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“A PELEJA DO CORONÉ CONTRA O CABA DANADO”

Ale Silva
Personagens:
Zeca
Julinha
Coroné
Capanga
Virgulino (Lampião)
Maria Bonita
Mané Ventania (Contador I)
João Pedra Azul (Contador II)
Chico Peba
Violeiro I
Violeiro II
Seresteiros

ABERTURA

(entram os Contadores com os Seresteiros, cantando a música de Abertura)

MUSICA DE ABERTURA – (“Boi de Mamão” – Folclore Brasileiro - SC)

Boa noite meus senhores


Eu quero todos saudar
Aqui está a nossa trupe
Para se apresentar...

Olé olé, ai, chegou a hora...


Vai começar, a nossa história...

Todos que aqui estão,


Digam, digam se está certo
Digam seu nome direito
Cada qual ganha seu verso

Olé olé, ai, chegou a hora...


Vai começar, a nossa história...

Eu quero pedir desculpas


A todos que aqui estão
Se não estiver de acordo
Não é minha profissão...

Olé olé, ai, chegou a hora...


Vai começar, a nossa história...

(ao final da música, saem os Seresteiros)


CENA I

CONTADOR I – Boa noite, minha gente


Que com a gente, aqui está...
A canção que agora ouviram
Foi um modo de saudar
Esse romance de cordel
Que já já vamos contar!
CONTADOR II - Se aprocheguem mais um pouco
E prestem muita atenção
Nessa história que se passa
Lá pras bandas do sertão
Pois é assunto muito sério
E exige reflexão!
CONTADOR I - Eu sou Mané Ventania,
Do brejo da Bananeira
Por todos considerado
O campeão da Ribeira
Basta dizer que fui aluno
De Inácio da Catingueira!
CONTADOR II - Me chamo João Pedra Azul
De todos bem conhecido
Onde eu canto, a tempestade
Tem feito grande estampido
Deixando a baixa alagada
E o alto, umedecido! 1
CONTADOR I - E contar mais esse causo,
Vai ser nossa incumbência
Sem tomar nenhum partido
Nem fazer maledicência
E qualquer semelhança
É apenas coincidência!
CONTADOR II - Vixi Maria! Olha a hora
A gente ta é atrasado!
Fica então o nosso drama
Desse modo apresentado:
A Peleja do Coroné,
Contra o Caba Danado!
(os Contadores saem, entra em cena, bravo, Virgulino)
VIRGULINO – Eita que pra mim, já bastou! Não nasci pra ser humilhado, não
sou cachorro não senhor! Trabalho capinando, sol a pino todo dia. Ainda tenho
que aturar toda essa tirania? Mas é nunca! (senta-se sobre um volume,
embaixo de uma lona)
ZECA – (gritando, sob a lona) Arreda! Que assim me machuca!
VIRGULINO – (pulando, assustado) Sai pra lá, coisa ruim! Te esconjuro
assombração!
ZECA – Ta doido, Virgulino? Perdeste a razão?
VIRGULINO – Ora, Zeca... És tu?

