvi dizer que a Maria de Fátima
tá trabalhando numa loja de
presentes... Você acha que ela se
modificou, Raquel?
Raquel — Acho que aprendeu a lição, né? Tá
outra. Só não tá muito falante, sabe,
Renato, reclama que trabalha demais...
de vez em quando ainda tem uma recaída
e fala em arranjar marido rico... Mas
eu tenho muita fé que besteira ela
nunca mais vai fazer não...
Helena se aproxima. Fala com Raquel.
Helena — (emocionada) O Víctor comentou que
você comprou uma tela, Raquel! Eu...
eu nem sei o que dizer... eu fico tão
contente...
Raquel — (com orgulho, mostra) Essa aqui. Eu
sempre fui fã do teu trabalho. E o
Ivan também...
Helena — (sem jeito) Falta muito tempo pra
ele...
Raquel — (emocionada) Seis meses.
Corta pra:

CENA 44. EXTERNA DO PRESÍDIO. EXTERIOR. DIA.


Seis meses depois. Raquel e Afonso esperando. Tempo.
Ivan sai. Vem lentamente ao encontro de Raquel e
beijam-se apaixonadamente. Deve ser uma cena muito
emocionante.
Corta pra:

CENA 45. SALA GRANDE DE REUNIÕES NA TCA. INTERIOR. DIA.


Reunião de assembléia. Afonso, Ivan, William, Luciano
(sentado à mesa) e diretores figurantes. Depois,
Consuelo.
Afonso — E agora, senhores, o assunto
principal dessa reunião: a eleição do
VALE TUDO 204/24

novo presidente. Eu proponho o nome de


Ivan Meireles.
Ivan — Eu? Você tá doido, Afonso?
Afonso — Eu acho que nunca tive tão lúcido.
Com o apoio da diretoria durante esse
ano aí em que você... “se retirou” pra
escrever o seu livro, com a ajuda do
William nós conseguimos vencer a crise
provocada pelo golpe que o Marco
Aurélio nos deu... Mas eu acho que
nesse momento, com o William tendo que
se dividir entre Irlanda e Rio, você é
a pessoa certa pro cargo. Eu não tenho
idade... acho que ainda tenho muito
chão pra percorrer...
Close de Ivan, emocionado.
Afonso — Vamos proceder à votação?
Corta rápido pra:

CENA 46. ANTE-SALA DE MARCO AURÉLIO NA TCA. INTERIOR.


DIA.
Ivan vem ao encontro de Raquel, que o espera. Ela está
muito emocionada.
Raquel — O que a Consuelo acabou de me
dizer... é verdade, Ivan? Presidente?
Ivan — Hum-hum...
Raquel o abraça, emocionada.
Ivan — Você trouxe mala com umas roupas,
como eu mandei?
Raquel — Trouxe... mas não tô entendendo
nada...
Ivan — Não é pra entender mesmo... é uma
surpresa, vem...
Corta pra:

CENA 47. PLANOS GERAIS DE BÚZIOS. EXTERIOR. DIA.


Arquivo. Os planos mais bonitos que tivermos. Música de
Tracy Chapman. A música continua até o final da cena
seguinte.
Corta pra:

CENA 48. CASA DO CANAL EM BÚZIOS. EXTERIOR. DIA.


VALE TUDO 204/25

(a cena já foi gravada previamente)


Carro de Ivan parado à porta da casa. Ivan e Raquel
saltam. Ela não entende bem o que está acontecendo.
Raquel — Eu... eu não tô entendendo direito,
amor...
Ivan — Será que não?
Raquel olha a casa. Plano da casa.
Raquel — (muito emocionada) Você... lembrou?
Ivan — Comprei pra nós.
Corta pra dentro da sala vazia, os dois se beijando
apaixonadamente. A câmera faz 360 graus em torno do
beijo.
Corta pra:

CENA 49. LIVRARIA. EXTERIOR. DIA.


