Você está na página 1de 7

EXTO: PLUFT, O FANTASMINHA - MARIA CLARA MACHADO - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Texto: PLUFT, O FANTASMINHA

Um ato

PERSONAGENS:

Três marinheiros amigos: Sebastião, Julião e João.

Mãe Fantasma

Pluft, o fantasminha

Gerúndio, tio do Pluft

Perna de Pau, marinheiro pirata

Maribel, menina

PRÓLOGO

        O prólogo se passa à frente da cortina. Pela esquerda surgem os três amigos, cantando. O da frente é Sebastião, o
mais corajoso. Leva um toco de vela aceso ou um lampião. Segue-se Julião, segurando uma garrafa. Por fim, João,
segurando um mapa. Deve-se ouvir a canção antes de avistá-los. [...]

        Quando aparecerem no palco, devem estar acabando o canto.

        [...]

ATO ÚNICO

CENÁRIO

        Um sótão. À direita, uma janela dando para fora, de onde se avista o céu. No meio, encostado a parede do fundo, um
baú. Uma cadeira de balanço. Cabides, onde se veem, penduradas, velhas roupas e chapéus. Coisas de marinha. Cordas,
redes. O retrato velado do capitão Bonança. À esquerda, a entrada do sótão.

        Ao abrir o pano, a Senhora Fantasma faz tricô, balançando-se na cadeira, que range compassadamente. Pluft, o
fantasminha, brinca com um barco. Depois, larga o barco e pega uma velha boneca de pano. Observa-a por algum tempo.

PLUFT – Mamãe!

MÃE – O que é, Pluft?


PLUFT (sempre com a boneca de pano) – Mamãe, gente existe?

MÃE – Claro, Pluft, claro que gente existe.

PLUFT – Mamãe, eu tenho tanto medo de gente! (Larga a boneca.)

MÃE – Bobagem, Pluft.

PLUFT – Ontem passou lá embaixo, perto do mar, e eu vi.

MÃE – Viu o quê, Pluft?

PLUFT – Vi gente, mãe. Só pode ser. Três.

MÃE – E você teve medo?

PLUFT – Muito, mamãe.

MÃE – Você é bobo, Pluft. Gente é que tem medo de fantasma e não fantasma que tem medo de gente.

PLUFT - Mas eu tenho.

MÃE – Se seu pai fosse vivo, Pluft, você apanharia uma boa surra com esse medo bobo. Qualquer dia desses eu vou te
levar ao mundo para vê-los de perto.

PLUFT – Ao mundo, mamãe?!!

MÃE – É, ao mundo. Lá embaixo, na cidade...

PLUFT (muito agitado, vai até a janela. Pausa) – Não, não, não. Eu não acredito em gente, pronto...

MÃE – Vai sim, e acabará com essas bobagens. São histórias demais que o tio Gerúndio conta pra você. Pluft corre até um
canto e apanha um chapéu de almirante.

PLUFT – Olha, mamãe, olha o que eu descobri! O que é isto?!

MÃE – Isso tio Gerúndio trouxe do mar. Pluft, fora de cena, continua a descobrir coisas, que vai jogando em cena: panos,
roupas, chapéus etc.

PLUFT – Por que tio Gerúndio não trabalha mais no mar, hem, mamãe?

MÃE – Porque o mar perdeu a graça para ele... [...]

MACHADO, Maria Clara. - Pluft, o fantasminha. O Dragão Verde: o teatro de Maria Clara Machado. São Paulo: Companhia
das Letrinhas, 2001.

Entendendo o texto:

01 – O que o título da peça nos permite antecipar?  

      Conta a história de um fantasminha.

02 – Que personagens contracenam:

a)   No prólogo?

Sebastião, Julião e João.

b)   No início do ato único?

Mãe fantasma e Pluft o fantasminha.  


03 – O que nos permite saber onde se passa o prólogo, quem contracena nele, o que fazem, como se movimentam os
personagens ...?

      O prólogo se passa à frente da cortina. Pela esquerda surgem os três amigos, cantando. O da frente é Sebastião, o
mais corajoso. Leva um toco de vela aceso ou um lampião. Segue-se Julião, segurando uma garrafa. Por fim, João,
segurando um mapa. Deve-se ouvir a canção antes de avistá-los. [...]

04 – Além do local onde se passa a cena inicial do ato único e de como deve ser o cenário, a rubrica antes do ato indica a
movimentação dos personagens que participam dela. O que fazem eles, antes de iniciar o diálogo?

      A mãe fantasma, faz tricô e o Pluft o fantasminha brinca com o barco.

05 – No diálogo que mantém com a mãe, percebe-se um sentimento de Pluft, o fantasminha, com relação às pessoas.
Que sentimento é esse?

      Ele tem medo de gente.

06 – Transcreva do texto a opinião da mãe com relação ao sentimento que o filho revela.

