Malhação Participação Cap

Rede Globo de Televisão
Central Globo de Produção Capítulo 140

MALHAÇÃO / Escolhas
VALE ESTE 30/01
Novela de
Rosane Svartman e Gloria Barreto
Colaboradores
Charles Peixoto; Claudio Lobato; Cristiane Dantas; Paulo Halm; Natalia
Sambrini; Diego Miranda; Priscila Steinman
Direção Geral
Luiz Henrique Rios
Núcleo
José Alvarenga
MALHAÇÃO / Escolhas Capítulo 141 Pag.: 01
CENA 1/ CRECHE/ INTERIOR/ DIA.

(Cont. direta do cap. anterior) Fatinha encara Bruno emocionada.
Fatinha — Que é que cê disse? Acho que tô sonhando.
Repete!
Bruno — Eu disse: Maria de Fátima dos Prazeres, você
quer ser minha namorada?
Fatinha mal consegue conter a alegria e a emoção
Fatinha — Se quero? Claro que quero. Sim, sim, sim!
Pula em cima de Bruno e trocam o maior beijão. A porta da creche se
abre e surge dona Filó, acompanhada de Bocão e outras moradoras
com crianças pequenas. Todos se surpreendem ao ver o casal.
Dona Filó — Fatinha???
Fatinha — Oi, gentem!
Dona Filó estranha a bagunça na creche: latas de leite em pó e
embalagens de papinha de bebê abertas e vazias.
Dona Filó — Mas que pouca vergonha é essa? Vocês
dormiram aqui?
Bocão — Xiiii, comeram toda a papinha das crianças.
Bruno muito constrangido, arrumando ainda a camisa entreaberta.
Bruno — Calma, dona Filó. A gente vai repor. Eu posso
explicar. A gente se distraiu, sabe?
Dona Filó — (descrente) Sei... Mudou de nome agora?
Bruno — (disfarça) É que todo mundo saiu e a gente ficou
trancado aqui. O som do pagode tava muito alto
e ninguém ouviu a gente gritar.
Fatinha, espontânea como sempre, abraça dona Filó emocionada,
Fatinha — Pula essa parte chata e conta logo a novidade.
(saltitante) Dona Filó, ele me pediu em namoro!
Dona Filó — Jura? Se deu bem, hein, Fatinha! Ai, um
morenão desses lá em casa...
Fatinha — Pode tirar o olho grande que já ele tem dona!
Meu namorado! Nem acredito.
A mulherada aplaudindo, aprovando. Bruno sem graça.
Dona Filó — Cuida bem da Fatinha, que essa menina é de

ouro!
Bruno sorri, mais à vontade.
Bruno — Pode deixar, dona Filó. Vou cuidar dela
direitinho.
Bocão — Beija, beija...
Todos entram na pilha e pedem o beijo. Bruno e Fatinha acabam
atendendo aos pedidos e se beijam. Aplausos.
CORTA PARA:
CENA 2/ SOBRADO/ SALA/ INTERIOR/ DIA.

Lorenzo acordando Lia, que dorme no sofá.
Lorenzo — Oi, meu amor, dormiu bem?
Lia — (sorri) Melhor do que se tivesse dormido em
casa.
Lorenzo — Tô correndo atrás de um lugar pra gente. A
Marcela tá sendo super generosa, mas não
quero abusar.
Lia — Ela tá sendo muito legal, mesmo.
Lorenzo fica olhando pra filha em silêncio. Lia percebe.
Lia — Que foi?
Lorenzo — Eu fiquei preocupado quando te vi ontem com
aquele rapaz.
Lia — O Vitor? Ah, pai, ele é do bem. Você não devia
entrar na pilha do tio Olavo.
Lorenzo — O Olavo é uma pessoa séria. Se ele tá
preocupado é porque tem fundamento.
Lia — Pai, eu quase surtei ontem à noite, queria sair
fora, sei lá, sumir. E quem segurou minha onda
foi o Vitor. E se um dia ele precisar de mim, eu
vou segurar a onda dele também.
Lorenzo — (resmunga) Ah, a juventude! Como vocês são
ingênuos.
Marcela entra na sala de pijama.
Marcela — E aí, gente, alguém já fez o café?

Lorenzo — É pra já! (baixo, pra Lia) Depois a gente
conversa...
Em Lorenzo ajudando Lia a se levantar,
CORTA PARA:
CENA 3/ APTO JU/ SALA JU/ INTERIOR/ DIA.

Ju acabando de arrumar alguns detalhes da mesa linda de café da
manhã que preparou para os pais que estão chegando. A porta da rua
se abre: são Marta e Olavo, com malas. Ju, toda feliz, se joga nos
braços dos dois ao mesmo tempo.
Ju — Pai, mãe! Que bom que vocês voltaram! Bem-
vindos!
Marta — Que saudade, filha!
Olavo — Finalmente, a família vai ficar junta de novo!
Eles vão entrando e deixando as malas perto da porta.
Marta — Essa mesa de café da manhã linda é pra gente?
Ju — Imaginei que vocês iam chegar com fome.
Marta — (abraçando Ju) Ohh meu amor, que lindo!
Olavo — Ju que saudade filha! (abraçando Ju) Acertou
em cheio. Cadê o Bruno? Quero abraçar meu
filhão também!
Ju — Ele dormiu fora de casa hoje. Deve tá chegando.
Marta — (murcha) Estou com tantas saudades do meu
menino, quer dizer, é um homem já. O Olavo
me disse que ele e a Ana voltaram...
Ju — Ih mãe... Da vida amorosa do meu irmão, eu
não sei de mais nada.
Olavo — Como assim? Eles já terminaram de novo?
Ju — (disfarçando) Gente, eu queria muito ficar aqui
com vocês, mas tenho que ir pro colégio, tô
hiper atrasada! (t) Pai, mãe! Quem bom que cês
tão aqui!
Em Ju abraçando Marta e Olavo de novo,
CORTA PARA:
CENA 4/ SOBRADO/ INTERIOR/ DIA.

Lorenzo, Marcela (ainda de pijama), Gil e Lia tomando café. Os dois
jovens meio sonados.
Marcela — Vocês vão acabar chegando atrasados, melhor
terminar logo esse café.
Gil — E você, que nem tomou banho?
Marcela — Eu só dou aula depois do recreio. Atividade,
gente!
Lia — Pai, você vai conversar com a Raquel, né? Eu
queria ir junto.
Lorenzo — (firme) Nem pensar! Essa conversa não tem
nada a ver com você.
Lia — Claro que tem!
Lorenzo — (decidido) Mas quem vai resolver esse assunto
sou eu e sua mãe.
Marcela — O seu pai tem razão.
Lorenzo — Esse é um papo entre adultos.
Marcela — Vai ser melhor assim, Lia.
Lia — (observa) Ih. Vocês dois já tão parecendo
marido e mulher. Um completando o outro.
Gil — Também acho. Casados há vinte anos. Vê só.
Lia — (conclui, rindo) Quer dizer que agora a gente é
irmão?
Gil — (ri) Então... muito louco isso, né, maninha?
Lia e Gil curtindo a situação. Lorenzo feliz:
Lorenzo — Que bom ver você sorrindo de novo, filha.
Marcela — (situando) É, mas chega de papo furado.
(levanta e vai até a porta) Os dois, já pro
colégio!
Gil e Lia levantam da mesa e vão saindo. Marcela abre a porta e eles
dão de cara com Raquel.
Marcela — (surpresa) Raquel?!

Raquel — Vim conversar com o Lorenzo. Pode ser?
Lorenzo se adianta.
Lorenzo — Começou cedo hein Raquel. (para Gil) Gil, leva a
Lia pra escola, por favor!
Lia — Mas pai eu...
Lorenzo — (firme) Depois, Lia.
Lia, contrariada, se manda junto com Gil. Raquel entra. No clima
entre os três adultos;
CORTA PARA:
CENA 5/ COLÉGIO/ SALA DE AULA/ INTERIOR/ DIA.

Turma à espera do começo da aula. Pilha e Orelha.
Pilha — Pô, Orelha, cadê a Fatinha? Nem pra responder
minhas mensagens. Tô na pilha com a parada do
clipe, parceiro. Cadê a maluca?
Orelha — Eu que vou saber?
Cezar entra para dar aula.
Cezar — Bom dia pra todos. Bem-vindos ao terceiro ano!
Como professor de Biologia só me resta dar o
seguinte conselho: vamos segurar os hormônios,
que a hora é de concentração, gente.
Gil e Lia chegam atrasados.
Lia — Dá licença, Cezar.
Gil — Foi mal.
Gil e Lia vão sentando e Orelha não perde a oportunidade.
Orelha — Falando em hormônios, ó só: Gil e Lia, já vi esse
filme, hein? Dormiram juntos, safadinhos?
Zoação.
Ju — Dormiram e aí? Lia tá lá na casa do Gil, qual o
problema?
Orelha — Eu não vejo nenhum, mas se eu fosse você,
sabe como é que é, né?
Lia — Cala a boca, Orelha.

Gil — (duro) Por favor.
Cezar — Chega de fofoca. Não quero saber quem dormiu
com quem aonde. Vamos sentar e focar na
matéria.
Lia senta ao lado de Vitor.
Vitor — Tá tudo bem?
Lia sinaliza com a mão “mais ou menos”. Na troca de olhares de Vitor
e Lia,
CORTA PARA:

Lorenzo e Raquel na sala, num clima meio carregado. Marcela já
aparece vestida pra sair.
Marcela — Eu vou dar uma saída... Vocês podem ficar à
vontade.
Lorenzo — (meio sem jeito) Peraí, Marcela. Eu vou
conversar com a Raquel em outro lugar.
Marcela — (gentil) Imagina. Tenho umas coisas mesmo pra
fazer na rua, depois vou direto pro colégio.
(beija Lorenzo) A gente se fala.
Marcela sai porta afora. Lorenzo e Raquel ficam frente a frente.
Lorenzo — A Lia já me contou tudo que aconteceu.
Raquel — Eu imaginava.
Lorenzo — É impressionante! Você trocou a nossa família
por uma causa humanitária, ficou anos fora. E
agora você usa o dinheiro da sua ONG pra tentar
conseguir sua família de volta? Não faz sentido.
Raquel — Foi só um empréstimo. A creche tá funcionando
e o ambulatório tá sendo construído.
Lorenzo — Mas você mentiu pra eles, pra mim, pra todo
mundo! E quando o pessoal da ONG souber? (t)
Porque se você não contar a verdade pra eles,
alguém vai contar.
Raquel — Isso é uma ameaça?
Lorenzo — Não. Mas é uma questão ética, moral. Eles têm

direito de saber. Como eu.
Raquel — Eu vou falar. Mesmo que isso acabe com a
minha carreira. (t) Você não entende, né,
Lorenzo? Se eu fui longe demais, foi por amor. E
quando o assunto é amor, não existe ética,
moral...
Lorenzo — Isso não tem mais nada a ver com amor,
Raquel. É posse. Aquele apartamento é só um
símbolo de uma história que já era.
Raquel — Não. Aquele apartamento agora é meu. E eu
posso não reconquistar o seu amor, mas vou
lutar até o fim pra reconquistar o amor das
minhas filhas, porque é tudo que me resta. Pode
acreditar nisso, Lorenzo.
No olhar determinado de Raquel,
CORTA PARA:
CENA 7/ RUA/ CIDADE CENOGRÁFICA/ EXTERIOR/ DIA.

Fatinha e Bruno vêm andando rindo e abraçadinhos pela rua.
Fatinha — Bruno, tenho que pensar num apelido pra você.
Porque casal sempre rola uns apelidinhos, né?
Bruno — Fatinha...
Fatinha —Ó, se você quiser, pode me chamar de Musa,
Deusa, Amor da sua vida...
Bruno — (rindo) Cê é uma figura mesmo!
Eles se beijam. Fatinha olha para moça que passa na rua e implica.
Fatinha — Ih, não olha muito não que esse aqui já tem
dona! É o meu namorado!
Bruno — (ri) Cê não tá atrasada pra aula, não?
Fatinha — Agora só dá pra entrar no recreio. Vou te
chamar de... Brunito, Bruno com bonito. Ou
então... Moreno. Meu moreno caliente!
Bruno — Quer tomar café da manhã lá em casa, gatinha?
Fatinha — Nóinnn! Lindo! Tá. Mas antes eu tenho que

passar no hostel pra tomar banho, colocar o
uniforme, e pedir desculpas pro Michel que eu
faltei o plantão ontem.
Bruno — É o tempo de eu preparar o café.
Eles se beijam. Fatinha sai do beijo cabisbaixa.
Bruno — (levanta o queixo de Fatinha) Que foi, linda?
Fatinha — Sei lá... Acho que eu tenho medo de tipo, me
separar de você agora e aí, pluft! Acordar do
sonho e tudo voltar que nem era antes, você me
tratar mal, eu sofrer/
Bruno — (corta) Deixa de ser boba! É diferente agora. A
gente tá namorando!
Ela sorri agora. Eles se beijam.
Bruno — Não demora, tá? Beijo!
Em Fatinha entrando no hostel saltitando e Bruno sorrindo,
CORTA PARA:

Olavo e Marta, na sala.
Marta — Estou tão feliz, a gente de volta, a família
reunida...
Olavo — Mas é bom ver que nossos filhos se viram bem
sem a gente por perto.
Marta — Sempre prático, né, Olavo? Confessa que
também tá feliz.
Olavo — (rindo) É claro que estou.
Bruno chega. Marta corre pra abraçá-lo e beijá-lo.
Marta — Filho! Onde você estava?
Bruno — Mãe! Achei que vocês iam chegar só mais
tarde... Fala, pai!
Olavo — (abraça Bruno) A gente acabou resolvendo
pegar um vôo mais cedo. Se você demorasse
mais, sua mãe tinha um treco de tanta saudade.
Marta — Só eu, né? (p/ Bruno) A Ju disse que você não

dormiu em casa... Estava na casa da Ana?
Bruno — (sem graça) Não... Eu e a Ana terminamos.
Olavo — Que pena, você parecia feliz com ela, filhão.
Marta — Gosto tanto da Ana, bonita, educada...
Olavo — Marta, eu também, mas quem tem que gostar é
ele... Tá mais concentrado na faculdade, né
filho? E o estágio? Fiquei tão orgulhoso quando
eu soube que você tava estagiando.
Bruno — Por enquanto tá mais pra servir cafezinho, mas
to aprendendo muito observando. (sem graça)
Vou precisar descer um minuto, mas já volto,
beleza?
Marta — Ah, filho, você acabou de chegar e já vai sair de
novo? Ah, não, senta com a gente!
Na saia justa de Bruno,
CORTA PARA:
CENA 9/ PRÉDIO LIA/ PORTARIA LIA/ EXTERIOR/ DIA.

Severino em seu posto. Chega Fatinha, de uniforme e minissaia.
Fatinha — (radiante) Fala, Severa!
Severino — Bom dia! Ué, não era pra cê tá na aula, não?
Fatinha — Aham, já vou. Só vim tomar café da manhã com
o meu namorado! Pode ver lá no meu perfil,
que eu já troquei: em relacionamento sério com
Bruno Menezes!
Severino — (surpreso) Ah é? Que bom. (t) Me aceita lá
como amigo depois... Já pedi autorização há o
maior tempão.
Fatinha — Pode deixar, até porque a gente vai se ver
muuuito. Que agora eu vou vir aqui direto!
Em Severino rindo,
CORTA PARA:

Temeroso, Bruno abre a porta pra Fatinha, que pula nele.
Bruno — (discreto) Fatinha, segura a onda, que/
Fatinha — (corta) Meu gostoso! Brunito, meu Moreno
caliente! Vamos se trancar na creche de novo?
Agarra Bruno com gosto, já tascando um beijão. CAM revela Olavo e
Marta no canto da sala, sem graça. Marta pigarreia, chamando a
atenção de Fatinha que finalmente percebe que não estão sozinhos.
Fatinha — Ai, foi mal, não sabia que tinha visita.
Bruno — Fatinha, esses são os meus pais, Marta e Olavo.
Fatinha — Mas por que cê não avisou?
Bruno — Eu tentei, mas...
Fatinha — Oi, sogrinha, oi sogrinho, que prazer! Eu sou a
Fatinha, a namorada do Bruno.
Marta e Olavo trocam olhares incrédulos.
Na surpresa dos pais.
CORTA PARA:
INTERVALO COMERCIAL

Marta e Olavo olham Fatinha de cima a baixo, meio céticos.
Fatinha — Ah, Bruno, nem pra me falar que sua mãe era
uma gata. E teu pai também tá interaço, hein?
Não é à toa que você é lindo, filho de peixe...
Bruno — Fatinha, por favor.
Marta — (reparando no uniforme) Mas você estuda no
Quadrante?
Fatinha — Estudo, sou da turma da Ju.
Marta — Não me lembrava que o uniforme do Quadrante
era tão... pequeno.
Fatinha — Ah, a camiseta eu sempre corto pra ficar mais

fresquinha, né? Mas a saia eu tive que aumentar
depois que o colégio proibiu saia menor que 40
centímetros. É a Lei Maria de Fátima. Minha lei,
acredita?
Olavo — Acredito.
Bruno — A Fatinha é sempre assim, bem humorada,
adora brincar.
Fatinha — Brincar e causar, né, gente?
Marta — (sem entender) Causar?
Fatinha — Como é que cê acha que eu conquistei seu
filhote? (t) Bruno, adorei seus pais! Que amor!
Fatinha olha a mesa posta, se anima.
Fatinha — Oba, preparou o café! Hummm, só coisa boa.
(senta à mesa) Querendo me agradar, Moreno?
Fatinha se serve, voraz. Bruno sem graça. Marta e Olavo surpresos.
CORTA PARA:
CENA 12/ PRAÇA/ EXTERIOR/ DIA.

Marcela está indo em direção ao colégio, encontra Raquel à sua
espera na praça.
Raquel — Marcela? (seca) Tava te esperando. Tô
precisando falar contigo.
Marcela — (calma) Ih... Olha só, eu não quero discutir,
muito menos me meter no meio de uma história
que só diz respeito a você e ao Lorenzo.
Raquel — (amarga) Acontece que o meu ex-marido e a
minha filha tão na sua casa.
Marcela — Mas é só por um tempo, você sabe disso.
Raquel — Como você é legal, né? A mulher perfeita e a
mãe dedicada. E a Lia só faz me odiar cada vez
mais.
Marcela — (ponderando) Ela não te odeia. Ela só tá muito
magoada, assim como o Lorenzo. E com razão,
né? Você tá colhendo o que plantou.
Raquel — Você não sabe o que eu passei. Mas tudo que eu

sofri, sofro de novo, se for pra ter minha família
de volta. Só queria te avisar isso.
Raquel se manda, firme. Marcela reage com pesar.
CORTA PARA:

Fatinha e Bruno tomam café com Marta e Olavo. Ela muito à vontade,
comendo e falando, sem maiores pudores. Bruno tentando controlá-
la. Marta e Olavo atordoados com a energia de Fatinha.
Fatinha — Hummmm, geleia de amora... Adoro. passa
mais um pãozinho desses, sogrinha?
Marta — Croissant.
Fatinha — Croissant? Que chique! Vem do francês, né?
Sabia que eu falo um poquito de francês? Falo
muito no trabalho.
Olavo — Ah, então você trabalha?
Bruno — Ela trabalha no hostel, aqui do lado.
Fatinha — É bom porque é pertinho da escola.
Olavo — E você mora onde, mesmo, Maria de Fátima?
Fatinha — No próprio hostel. Depois que meus pais me
expulsaram de casa, né...
Marta — Como? Seus pais te expulsaram de casa?
Fatinha — Ah, eles não entendem esse meu jeito. Vivem
no século passado, não são legais que nem
vocês. (t) Ó, já tô eu puxando o saco dos
sogrinhos, né Bruno?
Bruno — (envergonhado) É...
Olavo — Mas você estuda, mora sozinha e trabalha.
Quantos anos você tem mesmo?
Fatinha — Pode ficar sossegado que já sou maior de idade.
Vou fazer 19.
Olavo — E ainda está no colégio?
Fatinha — É que eu sou repetente. Mas quer saber? Foi a

melhor coisa que me aconteceu. Porque aí eu
entrei pra turma da Ju, uma fofa, e conheci o
Brunito. Depois dizem que destino não existe.
Bruno — Vem cá, Fatinha, já tá na hora de você ir pro
colégio, né? Já deve tá acabando o recreio.
Fatinha — Ah, não quer que eu perca a aula. Que
namorado responsável que eu arrumei... Adoro!
Bruno — Vou aproveitar e descer com você, tenho que ir
pra... (improvisa) pro... pra faculdade.
Marta — Não é só à tarde?
Bruno — É... Quis dizer estágio. Bora?
Fatinha ali fazendo um sandubão com frios e queijos.
Fatinha — Deixa eu fazer um sanduba aqui pro lanchinho.
Sogrão, sogrinha, amei conhecer vocês.
Bruno — Tchau, gente.
Fatinha manda um beijinho pros sogros e sai, rebocada por Bruno.
Marta e Olavo estão boquiabertos.
Marta — Mas o que é que aconteceu com o nosso filho?
Olavo não sabe o que dizer. Na perplexidade deles.
CORTA PARA:

Bruno e Fatinha saindo do prédio. Dão um beijão.
Fatinha — Tchau, namorado. Severino, pode deixar que
vou te adicionar, hein?
Bruno — Vai lá, figura.
Fatinha vai saltitante pro colégio. Severino e Bruno a olham.
Severino — Essa aí vai te dar trabalho hein, Bruno?
Bruno — (sorrindo) Já tá dando. Mas vale a pena.
Nos dois observando Fatinha longe,
CORTA PARA:
CENA 15/ COLÉGIO/ PÁTIO/ INTERIOR/ DIA.