Tarde de autógrafos de livro de Ivan. Título: “Vale
Tudo?”, de Ivan Meireles. Produzir, Ivan, sorridentes,
autografa livro pra Helena e William. Raquel
sorridente.
Presentes Afonso, Solange, Aldeíde, André, Bartolomeu,
Eunice, Tiago, Fernanda, Celina, Consuelo, Daniela,
Luciano, Gildo, Helena, William, Laís com Marília,
Maria José, Poliana com Iris. Depois de planos gerais,
Poliana com Celina.
Celina — A Fátima não veio, Audálio?
Audálio — Vem depois... Ela só sai da loja às
seis horas, tem trabalhado muito,
coitadinha...
Celina — Eu tenho pensado muito nela... Será
que se modificou mesmo? Porque isso...
puxa, me dá uma certa confiança na
humanidade...
Audálio — Está outra, Celina. Boa mãe,
trabalhadeira... E amanhã o Rafael vai
fazer dois aninhos, você tem que vir,
pra mesinha de doces...
Corta pra:

CENA 50. LOJA FINA DE PRESENTES. INTERIOR. DIA.


Gerente arrumando coisas. Fátima fechando a loja,
cansada. Dirige-se à gerente.
Fátima — Posso ir, d. Laura?
VALE TUDO 204/26

Laura — Tudo bem... Até amanhã... Nove em


ponto, hein, Maria de Fátima, porque
você tem chegado muito atrasada, o
proprietário já reclamou diversas
vezes, eu não sei mais que desculpa
inventar...
Fátima faz uma cara de nojo, e raiva, e sai da loja.
Corta pra:

CENA 51. AVENIDA ATLÂNTICA. EXTERIOR. DIA.


Fim de tarde. Fátima sai da livraria (não é preciso
mostrar a livraria) e caminha pela rua, de volta pra
casa. Denota cansaço. Os pés doem. Num sinal, passa a
mão no pé, mostrando cansaço. De repente, um carro de
luxo para ao seu lado. Buzina. Ela olha. César está ao
volante. Close de César. Reação de Fátima.
César — Entra aí, Fátima! Tá esperando o
que?
Close de Fátima, ainda assustada.
Corta pra:

2º INTERVALO PARA COMERCIAIS

CENA 52. QUARTO DE HOTEL DE LUXO. INTERIOR. NOITE.


Fátima e César tomando um drink, depois do amor.
César — No início foi duro, porque a grana
que aquele desgraçado deixou a minha
mão não dava nem pra saída... Cheguei
a andar pela Europa de carona, Fátima,
na minha idade... já pensou?
Tempo. Fátima não responde. Ainda gosta de César. Passa
isso no olhar.
César — Mas acabei me dando relativamente
bem...
Fátima — Como?
César — Conheci um cara... Um príncipe de
uma das famílias mais antigas de
Milão... Príncipe de Volterra... Você
vai conhecer o Giovanni... Boa praça,
não é de tar chateando ninguém...
Fátima — Ele tá aqui no Brasil?
César — Por tua causa.
VALE TUDO 204/27

Fátima — Do que é que você tá falando? Um


príncipe? Olha César, fazer hora com a
minha cara não, tá, que você já me
sacaneou demais.
César — (animado) Mas é que pintou um
esquema que pode ser muito bom pra nós
dois. O Giovani resolveu entrar pra
política, partido conservador... Vai
concorrer às próximas eleições,
deputado pela Lombardia... Só que...
sabe como é... correm certos boatos
sobre ele... Daí ele tá precisando
duma mulher, pra se casar e tapar a
boca da oposição, tá entendendo?
Fátima — E é pra ficar casada com esse cara o
resto da vida?
César — Não. Ele faz um contrato, lavrado em
cartório, se você topar... Fátima,
você não imagina a grana que tem nessa
jogada, uma das famílias mais ricas de
Milão... Um casamento só pra constar,
eu fico morando na mesma casa que
vocês... Ele faz um pacto
antenupcial... Pelos cálculos da
família e a assessoria do partido
político... tão dispostos a dar pra
essa mulher que topar o casamento um
milhão de dólares por ano, e
dificilmente você vai precisar ficar
casada por mais do que 5 anos...
Tempo. Fátima pensativa. César faz um carinho nela.
Fátima — Sabe que o nosso filho vai fazer
dois anos amanhã?
César — Olha, não vai dar pra tar misturando
estações não, viu Fátima?... Ou bem a
tua mãe, com aniversário de criança...
o bem Princesa de Volterra, circulando
nas melhores rodas da Europa. Quem tem
que sabe que vida tá a fim de levar é
você!
Corta pra:
VALE TUDO 204/28

CENA 53. SALA DO APARTAMENTO DE RAQUEL. INTERIOR. DIA.


