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Texto oficial sobre a novela, que réune elenco completo, características dos personagens, entrevista com o

autor, etc:
 
 
PÁGINAS DA VIDA
 
                     Bianca Wilbert
 
Que pode uma criatura
Senão, entre criaturas, amar?
Amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desarmar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Carlos Drummond de Andrade
 
 
P áginas da Vida é uma novela de Manoel Carlos, com direção de núcleo de
Jayme Monjardim. Com estréia dia 10 de julho, às 20h, tem direção geral de
Fabrício Mamberti e direção de Luciano Sabino, Frederico Mayrink e Teresa
Lampreia.
 
“Páginas da Vida é um livro de histórias. Histórias de muitas vidas, que se
parecem com a vida que vivemos e vemos as pessoas viverem. Vidas que estão
nos jornais, na televisão, na casa do vizinho, no parente distante, no amigo
próximo ou ausente”, define o autor Manoel Carlos.
 
Casamentos que começam, casamentos que terminam, relações conflituosas e
amorosas entre pais e filhos, amigos e amantes, histórias de amor que duram
muitos anos e outras que duram apenas dias, conflitos do cotidiano, sonhos
alcançados, momentos de incertezas, paixões, traições. Tudo isso permeado pelo
texto de Manoel Carlos, que aborda essencialmente as relações humanas no dia-
a-dia de suas vidas. 
 
O bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, é o principal cenário das tramas da
novela, que ainda tem cenas gravadas em Amsterdã, na Holanda, e em países da
África, como Burundi e Quênia. Ter o Leblon como cenário é uma marca das
novelas de Manoel Carlos, que mostra o estilo de vida das pessoas que moram e
trabalham no local. Em Páginas da Vida, haverá uma proximidade ainda maior
com o bairro, já que seus restaurantes, bares, livrarias, padarias e bancas de jornal
serão locações da novela. Até os funcionários desses estabelecimentos poderão
participar das cenas quando os personagens da novela freqüentarem esses locais.
 
Um dos fios condutores da nova história de Manoel Carlos é a gravidez de uma
jovem que dá à luz gêmeos, sendo que um deles é portador da síndrome de
Down. O nascimento das crianças provoca uma grande transformação na vida de
vários personagens de Páginas da Vida
 
A partir dessa trama, o autor Manoel Carlos pretende colocar em foco a discussão
sobre a inclusão e a exclusão na sociedade de pessoas portadoras de deficiência,
com destaque aos portadores da síndrome de Down. E este não é o único tema
social da novela. Páginas da Vida também terá um personagem soropositivo,
para que, a partir de sua história, seja mostrada a situação da Aids no Brasil. E
através de uma jovem bailarina clássica abordará ainda a bulimia.
 
A novela Páginas da Vida conta com um grande elenco: Alexandre Barbalho,
Ana Botafogo, Ana Carolina Dias, Ana Furtado, Ana Paula Arósio, Angelo
Antonio, Antonio Calloni, Arlete Montenegro, Armando Babaioff, Bete Mendes,
Bruce Gomlevsky, Buza Ferraz, Caco Ciocler, Carolina Oliveira, Christine
Fernandes, Cláudia Mauro, Danielle Winits, Deborah Evelyn, Domingos Meira,
Duda Nagle, Edson Celulari, Eduardo Lago, Elisa Lucinda, Enio Gonçalves,
Fernanda Vasconcellos, Fernando Eiras, Glória Menezes, Grazi Massafera,
Helena Ranaldi, Henrique César, Hylka Maria, Joana Morcazel, Joelson
Medeiros, Jorge de Sá, José Mayer, Juana Garibaldi, Julia Carrera, Julia Fajardo,
Leandra Leal, Letícia Sabatella, Ligia Cortez, Lília Cabral, Louise Cardoso,
Luana Carvalho, Lucci Ferreira, Luciano Chirolli, Lucieli di Camargo, Manuela
do Monte, Marcos Caruso, Marcos Henrique, Marcos Paulo, Marjorie Estiano,
Marly Bueno, Max Fercondini, Natália do Vale, Nathalia Timberg, Nina Morena,
Paulo César Grande, Pedro Neschling, Pérola Faria, Rafael Almeida, Rafaela
Amado, Raquel de Queiroz, Regiane Alves, Regina Duarte, Renata Sorrah,
Roberta Rodrigues, Selma Reis, Sidney Sampaio, Silvia Salgado, Sonia Braga,
Stephany Brito, Tarcísio Meira, Tato Gabus Mendes, Thalita Carauta, Thiago
Lacerda, Thiago Picchi, Thiago Rodrigues, Umberto Magnani, Viétia Zangrandi,
Viviane Pasmanter, Walderez de Barros, Xuxa Lopes, Zé Victor Castiel, Zé
Carlos Machado, entre outros.
 
Perfil dos Personagens
 
Núcleo A:
 
Aristides Martins de Andrade (Tarcísio Meira) - Tide, como é carinhosamente
chamado por todos da sua família, completa 70 anos logo no início da novela.
Herdou terras e gado de seu pai, que era fazendeiro no interior de São Paulo. Na
época, isso representava uma grande fortuna. Criado no campo, foi rebelde,
desprezando os estudos. Quando resolveu estudar, o pai morreu e ele se viu às
voltas com a responsabilidade de cuidar da família. Certo dia, quando foi à escola
rural onde estudava um irmão caçula, conheceu a professora Amália, poucos anos
mais nova do que ele. Apaixonou-se e teve seis filhos com ela: Carmem,
Leandro, Elisa, Márcia, Olívia e Jorge. Continua apaixonado pela mulher e gosta
de estar sempre rodeado por toda a sua família.
 
Amália Fragoso Martins de Andrade – Lalinha (Glória Menezes) - Nascida e
criada no Rio de Janeiro, Lalinha largou tudo na cidade depois de uma grande
desilusão amorosa e foi para o interior, lecionar e esquecer a paixão frustrada. Lá,
se apaixonou por Tide, com quem tem seis filhos - quatro mulheres e dois
homens. Amália é tratada por todos carinhosamente como Lalinha. Não se trata
de uma mulher de ampla cultura, mas de alguém que teve uma boa educação
desde o berço. Como as jovens dos anos 30 e 40, Lalinha aprendeu um pouco de
música, de francês e tem uma grande paixão pela arte. Lalinha ensinou o marido
a ler e a escrever, além de lhe dar lições de etiqueta. Às vezes é enérgica com ele,
tratando-o como uma criança, mas, mesmo nessas ocasiões, é cheia de ternura e
amor. Tem o sonho de criar uma Escola de Arte, um espaço puramente cultural.
Tide abraça essa idéia e faz o que pode para torná-la realidade.
 
Leandro Martins de Andrade  (Tato Gabus Mendes) - Leandro é advogado,
mas não tem interesse pela profissão. Com o dinheiro que o pai lhe deu, abriu
uma loja de produtos naturais, mas a encara apenas como um negócio onde pôde
aplicar o capital disponível. É casado com Diana, com quem tem um filho,
Rafael. Tem problemas no casamento. É um pai atento e preocupado com
educação e cultura.
 
Diana Salles Martins de Andrade (Louise Cardoso) - Mulher de Leandro e
mãe de Rafael, Diana é uma artista plástica de relativo sucesso. Por causa do
filho e também pelo carinho que mantém por Leandro, luta para manter a família
unida.
 
Rafael Martins de Andrade (Pedro Neschling) - Filho de Leandro e Diana,
Rafael estuda História na faculdade. Gosta de esporte e faz remo na Lagoa
Rodrigo de Freitas. Também gosta de velejar. Acha a prima Marina uma garota
interessante.
 
Carmem Martins de Andrade Rangel (Natália do Vale) - Carmem é a pessoa
mais problemática da família, mas também uma das mais encantadoras. Carmem
não tem mais nenhum interesse pelo marido Bira e não tem constrangimento
algum em mostrar o que sente para ele e para todos da família. Mantém um caso
tumultuado com Gregório, funcionário de seu pai, e é completamente apaixonada
por ele. Hoje já não tem a menor preocupação em esconder seu affair das pessoas
da família. Tem conflitos com Marina, sua filha adolescente, com quem entra em
atrito várias vezes. Gosta de viver perigosamente e, por isso, provoca Greg
quando ele está em sua casa ou perto de sua família. Apesar dessa aparente
libertinagem, Carmem é conservadora em alguns aspectos.
 
Ubirajara Rangel – Bira (Eduardo Lago) - Bira é machão e machista.
Desconfia que sua mulher o está traindo e tem cada vez mais certeza disso depois
que vê a forma carinhosa com a qual ela trata Gregório, um dos funcionários de
seu sogro. Por causa disso, às vezes exagera na bebida e nas coisas que diz. Já fez
de tudo na vida e ainda hoje tenta se virar a fim de ganhar algum dinheiro, mas
sua vocação é mesmo para o desemprego. Gosta de desfrutar do conforto da casa
dos sogros.
 
Marina Rangel (Marjorie Estiano) - Marina é bonita, voluntariosa,
namoradeira e cobradora. Cobra do pai, da mãe, dos avós, dos namorados, dos
amigos. Está sempre insatisfeita. Faz faculdade de Comunicação, mas sonha em
ser atriz. Faz curso de teatro e é muito assediada pelo primo Rafael, mas o faz
sofrer com seu desprezo. O esnoba, provoca ciúmes, etc.
 
