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Finalizado em 12 de outubro de 2023.

Revisão final em 25 de outubro de 2023

EMBATE

Novela de
Susy Lemos

CAPÍTULO 02

Escrito por:

Gabriel Ferraz

Direção:
Gabriel Ferraz

©2023 Bibica Produções Artísticas


1. INT. DELEGACIA - SALA 2 - NOITE
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO ANTERIOR.
Isadora e Jubileu se encaram.

JUBILEU
E aí? Vai falar nada?

Isadora encara em silêncio.

JUBILEU
Isadora, eu sei que a gente se
conheceu pessoalmente tem pouco
tempo. Mas você me conhece, você me
acompanha a anos. Você sabe que eu
não seria capaz de matar alguém,
isso aqui é um engano, um equívoco.

ISADORA
Eu não tô acreditando nisso.

JUBILEU
Eu também não. Tudo isso que tá
acontecendo é uma loucura... Uma
injustiça.

Isadora interrompe a fala de Jubileu.


ISADORA
Não! Eu não acredito no que você
fez. Como você pode ter sido capaz
de fazer isso? Eu era sua fã. Eu
acreditava em você. Mas você
enganou todos os seus fãs, os seus
amigos... Um cara cruel. Eu não
acredito como você fez isso.

JUBILEU
Se você é minha fã você sabe que eu
não faria isso. Você sabe que eu
não tenho coragem de machucar
ninguém, eu sempre me importei com
os outros, sempre ajudei os outros.
Pensa um pouco. Porque isso teria
mudado do nada?
MATCH CUT TO:

2. INT. DELEGACIA - SALA 1 - DIA


Somos suavemente direcionados à sala de Ferreira.

Isadora depõe ao delegado bastante abalada.

ISADORA
2.

ISADORA
Eu não conheço ele. Eu conheço a
pessoa que ele queria que eu
conhecesse, a pessoa que ele
mostrava em público... Agora, ele
não. Eu não sei do que ele é capaz,
e pelo que eu vi é muito mais do
que eu pensava.
FERREIRA
Você viu alguma coisa que parecesse
diferente da parte dele?

ISADORA
Não sei dizer porque eu não
conhecia ele pessoalmente até antes
de ontem.

CUT BACK TO:

3. INT. DELEGACIA - SALA 1 - DIA


CONTINUAÇÃO.
JUBILEU E ISADORA:
JUBILEU
Você tá dizendo que eu finjo ser
alguém que eu não sou?
ISADORA
Eu tô dizendo o que eu vi. Eu não
sei exatamente o que aconteceu
naquele camarim porque não tava lá;
mas eu sei que eu vi você com a mão
suja de sangue, um faca suja de
sangue e um cadáver. Pra mim isso
já diz muito.

JUBILEU
Bota a cabeça pra pensar irmã...
Por que eu iria matar alguém e
ficar lá deitado? Tirar um cochilo?
É óbvio que fazendo isso a culpa ia
cair em cima de mim né? Por que eu
seria tão burro? Tá na cara que tem
alguém por trás disso.

ISADORA
Eu não sei, Jubileu. Não sei mais
em que acreditar. O que eu sei é o
que vi. E sei também que você tinha
um problema pessoal com o cara que
morreu. Acho que é bem claro o que
aconteceu né?

Jubileu fica mais nervoso.


JUBILEU
3.

JUBILEU
Como é que é? Você contou isso pro
delegado? Você tá maluca? Uma coisa
não tem nada a ver com a outra,
garota. Isso é coisa de trabalho
só. Enlouqueceu? Quantas vezes eu
vou ter que dizer que eu não matei
ninguém?! Quantas vezes eu vou ter
que dizer isso pra você acreditar?
Isadora recua na cadeira com medo da reação de Jubileu.
ISADORA
Guarda!

Isadora se levanta da cadeira e sai da sala, deixando Jubileu


sozinho.
CUT TO BLACK.
ABERTURA.

4. EXT. DIVERSOS - DIA


Uma montagem de diversos clipes urbanos.
MÚSICA CALMA TOCA.
Vemos prédios, trânsito, praias... Cena de transição.

5. INT. LANCHONETE - DIA


Tigrânia está sentada a uma mesa em uma lanchonete. Ela está
pensativa. Seu celular está em cima da mesa, mas ela não
mexe. Está olhando para o nada.
Ela percebe alguém chegando. É Arthur.
Arthur chega e abraça Tigrânia.
ARTHUR
E aí, amiga. Como tá?

