Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
14/04/2008
Central Destino de Produção Cap. 27
Inspirada no original de
Janete Clair
Colaboração de
Eduardo Secco
Direção
Claudio Boeckel e Marco Rodrigo
Direção Geral
Luiz Fernando Carvalho
Núcleo
Luiz Fernando Carvalho
Personagens deste capítulo
Atenção
“ Este texto é de propriedade intelectual exclusiva da TV DESTINO LTDA e por conter informações confidenciais, não
poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer forma e por qualquer meio, sem o prévio e expresso
consentimento da mesma.No caso de violação do sigilo, a parte infratora estará sujeita às penalidades previstas em
lei e/ou contrato.”
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 27 Pag.: 2
BRUNO — O mérito é seu. Foi quem correu atrás e batalhou pra conseguir isso.
LEILA — Uma hidrelétrica. Eu não entendo muito dessas coisas, mas deve ser
um contrato ótimo. Ainda mais contrato com o governo.
HEITOR — Mais do que ótimo, Leila. É uma oportunidade única. E não é só isso.
Nós podemos ganhar muito mais.
HEITOR — Exatamente. Eu tenho muitas terras naquela região, bem aonde vai se
formar o lago da hidrelétrica. Um lugar muito valorizado.
LEILA — Entendi tudo. Você não dá mesmo ponto sem nó, não é Heitor.
HEITOR — Como você acha que eu cheguei até aqui, Leila? O grande segredo pra
se tornar um homem de negócios bem sucedido e saber perceber a hora e
o tipo certo de negócio a se fazer. Isso, aliado a um pouco de sorte...
HEITOR — Graças a Deus. (p) Bruno, vamos até o escritório? Eu quero lhe
explicar alguns detalhes.
BRUNO — Claro.
LEILA — Seu marido vai ganhar ainda mais dinheiro do que já tem.
CELESTE — Eu sei.
LEILA — Por que você ficou com essa cara? Não gostou da notícia?
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 27 Pag.: 3
CELESTE — Gostei.
LEILA — Não tá parecendo. Pelo menos não agora. Foi só o seu marido sair por
aquela porta que você ficou com essa cara amarrada.
CELESTE — Um tempo atrás o Heitor veio com uma história de que se essa
hidrelétrica saísse, nós teríamos de passar uma temporada em Divinéia.
Você tá lembrada disso.
CELESTE — Pois é. A hidrelétrica é muito boa, todo mundo tá muito feliz, mas eu
não vou me enterrar naquele fim de mundo que só tem mato e boi.
CELESTE — Tá aí uma coisa que eu concordo com ela. Aquela cidade... Se é que a
gente pode chamar Divinéia de cidade. Aquilo lá é um fim de mundo. A
última coisa que eu precisava na minha vida é de uma temporada
country.
LEILA RI.
CORTA PARA:
HEITOR — Nenhum, meu amigo. A hidrelétrica é nossa. Certo como dois e dois
são quatro. Conversei com vários senadores, tanto do governo quanto da
oposição. Já está nas nossas mãos.
BRUNO — Isso você pode deixar comigo. É só me passar tudo o que a licitação
pede que eu começo a fazer.
HEITOR — Você não imagina como eu estou feliz, Bruno! Nós vamos ganhar
muito dinheiro! Muito!
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 27 Pag.: 4
HEITOR — Ainda não sei. Mas agora isso precisa ser resolvido rapidamente.
Tenho que dar um jeito do Diogo aceitar ser o engenheiro chefe. (p) A
Eduarda deu alguma notícia?
HEITOR — Eu falei com ela pelo telefone. Achei que estava um pouco hesitante.
Sei que o Lucena a ajudou e eles deram um jeito de evitar o encontro do
Diogo com o Pedro, mas não sei até quando.
CORTA PARA:
DIOGO — Lógico. Eu não ia sossegar se não falasse hoje com o meu irmão.
ANDRÉ — Não falei que não precisava se preocupar? Dois irmão que não se
vêem há tanto tempo. Esses dois tem muito assunto pra colocar em dia.
DIOGO — Ótimo. Muito melhor do que eu podia imaginar. Nós conversamos e...
Eu vi que todo aquele medo que eu tinha de reencontrar o Pedro era uma
besteira. Ele me recebeu de braços abertos. Disse que não tem nenhuma
mágoa por eu ter ido embora e ficado tanto tempo longe.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 27 Pag.: 5
BÁRBARA — Que ótimo, Diogo. Você tava tão preocupado com isso.
EDUARDA — Eu queria muito conhecer o seu irmão. Quero ver se ele é tão bravo
como dizem.
EDUARDA — É. Pelo que eu ouvi, ele adora uma confusão. Tá sempre metido em
briga. Bem diferente do Diogo.
ANDRÉ — Acho que você não tá falando do mesmo Pedro que eu conheço.
EDUARDA — Bom, pelo menos foi isso que eu ouvi nesses poucos dias que a gente
está aqui.
DIOGO — É, mas a gente ainda têm muito o que conversar. Amanhã eu vou
voltar lá. Se vocês quiserem, podem ir junto.
ANDRÉ — Eduarda, você não acha que talvez os dois prefiram conversar
sozinhos?
DIOGO — Não tem problema nenhum. Você vai comigo sim. E se a Bárbara
quiser, também vai.
DIOGO SAI. ANDRÉ OBSERVA EDUARDA, DEIXANDO CLARO PARA O PÚBLICO QUE
ELE DESCONFIA DE ALGUMA COISA.
BÁRBARA — Falando nisso, como diria meu querido amigo Duhzinho, eu também
preciso cuidar da minha beleza. Não é porque eu tô na roça que vou de
noiva da quadrilha nesse jantar. Até depois, meus queridos.
ANDRÉ — Não cismei. Eu tô vendo. Olha bem o que você tá fazendo, Eduarda.
O Pedro é um cara muito legal. É como se fosse meu irmão. Eu não vou
deixar que...
EDUARDA — É... A minha mãe. Eu vou até o quarto falar com ela.
CORTA PARA:
EDUARDA — Pronto, doutor Heitor. Agora eu já posso falar. (p) Tá tudo bem. Eu
estou fazendo o que nós combinamos. (p) Já. Eles já se encontraram. (p)
Eu sei. Sei que vim até Divinéia pra impedir isso e fiz tudo o que estava
ao meu alcance. Inclusive contei com a ajuda do Lucena, mas teve uma
hora que... (p) Claro. Eu sei que o meu cargo dependia disso. Mas eu
disse pro senhor que ia convencer o Diogo a tocar a construção da
hidrelétrica e vou fazer isso. Eu lhe dei a minha palavra. Talvez a coisa
não saia do jeito que nós havíamos planejado, mas no final, o senhor vai
conseguir o que quer. (p) Claro. E eu também. (p) Eu vou mantê-lo
informado. Até logo.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 27 Pag.: 7
EDUARDA — Eduarda, você está deixando as coisas saírem do seu controle. Pensa,
mulher! Você precisa fazer alguma coisa pra separar esses dois irmãos.
Ou pelo menos pra convencer o Diogo de que a hidrelétrica é o melhor
pra Divinéia. (p) Agora que eu já tô quase colocando a mão no que eu
quero, não vou voltar atrás. Não vou perder!
CORTA PARA:
ISABEL — Mas Coronel, o senhor vai sair assim no meio da noite? E o jantar?
Daqui a pouco os convidados...
ARTHUR — Você liga pra lá e diz que aconteceu um imprevisto. Diz que foi um
problema de doença na família e que eu tive de viajar. Peça desculpas
por mim. Eles vão entender. (p) Em vez de telefonar, vá até lá
pessoalmente. Explique o que aconteceu e diga que logo que eu voltar a
gente marca um novo jantar.
ARTHUR — A Leonor me ligou pra dizer que meu filho sofreu um acidente. Ele
caiu de uma porcaria de uma cachoeira e... Meu filho está paralítico,
Isabel.
ARTHUR — Não. Eu prefiro que você vá até a fazenda e avise que o jantar foi
cancelado. Pode deixar que eu me viro aqui.
ISABEL SAI.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 27 Pag.: 8
CORTA PARA:
ISABEL — O Coronel Arthur pede mil desculpas. Espera que vocês entendam ele
ter desmarcado o jantar assim, em cima da hora.
ISABEL — Ele ainda não sabe direito. Por isso está indo hoje mesmo para
Cuiabá. Quer tomar pé da situação.
EDUARDA — Diga para o Coronel Arthur não se preocupar conosco, e também que,
se ele precisar de alguma coisa, é só avisar.
BÁRBARA — Coitado do menino que tá lá sem poder andar. Nessa idade. (p) Não
que faça diferença a idade. A gente precisa das pernas a vida toda, mas
assim novinho, acho que deve ser pior.