      Você é bobo, Pluft. Gente é que tem medo de fantasma e não fantasma que tem medo de gente.

07 – Na fala da mãe “Qualquer dia desses eu vou te levar ao mundo para vê-los de perto.”, a que se refere o
vocábulo “los”, em destaque?

      Refere-se a todas as pessoas.    

08 – Ao saber da intenção da mãe de levá-lo ao mundo, Pluft reage, dizendo “Ao mundo, mãe?!!”. Que efeito tem o uso
dos dois sinais de exclamação, após o de interrogação.

      O renunciador pretende realizar uma pergunta carregada de emoção.

09 – A rubrica “(muito agitado, vai até a janela. Pausa)”, além de indicar a reação de Pluft ao ouvir a mãe dizer que vai
levá-lo ao mundo, à cidade, traz a palavra “Pausa”. O que indica essa palavra na rubrica?

      Ele fica parado e olhando o mundo pela janela.

10 – Na fala de Pluft “Não, não, não. Eu não acredito em gente, pronto...”, que efeito tem a repetição do não?

      De afirmar o pensamento dele com relação as pessoas.

11 – Observe a seguinte passagem do texto e identifique a que se referem os vocábulos em destaque.

“Pluft corre até um canto e apanha um chapéu de almirante.

PLUFT – Olha, mamãe, olha o que eu descobri! O que é isto?!

MÃE – Isso tio Gerúndio trouxe do mar.”

      Refere-se a um chapéu de Almirante.

12 – Na explicação que dá ao filho sobre o motivo pelo qual o tio não trabalha mais no mar, “Porque o mar perdeu a
graça para ele...”, o que a mãe quis dizer com a expressão em destaque?
      Porque o tio Gerúndio, não tinha mais prazer em assustar as pessoas no mar.

13 – Sendo Pluft um fantasma, percebe-se nele a inversão de um sentimento próprio de algumas pessoas que creem na
existência de fantasmas. Transcreva do texto um trecho da fala da mãe que expressa essa inversão.