Elisa Martins de Andrade Telles (Ana Botafogo) - Elisa é bailarina clássica e
professora de balé em uma academia. Quando o pai abrir sua Escola de Arte,
passará a dar aulas de balé nesse local. Mulher de disciplina rígida, Elisa ensina
com grande competência crianças e adolescentes. É casada com Ivan, com quem
tem um filho, Felipe. De um relacionamento com um ex-namorado, tem uma
filha, Camila. Não conta para a filha muita coisa sobre o pai, pois não quer que
Camila tenha contato com ele.
 
Ivan Monteiro Telles (Buza Ferraz) - Marido de Elisa e pai de Felipe, Ivan
trata Camila como filha. É advogado e cuida de toda a parte legal dos
empreendimentos familiares. Tem uma boa relação com a mulher e também está
de olho no que o sogro faz com sua fortuna.
 
Camila Vieira Sampaio (Luciele di Camargo) - Filha de Elisa e de Kleber, um
ex-namorado da mãe, Camila não conhece o pai e pouco sabe sobre ele.
Insatisfeita com essa situação, pressiona a mãe, que mente dizendo que ele mora
no exterior e que não sabe como encontrá-lo. Por alguma secreta razão, Elisa não
quer que a filha se relacione com o pai.
 
Kleber Vieira Sampaio – ator a ser escalado - Ex-namorado de Elisa e pai de
Camila, que ela não conhece nem mesmo por fotografia.
 
Felipe Monteiro Telles (Armando Babaioff) - Filho de Elisa e Eduardo, Felipe
não quer nada com os estudos. Só pensa em baladas, garotas e bagunça com os
amigos. Faz judô e karatê e tem uma turma da pesada, que gosta de invadir festas
e brigar. Dá muito trabalho aos pais.
 
Márcia Monteiro de Andrade (Helena Ranaldi) - Márcia é uma mulher
insatisfeita e inquieta. Persegue a independência pessoal, quer trabalhar e
realizar-se profissionalmente, mas esbarra na má vontade do marido,  Gustavo. 
Com ele tem uma filha, Nina, e está grávida de um menino, a quem pretende
batizar de Tidinho, em homenagem a seu pai.
 
Gustavo Pinheiro de Souza (Antonio Calloni) - Gustavo é colérico e se
controla para não ser violento. É inteligente e irônico. Tem uma enorme paixão
pela mulher e vive em clima de desconfiança, apesar de também ser amado por
ela. É engenheiro, mas ganha dinheiro como corretor de imóveis. Tem muito
interesse no dinheiro do sogro e acha que Tide não sabe investir seus recursos.
Vai ser contra a construção da Escola de Arte.
 
Nina Pinheiro de Souza (Manoela do Monte) - Filha de Gustavo e Márcia,
Nina é bonita e doce. Gosta de estudar e de viajar. Tem a cabeça no lugar e é
disciplinada. Pensa em ser mãe sem se casar nem se prender a ninguém. A
princípio, Nina é uma menina meiga, que não dá problema para os pais.
 
Tidinho – ator a ser escalado - Tidinho é o filho mais novo de Márcia e
Gustavo. Nasce logo no início da novela e recebe o nome de Tidinho em
homenagem ao avô Tide.
 
Jorge Martins de Andrade (Thiago Lacerda) - Jorge é o único dos seis irmãos
que está solteiro. É um homem bonito e interessante, que mora com os pais no
casarão na Gávea. É arquiteto e está responsável pela reforma do prédio da futura
Escola de Arte de Tide. É muito animado, assim como a irmã Olívia. Vive
fugindo de Sandra, que foi sua namorada na adolescência, mas com quem não
tem mais nada há muito tempo. Muitas vezes perde o controle com as atitudes da
jovem, que faz de tudo para chamar sua atenção. Sempre que pode sai por aí para
fotografar, já que a fotografia é um dos seus hobbies. Numa dessas incursões,
conhece a estudante Simone, por quem se interessa.
 
Simone Bueno (Christine Fernández) - Simone mora com o irmão Otávio e
está se preparando para uma temporada de estudos nos Estados Unidos, onde
seus pais moram. Na véspera da viagem, conhece Jorge, por quem fica
interessada. Está empolgada com a viagem, mas, mesmo assim, liga para Jorge
antes de embarcar e se decepciona quando o telefone é atendido por uma mulher
- Sandra. Por causa disso, viaja achando que nunca mais vai encontrá-lo.
 
Olívia Martins de Andrade (Ana Paula Arósio) - Olívia é dona de um espírito
inquieto e aventureiro. Tem idéias avançadas. Apesar de não pregar abertamente
a infidelidade, não acha que ser fiel seja uma grande virtude. Está se preparando
para dirigir a Escola de Arte do pai e promover exposições de pintura, escultura e
eventos artísticos. Com jeito de moleca, provoca Sílvio com travessuras. Como o
marido é militar e leva tudo a sério e dentro de uma rigorosa disciplina, Olívia se
diverte, provocando-o. Mora com os pais em um casarão na Gávea. Se casa com
Silvio na capela Santa Rita, anexa ao casarão da família, e faz uma grande festa
para celebrar a cerimônia. Olívia volta grávida da lua-de-mel .
 
Silvio Duarte (Edson Celulari) - Silvio é militar e se casa com Olívia de farda
em cerimônia religiosa. Tudo bem convencional. Está completamente
apaixonado por Olívia, mesmo assim desaprova algumas atitudes dela que vão de
encontro ao seu comportamento disciplinado e conservador. Silvio tem ciúmes da
mulher e, depois de cada crise conjugal, é sempre quem acaba cedendo. Com o
passar dos anos, as brigas do casal vão ficando cada vez mais sérias.
 
Guilherme Batista de Andrade Duarte – ator a ser escalado - Filho de Olívia
e Silvio.
 
Constância Ribeiro (Walderez de Barros) - Empregada fiel na casa de Tide e
Lalinha, Constância trabalha com a família há muitos anos, desde o tempo em
que todos moravam na fazenda. Quando o casal se mudou para o Rio, ela veio
junto e praticamente criou todos os filhos deles. O marido, Zé Ribeiro, ficou no
interior, cuidando das terras do patrão, mas vez ou outra aparece no Rio para
visitar a mulher. A filha Sandra ficou com ela e a filha Thelma mora com o pai
na fazenda.
 
José Ribeiro - Zé Ribeiro (Umberto Magnani) - Caipira esperto e malicioso,
Zé Ribeiro é marido de Constância, com quem teve duas filhas, Sandra e Thelma.
É bonachão, divertido e sempre tem alguma coisa para contar. Cuida da fazenda
de Tide ao lado da filha Thelma. Às vezes vai para o Rio de Janeiro visitar a
esposa e a filha que moram na casa de Lalinha e Tide.
 
Sandra Ribeiro (Danielle Winits) - Sandra é linda e sensual. Ela também
nasceu no casarão. É tratada como se fosse da família, sendo a melhor amiga de
Olívia, de quem também é confidente. São meio desbocadas, mas, como são
bonitas e charmosas, nunca ficam vulgares. É apaixonada por Jorge, que foi seu
namorado na adolescência e hoje a ignora. Apesar disso, Sandra acha que ainda
pode reconquistá-lo e vive atrás dele. Fica chateada com os foras que ele lhe dá,
mas, mesmo assim, continua no pé do rapaz.
 
Thelma Ribeiro (Grazi Massafera) - Irmã de Sandra, Thelma só chega à novela
mais tarde, quando o pai se muda da fazenda para o Rio de Janeiro de maneira
definitiva. Thelma, ao contrário da irmã, nasceu no interior, numa das estadas de
Constância ao lado do marido, que estava doente e precisando da mulher por
perto. Muito bonita e cheia de charme inocente, é também muito tímida, o que
atrai os homens. Jorge fica impressionado com ela e, sabendo que a moça não
conhece o Rio, se prontifica a lhe mostrar os pontos turísticos da cidade, de dia e
de noite.
 
Washington Silva – Pinhão (Marcos Enrique) - Pinhão, como é mais
conhecido, é um garoto de 12 anos, que vive na fazenda com Zé Ribeiro e
Thelma. Muito vivo e engraçado, faz a alegria do velho Tide, que considera o
menino muito parecido com ele quando tinha a mesma idade. Fazem uma bela
dupla de amigos, apesar da colossal diferença de idade.
 
Domingos (Joelson Medeiros) - Domingos é o jardineiro da casa da Gávea. É
um homem simples e humilde, que está sempre pronto a ajudar qualquer pessoa
da família de seus patrões. Tem um filho chamado Fred.
 
Fred (Duda Nagle) - Diferente de Sandra, que tem um quarto dentro da casa de
Lalinha, Fred não tem tanta abertura na casa dos patrões de seu pai e fica na ala
destinada aos empregados. Não teve as regalias que Sandra teve, mas é muito
bem tratado por todos da família de Tide. Além disso, é tímido. É muito amigo
de Sergio, mas às vezes se mete com companhias erradas.
 
Tonia Werneck (Sonia Braga) - Tonia é uma escultora brasileira com sucesso
no exterior. Vive pela Europa e pelos Estados Unidos há anos expondo seus
trabalhos. Conhece Olívia numa exposição de suas obras em uma galeria em
Amsterdã. Logo fica sabendo que Olívia administra um espaço cultural e aceita o
convite da marchande para expor suas peças no Brasil. Depois de anos, Tonia
volta ao Brasil.
 