Ju com Gil, Lia e Vitor, Fatinha vê e vai direto pra lá, toda animada!
Fatinha — (p/ Ju) Oi, cunhadinhaaa fofa! (p/ Lia) Oi, minha
roqueirinha favorita! Meninos lindos!
Ju — Que isso, Fatinha?
Lia — Tá passando bem, garota?
Fatinha — Lia, pode ficar tranquila que a partir de agora o
Vitor é todo seu.
Vitor — (acha graça) Por quê? Você autoriza?
Fatinha — Aham. Perdeu, anjo. Adivinha quem eu tô
namorando? (t) O Bruno!
Ju — O quê? meu irmão?
Lia — (rindo) Não é possível.
Vitor — Qual é o problema? Pelo pouco que eu vi desses
dois juntos, tava na cara que ia rolar.
Fatinha — Ah... Brigada, anjo! Conheci até seus pais, Ju.
Gente, a Marta é chiquééérrima! Amei! E Olavo?
Um charme! A gente até tomou café juntos.
Ju — (começando a acreditar) Não acredito.
Fatinha — Por que, Ju? Não tô entendendo o espanto. Não
sou boa o suficiente pra namorar o seu irmão?
Nisso, Pilha vem se aproximando.
Pilha — Fatinha! Fatinha! Tu não vai acreditar!
Fatinha — Fala, meu pilhadinho. Que hoje nada me abala!
Pilha — O DJ Marlboro apareceu!
Fatinha — Jura? Sério: 2013, tô te adorando muito!
Fatinha abraça Pilha, radiante.
CORTA PARA:
CENA 16/ COLÉGIO/ SALA DOS PROFESSORES/ INTERIOR/ DIA.

Marcela e Isabela tomando um café na sala de professores.
Isabela — Quer dizer que a Raquel teve a cara de pau de
te procurar?
Marcela — Teve. Eu tava vindo pra cá e dei de cara com

ela, me esperando, na praça. No fundo, eu acho
que sinto pena dela.
Isabela — Pena? Ah, por favor...
Nisso, chega Robson com um buquê de flores para Marcela.
Robson — Professora, chegaram essas flores pra você.
Robson entrega o buquê para Marcela.
Marcela — Pra mim?! Brigada, Robson. (p/ Isabela) O
Lorenzo não é um fofo?
Isabela — Ah, mas você tá merecendo, né?
Marcela — (lê o cartão) Ué... Tá escrito só “do seu
admirador”.
Robson — (forçando intimidade) Tá podendo, hein,
fessora!
Isabela — Ô, Robson, menos! Brigadinha, o buquê tá
entregue!
Em Marcela feliz com o buquê, Robson sem graça,
CORTA PARA:
CENA 17/ COLÉGIO/ PÁTIO/ INTERIOR/ DIA.

Fatinha, Orelha, Fera e Pilha.
Fatinha — Um videoclipe! Uau!
Pilha — Começa hoje à tarde. É participação especial,
Fatinha.
Orelha — Como empresário, eu faço questão de ir junto,
avaliar as condições de trabalho. E o Fera vai de
segurança.
Fera — Segurança, não. Agente secreto.
Fatinha — Vou chamar meu namorado também!
Orelha — Namorado?
Pilha — Tá sufocando o Vitor, hein, Fatinha?
Fatinha — Que mané Vitor! Meu namorado é o Bruno.
Pilha e Orelha — (juntos) Bruno?
Fera — (atrasado) Bruno?

Orelha — Aquele que vive fazendo barraco contigo?
Fatinha — Cês vão ver...
Na alegria radiante de Fatinha,
CORTA PARA:
CENA 18/ PASSAGEM DE TEMPO/

Passagem de tempo.
CORTA PARA:
CENA 19/ JARDIM SECRETO/ INTERIOR/ DIA.

Vitor e Lia lanchando juntos, tipo um piquenique.
Vitor — Eu não entendo, Lia. A Raquel é sua mãe. Ela
veio pra ficar perto de vocês, não foi?
Lia — Cara, ela ficou anos fora, sem quase dar notícia.
Deixou meu pai segurando a onda com a minha
avó. Eu era menor que a Tatá, chorei muito,
muito, até que um dia secou. Que direito ela
tem de querer tudo de volta? E mentindo!
Usando má-fé! Por mim ela ia embora de novo!
Vitor — É, deve ser barra mesmo. Problema de família
sempre é.
Lia — Foi mal o aluguel, Vitor. Você tá passando por
uma barra bem mais pesada. Tipo, eu não tô
correndo o risco de ir pra cadeia, risco nenhum.
Vitor — Nada a ver. Essas coisas não se comparam.
Cada um com seus problemas.
Lia — Mas quer saber? Pode contar comigo. Pro que
rolar. Eu conto com você.
Na cumplicidade de Vitor e Lia lanchando,
CORTA PARA:
CENA 20/ SET CLIPE/ EXTERIOR/ DIA.

Set de MC Reizinho. Fatinha, Orelha, Pilha e Fera chegam. Fatinha ao
celular, fora de áudio. Fera, cheio de marra, com uma camiseta onde
se lê em letras garrafais “Agente secreto”, blazer ou jaqueta e óculos

escuros.
Pilha — Aí, Fera/
Fera — (corta, disfarçando) Shhh! Não fala meu nome,
sou agente secreto, mané! (abrindo a jaqueta)
Orelha — (dá uma bifa em Fera) Secreto aonde, seu
lento? Com essa camiseta?
Fera — Que foi? Não gostou?
Orelha — Tu me mata de desgosto...
Pilha — E ainda queima o meu filme!
CAM com Fatinha ao celular.
Fatinha — Eu vou mandar uma mensagem com o
endereço. Não, eu ainda vou provar figurino,
maquiar... Gato, eu sou a estrela da parada. Fui
a única pilhazete convocada pro clipe. Beijo.
Fatinha desliga o celular e tecla o endereço por torpedo. Nisso, chega
Lulu Mauro.
Lulu Mauro — Oi, quem são vocês?
Orelha, Fatinha e Pilha se olham. Fera ronda de óculos escuros
fazendo cara de mau.
Orelha — Eu sou o cara que cuida da carreira do meu
parceiro Pilha e da sua principal pilhazete, o
furacão Fatinha.
Fatinha — É isso aí. Tá no esquema, com Fatinha não tem
problema. (dá uma rebolada)
Lulu Mauro — Perfeito, você vai arrasar como uma das rainhas
do Reizinho.
Fatinha — (estranha) Uma das rainhas?
Lulu Mauro — Claro. O cara tem um harém.
Orelha — Poderoso esse Reizinho. E o Pilha?
Lulu Mauro — O Pilha vai ser o Rei.
Pilha — Eu, rei? Não entendi.
Marlboro — Você não conhece o MC Reizinho? Você vai ser o

dublê do cara! Bem que o Marlboro falou que só
podia ser você.
Pilha — Dublê? Mas não era uma participação especial?
No espanto de Pilha,
CORTA PARA:

Olavo pensativo, Marta preocupada, Ju surpresa. Papo pelo meio.
Ju — Então o Bruno tá mesmo namorando a Fatinha?
Marta — Minha filha, eu não quero parecer
preconceituosa, mas o que o Bruno vê nela?
Olavo — O que ele vê, eu sei. Também vi.
Marta — (ralha) Olavo!
Olavo — Pelo menos, a moça é franca. Em dois minutos,
abriu toda a vida dela sem a menor cerimônia.
Marta — Tão diferente do nosso filho!
Ju — É, mãe: os opostos se atraem.
Marta — Mas não se misturam. O Bruno vai se cansar
logo dela, ouve o que eu tô dizendo.
Ju — Sei não. Esse rolo já tem tempo, o problema é
que a Fatinha é... (procura as palavras)
Complicada.
Marta — E a Ana era tão boazinha... Pelo visto, voltamos
na hora certa. O Bruno precisa da gente por
perto, tá desorientado. (t) E o seu namorado?
Quando eu vou conhecer?
Ju — Você vai amar o Gil! Papai adorou. Né, pai?
Olavo — “Adorar” é um pouco demais. Nenhum pai adora
o garoto que rouba o coração de sua filhinha.
Mas parecia um bom rapaz.
Ju — Até a Lia tá namorando, mãe! Quer dizer, ela tá
quase namorando. A Lia faz jogo duro, né?
Marta — E quem é esse santo?
Ju — Um gato novo no colégio. O nome dele é Vitor.

Olavo — (se alarma) Vitor?
Marta — Que foi? Não gostou do nome?
Olavo — (disfarça) Nada, não. (se agita) Tenho que dar
uma saidinha. (saindo) Volto já.
Olavo sai. Em Marta e Ju estranhando a agitação de Olavo,
CORTA PARA:
CENA 22/ OFICINA/ EXTERIOR/ DIA.

Lia e Vitor chegando do piquenique.
Lia — Vou nessa, tenho que ir lá em casa.
Vitor — Não vai se despedir?
Ele tenta beijá-la na boca, ela não deixa.
Lia — (constrangida) Vitor... na frente de todo
mundo?
Vitor — (envolvente) Qual o problema? Beijo de amigo.
Amigo com benefícios.
Lia cede e eles dão um longo selinho. Olavo chega, desconfortável.
Olavo — (grave) Atrapalho?
O casal se separa, Vitor surpreso, Lia lívida.
Lia — (constrangidérrima) Oi, tio.
Vitor — Doutor?! A nossa reunião não era só amanhã?
Olavo — Era. Mas surgiu um fato novo.
Lia — (cautelosa) Tio, isso que você viu, o que tá
rolando entre o Vitor e eu/
Olavo — (corta, frio) Neste momento não sou o seu tio,
Lia, sou o advogado do Vitor. E vim falar com o
meu cliente.
Lia — (irônica) Entendi. E cê não mistura as coisas,
né?
Olavo — O que você quer dizer com isso?
Lia — Nada não. Vou nessa. Tchau.
Vitor — (p/ Lia) Depois a gente se fala, tá? Fica bem.

Eles esperam ela sair.
Vitor — Então, doutor Olavo? Que fato novo é esse?
Olavo — (seco) Não posso mais ser seu advogado.
Vitor — (perplexo) Como é?!
Em Olavo decidido, e Vitor atônito,
CORTA PARA:
FIM
VALE ESTE 30/01
Novela de
Colaboradores
Direção Geral
Luiz Henrique Rios
Núcleo
José Alvarenga

Cont. imediata da última cena. Olavo firme, Vitor perplexo.
Vitor — Mas por que o senhor não pode mais ser meu
advogado?! Foi alguma coisa que eu fiz?
Olavo — Na verdade, foi uma coisa que eu fiz, que
mostrou que existe um conflito de interesses.
Vitor — Desculpa, doutor Olavo, não tô entendendo.
Olavo — Pra mim, a Lia é como uma filha. E você tá se
envolvendo com ela.
Vitor — E o que isso tem a ver?
Olavo — Eu protejo a Lia do mesmo modo que protejo a
Juliana. E quando te ajudei a vir pro Rio, não
imaginei que o inquérito ia ser reaberto e que
gente perigosa estaria envolvida. Acabei me
precipitando.
Vitor — (cabreiro) Se precipitando... como?
Olavo — Alertei os pais da Lia que você tava envolvido
numa investigação sobre tráfico de drogas.
Vitor — Então é por isso que eles querem que eu fique
longe dela. O senhor não podia ter feito isso!
Olavo — Você tem toda razão. Não dei detalhes do
inquérito, e garanti que você era inocente.
Mesmo assim, feri a ética profissional.
Vitor — Mas eu confiava no senhor!
Olavo — Eu sei. Por isso você deve escolher outro
advogado, não posso mais te defender.
Em Olavo constrangido, e Vitor revoltado,
CORTA PARA:
CENA 2/ MISTURAMA/ INTERIOR/ DIA.

Bruno com Rasta e Nélio.
Nélio — Namorando?
Rasta — (p/ Nélio) Eu te disse que antes da Copa o
Bruno namorava a Fatinha, devia ter apostado.
Bruno — É, galera, tô agarrado.

Nélio — Boa, moleque, até que enfim, né?
Bruno — Então, vou lá que eu fiquei de assistir a Fatinha
dançando num clipe de funk aí.
Nélio — Com todo o respeito, dá pra galera ir?
Rasta — (inocente) Com todo respeito.
Bruno — Sai fora, rapá. Vai ficar vendo minha mulher
dançar funk aonde? Fica aí, pega um suquinho
de beterraba na minha conta...
Rasta — Hm. Clipe de funk, tua mina toda gata
dançando, cheio de macho em volta... Aí,
Brunão, tu vai ter que segurar tua onda, hein?
Bruno — Vou tentar, né? É uma oportunidade profissional
maneirona pra ela. Ganhar uma grana, botar a
cara... Tenho que apoiar.
Rasta — E esse clipe é só o começo. Tá ligado que cê tá
namorando a Fatinha, né?
Nélio — E logo você que eu já vi ser chamado de
machista por aí. Só tô falando.
Bruno — (indo) Tranquilo. Não sou tão machista assim
não.
Nélio — (zoa) Não, não...
Rasta — (zoa) Claro que não, imagina...
Bruno vai embora dando uma banana.
CORTA PARA:

Orelha, Fera e o diretor, Lulu Mauro, ali. As Rainhas ensaiam a
coreografia sobre um fundo chroma ou cenário. (sugestão: o cenário
do clipe virtual ou real remete a realeza: brasão, coroa, castelo,
tronos, etc.) Fatinha tenta ficar no primeiro plano, mas as Rainhas
passam a sua frente, rebolando. Pilha dançando com várias.
Lulu Mauro — Para, para tudo! (p/ Pilha) Ô meu filho, você aí,
baixinho, se liga! Tá pensando que tá no baile?
Você é só um dublê! É pra ficar parado,
marcando a posição do MC Reizinho no ensaio.
Orelha chega em Lulu Mauro.
Orelha — Salve, colega! Acho que tá rolando um mal-
entendido aqui. O Pilha, é um funkeiro famoso,
pergunta pro Marlboro! Acho que ele podia ser
melhor aproveitado, fazer uma participação
especial.
Lulu Mauro — Garoto, eu nem sei o que você veio fazer aqui,
mas especial no clipe do Reizinho só tem um: o
MC Reizinho, o rei do passinho, valeu?
E sai falando no rádio. Fera se aproxima de Orelha.
Fera — Moleque, quanta mulher!
Fera baba pelas Rainhas ensaiando a coreografia. Bruno entra no set.
Fatinha animada dá tchauzinho no meio das Rainhas.
Lulu Mauro — Alô, Rainhas! Vamos maquiar e colocar o
figurino que MC Reizinho tá chegando!
As meninas vão dispersando. Fatinha corre para Bruno e o beija!
Fatinha — Oi, moreno!
Bruno — Oi, minha gata!
Orelha — (p/ Fera) Ih, Feroz, parece que o Bruno assumiu
mesmo.
Fera — Assumiu? Vai dizer que o Bruno virou...
Fatinha — Virou meu namorado, sua anta! Né, mor?
Bruno dá um beijo de confirmação em Fatinha.
Pilha — É, o sonho acabou.
Fatinha — (p/ Bruno) Eu não devia ter te chamado aqui.
Bruno — Por quê?
Fatinha — Muita mulher nesse lugar.
Fera — Pô, e é só top de linha. Tô até nervoso. (Olha

Fatinha brava) Desculpa, Fatinha, você é a mais
gostosa. Fato. (olha Bruno) Desculpa, Bruno,
com todo o respeito, cara. Cê que manda.
Lulu Mauro — (p/ Fatinha) Você ainda tá aí? Vai se trocar!
Fatinha beija Bruno e sai. Em Pilha, Orelha e Fera olhando Bruno,
CORTA PARA:
CENA 4/ APTO LIA/ QUARTO LIA/ INTERIOR/ DIA.

