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TURMA EXT MANHÃ — TÍTULO: MODERNISMO NO BRASIL – (FASE HEROICA) – 1922 - 1930
NOME DO PROFESSOR: CRIS BASTOS
Aviso Legal: Os materiais e conteúdos disponibilizados pelo Poliedro são protegidos por direitos de propriedade intelectual (Lei nº 9.610/1998). É vedada a utilização para fins comerciais, bem como a
cessão dos materiais a terceiros, a título gratuito ou não, sob pena de responsabilização civil e criminal nos termos da legislação aplicável.
Texto I Lá, fugindo ao mundo,
Os sapos, Manuel Bandeira Sem glória, sem fé,
No perau profundo
Enfunando os papos, E solitário, é
Saem da penumbra
Aos pulos, os sapos. Que soluças tu,
A luz os deslumbra. Transido de frio,
Sapo cururu
Em ronco que aterra, Da beira do rio...
Berra o sapo-boi:
Texto II
– “Meu pai foi à guerra!”
– “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”. Ao público chocado diante da nova música tocada na Semana,
como diante dos quadros expostos e dos poemas sem rima [...] sons
O sapo-tanoeiro, sucessivos sem nexo estão fora da arte musical: são ruídos, são
Parnasiano aguado, estrondos, palavras sem nexo estão fora do discurso: são disparates
Diz: – “Meu cancioneiro e tão cabeludos que nesta semana conseguiram desopilar os nervos
É bem martelado. do público paulista, que raramente ri a bandeiras despregadas.
A Gazeta, 22 fev. 1922.
Vede como primo Texto III
Em comer os hiatos! Poética – Manuel Bandeira
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos. Estou farto do lirismo comedido
do lirismo comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
O meu verso é bom
protocolo e manifestações de
Frumento sem joio
apreço ao Sr. diretor
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma: Abaixo os puristas
Reduzi sem danos
A formas a forma. Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Clame a saparia Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Em críticas céticas:
Não há mais poesia Estou farto do lirismo namorador
Mas há artes poéticas..” Político
Raquítico
Urra o sapo-boi: Sifilítico
– “Meu pai foi rei” – “Foi!” De todo o lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si
– “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!” mesmo.
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na minha alma doente como um longo som redondo Texto VII
Cantabona! Cantabona! As meninas da gare, Oswald de Andrade
Dlorom...
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Sou um tupi tangendo um alaúde! Com cabelos mui pretos pelas espáduas
1
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Tribo lendária de índios brasileiros.
1 Espantar. Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha
Texto V
Excerto de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, de Texto VIII
Mário de Andrade Medo da senhora, Oswald de Andrade
No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói de A escrava pegou a filhinha nascida
nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um Nas costas
momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo E se atirou no Paraíba
da Uraricoera, que a índia tapanhumas1 pariu uma criança feia. Essa Para que a criança não fosse judiada
criança é que chamaram de Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sarapantar2. De primeiro passou Texto IX
mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:
Senhor feudal, Oswald de Andrade
— Ai! que preguiça!...
e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no
Se Pedro Segundo
jirau de paxiúba3, espiando o trabalho dos outros e principalmente os
dois manos que tinha, Manaape já velhinho e Jiguê na força do Vier aqui
homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia Com história
deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra Eu boto ele na cadeia
ganhar vintém. E também espertava quando a família ia tomar banho
no rio, todos juntos e nus. Passava o tempo do banho dando Texto X
mergulho e as mulheres soltavam gritos gozados por causa dos Vício na fala, Oswald de Andrade
guaimuns diz-que habitando a água-doce por lá. No mucambo si
alguma cunhatã4 se aproxima dele pra fazer festinha, Macunaíma Para dizerem milho dizem mio
punha as mãos nas graças dela, cunhatã se afastava. Nos machos
guspia na cara. Porém respeitava os velhos e frequentava com Para melhor dizem mió
aplicação a murua a poracê o torê o bacorocô a cucuicoque, todas Para pior pió
essas danças religiosas da tribo. Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
Texto VI E vão fazendo telhados
Canto de regresso à pátria, Oswald de Andrade
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