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INTRODUÇÃO
Sabe-se que, muito mais do que informar, os canais e recursos midiáticos têm como função
formar opinião e doutrinar a sociedade no que se refere a pontos de vistas a serem
considerados corretos ou errados, populares ou marginalizados. Estes canais detêm o
monopólio da informação e, devido a essa garantia, podem transmiti-la da forma que lhes for
conveniente: alterando dados ou fundamentando as informações a ideologias próprias, por
exemplo. Entretanto, o monopólio da informação é perigoso: visões unilaterais podem ser
construídas, o que, possivelmente, pode desencadear a formação de estereótipos sobre
determinados assuntos.
Este artigo pretende apresentar que há uma grande precariedade de variedade nas notícias
referentes ao continente africano que aparecem diariamente na mídia. E que, nas poucas
vezes que o continente é citado, as notícias associadas a ele majoritariamente referem-se a
questões de fome, pobreza e há uma forte presença de preconceitos e visões unilaterais para
com a diversidade cultural, étnica e religiosa que se encontra ali.
Porém, como seria possível que fossemos capazes de entender e conhecer de forma extensa e
profunda o continente e cultura africanos se há carência de estudos na grade curricular da
educação brasileira? Se o pouco que se conhece sobre os povos africanos remete à época do
Imperialismo e posterior escravidão no Brasil? A grade curricular da educação brasileira
fortifica o estereótipo de submissão, precariedade e servidão de um povo rico em cultura e
história. Esse estereótipo é fortalecido pela presença de imagens e gravuras em livros didáticos
de negros como escravos que sofrem castigos físicos e se submetem a uma figura mais
desenvolvida cientificamente e civilizada que ele: o branco. Como exemplo disso, tem-se a
gravura de Debret acima, imagem que é frequentemente vinculada a materiais escolares
nacionais.
Para comprovar que há, por parte dos canais midiáticos, um continente africano fortemente
estereotipado, o site da revista Veja foi objeto de estudo deste artigo. As notícias e manchetes
que foram analisadas conjuntamente pertencem ao período de um mês (do dia 01/03/2014
até 01/04/2014) e, através delas, um levantamento de palavras foi realizado. As palavras mais
frequentes que se referem exclusivamente à África (excluindo-se as notícias da sessão de
esportes e palavras como artigos, preposições e entre outros (estudou-se, portanto, apenas
palavras que caracterizam o continente)), compõe a tabela abaixo:
Darwinismo social
Assim, fica evidente que o darwinismo social, ideologia que fomentava as ações violentas e
injustas dos povos europeus diante dos africanos no século XIX, no período do Imperialismo,
pariu o preconceito da contemporaneidade. O continente africano é minimizado às suas
precariedades. A grande mídia não dá importância às riquezas de um povo tão diverso, ela não
se preocupa em apresentar ao consumidor de notícias a diversidade africana, sua cultura tão
desconhecida pelo "branco civilizado". E, desconhecendo informações profundas sobre a
história do continente, ficamos cada vez mais restritos à visão hegemônica de que o
continente é atrasado, pobre, doente e precário. A visão hegemônica de que o negro é
atrasado perante o branco, sustentada pelo darwinismo social, é, infelizmente, ainda
sustentada (como evidente na foto ao lado; a figura mais desenvolvida perde a coloração
escura ao longo do tempo e ainda adquire cabelos claros).
Perdemos muito com o preconceito que nos domina; perdemos o conhecimento de uma
cultura que deu berço à cultura do povo brasileiro, desconhecendo sua história e sua
importância para a população mundial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Revista Veja:<http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/promotoria-acusa-jacob-zuma-de-
gastar-r-54-milhoes-em-reforma>. Acesso em: 28 abr. 2014.
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encontrar-kony>. Acesso em: 28 abr. 2014.
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emergencia-que-vigorava-desde-a-revolucao>. Acesso em: 28 abr. 2014.
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crescimento-global-diz-ocde>. Acesso em: 28 abr. 2014.
Revista Veja: <http://veja.abril.com.br/noticia/saude/medicos-anunciam-possivel-cura-de-
bebe-com-hiv> . Acesso em: 28 abr. 2014.
IMAGENS: