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apresenta:
AS FILHAS DA MÃE
novela de
SILVIO DE ABREU
núcleo e direção de
JORGE FERNANDO
gênero:
COMÉDIA
horário:
SETE HORAS
estréia prevista:
SETEMBRO/2001
AS FILHAS DA MÃE,
ou
A INCRÍVEL BATALHA DAS FILHAS DA MÃE NO JARDIM DO
ÉDEN
Como sugere o título, é uma comédia rasgada ao estilo de novelas escritas por
Silvio de Abreu e dirigidas por Jorge Fernando para o horário das dezenove horas,
como GUERRA DOS SEXOS, VEREDA TROPICAL, CAMBALACHO e DEUS
NOS ACUDA onde, em uma mistura propositada, Blake Edwards se encontra com
Billy Wilder, juntam-se a Mel Brooks, a David & Jerry Zucker e fazem uma festa
sem esquecer de convidar Steno, Vittório de Sica e até Douglas Sirk. É com esse
espírito que mistura farsa e chanchada, onde nem tudo deve ser levado muito a
sério, a uma narrativa folhetinesca onde a representação sincera do drama e do
romance dão credibilidade ao humor pretendido, que a sinopse deve ser lida,
porque assim será realizado este trabalho como já foram os outros acima citados.
E mais:
Diferente de outras novelas, AS FILHAS DA MÃE, foi escrita para um elenco pré-
escalado e já aprovado pela direção da emissora. Todos os personagens foram
criados levando-se em conta as características particulares de cada intérprete, as
facilidades na composição dos tipos e o tipo físico de cada um deles. Por isso,
acompanha a sinopse, para facilitar a leitura, não uma lista de personagens, mas
a escalação do elenco.
ATENÇÃO II
Alguns atores e atrizes foram convidados mas ainda não estão confirmados, seus
nomes estão grifados para que se tenha idéia do tipo pretendido. Outros que ainda
não foram escalados - (em sua maioria crianças e adolescentes) - serão
escolhidos por testes e existe uma explicação mais detalhada sobre cada um
deles dentro do corpo da sinopse.
ATENÇÃO III
I
A INACREDITÁVEL HISTÓRIA DA MÃE
II
O GRANDE GOLPE DO DÉSPOTA E SAFADO PAI
III
A ESTREPITOSA VOLTA DAS FILHAS DA MÃE
O que mais irritou FAUSTO na herança que Lucinda deixou ao sumir em
Paris foi que os filhos acabaram por sair iguais à mãe. As duas filhas,
voluntariosas e rebeldes, eram o oposto absoluto do que ele sonhara e o filho,
realmente, “um caso à parte”. Justiça seja feita, TATIANA E ALESSANDRA seriam
duas tremendas dores de cabeça para qualquer pai. Durante a infância, assim que
Lucinda, aparentemente, morreu, as filhas passaram a botar para correr qualquer
babá e nem Mary Poppins teria suportado aquelas duas pestes. Na adolescência
foi pior. TÁTI e ALÉ, pronunciado com o É aberto por causa de uma bá nordestina,
competiam por tudo; de um alfinete ao melhor vestido, de um patinete ao carro do
ano; disputaram todos os meninos da vizinhança e adjacências, além de serem
expulsas, por mau comportamento, de todas as escolas de São Paulo. FAUSTO,
com um temperamento capaz de por Hitler e Mussoline no chinelo, jamais tentava
compreender ou dialogar; ao contrário, queria domar os filhos com castigos e
restrições, o que só piorava a situação. Brigas e discussões eram constantes e, à
medida que foram atingindo os dezesete ou dezoito anos, os três foram querendo
tomar seu rumo. Sem conseguir controlá-los e muito mais interessado em seus
negócios do que naqueles estrupícios, que em nada se pareciam com o que ele
queria ter para chamar de filhos, acabou tomando uma decisão surpreendente.
Como em uma linda história infantil, que havia lido há muitos e muitos anos,
quando um rei muito sábio quis conhecer melhor o caráter dos filhos e os
presenteou com algumas patacas em ouro para ver o que fariam delas, concordou
em lhes adiantar uma parte da herança para que cada um fosse cuidar da própria
vida; o resto só receberiam quando ele morresse; se ele algum dia morresse.
TATIANA, a filha mais velha, sonhava ser diretora de cinema e foi neste
sonho que colocou o dinheiro que o pai lhe havia adiantado. Morou com uns
amigos no Rio de Janeiro, perdeu parte da grana em produções de curta-
metragems e, como não deu em nada, resolveu que um país chinfrim como o
nosso jamais iria reconhecer o seu incomensurável talento; partiu então para a
conquista do mundo. Intelectualmente superior, como se considerava, tinha
certeza que conquistaria Hollywood, mas só iria para a meca do cinema com o
nome já feito na Europa. Começou pela Holanda, onde estagiou com o pessoal do
Dogma, apesar daquela gente não ser em nada a sua praia. Foi a quinta
assistente de produção num filme de Lars Von Trier que ela achou uma chatice;
fez parte da equipe de outros filmes cujo nome ninguém lembra; mudou-se para a
Espanha e passou a perseguir Pedro Almodóvar que nunca lhe deu a menor bola,
encheu tanto o saco do Bigas Luna que ele teve que chamar a polícia em uma
noite que ela resolveu montar acampamento debaixo da janela do coitado e em
Barcelona quase levou um tiro de Ventura Pons, porque aquele catalão não é de
brincadeira. O problema é que, mesmo rejeitada, se achava melhor do que
qualquer um deles e suas pretensões não eram poucas; queria ser uma diretora
diferente: culta e popular; profunda e comunicativa; simples e sofisticada, pobre e
riquíssima, despojada e glamourosa; premiadíssima, respeitadérrima mas com
uma imensidão de gente na bilheteria de seus filmes; discreta, mas coberta de
peles e jóias. Impossível ?... Não para TÁTI CAVALCANTE que sabia o seu lugar
no universo. Infelizmente toda esta bazófia acabou com o seu dinheiro e ela teve
de se empregar como vendedora de pipocas em um cinema em Londres na
Leicester Square. TATIANA já estava disposta a engolir o orgulho, pedindo penico
para o pai, se a humilhação viesse acompanhada de alguma comida melhorzinha,
um bom par de sapatos e até, quem sabe, um vestidinho de grife, quando soube
do escândalo e do desaparecimento dele. Parecia um milagre; imediatamente se
lembrou daquela médium que era a cara da Whoopi Goldberg em Ghost: a mulher
disse para ela, com todas as letras, que a oportunidade bate apenas uma vez na
sua porta e que a dela já estava chegando. A notícia dizia que o pai tinha sumido e
ela raciocinou que, mesmo levando muito dinheiro, o JARDIM DO ÉDEN
continuava no Brasil e, melhor, se aquele velho insuportável desapareceu alguém
deveria tomar conta do que ficou. Conclusão lógica na sua cabeça louca: este
alguém só poderia ser ela que é uma herdeira legítima ! Enquanto arrumava as
malas viu que não podia desembarcar no Brasil com aqueles trapinhos que usava
ultimamente. Vestida como uma mendiga jamais teria condições de impor respeito.
Nem pensou duas vezes, com seu único cartão de crédito que, por milagre, ainda
não estava cancelado, armou seu guarda-roupa de estrela de cinema no auge da
fama. Jamais voltaria ao Brasil como uma hiponga morta de fome, sabia que sua
irmã, ALESSANDRA, embora jurasse estar muito bem em Roma, gananciosa e
atrevida do jeito que era, não iria deixar de entrar nesta guerra e TATIANA não
estava disposta a perder nenhuma batalha praquela insuportável que sempre
disputou tudo com ela. Desembarcou no Brasil com oito malas, sem remorso do
calote que tinha dado nas melhores lojas de Londres e tal qual Scarlet O´Hara
deixou para pensar nas conseqüências no dia seguinte.
TATIANA estava certíssima em suas preocupações; conhecia ALESSANDRA
o suficiente para saber a rival que teria de enfrentar. A verdade é que, além de
parecidas fisicamente, raciocinam em tudo e por tudo da mesma maneira, o que
faz com que suas ações atinjam resultados idênticos. Por exemplo: certa vez, na
disputa por um namorado, TATIANA resolveu ficar completamente diferente de
ALESSANDRA e foi procurar um cabeleireiro para tornar-se loira; ao mesmo
tempo e no mesmo momento ALESSANDRA teve a mesma idéia e quando se
encontraram na hora do jantar, iguaizinhas na cor e no penteado, se
engalfinharam até quase ficarem carecas. Isto tem se repetido inúmeras vezes por
toda a vida delas; não nasceram gêmeas mas, sabe-se lá porque, são como duas
irmãs Corsos. Têm carregado esta cruz pela vida afora; já foram a psiquiatras,
hipnotizadores, macumbeiros, exorcistas; tentaram até um especialista
respeitadíssimo em neurolingüística, mas nada resolveu. Sempre que uma tem
uma idéia, a outra tem a mesma idéia no mesmo momento, sempre que uma quer
um homem a outra quer o mesmo, sempre que uma resolve usar uma roupa,
digamos, de bolas azuis, a outra, mesmo optando por listas, acaba com um
vestido de corte e cor muito parecidos com o da irmã. O que ocorre entre elas é
inexplicável mas absolutamente verdadeiro e faz com que elas resultem, embora a
contra gosto, em uma dupla de mulheres completamente diferentes mas
absolutamente iguais e elas sempre se odiaram por isso.
