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Para Sempre
Livre adaptação de
Dallva Rodrigues
Baseada no texto de
Wellington Rianc Della Sylva
Personagens:
Carolina “Carol” Correia Antagonistas:
Carmen Almeida Campos Beatriz "Bia"
Francisco "Chico" Rafael "Rafa"
Ernestina
Menina Lúcia Co-Protagonistas:
Menina Manu Samuel “Samuca”
Rubens "Binho"
Protagonistas: Fábio
Milena "Mili" Pereira Gigio
Patrícia "Pata" Luciana "Ana"
Cristina “Cris” Maria
Viviane "Vivi" Cícero Nádia
Tatiane "Tati" Cícero Hanellore
“Fran” Bruna
Felipe "Mosca" Natália
Talita
Teca
STORYLINE/SINOPSE:
Um lugar mágico, o orfanato “Cantinho de Luz” é um lugar diferente de qualquer outro. Neste lugar cheio de
sonhos e esperanças, meninas e meninos guiados por Milena vivem milhares de aventuras e desventuras,
amores, o conhecimento de uma amizade verdadeira e a diversão. A história em si muda com a chegada de
Carol, uma jovem encantadora que luta pelos seus ideais e fará de tudo para ajudar as crianças, já que estão
em pé de guerra com a malvada Carmem e com a rigorosa Ernestina. É ai que a história começa também
com as loucuras do cozinheiro Chico. Com músicas originais da novela, nomes e com o mesmo clima, mas
com uma visão mais moderna, “Para Sempre Chiquititas” celebra os 22 anos da estreia da primeira
temporada (Chiquititas Brasil 1997), onde todos poderão relembrar o enorme sucesso.
ATO I
CENA I 2
O palco está escuro. SOM DE CLARINS. MAGIA. VOZ EM OFF.
Manu: - Uma canção nos inspirou!... Uma ilusão nos conquistou!... O amor nos abraçou!... O sol nos
despertou!... Venham! E juntos vamos trazer nossa imaginação pra vida!... Nas coisinhas pequenas
e simples que nos fazem felizes... ALI... É onde acontece... A magia!
Uma música calma começa. Na lateral esquerda, aparece uma menina empurrando um baú. Ela começa a cantar
contando uma história. Aos poucos vão aparecendo em diferentes lados meninos e meninas, simbolizando personagens
de sua imaginação. Todos dançam e cantam com ela.
(Cena escurece.)
CENA II
Sala. Mudança de luz. Música para mudança de cenário. Crianças estão sentadas em cima do sofá. Outras no chão.
Discutem. Todos falam ao mesmo tempo.
Mili: - CHEGA! Isso não vai chegar a lugar nenhum! Só queremos brincar e nada mais!
Vivi: - É que os meninos aqui não entendem que somos meninas.
Binho: - Não tem nada ver uma coisa com a outra.
Felipe: - Verdade! Temos que brincar de algo que faça a gente se animar. Não ficar feito um bando
de mortos sentados no sofá.
Bia: - Se a Ernestina aparecer ela vai matar vocês!
Rafa: - Sem contar a Carmen. 3
Fábio: - (Imitando) “Se a Ernestina aparecer ela vai matar vocês!”. Como sempre os chatos. Não vão
brincar, não?
Rafa: - Não! Tenho coisas melhores pra pensar. Deveriam crescer pelo menos.
Mili: - Rafa, o que é isso? Pra quê falar desse jeito?
Rafa: - Estamos em um orfanato não se lembram? Vocês ficam brincando com essas coisas e não
pensam que temos problemas maiores.
Cris: - Mas, assim todos os problemas acabam!
Fran: - E aproveitamos o tempo!
Bia: - Que conversa chata! (Olha para Rafa) Vamos pra outro lugar! (Pega na mão de Rafa e os dois saem)
Felipe: - (Imitando Bia) “Vamos pra outro lugar!” Vão ser chatos assim lá no quarto da Ernestina!...
Vivi: - Podíamos aprontar alguma coisa com esses dois! Assim, eles aprendiam!
Mili: - Que é isso, Vivi? Aqui, ninguém vai fazer mal a ninguém!
Vivi: - Tá bom! Não tá mais aqui quem falou!
Cris: - Já sei!
Todos: - O quê?
Cris: - Vamos brincar de Berlinda?
Tati: - Adorei a ideia! Já que os meninos pensam que só brincamos com coisas de meninas.
Fábio: - Não é bem isso...
Mili: - Então, quem começa?
Vivi: - Dançar com a Mili esse som!
Todos: - O quê?
Vivi: - Inventar uma poesia de amor!!!
Todos: - Pra quê isso?
Vivi: - Pra começarmos a brincadeira!... Dãer!!!
Maria: - Depois podemos brincar de outra coisa?
Fábio: - Claro! Se a Ernestina ou a Carmen não atrapalharem.
(Todos começam a pegar as coisas e jogar pelos ares. Dançam e cantam. Uma verdadeira bagunça)
(A musica acaba. Todos começam a pular. Carmen entra gritando e vê a bagunça. As crianças se assustam)
TODOS
UM BEIJO... UM ABRAÇO... UM APERTO DE MÃO, TODOS
BRINCAR COM UMA CONDIÇÃO, OU NA BERLINDA, OU NA BERLINDA ENTRAR.
QUEM LEVAR UM BEIJO GANHA, OU NA BERLINDA, OU NA BERLINDA ENTRAR.
NA HORA GANHA UM CORAÇÃO.
(Cena escurece)
CENA III
Cozinha. Uma mesa enorme com pratos, copos e talheres. As crianças entram e sentam-se reclamando.
Chico: - Eu sei que não é o que queriam comer. Eu queria fazer uma refeição de verdade para
vocês, mas tenho que seguir ordens.
Felipe: - Mas, já pensou fazer outra coisa?
Binho: - Ninguém vai saber.
Nádia: - A Carmen quase não vem na cozinha.
Chico: - É aí que você se engana. As duas... Aquelas... Coisas... Aparecem todos os dias aqui para
me observar. Verdade! Teve um dia... Mas, não contem pra ninguém! Teve um dia que peguei a
dona Ernestina devorando uma panela de brigadeiro que fiz!... Quando ela me viu veio com aquela
desculpa que estava provando antes das crianças comerem... Como se eu fosse colocar veneno.
Mili: - Então, podemos fazer algo pra comer!
Chico: - Vocês no fogão? Isso é impossível e seria um perigo!
Fran: - Podemos fazer algo SEM fogão.
Todos: - Não queremos sopa! Eca!!!
Chico: - Hum... Me deram uma ideia!
Todos: - Qual???
Chico: - Querem me ajudar?