1
FONSECA, Domingos. Violas e Repentes. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Leitura/MEC, 1972.
ZECA – E não?
VIRGULINO – Que ta fazendo aí, criatura?
ZECA – Descansando... Afinal, a vida é dura e não sou feito de aço!
VIRGULINO – Deixa o Coroné te encontrar que ele acerta teu passo!
ZECA – Se aperreie não!
VIRGULINO – Ta aí há muito tempo?
ZECA – Nada! Pouco antes de tu chegar. Tava lá pras bandas do riacho e deu
uma vontade de trabalhar...
VIRGULINO – Trabalhar?! Dessa eu tenho que rir! Tu ta é fazendo graça!
ZECA – To nada! Mas aí eu meu deitei aqui, que é pra ver se a vontade
passa...
VIRGULINO – Ah, entendi... Zeca, tu não tem é remédio...
ZECA – Melhor assim... que o que não tem remédio, remediado está! Mas me
conte, meu amigo, por que tanta exaltação? Brigaste mais Maria, caíste do
alazão?
VIRGULINO – Se fosse isso, dava um jeito, o caso é muito mais complicado! É
o desinfeliz do Coroné, que ta aqui (faz gesto) atravessado! To juntando meus
“panos de bunda”, hoje mesmo vou partir. Vou pro quinto dos infernos, mas
não fico mais aqui!
ZECA – Cuidado com o que desejas, Virgulino, pois tu podes conseguir!
VIRGULINO – Vou procurar trabalho nas terras lá do norte. Tem coroné
contratando gente, pode ser que eu tenha sorte.
ZECA – Pois acho que vai é trocar seis por meia-dúzia! Todo coroné é ruim por
natureza, seja aqui ou em qualquer lugar. Acha que quando me bate a tristeza,
também não penso em me mudar?
VIRGULINO – E é?
ZECA – E não? Penso em “picar a mula”, me arranjar em outro lugar. Trabalhar
na lavoura, colher ou plantar. Cuidar de boiada e até mesmo capinar!
VIRGULINO – Essa eu queria ver! Pois, de fato, é mais fácil tu puxar uma
cascavel pelo rabo do que arrancar um pé de mato!
ZECA – E é?
VIRGULINO – E não?
ZECA – E é assim que vai ser? Está tomada a decisão?
VIRGULINO – E seja o que Deus quiser! Aqui não fico mais não!
ZECA – E tua Maria? Vai deixar abandonada, estilhaçar seu coração?
VIRGULINO – Minha Maria vem comigo, disso eu não duvido, pois é grande o
seu amor! Do jardim é a flor mais bela, minha amiga e companheira, vai comigo
pr´onde eu for!
ZECA – Que bonito versejar! Que história comovente! Chega até apertar o
coração da gente!
VIRGULINO – E é?
ZECA – E não?
VIRGULINO – Assim é a vida e desse jeito se vai vivendo. Deixa eu chamar
Maria que já ta escurecendo!
ZECA – E vão viver de que, homem de Deus?!
VIRGULINO – Do que Deus quiser, pois Ele proverá! Sempre se arranja o que
fazer, e o que precisar eu faço! Humilde carpinteiro, valente boiadeiro ou
bandoleiro do cangaço! Pois, querendo tanger comboio, até sou bom
comboieiro. Querendo fazer sapato, até sou bom sapateiro. Querendo andar no
cangaço, até sou bom cangaceiro, que isso de se matar gente, é serviço mais
maneiro 2.
ZECA – Vai ser cangaceiro? Endoideceu? Viver sertão adentro, enfrentando a
milícia?
VIRGULINO – E o mais conhecido que se vai ter notícia! Nos quatro cantos do
sertão, de mim vai se ouvir falar e não demora nada, volto pra me vingar, pois
coroné nenhum, vai me pisotear! Agora vou andando, vou buscar meu alazão,
preparar a minha sela e encontrar Maria Bonita, debruçada na janela! E é longa
a viagem nessa selva nordestina... (faz um cumprimento ao amigo e sai)
ZECA – Só espero, Virgulino, que o ódio do teu coração, não seja tua ruína!
(entram os Contadores com os Seresteiros. Virgulino canta para Maria Bonita,
que entra em seguida)

MÚSICA “MARIA BONITA” (“Cabocla Bonita” – Folclore Brasileiro –


Nordeste)

Tu me dizes que o amor não dói


No fundo do coração
Tomo o amor e vivo ausente,
Ó Maria Bonita,
Veja lá se dói ou não...
Lalaiálaiá, lálaiálaiá...

Senhora, dona da casa,


Um favor eu vou pedir,
Meia hora de relógio,
Ó Maria Bonita,
Pro seu nego divertir...
Meia hora de relógio,
Ó Maria Bonita,
Pro seu nego divertir...
Lalaiálaiá, lálaiálaiá...

(ao final da música, ouvem-se fogos)


ZECA – Que diacho de foguetório é esse?! Por acaso é São João?
VIRGULINO – Nada disso, Zeca! É o Coroné com sua comemoração!
ZECA – E é?
VIRGULINO – E não?
MARIA BONITA – É que sua filha Julinha, acaba de chegar da capital...
ZECA – E o Coroné tinha filha na capital?!
VIRGULINO – A caçula...
MARIA BONITA – Vive lá desde criança...
ZECA – Então é por isso toda essa festança...
CONTADOR I – Se é! E voltou moça feita!
VIOLEIRO I – Dizem que é bonita como uma flor...
CONTADOR II – Uma coisinha tão perfeita...
VIOLEIRO II – Coisa mais linda que eu já vi....
VIRGULINO – Mas ta na hora, meu amigo, da gente se despedir...

2
RIBEIRO, Joaquim. Os Brasileiros. Rio de Janeiro: Pallas, 1977.
ZECA – Então da cá um abraço! (abraçam) A gente se encontra por aí! Aos
dois desejo felicidade, do fundo do coração! (vão saindo, Virgulino e Maria
Bonita)
VIRGULINO – Ainda vai ouvir muito falar de mim, Zeca... como Virgulino ou
Lampião! (saem cantando o refrão da música)
ZECA – Que a sorte siga teus passos, nos quatro cantos do sertão!
CONTADOR I - E seguiram estrada afora,
Procurando seu destino
Os dois jovens apaixonados
No mais louco desatino:
A doce Maria Bonita
E o valente Virgulino.
CONTADOR II - Mas quem ousa contrariar
A voz do coração?
Nem Maria, nem Virgulino
- o destemido Lampião –
Aquele que seria o rei
Do cangaço no sertão!
(todos cantam)
MÚSICA “MULÉ RENDERA” (“Mulé Rendera” – Folclore Brasileiro –
Nordeste)

Olé, mulé rendera... olé mulé rendá....