ANDRÉ — O que foi gente? Não falei nada demais. Vai dizer que vocês não
estão com fome?
OS TRÊS SE OLHAM.
BÁRBARA — Morrendo!
CORTA PARA:
SANDOVAL — Quando é que ocê vorta pra casa? Num aguento mais dormi sozinho.
SANDOVAL — Num vejo a hora desse povo todo vortá pra São Paulo.
SANDOVAL — Por quê? Num vá me dizê que eles tão querendo ficá mais tempo aqui
em Divinéia?
SANDOVAL — Acho que eles num deve de ficá mais muito tempo. Povo da cidade
grande num aguenta ficá vivendo aqui no meio do mato.
RITA — Se aguenta ou num aguenta, num é poblema meu. Sandoval, vai caçá
o que fazê! Me deixa aqui que eu tô trabalhando!
SANDOVAL — Diaxo, Rita. Que humor do cão que ocê tá. Aconteceu arguma coisa?
SANDOVAL SAI SEM ENTENDER O HUMOR DE RITA. DEPOIS ELA SE ENCOSTA À PIA,
PENSATIVA.
CORTA PARA:
BRISA — Fantasma eu num vi não, mas tô achando é que vai acontecê uma
desgraça!
BRISA — Pai me disse que contou pra Chica a história da tar da reunião que
dona Hilda tá fazendo na casa dela. (p) Ela foi pra lá!
BRISA — É!
BRISA — E eu não sei? Por que a senhora acha que eu tô desse jeito? Tenho que
arrumá um jeito de tirá Chica de lá. A senhora vai comigo?
LINO ENTRA.
CORTA PARA:
HILDA — Senhoras, por favor. Vamos falar uma de cada vez, porque assim...
CHICA — Será que ocês num pode pará de matraqueá um pouco? Num tão
vendo a dona aí se esgoelando pra falá com ocês? (p) Depois a sem
educação sou eu. Pode falá... Mas antes a senhora pede pra Mundica
servi mais daqueles biscoitinho que tão bom por demais.
HILDA, IRRITADA, FAZ UM SINAL COM A CABEÇA PARA QUE MUNDICA SIRVA
CHICA. A EMPREGADA OBEDECE.
HILDA — Fica lá no hospital. Bem longe da nossa festa. Até parece que um
vírus delinqüente e desagradável ia impedir a quermesse pra santa. Era só
o que me faltava.
HILDA — Isso é obrigação do prefeito. Ele não quer fazer discurso? Então que
providencie o palco.
HILDA — Fale.
CHICA — A senhora falô que vai fazê umas mudança nas barraca. Eu quero sabê
que mudança são essas.
CHICA — Dona Hilda, num enrola. Dá nome aos boi. Que raio de mudança a
senhora tá querendo fazê?
CHICA — Como é?
HILDA — É isso mesmo. Achei que algumas das barracas deveriam ter um
pouco mais de destaque.
HILDA — Claro! Nada mais justo. Eu estou organizando a quermesse, vou ter a
barraca mais bem feita e com os melhores produtos...
HILDA — Eu! É claro que por todos esses motivos, a minha barraca deve ser a
melhor localizada.
CHICA SE LEVANTA.
CHICA — Véia pilantra, safada e mequetrefe! E se não fosse tão véia eu dava na
sua cara!
MUNDICA — Dona Chica, a senhora num qué uns biscoitinho pra acarmá?
CHICA — Ocê sai com esses biscoitinho da minha frente antes que eu lhe mande
fazê uma coisa muito feia com eles!
CHICA — Eu vô! Mas antes quero saber onde foi que a senhora colocô a minha
barraquinha!
HILDA — No canto!
CHICA — E a senhora por acaso acha que Chica Martins é mulher de canto? De
cantinho?
CHICA — A senhora ainda tinha arguma dúvida disso, dona Frida? Tá na cara
que a cascavel de dentadura aí ia querê o melhor lugar da feira!
HILDA — Eu não vou ficar sendo ofendida dentro da minha casa! Se vocês não
saírem imediatamente, vou chamar a polícia!
FRIDA — Chica, é melhor nos irmos embora. Isso pode acabar em unklarheit!
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 27 Pag.: 14
FRIDA — Confusão.
CHICA — A senhora também têm cada hora pra começá a enrolá essa língua!
