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O Ano da Morte de Ricardo Reis

Autor

José Saramago nasceu na vila de Azinhaga, no concelho da Golegã, vindo de uma família de
agricultores, o pai José de Sousa (1896–1964), que posteriormente foi polícia, e a mae Maria da
Piedade (1898–1982).A sua vida é passada em grande parte na cidade de Lisboa, para onde se
mudou em 1924, antes mesmo de fazer dois anos de idade, falecendo o irmão Francisco de Sousa
(1920–1924), em 22 de dezembro do mesmo ano.
A origem do apelido Saramago remete à alcunha da família, Saramago. Demonstrava desde cedo
interesse pelos estudos e pela cultura, sendo que essa curiosidade perante o Mundo o
acompanhou até à morte.
Dificuldades económicas impediram José Saramago de fazer os estudos liceais, que o levariam a
frequentar a universidade. Formou-se numa escola técnica e teve o seu primeiro emprego como
serralheiro mecânico.

Resumo da obra

A história passa-se em Lisboa, no ano de 1936, em um contexto de instabilidade política e social


na Europa, com a ascensão do fascismo e a Segunda Guerra Mundial. O protagonista é Ricardo
Reis, um dos heterônimos do famoso poeta Fernando Pessoa.

Ricardo Reis, um médico e poeta, retorna a Portugal após vários anos no Brasil devido à morte
de Fernando Pessoa, seu criador. No entanto, ele se depara com um país e um mundo em
transformação, marcados pela incerteza da guerra. A presença de Pessoa, que morreu em 1935,
paira sobre a narrativa, especialmente através dos heterônimos, figuras literárias criadas por
Pessoa.

Ricardo Reis aluga um quarto em um hotel e começa a viver uma existência introspectiva e
contemplativa. Ele é assombrado pela presença de Marcenda, uma mulher misteriosa que parece
estar conectada ao seu passado e que o intriga. O romance explora a complexidade da identidade,
a fugacidade da vida e a inevitabilidade da morte.

Ao longo da história, Saramago utiliza seu estilo literário característico, com frases longas e
pouca pontuação, para criar uma narrativa densa e profunda.
Aspetos pré-25 de Abril

"O Ano da Morte de Ricardo Reis", de José Saramago, reflete vários aspetos históricos e sociais
pré-25 de abril de 1974, quando ocorreu a Revolução dos Cravos em Portugal. Embora o
romance se situe na década de 1930, muitos dos temas abordados podem ser relacionados com a
atmosfera política e social do período anterior à Revolução dos Cravos. Alguns aspetos pré-25 de
abril presentes na obra sao:

Ditadura e Autoritarismo:
A obra desenrola-se sob a sombra da ditadura do Estado Novo, regime político autoritário que
governou Portugal de 1933 a 1974. A atmosfera opressiva e a sensação de controle permeiam a
narrativa, refletindo o clima político do país.

Censura e Controlo:
Durante o regime autoritário, a censura era uma prática comum. O ambiente cultural e artístico
era muitas vezes sujeito a restrições, e a obra de Saramago aborda implicitamente a necessidade
de os escritores e artistas serem cautelosos ao expressarem suas ideias.

Exílio e Repressão:
A situação de Ricardo Reis, que retorna a Portugal após um período de exílio no Brasil, pode ser
interpretada como uma metáfora para o retorno de muitos exilados políticos após o 25 de abril. O
exílio e o medo da repressão são temas recorrentes.

Identidade e Liberdade:
O questionamento da identidade pessoal e a busca pela liberdade individual são temas cruciais na
obra. Essas questões estão intrinsecamente ligadas à luta contra as restrições impostas pelo
regime autoritário, refletindo as aspirações de liberdade do povo português antes da revolução.

Estado de Espírito Nacional:


O estado de espírito nacional representado na obra espelha a apatia e desencanto presentes na
sociedade portuguesa sob o Estado Novo. A parábola sobre a morte de Ricardo Reis pode ser
interpretada como uma metáfora para a situação política e social do país na época.

Referências Históricas:
Eventos históricos reais, como a Guerra Civil Espanhola e a ascensão do fascismo, são
incorporados na narrativa, fornecendo um contexto realista que ecoa as tensões geopolíticas pré-
25 de abril na Europa.
Embora "O Ano da Morte de Ricardo Reis" seja ambientado na década de 1930, Saramago
utiliza a história e os personagens para dialogar implicitamente com a situação política
contemporânea de Portugal, contribuindo para uma análise crítica da sociedade antes das
mudanças radicais introduzidas pela Revolução dos Cravos.

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