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Gislane Azevedo
Leandro Calbente
Reinaldo Seriacopi
8
Historia
ENSINO FUNDAMENTAL
ANOS FINAIS
COMPONENTE CURRICULAR:
MANUAL HISTÓRIA

DO
PROFESSOR

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8
Historia
COMPONENTE CURRICULAR:
HISTÓRIA

MANUAL
DO
PROFESSOR

GISLANE CAMPOS AZEVEDO SERIACOPI (Gislane Azevedo)


Mestra em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Foi professora universitária, pesquisadora e professora de História dos ensinos
Fundamental e Médio nas redes pública e privada.

LEANDRO CALBENTE CÂMARA (Leandro Calbente)


Bacharel em História e Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Ciências
(História Econômica) pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Educação pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Foi professor de História dos ensinos Fundamental e Médio na rede pública.
Editor e autor de materiais didáticos.

REINALDO SERIACOPI
Bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) e Comunicação Social pelo
Instituto Metodista de Ensino Superior.
Editor especializado na área de História.

1a edição
São Paulo • 2022

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A conquista – História – 8o ano (Ensino Fundamental – Anos Finais)
Copyright © Gislane Campos Azevedo Seriacopi, Leandro Calbente Câmara, Reinaldo Seriacopi, 2022

Direção-geral Ricardo Tavares de Oliveira


Direção de conteúdo e negócios Cayube Galas
Direção editorial adjunta Luiz Tonolli
Gerência editorial Roberto Henrique Lopes da Silva
Edição Deborah D’ Almeida Leanza (coord.), Solange Mingorance, Rui C. Dias,
Thamirys Gênova da Silva Lemos
Preparação e revisão de textos Maria Clara Paes (coord.),
Carolina Machado, Veridiana Maenaka
Gerência de produção e arte Ricardo Borges
Design Andréa Dellamagna (coord.)
Projeto de capa Sergio Cândido
Imagem de capa 1001nights/Getty Images
Arte e produção Vinicius Fernandes (coord.),
Camila Ferreira Leite, Jacqueline Nataly Ortolan (assist.)
Diagramação Estúdio Diagrami
Coordenação de imagens e textos Elaine Bueno Koga
Licenciamento de textos Amandha Rossette Baptista
Iconografia Jonathan Santos, Emerson de Lima (trat. imagens)
Ilustrações Alex Silva, Bentinho, Carlos Caminha, Estúdio Diagrami, Sonia Vaz
Cartografia Allmaps, Sonia Vaz

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Seriacopi, Gislane Campos Azevedo
   A conquista história : 8o ano : ensino
fundamental : anos finais / Gislane Campos Azevedo
Seriacopi, Leandro Calbente Câmara, Reinaldo
Seriacopi. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2022.
  
Componente curricular: História.
   ISBN 978-85-96-03505-7 (aluno)
   ISBN 978-85-96-03506-4 (professor)

   1. História (Ensino fundamental) I. Câmara,


Leandro Calbente. II. Seriacopi, Reinaldo.
III. Título.

22-114756 CDD-372.89
Índices para catálogo sistemático:
1. História : Ensino fundamental 372.89
Eliete Marques da Silva – Bibliotecária – CRB-8/9380

Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste


Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 livro foram produzidas com fibras obtidas de
de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à árvores de florestas plantadas, com origem
certificada.
EDITORA FTD.
Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD
CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300 CNPJ 61.186.490/0016-33
Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 Avenida Antonio Bardella, 300
www.ftd.com.br Guarulhos-SP – CEP 07220-020
central.relacionamento@ftd.com.br Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375

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A P R E S E N TA Ç Ã O
Caro professor,
O trabalho docente é prazeroso e realizador, mas, por vezes, solitário e
desafiador. Há inúmeras questões para solucionar: planejamento das aulas,
elaboração de atividades e de instrumentos de avaliação, análises e devolutivas
desses instrumentos, entre tantas outras.
Por meio deste Manual do professor, buscamos estabelecer um canal de
diálogo com você. Nele, expressamos valores, crenças, propostas e sugestões,
bem como indicamos os caminhos percorridos na elaboração desta coleção.
Além disso, refletimos tanto sobre os marcos legais que regem a educação
brasileira como sobre as mudanças no ensino de História, especialmente as
advindas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Neste manual, você também encontrará reflexões sobre a importância
de a escola e a educação serem cada vez mais democráticas e inclusivas, e
sobre como esses princípios podem nos ajudar a construir e a viver em uma
sociedade mais justa e acolhedora.
Portanto, acreditamos que este manual é uma ferramenta que pode
auxiliá-lo a melhor explorar esta coleção didática e a atuar em defesa da
democracia e da cidadania em seu cotidiano escolar.
Boa leitura!
Os autores

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SUMÁRIO
CONHEÇA O MANUAL DO PROFESSOR......................................... VI
INTRODUÇÃO...........................................................................................................X
ORGANIZAÇÃO DA COLEÇÃO................................................................ XI
ORIENTAÇÕES GERAIS PARA A COLEÇÃO................................. XX
1 Pressupostos teóricos................................................................................. XX
1.1 A História como disciplina escolar no Brasil..................................... XX
1.2 As mudanças na década de 1990: a LDB e os PCNs...................... XX
1.3 A Base Nacional Comum Curricular (BNCC).................................... XXI
1.4 O processo de ensino-aprendizagem em que acreditamos.... XXX
1.5 Livro didático: crenças e caminhos trilhados nesta coleção.... XXXVIII
1.6 A história da África, dos africanos e dos afrodescendentes....... XL
1.7 A história dos povos indígenas............................................................. XLI

2 Metodologia da coleção.........................................................................XLII
2.1 O autoconhecimento e o protagonismo..........................................XLII
2.2 A contextualização e a relação entre presente e passado.......XLIII
2.3 O trabalho com documentos............................................................. XLVII
2.4. As unidades conceituais....................................................................... XLIX

3 Reflexões sobre tipos de avaliação.........................................................L


3.1 Práticas avaliativas........................................................................................ LI

4 Referências bibliográficas consultadas e recomendadas..... LVI


5 Objetivos e justificativas do volume................................................LXII
5.1 Unidade 1.....................................................................................................LXII
5.2 Unidade 2.....................................................................................................LXII
5.3 Unidade 3................................................................................................... LXIII
5.4 Unidade 4................................................................................................... LXIV

6 Habilidades da BNCC para o 8o ano................................................ LXV

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7 Quadro de conteúdos, objetos de conhecimento,
competências/habilidades da BNCC e planejamento
do volume..................................................................................................... LXVI

8 Avaliações do volume 8...................................................................... LXVIII


8.1 Avaliação da unidade 1..................................................................... LXVIII

8.2 Avaliação da unidade 2........................................................................ LXIX

8.3 Avaliação da unidade 3........................................................................LXXI

8.4 Avaliação da unidade 4...................................................................... LXXII

8.5 Gabaritos das avaliações................................................................... LXXIV

ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS ESPECÍFICAS DO VOLUME 8...LXXX

UNIDADE 1 Igualdade ..................................................................................... 10


CAPÍTULO 1 Iluminismo e monarquia constitucional na Europa..........14
CAPÍTULO 2 A Revolução Industrial ............................................................. 38

UNIDADE 2 Liberdade.......................................................................................66
CAPÍTULO 3 Revoluções iluministas: Estados Unidos e França..............70
CAPÍTULO 4 Rebeliões na colônia: a Conjuração Mineira
e a Conjuração Baiana..................................................................................... 104
CAPÍTULO 5 Os processos de independência da América
espanhola e da América portuguesa........................................................ 124

UNIDADE 3 Nação e nacionalismo......................................................... 150


CAPÍTULO 6 O Primeiro Reinado e o período regencial....................... 154
CAPÍTULO 7 O neocolonialismo..................................................................... 180

UNIDADE 4 Terra e meio ambiente....................................................... 206


CAPÍTULO 8 O governo de D. Pedro II......................................................... 210
CAPÍTULO 9 A Guerra do Paraguai e o fim da escravidão................... 238

COMO SE FAZ... ............................................................................................... 266

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 284

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CONHEÇA O MANUAL DO PROFESSOR
Introdução
Apresenta a composição da coleção e sua estrutura geral, explicando como são articuladas as propostas de trabalho
da obra com a metodologia e com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Organização da coleção
Detalha as seções e os boxes da coleção, explicitando sua forma de apresentação nos volumes, suas respectivas
localizações e suas funções para o processo de ensino-aprendizagem.

Orientações gerais para a coleção


Nas Orientações gerais para a coleção, são expostos os referenciais teóricos que norteiam a obra como um
todo, algumas reflexões sobre ensino-aprendizagem de História e as conexões entre a obra e a BNCC. Agrega, ainda, o
detalhamento dos eixos de trabalho deste manual, contendo os Pressupostos teóricos; a Metodologia da coleção;
as Reflexões sobre tipos de avaliação; as Referências bibliográficas consultadas e recomendadas (com comen-
tários); os Objetivos e justificativas do volume; as Habilidades da BNCC para o 8o ano; o Quadro de conteúdos,
objetos de conhecimento, competências/habilidades da BNCC e planejamento do volume; e as Avaliações do
volume 8 (sugeridas).

4 Referências bibliográficas consultadas e recomendadas 8 Avaliações do volume 8 NÃO ESCREVA


NO LIVRO.

ALBERTI, Verena. Algumas estratégias para o ensino de história e cultura afro-brasileira. In: PEREIRA, Amilcar Araújo; MONTEIRO, 8.1 • Avaliação da unidade 1
Ana Maria (org.). Ensino de História e culturas afro-brasileiras e indígenas. Rio de Janeiro: Pallas, 2013. p. 53.
O capítulo escrito por Verena Alberti provoca a reflexão sobre o ensino da história das relações raciais com base na literatura
1. O século XVIII foi um momento de profundas transformações sociais, políticas, econômicas e cultu-
rais, principalmente pelo que o historiador Eric Hobsbawm chamou de “dupla revolução”: a Revolução
sobre o tema. A autora afirma a importância de mostrar que a história da população negra vai além da escravidão, da pobreza ou
da submissão. Francesa e a Revolução Industrial. Pensando nisso, responda às questões a seguir:
a) Como podemos definir o conceito de “revolução”?
ALEGRO, Regina Célia. Conhecimento prévio e aprendizagem significativa de conceitos históricos no Ensino
Médio. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Marília: 2008. Disponível b) Por que o conceito de “revolução” pode ser usado tanto para se referir às transformações ocorridas na França a partir
em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/102251/alegro_rc_dr_mar.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso de 1789 quanto às mudanças provocadas pelas transformações técnicas ocorridas na Inglaterra do século XVIII?
em: 12 jul. 2022. 2. O Iluminismo foi um movimento de ideias que influenciou profundamente as mudanças que ocorreram
Embora a pesquisa seja com estudantes do Ensino Médio, as reflexões sobre aprendizagem significativa e sobre conhecimentos na Europa e nas Américas no século XVIII. Podemos afirmar que o pensamento iluminista:
prévios para novas aprendizagens são pertinentes à educação como um todo.
a) teve como opositores pensadores como o inglês John Locke e o francês René Descartes.
BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico- b) recusava a separação entre a Igreja e o Estado e defendia que era papel do rei definir a religião de sua população.
-prática. Campinas: Papirus, 2012.
c) tinha como princípio o uso da razão como instrumento fundamental do conhecimento humano.
Diversos autores analisam práticas pedagógicas, tanto na educação básica como no ensino superior, relacionadas à aplicação
das metodologias ativas. d) propunha que a educação deveria ter como função impedir a divulgação do conhecimento científico.
e) defendeu o fim da liberdade política e de expressão, servindo para a afirmação das ideias absolutistas.
BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-
-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. (Série Desafios da Educação). Disponível em: https://curitiba.ifpr.edu.br/wp-content/ 3. Relacione as ideias apresentadas a seguir com os pensadores iluministas que foram seus formuladores.
uploads/2020/08/Metodologias-Ativas-para-uma-Educacao-Inovadora-Bacich-e-Moran.pdf. Acesso em: 23 jun. 2022.
a) Defendia a liberdade de expressão e julgava essencial combater o clero e os nobres que fizessem oposição aos
Versão digital da coletânea publicada em 2012.
monarcas.
BERGMANN, Jonathan; SAMS, Aaron. A sala de aula invertida: uma metodologia ativa de aprendizagem. Tradução: b) Um crítico fervoroso do Absolutismo, defendia a divisão do poder em três: Poder Executivo, Poder Legislativo
Afonso Celso da Cunha Serra. Rio de Janeiro: LTC, 2016. e Poder Judiciário.
Os autores apresentam a metodologia da sala de aula invertida como espaço de esclarecer dúvidas, realizar atividades, trocar c) Republicano, para ele o verdadeiro soberano era o povo, de quem o governante era apenas um funcionário.
conhecimentos e fixar a aprendizagem.
I. Montesquieu II. Voltaire III. Rousseau
BEZERRA, Holien Gonçalves. Ensino de História: conteúdos e conceitos básicos. In: KARNAL, Leandro (org.). História na a) I. a - II. b - III. c c) I. b - II. c - III. a e) I. c - II. b - III. a
sala de aula: conceitos, práticas e propostas. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2008. p. 37-48.
b) I. a - II. c - III. b d) I. b - II. a - III. c
O capítulo escrito por Holien Gonçalves Bezerra aborda o que os professores devem selecionar e quais conceitos enfatizar na
elaboração das suas aulas de História. 4. Um dos elementos centrais que marcaram o Iluminismo foi a defesa da razão como instrumento para
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008. conquistar a liberdade e da capacidade de o ser humano pensar por si próprio. A ciência passou a ser
Obra cujo eixo é o programa do curso de Metodologia de Ensino de História na Faculdade de Educação da USP, acrescido de valorizada como caminho para conhecer a natureza, afastando-se do entendimento da religião sobre o
questões relativas ao ensino de História para as séries iniciais. mundo físico. Pensando nisso, reúna-se com um colega e façam uma pesquisa sobre alguma invenção
ou descoberta que mostre a importância da ciência e do conhecimento científico no Brasil. Durante a
BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício de historiador. Tradução: André Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
pesquisa, procurem responder às seguintes perguntas:
Obra clássica da historiografia escrita pelo historiador francês Marc Bloch (1886-1944), esse livro de metodologia da História foi
publicado postumamente, em 1949, com a organização de Lucien Febvre.
• Qual é a invenção ou descoberta científica pesquisada?
• Que contribuições essa invenção ou descoberta trouxe para a sociedade?
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da
República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 25 jun. 2022. • Essa invenção ou descoberta ainda hoje tem impacto na sociedade?
A Carta Magna serve de parâmetro para as demais legislações do país. • Quem foi o(a) cientista ou pesquisador(a) responsável por essa descoberta? Escreva uma pequena
biografia sobre ele(a).
BRASIL. Decreto-lei no 869, de 12 de setembro de 1969. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
Depois, compartilhem as conclusões do grupo com o restante da turma. Ouça, anote e discuta também
lei/1965-1988/del0869.htm. Acesso em: 18 nov. 2019.
as informações compartilhadas pelos colegas dos outros grupos.
Decreto-lei (atualmente revogado) que criou as disciplinas de Educação Moral e Cívica (EMC) e Organização Social e Política do
Brasil (OSPB). 5. A Revolução Industrial provocou profundas mudanças na maneira de fabricar produtos e nas relações
de trabalho, iniciando uma nova fase do capitalismo. Escreva um pequeno texto explicando os principais
BRASIL. Lei no 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1o e 2o graus, e dá outras
elementos que permitiram à Inglaterra ser o centro inicial dessas transformações.
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 ago. 1971. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l5692.htm. Acesso em: 25 jun. 2022. 6. Leia com atenção o texto a seguir, que trata das consequências da Revolução Industrial, e depois responda
Lei que, durante a ditadura civil-militar, regulou o ensino de 1o e 2o graus, atuais ensinos Fundamental e Médio. às questões.

LVI LXVIII

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Referências bibliográficas Avaliações do volume 8


consultadas e recomendadas Sugerimos, em cada volume, algumas estratégias avaliativas
A lista de obras comentadas, que serviram de referência (propostas) que podem ser utilizadas em diferentes etapas
para a elaboração deste manual, constitui-se em valiosas do processo de ensino-aprendizagem.
recomendações para o aprimoramento do professor.

VI

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Orientações didáticas específicas do volume 8
As orientações específicas, correspondentes ao Livro do Estudante, são sugestões de estratégias
didático-pedagógicas que buscam auxiliar o trabalho do professor dentro e fora da sala de aula. São
compostas de sugestões de abordagens, textos e atividades complementares, propostas de bibliografia
etc. referentes a cada capítulo.

A BNCC na unidade, no capítulo e nas


duplas de páginas
Indicamos as competências e as habilidades da BNCC trabalhadas
em cada unidade, em cada capítulo e em cada dupla de páginas.

A BNCC NA UNIDADE Texto complementar


O uso de rodas de

MARCO DI LAURO/GETTY IMAGES


Competências conversa como

2
• Gerais (CG): 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10: UNIDADE estratégia pedagógica
trabalhadas com os estudantes à me-
dida que valorizam a construção e a
A s r o d a s d e c o n v e r-
utilização do conhecimento histórico sas possibilitam encontros
acerca das revoluções ocorridas na dialóg icos, cr iando pos-
Europa e na América, exercitando a
problematização de suas particulari- LIBERDADE sibilidades de produção e
ressignificação de sentido – sa-
beres – sobre as experiências
dades, como no caso da guerra de
independência dos Estados Unidos ao dos partícipes. Sua escolha
abordar assuntos como a criação da se baseia na horizontaliza-
Constituição e seus efeitos na socie- ção das relações de poder.
dade da época; a Revolução Francesa, Os sujeitos que as compõem
ao trabalhar com as causas e conse- se implicam, dialeticamen-
quências do processo revolucionário te, como atores históricos e
na França e no mundo; os processos A liberdade se manifesta nas ações sociais críticos e reflexivos
de independência das colônias espa- individuais e coletivas, nas relações entre o diante da realidade. [...]
nholas e portuguesas e as rebeliões [...]
governo de um país e seu povo, assim como
do período. As rodas são mais do que
nas relações dos países entre si.
• Específicas de Ciências Humanas disposição física (circular)
Nesta unidade, estudaremos, entre
(CECH): 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. dos participantes e bem mais
outros assuntos, de que modo o ideal de
• Específicas de História (CEH): liberdade impulsionou os movimentos anti- que uma relação custo-be-
1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. nefício para o trabalho com
coloniais ocorridos no continente americano
Habilidades entre os séculos XVIII e XIX e a Revolução grupos. Elas são uma postu-
• EF08HI04 • EF08HI05 • EF08HI06 Francesa de 1789. ra ético-política em relação
• EF08HI07 • EF08HI08 • EF08HI09 à produção do conhecimen-
• EF08HI10 • EF08HI11 • EF08HI12 to e à transformação social,
• EF08HI13 • EF08HI14 efetivando-se a partir das ne-
gociações entre sujeitos.
Temas Contemporâneos SAMPAIO, Juliana et al. Limites
Transversais na e potencialidades das rodas de
conversa no cuidado em saúde:
Unidade uma experiência com jovens no
• Cidadania e civismo: Temá- sertão pernambucano. Interface,
tica abordada ao refletir sobre Botucatu, v. 18, supl. 2, p. 1299-
as desigualdades sociais brasi- Grafite do artista inglês Banksy 1311, 2014. Disponível em:
leiras na página 81; ao discutir chamado Ballon debate, em http://www.scielo.br/pdf/icse/
Ramala, na Palestina, em 2005. v18s2/1807-5762-icse-18-s2-1299.
a divisão do estado em três
pdf. Acesso em: 14 ago. 2022.
poderes na página 100; a no-
ção de cidadania no passado Esse grafite foi feito no chamado
Muro da Cisjordânia, uma barreira
e no presente e a importância
erguida pelo Estado de Israel que
da participação popular nas separa parte de seu território do
mudanças da sociedade na território da Palestina, o que é um
página 100; ao discutir o sen- desrespeito a diversas liberdades
tido dos feriados nacionais na dos palestinos.
página 104; As razões que le-
vam à criação de heróis nas 66 67
páginas 113 e 124; valoriza-
ção da história das mulheres
no presente na página 132;
o desenvolvimento da empa- dígenas na página 136; o direito
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 66 à felicidade • Economia: Ao abordar cobrança de tributos 09/08/22 15:50 D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 67 09/08/22 15:50

tia na página 149. Aborda-se na página 74; aborda-se a Declaração dos Di- na página 110.
ainda o conceito de liberdade reitos do Homem e do Cidadão ao solicitar • Saúde: Ao discutir a covid-19 na página 69; e ao
em toda a unidade, especial- que os estudantes elaborem uma Declaração refletir sobre capacitismo nas páginas 148 e 149.
mente nas páginas 66, 67, 68, dos Direitos das Crianças e Adolescentes na
69, 78, 123; a liberdade como página 102.
direito humano fundamental • Ciência e Tecnologia: A identificação de os-
na página 103; reflexão sobre sadas dos inconfidentes é pano de fundo para
a imparcialidade da justiça na discutir a importância da tecnologia e ciência
página 117; a situação dos in- no presente na página 112.

66 67

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Temas Contemporâneos Texto complementar


Transversais na unidade Nessa seção, são apresentados textos variados,
Seção presente na abertura de todas as unidades, cujos conteúdos auxiliam o professor em sua prática
que articula o trabalho didático da unidade aos pedagógica e complementam informações sobre o
Temas Contemporâneos Transversais. conteúdo abordado no Livro do Estudante.

VII

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Procedimentos didáticos
Nas aberturas de unidade, os procedimentos abrangem orientações sobre o conceito
da unidade e algumas indicações de como as imagens e o texto de abertura podem ser
trabalhados em sala de aula, além de orientações de como mobilizar o conhecimento
prévio dos estudantes. Há procedimentos didáticos indicados para cada página do Livro do
Estudante, com orientações sobre abordagens possíveis para os conteúdos e os conceitos
trabalhados na respectiva página.

A BNCC NESTA DUPLA internacionais como o de luta por


direitos nos Estados Unidos, a
• CECH 2, 3, 4, 5, 6: trabalhadas com
criação das ideias pan-africanistas e
os estudantes ao identificarem os for­
matos de punição aos rebelados; as
Punição rigorosa aos mais pobres A atuação dos negros na Conjuração Baiana os movimentos de independência
diferenças nas punições baseadas nas Os conspiradores defendiam o fim da escravidão, a liberdade de comércio, a inde- Os negros – escravizados ou libertos – estiveram presentes nos movimentos emancipacionistas dos países africanos denuncia-
classes sociais dos envolvidos nas re­ pendência da capitania da Bahia e a formação de uma república inspirada nos princípios ocorridos no final do século XVIII, na colônia portuguesa na América. Na Conjuração Mineira, a ram esse silenciamento e deram
beliões; e ao discutir a questão do franceses de igualdade, liberdade e fraternidade. Pregavam ainda a construção de uma sociedade participação deles foi mais restrita porque os próprios líderes do movimento não eram defensores condições para novas chaves inter-
racismo e das diferenças socioeco­ sem discriminações étnica e social. do fim da escravidão. Porém, na Conjuração Baiana, a atuação dessas pessoas foi marcante, com pretativas, tanto no campo da
nômicas na sociedade brasileira do Em 1798, eles passaram a divulgar seus ideais revolucionários em cartazes manuscritos afi- um significado social e político mais profundo.
História como em outras áreas.
passado e do presente. xados pela cidade. Os textos falavam de igualdade e denunciavam os altos impostos e os preços Representantes das camadas mais baixas da população aderiram à conspiração e acabaram
Como resultado de toda a mobi-
• CEH: 1, 2, 3, 4 e 6: abordadas na dos produtos alimentícios. Alguns chegavam a propor o não pagamento dos impostos cobrados se tornando as principais lideranças do movimento. Segundo algumas estimativas, em 1798,
lização do movimento negro e do
discussão das relações de poder intrín­ pelo governo. viviam, no município de Salvador e em suas imediações, cerca de 110 mil pessoas, e dois terços
secas às diferentes punições aplicadas Em um primeiro momento, a reação do governo foi prender o soldado Luís Gonzaga das desse total eram negros e mestiços pobres. Eram pessoas que, por causa de suas origens étnicas reconhecimento da importância da
aos grupos sociais rebelados e que Virgens, identificado pela caligrafia como autor de alguns dos panfletos. A resposta de grupos e condições econômicas, não tinham prestígio social e enfrentavam constantemente o precon- história africana e afro-brasileira
perduram ainda hoje na sociedade de apoio foi planejar uma revolta popular e, em meio à agitação, resgatar o soldado da prisão. ceito, a discriminação e diferentes formas de violência. Era principalmente a elas que os líderes da para a compreensão do Brasil con-
brasileira; e na análise historiográfica. O governo agiu mais rapidamente e prendeu 48 integrantes do movimento. Como no caso Conjuração Baiana se dirigiam. temporâneo, a Lei no 10.639/2003
• Habilidades EF08HI05, EF08HI06, da Conjuração Mineira, alguns deles se livraram da prisão por pertencerem à elite ou por falta Mesmo liberta, uma pessoa negra via-se muitas vezes obrigada a demonstrar subserviência introduziu a obrigatoriedade dos
EF08HI07, EF08HI11 e EF08HI14: de provas. aos brancos. Os ex-senhores chegavam a exigir que seus antigos trabalhadores escravizados lhes conteúdos de História e Cultura
enfocadas com na descrição e carac­ Duras penas atingiram os conspiradores mais pobres. Os que eram escravizados foram açoita- devessem obediência e lealdade sob a ameaça, inclusive, de revogar as cartas de alforria. Estes, da África e dos afro-brasilei-
terização das punições aplicadas aos dos. Quatro dos acusados receberam pena de morte: os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino por sua vez, tanto nos espaços urbanos como nas zonas rurais, eram obrigados a realizar trabalhos ros nos currículos escolares. A lei
rebeldes das Conjurações Mineira e e os soldados Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas. Eles foram enforcados em novembro de estafantes e sofriam constante violência física. Como forma de resistência a essa opressão, foram
Baiana; no papel do governo nesse deve ser compreendida como fer-
1799, e seus corpos, esquartejados e expostos para que todos os vissem. diversas as revoltas escravas em Salvador. Uma das mais significativas aconteceu em 1835, a
processo; e ao se trabalhar a parti­ ramenta fundamental na difusão
Revolta dos Malês, que será estudada no capítulo 6.
cipação dos negros na Conjuração de conhecimentos e na constru-
ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA, SALVADOR-BA

JOA SOUZA/SHUTTERSTOCK.COM

Baiana. ção de uma sociedade mais justa,


JOÁ SOUZA/FUTURA PRESS

democrática e inclusiva. Assim,


PROCEDIMENTOS buscamos fornecer na coleção ele-
mentos variados para o trabalho
DIDÁTICOS com a História e Cultura da África e
Sobre a identificação de Luís dos afro-brasileiros em sala de aula.
Gonzaga das Neves, pergunte
aos estudantes como essa infor- Atividade
mação auxilia a compreensão de 1. Dados mostram que a popu-
aspectos da sociedade baiana lação carcerária brasileira é,
do século XVIII. em sua maioria, composta
Incentive os estudantes a de pessoas negras, jovens
Busto de João de
refletir sobre o papel da alfa- Deus Nascimento, e com pouca escolaridade.
betização na vida em sociedade
mártir da Conjuração Enquanto 53,6% da popula-
Baiana, na praça da
ção brasileira é composta de
como identificar o transporte Piedade, em Salvador
(BA), 2021. negros e pardos, estes repre-
público ou ler um bilhete; até os
sentam 61% da população
mais elaborados, como a capa-
1. Na Conjuração Baiana, a Justiça agiu com maior rigor em relação às pessoas das
carcerária. Ao mesmo tempo,
cidade de construir argumentos Igreja e Convento de Nossa Senhora da Piedade,
Fac-símile de um dos avisos públicos criados em Salvador (BA), 2020. Os participantes da camadas mais baixas da população. Em seu entendimento, na atualidade, a Justiça cerca de 80% dos presos
de forma autônoma. Ao mesmo
pelos envolvidos na Conjuração Baiana, 1798. Conjuração Baiana condenados à morte foram age com o mesmo rigor, independentemente do perfil étnico e das condições socio- estudaram, no máximo, até o
tempo, destaque o respeito que executados nesse local, em 1799. econômicas de quem está sob julgamento? Explique. Ensino Fundamental. A média
se deve a povos e pessoas que Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
nacional de pessoas que não
não fazem uso da escrita. 116 117
cursaram ou não concluíram
Destaque que os castigos o Ensino Fundamental é de
foram determinados de acordo cerca de 50%. O texto “Perfil
com o grupo social ao qual o e que revelam elementos da 116
D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-CAP4-LA-G24.indd história e cultura da sociedade brasileira. Esse trabalho pode ser 01/08/22 11:51 PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-CAP4-LA-G24.indd 117 Reafirme que a resistência à opressão se deu11:51
01/08/22 de da população carcerária brasi-
indivíduo condenado perten- interdisciplinar em parceria com o professor de Língua Portuguesa. diversas maneiras e em diferentes espaços, sendo leira”, do site Politize!, traz mais
Destaque a composição populacional de Salvador
cia. Se considerar interessante, a Conjuração Baiana e a Revolta dos Malês informações sobre o perfil da
em 1789. Comente que as capitais do período
mencione o dito popular “Aos AMPLIAR HORIZONTES exemplos dessas manifestações. Incentive-os a população carcerária brasileira
colonial tinham um número maior de negros e buscar outras informações que os ajudem a com-
amigos tudo; aos inimigos, a lei”. e pode contribuir para embasar
• VALIM, Patrícia. Da sedição dos mulatos à Conjuração Baiana de 1789: a construção de uma memória mestiços pobres, uma vez que a demanda por mão
Explique que ditos populares histórica. Dissertação (Mestrado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Uni­ preender a persistência da discriminação no Brasil as discussões em sala de aula.
expressam condutas e práti- de obra era maior. Relembre-os da multiplicidade contemporâneo. Disponível em: https://www.
versidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/
cas comuns numa sociedade. tde­12022008­111026/publico/DISSERTACAO_PATRICIA_VALIM.pdf. Acesso em: 15 ago. 2022. de atividades desenvolvidas por essa população Observe que durante muito tempo, na his- politize.com.br/populacao-
Estimule-os então a citar e ana- O texto explora revisões historiográficas sobre a Conjuração Baiana. (tanto a livre como a escravizada), determinando toriografia, negros e negras foram silenciados, carceraria-brasileira-perfil/.
lisar outros ditos que conhecem a dependência do colonizador em relação a ela. estereotipados e estigmatizados. Movimentos Acesso em: 15 ago. 2022.
116 117

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D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-C04-MPU-G24.indd 116 116 30/08/2022 13:13 D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-C04-MPU-G24_AV.indd
D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-C04-MPU-G24.indd 117 117 30/08/2022 13:13

Ampliar horizontes Atividades


Boxe que apresenta sugestões de sites, livros, Respostas de atividades
jogos digitais e vídeos, indicadas para os e/ou complementos referentes
estudantes e o professor, que contextualizam ao Livro do Estudante, que
um tema ou um conceito estudado. contribuem para o detalhamento
ou a assimilação de algum tema.

VIII

D3-HIST-F2-2108-V8-MPG-001-019-INICIAIS-G24-AV1.indd 8 01/09/22 20:30


A BNCC NESTA DUPLA PROCEDIMENTOS
• CECH 1, 3, 5 e 7: trabalhadas com os DIDÁTICOS
estudantes ao estabelecerem uma aná- Projete ou distribua cópias
lise sobre o impacto da vinda da Corte NA AMÉRICA PORTUGUESA A administração joanina
Em 1808, o Rio de Janeiro era uma cidade pequena, com cerca de 60 mil pessoas e com de pinturas e fotografias das
portuguesa para o Rio de Janeiro; e Os ideais de emancipação também chegaram à América portuguesa; porém, diferentemente
compreenderem as principais caracte- habitações precárias. A chegada da família real demandou a realização de diversas reformas. Ruas construções realizadas durante
do que aconteceu na América espanhola, o processo de independência não ocorreu por meio de
rísticas da administração joanina. guerras contra a dominação metropolitana. No território português, houve um gradual afrouxa- e estradas foram pavimentadas e alargadas, praças ganharam chafarizes e residências, e prédios o período joanino. Trata-se de
• CEH: 1, 2 e 5: abordadas no estudo mento dos laços coloniais e uma costura de acordos entre as elites brasileiras. públicos foram construídos. prédios, praças e instituições
das transformações na colônia decor- No final de 1807, D. João, príncipe regente de Portugal, membros da família real portuguesa e Salvador e Rio de Janeiro receberam escolas médico-cirúrgicas, e a capital passou a sediar que adequavam a capital para
rentes da chegada e da instalação da da corte lusa transferiram-se para o Brasil fugindo das tropas napoleônicas que invadiram Portugal. o Jardim Botânico, a Biblioteca Real e a Imprensa Régia, instituição que trouxe consigo o fim a administração e a morada da
Corte portuguesa no Rio de Janeiro. da proibição de se publicar jornais, livros e panfletos na colônia. Em 1808, foi fundado o jornal
Ao desembarcar na colônia, uma das primeiras medidas do príncipe regente foi decretar a abertura Família Real, como a Casa da
• Habilidades EF08HI05, EF08HI06, dos portos do Brasil às nações amigas. Gazeta do Rio de Janeiro, publicação com notícias e artigos a serviço do governo.
Moeda do Rio de Janeiro, o
EF08HI08, EF08HI12 e EF08HI14: Com essa medida, a família real e sua corte poderiam ter acesso a artigos de luxo vindos A manutenção das despesas reais e o luxo da corte eram pagos pela população por meio
enfocadas na explicação e caracteri- de impostos. A população pobre sofria com o aumento dos preços e com a falta de emprego, e
Palácio da Quinta da Boa Vista
do exterior, preservando o padrão de vida com o qual estavam acostumados na Europa. Ao
zação da organização política e social tudo isso agravava a insatisfação não só dos habitantes do Rio de Janeiro mas também de outras etc. Incentive a turma a levan-
mesmo tempo, a medida beneficiava os ingleses, pois as taxas alfandegárias cobradas sobre
da América portuguesa; e na identifi- regiões do Brasil. tar hipóteses sobre os motivos
os produtos trazidos por navios vindos do Reino Unido eram menores do que aquelas cobradas
cação das revoltas do período. Em Pernambuco, por exemplo, a população se armou e organizou um movimento emanci- de cada um deles ter sido criado
sobre produtos trazidos por navios de outras nações.
Essa medida colocava fim ao chamado pacto colonial, implantado desde os primeiros tempos pacionista, a Revolução Pernambucana (1817). Os revoltosos constituíram um governo próprio nesse período.
PROCEDIMENTOS coloniais e que tinha por objetivo garantir aos portugueses o monopólio comercial do Brasil. e redigiram uma constituição inspirada em princípios iluministas. Ainda que as forças portuguesas Comente os projetos desen-
tenham reprimido o movimento, ele evidenciou o rápido crescimento das tensões sociais na colônia. volvidos para a Corte. A cons-
DIDÁTICOS Ainda em 1808, o governo fundou, no Rio de Janeiro, o Banco do Brasil, que passou a emitir
A vinda da família real para o Brasil também impactou a população indígena. Em maio de
papel-moeda e a liberar créditos, e autorizou a criação de indústrias manufatureiras, algo proibido trução de espaços aprazíveis
Ao introduzir o processo que pela metrópole até então. 1808, D. João assinou uma carta régia que decretava a Guerra Justa contra os botocudos, nome
ao primeiro grupo recaía sobre
levou à independência da Outra mudança importante ocorreu em 1815, quando o Brasil foi elevado à condição de genérico dado a alguns grupos indígenas do interior dos atuais estados de Minas Gerais, Espírito
Santo e Bahia. O objetivo era liberar as terras em que esses indígenas viviam para promover a o bolso dos moradores, e essa
América portuguesa, ressalte Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (região localizada no sul de Portugal), o que não
colonização da região, o que acabou acontecendo, apesar da forte resistência indígena. situação acabou por provocar
a importância de um aconte- alterou o status político da colônia, mas pode ter sido o marco inicial de emancipação política e
administrativa do Brasil.
revoltas e movimentos como
cimento anterior, ocorrido em

COLEÇÃO BRASILIANA/FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO, RJ


Guerra Justa: artifício usado desde a Revolução Pernambucana.
1807: a saída da Família Real 1570 para justificar o combate
contra os indígenas que resistiam ao
Questione os estudantes sobre
de Portugal e sua chegada ao
domínio português, transformando como eles acham que o dinheiro
Brasil, em 1808, em decorrência os vencidos em escravizados público deve ser gasto.
da ameaça napoleônica sobre a legalizados pelo poder.
Discuta sobre a preservação
Europa. Um aspecto a ser des-
e a defesa do patrimônio his-
tacado é a organização social
A cerimônia do beija-mão colocava tórico brasileiro. Por razões
de Portugal no período, que o monarca em contato direto com que perpassam o descaso dos
previa a divisão da sociedade seus súditos. Estes, depois da reve-
rência, podiam aproveitar a ocasião governos com a história, o Brasil
em nobreza, clero, burguesia
para solicitar-lhe algum favor. tem perdido boa parte dos seus
e plebe. Essa realidade, muito
Representação da cerimônia de beija-mão na corte de D. João, gravura extraída do livro A. P. acervos históricos e arqueoló-
distante da vida na América RJ

L. PE
TRÓP
OLIS,
D. G. Rascunhos sobre a vida portuguesa, hábitos, costumes e características, publicado em gicos. Uma das situações mais
portuguesa, provocou grande U IM
PERIA
Londres (Inglaterra), 1826.
MUSE graves aconteceu em 2018,
impacto quando a Corte se ins-
FICA A DICA quando um incêndio consumiu
talou no Rio de Janeiro.
o Museu Nacional. O prédio,
• Nos bastidores da realeza, de Giselda Laporta Nicolelis. São Paulo: FTD, 2014.
situado no parque da Quinta da
No livro, os leitores são convidados a acompanhar uma visita escolar ao Museu de História,
Atividade complementar Leque comemorativo da chegada da família real à América, de autoria desconhecida, Boa Vista, foi fundado em 1818
em que D. Carlota Joaquina narra a chegada da família real ao Brasil colonial, em 1808.
século XIX. por D. João VI para ser a resi-
Refletir sobre as dência da Família Real no Brasil.
espacialidades 134 135
As distâncias e o tempo para
percorrê-las são, em geral, difí-
ceis para os estudantes dessa Organize a turma em grupos
D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 134 de três ou • Qual tipo de navio os portugueses utilizaram 09/08/22 11:36 D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 135
AMPLIAR HORIZONTES 09/08/22 11:36

faixa etária mensurarem. Isso quatro integrantes. Em seguida, solicite-lhes que para essa viagem?
se torna ainda mais complexo respondam: Outras questões podem ser incluídas, a • A VIDA na corte e as transformações na cidade do Rio de Janeiro. MultiRio, Rio de Janeiro, c1995-2022.
• Qual a distância, em quilômetros, de Portugal Disponível em: http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/historia-do-brasil/brasil-monarquico/88-a-corte-no-
quando se trata de viagens em depender de sua avaliação. Por fim, após os
a Salvador e de Portugal ao Rio de Janeiro? rio-de-janeiro/8854-a-vida-na-corte-e-as-transforma%C3%A7%C3%B5es-na-cidade-do-rio-de-janeiro.
períodos muito distantes da atua- grupos obterem as respostas, organize uma dis- Acesso em: 26 jul 2022.
lidade, como a realizada pela • Qual é o tempo médio que essas viagens cussão sobre essas espacialidades e promova
Imagens e textos conduzem a um passeio pelas ruas e edificações do Rio de Janeiro na época em que a cida-
Família Real portuguesa. Diante duram hoje, por meio dos transportes ma- um debate sobre como eram longas as viagens de recebeu a Família Real.
disso, proponha uma atividade rítimo e aéreo? de navio naquele período. O resultado também
de pesquisa em interdiscipli- • Quanto tempo a Família Real levou para rea- pode ser consolidado em materiais de divulga-
naridade com Matemática. lizar a viagem entre 1807 e 1808? ção impressos ou digitais.
134 135

D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-C05-MPU-G24.indd 134 30/08/22 16:38 D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-C05-MPU-G24-AV1.indd 135 01/09/22 16:26

Atividade
complementar
A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 4, 5, 6 e 7: trabalhadas no DOVLA982/SHUTTERSTOCK.COM

estudo iconográfico; na análise sobre


os desdobramentos da Conjuração Mi­
O plano fracassa
Seção com propostas de neira e suas particularidades (como os
castigos aos rebeldes); e nas reflexões
Alguns imprevistos alteraram os planos dos rebeldes. A derrama,
que seria anunciada em fevereiro de 1789, foi mais uma vez adiada. Isso

atividades extras, como jogos, sobre o presente. punha fim à expectativa de juntar forças e mobilizar a população.
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5 e 6: abordadas na Em março, o governador da capitania convocou vários devedores para
problematização dos grupos sociais quitar suas dívidas com o reino. Alguns deles eram conjurados e revelaram

pesquisas, entrevistas e sugestões envolvidos na rebelião; nas formas de


repressão do Estado naquele período;
a conspiração ao governador em troca do perdão de suas dívidas.
Com a delação, todos os conspiradores foram detidos. O alferes
Bandeira de Minas
Gerais, que é idêntica
à bandeira usada
de trabalhos interdisciplinares.
na discussão sobre as relações entre Tiradentes, como era conhecido Joaquim José da Silva Xavier, estava fora
presente e passado, que possibilitam da capitania e foi preso no Rio de Janeiro. pelos conjurados,
mudando apenas a
o posicionamento do estudante a res­ Às prisões, seguiu-se um inquérito conhecido como devassa. Eram cor do triângulo, de
peito do mundo contemporâneo; e na ao todo 34 presos, acusados de crime de lesa-majestade, ou seja, de verde para vermelho.
interpretação historiográfica. traição ao rei. Esse crime era geralmente punido com a pena de morte.
• Habilidades EF08HI05, EF08HI06 e O processo durou dois anos, e os acusados foram transferidos para o Rio de Janeiro até que
EF08HI11: enfocadas na análise dos se decretasse a sentença final. O poeta Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) morreu na prisão,
grupos envolvidos; nas consequências ainda em Vila Rica. Alguns historiadores afirmam que teria sido assassinado, pois tinha informações
da Conjuração Mineira para rebeldes; que comprometiam pessoas influentes aliadas ao movimento.
e na reflexão sobre a atuação repres­ Em abril de 1792, a sentença foi anunciada, e 11 réus, entre eles Tiradentes, foram condena-
siva do Estado. dos à morte. Mais tarde, todas as sentenças foram alteradas porque os réus obtiveram o perdão
da rainha de Portugal, Maria I, com exceção de Tiradentes, que foi executado por enforcamento.
PROCEDIMENTOS
Alferes: militar de baixa patente.
DIDÁTICOS Devassa: investigação para apurar um crime, com pesquisa de provas e interrogatório de testemunhas, com a
finalidade de definir se houve ou não ato criminoso para a posterior abertura de processo criminal.
Peça aos estudantes que
Tomografia computadorizada: exame feito com computadores capazes de produzir imagens de altíssima qualidade.
identifiquem o termo lesa-ma-
jestade. Explique a eles que
uma colônia era considerada, 1. a) Consulte resposta e comentários nas Orientações didáticas.
1. Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificaram em 2011
naquele contexto, propriedade as ossadas de três pessoas envolvidas na Conjuração Mineira e que foram punidas
do rei, bem como toda a riqueza

Proposta de avaliação
com degredo na África. Para a identificação das ossadas, utilizaram-se tecnologias de
ali produzida. Retome alguns análise, como raio X e tomografia computadorizada. Sobre isso, responda às questões.
elementos sobre a forma de
DIVULGAÇÃO/UNICAMP

governo monárquico, indicando


que nesse modelo não há, para
Nessa seção, apresentamos sugestões de o monarca, um limite entre o
que é público e privado, pois
avaliações (simples e breves) que podem tudo pertence e ele.
Joaquim José da Silva Xavier Crânio de José Resende de Costa, um dos inconfidentes, morto no continente africano,

contribuir para o processo de análise dos


identificado por pesquisadores em 2011.
foi o único, entre os inconfidentes,
condenado à morte. Integrante a) Como a tecnologia pode contribuir para pesquisas históricas? Dê exemplos.
b) Esse trabalho demonstra como é a multidisciplinaridade científica na prática. Em seu enten-
estudantes para as práticas pedagógicas.
mais pobre do grupo, acredita-
dimento, que contribuições outros componentes curriculares podem dar ao conhecimento
-se que ele não teria conseguido
histórico? Por que a multidisciplinaridade é importante na ciência?
mobilizar forças a seu favor. Sua Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes identifiquem que o trabalho de reconhecimento das ossadas
punição “exemplar” era uma 112 envolve profissionais de áreas distintas, como cientistas e profissionais da área da Medicina, cujos resultados
forma de garantir que o recado contribuem para ampliar as informações que os historiadores têm a respeito da Conjuração Mineira.
seria compreendido pelas camadas
populares. Parte dos inconfiden- verificar a datação de vestígios e até mesmo
D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-CAP4-LA-G24.indd 112 PROPOSTA DE AVALIAÇÃO 01/08/22 11:51
tes, por outro lado, teve sua pena identificar áreas onde há remanescentes de Peça aos estudantes que procurem
reduzida, assim, alguns foram exi-
antigas civilizações. Entre os exemplos, os na internet uma reprodução do quadro
lados em colônias portuguesas na
estudantes poderão mencionar tecnologias Resposta de Tiradentes à comutação
África, mas lá puderam desenvol-
de processamento de dados, que permi- da pena de morte dos inconfidentes, de
ver novas atividades comerciais e
tem analisar e guardar grande quantidade autoria de Leopoldino de Faria. Eles deverão,
reconstruir suas vidas.
de informações acerca de determinado previamente, buscar informações sobre a
Atividade processo histórico, por exemplo, e até pintura, o autor e a época de produção da
1. a) Recursos tecnológicos são mesmo tecnologias de acondicionamento obra. De posse dessas informações, devem
atualmente utilizados para e preservação de fontes materiais. analisar a imagem representada.
112

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IX

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INTRODUÇÃO
A coleção é composta de quatro volumes destinados ao 6o, 7o, 8o e 9o ano do Ensino Fundamental, e está funda-
mentada nos princípios da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), de modo que cada volume se organiza em quatro
unidades conceituais, dedicadas a um ou mais conceitos-chave:
• 6o ano: Técnicas e tecnologias • Civilizações • Política • Diversidade.
• 7o ano: Território e governo • Tolerância • Trabalho • Deslocamentos populacionais.
• 8o ano: Igualdade • Liberdade • Nação e nacionalismo • Terra e meio ambiente.
• 9o ano: Cidadania • Violência • Meios de comunicação de massa • Equidade.

Esses conceitos-chave foram definidos considerando sua relevância e pertinência, de modo a possibilitar aos estudan-
tes a compreensão do mundo em que vivem com base nos diferentes contextos trabalhados nos capítulos que compõem
cada volume. Assim, a perspectiva cronológica adotada nesta coleção se relaciona de maneira integrada tanto com os
conceitos-chave de cada unidade quanto com as competências e habilidades estabelecidas pela BNCC.
Para tanto, os conteúdos e as atividades propostos na coleção têm por base processos de ensino-aprendizagem
que valorizam, entre outros elementos, o protagonismo do estudante e a associação entre a História estudada no livro
e o cotidiano vivido na prática. Dessa forma, consideramos o desenvolvimento das competências e habilidades (tanto
cognitivas como socioemocionais) dos educandos voltadas para a educação integral.
Assinalamos ao professor, em todos os volumes e em todas as suas respectivas unidades e capítulos, de que forma
conteúdos e atividades se entrelaçam com as premissas da BNCC. Essa articulação se mostra presente nas seções
A BNCC na unidade, A BNCC neste capítulo e A BNCC nesta dupla. Desse modo, o professor terá à disposição um
mapeamento completo das formas pelas quais a BNCC está presente e articulada em todos os conteúdos da coleção.
De maneira a sintetizar a nomenclatura, na parte específica deste manual, as Competências Gerais recebem a sigla
CG; as Competências Específicas de Ciências Humanas levaram a sigla CECH; as Competências Específicas de História,
CEH; já as habilidades permaneceram como estão na BNCC.
Como exemplos, verifique a seguir de que modo citamos e detalhamos a articulação entre conteúdo e BNCC neste manual:

A BNCC NA UNIDADE A BNCC NESTE CAPÍTULO A BNCC NESTA DUPLA

Competências Competências • CECH 1, 2 e 3: são trabalhadas com

3
TULO

7
• Gerais (CG): 1, 3, 4, 6, 7 e 9: traba- UNIDADE • CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
os estudantes a partir da contextuali-
zação das particularidades culturais e A ARTE AFRICA
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
lhadas com os estudantes à medida
que valorizam a construção e a utiliza- Habilidades
O NEOCOLONIALISMO
sociais dos países africanos. Até a realização da Con
• CEH 1, 2 e 5: são abordadas com a tinha ocorrido de maneira

NAÇÃO E
ção do conhecimento histórico acerca • EF08HI23 • EF08HI24 turma por meio da análise de caracte- guesa na África era das ma
dos modelos políticos e econômicos vi- • EF08HI26 • EF08HI27 rísticas sociais e culturais de sociedades governo de Portugal começ
gentes no século XIX e analisam suas

NACIONALISMO
africanas no período abordado. os portugueses chegaram
causas e consequências entre os di- A BNCC NESTA DUPLA
ferentes grupos e indivíduos nos • Habilidade
OBJETIVOSEF08HI24: é enfocada com
DE APRENDIZAGEM comercial e ponto de apoio
• CECH 2, 6 e 7: são trabalhadas com os estudantes ao compreender as par-
territórios independentes. O domínio colonial –
os estudantes ao analisar o conceito ticularidades
• Entenderdos países africanos
o processo no
de neocolonialismo na África e na corrupção
Ásia e seu impacto
• Específicas de Ciências Humanas guerras, e desig
de neocolonialismo e suas principais período abordado,
sobre tendo como
as populações ponto
locais.
(CECH): 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. dificultaram a construção d
características. de•partida as práticas culturais.
Relacionar o neocolonialismo e as mudanças advindas da Segunda
preconceito. A arte foi um
• Específicas de História (CEH): 1, • CEH 1, 2 e 4: são abordadas com a Revolução Industrial. experiência colonial e a sit
2, 3, 4, 5, 6 e 7. turma à medida que os estudantes
Habilidades constroem argumentos críticos sobre Volume 8, parte
PROCEDIMENTOS
• Conhecer específica,
as ideologias raciais que embasaram o neocolonialismo na Ásia
na África.
• EF08HI06 • EF08HI15 • EF08HI16 Nesta políticas
unidade, estudaremos
e práticas como,
neocoloniais, a par- unidade 3, capítulo 7,
DIDÁTICOS 1. Rui Knopfli (1932-19
• EF08HI17 • EF08HI19 • EF08HI20 no final dotirséculo
do contexto
XIX, histórico
algumasdanações
Segunda página 186. “Hidrografia”
O poema representar as ama
Revolução Industrial.
europeias subjugaram outros povos por Você já assistiu a algum filme do Tarzan? Sabia que esse personagem
• EF08HI22 • EF08HI23 • EF08HI24 Leia ajáseguir
existe um
há ma
tre
motivações • Habilidade EF08HI24:
econômicas, é enfocada
aliadas com os
a interes- 100 anos? Elechama
aparecea noatenção para of
livro Tarzan a terra
the apes (Tarzan dos macacos), uma história e
• EF08HI25 • EF08HI26 • EF08HI27
estudantes ao relacionar o neocolonialis-
ses nacionalistas. em 1912 porafricana,
Edgar Rice suas peculiaridades,
Burroughs (1875-1950). As aventuras de Tarzan foram contadas
Hidrografia em
Também movamos
com a Segunda
entender Revolução
como Industrial.
o pro- suasde
de duas dezenas riquezas e sua
livros, além de história.
terem sidoPoradaptadas para o cinema e para os quadrinh
Volume
Temas8, Contemporâneos
parte específica, meio dele, somos estimulados a
A história criada por Burroughs começa com o naufrágio de um navio inglês na cos
São belos os nom
jeto de nação brasileira, desenvolvido a par-
unidade 3, página
Transversais na150.
unidade tir doVolume 8, parte
excluíaespecífica, refletir
África. Apenas sobre outras
duas pessoas se salvam:realidades,
lorde Greystoke e1.sua
velha Europa.
esposa. Eles constroem uma ca
• Cidadania e Civismo: o tema
PROCEDIMENTOS
Primeiro Reinado, grande parte
percepções
na praia, onde a mulher edá epistemologias
à luz um menino, em
a) Significa Sena, Danúbio,
trazer o olhar para palavras cheias d
R
da população
unidade do 3,
país.capítulo 7,
é abordado por meio de discus- DIDÁTICOS porém os paisvezmorrem
de focar e ona bebê é “adotado”
Europa como a África, em vez lembrando em ta
sões a respeito dos conceitos de página 180.
Caso considere interessante, por um grupo de grandes
centro do mundomacacos, e que dão a
referên-
de ficar voltado
frutos e folhas ca
para a Europa,
nação e nacionalismo na unida- este conteúdo pode ser trabalhado ele o nome cia
de Tarzan. No livro,Ao “Tarzan” quer outoniça dos cho
a ser seguida. abordá-lo e conhecer a
dizer “pele branca” história de seu [...]
de e trazem diversas reflexões a utilizando-se de metodologias com osna linguagem dos
estudantes, grandes
lembre-os povo. O poeta Todo o mistério r
respeito da vida em sociedade, macacos.
ativas (veja mais detalhes no que a Literatura faz parte do ressalta o da minha terra.
principalmente nas páginas 152 Edgar Rice Burroughs nunca pôs os pés na desconhecimento
item 1.4 • O processo de ensi- repertório de fontes utilizadas
X
Toda a beleza se
e 153; exemplos de expressão África. Tudo em seu livro e nos outros que ele da história da
no-aprendizagem em que com regularidade em diversas
escreveu sobre as aventuras de Tarzan é fruto África e o cansaço resta
da nacionalidade brasileira no obras As historiográficas, contri- de estudar os rios está nos rios da m
acreditamos, no manual geral). de sua imaginação. histórias de Tarzan foram
presente na página 162; refle- buindo para o estabelecimento da Europa e suas Toda a poesia oc
xão a respeito de soberania na O tema central pode ser:“Existe produzidas em um período no qual alguns países histórias. da minha terra.
racismo em relação à África e aos da interdisciplinaridade
europeus invadiram e dominaram territórios com intei- 1. b) É um apelo Os que, cansados
página 203; discussões a respei-
Para chegar africanos?
ao modeloExistem
de estereótipos?”. a História.
ros da África, transformando O trecho
essasda palestra
regiões em para que as as histórias do S
to do racismo na página 185; pessoas deixem
bicicleta que conhecemos
Esses são temas mais globalizan- colônias. “O perigo de uma única histó- de lado os
e do Guadalquivi
combate à xenofobia no 10
D3-HIST-F2-2108-V8-MPG-001-019-INICIAIS-G24-AV1.indd pre- 01/09/22
atualmente, ela passou ria”, deestudaremos
Neste capítulo, Chimamanda Ngozi
esse processo preconceitos e se 20:30
ORGANIZAÇÃO DA COLEÇÃO
Abertura da unidade
Quatro páginas compostas de textos e imagens introduzem o conceito a ser estu-
dado por meio de estratégias de antecipação, de sensibilização e de problematização
do eixo conceitual, com linguagem atrativa e compreensível, mas com rigor histórico.
Apresentam também atividades direcionadas para a valorização do conhecimento prévio
dos estudantes.

3
UNIDADE

NAÇÃO E
NACIONALISMO

com o,
estudaremos
Nest a unidade, naçõ es
lo XIX, algumas
no final do sécu povos por
ugaram outros
euro peias subj a inter es-
ômicas, aliadas
motivações econ
.
ses nacionalistas nder como o
pro-
vam os ente
Também nvolvido a par-
brasileira, dese
jeto de nação ía grande part
e
Reinado, exclu
tir do Primeiro
do país.
da população

A
PHOTO/FOTOAREN
O/ALAMY STOCK
SERGI REBORED
151
es Unidas, em
Sede das Naçõ
dos Unidos,
Nova York, Esta
09/08/22 16:34
2021.

150 50-179-U3-CAP
6-LA-G24.indd
151
08-V8-1
09/08/22 16:34 D3-HIST-F2-21

Compartilhan 08-V8-150-179-
U3-CAP6-LA-G
24.indd 150

do
D3-HIST-F2-21

identidades A língua, a com


são alguns dos
ida, os costume
s, as crenças,
aspectos que a cultura, o mod
mesma nação. fazem uma pop o de ser e as
ulação se reco tradições
nhecer como
pertencente a
uma

Se você já assis
tiu alguma vez
Jogos Olímpico à cerimônia de
s ou nos Jogo entrega de med
ção é acompanh s Pan-American alhas nos
/PULSAR IMAGENS

ada pelo hino os, deve ter nota


toda uma naçã do país do atlet do que a prem
o se vê represen a vencedor. Ness ia-
do pódio. tada pelo atleta que e momento,
ocupa o lugar
LUCIOLA ZVARICK

mais alto

NI MINZHE/CHINASP
ORTS/GETTY IMAGES

Mulheres da etnia
preparação para kamaiurá, da aldeia Ipavu,
a liderança femi dançam na Fest
nina. Gaúcha do a do Uluri, em
Norte (MT), 2018 um ritual de
O conceito de .
nação também
nações indígenas pode se estender
existentes no a povos sem front
que passou por Brasil. Nesse ritua eiras definidas,
um período de l, as mulheres como as diferente
reclusão e será preparam uma s
liberada para jovem de 13 anos
participar da vida
Esse sentimen na comunidade.
to de pertenci
mamos de naci mento a uma
onalismo. O naci naçã o, cha-
para a autoestim onalismo pod
a dos povos e e contribuir Xeno fobia: aversão
nas pessoas a para ajudar a pessoas de fora a coisas e
vontade de melh desenvolver do país.
Porém, se exac orar o país. Racismo: preco
nceit
erbado, esse sent de hostilidade contr o e atitude
goso, uma vez imento torna-se pertencentes a a indivíduos
que pode resu peri- uma
em racismo. ltar em xenofob geralmente consi etnia diferente,
ia e também derada inferior.

Converse com
Aber tura dos os colegas e
Jogo o professor sobr
certos aspectos s Olímpicos de Inverno, na 1. Em seu ente e as questõe
s a seguir.
culturais de um Chin ndimento, quai
povo, que os difera, 2022. O conceito de naçã rizam a identida s são as principa
enciam de todo o é definido por is manifestaçõe
152 s os outros povo Resposta pesso de brasileira
al. O estudante ? s culturais que
s. 2. Você acha imp pode citar as festa caracte-
ortante conh s,
Resposta pesso ecer a cultura a culinária, o futebol, a língua,
al. de outras naçõ a música etc.
variadas, evitando-Procure mostrar a importância es? Por quê?
se, assim, a xeno de conh
D3-HIST-F2-21 fobia e o etnocentris ecer e respeitar as expressões
08-V8-150-179-
U3-CAP6-LA-G mo. culturais
24.indd 152

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153
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08-V8-150-179-
U3-CAP6-LA-G
24.indd 153

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Na segunda dupla da abertura de cada unidade, sempre há questões propostas aos estudantes que buscam
dialogar com situações do cotidiano ou do mundo contemporâneo (contextualização), nas quais os estudantes podem
verificar a presença do conceito apresentado e, com isso, discutir algumas características dessas situações, evidenciar
conhecimentos prévios e construir uma experiência escolar significativa.

XI

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Capítulos
As aberturas dos capítulos problematizam o conteúdo

7
LO
CAPÍTU
que será estudado, relacionando-o a algum fato ou acon-
tecimento da atualidade (contextualização). O objetivo é O NEOCOLONIA
LISMO
mobilizar e sistematizar o conhecimento prévio dos estu-
dantes, motivá-los para o estudo e auxiliá-los a identificar OB JE TIV OS DE
AP RE ND IZA GE M
diferenças e semelhanças, bem como mudanças e perma- • Entender
o processo
de neocolon
sobre as po ialismo na Áfr
pulações loc
nências no presente e no passado. • Relacionar
o neocolon
ais.
ialismo e as
ica e na Ásia
e seu impact
o
Revolução Ind mudanças ad
ustrial. vindas da Seg
• Conhecer unda
as ideologia
na África. s raciais que
embasaram
o neocolon
ialismo na Ás
ia e
Você já assisti
u a algum film
100 anos? Ele e do Tarzan
aparece no ? Sabia que
em 1912 po livro Tarzan of ess e personage
r Edgar Rice the apes (Ta m já existe
de duas dezen Burroughs (18 rzan dos ma há mais de
as de livros, 75-1950). As cacos), uma
além de ter aventuras de história escrita
A história cria em sid o Tarzan foram
da por Burro adaptadas pa contadas em
África. Apen ug hs começa com ra o cinema e para mais
as duas pesso
Objetivos de na praia, on as se salvam o naufrágio os quadrinho
de a mulhe : lorde Greys de um navio s.
r dá à luz toke e sua esp inglês na cos
porém os pa um menino, osa. Eles con ta da
is morrem stroem uma
aprendizagem por um gru e o bebê é cabana
po de grand “ad otado”
ele o nome es macacos,
de Tarzan. que dão a

. PICTURES
dizer “pele No livro, “Ta
branca” na rzan” quer
O boxe Objetivos de macacos. linguagem
dos grandes

WARNER BROS
Edgar Rice
Burroughs nu
aprendizagem, presente em África. Tudo
escreveu sob
em seu livr
nca pôs os
o e nos ou
pés na
tros que ele
re as aventu
todas as aberturas de capítulo, de sua imag
produzidas
inação. As his
em um perío
ras de Tarzan
tórias de Tar
é fruto
zan foram
do no qual
expõe os conteúdos a serem europeus inv
ros da África
adiram e do
, transform
mi na
alguns paíse
ram território
s intei-
s
ando essas
desenvolvidos naquela etapa, colônias.
Neste capítu
regiões em
lo, estudare
que ocorreu mos esse pro
como uma maneira de engajar na África e
na Ásia. cesso

os estudantes no próprio pro-


cesso de aprendizagem. Cartaz do film
Tarzan, pro e A lenda de
duzido em 201
180 6.

D3-HIST-F
2-2108-V8-18
0-205-U3-CAP
7-LA-G24.indd
180

09/08/22 16:29

O panteão dos heróis


Texto principal e imagem condutora
Muitos anos depois das guerras pela independência, o governo da Venezuela encomendou
ao artista Arturo Michelena (1863-1898) um quadro para celebrar a independência do país.
Com linguagem clara e adequada à faixa etária dos estu-
O artista começou a produzir a obra, mas faleceu antes de finalizá-la. Mesmo inconclusa, a
obra ajuda a refletir sobre o processo que culminou na formação dos países latino-americanos.
dantes, o conteúdo é organizado de maneira cronológica, mas
Analise-a com atenção. em permanente diálogo com outras temporalidades, por meio
IMAGEM CONDUTORA
de seções, boxes, atividades e imagens que buscam entrelaçar
MUSEO ARTURO MICHELENA, CARACAS, VENEZUELA

Entre os antigos gregos


e romanos, panteão era
um templo dedicado aos as múltiplas esferas das sociedades, como a política, a econo-
deuses. Mas, nesse caso,
é um monumento cons-
truído para abrigar os
mia, o cotidiano e a produção cultural. Além disso, são traçadas
restos mortais de figuras
ilustres consideradas heróis
relações entre a História e as outras áreas do saber, envolvendo
nacionais.
questões relacionadas à pluralidade cultural, à formação cidadã,
ao meio ambiente, à saúde e ao combate a todo tipo de violên-
cia. Com essa abordagem, acreditamos que, gradualmente, o
estudante pode compreender que, embora cada área tenha sua
especificidade, o conhecimento não é algo compartimentado.
O panteão dos heróis, Arturo Michelena. Óleo sobre tela,
135 cm x 168 cm, 1898. O fio condutor de alguns capítulos é a imagem condutora,
A obra se chama O panteão dos heróis. Em grego, panteão
designa o conjunto de deuses. Com o tempo, a palavra passou a significar que serve de ponto de partida para a estrutura do capítulo.
também mausoléu (túmulo imponente), onde se encontram depositados
os restos mortais de pessoas notáveis. Se o quadro tem esse Nessa perspectiva, a imagem deixa de ser somente um com-
MUSEO ARTURO MICHELENA, CARACAS, VENEZUELA

título, quem são os heróis a que se refere o artista?


No quadro, está representada uma grande quantidade plemento do texto. Por meio dessas imagens, apresentamos
de pessoas. Há um religioso, pessoas em trajes civis, mas a
maior parte são homens em trajes militares. Esses homens elementos da organização e do modo de viver, pensar e sentir
representam diversos chefes militares que enfrentaram as
tropas espanholas nas lutas pela independência da América. das sociedades abordadas. Ao final da leitura de um capítulo, o
Apoiado no pedestal da estátua está José Antonio Páez (1790-
1873), que, posteriormente, seria presidente da Venezuela. estudante poderá compreender a importância do assunto ou do
José Antonio Páez, futuro presidente da
processo demonstrado, adquirir novos conceitos e desenvolver
Venezuela, encostado no pedestal da estátua.
Detalhe da obra O panteão dos heróis. a própria visão sobre a realidade, assim como se tornar crítico
128 às imagens do passado e também do mundo contemporâneo.

D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 128 09/08/22 11:35

XII

D3-HIST-F2-2108-V8-MPG-001-019-INICIAIS-G24.indd 12 31/08/22 13:54


Olho vivo
A seção promove a leitura e a análise de imagens, com ênfase no contexto histórico em que foram
produzidas e nos significados que lhes são atribuídos. Mostra, por exemplo, o caráter ideológico da
produção de obras imagéticas – isto é, como uma imagem aparentemente “neutra” pode ter sido pro-
duzida com o objetivo de transmitir valores, ideologias, convencer pessoas ou consolidar estereótipos.
Em geral, esse modelo de trabalho com recursos visuais:
• desenvolve o exercício de observação e descrição minuciosa da imagem, além de contribuir para a
identificação de personagens, objetos, cenário, iluminação, planos, enquadramento, entre outros
elementos;
• apresenta uma pesquisa sobre a obra, com as informações sobre o autor e as características da
produção (técnicas e materiais usados), do consumo e da preservação, ajudando os estudantes a
compreender melhor a imagem e inseri-la em seu contexto histórico;
• mostra uma interpretação do objeto analisado, considerando seu valor como testemunho de uma
época;
• incentiva os estudantes a emitir comentários e a expressar suas opiniões;
• habilita os estudantes a ver com criticidade as imagens do tempo presente.
Essa seção evidencia ainda como as imagens são resultado de seu tempo, sendo condicionadas
tanto à evolução técnica e científica das sociedades que as produziram como aos propósitos dos seus
autores, entre outros elementos determinantes do seu contexto histórico de produção.

parecem
se 3 Assim como D. Pedro, os soldados
1 No centro do quadro, cercado por soldado o
estátuas imóveis. Ao representá-los assim,
pessoas comuns, D. Pedro acena com o chapéu
OLHO VI VO para o povo, transmitindo uma mensag
em de pintor talvez tivesse a intenção de conferir
imortalidade ao acontecimento.
união e harmonia entre o príncipe e seus súditos.
seu ato
Ele olha para o céu, como a mostrar que 4 Esse soldado, voltado para trás, dá a
impres-
A PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA é realizado segundo a vontade divina. são de saudar pessoas que se aproxim
am,
s para ce-
que encomendou representações artística
Não foi apenas o governo da Venezuela o Senado sugerindo que uma multidão ainda maior
atitude também ocorreu no Brasil. Em 1844,
lebrar seu processo de independência, essa (1807-18 60) – que chegara ao 2 A primeira estátua equestre de que se tem
notícia é esteja vindo aclamar D. Pedro.
pintor francês François-René Moreau x século
brasileiro encome ndou ao
D. Pedro. a do imperador romano Marco Aurélio, no
ação da Independência pelo príncipe regente 5 Ao contrário de D. Pedro e seus soldado
s,
Brasil em 1838 – uma obra sobre a Proclam tou II d.C. Com base nela, foi criada uma tradição
de
o 7 de setembro de 1822. Moreaux represen as pessoas que assistem ao ato estão
em
Vinte e dois anos haviam se passado desde a uma multidão heróis a cavalo, tanto em escultura quanto
em
D. Pedro a cavalo, em São Paulo, em meio movimento: elas acenam, tiram o chapéu,
no quadro uma cena que nunca existiu: ndência foi pintura. Nessas duas artes, o cavalo é um símbolo
imento. A tela Proclamação da Indepe caminham ou se abraçam, demonstrando
feli-
de pessoas agitadas e felizes com o acontec a obra pertence ligado à masculinidade, à guerra e ao poder.
que permaneceu por muitos anos. Hoje, cidade pela Proclamação da Independência
e
colocada na sala do Senado, local em Janeiro.
de Petrópolis, no estado do Rio de por ser D. Pedro o novo governante do
Brasil.
ao acervo do Museu Imperial, na cidade
dirige
-René Moreaux. 6 Enquanto grande parte das pessoas
Proclamação da Independência, François seus olhares para o céu, esta senhora
ajoe-
Óleo sobre tela, 2,44 m x 3,83 m, 1844. sinal de respeito a D. Pedro.
lha-se em
da da
A cena é uma representação idealiza suas
obra 7 Nem D. Pedro nem os soldados seguram
Proclamação de Independência do Brasil em um
executada anos depois de o fato ter acontecido. espadas. A cena representada não tem
u dar a ela
caráter guerreiro. O pintor procuro
ão de manifes tação popular na
uma conotaç
10 como
qual o líder, D. Pedro, é representado
um herói do povo.
1 7 No
3 8 Não há negros nem indígenas na cena.
9 4 lugar deles, o artista pintou homens, mulhe-
com
res e crianças que mais se parecem
camponeses europeus.
vam o
9 Essas seriam as árvores que margea
riacho do Ipiranga, que não é visto no quadro.
2
brasi-
5 11 10 Para situar o acontecimento em terras
leiras, François-René Moreaux inseriu alguns
erro, pois
coqueiros ao fundo. Cometeu um
da
6 os coqueiros são típicos do Nordeste, não
8
MUSEU IMPERIAL, PETRÓPOLIS, RJ

paisagem de São Paulo.


para o
11 O olhar dessa menina está voltado
a de
espectador, como se sua intenção fosse
atraí-lo para o momento representado.

139

138
09/08/22 11:36

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138
D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd

XIII

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RAIO X

Raio X VILA RICA NO SÉCULO


XVIII

PAULO-SP
A seção desenvolve no estudante a

BRASILEIROS DA USP, SÃO


percepção de como o historiador busca

INSTITUTO DE ESTUDOS
informações a respeito do passado, ques-
tiona evidências e desenvolve uma postura
crítica sobre as produções materiais. Auxilia, Ilustração de
1785-1790,
de autoria

assim, no desenvolvimento de noções sobre desconhecida,


que representa a
Praça Tiradentes

os métodos de interpretação documental e e, ao fundo,


o Palácio do
Governador,

de produção historiográfica. Que documento é esse?


Trata-se de uma image
m feita entre 1785 e 1790
em Vila Rica.

no centro da antiga Vila representando o morro


Rica (atual Ouro Preto). de Santa Quitéria,
(no centro, ao fundo), É possível identificar o
o pelourinho (em primei Palácio do Governador
entre outros prédios. No ro plano), o chafariz e
final do século XIX, foi a igreja de Santa Quitér
instala ia,
Tiradentes, então o local do um monumento em
passou a se chamar Praça homenagem a
Que informações sobre Tiradentes.
Ouro Preto esse docum
As construções indicam ento pode fornecer?
que, no final do século
edificações imponentes, XVIII, Vila Rica era um
e, por causa do pelourinho, centro urbano com
O chafariz confirma o abaste sabemos que o local tinha
cimento de água pública autonomia política.
lada (alinhada) indica um , e a presença de soldad
sistema organizado de os de forma perfi-

Pesquisa & Ação


(próxima ao palácio) sugere proteção e/ou repressão.
que a religião tinha grande A localização da igreja
Comparando essa image importância para a socied
m com a fotografia da ade da época.
observações podem Praça Tiradentes, da
ser feitas? página 104, quais
Podemos afirmar que o
local passou por reform
Ao longo de seus quatro volumes, a coleção procura oferecer opor- Ciência e Técnica) foi expand
A praça foi expandida,
ido, e não existem mais
e o desnível no terreno
as. O Palácio do Govern
a igreja de Santa Quitér
ador (atual Museu de
ia nem o chafariz.
redor da praça também próximo ao chafariz foi

tunidades para o estudante ser capaz de compreender, interpretar e foram reformadas ou substit aterrado. As casas ao
monumento, com uma uídas. O pelourinho foi
estátua, em homenagem extinto, e há um
a Tiradentes.
114
formular ideias científicas, de maneira contextualizada e, sempre que
possível, ligadas ao seu cotidiano. Nesse sentido, apresenta, ainda D3-HIST-F2-2108-V8-1
04-123-U2-CAP4-LA-G
24.indd 114

que de modo introdutório, um apoio ao processo de literacia cientí-


01/08/22 11:51

fica dos estudantes, ensinando as diferentes etapas do método científico, tais como definir um problema, propor e testar
hipóteses, e formular conclusões. Também envolve aprender procedimentos e atitudes de investigação, comunicação
e debate de fatos e ideias. A abordagem investigativa deve proporcionar oportunidades para o uso social do que se
aprende, isto é, levá-los a implementar soluções para resolver problemas de sua comunidade.
Por isso, em cada um dos livros, desenvolvemos práticas de pesquisa, criando, assim, possibilidades para o exercício
da investigação científica de fenômenos sociais e problematizando a aplicação de diferentes técnicas e métodos de coleta,
organização e análise de dados. Esse trabalho é feito principalmente na seção Pesquisa & Ação, cujo conteúdo, muitas
vezes, é complementado com a seção Como se faz....

4O passo
3O passo Depois de realizadas as
os conforme as orientações
Apliquem os questionári entrevistas, façam uma
PE SQUISA & AÇÃ O do professor, seguindo
o número de participante
a boa comu nicação
s
com tabulação das respostas,
pré-estipulado e observando apresentem aos colega
se
vocês só devem ir à obtidos.
Consulte comentários nas os interlo cutores. Impor tante:
comparem os resultados
MENTOS? Orientações didáticas. de um responsável.
DE ONDE VÊM MEUS ALI ras e os legumes que chega
m à sua mesa feira livre acompanhados
Consulte comen tários nas Orien taçõe s didáticas.
vêm as frutas, as verdu
Você já penso u de onde nos ou médios produtores
em grand es fazendas ou vêm de peque ? Definam o objetivo da
pesquisa
o da pesquisa. Afinal,
as respostas
nas refeições? São cultiva
dos a mesma que os cultiva em sintonia com o objetiv
pessoa que os vende é As perguntas devem estar
ntos são cultivados? A a pensar (e até a repen
sar) ão a embasar as inform
ações do trabalho.
rurais? E como esses alime que consumimos nos ajuda do questionário ajudar
cas do alime nto
Conhecer as característi as.
e a fazer melhores escolh Para isso, com
nossos hábitos alimentares a respeito dessas questões. Identifiquem o públic
o-alvo
s que serão entrevistadas
. Procurem
isa em sua comunidade próxima à escola qual é o perfil das pessoa
Em grupo, façam uma pesqu uma visita a uma feira livre É muito importante saber s que o entrevistado deve
conhecer.
dos responsáveis, organ izem
os feirantes. ra direta, utilizando termo
o auxílio do professor e r inform ações com fazer as perguntas de manei de vocês obterem respostas verdadeiras.
vão coleta s as chance s
você e os colegas do grupo Dessa maneira, serão maiore
ou outra conhecida. Lá,
2O passo
m fazer
e pergunta que deseja as intenções dos
1O passo Depois de fazer ajustes Estabeleçam o tipo de variar de acordo com
to desta atividade, é funda
mental um questionário pode la escolha, permitindo
que o
finalizar o questionário, O tipo de pergunta de
Para o melhor aproveitamen o entre o público- res. Vocês podem fazer perguntas de múltip tipo de música você
ar previamente um questionário a ser aplicad imprim am cópias dele, entrevistado
e uma ou mais alternativas. Por exemplo: “que
é possível limitar,
elabor deve ser feita entrevistado indiqu ; e) funk”. Se quiserem,
ionário é uma tarefa que de acordo com o núme
ro c) MPB; d) samba os,
alvo. Elaborar um quest Confiram gosta de ouvir”: a) rap;
b) rock;
ne apenas os três gênero
s favorit
s e métodos específicos. lista, o entrevistado selecio
com atenção, seguindo critério em estimado de pessoas que pedindo para que, dessa
alguns dos cuidad os que vocês precisam ter da pesqu isa. mesmo que ele ouça todos. as, para que o entrevistado responda
no gráfico a seguir isa. participarão fazer perguntas abert você gosta de
de um questionário de pesqu Vocês também podem lo: “em quais momentos
mente durante a elaboração livremente a respeito de
um assunto. Por exemp
serem usadas quando se
deseja conhecer
tas abertas são boas de
ouvir música?”. Pergun .
do entrev istado com base em uma
melhor as ideias tas são escolhidas
os questionários cujas respos m as respostas em “posit
ivas” e
Outra possibilidade são
ESTÚDIO DIAGRAMI

ta permite que vocês agrupe


escala. Esse tipo de pergun a
lo: jeito nenhum’ e 10 signific
“negativas”. Eis um exemp a ‘não gosto de
10, em que 1 signific cantora X?”.
“Em uma escala de 1 a a respeito das músicas da
qual o seu entendimento
‘gosto muito’, responda:

ho ação que
Elaborem um rascun . Pensem no tipo de inform
elaboração do questionário a informação
Não tenham pressa na ta a ser feita para se obter
o melhor tipo de pergun erão que algumas
pretendem reunir e qual um rascunho. Ao concluí-lo, vocês perceb
m para decidir
desejada. Inicialmente, escreva reelaboradas. Aproveitem
e outras necessitam ser
perguntas são dispensáveis nário.
tas aparecerão no questio
a ordem em que as pergun

pessoas a
Façam um teste peçam a opinião de outras
istar seu público-alvo, está claro,
Antes de começar a entrev descobrir se o questionário
elaboradas, procurando novos ajustes.
respeito das perguntas coerentes. Se houver necessidade, façam
tas pesqu isa já
isento de erros e com pergun nesse momento do que depois, quando a
onário
Melhor corrigir o questi
estiver sendo aplicada. l
cos. Universidade Federa
em trabalhos científi
uso de questionários _2013_2/O_
em: CARMO, Vera. O .ufsc.br/~vera.carmo/Ensino
Elaborado com base ível em: http://www.inf 29 jun. 2022.
Catarin a. Florian ópolis, [2013]. Dispon
rabalh os_cien t%EDf icos.pdf. Acesso em:
de Santa s_em_t
uso_de_questionario
253
OM
RSTOCK.C
E/SHUTTE
STOCKSYL

252 13/08/22 18:37

253
F2-2108-V8-238-265 -U4-CAP9-LA-G24-AV1.indd
11/08/22 10:41 D3-HIST-

XIV
252
-U4-CAP9-LA-G24.indd
D3-HIST-F2-2108-V8-238-265

D3-HIST-F2-2108-V8-MPG-001-019-INICIAIS-G24.indd 14 31/08/22 13:54


ISSO...
ENQUAN TO
LUCIONAM O HAITI
NISTAS REVO
res do
para outros luga
IDEAIS ILUMI e e igualdade
espalharam-se
uma ilha localizad
a
as de liberdad ingos, parte de

Enquanto isso...
s ilum inist o de São Dom
Os princípio significativos foi ínio da França.
plos mais o dom de
mundo. Um dos
exem
e 169 7, enco ntrava-se sob por uma gran de produção
be, e que, desd , responsá vel uma
no Mar do Cari l colônia francesa oas, controlava
s era a principa a de 5 mil pess
São Domingo branca, de cerc principalmente,
XVIII, uma elite trabalhavam,
açúcar. Em mea
população de
dos do século
apro xima dam ente 465 mil pessoas
e na produção
escravizadas que
do açúc ar.
começaram a
difundir ideia s Seção que apresenta acontecimentos históricos contemporâneos
de cana e café ados e libertos , e muitos
nas plantações XVIII, escraviz s se fortaleceram
Na segunda met
ade do século
ilha. Com o iníci
o da Revo luçã o Fran cesa, essas ideia
3-1803)
àqueles estudados ao longo de cada capítulo, trabalhando as noções
iluministas pela o fim da escravid
ão. t L’Ouverture (174
nder também vizado Toussain de
passaram a defe
Em 1791, começou
uma rebelião lider
ada pelo ex-escra
smo francês. Nos
primeiros meses
de combate, mais
de simultaneidade e ampliando a compreensão sobre o tempo

RENA
e o colo niali
ção dos negros

GRANGER/FOTOA
cont ra a escr aviza tos eng e-
tos e mui
mil colonos bran
nhos de açúcar
cos foram mor
e plantações de
café, destruídos.
do à França e
histórico estudado. São abordados povos, processos, invenções e
verture foi leva
Em 1801, L’Ou
descobertas geralmente excluídos do cotidiano escolar, mas nem
a
ão não cumprid
oferta de perd
preso, após uma pela participa
ção dele na
erno fran cês para o
pelo gov imento passou
por isso menos importantes. Oferecemos, assim, elementos para o
, o mov
revolução; assim s (1758-1806),
-Jacques Dessaline
comando de Jean
vizado.
outro ex-escra 3, ano em
A revo
que os francese
luçã o pros seguiu até 180
s foram derrotad
os e expulsos
da
da
professor trabalhar a percepção de que não existe uma história linear
iro de 180 4, foi proclama

e única para a humanidade.


jane
ilha. Em 1º de em hom enag em aos
cia da ilha e, s,
a independên tos pelos francese
enas que haviam sido mor nom e
indíg tar o antigo
s decidiram ado
os escravizado es se coroou imperad
or
i. Des salin
indígena: Hait dou executar os a que
Jacques I e man ria desconhecid
com o nome de m no Haiti. Gravura de auto nte de haitianos contra
que ainda vivia a instau- representa o
leva
ínio francês do
Haiti,
3 mil brancos iana promoveu avidão e o dom
luçã o Hait ser a escr
A Revo , que passou
a
república livre em 1791.
ração de uma às elite s escr avistas da
foi o únic o no qual grupos
ameaça Esse movimen
to
overam o fim
vista como uma onda de med
o que
avizadas prom
ertando uma de pessoas escr o poder das
América, desp ismo”. acabando com
a como “haitian da escravidão, . Além disso,
o novo
ficou conhecid uearam as relaç
ões
elites coloniais
As nações euro peia
o Hait i,
s bloq
o que levo u a economia
anti
gove
gas
rno que se instaurou no
país foi formado
olidaram sua
ESQUEMA-RE SUMO
econômicas com o, o país prec isou s ex-e scra vizados, que cons
pso. Além diss pelo
tório haitiano.
do país ao cola rna para ter reco
-
influência no terri
ada dívida exte
assumir uma elev 97
soberania.
nhecida a sua CAPÍTULO 6
O PRIMEIRO
09/08/22 15:52 REINA
PERÍODO REG DO E O
ENCIAL
-G24.indd 97
3-U2-CAP3-LA
108-V8-066-10
D3-HIST-F2-2

Constituição de
1824

Esquema-resumo Manutenção da
escravidão Divisão de pode
criação do Pode
res:
r
Moderador
Localizados sempre antes da seção Atividades, os esquemas orga- Confederação
do Equador (182
4)
nizam visual­mente as principais ideias trabalhadas no capítulo e são uma
Abdicação do Críticas ao exce
imperador (183 sso de
1)
poder do impe
rador

ferramenta que possibilita a rápida retomada e revisão dos assuntos PERÍODO REG
ENCIAL
(1831-1840)

abordados. Com isso, espera-se auxiliar os estudantes a refletir sobre os


conteúdos históricos e fornecer-lhes um recurso pedagógico adicional de Revoltas nas prov
íncias
Criação da Guar

estudo e organização das ideias do capítulo. Além disso, a seção é sempre


da Nacional Golpe da Maio
e o coronelismo ridade
(1840)
Cabanagem (Grã
o-Pará, 1835-184
0)
acompanhada de uma atividade própria. Revolta dos Malê
Sabinada (BA,
s (BA, 1835)
1837-1838) D. Pedro II torna
-se
Balaiada (MA , imperador
1838-1842)
Revolução Farro
upilha (RS, 1835
-1845)

Explique, com
base na leitura
ao se tornar inde do capítulo e
pendente, o Bras do esquema-resu
il não podia ser mo, por que
considerado uma muitos historiado
Consulte resposta nação, no sent res afirmam que,
esperada nas ido pleno do
Orientações termo.
didáticas.
r
a Sabinada em Salvado
A Revolta dos Malês e século XIX, cerca de 65
mil pessoas. Mais 175
abrigava, no começo do e escravizados, que
D3-HIST-F2-2

O município de Salvador
108-V8-150-

negros e pardos livres


179-U3-CAP
6-LA-G24.ind

ação era composta de


d 175

de dois terços dessa popul social era muito grande: cerca de 90%
aldade
e a opressão. A desigu buíram para que ocorre
sse,
sofriam com o preconceito e a desigualdade contri
na pobreza. A injustiça
09/08/22 16:35

da população livre vivia


Malês. s, armados
em 1835, a Revolta dos de 600 escrav izados e liberto
de 1835, quando cerca
A revolta irrompeu em janeiro fim da escravidão e da
os quartéis. Queriam o
ruas e ocuparam divers no, portando
de espadas, saíram às fracassou: tropas do gover
privada da terra. O movimento, contudo, de rebeldes.
propriedade grande quant idade
a rebelião e mataram uma or. Tratava-se da Sabin
ada. O
armas de fogo, contiveram deflag rada em Salvad
nova rebelião foi dia a emanci-
Dois anos depois, uma o. O movimento defen
jornalista Sabino Barros

Glossário
seu princip al líder, o de D. Pedro II.
nome deriva de república até a maioridade
transformada em uma
pação da Bahia, que seria s setores
revoltosos – que contav am com o apoio de amplo Revolta dos Malês: movim
ento
Os da população, de
camadas média e baixa liderado por escravizados
da sociedade, como as res do
militares, comerciantes
e escravizados – tomar
a República Bahiense.
am o controle de diferentes etnias, seguido
islamismo (os malês na língua
iorubá), cujo objetivo era
Esse boxe apresenta o signifi-
Salvador e proclamaram lica não

sobrev
A repressão ao movim
iveu por mais de
ento foi intensa e a repúb
quatro meses. Cerca de
mil rebeldes mor-
dominar a população branca
e decretar uma monarquia
islâmica na Bahia.
cado contextualizado das palavras
3 mil acaba ram presos. Por cinco
reram nos combates e
anos, a província viveu
outros
sob intervenção militar. que necessitam de definição, con-
IMAGENS

forme a faixa etária. Sua ocorrência


SERGIO PEDREIRA/PULSAR

no volume é variável.

transformou em quartel-
o pelos revoltosos e se
São Pedro, que foi tomad
Fotografia do Forte de (BA), 2014.
ada, em 1837. Salvador
-general durante a Sabin

168

XV
09/08/22 16:34

168
3-CAP6-LA-G24.indd
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Atividades
A coleção apresenta atividades contextualizadas, com objetivos e dinâmicas peda-
gógicas variadas. São um instrumento de sistematização e assimilação do conteúdo,
estabelecendo debates, incentivando o trabalho coletivo, a aprendizagem comparti-
lhada e a pesquisa. Contribuem, assim, para a formação do estudante como sujeito
ativo e consciente na construção do próprio conhecimento e na participação no mundo
contemporâneo.
O grau de dificuldade é progressivo, acompanhando o desenvolvimento do estu-
dante. Entre os exemplos dessa premissa, estão as atividades de múltiplas escolhas que
vão aumentando de quantidade e complexidade à medida que o estudante se aproxima
do Ensino Médio.
Além disso, são trabalhadas diversas habilidades necessárias à formação do estudante,
como ler, inferir, interpretar e comparar documentos; elaborar hipóteses; identificar e
discutir conceitos; compreender diferentes interpretações sobre um mesmo fato; com-
parar e identificar diferenças e semelhanças, mudanças e permanências; entre outras.
Em diferentes ocasiões, as atividades promovem o diálogo entre diversas situações
e realidades, e entre áreas de conhecimento, incentivando a interdisciplinaridade. Há
ainda as desenvolvidas para análise e interpretação de variados tipos de documentos
– tanto do presente como do passado – com destaque para a variedade de fontes
utilizadas na escrita da História, cujo objetivo é incentivar a reflexão sobre o trabalho
do historiador.

AT IVIDADE S 2. Copie o quadro a seguir no caderno e preencha


as colunas com
NÃO ESCREVA da Conjuração Mineira e da Conjuração Baiana. Consulte resposta os principais aspectos
NO LIVRO. esperada e comentários
1. Analise a representação de Tiradentes feita pelo nas Orientações didáticas.
artista Décio Villares em cerca de 1928. Movimento Participantes
Depois, responda ao que se pede. Ideias defendidas Desfecho
Conjuração Mineira
COLEÇÃO PARTICULAR

Conjuração Baiana

3. Leia os documentos a seguir e responda às


questões propostas.

Documento 1: Declaração dos Direitos


do Homem e do Cidadão
Art. 1 Os homens nascem e são livres e
o
iguais em direitos. As distinções sociais
só podem ter como fundamento a utilidade
comum.
Art. 2o A finalidade de toda associação
política é a conservação dos direitos
naturais e imprescr itíveis do homem. Esses
direitos são a liberdade, a prosperiedade,
a segurança e a resistência à opressão.
[…]
Art. 4 o A liberdade consiste em poder fazer
tudo que não prejudique o próximo:
assim, o exercício dos direitos naturais
de cada homem não tem por limites senão
aqueles que asseguram aos outros membros
da sociedade o gozo dos mesmos direi-
tos. Estes limites só podem ser determin
ados pela lei. […]
A DECLARAÇÃO de Direitos do Homem e
do Cidadão. Embaixada da França no Brasil.
1. a) A imagem 2017. Disponível em: https://br.ambafrance.or [S. l.], 13 jan.
g/A-Declaracao-dos-Direitos-do-Homem-e-do-C
representa idadao.
Acesso em: 12 maio 2022.
Tiradentes
como um
mártir que Documento 2: Aviso ao Povo Bahiense
estava disposto […] Ó vós Homens cidadãos; ó vós Povos
a se sacrificar curvados, e abandonados pelo Rei, pelos
pela liberdade seus despotismos, pelos seus Ministro
s.
da nação. Ó vós Povo que nascestes para sereis livres
e para gozares dos bons efeitos da
Além da clara Liberdade, ó vós Povos que viveis flagelado
associação com s com o pleno poder do indigno coroado,
esse mesmo rei que vós criastes; esse
representações mesmo rei tirano é quem se firma no
para vos veixar, para vos roubar e para trono
de Jesus Cristo, vos maltratar.
o olhar de Homens, o tempo é chegado para a vossa
ressurreição,
Tiradentes sim para ressuscitares do abismo da escravidã Despotismo: tirania,
simboliza o, para levan-
tares a sagrada Bandeira da Liberdade. sistema de governo
bondade e com base em um poder
entrega. Os […] as nações do mundo todas têm seus sem limites.
olhos fixos na
ramalhetes França, a liberdade é agradável para todos; Veixar: maltratar,
[…] o dia da nossa
complementam revolução, da nossa Liberdade e de nossa humilhar.
felicidade está para
essa ideia. chegar, animai-vos que sereis felizes. […]
Tiradentes, Décio Villares. Óleo sobre tela, c.
1928. PRIORE, Mary Del et al. Documentos de história
do Brasil: de Cabral aos anos 90.
a) Essa pintura foi concebida de modo a transform São Paulo: Scipione, 1997. p. 38.
ar Tiradentes em um símbolo de heroísmo
e sofrimento. Aponte elementos que justifiquem a) Relacione as reivindicações feitas no panfleto
essa ideia. dos revolucionários de Salvador com os artigos
b) A repressão do governo à Conjuração Mineira da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
e à Conjuração Baiana foi severa, mas a Consulte resposta nas Orientações didáticas.
punição não foi igual para todos os participan
tes. O que teria motivado punições diferentes? b) As propostas defendidas no panfleto Aviso
ao Povo Bahiense eram as mesmas defendida
Consulte resposta esperada e comentários nas Orientaçõ pelos membros da Conjuração Mineira? Explique s
es didáticas. a principal diferença entre elas.
120 A ideia de se opor ao governo português é comum
aos dois movimentos, mas, no panfleto, seus
autores defendem o fim da escravidão, algo que os
conjurados mineiros não propunham.
121
D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-CAP4-LA-G24.in
dd 120
01/08/22 11:52 D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2
-CAP4-LA-G24.indd 121
01/08/22 11:52

XVI

D3-HIST-F2-2108-V8-MPG-001-019-INICIAIS-G24.indd 16 31/08/22 13:54


Vamos falar sobre...
Na seção Vamos falar sobre..., as atividades traba- VAMOS FALAR SOBRE…
LIBERDADE
lham os vínculos entre o conceito da unidade e o texto

BAHIA
GOVERNO DO ESTADO DA
do capítulo. Em geral, relacionam-se com questões do pre-
sente, como formação cidadã e direitos humanos. Também
têm como objetivo levar o estudante a questionar valores e
a rever posições de maneira responsável, ética e coerente.

Cartaz em
homenagem
aos mártires
da Conjuração
Baiana. Salvador
A Conjuração Mineira (BA), 2016.
e a Conjuração Baiana
defendiam o princípio

Fechando a unidade
nificado dessa liberdade da liberdade. O sig-
variou nos dois movim
um governo livre que entos, mas em ambos
poderia promover o bem envolvia a criação de
sociedade mais justa. dos cidadãos e garantir
a construção de uma
Os conjurados mineiros
defendiam a liberdade
Trabalho de enfoque quase sempre são colonial. Já no caso política de parte da Améri
da Conjuração Baiana, a ca e o fim da opres-
explicam as historiadora ideia de liberdade era mais
s Lilia Moritz Schwarcz ampla e radical. Como
biografia (2015, p. 150), e Heloisa Murgel Starlin
g na obra Brasil: uma
interdisciplinar que visa sistematizar o de indivíduos desiguais
muito distintos uns dos
“a Conjuração Baiana era
em termos sociais e econô
radicalmente inovadora:
micos, com interesses oposto
propunha a inclusão
outros”. s e, eventualmente,
aprendizado do conceito da unidade. Assim, o movimento
da escrav idão. À parte
baiano defendeu a liberd
as comp araçõ es, os dois
ade de todos, inclusive
propondo o fim
história do Brasil porqu movim entos foram impor
e ajudaram a incentivar tantes para a
As atividades dessa seção possibi- momentos históricos.
1. Levando isso em consid
a luta pela liberdade
em outros períodos e

eração, leia as quest


litam que o professor avalie a turma na apresentem, de forma
elaborem um texto sintet
oral, o resultado da conve
izando as ideias discut
ões a seguir. Em dupla
rsa para o restante da
, discutam-nas e
turma. Ao final,
a) Em sua opinião, a busca idas.
assimilação dos conteúdos, no grau de luta importante em nossa
b) Você acredita que todos
pela liberdade era uma
sociedade?
luta exclusiva do passad
o ou ainda é uma
vivem em liberdade no
apropriação e no tipo de elaboração em c) Por que a luta pela
Respostas pessoais. A ativida liberdade é importante?
de
presente? Por quê?

de liberdade em si mas também oferece um ponto de partida para a discussão não


apenas do conceito
relação aos conceitos estudados, além de liberdade individual e interes de toda a sua abrangência: liberdade de ir e vir,
se coletivo, entre outros temas
correlatos.
liberdade de expressão,
123

proporcionar a articulação entre diferentes D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U


2-CAP4-LA-G24.indd
123

campos do conhecimento. É um momento 01/08/22 11:52

excelente para verificar o processo de


aprendizagem dos estudantes, assim como
as dinâmicas utilizadas pelo professor.

Documento 3: Charge
ALVES

FE CH ANDO A UNIDADE
IGUALDADE JURÍDICA jurídica. Confira
, o que se entende por igualdade
Você estudou, no começo desta unidade ição Federal do
O primeiro deles são artigos da Constitu
agora os quatro documentos a seguir. símbolo da Justiça,
é uma fotografia de uma estátua,
Brasil, promulgada em 1988. O segundo charge de 2018 do cartunista
, em Brasília (DF), o terceiro é uma
instalada na Praça dos Três Poderes Após analisar os ALVES, Evandro. [Sobre a Justiça]
.
sobre a população carcerária no Brasil.
Evandro Alves e o quarto é um gráfico Jornalistas Livres. [S. l.], 23 maio
2018.
a ao que se pede. Documento 4: Gráfico Disponível em: https://jornalistaslivres
.
documentos com atenção, respond
adas-da -justica/.
ária org/as-maos-ensanguent
Perfil étnico da população carcer Acesso em: 1 ago. 2022.
Documento 1: Legislação r natureza, garan- brasileira em 2019
a lei, sem distinção de qualque
Art. 5º Todos são iguais perante ilidade do direito
eiros residentes no País a inviolab
tindo-se aos brasileiros e aos estrang dade, nos termos seguintes:
(%) 80
à seguran ça e à proprie 70
à vida, à liberdade, à igualdade, nos termos desta
em direitos e obrigações, 60
I – homens e mulheres são iguais 50 e Segurança Pública.
Fonte: BRASIL. Ministério da Justiça
Constituição; 40 Cor/Raça no Sistema Prisional.
Composição da População por
2020. Disponível em:
[…] desumano ou
30 Brasília, DF: Ministério da Justiça,
a tortura nem a tratamento iN2ZlZWFmNzktNjRlZ
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjo
III – ninguém será submet ido
20
kIiwidCI6ImViMDkwN
10 i00MjNiLWFhYmYtNjExNmMyNmYxMjR
degradante; RhNmJmZThlMSJ9.
anonimato; Pardos e DIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOG
pensamento, sendo vedado o
0 Amarela Branca
SONIA VAZ

Indígena
IV – é livre a manifestação do Negros Acesso em: 24 jul. 2022.
[…] assegurado o livre
consciência e de crença, sendo assegur ados a
VI – é inviolável a liberdade de uição Federal, quais são os direitos
e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de 1. De acordo com o trecho da Constit Orientações didáticas.
exercício dos cultos religiosos s brasileiros? Consulte comentários nas
todos os cidadão
culto e a suas liturgias; […] e, pode-se dizer que o artigo 5
da Constituição o
unidad
ção da República Federativa do
Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado 2. Com base no que você viu nesta ue sua resposta.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constitui 88/con1988_atual/art_5_.asp. do pensamento iluminista? Justifiq
Federal, 1988. Disponível em: https://ww
w.senado.leg.br/atividade/const/con19
Acesso em: 12 jun. 2022. Federal do Brasil tem influência s.
ões didática
Consulte comentários nas Orientaç foi representada?
3. Como a estátua da Justiça os olhos vendados e com uma espada
pousada sobre o colo.
Foi representada como uma mulher coma Justiça está de olhos vendados?
4. Em seu entendimento, por que
equânime, age sem distinguir as pessoas.
Documento 2: Fotografia A ideia é a de que a Justiça, de modo que a Justiça carrega?
5. E qual significado tem a espada Pode ser entendida como uma arma contra
o mal.
TON MOLINA/FOTOARENA

A espada é símbolo da força e do poder. personagens da charge? Que elementos do desenho


Fachada do prédio do Supremo Tribunal 6. O que representam os diferentes comentários nas Orientações didática
s.
represe ntação? Consulte
Federal (STF), com a escultura que ajudam a explicar essa
e
representa a Justiça, Brasília (DF),
2022.
a respeito do perfil da popula ção carcerária brasileira? Pesquis
7. O que o gráfico revela perfil e o perfil da
ção brasileira e verifique se esse
sobre o perfil étnico da popula suas observa ções a
entes. Escreve uma parágrafo com
população brasileira são equival
nas Orientações didáticas.
esse respeito. Consulte resposta esperada
documento 4.
8. Explique a relação existen te entre a charge e o gráfico do ade jurídica no Brasil.
m aspectos relacionados à desiguald
Tanto a charge como o gráfico evidenciae a relação existente entre os três primeiros documentos.
9. Com base nessa crítica, expliqu jurídica prevista pela Constituição brasileira.
a Justiça não pratica a igualdade
Ao fazer a crítica, o chargista sugere queda Constituição como ponto de partida, faça uma charge
10. Tomando o trecho selecionado entre os cidadãos brasileiros.
a igualda de de direitos
que tenha como tema de Arte.
ser realizada em parceria com o professor
Produção pessoal. Essa atividade pode 65

64
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XVII

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Como se faz...
Conjunto de práticas pedagógicas que envolvem orientações técnicas que permitem ao estudante
desenvolver habilidades relacionadas a atividades variadas, como dramatização, produção de podcast,
história em quadrinhos, linha do tempo, leitura de mapa histórico, entre outras. Cada volume tem um
conjunto próprio de práticas pedagógicas.

ENTREVISTA e opiniões
informações
uma pessoa (o entrevistador) pede
COMO SE FAZ... Entrevista é uma conversa na qual
a outra (o entrevistado) sobre um
assunto escolhido ou sobre a vida
do entrevistado.

ista
1O passo Elaboração do plano da entrev
DEBATE pontos pensar nas informações que se pretend
e obter, escolher qual
que tenham Uma vez definido o tema, é preciso
amigável entre duas ou mais pessoas
O debate é uma forma de discussão de registro: anotação, filme ou áudio.
tema. pessoa será entrevistada e o meio
de vista diferentes sobre determinado dor e o público.
debatedores, o modera
Os participantes do debate são os
ipantes, e 2O passo Elaboração das perguntas
1O passo Escolha do tema e dos partic quais não se pode responder apenas
“sim” ou “não”. Faça um
definição das regras Elabore questões mais abertas, às .
devem ser simples, claras e corretas
r e indicação de uma bibliografia básica número limitado de perguntas, que
Apresentação do tema pelo professo
a respeito do assunto. Escolha dos
que permita a troca de ideias e a reflexão
com os interesses e as habilidades Preparação da entrevista
debatedores e do mediador de acordo 3 passo
O
um tempo para argumentação, contra- comunique ao entrevistado quais assunto
s serão
dos participantes. Deve ser definido Marque a entrevista com antecedência, e silencioso para
argumentação e participação do público. filmar ou gravar. O local deve ser calmo
abordados e peça autorização para entos e leve papel e caneta
a. Prepare os equipam
que não haja interferência na convers
2O passo Preparação para o debate para anotações.
debate,
público) devem se preparar para o
Todos os participantes (inclusive o
de que obtenham mais conhecimentos
realizando as leituras indicadas, a fim a
de apresentar bons argumentos durante 4 passo
O Entrevista
sobre o tema e tenham condições ouça atentamente as
expor as principais ideias e justifica
tivas a serem Faça uma pergunta de cada vez e
discussão. É importante resumir e claro. Anote a data e o local da entrevista. a conversa surgir um
decorar as falas. O discurso deve ser s (anotando ou gravando). Se durante
apresentadas, mas não é necessário respostas enquanto faz os registro a questão. Ao final da entrevista,
nas pergunt as, explore
fato novo e interessante não previsto
.
O debate agradeça ao entrevistado e se despeça
3O passo
o tema
público e apresentar os debatedores,
O mediador deve cumprimentar o

DELFIM MARTINS/PULSAR IMAGENS


e as normas. enta o público 5O passo Redação da
ao primeiro debatedor, que cumprim entrevista
• 1a fase: O mediador passa a palavra
o mediador passa a palavra para o segundo
e expõe seu ponto de vista. Em seguida, Depois da entrevista, é preciso organiz
ar
debatedor. as respostas colhidas e transcrevê-las
or, pedindo
e a repassa para o primeiro debated
• 2a fase: O mediador retoma a palavra réplica para o computador ou para o papel.
te. Nesse momento, pode ocorrer a
a ele que comente a exposição do oponen A entrevista deve ter uma abertura,
or).
(resposta do segundo debated
o público na qual o entrevistado é apresentado,
previsto para as falas dos debatedores, isto é, são informados nome, idade,
• 3a fase: Depois de esgotado o tempo esse
responder no tempo estipulado. Após profissão e tema principal da entrevis
ta.
poderá fazer perguntas a eles, que deverão sobre suas opiniões.
comentá rio
momento, cada debatedor deverá fazer um breve O entrevistador não deve descaracterizar
o pensamento do entrevistado. Se
Conclusão feita pelo mediador alguma ideia não estiver clara, procure
4 passo
O
o
or, que também agradece aos debated
ores e ao público. esclarecê-la consultando novamente
A síntese do debate é feita pelo mediad
utores pode ser convencido pelo outro,
ou, ainda, é entrevistado. Se não for possível fazê-lo, realização
No decurso do debate, um dos interloc que parcialmente) e essa ideia. Estudantes usam computadores para
os argumentos do outro lado (mesmo melhor não publicar (SP), 2020.
possível que ambas as partes aceitem de trabalho escolar, em Sorocaba
repensem suas opiniões. 267

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ÍCONES SELOS
Algumas atividades são caracterizadas IMAGENS FORA AS CORES NÃO LINHA DO TEMPO SEM ESCALA. OS
com os seguintes ícones: DE PROPORÇÃO. SÃO REAIS. SEGMENTOS ENTRE AS DATAS NÃO
CORRESPONDEM AO TEMPO DECORRIDO.
INTERPRETAÇÃO
COMUNIDADE DE DOCUMENTOS Para representar melhor certos conceitos,
algumas ilustrações podem alterar a proporção
MAPA ILUSTRATIVO de tamanho entre os elementos ou empregar
T R A BA L H O SEM ESCALA.
DIVERSIDADE SOCIOEMOCIONAL cores que não são as reais. Quando isso
acontecer, a ilustração apresentará estes selos.
TECNOLOGIA NÃO ESCREVA Este livro é reutilizável. Faça as atividades
NO LIVRO. no caderno ou em folhas avulsas.

XVIII

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m outros iluministas organiza-
eles Montesquieu, Rous para participar do proje
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BRIDGEMAN/FOTOARENA

dias foram publicad


as no mundo, toda
inspiradas na de Dide s
rot e D’Alembert. Um
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eo é a Wikipédia, na
qual podem ser enco
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Gravura da Enciclop
édia
Benoit-Louis Prevost, , feita por
que representa um
REPRODUÇÃO/WIKIPÉDIA

estudo anatômico de
esqueleto, c. 1770.
A versão francesa da
Enciclopédia seguia
ordem alfabética e trazia a
textos que desenvolviam
temas relacionados às
ciências e aos conheci- Barra de ferramentas
mentos humanos, dand
o especial importância da enciclopédia virtu
para a explicação de termo al
s técnicos e científicos. Wikipédia, em língu
a
portuguesa. Junho
de 2022.
1. A escrita de um verb
ete da Wikipédia

#Fica a dica selecionem três verb segue algumas norm


etes da Wikipédia as e padrões. Em
de Montesquieu, (por exemplo, os grupo,
Rousseau e Voltaire verbetes com as biog
desses textos. Ana ) e procurem iden rafias
lisem principalme tificar aspectos em
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Indicações que visam ampliar e de recursos não text
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o uso
Produção pessoal. Cons características obse a à sua
reforçar o conhecimento construído FICA A DICA
ulte comentários nas Orie
ntações didáticas.
rvadas.

em sala de aula por meio da utiliza- • BBC Ciência. Disp


em: 19 jun. 2022.
onível em: https://w
ww.bbc.com/portugu
ese/topics/cr50y58 0rjxt. Acesso
ção de Tecnologias da Informação e A seção do portal do
jornal britânico BBC
contém artigos de divul
acessível, contribuindo gação científica em
para levar conhecim
Comunicação (TICs) e de fontes de entos em diversas área
s para um público amp
linguagem
lo.

pesquisa como jogos, livros, vídeos etc.


27
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ORIENTAÇÕES GERAIS PARA A COLEÇÃO
1 Pressupostos teóricos
1.1 • A História como disciplina escolar no Brasil
Todos nós, hoje professores, na época em que ocupávamos os bancos escolares, vivenciamos algumas etapas que
compõem a trajetória do ensino de História nas salas de aula Brasil afora.
As pessoas que frequentaram a escola nos anos 1960 e 1970, em pleno período da ditadura civil-militar, vivenciaram
a implantação de reformas na Educação Básica, sobretudo a instaurada pela lei no 5.692, de 1971 (BRASIL, 1971), que
criou o 1o grau, com oito séries (antes Primário e Ginásio, com quatro anos cada um); e o 2o grau, com três séries (antes
Colegial, com três anos).
No 1o grau, “História e Geografia transformaram-se em Estudos Sociais” (BITTENCOURT, 2008). Os estudos de
História dividiam-se, na grade curricular, em três disciplinas: Estudos Sociais, Educação Moral e Cívica (EMC) e Organização
Social e Política do Brasil (OSPB), as duas últimas criadas em 1969 (BRASIL, 1969). No 2o grau, a disciplina de História
continuou a existir.
Tanto a disciplina de História como as de Estudos Sociais, EMC e OSPB tinham como principal objetivo preservar
a ordem autoritária, garantindo, entre outros aspectos, “o culto da obediência à Lei, da fidelidade ao trabalho e da
integração na comunidade” (BRASIL, 1969). A História escolar distanciou-se dos estudos acadêmicos da disciplina, concen-
trando-se na memorização de aspectos políticos, personagens históricos, datas e batalhas – em uma perspectiva factual,
evolucionista e linear. As comemorações cívicas eram realizadas com o intuito de exaltar símbolos e heróis nacionais.
Por isso, os docentes que lecionaram na Educação Básica nos anos 1980 trabalharam em meio a um processo de
redemocratização e reorganização da sociedade brasileira. A abertura política e a vitória da oposição em alguns estado, nas
eleições de 1982, permitiram que novas propostas, e principalmente questionamentos, renovassem o ensino de História. As
concepções de ensino da disciplina voltavam-se para a necessidade de desenvolvimento da consciência crítica dos estudantes
e tinham como objetivo a formação de cidadãos para construir e defender uma sociedade democrática.
Foi uma época de reformulação dos currículos na maioria dos estados. Alguns se propunham a superar a concepção
de educação que atribui ao estudante um papel meramente passivo diante do conhecimento. Criticavam o modelo de
educação no qual o professor deve transmitir informações, cabendo aos estudantes memorizá-las, para depois reprodu-
zi-las fielmente nas situações de avaliação.

1.2 • As mudanças na década de 1990: a LDB e os PCNs


Ao longo dos anos 1990, o processo de renovação da educação brasileira e do ensino de História foi aprofundado
com a aprovação de uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996. A LDB estabeleceu, entre
outras medidas, novas nomenclaturas para os níveis escolares: o 1o grau passou a ser denominado Ensino Fundamental,
com oito séries, e o 2o grau tornou-se Ensino Médio, mantendo os três anos.
A LDB (BRASIL, 1996), em seu artigo 22, aponta o caminho a ser almejado pela educação brasileira:

Art. 22. [...] desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exer-
cício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.

Assim, ganhou importância a capacidade de aprender, de adquirir habilidades e de formar valores. Em um


entendimento da lei que partilhamos com o historiador Holien Gonçalves Bezerra (2008, p. 37), os objetivos da escola
deixam de promover a assimilação para tornarem-se um compromisso de:

[...] articular conhecimento, competências e valores, com a finalidade de capacitar os estudantes


a utilizarem-se das informações para a transformação de sua própria personalidade, assim como para
atuar de maneira efetiva na transformação da sociedade.

XX

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Em 1997, o então Ministério da Educação e do Desporto lançou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)
(BRASIL, 1998), referentes às quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, e, no ano seguinte, o documento das séries
finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Os PCNs centravam-se sobretudo nas disciplinas e trouxeram à tona o
debate sobre os chamados temas transversais.
Os PCNs de História representaram um grande esforço para sistematizar o conhecimento histórico de um novo
mundo, que exigia uma nova escola. Definiram, como objetivos gerais do ensino de História na educação fundamental,
que os estudantes ampliassem “a compreensão de sua realidade, especialmente confrontando-a e relacionando-a com
outras realidades históricas”. (BRASIL, 1998, p. 43). Esses objetivos foram pautados no desenvolvimento de habilidades,
no domínio de procedimentos e na construção de atitudes de respeito, tolerância e valorização da diversidade cultural,
da cidadania etc.

1.3 • A Base Nacional Comum Curricular (BNCC)


A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2018) é o mais recente e importante marco na busca de
melhoria da educação escolar brasileira. Nesse documento, foi definido o conjunto de aprendizagens essenciais ao qual
todos os estudantes do país têm direito, independentemente de onde moram, estudam ou da condição econômica e social
de suas famílias. A BNCC atrelou os mecanismos que visam garantir a qualidade da educação ao conceito de equidade,
ou seja, à igualdade de direitos de aprender. Isso significa reconhecer que as necessidades dos estudantes são diferentes
e é responsabilidade de todos os envolvidos na Educação Básica garantir formas eficientes de atender todos, a fim de
que ninguém fique para trás.

1.3.1 • Equidade

CARLOS CAMINHA

Igualdade Equidade

Elaborado com base em: FARIA, Regina. Quem precisa de equidade? Serpro. Porto Alegre, [20--].
Disponível em: http://intra.serpro.gov.br/tema/artigos-opinioes/quem-precisa-de-equidade. Acesso em: 22 jun. 2022.

CURRÍCULO É DIFERENTE DE BASE


Todos os estados e municípios devem ter um currículo de acordo com as características próprias da região, considerando as
identidades linguísticas, étnicas e culturais. No entanto, as competências e diretrizes que regem esses currículos, e que estão
explícitas na BNCC, devem ser comuns em todo o território nacional, pois se trata da aprendizagem essencial a que todos os
estudantes brasileiros têm direito.

XXI

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A BNCC apresenta a organização do Ensino Fundamental em cinco áreas de conhecimento (Linguagens, Matemática,
Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino Religioso) que abrangem os componentes curriculares Língua Portuguesa,
Arte, Educação Física, Língua Inglesa, Matemática, Ciências, Geografia, História e Ensino Religioso.
A elaboração de uma Base Nacional Comum Curricular estava prevista desde a Constituição Federal de 1988 (BRASIL,
[2016]), assim como no Plano Nacional de Educação1 (BRASIL, 2014). A elaboração da BNCC ocorreu entre 2015 e 2017,
contando com a participação de especialistas em políticas educacionais, educadores, secretários de educação e membros
de organizações da sociedade civil, e estava aberta, inclusive, à participação popular.
O conjunto de aprendizagens essenciais a ser implantado tanto pelas escolas públicas quanto pelas particulares é
o que norteia as equipes pedagógicas na elaboração dos currículos locais (estados e municípios) e orienta, também, a
produção de obras didáticas como esta.

1.3.2 • Educação integral = protagonismo + habilidades cognitivas e


socioemocionais
Vivemos em uma época de acelerado processo de mudanças tecnológicas e de forte desenvolvimento da ciência e
da comunicação. Para além dos aspectos positivos – avanços da medicina, aumento da produção de alimentos, sistemas
rápidos de comunicação e transporte –, existem também os problemas, muitas vezes associados a essas realidades ou
derivados delas. É o caso do consumo desenfreado, que coloca em risco a própria sobrevivência do planeta e que leva
à concentração de benefícios, de tecnologia e de renda nas mãos de poucos. Além disso, o período é marcado pela
xenofobia e pela intolerância, que se traduzem em outros tipos de violência: de rua e doméstica, no bullying escolar2 e em
conflitos armados entre nações. Por isso, é necessário pensar a educação como um processo integral. A BNCC (BRASIL,
2018, p. 14) reforça a importância da educação integral:

[...] Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica
compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões redu-
cionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. Significa, ainda,
assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto – con-
siderando-os como sujeitos de aprendizagem – e promover uma educação voltada ao seu acolhimento,
reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades. [...]

Espera-se de todos os envolvidos no processo educacional a busca por garantir uma educação integral aos estu-
dantes e a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. A chamada educação integral é a que leva em
conta a educação em variados aspectos (disciplinar, cognitiva, emocional, tecnológica, ecológica etc.).
Em síntese, uma educação integral precisa se amparar em algumas premissas:
• Eleger o estudante como foco central e protagonista de seus processos de ensino e aprendizagem.
• Respeitar a diversidade e a singularidade do estudante no que tange ao sexo, à etnia, à identidade de gênero, à
orientação sexual, à religião ou à deficiência, por exemplo.
• Incentivar a participação reflexiva, ativa, propositiva e colaborativa dos estudantes no cotidiano de suas escolas e
na relação com seus pares.

1
“[...] Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pela presidente Dilma Rousseff em 2014. No PNE, a
Base está representada em quatro estratégias das 20 metas do Plano. São elas: a estratégia 1.9 da meta 1; a estratégia 2.1 da meta 2; a estratégia
3.2 da meta 3; e a estratégia 7.1 da meta 7.” (PRINCÍPIOS que nortearam a Base Curricular estão na Constituição. Correio Braziliense, Brasília,
DF, 22 fev. 2016. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/ensino_educacaobasica/2016/02/22/interna-
educacaobasica-2019,518886/principios-que-nortearam-a-base-curricular-estao-na-constituicao.shtml. Acesso em: 11 fev. 2020.)
2
Conceituamos bullying, de acordo com especialistas, como caracterizado por três aspectos principais. O primeiro deles é o comportamento
agressivo e negativo, praticado por um ou mais agressores contra uma vítima. Esse comportamento pode ser: a ridicularização da vítima,
tomando-se por base aspectos físicos, modo de se vestir, características da personalidade etc.; a intimidação ou até a agressão física. O
segundo aspecto necessário para caracterizar bullying é a repetição das agressões, seja dentro do espaço escolar, seja em outros lugares de
convívio do grupo ou mesmo em meios digitais, como e-mails e redes sociais. O terceiro aspecto é o comportamento agressivo e negativo
que se estabelece dentro de uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes, decorrente da força física, do prestígio, da popularidade,
do poder aquisitivo do agressor, entre outros exemplos.

XXII

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– Protagonismo dos estudantes
O protagonismo pode ser entendido como a capacidade dos estudantes de enxergarem-se como agentes principais
da própria vida, responsabilizando-se por suas atitudes, distinguindo suas ações das dos outros e expressando iniciativa
e autoconfiança. Os estudantes protagonistas acreditam que podem encontrar os melhores caminhos para o próprio
aprendizado, não apenas individualmente, mas atuando de maneira colaborativa e participativa no contexto escolar.
Ou seja, a BNCC orienta que os estudantes deixem de desempenhar um papel passivo, de meros expectadores, para
se tornarem sujeitos ativos do seu processo de aprendizagem e de desenvolvimento pessoal. Para que isso ocorra de
modo efetivo, o documento orienta que as situações de ensino e aprendizagem sejam organizadas para incentivar, nos
estudantes, um papel autoral, criativo e de (re)construção e invenção de saberes que precisam ser dominantes a fim de
criar autonomia nos estudos e nos desafios da vida.
Reconhecer essa complexa realidade nos leva a repensar os modelos educacionais utilizados e aponta para a neces-
sidade de instrumentalizar os indivíduos das novas gerações para que sejam capazes de se apropriar da tecnologia, ao
mesmo tempo que demonstram interesse e empatia pelo outro e conseguem resolver conflitos.

– Habilidades cognitivas e socioemocionais


Para auxiliar o trabalho da formação integral dos estudantes, a BNCC foi organizada de acordo com fundamentos
pedagógicos que atendam não somente aos conteúdos curriculares das disciplinas, mas também que, por meio deles, desen-
volvam as habilidades cognitivas (como interpretar, refletir e pensar abstratamente) e as habilidades socioemocionais
(como a busca pela autonomia, a responsabilidade e o desenvolvimento da empatia). (KALENA; ROCHA; OLIVEIRA, [2014]).