TIGRÂNIA
Processando ainda, né? Conseguiu
falar com o resto da banda?
ARTHUR
Nada. Nem consegui parar ainda com
tanta gente me ligando. Eles não
tavam lá?
TIGRÂNIA
Não. Já tinham saído... E agora,
Arthur?
(MAIS)
TIGRÂNIA (CONT.)
4.

TIGRÂNIA (CONT.)
A gente vai perder público,
patrocínio, tudo. Vai tudo pro
cacete... Tanto trabalho jogado
fora pra nada. Ele tava com uma
perseguição esquisita ao Leo, mas
nunca achei que ele fosse capaz de
chegar nesse ponto.
ARTHUR
Pois é, eu também não. Coitado do
rapaz, tinha uma vida toda pra
viver.

TIGRÂNIA
Que descanse em paz, tadinho... E
os patrocínios? Muita perda até
agora?
ARTHUR
Mais ou menos. Umas três marcas já
desvincularam, algumas não deram
resposta... Não dá pra saber. A
mídia tá em cima, vocês tão nos
trending topics desde cedo.

TIGRÂNIA
Meu deus do céu. A gravadora deu
sinal?
ARTHUR
Não. Mas também acho que não
pretendem continuar com a gente
não.
TIGRÂNIA
Se continuar assim acabou banda,
vou ter que voltar a fritar pastel.
Tenho que conversar com a Tânia,
ver o que é que a gente pode fazer.
Isso se ela ainda quiser continuar
como produtora e empresária da
gente né? Meu deus do céu, que
situação.
ARTHUR
Mas assim... Pode ser que isso seja
temporário. Que a gente reverta
isso.
TIGRÂNIA
Não sei, amigo. Acho difícil. Eu
sei que você é ótimo nisso, você é
um ótimo assessor. Mas não é como
se a gente tivesse só sendo
cancelado. É coisa de cadeia.

ARTHUR
5.

ARTHUR
Sim, com certeza, eu sie. Mas por
mais que a situação seja crítica
agora, querendo ou não a gente não
sabe se foi ele mesmo. Pode ser que
ele não tenha feito nada, né? Se
for o caso isso vai ser muito
positivo pra banda. "Jubileu:
injustamente acusado". Parece coisa
de novela.
TIGRÂNIA
Não, Arthur. Você não viu a cena
que a gente encontrou lá não. Eu
queria acreditar que não foi ele,
ele é meu amigo há anos. Mas do
jeito que eu encontrei a cena é
difícil que não tenha sido. Pelo
menos se não foi ele, ele vai ter
que fazer um malabarismo pesado pra
provar o contrário. Acho que se a
gente for se garantir nisso vai ser
arriscado. A gente tem que pensar
em como reverter isso pra ficar
melhor pro nosso lado.

ARTHUR
É, não tô querendo dizer nada, só
tô falando que se fosse o caso
seria melhor pra todo mundo.
TIGRÂNIA
Menos pro coitado do Leo, né? Mas
vamo ver isso direitinho. Vou
tentar encontrar com a Tânia esses
dias. Enquanto isso vê se você
consegue marcar reunião com o
pessoal da produtora, pra ver o que
eles dizem.
ARTHUR
Beleza. Eu vou entrando em contato
com o pessoal e qualquer novidade
eu passo pra você.
TIGRÂNIA
Tá bom. Obrigada amigo, não sei o
que seria de mim sem você.
ARTHUR
(brincando)
Pelo visto nada, né? Mas realmente,
antes de qualquer coisa eu acho que
a gente tem que pensar no que fazer
se der tudo errado né?
TIGRÂNIA
Mais errado do que já deu?
ARTHUR
6.

ARTHUR
Não, amiga. Tô dizendo caso a gente
fique sem gravadora, sem produção e
tal...
TIGRÂNIA
Ave maria, nem fale isso porque a
gente já tava com álbum novo quase
todo escrito, era só o que faltava.

Nessa hora Tigrânia vai ficando mais distante da conversa,


algo enquanto ela falava a fez pensar. Ela teve uma ideia e
se empolga. Ainda não sabemos em que ela pensou.
TIGRÂNIA (CONT.)
Já sei! Meu deus, eu já sei o que
fazer...
Tigrânia junta suas coisas e se levanta da mesa.
TIGRÂNIA (CONT.)
Liga pra Tânia agora e tenta marcar
reunião com ela pra amanhã. Eu já
vou indo. Tchau, amigo!
ARTHUR
Tchau...
Tigrânia sai e Arthur fica sentado na mesa pensando.