Núcleo B:
 
Helena Camargo Varella (Regina Duarte) - Médica obstetra, Helena mora
num edifício no Leblon, que é bem confortável, mas sem luxo. Não se realizou
como mãe, já que a única filha que gerou morreu ainda criança. Quando a novela
começa, ela está vivendo uma crise no casamento com Gregório. Helena é
responsável e tem seus requintes. É brincalhona, maliciosa e atrevida. Com ela
moram a fiel empregada Lídia e o filho de uma ex-empregada que morreu, o
jovem Salvador. Sem outros parentes que pudessem ficar com o bebê, Helena
cuidou de Salvador. Selma é sua melhor amiga e confidente. No hospital onde
trabalha, mantém uma relação tumultuada com o médico Diogo, de quem foi
namorada quando estava na faculdade. Helena vai se defrontar com um dilema
grave no trabalho, quando uma de suas pacientes der à luz uma criança com
síndrome de Down.
 
Gregório Rodrigues Lobo – Greg (José Mayer) - Gregório é casado com
Helena, com quem, depois, passa a ter uma relação de cão e gato. É o faz-tudo
dos empreendimentos de Tide. Mantém uma relação extraconjugal com Carmem,
filha de seu patrão. Gosta de sentir a submissão de Carmem aos seus caprichos e
gosta de vê-la sofrer e chorar. Greg tem especial interesse por mulheres bonitas e
inseguras, o que faz dele um conquistador incontrolável. Essa fama ainda vai lhe
dar algumas dores de cabeça. Apesar de desfrutar de toda a confiança do patrão
Aristides, Greg não a merece.
 
Salvador Fortunato (Jorge de Sá) - Salvador é filho de uma ex-empregada de
Helena que morreu. Por causa disso, Helena o “adotou” e sempre fez tudo por
ele. Salvador mora no apartamento de Helena, trabalha e estuda. Ele é sempre um
ombro amigo para Helena, a quem trata como mãe.
 
Odete (Hylka Maria) - Odete é a vizinha de Helena que incendeia o coração de
Salvador.
 
Lídia Alves (Thalita Carauta) - Empregada doméstica de Helena. Além de
cuidar dos afazeres domésticos da casa de Helena, Lídia também é amiga de sua
patroa e está sempre pronta a ajudá-la nos momentos difíceis.
 
Diogo de Carvalho (Marcos Paulo) - Médico infectologista, Diogo vai trabalhar
na África, onde fica durante cinco anos. Depois disso, volta ao Brasil para
trabalhar na Casa de Saúde Santa Clara de Assis. Os anos passados na África
trazem muitas mudanças para sua vida. Tem um caso mal resolvido com Helena,
a quem ama e odeia ao mesmo tempo. Ela lhe devolve na mesma moeda. Os dois
foram namorados e estudaram Medicina na mesma faculdade.
 
Selma Araújo (Elisa Lucinda) - Selma é médica obstetra e amiga inseparável de
Helena. Já foi discriminada algumas vezes por alguns pacientes por ser negra. A
vida sentimental de Selma é razoavelmente tranqüila. Tem um relacionamento
estável com o chefe da enfermagem, Lucas, e divide com ele um apartamento. É
uma mulher bonita e está sempre pra cima, ajudando Helena em suas aflições.
 
Lucas Azevedo (Paulo César Grande) - Chefe da enfermagem do Hospital
Santa Rita de Cássia, Lucas mora com Selma. É um homem enérgico no trabalho,
infundindo até um certo medo em seus subordinados. Mas com Selma é doce e
gosta de submeter-se aos seus caprichos. Faz tudo o que ela quer. Tem uma filha
de oito anos do primeiro casamento, Gabriela.
 
Gabriela Azevedo – Gabi  (Carolina Oliveira) - Gabriela é filha de Lucas e
mora com a mãe, Claudete. Menina inteligente e viva, muitas vezes tem um
comportamento imprevisível.
 
Claudete Cunha (Cláudia Mauro) - Claudete é ex-mulher de Lucas e mãe de
Gabi. Até hoje não se conforma com a separação.
 
Núcleo C:
 
Irmã Lavínia (Letícia Sabatella) - É uma das freiras que trabalha na Casa de
Saúde Santa Clara de Assis. Irmã Lavínia também é enfermeira. É a freira que
mantém o melhor relacionamento com a comunidade não religiosa do hospital, já
que as outras se dedicam à administração. Por conta desse convívio com
médicos, enfermeiros e pacientes, irmã Lavínia às vezes sai acompanhada por
Helena e Selma. Por conta disso, leva uma vida bastante diferente das outras
freiras, que mal colocam o nariz para fora do Hospital. Muitos doentes gostam
dela, principalmente os mais jovens, já que ela, além de muito bonita, trata a
todos com carinho. Um paciente jovem acabará apaixonando-se por ela.
 
Irmã Zenaide (Selma Reis) - Irmã Zenaide é uma freira cantora. Tem um
repertório de músicas religiosas, mas, quando pode, canta também músicas
populares e depois se confessa, por exigência da irmã Superiora.
 
Irmã Fátima (Inez Viana) - Irmã Fátima é a secretária do hospital. Exerce um
trabalho burocrático, mas é bastante divertida na intimidade. Entrou para a vida
religiosa por conta de uma desilusão amorosa, mas poucas pessoas sabem disso.
 
Irmã Natércia (Bete Mendes) - Irmã Natércia é a irmã Superiora. É doce e
tolerante, encontrando sempre razões para compreender as faltas das pessoas.
 
Irmã Maria (Marly Bueno) - Irmã Maria é a mais rígida de todas. Está sempre
no pé dos funcionários e da equipe médica porque quer que tudo esteja
absolutamente sob controle e de acordo com suas regras. Rege a Casa de Saúde
Santa Clara de Assis com mãos de ferro. Por causa disso, é conhecida como irmã
Má, embora não tenha conhecimento deste apelido.
 
Dr. Moretti (Henrique César) - Dr. Moretti é o médico de confiança da família
de Tide. É ele o responsável pelos cuidados com a delicada saúde de Lalinha.
 
Otávio (Fernando Eiras) - Otávio é médico dermatologista na Casa de Saúde e
é irmão de Simone.
 
Núcleo D:
 
Marta Toledo Flores (Lília Cabral) - Mãe de Fernanda e Sérgio e mulher de
Alex, Marta é uma mulher de coração duro.  Ela aprendeu que a vida engole os
bons sem piedade. É dona de uma casa de festas infantis. Sua atividade é um
contraste imenso com sua personalidade, já que é irascível e demonstra não
gostar de crianças. Marta é razoavelmente bem-nascida e se considera injustiçada
pela vida. É pretensiosa e ainda tem sonhos de grandeza. Essa é uma das razões
que a levaram a mandar a filha Fernanda estudar fora do país. Apesar de fazer
algum sacrifício para mantê-la no exterior, Marta se orgulha de Nanda e deseja
para a filha um futuro que antes sonhara para si própria. Vive uma guerra de egos
com a irmã Verônica, que tem mais recursos do que ela. Competem e se odeiam
fraternalmente. Vai rejeitar sem remorsos a neta com síndrome de Down.
 
Alex Flores (Marcos Caruso) - O marido de Marta, pai de Fernanda e Sérgio, é
um homem simples e bem diferente da mulher. Alex tem pouca instrução e
nenhuma ambição. Isso cria um abismo entre eles e provoca muitas brigas entre o
casal. É apaixonado pelos filhos, principalmente pela filha Nanda.
 
Fernanda Toledo Flores  - Nanda  (Fernanda Vasconcellos) - Fernanda estuda
História da Arte em Amsterdã. Namora Leo, também estudante, mas ele já está
terminando o curso. É uma jovem inteligente e romântica, que sonha com a
felicidade mais do que com sucesso e dinheiro. Vive em Amsterdã com a mesada
que seus pais lhe mandam. No início, morava na casa de uma família, mas,
quando conheceu Leo, resolveu se mudar para a casa dele, uma casa-barco em
um dos canais da cidade. Se descobre grávida, chega a sonhar que receberá o
apoio do namorado e também com uma vida comum, mas Leo foge da
responsabilidade e a deixa sozinha. Faz amizade com Olívia e as duas trocam
telefones. Não podendo enfrentar a gravidez sozinha, volta para o Brasil, onde
passa por trágicos acontecimentos. Dá à luz um casal de gêmeos, sendo que a
menina nasce com síndrome de Down.
 
Sérgio Toledo Flores (Max Fercondini) - Sérgio, irmão de Fernanda, também é
estudante. É solidário à irmã e tem atritos fortes com a mãe, ao mesmo tempo em
que morre de pena do pai. É um bom aluno, mas também gosta muito de se
divertir. Tem um grupo de amigos que incomoda muito a sua mãe, porque
nenhum deles é rico. Fica irritado quando a mãe tenta impedi-lo de sair ou ir a
festas com seus amigos.
 
Francisco – ator a ser escalado - Filho de Nanda e Leo, Francisco é irmão
gêmeo de Clara. É criado pela avó Marta, sem saber que tem uma irmã. Ao
conhecer Leo, parece intuir ser ele seu pai e estabelece com o moço um elo
instantâneo e puro. O menino fica visivelmente descuidado sob a guarda de
Marta. 
 