Tu me ensinas fazer renda...
Que eu te ensino a namorar...
Olé, mulé rendera... olé mulé rendá....
Tu me ensinas fazer renda...
Que eu te ensino a namorar...

As moças de Vila Bela


Não tem mais ocupação,
É viver só na janela
Namorando Lampião...

Olé, mulé rendera... olé mulé rendá....


Tu me ensinas fazer renda...
Que eu te ensino a namorar...

Lampião subiu a serra


Com alpargata de algodão
Alpargata pegou fogo
Quase morre, o Lampião

Olé, mulé rendera... olé mulé rendá....


Tu me ensinas fazer renda...
Que eu te ensino a namorar...

Lampião diz que não corre,


Mas correu lá da Vaginha
Deu um pulo para o lado
E saltou o almofadinha...

Olé, mulé rendera... olé mulé rendá....


Tu me ensinas fazer renda...
Que eu te ensino a namorar...
É lampa, é lampa, é lampa...
É lampa, lampa, Lampião...
Seu nome é virgulino
O apelido, Lampião...
(ao final da música, ouvem-se novamente os foguetes)
ZECA – Também vou eu, ensebar minhas canelas, afinal, se a moça é mesmo
bela, não pode ficar sem recepção... (sai, seguindo os Seresteiros e
Contadores)

CENA II

(jardim da casa do Coroné, festa animada ao som de forró.)


CORONÉ – Eita, que a alegria ta de volta. Agora tenho de novo minha Julinha.
CAPANGA – E como embonitou, a menininha...
CORONÉ – Mais respeito com minha filha! Que traz de volta a felicidade e
completa minha família.
CAPANGA – Fique tranqüilo, Coroné, sei muito bem o meu lugar, não carece
preocupação. Mas é bom se “explicar” que ta chegando gavião (aponta Zeca,
que vem entrando)
CORONÉ – Era só o que faltava! Vai me estragar a comemoração!
ZECA – Boas noites, Coroné! Isso aqui ta uma belezura, nunca vi forró mais
animado!
CORONÉ – Pois já viu, vai andando, vai saindo do outro lado... (vai levando
Zeca pelo colarinho) Afinal, pra esta festa, tu não foi convidado...
ZECA – Eita, que pelo jeito o Coroné ta aperreado.
CAPANGA – Mais respeito, seu insolente! Que eu dou na sua fuça, quebro
todos seus dentes e te deixo atordoado!
ZECA – Vixi, mal cheguei e a coisa já ta feia pro meu lado...
CORONÉ – E é bom ir fazendo rastro, sem criar nenhum embaraço, que a
festa é pra gente nobre, não é pra nenhum pé rapado!
ZECA – Falar de gente pobre, é um grande orgulho teu. Morra eu ou morra o
nobre, enterra-se o nobre e eu que depois ninguém separa o pó do rico, do
meu... 3
CORONÉ – Deixe de todo esse falatório que já ta me deixando com a pá
virada. E antes que eu transforme essa festa no seu velório, é bom ir pegando
a estrada.
ZECA – Já que pediu com tanta delicadeza...(a parte) Nunca vi gente mais
malcriada! (vai saindo e encosta-se no muro, observando a cena)
CAPANGA – E fique sabendo que se te encontrar pelas redondezas, a
confusão vai ta armada! E sou homem de cumprir o falado! (vai saindo,
acompanhando o Coroné)
ZECA – Deixa estar, seu valentão... que o que é seu ta guardado. Mas é até
melhor assim, que moça granfina, da capital, com certeza não é pra mim... e

3
FONSECA, Domingos. Violas e Repentes. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Leitura/MEC, 1972.
outra: essa tal Julinha deve ser uma baranga. Deve ter dente saliente, olhos
esbugalhados, cada qual olhando prum lado e pra terminar, tem cambito seco
feito perna de sabiá. Sendo filha desse Coroné, boa coisa não é! Mas chega de
tanto falar, o negócio é esticar as pernas que ta na hora de descansar...
(acomoda-se melhor a um canto, o som do forró vai diminuindo, indicando
passagem de tempo. Entra Julinha)
JULINHA – Que noite linda pra passear... e como se não bastasse as estrelas,
agora chega a lua pra me visitar alegrando meu coração. E quem conhece, há
de concordar que o luar é mais bonito no céu do meu sertão. (entram os
Seresteiros, cantando com Julinha)

MÚSICA “LUAR DO SERTÃO” (Catulo da Paixão Cearense)

SERESTEIROS - Não há, ó gente, ó não, luar como este do sertão...