Todos: - Sim!!!
Chico: - Então, vamos cozinhar todos juntos e trazer um pouco mais de alegria para esse lugar!
(Fazem uma coreografia e bagunçam tudo)
(Todos gritam. Ernestina e Carmen entram em cena. Gritam. Chico se assusta. As crianças param no mesmo lugar sem
reação)
Ernestina: - Não adianta resmungarem! Não quero ouvir mais um piu de vocês, e uma bagunça!!!...
Lembrem-se de que EU mando aqui e ponto final! (Para Chico) E você, Francisco, francamente,
pensei que era um funcionário exemplar. Agora... Fazer esse bando de órfãos cozinharem é o fim!
Chico: - Eles são crianças! Precisam se divertir!
Carmen: - Que se divirtam com as vassouras e esfregões! (Pausa. Olha para as crianças) Olha só...
Desde quando, criança, precisa se divertir? Precisam somente obedecer aos adultos para serem
pessoas mais educadas futuramente.
Felipe: - (Cochichando) Por isso, vocês são tão chatas!
Ernestina: - O que foi que disse, Felipe?
Felipe: - Nada!
Carmen: - Venha aqui, agora!!!
(Felipe caminha lentamente. Passa pela irmã dando as mãos. Pata segura ele impedindo, mas Ernestina o puxa)
Carmen: - Somos autoridade máxima aqui! Vocês são a ralé!... Um bando de crianças!
Mili: - Bem mais espertas que vocês!
Maria: - Bruxas! 7
Carmen / Ernestina: - O quê? (Levantam algo para bater em Maria, mas Chico entra na frente)
Chico: - Já chega!
Ernestina: - Francisco, saia da minha frente! Eu vou mostrar para essa peste o que é...
Chico: - Não vão fazer mais nada aqui! Este é o meu lugar!... Esqueceram? Aqui não tem briga e
nem discussão!
Carmen: - Você não tem esse direito!
Chico: - Está no testamento. Agora, deem licença, por favor.
(Ernestina e Carmen se olham. Retrucam)
Chico : - Aqui está! Nada mais de sopa! (Som de chuva) Olha que vai chover!
(Todos pegam o lanche e cantam. Vai mudando o cenário para a sala)
TODOS
APRENDA A BRINCADEIRA QUE EU VOU TE ENSINAR,
COM SINAIS VOCÊ DESCOBRE O QUE EU QUERO TE FALAR.
COM AS MÃOS, COM COTOVELOS, COM OS OLHOS E OS PÉS
COM A BOCA, SEM PALAVRAS, ADIVINHE O QUE É?
BRUXA FEDIDA. TOMARA QUE TE DÊ DOR DE BARRIGA.
NÃO QUERO A SOPA, A BRUXA TÁ MALUCA
AS PALAVRAS SÓ TE DIZEM UM POUQUINHO DA VERDADE.
OS OLHARES NUNCA MENTEM FALAM COM SINCERIDADE. 8
COM AS MÃOS, COM COTOVELOS, COM OS OLHOS E OS PÉS,
COM A BOCA SEM PALAVRAS ADIVINHE O QUE É?
BRUXA FEDIDA. TOMARA QUE TE DÊ DOR DE BARRIGA.
NÃO QUERO A SOPA, A BRUXA TÁ MALUCA
E AGORA SABE COMO É INVENTE O QUE QUISER.
BRUXA FEDIDA. TOMARA QUE TE DÊ DOR DE BARRIGA.
(Cena escurece)
CENA IV
Sala. Mudança de luz. Alguns estão sentados no sofá, outros no chão. Comem o lanche que Chico deu. Som de chuva.
O clima fica meio sombrio.
(Musica de suspense. Felipe continua a história com um ar de mistério. As meninas começam a se encolher no sofá. Os
meninos começam a rir e ficar compenetrados)
Felipe: - O rapaz estava tomado por uma fúria irreconhecível! O jovem educado, amoroso, estava
preso em alguma parte do subconsciente dele, já que aquele era um ser do mal. Não tinha onde
Clara se esconder. Apesar de o chalé ser bem grande, algumas extremidades eram pequenas
demais para um humano se esconder.
Tati: - O que aconteceu?
Felipe: - A menina estava com medo! Correu para pedir ajuda aos seus pais, mas quando abriu a
porta... (Grita) BUM!!! (Todos se assustam) Os pais estavam mortos, ensanguentados, em cima da
cama! Ela gritou pelo irmão, e nada de resposta!
Pata: - (Atônita) O irmão morreu?
Felipe: - Quando ela abriu a porta do banheiro... (Grita) BUM!!! (Todos se assustam) O irmão dela
estava suspenso por uma corda entrelaçada no seu pescoço! Ela correu pela casa para sair e
quando menos esperou, deu de cara com o assassino!
(Suspiros longos)
Chico: - Desculpem pelo susto! Pensei que vocês já estavam no décimo sono. 11
Felipe: - Com essa chuva, não tem sono que venha.
Chico: - Acho melhor, vocês irem para os quartos, antes que...
(Entra em cena Ernestina gritando)
Ernestina: - Mas, o que estão aprontando dessa vez? ( Olha para Chico) Ah, Chico, você também está
aqui?
Chico (Para as crianças): - Eu tentei avisar...
Ernestina: - Avisar o quê?
Chico: - Nada, Ernestina! Nada, não! (Risos)
Ernestina: - Acho melhor irem dormir. Já está tarde. Anda. Anda!
Todos: - Mas, Ernestina. Estávamos conversando. Está tão legal.
Ernestina: - Amanhã vocês acordam cedo.
(Todos saem de cena. Cena escurece.)
CENA V
(Mesmo cenário. Musica triste. A luz fica um pouco mais sombria. Lucia entra pela janela que está aberta. Está mal
vestida. Começa a mexer nas coisas procurando algo. Passa a mão pelos móveis. Olha em cima do sofá um pedaço de
pão. Come desesperadamente. Ouve-se som de passos. Ela se assusta e para bem atrás do sofá como estátua.
Ninguém aparece.
Lucia começa a rir. Continua comendo o pão e mexer nas coisas. Começa a jogar tudo pelos ares. A rodar. Pular. Sem
querer acaba soltando um grito. Ela leva a mão até a boca e se assusta.)
Carmen: - Acordem!
Felipe: - Nossa! Passou um furacão aqui?
Bia: - Bom dia pra senhora também, Carmen!
Carmen: - Não tem nada de bom!
Ernestina: - Se não perceberam, este lugar está uma zona!
Carmen: - Vocês sujaram e vão limpar!
Pata: - O quê?
Maria: - Não bagunçamos nada!