Capacidades cognitivas e socioemocionais


Capacidade Alcançar
cognitiva básica objetivos
• Reconhecimento • Perseverança
de padrões • Autocontrole
• Velocidade de • Paixão pelos
processamento objetivos
• Memória Socioemocionais
Conhecimento Capacidades individuais que: Trabalhar em
Cognitivas (a) são manifestadas em padrões grupo
adquirido
• Capacidade mental para consistentes de pensamentos, • Sociabilidade
• Acessar
adquirir conhecimentos, ideias e sentimentos e comportamentos;
• Extrair experiências. (b) podem ser desenvolvidas • Respeito
• Interpretar • Interpretar, refletir e extrapolar, mediante experiências de • Atenção
com base no conhecimento aprendizagem formal e informal;
adquirido. (c) influenciam importantes Lidar com
Conhecimento resultados socioeconômicos as emoções
extrapolado ao longo da vida da
• Autoestima
• Reflexão pessoa.
• Otimismo
• Raciocínio
• Confiança
• Conceitualização

Fonte: ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Estudos da OCDE


sobre competências: competências para o progresso social: o poder das competências socioemocionais.
Tradução: Maria Carbajal. São Paulo: Fundação Santillana, 2015. p. 34. Disponível em:
https://www.opee.com.br/competencias-para-o-progresso-social. Acesso em: 6 jun. 2022.
As habilidades socioemocionais são definidas como:

[...] processo de entendimento e manejo das emoções, com empatia e pela tomada de decisão
responsável. Para que isso ocorra, é fundamental a promoção da educação socioemocional nas mais
diferentes situações, dentro e fora da escola [...].
Existem diferentes estudos e práticas internacionais e nacionais voltadas ao trabalho com com-
petências socioemocionais (por exemplo: OCDE, Casel, Wida, Center for Curriculum Redesign, MEC).
Além do estudo e disseminação do conhecimento, diferentes avaliações de grande escala contemplam
as competências socioemocionais, como o PISA (Programme for International Student Assessment) e
o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio).
(BRASIL, [20--]a).

XXIII

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Na BNCC, as habilidades socioemocionais se entrelaçam, de forma transversal, às dez competências gerais da Educação
Básica (listadas mais adiante neste Manual do Professor), mas estudos da Educação, da Psicologia, da Neurociência,
entre outras áreas, mapeiam e explicam outras habilidades importantes para o desenvolvimento integral do ser humano.3
Em termos práticos, é necessário construirmos uma escola na qual o conhecimento dos conteúdos dos componentes
curriculares seja tão importante quanto o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como a resiliência, o
respeito ao coletivo e às diferenças, em um ambiente que valorize também as práticas voltadas para a saúde física e
emocional dos estudantes.4
Os direitos de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes explicitam-se na BNCC por meio de dez competên-
cias gerais. O conceito de competência é associado à mobilização de conhecimentos e habilidades indispensáveis para
a vida em sociedade. De acordo com o documento, essas competências

[...] inter-relacionam-se e desdobram-se no tratamento didático proposto para as três etapas da


Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), articulando-se na constru-
ção de conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores, nos
termos da LDB.

(BRASIL, 2018, p. 8-9).

As habilidades, por sua vez, dizem respeito às aprendizagens essenciais esperadas para cada área, componente
curricular e ano. São sempre iniciadas por um verbo que, segundo o texto da BNCC, explicita o processo cognitivo
envolvido. Exemplo de habilidade do 6o ano em História:

(EF06HI01) Identificar diferentes formas de compreensão da noção de tempo e de periodização


dos processos históricos (continuidades e rupturas).

(BRASIL, 2018, p. 421, grifo nosso).

1.3.3 • Culturas juvenis


Foi-se o tempo em que se usava o singular e universalizante: “o homem”, “a mulher”, “o jovem”, “a criança”. Vive-se
o tempo dos plurais que, ao mesmo tempo, apontam para a diversidade e pressupõem a inclusão. Assim como estamos
em um momento de transformações tecnológicas intensas, as mudanças comportamentais da adolescência e da juventude
também são profundas. Por isso, não nos expressamos mais no singular, mas sim no plural: “adolescentes”, “juventudes”.
Os jovens, para lidar com suas realidades, desenvolvem diferentes culturas, ou seja, formas de lidar, de enfrentar, de
resistir, de mudar suas perspectivas de vida. Para eles, as novas mídias são recursos importantes de expressão e de inclusão.
Como são nativos digitais, usam com grande habilidade as linguagens que se abrem a eles não só na internet mas também
fora dela. A cultura digital perpassa os mais diversos aspectos de suas vidas.
Por isso, a escola tradicional, que aposta no “ensino bancário”, como dizia Paulo Freire (1996, p. 13), em que o professor
ali deposita seu conhecimento e o estudante se mantém na submissa “postura de aluno” (apenas recolhe o conhecimento
que lhe é muitas vezes imposto), não encontra eco nem atrai essa nova geração.
Para acolher esses jovens e suas culturas, escolas e docentes precisam entender que o ensino tradicional afasta os estu-
dantes, pois eles são cada vez mais protagonistas das próprias vidas. Instituições de ensino e todas as pessoas envolvidas na
formação dos jovens devem ser igualmente plurais e saber criar laços de afetividade com seus estudantes, além de proporcionar
espaços de escuta e de expressão em permanente diálogo, aprendendo com eles a usar as mais diferentes linguagens.

3
Na coleção, existe um trabalho com as habilidades socioemocionais tanto no texto central como nas atividades. No Manual do Professor
assinalamos situações que podem servir de suporte para o trabalho com as habilidades socioemocionais. Tanto no Livro do Estudante
quanto no Manual do Professor o trabalho com as habilidades socioemocionais está sinalizado com este ícone:
4
Como preconiza a BNCC: “No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo,
analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de
informações” (BRASIL, 2018, p. 14).

XXIV

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– Respeito às diferenças
A escola, como espaço de aprendizagem e de democracia inclusiva, não pode discriminar, ter preconceitos. Deve
respeitar as diferenças e as diversidades:

[...] A criança nessa fase tem maior interação nos espaços públicos, entre os quais se destaca a escola.
Esse é, pois, um período em que se deve intensificar a aprendizagem das normas da conduta social, com
ênfase no desenvolvimento de habilidades que facilitem os processos de ensino e de aprendizagem.
Mas é também durante a etapa da escolarização obrigatória que os alunos entram na puberdade
e se tornam adolescentes. Eles passam por grandes transformações biológicas, psicológicas, sociais e
emocionais. Os adolescentes nesse estágio da vida modificam as relações sociais e os laços afetivos,
intensificando suas relações com os pares de idade e as aprendizagens referentes aos papéis sexuais e
às relações de gênero, iniciando o processo de ruptura com a infância na tentativa de construir valores
próprios. Ampliam-se as suas possibilidades intelectuais, o que resulta na capacidade de realização de
raciocínios mais abstratos. Os alunos se tornam crescentemente capazes de ver as coisas a partir do
ponto de vista dos outros, superando, dessa maneira, o egocentrismo próprio da infância. Essa capaci-
dade de descentração é importante na construção da autonomia e na aquisição de valores morais e éticos.
(BRASIL, 2009, p. 17).

As mudanças próprias dessa fase da vida implicam a compreensão do adolescente como sujeito
em desenvolvimento, com singularidades e formações identitárias e culturais próprias, que deman-
dam práticas escolares diferenciadas, capazes de contemplar suas necessidades e diferentes modos
de inserção social. Conforme reconhecem as DCN, é frequente, nessa etapa,
observar forte adesão aos padrões de comportamento dos jovens da mesma idade, o que é evidenciado pela
forma de se vestir e também pela linguagem utilizada por eles. Isso requer dos educadores maior disposição para
entender e dialogar com as formas próprias de expressão das culturas juvenis, cujos traços são mais visíveis,
sobretudo, nas áreas urbanas mais densamente povoadas (BRASIL, 2010).
(BRASIL, 2018, p. 60).

– Acolhimento e inclusão
O desafio com que nos deparamos no século XXI é o de criar novos modos de nos relacionar de maneira mais
integrada, rompendo com os binarismos: não mais intelecto versus corpo, razão versus afetividade. Mas sim: intelecto e
corpo, razão e afetividade. Acolhimento, e não mais exclusão. Sobretudo dos grupos historicamente esquecidos: negros,
indígenas, periféricos, imigrantes, população LGBTQIA+; buscando sempre a equidade.
São distintos os horizontes de futuro para um rapaz negro, morador da favela e/ou comunidades, e para um jovem
branco, mesmo que viva em bairro periférico. As impossibilidades de emprego, o medo constante, até mesmo de não
saber se conseguirá voltar para sua moradia com vida, fazem parte do cotidiano de jovens negros. Algo similar ocorre
com as jovens negras e brancas, muitas vezes vítimas de violências inúmeras, mas que temem, antes, a violência sexual,
expressão de poder numa sociedade de tradição patriarcal, como a brasileira.
A Pesquisa Nacional sobre Estudantes LGBT e Ambiente Escolar em 2016 revelou que 73% dos estudantes identifi-
cados como lésbicas, gays, bissexuais ou transexuais disseram já ter sofrido, na escola, alguma agressão verbal por causa
de sua orientação sexual (BRASIL, [20--]b). E o número desses jovens que cometem suicídio chega a ser até três vezes
maior do que o de adolescentes e jovens que se identificam como heterossexuais.
Por isso, trabalhar e acolhê-los vai muito além de usar uma linguagem característica ou gíria dos dias de hoje. A escola
precisa dar espaço para manifestações artísticas, produções culturais, intervenções urbanas e práticas próprias das culturas
juvenis. Pensar atividades que permitam expor problemáticas, pensar soluções, diversificar o modo de apresentação de
trabalhos, promover conversas que tenham significado para a vida de adolescentes e jovens, trazer para falar pessoas
que possam ser referências positivas para suas vidas, entre outros.5
5
As habilidades de Língua Portuguesa, presentes na BNCC (em EF69LP46), apontam algumas sugestões pedagógicas mais atrativas aos jovens
e adolescentes, muitas também presentes neste Manual do Professor: “Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de
obras literárias/manifestações artísticas, como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de
apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus, slams, canais de booktubers, redes sociais temáticas (de leitores,
de cinéfilos, de música etc.), dentre outros, tecendo, quando possível, comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações,
escrevendo comentários e resenhas para jornais, blogs e redes sociais e utilizando formas de expressão das culturas juvenis, tais como, vlogs e
podcasts culturais (literatura, cinema, teatro, música), playlists comentadas, fanfics, fanzines, e-zines, fanvídeos, fanclipes, posts em fanpages,
trailer honesto, vídeo-minuto, dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de manifestação da cultura de fãs” (BRASIL, 2018, p. 157).

XXV

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A tarefa é desafiadora e requer abertura e compromisso de professores e gestores. Este Manual do Professor
pretende ser uma ferramenta de auxílio nesse sentido.

1.3.4 • Pensamento computacional


Outra importante aquisição da educação brasileira que veio por meio da BNCC é o trabalho com pensamento
computacional. Esse conceito se relaciona não somente com a necessidade de fazer com que os estudantes não
somente usem e criem tecnologias, evitando que sejam excluídos digitais, mas que também compreendam linguagens
de programação, mesmo que de modo desplugado, ou seja, sem o uso de computadores.
Para aplicar o pensamento computacional não necessitamos utilizar um computador ou saber programar. O que
importa, nessa concepção, é entender a lógica da programação dos computadores para aplicá-la em situações variadas do
dia a dia, tanto na escola como fora dela. Esse conceito envolve resolução de situações-problema e de habilidades críticas,
estratégicas e abstratas, além da criatividade. Por meio dessa lógica, somos capazes de pensar racionalmente, dividindo o
problema em partes menores, identificando padrões, abstraindo para focar o que mais importa a fim de encontrar uma
solução e criando formas de resolver mais facilmente problemas semelhantes sempre que surgirem. Verifique no boxe a
seguir alguns dos princípios que regem o pensamento computacional.

PENSAMENTO COMPUTACIONAL
O pensamento computacional tem muitos princípios, mas quatro são fundamentais e podem ser aplicados ao longo do Ensino
Fundamental – Anos Finais de maneira gradual. Eles poderão, caso a caso, ser utilizados juntos ou apenas um ou outro,
dependendo do tipo de problema em questão:
• Decomposição: relacionada à capacidade de, com a identificação de um problema, dividi-lo em diversas partes menores
para resolver cada uma delas. Ao tornar o problema menor, trabalhando com uma parte por vez, a resolução é facilitada, pois as
partes menores terão menos complexidade que o problema como um todo. Além disso, quando é possível fazer essa subdivisão,
pode-se entender melhor a visão do todo. Por exemplo, vamos pensar em uma situação do dia a dia, como uma sala de aula
com a qual estamos tendo dificuldades. Ao fazer essa decomposição dos problemas, pode-se chegar, por exemplo, a algumas
situações que deixam a sala de aula em situação crítica, como: muitos estudantes com desemprego familiar; bullying na turma;
falta de professor na aula anterior (o que os deixa agitados); estudantes em etapas diferentes de aprendizagem; turma muito
numerosa; metodologia utilizada não atrativa etc.
• Reconhecimento de padrões: relacionado à capacidade de reconhecer características que se repetem ou tendem a se
repetir no problema. Ao reconhecer os padrões, fica mais fácil entender por que acontecem e, em consequência, as soluções que
poderão ser apresentadas utilizando criatividade e inovação, partes do pensamento computacional. Ao dominar a capacidade
de reconhecer padrões, os estudantes poderão facilmente apontar situações similares em problemas distintos, sendo aptos
para empregar a solução de um problema já solucionado e assim resolver problemas semelhantes. Continuando no exemplo
da sala de aula, pode-se chegar à conclusão de que os problemas da turma são semelhantes aos de outras classes da escola,
ou seja, seguem um mesmo padrão. É possível concluir também que algumas questões são comuns e outras diferentes.
Ou, ao constatar um problema semelhante ao observado em outro local, tentar aplicar a mesma solução. Por exemplo: se uma
escola “X” conseguiu diminuir ocorrências de bullying promovendo um trabalho pontual com os estudantes, que inclui rodas de
conversa, dramatização sobre a violência etc., pode-se aplicar a mesma estratégia na escola “Y”.
• Abstração: relacionada ao foco em processos importantes para a resolução dos problemas, sem necessariamente pensar
nos detalhes. Com essa capacidade, os estudantes aprenderão a filtrar e classificar mais rapidamente os dados que têm à
disposição, deixando em segundo plano o que, no momento, não tem muita importância para a solução do problema. No caso
do nosso exemplo: por meio da “decomposição”, o professor constatou que existem vários problemas a serem enfrentados. Mas
não dá conta de tudo sozinho e de uma vez só. Em um processo de abstração, o professor chega à conclusão de que, embora
todos os problemas sejam importantes, impedir que o estudante sofra violência é prioritário. Nesses casos, ele pode acolher os
estudantes vulneráveis, conversar com a turma e compartilhar os demais problemas com a coordenação, a fim de se chegar a
um resultado que atenda às necessidades de todos os envolvidos.
• Pensamento algorítmico: relacionado à capacidade de elaborar estratégias ou planos com instruções que ajudarão a
solucionar o problema ou alcançar determinado objetivo. Seguindo nosso exemplo, vamos pensar que a escola conseguiu
mudar completamente a realidade daquela turma e, por isso, resolveu criar um manual com instruções e etapas bem claras
para auxiliar outras escolas ou turmas a solucionar problemas semelhantes. Outros exemplos de algoritmos são as receitas, os
manuais de funcionamento de um eletrodoméstico etc.

XXVI

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Agora, imagine um estudante com boa compreensão do pensamento computacional: se ele tiver como tarefa
fazer uma entrevista, será capaz de pensar as várias etapas do trabalho, como elaborar um planejamento adequado,
aplicar processos de experiência anterior na nova tarefa etc. Já um que ainda não tenha assimilado de maneira
completa os conceitos e as aplicabilidades desse tipo de pensamento provavelmente terá dificuldades de priorizar
suas necessidades.
Portanto, desenvolver o pensamento computacional significa ampliar a capacidade do estudante de resolver
problemas diversos, o que contribuirá para o enfrentamento dos desafios escolares e da vida como um todo.
Já a experiência computacional plugada precisa ser igualmente bem desenvolvida na escola. Os estudantes
do século XXI vivem em uma cultura digital muito forte. São nativos digitais, que precisam tanto saber utilizar como
desenvolver tecnologias digitais, tudo isso de maneira crítica. Basta dizer que ao fazermos pesquisa em um buscador
on-line com a palavra “bebê”, seremos bombardeados com informações e propagandas variadas de produtos infantis;
sabemos que são os algoritmos das redes funcionando, uma vez que rastreiam e identificam o resultado da pesquisa
do usuário por relevância e, ao mesmo tempo, oferecem produtos e informações relacionados à nossa pesquisa.
BENTINHO

1
A busca é enviada ao servidor web
Você faz uma busca do buscador on-line.

O servidor do buscador on-line é


formado por uma rede de milhares

5 Finalmente, se devolve o de computadores interligados


resultado pronto para o usuário. mundialmente.

60
55 30
5
25 5

50 20 10
10
15

45 15

40 20
35 25
30

Todo o processo é completado


em menos de 1 segundo.

4 Com a informação obtida, se


produz a página de resultados.

2
Sua solicitação é enviada
aos servidores de índice
(ou servidores de indexação).
A solicitação então “viaja” até os
3 servidores de dados que contêm
as informações solicitadas.
Os servidores de índice apontam
em quais servidores de dados estão
as páginas com os conteúdos que
As páginas são ordenadas contêm as expressões de sua busca.
por um algoritmo que usa
milhares de variáveis.

Elaborado com base em: HISTÓRIA SOBRE OS SITES DE BUSCA. História do site de busca Google. [S. l.], [20--]. Disponível em:
https://sites.google.com/site/historiasobreossitesdebusca/historia-dos-principais-sites-de-busca/Historia-do-site-de-busca-google.
Acesso em: 13 jun. 2022.

XXVII

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EDITORIA DE ARTE
Fluxograma de um algoritmo (sequência de passos) para a troca de uma lâmpada

Pegar Posicionar Buscar Acionar o


INÍCIO
escada escada lâmpada nova interruptor

Acendeu?

Retirar a lâmpada F V
FIM Colocar lâmpada nova Subir na escada
queimada

Início ou fim Atribuição de valores,


Legenda: Decisão
do fluxograma processamento, cálculos etc.

Elaborado com base em: CAMPELLO, Ricardo J. G. B. Introdução à ciência da computação: algoritmos. [S. l.], [20--].
Disponível em: http://wiki.icmc.usp.br/images/a/ab/Algoritmos_SCC0120.pdf. Acesso em: 25 jun. 2022.

Portanto, o estudante precisa compreender o imenso poder das grandes empresas de tecnologia que dominam o
mercado (também conhecidas como big techs), bem como a capacidade que elas têm de controlar ou influenciar diversos
aspectos da vida das sociedades em geral. Assim, além de aprender a usar e produzir tecnologia (programação, vídeos,
podcasts, sites), o estudante também precisa conhecer os riscos da internet, como a exposição excessiva, o ciberbullying,
a deep web, os perigos de sites de pornografia infantil, entre outros.

1.3.5 • Competências Gerais da Educação Básica


De acordo com a BNCC, a mobilização das dez competências gerais visa garantir a formação humana e integral dos
estudantes, contribuindo para a transformação da nossa sociedade.

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social,


cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a cons-
trução de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a
investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, ela-
borar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com
base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e
também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal,
visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica,
para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos
e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma
crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se
comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer
protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

XXVIII

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6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e
experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas
alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e
defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos,
a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posi-
cionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diver-
sidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar
com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar
e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diver-
sidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem
preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e
determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentá-
veis e solidários.

(BRASIL, 2018, p. 9-10).

1.3.6 • Competências Específicas de Ciências Humanas para o Ensino Fundamental


Para todos os anos do Ensino Fundamental, a BNCC apresenta as competências específicas de área. Elas expressam
como as competências gerais se apresentam nas áreas. Segundo o documento, “a área de Ciências Humanas deve propi-
ciar aos alunos a capacidade de interpretar o mundo [...]”. (BRASIL, 2018, p. 356). Esses pressupostos foram articulados
em sete Competências Específicas de Ciências Humanas para o Ensino Fundamental (a seguir).

1. Compreender a si e ao outro como identidades diferentes, de forma a exercitar o respeito à


diferença em uma sociedade plural e promover os direitos humanos.
2. Analisar o mundo social, cultural e digital e o meio técnico-científico-informacional com base nos
conhecimentos das Ciências Humanas, considerando suas variações de significado no tempo e no espaço,
para intervir em situações do cotidiano e se posicionar diante de problemas do mundo contemporâneo.
3. Identificar, comparar e explicar a intervenção do ser humano na natureza e na sociedade,
exercitando a curiosidade e propondo ideias e ações que contribuam para a transformação espacial,
social e cultural, de modo a participar efetivamente das dinâmicas da vida social.
4. Interpretar e expressar sentimentos, crenças e dúvidas com relação a si mesmo, aos outros e
às diferentes culturas, com base nos instrumentos de investigação das Ciências Humanas, promo-
vendo o acolhimento e a valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
5. Comparar eventos ocorridos simultaneamente no mesmo espaço e em espaços variados, e
eventos ocorridos em tempos diferentes no mesmo espaço e em espaços variados.
6. Construir argumentos, com base nos conhecimentos das Ciências Humanas, para negociar e
defender ideias e opiniões que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioam-
biental, exercitando a responsabilidade e o protagonismo voltados para o bem comum e a construção
de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
7. Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica e diferentes gêneros textuais e tec-
nologias digitais de informação e comunicação no desenvolvimento do raciocínio espaço-temporal
relacionado a localização, distância, direção, duração, simultaneidade, sucessão, ritmo e conexão.

(BRASIL, 2018, p. 357).

XXIX

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1.3.7 • Competências Específicas de História para o Ensino Fundamental
Em relação ao ensino de História, a BNCC apresenta os aspectos de renovação historiográfica mais relevantes dis-
cutidos nas últimas décadas e a necessidade de incorporação desses saberes em sala de aula. Esses pressupostos se
encontram articulados às competências gerais e às competências específicas da área de Ciências Humanas, e expressam-se
nas Competências Específicas de História para o Ensino Fundamental (a seguir).

1. Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de trans-


formação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e
em diferentes espaços para analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo.
2. Compreender a historicidade no tempo e no espaço, relacionando acontecimentos e processos
de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais, bem como
problematizar os significados das lógicas de organização cronológica.
3. Elaborar questionamentos, hipóteses, argumentos e proposições em relação a documentos,
interpretações e contextos históricos específicos, recorrendo a diferentes linguagens e mídias, exer-
citando a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos, a cooperação e o respeito.
4. Identificar interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos, culturas e povos com
relação a um mesmo contexto histórico, e posicionar-se criticamente com base em princípios éticos,
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
5. Analisar e compreender o movimento de populações e mercadorias no tempo e no espaço e seus
significados históricos, levando em conta o respeito e a solidariedade com as diferentes populações.
6. Compreender e problematizar os conceitos e procedimentos norteadores da produção
historiográfica.
7. Produzir, avaliar e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de modo crítico,
ético e responsável, compreendendo seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.

(BRASIL, 2018, p. 402).

1.4 • O processo de ensino-aprendizagem em que acreditamos


A escola é um lugar onde se produz um saber próprio, e a produção desse saber é marcada pela ação e interação
de diversos sujeitos – professores, estudantes, livros didáticos, pesquisadores da educação e da área de História, entre
outros –, bem como por necessidades e finalidades específicas.6
O professor seleciona conteúdos para fazer recortes na história produzida e ensinada; escolhe material didático; proble-
matiza temas; discute conceitos; planeja intervenções e estratégias de ensino. Cabe também ao docente analisar sua prática
e refletir sobre ela, para tomar decisões que promovam a aprendizagem e a participação de todos os estudantes. Acima de
tudo, ele é um mediador entre os estudantes e os conteúdos/as habilidades, e deve facilitar o processo de construção de
conhecimento. Leia o boxe a seguir sobre os lugares de fala dos professores numa educação transformadora.

QUAL É O ALCANCE DA FALA DO PROFESSOR?


As inúmeras transformações que ocorreram no mundo nas últimas décadas têm levado a uma grande pressão na figura
do professor. Segundo alguns estudiosos da educação, exige-se dos docentes e da escola de hoje que façam tudo o que a
sociedade, os Estados e a família não estão fazendo. Afinal, qual é o papel do professor? De onde ele fala? Qual é o alcance
da sua fala? Na concepção tradicional de educação, seu papel está associado principalmente à transmissão de informações e à
memorização. Examine a seguir outros papéis e formas de atuação do professor.

6
Os PCNs de História trazem uma elucidativa definição do saber histórico escolar: “No espaço escolar, o conhecimento é uma reelaboração
de muitos saberes, constituindo o que se chama de saber histórico escolar. Esse saber é proveniente do diálogo entre muitos interlocutores
e muitas fontes e é permanentemente reconstruído a partir de objetivos sociais, didáticos e pedagógicos. Dele fazem parte as tradições de
ensino da área; as vivências sociais de professores e alunos; as representações do que e como estudar; as produções escolares de docentes e
discentes; o conhecimento, fruto das pesquisas dos historiadores, educadores e especialistas das Ciências Humanas; as formas e conteúdos
provenientes dos mais diferentes materiais utilizados; as informações organizadas nos manuais e as informações difundidas pelos meios de
comunicação” (BRASIL, 1998, p. 38-39).

XXX

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[...] O desempenho docente, a partir de uma visão renovada e integral, pode ser entendido
como “o processo de mobilização de suas capacidades profissionais, sua disposição pessoal e sua
responsabilidade social para articular relações significativas entre os componentes que impactam a
formação dos alunos; participar na gestão educacional; fortalecer uma cultura institucional demo-
crática e intervir no projeto, implementação e avaliação de políticas educacionais locais e nacionais,
para promover nos estudantes aprendizagens e desenvolvimento de competências e habilidades
para a vida”. [...]

(CAMPOS, 2005, p. 11).

AS DIMENSÕES DOS PAPÉIS DOCENTES


Considera-se que os docentes integram papéis em três dimensões: (1) aprendizagens dos estudantes, (2) gestão educacional e
(3) políticas educacionais.

A primeira, a dimensão das aprendizagens [...] é facilitar a aprendizagem de seus estudantes;


não se pode entender seu trabalho à margem do que seus alunos aprendem. [...]
A dimensão da gestão educacional, sob os novos conceitos de participação, pertença, tomada
de decisões e liderança compartilhada nas escolas, refere-se a docentes que tornam sua a reali-
dade da escola e da comunidade onde ela está, que traduzem as demandas de seu ambiente e das
políticas educacionais no projeto estratégico para sua escola, ao mesmo tempo em que o fazem
em sua prática pedagógica. Esta dimensão refere-se a professores que planejam, monitoram e
avaliam juntos seu trabalho; que revisam suas práticas e sistematizam seus avanços; que se
sentem fortalecidos na equipe docente e se relacionam com outros colegas e outras escolas em
redes de aprendizagem docente; que têm uma atitude crítica, fazem propostas e processam as
orientações centrais à luz de sua realidade e de seus saberes.
A dimensão das políticas educacionais refere-se à participação dos docentes em sua for-
mulação, execução e avaliação. Os sistemas educacionais tipicamente operam com equipes de
“planejadores”, que definem, com seu conhecimento técnico, de que a sociedade, as comunidades
e as escolas necessitam.
Há experiências interessantes, que mostram como se pode gerar processos participativos
horizontais para articular políticas nacionais de consenso, que se convertam em políticas locais
e orientações assumidas por todos os envolvidos em educação. [...]
Com essa visão dos papéis dos docentes, a re-significação de seu trabalho e a recuperação
da posição central dele pressupõem um reconhecimento de que há um conjunto de fatores que
determinam o desempenho, e de que esses fatores interagem e influenciam uns aos outros. Entre
eles: formação inicial, desenvolvimento profissional em serviço, condições de trabalho, saúde,
autoestima, compromisso profissional, clima institucional, valorização social, capital cultural,
salários, estímulos, incentivos, carreira profissional, avaliação do desempenho.
(CAMPOS, 2005, p. 12).

1.4.1 • Conhecimentos prévios


O estudante já traz consigo informações e noções históricas, aprendidas tanto no espaço escolar como em outros
espaços e meios, entre eles livros, televisão, cinema, rádio, jornais, monumentos, museus, círculo familiar etc. Os conhe-
cimentos prévios, ainda que fragmentados, permitirão que eles se relacionem com os novos saberes difundidos na
escola. Sem considerar isso, o professor pode não perceber por que, apesar de seus esforços, determinados estudantes
sentem dificuldade em aprender um conteúdo específico.

XXXI

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O biólogo, psicólogo e filósofo suíço Jean Piaget (1896-1980) foi um dos pioneiros a estudar o processo de aquisição
de aprendizado e o desenvolvimento cognitivo e intelectual das crianças. Em seus estudos, demonstrou que as crianças
não nascem como invólucros vazios, nos quais o conhecimento é depositado e aprendido tal qual foi transmitido.
Segundo o estudioso, o crescimento biológico – responsável pela complexificação do sistema nervoso – e a exposição a
determinados estímulos e interações seriam fatores importantes no processo de desenvolvimento das crianças.
Embora o foco das pesquisas de Piaget não fosse a educação formal, elas serviram de base para que outros estudiosos
entendessem que o caminho para a construção de um novo conhecimento é aquilo que o estudante já sabe.
Amparado nas pesquisas de Piaget, David Ausubel (1918-2008), psicólogo da área educacional, foi um dos primeiros
a usar o termo “conhecimento prévio”. Para Ausubel (apud MOREIRA; MASINI, 2001, p. 6), o conjunto de saberes que
uma criança traz é extremamente importante para a elaboração de novos conhecimentos: “o fator isolado mais impor-
tante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe. Averigue isso e ensine-o de acordo”. Mas não se
trata simplesmente de “sondar” o conhecimento do estudante; é preciso realmente utilizar o que ele tem para planejar
a abordagem do conteúdo, alcançar objetivos maiores, intervir no processo de ensino-aprendizagem e buscar novas
estratégias de interação entre os estudantes e os assuntos apresentados.
Utilizamos como um dos referenciais teóricos sobre a importância do conhecimento prévio nas aulas de História as
ideias da historiadora Regina Célia Alegro (2008, p. 23-24):

[...] Assim, para o ensino de História, mais do que para qualquer outra disciplina ensinada
na escola básica, é necessário considerar os “diferentes discursos”, os diferentes conteúdos que
circulam na sala de aula. Para além do conhecimento veiculado no livro didático, na fala do pro-
fessor, na tradição oral e nos meios de comunicação de massa, é possível reconhecer, também, o
conhecimento elaborado pelo aprendiz. E mais: como estabelece a teoria da aprendizagem signi-
ficativa de Ausubel e colaboradores, pode-se facilitar o processo de aprendizagem ao organizar-se
o ensino – de História – a partir do conhecimento prévio manifesto pelos estudantes.
O que o aluno já sabe, o conhecimento prévio (conceitos, proposições, princípios, fatos, ideias,
imagens, símbolos), é fundamental para a teoria da aprendizagem significativa, uma vez que
constitui-se como determinante do processo de aprendizagem [...].

– Saberes já adquiridos e novos saberes


É importante que o professor busque identificar e analisar as relações estabelecidas pelos estudantes entre os saberes
que já adquiriram e os novos saberes, com o objetivo de planejar as intervenções adequadas.
Para contribuir com esse trabalho, uma das estratégias utilizadas na coleção são as aberturas de unidade. Nelas,
algumas questões disparadoras7 foram elaboradas com a intenção de mobilizar os conhecimentos provenientes do coti-
diano e do universo cultural dos estudantes. Também ajuda, nesse processo, o próprio texto de abertura da unidade, uma
vez que a abordagem é bastante compreensível e adequada à faixa etária, com exemplos para facilitar o entendimento
do conteúdo. Em diversos momentos deste Manual do Professor, nas orientações específicas sobre capítulos, também
apontamos sugestões de mobilização dos conhecimentos prévios dos estudantes.8
A concepção de ensino-aprendizagem exige revisões de procedimentos de toda a cadeia educacional – professores,
estudantes, livros didáticos –, uma vez que é preciso abertura e disposição para lidar com novas tecnologias, práticas e
modos de abordagem. As antigas aulas estáticas, centradas prioritariamente na transmissão de informação, por exemplo,
devem dar lugar a novas estratégias.

7
Presentes na segunda dupla da abertura das unidades.
8
Exemplos: 6o ano = abertura do capítulo 4; capítulo 8, na discussão sobre monarquia e sobre o cristianismo em Roma; 7o ano = na abertura
da unidade 1 e nos estudos sobre feudalismo; 9o ano = abertura da unidade 4.

XXXII

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1.4.2 • Metodologias ativas
Assim como os conhecimentos prévios, as metodologias ativas também podem ser grandes aliadas do trabalho do
professor no processo de ensino-aprendizagem. Ancoradas em novos estudos da didática e da neurociência, e valorizadas
pela BNCC, elas se baseiam na aprendizagem pela experiência e no desenvolvimento da autonomia do estudante. Um
dos primeiros expoentes dessa proposta de ensino-aprendizagem foi o filósofo estadunidense John Dewey (1859-1952),9
que defendia que os estudantes aprendem melhor realizando tarefas associadas aos conteúdos ensinados por meio de
atividades manuais e criativas.10
As metodologias ativas, portanto, são estratégias de ensino centradas na participação efetiva dos estudantes, com
ênfase na observação de evidências, na formulação de hipóteses, na experimentação prática, entre outras atividades que
promovam uma aprendizagem ativa, diferenciando-se da aprendizagem passiva. Neste Manual do Professor, explicamos
alguns usos que fazemos das metodologias ativas na coleção.
Sobre as diferenças entre a aprendizagem passiva e ativa, examine o quadro a seguir.

Diferença esquemática entre estratégias de aprendizagem passiva e ativa


Atividades de aprendizagem passiva Atividades de aprendizagem ativa
Memorização Observação de evidências no contexto
Reprodução de informações Formulação de hipóteses
Estudo teórico Experimentação prática
Reprodução de protocolos ou tutoriais Tentativa e erro
Imitação de métodos Comparação de estratégias
Ausência de registro Registro (inicial, processual e final de aprendizagens)
Favorecimento de foco atencional dinâmico e mediado por
Foco atencional mais repetitivo, estático e individual
colaboração entre pares
Fonte: BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem
teórico-prática. Campinas: Papirus, 2012. p. 180.
LUIS SALVATORE/PULSAR IMAGENS

DELFIM MARTINS/PULSAR IMAGENS

Estudantes da Escola Família Agrícola Antônia Estudantes da etnia kalapalo, da aldeia Aiha,
Suzete de Olivindo Silva realizando uma atividade na apresentam desenho que representa a aldeia em
aula de educação ambiental, em Tianguá (CE), 2018. que vivem, em Querência (MT), 2018.
9
John Dewey escreveu inúmeras obras em que defendeu o aprendizado por meio da realização de tarefas manuais e criativas associadas
aos conteúdos ensinados. Por isso, é considerado um dos precursores da renovação educacional.
10
“Para Dewey só se poderia preparar a criança para a vida social se ela mesma se formasse em um ambiente de intercâmbio e de
cooperação, aprendendo e compartilhando seus conhecimentos. Para tanto, se procurou superar a separação entre conhecimento teórico
e atividade prática, levando a que o conhecimento escolar e a vida social estivessem articulados na elaboração dos problemas a partir dos
quais a escola deveria planejar a seleção de conteúdos a serem ensinados, bem como definir as atividades didáticas a serem desenvolvidas
em cooperação, pelos adultos e pelas crianças. Em resumo, ele propugnava o uso criativo da cultura dos indivíduos com o empenho por
encontrar respostas racionais –poderíamos dizer de caráter científico –, alcançando, progressivamente, o aprendizado a respeito de seus
próprios poderes e propósitos em relação e interação com a vida social.” (XAVIER; PINHEIRO, 2016. p. 181).

XXXIII

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METODOLOGIAS ATIVAS

BENTINHO
“As metodologias ativas envolvem e engajam os educandos, individual ou colaborativamente, no
desenvolvimento de projetos e/ou atividades práticas de aprendizagem” (FILATRO; CAVALCANTI, 2018).*

ESTUDANTES
Estão no centro do processo.
PROTAGONISMO COLABORAÇÃO
DO ESTUDANTE Estudantes aprendem conteúdos
Estudantes participam e desenvolvem habilidades na
efetivamente da construção interação com o outro, seja com a
do processo de aprendizagem. professora, ou o professor, seja
com seus pares.

PROCESSOS INDUTIVOS
Baseiam-se na investigação e na criação de hipóteses para depois haver o desenvolvimento da teoria.

AÇÃO OU EXPERIÊNCIA REFLEXÃO


É parte essencial do processo de É baseada na experiência (ação) para levar
aprendizagem; possibilita a investigação, à sistematização do conhecimento, à
o desenvolvimento e a aplicação de identificação de pontos de melhoria e
habilidades e competências. aos próximos passos da aprendizagem.

PROFESSORA OU
PROFESSOR
Tem papel de orientador
e mediador de caminhos
e experiências de
aprendizagem.

COM BASE NESSAS PREMISSAS, É COMUM OBSERVAR OS


SEGUINTES ELEMENTOS NAS METODOLOGIAS ATIVAS:
• Trabalho com projetos.
• Trabalho em duplas ou grupos.
• Atividades Mão na Massa.
• Diversificação dos espaços de aprendizagem.
• Diversificação dos processos avaliativos.

Elaborado com base em: BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma
abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. (Série Desafios da Educação). Disponível em: https://curitiba.ifpr.edu.br/
wp-content/uploads/2020/08/Metodologias-Ativas-para-uma-Educacao-Inovadora-Bacich-e-Moran.pdf. Acesso em: 23 jun. 2022.
* FILATRO, Andrea; CAVALCANTI, Carolina Costa. Metodologias inovativas na educação presencial, a distância e corporativa.
São Paulo: Saraiva Educação, 2018 apud LUCIANO, Patrícia Turazzi et al. Aplicação de metodologias ativas no ensino síncrono
por meio da abordagem do Design Thinking. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 7., 2020, [s. l.]. Anais eletrônicos
[...]. 2020. Não paginado. Disponível em: https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2021/TRABALHO_EV150_MD1_SA_
ID8379_23112021155855.pdf. Acesso em: 24 jun. 2022.

XXXIV

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EXEMPLOS DE METODOLOGIAS ATIVAS
A seguir, examine alguns exemplos de metodologias ativas.

Sala de aula invertida


A metodologia da sala de aula invertida baseia-se no ensino híbrido. Segundo Bergmann e Sams (2016, p. 11),
“basicamente, o conceito de sala de aula invertida é o seguinte: o que tradicionalmente é feito em sala de aula, agora é
executado em casa, e o que tradicionalmente é feito como trabalho de casa, agora é realizado em sala de aula”. Observe
o esquema a seguir sobre o funcionamento dessa metodologia.

ESTÚDIO DIAGRAMI
ANTES DA AULA
1. Organizar os conteúdos a serem
trabalhados previamente e disponibilizar em um
ambiente virtual, possibilitando ao educando
liberdade de tempo e de acesso. Esses conteúdos
podem ser em forma de videoaulas, slides, textos,
resumos, mapas conceituais, entre outros.
2. A disponibilização dos conteúdos pode ser feita
por aplicativos de mensagens instantâneas, redes
sociais ou outros. Nessa fase, o estudante tem a
oportunidade de assistir aos vídeos
inúmeras vezes, transcrevendo
suas dúvidas para serem
sanadas em sala de aula.

DURANTE A AULA
3. Em sala de aula, haverá a discussão
das percepções dos vídeos. O professor será o
mediador que esclarecerá as dúvidas expostas. Após
esse momento, será proposta a atividade do dia,
podendo se efetivar como uma atividade de pesquisa,
solução de problemas ou testes.
4. Na etapa de desenvolvimento das atividades,
o professor poderá circular na sala, propor debates
e sanar as dúvidas, permitindo, assim, um
espaço conjunto de exploração
de ideias.

DEPOIS DA AULA
Depois da aula, há um processo
de avaliação do tópico estudado,
revisão do conteúdo e definição
do novo tema de trabalho.
Benefícios da
sala de aula invertida
• Incentiva a construção do conhecimento.
• Fomenta a autonomia do estudante.
• Contribui para desenvolver habilidades socioemocionais e
cognitivas, como organização, colaboração e automotivação.

Elaborado com base em: PANTOJA, Ana Maria Silva; LIMA, Maria Francisca Morais de. Proposta de ensino: sala de aula
invertida – uma metodologia ativa de aprendizagem. Manaus: Instituto Federal do Amazonas, [2019].
Disponível em: http://repositorio.ifam.edu.br/jspui/bitstream/4321/318/1/Proposta%20de%20ensino%20-%20sala%20de%20
aula%20invertida%20uma%20metodologia%20ativa%20de%20aprendizagem.pdf. Acesso em: 15 jun. 2022.

XXXV

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Aprendizagem por projetos Aprendizagem por pares ou grupos
(Peer instruction)
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS
ALEX SILVA

O método de instrução por colegas (Peer Instruction – PI)


foi criado pelo físico Eric Mazur, professor da Universidade
Elementos essenciais do projeto
de Harvard (MAZUR; SOMERS, 1997). Essa metodologia
objetiva tornar as aulas mais interativas, de modo que os
estudantes interajam entre si, procurando elaborar hipóte-
ses, explicar (ensinar) uns aos outros os conceitos estudados
Problema e aplicar os conteúdos nas soluções das questões apresen-
ou questão
desaf iadora
tadas pelo professor.
Apresentação Espírito de
de um produto exploração

ALEX SILVA
APRENDIZAGEM POR PARES OU GRUPOS (PEER INSTRUCTION)
Principais

Crítica
e revisão
conhecimentos
e habilidades
para o século Originalidade
1 Professor expõe um conceito específ ico
e organiza as duplas (ou os grupos).
Importante: as duplas (ou grupos) não devem
XXI
ser unidas aleatoriamente, mas sim considerando
que os estudantes agrupados tenham
Voz do
habilidades/conhecimentos complementares para
estudante Ref lexão que ensinem uns aos outros. Aquele que explica se
beneficia tanto quanto o que recebe a explicação,
já que a repetição e a prática garantem
o aprendizado no longo prazo.

Ciclo de vida do projeto


Criação e planejamento
3 Professor aplica um teste
conceitual, que pode ser
respondido por meio de

2
• Defina um problema central. plaquinhas, mãos
Formam-se
• Formule uma questão orientadora. levantadas, quiz etc.
duplas ou grupos.
• Planeje atividades a serem desenvolvidas.
• Elabore um cronograma.
Desenvolvimento
até 30% de acertos: o professor revisa
• Incentive os estudantes.
o conteúdo.
• Envolva a turma durante o processo.
• Mantenha o diálogo.
• Estimule que os estudantes façam pesquisas.
4 Professor
avalia as
respostas, e
entre 30% e 70% de acertos: o professor
incentiva uma nova rodada de discussão
Monitoramento e avaliação se houver... entre as duplas ou os grupos.
• Acompanhe e registre o desenvolvimento dos estudantes.
mais de 70% de acertos: o professor explana
• Observe a motivação e o interesse pelas atividades.
o conteúdo e passa para a próxima questão.
• Veja se as atividades contribuem para a construção de conhecimentos.
• Avalie a necessidade de fazer ajustes no projeto.
Encerramento Elaborado com base em: CHICON, Patricia Mariotto
• Reflita com os estudantes sobre as aprendizagens adquiridas. Mozzaquatro; QUARESMA, Cindia Rosa Toniazzo; GARCÊS,
• Avalie se os objetivos foram atingidos. Solange Beatriz Billig. Aplicação do método de ensino
• Divulgue os resultados objetivos.
Peer Instruction para o ensino de lógica de programação
Elaborado com base em: MÃO na massa. Aprendizagem com acadêmicos do curso de Ciência da Computação. In:
baseada em projetos. Porvir. São Paulo, [20--]. Disponível em: SEMINÁRIO NACIONAL DE INCLUSÃO DIGITAL, 5., 2018, Passo
https://maonamassa.porvir.org/aprendizagem-baseada-em- Fundo. Anais [...]. Passo Fundo: UPF, 2018. Disponível em:
projetos. Acesso em: 15 jun. 2022. https://www.upf.br/_uploads/Conteudo/senid/2018-artigos-
completos/179081.pdf. Acesso em: 15 jun. 2022.
Benefícios da aprendizagem por projetos
Benefícios da aprendizagem por pares ou grupos
• Torna o ensino mais agradável e gratificante para os
estudantes. • Duplas ou grupos com habilidades e conhecimentos dife-
rentes se complementam, de modo a contribuírem uns
• Melhora a aprendizagem.
com os outros.
• Constrói habilidades para a vida.
• Ao auxiliar um colega que apresente dificuldade, o estu-
• Ajuda a alcançar metas do currículo. dante desenvolve a comunicação e a autoconfiança,
• Oferece oportunidades para o estudantes usarem consolidando o próprio aprendizado por meio da prática.
tecnologias. • O trabalho em conjunto favorece a ampliação do senso
• Conecta os estudantes com a comunidade e com o crítico, melhora as relações interpessoais e fomenta a
mundo. cooperação entre os colegas.

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Aprendizagem baseada em problemas
O método de aprendizagem baseada em problemas originou uma rica prática, o estudo de caso. Estudar casos permite
aos estudantes direcionar a própria aprendizagem, ao mesmo tempo que podem colocar em prática seus conhecimentos
em situações do mundo real.
Essas situações (também chamadas de situações-problema) são expostas aos educandos visando prepará-los para a
solução de conflitos e/ou problemas reais, ou seja, para os desafios da vida.

ALEX SILVA
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS
A aprendizagem baseada em
problemas é representada
no Brasil pela sigla ABP, mas
também é comumente
conhecida como PBL
(Problem Based Learning).
A ABP (ou PBL) é uma
abordagem pedagógica na
qual os estudantes iniciam
sua atividade com base em
um problema, que pode ser
real ou uma situação
simulada, de qualquer área
do conhecimento, desde que
atenda aos objetivos da
aprendizagem do curso ou
da disciplina.

Sequência didática de aplicação

1 Oproblema,
professor seleciona um
caso, cenário ou situação
2 Para que os estudantes consigam
solucionar o problema elencado,
com base nas necessidades do o professor pode indicar as fontes ou
conteúdo trabalhado. os autores de base para a investigação.

3 Os estudantes, individualmente ou em
grupo, realizam pesquisas ou coleta
4 Odeprofessor deve indicar a forma
apresentação da resolução
de informações sobre o problema. do problema.

Elaborado com base em: FERREIRA, Tatiane Carvalho; OTA, Marcos Andrei; ARAUJO JÚNIOR, Carlos Fernando de.
Framework para o planejamento de aulas ativas nos espaços de aprendizagem online e presencial.
Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 7, n. 1, p. 2969-2979, jan. 2021. Disponível em:
https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/22857. Acesso em: 15 jun. 2022.

Benefícios da aprendizagem baseada em problemas


• Incentiva as habilidades de solução de problemas e desenvolve o pensamento crítico dos estudantes.
• Oportuniza trabalho e soluções em equipe.
• Amplia a capacidade de conexão entre o estudo de sala de aula e a realidade vivida (articulação teoria-prática).
• Fomenta o raciocínio lógico e aplicado e a capacidade de análise.

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1.5 • Livro didático: crenças e caminhos trilhados nesta coleção
O conhecimento histórico é um poderoso instrumento para a compreensão das experiências sociais, culturais, tecnoló-
gicas, políticas e econômicas da humanidade ao longo do tempo. Permite entender como nossa sociedade foi construída,
modificada e/ou consolidada. O ensino de História, no entanto, não se destina ao mero acúmulo de informações de
natureza enciclopédica ou à glorificação dos grandes fatos e personagens do passado. Por meio da História, entendemos
a natureza de nosso presente – cotidiano, crenças, valores e grupos sociais. “O entendimento do presente escapa a quem
tudo ignora do passado. Só é possível ser contemporâneo do seu tempo conhecendo e tomando consciência das heranças,
sejam elas consentidas ou contestadas”, complementa o historiador francês René Rémond (1994, p. 11).
Percebendo-se como integrante da sociedade (com a qual compartilha um passado e tem um presente em comum)
e fazendo as reflexões adequadas, o estudante também assumirá, gradativamente, o seu papel na construção de um
mundo melhor, mais fraterno e tolerante.

[...] é importante o desenvolvimento da percepção de que a história de vida não é algo puramente indi-
vidual, mas que nossas vivências estão entrelaçadas na vida de outras pessoas, que somos influenciados
pelos discursos circulantes na sociedade. Os alunos precisam perceber como sua vida está relacionada à
dos pais, dos avós, dos colegas, por exemplo. Ao incentivá-los a partilhar suas vivências, os professores
contribuem para promover uma aproximação do conceito de alteridade, o interesse pelo “outro”, ou seja,
favorecem uma espécie de descentramento. Desse modo, constrói-se a ideia de que a história não é feita
exclusivamente pelos chamados “grandes homens”, ela deixa de ser apenas “a história dos outros”.

(GIL; ALMEIDA, 2012, p. 71).


É nesse contexto dinâmico, de suporte ao trabalho do professor e do processo de aprendizagem dos estudantes, que,
acreditamos, o livro didático se insere. Ele deve fornecer instrumentos e estratégias pedagógicas que possibilitem ao
professor despertar em suas turmas interesses e motivações para compreender, questionar e agir como cidadãos plenos
do mundo onde vivem, propiciando, dessa forma, uma educação verdadeiramente integral.
Amparados nas orientações da BNCC que vimos anteriormente e na historiografia renovada das últimas décadas,
buscamos elaborar uma coleção que auxilie o professor de História a formar cidadãos aptos a ler a realidade e capazes de
interferir no mundo e mudá-lo, tendo como pressupostos os valores democráticos balizados na Constituição Federal de
1988 (BRASIL, [2016]). Para que isso seja possível, lançamos mão de diversas estratégias historiográficas e pedagógicas.
Entre elas está, por exemplo, a abordagem de vertentes de culturas e sociedades variadas, não restringindo a obra apenas
à matriz europeia.
A seção Enquanto isso..., por exemplo, visa trabalhar a simultaneidade com os estudantes, apresentando civilizações
diversas. Acreditamos, portanto, que conhecer sociedades diferentes das do mundo ocidental, além de ser importante
para o exercício de comparação, construção da noção de temporalidade e espacialidade, conforme orienta a BNCC,11
também contribui para incentivar a reflexão sobre diversidade e pluralidade étnica, cultural e religiosa, valorizando o
respeito às diferenças.12

1.5.1 • Pluralidade de ideias e multiplicidade de sujeitos


Igualmente valorizamos, nesta coleção, a história de uma multiplicidade de sujeitos, como minorias étnicas, mulheres,
trabalhadores, pessoas com deficiência – enfim, todos que constroem a história no seu cotidiano. Ao realizar esse trabalho,
procuramos evitar os grandes modelos explicativos que se pautam apenas nos conceitos rígidos, como os de formação
econômica. Em contrapartida, buscamos abordar, de modo integrado, as estruturas sociais, políticas, econômicas e
ideológicas das sociedades, nas quais se inserem as situações do cotidiano.13
Destaca-se a abordagem das várias culturas da África e dos afrodescendentes ao longo de toda a obra, tanto em
capítulos exclusivos como em atividades, imagens, sugestões de leitura, entre outros recursos. Procuramos, com isso,
ressaltar a diversidade de povos que o continente africano abriga e sua pluralidade de histórias.

11
Ver página 354 da BNCC (BRASIL, 2018).
12
A seção Enquanto isso... situa-se em quase todos os capítulos antes da seção Esquema-resumo.
13
Esse trabalho se encontra em algumas atividades, seções e boxes da coleção, especialmente nos fechamentos das unidades.

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Dedicamos ainda atenção especial à história e à cultura dos povos indígenas, realçando sua diversidade cultural, sua
importante participação na formação do Brasil e da América, e também questões atuais relativas aos seus direitos à terra
e à preservação da cultura (mais adiante, retomaremos a discussão sobre as sociedades africanas e indígenas).14
Foi nossa intenção oferecer uma diversidade de gêneros textuais (literários, jornalísticos, documentos históricos,
entre outros) e imagens como ferramentas para a construção de conhecimentos. Esses recursos compõem, com o texto
principal, um projeto articulado e sistematizado de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, retirando a ênfase exclusiva dos
documentos escritos, utilizamos uma grande variedade de fontes (visuais, materiais, orais) e linguagens15 (gráficos, tabelas,
músicas, mapas, símbolos), que constituem indícios da história dos seres humanos e expressam formas de pensar e viver
de indivíduos, grupos e povos do presente e do passado.16
Em vez de apresentar os fatos “como eles realmente aconteceram”, como preconiza uma história canônica,17 procura-
mos evidenciar que o historiador não tem o poder de retratar o passado exatamente como foi vivido pelos antepassados,
e sim oferecer interpretações dos fatos históricos.

A história não emerge como um dado ou um acidente que tudo explica: ela é a correlação de
forças, de enfrentamentos e da batalha para a produção de sentidos e significados, que são constan-
temente reinterpretados por diferentes grupos sociais e suas demandas [...].

(BRASIL, 2018, p. 397).

1.5.2 • Conceitos e contextualização


O uso da metodologia conceitual (ver explicação no item As unidades conceituais deste Manual do Professor),
aliado ao esforço de contextualização constante e à utilização de documentos e atividades de natureza variada, se consti-
tui em importante estratégia que articula as relações entre presente e passado e mobiliza os saberes prévios dos estudantes.
Esses subsídios permitem, igualmente, a compreensão dos conceitos próprios da História, como simultaneidade, rupturas,
mudanças, permanências, periodização, sucessão, ritmos de tempo, principalmente quando os estudantes são chamados
a comparar, analisar, perceber, diferenciar e expor suas ideias, contribuindo para a condição de protagonistas na história.
À luz da BNCC (BRASIL, 2018, p. 356), também foi nossa preocupação auxiliar os estudantes a compreender o
“conceito de Estado e dos mecanismos institucionais dos quais as diferentes sociedades dispõem para fazer justiça e criar
um novo campo republicano de direitos”.
Em diversos momentos, aproveitamos a abordagem do passado para evidenciar o funcionamento do Estado e dos
canais institucionais a que as crianças, os adolescentes, suas famílias e todos os brasileiros hoje têm direito e aos quais
nem sempre conhecem ou têm acesso.18
Ao apresentar as experiências do passado, buscamos propiciar aos estudantes momentos voltados à reflexão sobre
aspectos como emoções, situações do presente, objetivos futuros e potencialidades de ação no mundo. Tais situações os
tornam aptos a avaliar as consequências de suas ações, comportamentos e modos de se relacionar. Esse tipo de aborda-
gem está em consonância com os pressupostos da BNCC e, além de contribuir para a formação pessoal do educando,
ajuda a estabelecer boas relações em sala de aula e pode apoiar a assimilação de conteúdos disciplinares, como indicam
estudos sobre a cognição humana produzidos nas áreas de Neurociências, Psicologia e Pedagogia (GATTI, 1997).
Na coleção, a contextualização busca aproximar os temas propostos do cotidiano do estudante. Segundo o professor
José Moran, “cada pessoa aprende de forma ativa, a partir do contexto em que se encontra, do que lhe é significativo,
relevante e próximo ao nível de competências que possui” (MORAN, 2018, p. 3).
14
Ver capítulo 6 do 7o ano. Ali, trazemos, de maneira compreensível para a faixa etária, diversos aspectos importantes dos povos indígenas,
inclusive a existência de múltiplas culturas indígenas, reforçada, por exemplo, pela ilustração de diferentes moradias.
15
Com o uso de “diferentes linguagens (oral, escrita, cartográfica, estética, técnica etc.). [...] torna-se possível o diálogo, a comunicação e
a socialização dos indivíduos, condição necessária tanto para a resolução de conflitos quanto para um convívio equilibrado entre diferentes
povos e culturas” (BRASIL, 2018, p. 356).
16
A variedade de fontes é apresentada principalmente nas seções Olho vivo, Atividades, Raio X e nos fechamentos de unidade. Sobre
essas seções, ver o item Organização da coleção deste Manual do Professor.
17
De acordo com essa concepção, “a história era o que havia sido registrado pela escrita dos ‘homens’ (seres humanos) sobre a vida
pública. Com isso, os sujeitos eram somente os que tinham acesso às formas de manifestação escrita ou os que deviam, em razão de sua
importância pública, ter seus atos registrados pelos seus pares, detentores das formas da escrita” (CARVALHO, 2010, p. XI).
18
Verificar, por exemplo, atividade sobre impostos na atualidade, na unidade 4 do 7o ano.

XXXIX

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Assim, o “contato com entornos reais, com problemas concretos da comunidade, não somente para conhecê-los,
mas para procurar contribuir com soluções reais, a partir de processos de empatia, de aproximação, de escuta e de
compartilhamento [seria uma] aprendizagem-serviço, em que os professores, os estudantes e a instituição aprendem
interagindo com diversos contextos reais, abrindo-se para o mundo e ajudando a modificá-lo” (MORAN, 2018, p. 8). Ao
contrário do ensino tradicional, em que é mero espectador, o estudante entende e intervém em sua realidade, passando
a ter um papel central, tornando-se, portando, protagonista do conhecimento.
Esse conjunto de ideias, proposições e encaminhamentos tem como objetivo ajudar o estudante a conhecer a si
mesmo, a compreender o mundo onde vive e a se conscientizar da importância de se posicionar contra preconceitos de
qualquer natureza, exercendo assim o respeito às diferenças e contribuindo para a construção de uma sociedade mais
justa e acolhedora. Como reforça a BNCC (BRASIL, 2018, p. 353-354), “estimular os alunos a desenvolver uma melhor
compreensão do mundo não só favorece o desenvolvimento autônomo de cada indivíduo, como também os torna aptos
a uma intervenção mais responsável no mundo em que vivem”.

1.6 • A história da África, dos africanos e dos afrodescendentes


Durante muito tempo, a historiografia privilegiou a narrativa linear dos acontecimentos políticos e da formação dos
Estados nacionais. Outro aspecto dessa historiografia tradicional é seu caráter extremamente eurocêntrico: os marcos e
as referências históricas eram quase sempre vinculados às experiências do continente europeu.19
Dessa forma, refletindo os debates historiográficos, a África e o papel dos africanos e seus descendentes na construção
da sociedade e da cultura brasileiras eram relegados a um segundo plano no ensino escolar. Africanos e afrodescendentes
eram apresentados aos estudantes quase sempre em posição subalterna, submetidos ao poder econômico e político das
populações não africanas, especialmente as europeias.
Nas escolas, de modo geral, não se discutiam as origens históricas do preconceito contra os negros, tampouco se
abordava a luta dos afrodescendentes contra o racismo e a discriminação social. O próprio fim da escravidão era histo-
ricamente ensinado como resultado da benevolência da monarquia.
Novas perspectivas sobre fontes e sujeitos históricos, bem como sobre a própria função social do historiador, mudaram
esse paradigma. Nesse contexto, uma das importantes conquistas dos movimentos sociais afro-brasileiros foi a lei
no 10.639, de 9 de janeiro de 2003 (BRASIL, 2003), que alterou a LDB e instituiu nas redes de ensino a obrigatoriedade
do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira. Essa lei foi substituída pela lei no 11.645, de 10 de março de 2008
(BRASIL, 2008), que acrescentou o ensino da história indígena aos currículos das redes, tornando obrigatório o ensino
da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena no Ensino Básico.
Essas conquistas foram tributárias de um movimento de revisão e ressignificação da participação de africanos e
afrodescendentes no presente e no passado do Brasil. Com elas, conseguimos criar ou recriar o ensino dessa temática e,
enfim, transformar as representações sociais desses povos nos materiais didáticos.
Os livros didáticos – que nós, autores brasileiros, produzimos – passaram, assim como outros setores da sociedade,20
a refletir essa preocupação e a representar os afrodescendentes em situações diversificadas. Hoje, como afirma Ana Célia
da Silva (2003, p. 151), esse grupo aparece com

[...] status econômico de classe média, com constelação familiar, crianças praticando atividade
de lazer, em interação com crianças de outras [...] etnias, com nome próprio, sem aspecto caricatural,
frequentando escola, adultos negros exercendo funções e papéis diversificados, descritos como cida-
dãos, interagindo com pessoas de outras etnias sem subalternalidade etc.

19
Poucos docentes formados antes de 2005 tiveram nos seus currículos disciplinas que abordassem as sociedades africanas ou as orientais,
por exemplo. Com exceção da história da África (implantada como temática por força da lei), boa parte dos cursos de História das
universidades brasileiras ainda não contempla culturas como a chinesa ou a indiana, entre tantas outras, e o foco da formação continua
bastante voltado para a história europeia.
20
A lei no 12.232, de 29 de abril de 2010 (BRASIL, 2010), por exemplo, estabelece que toda publicidade governamental deve ter a
representação de afrodescendentes.

XL

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1.6.1 • Visibilidade positiva dos afrodescendentes
Dessa maneira, esta coleção busca contribuir para a visibilidade positiva da população afrodescendente, resgatando,
em vários momentos e de diversas formas, a história e a cultura dos afro-brasileiros e da África. Para que isso se efetive,
procuramos mostrar aos estudantes que esses grupos têm uma história que vai além da escravidão, da pobreza ou da
submissão. Buscamos inspiração nessa historiografia renovada, como as reflexões de Verena Alberti (2013, p. 53), sobre
como pode ser feita a abordagem das histórias e culturas afro-brasileiras em sala de aula: “voltar a atenção para a
diversidade de experiências e identidades, trazer experiências em que africanos e seus descendentes são atores sociais
e políticos, integrar essas experiências à história ‘nacional’ evitando a criação de um ‘nicho’ de ensino ‘afro-brasileiro’ e
fazer o uso de fontes efetivas e expressivas”.
Amparados nessas reflexões, buscamos dedicar atenção especial aos fatos e processos históricos que apresentam os
povos africanos e seus descendentes em situações políticas, econômicas e sociais diversas. Mesmo assim, consideramos
importante o professor reforçar, sempre que possível, aspectos que muitas vezes passam despercebidos, como o fato de
os primeiros seres humanos terem surgido no continente africano. Ainda na Antiguidade, o Egito, um dos reinos mais
poderosos, criativos e opulentos, desenvolveu-se na África. E existiram também várias outras sociedades africanas ricas
e poderosas, como a cidade-Estado de Cartago, a civilização nok, o Reino de Cuxe e o de Axum.
Assim, destaca-se na coleção a diversidade de povos presentes na África e suas experiências históricas e culturais
variadas, distintas e ricas. Buscamos enfatizar, por meio de textos, imagens e atividades, a participação dos africanos e
afrodescendentes na construção da sociedade brasileira e, então, apresentá-los como sujeitos históricos que, ao longo
dos séculos, ocuparam espaços variados na economia, na política e na cultura brasileiras.
Capítulos exclusivos, com informações, textos e imagens variadas, foram elaborados de modo a demonstrar quanto
a cultura e a identidade brasileira são marcadas pela cultura africana. Discutimos, também, a importância de refletirmos
sobre esse legado e, paralelamente, sobre as formas de preconceito e exclusão social que ainda persistem em nossa
sociedade. Esperamos, assim, ajudar a acabar com preconceitos e práticas racistas, e contribuir para a formação de uma
sociedade mais justa e plural, que conceba um novo lugar social e político para os afrodescendentes. Em nosso entendi-
mento, esses são elementos fundamentais na construção da verdadeira democracia, fundada no respeito à diversidade
étnica e cultural da sociedade brasileira.

1.7 • A história dos povos indígenas


As questões que envolvem os povos indígenas dizem respeito a todos. Seu estudo nos permite pensar e discutir temas
essenciais ao mundo contemporâneo e novas perspectivas para o Brasil. Um dos aspectos que podem ser abordados,
tomando-se por base a história e a cultura dos povos indígenas, é o da pluralidade cultural do nosso país. A esse respeito,
o antropólogo Mércio Pereira Gomes (2017, p. 200, 216) ressalta:

O ser índio e o viver índio, no Brasil, não são constantes históricas de um passado pré-colombiano.
[...] [os povos indígenas] constituem pluralidades culturais variadas, determinadas por tempos de lutas
e derrotas, por extinções e sobrevivências, condicionadas pelo presente que se constrói em meio a
uma complexidade sociopolítica que deixa pouco espaço de manobra e opção existencial para eles. [...]
A nova Constituição brasileira definiu o índio como parte essencial da nação brasileira, cidadão com
direitos plenos, povos específicos com direitos legitimados pela sua historicidade, coletividades com
formas próprias de conduta social e cultural. O Estado lhes garante sua proteção contra seus inimigos,
os usurpadores de terras, os esbulhadores de suas riquezas, as doenças e o preconceito ainda existente.

1.7.1 • Valorização da diversidade indígena


De fato, em período relativamente recente, era comum nos livros didáticos a representação dos povos indígenas
apenas sob o ponto de vista do colonizador. Os indígenas apareciam em capítulos relacionados à colonização, apre-
sentados de maneira genérica, sugerindo um grupo coeso e homogêneo do ponto de vista étnico e cultural. Após os
primeiros capítulos de História do Brasil, tornavam-se praticamente ausentes de outros momentos históricos e da sociedade
brasileira contemporânea.

XLI

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Contribuindo decisivamente para superar essa lacuna no ensino de História no Brasil, a lei no 11.645, de 10 de março
de 2008 (BRASIL, 2008), tornou obrigatória a incorporação da história dos povos indígenas ao conteúdo programático
da Educação Básica, pela temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena.
Pautados em tais questões, buscamos nesta coleção ressaltar a diversidade de povos indígenas, em suas problemáticas
históricas e atuais. Dessa maneira, esperamos auxiliar o professor a resgatar a figura dos indígenas como sujeitos históricos
e como importante matriz para a formação da sociedade brasileira.
Tomamos como referencial teórico, para orientar a elaboração desta coleção, a ideia de que o termo “sociedades indí-
genas” corresponde a “um conjunto grande e diverso de culturas e modos de vida”, entre outros conceitos apresentados
no livro organizado por Silva e Grupioni (TASSINARI, 1995). Procuramos, assim, realizar um trabalho que representasse
a história dos povos indígenas e seu presente, com o objetivo de reforçar sua historicidade.
Outro ponto que pode ser destacado em sala de aula é a diversidade cultural existente entre os grupos indígenas.
É importante mostrar que há diferentes troncos linguísticos, distintas formas de morar, de se relacionar com outras
sociedades, indígenas ou não, entre outros aspectos. Destacar essa diversidade ajuda o estudante a construir uma nova
representação sobre os povos.
Ao longo dos quatro volumes, apresentamos a história dos povos indígenas brasileiros desde o povoamento da
América até contextos históricos contemporâneos, sempre procurando ressaltar os vários aspectos da sua cultura, com
ênfase na diversidade de concepções dessas sociedades sobre temas como a origem do Universo, a tecnologia, o con-
ceito de civilizações etc. Além disso, apresentamos aspectos dos modos de viver, morar, produzir e ver o mundo desses
grupos, assim como suas técnicas e tecnologias; suas histórias, seus mitos e suas crenças. Procuramos, ainda, por meio
de imagens, textos e atividades, mostrar as transformações sofridas por essas culturas.
Nesta coleção, buscamos mostrar outra possibilidade de conceber o país: não como uma unidade homogênea,
porém como “o todo social heterogêneo que é, mas que venha a se manter articulado por relações de solidariedade
democraticamente construídas” (LIMA, 1995, p. 415).

2 Metodologia da coleção
O componente curricular História aborda as experiências sociais, culturais, tecnológicas, políticas e econômicas da
humanidade. Contudo, não se destina a um acúmulo de erudição ou mera especulação sobre o passado, pois são o
conhecimento e a reflexão sobre esses processos que contribuirão para a formação de pessoas com habilidades de ler a
realidade e promover transformações, tanto no seu entorno como em âmbito global.
O desenvolvimento dessas habilidades e competências está atrelado ao reconhecimento dos estudantes como sujeitos
históricos, indivíduos que se relacionam com outras pessoas e grupos, capazes de interferir no mundo e modificá-lo a
fim de torná-lo mais justo e solidário. Para alcançar esse objetivo, é preciso criar estratégias pedagógicas e historiográficas
capazes de levá-los a dar significado à herança material e imaterial construída pelos seres humanos ao longo do tempo,
assim como identificar as mudanças, rupturas e permanências nos espaços onde vivem.

2.1 • O autoconhecimento e o protagonismo


Diferentemente de uma metodologia tradicional, baseada na memorização e no acúmulo de informações com um
fim em si mesmo, a educação integral, como mencionado anteriormente, é ancorada em abordagens que contemplam
diversas práticas de aprendizagem e diferentes aspectos dos estudantes. Em termos históricos, por exemplo, mais do que
uma sucessão de governos e datas, ele deverá compreender relações de poder, processos de transformação e manutenção
de estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais, além de outros conceitos e procedimentos, próprios da História e
das Ciências Humanas, que lhe fornecerão repertório para se posicionar e intervir no mundo.
Em termos cognitivos, o estudante deverá ser capaz de fazer uso de diferentes linguagens, utilizar argumentação para
defender seu ponto de vista, criar e utilizar tecnologias para a construção de um mundo mais diverso, tolerante e com
justiça social etc. Ao se reconhecer como portador de uma identidade própria, mas com vínculos com uma comunidade, a
criança e o adolescente têm sua estrutura cognitiva e socioemocional ampliada, podendo atuar de modo mais consciente
na sociedade em que vivem, incluindo práticas de valorização das diferenças e da diversidade.

XLII

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Conhecer as próprias potencialidades e limitações é um processo de autoconhecimento no qual o estudante poderá
se sustentar para explorar diferentes dimensões do mundo, se posicionar diante de situações injustas e construir, mesmo
que de modo ainda elementar, projetos futuros.
Todo esse conjunto de pressupostos tem como objetivo central auxiliar o professor a promover uma educação voltada
para o protagonismo do estudante, ou seja, para o desenvolvimento de capacidades como se enxergar no papel de
agente principal da própria vida; responsabilizar-se por suas atitudes e escolhas; ter iniciativa para a resolução de problemas
etc. Assim, o estudante poderá acreditar em si, em sua comunidade e na própria capacidade de aprender e buscar novos
caminhos e soluções de maneira colaborativa.
Para que esse processo se consolide, a coleção faz uso de diversas abordagens metodológicas, que envolvem
aspectos historiográficos, cognitivos e socioemocionais e que se entrelaçam formando um todo.

A contextualização e a relação entre presente e passado


Atividades variadas
As práticas de pesquisa
As práticas pedagógicas

O trabalho com documentos


Diversidade de fontes
Imagens: uma alfabetização necessária

As unidades conceituais

2.2 • A contextualização e a relação entre presente e passado


Como citado anteriormente, a contextualização é uma perspectiva fundamental para que o estudante adquira um
conhecimento com significado. Conforme explica a BNCC (BRASIL, 2018, p. 399):

Com base em níveis variados de exigência, das operações mais simples às mais elaboradas,
os alunos devem ser instigados a aprender a contextualizar. Saber localizar momentos e lugares
específicos de um evento, de um discurso ou de um registro das atividades humanas é tarefa fun-
damental para evitar atribuição de sentidos e significados não condizentes com uma determinada
época, grupo social, comunidade ou território. Portanto, os estudantes devem identificar, em um
contexto, o momento em que uma circunstância histórica é analisada e as condições específicas
daquele momento, inserindo o evento em um quadro mais amplo de referências sociais, culturais e
econômicas.

Fazer conexões
A ideia de contextualização significa fazer conexões. Assim, a vida do estudante, seu entorno e o mundo em que vive
são o ponto de partida para a contextualização. A escolha das abordagens da obra, os conceitos a serem trabalhados,
bem como a valorização do conhecimento prévio do estudante, são pontos de destaque dessa contextualização. Os
contextos reais, tomados como base para a elaboração dos capítulos21 e das seções, são analisados na sua complexidade,
procurando-se expressar as múltiplas faces da realidade.22

21
Exemplos: 6o ano = capítulo 5, onde são encontradas várias conexões que ligam presente e passado; e 7o ano = capítulo 2, cuja abertura
relaciona os atuais livros digitais com os livros escritos à mão.
22
Sobre o conceito de complexidade ver Paviani (2014, p. 47-48).

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Segundo o historiador francês Marc Bloch (1886-1944), “a incompreensão do presente nasce fatalmente da igno-
rância do passado” (BLOCH, 2001, p. 65). Acreditamos, assim como Bloch, que são as problemáticas do tempo presente
que atribuem sentido ao estudo da História, tanto na academia quanto em sala de aula. Desse modo, os conteúdos
disciplinares tornam-se mais significativos, já que estabelecem uma “relação necessária com o mundo cultural do aluno”.
(BEZERRA, 2008, p. 41).
Além disso, a comparação entre o presente e o passado favorece o desenvolvimento das noções de permanência,
ruptura, continuidade e mudança. Essas categorias históricas contribuem para o reconhecimento de alguns elementos
do passado na realidade dos estudantes, ajudando-os a identificar a participação de sujeitos e as estruturas sociais,
econômicas e políticas na dinâmica da vida atual. Assim, gradualmente, eles adquirem condições para analisar e criticar
sua realidade.
Procuramos estabelecer relações entre o presente e o passado em diversos momentos ao longo da coleção: nas
aberturas de unidade e de capítulo, nas Atividades e na seção Fechando a unidade.
Também trabalhamos o relacionamento entre o presente e o passado em questões contemporâneas complexas, como
intolerância, consumismo, violência etc., e para abordar os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs). Esses assuntos
estão presentes de diversas maneiras na coleção: nos eixos conceituais das unidades; no texto central dos capítulos; nas
seções; e nas atividades. Outro importante aspecto do mundo contemporâneo destacado por meio da relação entre
presente e passado é o da diversidade cultural. Utilizamos, para isso, diferentes estratégias a fim de enfatizar e valorizar
a convivência das múltiplas culturas entre si.

2.2.1 • Atividades variadas


As atividades, organizadas sob diversos prismas e objetivos, são momentos privilegiados dessas contextualizações.
As questões propostas nas aberturas de unidade, por exemplo, jogam luz nos conhecimentos prévios dos estudantes. Há
também aquelas com objetivos diversos, como: desenvolver habilidades socioemocionais; aprimorar leitura e interpretação
de documentos variados; valorizar a história e a compreensão dos conceitos históricos; reconhecer dificuldades e direitos
de grupos minoritários socialmente (idosos, negros, indígenas, mulheres e população LGBTQIA+); contribuir para a saúde
mental dos estudantes e para o combate a todo tipo de violência; ampliar a compreensão da literacia digital
(pensamento computacional); promover o pluralismo de ideias, a defesa da cultura da paz e a democracia.23

2.2.2 • As práticas de pesquisa


As práticas de pesquisa, além de contextualizar diversos assuntos, temas e conceitos, permitem atitudes voltadas ao
protagonismo dos estudantes e à literacia científica. Entender, mesmo que de modo ainda elementar, que o trabalho de
pesquisa tem métodos (como a definição de um problema, a proposição de hipóteses etc.), que devem ser apresentados
também por meio de técnicas específicas (relatório, gráficos, tabelas, bibliografia, oralmente), partindo de situações reais
de sua comunidade ou mundo, permite a aquisição de inúmeros conceitos e experiências sensoriais, corporais, emocionais,
de linguagens e formas de expressão, entre outras. Segundo este trecho de artigo do site da BNCC:

é preciso que o ato de pesquisar seja compreendido também como uma aprendizagem a ser
desenvolvida. Isso demanda, dos professores, investimento e planejamento de situações de apren-
dizagem que fomentem nos estudantes o desenvolvimento, entre muitas outras, das habilidades de:
• localizar;
• selecionar e compartilhar informações;
• ler, compreender e interpretar textos com maior grau de complexidade;
• consultar, de forma crítica, fontes de informação diferentes e confiáveis;
• formar e defender opiniões;
• argumentar de forma respeitosa;

23
Exemplos: 6o ano = combate a todo tipo de violência: atividades do capítulo 3 e fechamento da unidade 1; pluralidade de ideias: estudo
e atividades sobre povoamento da América do capítulo 2; valorização da democracia: diversas atividades da unidade 3; literacia digital: na
seção Como se faz..., item Podcast; e 7o ano = pluralidade de ideias: na seção Vamos falar sobre..., do capítulo 3; combate a todo tipo
de violência + saúde mental dos estudantes: no fechamento da unidade 3; cultura da paz e contra o preconceito: atividades do capítulo 7,
sobre a escravização dos africanos.

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• sintetizar;
• expor oralmente o que aprendeu apoiando-se em diferentes recursos;
• generalizar conhecimentos;
• produzir gêneros acadêmicos.

Todas essas habilidades favorecerão o avanço no processo de aprendizagem de diferentes nature-


zas e em diferentes campos do conhecimento. O mais importante é que os estudantes se reconheçam
não como meros consumidores de conhecimento, mas como sujeitos capazes de produzi-los também.

(BRASIL, [20--]c).

Na seção Pesquisa & Ação, abordamos, de modo acessível à faixa etária, algumas práticas de pesquisa. Ao mesmo
tempo que apreende como proceder, o estudante se debruça sobre temas ligados à sua comunidade, à realidade do
planeta ou ao seu papel de indivíduo na sociedade, como recomendam os Temas Contemporâneos Transversais
(TCTs). São, portanto, atividades que visam desenvolver o espírito investigativo e autoral do estudante.

Prática de pesquisa24 O que é Características

A revisão bibliográfica é um
levantamento prévio de re-
ferências bibliográficas para
identificar o estado da arte • Promove revisões de publicações científicas em periódicos,
Revisão bibliográfica do tema a ser investigado, livros, anais de congressos etc.
(estado da arte) ou seja, se há pesquisas se-
melhantes ou complementa- • Não realiza coleta de dados em campo.
res que possam contribuir
para o avanço da pesquisa a
ser realizada.

O termo “documento” inclui


uma diversidade de materiais • Os documentos são considerados fontes primárias se fo-
escritos, iconográficos e esta- ram elaborados por pessoas que participaram diretamente
tísticos, cuja análise possa do evento que está sendo pesquisado.
Análise documental fornecer dados sobre o fenô- • Algumas dificuldades desse tipo de pesquisa: muitos docu-
(princípios de análise de meno pesquisado. Na análi- mentos não foram produzidos para fornecer informações a
discurso) se do documento, buscam- uma investigação social; representam pontos de vista dos seus
-se a intenção do autor, os autores; em sua maioria, são relatos verbais e não revelam
temas destacados, a coerên- comportamentos não verbais, que podem ser relevantes para
cia interna e a estratégia do a pesquisa.
discurso.

• As perguntas que compõem o questionário devem ser ade-


quadas ao propósito da pesquisa.
• Perguntas abertas permitem respostas elaboradas a partir das
opiniões dos entrevistados, direcionadas de acordo com o tema
O questionário consiste em
da investigação. Seu uso é interessante quando se pretende al-
Construção e uso de uma série de perguntas para
cançar maior profundidade acerca do tema investigado.
questionários a coleta de dados qualitati-
vos ou quantitativos. • Perguntas fechadas são, em geral, usadas quando o pesqui-
sador já tem um amplo conhecimento do contexto investiga-
do. Nesse caso, as respostas são facilmente quantificadas. Há
questionários desse tipo em que as perguntas têm como úni-
cas respostas possíveis “sim” ou “não”.

24
As práticas de pesquisa presentes na coleção são: 6o ano = capítulo 7: observação, tomada de nota e construção de relatórios; 7o ano =
capítulo 2: entrevistas; capítulo 3: estudo de recepção (de obras de arte e de produtos da indústria cultural); 8o ano = capítulo 2: análise de
mídias sociais (análise das métricas das mídias e princípios de análise de discurso multimodal); capítulo 9: construção e uso de questionários;
e 9o ano = capítulo 1: revisão bibliográfica (estado da arte); capítulo 9: análise documental (princípios de análise de discurso).

XLV

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Prática de pesquisa24 O que é Características
• Problematiza a relação entre emissor onipotente em contra-
posição ao receptor passivo.
Trata-se de uma investigação
Estudo de recepção • Considera que a relação dos receptores com os meios de
das mediações presentes no
(de obras de arte e de comunicação é necessariamente mediada e a recepção é um
processo de recepção e con-
produtos da indústria processo.
sumo de obras de arte e de
cultural) • A análise da recepção de bens culturais deve levar em con-
produtos da indústria cultural.
sideração a experiência pessoal e social dos indivíduos e gru-
pos humanos.
• O pesquisador vivencia, com os sujeitos pesquisados, situa-
ções do cotidiano do contexto sociocultural estudado.
Consiste em uma técnica de • O registro das informações coletadas pode ser feito por meio
pesquisa que pressupõe a in- de um diário de campo.
Observação participante
serção do pesquisador no
(incluindo tomada • No processo de investigação, devem-se distinguir os resultados
grupo estudado, visando ob-
de notas, relatórios e da observação direta e das declarações dos sujeitos estudados
ter determinadas informa-
etnografia) das inferências do pesquisador.
ções sobre os fenômenos in-
vestigados. • O pesquisador deve vencer limitações de ordem etnocêntri-
ca e estar aberto a modos de vida diferentes das suas referên-
cias pessoais.
• As questões da entrevista devem atender aos objetivos da
pesquisa.
• As questões predeterminadas podem ser simplesmente tó-
São constituídas de um con- picos, como dados de identificação do entrevistado.
Entrevistas (com
junto de questões preestabe- • Nas questões abertas, o pesquisador deve ter cuidado para
destaque para a
lecidas e de questões formu- não fugir do objetivo da pesquisa e sempre ser ético com o
semiestruturada) ladas durante a entrevista. entrevistado.
• O pesquisador deve conhecer com certa profundidade o
contexto a ser investigado para ajudá-lo na elaboração da
entrevista.

Trata-se de uma estratégia • Algumas métricas das mídias sociais são de engajamento,
Análise de mídias de estudo das mídias sociais rankings, demografias, fontes de tráfego, sites de referência,
sociais (análise das por meio de formas de men- curtidas, fanpages, posts, seguidores, mapeamento de influen-
métricas das mídias e suração (métricas) do de- ciadores, entre outros25.
princípios de análise de sempenho de um site, uma
publicação, um aplicativo, • O objetivo das métricas é aferir o desempenho das estraté-
discurso multimodal) gias de comunicação das mídias sociais.
das redes sociais etc.

Fonte: elaborado para esta obra.

2.2.3 • As práticas pedagógicas


Há, ainda, as atividades ancoradas em práticas pedagógicas específicas. Esse conceito é bastante fluido, mas se
caracteriza, principalmente, por envolver ações pedagógicas intencionais que buscam estimular o aprendizado,
visando ao desenvolvimento integral do estudante. “As práticas educativas se tornam pedagógicas quando passam a ser
objeto de ação e reflexão no âmbito da pedagogia. Em termos homônimos, a ação e a reflexão pedagógica concretizam
os objetivos educacionais mediante práticas organizadas sistematicamente desde sua concepção até seu estágio avaliativo”
(SEVERO, 2015, p. 572). Foi com esse objetivo que desenvolvemos, ao longo dos capítulos, determinadas atividades
relacionadas à seção Como se faz... (localizada no final de cada volume do Livro do Estudante), na qual o estudante
encontrará orientações pedagógicas pontuais. Por exemplo, no capítulo 9 do 6o ano, que aborda as invasões dos povos
germanos na Europa, ao problematizar o preconceito em relação aos estrangeiros, tanto no passado como no presente,

25
A respeito das métricas das mídias sociais, sugerimos a leitura do artigo de Liotti (2017).

XLVI

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solicitamos aos estudantes que produzam uma pequena dramatização (uma cena) que reflita alguma situação vivenciada
ou imaginada por eles, em relação a esse tema. Na seção Como se faz..., a turma encontra orientações para elaborar
e apresentar essa cena.
A seção explicita também os ganhos pedagógicos, sociais e históricos de cada atividade (criação de uma cena dra-
mática, produção de mural, vídeo, fichamento, podcast, leitura de mapas etc.) na formação do estudante.26

COMO SE FAZ... 3O passo Elaboração do roteiro


O roteiro deve conter todas as informações sobre a dramatização: resumo da história, descrição
dos cenários e das personagens (suas falas e cenas).
DRAMATIZAÇÃO Na elaboração de um roteiro de texto dramático, deve-se considerar:
• a definição dos momentos mais representativos da ação;
Dramatização é uma apresentação teatral que pode ser feita na escola ou em qualquer • as personagens (protagonistas e coadjuvantes);
outro lugar, desde que nele seja possível delimitar o espaço cênico e a plateia. • as caracterizações físicas e psicológicas das personagens, que devem ser bem perceptíveis;
A dramatização pode ser individual ou envolver um número reduzido de estudantes, • a utilização de trajes, adereços, modos de falar e andar que possam ajudar na caracterização das
mas pode ser também uma representação coletiva, da qual todos os estudantes da personagens.
turma participam. A adaptação de um texto narrativo a um texto dramático deve levar em conta os seguintes aspectos:
Ela tem como base um tema ou um texto. O texto pode ser improvisado ou previa- • a existência ou não de um narrador;
mente elaborado, ou mesmo ser adaptado de acordo com os objetivos a serem alcançados. • a distinção entre personagens principais e secundárias;
Durante a dramatização, os estudantes devem utilizar a linguagem oral e corporal. • a necessidade de transformar texto narrativo em falas das personagens.
Confira a seguir algumas etapas que podem auxiliar na realização de uma dramatização.
4O passo Preparação
Esta etapa envolve: • a construção do cenário, a confecção das
1 passo
O
Escolha do tema e definição dos objetivos • a distribuição de papéis; roupas e a instalação de som e luz, entre
• a escolha e a preparação de adereços outros recursos audiovisuais;
Com base nas discussões em sala de aula e nas orientações do professor, o grupo
deve escolher o tema da dramatização. Para isso, deve-se levar em conta: para as personagens e para o espaço • a organização do espaço onde vai ser feita
a) se há condições para que ela seja encenada; cênico; a representação cênica.
b) se ela é coerente com o objetivo do trabalho. Nesta etapa, é importante pensar
sobre: 5O passo Ensaio

2a TURMA, 2013 (DIREÇÃO: KAROLINE FERREIRA


MUNDO?" DO AUTOR LUCIANO LUPPI. PROJETO

MS) NÚCLEO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES -


MUNICIPAL DE TEATRO (UFMS/TRÊS LAGOAS/
ESPETÁCULO "QUEM ROUBOU O BRANCO DO
• que mensagem o grupo pretende transmitir;

IDENTIDADE - GRUPO DE TEATRO / ESCOLA


Antes da apresentação oficial, é necessário
• quais são os recursos materiais e humanos disponíveis; ensaiar a dramatização, exercitando as falas
• quanto tempo se tem para realizar a dramatização; e as ações das personagens, e testando os
• onde ela será encenada. cenários e os equipamentos.

E FELIPE CITRO)
Os estudantes envolvidos com a direção e o
roteiro devem aproveitar esse momento para
fazer os ajustes necessários.
A troca de opiniões e as sugestões de todos Espetáculo Quem roubou o branco
2O passo Distribuição de funções do mundo?, de Luciano Luppi,
são importantes nesta etapa de montagem encenado pelo Projeto Identidade,
Depois de estabelecer um objetivo a ser alcançado com a dramatização, é preciso da dramatização, e o ambiente dos ensaios e da grupo de teatro da Escola Municipal
definir que função cada integrante do grupo desempenhará de acordo com suas apresentação deve ser calmo e organizado. de Teatro de Três Lagoas (MG), 2013.
habilidades (diretor, roteirista, ator, cenógrafo) e o tipo de texto que servirá de base
para a apresentação. O texto pode ser: 6O passo Encenação
• previamente elaborado; nesse caso, ele pode sofrer cortes ou acréscimos;
Antes da encenação, é importante que você e os colegas fiquem tranquilos e tenham clareza de
• um texto dramático criado pelos estudantes com base em conteúdos já estudados; que se trata de teatro amador, ou seja, todos estão aprendendo e, nesse processo, é natural que
• uma adaptação de texto narrativo transformado em texto dramático. cometam algumas falhas. Após a exibição, organizem uma roda de conversa para ouvir sugestões
e críticas do público. O grupo pode avaliar se os resultados alcançados estão de acordo com o
objetivo inicial do trabalho e falar sobre a experiência de representar as personagens.

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2.3 • O trabalho com documentos


2.3.1 • Diversidade de fontes
Ao longo de toda a coleção, procuramos desenvolver um trabalho consistente com diversos tipos de documentos. Como
apresentado na BNCC, eles são fundamentais para o entendimento da História. Entre outros aspectos são

capazes de facilitar a compreensão da relação tempo e espaço e das relações sociais que os
geraram. Os registros e vestígios das mais diversas naturezas (mobiliário, instrumentos de trabalho,
música etc.) deixados pelos indivíduos carregam em si mesmos a experiência humana, as formas
específicas de produção, consumo e circulação, tanto de objetos quanto de saberes. Nessa dimensão,
o objeto histórico transforma-se em exercício, em laboratório da memória voltado para a produção
de um saber próprio da história.

(BRASIL, 2018, p. 398).

26
No volume 6, a seção Como se faz... abrange dez atividades procedimentais.

XLVII

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Para a realização de uma efetiva análise documental em sala de aula, é necessário criar oportunidades para que
essas fontes sejam contextualizadas e problematizadas, de modo que a turma reflita sobre a constituição e a natureza
desses documentos, bem como seja capaz de questioná-los e de perceber quais respostas e informações eles podem ou
não fornecer.
Um dos momentos privilegiados para evidenciar ao estudante a natureza dos documentos é a seção Raio X. Presente
em alguns capítulos, ela explora o desenvolvimento do pensamento histórico, destacando as particularidades do trabalho
do historiador e a forma como esse profissional utiliza os registros para construir suas reflexões e análises.
Em diversos momentos da coleção, o estudante é convidado a exercitar a leitura interpretativa. É o caso das atividades
que se encontram no meio27 e no final de capítulos,28 assim como as do fechamento das unidades,29 onde são apre-
sentados documentos de diferentes naturezas para que ele faça leituras, comparações e inferências. Ou seja, a coleção
desenvolve um trabalho bastante consistente com variados tipos de documentos.

2.3.2 • Imagens: uma alfabetização necessária


A coleção promove estudos e atividades pedagógicas sistematizadas com imagens, por acreditarmos que sua leitura
e análise são habilidades extremamente importantes no mundo atual e que, em geral, são relegadas a segundo plano
no saber escolar.
Nesse aspecto, sempre que possível, reforçamos o papel das imagens como fontes históricas, auxiliando o estudante a
reconhecê-las como representações do passado (ou do presente), e não como cópia fiel da realidade conforme costumam
ser vistas. Também foi nossa preocupação selecionar imagens que refletissem a produção iconográfica de diferentes
regiões do mundo, em tempos distintos, e que representassem técnicas variadas, como pinturas, desenhos, gravuras,
fotografias, murais, charges, entre outros. A iconografia da coleção é, portanto, mais um recurso para a leitura e a
compreensão de temas, fatos, processos, conceitos e realidades estudados ao longo de todas as unidades.
A imagem foi uma das primeiras formas encontradas pelo ser humano para registrar informações. Nas cavernas,
foram desenhados sonhos, desejos, medos, magias e conceitos. Desde então, seu poder intensificou-se, e hoje vivemos
em um mundo saturado das mais diversas imagens. Elas são veiculadas na TV, no cinema, em propagandas impressas
ou ao ar livre; nas histórias em quadrinhos; nos videogames; na internet etc.
As selfies, fotografias tiradas de si próprio, podem, por exemplo, ser compartilhadas em redes sociais e gerar a
divulgação instantânea do acontecimento em milhões de outros aparelhos. Esse fenômeno, inclusive, é estudado como
manifestação de novas relações identitárias.
Embora vivamos em um mundo cada vez mais imagético, é fato que boa parte das crianças e dos jovens encontra difi-
culdades para compreender essas imagens e, principalmente, para refletir sobre sua relevância e seu significado. É necessário
prepará-los, por exemplo, para identificar e reagir adequadamente a situações como o ciberbullying – um tipo de bullying
virtual caracterizado pela rápida propagação de imagens associadas a injúrias e outros insultos em redes sociais.30
Entre essas e outras questões importantes e urgentes, torna-se essencial ainda instrumentalizar os estudantes para
reconhecer a objetificação dos corpos femininos nos espaços de mídias como uma expressão de violência contra a mulher,
que se agrava por estimular outras práticas violentas e discriminatórias. Para auxiliar no enfrentamento dessas questões
desafiadoras do tempo presente, adotamos o trabalho sistemático de análise de imagens como uma das premissas
metodológicas desta coleção. Assim, esperamos contribuir com a reflexão sobre a produção imagética do passado e
para a promoção de uma postura proativa e saudável em relação à produção e ao consumo de imagens na atualidade.
Na seção Olho vivo, a leitura de imagens reflete não apenas sobre o tema representado mas também sobre a com-
posição da obra, seu estilo e as relações das condições de produção e de consumo com o contexto histórico no qual as
imagens foram criadas. Destacam-se os propósitos dos autores dessas obras e procura-se desvendar o caráter arbitrário
e ideológico presente nessas produções iconográficas.

27
Exemplos: 6o ano = capítulo 2: na atividade sobre pinturas rupestres; capítulo 7: na análise de vestígios históricos gregos; 7o ano = capítulo
1, no trecho da Carta Magna.
28
Exemplos: 6o ano = final do capítulo 7: atividade de leitura de mapas e texto contemporâneo sobre a Antiguidade Clássica e novas
possíveis abordagens; 7o ano = final do capítulo 4, no trecho extraído do livro de Ricardo da Costa.
29
Exemplos: 6o ano = fechamento da unidade 3; 7o ano = fechamento da unidade 1.
30
O site brasileiro da associação civil sem fins lucrativos Safernet ([2005]), criada para promover a defesa dos Direitos Humanos na internet,
tem uma série de orientações e relatos sobre situações que envolvem imagens de crianças e adolescentes na rede mundial.

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– Imagem condutora
Outro trabalho desenvolvido na coleção é o que chamamos de imagem condutora. Trata-se do uso de imagens
como “espinha dorsal” para a construção de alguns capítulos (ou parte deles). Para isso, as imagens se configuram em
instrumento pedagógico para a construção do conhecimento. Nesses casos, inicialmente, apresentamos a imagem
completa, com informações sobre origem, produção, técnica, autoria, objetivo e ausências, por exemplo. Dessa forma,
reforçamos o papel do documento histórico, assim como o caráter parcial de sua construção.
O trabalho com a imagem condutora prossegue nas páginas seguintes, nas quais são reproduzidos detalhes da
imagem original com o objetivo de contribuir para as reflexões do capítulo. Mais do que mera ilustração do texto, a
imagem condutora é protagonista do conhecimento, pois evidencia informações e detalhes que, além de atraentes à faixa
etária, são capazes de “traduzir”, de modo simples, mas eloquente, muitos acontecimentos históricos.
Essa abordagem aprimora a acuracidade do olhar e do senso crítico dos estudantes, que podem assim compreender
o papel das imagens como fontes de investigação do passado e instrumentalizar-se para desvendá-las na coleção e em
seu cotidiano.

2.4 • As unidades conceituais


Os conceitos são o fio condutor que articula todos os capí-
tulos de cada unidade. No sentido aqui utilizado, são entendidos Temas Contemporâneos Transversais (TCTs)
como uma formulação abstrata e geral, que tem como finalidade Os Temas Contemporâneos Transversais têm uma
tornar algo ou uma ideia inteligível. Os conceitos são dinâmicos, estrutura muita parecida com as unidades conceituais,
têm historicidades, sendo, portanto, repertórios vivos. Nesta pois atravessam diversos conteúdos, temáticas etc.
coleção, a intenção é usá-los de acordo com a capacidade de Muitas vezes, são utilizados como eixos integradores,
compreensão/apreensão da faixa etária. para dar significado e relevância aos conteúdos
Eles foram escolhidos considerando-se dois critérios principais: escolares, visando à construção da cidadania e à
o primeiro é sua relevância para a compreensão do mundo formação de atitudes e valores.
contemporâneo; o segundo é a pertinência, isto é, a relação A coleção apresenta múltiplas possibilidades didático-
que tal conceito guarda com os contextos históricos tratados -pedagógicas para abordagem dos TCTs (cujos temas
nos capítulos, por ter surgido neles ou porque neles passaram por são Meio Ambiente; Multiculturalismo; Ciência e
importante difusão e utilização. Tecnologia; Economia; Saúde; e Cidadania
e Civismo), como em atividades, aberturas de
A coleção adota a perspectiva da história cronológica e inte-
capítulos1 etc. Assinalamos ainda que, nas orientações
grada, mais familiar às salas de aula brasileiras e balizada também
específicas deste Manual do Professor, todas
na BNCC. No entanto, a organização das unidades por eixos
as aberturas de unidade referentes ao Livro do
conceituais abre possibilidades para um processo de significação
Estudante contêm uma seção na qual são destacados
pedagógica e histórica bastante fecundo, que permite ir além da
os TCTs abordados e seus respectivos conteúdos.
abordagem linear e sequencial dos conteúdos com os estudantes.31
Em termos práticos, o vínculo entre os capítulos e os concei- 1
Alguns exemplos de trabalho com os TCTs na coleção:
tos-chave da unidade (ou seja, entre a apresentação da história Meio Ambiente = 6o ano: capítulos 2, 3, 6 e 8; 7o ano:
capítulos 4 e 5; Multiculturalismo = 6o ano: capítulos 1 e
cronológica e os conceitos) é estabelecido por meio de recursos 2 e toda a unidade 4; 7o ano: capítulos 1, 2 e 3; Ciência
que envolvem diversos processos cognitivos. Um deles é o texto e Tecnologia = 6o ano: unidade 1; 7o ano: capítulos 2
de abertura de unidade, que se apresenta em duas duplas de e 3; Economia = 6o ano: capítulo 10; Saúde = 6o ano:
capítulo 10; Cidadania e Civismo = 6o ano: capítulos 4 e
páginas: em geral, começamos com uma imagem que represente 8; 7o ano: capítulo 2.
o conceito a ser trabalhado na unidade, seguida de exemplos ou
situações do cotidiano, sugerindo aos estudantes que o assunto
abordado também diz respeito a eles e à sociedade na qual vivemos (contextualização).
Na sequência, apresentamos o conceito-chave e o problematizamos para relacioná-lo ao conteúdo dos capítulos
presentes naquela unidade. A abertura de unidade conta ainda com perguntas que mobilizam o conhecimento prévio

31
A forma como esse trabalho conceitual está desenvolvido não se confunde com a perspectiva da história temática, uma vez que esta,
em geral, busca criar relações entre várias temporalidades em um mesmo momento ou análise (no caso do livro didático, quase sempre no
capítulo). Em vez disso, esta coleção mantém a cronologia e a perspectiva integrada (que permeia a história de várias regiões do planeta),
inserindo, nessa relação, a reflexão de alguns conceitos centrais das Ciências Humanas, que são caros ao nosso presente.

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dos estudantes, auxiliando o trabalho diagnóstico do professor. Essa discussão dos conceitos-chave de cada unidade
continua no interior dos capítulos, podendo aparecer tanto no texto principal, em boxes e seções, quanto nas atividades.
Na seção Vamos falar sobre..., situada no final de alguns capítulos, retomamos os conceitos propondo ligações
mais diretas com o que acabou de ser estudado. Na seção Fechando a unidade, por meio da análise de documentos
diversificados (depoimentos, reportagens, imagens, textos literários etc.), o estudante é convidado a sistematizar seus
conhecimentos sobre os conceitos-chave e ampliá-los sob uma perspectiva, quase sempre, interdisciplinar.
Um exemplo dessa proposta é a unidade 3, do volume 6, cujo conceito central é política. Os capítulos dessa unidade
tratam das civilizações grega e romana, nas quais a concepção de política teve origem. A abertura dessa unidade, o texto e as
imagens despertam a atenção para um sentido mais amplo da palavra “política”, que não se restringe apenas ao ato de votar.
Ao longo dos dois capítulos da unidade e em seu fechamento, o conceito é abordado e problematizado de diversas formas.

3 Reflexões sobre tipos de avaliação


As questões relacionadas à avaliação, embora inerentes ao cotidiano dos professores, por vezes, tornam-se preocu-
pantes: avaliar o que, como, para que, em que momento? Para os estudantes, o assunto é igualmente tenso e, não
raro, desencadeador de crises e inseguranças diversas que podem extrapolar até mesmo a sala de aula.
Segundo o educador Cipriano Luckesi (2018), em uma educação mais tradicional, o exercício pedagógico tem se
constituído como “pedagogia do exame”, e não como pedagogia do ensino-aprendizagem. Isso porque, muitas vezes,
a avaliação se traduz em ações com uma finalidade única: aprovação ou retenção do estudante.
Para romper essa visão utilitária da avaliação e transformá-la em uma ferramenta efetiva do processo de ensino-
-aprendizagem, é preciso rever esse processo e adotar novas práticas.
O que acreditamos é que ela é uma etapa fundamental no percurso da aprendizagem, considerando que, por meio
de diversos recursos e modalidades de avaliação, os estudantes compreendem melhor seu desenvolvimento intelectual
e o professor é capaz de identificar a eficácia de seus métodos, dos materiais utilizados e das dinâmicas empregadas.
Também é por meio dos processos avaliativos que os sistemas de ensino dos municípios, dos estados e dos países
conseguem identificar e traçar políticas educacionais. São as chamadas avaliações de larga escala, como a do Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa).

Os indicadores de qualidade produzidos pelas análises dessas avaliações32 permitem compreen-


der o desempenho do aluno, associado às contingências sociais, à estrutura e às condições da escola
que definem o bom desempenho. Revelam também como a formação do professor está relacionada
com o rendimento do aluno e como o nível socioeconômico da clientela escolar é decisivo no desem-
penho acadêmico individual.
(SOUSA; FERREIRA 2019, p. 16).
Sob esse olhar, podemos dizer que tanto avaliações externas como internas são importantes para a melhoria da
educação. No entanto, nenhuma delas pode ter um fim em si mesma. As avaliações praticadas na escola, sobre as quais
estamos nos debruçando aqui, devem ser uma ferramenta de análise para o professor, um ponto de partida e de chegada
do processo pedagógico, indo muito além de provas, trabalhos e outras atividades formais. Como reforça a BNCC:

[...] no cotidiano escolar, as provas são as atividades de avaliação mais comuns, sob a justificativa de
que os estudantes precisam ser preparados para enfrentar o mundo, do qual as provas fazem parte. [...]
Os estudantes se deparam, em suas vidas presentes, com desafios diferentes [...]
Os desafios enfrentados por nós, nas diferentes esferas da vida (cotidiana, escolar, mundo do
trabalho etc.), exigem a mobilização de diferentes conhecimentos. Por isso, os processos de avaliação
da aprendizagem também podem e devem se orientar pela lógica de atenção à natureza dos conteúdos
ensinados por meio de diferentes tipos de atividade.
(BRASIL, [20--]d).

32
Conforme apontado por Sousa e Ferreira (2019), a esse respeito, consultar a revista Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo,
v. 27, n. 66, set./dez. 2016. Disponível em: https://publicacoes.fcc.org.br/eae/issue/view/334. Acesso em: 14 jun. 2022.

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3.1 • Práticas avaliativas
A seguir, vamos apontar algumas possibilidades de um processo avaliativo para a sala de aula. São propostas teóricas
e metodológicas que têm como objetivos atualizar a prática docente e auxiliar reflexões. Independentemente do tipo
de avaliação, o importante é coletar informações sobre o que o estudante já conhece e domina, bem como sobre suas
necessidades para avançar na aprendizagem não apenas de conteúdos mas também de competências. Sobre esse tema,
o sociólogo Philippe Perrenoud aponta alguns aspectos que precisam ser considerados:

[...] a avaliação das competências não descartará uma observação qualitativa dos fatos e gestos,
palavras, raciocínios, hesitações, estratégias, decisões, caminhos do sujeito frente a um problema. [...]
Tal observação passa necessariamente por um diálogo, solicita uma parte importante de autoa-
valiação ou, pelo menos, de explicitação. Faz o aluno e o professor entrarem na complexidade e afasta
definitivamente da busca e da discriminação dos erros. Trata-se [...] de tentar compreender como se é envol-
vido, em quais momentos poder-se-ia ter considerado outras hipóteses ou adotado outros procedimentos.
Em resumo, algumas características da avaliação de competências são a observação qualitativa,
o diálogo constante entre estudante e professor ou entre pares, a autoavaliação (que trataremos a
seguir), a compreensão do erro e a análise crítica de uma prática de identificação e resolução de
problemas. [...].

(PERRENOUD, 1999, p. 166-167).


Em termos práticos, existem avaliações de diversas naturezas, que podem acontecer de variadas formas, como:

avaliação diagnóstica, formativa, mediadora; a avaliação da produção (do percurso – portfólios


digitais, narrativas, relatórios, observação); avaliação por rubricas (competências pessoais, cogniti-
vas, relacionais, produtivas); avaliação dialógica; avaliação por pares; autoavaliação; avaliação on-line;
avaliação integradora, entre outras. Os alunos precisam demonstrar na prática o que aprenderam,
com produções criativas e socialmente relevantes que mostrem a evolução e o percurso realizado.

(MORAN, 2018, p. 10).


A seguir, há um diagrama com algumas sugestões de avaliações que podem se adequar às necessidades e às práticas
de sala de aula; mais adiante, encontra-se um detalhamento de cada uma.

EDITORIA DE ARTE
Tipos de avaliação

AVALIAÇÃO

Antes e durante Durante o Depois do


o ensino ensino ensino

Diagnóstica Formativa Somativa

Elaborado com base em: RAYMUNDO, Gislene Miotto Catolino. A avaliação na EaD. [Florianópolis]: IFSC, [20--]. 1.1
Discussões teóricas. Disponível em: moodle.ifsc.edu.br/mod/book/tool/print/index.php?id=324567. Acesso em: 11 jul. 2022.

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3.1.1 • Avaliação diagnóstica
A avaliação diagnóstica é usada para identificar o que um estudante sabe e em quais aspectos está defasado.
Normalmente, acontece no início de um novo segmento da Educação Básica ou no início de uma nova sequência
didática do professor e abrange tópicos que serão ensinados aos estudantes nas próximas aulas.
Os professores utilizam as informações das avaliações diagnósticas para nortear o que e como ensinar. Com a
aplicação dessa técnica, eles passarão mais tempo ensinando as habilidades nas quais seus estudantes enfrentam mais
dificuldades de acordo com os resultados obtidos. Ela também pode ser uma ferramenta útil para os pais/cuidadores. O
feedback recebido pelos estudantes nessas avaliações aponta que tipo de conteúdo eles trabalharão em aula e permite aos
pais/cuidadores (no caso de menores de 18 anos) prever quais as habilidades ou as áreas em que as crianças/adolescentes
poderão enfrentar dificuldades.
Mapear os conhecimentos prévios dos estudantes é uma tarefa que deve ir além da pergunta clássica: você conhece
ou já ouviu falar? É preciso criar estratégias para que eles tenham condições de se expressar livremente, com respeito e
segurança, e de fato consigam demonstrar o entendimento, as competências e as habilidades sobre determinado assunto.
Para avaliar, uma das melhores estratégias é propor situações-problema. Outras opções que podem ser solicitadas aos
estudantes:

• desenhos e esquemas representativos;


• rodas de conversa;
• produções iniciais de texto;
• análises de casos e situações;
• encenações e dramatizações;
• desafios de lógica.
(BRASIL, [20--]d).

Na coleção, no início de cada unidade existe um boxe com questões de análise de aprendizagens prévias, pelo
qual é possível fazer uma avaliação diagnóstica de conhecimentos, interesses e habilidades da turma. Também em
cada capítulo, ao contextualizarmos dada situação ou realidade, pode ser solicitado que os estudantes explicitem seus
conhecimentos sobre o tema tratado, tendo em vista os objetivos a serem alcançados.33 Nesse momento, podem-se
registrar as conclusões iniciais de cada um, a fim de retomá-las ao final do estudo com o objetivo de que os estudantes
façam correções e complementações necessárias.

3.1.2 • Avaliação formativa


A avaliação formativa é um dos pressupostos teóricos e metodológicos que definem um tipo de avaliação no
qual o mais relevante não é mensurar, atribuir nota ou conceito, mas obter informações sobre a aprendizagem de cada
estudante, com a finalidade de ajudá-lo a avançar e aprender. Uma avaliação como essa deve balizar todo o trabalho
desenvolvido em sala de aula, desde a adequação do planejamento até a análise do desempenho dos estudantes e das
situações de ensino.
Esse tipo de avaliação é visto como um processo, ou seja, como um conjunto de instrumentos capazes de avaliar
diferentes aspectos e momentos da aprendizagem. É importante, para isso, incentivar a participação do estudante,
explicitando os critérios nos quais se baseia a avaliação, os meios utilizados para isso e, sobretudo, os objetivos a
serem alcançados.
Como afirma a pedagoga Leonor Santos (2016, p. 641): “a avaliação formativa é sobretudo interativa, desenvolvendo-
-se a par e passo com as atividades de aprendizagem e a reflexão sobre essas, isto é, no quotidiano da sala de aula. Usando
uma expressão frequentemente usada por Wiliam (2013), é uma avaliação que ocorre ‘dia-a-dia, minuto-a-minuto’”.

33
Exemplos: 6o ano = abertura da unidade 2: quando estudante é convidado a refletir sobre a importância das regras para a vida em
sociedade e relacionar com suas experiências prévias; na abertura da unidade 3: ao instigar o estudante a associar o tema em estudo
com as práticas da comunidade onde ele vive. 7o ano = capítulo 7: em vários momentos, quando o estudante é convidado a expor seus
conhecimentos prévios sobre mitologia grega, escravidão, cidadania e democracia.

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– Características e propostas de avaliação formativa
O professor Charles Hadji (2001) é um dos autores que tratam da avaliação formativa. Ele aponta três características
principais do modelo.
• Primeira: o fato de ser uma avaliação informativa, que oferece dados sobre a condução do processo de
ensino-aprendizagem.
• Segunda: característica decorrente da primeira, é a possibilidade de permitir ao professor uma reflexão sobre seu
trabalho com base nos dados fornecidos pelos estudantes. Da mesma forma, os estudantes também podem tomar
consciência de suas dificuldades, possibilitando a ambos o reconhecimento e a correção dos seus erros.
• Terceira: é a função “corretiva” desse tipo de avaliação, que é resultado da existência da variabilidade didática,
sobre a qual Hadji (2001, p. 48) afirma que:

[...] o professor, assim como o aluno, deve poder “corrigir” sua ação, modificando, se necessário,
seu dispositivo pedagógico, com o objetivo de obter melhores efeitos por meio de uma maior “varia-
bilidade didática”. A avaliação formativa implica, por parte do professor, flexibilidade e vontade de
adaptação, de ajuste. Este é sem dúvida um dos únicos indicativos capazes de fazer com que se reco-
nheça de fora uma avaliação formativa: o aumento da “variabilidade didática”. Uma avaliação que não
é seguida por uma modificação das práticas do professor tem poucas chances de ser formativa! [...]
As correções a serem feitas com o objetivo de melhorar o desempenho do aluno, e que con-
cernem, portanto, tanto à ação de ensino do professor quanto à atividade de aprendizagem do
aluno, são escolhidas em função da análise da situação, tornada possível pela avaliação formativa.
O remédio baseia-se no diagnóstico, o que permite aos atores retificar as modalidades da ação
em andamento.

A avaliação formativa, portanto, insere-se em um processo de ensino-aprendizagem. E, como vimos, esse processo
não é uniforme e depende dos conhecimentos e competências desenvolvidos anteriormente pelos estudantes.
Por isso, para Hadji (2001), o que de fato atesta a prática de uma avaliação formativa é a existência da variabilidade
didática, que decorre da obtenção de informação sobre o que e como o estudante aprende. Em outras palavras, em
um processo de avaliação formativa, obtemos informações que auxiliarão no aprendizado de diferentes estudantes.
Consequentemente, é necessário pensar em propostas diferenciadas, porque quando a variabilidade didática não acon-
tece, o processo pode ter sido presidido por uma intenção formativa, mas que não se concretizou de fato.
A seguir, apresentamos algumas propostas de avaliação contínua que podem servir como ferramenta para uma
avaliação formativa e ponto de partida para o professor. Essas propostas se baseiam nas unidades conceituais nas quais
a obra está organizada. Podem ser provas orais ou escritas, testes, seminários, produção de textos, análise de filmes,
produção de mapas, práticas de pesquisa, visitas etc.
a) Avaliação no início da unidade: busca fornecer informações sobre o nível de conhecimento dos estudantes em
relação ao conceito discutido na unidade. Sugerimos que, por meio das questões propostas na abertura, o professor
faça uma análise das aptidões, dos conhecimentos e dos interesses da turma, tendo em mente os objetivos que
pretende alcançar.
b) Avaliação no decorrer da unidade: possibilita verificar o processo de aquisição de conhecimentos, o desenvolvimento
da capacidade de observar e interpretar criticamente a realidade, bem como a validade das estratégias pedagógicas
utilizadas. Pode ser feita cotidianamente, pela participação e pelo empenho da turma em trabalhos individuais ou
coletivos, orais ou escritos, em pesquisas, debates, provas etc.
c) Avaliação ao final da unidade: tem como objetivo diagnosticar a capacidade de assimilar os conhecimentos traba-
lhados ao longo da unidade e a compreensão do conceito estudado.
Muitas das atividades que constam no Livro do Estudante, assim como as atividades complementares e propostas
de avaliação que estão no Manual do Professor podem ser usadas como avaliação. Além dessas, há avaliações por
unidade de estudo de cada ano escolar, que se encontram neste manual, no tópico Avaliações do volume.

LIII

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3.1.3 • Avaliação somativa
A avaliação somativa é normalmente realizada ao final de um programa de estudos. Pode ser mensal, bimestral,
trimestral ou semestral. Seu objetivo é mensurar quanto os estudantes aprenderam por meio da aplicação de provas
escritas ou orais, testes, seminários, relatórios, produção de textos, entre outros instrumentos. Com os resultados desses
diferentes instrumentos, o professor pode estabelecer uma nota ou um conceito para cada estudante. Ou seja, seu
objetivo primordial é registrar ou reportar.
Na coleção, as atividades apresentadas no decorrer ou no final das unidades e dos capítulos, bem como as “provas”
que estão a seguir, podem ser utilizadas para a aplicação de avaliações somativas.
Cabe lembrar que as avaliações formativa e somativa podem ser complementares. A somativa classifica os estudantes
pela quantidade de conhecimentos que eles dominam e é usada também fora da escola (com estudantes mais velhos, por
exemplo, em concursos, exames ou vestibulares); enquanto a formativa se preocupa mais com os aspectos qualitativos do
processo de ensino-aprendizagem, sendo muito adequada no dia a dia da sala de aula. Para todos os exemplos de avaliação
aqui citados é importante reforçar que: “Cada atividade precisa estar acompanhada de um registro reflexivo do professor,
com comentários sobre a interação do estudante com a atividade, seus avanços e dificuldades” (BRASIL, [20--]d).
Assim, o desenvolvimento do processo avaliativo exige respostas às questões apresentadas no diagrama a seguir.

O que avaliar? Como avaliar?


- Grau de desenvolvimento das capacidades. - Grau de consecução dos conteúdos manifestado
- Aquisição de conhecimentos, procedimentos nos critérios, no planejamento da avaliação.
e atividades. - Conforme critérios profissionais.
- Agentes, processos e resultados. - Segundo configuração e planejamento prévios.

Com que avaliar?


Quando avaliar? - Utilizando técnicas
de observação, prova
- Inicial: diagnóstica CIRCUNSTÂNCIAS
objetiva, pesquisas,
- Formativa: reguladora DA AVALIAÇÃO
entrevistas, evocação etc.
- Final: somativa
- Com o suporte de
instrumentos adequados.

Quem avalia? Por que avaliar?


- Professores e estudantes: - Adequar a atuação didática às necessidades dos
- Autoavaliação estudantes.
- Heteroavaliação - Tomada de decisões, promoção, graduação etc.
- Coavaliação - Classificação e certificação.
- Administração educacional.

Elaborado com base em: NOGUEIRA, Danielle Xabregas Pamplona; JESUS, Girlene Ribeiro de. Avaliação: definições iniciais.
[S. l.], [20--]. Disponível em: http://forumeja.org.br/sites/forumeja.org.br/files/tipos%20e%20etapas.pdf. Acesso em: 23 jun. 2022.

LIV

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3.1.4 • Autoavaliação
No fechamento de cada etapa do processo avaliativo, seja ela feita por blocos de conteúdos, seja associada a períodos
escolares, incentivamos a prática de uma autoavaliação, momento em que o estudante pode fazer um balanço do
próprio aproveitamento, contando com o acompanhamento do professor. Para viabilizar a autoavaliação, deve-se explicar,
no início do trabalho com a turma, os objetivos mínimos a serem alcançados. Durante esse processo, retome os temas
estudados naquele período, assim como as atividades realizadas, e relembre os objetivos preestabelecidos.
Esses dados servirão de parâmetro para a autoavaliação, que pode ser oral ou escrita. É importante lembrar que nem
todos os estudantes se sentem suficientemente à vontade ou seguros para se expor diante do grupo, característica que
deve ser respeitada. Existem muitos modelos de autoavaliação; verifique uma possibilidade no quadro a seguir.

Sugestão de autoavaliação para os estudantes

Começo a
Penso e faço pensar de Frequentemente Preciso de
Elementos do Penso de
conexões maneira preciso de alguém para me
processo de maneira
de maneira independente alguém para me ajudar o tempo
pensamento independente
independente com a ajuda de ajudar todo
outras pessoas

Com uma pequena Com alguma ajuda,


Uso minhas ideias
ajuda, uso minhas copio partes das Copio as ideias de
Imaginação para criar algo que Uso minhas ideias
ideias e as de ou- ideias de outros e outras pessoas com
Penso em novas se conecte com ou- para criar algo e
tras pessoas para as altero um pouco ajuda para criar
ideias ou coisas. tras ideias. Compar- compartilho isso.
criar algo e com- para criar algo e algo.
tilho minhas ideias.
partilho isso. compartilho isso.

Faço perguntas du-


Faço perguntas re-
rante todo o pro- Adiciono ou altero Altero partes dos
lacionadas ao tópi- Uso os mesmos
cesso e estabeleço as perguntas do questionamentos
Questionamento co. Descubro per- questionamentos do
conexões entre di- professor para des- do professor para
Faço perguntas. guntas e respostas professor para des-
ferentes ideias ou cobrir e aplicar no- me ajudar a desco-
para orientar meus cobrir informações.
com partes do que vas informações. brir informações.
próximos passos.
estou aprendendo.

Elaborado com base em: VINCENT-LANCRIN, Stéphan et al. Desenvolvimento da criatividade e do pensamento crítico dos
estudantes: o que significa na escola. Tradução: Carbajal Traduções. São Paulo: Fundação Santillana, 2020. Disponível em:
https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/instituto-ayrton-senna-documento-ocde-
traduzido.pdf. Acesso em: 14 jun. 2022.

É fundamental apoiar-se nos resultados do processo avaliativo para discutir conquistas e dificuldades, a fim de decidir
posteriores mudanças. A respeito dessa função autorreguladora da avaliação, César Coll e Elena Martín (2009, p. 214) afirmam:

As atividades de avaliação deveriam atender mais a essa possível e desejável função autorre-
guladora por meio de uma apresentação prévia clara e explícita daquilo que se pretende avaliar, das
finalidades perseguidas e da análise posterior dos resultados obtidos. [...] Se “aprender a aprender”
implica desenvolver a capacidade de utilizar os conhecimentos adquiridos em toda sua capacidade ins-
trumental para adquirir novos conhecimentos, não há dúvida de que o desenvolvimento e a aquisição
de procedimentos de autorregulação do processo de construção de significados são um componente
essencial dessa meta educacional.