6. INT. CASA DE ISADORA - DIA


Na casa de Isadora, vemos Paula sentada ao telefone. Ela está
tentando fazer uma chamada. Nós ouvimos o TOQUE do celular
chamando, mas ninguém atende. Ela tenta novamente.
Nesse momento, A PORTA DA CASA SE ABRE. Isadora chega.
Paula se levanta e vai falar com a amiga. Paula põe as mãos
nos ombros de Isadora e a leva para se sentar na cama. Paula
se senta na cadeira.
PAULA
Como foi lá, Isa?
ISADORA
Péssimo, amiga. Terrível, não sei
explicar. Passei a madrugada toda
lá sem saber que horas ia sair, com
aquela cena passando na cabeça. Tô
exausta, morrendo de sono.
PAULA
Oh, amiga, eu imagino. Mas só você
falou? Não teve mais gente que viu
na hora?

ISADORA
7.

ISADORA
A Tigrânia viu, ela também foi pra
lá na hora, mas não precisou depor
hoje. Vão marcar outro horário com
ela. Eu passei a manhã toda lá.
PAULA
Entendi...

Elas ficam um tempo em silêncio.


PAULA
Olha, vamo pedir alguma coisa pra
comer, tu deve tá morrendo de fome,
já são duas da tarde.
ISADORA
Bora. Só não sei se vou conseguir
comer...
Paula pega o celular para pedir a comida.
ISADORA (CONT.)
...tô há tanto tempo acordada que
acho que tô pensando mais em dormir
do que qualquer outra coisa.
PAULA
Mas você tem que comer, mulher. Vai
querer o quê? Deixe de coisa.
ISADORA
Escolhe qualquer coisa aí, só não
quero nada muito pesado.
Isadora se deita na cama.
PAULA
Vou pedir um peixinho no coco
então. Depois dessa noite caótica a
gente tá merecendo comer uma
coisinha gostosa, você
principalmente.
Isadora fica um tempo em silêncio.
ISADORA
Sabe o pior, Paula?

Ela se senta novamente.


ISADORA (CONT.)
Eu tô me sentindo uma otária. Anos
sendo fã desse cara, comprando
álbum, indo pra show, fazendo tudo
e no final o cara ser um assassino?
Eu tô me sentindo traída, eu
acreditava nele.
PAULA
8.

PAULA
Calma, vai querer refrigerante?
ISADORA
Não.
PAULA
Tá, continue.
ISADORA
Não, era só isso mesmo. Eu não sei
como ele pode ter sido tão cruel
assim.
Paula bloqueia o celular o põe em cima da mesa.
PAULA
Mas o pior é que eu entendo muito
você. Eu não era fã assim que nem
você, mas também gostava muito
dele, e já fiquei abalada... Fico
imaginando você.
ISADORA
Foi uma coisa horrível, amiga. Tô
muito mal com isso. Não consigo
tirar aquilo da minha cabeça. Como
alguém pode ter esse sangue frio de
fazer aquilo com outra pessoa,
sabe? E eu ver aquela cena, meu
deus... Tô sentindo que vou
endoidar.
PAULA
Mas calma, não fica assim não.
Depois isso tudo vai se resolver. E
Também dos males o pior né? No fim
das contas você ainda ficou amiga
da Tigrânia.
ISADORA
É verdade, ela é um amor. É, nem
tudo é tão ruim assim, mas mesmo
assim. Eu gostava muito do Jubileu
e das músicas dele. Não vai ser
fácil deixar isso pra lá assim.
PAULA
Agora vamo esperar a investigação,
né? Pra ver se a justiça vai ser
feita.
ISADORA
Tomara... A comida vai demorar?
PAULA
Previsão de cinquenta minutos.
9.

(brincando)
Pra quem não tava com fome você tá
até apressada, né?
ISADORA
Ai, me deixa.
Isadora se levanta.
ISADORA
Vou tomar um banho, que eu tô mais
do que precisando.
Ela sai, deixando Paula sentada na mesa. Paula está com um
leve sorriso por conta da conversa delas.

7. INT. ESCRITÓRIO - DIA


SOM DE TELEFONE TOCANDO.
Em um escritório vemos um BIRÔ. Há LIVROS em uma estante na
atrás da mesa. Vemos FOTOS EM PORTA RETRATOS, um COMPUTADOR e
um CALENDÁRIO.