A sala lindamente enfeitada para aniversário de
criança, Rafael está fazendo dois anos. Muita alegria
de todos, menos Fátima, que está com o pensamento
longe, de cara amarrada. Presentes Aldeíde, André,
Bartolomeu, Eunice, Consuelo, Daniela, Luciano,
Fernanda, Flávia, Gildo, Iris, Poliana, Jarbas,
Pequenina. Já começa o “Parabéns pra você”. Todos muito
alegres, curtindo a bonita mesa de doces. Raquel é quem
tem Rafael no colo. Figurantes finos e muitas crianças
pela sala. O importante da cena, é que durante a canção
de parabéns, Raquel saca que Fátima não está curtindo.
Close de Fátima, querendo estar bem longe dali. Termina
a canção. Fátima vai pro quarto de Raquel, que vai
segui-la. No caminho, Fátima é interceptada por
Consuelo.
Consuelo — Come um olhinho de sogra caramelado
que tá uma maravilha, Fátima!
Fátima olha Consuelo com desprezo e entra no quarto.
Raquel a segue.
Corta pra:

CENA 54. QUARTO DE RAQUEL. INTERIOR. DIA.


Fátima pensativa, triste. Raquel entra. As duas se
olham lentamente. Closes alternados. Elas têm muito pra
se dizer, mas ao mesmo tempo a impressão de que tudo já
foi dito. Finalmente, Raquel fala.
Raquel — Você não tá feliz, Fátima? o Rafael
tá tão lindo...
Fátima — (seca) Eu tentei. Eu gosto muito de
você, você é testemunha que eu tentei
mas eu não dou pra isso não. Por
favor, você curte, é seu neto, cuida
dela pra mim.
Corta rápido pra:

CENA 55. PORTA DO COPACABANA PALACE. EXTERIOR. DIA.


Mostrar a fachada do hotel. Fátima saltando de um taxi
elegante, muito bem vestida, dois funcionários pegando
malas dela.
Fátima — Eu mandei reservar uma suite, Fátima
Acioli, vocês podem ir levando as
VALE TUDO 204/29

malas, porque eu tenho que encontrar


um hóspede, o Príncipe de Volterra,
acho que tá hospedado na mesma suite
que César Ribeiro.
Corta pra:

CENA 56. PISCINA DO COPACABANA PALACE. EXTERIOR. DIA.


Planos gerais, bonitos, que passem a impressão de um
ambiente muito sofisticado. Fátima vem do restaurante
ou da rua e procura César com os olhos. Corta pra César
e Giovani nadando, jogando água um no outro. Clima de
brincadeira. César vê Fátima e sai da piscina. Caminha
ao encontro de Fátima.
César — Resolveu?
Fátima — Depende das bases. Acho que se for
um milhão por ano de casada eu topo
sim.
César — Deixa eu te apresentar.
Um fotógrafo se aproxima. Quando Fátima for apresentada
a Giovani, o fotógrafo vai bater a chapa.
César faz sinal a Giovani, que sai da piscina e vem ser
apresentado a Fátima.
César — Príncipe Giovani Piero Giacomo
Grimaldi de Salina e Volterra. Fátima
Acioli.
Giovani beija a mão de Fátima. O fotógrafo se aproxima,
pra tirar foto.
César — (baixo) Tá pintando fotógrafo,
Fátima. Pra essa história dar certo,
sempre que pintar fotógrafo na jogada
você tenta passar um clima de
sensualidade entre vocês dois.
Fátima fala quase beijando Giovani na boca.
Fátima — Isso não vai ser difícil... Já que
eu vou ter um maridinho tão sexy...
tão gostoso...
Fotógrafo bate a chapa.
Corta pra:

CENA 57. SALA DE CONSUELO E JARBAS. INTERIOR. NOITE.


Noite de sábado. Reunião familiar. Iris com bebê no
colo, Poliana, Pequenina, Jarbas com a namorada desse
VALE TUDO 204/30

capítulo, Consuelo, Vasco, Aldeíde, André.


Abre em Aldeíde e André. Durante o diálogo a campainha
toca, Pequenina vai atender.
André — Verdade mesmo que a Fátima vai casar
com um príncipe?
Aldeíde — Então, menino? Tá em todos os
jornais. Vem gente de tudo que é lugar
do mundo, a granfinada toda! Mas eu
não sei porque a Raquel falou que não
vai ao casamento não. E pra nós ela
nem mandou convite...
Corta pra Jarbas falando pra namorada a respeito de
Lucimar que está entrando com um rapaz lindo, Pequenina
abrindo a porta.
Jarbas — Ah, essa eu não posso perder, a
velha Lucimar de guerra, que ficou
rica, foi fazer a primeira viagem
dela, ao estrangeiro, menina, foi a
Mar del Plata! (aproxima-se) E aí,
Lucimar, como é que é? Gostou de Mar
del Plata?
Só então enquadramos Lucimar, que deve imitar Odete
Roitman em gestos e estar caracterizada lembrando
Odete. Durante a fala, Lucimar tira um cigarro e faz
sinal ao rapaz lindo pra acendê-lo.
Lucimar — Se eu gostei? Eu me encontrei,
Jarbas, ah, no estrangeiro eu me
encontrei! De agora em diante, o que
eu mais quero é distância aqui desse
país de tupiniquins porque gente
civilizada é outra coisa! (cigarro)
Acende aí, ô gato. (já fumando) Vocês
tão pensando que é essa bagunça daqui?
Praias limpas, gente muito elegante,
dão passagem no trânsito, ah, minha
gente, Brasil, nunca mais!
Todos riem. Corta pra Pequenina e Poliana, à parte.
Audálio — Amanhã de tarde a gente podia
transar um biribinha, hein, Pequenina?
Fala com a Consuelo!
VALE TUDO 204/31

Pequenina — A Consuelo? Mas quem é que consegue


botar os olhos em Consuelo aos
domingos? Todo domingo à tarde,
desaparece logo depois do almoço! Não
diz aonde vai! Eu andei sondando, ela
fala muito vagamente que é pra igreja,
cuidar de obras de caridade, uma
irmandade nova aí... mas detalhes
dessa irmandade ela não dá!
Corta rápido pra:

CENA 58. PÁTIO DE PRESÍDIO. EXTERIOR. DIA.


Domingo à tarde. Visita dominical aos presos. Planos
gerais. Corta pra Consuelo, visitando Olavo. Entrega
presentes.
Consuelo — Cigarros... eu trouxe esse bolo
aqui... meia dúzia de maçãs...
Olavo — E grana, Consuelo? Então eu não
preciso de grana?
Consuelo — (entregando dinheiro) Trouxe...
Trouxe sim...
Corta pra:

CENA 59. SALAS DE CELINA. INTERIOR. DIA.


Celina lendo jornal. Eugênio servindo alguma coisa.
Celina — Eu não posso acreditar, Eugênio!
Você sabe que é verdade mesmo que a
Maria de Fátima está de casamento
marcado com um príncipe, de uma das
melhores casas da Lombardia, um rapaz
que está inclusive começando carreira
na política? Casamento grandioso, um
monte de convidados estrangeiros,
cobertura de toda a imprensa
internacional! Eu já vi nota até no
Paris-Match e no Vanity Fair! Eu não
sei não, mas acho que alguém devia
prevenir este rapaz, coitado!
Eugênio — Pelo que eu vi, d. Celina, e eu
prestei bastante atenção às
fotografias, o príncipe sabe muito bem
VALE TUDO 204/32

o que está fazendo. Porque esse filme


eu já vi: Teorema!
Corta pra:

CENA 60. SALÃO CHIQUÍSSIMO. INTERIOR. DIA.