Curiosamente pretendem carreiras diversas, apesar de ambas serem
igualmente soberbas e absolutamente destituídas de talento para aquilo que
escolheram. Da mesma forma que TATIANA quer ser a maior diretora de cinema
do mundo, ALESSANDRA quer ser a maior escritora. Da mesma forma que
TATIANA acha o Brasil muito pequeno para o seu talento, ALESSANDRA também
resolveu sair pelo mundo. Imaginava que os grandes escritores americanos, antes
de morarem em magníficas pent-houses na Park Avenue, em Nova Yorque, tinham
que ter vivência para escrever sobre o mundo sofisticado que retratavam. Como já
tinha decidido que seria melhor do que qualquer outro escritor vivo, escolheu
adquirir experiência de vida em Roma e resolveu se fixar por uns tempos na Itália.
Evidentemente os planos de ALESSANDRA CAVALCANTE são muitíssimo mais
ambiciosos do que se tornar uma escritora brasileira de qualidade e respeitada
como, por exemplo, Zelia Gatai, Nélida Piñon, Raquel de Queiroz ou, até, Clarisse
Lispector; suas pretensões vão muito além. Claro que, na verdade, nunca leu
nenhuma delas, mas se acha melhor do que as quatro juntas. O objetivo de
ALESSANDRA é, apenas, conquistar todo o mundo conhecido e, futuramente,
todas as galáxias com seus best-sellers. Não consegue entender como em um
país onde a telenovela encanta multidões não exista uma Jaqueline Susann, uma
Jackie Collins, uma Danielle Steel, uma Patricia Cornwell, nem mesmo uma Anne
Perry ou uma Candace Bushell; escritoras de grandes romances, ricas e famosas.
Desde a adolescência ALESSANDRA CAVALCANTE tinha certeza absoluta de
que seria a Sidney Sheldon de saias do Brasil. Tanto seus professores quanto
suas governantas, seu pai e seus irmãos sempre acharam sua fixação na
literatura trash um absurdo, mas ela sabia muito bem o que queria da vida. O
problema é que em sua grande empáfia esqueceu que ter um livro publicado não
é uma coisa tão simples assim e, infelizmente, para que o livro seja publicado e
faça muito sucesso, elevando o nome de sua autora às nuvens, primeiro e antes
de tudo, tem que ser escrito.
ALESSANDRA tinha absoluta certeza de que das ruas de Roma, das festas,
das noitadas e, principalmente, dos amores que ela iria viver na cidade eterna,
alguma idéia haveria de aparecer. Começou muitos rascunhos, gastou muitas e
muitas horas, elegantíssima em seu deslumbrante chápeu de abas larguíssimas,
digitando em seu lep-top de última geração nas escadarias da Piazza di Spagna,
no Coliseu, no Foro Romano, no Campidoglio, até lascou duas ou três vezes as
imensas unhas vermelhas no Tre Scalini da Piazza Navona, mas, livro que é bom,
nada. Arrumou muitos namorados, teve muitos amantes, bebeu muito, comeu
bastante, se divertiu à larga, mas nada de romance, novela; nem até, quem sabe,
um conto, uma crônica, um pensamento... absolutamente nada ! Ganhou alguns
pretendentes, chegou até a viver com um conde que acabou se revelando um
vigarista e fugiu com boa parte de suas jóias, mas página escrita que é bom,
nenhuma. Com o tempo o dinheiro foi minguando e ela já estava como a irmã,
disposta a pedir penico, quando soube da notícia do golpe e desaparecimento do
pai. Entregou o apartamento em Roma, arrumou o seu melhor guarda-roupa, que
não era nada desprezível, e veio tomar posse do lugar que lhe pertencia no
JARDIM DO ÉDEN.
Sua entrada foi tão, ou até mais, retumbante do que a da irmã, porém nada
comparável ao impacto das duas juntas brigarem pela cadeira da presidência. É
claro que as duas enfrentaram muitas dificuldades legais para tomarem posse,
mas nada que um esperto advogado não conseguisse resolver. - (PESQUISA)
IV
SURPRESA !
ADRIANO já não sabia mais o que fazer para conter aquelas doidas que
resolveram tocar o JARDIM DO ÉDEN para frente e que fatalmente iriam acabar
falindo com aquele paraíso. Imaginou, então, que a única maneira de neutralizá-
las era ter o primogênito de FAUSTO e Lucinda a seu lado. RAMÓN e ADRIANO
haviam sido amigos de infância e durante grande parte da adolescência; é
verdade que ADRIANO desconfiava que RAMÓN nutria um certo ciúme da
atenção que FAUSTO dedicava a ele, mas tinha certeza de que, apesar de serem
muito diferentes em tudo e por tudo, dois homens se entenderiam melhor do que
aquelas duas malucas.
Assim que recebeu a mesma quantia em dinheiro do pai que as irmãs,
RAMÓN resolveu viver em Paris, perseguindo o seu sonho de infância de ser um
estilista. Desde criança adorava brincar com as bonequinhas das irmãs e
detestava aquele monte de caminhões, tratores e metralhadoras com que
FAUSTO, em desespero, enchia o seu quarto. RAMÓN certamente foi a pior coisa
que poderia ter acontecido a FAUSTO que, machão convicto, preconceituoso e
intransigente jamais entendeu o filho. Assim que RAMÓN nasceu, FAUSTO
procurou o nome mais masculino possível para seu primogênito; escolheu
RAMÓN pelo som ríspido e seco: com um nome desses, espanhol e forte, seu
menino seria uma rocha. Ledo engano ! Ao atingir a adolescência, depois de uma
infância, digamos, cor-de-rosa, RAMÓN matriculou-se, em segredo, em um curso
de figurinista e passou a usar o punching-ball que o pai mandou instalar em seu
quarto para montar modelitos exóticos. FAUSTO fez o que pode para “consertar” o
jeito afeminado do garoto, mas foi inútil. Castigos, discussões, surras, nada
adiantou e aquele machão ditador se viu pai de uma figura que ele, simplesmente,
abominava. Na verdade, a idéia de dar uma espécie de dote para que cada um
dos filhos cuidasse de sua vida vinha atrelada ao desejo de ver aquele filho
transviado bem longe. Chegando em Paris, RAMÓN só não se encontrou com a
mãe, que julgava morta, porque LULU já havia se mudado para Hollywood. Mais
sério e menos arrogante do que as irmãs, resolveu aprender de verdade a
profissão que perseguia e, como a concorrência em Paris é muito grande, durante
alguns anos, trabalhou pela Europa, onde houvesse interesse pelo seu talento.
Correspondia-se com uma certa regularidade com ADRIANO de quem se julgava
amigo e que, desde que fora morar na casa dos Cavalcante, acompanhando a
mãe cozinheira tornara-se seu companheiro e conselheiro, apesar dos dois não
terem absolutamente nada em comum. Ultimamente as cartas deixaram de chegar
e ADRIANO já não tinha a menor idéia de onde RAMÓN poderia estar no mundo.
FAUSTO, no entanto, nunca se preocupou com esta ausência; quanto mais longe
aquela figura afetada do filho ficasse, melhor, ainda mais que seu sócio e rival,
ARTHUR, que era pai de dois absolutos machões, adorava jogar as inclinações
femininas do filho na sua cara.
A eficiência de ADRIANO mais uma vez foi provada quando ele conseguiu
localizar RAMÓN na Suiça. Alguns e-mails e remessas de dinheiro depois,
ALESSANDRA e TATIANA souberam que o irmão iria chegar e que elas teriam
que dividir o poder de comandar o JARDIM DO ÉDEN com ele. Evidentemente as
duas já andavam cheias de planos para neutralizar o irmão quando a porta se
abriu e elas tomaram o maior susto de suas vidas:
- Ramón ?
- Ramona, maninhas/... Mudei de sexo!
V
A SOCIEDADE QUE O ANTIGO SÓCIO NÃO QUERIA DE JEITO ALGUM
- É melhor não cuspir pra cima porque pode cair na própria cara.
Sabe-se lá porque, o destino, caprichoso como ele só, está prestes a armar
uma cilada; aliás se FAUSTO soubesse que esta seria uma das consequências
diretas do seu sumiço, já teria dado o golpe há muito mais tempo. Tudo
aconteceu da maneira mais simples e corriqueira possível. RAMONA tinha
deixado o carro na oficina e como estava com pressa de chegar ao cabeleireiro
resolveu enfrentar uma garoinha e atravessar a rua. LEONARDO vinha no seu
patinete, cortando a frente dos carros. Distraiu-se com uma mulher bonita na
direção de um conversível vermelho e quando percebeu, já tinha atropelado
RAMONA, empurrando-a para uma poça de lama. O elegante vestido branco dela
ficou imprestável e ele se prontificou a mandar lavá-lo, comprar um novo, ou o que
fosse preciso fazer para compensar o incidente. Falava tudo, meio aos borbotões,
sem conseguir tirar os olhos daquelas pernas: que pernas eram aquelas ?
RAMONA, embora absolutamente enlameada, sem conseguir se levantar, no meio
da chuva que agora caía mais forte, pouco escutava do que ele dizia. Estava
encantada com o seu jeito de menino, com as suas desculpas, com a sua
atenção. Foi quando LEONARDO conseguiu levantar os olhos e se deparou com o
riso charmoso, divertido e envergonhado de RAMONA, iluminando seu rosto em
meio aos pingos de chuva. Foi aí que se sentiu fisgado, numa atração mútua e
absolutamente irresistível. Mesmo para aquele bando de motoristas impacientes
que reclamavam do casal sentado no meio da rua, rindo e atravancando o trânsito,
ficou patente que, naquele instante estava nascendo um grande amor.