Lia juntando suas roupas, num mochilão. Paulina e Tatá observam.
Tatá — Lia, você vai mesmo pra casa da Marcela?
Lia — Vou. Não tem mais como ficar aqui.
Tatá corre pra abraçá-la, triste.
Tatá — Não quero que você vá!
Paulina — Calma. Vai ser melhor pra sua irmã passar um
tempo na Marcela, colocar a cabeça no lugar.
Lia — Eu não tô me mudando pra outra cidade, vou
ficar aqui na frente, pertinho de você...
Tatá — Mas não é a mesma coisa! E quando eu tiver
pesadelo? Não vou poder ir pra sua cama.
Lia — Tem a vovó, só tô indo porque sei que ela vai tá
aqui, com você, pirralha.
Paulina — (p/ Tatá) Você pode dormir comigo, se quiser.
Lia — E olha o lado bom: você não vai mais precisar
ouvir guitarra nem dividir o computador!
Tatá — Lia, se você ficar, eu prometo que nunca mais
reclamo da tua guitarra e só mexo no
computador quando você não tiver usando.
Lia — (comovida) Só você mesmo. Me dá um abraço,
vai. Eu te amo, pirralha...
Tatá — Também te amo, sua chata...
Tatá abraça Lia, as duas emocionadas.
CORTA PARA:

Fatinha chegando feliz no set com um figurino bem pequeno. Pilha,
Orelha e Fera cercam a funkeira.
Pilha — Ai, papai...
Orelha — Que saúde, hein?
Fera — Não vou nem falar nada.
Bruno — Ô do colegial, cês não têm o que fazer?
Orelha — Boa, Bruno. (começa a gravar Fatinha) Tem
mais é que registrar pra posteridade.
Bruno baixa a câmera e se afasta puxando Fatinha.
Bruno — E esse figurino, Fatinha? Não tinha menor, não?
Fatinha — Não. E olha que eu procurei, mas não achei a
camareira. Esse é PP.
Bruno — Pô, Fatinha, pega um maior lá. Um M, G, vai.
Fatinha — Ah, moreno, tô trabalhando. Preciso me
destacar entre as Rainhas do funk.
Bruno — E precisa ser assim?
Fatinha — Ah, cê tá exagerando. Ó. Se é pra atrapalhar é
melhor cê ir embora...
Bruno — E deixar você sozinha? Desse jeito? Nunca.
Fatinha — Bruno, cê tá com ciúmes? Que fofo. Decora. Eu
tô contigo, amor.
Atenção Sonoplastia: o Lulu Mauro fala no áudio do estúdio.
Lulu Mauro — Gente, aos seus lugares. Sua Majestade tá
estacionando o carro. Em minutos, MC Reizinho
vai tá aqui. Se vacilar, cabeças vão rolar!
Um assistente começa a desenrolar um tapete vermelho.
CORTA PARA:

Vitor com Rosa, o lugar meio vazio. Vitor preocupado.
Vitor — Pô, o doutor Olavo pisou na bola comigo,

Rosinha. Ele não tinha o direito de falar nada
pros pais da Lia.
Rosa — Ele é um bom homem, Vitinho. E te ajudou
muito, não esqueça. É que ele é muito amigo da
família da Lia, é praticamente um parente.
Vitor — Mas é meu advogado, quer dizer, era, né? E ele
tinha que me preservar, (baixo) não podia
contar que eu tava enrolado num inquérito sobre
drogas. Agora nunca vão confiar em mim.
Rosa — Olhe, Vitinho, eu conheço a família da Lia, o
doutor Lorenzo, a dona Paulina, trabalhei muito
tempo pra eles. São boa gente. Por que cê não
procura eles e conta a sua história? Tenho
certeza de que vão te entender.
Vitor fica pensativo.
CORTA PARA:

Corre-corre no estúdio em fast, com equipe ajustando cenário,
iluminação e câmeras. Tudo para de repente. PV de MC Reizinho. As
Rainhas se perfilam, suspirantes. Lulu Mauro sorri, nervoso,
alinhando as Rainhas. Um assistente ajusta um spot para Reizinho,
que anda pelo tapete vermelho. Ele percorre as Rainhas, todas
sorrindo exageradamente, entre elas Fatinha, que vai de um sorriso a
uma expressão de surpresa boquiaberta. Bruno, Orelha, Fera e Pilha
perplexos olham para o MC.
Imagens recortadas de MC Reizinho, sem vermos o rosto: Botas...
Correntes de ouro... Vários anéis... cabeleira Black Power...
Pilha — Caô! Esse é o MC Reizinho?
Finalmente, vemos MC Reizinho. Ele é igual a Pilha, mas tem o cabelo
black e costeletas, usa botas de salto alto e acessórios reluzentes.
(Peter vai contracenar com ele mesmo). Na surpresa de Pilha e MC
Reizinho se encarando,
CORTA PARA:
CENA 8/ APTO LIA/ SALA LIA/ INTERIOR/ DIA.

Lia coloca a mochila nas costas. Tatá e Paulina, ali.
Lia — (P/ Tatá) Qualquer dia desses, passo aqui e te

levo pra comer waffle, fechou?
Tatá — (se conformando) Tá. Vou cobrar.
Paulina — Lia, vai me ligando, me dando notícias.
Lia — Gente, olha o drama! Parece que eu tô indo
morar na China! Se bater saudade, em cinco
minutos, cês tão na Marcela.
Nisso, chega Raquel.
Raquel — Então você vai embora mesmo, filha? E pra casa
da Marcela.
Lia — Você tinha alguma dúvida, Raquel?
Na reação de Raquel,
CORTA PARA:
INTERVALO COMERCIAL
CENA 9/ APTO LIA/ SALA LIA/ INTERIOR/ DIA.

Raquel, diante de Lia. Tatá e Paulina, apreensivas.
Raquel — Eu nunca quis que você saísse daqui, Lia. Pelo
contrário, fiz tudo o que fiz pra ficar perto de
você e da Tatá. Essa casa é sua também.
Lia — A que você usou como garantia do empréstimo?
Não é mais minha, nem sua, é do banco.
Paulina — Lia, por favor, sem brigas na frente da Tatá...
Raquel — Eu quero que você saiba que já marquei uma
conversa na comunidade, com o pessoal da
ONG. Vou contar toda a verdade.
Lia — Já devia ter feito isso há muito tempo.
Raquel — Você tem que entender que não é fácil pra mim.
Vou jogar fora minha carreira, uma vida toda,
vai ser humilhante...
Lia — Na boa? A partir de hoje, o que você faz ou
deixa de fazer não me interessa mais!
Tatá — Para, Lia!

Paulina — Por favor, chega dessa discussão/
Lia — (corta) Chega mesmo. Vou viver minha vida
sem você, Raquel! Me esquece! Você é boa
nisso.
Raquel — Filha...
Lia sai, batendo a porta. Raquel, passada. Tatá a abraça.
Tatá — Mãe, não fica assim. Não liga pro que a Lia tá
dizendo... Ela fala um monte de besteira, depois
se arrepende... Quer que eu vá com você na
comunidade? Eu te ajudo.
Raquel — Brigada, querida, mas eu preciso encarar essa
sozinha.
Em Raquel tensa e Paulina triste,
CORTA PARA:

Pilha e MC Reizinho. Bruno, Orelha, Fera, Fatinha e Lulu Mauro.
MC Reizinho — Alguém pode me explicar o que esse projeto de
pigmeu tá fazendo aqui?
Pilha — O cara me chamou de pigmeu? Em cima desse
salto plataforma é mole!
Fera — Ué. Dois Pilha?
Orelha — Agora entendi por que o dublê tinha ser o Pilha.
O Lulu Mauro se aproxima de Reizinho.
MC Reizinho — Lulu Mauro, tira esse mico de circo do meu set,
rapidinho, vai!
Lulu Mauro — Mas meu rei, esse carinha aí é o seu dublê!
Quem fica no sol, esperando a câmera? Quem
fica molhado na cena de chuva? Quem leva o
tombo na cena da briga? Ele! O pigmeu!
MC Reizinho — Sei...
Pilha — Chuva? Briga? Peraí...
Lulu Mauro — Shh! Quieto. Vai lá se vestir! Anda!
Pilha sai dali cabisbaixo. Reizinho anda entre rainhas e para em

Fatinha.
MC Reizinho — E as Rainhas são de quem?
Lulu Mauro — Todinhas suas MC Reizinho!
Todas sorriem e se derretem. Reizinho pega na mão de Fatinha.
MC Reizinho — Aí cê tá falando! Oi, Rainha...
Fatinha sorri, faceira e dá uma trejeito. Bruno tenso.
Fatinha — Ooooiiii...
Uma camareira misteriosa, Marizete, surge de um canto do cenário e
observa a cena (por uma incrível coincidência, ela nunca está quando
Pilha está em cena).
Bruno — (p/ Orelha) Que palhaçada é essa?
Orelha — Segura a onda, namorado. Esse é o showbisss.
Em Marizete, que continua observando tudo.
CORTA PARA:

Lia com uma cara emburrada, de mochilão indo pra casa da Marcela.
Vitor sai do Misturama, animado:
Vitor — Lia?! Que cara é essa?
Lia — Acabei de brigar com a minha mãe, pra variar.
Mas foi a última vez.
Vitor — (ponderando) Não fala assim. Ela pode tá
fazendo tudo errado, mas é sua mãe.
Lia — Só foi até eu ter 10 anos de idade, depois foi
embora. Agora fica aí, culpada, mandando mal.
(t) Mas e você? Como foi com o tio Olavo?
Vitor — Ele tirou o time de campo. Não é mais o meu
advogado.
Lia — Por quê?
Vitor — Por sua causa. Ele não quer misturar trabalho
com amizade.
Lia — (suspira e confessa) Ele que contou pros meus

pais sobre você, sabia? Eu ia falar, mas/
Vitor — (corta) Eu sei. Mas tô pensando em conversar
pessoalmente com eles. Que que cê acha?
Lia — Falar com meu pai? Claro. Sobe comigo. Minha
mãe, esquece. Ela não já tem mais nada a ver.
Os dois seguem pra casa de Marcela.
CORTA PARA:

Marcela arruma um canto da casa pra Lia. Lorenzo vem de dentro.
Lorenzo — Esse vai ser o cantinho da Lia?
Marcela — Então, você acha que ela vai gostar?
Lorenzo dá um abraço e um beijo em Marcela.
Lorenzo — Meu amor, eu nem sei como te agradecer. Essa
minha família só te dá trabalho.
Marcela — Deixa de frescura, Lorenzo! (se toca) Aliás, eu
tinha esquecido. Adorei as flores que você
mandou pro Quadrante.
Lorenzo — (surpreso) Flores?! Que flores?
Marcela — Deixa de ser sonso, “do seu admirador”.
Lorenzo — (bolado) Juro que não fui eu.
Marcela — Não? (desconversa) Ah, deixa pra lá, deve ter
sido um engano. Vai ver era pra outra pessoa.
Lorenzo fica encafifado. Lia e Vitor chegam da rua.
Lia — Oi gente! (abraça) Pai, que bom que você tá em
casa. O Vitor quer falar com você.
Na surpresa de Lorenzo;
CORTA PARA:

MC Reizinho faz caras e bocas para a câmera. Fatinha entre as
rainhas. Bruno atento. Pilha, Orelha e Fera atrás das câmeras.
Pilha — Esse cara é rei de quê, mano? O cara tem a

maior cara de mané.
Orelha — Tá ligado que teoricamente, você tá dizendo que
tu também tem cara de mané, né, mané?
Fera — Cês são iguais!
Orelha e Fera riem.
MC Reizinho — Lulu Mauro, esse pintor de rodapé veio aqui pra
fazer gracinha com os amigos? Botem esse
pivete pra trabalhar enquanto eu descanso
minha beleza.
Lulu Mauro — (P/ Pilha) Ô pigmeu, troca de roupa. (P/ equipe)
Levem ele daqui!
O figurinista leva Pilha. Contra regras armam uma porta no meio do
set. MC Reizinho se aproxima de Fatinha.
MC Reizinho — Gata, hoje é o seu dia de brilhar ao lado do seu
Rei. Como é o seu nome?
Fatinha — Eu sou a Fatinha...
Bruno — E eu sou o Bruno, namorado dela.
MC Reizinho — Namorado? Eu pensei que era teu maquiador,
princesa! (ri canalha)
Bruno disfarça e ri, fingindo achar graça da piada, mal humorado.
Marizete surge num canto, observando, com raiva.
MC Reizinho — Ó, aprende uma coisa, em set de gravação, só
profissional. O namorado cê deixa em casa.
Bruno — Olha aqui ô/
Bruno vai responder, Fatinha o segura. Lulu Mauro se manifesta, ele
passa perto de Marizete, que se esconde novamente, desaparecendo.
Lulu Mauro — O dublê tá pronto? Todo mundo na posição?
Pode vir.
Pilha entra caracterizado como Reizinho, se achando. Ele passa pela
porta armada no set. Um balde de tinta cai na cabeça dele. Reizinho
morre de rir.
MC Reizinho — (rindo) Ficou bom não! De novo!
Em Pilha sofrendo,
CORTA PARA:

Marcela e Lia ali. Vitor já se explicando para Lorenzo.
Vitor — Desculpa se eu vim assim, sem avisar, mas eu
preciso muito conversar com o senhor.
Lorenzo — Olha, meu filho, sinceramente, eu acho que a
gente não tem nada pra conversar.
Vitor — É que eu fiquei sabendo que o doutor Olavo
comentou sobre o meu caso. E eu tenho o
direito de me defender.
Marcela — (perdida) Do que que vocês tão falando?
Lorenzo — Desculpa, Marcela, mas é melhor eu conversar
com esse rapaz em particular.
Marcela — Lia, vamos tomar um suco no Misturama?
Lia — Acho melhor eu ficar.
Vitor — Eu prefiro conversar a sós com seu pai. Pode
ser?
Lia — Ok. (vai saindo) Então, vamos ao suco, Marcela.
As mulheres saem de braços dados. Lorenzo vira-se para Vitor.
Lorenzo — Tô de saída pro trabalho, seja breve, por favor.
Em Vitor tomando fôlego,
CORTA PARA:
CENA 15/ CRECHE/ INTERIOR/ DIA.

Raquel, resignada, diante do Holandês, de dona Filó e de alguns
representantes da comunidade, todos já perplexos.
Raquel — ...E foi por isso que as obras da creche
demoraram tanto. Só me resta pedir perdão à
comunidade da Balaiada, e à direção da ONG.
Holandês — (c/ sotaque) Absurdo! Nunca imaginar que você
roubaria dinheiro do ONG!
Dona Filó — Bem que eu desconfiei que tinha alguma coisa
errada. Dinheiro na mão é vendaval.
Raquel — Já devolvi tudo. A creche taí, pronta e

funcionando, e o ambulatório já tem alicerce.
Isso não conta?
Holandês — Conta, o ONG não vai tomar medidas legais.
Mas não podemos admitir desvio de dinheiro. A
confiança acabou.
Raquel — (resignada) Eu sei, tô me desligando da ONG.
Dona Filó — A doutora trabalhou tanto e me faz uma dessas.
Raquel — Eu mesma destruí o meu trabalho, dona Filó.
Depois de anos de dedicação à causa
humanitária. Agora, tenho que arcar com as
consequências.
Chega um garoto aflito.
Garoto — Dona Filó, corre! O Bocão tava soltando pipa na
laje, engasgou com a bala e caiu!
Dona Filó — Jesus, Maria e José!
Raquel — (p/ garoto) Sou médica, me leva até ele!
Na agitação dos três.
CORTA PARA:
CENA 16/ CAMARIM RAINHAS/ INTERIOR/ DIA.

Rainhas diante dos espelhos retocando maquiagem, ajeitando os
peitos dentro da roupa, passando cremes, etc. Fatinha entre elas
passa batom. Marizete se aproxima de Fatinha e discretamente a
chama, sussurrando, para um canto.
Marizete — Psiu... Ei, garota. Deixa eu arrumar seu figurino.
Marizete começa a ajeitar Fatinha que não entende nada.
Fatinha — Você é estranha...
Marizete — (fala mais baixo) Presta atenção, cuidado com o
MC Reizinho! Ele não presta.
Fatinha — Oi?
Marizete — Eu já fui Rainha dele. Me colocou nas alturas,
que nem um troféu, e depois cansou. Não quis
mais saber de mim. A única coisa que me restou
foi virar camareira...
Fatinha — Ah, então você que é a camareira. (se vira e

grita) Gente, tá aqui a camareira, quem é que
tava querendo trocar o top?
Mas no que Fatinha se vira de volta para Marizete, ela sumiu
misteriosamente e não está mais lá.
Fatinha — Ué... Que estranho, ela tava aqui agorinha...
Em Fatinha bolada sem entender nada,
CORTA PARA:

Lá fora. Orelha pilha Bruno enquanto filma. Fera com eles.
Orelha — Acho que o MC Reizinho gostou da Fatinha.
Bruno — (p/ Fera) Aí... Fera né? Esse moleque é sempre
chato assim?
Fera — Às vezes, piora...
Bruno — Imaginei.
Orelha — Não, sério, tu é bonitão e coisa e tal, mas se
liga hein? Vi maldade ali no MC e sabe como é, a
Fatinha toda simpática...
Bruno — Tô ligado. Mas o que interessa é que a Fatinha é
só minha, valeu? (e sai)
Fera — Cara de sorte...
Orelha — Ô...
Nos amigos olhando Bruno ir,
CORTA PARA:

Já abre no meio da conversa entre Lorenzo e Vitor.
Vitor — Eu sei que essa história ainda tá longe de
terminar, mas eu vou provar que sou inocente.
Lorenzo — Pelo que eu percebi, todo mundo acredita na
sua inocência. O problema é que eu fico
preocupado com a minha filha.
Vitor — Lorenzo, eu prometo que se algum dia eu

perceber que vou prejudicar a Lia, me afasto
dela na mesma hora. Pode confiar em mim.
Lorenzo — Pra confiar em você, eu preciso saber o que
você pretende.
Vitor —Eu gosto dela. Só queria poder ficar com ela
numa boa. E vou respeitar os seus limites. Sem
passeios de moto e sem sair do bairro, por
exemplo.
Lorenzo — Uma coisa que eu já aprendi é que é difícil
proibir a minha filha de qualquer coisa. Mas foi
bom a gente ter conversado, tô me sentindo
mais tranquilo.
Vitor — E só quero bem a sua filha.
Lorenzo — Muito bem. Vou te dar um voto de confiança. E
agora eu tenho que ir trabalhar.
Vitor — O senhor não vai se arrepender.
Lorenzo estende a mão pro Vitor. No cumprimento cordial,
CORTA PARA:

Nando por ali, à parte. Marcela com Lia.
Lia — (ansiosa) Ah, queria ter ficado lá...
Marcela — Deixa eles se acertarem. Olha, eu não sei qual o
problema que o Lorenzo tem com o Vitor, ele
não me falou nada. E eu também não quis me
intrometer. Mas eu acho o Vitor um bom rapaz.
Pelo menos como professora, não tenho
nenhuma queixa. E se você diz que ele é legal,
eu acredito.
Lia — Ele é, sim, Marcela. E tem sido super importante
pra mim. No meio dessa loucura que virou a
minha vida, foi a melhor coisa que me
aconteceu.
Marcela — Vocês tão namorando?
Lia — Não! Que ideia.
Marcela — Ah, qual o problema? Namorar é ótimo...

Lia — Não acho. Ele é só meu amigo. Um bom amigo.
(t) Vou ali no banheiro, já volto, tá?
Marcela — Hm. Amigo? Sei.
Lia sai. Nando se aproxima, todo pimpão.
Nando — Olá, minha loira má predileta, vai aí um suco de
clorofila pra deixar a vida mais reluzente?
Marcela olha Nando, desconfiada.
Marcela — Foi você, né?
Nando — Eu? O quê?
Marcela — Foi você que me mandou as flores, né, seu
palhaço?
Nando — Não mandei flor nenhuma, tá maluca, cascavel?
Marcela —Fala a verdade, seu ogro metido a Don Juan.
Voltou a tirar onda comigo, foi?
Nando — Escuta aqui, ô jararaca atlética, não existe
chance de eu te enviar flores. Só se for uma
coroa de flores no teu velório!
Nando sai, resmungando. Marcela continua encafifada.
Marcela — Se não foi esse ogro maldito, quem foi?
Nas dúvidas de Marcela.
CORTA PARA:

Pilha está cercado pelas Rainhas com seus trajes pequenos. Fatinha
ali por perto. Pilha é só felicidade.
Pilha — Nunca vi tanta mulher bonita e tão perto!
Brigadinho, papai do céu...
O diretor traz Pilha de volta à realidade.
Lulu Mauro — Pô, fica parado aí, moleque. Não vê que o
câmera tá tentando fazer o foco?
Pilha — Foi mal... mas é que é muita... emoção!
Fatinha — Tu tá me saindo melhor do que a encomenda,

hein, seu assanhado.
Pilha — Pô, Fatinha, cê é e sempre será a minha deusa,
mas é que isso aqui tá bom demais.
MC Reizinho se aproxima, irritado.
MC Reizinho — Que é que esse palhaço tá fazendo de papo com
as minhas Rainhas?
Lulu Mauro — Nada, majestade, ele só tá marcando o foco.
MC Reizinho — Se tem uma coisa que eu não tolero é gavião
arrastando asa pra cima das minhas Rainhas. Se
bem que esse esqueleto aí tá mais pra galinha
d’Angola, tô fraco, tô fraco...
Todos riem, inclusive as Rainhas. Pilha fica humilhado.
MC Reizinho — Fala sério, não tinha ninguém mais feio do que
esse mané aí pra botar de meu dublê? Passa
fora, ô flagelado. Já podemos gravar?
Lulu Mauro — Claro, meu rei! (p/ Pilha) Sai fora, moleque, vai
comer alguma coisa, esfomeado!
Pilha vai até o lanche. Bruno assistindo tudo com cara de poucos
amigos.
Lulu Mauro — E agora chegou a hora do nosso Rei escolher
sua Rainha para o solo...
Orelha — (p/ Bruno) Adivinha quem vai ser?
Bruno — Vai ficar me enchendo o saco?
Orelha faz que sim. Bruno se contém, mas continua irritado.
MC Reizinho — Deixa eu ver qual a tchuca que vai dançar
comigo?
Frisson entre as Rainhas. Todas sorridentes, sensualizando para
Reizinho. Fatinha imita as concorrentes, abre o sorrisão, faz pose.
Reizinho vai escolhendo, meio entediado. Marizete surge escondida,
observando a cena, e logo se esconde.
MC Reizinho — Você, não. Você também não. Você eu já

peguei, você eu não quero mais pegar, você
não... Você, também não... espera! (p/ Fatinha)
Você que é a novinha, né? Hummmm.
Fatinha — É Fatinha, lembra?
Lulu Mauro — É indicação do DJ Marlboro...
MC Reizinho — Até que dá pro gasto... tá escolhido! Tu vai
dançar comigo, ô, Novinha.
Fatinha — (vibra, feliz) Ai, obrigada, MC Reizinho. Cê não
vai se decepcionar.
MC Reizinho — Claro que não.
Pilha observa, humilhado, do canto onde está o lanche. (fora do
ângulo de Marizete)
Pilha — Que é que esse seboso tem que eu não tenho?
Fera — Além de sucesso, grana, carrão e um bando de
mulher?
Orelha — Ô, Fera, faltou a Fatinha. Ops, foi mal aí, Bruno.
Bruno — Meu irmão, mais uma e você morre.
Orelha — Cara, teu problema não sou eu, não.
Bruno e Orelha olhando MC Reizinho já de papinho com Fatinha.
CORTA PARA:
CENA 21/ HOSPITAL/ INTERIOR/ DIA.