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4 Referências bibliográficas consultadas e recomendadas
ALBERTI, Verena. Algumas estratégias para o ensino de história e cultura afro-brasileira. In: PEREIRA, Amilcar Araújo; MONTEIRO,
Ana Maria (org.). Ensino de História e culturas afro-brasileiras e indígenas. Rio de Janeiro: Pallas, 2013. p. 53.
O capítulo escrito por Verena Alberti provoca a reflexão sobre o ensino da história das relações raciais com base na literatura
sobre o tema. A autora afirma a importância de mostrar que a história da população negra vai além da escravidão, da pobreza ou
da submissão.

ALEGRO, Regina Célia. Conhecimento prévio e aprendizagem significativa de conceitos históricos no Ensino
Médio. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Marília: 2008. Disponível
em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/102251/alegro_rc_dr_mar.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso
em: 12 jul. 2022.
Embora a pesquisa seja com estudantes do Ensino Médio, as reflexões sobre aprendizagem significativa e sobre conhecimentos
prévios para novas aprendizagens são pertinentes à educação como um todo.

BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-
-prática. Campinas: Papirus, 2012.
Diversos autores analisam práticas pedagógicas, tanto na educação básica como no ensino superior, relacionadas à aplicação
das metodologias ativas.

BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-
-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. (Série Desafios da Educação). Disponível em: https://curitiba.ifpr.edu.br/wp-content/
uploads/2020/08/Metodologias-Ativas-para-uma-Educacao-Inovadora-Bacich-e-Moran.pdf. Acesso em: 23 jun. 2022.
Versão digital da coletânea publicada em 2012.

BERGMANN, Jonathan; SAMS, Aaron. A sala de aula invertida: uma metodologia ativa de aprendizagem. Tradução:
Afonso Celso da Cunha Serra. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
Os autores apresentam a metodologia da sala de aula invertida como espaço de esclarecer dúvidas, realizar atividades, trocar
conhecimentos e fixar a aprendizagem.

BEZERRA, Holien Gonçalves. Ensino de História: conteúdos e conceitos básicos. In: KARNAL, Leandro (org.). História na
sala de aula: conceitos, práticas e propostas. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2008. p. 37-48.
O capítulo escrito por Holien Gonçalves Bezerra aborda o que os professores devem selecionar e quais conceitos enfatizar na
elaboração das suas aulas de História.

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
Obra cujo eixo é o programa do curso de Metodologia de Ensino de História na Faculdade de Educação da USP, acrescido de
questões relativas ao ensino de História para as séries iniciais.

BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício de historiador. Tradução: André Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
Obra clássica da historiografia escrita pelo historiador francês Marc Bloch (1886-1944), esse livro de metodologia da História foi
publicado postumamente, em 1949, com a organização de Lucien Febvre.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da
República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 25 jun. 2022.
A Carta Magna serve de parâmetro para as demais legislações do país.

BRASIL. Decreto-lei no 869, de 12 de setembro de 1969. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-


lei/1965-1988/del0869.htm. Acesso em: 18 nov. 2019.
Decreto-lei (atualmente revogado) que criou as disciplinas de Educação Moral e Cívica (EMC) e Organização Social e Política do
Brasil (OSPB).

BRASIL. Lei no 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1o e 2o graus, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 ago. 1971. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l5692.htm. Acesso em: 25 jun. 2022.
Lei que, durante a ditadura civil-militar, regulou o ensino de 1o e 2o graus, atuais ensinos Fundamental e Médio.

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BRASIL. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, ano 134, n. 248, p. 1-9, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
L9394.htm. Acesso em: 25 jun. 2022.
Lei que regula e organiza a educação no Brasil e está pautada no que determina a Constituição Federal.

BRASIL. Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática
“História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, ano 140, n. 8, p. 1,
10 jan. 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 24 jun. 2022.
Lei que determinou a inclusão no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática história e cultura afro-brasileira.

BRASIL. Lei no 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei
no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo
oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, ano 145, n. 48, p. 1, 11 mar. 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso em: 24 jun. 2022.
Lei que determinou a inclusão, no currículo oficial da rede de ensino, da obrigatoriedade da temática cultura afro-brasileira e indígena.

BRASIL. Lei no 12.232, de 29 de abril de 2010. Dispõe sobre as normas gerais para licitação e contratação pela adminis-
tração pública de serviços de publicidade prestados por intermédio de agências de propaganda e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, ano 147, n. 81, p. 1-3, 30 abr. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12232.htm. Acesso em: 25 jun. 2022.
Lei que estabelece que toda publicidade governamental deve ter a representação de afrodescendentes.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília, DF: MEC, 2018.
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em:
5 jul. 2022.
Elaborada por especialistas de todas as áreas do conhecimento, a BNCC é um documento que visa estabelecer uma base comum
para toda a Educação Básica brasileira.

BRASIL. Ministério da Educação. Competências socioemocionais como fator de proteção à saúde mental e ao
bullying. Brasília, DF: MEC, [20--]a. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/
caderno-de-praticas/aprofundamentos/195-competencias-socioemocionais-como-fator-de-protecao-a-saude-mental-e-
ao-bullying. Acesso em: 6 jun. 2022.
Aborda como o manejo das emoções, por meio da educação socioemocional, pode ajudar a combater a prática do bullying.

BRASIL. Ministério da Educação. Dia do Orgulho LGBT ganha espaço para debate em programa da TV Escola.
Brasília, DF: MEC, [20--]b. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/homofobia. Acesso em: 22 jun. 2022.
Artigo do Portal MEC com alguns dados e informações sobre o papel da escola no combate à homofobia.

BRASIL. Ministério da Educação. Metodologia de pesquisa na escola. Brasília, DF: MEC, [20--]c. Disponível em: http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/aprofundamentos/192-metodologia-de-pes-
quisa-na-escola. Acesso em: 7 jun. 2022.
Aborda os procedimentos de pesquisa na escola como um trabalho sistemático e interdisciplinar de orientação de estudo.

BRASIL. Ministério da Educação. Métodos de diagnóstico inicial e processos de avaliação diversificados. Brasília,
DF: MEC, [20--]d. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/
aprofundamentos/194-metodos-de-diagnostico-inicial-e-processos-de-avaliacao-diversificados?highlight=WyJhdmFsaW-
FcdTAwZTdcdTAwZTNvIl0=. Acesso em: 14 jun. 2022.
Aborda as práticas de ensino comprometidas com a aprendizagem ativa dos estudantes, com base no levantamento dos conhe-
cimentos prévios.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: História:
terceiro e quartos ciclos do Ensino Fundamental. Brasília, DF: MEC: SEF, 1998. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
seb/arquivos/pdf/pcn_5a8_historia.pdf. Acesso em: 25 jun. 2022.
Os PCNs são diretrizes que orientam a prática docente em aspectos fundamentais de cada disciplina.

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BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Plano Nacional de Educação. Brasília, DF, 2014.
Site. Disponível em: http://pne.mec.gov.br. Acesso em: 25 jun. 2022.
Determina diretrizes, metas e estratégias para a política educacional no período de 2014 a 2024.

BRASIL. Ministério da Educação. Subsídios para Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica: diretrizes
curriculares nacionais específicas para o Ensino Fundamental. Brasília, DF: MEC, 2009. p. 55. Disponível em: http://portal.
mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=2850-subsidios-ensinofundamental&Itemid=30192.
Acesso em: 12 jul. 2022.
Documento que oferece subsídios para o trabalho docente com as Diretrizes Curriculares Nacionais Específicas para o Ensino
Fundamental.

BRASIL. Ministério da Educação. Temas Contemporâneos Transversais na BNCC: contexto histórico e pressupostos
pedagógicos. Brasília, DF: MEC, 2019. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/
contextualizacao_temas_contemporaneos.pdf. Acesso em: 25 jun. 2022.
Documento com temas e contextualização relevantes que devem transpassar toda a grade escolar para formação de todos os
estudantes.

CAMPELLO, Ricardo J. G. B. Introdução à ciência da computação: algoritmos. [S. l.], [20--]. Disponível em: http://wiki.
icmc.usp.br/images/a/ab/Algoritmos_SCC0120.pdf. Acesso em: 25 jun. 2022.
Série de slides sobre “Introdução à ciência da computação”.

CAMPOS, Magaly Robalino. Ator ou protagonista: dilemas e responsabilidades sociais da profissão docente. Revista
Prelac (Projeto Regional de Educação para a América Latina e o Caribe), Santiago, n. 1, p. 7-23, jun. 2005. Disponível
em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000144746_por. Acesso em: 22 jun. 2022.
O artigo trata da questão docente, defendendo o fortalecimento do papel de protagonista dos docentes, para atender às
necessidades de aprendizagem de seus estudantes, participar das mudanças e contribuir para transformar os sistemas educacionais
no século XXI.

CARVALHO, Anna Maria Pessoa de (coord.). O ensino de História. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
A obra discute as principais abordagens do ensino de História com base em formulações teóricas.

CHICON, Patricia Mariotto Mozzaquatro; QUARESMA, Cindia Rosa Toniazzo; GARCÊS, Solange Beatriz Billig. Aplicação
do método de ensino Peer Instruction para o ensino de lógica de programação com acadêmicos do curso de Ciência da
Computação. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE INCLUSÃO DIGITAL, 5., 2018, Passo Fundo. Anais [...]. Passo Fundo: UPF,
2018. Disponível em: https://www.upf.br/_uploads/Conteudo/senid/2018-artigos-completos/179081.pdf. Acesso em: 15
jun. 2022.
Relata atividades de pesquisa realizadas com base na metodologia ativa de ensino Peer Instruction, ou “aprendizagem por pares”.

COLL, César; MARTÍN, Elena. A avaliação da aprendizagem no currículo escolar: uma perspectiva construtivista. In: COLL,
César et al. O construtivismo na sala de aula. 6. ed. São Paulo: Ática, 2009. (Série Fundamentos).
Nesse livro, que aborda aspectos que diferenciam o construtivismo dos outros métodos de aprendizagem, os autores do capítulo em desta-
que discutem o papel da avaliação no processo de aprendizagem e como esta pode desempenhar, por exemplo, uma função autorreguladora.

DHEIN, Jonas Alberto; AHLERT, Edson Moacir. Aplicação do método de Aprendizagem Baseada em Problemas
(ABP) no ensino de programação em curso técnico em Informática. Artigo (Especialização em Docência na Educação
Profissional) – Universidade do Vale do Taquari, Lajeado, 12 set. 2017. Disponível em: https://www.univates.br/bdu/
bitstream/10737/2137/1/2017JonasDhein.pdf. Acesso em: 24 jul. 2022.
Demonstra o uso da metodologia ativa de ensino com base em problemas com estudantes da educação profissional do curso
técnico em Informática.

ESTUDOS em Avaliação Educacional. São Paulo, v. 27, n. 66, set./dez. 2016. Disponível em: https://publicacoes.fcc.org.
br/eae/issue/view/334/140. Acesso em: 12 jul. 2022.
Edição que trata de um conjunto de indicadores que analisam a educação no Brasil.

FARIA, Regina. Quem precisa de equidade? Serpro. Porto Alegre, [20--]. Disponível em: http://intra.serpro.gov.br/tema/
artigos-opinioes/quem-precisa-de-equidade. Acesso em: 22 jun. 2022.
Artigo explicando que equidade e igualdade são coisas diferentes no contexto social.

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FERREIRA, Tatiane Carvalho; OTA, Marcos Andrei; ARAUJO JÚNIOR, Carlos Fernando de. Framework para o planejamento
de aulas ativas nos espaços de aprendizagem online e presencial. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 7, n.
1, p. 2969-2979, jan. 2021. Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/22857. Acesso
em: 15 jun. 2022.
Artigo que busca facilitar o planejamento e aplicação da aprendizagem ativa, relatando as etapas utilizadas num curso de
formação continuada docente.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática. São Paulo: Paz e Terra, 1996. (Coleção Leitura).
Aborda a relação entre educadores e educandos, e apresenta propostas de práticas pedagógicas que estimulam a autonomia, a
capacidade crítica e a valorização da cultura e dos conhecimentos empíricos.

GATTI, Bernadette Angelina. Habilidades cognitivas e competências sociais. Santiago, Chile: OREALC, 1997. Disponível
em: http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001836/183655por.pdf. Acesso em: 12 jul. 2022.
A autora aborda as habilidades cognitivas, ou seja, aquelas que fazem o indivíduo competente e capaz de interagir simbolicamente
com seu meio ambiente.

GIL, Carmem Zeli de Vargas; ALMEIDA, Dóris Bittencourt. A docência em História: reflexões e proposta para ações.
Erechim: Edelbra, 2012. v. 5. (Entre Nós – Anos Finais do Ensino Fundamental).
Com base em práticas pedagógicas, as autoras instigam outros olhares, desnaturalizando estereótipos e provocando questiona-
mentos sobre histórias silenciadas.

GOMES, Mércio Pereira. Os índios e o Brasil: passado, presente e futuro. São Paulo: Contexto, 2017.
Em livro completo e atualizado, o autor explica quais são os povos indígenas e como eles vivem, bem como as políticas indigenistas
desde a colonização e os interesses de terceiros nas riquezas indígenas.

HADJI, Charles. A avaliação desmistificada. Tradução: Patrícia C. Ramos. Porto Alegre: Artmed, 2001.
Na obra, o autor expõe como colocar a avaliação a serviço das aprendizagens de maneira concreta. É um dos principais estudiosos
do assunto.

HISTÓRIA sobre os sites de busca. História do site de busca Google. [S. l.], [20--]. Disponível em: https://sites.google.
com/site/historiasobreossitesdebusca/historia-dos-principais-sites-de-busca/Historia-do-site-de-busca-google. Acesso em:
13 jun. 2022.
Página que conta a história do maior site de busca da atualidade.

KALENA, Fernanda; ROCHA, Marília; OLIVEIRA, Vinícius de. Especial socioemocionais. Porvir. São Paulo, [2014]. Disponível
em: http://porvir.org/especiais/socioemocionais/#prettyPhoto. Acesso em: 22 jun. 2022.
A reportagem apresenta reflexões essenciais sobre habilidades socioemocionais.

LIMA, Antonio Carlos de Souza. Um olhar sobre a presença das populações nativas na invenção do Brasil. In: SILVA, Aracy
Lopes da; GRUPIONI, Luís Donisete Benzi (org.). A temática indígena na escola: novos subsídios para professores de
1o e 2o graus. Brasília: MEC: Mari: Unesco, 1995. p. 407-424.
Lima discute as estruturas cognitivas enraizadas que de certa maneira mantêm os indígenas como povos ausentes, imutáveis,
dotados de essências a-históricas e objeto de preconceito.

LIOTTI, Lyanna Peixoto Silva et al. Monitoramento aplicado a mídias sociais de agências de comunicação. In: SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ESTUDOS INTERDISCIPLINARES DA COMUNICAÇÃO – CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA
COMUNICAÇÃO, 40., 2017, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: Universidade Positivo, 2017. Disponível em: http://portalintercom.
org.br/anais/nacional2017/resumos/R12-0417-1.pdf. Acesso em: 22 jun. 2022.
Discute metodologias de monitoramento de mídias sociais de agências de comunicação.

LUCIANO, Patrícia Turazzi et al. Aplicação de metodologias ativas no ensino síncrono por meio da abordagem do Design
Thinking. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 7., 2020, [s. l.]. Anais eletrônicos [...]. 2020. Não paginado. Disponível
em: https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2021/TRABALHO_EV150_MD1_SA_ID8379_23112021155855.pdf.
Acesso em: 24 jun. 2022.
Artigo que apresenta um experimento didático com estudantes de pós-graduação que buscou compreender o papel das meto-
dologias ativas na educação síncrona por meio do aprender fazendo (learning by doing).

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LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2018.
Nesse livro, o autor discute como transformar a avaliação em um processo viável e construtivo.

MÃO na massa. Aprendizagem baseada em projetos. Porvir. São Paulo, [20--]. Disponível em: https://maonamassa.porvir.
org/aprendizagem-baseada-em-projetos. Acesso em: 15 jun. 2022.
Página de site mantido pelo grupo Porvir Inovações em Educação, que oferece diversas ferramentas para preparar aulas de maneira
prática e criativa com base nas metodologias ativas de aprendizagem.

MAZUR, Eric; SOMERS, Mark D. Peer instruction: a user’s manual. Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall, 1997.
Aborda a metodologia dos pares (em inglês). O método incentiva os estudantes a interagir entre si ao longo das aulas,
procurando explicar uns aos outros os conceitos estudados, elaborar hipóteses e aplicar os conteúdos na solução das questões
conceituais apresentadas. Neste artigo, podem-se obter mais informações: https://www.upf.br/_uploads/Conteudo/senid/2018-artigos-
completos/179081.pdf. Acesso em: 25 jun. 2022.

METODOLOGIAS ativas de aprendizagem: o que são e como aplicá-las. Lyceum. São Paulo, 27 set. 2021. Blogue. Disponível em:
https://blog.lyceum.com.br/metodologias-ativas-de-aprendizagem/#:~:text=O%20Estudo%20de%20Caso%20oferece,
a%20resolu%C3%A7%C3%A3o%20de%20problemas%20reais. Acesso em: 18 jun. 2022.
O artigo explica a importância das metodologias ativas e como elas funcionam, no contexto em que a informatização provocou
diversas mudanças na maneira como interagimos com o mundo

MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In: BACICH, Lilian; MORAN, José.
Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. p. 3.
Artigo de Moran detalhando o significado e os processos ligados às metodologias ativas.

MOREIRA, Marco Antonio; MASINI, Elcie F. Salzano. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo:
Centauro, 2001.
Este livro oferece visão geral e acessível ao pensamento de David Ausubel.

NOGUEIRA, Danielle Xabregas Pamplona; JESUS, Girlene Ribeiro de. Avaliação: definições iniciais. [S. l.], [20--]. Disponível
em: http://forumeja.org.br/sites/forumeja.org.br/files/tipos%20e%20etapas.pdf. Acesso em: 23 jun. 2022.
As autoras abordam as formas de avaliação diagnóstica, formativa e somativa.

ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Estudos da OCDE sobre competências:


competências para o progresso social: o poder das competências socioemocionais. Tradução: Maria Carbajal. São Paulo:
Fundação Santillana, 2015. Disponível em: https://www.opee.com.br/competencias-para-o-progresso-social. Acesso em:
6 jun. 2022.
O relatório sintetiza o trabalho analítico da OCDE sobre como legisladores, escolas e famílias podem facilitar o desenvolvimento
de competências socioemocionais mediante programas de intervenção.

PANTOJA, Ana Maria Silva; LIMA, Maria Francisca Morais de. Proposta de ensino: sala de aula invertida – uma meto-
dologia ativa de aprendizagem. Manaus: Instituto Federal do Amazonas, [2019]. Disponível em: http://repositorio.ifam.
edu.br/jspui/bitstream/4321/318/1/Proposta%20de%20ensino%20-%20sala%20de%20aula%20invertida%20uma%20
metodologia%20ativa%20de%20aprendizagem.pdf. Acesso em: 15 jun. 2022.
Instrumento pedagógico para subsidiar a prática docente nos cursos superiores de tecnologia por meio da sala de aula invertida.

PAVIANI, Jayme. Interdisciplinaridade: conceitos e distinções. Caxias do Sul: Educs, 2014.


Analisa a experiência interdisciplinar, considerando a investigação científica, o ensino e o exercício profissional.

PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens – entre duas lógicas. Porto Alegre:
Artmed, 1999.
O autor propõe a noção de que a avaliação deve estipular hierarquias de excelência, pois avaliar é privilegiar um modo de estar
em sala de aula e no mundo e, também, de prevenir o fracasso escolar.

PRINCÍPIOS que nortearam a Base Curricular estão na Constituição. Correio Braziliense, Brasília, DF, 22 fev. 2016.
Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/ensino_educacaobasica/2016/02/22/
interna-educacaobasica-2019,518886/principios-que-nortearam-a-base-curricular-estao-na-constituicao.shtml. Acesso
em: 11 fev. 2020.
Reportagem com informações sobre a trajetória e os princípios que conduziram a produção da BNCC.

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RAYMUNDO, Gislene Miotto Catolino. A avaliação na EaD. [Florianópolis]: IFSC, [20--]. 1.1 Discussões teóricas. Disponível
em: moodle.ifsc.edu.br/mod/book/tool/print/index.php?id=324567. Acesso em: 11 jul. 2022.
Curso sobre tipos de avaliação do Instituto Federal de Santa Catarina.

RÉMOND, René. Introdução à história de nosso tempo. Lisboa: Gradiva, 1994.


Considerado o “historiador do contemporâneo”, o autor responde nessa obra algumas das questões mais importantes de nosso
tempo, como o que é liberalismo, nacionalismo, entre outras.

SAFERNET. [S. l.], [2005]. Site. Disponível em: https://new.safernet.org.br. Acesso em: 7 jun. 2022.
O site pretende promover a defesa dos Direitos Humanos na internet brasileira. Reúne uma série de orientações e relatos sobre
situações que envolvem imagens de crianças e adolescentes na rede mundial.

SANTOS, Leonor. A articulação entre a avaliação somativa e a formativa, na prática pedagógica: uma impossibilidade ou
um desafio? Ensaio: aval. pol. públ. educ., Rio de Janeiro, v. 24, n. 92, p. 637-669, jul./set. 2016. Disponível em: https://
www.scielo.br/j/ensaio/a/ZyzxQhwSHR8FQTSxy8JNczk/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 14 jun. 2022.
Discute a articulação entre a avaliação somativa e a formativa.

SEVERO, José Leonardo Rolim de Lima. Educação não escolar como campo de práticas pedagógicas. Revista Brasileira
de Estudos Pedagógicos, v. 96, n. 244, p. 561-576, set./dez. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbeped/a/
SgHzCz9mYprkCV6RtTR368v/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 7 jun. 2022.
Apresenta o conceito de educação não escolar (ENE) e estabelece contribuições críticas ao debate que envolve o reconhecimento
e o fortalecimento dos processos educativos dessa natureza.

SILVA, Ana Célia da. Por uma representação social do negro mais próxima e familiar. In: BARBOSA, Lucia Maria de
Assunção et al. (org.). De preto a afrodescendente: trajetos de pesquisa sobre o negro, cultura negra e relações
étnico-raciais no Brasil. São Paulo: EdUFSC, 2003. p. 151-207.
A autora discute a agenda dos movimentos negros brasileiros, suas reivindicações e ações concretas na luta antirracista no Brasil.

SOUSA, Clarilza Prado de; FERREIRA, Sandra Lúcia. Avaliação de larga escala e da aprendizagem na escola: um diálogo
necessário. Psicologia da Educação, São Paulo, n. 48, p. 13-23, jan./jun. 2019. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.
org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752019000100003. Acesso em: 14 jun. 2022.
Debate teórico acerca de aproximações e afastamentos das avaliações de larga escala e da aprendizagem na escola.

TASSINARI, Antonella Maria Imperatriz. Sociedades indígenas: introdução ao tema da diversidade cultural. In: SILVA, Aracy
Lopes da; GRUPIONI, Luís Donisete Benzi (org.). A temática indígena na escola: novos subsídios para professores de
1o e 2o graus. Brasília: MEC: Mari: Unesco, 1995. p. 447-448.
A autora apresenta os resultados de suas pesquisas sobre educação indígena (escolar e não escolar) e oferece subsídios para o
tratamento adequado sobre populações indígenas no ensino regular.

VINCENT-LANCRIN, Stéphan et al. Desenvolvimento da criatividade e do pensamento crítico dos estudantes:


o que significa na escola. São Paulo: Santillana, 2020. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/
institutoayrtonsenna/documentos/instituto-ayrton-senna-documento-ocde-traduzido.pdf. Acesso em: 14 jun. 2022.
Apresenta os resultados de uma pesquisa realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
com o objetivo de desenvolver uma linguagem e um entendimento comum sobre o que significa a promoção das competências de
criatividade e pensamento crítico nos ensinos fundamental e médio.

XAVIER, Libânia Nacif; PINHEIRO, José Gledison Rocha. Da Lab School de Chicago às escolas experimentais do Rio de
Janeiro dos anos 1930. História da Educação, Porto Alegre, v. 20, n. 50, p. 177-191, set./dez. 2016. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/heduc/a/TpjsgHZzgQ78FyG8Z588CHh/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 24 jun. 2022.
Abordam-se as relações do processo de expansão escolar e de difusão do conhecimento científico com as modernas formas de
socialização.

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5 Objetivos e justificativas do volume
5.1 • Unidade 1
Objetivos
• Compreender os conceitos de igualdade jurídica e de igualdade social, reconhecendo-as como conquistas históricas.
• Conhecer as características das Revoluções Inglesas do século XVII e sua influência no pensamento iluminista.
• Identificar aspectos do Iluminismo e reconhecer suas permanências históricas.
• Reconhecer a importância do método científico e do uso da razão na ciência moderna.
• Conhecer aspectos da Revolução Industrial e seus impactos.
• Identificar elementos que contribuíram para o pioneirismo inglês na Revolução Industrial.
• Refletir sobre as relações trabalhistas no passado e no presente.
• Analisar criticamente o emprego do trabalho infantil e seus efeitos.
• Identificar os diferentes grupos sociais decorrentes da Revolução Industrial.
• Conhecer formas de organização dos trabalhadores e instrumentos de reivindicação por eles utilizados.
• Contextualizar a origem do movimento socialista e identificar as críticas ao modelo de produção capitalista.

Justificativas
• A compreensão dos conceitos de igualdade jurídica e igualdade social é importante para o entendimento das
transformações ocorridas nas sociedades europeias entre os séculos XVII e XVIII, bem como para a reflexão sobre
o exercício da cidadania no presente.
• A análise das transformações ocorridas na Europa com as Revoluções Inglesas e o Iluminismo ajuda a valorizar a
cidadania e o pensamento científico e crítico no presente.
• A reflexão em torno do método científico e do uso da razão possibilita a valorização das práticas de pesquisa cientí-
fica no presente e permite o desenvolvimento de uma análise crítica das implicações do desenvolvimento científico.
• O estudo da Revolução Industrial e suas contradições é fundamental para a compreensão de diversos aspectos do
mundo contemporâneo, como as relações de trabalho, as relações entre os indivíduos e também com o meio ambiente.
• A compreensão das formas de organização dos trabalhadores ajuda a entender as mudanças no mundo do trabalho
e possibilita o fortalecimento de práticas de cidadania no presente.
• A análise das ideias socialistas ajuda a entender diferentes formas de organização da sociedade, possibilitando uma
reflexão crítica sobre o mundo contemporâneo.

5.2 • Unidade 2
Objetivos
• Refletir sobre o ideal de liberdade no passado e no presente.
• Reconhecer a influência do Iluminismo na independência dos Estados Unidos e na Revolução Francesa.
• Identificar as razões que levaram à guerra de independência dos Estados Unidos.
• Caracterizar a Constituição dos Estados Unidos e a configuração da sociedade estadunidense.
• Conhecer as divisões da sociedade francesa e as razões para a revolta popular.
• Compreender as etapas da Revolução Francesa, que levaram à queda da monarquia.
• Reconhecer a importância da Revolução Francesa para o Ocidente.
• Entender as causas e os efeitos do Congresso de Viena na Europa.
• Contextualizar a Revolução Haitiana e o seu impacto.
• Caracterizar a sociedade e a administração colonial na América portuguesa do século XVIII.
• Compreender as causas, as consequências e as personagens envolvidas na Conjuração Mineira e na Conjuração Baiana.
• Reconhecer a revolta de Tupac Amaru como uma resistência indígena sobre o domínio colonial.
• Identificar aspectos da crise do sistema colonial na América espanhola.
• Conhecer Simón Bolívar e sua importância para as independências na América espanhola e os ideais do
pan-americanismo.
• Relacionar a transferência da família real para o Rio de Janeiro ao desgaste do modelo colonial.
• Conhecer e comparar os processos de independência da América espanhola e da América portuguesa.
• Entender o impacto das revoluções liberais do século XIX.

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Justificativas
• A compreensão da influência do Iluminismo nos processos revolucionários do século XVIII é fundamental para
estimular a reflexão sobre a influência de novas ideias em processos de transformação das sociedades humanas.
• A análise do processo de independência dos Estados Unidos e da característica de sua Constituição fornece elemen-
tos para refletir sobre as tensões e desigualdades sociais do país até o presente.
• O estudo do processo revolucionário francês, bem como do período napoleônico e do Congresso de Viena, pode
ajudar a refletir sobre o papel da organização de grupos sociais na transformação da ordem social estabelecida.
• A contextualização da Revolução Haitiana é fundamental para a reflexão sobre desigualdades raciais ao longo do
tempo e sobre a luta contra a exclusão de populações afrodescendentes.
• As análises das revoltas na América portuguesa e espanhola fornecem elementos para a reflexão crítica em torno
de levantes populares contra ordens sociais consideradas injustas ou excludentes.
• A análise das ideias socialistas ajuda a entender diferentes formas de organização da sociedade, possibilitando uma
reflexão crítica sobre o mundo contemporâneo.
• A compreensão do processo de independência da América espanhola e da América portuguesa pode ajudar a refletir
sobre tensões e desigualdades sociais da América Latina no presente, além da importância da luta por autonomia
política e econômica.

5.3 • Unidade 3
Objetivos
• Discutir e distinguir os conceitos de nação, nacionalismo, Estado, país, governo e território.
• Conhecer aspectos do Primeiro Reinado e da Regência no Brasil.
• Analisar a situação social no Brasil após a independência, reconhecendo rupturas e permanências em relação ao
presente.
• Caracterizar a primeira Constituição do Brasil e o sistema político por ela implementado.
• Compreender elementos que levaram à crise e ao fim do Primeiro Reinado.
• Reconhecer as origens do coronelismo no Brasil.
• Identificar as revoltas regenciais, suas reivindicações e lideranças.
• Reconhecer as circunstâncias e interesses que levaram ao Golpe da Maioridade.
• Conhecer o que foi a Doutrina Monroe e seus efeitos na política internacional dos Estados Unidos.
• Relacionar o neocolonialismo à Segunda Revolução Industrial e ao imperialismo das potências europeias.
• Diferenciar o colonialismo dos séculos XVI e XVII do exercido entre os séculos XIX e XX.
• Identificar os motivos que levaram os europeus à exploração da África e suas justificativas.
• Problematizar as teorias racistas derivadas do darwinismo social e a ideia de missão civilizatória.
• Compreender consequências da ocupação colonial europeia no continente africano.
• Reconhecer formas de resistência praticadas pelos povos colonizados.
• Identificar formas de exploração e dominação exercidas pelos europeus na Ásia nos séculos XIX e XX.
• Conhecer aspectos dos processos de unificação da Alemanha e da Itália.

Justificativas
• Os conceitos de nação, nacionalismo, Estado, país, governo e território são fundamentais para compreender a
estrutura política das sociedades modernas e contemporâneas. A apropriação desses conceitos pelos estudantes
permite a análise de diferentes temas e problemáticas do mundo atual.
• O processo de consolidação do Estado nacional após a independência do Brasil, que ocorreu entre o Primeiro
Reinado e o Segundo Reinado, foi marcado por intensas disputas entre os diferentes grupos sociais. Conhecer o
intrincado equilíbrio de forças, os projetos políticos e os conflitos que estiveram em discussão nesse período contribui
para a reflexão sobre a formação da sociedade brasileira, levando os estudantes a identificarem aspectos históricos
relevantes, assim como rupturas e permanências do presente em relação ao passado.
• A primeira Constituição do Brasil foi elaborada um pouco depois da independência e procurou estabilizar as bases
sociais preexistentes, isto é, manter os privilégios de alguns grupos sociais e a exclusão de outros do direito à
cidadania plena. Para refletir sobre as raízes das desigualdades no Brasil é importante que os estudantes analisem
o processo de transição do período colonial para o imperial, observando a atuação de diferentes grupos sociais e
suas reivindicações.

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• Investigar as causas e o desenvolvimento das revoltas populares que eclodiram no período regencial fornece vastos
elementos para a discussão sobre os conflitos e as contradições históricas no Brasil do século XIX. A apropriação
desses conhecimentos pelos estudantes favorece a construção do pensamento crítico, assim como a percepção da
existência de diferentes sujeitos históricos e de como suas lutas são capazes de influir na dinâmica social.
• A Segunda Revolução Industrial impactou irreversivelmente a vida dos diferentes povos do mundo. Reconhecer
como seu desenvolvimento esteve atrelado ao neocolonialismo na África e na Ásia permite aos estudantes a análise
crítica desse contexto.
• O neocolonialismo praticado pelos europeus entre os séculos XIX e XX na África e na Ásia foi impulsionado pela
busca de matérias-primas, exploração de territórios e ampliação dos mercados consumidores. Identificar esses
motivos e interesses contribui para a compreensão de um amplo contexto histórico pelos estudantes e das relações
contraditórias que se estabeleceram entre diferentes regiões do mundo.
• As teorias racistas que se difundiram a partir da prática do neocolonialismo forneceram as justificativas para a
exploração do continente africano e asiático pelos europeus e sustentaram uma visão eurocêntrica do mundo.
Problematizar as origens das teorias racistas permite aos estudantes avaliar criticamente seu papel histórico e sua
relação com o desenvolvimento do capitalismo moderno e das sociedades contemporâneas.
• As lutas contra o neocolonialismo organizadas por povos africanos e asiáticos tiveram importante papel histórico na
resistência ao domínio europeu imposto nesses territórios. Reconhecer as formas de luta e resistência praticadas pelos
povos africanos e asiáticos contra o processo neocolonial, buscando garantir a sua autonomia, permite aos estudantes
compreender o papel dos diferentes sujeitos históricos e as dinâmicas das transformações ao longo do tempo.

5.4 • Unidade 4
Objetivos
• Conhecer aspectos sociais, econômicos e políticos do Segundo Reinado.
• Entender o projeto de nação executado por D. Pedro II.
• Compreender aspectos da configuração política e eleitoral no Brasil durante o Segundo Reinado.
• Reconhecer a importância econômica do café, relacionando-o à industrialização ocorrida no século XIX.
• Entender o processo de imigração europeia para o Brasil no período de transição para a mão de obra assalariada.
• Refletir sobre o impacto da Lei de Terras no passado e seus reflexos no presente.
• Caracterizar as medidas tomadas pelo governo imperial quanto à população indígena.
• Identificar as causas e as consequências da Guerra do Paraguai.
• Conhecer como se deu o processo de Abolição da Escravatura.
• Reconhecer as lutas históricas do movimento negro tanto pela Abolição da Escravatura como por equidade social no Brasil.
• Refletir sobre a presença negra na sociedade brasileira, permanências históricas e rupturas.
Justificativas
• O Brasil é um país privilegiado pela grande quantidade de terras e água em seu território, mas essa riqueza está se
exaurindo diante de uma destruição sem precedentes. Refletir sobre as escolhas econômicas ao longo do tempo e
agir em defesa da consciência ambiental é um aspecto que deve ser trabalhado com todos os estudantes.
• Mesmo sendo um país de dimensões continentais, o Brasil mantém uma estrutura fundiária de grandes desigualda-
des, permeada, por um lado, pela concentração fundiária e, por outro, por famílias sem acesso à terra. Parte desse
problema está relacionado a políticas públicas implantadas em 1850 conhecidas como Lei de Terras. Ter consciência
da historicidade desses fatos, assim como da violência que atinge o campo no presente (afetando principalmente
famílias sem terra, quilombolas e indígenas), é fundamental para a construção de um país mais justo e fraterno.
• A situação de exclusão econômica e social que a população negra vive em nosso país está relacionada, entre outros
fatores, à falta de políticas reparatórias no final da escravidão, assim como às teorias racistas do período. Entender como
se deu esse processo é um passo importante para superarmos a violência e o racismo que têm marcado nossa sociedade.
• Muito do que somos como “nação” foi gestado durante o governo de D. Pedro II. Amparando-se em modelos de
cidades e nações europeias, o imperador fez diversas intervenções e ações buscando desvincular o Brasil da ideia
de “atraso”. Entender essa realidade é importante para o estudante saber da importância das políticas públicas e
como são feitas escolhas (e exclusões), assim como pensar o presente e o futuro do país.
• A Guerra do Paraguai é uma das responsáveis pela derrocada do império e implantação da república posteriormente.
Compreender a violência e devastação da guerra é um dos caminhos para se trabalhar a cultura da paz com os
adolescentes.

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6 Habilidades da BNCC para o 8o ano
(EF08HI01) Identificar os principais aspectos conceituais do iluminismo e do liberalismo e discutir a relação entre
eles e a organização do mundo contemporâneo.
(EF08HI02) Identificar as particularidades político-sociais da Inglaterra do século XVII e analisar os
desdobramentos posteriores à Revolução Gloriosa.
(EF08HI03) Analisar os impactos da Revolução Industrial na produção e circulação de povos, produtos e culturas.
(EF08HI04) Identificar e relacionar os processos da Revolução Francesa e seus desdobramentos na Europa e no
mundo.
(EF08HI05) Explicar os movimentos e as rebeliões da América portuguesa, articulando as temáticas locais e suas
interfaces com processos ocorridos na Europa e nas Américas.
(EF08HI06) Aplicar os conceitos de Estado, nação, território, governo e país para o entendimento de conflitos e
tensões.
(EF08HI07) Identificar e contextualizar as especificidades dos diversos processos de independência nas Américas,
seus aspectos populacionais e suas conformações territoriais.
(EF08HI08) Conhecer o ideário dos líderes dos movimentos independentistas e seu papel nas revoluções que
levaram à independência das colônias hispano-americanas.
(EF08HI09) Conhecer as características e os principais pensadores do Pan-americanismo.
(EF08HI10) Identificar a Revolução de São Domingo como evento singular e desdobramento da Revolução
Francesa e avaliar suas implicações.
(EF08HI11) Identificar e explicar os protagonismos e a atuação de diferentes grupos sociais e étnicos nas lutas de
independência no Brasil, na América espanhola e no Haiti.
(EF08HI12) Caracterizar a organização política e social no Brasil desde a chegada da Corte portuguesa, em
1808, até 1822 e seus desdobramentos para a história política brasileira.
(EF08HI13) Analisar o processo de independência em diferentes países latino-americanos e comparar as formas
de governo neles adotadas.
(EF08HI14) Discutir a noção da tutela dos grupos indígenas e a participação dos negros na sociedade brasileira
do final do período colonial, identificando permanências na forma de preconceitos, estereótipos e violências
Habilidades sobre as populações indígenas e negras no Brasil e nas Américas.
(EF08HI15) Identificar e analisar o equilíbrio das forças e os sujeitos envolvidos nas disputas políticas durante o
Primeiro e o Segundo Reinado.
(EF08HI16) Identificar, comparar e analisar a diversidade política, social e regional nas rebeliões e nos
movimentos contestatórios ao poder centralizado.
(EF08HI17) Relacionar as transformações territoriais, em razão de questões de fronteiras, com as tensões e
conflitos durante o Império.
(EF08HI18) Identificar as questões internas e externas sobre a atuação do Brasil na Guerra do Paraguai e discutir
diferentes versões sobre o conflito.
(EF08HI19) Formular questionamentos sobre o legado da escravidão nas Américas, com base na seleção e
consulta de fontes de diferentes naturezas.
(EF08HI20) Identificar e relacionar aspectos das estruturas sociais da atualidade com os legados da escravidão no
Brasil e discutir a importância de ações afirmativas.
(EF08HI21) Identificar e analisar as políticas oficiais com relação ao indígena durante o Império.
(EF08HI22) Discutir o papel das culturas letradas, não letradas e das artes na produção das identidades no Brasil
do século XIX.
(EF08HI23) Estabelecer relações causais entre as ideologias raciais e o determinismo no contexto do imperialismo
europeu e seus impactos na África e na Ásia.
(EF08HI24) Reconhecer os principais produtos, utilizados pelos europeus, procedentes do continente africano
durante o imperialismo e analisar os impactos sobre as comunidades locais na forma de organização e
exploração econômica.
(EF08HI25) Caracterizar e contextualizar aspectos das relações entre os Estados Unidos da América e a América
Latina no século XIX.
(EF08HI26) Identificar e contextualizar o protagonismo das populações locais na resistência ao imperialismo na
África e Ásia.
(EF08HI27) Identificar as tensões e os significados dos discursos civilizatórios, avaliando seus impactos negativos
para os povos indígenas originários e as populações negras nas Américas.

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7 Q
 uadro de conteúdos, objetos de conhecimento,
competências/habilidades da BNCC e planejamento do volume
No quadro a seguir, são apresentados os principais conteúdos trabalhados no volume, os objetos de conhecimento
e as competências/habilidades da BNCC que a eles estão relacionados. Além disso, há sugestões de planejamento para
o ano letivo.

8o ano
Objetos de conhecimento e
Unidade Conteúdos Competências
habilidades
1. 1. Iluminismo
e monarquia
Gerais: 1, 2, 3, 4,
5, 6, 7, 9 e 10.
A questão do Iluminismo e da ilustração
EF08HI01
Igualdade constitucional na Específicas de
Europa Ciências Humanas: As revoluções inglesas e os princípios do
2. A Revolução 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. liberalismo

1º BIMESTRE
Industrial Específicas de EF08HI02
História: 1, 2, 3, 4,

1º TRIMESTRE
5, 6 e 7. Revolução Industrial e seus impactos na
produção e circulação de povos, produtos e
culturas
EF08HI03

2. 3. Revoluções
iluministas:
Gerais: 1, 2, 4, 6,
7, 9 e 10.
Revolução Francesa e seus desdobramentos
EF08HI04
Liberdade Estados Unidos e Específicas de

1º SEMESTRE
França Ciências Humanas: Rebeliões na América portuguesa: as
4. Rebeliões na 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. conjurações mineira e baiana
colônia: a Específicas de EF08HI05
Conjuração Mineira História: 1, 2, 3, 4,
e a Conjuração 5, 6 e 7. Independência dos Estados Unidos da América
Baiana Independências na América espanhola
5. Os processos de • A revolução dos escravizados em São
independência Domingo e seus múltiplos significados e
da América desdobramentos: o caso do Haiti 2º BIMESTRE
espanhola e Os caminhos até a independência do Brasil 2º TRIMESTRE
da América EF08HI06
portuguesa EF08HI07
EF08HI08
EF08HI09
EF08HI10
EF08HI11
EF08HI12
EF08HI13

A tutela da população indígena, a escravidão


dos negros e a tutela dos egressos da
escravidão
EF08HI14

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8o ano
Objetos de conhecimento e
Unidade Conteúdos Competências
habilidades
3. 6. O Primeiro Gerais: 1, 3, 4, 6, 7 Os caminhos até a independência do Brasil


Reinado e o e 9. EF08HI06
Nação e período regencial Específicas de Brasil: Primeiro Reinado
nacionalismo 7. O neocolonialismo Ciências Humanas: EF08HI15
1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. O Período Regencial e as contestações ao
Específicas de poder central
História: 1, 2, 3, 4, EF08HI16, EF08HI17
5, 6 e 7.
O escravismo no Brasil do século XIX: plantations
e revoltas de escravizados, abolicionismo e
políticas migratórias no Brasil Imperial
EF08HI19, EF08HI20
A produção do imaginário nacional brasileiro:
cultura popular, representações visuais, letras e

3º BIMESTRE
o Romantismo no Brasil
EF08HI22
Nacionalismo, revoluções e as novas nações
europeias
EF08HI23
Uma nova ordem econômica: as demandas do
capitalismo industrial e o lugar das economias
africanas e asiáticas nas dinâmicas globais
EF08HI24
Os Estados Unidos da América e a América
Latina no século XIX

2º SEMESTRE
EF08HI25

3º TRIMESTRE
O imperialismo europeu e a partilha da África e
da Ásia
EF08HI26
Pensamento e cultura no século XIX:
darwinismo e racismo
EF08HI27

4. 8. O governo de
D. Pedro II
Gerais: 1, 2, 3, 4,
5, 6, 7, 8, 9 e 10.
O Brasil do Segundo Reinado: política e economia
• A Lei de Terras e seus desdobramentos na
Terra e meio Específicas de política do Segundo Reinado
ambiente Ciências Humanas: • Territórios e fronteiras: a Guerra do Paraguai
1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. EF08HI15, EF08HI16, EF08HI17, EF08HI18
9. A Guerra do Específicas de
Paraguai e o fim O escravismo no Brasil do século XIX: plantations
História: 1, 2, 3, 4, e revoltas de escravizados, abolicionismo e
da escravidão
5 e 6. políticas migratórias no Brasil Imperial
4º BIMESTRE

EF08HI19, EF08HI20
Políticas de extermínio do indígena durante o
Império
EF08HI21
Pensamento e cultura no século XIX: darwinismo
e racismo
O discurso civilizatório nas Américas, o
silenciamento dos saberes indígenas e as formas
de integração e destruição de comunidades e
povos indígenas
A resistência dos povos e comunidades
indígenas diante da ofensiva civilizatória
EF08HI27

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8 Avaliações do volume 8 NÃO ESCREVA
NO LIVRO.

8.1 • Avaliação da unidade 1


1. O século XVIII foi um momento de profundas transformações sociais, políticas, econômicas e cultu-
rais, principalmente pelo que o historiador Eric Hobsbawm chamou de “dupla revolução”: a Revolução
Francesa e a Revolução Industrial. Pensando nisso, responda às questões a seguir:
a) Como podemos definir o conceito de “revolução”?
b) Por que o conceito de “revolução” pode ser usado tanto para se referir às transformações ocorridas na França a partir
de 1789 quanto às mudanças provocadas pelas transformações técnicas ocorridas na Inglaterra do século XVIII?

2. O Iluminismo foi um movimento de ideias que influenciou profundamente as mudanças que ocorreram
na Europa e nas Américas no século XVIII. Podemos afirmar que o pensamento iluminista:
a) teve como opositores pensadores como o inglês John Locke e o francês René Descartes.
b) recusava a separação entre a Igreja e o Estado e defendia que era papel do rei definir a religião de sua população.
c) tinha como princípio o uso da razão como instrumento fundamental do conhecimento humano.
d) propunha que a educação deveria ter como função impedir a divulgação do conhecimento científico.
e) defendeu o fim da liberdade política e de expressão, servindo para a afirmação das ideias absolutistas.

3. Relacione as ideias apresentadas a seguir com os pensadores iluministas que foram seus formuladores.
a) Defendia a liberdade de expressão e julgava essencial combater o clero e os nobres que fizessem oposição aos
monarcas.
b) Um crítico fervoroso do Absolutismo, defendia a divisão do poder em três: Poder Executivo, Poder Legislativo
e Poder Judiciário.
c) Republicano, para ele o verdadeiro soberano era o povo, de quem o governante era apenas um funcionário.
I. Montesquieu II. Voltaire III. Rousseau
a) I. a - II. b - III. c c) I. b - II. c - III. a e) I. c - II. b - III. a
b) I. a - II. c - III. b d) I. b - II. a - III. c

4. Um dos elementos centrais que marcaram o Iluminismo foi a defesa da razão como instrumento para
conquistar a liberdade e da capacidade de o ser humano pensar por si próprio. A ciência passou a ser
valorizada como caminho para conhecer a natureza, afastando-se do entendimento da religião sobre o
mundo físico. Pensando nisso, reúna-se com um colega e façam uma pesquisa sobre alguma invenção
ou descoberta que mostre a importância da ciência e do conhecimento científico no Brasil. Durante a
pesquisa, procurem responder às seguintes perguntas:
• Qual é a invenção ou descoberta científica pesquisada?
• Que contribuições essa invenção ou descoberta trouxe para a sociedade?
• Essa invenção ou descoberta ainda hoje tem impacto na sociedade?
• Quem foi o(a) cientista ou pesquisador(a) responsável por essa descoberta? Escreva uma pequena
biografia sobre ele(a).
Depois, compartilhem as conclusões do grupo com o restante da turma. Ouça, anote e discuta também
as informações compartilhadas pelos colegas dos outros grupos.
5. A Revolução Industrial provocou profundas mudanças na maneira de fabricar produtos e nas relações
de trabalho, iniciando uma nova fase do capitalismo. Escreva um pequeno texto explicando os principais
elementos que permitiram à Inglaterra ser o centro inicial dessas transformações.
6. Leia com atenção o texto a seguir, que trata das consequências da Revolução Industrial, e depois responda
às questões.

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Esperava-se que a industrialização diminuísse os custos de produção e o esforço humano e
melhorasse as condições de vida. Contudo, as cidades ofereciam condições deploráveis aos seus
habitantes, transformando-se em locais propícios à difusão de doenças. As fábricas exploravam os
trabalhadores, numa tentativa obsessiva de produzir a maior quantidade de produtos possível ao
menor preço, recorrendo à mão de obra mais barata: mulheres e crianças. Estes seres, tentando
equilibrar o orçamento familiar, sujeitavam-se, em conjunto com os homens, às longas horas de
trabalho, à rotina, aos baixos salários, à falta de segurança e de condições de higiene. Efetivamente,
os resultados humanos desta revolução foram catastróficos.

MARTINS, Olga Guimarães. Condições de vida e de trabalho na Inglaterra da Revolução Industrial. Dissertação de
Mestrado (Estudos Ingleses). Universidade Aberta, Lisboa, 2008. p. VII. Disponível em: https://repositorioaberto.uab.pt/
bitstream/10400.2/446/1/LC456.pdf. Acesso em: 10 ago. 2022.

a) Por que o texto afirma que “os resultados humanos desta revolução foram catastróficos”?
b) O texto fala, ao caracterizar o quadro da Revolução Industrial do século XVIII, em exploração do trabalho
feminino e infantil, longas jornadas de trabalho, baixos salários, falta de segurança e péssimas condições de
higiene. Na sua opinião, essas condições precárias deixaram de existir no mundo do trabalho atual?

7. A Revolução Industrial estabeleceu novas relações de trabalho e permitiu que os donos das fábricas
enriquecessem explorando a mão de obra dos trabalhadores. Como podemos relacionar o surgimento
das ideias socialistas com as tensões que se estabeleceram nas relações entre burgueses e proletários a
partir da Revolução Industrial?
Autoavaliação
Agora, para finalizar essa etapa de estudos, faça uma autoavaliação do seu processo de aprendizagem. Analise
como foi o seu envolvimento com a realização das atividades propostas, dando especial atenção às suas potencialidades
e dificuldades.

8.2 • Avaliação da unidade 2


1. Entre o fim do século XVIII e o início do século XIX, profundas transformações políticas, econômicas,
sociais e culturais impactaram a Europa e as Américas. Um dos elementos essenciais para essas mudanças
foi a circulação das ideias do Iluminismo, que defendiam princípios como a igualdade e a liberdade.
Pensando nisso, escreva um parágrafo mostrando a influência das novas ideias:
a) na Independência das treze colônias inglesas na América;
b) na Revolução Francesa;
c) na Conjuração Mineira e na Conjuração Baiana;
d) nas Independências na América espanhola.

2. Os territórios coloniais pertencentes à Inglaterra na América do Norte tinham diferenças entre si, o
que foi um importante elemento no processo de formação dos Estados Unidos da América a partir da
independência. Explique as principais características:
a) das colônias do Norte. b) das colônias do Centro. c) das colônias do Sul.

3. Pensando sobre as principais características da Revolução Francesa, analise as alternativas a seguir, iden-
tificando as corretas com um C e corrigindo as alternativas incorretas.
I. A sociedade francesa anterior à Revolução era dividida em estados, sendo que o primeiro e o segundo estado
eram explorados e sustentavam os luxos do terceiro estado.
II. Em 14 de julho de 1789 ocorreu o famoso ataque da população francesa à Bastilha, prisão que era um símbolo
da violência e da repressão do governo absolutista.
III. Após a tentativa de fuga da família real, ocorreu a formação da Convenção Nacional, processo que acabou
resultando na instalação da República.

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IV) A Convenção Nacional foi marcada pelas disputas entre jacobinos, representantes da alta burguesia mais
conservadora, e os girondinos, radicais defensores de mudanças profundas.
V) A Revolução Francesa termina com a chegada ao poder de Napoleão Bonaparte, que vai dar um golpe e
concentrar todo o poder em sua figura, se tornando imperador da França.
4. Leia o texto a seguir, que trata da Revolução Haitiana, e responda às questões propostas:

De todos os territórios ocupados pela França nenhum alcançou tanta prosperidade quanto a
ilha de São Domingos (atual Haiti), que era um dos maiores produtores mundiais de açúcar e café e
contava com uma população majoritariamente composta por escravos e negros. A rebelião ocorrida
na parte oeste da ilha foi a única feita por africanos (e seus descendentes) na história americana que
culminou em uma revolução, destruiu o sistema escravista de plantação e transformou o Haiti no
primeiro país fundado por ex-escravos e seus descendentes fora da África. Os seus impactos foram
múltiplos: influiu sobre os preços do açúcar e gerou um grande medo de que uma insurreição daquela
escala acontecesse em outros lugares da América escravista. [...]

NASCIMENTO, Washington Santos. Além do medo: a construção de imagens sobre a revolução haitiana no Brasil
escravista (1791 – 1840). Cadernos de Ciências Humanas - Especiaria, v. 10, n. 18, p. 469-488, jul.-dez. 2007. p. 470.
Disponível em: http://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/771. Acesso em: 10 ago. 2022.

a) De acordo com o texto, quais eram as principais características da ilha de São Domingos durante a ocupação
francesa?
b) Explique por que o texto afirma que a Revolução Haitiana “gerou um grande medo de que uma insurreição
daquela escala acontecesse em outros lugares”.
5. A Conjuração Mineira e a Conjuração Baiana foram dois dos mais importantes movimentos ocorridos na
colônia que questionaram as relações de dominação de Portugal. Compare os dois movimentos e registre:
a) as suas principais semelhanças. b) as suas principais diferenças.
6. Os lugares guardam as marcas dos processos históricos, elementos que registram as memórias de acon-
tecimentos do passado. Pensando nisso, organizem pequenos grupos, façam uma pesquisa e montem
um cartaz (que pode ser físico ou um material digital) apresentando um lugar de memória sobre a
Conjuração Mineira e um lugar de memória sobre a Conjuração Baiana.
7. No século XIX, um conjunto de fatores levou os colonos na América espanhola e na América portuguesa
a se revoltar contra a metrópole e a organizar movimentos pela independência. Levante ao menos dois
elementos que podem ser apontados como causas para a crise do sistema colonial americano.
8. Nos territórios portugueses na América, o processo de independência se caracterizou por um gradual
afrouxamento dos laços coloniais e pela articulação de acordos entre as elites brasileiras. Pensando nisso,
é correto afirmar:
a) Com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, teve início um processo de aumento do controle
sobre a colônia.
b) Quando se instalou no Rio de Janeiro, D. João VI iniciou reformas que acabaram por incentivar os colonos a
lutarem por sua independência.
c) Em 1820, com a Revolução Liberal do Porto, D. João VI se viu pressionado e decidiu ficar no Brasil e se aliar às
elites brasileiras.
d) D. Pedro I apoiou as decisões das Cortes, que desagradaram parte da elite que defendia que o príncipe não se
submetesse mais a Portugal.
e) Após a Proclamação da Independência, lutas armadas irromperam em diferentes partes do território brasileiro.
Autoavaliação
Agora, para finalizar essa etapa de estudos, faça uma autoavaliação do seu processo de aprendizagem. Analise
como foi o seu envolvimento com a realização das atividades propostas, dando especial atenção às suas potencialidades
e dificuldades.

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8.3 • Avaliação da unidade 3
1. A ideia de nação é central para a compreensão da história a partir do século XIX e dela derivam alguns
dos conceitos-chave para entender as relações históricas até os dias de hoje. Pensando nisso, escreva
uma definição para cada um dos seguintes conceitos:
a) nação. b) nacionalismo. c) xenofobia.

2. A Constituição é o conjunto máximo de leis de um país. A partir do momento em que o Brasil se tornou
um país independente, fez-se necessário criar uma Constituição, o que se concretizou em 1824. Já a
Constituição atual do Brasil foi feita em 1988, no contexto de retomada da democracia após o fim da
ditadura civil-militar. Pensando nisso, reúna-se com um colega, faça uma pesquisa e aponte:
a) duas características centrais da Constituição de 1824.
b) duas características marcantes da Constituição de 1988.

3. Sobre o período das regências no Brasil (1831-1840), assinale a alternativa correta:


a) A Constituição previa que, em um cenário em que o herdeiro do trono não atingia a maioridade, o país deveria
ser governado por regentes nomeados pela Assembleia Geral.
b) Durante todo o período de sua existência, de 1831 a 1840, a regência foi trina, ou seja, três representantes
dividiram entre si as atribuições de governar o país.
c) A regência criou uma força armada que respondia diretamente ao Ministério da Justiça, chamada de Guarda
Nacional e que foi pensada para proteger o país diante de invasões externas.
d) O período regencial foi marcado pela implantação de medidas que puseram fim às guerras civis, que marcaram
o governo de D. Pedro I e deixaram de existir nas regências.
e) Durante as regências esteve garantida a integridade do território brasileiro, já que cessaram as disputas políticas
internas das províncias e se combateram as desigualdades sociais.

4. Pensando nas principais características das revoltas ocorridas no Período Regencial no Brasil (1831-1840),
analise as alternativas a seguir, identificando as corretas com um C e corrigindo as alternativas incorretas.
I. As guerras civis que marcaram o período regencial por pouco não puseram em risco a integridade do território
brasileiro.
II. Contribuíram para as rebeliões durante as regências as disputas políticas internas das províncias, as desigual-
dades sociais e a continuidade da escravidão.
III. A Cabanagem, revolta que ocorreu no Grão-Pará entre 1835 e 1840, foi um movimento elitista que não contou
com a participação das camadas pobres da população.
IV. Durante a Balaiada, em 1839, os revoltosos chegaram a dominar Caxias, a segunda maior cidade maranhense,
onde constituíram uma Junta Provisória.
V. Em 1835, a chamada Revolta dos Malês, um movimento liderado por escravizados de diferentes etnias segui-
dores do islamismo (os malês), tinha como objetivo decretar uma monarquia islâmica na Bahia.
VI. Sabinada, revolta que contou com o apoio de amplos setores da sociedade, defendia a emancipação da Bahia,
que seria transformada em uma monarquia constitucional.
VII. A Guerra dos Farrapos foi um movimento que, embora tivesse grande participação de fazendeiros gaúchos,
foi liderado por representantes do clero e por magistrados.

5. Na segunda metade do século XIX, os Estados Unidos, a Inglaterra e alguns países da Europa atravessaram
um período de grandes inovações tecnológicas que ficou conhecido como Segunda Revolução Industrial.
Explique como esse processo teve consequências também em territórios da África e da Ásia, que passaram
a ser alvo da cobiça das grandes potências econômicas.

6. Na segunda metade do século XIX ocorreu o processo que ficou conhecido como a “partilha da África”.
As grandes potências capitalistas promoveram uma divisão arbitrária do continente para atender sua

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busca por matérias-primas e mercados consumidores, sem considerar as diferenças étnicas e culturais
dos povos que ali viviam.
a) Apresente as principais características do discurso ideológico construído pelos europeus para justificar a partilha.
b) Explique algumas das estratégias adotadas pelos povos africanos para resistir a essa dominação.

7. A África é um continente complexo, marcado pela diversidade. Muitas são as “Áfricas” e suas histórias
estão atravessadas pelas marcas da colonização e da resistência. Pensando nisso, organize-se em grupo
para fazer uma pesquisa sobre a diversidade na África atual. Cada grupo deve selecionar um país africano
e ficar responsável pela pesquisa dos seguintes temas:
• História dos primeiros povos que habitaram a região, destacando suas culturas, costumes e tradições.
• Os impactos da colonização europeia e as marcas da dominação e exploração.
• As lutas de resistência ocorridas na região e o processo de independência e formação da nação atual.
• Características econômicas, sociais, políticas e culturais do país atualmente.
Depois de finalizada a pesquisa, cada grupo deve produzir um material para apresentar os elementos
levantados. Pode ser um cartaz informativo, composto por textos e imagens, ou pode ser desenvolvido
no formato digital, utilizando recursos visuais para destacar os principais elementos pesquisados.
Autoavaliação
Agora, para finalizar essa etapa de estudos, faça uma autoavaliação do seu processo de aprendizagem. Analise
como foi o seu envolvimento com a realização das atividades propostas, dando especial atenção às suas potencialidades
e dificuldades.

8.4 • Avaliação da unidade 4


1. A política no Segundo Reinado (1840-1889) foi marcada pela alternância na base de apoio de D. Pedro II
entre o Partido Conservador e o Partido Liberal. Explique as características desses dois grupos políticos.

2. Sobre as características econômicas do Segundo Reinado (1840-1889), assinale a(s) alternativa(s) correta(s):
a) O principal produto agrícola cultivado no Brasil naquela época era o café, embora não fosse o único.
b) Boa parte da produção cafeeira era para consumo interno, já que no período o Brasil representava menos de
10% da produção mundial.
c) A expansão das fazendas de café significou a derrubada das matas nativas, impactando principalmente áreas
de floresta amazônica.
d) Inicialmente, as plantações de café avançaram pelo Vale do Paraíba, chegando, mais tarde, até o Oeste Paulista.
e) Muitos donos de fazenda foram agraciados com títulos de nobreza pelo imperador, passando a ser chamados
de coronéis do café.
f) A cafeicultura provocou mudanças importantes, levando à diminuição e enfraquecimento das cidades e vilas
na região Sudeste.

3. Durante o Segundo Reinado, promoveu-se uma série de reformas que pretendiam transformar o Rio de
Janeiro em uma vitrine do progresso tanto em plano internacional quanto nacional. Pensando nisso, explique:
a) como as reformas buscavam modificar a imagem de “atraso” associada ao Brasil na Europa.
b) por que essa modernização não favorecia por igual a população da cidade.

4. Diante da possibilidade do fim da escravidão, alguns fazendeiros começaram a pensar em trazer traba-
lhadores da Europa para cultivar suas terras. Pensando sobre essa questão, explique:
a) como essa ideia era estimulada por teorias raciais vigentes na época.
b) como a vinda dos imigrantes pretendia promover o branqueamento da população do país.

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5. Até recentemente, o fim da escravidão no Brasil era celebrado no dia 13 de maio, data de assinatura
da Lei Áurea. Em janeiro de 2003, no entanto, foi estabelecida uma data específica para celebrar a
resistência dos negros contra o trabalho escravo: 20 de novembro, data da morte de Zumbi. Pensando
nisso, explique:
a) Por que grande parte do movimento negro rejeitava a data do 13 de maio como celebração do fim da escravidão
no Brasil?
b) Qual é a importância da existência do Dia da Consciência Negra no Brasil?
• Reúna-se com um colega e faça uma pesquisa sobre alguma figura que pode ser considerada um
símbolo da resistência negra no Brasil. A partir dos dados pesquisados, escreva um pequeno texto
com a biografia da personagem selecionada.

6. Leia com atenção o texto a seguir, que trata da chamada “Guerra do Paraguai”:

A Guerra do Paraguai foi um marco para os países que dela participaram. Guerra do Paraguai
se diz no Brasil; Guerra da Tríplice Aliança se fala no Rio da Prata e, no Paraguai, é conhecida como
Guerra Grande; na busca de uma designação comum se poderia dizer Guerra de 1865-1870. Dessas
designações a que mais se aproxima da realidade é, de fato, Guerra Grande: grande foi sua duração;
grande foi o sofrimento humano que desencadeou nas nações envolvidas e grandes foram as con-
sequências políticas e econômicas para os países que a lutaram. No entanto, ela também pode ser
chamada de Guerra do Paraguai porque, no plano militar, começou com o ataque paraguaio a Mato
Grosso – o que na perspectiva paraguaia significava recuperar a posse de um território litigioso –,
ampliou-se com a invasão de Corrientes e Rio Grande do Sul e foi travada a maior parte do tempo – por
quase 4 anos – no território do Paraguai. Também foi a Guerra da Tríplice Aliança pois nela se assistiu
à cooperação argentino-brasileira-uruguaia, pois ao conflito militar antecederam: as disputas entre
partidos políticos na Argentina e no Uruguai; o interesse do Império do Brasil de evitar mudanças
no status quo uruguaio e a demanda do governo de Francisco Solano López de ser parte no processo
político platino. [...]

DORATIOTO, Francisco. História e Ideologia: a produção brasileira sobre a Guerra do Paraguai. Nuevo Mundo
Mundos Nuevos, [s .l.], 13 jan. 2009. Disponível em: http://journals.openedition.org/nuevomundo/49012.
Acesso em: 10 ago. 2022.

O texto discute as diferentes designações possíveis para o conflito ocorrido na América do Sul entre
1865 e 1870. A partir da leitura do texto, apresente os argumentos que permitem nomear o conflito de:
a) Guerra Grande.
b) Guerra do Paraguai.
c) Guerra da Tríplice Aliança.

7. A fase final do governo de D. Pedro II foi marcada, por um lado, pelo envolvimento do Brasil em uma
grande guerra com os países vizinhos e, de outro, pelas tensões internas em torno da questão da escra-
vidão, com grupos em conflito em defesa de sua manutenção ou de sua extinção. Pensando nisso, como
é possível relacionar a participação do Brasil na Guerra do Paraguai com as disputas internas pelo fim
da escravidão?

8. Na sua opinião, o fim da escravidão significou a solução dos problemas de inserção dos negros na socie-
dade e a conquista de direitos por parte dessas populações? Discuta o tema com um colega e escreva
um pequeno texto sobre a questão do preconceito e da discriminação das populações negras no Brasil.
Autoavaliação
Agora, para finalizar essa etapa de estudos, faça uma autoavaliação do seu processo de aprendizagem. Analise
como foi o seu envolvimento com a realização das atividades propostas, dando especial atenção às suas potencialidades
e dificuldades.

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8.5 • Gabaritos das avaliações
Unidade 1
1. A atividade pretende que os estudantes reflitam sobre o conceito de “revolução” e analisem as trans-
formações ocorridas no final do século XVIII.
a) O termo “revolução” é utilizado para tratar de mudanças profundas que provocam alterações estruturais em
uma sociedade.
b) Mesmo que os estudantes não apresentem definições muito elaboradas, espera-se que expliquem que o termo
revolução pode ser utilizado para tratar das mudanças ocorridas na França e na Inglaterra no século XVIII, pois
a Revolução Francesa significou uma profunda mudança na estrutura social e política, com o fim da sociedade
do Antigo Regime, enquanto a Revolução Industrial reorganizou todo o processo produtivo com a implantação
das máquinas e significou o início de uma nova fase do capitalismo.
(CG1, CECH3, CECH5, CEH1, CEH2, EF08HI01, EF08HI03)

2. Resposta: C.
A atividade pretende que os estudantes reflitam sobre as características do Iluminismo, identificando os
principais aspectos conceituais do movimento. (CG1, CECH3, CEH1, CEH2, EF08HI01)

3. Resposta: D.
A atividade pretende que os estudantes consigam identificar aspectos conceituais do Iluminismo a partir do
reconhecimento das ideias de alguns dos principais pensadores do movimento. (CG1, CECH3, CEH1, EF08HI01)

4. A atividade procura ampliar a reflexão dos estudantes em relação à importância da ciência e do conhe-
cimento científico no desenvolvimento das sociedades, fazendo-os perceber como esse debate, que foi
central na reflexão dos pensadores iluministas, segue sendo essencial nas discussões sobre o desenvol-
vimento nas sociedades contemporâneas. Busque avaliar a organização da dupla, o comprometimento,
a apresentação do trabalho e a capacidade de interação com o restante da classe. (CG1, CG2, CECH2,
CECH3, CECH6, CEH1, CEH2, CEH3, EF08HI01)
Algumas referências para auxiliar a orientação dos estudantes na pesquisa podem ser encontradas em:
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quais-foram-as-maiores-descobertas-cientificas-brasileiras/;
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/07/8-invencoes-que-voce-provavelmente-nao-sabia-
que-eram-de-brasileiros.html. Acesso em: 10 ago. 2022.

5. A atividade permite aos estudantes identificar as particularidades político-sociais da Inglaterra antes da


Revolução Industrial e analisar os impactos da revolução na produção e circulação de povos, produtos e
culturas. (CG1, CECH3, CEH1, CEH2, EF08HI02, EF08HI03)
No começo do século XVIII, a Inglaterra era uma das nações mais influentes do mundo. Seu território era
rico em jazidas de ferro e de carvão, elementos utilizados na produção e funcionamento das máquinas.
A burguesia inglesa havia se fortalecido com as revoluções inglesas do século XVII e tinha grande força
econômica e política. Ao mesmo tempo, nas cidades havia uma grande quantidade de pessoas em busca
de emprego que se tornaram mão de obra das fábricas.

6. A atividade pretende fazer com que os estudantes analisem os impactos da Revolução Industrial sobre
as classes trabalhadoras, reconhecendo a relação entre esses processos e a organização do mundo
contemporâneo.
a) O texto afirma que as cidades ofereciam condições deploráveis aos seus habitantes e que as fábricas exploravam
os trabalhadores, sujeitando-os a longas horas de trabalho, a baixos salários, à falta de segurança e de condições
de higiene, além de recorrer à mão de obra mais barata de mulheres e crianças.
b) Espera-se que os estudantes reflitam sobre como ainda hoje a exploração do trabalho feminino e infantil, as
longas jornadas de trabalho, os baixos salários, a falta de segurança e péssimas condições de higiene seguem

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sendo a realidade de milhares de pessoas em todo o mundo, apesar dos avanços conquistados no sentido da
garantia de direitos aos trabalhadores.
(CG1, CECH3, CECH7, CEH1, CEH2, CEH3, EF08HI03)

7. A atividade tem como objetivo fazer com que os estudantes analisem as consequências da Revolução
Industrial.
A situação de extrema exploração dos proletários a partir da Revolução Industrial e as enormes desigual-
dades em relação aos burgueses provocaram o surgimento no século XIX de questionamentos sobre a
ordem capitalista, que propunham novos caminhos para diminuir a exploração dos trabalhadores. (CG1,
CECH3, CECH6, CEH1, CEH2, EF08HI03)

Unidade 2
1. O objetivo da atividade é fazer com que os estudantes percebam os impactos do Iluminismo e do libe-
ralismo na organização do mundo contemporâneo, analisando a influência do movimento na Europa e
também nas Américas.
a) As ideias do Iluminismo se propagaram rapidamente e em pouco tempo chegaram também às colônias inglesas
na América, por meio da circulação das pessoas, livros e panfletos. Ao chegarem ao continente americano,
os princípios iluministas provocaram grande efervescência de ideias, e seus princípios foram uma das bases da
independência dos Estados Unidos.
b) A França foi um dos principais centros de debate das ideias iluministas, que inicialmente eram discutidas entre
filósofos e pensadores, mas foram alcançando a população por meio de panfletos e jornais, estimulando a luta
por liberdade, igualdade e participação política.
c) Uma parte das elites da América portuguesa estudava na Europa, e lá teve contato com as novas ideias do
Iluminismo. Esse processo, aliado à circulação de livros e panfletos, contribuiu para que em diferentes regiões
do Brasil grupos passassem a se articular para questionar o domínio colonial e lutar por liberdade e igualdade,
como aconteceu nas conjurações mineira e baiana.
d) As elites criollas, os descendentes de espanhóis nascidos na América, não tinham os mesmos privilégios dos
nascidos na Espanha e, animadas pelo contato com as ideias do Iluminismo que circulavam intensamente,
passaram a se organizar para lutar contra o domínio colonial.
(CG1, CECH3, CECH5, CEH1, CEH2, CEH5, EF08HI01)

2. Ao abordar as especificidades que caracterizavam as colônias inglesas, a atividade permite aos estudantes
identificar e contextualizar os diversos processos de independência nas Américas.
Os processos de ocupação e exploração das 13 colônias inglesas da América do Norte foram bastante distintos.
As colônias do Norte foram colonizadas principalmente por pessoas que fugiam de perseguições religiosas
e passaram a cultivar produtos agrícolas em pequenas propriedades familiares. As colônias do Centro eram
muito parecidas com as do Norte, com pequenas e médias propriedades em que se praticavam agricultura
e criação de animais. Já as colônias do Sul se caracterizavam por grandes propriedades agrícolas, onde eram
cultivados principalmente algodão e tabaco com a exploração da mão de obra de africanos escravizados.
(CG1, CECH3, CEH1, EF08HI06, EF08HI07)

3. Ao tratar de algumas das características das diferentes fases da Revolução Francesa, a atividade permite
aos estudantes identificar e relacionar os processos da Revolução e seus desdobramentos na Europa e
no mundo.
Os itens II, III e V estão corretos. No item I, o correto seria afirmar que o terceiro estado era explorado
e sustentava os luxos do primeiro e do segundo estado. No item IV, o correto seria afirmar que os
girondinos eram representantes da alta burguesia mais conservadora e que os jacobinos eram radicais
defensores de mudanças profundas.
(CG1, CECH3, CEH1, EF08HI04)

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4. A atividade permite aos estudantes identificar a Revolução de São Domingos como evento singular e
avaliar suas implicações, percebendo a repercussão do processo em outros territórios nas Américas.
a) De acordo com o texto, a ilha de São Domingos era um dos maiores produtores mundiais de açúcar e café e
contava com uma população majoritariamente composta por escravos e negros.
b) A rebelião ocorrida no Haiti foi a única feita por africanos e seus descendentes na história americana e culminou em
uma revolução que destruiu o sistema escravista, o que gerou um grande medo entre as elites de outras regiões.
(CG1, CECH3, CECH5, CECH7, CEH1, CEH2, CEH3, EF08HI10)

5. A atividade propõe que os estudantes comparem a Conjuração Mineira e a Conjuração Baiana, impor-
tantes movimentos anticoloniais da América portuguesa.
a) os dois movimentos eram resultado da insatisfação dos colonos com as políticas da metrópole portuguesa e
propunham a separação de uma região do restante do império português e a criação de uma república. Além
disso, os dois movimentos tinham influências das ideias iluministas e de outros movimentos de independência
ocorridos nas Américas.
b) a Conjuração Mineira era um movimento predominantemente elitista, enquanto a Conjuração Baiana acabou
envolvendo a participação de diversos setores sociais, inclusive de pessoas das classes mais baixas. Se no mo-
vimento mineiro a maioria dos participantes negociou suas penas, na revolta baiana duras punições atingiram
principalmente os conspiradores mais pobres.
(CG1, CECH3, CECH5, CEH1, CEH2, EF08HI05)

6. A proposta dessa atividade é refletir sobre os movimentos e as rebeliões da América portuguesa a partir
de um ponto de vista da memória e do patrimônio.
Para a realização da atividade, é importante orientar os grupos na escolha dos marcos históricos. Para
a Conjuração Mineira, é possível pensar em pontos da cidade de Ouro Preto, como a Casa dos Contos.
No caso da Conjuração Baiana, podem ser escolhidos pontos localizados em Salvador como a Praça da
Piedade e a Igreja e Convento de Nossa Senhora da Piedade.
(CG1, CG2, CECH3, CECH4, CECH5, CEH1, CEH2, CEH3, CEH6, EF08HI05)

7. Essa atividade permite aos estudantes identificar, contextualizar e comparar os diversos processos de
independência nas Américas.
A crise do sistema colonial americano está relacionada, entre outros elementos, com a circulação das
ideias do Iluminismo, que levaram a questionar o sistema colonial. Também o quadro europeu de ex-
pansão napoleônica, com as disputas entre Inglaterra e França e as invasões na Península Ibérica, tem
importantes desdobramentos no cenário americano.
(CG1, CECH3, CEH1, CEH2, EF08HI07, EF08HI08, EF08HI13)

8. Resposta: E.
A atividade permite aos estudantes caracterizar a organização política e social no Brasil desde a chegada
da Corte portuguesa, em 1808, até 1822, e seus desdobramentos para a história política brasileira. (CG1,
CECH3, CEH1, EF08HI12)

Unidade 3
1. A atividade permite que os estudantes reflitam sobre os conceitos de nação, nacionalismo e xenofobia
e sua aplicação para o entendimento de conflitos e tensões.
a) nação: definida por certos aspectos culturais de um povo, que os diferenciam em relação a todos os outros
povos, como a língua, a comida, os costumes, as crenças, a cultura, o modo de ser e as tradições.
b) nacionalismo: termo usado para definir o sentimento de pertencimento a uma nação.
c) xenofobia: nacionalismo radical que resulta na aversão a coisas e pessoas de fora do país.
(CG1, CG9, CECH1, CECH2, CECH4, CECH6, CEH1, CEH4, CEH6, EF08HI06)

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2. A atividade estimula os estudantes a refletirem sobre o processo de formação política da nação brasileira,
enxergando continuidades e rupturas. Além disso, ao analisar a Constituição de 1824 os estudantes
são levados a identificar e analisar o equilíbrio das forças e os sujeitos envolvidos nas disputas políticas
durante o Primeiro Reinado.
a) A Constituição de 1824 foi outorgada por D. Pedro I e marcada pela instituição do Poder Moderador, que
centralizava as decisões na mão do imperador. Além disso, a Constituição instituía o voto censitário, excluindo
grande parte da população das decisões políticas.
b) A Constituição de 1988, conhecida como “Constituição cidadã”, trouxe importantes avanços, garantindo am-
plamente os direitos fundamentais, ampliando os direitos dos trabalhadores, autorizando o voto dos analfabetos
e reconhecendo os direitos de povos indígenas e populações quilombolas.
(CG1, CG7, CG9, CECH1, CECH2, CECH4, CECH6, CEH1, CEH3, EF08HI15)

3. Resposta: A. Nessa atividade os estudantes devem identificar as principais características do período


regencial, reflexão que permite identificar e analisar o equilíbrio das forças e os sujeitos envolvidos nas
disputas políticas do período e também analisar o papel das rebeliões e movimentos contestatórios ao
poder centralizado. (CG1, CECH3, CECH5, CEH1, CEH2, EF08HI15, EF08HI16)

4. Ao tratar de algumas das características das principais revoltas ocorridas durante o período regencial no
Brasil, a atividade permite aos estudantes identificar, comparar e analisar a diversidade política, social e
regional nas rebeliões e nos movimentos contestatórios ao poder centralizado.
Os itens I, II, IV e V estão corretos. No item III, o correto seria afirmar que a Cabanagem foi um movimento
que contou com ampla participação das camadas pobres da população. No item VI, o correto seria afirmar
que a Sabinada defendia a emancipação da Bahia, que seria transformada em uma república. No item VII
o correto seria afirmar que a Guerra dos Farrapos foi um movimento liderado pelos fazendeiros gaúchos.
(CG1, CECH2, CECH5, CEH1, CEH2, EF08HI16)

5. Nessa atividade os estudantes devem refletir sobre as características da Segunda Revolução Industrial,
reconhecendo e analisando seus impactos sobre a forma de organização e exploração econômica.
Com a Segunda Revolução Industrial, surgiram grandes empresas que, fazendo uso das novidades tecno-
lógicas, conseguiram produzir a preços cada vez menores, ampliando seus lucros. Para funcionar, essas
empresas necessitavam de matérias-primas e mercado consumidor para as mercadorias que estavam
produzindo, o que fez com que as potências buscassem dominar territórios em outros continentes (par-
ticularmente na Ásia e na África) que pudessem oferecer essas condições.
(CG1, CECH2, CECH3, CEH1, CEH2, CEH5, EF08HI24)

6. A atividade tem como objetivo fazer com que os estudantes consigam refletir sobre as ideologias raciais e
o determinismo no contexto do imperialismo europeu, identificando e contextualizando o protagonismo
das populações locais na resistência ao imperialismo na África e Ásia.
a) Para justificar a partilha dos territórios do continente africano, os europeus construíram um discurso baseado no
darwinismo social e na ideia da superioridade dos brancos em relação aos negros. Nesse discurso, os europeus
estariam cumprindo o “fardo” de salvar a África e os africanos da barbárie e da selvageria, levando o progresso
e a civilização.
b) As populações africanas manifestaram sua resistência ao neocolonialismo na forma de fugas, protestos, boicotes
e revoltas. Em alguns casos, houve também resistência armada contra o colonizador.
(CG1, CG6, CECH3, CECH4, CECH5, CEH1, CEH2, CEH4, CEH5, EF08HI23, EF08HI27)

7. A proposta da atividade é estimular os estudantes a refletir sobre as relações entre presente e passado, per-
cebendo as marcas dos processos históricos de dominação e resistência na formação das sociedades africanas
atuais. É importante incentivar os estudantes a irem além dos estereótipos sobre o continente africano,
enxergando a diversidade e complexidade que marcam a história do continente. (CG1, CG2, CG4, CG6, CG7,
CG9, CECH1, CECH2, CECH3, CECH4, CECH6, CEH1, CEH2, CEH3, CEH5, EF08HI23, EF08HI24, EF08HI26)

LXXVII

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Unidade 4
1. A atividade procura contribuir para que os estudantes identifiquem e analisem o equilíbrio das forças e
os sujeitos envolvidos nas disputas políticas durante o Segundo Reinado.
As diferenças entre liberais e conservadores não eram muito grandes, já que defendiam grupos das
elites. Os liberais estavam ligados aos grandes comerciantes, enquanto os conservadores defendiam os
interesses dos grandes fazendeiros.
(CG1, CECH2, CEH1, EF08HI15)

2. Resposta: A e D.
A análise das questões econômicas no Segundo Reinado permite identificar e analisar as forças e os
sujeitos envolvidos nas disputas do período. (CG1, CECH2, CEH1, EF08HI15)

3. Nessa atividade, a partir da questão das reformas urbanas os estudantes são levados a identificar as
tensões e os significados dos discursos civilizatórios, avaliando seus impactos negativos.
a) Nessa época muitas pessoas consideravam a Europa o modelo de “civilização” e acreditavam que as outras
regiões do mundo deveriam seguir seu exemplo. O governo brasileiro tinha grande preocupação em modificar
a imagem de “atraso” associada principalmente às péssimas condições sanitárias e urbanísticas das cidades
brasileiras.
b) Essa modernização não favorecia por igual a população da cidade, pois, enquanto os bairros mais ricos eram
beneficiados com as reformas, as zonas mais pobres tornavam-se cada vez mais precárias.
(CG1, CG2, CECH2, CECH3, CEH1, CEH2, EF08HI27)

4. A atividade leva os estudantes, a partir das ideias por trás das políticas de imigração europeia, a identi-
ficar as tensões e os significados dos discursos civilizatórios, avaliando seus impactos negativos.
a) Segundo algumas teorias raciais da época, os negros e mestiços seriam “inferiores” aos europeus. Para os
fazendeiros terem uma mão de obra qualificada, acreditavam que seria necessário ter trabalhadores brancos.
b) Na época, a partir das teorias racistas que circulavam, acreditava-se que, com a chegada do imigrante branco,
em algumas gerações a população brasileira seria de maioria branca, o que ajudaria a comprovar ao mundo
que o Brasil era “um país civilizado”.
(CG1, CG2, CECH2, CECH3, CEH1, CEH2, EF08HI27)

5. Com a atividade os estudantes são estimulados a refletir sobre o legado da escravidão nas Américas e a
relacionar aspectos das estruturas sociais da atualidade com os legados da escravidão no Brasil.
a) A comemoração dessa data levava a pensar que a Abolição da Escravatura no Brasil tinha sido um presente da
princesa Isabel e do governo de D. Pedro II aos homens e mulheres escravizados, apagando toda a história de
luta e resistência da população escravizada.
b) O Dia da Consciência Negra lembra a luta de milhares de pessoas para acabar com a violência da escravização
e conquistar o reconhecimento das culturas, tradições e dos direitos das populações negras no Brasil.
c) Os estudantes devem ser estimulados a conhecer de maneira mais profunda a história de figuras que lutaram
contra a violência e a exploração das populações negras no Brasil, em busca de dar voz às suas demandas
populações e conquistar reconhecimento e direitos.
(CG1, CG2, CG6, CG9, CECH2, CECH3, CECH4, CECH6, CEH1, CEH2, CEH3, EF08HI19, EF08HI20)

6. A atividade permite aos estudantes relacionar as transformações territoriais com as tensões e conflitos
durante o Império e também identificar as questões internas e externas sobre a atuação do Brasil na
Guerra do Paraguai e discutir diferentes versões sobre o conflito.
a) Segundo o texto, das designações possíveis, a que mais se aproxima da realidade é Guerra Grande, por conta de
sua duração, do tamanho do sofrimento humano nas nações envolvidas e das grandes consequências políticas
e econômicas para os países que lutaram.

LXXVIII

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b) Segundo o texto, o conflito pode ser chamado de Guerra do Paraguai porque começou com o ataque paraguaio
a Mato Grosso, ampliou-se com a invasão de Corrientes e do Rio Grande do Sul e foi travado a maior parte do
tempo no território do Paraguai.
c) Segundo o texto, a denominação Guerra da Tríplice Aliança também é válida, pois no conflito se assistiu à
cooperação argentino-brasileira-uruguaia.
(CG1, CG4, CG7, CECH2, CECH3, CEH1, CEH2, CEH3, CEH4, EF08HI17, EF08HI18)

7. A atividade propõe que os estudantes relacionem a discussão sobre as questões internas ligadas à atuação
do Brasil na Guerra do Paraguai com a discussão sobre a escravidão no Brasil.
Durante a Guerra do Paraguai, soldados brancos e negros lutaram lado a lado. Quando o conflito acabou,
muitos militares começaram a questionar a manutenção da escravidão, o que criava questões com os
grandes proprietários, já que os escravizados eram ainda a principal mão de obra nas lavouras de café.
Tentando não desagradar nenhum dos lados e procurando encontrar uma saída para o impasse, o
governo brasileiro ora sinalizava para o fim da escravatura, ora tentava prolongá-la o máximo possível.
(CG1, CG7, CECH2, CECH3, CECH5, CEH1, CEH2, EF08HI18, EF08HI20)

8. Nesta atividade, o objetivo é que os estudantes reflitam sobre aspectos das estruturas sociais da atuali-
dade e os relacionem com os legados da escravidão no Brasil.
Com o fim da escravidão, os recém-libertos foram abandonados à própria sorte. Nenhum projeto que
promovesse a integração social da população negra foi aprovado ou sequer discutido pelo governo.
Assim, permaneceram a desigualdade social e o preconceito étnico numa sociedade que se esforçava
por excluir e marginalizar os negros.
(CG1, CG2, CG6, CG9, CECH2, CECH3, CECH4, CECH6, CEH1, CEH2, CEH3, EF08HI20)

Gabarito – Autoavaliações
Verifique se na autoavaliação os estudantes demonstraram domínio dos temas abordados em cada unidade, se eles
se consideraram autônomos na construção do processo de ensino-aprendizagem, e como percebem suas potencialidades
e dificuldades, identificando-as para que as devidas intervenções pedagógicas possam ser feitas, auxiliando os estudantes
no seu desenvolvimento.

Autoavaliação
Sim Parcialmente Não

Consegui me organizar para realizar todas as


atividades propostas?

Colaborei com os colegas nas atividades em grupo?

Eu me dispus a tirar dúvidas e a superar


dificuldades durante a realização das atividades?

Consegui compreender e utilizar os principais


conceitos estudados?

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T A Ç Õ E S D I D Á T I C A S
ORIEN
I C A S D O V O L U M E 8
ESPECÍF

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8
Historia
COMPONENTE CURRICULAR:
HISTÓRIA

GISLANE CAMPOS AZEVEDO SERIACOPI (Gislane Azevedo)


Mestra em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Foi professora universitária, pesquisadora e professora de História dos ensinos
Fundamental e Médio nas redes pública e privada.

LEANDRO CALBENTE CÂMARA (Leandro Calbente)


Bacharel em História e Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Ciências
(História Econômica) pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Educação pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Foi professor de História dos ensinos Fundamental e Médio na rede pública.
Editor e autor de materiais didáticos.

REINALDO SERIACOPI
Bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) e Comunicação Social pelo
Instituto Metodista de Ensino Superior.
Editor especializado na área de História.

1a edição
São Paulo • 2022

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A conquista – História – 8o ano (Ensino Fundamental – Anos Finais)
Copyright © Gislane Campos Azevedo Seriacopi, Leandro Calbente Câmara, Reinaldo Seriacopi, 2022

Direção-geral Ricardo Tavares de Oliveira


Direção de conteúdo e negócios Cayube Galas
Direção editorial adjunta Luiz Tonolli
Gerência editorial Roberto Henrique Lopes da Silva
Edição Deborah D’ Almeida Leanza (coord.), Solange Mingorance, Rui C. Dias
Preparação e revisão de textos Maria Clara Paes (coord.),
Carolina Machado, Veridiana Maenaka
Gerência de produção e arte Ricardo Borges
Design Andréa Dellamagna (coord.)
Projeto de capa Sergio Cândido
Imagem de capa Diana Robinson Photography/Getty Images
Arte e produção Vinicius Fernandes (coord.),
Camila Ferreira Leite, Jacqueline Nataly Ortolan (assist.)
Diagramação Estúdio Diagrami
Coordenação de imagens e textos Elaine Bueno Koga
Licenciamento de textos Amandha Rossette Baptista
Iconografia Jonathan Santos, Emerson de Lima (trat. imagens)
Ilustrações Estúdio Diagrami, Sonia Vaz
Cartografia Allmaps, Sonia Vaz

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Seriacopi, Gislane Campos Azevedo
A conquista história : 8o ano : ensino
fundamental : anos finais / Gislane Campos Azevedo
Seriacopi, Leandro Calbente Câmara, Reinaldo
Seriacopi. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2022.

Componente curricular: História.


ISBN 978-85-96-03505-7 (aluno)
ISBN 978-85-96-03506-4 (professor)

1. História (Ensino fundamental) I. Câmara,


Leandro Calbente. II. Seriacopi, Reinaldo.
III. Título.

22-114756 CDD-372.89
Índices para catálogo sistemático:
1. História : Ensino fundamental 372.89
Eliete Marques da Silva – Bibliotecária – CRB-8/9380

Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste


Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 livro foram produzidas com fibras obtidas de
de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à árvores de florestas plantadas, com origem
certificada.
EDITORA FTD.
Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD
CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300 CNPJ 61.186.490/0016-33
Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 Avenida Antonio Bardella, 300
www.ftd.com.br Guarulhos-SP – CEP 07220-020
central.relacionamento@ftd.com.br Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375

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P R E S E N T A Ç Ã O
A
Repare em seus amigos na sala de aula. Provavelmente, você vai
notar a presença de pessoas com variados gostos, estilos, características
e crenças.
Alguns, por exemplo, têm olhos escuros, outros, claros; uns têm
cabelos lisos, outros, encaracolados. Há pessoas com diferentes crenças
religiosas e aquelas que não professam nenhuma religião. Tem gente
que adora rock e outros que gostam de rap, música sertaneja ou regio-
nal. Há, ainda, os que curtem futebol e os que nem querem ouvir falar
do esporte. É muita diferença, não é mesmo?
Se pensar bem, não é só na sala de aula que você encontra tanta
diversidade de gostos, crenças etc. Nossa cidade, nosso país e o próprio
mundo são formados por pessoas e povos bastante variados.
Mas como será que surgiram tantas diferenças? De modo geral, essa
diversidade é resultado da vivência que as pessoas ou os povos tiveram
nos variados lugares do planeta ao longo do tempo. Ou seja, a diversidade
está relacionada à história dos povos e grupos humanos.
Como você pode perceber, o estudo de História é fundamental para
entendermos o mundo em que vivemos.
Esta coleção tem entre seus objetivos ajudar você a conhecer a
história dos grupos humanos que compõem nosso país, assim como
a história de sociedades e povos que viveram em outras épocas, nas
mais diversas regiões do planeta.
Acreditamos que o conhecimento sobre as diferenças é o primeiro
passo para cultivarmos o respeito pelos outros e, dessa maneira, trans-
formarmos nosso mundo em um lugar onde todos possam viver em
harmonia. Viver felizes com nossas diferenças!
Um grande abraço.
Os autores

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CONHEÇ A
SEU LIVRO
Esta coleção traz aspectos da história do Brasil e do mundo narrados em linguagem
atraente, sempre relacionando o passado com o presente.
Imagens diversas servem de ponto de partida para a apresentação dos assuntos.
As atividades auxiliam você a revisar o conteúdo estudado e estimulam a reflexão
sobre seu cotidiano.

1
UNIDADE

ISMAR INGBER/PULSAR IMAGENS


IGUALDADE

Hoje, a noção de que somos


todos
juridicam ente iguais é reconhec
ida na
Constituição Federal do Brasil
e nas de
outros países. No passado,
porém, houve
muita resistência a essa ideia,
particular-
mente de grupos sociais privilegiad
os.
A igualdade foi conquistada
pela ação
de muitas pessoas que, ao longo
da história,
lutaram contra formas de governo
e siste-
mas de poder pautados na
discriminação e
na desvalorização das diferenças
.
Nesta unidade, vamos estudar
alguns
dos processos históricos que
fizeram da igual-
dade um valor fundamental
da democracia.

Visões de resistências, sonhos


de liberdade, mural do artista
Acme que representa líderes
da
luta por igualdade racial, com
destaque para Martin Luther
King Jr. (1929-1968). Rio de
Janeiro (RJ), 2022.

Martin Luther King Jr. se tornou


um dos principais nomes do
movi-
mento por direitos civis nos Estados
Unidos na década de 1960, quando
as leis de segregação racial
ainda
separavam negros e brancos
em
estados do sul do país.

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ABERTURA Igualdade jurídica É por isso que o governo (federal,


crianças estão matriculadas,
estadual e municipal), assim
deve buscar soluções de acordo
como as escolas onde essas

DE UNIDADE
com cada caso. Tudo para
e igualdade social
aos estudantes o direito à educação. garantir
Quando todos conseguem se
jurídicos (a lei) e oportunida beneficiar dos mesmos direitos
des, dizemos que existe igualdade
Contudo, a igualdade social social.
ainda não é realidade em nosso
continuam sem acesso à escola, país. Muitas crianças, por exemplo,
principalmente as mais pobres.
A população negra também
não tem as mesmas oportunida
des que a população branca.

Em duas páginas
geral, os negros recebem salários Em
mais baixos e não têm as mesmas
educação, por exemplo. perspectivas de emprego e
O artigo 5o da Constituiç
DE EDITORAÇÃO E PUBLICAÇÕES,
TÉCNICAS

ão da República Em outros países, também há


Federativa do Brasil afirma grupos que, por causa de suas
que somos todos religiosas, econômicas, de gênero características étnicas, culturais,

duplas, as aberturas
COORDENAÇÃO DE EDIÇÕES

iguais perante a lei. Mas e orientação sexual, estão privados


o que isso quer Defender a igualdade significa, de direitos.
dizer? Como podemos alcançar portanto, contribuir para a construção
a igualdade crática, na qual as pessoas de uma sociedade demo-
se somos diferentes? A igualdade possam fazer livremente suas
pressupõe particularidades. escolhas e sejam respeitada
s em suas

trazem imagens e textos


o fim das diferenças?
SENADO FEDERAL, SECRETARIA

Hoje, a noção de que somos


Não, ela não pressupõe o fim todos juridicamente iguais é
das dife- houve muita resistência contra reconhecida. No passado, porém,
renças. O conceito de igualdade essa ideia, particularmente
jurídica dispostos a perder seus privilégios. de grupos sociais que não
estabelece que as pessoas, mesmo estavam

apresentando o conceito
com todas Dessa forma, a igualdade que
as suas diferenças, devem ter hoje encontramos na Constituiçã
os mesmos direi- só pôde ser obtida por meio o brasileira e na de outros países
tos e deveres. Todos têm o de lutas contra os grupos que
direito de receber a igualdade foi conquistada resistiam a ela. Assim como
do Estado e da sociedade pela ação de muitas pessoas a liberdade,
ao longo da História.

trabalhado na unidade.
um tratamento Nesta unidade, vamos estudar
idêntico, independentemente alguns dos processos históricos
de sexo, idade, igualdade como valor fundamen que levaram à conquista da
etnia, crença religiosa ou posição tal da democracia.
social. Capa da Constituição da República
Para entender melhor esse
conceito,

Cada volume tem quatro


Federativa do Brasil, promulgad
acompanhe este exemplo: a
todas as crianças em 1988. Esse é o documento
que vivem no território brasileiro mais
têm direito importante do país: todas as
leis
à educação. Mas e se uma são feitas de acordo com as
criança com regras

unidades e, em cada
deficiência física ou intelectual e os princípios estabelecidos
nele.
tiver dificuldades para acompa-
nhar o conteúdo escolar? E
se
o mesmo ocorrer às crianças

uma delas, há conceitos indígenas que falam apenas


a língua de seu povo? Como
garantir o direito universal
Sonia Guimarães é
cientista e doutora em
Física. Foi a primeira

importantes para a
à mulher negra a lecionar
ACERVO PESSOAL

educação mesmo diante


de no Instituto Tecnológico
tantas diferenças? de Aeronáutica (ITA).
São José dos Campos

compreensão do mundo Resposta pessoal. Importante (SP), 2019.


Intérpretes de Libras traduzem é esclarecer que existe igualdade
uma apresentação aos São exemplos: direito ao voto e quando as pessoas têm os mesmos
à liberdade direitos e deveres.
1. Cite exemplos de situações de culto. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
CESAR DINIZ/PULSAR IMAGENS

estudantes de Pedagogia da
nas quais percebemos que

em que vivemos.
Universidade Federal de Mato sociedade. há igualdade em nossa
Grosso (UFMT). Nossa Senhora
do Livramento (MT), 2020. 2. Você já presenciou ou soube
de situações nas quais o
desrespeitado? Em caso afirmativo princípio da igualdade foi
, que situações foram
12 Respostas pessoais. São exemplos
as proibições de alguém frequentaressas?
étnicas, sociais, religiosas etc. um lugar por questões
Consulte comentários adicionais
nas Orientações didáticas.

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A maquinofatura
Uma mudança importante na forma de produção dos objetos foi o
uso de máquinas para
transformar a matéria-prima (confira a seção Raio X na página seguinte).
No começo, as máquinas
funcionavam com a força humana ou de animais, mas logo passaram
a ser empregadas outras
fontes de energia, como a queima do carvão e o vapor de água.
O nome dessa forma de
produção é maquinofatura, e as unidades de trabalho são as fábricas.

4
TULO Com máquinas cada vez melhores, as fábricas passaram a produzir
maior quantidade de
CAPÍ
REBELIÕES NA COLÔNIA: mercadorias com custo de produção menor: um trabalhador com uma
quantidade que muitos trabalhadores produziam manualmente. O
máquina produzia a mesma
aumento de produção e a
A CONJURAÇÃO MINEIRA redução de custos proporcionaram um lucro muito grande para os donos
das indústrias.
Os industriais mandavam construir os locais onde eram instaladas as máquinas
E A CONJURAÇÃO BAIANA e contratavam

ABERTURA DE
os empregados para trabalhar na produção. Interessados em ter ainda
mais lucro, foram aumen-
tando o investimento na mecanização do trabalho, incentivando a invenção
de novas máquinas.
Todo esse processo de mecanização da produção começou na segunda
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM metade do século
XVIII, na Inglaterra. Ao longo do século seguinte, a maquinofatura se
espalhou pelo restante da
• Identificar as causas, as consequências e as personagens envolvidas Europa e também para outras regiões do mundo.
na Mas por que a Revolução Industrial começou na Inglaterra? Para responder
Conjuração Mineira e na Conjuração Baiana. a essa pergunta,
vamos conhecer a sociedade inglesa daquele período.

CAPÍTULO
• Reconhecer aspectos do ideal de liberdade no passado e no presente.

SERGIO PEDREIRA/PULSAR IMAGENS Indústria: pode ser


Alguns dias são feriados nacionais no Brasil.
uma fábrica ou conjunto
Certamente você conhece alguns deles: 1o de de fábricas com muitas
maio, Dia do Trabalho; 7 de setembro, come- máquinas e vários
moração da Proclamação da Independência do processos mecanizados
reunidos em um local.
Brasil. Outro feriado nacional é o dia 21 de abril,
data escolhida para celebrar Tiradentes.
Tiradentes (1746-1792) foi um militar
de baixa patente que, em 1789, com outras
Todos os capítulos começam Um martelo a vapor
trabalhando, James
Nasmyth. Óleo sobre

PHOTO12/UNIVERSAL IMAGES GROUP/GETTY IMAGES


pessoas, participou de um movimento conhe-

com uma ou duas imagens e


tela, 1871.
cido como Conjuração Mineira. Esse movimento
pretendia libertar a capitania de Minas Gerais Na imagem, operários
da dominação portuguesa. trabalham em um martelo
a vapor, máquina usada
Em 1798, outra rebelião ocorreu na

textos que tratam de assuntos


Busto de Manuel Faustino dos Santos Lira, um para forjar com rapidez
colônia portuguesa. Foi a Conjuração Baiana, metais como ferro e aço.
dos líderes da Conjuração Baiana, na Praça da
que teve lugar em Salvador, na Bahia. Os dois Essa máquina foi criada pelo
Piedade, no centro de Salvador (BA), 2020.
movimentos tinham uma característica em mesmo autor da pintura.
comum: seus integrantes agiam influenciados pelas ideias de liberdade

do presente. Assim, você


e igualdade difundidas FICA A DICA
pelo pensamento iluminista.
• A Revolução Industrial. Disponível em: https://artsandculture.google.com
Praça Tiradentes, no centro histórico de Ouro Preto. Nessa cidade, /story/
reuniam-se os líderes da Conjuração Mineira, ocorrida em 1789. xQXx4Z7cSUF-qA. Acesso em: 27 jun. 2022.
PULSAR IMAGENS
JOÃO PRUDENTE/

Ouro Preto (MG), 2021.

perceberá que a História tem


Página interativa sobre a Revolução Industrial, com diversos textos e
imagens. Originalmente
em inglês, mas com possibilidade de tradução para o português.

40

tudo a ver com o dia a dia de D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd 40


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todos nós.
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01/08/22 11:51
GLOSSÁRIO
Os termos e conceitos
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM destacados no texto em
Nesse boxe, você ficará sabendo o que será aprendido com o lilás remetem ao glossário
estudo do capítulo. disponível na mesma
página, que apresenta
suas definições.
O panteão dos heróis

BOXE
Muitos anos depois das guerras pela independência, o governo da Venezuela
encomendou

IMAGEM
ao artista Arturo Michelena (1863-1898) um quadro para celebrar a
independência do país.
O artista começou a produzir a obra, mas faleceu antes de finalizá-la.
Mesmo inconclusa, a
obra ajuda a refletir sobre o processo que culminou na formação dos
países latino-americanos.
Analise-a com atenção.

CONDUTORA
IMAGEM CONDUTORA
COMPLEMENTAR
MUSEO ARTURO MICHELENA, CARACAS, VENEZUELA

Entre os antigos gregos


e romanos, panteão era
um templo dedicado aos

Informações
deuses. Mas, nesse caso,

Sempre que aparecer


é um monumento cons-
truído para abrigar os
restos mortais de figuras
ilustres consideradas heróis

complementares que
nacionais.

esse título e uma


imagem com moldura ampliam o estudo de uma
laranja, fique atento. A O panteão dos heróis, Arturo Michelena. Óleo sobre tela,
imagem ou um tema.
135 cm x 168 cm, 1898.

imagem será analisada


A obra se chama O panteão dos heróis. Em grego, panteão
designa o conjunto de deuses. Com o tempo, a palavra passou a significar
também mausoléu (túmulo imponente), onde se encontram depositados
os restos mortais de pessoas notáveis. Se o quadro tem esse

em detalhes nas páginas título, quem são os heróis a que se refere o artista?
MUSEO ARTURO MICHELENA, CARACAS, VENEZUELA

#FICA A DICA
No quadro, está representada uma grande quantidade
de pessoas. Há um religioso, pessoas em trajes civis, mas a

seguintes e ajudará na
maior parte são homens em trajes militares. Esses homens
representam diversos chefes militares que enfrentaram as
tropas espanholas nas lutas pela independência da América.
Apoiado no pedestal da estátua está José Antonio Páez (1790-

compreensão do capítulo.
1873), que, posteriormente, seria presidente da Venezuela.

José Antonio Páez, futuro presidente da


Com o objetivo de
enriquecer ou ampliar os
Venezuela, encostado no pedestal da estátua.
Detalhe da obra O panteão dos heróis.

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assuntos estudados, há
sugestões de diferentes
conteúdos, como
PESQUIS A AÇÃO
livros, revistas, sites,
&
3O passo
4O passo
Apliquem os questionários conforme as orientações
Depois de realizadas as
DE ONDE VÊM MEUS ALIMENTOS? Consulte comentários nas do professor, seguindo o número de participantes
entrevistas, façam uma

documentários e filmes.
Orientações didáticas. pré-estipulado e observando a boa comunicação
Você já pensou de onde vêm as frutas, as verduras com tabulação das respostas,
e os legumes que chegam à sua mesa os interlocutores. Importante: vocês só devem
ir à apresentem aos colegas e
nas refeições? São cultivados em grandes fazendas feira livre acompanhados de um responsável.
ou vêm de pequenos ou médios produtores comparem os resultados obtidos.
rurais? E como esses alimentos são cultivados?
A pessoa que os vende é a mesma que os cultiva?
Conhecer as características do alimento que Consulte comentários nas Orientações didáticas.
consumimos nos ajuda a pensar (e até a repensar)
nossos hábitos alimentares e a fazer melhores Definam o objetivo da pesquisa
escolhas. As perguntas devem estar em sintonia com o
Em grupo, façam uma pesquisa em sua comunidade objetivo da pesquisa. Afinal, as respostas
a respeito dessas questões. Para isso, com do questionário ajudarão a embasar as informações
do trabalho.
o auxílio do professor e dos responsáveis, organizem
uma visita a uma feira livre próxima à escola
ou outra conhecida. Lá, você e os colegas do
grupo vão coletar informações com os feirantes. Identifiquem o público-alvo
É muito importante saber qual é o perfil das
1O passo pessoas que serão entrevistadas. Procurem
fazer as perguntas de maneira direta, utilizando
2O passo

PESQUISA & AÇÃO


termos que o entrevistado deve conhecer.
Para o melhor aproveitamento desta atividade, é Dessa maneira, serão maiores as chances de
vocês obterem respostas verdadeiras.
fundamental Depois de fazer ajustes e
elaborar previamente um questionário a ser aplicado
entre o público- finalizar o questionário,
alvo. Elaborar um questionário é uma tarefa que Estabeleçam o tipo de pergunta que desejam
deve ser feita imprimam cópias dele, fazer
com atenção, seguindo critérios e métodos específicos. O tipo de pergunta de um questionário pode
Confiram de acordo com o número variar de acordo com as intenções dos
no gráfico a seguir alguns dos cuidados que vocês entrevistadores. Vocês podem fazer perguntas
precisam ter em de múltipla escolha, permitindo que o
estimado de pessoas que entrevistado indique uma ou mais alternativas.
mente durante a elaboração de um questionário Por exemplo: “que tipo de música você

A seção Pesquisa & Ação


de pesquisa. participarão da pesquisa. gosta de ouvir”: a) rap; b) rock; c) MPB; d) samba;
e) funk”. Se quiserem, é possível limitar,
pedindo para que, dessa lista, o entrevistado
selecione apenas os três gêneros favoritos,
mesmo que ele ouça todos.
Vocês também podem fazer perguntas abertas,
para que o entrevistado responda
livremente a respeito de um assunto. Por exemplo:
“em quais momentos você gosta de

tem como objetivo desenvolver


ouvir música?”. Perguntas abertas são boas de
serem usadas quando se deseja conhecer
ESTÚDIO DIAGRAMI

melhor as ideias do entrevistado.


Outra possibilidade são os questionários cujas
respostas são escolhidas com base em uma
escala. Esse tipo de pergunta permite que vocês
agrupem as respostas em “positivas” e
“negativas”. Eis um exemplo:

diferentes práticas de pesquisa


“Em uma escala de 1 a 10, em que 1 significa
‘não gosto de jeito nenhum’ e 10 significa
‘gosto muito’, responda: qual o seu entendimento
a respeito das músicas da cantora X?”.

Elaborem um rascunho

ao longo da coleção, tais como


Não tenham pressa na elaboração do questionário.
Pensem no tipo de informação que
pretendem reunir e qual o melhor tipo de pergunta
a ser feita para se obter a informação
desejada. Inicialmente, escrevam um rascunho.
Ao concluí-lo, muitas vezes vocês perceberão
que algumas perguntas são dispensáveis e outras
necessitam ser reelaboradas. Aproveitem
para decidir a ordem em que as perguntas aparecerão
no questionário.

Façam um teste
Antes de começar a entrevistar seu público-alvo,
respeito das perguntas elaboradas, procurando
isento de erros e com perguntas coerentes. Se
peçam a opinião de outras pessoas a
descobrir se o questionário está claro,
entrevistas, observação e tomada
de notas, entre outras.
houver necessidade, façam novos ajustes.
Melhor corrigir o questionário nesse momento
do que depois, quando a pesquisa já
estiver sendo aplicada.
Elaborado com base em: CARMO, Vera. O
STOCKSYLE/SHUTTERSTOCK.COM uso de questionários em trabalhos científicos.
de Santa Catarina. Florianópolis, [2013]. Universidade Federal
Disponível em: http://www.inf.ufsc.br/~vera.carmo/Ensino_2013_2
uso_de_questionarios_em_trabalhos_cient%EDfico /O_
252 s.pdf. Acesso em: 29 jun. 2022.

253
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OLHO VIVO
RAIO X
VILA RICA NO SÉCULO XVIII
Seção que traz imagens (com textos explicativos) de
diversas épocas e lugares. Por meio da observação

DA USP, SÃO PAULO-SP


e da leitura, você perceberá que essas imagens são

INSTITUTO DE ESTUDOS BRASILEIROS


Ilustração de
documentos históricos que representam interesses
e visões de mundo de pessoas e de grupos sociais.
1785-1790,
de autoria
desconhecida,
que representa a
Praça Tiradentes
e, ao fundo,
o Palácio do
Governador,
em Vila Rica.

Que documento é esse? de Santa Quitéria,


1785 e 1790 representando o morro
Trata-se de uma imagem feita entre o Palácio do Governador
Ouro Preto). É possível identificar
no centro da antiga Vila Rica (atual igreja de Santa Quitéria,
(em primeiro plano), o chafariz e a
(no centro, ao fundo), o pelourinho em homenagem a
século XIX, foi instalado um monumento
entre outros prédios. No final do
passou a se chamar Praça Tiradentes.
Tiradentes, então o local
Que informações sobre Ouro Preto
esse documento pode fornecer?
centro urbano com
OLHO VIVO 1 A figura do militar a cavalo 2 Os membros do estado-maior do Exército brasileiro
do século XVIII, Vila Rica era um foi inspirada no quadro são represen-
As construções indicam que, no final tinha autonomia política. Oficial dos caçadores a
tados de maneira neutra e distante, como simples
observadores.
do pelourinho, sabemos que o local Assim, o artista “esvazia” a figura dos heróis,
edificações imponentes, e, por causa soldados de forma perfi- O POVO É O HERÓI cavalo, do pintor francês que em quadros
de água pública, e a presença de épicos são geralmente representados no centro
O chafariz confirma o abastecimento da igreja Théodore Géricault (1791- da ação. São eles:
indica um sistema organizado de proteção e/ou repressão. A localização Em 1872, Pedro Américo (1843-1905), por encomenda 1824), reproduzida a
montado no cavalo branco, o comandante das
tropas brasileiras,
lada (alinhada) para a sociedade da época. do governo brasileiro, pintou um Duque de Caxias; à direita, de binóculos, o capitão
religião tinha grande importância quadro representando um conflito ocorrido no seguir. de mar e guerra
(próxima ao palácio) sugere que a da página 104, quais arroio do Avaí (no Paraguai), durante a Guerra
do
Luís Pereira da Cunha, e, à esquerda, o brigadeiro
Barão da Penha.
a fotografia da Praça Tiradentes, Paraguai. Com 11 metros de largura por 6 metros
Comparando essa imagem com de altura, a cena envolve mais de 400 figurantes
e sua representação conta com um alto grau 3 Os soldados brasileiros, ao contrário dos paraguaios
observações podem ser feitas? (atual Museu de de realismo. (consulte o item 4, a seguir), são representados
por reformas. O Palácio do Governador com traços europeus, com pele e cabelos claros,
MU S
Ao tratar de maneira épica um acontecimento
Podemos afirmar que o local passou transmitindo a ideia de que os brasileiros eram
EU

Quitéria nem o chafariz. como esse, DO


LO
“civilizados”. Além disso, na cena representada,
não existem mais a igreja de Santa
UV
Pedro Américo promoveu, como desejava o os soldados brasileiros assumem uma posição
Ciência e Técnica) foi expandido, e
RE
governo, uma ,
diante do inimigo. heroica
aterrado. As casas ao 1
no terreno próximo ao chafariz foi

PA
glorificação do Império Brasileiro. Porém, diferentemente

R
A praça foi expandida, e o desnível

IS
extinto, e há um do

,F
ou substituídas. O pelourinho foi

RA
que era comum em pinturas do gênero, o pintor
redor da praça também foram reformadas 4 Os paraguaios são representados com


preferiu

A
a Tiradentes. transferir o papel de herói para o povo, representado 5 No centro da ação, estão soldados e oficiais
uma estátua, em homenagem corpos atarracados e os rostos com traços de
monumento, com pelos patentes mais baixas, como o comandante da
cava-
soldados e oficiais de patentes mais baixas. rústicos, transmitindo, assim, a ideia de
laria, tenente Alves Pereira. Na imagem, ele “rouba”
que eram “bárbaros”. Além disso, estão
114 em atitudes de ferocidade e covardia.
a bandeira paraguaia e é ameaçado por três
inimi-
gos, que o atacam com lança, sabre e pistola.
A batalha do Avaí, Detalhe de Oficial dos
Pedro Américo. Óleo caçadores a cavalo, Théodore 6 Ao fugir, o soldado paraguaio recolhe moedas
01/08/22 11:51
sobre tela, 1872. caídas no chão. Ao mostrá-lo preocupado em
Géricault. Óleo sobre tela, 1812. os despojos de guerra, o pintor procura passar rapinar
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114 a ideia de que os paraguaios são mesquinhos.

MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO


7 A cortina de fumaça e o fogo ao fundo suprimem
toda a referência espacial, tra-
zendo as atenções para a energia do combate
em primeiro plano.
8 O general Manuel Luís Osório, coman- 9 Pedro Américo representou-se

RAIO X
dante do I Corpo do Exército Imperial,
como um soldado raso, portando
é um dos poucos comandantes que
uma baioneta retorcida, manchada
7 aparecem no centro das ações. Foi
de sangue. Em seu quepe está o
representado momentos antes de
número 33, sua idade na época em
receber um tiro no maxilar que o tiraria
que executou a obra. Naturalmente,
2 da guerra.
1 ele não participou da batalha.

Seção especial para a 5


8
10 Apesar de a maior parte do Exército
brasileiro na Guerra do Paraguai
ser composta de soldados negros,
eles praticamente não aparecem
11 Essa família paraguaia perdida no meio
do tiroteio é uma alegoria com a qual o
pintor buscou transmitir a ideia de que
os civis de ambos os sexos e de todas as

análise de variados tipos


3 11 nessa pintura, que representou idades (crianças, adultos e idosos) são as
principalmente militares brancos. principais vítimas da guerra.
10 9

de documentos históricos.
Elaborado com base em: CARDOSO, Rafael.
A arte brasileira em 25 quadros (1790-1930).
Record, 2008. Rio de Janeiro:
COLI, Jorge. Como estudar a arte brasileira
do século XIX. São Paulo: Senac, 2005.
OLIVEIRA, Vladimir José Machado de. Dos
esboços pictóricos às rotundas dos dioramas:
pinturas das batalhas de Pedro Américo. a fotografia nas
Tese (Doutorado em História) – Departamento
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências de História da
Humanas, Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2002.
6 SCHLICHTA, Consuelo A. Duarte. A pintura
histórica e a elaboração de uma certidão
no século XIX. Tese (Doutorado em História) visual para a nação,
– Programa de Pós-Graduação em História,
Federal do Paraná, Curitiba, 2006. Disponível Universidade
em: https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/3948.
Acesso em: 9 ago. 2022.
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245
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ENQUANTO ISSO...
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Aparece no final do capítulo ENQUANTO ISSO...


AS REVOLUÇÕES LIBERAIS DO SÉCULO XIX
ESQUEMA -RESUMO
ESQUEMA -RESUMO
5
e mostra acontecimentos No mesmo período em que se consolidava o
CAPÍTULO
processo de formação dos Estados nacionais
na América Latina, a Europa passou por diversas
revoluções liberais. Elas foram organizadas pelas INDEPENDÊNCIAS NA AMÉRICA
burguesias de diversas partes do continente,
como França, Bélgica, estados alemães, partes
Itália, Hungria, Viena, entre outras. O objetivo da

históricos que ocorreram em


desses movimentos era derrubar as estruturas
políticas e sociais do Antigo Regime e formar
governos de inspiração liberal que favoreceriam
interesses econômicos da burguesia. os Contexto de crise do sistema colonial
O primeiro momento das revoluções ocorreu entre – Independência dos Estados Unidos
as décadas de 1820 e 1830, tendo como
marco principal a Revolução Liberal de 1830 – Disseminação do Iluminismo
na França. Esse movimento derrubou a família

outras regiões na mesma


que governava o país e inspirou outros movimentos real – Guerras Napoleônicas
pela Europa. Ainda que essas revoluções não
tenham acabado definitivamente com as estruturas
sociais do Antigo Regime, elas ajudaram a
fortalecer politicamente as burguesias europeias.
Em 1848, ocorreu um novo momento revolucionário,
ainda mais poderoso, conhecido como

época tratada no capítulo.


Primavera dos Povos. Ele foi marcado pela
defesa de ideias liberais, mas também surgiram
grupos mais radicais que defendiam mudanças AMÉRICA ESPANHOLA
mais profundas, inclusive reformas socialistas. AMÉRICA PORTUGUESA
A radicalização da Primavera dos Povos acabou
forçando um acordo entre as burguesias e
os antigos governantes para conter as camadas
populares e evitar uma revolução social radical.
Esse acordo resultou na criação de novos governos, – Insatisfação diante da exploração colonial
influenciados pela burguesia e repletos de – Vinda da família real
medidas econômicas liberais. – Luta contra o domínio espanhol ganha força a
– Fim do Pacto Colonial e transformações da
Todos esses eventos foram decisivos para a consolidação partir de 1808
sociedade
do poder da burguesia na Europa
e para o desenvolvimento do capitalismo. – Participação de diversos setores da sociedade
– Negociação entre setores da elite e a família real
– Guerras de independência
– Processo de independência negociado
MUSEU DO LOUVRE, PARIS

SOCIEDADE
SOCIEDADE

ESQUEMA-RESUMO
PÓS-INDEPENDÊNCIA
PÓS-INDEPENDÊNCIA

– Manutenção das desigualdades sociais


– D. Pedro permanece no Brasil
– Caudilhismo
– Criação de um império liderado por D. Pedro
– Fragmentação política/Fracasso do

Encerra cada capítulo com uma


Pan-americanismo
A liberdade guiando o
povo, Eugène Delacroix.
Óleo sobre tela,
260 cm x 325 cm,
1830. Pintura feita em

síntese dos assuntos trabalhados.


comemoração à Revolução Com base nas informações do esquema-resumo
de 1830, na França, que e da leitura do capítulo, compare o processo
independência da América espanhola e o da de
culminou com a queda do América portuguesa, destacando as semelhanças
diferenças entre os dois processos. e as
rei Carlos X. Consulte resposta e comentários nas Orientações didáticas.
142

Traz sempre uma atividade. D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd


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ÍCONES SELOS
Algumas atividades são caracterizadas IMAGENS FORA AS CORES NÃO LINHA DO TEMPO SEM ESCALA. OS
com os seguintes ícones: DE PROPORÇÃO. SÃO REAIS. SEGMENTOS ENTRE AS DATAS NÃO
CORRESPONDEM AO TEMPO DECORRIDO.
INTERPRETAÇÃO
COMUNIDADE DE DOCUMENTOS Para representar melhor certos conceitos,
algumas ilustrações podem alterar a proporção
MAPA ILUSTRATIVO de tamanho entre os elementos ou empregar
T R A BA L H O SEM ESCALA.
DIVERSIDADE SOCIOEMOCIONAL cores que não são as reais. Quando isso
acontecer, a ilustração apresentará estes selos.
TECNOLOGIA NÃO ESCREVA Este livro é reutilizável. Faça as atividades
NO LIVRO. no caderno ou em folhas avulsas.

