Instituto Natural de Desenvolvimento Infantil – INDI/Ipe

Nome: ________________________________________________________________

Ano _________ Data: ______/______/2023 Valor: /8,0

Orientações:
✔ Providencie o material necessário: caneta, lápis, borracha, régua. Trocar/emprestar material não é permitido.
✔ Preencha completamente o cabeçalho e leia os enunciados com atenção.
✔ Use caneta esferográfica azul ou preta.
✔ Itens que tenham sido feitos a lápis, ou com uso de corretivos, não terão direito a revisão.
✔ As questões objetivas quando rasuradas serão desconsideradas.
✔ Em caso de erro em questões abertas, anule a questão com um risco e refaça-a.
✔ Escreva de forma legível e clara. Você deve ter certeza que o professor entenderá sua letra e as suas ideias.
✔ Serão descontados erros ortográficos.
✔ A interpretação das questões faz parte da avaliação.
✔ Observe o tempo estipulado pelo professor para realização da avaliação.
✔ Releia sua avaliação, atentamente, antes de entregá-la.

Avaliação Trimestral de Literatura – 1ª série – 1º Trimestre

QUESTÃO 01 valor:
1,0

Texto I Texto II – de Petrarca

“Ninguém é escritor por haver decidido dizer Se amor não é qual é este sentimento?
certas coisas, Mas se é amor, por Deus, que cousa é a tal?
mas por haver decidido dizê-las de determinado Se boa por que tem ação mortal?
modo.” Se má por que é tão doce o seu tormento?

SARTRE, Jean Paul. Que é a literatura? São Paulo: Ática, Se eu ardo por querer por que o lamento?
2004, Fragmento. Se sem querer o lamentar que val?
Ó viva morte, ó deleitoso mal,
Tanto podes sem meu consentimento.

E se eu consito sem razão pranteio.

A tão contrário vento em frágil barca,
Eu vou para o alto mar e sem governo.

É tão grave de error, de ciência é parca

Que eu mesmo não sei bem o que eu anseio
E tremo em pleno estio e ardo no inverno.

Explique, por meio de exemplos do Texto II, quais são as espeficidades que constituem um texto
literário em concordância com a ideia de Sartre, Texto I.

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 QUESTÃO 02 valor:
0,5

Torneol - Trecho de cantiga de Nuno Da Cor do Pecado

Fernandez (século XIII) Bororó

“Quando mi-agora for’e mi alongar “Esse corpo moreno

de vós, senhor, e non poder veer Cheiroso e gostoso
esse vosso fremoso parecer, Que você tem
quero-vos ora por Deus preguntar: É um corpo delgado
Senhor fremosa, que farei enton? Da cor do pecado
Dized’ai! coita do meu coraçon!” Que faz tão bem
Esse beijo molhado, escandalizado
Vocabulário Que você me deu
mi alongar = me distanciar
fremoso = formoso
Tem sabor diferente
parecer = rosto Que a boca da gente jamais esqueceu”
coita = dor, aflição
Comparando a temática e a estrutura das canções acima, assinale a alternativa correta:

A) A canção medieval de Nuno Fernandez é um típico exemplo das cantigas de amigo, nas quais
um eu lírico feminino lamenta as saudades sentidas do seu senhor que havia se ausentado.

B) A maneira carnal com que a relação afetuosa é retratada na canção de Bororó demonstra que,
apesar dos séculos que nos separam da Idade Média, os valores das cantigas de amor, como o
convencionalismo amoroso, permanecem nas canções contemporâneas.

C) A referência à cor da pele da pessoa amada é tema recorrente na literatura, ora como um fator
de idealização da pureza feminina ora como marca de sua sensualidade e erotização.

D) O Trovadorismo foi marcado pela transição do mundo medieval para o mundo moderno,
conduzindo as artes ao Renascimento cultural.

E) O trovador expressa seu amor à mulher amada, encarando-a como um objeto acessível a seus
anseios.