Clara (Joana Morcazel) - Filha de Nanda e Leo, Clara é irmã gêmea de
Francisco. Portadora da síndrome de Down, é criada por Helena sem saber da
existência de sua família verdadeira. Estuda numa escola do bairro, já que Helena
é abertamente a favor da inclusão. Vai encontrar quem defenda a teoria contrária,
dando lugar ao debate.
 
Leonardo Maia de Almeida (Thiago Rodrigues) - Estudante e namorado de
Nanda em Amsterdã, Leo tem 23 anos quando a novela começa. Filho único de
pai rico, que mora em Londres com a mulher, Leo é muito cobrado. Apesar da
fortuna familiar, o rapaz vive como tantos outros estudantes brasileiros no
exterior, sem grandes luxos. Apaixonado por Nanda, leva a namorada para morar
com ele. Quando ela fica grávida, se apavora com a inevitável reação do pai e
encerra o namoro com ela. Quer que ela faça um aborto. Diante da recusa, lhe
oferece uma quantia em dinheiro e desaparece. Só reaparece cinco anos depois, já
no Rio de Janeiro.
 
Hortênsia (Nathalia Timberg) - Hortênsia é avó de Leo. Ela será o elo de união
entre o neto e o passado que ele procura esquecer.
 
Alice Miranda da Silveira (Regiane Alves) - Alice é amiga de muitos anos da
família de Leo, de quem fica noiva. Está de casamento marcado quando Leo
reencontra Olívia e fica sabendo tudo o que aconteceu com sua ex-namorada e
com os filhos gêmeos que nasceram.
 
Sabrina Marcondes (Leandra Leal) - Estudante de Arte em Amsterdã, Sabrina
é amiga de Leonardo e Fernanda e mora num pequeno apartamento, que divide
com seu namorado, o estudante Vinícius. No início da novela, é uma estudante.
Cinco anos depois, já tendo terminado o curso, Sabrina trabalha como guia em
um museu, em Amsterdã.
 
Vinícius Pessoa (Sidney Sampaio) - Estudante brasileiro, Vinícius é namorado
de Sabrina, com quem mora em Amsterdã. Vive de perto o drama de Nanda e
Leo. Tenta dar força ao casal, especialmente a Leo, seu melhor amigo.
 
Verônica Toledo Matos (Silvia Salgado) - Verônica é irmã de Marta e sua
concorrente direta, apesar de não saber disso. Casada com um homem rico e
bronco, Verônica tem uma filha chamada Kelly, que é criada como se fosse uma
princesa, cheia de mimos. Tem muito mais dinheiro do que a irmã Marta e adora
mostrar o que tem.
 
Eliseu Matos (Luciano Chirolli) - Marido de Verônica e pai de Kelly, Eliseu é
um homem rico, mas pobre de espírito. Suas conversas são sempre em torno de
dinheiro e sucesso. Despreza quem não consegue vencer na vida. Acha que
viemos ao mundo para enriquecer e viver bem e que a felicidade é uma
conjunção desses dois atributos. Não acredita em pobre feliz.
 
Kelly Toledo Matos (Stephany Brito) - Filha de Eliseu e Verônica, Kelly vive
como uma boneca, cercada de mimos. É empurrada pela mãe para cima de
rapazes ricos. Segue todos os passos da mãe e vive como uma dondoca. Adora
criticar os primos Nanda e Alex, porque os considera “muito simples”.
 
Núcleo E:
 
Tereza Junqueira Figueiredo (Renata Sorrah) - Tereza é uma juíza, que mora
com o marido Nestor e com o filho Luciano, e muda-se para o prédio de Helena,
no Leblon, em 2006.  Está sempre envolvida com processos. Tem graves
problemas com o marido que, apesar de ser advogado, não é tão profissional
como ela. Por conta disso, vive em conflito: ao mesmo tempo em que sente
paixão por ele, acha que ele pode ser a sua ruína total. A educação de Luciano é
outro foco de discussão entre o casal. Ela é incentivadora do amor do filho pela
música, enquanto o marido bombardeia Luciano e se sente infeliz com o filho
sonhador.
 
Luciano Junqueira Figueiredo (Rafael Almeida) - Filho de Tereza e Nestor,
Luciano tem 16 anos. Além de estudar, faz curso de piano e já toca bastante bem,
prometendo um futuro brilhante. Por isso, o edifício onde mora vive embalado
por lindas músicas do repertório clássico. Sonhador, Luciano vive num mundo
totalmente à parte. Passa horas ao piano, tocando predominantemente Chopin.
Tem vocação para a melancolia. A educação de Luciano é motivo de conflito
entre seus pais. Tereza o apóia e Nestor o persegue. Vai se apaixonar por Giselle,
a vizinha bailarina. Serão dois adolescentes perdidamente românticos, num
mundo em que o romantismo é visto com desconfiança e até mesmo com
desprezo. O romance entre eles ganha corpo e os dois passam a se encontrar na
casa do menino, quando os pais saem para trabalhar. Lá, em cenas bonitas, de
grande lirismo, Luciano toca piano para Giselle dançar e assim passam muitas
tardes.
 
Nestor Junqueira Figueiredo (Zé Carlos Machado) - Casado com a juíza
Tereza, Nestor é advogado. Não concorda com o incentivo que a mulher dá para
o filho Luciano tocar piano. Acha que a música é uma perda de tempo e não vê
futuro para o menino. É enfático e muitas vezes rude com o filho por causa dos
estudos de piano. Nestor é trambiqueiro e corrupto.
 
Anna Maria Saraiva (Deborah Evelyn) - Professora do Ensino Médio, Anna é
uma bailarina frustrada, inclusive por razões financeiras. Mora com o marido
Miroel e a filha Giselle no mesmo edifício em que moram também Helena e
Tereza. Obriga a filha a freqüentar aulas de balé em uma academia de dança
desde pequena e a exercitar-se exaustivamente em barras que mandou espalhar
pela casa. Tem pavor que a menina engorde e passa a vigiá-la permanentemente.
Coloca cadeado na geladeira e diz, na lanchonete da escola, que estão todos
proibidos de vender sanduíches doces à filha.
 
Miroel Saraiva (Ângelo Antonio) - Miroel é arquiteto e passa ao largo da luta
entre mãe e filha, aproveitando a liberdade que a situação lhe dá. Faz um
contraste absoluto com Anna, pois é calmo e descontraído. Gosta da mulher, mas
se cansa das cobranças dela com a filha. Quando Anna não está por perto, deixa
Giselle à vontade para comer o que quiser e também para parar de dançar.
 
Giselle Saraiva (Rachel de Queiroz / Pérola Faria) - Giselle é estudante de
balé clássico por influência e insistência da mãe. A menina não se esforça muito
para dançar bem e come o que quer escondido da mãe. Já com 15 anos de idade,
conhece Luciano, seu vizinho pianista. Passa a sonhar com ele e mergulha em
pensamentos de amor cada vez que ouve o piano do rapaz. Se apaixonará
perdidamente pelo adolescente e, através desse amor, passará a gostar de balé e
poderá se transformar numa bailarina de futuro brilhante.
 
Núcleo F:
 
Isabel Fernandes (Vivianne Pasmanter) - Isabel é uma jovem fotógrafa
especializada em álbuns de noivas. Registra tudo, desde o momento em que a
noiva se levanta até a saída da igreja, após a cerimônia. Fotografa o making of do
casamento de Olívia e também outros eventos importantes da família de Tide.
Conhece Renato, noivo também fotografado por ela, e fica irritada com seu
comportamento num primeiro contato.  O acha mal-educado e antipático.
 
Renato (Caco Ciocler) - Renato também é fotógrafo, mas sua especialidade é o
fotojornalismo. Faz pouco caso de Isabel quando vê que seu trabalho é fotografar
casamentos. Trata a fotógrafa como se seu trabalho fosse menos relevante. No
início da novela, está se casando com Lívia. É um homem prático e duro.
 
Lívia (Ana Furtado) - Lívia é noiva de Renato e está cuidando dos últimos
preparativos para o casamento com o fotógrafo. Lívia casa-se grávida. É órfã de
pai.
 
Hilda (Xuxa Lopes) - É a mãe de Lívia e está ajudando a filha com os últimos
preparativos para seu casamento com Renato. Herdou bens do falecido marido,
mas ganha bom dinheiro com alguns negócios relativamente escusos.
 
Núcleo G:
 
Horácio (Lucci Ferreira) - Horácio é um jovem professor de teatro.
 
Cecília (Ligia Cortez) - Cecília é uma professora de teatro.
 
Machadão (Zé Victor Castiel) - Machadão é administrador da Escola de Arte.
 
Marcelo (Thiago Picchi) -  Marcelo é professor de música.
 
Vandinha (Nina Morena) - Vandinha faz parte do grupo de amigos de Fred e
Sérgio.
 
Lili (Luana Carvalho) - Lili faz parte do grupo de amigos de Sérgio e Fred.
 
Entrevista com o autor Manoel Carlos
O autor Manoel Carlos chegou à TV Globo em 1972, para dirigir o Fantástico.
Antes disso, trabalhou nas extintas TV Tupi (RJ) e TV Excelsior (SP), além da
TV Record (SP). Para a Tupi escreveu, nos anos 50, mais de 100 teleteatros, num
tempo em que as interpretações eram feitas ao vivo. Na Excelsior, criou o “Brasil
60”, com Bibi Ferreira,  que se estendeu até 1963. E, na TV Record (SP), onde
ficou por dez anos, dirigiu programas como “O Fino da Bossa”, “Família Trapo”,
“Esta Noite se Improvisa”, “Hebe” e muitos outros. Sua primeira telenovela na
TV Globo foi Maria, Maria, que foi ao ar em 1978. E, desde então, Manoel
Carlos emenda um sucesso no outro, completando dez produções de sucesso na
emissora com A Sucessora (1979), Baila Comigo (1981), Sol de Verão (1982),
Felicidade (1991), História de Amor (1995), Por Amor (1997), Laços de Família
(2000), Mulheres Apaixonadas (2003) e a minissérie Presença de Anita (2001).
 