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VAMOS FALAR SOBRE… TERRA
ATIVIDADES
Você encontrará atividades
E MEIO AMBIENTE
ATI VIDADES
NÃO ESCREVA
NO LIVRO. A questão ambiental é uma das grandes
preocupações do mundo contemporâneo
humana vem promovendo uma rápida . A ação
degradação do meio ambiente, que
Com base na pode pôr em risco,
Pedro II brincando com os políticos. inclusive, a sobrevivência da espécie
1. A charge a seguir representa D. humana no planeta. Pensando nessa

diversas para rever o que


responda ao que se pede. responda ao que se pede. Consulte questão, com um colega,
do desenho e no estudo da unidade,
observação comentários nas Orientações didáticas.

DO RIO DE JANEIRO
Consulte respostas esperadas e comentários

GERSON GERLOFF/PULSAR IMAGENS


nas Orientações didáticas.

estudou em cada capítulo.

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL


VAMOS FALAR
D. Pedro II, na charge de Cândido
partidos Liberal e Conservador.
Aragonez de Faria, publicada em 1878,
equilibra os

sua resposta com ele-


SOBRE...
construir de D. Pedro II? Justifique

Essa seção no final das


a) Que imagem a charge pretende
mentos do desenho. partidos Terreno improdutivo em Manoel Viana
desempenhado pelo imperador no equilíbrio das disputas entre os (RS), 2021.
b) Qual era o papel
Liberal e Conservador?
1. A imagem representa um dos
resolução de disputas no efeitos da degradação ambiental:
como uma figura responsável pela cobertura vegetal, que acarreta a destruição da

Atividades propõe um
c) O imperador foi representado pessoas que a perda de nutrientes do solo e compromete
em sociedade, é importante que existam produtividade. Na região em que a sua
Império. Em muitos espaços da vida Reflita sobre essa você vive, quais são os principais
na moderação de conflitos entre indivíduos e grupos distintos. tais observados? problemas ambien-
atuem para mediar
são as atitudes e habilidades necessárias
questão e discuta com os colegas quais 2. Os órgãos públicos agem para impedir
que esses problemas se perpetuem?
conflitos da melhor maneira possível.

exercício de reflexão e
programa de conscientização da Existe algum
do população local para promover
explique como se deu o processo de interiorização o fim desses problemas?
2. Confira o mapa da página 218 e para orientações 3. E como você avalia sua preocupação
(Consulte a seção Como se faz… em relação ao meio ambiente?
café no Sul e no Sudeste do país. comportamento para impedir a Você adota algum
históricos.) degradação ambiental? Conte para
sobre como fazer a leitura de mapas nas Orientações didáticas. você faz nesse sentido. seus colegas o que

retoma a ideia central


Consulte resposta esperada e comentários Cemitério dos Pretos
Raio X, na página 223, apresenta informações sobre o 4. Faça um desenho a respeito de algum
3. A seção no Rio de Janeiro.
encontrado na região da Gamboa, problema ambiental observado
Novos, um sítio arqueológico história da escravidão vive. Em seguida, compartilhe na região em que
para se compreender melhor a o desenho com os colegas. Lembre-se
Qual é a importância desse sítio ao desenho. de dar um título
comentários nas Orientações didáticas.
no Brasil? Consulte resposta esperada e associadas à Respostas e produção pessoais. O objetivo

da unidade.
o trabalho com competências socioemocionais da atividade é despertar nos estudantes
1. c) Resposta pessoal. A atividade possibilita é um momento importante para a reflexão dos estudantes percepção para os significados que as
manifestações artísticas podem adquirir. uma
Além disso,
234 resolução de conflitos e ao diálogo.os conflitos que se manifestam no espaço escolar. 237
sobre a importância de resolver

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FECHANDO A UNIDADE
FECHANDO A UNIDADE Documento 3: Charge

ALVES
IGUALDADE JURÍDICA
Você estudou, no começo desta unidade, o que
se entende por igualdade jurídica. Confira
agora os quatro documentos a seguir. O primeiro
deles são artigos da Constituição Federal do

Essa seção apresenta documentos


Brasil, promulgada em 1988. O segundo é uma
fotografia de uma estátua, símbolo da Justiça,
instalada na Praça dos Três Poderes, em Brasília
(DF), o terceiro é uma charge de 2018 do cartunista
Evandro Alves e o quarto é um gráfico sobre
a população carcerária no Brasil. Após analisar
documentos com atenção, responda ao que se os
pede.

que se inter-relacionam para que Documento 1: Legislação


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
tindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
distinção de qualquer natureza, garan-
residentes no País a inviolabilidade do direito
Documento 4: Gráfico

Perfil étnico da população carcerária


ALVES, Evandro. [Sobre a Justiça].
Jornalistas Livres. [S. l.], 23 maio 2018.
Disponível em: https://jornalistaslivres.

você possa refletir e discutir sobre


à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança org/as-maos-ensanguentadas-da-justica/.
e à propriedade, nos termos seguintes: brasileira em 2019 Acesso em: 1 ago. 2022.
I – homens e mulheres são iguais em
direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição; (%) 80
70
[…]
60

o conceito estudado na unidade e


III – ninguém será submetido a tortura 50
nem a tratamento desumano ou
degradante; 40
Fonte: BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança
IV – é livre a manifestação do pensamento, 30
Composição da População por Cor/Raça
Pública.
sendo vedado o anonimato; 20 no Sistema Prisional.
[…] Brasília, DF: Ministério da Justiça, 2020. Disponível
10 em:
VI – é inviolável a liberdade de consciência https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiN2ZlZWFm

sobre a relação interdisciplinar entre


e de crença, sendo assegurado o livre 0 NzktNjRlZ

SONIA VAZ
Indígena Amarela Branca
i00MjNiLWFhYmYtNjExNmMyNmYxMjRkIiwidCI6I
exercício dos cultos religiosos e garantida, Pardos e mViMDkwN
na forma da lei, a proteção aos locais de Negros
DIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZ
ThlMSJ9.
culto e a suas liturgias; […] Acesso em: 24 jul. 2022.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição


da República Federativa do Brasil de 1988. 1. De acordo com o trecho da Constituição Federal,
Federal, 1988. Disponível em: https://www.senado.leg.b Brasília, DF: Senado quais são os direitos assegurados a
todos os cidadãos brasileiros?

História e outros campos de estudo.


r/atividade/const/con1988/con1988_atual/art_5_.asp Consulte comentários nas Orientações didáticas.
.
Acesso em: 12 jun. 2022.
2. Com base no que você viu nesta unidade, pode-se
dizer que o artigo 5o da Constituição
Federal do Brasil tem influência do pensamento
Consulte comentários nas iluminista? Justifique sua resposta.
Documento 2: Fotografia Orientações didáticas.
3. Como a estátua da Justiça foi representada?

As atividades mobilizam habilidades


Foi representada como uma mulher
com os olhos vendados e com uma espada pousada
Fachada do prédio do Supremo Tribunal 4. Em seu entendimento, por que sobre o colo.
TON MOLINA/FOTOARENA

a Justiça está de olhos vendados?


A ideia é a de que a Justiça, de modo
Federal (STF), com a escultura que
5. E qual significado tem a espadaequânime, age sem distinguir as pessoas.
que a Justiça carrega?
representa a Justiça, Brasília (DF), 2022. A espada é símbolo da força e do
poder. Pode ser entendida como uma arma contra
6. O que representam os diferentes o mal.

relacionadas a alguns destes pilares:


personagens da charge? Que elementos do desenho
ajudam a explicar essa representação? Consulte
comentários nas Orientações didáticas.
7. O que o gráfico revela a respeito do perfil da
população carcerária brasileira? Pesquise
sobre o perfil étnico da população brasileira
e verifique se esse perfil e o perfil da
população brasileira são equivalentes. Escreve

caráter, cidadania, colaboração,


uma parágrafo com suas observações a
esse respeito. Consulte resposta esperada
nas Orientações didáticas.
8. Explique a relação existente entre a charge
eo
Tanto a charge como o gráfico evidenciam gráfico do documento 4.
9. Com base nessa crítica, explique a aspectos relacionados à desigualdade jurídica no Brasil.
relação existente

comunicação, criatividade e criticidade.


Ao fazer a crítica, o chargista sugere entre os três primeiros documentos.
que a Justiça não pratica a igualdade jurídica prevista
10. Tomando o trecho selecionado da Constituição como pela Constituição brasileira.
ponto de partida, faça uma charge
64 que tenha como tema a igualdade de direitos
entre os cidadãos brasileiros.
Produção pessoal. Essa atividade pode ser realizada
em parceria com o professor de Arte.
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COMO SE FAZ…
COMO SE FAZ... ENTREVISTA
Esta seção contribui para seu
desenvolvimento escolar. Por
Entrevista é uma conversa na qual uma pessoa
(o entrevistador) pede informações e opiniões
DEBATE a outra (o entrevistado) sobre um assunto escolhido
ou sobre a vida do entrevistado.
O debate é uma forma de discussão amigável entre
duas ou mais pessoas que tenham pontos 1O passo Elaboração do plano da entrevista

meio dela, você vai receber


de vista diferentes sobre determinado tema.
Os participantes do debate são os debatedores, Uma vez definido o tema, é preciso pensar nas
informações que se pretende obter, escolher qual
o moderador e o público. pessoa será entrevistada e o meio de registro:
anotação, filme ou áudio.
1O passo Escolha do tema e dos participantes, e

orientações sobre como fazer


definição das regras
2O passo Elaboração das perguntas
Apresentação do tema pelo professor e indicação
de uma bibliografia básica Elabore questões mais abertas, às quais não se
que permita a troca de ideias e a reflexão a respeito pode responder apenas “sim” ou “não”. Faça
do assunto. Escolha dos número limitado de perguntas, que devem ser um
debatedores e do mediador de acordo com os simples, claras e corretas.

biografias, entrevistas, pesquisas,


interesses e as habilidades
dos participantes. Deve ser definido um tempo
para argumentação, contra-
argumentação e participação do público.
3O passo Preparação da entrevista
Marque a entrevista com antecedência, comunique
ao entrevistado quais assuntos serão

contos, entre outras tarefas.


2O passo Preparação para o debate abordados e peça autorização para filmar ou
gravar. O local deve ser calmo e silencioso para
Todos os participantes (inclusive o público) devem que não haja interferência na conversa. Prepare
se preparar para o debate, os equipamentos e leve papel e caneta
realizando as leituras indicadas, a fim de que para anotações.
obtenham mais conhecimentos
sobre o tema e tenham condições de apresentar
bons argumentos durante a
discussão. É importante resumir e expor as principais
ideias e justificativas a serem 4O passo
apresentadas, mas não é necessário decorar as Entrevista
falas. O discurso deve ser claro.
Anote a data e o local da entrevista. Faça uma
pergunta de cada vez e ouça atentamente as
3O passo respostas enquanto faz os registros (anotando
O debate ou gravando). Se durante a conversa surgir um
fato novo e interessante não previsto nas perguntas,
O mediador deve cumprimentar o público e apresentar explore a questão. Ao final da entrevista,
os debatedores, o tema agradeça ao entrevistado e se despeça.
e as normas.
• 1a fase: O mediador passa a palavra ao primeiro
debatedor, que cumprimenta o público
e expõe seu ponto de vista. Em seguida, o mediador

Os sites indicados nesta obra podem


passa a palavra para o segundo 5O passo Redação da
DELFIM MARTINS/PULSAR IMAGENS

debatedor.
entrevista
• 2a fase: O mediador retoma a palavra e a repassa
para o primeiro debatedor, pedindo Depois da entrevista, é preciso organizar
a ele que comente a exposição do oponente. Nesse

apresentar imagens e textos variáveis,


momento, pode ocorrer a réplica as respostas colhidas e transcrevê-las
(resposta do segundo debatedor). para o computador ou para o papel.
• 3a fase: Depois de esgotado o tempo previsto A entrevista deve ter uma abertura,
para as falas dos debatedores, o público
poderá fazer perguntas a eles, que deverão responder na qual o entrevistado é apresentado,

os quais não condizem com o objetivo


no tempo estipulado. Após esse
momento, cada debatedor deverá fazer um breve isto é, são informados nome, idade,
comentário sobre suas opiniões.
profissão e tema principal da entrevista.
4O passo Conclusão feita pelo mediador O entrevistador não deve descaracterizar
A síntese do debate é feita pelo mediador, que
No decurso do debate, um dos interlocutores
também agradece aos debatedores e ao público.
pode ser convencido pelo outro, ou, ainda, é
possível que ambas as partes aceitem os argumentos
o pensamento do entrevistado. Se
alguma ideia não estiver clara, procure
esclarecê-la consultando novamente o
didático dos conteúdos citados. Não
temos controle sobre essas imagens
do outro lado (mesmo que parcialmente) e entrevistado. Se não for possível fazê-lo,
repensem suas opiniões.
melhor não publicar essa ideia.
Estudantes usam computadores para realização
de trabalho escolar, em Sorocaba (SP), 2020.
266
267 nem sobre esses textos, pois eles
estão estritamente relacionados ao
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266
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267
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histórico de pesquisa de cada usuário


e à dinâmica dos meios digitais.

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SUMÁRIO
UNIDADE 2
UNIDADE 1 LIBERDADE..........................................................66
IGUALDADE .........................................................10 O que significa ser livre? ............................... 68
3. Revoluções iluministas:
Igualdade jurídica e igualdade social....... 12
Estados Unidos e França .......................... 70
1. Iluminismo e monarquia constitucional Revolução na América do Norte................ 71
na Europa ...................................................... 14 A Revolução Francesa.................................. 79
Contra o Absolutismo ................................. 15 Olho vivo • Uma alegoria da revolução .... 90
O nascimento do Iluminismo...................... 18 O Período Napoleônico ............................... 95
O Iluminismo na França .............................. 22 O Congresso de Viena ................................ 96
Enquanto isso... • Expedições científicas Enquanto isso... • Ideais iluministas
ao Brasil ......................................................... 32 revolucionam o Haiti ..................................... 97
Esquema-resumo ....................................... 33 Esquema-resumo ....................................... 98
Atividades.................................................... 34 Atividades.................................................. 100
Vamos falar sobre... Igualdade ................. 36 Vamos falar sobre... Liberdade ............... 103
2. A Revolução Industrial ............................. 38 4. Rebeliões na colônia: a Conjuração
O artesanato e a manufatura ..................... 39 Mineira e a Conjuração Baiana .......... 104
Raio X • A forja ............................................ 41 Novos núcleos urbanos ............................. 105
A Inglaterra no século XVIII........................ 42 Olho vivo • Goiás Velho em 1751............ 106
A indústria têxtil ........................................... 43 O Iluminismo na América portuguesa .... 108
Condições de vida dos trabalhadores ....... 47 A Conjuração Mineira ............................... 110
As relações entre burgueses Raio X • Vila Rica no século XVIII ............. 114
e proletários.................................................. 51 A Conjuração Baiana ..................................115
O capitalismo................................................ 54 Enquanto isso... • Rebelião no Peru ....... 118
O movimento socialista ............................... 55 Esquema-resumo ..................................... 119
Impactos culturais e ambientais ................. 56 Atividades.................................................. 120
Pesquisa & Ação • Um meme para Vamos falar sobre... Liberdade ............... 123
pensar práticas de consumo ......................... 57
5. Os processos de independência
Enquanto isso... • A produção de
da América espanhola e da
chita na Índia ................................................. 58
América portuguesa................................124
Esquema-resumo ....................................... 59
A crise do sistema colonial americano .... 125
Atividades.................................................... 60
A luta contra o domínio espanhol........... 127
Vamos falar sobre... Igualdade ................. 63
Na América portuguesa ............................ 134
Fechando a unidade • Igualdade
O processo de independência .................. 137
jurídica ........................................................... 64
Olho vivo • A Proclamação
da Independência........................................ 138
Enquanto isso... • As revoluções
liberais do século XIX .................................. 142
Esquema-resumo ..................................... 143
Atividades.................................................. 144
Vamos falar sobre... Liberdade ............... 147
Fechando a unidade • O capacitismo .... 148

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JOÃO PRUDENTE/PULSAR IMAGENS
UNIDADE 3 UNIDADE 4
NAÇÃO E NACIONALISMO............................ 150 TERRA E MEIO AMBIENTE ........................... 206
Compartilhando identidades.....................152 Fonte de riqueza e de poder .................... 208
6. O Primeiro Reinado e o período 8. O governo de D. Pedro II .......................210
regencial ......................................................154 O Segundo Reinado .................................. 211
O Primeiro Reinado (1822-1831) .............. 155 O café .......................................................... 215
A Regência (1831-1840) ............................ 164 Olho vivo • A derrubada da Mata
Rebeliões nas províncias ........................... 166 Atlântica....................................................... 216
O Golpe da Maioridade ............................ 172 As primeiras ferrovias.................................. 221
Enquanto isso... • A Doutrina Monroe ... 174 A Europa como modelo ............................ 222
Esquema-resumo ..................................... 175 Raio X • O Cemitério dos Pretos Novos ... 223
Atividades.................................................. 176 Teorias racistas ........................................... 227
Vamos falar sobre...
Imigrantes europeus chegam em massa ... 228
O império e os indígenas .......................... 230
Nação e nacionalismo ................................. 179
Enquanto isso... • A Guerra de Secessão .. 232
7. O neocolonialismo .................................. 180 Esquema-resumo ..................................... 233
A Segunda Revolução Industrial .............. 181 Atividades.................................................. 234
A exploração da África.............................. 182 Vamos falar sobre... Terra e meio
Racismo e pretexto civilizatório................ 184 ambiente ...................................................... 237
A arte africana como afirmação .............. 186
9. A Guerra do Paraguai e o fim da
Uma divisão arbitrária ............................... 187
escravidão................................................... 238
Colônias da Europa.................................... 188 Fronteiras em disputa ................................ 239
A resistência africana................................. 190 Olho vivo • O povo é o herói ...................244
Aventuras de um imperialista na África .. 191 O Exército brasileiro ................................... 246
Ingleses conquistam a Índia ..................... 192 A escravidão em xeque ............................. 248
A resistência indiana .................................. 193 Pesquisa & Ação • De onde vêm
Investidas inglesas na China ..................... 194 meus alimentos?.......................................... 252
A China dividida ......................................... 195 Enquanto isso... • A Comuna de Paris .... 257
A Revolta dos Boxers................................. 196 Esquema-resumo ..................................... 258
Enquanto isso... • A unificação da Atividades.................................................. 259
Alemanha .................................................... 197 Vamos falar sobre...
Enquanto isso... • A unificação da Itália .. 198 Terra e meio ambiente ................................ 263
Esquema-resumo ..................................... 199 Fechando a unidade • Em busca do
Atividades..................................................200 desenvolvimento sustentável ...................... 264
Vamos falar sobre...
Nação e nacionalismo ................................. 203
Fechando a unidade • A ideia de Brasil COMO SE FAZ ..................................................... 266
nas letras de música ....................................204 Debate ........................................................ 266
Entrevista................................................... 267
Linha do tempo ........................................ 268
Dramatização ............................................ 270
História em quadrinhos .......................... 272
Jornal .......................................................... 274
Vídeo .......................................................... 275
Biografia .................................................... 276
Seminário ................................................... 278
Pesquisa ..................................................... 280
Meme.......................................................... 281
Podcast ....................................................... 282
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................284

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A BNCC NA UNIDADE
Competências

1
• Gerais (CG): 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9 e UNIDADE
10: trabalhadas com os estudantes à
medida que valorizam a construção e
a utilização do conhecimento históri-
co acerca das Revoluções Inglesas, do
Iluminismo e da Revolução Industrial;
e exercitam a criação de argumentos IGUALDADE
críticos sobre suas particularidades,
como no caso das Revoluções Inglesas
e do Iluminismo, ao abordar assuntos
como os direitos dos seres humanos e
as liberdades individuais dos sujeitos
históricos, e da Revolução Industrial,
ao trabalhar com os grupos operários
e as transformações ocasionadas na Hoje, a noção de que somos todos
sociedade europeia com a implemen- juridicamente iguais é reconhecida na
tação das máquinas.
Constituição Federal do Brasil e nas de
• Específicas de Ciências Huma- outros países. No passado, porém, houve
nas (CECH): 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. muita resistência a essa ideia, particular-
• Específicas de História (CEH): mente de grupos sociais privilegiados.
1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. A igualdade foi conquistada pela ação
Habilidades de muitas pessoas que, ao longo da história,
• EF08HI01 • EF08HI02 • EF08HI03 lutaram contra formas de governo e siste-
mas de poder pautados na discriminação e
na desvalorização das diferenças.
Temas Contemporâneos Nesta unidade, vamos estudar alguns
Transversais na unidade dos processos históricos que fizeram da igual-
• Cidadania e Civismo: es- dade um valor fundamental da democracia.
sa temática é trabalhada na
abordagem sobre espaços de
circulação de pessoas e ideias Visões de resistências, sonhos
no mundo atual na página 34; de liberdade, mural do artista
regras de funcionamento da Acme que representa líderes da
luta por igualdade racial, com
escola e da sociedade na pá- destaque para Martin Luther
gina 36; e relações sociais na King Jr. (1929-1968). Rio de
luta por melhorias na página Janeiro (RJ), 2022.
60. A unidade é ainda per-
meada por reflexões sobre Martin Luther King Jr. se tornou
um dos principais nomes do movi-
igualdade, mas analisar, espe-
mento por direitos civis nos Estados
cificamente, as páginas 12, 13, Unidos na década de 1960, quando
64 e 65. Além disso, obser- as leis de segregação racial ainda
var os limites da liberdade de separavam negros e brancos em
expressão na página 24; a de- estados do sul do país.
fesa do Estado laico na página
34; a discussão sobre direitos 10
humanos na página 35 e os di-
reitos das pessoas ­LGBTQIA+­
nas páginas 36 e 37. O tema científico na página 19; as reflexões sobre o • Economia: o tema é trabalhado pela abor-
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ainda pode ser identificado dagem de doenças ocupacionais na página
uso de animais em experimentos na página
na página 12, ao abordar os 50; os efeitos da Quarta Revolução Indus-
21; o desenvolvimento de textos enciclopé-
direitos das crianças e ado- trial no mundo do trabalho na página 61; o
lescentes, e na página 49, ao dicos no contexto iluminista na página 27 e
trabalho para pessoas PcD nas páginas 61 e
tratar da exploração do tra- 34; a presença feminina na ciência na página
62; e os direitos trabalhistas na página 63.
balho infantil na atualidade. 30; as reflexões sobre a prática científica na
página 35; a Quarta Revolução Industrial na • Saúde: tema abordado ao tratar de doen-
• Ciência e Tecnologia: o tema ças ocupacionais na página 50.
é identificado na página 14, página 38; o pensamento computacional nas
ao abordar o desenvolvimen- páginas 44 e 45; e a reflexão sobre a capa-
to da ciência; o pensamento cidade inventiva do estudante na página 46.
10

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Texto complementar
Cidadania no Brasil

ISMAR INGBER/PULSAR IMAGENS


[...] Havia a crença de que
a democratização das insti-
tuições traria rapidamente
a felicidade nacional. Pen-
sava-se que o fato de termos
reconquistado o direito de
eleger nossos prefeitos, go-
vernadores e presidente da
República seria garantia de
liberdade, de participação,
de segurança, de desenvolvi-
mento, de emprego, de justiça
social. De liberdade, ele foi.
A manifestação do pensa-
mento é livre, a ação política
e sindical é livre. De partici-
pação também. O direito ao
voto nunca foi tão difundido.
Mas as coisas não caminha-
ram tão bem em outras áreas.
Pelo contrário. [...] problemas
centrais da nossa sociedade,
como a violência urbana, o
desemprego, o analfabetismo,
a má qualidade da educação,
a oferta inadequada dos ser-
viços de saúde e saneamento,
e as grandes desigualdades
sociais [raciais e de gênero]
e econômicas ou continuam
sem solução, ou se agravam,
ou, quando melhoram, é em
ritmo muito lento. [...]
CARVALHO, José Murilo de.
Cidadania no Brasil: o longo
caminho. 3. ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2002. p. 7-8.
­Disponível em: https://necad.
paginas.ufsc.br/files/2012/07/
CARVALHO-José-Murilo-de.-
Cidadania-no-Brasil1.pdf.
Acesso em: 3 ago. 2022.

11

AMPLIAR HORIZONTES
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• ADICHIE, Chimamanda. Sejamos todos feministas. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
Nesse livro, a escritora nigeriana reflete sobre o que significa ser feminista no século XXI.
• PENHA, Maria da. Sobrevivi: posso contar. Fortaleza: Armazém da Cultura, 2016.
A obra retrata a vida da autora, que sofreu diversas violências do marido. Sua luta ficou eternizada na lei
no 11.340/2006, nomeada como Lei Maria da Penha em sua homenagem.
• PINTO, Celia Regina. Uma história do feminismo no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003.
A obra resgata as principais personagens e organizações que construíram a história do feminismo no Brasil a
partir do século XIX.

11

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
As páginas de abertura da
unidade propõem uma reflexão
sobre o conceito de igualdade.
Inicie perguntando aos estudan- Igualdade jurídica
tes qual seria o significado dessa
palavra. Peça-lhes que indiquem e igualdade social
exemplos para ilustrar suas opi-
niões e anote-os na lousa. Ao
final, peça a contribuição da

SENADO FEDERAL, SECRETARIA DE EDITORAÇÃO E PUBLICAÇÕES,


COORDENAÇÃO DE EDIÇÕES TÉCNICAS
turma para elaborar uma res-
O artigo 5o da Constituição da República
posta coletiva.
Federativa do Brasil afirma que somos todos
É interessante perguntar se iguais perante a lei. Mas o que isso quer
o conceito de igualdade teria dizer? Como podemos alcançar a igualdade
um sentido universal, comum se somos diferentes? A igualdade pressupõe
a todos os espaços e tempos. o fim das diferenças?
A proposta é que eles perce- Não, ela não pressupõe o fim das dife-
bam que igualdade é um valor renças. O conceito de igualdade jurídica
estabelece que as pessoas, mesmo com todas
com significados diversos. Por
as suas diferenças, devem ter os mesmos direi-
meio dessa abordagem, pode-se
tos e deveres. Todos têm o direito de receber
chamar a atenção para a histo- do Estado e da sociedade um tratamento
ricidade desse conceito, que foi idêntico, independentemente de sexo, idade,
construído e ressignificado ao etnia, crença religiosa ou posição social. Capa da Constituição da República
longo dos séculos. Para entender melhor esse conceito, Federativa do Brasil, promulgada
acompanhe este exemplo: todas as crianças em 1988. Esse é o documento mais
Na sociedade contemporâ- importante do país: todas as leis
nea, o conceito de igualdade que vivem no território brasileiro têm direito são feitas de acordo com as regras
à educação. Mas e se uma criança com e os princípios estabelecidos nele.
tem por base a ideia de que
deficiência física ou intelectual
todos os seres humanos são tiver dificuldades para acompa-
portadores de direitos e que nhar o conteúdo escolar? E se
eles devem ser respeitados. Ao o mesmo ocorrer às crianças
mesmo tempo, entende-se que indígenas que falam apenas
as desigualdades (de raça, de a língua de seu povo? Como
gênero, socioeconômica etc.) são garantir o direito universal à
empecilhos para a liberdade e educação mesmo diante de
tantas diferenças?
a igualdade.
Outro aspecto importante a
Intérpretes de Libras traduzem

CESAR DINIZ/PULSAR IMAGENS


se destacar e que pode aparecer
uma apresentação aos
na conversa com os estudantes é estudantes de Pedagogia da
que, embora a igualdade seja um Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT). Nossa Senhora
valor importante em um mundo do Livramento (MT), 2020.
onde as pessoas eram jurídica e
socialmente diferentes, hoje a 12
bandeira de luta principal é pela
equidade, que significa a pro-
moção de oportunidades para transporte adequado para cadeirantes,
D3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd 12 condições 05/08/22 16:10

os mais vulneráveis. Por exemplo, de aprendizagem adequadas para estudantes


segundo a Constituição, todas com deficiência intelectual etc. As Orientações
as crianças têm direito à edu- gerais para a coleção e a unidade 4 do livro
cação, isso é igualdade. Mas do 9o ano abordam essas questões.
o que precisamos garantir é
que estudantes com deficiên-
cias, por exemplo, consigam ter
acesso a uma educação de qua-
lidade (equidade): pensar em
12

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
É por isso que o governo (federal, estadual e municipal), assim como as escolas onde essas Questione a turma se, atual-
crianças estão matriculadas, deve buscar soluções de acordo com cada caso. Tudo para garantir mente, as sociedades em geral
aos estudantes o direito à educação. Quando todos conseguem se beneficiar dos mesmos direitos comungam dos valores citados
jurídicos (a lei) e oportunidades, dizemos que existe igualdade social. nas páginas 12 e 13, e como os
Contudo, a igualdade social ainda não é realidade em nosso país. Muitas crianças, por exemplo,
colocam em prática.
continuam sem acesso à escola, principalmente as mais pobres.
A população negra também não tem as mesmas oportunidades que a população branca. Em Atividades
geral, os negros recebem salários mais baixos e não têm as mesmas perspectivas de emprego e
educação, por exemplo. 1. É possível que os estudantes
Em outros países, também há grupos que, por causa de suas características étnicas, culturais, identifiquem também que
religiosas, econômicas, de gênero e orientação sexual, estão privados de direitos. existem muitos obstáculos
Defender a igualdade significa, portanto, contribuir para a construção de uma sociedade demo- para a efetivação da igualdade.
crática, na qual as pessoas possam fazer livremente suas escolhas e sejam respeitadas em suas 2. O desrespeito à igualdade
particularidades.
manifesta-se de diferentes
Hoje, a noção de que somos todos juridicamente iguais é reconhecida. No passado, porém,
houve muita resistência contra essa ideia, particularmente de grupos sociais que não estavam
maneiras na sociedade bra-
dispostos a perder seus privilégios. sileira, como em atitudes
Dessa forma, a igualdade que hoje encontramos na Constituição brasileira e na de outros países xenofóbicas, homofóbicas,
só pôde ser obtida por meio de lutas contra os grupos que resistiam a ela. Assim como a liberdade, racistas e machistas. Oriente
a igualdade foi conquistada pela ação de muitas pessoas ao longo da História. a turma sobre a importância
Nesta unidade, vamos estudar alguns dos processos históricos que levaram à conquista da do tratamento igualitário de
igualdade como valor fundamental da democracia. todos e a todos, sem distinção
de raça, gênero, origem ou
sexualidade, ressaltando-o
como fundamento da
democracia.

AMPLIAR HORIZONTES
Sonia Guimarães é
cientista e doutora em • SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nem
Física. Foi a primeira preto nem branco, muito pe-
mulher negra a lecionar
lo contrário. In: SCHWARCZ,
no Instituto Tecnológico
ACERVO PESSOAL

de Aeronáutica (ITA). Lilia Moritz (org.). História


São José dos Campos da vida privada no Bra-
(SP), 2019. sil: contrastes da intimidade
Resposta pessoal. Importante é esclarecer que existe igualdade quando as pessoas têm os mesmos direitos e deveres. contemporânea. São Paulo:
São exemplos: direito ao voto e à liberdade de culto. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas. Companhia das Letras, 1998.
1. Cite exemplos de situações nas quais percebemos que há igualdade em nossa
A autora retrata o processo his-
sociedade.
tórico de construção das relações
2. Você já presenciou ou soube de situações nas quais o princípio da igualdade foi sociais brasileiras que primaram pe-
desrespeitado? Em caso afirmativo, que situações foram essas? lo racismo, quase sempre velado.
Respostas pessoais. São exemplos as proibições de alguém frequentar um lugar por questões
étnicas, sociais, religiosas etc. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
13

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A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

1
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5 e 6. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3, 4 e 6. ILUMINISMO E MONARQUIA
Habilidades CONSTITUCIONAL NA EUROPA
• EF08HI01 • EF08HI02

A BNCC NESTA DUPLA


• CECH 2 e 3: abordadas com os OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
estudantes fazendo com que com-
• Identificar as características das revoluções inglesas do século XVII e sua
preendam o contexto histórico do
influência no pensamento iluminista.
surgimento do Iluminismo.
• Explicar aspectos do Iluminismo e suas permanências históricas.
• CEH 1, 3 e 6: trabalhadas com a turma
à medida que os estudantes analisam • Compreender as origens do conceito de igualdade.
os fatos históricos e elaboram ques-
tionamentos e hipóteses sobre as A todo momento, novos remédios e vacinas são desenvolvidos para ajudar a melhorar
informações apresentadas. a qualidade de vida das pessoas. Esses novos medicamentos são fruto do trabalho de cien-
• Habilidade EF08HI01: enfocada com os tistas que, para desenvolvê-los, devem estudar bastante a respeito do assunto e fazer vários
estudantes ao descrever os principais experimentos a fim de tentar alcançar o resultado desejado. Ainda assim, em muitos casos,
aspectos e características do Iluminis- os cientistas não atingem seus objetivos.
mo e do liberalismo. Mas nem sempre a condução das pesquisas científicas aconteceu dessa maneira. Até o
século XVIII, de modo geral, as questões da ciência estavam muito ligadas aos preceitos reli-
PROCEDIMENTOS giosos da época. Tudo o que, na concepção da Igreja Católica, estivesse contra os princípios
cristãos não poderia ser “experimentado”.
DIDÁTICOS Isso começou a mudar quando um
Para iniciar o debate acerca movimento de pensadores e cientistas
das mudanças provocadas pelo contrários a essa ideia, conhecido como
Iluminismo em diversas áreas Iluminismo, teve início na Europa.
do conhecimento, incentive os Para esses intelectuais, as luzes da
estudantes a refletir sobre a razão e da ciência deveriam triunfar
importância da ciência em nosso sobre o que consideravam ignorância
e misticismo.
cotidiano. Peça a eles que citem
Neste capítulo, veremos como o
exemplos de como a pesquisa
Iluminismo promoveu mudanças em
científica fez evoluir setores como:
vários campos do saber, abalou o poder
vestuário, alimentício, saúde, lazer dos reis absolutistas e influenciou a
e outros. Anote na lousa os exem- maneira como se organiza a sociedade
plos citados e, então, questione: moderna.
como as ideias de cientistas se

TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO/AE


transformam em invenções ou
teorias? O objetivo é motivá-los A cientista brasileira Jaqueline Góes
a pensar sobre o funcionamento de Jesus (em primeiro plano) foi
responsável pelo mapeamento do
das pesquisas científicas e sobre genoma do coronavírus, vírus que causa
o que é o método científico. a covid-19, em apenas dois dias. São
Em seguida, oriente a leitura do Paulo (SP), 2020.
texto da página 14, que apresenta
14
algumas etapas da pesquisa cien-
tífica e destaca como questionar e
conhecer o mundo proposto pelos
iluministas. Aproveite para explo- Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd 14 solicite que elaborem um resumo das etapas 05/08/22 16:10

rar os sentidos do termo razão, do método.


aqui associado às habilidades de
Conhecer as etapas do método Organize a apresentação oral dos resumos
pensar, raciocinar e refletir – que
científico e, simultaneamente, elabore com a turma um
são diferentes de ter ou estar com Para auxiliar na reflexão sobre o fun- esquema explicativo do método científico (obser-
a razão, usos que fazemos no cionamento do método científico, faça a vação, hipóteses, experiências, conclusão e
cotidiano. Na seção Atividade exibição do vídeo Método científico, dispo- teoria). Solicite aos estudantes que registrem
complementar, a seguir, há uma nível em: https://www.youtube.com/watch? as informações no caderno.
proposta para ampliar o debate v=PnCD6Vr5q1s (acesso em: 29 jun. 2022). Explique que a ação de buscar o conheci-
sobre esse tema. Em seguida, divida a turma em grupos e mento por meio da experimentação – presente
14

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
CONTRA O ABSOLUTISMO Ao abordar o item Contra
o Absolutismo, retome com
O Absolutismo foi uma das marcas do século XVII na Europa. Na França, na Inglaterra
os estudantes as principais
e na Espanha, por exemplo, a autoridade do rei era quase absoluta. Isso significa que ela
não estava limitada por nenhum outro poder, exceto, como se acreditava na época, pelas
características do Absolutismo
leis de Deus e por alguns costumes locais. A crença de que o poder dos reis era concedido e registre-as por meio de um
diretamente por Deus baseava-se na teoria do direito divino dos reis. esquema na lousa. Nesse
Uma das primeiras nações a passar por mudanças na forma de governar foi a Inglaterra. momento, é importante lem-
Lá, a transição de monarquia absolutista para monarquia constitucional aconteceu brar-lhes da importância do
após a Revolução Puritana, de 1640, e a Revolução Gloriosa, iniciada em 1688. pensamento político como meio
Chamamos de revolu- de justificar o poder dos reis
ção um processo ou evento
absolutistas. O texto “Hobbes:
h i s tó r i c o q u e p r o v o c a
o medo e a esperança“, indicado
mudanças profundas nas
estruturas de uma sociedade. na seção Texto complemen-
Existem revoluções políticas, tar, resume o pensamento de
econômicas e culturais. As Hobbes, que defendia o poder
transformações políticas absoluto do soberano por meio
ocorridas na Inglaterra do do uso da força e considerava
século XVII resultaram em o Estado essencial à manutenção
revoluções porque modifica- da paz entre os seres humanos.
ram profundamente a forma
Sugerimos que o texto seja discu-
como a sociedade inglesa
se organizava.
tido em sala de aula, informando
que o pensamento de Hobbes
Monarquia constitucional: foi alvo de críticas no contexto
também conhecida como das Revoluções Inglesas.
monarquia parlamentar, pois
é o regime em que o soberano
deve seguir uma constituição e
tem seus poderes limitados pelo Texto complementar
parlamento.
Hobbes: o medo e a
esperança
Sab emos que Hobb es
é um contratualista, quer di-
zer, um daqueles filósofos
que, entre o século XVI e o
XVIII (basicamente), afirma-
NATIONAL PORTRAIT GALLERY, LONDRES

ram que a origem do Estado


Rei James II da Inglaterra, e/ou da sociedade está num
Godfrey Kneller. Óleo sobre
tela, 1684. James II foi o rei da contrato: os homens viveriam,
Inglaterra, Irlanda e Escócia de naturalmente, sem poder e
1685 a 1688, quando foi deposto sem organização – que so-
pela Revolução Gloriosa. mente surgiriam depois de
um pacto firmado por eles,
15 estabelecendo as regras de
comércio social e de subor-
dinação política. [...]
até hoje – surgiu com o Iluminismo, que
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RIBEIRO, Renato Janine. Hobbes:
se contrapunha à influência do misticismo o medo e a esperança. In:
sobre a ciência. Reforce que, em qualquer WEFFORT, Francisco. Os clássicos
situação, é preciso comprovar nossas hipó- da política. São Paulo: Ática,
2000. p. 53.
teses por meio da observação e do teste.
Esclareça que as teorias científicas não são
definitivas, pois outros podem aprimorá-las
ou mesmo contestá-las.

15

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2 e 5: abordadas com os
estudantes fazendo com que com-
preendam as particularidades das
A Revolução Puritana
revoluções analisadas e as implica- A Revolução Puritana aconteceu durante o governo do rei Carlos I, que esteve no poder por
ções políticas, sociais e econômicas quase 25 anos, de 1625 a 1649, de forma absoluta.
ao serem deflagradas. Nesse período, acirraram-se as insatisfações sociais. A burguesia, interessada em um sistema
• CEH 1 e 3: trabalhadas com a turma econômico mais liberal, criticava a constante intervenção do monarca nos assuntos econômicos.
à medida que os estudantes analisam Grupos religiosos perseguidos por Carlos I – seguidor do anglicanismo – também estavam insatis-
os fatos históricos e elaboram ques- feitos com seu governo. O mesmo ocorria com os membros do Parlamento inglês, que buscavam
tionamentos e hipóteses sobre as maior autonomia.
informações apresentadas. Em 1640, pequenos proprietários e representantes da nobreza rural (a gentry), aliados a
• Habilidade EF08HI02: enfocada com alguns setores da burguesia, em geral seguidores da religião puritana, organizaram um exército
os estudantes ao descrever e carac- que lutou contra as forças do rei Carlos I. Em 1649, o rei foi vencido e condenado à morte.
terizar as causas e os efeitos das A monarquia foi substituída por uma república, liderada por Oliver Cromwell, que governou
Revoluções Puritana e Gloriosa. de forma autoritária entre 1649 e 1658. Em 1650, decretou os Atos de Navegação, um con-
junto de medidas protecionistas que restringiam o uso de navios estrangeiros no comércio naval
entre o Reino Unido e suas colônias. Essas medidas contribuíram para o crescimento econômico
PROCEDIMENTOS da Inglaterra e para o fortalecimento da burguesia inglesa.
DIDÁTICOS
Apresente os principais aspec-
tos da Revolução Puritana
abordados no item, chamando
a atenção para as contradições
que existiam entre os interesses
da burguesia e o poder monár-
quico na Inglaterra. Insatisfeitos,
os burgueses estabeleceram
alianças com diversos setores
para derrubar o rei. É importante
que os estudantes percebam
que tanto essa revolução como
a Revolução Gloriosa foram
motivadas por um forte questio-

MUSEU NACIONAL DO HERMITAGE, SÃO PETERSBURGO, RÚSSIA.


namento ao Absolutismo.
Pode ser feito um esquema
na lousa diferenciando monar-
quia e república, com base no
trecho a seguir:
a [...] monarquia se carac-
teriza pela existência de um
chefe de Estado cujo cargo
é vitalício e hereditário. Ele Oliver Cromwell abre o caixão de Carlos I, Paul Hippolyte Delaroche. Óleo sobre tela, 1831.
pode ser o chefe supremo do
país, em monarquias absolu- 16
tas (mas essas praticamente
não existem mais), ou pode
ser um líder simbólico, como chefe de Estado costuma16ser também o
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acontece na maioria das mo- chefe do governo, mas seu mandato tem
narquias que ainda existem prazo delimitado e seu sucessor também
(monarquias constitucionais). deve ser escolhido pelo voto popular.
Por outro lado, a república
BLUME, Bruno André. Monarquia e República:
rejeita a figura do rei. O che-
qual a diferença? Politize!, [s. l.], 13 nov. 2015.
fe de Estado é escolhido pelo Disponível em: https://www.politize.com.br/
voto popular, cuja vontade é monarquia-e-republica-qual-a-diferenca.
considerada soberana. Esse Acesso em: 18 jul. 2022.

16

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A Revolução Gloriosa Oriente a leitura do item A
A Revolução Puritana rompeu com a monarquia, mas não com o autoritarismo. Após a morte Revolução Gloriosa e ajude
de Cromwell, em 1658, o Parlamento inglês decidiu pela volta do regime monárquico. Carlos II, os estudantes a perceber que a
filho do rei Carlos I, retornou de seu exílio na França e assumiu a Coroa da Inglaterra. aprovação da Declaração de
Carlos II não chegou a implantar oficialmente o Absolutismo como forma de governo, mas pro- Direitos permitiu o fortaleci-
curou fortalecer o poder régio e enfraquecer a força do Parlamento. Faleceu em 1685 e, como não mento do Parlamento inglês e, ao
deixou herdeiros legítimos, foi sucedido por seu irmão Jaime II, que manteve as práticas absolutistas. mesmo tempo, forçou uma nova
Em 1688, o Parlamento conseguiu depor Jaime II e entregou o trono a seu genro, o príncipe forma de atuação dos monarcas.
holandês Guilherme de Orange. Foi esse processo que deflagrou a Revolução Gloriosa, assim
Explique as características do
chamada porque a deposição do rei Jaime II ocorreu sem conflitos ou mortes.
Coroado como Guilherme II em 1689, o novo rei aceitou o
Antigo Regime e destaque as
acordo feito com o Parlamento de obedecer às medidas previstas Exílio: local em que uma pessoa novas práticas sociais que ganha-
se refugia após se retirar de sua
na Bill of Rights (Declaração de Direitos, em tradução do inglês), pátria de forma voluntária ou
vam força em toda a Europa.
que garantia ao Parlamento o direito de votar leis que o rei obrigatória. Para explorar a importân-
deveria aceitar e respeitar. Por isso, a assinatura do documento Antigo Regime: a expressão cia histórica da Declaração de
usada após a Revolução Francesa
representou o fim do Absolutismo na Inglaterra e do poder ilimi- Direitos, leia alguns trechos,
para se referir aos sistemas
tado do rei inglês, que passou a governar ao lado do Parlamento. social e político, aristocráticos, selecionados na seção Texto
A partir da Inglaterra, esse processo de mudança, não só da que vigoraram principalmente na
Europa ocidental entre os séculos complementar, reproduzidos
forma de governo mas também do modo de pensar e das práticas
XVI e XVIII. Caracterizou-se a seguir. Aponte o pioneirismo
sociais, iria se difundir por outros países da Europa – sobretudo pela existência de monarquias
a França – no decorrer do século XVIII. Assim, contribuiu para o absolutas, pela prática do
desse documento que limitou o
surgimento do Iluminismo, um movimento cultural que criticava mercantilismo e pela divisão da poder dos governantes, garan-
sociedade em estamentos. tiu a soberania do Parlamento
o Antigo Regime.
e transformou as relações entre
BIBLIOTECA REAL, HAIA, PAÍSES BAIXOS.

o Estado e os cidadãos.

Detalhe de Partida de Guilherme de Orange dos Países Baixos e chegada a Torbay, Romeyn
de Hooghe. Gravura, 1695. Guilherme de Orange lidera a deposição de Jaime II, evento sucedido
pela assinatura da Declaração de Direitos.

17

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd 17 5. Que constitui um direito dos súdi-
05/08/22 16:10 não devem ser impedidos ou
tos apresentarem petições ao Rei, sendo questionados por qualquer
Declaração de Direitos (1689) ilegais todas as prisões ou acusações por tribunal ou local fora do Par-
motivo de tais petições. lamento. [...]
1. Que é ilegal o pretendido poder de 6. Que levantar e manter um exército
suspender leis, ou a execução de leis, pe- ISHAY, Micheline R. (org.).
permanente dentro do reino em tempo de
la autoridade real, sem o consentimento Direitos Humanos: uma
paz é contra a lei, salvo com permissão do antologia. São Paulo: Edusp,
do Parlamento. Parlamento. [...] 2006. p. 171-173.
2. Que é ilegal o pretendido poder de 8. Que devem ser livres as eleições dos
revogar leis, ou a execução de leis, por membros do Parlamento.
autoridade real, como foi assumido e pra- 9. Que a liberdade de expressão, e de-
ticado em tempos passados. [...] bates ou procedimentos no Parlamento,
17

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2 e 6: abordadas com os es-
tudantes fazendo com que analisem
o contexto histórico estudado e O NASCIMENTO DO ILUMINISMO
construam argumentos acerca das As primeiras manifestações do que mais tarde viria a ser chamado de Iluminismo ocorreram
características do Iluminismo. nos Países Baixos ainda no século XVII. Por essa época, ali havia mais liberdade de pensamento
• CEH 1, 2 e 3: trabalhadas com a turma e de expressão do que em qualquer outro país da Europa. Um dos prováveis motivos disso é que
à medida que os estudantes analisam a forma de governo vigente era a república, e não a monarquia absolutista.
os fatos históricos e elaboram ques- Nos Países Baixos, podiam-se discutir e publicar tratados científicos contra a Igreja Católica e
tionamentos e hipóteses sobre o o absolutismo monárquico. Dois dos mais importantes precursores do Iluminismo, o pensador
nascimento do Iluminismo. inglês John Locke (1632-1704) e o filósofo francês René Descartes (1596-1650), viveram alguns
• Habilidade EF08HI01: enfocada com os anos na Holanda, uma das províncias dos Países Baixos.
estudantes ao descrever os aspectos Locke é um dos pioneiros do pensamento liberal. Ele defendia a liberdade de consciência,
conceituais e as principais caracterís- a tolerância religiosa, o direito de cada um escolher a própria religião, e propunha a separação
ticas do Iluminismo. entre a Igreja e o Estado. Outro importante pioneiro do Iluminismo foi o cientista inglês Isaac
Newton (1643-1727). Ele afirmava que a ciência deveria descobrir leis universais e explicá-las
por meio da razão, ou seja, de forma racional.
PROCEDIMENTOS Dois temas, portanto, começavam a se destacar entre os pensadores ingleses na passagem
DIDÁTICOS do século XVII para o século XVIII: a necessidade da tolerância para o convívio em sociedade e o
Para trabalhar o conteúdo rela- uso da razão como instrumento fundamental do conhecimento humano.
cionado ao Iluminsmo, pode-se Na França, Descartes já tinha defendido o
método racional de pensamento e o uso da reflexão e Países Baixos: o Reino dos Países Baixos
recorrer a metodologias ativas, localiza-se no noroeste da Europa. Como
da dúvida para chegar à verdade. Para ele, a razão era uma de suas regiões mais influentes recebe
como a sala de aula invertida. o ponto de partida de todo conhecimento. As ideias o nome de Holanda, o país ficou assim
Caso opte por esse procedimento deviam ser colocadas à prova e rigorosamente inves- conhecido. Seus habitantes são chamados de
pedagógico, oriente os estu- neerlandeses (e de holandeses).
tigadas. Somente aquelas que resistissem às dúvidas e
Precursor: aquele que inicia algo novo.
dantes a fazer em casa, ou na à investigação deveriam ser consideradas verdadeiras.
biblioteca da escola, uma pes-
quisa sobre materiais digitais,
como videoaulas, ­podcasts, entre
outros sobre o assunto. Quando
retornarem, esclareça as dúvidas
e faça um apanhado final sobre o
assunto. É importante que você
também pesquise previamente
materiais digitais para orientar Representação
a turma. de diversas
Caso siga o caminho da aula funções do
corpo humano
expositiva, pergunte à turma o em desenho de
que sabe sobre o Iluminismo e René Descartes
publicado
anote na lousa as primeiras ideias na obra De
e impressões gerais que surgi- Homine
Figuris, de
rem. Ao desenvolver o tema,
1662.
informe que o termo vem do THE PICTURE ART COLLECTION/ALAMY/FOTOARENA

latim illuminare, que significa 18


“colocar luz sobre, esclarecer”, e
evoca uma ideia de passagem do
“obscurantismo” para a busca o Absolutismo significava defender
D3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd 18 o princípio as primeiras manifestações dos ideais iluminis- 05/08/22 16:10

do conhecimento racional. de que todos são livres, iguais e independen- tas no século XVII.
Em seguida, apresente um tes mas também sustentar que havia limites Para apresentar as principais ideias de
resumo das ideias defendidas que os governantes não deveriam ultrapassar. Descartes e mostrar sua influência na formação
por John Locke, informando Chame a atenção para a resistência contra o do movimento iluminista, elabore um resumo
aos estudantes que o filósofo foi pensamento iluminista fora da Inglaterra, rela- na lousa.
influenciado pelas transforma- cionando-a ao fato de que em muitos lugares
ções provocadas pela Revolução ainda prevalecia o Absolutismo. Destaque,
Gloriosa. Utilize o resumo para entretanto, a importância da liberdade de pen-
explicar à turma que combater samento vigente nos Países Baixos, que permitiu
18

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Em nome da razão Ao apresentar os principais
Esses e outros pensadores foram fundamentais para a formação de uma nova geração de pontos defendidos pelos pen-
filósofos e de cientistas interessados em pensar racionalmente, sem recorrer ao pensamento sadores iluministas no item Em
religioso para explicar a natureza e a sociedade. Essas foram as bases para o desenvolvimento nome da razão, aproveite para
do Iluminismo, um movimento que abarcou diversos campos do conhecimento humano, como a incentivar um debate sobre como
Filosofia, as Ciências, a Política, a Economia e o estudo da sociedade e da cultura em geral. a liberdade de pensamento é
Em suas reflexões e, em parte, em suas ações, os iluministas defendiam: imprescindível a qualquer situa-
• a extinção da ignorância e da superstição por meio da educação e da divulgação do ção que envolva construção de
conhecimento científico;
conhecimento, inclusive em sala
• o uso da razão como instrumento para conquistar a liberdade e a capacidade de o ser
de aula. Assim, além de possi-
humano pensar por si próprio;
bilitar o desenvolvimento das
• a tolerância e as liberdades religiosa e política;
competências gerais indicadas,
• a liberdade de consciência e de expressão;
a abordagem contribui para o
• a condenação das injustiças, dos privilégios, da dominação religiosa e do Estado absolutista.
desenvolvimento de competên-
cias socioemocionais, como a

GRANGER/FOTOARENA
autonomia, a curiosidade, o
autoconhecimento e a criativi-
dade. O Texto complementar
a seguir apresenta orientações
sobre como planejar práticas
pedagógicas para o desenvol-
vimento dessas competências
e como acompanhá-las.

AMPLIAR HORIZONTES
• LOCKE, John. Carta sobre a
tolerância. São Paulo: He-
dra, 2007.
Nessa obra, Locke afirma que to-
dos os homens pertencem a duas
sociedades, a civil e a religiosa
Mirabeau chega aos Campos Elísios, Jean Michel Moreau e Louis-Joseph Masquelier. Gravura
colorida, de 1792. Vários outros pensadores e cientistas, de diferentes épocas e lugares, estão (Estado e Igreja), e defende que
presentes na gravura: Benjamin Franklin, Montesquieu, Voltaire, Demóstenes e Cícero. devem se manter separadas.

1. O Iluminismo marca um período de grande circulação do conhecimento, com a difusão


de novas ideias a respeito da política, da economia, da religião, entre outros assuntos.
Uma de suas premissas era a defesa do pensamento científico. No seu entendimento,
a produção e a divulgação do pensamento científico são ainda importantes nos dias
atuais? Justifique sua resposta.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes desenvolvam seus argumentos considerando, por exemplo, que
o conhecimento científico possibilita melhorias no modo de vida das sociedades, além de ser um importante 19
instrumento no combate ao preconceito, às inverdades, à superstição e ao charlatanismo, por exemplo. para o acompanhamento e
monitoramento de forma per-
sonalizada.
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd 19 Planejamento: Diagnóstico de cada
05/08/22con-
16:10

texto. Embasamento teórico em pesquisas GLOBAL Education Leader’s


Habilidades socioemocionais ou conhecimentos externos. Construção Program Brasil. Questões
conceituais e práticas.
Recomenda-se que os professores vi- interdisciplinar. Envolvimento dos alu- Fundação Telefônica. [S. l.],
venciem as atividades que planejam, a nos (respeito e pactuação). Definição clara 2019. Disponível em: http://
fim de que desenvolvam suas próprias e explicitação dos resultados esperados. fundacaotelefonica.org.
competências socioemocionais e com- Flexibilidade para acolher situações ou br/wp-content/uploads/
elementos emergentes. pdfs/GELP/HABILIDADES-
preendam melhor o efeito que terão sobre
SOCIOEMOCIONAIS-
os seus alunos. Além disso, é importante Acompanhamento: Autoavaliação e ava- QUEST%C3%95ES-CONCEITUAIS-
que observem os seguintes passos quando liação em grupo para promover a fala e a E-PR%C3%81TICAS.pdf.
planejando e acompanhando suas ações: escuta de todos. Utilização de tecnologias Acesso em: 18 jul. 2022.
19

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3, 5 e 6: abordadas com os estu-
dantes fazendo com que identifiquem e
comparem as novas dinâmicas políticas
Cafés e clubes de leitura
e sociais estabelecidas com a valoriza- Até o século XVII, a circulação e a difusão do conhecimento na Europa estavam concentradas
ção da racionalidade e do pensamento quase exclusivamente nas universidades.
científico, com base no Iluminismo. Entre os séculos XVII e XVIII, como alternativa ao ensino das universidades, surgiram as
• CEH 1, 4 e 6: trabalhadas quando os academias científicas, onde estudavam os jovens da nobreza e da burguesia. Além de disciplinas
estudantes analisam e identificam como Matemática, Línguas e Filosofia, os acadêmicos estudavam
os acontecimentos históricos e cons- também as novas ideias, como as de John Locke sobre o Estado. Poder Legislativo:
troem interpretações sobre as novas A esse respeito, Locke defendia que o poder político advém do responsável por criar as leis.
dinâmicas políticas e sociais provoca- povo, que os poderes Legislativo e Executivo não poderiam Poder Executivo: responsável
das pelo movimento iluminista. por executar as leis, ou seja,
ficar nas mãos de uma mesma pessoa, e que os representantes colocá-las em prática.
• Habilidade EF08HI01: trabalhada com do Legislativo deveriam ser renovados periodicamente.
os estudantes ao analisar as novas Aos poucos, o interesse pelas novas ideias ultrapassou as fronteiras das universidades e das
configurações políticas e sociais cons- academias. Isso ocorreu, em parte, porque muitos dos iluministas eram também profissionais
tituídas com o movimento iluminista. liberais (como professores, médicos e advogados), artistas, nobres, comerciantes, funcionários
do Estado, clérigos etc. Essas pessoas se encontravam em lugares onde podiam conversar
PROCEDIMENTOS livremente, como nos cafés, nos clubes de leitura e em casas de particulares.
No século XVII, sobretudo na Inglaterra, na França e na Península Itálica, os cafés
DIDÁTICOS se tornaram ponto de encontro, onde as pessoas se reuniam para discutir novas ideias e
Para iniciar o estudo sobre acontecimentos recentes.
a produção e a circulação das
DUKAS/UNIVERSAL IMAGES GROUP/GETTY IMAGES

Esse estabelecimento foi


ideias iluministas, mostre aos originalmente fundado
estudantes as imagens da no final do século XVII e
fachada de um café e a placa é considerado o café mais
com registro dos nomes de antigo de Paris ainda em
funcionamento. Ele chegou
alguns iluministas que o frequen- a ser fechado em 1872,
tavam. Questione os estudantes mas foi reinaugurado na
sobre a origem social dessas década de 1920. Foi ponto
de encontro da comunidade
pessoas, orientando-os a verifi- artística e literária de Paris
car como elas figuram em outras dos séculos XVIII e XIX.
imagens do capítulo.
Na sequência, oriente a leitura HE
M
IS
/
do texto e peça aos estudantes

AL
AM
Y/
FO
que selecionem informações que

TO
AR
EN A
comprovem ou refutem a dis-
cussão feita em sala de aula. O Café Procope, em Paris, França.
Fotografia de 2020.
texto informa que os iluminis-
tas eram “jovens da nobreza e
da burguesia” e “também pro- Placa em francês que informa aos
fissionais liberais [...], artistas, visitantes um pouco da história do
Café Procope e sua importância durante
nobres, comerciantes, funcio-
o período da Revolução Francesa.
nários do Estado, clérigos etc.”.
Relembre que a sociedade do 20
Antigo Regime era hierarquizada
e pontue que a maioria da popu-
lação, composta de camponeses, Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd 20 05/08/22 16:10

não é representada em nenhuma


das imagens do capítulo. Identificar meios de circulação de ideias
Para incentivar a reflexão sobre a circulação e divulgação de conhecimento, peça aos
estudantes que identifiquem os recursos usados para essa finalidade na época. Devem ser
indicados: universidades, cafés, clubes de leitura, jornais, revistas, obras de arte etc.
A seguir, peça aos estudantes que listem os meios que cumprem essa função atualmente.
Compare os dois períodos. Destaque meios de comunicação como a internet, que disponi-
biliza vários textos gratuitos, muitos não publicados no suporte impresso.

20

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científico, a reação dos perso-
nagens envolvidos e também os
símbolos do pensamento ilumi-
As reuniões científicas nista de acordo com o contexto
A pintura desta página foi produzida por volta de 1768 pelo inglês Joseph Wright (1734-1797). estudado.
A obra representa uma reunião científica noturna ocorrida na casa de uma família. O objetivo
desse encontro era demonstrar, por meio de um experimento, a importância do ar para os seres Atividades
vivos. Para tanto, o cientista colocou uma ave dentro de um globo de vidro e, por meio de uma 1. a) O casal à esquerda parece
bomba de vácuo, controlou quanto de oxigênio entrava no globo. A obra registra o instante no indiferente; à direita, um ho-
qual o cientista indaga a seu público se devia liberar ou manter fechada a entrada de ar para mem parece rezar; também à
comprovar que a falta de oxigênio provocará a morte do pássaro. direita, uma jovem demons-
tra sofrimento, e a menina
junto dela aparenta medo.
Do lado oposto da mesa, um
homem e um garoto obser-
vam a cena com atenção. O
cientista segura um relógio,
talvez para determinar o
tempo que a ave sobreviverá.
b) O maior símbolo do Ilumi-
nismo está no jogo de
claro-escuro da obra; a
importância da ciência está
na centralidade da bomba
de vácuo e do cientista; o
protagonismo do cientista
está também no fato de ele
ter nas mãos a vida da ave.
c) Resposta pessoal. O uso de

NATIONAL GALLERY, LONDRES


animais em pesquisas cien-
tíficas é hoje questionado,
mas continua ocorrendo. A
atividade estimula o desen-
Experimento com um pássaro em uma bomba de ar, Joseph Wright. Óleo sobre tela, c. 1768. volvimento de habilidades
socioemocionais, como
FO
TO

a estabilidade emocional
AR
EN A

1. Após analisar a pintura com atenção, responda ao que se pede. e a tomada de decisões
a) As pessoas representadas na obra demonstram, por meio de gestos e expressões, diferentes responsáveis.
reações em relação ao experimento. Como você interpreta as reações desses espectadores?
b) Identifique elementos da obra que permitem afirmar que ela representa os princípios do
pensamento iluminista do século XVIII. Atividade complementar
c) Imagine se você participasse dessa reunião e tivesse de responder ao cientista o que ele
deveria fazer: liberar ou manter fechada a entrada de ar para comprovar a importância do
Pesquisar o uso
oxigênio para a respiração. Qual seria a sua resposta? Por quê? de animais em
Consulte respostas e comentários nas Orientações didáticas. experimentos
21 A pintura pode servir para um
debate sobre as questões éticas
que envolvem o uso de animais
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd 21 da luz, símbolo maior do Iluminismo, 05/08/22
repre-16:10 em pesquisas hoje. Organize a
Ao abordar o item que tem como tema As sentado pelo pintor. Essas considerações turma em grupos e peça aos
reuniões científicas, algumas questões podem desenvolvem olhares interdisciplinares e estudantes que pesquisem argu-
ser discutidas previamente com o auxílio dos exploram as informações contidas na imagem. mentos contrários e favoráveis ao
professores de Ciências e Arte. Prossiga solicitando aos estudantes que uso de animais em experiências.
Uma delas é o conteúdo científico da obra, observem e descrevam os elementos e as per- Os argumentos podem ser resu-
que tem como tema a demonstração de experi- sonagens que compõem a cena. Incentive-os midos em um painel. Destaque
mentos da pressão do ar. Destaque a importância a apontar hipóteses sobre o que foi repre- questões éticas, que demandam
da bomba de vácuo e da pesquisa sobre o ar sentado e anote-as na lousa. Com base nas reflexão e que nem sempre resul-
nos estudos da época. Em Arte, explore o uso discussões, explore os aspectos do experimento tam em consenso.
21

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2 e 7: abordadas com os estu-
dantes fazendo com que compreendam
o contexto histórico do Iluminismo e O ILUMINISMO NA FRANÇA
suas principais características. Ao ler uma imagem, precisamos ter preocupações semelhantes às que temos ao ler um
• CEH 1, 3 e 6: trabalhadas com a turma texto: qual é a ideia central? O que o autor quer informar? Por que tal obra foi produzida? Quais
à medida que os estudantes analisam aspectos escondeu? Por isso, dizemos que as imagens são representações. Para conhecer um
os fatos históricos e elaboram ques- pouco mais sobre os salões de Paris e os maiores nomes do Iluminismo francês, vamos analisar
tionamentos e hipóteses sobre as a pintura a seguir.
informações apresentadas.
• Habilidade EF08HI01: enfocada com IMAGEM CONDUTORA
os estudantes ao caracterizar o movi-

ACADEMIE DES SCIENCES ET BELLES LETTRES, ROUEN, FRANÇA. FOTO: ANICET-CHARLES LEMONNIER/ART IMAGES/GETTY IMAGES
mento iluminista e problematizar suas
principais características.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Antes da leitura do texto, peça
aos estudantes que observem a
imagem e busquem interpretar
seus sentidos e significados . É uma
pintura com muitos detalhes e é
importante que exercitem o olhar.
Posteriormente, peça que
alguém se voluntarie para a
leitura em voz alta.
Reforce com os estudantes
a opção do autor em reunir, na
mesma cena, pessoas que nunca
Leitura da tragédia “O órfão da China” no salão de madame Geoffrin ou Uma noite no salão de
se encontraram. Questione sobre madame Geoffrin, Anicet Charles Gabriel Lemonnier. Óleo sobre tela, 1822.
as possíveis razões que levaram
a essa escolha e se ela invalida a Pintado em 1822 pelo artista francês Anicet Charles Gabriel Lemonnier (1743-1824), o quadro
obra. Com base nas respostas, representa um encontro que teria ocorrido em 1755, na casa de madame Marie-Thérèse Geoffrin
explique que a liberdade do (1699-1777). Na realidade, a obra nasceu de uma grande fantasia do pintor, pois ele agrupou em
artista para atingir os objetivos uma mesma cena personagens que jamais se encontraram, ou que nunca estiveram ao mesmo
da obra permite licenças como tempo nos salões de madame Geoffrin.
Do ponto de vista da expressão artística, isso é o que chamamos de “licença poética”, recurso
essa, reforçando que a arte é,
pelo qual um artista modifica a realidade para dar realce a aspectos que considera importantes.
antes de tudo, representação. A intenção de Lemonnier ao pintar essa tela era pôr em evidência algumas das personagens mais
Solicite a eles que citem outros importantes do Iluminismo francês. O fato de várias delas nunca terem se encontrado nos salões
exemplos de licença poética que de madame Geoffrin não tinha importância nesse contexto.
já tenham observado em obras Do ponto de vista da história, a obra reforça a noção de que as imagens são representações
visuais ou literárias. As contribui- de um interesse, aspectos de uma realidade, e não uma reprodução exata do que aconteceu.
ções podem ser aproveitadas para
22
ampliar essa reflexão.
Comente ou pergunte sobre
situações de fotos publicitárias de
alimentos em que são utlizados D3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd 22 05/08/22 16:10

efeitos digitais com o objetivo de


tornar o produto mais atraente,
embora a imagem apresentada
nem sempre corresponda à reali-
dade. É provavel que eles tenham
bastante conhecimento sobre essas
situações. Ao final, reforce o papel
de representação das imagens.

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A influência de Voltaire Ao examinar o texto do item
Repare na anfitriã, madame Geoffrin. Sentada à direita, na primeira fileira, a senhora olha A influência de Voltaire,
para o observador, ou seja, para aquele que contempla a cena representada na tela. Desde 1740, retome o significado do termo
ela reunia grupos de pessoas em sua casa regularmente. Além de burgueses, aristocratas, embai- “mecenas” para comentar o
xadores e visitantes estrangeiros, ela recebia, às segundas-feiras, artistas e apreciadores das artes. lugar de destaque ocupado por
Às quartas-feiras, eram os “homens de letras”, escritores e outras pessoas interessadas em discutir madame Geoffrin entre os pen-
obras literárias recém-publicadas. sadores iluministas. É importante
Na pintura, madame Geoffrin que compreendam a permanên-
IC

ACADEMIE DES SCIENCES ET BELLES LETTRES, ROUEN, FRANÇA. FOTO: ANICET-


e seus muitos convidados apare-
cia da prática do mecenato e a
cem agrupados em semicírculo. Os
quadros nas paredes podem revelar
importância dela nos espaços
como a anfitriã gostava de arte. O de difusão do conhecimento
luxo do ambiente sugere que ela era e de reflexão.

CHARLES LEMONNIER/ART IMAGES/GETTY IMAGES


muito rica, além de ser uma mecenas:
grande incentivadora da arte, da lite-
ratura e dos salões. Os convidados
estão concentrados em ouvir a leitura
da obra O órfão da China, escrita
por Voltaire em 1755, lida pelo ator
Henri-Louis Cain (1729-1778).
ACADEMIE DES SCIENCES ET BELLES LETTRES, ROUEN, FRANÇA. FOTO: ANICET-CHARLES LEMONNIER/ART IMAGES/GETTY IMAGES

ACADEMIE DES SCIENCES ET BELLES LETTRES, ROUEN, FRANÇA. FOTO: ANICET-CHARLES LEMONNIER/ART IMAGES/GETTY IMAGES

O ator Henri-Louis Cain, de casaco Madame Geoffrin, detalhe


vermelho, próximo do busto de Voltaire. da pintura de Lemonnier.
Detalhe da pintura de Lemonnier.

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• GORRI, Ana Paula; SANTIM FILHO, Ourides. Representação de temas científicos em pintura do século
XVIII: um estudo interdisciplinar entre Química, História e Arte. Química Nova Escola, São Paulo, v. 31,
n. 3, p. 184-189, ago. 2009. Disponível em: http://webeduc.mec.gov.br/portaldoprofessor/quimica/sbq/
QNEsc31_3/06-HQ-0808.pdf. Acesso em: 18 jul. 2022.
O artigo analisa, de maneira interdisciplinar, temas científicos na pintura Experimento com um pássa-
ro em uma bomba de ar (1768), de Joseph Wright.

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2 e 6: abordadas com os es-
tudantes fazendo com que analisem
A liberdade de expressão ACADEMIE DES SCIENCES ET BELLES LETTRES, ROUEN, FRANÇA.
as particularidades do Iluminismo e FOTO: ANICET-CHARLES LEMONNIER/ART IMAGES/GETTY IMAGES

construam argumentos críticos sobre Voltaire, cujo nome de batismo IC


as ideias propostas por diferentes era François-Marie Arouet (1694-
pensadores. 1778), foi um dos mais importantes
• CEH 1 e 6: trabalhadas com a turma à iluministas franceses. Voltaire enten-
medida que os estudantes problema- dia que o rei representava e dirigia
tizam os conceitos apresentados e os a nação. Porém, para ele, o poder
relacionam às transformações empre- absoluto do monarca deveria ser
endidas pelo Iluminismo no período empregado para alcançar um pro-
estudado. gresso cultural e social, capaz de
• Habilidade EF08HI01: trabalhada com atender aos interesses de seus súditos.
os estudantes ao problematizar as O pensador francês defendia a
críticas propostas pelos pensadores liberdade de expressão e julgava
iluministas às práticas absolutistas e essencial combater o clero e todos os
em defesa da liberdade de expressão. nobres que fizessem oposição aos monarcas. Também defendia reformas educacio-
nais e o apoio ao comércio controlado pela burguesia. Para marcar a importância de
Voltaire sem representá-lo entre os outros convidados, o pintor Lemonnier resolveu
PROCEDIMENTOS representá-lo por meio de um busto, colocado quase no centro da tela.
DIDÁTICOS
Mostre aos estudantes como
o artista representou a importân-
cia de Voltaire: um busto quase
no centro da tela e acima da
cabeça dos demais pensadores. O busto de Voltaire
domina o centro
Questione-os sobre o significado da tela e está
dessa composição, chamando a mais alto do que
a linha formada
atenção para os recursos sim- pelas cabeças
bólicos utilizados na obra. Esse dos convidados.
exercício pode auxiliá-los a per- Simbolicamente,
com esse artifício,
ceber aspectos subjetivos da o pintor quer
comunicação visual, que tem representar como
as ideias inovadoras
o potencial de construir ideias de Voltaire deveriam
complexas sem recorrer à lin- dirigir o encontro.
ACADEMIE DES SCIENCES ET BELLES LETTRES, ROUEN, FRANÇA.
guagem textual. FOTO: ANICET-CHARLES LEMONNIER/ART IMAGES/GETTY IMAGES

Em seguida, apresente um
resumo das ideias de Voltaire, 1. A liberdade de expressão é um dos pilares da democracia. Porém, o direito à livre
destacando a defesa do livre manifestação de opiniões e ideias não é irrestrito, mas considera os limites necessários
pensamento, a crítica à crença ao convívio harmônico em sociedade. Pessoas que propagam o racismo e a discrimina-
ção e incitam crimes, por exemplo, extrapolam o direito de liberdade de expressão e
em milagres e a defesa da exis- podem ser punidas pelas autoridades. Discuta com seus colegas a importância desse
tência de Deus como princípio princípio para assegurar o fortalecimento dos mecanismos democráticos no presente.
explicativo do universo. Diga Resposta pessoal. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
aos estudantes que esse aspecto 24
religioso do pensamento dele,
contudo, não foi suficiente para
poupá-lo da repressão que sofreu Atividade
D3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd 24 a liberdade de expressão, exceto para os 05/08/22 16:10

da Igreja Católica. Pontue que, 1. A Constituição brasileira consagrou a liber- discursos de ódio. Ou seja, há liberdade de
apesar de criticar a monarquia dade de expressão. No entanto, diversos expressão desde que ela preserve a tolerância
francesa, Voltaire não defendia discursos de intolerância, preconceitos, e as liberdades públicas. Segundo o filósofo
a extinção da monarquia abso- racismos, incentivo à violência (inclusive Karl Popper, é preciso “exigir, em nome da
lutista – para ele, os monarcas em direção aos poderes constituídos) levou tolerância, o direito de não tolerar os into-
deveriam agir conforme a razão o Supremo Tribunal Federal do país a arbi- lerantes”, do contrário “os tolerantes serão
e adotar preceitos iluministas. trar sobre a questão. Em suma, garantiu-se destruídos e a própria tolerância com eles”.

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Crítica ao Absolutismo Ao falar das contribuições
Sentado, bem no canto direito da tela, de casaco escuro, está representado outro grande ilu- do movimento iluminista no
minista: o jurista Charles-Louis de Secondat (1689-1755), conhecido como barão de Montesquieu. combate ao Absolutismo, chame
Montesquieu criticava os costumes morais, religiosos e políticos da a atenção para outros pensado-
França. Segundo ele, as leis não deveriam ser elaboradas de acordo Poder Judiciário:
res representados na pintura:
com os desejos dos governantes, e sim com base nas realidades social responsável pela Montesquieu e Rousseau.
e histórica de cada povo. Era um crítico fervoroso do Absolutismo e manutenção da ordem Apresente as principais ideias
defendia a divisão do poder em três: Poder Executivo, Poder Legislativo constitucional e por
fazer cumprir as leis. de Montesquieu e destaque
e Poder Judiciário. Trata-se de um avanço em relação às ideias de
sua proposta de divisão dos
Locke, que propunha a existência de apenas
IC poderes para combater os
dois poderes, o Legislativo e o Executivo.

FOTO: ANICET-CHARLES LEMONNIER/ART IMAGES/GETTY IMAGES


ACADEMIE DES SCIENCES ET BELLES LETTRES, ROUEN, FRANÇA.
Em pé, de perfil e atrás de Claire-Josèphe abusos dos governantes.
Léris (1723-1803), considerada uma das Pergunte o que os estudantes
maiores atrizes de seu tempo, está represen- sabem sobre os três poderes e,
tado Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), um se necessário, esclareça a função
dos pensadores mais originais do Iluminismo. de cada um. Procure perceber se
Sua crítica ao Absolutismo era a mais radical os alunos entendem na prática o
entre os iluministas.
papel de cada poder e se eles e
Republicano, Rousseau afirmava que o
suas famílias se sentem contem-
verdadeiro soberano era o povo, e o governante
era apenas um funcionário dos cidadãos. Estes, plados nas ações desses poderes.
por sua vez, deveriam manifestar diretamente sua “vontade Depois, leia para a turma
geral” por meio da maioria dos votos em assembleias, e não Montesquieu. o trecho da obra Do espí-
por intermédio de representantes políticos eleitos. Detalhe da pintura rito das leis, na seção Texto
de Lemonnier.
Hoje, chamaríamos essa primeira opção de democra- complementar, destacando a
cia direta, e a segunda, de democracia representativa. Para importância desse modelo de
Rousseau, os princípios de liberdade e igualdade social deve- governo, em contraposição ao
riam ser os pilares de um Estado democrático.
antigo modelo, embasado no
poder absoluto dos reis.
Para trazer o tema para ques-
tões contemporâneas, procure
demonstrar também que essa
proposta de governo ganhou
FOTO: ANICET-CHARLES LEMONNIER/ART IMAGES/GETTY IMAGES
ACADEMIE DES SCIENCES ET BELLES LETTRES, ROUEN, FRANÇA.

força a partir do século XIX e


vigora ainda hoje em muitos
A atriz Claire países, contudo continua sendo
Josèphe Léris
e Jean-Jacques
debatida e aperfeiçoada. Ao
Rousseau, de perfil, abordar a defesa do poder sobe-
à esquerda no rano do povo por Rousseau,
destaque. Detalhe
da pintura de detalhe também os exemplos
ACADEMIE DES SCIENCES ET BELLES LETTRES, ROUEN, FRANÇA.
Lemonnier. atuais de democracia direta e
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democracia indireta ou demo-
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cracia representativa.

Texto complementar
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Do espírito das leis


A liberdade política, em um cidadão, é esta tranquilidade de espírito que provém
da opinião que cada um tem sobre a sua segurança; e para que se tenha essa liberda-
de é preciso que o governo seja tal que um cidadão não possa temer outro cidadão.
[...] Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais ou dos
nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer as leis, o de executar as
resoluções públicas, e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos.
MONTESQUIEU, Charles Louis. Do espírito das leis. São Paulo:
Difusão Europeia do Livro,1962. v. 1, p. 168.
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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 4 e 6: abordadas com os es-
tudantes fazendo com que construam
interpretações problematizadas acer-
A Enciclopédia
ca dos instrumentos de criação e Voltemos à tela que representa a sala de estar de madame Geoffrin. Repare em dois
divulgação dos saberes científicos. homens: um deles, de casaco vermelho; o outro, de casaco verde, sentados. Você os encon-
• CEH 2 e 3: trabalhadas com a turma trou? Eles são a representação, respectivamente, de D’Alembert e de Diderot.
à medida que os estudantes analisam Jean Le Rond D’Alembert (1717-1783) estudou Filosofia, Matemática, Direito e Medicina.
as transformações promovidas com o Denis Diderot (1713-1784) era mestre em Arte e escritor. Juntos, foram convidados por
desenvolvimento da Enciclopédia um editor para dirigir uma publicação que se tornou um marco do Século das Luzes:
iluminista. a Enciclopédia.
• Habilidade EF08HI01: enfocada com O propósito da obra era elaborar um quadro geral dos conhecimentos humanos em todos os
os estudantes ao analisar de que campos do saber. Ao longo de seus
maneira os pensadores iluministas 28 volumes, a Enciclopédia continha
IC
promoveram a divulgação e a cons- 718 mil verbetes e 2 885 gravuras.

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trução dos saberes científicos na

ACADEMIE DES SCIENCES ET BELLES LETTRES, ROUEN, FRANÇA.


Diderot foi responsável pela coorde-
sociedade europeia do período. nação geral do projeto, e D’Alembert
escreveu os verbetes sobre Ciências
Naturais e Matemática.
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Oriente a análise da re­presen- Verbete: cada um dos termos, e
tação de D’Alembert e Diderot, informações correspondentes, listados em
os autores responsáveis pela um dicionário ou em uma enciclopédia.

organização da Enciclopédia,
associada à leitura do texto do
item A Enciclopédia. Durante
a abordagem, auxilie a turma a
perceber que a publicação da
Enciclopédia foi a materialização
de diversos princípios iluminis-
tas. A valorização da ciência e da
razão está na proposta de regis-
trar, compilar e organizar todo o
FOTO: ANICET-CHARLES LEMONNIER/ART IMAGES/GETTY IMAGES

FOTO: ANICET-CHARLES LEMONNIER/ART IMAGES/GETTY IMAGES


ACADEMIE DES SCIENCES ET BELLES LETTRES, ROUEN, FRANÇA.

ACADEMIE DES SCIENCES ET BELLES LETTRES, ROUEN, FRANÇA.


conhecimento desenvolvido na
época e tornar esse conhecimento
acessível a todos.
Pergunte aos estudantes se eles
conhecem alguma enciclopédia.
Algumas famílias ou bibliotecas
ainda possuem exemplares desse
tipo de obra. Pergunte também o
que eles consideram hoje a maior D’Alembert. Detalhe da pintura de Lemonnier. Diderot. Detalhe da pintura de Lemonnier.
fonte de informação: os livros? A
internet? Esse é um bom momento 26
para reforçar que, embora a inter-
net tenha “tudo”, ela também
abriga muito material produzido para pesquisas escolares, nas26quais os pontos
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sem qualquer qualificação, fake de vista dos autores tendem a estar subordi-
nados a uma apresentação de dados e fatos. • BURKE, Peter. Uma história social do co-
news etc. Por isso, vale apontar
Mas a Enciclopédia iluminista é muito mais nhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de
os cuidados que eles devem ter ao
que isso – pretendia fornecer subsídios para Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
usar materiais da internet. um novo modo de pensar, organizar todas O livro aborda a história do conhecimento, sua evo-
Texto complementar as áreas de conhecimento e ao mesmo tem- lução nas maneiras de distribuição e disseminação, o
po transformá-las em profundidade. controle pela Igreja e pelo Estado, entre outros tópicos.
Subsídios para o pensar
GUIMARÃES, Bruno; ARAÚJO, Guaracy; PIMENTA,
Em nossa época, enciclopé- Olímpio. Filosofia como esclarecimento. São Paulo:
dias são obras de referência Autêntica, 2014. (Coleção Práticas Docentes).
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A divulgação do conhecimento Lembre os estudantes que
Durante o Iluminismo, muitos cientistas, escritores e filósofos passaram o propósito de divulgação
a buscar respostas racionais para diferentes aspectos da sociedade, da natu- universal do conhecimento,
reza e do Universo. Esses pensadores desenvolveram novas ideias sobre a interligando suas diferentes áreas
política e a sociedade, além de abrirem caminho para descobertas científicas em uma grande rede de informa-
e inventos tecnológicos. ções, inspirou a criação de outras
Os pensadores iluministas, espalhados pela Europa, produziram diversos enciclopédias e está presente
livros com o objetivo de organizar e divulgar os saberes adquiridos com as também nos sistemas digitais de
novas descobertas da ciência moderna, para que o público leigo tivesse con-
informação atuais. Se considerar
dições de acompanhar os avanços. Esse esforço tomou forma especialmente
por meio de obras conhecidas como enciclopédias.
válido, promova um debate sobre
A Enciclopédia foi publicada em Paris, entre 1751 e 1772. Os organiza- a importância do acesso univer-
dores da obra convidaram outros iluministas para participar do projeto, entre sal ao conhecimento, ressaltando
eles Montesquieu, Rousseau e Voltaire. que a formação intelectual,

BRIDGEMAN/FOTOARENA
A partir daí, muitas outras enciclopé- cognitiva e humana deve ser
dias foram publicadas no mundo, todas oferecida a todos e contribui
inspiradas na de Diderot e D’Alembert. Um para a igualdade de condições.
exemplo contemporâneo é a Wikipédia, na
qual podem ser encontradas informações Atividade
sobre uma grande variedade de assuntos.
1. Os estudantes podem produzir

REPRODUÇÃO/WIKIPÉDIA
Gravura da Enciclopédia, feita por o verbete que acharem mais
Benoit-Louis Prevost, que representa um adequado, mas é possível
estudo anatômico de esqueleto, c. 1770.
sugerir a eles que façam um
A versão francesa da Enciclopédia seguia a verbete aprofundando um
ordem alfabética e trazia textos que desenvolviam Barra de ferramentas
da enciclopédia virtual dos temas estudados até o
temas relacionados às ciências e aos conheci-
mentos humanos, dando especial importância Wikipédia, em língua momento e que tenha lhes
portuguesa. Junho
para a explicação de termos técnicos e científicos.
de 2022.
despertado mais interesse. Ao
final, esse material pode virar
um verbete eletrônico a ser
1. A escrita de um verbete da Wikipédia segue algumas normas e padrões. Em grupo,
selecionem três verbetes da Wikipédia (por exemplo, os verbetes com as biografias
enviado para a comunidade
de Montesquieu, Rousseau e Voltaire) e procurem identificar aspectos em comum escolar e os familiares.
desses textos. Analisem principalmente o formato, a linguagem utilizada e o uso
de recursos não textuais. Em seguida, elaborem um verbete novo, com tema à sua
escolha, tomando como parâmetro as características observadas.
Produção pessoal. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
FICA A DICA
• BBC Ciência. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/topics/cr50y580rjxt. Acesso
em: 19 jun. 2022.
A seção do portal do jornal britânico BBC contém artigos de divulgação científica em linguagem
acessível, contribuindo para levar conhecimentos em diversas áreas para um público amplo.

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• PASSOS, Úrsula. A Enciclopédia e o mundo esclarecido em verbetes. Folha de S.Paulo, São Paulo, 16 ago. 2015. Disponível em: https://www1.
folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/08/1668699-a-enciclopedia-e-o-mundo-esclarecido-em-verbetes.shtml. Acesso em: 18 jul. 2022.
Ao apresentar uma edição brasileira da Enciclopédia iluminista, de Diderot e D’Alembert, o artigo descreve as principais características da principal em-
preitada iluminista.
• HIR, Pierre Le. A bisavó da Wikipédia. Folha de S.Paulo, São Paulo, 28 fev. 2010. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/
fs2802201014.htm. Acesso em: 29 jun. 2022.
Na entrevista dada originalmente ao jornal Le Monde, o historiador da cultura Roger Chartier fala sobre o caráter subversivo da Enciclopédia iluminista.

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2 e 6: abordadas com os es-
tudantes ao analisar os impactos do
liberalismo econômico e o surgimen-
O liberalismo econômico
to de déspotas esclarecidos. Com o lluminismo, as propostas do mercantilismo, ainda em vigor na Europa, foram
• CEH 1 e 3: trabalhadas com a turma colocadas em xeque. Os filósofos e economistas iluministas passaram a criticar duramente a
à medida que os estudantes analisam postura intervencionista do Estado. Segundo eles, o desenvolvimento econômico só poderia
os fatos históricos e elaboram ques- ser alcançado quando existisse a completa liberdade de mercado, sem qualquer regula-
tionamentos e hipóteses sobre as mentação estatal.
informações apresentadas. Como vimos no 7o ano, mercantilismo foi o conjunto de princípios político-econômicos que
• Habilidade EF08HI01: enfocada com se baseava na intervenção do Estado na economia, controlando as atividades econômicas e
os estudantes ao problematizar o impedindo a livre-iniciativa dos indivíduos. Seus seguidores acreditavam que o governo deveria
surgimento de novas ideias e práticas criar medidas de apoio à exportação e adotar políticas protecionistas para dificultar a entrada
econômicas, bem como a construção de produtos estrangeiros no país.
de novas modalidades políticas e de No século XVIII, a defesa da liberdade comercial e da não
Lei da oferta e da
governo no período abordado. intervenção do Estado na economia deu origem a uma corrente
procura: princípio defendido
de pensamento que recebeu o nome de liberalismo econômico. pelos pensadores liberais
Um dos principais representantes desse pensamento foi o pensador que afirma que o mercado
PROCEDIMENTOS escocês Adam Smith (1723-1790). Para ele, as relações comerciais se regula naturalmente
DIDÁTICOS deveriam ser reguladas naturalmente pelo mercado, por meio da
sem a intervenção do
Estado. De acordo com esse
Por meio de um esquema na lei da oferta e da procura. princípio, o preço de uma
O liberalismo econômico se tornou um importante instrumento mercadoria dependeria da
lousa, relembre as principais carac- sua quantidade (oferta) e
de crítica ao Absolutismo e às práticas econômicas adotadas pelas
terísticas do mercantilismo e do interesse das pessoas
monarquias do período. Muitos indivíduos defenderam reformas em comprá-la (procura).
apresente as características do
que ampliassem a liberdade do mercado e diminuíssem o poder Quando a oferta crescesse
liberalismo econômico. Com e a procura caísse, o preço
de intervenção do Estado, abrindo caminho para transformações
base no conteúdo do esquema, sociais importantes no século seguinte. O desenvolvimento do
diminuiria. E o inverso
provocaria a elevação
os estudantes podem fazer anota- capitalismo, por exemplo, pode ser diretamente relacionado à dis- do preço.
ções no caderno, desenvolvendo a seminação desse pensamento econômico.
habilidade de tomar notas. Nesse
momento, procure mostrar como O neoliberalismo
o liberalismo econômico tornou- O pensamento liberal teve grande influência nos países industrializados ao longo do século
-se um importante instrumento XIX e no início do século XX. Porém, entre as décadas de 1920 e 1930, muitos países atra-
de crítica ao Absolutismo e às vessaram crises econômicas graves, fazendo os governantes abandonarem as ideias liberais e
passarem a defender maior intervenção do Estado na economia.
práticas econômicas adotadas
Assim, por algumas décadas, as propostas políticas inspiradas pelos ideais liberais entraram
pelas monarquias do período.
em declínio. A partir da década de 1970, alguns economistas e políticos passaram a defender
Informe, também, que teóricos uma retomada de alguns princípios liberais. Essa retomada foi chamada de neoliberalismo e
liberais foram os primeiros a tratar significou a radicalização do princípio de que os Estados não deveriam intervir na economia.
a economia como ciência. Desde então, as políticas neoliberais se tornaram um modelo adotado por grande parte
dos países capitalistas em busca de crescimento econômico. Um dos principais desdobramentos
Texto complementar
do neoliberalismo é o aumento da pobreza e das desigualdades econômicas nos países que
Impacto do adotam essas políticas. Por isso, atualmente, indivíduos e grupos sociais questionam a validade
neoliberalismo desse tipo de política e lutam contra o neoliberalismo.
Talvez o impacto mais pe- No Brasil, as medidas neoliberais começaram a ser colocadas em prática a partir de 1990.
rigoso do neoliberalismo não Entre essas medidas, podemos citar a privatização de diversas empresas estatais.
seja a crise econômica, mas a
crise política que causou. Con-
28
forme se reduz o domínio do
Estado, reduz-se também a
possibilidade de mudar o cur- pobres e das classes médias.
D3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd 28 Conforme os no establishment político”. Quando o debate 05/08/22 16:10
so de nossas vidas por meio do partidos de direita e a ex-esquerda adotam político não faz mais sentido para nós, as
voto. Ao contrário, assegura a políticas neoliberais semelhantes, o desem- pessoas tornam-se suscetíveis a slogans,
teoria neoliberal, as pessoas poderamento transforma-se em privação símbolos e sensações. Para os admiradores
podem exercer a escolha pe- dos direitos civis. Um grande número de de Trump, por exemplo, fatos e argumen-
lo consumo. Mas alguns têm pessoas foi varrido da política. tos parecem irrelevantes.
mais do que outros para gas- Chris Hedges observa que “movimentos
MONBIOT, George. Para compreender o
tar: na grande democracia do fascistas constroem suas bases não entre as neoliberalismo além dos clichês. Outras
consumidor ou do acionista, pessoas politicamente ativas, mas entre as Palavras, [s. l.], 23 abr. 2016. Disponível em:
os votos não são igualmente politicamente inativas, os ‘perdedores’ que https://outraspalavras.net/desigualdades-mundo/
distribuídos. O resultado é sentem, frequentemente de modo correto, para-compreender-o-neoliberalismo-alem-dos-
um desempoderamento dos que não têm voz ou papel a desempenhar cliches. Acesso em: 18 jul. 2022.
28

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Déspotas esclarecidos Oriente a leitura do item
A maior parte dos pensadores iluministas se opunha à monarquia absolutista e defendia a Déspotas esclarecidos e
instauração de uma monarquia constitucional. peça aos estudantes que sele-
Alguns monarcas europeus buscaram, de alguma forma, adotar certos princípios iluministas cionem trechos que explicam os
sem perder seus poderes. Para tanto, procuraram tornar mais racional sua administração, modifi- motivos que levaram os monarcas
cando a cobrança de impostos e reformando o sistema de privilégios concedidos à nobreza. Além absolutistas a adotarem alguns
disso, modernizaram algumas instituições do Estado, como as de ensino e as Forças Armadas. princípios iluministas, man-
Esses monarcas ficaram conhecidos como tendo, contudo, a centralização
déspotas esclarecidos. Receberam esse nome
política e as características do
porque eram governantes absolutistas (ou seja,
“déspotas”) partidários de algumas ideias ilumi-
despotismo esclarecido.

PALÁCIO DO MARQUÊS DE POMBAL, OEIRAS, PORTUGAL.


nistas (ou seja, “esclarecidos”). Procure mostrar também que
Entre eles, um dos que mais se destaca- a busca por uma modernização
ram foi Frederico II, o Grande (1712-1786), da da administração por parte dos
Prússia, que protegeu diversos filósofos (como reis, aproximando-se de algumas
Voltaire) e promoveu uma grande reforma ideias iluministas, indica que não
educacional, com o objetivo de acabar com o se pode estabelecer uma opo-
analfabetismo em seu país.
sição absoluta entre Antigo
Na Espanha, Carlos III (1716-1788) diminuiu
Regime e Iluminismo, mesmo
o poder da Igreja Católica, pôs fim à Inquisição Retrato do Marquês de Pombal, Louis-Michel
e expulsou os jesuítas da Espanha e de suas van Loo. Óleo sobre tela, 1767. com as diversas críticas desenvol-
colônias americanas. vidas por pensadores do período.
Em Portugal, Sebastião José de Carvalho e No capítulo 4 deste volume,
Melo (1699-1782), conhecido como Marquês de propomos o estudo das con-
Pombal, foi ministro do rei José I (reinado: 1750- sequências do despotismo
1777). Durante sua permanência no governo, ilustrado no Brasil, no contexto
ele promoveu o desenvolvimento comercial do

TVER REGIONAL PICTURE GALLERY, RÚSSIA. FOTO: ALBUM/FINE ART IMAGES/FOTOARENA


do governo português sob a
reino e incentivou reformas na educação, expul-
administração do Marquês de
sando os jesuítas dos domínios portugueses.
Pombal. Na ocasião, sugere-se
retomar os conteúdos aqui abor-
dados, estabelecendo relações
Retrato da imperatriz Catarina II, Alexei
Antropov Petrovich. Óleo sobre tela, 1767. entre o contexto internacional
mais amplo e as reverberações
Leitora de Montesquieu, Voltaire e Diderot, na história política brasileira.
Catarina II promoveu uma série de reformas na
tentativa de dinamizar a política, a economia e a Atividade
vida cultural na Rússia. Reconhecida historicamente
como “déspota esclarecida”, governou com punhos 1. Oministro foi representado
de ferro e suprimiu com violência seus opositores.
sentado em uma sala com
uma grande pintura que
1. Analise o retrato do Marquês de Pombal reproduzido nesta página. De que forma a mostra a paisagem do reino
imagem representa os amplos poderes desse ministro? Justifique sua resposta. de Portugal. Ele aponta para
Consulte a resposta esperada nas Orientações didáticas. essa paisagem fazendo um
29
movimento de mãos, que
pode ser interpretado como
um sinal de que ele era o
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd 29 poder divino de governar, e, como tal,16:11
05/08/22
senhor daquele espaço.
teoricamente, sancionado pelas elites e
Déspota esclarecido pelo povo; por este motivo, suas deci- Além disso, diante dele, há
A expressão déspota esclarecido é empre- sões, em todos os âmbitos, são a verdade mapas ou plantas abertas.
gada [...] com o significado de governante final e indiscutível; ele não pode errar, Assim, ele foi representado
que exerce o poder de forma absolutista, já que atua por um dom divino; não ad- como um político que estava
discricionária, arbitrária, que concentra, em mite oposição e estar contra ele, nesta reordenando o espaço de
sua órbita decisória, além das atribuições concepção autoritária de governo [...] acordo com sua vontade e
executivas, também, as legislativas, exer- SILVA, Orlando Sampaio. Eduardo Galvão: seus interesses.
cendo forte influência no âmbito judiciário, índios e caboclos. São Paulo: Annablume,
de vez que governa com o autoatribuído 2007. p. 304, nota 294.
29

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 6: abordadas com os es-
tudantes fazendo com que construam
análises acerca do período estudado A presença feminina ACADEMIE DES SCIENCES ET BELLES LETTRES, ROUEN, FRANÇA.
FOTO: ANICET-CHARLES LEMONNIER/ART IMAGES/GETTY IMAGES
por meio de argumentos críticos sobre Voltemos à pintura de Lemonnier.
a atuação das mulheres no campo po- IC
Analise-a com atenção e identifique a pre-
lítico, social e científico.
sença de mulheres. Além de madame Geoffrin
• CEH 3 e 6: trabalhadas com a turma à
e da atriz Claire-Josèphe Léris, há na tela mais
medida que os estudantes elaboram
questionamentos e hipóteses sobre as quatro mulheres. Ao contrário do que ocorria
particularidades do período estuda- nas academias, que não aceitavam a partici-
do e sua relação com o cotidiano dos pação feminina, as mulheres tiveram papel
estudantes. essencial na organização dos salões. Sob sua
• Habilidade EF08HI01: enfocada com proteção, e muitas vezes sob seus incentivos
os estudantes ao problematizar a financeiros, os iluministas puderam expor e
atua­ção de grupos sociais em seto-
discutir as novas ideias.
res da sociedade iluminista.
Nos salões, além de ouvirem os debates, as
mulheres expunham suas opiniões e, com fre-

ACADEMIE DES SCIENCES ET BELLES LETTRES, ROUEN, FRANÇA. FOTO: ANICET-CHARLES LEMONNIER/ART IMAGES/GETTY IMAGES
PROCEDIMENTOS quência, as próprias obras de literatura, teatro
DIDÁTICOS ou poesia. É esse o caso das duas intelectuais
que você pode notar no detalhe em destaque
A leitura do texto do item A nesta página.
presença feminina pode ser Do lado esquerdo do quadro, de vestido
usada para estimular o debate azul, está representada Jeanne Julie Eléonore
sobre como a ciência era basi- de Lespinasse (1732-1776). Além de escritora,
camente restrita aos homens e ela organizava salões em que recebia vários
ainda permaneceu assim durante enciclopedistas. Mais ao fundo, encontra-se
o Iluminismo. Na sequência, soli- Anne-Marie Fiquet du Boccage (1710-1802),
cite aos estudantes que observem escritora, poeta e dramaturga francesa que,
as demais mulheres retrata- desde 1733, tinha o próprio salão.
das na obra de Anicet Charles
Lemonnier e apresentem hipó-
teses para explicar a presença
delas no salão. Anote na lousa as As escritoras Jeanne Julie Eléonore de
hipóteses apresentadas e, se neces- Lespinasse (de vestido azul) e Anne-Marie
Fiquet du Boccage (na esquerda do destaque).
sário, aprofunde a abordagem
Detalhe da pintura de Lemonnier.
sobre a importância das mulhe-
res na organização dos salões,
no apoio aos iluministas e na 1. De acordo com uma pesquisa feita em 2020 pela Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), cerca de 60% dos cientistas que trabalham
produção científica do período.
no Brasil são homens. Em algumas áreas, como as das Ciências Exatas, há uma ampla
Peça-lhes que localizem as maioria de homens em relação às mulheres. Sobre isso, responda:
informações sobre as mulheres a) Em sua opinião, a sociedade brasileira sustenta a ideia de que existem profissões para
em destaque na obra e anotem homens e profissões para mulheres? Como você reage quando se depara com esse tipo
os dados no caderno. Chame a de argumento?
atenção deles para a presença de b) O que poderia ser feito para assegurar maior presença feminina nas Ciências? Converse
uma maioria masculina na obra com os colegas.
e indague-os sobre os possíveis Respostas pessoais. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
motivos para isso. Aproveite para 30
comentar acerca da concepção
de ciência como uma atividade
com predominância masculina educação voltada para a superação de precon-
D3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd 30 podem ser citadas ações cotidianas, como a 05/08/22 16:11

durante todo o século XVIII, refor- ceitos e que valorize o potencial das mulheres, conscientização sobre o machismo e os pre-
çando as discussões anteriores. bem como suas habilidades e competências, conceitos que dele nascem. O texto sugerido a
contribui para romper com a falsa ideia de que seguir pode ajudá-lo a promover essa discussão
Atividade
existem profissões para homens e profissões e relacioná-la com o empoderamento feminino
1. a) e b) Respostas pessoais. Um
para mulheres. Sugerimos apontar exemplos no mundo contemporâneo: ABE, Stephanie
dos grandes desafios da socie-
de medidas bem-sucedidas para promover a Kim. Mulheres nas ciências. Cenpec. [S. l.],
dade brasileira contemporânea é
igualdade de gênero, como as leis que protegem 10 mar. 2021. Disponível em: https://www.
a superação das desigualdades
as mulheres ou garantem o acesso a cargos cenpec.org.br/tematicas/mulheres-nas-ciencias.
de gênero. Espera-se que os
políticos, acadêmicos e empresariais. Também Acesso em: 18 jul. 2022.
estudantes sugiram que uma
30

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
As mulheres e a ciência moderna Com base nos exemplos de
Até o século XVIII, a atividade científica era um domínio quase exclusivamente masculino. mulheres que se destacaram
Durante o Iluminismo, algumas mulheres romperam essa barreira. Uma delas foi a escritora e poeta na ciência durante o período,
inglesa Mary Wortley Montagu (1689-1762). Durante o período em que morou em Constantinopla estimule uma reflexão sobre a
(atual Istambul, na Turquia), ela observou que os turcos se imunizavam da varíola. presença feminina em ativida-
O método era simples: fazia-se um arranhão no braço de uma pessoa sadia e introduzia-se des científicas hoje. Pergunte aos
nele a saliva de um doente. Na pessoa inoculada, o vírus da varíola era mais fraco do que quando estudantes se atualmente o tra-
se contraía a doença por contágio. Quando voltou à Inglaterra, Lady Mary fez a própria filha e a balho das mulheres na ciência é
princesa do País de Gales serem inoculadas com o vírus. Como esses testes deram certo, a prática
mais comum que no passado e
da inoculação difundiu-se rapidamente pela Grã-Bretanha, apesar das resistências da classe médica.
Já na França, a marquesa Émilie du
se eles conhecem alguma cien-
Châtelet (1706-1749) traduziu e publicou tista. Caso positivo, peça que
várias obras de Isaac Newton. Com as compartilhem com a turma o
publicações, o método científico newto- nome dela e a área na qual
niano passou a ser conhecido e utilizado atua, incentivando a troca de
amplamente pelos iluministas franceses. conhecimentos. A seção Texto
complementar, a seguir, traz
Varíola: doença cujo vírus já foi erradicado do
planeta, mas que chegava a levar o doente à elementos para refletir sobre
morte. desigualdades de gênero na pro-
Inocular: introduzir um vírus ou outros dução científica na atualidade.
microrganismos, mortos ou enfraquecidos,
no corpo de uma pessoa sadia, para que ela
desenvolva defesas naturais contra esses
AMPLIAR HORIZONTES

ALBUM/DE AGOSTINI/G. DAGLI ORTI/ALBUM/FOTOARENA


agentes. Esse é o princípio da vacina.

• BEAUVOIR, Simone. O segun-


do sexo: fatos e mitos. São
Paulo: Difusão Europeia do Li-
vro, 1960.
Retrato da matemática, física e escritora
francesa Émilie du Châtelet, marquesa de Esse livro é considerado uma das
Châtelet, ao lado de Voltaire. Pintura de grandes obras da história, no qual
Louis de Carmontelle, 1750. a autora reflete sobre o significa-
do de ser mulher.
FICA A DICA
• As cientistas: 50 mulheres que mudaram o mundo, de Rachel Ignotofsky. São Paulo: preconceitos (conscientes ou
Blucher, 2017. subconscientes), os quais, por
Nesse livro, você vai conhecer outras 50 mulheres que foram importantes para o sua vez, afetam os valores e a
desenvolvimento da ciência no mundo. aprendizagem dos estudan-
• Super-heróis da ciência: 52 cientistas e suas pesquisas transformadoras, de Ana tes. Os professores podem,
Cláudia Munhoz Bonassa, Laura Marise de Freitas e Renan Vinícius de Araújo. São Paulo: inconscientemente, validar
HarperKids, 2021. estereótipos de gênero pre-
Nesse livro, você vai conhecer 52 cientistas e suas descobertas, as quais ajudaram a judiciais. Por exemplo, eles
humanidade a lidar com diferentes problemas. podem usar linguagens que
sugerem que meninos e meni-
nas são naturalmente dotados
31
de certas características ou
comportamentos naturais
relacionados ao gênero, co-
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd 31 rias para o mundo de hoje e para o05/08/22
futuro.16:11 mo “meninas são sensatas e
[...] Os professores também são agentes so- prestativas” versus “meninos
Educação para o empoderamento cializadores e fontes de aprendizagem em são bobos e travessos”. [...]
[...] para que a educação promova o em- relação às expectativas, atitudes e com- UNESCO. Do acesso ao
poderamento, ela deve desafiar e mudar portamentos tipicamente associados a empoderamento: estratégia
as relações de poder desiguais e abordar meninos e meninas. [...] as professoras po- da Unesco para a igualdade
práticas, normas e expectativas que im- dem incentivar as meninas a frequentar de gênero na e por meio da
a escola e contribuir para que melhorem educação para 2019-2025.
peçam meninos e meninas, mulheres e
Paris: Unesco, 2020. Disponível
homens, de alcançar todo o seu potencial. seus resultados de aprendizagem. [...] em: https://unesdoc.unesco.org/
Ela deve garantir que todos os estudantes As práticas pedagógicas dos professo- ark:/48223/pf0000372464.
cheguem a ter as competências necessá- res são parcialmente moldadas por seus Acesso em: 18 jul. 2022.
31

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 5 e 6: abordadas com os
estudantes fazendo com que reflitam

ENQUAN TO ISSO...
sobre os fatos históricos que fizeram
parte do período estudado e analisem,
de maneira crítica, seus efeitos na so-
ciedade da época. EXPEDIÇÕES CIENTÍFICAS AO BRASIL
• CEH 1 e 6: trabalhadas com a turma
O interesse em conhecer a natu-

MUSEU NACIONAL/UFRJ, RIO DE JANEIRO-RJ


à medida que os estudantes analisam
reza e povos diferentes, advindo com
os acontecimentos históricos do perí-
odo e elaboram questionamentos e os ideais iluministas, levou os europeus
interpretações sobre suas causas e a enviarem diversas expedições cientí-
consequências, como no caso das ex- ficas ao Brasil a partir do século XVIII.
pedições científicas no Brasil. A primeira delas, conhecida como
• Habilidade EF08HI01: enfocada com Viagem Philosophica, foi comandada
os estudantes ao analisar o impacto por Alexandre Rodrigues Ferreira (1756-
dos ideais iluministas no Brasil. 1815) entre 1783 e 1792.
Patrocinada pelo governo português,
a equipe de Ferreira coletou, descreveu,
PROCEDIMENTOS catalogou e desenhou diversas espécies
DIDÁTICOS dos reinos vegetal e animal aqui exis-
tentes, assim como elementos do reino
Enquanto isso... mineral. As informações obtidas por essa
A seção traz informações e outras expedições foram enviadas para
sobre como a filosofia ilumi- a Europa e passaram a fazer parte dos
manuais e enciclopédias lá editados.
nista estava sendo recebida em
outras partes do mundo. Para o
Composição de ilustrações de espécies
Brasil, foram enviadas expedi- da fauna e da flora brasileiras feitas
ções científicas europeias de para o livro Viagem filosófica pelas
conhecimento em meados do capitanias do Grão Pará, Rio Negro,
Mato Grosso e Cuiabá, de Alexandre
século XVIII. Comente que essas Rodrigues Ferreira, 1783-1792.
expedições foram enviadas para
vários lugares, pois a intenção
dos iluministas era compilar todo
o conhecimento possível sobre
diversos assuntos e disponibilizá-
-los para quem se interessasse.
MUSEU NACIONAL-UFRJ, RIO DE JANEIRO

32

AMPLIAR HORIZONTES
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• MENINAS na ciência. Porto Alegre: Instituto de Física O livro situa alguns casos de cientistas pioneiros em
da UFRGS, [2022]. Site. Disponível em: https://www. suas áreas de conhecimento.
ufrgs.br/meninasnaciencia/. Acesso em: 29 jun. 2022. • AS MINA na história. [S. l.], [2022].
Site. Disponí-
O programa tem como objetivo atrair meninas para vel em: https://asminanahistoria.wordpress.com.
as ciências e a tecnologia, e incentivar o desenvolvi- Acesso em: 30 jun 2022.
mento científico e tecnológico do Brasil. A página resgata a história e o protagonismo de mu-
• ROSSI, Paolo. O nascimento da ciência moder- lheres que transformaram o mundo.
na na Europa. Bauru: Edusc, 2001.

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Esquema-resumo
ESQUEM A-RE SUMO O objetivo dessa seção é sinte-
tizar o tema do capítulo, facilitar
CAPÍTULO 1 a visualização dos conteúdos e
auxiliar no estabelecimento de
ILUMINISMO E MONARQUIA relações entre eles. Para trabalhar
CONSTITUCIONAL NA EUROPA o esquema-resumo, reproduza-o
na lousa, deixando lacunas em
alguns dos quadros. Aproveite
Europa: século XVIII
para mostrar como o esquema-
Poucas liberdades
Absolutismo
-resumo é um bom modelo do
individuais pensamento computacional:
Movimento iluminista há decomposição do conteúdo,
padrões gráficos que se repetem
e abstração (foco no essencial).
Convide a turma a comple-
Crítica ao Maior Uso da Participação
Precursores do Absolutismo difusão do razão pode das mulheres tar o quadro sem consultar o
Iluminismo e à falta de conhecimento transformar a nos debates livro. Isso contribui para um
liberdade sociedade intelectuais e
na ciência levantamento de dúvidas ou
dificuldades.
Em seguida, os estudantes
poderão realizar a atividade
Despotismo – Cafés Alguns filósofos Algumas
esclarecido – Salões iluministas pesquisadoras proposta, que trabalha a caracte-
iluministas rização do Iluminismo e a relação
entre esse movimento intelectual
– John Locke: Jean-Jacques Rousseau e o contexto político absolutista.
liberdades individuais
e tolerância religiosa
Voltaire O vídeo O Iluminismo, indi-
Racionalização da Montesquieu cado a seguir no boxe Ampliar
– René Descartes:
administração e
uso da reflexão e da
modernização do
Diderot Horizontes, pode ser utilizado
dúvida para chegar à
verdade Estado D’Alembert para reforçar esse exercício.
– Isaac Newton:
uso da razão para o
avanço da ciência
Mary Wortley Montagu

Émilie du Châtelet AMPLIAR HORIZONTES


• O ILUMINISMO. [c1995-2022].
Vídeo (6min44s). Publicado
Com base neste esquema-resumo e na leitura do capítulo, escreva em seu caderno as características mais pelo canal Multirio. Disponível
importantes do Iluminismo e explique as principais críticas do movimento iluminista ao Absolutismo. em: http://multirio.rio.rj.gov.br/
Entre as principais críticas estava a falta de liberdades individuais e de tolerância de pensamento. Os pensadores iluministas index.php/estude/60-cursos/
criticavam a associação entre poder político e religião, a concentração de poderes na mão do 13664-aula-1-o-iluminismo.
monarca, e combatiam o preconceito e a ignorância. Para tanto, valorizavam a difusão do conhecimento e a 33 Acesso em: 29 jun. 2022.
ideia de que o uso da razão era capaz de transformar a sociedade.
O vídeo expõe um panorama do
Iluminismo, servindo como revi-
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd 33 conhecida como “Viagem filosófica pelas
05/08/22 16:11 são dos conceitos apresentados
capitanias do Pará, Rio Negro, Mato Gros- no capítulo.
Desafio histórico de divulgar ciência so e Cuiabá”, comandada pelo naturalista
no Brasil Alexandre Rodrigues Ferreira, o colosso é
Um dos maiores peixes de água doce do reproduzido em traços delicados. [...] histórico de divulgar ciência no
Brasil, o pirarucu pode atingir três metros O pirarucu foi tema de só uma das 1 180 Brasil. Com Ciência, [s. l.], 10 abr.
e chega a pesar 200 quilos. Um gigante de estampas remanescentes produzidas du- 2018. Disponível em: https://
rante a viagem que percorreu a Amazônia www.comciencia.br/viagem-
corpo longo, cabeça chata, mandíbula pro-
em fins do século XVIII. [...] filosofica-do-seculo-xviii-ilustra-
jetada e grossas escamas que habita as desafio-historico-de-divulgar-
águas turvas da bacia amazônica. Mas na BALIANA, Francielly; FERNANDES; Leonardo. ciencia-no-brasil. Acesso em:
aquarela produzida durante a expedição ‘Viagem filosófica’, do século XVIII ilustra desafio 18 jul. 2022.
33

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3 e 6: abordadas com os
estudantes fazendo com que com-
preendam o contexto histórico das
Revoluções Inglesas e do Iluminismo,
AT IV IDADE S NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
e suas principais características.
• CEH 1, 2, 3 e 6: trabalhadas com a 1. No século XVII, a Inglaterra foi palco de duas revoluções, conhecidas como Revolução
turma à medida que os estudantes Puritana e Revolução Gloriosa. Explique o impacto dessas revoluções na Inglaterra e
seu reflexo em outras regiões do continente. Consulte resposta e comentários nas
analisam os fatos históricos e ela- Orientações didáticas.
boram questionamentos e hipóteses 2. O liberalismo econômico foi um conjunto de ideias que criticava as práticas mercanti-
sobre as informações apresentadas. listas vigentes durante o Absolutismo. Em quais aspectos o liberalismo econômico e o
• Habilidades EF08HI01 e EF08HI02: mercantilismo se diferenciam? Consulte resposta e comentários nas Orientações didáticas.
enfocadas com os estudantes na aná-
3. Os iluministas pregavam a ideia de que o Estado deveria ser laico, ou seja, deveria haver
lise das transformações ocorridas na
uma separação entre o Estado e a Igreja. Sobre isso, responda ao que se pede.
Europa durante as Revoluções Ingle-
a) Qual é a importância da laicidade do Estado no que diz respeito à liberdade religiosa?
sas e no período de disseminação do
Iluminismo. b) Pela Constituição Federal, o Brasil é um país laico. Em sua opinião, a religião exerce influência
nas decisões políticas? Justifique sua resposta. Consulte respostas e comentários
nas Orientações didáticas.
4. A expansão do Iluminismo foi possível, entre outros motivos, em virtude da criação de
PROCEDIMENTOS novos espaços de circulação de ideias. Reflita sobre isso e responda:
DIDÁTICOS a) Que espaços eram esses? Qual era a importância deles para o avanço dos novos conhecimentos?
b) Atualmente, que espaços permitem a troca de informações e de ideias? Descreva a sua
Atividades experiência em espaços dessa natureza. 4. a) Consulte resposta e comentários
1. As duas revoluções encer- nas Orientações didáticas.
raram o Absolutismo inglês, 5. Um dos projetos do Iluminismo era a elaboração de um grande panorama de todo o
conhecimento humano. Esse projeto recebeu o nome de Enciclopédia. Para sua elabo-
dando início à monarquia
ração, foram convidados especialistas que deveriam escrever verbetes sobre os mais
constitucional. Esses acon- diversos assuntos. Podemos comparar a Enciclopédia com a Wikipédia com base nos
tecimentos refletiram na conceitos de ruptura e permanência.
França, onde ideias em defesa Sobre isso, responda no caderno.
da tolerância e do uso da a) Por que a Wikipédia é um exemplo de permanência histórica quando comparada à
razão para a transformação Enciclopédia iluminista?
da sociedade influenciaram b) Aponte um exemplo de ruptura histórica entre a Wikipédia e a Enciclopédia iluminista.
alguns pensadores franceses c) Na internet, encontramos sites que disponibilizam informações, como revistas, jornais,
que deflagraram o movimento blogues, acervos de bibliotecas e museus, enciclopédias, entre outras fontes. Em grupos,
iluminista. discutam os seguintes pontos:
• como a internet modifica a maneira pela qual temos acesso às informações;
2. O liberalismo econômico
• como saber se essas informações são confiáveis.
defende a livre-iniciativa e a Consulte respostas e comentários nas Orientações didáticas.
liberdade de mercado, sem 6. Igualdade social, liberdade de pensamento, ação e soberania popular são manifestações
regulação estatal; as relações do Iluminismo, que basicamente se caracterizou como:
comerciais devem ser regidas a) um movimento de retorno aos valores místicos e transcendentes, anteriores ao Renascimento.
pela lei da oferta e da procura. b) um movimento de superação da tradição cristã e da ordem absolutista com base no pensa-
Já o mercantilismo se baseia na mento racional e na defesa do liberalismo.

intervenção do Estado na eco- c) um movimento social fundado na ideologia cristã, base das correntes humanistas do Ocidente.
nomia, assumindo o controle d) uma reação contrária à sistematização do saber e à soberania popular.
das atividades econômicas. e) um movimento artístico com ênfase na expressão livre da vontade criadora dos artistas.
Alternativa B.
3. a) Em um Estado laico, nenhu- 34 4. b) Resposta pessoal. Os estudantes podem citar as redes sociais, associações de bairro, comunidades
ma religião tem prioridade e universidades, entre outros exemplos.
sobre as outras, e todas têm
o direito de se expressar 4. a) Até o século XVII, a circulação do co- 5. a) É um exemplo de permanência porque
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livremente. nhecimento estava concentrada quase recupera o projeto dos enciclopedistas de
3. b) Espera-se que os estudan- exclusivamente nas universidades. Entre elaborar um quadro geral do conhecimento
tes percebam que, apesar os séculos XVII e XVIII, outros espaços humano.
da laicidade do Brasil, as se consolidaram, como cafés, clubes de b) Ao contrário da Enciclopédia, que sele-
religiões influenciam muitas leitura e até mesmo residências. Esses locais cionava especialistas para produzir seus
decisões políticas, princi- recebiam um público variado, incluindo verbetes, o conteúdo da Wikipédia pode
palmente as relacionadas mulheres, algo que não acontecia nas ser elaborado por qualquer pessoa.
à intimidade das pessoas universidades e nas academias científicas c) Resposta pessoal. O objetivo é que os
e às liberdades individuais. da época. estudantes reflitam que, por haver um
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PROCEDIMENTOS
O erro da alternativa C está em afirmar que DIDÁTICOS
as mulheres podiam participar das academias científicas, quando, na verdade, o espaço era restrito aos homens.
7. Durante o Iluminismo, algumas mulheres conseguiram romper a exclusividade masculina Atividades
nas atividades científicas e filosóficas. Com isso, elas divulgaram suas ideias e contri- (continuação)
buíram para o avanço da ciência moderna. Indique, em seu caderno, V para as opções
verdadeiras e F para as falsas, levando em consideração as seguintes afirmativas sobre 8. O pintor decidiu representar
a participação das mulheres na construção do conhecimento durante o século XVIII. Em
em um mesmo ambiente
seguida, explique o erro da(s) alternativa(s) considerada(s) falsa(s).
V a) Mary Wortley Montagu (1689-1762) observou a utilização de uma espécie de “vacina”
pessoas que provavelmente
primitiva contra a varíola em Constantinopla. Isso contribuiu com as experimentações nunca se encontraram pesso-
que levaram a descobrir que as doenças são causadas por microrganismos. almente (usando a liberdade
V b) Émilie du Châtelet (1706-1749) ajudou na divulgação e na tradução das ideias de Isaac poética) porque pretendia
Newton na França, publicando várias de suas obras em francês. mostrar os mais importan-
F c) As mulheres participavam ativamente das academias científicas e da organização dos tes autores e participantes do
salões.
Iluminismo francês. Pretendia
V d) Anne-Marie Fiquet du Boccage (1710-1802) tinha um salão e ajudou ativamente na
organização de reuniões com vários pensadores iluministas. representar a cena intelectual,
e não retratar um evento ou
8. Consulte novamente a pintura Leitura da tragédia “O órfão da China” no salão de
um encontro real.
madame Geoffrin. A obra representa uma situação que não correspondia à realidade,
pois há personagens que nunca se encontraram, ou que jamais estiveram juntas naquele 9. d) Um dos princípios do pen-
salão. Explique por que o pintor decidiu, mesmo assim, representá-las juntas. samento iluminista é que a
Consulte resposta e comentários nas Orientações didáticas. pesquisa deveria ser orien-
9. A tirinha a seguir, criada por Carlos Ruas, propõe uma crítica a uma forma de praticar
a pesquisa científica. Leia-a e responda ao que se pede. tada por métodos racionais
que permitissem colocar à
CARLOS RUAS

prova todas as ideias, distin-


guindo o falso do verdadeiro.
A postura da personagem
do quadrinho recusa isso,
já que ela seleciona apenas
as evidências que compro-
vam aquilo que acredita. Na
França, Descartes já tinha
defendido o método racional
de pensamento e o uso da
reflexão e da dúvida para
RUAS, Carlos. Mundo
avesso. São Paulo: chegar à verdade. Para ele, a
[s. n.], 2018.
razão era o ponto de partida
a) Na tirinha, uma das personagens salta sobre uma pilha de papéis. O que esses papéis de todo conhecimento. As
representam? Representam as muitas novidades científicas e tecnológicas existentes. Isso fica ideias deviam ser colocadas à
evidente na carroceria do caminhão, onde está escrito “Novas Descobertas”.
b) De acordo com a tirinha, qual é a importância dos avanços científicos e tecnológicos para a prova e rigorosamente inves-
sociedade? A tirinha indica que eles nos trazem “descobertas incríveis” a respeito do Universo e da
natureza, permitindo reformular o conhecimento que se tem sobre os assuntos. tigadas. Somente aquelas
c) Qual é a crítica proposta na tirinha a respeito das práticas de pesquisa de alguns cientistas?
que resistissem às dúvidas e
d) De que forma a crítica presente na tirinha pode ser relacionada com os ideais dos pensadores
iluministas? Consulte resposta e comentários nas Orientações didáticas. à investigação deveriam ser
9. c) O quadrinho critica uma postura voluntarista de produção do conhecimento. A personagem à consideradas verdadeiras.
direita seleciona apenas as evidências que ajudam a comprovar suas ideias, descartando outras que 35
poderiam refutar seu pensamento.

grande volume de informação na internet,


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é indispensável verificar a confiabilidade


da fonte consultada e checar a mesma
informação em mais de uma fonte.