CHICA — Tá bão! Eu vô! Só quero dizê uma coisa pra essa bruxa. Se a senhora
pensa que vai se dá bem nessa história, tá é muito enganada!
CORTA PARA:
NILO — Faz tempo que ocê num aparece por aqui. Pelo menos não que eu
tenha visto.
BICHO-BRABO — É.
NILO — Aconteceu arguma coisa com ocê? Parece que num tá pra conversa.
NILO — Home quando fica assim, só pode ser por dois motivo: Dinheiro ou
mulher. (p) Aposto que é por causa de Brisa.
NILO — Um home que honra as calça que veste num faz esse papel que ocê tá
fazendo, não. Divinéia inteira sabe que, desde pequena, Brisa gosta de
André, o filho do beato. Tá certo que, enquanto ele tava fora, ocê inté
podia de tê alguma esperança, mas agora que ele voltou, pode desistir.
NILO — Precisa vê se ele ainda vai querê ela. O rapaz deve de tá acostumado
com mulher da cidade grande, fina, cheirosa, que nem a tal da dona
Eduarda que chegou com eles. Acho que ele num vai querê uma
caipirona que nem Brisa, por mais jeitosa que seja. Só se ele tivé
pensando em se diverti com ela, num é memo?
BICHO-BRABO — Ocê lave essa boca antes de falá de Brisa! Eu mato ocê, Nilo Gato!
BICHO VAI DAR UM SOCO EM NILO, MAS PÁRA COM A CHEGADA DE ZULMIRA.
ZULMIRA — Eu sei. Ele sempre pede, mas por favor, não faça isso.
ZULMIRA — Nilo Gato, mas será possível que você vai continuar infernizando a
minha vida? Já cansei de dizer que não lhe quero por aqui. Saia!
ZULMIRA — Não tem problema. Conheço muito bem aquele traste. E também
conheço você. Sei que não é de confusão... Apesar desse apelido.
OS DOIS SORRIEM.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 27 Pag.: 16
ZULMIRA — Senta.
ZULMIRA — Antes do Nilo vir aqui lhe azucrinar, eu tava percebendo a sua
tristeza. Chegou, sentou aqui, pediu uma cerveja e não abriu a boca. Não
chamou uma das meninas, não dançou. O que aconteceu?
BICHO-BRABO — Ah, dona Zulmira. É duro... é duro gostar de quem não gosta da
gente.
ZULMIRA — Você não tá querendo me dizer que têm uma moça nessa cidade que
não lhe quer, está?
BICHO-BRABO — Brisa.
BICHO-BRABO — É sim, mas não gosta de mim. Tô cansado de correr atrás dela e num
conseguir nem uma migalha de atenção.
ZULMIRA — Corre atrás dela, não. Deixa a Brisa sentir a sua falta. Deixa ela ter
vontade de lhe ver, de falar com você.
BICHO-BRABO — Só que eu acho que ela num vai sentir essa falta é nunca.
ZULMIRA — Se tiver de ser assim, que seja. O que não pode é você ficar desse jeito
por causa dela. Você é um moço bom e não merece ficar com essa
tristeza toda.
ZULMIRA — Não faço mais do que a minha obrigação. Se todo mundo fosse assim,
se tivesse o interesse de ver as outras pessoas felizes, o mundo seria bem
melhor.
ZULMIRA — Chamei. Quero que você leve Bicho-Brabo pra dançar. Ele tá um
pouco triste e você sabe que isso eu não aceito. Na casa de Zulmira
Batalhão só têm alegria.
BICHO-BRABO — Num sei se é uma boa idéia. Hoje eu num tô uma boa companhia.
ZULMIRA — Nada disso. Vai dançar sim. Lhe garanto que Tiana vai deixar você
bem animadinho. Pode levar o moço pra pista de dança, Tiana.
TIANA SEGURA BICHO PELA MÃO E O LEVA PARA A PISTA DE DANÇA. OS DOIS
CONVERSAM E COMEÇAM A RIR ENQUANTO DANÇAM. ZULMIRA OLHA,
SORRIDENTE.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
CELESTE — Maluca, não. É uma ótima idéia, como todas que eu tenho.
CELESTE — Você não vive dizendo que ia adorar que ele e a Bárbara se
acertassem?
HEITOR — Ia, mas eu não vejo no que isso pode ajudar a juntar os dois. Você
sabe que a Bárbara quer distância do rapaz. Imagina se ele começa a
trabalhar comigo.