Não há, ó gente, ó não, luar como este do sertão...
JULINHA - A lua nasce por detrás da verde mata
Mas parece um sol de prata
Prateando a solidão
E a gente pega na viola que ponteia
A canção da lua cheia
No bater do coração...
SERESTEIROS - Não há, ó gente, ó não, luar como este do sertão...
Não há, ó gente, ó não, luar como este do sertão...
JULINHA - Coisa mais linda nesse mundo não existe
Do que ouvir um galo triste
O sertão se faz luar
Parece até que a alma da lua é que canta
Escondida na garganta
Desse galo a soluçar...
SERESTEIROS - Não há, ó gente, ó não, luar como este do sertão...
Não há, ó gente, ó não, luar como este do sertão...
(os Seresteiros vão saindo)
JULINHA – Quando a noite se faz assim tão linda é porque tem presente pra
nos dar... diz o que pra mim tem reservado, linda noite de luar...? (enquanto
fala, vai caminhando na direção de Zeca, ainda dormindo. Pára quando o vê)
Meu Deus!... quem está aí deitado? Pobre coitado, adormecido ao relento!
Estará ele ferido, ou quem sabe... embriagado! (chama) Moço! Acorda, vamos!
Fique de pé!
ZECA – (levantando sobressaltado) Já vou dizendo que sou inocente, se
falaram alguma coisa, é calúnia dessa gente, eu to dizendo, Coroné! (vê
Julinha, muda de tom) Mas se é a moça que ta dizendo... eu juro que é tudo
verdade... (a parte) Meu padim padi Ciço, se eu to sonhando, só me acorde
mais tarde...
JULINHA - O moço ta bem?
ZECA – Se to!
JULINHA – Veio pra festa? Não te vi entre os convidados.
ZECA – É que eu tava ali... deitado!
JULINHA – E por que não entrou?
ZECA – Bem que eu queria, mas o Coroné me excomungou! Disse bem assim:
(imita) Essa festa é pra gente nobre, não é pra nenhum pé rapado!... chego a
pensar que ser pobre nesse mundo é pecado...
JULINHA – O meu p.... O Coroné, disse isso?
ZECA – Foi! Desse jeitinho! Só não me escorraçou antes porque não cheguei
mais cedo.
JULINHA – E o moço é pobre?
ZECA – E não!? Sou tão pobre que quando enfio a mão no bolso, só tiro os
cinco dedos... 4.
JULINHA – Mas tem alma pura e bom coração! E o que faz o homem é sua
dignidade...
ZECA – Se é a moça que ta dizendo... eu juro que é tudo verdade!...Mas a
moça é amiga da família? Nunca te vi nessas paragens.
JULINHA – Digamos que sim, estou aqui só de passagem...
ZECA – Veio ver a tal Julinha cambito de sabiá?
JULINHA – Hã?
ZECA – Nada não, bobagem minha... deixa pra lá!
JULINHA – Ta ficando tarde, melhor eu ir me deitar!
ZECA – E meu sonho ta acabando.... ta na hora de acordar!
JULINHA – Aliás, pensando bem, quem sabe amanhã podemos nos
encontrar...
ZECA – Eita sonho mais gostoso! Nunca mais quero acordar!
JULINHA – Boa noite! (vai dar um beijo em Zeca, sem querer beija na boca.
Ela sai)
ZECA – Noite mais linda não há... Eita que fiquei tão abestalhado que até o
nome da moça esqueci de perguntar!... (vai saindo)
CAPANGA – (que estava vendo a cena, de longe) E é bom nem saber, que não
vai ter do que se gabar! Pois foi cruzar um caminho que não devia cruzar. É o
caminho mais fácil pra deixar de se viver!! (sai)

CENA III

(os Seresteiros, em off, cantam o refrão da música, quando Julinha aparece à


janela, os seresteiros entram)

MÚSICA “BEIJINHO DOCE” (Nhô Pai)

SERESTEIROS - Que beijinho doce... que ele tem...


Depois que beijei ele, nunca mais amei ninguém...
JULINHA - Que beijinho doce, foi ele quem trouxe
De longe pra mim...
Se me abraça apertado, suspiro dobrado
Que amor sem fim!
SERESTEIROS - Que beijinho doce... que ele tem...
Depois que beijei ele, nunca mais amei ninguém...
JULINHA - Coração quem manda, quando a gente ama
Se estou junto dele, sem dar um beijinho
Coração reclama...

4
Ditado popular.
SERESTEIROS - Que beijinho doce... que ele tem...
Depois que beijei ele, nunca mais amei ninguém...
JULINHA – Ah, noite bonita! Mil vezes bendita, mesmo tendo me pregado uma
peça. Pois fui ganhar de um desconhecido, um beijo descuidado, que deixou
minh´alma em festa. (fecha a janela, os Seresteiros vão saindo ainda cantando
o refrão)