35

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A BNCC NESTA DUPLA
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CECH 4, 5 e 6: abordadas com os es-
tudantes fazendo com que interpretem
os fatos estudados e argumentem so- 10. a) O 10. Muitos dos princípios defendidos pelos iluministas não ficaram restritos à epoca em que
texto foram elaborados. Formuladas ao longo dos séculos XVII e XVIII, muitas dessas ideias
bre eles. afirma que a sobreviveram aos séculos e se encontram ainda hoje presentes em nossa sociedade.
• CEH 1 e 6: trabalhadas com a turma à ideia de direitos O trecho a seguir, escrito pelo historiador búlgaro Tzvetan Todorov (1939-2017), aborda
medida que os estudantes compreen- do homem fez
exatamente essa questão. Ele reflete sobre alguns direitos considerados hoje inaliená-
dem os fatos históricos e problematizam com que práticas
violentas veis aos seres humanos, cujas origens remetem ao período iluminista. Leia o texto com
as informações apresentadas. adotadas por atenção e responda ao que se pede.
• Habilidade EF08HI01: enfocada com autoridades
os estudantes ao caracterizar os prin- estatais, como
[…] ao lado dos direitos de que os cidadãos gozam no âmbito de suas sociedades,
castigos físicos
cipais fatos históricos decorrentes do ou a pena de eles detêm outros, comuns a todos os habitantes do globo […]. Todo ser humano tem
Iluminismo. morte, direito à vida; então a pena de morte é ilegítima, mesmo quando atinge um crimi-
passassem noso que matou: se o assassinato privado é um crime, como o assassinato público
a ser vistas
deixaria de sê-lo? Todo ser humano tem direito à integridade de seu corpo; então
PROCEDIMENTOS como violações
a tortura é ilegítima, mesmo quando é praticada em nome da razão de Estado. […]
dos direitos
DIDÁTICOS fundamentais de TODOROV, Tzvetan. O espírito das luzes. São Paulo: Barcarolla, 2008. p. 21.
todos os seres
Atividades (continuação) humanos. Além a) De acordo com o texto, quais foram os desdobramentos do conceito de “direitos do homem”
disso, também criado durante o Iluminismo?
11. Para refletir sobre regras para foi a base do
b)
entendimento de Você concorda que as ideias produzidas durante o Iluminismo a respeito dos “direitos do
a convivência envolvendo a homem” se fazem necessárias nos dias de hoje? Por quê?
que todos têm o
comunidade escolar, sugeri- direito à 11. Leis, regras e combinados são acordos feitos entre diferentes grupos com o objetivo de
mos a leitura do fragmento liberdade.
auxiliar a convivência das pessoas em sociedade e garantir que os direitos de todos sejam
indicado no Texto comple- assegurados. Baseando-se nisso, reflitam coletivamente sobre as seguintes questões:
mentar a seguir. Para a dra- a) Em sua escola, existem regras ou combinados? Qual é a importância deles?
matização, oriente-os na con- b) Como essas regras foram elaboradas? Quais grupos (estudantes, professores, demais funcio-
sulta à seção Como se faz.... nários) participaram de sua elaboração?
c) Em sua opinião, a participação dos estudantes na elaboração dessas regras é importante?
Texto complementar Por quê?
d) Em grupos, discutam como vocês imaginam que seria viver em uma sociedade onde não
A indisciplina como houvesse regras ou leis. Alguém se beneficiaria dessa situação? Algum grupo seria prejudi-
aliada cado? Com seu grupo, façam uma dramatização de no máximo cinco minutos que contemple
[...] as escolas consideram essas reflexões. Na seção Como se faz…, consulte orientações sobre como fazer uma
dramatização. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
rebeldia as transgressões às
regras de convivência ou a
não adequação a um modelo VAMOS FALAR SOBRE… IGUALDADE
ideal seja em relação ao rit- A cartunista e quadrinista Laerte é do sexo masculino. Porém, não se identifica como homem,
mo de aprendizagem (bom é mas como mulher. Laerte se define, então, como uma pessoa transgênero. Uma de suas perso-
quem aprende rápido) seja em nagens, a Muriel, que protagoniza a tirinha a seguir, também
relação ao comportamento (só é transgênero. LGBTQIA+: sigla que se refere a
queremos os obedientes). O indivíduos e grupos dos diferentes
Na tirinha, Muriel ficou muito irritada com uma reporta-
espectros da orientação sexual
primeiro passo é tomar cons- gem que criticava a Parada Gay, evento que acontece todos (incluindo lésbicas, gays e
ciência de que a inquietação é os anos no Brasil e em outros países com o objetivo de dar bissexuais) e das identidades de
inerente à idade e faz parte do visibilidade à comunidade LGBTQIA+ e defender seus direitos. gênero (pessoas transgênero e
processo de desenvolvimento intersexo, entre outras).
Leia a tirinha com atenção e responda ao que se pede.
e de busca do conhecimento. 10. b) Respostas pessoais. É importante que os estudantes reconheçam que essas ideias são muito
O segundo, aceitar as dife- 36 importantes no presente. Elas são fundamentais para proteger os cidadãos de violências de agentes
do Estado, como a tortura e os tratamentos degradantes, ou mesmo para minimizar a aplicação da
renças. “A adolescência, em pena de morte nas democracias contemporâneas.
especial, é a fase de desco-
brir e de testar limites”, diz
o psicólogo português Daniel deD3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd
uma escola talvez não sirva 36 para outra. Como em todo diálogo, esse também pres- 05/08/22 16:11

Sampaio, autor de Indisci- “É nossa função dizer à turma tudo o que supõe a possibilidade de rever posições,
plina: Um Signo Geracional. cabe a ela para facilitar o ensino”, diz. “Em se necessário. Assim, todos vão incorpo-
[...] Como escreve Julio contrapartida, devemos mostrar empenho rar e cumprir as normas de conduta. E a
Aquino, não se trata de de- em fazer todos aprenderem. Só assim os indisciplina, que antes incomodava, se
finir o que não é permitido jovens encontram sentido nos conteúdos transforma numa grande aliada. [...]
fazer na sala de aula e na es- e participam mais.” GENTILE, Paola. A indisciplina como aliada.
cola, mas de abrir um diálogo Com responsabilidade, todos devem di- Nova Escola, São Paulo, 1 jan. 2002. Disponível
entre professor e alunos para zer o que querem e o que não querem que em: https://novaescola.org.br/conteudo/1697/
estabelecer o que é bom pa- aconteça neste ano letivo que se inicia. Vale a-indisciplina-como-aliada. Acesso em:
18 jul. 2022.
ra todos e, aqui, o exemplo a pena redigir essa carta de intenções. [...]
36

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de colocar fogo na revista
(um ato solitário). Já a luta
foi representada de um modo

LAERTE
sereno e coletivo: as persona-
gens aparecem sorrindo, a cor
de fundo muda, destacando
a importância da luta.
6. Resposta pessoal. Sugerimos
apontar exemplos de medidas
bem-sucedidas para promo-
COUTINHO, Laerte. [Luta é diferente]. Laerte. São Paulo, 26 jun. 2022. Disponível em: ver a igualdade de gênero,
https://laerte.art.br/wp-content/uploads/2022/05/Tiras-Junho-22_0-28.jpeg. Acesso em: 31 jul. 2022. como as leis que protegem
As pessoas transgênero enfrentam muitas dificuldades no Brasil, decorrentes principalmente as mulheres ou garantem
do preconceito e da falta de informação. A reportagem a seguir apresenta algumas informações o acesso a cargos políticos,
sobre esse tema. Leia-a e, depois, faça o que se pede. acadêmicos e empresariais.

De acordo com o levantamento, que ouviu 1 788 pessoas trans e travestis [em
Texto complementar
2020], a maioria da população trans é composta por mulheres jovens, pretas e pardas, Refletindo sobre as
e 59% exerciam uma função remunerada durante o período das entrevistas – grande próprias práticas
parte no mercado de trabalho informal. pedagógicas
Jornalista e estudante de Letras na Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Lia Soares, mulher trans,
Pensar na superação de um
Trabalho informal: tipo
não tem emprego com carteira assinada há dois anos. “A de trabalho sem garantias ambiente escolar discrimina-
transfobia, assim como o racismo, é um problema estru- trabalhistas, como o direito tório e violento, no que diz
tural sobre o qual precisamos falar […]. A minha torcida
a férias, final de semana respeito à sexualidade e ao
remunerado e 13o salário. gênero, requer, antes de tudo,
é que as empresas ofereçam vagas destinadas às pessoas Transfobia: discriminação
trans até que eles consigam colocar, no mínimo, 25% do contra pessoas transgênero. a compreensão do quão arrai-
quadro de funcionários com corpos trans e pretos”, diz. gados estes conceitos estão
em nosso cotidiano e nosso
AGUIAR, Estela. Emprego para pessoas trans: o lento avanço no mercado de trabalho. CNN Brasil,
São Paulo, 29 jan. 2021. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/business/emprego-para- discurso. [...]. A homofobia, a
pessoas-trans-o-lento-avanco-no-mercado-de-trabalho/. Acesso em: 17 jun. 2022. misoginia, a heteronormativi-
dade são fenômenos sociais, e
1. Como você interpreta a tirinha de Laerte?
Consulte resposta esperada nas Orientações didáticas. não há como enfrentá-los sem
2. A tirinha evidencia que brigar e lutar são duas ações distintas. Explique essa diferença encararmos os dispositivos
e o motivo de Muriel preferir a luta à briga. Consulte resposta e comentários sociais – materiais e simbó-
nas Orientações didáticas.
3. De que maneira as imagens representam essa diferença entre briga e luta? licos – que os cons­t roem e
Consulte resposta e comentários nas Orientações didáticas. alimentam.
4. De acordo com a reportagem, quais são as dificuldades enfrentada pelas pessoas trans- [...] Quais são as SUAS
gêneros em relação ao mercado de trabalho? práticas pedagógicas, co-
5. Que relação pode ser estabelecida entre os dois documentos desta seção e o pensa- mo educador ou educadora,
mento iluminista? A defesa dos direitos e da liberdade de pensamento e de expressão eram princípios em que você pode perceber
defendidos pelos iluministas. Eles estão presentes tanto na reportagem como na tirinha de Laerte. que – mesmo que não cons-
6. Em grupo, discutam a seguinte questão: que ações podem ser tomadas para assegurar a cientemente – você reproduz
igualdade de direitos às pessoas transgênero e demais membros da comunidade LGBTQIA+?
modelos normativos de gê-
Elaborem uma história em quadrinhos para apresentar as ideias do grupo. Na seção Como
se faz…, consulte orientações sobre como elaborar uma história em quadrinhos. nero e sexualidade? Em que
Produção pessoal. Consulte comentários nas Orientações didáticas. momentos no seu cotidia-
4. A entrevistada Lia Soares aponta que a transfobia impede que pessoas trans possam competir de 37 no você acaba reforçando
maneira igual com outros trabalhadores, uma vez que restringe seu acesso ao mercado de trabalho. determinados modelos de
masculinidade, feminilida-
de e de sexualidade?
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-010-037-U1-CAP1-LA-G24.indd 37 2. A diferença entre briga e luta consiste no
05/08/22 16:11
BORTOLINI, Alexandre et
caráter coletivo da luta. A proposta de
Atividades al. Trabalhando diversidade
Laerte é mostrar que, diante do preconceito sexual e de gênero na escola:
1. Após ler uma reportagem a respeito da
da sociedade em relação à comunidade currículo e prática pedagógica.
Parada Gay, Muriel se irrita, dando a enten- Rio de Janeiro: UFRJ, 2014.
LGBTQI+, a melhor solução é a organização
der que a reportagem trazia uma abordagem p. 35. Disponível em: http://
provocativa a respeito do assunto. Apesar da coletiva de grupos minoritários para promo- diversidade.pr5.ufrj.br/images/
vontade de brigar individualmente contra a ver mudanças mais amplas na sociedade. GDE_livro_1.pdf. Acesso em:
18 jul. 2022.
revista, Muriel conclui que o mais importante 3. A briga é representada por um momento
é lutar (coletivamente), por isso aparece com de raiva de Muriel. A raiva pode ser veri-
companheiros de luta no último quadro. ficada em suas feições e em seu desejo
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A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

2
• CECH: 1, 2, 3, 5 e 6. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. A REVOLUÇÃO
Habilidade
• EF08HI03
INDUSTRIAL
A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 5: trabalhadas com os es- OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
tudantes ao estabelecer uma análise
sobre a Revolução Industrial, no tem- • Analisar aspectos da Revolução Industrial e seus impactos.
po e no espaço, compreendendo as • Comparar as relações trabalhistas no passado e no presente.
intervenções de grupos e indivíduos • Identificar os diferentes grupos sociais decorrentes da Revolução Industrial.
no processo de implementação das
máquinas nas produções.
O mundo está passando por uma revolução tecnológica sem precedentes, tanto em termos
• CEH 1, 2 e 5: abordadas com a turma
de velocidade como de amplitude das mudanças. Esse fenômeno é chamado de Quarta Revolução
na identificação das transformações
Industrial (ou Indústria 4.0), na qual diversas tecnologias – como realidade aumentada, realidade
provocadas pelo processo de indus-
virtual, inteligência artificial e robótica – se integram. Isso permite tanto o desenvolvimento de carros
trialização.
autônomos, ou seja, veículos que trafegam pelas ruas sem motoristas, como a conexão de celulares,
• Habilidade EF08HI03: enfocada com
eletrodomésticos, câmeras e outros objetos à internet.
os estudantes ao descrever o adven-
No entanto, essa revolução pode trazer também novos problemas sociais e ambientais. Um
to da industrialização e analisar suas
exemplo é a substituição da mão de obra por processos automatizados de produção ou por robôs,
causas e consequências nas socieda-
que já é uma realidade e acelera o aumento do desemprego e até mesmo a extinção de muitas
des europeia e global.
profissões. Ao mesmo tempo, a constante demanda por recursos naturais para atender às neces-
sidades das indústrias provoca sérios

ELENABSL/SHUTTERSTOCK.COM
PROCEDIMENTOS danos ambientais.
DIDÁTICOS A extração de lítio, por exemplo,
usado para a fabricação de bate-
Peça aos estudantes que rias – tanto de celulares como de
comentem sobre os aparelhos carros elétricos –, tem provocado a
domésticos existentes hoje nas destruição de ecossistemas e polui-
residências e como esses apa- ção ambiental. Na verdade, vivemos
relhos serão no futuro. Estarão hoje uma forma de interação com a
tecnologia jamais experimentada em
conectados à internet? Que
toda a história da humanidade. Essa
melhorias podem surgir ou quais
realidade é muito diferente da que
poderiam ser inventados? Depois, existia há pouco mais de 200 anos,
solicite que pensem como seria a quando surgiram as primeiras indús-
vida sem esses aparelhos. Conclua trias. Neste capítulo, estudaremos os
informando que essa era a vida primeiros tempos da industrialização.
das pessoas antes da Revolução
Representação de estágios da
Industrial e que as máquinas Revolução Industrial, desde a
trouxeram um novo ritmo, tanto utilização de máquinas a vapor
até os sistemas cibernéticos de
na vida cotidiana das pessoas produção comandados remotamente.
como nas relações de trabalho
e poder. Essas transformações 38
foram muito profundas para toda
a humanidade e ficaram conhe-
cidas como Revolução Industrial. A cada três trabalhadores desempregados,
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd 38 dois Veja neste Manual, nas Orientações gerais 09/08/22 15:54

Comente que um dos aspectos são mulheres. Metade das pessoas que estão para a coleção, dicas de metodologias ativas
perversos das mudanças tecno- desempregadas por muito tempo tem entre 17 que podem contribuir com esse processo.
lógicas aceleradas que estamos e 29 anos.
vivendo atualmente é o desem- Mesmo que estejam em uma faixa etária ainda
prego, principalmente entre os fora do mercado de trabalho, é muito impor-
mais jovens. O principal perfil de tante que os estudantes consigam entender que
quem procura emprego há mais a escolaridade é um dos pontos centrais para
de dois anos no Brasil é mulher, o projeto de vida. Nesse sentido, o papel do
jovem e com baixa escolaridade. professor como motivador é muito importante.
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O ARTESANATO E A MANUFATURA Ao abordar o texto de aber-
tura do capítulo, escreva na
Até o início da Revolução Industrial, no século XVIII, as mercadorias produzidas na Europa eram
lousa as palavras artesanato e
feitas por trabalhadores que manuseavam ferramentas e máquinas. A energia e o trabalho das
pessoas movimentavam os equipamentos e produziam todos os objetos necessários no dia a dia. A
manufatura e pergunte se os
produção podia ser dividida em dois modos principais de trabalho: o artesanato e a manufatura. estudantes as conhecem. É muito
O artesanato foi a principal forma de produção de objetos na Europa até meados do provável que conheçam a pri-
século XV. O artesão e seus aprendizes executavam juntos todas as etapas do trabalho, do início meira, de feiras locais e hobbies
ao acabamento do objeto, sem muitas divisões das tarefas. Para fabricar um alfinete, por exemplo, de familiares. Explique a eles
o mesmo artesão preparava o material, cortava-o no formato da peça, afiava uma ponta e, então, que eram dois modos de pro-
moldava a cabeça do alfinete. dução de produtos na Europa,
As pessoas começavam a trabalhar ainda bem jovens, como aprendizes, e iam progredindo
antes da industrialização.
no ofício até se tornarem mestres. Essa forma de trabalho era realizada em pequenas oficinas,
Aproveite a disposição da
muitas vezes localizadas na própria moradia do artesão.
No século XV, o trabalho artesanal começou a ser substituído pelas manufaturas. O proprietá- sala de aula e dê o exemplo de
rio dessas unidades produtivas fornecia as ferramentas e contratava trabalhadores que executavam uma fábrica de docinhos para
somente uma etapa da produção do objeto. festas. Se todos na sala fossem
Ainda usando o exemplo do alfinete, na manufatura um trabalhador preparava a matéria- artesãos, teriam de trabalhar
-prima, outro cortava o material, outro afiava a ponta, e assim por diante. A divisão do trabalho e, individualmente, percorrendo
ao mesmo tempo, a combinação todo o processo de produção:

AKG-IMAGES/ALBUM//ALBUM/FOTOARENA
das várias etapas na manufatura mistura, cozimento, decoração,
possibilitava a produção de
empacotamento. Na manufa-
maior quantidade de mercado-
rias, de modo mais acelerado.
tura, enquanto a primeira fila
de estudantes misturaria e cozi-
Manufatura: modo de produção nharia os ingredientes, a última
manual com divisão de tarefas ou prepararia as caixas de empaco-
unidade de produção que usa esse
método, isto é, o local onde se tamento, e as demais cuidariam
trabalha assim. da limpeza, de enrolar os doci-
Matéria-prima: material utilizado nhos e de atender o telefone
na fabricação de algum produto. Ele
pode ser natural (como o algodão para anotar os pedidos. Foi esse
bruto) ou semimanufaturado modo segmentado de fabricar
(algodão com algum tipo de
beneficiamento, por exemplo) e é mercadorias que induziu um
submetido a um processo até se ritmo mais rápido na produção.
tornar um produto acabado (como
o tecido de algodão).

O sapateiro, Jost Amman.


Xilogravura (colorida
posteriormente), 1568. A obra
representa sapateiros e seu
trabalho artesanal.

39

AMPLIAR HORIZONTES
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• CARRO de bois. Direção: Humberto Mauro. Brasil: Corisco Filmes, 1974. • DECCA, Edgar de; MENEGUELLO, Cristina. Fábricas e homens: a Revo-
(9min40s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lUSJl5oTS6M. lução Industrial e o cotidiano dos trabalhadores. São Paulo: Atual, 1999.
Acesso em: 13 ago. 2022. O livro traz uma ampla análise sobre as mudanças causadas pela Revolu-
O filme é um clássico dos curtas brasileiros. Ele mostra a importância que o ção Industrial, da vida cotidiana ao novo ritmo de trabalho nas fábricas.
carro de boi teve em nosso país, bem como seu processo de construção. Os autores constroem sua análise baseando-se em documentos que po-
Por meio desse curta, pode-se relacionar essa realidade pré-industrial com dem ser também utilizados em sala de aula.
a modernidade imposta pela revolução tratada no capítulo.

39

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 5 e 6: trabalhadas com os
estudantes ao analisar as caracterís-
ticas do processo de industrialização
A maquinofatura
e seus impactos na Europa a partir do Uma mudança importante na forma de produção dos objetos foi o uso de máquinas para
século XVIII. transformar a matéria-prima (confira a seção Raio X na página seguinte). No começo, as máquinas
• CEH 1 e 3: abordadas com a turma a funcionavam com a força humana ou de animais, mas logo passaram a ser empregadas outras
partir da análise da configuração po- fontes de energia, como a queima do carvão e o vapor de água. O nome dessa forma de
lítica, social e econômica no contexto produção é maquinofatura, e as unidades de trabalho são as fábricas.
da industrialização. Com máquinas cada vez melhores, as fábricas passaram a produzir maior quantidade de
• Habilidade EF08HI03: enfocada com os mercadorias com custo de produção menor: um trabalhador com uma máquina produzia a mesma
estudantes ao estabelecer distinções quantidade que muitos trabalhadores produziam manualmente. O aumento de produção e a
entre os modelos de produção do pe- redução de custos proporcionaram um lucro muito grande para os donos das indústrias.
ríodo e as causas e consequências do Os industriais mandavam construir os locais onde eram instaladas as máquinas e contratavam
processo de transformação econômica os empregados para trabalhar na produção. Interessados em ter ainda mais lucro, foram aumen-
empreendida pela Revolução Industrial. tando o investimento na mecanização do trabalho, incentivando a invenção de novas máquinas.
Todo esse processo de mecanização da produção começou na segunda metade do século
XVIII, na Inglaterra. Ao longo do século seguinte, a maquinofatura se espalhou pelo restante da
PROCEDIMENTOS Europa e também para outras regiões do mundo.
DIDÁTICOS Mas por que a Revolução Industrial começou na Inglaterra? Para responder a essa pergunta,
vamos conhecer a sociedade inglesa daquele período.
Retome a ideia de que o arte-
sanato e a manufatura são
Indústria: pode ser
processos diferentes de produção. uma fábrica ou conjunto
Peça aos estudantes que indi- de fábricas com muitas
máquinas e vários
quem algumas diferenças entre processos mecanizados
eles. A turma pode citar que o reunidos em um local.
artesanato envolve a produção
domiciliar e individual, isto é, em
Um martelo a vapor
que uma única pessoa é respon- trabalhando, James
sável por todas as etapas. Sobre a Nasmyth. Óleo sobre
PHOTO12/UNIVERSAL IMAGES GROUP/GETTY IMAGES

manufatura, os estudantes devem tela, 1871.


apontar que várias pessoas são Na imagem, operários
empregadas em etapas diferentes trabalham em um martelo
e que há uma velocidade maior a vapor, máquina usada
para forjar com rapidez
de produção e de resultados.
metais como ferro e aço.
Após retomar esses concei- Essa máquina foi criada pelo
tos, escreva maquinofatura na mesmo autor da pintura.
lousa, explicitando que a manu-
fatura com máquinas, movidas FICA A DICA
pelo vapor de água e a queima de • A Revolução Industrial. Disponível em: https://artsandculture.google.com/story/
carvão, traria um ritmo ainda mais xQXx4Z7cSUF-qA. Acesso em: 27 jun. 2022.
acelerado à produção. Explique Página interativa sobre a Revolução Industrial, com diversos textos e imagens. Originalmente
a relação entre o ritmo mais ace- em inglês, mas com possibilidade de tradução para o português.
lerado, a maior quantidade de
produtos, o menor número de 40
trabalhadores e o maior lucro
para os donos de indústrias.
Com isso, ampliou-se a oferta
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd 40 09/08/22 15:54
de mercadorias aos consumido-
res, tornando-as mais acessíveis
ao público e movimentando o
comércio.
Nesse momento, peça que res-
pondam à pergunta de número
10 da seção Atividades, página
62, que traz um texto de Adam
Smith sobre aspectos da divisão
do trabalho no século XVIII.
40

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documentos e evidências podem
modificar aquilo que se sabe
sobre determinado assunto.

R AIO X Apresente o quadro A forja


e peça aos estudantes que
ALBUM/FOTOARENA exponham suas imprensões
A FORJA sobre técnicas, cores, luzes e
Qual é o nome dessa emoções. Valorize as observa-
imagem? ções da turma, lembrando que
Trata-se de uma pintura a obra pode ter um significado
feita em óleo sobre tela, para cada um. Explique que, ao
chamada A forja, de analisar um quadro, devemos
Joseph Wright, que repre- perguntar, entre outras ques-
senta um ferreiro forjando tões, qual a intenção do autor
(modelando) o ferro no ao produzir a obra e que signifi-
interior de uma oficina. A
cados ela contém? Indague quais
máquina funcionava por
seriam as intenções do pintor
meio de uma roda-d’água
ao mostrar a forja e o trabalho
que movimentava para
cima e para baixo um em torno dela da maneira que
enor me martelo mecâ- estão representados no quadro.
nico, usado para moldar Peça que reparem também na
os lingotes (barras) de ferro postura descansada do ferreiro
incandescentes. e na presença da família no local
Podemos dizer que a de trabalho.
imagem mostra aspectos Ao que parece, a máquina foi
da realidade? instalada na casa do ferreiro, o
A forja, Joseph Wright. Óleo sobre tela, 1772. Wright foi um dos primeiros
Toda e qualquer pro- que indica que ele trabalhava
artistas a produzir obras que representavam a sociedade naquele
dução artística é uma momento da Revolução Industrial. em seu domicílio. Ressalte a pre-
representação da reali-
sença de diferentes trabalhadores
dade. Por mais que seja fruto de uma pesquisa ou observação, sempre será um produto da
no quadro.
imaginação do artista; portanto, não é a realidade em si.
Note que o artista representou o ferreiro de braços cruzados, apenas olhando tranquilo para
Por fim, peça que leiam o texto
uma mulher e duas crianças que julgamos ser sua família. Dessa forma, o artista transmite a ideia da seção. É importante que eles
de que as máquinas diminuíram a carga de trabalho do ferreiro, que agora pode ter empregados entendam quão revolucionária
(representado de costas para o observador) e usufruir da companhia de sua família. Ou seja, foi a presença de máquinas no
podemos dizer que, em sua obra, o artista deu uma abordagem positiva à Revolução Industrial. processo produtivo. Assim, é
Essa abordagem sobre as máquinas é semelhante ao entendimento do artista que pro- essencial demonstrar o tempo e
duziu a gravura da página 43? o trabalho empregados no pro-
Não. Ao contrário do autor de A forja, o artista que fez a gravura da página 43 representou as cesso de forja antes do advento
máquinas como as responsáveis pelos problemas acarretados pela Revolução Industrial. Ao constatar da máquina.
isso, observamos que há diferentes maneiras de representar um mesmo tema em imagens, e que cada
evidência histórica reflete as crenças e os valores de quem a produziu. É por isso que os historiadores
sempre consultam e confrontam diversas fontes para selecionar e organizar as informações.

41

PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd 41 como as evidências têm intencionalidade.
09/08/22 15:54

As perguntas que fazemos nos mostram a


Raio X natureza do documento. Ao fazer essas per-
Explique aos estudantes as características guntas entendemos inclusive que algumas
dessa seção. Nas Orientações gerais para a não têm respostas, que é necessário inter-
coleção, neste Manual, há mais informações. rogar outros documentos para adquirir um
Em resumo, ela objetiva mostrar como o pro- conhecimento mais amplo sobre detemi-
cesso de trabalho do historiador é feito e os nado assunto. Esse exercício contribui para
questionamentos que precisam ser feitos às compreender também a transitoriedade do
fontes. Por meio desse exercício, entendemos conhecimento histórico, uma vez que novos
41

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3 e 6: trabalhadas com os estu-
dantes ao explicar as particularidades
da Inglaterra no século XVIII e ana- A INGLATERRA NO SÉCULO XVIII
lisar a implementação da indústria No começo do século XVIII, a Inglaterra era uma das nações mais influentes do mundo, por
têxtil como fator de desenvolvimento sua grande força econômica e seu poder militar. Seu território era rico em jazidas de ferro, metal
e transformação social e econômica utilizado na produção das máquinas, e de carvão, principal fonte de energia das maquinofaturas.
na sociedade inglesa da época. O país tinha uma poderosa frota naval e controlava colônias na América, na África e na Ásia.
• CEH 3 e 5: abordadas com a turma por As colônias, ao mesmo tempo que forneciam matérias-primas variadas a baixo custo, eram impor-
meio de interpretações críticas sobre tantes mercados consumidores dos artigos produzidos na Inglaterra. As medidas protecionistas
as transformações na sociedade ingle- estabelecidas nos Atos de Navegação (1651), responsáveis por restringir o uso de navios estrangeiros
sa no século XVIII. no comércio naval entre o Reino Unido e suas colônias, favoreceram ainda mais a burguesia inglesa.
• Habilidade EF08HI03: enfocada com Fortalecida com as revoluções inglesas do século XVII e com a expansão do comércio, a burguesia
os estudantes ao analisar os efeitos aumentara seu poder econômico e político e gozava de grande prestígio social.
da implementação da indústria têxtil
Nas cidades, havia uma grande quantidade de pessoas em busca de emprego. Com os
na sociedade inglesa do século XVIII.
cercamentos das terras entre os séculos XVI e XVIII, muitos camponeses haviam sido obrigados
a se mudar para as cidades, onde se transformaram, na maior parte das vezes, em mão de obra
PROCEDIMENTO barata para a indústria inglesa.
A política dos cercamentos, adotada pelo governo inglês em benefício da gentry, concedeu
DIDÁTICOS a grandes proprietários de terra o direito de apropriação de terras comunais, onde viviam os
Exponha um mapa-múndi camponeses, para destiná-las à criação de ovelhas, cuja lã abastecia as indústrias inglesas. Ao
para a turma e aponte para a mesmo tempo, as manufaturas utilizavam máquinas que necessitavam de um número menor de
Inglaterra. Pergunte a eles como trabalhadores e produziam maior quantidade de objetos cada vez mais rápido.
o país pode ter sido pioneiro na A combinação desses fatores gerou profundas alterações em toda a sociedade inglesa, não
industrialização e se tornado uma apenas na economia, a partir da segunda metade do século XVIII. Essas transformações receberam
o nome de Revolução Industrial. Entre as principais mudanças, destacam-se: o crescimento
das nações mais influentes do
das cidades – relacionado ao desenvolvimento industrial e ao deslocamento de trabalhadores do
mundo no século XVIII. Explique
campo para as novas fábricas –; a invenção de máquinas cada vez mais modernas; o crescimento
que havia razões para isso dentro acelerado da produção e do consumo de mercadorias e o surgimento de um novo grupo
do próprio território inglês: a social, conhecido como proletariado, ou operariado.
oferta de matérias-primas, como
Paisagem urbana de
HULTON-DEUTSCH COLLECTION/

jazidas de ferro, que eram utili-


CORBIS/CORBIS/GETTY IMAGES

Manchester, na Inglaterra,
zadas na feitura de máquinas; e em fotografia do começo do
século XX, onde é possível
também a abundância de minas
perceber os efeitos da
de carvão, essencial para a pro- industrialização que se
dução de energia naquela época. iniciou no século XVIII.
Aponte para o Atlântico e
diga que os ingleses eram donos
de grandes companhias de
transporte de mercadorias
e escravos. Indique as regiões
do Caribe, dos Estados Unidos
e da África e diga que o Império
Britânico tinha colônias ou povo-
amentos nesses territórios, o que
contribuía para garantir o amplo 42
fornecimento de matéria-prima.
Esclareça que, quando nos refe-
rimos à Inglaterra, nos referimos naquele que não tem nenhum 42meio
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd
AMPLIAR HORIZONTES 09/08/22 15:54

ao poder do império todo, espa- na vida exceto sua força de traba-


lhado por vários continentes. lho, que ele vende para sobreviver. • BARTHOLOMEW, John; FULLARTON & CO. British Empi-
Sobre o termo proletariado, Peça que os estudantes pensem em re throughout the world exhibited in one view. [S. l.: 185-].
que será abordado novamente parentes ou amigos que vendem Library of Congress. Washington, DC, [2022]. Disponível
em: https://www.loc.gov/resource/g5730.ct000158/. Aces-
mais adiante, explique que é sua força de trabalho e que, ao final
so em: 18 jul. 2022.
um conceito usado para definir do mês, recebem um salário; isso
Página da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos com um
a classe oposta à classe capita- talvez ajude na reflexão.
mapa, produzido por John Bartholomew no século XIX, que apre-
lista (os detentores dos meios de senta toda a extensão do Império Britânico naquele momento.
produção). O proletário consiste
42

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Ao falar sobre o livro da autora
A INDÚSTRIA TÊXTIL Frances Milton Trollope, diga aos
Para conhecer algumas mudanças provocadas pela Revolução Industrial na sociedade, vamos estudantes que ela assinava como
analisar a imagem a seguir. Trata-se de uma gravura feita para o livro A vida e as aventuras de Sra. Trollope, ou seja, com sua
Michael Armstrong, o garoto da fábrica, da escritora inglesa Frances Milton Trollope (c. 1779-
identidade real, de mulher. No
1863), publicado em 1840. Para elaborar o livro, a escritora e o artista que realizou as gravuras
entanto, no século XIX, época em
visitaram inúmeras fábricas. Eles tentaram representar, com realismo, imagens impactantes da
que ela lançou esse livro, muitas
exploração do trabalho de crianças e mulheres. Podemos dizer, portanto, que as imagens dessa
mulheres usavam pseudônimos
obra tinham como objetivo denunciar uma realidade social.
A imagem mostra o interior de uma fábrica de tecido, ou seja, uma fábrica têxtil. Uma
masculinos. Ressalte que essa
máquina de grande porte domina o ambiente. Trata-se de uma fiandeira, que produz fios em prática possibilitava evitar críticas,
grandes quantidades, inventada em 1764 por um artesão britânico. É uma das primeiras invenções uma vez que os trabalhos escritos
da Revolução Industrial. por mulheres eram usualmente
Pode-se conferir na gravura condenados pela sociedade
IMAGEM CONDUTORA
que há poucas pessoas traba- da época. Acreditava-se que,

MANSELL/THE LIFE PICTURE COLLECTION/SHUTTERSTOCK.COM


lhando na fiandeira porque ao atuarem profissionalmente
essa máquina era operada como escritoras, as mulheres
por uma única pessoa. Com estariam extrapolando o papel
ela, foi possível aumentar social que lhes era reservado.
em oito vezes a produção Aproveite a oportunidade e ques-
de fios, ou seja, um único tione a turma: será que hoje ainda
trabalhador produzia com a existem pessoas que duvidam
máquina a mesma quanti- da capacidade feminina? Que
dade que oito trabalhadores acham que algumas atividades
produziam manualmente. não podem ser desempenhadas
Seu gigantismo, comparado
por mulheres?
ao tamanho das pessoas, é
Sobre a imagem, explique que
uma forma de representar
a atividade de fiar era imprescin-
a primeira grande mudança
trazida pela industrialização:
dível para a feitura de tecidos.
nas fábricas, as máquinas eram
Havia uma maior demanda por
consideradas mais importantes roupas e também por sacas para
que os trabalhadores. café, cacau e outros produtos
que eram comercializados pelas
rotas oceânicas.
Retorne à gravura e explique-
-lhes que as máquinas de fiar
funcionavam sem parar e em uma
Gravura, de autor grande velocidade, possibilitando
desconhecido, feita para o
livro A vida e as aventuras
uma produção oito vezes maior
de Michael Armstrong, o que antes. Explique também
garoto da fábrica (1840), que, no período pré-indus-
da escritora Frances trial, o ato de fiar era conduzido
Milton Trollope.
pelos pés dos trabalhadores, que
43 apertavam constantemente um
pequeno pedal.

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd 43 Em seguida, peça 09/08/22
que citem
15:54 exemplos de relações trabalhistas
que são consideradas ilegais hoje, como trabalho infantil, traba-
Denunciar uma realidade social lhos análogos à escravidão ou precarizados. Peça que, em grupos,
Peça aos estudantes que observem a gravura reproduzida escrevam uma manchete denunciando um dos trabalhos listados.
do livro A vida e as aventuras de Michael Armstrong, o Depois, a turma deverá produzir um texto direcionado a um
garoto da fábrica, que denunciava as condições de trabalho público-alvo específico (crianças, adultos etc.). Se necessário, soli-
no período. Explique a eles que denunciar, nesse caso, é expor cite que façam uma pesquisa para aprofundar e amparar seus
publicamente a vida degradante imposta a algumas pessoas, argumentos. Por fim, peça-lhes que compartilhem as manche-
geralmente por causa de sua classe social, raça ou gênero. tes e os textos com os colegas.

43

D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-C02-MPU-G24.indd 43 30/08/22 13:54


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 5 e 6: trabalhadas com os
estudantes ao analisar o impacto do
desenvolvimento tecnológico nas for-
Do tear ao pensamento computacional
mas de pensar das sociedades humanas. A busca de uma linguagem universal capaz de resolver problemas humanos com clareza e
• CEH 1 e 6: abordadas com a turma à precisão matemática vem mobilizando estudiosos ao longo dos tempos. Leonardo da Vinci (1452-
medida que problematizam os impac- 1519), por exemplo, por volta de 1500, esboçou um projeto de calculadora mecânica feita com
tos do desenvolvimento tecnológico um conjunto de engrenagens.
no contexto da industrialização. Esse esboço serviu de inspiração para que o filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662) desen-
• Habilidade EF08HI03: enfocada com volvesse, no século XVII, uma máquina com seis rodas dentadas, cada uma contendo um algarismo
os estudantes ao caracterizar as mu- de 0 a 9, capaz de realizar operações de somar e subtrair. Conhecida como pascalina, é a primeira
danças estabelecidas pelo processo de máquina de calcular completamente mecânica.
industrialização da sociedade inglesa A invenção dessas duas máquinas de calcular esteve na base do desenvolvimento de uma
do século XVIII. outra máquina com funções bem diferentes da de fazer cálculos: o tear de Jacquard, cujo nome foi
dado em homenagem ao seu inventor, o francês Joseph-Marie Jacquard. Desenvolvido em 1801,
o tear bordava diversos padrões têxteis, com cores variadas, de maneira mecânica, substituindo o
PROCEDIMENTOS trabalho do tecelão e de seus três ajudantes que, até então, precisavam trançar manualmente cada
DIDÁTICOS um dos fios para dar a cor, a forma e o desenho desejado. Seu diferencial era o uso de cartões
O pensamento computacio- perfurados que, ao serem inseridos na máquina, permitiam bordar padrões diferentes de acordo
nal é a habilidade de mobilizar com o cartão escolhido.
os conhecimentos para solucio-

AKG-IMAGES/ALBUM//ALBUM/FOTOARENA
nar os problemas com eficiência.
Fazemos isso de diversas formas,
mas nem sempre consciente do
uso do conceito. O importante,
portanto, é ter clareza do uso do
conceito e saber que ele pode nos
auxiliar em diversas situações.
Como consta no Livro do
Estudante e nas Orientações
gerais para a coleção, deste
Manual, o pensamento compu-
tacional é composto de alguns
princípios que podem ser usados
juntos ou separadamente. No
8o ano, usamos três princípios:
decomposição; reconhecimento
de padrões e abstrações.
Antes de abordar o mate-
rial da página 44 do Livro do
Estudante, promova a atividade
a seguir, ideal para se fazer com
grupos grandes de estudantes. Colcha fabricada pelo tear de Jacquard, em 1840.

44

AMPLIAR HORIZONTES
• HOW was it made? Jacquard Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24-AV3.indd 44 central e peça-lhes que identifiquem 16/08/22 10:14

weaving. 2015. Vídeo (3min24s). quais padrões de mochilas existem ali e


Publicado pelo canal Victoria
Exercitar o pensamento como podem agrupá-las de forma orga-
and Albert Museum. Disponí­
computacional em sala de aula nizada. Esclareça que, antes de agrupá-
vel em: https://www.youtube. Organize a sala com as carteiras em meia- -las, a turma precisa refletir sobre qual
com/watch?v=K6NgMNvK52A. -lua, para que o espaço central fique vazio, seria o padrão mais adequado para essa
Acesso em: 19 jul. 2022. e proponha esta atividade. organização. Eles precisam analisar algu-
Vídeo (com legendas em inglês) • Reconhecimento de padrões mas características que poderiam iden-
que explica o funcionamento do
a) Solicite aos estudantes que colo- tificar (abarcar) todas as mochilas ou ao
tear inventado por Jacquard.
quem suas mochilas no espaço menos uma parte delas.
44

D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-C02-MPU-G24.indd 44 30/08/22 13:54


• Decomposição

DMITRI MARUTA/ALAMY/FOTOARENA
a) Agora, solicite à turma que
O tear criado por Jacquard diversificou, popula-
pense como descrever uma
rizou e barateou a produção de tecidos. Os cartões mochila para quem nunca
podiam ser copiados e reproduzidos quantas vezes viu uma.
fosse necessário e faziam do tear uma máquina pro- b) Deixe-os refletir, mas prova-
gramável. Esse invento é considerado um dos marcos velmente optarão por esco-
do pensamento computacional, pois, por meio de
lher um modelo de maior
uma linguagem comum – os cartões perfurados –,
representatividade para a
a máquina repetia padrões. Esses cartões passaram
a ser utilizados, em diversos outros processos e descrição.
foram usados, inclusive, nos primeiros computado- Diferente do problema ante-
c)
res, de meados do século XX. rior (cujo objetivo era encon-
A lógica computacional, portanto, não precisa trar padrões), a questão aqui
de computador. Sua essência é a capacidade de é dividir o problema em par-
pensar para buscar resolver problemas usando
tes menores.
alguns dos princípios a seguir, de modo conjunto
ou independente. • Abstração
• Decomposição: identificar um problema e a) A habilidade da abstra-
decompô-lo em partes menores para facilitar ção significa ser capaz de
a resolução de cada uma dessas partes. Cartões utilizados nos teares de separar aquilo que de fato
• Reconhecimento de padrões: capacidade Jacquard. Fotografia de 2019.
é importante em um pro-
de reconhecer características que se repetem ou são tendências em um problema. Ao blema e focar no que é
entender padrões que se repetem, é mais fácil buscar possíveis soluções. essencial.
• Abstração: enfocar o que realmente importa em cada problema, esquecendo detalhes.
Jacquard utilizou vários aspectos do pensamento computacional, como a decomposição Atividade
para dividir o funcionamento de um tear e resolvê-lo por partes menores, a abstração para con- 3. Uma pesquisa em um busca-
centrar-se em determinado ponto central de funcionamento do tear etc. Mas uma característica
dor on-line pelo termo punch
bem evidente é o uso de repetição de padrões, uma vez que ele utilizou uma lógica por meio
dos cartões perfurados que funcionava para a produção de muitos tecidos.
cart art pode revelar diversos
exemplos de arte feita com
matriz de cartão perfurado.
1. Podemos verificar que o conhecimento humano é resultante da ação de muitas Outro exemplo é o artesanato
pessoas, ou seja, ele é acumulativo. Cite algum outro evento ou ideia onde isso pode de ponto em cruz, bastante
ser verificado.
tradicional em todo o país.
2. As invenções são resultantes de muitas tentativas e erros, ou seja, errar é um pro-
cesso importante para a aquisição de conhecimento, desde que exista uma reflexão
sobre suas causas. Na sua vida, você costuma analisar as razões de erros ou caminhos
que não deram certo? Como você faz isso? Pense em exemplos práticos de situações
nas quais você acha que errou e quais foram as causas. O que você poderia fazer
transformar esses erros em acertos? Respostas pessoais. A atividade procura trabalhar com
as habilidades socioemocionais dos estudantes, como o autoconhecimento.
3. Agora é com você. Busque na internet algum vídeo que mostre a técnica do tear
de cartões e faça um texto explicando o que entendeu. Posteriormente, consulte
exemplos de produções com cartão perfurado e faça uma matriz para produzir um
desenho que represente algo de que você goste. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes indiquem que o conhecimento é resultado do acúmulo
dos saberes do passado. Eles podem citar exemplos variados, como as pesquisas científicas, os avanços 45
tecnológicos, entre outros.

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24-AV2.indd 45 escolhido foi o melhor, se algumas mochi-
14/08/22 14:23

(continuação) las não se encaixaram em padrão algum etc.


c) Pergunte-lhes também onde podem apli-
b) Anote na lousa as opções sugeridas: por car esse reconhecimento de padrões, tanto
cor; por tipo de material usado na confecção; na escola como na vida. Deixe-os chegar às
por tamanhos etc. Deixe que eles sepa- conclusões. O pensamento computacional
rem as mochilas nos padrões selecionados é utilizado quando agrupamos as roupas
e, ao final, peça que reflitam se o padrão nas gavetas dos armários, por exemplo.

45

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3, 5 e 6: são trabalhadas com
os estudantes ao explicar o surgimen-
to das máquinas a vapor e apresentar
Máquinas a vapor

MANSELL/THE LIFE PICTURE COLLECTION/SHUTTERSTOCK.COM


os impactos da industrialização nas As máquinas têxteis foram aperfeiçoadas e, em pouco IC
condições de vida dos trabalhadores. tempo, a indústria têxtil inglesa experimentou um período de
aceleração, com a produção e a exportação de tecidos aumen-
• CEH 2, 3, 5 e 6: são abordadas com
tando significativamente.
a turma por meio da historicização
As novidades da Revolução Industrial afetaram outros
do processo de produção e das re-
setores da sociedade inglesa. Em 1769, o escocês James Watt
lações de trabalho no contexto da
(1736-1819) patenteou um motor movido com a energia do
industrialização.
vapor de água. Esse motor fazia as máquinas trabalharem em
• Habilidade EF08HI03: é enfocada
uma velocidade bem maior do que quando eram acionadas
ao apresentar os impactos da imple-
pela força humana. Depois de algumas adaptações, ele passou
mentação das máquinas a vapor nas
a ser utilizado na extração e no tratamento de minérios, na
condições de vida e de trabalho dos
agricultura, em barcos e em trens.
operários na Inglaterra a partir do sé-
Os tecidos ingleses, que até então

MANSELL/THE LIFE PICTURE COLLECTION/SHUTTERSTOCK.COM


culo XVIII.
eram produzidos principalmente com
lã, passaram a ser feitos de algodão,
PROCEDIMENTOS matéria-prima cultivada com trabalho
de pessoas escravizadas nas colônias
DIDÁTICOS inglesas da América do Norte.
Retome as viagens feitas O baixo custo do algodão, as
durante as Grandes Navegações novidades tecnológicas da época e a
abordadas no 7o ano. Relembre facilidade dos ingleses para exportar
seus tecidos contribuíram para tornar a
o uso de barcos a vela e a longa
indústria têxtil o ramo mais importante
duração das viagens que saíam do início da industrialização inglesa.
da Europa em direção às terras
que formariam o Brasil atual, por Patentear: registrar, em órgãos oficiais,
exemplo. O trajeto poderia durar uma invenção, um desenho ou uma ideia,
por exemplo.
muitos meses ou anos.
Explique que a Revolução
Industrial transformaria também
Representação de uma operária
as navegações, fazendo que os enquanto trabalha na fiandeira.
barcos fossem movidos a vapor. Detalhe da gravura feita para o livro
A vida e as aventuras de Michael
Como consequência, as viagens Armstrong, o garoto da fábrica.
se tornaram mais rápidas e,
assim, as distâncias pareciam
menores. As cartas chegavam 1. As invenções foram fator essencial para o desenvolvimento da Revolução Industrial.
Inventar algo significa romper com a maneira de fazer e enxergar as coisas, partindo
mais rapidamente, as pessoas e
da ideia de que é possível fazê-las de maneira diferente. Cite dois exemplos de coisas
as mercadorias se moviam em que você gostaria que fossem inventadas ou aperfeiçoadas para adquirir novas fun-
uma velocidade maior também. cionalidades. Em seguida, explique os benefícios que esses inventos trariam para as
Mencione o uso do motor suas atividades cotidianas ou as de sua comunidade.
Respostas pessoais. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
a vapor nos trens, detalhando 46
a importância que tiveram as
ferrovias no transporte de maté-
rias-primas e produtos. Aponte Atividade
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24-AV2.indd 46 14/08/22 14:23

também como os maquinários


1. Respostas pessoais. A atividade permite
tornaram a extração de miné- trabalhar a criatividade e a resolução de
rios mais rápida. Compor um problemas. Se considerar válido, amplie a
panorama das transformações atividade pedindo que os estudantes dese-
provocadas pela Revolução nhem protótipos dos inventos que idealizaram
Industrial é importante para que e descrevam os possíveis materiais de que
os estudantes dimensionem o eles seriam feitos, observando a preocupação
impacto desse evento nas diver- com o meio ambiente.
sas atividades humanas.
46

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Explique que na época da
CONDIÇÕES DE VIDA DOS TRABALHADORES
Revolução Industrial os tra-
Vamos analisar mais uma vez a imagem, destacando os balhadores tinham poucos ou

MANSELL/THE LIFE PICTURE COLLECTION/


SHUTTERSTOCK.COM
IC
trabalhadores. Em primeiro plano, encontram-se duas crianças.
nenhum direito trabalhista.
Uma delas, à direita, com roupas rasgadas e muito magra,
Não havia limites para o número
ampara-se em um menino com semblante triste. Um pouco
de horas trabalhadas nem dispo-
atrás delas, à esquerda, outra criança sai de baixo da máquina,
onde poderia estar fazendo alguma inspeção ou manutenção.
sitivos de segurança no trabalho.
Ao lado das crianças que estão em pé, um homem parece Acidentes eram muito comuns,
conversar com uma mulher, mas ela está atenta ao funciona- especialmente porque as máqui-
mento da máquina ou às crianças; mais atrás, à esquerda, outra nas não podiam parar de acordo
mulher trabalha na produção de fios. A imagem representa com a vontade ou a necessidade
um fato bastante comum na industrialização da Inglaterra: o do trabalhador. Quando ocorriam
emprego do trabalho feminino e do trabalho infantil. acidentes graves, os afetados
Em meados da década de 1830, segundo as estimativas, a podiam ficar impossibilitados de
cada quatro trabalhadores das fábricas de tecidos havia um homem, uma mulher e duas crianças trabalhar e não recebiam ressar-
ou adolescentes. Crianças com cerca de 7 anos de idade eram obrigadas a trabalhar por períodos cimentos ou subsídios.
longos, de 12 a 15 horas por dia, seis dias por semana, em uma jornada semelhante à de um
Explique também que, nesse
adulto. Elas raramente se alimentavam de maneira correta e quase nunca descansavam, o que as
período (e ainda hoje em muitos
deixava fracas e doentes.
lugares), as crianças eram desde
Em muitas fábricas, só era permitido parar para se alimentar no jantar – no restante da
jornada, era necessário comer e trabalhar ao mesmo tempo. Nesse contexto, a industrialização
muito pequenas levadas às fábri-
provocou um grande aumento cas, pois suas mães não tinham
no número de mortes entre com quem deixá-las. Era comum
as crianças: aquelas que não que esperassem entre máquinas
sofriam acidentes nas fábricas e, a partir de uma certa idade,
podiam adoecer pelo cansaço passassem a trabalhar também.
e pelas péssimas condições Diga que não existia uma legis-
a que eram submetidas. A lação que proibisse trabalho
pobreza, a miséria e a fome infantil, e crianças constituíam
levaram milhões de trabalha- uma grande parcela da força de
dores a migrarem em busca trabalho, estando sujeitas a aci-
de melhores condições de
dentes constantes e a jornadas
vida. Os Estados Unidos foi
extensas de trabalho.
um dos principais destinos
MANSELL/THE LIFE PICTURE COLLECTION/SHUTTERSTOCK.COM

dessa população.
AMPLIAR HORIZONTES
• MAPA do Trabalho Infantil.
A exploração de crianças era Criança Livre de Trabalho
constante dentro das fábricas. Infantil. [S. l.], 2020.Dispo-
Detalhe da gravura feita para o nível em: https://livredetrabalho
livro A vida e as aventuras de
infantil.org.br/conteudos-
Michael Armstrong, o garoto
da fábrica. formativos/mapa-do-trabalho-
infantil/. Acesso em: 4 ago. 2022.
47 Mapa com estatísticas nacionais
sobre o trabalho infantil no Brasil.

Atividade complementar
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Analisar o Mapa do Trabalho Infantil


Mostre aos estudantes o Mapa do Trabalho Infantil, indicado infantil. Ajude-os a entender que ele causa evasão escolar, difi-
no Ampliar horizontes desta página, e selecione os estados culdades de crescimento e impede o desenvolvimento saudável.
da região onde a escola está localizada. Em seguida, peça que É importante que identifiquem os empregadores como respon-
listem algumas atividades econômicas que empregam traba- sáveis diretos por isso.
lho infantil, apesar de proibido. Proponha que elaborem soluções para erradicar o trabalho
Pergunte à turma sobre como deve ser o cotidiano das crianças infantil. Ao final, organize uma rodada de apresentação e dis-
nessas atividades e questione-os sobre os malefícios do trabalho cussão das soluções propostas.
47

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A BNCC NESTA DUPLA

NORTH WIND PICTURE ARCHIVES/AKG/ALBUM/FOTOARENA


• CECH 2 e 6: são trabalhadas com os
estudantes ao analisar o impacto da
industrialização nas relações de tra-
O trabalho infantil nas
balho, especialmente a partir do fábricas
problema do trabalho infantil. Tanto as crianças quanto as mulheres rece-
• CEH 1, 2, 3 e 4: são abordadas com a biam salários mais baixos que os dos homens.
turma ao problematizar a prática do Essa situação contribuía para a redução geral
trabalho infantil e compreender a sua dos salários pagos a todos os trabalhadores.
historicidade e os desafios constituí- Além disso, as fábricas eram locais de
dos ao longo do tempo no combate trabalho bastante insalubres. Havia pouco
à exploração infantil nas diferentes espaço para a circulação de ar, e o ambiente
sociedades. era geralmente sujo. Nas máquinas, não havia
• A habilidade EF08HI03: é enfoca- sistemas de segurança, e qualquer distra-
da com os estudantes ao identificar ção poderia provocar acidentes graves e até
o trabalho infantil como uma práti- mesmo a morte.
ca presente na Revolução Industrial e No século XIX, as autoridades inglesas
recorrente nos dias de hoje em dife- decidiram investigar as condições de trabalho
rentes lugares do mundo. das crianças. Em 1833, criou-se a Comissão
Parlamentar de Inquérito sobre a Condição do
PROCEDIMENTOS Trabalho Infantil nas Fábricas. Entre as infor-
mações levantadas pela comissão, estava uma
DIDÁTICOS pequena entrevista com John Wright, traba-
Xilogravura do início do século XIX, de
Ressalte que o trabalho lhador inglês empregado em uma fábrica de autoria desconhecida, colorizada à mão, que
infantil era comum e as crianças seda. Leia a seguir um trecho dessa entrevista. representa o interior de uma fábrica têxtil.
realizavam trabalhos perigosos
em troca de salários muito mais Há quanto tempo você trabalha numa fábrica de tecidos?
baixos que os pagos aos adultos. Há mais de trinta anos.
As mulheres também ganhavam Você começou a trabalhar quando era uma criança?
menos do que os dos homens, Sim, entre 5 e 6 anos de idade.
Quantas horas você trabalhava por dia naquela época?
o que demonstra uma desigual-
Trinta anos atrás, eu trabalhava o mesmo que agora.
dade de gênero nas relações de
E quantas horas isso significa?
trabalho. Auxilie os estudantes Onze horas regulares por dia e mais duas horas extras. As horas extras são
a estabelecer vínculos entre a feitas depois das 6 horas da tarde, até as 8 da noite. A jornada de trabalho vai das 6
falta de legislação trabalhista horas da manhã até as 6 da tarde, e as outras duas horas são horas extras. Cerca de
e os salários desiguais, os abusos cinquenta anos atrás, começou-se a trabalhar com horas extras.
[…]
cometidos dentro das fábricas e o
Quais são os efeitos do presente sistema de trabalho sobre os empregados?
ambiente insalubre de trabalho.
[…]
Para trabalhar a empatia, peça Por causa do excesso de trabalho e do confinamento, muitos perdem completa-
que se imaginem como chefes mente o apetite, sendo tomados por um tipo de fraqueza e cansaço que derruba até
de família, homens ou mulhe- as pessoas mais fortes e reduz as forças a pó.
res, no período da Revolução TESTIMONY for the Factory Act of 1833: working conditions in England. In: SHERMAN, Dennis. Western
civilization: sources, images, and interpretations: from the Renaissance to the present. New York: McGraw-
Industrial. Ao procurarem Hill, 2010. p. 151-153. Tradução nossa.
emprego, se deparariam com o
fato de os industriais emprega- 48
rem crianças e pagarem baixos
salários a essa mão de obra.
Explique a eles que o emprego deD3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd
uma criança. Em seguida, 48 pergunte qual 09/08/22 15:54

de trabalho infantil era vantajoso trabalhador daria mais lucro para o emprega-
aos industriais e significava uma dor, mesmo se a fábrica precisasse de duas
precarização de toda a força de ou três crianças para produzir o equivalente a
trabalho. um adulto. Espera-se que os estudantes res-
Na lousa, escreva o número pondam que as crianças eram mais rentáveis.
100, para simbolizar a remunera- Explique a eles que, por causa disso, muitos tra-
ção pelo trabalho de um adulto, balhadores adultos negociavam salários mais
e o número 20, para simbolizar baixos e/ou colocavam mais filhos para traba-
a remuneração pelo trabalho lhar nas fábricas.
48

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O trabalho infantil na atualidade Leve os estudantes a refle-
Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 2020, no mundo, tir sobre por que crianças não
160 milhões de crianças trabalhavam, principalmente em países da África, do Sudeste da Ásia e devem trabalhar, reforçando a
da América Latina. Esses dados revelam um aumento de 8,4 milhões de crianças nessa situação de importância do estudo, do des-
vulnerabilidade. No Brasil, dados de 2019 indicam que 1,7 milhão de crianças e adolescentes, de 5 a canso e do lazer na formação
17 anos, tinham seu trabalho explorado. infantojuvenil. Busque ressal-
O trabalho infantil ocorre de diversas formas. Em áreas urbanas, o mais comum é o trabalho tar que, embora tenha havido
infantil doméstico, no qual crianças e adolescentes ficam responsáveis pela limpeza da casa e
avanços na legislação contra o
pelo cuidado com outras crianças. Nas áreas rurais, o trabalho infantil ocorre na agricultura, no
emprego de mão de obra infan-
trabalho doméstico, na mineração e em carvoarias.
Crianças que trabalham são privadas do direito à infância, apresentam prejuízos no desen- til, essa ainda é uma realidade
volvimento emocional e físico e problemas em sua escolarização. a ser combatida pelo governo e
A erradicação do trabalho infantil depende de toda a sociedade, inclusive de você. Ao teste- pela sociedade civil. Aborde o
munhar situações de trabalho infantil, peça a um adulto que denuncie ao Disque Direitos Humanos tema com cuidado, pois pode
ligando para o número 100. A denúncia é anônima e será encaminhada aos órgãos competentes. haver na sala de aula estudan-
tes que, apesar da pouca idade,
MAURO AKIIN NASSOR/FOTOARENA

já estejam trabalhando e que


podem se sentir constrangidos
com o assunto.
Atividade
1. O trabalho infantil domés-
tico e o trabalho infantil nas
zonas rurais são dois exemplos
bastante significativos a res-
peito do assunto. Além disso,
recorde a presença de crianças
pedindo dinheiro nas ruas,
principalmente nos grandes
centros urbanos. Oriente
Criança trabalha no transporte de lenha, no município de Jandaíra (BA), em 2020. os estudantes a abordar as
consequências físicas, psico-
lógicas e educacionais dessas
1. De acordo com as leis brasileiras, o trabalho infantil é proibido; já os jovens de 14 a 16
anos só podem trabalhar como aprendizes e em determinados horários. No entanto, atividades nas crianças traba-
centenas de milhares de menores de idade trabalham de modo irregular atualmente. lhadoras e a pesquisar ações
Em dupla, pesquisem mais informações sobre esse problema social no Brasil. Escolham atualmente vigentes com o
um segmento econômico que explora o trabalho de crianças e adolescentes e descubram
objetivo de combater essas
detalhes da rotina de trabalho a que são submetidos. Ao final, produzam um cartaz a
respeito do assunto contendo um texto curto sobre a importância da erradicação do práticas.
trabalho infantil no Brasil. Consulte, na seção Como se faz…, orientações sobre como
fazer uma pesquisa.
Consulte comentários nas Orientações didáticas.
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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 6: são trabalhadas com os
estudantes ao identificar os problemas
ambientais e o surgimento de novos
Os problemas urbanos
grupos sociais como consequên­cias Como vimos, o desenvolvimento das fábricas em áreas urbanas incentivou ainda mais o
relacionadas à industrialização. crescimento das cidades. Até meados do século XVIII, a maior parte da população inglesa
• CEH 3, 6 e 7: são abordadas com a morava no campo e se dedicava às atividades agrícolas. Em 1750, apenas as cidades de Londres
turma ao construir argumentos e es- e Edimburgo tinham mais de 50 mil habitantes. Em 1851, no auge da industrialização inglesa,
tabelecer interpretações críticas sobre 29 cidades atingiram esse número de habitantes, e nove cidades já tinham mais de 100 mil
as consequências do processo de Re- moradores. Em território inglês já havia mais pessoas morando nas cidades do que no campo.
volução Industrial, em especial os No ambiente urbano, as ruas eram estreitas e sujas,
problemas ambientais e as relações e não havia áreas para a construção de moradias suficien- Saneamento básico:
entre burguesia e proletariado. tes. Em áreas próximas das indústrias, onde a maioria dos abastecimento e tratamento de água
e de esgoto, coleta de lixo, limpeza
• Habilidade EF08HI03: é enfocada trabalhadores morava, o ar era enfumaçado e poluído.
das ruas e controle da poluição.
com os estudantes ao analisar as Serviços fundamentais, como saneamento básico, quase
características da Revolução Indus- não existiam ou eram muito ruins.
trial e problematizar suas principais Por falta de espaço e por causa do valor mais baixo dos aluguéis, as pessoas viviam em
consequências. cortiços e em construções superlotadas, casebres desprotegidos do vento e da chuva, ou mesmo
em habitações temporárias. Esses ambientes poluídos, sem higiene e apertados, propiciavam a
proliferação de muitas doenças, como as epidemias de cólera, febre tifoide e outros males que
PROCEDIMENTOS atingiam os bairros de operários.
DIDÁTICOS
Explique que a utilização de 1. Entre 2012 e 2020, mais de 5,6 milhões de trabalhadores brasileiros desenvolveram
máquinas na Inglaterra também algum tipo de doença por causa do trabalho. São as chamadas doenças ocupacio-
ocorreu na agricultura e na nais. Dentre as mais comuns estão doenças na coluna, nas articulações, no sistema
auditivo, além de estresse, ansiedade e depressão, dentre outras. Em grupo, procure
pecuária, o que ocasionou um em sua comunidade trabalhadores que desenvolveram algum tipo de doença ocu-
êxodo para as cidades. Retome a pacional e grave uma entrevista com eles pedindo que descrevam as características
informação de que trabalhado- do trabalho e a relação com a doença desenvolvida. Ao final, faça um podcast com
as informações levantadas. Consulte a seção Como se faz… para orientações sobre
res nas cidades recebiam salários
como fazer um podcast. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
muito baixos e havia ainda uma
massa de desempregados, exce-
dente de mão de obra não
absorvida pelas fábricas.
Comente que, sem dinheiro
e sem empregos, os trabalha-
dores moravam em péssimas
condições e eram expostos a
baixas temperaturas, chamando
a atenção para o perigo de crian-
ças e idosos morrerem de frio, Crianças
BRIDGEMAN/FOTOARENA

por exemplo. Relacione as condi- inglesas, em


um cortiço
ções das habitações e a ausência de Londres,
de saneamento básico à prolife- século XIX.
ração de doenças.
50
Atividade
1. Antes de iniciarem a ativi-
dade, reforce a importância necessidade de afastamento? Em caso posi-
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da consulta à seção Como se tivo, por quanto tempo? Recebeu algum


faz... para ajudá-los. Oriente apoio do empregador ou do sindicato da
os estudantes na elaboração categoria? Oriente os estudantes a pedir
dos questionários. São exem- permissão do entrevistado para gravar a
plos de perguntas que podem conversa e divulgá-la. Caso as entrevistas
ser feitas: há quanto tempo venham a ser realizadas fora das depen-
surgiu a doença? Como ela dências da escola, obtenha dos responsáveis
prejudica seu dia a dia? Como pelos estudantes autorização para que eles
prejudica seu trabalho? Houve possam fazer a entrevista.
50

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Antes da leitura do texto do
AS RELAÇÕES ENTRE BURGUESES E PROLETÁRIOS
item As relações entre bur-
Durante a Revolução Industrial, a burguesia se tornou o grupo mais poderoso e influente gueses e proletários, explique
da sociedade, e um novo grupo social nasceu, formado pelos trabalhadores industriais e suas
que com a Revolução Industrial
famílias, os proletários.
surgiram dois grupos sociais:
Esse termo, de origem latina, vem da palavra prole, que significa “descendência”, “filhos”.
Na antiga Roma, os proletários eram pessoas que não tinham bens e, por isso, eram isentas de
burgueses e proletários. Escreva
pagar impostos, mas obrigadas a enviar seus filhos para defender a cidade em caso de guerra. na lousa as duas palavras e as
Com a Revolução Industrial, a palavra proletários passou a denominar pessoas que não possuíam características de cada grupo.
os meios de produção (oficinas, ferramentas, fábricas e máquinas) e ganhavam o próprio sustento Peça a eles que ajudem a com-
e o de suas famílias trocando sua força de trabalho por um salário. pletar o quadro. Mencione que
Ao analisar atentamente os detalhes da imagem condutora os burgueses eram as pessoas

MANSELL/THE LIFE PICTURE COLLECTION/SHUTTERSTOCK.COM


IC
deste capítulo, é possível entender como viviam os representan- ricas, donas das fábricas e das
tes desses grupos antagônicos. máquinas, e os proletários eram
No interior da fábrica, ao fundo, encontram-se três homens (são) os que vendiam (vendem)
conversando. Dois deles usam cartola e estão bem-vestidos: sua força de trabalho.
representam os burgueses, donos do dinheiro usado para cons- A imagem condutora pode
truir fábricas, comprar máquinas e matéria-prima e pagar os
ser utilizada para as diferenças
salários. Eram, portanto, os donos das fábricas e ficavam com o
entre os grupos. Os burgueses
lucro da produção. Eles conversam com um terceiro homem, que
estão cuidadosamente vestidos
usa roupas mais simples: trata-se de um super-
visor ou capataz, que toma conta da fábrica e Antagônico:
e não trabalham utilizando força
divergente, física nem em longas jornadas.
garante que os operários trabalhem da forma oposto.
exigida pelos burgueses. Aponte para a figura do capataz,
que intermediava as relações
MANSELL/THE LIFE PICTURE COLLECTION/SHUTTERSTOCK.COM

com os proletários e garantia a


regularidade da produção.

No detalhe da gravura feita para o livro A vida e as aventuras de Michael


Armstrong, o garoto da fábrica, são representados dois burgueses e um
capataz (de boina), pessoa encarregada de tomar conta da fábrica.

51 inglesas, onde se transforma-


riam em fios e depois em sacas,
e retornariam às Américas para
ensacar o café, na região do
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atual Brasil, por exemplo.
Traçar o caminho da produção ga=2.177113516.808051609.1658170195-
Ao final, promova uma discus-
517353648.1658170195; acesso em: 22 ago.
Explique que um dos maiores fornecedores de são sobre a divisão internacional
matéria-prima para as tecelagens da Inglaterra 2022). do trabalho estabelecida especi-
eram os Estados Unidos. Trabalhadores escravi- Em seguida, peça aos estudantes que ficamente na produção de sacas.
zados trabalhavam nas plantations americanas, formem grupos e tracem o caminho das sacas Destaque como os processos de
e o ritmo de produção nesses locais ficou ainda desde a produção até o destino final. Eles diferentes lugares estavam direta-
maior com o descaroçador inventado por Eli deverão considerar desde o plantio, pelas mãos mente conectados, auxiliando-os
Whitney, mostrado na gravura Desenho de dos trabalhadores escravizados, passando pela a compreender as origens da glo-
descaroçador de algodão (disponível em: máquina de Whitney e chegando às fábricas balização econômica.
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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1 e 6: são trabalhadas com os
estudantes ao construir argumentos
críticos sobre as mobilizações empre-
Lucros e confrontos
endidas pelo proletariado diante da Desde meados do século XVII, com o desenvolvimento comercial e marítimo da Inglaterra e as
exploração de mão de obra. mudanças políticas, vinha ocorrendo o fortalecimento da burguesia inglesa. A riqueza acumulada
• CEH 3 e 5: são abordadas com a tur- com o comércio foi empregada pelos burgueses para construir fábricas e produzir mais máquinas.
ma ao elaborar interpretações sobre Esse tipo de investimento aumentava a produção das mercadorias e os lucros da própria burguesia,
a organização dos trabalhadores e os gerando um ciclo que se autoalimentava e se expandia.
confrontos entre burgueses e proleta- Para entender esse processo, vamos tomar como exemplo a confecção de roupas. Os burgue-
riado no processo de industrialização. ses, que tinham dinheiro, compravam máquinas e montavam uma fábrica para produzir roupas.
• A habilidade EF08HI03: é enfocada O dono da fábrica contratava trabalhadores, a quem pagava salários baixos por longas jornadas.
com os estudantes ao problematizar Os custos das máquinas e das instalações eram altos, mas, como ficavam em funcionamento por
as relações sociais existentes no pe­ longos períodos, a fábrica produzia muito, e logo a produção era vendida, compensando os gastos
ríodo abordado. feitos inicialmente. Portanto, para o dono de uma fábrica, a mecanização na Revolução Industrial
significou menos custos de produção, menor quantidade de trabalhadores, menos tempo de
trabalho e mais lucro.
PROCEDIMENTOS O ganho dos burgueses vinha à custa dos operários, que ganhavam salários extremamente
DIDÁTICOS baixos e tinham excessiva carga de trabalho, sem direito a férias ou a descanso semanal. Como as
máquinas podiam ser operadas por trabalhadores menos experientes por salários irrisórios, muitos
Retome questões abordadas
homens foram substituídos por crianças que nunca haviam trabalhado.
anteriormente sobre a falta de Assim, surgiu uma tensão entre burgueses e proletários. Os trabalhadores começaram a se
segurança no cotidiano dos tra- organizar, a protestar por melhores condições de trabalho e a deixar os empregos. Os burgueses
balhadores, destacando que eles pressionavam o governo para criar leis severas que combatessem o abandono do trabalho, que
frequentemente sofriam aciden- consideravam vadiagem, e diminuíssem a resistência às condições degradantes nas fábricas.
tes. Você pode trazer o tópico

NEUEN POSTILLON, ZURIQUE, SUÍÇA


para o presente perguntando aos
estudantes sobre relatos de traba-
lhadores que sofreram algum tipo
de acidente no trabalho e se eles
sabem se o trabalhador sofreu
alguma lesão, por exemplo.
Enquanto os avanços tecnoló-
gicos garantiam maior eficiência
na produção, eles também impu-
nham um ritmo arriscado ao
operariado. Na falta de legis-
lação trabalhista, os industriais Charge de autoria
desconhecida, publicada
apenas demitiam os trabalhado- em 1896, na revista suíça
res acidentados e contratavam Der Neue Postillon. A
imagem é uma forte
novos, sem pagar qualquer inde- crítica ao tratamento
nização. Além disso, quando um que os proprietários
de fábricas davam aos
trabalhador precisava de um des-
proletários.
canso e o requeria, poderia ser
demitido ou substituído. 52
Explique que, na perspectiva
de trabalhar de 15 a 18 horas por
dia, ganhar pouco e estar sujeitos noD3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd
âmbito individual e social?52 Busque chamar PROPOSTA DE AVALIAÇÃO 09/08/22 15:54

a acidentes, alguns trabalhado- a atenção para o fato de o desemprego contri- Essa avaliação é útil para integrar os estu-
res preferiam não trabalhar. Essa buir para uma condição de penúria financeira dantes com deficiência e avaliar o conteúdo
situação pode inspirar uma refle- e marginalização social. ensinado. Organize a sala em grupos, aten-
xão sobre a situação de “não tando para que o estudante com deficiência
trabalho”, que vivemos na atu- escolha o grupo do qual quer participar.
alidade. Pergunte à turma: em
que essas situações são pareci-
das? Em que elas são diferentes?
Quais efeitos tem o desemprego
52

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A organização dos trabalhadores Para tratar do tema da página,
Os operários começaram a se organizar contra as más condições de trabalho, contra a explo- pergunte aos estudantes se eles
ração que sofriam nas fábricas e contra as novas máquinas. Para exigir melhores condições de acham que os trabalhadores
vida e de trabalho, logo se formaram as associações de auxílio mútuo, grupos que tinham aceitavam passivamente a situ-
como objetivo criar um fundo de reserva para ser utilizado pelos trabalhadores nos momentos ação de exploração que lhes era
de dificuldade. imposta. Ressalte a ausência de
Nesse contexto, organizações cada vez mais complexas, como os sindicatos, foram criadas. direitos trabalhistas e questione-
Os sindicatos agiam em nome dos trabalhadores, lutando por melhores salários e condições de -os: como será que eles exigiam
trabalho, e falavam em nome do coletivo, evitando, dessa maneira, que os empregadores pudes-
melhores condições de trabalho
sem exercer pressão sobre os trabalhadores individualmente.
Um dos principais instrumentos para exigir mudanças nas relações de trabalho era a greve:
e indenizações, quando se aci-
os operários paravam de trabalhar, paralisando as fábricas e a produção, atingindo diretamente dentavam ou eram demitidos?
os interesses dos donos das fábricas, já que produção parada significava perda de lucros. É provável que alguns respon-
Muitos trabalhadores passaram a encarar as máquinas como as responsáveis pelo seu sofri- dam se referindo à organização
mento e empobrecimento. Como reação, invadiam as fábricas à noite para destruir o maquinário. de greves. Nesse caso, explique
O movimento ficou conhecido como ludismo, pois seu líder se chamava Ned Ludd. Ao concentrar aos estudantes que a greve foi
suas ações nas máquinas, o ludismo não considerava as causas dessa situação: o fato de os um instrumento importante de
interesses de trabalhadores e donos das fábricas serem distintos.
luta para os trabalhadores, mas
A luta dos operários começou a surtir efeitos a partir da década de 1830, com a criação das
havia outras formas de resistên-
primeiras leis que melhoraram as condições de trabalho. Surgiram limites para a jornada diária de
trabalho das crianças, e proibiu-se o trabalho feminino em atividades especialmente perigosas, cia, como tumultos e quebra
como nas minas de carvão. de máquinas, como evidencia a
Com essas conquistas, tam- imagem desta página.Explique

COLEÇÃO PARTICULAR
bém melhoraram as formas de também que sem o amparo
organização dos operários. Ao financeiro do Estado ou dos
longo do século XIX, surgiram empregadores, os trabalhado-
dezenas de movimentos políticos res criaram associações de auxílio
que defendiam os interesses do
mútuo, que objetivavam assegu-
proletariado e lutavam contra a
“exploração da burguesia e do
rar assistência aos trabalhadores
capitalismo”. As ideias socialistas acidentados e a suas famílias.
foram as que modificaram mais Para sintetizar o assunto e
profundamente a organização e a estimular as reflexões da turma,
forma de luta dos operários. escreva as expressões “greve”,
“ludismo” e “associações de
auxílio” na lousa e peça aos
Ilustração do início do século XX estudantes que pensem em
que representa trabalhadores
ingleses enquanto destroem o
outras formas de exigir direi-
tear de uma fábrica de tecidos tos que possam ter existido no
durante os motins de 1811 a 1816. passado. Explique a eles que
Esses atos estavam relacionados
a um movimento que ficou protestos, denúncias em jornais,
conhecido como ludismo. cartas a governantes e pique-
tes também eram comuns. É
53
interessante que eles notem as
diferentes estratégias utilizadas
pelos trabalhadores, tanto para
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO (continuação)
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ampliar o movimento, esten-
A turma deverá elaborar uma manchete e uma breve reportagem, denunciando as pés- dendo a mensagem para mais
simas condições de trabalho em uma fábrica do século XIX e informando os leitores sobre pessoas, como para pressionar
uma greve no local. Estabeleça o tamanho mínimo e máximo para o material, que terá de por suas demandas. Aproveite
abordar as condições de trabalho, as formas de organização dos trabalhadores e as suas para questioná-los sobre como
reivindicações. os trabalhadores exigem seus
O material poderá ser produzido e veiculado na forma de vídeo ou texto. A depender da direitos no presente.
deficiência do estudante, ele poderá se encarregar de anunciar a manchete da reportagem,
redigir as matérias etc.

53

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 6: são trabalhadas com
os estudantes ao analisar as caracte-
rísticas do capitalismo e o impacto das O CAPITALISMO
ideias socialistas. O capitalismo é uma forma de organização social e econômica de uma sociedade, assim
• CEH 1, 3 e 5: são abordadas com a como uma ideologia. O longo desenvolvimento histórico do capitalismo começou com o
turma ao analisar o surgimento do ca- crescimento das cidades europeias a partir da Baixa Idade Média, passou pelas expansões marí-
pitalismo e do socialismo enquanto timas (capitalismo mercantil) e comerciais (capitalismo comercial) do século XV e chegou até a
movimentos históricos que proporcio- Revolução Industrial, quando a produção de riquezas se deu pela exploração do trabalho dos
nam deslocamentos e transformações operários nas fábricas.
profundas nas sociedades modernas. No capitalismo industrial, consolidou-se a separação entre os trabalhadores, que vendem sua
• Habilidade EF08HI03: é enfocada força de trabalho em troca de um salário, e os capitalistas, que são os proprietários dos meios
com os estudantes ao analisar o sur- de produção e que contratam os trabalhadores para produzir mercadorias. Essas mercadorias são
gimento de novos movimentos sociais, colocadas à venda para os consumidores por um preço maior do que o seu custo de produção,
econômicos e políticos – como o capi-
gerando, assim, o lucro.
talismo e o socialismo – no contexto
Embora existam diferentes definições e tipos de capitalismo, a ideologia central desse sistema
da Revolução Industrial.
se baseia na defesa da propriedade privada dos meios de produção, na acumulação de capital,
na existência do trabalho assalariado e na livre competição de preços e mercados.
PROCEDIMENTOS
STR/AFP

DIDÁTICOS
Ao abordar o item O capita-
lismo, explique aos estudantes
que ele nem sempre esteve pre-
sente na história da humanidade.
Se possível, faça uma linha do
tempo na lousa para mostrar
que o capitalismo começou a Produção: interior
surgir ao final do feudalismo, de fábrica de
calçados em
passando também pelas Grandes Qingdao, na China,
Navegações, pela reestrutura- em 2018.
ção produtiva das Revoluções
Industriais, estendendo-se até
os dias de hoje.
Nessa longa trajetória, as
características desse sistema
econômico se transformaram,
passando desde o capitalismo Consumo: multidão

DAVID DEE DELGADO/GETTY IMAGES/AFP


mercantil ao capitalismo finan- em loja de
ceiro, embora tenha mantido departamentos no
dia de descontos
algumas estruturas centrais, de preços,
como a primazia do capital sobre chamado de Black
o trabalho. Friday. Estados
Unidos, 2018.
Explique que o capitalismo
é uma forma de organização 54
econômica e social na qual
poucos detêm os meios de
produção (máquinas, fábricas, geral, não era necessário conhecimento técnico,
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd 54
AMPLIAR HORIZONTES 09/08/22 15:54

terra, capital etc.) e muitas são tampouco força física. Esses fatores amplia-
as pessoas que trabalham para ram a mão de obra disponível, tornando viável • A HISTÓRIA do capitalismo no Brasil. 2010. Ví-
eles em troca de remuneração. a opção pelo trabalho infantil, por exemplo. deo (10min16s). Publicado pelo canal Univesp.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch
Faça um esquema explicativo na ?v=h03TyMwv8sg (parte 1); https://www.
lousa mostrando para a turma youtube.com/watch?v=yj6K9KYLaGY (parte 2).
que o avanço tecnológico na Acessos em: 13 ago. 2022.
Revolução Industrial possibilitou Caso queira ampliar a discussão sobre o capitalis-
mo, sugerimos abordar esse programa da Univesp
que praticamente qualquer indi- TV, que discute as influências dessa forma de or-
víduo operasse as máquinas. Em ganização social e econômica no Brasil.
54

D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-C02-MPU-G24.indd 54 30/08/22 13:54


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O MOVIMENTO SOCIALISTA Aponte que o socialismo é
uma proposta de organização
Os primeiros pensadores socialistas defendiam modificações na sociedade capitalista, bus-
que nunca foi concretizada tal
cando a organização dos trabalhadores em comunidades mais justas e com maior equilíbrio entre
os segmentos sociais.
como pensada por seus idealiza-
O socialismo utópico, por exemplo, foi um conjunto de correntes que tinham em comum a dores. Os teóricos do socialismo
crítica do funcionamento do capitalismo e defendiam propostas não violentas de transformação almejavam uma sociedade mais
da sociedade. Grande parte dos pensadores utópicos apresentava soluções excessivamente idea- justa e igualitária, sem as divi-
lizadas e, por isso, seus resultados práticos no século XIX foram, em geral, modestos e pontuais. sões existentes no capitalismo.
Com o tempo, os movimentos socialistas passaram a lutar por uma transformação da própria Explique à turma que, para
sociedade capitalista. Dois pensadores alemães ganharam muita importância: Karl Marx (1818- os teóricos socialistas, a riqueza
1883) e Friedrich Engels (1820-1895). Eles formularam propostas visando ao estabelecimento de
dos capitalistas provém da explo-
uma sociedade sem classes por uma via revolucionária.
ração dos trabalhadores e que,
As ideias de Marx e Engels ficaram conhecidas como socialismo
científico, ou marxismo. Elas propunham a superação do sistema Propriedade privada: algo para pôr fim à exploração, seria
que pertence, de direito, a necessário abolir a propriedade
capitalista e de suas desigualdades com a criação de uma socie- uma pessoa ou grupo, que
dade sem a propriedade privada dos meios de produção. Seria, é propriedade particular privada. Para concluir, relacione
portanto, uma sociedade com igualdade de direitos e com base na e pode ser comprado ou o surgimento e a populariza-
vendido (como uma casa,
organização dos trabalhadores, projeto que historicamente ficou ção do pensamento socialista
um carro ou uma fábrica).
conhecido como sociedade comunista. aos abusos sofridos pelos tra-
No século XIX, surgiram ainda outras formas de contestação do capitalismo, como o anar- balhadores nas fábricas e nos
quismo. Seus pensadores defendiam que, para superar o capitalismo e criar uma sociedade
campos, conteúdo trabalhado
igualitária, era necessário destruir o Estado e a propriedade privada. No lugar do capitalismo, deve-
riam surgir pequenas comunidades autogestionadas, organizadas por seus membros de maneira
anteriormente.
igualitária e sem divisões sociais, como ricos e pobres, ou patrões e empregados.

AMPLIAR HORIZONTES

UNIVERSAL HISTORY ARCHIVE/UIG/FOTOARENA


• O JOVEM Karl Marx. Direção:
Raoul Peck. França, Alema-
nha, Bélgica: California Filmes,
2017. (118 min).
O filme mostra simultaneamente
os levantes dos trabalhadores no
século XIX e o encontro do mais
importante teórico do socialismo,
Karl Marx, com seu interlocutor e
coautor, Friedrich Engels.

sociais e de todas as revolu-


ções políticas não devem ser
Gravura inglesa de 1880 que representa a luta simbólica entre donos de barcos e trabalhadores. procuradas nas cabeças dos
homens nem na ideia que eles
55 façam da verdade eterna ou da
eterna justiça, mas nas trans-
formações operadas no modo
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd 55 A concepção materialista da história parte
09/08/22 15:54
de produção e de troca; devem
da tese de que a produção, e com ela a tro- ser procuradas não na filoso-
Do socialismo utópico ao socialismo ca dos produtos, é a base de toda a ordem fia, mas na economia da época
científico social; de que em todas as sociedades que de que se trata [...]
O socialismo moderno é, em primeiro lu- desfilam pela história, a distribuição dos ENGELS, Friedrich. Do socialismo
gar, por seu conteúdo, fruto do reflexo na produtos, e juntamente com ela a divisão utópico ao socialismo científico.
inteligência, de um lado dos antagonismos de social dos homens em classes ou camadas, HISTEDBR. Campinas: Faculdade
é determinada pelo que a sociedade produz de Educação da Unicamp,
classe que imperam na moderna sociedade
[20--]. Disponível em: https://
entre possuidores e despossuídos, capitalis- e como produz e pelo modo de trocar os seus histedbrantigo.fe.unicamp.br/
tas e operários assalariados, e, de outro lado, produtos. De conformidade com isso, as cau- acer_fontes/acer_marx/tme_06.
da anarquia que reina na produção. [...] sas profundas de todas as transformações pdf. Acesso em: 13 ago. 2022.
55

D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-C02-MPU-G24.indd 55 30/08/22 13:54


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3: é trabalhada com os estudan-
tes ao analisar os impactos culturais
e ambientais do processo de indus- IMPACTOS CULTURAIS E AMBIENTAIS
trialização, especialmente a partir do O processo de industrialização e o desenvolvimento do capitalismo provocaram grandes
século XIX. mudanças nas práticas culturais e nas relações que as sociedades estabelecem com o meio
• CEH 2, 6 e 7: são abordadas com a ambiente. Esse tema se tornou muito presente nas artes europeias do século XIX, impactando as
turma ao compreender os efeitos da Artes Visuais e a Literatura. As obras impressionistas e pós-impressionistas e os romances do escri-
Revolução Industrial no tempo e no tor francês Honoré de Balzac (1799-1850) são exemplos disso, representando aspectos da nascente
espaço; e no processo de pesquisa e sociedade capitalista na França e em outras regiões da Europa.
produção de meme, para discutir o Além disso, a expansão do consumo ao longo do século XIX alterou significativamente
consumismo. o modo de vida e o acesso à cultura. As máquinas possibilitaram a expansão do mercado de
• Habilidade EF08HI03: é enfocada livros, tornando a leitura mais acessível aos setores populares dos países industriais. Outro des-
com os estudantes ao caracterizar as dobramento cultural da industrialização foi o surgimento de novas linguagens artísticas, como
consequências do processo de indus-
a fotografia e o cinema. As novas formas de entretenimento, a vida urbana e o consumismo
trialização no tempo e no espaço.
passaram a caracterizar a sociedade moderna.
A industrialização também alterou de modo permanente nossa relação com o meio ambiente.
PROCEDIMENTOS A queima de combustíveis fósseis para alimentar as fábricas tem provocado a emissão de gases
poluentes que aceleram o processo de aquecimento do planeta. A necessidade de recursos para
DIDÁTICOS impulsionar a produção industrial, como madeira, carvão e minerais, também afeta a natureza,
Explique à turma que os provocando a destruição de áreas verdes, a contaminação de rios e a deterioração do solo.
impactos da Revolução Industrial A intensificação da exploração da natureza acarreta grandes desequilíbrios ambientais, des-
extrapolaram o processo de truindo biomas e afetando a sobrevivência de muitas espécies.
industralização das sociedades
e a instauração de novas rela- Fábrica de celulose na África
do Sul, em 2019.
ROGAN WARD/ALAMY/FOTOARENA

ções de trabalho. Eles também


puderam ser observados em
muitos aspectos, como na
literatura, nas artes e no desen-
volvimento de novas linguagens,
como o cinema, por exemplo.
Destaque também a questão
ambiental, cujos efeitos podem
ser observados até os dias de
hoje, com a poluição, a des-
truição do meio ambiente e o
aquecimento global.
Cite questões ambientais da
comunidade onde a escola está
instalada, discutindo o impacto
ambiental de indústrias na região
e o que pode ser feito para minizar
tais problemas.

56

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd 56 pergunte-lhes se problemas como a fome, a 09/08/22 15:54

Amplie a discussão a respeito dos impac- pobreza, a desigualdade social e o uso preda-
tos da Revolução Industrial nas sociedades tório dos recursos ambientais são decorrentes
contemporâneas, tomando como ponto da Revolução Industrial ou agravaram-se após
de partida o documento da ONU “Agenda esse processo. Na discussão, lembre-os de que a
de 2030 para o desenvolvimento susten- ONU é um organismo intergovernamental com
tável - Brasil” (disponível em: https://brasil. vários objetivos, entre eles, discutir o desen-
un.org/pt-br/sdgs; acesso em: 4 ago. 2022). volvimento sustentável, o meio ambiente e os
Apresente o documento aos estudantes e direitos humanos.

56

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meme, questione-os: porque ele
foi selecionado para a seção?
Você compreendeu a mensa-
PESQUIS A & AÇÃO gem do meme?
A capacidade de se comuni-
car por meio dessa linguagem
UM MEME PARA PENSAR PRÁTICAS DE CONSUMO exigirá por parte dos estudan-
Se você tem acesso à internet, utiliza mídias sociais ou faz uso de aplicativos de mensagens, é tes um certo domínio do gênero
bem provável que saiba o que é um meme. Também é muito provável que já tenha compartilhado textual meme. Essa atividade
algum entre seus amigos e parentes. Afinal, os memes se popularizaram de tal maneira que é – que trabalha a análise do dis-
muito difícil navegar na internet e não se deparar com esse tipo de mensagem no dia a dia. curso multimodal – mobiliza
Em razão das novas tecnologias digitais de comunicação e informação, os memes se torna- habilidades de síntese e percep-
ram importante forma de expressão na atualidade. Os recursos tecnológicos do mundo virtual, ção das potencialidades.
inclusive, contribuem para uma das principais características do meme: a rápida circulação entre as Ao ser realizada em trio,
pessoas. Isso é o que chamamos de viralização de uma mensagem. De modo geral, os memes, ao
contribui para desenvolver o
sintetizar uma ideia de maneira rápida e com humor (outra característica desse tipo de mensagem),
engajamento e a cooperação
têm grande poder de viralização.
Fazer um meme implica combinar diferentes elementos, como texto, imagem, recursos grá- (Competência Geral 9) entre
ficos e sons. Por isso, os memes são chamados de multimodais. os estudantes, a imaginação
Por meio de um meme, as pessoas refletem sobre diferentes aspectos da vida cotidiana, criativa e autoconfiança para
incluindo problemas sociais que podem afetar o cotidiano de muitos. emitir opiniões e ouvir críticas.
Muitos memes contribuem
para o desenvolvimento do pensa- Atividades
mento crítico, incentivando ações 1. O meme traz uma mensagem
que podem transformar a sociedade contra o consumismo, criti-
em que vivemos. Exemplo disso são cando pessoas que compram
os memes que problematizam os
mercadorias apenas pelo fato
hábitos de consumo exagerados
de estarem em promoção,
no mundo contemporâneo, o que
pode influenciar as pessoas a rever sem a real necessidade de

CAST OF THOUSANDS/SHUTTERSTOCK.COM
tais hábitos em busca de compor- adquiri-las.
tamentos mais sustentáveis. Confira 2. O meme articula a imagem de
um exemplo disso na imagem.
sarcasmo de um personagem
fictício com o texto. Ao exage-
Meme sobre consumismo. rar uma situação que ocorre
cotidianamente, também cria
1. Qual é a mensagem do meme? um efeito humorístico.
2. Um aspecto importante do meme é o senso de humor. Como esse meme articula o 3. Como indicado anteriormente,
senso de humor com sua mensagem? parte da graça do meme vem
3. Qual é a importância dos recursos visuais utilizados nesse meme? da articulação entre texto e
imagem. Um aspecto impor-
4. Em trio, reflitam sobre o problema do consumismo e pensem em formas de lidar com
tante nos memes é que eles
o consumo excessivo no presente. Depois, montem um meme explorando as ideias
discutidas. (Utilizem as dicas da seção Como se faz… para criar um meme.) funcionam com base nessa
Consulte respostas e comentários nas Orientações didáticas. articulação, provocando maior
57 impacto no observador.
4. Lembre a turma da consulta à
seção Como se faz... para auxi-
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd 57 Solicite que os estudantes identifiquem os
09/08/22 15:54
liá-los na atividade. Ofereça
diferentes elementos que compõem o meme
Pesquisa & Ação exibido na seção.
alguns outros exemplos de
Um meme é um exemplo de linguagem Vale ressaltar que os memes estão muito meme e endereços da internet
multimodal, uma vez que mescla diferentes ligados ao contexto econômico, político, cultu- que possam inspirá-los. Indique
elementos em sua composição: textos, imagens ral e social em que foram produzidos. Sob esse que montem um painel com
e gráficos. Hoje, os memes fazem parte da aspecto, o meme assemelha-se às charges, que os memes da turma para
comunicação pela internet, circulando nas precisam ser contextualizadas para serem com- compartilhar o resultado da
redes sociais ou entre aplicativos de mensagens. preendidas. Para auxiliá-los na interpretação do atividade com a escola.

57

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 5 e 6: são trabalhadas com
os estudantes ao estabelecer uma análise
global sobre o processo de Revolução In-
dustrial em diferentes partes do mundo. ENQUAN TO ISSO...
• CEH 1, 2, 3 e 5: são abordadas com a
turma ao problematizar o processo de A PRODUÇÃO DE CHITA NA ÍNDIA
industrialização em diferentes lugares
Na época em que as primeiras indústrias têxteis surgiam na
do mundo. Chita: tipo de tecido
Inglaterra, no século XVIII, a Índia era uma das maiores produtoras
• Habilidade EF08HI03: é enfocada com os de algodão.
de tecido do mundo e exportava para diversos lugares, até mesmo
estudantes ao construir uma síntese so-
para a Inglaterra. A chita indiana era produzida em manufaturas e
bre os temas relacionados à Revolução
Industrial ao longo do capítulo. podia ser utilizada na confecção de diversos tipos de roupas.
Com o início da Revolução Industrial, as máquinas inglesas passaram a fabricar tecidos
mais depressa e com custos bem menores. Além disso, a utilização do algodão como maté-
PROCEDIMENTOS ria-prima para os tecidos ingleses contribuiu para diminuir a necessidade da chita indiana.
DIDÁTICOS O efeito disso foi devastador para os produtores de tecido da Índia, que passou, no início
do século XIX, a importar o tecido inglês. Em 1820, a Índia havia comprado pouco mais de 10
Enquanto isso... milhões de metros do produto inglês. Apenas vinte anos depois, em 1840, essa quantidade
aumentou para mais de 132 milhões de metros.
Para introduzir a seção, retome
Os preços menores e a facilidade para conseguir tecido inglês acabaram com a produção
a ideia de que a Revolução
de chita. Isso enfraqueceu seriamente a economia indiana, tornando-a cada vez mais depen-
Industrial tinha influência direta dente, tanto política quanto economicamente, da Inglaterra e de sua poderosa indústria.
sobre outros territórios. As plan- Os tecidos de chita chegaram ao Brasil no século XIX, com a vinda da família real portu-
tations de algodão do sul dos guesa para a América. Porém, a produção de chita no Brasil se iniciou no final daquele século.
Estados Unidos forneciam maté- Aqui, Minas Gerais foi o maior centro produtor do tecido, que, em um primeiro momento, era
ria-prima para a produção inglesa, usado principalmente na fabricação de sacos para armazenar café e açúcar e na fabricação
a qual vendia as sacas de café de roupas para escravizados.
e outros produtos para países
como o Brasil. Aquarela, de autoria
desconhecida, que
Na sequência, relacione a representa um indiano
Revolução Industrial à produção enquanto estampa um
tecido de chita, c. 1820.

BIBLIOTECA BRITÂNICA, LONDRES. FOTO: BRITISH LIBRARY/TOPFOTO/AGB PHOTO LIBRARY


de tecidos indianos. Explique à
turma que parte da economia
indiana se baseava na exportação
de tecido, especialmente a chita.
Evidencie a competição imposta
pelas novas fábricas têxteis ingle-
sas à produção indiana, chamando
a atenção para os preços mais
baixos dos produtos ingleses.
Escreva, na lousa, os números
“10 milhões” e “132 milhões”
e explique que o intervalo entre
essas quantidades foi o aumento
de importações de tecidos ingleses 58
pela Índia, em metros. Pergunte-
-lhes sobre as consequências que
essa competição pode ter gerado falar dessa tal de chita. Volta
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd 58 e meia, ela é mente estampados. As religiões dominantes 09/08/22 15:54

no mercado nacional indiano. coroada máxima expressão de brasilidade. na Índia eram o hinduísmo e o islamismo,
Outras vezes, ela é só um tecido baratinho, que proibiam motivos figurativos. Dessa for-
Texto complementar de estampas descontroladas. Mas a verdade ma, as estampas mais comuns eram motivos
A história da chita, um é que o tecido percorreu um longo caminho florais, galhos, folhagens, arabescos e dese-
tecido quase brasileiro antes de chegar ao Brasil. A história da chi- nhos geométricos.
Chita de vestido de festa ju- ta inclui viagens marítimas, antepassados ANDREA, Lúcia. A história da chita, um tecido
orientais e muitas, muitas cores. (quase) brasileiro. SindVeste. Guará, DF, 22 fev.
nina, chita de toalha de mesa
2016. Disponível em: http://www.sindicatoda
ou chita de cortininha de pia. Os portugueses, durante seus intercâm-
industria.com.br/noticias/2016/02/72,82487/a-
[...] Todo brasileiro que se preze bios comerciais com a Índia, começaram a historiada-chita-um-tecido-quase-brasileiro.html.
viu, tocou ou ao menos ouviu levar para a Europa tecidos de algodão rica- Acesso em: 13 ago. 2022.
58

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Esquema-resumo
ESQUEM A-RE SUMO A atividade proposta na
página oportuniza retomar os
CAPÍTULO 2 conceitos de artesanato, manu-
fatura e maquinofatura. O ideal
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL é explicá-los esquematicamente
na lousa, explicitando suas prin-
cipais diferenças. Ao tratar da
Produção na Europa até o Inglaterra a partir do século matéria-prima que abastecia as
século XVIII XVIII maquinofaturas têxteis inglesas,
aproveite para reforçar que a
Revolução Industrial não ficou
Artesanato Manufatura Maquinofatura Rica em Colônias em restrita ao território inglês.
Até o século Entre os séculos Surgida em jazidas de diversas partes Relembre a ideia de que as
XV: pequenas XV e XVIII: meados do século ferro e carvão do mundo
oficinas e grandes unidades XVIII na Inglaterra:
distâncias foram “encurtadas”,
trabalho conjunto produtivas uso de máquinas já que as viagens passaram a
e divisão do para a produção Forças
econômica demorar menos, e explique à
trabalho
e militar turma que o maquinário também
tornou a produção mais rápida.
Desenvolvimentos
tecnológico e agrícola:
Porém, deixe clara a contradição
Revolução Industrial entre o desenvolvimento tecno-
lógico e as exaustivas condições
de trabalho impostas pelos capi-
Mudanças Crescimento Surgimento de Invenção de talistas aos operários.
sociais das cidades fábricas novas máquinas
Atividade
1. A Revolução Industrial criou a
BURGUESIA Proletariado (trabalhadores que
Capitalismo (DONA DOS MEIOS não são donos dos meios de produção em grande escala,
industrial
DE PRODUÇÃO) produção) provocando o surgimento de
dois grandes grupos sociais:
a burguesia, dona dos meios
Ludismo Sindicatos Socialismo Anarquismo de produção, e o proletariado,
que vendia sua força de tra-
Utópico
balho em troca do salário.
Científico
As fábricas incentivaram a
migração do campo para
Com base nos elementos presentes neste esquema-resumo, indique em seu caderno como a produção
de mercadorias e objetos se transformou na Europa até o século XVIII. Depois, explique de que forma o
as cidades, ampliando as
advento da maquinofatura provocou profundas transformações na sociedade inglesa do século XVIII. desigualdades sociais e pro-
Consulte respostas e comentários nas Orientações didáticas. movendo o surgimento de
59 grupos de contestação ao
sistema capitalista.

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd 59 Atente para os estudantes com deficiência,
09/08/22 15:54 usada a posição em pé com
considerando movimentos que eles possam movimentos de erguer e abaixar
Entender o funcionamento repetir facilmente. rapidamente os braços.
de artesanato, manufatura e O artesanato é mais lento e minucioso, então Diga aleatoriamente os tipos
maquinofatura debruçar-se sobre a carteira pode ser a mímica de trabalho até os estudantes
A atividade proposta é o clássico “jogo correspondente a ele. A manufatura requer um errarem os gestos e serem eli-
do vivo ou morto” adaptado ao conteúdo. trabalho mais rápido e repetitivo, podendo ser minados. É uma boa maneira
Para iniciá-la, retome com os estudantes as representada pela posição sentada e ereta e de integrar a turma e revisar o
características dos três tipos de produção e o movimento rápido dos braços para a frente conteúdo.
estabeleça uma mímica para cada um deles. e para trás. Para a maquinofatura, pode ser
59

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 5: são trabalhadas com os
estudantes ao possibilitar a compreen-
são dos temas estudados no capítulo,
sobretudo no que diz respeito às ca-
AT IV IDADE S Consulte respostas e comentários NO LIVRO.
NÃO ESCREVA

racterísticas da Revolução Industrial e nas Orientações didáticas.


suas principais consequências. 1. A Revolução Industrial transformou o modo de produção das sociedades modernas.
• CEH 1, 2, 3 e 6: são abordadas com a A principal mudança foi a substituição do trabalho artesanal ou da manufatura pela
turma ao retomar as análises sobre os maquinofatura. Quanto a isso, responda no caderno.
fatos históricos apresentados ao lon- a) Quais são as semelhanças entre o trabalho artesanal e o trabalho manufatureiro?
go do capítulo. b) Explique o que diferenciava o trabalho manufatureiro daquele relacionado à maquinofatura.
• Habilidade EF08HI03: é enfocada c) Pode-se afirmar que a maquinofatura acabou com o trabalho artesanal? Justifique sua
com os estudantes ao retomar os fa-
resposta.
tos históricos decorrentes do processo
de Revolução Industrial. 2. Capitalistas e comunistas apresentam visões diferentes a respeito de quem deve con-
trolar os meios de produção em uma sociedade. Explique essas diferenças.
PROCEDIMENTOS 3. Confira novamente a imagem da página 43. Em grupo, criem uma cena dramática
DIDÁTICOS tomando como inspiração essa imagem. Usem as informações que vocês aprenderam
a respeito de como era a vida nas fábricas na época para elaborar os diálogos dos
Atividades
personagens. (Consulte, na seção Como se faz…, orientações sobre como fazer uma
1. a) Ambos dependem da energia dramatização.) Consulte comentários nas Orientações didáticas.
humana para a produção.
Mas, no trabalho artesanal, 4. Imagine que você é um(a) jovem que mora em Londres, no século XVIII, e trabalha em
o artesão faz quase todas as uma fábrica de tecidos. Em casa, você escreve um diário em que conta sobre sua rotina
etapas da produção de um de trabalho, sua comunidade, as condições do lugar onde você vive e seus sonhos de
objeto; e no manufatureiro, vida. Com base nessas informações e no que você leu neste capítulo, escreva em seu
várias pessoas trabalham na caderno um texto de diário referente a três dias na vida desse(a) jovem imaginário(a).
produção, cada uma fazendo Depois, leia o texto para os colegas. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
uma etapa. 5. A maquinofatura permite produzir uma infinidade de objetos em grande velocidade.
b) No manufatureiro, o tra- Porém, o crescimento desenfreado da produção, acompanhado de um consumismo
balho depende da ener- cada vez mais intenso, vem provocando sérios problemas para a natureza e para as
gia humana ou animal, que sociedades humanas. Em dupla, elaborem um texto de no máximo três parágrafos,
movimenta as máquinas. Na refletindo a respeito das seguintes questões: 2. De acordo com o pensamento capitalista, os meios
de produção pertencem à iniciativa privada. Segundo
maquinofatura, as máqui- • Nossos hábitos de consumo. o pensamento comunista, não deve haver propriedade
nas são movimentadas por • A importância de um consumo consciente. privada dos meios de produção, prevalecendo a
propriedade comum dos trabalhadores.
outra fonte de energia, • A relação entre nossos hábitos de consumo e as práticas de cidadania em um con-
como a queima do carvão e texto de degradação da natureza provocada por um estilo de vida conflitante com
o vapor de água. a questão ambiental. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
c) Na produção em grande
6. Os sindicatos foram um importante meio de organização dos trabalhadores por melho-
escala não existe mais o tra-
res condições de vida no início da industrialização. Em sala de aula, converse com seus
balho artesanal, porém exis-
colegas: vocês consideram importante a organização coletiva para a luta por direitos e
tem hoje artesãos atuando
melhorias nas condições de vida? Em sua comunidade, existe algum tipo de organização
em áreas diferentes, como
que luta coletivamente pelos interesses dos moradores? Em caso positivo, vocês fazem
marcenaria, escultura, ouri- parte dela? A atividade procura trabalhar habilidades socioemocionais, levando a refletir sobre a
vesaria, culinária etc. importância da coletividade como oposição a uma postura mais individualista.
3. Oriente para que a cena dure 60
de 5 a 7 minutos, no máximo.
O importante é que os estu-
dantes percebam os diferentes principais aspectos da vida de um trabalhador
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd 60 de roupas, após a popularização dos tecidos 09/08/22 15:54
grupos sociais representados na das indústrias no início da Revolução Industrial. (preços mais baixos e criação de inúmeros tipos
imagem e procurem falar das Aproveite a atividade e retome conteúdos de vestimentas), as pessoas passaram a investir
condições de trabalho dentro mais em roupas e, assim, a gerar mais lixo.
anteriores.
das fábricas, da pobreza e do
trabalho infantil, da falta de 5. Para complementar o texto da atividade,
direitos e dos parcos serviços comente que, paralelamente à maquinofatura,
públicos oferecidos pelo Estado. surgiram novos desejos e necessidades de
4. Os textos referentes a cada dia consumo. A moda foi um dos novos hábitos.
não precisam ser longos, mas é Diga que se, antes da manufatura, grande
importante que contenham os parte da população tinha uma ou duas trocas
60

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
7. Leia o texto a seguir a respeito da Quarta Revolução Industrial. Depois, responda ao Atividades
que se pede. 7. c) Resposta pessoal. O estudante poderá responder tanto no que diz respeito ao (continuação)
impacto da Quarta Revolução nas relações de trabalho como no desenvolvimento de
novos produtos, cada vez mais interligados tecnologicamente à internet, por exemplo.
“Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamen- 7. b) A Primeira Revolução
talmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, Industrial foi marcada pelo
alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser surgimento de máquinas
humano tenha experimentado antes”, diz Klaus Schwab, autor do livro A Quarta que aceleravam a produção
Revolução Industrial […]. de mercadorias, mas ainda
No entanto, as repercussões impactarão em como somos e como nos relacio-
demandavam trabalho
namos até nos lugares mais distantes do planeta: a revolução afetará o mercado
de trabalho, o futuro do trabalho e a desigualdade de renda. Suas consequências
humano para funcionar.
impactarão a segurança geopolítica e o que é considerado ético. Uma novidade importante
[…] da Quar ta Revolução
Agora, a quarta mudança traz consigo uma tendência à automatização total das Industrial é o processo de
fábricas. automatização total das
PERASSO, Valeria. O que é a 4a revolução industrial − e como ela deve afetar nossas vidas. BBC News Brasil, São fábricas, reduzindo signifi-
Paulo, 22 out. 2016. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-37658309. Acesso em: 14 jun. 2022.
cativamente a necessidade
a) De acordo com o texto, o que caracteriza a Quarta Revolução Industrial?
de trabalho humano.
b) De que forma é possível diferenciar a Quarta Revolução Industrial da Primeira Revolução
Industrial? Explique. Consulte resposta e comentários nas Orientações didáticas. 7. c) Destaque, ainda, a impor-
c) Como você acha que a Quarta Revolução Industrial afetará a sua vida e a de sua comunidade? tância do possível aumento
Explique. do desemprego nesse
8. Com base na leitura deste capítulo, reproduza o quadro a seguir em seu caderno e contexto e também da
complete-o com as informações sobre as mudanças econômicas e sociais promovidas necessidade de boa forma-
pela Revolução Industrial. Consulte respostas nas Orientações didáticas. ção para conseguir trabalho.
Antes da Revolução Depois da Revolução 8. Peça aos estudantes que
Industrial Industrial
retomem as principais ques-
Processo de produção tões abordadas na unidade
Mão de obra predominante e preencham o quadro (de
Donos dos meios de produção cima para baixo): Artesanal/
Energia usada Manufatura e Maquinofatura;
Quem detinha o poder político
Autônoma /A ssalariada;
Artesãos/Burgueses e indus-
Região de maior concentração populacional
triais; Humana e animal/
Carvão (vapor); Aristocracia/
9. Leia o texto a seguir a respeito das oportunidades de trabalho das pessoas com defi-
ciência (PcD) no Brasil. Depois, responda ao que se pede. Burgueses; Campo/Cidade.

O direito ao trabalho está previsto no Estatuto da Pessoa com Deficiência, ins-


tituído pela Lei no 13.146/2015 […] Mas a situação do mercado de trabalho para as
PCDs ainda está longe do ideal. “Há poucas pessoas com deficiência trabalhando e
menos ainda com emprego formal”, afirma Maiza.
7. a) O texto destaca o surgimento de novas tecnologias, além do intenso avanço dos
processos de automatização da produção. 61

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A BNCC NESTA DUPLA
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CECH 2, 3, 5 e 6: são trabalhadas com
os estudantes ao retomar temas im- Segundo nota técnica do IBGE de 2018 referente ao Censo 2010, 6,7% da popula-
portantes relacionados à Revolução ção brasileira (cerca de 12,7 milhões de pessoas) possuíam algum tipo de deficiência.
Industrial, fazendo com que problema- Dados […] de 2018 apontam que havia cerca de 486 mil pessoas com deficiência com
tizem suas principais características.
empregos formais naquele ano […].
• CEH 1, 2, 3 e 5: são abordadas com
SANTOS NETO, Samuel Ribeiro dos. A difícil inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
a turma ao analisar a compreensão
Jornal da Unicamp, Campinas, 23 set. 2020. Disponível em: https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/ju/
construída sobre os temas abordados noticias/2020/09/23/dificil-insercao-de-pessoas-com-deficiencia-no-mercado-de-trabalho.
e elaborar interpretações críticas so- Acesso em: 27 jun. 2022.
bre eles. a) De acordo com o texto, as pessoas com deficiência no Brasil conseguem participar ativamente
• Habilidade EF08HI03: é enfocada com do mercado de trabalho formal? Justifique.
os estudantes ao retomar as caracte- b) Você acredita que o desenvolvimento de máquinas industriais e novas tecnologias pode
rísticas e consequências do processo de contribuir para ampliar a participação das pessoas com deficiência no mercado de trabalho?
Revolução Industrial em escala global. Discuta essa questão com os colegas. Consulte resposta e comentários nas Orientações didáticas.
c) Com base na experiência dos trabalhadores no passado, qual é a importância da organização
PROCEDIMENTOS de movimentos de pessoas com deficiência na criação de medidas que assegurem um maior
ingresso de PcD no mercado de trabalho?
DIDÁTICOS Consulte resposta e comentários nas Orientações didáticas.
10. Leia o texto de Adam Smith a seguir com atenção.
Atividades (continuação)
9. b) Existem máquinas e tecno- Esse grande aumento da quantidade de trabalho que, em consequência da
logias que podem contribuir divisão do trabalho, o mesmo número de pessoas é capaz de realizar, é devido a
para a acessibilidade das três circunstâncias distintas: em primeiro lugar, devido à maior destreza existente
pessoas com deficiência. em cada trabalhador; em segundo, à poupança daquele tempo que, geralmente, seria
costume perder ao passar de um tipo de trabalho para outro; finalmente, à invenção
Ainda assim, é importante
de um grande número de máquinas que facilitam e abreviam o trabalho, possibili-
que os estudantes obser-
tando a uma única pessoa fazer o trabalho que, de outra forma, teria que ser feito
vem que as máquinas e por muitas.
tecnologias sozinhas não
SMITH, Adam. Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações. São Paulo: Abril Cultural,
podem resolver o pro- 1996. p. 68. (Os Pensadores).
blema social da exclusão O texto, publicado originalmente em 1776, destaca três características da organização
de pessoas com deficiência do trabalho no contexto da Revolução Industrial, que são: Alternativa E.
do mercado de trabalho. a) a introdução de máquinas, a valorização do artesanato e o aparecimento da figura do patrão.
Além do desenvolvimento b) o aumento do mercado consumidor, a liberdade no emprego do tempo e a diminuição na
técnico, é importante que exigência de mão de obra.
a sociedade se organize c) a escassez de mão de obra qualificada, o esforço de importação e a disciplinarização do
para promover a inclusão trabalhador.
de todos. d) o controle rigoroso de qualidade, a introdução do relógio de ponto e a melhoria do sistema
de distribuição de mercadorias.
c) É importante que os estu-
e) a especialização do trabalhador, a divisão de tarefas e a mecanização da produção.
dantes observem a impor-
tância da organização dos 11. A imagem na página a seguir, cujo nome original pode ser traduzido por “Pirâmide
do sistema capitalista”, foi publicada no jornal Industrial Worker, em 1911, nos Estados
trabalhadores para a con-
Unidos, um jornal sindical ligado a trabalhadores das indústrias. Analise-a com atenção
quista de direitos. Assim, e responda ao que se pede. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
no presente, a organização 9. a) O texto enfatiza que ainda há poucas pessoas com deficiência no mercado de trabalho formal no
de movimentos de pessoas 62 Brasil. De um total de 12,7 milhões de PcD, apenas 486 mil estavam no mercado de trabalho, de acordo
com dados do censo de 2010.
com deficiência pode aju-
dar a ampliar a participa-
ção desse grupo social no D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd 62 09/08/22 15:54

mercado de trabalho e em
outras dimensões da vida
coletiva que demandam
políticas de acessibilidade
mais intensa.

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
WORLD HISTORY ARCHIVE/ALAMY/FOTOARENA
Capitalismo Atividades
(continuação)
Nós governamos você. 11. a) Logo abaixo do saco com
dinheiro, o primeiro grupo
é dos chefes de governo
(nobres ou não). Abaixo,
Nós enganamos você.
estão os representantes
do clero, seguidos pelos
Nós atiramos em você.
militares e depois pela
burguesia. Na base na
pirâmide, encontram-se
Nós comemos para você. operários e camponeses,
identificados por suas fer-
ramentas de trabalho.
Nós alimentamos todos. b) Essa mensagem se dirige
aos representantes das
camadas mais baixas da
Nós trabalhamos para todos. população. Isso pode ser
observado pelo texto que
Pirâmide do sistema capitalista
acompanha as imagens,
Pirâmide do sistema capitalista, charge atribuída a sempre repetindo o
Nedeljkovich, Brashick e Kuharich, publicada em 1911,
no jornal sindical Industrial Worker. pronome you (você, em
inglês). Além disso, a
a) Quais grupos foram representados nessa imagem?
imagem foi publicada em
b) A quem se dirige a mensagem transmitida por essa imagem? Justifique sua resposta.
c) Essa imagem tem uma visão positiva ou negativa do capitalismo? Justifique sua resposta.
um jornal sindical, que tem
Consulte respostas esperadas e comentários nas Orientações didáticas. como público-alvo os ope-
rários das fábricas.
VAMOS FALAR SOBRE… IGUALDADE
c) Traz uma visão negativa.
Atualmente, as pessoas que trabalham (em fábricas, no comércio, no campo etc.) possuem
Coloca o capital (represen-
diversos direitos garantidos por lei. A proposta desta atividade é discutir alguns desses direitos.
tado no topo da pirâmide)
• Faça uma pesquisa para descobrir os direitos que todo trabalhador tem assegurados por
lei. Todos têm direitos iguais? Justifique.
como o principal agente
do capitalismo, acima de
• Utilize as informações pesquisadas para participar de um debate em sala de aula. Reflita
sobre questões como: os direitos trabalhistas são suficientes para garantir uma vida digna qualquer pessoa. E coloca
e satisfatória aos trabalhadores brasileiros? Que direitos ainda precisam ser conquistados? na base da pirâmide agri-
Que direitos os trabalhadores perderam? cultores e trabalhadores,
• Para finalizar, produza um texto que sintetize os resultados da pesquisa e do debate. apontados como os res-
(Confira, na seção Como se faz…, orientações sobre como realizar uma pesquisa e quais ponsáveis por sustentar os
são as regras de um debate.) Consulte comentários nas Orientações didáticas. demais grupos (governan-
tes, religiosos, militares e
63
burgueses). Pela imagem e
pelos textos, esses grupos se
beneficiam do capitalismo
Vamos falar sobre... Igualdade
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e prejudicam as camadas
Para iniciar o trabalho com a atividade, solicite à turma que consulte a seção Como se baixas da sociedade.
faz..., que fornece orientações diversas para a realização da pesquisa. Sugerimos apresentar
brevemente alguns direitos, como salário mínimo, férias, licença médica, licença-maternidade.
Convém alertar para as diferenças entre os direitos do trabalhador urbano, doméstico e rural,
e também para as mudanças nas leis trabalhistas que entraram em vigor a partir de 2017.