O mesmo antiqüíssimo sábio deve ter dito também: aqui se faz, aqui se
paga e o castigo vem à cavalo. Se ARTHUR passou a vida toda gozando FAUSTO
por causa do filho afeminado, agora iria ter que conviver com as consequências
deste romance inusitado e, pior, com toda a gozação de MANOLO GUTIERREZ, o
outro sócio do JARDIM DO ÉDEN, que não tinha a menor delicadeza, sofisticação
e, muito menos, disposição para entender essa situação.
VI
A FAMÍLIA DESMEMBRADA E DESTRAMBELHADA DO SÓCIO EMERGENTE.
VII
DE COMO UMA NORDESTINA ARRETADA VEIO PARAR NA ZONA LESTE
ROSALVA e seus quatro filhos moram na zona leste, na mesma rua de
MANOLO e sua família destrambelhada, há pouco tempo. A vida de ROSALVA,
dos três filhos adolescentes e de AMADA, a caçulinha temporã de oito anos, virou
de ponta cabeça logo que eles se mudaram para lá. É verdade que ROSALVA vem
estranhando os acontecimentos, há muitos anos, desde que se mudou de
Canhotinho, pequena cidade de Pernambuco, para a capital do Recife. Naquela
época já achou muito estranho que o marido tivesse ganho uma bolada na loteria
esportiva. Edimilson nunca jogava, nem gostava de futebol: mas o dinheiro estava
ali, em cima da mesa da cozinha e ele insistia na mudança. Dizia que ia ser
melhor para o estudo dos filhos, que ele ia poder trabalhar em uma boa firma de
frete com o seu caminhão, ganhar muito mais, e eles acabaram indo. Não
moraram nem um ano na capital pernambucana e justo quando as crianças, já
adaptadas à nova cidade, conseguiram vaga e estavam cursando um bom colégio,
Edimilson veio com outra novidade: NICOLAU, filho de um primo distante que
morava no sul desde criança, tinha arrumado uma colocação para ele numa
transportadora paulista. ROSALVA demorou mais para decidir desta vez, gostava
do Recife, tinha medo de enfrentar uma cidade como São Paulo mas, como o
emprego era em uma cidade menor, São Bernando do Campo e o dinheiro muito
bom, novamente, para o bem das crianças, vieram. A adaptação também foi fácil:
a vizinhança era amiga, muitos conterrâneos, gente boa e animada além de seu
DEDÉ, pai de Edimilson, de quem ela gostou de cara. Seu DEDÉ, que já estava
no sul há mais de trinta anos, morava de favor com NICOLAU na zona leste e
passou a morar com eles em São Bernardo. Na nova cidade ROSALVA começou
a trabalhar de vendedora, além de cuidar dos filhos e ficar grávida de AMADA.
Quando a paulistinha nasceu foi só festa, o nome significativo foi ideia de Seu
DEDÉ e aprovado pela família e, até então, a menina não o tem desmerecido.
Novamente, quando tudo parecia em seus lugares, com os meninos, PEDRO e
JOSÉ, entrando na faculdade e JOANA, a mais velha, trabalhando numa fábrica,
outra mudança. Edimilson veio com a novidade de que ia trabalhar transportando
com exclusividade para um lugar maravilhoso chamado JARDIM DO ÉDEN e que
tinha comprado uma casinha na zona leste. Com relação ao emprego, como o
dinheiro era bem maior, ROSALVA entendeu mas, por mais que o marido tentasse
explicar não engolia que tivesse de sair de São Bernando para morar num lugar
que nem tinha idéia direito de onde ficava. Conversaram, discutiram, até brigaram
feio mas de noite ele a convenceu e mudaram-se para o Tucuruví. A verdade é
que ROSALVA, arretada e decidida, resistia a tudo, menos a Edimilson pedindo
qualquer coisa baixinho ao seu ouvido, enquanto ralava a barba por fazer no seu
cangote.
Na zona leste uma nova adaptação e um problema: NICOLAU. O filho do
primo distante veio morar com eles e logo deixou Edimilson louco de ciúmes. Não
que ROSALVA tenha dado algum motivo mas o jeito meio despachado de
NICOLAU, sempre de camisa aberta e fazendo exercícios físicos, foi deixando o
caminhoneiro, que vivia viajando, com a pulga atrás da orelha. Para evitar
problemas, NICOLAU acabou indo morar na casa do vizinho, MANOLO, a pedido
de BARNABÉ, que tinha certeza que iria conseguir transformar NICOLAU num
campeão de boxe de botar o Popó no chinelo, mas esta é outra história que
também fica para depois.
ROSALVA, que sempre foi honestíssima e nunca deu a menor bola para
NICOLAU, tinha outro problema grave naquela vizinhança: MANOLO e GORGO.
Achava que a velha tinha “olho gordo” e desconfiava da atenção excessiva que
Edimilson dava a MANOLO. O pior era que, volta e meia, encontrava MANOLO na
sala conversando com Edimilson e percebia que, quando ela entrava, mudavam
de assunto. Detestava o ar de segredo que ficava pairando entre os dois. Várias
vezes tentou fazer o marido esclarecer o mistério, mas Edimilson garantia que era
só cisma dela. E depois como é que ele não iria querer conversar com um dos
sócios do lugar que trabalhava ? ROSALVA achava tudo muito estranho e jurava
que alguma coisa cabeluda existia entre aqueles dois. Como explicar os ganhos
extras de Edimilson ? O marido jurava que eram comissões que ganhava no
JARDIM DO ÉDEN, mas ROSALVA teve a pachorra de ir verificar e o contador de
lá garantiu que nenhum caminhoneiro jamais havia ganho nenhuma comissão. A
desconfiança só aumentava cada vez que Edimilson aparecia com um presente
mais caro, ou trocava a geladeira, comprava televisão grandona, video, aparelho
de som, roupas de grife para ela e os meninos e até um carro de passeio. Como
que um caminhoneiro ganhava dinheiro desse jeito ? Edimilson se defendia
dizendo que ela chorava de barriga cheia, que ele só pensava no conforto da
família etc e tal, mas ROSALVA não engolia aquela lenga-lenga e tinha certeza
que o marido estava enfiado em algum negócio perigoso com o vizinho:
VIII
VALDECK VENTURA OU DE COMO SOBREVIVER NAS SELVAS DA CIDADE
Nascido em uma família da Zona Norte do Rio de Janeiro, que foi obrigada
a se mudar para a perifería de São Paulo quando seu pai, funcionário da Receita
Federal, foi transferido de cidade, Valdecir Ventura sempre se virou como pode.
Acreditando que um nome mais sonoro abre melhores portas, adotou o
pseudônimo e tem sido VALDECK VENTURA desde então. Foi assim também
com sua irmã, Valentina, que desde que se batizou profissionalmente como
VALENTINE tem feito uma bela carreira de modelo e está prestes a se casar com
o milionário que é um dos donos do JARDIM DO ÉDEN, onde VALDECK é o
personal trainer de todas as dondocas que sonham em ter um corpo perfeito.
Gordas, magras, altas, baixas, feias, bonitas, não importa; VALDECK enche de
esperança todas elas, garantindo assim uma freqüência entusiasmada e
permanente no seu departamento. Simpaticíssimo, sempre usa algum truque para
aquelas que, digamos, sejam um caso perdido. Se diz apaixonado, aceita convites
para jantar, ministra exercícios particulares, faz massagens exclusivas, deita e rola
sobre elas, mas sempre deixa uma cliente satisfeita.
Sua simpatia natural e seu jeito, digamos, “descolado” faz com que tenha
portas abertas onde quiser. Foi assim que conseguiu o teste para AMADA a
pedido de Edimilson, seu chapa no resort. Na época VALDECK estava saindo com
a mulher de um diretor de televisão que garantiu colocar AMADA no papel
principal da novela que estava sendo escalada, se ela passasse nos testes.
Acontece que com a súbita e inesperada morte de Edimilson, AMADA não se
apresentou para os testes e o assunto acabou esquecido até que VALDECK foi
procurado por ROSALVA. No entanto, por causa desta sua intensa vida de alta
rotatividade, a tal mulher do diretor de televisão já tinha rodado e ele nem
imaginava como poderia conseguir o tal teste para a menina. Mas como é um cara
de bom coração e não resiste ver uma mulher chorar, muito menos se for viúva
recente de um grande amigo, resolveu ajudar ROSALVA. Cavou outra
oportunidade para AMADA mas, infelizmente, o tiro saiu pela culatra. Sem nenhum
conhecimento no ramo artístico, VALDECK, acabou se metendo com um vigarista
de porta de cadeia que prometeu arrumar o teste para a menina mas deu no pé
levando todo o dinheiro de ROSALVA.
Embora não tivesse sido, voluntariamente sua culpa, o fato é que o dinheiro
sumiu e o vigarista se evaporou. Conseqüência direta, ROSALVA ficou sem suas
economias e VALDECK tem que arrumar este dinheiro para não fazer uma falseta
dessas com a viúva do amigo. Além disso, influenciado por ROSALVA, também
começou a achar muito estranho o acidente que resultou na morte de Edimilson e
se prontificou, como é o seu jeito, a ajudá-la a desvendar este mistério. O
problema é que com o sumiço de suas economias ROSALVA não quer mais ver
VALDECK nem pintado de ouro, mas ele enfiou na cabeça que vai provar por A
mais B que o acidente envolvendo Edimilson foi criminoso e quando VALDECK
VENTURA enfia uma coisa na cabeça, ainda mais se tiver contando com a ajuda
de FAÍSCA, seu fiel escudeiro, sai de baixo!
FAÍSCA é amigo desde que VALDECK chegou do Rio e os dois juntos
funcionam como uma “dupla dinâmica”. Embora não usem máscaras e nem se
fantasiem, como seus heróis de gibi preferidos, quando enfiam na cabeça alguma
missão, é fogo. Além de quererem ajudar todo mundo, ainda gostam de levar
vantagem em tudo e, principalmente, adoram se meter onde não são chamados.