CENA IV

(entra Zeca, assoviando o refrão de Beijinho Doce. Senta a um canto. O


Capanga observa a cena, á distancia)
CAPANGA – Toda essa felicidade chega a me irritar! Mas tem nada não! Que
logo logo ela vai acabar, pois ela se vai do mesmo jeito que vem. E se a moça
não pode ser minha, não vai ser dele também! (entra Julinha, apressada, fala
para Zeca)
JULINHA – Bom dia!
ZECA – Lindo dia!
JULINHA – Desculpe a minha pressa, mas tenho que ir até a cidade e só volto
no fim da tarde. Mas tome aqui esse recado, leia com cuidado hora e local
combinado pra de noite me encontrar... (beija Zeca e sai)
ZECA – Pois onde quer que seja, vou estar esperando tu chegar...
CAPANGA – (a parte) To achando que o dia hoje é só pra me aperrear!
ZECA – (lendo) Pouco antes da meia-noite, quando todos já foram se deitar,
estarei te esperando junto ao muro do pomar. Ass. Julinha! Eita, que é a filha
do Coroné. Se o dito cujo fica sabendo eu to é lascado!
CAPANGA – (a parte) Preocupa não que o plano vai ser mudado... (para Zeca)
Ta pensando que é dia santo pra ficar de vadiagem?
ZECA – Parei só um bocadinho, pra admirar a paisagem.
CAPANGA – Te conheço muito bem! Deixe de molecagem! Antes que eu te dê
uma coça que é pra não perder a viagem!
ZECA – Tu é metido a valentão, mas não me bota medo não!
CAPANGA – O que? Ta me desafiando?
ZECA – E só não te dou uma lição agora porque eu to é trabalhando!...
CAPANGA – Ta é com graça pro meu lado!
ZECA – Pois digo que não! Me encontre de tardinha, na curva do ribeirão se
tiver duvidando!
CAPANGA – Com muito prazer! Pois já ta marcado! Só não garanto que de
noite ainda vai estar respirando... (vai saindo)
ZECA – Pois garanto que vou... (tira o bilhete do bolso) E é nos braços da
minha Julinha, que vai estar me beijando!... Mas agora vou andando, tenho que
conseguir um rojão! E chamar meu amigo Chico Peba pra me dar uma mão
nessa minha empreitada, que minha vida, depois disso, vai ser mais
sossegada! (sai. Entram os Contadores)
CONTADOR I - E nossa história continua
Vai desse modo caminhando...
Enquanto Zeca, pela estrada,
Vai seu plano maquinando
O Capanga, seu rival,
Também vai se preparando!
CONTADOR II - Vamos dar prosseguimento
Pra ver no que isso vai dar
O sol já vai se pôr
E o duelo vai começar
Fica esperto todo mundo
Pra ninguém se atrasar!

CENA V

CAPANGA – (entrando) Mas é hoje que eu acerto o passo desse frangote, vou
deixar todo marcado com uma surra de chicote, pois to feito cobra venenosa
pronta pra dar o bote.
ZECA – (entrando) Vamos ver se vai cumprir, tudo que tem falado, pois só de
olhar pra tua fuça eu já fico aperreado. Tanto me insultou, que hoje eu to “caba
danado”!
CAPANGA – Pois então comece a rezar, se quer tua alma salvar! Pois é na
ponta do meu punhal que acabo com esse duelo! (faz gesto de pegar o punhal)
ZECA – Se eu fosse tu, guardava isso e me pegava com “padim padi Ciço”,
pois ta na mira de cinco “papo-amarelo”.
CAPANGA – (desconfiado, olhando para os lados) Que ta dizendo?...
ZECA – Que, mesmo não podendo ver, tem cinco camaradas com a
espingarda engatilhada apontando pra vosmecê!
CAPANGA – Tu ta é com armada pro meu lado...
ZECA – Daqui pra frente, vai ser tudo diferente, é melhor tomar cuidado! E é
bom não se esquecer, que qualquer coisa que me acontecer, tu vai ta é
fuzilado!
CAPANGA – Tu ta é muito enganado, se ta achando que eu vou cair nesse teu
jogo... (ameaça)
ZECA – Se é assim que deseja! O meu sinal agora é dado: (faz sinal com o
braço) Podem abrir fogo! (ouve-se os rojões. Capanga se abaixa, gritando com
gestos espalhafatosos e cômicos)
CAPANGA – Misericórdia! Ai, que eu to morto!!
ZECA – E se ainda tem algum juízo, se põe daqui a correr, que isso foi só um
aviso, pra não se esquecer desse “caba danado”.
CAPANGA – (saindo) Eita, se sangue fede eu to todo ensangüentado!
ZECA – (rindo) Isso, corre...corre caba frouxo dos seiscentos diabos!
CHICO PEBA – (entrando com o rojão na mão) Pelo que vejo esse valentão já
ta amansado!
ZECA – E correndo assim, desembestado, quando amanhecer já vai é ta em
outro estado... (riem)
CHICO PEBA – Com esse Capanga, pode ficar sossegado, companheiro...
ZECA – É, meu amigo Chico Peba, só tenho a dizer muito obrigado, pois seu
tiro foi certeiro! (saem rindo)
CONTADOR I - Depois de pregar uma peça
No Capanga valentão,
Nosso amigo se prepara
Pra encontrar sua paixão,
Pois de longe da pra ouvir
Os tum-tuns do coração.
CONTADOR II - E é assim que vai batendo
O coração apaixonado
Pro encontro já saiu
Meia hora adiantado
Pra esperar a tal Julinha
E ficar bem do seu lado.
CONTADOR I - Meia noite já passou
E o coração acelerado
Com certeza vai sofrendo
Até ficar desconsolado
Em pensar que seu amor
De idéia tinha mudado.
CONTADOR II - Enquanto isso, no seu quarto
Que tava todo perfumado
Julinha esperava
Pelo horário marcado
Sem saber que seu relógio
Tinha sido atrasado! (saem)