      “Vai sim, e acabará com essas bobagens. São histórias demais que o tio Gerúndio conta pra você.”
O PRÍNCIPE DESENCANTADO
O PRIMEIRO BEIJO FOI DADO POR UM PRÍNCIPE NUMA PRINCESA QUE ESTAVA DORMINDO
ENCANTADA HÁ CEM ANOS. ASSIM QUE FOI BEIJADA, ELA ACORDOU E COMEÇOU A FALAR:
            — MUITO OBRIGADA, QUERIDO PRÍNCIPE. VOCÊ POR ACASO É SOLTEIRO?
            — SIM, MINHA QUERIDA PRINCESA.
            — ENTÃO NÓS TEMOS QUE NOS CASAR JÁ! VOCÊ ME BEIJOU E AFINAL DE CONTAS NÃO
FICA BEM, NÃO É MESMO?
            — É... QUERIDA PRINCESA.                                              
            — VOCÊ TEM UM CASTELO, É CLARO.
            — TENHO... PRINCESA.
            — E QUANTOS QUARTOS TEM O SEU CASTELO, POSSO SABER?
            — TRINTA E SEIS.
            — SÓ? PEQUENO, HEIN! MAS NÃO FAZ MAL, DEPOIS A GENTE FAZ UMAS REFORMAS...
DEIXA EU PENSAR QUANTAS AMAS EU VOU TER QUE CONTRATAR... UMAS QUARENTA EU
ACHO QUE DÁ!
            — TANTAS ASSIM?
            — ORA, MEU CARO, VOCÊ NÃO ESPERA QUE EU VÁ GASTAR AS MINHAS UNHAS
VARRENDO, LAVANDO E PASSANDO, NÃO É?
            — MAS QUARENTA AMAS!
            — AH, EU NÃO QUERO NEM SABER. EU NÃO PEDI PARA NINGUÉM VIR AQUI ME BEIJAR,
E JÁ VOU AVISANDO QUE QUERO UMAS ROUPAS NOVAS, AS MINHAS DEVEM ESTAR FORA DE
MODA, AFINAL, PASSARAM-SE CEM ANOS, NÃO É MESMO? E QUERO UMA CARRUAGEM DE
MARFIM, SAPATINHOS DE CRISTAL E... E... JÓIAS, É CLARO! EU QUERO ANÉIS, PULSEIRAS,
COLARES, TIARAS, COROAS, CETROS, PEDRAS PRECIOSAS, SEMIPRECIOSAS, PEPITAS DE OURO E
DISCOS DE PLATINA!
            — MAS EU NÃO SOU O REI DAS ARÁBIAS, SOU APENAS UM PRÍNCIPE...
— NÃO ME VENHA COM DESCULPAS ESFARRAPADAS! EU ESTAVA AQUI DORMINDO E VOCÊ
VEIO E ME BEIJOU E AGORA VAI QUERER QUE EU ANDE POR AÍ COMO UMA GATA
BORRALHEIRA? NÃO, NÃO E NÃO, E OUTRA VEZ NÃO E MAIS UMA VEZ NÃO!
            TANTO A PRINCESA FALOU, QUE O PRÍNCIPE SE ARREPENDEU DE TER IDO LÁ E A
BEIJADO. ENTÃO, TEVE UMA IDÉIA. ESPEROU A PRINCESA FICAR DISTRAÍDA, SE JOGOU SOBRE
ELA E DEU OUTRO BEIJO, BEM FORTE. A PRINCESA CAIU IMEDIATAMENTE EM SONO
PROFUNDO, E DIZEM QUE ATÉ HOJE ESTÁ LÁ ADORMECIDA. PARECE QUE A NOTÍCIA SE
ESPALHOU E OS PRÍNCIPES PASSAM CORRENDO PELA FRENTE DO CASTELO ONDE ELA DORME,
ASSOBIANDO E OLHANDO PARA O OUTRO LADO.
O PRÍNCIPE DESENCANTADO
O PRIMEIRO BEIJO FOI DADO POR UM PRÍNCIPE NUMA PRINCESA QUE ESTAVA DORMINDO
ENCANTADA HÁ CEM ANOS. ASSIM QUE FOI BEIJADA, ELA ACORDOU E COMEÇOU A FALAR:
            — MUITO OBRIGADA, QUERIDO PRÍNCIPE. VOCÊ POR ACASO É SOLTEIRO?
            — SIM, MINHA QUERIDA PRINCESA.
            — ENTÃO NÓS TEMOS QUE NOS CASAR JÁ! VOCÊ ME BEIJOU E AFINAL DE CONTAS NÃO
FICA BEM, NÃO É MESMO?
            — É... QUERIDA PRINCESA.                                              
            — VOCÊ TEM UM CASTELO, É CLARO.
            — TENHO... PRINCESA.
            — E QUANTOS QUARTOS TEM O SEU CASTELO, POSSO SABER?
            — TRINTA E SEIS.
            — SÓ? PEQUENO, HEIN! MAS NÃO FAZ MAL, DEPOIS A GENTE FAZ UMAS REFORMAS...
DEIXA EU PENSAR QUANTAS AMAS EU VOU TER QUE CONTRATAR... UMAS QUARENTA EU
ACHO QUE DÁ!
            — TANTAS ASSIM?
            — ORA, MEU CARO, VOCÊ NÃO ESPERA QUE EU VÁ GASTAR AS MINHAS UNHAS
VARRENDO, LAVANDO E PASSANDO, NÃO É?
            — MAS QUARENTA AMAS!
            — AH, EU NÃO QUERO NEM SABER. EU NÃO PEDI PARA NINGUÉM VIR AQUI ME BEIJAR,
E JÁ VOU AVISANDO QUE QUERO UMAS ROUPAS NOVAS, AS MINHAS DEVEM ESTAR FORA DE
MODA, AFINAL, PASSARAM-SE CEM ANOS, NÃO É MESMO? E QUERO UMA CARRUAGEM DE
MARFIM, SAPATINHOS DE CRISTAL E... E... JÓIAS, É CLARO! EU QUERO ANÉIS, PULSEIRAS,
COLARES, TIARAS, COROAS, CETROS, PEDRAS PRECIOSAS, SEMIPRECIOSAS, PEPITAS DE OURO E
DISCOS DE PLATINA!
            — MAS EU NÃO SOU O REI DAS ARÁBIAS, SOU APENAS UM PRÍNCIPE...
— NÃO ME VENHA COM DESCULPAS ESFARRAPADAS! EU ESTAVA AQUI DORMINDO E VOCÊ
VEIO E ME BEIJOU E AGORA VAI QUERER QUE EU ANDE POR AÍ COMO UMA GATA
BORRALHEIRA? NÃO, NÃO E NÃO, E OUTRA VEZ NÃO E MAIS UMA VEZ NÃO!
            TANTO A PRINCESA FALOU, QUE O PRÍNCIPE SE ARREPENDEU DE TER IDO LÁ E A
BEIJADO. ENTÃO, TEVE UMA IDÉIA. ESPEROU A PRINCESA FICAR DISTRAÍDA, SE JOGOU SOBRE
ELA E DEU OUTRO BEIJO, BEM FORTE. A PRINCESA CAIU IMEDIATAMENTE EM SONO
PROFUNDO, E DIZEM QUE ATÉ HOJE ESTÁ LÁ ADORMECIDA. PARECE QUE A NOTÍCIA SE
ESPALHOU E OS PRÍNCIPES PASSAM CORRENDO PELA FRENTE DO CASTELO ONDE ELA DORME,
ASSOBIANDO E OLHANDO PARA O OUTRO LADO.

Você também pode gostar