Têm teorias e soluções para tudo e se entendem perfeitamente, apesar de
FAÍSCA ser mudo e só se comunicar através de sinais e de VALDECK ser meio
míope. Hoje em dia miopia nem seria um problema para a maioria das pessoas,
mas para VALDECK, é. Se recusa a usar óculos por pura vaidade, tem rejeição
alérgica a qualquer tipo de lentes de contato e morre de medo de fazer a operação
que poderia solucionar o seu problema. Assim sendo, mais que uma amizade, o
que os une é a necessidade absoluta de ficarem juntos porque FAISCA vê tudo
para VALDECK que fala pelo amigo. Por mais estranho que possa parecer, juntos,
os dois funcionam muito bem e até já cogitaram abrir uma agência de
investigações; a idéia só não foi pra frente porque VALDECK não quer ficar longe
das mulheres que encontra diariamente no seu atual emprego e que fazem de sua
vida um gozo constante. Mesmo como detetives amadores, no caso específico da
morte de Edimilson, fuçaram tanto que acabaram descobrindo que o JARDIM DO
ÉDEN não é, de maneira nenhuma, o paraíso que parece ser. Quanto mais se
aprofundavam nas investigações, mais iam descobrindo podres que, para o bem
de quase todos, era muito melhor que continuassem enterrados.
Nas investigações dentro da presidência do resort, VALDECK acabou se
aproximando bastante das novas diretoras: ALESSANDRA e TATIANA e, esperto,
percebeu que seu magnetismo pessoal não passava desapercebido por elas.
Resultado imediato: elaborou um plano que iria solucionar seus problemas
financeiros para sempre. Se sua irmã, VALENTINE, já estava se arranjando e ia
se casar com ARTHUR BRANDÃO, ele que se arrumasse com ALESSANDRA ou
TATIANA e a família tirava o pé da lama de uma vez. ALÉ e TÁTI, no entanto,
tinham todas as idéias possíveis para se relacionarem, em segredo, cada uma do
seu jeito com VALDECK, mas casamento estava completamente fora dos seus
planos. VALDECK porém, confiava no seu taco e tinha certeza que arrastaria uma
das duas para o altar e elas, que de tontas não tinham nada, iam deixando que ele
acreditasse no que quisesse enquanto se divertiam neste jogo de muito espertas
contra o quase sabido.
A grande esperança de VALDECK com este casamento é matar dois
coelhos numa só cajadada. Primeiro, obviamente, é se dar bem na vida, depois,
realizar o maior sonho de sua mãe. Pode-se falar o que quiser de VALDECK,
menos que ele não tenha sido um bom filho para Dona VIOLANTE. Desde muito
criança tem adoração por aquela senhora que se sacrificou como uma mártir de
catecismo para criar os dois filhos, como ela sempre faz questão de frisar. Viúva
do único funcionário honesto da receita federal, como ela também não para de
repetir, joga a honestidade de Polidoro, o falecido marido, na cara dos filhos como
se aquele tivesse sido o maior defeito do coitado. Frisa sempre que enquanto os
colegas dele estão morando em mansões e os filhos dirigem carros de último tipo,
a família, que ele deixou sem um tostão no banco, tem que se arranjar naquele
sobradinho alugado. Depois da morte de Polidoro, Dona VIOLANTE teve que se
sacrificar na máquina de costura para que não faltasse nada na casa, mas agora,
ambiciosa, quer que os filhos lhe dêem o troco em conforto e posição social.
Desconfia que VALDECK, com seu temperamento natural, mais cedo ou mais
tarde, vai acabar se dando bem na vida, mas tem certeza que VALENTINE precisa
ser muito estimulada por ela para deixar de ser uma romântica e aproveitar muito
bem todos os atributos físicos que a natureza lhe deu. Seguindo esta teoria,
VIOLANTE, usando de todo tipo de chantagem emocional possível, acabou
convencendo VALENTINE de que ela teria apenas duas opções na vida: ou
aceitava se casar com ARTHUR BRANDÃO, ou ao chegar em casa ia ver o
cadáver da mãe estendido em cima da mesa da sala entre quatro velas.
VALENTINE que, infelizmente, é muito influenciada pela mãe, já está
fazendo tudo direitinho como VIOLANTE planejou. Aceitou o pedido de ARTHUR
e, apesar de ser apaixonada por outro, está deixando que VIOLANTE e uma
enorme equipe organize um elegantíssimo casamento na cobertura triplex dele,
já convencido pela futura sogra a pagar uma fortuna por um exclusivíssimo
vestido de noiva da Maison Dior de Paris. VALENTINE, apesar de fraca e
influenciada pela mãe, é uma boa moça. Depois, é tão linda, elegante e
perfumada, além de se mostrar sempre carinhosa e solícita, que ninguém pode
culpar ARTHUR de estar caindo na armadilha engendrada por VIOLANTE. Na
verdade nem ele sabe explicar porque, uma vez que uma mulher não lembra em
nada a outra, mas tem certeza que desde Lucinda, há muitos e muitos anos, esta
é a primeira vez que ele se sente realmente apaixonado e está adorando isto;
pena que VALENTINE não possa corresponder a este sentimento porque seu
coração já tem outro dono.
No dia do casamento, depois de muitas peripécias e um pouco antes do sim
definitivo, aconteceu o inesperado. LULU DE LUXEMBORG descobriu toda a farsa
e, ajudada por MILAGROS e Dona DEUSA, impediu ARTHUR de cair na
armadilha. O problema foi que com isto também acabou ganhando um inimigo de
peso porque VALDECK VENTURA perdoa tudo no mundo, menos que se faça
alguma maldade com aquela santa senhora que ele chama de mamãe.
IX
DE COMO LOULOU VEIO PROTEGER SUAS FILHAS DA MÃE
Assim que soube do acontecido com FAUSTO pela televisão, LULU mandou
acionar, de Los Angeles, a melhor agência de detetives de São Paulo e em menos
de dois dias tinha um relatório completo e absolutamente confiável da situação.
Evidentemente, a grande responsável por toda essa presteza foi, como sempre,
MILAGROS QUINTANA, que como já sabemos é a secretária faz-tudo de LULU.
MILAGROS mora na América, há muitos e muitos anos, desde que veio com os
pais tentar uma carreira de atriz adolescente em Hollywood. Como atriz infantil
MILAGROS participou de muitas produções, nos estertores da Pel-Mex, e ostenta
o orgulho de ter sido filha de Maria Félix, Letícia Palma, Ninón Sevilha e até de
Maria Antonieta Pons, que mesmo em final de carreira ainda eram grandes divas.
Infelizmente MILAGROS cresceu sem nada do charme que tinha ao ser uma atriz
infantil, os trabalhos rarearam e o cinema mexicano perdeu seus dias de glória.
Sem querer sucumbir à televisão, a família resolveu tentar a sorte em Hollywood.
Melhor que tivessem se ajeitado fazendo novelas no México porque na meca do
cinema MILAGROS não conseguiu passar de figurante. Atingiu a maturidade de
decepção em decepção até que, orfã de pai e mãe e cansada de tanto teste do
sofá, resolveu criar juízo e arrumar um emprego estável. Conheceu LULU, que
chegava de Paris e tinha uma certa dificuldade com a lingua inglesa, respondendo
a um anúncio do Los Angeles Times. Foi a sopa no mel e, desde então, nunca
mais largou o emprego. MILAGROS tem verdadeira adoração por LULU que a
trata como uma pessoa da família, apesar de detestar a mania da patroa de só se
comunicar em português em casa e de viver corrigindo o seu carregado sotaque
que fica entre Cantinflas e Bienvenido Granda.
Com o dossiê nas mãos, LULU teve a certeza de que precisaria fazer algo
urgente. Dava para ver que a situação era bem mais preta do que parecia porque
as filhas já estavam no Brasil e tinham assumido a direção do JARDIM DO ÉDEN.
Tinha pleno conhecimento da nula capacidade profissional das filhas, através de
detetives que sempre as seguiram pelo mundo desde que sairam da casa do pai,
e sabia que as duas, sem dúvida, iriam exterminar sumariamente o único
empreendimento que sobrara além de, possivelmente, matarem uma a outra.
Então resolveu que sua hora de voltar para casa também já tinha chegado. Da
decisão para a ação foi um pulo e em menos de vinte e quatro horas LULU DE
LUXEMBURGO estava pronta para o retorno e foi aí que dúvidas e mais dúvidas
começaram a martelar em sua cabeça. É claro que com o seu marido-algoz
desaparecido e todos tendo certeza da morte de Lucinda, dificilmente alguma
conexão com ela seria feita. O perigo dela ser presa ou molestada pelo que
aconteceu, há trinta anos atrás, estava afastado depois de tanto tempo. Mesmo
com a possibilidade tentadora de circular incógnita entre pessoas tão importantes
em sua vida, havia um perigo imimente que a apavorava: ARTHUR BRANDÃO.
Será que ele poderia reconhecê-la ? Olhando-se no espelho viu que o
tempo não tinha parado para ela; de maneira alguma queria se deparar com ele e,
nem mesmo incógnita, receber um olhar de crítica ou, muito pior ainda, de
decepção. É verdade que, logicamente, o tempo também havia passado para ele
porém, e isto constava do relatório dos detetives, ARTHUR estava se casando
pela quarta vez e com uma moça muitos e muitos anos mais nova. Não havia
nenhuma foto recente dele e a dúvida bateu forte: será que ARTHUR tinha feito
plástica e estava mocíssimo ? Ainda diante do espelho LULU começou a corrigir
seu rosto: puxou com esparadrapos aqui e ali e se arrependeu, instantâneamente,
de não ter puxado tudo de verdade uns dez anos antes. Considerou até uma
operação de emergência, mas a recuperação levaria mais de um mês. Um mês ?