As novelas de Manoel Carlos têm carimbos que atestam sua autoria. O primeiro e
mais marcante deles é a presença de vários protagonistas e, entre eles, uma
Helena, em torno de quem giram os demais. Suas novelas são atuais e abordam
essencialmente as relações humanas no cotidiano dos bairros da zona sul do Rio
de Janeiro. Realista na forma de escrever, Maneco – como é carinhosamente
chamado pelos amigos - inovou na teledramaturgia ao inserir na trama fatos
recentes do noticiário nacional e local.
 
Manoel Carlos também aborda temas sociais, incentivando ações e relembrando
ao público importantes preocupações sociais. Em Páginas da Vida, haverá
destaque para a discussão sobre a inclusão e exclusão na sociedade de pessoas
portadoras de deficiências, com foco na síndrome de Down. Mas não será a
única. 
 
Páginas da Vida retrata relações humanas, que incluem o amor, a amizade, a
felicidade, a tristeza, a traição... Que histórias você destacaria?
Manoel Carlos: Na vida tudo é importante, porque tudo se acaba um dia.
Morremos. E, quando morremos, também morrem todas as ilusões, todos os
sonhos, todos os belos momentos que vivemos. Mas morrem também as más
lembranças. Há uma compensação. As histórias reunidas por mim falam de
traições, de amores não correspondidos, de amores plenamente realizados, de
pais que não compreendem filhos e de filhos que não amam seus pais. Mas não
pretendo pesar a mão em nada. A felicidade e alegria estão também muito
presentes, tal como a dor e a tristeza. Lembrar de uma história ou outra, num
elenco estelar com mais de 80 personagens, seria injusto e não verdadeiro.
 
As Helenas são sempre personagens marcantes nas suas novelas.  Como é a
Helena de Páginas da Vida? E como é a parceria com a atriz Regina Duarte,
que já interpretou Helena em História de Amor e Por Amor?
Manoel Carlos: Minha  Helena em Páginas da Vida não tem grandes diferenças
das outras vividas por Regina Duarte. É uma mulher que procura ser equilibrada,
mas luta contra uma tendência muito grande de se apaixonar além da conta. Por
um homem, por um filho, por um amigo, por um trabalho. Como todas as outras
Helenas, ela mente, trai, é traída, trapaceia, sofre e ri. Enfim: um ser comum,
normal.
 
 
 
 
Páginas da Vida vai tratar de uma questão socialmente importante: a
síndrome de Down. Como será abordada essa questão na novela?
Manoel Carlos: Abordaremos pelo lado que nos pareceu mais importante e que
a sociedade mais espera por respostas. A questão da inclusão e exclusão, da
intolerância, o convívio com crianças portadoras de Down, o que se pode fazer
para melhorar e um dia – se Deus quiser – extirpar para sempre todos os
preconceitos que cercam essas pessoas especiais, mas que podem e devem levar
uma vida normal. Temos conversado com inúmeras pessoas que vivem de perto
essa situação e percebemos como gera angústia a falta de cuidado com a questão.
 
Além da síndrome de Down, você também abordará algum outro tema
social?
Manoel Carlos: Pretendo fazer algo em torno do soropositivo; sobre Aids, que
nos pareceu uma doença um pouco esquecida ultimamente. Sinto que baixaram a
guarda, como se Aids fosse um drama superado, resolvido. Muitas pessoas que se
cuidavam deixaram de fazê-lo a partir do momento em que apareceu o AZT, o
coquetel de medicamentos, etc. Realmente houve um grande progresso, mas não
se pode, com isso, diminuir os cuidados. A questão ainda está aí, presente, e com
o mesmo perigo. Sabemos, por pesquisa, que voltou-se ao sexo promíscuo, que o
uso do preservativo está sendo negligenciado. Vamos chamar a atenção sobre
isso.
 
As várias manifestações de arte terão um espaço grande na novela. Como
surgiu a idéia da Escola de Arte de Tide (Tarcísio Meira) e o que ela terá de
especial?
Manoel Carlos: Eu conheci pessoalmente a Laura Alvim. Um conhecimento
superficial, momentâneo, mas que deu para perceber a dimensão do sonho que
ela acalentou por muitos anos até vê-lo realizado. Laura vendeu o que tinha,
empobreceu-se, para enriquecer a cidade com essa extraordinária casa de arte que
leva o seu nome (a Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, no Rio de
Janeiro). O sonho da minha personagem Lalinha (Glória Menezes) é o mesmo
sonho de Laura Alvim. Na novela, inclusive, elas se conheceram. Essa casa
cuidará de formar crianças e jovens interessados em música, teatro, dança, artes
plásticas, fotografia. Portanto, a Casa de Cultura Laura Alvim foi minha fonte
inspiradora. Acredito que vai ser um dos pontos de maior interesse da novela.
 
Por falar em música, como será a trilha sonora de Páginas da Vida?
Manoel Carlos: Como sempre em minhas novelas, a música contemporânea será
privilegiada, com acento mais forte na bossa nova e no Rio de Janeiro. Isso
significa, mais do que qualquer outro artista, que teremos muito Tom Jobim e
Vinícius de Moraes. Para abertura, por exemplo, escolhi “Wave”, do Tom,
executada por ele mesmo no piano. Sem a letra, sem ninguém cantando. Apenas
o Tom, o genial Tom. Com isso vamos prestar uma homenagem a ele que, em
janeiro próximo, estaria fazendo 80 anos.
 
Páginas da Vida tem muitas tramas e um elenco bem grande. Como é sua
rotina de trabalho?
Manoel Carlos: Tenho uma ausência de rotina. Sou caótico para escrever. Tanto
passo a noite acordado, trabalhando, como me deito às 19h e me levanto às três
da manhã para trabalhar. É como me sinto na hora. Não sou disciplinado para
nada. Nunca fui. Não tenho horário certo para mim: nem para comer, nem para
dormir. Não uso relógio há mais de 40 anos.
 
Como está sendo a parceria com o diretor Jayme Monjardim?
Manoel Carlos: Maravilhosa. Já conhecia o Jayme, já o admirava por tantos
trabalhos realizados. Muitas vezes nós falávamos sobre uma parceria. Parceria
essa que quase aconteceu com Presença de Anita, que ele esteve para dirigir
muitos anos antes da realização que foi feita mais tarde. Mas naquela época não
rolou. Então, quando eu vi a oportunidade de tê-lo como parceiro em Páginas da
Vida, não hesitei. Corri no Mário Lúcio Vaz (diretor geral artístico da TV Globo)
e pedi que ele fizesse. Ele me deu o presente.
 
Essa é sua primeira novela com duas fases. Há algum motivo especial para
Páginas da Vida começar em 2001?
Manoel Carlos: É importante que se passem cinco anos após o nascimento das
crianças da novela. É preciso que elas já entendam as coisas, conversem, andem
com desembaraço. Precisava desse tempo. O divisor das duas fases será o
atentado terrorista em Nova York, que foi em setembro de 2001. A partir daí,
saltaremos para 2006, nos dias de hoje.
 
Por que você escolheu novamente o Leblon como principal cenário para
Páginas da Vida? O que mudou no bairro carioca durante todos esses anos
em que você mora lá?
Manoel Carlos: O Leblon é o meu cenário natural, pois moro aqui. Gosto de
escrever sobre o lugar em que vivo. Gosto de pensar que meus personagens
cruzam comigo nas ruas do bairro. O Leblon não mudou tanto quanto os outros
lugares do Rio, mas obviamente passou a ser mais assediado pela violência, o
que não existia em 1971, quando vim morar aqui.
 
O que mais destacaria em Páginas da Vida?
Manoel Carlos: Apenas quero acrescentar que estou fazendo tudo que sei e
posso fazer para dar ao público uma boa novela. Uma novela cheia de
acontecimentos verossímeis, porém fictícios. E que desejo, ardentemente, que
todos gostem e se divirtam com o que estou fazendo. No mais, Deus é quem
sabe.
 
Entrevista com o diretor Jayme Monjardim
Jayme Monjardim é diretor de grandes sucessos. Seus mais recentes trabalhos na
TV Globo foram as novelas Terra Nostra (1999), O Clone (2001) e América
(2005), todas ganhadoras de prêmios internacionais, e as minisséries Chiquinha
Gonzaga (1999), Aquarela do Brasil (2000) e A Casa das Sete Mulheres (2003).
Antes de se lançar nesta nova empreitada, Jayme dirigiu o filme Olga (2004),
baseado no livro homônimo de Fernando Morais, um sucesso de bilheteria que
levou mais de três milhões de pessoas ao cinema.
 