Ernestina: - Então, um fantasma veio à noite fazer uma festa do pijama? 12
Mili: - Mas, é verdade. Ontem, depois que o Diretor foi embora, todos fomos dormir. Não saímos do
quarto por nada.
Carmen: - Mentira!
Vivi: - Não! Não é!
Rafa: - Eu não vou limpar o que eu não fiz!
Ernestina: - Vai sim, ou já sabe!...
Carmen e Ernestina: - CASTIGO ou RUA!!!
(As crianças ficam eretas e em fila sem reclamar)
(Todos riem)
UM, DOIS, TRÊS, TEM QUE LIMPAR ESTAMOS CANSADAS, NÃO AGUENTAMOS MAIS,
ATÉ QUE O CHÃO VOLTE A BRILHAR SETE, OITO, NOVE, VAMOS ESCAPAR
NÃO QUERO QUE DEIXE NEM UM POUCO DE PÓ DEVE HAVER UM MUNDO EM OUTRO LUGAR,
E PRA COMPROVAR, EU PASSO O DEDO FURA- ONDE NINGUÉM BRIGUE E NOS QUEIRAM MAIS
BOLO. UM, DOIS, TRÊS, TEM QUE LIMPAR
QUATRO, CINCO, SEIS, ORGANIZAR QUATRO, CINCO, SEIS, ORGANIZAR
E QUE CADA COISA VOLTE AO SEU LUGAR SETE, OITO, NOVE, NÃO AGUENTAMOS MAIS
FAÇA UMA FILA E TOME DISTANCIA SE CONTAMOS ATÉ DEZ, TUDO VAI MUDAR
QUERO TUDO LIMPO SEM NENHUMA MANCHA ESTAMOS CANSADAS, NÃO AGUENTAMOS MAIS,
OU SEM SOBREMESA, VOCÊS VÃO FICAR SETE, OITO, NOVE, VAMOS ESCAPAR
ESTAMOS CANSADAS, NÃO AGUENTAMOS MAIS, DEVE HAVER UM MUNDO EM OUTRO LUGAR,
SETE, OITO, NOVE, VAMOS ESCAPAR ONDE NINGUÉM BRIGUE E NOS QUEIRAM MAIS
DEVE HAVER UM MUNDO EM OUTRO LUGAR, DEVE HAVER UM MUNDO EM OUTRO LUGAR, 13
ONDE NINGUÉM BRIGUE E NOS QUEIRAM MAIS ONDE NINGUÉM BRIGUE E NOS QUEIRAM MAIS
(Alguns caem em cima do sofá, outros no chão. Estão cansados. A campainha toda. Fábio corre para atender. Carol
entra com algumas malas. Olha para as crianças e sorri)
Mili: - Bem-vinda!
Carol: - Obrigada!
Felipe: - Então, é igual às outras?
Carol: - Como?
Maria: - Não ligue para o que ele diz.
Carol: - Com quem posso falar?
Rafa: - Comigo! (Pausa) Prazer, Rafael Campos, diretor desse lugar.
Carol: - (Olha para ele e ri) Ah, o senhor é diretor desse orfanato? Entendo... Quem sabe daqui uns 20
anos talvez.
(Todos começam a rir. Rafa sai e senta-se perto de Bia que se afasta e começa a rir também. Ernestina entra)
Carol: - CHEGA! Eu não sei como vivem aqui, mas não podem ser assim!
Mili: - Desculpa!
Felipe: - Não precisa pedir desculpas! 14
Samuca: - Estamos acostumados assim. E não é só porque você chegou, que vai querer mudar
isso.
Carol: - Não quero mudar!... Só mostrar outro jeito.
Maria: - Como?
Carol: - Há mil maneiras pra se divertir... Só basta usar a imaginação! Prometo que vou ensinar para
vocês coisas tão maravilhosas e que vão ter desejo de viver aqui. (Cantam)
FIQUE BEM ATENTO PARA VER SAIR O SOL,
PARA SE DAR CONTA QUE O DIA VAI SER BOM
TEM QUE INVENTAR TRUQUES PARA ENGANAR A DOR,
QUANDO ESTAMOS TRISTES TEMOS QUE ENCONTRAR UM CORAÇÃO
TUDO, TUDO, TUDO É TEU É SÓ QUERER,
VOCÊ QUER?!
E COM UM SORRISO É FÁCIL DE VIVER,
É MUITO IMPORTANTE BASTANTE GARGALHADAS,
HA HA HA, E JÁAA...
NÃO TE DÓI MAIS NADA?!
(Todos se abraçam. Carol senta-se no sofá e ri com as crianças. Pata senta-se no chão e abraça as pernas. Mili e Vivi
sentam-se ao seu lado)
Mili: - Pata, por que essa carinha? Seu ânimo mudou do nada!
Pata: - Não sei Mili! Por um momento passou tantas coisas na minha cabeça.
Vivi: - Como o quê?
Pata: - Vendo todos felizes, brincando, sorrindo... Sinto falta dos meus pais! Sinto falta de tantas
coisas, que nem sei como explicar!
Mili: - Não precisa ficar assim! Estamos aqui.
Vivi: - Somos suas amigas e sabe que pode contar com a gente. Se quiser desabafar...
Pata: - Eu queria ver como é conhecer outros lugares, não ficar presa dentro dessas quatro paredes. 15
Quero ver outras pessoas. Queria ganhar presente, mas sinto que nunca vou ter isso.
Mili: - Hei! Que coisa boba!
Vivi: - Pata, um dia nós vamos encontrar pessoas que nos queiram de verdade. Novos pais e, quem
sabe encontrar nossos pais biológicos.
Pata: - Acho meio difícil.
Mili: - Por quê?
Pata: - Não somos mais tão pequenos. Cada vez que crescemos fica mais difícil de sermos
adotados. Quem vai querer um filho já crescido para criar?
Vivi: - As coisas podem ser diferentes.
Mili: - Só devemos acreditar.
Pata: - Eu não vejo desse jeito. Tantos sonhos e coisas que penso... Mas sempre me levam ao
mesmo lugar... Ao orfanato. (Canta)
EU QUERO SER IGUAL E NADA MAIS
PODER PEDIR UM PRESENTE NO NATAL (Todos entram em cena e olham para Pata. Caminham
SOPRAR VELINHAS NO MEU ANIVERSÁRIO lentamente parando atrás do sofá. Se olham. Cantam)
REALIZAR OS MEUS SONHOS
CONHECER OS REIS MAGOS TODOS
MILI / VIVI QUERO CRUZAR O CÉU NUM AVIÃO
EU QUERO VER UM MUNDO DE VERDADE, VER AS ESTRELAS, CHEGAR PERTO DO SOL
ONDE ÀS CRIANÇAS APRENDAM A JOGAR SENTIR QUE UM ANJO ME ENSINA A VOAR
IR Á PRAÇA, ESCORREGAR NO TOBOGÃ E ATRÁS DE UMA NUVEM A DEUS VOU
CHEGAR NA PRAIA E CONHECER O MAR ENCONTRAR
PATA PATA
QUERO UM CARINHO, NÃO TER MAIS QUE QUERO UM CARINHO, NÃO TER MAIS QUE
CHORAR CHORAR
POR QUE NINGUÉM ME QUER? POR QUE NINGUÉM ME QUER?