Daqui a um mês, quando estivesse apresentável, como o médico garantiu, era
possível que as filhas já tivessem acabado uma com a outra e do patrimônio não
restasse nem sombra ou, pior, que FAUSTO já tivesse sido preso, ou
simplesmente voltado. Ela jamais teria condições tão favoráveis para voltar ao
Brasil. Desistiu da plástica e resolveu enfrentar tudo de peito aberto. O que LULU
nem podia imaginar era que, ao mesmo tempo que ela se puxava aqui ou ali em
frente ao espelho, imaginando o seu encontro com ARTHUR, ele, no Brasil,
preocupado com a noiva mais nova, fazia o mesmo em frente do espelho em seu
quarto.
Outro problema: como enfrentar os filhos ? LULU decidiu que voltaria e se
mostraria imediatamente para as filhas mas MILAGROS, muito mais previdente,
achou que um choque dessa natureza poderia colocar tudo a perder. Afinal há
trinta anos LULU não via as filhas; como já foi dito, se mantinha sempre informada
das ações das meninas através de detetives pelo mundo mas, de verdade mesmo,
não sabia como elas tinham ficado depois de sua partida. O que será que elas
pensavam da mãe ? Imaginava o retrato horrível que FAUSTO poderia ter pintado
para as filhas e se apavorava com a reação delas ao descobrirem que a mãe não
tinha morrido, tinha abandonado a família e, levianamente, nunca mais dera
notícias. Teria que revirar seu passado, a morte de René, como explicar tudo
depois de tantos e tantos anos ? Concordou com MILAGROS, que era
escoladíssima num bom melodrama mexicano: o melhor era primeiro se instalar,
sondar o ambiente e depois tomar decisões mais sérias.
Quando receberam uma reserva para a suíte presidencial do JARDIM DO
ÉDEN para LOULOU DE LUXEMBOURG, TATIANA e ALESSANDRA não deram
muita importância até descobrirem, através de MARIA LEOPOLDINA a
eficientíssima gerente do resort e braço direito das duas, de quem se tratava e aí
se apressaram para aproveitar a promoção. Realmente LULU não conhecia nada
das filhas que tinha parido; se conhecesse não teria arriscado tanto. Ao chegar no
aeroporto foi surpreendida com uma recepção monstruosa. Fotógrafos e
repórteres a esperavam e ela, assustada, com o auxílio sempre eficiente de
MILAGROS, acabou conseguindo despistar a todos saindo pela esteira de malas.
É verdade que os passageiros que esperavam suas malas estranharam muito
aquela senhora elegantíssima, envolta em peles e jóias, sentada na esteira rolante
ao lado das malas mas, passado o primeiro susto, veio a primeira grande emoção.
Finalmente LULU pode abraçar as filhas que não via há tantos anos e que fora
obrigada a abandonar. ALÉ e TÁTI se olhavam perplexas sem entender porque
aquela mulher tão esquisita, tão famosa, tão excêntrica, que até fugiu da imprensa
pela esteira de malas, as abraçava com tanto amor e não conseguia conter um
pranto emocionado. MILAGROS deu alguma explicação convincente e quando se
viu a sós com LULU repreendeu o seu comportamento. Se ela queria permanecer
incógnita deveria controlar suas emoções e aí é que estava o maior problema.
A estada de LULU no JARDIM DO ÉDEN, porém, vai ficando cada vez mais
confusa e complicada. Mesmo procurando se distrair jogando golfe, cavalgando
pelos prados, participando das sessões de ginástica, cuidando da beleza fazendo
massagens e bronzeamento, não conseguia se manter afastada das filhas e muito
menos conter as suas emoções. Além de dar palpite na administração caótica das
filhas, querendo, desesperadamente, que todos os clientes voltassem ao JARDIM
DO ÉDEN para a recuperação total do lugar e maior lucro para as meninas, não
conseguia deixar de se meter, também, na vida particular das duas. Durante
tantos e tantos anos o seu amor de mãe ficou estrangulado, sonhando em mimar,
abraçar, proteger aquelas meninas e agora ninguém conseguiria abafá-lo. Isto foi
criando uma situação bastante embaraçosa porque ALÉ e TÁTI passaram a
desconfiar que aquela senhora estava querendo alguma coisa muito estranha com
elas ou então, por que se comportava daquela maneira ? Vigiava a entrada e
saida delas, queria saber com quem andavam, a que horas voltariam, o que
tinham feito na noite passada, dava palpite em roupas mais decotadas, em corres
mais berrantes, aconselhava que usassem os cabelos assim ou assado, sem
esquecer o controle sobre o que comiam, se estavam bem agasalhadas; enfim,
um inferno que só uma mãe extremada pode proporcionar. É claro que LULU
sempre agia de maneira delicada mas, chegou ao cúmulo, de passar um sabão
em ADRIANO e outro em VALDECK, quando descobriu que ambos estavam
envolvidos com as duas, possivelmente enganando as coitadinhas. O
comportamento daquela nobre senhora era muito estranho para todos no resort
porque, afinal, por mais importante que fosse, era apenas mais uma hóspede. O
que ia a seu favor era que o resort, como já sabemos, estava atravessando
momentos difíceis e uma hóspede pagando em dia e a peso de ouro, por mais
estranha e invasiva que fosse, não poderia ser desprezada. Depois era uma
pessoa famosa e a imprensa já tinha divulgado sua presença no lugar, fazendo
com que algumas madames aparecessem por lá. LULU, para ajudar as filhas, até
aceitou fazer uma matéria para uma revista semanal posando com todos os seus
Oscars que vieram especialmente de Los Angeles para as fotos. O que é que a
força da explosão de um amor de mãe sufocado por trinta anos dentro do peito
não faz por suas filhas ?
Afinal, depois de alguns calmantes e muitos conselhos de MILAGROS,
LULU serenou um pouco, o que foi muito útil para ter coração suficientemente
forte e não morrer na próxima surpresa. Completamente estatelada, diante
daquela bela mulher de um metro e oitenta, LULU procurava aceitar o fato de ter
três filhas e não duas como sempre pensou. A princípio, mesmo chocada,
procurou entender e ser a mais compreensiva possível com relação a RAMONA.
Era por isso que os detetives tinham perdido a pista de RAMÓN fazendo com que,
há quase um ano ela não tivesse nenhuma notícia do primogênito. Depois,
embora a nova filha nem desconfiasse de quem ela pudesse ser, algumas dúvidas
começaram a bater em seu coraçãozinho de mãe. Está certo que ela não via o
menino há trinta anos, mas se o filho tivesse aquelas pernas, será que ela não
teria reparado ? O jeitinho feminino, justiça seja feita, ele sempre teve mas, e
aquela boca ? Trabalhando em Paris e Hollywood, tinha convivido com muitos
transexuais, mas nunca vira um tão perfeito. É verdade que havia uma certa
afetação nos gestos, na maneira de sentar, no jeito de andar, mas ela já tinha visto
mulheres bastante afetadas também. Sempre ajudada por MILAGROS e
preservando a sua identidade, preparou várias armadilhas e RAMONA nunca caíu
em nenhuma delas. Será possível que aquele era mesmo o seu filho ? Dizem
sempre que coração de mãe não se engana mas, desta vez, quem sabe ?
Descobriu a desconfiança de ALÉ e TÁTI com relação à falsa identidade de
RAMONA e comecou a compartilhar da idéia que estavam sendo vítimas de uma
impostora. Ainda mais que RAMONA se ofendia terrivelmente toda vez que se
tocava em teste de DNA, dizia que preferia morrer a passar por uma humilhação
dessas. Justiça seja feita, para a situação que se armou depois, era muito melhor
que RAMONA fosse uma vigarista, uma impostora que tinha se chegado a eles
para dar um golpe, porque LULU, com tudo o que já vivera, não conseguia ter a
mínima idéia de como poderia ser resolvida aquele romance absurdo do seu filho,
desculpem, filha, apaixonada e correspondida por LEONARDO, filho de ARTHUR
BRANDÃO, seu antigo amor.
Na iminência deste perigo real e imediato, de queixo caído com essa
armadilha do destino, LULU concordou com MILAGROS que, se RAMONA não
fosse uma impostora, desde Romeu e Julieta não havia existido uma história de
amor tão original.
X
WEBSTER PEREIRA CONTRA O GIGANTE DOS BINGOS
XI
A IMPROVÁVEL HISTÓRIA DE AMOR DA NORDESTINA COM O REI DO
BINGO
ROSALVA estava absolutamente certa nos seus temores com relação a uma
ligação excusa entre Edimilson, seu falecido marido, e MANOLO GUTIERREZ. Na
verdade esta ligação vinha de longe, desde que eles se mudaram para São Paulo,
mas não era nada do que ela tivesse imaginado e envolvia muitos outros
personagens que a rodeavam e faziam parte do mesmo complô, sem que ela nem
desconfiasse. Um dos principais envolvidos era Seu DEDÉ, o sogro que ela
adorava. Não que ele quisesse fazer algum mal a ela e, justiça seja feita, nenhum
envolvido tinha esta intenção, mas que estavam todos mais ou menos
mancomunados, estavam.
