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O ANO DA MORTE DE

RICARDO REIS
Daniel Oliveira Nº7 12ºA
INTRODUÇÃO
Este documento relativo à obra "O
ano da morte de Ricardo Reis" de
José Saramago foi elaborado após a
leitura do mesmo, com o intuito de
mostrar a minha visão e orientar a
leitura daqueles que pretendem ler a
obra.
AUTOR

Nascido em 1887, Saramago, médico, poeta e romancista brasileiro, destacou-se


politicamente. Famoso por obras como "Levantado do Chão" (1980) e "Memorial do
Convento" (1982), denunciou causas políticas e sociais. Em meio à ditadura
salazarista, escolheu "O Ano da Morte de Ricardo Reis" para explorar questões
laborais esquecidas. Os seus romances notáveis surgiram nos anos 80, após incursões
na poesia e crônicas políticas sob censura pré-25 de Abril. Saramago, escritor de
inquietação e rebeldia, conferiu a Portugal dimensão ética e épica, expondo eventos
passados e presentes com significado no tempo atual.
É o título um elemento premonitório de um
texto que se abre à nossa frente e nos quer
SOBRE O introduzir na vivência heteronímica de Fernando
Pessoa. Ricardo Reis é um elemento de ficção
TÍTULO legitimado e dado ao mundo por Fernando
Pessoa em carta escrita a Adolfo Casais
DA OBRA Monteiro, a 13 de Janeiro de 1935.

O ano da morte de Ricardo Reis


Estrutura externa: 19 capítulos
ESTRUTURA DA Estrutura circular: uso paródico do verso de Camões

OBRA “Onde a terra se acaba e o mar começa”; viagem de


Reis para Lisboa e, depois, em direção ao cemitério
dos Prazeres.
CONTEXTUALIZAÇÃO
HISTÓRICA
Na sua chegada a Lisboa, em dezembro de
1935, Ricardo Reis testemunha uma cidade
desolada, imóvel e melancólica, simbolizando
metaforicamente o regime Salazarista que
sufocava os portugueses. Este cenário reflete a
opressão do Estado Novo, privando os
cidadãos de vontade para desafiar a situação,
análoga ao mau tempo que permeia a cidade.
CONTEXTUALIZAÇÃO
HISTÓRICA
Lisboa emerge com contrastes sob o
governo salazarista: cafés luxuosos frente a
mercados sujos, a representação fictícia de
progresso contrastando com bairros ocultos e
degradados. A cidade abriga também intensas
disparidades sociais, onde a riqueza coexiste
com a pobreza extrema, ignorada pelo
regime. Esta dualidade física e social revela-se
como uma narrativa vívida da complexidade e
repressão no contexto salazarista, persistindo
nas entrelinhas da história.
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Por fim, em Lisboa, festividades como o Ano Novo e manifestações pró-


regime contrastavam com a tristeza causada pelas inundações. Chuvas
intensas não só tiraram vidas e lares, mas ameaçavam também as produções
agrícolas, afetando não apenas as vítimas diretas, mas também agricultores
e trabalhadores rurais.
No romance, José Saramago explora a complexidade
do heterónimo Ricardo Reis criado por Fernando Pessoa,
ROMANCE: sem se prender rigidamente aos critérios do poeta.
Mantendo a essência da figura, Saramago destaca a
O ANO DA autonomia do personagem. A escolha simbólica de
Ricardo Reis regressar a Portugal após a morte de
MORTE DE Pessoa revela-se marcante, sugerindo um renascimento
ou encarnação. O encontro imaginário no terceiro
RICARDO capítulo, onde Ricardo Reis interage fisicamente com
Pessoa, adiciona uma camada intrigante à narrativa,
REIS transformando Pessoa em personagem e explorando as
fronteiras da criação literária.
PERSONAGENS RELEVANTES
Ricardo Reis: Heterónimo de Fernando Pessoa, distante e solitário, observa a realidade
ditatorial através da leitura de jornais.
Fernando Pessoa: Figura fantasmagórica, motor dos eventos, comenta ironicamente sobre a vida
de Reis e as temáticas da poesia.
Lídia: Mulher humilde, amante de Reis, vive intensamente sua feminilidade, questiona códigos
sociais e o contexto político.
Marcenda: Jovem da alta sociedade, passiva e oprimida pelo pai, assemelha-se às musas de
Reis.
Salvador: Gerente do Hotel Bragança, hospitaleiro, colabora com a PVDE para preservar a
reputação do estabelecimento.
Victor: Agente da PVDE, presente na vida de Reis, procura denúncias.
OUTRAS PERSONAGENS
Pimenta: Carregador de malas no Hotel Bragança.
Rámon, Felipe e Afonso: Empregados do restaurante do Hotel.
Doutor Sampaio: Advogado, pai de Marcenda.
Vizinhas do 19 e 3º andar: Cuscas sobre a vida de Reis.
Velhos do banco: Interessados na vida de Reis.
Daniel Martins: Meio-irmão de Lídia, morre no navio Afonso de Albuquerque.
Lopes Ribeiro: Realizador do filme A Revolução de Maio, com participação de Victor e outros
agentes.
SÍNTESE