Mais ao canto da mesa, podemos ver o telefone que toca.


A MÃO DE UMA MULHER pega o telefone e atende. Em um primeiro
momento nós ouvimos apenas sua voz.
MULHER
Boa tarde!
Ela leva um tempo escutando a pessoa do outro lado.
MULHER
Oi querido! Tudo bem?
(ouvindo)
Fiquei sabendo sim... O que
aconteceu?
Somos direcionados ao outro lado da ligação:

8. INT. DELEGACIA - SALA 1 - INTERCALADO - DIA


A Mulher fala com Jubileu. Ela é advogada dele, GLÓRIA.
JUBILEU
Então, doutora... Eu sei que todo
mundo manda essa, mas eu preciso
que você acredite em mim. Eu não
tenho nada a ver com isso. Não
sabia mais quem procurar, tá todo
mundo contra mim. Até meus amigos,
eu já tô ficando sem esperanças.

INTERCALAÇÃO:
10.

INTERCALAÇÃO:

9. INT. ESCRITÓRIO - DIA


GLÓRIA
Eu entendo a sua situação,
Jubileu... Mas não consigo te dar
um retorno sobre isso agora.
A partir daí, o diálogo é montado todo por meio de
INTERCALAÇÕES entre as cenas.
JUBILEU
Por favor, Glória. Eu sei que não
tá fácil ficar do meu lado nesse
momento, mas eu preciso tentar me
defender. Se eu continuar assim
sozinho eu vou pegar pena máxima.
GLÓRIA
Entendo, e eu não duvido de você.
Mas com todos os ocorridos recentes
eu tô muito atarefada, entende? Tô
tendo muito caso pra dar conta e
como o seu é um caso que trás muita
exposição ele precisa de mais tempo
de foco de trabalho, entende? Sem
contar que não sei se seria
benéfico pra mim me envolver nisso.
Você sabe que eu prezo muito pela
boa imagem.
JUBILEU
Eu sei... É que eu realmente não
tenho mais quem recorrer. Tô
pedindo pra uma amiga. Eu sei que
você é muito conceituada na OAB.
Mas pensa direitinho, por favor. Tô
te pedindo de coração.
GLÓRIA
Vou fazer o seguinte, querido...
Vou verificar com alguns colegas de
confiança se eles tem como assumir
o seu caso. Não se preocupe quanto
a isso porque são ótimos advogados,
tá?
Jubileu percebe a relutância de Glória em ajudá-lo. Sua
esperança diminui a cada desculpa dada pela advogada.
JUBILEU
Mas...

GLÓRIA
11.

GLÓRIA
Caso eu consiga realmente te dar a
atenção necessária eu passo aí pra
te visitar e conversamos
pessoalmente, ok? Sua namorada não
tá te ajudando?
JUBILEU
Eu não consegui falar com ela
ainda. Pensei que ela já tivesse
falado com você... Mas enfim, vê se
você consegue por favor. A situação
daqui tá complicada com esse
delegado. Não sei se outro advogado
daria conta.
GLÓRIA
Daria sim, não esquente com isso
agora, ok?! Eu vou dar uma olhada
na minha situação e te retorno. E
não se preocupe que se a Luciana
ainda não falou comigo é porque ela
sabe o que fazer. Um beijo!

Glória desliga o telefone, deixando Jubileu cada vez mais


desesperançoso em relação ao seu futuro.
FIM DA INTERCALAÇÃO. Nós ficamos em:

10. INT. DELEGACIA - SALA 1 - DIA


Jubileu é tomado pelo silêncio após perceber que está cada
vez mais sozinho. Mas não literalmente sozinho...

Vemos ao fundo, de um canto escuro da sala, o Delegado


Ferreira sair da sombra e confrontar o cantor.
FERREIRA
Então nem a namorada quis ficar do
seu lado nessa?
JUBILEU
Achei que você não podia ficar
ouvindo as ligações dos presos. Seu
seu supervisor sabe disso?
FERREIRA
Meu supervisor sou eu. Tem alguma
reclamação pra fazer? Se bem que
não me interessa o que você acha ou
deixa de achar. Se não quisesse
passar por isso teria poupado a
vida do coitado do rapaz que você
matou.

JUBILEU
12.