EU QUERO SER NORMAL EU QUERO SER NORMAL
ASSIM COMO AS NOVELAS QUE VEJO NA TV ASSIM COMO AS NOVELAS QUE VEJO NA TV
COM UM FINAL FELIZ, EU QUERO SER IGUAL. COM UM FINAL FELIZ, EU QUERO SER IGUAL (2X)
CENA VII
Pátio do orfanato. Os meninos começam a jogar bola. Binho é goleiro. Felipe faz um gol e todos começam a vibrar.
(Mudança de luz. Ao saírem esbarram com as meninas e saem reclamando. Elas entram e sentam-se no chão.
Conversam)
(Cena escurece)
CENA VIII
Sala. Mudança de luz. Carol está sentada no sofá lendo um livro.
Carol: - Você já pensou que sua vida poderia mudar a partir de uma única reflexão? Que tudo aquilo
que imaginou seria seu maior pesadelo? Pois bem! Nossa vida é cheia de surpresas às quais
assistimos como um filme, mas poucas vezes conseguimos distinguir ou compreender seu alcance
real.
(As crianças entram correndo. Sentam-se no sofá. Gritaria. Carol está parada, pensativa, olhando para as crianças)
Maria: - (GRITANDO, sobe em cima da mesa de centro) Silêncio!!! Assim não vamos resolver! (Para Carol)
EU, em nome de todo o grupo, acho que devemos mudar!
(Todos começam a rir de Maria)
Carmen: - Estão enganados em pensar que vão mudar alguma coisa neste lugar! (Todos gritam
assustados) Vocês não fazem nada certo UMA vez! Querem sempre mudar as coisas! Está tudo no
seu devido lugar, não precisa de nada!... NADA! E, por isso vão ficar de castigo.
Felipe: - Mas não fizemos nada!
Fábio: - Estávamos apenas conversando... O que tem demais?
Carmen: - Tudo! Não terá festa, nem mudança alguma!
Carol: - Dona Carmen, eles são crianças, precisam se distrair com algo.
Carmen: - Que se distraiam com os rodos, vassouras e esfregões. Eu já disse... Essa é minha
ordem.
Ernestina: - Somos pessoas boas, mas não gostamos de crianças! (Risos. Cantam)
NÃO GOSTO QUANDO RIEM, MINHA VINGANÇA SERÁ DURA
NÃO GOSTO QUANDO CANTAM CONHECERÃO A TORTURA
NÃO GOSTO QUANDO CURTEM, NÃO TEM DOCES E A CASA
QUANDO DANÇAM É SEMPRE ÀS ESCURAS
PORQUE ELAS FICAM MAIS LINDAS EU JÁ AS TENHO DOMINADAS
E EU FICO MAIS FEIA E AGORA ME SINTO FERA.
TODOS TODOS 20
E POR SER TÃO BRUXA E MÁ E POR SER TÃO BRUXA E MÁ
SE ENRUGA MAIS QUE UMA VELHA SE ENRUGA MAIS QUE UMA VELHA
CARMEN
SOU UMA DAMA ATRAENTE,
CARMEN
TODOS SOU UMA DAMA ATRAENTE,
MAS O MÉDICO TE ESTICA. TODOS
ERNESTINA MAS O MÉDICO TE ESTICA.
ESPELHINHO, ESPELHINHO, ERNESTINA
EXISTE UM ROSTO TÃO BONITO. ESPELHINHO, ESPELHINHO,
CARMEN EXISTE UM ROSTO TÃO BONITO.
ESPELHINHO, ESPELHINHO, CARMEN
ESTE ROSTO DE QUEM É. ESPELHINHO, ESPELHINHO,
TODOS ESTE ROSTO DE QUEM É.
DE QUALQUER UM MENOS TEU TODOS
E POR SER TÃO BRUXA E MÁ DE QUALQUER UM MENOS TEU
ESSA CARA DE ENRUGADA E POR SER TÃO BRUXA E MÁ
É A QUE MERECE TER ESSA CARA DE ENRUGADA
AH, MALVADA SERÁ (2X) É A QUE MERECE TER
CARMEN
(A luz volta ao normal. Carmen grita e expulsa todos dali. As duas saem rindo. Fran volta e pega o livro que esqueceu.
Samuca volta atrás dela. Os dois se olham)
Fran: - Se você estiver brincando comigo, Samuel!... VOCÊ VAI SE VER COMIGO!
Fran: - Samuel? Por que não, Samuca?
Fran: - Por que estou falando sério.
Samuca: - Não estou brincando com você... Pode ter certeza!
(Fran sai e Samuca corre atrás dela. Cena Escurece)
CENA IX
Sala. Mudança de luz como se o tempo tivesse passado. Lucia entra escondida e começa a mexer nas coisas.
Aproxima-se dos presentes e rasga os pacotes. Joga pelos ares. Pega nas mãos uma boneca e começa a dançar com
ela.
Lucia: - Essa eu quero para mim! (Esbarra no telefone que cai no chão)
Chico (Off): - Quem está aí?
(Lucia tenta se esconder atrás do sofá, mas não consegue. Caminha para o outro lado do palco para encontrar onde se
esconder. Entra Chico com um pau de macarrão na mão. Acende a luz e vê Lucia.)
Chico: - Menina, o que faz aqui? (Ela não responde) Onde estão seus pais?
Lucia: - Eu não sei! Estou com fome!
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Chico: - (Aproximando-se dela) Venha aqui. Você deve estar com frio.
Lucia: - Um pouco.
Chico: - Por onde entrou? (Ela não responde) Eu não vou lhe fazer nenhum mal. Você parece estar
muito mal. Meu Deus, (Coloca uma blusa nela) olha só suas roupas... De onde você veio?
Lucia: - Não sei.
Chico: - Fugiu de casa?
Lucia: - Fugi do orfanato onde estava. Lá é horrível! (Corre e abraça Chico. Lucia chora) Eu não quero
voltar para lá de novo. (Música triste)
Chico: - Pobre Menina, você fugiu de um orfanato e veio parar em outro! (Lucia se assusta) Mas, não
se preocupe... Aqui, há pessoas maravilhosas!