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 6: são trabalhadas com os
estudantes ao problematizar o concei-
to de igualdade e contextualizá-lo em
referência ao momento de transforma- FE CH ANDO A UNIDADE
ções promovidas pela industrialização.
• CEH 1, 2, 3 e 6: são abordadas com IGUALDADE JURÍDICA
a turma à medida que promovem a
Você estudou, no começo desta unidade, o que se entende por igualdade jurídica. Confira
análise das práticas de igualdade pro-
agora os quatro documentos a seguir. O primeiro deles são artigos da Constituição Federal do
movidas entre os diferentes grupos e
Brasil, promulgada em 1988. O segundo é uma fotografia de uma estátua, símbolo da Justiça,
indivíduos.
instalada na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), o terceiro é uma charge de 2018 do cartunista
• Habilidade EF08HI03: é enfocada com
Evandro Alves e o quarto é um gráfico sobre a população carcerária no Brasil. Após analisar os
os estudantes ao abordar a igualdade
documentos com atenção, responda ao que se pede.
enquanto uma prática imprescindível
nas diferentes sociedades, levando em
consideração as consequências políti- Documento 1: Legislação
cas, sociais e econômicas do processo Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garan-
de industrialização. tindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
PROCEDIMENTOS Constituição;
[…]
DIDÁTICOS III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
Fechando a unidade IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Os documentos apresen- […]
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
tam linguagens distintas sobre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
um mesmo tema, a (des)igual- culto e a suas liturgias; […]
dade legitimada juridicamente BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado
no Brasil. A seção possibilita Federal, 1988. Disponível em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_atual/art_5_.asp.
Acesso em: 12 jun. 2022.
o trabalho interdisciplinar
com Língua Portuguesa e
Arte porque trabalha com o Documento 2: Fotografia
gênero textual pertencente à

TON MOLINA/FOTOARENA
Fachada do prédio do Supremo Tribunal
comunidade discursiva jurídica Federal (STF), com a escultura que
e promove a interpretação de representa a Justiça, Brasília (DF), 2022.
texto jurídico sobre igualdade.
Além disso, há outro documento,
a charge, que utiliza a criativi-
dade artística para expressar uma
crítica social, política etc. carre-
gada de ironia.
O documento 1 é parte do
artigo 5o da Constituição Federal
do Brasil. Passados 30 anos
de sua promulgação, a Carta 64
Magna não conseguiu se tornar
efetiva em muitos campos. As
populações indígenas sofrem daD3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd
população negra, especialmente 64 a jovem AMPLIAR HORIZONTES 09/08/22 15:54

ainda hoje com a falta de e periférica.


demarcação de seus territó- O documento 3 (charge) traz uma represen- • 4 DADOS que mostram por que o Brasil é um dos
rios, a negligência do Estado e tação da Justiça e uma crítica à diferença de países mais desiguais do mundo. 2022. Vídeo
(7min34s). Publicado pelo canal BBC News Brasil.
a apropriação de áreas indígenas tratamento entre ricos e pobres. Assim, depre- Disponível em: https://www.youtube.com/watch?
pelo agronegócio. A população ende-se que as instâncias jurídicas são movidas v=KPzfMAsAzmA. Acesso em: 13 ago. 2022.
afrodescendente conquistou na não pela igualdade perante a lei, mas por inte- O vídeo aborda um estudo do World Inequality Lab
Constituição a criminalização do resses financeiros: aqueles que têm dinheiro (Laboratório das Desigualdades Mundiais), que se
racismo, mas ainda assiste ao manipulam a Justiça a seu favor, e os demais refere ao Brasil como “um dos países mais desi-
elevado índice de assassinato sofrem com a criminalização e a arbitrariedade. guais do mundo”.
64

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Documento 3: Charge Atividades
ALVES

1. Estimular a participação de
todos garante que os estu-
dantes se lembrem mais
facilmente dos direitos do
cidadão assegurados pela
Constituição brasileira, como
igualdade entre homens e
mulheres, proteção contra
ALVES, Evandro. [Sobre a Justiça]. tortura ou tratamento desu-
Documento 4: Gráfico Jornalistas Livres. [S. l.], 23 maio 2018.
Disponível em: https://jornalistaslivres. mano ou degradante, direito
Perfil étnico da população carcerária org/as-maos-ensanguentadas-da-justica/. de livre expressão, direito à
brasileira em 2019 Acesso em: 1 ago. 2022.
liberdade religiosa, proteção
(%) 80 contra a censura e direito à
70
60
inviolabilidade de residência
50 (salvo em caso de flagrante
40 Fonte: BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública.
30 Composição da População por Cor/Raça no Sistema Prisional. delito, prestação de socorro
20 Brasília, DF: Ministério da Justiça, 2020. Disponível em: ou determinação judicial).
10 https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiN2ZlZWFmNzktNjRlZ
0 i00MjNiLWFhYmYtNjExNmMyNmYxMjRkIiwidCI6ImViMDkwN 2. O documento revela clara
SONIA VAZ

Indígena Amarela Branca Pardos e DIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9.


Negros
Acesso em: 24 jul. 2022. influência iluminista, uma vez
que estabelece a igualdade
1. De acordo com o trecho da Constituição Federal, quais são os direitos assegurados a jurídica a todos os brasilei-
todos os cidadãos brasileiros? Consulte comentários nas Orientações didáticas.
ros e estrangeiros residentes
2. Com base no que você viu nesta unidade, pode-se dizer que o artigo 5o da Constituição no país, assegurando ainda
Federal do Brasil tem influência do pensamento iluminista? Justifique sua resposta.
Consulte comentários nas Orientações didáticas. outros direitos como a liber­-
3. Como a estátua da Justiça foi representada? dade, a igualdade e a pro-
Foi representada como uma mulher com os olhos vendados e com uma espada pousada sobre o colo.
4. Em seu entendimento, por que a Justiça está de olhos vendados? priedade, a exemplo do que
A ideia é a de que a Justiça, de modo equânime, age sem distinguir as pessoas.
5. E qual significado tem a espada que a Justiça carrega? defendiam os pensadores
A espada é símbolo da força e do poder. Pode ser entendida como uma arma contra o mal. iluministas.
6. O que representam os diferentes personagens da charge? Que elementos do desenho
ajudam a explicar essa representação? Consulte comentários nas Orientações didáticas. 6. À direita temos representan-
tes das camadas elevadas da
7. O que o gráfico revela a respeito do perfil da população carcerária brasileira? Pesquise
sobre o perfil étnico da população brasileira e verifique se esse perfil e o perfil da sociedade, assim identificados
população brasileira são equivalentes. Escreve uma parágrafo com suas observações a por suas roupas e dinheiro. À
esse respeito. Consulte resposta esperada nas Orientações didáticas. esquerda estão os represen-
8. Explique a relação existente entre a charge e o gráfico do documento 4. tantes das camadas baixas da
Tanto a charge como o gráfico evidenciam aspectos relacionados à desigualdade jurídica no Brasil. sociedade, representados com
9. Com base nessa crítica, explique a relação existente entre os três primeiros documentos.
Ao fazer a crítica, o chargista sugere que a Justiça não pratica a igualdade jurídica prevista pela Constituição brasileira. roupas simples e sem calçados.
10. Tomando o trecho selecionado da Constituição como ponto de partida, faça uma charge
7. A população brasileira tem
que tenha como tema a igualdade de direitos entre os cidadãos brasileiros.
Produção pessoal. Essa atividade pode ser realizada em parceria com o professor de Arte. o seguinte perfil étnico, de
65 acordo com o Censo de
2010: 0,42% de indígenas;
1,1% de amarelos; 47,51% de
D3-HIST-F2-2108-V8-038-065-U1-CAP2-LA-G24.indd 65 09/08/22 15:54 brancos e 50,94% de pardos e
negros. A representatividade
de pardos e negros no sistema
carcerário é maior do que a
representatividade desse grupo
na sociedade, evidenciando
que a Justiça é mais rigorosa
com pessoas pardas e negras
do que com pessoas brancas.

65

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A BNCC NA UNIDADE
Competências

2
• Gerais (CG): 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10: UNIDADE
trabalhadas com os estudantes à me-
dida que valorizam a construção e a
utilização do conhecimento histórico
acerca das revoluções ocorridas na
Europa e na América, exercitando a
problematização de suas particulari- LIBERDADE
dades, como no caso da guerra de
independência dos Estados Unidos ao
abordar assuntos como a criação da
Constituição e seus efeitos na socie-
dade da época; a Revolução Francesa,
ao trabalhar com as causas e conse-
quências do processo revolucionário
na França e no mundo; os processos A liberdade se manifesta nas ações
de independência das colônias espa- individuais e coletivas, nas relações entre o
nholas e portuguesas e as rebeliões
governo de um país e seu povo, assim como
do período.
nas relações dos países entre si.
• Específicas de Ciências Humanas
Nesta unidade, estudaremos, entre
(CECH): 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
outros assuntos, de que modo o ideal de
• Específicas de História (CEH): liberdade impulsionou os movimentos anti-
1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
coloniais ocorridos no continente americano
Habilidades entre os séculos XVIII e XIX e a Revolução
• EF08HI04 • EF08HI05 • EF08HI06 Francesa de 1789.
• EF08HI07 • EF08HI08 • EF08HI09
• EF08HI10 • EF08HI11 • EF08HI12
• EF08HI13 • EF08HI14

Temas Contemporâneos
Transversais na
Unidade
• Cidadania e civismo: Temá-
tica abordada ao refletir sobre
as desigualdades sociais brasi- Grafite do artista inglês Banksy
leiras na página 81; ao discutir chamado Ballon debate, em
a divisão do estado em três Ramala, na Palestina, em 2005.
poderes na página 100; a no-
ção de cidadania no passado Esse grafite foi feito no chamado
Muro da Cisjordânia, uma barreira
e no presente e a importância
erguida pelo Estado de Israel que
da participação popular nas separa parte de seu território do
mudanças da sociedade na território da Palestina, o que é um
página 100; ao discutir o sen- desrespeito a diversas liberdades
tido dos feriados nacionais na dos palestinos.
página 104; As razões que le-
vam à criação de heróis nas 66
páginas 113 e 124; valoriza-
ção da história das mulheres
no presente na página 132;
o desenvolvimento da empa- dígenas na página 136; o direito
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 66 à felicidade • Economia: Ao abordar cobrança de tributos 09/08/22 15:50

tia na página 149. Aborda-se na página 74; aborda-se a Declaração dos Di- na página 110.
ainda o conceito de liberdade reitos do Homem e do Cidadão ao solicitar • Saúde: Ao discutir a covid-19 na página 69; e ao
em toda a unidade, especial- que os estudantes elaborem uma Declaração refletir sobre capacitismo nas páginas 148 e 149.
mente nas páginas 66, 67, 68, dos Direitos das Crianças e Adolescentes na
69, 78, 123; a liberdade como página 102.
direito humano fundamental • Ciência e Tecnologia: A identificação de os-
na página 103; reflexão sobre sadas dos inconfidentes é pano de fundo para
a imparcialidade da justiça na discutir a importância da tecnologia e ciência
página 117; a situação dos in- no presente na página 112.

66

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Texto complementar
O uso de rodas de

MARCO DI LAURO/GETTY IMAGES


conversa como
estratégia pedagógica
A s r o d a s d e c o n v e r-
sas possibilitam encontros
dialóg icos, cr iando pos-
sibilidades de produção e
ressignificação de sentido – sa-
beres – sobre as experiências
dos partícipes. Sua escolha
se baseia na horizontaliza-
ção das relações de poder.
Os sujeitos que as compõem
se implicam, dialeticamen-
te, como atores históricos e
sociais críticos e reflexivos
diante da realidade. [...]
[...]
As rodas são mais do que
disposição física (circular)
dos participantes e bem mais
que uma relação custo-be-
nefício para o trabalho com
grupos. Elas são uma postu-
ra ético-política em relação
à produção do conhecimen-
to e à transformação social,
efetivando-se a partir das ne-
gociações entre sujeitos.
SAMPAIO, Juliana et al. Limites
e potencialidades das rodas de
conversa no cuidado em saúde:
uma experiência com jovens no
sertão pernambucano. Interface,
Botucatu, v. 18, supl. 2, p. 1299-
1311, 2014. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/icse/
v18s2/1807-5762-icse-18-s2-1299.
pdf. Acesso em: 14 ago. 2022.

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Ao introduzir o assunto da
unidade, organize uma roda de
conversa com os estudantes e O que significa
proponha as seguintes refle-
xões: o que é liberdade? Você ser livre?
se considera livre? Aproveite
para relembrar as várias esferas
da liberdade: de pensamento Se lhe perguntassem o que significa ser livre, provavelmente você teria a resposta na
e de opinião, política, religiosa, ponta da língua. Poderia afirmar, por exemplo, que ser livre é agir segundo o próprio arbítrio,
sexual, artística, entre outras. É de acordo com a própria vontade. Ou considerar que a liberdade não é total e ilimitada,
importante que eles percebam pois vivemos em comunidades, e nossa liberdade não pode atravessar o espaço alheio e
que em todas elas há o desejo prejudicar outras pessoas ou grupos.
de autonomia nas condutas e Quando se vive em sociedade, a liberdade individual e a coletiva, em geral, precisam
nas experiências. ser garantidas por lei. Imagine uma sociedade em que todas as pessoas fizessem aquilo que
E x p l i q u e q u e o te r m o quisessem, sem levar em conta os interesses das demais. Provavelmente, seriam milhões
“liberdade” tem origem no de vontades divergentes tentando predominar umas sobre as outras. Por isso, é necessário
latim libertas e significa a con- estabelecer certos deveres comuns a todos para que os direitos também sejam respeitados.
dição do indivíduo que possui
o direito de fazer escolhas de

RONALDO SILVA/FUTURA PRESS


acordo com a própria vontade.
Esse é um dos temas mais
recorrentes na filosofia. Para
Aristóteles a liberdade de escolha
deveria estar acompanhada do
conhecimento. É o conheci­
mento a ferramenta capaz
de ampliar as possibilidades de
escolha e tornar o indivíduo mais
livre e capaz de realizar sua fina-
lidade, a busca pela felicidade.
A questão do conhecimento
é um ponto interessante a ser
discutido com os estudantes e
pode ser direcionado ao projeto
de vida que almejam. Nesse
sentido mostrar a importância
de se conhecer melhor, identi-
ficar seus potenciais, interesses
e desejos, e estabelecer estra-
Skatista faz manobra na Praça Roosevelt, em São Paulo (SP), 2018. Em 2012, foi proibida a
tégias e metas para alcançar os prática de skate na praça, mas a partir da ação coletiva dos skatistas pela liberdade da utilização
próprios objetivos e atingir a rea- do espaço público, o esporte voltou a ser praticado.
lização em todas as dimensões.
68
Textos complementares
Sobre a liberdade I
A liberdade é o direito de Sobre a liberdade II
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 68 a conciliar a sua liberdade individual à re- 09/08/22 15:50

fazer tudo quanto as leis [...] Enquanto a liberdade interna é am- gulamentação da Liberdade. [...]
permitem; e, se um cidadão pla e abstrata, a liberdade externa é restrita RUIZ, Thiago. O direito à liberdade: uma visão
pudesse fazer o que elas proí- e objetiva. Por isso, esta vem sempre li- sobre a perspectiva dos direitos fundamentais.
bem, não mais teria liberdade, gada a uma limitação legal, visualizando Revista de Direito Público, Londrina, v. 1, n. 2,
porque os outros teriam idên- não só o bem de um, mas de todos; não o p. 137-150, 2006. Disponível em: http://www.
tico poder. uel.br/revistas/uel/index.php/direitopub/article/
bem do indivíduo, isoladamente, mas do
view/11572/10268. Acesso em: 3 jul. 2022.
CHEVALIER, Jean-Jacques. As
indivíduo dentro de um contexto social.
grandes obras políticas: de O homem [ser humano] ao optar por
Maquiavel a nossos dias. Rio viver em uma sociedade politicamente or-
de Janeiro: Agir, 1998. p. 139. ganizada teve a necessidade de aprender
68

D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24-AV.indd
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24.indd 68 68 30/08/2022 11:51
discriminatórias, preconceituo-
sas, intolerância e discursos de
ódio não são aceitos. Para apro-
Em termos políticos, a liberdade tem a ver com a possibilidade de se manifestar e participar
fundar a abordagem, peça que
das decisões políticas. O direito de discordar, a livre expressão, os debates, as demonstrações de
citem exemplos positivos e nega-
insatisfação, tudo isso revela o grau de liberdade alcançado por uma sociedade.
Ao longo da história, não foram poucos os povos e as sociedades que se rebelaram contra tivos da liberdade de opinião e
governos autoritários. promova uma discussão sobre
cada um deles.
Atividades
2. Converse com os estudantes
sobre a importância de se
respeitar a liberdade alheia.
Indague-lhes se respeitam
o direito do colega de mani-
festar suas opiniões, vestir-se
como quiser, professar a
religião que lhe agrada etc.
Ajude-os a perceber como
o desrespeito à liberdade de
expressão prejudica o exer-
cício da liberdade de escolha
dos outros.
3. A atividade permite explo-
rar a discussão em torno

SANDRO PEREIRA/FOTOARENA
da liberdade individual em
contraposição ao interesse
coletivo. Incentive os estu-
dantes a refletir sobre outros
Fila para vacinação em Manaus (AM), no Parque do Idoso, em 2021.
exemplos em que esse tipo
de debate se impõe. Situação
1. Em que situações de seu cotidiano você sente que é uma pessoa livre? Resposta pessoal. semelhante também pôde ser
Podem ser citadas a possibilidade de expressar opiniões, a liberdade de ir e vir, de escolha de uma religião etc.
2. Em sua opinião, nos grupos e espaços em que você convive, as pessoas respeitam verificada durante a pandemia
a liberdade umas das outras? Explique sua resposta. de covid-19, em debates que
Resposta pessoal. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
3. Durante a pandemia de covid-19, diversas pessoas se recusaram a se vacinar opunham o direito de ir e vir
contra a doença, alegando ter liberdade de escolha para tal. Muitos, no entanto, à necessidade de manter o
questionaram tal postura, argumentando que a liberdade individual não poderia isolamento social.
se sobrepor ao interesse coletivo. Nesse caso, ao recusar o imunizante, esses in-
divíduos poderiam contribuir para a circulação do vírus, pondo em risco a saúde
pública. O que você pensa sobre isso? Você se identifica com alguma dessas
opiniões? Discuta sobre o assunto em grupo e, ao final, apresentem oralmente
para a turma as conclusões a que você e os colegas chegaram.
Respostas pessoais. Comentários nas Orientações didáticas.

69

PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24-AV2.indd 69 Questione, então, sobre os princípios
14/08/22 que
14:31

Prossiga indagando-os: existem limites para embasam esse artigo: a lei prevê alguma limi-
exercer a liberdade na vida em sociedade? Para tação para a liberdade de expressão? Qual é a
estimular a reflexão, leia para a turma alguns importância dessa lei para o conjunto da socie-
incisos do artigo 5o da Constituição Federal dade? Escreva um resumo das contribuições da
de 1988, que tratam especificamente da liber- turma na lousa.
dade de expressão (incisos IV, IX, X e XLI). O Reforce que a liberdade de expressão
documento está disponível em: http://www. permite que todos os indivíduos possam
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. expressar suas opiniões e crenças sem
htm; acesso em: 15 ago. 2022. serem censurados; contudo, manifestações
69

D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24-AV.indd
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24.indd 69 69 30/08/2022 11:51
A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

3
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. REVOLUÇÕES ILUMINISTAS:
Habilidades
• EF08HI04 • EF08HI07 • EF08HI10
ESTADOS UNIDOS E FRANÇA
A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3 e 6: abordadas com os estu- OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
dantes fazendo com que compreendam
o contexto histórico da independência • Explicar a influência do Iluminismo nos Estados Unidos e na França no
dos Estados Unidos e as implicações da século XVIII.
influência do Iluminismo. • Identificar os principais aspectos das revoluções Americana e Francesa.
• CEH 1, 2, 3 e 6: trabalhadas com a • Reconhecer reflexos dessas revoluções no mundo contemporâneo.
turma à medida que os estudantes
analisam os fatos históricos e ela-
boram questionamentos e hipóteses Um dos símbolos mais importantes de um país é sua bandeira. Mas não são apenas as nações
problematizadas sobre as informações que utilizam bandeiras como forma de representação e identidade. É o caso, por exemplo, de
apresentadas. organizações intergovernamentais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), e agremiações,
• Habilidades EF08HI04 e EF08HI07: en- como escolas de samba e clubes de futebol.
focadas com os estudantes ao descrever Confira, a seguir, que a bandeira da França e a dos Estados Unidos serviram de inspiração
os principais aspectos e características para a criação das bandeiras de diversos países. Isso ocorreu em virtude das influências que a
das Revoluções Iluministas. Independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789) exerceram sobre outras
nações. Neste capítulo, estudaremos esses dois grandes processos históricos e entenderemos por
PROCEDIMENTOS que ainda hoje eles são referências históricas para o mundo ocidental.

DIDÁTICOS IMAGENS FORA


DE PROPORÇÃO.

MAXIMUMVECTOR/ SHUTTERSTOCK.COM
Explique aos estudantes que
T. LESIA/ SHUTTERSTOCK.COM

neste capítulo serão estudados


o processo de independên­
cia dos Estados Unidos e a
Revolução Francesa, revolu-
França. Estados Unidos da América.
ções que se basearam em ideias
iluministas e influenciaram a for-

JULINZY/ SHUTTERSTOCK.COM
LINDAKS/SHUTTERSTOCK.COM
GIL C/ SHUTTERSTOCK.COM

GIL C/ SHUTTERSTOCK.COM
mação de países, inclusive do
Brasil. Se necessário, retome
com a turma os estudos desen-
volvidos sobre o Iluminismo Andorra. Costa do Marfim. Libéria. Uruguai.
anteriormente.
ATLASPIX/ SHUTTERSTOCK.COM

STAKES/SHUTTERSTOCK.COM

GIL C/ SHUTTERSTOCK.COM
Sugerimos fazer um resumo
GREBESHKOVMAXIM/
SHUTTERSTOCK.COM

na lousa com os conceitos-chave


sobre esse assunto e proponha
aos estudantes que releiam o Chade. Romênia. Malásia. Togo.
esquema-resumo do capítulo 1
deste volume, que trabalha o 70
Iluminismo.
Prossiga comentando a
importância dos símbolos, como observar que tanto a independência
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 70 dos e seus sistemas econômicos, e suas últi- 09/08/22 15:51

as bandeiras, para representar Estados Unidos como os processos revolucio- mas décadas foram cheias de agitações
uma comunidade. Destaque que nários na França reverberaram em diferentes políticas, chegando até o ponto de revol-
esses elementos conferem uma partes do mundo, o que demonstra sua rele- tas, de movimentos coloniais em busca
de autonomia, às vezes atingindo o nível
identidade, isto é, uma refe- vância para além dos territórios nacionais.
de secessão [...]. A quantidade de agita-
rência comum a um grupo de
Texto complementar ções políticas é tão grande que alguns
pessoas. Pontue que, além disso, historiadores mais recentes falaram de
as bandeiras demonstram influ- As revoluções uma “era da revolução democrática”, na
ências de determinados países O final do século XVIII foi uma época qual a Revolução Francesa foi apenas um
sobre outros. Eles poderão de crise para os velhos regimes da Europa exemplo [...].
70

D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24-AV.indd
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24.indd 70 70 30/08/2022 11:51
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
REVOLUÇÃO NA AMÉRICA DO NORTE Leia o texto do item Revo­
lução na América do Norte
No decorrer do século XVIII, desenvolveu-se na Europa um amplo movimento de ideias
com a turma e esclareça possí-
conhecido como Iluminismo. Entre outros princípios, os pensadores iluministas defendiam a
liberdade de opinião, o uso da razão, a tolerância religiosa e o fim do Absolutismo – ou seja, do
veis dúvidas sobre o tema. Em
poder concentrado nas mãos de um único governante. seguida, promova uma análise
As novas ideias se propagaram rapidamente pela Europa e, em pouco tempo, chegaram sobre a imagem, que representa
também às colônias inglesas na América. No continente americano, os princípios iluministas pro- o início da colonização americana
vocaram grande efervescência de ideias. e a importância da educação
Os ideais iluministas encontraram terreno fértil nas 13 colônias, que, desde o início de seu para os colonos. Aproveite para
processo de colonização, tinham a autonomia e a liberdade como princípios. As colônias do Norte retomar com a turma o processo
foram ocupadas principalmente por pessoas que fugiam de perseguições religiosas na Europa.
de colonização das 13 colô­
De modo geral, eram colonos que cultivavam produtos agrícolas em pequenas propriedades
nias e, se considerar válido,
rurais, trabalhando na terra junto de suas famílias.
As colônias do Centro eram muito parecidas com as do Norte: nas pequenas e médias pro- conduza uma reflexão sobre a
priedades praticava-se agricultura e criavam-se animais. Muitos colonos se dedicavam também à importância da educação para
exportação de madeira e pele e à importação de açúcar e vinho, entre outros produtos. a sociedade. O Texto comple-
No sul da América do Norte, as colônias se caracterizavam pela presença de grandes pro- mentar (As revoluções) pode
priedades agrícolas, onde cultivavam principalmente algodão e tabaco e utilizavam a mão de ser lido para ajudar os estudan-
obra de africanos escravizados. tes a entender a importância do
contexto histórico.
LOOK AND LEARN/BRIDGEMAN IMAGES/EASYPIX BRASIL

Gravura de 1893, de autoria desconhecida, que representa uma escola nas


colônias inglesas da América, no século XVII.

71

D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 71 Em primeiro lugar, ela aconteceu no mais levante comparável. [...] Resultaram
09/08/22 das
15:51

populoso e poderoso Estado da Europa revoluções americanas, grosseiramente


(com exceção da Rússia). [...]. Em segundo falando, países que continuaram a ser o
lugar, ela foi, diferente de todas as revolu- que eram, apenas sem o controle político
ções que a precederam e a seguiram, uma dos britânicos, espanhóis e portugueses.
revolução social de massa, e incomensu- HOBSBAWM, Eric J. A Revolução Francesa.
ravelmente mais radical do que qualquer São Paulo: Paz e Terra, 1996. p. 8-9.

71

D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24-AV.indd
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24.indd 71 71 30/08/2022 11:51
A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 5 e 7: abordadas com os
estudantes fazendo com que compre-
endam as definições dos conceitos de
A liberdade e a soberania
liberdade nas 13 colônias inglesas à Em nome da liberdade e da soberania do povo, em 1776 os habitantes dessas colônias se
luz da influência do Iluminismo. rebelaram contra o domínio inglês, conquistaram a independência e fundaram os Estados Unidos
• CEH 1, 2, 3 e 6: trabalhadas com os da América (EUA).
estudantes à medida que analisam as Para melhor entender como isso aconteceu, analise com
atenção a imagem desta página. Existe algum detalhe que você Soberania: caracteriza o poder
particularidades do processo de inde- político do Estado dentro do
pendência dos Estados Unidos. identifique (ou reconheça), como bandeiras ou uniformes? O território nacional e em suas
• Habilidade EF08HI07: enfocada com que os homens representados no centro da imagem estariam relações com nações estrangeiras.
os estudantes ao caracterizar as par- fazendo? Quem seriam os militares em destaque na obra?
ticularidades da independência das
IMAGEM CONDUTORA
então colônias inglesas.

CAPITÓLIO DOS ESTADOS UNIDOS, WASHINGTON, DC


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Inicie os estudos retomando
o conceito de liberdade, dis-
cutido no início desta unidade.
Pergunte aos estudantes de que
tipo de liberdade tratamos ao
falar de independência de
um país em relação a outro.
Espera-se que compreendam
que, nesse caso, liberdade diz
respeito à autonomia política
e à soberania. Durante a troca
de ideias, busque favorecer a
apropriação desses termos pelos
estudantes e a compreensão de A rendição de lorde Cornwallis, John Trumbull. Óleo sobre tela, 1820.
seus usos.
O nome da obra é A rendição de lorde Cornwallis, de John Trumbull (1756-1843), e
Peça que observem a imagem
representa a rendição dos ingleses após a guerra que a Inglaterra travou contra as 13 colônias,
condutora da página 72. Deixe entre 1775 e 1783, para impedir sua independência.
que façam análises, comentários Diversas foram as razões que levaram as colônias à guerra pela independência. Uma delas
e que levantem hipóteses sobre era a de que o governo inglês fazia restrições ao seu desenvolvimento econômico, proibindo,
personagens, cor e simbologia. por exemplo, que fabricassem produtos que concorressem com artigos semelhantes feitos na
Busque acolher as interpretações Inglaterra.
sem categorizá-las de certas ou Após 1763, o descontentamento dos colonos se tornou ainda maior, porque, naquele ano,
teve fim a Guerra dos Sete Anos entre a Inglaterra e a França. Apesar de os ingleses terem vencido
erradas. Mais à frente, ao final
essa guerra, a economia da Inglaterra entrou em crise por causa dos gastos com o conflito. Para sair
do tema sobre a independên- dessa situação, o governo inglês resolveu aumentar a carga de impostos cobrados em suas colônias.
cia das 13 colônias, peça que
analisem se as hipóteses que 72
levantaram inicialmente se mos-
traram válidas.
Chame a atenção deles para doD3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd
movimento popular pela72independência. 09/08/22 15:51

o quadro de John Trumbull, que Para facilitar a visualização, considere anotá-


representa a rendição do Exército -las na lousa.
britânico. Explique que, durante
as disputas pela independência,
a população das 13 colônias se
uniu contra o Exército e saiu vito-
riosa. Em seguida, leia o texto da
página 72 com eles para detalhar
as causas que levaram à eclosão
72

D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24-AV1.indd 72 01/09/22 15:42


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A guerra pela independência Ao iniciar as explicações
sobre a guerra de independên-
Em resposta ao aumento de
IC cia dos Estados Unidos, use

CAPITÓLIO DOS ESTADOS UNIDOS, WASHINGTON, DC


impostos, os colonos começaram
a articular um movimento contra um mapa-múndi para identifi-
o governo inglês. Em 1774, repre- car o Império Britânico e as
sentantes de 12 das 13 colônias 13 colônias. Mostre que havia
organizaram um congresso na uma parte no sul dos Estados
cidade da Filadélfia, que ficou Unidos atuais que era produtora
conhecido como Primeiro principalmente de produtos
Congresso Continental. Eles agrícolas. Se considerar válido,
elaboraram um documento de aponte as diferenças sociais e
protesto ao governo inglês, ao econômicas entre o norte e o
mesmo tempo em que os colonos
sul das 13 colônias, que serão
boicotavam a compra de produtos
aprofundadas posteriormente.
vindos da metrópole.
Anote na lousa as principais
Os ânimos se acirraram e, em abril de 1775,
ocorreram os primeiros choques armados entre
datas:
tropas britânicas e colonos. Os confrontos aconte- • 1774: Primeiro Congresso
ceram um mês antes da realização do Segundo Continental.
Congresso Continental, organizado também na • 1775: primeiros choques
Filadélfia. Quando os congressistas foram infor- armados entre tropas bri-
mados do acontecido, declararam que, a partir tânicas e colonos.
de então, o Congresso assumiria as funções de • 4 de julho de 1776: Decla­
governo central das colônias. Além disso, anun- ração de Independência das
ciaram a criação de um Exército Continental 13 colônias.
Americano, cujo comando foi entregue ao militar Explique a importância desses
George Washington (1732-1799), que foi represen- acontecimentos e seus des-
tado a cavalo, em segundo plano, na pintura de
dobramentos no processo de
John Trumbull.
independência.
Os confrontos entre ingleses e colonos aumen-
taram, até que o Congresso aprovou a Declaração
Na sequência, peça a eles que
de Independência das 13 colônias no dia 4 de observem a representação que
julho de 1776. A partir dessa data, as colônias John Trumbull fez de George
seriam denominadas Estados Unidos da América. Washington e comente a parti-
Na declaração, constavam os motivos da cipação do militar não apenas
CAPITÓLIO DOS ESTADOS UNIDOS, WASHINGTON, DC

emancipação: as leis mercantilistas impostas pelos nas batalhas mas também


ingleses, as constantes guerras da Inglaterra que como primeiro presidente dos
refletiam na colônia e a existência de tropas inglesas Estados Unidos. Ao ler o texto
mantidas com os recursos da colônia. com os estudantes, destaque a
importância da Declaração de
Independência dos Estados
George Washington. Detalhe da pintura A rendição Unidos e, se possível, apresente
de lorde Cornwallis, de John Trumbull, 1820.
alguns trechos do documento,
73 presente no Texto complemen-
tar a seguir.

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 73 iguais, dotados pelo Criador
09/08/22 15:51 de certos direitos inaliená-
veis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura
A Declaração de Independência dos Estados da felicidade. [...] que, sempre que qualquer forma de go-
Unidos da América verno se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o
Quando [...] se torna necessário a um povo dissolver direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo [...].
os laços políticos que o ligavam a outro, e assumir, entre os
A DECLARAÇÃO de Independência dos Estados Unidos da América.
poderes da Terra, posição igual e separada, a que lhe dão
Polícia Militar do Estado de São Paulo. São Paulo, [20--]. Disponível
direito as leis da natureza e as do Deus da natureza, o res- em: http://www4.policiamilitar.sp.gov.br/unidades/dpcdh/Normas_
peito digno para com as opiniões dos homens exige que Direitos_Humanos/DECLARA%C3%87%C3%83O%20DE%20
se declarem as causas que os levam a essa separação. INDEPENDENCIA%20DOS%20EUA%20-04%20de%20julho%20de%20
Consideramos [...] que todos os homens são criados 1776%20-%20PORTUGU%C3%8AS.pdf. Acesso em: 21 jul. 2022.
73

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D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24.indd 73 73 30/08/2022 11:51
A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 4: abordadas com os estu-
dantes a partir da análise da atuação
da Inglaterra na guerra de indepen-
A Inglaterra perde a guerra
dência nas 13 colônias e os impactos O texto da declaração evidenciava a influência do pensamento iluminista entre os colonos. Um
políticos, sociais e econômicos do re- dos trechos dizia que “todos os homens são criados iguais” e providos de “direitos inalienáveis”,
sultado do conflito. entre os quais se contam a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Ideia semelhante havia sido
• CEH 1, 3, 6 e 7: trabalhadas com a defendida pelo pensador inglês John Locke (1632-1704), um dos precursores do Iluminismo, no
turma à medida que os estudantes século XVII.
compreendem os resultados da guer- A Declaração da Independência aumentou os conflitos e, em 1778, soldados franceses
ra de independência das 13 colônias chegaram a entrar nos combates em auxílio às tropas de colonos norte-americanos.
e a construção de símbolos importan- No quadro de John Trumbull, a bandeira branca simboliza a
tes para a constituição da soberania Monarquia Francesa, e as figuras alinhadas representam oficiais fran- Direito inalienável:
também chamado de
nacional. ceses que lutaram na Guerra de Independência dos Estados Unidos.
“direito natural”, é o
• Habilidade EF08HI07: enfocada com os Os ingleses foram definitivamente derrotados em 1781, na Batalha direito que não pode ser
estudantes ao caracterizar os principais de Yorktown. Dois anos depois, um acordo de paz foi assinado em negado e se estende a
aspectos da guerra de independência Paris, no qual a Inglaterra reconheceu formalmente a independência todos os seres humanos,
independentemente das
promovida pelas 13 colônias. dos Estados Unidos. Essa era a primeira vez que, desde o processo de leis e governos que os
expansão marítima iniciado no século XV, uma colônia conquistava a regem.
independência de sua metrópole.
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS IC

CAPITÓLIO DOS ESTADOS UNIDOS, WASHINGTON, DC

CAPITÓLIO DOS ESTADOS UNIDOS, WASHINGTON, DC


Retome as discussões sobre
a importância dos símbolos
para a identificação e iden­
tidade de um povo, pedindo
que observem os detalhes do
quadro de John Trumbull e pro-
curem identificar as bandeiras
representadas. É esperado que
notem que, durante a guerra de
independência, as tropas norte-
-americanas receberam ajuda Tropas francesas.
Detalhe da pintura
das tropas da monarquia fran- A rendição de lorde
cesa, representada pela bandeira Cornwallis, John
Trumbull, 1820.
branca no quadro.
Leia com a turma o texto
do item A Inglaterra perde a
guerra, que explica com deta-
lhes essa questão. Comente os
longos processos que levaram
os colonos a realizar o Primeiro 1. Em seu entendimento, o que significa ser feliz e qual é a importância desse direito
Congresso Continental, em 1774, para a vida em sociedade? Para você, o que traz felicidade?
até o reconhecimento da inde- Consulte comentários nas Orientações didáticas.
74
pendência dos Estados Unidos
pela Inglaterra, em Paris, em
1783. Procure trabalhar com as
perspectivas de curta, média e
contemporâneo. Esse direito faz parte da
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 74 Atividade complementar 09/08/22 15:51

Declaração Universal dos Direitos Humanos


longa duração histórica a partir Elaborar uma história em
(1948), um texto que foi inspirado na
das informações estudadas. quadrinhos
Declaração dos Direitos do Homem e do
Atividade Cidadão. Durante a discussão, é importante Proponha que, em grupo, criem uma his-
1. A ativ idad e p os sibilit a que os estudantes expressem suas ideias tória em quadrinhos representando a luta
desenvolver habilidades sobre o que é felicidade e reflitam sobre pela independência dos Estados Unidos.
socioemocionais ao explo- a importância de entendê-la como um Oriente-os a ler a seção Como se faz... para
rar a importância do direito direito para assegurar um mundo justo e ajudá-los. Explique que eles precisam dividir
à felicidade no mundo igualitário. entre eles as tarefas: criar o roteiro, produzir
74

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D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24.indd 74 74 30/08/2022 11:51
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Listras e estrelas Ao avançar para o item Listras
Lorde Cornwallis, apesar de ser citado no nome do quadro, não está representado na obra, e estrelas, peça aos estudantes
pois não compareceu à cerimônia de rendição. Alegando doença, mandou um subordinado para que identifiquem a localização
cumprir o protocolo de entregar a espada ao adversário. George Washington, comandante das de Lincoln e George Washington
forças estadunidenses, recusou-se a receber o objeto nessas circunstâncias e determinou que o no quadro e que descrevam suas
general Lincoln o substituísse. posturas e as roupas com que
Note que, no centro da tela, um grupo de soldados ingleses encontra-se perfilado ao lado foram representados. Anote na
do general norte-americano Lincoln, que está sobre um cavalo branco, de mão aberta e pronta
lousa os principais comentários.
para pegar a arma, símbolo da rendição inglesa.
Na sequência, utilize o texto da
A bandeira escolhida como símbolo do novo país foi representada à direita da imagem. Era
composta de 13 listras vermelhas e brancas que se alternavam, representando as colônias. No página para destacar o papel
canto superior esquerdo, destacavam-se 13 estrelas sobre um retângulo azul. Com o passar do desses personagens na história
tempo, a cada novo estado incorporado ao território foi acrescentada uma nova estrela. dos Estados Unidos.
Uma vez independentes, os Estados Unidos não adotaram de início um governo centralizado. Solicite que observem tam­-
Cada estado manteve um alto grau de autonomia. Havia um Congresso de representantes eleitos, bém a bandeira dos Estados
mas seu poder era limitado. Unidos na imagem de John
IC Trumbull. Depois, peça à turma

CAPITÓLIO DOS ESTADOS UNIDOS, WASHINGTON, DC


que faça uma legenda para
CAPITÓLIO DOS ESTADOS UNIDOS, WASHINGTON, DC

cada um dos elementos da com-


posição. A legenda deve conter
as referências às 13 listras verme-
lhas e brancas, com a respectiva
explicação de que representam
as colônias.
Se possível, mostre à turma
a atual bandeira dos Estados
Unidos e incentive-os a compa-
rá-la com a bandeira reproduzida
Representação no livro. É interessante ressal-
da bandeira dos tar que há a permanência de
Estados Unidos
na pintura A alguns elementos da bandeira,
O general Lincoln (centro) e o
general Washington (ao fundo).
rendição de lorde como as cores e formas, mas
Cornwallis, John que também algumas mudan-
Detalhe da pintura A rendição
CAPITÓLIO DOS ESTADOS UNIDOS, WASHINGTON, DC

Trumbull, 1820.
de lorde Cornwallis, John ças foram introduzidas. Explique
Trumbull, 1820.
a eles que, ao longo do tempo,
novos estados foram anexa-
dos ao território americano
e que, por isso, o número de
estrelas da bandeira sofreu alte-
rações. Aproveite para retomar o
75 conceito historiográfico de per-
manências e rupturas.

os desenhos, redigir os textos e colocar os diá-


D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 75 Oriente-os a compor ao menos três cenas
09/08/22 15:51 interessante propor uma expo-
logos nos balões. A atividade permite que cada para a história: primeiro uma representação sição dos trabalhos e convidar a
um assuma a tarefa com que mais se identifica dos interesses dos colonos na independên- comunidade escolar para presti-
e desenvolva suas habilidades. cia; depois um dos confrontos entre as forças giar. Durante as apresentações,
Para esta atividade serão necessários papel locais e o Exército britânico; e a terceira deve incentive os estudantes a dis­cutir
sulfite, lápis de cor ou canetas hidrocor colo- mostrar a comemoração pela vitória. Peça-lhes as etapas do processo criativo
ridas. Considere conversar com a turma sobre que cada cena ocupe uma folha de sulfite e e como foi possível chegar ao
utilizar os materiais disponíveis na escola, para que o conjunto do trabalho tenha um título. resultado demonstrado.
incentivar o consumo consciente e o rea- Ao final, proponha que os grupos compar-
proveitamento de materiais. tilhem os trabalhos com a turma. Pode ser
75

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D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24.indd 75 75 30/08/2022 11:51
A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3 e 6: abordadas com os
estudantes fazendo com que proble-
matizem a influência do Iluminismo
A influência iluminista
no processo revolucionário dos Esta- Em 1787, representantes eleitos pela população dos
Constituição: também chamada de
dos Unidos. 13 estados aprovaram uma constituição, que vigora até hoje. Carta Magna, é um documento que
• CEH 1, 3 e 5: trabalhadas com a turma Uma das novidades da Carta Magna foi a criação de reúne as leis fundamentais de um
um poder central forte para governar o país, que adotou o país. Geralmente, a constituição é
à medida que os estudantes analisam escrita, debatida e aprovada por uma
os efeitos da independência dos Es- regime republicano. Sob a influência dos ideais iluminis- assembleia de representantes do povo,
tados Unidos para grupos sociais tas, ela estabeleceu também a divisão do Estado em três chamada de Assembleia Constituinte.
como os de negros e indígenas, iden- poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
tificando os problemas envolvidos na

GRANGER/FOTOARENA
construção da nova nação.
• Habilidade EF08HI07: enfocada com
os estudantes ao contextualizar confli-
tos e disputas entre diferentes grupos
sociais durante o processo de inde- A derrubada da
pendência dos Estados Unidos. estátua de George
III, 9 de julho de
1776, de William
Walcutt. Óleo sobre
PROCEDIMENTOS tela, 1854. A pintura
DIDÁTICOS representa a reação
dos norte-americanos
Pergunte se eles conhe- aos símbolos
ingleses, logo após
cem a divisão dos poderes do
a declaração de
Estado brasileiro. Comente independência dos
que, assim como foi adotado Estados Unidos.
pelos Estados Unidos, no O Executivo era o governo propriamente

COLEÇÃO PARTICULAR
Brasil os poderes se dividem dito, o poder central, exercido por um presi-
em: Executivo, Legislativo e dente da República, eleito a cada quatro anos.
Judiciário. Em seguida, procure O Legislativo seria formado pela Câmara dos
Representantes (no Brasil, corresponde à Câmara
fazer com que os estudantes des-
dos Deputados) e pelo Senado, e estava encar-
cubram quais são os principais
regado de aprovar as leis. O Judiciário, exercido
representantes do Executivo pelos juízes e encarregado de aplicar as leis, reunia
(presidente, governador e os tribunais de justiça.
prefeito), do Legislativo (presi- Foi a primeira vez que um país estrutu-
dentes do Senado, da Câmara rou o Estado dessa maneira, com três poderes.
dos Deputados e da Assembleia Atualmente, diversas nações seguem um modelo
Estadual) e do Judiciário (pre- semelhante a esse.

sidentes do Supremo Tribunal


Federal e de tribunais de justiça). O espírito de 76, Archibald Willard. Litogravura,
Anote na lousa as informações. c. 1876. A obra foi produzida para celebrar o
centenário da independência dos Estados Unidos e
Aproveite para perguntar representa a luta dos colonos durante o processo
se lembram de outros tipos de emancipação do país.
de organização. Caso tenham
76
dificuldades, comente que já
tivemos muitas formas de orga-
nização das sociedades como
a tranquilidade interna, 76prover a defe-
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd posto de um Senado e de uma Câmara de 09/08/22 15:51
cidades-Estado, feudos etc.
sa comum, promover o bem-estar geral, Representantes. [...]
Texto complementar e garantir para nós e para os nossos des- PARANÁ. Secretaria de Educação. Constituição
cendentes os benefícios da Liberdade, dos Estados Unidos da América: 1787. Curitiba:
Constituição dos promulgamos e estabelecemos esta Consti- SEC, [20--]. Disponível em: http://www.historia.
Estados Unidos da tuição para os Estados Unidos da América. seed.pr.gov.br/arquivos/File/fontes%20historicas/
América constituicao_eua.pdf. Acesso: 15 ago. 2022.
Nós, o povo dos Estados ARTIGO I – Seção 1
Unidos, a fim de formar uma Todos os poderes legislativos conferi-
União mais perfeita, esta- dos por esta Constituição serão confiados
belecer a justiça, assegurar a um Congresso dos Estados Unidos, com-
76

D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24-AV2.indd 76 02/09/22 18:35


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A exclusão de negros e de indígenas Comente com a turma que
Um novo país surgia repleto de ideais de liberdade e cidadania. Porém, esses ideais valiam atualmente todos os cidadãos
apenas para a população branca, ou seja, donos de propriedades ou pessoas que pertenciam estadunidenses, assim como
às camadas intermediárias urbanas. Esses valores não foram estendidos aos africanos e seus os brasileiros, têm o direito de
descendentes escravizados. votar em seus representantes,
A escravização de africanos e seus descendentes, iniciada nas 13 colônias em meados do século mas que nem sempre foi assim
XVII, foi mantida nos Estados Unidos até 1863. Mesmo depois da abolição do trabalho escravo, para todos. Durante a escravidão,
os descendentes de africanos continuaram a sofrer segregação e discriminação social. Eles eram por exemplo, os escravizados
proibidos de usar e frequentar áreas ou locais destinados apenas aos brancos em hospitais, ônibus,
em ambos os países não tinham
banheiros públicos, cinemas, entre outros. Essa situação perdurou até a década de 1960, quando a
luta pelos direitos civis nos Estados Unidos derrubou institucionalmente essa estrutura racista.
direito a voto. Incentive os estu-
Os povos indígenas também foram excluídos da cidadania. Assim como ocorria no período dantes a conversar sobre a
anterior à independência, continuaram a sofrer violências e todo tipo de preconceito, além de importância da participação na
perder suas terras para os brancos. Somente na década de 1920 conseguiram o direito à cidadania política nacional e o direito à
norte-americana. Hoje, a população indígena e miscigenada é composta por cerca de 11 milhões cidadania.
de pessoas, de acordo com dados do censo realizado em 2020 nos Estados Unidos. Ao avançar para o item A
exclusão de negros e indíge-
FICA A DICA
nas, pergunte se eles já viveram
• Fronteiras no Tempo #49 Independência dos Estados Unidos (1h44min58s), episódio do experiências de discriminação
podcast produzido pelo canal Portal Deviante, 17 jun. 2020. Disponível em: https://www.deviante.
social ou racial. Reforce a neces-
com.br/podcasts/fronteiras-no-tempo-49-independencia-dos-eua/. Acesso em: 28 jun. 2022.
sidade de respeito e acolhimento
No episódio, os historiadores Willian Spengler e Marcos Sorrilha discutem as causas e
consequências da independência dos Estados Unidos.
com os colegas. Explique a eles
que, assim como nos Estados
Unidos, a discriminação contra
pessoas de origem africana e
seus descendentes, bem como
indígenas, ainda acontece em
Um supervisor nosso país e em grande parte do
cumprindo seu
dever, Benjamin mundo. Comente, enfim, que é
Henry Latrobe. fundamental a luta contra pre-
Aquarela, 1798.
Na imagem, conceitos de todos os tipos e
duas mulheres a execução das leis para que
escravizadas sejam garantidos os direitos
foram
representadas das pessoas.
enquanto Retome o conceito da unidade
trabalhavam no
cultivo de tabaco
e pergunte: é possível falar em
em uma fazenda liberdade quando parte da popu-
na Virgínia, sob a lação de um país não possui
vigilância de um
empregado de direitos?
seu senhor.
COLEÇÃO PARTICULAR

77

D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 77 09/08/22 15:51


AMPLIAR HORIZONTES
• KARNAL, Leandro et al. His-
tória dos Estados Unidos:
das origens ao século XXI. São
Paulo: Contexto, 2008.
Nessa obra, quatro autores abor-
dam os processos que levaram os
Estados Unidos a se transformar
em uma grande potência.

77

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A BNCC NESTA DUPLA
1. a) Ele se refere à liberdade. Segundo ele, a liberdade seguia em fuga porque estava sendo caçada em todo o
• CECH 1, 2 e 6: abordadas com os globo, tendo sido expulsa da África e da Ásia, considerada uma estranha na Europa e banida da Inglaterra.
estudantes por meio da análise de
documentos elaborados no proces-
A publicação do Senso Comum
so revolucionário e de independência Thomas Paine (1737-1809) foi um pensador britânico que migrou para a Pensilvânia – uma
dos Estados Unidos e na Revolução das 13 colônias inglesas na América –, em 1774. Dois anos depois, ele publicou um panfleto
Francesa. de cerca de 50 páginas, chamado de Senso Comum, no qual combatia a tirania e defendia
• CEH 1, 3, 4 e 6: trabalhadas com os a independência das colônias.
estudantes à medida que contextua- Leia a seguir uma passagem desse documento.
lizam as particularidades do processo
revolucionário francês sinalizando pa- Cada parte do Velho Mundo está

GRANGER/FOTOARENA
ra a influência do Iluminismo. sob o jugo da opressão. A liberdade
• Habilidade EF08HI04: enfocada com está sendo caçada por todo o globo.
os estudantes ao caracterizar e des- A Ásia e a África a expulsaram há
crever a Revolução Francesa. tempos. A Europa a considera uma
estranha, e a Inglaterra deu-lhe
ordem de partir. Ó, recebam a fugi-
PROCEDIMENTOS tiva, e preparem a tempo um asilo
DIDÁTICOS para a raça humana.

Converse com a turma sobre a WOOD, Gordon S. A revolução americana.


Rio de Janeiro: Objetiva, 2013. p. 89.
importância de Thomas Paine, 1. b) A América do Norte. Para Paine, abrigar a
pensador britânico que viveu liberdade na América do Norte é fazer nascer um
novo país sob a égide iluminista da liberdade, em
nos Estados Unidos da América, oposição ao restante do mundo, que, segundo ele,
cujas ideias influenciaram tanto o abriga ideias velhas, dignas de estarem em um asilo.
Página de rosto do panfleto Senso
processo de independência esta-
Comum, de Thomas Paine. Cerca
dunidense como a Revolução de 120 mil cópias do documento
Francesa. Pergunte a eles se teriam sido vendidas após o
lançamento, em janeiro de 1776.
conhecem alguma das obras Escrito em uma linguagem
escritas pelo autor, como Senso acessível, o panfleto alimentou
o desejo emancipacionista dos
Comum, publicada em 1776, e Os norte-americanos.
direitos do homem, publicada
na Inglaterra em 1791 (primeira
1. Com base no texto, responda ao que se pede.
parte) e 1792 (segunda parte).
a) Quem é a fugitiva a que se refere Thomas Paine? Por que ele lhe dá essa denominação?
Na sequência, incentive os
b) Para Thomas Paine, quem deveria receber a fugitiva? Como essa ideia reflete o pensamento
estudantes a lerem o trecho do iluminista?
panfleto Senso Comum, escrito
2. Ainda hoje, a liberdade é um dos princípios mais importantes de nossa sociedade. Esse
por Paine, e comente a obra Os direito é respeitado em todos os seus aspectos: político, religioso, cultural e sexual?
direitos do homem, na qual Em grupo, façam uma entrevista em sua comunidade a respeito dessa questão.
o autor analisa a Revolução a) Com o auxílio do professor, elaborem um questionário sobre o assunto.
France s a, suas c aus as e b) Escolham duas pessoas para aplicar o questionário. (Consulte, na seção Como se faz…,
momentos iniciais. Explique orientações para realizar uma entrevista.)
a importância de entrar em c) Depois de colhidos os dados, apresentem-nos à turma, refletindo sobre as informações
coletadas.
contato com textos originais, 2. c) Cada grupo pode se encarregar de um tema. Com base nos resultados da pesquisa,
ampliando a capacidade dos 78 incentive a turma a propor atitudes que possam contribuir para a preservação/ampliação dessas
liberdades na comunidade.
estudantes de interpretar as
ideias dos autores.
Texto complementar uma poderosa crítica, de uma
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 78 tomada de [...] São famosas as charges de Belmonte, 09/08/22 15:51

posição vigorosa. [...] O artista seleciona que satirizavam Hitler ou Mussolini na


Charge: humor e crítica um fato da atualidade, desenha e impri- época da Segunda Guerra Mundial. Ou nos
A charge faz uma crítica a me ali a sua opinião, geralmente carregada anos da ditadura militar brasileira, quan-
um acontecimento atual, nor- de crítica, humor e ironia. [...] A primeira do muitos artistas usavam a charge para
malmente de caráter político charge que se tem notícia por aqui é “A expressar suas opiniões; nomes como Zi-
ou social. Um leitor desaten- Campainha e o Cujo”, de autoria de Ma- raldo, Millôr, Henfil, Jaguar, Ivan Lessa,
to suporia se tratar de uma nuel de Araújo Porto Alegre. Publicada em Chico Caruso e muitos outros utilizavam
piada, mas à luz de uma lei- 1837, satiriza o jornalista Justiniano José seus desenhos para combater o regime.
tura cuidadosa, perceberá da Rocha, ligado ao jornal Correio Ofi- Não se pode reduzir a charge a um “de-
que se trata, na verdade, de cial, que era acusado de receber propina. senho”, apenas. Lembremos, novamente,
78

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D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24.indd 78 78 30/08/2022 11:51
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A REVOLUÇÃO FRANCESA Ao avançar para o item
A Revolução Francesa per-
A crítica por meio de charges foi comum na França do século XVIII, época em que o país
gunte o que eles sabem sobre
experimentou profundas mudanças políticas e sociais, que culminaram na chamada Revolução
Francesa (1789-1799).
esse processo histórico. É pro-
As muitas charges produzidas naquele tempo tornaram-se importantes fontes de informação vável que citem aspectos como
para compreendermos os mais variados aspectos da população francesa e da própria revolução. “revolta popular que derrubou
A charge que será analisada a seguir se chama Despertar do terceiro estado e foi feita a Bastilha”, “a decapitação do
em 1789, com a técnica água-forte. rei e da rainha”, temas mais
conhecidos. Anote na lousa
Charge: tipo de desenho de caráter crítico e humorístico a respeito de uma situação da vida real. Essa forma de as principais observações dos
expressão artística costuma ser bastante empregada para fazer críticas políticas.
Água-forte: técnica de produção de gravuras que tem como ponto de partida um desenho ou uma inscrição estudantes sobre o assunto. Elas
feita em chapa de metal. Esse desenho é preenchido com tinta, e a placa é pressionada sobre uma folha de poderão ser retomadas e dis-
papel, dando origem a uma ou mais gravuras, todas iguais.
cutidas ao longo dos estudos.
Comente com a turma que,
IMAGEM CONDUTORA para compreender os motivos

MUSEU CARNAVALET, PARIS. FOTO: ALAMY/FOTOARENA


que levaram à Revolução, é
importante conhecer como era
organizada a política no período,
centralizada no poder do rei e
da nobreza.
Aproveite a referência à
charge e veja se eles conhe-
cem essa linguagem e de quais
artista eles gostam. Peça que
observem com atenção a charge
reproduzida e incentive-os a des-
crevê-la, chamando a atenção
para o que está em segundo
plano. Questione sobre os ele-
mentos que permitem identificar
a nobreza e o clero, bem como
a forma como foram represen-
tados. Em seguida, promova a
leitura do texto da página 79 e
destaque as informações sobre
esses grupos sociais.

Despertar do terceiro estado, charge de autoria desconhecida, produzida no século XVIII, que AMPLIAR HORIZONTES
representa a nobreza e o clero assustados diante da reação do terceiro estado.
• HUGO, Vitor. Os miseráveis.
79 Tradução e adaptação: Walcyr
Carrasco. São Paulo: FTD, 2002.
Livro clássico, de forte cunho social,
que não é por acaso que elas são publica-
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 79 lê deve construir analogias e associar
09/08/22 aos
15:51 que retrata a sociedade francesa
das em jornais e nas sessões de opinião dos seus conhecimentos prévios. Não à toa, é pós-Revolução.
mais variados suportes. Charge e lingua- um conteúdo cada vez mais cobrado nos • DINIZ, André. A Revolução
gem estão totalmente associados, trata-se vestibulares e tema nas aulas de Língua Francesa. São Paulo: Escala
de uma combinação entre a linguagem ver- Portuguesa nas escolas Brasil afora. Educacional, 2008.
bal e a não verbal. História em quadrinhos que narra
SOARES, Esdras. Charge: humor e crítica.
A charge nunca é autoexplicativa, ela os principais momentos da Revo-
Escrevendo o futuro, São Paulo, [20--].
exige um conhecimento prévio do leitor Disponível em: https://www.escrevendoofuturo. lução Francesa.
para que ele possa apreender o sentido org.br/conteudo/noticias/educacao-e-cultura/
em sua totalidade. Ou seja, trata-se de artigo/1631/charge-humor-e-critica.
um processo de intertextualidade; quem Acesso em: 21 jul. 2022.
79

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 7: abordadas com os es-
tudantes a partir da análise da charge
O primeiro estado IC

MUSEU CARNAVALET, PARIS. FOTO: ALAMY/FOTOARENA


que explora as diferenças sociais esta-
belecidas entre os grupos e indivíduos Na França do século XVIII, a palavra estado
que formavam a sociedade francesa (ou estamento) designava os grupos sociais que
no século XVIII. compunham a sociedade. A população fran-
• CEH 2, 3 e 6: trabalhadas com a turma cesa, na época, era de cerca de 28 milhões de
à medida que os estudantes contextu- pessoas, distribuídas em três estados.
alizam as particularidades dos grupos O primeiro estado era formado por cerca
sociais e caracterizam as suas práticas de 120 mil pessoas, todas do clero da Igreja
e os seus respectivos papéis sociais. Católica – cardeais, bispos, abades, sacerdotes
• Habilidade EF08HI04: enfocada com os e monges. Na charge, esse grupo está repre-
estudantes ao descrever e caracterizar sentado pelo padre, que se encontra em pé,
a estrutura social da França no período ao centro.
pré-revolucionário e pós-revolucionário. A Igreja desfrutava de muitos privilégios,

MUSEU CARNAVALET, PARIS. FOTO: ALAMY/FOTOARENA


possuía 20% das terras e recebia o dízimo
dos fiéis. Além disso, os membros do clero não
PROCEDIMENTOS pagavam impostos, eram isentos do serviço
DIDÁTICOS militar e tinham direito a julgamento em tribu-
Organize as informações sobre nal próprio.

o primeiro e o segundo estados


para os estudantes, incentivan- O segundo estado

MUSEU CARNAVALET, PARIS. FOTO: ALAMY/FOTOARENA


do-os a observar os detalhes da O segundo estado abarcava
cerca de 400 mil pessoas. Parte
imagem condutora e identificar as
era composta pelos representantes
características de cada um. Nesse
da chamada nobreza de sangue,
momento, mostre como os nobres ou seja, os grandes proprietários
eram poucos em relação à popu- de terras que detinham títulos de
lação francesa da época e como nobreza, herdados de seus antepas-
esses títulos de nobreza eram sados: duques, marqueses, condes,
importantes para a obtenção de viscondes e barões. A outra parte Detalhe de
privilégios. desse grupo era formada por bur- representante do
gueses ricos, que compravam títulos clero na charge
Leia o texto da página 80 e Despertar do
de nobreza.
mostre que, apesar de consi- terceiro estado.
Na imagem, o segundo estado é
derado um bloco, o terceiro representado pelo nobre em pé, ao
estado (página 81) abarcava lado do padre.
grupos sociais muito diferentes
entre si, como os ricos comer- Dízimo: décima parte (ou 10%) da
ciantes e os camponeses pobres. renda de uma pessoa.
Título de nobreza: nesse período
Detalhe de
Texto complementar histórico, os títulos eram uma maneira de o
rei agraciar (honrar) as pessoas. Os títulos
representante da
não tinham nenhuma função jurídica ou nobreza na charge
O uso da charge na administrativa, apenas valor social. Despertar do terceiro
educação estado.

O uso da charge em ativida- 80


des interdisciplinares propicia
ao docente possibilidades pe-
dagógicas em diversas áreas
do conhecimento. [...]
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 80 o leitor entender o estado emocional que 09/08/22 15:51

No texto verbal, o docen- Quem sustenta a charge é o jogo de a charge quer passar. A perspectiva alia-
te pode orientar projetos em expressão corporal e facial. A postura, da ao design também acentua diferenças
redação, análise de discur- entretanto, é fundamental para o leitor das charges nos diferentes países onde
so, elementos gramaticais imaginar o tipo de atitude a até mesmo a são produzidos.
do texto, coesão, coerência, fala da personagem.
PESSOA, Alberto Ricardo. Charge como
aprendizagem de novas ex- Os cenários desenhados nas charges
estratégia complementar de ensino. Revista
pressões, palavras e relação estabelecem contextos, noções de profun- Temática, ano 7, n. 3, mar. 2011. p. 4-5.
de temas pertinentes à comu- didade devido à perspectiva e ambientação Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/
nidade da escola, com ênfase das personagens. index.php/tematica/article/view/30340.
aos temas transversais. A perspectiva age como orientador para Acesso em: 15 ago. 2022.
80

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D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24.indd 80 80 30/08/2022 11:51
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O terceiro estado D es t aque a figura dos
O terceiro estado correspon- sans-culotte, pedindo aos estu-

ERICH LESSING/ALBUM/FOTOARENA
dia a 98% da população francesa, dantes que levantem hipóteses
ou seja, cerca de 27,5 milhões de sobre os motivos de esses indiví-
pessoas. Nele estavam reunidos duos fazerem parte dos grupos
diferentes grupos sociais, como a mais radicais da revolução.
alta e a média burguesia, os traba- Após as contribuições de
lhadores rurais e os trabalhadores todos, explique a eles que se
urbanos.
tratava de pessoas que viviam
A alta burguesia era formada
por pessoas muito ricas, como
em situação muito grave de
banqueiros e comerciantes. Abaixo miséria, com falta de comida, de
dela estava a média burguesia, lugar para morar e sem acesso à
constituída por profissionais libe- educação. Comente que, infeliz-
rais – como médicos, professores mente, até os dias atuais, muitos
e advogados – e comerciantes grupos de população de diver-
médios. sos países passam por uma
Os trabalhadores rurais, ou
série de dificuldades econômi-
camponeses, representavam cerca
cas. Muitos tentam organizar-se
de 80% da população francesa.
Alguns eram livres, mas havia politicamente para tentar rever-
também muitos servos, ou seja, ter essas situações. Se houver
pessoas sem liberdade plena e que espaço pergunte aos estudan-
estavam presas às terras de seus tes: quais fatores dificultam ou
senhores (os nobres). O grupo dos até impedem que a miséria seja
trabalhadores urbanos, cerca de eliminada?
200 mil pessoas, era composto de
artesãos, trabalhadores da constru-
ção, desempregados, entre outros.
Essa parte mais pobre da
população urbana da França do
século XVIII era conhecida como
sans-culotte. Os culotes eram
calções masculinos justos que iam Sans-culotte parisiense, gravura colorizada de autoria
da cintura até os joelhos, usados desconhecida, século XVIII.
pelos nobres. Os trabalhadores, ao contrário, vestiam calças compridas, largas, feitas de pano
grosseiro. Daí a expressão sans-culotte, ou seja, sem culote. Os sans-culotte tiveram papel funda-
mental na revolução, na qual formaram a ala mais radical.

1. Na página 79, a imagem condutora representa as desigualdades sociais da sociedade


francesa no final do século XVIII. Inspirando-se na imagem, crie uma charge repre-
sentando as desigualdades da sociedade brasileira no presente.
Produção pessoal. A atividade incentiva o pensamento crítico e a criatividade ao solicitar ao estudante
a representação artística das diversas maneiras de desigualdade social que marcam a sociedade 81
brasileira contemporânea.

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 81 físicos exagerados (uma pessoa09/08/22
muito
15:51 a da personagem “Mafalda”,
alta, ou com a boca grande etc.) ou ca- criada pelo argentino Quino.
Qual a diferença entre charge, racterísticas pessoais (uma pessoa com SOARES, Esdras. Charge: humor
cartum, caricatura e tirinha? a cara de irritada, uma pessoa muito e crítica. Escrevendo o futuro,
Cartum: É semelhante à charge, mas gentil etc.). Atenção: normalmente o ar- São Paulo, [20--]. Disponível em:
não busca satirizar um acontecimento tista utiliza caricaturas para elaborar https://www.escrevendoofuturo.
específico, mas brincar com uma situa­ção suas charges. org.br/conteudo/noticias/
educacao-e-cultura/artigo/1631/
do dia a dia, com as coisas mais comuns Tirinha: Sequência de quadrinhos que
charge-humor-e-critica.
e corriqueiras do cotidiano. possui uma narrativa. Normalmente, possui Acesso em: 15 ago. 2022.
Caricatura: Trata-se de representar uma crítica, piada ou uma situação inusi-
uma pessoa específica com os traços tada. Uma das tirinhas mais conhecidas é
81

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D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24.indd 81 81 30/08/2022 11:51
A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 4, 5 e 6: abordadas com os
estudantes fazendo com que analisem
as ações empreendidas pelos grupos
A população se revolta
sociais envolvidos no processo revo- O terceiro estado sustentava os outros dois grupos por meio do pagamento de impostos.
lucionário francês. Era da burguesia grande parte do dinheiro que o rei tomava emprestado sempre que os cofres
• CEH 1, 2, 3 e 6: trabalhadas com a públicos esvaziavam.
turma à medida que os estudantes Na charge, o terceiro estado é representado pela figura do homem caído, começando a se
compreendem as motivações dos levantar. Com a mão direita, ele quebra a corrente que o prende, enquanto, com a esquerda,
grupos e indivíduos envolvidos no pro- segura um fuzil. Diante desse “despertar”, os representantes do primeiro e do segundo estado
cesso revolucionário francês. recuam apavorados.
• Habilidade EF08HI04: enfocada com Na época em que foi feita essa charge, a França passava por uma grave crise econômica.
os estudantes ao contextualizar a Para piorar, a partir de 1785, o país sofreu períodos alternados de seca e de inundações, o que
movimentação dos principais grupos resultou em uma baixa produção agrícola. A diminuição da oferta de alimentos levou à fome no
sociais envolvidos no processo revo- campo e na cidade.
lucionário francês. Sem comida, muitos camponeses pas-

MUSEU CARNAVALET, PARIS. FOTO: ALAMY/FOTOARENA


IC
saram a destruir os castelos, atribuindo aos
nobres a responsabilidade pela péssima si-
PROCEDIMENTOS tuação do campo. Em Paris, assim como em
DIDÁTICOS outros centros, os trabalhadores urbanos
Oriente a turma a observar começaram a fazer greves.
com atenção a imagem dis- Todo esse contexto de revoltas popu-
ponível no livro, assim como lares ajuda a entender o simbolismo da
imagem que mostra um representante do
descrever o que a situação
terceiro estado se libertando, pronto para
representa. Em seguida, leia o
pegar em armas para lutar contra essa si-
texto coletivamente e desta- tuação de opressão.
que os principais fatores que
levaram o terceiro estado a
MUSEU CARNAVALET, PARIS. FOTO: ALAMY/FOTOARENA

se revoltar contra as propos-


tas da Assembleia. Comente
que, diferentemente do que
pretendia Luís XVI, a reunião
das pessoas nessas discussões
fortaleceu a oposição ao seu
governo, culminando na pro-
posta de uma Assembleia Detalhe de representante
da burguesia na charge
Nacional Constituinte. Como Despertar do terceiro
são muitas realidades e termos estado.
diferentes, procure entender se
FICA A DICA
os estudantes realmente assimi-
laram todas essas mudanças. • Revolução Francesa em quadrinhos, de André Diniz. São Paulo: Escala Educacional, 2009.
Co m o é u m co nt e ú d o O emblemático processo revolucionário francês é narrado nesse livro na linguagem de
extenso, se perceber que nem quadrinhos, que aproxima personagens e fatos históricos do público leitor infantojuvenil.

todos entenderam suficiente-


mente bem, organize a turma 82
em grupos ou pares e traba-
lhe com a “aprendizagem por
pares”, um tipo de metodolo- D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 82 09/08/22 15:51

gia ativa que pode contribuir


para dar mais dinamismo e faci-
litar a compreensão. Para mais
detalhes sobre o tema, leia
neste manual o item “1.4. O
processo de ensino-aprendi-
zagem em que acreditamos”.

82

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Estados Gerais, o começo da revolução Ao abordar o item Estados
Tentando encontrar uma solução para a crise, o rei Luís XVI convocou a Assembleia dos Gerais, o começo da revo­
Estados Gerais, um órgão consultivo formado por representantes dos três estados e que não lução, solicite aos estudantes
se reunia desde 1614. que observem a imagem que
Embora cada estado participasse da Assembleia com vários representantes, o voto para tomar representa a Assembleia dos
decisões era por estado, e cada um deles tinha direito a um voto apenas. A intenção do clero e Estados Gerais reunida em
da nobreza, que, juntos, contabilizavam dois votos, era obrigar o terceiro estado (com direito a maio de 1789. Para um exercí-
um voto) a assumir novos impostos para solucionar a crise. cio de comparação, mostre a eles
Os trabalhos da Assembleia dos Estados Gerais tiveram início no começo de maio de 1789,
imagens de reuniões da Câmara
em um salão do Palácio de Versalhes. Erguido nas proximidades de Paris, o palácio era uma das
residências do rei e de sua corte, além de ser o centro de poder na França desde 1682.
dos Deputados e do Senado em
No dia da abertura da Assembleia dos Estados Gerais, o terceiro estado exigiu que a conta- Brasília e incentive a identifica-
gem dos votos fosse por pessoa, e não por estado. Como o clero e a nobreza não aceitaram a ção de aspectos comuns entre
proposta, os representantes da burguesia e do povo se deslocaram para outra sala do Palácio de ambos os contextos.
Versalhes, decididos a ficar ali reunidos, até que seus objetivos fossem alcançados. Explique que, de acordo com
No dia 9 de julho, o terceiro estado se autoproclamou Assembleia Nacional Constituinte. a Constituição brasileira atual,
O objetivo do grupo era elaborar uma constituição, algo que não estava nos planos do governo são realizadas assembleias do
absolutista do rei Luís XVI.
Poder Legislativo para discutir
os rumos políticos do país, san-

CHÂTEAU DE VERSAILLES, VERSAILLES, FRANÇA


Órgão consultivo:
conselho ou cionar leis e fiscalizar as ações
grupo de pessoas do Executivo. Na época da
constituído para
ajudar um governo Revolução Francesa, no entanto,
a tomar decisões. as decisões estavam concen-
Assembleia
Nacional
tradas nas ações do rei, e foi
Constituinte: por isso que a Assembleia dos
reunião de grupos Estados Gerais ganhou tanta
representantes da
sociedade com importância no período.
plenos poderes para
redigir ou reformar
as leis que regem a
nação.

Abertura dos Estados Gerais em Versalhes, 5 de maio de 1789,


Louis Charles Auguste Couder. Óleo sobre tela, 1839.

FICA A DICA
• Versalhes: o palácio é todo seu, publicado por Google Arts & Culture. Disponível em:
https://artsandculture.google.com/project/versailles?hl=pt-BR. Acesso em: 28 jun. 2022.
O conteúdo multimídia, composto de imagens, textos, vídeos e até recursos de realidade virtual,
promete levar o internauta a um “tour virtual privado pela antiga casa da realeza francesa”.

83

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 83 da Bastilha. Se possível, produza a atividade
09/08/22 15:51 base no desempenho de cada
junto com o professor de Arte. Organize a turma um. Neste manual, há suges-
Dramatizar a reunião das em dois grupos: um escreverá o texto e o outro tão de autoavaliação no item
Assembleias Gerais providenciará roupas, adereços, equipamentos 3.1.4. Autoavaliação. O item
Proponha aos estudantes que elaborem de luz e som etc. Com o texto pronto, divida- 8. Avaliações do volume
uma dramatização da reunião dos três estados -os entre os que vão atuar (atores) e os que se apresenta outro modelo de
durante as Assembleias Gerais. Oriente-os a con- dedicarão a cenário, figurinos e trilha sonora. autoavaliação.
sultar a seção Como se faz... sobre o tema. A Se possível, organize uma apresentação
dramatização deverá contemplar especialmente à comunidade escolar. Ao final, proponha
a insatisfação da população que levaria à Queda uma autoavaliação dos estudantes com
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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 5 e 6: abordadas com os
estudantes fazendo com que compre-
endam as consequências da Queda da
A Queda da Bastilha
Bastilha e identifiquem na elaboração De longe, a população de Paris acompanhava os acontecimentos em Versalhes. Logo correu
da Declaração dos Direitos do Homem a notícia de que o rei pretendia dissolver a Assembleia, indignando a população parisiense, que
e do Cidadão a influência iluminista. resolveu tomar as ruas.
• CEH 1, 2, 3 e 6: trabalhadas com a Na madrugada de 14 de julho de 1789, uma multidão invadiu os arsenais e se apoderou
turma à medida que os estudantes das armas ali encontradas. Em seguida, marchou para a Bastilha, fortaleza que servia de prisão
contextualizam as ações dos grupos para os que eram considerados inimigos do governo.
e indivíduos protagonistas da Queda A fortaleza da Bastilha era um dos símbolos mais odiados do regime absolutista. Por isso, foi
da Bastilha. um dos primeiros lugares dos quais a população revoltosa se apoderou.
• Habilidade EF08HI04: enfocada com Na imagem que estamos analisando, vemos ao fundo um grupo de soldados indo em direção
os estudantes ao caracterizar as à Bastilha. Repare que, no alto das torres da fortaleza, já há pessoas ocupando o prédio. Até
consequências das ações dos revolu- hoje o 14 de julho, dia da Queda da Bastilha, é comemorado como feriado nacional na França.
cionários franceses. Sem conseguir controlar a situação, o rei reconheceu a Assembleia Nacional Constituinte.
Em 4 de agosto de 1789, a Assembleia aboliu as leis feudais ainda em vigor no país e decre-
tou o fim dos privilégios da nobreza e do
PROCEDIMENTOS

MUSEU CARNAVALET, PARIS. FOTO: ALAMY/FOTOARENA


clero. Além disso, no dia 26 do mesmo mês,
DIDÁTICOS proclamou a Declaração dos Direitos do
Ao iniciar as explicações Homem e do Cidadão.
sobre a Queda da Bastilha,
pergunte aos estudantes o que Arsenal: construção na qual se guarda grande
eles entendem por manifesta- quantidade de armas e munições.

ção política e anote as principais


observações na lousa. É espe-
rado que apontem que, muitas
vezes, as manifestações políti-
MUSEU CARNAVALET, PARIS. FOTO: ALAMY/FOTOARENA

cas são organizadas por setores


da população descontentes com
certas medidas tomadas por
seus governantes, por exemplo.
Complemente indicando que,
em um estado democrático,

MUSEU CARNAVALET, PARIS. FOTO: ALAMY/FOTOARENA


essas iniciativas são permitidas
e muito importantes para que
os cidadãos possam expressar
suas opiniões e reivindicações. As duas imagens ampliadas, da
Leia o texto do item A Queda charge Despertar do terceiro
estado, representam o confronto
da Bastilha com a turma e entre populares e tropas do rei nas
aponte os principais motivos que proximidades e no alto da Bastilha.
levaram a população francesa
à insatisfação com as decisões
da Assembleia Constituinte.
Durante a abordagem, peça a eles 84
que observem as imagens repro-
duzidas com atenção. Aproveite
para pontuar a importância do Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 84 a liberdade, a propriedade, a segurança e a 09/08/22 15:51

movimento popular que marchou resistência à opressão.


Declaração dos Direitos do Homem Art. 3o. O princípio de toda a soberania reside
até a Bastilha para forçar o rei a
e do Cidadão de 1789
mudar suas atitudes. essencialmente em a Nação. Nenhuma corpora-
Art. 1o. Os homens nascem e são livres e ção, nenhum indivíduo pode exercer autoridade
iguais em direitos. As distinções sociais só podem que aquela não emane expressamente.
fundamentar-se na utilidade comum. Art. 4o. A liberdade consiste em poder fazer
Art. 2o. O fim de toda a associação polí- tudo que não prejudique outrem. [...]
tica é a conservação dos direitos naturais e Art. 5o. A lei não proíbe senão as ações
imprescritíveis do homem. Esses direitos são nocivas à sociedade. [...].
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão Prossiga conversando sobre
Inspirada nos ideais iluministas, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão esta- a importância da Declaração
belecia como valores supremos a liberdade e a igualdade de todos perante a lei. Seu primeiro dos Direitos do Homem e do
artigo diz que “os homens nascem e permanecem livres e iguais perante a lei”. Cidadão de 1789. Chame a
Esse documento causou grande impacto em muitos lugares do mundo. Por meio dele, assu- atenção para o fato de a declara-
mia-se como princípio, pela primeira vez na Era Moderna, que o rei não era um “representante ção ser voltada para o “homem”,
de Deus na Terra”, como até então muitos afirmavam.
e não para todos os “seres
Segundo o texto, o poder emana do povo. Dessa maneira, um de seus direitos “naturais
humanos”. Isso pode parecer
e imprescritíveis”, estabelecidos no artigo 2o da declaração, seria o de resistência à opressão. Em
outras palavras, o povo tinha o direito de tirar do poder qualquer governante que se tornasse tirano. insignificante, mas reflete um
O impacto da Revolução Francesa na sociedade ocidental foi tão grande que os historia- paradoxo da Revolução Francesa,
dores costumam defini-la como marco para o fim da Idade Moderna e o início da Idade pois por um lado defende um
Contemporânea (confira a linha do tempo com essa representação). modelo político moderno e
LINHA DO TEMPO
Cerco de SEM ESCALA. OS democrático, mas, por outro, a
FOTOTECA GILARDI/AKG-IMAGES/ALBUM/FOTOARENA

NORTH WIND PICTURE ARCHIVES/ALAMY/FOTOARENA


SEGMENTOS ENTRE
Constantinopla AS DATAS NÃO posição em relação às mulheres
pelas tropas CORRESPONDEM AO
do sultão
TEMPO DECORRIDO. não caminha nessa direção. As
Mohammed II, mulheres tiveram papel decisivo
de Jean Le nas lutas, mas quando reclama-
Tavernier, 1453. George
Washington ram da falta de inclusão, muitas
na batalha de
Princeton, em
foram decapitadas.
1777, autoria Comente que esses princípios
desconhecida. passaram a nortear uma série de
Gravura
colorida, reivindicações e mudanças ao
sem data. longo do tempo e que servem
1453 Queda de 1776 Independência
dos Estados Unidos
como referência até os dias de
Constantinopla
hoje. Se possível, leia alguns
IDADE MODERNA – 1453 A 1789 IDADE CONTEMPORÂNEA – 1789 AOS DIAS ATUAIS
trechos da declaração com os
Século XVII Séculos XVIII e XIX
Iluminismo Revolução Industrial
estudantes, incentivando-os a
identificar quais os pontos mais
FINE ART IMAGES/BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARTENA

BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA

1789 Revolução
Francesa - Queda importantes para eles. Pergunte
da Bastilha
também se acham que existem
direitos ainda não garantidos
pelos governantes hoje, mesmo
tendo sido previstos desde a
Declaração de 1789.
Gravura extraída do livro Enciclopédia
das artes utilitárias e manufatureiras,
Para concluir, chame a
O jantar dos filósofos, de Jean Huber. Óleo de Charles Tomlinson, publicado atenção da turma para a linha
sobre tela, 1773. A obra representa uma ceia no século XIX. A imagem destaca a do tempo disponível na página
de filósofos iluministas, entre eles Diderot, atividade de extração de carvão na
D’Alembert, Condorcet e Voltaire. Inglaterra, pioneira da industrialização. 85 e estimule uma reflexão
sobre o fato de a Revolução
85 Francesa ser considerada um
marco histórico que assinala
o fim da Idade Moderna e o
Art. 6o. A lei é a expressão da vontade geral.
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 85 pode ser punido senão em virtude de uma
09/08/22lei
15:51
início da Idade Contemporânea.
Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, estabelecida e promulgada antes do delito Nesse momento, é interes-
pessoalmente ou através de mandatários, para a e legalmente aplicada. sante lembrar as discussões
sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, Art. 9o. Todo acusado se presume ino- feitas nos volumes anteriores
quer se destine a proteger quer a punir. [...] cente até ser declarado culpado [...] sobre as convenções estabele-
Art. 7o. Ninguém pode ser acusado, preso ou BRASIL. Ministério Público Federal. Declaração cidas pelos historiadores para
detido senão nos casos determinados pela lei e dos Direitos do Homem e do Cidadão de interpretar o tempo histórico,
de acordo com as formas por esta prescritas. [...]. 1789. Brasília, DF: MPF, [20--]. Disponível em:
http://www.mpf.mp.br/pfdc/temas/legislacao/ tratando também sobre as limi-
Art. 8o. A lei apenas deve estabelecer penas internacional/declar_dir_homem_cidadao.pdf/ tações inerentes a elas.
estrita e evidentemente necessárias, e ninguém at_download/file. Acesso em: 21 jul. 2022.
85

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D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24.indd 85 85 30/08/2022 11:51
A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 5 e 6: abordadas com os
estudantes a partir da comparação das
estruturas políticas da monarquia abso-
De Monarquia Absolutista a República
lutista e da república e da identificação A Constituição francesa foi promulgada pela Assembleia Nacional Constituinte em 1791. Ela
das mudanças políticas, sociais e eco- extinguiu a Monarquia Absolutista e estabeleceu em seu lugar uma Monarquia Constitucional.
nômicas ocorridas na França durante o Ou seja, o rei foi mantido no trono, mas não governava sozinho. Acima dele estava a Constituição,
processo revolucionário. à qual ele devia obedecer.
• CEH 1, 3 e 6: trabalhadas com a turma Ao mesmo tempo, a autoridade do Estado foi dividida – como nos Estados Unidos e como é
à medida que os estudantes analisam hoje no Brasil – em três poderes: Executivo (nesse caso exercido pelo rei), Legislativo e Judiciário.
o processo pós-revolucionário francês Nas aparências, o rei Luís XVI se submetia à Constituição, mas no íntimo não aceitava a perda
e suas particularidades. do poder. Por isso, iniciou negociações secretas com governos de países vizinhos, que temiam a
• Habilidade EF08HI04: enfocada com difusão das ideias antiabsolutistas para outras regiões da Europa.
os estudantes ao caracterizar a socie- Em junho de 1791, o rei e sua família tentaram fugir disfarçados para o exterior com a
dade pós-revolucionária francesa. intenção de reorganizar forças militares para retomar o poder. Mas foram reconhecidos antes de
cruzar as fronteiras e então reconduzidos a Paris, onde ficaram presos.
Com a prisão do rei, o governo passou para um Conselho Executivo
PROCEDIMENTOS Provisório que dissolveu a Assembleia Legislativa e convocou eleições Sufrágio universal:
DIDÁTICOS para a formação de uma nova assembleia, a Convenção Nacional.
direito ao voto
estendido a todos os
Para iniciar a abordagem do Seus membros foram escolhidos por meio do sufrágio universal mas- cidadãos adultos, sem
culino. Já em sua primeira sessão, em setembro de 1792, a Convenção discriminar o nível
conteúdo, pergunte aos estudan- de alfabetização, a
declarou extinta a milenar Monarquia Francesa e instaurou em seu lugar
tes se eles conseguem apontar classe social, a renda
a República. Até um novo calendário, com base nos ciclos da natureza, ou a etnia. Contudo,
as principais diferenças entre
foi implantado no país. o sufrágio universal
o regime monárquico e a BRIDGEMAN IMAGES/EASYPIX BRASIL na França excluía
República. Anote as principais as mulheres do
processo de escolha de
observações da turma na lousa representantes.
e busque esclarecer possíveis
dúvidas.
Na sequência, leia o texto da
página 86 e explique a eles que Arquivos franceses regis-
nos dias atuais ainda existem tram dados biográficos
países que se mantêm como de dezenas de mulhe-
res que combateram
monarquias, como é o caso
durante a Revolução
da Inglaterra e da Espanha. No Francesa. A imagem
entanto, em ambos os países, os mostra a participação
monarcas não possuem a mesma ativa de mulheres em
1789, quando estavam
força política que tinham os reis voltando de um piquete
absolutistas. Questione os estu- que acabou em várias
dantes sobre o que sabem acerca decapitações. Os pães
do sistema político desses países, da gravura lembram
a razão principal do
valorizando seus conhecimen- levante: a fome.
tos prévios e a observação do Mulheres francesas retornando de Versalhes, de autoria
contexto sociopolítico mundial. desconhecida. Litografia, 1789.
Ao discutir o conteúdo da
página, sugere-se comentar 86
também que a proposta de
uma monarquia constitucio­
nal estava entre os projetos de Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 86 tos, até certo ponto, a arriscar a ordem em 09/08/22 15:51

alguns franceses na época, mas nome da justiça – ou em nome da justiça e


Conceituações teóricas da proteção ambiental, [...]. Adicionalmen-
a fuga do rei trouxe uma grande
[...] Bresser-Pereira tem se empenhado na te, a esquerda se caracteriza por atribuir ao
comoção política, levando os
definição dos conceitos de direita e esquer- Estado papel ativo na redução da injustiça
franceses a proclamarem-se da [...] [e] chega ao seguinte resultado: social ou da desigualdade, enquanto a direi-
como uma República. Ressalte A direita é o conjunto de forças políticas ta, [...] defende um papel do Estado mínimo,
a presença feminina nesse pro- que, em um país capitalista e democrático, limitado à garantia da ordem pública, dan-
cesso político, em destaque na luta sobretudo por assegurar a ordem, dan- do preponderância absoluta para o mercado
litografia de 1789. do prioridade a esse objetivo, enquanto a na coordenação da vida social (BRESSER-
esquerda reúne aqueles que estão dispos- PEREIRA 2006, pp. 26-27).
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A Convenção Nacional e seus grupos rivais No item A Convenção
A Convenção Nacional era formada por representantes de diferentes grupos sociais: clero, alta bur- Nacional e seus grupos rivais,
guesia, média burguesia, trabalhadores etc. Esses representantes se uniram em torno de três grandes peça à turma que observe a
grupos rivais, cada qual ocupando um lugar específico na Convenção: os jacobinos, os girondinos e imagem. Leia o texto com eles
o pântano. Esses grupos tentaram se afirmar e controlar o novo governo que estava sendo criado. e incentive-os a identificar onde
• Os jacobinos representavam principalmente a pequena e a média burguesia, sendo um dos estão representados os jacobi­
grupos mais radicais da revolução. Defendiam a República e o voto universal, liderados por nos e os girondinos. Anote na
Maximilien de Robespierre (1758-1794). Por sentarem-se à esquerda no salão da Convenção, lousa as principais características
o termo esquerda, ainda nos dias de hoje, é associado geralmente a pessoas ou grupos desses grupos, e explique que
que lutam por justiça social, pela promoção do bem-estar coletivo e pelo reconhecimento e
Robespierre foi considerado o
participação dos movimentos sociais e das chamadas minorias.
principal líder entre os jacobi-
• Os girondinos eram o bloco formado por políticos moderados, que representavam a grande
nos. Na Convenção Nacional,
burguesia mercantil e procuravam conter a radicalização, negociando com o rei. Como no
salão da Convenção sentavam-se à direita, o termo direita até hoje é associado a pessoas ou
outro grupo, chamado pântano,
grupos que têm posições políticas mais conservadoras, que buscam promover o bem-estar compunha políticos considera-
e a liberdade individual. dos de centro (se alinhavam ora
• O pântano era o grupo menos expressivo, formado por políticos cujas decisões oscilavam de com os jacobinos, ora os giron-
acordo com as circunstâncias e com os temas a ser votados. Recebiam esse nome por ocuparem dinos). Traga a abordagem para
a parte baixa, no centro do salão da Convenção. Atualmente, o termo pessoa de centro ou o presente e pergunte aos estu-
partido de centro indica defensores de posições que podem variar entre a esquerda e a direita dantes se conhecem partidos
conforme a situação. políticos no Brasil que apresen-
Os conceitos de esquerda, direita e centro mudaram ao longo do tempo, conforme a época e tam caracte­rísticas semelhantes.
a região onde foram empregados. Essa é uma questão impor-
Na imagem, foi repre-
tante, pois retomou, com
sentado o salão da bastante vigor, o uso de termos
Convenção Nacional. como “direita” e “esquerda”.
Confira a divisão dos Não há uma definição simples
participantes: uma parte
fica à direita, outra à para esses termos, uma vez
esquerda e uma ter- que cientistas políticos no Brasil
ceira no centro do salão. afirmam que a questão é com-
Condenado à morte, o
plexa: teria que ser analisada
rei Luís XVI (no destaque,
à direita) foi guilhotinado a concepção de Estado; de
poucos dias depois desse movimentos socias e políticos,
interrogatório. entre outras, de cada grupo.
Apresentamos, como suporte,
BRIDGEMAN/EASYPIX BRASIL

dois autores que publicaram uma


definição dos termos (no Texto
complementar a seguir).
Interrogatório de Luís XVI, 26 de dezembro de 1792. Fac-símile de
gravura feita no século XIX.

87

[...] o autor contrapõe o seu conceito ao conceito de


D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 87 [...] é possível dizer que:
09/08/22 15:51 A esquerda é o espectro ideoló-

Bobbio, já discutido aqui, mas que Bresser-Pereira as- gico que pretende empoderar grupos sub-representados
sim resumiu: nas esferas de poder; e A direita é o espectro ideológico que
Bobbio diz que é de esquerda quem defende a igualdade, pretende preservar ou ampliar os poderes de grupos já de-
quem luta por uma distribuição de renda mais igual, por vidamente representados nas esferas de poder.
uma maior justiça social. E é de direita quem não tem este
SILVA, Gustavo Jorge. Conceituações teóricas: esquerda e
objetivo como prioridade, vendo a desigualdade como ine- direita. Humanidades em Diálogo, v. 6, p. 149-162, 2014.
vitável e sob muitos aspectos desejável (BRESSER-PEREIRA Disponível em: https://www.revistas.usp.br/humanidades/article/
1997, p. 55). view/106265/104928. Acesso em: 22 jul. 2022.

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3 e 6: abordadas com os
estudantes fazendo com que compre-
endam os conflitos entre diferentes
A execução do rei e da rainha
grupos e indivíduos durante o pro- Ao longo da revolução, jacobinos e girondinos tiveram momentos de maior ou menor con-
cesso revolucionário francês. trole dos processos políticos. Quando os jacobinos tiveram maior controle, as medidas políticas
• CEH 1, 2, 3, 5 e 6: trabalhadas com adotadas se radicalizaram.
os estudantes à medida que proble- Exemplo disso foi o processo movido contra o rei Luís XVI e a rainha Maria Antonieta. Contra
matizam as disputas políticas entre a a vontade dos girondinos, os jacobinos levaram o rei e a rainha a julgamento e os condenaram
execução da família real francesa e o à morte na guilhotina.
Período do Terror. A execução do rei levou à formação de uma aliança internacio-
nal, chamada de coalizão, contra a França revolucionária. Ela era Coalizão: acordo político
• Habilidade EF08HI04: enfocada com
formada pelos governos da Áustria, Prússia, Inglaterra, Rússia, Espanha entre grupos (partidos ou
os estudantes ao descrever o Período nações) para alcançar um
do Terror. e Portugal, cujas tropas invadiram o território francês. Internamente, objetivo comum.
nobres inconformados com a perda do poder organizavam movimentos
contrarrevolucionários.
PROCEDIMENTOS

BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE, PARIS, FRANÇA


DIDÁTICOS
Chame a atenção da turma
para a imagem do rei sendo gui-
lhotinado durante a Revolução
Francesa. Ressalte que esse foi
um dos episódios mais impactan­
tes da Revolução e que levou a
um temor muito grande entre as
monarquias europeias. Aproveite
a oportunidade para reforçar a
relação entre acontecimentos
locais e o contexto político mais
amplo, conduzindo os estudantes
a perceber as dimensões múlti-
plas dos processos históricos.
Comente que, após a morte
do rei Luís XVI na guilhotina e
as reações de diferentes setores, Execução de Luís XVI, em 21 de janeiro de 1793, autoria desconhecida. Gravura, 1793-1795.
Na imagem, o carrasco exibe ao público a cabeça decapitada do monarca.
ocorreu uma série de mudanças
no governo francês, que preci-
sava se defender dos inimigos FICA A DICA
externos e organizar as diversas • A Revolução Francesa explicada à minha neta, de Michel Vovelle. São Paulo: Editora
demandas políticas internas. Por Unesp, 2007.
isso, esse período é repleto de O livro do historiador francês é redigido na forma de diálogos e explica, de maneira muito
episódios contraditórios. Alguns didática, a Revolução Francesa a uma adolescente de 14 anos.
jacobinos chegaram a ser acusa-
dos de traidores pelos próprios 88
companheiros.
A questão da guilhotina pode
ocasionar discussões sobre a osD3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd
grupos socialmente vulneráveis. 88 Aborde AMPLIAR HORIZONTES 09/08/22 15:51

pena de morte no presente. Caso também os erros judiciais, que muitas vezes
isso ocorra, explique aos estu- levaram à morte pessoas que depois foram • MICHELET, Jules. História da Revolução Fran-
dantes que a pena de morte é comprovadas como inocentes. Neste texto há cesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
mais informações sobre o tema: AMNISTIA Escrito pelo conhecido historiador francês, o livro
uma punição desumana e degra-
conduz a mais famosa interpretação da Revolu-
dante. Apresente dados que Internacional. Pena de morte: argumentos pela
ção Francesa.
revelam que em nenhum lugar sua abolição. Lisboa, 23 abr. 2021. Disponível • GRESPAN, Jorge. Revolução Francesa e Ilu-
do mundo a pena de morte em: https://www.amnistia.pt/pena-morte- minismo. São Paulo: Contexto, 2008.
reduziu a violência. Explique que argumentos. Acesso em: 15 ago. 2022. O livro problematiza as relações entre a Revolução
os condenados são, em geral, Francesa e o Iluminismo.
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O Período do Terror Para facilitar o entendimento
Em junho de 1793, os jacobinos tomaram a Convenção, prenderam os líderes girondinos e sobre o período, anote na lousa
criaram o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário. os principais eventos ocorridos
O Comitê organizou uma força pública de 300 mil homens para lutar contra as forças dos durante o Período do Terror
países invasores. O Tribunal Revolucionário passou a julgar e a condenar os suspeitos de conspirar e suas datas. Aponte também
contra a República. Esse período, compreendido entre setembro de 1793 e julho de 1794, ficou as conquistas geradas durante
conhecido como o Período do Terror. o período, organizando-as em
O Terror foi uma ditadura implantada pelos jacobinos, que prenderam e condenaram à forma de lista. Deixar claro os
morte seus opositores. Calcula-se que durante o Período do Terror foram presas cerca de 300 mil
pontos negativos e os positi-
pessoas – 35 mil delas foram julgadas de maneira sumária e condenadas à morte na guilhotina.
Muitos eram nobres, membros da alta burguesia e religiosos, mas até mesmo jacobinos acusados
vos de determinado período ou
de traição acabaram executados. acontecimento histórico que con-
Embora tenha sido tribuem para a construção de

ART COLLECTION/ALAMY/FOTOARENA
o período mais violento e noções sobre a complexidade
radical da Revolução Fran- dos eventos. Trabalhe-as sempre
cesa, foi nesse momento que possível com a turma de
que grande parte das con- modo a desenvolver o pensa­
quistas – principalmente
mento crítico, a pluralidade
as populares – foi conso-
de ideias e a desencorajar inter-
lidada. Foram criadas leis
que instituíram o divórcio, pretações maniqueístas.
as escolas públicas laicas
(não religiosas), os impos-
tos sobre a renda dos mais
[...]
[...] O processo e a morte
ricos, entre outras.
do rei tornaram inexpiável o
conflito entre a Gironda e a
Montanha. Enquanto aque-
les ainda acreditavam em
um compromisso com a mo-
narquia, estes exigiam sua
execução. Sem rei e sem base
de apoio, os girondinos foram
eliminados da Convenção nas
jornadas de 31 de março a 2
de junho de 1793. A revolução
precisava de um governo revo-
lucionário, a fim de não deixar
O brasão dos radicais, o rumo dos acontecimentos
do inglês George nas mãos simplesmente do
Cruikshank. Caricatura, ímpeto popular e, ao mes-
1819. A obra ironiza mo tempo, controlado pelos
a violência de grupos quadros da burguesia. É deste
envolvidos na Revolução
peculiar contexto que vai bro-
Francesa.
tar a aliança que vai dar base
89 para o Terror. O impulso popu-
lar, ao mesmo tempo em que
serviu como base social para
a vitória dos burgueses mais
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 89 ros esforços dos setores moderados para
09/08/22 15:52 radicais, também se apoiou
que o retrato da transformação social que nestes como sua base filo-
O sentido positivo do Terror para os a Revolução causou fosse o das modifica- sófica. [...]
jacobinos ções nas instituições e no pensamento, é PAULA, Guilherme Tadeu de.
A Revolução Francesa ocupa, no imagi- impossível tratar do processo sem abordar O sentido positivo do terror para
nário contemporâneo – sobretudo no que a força da violência nos anos revolucioná- os jacobinos. Teoria & Sociedade,
diz respeito à sua herança e à disputa pe- rios. “A desmontagem do quadro mental Belo Horizonte, n. 23.2, p. 247-
do Antigo Regime demandou violência, e 259, jul./dez. 2015. p. 249-254.
la compreensão de seu significado – um
Disponível em: https://www.
estatuto da mais absoluta relevância. também temos dificuldade em imaginar a teoriaesociedade.fafich.ufmg.br/
[...] própria violência, iconoclasta, destruidora index.php/rts/article/view/221/165.
[...] Ainda que haja e tenha havido seve- de mundo, revolucionária” (Darton 1989: 29). Acesso em: 22 jul. 2022.
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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 7: abordadas com os estu-
dantes fazendo com que compreendam
a Revolução Francesa a partir da pro-
blematização de suas particularidades.
OLHO VI VO
• CEH 1, 3 e 6: trabalhadas com os es-
tudantes à medida que analisam o UMA ALEGORIA DA REVOLUÇÃO
processo revolucionário enquanto
A imagem desta seção exibe a obra produzida em 1794 pelo pintor francês Nicolas Henri
um fato histórico inspirado nos ide-
ais iluministas. Jeaurat de Bertry (1728-1796). Trata-se de uma alegoria da Revolução Francesa e uma home-
nagem a Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), um dos mais importantes filósofos do Iluminismo.
• Habilidade EF08HI04: enfocada com
os estudantes ao descrever o proces- Segundo Rousseau, o povo deveria participar do poder, pois era ele, e não o rei, o verda-
so revolucionário francês destacando deiro soberano do Estado. Ao povo, e somente ao povo, pertencia a soberania de uma nação.
suas principais características. Rousseau argumentava, ainda, que uma comunidade só viveria bem se houvesse liberdade política
e igualdade entre seus membros. Esses dois princípios entraram,
mais tarde, na base da Revolução Francesa. Por isso, Jeaurat de Alegoria: neste caso, é uma
PROCEDIMENTOS Bertry faz uma associação entre os eventos ocorridos na França
imagem que representa ideias.
Por exemplo: a ideia de “justiça”
DIDÁTICOS naquele período e as ideias do filósofo, que morreu 11 anos é quase sempre representada por
antes da revolução. uma mulher de olhos vendados
que segura uma balança. Essa
Olho vivo Agora, analise a pintura. Vamos, juntos, desvendar detalhes
mulher é uma alegoria da Justiça.
Retome as ideias da Revolução dessa alegoria e entender como ela foi elaborada.
Francesa sobre liberdade, igual­ 1 Como a fotografia ainda não tinha sido inventada, os retratos eram pintados em quadros ou
dade e fraternidade. Promova medalhões. O de Rousseau encontra-se na parte superior do quadro para indicar simbolica-
uma conversa sobre esses con- mente a importância de suas ideias para a Revolução Francesa.
ceitos e sua pertinência na
atualidade. Pode ser interessante 2 Exames radiológicos no quadro revelaram que, sob uma camada de tinta, estavam pintados,
questionar os estudantes se a liber- do lado direito e do lado esquerdo do medalhão de Rousseau, os retratos de dois revolu-
cionários: Jean-Paul Marat (1743-1793) e Louis-Michel Lepeletier, marquês de Saint-Fargeau
dade política e a igualdade entre
(1760-1793), respectivamente. A aplicação dessa camada de tinta foi feita depois de pronto o
os membros de uma comunidade
quadro, provavelmente em 1795, quando houve uma reação contra esses dois revolucionários.
teorizadas por Rousseau são pra-
ticadas hoje. 3 As duas bandeiras entrecruzadas (símbolo do novo Estado francês) têm sobre elas o olho
Promova a análise da imagem da verdade, aquele que tudo vê. Esse era o símbolo da vigilância para a conservação dos
e das informações que a acom- princípios da revolução.
panham. Destaque os diferentes
símbolos utilizados na composi- 4 Em primeiro plano, quase no centro da obra, está um fascio, feixe de varas em cuja ponta
se veem alguns machados de bronze. Esse símbolo, de origem etrusca e muito utilizado na
ção da obra, ressaltando a função
Roma antiga, era associado à soberania e à união. Confira como repousam sobre ele alguns
de cada um deles em uma narra-
símbolos da República: no topo, o barrete frígio e uma coroa cívica; de cima para baixo,
tiva visual significativa e coerente. quatro inscrições, com os dizeres “força”, “verdade”, “justiça” e “união”. Na árvore ao lado
Estimule a turma a refletir sobre desse fascio, há uma placa com a inscrição “liberdade”.
as intenções que levaram o artista
a produzi-la e de como ele se 5 Sobre essa coluna está escrita uma frase de Salignac de La Mothe-Fénelon (1651-1715), um
posicionou em relação aos acon- dos precursores do Iluminismo: “Quanto mais uma nação é esclarecida, mais sente que seu
tecimentos políticos na França. verdadeiro interesse é obedecer a leis justas e sábias”.

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• VOVELLE, Michel. A revolu- Olho vivo


ção francesa explicada à A imagem da seção Olho vivo é um
minha neta. Tradução: Fer- bom momento para trabalhar com a turma
nando Santos. São Paulo:
a formação em ledor, ou seja, aquele que
Editora Unesp, 2007.
auxilia cegos e/ou pessoas com baixa visão.
Um avô responde à sua neta al-
Esse pode ser um ponto para discutir com a
gumas curiosidades que ela tem
acerca da Revolução Francesa. turma, visando à empatia com aqueles que
são acometidos por essas condições. Algumas
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fixar com mais eficiência as
informações recebidas.
MUSEU CARNAVALET, PARIS. FOTO: ERICH LESSING/ALBUM/FOTOARENA
MOREIRA, Cristiano Marins.
Alegoria da Revolução
Técnicas de leitura para
Francesa, de Nicolas Henri
Jeaurat de Bertry. Óleo sobre
ledores (os leitores deficientes
1 2 tela, 1794. Na parte central visuais). [Rio de Janeiro], [20--].
superior, medalhão com um Disponível em: http://www.
retrato que reproduz a imagem filologia.org.br/ixcnlf/5/01.htm.
de Jean-Jacques Rousseau. Acesso em: 22 jul. 2022.
O estudo de Francilene Flor da
10 Perto de um canhão, uma Silva relatou sua experiência pro-
sentinela vigia. Trata-se de fissional de ledora para estudantes
uma referência à necessi- com deficiência visual no Instituto
dade de estar preparado Federal da Paraíba e citou a con-
3 para possíveis ataques dos
tribuição dos softwares de voz no
inimigos da revolução.
auxílio a esses estudantes.
5 11 Sans-culotte identificado Os softwares de voz são lei-
7 pelo barrete frígio na cabeça. tores de tela que permitem
4 Esse gorro vermelho era um ao cego usar o computador e
13 dos símbolos da república, outros equipamentos eletrô-
mas sua função simbólica é nicos, sintetizadores de voz, e
6 navegar na internet. Com essa
8 muito anterior à Revolução
Francesa: na Antiguidade, tecnologia, o aluno pode rece-
ele era tradicionalmente ber e registrar as informações
10
concedido ao escravizado
simultaneamente à explicação
9 do professor, que tem as pos-
grego que se tornava livre.
11 sibilidades de planejamento
Tratava-se de um sinal visível
ampliadas. Existem diversas
de conquista da liberdade.
opções no mercado, mas o
12 custo é um fator limitante.
12 Aos pés da coluna, está uma
cornucópia, um símbolo da Dois desses programas me-
recem destaque: Computador
fertilidade, da riqueza e da
de voiss que é um Dispositi-
abundância. A cornucópia
vo de baixo custo e acessível,
é, geralmente, representada
6 No pedestal da coluna, está o livro aberto da Constituição republi- que permite ampliar as letras
como um vaso em forma de
cana, no qual se pode ler: “Direitos do Homem e do Cidadão”. com a lupa eletrônica. Um lei-
chifre, de onde saem frutas tor de tela lê o conteúdo. Já o
7 Pirâmide da Pátria, erguida em reconhecimento aos heróis e cida- e flores. Dosvox é um aplicativo com
dãos mortos durante os acontecimentos de 10 de agosto de 1792, diversas funções, como agen-
13 Bem ao fundo, ergue-se a
quando uma multidão cercou o Palácio das Tulherias, em Paris. Esse da, calculadora, editor e leitor
guilhotina, instrumento da
evento marca o fim da Monarquia Francesa. de textos, além de ser forma-
“regeneração nacional”, na
tador para braille, [...]
8 Pedestal com a inscrição “Revolução Francesa”. qual eram executados não
só os inimigos da revolução, SILVA, Francilene Flor da.
9 As mulheres tiveram uma participação decisiva no processo revo- mas também os revolucio- A prática do ledor para
estudantes cegos: relato
lucionário. Por isso, o pintor as inseriu em sua tela. Aqui, elas nários que se opunham a
de experiência. Trabalho de
também representam os camponeses. Robespierre. Conclusão de Curso (Pedagogia)
– Universidade Estadual da
91 Paraíba, Campina Grande, 2020.
p. 23. Disponível em: http://
dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/
bitstream/123456789/23944/1/
dicas podem ajudar nesse trabalho, conforme vem-se evitar a lentidão e a rapidez 09/08/22
durante Francilene%20Flor%20da%20
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Silva%20121610414.pdf.
texto de Cristiano Marins Moreira, a seguir. o processo. Salvo por solicitação do ouvinte.
Acesso em: 22 jul. 2022.
1. Entoação – A questão da entoação é sim- 2. Recursos Gráficos – Tais marcas me-
ples e não apresenta grandes dificuldades. recem uma devida atenção por, muitas
a) Altura: a voz deve ter uma altura média. vezes, assinalarem características neces-
Dependendo do ambiente, faz-se necessá- sárias para a compreensão do texto.
rio elevar ou reduzir o seu tom. Deve-se a) Gráficos e fotos: é comum a presen-
evitar lugares barulhentos onde possam ça de fotos em jornais e de desenhos em
existir frequentes interrupções ou elemen- textos literários, os quais podem ser des-
tos de distração durante a leitura. critos com detalhes para que o ouvinte
b) Ritmo: a velocidade deve ser regular. De- possa imaginar a situação, o que lhe fará
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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 5 e 6: abordadas com
os estudantes fazendo com que
compreendam a chamada Reação Ter-
A Reação Termidoriana
midoriana enquanto um fato histórico Tanto a burguesia quanto os sans-culotte queriam o fim da sociedade feudal e dos privilégios
do processo revolucionário francês. dos nobres e do clero. Entretanto, a burguesia francesa não pode ser entendida como um bloco
• CEH 1, 3 e 6: trabalhadas com a turma único. Havia diversos grupos dentro dela, e uma parte desses burgueses – os girondinos – temia
à medida que os estudantes contextu- que o movimento se radicalizasse e saísse do controle.
alizam e caracterizam a organização

BRIDGEMAN/EASYPIX BRASIL
do Diretório.
• Habilidade EF08HI04: enfocada com
os estudantes ao descrever o contexto
histórico da Reação Termidoriana e os
conflitos sociais e políticos que marca-
ram o fim do processo revolucionário.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Ao introduzir o item A
Reação Termidoriana, retome
com os estudantes os membros
do terceiro estado, apontando
as diferenças que havia entre
eles na sociedade francesa do
período. Busque ressaltar que
muitos dos interesses da bur­
guesia e dos sans-cullote eram
inconciliáveis, uma vez que os
privilégios econômicos dos bur-
gueses contrastavam com as A marcha incrível, Louis Léopold-Boilly. Óleo sobre tela, 1795. A obra representa
ironicamente o que seria a união da burguesia com as camadas populares. O artista se refere,
condições dos mais pobres. Esses provavelmente, à aversão da burguesia à participação popular na Revolução Francesa.
contrastes podem ser explorados
Dois dos valores mais importantes para a burguesia eram o direito à propriedade privada e ao
por meio da imagem de autoria
livre-comércio. Para os burgueses, esses valores estavam ameaçados pelo tabelamento de preços
de Louis Léopold-Boilly.
e pela reforma agrária implementados pelos jacobinos. Por isso, os girondinos e outros setores
Retome as explicações sobre o articularam um golpe contra os jacobinos.
Período do Terror, entre setem- O golpe se concretizou em julho de 1794, quando Robespierre foi deposto e condenado
bro de 1793 e julho de 1794, à morte. Esse movimento ficou conhecido como Reação Termidoriana, pois aconteceu no
quando dominavam os jacobi- Termidor, nome do 11º mês do calendário revolucionário francês. A partir de então, a Convenção
nos. Leia o texto com a turma e Nacional passou a ser controlada pelos membros da alta burguesia.
procure esclarecer os principais
motivos que levaram os girondi­ 1. Analise atentamente a pintura reproduzida nesta página e responda: podemos afirmar
nos a tomar o poder. Comente que as pessoas representadas pertencem a um mesmo grupo social? Por quê?
Consulte comentários nas Orientações didáticas.
que Robespierre, líder dos jaco-
92
binos, foi condenado e morreu
guilhotinado.
Atividade (aparentemente, uma estola feita com pele
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1. Na obra, o autor represen- de animal); mais à esquerda, uma mulher de


tou pessoas de diferentes vestido amarelo. Todos estão bem arrumados, O ninho da águia
grupos sociais. Essa distinção denotando pertencer a camadas sociais ele- Como outros tantos homens públicos que
vadas. Junto deles estão pessoas com roupas marcaram época, Napoleão não escapou
se mostra, principalmente,
simples, como o casal à esquerda da tela ou o aos anseios e à necessidade de se eternizar.
pelo vestuário das pessoas.
Promovendo desde o Consulado várias mo-
Nos dois extremos da tela, homem do lado de fora da carruagem. Pelas
dificações na textura urbana parisiense e de
há dois militares; ao centro, vestimentas, pressupõe-se que pertençam outras cidades sob domínio francês, inscre-
uma mulher com roupas ele- a camadas baixas da sociedade francesa. veu em pedra seu poder e suas realizações,
gantes segurando uma peça em um discurso visual silencioso, mas nem
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O Diretório e o fim da revolução Antes da leitura do texto do
item O Diretório e o fim da
Com a Convenção sob controle da alta burguesia, uma nova Constituição foi elaborada
em 1795. Ela acabou com o voto universal masculino e reintroduziu o voto censitário, ou seja, Revolução, pergunte aos estudan-
o direito ao voto ficava restrito a pessoas do sexo masculino com certa condição financeira, tes o que sabem sobre Napoleão
excluindo, assim, os pobres das decisões políticas. A alta burguesia também anulou algumas Bonaparte e sua relação com
medidas implantadas pelos jacobinos, entre elas o tabelamento de preços e o fim da escravidão a Revolução Francesa. Anote
nas colônias francesas. na lousa os principais comentá-
O Poder Executivo passou a ser controlado pelo Diretório, órgão composto de cinco pessoas rios e aproveite para trabalhar os
eleitas entre os deputados. Nesse período, a França passou por outra grave crise econômica, na conhecimentos prévios e o ima-
qual os preços dos produtos de primeira necessidade dispararam. Nos campos, a fome era tanta ginário da turma sobre Napoleão.
que nem mesmo a ameaça de pena de morte impedia os saques. Ressalte, por exemplo, como as
Nessas condições, tanto os jacobinos quanto os defensores da monar- artes e a indústria cultural con-
Golpe de Estado:
quia começaram a conspirar contra o governo da alta burguesia. Para não ação pela qual um tribuem para a criação de uma
perder o controle da situação, o Diretório convocou Napoleão Bonaparte grupo de pessoas
derruba o governo de
imagem sobre esse personagem
(1769-1821), um general do Exército, para reprimir os movimentos.
um país e ocupa seu histórico, um dos mais famosos
O sucesso do general Bonaparte em reprimir a rebelião dos partidá-
lugar. Os golpes de do mundo ocidental.
rios da monarquia foi tão grande que ele foi convidado a assumir uma Estado são, muitas
das vagas do Diretório, em outubro de 1799. Um mês depois, ele deu vezes, liderados por Esclareça que Napoleão foi um
um golpe de Estado: dissolveu o Parlamento e substituiu o Diretório militares e podem ter importante militar do Exército
ou não apoio popular. francês que assumiu uma vaga
por três cônsules. O mais importante desses cônsules era ele mesmo. A
revolução, então, chegava ao fim. no Diretório em 1799, dando
Embora diversos aspectos da revolução tenham se perdido durante o governo de Napoleão, a um golpe logo em seguida.
Revolução Francesa marcou a história do mundo ocidental. Além de acabar com a estrutura feudal Certifique-se de que os estudan-
na França, ela estabeleceu princípios de valor universal, como os de liberdade, igualdade e tes compreendem um golpe de
fraternidade, inaugurando uma nova era na história do mundo ocidental. As três palavras torna- Estado como o ato de derrubar
ram-se o lema da Revolução Francesa, mas, por sintetizar valores comuns à maioria da população um governo constitucionalmente
francesa, continuaram sendo utilizadas em defesa da democracia contra governos opressores. legítimo. Se considerar válido,
discuta sobre outros exemplos
WORLD HISTORY ARCHIVE/ALAMY/FOTOARENA

de golpes de Estado ocorridos


no Brasil e no mundo, na era
O golpe de contemporânea, com especial
Estado de 9 de atenção àqueles que ocupam o
novembro de
1799, autoria noticiário recente.
desconhecida.
Gravura
produzida no
século XIX.
AMPLIAR HORIZONTES
Na imagem,
Napoleão • HOBSBAWM, Eric. A era das
Bonaparte é revoluções (1789-1848).
representado Tradução: Maria L. Teixeira e
no momento da Marcos Penchel. Rio de Janei-
tomada do poder
sobre o Diretório.
ro: Paz e Terra, 2015.
O livro discute as transformações na
93 Europa após a Revolução Francesa e
a Revolução Industrial na Inglaterra.

por isso menos ambicioso. A exemplo do


D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 93 ornavam outros dois palácios (Versalhes
09/08/22 15:52 ticos, Napoleão demonstrava
símbolo-mor de seu poder – a águia –, ele e Tulherias) e que haviam sido deposita- seu poder de conquista [...].
construiu sobre os escombros da Bastilha dos em sua grande galeria [...]. Este seria STOIANI, Raquel. O ninho da
e de Versalhes seu “ninho”, buscando criar inclusive o propósito inicial das reformas águia. Napoleão e sua política
sua própria cenografia política. do Louvre a mando de Napoleão: trans- de lugares: Paris como centro
[...] formá-lo num depósito de luxo para os do mundo. Revista de História,
O Louvre, por sua vez, seria foco de saques artísticos que vinham na cauda de São Paulo, n. 146, p. 175-222,
2002. Disponível em:
grande interesse por parte de Napoleão. suas conquistas militares. Ele também se
http://www.revistas.usp.
O antigo palácio já abrigava desde 1792 vá- constituiria num verdadeiro “Templo da br/revhistoria/article/
rios quadros, estátuas, bronzes e objetos Glória” onde, centralizando e expondo, à view/18938/21001.
preciosos que até a queda da Monarquia vista de todos, os maiores tesouros artís- Acesso em: 22 jul. 2022.
93

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 6 e 7: abordadas com os
estudantes fazendo com que com-
preendam a concepção de tempo dos
O calendário revolucionário
revolucionários franceses e contextu- O golpe de Estado que conduziu Napoleão Bonaparte ao poder ocorreu em 9 de novembro
alizem o governo napoleônico. de 1799, mas entrou para a história como Golpe do 18 Brumário porque em 1792 os revolu-
• CEH 1, 3 e 6: trabalhadas com a turma cionários substituíram o calendário gregoriano por um novo calendário. A intenção era marcar o
à medida que os estudantes analisam as início de uma nova era e romper com as heranças culturais do Antigo Regime e da Igreja Católica.
características do governo napoleônico. O Calendário Republicano ou Calendário Revolucionário era dividido em 12 meses, cada qual
• Habilidade EF08HI04: enfocada com com trinta dias, mais cinco dias complementares (ou seis, nos anos bissextos) acrescentados ao
os estudantes ao caracterizar o gover- final do ano. As semanas receberam nomes distintos e eram chamadas de decâmeros ou décadas.
no de Napoleão Bonaparte. Os dias também foram alterados, substituídos por nomes de plantas, animais e minerais.
Os nomes dos meses foram escolhidos com base nos fenômenos da natureza, como Pluvioso,
Ventoso e Floreal. O Brumário, mês do golpe dado por Napoleão, ia de 22 de outubro a 20 de novem-
PROCEDIMENTOS bro, no calendário gregoriano, e recebeu esse nome por ser época de neblina ou bruma naquela região.
DIDÁTICOS Todas essas mudanças vigoraram até 1805, quando Napoleão aboliu o Calendário
Ao discutir as informações Revolucionário e retomou o gregoriano.
do item O calendário revo­

ALBUM/FOTOARENA
lucionário, explique que os
revolucionários buscaram alterar
a contagem do tempo durante
os dias, pretendendo abolir as 24
horas e implementar um sistema
de apenas 10 horas. Cada hora
teria mais cem unidades, e cada
uma dessas unidades seria sub-
dividida em outras cem partes.
Por exemplo, uma hora do dia do
calendário revolucionário repre-
sentaria 2 horas e 24 minutos
do nosso dia.
Em seguida, solicite que
observem a imagem do calen-
dário da Revolução e os nomes
dados aos dias da semana e aos
meses. Ressalte o intuito de rom-
pimento com as heranças cristãs
e de estabelecimento de novos Calendário revolucionário francês, autoria desconhecida. Gravura, 1801.
parâmetros sociais e culturais.
Pode ser interessante perguntar FICA A DICA
aos estudantes: se tivesse que • Napoleão, de Thierry Lentz. São Paulo: Editora Unesp, 2008.
criar um novo calendário, que Livro sobre a vida, a obra e a herança de Napoleão, adequado ao público de jovens leitores.
nomes você daria aos meses?
Por quê? É um exercício simples, 94
mas que proporciona reflexão,
conduz ao autoconhecimento
e exercita a criatividade.
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O PERÍODO NAPOLEÔNICO Durante a abordagem do
item O período napoleô­
Depois de dez anos de revolução (1789-1799), a sociedade francesa encontrava-se arra-
nico, solicite aos estudantes que
sada pelas disputas internas e pelas guerras externas. Napoleão conquistou a confiança da
burguesia em virtude de seus êxitos militares e, em 1802, um plebiscito concedeu a Napoleão
observem o mapa Conquistas
o título de cônsul vitalício. Dois anos depois, outra consulta popular o transformou em impe- napoleô­nicas (século XVIII
rador dos franceses. a XIX). Destaque a localização
Durante o período em que exerceu o poder (1799-1814), Plebiscito: consulta popular pela da França e de todos os territó-
o governo de Napoleão adotou medidas para recuperar a eco- qual os eleitores manifestam rios conquistados por Napoleão.
nomia e as instituições do Estado. Incentivou a industrialização, pelo voto sua opinião sobre
determinado assunto.
Explique que, sob seu comando,
criou o primeiro banco nacional francês e promoveu obras públi- a França conseguiu recuperar
Código Civil: conjunto de leis
cas, como a construção de estradas, a fim de gerar empregos. que consolidava as conquistas sua economia, mas, apesar do
Em 1804, sob o governo de Bonaparte, foi instituído o burguesas da revolução, como
liberdade individual, respeito à Código Civil, muitos direitos e
Código Civil. Disposto a enfraquecer o comércio e a indústria da
propriedade privada, igualdade liberdades conquistados durante
rival Inglaterra, Napoleão Bonaparte proibiu as nações europeias perante a lei e casamento civil
de comerciar com os britânicos, ameaçando atacar os países que separado do religioso. O Brasil a Revolução foram revogados,
desobedecessem ao chamado Bloqueio Continental. Além também tem seu Código Civil e embora alguns tenham sido reto-
nele estão agrupadas as relações
disso, pôs em prática um processo expansionista que culminou jurídicas de ordem privada.
mados em outros momentos
na anexação de vários territórios aos domínios franceses. históricos.
Explicite que o tema será
Conquistas napoleônicas (século XVIII a XIX) retomado no último capítulo
da unidade, momento em que

ALLMAPS

São Petersburgo
wich

analisarão a influência que o


Green

REINO DA Estocolmo
DINAMARCA
Império Napoleônico exerceu
iano de

E
NORUEGA
REINO DA Moscou
na história do Brasil.
Merid

SUÉCIA
REINO UNIDO Mar do Mar
DA Báltico
GRÃ-BRETANHA Norte
Copenhague
E IRLANDA
IMPÉRIO
PRÚSSIA

Amsterdã
RUSSO
Berlim Varsóvia
Londres
OCEANO Bruxelas
WESTFÁLIA
Dresden GRÃO-DUCADO
DE VARSÓVIA
ATLÂNTICO CONFEDERAÇÃO
DO
Paris RENO

45° Viena ÁUSTRIA


N IMPÉRIO
BAVIERA Budapeste
FRANCÊS SUÍÇA

Milão HUNGRIA
SABOIA
REINO
DA Belgrado
ITÁLIA Mar Negro
M
I

P
Mar É
PORTUGAL Madri Adriático
R
Roma I O Constantinopla
T U
R C O N O
- O T O M A
Lisboa ESPANHA REINO Nápoles REINO
DE
DA NÁPOLES
SARDENHA Território francês em 1789
Mar
Egeu
Territórios conquistados pela França até 1801
Mar Mediterrâneo Territórios conquistados pela França até 1812
REINO DA
SICÍLIA Estados “aliados” da França em 1812
0 250 Estados em guerra contra a França
km

Fonte: VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. p. 124.

