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O QUE É ANTROPOFÁGIA ?

A década de 1920 representa um marco na arte brasileira. Afinal, foi em 1922 que
aconteceu um dos principais eventos culturais da história, a Semana de Arte
Moderna e, assim, o modernismo brasileiro teve início. Pouco tempo depois, foi a
vez de Oswald de Andrade explicar o que é antropofagia. Isso aconteceu em 1928,
por meio da publicação do Manifesto Antropofágico.

O texto polêmico e radical do artista contou com diversas metáforas e simbolismos.


Nessa publicação, surgiu o termo “antropofágico”, uma associação direta à palavra
“antropofagia”, que nada mais é do que uma referência aos rituais de canibalismo.
Isso porque, nesse tipo de cerimônia, acreditava-se que após engolir a carne de uma
pessoa, seriam concedidos ao canibal todo o poder, conhecimentos e habilidades da
pessoa devorada.

➞ Antropofagia:
Apesar da utilização metafórica do termo, que está associado aos rituais
antropofágicos dos índios brasileiros, o escritor Oswald de Andrade utilizou a
palavra simbolicamente no sentido de “devorar e deglutir” a cultura, sem perder a
originalidade dos artistas brasileiros.

➞ Características:
Ao longo do manifesto, o escritor brasileiro sustentou-se em diversas teorias,
oriundas de vários pensadores, a exemplo de Freud, Hermann, Marx, Keyserling,
Rousseau, entre outros.
Movimento antropofágico representou para o escritor brasileiro um verdadeiro
“divisor de águas”, não apenas pela conscientização que buscou-se alcançar, mas
sim porque estimulou a divergência de opiniões entre os modernistas, além de
promover o deslocamento do objeto estético na fase do Pau-Brasil, outro movimento
cultural do Modernismo.O MODERNISMO NO BRASIL
O modernismo no Brasil foi um movimento artístico, cultural e literário que se
caracterizou pela liberdade estética, o nacionalismo e a crítica social.
Inspirado pelas inovações artísticas das vanguardas européias (cubismo, futurismo,
dadaísmo, expressionismo e surrealismo), o modernismo teve como marco inicial a
Semana de Arte Moderna, que se realizou entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922,
no Theatro Municipal de São Paulo.
No país, o cenário era de insatisfação, pois muitas pessoas consideravam a política, a
economia e a cultura estagnadas. Parte disso estava relacionado com o modelo
político vigente baseado na política do café com leite.
Com o poder concentrado nas mãos de grandes fazendeiros, paulistas e mineiros se
revezavam no poder. Isso ocorreu até 1930, quando um golpe de estado depôs o
presidente Washington Luís, pondo fim à República velha.
Foi nesse cenário de incertezas que um grupo de artistas, empenhados em propor
uma renovação estética na arte, apresentou um novo olhar, mais libertário, contrário
ao tradicionalismo e ao rigor estético.
Assim, surge a Semana de Arte Moderna liderada pelo chamado “Grupo dos cinco”:
Anita Malfatti, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Tarsila
do Amaral.
Esse evento, que reuniu diversas apresentações e exposições, colaborou com o
surgimento de revistas, manifestos, movimentos artísticos e grupos com
experimentações estéticas inovadoras.
Tudo isso permitiu consolidar as ideias modernistas e inaugurar o movimento no
país.