A história é um pouco mais complicada do que parece e deve ir se
revelando, aos poucos, à medida que ROSALVA vá juntando as peças deste
quebra-cabeças. A primeira coisa que ela descobre, através de NICOLAU é que
seu DEDÉ havia mandado uma grande quantia em dinheiro para o Edimilson lá
em Canhotinho; conclusão direta: a história do prêmio ganho na loteria esportiva
era uma farsa, como ela sempre havia desconfiado. Mas... por que esse segredo
todo ? Outra descoberta foi que a mudança para a zona leste sempre esteve
ligada diretamente a MANOLO, que ele havia pedido, pessoalmente, a NICOLAU
que convencesse Edimilson. Daí resultou o emprego do falecido no JARDIM DO
ÉDEN e a compra da casa. MANOLO, por mais que fosse interpelado por
ROSALVA, negava sempre e ROSALVA não tinha como obter as provas de que
necessitava. Estava com NICOLAU a seu lado porque, depois da morte do marido,
uma amizade muito grande se desenvolveu entre os dois e conversa vai, conversa
vem, acabou se transformando em uma grande atração física.
Nenhum dos dois sabia explicar como aquilo acontecera, mas era como se
uma mola os empurrasse, um para o outro, quando se olhavam. Sabe-se lá
porque a sensação era de que o chão sumia sob seus pés e eles acabavam um
nos braços do outro, nos lugares mais inusitados possíveis. Isto criava uma
grande culpa em ROSALVA que, séria do jeito que sempre foi, não entendia que
diabo tinha tomado conta dela. Em suas orações ao Frei Damião pedia alguma
explicação para aquele desejo todo que tomava conta dela, para aquele fogaréu
que não acalmava, ao mesmo tempo que agradecia compungida o fato dele só ter
se manifestado depois da morte de Edimilson. É verdade que, mesmo quando o
marido ainda era vivo, ela tinha arriscado um olhar mais demorado ao físico
tentador de NICOLAU, mas jamais teria coragem de pular a cerca e ir se encontrar
com aquele touro. Agora que o falecido já não era mais deste mundo, pelo menos
deste pecado ela não poderia ser acusada:
Este na verdade era seu maior problema: JOANA, PEDRO e JOSÉ já eram
adolescentes bem crescidinhos e iam morrer de vergonha se o bairro começasse
a comentar sobre a mãe que, ainda viúva recente, não conseguia conter seus
instintos mais pecaminosos. Por outro lado não queria, de maneira alguma, que os
filhos soubessem o que fez com que ela não respeitasse o luto pela morte do pai
deles. Tem guardado para si o segredo até hoje e apenas NICOLAU é seu
confessor: três dias depois da morte de Edimilson descobriu que o canalha tinha
mais duas mulheres, uma na Vila Mazzei e uma na Parada Inglesa. Quase morreu
de tristeza e quando voltava da casa de uma delas se encontou com NICOLAU
que a consolou como amigo a princípio e, daí para a cama, numa mistura de
desejo e vingança contra o defunto infiel, foi um pinote.
O problema é que apesar da intensidade do desejo que os une, ROSALVA e
NICOLAU, por causa das crianças e das línguas do bairro, se comportam como se
nada houvesse entre eles. Na frente dos outros é Dona ROSALVA pra cá e Seu
NICOLAU pra lá, mas quando se encontram a sós é tudo como o diabo gosta. Isto
cria um problema sério para ambos porque NICOLAU sai com outras mulheres e
ROSALVA é obrigada a engolir o que vê da sua porta sem dar um pio. Pior ainda
foi quando ROSALVA percebeu o interesse crescente de sua filha JOANA por
NICOLAU; é claro que ele tratava a adolescente como uma criança, mas mãe que
é mãe percebe logo o perigo. O mesmo não acontecia com NICOLAU, porque
ROSALVA nunca teve nenhum outro admirador, até que ADRIANO parou o seu
belo conversível na porta dela. A princípio ADRIANO dizia, como um dos
responsáveis pelo JARDIM DO ÉDEN, que queria acertar os benefícios a que ela,
como viúva, tinha direito pela morte de Edimilson. Depois os encontros se
estenderam para idas ao cinema, teatros e jantares e ROSALVA não conseguia
entender o que estava acontecendo.
Desde que havia entrado na conversa de VALDECK VENTURA e perdido
todas as suas economias, tinha se virado como pode para sustentar aquela
família. Primeiro sendo sacoleira e durante este período a sorte não tinha estado
muito a seu lado porque, várias vezes, teve que jogar as mercadorias no rio,
enquanto tentava passar pela Ponte da Amizade entre Brasil e Paraguai e isto
acabou resultando em um grande prejuízo. Agora, usando a perua van deixada
pelo falecido, leva velhinhos e velhinhas ao teatro, ao cinema ou a passeios
variados. Assim vem mantendo a família unida, não permitindo que os filhos
interrompam os estudos; até colocou AMADA em um curso de arte dramática,
aconselhada por DAGMAR. De tanto se virar do avesso para arrumar dinheiro,
não tem tido tempo para cuidar de si, ir a uma manicure, a uma cabeleireira, fazer
um bom tratamento de pele e agora ADRIANO, este homem bonito como um deus
aparece interesado nela. Mais uma vez, algo de muito estranho e sem uma
explicação lógica está acontecendo em sua vida. Por mais que ROSALVA
pensasse não conseguia atinar com o que fazia aquele homem tão fino, tão
educado, tão mais moço do que ela, cercá-la com flores e mimos.
A explicação é até muito simples e tem a ver com tudo o que aconteceu
anteriormente na vida de ROSALVA, só que ela vai demorar um pouco a descobrir.
Como já sabemos Edimilson veio para São Paulo com um dinheiro enviado por
seu pai, DEDÉ; o que ainda não sabemos é como o sogro de ROSALVA arrumou
este dinheiro. Na verdade ele foi procurado por um detetive particular que há
muitos anos vinha tentando descobrir o paradeiro de uma filha que FAUSTO
CAVALCANTE tinha gerado em uma empregada nordestina, alguns anos antes de
se casar com Lucinda, ou LULU DE LUXEMBURGO. FAUSTO parece que tinha
sido muito apaixonado pela tal empregada e morria de culpa de não ter assumido
a filha e agora, de alguma maneira, tentava proteger a menina. Essa menina,
segundo o tal detetive apurou, agora crescida, casada e cheia de filhos, era
ROSALVA e, desde então, FAUSTO resolveu protegê-la, mantendo incógnita sua
identidade. Primeiro fez com que a vida dela e da família melhorasse com a
mudança para Recife, seu DEDÉ recebeu o dinheiro do tal detetive sabendo que
se tratava de um presente do pai de ROSALVA, sem que o nome de FAUSTO
fosse revelado. É claro que seu DEDÉ poderia ter se informado melhor sobre a
procedência daquela grana toda, mas não é de seu temperamento mexer o
traseiro da cadeira a não ser para ir ao bar conversar com os amigos ou jogar no
bingo.
O que levou FAUSTO a ter esta atitude e este interesse pela filha
desaparecida, só ele vai poder explicar quando voltar, mas a verdade é que tudo o
tem acontecido de estranho na vida de ROSALVA tem a ver com a proteção
anônima de FAUSTO; inclusive e principalmente, a mudança para a zona leste,
em uma casa em frente à de MANOLO, que foi a única pessoa a quem FAUSTO
confiou seu segredo e que o guarda a sete chaves. MANOLO sabe que ROSALVA
é uma das herdeiras de FAUSTO e vai sempre protegê-la por isto.
ADRIANO, por outro lado, que não é tão bonzinho e nem tão bem
intencionado o quanto parece, também sabe quem é ROSALVA e como viu que
ALESSANDRA e TATIANA de bobas não têm nada e não estava disposto a
arriscar um romance com seu amigo, desculpem amiga, de infância, resolveu que
a melhor maneira de completar seu plano e ficar com tudo o que pertence a
FAUSTO CAVALCANTE era conseguir ROSALVA. A consequëncia direta de toda
esta confusão é que ROSALVA se vê assediada de uma hora para outra por
ADRIANO, causando muito ciúme em NICOLAU e dando uma idéia maluca na
cabeça de MANOLO.
Por mais estourado, confuso, atrapalhado, trambiqueiro e grosso que
MANOLO GUTIERREZ seja, é um homem de palavra. Principalmente com os
amigos: o que ele prometeu, cumpre, custe o que custar. Quando FAUSTO se
tomou de amizade por ele, logo no início da sociedade, e os dois formaram uma
dupla contra ARTHUR BRANDÃO, MANOLO achou que tinha encontrado um novo
pai. Com o tempo acabou sabendo de toda a história de FAUSTO e,
principalmente, da existência de ROSALVA, só não sabia o que ADRIANO, muito
mais esperto, descobriu depois. Quando concordou com FAUSTO em colocar
ROSALVA morando com a família em frente à sua casa era para poder mantê-lo
sempre informado sobre o que acontecia com ela. Pelo que FAUSTO confessou a
MANOLO, omitindo toda a terrível maldade que havia feito com Lucinda ou LULU
DE LUXEMBURGO, foi que ele havia descoberto que a tal empregada, mãe de
ROSALVA, tinha sido a única mulher que verdadeiramente o havia amado em toda
a sua vida. Verdade ou não, mais uma vez, só ele vai poder explicar quando voltar,
o fato é que MANOLO acreditou piamente na história, se comoveu com as
intenções do amigo e passou a proteger ROSALVA. Todas as vezes em que
ROSALVA pegou o marido e MANOLO conversando e eles mudaram de assunto
tinha a ver com as traições de Edimilson que eram recriminadas por MANOLO que
sem ROSALVA saber, tem sido o seu anjo da guarda.
