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RESUMO
O presente artigo é o início de uma pesquisa que pretende compreender a construção
identitária do negro a partir da Diáspora Africana. Buscamos compreender de que forma esse
fenômeno influenciou na dispersão da identidade africana e o modo com o qual esta foi
frequentemente estereotipada e marginalizada devido a influência da cultura e colonização
europeia. Além disso, procuramos mostrar, de maneira simplificada, como o Brasil vem
buscando medidas para desmitificar a cultura africana, bem como reforçar a identidade afro-
brasileira e não a imagem do negro embranquecido, que tanto propagam nos meios de
comunicação. Para a construção desse estudo utilizamos, principalmente, autores como
Antony Appiah, Conceição Evaristo e Stuart Hall, por serem estudiosos da temática e
afrodescendentes, desse modo, não compactuam com a visão europeizada do negro.
ABSTRACT
This article is the beginning of a research that aims to understand the identity construction of
the black from the African Diaspora . We seek to understand how this phenomenon
influenced the spread of African identity and the way in which it was often stereotyped and
marginalized due to the influence of culture and European colonization . Also, we try to show,
in a simplified way , as Brazil is seeking measures to demystify the African culture and
enhance the african - Brazilian identity and not the image of the whitened black , both
propagated in the media . For the construction of this study we used mainly authors like
Anthony Appiah , Conceição Evaristo and Stuart Hall , being students of African descent
theme and thus not condone with Europeanized view of black .
INTRODUÇÃO
1
Mestre em Educação pela Universidade Tiradentes. Membro do GPGFOP\UNIT
2
Mestranda em Educação pela Universidade Tiradentes. Membro do GPGFOP\UNIT
3
Mestre em História pela Universidade Federal de Sergipe.
2
A diáspora não é entendida aqui como uma simples dispersão ou êxodo, mas
como uma ruptura cultural, como um confronto direto – embora desigual -, entre duas nações,
nesse caso África versus Europa. Para Stuart Hall, o conceito de diáspora “está fundado sobre
a construção de uma fronteira de exclusão e depende da construção de um “Outro” e de uma
oposição rígida entre o dentro e o fora” (HALL, 2011, p. 32) e foi assim o ocorrido, a forte
oposição dos Europeus, frente ao “outro” africano, tratado de forma mítica e animalesca.
A ausência da identificação com sua terra, com o seu lar, faz com que os africanos
expatriados consumam, mesmo que de maneira forçada, a culta do opressor, não tendo como
quantificar, nem problematizar os ensinamentos que carregara com si antes dos exploradores
roubar-lhes de seu local de convívio.
Por conta dessa desapropriação da sua identificação cultural vamos ter, por muito
tempo, a visão das características afro como inferiores e tidas como fora do padrão: o cabelo
crespo, a pele escura, os traços “grossos”. Além dos traços físicos abnegados, toda a história
africana acabou sendo relegada ou europeizada. O Antigo Egito, por exemplo, grande celeiro
cultural e filosófico aparece, na maioria das vezes, com personagens europeizados e a sua
filosofia não é tão estudada como a da Grécia, por exemplo.
Contudo, há alguns anos temos um movimento que contesta essa visão
reducionista e percebe na cultura africana toda a riqueza que esta representa, de acordo com
Aldibênia Machado (2011, p. 204):
homem pode ser educado dentro da compreensão racial de ancestralidade e solidariedade sem
o desalento das formas mais cruas de descriminação.
Partindo desta ideia, Appiah (1997), elucida como deve ser pertencer a uma
cultura estigmatizada, viver num mundo em que tudo, desde seu corpo até sua língua, é
definida pela corrente dominante. Entendemos que, esse sentimento de opressão é advindo da
raiva ou ódio do dominador que desencadeia o sentimento de auto-alienação, esta expressão
de dominação é tão brutal por parte do colonizador que leva a estigmatizar as crenças
religiosas, danças, música e até mesmo a vivência familiar.
Vemos, portanto, tanto na Ilíada quanto na Odisséia, como Homero descreve
Deuses e outros Deuses no Olimpo banqueteando-se com Etíopes, nas obras dos Sofistas
(1995) os Pré Socráticos, descrevem o caráter individual e não a cor da pele que determina a
dignidade de uma pessoa. Então, de acordo com Antony Appiah (1997) a questão é como o
mundo é, e não como gostaríamos que fosse.
Percebemos claramente que Max (1998) filósofo, economista e militante
revolucionário alemão,fundador do comunismo científico, grande educador e guia do
proletariado no mundo, construiu um caminho na história, empenhou sua própria vida em
defesa da revolução proletária contagiou e entusiasmou todos os que esperavam libertar-se da
escravidão do sistema capitalista, deu sua vida pelo proletariado, sentiu-se também explorado
pela hegemonia dominante da época e acompanhou o sofrimento, os maus-tratos, e a opressão
dos operários nas fábricas, desestruturados, em condições subumanas.
Ao analisarmos os conceitos paradigmáticos da teoria de Marx torna-se necessário
analisarmos as formas de opressão impostas através do sistema de exploração econômico as
pessoas não classificadas como “branca” este sistema de exploração e opressão não ficou no
cenário histórico do passado, no ontem da história, mas esta mesma hegemonia do
pensamento eurocêntrico dominante ainda hoje se faz presente em nosso meio. Esta afirmação
nos faz levantar um questionamento: Nessa sociedade qual espaço resta para os negros?
Segundo o pensamento iluminista os negros são classificados como grandes,
gordos e bem feitos, mas ingênuos sem criatividade intelectual. Esse tipo de afirmativa produz
e reproduz um pensamento ínfimo preconceituoso. Segundo Antony Appiah (1997) a África é
vítima de suas idolatrias heterogêneas e de suas diversas tradições. Em sua educação, na
medicina, na lavoura, na possessão pelos espíritos, nos sonhos, na bruxaria, nos oráculos e na
magia da existência da rica ontologia espiritual dos ancestrais e divindades. Constatamos
também que a diversidade cultural da África é um processo ontológico mais complexo de uma
hierarquia, uma estrutura vertical que gira o eixo da raça a uma interpretação horizontal. Por
7
conseguinte, Filósofo de influência nada desprezível. Como escreveu Hume (2009) tendo a
suspeitar que os negros sejam naturalmente inferiores aos brancos, uma nação civilizada essa
tez não produz qualquer indivíduo individuo eminente na ação ou na especulação.
Como vemos, toda evolução traz consigo suas consequências conseqüências, com
essas não foram diferentes o reconhecimento nos últimos anos a inclusão de textos de afro-
americanos nos cânones expressão de racismo. Reconhecimento de uma tradição e suas
relações ambivalentes, o processo de dominação colonial aponta o problema não tanto, na
língua Inglesa, Francesa ou Portuguesa, mas imposição cultural a pedagogia colonial, Antony
Appiah (1997) diz que produziu uma geração inversa na literatura dos colonizadores,
imbuídos de certa união imperialista.
A lei Federal 10.639, foi sacionada em 2003, pelo então presidente da República
Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva e estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de
cultura africana e afro-brasileira em todas as escolas públicas e privadas do Brasil. A lei
procurou fazer um resgate histórico para a sociedade brasileira, em especial aos
afrodescendentes. Considerando a escola como um espaço de desenvolvimento integral do
indíviduo e status cor do saber crítico e reflexivo, ela pode oferecer um espaço para a
discussão da história e da cultura africana, pois
CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
REFERÊNCIAS
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