Num salão muito bonito, planos rápidos do casamento
civil de Fátima e o príncipe. César deve ser
caracteristicamente o padrinho. Juiz oficializando a
cerimônia, troca de olhares entre Fátima e César. César
pisca o olho pra ela.
Sonoplastia: a partir do início desta cena até o último
plano da novela, “Isto aqui o que é?” por Caetano
Veloso, tocada inteira.
Corta pra:

CENA 61. PRAIA DE BÚZIOS. EXTERIOR. DIA.


(cena já gravada) Numa praia deserta, Raquel e Ivan
caminham de mãos dadas, sem sapatos, curtindo a areia.
Tempo com os dois caminhando de costas para a câmera.
Letreiro FIM.

FIM

Seguem-se imagens de atores e participantes da novela:


Rogério Fróes / Walney Costa
Martha Linhares / João Resende
Renata Castro Barbosa / João Bourbonnais
Ana Lucia Monteiro / Fernando Almeida
Paulo César Grande / Zeni Pereira
João Camargo / Bia Seidl
Jairo Lourenço / Paula Lavigne
Rita Malot / Nara Abreu
Danton Melo / Carlos Gregório
Paulo Porto / Lourdes Mayer
Cristina Galvão / Otávio Muller
Iris Bruzzi / Marcelo Novaes
Fábio Villa Verde / Flávia Monteiro
Rosane Goffman / Paulo Reis
Cristina Prochaska / Lala Deheinzelin
Stephan Nercessian / Sérgio Mamberti
Lilia Cabral / Marcos Palmeira
Claúdio Correa e Castro / Cássia Kiss
VALE TUDO 204/33

Adriano Reis / Pedro Paulo Rangel


Cássio Gabus Mendes
Lídia Brondi
Denis Carvalho
Nathália Timberg
Daniel filho
Renata Sorah
Reginaldo Faria
Beatriz Segal
Carlos Alberto Riccelli
Glória Pires
Antonio Fagundes
Regina Duarte
Evaldo Lemos - produção executiva
Raul Travassos - cenografia
Helena Gastal - figurinos
Cristina Médicis - produção de arte
Ivan Zettel - co-direção
Mauro Mendonça Filho - co-direção
Ricardo Wanddington - direção
Denis Carvalho - Direção geral
Leonor Bassères
Aguinaldo Silva
Gilberto Braga
(Do início da cena 52 até o último plano dos
participantes, a edição deve contar exatamente três
minutos e quarenta segundos, que é o tempo da canção de
Caetano Veloso)
Nota: Estamos morrendo de vergonha de mandar pra vocês
este último capítulo desfalcado das páginas 2 a 9, numa
tentativa de manter em segredo o assassino de Odete
Roitman. Mas durante toda a novela tivemos o dissabor
de ver todas as nossas tramas reveladas pela imprensa.
Tentamos caprichar no suspense, mas ao sair à rua,
ninguém nos perguntava quem é o pai do bebê ou se
Raquel ia ou não perdoar a filha, porque liam tudo
previamente nas revistas. A nossa impressão é que o
público viu a novela só pra conferir, porque do jeito
que a imprensa está tratando o nosso trabalho, suspense
só houve nas bancas de jornais. Gostaríamos então de
manter em segredo o assassino de Odete. Vamos fazer uma
VALE TUDO 204/34

tentativa. escrevemos quatro versões, que serão


gravadas em segredo. Vamos escolher a que será usada na
própria noite do 6 de janeiro, quando o capítulo irá ao
ar. Quem sabe assim, Vale Tudo terá uma primeira
surpresa?
No mais, dispensável dizer o quanto foi emocionante pra
nós trabalhar com uma equipe fantástica como a que
Vocês formaram. Temos muita fé de que em breve vamos
nos encontrar de novo, na vida e na arte. Beijos.
Leonor
Aguinaldo
Gilberto

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