Lucia: - Eu não posso ficar!
Chico: - Vai ficar aonde, então? Na rua? Largada como mendiga passando frio e fome? ( Pausa)
Venha aqui... Qual é o seu nome?
Lucia: - Meu nome? Pra quê saber?
Chico: - Ora, para conhecê-la! Você aparece aqui, e quer sair assim sem ao menos falar quem é?
Lucia: - Meu nome é... Lu... Lucia.
Chico: - Lucia... E por onde entrou?
Lucia: - Entrei há poucos dias. Estava morrendo de fome, frio. Vi uma janela um pouco aberta e
decidi ficar aqui. Estava escondida no porão. Não vai me denunciar?
Chico: - Claro que não! Mas, posso ajudá-la.
Lucia: - Mesmo?
(Lucia levanta-se e esbarra no abajur que cai no chão. Ela grita. Ernestina grita fora de cena. Chico levanta-se sem
saber o que fazer. Lucia permanece parada no lugar. Ernestina entra em cena, e se assusta com a menina)
Ernestina: - Mas, quem está aqui? (Olha para Chico e depois para Lucia) Chico, o quê... Quem é essa
menina?
Chico: - (Gaguejando) Essa... Essa menina?
Ernestina: - Sim!
Chico: - Ela... Essa... Menina?
Ernestina: - Sim, Chico, essa menina!
Lucia: - Meu nome é Lucia.
Ernestina: - Lucia?
Chico: - É... Lucia, uma sobrinha minha do interior... Ela veio morar comigo depois que a mãe dela
morreu.
Lucia: - Ela morreu? Mas...
Chico: - (Interrompendo) Pobrezinha não tem ninguém pra viver. EU... Como tio e padrinho tenho que
cuidar dela.
Ernestina: - Mas, não temos lugar para mais nenhuma criança.
Chico: - Mas ela vai ficar na rua? ( Faz uma cara triste) Dona Ernestina, ela só tem a mim agora!... Não
vou deixar a menina dormir na rua!
Ernestina: - Eu não posso fazer nada.
Lucia: - Tudo bem!... Tio, eu vou pra outro lugar... Talvez alguém entenda a dor que estou sentido
(Vira-se e vai sentido a porta... Olha para a plateia e começa a rir)
Chico: - Espera Lucia, eu vou contigo! (Olha para Ernestina) Foi bom trabalhar pra senhora, mas se ela
for eu vou... Ela é responsabilidade minha.
(Chico se aproxima de Lucia e a abraça. Aproximam-se da porta. Abre-a. Ernestina interrompe)
Ernestina: - (Resmungando) Está bem! Ela pode ficar. Acho isso ainda muito estranho. Ela veio sem
mala, sem nada... E essa roupa?...
Chico: - Disse que ela não tem nada!
Ernestina: - Aí... Se você não se comportar...
Lucia: - Sou um anjo! (Ri)
Ernestina: - Agora, vá dormir. Arrume um lugar pra ela. Isso não são horas de estar acordado. 22
Chico: - Obrigado, Ernestina! Obrigado!
Ernestina: - Ah, não me agradeça... Chega dessa melação... Anda! Saiam daqui! (Grita)
Chico: - É pra já!
(Chico segura Lucia pelo braço e sai correndo de cena. Ernestina aproxima-se da luz)
CENA X
Mudança de luz. Som de pássaros. A luz muda o tom mostrando que amanheceu. As crianças entram correndo
brincando. Jogando tudo pelos ares. Carol está com eles brincando. Pega algo e joga alto e acerta em Bia.
Carol: - Pois aqui você está em casa. E agora... O que vamos fazer?
Samuca: - Eu tenho uma ideia.
Cris: - Qual?
Samuca: - Brincar de alguma coisa!
(Pega um travesseiro e acerta na cabeça de Bia. Todos começam a rir)
Carol: - Ernestina, eles são crianças! Não me canso de falar isso. Eles têm que aproveitar os
momentos da vida.
Ernestina: - Aproveitar? (Risos) Eles são um bando de internos sem família!... Estão sozinhos aqui!
(Começa a rir) A partir de hoje, se eu ouvir um barulho, ficarão de castigo sem direito a comida, banho
ou o que quer que seja. O Dr. Ricardo já está ciente.
Carol: - Ele não me comunicou que teria uma regra assim tão...
Ernestina: - (Interrompendo) Eu já disse que é melhor você se colocar no SEU lugar, mocinha! Aqui,
você é apenas uma AJUDANTE. Estou de olho em você. Pensa que me engana com esse olhar de
boa moça?
Maria: - Bruxa!
(Ernestina olha para as crianças e lança um olhar de fúria)
Ernestina: - Quem falou isso? (Ninguém responde) ANDEM! Quem for corajoso o bastante que
apareça!
(Todos se afastam formando uma fila e Maria fica no lugar. Ernestina olha para ela e se aproxima)
Ernestina: - Então, foi você pirralha? Como ousa falar assim comigo?
Carol: - Ernestina... Não precisa...
Ernestina: - (Interrompendo) Quieta! Estou falado com a menina! (Pega sua varinha de marmelo) Vamos
ver se assim aprende a me respeitar.
Lucia: - Pára! Não foi ela que falou isso... Fui eu!
Ernestina: - Olha, a sobrinha do Francisco! E ele me disse que você era boa. Vai aprender a me
respeitar!
Carol: - (Gritando e entrando na frente de Lucia) Você não vai fazer isso! Não na minha frente!
Ernestina: - Quem você pensa que é?
Carol: - Pra que isso, Ernestina? Pra que tratá-las assim?
Ernestina: - Essas crianças são desobedientes!... Trastes infelizes!... Nos tiram do sério!
Carol: - Batendo não vai adiantar em nada! As crianças precisam de atenção! Por que, então, tanto
ódio?
(As crianças vão saindo e ficam no fundo do palco apenas vendo a discussão)
(Ernestina muda a feição do seu rosto. Olha para as crianças. Todos estão tristes. Mudança de luz. Ernestina sai sem
dizer nada. Carol abraça Lucia e Maria. Chora. Todos se abraçam e Carol caminha com todos até uma extremidade do
palco).