95

AMPLIAR HORIZONTES
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• NAPOLEÃO. Direção: Yves Simoneau. França, 2002. (377 min).


Superprodução que aborda a força, os desejos e as fraquezas de Napoleão.
• BERTAUD, Jean-Paul. Queda de Napoleão: um eletrizante relato dos três últimos dias do seu império. Tra-
dução: Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
Romance histórico que relata os acontecimentos que marcaram o fim do império de Napoleão Bonaparte.

95

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 6: abordadas com os
estudantes fazendo com que com-
preendam a estrutura do Congresso O CONGRESSO DE VIENA
de Viena e a importância de outros Napoleão governou até 1814, quando foi derrotado por uma coalizão internacional e obri-
movimentos revolucionários, como a gado a se exilar na ilha de Elba, próxima à costa italiana. Algum tempo depois, conseguiu fugir
Revolução Haitiana. da ilha e foi recebido em Paris com aclamações de “viva o imperador”. Governou durante cem
• CEH 1, 2, 3, 4 e 6: trabalhadas com dias, mas foi novamente derrotado em 1815, na Batalha de Waterloo. Preso mais uma vez, foi
a turma à medida que os estudantes deportado para a ilha de Santa Helena, no oceano Atlântico, onde morreu alguns anos mais tarde.
analisam a Revolução Haitiana e con- Após o fim do governo de Napoleão Bonaparte, representantes de diversas nações europeias
textualizam suas características com o se reuniram na Áustria para participar do Congresso de Viena (1814-1815). O objetivo do
período das revoluções iluministas em encontro era restabelecer o equilíbrio de forças entre as grandes potências do continente. Nesse
diferentes regiões do planeta. sentido, uma das medidas adotadas foi a retomada das fronteiras europeias existentes antes da
• Habilidades EF08HI04 e EF08HI10: Revolução Francesa e das Guerras Napoleônicas.
enfocadas com os estudantes ao Além disso, o Congresso determinou a restauração dos governos derrubados durante a
descrever e caracterizar processos Revolução Francesa. Na França, por exemplo, Luís XVIII, irmão de Luís XVI, assumiu o trono. Outra
revolucionários, como o ocorrido no medida definida pelo Congresso de Viena foi a garantia de que as monarquias ibéricas voltariam
Haiti e na França. ao controle das famílias reais que governavam Portugal e Espanha antes das invasões napoleônicas.
Por tudo isso, o Congresso de Viena ficou conhecido como Restauração, ou seja, o retorno à
PROCEDIMENTOS ordem existente na Europa antes da Revolução Francesa. Para evitar a ameaça de novas revoluções,
os líderes europeus decidiram criar a Santa Aliança, uma coligação de países que agiria para
DIDÁTICOS reprimir novas revoluções que pudessem se disseminar pelo continente.
Utilize o mapa da página
96 para abordar o item O Europa após o Congresso de Viena (1815)

ALLMAPS
Congresso de Viena e expli- 0°

que à turma que após a queda


h
nwic

REINO DA SUÉCIA
Gree

de Napoleão e sua deportação Estocolmo São Petersburgo


o de
dian

à Ilha de Santa Helena houve


Meri

Mar do
um movimento de retomada e Norte REINO DA

o
REINO UNIDO DA

tic
50 DINAMARCA
°N GRÃ-BRETANHA
rB

ál
Copenhague
restabelecimento de territórios E IRLANDA
Ma
I M P ÉRIO
que existiam antes da Revolução REINO DOS REINO DE
PAÍSES HANNOVER REINO DA
RU S SO
Londres BAIXOS PRÚSSIA
Francesa e das conquistas napo- OCEANO
REINO DA
ATLÂNTICO
leônicas. Essa retomada, ou Paris
SAXÔNIA
REINO DA
BAVIERA
Restauração, também foi uma REINO DE Munique
WÜRTTENBERG Viena
I M PÉ R I O
época de algum retrocesso polí- REINO DA
FRANÇA
CONF.
SUÍÇA AU STRÍAC O

tico porque alguns monarcas Turim

voltaram ao trono e se empenha- REINO DE


IMP

PORTUGAL ESTADOS
Madri PONTIFÍCIOS Mar Negro Territórios anexados
M
ram para evitar novas revoluções.
ÉR

ar
REINO DA Córsega Ad
Lisboa
IO

riá ao Império Russo


ESPANHA REINO DE Roma
tic
A questão dos retrocessos é PIEMONTE- Constantinopla
TU

o R ao Império Austríaco
-SARDENHA Nápoles C
O ÁSIA ao Reino da Prússia
-O
uma boa oportunidade para dis- M a r M e REINO DAS Mar
TO
MAN
O
ao Reino da Dinamarca
d DUAS SICÍLIAS Egeu
i
cutir com os estudantes como t
e Sicília
ao Reino da Sardenha

r ao Reino da Suécia
a história não é uma linha reta 0 295 r
â
n
Limites da Confederação
ÁFRICA e o Germânica
que vai do menos para o mais
km

evoluído, ou algo semelhante. Fonte: VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. p. 125.

Ações de diversas naturezas –


96
como catástrofes naturais, o
uso da ciência de forma nega-
tiva, guerras, decisões políticas
e econômicas – sempre podem Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 96 Solicite que cada grupo elabore cinco ques- 09/08/22 15:52

tões sobre o assunto pesquisado em uma folha


provocar retrocessos históricos. Elaborar questões avulsa; e as respectivas respostas em outra folha.
Solicite à turma que busque e Divida a turma em três grupos para pes- Cada equipe entrega as questões que escre-
explique possíveis fatores que quisarem, respectivamente: o processo veu para outro grupo, mas reserva para si a
poderiam levar o mundo atual a de Independência dos Estados Unidos, a folha de respostas. Ao final, cada grupo confe-
retroceder. Existem muitas situa­ Revolução Francesa e o período do governo rirá as respostas do outro, atribuindo um valor
ções que eles vivem e devem de Napoleão Bonaparte. Esta atividade visa para cada acerto. Com os resultados, é pos-
acompanhar, como a questão identificar quais conteúdos chamaram mais sível identificar os conteúdos aprendidos pela
ecológica, o surgimento de a atenção dos estudantes e quais partes turma e avaliar tanto a dinâmica da aula quanto
doenças, a fome etc. geraram mais dúvidas. a habilidade de cooperação dos estudantes.
96

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Enquanto isso...
ENQUAN TO ISSO... Utilize um mapa-múndi para
localizar a França e a região do
Haiti, na Ilha de São Domingos,
IDEAIS ILUMINISTAS REVOLUCIONAM O HAITI parte do Caribe. Comente que
Os princípios iluministas de liberdade e igualdade espalharam-se para outros lugares do os ideais da Revolução Francesa
mundo. Um dos exemplos mais significativos foi o de São Domingos, parte de uma ilha localizada alcançaram rapidamente diversas
no Mar do Caribe, e que, desde 1697, encontrava-se sob o domínio da França. regiões do mundo, entre elas as
São Domingos era a principal colônia francesa, responsável por uma grande produção de colônias da França, e que a revo-
açúcar. Em meados do século XVIII, uma elite branca, de cerca de 5 mil pessoas, controlava uma lução de São Domingos é um
população de aproximadamente 465 mil pessoas escravizadas que trabalhavam, principalmente, exemplo disso.
nas plantações de cana e café e na produção do açúcar.
Na sequência, leia o texto com
Na segunda metade do século XVIII, escravizados e libertos começaram a difundir ideias
os estudantes, incentivando-os
iluministas pela ilha. Com o início da Revolução Francesa, essas ideias se fortaleceram, e muitos
a observar as imagens. Pergunte
passaram a defender também o fim da escravidão.
Em 1791, começou uma rebelião liderada pelo ex-escravizado Toussaint L’Ouverture (1743-1803)
se sabiam sobre essa revolução
contra a escravização dos negros e o colonialismo francês. Nos primeiros meses de combate, mais de escrava e comente que, nos anos
mil colonos brancos foram mortos e muitos enge- seguintes, as Américas foram

GRANGER/FOTOARENA
nhos de açúcar e plantações de café, destruídos. tomadas pelo “haitianismo”,
Em 1801, L’Ouverture foi levado à França e isto é, o medo das elites de que
preso, após uma oferta de perdão não cumprida o exemplo haitiano se espalhasse
pelo governo francês pela participação dele na por outras colônias escravagistas.
revolução; assim, o movimento passou para o Aponte que até os dias atuais
comando de Jean-Jacques Dessalines (1758-1806), o Haiti tem como línguas ofi­
outro ex-escravizado. ciais o francês e também o
A revolução prosseguiu até 1803, ano em criollo haitiano. Se conside-
que os franceses foram derrotados e expulsos da rar válido, estimule uma pesquisa
ilha. Em 1º de janeiro de 1804, foi proclamada sobre outras características do
a independência da ilha e, em homenagem aos Haiti atualmente para que reco-
indígenas que haviam sido mortos pelos franceses, nheçam aspectos políticos,
os escravizados decidiram adotar o antigo nome
culturais e sociais do país.
indígena: Haiti. Dessalines se coroou imperador
com o nome de Jacques I e mandou executar os
3 mil brancos que ainda viviam no Haiti. Gravura de autoria desconhecida que
A Revolução Haitiana promoveu a instau- representa o levante de haitianos contra
ração de uma república livre, que passou a ser a escravidão e o domínio francês do Haiti, escravistas com presença de
vista como uma ameaça às elites escravistas da em 1791. escravos de origem africana.
América, despertando uma onda de medo que Assim, como um não even-
Esse movimento foi o único no qual grupos
ficou conhecida como “haitianismo”. to, ou evento impensável, o
de pessoas escravizadas promoveram o fim
As nações europeias bloquearam as relações da escravidão, acabando com o poder das
Haiti torna-se o centro para
econômicas com o Haiti, o que levou a economia antigas elites coloniais. Além disso, o novo se pensar o colonialismo e
do país ao colapso. Além disso, o país precisou governo que se instaurou no país foi formado suas contradições não só na
assumir uma elevada dívida externa para ter reco- pelos ex-escravizados, que consolidaram sua própria ilha de São Domingos,
influência no território haitiano. na França, nos Estados Uni-
nhecida a sua soberania.
dos e em outras localidades,
97 mas em todo campo de inci-
dência das práticas coloniais
e da escravidão. [...]

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 97 Trouillot, essas pretensões falharam,
09/08/22pois
15:52 DUARTE, Evandro Charles
não havia debate público algum no mundo Piza; QUEIROZ, Marcos
Direito, Estado e modernidade branco-europeu sobre o direito dos negros Vinícius Lustosa. A revolução
haitiana e o Atlântico negro: o
[...] a Revolução Haitiana serviu de teste de alcançarem sua autodeterminação e o constitucionalismo em face do
máximo às pretensões universalistas pre- direito de fazê-lo pela resistência armada lado oculto da modernidade.
sentes na França e nos Estados Unidos. Ela (como outros haviam feito na mesma época). Direito, Estado e Sociedade,
atacou as noções do liberalismo sobre ci- Não obstante, essas pretensões foram Rio de Janeiro, n. 49, p. 10-42,
decisivas para os debates subsequentes em jul./dez. 2016. Disponível em:
dadania, apresentando novas pretensões
http://direitoestadosociedade.
de universalização que nossa historiogra- torno da continuidade da escravidão e sem- jur.puc-rio.br/media/Direito%20
fia constitucional faz questão de ocultar. pre pairaram como um fantasma para os 49_artigo%201.pdf.
Para o historiador haitiano Michel-Rolph estados-nação que emergiram de sociedades Acesso em: 15 ago. 2022.
97

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3 e 5: abordadas com os es-
tudantes fazendo com que sintetizem
os principais fatos históricos relaciona-
dos às revoluções iluministas ocorridas ESQUEM A-RE SUMO
na Europa e na América, como no caso
da Independência dos Estados Unidos
e a Revolução Francesa.
CAPÍTULO 3 – PARTE 1
• CEH 1, 3 e 6: trabalhadas com a turma REVOLUÇÕES ILUMINISTAS: ESTADOS UNIDOS
à medida que os estudantes contex-
tualizam as revoluções abordadas ao
longo do capítulo e identificam suas Rápida propagação de ideias
semelhanças e diferenças. iluministas na América
• Habilidades EF08HI04 e EF08HI07:
enfocadas com os estudantes ao des-
crever e caracterizar as Revoluções
Iluministas na Europa e na América.
Ausência de governo único na
A partir de 1763: ampliação da
América do Norte; forma de
PROCEDIMENTOS colonização diferente conforme
cobrança de impostos na colônia
americana
DIDÁTICOS a região

Esquema-resumo –
Parte 1
Peça aos estudantes que – Descontentamento dos colonos,
principalmente os do Norte
se organizem em grupos para Colônias do Norte e do Colônias do Sul
Centro: Nova Inglaterra – Início do movimento de ruptura com a
comentar os principais aspec- Inglaterra: 1775
tos da Independência dos
Estados Unidos indicados em – Pequenas propriedades – Grandes propriedades
cada item do esquema. Se con- – Sistema de autogoverno agrícolas GUERRA PELA
– Produção para exportação INDEPENDÊNCIA DAS
siderar pertinente, incentive-os
COLÔNIAS: 1776-1781
a retomar o conteúdo do capí-
tulo, completando o esquema
Constituição dos Estados Unidos:
com as informações que consi- influência do Iluminismo (1787)
deram mais importantes.

Manutenção da
Divisão dos poderes Direitos dos cidadãos
escravidão

Liberdade de imprensa
Liberdade de expressão
Liberdade de reunião, entre outros

98

Texto complementar
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Intersecções entre a Revolução Francesa e a Americana


A França manteve uma posição ambivalente em relação à Revolução Americana.
Por um lado, mostrou-se entusiasta com o que significava a primeira transforma-
ção de uma sociedade rumo à democracia, aos direitos do homem e à liberdade
ideológica e política; contudo, por outro lado, descobria o caráter conservador,
e inclusive retrógrado – o caso da escravidão –, da sociedade formada nos Esta-
dos Unidos.
Em algumas ocasiões, a França chegou a demonstrar até um reconhecimento ofi-
cial do valor da Revolução Americana para o povo francês, quando James Monroe
98

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Esquema-resumo –
CAPÍTULO 3 – PARTE 2 Parte 2
A Revolução Francesa e a
REVOLUÇÃO FRANCESA (1789-1799)
Independência dos Estados
Unidos são os principais temas
Divisão da sociedade francesa: três até este ponto da unidade. Para
estados aprofundar as relações entre eles,
sugerimos a leitura do Texto
complementar na página 98,
PRIMEIRO ESTADO: SEGUNDO ESTADO: TERCEIRO ESTADO: RESTANTE em que o pesquisador espanhol
CLERO DA IGREJA NOBREZA DA SOCIEDADE (98% DA Ignasi Saborit faz uma compa-
CATÓLICA POPULAÇÃO)
ração entre esses dois eventos.
Com base nas informações
Agrava-se a crise econômica na França
Exploração do terceiro estado: 1785 presentes nos esquemas-resumo
e na leitura do capítulo, explique
a influência do pensamento
Convocação dos Estados Gerais: iluminista nas revoluções ame-
o terceiro estado se rebela (1789)
ricana e francesa. É importante
que notem que diversas ideias
iluministas estiveram presentes
Proclamação da Assembleia Revolta popular Tomada da Bastilha
Nacional Constituinte nas duas revoluções, como os
princípios de liberdade (política,
– Jacobinos DECLARAÇÃO DOS DIREITOS religiosa, de expressão), igual-
– Girondinos DO HOMEM E DO CIDADÃO dade, defesa do estado laico
E PROMULGAÇÃO DA e divisão do Estado em três
CONSTITUIÇÃO
poderes, por exemplo.

– Instauração da Monarquia Constitucional


(1791)
– Primeira República: 1792 (abolição da
AMPLIAR HORIZONTES
Monarquia)
• O PATRIOTA. Direção: Roland
– Ampliação dos poderes dos jacobinos: Período
do Terror (1793-1794) Emmerich. Estados Unidos, Ale-
Golpe de Napoleão
– Lutas pelo controle do governo: vitória dos manha: Columbia Pictures do
Bonaparte (1799):
fim da revolução girondinos e alta burguesia Brasil, 2000. (175 min).
– Criação do Diretório (1795-1799)
Ficção histórica sobre a vida de
um herói estadunidense na guer-
ra contra os britânicos durante o
processo de Independência dos
Com base nas informações presentes nesse esquema-resumo e na leitura do capítulo, explique a
Estados Unidos.
influência do pensamento iluminista nas revoluções Americana e Francesa.

Diversas ideias do pensamento iluminista estão presentes nas duas revoluções, como os princípios de liberdade
(em seus variados sentidos: político, religioso, de expressão) e de igualdade, fim do Antigo Regime, defesa 99
do estado laico e divisão do Estado em três poderes, por exemplo.

visitou a Convenção Nacional da República Francesa na qualidade de ministro


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15:52

nipotenciário dos Estados Unidos:


“O povo francês não esqueceu de forma alguma que deve a iniciativa da liberda-
de ao povo americano”, disse o presidente da Convenção. Declaração que coincidia
com uma nova edição francesa de Senso Comum, de Thomas Payne. Tudo isso de-
pois do Termidor. Alguns chegaram a atribuir a detonação da Revolução Francesa a
um complô duplo, britânico e norte-americano [...].
SABORIT, Ignasi Terradas. Religiosidade na revolução francesa. Rio de Janeiro:
Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2009. p. 209-210.

99

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 6 e 7: abordadas com
os estudantes fazendo com que
sintetizem os fatos históricos abor-
dados no capítulo e compreendam
AT IV IDADE S NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
suas particularidades.
• CEH 1, 3, 5 e 6: trabalhadas com a turma 1. A Constituição dos Estados Unidos, aprovada em 1787, seguia diversos princípios inspira-
à medida que os estudantes analisam as dos no pensamento iluminista. Um exemplo disso foi a ideia de separação dos poderes,
Revoluções Iluministas e contextualizam praticada posteriormente em muitos outros países, inclusive no Brasil. Em linhas gerais,
explique como funciona essa divisão do Estado em três poderes.
suas características ressaltando suas prin- Consulte resposta esperada e comentários em Orientações didáticas.
cipais semelhanças e diferenças entre si. 2. O texto a seguir apresenta uma definição do conceito de cidadania. Leia-o atentamente
• Habilidades EF08HI04, EF08HI07 e responda ao que se pede:
EF08HI10: enfocadas com os estudantes
ao descrever e caracterizar os principais A rigor podemos definir cidadania como um complexo de direitos e deveres atri-
aspectos das revoluções estudadas. buídos aos indivíduos que integram uma Nação, complexo que abrange direitos políticos,
sociais e civis. Cidadania é um conceito histórico que varia no tempo e no espaço. Por

PROCEDIMENTOS exemplo, é bem diferente ser cidadão nos Estados Unidos, na Alemanha e no Brasil.

DIDÁTICOS SILVA, Kalina Vanderlei; MACIEL, Henrique Silva. Dicionário de conceitos históricos.
São Paulo: Contexto, 2009. p. 47.

Atividades • Apresente um exemplo para explicitar como a noção de cidadania no século XVIII
1. A Constituição estabeleceu é diferente da noção de cidadania no presente.
Consulte resposta e comentários nas Orientações didáticas.
a divisão do Estado em três 3. Os ideais iluministas de cidadania e liberdade influenciaram a luta pela independência das
poderes: o Executivo, exercido 13 colônias. Identifique alguns dos direitos conquistados após a emancipação dos Estados
Unidos e explique por que não podemos afirmar que todos eram cidadãos nesse novo país.
pelo presidente; o Legislativo Consulte a resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas.
(formado por uma Câmara 4. Retome a imagem da página 79. A charge, de autoria desconhecida, é chamada de
dos Representantes e pelo Despertar do terceiro estado e permite verificar uma representação da divisão em
estados da sociedade francesa do século XVIII, mas também é uma crítica a essa divisão.
Senado), encarregado de
Com base na análise da imagem e na leitura do capítulo, responda.
elaborar leis; e o Judiciário,
a) Como era a divisão social da França até o final do século XVIII?
exercido pelos juízes e
b) Qual é a crítica presente na imagem sobre essa divisão social?
encarregado de zelar pelo Consulte as respostas esperadas e comentários nas Orientações didáticas.
cumprimento das leis. 5. Explique a importância do primeiro artigo da Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão no contexto social da França em 1789.
2. Dois exemplos para diferen-
ciar a noção de cidadania no 6. O período revolucionário francês passou por diferentes fases: Monarquia Constitucional,
República e Diretório. Elabore um pequeno resumo de cada um desses períodos, pro-
século XVIII e no presente são curando destacar: Consulte a resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas.
a questão da escravidão e a • o período de duração; 5. Espera-se que o estudante observe que o artigo assegura a igualdade
exclusão das mulheres da par- • o tipo de governo; entre todos, numa época em que a França se caracterizava por ter uma
sociedade desigual, na qual os membros do primeiro e do segundo estado
ticipação política. Atualmente, • os direitos alcançados. detinham privilégios negados ao terceiro estado.
a noção de cidadania envolve 7. O Período do Terror e a Reação Termidoriana são dois momentos distintos da Revolução
a ideia de que todos são iguais Francesa. Explique o que foram esses períodos e aponte diferenças entre eles.
e a escravidão é uma grave Consulte a resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas.
8. As revoluções francesa e haitiana foram inspiradas nos princípios iluministas, mas suas
violência. Mas nos Estados lideranças foram diferentes. Explique quem liderou cada uma dessas revoluções e qual
Unidos, no final do século foi o desfecho da Revolução Haitiana.
XVIII, essa ideia não existia, Consulte a resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas.
e muitos líderes conciliavam 100
a ideia de cidadania com a
manutenção da escravidão.
Além disso, as mulheres não a escravidão foi mantida, e os indígenas e
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 100 com os impostos do país. A quebra das 09/08/22 15:52

eram consideradas cidadãs negros libertos não tinham direito à cidadania. correntes pode ser interpretada simbo-
iguais aos homens, por 4. a) A sociedade francesa encontrava-se dividida licamente como o despertar do terceiro
isso eram excluídas da vida em três estamentos. O primeiro estado estado contra a exploração à qual estava
política. (clero), o segundo estado (nobreza) e o submetido.
3. Entre os direitos conquista- terceiro estado (o restante da população: 6. Resposta pessoal. Para elaborar seu resumo,
dos após a emancipação dos burguesia, operários, camponeses e servos). o estudante pode basear-se no esquema-re-
Estados Unidos estava a liber- b) A crítica é ao primeiro e segundo estados, sumo da página 99, que sintetiza as principais
dade de expressão. Contudo, que obrigavam o terceiro estado a arcar etapas da Revolução Francesa.

100

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D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24.indd 100100 30/08/2022 11:51
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
9. Leia as frases sobre a independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa e
indique a opção correta.
Atividades
10. Espera-se que os estudantes
a) A independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa integravam o mesmo contexto
histórico, mas se baseavam em princípios e ideais opostos. consigam identificar nas alter-
b) O processo revolucionário francês assemelhou-se com o movimento de independência nor- nativas os aspectos comuns
te-americano no apoio ao poder dos reis. entre a Independência dos
c) Tanto nos Estados Unidos quanto na França, as teses iluministas sustentaram a luta pelo Estados Unidos e a Revolução
reconhecimento dos direitos considerados essenciais à dignidade humana. Francesa.
d) Por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu forte influência no processo de indepen- 11. Espera-se que os estudantes
dência norte-americano. consigam identificar algu-
e) Tanto a independência dos Estados Unidos como a Revolução Francesa foram movimentos mas das ações do governo
liderados por representantes da elite. de Napoleão.
Alternativa C.
10. Como general, cônsul e imperador, Napoleão Bonaparte transformou a França em uma Texto complementar
potência expansionista, com influência em todo o continente europeu. No entanto, a
expansão francesa, com seus ideais burgueses, encontrou muitas resistências, princi- Ciência de dados
palmente entre as nações dominadas por setores aristocráticos. Indique a opção que reconstrói a retórica da
identifica corretamente uma ação implementada pelo governo napoleônico. Revolução Francesa
a) O estabelecimento do catolicismo cristão e romano como religião de Estado. Uma parceria entre especia-
b) A descentralização das atividades econômicas, o que permitia que as economias locais pros- listas em história, computação
perassem sem o pagamento de impostos. e ciências cognitivas está aju-
c) A adoção do Código Civil, que garantia a liberdade individual, a igualdade perante a lei e o dando a mostrar como ideias
direito à propriedade privada. surgiram e vicejaram logo
d) O estímulo, por parte das leis francesas, à criação de sindicatos de trabalhadores, livres da após a Revolução Francesa
influência do Estado. [...]. Os pesquisadores [...] usa-
e) O Bloqueio Continental contra Portugal, decretado por Napoleão em resposta à pressão da
ram técnicas de mineração de
Inglaterra, de quem era aliado. dados para analisar transcri-
Alternativa C. ções de 40 mil discursos da
11. O texto a seguir é um trecho do livro Ecos da Marselhesa, do historiador Eric Hobsbawm. Assembleia Nacional Consti-
Na obra, ele examina o processo revolucionário francês e aponta quais foram as heran- tuinte, o primeiro parlamento
ças dessa revolução para o mundo contemporâneo. pós-revolução, que funcionou
de 1789 a 1791. Os textos es-
[…] A Revolução Francesa foi, de fato, um conjunto de acontecimentos suficiente- tão disponíveis no Arquivo
mente poderoso e suficientemente universal em seu impacto para ter transformado Digital da Revolução Francesa
o mundo permanentemente […]. e foram estudados por meio
[...] Metade dos sistemas legais do mundo está baseada na codificação legal que de um método que combina
a Revolução implantou. […] teoria da informação com es-
[...] A Revolução Francesa deu aos povos a noção de que a história pode ser tatística para rastrear padrões
mudada por sua ação. Deu-lhes também [...] o que até hoje permanece como a mais de uso de palavras nos deba-
poderosa divisa jamais formulada para a política da democracia e das pessoas tes da assembleia. [...]
comuns que ela inaugurou: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. […] CIÊNCIA de dados reconstrói
a retórica da Revolução
HOBSBAWM, Eric. Ecos da Marselhesa: dois séculos reveem a Revolução Francesa.
São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 124-125. Francesa. Pesquisa Fapesp,
São Paulo, ed. 267, 23 maio
• Segundo o autor, quais são os reflexos da Revolução Francesa no mundo 2018. Disponível em: http://
contemporâneo? revistapesquisa.fapesp.br/
De acordo com Hobsbawm, a Revolução Francesa teve impacto de dimensões mundiais, a ponto de a ciencia-de-dados-reconstroi-a-
metade dos sistemas legais do mundo ter como base a codificação legal implantada pela revolução. 101 retorica-da-revolucao-francesa/.
Além disso, a Revolução Francesa mostrou que a história pode ser mudada pela ação de um povo. Acesso em: 15 ago. 2022.

7. No Período do Terror, os jacobinos implanta-


D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24.indd 101 8. A Revolução Francesa foi liderada 09/08/22
por bur-
15:52

ram uma ditadura, prenderam e executaram gueses, operários, camponeses e servos,


milhares de opositores; aprovaram leis popu- enquanto a Haitiana foi liderada pelos escra-
lares, como o divórcio, as escolas laicas e a vizados. Os revolucionários de São Domingos
cobrança de impostos dos mais ricos. Na proclamaram a independência, pondo fim
Reação Termidoriana, os girondinos expulsa- ao domínio colonial francês e dando origem
ram os jacobinos do poder, restabeleceram a ao Haiti. Nesse processo, executaram a elite
escravidão nas colônias francesas e liberaram branca que vinha controlando o território há
os preços, entre outras medidas. mais de um século.

101

D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24-AV.indd
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24.indd 101101 30/08/2022 11:51
A BNCC NESTA DUPLA
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CECH 1, 2, 3, 5 e 6: abordadas com os
estudantes em uma aproximação das 12. Chamamos de alegoria uma imagem ou um conjunto de imagens que representam
revoluções analisadas ao longo do ca- uma ideia. Na França do século XVIII, foram feitas inúmeras charges com alegorias
pítulo com o contexto dos dias atuais. referentes ao Antigo Regime e aos ideais da Revolução Francesa. A gravura a seguir
• CEH 1, 3 e 6: trabalhadas com a turma mostra isso. Analise-a com atenção e responda ao que se pede.
à medida que caracterizam os proces- a) Quais elementos indicam que se trata de

MUSEU CARNAVALET, PARIS


12. d) Produção pessoal.
sos revolucionários e identificam suas uma alegoria? Espera-se, com essa atividade,
principais causas e consequências. b) Que mensagem essa charge transmite? desenvolver diversas
• Habilidades EF08HI04 e EF08HI10: habilidades
c) Analise a imagem da página 88, que socioemocionais,
enfocadas com os estudantes ao pos- representa a execução de Luís XVI na como pensamento
sibilitar que contextualizem os fatos guilhotina, e explique se ela também crítico, criatividade
históricos estudados. pode ser considerada uma alegoria. e percepção
social dos
d) Elabore uma charge com uma alegoria estudantes.
PROCEDIMENTOS que expresse sua opinião sobre algum
aspecto da sociedade brasileira atual,
DIDÁTICOS definido pelo professor. Atribua um
Atividades nome à sua alegoria.
12. b) Procura transmitir a ideia de que o terceiro estado é
14. A proposta da atividade é quem sustenta o primeiro e o segundo estados na França.
aprofundar os conhecimen- 12. c) Neste caso, não temos um exemplo de alegoria,
tos dos estudantes em torno pois o artista procurou, por meio de sua imagem,
representar um acontecimento da Revolução Francesa.
da Declaração dos Direitos Gravura de autoria
do Homem e do Cidadão, desconhecida com uma alegoria
além de incentivar uma refle- da sociedade francesa em 1789.
xão socioemocional sobre 13. O trecho a seguir foi extraído de uma declaração feita por envolvidos na Revolução
a importância de assegurar Haitiana. Leia-o atentamente e responda ao que se pede. 13. a) O texto destaca a ideia de
direitos às crianças e aos ado- 12. a) A que os envolvidos na revolução precisavam acabar de vez com a dominação europeia de Porto
imagem Príncipe, usando as armas para acabar com os tiranos que dominaram a ilha por tanto tempo.
lescentes. Durante a discus- não procura Corramos, meus amigos, para sitiar Porto Príncipe.
são da atividade, lembre aos representar Enfiemos nossas armas sangrentas […] no peito desses mons- Porto Príncipe: cidade
uma cena da no atual território do
estudantes de que no Brasil realidade. Ela
tros da Europa. Há muito tempo, vimos servindo como vítimas Haiti.
existe o Estatuto da Criança se utiliza de para suas paixões e manobras insidiosas; há muito tempo e em Insidioso: enganoso.
e do Adolescente, que pas- personagens demasia vimos gemendo sob a sua canga de ferro. Destruamos Canga: objeto
que nossos tiranos, enterremo-nos com eles até o menor vestígio utilizado para prender
sou por alterações em 2019 simbolizam animais.
da nossa degradação, arranquemos pelas suas mais profundas
(DIGIÁCOMO, Murillo José; os diferentes
estamentos raízes essas ervas daninhas do preconceito. [...]
AMORIM, Ildeara. Estatuto da sociedade JAMES, C. L. R. Os jacobinos negros: Toussaint L'Ouverture e a revolução de São Domigos.
da criança e do adoles- francesa: São Paulo: Boitempo, 2010. p. 105.

cente anotado e inter- um padre


a) Qual é a mensagem transmitida no trecho?
(símbolo
pretado. 8. ed. Curitiba: do primeiro b) Relacione essa mensagem com o temor provocado pela Revolução Haitiana em outras regiões
Ministério Público do Estado estado), da América.
um nobre
do Paraná. Centro de Apoio (segundo 14. Em grupo, leiam o texto da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão em: http://
Operacional das Promotorias estado) e um www.fafich.ufmg.br/hist_discip_grad/DeclaraDireitos.pdf (acesso em: 28 jun. 2022). Em
da Criança e do Adolescente, sans-culotte seguida, com base no documento, elaborem uma Declaração dos Direitos das Crianças
(terceiro e dos Adolescentes, destacando quais direitos vocês consideram necessários para asse-
2020. Disponível em: https:// estado).
gurar uma vida adequada a essa parcela da população. Consulte comentários nas
crianca.mppr.mp.br/arquivos/ Orientações didáticas.
13. b) O texto demonstra a intenção dos ex-escravizados em lutar e destruir os europeus que dominavam
File/publi/caopca/eca_ano- 102 a região, o que está relacionado com o temor de que novos movimentos de escravizados se inspirassem na
tado_2020_8ed_mppr.pdf. luta haitiana em outras regiões do continente.
Acesso em: 22 jul. 2022).
Observe também o Estatuto
da Juventude (BRASIL. Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24-AV2.indd 102 ra Geral da Defensoria Pública do Estado 14/08/22 14:31

da Bahia.
Estatuto da juventude: À margem da Constituição brasileira [...]
atos internacionais e nor- [...] “Em 30 anos da Constituição, in-
mas correlatas. Brasília, DF: BRITO, Débora. Negros ainda lutam por direitos
titulada cidadã, nós vivenciamos uma básicos, 30 anos após Constituição. Agência
Senado Federal, Coordenação situação-limite. Quando você olha para Brasil, Brasília, DF, 13 maio 2018. Disponível em:
de Edições Técnicas, 2013. os espaços de poder, a possibilidade de https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/
Disponível em: https://www2. equidade no trabalho, entre outros as- noticia/2018-05/negros-ainda-lutam-por-direitos-
basicos-30-anos-apos-constituicao.
senado.leg.br/bdsf/bitstream/ pectos, definitivamente nós precisamos
Acesso em: 22 jul. 2022.
handle/id/509232/001032616. marcar que a população negra continua
pdf. Acesso em: 22 jul. 2022). na margem”, afirma Vilma Reis, Ouvido-
102

D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24-AV4.indd 102 03/09/22 11:45


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
VAMOS FALAR SOBRE… LIBERDADE Vamos falar sobre...
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada em 1789, durante o processo Liberdade
revolucionário na França, foi um importante marco na luta por liberdade para todos os cidadãos. A seção propõe uma reflexão
Esse documento inspirou a criação de outros textos que asseguraram direitos fundamentais. Um sobre a Constituição brasileira
desses documentos é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, criada em 1948. de 1988 a partir dos estudos refe-
Esse texto é aceito por todos os membros da ONU e se tornou a base dos direitos humanos rentes à Declaração dos Direitos
no mundo contemporâneo. Leia trechos dele a seguir. do Homem e do Cidadão, ela-
borada durante a Revolução
Declaração Universal dos Direitos Humanos Francesa. Incentive a turma a
Artigo 1 ler alguns trechos dessa declara-
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
ção e a debater sua atualidade.
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Artigo 2
A atividade permite aos estu-
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades esta- dantes entender que, embora
belecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, exista a lei, ela nem sempre é cum-
língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, prida em todos os aspectos. Por
nascimento, ou qualquer outra condição.
isso, há a necessidade de conhe-
[...]
Artigo 3
cer os direitos constituídos e lutar
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. por eles. O direito à moradia,
Artigo 4 por exemplo, está assegurado pela
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escra- Constituição, mas muitas pessoas
vos serão proibidos em todas as suas formas.
não têm onde morar. Mesmo a
Artigo 6
Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa garantia da educação a todos
perante a lei. esbarra na falta de acessibilidade a
Artigo 18 crianças e adolescentes deficientes,
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse entre outras questões estruturais,
direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa
por exemplo.
religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.
Artigo 19 Atividade
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui
a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir infor- 2. É importante que os estudan-
mações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
tes observem que a liberdade
[...]
é fundamental para assegurar
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. [S. l.]: ONU, 1948. Disponível
em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos. Acesso em: 4 jul. 2022. que todos os cidadãos poderão
1. A declaração assegura a liberdade de maneira genérica como um direito fundamental. Além buscar as melhores condições
disso, especifica que a liberdade de pensamento, religião, expressão e organização política são
elementos que fazem parte do direito mais amplo de liberdade. possíveis de vida, protegendo
1. Quais são as principais liberdades asseguradas pela Declaração Universal dos Direitos seus interesses e defendendo
Humanos?
seus ideais. Além disso, a liber-
2. Com base no documento e em seus conhecimentos, responda: por que a liberdade dade assegura que nenhuma
pode ser considerada um direito humano fundamental? Consulte comentários nas
Orientações didáticas. forma de exploração restritiva
3. Qual é a importância da implementação dos direitos humanos para a construção de poderá ser estabelecida no
uma sociedade mais justa no presente?
É importante que os estudantes observem que os direitos humanos são fundamentais para assegurar mundo do trabalho e assegura
a proteção de todos contra injustiças e arbítrios, garantindo a plena autonomia dos indivíduos para 103 que todos poderão escolher
buscar melhores condições de vida.
suas crenças.

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-CAP3-LA-G24-AV2.indd 103 O ato ocorreu no dia 5 de outubro14/08/22
de 1789,
14:31 de Versalhes e o escoltaram
quando, encabeçadas pelas vendedoras de pei- à capital.
“Os homens tomaram a Bastilha, as xe de Paris, cerca de 7 mil mulheres, armadas ARANTES, José Tadeu. Virtuosas
mulheres tomaram o Rei” de facões de cozinha, lanças rústicas (piques), ou perigosas? Agência Fapesp,
“Os homens tomaram a Bastilha, as mu- machados e dois canhões, marcharam a Ver- São Paulo, 12 dez. 2013.
lheres tomaram o Rei”: assim o historiador salhes, sede da Corte Real e da Assembleia Disponível em:
francês Jules Michelet (1798-1874) resumiu Nacional, para protestar contra a escassez e https://agencia.fapesp.br/
virtuosas-ou-perigosas/18358/.
o alcance da primeira grande manifestação o preço do pão, arrastando atrás de si solda-
Acesso em: 5 ago. 2022.
política feminina ocorrida na Revolução Fran- dos da Guarda Nacional e outros homens.
cesa – que mudou a dinâmica do processo No dia seguinte, [...] as manifestantes
revolucionário, [...] pressionaram o Rei a abandonar o Palácio
103

D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24-AV.indd
D3-HIST-F2-2108-V8-066-103-U2-C03-MPU-G24.indd 103103 30/08/2022 11:51
A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

4
• CECH: 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5 e 6. REBELIÕES NA COLÔNIA:
Habilidades
• EF08HI04 • EF08HI05 • EF08HI06
A CONJURAÇÃO MINEIRA
• EF08HI07 • EF08HI08 • EF08HI11
• EF08HI14
E A CONJURAÇÃO BAIANA
A BNCC NESTA DUPLA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• CECH 2, 3, 5 e 6: trabalhadas na aná­
lise do contexto histórico abordado, • Identificar as causas, as consequências e as personagens envolvidas na
compreendendo as diferentes mo­ Conjuração Mineira e na Conjuração Baiana.
tivações de grupos e indivíduos no • Reconhecer aspectos do ideal de liberdade no passado e no presente.
processo das rebeliões coloniais.
SERGIO PEDREIRA/PULSAR IMAGENS
• CEH: 1, 2, 5 e 6: abordadas com a turma Alguns dias são feriados nacionais no Brasil.
à medida que os estudantes constroem Certamente você conhece alguns deles: 1o de
argumentos críticos sobre as rebeliões maio, Dia do Trabalho; 7 de setembro, come-
coloniais; e no estudo dos fluxos de pes­ moração da Proclamação da Independência do
soas e mercadorias com o surgimento
Brasil. Outro feriado nacional é o dia 21 de abril,
dos primeiros núcleos urbanos.
data escolhida para celebrar Tiradentes.
• Habilidade EF08HI05: é enfocada Tiradentes (1746-1792) foi um militar
com os estudantes ao explicar as mo­
de baixa patente que, em 1789, com outras
tivações e o contexto histórico para
pessoas, participou de um movimento conhe-
eclosão das rebeliões coloniais.
cido como Conjuração Mineira. Esse movimento
pretendia libertar a capitania de Minas Gerais
PROCEDIMENTOS da dominação portuguesa.
DIDÁTICOS Em 1798, outra rebelião ocorreu na
Busto de Manuel Faustino dos Santos Lira, um
colônia portuguesa. Foi a Conjuração Baiana, dos líderes da Conjuração Baiana, na Praça da
Explique que a instituição de que teve lugar em Salvador, na Bahia. Os dois Piedade, no centro de Salvador (BA), 2020.
feriados ocorre em diferen- movimentos tinham uma característica em
tes sociedades e em diferentes comum: seus integrantes agiam influenciados pelas ideias de liberdade e igualdade difundidas
períodos históricos. Apresente pelo pensamento iluminista.
como exemplos os gregos, que Praça Tiradentes, no centro histórico de Ouro Preto. Nessa cidade,
suspendiam suas atividades no reuniam-se os líderes da Conjuração Mineira, ocorrida em 1789.
PULSAR IMAGENS
JOÃO PRUDENTE/

Ouro Preto (MG), 2021.


período de Olimpíada e a Idade
Média, mencionando que certas
datas religiosas eram guarda-
das para celebração coletiva.
Mas somente após a Revolução
Francesa é que os feriados nacio-
nais, que celebram eventos
políticos, ganharam vez.
Comente que o feriado de
Tiradentes foi instituído em
um contexto de valorização 104
do culto aos heróis nacionais.
Desde que a República foi pro-
clamada no Brasil, o culto a esses Explique à turma que, além dos feriados
D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-CAP4-LA-G24.indd 104 01/08/22 11:51

heróis tinha o objetivo de conferir nacionais, ou seja, os comemorados em todo


legitimidade à nação. O alferes o país, os estados e os municípios também têm
Tiradentes foi um dos eleitos os próprios feriados. Uma sugestão é pedir aos
para essa função, entre muitos estudantes para pesquisar quais datas são feria-
outros. Esclareça que tal escolha dos no estado e no município em que se localiza
não é aleatória, mas orientada a escola, e identificar os respectivos motivos.
por determinadas tendências
políticas.

104

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
NOVOS NÚCLEOS URBANOS No item Novos núcleos
urbanos, é possível que os estu-
Entre as últimas décadas do século XVII e a primeira metade do século XVIII, a colônia
dantes tenham dificuldade de
portuguesa na América passou por diversas revoltas.
No Maranhão, o senhor de engenho Manuel Beckman (1630-1686) liderou uma rebelião,
compreender como se procedia
em 1684, contra os jesuítas e contra uma companhia de comércio. Em Pernambuco, em 1710, a comunicação no Brasil colonial.
explodiu uma guerra civil entre os habitantes de Recife e os de Olinda. Em Minas Gerais, em Isso pode ocorrer, pois o universo
1720, a população de Vila Rica (atual Ouro Preto) se rebelou, sob a liderança do tropeiro Filipe das novas mídias, marcado por
dos Santos (1680-1720), contra algumas medidas do governo português. uma revolução na velocidade e
No entanto, nenhum desses movimentos pretendia libertar sua região do domínio português. no acesso à informação, é hoje
Eram manifestações isoladas que revelavam insatisfação apenas com aspectos da administração a realidade dessa faixa etária.
portuguesa. Não eram movimentos separatistas.
Atento a esse fato, indique à
Isso pode ser explicado por certas características da
Movimentos separatistas: turma que não existia um sistema
colônia. Até o começo do século XVIII, a vida na colônia estava levantes que reivindicam a
concentrada principalmente em torno dos engenhos de açúcar eficiente e rápido de comunica-
independência de partes do
e de outras atividades rurais. Havia alguns núcleos urbanos, território de algum país. As ção, a qual se dava muitas vezes
como Salvador, Olinda, São Luís, Rio de Janeiro e São Paulo, causas podem ser políticas, por meio de cartas ou livros,
culturais, econômicas e religiosas.
mas a vida urbana era limitada. Isso dificultava a circulação e a que viajavam em cavalos, burros
propagação de ideias. e embarcações. Dessa forma,
Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, começaram a surgir novos centros urbanos. Em demoravam até meses para atra-
1711, foi fundado o atual município de Mariana, a primeira vila da região do ouro. Logo vieram vessar a colônia ou até mesmo
outras vilas e cidades, como Vila Rica, São João del-Rei e Diamantina. Ao mesmo tempo, as antigas
o oceano Atlântico.
cidades cresciam e sua população se tornava mais culta e diversificada.
Na sequência, indique os
Igreja São Francisco de Assis, à esquerda, e Santuário de Nossa Senhora do Carmo, motivos para a sociedade
à direita, em Mariana (MG), 2019. do ouro estabelecer-se como
DANIEL MENDES DOMINGUES/SHUTTERSTOCK.COM

urbana, enquanto a açucareira


era rural. O fenômeno está
ligado à base da riqueza de cada
ciclo: o ouro, diferentemente da
cana, prescinde da posse da terra
ou da permanência na área de
produção. Auxilie os estudantes
a identificar as diferenças entre
essas sociedades, apontando,
por exemplo, a maior diversifi-
cação nas relações de trabalho
próprias às cidades.

AMPLIAR HORIZONTES
• ARBEX JÚNIOR, José (org.).
105 Revoltas populares no
Brasil. 2. ed. São Paulo: Ca­
ros Amigos, 2015.
O livro aborda as revoltas po­
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pulares ocorridas no território
brasileiro desde o Período Colo­
nial até as chamadas Jornadas de
Junho de 2013.

105

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 5, 6 e 7: trabalhadas com
a análise de diferentes linguagens que
permitem uma reflexão sobre o con­
texto histórico da região de Goiás no
OLHO VI VO
século XVIII, suas principais caracte­
rísticas e transformações no tempo. GOIÁS VELHO EM 1751
• CEH 1, 2 e 6: são abordadas com a
No começo do século XVIII, bandeirantes paulistas se instalaram na região do atual estado de
turma à medida que os estudantes
constroem argumentos críticos sobre Goiás em busca de ouro, e lá fundaram diversos arraiais. O mais importante deles foi o arraial
as particularidades de Goiás e a atua­ de Santa Ana, fundado por Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, em 1727. Surgido às
ção de grupos e indivíduos no contexto margens do Rio Vermelho, em cujas águas havia ouro, passou a se chamar Vila Boa de Goiás e,
abordado. em 1748, com a criação da capitania de Goiás, tornou-se sua capital.
• Habilidade EF08HI05: enfocada com A cidade – hoje chamada Cidade de Goiás, também conhecida como Goiás Velho – foi a capital
os estudantes ao descrever a região goiana até 1937. Atualmente, é um importante centro histórico do estado.
de Goiás durante o período das rebe­ O mapa reproduzido a seguir é um dos primeiros registros de Vila Boa de Goiás. Foi feito em
liões coloniais. 1751, e por meio dele é possível verificar algumas características urbanísticas do antigo vilarejo
goiano. Como estudaremos, alguns dos prédios retratados no mapa existem até hoje.

PROCEDIMENTOS 1 Rua dos Mercadores, que se caracte- 2 Igreja Nossa Senhora da Lapa, pertencente a uma
DIDÁTICOS rizava pelo fato de as casas não irmandade dos ocupantes da Rua dos Mercadores.
possuírem janelas voltadas para a rua. Foi destruída por uma enchente em 1839.
Olho vivo

ANGELA_MACARIO/SHUTTERSTOCK.COM
3 Igreja Matriz de Sant’Anna, cuja construção começou a ser
A seção Olho Vivo nesta realizada em 1734, no lugar de uma antiga capela. Erguida
dupla de páginas está rela- de maneira precária, seu teto desabou em 1759, e a popu-
cionada ao período em que a lação teve de arcar com os custos da reforma. Desde então,
colônia portuguesa na América passou por inúmeras reformas e, em 1998, foi restaurada
vivia a época da mineração do pela Diocese de Goiás em parceria com o Instituto do
ouro e o consequente surgi- Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
mento de núcleos urbanos em
Igreja Matriz de Sant’Anna, Cidade de Goiás (GO), 2021.
diferentes regiões da colônia. O
texto de abertura aborda o movi-

JUDSON CASTRO/SHUTTERSTOCK.COM
4 Identificado no mapa como “Casas de resi-
mento dos bandeirantes rumo dência do general”, é conhecido hoje como
ao interior extremo da colônia, Palácio dos Arcos. Até 1937, funcionou como
em busca de outras jazidas de residência oficial dos governadores de Goiás.
ouro, após terem sido derrota- Atualmente, sedia a administração municipal da
cidade e abriga um museu.
dos na Guerra dos Emboabas.
A s imagens permitem Palácio dos Arcos, Cidade de Goiás (GO), 2022.
identificar alguns aspectos arqui-
tetônicos da época e evidenciam 5 Casa da Real Intendência, um dos poucos sobrados erguidos em Vila Boa no século XVIII.
A Intendência era um órgão criado pelo governo de Portugal para administrar as lavras nas
que a organização do espaço
regiões auríferas. Cabia ao intendente regular as concessões, as relações entre os minera-
contribui para reforçar a estru-
dores e a arrecadação dos tributos. O local também funcionou como Casa de Fundição.
tura político-administrativa e O prédio, atualmente, é utilizado pelo Ministério Público.
social em dados período e lugar.
Discuta com os estudantes que 106
a presença de muitas construções
religiosas revela a importância das
crenças na vida das pessoas; e
Junto das informações a respeito das dife-
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algumas das peculiaridades dos
rentes construções, a seção traz fotos atuais
prédios destinados ao poder
de algumas dessas edificações. Isso possibi-
político evidenciam as formas de
lita levar para a sala de aula uma discussão a
administração local. A existência
respeito do significado de patrimônio histó-
da Câmara Municipal e da cadeia
rico e sua importância para a preservação da
no mesmo prédio demonstra que
memória de um povo ou de um lugar.
a separação de poderes não era
o princípio organizador da estru-
tura política tal como temos hoje.

106

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
6 Igreja Nossa Senhora da Boa Morte. Começou 7 Símbolos do poder 8 Capela dos Passos, Aproveite a oportunidade e
a ser construída pelos militares, mas eles não público, a câmara que já não existe mais. solicite à turma para indicar edi-
puderam concluí-la porque havia uma proibi- municipal e a cadeia Localizava-se no atual fícios históricos da comunidade
ção real que os impedia de serem donos de funcionavam em um Beco São Cristóvão, em que se localiza a escola e,
igrejas. Foi doada à Irmandade dos Homens mesmo prédio. Esse na época chamado com base nessas informações,
Pardos, que a concluiu em 1779. É sede hoje de costume de manter Travessa Amena. promova um debate sobre as
um museu de arte
ANGELA_MACARIO/SHUTTERSTOCK.COM
as duas instituições condições de preservação desses
sacra e, durante a em um mesmo edi- 9 Consistório (sede) da patrimônios.
Semana Santa, dela fício perdurou até os Irmandade do Senhor A imagem maior reproduzida
sai a Procissão do primeiros tempos do dos Passos. Essa irman-
na seção Olho vivo também
Fogaréu. Império. Em 1766, a dade existe até hoje.
permite levar para a sala de aula a
câmara e a cadeia
discussão a respeito da importân-
foram transferidas 10 Consistório da Irman-
Igreja da Boa
para outro prédio, dade do Santís simo
cia dos mapas como documentos
Morte, Goiás
Velho (GO), 2021. existente até hoje. Sacramento. históricos, mostrando aos estu-
dantes que, por meio da análise
Elaborado com base em: REIS, Nestor Goulart. Imagens de vilas e cidades do Brasil colonial. São Paulo: Edusp: de uma imagem como essa, é
Imprensa Oficial do Estado: Fapesp, 2000.
possível obter diversas informa-
COELHO, Gustavo Neiva. Iconografia vilaboense VI. Casa Abalcoada. [S. l.], 13 abr. 2009. Blogue.
Disponível em: http://casaabalcoada.blogspot.com/2009/05/iconografia-vilaboense-vi.html. Acesso em: 10 jul. 2022. ções a respeito da cidade, na
época em que foi representada.

CASA DA ÍNSUA, PENALVA DO CASTELO, PORTUGAL


Explore também o tema do
papel do historiador ao anali-
sar um documento como esse:
relembre a importância de se per-
ceber as intenções do autor ao
fazer esse mapa e de questionar
6 7 8
o documento, avaliar por diversos
5 3 9 ângulos, em busca de informa-
10 ções que ele possa transmitir.
4
Tomando como exemplo a
seção Raio X, que aparece diver-
sas vezes ao longo da coleção,
2 instigue os estudantes a refletir
sobre quais perguntas poderiam
ser feitas a esse mapa e quais
respostas podem ser obtidas a
1 partir da interpretação desse
documento. Ofereça, em sala
de aula, exemplos de questio-
namentos, como:
Prospecto de Villa Boa tomada da parte do Norte para o Sul; no anno de 1751.
Autoria desconhecida. Manuscrito, 1751. • Por que as pessoas não foram
representadas nesse mapa?
107 • O que o autor do mapa pro-
curou enfatizar?
• Há algo que o autor do mapa
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procurou ocultar nessa imagem?
• O que a disposição dos edi-
fícios pode nos informar a
respeito da sociedade daque-
la época?
• Pelo mapa, dá para dizer que
a cidade teve uma formação
planejada?

107

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3, 4, 5 e 6: trabalhadas com os
estudantes ao analisarem as influên­
cias do Iluminismo nas rebeliões O ILUMINISMO NA AMÉRICA PORTUGUESA
coloniais e compreenderem a relação No decorrer do século XVIII, muitas pessoas enriqueceram em Minas Gerais. Por essa razão,
do movimento com a figura do déspo­ elas puderam enviar seus filhos à Europa para estudar. Isso também aconteceu em outras loca-
ta esclarecido. lidades, como Salvador, Rio de Janeiro, Olinda e Recife, de onde partiram jovens para Lisboa,
• CEH 1 e 2: são abordadas com a turma Coimbra ou mesmo Paris. Na Europa, eles entraram em contato com o Iluminismo, movimento
à medida que os estudantes refletem que defendia ideias de liberdade e se opunha ao Absolutismo.
sobre a atuação de grupos e indivídu­ Ao voltarem para suas cidades, esses estudantes começaram a divulgar as novas ideias a um
os, na colônia, motivados pelos ideais público atento, formado por pessoas habituadas a ler e a trocar opiniões. O meio urbano facilitava
iluministas. esses contatos, diferentemente da área rural, onde as fazendas encontravam-se distantes umas
• Habilidade EF08HI05: enfocada com das outras, o que tornava os contatos mais difíceis.
os estudantes ao associarem o con­ Textos de filósofos iluministas,

GRANGER,/FOTOARENA
texto político das rebeliões na colônia principalmente franceses, como
com o Iluminismo.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778),
eram lidos e discutidos por pessoas
PROCEDIMENTOS que viviam nas cidades, embora as
autoridades portuguesas tivessem
DIDÁTICOS proibido sua divulgação.
A circularidade de ideias é Outro evento histórico também
um conceito utilizado nas Ciências causou impacto entre os habitantes
Sociais que, em resumo, compre- cultos de Minas Gerais e de outras
ende que uma ideia – ainda que regiões da colônia: a independên-
gerida por classes intelectualiza- cia dos Estados Unidos (1776). Esse
das – tem a capacidade de acessar processo mostrava que era possível
o universo dos diferentes sujeitos romper os laços de dominação
que convivem em determinado colonial e organizar uma nação com
base em princípios republicanos.
espaço, mesmo que não sejam
Em Minas Gerais, principal-
alfabetizados. É por isso que as
mente, as ideias iluministas e a
ideias originárias de Rousseau, notícia da independência dos
assim como de outros intelectuais, Estados Unidos somaram-se a
podem ser identificadas entre as antigas insatisfações com a admi-
populações de diferentes espaços nistração portuguesa. Pouco a
e grupos sociais. pouco, essas insatisfações assumi-
Pergunte aos estudantes se riam a forma de contestação e
eles se recordam das ideias ilu- crítica ao domínio português.
ministas estudadas nos capítulos
anteriores e quais elementos
poderiam confirmar a impor-
tância desses ideais nas atuais
sociedades americanas. Eles Folha de rosto da edição de 1762
da obra Do contrato social ou
poderão, por exemplo, mencionar princípios do direito político, de
o modelo de divisão do Estado Jean-Jacques Rousseau.
em três poderes, elaborado por
Montesquieu. Busque retomar, 108
ainda, as ideias de Rousseau que
ganharam relativa aderência na
América portuguesa. O Texto que eles. Como é feita essa108mudança? Ig-
D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-CAP4-LA-G24.indd soluto para subtraí-la. Mas a ordem social 01/08/22 11:51

complementar, a seguir, pode noro-o. Que é que a torna legítima? Creio é um direito sagrado que serve de alicer-
contribuir para esse resgate. poder resolver essa questão. Se eu consi- ce a todos os outros. Esse direito, todavia,
derasse tão somente a força e o efeito que não vem da Natureza; está, pois, funda-
Texto complementar dela deriva, diria: Enquanto um povo é mentado sobre convenções.
Do contrato social constrangido a obedecer, faz bem; tão lo-
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social.
O homem nasceu livre, e go ele possa sacudir o jugo e o sacode, faz
Tradução: Rolando Roque da Silva. [S. l.]:
em toda parte se encontra sob ainda melhor; porque, recobrando a liber- Ridendo Castigat Mores, 2002. p. 10.
ferros. De tal modo acredita- dade graças ao mesmo direito com o qual Disponível em: http://www.dhnet.org.br/
-se o senhor dos outros, que lha arrebatam, ou este lhe serve de base direitos/anthist/marcos/hdh_rousseau_contrato_
não deixa de ser mais escravo para retomá-la ou não se prestava em ab- social.pdf. Acesso em: 15 ago. 2022.
108

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O déspota esclarecido de Portugal Ao introduzir o item O
Lembra-se dos “déspotas esclarecidos” de que falamos no capítulo 1? Pois é, Portugal também déspota esclarecido de
teve um. Seu nome era Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), mas ficou conhecido Portugal, questione a turma
como Marquês de Pombal. Ele foi uma espécie de primeiro-ministro do governo português entre sobre o que significa esse termo
1750 e 1777. De seu nome deriva a expressão política pombalina para designar a orientação e como ele pode ser relacionado
do governo de Portugal nesse período. O rei era D. José I, mas quem tomava as decisões de aos eventos ocorridos na Europa
governo era Pombal. no período estudado. É esperado
Sob o governo de Pombal, foram estabelecidos a que se lembrem de que, nesse
derrama e outros impostos (como estudaremos adiante). O
período, algumas monarquias
marquês promoveu também reformas importantes tanto
na colônia quanto na metrópole. Na colônia, além da
europeias aderiram a pressupos-
criação de novos impostos, ele aboliu a escravização tos iluministas, distanciando-se
indígena e transferiu a capital de Salvador para o Rio do modelo absolutista e pro-
de Janeiro. Até essa época, uma das línguas mais pondo medidas progressistas.
faladas na colônia portuguesa na América não era Discuta, em seguida, como
o português, mas o nheengatu. Pombal proibiu o despotismo esclarecido
o uso desse idioma, estabeleceu o português se manifestou no contexto da
como idioma oficial da colônia e ainda pro-
América portuguesa na figura
moveu a expulsão dos jesuítas da colônia e
do Marquês de Pombal. Se
da metrópole.
considerar válido, elenque na
lousa as principais medidas
Nheengatu: idioma utilizado pelos jesuítas para tomadas por Pombal e questione
facilitar a comunicação entre eles, indígenas
e colonos. Reunia palavras de origens tupi e sobre como elas podiam ser rela-
portuguesa. cionadas aos ideais iluministas.
É interessante deixar claro para
A
REN
TOA

a turma que, embora houvesse a


Y/FO
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figura do monarca, Pombal gover-


AS/A
RER

nou com grande autonomia entre


ONT
OC

1750 e 1777. Desse modo, os


OLF
ROD

estudantes poderão perceber


particularidades do sistema
político português, compre-
endendo outras dinâmicas de
poder mesmo dentro do período
monárquico.

AMPLIAR HORIZONTES
Estátua do Marquês de Pombal, • MARQUÊS de Pombal. Produ­
em Lisboa, Portugal, 2020. ção: RTP. Lisboa: RTP, 1999.
(30 min). Disponível em: https://
109
arquivos.rtp.pt/conteudos/
marques-de-pombal/. Acesso
em: 15 ago. 2022.
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Produção da Rádio e Televisão
de Portugal que narra a história
do Marquês de Pombal e alguns
fatos que marcaram sua vida po­
lítica, como a reconstrução de
Lisboa e suas tensas relações com
a Companhia de Jesus.

109

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2 e 3: trabalhadas com os es­
tudantes ao analisarem a Conjuração
A CONJURAÇÃO MINEIRA

ADRIANA MOURA
Mineira, a partir de suas particulari­
dades, as causas que motivaram a Durante a primeira metade do século XVIII, foram
rebelião, e também ao propiciarem extraídas enormes quantidades de ouro das jazidas de Minas
reflexões sobre o presente Gerais. Em meados daquele século, o ouro começou a se
• CEH 1, 2 e 3: abordadas com a turma à tornar cada vez mais raro, sinal de que as jazidas estavam
medida que os estudantes constroem se esgotando.
reflexões sobre a Conjuração Mineira, Mesmo assim, o governo de Portugal cobrava, desde
caracterizando o contexto e indicando 1719, um imposto de 20% sobre todo o ouro extraído
suas principais motivações. em Minas Gerais. Esse imposto era chamado de “quinto”,
• Habilidades EF08HI04, EF08HI05 e porque correspondia à quinta parte do ouro obtido pelo
EF08HI11: enfocadas com os estu­ minerador. A partir de 1751, a Coroa fixou o quinto da
dantes na identificação da influência
capitania de Minas Gerais em 100 arrobas (1 500 quilos,
iluminista na Conjuração Mineira e na
aproximadamente) anuais. Caso a cota determinada não
descrição das especificidades dessa
fosse alcançada, previu-se um dispositivo que ficou conhe-
rebelião, sinalizando suas causas e os
atores sociais envolvidos. cido como derrama.
Além dessa taxação, o governo português adotou
outras medidas de controle sobre toda a colônia. Em 1785,
PROCEDIMENTOS proibiu as atividades fabris e aumentou os impostos sobre

ADRIANA MOURA
DIDÁTICOS os produtos vindos da metrópole. Essas medidas provo-
caram um grande impacto na colônia, sobretudo entre a
Observe que o conteúdo população mineira.
do item Conjuração Mineira
está intimamente ligado ao Arroba: unidade de medida de peso que corresponde a cerca de
modelo econômico mercanti- 14,7 kg.
Derrama: tributação devida por todos os habitantes da capitania
lista, amplamente trabalhado com o objetivo de completar as 100 arrobas de ouro anuais que
com os estudantes no ano deveriam ser entregues nas Casas de Fundição. A derrama restringia
também o acesso das elites locais aos postos da administração régia
anterior. Assim, o momento da e anulava os contratos dos mineiros.
leitura possibilita a retomada de Fabril: atividade desenvolvida em fábricas ou manufaturas.
conhecimentos já construídos
a respeito do pacto colonial e,
nesse caso específico, das taxa-
Imagem de São José feita de madeira e produzida no século
ções e dos controles impostos XVIII. Por serem ocas, estatuetas como essa eram usadas
pela metrópole. para contrabando de ouro. Elas ficaram popularmente
conhecidas como “santos do pau oco”.
Com base na informação de
que as atividades fabris se torna-
ram proibidas em 1785, peça aos 1. Todos os cidadãos brasileiros e todas as empresas instaladas no país devem pagar
diversos tributos atualmente. Eles são diferentes daqueles cobrados no período co-
estudantes que levantem hipó-
lonial, quando a arrecadação era em grande parte destinada aos cofres da Coroa
teses para as consequências portuguesa. Hoje, impostos e taxas têm a função de financiar o funcionamento do
de tal determinação. Espera-se Estado brasileiro e a oferta de serviços públicos, como escolas e hospitais. Levando
que eles indiquem que atitu- isso em consideração, que problemas podem ocorrer quando cidadãos ou empresas
des como essa reforçavam o não pagam tributos corretamente? Consulte comentários nas Orientações didáticas.

atraso na iniciativa de diversifi- 110


cação de produtos na colônia.
Em outros termos, que o con-
trole e a taxação de Portugal
atrasavam o desenvolvimento
Atividade
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da colônia e, em certa medida, 1. É importante que os estudantes reconheçam que a sonegação de tributos prejudica toda a
garantiam a manutenção do sociedade, pois os valores pagos por todos são utilizados para assegurar o funcionamento
domínio colonial. de serviços necessários à manutenção do Estado e a garantia de direitos constitucionais.
Se considerar válido, explique-lhes que taxas e impostos são diferentes tipos de tributos. A
atividade promove uma reflexão propícia ao desenvolvimento do Tema Contemporâneo
Transversal Economia, por meio da educação financeira e fiscal, explorando a centralidade
dos tributos na organização de uma sociedade democrática e inclusiva.

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A elite conspira Ao abordar o item A elite
Em 1788, a capitania de Minas Gerais não conseguiu completar as 100 arrobas de ouro conspira, pergunte à turma por
devidas como imposto a Portugal. Começaram então rumores de que as autoridades decretariam que a derrama parecia preocu-
a derrama. par mais as famílias abastadas.
Esses boatos provocaram inquietação na população mineira, sobretudo entre as famílias mais Espera-se que eles indiquem que
abastadas. Nesse momento, membros da elite mineira começaram a conspirar contra o domínio a população pobre da região
de Portugal. Entre os integrantes do movimento havia funcionários públicos, poetas, religiosos, pouco poderia perder diante
militares e empresários da mineração. Muitos tinham dívidas volumosas com o governo português. dessa tributação, pois pouco
Essa conspiração deu origem à Conjuração Mineira.
possuía. Além disso, a região
Inspirados nas ideias iluministas e na independência dos Estados Unidos, os conjurados
tinham por objetivo libertar a capitania do domínio de Portugal e proclamar uma república em
concentrava uma grande quan-
Minas Gerais, com capital em São João del-Rei. Para tanto, planejavam prender e executar o tidade de escravizados e, para
governador, tomar o poder e implantar uma Junta Provisória, liderada pelo poeta Tomás Antônio estes, a derrama pouco ou nada
Gonzaga (1744-1810). significava.
Além disso, pregavam o perdão das dívidas junto à metrópole, o incentivo à manufatura local As imagens que estão na
e a criação de uma universidade em Vila Rica. Entre seus ideais, porém, não estava a abolição da página 111 e na página anterior
escravatura, sobretudo porque os conjurados eram, em sua maioria, senhores de escravos. permitem trazer discussões inte-
O plano dos revoltosos era começar o movimento no dia em que fosse decretada a derrama.
ressantes a respeito de diferentes
Desse modo, muitas pessoas descontentes se juntariam a eles na luta pela derrubada do governo.
aspectos da chamada “socie-
dade do ouro”. Utilize as imagens
FAGNER MARTINS/SHUTTERSTOCK.COM

Conjurado: aquele
que se associa a um para trazer à sala de aula ques-
grupo com o intuito tões como o barroco mineiro, a
de conspirar contra
práticas do governo importância da Igreja Católica na
que considera injustas sociedade colonial, e a distribui-
ou abusivas.
ção de renda e as desigualdades
sociais na região mineradora.
Vale destacar que a igreja da
Nossa Senhora do Pilar é con-
siderada uma obra-prima do
barroco, conta com trabalhos
Interior da Igreja de de Aleijadinho e foi decorada
Nossa Senhora do
Pilar, em Ouro Preto com cerca de 400 quilos de ouro.
(MG), 2019. Já a estátua de São José, além
de um exemplo da arte sacra do
FICA A DICA
período, também revela as estra-
• Museu da Inconfidência. Disponível em: https://museudainconfidencia.museus.gov.br/ tégias adotadas pela população
exposicoes/. Acesso em: 28 jun. 2022. para conseguir driblar a fiscali-
A palavra “inconfidência” foi tradicionalmente usada para designar a Conjuração Mineira. Por isso, zação da Coroa no controle do
o museu dedicado ao movimento ocorrido em Vila Rica é assim chamado: Museu da Inconfidência.
ouro garimpado.
No site, confira informações sobre as exposições, o acervo e a história dessa instituição.

111

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-CAP4-LA-G24.indd 111 sobre a composição da sociedade mineira do
01/08/22 11:51 Em data combinada, todos
século XVIII. devem apresentar as caracte-
Pesquisar um dos grupos da Em um primeiro momento, os estudantes rísticas do grupo pesquisado,
sociedade mineradora devem buscar quais grupos compunham essa buscando diferentes aspectos.
Compreender a composição da sociedade sociedade (escravizados mineradores, escravizados O processo permite ampliar o
mineradora é importante para esclarecer o con- domésticos, escravizados de ganho, profissionais conhecimento sobre o conteúdo
texto em que se deu a Conjuração Mineira. liberais etc.). Divididos em grupos de quatro a cinco histórico, bem como desenvolver
Para que os estudantes possam retomar e ree- integrantes, devem escolher um grupo social para a capacidade de construir conhe-
laborar conhecimentos construídos no ano aprofundar sua pesquisa, que poderá ser reali- cimento coletivo e colaborativo.
anterior, proponha uma atividade de pesquisa zada em sites, livros e outras fontes.
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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 4, 5, 6 e 7: trabalhadas no DOVLA982/SHUTTERSTOCK.COM

estudo iconográfico; na análise sobre


os desdobramentos da Conjuração Mi­
O plano fracassa
neira e suas particularidades (como os Alguns imprevistos alteraram os planos dos rebeldes. A derrama,
castigos aos rebeldes); e nas reflexões que seria anunciada em fevereiro de 1789, foi mais uma vez adiada. Isso
sobre o presente. punha fim à expectativa de juntar forças e mobilizar a população.
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5 e 6: abordadas na Em março, o governador da capitania convocou vários devedores para
problematização dos grupos sociais quitar suas dívidas com o reino. Alguns deles eram conjurados e revelaram
envolvidos na rebelião; nas formas de a conspiração ao governador em troca do perdão de suas dívidas. Bandeira de Minas
repressão do Estado naquele período; Com a delação, todos os conspiradores foram detidos. O alferes Gerais, que é idêntica
na discussão sobre as relações entre Tiradentes, como era conhecido Joaquim José da Silva Xavier, estava fora à bandeira usada
presente e passado, que possibilitam da capitania e foi preso no Rio de Janeiro. pelos conjurados,
mudando apenas a
o posicionamento do estudante a res­ Às prisões, seguiu-se um inquérito conhecido como devassa. Eram cor do triângulo, de
peito do mundo contemporâneo; e na ao todo 34 presos, acusados de crime de lesa-majestade, ou seja, de verde para vermelho.
interpretação historiográfica. traição ao rei. Esse crime era geralmente punido com a pena de morte.
• Habilidades EF08HI05, EF08HI06 e O processo durou dois anos, e os acusados foram transferidos para o Rio de Janeiro até que
EF08HI11: enfocadas na análise dos se decretasse a sentença final. O poeta Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) morreu na prisão,
grupos envolvidos; nas consequências ainda em Vila Rica. Alguns historiadores afirmam que teria sido assassinado, pois tinha informações
da Conjuração Mineira para rebeldes; que comprometiam pessoas influentes aliadas ao movimento.
e na reflexão sobre a atuação repres­ Em abril de 1792, a sentença foi anunciada, e 11 réus, entre eles Tiradentes, foram condena-
siva do Estado. dos à morte. Mais tarde, todas as sentenças foram alteradas porque os réus obtiveram o perdão
da rainha de Portugal, Maria I, com exceção de Tiradentes, que foi executado por enforcamento.
PROCEDIMENTOS
Alferes: militar de baixa patente.
DIDÁTICOS Devassa: investigação para apurar um crime, com pesquisa de provas e interrogatório de testemunhas, com a
finalidade de definir se houve ou não ato criminoso para a posterior abertura de processo criminal.
Peça aos estudantes que
Tomografia computadorizada: exame feito com computadores capazes de produzir imagens de altíssima qualidade.
identifiquem o termo lesa-ma-
jestade. Explique a eles que
uma colônia era considerada, 1. a) Consulte resposta e comentários nas Orientações didáticas.
1. Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificaram em 2011
naquele contexto, propriedade as ossadas de três pessoas envolvidas na Conjuração Mineira e que foram punidas
do rei, bem como toda a riqueza com degredo na África. Para a identificação das ossadas, utilizaram-se tecnologias de
ali produzida. Retome alguns análise, como raio X e tomografia computadorizada. Sobre isso, responda às questões.
elementos sobre a forma de

DIVULGAÇÃO/UNICAMP
governo monárquico, indicando
que nesse modelo não há, para
o monarca, um limite entre o
que é público e privado, pois
tudo pertence e ele.
Joaquim José da Silva Xavier Crânio de José Resende de Costa, um dos inconfidentes, morto no continente africano,
identificado por pesquisadores em 2011.
foi o único, entre os inconfidentes,
condenado à morte. Integrante a) Como a tecnologia pode contribuir para pesquisas históricas? Dê exemplos.
mais pobre do grupo, acredita- b) Esse trabalho demonstra como é a multidisciplinaridade científica na prática. Em seu enten-
dimento, que contribuições outros componentes curriculares podem dar ao conhecimento
-se que ele não teria conseguido
histórico? Por que a multidisciplinaridade é importante na ciência?
mobilizar forças a seu favor. Sua Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes identifiquem que o trabalho de reconhecimento das ossadas
punição “exemplar” era uma 112 envolve profissionais de áreas distintas, como cientistas e profissionais da área da Medicina, cujos resultados
forma de garantir que o recado contribuem para ampliar as informações que os historiadores têm a respeito da Conjuração Mineira.
seria compreendido pelas camadas
populares. Parte dos inconfiden- verificar a datação de vestígios e até mesmo
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tes, por outro lado, teve sua pena identificar áreas onde há remanescentes de Peça aos estudantes que procurem
reduzida, assim, alguns foram exi-
antigas civilizações. Entre os exemplos, os na internet uma reprodução do quadro
lados em colônias portuguesas na
estudantes poderão mencionar tecnologias Resposta de Tiradentes à comutação
África, mas lá puderam desenvol-
de processamento de dados, que permi- da pena de morte dos inconfidentes, de
ver novas atividades comerciais e
tem analisar e guardar grande quantidade autoria de Leopoldino de Faria. Eles deverão,
reconstruir suas vidas.
de informações acerca de determinado previamente, buscar informações sobre a
Atividade processo histórico, por exemplo, e até pintura, o autor e a época de produção da
1. a) Recursos tecnológicos são mesmo tecnologias de acondicionamento obra. De posse dessas informações, devem
atualmente utilizados para e preservação de fontes materiais. analisar a imagem representada.
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Castigo exemplar Ao avançar para o item
No dia 21 de abril de 1792, Castigo exemplar, observe

ACERVO MUSEU MARIANO PROCÓPIO, JUIZ DE FORA, MG


Tiradentes foi enforcado no Rio de que o trabalho com imagens
Janeiro. Seu corpo foi esquartejado, em história deve ser desenvolvido
e pedaços dele foram expostos em conforme os procedimentos de
estacas ao longo do caminho entre o produção da historiografia. No
Rio de Janeiro e Vila Rica (atual Ouro Livro do estudante, as imagens
Preto). Sua cabeça teria sido exposta no
apresentadas devem ser compre-
pelourinho situado na praça que ficava
endidas como fontes históricas
em frente ao Palácio do Governador.
Era a chamada morte exemplar: as e, como tais, problematizadas
autoridades portuguesas pretendiam quanto à origem, ao contexto,
que o castigo servisse de exemplo à ao destino, às intenções e às
população e a todos que pensassem em demais características.
se rebelar.
Apesar de vários artistas terem feito Atividade
quadros representando Tiradentes, não
1. Tiradentes é representado
existe nenhuma informação a respeito
de como seriam as feições do alferes.
como mártir, disposto a se
Ou seja, todos os pintores representaram sacrificar por um ideal de
Tiradentes da maneira que lhes agradava. liberdade. A representação
Observe o quadro ao lado, feito pelo do rosto de Tiradentes lembra
artista Pedro Américo. Nele, Tiradentes a representação do rosto de
foi representado com feições semelhan- Jesus Cristo, associando sua
tes às representações de Jesus Cristo. morte à morte de Cristo.
Dessa maneira, o artista procurou cons-
truir uma imagem mítica do alfares.

AMPLIAR HORIZONTES
• CARVALHO, José Murilo de. A
Tiradentes esquartejado,
Pedro Américo. Óleo sobre tela, formação das almas. São
255,5 cm x 164,1 cm, 1893. Paulo: Companhia das Letras,
1991.
1. Confira nesta página a pintura Tiradentes esquartejado, feita pelo artista Pedro O livro analisa a mitologia e a
Américo em 1893. A imagem foi concebida de modo a transformar Tiradentes em simbologia que envolvem a cons­
um símbolo de heroísmo, luta, resistência e sofrimento. Identifique elementos que trução e a legitimação do sistema
justifiquem essa ideia. Consulte resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas. político. O caso de Tiradentes é
indicado na obra como emblemá­
2. Explique por que Tiradentes foi punido com a pena de execução e esquartejamento
tico da República brasileira.
pelas autoridades portuguesas. As autoridades portuguesas pretendiam usar a pena de Tiradentes como
um alerta à população, mostrando o que aconteceria com quem tentasse se rebelar. Era a chamada morte exemplar.
3. Tiradentes foi transformado em símbolo de heroísmo durante o início da República
brasileira. Você considera que há no presente outras figuras transformadas em heróis
no Brasil? Apresente exemplos para justificar sua resposta.
Resposta pessoal. É importante que os estudantes entendam que a construção de símbolos heroicos de
patriotismo é um processo constante no imaginário social. 113

Oriente-os a identificar as personagens, os


D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-CAP4-LA-G24.indd 113 estudantes. Para a avaliação, identifique 01/08/22
se houve
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elementos que as diferenciam (roupas, gestos, cooperação entre eles. Em caso negativo, verifi-
posições), o uso da luz como elemento de direcio- que as razões e busque remediar o aprendizado,
namento do olhar do observador e as intenções criando mais acolhimento interno nos grupos.
construídas sobre Tiradentes. Com feição que se A avaliação possibilita observar se os estudantes
assemelha à de Jesus Cristo, ele é o único que compreenderam os métodos de análise de imagens,
aparece com o dorso nu, que estende seu braço bem como a construção da figura de Tiradentes
em atitude de defesa de seus colegas inconfidentes. como herói. Espera-se que observem similarida-
Todo o processo de análise pode ser feito des com as obras já analisadas e adotem uma
oralmente e de forma cooperativa entre os postura crítica na análise de produções pictóricas.
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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3, 4, 5, 6 e 7: trabalhadas na
análise da região de Vila Rica no século
XVIII (período das rebeliões coloniais);
e na contextualização histórica da R AIO X
eclosão da Conjuração Baiana, distin­
guindo seus protagonistas sociais. VILA RICA NO SÉCULO XVIII
• CEH: 1, 3 e 6: abordadas na reflexão

INSTITUTO DE ESTUDOS BRASILEIROS DA USP, SÃO PAULO-SP


e nos questionamentos sobre um do­
cumento histórico; e na identificação
dos grupos sociais envolvidos na Con­
juração Baiana.
• Habilidades EF08HI04, EF08HI05,
EF08HI07 e EF08HI11: enfocadas na
compreensão do peso das ideias ilu­
ministas na Conjuração Baiana; na
contextualização histórica do evento;
e na identificação dos atores sociais
ligados à revolta.
Ilustração de
1785-1790,
PROCEDIMENTOS de autoria
desconhecida,
DIDÁTICOS que representa a
Praça Tiradentes
e, ao fundo,
Raio X o Palácio do
Retome com a turma a pro- Governador,
em Vila Rica.
posta dessa seção, que é a de
ensinar os estudantes a fazer Que documento é esse?
perguntas a um documento Trata-se de uma imagem feita entre 1785 e 1790 representando o morro de Santa Quitéria,
para desvendar as informações no centro da antiga Vila Rica (atual Ouro Preto). É possível identificar o Palácio do Governador
que ele transmite ou omite. (no centro, ao fundo), o pelourinho (em primeiro plano), o chafariz e a igreja de Santa Quitéria,
entre outros prédios. No final do século XIX, foi instalado um monumento em homenagem a
Nesse sentido, trabalhe com as
Tiradentes, então o local passou a se chamar Praça Tiradentes.
informações da página e, em Que informações sobre Ouro Preto esse documento pode fornecer?
seguida, peça-lhes que reali- As construções indicam que, no final do século XVIII, Vila Rica era um centro urbano com
zem a atividade de número 5, edificações imponentes, e, por causa do pelourinho, sabemos que o local tinha autonomia política.
da página 122. O chafariz confirma o abastecimento de água pública, e a presença de soldados de forma perfi-
Explique que, um século lada (alinhada) indica um sistema organizado de proteção e/ou repressão. A localização da igreja
depois da morte do homena­ (próxima ao palácio) sugere que a religião tinha grande importância para a sociedade da época.
geado, o local passou a se Comparando essa imagem com a fotografia da Praça Tiradentes, da página 104, quais
observações podem ser feitas?
chamar Praça Tiradentes.
Podemos afirmar que o local passou por reformas. O Palácio do Governador (atual Museu de
Além disso, é importante com-
Ciência e Técnica) foi expandido, e não existem mais a igreja de Santa Quitéria nem o chafariz.
parar a imagem da página 114 A praça foi expandida, e o desnível no terreno próximo ao chafariz foi aterrado. As casas ao
com a da página 104 para que redor da praça também foram reformadas ou substituídas. O pelourinho foi extinto, e há um
a turma perceba as mudanças monumento, com uma estátua, em homenagem a Tiradentes.
na paisagem, como a retirada
do chafariz e da igreja. Chame 114
a atenção também para a pre-
servação e a ampliação de um
dos prédios localizados na praça, Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-CAP4-LA-G24.indd 114 permanência, por ter como sujeitos inclusive 01/08/22 11:51

que foi adaptado para abrigar homens libertos.


Analisar a permanência do
um museu. racismo no Brasil Organize os estudantes em grupos para uma
Compreender a permanência do racismo atividade. Cada equipe deverá escolher um dos
na sociedade brasileira e as consequências temas a seguir: a) A população negra e a edu-
do escravismo é fundamental para a discus- cação; b) A população negra e a saúde; c) A
são sobre maneiras de reparação histórica. A população negra e a segurança pública; d) A
presença do pelourinho e a atuação negra população negra e o trabalho; e) Organizações
na Conjuração Baiana pode ser um ponto Não Governamentais (ONGs) que atuam pela
de partida para compreender as relações de causa negra.
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A CONJURAÇÃO BAIANA Ressalte que a Conjuração
Baiana encontrou espaço em
Até o final do século XVIII, Salvador era o mais importante centro urbano da colônia portu-
uma sociedade urbanizada e
guesa. Com cerca de 60 mil habitantes, foi capital da colônia até 1763, quando a administração
foi transferida para o Rio de Janeiro.
peça que levantem hipóteses
Localizada em um ponto privilegiado do litoral, Salvador desenvolveu-se por longo tempo para justificar essa característica.
como entreposto comercial. A seu porto chegavam mercadorias da Europa, da África, da Ásia, e Espera-se que relembrem a cir-
por ele eram exportados produtos da colônia, como açúcar, tabaco e algodão. culação das ideias iluministas,
A partir de meados do século XVIII, as ideias iluministas de liberdade começaram a chegar ao discutida anteriormente, além da
conhecimento dos habitantes da Bahia. Da mesma forma que em Minas Gerais, elas eram trazidas maior concentração de pessoas
principalmente por jovens da elite que haviam estudado na Europa. Em 1797, membros da elite na área urbana.
fundaram a sociedade secreta Cavaleiros da Luz, que promovia reuniões nas quais se discutiam
No caso específico da Conju­
os ideais revolucionários difundidos na França.
ração Baiana, reforce o fato de
A partir daí, pessoas de diversas camadas sociais começaram a aderir ao movimento que
se formava. Em geral, grupos que vinham sofrendo com a alta dos preços dos alimentos e com a transferência da capital para
a perda de seu poder aquisitivo. Entre essas pessoas, havia pequenos comerciantes, soldados, o Rio de Janeiro ter impacta-
alfaiates, artesãos, mestiços, brancos pobres, negros libertos e também escravizados. do a economia de Salvador.
O movimento ficou conhecido como Conjuração Baiana, mas tem sido chamado de Auxilie a turma a estabelecer
Revolta dos Alfaiates, por causa da participação desses profissionais e de outros artesãos, e relações entre a mudança da
de Revolta dos Búzios, pois alguns revoltosos usavam búzios (conchas de moluscos) em pulseiras, capital no período e a eclosão de
para facilitar o reconhecimento entre os participantes. movimentos populares, cujos
INSTITUTO HISTÓRICO DA BAHIA, SALVADOR
membros eram diretamente pre-
judicados pela decorrente alta
nos preços dos alimentos.
Vale retomar alguns elemen-
tos da Conjuração Mineira para
estabelecer uma comparação
entre ambos os movimentos da
época. Indique, por exemplo,
que os conjurados na Bahia eram
de diferentes setores sociais, o
que demonstra que a insatisfa-
ção em relação à administração
colonial era mais abrangente que
nas Minas Gerais.

Baía de Todos-os-Santos, Albert Dufourcq. Litografia, 1782. A obra é a representação de uma


vista geral da primeira capital do Brasil, Salvador (BA).

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A pesquisa pode ser realizada em sites, negra, sem esquecer do passado escravista
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livros e revistas. Sugira aos estudantes o uso e da persistência do racismo.


de estatísticas, como as do Atlas da violência Em data combinada, os grupos devem se
2021 (disponível em: https://www.ipea.gov.br/ apresentar. O suporte para cada apresenta-
atlasviolencia/; acesso em: 15 ago. 2022) e os ção pode variar de acordo com a escolha dos
do Retrato das desigualdades de gênero grupos: cartazes, panfletos, apresentações com
e raça (disponível em: https://www.ipea.gov. multimídia ou orais. É fundamental que os estu-
br/retrato/; acesso em: 15 ago. 2022). Deixe dantes atentem para o tratamento respeitoso,
claro para a turma que o objetivo é analisar os o uso de dados estatísticos e a necessidade de
problemas atuais enfrentados pela população basear informações em fatos e argumentos.
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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 4, 5, 6: trabalhadas com
os estudantes ao identificarem os for­
matos de punição aos rebelados; as
Punição rigorosa aos mais pobres
diferenças nas punições baseadas nas Os conspiradores defendiam o fim da escravidão, a liberdade de comércio, a inde-
classes sociais dos envolvidos nas re­ pendência da capitania da Bahia e a formação de uma república inspirada nos princípios
beliões; e ao discutir a questão do franceses de igualdade, liberdade e fraternidade. Pregavam ainda a construção de uma sociedade
racismo e das diferenças socioeco­ sem discriminações étnica e social.
nômicas na sociedade brasileira do Em 1798, eles passaram a divulgar seus ideais revolucionários em cartazes manuscritos afi-
passado e do presente. xados pela cidade. Os textos falavam de igualdade e denunciavam os altos impostos e os preços
• CEH: 1, 2, 3, 4 e 6: abordadas na dos produtos alimentícios. Alguns chegavam a propor o não pagamento dos impostos cobrados
discussão das relações de poder intrín­ pelo governo.
secas às diferentes punições aplicadas Em um primeiro momento, a reação do governo foi prender o soldado Luís Gonzaga das
aos grupos sociais rebelados e que Virgens, identificado pela caligrafia como autor de alguns dos panfletos. A resposta de grupos
perduram ainda hoje na sociedade de apoio foi planejar uma revolta popular e, em meio à agitação, resgatar o soldado da prisão.
brasileira; e na análise historiográfica. O governo agiu mais rapidamente e prendeu 48 integrantes do movimento. Como no caso
• Habilidades EF08HI05, EF08HI06, da Conjuração Mineira, alguns deles se livraram da prisão por pertencerem à elite ou por falta
EF08HI07, EF08HI11 e EF08HI14: de provas.
enfocadas com na descrição e carac­ Duras penas atingiram os conspiradores mais pobres. Os que eram escravizados foram açoita-
terização das punições aplicadas aos dos. Quatro dos acusados receberam pena de morte: os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino
rebeldes das Conjurações Mineira e e os soldados Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas. Eles foram enforcados em novembro de
Baiana; no papel do governo nesse 1799, e seus corpos, esquartejados e expostos para que todos os vissem.
processo; e ao se trabalhar a parti­
cipação dos negros na Conjuração

ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA, SALVADOR-BA

JOA SOUZA/SHUTTERSTOCK.COM
Baiana.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Sobre a identificação de Luís
Gonzaga das Neves, pergunte
aos estudantes como essa infor-
mação auxilia a compreensão de
aspectos da sociedade baiana
do século XVIII.
Incentive os estudantes a
refletir sobre o papel da alfa-
betização na vida em sociedade
como identificar o transporte
público ou ler um bilhete; até os
mais elaborados, como a capa-
cidade de construir argumentos Igreja e Convento de Nossa Senhora da Piedade,
de forma autônoma. Ao mesmo Fac-símile de um dos avisos públicos criados em Salvador (BA), 2020. Os participantes da
pelos envolvidos na Conjuração Baiana, 1798. Conjuração Baiana condenados à morte foram
tempo, destaque o respeito que executados nesse local, em 1799.
se deve a povos e pessoas que
não fazem uso da escrita. 116
Destaque que os castigos
foram determinados de acordo
com o grupo social ao qual o e que revelam elementos da 116
D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-CAP4-LA-G24.indd história e cultura da sociedade brasileira. Esse trabalho pode ser 01/08/22 11:51

indivíduo condenado perten- interdisciplinar em parceria com o professor de Língua Portuguesa.


cia. Se considerar interessante,
mencione o dito popular “Aos AMPLIAR HORIZONTES
amigos tudo; aos inimigos, a lei”.
• VALIM, Patrícia. Da sedição dos mulatos à Conjuração Baiana de 1789: a construção de uma memória
Explique que ditos populares histórica. Dissertação (Mestrado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Uni­
expressam condutas e práti- versidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/
cas comuns numa sociedade. tde-12022008-111026/publico/DISSERTACAO_PATRICIA_VALIM.pdf. Acesso em: 15 ago. 2022.
Estimule-os então a citar e ana- O texto explora revisões historiográficas sobre a Conjuração Baiana.
lisar outros ditos que conhecem
116

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internacionais como o de luta por
direitos nos Estados Unidos, a
criação das ideias pan-africanistas e
A atuação dos negros na Conjuração Baiana os movimentos de independência
Os negros – escravizados ou libertos – estiveram presentes nos movimentos emancipacionistas dos países africanos denuncia-
ocorridos no final do século XVIII, na colônia portuguesa na América. Na Conjuração Mineira, a ram esse silenciamento e deram
participação deles foi mais restrita porque os próprios líderes do movimento não eram defensores condições para novas chaves inter-
do fim da escravidão. Porém, na Conjuração Baiana, a atuação dessas pessoas foi marcante, com pretativas, tanto no campo da
um significado social e político mais profundo.
História como em outras áreas.
Representantes das camadas mais baixas da população aderiram à conspiração e acabaram
Como resultado de toda a mobi-
se tornando as principais lideranças do movimento. Segundo algumas estimativas, em 1798,
lização do movimento negro e do
viviam, no município de Salvador e em suas imediações, cerca de 110 mil pessoas, e dois terços
desse total eram negros e mestiços pobres. Eram pessoas que, por causa de suas origens étnicas reconhecimento da importância da
e condições econômicas, não tinham prestígio social e enfrentavam constantemente o precon- história africana e afro-brasileira
ceito, a discriminação e diferentes formas de violência. Era principalmente a elas que os líderes da para a compreensão do Brasil con-
Conjuração Baiana se dirigiam. temporâneo, a Lei no 10.639/2003
Mesmo liberta, uma pessoa negra via-se muitas vezes obrigada a demonstrar subserviência introduziu a obrigatoriedade dos
aos brancos. Os ex-senhores chegavam a exigir que seus antigos trabalhadores escravizados lhes conteúdos de História e Cultura
devessem obediência e lealdade sob a ameaça, inclusive, de revogar as cartas de alforria. Estes, da África e dos afro-brasilei-
por sua vez, tanto nos espaços urbanos como nas zonas rurais, eram obrigados a realizar trabalhos ros nos currículos escolares. A lei
estafantes e sofriam constante violência física. Como forma de resistência a essa opressão, foram deve ser compreendida como fer-
diversas as revoltas escravas em Salvador. Uma das mais significativas aconteceu em 1835, a
ramenta fundamental na difusão
Revolta dos Malês, que será estudada no capítulo 6.
de conhecimentos e na constru-
ção de uma sociedade mais justa,
JOÁ SOUZA/FUTURA PRESS

democrática e inclusiva. Assim,


buscamos fornecer na coleção ele-
mentos variados para o trabalho
com a História e Cultura da África e
dos afro-brasileiros em sala de aula.
Atividade
1. Dados mostram que a popu-
lação carcerária brasileira é,
em sua maioria, composta
de pessoas negras, jovens
Busto de João de
Deus Nascimento, e com pouca escolaridade.
mártir da Conjuração Enquanto 53,6% da popula-
Baiana, na praça da
ção brasileira é composta de
Piedade, em Salvador
(BA), 2021. negros e pardos, estes repre-
sentam 61% da população
1. Na Conjuração Baiana, a Justiça agiu com maior rigor em relação às pessoas das
carcerária. Ao mesmo tempo,
camadas mais baixas da população. Em seu entendimento, na atualidade, a Justiça cerca de 80% dos presos
age com o mesmo rigor, independentemente do perfil étnico e das condições socio- estudaram, no máximo, até o
econômicas de quem está sob julgamento? Explique. Ensino Fundamental. A média
Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
nacional de pessoas que não
117
cursaram ou não concluíram
o Ensino Fundamental é de
cerca de 50%. O texto “Perfil
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-CAP4-LA-G24.indd 117 Reafirme que a resistência à opressão se deu11:51
01/08/22 de da população carcerária brasi-
diversas maneiras e em diferentes espaços, sendo leira”, do site Politize!, traz mais
Destaque a composição populacional de Salvador
a Conjuração Baiana e a Revolta dos Malês informações sobre o perfil da
em 1789. Comente que as capitais do período
exemplos dessas manifestações. Incentive-os a população carcerária brasileira
colonial tinham um número maior de negros e buscar outras informações que os ajudem a com- e pode contribuir para embasar
mestiços pobres, uma vez que a demanda por mão preender a persistência da discriminação no Brasil as discussões em sala de aula.
de obra era maior. Relembre-os da multiplicidade contemporâneo. Disponível em: https://www.
de atividades desenvolvidas por essa população Observe que durante muito tempo, na his- politize.com.br/populacao-
(tanto a livre como a escravizada), determinando toriografia, negros e negras foram silenciados, carceraria-brasileira-perfil/.
a dependência do colonizador em relação a ela. estereotipados e estigmatizados. Movimentos Acesso em: 15 ago. 2022.
117

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3, 4, 5, 6 e 7: trabalhadas na
abordagem das rebeliões para além da
colônia portuguesa, contextualizan­
do o fato de que diversos movimentos ENQUAN TO ISSO...
ocorriam em diferentes locais da Amé­
rica Latina; e na sistematização gráfica REBELIÃO NO PERU
das informações do capítulo por meio
Enquanto as ideias iluministas circulavam na colônia portuguesa, em outros lugares do continente
do esquema-resumo.
americano aconteciam rebeliões contra o domínio colonial.
• CEH: 1, 2, 3, 4 e 5: enfatizadas na pro­
Uma dessas rebeliões ocorreu na região do antigo Império Inca, no território hoje pertencente ao
blematização dos principais temas do
Peru. Em 1780, um descendente dos imperadores incas organizou ali um exército de 10 mil indígenas e
capítulo, na contextualização histórica
mil afrodescendentes. Chamava-se José Gabriel Condorcanqui, mas adotou o nome de Tupac Amaru II
abrangendo revoltas em outros espa­
ços geográficos e outras culturas; e na em homenagem a um de seus antepassados. Seu objetivo era lutar contra a dominação espanhola.
identificação das punições aos rebela­ As forças indígenas realizaram diversas expedições bem-sucedidas. Eles chegaram a assaltar
dos, para além da colônia portuguesa, depósitos e armazéns, apoderando-se de grande quantidade de armas e munição. Por onde o exército
no período estudado. de Tupac Amaru II passava, ele abolia a escravidão, a mita e a cobrança de impostos. Tomou posse
• Habilidades EF08HI04, EF08HI05, também de terras de latifundiários e as distribuiu entre os mais pobres.
EF08HI06, EF08HI07, EF08HI08, Os rebeldes chegaram a controlar um território considerável, assustando as forças metropolita-
EF08HI11, EF08HI14: trabalhadas na nas. Diante da situação, os vice-reis de Lima e de Buenos Aires se uniram, formando um exército de
identificação das influências, causas, cerca de 17 mil soldados para enfrentar as tropas do líder indígena. No fim, conseguiram derrotá-las
grupos sociais envolvidos, consequên­ em abril de 1781, quando o exército de Tupac Amaru II tentava tomar Cuzco, a capital do vice-reino
cias e ação dos governos nos processos do Peru naquela época.
revolucionários da colônia portuguesa Tupac Amaru II foi capturado, morto e esquartejado. Chefes indígenas foram executados, e seus
e do Peru (colônia espanhola). seguidores, perseguidos até a morte. Era o fim da maior rebelião indígena da história da América Latina.
MUSEU HISTÓRICO REGIONAL, CUZCO, PERU

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Enquanto isso...
A discussão sobre o pro-
cesso de rebelião conduzido por
Tupac Amaru II contribui para a
retomada dos conhecimentos a res-
peito do Império Inca, da mita e de
aspectos do processo de coloni-
zação espanhola na América.
Pergunte aos estudantes se
acreditam que apenas a descen-
dência dos imperadores incas
teria bastado a Tupac Amaru para
reunir em sua causa mais de 10
mil indígenas e afrodescendentes.
Espera-se que eles observem que Execução de Tupac Amaru II, autoria desconhecida. Óleo sobre tela, final do século XVIII.
ser descendente de um imperador
118
inca tinha um forte simbolismo,
mas era a exploração do coloni-
zador que unia o povo ao líder
Tupac Amaru. AMPLIAR HORIZONTES
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A punição ao líder deve ser


• TANNUS, Lara. Nascimento de Tupac Amaru II. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Uni-
interpretada como forma de versidade de São Paulo, São Paulo, 19 mar. 2018. Disponível em: https://www.fflch.usp.br/439#:~:text=Em%20
manutenção das estruturas de 19%20de%20mar%C3%A7o%20de,criolla%20contra%20a%20coloniza%C3%A7%C3%A3o%20espanhola.
poder na América espanhola. Acesso em: 15 ago. 2022.
Ao executar Tupac Amaru com Breve história do líder de origem inca que comandou movimentos de insurgência contra a dominação espa­
brutalidade, os colonizadores nhola no final do século XVIII.
buscavam coibir novas revoltas • SALES, Sonia. A filha de Tupac Amaru. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2006. (Coleção Lazuli juvenil).

indígenas na região e garantir A menina Ana Luísa viaja a Cuzco e Machu Picchu, no Peru, onde faz descobertas sobre o grande líder inca
e sobre ela própria.
a estabilidade de seu domínio.
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Esquema-resumo
ESQUEM A-RE SUMO Utilize o esquema-resumo
para recapitular com a turma
CAPÍTULO 4 os principais assuntos abordados
no capítulo. A proposta dessa
REVOLTAS NA COLÔNIA PORTUGUESA seção é possibilitar a identifica-
ção de fragilidades na construção
dos conhecimentos. Com base
nessa constatação, pode-se pro-
Revoltas não separatistas mover a recuperação de assuntos
Revoltas separatistas ou reforçar pontos que tenham
(influência do Iluminismo)
suscitado dúvidas.
Acompanhe com os estudan-
tes os tópicos apresentados no
Revolta de Beckman Revolta de Filipe esquema, verificando sucinta-
(MA – 1684) dos Santos
(MG – 1720) mente se a turma os domina.
Ao final, pergunte se os estu-
dantes sugeririam outros temas
para somar aos apresentados no
Conjuração Mineira Conjuração Baiana capítulo. Registre essas sugestões
(MG – 1789) (BA – 1797-1798) na lousa, valorizando a reflexão
e as contribuições coletivas.
– Participação da elite mineira – Participação de diversas camadas
– Proposta de manter a escravidão sociais Atividade
– Defesa de uma república independente – Defesa do fim da escravidão Ambos foram movimentos
– Insatisfação com cobrança de impostos – Defesa de uma república emancipacionistas e, em ambos,
independente
– Proposta de criação de universidades as punições mais severas reca-
e desenvolvimento de indústrias
íram sobre as pessoas mais
pobres. Relembre aos estudan-
tes que enquanto a Conjuração
REPRESSÃO DAS
Mineira foi liderada por membros
AUTORIDADES COLONIAIS da elite mineira, que não punham
em xeque a escravidão, a lide-
rança da Conjuração Baiana ficou
Prisão e morte dos envolvidos a cargo de representantes das
camadas sociais mais baixas, e
tinha o fim da escravidão entre
Com base nas informações do esquema-resumo e da leitura deste capítulo, cite duas semelhanças e suas propostas.
duas diferenças entre a Conjuração Mineira e a Conjuração Baiana.

Consulte resposta nas Orientações didáticas.


119 AMPLIAR HORIZONTES
• VISTA minha pele. Direção:
Joel Zito Araújo. Brasil: Luminis
D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-CAP4-LA-G24.indd 119 01/08/22 11:52 Produções Artísticas, 2008.
(27 min).
O curta-metragem propõe, de
maneira lúdica, favorecer re­
flexões sobre os impactos do
racismo na sociedade brasileira.

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 5, 6 e 7: trabalhadas com os
estudantes ao possibilitar a análise
dos principais assuntos abordados ao
longo do capítulo problematizando os
AT IV IDADE S NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
conceitos apresentados.
• CEH: 1, 2 e 3: abordadas com a turma 1. Analise a representação de Tiradentes feita pelo artista Décio Villares em cerca de 1928.
à medida que os estudantes refletem Depois, responda ao que se pede.
sobre as características das rebeliões

COLEÇÃO PARTICULAR
coloniais.
• Habilidade EF08HI05: enfocada ao
possibilitar a retomada dos principais
aspectos das rebeliões coloniais ana­
lisadas ao longo do capítulo.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Atividades
1. b) A Conjuração Mineira foi
liderada, basicamente, por
membros da elite mineira.
Tiradentes era um dos
poucos representantes das 1. a) A imagem
representa
camadas desfavorecidas da Tiradentes
população. Já a Conjuração como um
mártir que
Baiana iniciou-se entre os estava disposto
representantes da elite, a se sacrificar
pela liberdade
porém, com o tempo, da nação.
o movimento agregou Além da clara
membros das camadas associação com
representações
menos abastadas, que de Jesus Cristo,
acabaram liderando a o olhar de
Tiradentes
conspiração. Ocorreram simboliza
diferentes tipos de punição, bondade e
entrega. Os
como prisão, degredo e ramalhetes
pena de morte. Porém, as complementam
essa ideia.
penas mais duras foram
Tiradentes, Décio Villares. Óleo sobre tela, c. 1928.
aplicadas aos representantes
das camadas mais pobres a) Essa pintura foi concebida de modo a transformar Tiradentes em um símbolo de heroísmo
e sofrimento. Aponte elementos que justifiquem essa ideia.
da população, revelando
b) A repressão do governo à Conjuração Mineira e à Conjuração Baiana foi severa, mas a
uma tendência do governo punição não foi igual para todos os participantes. O que teria motivado punições diferentes?
metropolitano a punir os Consulte resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas.
pobres e poupar os ricos 120
(ou minimizar suas penas).

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
2. Copie o quadro a seguir no caderno e preencha as colunas com os principais aspectos
2. Movimento: Conjuração
da Conjuração Mineira e da Conjuração Baiana. Consulte resposta esperada e comentários
nas Orientações didáticas. Mineira; Participantes: maior
Movimento Participantes Ideias defendidas Desfecho parte composta de membros
Conjuração Mineira da elite mineira; Ideias defen-
Conjuração Baiana didas: independência de
Minas Gerais, proclamação
3. Leia os documentos a seguir e responda às questões propostas. de uma República, perdão
das dívidas, criação de uma
Documento 1: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
universidade, incentivo à
Art. 1o Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais
só podem ter como fundamento a utilidade comum.
manufatura local; Desfecho:
Art. 2o A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos o movimento fracassou, os
naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a prosperiedade, rebeldes foram presos e con-
a segurança e a resistência à opressão. denados ao degredo, e um
[…] deles, Tiradentes, condenado
Art. 4o A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo:
à morte.
assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão
Movimento: Conjuração
aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direi-
tos. Estes limites só podem ser determinados pela lei. […] Baiana; Participantes: reuniu
A DECLARAÇÃO de Direitos do Homem e do Cidadão. Embaixada da França no Brasil. [S. l.], 13 jan.
membros da elite e repre-
2017. Disponível em: https://br.ambafrance.org/A-Declaracao-dos-Direitos-do-Homem-e-do-Cidadao. sentantes das camadas mais
Acesso em: 12 maio 2022.
pobres; Ideias defendidas:
liberdade comercial, fim da
Documento 2: Aviso ao Povo Bahiense escravidão, independência
[…] Ó vós Homens cidadãos; ó vós Povos curvados, e abandonados pelo Rei, pelos da capitania, proclamação
seus despotismos, pelos seus Ministros.
da República, criação de
Ó vós Povo que nascestes para sereis livres e para gozares dos bons efeitos da
Liberdade, ó vós Povos que viveis flagelados com o pleno poder do indigno coroado, uma sociedade igualitária;
esse mesmo rei que vós criastes; esse mesmo rei tirano é quem se firma no trono Desfecho: o movimento fra-
para vos veixar, para vos roubar e para vos maltratar. cassou, 48 pessoas foram
Homens, o tempo é chegado para a vossa ressurreição, Despotismo: tirania, presas e sofreram penas
sim para ressuscitares do abismo da escravidão, para levan- sistema de governo diversas, e quatro delas foram
tares a sagrada Bandeira da Liberdade. com base em um poder
sem limites.
condenadas à morte.
[…] as nações do mundo todas têm seus olhos fixos na
Veixar: maltratar, 3. a) Os artigos 1o e 4o podem
França, a liberdade é agradável para todos; […] o dia da nossa
humilhar.
revolução, da nossa Liberdade e de nossa felicidade está para ser associados com a sen-
chegar, animai-vos que sereis felizes. […] tença: “Ó vós Povo que
PRIORE, Mary Del et al. Documentos de história do Brasil: de Cabral aos anos 90. nascestes para sereis livres
São Paulo: Scipione, 1997. p. 38.
e para gozares dos bons
a) Relacione as reivindicações feitas no panfleto dos revolucionários de Salvador com os artigos efeitos da Liberdade”. Já
da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Consulte resposta nas Orientações didáticas.
a influência do artigo 2o
b) As propostas defendidas no panfleto Aviso ao Povo Bahiense eram as mesmas defendidas
pelos membros da Conjuração Mineira? Explique a principal diferença entre elas. pode ser verificada na pas-
A ideia de se opor ao governo português é comum aos dois movimentos, mas, no panfleto, seus sagem: “[…] ó vós Povos
autores defendem o fim da escravidão, algo que os conjurados mineiros não propunham. 121 que viveis flagelados com
o pleno poder do indigno
coroado, esse mesmo
D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-CAP4-LA-G24.indd 121 01/08/22 11:52 rei que vós criastes; esse
mesmo rei tirano é quem
se firma no trono para vos
veixar, para vos roubar e
para vos maltratar”.

121

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A BNCC NESTA DUPLA
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CECH 2, 3 e 6: trabalhadas com os
estudantes ao retomarem os princi­ 4. O gráfico a seguir apresenta uma estimativa da produção de toneladas de ouro em
pais temas abordados ao longo do Minas Gerais durante o século XVIII. Analise-o com atenção e responda ao que se pede.
capítulo, especificamente no que diz
respeito à Conjuração Mineira, per­ Produção aproximada de ouro em Minas Gerais no século XVIII
mitindo articular relações entre o 4. c) Para poder pagar ao menos 1 470 quilos de ouro como imposto (20% do total

SONIA VAZ
Toneladas
presente e o passado. 12 produzido), a produção aurífera precisava ser de no mínimo 7 350 quilos. Pelo gráfico, o
• CEH: 1, 2, 3 e 6: abordadas com a último ano em que essa produção foi atingida havia sido em 1764, ou seja, 25 anos antes
turma à medida que os estudantes 10
da Conjuração Mineira. 10,26 10,05 9,63
9,31
problematizam conceitos importantes 9

sobre a Conjuração Mineira e anali­ 8 7,54 7,57


sam o conceito de liberdade. 6,94 6,94 6,94
6,5 6,5 6,47
6
• Habilidade EF08HI05: enfocada com 6
os estudantes ao caracterizar a Con­ 4,4
4,73
juração Mineira. 4
3,31 3,31 3,15

2 1,5
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS 0
Ano
05

10

15

20

25

29

34

39

44

49

54

59

64

69

74

79

84

89

94

99
A derrama foi instituída
17

17

17

17

17

17

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17

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17

17

17
4. b)
Fonte: FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS. O ouro das minas. Atlas Histórico do Brasil. [S. l.], c2016. Disponível em:
em 1751. Os dados não https://atlas.fgv.br/marcos/descoberta-do-ouro/mapas/graficos-producao-de-ouro-e-populacao-mineira-no-seculo-18.
mostram a produção de Acesso em: 20 jun. 2022.

1751, porém, em 1749 e a) Como você interpreta os dados referentes à produção aurífera nas Minas Gerais do século
1754, a produção havia XVIII? Espera-se que os estudantes respondam que, entre 1705 e 1739, a produção esteve em uma
crescente; porém, a partir de então, a produção foi diminuindo cada vez mais.
superado as 9 toneladas. b) Como se encontrava a produção aurífera na colônia portuguesa na época em que foi instituída
Considerando essa quanti- a derrama? Faça os cálculos e responda: naquela época, era possível pagar para a Coroa
portuguesa a quantidade mínima estipulada pela derrama? Consulte respostas nas
dade de ouro, os 20% de Orientações didáticas.
c) De acordo com o gráfico, a partir de que ano a produção de ouro não estava mais dando
imposto seriam por volta conta de pagar o mínimo de 100 arrobas de imposto?
de 1 800 quilos, acima do
5. Retome a imagem e as informações da seção Raio X, na página 114. Qual pergunta você
mínimo estabelecido pela
poderia fazer sobre aquele documento além das que estão listadas? E qual seria a resposta
Coroa portuguesa, que era para essa pergunta? Compartilhe com a turma a pergunta e a resposta que você elaborou.
de cerca de 1 470 quilos Respostas pessoais. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
6. Leia as alternativas a seguir sobre o fracasso da Conjuração Mineira e escolha a única
(100 arrobas). opção correta. Alternativa A.
5. A atividade possibilita apro- a) As autoridades portuguesas descobriram os planos dos conjurados após alguns membros do
fundar os conteúdos da movimento denunciarem as intenções do grupo em troca do perdão de suas dívidas.
seção Raio X, que apresenta b) Com a suspensão da derrama, os conjurados perderam força, e alguns de seus membros
métodos de pesquisa histó- abandonaram o movimento. Isso facilitou a prisão dos demais pelas autoridades.
c) O movimento fracassou após uma tentativa frustrada de iniciar uma revolta popular no início
rica, de forma autônoma pelos
de 1789. Como a derrama fora cancelada, a população não aderiu ao movimento.
estudantes. É importante
d) A Conjuração Mineira foi descoberta pelas autoridades após a prisão de alguns líderes, os
enfatizar que as perguntas quais foram torturados e acabaram confessando os planos do grupo.
não devem permitir respostas e) As autoridades iniciaram uma devassa em 1789, para averiguar os boatos de uma conspira-
simples, como sim ou não, ção. Com isso, descobriram os planos dos conjurados e prenderam os líderes.
mas demandar justificativas
bem construídas, usando a 122
argumentação.

