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Inclusão de pessoas com deficiência auditiva no mercado de trabalho

Nos últimos anos, o Brasil e o mundo vêm sofrendo transformações culturais,


sociais e econômicas de forma muito rápida e intensa. No que tange a inclusão
dos portadores de deficiência no mercado de trabalho, essas transformações
trouxeram algumas conquistas para tal fração da população. A legislação
brasileira avançou no sentido de legislar sobre o acesso dos portadores de
necessidades especiais no mercado de trabalho criando algumas leis
importantes neste sentido.
Neste tocante, uma dessas ações de inclusão de deficientes foi a criação da
Lei n° 8112/90 na alínea § 2o do artigo 5° que assegura:
Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever
em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam
compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão
reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
(BRASIL,1990).
Neste aspecto, a criação da Lei n° 8112/90, desempenha um importante papel
no que tange a inclusão dos deficientes, pois um dos setores que mais geram
emprego no Brasil é o setor público seja na esfera Municipal, Estadual ou
Federal. Em vista disso, percebe-se o impacto que a cota de 20% das vagas
tem na empregabilidade dos deficientes.
Tendo em vista incentivar e ajudar as empresas no processo de inclusão do
portador de deficiência o Governo Federal criou a Lei n° 8213/91, em seu artigo
93 prevê que as empresa com 100 ou mais empregados a obrigatoriedade de
preencher de 2 % (dois por cento) a 5% (cinco por cento) de seu quadro com
beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, na seguinte
proporção, empresa de 1 até 200 funcionários 2% (dois por cento), de 201 a
500 funcionários 3 % (três por cento), de 501 a 1000 funcionários 4% (quatro
por cento), e acima de 1000 funcionários 5 % (cinco por cento). (BRASIL, 1991)
Todavia, percebe-se que apesar da criação da Lei de Cotas, ainda existem
muitas empresas alheias às mudanças. Segundo Faria, Vieira, Santos (2013),
a integração ou inserção de pessoas com deficiência auditiva nas empresas
continua sendo um processo unilateral, pois se traduz em esforços de poucos
no cumprimento da lei vigente, inexistindo uma mudança real na dinâmica da
empresa.
Para Cruzzeta (2012), uma empresa que realmente esteja cumprindo a Lei de
Cotas deve garantir aos seus funcionários com deficiência o direito de ir e vir,
além disso, deve adequar o local de trabalho de acordo com a necessidade
físicas e psíquicas da pessoa, além de garantir todos os seus direitos previstos
na legislação.
Na finalidade de fazer cumprir a lei, a portaria N° 1.999 de 28 de outubro de
2003 fixa os seguintes parâmetros para a gradação da multa de que discorre
da Lei n° 8213/91 que em seu artigo 133 prevê:
I - para empresas com cem a duzentos empregados, multiplicar-se-á o número
de trabalhadores portadores de deficiência ou beneficiários reabilitados que
deixaram de ser contratados pelo valor mínimo legal, acrescido de zero a vinte
por cento;
II - para empresas com duzentos e um a quinhentos empregados, multiplicar-
se-á o número de trabalhadores portadores de deficiência ou beneficiários
reabilitados que deixaram de ser contratados pelo valor mínimo legal, acrescido
de vinte a trinta por cento;
III - para empresas com quinhentos e um a mil empregados, multiplicar-se-á o
número de trabalhadores portadores de deficiência ou beneficiários reabilitados
que deixaram de ser contratados pelo valor mínimo legal, acrescido de trinta a
quarenta por cento;
IV - para empresas com mais de mil empregados, multiplicar-se-á o número de
trabalhadores portadores de deficiência ou beneficiários reabilitados que
deixaram de ser contratados pelo valor mínimo legal, acrescido de quarenta a
cinquenta por cento;
§ 1º O valor mínimo legal a que se referem os incisos I a IV deste artigo é o
previsto no artigo 133, da Lei nº 8.213, de 1.991.
§ 2º O valor resultante da aplicação dos parâmetros previstos neste artigo não
poderá ultrapassar o máximo estabelecido no artigo 133 da Lei nº 8.213, de
1991.
(BRASIL,2003)
A definição dos valores das multas praticado em cada faixa é de
responsabilidade da Autoridade Regional do MTE. Os valores são reajustados
anualmente através de portaria da Previdência Social, consta no artigo. 5° da
Portaria MF nº 15 de 16 de janeiro de 2018:
IV - O valor da multa pela infração a qualquer dispositivo do RPS, para a qual
não haja penalidade expressamente cominada no art. 283 do RPS, varia,
conforme a gravidade da infração, de R$ 2.331,32 (dois mil trezentos e trinta e
um reais e trinta e dois centavos) a R$ 233.130,50 (duzentos e trinta e três mil
cento e trinta reais e cinquenta centavos); (BRASIL,2018)
O MTE juntamente com o Ministério Público do Trabalho (MPT) são os órgãos
responsáveis pela sistemática fiscalização do cumprimento das leis de cotas.
Compete aos auditores fiscais fiscalizar as empresas que desrespeitarem as
leis de cotas, como exposto na§2 do art. 93 da Lei n.º 8213/91.
Entretanto, pode-se inferir que mesmo com alguns avanços, existem ainda
muitas barreiras a serem quebradas para que se promova de maneira mais
intensa e consistente a inclusão do deficiente no mercado de trabalho. Sabe-se
que isso não será feito apenas com o estabelecimento de multas, necessita-se
de ir muito mais além.
No sentido de derrubar barreiras e ampliar os direitos do deficiente auditivo, a
Federação Nacional de integração e Educação dos Surdos (FENEIS), através
de seu escritório regional do Rio Grande do Sul, a FENEIS promoveu nos anos
de 1998 e 2000 as I e II Conferências Estaduais dos Direitos Humanos dos
Surdos, de acordo com Klein (1996), resultaram deste encontro algumas
propostas interessantes entre elas:
Lutar pela extinção das listas de profissão para surdos que acabam atribuindo-
lhes incapacidade para certos cargos e limitando-lhes oportunidades de
emprego. Promover junto à sociedade em geral e aos empresários em
particular, campanhas de esclarecimento sobre a situação dos surdos
trabalhadores, no sentido de expandir suas oportunidades de emprego.
Garantir o cumprimento da Lei de Reserva de Mercado (10%) em todas as
instâncias, procurando respeitar proporcionalidade entre as deficiências. Que
os Editais dos Concursos Públicos sejam claros na especificação e
comprovação por parte do candidato surdo. 2. Assegurar o direito da presença
do Intérprete da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) no decorrer dos
Concursos Públicos. (FENEIS, 1998)
Vale salientar, o trabalho desenvolvido pela Federação Brasileira de Bancos
(FEBRABRAN), ao implementar um importante projeto que objetiva a inclusão
de deficientes físicos, áudios e visuais. O programa FEBRABAN de
Capacitação Profissional e Inclusão de Pessoas com Deficiência no mercado
de Trabalho.
Criado em 2008, o Programa FEBRABRAN de Capacitação Profissional e
Inclusão de Pessoas com Deficiência no Setor Bancário surgiu após um
diagnóstico sobre as dificuldades dos bancos em selecionar profissionais com
deficiência. O objetivo é promover a inclusão e a capacitação de pessoas com
este perfil, dando-lhes oportunidade de iniciar uma carreira no mercado
financeiro. (FEBRABAN,2009)

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