QUESTÃO 03 valor:
2,0
[1] O passado anda atrás de nós
como os detetives os cobradores os ladrões não se limpa a si mesmo
o futuro anda na frente aos cães domesticados se ensina
como as crianças os guias de montanha a andar sempre atrás do dono
[5] os maratonistas melhores mas os cães o passado só aparentemente nos
do que nós pertencem
salvo engano o futuro não se imprime [15] pense em como do lodo primeiro surgiu
como o passado nas pedras nos móveis no esta poltrona este livro
rosto este besouro este vulcão este despenhadeiro
das pessoas que conhecemos à frente de nós à frente deles
[10] o passado ao contrário dos gatos corre o cão

ANA MARTINS MARQUES. O livro das semelhanças. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

Diferentemente de um texto literal, as obras de arte literárias exigem maior esforço do leitor para
compreender os pressupostos e subententidos das ideias implícitas e esteticamente apresentadas,

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acerca do poema anterior, e de acordo com seus conhecimentos sobre os recursos figurativos da
literatura, responda:

a) Cite e exemplifique duas figuras de linguagem utilizadas no poema:

b) O que você compreendeu sobre o texto?

c) Por que a imagem do cão e do gato foram utilizadas, e o que elas representam na sua
interpretação? Justifique sua resposta.

d) A ausência de pontuação no texto sugere algum sentido?

QUESTÃO 04 valor:
0,5
Infância – Carlos Drummond de Andrade

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.

Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.
No meio dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala – nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
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Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
– Psiu… Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro… que fundo!
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

Assinale a questão em que se observa a síntese do poema.

( A ) O eu-lírico conta uma história referente a sua infância, a fim de demonstrar a precariedade da vida
no campo.
( B ) A infância do poeta é detalhada no poema, com a finalidade de apresentar o porquê de ele sentir-
se saudoso dessa época.
( C ) O poema propõe uma reflexão sobre o período da infância, com o intuito de apontar as diferenças
entre as crianças de antigamente e as crianças de hoje.
( D ) O poema resgata um episódio cotidiano da infância do eu-lírico, a fim de representar o lirismo dos
momentos mais singelos.
( E ) O autor idealiza o período da infância, colocando-se como um herói (Robinson Crusoé), com a
intenção de demonstrar sua singularidade.

QUESTÃO 05 valor:
0,5
Ainda sobre o poema Infância, descrito na questão anterior: No que diz respeito às figuras de
linguagem, assinale a alternativa que apresenta a relação correta

(A) Metáfora – “comprida história que não acaba mais”.

(B) Metonímia – “Lá longe meu pai campeava no mato sem fim da fazenda”.
(C) Ironia – “– Psiu…Não acorde o menino. Para o berço onde pousou um mosquito”.
(D) Comparação – “Café preto que nem a preta velha café gostoso café bom”.
(E) Oposição – “E eu não sabia que minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé

QUESTÃO 06 valor:
1,0
TEXTO I

Senhora minha, desde que vos vi,

lutei para ocultar esta paixão
que me tomou o coração;
mas não o posso mais e decidi
que saibam todos o meu grande amor,
a tristeza que tenho, a imensa dor
que sofro desde o dia em que vos vi.
(…)
Já que assim é, eu venho vós rogar
que queiras pelo menos consentir
que passe a minha vida a vos servir,
e que possa dizer em meu cantar
que esta mulher, que em seu poder me tem,
sois vós, senhora minha, vós, meu bem;
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graça maior não ousarei rogar.

(Afonso Fernandes)

TEXTO II Mas eu te chamava em silêncio

Quantos artistas Na tua presença

Entoam baladas Palavras são brutas
Para suas amadas
Com grandes orquestras Pode ser que entreabertos
Como os invejo Meus lábios de leve
Como os admiro Tremessem por ti
Eu que te vejo Mas nem as sutis melodias
E nem quase respiro Merecem, Cecília, teu nome
Espalhar por aí
Quantos poetas
Românticos, prosas Como tantos poetas
Exaltam suas musas Tantos cantores
Com todas as letras Tantas Cecílias
Eu te murmuro Com mil refletores
Eu te suspiro
Eu, que soletro Eu, que não digo
Teu nome no escuro Mas ardo de desejo
Te olho, Te guardo
Me escutas, Cecília? Te sigo, Te vejo dormir

Julgue os itens a seguir em C (certo) ou E (errado):

a. (C) (E) No Texto I, de Afonso Fernandes, o eu-lírico decide, depois de certa hesitação, que
declarará a todos seu amor pela mulher amada, em semelhança à composição de Chico
Buarque no Texto II.
b. (C) (E) O Texto I é uma cantigas de amor, pois conta com um eu-lírico masculino, vassalagem
amorosa e versos criados em paralelismo.
c. (C) (E) A música de Chico Buarque, Texto II, aproxima-se mais das características das cantigas de
amigo graças ao distanciamento pessoa amada e o diálogo com uma interlocutora, “Cecília”.
d. (C) (E) Os dois últtimos versos das primeiras estrofes, tanto para o Texto I como para o Texto II,
formam-se por meio de hipérboles que descrevem a grandiosidade do sentimento amoroso.
e. (C) (E) O imaginário amoroso das cantigas medievais ainda se encontram em presentes em
produções contemporâneas, prova de que as convenções sociais não sofreram bruscas
mudanças com o tempo.