CELESTE — Mas vai ser diferente, meu bem. Hoje o Gustavo é só um cara chato
que anda atrás dela.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 27 Pag.: 18
CELESTE — É chato mesmo. Não adianta me olhar assim. Gosto do Gustavo. Acho
ele um amor de rapaz, mas que é chato, é.
CELESTE — Quero que a Bárbara veja ele como um rapaz ativo, empreendedor.
Um homem forte. Ela tá acostumada com esse Gustavo que tá aí. Um
filhinho de papai que passou um pouco da idade. É isso que eu quero
mudar. Se ele começar a trabalhar na construtora, vai virar um outro
homem. Olha só o André. Quando chegou aqui era um bichinho de mato.
Agora ganhou vida nova. Parece até que ficou mais bonito. Claro que
não é só isso. Eu me comprometi a dar umas dicas pro Gustavo. Garanto
que em pouco tempo a Bárbara vai começar a se interessar por ele.
HEITOR — Não sei, Celeste. Essa história, pra mim, não faz o menor sentido. Se
você quer saber, eu já estou até desistindo de juntar esses dois. É uma
batalha perdida.
CELESTE — De jeito nenhum! Vai desistir? Nem parece o Heitor Gonzaga que eu
conheço.
HEITOR SORRI.
HEITOR — Acho que você tá dando importância demais pra esse assunto.
HEITOR SE DEITA E CELESTE VAI ATÉ ELE, SENTANDO AO SEU LADO NA CAMA.
HEITOR — Confio.
CELESTE — Então me deixa tentar juntar os dois. O máximo que pode acontecer é
não dar certo. Cada um pro seu lado.
CELESTE — Mas por quê? O Gustavo é engenheiro. Pelo que consta, um bom
profissional, não é?
CELESTE — Não.
CELESTE — Verdade?
HEITOR — É.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
CELESTE — Claro que não. Na dúvida eu perguntei de novo hoje, antes dele sair
pro clube.
LEILA — Vou torcer pra tudo dar certo. Quem sabe assim você não fica livre da
Bárbara de uma vez?
CELESTE — É tudo o que eu mais queria nessa vida. Ela longe dessa casa, vivendo
a vida dela e parando de me aborrecer. Parece até um sonho se
realizando.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 27 Pag.: 20
CELESTE — Agora.
CELESTE — Gustavo? (p) Gustavo, meu querido, aqui é Celeste. Como vai? (p)
Ótima. Melhor impossível. Liguei porque tenho ótimas notícias. (p)
Lembra daquela nossa conversa? (p) Isso. Heitor pediu pra que você
passe na construtora. Ele quer falar com você. (p) Claro, meu bem. Ligue
pra secretária dele, a dona Vera, e marque uma hora. Você tem o
número? (p) Ótimo. Depois você me liga contando tudo. (p) Imagina,
Gustavo. É um prazer poder ajudar você a conquistar a Bárbara. Um
beijo. (p) Tchau.
LEILA — E agora?
AS DUAS RIEM.
CORTA PARA:
HEITOR — Eu prometi pra Celeste que faria. Será que você consegue alguma
colocação pro Gustavo na empresa?
HEITOR — Não gostei da conversa que tive com a Eduarda pelo telefone. Ela me
garantiu que vai conseguir convencê-lo, mas confesso que fiquei na
dúvida. (p) Andei pensando em agir diretamente nesse caso.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 27 Pag.: 21
BRUNO — Como?
BRUNO — Agora?
HEITOR — Entre hoje e amanhã. Quero ir enquanto eles ainda estão por lá. Fazer
com que o Diogo perceba as coisas da mesma forma que eu.
HEITOR — E eu também tenho alguns outros assuntos que preciso resolver por lá.
Logo a notícia sobre a obra vai vasar na imprensa. Preciso conversar com
os meus aliados políticos. Nada pode dar errado. Preciso me cercar de
aliados por todos os lados, porque sei que vou ter uma batalha dura pela
frente. Muita gente vai ser contra, vai tentar impedir a construção da
hidrelétrica.
HEITOR — Eu sei, mas nunca tive medo de guerras. Se tivesse, não tinha chegado
aonde cheguei. Garanto que essa vai ser mais uma que eu vou ganhar.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
LEONOR — Arthur!
LEONOR — Bem, na medida do possível. Tirando o fato de ele não ter movimento
da cintura pra baixo, não há mais nenhum problema.
