Criado em 1913, Ricardo Reis, é um dos heterónimos de Fernando pessoa.
Ricardo Reis, era baixo, mais forte e seco, não usava barba nem bigode e a sua pele era morena. Segundo a sua biografia imaginada, nasceu no dia 19 de setembro de 1887, no Porto. Estudou num colégio jesuíta onde recebeu uma forte educação clássica e formou-se em medicina. Defensor do regime monárquico exilou-se no Brasil, em 1919, por discordar do regime republicano recém- instalado em Portugal. Fernando Pessoa ao contrário dos outros heterónimos não definiu uma data para a morte de Ricardo Reis. José Saramago quando escreveu o livro “O ano da morte de Ricardo Reis” atreveu-se a terminar a história do poeta, protagonista da obra, datando a sua morte no ano de 1936. Influenciado pelos ideais dos filósofos clássicos, o epicurismo, filosofia defendida pelo filósofo Epicuro que defende a procura dos prazeres moderados para atingir um estado de tranquilidade e de libertação do medo e o estoicismo, filosofia helenística que rejeita as emoções e os sentimentos exacerbados, ou seja, não cede aos impulsos dos instintos. E ainda podemos encontrar uma forte influência de Caeiro nos poemas de Ricardo Reis. Caracterização dos poemas de Ricardo Reis Ricardo Reis defende o ideal grego do “carpe diem” (aproveite o dia), com a intenção de atingir o caminho para a felicidade. No entanto, considera que para atingir esta felicidade que procura, só o conseguirá através da calma e tranquilidade imposta pela “ataraxia”. Assim, os principais temas de Ricardo Reis na sua poesia passam pela harmonia, a clareza, as boas formas de viver, o prazer, a serenidade e o equilíbrio. Através dos seus versos, o poeta procura atingir a paz e o equilíbrio sem sofrer, considerando a vida como uma viagem cujo fluir e fim são inevitáveis. As primeiras obras de Ricardo Reis foram publicadas na revista Athena, fundada por Fernando Pessoa em 1924. Entre 1927 e 1930, publicou várias Odes na revista Presença.
A poesia de Ricardo Reis possui as seguintes características:
• objetividade; • linguagem rebuscada; • temática da fugacidade; • rigor formal; • traços neoclássicos; • carpe diem; • referências greco-latinas; • niilismo; • sobriedade; • amor idealizado. “O ano da morte de ricardo reis” Este excerto, que agora vou apresentar está inserido no capítulo 3 do romance “o ano da morte de Ricardo Reis”. Passa-se na última noite do ano, 31 de dezembro de 1935, onde, após festejar a passagem do ano, em lisboa, Ricardo Reis regressa ao hotel de Bragança. Ao regressar ao hotel, Reis, encontra no seu quarto Fernando pessoa que o informa de que tem 9 messes de permissão para circular entre os humanos, que esse tempo corresponde ao mesmo que andamos nas barrigas das nossas mães. Nesse diálogo, Reis, explica a Fernando pessoa os motivos que o levaram a regressar a Portugal, que foram: a morte do amigo, que soube através de um telegrama de Álvaro de Campos e, também, devido à revolução que rebentou no Brasil que este temia que viesse a piorar. O excerto acaba com um diálogo sobre a preferência de Reis pela monarquia e de Fernando Pessoa realçar que ainda se lembra do heterónimo.
Sobre a escrita de José Saramago…
Saramago, escritor contemporâneo, utiliza na sua escrita um estilo e uma linguagem muito particular, este restringe a pontuação a dois sinais, à virgula e o ponto final. Nos diálogos, o autor, não utiliza as marcações gráficas habituais, as suas falas são iniciadas por maiúsculas e isoladas por virgulas “Fernando Pessoa, disse Olá” (l.8). José Saramago aproxima o seu discurso escrito ao discurso oral dando-lhe um tom oralizante, utilizando frases longas, o predomínio da coordenação conjugando moralidade e reprodução do discurso. Neste excerto, estão presentes alguns recursos expressivos, tais como: Enumeração: “(…), nem sequer (…), e a meia (…)” (ll.16 a 17) Comparação: “(…) como se apresentaria quem estivesse de luto (…)” (ll.17 a 18) Antítese: “(…) satisfação maligna (…)” (l. 36)