Bocão na maca, escoriado e inconsciente, um plantonista com ele.
Dona Filó atrás deles, nervosa. O maqueiro empurra a maca, Raquel
os acompanha, dando instruções ao plantonista.
Raquel — (p/ plantonista) Queda, obstrução alta, apliquei
a manobra de Heimlich. Pelo menos três minutos
de asfixia. Inconsciente o tempo todo. Vou me
trocar.
A maca segue para dentro. Raquel se detém com dona Filó.
Dona Filó — É grave, doutora?
Lorenzo chega, vê Raquel e se dirige a ela.
Raquel — (p/ Dona Filó) Vou entrar com ele, assim que
souber alguma coisa venho lhe dizer.
Lorenzo — (preocupado) Raquel?! O que aconteceu?
Raquel — (entrando) Depois, Lorenzo. Tô atendendo.
Em Raquel sumindo corredor adentro,
CORTA PARA:

A filmagem segue de vento em popa, com muita fumaça, ventiladores
agitando os cabelos, gruas, etc. MC Reizinho e Fatinha dançando em
primeiro plano, as demais Rainhas rebolando atrás. Nos bastidores,
Bruno observa tenso. Animado com a performance de Fatinha, MC
Reizinho vai se aproximando dela, cheio de más intenções. No
começo Fatinha acha que faz parte da dança, mas logo ela saca as
reais e más intenções de Reizinho. Fica incomodada.
Fatinha — (entredentes) Peraí, cara.
MC Reizinho — Qualé, novinha? Jogo duro pra cima de mim? Tu
não queria ser Rainha? Cai dentro.
Fatinha — Eu vim aqui pra dançar.
MC Reizinho — Então, dançou.
Fatinha rebola e escapa das garras de MC Reizinho. Ele tenta
novamente, agora mais agressivo. Fatinha sem graça.
Fatinha — Para, assim não.
MC Reizinho — Cê não entendeu quem manda aqui?
Fatinha — (entredentes) Me larga!
MC Reizinho — Deixa de marra e vem cá, gostosa...
Ele agarra Fatinha de jeito. Ela não consegue se soltar dele. Bruno
perde a paciência. Ele invade o set, irritado.
Bruno — Acabou a palhaçada! Tira a mão da minha
namorada, agora!
Na fúria de Bruno,
CORTA PARA:
FIM
VALE ESTE 30/01
Novela de
Colaboradores
Direção Geral
Luiz Henrique Rios
Núcleo
José Alvarenga

Cont. imediata da última cena do cap. anterior. Bruno se mete entre
Fatinha e MC Reizinho, interrompendo a gravação.
Bruno — Acabou a palhaçada! Tira a mão dela, seu
tarado.
Lulu Mauro — Corta, corta! Quem deixou esse maluco entrar?
Fatinha — Bruno, mas o que é isso?
MC Reizinho — Quem é esse cara?
Fatinha — Ahn... É o meu namorado, lembra?
Bruno — É isso aí! Sou o namorado e não vou deixar
você se aproveitar dela, seu babaca.
MC Reizinho — Audácia do plebeu! Chamou MC Reizinho de
babaca?
Lulu Mauro — (p/ Bruno) Peraí, garotão, você não pode
interromper nosso trabalho por causa de ciúmes.
Bruno — Não é ciúmes! Todo mundo viu o que tava
rolando. Esse babaca tava pegando ela à força.
Fatinha — Bruno, cê tá me envergonhando.
Lulu Mauro — Meu filho, eles estavam só interpretando. É tudo
ficção, mentirinha, entende? Trabalho.
Bruno — E essas marcas no braço dela são mentirinha
por acaso? Ele tava forçando a barra!
MC Reizinho — Não gravo mais!
Lulu Mauro — Calma, Reizinho...
MC Reizinho — MC Reizinho não grava mais enquanto esse
troglodita estiver no set. Aliás, chega! Por hoje
acabou!
E sai batendo pé.
Lulu Mauro — Reizinho... (mas ele não volta) Atenção todo
mundo, a partir de amanhã não será permitida a
entrada de quem não for do elenco ou equipe do
videoclipe. Entenderam?
Fera — (levanta a mão) Eu sou da equipe?
Lulu Mauro — Não quero ver nem você nem nenhum dos seus
amiguinhos aqui! Fo-ra!
Lulu Mauro vai atrás de MC Reizinho. Bruno sem graça se aproxima
de Fatinha, que está arrasada.
Fatinha — Pô, Bruno! Você tinha que estragar tudo? E se
ele não quiser mais que eu seja a Rainha,
amanhã?
Bruno — Po, Fatinha, tava tentando te ajudar.
Fatinha — Grande ajuda! Sei me defender sozinha, valeu?
Sempre foi assim!
E sai dali, chorosa. Bruno fica incomodado.
CORTA PARA:
CENA 2/ HOSPITAL/ INTERIOR/ DIA.

Dona Filó nervosa, Raquel a tranquiliza. Lorenzo com elas, atento.
Raquel — Já tá tudo bem, dona Filó.
Dona Filó — Tem certeza? O Bocão entrou aí desmaiado!
Raquel — Mas já acordou, e não teve complicações.
Dona Filó — Se não fosse a senhora lá... (abraça Raquel) Eu
sabia que no fundo, o seu coração era bom!
Obrigada!
Dona Filó abraça Raquel, que fica sem graça. CAM registra a reação
de Lorenzo, satisfeito.
Raquel — (sem jeito) Não precisa agradecer, esse é o meu
trabalho. (brinca) Vai ficar aqui perdendo tempo
comigo, ou quer ver o Bocão?
Dona Filó — (sai do abraço, agitada) Posso?
Raquel — Terceira porta à esquerda.
Dona Filó — (entrando) Deus lhe pague!
Dona Filó some corredor adentro. Lorenzo se aproxima de Raquel.
Lorenzo — Parabéns, você salvou o garoto.
Raquel — Ele é que me salvou. Hoje, sujei pra sempre

meu nome no meio das organizações
humanitárias. Mas ajudar esse menino hoje me
lembrou o começo de tudo. Me deu forças.
Lorenzo — Você sempre foi uma boa médica.
Raquel — (olho no olho) E eu percebi que trabalhar nesse
hospital não é uma derrota.
Lorenzo — Claro que não. É apenas outra forma de salvar
vidas. Não é menos digno, vivo isso diariamente.
Raquel — Vou lutar para ter de volta a vida que
abandonei, Lorenzo.
Lorenzo — (tenso) Já falamos nisso, nós dois/
Raquel — (corta, firme) Eu sei. Não sou mais sua esposa.
Mas, enquanto eu viver, vou ser mãe. E vou
fazer o impossível pra merecer o amor da Lia.
Na determinação de Raquel,
CORTA PARA:

Lia conversando com Vitor.
Lia — Que bom que você se entendeu com meu pai.
Agora, a gente podia dar uma volta de moto.
Vitor — Tá louca? Agora que eu ganhei a confiança dele,
acha que vou estragar tudo?
Lia — (provoca) Só uma voltinha.
Vitor — Não rola.
Lia — (brinca) Mas é muito puxa-saco mesmo!
Vitor — (sério) Só quero que ele confie em mim.
Lia — (dá um beijinho no rosto) Eu sei. Tava só
brincando.
Vitor — (pega o celular) Eu preciso agora falar com o
doutor Olavo.
Lia — Falar o quê? Pô, ele te entregou pros meus pais.
Esqueceu?
Vitor já vai teclando.

Vitor — Mas foi ele que me tirou da cadeia. (no telefone)
Alô, doutor Olavo, é o Vitor. Será que dá pra
gente se encontrar?
Na esperança de Vitor,
CORTA PARA:

(ou um canto do set) Sentada diante do espelho iluminado, Fatinha
choraminga, a maquiagem borrada. As outras Rainhas a olham de
soslaio enquanto trocam de roupa, fazem comentários baixinho,
fazem muxoxo.
Rainha 1 — Pô, colega, nada a ver aquele showzinho do teu
namorado, hein? Prejudicou geral...
Rainha 2 — Eu achei ótimo, quem sabe amanhã a Rainha
sou eu? Porque cê vai ser demitida, né?
Fatinha — Pô, logo quando eu consigo a minha grande
chance... não é justo!
Bruno entra no camarim, a mulherada se alvoroça. Assobios,
gracinhas. Ele se aproxima de Fatinha, que seca as lágrimas e limpa
a maquiagem borrada.
Bruno — Pô, gata, desculpa. Eu só quis te proteger. Ele
tava sendo agressivo com você.
Fatinha — Cê acha que esse é o primeiro babaca que tenta
se aproveitar de mim? Eu já tinha controlado a
situação.
Bruno — Mas cê sabe que ele tava passando dos limites!
Tava pegando pesado, olha seu braço.
Fatinha — Cê acha que ele ia fazer o quê na frente de todo
mundo? Não ia rolar nada.
Bruno — O pior é que eu sei que ele vai tentar de novo.
Fatinha — E eu vou dar um chega prá lá nele. Po, Bruno, e
se eu for demitida por sua causa?
Bruno — Mas/
Fatinha — (corta) Mas nada. Se você não confiar em mim,

não dá pra continuar. Dá licença que as meninas
precisam trocar de roupa? Tá atrapalhando.
Bruno sai.
Rainha 1 — Colega, vou te dar um conselho, namorado
ciumento não combina com funk, não.
Em Fatinha bolada.
CORTA PARA:
CENA 5/ SET CLIPE/ INTERIOR/ DIA.

Orelha, Pilha e Fera desolados. Bruno chega neles.
Orelha — É, Bruno, arrasou, hein? Acabou com a diversão
da galera.
Fera — Pelo menos peguei o telefone de três dessas
gostosas. Me dei bem.
Bruno — (p/ Orelha) Moleque, você gravou tudo que
rolou?
Orelha — Óbvio, principalmente aquela parte que você
acaba com o clipe. Por quê?
No olhar decidido de Bruno,
CORTA PARA:

Vitor diante da portaria. Severino vem falar com ele.
Severino — E aí, rapaz? Não vai subir?
Vitor — Não. Só tô esperando o doutor Olavo. Deve tá
chegando.
Severino — Tudo bem. Vou entregar uma correspondência
no 204. Qualquer coisa é só interfonar.
Vitor — Valeu! Obrigado.
Severino vai pra dentro do prédio. Vitor fica por ali ansioso.
CORTA PARA:
CENA 7/ CAMARIM REIZINHO/ INTERIOR/ DIA.

Lulu Mauro com MC Reizinho.
MC Reizinho — Lulu Mauro, na moral, meu reino tá uma zona!

Namoradinho dando piti no meio do meu
passinho? Quem dá piti aqui sou eu! Eu sou ou
não sou o rei?
Lulu Mauro — Pode deixar, Reivaldo, que amanhã isso não se
repete.
MC Reizinho — Quantas vezes eu falei pra não me chamar de
Reivaldo? É Reizinho! MC Reizinho, caramba!
Lulu Mauro — (saindo) Claro, Reizinho, desculpa Reizinho, até
amanhã Reizinho.
MC Reizinho — Espera! E demite aquela periguete, que rainha
com namorado ciumento não serve!
Lulu Mauro — Mas, Reizinho... A menina tem estampa. Ela tem
porte... Ela causa, meu rei.
MC Reizinho — Causa nada, não quis dançar comigo direito.
Ficava se esquivando do meu passinho! Quero
ela fora daqui! E se arranca também que eu
quero ficar sozinho.
Lulu Mauro — Fui, meu rei.
Assim que Lulu Mauro sai, Marizete sai sorrateiramente detrás de um
móvel ou cortina, sem que Reizinho a veja. Ela tem um pano nas
mãos e o torce nervosa. De repente, Bruno entra no camarim.
Marizete se esconde de novo.
MC Reizinho — (vendo Bruno) Você? Fora! Fora daqui agora!
Lulu Mauro! Segurança!
Bruno — (ameaçador) É melhor você ficar quietinho e me
ouvir!
MC Reizinho ameaça falar, Bruno tensiona pra reagir. Em MC Reizinho
amedrontado, encolhido.
CORTA PARA:

Vitor esperando diante do prédio. Olavo chega de taxi.
Olavo — Oi, Vitor. Desculpa a demora. O trânsito tava
horrível.
Vitor — Tudo bem.

Olavo — Eu preferia que a gente tivesse essa conversa
no meu escritório. Mas, quando você ligou, eu já
tava vindo pra casa. Achei melhor resolver tudo
por aqui mesmo.
Vitor — O senhor quer subir?
Olavo — Não. Meus filhos podem estar aí. Prefiro um
lugar mais discreto.
Quando eles se preparam pra sair, Ju sai de casa e dá de cara com os
dois diante da portaria.
Ju — Pai?! Vitor?! Que coincidência! Que que vocês
tão fazendo juntos?
Vitor — (no impulso) É que... seu pai é meu advogado.
Ju — (p/ o pai, surpresa) Você é advogado do Vitor?!
Por que cê nunca me contou?
Olavo — (na saia justa) Filha, já falei que é mais seguro
pra vocês não saber sobre os meus clientes.
Ju — Mas, peraí! Você é advogado criminalista. Vitor,
cê cometeu algum crime?
Olavo e Vitor se entreolham, preocupados.
CORTA PARA:
INTERVALO COMERCIAL

(Continuação imediata da última cena do bloco anterior)
Olavo e Vitor sem saber o que dizer.
Ju — Gente, que que tá acontecendo? Vocês tão me
escondendo alguma coisa?
Olavo — (se adianta) Juliana, por favor. Eu nem sei se o
Vitor é mais meu cliente.
Ju — (estranhando) Mas vocês já se conheciam?
Olavo — A gente se conheceu em Brasília e ele teve uns

probleminhas. Na verdade um grande mal-
entendido. É tudo que você precisa saber, filha.
Olavo dá um beijo na filha e puxa Vitor pelo braço.
Olavo — A gente já tava de saída, até mais tarde.
Vitor — Tchau...
Olavo sai arrastando Vitor, deixando Ju curiosa.
CORTA PARA:

Bruno e MC Reizinho.
Bruno — (ameaçador) Acalmou? Então agora escuta. O
que eu tenho pra te dizer é rapidinho. E se você
me ouvir não vai doer, entendeu?
MC Reizinho faz uma cara de assustado e assente com a cabeça.
Bruno — Primeiro: assédio é crime. Inclusive no ambiente
de trabalho. E foi tudo gravado no celular por
um cara que tá comigo. Prova contra você.
MC Reizinho — Olha aqui, cara/
Bruno — (corta) Não acabei! Segundo: sabendo disso, eu
vou te dar uma chance. Você agora vai se
comportar, não vai tentar mais nada nem com a
minha namorada nem com ninguém. Porque eu
vou ficar sabendo.
MC Reizinho esboça falar alguma coisa e Bruno corta mais uma vez.
Bruno — Por último: você não vai tomar nenhuma atitude
que possa prejudicar a Fatinha, senão...
MC Reizinho — (cínico) Você tá me ameaçando?
Bruno — Eu tô te dando um aviso. A gente pode entrar
num acordo ou... você vai ter graves problemas
com a lei. Eu acabo com teu reinado, com a tua
carreira e se você insistir com a tua cara,
nanico!
MC Reizinho — Quanta violência! Vamos resolver isso de uma
forma civilizada, como pessoas de bem.
Bruno — Por mim tá resolvido. É com você agora,

funkeiro.
Reizinho e Bruno se cumprimentam. Marizete do seu esconderijo,
nervosa, torcendo o pano,
CORTA PARA:

A sala está vazia, uma mochila ali. Ouvimos Lia gritando em Off.
Lia — (Off) Marcela! Gil! Vocês tão aí?
Ninguém responde. Lia aparece enrolada numa toalha, de cabelos
molhados, e corre para a mochila. Nisso, esbarra com Gil, saindo do
quarto.
Lia — Ai, que susto! Achei que não tinha ninguém em
casa.
Gil — Calma, sou eu.
Lia — É que eu esqueci de levar minha roupa pro
banheiro... Não tô acostumada a não ter quarto.
Gil — Relaxa, Lia. Não precisa se explicar.
Lia — Precisa, sim. Tô aqui de favor, né?
Gil encarando Lia.
Lia — (sem graça) Que foi, Gil? Para de me olhar
assim.
Gil — Desculpa, vai... É que também não tô
acostumado a ver uma garota de toalha aqui em
casa.
Lia — (rindo) Assim você tá me deixando mais sem
graça do que eu já tô! Que situação...
Nisso, ouvem a porta abrindo. São Marcela e Ju. Marcela já entra
falando.
Marcela — (ingênua) Trouxe uma surpresa! Olha quem eu
encontrei lá embaixo?
Lia e Gil param de rir, imediatamente. No constrangimento de todos,
CORTA PARA:
CENA 12/ NATUREBA/ EXTERIOR/ DIA.