➞ Pau-Brasil:
O Movimento Pau-Brasil é um entre os movimentos modernistas -
Verde-Amarelismo ou Escola da Anta e Movimento Antropofágico - que tomou lugar
na Primeira Fase do Modernismo no Brasil, conhecida como a “Fase Heroica”, fase
que apresentou diferentes formas de abordagem patriótica.
Este movimento teve início em 1924 a partir da publicação do livro “Pau-Brasil”, da
autoria de Oswald de Andrade (1890 -1954) e ilustração da sua esposa, a artista
plástica Tarsila do Amaral (1886 -1973).
Assim, defendia, ao mesmo tempo que criticava, o nacionalismo a sua maneira, a
qual veio a ser alvo de julgamento pelo Movimento Verde-Amarelo formado por
Menotti del Picchia (1892-1988), Plínio Salgado (1895-1988), Guilherme de Almeida
(1890-1969) e Cassiano Ricardo (1895-1974).
A seguir, Oswald de Andrade revida o movimento da Escola da Anta, dando origem a
um novo movimento - o Movimento Antropofágico, em 1928, de modo que o
primeiro movimento modernista pode ser considerado a raiz deste último, e um
legado para a arte moderna.
De um modo geral, o caráter assistemático e o estilo telegráfico, usados pelo autor
durante o movimento, contribuíram de alguma forma para a ocorrência de uma série
de mal-entendidos.
O movimento antropofágico, aliado às ideias dos autores e a própria ideologia de
Oswald, causou a união de diversas culturas, como as indígenas, a africana e a
cultura italiana, formada principalmente pela colonização europeia.

O QUE FOI O MOVIMENTO ANTROPOFÁGICO ?


O movimento antropofágico foi uma espécie de manifestação cultural e artística que
ocorreu durante a primeira fase do Modernismo no Brasil.
O escritor brasileiro, em uma de suas viagens pela Europa, observou o movimento
futurista e percebeu o compromisso do idealizador do movimento, o italiano Filippo
Tommaso Marinetti, com relação à inovação técnica e a literatura.
Trazendo para a realidade do movimento antropofágico, a ideia sugerida por
Andrade era basicamente “devorar” essa cultura enriquecida por técnicas
importadas e promover uma renovação estética na arte brasileira.
Diante disso, o objetivo do movimento foi promover pensamentos para “engolir” as
influências estrangeiras, de forma que os modernistas enxergassem a realidade
brasileira dentro delas e pudessem desenvolver uma nova cultura com a cara do país,
excluindo, o eurocentrismo da arte.

COMO SE DEU O MOVIMENTO:


Como foi mencionado anteriormente, o movimento antropofágico teve início a
partir de uma observação feita pelo escritor brasileiro Oswald de Andrade.
Ele queria mostrar para os autores brasileiros que a influência estrangeira era
necessária para o aprimoramento da arte brasileira, entretanto, esse aproveitamento
deveria ser feito conforme a cultura do país.
Para incentivar os autores, o movimento aconteceu através do lançamento do
manifesto antropófago, que foi publicado na revista Antropofagia, do estado de São
Paulo.
Antes disso, a publicação do manifesto foi muito influenciada pela pintura artística
que Oswald de Andrade recebeu de presente da sua esposa: Tarsila do Amaral.
O nome do quadro, inclusive, foi conferido por ele e pelo poeta Raul Bopp, que, ao
ver a obra, sugeriu ao escritor a realização de um movimento em torno da pintura

➞ os índios na semana de arte moderna:


O principal objetivo da Semana de Arte Moderna de 1922 foi repensar de maneira
crítica o tradicionalismo cultural, muito associado às correntes literárias e artísticas
europeias, ao parnasianismo e ao academicismo formal.
Esse movimento foi liderado e protagonizado pela elite paulistana, bancado pela
cafeicultura e ocorrido apenas 34 anos após a abolição da escravatura.
Temas como o colonialismo, a escravidão, a opressão indígena e a violência não
entraram na agenda dos modernistas brasileiros e essa é uma das principais
problematizações acerca da Semana, sob o ponto de vista crítico do século 21.
Mas não eram questões que se apresentavam nos anos 20 do século passado”,
explicou o professor do IEB, que também é curador da exposição Era Uma Vez o
Moderno, que está em cartaz no Centro Cultural da Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp).
O que os modernistas fizeram naquela época foi a apropriação de outras artes, como
a indígena, com as quais tiveram contato por meio de viagens e expedições que
fizeram pelo interior do Brasil.
Depois a expõe, vende, revoluciona o campo da arte e da cultura moderna com uma
coisa que foi apropriada de um povo, de um outro povo, que está sendo esquecido,
vilipendiado, roubado, trucidado.

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