JUBILEU
Se as coisas fossem assim do seu
jeito eu não tava tendo que ser
interrogado por você, eu já taria
preso. E eu não matei ninguém, já
falei. Tá surdo ou o que?
Ferreira responde abruptamente, interrompe Jubileu.
FERREIRA
Eu acho que você não tá enxergando
as coisas com clareza. Que que foi?
Além de assassino tá drogado
também? Ah, não... Esqueci. Vocês
aí das artes acham que são cheios
dos direitos. Que podem resolver
tudo com paz e amor, com florzinha,
com conversinha. Vida real é outra
coisa, filhão. Vagabundo não tem
vez não. Pouco me importa quem tu
é, você tirou a vida de um cara
inocente, jovem, com futuro. Ou o
quê? Tá achando que vai ter alguém
do teu lado? Que vai ter direitos?
Aqui não. Comigo não. Aqui você vai
ter bem muito tempo pra pensar.
Ferreira cata uma papelada em sua mesa e dá as costas para
sair da sala.
O olhar de Jubileu para ele é de puro ódio. Se pudesse voava
em cima do pescoço de Ferreira ali mesmo. Com uma mistura de
sentimentos em sua cabeça, ao ver Ferreira saindo só consegue
murmurar --
JUBILEU
Tô com fome.
Ferreira para. Não acredita no que ouviu. Ele se vira para
Jubileu novamente.
FERREIRA
Como é a história?
JUBILEU
Eu tô com fome. Tem nada pra comer
aí, não?Ou além de tudo nem isso eu
posso?
Ferreira solta um riso de indignação.
FERREIRA
Como é, rapaz? Aqui não é assim
não, meu amigo... Aqui não é
restaurante, não. Tá pensando que
tá no camarim do teu showzinho, é?
Era só o que me faltava, né?
(MAIS)
FERREIRA (CONT.)
13.

FERREIRA (CONT.)
E outra... Assassino assim como
você, da tua laia, não tinha que
comer nada não, Cada uma.
Jubileu pega ar e se irrita.
JUBILEU
Meu irmão, vá à merda! Você tá
achando que só porque tá nessa pose
de policialzinho de merda pode
fazer o que bem entender comigo e
me largar aqui como bicho? Ficou
maluco, você não tem um pingo de
humanidade, não?
FERREIRA
E você tá pensando que tá falando
com quem, meu amigo? Você acha que
eu sou um dos teus empregados é? Tá
querendo aumentar a pena por
desacato ou o quê? Ou vai me matar
também?
JUBILEU
Quer pagar pra ver?
FERREIRA
Tá me ameaçando?
JUBILEU
Só te respondendo.
FERREIRA
Se eu fosse você tomava cuidado,
senhor Júlio Santos. Eu posso não
ser juíz mas ainda sou delegado. E
não é porque o senhor não tá no
presídio ainda que tá aqui só de
temporada. Qualquer gracinha dessa
que você fala não vai facilitar pra
você. Pelo contrário.
JUBILEU
Pode ameaçar a vontade. A minha
barra tá limpa.
FERREIRA
Sei... Pra alguém que se diz
inocente você tá muito arredio. Eu
não sei se você sabia mas o
silêncio conta a seu favor. Acho
que ameaçar o delegado responsável
ou desacatar ele não conta muito a
seu favor. Agora me dê licença, que
eu tenho mais o que fazer.

Ferreira dá as costas e dessa vez sai da sala. Ele deixa


14.

Ferreira dá as costas e dessa vez sai da sala. Ele deixa


Jubileu com ódio e sozinho.

11. INT. CASA DE ISADORA - DIA


Isadora e Paula estão conversando. Paula está lavando louças
na pia de sua casa e Isadora está sentada em uma cadeira.

Isadora está visivelmente cansada.


PAULA
Pois é menina. Tava tudo muito
estranho. Todo mundo já tava
prevendo que ia acontecer algo
assim...
ISADORA
Pois é, e todo mundo avisava, mas
ela nunca quis escutar.
PAULA
E o pior... O pior você não sabe.
ISADORA
O que?
PAULA
A menina viu tudo. Foi NA FRENTE
dela.
ISADORA
Meu deus, que cachorro...
PAULA
Então, amiga. Eu fiquei abismada.
A conversa é interrompida pelo TOQUE DO CELULAR DE ISADORA. O
celular está próximo de Paula, que pega para entregar para
Isadora.
ISADORA
Quem é?
PAULA
Tigrânia.
ISADORA
Oxe... O que ela quer?
Isadora pega o celular e atende.
ISADORA
Oi Tigrânia!
(ouvindo)
Agora?