Ao longo de dezanove capítulos, Saramago explora a vida de Ricardo Reis,


um médico de profissão, testemunhando eventos marcantes como a guerra,
o regime de Salazar e as lutas sindicais. O narrador omnisciente fornece uma
visão abrangente do quotidiano, com observações detalhadas sobre espaços
como o Hotel Bragança e localidades como Fátima.
SÍNTESE

O romance mergulha nas relações de Reis com personagens como Marcenda


e Lídia, revelando as complexidades sociais e políticas da época. A obra
culmina com Reis visitando o cemitério dos Prazeres para encontrar
Fernando Pessoa, encerrando um período de oito meses cheio de encontros
significativos. "O Ano da Morte de Ricardo Reis" é uma exploração profunda
da interseção entre ficção e realidade, oferecendo uma perspetiva única da
história de Portugal e da vida dos seus habitantes.
SÍNTESE
Capítulo 1
Após dezasseis anos no Brasil, Ricardo Reis chega a Lisboa e hospeda-se no Hotel Bragança, onde fascina-
se com Marcenda, uma mulher com a mão esquerda paralisada.
Capítulo 2
Ricardo Reis, lê acerca da morte de Fernando Pessoa, visita o túmulo do poeta e conhece mais sobre
Marcenda e a sua história.
Capítulo 3
Reis presencia eventos como o "bodo do Século" e tem o seu primeiro encontro com Pessoa. Os Capítulos
seguintes abordam sua relação com Lídia, os encontros com Pessoa, a sua mudança de hotel, a compra e
leitura de um livro recomendado pelo Dr. Sampaio, além de acontecimentos políticos em Portugal e Espanha.
Capítulo 8
Reis fica doente, recebe uma intimação da PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado) e tem uma
interação confusa com o Dr. Sampaio.
SÍNTESE
Capítulo 9
Ricardo Reis, vai à PVDE e, ao retornar, escreve uma carta para Marcenda. Nos Capítulos
seguintes, Reis aluga uma casa, estabelece-se com Lídia, procura emprego e continua os
seus encontros com Pessoa.
Capítulo 14,
Marcenda termina o relacionamento, e Reis volta a envolver-se com Lídia. Os Capítulos
finais envolvem reflexões sobre poesia, a gravidez de Lídia e eventos históricos, culminando
na despedida final com Fernando Pessoa e a decisão de Reis de acompanhar Pessoa na
morte.
Após a leitura é possível identificar as principais
características do Estado Novo, marcado pelo regime
Salazarista sendo estas:
• Equilíbrio financeiro, conseguido com o aumento dos
impostos e com a redução de gastos com a educação,
saúde e salários dos funcionários públicos.
CARACTERIZAÇÃO • Modernização do país, através da política de obras
públicas.
DO ESTADO NOVO • Estabilidade forçada com a criação de meios de
controlo da sociedade: Censura Polícia política (PVDE,
mais tarde PIDE) Mocidade Portuguesa, Propaganda
Nacional
• Aliança com a Igreja (instrumento capaz de persuadir e
manipular as populações), assente na visão de Salazar
como o salvador da moralidade cristã e da pátria.
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS E A
REVOLUÇÃO DE 25 DE ABRIL DE 1974

Numa entrevista concedida a Carlos Reis em 25 de Janeiro de 1997, publicada pela


Caminho em 1998, sob o título Diálogos com Saramago, afirma o escritor: “Onde é
que a literatura viveria, se pudesse viver fora da ideologia ou à margem dela? A
Literatura pode viver até de uma forma conflituosa com a ideologia […] O que não
pode é viver fora da ideologia”.
Se é certo que a ideologia está ligada à Literatura, só depois do 25 de Abril
é possível conceber um texto como O Ano da Morte de Ricardo Reis, onde a ironia e
a crítica se apresentam lado a lado para retratarem a governação de Salazar, e
daí importa citar Saramago na entrevista a Baptista-Bastos publicada pela
parceria Sociedade Portuguesa de Autores-Publicações Dom Quixote, em 1996, com
o título José Saramago, Aproximação a Um Retrato, “Creio que nada ou quase
nada daquilo que fiz, depois do 25 de Abril, podia ter sido feito antes”.
CONCLUSÃO
Após uma reflexão sobre este livro surpreendente, concluo
que este deve ser lido com calma, saboreando os
caminhos que Saramago nos convida a seguir, ao longo
das páginas deste romance. O romance apresenta
aspetos interessantes que o caracterizam sendo estes
aspetos: provérbios e expressões populares, mistura de
vários modos de relato do discurso, ausência de
pontuação convencional, uso exclusivo do ponto final e da
vírgula, que funciona como o sinal de maior relevância e
uso de maiúscula no interior da frase.
Por fim, recomendo este livro que apresenta um relato
sobre uma vida e relacionamentos numa época marcante
em Portugal, a mais leitores pois tal como eu, acredito que
mais leitores fiquem cativados.

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