LEONOR — Claro que não! Só que poderia ter sido pior! Vinícius poderia estar
morto agora.
ARTHUR — Deus me livre! Não fala uma coisa dessa que me dá até um aperto no
peito. Passei a viagem toda tentando entender o que aconteceu, já que
você não conseguiu falar direito no telefone.
LEONOR — Eu não sei o que deu em mim. Fiquei nervosa. Quando comecei a
falar parecia que havia aberto uma represa em mim. Eu me descontrolei.
Me desculpe.
ARTHUR — Não precisa se desculpar. Você agüentou tudo isso sozinha. Uma hora
tinha que botar pra fora. (p) Eu quero ver o Vinícius. Quero ver como o
meu filho está.
LEONOR — Arthur, eu quero que você saiba que sou contra isso. Só lhe chamei
porque o Vinícius fez questão e...
ARTHUR — Leonor, você acha mesmo que é hora pra esse tipo de conversa? Eu
sei que nós tivemos os nossos problemas, mas o Vinícius é meu filho. Eu
tenho o direito de estar ao lado dele numa hora dessas. E ele também.
Nada mais justo do que ter o pai ao lado pra enfrentar isso.
CORTA PARA:
LEONOR — É. Mas têm cabeça de criança ainda. Não sei por que cismou de subir
na tal da cachoeira.
LEONOR — Que nós precisamos esperar. Ele pode recuperar os movimentos, mas
também pode acontecer o pior.
VINÍCIUS — Pai?
VINÍCIUS — Bem. Pelo menos da metade pra cima. Da metade pra baixo eu não
sinto nada.
ARTHUR — Nós vamos dar um jeito nisso, Vinícius. Escuta o que o pai tá
dizendo. Mando você pra qualquer lugar do mundo. Você vai ser
atendido pelos melhores médicos, mas eu tiro você dessa cama.
LEONOR — Não pode, meu filho. Você precisa acreditar. Precisa se esforçar, fazer
os exercícios.
ARTHUR — Sua mãe tá certa. Vai fazer tudo o que precisa fazer. Não quero ver
você desanimado e nem derrotado. Quero meu filho lutando! Entendeu?
VINÍCIUS — Entendi.
VINÍCIUS — Obrigado por ter vindo pai. É bom ter o senhor aqui ao meu lado.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
CHICA — Se aquele maracujá de gaveta acha que as coisa vão ficá assim, ela tá
é muito enganada. Só porque ela qué quê vai ficá com o lugar da minha
barraca! Nem que eu tenha que botá fogo na quermesse, mas que ela num
vai, num vai!
BRISA — Que horror falá uma coisa dessa, Chica! É pecado. Imagina! Botá
fogo na festa da santa. Ela pode castigá ocê.
ZÉ MARTINS — Chica, num adianta ocê ficá assim. Parece até que num conhece dona
Hilda. Ela vai mexê os pauzinho até tudo ficá do jeitinho que ela qué.
CHICA — E por causa disso eu tenho que ficá de braço cruzado só vendo? Só se
eu num me chamasse Chica Martins! (p) Claro que eu num vô botá fogo
na quermesse.
CHICA — Mas eu tô com umas idéia aqui. Aliás, já tão faz é tempo na minha
cabeça. Desde que eu soube que a jararaca engomada ia fazê uma barraca
de bordado que nem que a nossa.
ZÉ MARTINS — Mudando de assunto, ocê por acaso já falô com o seu noivo desde que
ele vortô de viagem?
CHICA — Pedro?
ZÉ MARTINS — Ontem. Pelo menos foi o que Tonho mais Sandoval me falaram.
CHICA — E por que esse infeliz num veio falá comigo, que sô noiva dele?
ZÉ MARTINS — Vai sabê. Deve de tá bravo com aquelas coisa que ocê andô falano pra
ele.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 27 Pag.: 25
CHICA — Num me fartava mais nada. Quanto mais eu rezo, mais assombração,
aparece!
CHICA — Tê uma conversinha com seu Pedro Azulão! Ele que num se meta a
besta comigo!
CHICA SAI.
CORTA PARA:
BÁRBARA — Faz tempo que eu não monto, mas não têm segredo.
TONHO — Licença.
BÁRBARA — Obrigada.
BÁRBARA — Socorro!
CORTA PARA:
FIM DO CAPÍTULO
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 27 Pag.: 27