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A BABÁ

3 personagens

Babá – (chegando) Babá! Babá chegando!


Patroa – (atendendo) Sim,boa tarde.
Babá – Boa tarde. Foi a senhora que colocou o anúncio pedindo uma babá?
Patroa – Não, não fui eu.
Babá – Ah, não foi?
Patroa – Não, foi meu marido que colocou. Aquele dia eu não podia sair porque o nenê
chorava muito.
Babá – Bem, eu sou uma babá.
Patroa – Que tipo de babá você é?
Babá – Babá de nenê.
Patroa – Sim, mas que tipo de babá de nenê?
Babá – Morena, 60kg, 1,65m de altura, sapato 36 e meia tamanho único.
Patroa – Não, o que é que você sabe fazer?
Babá – Bem, eu sei nadar, sei patinar, sei andar de bicicleta, sei fazer tricô, sei assobiar...
Patroa – Não, o que é que você sabe fazer com o nenê?
Babá – Ah, com o nenê?
Patroa – É, com o nenê;
Babá – Sei trocar fraldas, fazer mamadeira, dar chazinho, levantar o nenê para arrotar, botar
talco nas brotoejas, sei tudo. Eu sou babá.
Patroa – Está bem. E quando você pode começar?
Babá – Neste instante. Eu já vim para começar.
Patroa – Então eu vou lhe mostrar o nenê.
Babá – Está bem.
Patroa – Ele está no carrinho. (dá um grito pavoroso) Ai!
Babá – O que foi?
Patroa – O nenê sumiu?
Babá – Como sumiu? Nenê não pode sumir.
Patroa – Sumiu! O nenê estava no carrinho e não está mais.
Babá – É, aqui não tem nenê nenhum.
Patroa – (corre pelo palco inteiro) Socorro! Roubaram o meu nenê! Socorro! Polícia! O nenê
sumiu! O nenê! O nenê!
Babá – (corre atrás e vai repetindo tudo que a patroa grita. As duas entram novamente)
Patroa – Eu quero o meu nenê!
Babá – A senhora se acalme! Uma aguinha para acalmar! ( pausa) Mas onde estava o nenê?
Patroa – Aqui no carrinho. Eu deixei ele quietinho dormindo.
Babá – Quando?
Patroa – Quando voltei do passeio.
Babá – Que passeio?
Patroa – Fui passear no parque com o carrinho.
Babá – Com o carrinho vazio?
Patroa – Não, o nenê estava dentro do carrinho.
Babá – A senhora tem certeza?
Patroa – É claro que eu tenho certeza.
Babá – E no parque a senhora tirou o nenê do carrinho?
Patroa – Sim, sentei no banco e peguei o nenê no colo.
Babá – E depois?
Patroa – Depois eu comprei um sorvete do sorveteiro que passou.
Babá – (reproduzindo esquematicamente em mímica) De onde tirou o dinheiro?
Patroa – Do bolso.
Babá – Com o sorvete na mão?
Patroa – Sim.
Babá – Sem largar o nenê?
Patroa – Sim, segurando o nenê com braço direito e o sorvete com a mão esquerda.
Babá – Impossível. A senhora tem que ter largado o nenê!
Patroa – Eu não larguei.
Babá – Largou sim senhora. Assim, ó (demonstra metodicamente) O banco. A senhora. O
carrinho. O nenê. (pega algo para representar o nenê) O sorvete. Para pegar o dinheiro, a
senhora largou o nenê. A senhora estava na ponta ou no meio do banco?
Patroa – Na ponta.
Babá – (demonstrando) Então a senhora largou o nenê no chão. (atira o ‘nenê’ no chão )
Pagou. E ficou comendo o sorvete sentada no banco. Oh, que sorvete bom! É de morango.
Ai, que coisa boa! E o nenê ali, atirado na grama. Todo embarrado, em cima do cocô de
pomba.
Patroa –Não, eu não me lembro de ter atirado o nenê no barro. Deixa eu ver. O sorvete. O
dinheiro. Atiro o nenê... (um grito pavoroso) Ai! Meu nenê! (sai correndo pelo palco todo
gritando) Joguei meu nenê fora! Socorro! Atirei meu nenê no barro! (a babá corre atrás
repetindo tudo) Eu sou uma desgraçada! Assassina de nenê! Me matem! Me matem!
(no meio da gritaria elas se encontram com o marido que vem tranqüilo com o nenê no colo)
Patroa – O que é isso que você carrega?
Marido – O nenê!
Patroa – Morto?
Marido – Não, vivo!
Babá – Cheio de barro?
Marido – Não.
Patroa – Com cocô de pomba?
Marido – Não, de bunda limpa.
Babá – (furiosa) Por que o nenê está com você e não no carrinho?
Marido – Porque eu tirei ele do carrinho e fui passear com ele.
Babá – Me dá este nenê! (atira o nenê no chão) Desgraçado. (esbofeteia o marido e grita. A
patroa, quando o nenê é jogado ao chão, cai desmaiada) Bandido. Cretino. Comedor de
nenê!
A CARTA
2 personagens

Carteiro – (batendo a porta) Carteiro! Carteiro chegando!


Madalena – (chegando) Ah, bom dia. Como vai o senhor?
Carteiro – Muito bem, e a senhora?
Madalena – Também muito bem. Que notícias o senhor me traz?
Carteiro – Ainda não sei. Só vou saber depois que a senhora abrir a carta.
Madalena – Ah, que bom! Tem carta para mim, é?
Carteiro – Sim, aqui está a sua carta. (entrega a carta)
Madalena – (lendo) Para a senhora Lilian Parker. Rua 47 número 123. (desapontada)
Não é para mim. O senhor vai ter que levar de volta.
Carteiro – Ué, mas aqui não é o número 123?
Madalena – É.
Carteiro – E a rua não é a 47?
Madalena – É.
Carteiro – Então a carta é para cá.
Madalena – Não, não é.
Carteiro – O seu nome não é Lilian Parker?
Madalena – Não, eu me chamo Madalena.
Carteiro – E quem é a dona Lilian Parker?
Madalena – É a minha mãe.
Carteiro – Pois então, a senhora pega a carta e entrega para a sua mãe.
Madalena – Eu não posso.
Carteiro – Por quê?
Madalena – Ela não está.
Carteiro – Quando ela chegar a senhora entrega a carta.
Madalena – Ela não vai chegar.
Carteiro – E eu posso saber por que ela não vai chegar?
Madalena – Porque ela não mora aqui,
Carteiro – Então, a senhora, dona Madalena, pega a carta e entrega quando for visitar a sua
mãe, a dona Lilian.
Madalena – Mas eu não vou visitar a minha mãe. Ela que esteve me visitando.
Carteiro – Bom, eu vou deixar a carta e a senhora resolve o que vai fazer com ela. (vai
saindo)
Madalena – Não, não, não. O senhor volte aqui. (lendo) O remetente é Gregory Parker, meu
pai e marido de minha mãe Lilian.
Carteiro – Sim, e daí?
Madalena – E daí que a minha mãe passou uns dias me visitando e meu pai escreveu para ela.
A carta atrasou e ontem ela já voltou para a cidade dela.
Carteiro – Nesse caso, a senhora pega esta carta e manda de volta pelo correio para a sua
mãe.
Madalena – Não pode. O senhor quer ver por quê?
Carteiro – Sim.
Madalena – O senhor entre aqui. Eu vou lhe mostrar. O senhor sente aqui. O senhor
imagine a situação. O senhor é meu pai. Eu sou a minha mãe. Esta é a casa deles e esta é a
carta chegando lá. O carteiro enfia debaixo da porta. (coloca a carta no chão perto da porta.
Ele muito contrafeito. Ela cantarola disfarçando, fingindo não ver a carta) Gregory querido,
uma carta!
Carteiro – Sim, uma carta.
Madalena – Vamos ver para quem é (pega a carta) Lilian Parker. É para mim, Gregory.
Vamos ver quem me mandou. Gregory Parker. Foi você quem mandou. Gregory, você ficou
maluco?
Carteiro – Por quê?
Madalena – Por que é que você me escreveu uma carta se nós moramos na mesma casa? Por
quê? Por que, hein? Fale, Gregory!
Carteiro – Eu não sei.
Madalena – Então você não é maluco, você é um estúpido! Escreve uma carta para a
mulher com quem vive há 42 anos e não sabe por quê?
Carteiro – É, acho que sou muito estúpido mesmo. Quem sabe você não lê a carta, para nós
sabermos o que eu escrevi a você.
Madalena – (abre e lê) “Querida Lilian: espero que esteja se divertindo na sua viagem.” (para
ele) Estúpido, que viagem se eu estou em casa?
Carteiro – Não sei, continue lendo.
Madalena – (lendo) “Tenha cuidado com a sua filha Madalena. Ela é uma megera!” (para
ele) Papai, como é que o senhor diz uma coisa dessas de mim? (esbofeteia o carteiro)
Carteiro – Dona Madalena, eu não sou seu pai. Eu sou o carteiro!
Madalena – O senhor é papai e eu sou mamãe! (lendo) “Abra o olho como marido de nossa
filha: ele é um vagabundo e ladrão.” (para ele) Papai, como o senhor é cretino! (surra o
carteiro) Cínico! Cretino! Mentiroso! Saia da minha casa! Não volte nunca mais! E Leve a
carta!
AÍ VEM O TEMPORAL
2 personagens