PAULA
15.

PAULA
O quê?
ISADORA
Tá... Tá certo! Vou me arrumar
aqui.
(ouvindo)
Tá certo, beijo.
Ela desliga o celular.
PAULA
O que era?
ISADORA
Não sei. Ela pediu pra encontrar
com ela.
PAULA
E vocês tão assim amigas, é?
ISADORA
Não, menina. É justamente por isso
que eu tô estranhando.
PAULA
Isso é golpe Isadora... Abre o
olho.

ISADORA
Tudo pra tu é golpe, né Paula?
PAULA
Sei lá... Vai saber... O amiguinho
dela lá já foi preso.
ISADORA
Para Paula! Quero nem lembrar
disso. Vou ver o que ela quer
comigo. Você vai ficar aqui?
PAULA
Vou, vou dormir aqui.
ISADORA
E eu só fico sabendo agora é?
PAULA
Sim. Vou te fazer companhia.

ISADORA
Oia, vou logo me arrumar que é
melhor.
JUMP CUT PARA:

INT. RESTAURANTE - NOITE


16.

12. INT. RESTAURANTE - NOITE


Em um restaurante, Tigrânia está sentada em uma mesa mexendo
em seu celular esperando por Isadora.
Quando Isadora chega, Tigrânia se levanta e dá um abraço
nela.
TIGRÂNIA
Oi, Isa!
ISADORA
Oi Tigrânia!
TIGRÂNIA
Como tão as coisas amiga?
ISADORA
Ah... Indo né. Mas tá tudo indo até
que bem.
TIGRÂNIA
Que bom, que bom. Fico feliz...
Então, vamos conversar?!
ISADORA
Vamo sim!

Tigrânia se senta antes de Isadora. Tigrânia acena para


chamar o GARÇOM e Isadora se senta.
TIGRÂNIA
(para o garçom)
Boa noite, pode me ver um vinho
tinto, por favor?
O garçom anota o pedido e sai. As duas seguem conversando.
ISADORA
Quando você me ligou eu chega tomei
um susto, né?
TIGRÂNIA
Oxe, mulher, tá desconfiada é?
ISADORA
Não, mas foi um susto bom. Eu
imaginei que tivesse alguma
novidade. Mas quando você falou que
a gente precisava conversar eu
confesso que eu dei uma gelada.
TIGRÂNIA
Não, louca, relaxe. Tá tudo bem.
Mas realmente, o que eu queria
falar é sério mesmo... É sobre o
Jubileu.

Nós vemos o rosto de Isadora, ansiosa para saber o que


17.

Nós vemos o rosto de Isadora, ansiosa para saber o que


Tigrânia tem para lhe dizer; até que--
CUT TO:

13. INT. DELEGACIA - NOITE


Ferreira está em sua sala na Delegacia. Ele analisa PAPÉIS,
DOCUMENTOS E ENVELOPES. Ele está concentrado em seu trabalho.
Focado em seu trabalho, ele logo é interrompido quando o
TELEFONE DA SALA TOCA.
Ferreira atende, e do outro lado da linha fala um HOMEM.
FERREIRA
Ferreira.
HOMEM
Fala Ferreira... Tem uma mulher
aqui que ligou dizendo que
precisava falar com você. Vou
transferir a ligação.
FERREIRA
Mulher? Tá, pode transferir.

Ele espera com o telefone na orelha até a ligação ser


transferida.
Não ouvimos necessariamente o som da ligação transferida, mas
quando ela ocorre, Ferreira se identifica.

FERREIRA
Delegado Ferreira, boa noite.

14. INT. LUGAR ESCURO - NOITE


Em um lugar escuro que não sabemos onde é, vemos a silhueta
de uma MULHER. Não sabemos quem é essa, apenas podemos ouvir
sua voz.
MULHER
Oi, boa noite... Olha, eu tenho
provas de que o Jubileu é inocente.

CUT BACK TO:

15. INT. DELEGACIA - NOITE


Ferreira se surpreende.
FERREIRA
Como é que é?

Vemos a expressão de surpresa e confusão de Ferreira, é uma


18.

Vemos a expressão de surpresa e confusão de Ferreira, é uma


informação que poderia mudar o rumo da investigação. Com ele
em choque nós--
CUT TO BLACK.

FIM DO CAPÍTULO.

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