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Formulário para Atividade Online – AO 02

Nome da Disciplina: História da cultura afro-brasileira e indígena


Cursista: Rute Souza Mota dos Santos
Polo: UEG
Tutor: Wilson Clério Paulus
Turma: A

Atividade: Cultura e Memória

É impossível desconectar a história de povos africanos da nossa. O texto de Kwame Appiah é


fundamental para se compreender a formação histórica e cultural de grande parte do povo
brasileiro, tendo em vista que as raízes culturais dos grupos tradicionais africanos aqui se
estenderam. Nessa atividade deixe de lado o senso comum, você deverá estudar o texto
Memória, Esquecimento, Silêncio, assistir o vídeo disponibilizado, correlacionar as informações
e produzir um texto dissertativo sobre o assunto.

MEMÓRIA E CULTURA: A Importância do Povo Africano para a Composição


Histórico-Cultural Brasileira

A identidade cultural de um povo remete a valorização de seus costumes,


crenças, valores, tradições e até mesmo as suas percepções de mundo. Tais elementos
culturais são formados a partir de uma cultura vivenciada e transmitida de gerações para
gerações.
Entretanto o contexto histórico é multifacetado e tem como predominância a
valorização de uma cultura dominante em detrimento de outras, as dos dominados.
Dentro deste contexto POLLAK (1989) disserta sobre a memória, o esquecimento e o
silêncio, sob a égide dos “ditos” e dos “não-ditos” que compõem a construção de uma
memória, seja ela coletiva ou individual.
É importante salientar que o autor dá ênfase sobre uma doutrinação ideológica
que promove um enquadramento das memórias coletivas, jogando luz no que é relevante
destacar e renegando ao campo do esquecimento as memórias, tratadas como
subterrâneas ou marginais. Tais memórias referem-se às versões sobre o passado dos
grupos dominados de uma sociedade, que, muitas vezes, contradizem as memórias
monumentalizadas e registradas em textos, obras de arte e outras exposições.
Entretanto é possível verificar que as lembranças tidas como marginais ou
subterrâneas, mesmo confinadas ao silêncio permanecem vivas, no âmago dos grupos
dominados, por meio de sua disseminação de geração em geração.
Dentro do exposto, é possível visualizar a participação da cultura africana para a
construção da cultura brasileira. Cultura esta, que por muito tempo foi silenciada e
marginalizada pela elite dominante. Neste contexto, ainda nos dias atuais é latente um
sentimento que se formou diante dos afrodescendentes: o racismo.
APPIAH (1997) explica que é necessário diferenciar os termos racialismo, racismo
explícito e racismo implícito para melhor entender como estes se processam dentro do
olhar social. Para o autor, o racialismo remete às características hereditárias inerentes a
membros de nossa espécie e que permite uma divisão das raças em pequenos conjuntos.
Por outro lado, o racismo extrínseco permeia o campo moral, onde a essência racial
implica em algumas diferenciações morais que privilegiam algumas raças em detrimento
de outras. Desta ideologia nasce o sentimento de opressão sobre as raças dominadas.
Já no racismo intrínseco, as diferentes raças possuem status moral diferenciado,
independentemente das características que seus membros partilham. Esses sentimentos
racistas são meramente ideológicos. Para APPIAH (2007) a visão que se tem da cultura
africana é limitadora, visto que a África possui cultura e povos variados. O autor remete,
sobretudo, sobre o mito das raças e da concepção de igualdade racial. Com isso, é
possível entender que, cada povo tem sua história ditas e não ditas, suas memórias
explicitas e silenciadas, sua concepção de mundo moldada, muitas vezes pelo que é
ilustrado pela cultura dominante.
A história do Brasil mostra registros com marcos da cultura dominante, dos
grandes senhores de engenho e dos feitos da realeza, tudo devidamente
monumentalizado em obras de arte, textos históricos e outros, que refletem a política, a
religião, a economia e os costumes, memórias cuidadosamente enquadradas mostrando
somente o que era considerado relevante. Por outro lado, a cultura africana, mesmo
sufocada, foi amplamente disseminada dentro das senzalas e nos grupos étnico-raciais
marginalizados, permanecendo viva e sendo base estrutural para a cultura brasileira
como vista nos dias atuais.
Para ilustrar este pensamento, o vídeo exibido pelo Enraizando, com a temática
Raízes do Brasil, mostra a realidade da contribuição dos negros para a formação do povo
brasileiro, seja pela miscigenação racial, pela incorporação de sua cultura e de seus
saberes na sociedade brasileira. A importância do trabalho escravo para a construção da
economia brasileira é outro fator de grande preponderância que não pode ser ignorado.
De tudo, a valorização dos negros para a construção de nossa história é inegável
e necessita ser disseminada para que a sociedade vigente possa estar livre do racismo,
um mal que ainda assola o meio social e deve ser banido por meio da educação.

REFERÊNCIAS:

APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura. Tradução
Vera Ribeiro. Revisão de tradução Fernando Rosa Ribeiro. 1ª edição; 1ª reimpressão. Rio
de Janeiro: Contraponto, 1997. Disponível em:
https://www.ensino.cear.ueg.br/pluginfile.php/500437/mod_resource/content/1/
Na_casa_de_meu_pai.pdf. Acesso: 20/03/2020.

ENRAIZANDO. Os Africanos - Raízes do Brasil #3. 8 de nov. de 2016. Vídeo (06m25s).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fGUFwFYx46s&feature=emb_logo.
Acesso: 20/03/2020.

POLLAK, Michael. “Memória, esquecimento, silêncio. ” In: Estudos Históricos, Rio de


Janeiro: vol. 2, nº 3, 1989. Disponível em:
https://www.ensino.cear.ueg.br/pluginfile.php/500436/mod_resource/content/1/
Memoria_esquecimento_silencio.pdf. Acesso: 20/03/2020.

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