(Ventania, trovoadas, chuva, vendaval, raios, barulho de rua, buzinas, travadas, batidas de
carros, conversas, gritos etc.)

Simon – Mas que ventania! Eu não disse que você tinha que trazer o seu guarda-chuva?
Olha aí, já começou a chover! E agora nós só temos o meu guarda chuva!
Babett – De que adianta um guarda-chuva nesse vento, Simon?
Simon – Fica quieta e segura o pacote! (ela vai pegar pelo cordão) Não, pelo cordão
não. Vai desamarrar.
Babett – Não vai desamarrar! (pega o cordão que desamarra e o pacote cai no chão)
Simon – Viu? Eu disse! Pega esse pacote de uma vez, senão vai molhar!
Babett – Me dá o guarda-chuva! E pega meu chapéu, que vai voar.
Simon – Chapéu não voa, Babett!
Babett – Pega o meu chapéu, Simon!
Simon – Já peguei! Agora junta o pacote!
Babett – Toma o guarda-chuva que eu vou juntar o pacote.
Simon – Toma o chapéu que eu junto o pacote.
Babett – Para, para, para! Vamos decidir quem pega o que.
Simon – Estou parado.
Babett – Uma tempestade horrorosa destas e nós parados no meio da rua!
Simon – Babett, se nós estivéssemos dentro de casa, a tempestade seria exatamente igual.
Babett – Claro, Simon, mas nós estaríamos secos.
Simon – Se você abrisse o guarda-chuva nós estaríamos secos.
Babett – Então abre o guarda-chuva!
Simon – Como, Babett? Estamos no meio de um tufão!
Babett – É mesmo! Está relampejando. Vem aí um temporal!
Simon – Quem é que vem?
Babett – Surdo! Eu disse que vem vindo um temporal.
Simon – Quando?
Babett – Agora!
Simon – A que horas?
Babett – Imediatamente! Já está trovejando.
Simon – Deixa trovejar. Trovão não perigoso. O raio sim. Do trovão a gente se protege, mas
contra o raio não há defesa.
Babett – É???
Simon – Claro, Babett. Se o raio lhe pega, você vira carvão.
Babett – Vamos escapar daqui antes do raio! Lá vem o ônibus 13.
Simon – Ah, não. O 13 eu não pego. Dá azar. (passa o ônibus 13)
Babett – Pronto, lá vem o 28, que também serve. (passa o 28) Lotado! Simon, faça alguma
coisa, eu estou encharcada.
Simon – O que é muito lógico. É impossível ficar seco na chuva.
Babett – Então vamos para casa! Vamos ser razoáveis.
Simon – As pessoas razoáveis foram para casa antes do temporal. Mas você não é do tipo
razoável.
Babett – Como?
Simon – Se você fosse razoável, já teria colocado o seu chapéu. Pelo menos a sua cabeça
estaria seca.
Babbet – E por que é que você não abre o guarda-chuva?
Simon – Porque agora já estou todo molhado.
Babbet – Agora que já estamos molhados, podemos ir para casa a pé.
Simon – Então pega o pacote e vamos.
Babbet – Enfim, tudo resolvido. (saem caminhando com o guarda-chuva fechado)

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