CENA VI

(Zeca entra, ao som de viola, cantando a música acompanhado dos


Seresteiros)

MÚSICA “VIOLA QUEBRADA” (Mário de Andrade)

ZECA - Quando à brisa, no açoite, a flor da noite se curvou


Fui me encontrar, com Julinha, meu amor...
Eu tive n´alma o choque duro, quando ao muro já no
escuro
Meu olhar andou buscando o rosto dela e não achou...
SERESTEIROS - Minha viola gemeu...
Meu coração estremeceu...
Minha viola quebrou...
Teu coração me deixou...
ZECA - Por causa dela eu sou rapaz muito capaz de trabalhar
O dia inteiro e a noite inteira capinar...
Eu sei carpir porque minh´alma ta arada e loteada
Capinada co´as foiçada dessa luz do teu olhar...
SERESTEIROS - Minha viola gemeu...
Meu coração estremeceu...
Minha viola quebrou...
Teu coração me deixou...(Zeca sai, entra Julinha pelo outro
lado)
JULINHA - Quando à brisa, no açoite, a flor da noite se curvou
Fui me encontrar, com meu amado, meu amor...
Eu tive n´alma o choque duro, quando ao muro já no
escuro
Meu olhar andou buscando o rosto dele e não achou...
SERESTEIROS - Minha viola gemeu...
Meu coração estremeceu...
Minha viola quebrou...
Teu coração me deixou...
JULINHA - O meu amado resolveu, pra gosto seu, me abandonar
Meu coração, por que foi se apaixonar?
E eu vou sofrer essa tristeza no meu peito a noite inteira
Nem a lua que é tão bela, vai poder me consolar...
SERESTEIROS - Minha viola gemeu...
Meu coração estremeceu...
Minha viola quebrou...
Teu coração me deixou...
JULINHA – (recitando) Se vai a noite, enfim!
Com a lua cor de prata
E o sossego de sonhar!
Se faz noite em mim!
E o silêncio faz serenata
Pr´as estrelas cintilando
Insinuosas de se amar!
E as estrelas se derramando
São saudades resvalando
No pranto do meu olhar! 5 (vai saindo)
SERESTEIROS - Minha viola gemeu...
Meu coração estremeceu...
Minha viola quebrou...
Teu coração me deixou... (saem)

CENA VII

(entrando, Coroné, depois o Capanga)


CAPANGA – Bom dia, Coroné!
CORONÉ – Que bom dia o que! Bom dia coisa nenhuma!
CAPANGA – Vixi que o Coroné hoje amanheceu com os azeites. Chega ta
soltando espuma...
CORONÉ – Amanheci! E se tu continuar me aperreando, vou te baixar o
cacete!
CAPANGA – Calma, Coroné, que eu queria apenas dar um recado...
CORONÉ – Pois ande logo! Tenho muito o que fazer, além de descobrir o filho
duma égua que pôs o relógio de minha casa duas horas atrasado! (Capanga
disfarça) Qual é o recado?
CAPANGA – Bem, é sobre sua filha Julinha mais o tal de Zeca, o caba
danado...
CORONÉ – Mas o que ta dizendo? Desembucha logo que esse causo ta mal
contado...
CAPANGA – É que eu andei vendo os dois de conversinha...
CORONÉ – O “calango” mais Julinha?
CAPANGA – É Coroné... vim avisar o senhor pra tomar alguma precaução...
CORONÉ – Não me falta mais nada! Mas é agora mesmo que eu acabo com
esse namorico de portão!
CAPANGA – Que o Coroné ta pensando em fazer?
CORONÉ – Vou é capar o desgramado no gume do meu facão!

5
Fragmento da poesia “Despedida” (Alexssandro Silva)
CAPANGA – (a parte) Eita que eu vou ta é lascado!... (para o Coroné) Calma
Coroné, não faça isso não...
CORONÉ – Será que to ouvindo bem? Ta defendendo o gavião?
CAPANGA – É que o caso é meio complicado e exige reflexão!
CORONÉ – É melhor se explicar rapidinho, que já ta virando confusão! (Julinha
entra, sem ser vista e fica ouvindo a conversa)
CAPANGA – Acontece que o “caba” é cheio de amigo e qualquer coisa que
acontecer a ele, o pessoal vai ficar revoltoso. Então o Coroné matuta aqui
comigo que é mais negócio se livrar dele com um plano mais engenhoso...
CORONÉ – Onde ta querendo chegar?
CAPANGA – Digo que tenho um plano e o Coroné pode descansar. Se me der
sua permissão, já vou tudo arranjar.
CORONÉ – Se ta dizendo que esse negócio vai mesmo funcionar... ta
autorizado.
CAPANGA – Pois deixe comigo que já ta tudo tramado: de tardinha, pouco
antes de escurecer, o Coroné, como quem não quer nada, vai o moço
surpreender. Diz que ficou sabendo do “namorico de portão” e exigir do infeliz,
alguma explicação. Surpreso como vai ta, não vai ter o que falar, mas atrevido
que é, vai “peitar” o Coroné”. O senhor então não se faça de rogado, deixando
nesse instante, na presença de todo mundo, um desafio lançado: dois pedaços
de papel, “absolvido” e “condenado” 6. Se é mesmo “caba danado” e puder
contar com a sorte, ele casa com Julinha e o assunto fica esquecido. Mas se
for “condenado”, pra poder se livrar da morte, vai-se embora com sua trouxinha
e fica tudo resolvido.
CORONÉ – Mas se o infeliz pegar o “absolvido”? Aí eu vou ta é lascado!
CAPANGA – Quanto a isso não tem perigo, pois os dois “papel” vai ta
“condenado”....
CORONÉ – Acho que já entendi o recado... qualquer um que ele pegar, vai ta é
bem arranjado! Vou cuidar do que fazer e tu, deixa tudo preparado, pra quando
escurecer pôr em prática o plano combinado. (sai)
CAPANGA – Não carece preocupação, o Coroné pode ficar sossegado...
(sozinho) Confesso que essa tramóia foi melhor do que o relógio atrasado. (sai
rindo)
JULINHA – Então o Capanga está com meu pai mancomunado? Foi Deus
quem me pôs aqui em boa hora, mas vou correndo e sem demora, pois o Zeca
precisa ser avisado. (sai)

CENA VIII

(Zeca entra, em seguida Julinha)


JULINHA – Que bom te encontrar! Pare o que está fazendo e ouve o que vou
te falar...
ZECA – Não carece se aperrear... acho que já to de tudo sabendo, não precisa
de explicar.
JULINHA – Ouve primeiro. Não precisa acreditar, mas preste muita atenção no
que vou te contar. (Zeca pára e escuta) Não sei como ficou sabendo do plano
combinado, mas o Capanga do meu pai, já tinha tudo tramado, deixando o
relógio da minha casa, duas horas atrasado. Isso fez tu pensar que eu, sem te

6
“Absolvido e Condenado”, argumento inspirado num conto universal.
avisar, havia o encontro cancelado. Agora, ao ouvir o que conversavam, quase
perdi a voz, pois falavam de nós e contra tu, um plano estão tramando. Então
agora escuta, preste muita atenção: logo meu pai vai te procurar, querendo
explicação e só por diversão vai um desafio lançar, de casar comigo se for
absolvido e a sua morte (ou banido) se não tiver sorte e for condenado.
ZECA – Ora, não tenho medo de correr perigo quando sou desafiado e posso
até casar contigo se a sorte estiver do meu lado...
JULINHA – (abraçando Zeca) Mesmo não estando comigo, meu coração já é
teu... mas não corra esse perigo, pois em qualquer papel tu estará
“condenado”!
ZECA – (pensando) Tudo quanto é verde, seca... água corrente se acaba...
Mas amor firme não se deixa e quem ama nunca se enfada! 7 Pois eu te digo
que não tem perigo nessa empreitada. Porque o destino ninguém muda e o
meu já ta traçado e como sou “caba danado”, saio dessa com vida e com o
meu amor bem do meu lado... (beija Julinha, entra o Coroné com o Capanga)
CORONÉ – Mas o que é isso que eu to vendo?
JULINHA – Calma meu pai, não é o que ta parecendo....
CORONÉ – Ora! E como não é? Que eu caia morto nesse instante, dum infarto
fulminante, se esse caba não tava lhe beijando!
ZECA – Pois lhe digo, Coroné, por tudo que é mais sagrado, mesmo não sendo
do seu agrado, sua filha eu to amando!
CORONÉ – Ai que aperto no peito! Dessa não escapo, não tem jeito... é a
morte que está me levando!
ZECA – Deixe disso, Coroné, que a situação não é pra tanto!
CORONÉ – E ainda faz gracejo, se fazendo de santo? Pois moleque assim
atrevido, merece é ser punido pra aprender uma lição.
JULINHA – Meu pai, se acalme, pense no que vai fazer, pois com certeza deve
haver alguma outra solução... (vão entrando várias pessoas)
CORONÉ – (pensa) Pra não cometer nenhum desatino, porque é minha filha
que ta pedindo, vou lhe dar uma opção...
ZECA – Pois diga o que foi pensado que eu aceito a condição.
CORONÉ – Fica então, um desafio lançado, tendo os senhores como
advogados (aponta as pessoas), preste muita atenção: vai ser agora preparado
dois pedaços de papel, “absolvido” e “condenado”. Um, ao acaso, vai ser
retirado e com Julinha vai ta casado se este for o “absolvido”. Mas...
ZECA – Mas?...
CORONÉ – Se não puder contar com a sorte, seu castigo vai ser a morte se,
por acaso, “condenado” for o escolhido. (comentários das pessoas)
JULINHA – Meu pai! Enlouqueceu? O senhor não deve estar em seu juízo
perfeito...
CORONÉ – Pois é assim que vai ser! É essa a condição e vai ser do meu jeito!
(faz sinal para o Capanga, que sai) Mas pra que não pense, minha filha, que
não tenho coração, ofereço ao rapaz uma outra salvação: sair daqui na carreira
sem nem mesmo olhar pra trás, provando que era brincadeira o que dizia ser
paixão. (volta o Capanga)
ZECA – O desafio ta aceito! Pois eu sou “caba danado” nunca antes
encontrado nessas bandas do sertão. E o amor que sinto por Julinha, só vai
sair do meu peito se me arrancar o coração.