Páginas da Vida marca a primeira parceria de Jayme Monjardim com o autor
Manoel Carlos. Antes de começar a gravar a novela, o diretor se aprofundou no
universo do bairro Leblon, no Rio de Janeiro. “Fiz minha adaptação no Leblon
para compreender o universo urbano com o qual não tive contato constante”,
explica Jayme. Em seu período de imersão e estudo no bairro, Monjardim
conversou com pessoas que trabalham e moram há anos no bairro. Desses
encontros surgiu a idéia de filmar um pequeno documentário, que fez parte do
processo de preparação do universo de Páginas da Vida tanto para o elenco
quanto para as equipes de produção da novela. Abaixo Jayme Monjardim fala
sobre esse seu novo desafio.
 
Como você resume Páginas da Vida?
Jayme Monjardim: Páginas da Vida é a história de cada um e de todos nós.
Páginas da Vida representa todos os universos de família, todos os tipos de
relacionamentos e todos os tipos de emoções. Tudo isso em uma novela só. O
grande charme desta novela é a história das relações humanas, a emoção. O que
mais tem nesse universo de personagens, de vida e de sentimentos são as
emoções que, de alguma forma, fazem esses personagens tocarem a vida e viver.
O gancho da novela é que ela é repleta de emoções.
 
 
Como estão sendo trabalhadas as cenas gravadas na Holanda?
Jayme Monjardim: Eu mudei um pouquinho meu estilo de gravar, fazendo
planos mais abertos. As novelas do Maneco precisam desse respiro porque têm
muito texto e muito conteúdo. É muito importante rechear isso tudo com um
pouquinho de visual. Acho que Amsterdã traz esse respiro, uma grande parte
plástica e bela da história, independente do lado emocional e profundo que têm
seus personagens.
 
E as cenas gravadas na África? Como foi a experiência de gravar em um dos
países mais pobres do mundo?
Jayme Monjardim: Foi uma experiência muito marcante. O ator Marcos Paulo e
eu topamos passar por esse desafio juntos. Filmamos em um campo de
refugiados onde havia 15 mil pessoas, sendo que metade eram crianças
abandonadas e sem nenhum futuro. Algumas crianças comem larvas de cupim. A
situação é caótica. Todos os dias chegam mais pessoas fugidas de Ruanda. No
Quênia, vimos outro tipo de violência. As imagens que vamos mostrar não são
tão fortes como as palavras.
 
Uma das tramas centrais da novela discutirá a inclusão na sociedade dos
portadores de síndrome de Down. É importante ter temas sociais na novela?
Jayme Monjardim: É impossível hoje fazer uma novela sem merchandising
social. Acho que isso faz parte da cultura dos autores nesta década. Acho que eles
se sentem com o compromisso de trazer sempre, de alguma forma, a discussão de
que a gente pode fazer alguma coisa para mudar nosso país e nossa sociedade.
 
A novela também terá uma grande relação com a arte. Como você vai
trabalhar esse tema?
Jayme Monjardim: Televisão para mim é pura arte. Novela é arte e incluir a
arte dentro da novela é uma obrigação. Maneco é um dos autores que luta para
fazer um mercado cultural nas novelas, falando de livros, de teatro, de pintura e
das artes como um todo. A televisão é o grande veículo de divulgação das artes
em geral. Nessa novela, além de termos a obrigação das artes, também temos a
discussão das artes, que faz parte do pensamento do autor e que também passa
por toda a nossa equipe, todos os atores e diretores que também são envolvidos e
engajados com movimentos culturais.
 
Esta é uma novela com muitas gravações externas, especialmente no Leblon.
Isso dificulta? Vocês fizeram alguma cidade cenográfica?
Jayme Monjardim: Isso já é uma marca registrada do Maneco e acho que todas
as últimas novelas dele tinham essa característica. Estamos dando continuidade a
um trabalho que já foi feito por ele. As cenas são gravadas no Leblon e têm a
dificuldade natural de exteriores e de realidade. A novela do Maneco é pura
realidade. A cidade cenográfica que construímos serve de apoio apenas para
melhorar a qualidade de áudio, porque as cenas serão originalmente gravadas no
Leblon.
 
As novelas de Manoel Carlos sempre se passam no momento atual. Como foi
seu trabalho com o elenco para a composição dos personagens?
Jayme Monjardim: Eu pedi para o elenco se emprestar. Pedi para cada um
emprestar um pouquinho de suas vidas e de suas emoções para os seus
personagens. Essa é outra das marcas das novelas do Maneco.
 
Como está sendo dirigir Páginas da Vida?
Jayme Monjardim: Está sendo muito bom, está sendo uma experiência nova.
Estou em um momento importante da minha carreira como diretor, por ter a
oportunidade de “pegar Manoel Carlos pela frente” e dar a minha visão de
Manoel Carlos em um trabalho. Estou muito feliz.
 
E como está sendo a parceria com Manoel Carlos?
Jayme Monjardim: Está sendo ótima. Primeiro porque o Maneco representa um
pouco o épico dos sentimentos das pessoas. Para mim é uma grande oportunidade
de fazer uma viagem pelo interior humano, pelo pensamento, pelas emoções.
 
O que o público pode esperar de Páginas da Vida?
Jayme Monjardim: Muita emoção!
 
As gravações
 
No Leblon, no Rio de Janeiro
 
O principal cenário de Páginas da Vida é o Leblon, no Rio de Janeiro. Servem de
locação vários lugares do bairro, como a praia, o calçadão, os restaurantes, as
livrarias, as ruas e as esquinas. Muitos personagens da trama, como Helena
(Regina Duarte), moram no Leblon. Com isso, a novela também retrata um
pouco do estilo de vida e dos hábitos dos moradores do local, que, em geral,
vivem no bairro há vários anos.
 
“O Leblon é meu cenário natural, pois moro aqui. Gosto de escrever sobre o
lugar em que vivo. Gosto de pensar que meus personagens cruzam comigo nas
ruas do bairro. O Leblon não mudou tanto quanto os outros lugares do Rio, mas
obviamente passou a ser mais assediado pela violência, o que não existia em
1971, quando vim morar aqui”, conta Manoel Carlos.
 
Antes de iniciar as gravações de Páginas da Vida, o diretor Jayme Monjardim se
aprofundou no universo do bairro Leblon. Fez uma espécie de imersão total no
bairro carioca para conhecer um pouco mais do estilo de vida dos moradores e
também das pessoas que trabalham e freqüentam o local. “O universo do Maneco
não era familiar para mim. Por isso, fui para o Leblon e passei algum tempo por
lá. Caminhei pelas ruas do bairro, passeei, conversei e fiz várias imagens. Foi
uma experiência muito importante”, conta Jayme Monjardim.
 
Em Amsterdã, na Holanda
 
Além das gravações no Leblon e em outros locais do Rio de Janeiro, como o
Corcovado e as praias cariocas, Páginas da Vida também teve cenas gravadas em
Amsterdã e em outras cidades da Holanda.
 
Os atores Edson Celulari, Ana Paula Arósio, Leandra Leal, Sidney Sampaio,
Fernanda Vasconcellos e Thiago Rodrigues embarcaram para Amsterdã para
participar, durante o mês de abril, das gravações das primeiras cenas da novela.  
 
Pontos turísticos de Amsterdã, como os canais que cortam a cidade, as
construções seculares, as praças, os museus, como o Rijksmuseum e o Van Gogh
Museum, e as casas-barco, foram usados como locação. Outros lugares marcantes
na Holanda também serviram de cenário, como o Parque Keunkenhof, onde são
cultivadas tulipas das mais variadas cores e espécies, e o Zaanse Schans, uma
típica vila holandesa onde são encontrados os famosos moinhos e onde estão
alguns dos mais antigos diques do país.
 
 
Em Burundi, na África
 
O pequeno país de Burundi, na África, também serviu de locação para algumas
cenas de Páginas da Vida, pois é para esse local que viaja o médico Diogo
(Marcos Paulo).
 
Diogo é infectologista e trabalha na África durante cinco anos. Lá, trata de
doentes e convive com um povo muito sofrido, que tem uma vida cheia de
restrições. Sempre que pode se corresponde com Helena (Regina Duarte), que foi
sua colega de faculdade e por quem ele já foi apaixonado. De tempos em tempos,
envia cartas para Helena contando um pouco do que está vendo na África.
 
Para gravar as cenas, o diretor Jayme Monjardim e o ator Marcos Paulo
embarcaram para a África acompanhados por voluntários da ONU (Organização
das Nações Unidas).  Gravaram em campos de refugiados de Burundi, Congo,
Ruanda e Quênia. Monjardim registrou todas as cenas com uma câmera mini-dv.
“São 15 mil pessoas nos campos de refugiados. Metade das pessoas nesses locais
é de crianças abandonadas e sem nenhum futuro. A situação é ainda mais caótica
porque a maioria das pessoas nesses campos tem Aids ou tuberculose”, relata o
diretor em referência a Burundi, o terceiro país mais pobre do mundo.
 
Os cenários de Páginas da Vida
 
Como a novela Páginas da Vida tem o Leblon como principal cenário, grande
parte das cenas está sendo gravada no próprio bairro. Para dar agilidade e ritmo
às gravações, foi criada uma cidade cenográfica na Central Globo de Produção,
em Jacarepaguá, que reproduz alguns prédios e estabelecimentos comerciais do
Leblon. Entre eles, uma padaria, um restaurante natural, a fachada de alguns
prédios e a portaria do edifício que serve de cenário para a casa da personagem
Helena (Regina Duarte).
 