Com o tempo e depois de tanto se preocupar e seguir a vida de ROSALVA,
MANOLO, meio inadvertidamente, vai se apaixonando por ela e o que parecia
uma antipatia mútua acaba se transformando, a principio apenas da parte dele,
numa intensa admiração. A admiração se torna mútua quando ROSALVA se
percebe enganada tanto por NICOLAU quanto por ADRIANO e começa a ver
MANOLO com outros olhos. E como também disse aquele antigo sábio que já foi
citado: para se ir da admiração ao amor, basta apenas pegar um atalho.
XII
BONITO COMO UM DEUS E MAIS FALSO QUE UMA NOTA DE TRÊS REAIS
XIII
O INCRÍVEL, FANTÁSTICO, EXTRAORDINÁRIO DESTINO DE DAGMAR
BARNABÉ não é exatamente o tipo de homem com quem ela sonha ter um
romance. Entre seus devaneios mais constantes está aquele em que seu quarto é
invadido por RICARDO BRANDÃO, o modelo lindo que ela mantém em um poster
na parede ao lado de sua cama. Poderia ter se apaixonado pelo Fábio Assunção,
pelo Marcelo Anthony, pelo Marcos Palmeira, mas não acha graça em nenhum
deles, adora o RICARDO BRANDÃO desde que o viu fazer um comercial de
toalhas. Sonha também, algum dia, fazer algo importante como atriz: uma novela,
um filme, uma peça, quem sabe até um comercial ao lado de RICARDO
BRANDÃO; mas sonhos são apenas sonhos e DAGMAR sabe muito bem disso. O
que ela não sabe é que, de uma maneira muito torta, que aliás é como dizem que
Deus gosta de escrever, todos os seus sonhos estão para serem realizados.
Quem trouxe a notícia foi o WEBSTER que soube através de alguns amigos
que o JARDIM DO ÉDEN iria começar a produzir uma comédia de situações,
conhecida também como sitcom, nos moldes americanos, de meia hora semanal
para ser exibida em algum canal de televisão que ainda estava sendo escolhido. O
projeto parecia muito interessante: era sobre dois amigos que compartilhavam o
mesmo apartamento, suas aventuras e complicações diárias. Um era bonito,
elegante, tinha todas as mulheres que quisesse, sem ser muito inteligente e nada
prático e o outro era o boa praça, sem os atributos físicos do parceiro, mas com
uma graça natural, muita simpatia e inteligência, com soluções para todos os
problemas que pintassem na vida diaria dos dois. Uma fórmula simples e, parecia,
de sucesso; o problema é que seria escrita por ALESSANDRA CAVALCANTE e
dirigida por TÁTI CAVALCANTE e aí morava o perigo.
Para se entender melhor tudo isto, temos que voltar um pouco atrás. Com
todos os esforços de LULU DE LUXEMBURGO, o JARDIM DO ÉDEN recuperou
seus dias de glória. Com isso, ARTHUR e MANOLO, que tinham se afastado,
voltaram e reclamaram sua parte nos lucros. O clima entre eles foi ficando cada
vez mais acirrado com LULU, sempre por detrás, defendendo com unhas e dentes
o direito das filhas e entrando em choque com os outros dois sócios. É claro que o
relacionamento dela com ARTHUR é um caso aparte, mas isto fica para depois. A
verdade é que quando o JARDIM DO ÉDEN voltou a ser o paraíso que sempre
tinha sido, LULU achou que as filhas poderiam e deveriam colocar em prática
seus verdadeiros talentos. Sua formação artística e seus conhecimentos na
industria cinematográfica fizeram com que ela se animasse e com isso animasse
as filhas a produzirem uma sitcom brasileira. É claro que ela sabia que várias
tentativas haviam sido feitas no Brasil neste sentido e nunca deram muito certo
mas, segundo LULU, nenhuma delas havia sido feita da maneira correta.
Convencidas por LULU, ainda sem saber que se tratava de sua mãe,
TATIANA e ALESSANDRA tentaram, inutilmente, convencer os sócios do pai a
produzir o empreendimemto, mas nenhum dos dois quis nem ouvir falar do
projeto; então LULU resolveu bancar com seu próprio dinheiro, entrando de
produtora e sócia. A possibilidade de estarem ligadas a uma mulher tão importante
e Oscarizada inchou o ego e aguçou a vaidade das duas. LULU, porém, fazia
algumas exigências: ela seria a diretora de arte e RAMONA, que cada vez mais
mostrava talento, a figurinista. TATIANA e ALESSANDRA não suportavam a nova
irmã, porque além de não terem nada em comum com ela, ainda continuavam
desconfiando que fosse uma impostora e, pior, viam com a maior inveja que
RAMONA tinha muito talento e estava se firmando como uma magnífica e
sofisticada figurinista. Sem saída, com LULU mantendo o pé firme em sua
decisão, foram obrigadas a engolir RAMONA goela abaixo mas, é claro, já tinham
um plano para acabar com ela. Na parte técnica, com o direito que lhes dava
serem sócias, usariam os equipamentos e o pequeno estúdio que existia no
JARDIM DO ÉDEN onde se gravava vídeos institucionais, pequenos comerciais e
aulas de aeróbica para serem distribuídas e comercializadas entre os clientes.
As duas irmãs já sonhavam com a glória que haveria de chegar sob a
proteção de LULU. Sem dúvida TATIANA logo estaria em Hollywood dirigindo um
filme estrelado por Julia Roberts e Mel Gibson e ALESSANDRA tinha certeza de
que, em menos de um ano, principalmente se conseguisse mais atenção de LULU
do que a irmã e provasse que era a mais talentosa, estaria publicando sua
primeira grande novela e morando, finalmente, em sua pent-house da Park
Avenue. Como raciocinam iguais e competem em tudo, cada uma decidiu por si
que um pequeno boicote ao trabalho da outra iria fazer com que LULU
percebesse, realmente quem era a mais talentosa. Na verdade, sem que fosse
preciso assinar nenhum decreto, estava declarada uma guerra entre elas que só
concordavam em um ponto: RAMONA tinha que ser afastada do projeto a
qualquer custo !...
Com tudo mais ou menos acertado, os esforços se concentraram na
escolha do elenco. Foi quase unânime a escolha de RICARDO BRANDÃO para o
papel do galã. Apesar de ARTHUR achar que o filho iria entrar em uma fria se
metendo com aquelas malucas, LEONARDO, convencido por RAMONA, fez a
cabeça do irmão. O problema então passou a ser selecionar o amigo simpático e
boa praça. Todos gostariam que fosse um ator desconhecido, um lançamento
inédito, uma cara nova, alguém que não fosse necessariamente bonito, mas que
passase uma imagem de amizade, confiança, solidariedade. Um amigo que o
público tivesse vontade de levar para casa e confessar seus problemas a ele.
Vários testes já estavam sendo feitos e WEBSTER foi um dos últimos a
serem testados; como é sua sina foi recusado por algum motivo. Contando a
amarga experiência de mais um fracasso a DAGMAR, mencionou que o outro ator
do elenco seria o modelo RICARDO BRANDÃO. A partir daquele momento
DAGMAR não conseguiu pensar em outra coisa. Primeiro tentou entrar no estúdio
só para ver RICARDO e foi barrada; então, teve uma idéia que mudou a sua vida
para sempre: resolveu que iria se fantasiar de homem, se apresentar para o teste,
só para chegar perto de seu ídolo.
Não foi difícil se vestir de homem e muito menos representar um, tinha feito
isso em inúmeras peças mambembes quando os pais ainda eram vivos. Morando
em uma casa cheia de homens, também não foi difícil arrumar o figurino e lá foi
ela. No ônibus foi testando o resultado e viu que convencia; deu lugar para uma
senhora grávida que agradecendo frisou que hoje em dia não se encontram mais
cavalheiros tão educados e até recebeu uma piscadinha discreta de uma
moreninha miúda. Tudo isto lhe deu muita confiança e na hora do teste ficou tão
apavorada de ser descoberta e colocada fora dali a ponta-pés que deu o melhor
da atriz que tinha dentro de si; resultado absolutamente inesperado, foi a
escolhida, desculpem, o escolhido. É claro que depois de aprovada DAGMAR não
podia revelar que era uma mulher travestida porque, sem dúvida, perderia o papel.
Por outro lado, se continuasse a farsa, além de receber um excelente salário ainda
estaria, diariamente, ao lado de RICARDO BRANDÃO e isto ela não queria perder
de jeito nenhum... Mas será que uma loucura dessas daria certo?..
Quem ajudou DAGMAR a topar a parada e passou a ser o seu cúmplice
nessa farsa toda foi WEBSTER:
XIV
A INEXORÁVEL QUEDA DE UM DELICIOSO TEMPLO MACHISTA
XV
AS PERIPÉCIAS E ARMADILHAS DE CUPIDO, ESSE MOLEQUE TEIMOSO
CIDADE CENOGRÁFICA
&
LOCAÇÕES
A INCRÍVEL BATALHA DAS FILHAS DA MÃE NO JARDIM DO ÉDEN
CASAS E APARTAMENTOS:
Atenção: A imensa escadaria deve fazer parte do HALL. Não deve ser incorporada
nem à SALA DE JANTAR e nem à SALA DE VISITAS
2 - BIBLIOTECA
4 - SUITE DE FAUSTO
5 - SUITE DE RAMONA
6 - SUITE DE ADRIANO
Fase única: Menor que as outras suites. Bonita e bem decorada, entre o antigo e o
moderno com a personalidade dele mas com toques de FAUSTO. Há muitos anos
ADRIANO mora ali, deve ter vivência e objetos da infancia dele que sobraram no
tempo. Fica fora do corpo da casa, na ala dos empregados e dependendo da
locação se localiza em cima ou ao lado da garagem. Tem entrada independente.
