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Abaporu, quadro de Tarsila Amaral que representa um

marco do movimento antropofágico


Análise da pintura Abaporu

Esta obra marca a fase antropofágica da pintora Tarsila de Amaral que ocorreu
entre 1928 e 1930. É possível identificar traços característicos da artistas como a
escolha de cores fortes, a inclusão de temas imaginários e a alteração da
realidade.
Na pintura vemos um homem com grandes pés e mãos, e ainda o sol e um cacto.
Estes elementos podem representar o trabalho físico que era o ofício da maior
parte da população brasileira naquele período.
Por outro lado, a cabeça pequena pode significar a falta de pensamento
crítico, que se limita a trabalhar com força, mas sem pensar muito, sendo então
uma possível crítica à sociedade daquela época.
O homem em Abaporu representado transmite uma certa melancolia, pois o
posicionamento da cabeça e expressão denotam alguma tristeza ou depressão.
Além disso, o pé grande também pode revelar uma forte conexão do ser
humano com a terra.
Modernismo – primeira fase literária

O Modernismo foi criado no período compreendido entre 1922 a 1930 e teve início com o marco da
Semana de Arte Moderna em fevereiro 1922, no teatro Municipal de São Paulo e pretendia fazer
com que a população, de modo geral, tomasse consciência da realidade brasileira. Este movimento
cultural foi idealizado e liderado por um grupo de artistas integrado pelos escritores Mário de
Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia e pela pintora Anita Malfatti, além de contar com
várias participações artísticas.
É considerado um movimento não só artístico como também político e social, já que se opunha à
política totalitária da época, bem como da contradição social entre os proletários e imigrantes e as
oligarquias rurais.

A Semana de Arte Moderna trouxe um rompimento, uma destruição das estruturas clássicas,
acadêmicas, harmônicas, e por esse motivo tem caráter anárquico e destruidor. Mário de Andrade
chamou a primeira fase do Modernismo de “fase da destruição”, já que é totalmente contraditória ao
parnasianismo ou simbolismo das décadas anteriores. Os artistas têm em comum a busca pela
origem, daí vem o nacionalismo e acarreta a volta às origens e valorização do índio brasileiro.
A primeira fase modernista também é marcada pelos manifestos nacionalistas: do Pau-Brasil, da
Antropofagia, do Verde-Amarelismo e o da Escola da Anta. Podemos destacá-los da seguinte forma:

Manifesto Pau-Brasil: escrito por Oswald de Andrade, publicado no jornal “Correio da Manhã”, em
18 de março de 1924, apresentou uma proposta de literatura vinculada à realidade brasileira e às
características culturais do povo brasileiro, com a intenção de causar um sentimento nacionalista,
uma retomada de consciência nacional.
Verde-Amarelismo: este movimento surgiu como resposta ao “nacionalismo afrancesado” do Pau-
Brasil, em 1926, apresentado, principalmente, por Oswald de Andrade, liderado por Plínio Salgado.
O principal objetivo era o de propor um nacionalismo puro, primitivo, sem qualquer tipo de influência.
Anta: parte do movimento Verde-Amarelismo, representa a proposta do nacionalismo primitivo
elegendo como símbolo nacional a “anta”, além de vangloriar a língua indígena “tupi”.
Antropofagia: publicado entre os meses de maio de 1928 e fevereiro de 1929, sob direção de
Antônio de Alcântara Machado, surgiu como nova etapa do nacionalismo “Pau-Brasil” e resposta ao
“Verde-Amarelismo”. Sua origem se dá a partir de uma tela feita por Tarsila do Amaral, em janeiro de
1928, batizada de Abaporu ( aba= homem e poru = que come). Assinado por Oswald de Andrade,
tinha, como diz Antônio Cândido, “uma atitude brasileira de devoração ritual dos valores europeus, a
fim de superar a civilização patriarcal e capitalista, com suas normas rígidas no plano social e os
seus recalques impostos, no plano psicológico”
Através das características desses manifestos, temos por análise a identificação de
duas posturas nacionalistas distintas: de um lado o nacionalismo consciente, crítico
da realidade brasileira, e de outro um nacionalismo ufanista, utópico, exacerbado.
Os principais escritores da primeira fase do Modernismo são: Mário de Andrade,
Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado.

Trecho do Manifesto Antropófago – Oswald de Andrade

“Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do


Império. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos
portugueses.”

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