Para a construção, na cidade cenográfica, da Escola de Arte de Tide, personagem
de Tarcísio Meira, o cenógrafo Mário Monteiro, que assina a cenografia de
Páginas da Vida, teve a idéia de partir de um edifício real do Leblon, localizado
na rua General San Martin. “Estamos aproveitando a entrada do prédio e criando
um desenho diferente para o resto”, conta Mário, que já foi o responsável pelo
cenário de outras novelas do autor Manoel Carlos, como História de Amor
(1995), Por Amor (1997) e Mulheres Apaixonadas (2003).
 
Além desta cidade cenográfica, Mário Monteiro e sua equipe também
construíram a mansão de Tide (Tarcísio Meira) e Lalinha (Glória Menezes),
tendo como referência os casarões da Gávea, bairro do Rio de Janeiro. “A casa de
Tide é uma mansão na Gávea, mas é inusitada porque tem uma capela e uma
estufa. Além disso, também tem uma garagem para seis carros e a casa dos
caseiros, onde moram os empregados que são tratados à moda antiga, de um jeito
bem carinhoso”, explica o cenógrafo. Para construir a residência de Tide, a
equipe fez uma pesquisa sobre as construções da Gávea nas décadas de 30 e 40,
período em que o personagem teria comprado a casa. “A mansão tem um estilo
neoclássico, um pouco misturado com art déco”, detalha Mário. A capela de
Lalinha tem reproduções de Candido Portinari, autorizadas pelo filho do pintor.
“A via sacra é de Portinari porque Tide e Lalinha são colecionadores de arte
brasileira”, completa Monteiro.
 
 
 
 
A preocupação com os cenários internos é igualmente grande. “Procuramos
reproduzir esse universo com o maior charme possível, porque a novela tem um
tratamento realista, com um toque para a novela ficar bonita no ar”, explica
Mário. Cada personagem tem uma característica especial e isso está refletido em
seus cenários. “O apartamento de Helena é um duplex refinado, com uma
decoração leve e contemporânea. Os outros apartamentos são de classe média e
têm uma decoração mais improvisada, desarrumada, desarranjada”, detalha o
cenógrafo. Ao todo foram projetados 160 cenários para a novela Páginas da
Vida.
 
Produção de Arte
 
A produção de arte de Páginas da Vida também procura dar realismo aos
cenários. “Seguimos a orientação do diretor Jayme Monjardim de forma a que
cenários e figurinos sejam o pano de fundo do texto de Manoel Carlos”, conta
Tiza Oliveira, que assina a produção de arte da novela. Para isso, a equipe de
produção de arte fez uma série de pesquisas. Uma delas foi para adereçar o
hospital fictício Casa de Saúde Santa Clara de Assis. A pesquisa foi focada no
comportamento de médicos que trabalham em hospitais.
 
A equipe de produção de arte também fez pesquisas com fotógrafos para ajudar
na composição dos cenários dos personagens Isabel (Viviane Pasmanter), uma
fotógrafa de making of de noivas, e Renato (Caco Ciocler), um fotojornalista,
especialista em registrar cenas cotidianas. “Eles atuam em dois núcleos
diferentes, ela no glamour e ele quase no submundo. São duas propostas que
exigem climas diferentes”, conta Tiza.
 
Além dos estudos minuciosos, a equipe também lançou mão da criatividade para
fazer a ambientação dos eventos de Páginas da Vida, como o aniversário de Tide
(Tarcísio Meira) e o casamento de Olívia (Ana Paula Arósio) e Silvio (Edson
Celulari). “Acho que esse casamento, que fiz com o cenógrafo Mário Monteiro,
foi o mais bonito que já realizei em 32 anos de TV Globo. Foi gravado ao ar
livre, com 300 convidados. Criamos o cenário de casamento com lugar para
orquestra, dança e convidados sentados”, detalha Tiza de Oliveira.
 
O visual dos personagens
 
Figurino
 
Páginas da Vida é uma novela contemporânea, onde a maioria dos personagens
vive num bairro da zona sul do Rio de Janeiro, ou seja, está próximo da praia e
mora numa cidade de clima quente. E o estilo de vida está marcado no visual de
cada um deles. “O que pauta Manoel Carlos é o realismo, por isso estou
exercitando a linguagem das mulheres do cotidiano do Leblon, sem grandes
contrastes. Todos os personagens são de classe média, com um ou outro
aristocrata”, define a figurinista Marília Carneiro, que assina os figurinos da
novela com Cristina Gross.
 
O look de cada personagem é cuidadosamente desenhado para refletir um pouco
seu jeito, sua forma de viver e também sua situação social e profissional. “Eu
tento imaginar os personagens como se os conhecesse de verdade, como se
fossem parentes ou amigos de amigos, gente que vejo passando nas ruas. Preciso
situá-los, entender seu temperamento, para poder traçar seu look”, explica a
figurinista, que já assinou o figurino de filmes, peças teatrais e novelas, como
Dancing Days (1978), O Dono do Mundo (1992), Celebridade (2003) e América
(2005), entre outras.
 
 
 
De acordo com essa visão e a partir de conversas com o autor Manoel Carlos,
com o diretor Jayme Monjardim e com a desenhista de caracterização Celeste
Randall, Marília criou os figurinos de cada personagem. Um dos exemplos é a
personagem Lalinha, vivida por Glória Menezes. “Lalinha é fina e usa moletom e
chapéu de palha quando vai para o jardim para não queimar o rosto. Já Tide –
personagem de Tarcísio Meira - usa um casaco de veludo cotelê com cotoveleiras
de couro surradinho. Eles usam roupas de boa qualidade, mas já muito usadas”,
revela Marília.
 
Desta forma, Marília e sua equipe vão criando o visual de cada um dos mais de
80 personagens de Páginas da Vida. “Olívia – Ana Paula Arósio – é dinâmica e
tem dinheiro, ou seja, acesso ao consumo. Por isso, ela é absolutamente fashion”,
conta Marília. O guarda-roupa de Nanda (Fernanda Vasconcellos), que mora na
Europa, contudo, tem outras referências. “Nanda usa muitas roupas e acessórios
de brechó. Tudo muito doce e com saia de brèvoir, que deixa sua roupa voando
quando anda de bicicleta”, completa a figurinista.
 
O visual de Páginas da Vida é contemporâneo e a influência para a composição
dos figurinos pode vir de vários lugares do mundo, como no caso da personagem
Tonia Werneck, vivida por Sonia Braga. “Fomos para um lado completamente
‘japa’ até ficar deslumbrante. As roupas são basicamente de tecidos moles e
pretos”, finaliza Marília.    
 
Caracterização
 
Para chegar à leveza e à naturalidade dos personagens, foi convidada a
caracterizadora americana Celeste Randall. Em parceria com a supervisora de
caracterização Graça Torres, ela fez a conceituação do visual de cada um deles,
incluindo cabelo, maquiagem e cor da pele.
 
“O Leblon é uma referência. Lá há uma mistura de mulheres que se cuidam bem
e têm muito estilo”, conta Celeste, que já assinou o look de celebridades norte-
americanas do mundo da moda e da música.
 
Conhecida a referência, Celeste foi pensando na paleta de cores de cada
personagem. “A idéia é suavizar, não ter nada pesado. Não uso nenhuma
maquiagem marcada, como linhas de contorno da boca ou lápis nos olhos.
Também respeito os traços de cada ator e atriz”, explica a caracterizadora.
 
A equipe de caracterização teve ainda que pensar cuidadosamente no visual dos
personagens da primeira e da segunda fase da novela, que tem uma diferença de
cinco anos entre elas. Em 2001, alguns personagens são bem jovens e, por isso,
aparecem com um visual mais adolescente. Cinco anos depois, já em 2006, os
mesmos personagens têm um visual ainda jovem, mas que demonstra mais
maturidade. Um exemplo disso é a personagem Olívia, papel de Ana Paula
Arósio. “Olívia tem 20 e poucos anos quando viaja em lua-de-mel para
Amsterdã. Por isso, deixamos seu cabelo solto e com grampinhos para marcar
seu lado menina. Para destacar a mudança para 2006, optamos pelo rabo-de-
cavalo, que a deixa mais mulher. Também bronzeamos a pele da atriz”, detalha
Celeste. Já o personagem Sérgio (Max Fercondini) aparece com aparelhos nos
dentes na primeira fase de Páginas da Vida.
 
Outras vezes as mudanças são mais radicais, como a que ocorre com a
personagem Simone (Christine Fernandes). “Com Simone a mudança é grande.
Ela primeiro está com o cabelo comprido e com um loiro amarelo. Na segunda
fase, o cabelo está mais curto e o tom passa para um loiro mais frio. A
maquiagem é muito leve e destaca os olhos”, conta a caracterizadora.
 
A preocupação não é apenas com o estilo do cabelo e da maquiagem, mas
também com o tom da pele que melhor caracteriza a personagem. “Natália do
Vale (Carmem) colocou um megahair e também está usando um spray para ficar
bronzeada”, completa  Celeste. Não escapam nem os pequenos detalhes. A atriz
Viviane Pasmanter, que interpreta uma fotógrafa, usa os cabelos compridos, mas
quase sempre presos. “Como ela interpreta uma fotógrafa, não pode ficar com os
fios atrapalhando o seu trabalho”, finaliza.
 