Não deve ter luxo, mas deve ser bem cuidada, masculina, com uma escrivaninha,
mesa para café da manhã e cama de casal. Banheiro amplo, sem banheira mas
com chuveiro e porta de vidro no box.
7 - COZINHA DA CASA
Fase única: Grande cozinha moderna, bem decorada - (Entra depois da mudança)
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B) - COBERTURA DOS BRANDÃO
OBS: Todos estes cenários fazem parte de uma enorme e translúcida cobertura
triplex nos Jardins, em São Paulo. Ambientes com janelas e vistas da cidade.
8 - SALAS DA COBERTURA
Enorme sala aberta como se fosse um imenso loft. Pé direito muito alto com
clarabóias. Vários ambientes no mesmo espaço: sala de lareira, sala de jogos,
sala de jantar, sala de visitas. Muitas plantas, muito vidro. Nas paredes pintores
brasileiros modernos tipo: Newton Mesquita; Eduardo Sued; Gregório Gruber;
Tomie Ohtake, Antonio Dias etc... Escadas que conduzem à parte superior - (onde
deve ficar o escritório de Arthur, a piscina e um terraço) - e outra escada que leve
aos quartos que ficam na parte inferior.
9 - COZINHA DA COBERTURA
10 - SUÍTE DE ARTHUR
11 - SUITE DE LEONARDO
Também grande, bonita espaçosa. Grande cama de casal. Pode ter uma ante-
sala, tipo escritório, com computador, home-theatre, DVDs, muito som e CDs.
Banheiro acoplado, não muito grande, com box e chuveiro.
12 - SUITE DE RICARDO
Fica no terceiro andar da casa e deve ter em anexo um terraço com uma bela
vista da cidade, uma pequena piscina, cadeiras de sol, mesinhas com guarda sol
etc. No escritório propriamente dito, um computador, muitos livros, bons quadros,
muitas fotos, televisão pequena etc e tal. - (OBS: Apesar de nunca aparecer no
cenário, logo acima existe um heliporto) -
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C) - CASA DE MANOLO
OBS: Estes cenários formam uma casa enorme, de mau gosto, tudo muito
exagerado. Muito ouro, tapete persa, quadro de natureza morta, muita estátua etc
e tal. É a típica casa do novo rico que não tem menor cultura mas adora ostentar.
14 - SALA DE MANOLO
Grandes salas de uma casa de dois andares com muitos níveis com degraus. Sala
de jantar e sala de visitas acopladas e separadas por porta de correr. Cortinas
berrantes, muito ouro e muito tapete persa. Escadaria que leva ao andar de cima e
sai na sala de visitas. Muitos vitrais coloridos. Tudo meio estranho como
arquitetura porque a casa foi reformada para ser uma autêntica imitação de algum
riquíssimo palácio da “vieja” Havana, em Cuba.
15 - COZINHA DE GORGO
Uma grande e confortável cozinha com muito azulejos, muitos aparelhos, mas um
fogão antigo e bem grande. Muitas panelas pendurradas, colheres de pau etc e
tal. Gorgo tem tudo mas não usa aparelho nenhum, prefere fazer do jeito dela.
16 - QUARTO DE MANOLO
17 - QUARTO DE DAGMAR
19 - QUARTO DE DIEGO
Não muito grande. Quarto de rapaz solteiro com um punching-ball que será usado
para montar modelos como fez RAMÓN. Muitas revistas, livros, estantes etc e tal.
Entulhado; quarto de adolescente típico. Computador, televisão, som etc e tal.
20 - QUARTO DE GORGO
D) - CASA DE ROSALVA
OBS: Tudo nessa casa é novo. Pintura, móveis etc e tal. Rosalva e família se
mudam no início da novela e trazem apenas alguns objetos pessoais.
21 - SALAS DE ROSALVA
Sala de jantar e visitas acopladas com a cozinha. Espaçoso, sem nenhum luxo.
22 - QUARTO DE ROSALVA
Quarto simples, cama de casal, cama pequena ao lado para Amada, que ainda
dorme com os pais no quarto. Guarda-roupa, mesinhas de cabeceira etc.
23 - QUARTO DE DEDÉ
SEU DEDÉ dorme no mesmo quarto que PEDRO e JOSÉ. Uma cama baixa e
mais um beliche para os dois. Muitos objetos, certa bagunça generalizada.
24 - QUARTO DE JOANA
Sala de visitas, jantar, cozinha e área de serviço. Tudo muito bonitinho mas não
muito grande. Cozinha bem arrumada com alguns aparelhos, um bom fogão, pia,
armarios etc. Área de serviço com máquina de lavar roupa, de secar, varais etc.
(OBS: É melhor para a ação de Webster se for tudo acoplado e não desmembrado
em vários cenariozinhos pequenos)
26 - QUARTO DOS PEREIRA
Bonito quarto, não muito grande mas bem arrumado. Tudo o necessário.
30 - QUARTO DE VALENTINE
Quarto não muito pobre, bonito e bem arrumado. É o lugar mais bonito da casa.
Fotos dela em vários lugares etc e tal.
31 - QUARTO DE VALDECK
Cheio de pesos para ginástica, muitos espelhos etc e tal. Tudo muito bagunçado
com muita roupa, caixas, um quadro de cortiça na parede onde ele fixa recortes de
jornal etc e tal.
ESCRITÓRIOS E LOCAIS DE TRABALHO
G) DEPENDÊNCIAS DO RESORT
Grande e imponente escritório, grande mesa, poltronas, etc e tal. Nos primeiros
capítulos será usado por FAUSTO e depois por TATIANA e ALESSANDRA. No
início terá uma cadeira de espaldar alto para o presidente, depois, duas
absolutamente iguais.
Corredor e outras salas que não serão detalhadas. Ante-sala para secretária.
Um atelier adaptado em algum lugar ou sala. Muita luz, prancheta, estantes, tintas,
materias de artesanato, tecidos etc.
I) - MANOLO’S BINGO
41 - MANOLO’S BINGO
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CIDADE CENOGRÁFICA
Em uma rua qualquer da Zona Leste de São Paulo, a Vila Havana, de gosto
duvidoso e tentando reproduzir o esplendor de Cuba antes da revolução. Várias
casinhas para classe média baixa, com alpendres e, em destaque, uma enorme
casa que imite um maravilhoso e exageradíssimo palácio de Havana “vieja”. É
evidente que esta é a casa de Manolo, que ele se orgulha de ser uma imitação
legítima. Na frente da casa, um pouco mais abaixo, a Casa de Rosalva que deve
ter um pequeno jardim e, se possivel, um quintalzinho nos fundos. Esta vila pode
estar em uma rua com quitanda, padaria, algum super-mercado etc. Na rua de
baixo pode passar ônibus, ter mais movimento e é lá que está erguido o
MANOLO’S BINGO, que deve ser exagerado como a casa de MANOLO, mas de
uma inspiração americana cafona bem ao estilo Las Vegas com fontes artificiais
na frente e tudo. (OBS: SE A PRODUÇÃO PREFERIR GRAVAR O BINGO EM
LOCAÇÃO, NA CIDADE CENOGRÁFICA SE CONSTROI APENAS A VILA
HAVANA E UM TRECHO DE RUA)
Um enorme salão de festas que deve fazer parte do complexo JARDIM DO ÉDEN,
com muito espaço, fontes luminosas etc. Será usado para todos os eventos da
novela: festas, casamentos, aniversários etc e tal...
Será usada durante toda a novela. Uma academia de boxe tipo que se vê em
filmes americanos. Grande espaço, máquina com refrigente na entrada, bebedor
de água e dois ou três ringues pequenos. Vestiário com chuveiro, banheiros e
mesa de massagens. Um pequeno e modesto escritório para Barnabé, que pode
ser reproduzido no estúdio junto com o vestiário se a produção preferir.
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LOCAÇÕES:
É a principal locação da novela. Deve ser lindo, amplo, muitos locações em uma.
Campo de golf, quadras de tênis, várias piscinas, hotéis, restaurantes etc.
Devemos ter uma locação básica e depois acrescentarmos locações ao complexo,
mesmo que não façam parte do escolhido. Por exemplo: podemos ter cachoeiras,
montanhas, praias, qualquer coisa que a nossa imaginação pedir para se ter um
visual deslumbrante na novela.
Enorme casa, estilo mansão, com jardins, piscina, sauna etc. Circundada por
árvores com entrada imponente como um condado na Inglaterra. Pretensiosa,
enorme, exagerada, mas bonita dentro de um estilo antigo e classudo.
Esta locação entra nos primeiros capítulos e volta mais tarde. Talvez se deva fazer
em locação no início e depois, dependendo do orçamento, se construir um
pequeno trecho no estúdio. Cenas no interior e exterior da casa. Gravar stock-
shots do exterior na ida a Hollywood no início.
Outros bingos que não precisam ser iguais ao grande da Cidade Cenográfica, mas
que fazem parte da mesma cadeia. Entram no início, eventualmente, dependendo
da trama.
Prédio bonito, moderno envidraçado. Deve ficar na avenida Luiz Carlos Berrine ou
na nova avenida Faria Lima em São Paulo. É necessário que tenha heliporto.
Prédio novo e modesto de classe média em São Paulo. Na rua deve ter
lavanderia, padaria, farmácia etc e tal para que Webster possa fazer todos os seus
serviços sem muita dificuldade.
Pode ser uma vila de casas modestas ou uma típica rua de classe média baixa em
São Paulo. A casa deles é comum, meio pobre, mas não é miseravel. Classe
média bem baixa.
E MAIS:
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Silvio de Abreu
janeiro/2001