Olavo e Vitor beliscam alguma coisa enquanto conversam.
Olavo — Achei que esse lugar era mais tranquilo que o
Misturama. A gente pode ficar mais à vontade.
Vitor — Por que o senhor não contou a verdade pra sua
filha?
Olavo — Quanto menos gente souber dessa história
melhor.
Vitor — Mas o senhor contou pros pais da Lia.
Olavo — Porque são meus amigos de longa data e
imaginei que eles seriam discretos. E se fosse eu
na situação deles, eu gostaria de saber.
Vitor — Eu tive uma conversa com o Lorenzo.
Olavo — (surpreso) Pra quê?
Vitor — Pra esclarecer as coisas. Eu nunca vou fazer mal
pra Lia.
Olavo — (preocupado) Vitor, eu nunca achei que você
pudesse prejudicar a garota. O meu receio é que
outras pessoas possam fazer isso.
Vitor — Se em algum momento eu perceber que a barra
pesou, me afasto na hora. Prometi isso pro pai
dela e tô prometendo pro senhor. Pode confiar
em mim.
Olavo — Eu confio em você.
Vitor — Então volta a ser meu advogado.
Olavo — Vitor, eu já te expliquei/
Vitor — (corta) Eu sempre gostei do seu trabalho. Vai
ser muito difícil encarar esse inquérito com outra
pessoa. Por favor!
Olavo — (suspira) Tudo bem. Mas você não pode
esconder nada de mim.
Vitor — Eu sou inocente, doutor Olavo. E o senhor sabe
disso.
Em Olavo analisando Vitor,
CORTA PARA:

Lulu Mauro com Fatinha, Pilha, Orelha e Fera.
Fatinha — Mas o que foi que eu fiz, Lulu Mauro?
Lulu Mauro — Não complica as coisas pra mim, Fatinha. Você
tem carisma, tem talento, mas de Rainha não
vai rolar. Tá demitida.
Pilha — Aí, seu Lulu Mauro, na moral. A Fatinha tava
ofuscando geral. Foi por causa da confusão que
o Bruno arrumou, né?
Orelha — Meu caro colega diretor, admita, Fatinha é a
Rainha das rainhas.
As rainhas ouvem, resmungam e vaiam discretamente. “Ih, qual
foi?”, “Úuuh”, etc.
Entra MC Reizinho no set. Alvoroço. Bruno segue Reizinho de longe.
MC Reizinho — (p/ Fatinha) Descanse bem, minha Rainha. Esse
corpinho vai ter que trabalhar muito amanhã.
Lulu Mauro — Mas, você que pediu pra ela/
MC Reizinho — (corta; p/ Fatinha) Esquece o que ele te falou,
Rainha. Amanhã quero você aqui reinando no
meu passinho.
Fatinha — Quer dizer... que eu tô dentro?
Lulu Mauro — Se sua majestade falou, tá falado!
Fatinha olha para Bruno que de longe faz sinal de positivo.
Fatinha — Valeu, Reizinho! Muito obrigada mesmo.
MC Reizinho — Tá, tá bom. Até amanhã. (cínico/ dispensa) Vai,
vai, Fatinha...
Fatinha vai correndo até Bruno.
Fatinha — Cê viu, moreno? Vai dar tudo certo.
Bruno — E eu confio em você, gata. Vou deixar você
trabalhar em paz amanhã.
Na troca de olhares entre Bruno e MC Reizinho,
CORTA PARA:

Lia está ajudando Marcela a fazer o jantar, bolada.
Marcela — Tá tudo bem, Lia?
Lia — Mais ou menos. (t) Pô, Marcela, eu tinha
esquecido a minha roupa na sala, achei que não
tinha ninguém em casa. Aí o Gil apareceu. Me
senti mal quando você chegou com a Ju, acho
que ficou parecendo uma coisa que não era.
Marcela — O quê, por exemplo?
Lia — Ah, não me deixa mais constrangida. Cê, sabe.
Marcela — Lia, eu vou te pedir uma coisa: toma cuidado,
por favor. Você sabe que o Gil já gostou muito
de você, mas agora ele e a Ju estão tão bem.
Não queria que nada atrapalhasse.
Lia — Nem eu! De repente é até melhor eu procurar
outro lugar pra ficar, valeu o toque.
Marcela — Não, Lia, calma, não me interpreta mal. Não
vejo nada de mais em você ficar aqui em casa, é
só você ficar mais ligada.
Lia — Eu sei, desculpa.
Marcela — Então só presta atenção pra isso não se repetir.
Os homens são muito bobos e impulsivos, nessa
idade então, nem se fala!
Lia — Mas foi sem querer!
Marcela — Eu sei. Eu só não quero que você, mesmo sem
querer, embaralhe a cabeça do Gil. De novo.
Como é que você disse outro dia? Vocês agora
são irmãos. Pensa nisso.
Em Lia pensativa,
CORTA PARA:
CENA 15/ SOBRADO/ QUARTO GIL/ INTERIOR/ DIA.

Gil e Ju, ela bolada.
Gil — Ju, por favor... Você não tem motivo pra ficar
assim. Eu já te expliquei o que aconteceu.
Ju — Eu odeio me sentir assim, Gil, mas não consigo
me controlar. Pô, se coloca no meu lugar. Ver
vocês dois rindo juntos, a Lia enrolada numa
toalha, sei lá... Mexeu comigo. E você já gostou
muito dela, né?
Gil — Não confunde as coisas. Eu gosto de você.
Ju — Eu vi o jeito que você tava olhando pra Lia de
toalha.
Gil — (constrangido) Nada a ver.
Ju — Fora o histórico, né?
Gil — Eu nunca te traí. Você precisa confiar em mim e
na sua melhor amiga. Acho que a Lia nunca mais
te magoaria de novo. E nem eu vou fazer isso.
Ju — Se você soubesse como esse sentimento me faz
mal... Eu não quero mais ser a garota ciumenta
de antigamente, mas, sei lá... Não tenho como
fingir que foi tranquilo pra mim. Bom, vou
embora. Amanhã a gente se vê.
Gil — Tá indo embora por causa disso, né? Não vai
agora, não, Ju...
Ju — Acho melhor. Tchau.
E Ju já vai saindo.
Gil — Espera. Vou te levar na porta.
Gil acompanha Ju,
CORTA PARA:

Ju passa por Marcela e Lia, seguida por Gil.
Marcela — Já vai?
Ju — Vou, sim. Só vim dar uma passadinha mesmo.
(tenta ser simpática) Tchau, Lia. Até amanhã.
Lia — (chega nela, discreta) Ju, eu te conheço. Você
tá indo embora por quê? Quer conversar?
Ju — (desconversando) Tô indo porque tenho que

resolver umas coisas mesmo. Tchau.
E Ju sai.
Lia — Ela ficou bolada, né, Gil?
Gil — (desconversando) Fica de boa, cê não teve
culpa.
E Gil entra. Lia senta no sofá, estressada.
Marcela — Calma, Lia. Vai passar. Tá todo mundo se
adaptando aqui. (t) Aliás, enquanto cê tiver
morando com a gente, pode ficar à vontade pra
chamar seu Vitor pra vir aqui em casa, tá?
Lia — (rindo) Ele não é “meu” Vitor, Marcela!
Marcela — Devia ser, aquele rapaz é uma graça.
Fecha em Marcela achando graça da menina constrangida,
CORTA PARA:

Marta conduz Ana, recém-chegada, ao sofá.
Marta — Que surpresa boa a sua visita! Tive medo de
perder o contato com você depois que/ (se
corta).
Ana — (completa, pesarosa) Depois que o Bruno
terminou comigo. (força um sorriso) Mas a nossa
amizade pode continuar, não pode?
Marta — Claro, querida. Sempre gostei muito de você.
(desdenhosa) Já essa tal de Fatinha, é o fim!
Vulgar, e totalmente perdida.
Ana — Não entendo, Marta. O que o Bruno viu nela?
Marta — Daqui a pouco, meu filho cansa dessa moça.
Ana — Você acha mesmo?
Marta — Tenho certeza. No meu tempo, se dizia que
garotas como a Fatinha eram só pra se divertir.
Ana — Hoje em dia se diz que é periguete, mesmo.
Ju chega da rua, chateada.
Ju — (trombuda) Oi.
Marta — (levanta e a abraça animada) Viu quem veio me
visitar, filha?
Ju — (seca, indo para o quarto) Oi, Ana. Mãe, eu vou
pro quarto, ta?!
Ju vai para o quarto. Marta e Ana se entreolham, estranhando.
Ana — O que é que deu nela? A Ju é sempre tão doce.
Marta — Alguma coisa aconteceu... Mas se ela se fechou
no quarto, é porque tá querendo tempo. Daqui a
pouco eu vou lá. (t) Você janta com a gente?
Ana — (brinca) Só se você me ensinar a fazer aquele
seu molho ao pesto.
Marta — Ensino. (brinca) Se você fizer o seu brigadeirão
de microondas pra sobremesa.
Na cumplicidade de Marta e Ana,
CORTA PARA:

Passagem dia/noite.
CORTA PARA:
CENA 19/ RUA/ CIDADE CENOGRÁFICA/ EXTERIOR/ NOITE.

Bruno e Fatinha, abraçados curtindo a noite andando em direção ao
hostel.
Fatinha — Ainda bem que o MC Reizinho lá mudou de ideia
né? Tava querendo tanto esse job... Essa
graninha...
Bruno — (finge) Ele deve ter percebido a loucura que
tava fazendo. Ia dispensar uma garota linda que
nem você?
Fatinha — Fofo!
Fatinha o beija em frente ao Hostel.
Bruno — E aí, quer ir lá pra casa? Jantar?
Fatinha — Hmmm... Seus pais vão tá lá?
Bruno — (lembra) Ih, é... Provavelmente.

Fatinha — Ai moreno, tô cansadona do clipe. Acho que vou
comer no hostel mesmo, pra adiantar. E ainda
tenho plantão hoje, ninguém merece!
Bruno — Tadinha da Fatinha...
Fatinha faz muxoxo.
Bruno — Então tá, depois a gente se fala gata, beijo.
Os dois se beijam carinhosamente. Fatinha entra no hostel. Bruno
todo bobo. Atenção Sonoplastia: Telefone de Bruno toca.
Bruno — Fala Rastaman! Qual é a boa? (tempo) Na casa
do Nélio? Pô, eu pilho hein, pertinho... (tempo)
Demorou, chego aí em 10! Abraço!
Bruno desliga o celular e ruma para a direção oposta à de casa,
CORTA PARA:
CENA 20/ SOBRADO/ QUARTO GIL/ INTERIOR/ NOITE.

Gil está tocando guitarra quando é interrompido por batidas na porta.
Gil, tocando, responde.
Gil — (gritando) Pode entrar!
Lia entra delicada no quarto. Gil olha rápido e vê que é ela.
Gil — É você... Chega aí, quer tocar?
Lia — Na real queria levar um papo contigo.
Gil — Ué, não rola de fazer os dois?
Lia dá um sorrisinho de canto de boca e senta perto dele.
Lia — Gil, vou ser direta. A parada é que eu não quero
de jeito nenhum incomodar, ou magoar, ou
qualquer coisa que possa fazer mal pra Ju.
Gil — E você acha que eu quero? To amarradão nela.
Lia — Por isso mesmo que a gente não pode dar mole.
Gil — Pô, mas eu... Eu não fiz nada, só fui pego de
surpresa, sei lá.
Lia — Eu também. Mas a gente pode evitar isso, né?
Gil suspira e volta a tocar sua guitarra. Lia se levanta.
Gil — Não vai tocar comigo?

Lia — Depois... Tá?
Gil dá de ombros e continua tocando. Lia olha e sai do quarto. Em Gil
desabafando na guitarra,
CORTA PARA:
CENA 21/ SOBRADO/ SALA/ INTERIOR/ NOITE.

Incomodada, Lia sai do quarto de Gil e segue em direção ao seu
canto e cruza por Marcela. Marcela sente o clima. Antes que Marcela
possa perguntar, Atenção Sonoplastia: seu telefone toca.
Marcela — Alô?
Nenhuma resposta. Marcela insiste.
Marcela — Alô? Vem cá, dá pra falar alguma coisa?
Atenção Sonoplastia: Escutamos uma respiração grave do outro
lado da linha. Alguém arfante. Marcela estranha, mas insiste.
Marcela — Alô? Olha aqui meu amigo, eu tô te ouvindo
respirar, tá legal? E se isso for uma brincadeira,
já perdeu a graça. É você, né, Nando? Alô?
Atenção Sonoplastia: toque de ligação interrompida. Marcela
parece incomodada. Lia percebe.
Lia — Que foi Marcela?
Marcela — É a terceira vez que ligam pra cá e não falam
nada... Isso já está ficando esquisito.
Na preocupação de Marcela,
CORTA PARA:
CENA 22/ HOSTEL/ INTERIOR/ NOITE.

Michel está na recepção. Fatinha vai falar com ele.
Fatinha — Michel, olha só... Eu tô faminta e vi que a
cozinha tá fechada, que que aconteceu?
Michel — Pois é... Deu problema no gás hoje de manhã,
aí achei mais seguro fechar.
Fatinha — E agora? Eu tô esfomeada!
Michel — Se você quiser, eu fico aqui na recepção mais

meia horinha pra você comer.
Fatinha — Aiiii!! Você é tudo de bom, chefinho! Já volto!
Fatinha sai toda empolgadinha. Em Michel olhando,
CORTA PARA:
CENA 23/ APTO JU/ QUARTO JU/ INTERIOR/ NOITE.

Ju jogada na cama, a mochila do colégio ao alcance. Batem à porta.
Ju — (enfadada) Quem é?
Marta — (off) Sou eu, filha. Posso entrar?
Ju puxa da mochila um caderno e o abre aleatoriamente.
Ju — Entra.
Marta entra. Ju finge estudar.
Marta — (brinca) O jantar tá servido, mademoiselle.
Espaguete ao pesto e o brigadeirão da Ana.
Ju — Depois eu como, tô estudando.
Marta — (senta na cama, sacando) Sei. E essa
nuvenzinha aí em cima da sua cabeça, é o quê?
Ju — (desconversa) A matéria tá difícil.
Marta — Não quer me contar o que tá acontecendo? Eu
posso ajudar.
Ju — (ralha) Ah, mãe, agora não. Depois a gente
conversa, tá?
Marta — (saindo) Puxa filha, tanto tempo longe... Mas
tudo bem, agora eu tô aqui. Vamos ficar mais
pertinho, né?! No teu tempo então. Vou ficar
esperando.
Ju — (chama) Mãe...
Marta — (esperançosa) Fala, filha.
Ju — Meu pai é advogado do Vitor, do meu colégio?
Marta — (tensa) Juliana, você sabe que eu não me meto
nos assuntos de trabalho do Olavo. Se mudar de
ideia, tamos na sala.
Marta sai, nervosa. Em Ju encafifada,

CORTA PARA:
CENA 24/ APTO JU/ SALA JU/ INTERIOR/ NOITE.

Ana termina de colocar a mesa para quatro. Marta vem do quarto.
Marta — A Ju não quer comer e o Olavo não deu sinal de
vida. Acho que somos só nós duas.
Ana — Eu não me importo, a gente ainda tem papo pra
botar em dia...
Marta — (afaga Ana) Você é a minha nora do coração.
Ana — E você sempre vai ser a minha sogra querida.
Atenção Sonoplastia: soa a campainha.
Marta — (indo p/ a porta, divertida) Agora só temos que
combinar isso com o Bruno! (t) Quem será?
Marta abre a porta: é Fatinha.
Fatinha — Oiê, sogrinha! (entrando) Vim filar um rango, o
Bruno/ (vê Ana e estaca, indignada) O que essa
patricinha nojenta tá fazendo aqui?!
Em Ana e Fatinha se encarando,
CORTA PARA:
FIM
VALE ESTE 30/01
Novela de
Colaboradores
Direção Geral
Luiz Henrique Rios
Núcleo
José Alvarenga

Cont. imediata da última cena. Fatinha enfrenta Ana. Marta atônita.
Fatinha — (p/ Ana) Aí, ô patricinha mal resolvida: agora a
namorada do Bruno sou eu. (p/ Marta) Fala pra
ela, sogrinha.
Marta — Prefiro que você me chame de Marta. E por
favor, a Ana é minha convidada, não admito que
você fale assim com ela.
Ana — (banca a altiva) Deixa, Marta. A Fatinha é assim
mesmo.
Fatinha — (se exalta) Assim como? Gatcheeenha? Sem
frescura? Verdadeira? Se você não gosta, azar, o
Bruno se amarra. Chupa essa manga, invejosa!
Marta — Fatinha, por favor se controle. Você tá na minha
casa.
Fatinha — E ela também! (indica Ana) Essa cobra aí só é
fina na sua frente, sabia?
Ana — Não perde tempo com ela, Marta. É como você
disse: logo, logo, o Bruno cansa dessa garota
vulgar, perdida.
Fatinha — (p/ Marta, surpresa) Você... disse isso?
Marta — (constrangida) Ana, por favor!
Ana — (ignora) Disse, Fatinha. E disse mais: que
garotas como você são só pra se divertir. E só
por um tempo.
Fatinha — (p/ Marta, magoada) Você ficou falando de mim
pelas costas?
Ana — Você nasceu periguete, e vai morrer periguete.
Marta — (firme) Ana, você tá se excedendo.
Fatinha — (devastada) Marta, pior que eu achei que você
tinha gostado de mim, como eu gostei de você.
(com lágrimas nos olhos) Pelo visto não, né?
Fatinha vai para a porta correndo, aos prantos.
Marta — (chama) Fatinha, espera/
Fatinha sai, batendo a porta.

Marta — (severa) Ana, o que foi que deu em você?
No ar vitorioso de Ana,
CORTA PARA:
CENA 2/ PRÉDIO LIA/ PORTARIA LIA/ EXTERIOR/ NOITE.

Fatinha sai do prédio chorando. Severino a intercepta.
Severino — Meu bem! O que houve?
Fatinha — Você me acha vulgar? Perdida?
Severino — Ó, com todo respeito ao Bruno, mas você é
linda, menina! (t) Por quê? Algum problema?
Fatinha — (triste) Valeu Sevê, pena que nem todo mundo
pensa assim que nem você.
Dá um beijo na bochecha dele e sai triste pro hostel. Na cara de
encanto de Severino,
CORTA PARA:

Marta e Ana jantam. Marta chateada, Ana a observa. Tempinho.
Ana — (sonda) Ainda tá pensando na Fatinha?
Marta — Muito desagradável tudo que aconteceu. Tenho
que pedir o telefone dela pro Bruno.
Ana — O telefone dela?! Pra quê?
Marta — Eu devo desculpas a ela. Você também. A moça
saiu da minha casa chorando.
Ana — Você diz isso porque não sabe o que ela já
aprontou!
Marta — Por mais que ela tenha aprontado/
Ana — (corta) Quer ver um exemplo? A Fatinha
chantageou o seu filho. Arrastou o Bruno bêbado
pro quarto dela, e saiu mostrando a foto dele de
cueca por aí.
Marta — (perplexa) De... cueca?!
Ana — Foi assim que terminou o namoro do seu filho

com a Rita. Mas isso foi só o começo. Pior foi o
que ela fez comigo. Vou te contar tudinho, e
depois você diz se eu não tô certa.
Conversa cai para BG. Em Ana soltando o verbo, e Marta chocada,
CORTA PARA:

Ju, de fone de ouvido, está na cama pensativa.
Entra insert: Cap. 142, cena 11.
Nisso, ouvem a porta abrindo. São Marcela e Ju. Marcela já entra
falando.
Marcela — (ingênua) Trouxe uma surpresa! Olha quem eu
encontrei lá embaixo?
Lia e Gil param de rir, imediatamente. No constrangimento de todos.
Fim do insert. Ju senta, num impulso.
Ju — (p/ si) Juliana, chega de pensar nisso!
Em Ju decidida,
CORTA PARA:

Lorenzo entrando em casa. Marcela se aproxima e dá um beijo.
Marcela — Oi, amor. Tudo bem?
Lorenzo — Tudo. (percebe) Nossa, como essa casa tá
silenciosa!
Marcela — O Gil tá desenhando no quarto e a sua filhota
(indica) tá conectada em outras galáxias.
CAM/ detalha Lia no seu cantinho, teclando no celular, com o fone de
ouvido. Lorenzo sorri e deixa suas coisas sobre o sofá.
Marcela — A paz reina absoluta!
Atenção Sonoplastia: toca o telefone da casa.
Marcela — Atende pra mim, Lorenzo?
Lorenzo — (estranha) Eu?! Mas deve ser pra você.
Marcela — (reclama) Eu não aguento mais os telefonemas
desse mudinho.
Lorenzo — (sem entender) Quem?!!!