7
RIBEIRO, Joaquim. Os Brasileiros. Rio de Janeiro: Pallas, 1977.
JULINHA – Ouça a voz da razão! Se me ama como está dizendo, não me deixe
assim sofrendo, pois se algo lhe acontecer, de tristeza vou morrer, por não
suportar tanta dor.
ZECA – Eu sei o eu to fazendo, tu só tem que acreditar no meu amor...
CORONÉ – Pois então, “caba danado”, teu destino ta traçado, basta saber o
que ele tem te reservado... (Capanga mostra uma bandejinha com dois
pedaços de papel. Zeca, lentamente pega um papel, criando um clima de
suspense, colocando-o na boca e engolindo).
CAPANGA – Mas que diabos está fazendo?
ZECA – Comendo o papel escolhido...
JULINHA – (pegando o outro e abrindo) E este, como os senhores estão
vendo... (mostra) é o “condenado”, tendo o meu amado, escolhido o
“absolvido”. (todos comemoram. Coroné e Capanga se olham, atônitos)
ZECA - E pra comemorar o acontecido,
Ta todo mundo convidado
Pra festa de noivado!
Com bebida e rastapé,
Um forró bem animado
Na casa do Coroné! (todos festejam)
CORONÉ – Eita que eu to bem arranjado! (sai furioso)
CONTADOR I - Fica então o nosso causo
Pros senhores bem contado
O perrengue que existia
Também já foi acertado
Esperando que todo mundo
Da história tenha gostado. (ouve-se forró ao fundo)
CONTADOR II - A gente pede licença
Mas ta na hora de partir
Viola, sanfona e zabumba
Já da pra se ouvir
E antes de raiar o dia
Ninguém arreda daqui!
CONTADOR I - Que a festança vai ser boa
Até calango vai dançar
Bota o chinelo de dedo
Nem precisa se perfumar
S´embora todo mundo
Que o forró vai começar!
CONTADOR II - O que assistiram aqui
Vai ficar registrado
No cantinho do coração
E no sorriso que foi dado
Durante “A Peleja do Coroné
Contra o Caba Danado”!... (saem. Ainda em cena,
Capanga)
CAPANGA – Mas não é que o infeliz é mesmo “caba danado”! E dele o sertão
inteiro vai ouvir falar... nas histórias desses “contador”, que nunca vai se
acabar... Só quando Deus enganar gente,
Passarinho não voar...
A viola não tocar!
Quando o atrás for na frente
No dia que o mar secar
Quando prego for martelo,
Quando cobra usar chinelo
Cantador vai se calar... 8 (todos entram para a música de encerramento)

MUSICA DE ENCERRAMENTO – (“Boi de Mamão” – Folclore Brasileiro -


SC)

Boa noite meus senhores


Eu quero todos saudar
Aqui está a nossa trupe
Para se apresentar...

Olé olé, ai, chegou a hora...


Vai terminar, a nossa história...

Todos que aqui estão,


Digam, digam se está certo
Digam seu nome direito
Cada qual ganha seu verso

Olé olé, ai, chegou a hora...


Vai terminar, a nossa história...

Eu quero pedir desculpas


A todos que aqui estão
Se não estiver de acordo
Não é minha profissão...

Olé olé, ai, chegou a hora...


Vai terminar, a nossa história...

8
Apresentação do livro “O Reizinho Mandão” de Ruth Rocha.

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