CAROL CAROL/MENINAS
SE SEU CORAÇÃO TEM BURAQUINHOS SE SEU CORAÇÃO TEM BURAQUINHOS
JUNTAS PODEREMOS AJUDAR JUNTAS PODEREMOS AJUDAR
NÓS VAMOS CURÁ-LO COM CARINHO NÓS VAMOS CURÁ-LO COM CARINHO
E COM MUITO AMOR E COM MUITO AMOR
(COM MUITO AMOR) (COM MUITO AMOR)
ELE VAI SARAR ELE VAI SARAR
CORO CORO
SARA, SARA CORAÇÃO COM BURAQUINHOS SARA, SARA CORAÇÃO COM BURAQUINHOS
SARA, SARA, TE ENCHEREMOS DE BEIJINHOS SARA, SARA, TE ENCHEREMOS DE BEIJINHOS
SARA, SARA CORAÇÃO COM SONHOS SARA, SARA CORAÇÃO COM SONHOS
SE NÃO SARA HOJE SARA AMANHÃ SE NÃO SARA HOJE VAI SARAR AMANHÃ
SARA, SARA CORAÇÃO COM BURAQUINHOS SARA, SARA CORAÇÃO COM BURAQUINHOS!
SARA, SARA, TE ENCHEREMOS DE BEIJINHOS
(Blackout)
ATO II
CENA I
Sala. Música suave, triste. Fran está escrevendo em um diário. Não percebe a aproximação de Samuca.
Fran: - (Escrevendo e lendo) “Era natal, a época mais farta do ano. No orfanato, porém, tudo aquilo que
se poderia imaginar que teria em uma casa comum, lá não tinha nem um terço. A ceia era apenas
um peru, arroz com passas e um suco de frutas que mal dava pra sentir o gosto. Presentes? Apenas
uma lembrancinha, a mais simples possível, e quem reclamasse ficava de castigo. Esse foi o meu
natal mais marcante. Depois disso, nunca mais comemorei essa data, pois lembrava sempre deste
dia.”
(Samuca assuta Fran. Ela dá um grito)
Vivi: - Gente, deixem os dois!... Estamos crescendo! Isso cedo ou tarde vai acontecer com todo
mundo.
Binho: - Ela tem razão.
Meninas: - Então, não mostrem que são machões! 28
Meninos: - Então, não mostrem que são tão frágeis!
Meninas: - Somos MULHERES!
Meninos: - Somos HOMENS!
Meninas: - É fácil falar de sentimento!
Meninos: - É fácil falar da vida!
TODOS: - Nós estamos crescendo!!! (Cantam)
(Mudança de luz. Todos cantam. Carol e Chico chegam e acompanham nas palmas. Todos começam a rir. Samuca e
Fran se olham. As meninas começam a cochichar referente a isso. Os meninos também.
(Mudança de luz)
Felipe: - Carol, vamos dançar! (Pega Carol pelo braço e a leva para o meio das crianças. Gritaria)
Chico: - (Grita bem alto) Queria alguém para dançar comigo! (Mili chama Chico e dançam junto.)
(Carmen e Ernestina entram gritando.)
Carol: - Então, o que posso fazer no momento é chamar todos vocês para comermos um montão de
coisas gostosas na cozinha... Que o Chico, com certeza, irá fazer.
Chico: - Mas é claro! Quem chegar por último na cozinha lava a louça!
(Todos correm para fora de cena. Tati fica. Chora. Mili volta, preocupada com ela.)
CENA II
Mesma sala. Entram Ernestina e Carmen. As duas estão discutindo.
Ernestina: - Não podemos esquecer do segredo. Do jeito que as coisas andam, daqui a pouco não
será mais segredo.
Carmem: - Não exagere. O SEGREDO está bem guardado. Se depender de mim, é claro.
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(Carol dá uma tossida e Ernestina e Carmen se enfurecem, quando a veem.)
Ernestina: - Chega dessa barulheira toda! Olha o castigo! Vão dormir, bando de peste!
Todos: - Bruxa!!!
Ernestina: - O quê?
Todos: - Fedida!!!
Ernestina: - Mais respeito comigo!
Todos: - Cansamos disso tudo!!!
Ernestina: - Vão brigar por tudo agora?
Todos: - A Carol sim, se preocupa com o que pensamos e sentimos!
Ernestina: - Que bonitinho!... Fizeram um coro agora? (Grossa) Odeio coisas bonitas!
Todos: - Por isso ninguém gosta de você!!!
Ernestina: - Eu não ligo!... Sei que sou melhor!
Todos: - Agora é a nossa vez de lutar pelo que queremos!
Ernestina: - Como?
Todos: - Começando por você! (Cantam)
Ernestina: - Não!
(Gritos. Blackout)
CENA III
Luz sobre em resistência mostrando Carmen e Ernestina reclamando.
(Chico sai. Carmen e Ernestina se olham. Começam a rir e saem. Entra Binho e Lucia)
Voz em Off (SAMUCA/FELIPE/FÁBIO): - Binho, vamos cara!... O Rafa está se achando o melhor!
Binho: - Já vou!... (Para Lucia) Nos vemos depois! (Dá um beijo nela e sai)
(Lucia fica parada olhando para todos os lados. Depois caminha olhando todos os móveis da casa, passando as mãos.
Aproxima-se da Estátua. Fica admirada)
Lucia: - Que estátua diferente! (Lê) Em homenagem ao Doutor Ricardo Almeida Campos, por sua
excelência e mérito acadêmico.
(Lucia pega a estátua. Carol entra gritando)
Carol: - Crianças? Vocês estão aqui? (Lucia se assusta e deixa a estátua cair) LUCIA, você está bem?
Lucia: - Nossa! Vão me matar por ter derrubado isso! 33
Carol: - Vem pra cá! Você pode se cortar!
Lucia: - Não foi minha intenção, Estrela! Eu... Estava olhando aqui e você entrou do nada... Eu me
assustei e a estátua caiu... Eu sinto muito!
Carol: - Calma! Eu vi que não foi sua culpa. Agora temos que arrumar essa sujeira toda!
Lucia: - Desculpa!
Carol: Tudo bem! Eu falo com o doutor que foi um acidente.
(Ernestina e Carmen entram e olham para Carol. Ela está segurando metade da estátua quebrada. Ficam assustadas)
Carmem: - CHEGA! (Para Carol) Pegue suas coisas e saia dessa casa. Não precisamos mais do seu
trabalho. Hoje foi essa estátua, amanhã pode ser outra coisa.
As crianças: - Não!!!