Marcela — Um mala que fica me ligando e quando eu
atendo, ele fica mudo. Atende, por favor!
Lorenzo tira o fone a atende, com a voz grossa, bem machão:
Lorenzo — (invocado) ALÔ?... (silêncio) Alô?
Marcela — (baixinho) É ele?
Lorenzo confirma e já vai dando uma decisão:
Lorenzo — Olha só, seu idiota, eu vou instalar um
identificador de chamadas nesse telefone e vou
descobrir o seu número. Daí eu decido se te
entrego pra polícia ou se quebro a sua cara. Tá
entendido?
Lorenzo desliga com violência. Marcela sorri, encantada.
Marcela — Meu machão predileto! (agarra Lorenzo,
carinhosa) Tô adorando ter você aqui, sabia? Me
sinto tão segura. Tô quase torcendo pra que
você não encontre apartamento.
Lorenzo ri e os dois se beijam.
CORTA PARA:

Ju em frente a sua twitcam vestida toda com tons de verde.
Ju — Ei, todo mundo. Dizem que o ciúme é um
monstro de olhos verdes... Como meus olhos
são castanhos, descontei no visú! (pisca o olho
rindo) Eu odeio sentir ciúmes, sei que às vezes
rola, mas me acho ridícula! Só que é tipo mais
forte que eu! Por isso que eu tô fazendo esse
post, pra tentar transformar o verde do ciúme
em verde esperança! Que tal? (se levantando e
mostrando o modelito) Voilá. Curtiram? Então
compartilha, dicas da Ju. Beijus!
Ju manda beijos e fecha a twicam.
CORTA PARA:
CENA 7/ PRÉDIO LIA/ PORTARIA LIA/ EXTERIOR/ NOITE.

Bruno chega com Rasta, se despede em frente a sua portaria.
Rasta — Valeu Brunão, quando a gente se ver a gente se
encontra.
Rasta vai embora. Severino vai até Bruno.
Severino — Ô, Bruno, sabe o que é? Eu não tenho nada a
ver com isso não, mas cê sabe que eu sou meio
fofoqueiro mesmo... A sua namorada saiu
chorando da sua casa não tem muito tempo, me
perguntou se era perdida, vulgar.
Bruno — (perplexo) Como é que é?! Eu nem sabia que
ela tinha vindo aqui.
Bruno sai, apressado.
Severino — (grita) Ó, não diz que fui eu que falei não, hein?
Em Severino suspirando,
CORTA PARA:
CENA 8/ HOSTEL/ RECEPÇÃO/ INTERIOR/ NOITE.

Fatinha trabalhando borocoxô. Bruno chega e percebe o clima.
Bruno — Oi, Fatinha.
Fatinha — Oi.
Bruno — Que foi? Tá com uma carinha. Aconteceu
alguma coisa?
Fatinha — Nada.
Bruno — Fala a verdade, cê não tá legal. O Severino me
disse que você teve lá em casa.
Fatinha — Fofoqueiro. Tá. Eu fui lá te procurar, mas...
Bruno — Mas o quê, Fatinha? Que que houve?
Fatinha — Diz a verdade. Eu sou só diversão pra você?
Bruno — Claro que não. A gente tá namorando.
Fatinha — Mas você vai cansar de mim logo, né?
Bruno — Que ideia!
Fatinha — Você me acha vulgar? Diz a verdade...
Fatinha começa a chorar. Bruno a abraça, tenta consolá-la.

Bruno — Não fica assim, eu te adoro. Quem foi que botou
essas besteiras na sua cabeça?
Fatinha — Eu não quero colocar você contra alguém da sua
família.
Bruno — Minha mãe? A Ju? Fala logo.
Fatinha — Não foi a Ju. Foi sua mãe e...
Bruno — Quem?
Fatinha — Quem mais? A Ana, né?
Bruno — Que é que a Ana tava fazendo lá em casa?
Fatinha — Tô me sentindo um lixo, Bruno.
Bruno — Elas não tinham esse direito. (t) Mas isso não
vai ficar assim!
Fatinha — Espera, onde é que você vai?
Bruno — Vou tirar essa história a limpo!
E sai, furioso.
CORTA PARA:

Ana segue destilando seu veneno. Marta escuta, surpresa.
Ana — Aquela desqualificada fez de tudo pra acabar
com o meu namoro com o Bruno. Até que
conseguiu. Acredita que ela gravou um vídeo
deles se agarrando com a câmera de segurança
do hostel e depois mandou pro Bruno, de
lembrancinha?
Marta — Ela fez isso? Meu Deus, mas essa garota é muito
desequilibrada...
Ana — É uma louca!
Marta — Não podia imaginar que ela fosse capaz de
aprontar tanta confusão. Não entendo como meu
filho pode se envolver com uma pessoa assim.
Ana — Ela enfeitiçou o Bruno, Marta.
Marta — Só tenho medo que ele estrague o futuro dele.

Ana — Não duvido nada. Aquela Fatinha é diabólica.
Nesse momento chega Bruno, com cara de poucos amigos.
Marta — Oi, filho.
Ana — Oi, Bruno. A gente tava falando mesmo de você.
Tudo bem?
Bruno — Tudo mal. Vem cá, com que direito vocês acham
que podem humilhar minha namorada?!
Na surpresa de Ana e Marta,
CORTA PARA:
INTERVALO COMERCIAL

Bruno encara Ana, com raiva.
Bruno — A Fatinha ficou péssima, por que vocês fizeram
isso com ela?
Ana — Eu só falei a verdade.
Bruno — Você fala demais, Ana.
Marta — Mas filho, a Ana me contou coisas muito graves
sobre essa moça. Ela tirou mesmo uma foto sua
de cueca e espalhou pra todo mundo?
Bruno — Não importa. A Fatinha agora é minha
namorada, é uma escolha minha, não de vocês.
Ana — Como você pode namorar essa garota depois de
tudo que ela aprontou? Ou você já esqueceu as
coisas horríveis que ela fez?
Bruno — Eu também fiz coisas horríveis, mas isso agora é
passado. E você também é.
Marta — Bruno, fui eu que chamei a Ana aqui, tava com
saudades, não esperava que a Fatinha ia
aparecer.
Bruno — E nem eu esperava que vocês iam tratar minha

namorada desse jeito. Eu já tô bem crescidinho,
mãe, já sei me cuidar.
Marta — Você tá certo, Bruno. Eu me preocupo com
você, mas não devia ter me metido, me
desculpe.
Bruno — Não sei se depois dessa grosseria a Fatinha vai
querer voltar aqui, mas se ela quiser, espero
que seja bem tratada.
Marta — Vou me esforçar, prometo.
Ana — Com aquela louca, todo cuidado é pouco.
Marta — Chega, Ana, por favor.
Ana — Mas, Marta...
Marta — O Bruno gosta dessa moça. Como ele disse, é
uma escolha dele. Preciso apoiar meu filho.
Bruno — Valeu, mãe. (t) Pô, Ana, nossa história podia
passar sem essa, né? Vou indo.
Bruno sai, sem nem dar chance de Ana falar.
Ana — Eu só queria...
Marta — Vamos esquecer tudo isso.
Em Marta e Ana constrangidas.
CORTA PARA:
CENA 11/ CASA ROSA/ INTERIOR/ NOITE.

Rosa, Vitor e Pilha jantando. Vitor acabou de provar da Pilhoroba.
Vitor — Pilha, o que foi que você colocou nesse rango
pra dar esse sabor... diferente?
Pilha — Tudo! Tudo que sobrou na geladeira. Esse é o
segredo da Pilhoroba, a gororoba do Pilha. Na
moral? Tá melhor que a comida que tão servindo
no clipe.
Rosa — Ainda bem que já acabou esse raio de clipe.
Pilha — Quem te disse, madrinha? Amanhã tem mais.
Rosa — Ai, minha santa!
Vitor — Então a tua participação é importante, moleque.

Pilha — Cê acha? Eu sou o segundo, maninho. O cara
que substitui o MC Reizinho.
Rosa — E como é esse artista, o Reizinho?
Pilha — Tosco, madrinha. Além de feio é vacilão. Quem
tá salvando a parada sou eu. E minha musa
eterna pilhazete Fatinha.
Rosa — Fatinha? Vixe! Isso vai dar confusão.
Pilha — Já deu. Agora que ela tá colada com Bruno, o
cara fechou o tempo na gravação do clipe. Só
faltou embolachar o Reizinho.
Vitor — Ciumento do jeito que ele é, isso só vai piorar.
Rosa — Ave! O Bruno é um menino tão inteligente. Não
sei o que ele viu naquela doida.
Pilha — Eu sei, madrinha. Eu sei.
Rosa — Leonel, vê lá o que cê vai arrumar com esse
Reizinho, hein? Se liga nos estudos, moleque!
Pilha — Dona Rosa, eu já falei que dou conta e vou é
arrumar um troco maneiro pra fazer um
churrascão pra toda família Pilha, incluindo o
Bigode. Falei!
Na alegria da família Pilha.
CORTA PARA:
CENA 12/ HOSTEL/ CUBÍCULO FATINHA/ INTERIOR/ NOITE.

Fatinha está de camisolinha, escovando os dentes. Batem à porta, ela
vai atender com a escova na boca. Quando abre, ela fica surpresa ao
ver Bruno.
Bruno — Oi, Fatinha.
Fatinha — Ai, moreno... e eu com a boca toda babada...
Corre para tirar a pasta de dente, ele acha graça e quando ela volta,
de boca limpa, ele a toma nos braços. Beijam-se.
Bruno — Hummmm. Fatinha sabor hortelã.
Fatinha — Tô mais pra sabor caidinha...
Bruno — Elas pegaram pesado, eu sei. Mas já falei com

as duas e isso não vai se repetir. Pode ficar mais
tranquila.
Fatinha — Já tô.
Bruno — E amanhã continua o clipe, né? Você tem que
ficar bem.
Fatinha — E você não vai aparecer lá pra dar outro ataque
de ciúmes, né?
Bruno — Não. Confio em você. Vou ficar na minha, pra
não dar problema pra você de novo.
Fatinha — (suspira) Parece que tem sempre alguma coisa
pra atrapalhar a gente junto.
Bruno — Não diz isso.
Fatinha — Às vezes eu acho que nosso namoro nunca vai
dar certo.
Bruno — Escuta. Não vai ser um funkeiro mimado, nem
uma ex-namorada, nem a minha mãe que vai
estragar o nosso namoro. Só depende da gente,
Fatinha. Se a gente quiser que dê certo, vai dar.
Fatinha — Quero muito.
Bruno — Eu também, e é isso o que conta.
Ela, já reanimada.
Fatinha — Fala de novo?
Bruno — O quê?
Fatinha — (fofa) A parte de que vai dar certo.
Bruno — Nosso namoro já tá dando certo, gatinha.
Se beijam.
Bruno — Então, namorada, posso dormir aqui hoje?
Fatinha — Por mim você pode dormir aqui, sempre,
moreno!
Nos dois apaixonados,
CORTA PARA:

Gil fechando a geladeira da cozinha americana, com um copo d´água
na mão. Olha pro canto da sala onde Lia fica e vê uma luz acesa.
Gil — Lia?
Gil se aproxima e quando chega lá, vê Lia dormindo, ainda de fones e
um abajur aceso. Ele, cuidadoso, tira os fones do ouvido de Lia e
apaga a luz do abajur. Fica parado ali olhando Lia, confuso. Ouvimos
Marcela falando fora de quadro para Lorenzo.
Marcela — Lorenzo, vou só fechar as janelas porque tá
ventando e...
E nisso, Marcela se depara com Gil saindo do canto onde Lia está
dormindo. Marcela o encara, preocupada. Mas ele vai direto pro seu
quarto. Marcela o segue.
CORTA PARA:
CENA 14/ SOBRADO/ QUARTO GIL/ INTERIOR/ NOITE.

Gil, no quarto. Marcela chega em seguida.
Marcela — (cuidadosa) Oi, filho. Já vai dormir?
Gil — Daqui a pouco.
Marcela — (puxando assunto) Diferente essa casa cheia de
gente, né? Sempre fomos só nós dois... Mas
sabe que eu até tô gostando desse movimento?
Gil — Ahã...
Marcela — Por mim, o Lorenzo nem precisava ir embora.
Gil — Por que você tá dizendo isso, mãe?
Marcela — Nada... Queria saber a sua opinião, como você
se sente em relação a isso. Te incomoda?
Gil — Por mim, tudo bem.
Marcela — E a Lia? Também não incomoda?
Gil — Já entendi, mãe... Eu só fui pegar água e vi que
ela deixou a luz acesa. Só isso, tá?
Marcela observa o filho, desconfiada.
Gil —Por que cê tá me olhando assim?
Marcela — Gil, eu sou sua mãe e se tem uma pessoa que

você pode confiar nessa vida, sou eu. Fala pra
mim: a Lia ainda mexe com você?
Gil — Eu tô com a Ju e gosto dela de verdade.
Marcela — Não foi isso que eu te perguntei.
Gil — (se desarma) Eu sei... Eu gostei da Lia durante
muito tempo e é estranho conviver tanto com
ela. Mas é só isso, nada demais. Eu gosto da Ju.
Marcela — Então quer um conselho, meu filho? Não dê
motivos pra Ju duvidar disso, se sentir
insegura... Vai por mim. Só quero o seu bem.
Boa noite.
Marcela sai. Em Gil pensativo,
CORTA PARA:

Passagem de tempo: noite/ dia / colégio.
CORTA PARA:
CENA 16/ COLÉGIO/ ENTRADA/ EXTERIOR/ DIA.

A galera saindo do colégio. Fatinha vem comentando alguma coisa
com Orelha e Fera, quando avista Bruno na porta. Ela se ilumina e
corre pra abraçar o namorado.
Fatinha — Oi, moreno, que surpresa!
Bruno — Vim buscar você e o Pilha. Vou dar uma carona
pra vocês até o set de gravação.
Fatinha —Que chique!
Fera — (sem noção) Oba! Também tô nessa!
Orelha — (pescotapa) Ô sem noção, esqueceu que a
gente foi enxotado daquele lugar?
Fera — Ué, mas o Bruno pode?
Rita vem chegando com Morgana a tempo de ouvir a fala de Bruno.
Bruno — Não, Fera, eu não vou entrar, não. Só vou dar
carona pra minha namorada.
Rita — (chegando) Então é verdade mesmo! Vocês dois

tão namorando.
Fatinha — (bufando) Ih, pronto, lá vem bombardeio de
mais uma ex-brunete.
Rita — (na boa) Ahn?
Bruno — Pois é, Rita, a gente tá junto sim. Eu devia ter
te contado antes, foi mal.
Rita — (na boa) Que isso, relaxa. Até que enfim você
assumiu o que sente pela Fatinha, né? Tava na
hora.
Fatinha — (alegremente surpresa) Tá falando sério?!
Rita — Claro.
Fatinha — Cara, tô impressionada! Nada como uma sueca
analisada. Depois de tudo que eu te fiz... Senti
firmeza. E eu que não gostava de você! Queimei
minha língua, amiga.
Bruno — Fatinha, menos.
Rita — (sorri) Tranquilo. Tô acostumada. Vocês são
bem diferentes, mas quem sabe dá certo?
Fatinha — (brinca) Aliás, você podia me dar umas dicas.
Como ex namorada do bem mesmo, sabe?
Bruno — (bem humorado) Chega de brincadeira,
maluquinha! Vamos nessa? Cadê o Pilha?
Fatinha localiza Pilha, lá dentro de conversinha com Fabi.
Fatinha — (grita) Ô Pilha, vem logo! A gente já tá
atrasado.
Pilha vem correndo. Fatinha cochicha pra Rita.
Fatinha — Valeu, sueca! Depois a gente troca uma ideia.
Rita acaba rindo do jeito de Fatinha. Ela fica ali com Morgana.
Morgana — Rita, na minha próxima encarnação quero ser
que nem você. Porque nessa vida, eu não
perdoava a Fatinha de jeito nenhum.
Rita — Cara, eu já tô em outra. Pra que eu vou me
prender ao passado?
Morgana — Tenho orgulho de ser sua amiga.

Em Morgana impressionada, batendo palmas.
CORTA PARA:
CENA 17/ APTO JU/ QUARTO JU/ INTERIOR/ DIA.

Ju acabando de se arrumar. Lia aparece na porta.
Lia — Oi... Posso entrar?
Lia entra.
Ju — Oi, Lia, tô com um pouquinho de pressa...
Lia — É que não deu pra falar direito lá na escola e aí
resolvi dar uma passada aqui pra gente
conversar um pouco.
Ju — Eu só subi pra trocar de roupa, vou no cinema
com o Gil.
Lia — É... Eu sei.
Ju — Sabe?
Lia — Ele me falou.
Ju — (se tocando) Ah... Esqueci que vocês tão
morando juntos agora.
Lia — Eu não vou tomar o seu tempo, não, é rápido.
Ju — Aconteceu alguma coisa?
Lia — Eu que te pergunto. Ontem você tava estranha
comigo, hoje também. Te conheço, Juliana. Pode
confessar. Cê ficou bolada de me ver com o Gil
lá na sala, né? Mas cara, foi só uma
coincidência/
Ju — (corta) Eu sei, mas você também sabe que eu
sou ciumenta. Com o Gil, tô bem tranquila e não
quero entrar na paranoia. (t) Então tenta não
andar mais de toalha naquela casa, tá?
Lia —E eu vim aqui pra te dizer que se você quiser eu
saio de lá.
Ju — Não, não precisa. E eu nunca te pediria isso.
Lia — Mas eu faria isso por você. Amiga, acredita. Eu

nunca mais vou fazer nada pra te magoar.
Ju — Eu sei, mas... Tenta entender o meu lado. O Gil
já foi amarradão em você e/
Lia — (corta) Juliana, nunca vou mais colocar a nossa
amizade em risco por causa de garoto nenhum.
Confia em mim?
Ju — (reticente) Tudo bem. Vamo deixar esse assunto
pra lá, tá? (t) Eu tenho que descer, tô atrasada.
Vamos?
Lia faz que sim e as duas saem.
CORTA PARA:

Vitor saindo de moto, vê Lia e Ju saindo do prédio, vai até lá de moto
mesmo.
Vitor — Fala, Lia. Passa depois lá na oficina.
Lia — (sinal de positivo) Beleza.
Ju — E aí, Vitor, como é que foi a conversa com meu
pai?
Vitor — Foi ótima. Tá tudo bem.
Lia estranha o papo. Ju vira-se pra ela e comenta:
Ju — Cara, Lia, até esqueci de te falar. Olha a
coincidência: o meu pai é advogado do Vitor!
Lia olha pra Vitor, sem entender. Ele explica:
Vitor — Eu tava conversando com o doutor Olavo e a
gente encontrou com a Ju por acaso.
Lia — Ah, tá.
Ju — (p/ Lia, entendendo) Você já sabia que meu pai
era advogado dele, né?
Lia — É, sabia, mas não falei nada porque ele pediu. O
tio Olavo te falou do que se trata?
Ju — Por alto. Disse que o Vitor foi vítima de um mal-

entendido em Brasília e ele tava acompanhando
o caso.
Vitor — Pois é, ele foi muito legal comigo. (p/Lia) Bom,
eu tenho que trabalhar. Depois a gente se vê.
Vitor se manda. Ju, curiosa, pergunta pra Lia:
Ju — Você sabe se essa parada do Vitor é alguma
coisa grave? Tipo será que ele tá na bad?
Lia — (disfarça) Se o teu pai falou que é só um mal-
entendido, então deve ser isso mesmo.
CORTA PARA:

Fatinha no telefone com Bruno, entrando no camarim.
Fatinha — Não, amor, a gravação nem começou. Não
começa com essa nóia. Eu sei me cuidar, gato.
Marizete vai escolhendo um figurino pra Fatinha e escutando tudo.
Fatinha — Tá, eu te ligo. Não fica me ligando que atrapalha
a parada. Beijo. (desliga)
Marizete — Seu namorado tem razão em ficar em cima.
Reizinho é rei de tudo que não presta!
(mostrando um figurino) Esse aqui vai ficar lindo
em você.
Fatinha vai pra trás de um biombo e conversa com Marizete enquanto
troca de roupa.
Fatinha — Ah, não começa com essa história de novo,
garota estranha.
Marizete — É porque você não sofreu o que eu sofri. De
Rainha a camareira.
Fatinha — Querida, comigo a história vai ser diferente. Até
porque eu não vou dar esse mole todo pra esse
cara não, entendeu? Vou ser Rainha e tchau.
Vou sair por cima. Não é porque aconteceu com
você, que vai acontecer comigo, colega.
Fatinha sai de trás do biombo.
Marizete — Com certeza. Até porque tá na hora do Reizinho

acertar a conta. Pagar tudo que me deve.
Fatinha — Como assim?
Lulu Mauro — (off) Cadê a rainha?! Rainha no set!!!! Agora!!!!
Marizete — (falsa, olha pra Fatinha) Tá linda, Rainha. Deixa
eu só dar uma ajustada aqui.
Marizete ajusta o figurino no corpo de Fatinha e espeta um alfinete.
Fatinha — Ui!
Marizete — Foi mal, amor.
Em Fatinha cabreira com Marizete.
CORTA PARA:

Nélio e Rasta tomando um suco. Bruno chega e já vai sentando. Rosa
por ali.
Bruno — Não foi fácil deixar a Fatinha sozinha naquela
gravação.
Nélio — Fica frio camarada, não vai acontecer nada.
Rasta — É como diz aquele velho ditado: “o que os olhos
não veem o coração não sente”.
Bruno — (na bronca) Qual é, Rasta?! Tá falando isso por
que, ô maluco?
Rasta — Nada. É só um ditado popular.
Bruno — Entendi. (zoando) Eu sei onde tu mora, hein?
Nélio — Ô Brunão, na boa, você vai ter que se
acostumar, meu velho. Não adianta, a Fatinha é
assim mesmo. Assumiu o namoro, agora
aguenta coração.
Rasta — É isso. A garota é divertida e gosta de causar,
tudo sabe, e ela não vai mudar. E você é
machista, possessivo e sinto lhe informar, não
vai mudar também.
Nélio — É o papo, companheiro.
Fecha em Bruno refletindo sobre as palavras dos amigos.
CORTA PARA:

Tempo de espera no estúdio. As rainhas fofocam, fazem as unhas.
Lulu Mauro ao celular. Fatinha chegando.
Fatinha — Lulu Mauro, tô aqui! Não mandou me chamar?
Cheguei.
Pilha — E como!
Lulu Mauro desliga e anuncia.
Lulu Mauro — Gente, nossa majestade Reizinho tá atrasado.
Menino Pilha, acaba de trocar o figurino e vamos
gravar aquele take tipo Joana Dark com você na
fogueira. Figurino, por favor.
Maquiador e figurinista vão colocando peruca e acessórios.
Pilha — Pô, diretor, cê vai tacar fogo no Pilhazinho aqui?
Eu tenho família, pô.
Lulu Mauro — Você ainda não aprendeu que tudo aqui é de
mentirinha? Que coisa, é um foguinho à toa!
Apaga logo com extintor, bobo. Arma a fogueira,
contra regra.
Maquiador e figurino acabam de caracterizar Pilha. Lulu Mauro olha.
Lulu Mauro — Vão maquiar as Rainhas... vão. (olhando Pilha)
Tá faltando alguma coisa... As botas, moleque.
Ah, se eu esqueço disso, oh! (passa a mão no
pescoço, cortando) Vai lá no camarim se calçar.
Pilha — Ai, papai! Tô com um pressentimento ruim...
Em Pilha saindo do set,
CORTA PARA:

Pilha entra no camarim, caracterizado de Reizinho, procurando as
botas resmungando sobre o fogo. Ele não percebe Marizete surgindo
por trás. Ela coloca um pano em sua boca, Pilha reage, mas desmaia
rápido indo ao chão. Marizete olha para Pilha/Reizinho caído,
triunfante.
Marizete — Te peguei Reizinho!
Na risada maléfica de Marizete...

CORTA PARA:

Fatinha entediada esperando.
Lulu Mauro — A gente tá por quem? Cadê o Pilha?!
Fatinha — Não tinha ido no camarim pegar a bota?
Lulu Mauro —Fatinha, por favor, vai atrás do seu amigo pra
mim?
Fatinha — Vem cá, eu sou a Rainha do funk ou garota de
recado, Lulu Mauro?
Lulu Mauro — Os dois. Vai logo e não reclama, menina.
Em Fatinha conformada indo,
CORTA PARA:
CENA 24/ CAMARIM REIZINHO / INTERIOR/ DIA.

Marizete tenta arrastar Pilha/Reizinho, mas ele está pesado. Ouvimos
Fatinha chamando.
Fatinha — (off) Ô protótipo de funkeiro? Cadê você?
Clima de suspense. Porta se abrindo. De repente Fatinha grita
enlouquecida!
CAM revela uma barata. Fatinha sai correndo desesperada e bate a
porta.
CAM encontra Marizete que respira aliviada, escondida com Pilha,
desacordado, atrás de uma arara de roupas.
CORTA PARA:
FIM
VALE ESTE 30/01
Novela de
Colaboradores
Direção Geral
Luiz Henrique Rios
Núcleo
José Alvarenga

Fatinha volta do camarim e é interpelada por Lulu Mauro.
Lulu Mauro — Cadê o dublê?
Fatinha — No camarim ele não tá, mas tem uma barata
horrorosa!!!!!
Lulu Mauro — Já ligou pra ele?
Fatinha — (teclando) Eu não entro mais naquele camarim.
Lulu Mauro — E aí?
Fatinha — (no celular) Não atende.
Lulu Mauro — Era só o que me faltava! O dublê sumir logo
hoje que tem a cena da queda.
Fatinha — Que queda?
Lulu Mauro — Não se mete nisso não, e tenta achar esse
pigmeu folgado.
Fatinha — (no celular) Caixa de mensagens. Ele deve tá
enrolado.
Lulu Mauro — Ele é um enrolão, isso sim. Ô assistente, vê se
não está faltando nenhuma rainha, vai que esse
tal de Pilha tá se enroscando por aí com alguém?
Fatinha — O Pilha? Difícil.
Atenção Sonoplastia: Toca o rádio de Lulu Mauro.
Lulu Mauro — (no rádio) Alô. Ai, meu Deus, Reizinho já tá
entrando!!!!!! Todos aos seus postos, o show
não pode parar! (p/ Fatinha) Ei, Rainha, pra
posição, você é a primeira a gravar.
Fatinha — Mas e o Pilha?
Lulu Mauro — Quem se importa? Daqui a pouco esse infeliz
chega, o MC Reizinho não tolera atrasos.
Em Fatinha preocupada,
CORTA PARA:

Marizete arrasta Pilha pelas pernas (ou como der) para fora de
quadro.
CORTA PARA:

Rosa no balcão, Nando numa mesa, olhando a correspondência.
Marcela passa pelo Misturama. Nando a vê, pega um envelope e a
chama.
Nando — (chama) Loura má! Uma correspondência sua
veio parar aqui. (estende o envelope) Toma.
Marcela — Obrigada ogro. (lê envelope) Ué... Não tem
remetente. Você sabe quem me mandou isso?
Nando — Como é que eu vou saber, ô ex-paquita?
Rosa — Nada como uma boa relação com a vizinhança,
né Nando?
Nando — Tava aí no meio das correspondências do
Misturama. Mas é pra você.
Marcela abre o envelope. CAM detalha: uma folha escrita com letras
recortadas, onde se lê: “Do seu eterno admirador apaixonado...”.
Marcela — “Do seu eterno admirador apaixonado...”. (t)
Gente, que isso? Só pode ser uma brincadeira...
Rosa — E não assina não?
Marcela — Não. Nando, chega, pode confessar! É você, né?
Nando — Eu o quê?
Marcela — (mostra a folha) Quem mais ia querer tirar onda
com a minha cara? Mandou um buquê pro
Quadrante, fica ligando pra mim sem falar nada
e agora isso! Você acha que eu sou otária?
Nando — Você que tá falando. O Lorenzo é meu amigo,
você acha que eu ia ficar mandando declaração
pra mulher dele, ô oxigenada?
Marcela — É porque você adora me tirar do sério, né,
roqueiro vencido.
Rosa — Ah, mas não é só você não... O Nando gosta.
Nando — Tá vendo? Não é exclusividade sua, não. Põe
esses poucos neurônios pra funcionar, ô loira
limitada.
Marcela — (intrigada) Ué. Se não foi você, então quem foi?

Em Marcela intrigada,
CORTA PARA:

Vitor trabalha numa moto. Axel vê algo fora de quadro e sorri.
Axel — Sabe quem tá chegando aí? Dá uma olhadinha...
Acho que você vai gostar...
Vitor olha. CAM encontra Lia se aproximando.
Vitor — Já gostei.
Axel — (grita) E aí, Lia, veio visitar o namorado?
Vitor — Pode não parecer, mas a gente é só amigo. Pelo
menos é o que ela gosta de dizer por aí.
Lia — Isso aí. Amigo.
Axel — Hoje em dia chama assim, é?
Em Vitor sorrindo,
CORTA PARA:

Gravação do clipe. Fatinha dança com MC Reizinho que
estranhamente está bem comportado, mantendo distância dela, e
mesmo se afastando quando ela chega junto. Ela estranha.
Fatinha — Nossa, Reizinho, você hoje parece outro. Curti.
Ela chega perto dele, falam enquanto fazem a coreô,
disfarçadamente.
MC Reizinho — Pra trás, encrenca, longe de mim!
Fatinha — Ahn? Pode chegar, moleque, é só manter o
respeito que eu tenho namorado.
MC Reizinho — E eu não sei?
Fatinha — Qual é? Virou bom moço de repente, é?
MC Reizinho —É que seu namorado veio falar comigo.
Fatinha —Mas eu falei pra o Bruno não se meter! O que ele
disse?!
MC Reizinho — Pra eu não fazer mais gracinha contigo, senão...

Fatinha — Ele te ameaçou???
MC Reizinho faz que sim, assustado.
Fatinha — Que fofo! Eu amo meu namorado!
MC Reizinho — Por favor, não diz que eu falei!
MC Reizinho amedrontado. Fatinha para por um momento.
Fatinha — Pode ficar tranquilo, mané. Prefiro você assim,
comportadinho. Pode dançar junto, covardão,
mas ó, sem gracinha, tá? Senão o Bruno te
pega. Bu!
MC Reizinho até para de dançar.
Lulu Mauro — Gente, tá tudo bem?
MC Reizinho engole em seco.
MC Reizinho — Tudo ótimo!
Eles seguem dançando. Fatinha reina!
Lulu Mauro — Corta! Pode descansar, Reizinho que agora
vamos fazer as cenas de ação. Cadê o dublê, já
voltou?
Os técnicos procuram, sem sucesso.
Rainha 1 — Ih, Lulu Mauro, o colega não apareceu, não.
Lulu Mauro — Pô, justo agora que a gente ia fazer a cena que
o Reizinho se esborracha em cima dos sacos de
lixo? Desculpa, Reizinho, mas você pode fazer?
MC Reizinho — Mas nem morto!
Lulu Mauro — Mas é tudo mentirinha, e tem colchões pra
amortecer a queda.
MC Reizinho — Joga a tua mãe, então. Vê se quica. Tá
pensando que eu sou otário? Queda eu não
gravo! Cadê aquele maldito dublê, ele é pago
pra isso!
Lulu Mauro — O problema é que o dublê sumiu, escafedeu-se.
MC Reizinho — Ô raça! A gente tenta ajudar, mas neguinho
sempre vacila.
Fatinha fica ainda mais preocupada.

Fatinha — Pilha da mãe, como é que você me apronta uma
dessas?
Na preocupação de Fatinha,
CORTA PARA:

Num canto, encostado à parede (não pendurado), o pôster de
Marcela (cap. 138, cena 3) autografado e emoldurado. Axel na
contabilidade. Lia ali esperando. Vitor trabalhando numa moto.
Lia — Achei que essa hora cê já ia tá terminando.
Vitor — Queria muito, mas o serviço tá puxado. Não sei
se vou conseguir. Tenho que entregar essa moto
hoje ainda.
Lia — Então não vou te atrapalhar, te espero lá no
jardim secreto, pode ser?
Vitor — Beleza. Vou terminar aqui e te encontro lá.
Lia vai saindo, mas Vitor a puxa.
Vitor — Pô, nem um beijinho de despedida?
Lia — (rindo) A gente vai se ver daqui a pouco.
Vitor — Só um beijo de amigo...
Lia ri e vai dar um beijo no rosto dele, mas ele vira o rosto
propositalmente pra dar um selinho nela.
Axel — (rindo, levanta a cabeça do trabalho) Amigo,
né?
Lia — Vitor... Sem pressão...
Vitor — (sedutor) Foi mal, bota na minha conta.
Lia — Depois eu cobro.
Lia vê o pôster da Marcela.
Lia — É a Marcela naquele pôster?
Vitor — É coisa do Axel.
Axel — (chegando) Ih, nem devia tá aqui. A Marcela me

pediu pra não botar na parede da oficina. É que
ela me inspira, sabe? O sorriso dela me faz
trabalhar melhor.
Lia e Vitor riem, cúmplices. CAM vai até Raquel que vê os dois a uma
certa distância. Fecha nela preocupada.
CORTA PARA:

Gravação do clipe. Vemos MC Reizinho encurralado por três sujeitos
mal encarados, brandindo paus, pedras, facas, etc. MC Reizinho sobe
num praticável. Sacos de lixo por ali.
Lulu Mauro — Agora cai nos sacos, Reizinho.
MC Reizinho — Tá maluco? De jeito nenhum! E sujar minha
roupa? Sabe quanto custou isso aqui? É mais
que seu salário, infeliz!
Lulu Mauro — Mas é que a gente tá sem dublê.
MC Reizinho — Azar o seu. Pra mim já foi.
E sai andando.
Lulu Mauro — Corta! Ficou ótimo Reizinho, parabéns. O resto a
gente resolve na edição...
MC Reizinho — Mas e aí? O clipe ficou bom mesmo?
Lulu Mauro — Sua alteza vai ver, depois que a gente botar os
efeitos, vai ficar show! Genial!
MC Reizinho — Acho bom mesmo. E ó, pode cortar o salário
desse dublê. Além de feio é incompetente. Quem
fez tudo fui eu!
Fatinha — Peraí, ele fez a tinta na cabeça, o afogamento, a
cena do fogo...
MC Reizinho — Titica.
Lulu Mauro — Fim do dia, galera. Estão todos liberados.
As pessoas aplaudem. Todos vão deixando o set. MC Reizinho segue
amparado por Lulu Mauro e pelo assistente. Fatinha os interrompe.
Fatinha — Vem cá, já acabou? Mas e o Pilha?
Lulu Mauro — A gente não precisa mais dele, o Reizinho aqui

fez as cenas sozinho.
MC Reizinho — Nem sei pra que a gente contratou aquele girino
folgado!
Fatinha — Mas alguém sabe dele?
MC Reizinho — Não sei nem quero saber! Massagista?! Estou
exausto!
Lulu Mauro — Jennifer? Rápido, sua alteza está chamando.
Eles saem. Fatinha aflita aborda as Rainhas que seguem para o
camarim.
Fatinha — Meninas, alguém viu o Pilha?
Rainha 1 — Você acha que alguém aqui tá preocupado com
seu amiguinho?
Rainha 2 — É cada um por si, colega.
As rainhas se afastam, o set esvazia. Fatinha fica ali, sozinha e
preocupada.
Fatinha — (p/ si) Onde esse moleque se meteu?
Na aflição de Fatinha,
CORTA PARA:
CENA 8/ CATIVEIRO/ INTERIOR/ DIA.

Pilha acorda no cativeiro amarrado a uma cama. Ele vai recuperando
a consciência aos poucos.
Pilha — Onde estou? Quem sou eu? Que horas sai o
rango? Hein???
Pilha finalmente percebe que está todo amarrado. Se assusta:
Pilha — Mas que brincadeira é essa? Me solta!
Das sombras surge Marizete, que sorri malévola.
Marizete — MC Reizinho! Agora você vai pagar por tudo que
me fez!
Na expressão de pânico de Pilha.
CORTA PARA:
INTERVALO COMERCIAL

Cont. imediata da última cena. Marizete se aproxima de Pilha,
ameaçadora. Pilha se debate tentando se soltar, assustado.
Pilha — Quem é você? O que você quer comigo?
Marizete — Ingrato! Depois de tudo, finge que não me
conhece? Sou sua Marizete, esqueceu, cachorro?
Mas eu vou refrescar sua memória, MC
Reizinho... da forma mais dolorosa possível!
Pilha — Peraí, colega! Tá rolando uma pequena
confusão. Eu não sou o MC Reizinho. Eu sou o
Pilha, o dublê.
Marizete — Caôzeiro como sempre, né, Reizinho?
Pilha — Mas eu tô dizendo a verdade, sou apenas o
pobre Pilha, aspira de MC. O DJ Marlboro me
chamou pra ser dublê daquele panaca, eu juro
que não sou ele!
Marizete — E vai jurar que não me conhece também?
Pilha — Pô, colega, foi maus, mas a verdade é que
nunca vi você mais gorda/
Marizete — (corta) Canalha! Depois de tudo que eu fiz por
você! Depois de tudo que nós vivemos? Você
pode não lembrar. Mas eu, nunca te esqueci.
Em Marizete lembrando.
CORTA PARA:
CENA 10/ COMUNIDADE/ EXTERIOR/ DIA.

(ou outro lugar qualquer)
Marizete dançando para MC Reizinho, ele encantado. Ainda sem as
correntes de ouro, mas com Black Power e bota de salto.
Marizete — (off) A gente era tão jovem, tão inocente.

Parece que foi ontem. E foi mesmo. Não tem
nem um ano. Eu fui sua primeira Rainha, e era
pra ter sido a única! Mas não, o sucesso subiu à
sua cabeça, você virou esse babaca vaidoso.
Tinha que me trair! Arrumar esse monte de
periguetes safadas! E pra mim só restou virar
uma pobre camareira...
CORTA PARA:

Marizete ainda pensativa, saudosa, Pilha a “acorda”.
Pilha — Ô, colega, você pegou o cara errado, eu/
Marizete — (corta) Chega de mentiras, safado! Você era
tudo pra mim, por que você me jogou fora?
Pilha — Tá louca? Vê se eu sou cara de jogar mulher
fora? Imagina, ainda mais uma mina maneira
que nem você, uma rainha... Por que você não
me solta e a gente não troca uma ideia?
Marizete — Quieto! Pensa que me engana? Eu te conheço
pelo cheiro, seu desgraçado...
E começa a cheirar Pilha, que além de medo agora começa a sentir
cócegas e se contorce todo.
Pilha — Ai, para com isso, colega. Ai, ai, tá me fazendo
cócegas, para! Cosquinha é sacanagem!
Marizete “monta” em cima de Pilha e fica fungando ele. Ele se debate,
rindo e chorando ao mesmo tempo. No desespero de Pilha,
CORTA PARA:

Na calçada, Vitor diante de Lia, que acaba de tomar um copo d’água,
deixando a água escorrer pelo canto da boca.
Lia — Agora eu vou indo, né?
Vitor — Peraí.
Vitor limpa a mão na roupa e depois limpa a água que escorreu da
boca de Lia.
Lia — Acho que cê sujou mais que limpou.