QUESTÃO 07 valor:
1,5
Vamos, irmã, vamos dormir
nas margens do lago onde eu vi andar meu namorado a (caçar) as aves.

Vamos, irmã, vamos folgar

nas margens do lago onde eu vi meu amigo andar (a procurar) as aves.

Nas margens do lago onde eu a andar o vi,

seu arco na mão as aves ferir,
as aves meu namorado.

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Nas margens do lago onde eu o vi a andar,
seu arco na mão a as aves flechar,
as aves meu namorado.

Seu arco na mão as aves ferir

e as que cantavam deixa-as partir,
as aves meu namorado.

Seu arco na mão as aves flechar

e as que cantavam não as quer matar
as aves meu namorado.

a) Qual é a classificação da cantiga descrita? Justifique sua resposta com elementos estrututurais
e de conteúdo.

b) No texto de Fernando Esquio há um convite, com que objetivo ele é feito?

c) Qual é o sentido metafórico das aves no poema?

QUESTÃO 08 valor:
1,0
Texto I

Maria Pérez se confessou um clérigo com que se possa defender do

noutro dia, porque muito pecadora
se sentiu, e logo a Nosso Senhor
prometeu, pelo mal em que andou,
que tivesse um clérigo em seu poder,
pelos pecados que lhe faz fazer
o Demo, com que ela sempre andou.
Confessou-se porque diz que se achou
muito pecadora, e por intercessor
foi logo a Deus, porque teve por melhor
de guardar a Ele porque a guardou;
e enquanto viva, diz que quer ter
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Demo, que sempre guardou.
E depois que bem seus pecados procurou,
de sua morte teve ela grande pavor
e de esmolar teve ela grande prazer;
e logo então um clérigo agarrou
e deu-lhe a cama em que dormia só,
e diz que o terá, enquanto viver;
e este tormento todo por Deus agarrou.
E depois que este preito começou
entre eles ambos houve grande amor
entre ela sempre o Demo maior,
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até que se Balteira confessou; entre eles ambos, houve a perder
mas, pois que viu o clérigo cair o Demo, desde que ela se confessou.

Texto II

Don Foão, que eu sei sacudiu-s’e revolveu-se,

que á preço de livão, alçou rab’e foisa via
vedes que fez ena guerra a Portugal.
(d’aquesto soõ certão):
sol que viu os genetes, Don Foão, que eu sei
come boi que fer tarvão, que á prez de liveldade,
sacudiu-s’e revolveu-se, vedes que fez ena guerra
alçou rafe foi sa via (sabede-o por verdade):
a Portugal. sol que viu os genetes,
come can que sal de grade,
Don Foão, que eu sei sacudiu-s’e revolveu-se,
que á preço de ligeiro, alçou rab’e foi sa via
vedes que fez ena guerra a Portugal.
(d’aquesto son verdadeiro):
sol que viu os genetes, D. Afonso Mendes de Besteiros (século XIII)
come bezerro tenreiro,

Vocabulário:
Foão: fulano (embora não mencione o nome, os ouvintes certamente sabiam de quem se tratava a cantiga, por
conta do gesto de covardia relatada nela; trata-se de João Pires de Vasconcelos, que ficou famoso na corte por
fugir do campo de batalha, na guerra de Granada)
preço de livão: reputação de pessoa leviana
soõ certão: estou certo
sol: assim que
genetes: ginetes, cavalos
come boi que fer tarvão: como boi que vespa ferra (como boi ferrado por vespa)
alçou rab’e foi sa via: levantou o rabo e foi embora
tenreiro: novo (apelido de João Pires de Vasconcelos)
prez de liveldade: mérito de ligeireza
cam que sai de grade: cão que sai da gaiola

a) Classifique os Textos I e II: (Valor: 0,2)

b) Analise a frase a seguir: “As cantigas medievais galego-portuguesas transcendem os

limites das injunções culturais e alcançam foros de universalidade.”
Você concorda com essa afirmativa? Argumente a respeito usando elementos dos Textos I e II
para justificar a sua resposta. (Valor: 0,8)

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