FICHA TÉCNICA

 
Novela de
Manoel Carlos
 
Escrita por
Manoel Carlos
Fausto Galvão
 
Colaboradores e Pesquisa
Maria Carolina
Leandra Pires
Juliana Peres
Angela Chaves
Daisy Chaves
 
Núcleo
Jayme Monjardim
 
Direção Geral
Jayme Monjardim
Fabrício Mamberti
 
Direção
Jayme Monjardim
Fabrício Mamberti
Teresa Lampreia
Fred Mayrink
Luciano Sabino
 
Elenco
Ana Botafogo
Ana Carolina Dias
Ana Furtado
Ana Paula Arósio
Angelo Antonio
Antonio Calloni
Armando Babaioff
Bete Mendes
Buza Ferraz
Caco Ciocler
Carolina Oliveira
Christine Fernandes
Cláudia Mauro
Danielle Winits
Dayse Pozato
Deborah Evelyn
Domingos Meira
Duda Nagle
Edson Celulari
Eduardo Lago
Elisa Lucinda
Fernanda Vasconcellos
Fernando Eiras
Glória Menezes
Grazielli Massafera
Helena Ranaldi
Henrique Cesar
Hylka Maria
Ig Vieira
Inez Viana
Joana Mocarzel
Joelma Paula
Joelson Medeiros
Jorge de Sá
José Mayer
Juana Garibaldi
Leandra Leal
Letícia Sabatella
Ligia Cortez
Lília Cabral
Louise Cardoso
Luana Carvalho
Lucci Ferreira
Luciano Chirolli
Luciele di Camargo
Manoela do Monte
Marcos Caruso
Marcos Henrique
Marcos Paulo
Marjorie Estiano
Marly Bueno
Max Fercondini
Natália do Vale
Nathalia Timberg
Nina Morena
Orion Ximenes
Paulo César Grande
Pedro Neschling
Pérola Faria
Quitéria Chagas
Rafael Almeida
Rafaela Amado
Regiane Alves
Regina Duarte
Renata Sorrah
Sabrina Rosa
Sandra Hansen
Selma Reis
Sidney Sampaio
Silvia Salgado
Sônia Braga
Sthefany Brito
Tarcísio Meira
Tato Gabus
Thalita Carauta
Thiago Lacerda
Thiago Picchi
Thiago Rodrigues
Umberto Magnani
Vinícius Marquez
Viviane Pasmanter
Wal Schneider
Walderez de Barros
Xuxa Lopes
Zé Victor Castiel
Zé Carlos Machado
 

Cenografia

Gilson Santos
Erika Lovisi
Kaka Monteiro
Ana Maria Mello
Maurício Holfs
Alexandre Gomes
Mônica Aurenção
 

Cenógrafos Assistentes

Anne Marie
Gilmar Ventura
Paula Camargo
Wilson de Lara
Ana Paula Diniz
Diana Domingues
Sylvia Barroso
Marcia Bezerra de Melo
Débora Costa
Ana Aline
Alexis Pabliano
Luiz Pimentel
Regina Valentino
Hugo Cesar Cavalcante
 

Figurino

Marília Carneiro
Christina Gross
 
Figurinistas Assistentes

Claudia Damasceno
Flávia Azevedo
Paula Carneiro
Márcio Maciel
Regina Raposo
 

Equipe de Apoio ao Figurino

Luiz Correia
Carla Santos
Ângelo Fintelmann
Benilda Conceição
Eni dos Santos
Graciela Gimenez
Júnior Miranda
Luis Carlos de Souza
Márcia Epifânia
Neide Aparecida
Nilza Rodrigues
Rildo Teodoro
Sérgio Rangel
Tony Lemos
Vânia de Lima
 
Direção de Fotografia
Adriano Valentim
 

Direção de Iluminação

Carlos Alberto Ribeiro


Jandir Magalhães
Roberto Soares do Nascimento
 

Equipe de Iluminação

Altino Firmino do Nascimento


Carlos Eduardo Gomes
Dorgival Félix da Silva
Francisco Gonçalves da Silva
Jair Mathias
Rafael Xavier Fernandes
Alexandre C. da Silva
Alexandre R.N.da Costa
Julio Rosa
Marcio Estevão
Thiago Costa
José Rosa
 
Direção de Arte
Mário Monteiro
 

Produção de Arte

Tiza de Oliveira
 

Produção de Arte Assistente

Fatima Guinard
Fernanda Bedran
Myriam Mendes
Lara Tauzs
Camila Delamonica
 

Equipe de Apoio à Arte

Délio Xavier de Oliveira


Ilbernon Jorge de Faria
Marcos Tadeu de Paula Rabelo
Roberto Malvino dos Santos Stellio Rosa de Almeida
 
Produção de Elenco
Nelson Fonseca
 
Instrutor de Dramaturgia
Rossela Terranova
 
Produção Musical
Alberto Rosenblit
 

Direção Musical

Mariozinho Rocha
 

Caracterização

Celeste Randall

Graça Torres

Equipe de Apoio à Caracterização

Adélia Telles
Adriano Marques
Aloir Thomaz
Ancelmo Saffi
Carlos Soares

Claudia Cruz

Everton Soares

Iolanda Teixeira
Josicler Rodrigues
Maria do Socorro Baptista
Maxwell Soares
Sônia Silva
Wilma Costa
 
Edição
José Carlos Monteiro
Ubiraci de Motta
Paulo Jorge Correia
Luiz Eduardo Guimarães
 
Sonoplastia

Júlio César Corrêa


Irapuã Jardim
 
Efeitos Visuais
Toni Cid
Paula Souto
Cristina Queiroga
 
Efeitos Especiais

Marco de Paula

 
Abertura

Hans Donner

Alexandre Pit Ribeiro


Roberto Stein
 

Direção de Imagem

Cassiano Filho
 

Câmeras

J.Passos
Lizanias Azevedo de Souza
Marcelo Pereira de Oliveira
Jovani Augusto de Andrade Rios
Thelso Batista Gaertner
Marco Parada
Ricardo Silveira
 
Equipe de Apoio à Operação de Câmera
José Jorge Roberto Martins
José Marcos Pereira da Silva
Marcus Vinicius
Marino Vilela de Magalhães
Alex T.Muller
Marcio Willians de Oliveira Lima

Equipe de Vídeo

Willian Marinho Gavião


Claudio da Silva Sargo
Carlos Eduardo de Souza Reis
Michele Soares
 
Equipe de Áudio
Carlos Roberto Moreira de Souza
Carlos Schuchardt de Macedo
Gilberto Ramiro
Gustavo Borges L.Nunes
José Maria Batista Lucas
Josias Guimarães
Luiz Ferreira
Ronaldo Celso Tavares de Paiva
 
Supervisor e Op. de Sistemas  
Marco Antonio Cheriff dos Santos
Augusto Palmieri
 

Gerente de Projetos

Marco Antonio Tavares


 

Supervisor de Produção de Cenografia

Guilherme Senges

Antonio Carlos
Lenilson Scarpini

Roberto Rodrigues
Uilton Nascimento
Valdeci dos Santos
 

Equipe de Cenotécnica

Allan Branco
Ana Paula C. de Lima
Bruno Massunaga
Carlos Lengruber
Eduardo Pinheiro
Julio Batista
Luis Leal
Queila Costa
Rodrigo Almeida
Rosalie Anne
Tatiana Cunha
Altamir de O.Dias
André Luiz Vieira
Antonio Carlos Esperança
Cícero Luiz da Silva
Claudiano Ferreira
Claudionor Roberto da Silva
Cosme José da Silva
Edson Cardoso de Andrade
Edvaldo S.Egito
Eli Sandro Firmino
Emerson Vago
Ernani Moura de Souza
Fabio Candido
Fábio Rodrigues de Oliveira
Gelson Domingos
Gerson Alves de Oliveira
Gerson Nunes Filho
Gisele Laura
Helvis Mariano Celestino
João Batista O.Pinto
Joel Nascimento
Jorge Cabral da Silva
Jorge Ferreira
Luis Roberto Divino
Luiz Carlos Cardoso
Luiz Claudio Araujo
Luiz Claudio Soares
Luiz de Matos Gomes
Marcelo B.Veras
Marcelo Fernandes da Silva
Marcelo Gomes
Marcelo Oliveira Dias
Marcio S.da Silva
Marco Aurélio de Moraes
Marcos Dantas Guilherme
Maria de Fátima Almeida
Mário Durval de Almeida
Monica Santos
Nilson Miguel Leal
Oswaldo Arthur S.M.Sarmento
Paulo Sérgio Sardinha
Pedro Batista J.Braz
Reinaldo da Cruz Maciel
Rubnei da Silva Torres
Sérgio Rodrigues
Silênio de Jesus Novo
Washington Luiz Santiago
Willian Gomes Felinto
Wilson J.dos Santos

Continuidade

Silvia Moreiras
Eliane Freitas
Tatiana Lima
Joana Portes
 

Assistentes de Direção

Maria José Rodrigues


Leonardo Nogueira
Adriano Melo
Mariana Richard
Fred Saddi-Naccache L.
 
Produção de Engenharia
Marco Gesualdi
 

Equipe de Produção

Mônica Fernandes

Renata Bonora
Caren Olivieri
Carlos Herbas
Cláudio Nunes
Fábio Távora
Inã Cristina
Luiz Jovita
Nilton Canavezes
Rodrigo Lassance
Tatiana Poggi
Cindy Duarte
 

Coordenação de Produção

Erika da Matta
Anna Beatriz Besser
Cesar Nogueira
Jayme Henriques
Renato Azevedo
 
Produção Holanda
John Trapman
Robert Becker  
 

Gerência de Produção

Claudia Braga
 

Direção de Produção
Guilherme Bokel
 
 

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