Vitor olha as mãos e ri. Raquel chega.
Raquel — (censurando) Quer dizer que vocês dois
continuam se encontrando.
Vitor — (se desculpando) Eu ia procurar mesmo a
senhora pra conversar, mas/
Lia — (corta) Vitor, não precisa dar explicação
nenhuma pra ela. Você já falou com o meu pai e
tá tudo resolvido.
Raquel — Eu não fiquei sabendo de nada.
Lia — Problema seu. Meu pai resolveu dar um voto de
confiança pro Vitor e é isso que conta.
Vitor — Lia, calma...
Raquel — (p/ Lia) Acontece que eu também sou
responsável por você.
Lia — Eu já saí da sua casa, você não tem mais nada a
ver com a minha vida.
Vitor — Lia, ela é sua mãe...
Raquel — Filha, você não tem essa escolha.
Lia — Ah, porque a escolha é sua, né? Você resolve
ficar anos sem ser minha mãe, depois bate uma
culpa e resolve que pode mandar em mim? (t)
Olha só, eu não vou ficar discutindo no meio da
rua. Tchau, Raquel. (vai saindo) Vitor, tô indo
pra lá. Vou ficar te esperando.
Lia sai fora. Raquel e Vitor ficam frente a frente.
Raquel — Ponto pra você. Por enquanto.
Vitor — Nós não tamos disputando nada. Eu ia mesmo
te procurar pra esclarecer o que o doutor Olavo
disse a meu respeito.
Raquel —Confio no Olavo, e isso me basta.
Vitor — E pode confiar em mim também! Eu gosto muito
da sua filha e não vou deixar que nada de mau
aconteça com ela.
Raquel — Eu é que não vou deixar nada de mau acontecer

com a minha filha.
E sai atrás da Lia. Vitor fica ali com uma expressão preocupada.
CORTA PARA:

Raquel observa Lia, bem mais na frente, virando em uma curva, dá
um tempo pra que a filha não perceba e a segue.
CORTA PARA:

Fatinha está sozinha no set vazio. Bruno aparece todo animado, mas
logo percebe que ela está preocupada.
Bruno — O que houve, gata? Não vai me dizer que aquele
babaca do Reizinho te tratou mal?
Fatinha — Não! Ele ficou pianinho depois da dura que você
deu nele.
Bruno — Achei que ele não fosse comentar. Desculpa,
mas eu só queria proteger você.
Fatinha — (murcha) Relaxa, moreno, adorei.
Bruno — Então qual o problema?
Fatinha — O Pilha sumiu.
Bruno — Relaxa, gata. Não deve ser nada de mais. Ele
deve tá tirando o atraso com uma daquelas
funkeiras por aí...
Fatinha — Tá nada. Tô falando sério, Bruno. Ele sumiu no
meio da gravação. Já liguei mil vezes. Ele
simplesmente desapareceu. Já perguntei pra
todo mundo, mas ninguém sabe, ninguém viu.
Ai, Bruno, e agora?
Bruno — Calma, gatinha. Ele não pode ter desaparecido
assim. Você lembra a última vez que viu o Pilha?
Fatinha — Ué. O Reizinho tava atrasado, aí resolveram
fazer a parte do dublê. Só que faltou a bota e o
Pilha foi no camarim pegar e... espera!
Entra insert: cena 19 do cap. 143.
No camarim, Fatinha e Marizete conversa. Ela parece meio louca.

Marizete — Com certeza. Até porque tá hora do Reizinho
acertar a conta. Pagar tudo que me deve.
Fatinha — Como assim?
Final do insert.
O rosto de Fatinha parece iluminado.
Fatinha — A garota estranha!
Bruno — Quem?
Fatinha — A camareira! Vem comigo, Bruno...
Sai puxando Bruno em direção do camarim.
CORTA PARA:

MC Reizinho e Lulu Mauro comemorando, enquanto uma moça faz
massagem nos ombros de MC Reizinho.
MC Reizinho — Ai, me quebrei todo, quero ver se valeu a pena,
Lulu Mauro. Esse clipe tem que bombar.
Lulu Mauro — Vai bombar! Você arrasou!
MC Reizinho — O que seria de mim sem... sem... sem “mim
mesmo”!
Nisso entram Fatinha e Bruno. Ao vê-los, MC Reizinho se encolhe
amedrontado!
MC Reizinho — Não me bate! Não me bate! Eu tratei ela bem!
Não toquei um dedo nela, pode perguntar! Fala
pra ele, rainha.
Bruno — Deixa de ser frouxo, mané, a gente não tá aqui
pra isso. Cadê Pilha?
MC Reizinho — Quem?
Lulu Mauro — O dublê.
MC Reizinho — Ainda isso? Pô, aquele imprestável continua
sumido? Sei lá dele.
Fatinha — Ele sumiu aqui, no camarim. Aquela camareira
esquisitona deve saber de alguma coisa... Cês
sabem dela?
MC Reizinho — O quê? Tinha camareira para essas periguetes e

não tinha pro grande MC Reizinho, o rei do
passinho? Sacanagem, Lulu!
Lulu Mauro — Não tinha camareira nenhuma, Reizinho, a
gente nem tinha verba pra isso. Você deve tá se
confundindo, garota.
Fatinha — Tinha, sim! Eu falei com ela. Era uma moça que
já tinha sido Rainha, que não ia muito com a
cara do MC Reizinho.
MC Reizinho — Ai meu Deus!
Lulu Mauro — Não pode ser...
MC Reizinho — É ela!
Bruno — Ela quem?
MC Reizinho e Lulu Mauro — (juntos) Marizete!
Fatinha — Que que tem a Marizete?
MC Reizinho — É uma louca. Ela me odeia. Ela foi minha
primeira Rainha, mas eu arrumei coisa melhor e
dispensei.
Bruno — Cê é um canalha, mesmo!
MC Reizinho — Aí ela jurou se vingar de mim. Vive me
ameaçando. Se eu soubesse que ela tava aqui,
tinha chamado a polícia.
Fatinha — (alarmada) Será que ela fez alguma coisa com o
Pilha?
Bruno — Deve ter achado que o Pilha era o MC Reizinho!
MC Reizinho — Além de maluca, a Marizete agora é cega? Como
é que ela me confundiu com aquele
monstrengo? Sou muito mais bonito que aquele
cara.
Lulu Mauro — Sorte sua, né, Reizinho?
MC Reizinho — (ri) O dublê se deu mal.
Bruno dá um pescotapa nele.
MC Reizinho — Ai! Olha a violência!
Bruno — O negócio é sério, ô rei dos babacas. Cê tem o

telefone dessa Marizete?
MC Reizinho — Claro, aquela doida me ligava direto. E a cobrar!
Na aflição de Fatinha e Bruno,
CORTA PARA:

Raquel chega num lugar da rua e fica um pouco perdida.
Raquel — (para si) Por onde será que ela entrou?
Em Raquel encafifada,
CORTA PARA:
CENA 17/ JARDIM SECRETO/ EXTERIOR/ DIA.

Lia atravessa o jardim secreto e entra na estufa. Ela está suada
depois da caminhada e o lugar está abafado. Ela enxuga o suor da
testa. Resolve abrir um dos janelões que está emperrado pela
umidade e ferrugem. Lia força a barra e o janelão acaba se
deslocando do eixo, derrubando sobre ela uma estrutura de ferro e
vidro. Lia tenta se proteger com os braços, mas o impacto é violento
e ela acaba caindo desacordada em meio aos cacos e entulho.
CORTA PARA:

Vitor, apressado, acaba o serviço. Axel por ali.
Vitor — Finalmente... Achei que não ia terminar nunca.
Vou lá encontrar minha amiga, valeu?
Axel — Amiga, né? Tudo bem, por hoje você tá
liberado, deixa eu dar um confere.
Vitor — Manda ver.
Axel vai testar a moto e ela engasga/morre de novo.
Axel — Ih, Vitor. Não quero cortar teu barato, não, mas
ó, a gente não pode entregar ela assim.
Vitor — (preocupado) Não, claro... Vou dar mais uma
olhada. Deixa comigo.
Fecha em Vitor olhando o relógio, preocupado.
CORTA PARA:

Bruno está no telefone tentando falar com Marizete. Lulu Mauro, MC
Reizinho e Fatinha ao seu redor, apreensivos.
Bruno — Só dá caixa postal! (p/ Fatinha) E agora?
Fatinha — Ai meus Deus do céu!
Bruno — E se a gente rastrear o número pra saber onde
eles tão?
Lulu Mauro — Tá achando que isso aqui é o quê? Seriado
americano, rapaz?
MC Reizinho — (ri) Pega as digitais! Cadê a lupa, ô MacGyver?
Bruno dá mais um pescotapa.
Bruno — Vamos parar com as piadinhas? O lance é sério.
Lulu Mauro — Será que a gente chama a polícia?
Fatinha — Galera, olha só, a gente não tem prova de nada!
Bruno — Ainda, né?
MC Reizinho — Quem vai sentir falta de um dublê? O moleque
não é ninguém.
Bruno ameaça mais um pescotapa, e Reizinho já se encolhe.
Fatinha — (decidida) Peraí! Eu sei quem consegue rastrear
esse celular!
Em Fatinha determinada,
CORTA PARA:
CENA 20/ QUARTO ORELHA/ INTERIOR/ DIA.

Orelha e Fera jogando videogame.
Fera — Aí cara, tava pensando, a gente podia chamar a
Rita e a Morgana pra sair junto, irado né? Eu
pego a Rita e você/
Orelha — (corta) Quem disse que eu quero pegar a
Morgana?
Fera — Ué. Achei que você tava a fim da Moranguinha.
Orelha — Achou errado.
Fera — Então beleza, a gente sai nós quatro e eu pego

as duas. (zoa) Você filma.
Orelha não acha graça. Atenção Sonoplastia: Toca o celular de
Orelha.
Orelha — (lê o visor) Aí sim tamo falando de mulher de
verdade. (ao cel.) Fala Fatinha! O que é?
Rastrear um telefone? Celular? Mole. De repente
tem até GPS. Já te falei que eu sou sinistro? Me
dá o telefone aí.... Marizete? Bonito nome. Já te
ligo! Beijo.
Em Orelha desligando o celular,
CORTA PARA:

Raquel vem atravessando o jardim secreto chamando pela filha.
Raquel — Lia? Cadê você? Filha, desculpa eu ter te
seguido, mas a gente precisa mesmo conversar.
Aparece? Responde filha!...
Ela se aproxima lentamente da estufa. Suspense.
Raquel — Você tá aí dentro?... Filha?
Raquel entra na estufa e dá de cara com a filha caída.
Raquel — (aterrorizada) Ai, meu Deus!
Em Raquel desesperada.
CORTA PARA:
CENA 22/ QUARTO ORELHA/ INTERIOR/ DIA.

Orelha em frente ao seu computador procurando.
Orelha — Achei!
Fera — Boa! Sabia que cê ia achar. Não entendi muito
bem o quê, nem como, mas...
Orelha já disca pra Fatinha.
Orelha — (ao cel.) Fatinha? (t) Digo sim. Mas primeiro eu
quero ouvir você falar: “Orelha, tu é o cara.”
Sério, pode falar, tô esperando...
Em Orelha falando no telefone,
CORTA PARA:
CENA 23/ JARDIM SECRETO/ INTERIOR/ DIA.

Raquel abraçada com a filha.
Raquel — (desesperada) Lia!... Filha... Acorda... Lia, pelo
amor de Deus...
Lia continua desacordada. Raquel verifica sua pulsação colocando a
mão no pescoço. Pega o celular e liga pro hospital.
Raquel — (nervosa) Alô?... Alô?... Tá me ouvindo?... (p)
Quem tá falando é a doutora Raquel Martins...
(p) Isso. Eu preciso que vocês me mandem uma
ambulância agora! É urgente. Anota o endereço.
Em Raquel desesperada,
CORTA PARA:

Axel faz a contabilidade, Vitor se aproxima dele limpando as mãos.
Vitor — A moto tá pronta, Axel. Posso partir?
Axel — (cúmplice) Vai levar a namoradinha aonde?
Vitor — (sorri) Segredo.
Atenção Sonoplastia: toca o celular de Vitor. Ele atende.
Vitor — (ao cel.) E aí Fatinha! Que que manda? (se
alarma) Quê?! O Pilha sumiu?
Em Vitor preocupado,
CORTA PARA:
CENA 25/ SET CLIPE/ OFICINA/ EXTERIOR/ INTERIOR/ DIA.

MC Reizinho e Lulu Mauro atentos. Fatinha ao celular, Bruno com ela,
meio contrariado.
Bruno — Não sei pra que chamar esse cara.
Fatinha — Ele é tipo irmão dele. (ao cel.) Vitor, foi uma
doida que sumiu com o Pilha.
Atenção Edição: alternar cenários.
Vitor — Como assim?
Fatinha — A louca é tipo uma psicopata! Fingiu ser

camareira aqui do clipe e pegou ele.
Vitor — (se alarma) E aí? Onde é que cês tão?
Fatinha — No estúdio. Mas o Orelha rastreou o telefone
dela. Ele já tá indo pra lá com o Fera, eu e o
Bruno tamos saindo agora.
Vitor — Eu vou também. De moto eu chego mais rápido.
Passa o endereço por mensagem. Vou só avisar
a Lia e encontro vocês lá.
Fatinha — Já é. (desliga; p/ Bruno, teclando) Vamos?
MC Reizinho — Tem alguma coisa que eu possa fazer?
Fatinha — Reza. Mas reza muito. Porque se o meu amigo
sofrer um aranhãozinho que seja por sua causa,
você vai se ver é comigo! (saindo)
Bruno — E comigo! E vocês esperam aqui, heim? Senão...
Fatinha sai, Bruno a segue. No olhar tenso que Lulu Mauro e MC
Reizinho trocam,
CORTA PARA:

Raquel, nervosa, ao lado da filha. O celular de Lia, jogado ali, acende
com uma mensagem de Vitor: Atrasado. Se tiver q ir me avisa. Bjs
Vitor”. Raquel nem repara, ela olha pro relógio e liga novamente no
celular.
Raquel — (nervosa) É a doutora Raquel Martins
novamente. O que que aconteceu com a
ambulância que eu pedi?... (p) Tenta falar com
eles pelo rádio. Pelo amor de Deus, é a minha
filha!
Desliga. Olha pra Lia e acaricia seus cabelos.
Raquel — Segura firme, querida, você vai sair dessa.
Na preocupação de Raquel,
CORTA PARA:
CENA 27/ CATIVEIRO/ EXTERIOR/ DIA.

A moto num canto, Vitor espiando o lugar, cauteloso. Orelha e Fera
chegam.
Orelha — (p/ Vitor) Algum sinal do Pilha?
Vitor — Já dei a volta na casa, mas tá o maior silêncio.
Fatinha e Bruno chegam.
Vitor — (p/ Bruno, receoso) Vocês avisaram a polícia?
Bruno — Avisar o quê? A gente não tem prova de nada!
Fatinha — A gente só sabe que essa mulher é uma fã
maluca que pensa que o Pilha é o MC Reizinho.
Vitor — Então vamos entrar logo!
Orelha — Demorou!
Fatinha — (avança, decidida) Essa camareira falsa vai ver
o que é bom pra tosse.
Nos amigos decididos,
CORTA PARA:

Ninguém à vista. Golpes violentos de chutes na porta. A porta cede:
Vitor, Bruno e Fera entram, seguidos por Fatinha e Orelha. Estacam,
perplexos, ao verem algo fora de quadro. No susto de todos,
CORTA PARA:
FIM

Malhação Participação Cap

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Central Globo de Produção Capítulo 140

VALE ESTE 30/01

CENA 1/ CRECHE/ INTERIOR/ DIA.

Dona Filó — Cuida bem da Fatinha, que essa menina é de

CENA 2/ SOBRADO/ SALA/ INTERIOR/ DIA.

Marcela — E aí, gente, alguém já fez o café?

CENA 3/ APTO JU/ SALA JU/ INTERIOR/ DIA.

CENA 4/ SOBRADO/ INTERIOR/ DIA.

Marcela — (surpresa) Raquel?!

CENA 5/ COLÉGIO/ SALA DE AULA/ INTERIOR/ DIA.

Lia — Cala a boca, Orelha.

CENA 6/ SOBRADO/ SALA/ INTERIOR/ DIA.

Lorenzo — Não. Mas é uma questão ética, moral. Eles têm

CENA 7/ RUA/ CIDADE CENOGRÁFICA/ EXTERIOR/ DIA.

Fatinha — Nóinnn! Lindo! Tá. Mas antes eu tenho que

CENA 8/ APTO JU/ SALA JU/ INTERIOR/ DIA.

Marta — Só eu, né? (p/ Bruno) A Ju disse que você não

CENA 9/ PRÉDIO LIA/ PORTARIA LIA/ EXTERIOR/ DIA.

CENA 10/ APTO JU/ SALA JU/ INTERIOR/ DIA.

CENA 11/ APTO JU/ SALA JU/ INTERIOR/ DIA.

Fatinha — Ah, a camiseta eu sempre corto pra ficar mais

CENA 12/ PRAÇA/ EXTERIOR/ DIA.

Raquel — Você não sabe o que eu passei. Mas tudo que eu

CENA 13/ APTO JU/ SALA JU/ INTERIOR/ DIA.

Fatinha — É que eu sou repetente. Mas quer saber? Foi a

CENA 14/ PRÉDIO LIA/ PORTARIA LIA/ EXTERIOR/ DIA.

CENA 15/ COLÉGIO/ PÁTIO/ INTERIOR/ DIA.

CENA 16/ COLÉGIO/ SALA DOS PROFESSORES/ INTERIOR/ DIA.

Marcela — Teve. Eu tava vindo pra cá e dei de cara com

CENA 17/ COLÉGIO/ PÁTIO/ INTERIOR/ DIA.

Fera — (atrasado) Bruno?

CENA 18/ PASSAGEM DE TEMPO/

CENA 19/ JARDIM SECRETO/ INTERIOR/ DIA.

CENA 20/ SET CLIPE/ EXTERIOR/ DIA.

se lê em letras garrafais “Agente secreto”, blazer ou jaqueta e óculos

Marlboro — Você não conhece o MC Reizinho? Você vai ser o

CENA 21/ APTO JU/ SALA JU/ INTERIOR/ DIA.

Ju — Um gato novo no colégio. O nome dele é Vitor.

CENA 22/ OFICINA/ EXTERIOR/ DIA.

Vitor — (p/ Lia) Depois a gente se fala, tá? Fica bem.

VALE ESTE 30/01

CENA 1/ OFICINA/ EXTERIOR/ DIA.

CENA 2/ MISTURAMA/ INTERIOR/ DIA.

Bruno — É, galera, tô agarrado.

CENA 3/ SET CLIPE/ EXTERIOR/ DIA.

Fera — Pô, e é só top de linha. Tô até nervoso. (Olha

CENA 4/ APTO LIA/ QUARTO LIA/ INTERIOR/ DIA.

CENA 5/ SET CLIPE/ EXTERIOR/ DIA.

CENA 6/ MISTURAMA/ INTERIOR/ DIA.

Vitor — Pô, o doutor Olavo pisou na bola comigo,

CENA 7/ SET CLIPE/ EXTERIOR/ DIA.

CENA 8/ APTO LIA/ SALA LIA/ INTERIOR/ DIA.

Lia — (P/ Tatá) Qualquer dia desses, passo aqui e te

CENA 9/ APTO LIA/ SALA LIA/ INTERIOR/ DIA.

Tatá — Para, Lia!

CENA 10/ SET CLIPE/ EXTERIOR/ DIA.

Pilha sai dali cabisbaixo. Reizinho anda entre rainhas e para em

CENA 11/ PRAÇA/ EXTERIOR/ DIA.

Lia — (suspira e confessa) Ele que contou pros meus

CENA 12/ SOBRADO/ SALA/ INTERIOR/ DIA.

CENA 13/ SET CLIPE/ EXTERIOR/ DIA.

Pilha — Esse cara é rei de quê, mano? O cara tem a

CENA 14/ SOBRADO/ SALA/ INTERIOR/ DIA.