(Começam a falar novamente. Carmem coloca ordem)
(Cantam)
MARIA CRIS
OS MOMENTOS MAIS FELIZES SE PROCURAR AS MARQUINHAS
DEIXAM DOCES CICATRIZES E PUDER REENCONTRAR
SÃO MARQUINHAS DA VIDA O CAMINHO QUE SE PERDEU
NÃO SE APAGAM E NEM SE ESQUECE... QUANDO SE ESQUECEU DE DAR
ANA MILI
NO MUNDO DOS GRANDES ACONTECERIAM TANTAS COISAS
APARECE SEMPRE O MEDO NO MUNDO DOS GRANDES
PERDEU SUA CHIQUITITA PATA
E COM ELA OS SEUS SONHOS DESCOBRIRIAM, POR EXEMPLO
QUE SEMPRE É TEMPO PARA AMAR
TODOS
SE ENCONTRAR SUA CHIQUITITA (Carol pega as malas e vai até a porta. Olha para trás.
NÃO A DEIXE IR (NÃO A DEIXE IR) Chora)
É A SUA MELHOR PARTEZINHA TODOS
PARA ENTENDER COMO SE DEVE VIVER SE ENCONTRAR SUA CHIQUITITA
PORQUE ESSA CHIQUITITA QUE VOCÊ FOI NÃO A DEIXE IR (NÃO A DEIXE IR)
ESTARA SEMPRE UM ANJO QUE GUARDA A LUZ É SÓ A MELHOR PARTEZINHA
SÓ ESPERO QUE SINTA DENTRO DO SEU PARA ENTENDER COMO SE DEVE VIVER
CORAÇÃO PORQUE ESSA CHIQUITITA QUE VOCÊ FOI
SE A PERDER É COMO APAGAR... SEU SOL! ESTARA SEMPRE UM ANJO QUE GUARDA A LUZ
SÓ ESPERO QUE SINTA DENTRO DO SEU
(Ernestina aparece com as malas de Carol. Risos. As CORAÇÃO
crianças a olham tristes) SE A PERDER É COMO APAGAR... SEU SOL!
(Carol fecha a porta. Blackout. Ainda com a cena escura as crianças gritam)
Mili: - Chico, precisamos falar urgente com o Doutor Ricardo! É muito importante!!!
Chico: - Sobre o quê querem falar com ele?
Todos: - Carol!!! 36
(Chico respira fundo e pensa.)
Chico: - Desde quando a Carol veio para cá, tudo mudou! Vai fazer muita falta!
(Samuca solta a gravação de Ernestina e Carmen. Chico ouve, sem reação.)
Lucia: - Carol não teve culpa de nada. Eu sim. Foi um acidente! Eu, sem querer, me assustei com
ela nos chamando e deixei a estátua cair.
Chico: - Então...
Binho: - Foi tudo culpa da Ernestina e da Carmen!
Rafa/Beatriz: - Como sempre!
Chico: - Crianças, deixem essa gravação comigo! Eu já decidi. Já sei como trazer a Carol de volta!
(Todos começam a falar ao mesmo tempo, querendo saber qual o plano de Chico.)
Chico: - Crianças, agora não posso explicar. Me deixem resolver sozinho. Prometo que a Carol
estará de volta em breve! Agora saiam! Vou ter uma boa conversa com aquelas duas!
(Elas ficam preocupadas e ansiosas, mas desejam boa sorte a Chico, e saem de cena, em seguida. Carmem e Ernestina
entram.)
(Carmen e Ernestina saem, derrotadas. Vai mudando o cenário para o pátio do orfanato. Chico sai de cena. Blackout)
CENA V
(Pátio do orfanato. Carol está sentada no banco. Chora. Uma lua de fundo ilumina o local. Chico passa correndo. Pára, e
a olha sentada. Aproxima-se.)
(As crianças entram correndo, vibram. Abraçam Carol, que sorri, emocionada.)
Lucia: - Carol, eu queria pedir desculpas por ter passado por tudo isso.
Carol: - Já disse que não precisa! Está tudo resolvido!
Chico: - Mais do que resolvido! Aquelas duas lá, vão ficar bem quietinhas por muito tempo!
(As crianças vibram, aplaudindo o Chico. Carol, instantaneamente se entristece, fica séria.)
Mili (Se aproximando): - Carol, aconteceu alguma coisa? Você estava tão feliz!
(CAROL olha para CHICO, pedindo permissão para contar o segredo. Ele consente. MILI e todos se preocupam, se
aproximam de Carol. Sentam. Chico fica de pé, assistindo a distância.)
Carol (Pegando na mão de Mili): - Bom, eu... Eu vou contar uma história para vocês.
Maria: - Uma história triste, Carol?
Carol: - É. (Suspira) E como toda história triste... Talvez tenha um final feliz! (Sorri para Mili, que já está
chorosa)
Carol: - Há muitos... Muitos anos atrás... Um homem muito rico, muito poderoso, fundou um
orfanato...
Pata: - O Dr. José Ricardo, né?
Carol: - É. Ele mesmo (Sorri para ela).
Tati: - Ele era chato e antipático! Mas, muito... Muito generoso!
Carol (Séria, e triste): - Não, Tati. Ele não era generoso. ( Suspira novamente, buscando palavras) Muitas
pessoas acreditavam que... Que o Dr. José Ricardo tinha fundado o orfanato por generosidade.
(Relembrando a história que assistiu a pouco) Mas... Não foi assim!... (Respira fundo) Na verdade... Ele
fundou o orfanato... Pra poder ter um lugar... Onde ele pudesse deixar sua própria neta. ( Baixa cabeça,
envergonhada) Depois de ter dito pra Gabi que o bebê dela tinha morrido.
Ana: - Que homem mal! (Balança a cabeça negativamente)
Carol: - Só que... O que esse homem não sabia... É que a pessoa mais prejudicada nisso tudo...
Seria ele mesmo!... Porque ele passou toda a vida dele... Sem poder desfrutar... Da coisa mais
importante... Da sua maior riqueza... Que era sua neta. ( Sem conseguir olhar para Mili, desvia.) E hoje... (A
encara, enfim) Essa menininha... Se tornou uma pessoa muito... Muito especial!... Que tem um brilho
muito... Muito intenso no olhar!... E... ( Engasgando) Várias vezes eu perguntei... De onde vinha esse...
Esse brilho.
Mili (Chorando): - Você descobriu?
Carol (Chorando também): - Hum rum!... Esse brilho é das pessoas... Que acreditam na vida! E esse
brilho, Mili... Esse brilho é o que você carrega nos seus olhos.
Mili (Confusa, atônita, sorri e chora): - Então, era eu?... (Engasga, chorando) EU sou o bebê que roubaram
da Gabi?
Carol sorri.
Mili (Sorrindo, e chorando): - EU sou a filha da Gabi, Carol! ( Levanta. Respiração ofegante. Carol a acompanha,
passando a mão em seus cabelos, tentando acalmá-la. Ela se retrai.) Não!... (Carol a beija no rosto, faz carinho. Mas,
o choro só aumenta.) Me deixa sozinha, pelo amor de Deus! ( Chora, compulsivamente, e sai correndo.)
Carol: - Mili! Mili!...
Chico vem até Carol, e a abraça. Ela chora. Ele a acalenta.
Pata (Também chorando): - Mili, vem cá!...
Carol (Para Pata): - Não! Deixa!... Deixa, Pata!...
Pata: - Carol, ela não pode ficar sozinha! Ela tá muito mal!
Carol: - Ô, meu amor! Ela precisa ficar sozinha! Ela precisa! ( Para todos, que choram) A Mili sofreu um
golpe muito forte!... Eu acho que... A única forma que a gente tem de... De ajudar a Mili... É dando 39
esse tempo pra ela!
CENA VI
(Maria surge, tristinha. Abraça Mili, que se acalma. Carol entra, mas observa de longe.)
Carol (Se aproximando): - Quem disse que acabou? Esse é apenas o começo de muitas coisas boas
que estão por vir!
Maria: - Promete?
Carol: - Mas, é claro! Prometo que sempre serão felizes aqui! (Mili, sorri, chorosa. Corre para a abraçar. As
crianças vão entrando. Chico entra logo depois, todo desesperado.)
(Cantam)
BEATRIZ
SIM, NOS VIU CRESCER PATA / MENINAS
SONHAR E CHORAR NÓS TODOS SABEMOS QUE ESTA É A NOSSA
ENTRE SUAS PAREDES CASA
QUANTO QUE VAI FICAR AQUI SE RESPIRA TODA A ESPERANÇA
QUANTAS TRAVESSURAS PARA RECORDAR INVENTAMOS SONHOS QUE ÀS VEZES SE
TATI ALCANÇAM
TODA NOSSA VIDA ESTÁ NESSE LUGAR SUAS PAREDES MUDAS SÃO PURA MAGIA 40
MILI
ALGUNS JÁ SE FORAM, NÓS AINDA ESTAMOS (Vai mudando o cenário para a sala. Enfeitada para uma
CADA DESPEDIDA TE LEVA UM AMOR OH OH festa)
MAIS UMA FERIDA FICARÁ MARCADA
JUNTOS DA SACADA, DIZEMOS ADEUS TODOS
UM CANTINHO DE LUZ (TIN TIN TIN)
TODOS MEU CASTELO DE NUVENS (TIN BI RI TIN)
UM CANTINHO DE LUZ (TIN TIN TIN) NINGUÉM FICA SOZINHO
MEU CASTELO DE NUVENS (TIN BI RI TIN) NÃO TE DÓI
NINGUÉM FICA SOZINHO NEM UM POUQUINHO
NÃO TE DÓI UM CANTINHO DE TIN TIN TIN
NEM UM POUQUINHO NOSSO LAR E FAMILIA
UM CANTINHO DE TIN TIN TIN FEITO TODO DE ABRAÇOS
NOSSO LAR E FAMILIA DE JOGOS E CARÍCIAS (2X)
FEITO TODO DE ABRAÇOS TIN TIN TIN
DE JOGOS E CARÍCIAS TIN TIN TIN
TIN TIN TIN TIN TIN
Todos vibram. Se abraçam. Maria sobe em cima do sofá, os outros começam a correr por todo o lado.
Carol: - E a partir de hoje teremos novas regras aqui! Nada de trabalho, nada de medo e restrição!
Vão apenas estudar e se divertir! (Todos vibram.) E aproveitando... Também vamos mudar a
decoração e as coisas aqui. Vamos dar um ar mais vivo para... Como podemos chamar?
Carol: - Isso mesmo! Para o Cantinho de Luz... Apresento-lhes mais uma criança que fará parte de
nossa família.
(Silêncio. Chico traz a menina Manu pela mão até o centro da sala. Ela é deficiente visual. Todos a olham, curiosos.)
Carol: - (Para o público) Tanto as crianças com deficiência quantos suas comunidades se
beneficiariam se a sociedade focasse no que as crianças podem alcançar, em vez de focar no que
elas podem fazer.
Chico: - Isso mesmo! Para que as crianças com deficiência sejam levadas em conta, elas devem
ser contadas – ao nascer, na escola e na vida.
Mili: - A educação inclusiva amplia os horizontes de todas as crianças ao mesmo tempo em que
apresenta oportunidades para que as crianças com deficiência realizem suas ambições.
Fran: - Que a gente consiga dar olhares diferentes para as diferenças que encontramos em nossos
caminhos...
Pata: - Que nossos corações possam se abrir ao novo, sem medo do desconhecido...
Felipe: - Pois, só assim... Conseguiremos conviver com nossos semelhantes neste e nos próximos
mundos.
Todos: - Estejamos preparados!
(Abraçam Manu, que agradece eufórica.)
No último refrão, surgem AS CHIQUITITAS. Descem letras. EXPLOSÃO DE LUZ. Despedida do elenco.
Na despedida com o público, o ELENCO DESCE PARA A PLATÉIA, NA PRIMEIRA PARTE DA MÚSICA. AO FINAL,
TODOS NO PALCO.
NÓS SOMOS UM POR TODOS GRITAMOS: VIVA A VIDA! NÓS ESTAMOS SEMPRE JUNTOS
NÓS SOMOS TODOS POR UM VAMOS TODOS LEVANTAR AS NO PASSADO E NO PRESENTE...
NOS BONS E MAUS MOMENTOS MÃOS ...POR NÓS TODOS E PELO
ESTAREMOS SEMPRE JUNTOS E CANTEMOS JUNTOS COMO AMANHÃ QUE VIRÁ
VAMOS TODOS SEMPRE EM IRMÃOS! VIVA A VIDA!!!
FRENTE VIVA A VIDA! VIDA A VIDA! E QUE NUNCA MORRA A
COMO IRMÃOS NESSA VIDA VIVA, VIVA, VIVA, A VIDA!!! ESPERANÇA
NOS QUEREMOS MUITO BEM GRITAMOS: VIVA A VIDA!!!
SOMOS UMA GRANDE FAMÍLIA... ISSO É UMA MARAVILHA VAMOS TODOS LEVANTAR AS
...NÓS SEGUIMOS OLHANDO PRA SOMOS TODOS DIFERENTES MÃOS
FRENTE E NA MESMA TERRA CRESCEM E CANTEMOS JUNTOS COMO
GRITAMOS: VIVA A VIDA! A FLOR E A SEMENTE IRMÃOS!
POR NÓS TODOS E PELO OS QUE SOMOS NÓS E VOCÊS VIVA A VIDA! VIDA A VIDA!
SENTEM SOMOS O MUNDO QUE VEM VIVA, VIVA, VIVA, A VIDA!!!
FIM