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uma definição de liberdade com
a cooperação da turma.
Em seguida, problematize
VAMOS FALAR SOBRE… LIBERDADE a definição de liberdade pro-
posta pelos estudantes. Afinal,
GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA

seria essa definição a mesma que


um adulto daria nos dias de hoje?
Seria esse adulto um homem ou
uma mulher? A mesma de uma
pessoa que passa por dificulda-
des financeiras e de uma pessoa
que vive sem qualquer problema
desse tipo? Faça-os observar
que as concepções de determi-
nadas ideias e conceitos podem
variar de acordo com fatores
como a condição social, racial
Cartaz em
e de gênero. Portanto, variam
homenagem também ao longo da história,
aos mártires carregando os significados de
da Conjuração
Baiana. Salvador seu período.
(BA), 2016.
Atividade
A Conjuração Mineira e a Conjuração Baiana defendiam o princípio da liberdade. O sig-
1. É importante que reflitam que
nificado dessa liberdade variou nos dois movimentos, mas em ambos envolvia a criação de
nem todos os grupos sociais
um governo livre que poderia promover o bem dos cidadãos e garantir a construção de uma
sociedade mais justa. possuem as mesmas liberdades
Os conjurados mineiros defendiam a liberdade política de parte da América e o fim da opres- no presente, e há muitos con-
são colonial. Já no caso da Conjuração Baiana, a ideia de liberdade era mais ampla e radical. Como textos nos quais as liberdades
explicam as historiadoras Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel Starling na obra Brasil: uma são restritas. Reflexões como
biografia (2015, p. 150), “a Conjuração Baiana era radicalmente inovadora: propunha a inclusão essa devem propiciar à turma
de indivíduos desiguais em termos sociais e econômicos, com interesses opostos e, eventualmente, o questionamento de si e dos
muito distintos uns dos outros”. outros e, sobretudo, permitir
Assim, o movimento baiano defendeu a liberdade de todos, inclusive propondo o fim
que se identifiquem como
da escravidão. À parte as comparações, os dois movimentos foram importantes para a
história do Brasil porque ajudaram a incentivar a luta pela liberdade em outros períodos e
sujeitos de direitos. Ressalte
momentos históricos. que a luta pela liberdade é
condição essencial para o
1. Levando isso em consideração, leia as questões a seguir. Em dupla, discutam-nas e
apresentem, de forma oral, o resultado da conversa para o restante da turma. Ao final,
fortalecimento democrático
elaborem um texto sintetizando as ideias discutidas. de um país.
a) Em sua opinião, a busca pela liberdade era uma luta exclusiva do passado ou ainda é uma
luta importante em nossa sociedade? AMPLIAR HORIZONTES
b) Você acredita que todos vivem em liberdade no presente? Por quê?
• BUENO, Renata. O que é
c) Por que a luta pela liberdade é importante?
Respostas pessoais. A atividade oferece um ponto de partida para a discussão não apenas do conceito liberdade? São Paulo: Com­
de liberdade em si mas também de toda a sua abrangência: liberdade de ir e vir, liberdade de expressão, 123 panhia das Letrinhas, 2015.
liberdade individual e interesse coletivo, entre outros temas correlatos.
No diálogo entre um pássaro e
outros personagens, a questão
da liberdade e seu conceito são
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-104-123-U2-CAP4-LA-G24.indd 123 podem refletir também sobre a existência de
01/08/22 11:52
discutidos e propõem a reflexão
movimentos sociais que se organizam para do leitor.
Vamos falar sobre... Liberdade lutar pela liberdade de grupos e indivíduos,
A proposta da atividade é que os estudantes propondo transformações na forma como a
reflitam sobre a importância da luta por liber- sociedade está organizada.
dade no presente. Isso envolve não apenas Estimule a reflexão sobre o conceito de
liberdade política mas também liberdade de liberdade. Os estudantes devem sugerir defi-
expressão, de gênero, de escolhas e a luta por nições do conceito em frases, palavras e/ou
melhores condições de vida para todos ou de exemplos. Anote na lousa as sugestões e, após
proteção do meio ambiente. Os estudantes encerradas as proposições, elaborem juntos
123

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A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

5
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5 e 6. OS PROCESSOS DE INDEPENDÊNCIA
Habilidades
• EF08HI05 • EF08HI06 • EF08HI07
DA AMÉRICA ESPANHOLA E DA
• EF08HI08 • EF08HI09 • EF08HI11 AMÉRICA PORTUGUESA
• EF08HI12 • EF08HI13 • EF08HI14
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3 e 5: trabalhadas com • Analisar os processos de independência da América espanhola e da América
os estudantes ao estabelecerem uma portuguesa.
análise sobre o contexto abordado, • Reconhecer a importância dos ideais de liberdade no passado e no presente.
compreendendo as motivações de
grupos e indivíduos na crise do siste-
ma colonial e as noções de liberdade Um dos campeonatos de futebol mais importantes na América Latina é a Copa Libertadores
e de individualidades dos diferentes da América. A primeira edição dessa competição ocorreu em 1960 e reuniu times vitoriosos nos
grupos e indivíduos. campeonatos nacionais dos diversos países da América do Sul. Era uma forma de criar, por meio
• CEH: 1, 2 e 5: abordadas com a turma do esporte, um sentimento de unidade entre os países sul-americanos e promover aproximações
à medida que os estudantes constroem política e cultural da região. Não por acaso, o nome da competição faz referência direta aos liber-
­argumentos críticos sobre a crise na es- tadores do continente, aos indivíduos que lutaram contra as dominações espanhola e portuguesa
trutura política, social e econômica da e promoveram a independência e a formação de Estados autônomos na América.
colônia e compreendem os fatos histó- São diversos os libertadores homenageados pelo torneio: Simón Bolívar (1783-1830), Francisco
ricos à luz de diferentes interpretações de Miranda (1750-1816), San Martín (1778-1850), Bernardo O’Higgins (1778?-1842), Dom Pedro I
sobre o período. (1798-1834), José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838) e muitos outros.
• Habilidade EF08HI07: enfocada com A manutenção desses nomes na memória popular evidencia a importância das lutas pela
os estudantes ao contextualizar a crise independência e a forma como indivíduos e grupos se articularam para conquistar a autonomia
do sistema colonial e relacioná-la aos política durante o século XIX. Neste capítulo, estudaremos esse processo e como ele resultou na
processos de independências ocorridos formação de países independentes em quase todo o continente americano no início do século XIX.
no período.
Jogador do Club
NORBERTO DUARTE/AFP

Libertad, time de
PROCEDIMENTOS futebol paraguaio,
cobra pênalti em
DIDÁTICOS disputa da Copa
Libertadores da
Pergunte aos estudantes, se América, 2022.
eles fossem criar um clube, a
quem ou o que iriam homena-
gear. Se sabem a origem do nome Quando o clube des-
do clube de futebol para o qual portivo foi fundado, em
1905, o Paraguai passava
torcem, se torcem, e se já obser-
por um processo político
varam que nenhum dos principais inédito: o Partido Liberal
clubes brasileiros é nomeado em chegava ao poder e as
homenagem a pessoas. palavras “liberdade” e
Homenagear figuras históricas “democracia” ganhavam
as ruas.
em nomes de clubes de futebol é
muito comum nos demais países
124
sul-americanos. Nesse caso,
boa parte dos homenagea­dos
é de pessoas que lutaram nas
guerras de independência contra AMPLIAR HORIZONTES
D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 124 09/08/22 11:35

o governo da Espanha. São os


chamados libertadores. • ALVES, Thamar Kalil de Campos. Identidade(s) latino-americanas(s) no ensino de História: um estudo
em escolas de ensino médio de Belo Horizonte, MG, Brasil. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal
Cuide para que, ao final,
de Uberlândia, Uberlândia, 2011. Disponível em: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/13635/1/t.pdf.
os estudantes percebam que Acesso em: 16 ago. 2022.
o ponto central da reflexão é
A autora analisa a produção didática sobre a América Latina para o ensino brasileiro e discute a relevância
entender como a construção das desta produção na identidade latino-americana dos estudantes.
identidades pessoais e sociais
• ANTUNES, Celso. Sala de aula e futebol. São Paulo: Vozes, 2014.
estão relacionadas a memórias e
O livro relata experiências positivas do trabalho com futebol na sala de aula.
vínculos com gerações anteriores.
124

D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-C05-MPU-G24.indd 124 30/08/22 16:38


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A CRISE DO SISTEMA COLONIAL AMERICANO Ao avançar para o item A
crise do sistema colonial ame-
As últimas décadas do século XVIII foram marcadas por mudanças importantes nas rela-
ricano, recupere com a turma as
ções entre as colônias americanas e as metrópoles europeias. Foi uma época em que as ideias
iluministas surgidas na Europa se disseminaram entre setores da população colonial. As obras de
características do sistema colo-
autores como Rousseau (1712-1778), Voltaire (1694-1778) e Montesquieu (1689-1755) começaram nial, delineando o conjunto de
a circular em determinados grupos, e os desdobramentos das revoluções Americana e Francesa relações de dominação exclu-
tornaram-se objeto de discussão coletiva. siva e subordinação direta que
Na América espanhola, essas ideias se propagaram, principalmente, junto a jovens da elite envolvia as metrópoles euro-
criolla, como era chamada a população branca de ascendência europeia nascida na América. peias e as colônias americanas.
Esses jovens, ao retornarem para o continente americano após temporadas de estudos, traziam Um esquema na lousa repre-
consigo os ideais de liberdade e igualdade e passaram a questionar o sistema colonial, sobretudo
sentando as relações entre as
os altos impostos, a falta de liberdade comercial e a ausência de direitos políticos.
metrópoles e as colônias ajuda
O mesmo aconteceu na América portuguesa, onde, em alguns centros urbanos, como Vila
Rica, Salvador, Recife e Rio de Janeiro, o pensamento iluminista ganhou força junto a determinados a recuperar e esclarecer as bases
setores da sociedade. que sustentavam esse sistema.
Desse modo, em diversas Explicite que as elites criollas

EMILIANO RODRIGUEZ/ALAMY/FOTOARENA
regiões da América espanhola e buscaram por novas formas de
da América portuguesa, surgiram política nas ideias dos autores
movimentos anticoloniais que iluministas. Como na América
defendiam a emancipação polí- portuguesa, as ideias iluministas
tica. Foi assim, por exemplo, com
de liberdade e igualdade chega-
o levante de Tupac Amaru II no
Peru, ou com a Conjuração Mineira
vam às colônias da Espanha por
ou a Conjuração Baiana na colônia meio de indivíduos da elite local.
portuguesa, assuntos estudados Reitere que as ações de contes-
no capítulo anterior. Mas, até o tação dessas elites foram cruciais
início do século XIX, as autorida- para a formação dos movimen-
des metropolitanas conseguiram tos emancipatórios.
controlar essas revoltas e manter a Se necessário, relembre que
ordem colonial.
a palavra em espanhol criollo se
Elite criolla: camada social formada
refere aos sujeitos nascidos na
por membros de uma elite intelectual América espanhola, mas que
ou por filhos de funcionários da
Coroa ou de grandes proprietários
eram descendentes diretos de
de terra que haviam estudado na espanhóis. Assim, o termo não
Europa e entrado em contato com o se refere apenas a ricos e pro-
pensamento iluminista.
prietários de terras, apesar de
abrangê-los.
A Guerra de Independência do
México, Diego Rivera. Mural,
1929-1935. A obra representa a
luta pela independência no México
em 1810. O progresso do capitalis-
mo industrial, na segunda
125 metade do século XVIII, se
voltou contra todos os mono-
pólios, cujo desaparecimento
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 125 em substituição ao já decadente09/08/22
capita- 11:35 foi cada vez mais considerado
lismo comercial. [...] como condição indispensável
O desenvolvimento do capitalismo Só a partir de meados deste século ao seu desenvolvimento. [...]
industrial no século XIX [XX] é que se delineia um capitalismo VIANA, Sônia Bayão Rodrigues.
O antigo sistema colonial, baseado industrial, isto é, surge um capital in- A Fazenda de Santa Cruz e a
no pacto colonial, que representava o dustrial propriamente dito, autônomo e crise do sistema colonial (1790-
exclusivismo do comércio das colônias independente do comercial, dedicado ex- 1815). Revista de História, [s. l.],
clusivamente à produção manufatureira; v. 49, n. 99, p. 61-96, 1974.
para as respectivas metrópoles, estava
p. 62-63. Disponível em: http://
em declínio devido a uma profunda e desenvolveu-se em índices tão elevados www.revistas.usp.br/revhistoria/
irreversível transformação econômica: que assumiu cada vez mais o domínio da article/view/132579/128673.
o surgimento do capitalismo industrial economia europeia. [...] Acesso em: 26 jul. 2022.
125

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3 e 5: são trabalhadas com os
estudantes ao relacionarem as conse-
quências promovidas pela gestão de
As consequências de Napoleão na Península Ibérica
Napoleão às lutas empreendidas con- O início do século XIX na Europa foi marcado por diversos conflitos opondo a França, liderada
tra o domínio colonial espanhol. por Napoleão Bonaparte (1769-1821), à Inglaterra. A luta entre as duas potências se desdobrou
• CEH: 1, 2 e 5: são abordadas com a em diversas partes do continente, afetando inclusive a Península Ibérica. O território espanhol
turma à medida que constroem ar- foi ocupado pelas forças de Napoleão, e o rei da Espanha, Fernando VII, foi preso e retirado do
gumentos críticos sobre as ações poder, em 1808. O governante português, por sua vez, o príncipe regente D. João, decidiu sair
empreendidas por diferentes grupos de Portugal e buscar refúgio em sua colônia americana no final de 1807.
e indivíduos em reação ao domínio co- Esses acontecimentos tiveram consequências imediatas nos territórios coloniais. Os governos
lonial espanhol. metropolitanos se enfraqueceram, o que incentivou uma nova onda de revoltas contra o domínio
• Habilidades EF08HI06 e EF08HI08: colonial. Por causa dos conflitos europeus, as tropas espanholas encontraram mais dificuldade
são enfocadas com os estudantes ao para se organizar e combater as revoltas em suas colônias. Em pouco tempo, isso provocou uma
abordar o território colonial e suas grande crise no funcionamento do sistema colonial americano.
principais características e apresen-
MUSEU NACIONAL DO PALÁCIO DE VERSALHES E TRIANON, VERSALHES, FRANÇA

tar os principais grupos e indivíduos


envolvidos na luta contra o domínio
colonial

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Alguns estudantes podem
ter dificuldade de relacionar os
acontecimentos da Europa com
a crise política na América. Para
que isso se torne mais compre-
ensível, utilize um mapa-múndi
ou faça um mapa simplificado da
Europa na lousa. Depois, desta- Marechal Jean
que nele as invasões promovidas de Dieu Soult no
centro do Porto,
por Napoleão nos territórios de Joseph Beaume.
Espanha e de Portugal. Óleo sobre tela,
Mostre, então, as colônias 1,35 m x 1,07 m,
1840.
americanas, indicando à turma
algumas consequências da A obra representa a
guerra europeia: a América por- ação de tropas france-
tuguesa recebeu toda a Corte de sas na cidade do Porto,
em Portugal, durante
Portugal em 1808, enquanto a as chamadas Guerras
América espanhola iniciava um Peninsulares (1807-
processo de independência. Esse 1814), em que a França
buscou o domínio da
exercício ajudará a compreen- Península Ibérica.
der as relações existentes entre
os acontecimentos. 126

AMPLIAR HORIZONTES
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• SCHWARCZ, Lilia Moritz; SPACCA. D. João carioca: a corte portuguesa chega ao Brasil (1808-1821). São
Paulo: Companhia das Letras, 2007.
Livro de história em quadrinhos no qual a historiadora Lilia Moritz Schwarcz e o quadrinista Spacca criaram o
universo da vinda da família real para o Brasil e seus primeiros dias no Rio de Janeiro.
• VERGUEIRO, Waldomiro; RAMA, Angela (org.). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de
aula. São Paulo: Contexto, 2004. (Como usar em sala de aula).
Os autores discutem formas de uso das histórias em quadrinhos em sala de aula com exemplos práticos e mui-
tas sugestões de atividades.

126

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A LUTA CONTRA O DOMÍNIO ESPANHOL Ao discutir o item A luta
contra o domínio espanhol,
Na América espanhola, os movimentos de contestação contra a metrópole ganharam mais
explique que, antes da indepen-
força a partir de 1807, quando tropas do imperador francês Napoleão Bonaparte invadiram a
Espanha, depuseram o rei espanhol e concederam o governo do país ao irmão de Napoleão, José
dência, a América espanhola
Bonaparte, em junho de 1808. era formada por quatro vice-
Os reflexos dessa ação foram imediatos em terras americanas: em diversas regiões, os criollos -reinados: o do Rio da Prata,
destituíram as autoridades nomeadas pelo governo espanhol e assumiram o poder. Eles argumen- do Peru, de Nova Granada e da
tavam que, em virtude da ausência do rei, os povos dominados deveriam assumir a soberania de Nova Espanha. Em seguida, peça
seus territórios. aos estudantes que observem o
Em 1810, ao mesmo tempo que a Espanha se via envolvida em uma guerra contra a França na mapa América pós-indepen-
tentativa de retomar sua independência, começaram a irromper revoltas emancipacionistas
dências (século XIX) e levantem
na América. Foi assim, por exemplo, no México (na época, pertencente ao Vice-Reino da Nova
hipóteses sobre os motivos que
Espanha), na região dos atuais Paraguai e Argentina (pertencentes ao Vice-Reino do Prata), no
Chile (pertencente à Capitania-Geral do Chile), entre outros lugares. teriam levado à fragmentação do
Em 1811, a região território em tantos países. As
América pós-independências (século XIX)
do atual Paraguai foi contribuições podem ser registra-

ALLMAPS
60° O

a primeira a declarar a das na lousa ou em um caderno


independência. Em 1816, Trópic REPÚBLICA
e retomadas mais adiante.
o de Câ
ncer DOMINICANA
foi a vez da Argentina. MÉXICO
CUBA
(1898)
(1865) PORTO RICO

Dois anos depois, o


(1821)

OCEANO
Jamaica
Honduras Britânicas
HAITI
(1804)
(1898)
Atividade
Mar das Antilhas
ATLÂNTICO
HONDURAS
Chile se emancipou e foi GUATEMALA (1838) (1838)
NICARÁGUA
EL SALVADOR (1838) (1838)
1. O objetivo desta atividade é
seguido por Colômbia, COSTA RICA
(1838) VENEZUELA

Peru, México, Guatemala,


(1830) Guiana Britânica

Suriname
mostrar aos estudantes um
COLÔMBIA

El Salvador, Honduras, Equador


0° EQUADOR
(1811) Guiana Francesa
exemplo de permanência
(1830)
Nicarágua, Costa Rica, histórica, uma vez que algumas
Bolívia, Uruguai, Equador grandes potências ainda
e Venezuela. Em meados OCEANO PERU

PACÍFICO
(1821)
BRASIL
(1822)
mantêm sob seu domínio
da década de 1840, BOLÍVIA
(1825) territórios conquistados. A
apenas Cuba permanecia PARAGUAI
(1811)
França domina 16 territórios,
como colônia espanhola
o Reino Unido, 15; Estados
na América. nio
eC
apr
icó
r
URUGUAI
(1828)
Unidos, 14. A lista completa
od
pic
Tró CHILE
(1818)
ARGENTINA
(1816) (em inglês) pode ser observada
(1822) Ano da independência do país
Área do norte brasileiro em disputa
neste link: https://www.
para demarcação de fronteira
Domínio britânico
info p l ea s e.co m / wo r l d /
Domínio holandês Ilhas Malvinas
0 835
countries/territories-colonies-
Domínio francês
km and-dependencies; acesso em:
Fonte: VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e Brasil. São Paulo: Scipione,
2011. p. 127.
16 ago. 2022.

1. Atualmente, ainda existem territórios coloniais controlados por potências políticas e


econômicas em algumas regiões do planeta. Pesquise na internet sobre esses territórios
e compartilhe as informações que descobrir em uma roda de conversa com os colegas.
Consulte comentários nas Orientações didáticas.
127

Texto complementar
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A importância da Constituição de Cádiz para o contexto de independências


A Espanha fora invadida por um exército estrangeiro e seu povo estava enredado em uma dupla resistência. Com-
batia, pelas armas, e por todo o território – e, em certa medida, com ajuda britânica –, os soldados inimigos.
O combate de ideias, que tinha lugar em uma cidade sitiada – Cádiz –, visava a elaborar um documento autóctone que
fizesse frente à imposição napoleônica [...] que pretendia subjugar o povo espanhol à autoridade do imperador francês.
A Constituição de Cádiz nasceu, assim, do desejo do povo espanhol de manter sua soberania. De não se subme-
ter, nunca mais, à direção de nenhuma outra autoridade, nem monárquica, nem republicana. [...]
BEZERRA, Helga Maria Saboia. A Constituição de Cádiz de 1812. Revista de Informação Legislativa, Brasília, DF, ano 50, n. 198, p. 89-112,
abr./jun. 2013. p. 91. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/50/198/ril_v50_n198_p89.pdf. Acesso em: 16 ago. 2022.
127

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3 e 7: trabalhadas com os
estudantes ao estabelecerem uma
análise sobre os principais indivíduos
O panteão dos heróis
à frente das lutas coloniais, a partir Muitos anos depois das guerras pela independência, o governo da Venezuela encomendou
do trabalho com documentos visuais. ao artista Arturo Michelena (1863-1898) um quadro para celebrar a independência do país.
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5 e 6: abordadas com O artista começou a produzir a obra, mas faleceu antes de finalizá-la. Mesmo inconclusa, a
a turma à medida que compreendem obra ajuda a refletir sobre o processo que culminou na formação dos países latino-americanos.
a importância das ações anticoloniais Analise-a com atenção.
empreendidas pelos grupos e indiví-
duos apresentados. IMAGEM CONDUTORA

MUSEO ARTURO MICHELENA, CARACAS, VENEZUELA


Entre os antigos gregos
• Habilidades EF08HI08 e EF08HI11: en-
e romanos, panteão era
focadas com os estudantes na análise
um templo dedicado aos
da relevância dos indivíduos no pro- deuses. Mas, nesse caso,
cesso de luta anticolonial no período é um monumento cons-
estudado. truído para abrigar os
restos mortais de figuras
ilustres consideradas heróis
PROCEDIMENTOS nacionais.
DIDÁTICOS
Oriente a turma a analisar o
quadro O panteão dos heróis.
Auxilie-os a perceber os ele-
mentos presentes no primeiro
e segundo planos da imagem
e, em seguida, pergunte-lhes o
que acharam e o que entende-
ram do quadro. As informações O panteão dos heróis, Arturo Michelena. Óleo sobre tela,
135 cm x 168 cm, 1898.
que constam na página poderão
contribuir como contextualiza- A obra se chama O panteão dos heróis. Em grego, panteão
ção da obra. Você pode propor designa o conjunto de deuses. Com o tempo, a palavra passou a significar
uma leitura coletiva, solicitando também mausoléu (túmulo imponente), onde se encontram depositados
os restos mortais de pessoas notáveis. Se o quadro tem esse
que cada parágrafo do texto seja

MUSEO ARTURO MICHELENA, CARACAS, VENEZUELA


título, quem são os heróis a que se refere o artista?
lido em voz alta e resumido por
No quadro, está representada uma grande quantidade
um aluno diferente. de pessoas. Há um religioso, pessoas em trajes civis, mas a
Na sequência, peça aos estu- maior parte são homens em trajes militares. Esses homens
dantes que observem novamente representam diversos chefes militares que enfrentaram as
a obra e ajude-os a identificar tropas espanholas nas lutas pela independência da América.
e diferenciar na pintura, pelos Apoiado no pedestal da estátua está José Antonio Páez (1790-
trajes, os personagens religiosos, 1873), que, posteriormente, seria presidente da Venezuela.
os civis e os militares. Desafie-os,
então, a responder à pergunta José Antonio Páez, futuro presidente da
Venezuela, encostado no pedestal da estátua.
presente no texto: quem são Detalhe da obra O panteão dos heróis.
esses heróis a que se refere o
artista? Depois, peça-lhes que 128
levantem hipóteses sobre a
razão de o pintor colocar essas
personagens históricos em sua D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 128 09/08/22 11:35

obra. Se achar necessário, anote


na lousa as respostas obtidas.

128

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O exército de libertação O historiador e crítico de arte
Os militares, tratados como heróis por Michelena, integraram o chamado exército de liber- John Berger faz uma constata-
tação na luta contra os soldados espanhóis. ção que não somente é simples,
A força desse exército foi representada na pintura como a estátua de uma amazona montada mas também óbvia: “O olhar
em um cavalo. A amazona tem aos pés um leão caído, que ela apunhala com um golpe de lança. chega antes da palavra” (Modos
O leão era o símbolo da Espanha; portanto, a imagem de um leão ferido, à beira da morte, procura de ver, 1972). Antes de apren-
representar justamente o fim do domínio espanhol sobre a América. der a falar, os seres humanos se
A própria nação encontra-se representada no quadro por meio da figura de uma mulher, em comunicam pela visão. Por isso, a
primeiro plano, que carrega, junto ao peito, a bandeira da Venezuela.
educação do olhar é tão impor-
Outro aspecto que chama a atenção

MUSEO ARTURO MICHELENA, CARACAS, VENEZUELA


IC tante no processo pedagógico.
nessa pintura é o fato de um dos militares
ter sido representado com o barrete frígio na Para exercitá-la, peça aos estu-
cabeça, que, na Antiguidade, era concedido dantes que observem os detalhes
ao grego escravizado que se tornava livre. da imagem de Arturo Michelena
Ou seja, era um símbolo explícito da liber- reproduzidos no item Exército
dade. Posteriormente, o barrete passou a ser de libertação e reflitam sobre
associado aos sans-culotte, que estudamos seu significado. Espera-se que
no capítulo 3, e acabou se tornando um dos
notem a amazona montada em
símbolos da República Francesa.
um cavalo, o leão e os militares, e
Assim, a presença do barrete frígio nessa
pintura não só reforça os ideais de liberdade elaborem hipóteses para a com-
que mobilizaram os exércitos de libertação posição considerando o contexto
como também lembra o fato de que a em que a obra foi produzida.
MUSEO ARTURO MICHELENA, CARACAS, VENEZUELA

Venezuela, ao conquistar a independência, Ao desenvolver as informa-


tornou-se um país republicano. ções do texto, relembre à turma
A exemplo da Venezuela, os demais que até hoje a representação do
países americanos que se emanciparam da leão faz parte da bandeira espa-
Espanha também adotaram a república como Militar usa o
barrete frígio nhola, numa referência ao reino
forma de governo. É importante destacar
ainda que, após a independência, grande
(símbolo de Leão, um dos reinos que deu
republicano). origem à Espanha atual. Se con-
parte dos países aboliu a Detalhe de O
escravidão e a divisão da panteão dos siderar válido, exiba a bandeira
MUSEO ARTURO MICHELENA, CARACAS, VENEZUELA

sociedade por castas. heróis. da Espanha para que os estudan-


tes confiram essa informação.
MUSEO ARTURO MICHELENA, CARACAS, VENEZUELA

Verifique também se lembram


A escultura da amazona Nação do que significa uma sociedade
matando o leão é uma venezuelana, dividida por castas. Caso neces-
alegoria dos soldados representada
sul-americanos por mulher
sário, explique que castas são
que puseram fim à que segura divisões hereditárias que existem
dominação espanhola a bandeira. em alguns países, como a Índia,
no continente. Detalhe Detalhe de O
do quadro O panteão panteão dos onde o status social é transmi-
dos heróis. heróis. tido de pais para filhos.

129

AMPLIAR HORIZONTES
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• VASCONCELLOS, Camilo de Mello. As representações das lutas de independência no México na ótica do muralismo: Diego Rivera e Juan O’Gorman.
Revista de História, São Paulo, n. 152, p. 283-304, 2005. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/viewFile/19013/21076.
Acesso: 26 jul. 2022.
Uma das maiores expressões da arte mexicana é a pintura muralista, estilo que nasceu por volta de 1920 e até hoje desperta interesse e admiração no
mundo inteiro. Um dos seus principais expoentes foi Diego Rivera. Na obra La Guerra de la Independencia de México (1810), o artista, juntamente
com Juan O’Gorman, cria uma representação da independência do país, ressaltando, entre outros elementos, a realidade mestiça e a presença indígena na
região. O artigo do professor Camilo de Mello Vasconcellos pode auxiliar na preparação de aula especial que aborde a independência mexicana pela óti-
ca da arte muralista.

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 6: são trabalhadas com os
estudantes ao estabelecerem uma análise
sobre o contexto abordado, compreen-
Simón Bolívar e o pan-americanismo
dendo as ações de um dos principais Nascido em uma família aristocrática de Caracas, Simón Bolívar aparece em posição de
líderes anticoloniais e o conceito de pan- destaque porque é considerado um dos principais responsáveis pela organização das lutas pela
-americanismo, e também ao analisar a independência da América espanhola, tendo liderado o processo de independência de diferentes
participação de diferentes grupos sociais nações, como Bolívia, Equador, Colômbia, Panamá, Peru e Venezuela, de onde foi presidente por
nas lutas pela independência. mais de dez anos.
• CEH: 1, 2, 3 e 5: são abordadas com a Bolívar tinha um projeto político de unidade latino-americana, amparado nas raízes
turma à medida que constroem argu- culturais e nos interesses em comum da população que vivia no continente. Para ele, depois
mentos críticos sobre o papel de grupos das lutas emancipacionistas, os povos da América deveriam se unir como forma de se livrar
marginalizados na sociedade colonial e dos resquícios do domínio colonial no continente e, juntos, terem força no jogo das relações
as movimentações estabelecidas em re- internacionais da época.
lação às demandas sociais e políticas. Esse projeto ficou conhecido como

MUSEO ARTURO MICHELENA, CARACAS, VENEZUELA


• Habilidades EF08HI06, EF08HI08, IC
pan-americanismo, um movimento que
EF08HI09, EF08HI11: são enfocadas tinha como objetivo unificar os territórios da
com os estudantes ao compreenderem América espanhola sob uma única liderança.
noções de Estado/governo/país e iden- Porém, ele não se transformou em realidade.
tificarem as ações dos principais líderes
Os povos dominados pela Espanha se orga-
anticoloniais e os grupos e indivíduos
nizaram, de acordo com suas identidades
envolvidos com o pan-americanismo.
políticas e culturais, em torno de diferentes
países, cada qual com seu próprio governo
PROCEDIMENTOS e com sua própria organização de Estado.
DIDÁTICOS Apesar disso, em 1826, Bolívar e seus
aliados organizaram um congresso no
Peça aos estudantes que obser- Panamá para aproximar os países da América
vem e descrevam como Simón Latina. As elites criollas, temendo perder o

MUSEO ARTURO MICHELENA, CARACAS, VENEZUELA


Bolívar foi representado em O controle de muitas regiões, opuseram-se e
panteão dos heróis. Destaque inviabilizaram o projeto.
os modelos e cores das roupas, o
País: região geográfica considerada o território
objeto que ele segura nas mãos, físico de um Estado.
para onde ele olha. Em seguida, Governo: conjunto de pessoas que exercem o
peça-lhes que levantem uma poder político e determinam a orientação política
de uma sociedade.
hipótese sobre o porquê de ele Estado: setor administrativo de um país, ou
estar no centro da imagem. seja, o conjunto de instituições que controlam e
administram um país.
A absorção de um conceito
pelo estudante nem sempre é
Simón Bolívar
realizada imediatamente, prin- sentado em
cipalmente quando tratamos de trono aos pés da
estátua de Nike,
categorias como país, Estado e deusa grega
governo, que exigem uma capa- que simboliza a
cidade maior de abstração. Para vitória. Detalhe do
quadro O panteão
ajudar nesse processo, sempre dos heróis.
que possível reforce as carac-
terísticas e as diferenças entre 130
esses conceitos.

AMPLIAR HORIZONTES D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 130 Texto complementar 09/08/22 11:36

• BUENO, Clodoaldo. Pan-ame­ricanismo e projetos de integração: temas recorrentes na história das Os variados papéis das mulheres na
relações hemisféricas (1826-2003). In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 27., 2003, Caxambu. luta por independência
Anais [...]. Caxambu: Anpocs, 2003. Disponível em: https://www.anpocs.com/index.php/papers- [...] a participação política das mulhe-
27-encontro-2/gt-24/gt21-18/4287-cbueno-pan-americanismo/file. Acesso em: 26 jul. 2022. res durante as lutas pela independência
O autor refaz o percurso do projeto sonhado por Bolívar para analisar temas comuns às na- precisa ser levada em consideração, pois
ções do continente americano. sua presença e comportamento estão mui-
to além do que a historiografia até hoje
apontou. O número de mulheres em toda
a América Latina que pegou em armas é
130

D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-C05-MPU-G24.indd 130 30/08/22 16:38


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Negros, indígenas e mulheres Informe à turma que mulhe-
Confira novamente a pintura de Arturo Michelena e perceba que não há negros nem indíge- res, negros, mestiços e indígenas,
nas representados na obra. Não os retratar significa representar a luta pela independência como participaram ativamente do pro-
um movimento exclusivo das elites brancas. cesso de independência. Oriente
De fato, as guerras pela independência iniciadas nas regiões de Caracas (sob a liderança de os estudantes a retornar à
Bolívar) e de Buenos Aires (lideradas por José de San Martín) foram movimentos protagonizados pintura de Arturo Michelena,
pelos criollos, ou seja, representantes das camadas altas da sociedade colonial, como donos de na página 128, e observar a
terras e comerciantes. Porém, esses movimentos se espalharam junto a outros grupos sociais, e, ausência desses grupos sociais na
ao longo do continente, negros, indígenas, mestiços e camponeses tiveram grande participação
representação do artista. Então,
nas batalhas travadas, o que foi deixado de lado na obra do artista.
Durante o período colonial, as populações negras e indígenas sofreram um processo de exclusão
peça-lhes que levantem hipó-
nos territórios coloniais. As práticas escravistas e a exploração compulsória do trabalho indígena teses sobre as possíveis razões
resultaram em diversas formas de violência e limitaram a participação desses grupos em espaços para não terem sido represen-
de decisão política. Com o processo de independência, essa situação pouco mudou, e indígenas e tados na obra. Conduza a uma
negros tiveram seus direitos de cidadania negados na quase totalidade dos novos Estados. reflexão sobre a possível intenção
Na região do México, o movimento emancipacionista começou justamente entre os repre- do autor de deixar registrada na
sentantes das camadas mais baixas da população. Ali, negros, camponeses, indígenas, mestiços e memória social apenas a partici-
mulheres, sob a liderança de religiosos como o padre Miguel Hidalgo e José Maria Morelos, pro-
pação da elite criolla, ressaltando
tagonizaram as lutas contra a dominação espanhola. Apesar dessa grande participação popular,
assim seu papel nos rumos da
quando o México se tornou independente, em 1821, o país ficou sob o controle de um líder criollo.
Venezuela.
FALKENSTEIN/BILDAGENTUR-ONLINE HISTORICAL COLLECT./ALAMY/FOTOARENA

AMPLIAR HORIZONTES
• BOURDIEU, Pierre. A domina-
ção masculina. Tradução de:
Maria Helena Kühner. Rio de Ja-
neiro: Bertrand Brasil, 2003.
Nesse clássico das ciências sociais,
o autor demonstra a existência de
uma exploração subconsciente dos
espaços femininos pelos homens e
a naturalização de fenômenos que
Reprodução de nota de 5 pesos mexicanos com a imagem da criolla Josefa Ortiz de Domínguez são construções sociais.
(1768-1829), a Corregedora, considerada heroína da emancipação do México.
• LOURO, Guacira Lopes. Mulheres
FICA A DICA na sala de aula. In: DEL PRIORI,
Mary (org.). História das mu-
• Mitos, contos e lendas da América Latina e do Caribe, de Ruth Guimarães e outros. São lheres no Brasil. São Paulo:
Paulo: Melhoramentos, 2008. Contexto, 1997. p. 443-481.
A diversidade da América Latina está presente nessa coletânea de narrativas populares latino-
Nesse capítulo de obra coletiva, a
-americanas. São narrativas anônimas, passadas de forma oral ao longo de gerações e que fazem
autora apresenta maneiras e es-
parte do patrimônio cultural da América Latina.
tratégias de lidar com o tema das
mulheres em sala de aula, trazen-
131 do luz à figura feminina nas aulas
de História.

D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24-AV3.indd 131 surpreendente; mas a maneira mais usual de atuar foi através de uma rede16/08/22
de 10:18
co-
nhecimentos e lealdades – que incluíram os empregados domésticos das pessoas
mais ricas – em que se passavam informações, espalhavam notícias, escondiam fu-
gitivos [...]. Enfim, uma teia em que as mulheres tiveram um papel fundamental,
arriscando-se e sendo muitas vezes perseguidas e punidas com a prisão ou a morte.
PRADO, Maria Lígia Coelho. Em busca da participação das mulheres na luta pela independência
política da América Latina. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 12, n. 23/24, 77-90,
set. 1991/ago. 1992. p. 88-89. Disponível em: https://www.anpuh.org/arquivo/download?ID_
ARQUIVO=3713. Acesso em: 16 ago. 2022.

131

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3, 5 e 7: trabalhadas na com-
preensão da atuação das mulheres no
A participação feminina
processo de lutas anticoloniais; dis-
cutir seus espaços de participação no A pintura de Arturo Michelena também não evidencia a importante participação feminina,
tempo e no espaço; identificar a repre- observada nas guerras desse período. No quadro, foram representadas apenas duas mulheres.
sentação dos caudilhos no contexto Uma delas – a que aparece carregando a bandeira – tem, como já estudamos, um caráter pra-
abordado; e utilizar linguagens dis- ticamente simbólico, pois representa um país que está se formando. A segunda mulher não foi
tintas nessas análises. representada de forma heroica ou guerreira, mas como uma figura que acompanha os homens,
• CEH: 1, 2, 5 e 6: abordadas no estudo os verdadeiros heróis na concepção de Michelena.
das relações de poder que ancoram os Nas guerras de independência, as
IC

MUSEO ARTURO MICHELENA, CARACAS, VENEZUELA


processos de transformação/manuten- mulheres foram enfermeiras, cozinheiras,
ção de estruturas sociais; na construção mensageiras, espiãs, entre outras. Policarpa
de argumentos críticos sobre a im- Salavarrieta, por exemplo, do Vice-Reino de
portância do papel das mulheres no Nova Granada (atual Colômbia), frequentava
período abordado; na discussão da as casas de família de posses, onde traba-
produção historiográfica; e na com- lhava como costureira. Ali, ouvia as conversas
preensão do conceito de caudilhismo. a respeito dos planos dos governos e levava
• Habilidades EF08HI06, EF08HI08, essas informações para as tropas rebeldes.
EF08HI11, EF08HI13: enfocadas com os Descoberta, foi condenada à morte por
estudantes ao explicar as motivações e fuzilamento.
ações dos principais grupos e indivíduos
Outras empunharam armas e partiram
envolvidos nas lutas anticoloniais.
para os campos de batalha. Foi o caso de
Juana Azurduy de Padilha, de Sucre, na
PROCEDIMENTOS Bolívia, que formou um grupo de guerrilhei-
ros e chegou a participar de mais de duas
DIDÁTICOS

MUSEO ARTURO MICHELENA, CARACAS, VENEZUELA


dezenas de batalhas contra os espanhóis.
Oriente a leitura dos parágra- Portanto, note que, ao analisar uma Apesar do
fos que tratam da espiã Policarpa imagem (e qualquer outro documento), pre- papel de grande
Salavarrieta e da guerrilheira cisamos também ficar atentos às ausências importância para
nas representações. a emancipação
Juana Azurduy de Padilha, valo- da Venezuela,
rizando a participação dessas A obra de Arturo Michelena represen- a mulher foi
tou a independência como uma luta apenas representada na
mulheres.
dos homens brancos. Essa imagem se tornou pintura apenas
Aproveite para explicar que, como “companhia
muito forte ao longo do tempo. Porém, isso
apesar de muitas vezes não apa- está longe de ser a realidade. Como estu-
masculina”.
Detalhe de O
recerem na documentação e damos, muitas mulheres participaram dessas panteão dos
obras historiográficas, os his- lutas, mas nem sempre são lembradas. heróis.
toriadores do presente têm
desenvolvido diversos estudos
sobre a perspectiva do lugar
social da mulher. 1. Converse com os colegas a respeito das questões a seguir.
Para encerrar o tópico, orga- a) Por que é importante recuperar a história das mulheres que lutaram na independência da
América e em outros processos históricos?
nize uma roda de conversa sobre
b) Que medidas podem ser tomadas para modificar essa situação e valorizar figuras femininas
a representação das mulheres e outros grupos excluídos das narrativas históricas tradicionais?
na história. Estimule reflexões Respostas pessoais. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
sobre o porquê de haver uma 132
sub-representação feminina em
documentos oficiais, obras de
arte, livros de história. Peça aos Atividade
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estudantes também que reflitam 1. a) Guie o debate para que os estudantes b) O primeiro passo para mudar essa reali-
sobre as seguintes questões: será compreendam que estudar as popula- dade é conhecer a história das mulheres
que as mulheres de hoje estarão ções pobres, negros, indígenas, mestiços e demais grupos excluídos. A partir daí,
bem representadas na história? e mulheres no passado é importante, pois podem ser criadas várias estratégias, como
O que é preciso fazer para que são grupos que compõem a sociedade e criação de cartazes sobre essas pessoas
isso aconteça? precisam estar representados. A história ou grupos, divulgação por meio de redes
não pode ser exclusiva dos grupos domi- sociais, elaboração de textos visando alcan-
nantes social e financeiramente. çar o grande público etc.

132

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O poder dos caudilhos Na página 133, em O poder
Apesar da participação dos diversos setores da sociedade, os benefícios da independência não dos caudilhos, há um texto de
foram distribuídos igualitariamente entre eles. Os principais privilegiados foram os criollos, que, a Norberto Bobbio que define, de
partir daquele momento, ocuparam o lugar dos peninsulares como o grupo politicamente dominante. forma introdutória, a ideia de
Com o fim das guerras, os criollos assumiram o controle político dos novos Estados e usaram caudilhismo. Converse com a
esse controle para fortalecer ainda mais seu poderio econômico e submeter o restante da popu- turma sobre o fenômeno do for-
lação aos seus interesses. Tornaram-se senhores de exércitos particulares, perseguiam opositores talecimento de heróis locais após
políticos e reprimiam a população mais pobre. Esse tipo de liderança política e econômica ficou uma guerra ou uma batalha. Isso
conhecida como caudilhismo.
aconteceu na América Latina,
após as guerras de independên-
Com o termo Caudilhismo nos referimos ao regime imperante na maior parte dos
países da América espanhola, no período que vai dos primeiros anos da consolidação cia, e no Brasil, após a Guerra
definitiva da Independência, em torno de 1820, até 1860, quando se concretizaram do Paraguai. Muitos heróis de
as aspirações de unificação nacional. O termo, de origem espanhola, é o adotado no guerra mobilizaram a popula-
uso corrente e científico, em referência a esse fenômeno. ção de suas vilas e cidades e se
O Caudilhismo é caracterizado pela divisão do poder entre chefes de tendência tornaram lideranças políticas e
local: os caudilhos. Estes líderes, geralmente de origem militar, oriundos, em sua
militares.
grande maioria, da desmobilização dos exércitos que combateram nas guerras de
independência, de 1810 em diante.
BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. Brasília, DF:
Universidade de Brasília, 1998. p. 156.

A reforma agrária, que fazia parte das propostas de muitos revolucionários, não foi efetivada,
e os latifúndios continuaram intocáveis. Muitas propriedades aumentaram de tamanho depois de
seus proprietários se apoderarem de terras comunais, ocupadas anteriormente pelos indígenas.
MUSEU JUAN MANUEL BLANES, MONTEVIDÉU, URUGUAI

Juramento dos trinta e três orientais, Juan Manuel Blanes. Óleo sobre tela, 564 cm x 311 cm,
final do século XIX. Representação do caudilho Juan Antonio Lavalleja (1784-1853), que foi um
dos líderes da Guerra da Cisplatina e tinha grande força política e econômica no Uruguai.

133

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 133 sentido, por meio das atividades propostas,
09/08/22 11:36 Busque guiar a conversa de
buscamos convidar o estudante a repensar modo que eles compreendam
Conversar sobre o papel da mulher o papel da mulher e outros grupos excluí- que estudar a história das popu-
na História dos na História e a levantar possibilidades lações pobres, negros, indígenas,
Como você pode perceber, o conteúdo de solução desse problema. mestiços e mulheres no passado
das páginas 131 e 132 trata colateralmente Para trabalhar as atividades com a turma, é importante, pois são grupos
da necessidade de refletir sobre o papel das divida-a em grupos de 3 ou 4 integrantes. Em que compõem a maioria da
mulheres na independência da América e seguida, leia com eles as duas perguntas da sociedade brasileira e precisam
de elaborar ações para evidenciar o papel página 132 e peça-lhes que elaborem e leiam estar contemplados.
dessas mulheres nos estudos históricos. Nesse as respostas em voz alta para toda a turma.
133

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3, 5 e 7: trabalhadas com os
estudantes ao estabelecerem uma aná-
lise sobre o impacto da vinda da Corte NA AMÉRICA PORTUGUESA
portuguesa para o Rio de Janeiro; e Os ideais de emancipação também chegaram à América portuguesa; porém, diferentemente
compreenderem as principais caracte- do que aconteceu na América espanhola, o processo de independência não ocorreu por meio de
rísticas da administração joanina. guerras contra a dominação metropolitana. No território português, houve um gradual afrouxa-
• CEH: 1, 2 e 5: abordadas no estudo mento dos laços coloniais e uma costura de acordos entre as elites brasileiras.
das transformações na colônia decor- No final de 1807, D. João, príncipe regente de Portugal, membros da família real portuguesa e
rentes da chegada e da instalação da da corte lusa transferiram-se para o Brasil fugindo das tropas napoleônicas que invadiram Portugal.
Corte portuguesa no Rio de Janeiro. Ao desembarcar na colônia, uma das primeiras medidas do príncipe regente foi decretar a abertura
• Habilidades EF08HI05, EF08HI06, dos portos do Brasil às nações amigas.
EF08HI08, EF08HI12 e EF08HI14: Com essa medida, a família real e sua corte poderiam ter acesso a artigos de luxo vindos
enfocadas na explicação e caracteri- do exterior, preservando o padrão de vida com o qual estavam acostumados na Europa. Ao
zação da organização política e social
mesmo tempo, a medida beneficiava os ingleses, pois as taxas alfandegárias cobradas sobre
da América portuguesa; e na identifi-
os produtos trazidos por navios vindos do Reino Unido eram menores do que aquelas cobradas
cação das revoltas do período.
sobre produtos trazidos por navios de outras nações.
Essa medida colocava fim ao chamado pacto colonial, implantado desde os primeiros tempos
PROCEDIMENTOS coloniais e que tinha por objetivo garantir aos portugueses o monopólio comercial do Brasil.
DIDÁTICOS Ainda em 1808, o governo fundou, no Rio de Janeiro, o Banco do Brasil, que passou a emitir
papel-moeda e a liberar créditos, e autorizou a criação de indústrias manufatureiras, algo proibido
Ao introduzir o processo que pela metrópole até então.
levou à independência da Outra mudança importante ocorreu em 1815, quando o Brasil foi elevado à condição de
América portuguesa, ressalte Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (região localizada no sul de Portugal), o que não
a importância de um aconte- alterou o status político da colônia, mas pode ter sido o marco inicial de emancipação política e
cimento anterior, ocorrido em administrativa do Brasil.
1807: a saída da Família Real
de Portugal e sua chegada ao
Brasil, em 1808, em decorrência
da ameaça napoleônica sobre a
Europa. Um aspecto a ser des-
tacado é a organização social
de Portugal no período, que
previa a divisão da sociedade
em nobreza, clero, burguesia
e plebe. Essa realidade, muito
distante da vida na América RÓP
OLIS
, RJ
PET
IAL.
portuguesa, provocou grande MUS
EU IMP
ER

impacto quando a Corte se ins-


talou no Rio de Janeiro.

Atividade complementar Leque comemorativo da chegada da família real à América, de autoria desconhecida,
século XIX.
Refletir sobre as
espacialidades 134
As distâncias e o tempo para
percorrê-las são, em geral, difí-
ceis para os estudantes dessa Organize a turma em grupos de três ou
D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 134 • Qual tipo de navio os portugueses utilizaram 09/08/22 11:36

faixa etária mensurarem. Isso quatro integrantes. Em seguida, solicite-lhes que para essa viagem?
se torna ainda mais complexo respondam: Outras questões podem ser incluídas, a
quando se trata de viagens em • Qual a distância, em quilômetros, de Portugal depender de sua avaliação. Por fim, após os
períodos muito distantes da atua­ a Salvador e de Portugal ao Rio de Janeiro? grupos obterem as respostas, organize uma dis-
lidade, como a realizada pela • Qual é o tempo médio que essas viagens cussão sobre essas espacialidades e promova
Família Real portuguesa. Diante duram hoje, por meio dos transportes ma- um debate sobre como eram longas as viagens
disso, proponha uma atividade rítimo e aéreo? de navio naquele período. O resultado também
de pesquisa em interdiscipli- • Quanto tempo a Família Real levou para rea­ pode ser consolidado em materiais de divulga-
naridade com Matemática. lizar a viagem entre 1807 e 1808? ção impressos ou digitais.
134

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A administração joanina Projete ou distribua cópias
Em 1808, o Rio de Janeiro era uma cidade pequena, com cerca de 60 mil pessoas e com de pinturas e fotografias das
habitações precárias. A chegada da família real demandou a realização de diversas reformas. Ruas construções realizadas durante
e estradas foram pavimentadas e alargadas, praças ganharam chafarizes e residências, e prédios o período joanino. Trata-se de
públicos foram construídos. prédios, praças e instituições
Salvador e Rio de Janeiro receberam escolas médico-cirúrgicas, e a capital passou a sediar que adequavam a capital para
o Jardim Botânico, a Biblioteca Real e a Imprensa Régia, instituição que trouxe consigo o fim a administração e a morada da
da proibição de se publicar jornais, livros e panfletos na colônia. Em 1808, foi fundado o jornal Família Real, como a Casa da
Gazeta do Rio de Janeiro, publicação com notícias e artigos a serviço do governo.
Moeda do Rio de Janeiro, o
A manutenção das despesas reais e o luxo da corte eram pagos pela população por meio
de impostos. A população pobre sofria com o aumento dos preços e com a falta de emprego, e
Palácio da Quinta da Boa Vista
tudo isso agravava a insatisfação não só dos habitantes do Rio de Janeiro mas também de outras etc. Incentive a turma a levan-
regiões do Brasil. tar hipóteses sobre os motivos
Em Pernambuco, por exemplo, a população se armou e organizou um movimento emanci- de cada um deles ter sido criado
pacionista, a Revolução Pernambucana (1817). Os revoltosos constituíram um governo próprio nesse período.
e redigiram uma constituição inspirada em princípios iluministas. Ainda que as forças portuguesas Comente os projetos desen-
tenham reprimido o movimento, ele evidenciou o rápido crescimento das tensões sociais na colônia. volvidos para a Corte. A cons­-
A vinda da família real para o Brasil também impactou a população indígena. Em maio de
trução de espaços aprazíveis
1808, D. João assinou uma carta régia que decretava a Guerra Justa contra os botocudos, nome
ao primeiro grupo recaía sobre
genérico dado a alguns grupos indígenas do interior dos atuais estados de Minas Gerais, Espírito
Santo e Bahia. O objetivo era liberar as terras em que esses indígenas viviam para promover a o bolso dos moradores, e essa
colonização da região, o que acabou acontecendo, apesar da forte resistência indígena. situação acabou por provocar
revoltas e movimentos como
COLEÇÃO BRASILIANA/FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO, RJ

Guerra Justa: artifício usado desde a Revolução Pernambucana.


1570 para justificar o combate
contra os indígenas que resistiam ao
Questione os estudantes sobre
domínio português, transformando como eles acham que o dinheiro
os vencidos em escravizados público deve ser gasto.
legalizados pelo poder.
Discuta sobre a preservação
e a defesa do patrimônio his-
A cerimônia do beija-mão colocava tórico brasileiro. Por razões
o monarca em contato direto com que perpassam o descaso dos
seus súditos. Estes, depois da reve-
rência, podiam aproveitar a ocasião governos com a história, o Brasil
para solicitar-lhe algum favor. tem perdido boa parte dos seus
Representação da cerimônia de beija-mão na corte de D. João, gravura extraída do livro A. P. acervos históricos e arqueoló-
D. G. Rascunhos sobre a vida portuguesa, hábitos, costumes e características, publicado em gicos. Uma das situações mais
Londres (Inglaterra), 1826.
graves aconteceu em 2018,
FICA A DICA quando um incêndio consumiu
o Museu Nacional. O prédio,
• Nos bastidores da realeza, de Giselda Laporta Nicolelis. São Paulo: FTD, 2014.
situado no parque da Quinta da
No livro, os leitores são convidados a acompanhar uma visita escolar ao Museu de História,
Boa Vista, foi fundado em 1818
em que D. Carlota Joaquina narra a chegada da família real ao Brasil colonial, em 1808.
por D. João VI para ser a resi-
dência da Família Real no Brasil.
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AMPLIAR HORIZONTES 09/08/22 11:36

• A VIDA na corte e as transformações na cidade do Rio de Janeiro. MultiRio, Rio de Janeiro, c1995-2022.
Disponível em: http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/historia-do-brasil/brasil-monarquico/88-a-corte-no-
rio-de-janeiro/8854-a-vida-na-corte-e-as-transforma%C3%A7%C3%B5es-na-cidade-do-rio-de-janeiro.
Acesso em: 26 jul 2022.
Imagens e textos conduzem a um passeio pelas ruas e edificações do Rio de Janeiro na época em que a cida-
de recebeu a Família Real.

135

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3, 5, 6 e 7: trabalhadas com
os estudantes na análise sobre a con-
dição política e social dos indígenas no
Os indígenas sob a tutela de Portugal
período colonial; no entendimento das Em grande parte da história do Brasil, os povos indígenas estiveram sob a tutela de algum
motivações do processo de indepen- poder exterior às suas organizações sociais. Desde meados do século XVI até 1755, os jesuítas
dência da América portuguesa; e na detiveram o poder de decisão sobre eles.
discussão e construção de argumen- A partir de 1755, o Marquês de Pombal (1699-1782), ministro do rei de Portugal, retirou a
tos sobre o papel do Estado em relação tutela dos jesuítas em nome da liberdade dos indígenas. Dois anos depois, o governo português
aos povos indígenas no presente e no publicou o Diretório dos Índios, uma lei que tinha como pretexto garantir a integração dos
passado. indígenas à sociedade colonial, transformando-os em súditos do rei de Portugal. A justificativa era
• CEH: 1, 2, 4 e 6: abordadas no estudo civilizar os indígenas, ou seja, fazer que os nativos abandonassem seus costumes – considerados
e na elaboração de argumentos sobre pelos portugueses, de forma preconceituosa, como atrasados – e adquirissem hábitos e costumes
as relações de poder ligadas à domi- europeus. Na prática, uma visão etnocêntrica.
nação dos povos nativos no tempo e Indígenas entre 13 e 60 anos de idade foram obrigados a trabalhar
Tutela: termo jurídico
no espaço; no impacto das políticas da e a pagar o dízimo. Além disso, foram instituídas outras imposições: era que define a proteção
metrópole aos indígenas; e na compre- obrigatório falar apenas o português; adotar apenas sobrenomes portu- a alguém considerado
ensão das principais motivações para a gueses; construir novas moradias no estilo das casas dos colonizadores e mais frágil, como os
independência da América portuguesa. menores de idade.
adotar a fé cristã. Essas determinações provocaram diversas resistências,
Etnocentrismo:
• Habilidades EF08HI05, EF08HI06, resultando em desentendimentos, fugas e conflitos. consiste em ver a
EF08HI11, EF08HI12, EF08HI13 e Entretanto, o acesso compulsório à mão de obra nativa foi inte- cultura e o modo de
EF08HI14: enfocadas com os estu- resse dos colonizadores até o final do século XVIII, mas, a partir do vida dos outros apenas
dantes ao analisar o processo de pelo seu ponto de
século XIX, o governo português adotou a postura de tomar as terras vista. Considera, assim,
independência e problematizar a condi-
indígenas para ampliar o processo de colonização do território. seu grupo étnico e sua
ção de tutela dos indígenas no período. religião melhores que
COLEÇÃO DO INSTITUTO DE ESTUDOS BRASILEIROS DA USP, SÃO PAULO, SP

os dos outros.
Compulsório:
PROCEDIMENTOS obrigatório.
DIDÁTICOS
O item Os indígenas sob a
tutela de Portugal possibilita
o estudo das práticas etnocên-
tricas adotadas na América
A obra representa os
portuguesa em relação aos indí-
botocudos como grupos
genas, além de uma reflexão selvagens e violentos a
sobre as permanências históri- fim de solicitar ações do
cas das políticas indigenistas. Ao príncipe D. João contra
esses indígenas.
abordá-lo com a turma, desta-
Massacres por índios botocudos, de autoria desconhecida. Aquarela,
que quais eram os papéis sociais 27,3 cm x 38,5 cm, sem data.
geralmente destinados aos indí-
genas na sociedade do período.
É importante que os estudan-
tes reconheçam que, como no 1. No período colonial, após o fim da tutela jesuíta, os indígenas foram colocados sob a
tutela da Coroa portuguesa. Atualmente, o Estado brasileiro ainda adota postura de
passado, até hoje as populações tutela sobre os povos indígenas? Justifique sua resposta.
indígenas no Brasil sofrem pre- Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
conceito e tutela por parte dos 136
não indígenas, e que essas ati-
tudes precisam ser revistas.
Reafirme que não existe imediatamente, mas que sejam
D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 136 estimulados a atitudes visando tutelar os indígenas, reduzindo 09/08/22 11:36

nenhuma cultura “melhor” ou pensar sobre seus significados e a se familiari- a autonomia de grupos que lutam por seus
“pior” do que outra e que essa zar com o vocabulário. direitos ou pela preservação de suas terras.
visão denota uma atitude etno- Um exemplo disso pode ser observado na
cêntrica causadora de conflitos
Atividades entrevista com o historiador Carlos Bittencourt,
e guerras ao longo da história. 1. Resposta pessoal. A atividade permite disponível em: https://www.ecodebate.com.
Lembre-se de que o conceito estabelecer reflexões entre presente e passado. br/2015/07/13/lei-da-mineracao-em-terras-
de etnocentrismo é uma ideia Atualmente, do ponto de vista legal, os indigenas-uma-nova-tentativa-de-tutelar-os-
complexa; não é esperado que indígenas não são mais tutelados. Porém, isso indigenas-entrevista-com-carlos-bittencourt/;
os estudantes se apropriem dela não impede que setores da sociedade tomem acesso em: 16 ago. 2022.
136

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA Para relacionar a situação de
conflitos da Europa com o pro-
Em 1815, portugueses e ingleses expulsaram as tropas napoleônicas de Portugal. Logo foi
cesso de independência da
exigida a volta de D. João ao país, mas ele permaneceu no Brasil. No ano seguinte, com a morte
da rainha D. Maria I, foi coroado rei de Portugal, Brasil e Algarves com o título de D. João VI.
América portuguesa, abor-
Em 1820, eclodiu na cidade portuguesa do Porto uma revolta, conhecida como Revolução dada na página 137, desenhe
Liberal do Porto, cujo principal objetivo era diminuir os poderes absolutos do rei. Os portugueses na lousa, novamente, o mapa
formaram um governo provisório e convocaram uma assembleia, conhecida como Cortes, para da Europa e o da América.
elaborar e aprovar uma Constituição para Portugal. Identifique a Revolução Liberal
Reunidas em Lisboa, as Cortes novamente exigiram o retorno de D. João VI, o que se efetivou do Porto, seus participantes,
em abril de 1821. D. Pedro então assumiu o posto de príncipe regente do Brasil. Na sequência, as intenções, ações, exigências e
Cortes estabeleceram que cada província brasileira deveria obedecer a ordens diretas de Lisboa
consequências para Portugal.
e exigiram que o príncipe D. Pedro também retornasse a Portugal.
Em seguida, relacione os resul-
Para os brasileiros, era como se as Cortes quisessem rebaixar novamente o Brasil à condi-
ção de colônia de Portugal. Isso desagradou parte da elite, que, em janeiro de 1822, apoiou a tados dessa revolução à decisão
permanência do príncipe e a resistência às pres- de D. Pedro permanecer no Brasil
sões vindas de Portugal. Faziam parte da elite e, posteriormente, proclamar
brasileira representantes do poder econômico – a independência, quando se
como senhores de engenho, cafeicultores, grandes tornou imperador do Brasil.
comerciantes e traficantes de escravizados –, além
de militares, clérigos e profissionais liberais, como
jornalistas e advogados.
Em junho do mesmo ano, amparado por seus AMPLIAR HORIZONTES
apoiadores, D. Pedro convocou uma Assembleia Cons-
• CUNHA, Manuela Carneiro da.
tituinte com o objetivo de elaborar uma Constituição
Índios no Brasil. São Paulo:
para o Brasil e, em setembro, reagindo às novas
Claro Enigma, 2012.
pressões portuguesas, proclamou a Independência
do Brasil. Diante do novo contexto político, no dia Nesse livro, a antropológa Manue-
1o de dezembro de 1822, o príncipe regente foi la Carneiro da Cunha reúne textos
coroado imperador no Rio de Janeiro com o título nos quais faz não apenas um res-
de D. Pedro I. gate da história dos indígenas no
Para as elites, a figura do imperador ajudaria a criar Brasil como também a história da
um governo forte, capaz de assegurar seus interesses, política indigenista brasileira.
MUSEU PAULISTA DA UIVERSIDADE DE SÃO PAULO

evitando transformações sociais radicais promovidas • FERREIRA, Andrey C. Tutela e


por grupos excluídos. A manutenção da escravidão, resistência indígena: etno-
por exemplo, era fundamental para as elites, e muitos grafia e história das relações de
viam o regime monárquico como uma forma de proteger poder entre os Terena e o Esta-
essa instituição. do brasileiro. São Paulo: Edusp,
2013.
Detalhe de Grand Costume, Thierry
O enfoque principal da obra é a in-
Frères. Litografia colorizada, 1839. Na terpretação da mudança ocorrida
imagem, D. Pedro I foi representado em processos políticos de tutela e
com as insígnias do poder imperial: o a análise da resistência indígena
cetro, o manto e a coroa. desde o passado brasileiro até os
dias atuais.
137
• MONTEIRO, John Manuel.
Negros da terra: índios e
bandeirantes na origem de São
D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 137 09/08/22 11:36 Paulo. São Paulo: Companhia
das Letras, 1994.
Livro clássico que reinterpreta
criticamente a formação da socie-
dade paulista entre os séculos XVI
e XVIII, colocando as populações
indígenas de São Paulo no centro
das discussões e apontando o pa-
pel crucial que tiveram na expansão
bandeirante.

137

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3 e 7: trabalhadas com os es-
tudantes ao estabelecerem uma análise
da Proclamação da Independência da
América portuguesa a partir da inter-
OLHO VI VO
pretação de imagens documentais.
• CEH: 1, 2, 4, 5 e 6: abordadas com A PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA
a turma no incentivo à elaboração
Não foi apenas o governo da Venezuela que encomendou representações artísticas para ce-
de argumentos críticos, utilizando-se
lebrar seu processo de independência, essa atitude também ocorreu no Brasil. Em 1844, o Senado
de produção historiográfica, sobre
brasileiro encomendou ao pintor francês François-René Moreaux (1807-1860) – que chegara ao
o processo de independência e suas
Brasil em 1838 – uma obra sobre a Proclamação da Independência pelo príncipe regente D. Pedro.
principais características.
Vinte e dois anos haviam se passado desde o 7 de setembro de 1822. Moreaux representou
• Habilidades EF08HI06, EF08HI07,
no quadro uma cena que nunca existiu: D. Pedro a cavalo, em São Paulo, em meio a uma multidão
EF08HI11, EF08HI12: enfocadas na
de pessoas agitadas e felizes com o acontecimento. A tela Proclamação da Independência foi
caracterização da independência da
colocada na sala do Senado, local em que permaneceu por muitos anos. Hoje, a obra pertence
América portuguesa; e na análise da
visão e do papel dos diversos atores ao acervo do Museu Imperial, na cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro.
sociais envolvidos.
Proclamação da Independência, François-René Moreaux.
Óleo sobre tela, 2,44 m x 3,83 m, 1844.
PROCEDIMENTOS
A cena é uma representação idealizada da
DIDÁTICOS Proclamação de Independência do Brasil em obra
executada anos depois de o fato ter acontecido.
Olho vivo
A seção Olho vivo aborda a
pintura de François-René Moreaux
que representa a Proclamação
da Independência. Essa imagem 3 1
permite, entre outras possibilida- 9
4
des, uma reflexão sobre a tentativa
de fazer com que situa­ções ine-
xistentes se fixem no imaginário
popular. Busque discutir sobre
quais intenções e interesses esta-
5 2
riam envolvidos na composição
dessa obra, chamando sua atenção
para o não dito.
É importante que a turma 8
entenda a função de cada sujeito
representado na obra. Para tornar
a análise mais interessante e parti-
cipativa, solicite que os parágrafos
sejam lidos por um estudante
de cada vez, os quais poderão
também tecer um breve comen- 138
tário ao final da leitura. Durante
essa dinâmica, destaque que os
vazios podem ter sido “deixa- daquela maneira por acaso, e todos
D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 138 os seus deta- 09/08/22 11:36

dos” propositalmente pelo pintor. lhes são importantes elementos a serem analisados.
Pergunte também sobre as pos- Isso poderá contribuir para o aprimoramento do
síveis razões para Moreaux não olhar dos estudantes sobre as obras de arte, pro-
ter incluído negros nem indíge- vocando a observação de outros exemplos em
nas no quadro. seu cotidiano com mais cautela e interesse. No
Ao final, ressalte que sempre há Texto complementar, o historiador José Murilo de
uma relação direta entre as obras Carvalho compara a obra destas páginas com o
de arte e as intencionalidades do quadro mais conhecido da Independência, pintado
autor, ou seja, elas não foram feitas por Pedro Américo.
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o local. No entanto, por razões
estéticas, teria sido obrigado
a fazer mudanças nas perso-
1 No centro do quadro, cercado por soldados e 3 Assim como D. Pedro, os soldados parecem nagens e no cenário a fim de
pessoas comuns, D. Pedro acena com o chapéu estátuas imóveis. Ao representá-los assim, o produzir os esplendores de
para o povo, transmitindo uma mensagem de pintor talvez tivesse a intenção de conferir imortalidade.
união e harmonia entre o príncipe e seus súditos. imortalidade ao acontecimento. Pedro Américo [...] não
Ele olha para o céu, como a mostrar que seu ato menciona em seu texto outro
é realizado segundo a vontade divina. 4 Esse soldado, voltado para trás, dá a impres- quadro sobre o mesmo tema
são de saudar pessoas que se aproximam, da Independência, executado
sugerindo que uma multidão ainda maior em 1844, a pedido do Senado
2 A primeira estátua equestre de que se tem notícia é
esteja vindo aclamar D. Pedro. imperial, por François-René
a do imperador romano Marco Aurélio, no século
II d.C. Com base nela, foi criada uma tradição de Moreaux, um pintor francês
5 Ao contrário de D. Pedro e seus soldados,
heróis a cavalo, tanto em escultura quanto em então residente no Rio. Não se
as pessoas que assistem ao ato estão em
pintura. Nessas duas artes, o cavalo é um símbolo sabe se conhecia o quadro de
movimento: elas acenam, tiram o chapéu,
ligado à masculinidade, à guerra e ao poder. Moreaux, sem dúvida inferior
caminham ou se abraçam, demonstrando feli-
ao seu em qualidade. O certo
cidade pela Proclamação da Independência e
é que as duas telas são anti-
por ser D. Pedro o novo governante do Brasil.
téticas, como observou Maria
6 Enquanto grande parte das pessoas dirige de Lourdes V. Lyra. Moreaux
seus olhares para o céu, esta senhora ajoe- altera mais radicalmente as
lha-se em sinal de respeito a D. Pedro. figuras e o cenário. D. Pedro
monta um cavalo, mas ergue
7 Nem D. Pedro nem os soldados seguram suas o chapéu em vez da espada.
espadas. A cena representada não tem um Não está em posição mais alta,
caráter guerreiro. O pintor procurou dar a ela cercado de soldados, mas no
10 uma conotação de manifestação popular na meio de gente do povo, de mu-
qual o líder, D. Pedro, é representado como lheres e de crianças descalças
um herói do povo. que ocupam a frente da cena.
7
O clima é de alegria festiva
8 Não há negros nem indígenas na cena. No
e não de exaltação patrióti-
lugar deles, o artista pintou homens, mulhe-
ca. Nenhum dos dois pintores
res e crianças que mais se parecem com
representou com exatidão os
camponeses europeus.
fatos, como, aliás, querendo ou
9 Essas seriam as árvores que margeavam o não o artista, sempre acontece.
riacho do Ipiranga, que não é visto no quadro. Mas a distorção tinha finalida-
des distintas. Pedro Américo,
11
10 Para situar o acontecimento em terras brasi- atendendo à finalidade da en-
leiras, François-René Moreaux inseriu alguns comenda, buscou construir
coqueiros ao fundo. Cometeu um erro, pois a imagem de um herói guer-
6 os coqueiros são típicos do Nordeste, não da reiro, criador de uma nação.
MUSEU IMPERIAL, PETRÓPOLIS, RJ

paisagem de São Paulo. Moreaux, talvez pensando


nas revoluções de sua pátria,
11 O olhar dessa menina está voltado para o pintou um líder popular, ins-
espectador, como se sua intenção fosse a de trumento de um movimento
atraí-lo para o momento representado. coletivo que fez a Independên-
cia. Duas maneiras de contar
139 a história, duas maneiras de
construir a memória nacional.
Ironicamente, Pedro Américo,
mais fiel do que Moreaux ao
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 139 dores da imortalidade”. Assim escreveu
09/08/22 11:36
que acontecera à margem do
Pedro Américo em texto explicativo sobre
Ipiranga, estava mais distan-
Olho vivo o quadro conhecido como “O Grito do Ipi-
te do que o francês do que foi
Texto complementar ranga”, completado em Florença em 1888
o processo de Independência.
por encomenda da comissão de construção
Representações da independência do monumento do Ipiranga. A tela tornou- CARVALHO, José Murilo de. Os
em comparação -se ícone nacional, representação maior da esplendores da imortalidade.
Folha de S.Paulo, São Paulo,
Um pintor de história deve restaurar Independência. O texto descreve o grande 26 dez. 1999. Disponível em:
com a linguagem da arte um aconteci- cuidado do pintor em reproduzir de manei- https://www1.folha.uol.com.br/
mento que não presenciou e que “todos ra exata o acontecimento. Leu, pesquisou, fol/brasil500/dc_6_2.htm.
desejam contemplar revestido dos esplen- entrevistou testemunhas oculares, visitou Acesso em: 26 jul 2022.
139

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3 e 6: trabalhadas com
os estudantes ao estabelecerem uma
A consolidação da independência

MUSEU PAULISTA DA USP, SÃO PAULO, SP


análise sobre as ações empreendi-
das para consolidar a independência A Proclamação da Independência não foi recebida com
e compreenderem o conceito de na- satisfação por alguns setores da sociedade, principalmente
ção e sua relação com esse processo. pelos portugueses que viviam no Brasil. Lutas armadas
• CEH 1, 2, 5 e 6: abordadas com a irromperam em diferentes partes do território, como na
turma à medida que constroem argu- Bahia, no Piauí, no Ceará e no Maranhão. Nessas lutas, a
mentos críticos sobre a ideia de nação participação popular foi muito importante. Ainda que as
e analisam a independência da Amé- elites brasileiras olhassem com desconfiança o envolvimento
rica portuguesa enquanto processo das populações mais pobres na independência, as forças
histórico. militares eram limitadas, e foi necessário recrutar diversos
• Habilidades EF08HI06, EF08HI07, grupos sociais para lutar contra os portugueses.
EF08HI11 e EF08HI13: enfocadas na Uma região que se destacou nesse processo foi a Bahia.
análise dos diversos grupos sociais en- Muitas tropas portuguesas lutaram nessa capitania, e foi
volvidos no processo da independência; preciso formar um exército de libertação mais numeroso.
e no estudo e utilização do conceito de Com isso, muitos homens livres pobres foram recrutados,
nação, relacionando sua definição ao inclusive de forma compulsória, e lutaram ao lado de
processo de consolidação da indepen-
setores das elites pela independência do Brasil. Foi assim,
dência da América portuguesa.
por exemplo, que o soldado Jacaré, oriundo de camadas
populares, tornou-se um dos melhores membros da artilha-
Retrato de Maria Quitéria de
PROCEDIMENTOS ria do Exército de libertação. A combatente Maria Quitéria Jesus Medeiros, Domenico
também ganhou visibilidade por sua atuação nas guerras. Failutti. Óleo sobre tela, 1920.
DIDÁTICOS Em alguns casos, pessoas escravizadas também se A obra representa a militar Maria
Construa uma discussão com envolveram nos exércitos de libertação e contribuíram na Quitéria, considerada a primeira
a turma comparando a inde- batalha contra os portugueses. Além disso, foi necessário mulher a integrar o Exército brasi-
pendência do Brasil com as contratar tropas mercenárias da Europa para ajudar na luta. leiro, tendo lutado contra as forças
Esse esforço conseguiu impedir a fragmentação do território portuguesas na Bahia que se opu-
ocorridas nos outros países da
brasileiro e garantiu a unidade territorial da jovem nação. seram à Independência do Brasil.
América Latina. Destaque que
No Piauí, o governo pró-Portugal reprimiu manifestações
aqui não houve uma guerra
de apoio à emancipação do Brasil. Em março de 1823, os que apoiavam a independência entraram
contra o país colonizador, mas
em combate com as tropas de partidários de Portugal na Batalha do Jenipapo. Esse combate,
um processo de lutas que visou considerado um dos mais sangrentos de todas as lutas em prol da independência, foi vencido pelos
fragmentar o território. Observe aliados de Portugal. Ainda assim, os partidários da emancipação política brasileira continuaram
a importância de discutir com a lutando até a vitória final, cerca de três meses mais tarde.
turma sobre os movimentos
Batalha do Jenipapo,
SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA, TERESINA, PIAUÍ

dissidentes em relação à inde- Dora Parentes. Sem data.


pendência, que demonstram
que o processo não foi pacífico
tal como narrado ao longo de
muitas décadas.
Utilize com a turma um mapa
do Brasil recém-independente e
destaque o território formado
em 1822 e suas respectivas pro-
víncias, alertando os estudantes
140
de que, nesse período, as fron-
teiras ainda eram incertas e que
demorou quase 100 anos para o Reforce também o papel de múltiplos sujei-
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Brasil se configurar como a nação tos que participaram desse processo e que nem
que é hoje. Ainda com o mapa, sempre são reconhecidos pela história oficial.
indique os territórios e a loca-
lização das províncias da Bahia,
Piauí, Ceará e Maranhão para a
turma, descrevendo as respecti-
vas lutas armadas organizadas
em busca de independência.

140

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A ideia de nação Embora ao longo da coleção
O termo nação deriva do latim natus, que significa “nascido” e constitui um grupo rela- exista um trabalho contínuo
tivamente constante, que se uniu por vontade própria e interesses comuns, e que habita um sobre as especificidades de
mesmo território. Esses indivíduos partilham a mesma língua ou várias línguas e, geralmente, nação, Estado e governo (e
têm objetivos materiais, sociais e espirituais semelhantes. É por isso que habitar o mesmo também território), esses con-
território, falar a mesma língua e reconhecer-se em costumes e tradições comuns não são ceitos são por vezes difíceis para
suficientes para caracterizar completamente a ideia de nação. A coletividade acolhe a ideia compreensão dos alunos dessa
de pertencimento a uma nação quando são criados vínculos que unem indivíduos, levando-os faixa etária. Sempre que pos-
a reconhecer-se como iguais entre si, mas diferentes de qualquer outro grande grupo, com
sível, faça mapas mentais na
interesses e necessidades peculiares.
Dessa maneira, a ideia de nação não é enfraquecida pela fragmentação do território em
lousa para ajudá-los a compre-
estados ou unidades autônomas, porque essa configuração física é apenas política, enquanto a ender e fixar esses conceitos.
concepção de nação surge de múltiplas ações que aproximam indivíduos com aspirações comuns. Neste capítulo, reforçamos e
É importante observar também que existe uma diferença entre o conceito de nação e os diferenciamos os conceitos de
conceitos de Estado e governo. O Estado pode ser entendido como o setor administrativo e nação, Estado e governo e, no
legislativo de uma nação, já o governo é formado pelo conjunto de pessoas que detêm o poder próximo, apresentamos as razões
político e determinam a orientação política de uma sociedade. para o desenvolvimento do sen-
O território e sua divisão política constituem um país ou Estado, mas o que realmente caracte-
timento nacionalista no Brasil.
riza uma nação são as pessoas que nela vivem. Assim, a palavra “brasileiro” passou a ser usada
Explique aos estudantes que
como expressão de pertencimento a uma mesma nação e a uma história comum.
As lutas políticas ocorridas durante o governo de D. Pedro I e a crescente valorização das coisas os processos que conduziram à
da terra, em oposição aos produtos e às pessoas de fora, teriam dado origem, nas décadas independência das antigas colô-
seguintes, a um sentimento nacionalista suficientemente forte para possibilitar o nascimento da nias americanas foram marcados
nação brasileira. por tentativas de se definir as

ARTHIMEDES/SHUTTERSTOCK.COM
identidades nacionais de cada
país recém-constituído. Com o
Representação do
território do Brasil Brasil, a situação não foi dife-
formado pelos rente. Em um primeiro momento,
seus habitantes.
Século XXI. houve uma tentativa de se criar
ou inventar um passado histórico
ou lendário em torno da temá-
tica indígena. Você pode citar
o exemplo do próprio impera-
dor D. Pedro I que, ao se iniciar
na maçonaria, adotou o nome
de Guatimozim, numa referên-
cia ao último imperador asteca,
sucessor de Montezuma; outro
exemplo é o de José Bonifácio,
que publicava um jornal cha­-
mado O Tamoio, numa refe­-
rência à resistência indígena
141
contra o colonizador europeu.
Porém, somente no final da
década de 1830, quando foi
AMPLIAR HORIZONTES
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criado o Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, que a ideia
• A IDEIA de nação, com Ailton Krenak. 2022. Vídeo (1h e 22s). Publicado pelo canal Museu da Língua Por-
de uma nação brasileira começou
tuguesa. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=C8e66OFOyPQ. Acesso em: 16 ago. 2022.
a ganhar corpo. Sediado no Rio
A live faz parte da programação especial do Dia Internacional da Língua Portuguesa, realizada no Museu
de Janeiro, o instituto passou
da Língua Portuguesa, em parceria com o Sesc SP, CPTM e Emef, debatendo o conceito de nação pela vi-
são do intelectual e ativista do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas Ailton Krenak. a recolher documentos a res-
peito do Brasil e escrever sobre o
passado brasileiro, construindo,
assim, uma identidade nacional.

141

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3, 5 e 7: trabalhadas com
os estudantes ao estabelecerem uma
análise sobre as revoluções liberais e
estabelecem uma síntese esquemá- ENQUAN TO ISSO...
tica dos principais temas abordados
no capítulo. AS REVOLUÇÕES LIBERAIS DO SÉCULO XIX
• CEH: 1 e 2: abordadas com a turma à
No mesmo período em que se consolidava o processo de formação dos Estados nacionais
medida que problematizam as revolu-
ções liberais do século XIX e analisam na América Latina, a Europa passou por diversas revoluções liberais. Elas foram organizadas pelas
as principais características dos temas burguesias de diversas partes do continente, como França, Bélgica, estados alemães, partes da
estudados no capítulo. Itália, Hungria, Viena, entre outras. O objetivo desses movimentos era derrubar as estruturas
• Habilidades EF08HI05, EF08HI06, políticas e sociais do Antigo Regime e formar governos de inspiração liberal que favoreceriam os
EF08HI07, EF08HI08, EF08HI09, interesses econômicos da burguesia.
EF08HI11, EF08HI12 e EF08HI13: O primeiro momento das revoluções ocorreu entre as décadas de 1820 e 1830, tendo como
enfocadas na esquematização das marco principal a Revolução Liberal de 1830 na França. Esse movimento derrubou a família real
influências, motivações, grupos so- que governava o país e inspirou outros movimentos pela Europa. Ainda que essas revoluções não
ciais envolvidos, contexto histórico tenham acabado definitivamente com as estruturas sociais do Antigo Regime, elas ajudaram a
e consequências das independências fortalecer politicamente as burguesias europeias.
das colônias na América espanhola e Em 1848, ocorreu um novo momento revolucionário, ainda mais poderoso, conhecido como
portuguesa. Primavera dos Povos. Ele foi marcado pela defesa de ideias liberais, mas também surgiram
grupos mais radicais que defendiam mudanças mais profundas, inclusive reformas socialistas.
A radicalização da Primavera dos Povos acabou forçando um acordo entre as burguesias e
PROCEDIMENTOS os antigos governantes para conter as camadas populares e evitar uma revolução social radical.
DIDÁTICOS Esse acordo resultou na criação de novos governos, influenciados pela burguesia e repletos de
medidas econômicas liberais.
Enquanto isso... Todos esses eventos foram decisivos para a consolidação do poder da burguesia na Europa
Você pode iniciar a aborda- e para o desenvolvimento do capitalismo.
gem do tema da revoluções
MUSEU DO LOUVRE, PARIS

burguesas do século XIX pedindo


aos estudantes que analisem a
pintura reproduzida na página
142, relacionando a imagem da
mulher na obra de Delacroix
(batizada na França com o nome
de Mariane) com a figura femi-
nina representada no quadro
de Michelena. Recorde que,
A liberdade guiando o
desde a Revolução Francesa, a povo, Eugène Delacroix.
representação de uma mulher Óleo sobre tela,
com o barrete frígio passou a 260 cm x 325 cm,
1830. Pintura feita em
remeter à ideia de liberdade e comemoração à Revolução
de republicanismo. Você pode de 1830, na França, que
culminou com a queda do
questioná-los sobre o significado
rei Carlos X.
de esta mulher ter sido represen-
tada sobre um monte de corpos, 142
lembrando-os do contexto histó-
rico que a Europa vivia em 1830.
Partindo desse contexto D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 142 09/08/22 11:36

histórico, apresente algumas


características das revoluções
liberais burguesas e as transfor-
mações políticas, econômicas
e sociais em curso na Europa,
durante o século XIX.

142

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Esquema-resumo
ESQUEM A-RE SUMO O esquema-resumo pode
auxiliar de maneira signficativa
CAPÍTULO 5 aqueles estudantes com maior
facilidade em memorizar conteú­
INDEPENDÊNCIAS NA AMÉRICA dos visualmente.
A turma poderá fazer a leitura
do esquema no livro ou você
Contexto de crise do sistema colonial pode reproduzi-lo na lousa.
– Independência dos Estados Unidos Nesse momento, é possível
– Disseminação do Iluminismo que apresentem dificuldades
– Guerras Napoleônicas
para a síntese dos conteúdos,
em virtude especialmente das
associações históricas necessá-
rias. Ajude-os a suprir as lacunas
AMÉRICA ESPANHOLA AMÉRICA PORTUGUESA e a escolher os termos sintetiza-
dores para cada referência.
Após o trabalho com o esque-
– Insatisfação diante da exploração colonial – Vinda da família real ma-resumo, peça à turma que
– Luta contra o domínio espanhol ganha força a – Fim do Pacto Colonial e transformações da se aprofunde nas respostas em
partir de 1808 sociedade relação ao significado de cada
– Participação de diversos setores da sociedade – Negociação entre setores da elite e a família real
uma das etapas e na compa-
– Guerras de independência – Processo de independência negociado
ração entre os processos de
independência das Américas
portuguesa e espanhola, aju-
SOCIEDADE SOCIEDADE dando-os quando necessário.
PÓS-INDEPENDÊNCIA PÓS-INDEPENDÊNCIA
Atividade
Como ponto em comum, é
– Manutenção das desigualdades sociais – D. Pedro permanece no Brasil possível destacar a importân-
– Caudilhismo – Criação de um império liderado por D. Pedro cia das ideias iluministas, o
– Fragmentação política/Fracasso do impacto da Independência dos
Pan-americanismo
Estados Unidos e das Guerras
Napoleônicas no processo de
independência dos dois territórios
coloniais. Já como diferenças, é
Com base nas informações do esquema-resumo e da leitura do capítulo, compare o processo de importante ressaltar a questão do
independência da América espanhola e o da América portuguesa, destacando as semelhanças e as caráter do processo de indepen-
diferenças entre os dois processos. Consulte resposta e comentários nas Orientações didáticas.
dência: mais negociado no caso
da América portuguesa, e mais
143 marcado por guerras, na América
espanhola, desde o início do pro-
cesso. Além disso, enquanto na
AMPLIAR HORIZONTES
D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 143 09/08/22 11:36 América espanhola ocorreu a
fragmentação do poder polí-
• AGUIAR, Luiz Antonio. Frei Liberdade: sonhos e • PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi. Por uma his- tico, surgindo grande número
lutas da Independência. São Paulo: Melhoramentos, tória prazerosa e consequente. In: KARNAL, Leandro
de repúblicas, na América por-
2008. (org.). História na sala de aula: conceitos, prá-
ticas e propostas. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2010. tuguesa foi criado um império
Romance baseado em pesquisas sobre a trajetória de Frei
Caneca, importante personagem da história brasileira, Nesse artigo, os autores exploram a possibilidade de que manteve a integridade do
com participação ativa na Revolução Pernambucana e planejar aulas de História que enfoquem a cidadania território.
na Confederação do Equador. Além disso, do ponto de e, ao mesmo tempo, tragam para a sala de aula uma
vista didático, o romance permite o aprofundamento de história mais abrangente no que tange aos persona-
temas históricos tratados em sala de aula. gens históricos.
143

D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-C05-MPU-G24.indd 143 30/08/22 16:38


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 5, 6 e 7: trabalhadas
com os estudantes ao estabelece-
AT IV IDADE S
1. Uma imagem mais próxima da realidade da luta pela independência
rem uma análise sobre o contexto deveria contar com um grupo de pessoas de origem NÃO ESCREVA
abordado a partir da compreensão social variada, e não apenas com homens brancos. NO LIVRO.
e interpretação de textos e imagens
sobre as independências da América 1. Confira novamente a obra O panteão dos heróis na página 128 e explique como você
espanhola e portuguesa. imagina que essa obra poderia ser reformulada de modo que resultasse em uma repre-
sentação mais próxima da realidade da luta pela independência da América.
• CEH: 1, 2, 3 e 5: abordadas com a
turma à medida que constroem ar- 2. Os países surgidos após as guerras pela independência na América espanhola não apre-
gumentos críticos sobre as ações sentam apenas rupturas com relação às sociedades coloniais. Há também continuidades
empreendidas pelos grupos e indi- importantes nesses processos. Explique essa ideia e apresente pelo menos um exemplo
víduos envolvidos nos processos de de continuidade. 2. A independência da América espanhola promoveu uma ruptura importante na
independência. forma como as sociedades americanas se organizavam ao garantir a autonomia
3. Copie o quadro a seguir no caderno, preencha-o e compare os aspectos indicados do
• Habilidades EF08HI07, EF08HI11 e
processo de independência da América. política local. Porém, muitas características sociais se
EF08HI13: enfocadas na contextuali- mantiveram na região, como a desigualdade social e o poder das elites criollas.
zação das independências, na análise Forma de O que foi decidido a
Houve guerra contra
de suas particularidades e na discus- Países governo respeito da escravidão
a metrópole?
são dos atores sociais envolvidos. adotada dos negros?
Estados Unidos República Mantiveram Sim
Brasil Monarquia Manteve Não
Atividades
Países latino-americanos Repúblicas De forma geral, aboliram Sim
4. a) O texto afirma que eram
tênues os laços que uniam 4. b) Não. Como fica claro no texto, os laços que uniam
4. Leia o texto e responda ao que se pede. os diversos territórios da América eram tênues, o que
os diferentes territórios 4. c) A solução evidencia a ausência de uma ideia de nação.
da América portuguesa, encontrada
foi a adoção A unidade ou fragmentação da América portuguesa estava
Tênue: frágil; de
sendo esse um fator que de um regime condicionada a elementos que ditavam aquele processo. Havia pouca relevância.
favorecia a fragmentação monárquico, um conjunto de territórios distintos, com tênues laços entre si,
assegurando o que favorecia a tendência à fragmentação. Ao mesmo tempo, contudo, existiam
territorial. Porém, o inte- a unidade
territorial e a interesses comuns que fortaleciam o projeto de unidade. O mais poderoso deles era
resse das elites em manter
manutenção o empenho, tanto da elite política como da econômica, na manutenção da escravidão.
a escravidão exerceu um da escravidão.
DOLHNIKOFF, Miriam. História do Brasil império. São Paulo: Contexto, 2017. p. 32-33.
papel preponderante no Com isso,
a forma de
processo de unificação do governo a) O texto afirma que, no contexto da Independência, alguns fatores poderiam promover a
território brasileiro. adotada no fragmentação do território nacional, enquanto outros poderiam assegurar sua unidade.
Brasil foi a Identifique um exemplo de cada um deles. Consulte resposta esperada nas Orientações didáticas.
5. A questão central dessa ativi- monarquia,
b) Com as informações do texto, é possível afirmar que a ideia de nação já existia no Brasil no
dade é reiterar à turma que, enquanto
na América período de independência?
mais do que demonstrar como hispânica foi c) Qual foi a solução encontrada pelas elites para a manutenção da escravidão? Explique como
ocorreu um fato, as obras de a república. isso provocou uma diferenciação na forma de governo adotada no país se comparado com
arte apresentam pontos os governos que se formaram na América hispânica.
de vista sobre momentos da 5. Com base no que foi estudado no capítulo, aponte as semelhanças entre a obra de
História. É assim, portanto, Arturo Michelena (página 128) e a de François-René Moreaux (páginas 138-139).
Consulte resposta esperada nas Orientações didáticas.
que os pintores Michelena e 6. Elabore uma linha do tempo com os principais acontecimentos observados no Brasil,
Moreaux representaram suas entre a chegada da família real portuguesa e a Proclamação da Independência.
visões da independência das (Consulte, na seção Como se faz..., orientações sobre como fazer uma linha do tempo.)
Américas espanhola e portu- Consulte resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas.

guesa. Ajude os estudantes na 144


comparação entre os quadros
e enfatize aquilo que falta em
ambos: personagens negras, Bolívar e seus aliados criollos. Já na obra
D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 144 a Portugal (1821), Convocação da Assembleia 09/08/22 11:36

indígenas e mulheres, perso- de Moreaux, D. Pedro I é transformado no Constituinte e Independência (1822). Todos
nagens históricas que estão grande líder da independência. esses fatos podem ser relacionados ao pro-
ausentes nas representações 6. Diversos acontecimentos podem ser lista- cesso emancipacionista do Brasil.
das independências. Nas duas dos, como a abertura dos portos às nações
obras, há a valorização do amigas (1808), os tratados de amizade e
homem branco como herói comércio (1810), elevação a Reino Unido de
da independência. No caso Portugal, Brasil e Algarves (1815), a Revolução
de Michelena, valorizam-se Pernambucana (1817), Retorno de D. João VI

144

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
7. Os quadrinhos a seguir fazem parte da obra Dom João Carioca, escrita pela historiadora Atividades (continuação)
Lilia Moritz Schwarcz e ilustrada pelo quadrinista Spacca. No trecho reproduzido a
seguir, vê-se uma interpretação artística da cerimônia do beija-mão, promovida por D. 7. As histórias em quadrinhos
João VI, no Rio de Janeiro. Leia com atenção e, em seguida, responda ao que se pede. são importantes ferramentas
Página da HQ no processo de ensino-apren-
DOM JOÃO CARIOCA: A CORTE PORTUGUESA NO BRASIL, DE LILIA MORITZ SCHWARCZ E SPACCA. CIA DAS LETRAS

D. João Carioca, dizagem e podem fornecer


de Lilia Schwarcz um valioso material para o
e Spacca, 2007.
7. a) A cerimônia era um trabalho do professor(a) de
acontecimento diário em que D. História em sala de aula. O
João recebia seus súditos, ouvia suas
queixas e concedia pedidos. Assim, trecho selecionado da HQ
tornava-se mais próximo deles, que pode servir de ponto de
o reverenciavam.
7. b) Não. Isso é perceptível na partida para discutir uma
fala de um dos personagens, que variedade de temas a respeito
pergunta se a fila “é toda misturada”,
ou seja, com pessoas de diferentes da época em que o Brasil foi
grupos sociais. Outro personagem
responde que sim, inclusive falando sede do reino de Portugal.
um dito popular que expressa essa Aproveite a oportunidade
mistura de hierarquias.
7. c) Ele é representado como um para promover alguns questio-
monarca que conhece seus súditos namentos a respeito da obra:
pelo nome e exerce seu poder
de forma paternalista. Promete quem são os autores? Qual o
empregos públicos para quem está
desempregado e usa de seu poder público dessa obra? Qual o perfil
para passar por cima de decisões da da editora que publica essa obra?
Justiça, prometendo liberdade a um
detento, por exemplo. Faça a leitura dos quadrinhos
7. d) Espera-se que os estudantes junto com os alunos. Peça a eles
notem que o primeiro quadrinho é
uma aquarela feita em 1826, que que reparem nos cenários, na
está reproduzida na página 135 construção dos diálogos, nos
deste livro. Ao utilizá-la no
quadrinho, a obra promove traços dos personagens.
SCHWARCZ, Lilia Moritz;
SPACCA. D. João Carioca:
Pode ser interessante mostrar
a corte portuguesa à turma algum quadro de D.
chega do Brasil. São
Paulo: Quadrinhos na João VI e pedir-lhes que ana-
Cia, 2007. p. 32. lisem como o monarca foi
um diálogo intertextual com a gravura do século XIX.
a) A cerimônia do beija-mão tinha grande importância política no Império Português. De acordo representado na pintura e na
com os quadrinhos, qual era a finalidade dessa cerimônia? HQ. Neste link, você encontra
b) A forma como a cerimônia do beija-mão era organizada agradava a todos? Explique. algumas representações de D.
c) Como D. João VI é representado nesse trecho da história em quadrinhos? João VI feitas no século XIX:
d) Analise novamente o primeiro quadrinho. Você já viu essa imagem antes? Qual foi a intenção https://mhn.museus.gov.br/index.
do quadrinista ao utilizá-la nessa passagem? php/o-retrato-do-rei-dom-joao-
e) Agora, é sua vez de representar artisticamente algo ocorrido na história do Brasil. Retome -vi-e-a-nova-exposicao-do-mhn/;
um dos temas trabalhados no capítulo e aborde-o por meio de uma manifestação artística
de sua preferência. Pode ser uma história em quadrinhos, um poema, um vídeo, uma música acesso em: 16 ago. 2022.
ou uma dramatização, por exemplo. Ao final, apresente seu trabalho para os colegas. Tomando a cerimônia do bei-
Produção pessoal. A atividade possibilita desenvolver competências relacionadas com a criatividade e ja-mão como ponto de partida,
a organização de informações de forma autônoma. Ao final, é importante organizar um momento 145
de compartilhamento daquilo que foi produzido pelos estudantes. é possível abordar assuntos
como: as mudanças promovidas
na colônia a partir da chegada
D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24-AV1.indd 145 13/08/22 18:14 da Corte portuguesa, os novos
hábitos introduzidos, as relações
entre os brasileiros e os portu-
gueses que chegaram junto com
a comitiva real, o simbolismo
em torno da figura do rei, entre
outros tópicos.

145

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A BNCC NESTA DUPLA
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CECH 2, 3 e 6: trabalhadas com os
estudantes ao analisarem as caracte­ 8. O processo de independência da América espanhola foi propiciado tanto por fatores
rísticas das independências na internos das colônias quanto por fatores externos. Leia as alternativas a seguir sobre
América espanhola e portuguesa e essa questão e escolha a única opção correta. Alternativa A.
identificarem os grupos e indivíduos
a) Do ponto de vista interno, a emancipação foi propiciada pelo desejo de autonomia política
envolvidos, bem como ao refletirem
e pela influência de ideias iluministas.
sobre o conceito de liberdade.
b) As Guerras Napoleônicas enfraqueceram as lutas pela emancipação política da América. Por
• CEH: 1, 2 e 3: abordadas com a turma
isso, os colonos só retomaram essa luta após a queda de Napoleão.
à medida que compreendem as princi­
c) O principal fator que motivou internamente a independência da América foi a revolta de
pais características dos processos de
pessoas indígenas e africanas contra a dominação europeia.
independência e analisam o conceito
de liberdade nos dias de hoje. d) O principal fator externo que incentivou a independência da América espanhola foi a vitória
dos Estados Unidos na luta pela independência.
• Habilidade EF08HI13: enfocada com
os estudantes ao explicar as moti­ e) A vitória dos espanhóis contra as tropas napoleônicas em 1808 resultou no enfraquecimento
vações e o contexto histórico dos do controle metropolitano, dando início aos processos de independência na América.
processos de independência da Amé­ 9. A vinda da família real para a América portuguesa provocou mudanças sociais im-
rica espanhola e portuguesa. portantes na colônia. Porém, muitos grupos ficaram insatisfeitos com as ações da
corte joanina. Leia as alternativas a seguir sobre esse tema e escolha a única opção
correta. Alternativa B.
PROCEDIMENTOS a) Setores da sociedade colonial ficaram insatisfeitos com as políticas indigenistas de D. João e
DIDÁTICOS iniciaram revoltas contra o governo visando obter autorização para praticar a Guerra Justa.
b) A elevação de impostos e do custo de vida resultou na insatisfação da população de outras
Atividades regiões, o que provocou a Revolução Pernambucana em 1817.
8, 9 e 10. Sugira que as atividades c) A presença da família real na América portuguesa fez que parcelas da população escravizada
fiquem como tarefa para se revoltassem para tentar acabar com a escravidão.
casa e aproveite a aula d) Uma das reivindicações dos colonos era por maior autonomia regional, o que provocou a
seguinte para discutir as Revolução Pernambucana em 1817.
e) Existiam grupos no Rio de Janeiro e em São Paulo que defendiam ideias republicanas e eram
respostas. Se considerar
contra a manutenção da monarquia; por isso, revoltaram-se contra a família real.
necessário, solicite aos
estudantes a elaboração 10. As Guerras Napoleônicas são exemplos de conflitos que ocorreram em uma região
específica do mundo, o continente europeu, mas que tiveram implicações globais.
de justificativas, que pre-
Leia as frases abaixo e escolha a alternativa correta que explica os impactos desse
cisam ser acrescenta- conflito. Alternativa C.
das principalmente aos a) As Guerras Napoleônicas tiveram impacto global, porque soldados de várias partes do
itens falsos. mundo se envolveram no conflito.
b) Para derrotar os ingleses, Napoleão invadiu a Ásia e a África, conquistando a Índia e outras
colônias inglesas nesses territórios.
c) As Guerras Napoleônicas tiveram impacto global, já que afetaram a política e a orga-
nização social de outras regiões do mundo, como a América Latina, onde os conflitos
europeus resultaram no enfraquecimento das autoridades coloniais e possibilitaram lutas
de independência.
d) A invasão da América portuguesa por tropas francesas é um exemplo de impacto global
das Guerras Napoleônicas.
e) As Guerras Napoleônicas provocaram a conquista da América espanhola por tropas
inglesas.

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
VAMOS FALAR SOBRE... LIBERDADE Vamos falar sobre...
As pessoas que lutaram pela independência da América acreditavam que essa era uma forma Liberdade
importante de conquistar a liberdade e criar uma sociedade melhor e mais justa. Atualmente, Para auxiliá-los com o trabalho
muitas pessoas ainda desejam construir uma sociedade assim. A reportagem a seguir trata de um da seção, tome como ponto de
exemplo disso: a mobilização de jovens pela proteção do meio ambiente. partida as manifestações em prol
da preservação ambiental. A
reportagem apresenta ativistas
que, mesmo correndo o risco de
serem presos, vão às ruas exigir
mudanças no modo como vem
sendo tratada a questão ambien-
tal no planeta.
Jovens
protestam Enquanto eles discutem em
FÁBIO PELINSON/FUTURA PRESS

por leis mais duplas, circule pelos grupos


severas para
a proteção do
para acompanhar as reflexões.
meio ambiente, Se possível, valorize e socialize
em Lisboa as soluções de cada dupla.
(Portugal), 2019.
Atividade
A luta pelo ambiente da jovem ativista sueca Greta Thunberg, que no verão
passado iniciou sozinha uma greve às aulas pelo clima, inspirou milhões de jovens 1. Resposta pessoal. A ativi-
por todo o mundo, alguns que arriscam carreiras e a própria liberdade. dade mobiliza habilidades
[...] socioemocionais, como
Um desses jovens é Arshak Makichyian, estudante do Conservatório de música o autoconhecimento e
de Moscou. Há uns meses ouviu falar de Greta Thunberg, inspirou-se nela e hoje a tomada de decisões.
deixou o seu violino de lado para se comprometer com o planeta.
Espera-se que os estudantes
[...]
Na Rússia passou semanas a ir para as ruas com um cartaz, sozinho, porque
percebam que a discussão
“uma manifestação de uma pessoa é a única forma de manifestação sem ser preciso gira em torno da liberdade de
autorização do Governo”. expressão e do direito de se
[...] manifestar livremente. Ofereça
[…] Arshak diz que [protestar em Moscou] é arriscado, que basta um levantar o exemplos de pessoas que
seu cartaz cedo demais para serem presos.
acabaram presas por causa
Em outubro passado Arshak já foi de fato preso e deve ser julgado este mês.
de seus posicionamentos
“Provavelmente vou ser preso quando regressar a Moscou”, mas “vou continuar as
minhas ações”. políticos e ideológicos, como
OS JOVENS que Greta Thunberg inspirou arriscam carreiras e até a própria liberdade. Sapo, [s. l.],
Nelson Mandela, na África do
6 dez. 2019. Disponível em: https://lifestyle.sapo.pt/vida-e-carreira/ecologia/artigos/cop25-jovens-que- Sul, os escritores Graciliano
greta-thunberg-inspirou. Acesso em: 14 maio 2022.
Ramos e Patrícia Galvão, mais
1. Em seu entendimento, a decisão desses jovens em lutar pelo planeta mesmo arriscando conhecida como Pagu, presos
suas carreiras e liberdades é uma forma adequada de se lutar no presente? Converse durante o governo de Getúlio
com um colega sobre o tema e, ao final, apresentem a opinião da dupla para a turma.
Vargas, entre muitos exemplos
Consulte comentários nas Orientações didáticas.
147 no Brasil e no exterior.

AMPLIAR HORIZONTES
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• FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS. Transição para a independência (1808-1822). Atlas Histórico do Brasil.
Rio de Janeiro, c2016. Disponível em: https://atlas.fgv.br/capitulos/transicao-para-independencia-1808-1822.
Acesso em: 16 ago. 2022.
O atlas apresenta uma extensa linha do tempo da História do Brasil, de 1500 aos dias de hoje. Dez “entradas”
no site sinalizam períodos importantes, desde o descobrimento até a Nova República, com textos e mapas
interativos. A página “Transição para a Independência (1808-1822)” mostra a economia e a política do país
no período e as transformações urbanas do Rio de Janeiro, desde a chegada da Família Real até a Proclama-
ção da Independência.

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 4, 6 e 7: trabalhadas
com os estudantes ao discutirem as
particularidades de grupos e indiví-
duos nos dias de hoje em relação ao FE CH ANDO A UNIDADE
conceito de liberdade.
• CEH: 1, 2, 3, 4 e 5: abordadas com O CAPACITISMO
a turma à medida que os estudantes
constroem argumentos críticos sobre O capacitismo limita a liberdade de muitas pessoas no mundo contemporâneo. Chamamos
as diferentes realidades coletivas e in- dessa maneira o preconceito em relação à capacidade corporal e/ou cognitiva das pessoas
dividuais. com deficiência (PcD), que se expressa no cotidiano na desvalorização e desqualificação dessa
parcela da população.
Os dois documentos a seguir tratam dessa questão. O primeiro é um quadrinho que trata
PROCEDIMENTOS do modo como o capacitismo pode afetar a vida cotidiana das pessoas. O segundo, um artigo
DIDÁTICOS que aborda as dificuldades de inclusão social das pessoas com deficiência (PcD). Analise os dois
documentos e responda às questões.
Fechando a unidade
Esta seção trabalha com ques- Documento 1: Quadrinho
tões ligadas à cidadania e aos
LAURA ATHAYDE

direitos humanos. Ao enfocar


os direitos das pessoas com
deficiên­cia, a seção permite
mobilizar habilidades socio-
emocionais como a empatia,
consciência social e os rela-
cionamentos interpessoais,
entre outras.
A proposta é refletir sobre
como o capacitismo, por meio
de suas práticas discriminatórias
e preconceituosas, cerceia a liber-
dade humana porque contribui
para a construção de obstáculos
que dificultam a inserção econô-
mica, política e social das pessoas
com deficiência.

ATHAYDE, Laura. [A minha cadeira…].


Laura Athayde: quadrinhos e ilustrações.
[S. l.], 14 out. 2015. Disponível
em: https://ltdathayde.tumblr.com/
post/131167007001/hist%C3%B3ria-
dessa-semana-respeito-%C3%A9-
importante. Acesso em: 10 jul. 2022.
Tirinha de Laura Athayde, 2015.

148

AMPLIAR HORIZONTES D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24.indd 148 PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS 09/08/22 11:37

• MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo:­ Fechando a unidade
Moderna, 2003.
Atividades
O livro enfoca a inclusão escolar e expõe didaticamente o que essa inovação educacional pro-
põe para atender aos anseios e às necessidades de todos os estudantes. 1. A mensagem central do quadrinho é que
a deficiência não define o que a pessoa
• RAMOS, Rossana. Inclusão na prática: estratégias eficazes para a educação inclusiva.
São Paulo: Summus, 2016. é, ou seja, a pessoa com deficiência não
Partindo de uma perspectiva socioconstrutivista, a autora apresenta exemplos de como se po-
pode ser limitada à sua deficiência. Essa é
de desenvolver um trabalho pedagógico consistente com estudantes com deficiência. uma resposta importante contra posturas

148

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tomem atitudes capacitistas
sem saber ou de forma irrefle­
2. A atitude e a fala do profissional representado no penúltimo quadrinho mostra uma tida. Conhecer o problema
falta de empatia, uma vez que ele não compreende as necessidades da cadeirante e
Documento 2: Artigo não se sensibiliza com as dificuldades que ela passa por ficar muito tempo sentada em
é um passo importante para
uma cadeira que não é a dela, adaptada às suas necessidades. superá-lo.
[…] somente no século XX a humanidade passou a adotar uma abordagem inclusiva
para as pessoas com deficiência, deixando de simplesmente ignorá-las ou tratá-los como 5. Resposta pessoal. Espera-se
doentes a partir de uma visão médica. que os estudantes reflitam
Isso significa que por muito tempo essas pessoas foram discriminadas, sendo excluí- sobre ações que podem
das socialmente e não tendo os seus direitos reconhecidos. assegurar a plena inclusão
Essa discriminação histórica das pessoas com deficiência também fez com que por
das pessoas com deficiência,
séculos construíssemos as nossas estruturas sociais, políticas e econômicas sem consi-
derar a participação e o envolvimento dessas pessoas.
evitando posturas capacitistas
Como consequência, mesmo com o reconhecimento dos direitos das pessoas com que limitem ou menosprezem
deficiência com a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Pessoa com Deficiência, as capacidades individuais
no caso do Brasil, as PcD [Pessoas com deficiência] ainda possuem dificuldades para ter das pessoas com deficiência.
acesso a serviços e recursos básicos. [...] isso favorece a marginalização das pessoas com Sugere-se organizar as ideias
deficiência na sociedade. dos estudantes e apresen-
Nesse sentido, a conquista por espaços e oportunidades em ambientes vitais da socie-
tá-las à direção da escola a
dade, como no mercado de trabalho, na educação e no mundo político, se mostra essencial
para a inclusão dessas pessoas e a eliminação do capacitismo. fim de adotar medidas que
assegurem os direitos das
MARTINS, Beatriz C. et al. Capacitismo e os desafios das pessoas com deficiência. Politize!, Florianópolis,
2 nov. 2021. Disponível em: https://www.politize.com.br/equidade/blogpost/capacitismo-e-os- pessoas com deficiência.
desafios-das-pessoas-com-deficiencia/. Acesso em: 14 maio 2022.
6. Resposta pessoal. Os exemplos
são os mais variados possíveis.
1. De acordo com o documento 1, qual é a resposta das pessoas com deficiência às posturas
capacitistas presentes em nossa sociedade? Consulte resposta esperada e comentários As paraolimpíadas servem
nas Orientações didáticas. como um ótimo exemplo, pois
2. Empatia é a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente dela participam atletas com
e, portanto, de se colocar no lugar do outro. Localize no documento uma situação que
variados tipos de deficiência,
demonstra falta de empatia. Identifique-a e justifique sua resposta.
como os brasileiros Daniel Dias
3. De acordo com o documento 2, no século XX, parte da sociedade passou a adotar (deficiência física), nadador
uma abordagem inclusiva para as pessoas com deficiência. Qual é a importância e maior medalhista parao-
dessa atitude? límpico brasileiro, e Evelyn
4. Você já presenciou ou praticou uma ação que pode ser considerada como capacitista? de Oliveira (atrofia muscular),
Explique. Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas. medalha de ouro em bocha.
Caso os estudantes não iden-
5. Discuta com os colegas sobre o cotidiano de sua escola. Existem elementos na organiza-
ção do espaço, nas atividades e nas práticas cotidianas que reproduzem ou promovem tifiquem nenhum exemplo,
o capacitismo? Se sim, o que pode ser feito para mudar isso? você pode apresentar a eles
Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas. pinturas de Frida Kahlo e
6. As pessoas com deficiência demonstram cotidianamente que a sua condição não as
músicas de Stevie Wonder
impede de trabalhar ou de ter uma vida social e afetiva. Escolha uma pessoa com
e Ray Charles (ambos cegos)
deficiência reconhecida publicamente pelo seu trabalho e faça uma pesquisa sobre
ela. Reúna as informações coletadas em uma biografia e apresente-a oralmente para ou de Beethoven (surdo). Há
os colegas. (Consulte a seção Como se faz... para orientações sobre como escrever uma também atores brasileiros,
biografia.) Produção pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas. como Ariel Golbenberg; Breno
3. Até então, as PcD eram ignoradas ou tratadas como doentes, sendo discriminadas, excluídas Viola e Rita Pokk (síndrome
socialmente e não tendo seus direitos reconhecidos. Essa mudança de atitude contribui para evitar a 149 de Down), protagonistas do
marginalização dessas pessoas, promovendo inclusão social.
filme “Colegas”, e Stephen
Hawking, um dos maiores
capacitistas, evidenciando as múltiplas habi-
D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-CAP5-LA-G24-AV2.indd 149 4. Resposta pessoal. É possível que os estudantes
14/08/22 14:38 cientistas de todos os tempos,
lidades e potencialidades das pessoas com já tenham presenciado ou mesmo praticado de que viveu com Esclerose
deficiência, tal qual ocorre com qualquer forma não intencional ações capacitistas, como Lateral Amiotrófica (ELA) por
outra pessoa. É importante enfatizar na menosprezar as capacidades intelectuais de grande parte da vida, o que
discussão em sala de aula que a deficiência uma pessoa com deficiência ou considerá-las o paralisou fisicamente, de
não deve ser pensada como algo que impede incapazes de realizar atividades cotidianas. forma gradual, por décadas.
as pessoas de realizar seus sonhos e projetos Estimule a discussão em sala de aula sobre
de vida, mas que é essencial à sociedade o tema. É importante enfatizar que as ideias
agir com respeito e cuidado, assegurando capacitistas estão muito presentes em nossa
os direitos de todos. sociedade, por isso não é raro que as pessoas
149

D3-HIST-F2-2108-V8-124-149-U2-C05-MPU-G24.indd 149 30/08/22 16:38


A BNCC NA UNIDADE
Competências

3
• Gerais (CG): 1, 3, 4, 6, 7 e 9: traba- UNIDADE
lhadas com os estudantes à medida
que valorizam a construção e a utiliza-

NAÇÃO E
ção do conhecimento histórico acerca
dos modelos políticos e econômicos vi-
gentes no século XIX e analisam suas
causas e consequências entre os di-
ferentes grupos e indivíduos nos NACIONALISMO
territórios independentes.
• Específicas de Ciências Humanas
(CECH): 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
• Específicas de História (CEH): 1,
2, 3, 4, 5, 6 e 7.
Habilidades
• EF08HI06 • EF08HI15 • EF08HI16 Nesta unidade, estudaremos como,
• EF08HI17 • EF08HI19 • EF08HI20 no final do século XIX, algumas nações
• EF08HI22 • EF08HI23 • EF08HI24 europeias subjugaram outros povos por
• EF08HI25 • EF08HI26 • EF08HI27 motivações econômicas, aliadas a interes-
ses nacionalistas.
Também vamos entender como o pro-
Temas Contemporâneos jeto de nação brasileira, desenvolvido a par-
Transversais na unidade tir do Primeiro Reinado, excluía grande parte
• Cidadania e Civismo: o tema da população do país.
é abordado por meio de discus-
sões a respeito dos conceitos de
nação e nacionalismo na unida-
de e trazem diversas reflexões a
respeito da vida em sociedade,
principalmente nas páginas 152
e 153; exemplos de expressão
da nacionalidade brasileira no
presente na página 162; refle-
xão a respeito de soberania na
página 203; discussões a respei-
to do racismo na página 185;
combate à xenofobia no pre-
sente na página 185 e, por fim,
eurocentrismo na página 191.
• Multiculturalismo: o tema
é abordado por meio da dis-
cussão sobre a arte africana,
como forma de combate ao Sede das Nações Unidas, em
Nova York, Estados Unidos,
preconceito, página 186; na 2021.
página 153, ao abordar aspec-
tos dos povos indígenas e, nas 150
páginas 177 e 178, ao resga-
tar para o presente a história
da poeta negra Luísa Mahin.
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 150 09/08/22 16:34
• Ciência e Tecnologia: o te-
ma é abordado ao discutir os
papéis da ciência e da tecno-
logia no combate ao racismo
na página 185.
• Saúde: o tema é abordado
por meio da discussão sobre a
mortalidade infantil na página
157 e por reflexões antidrogas
na página 194.
150

D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-C06-MPU-G24.indd 150 30/08/2022 16:13


redundaram facilmente em
políticas expansionistas e
agressivas [...]
[...]. Os movimentos nacio-
nalistas nas diversas colônias,
com a variação natural de
tempo e espaço, foram mo-
vimentos de afirmação da
nacionalidade, de recupera-
ção de tradições, de idioma,
de autonomia política e de
independência [...].
As fronteiras definem os li-
mites físicos do exercício de
hegemonia (de soberania) dos
grupos e se estabeleceram
no passado como resulta-
do de processos de luta que
vieram a se fixar em obstá-
culos naturais ao exercício
eficaz da força, tais como ma-
res, lagos, rios e cadeias de
montanhas, obstáculos que
contribuíram no passado,
quando as distâncias eram
muito significativas, para o
desenvolvimento de tradi-
ções e idiomas distintos.
[...] O conjunto de insti-
tuições que exercem essas
funções de legislar, executar
e julgar em nome do conjunto
dos cidadãos de uma socie-
dade se chama Estado. [...]
GUIMARÃES, Samuel Pinheiro.
Nação, nacionalismo, Estado. Es-
tudos Avançados, v. 22, n. 62,
p. 145-159, 2008. p. 145-147,
149-150. Disponível em: https://
www.scielo.br/j/ea/a/YR3Z6J3m
g8VMpb8crH5jhYP/?lang
SERGI REBOREDO/ALAMY STOCK PHOTO/FOTOARENA

=pt&format=pdf. Acesso em:


5 ago. 2022.

151

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 151 Nacionalismo é o sentimento de consi-
09/08/22 16:34

derar a nação a que se pertence, por uma


Nação, nacionalismo, Estado razão ou por outra, melhor do que as de-
Nação, em seu sentido político moderno, mais nações e, portanto, com mais direitos,
é uma comunidade de indivíduos vin- sendo manifestações extremadas desse
culados social e economicamente, que sentimento a xenofobia, o racismo e a ar-
compartilham certo território, que re- rogância imperial. [...]
conhecem a existência de um passado O nacionalismo nos países desenvolvi-
comum, ainda que divirjam sobre aspec- dos, em especial nas Grandes Potências, e
tos desse passado [...]. sua pretensão de superioridade nacional

151

D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-C06-MPU-G24.indd 151 30/08/2022 16:13


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Ao introduzir os conceitos-

Compartilhando
-chave da unidade, busque
verificar os conhecimentos
prévios da turma sobre eles.
Questione, por exemplo, em que identidades
situações podem ser utilizados
os conceitos de Estado, país e
nação, estimulando os estudan-
tes a retomar discussões feitas Se você já assistiu alguma vez à cerimônia de entrega de medalhas nos
anteriormente e a esclarecer as Jogos Olímpicos ou nos Jogos Pan-Americanos, deve ter notado que a premia-
diferenças entre eles. Aprofunde ção é acompanhada pelo hino do país do atleta vencedor. Nesse momento,
as percepções sobre o conceito toda uma nação se vê representada pelo atleta que ocupa o lugar mais alto
do pódio.
de nação, estendendo para o
nacionalismo, apresentado aqui NI MINZHE/CHINASPORTS/GETTY IMAGES

como um sentimento de per-


tencimento à nação.
É interessante também
comentar com os estudantes
que em um mesmo território
podem existir diferentes nações,
como as formadas por povos
sem fronteiras definidas ou um
Estado próprio, como é o caso
dos povos indígenas e ciganos
que vivem no Brasil. Incentive-os
a pensar nas diversas culturas e
etnias que compõem a popu-
lação brasileira. Ressalte que o
sentimento de pertencimento a
um grupo ou país é muito impor-
tante para que as pessoas se
sintam acolhidas e reconheci-
das pelos demais.

AMPLIAR HORIZONTES
• XENOFOBIA: um crime silen-
cioso. 2016. Vídeo (7min50s).
Publicado pelo canal HuffPost Abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, na China, 2022. O conceito de nação é definido por
Brasil. Disponível em: https:// certos aspectos culturais de um povo, que os diferenciam de todos os outros povos.
www.youtube.com/watch?v=
a93gRuIwW80&t=3s. Acesso 152
em: 4 ago. 2022.
Documentário que evidencia o
crescimento de casos de xeno- D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 152 09/08/22 16:34
fobia recentemente no Brasil,
acendendo um alerta para a es-
calada da intolerância.

152

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tempo. Em diferentes momentos,
esses conceitos foram entendi-
dos de maneiras distintas. Os
A língua, a comida, os costumes, as crenças, a cultura, o modo de ser e as tradições
indígenas, por exemplo, têm
são alguns dos aspectos que fazem uma população se reconhecer como pertencente a uma
lutado para construir e preser-
mesma nação.
var suas próprias identidades e
garantir direitos como participa-

LUCIOLA ZVARICK/PULSAR IMAGENS


ção ativa na sociedade, cidadania
e reconhecimento de suas terras
tradicionais.
Proponha uma discussão
sobre o conceito de identi-
dade e indague aos estudantes
se, na opinião deles, é possí-
vel pensá-lo como algo único,
definido ou como uma ideia em
constante processo de trans-
formação e de ressignificação,
capaz de incorporar a plurali-
dade e a diversidade. Se desejar
aprofundar a reflexão, sugira
a eles que façam em dupla ou
em grupos uma breve pesquisa
Mulheres da etnia kamaiurá, da aldeia Ipavu, dançam na Festa do Uluri, em um ritual de sobre o conceito de identidade,
preparação para a liderança feminina. Gaúcha do Norte (MT), 2018. buscando observar a sua ligação
com as ideias de diferença e de
O conceito de nação também pode se estender a povos sem fronteiras definidas, como as diferentes
nações indígenas existentes no Brasil. Nesse ritual, as mulheres preparam uma jovem de 13 anos
semelhança e se é possível exis-
que passou por um período de reclusão e será liberada para participar da vida na comunidade. tirem várias identidades em um
mesmo país. Depois, viabilize um
Esse sentimento de pertencimento a uma nação, cha- debate com a turma para que
Xenofobia: aversão a coisas e
mamos de nacionalismo. O nacionalismo pode contribuir pessoas de fora do país. todos possam expor os resulta-
para a autoestima dos povos e para ajudar a desenvolver Racismo: preconceito e atitude
de hostilidade contra indivíduos
dos das pesquisas e seus pontos
nas pessoas a vontade de melhorar o país.
pertencentes a uma etnia diferente, de vista, praticando a argumen-
Porém, se exacerbado, esse sentimento torna-se peri-
geralmente considerada inferior. tação, o pensamento crítico,
goso, uma vez que pode resultar em xenofobia e também
em racismo. a cooperação e o diálogo.

Converse com os colegas e o professor sobre as questões a seguir.

1. Em seu entendimento, quais são as principais manifestações culturais que caracte-


rizam a identidade brasileira?
Resposta pessoal. O estudante pode citar as festas, a culinária, o futebol, a língua, a música etc.
2. Você acha importante conhecer a cultura de outras nações? Por quê?
Resposta pessoal. Procure mostrar a importância de conhecer e respeitar as expressões culturais
variadas, evitando-se, assim, a xenofobia e o etnocentrismo.
153

PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 153 superioridade e incentiva atitudes de domi-
09/08/22 16:34

nação, ódio e discriminação de outros povos.


Leia para a turma o texto “Nação, naciona-
Aproveite para esclarecer o que é a xenofo-
lismo, Estado”, indicado no Texto complementar
bia. Explique que os estereótipos aumentam
da página 151, que os ajudará a ampliar a as atitudes de intolerância e violência contra
reflexão acerca dos tipos de nacionalismo. É estrangeiros e grupos regionais.
importante que os estudantes percebam que Inicie uma conversa com a turma sobre
o nacionalismo pode ser positivo, quando visa a construção histórica das ideias de nação,
à independência e ao desenvolvimento da nacionalidade, nacionalismo e identidades, res-
nação, ou negativo, quando parte da ideia de saltando como elas se transformam ao longo do
153

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A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

6
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3 e 6. O PRIMEIRO REINADO
Habilidades
• EF08HI06 • EF08HI15 • EF08HI16
E O PERÍODO REGENCIAL
• EF08HI17 • EF08HI19 • EF08HI20
• EF08HI22 • EF08HI25

A BNCC NESTA DUPLA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM


• CECH 1 e 4: abordadas com os
• Conhecer aspectos do Primeiro Reinado e da Regência no Brasil.
estudantes fazendo com que com-
preendam o contexto histórico do • Identificar as revoltas regenciais, suas reivindicações e lideranças.
Primeiro Reinado e os impactos de • Discutir o conceito de nação.
suas características entre os grupos
e indivíduos da época. O Brasil é governado por um presidente da República, escolhido pela população a cada quatro
• CEH 1 e 2: trabalhadas com os es- anos, mas nem sempre foi assim: o país já teve dois reis, aqui chamados de imperadores. Após se
tudantes à medida que analisam os tornar independente de Portugal, no começo do século XIX, o Brasil foi a única nação da América
fatos históricos e elaboram questiona- do Sul a adotar a monarquia como forma de governo. Todos os outros países sul-americanos
mentos e hipóteses problematizadas deixaram de ser colônias para se tornarem repúblicas independentes.
sobre os processos de transformação O primeiro monarca do Brasil independente foi D. Pedro I. Ele comandou o processo de
e manutenção das estruturas sociais independência do país em 1822, mas abdicou do trono em 1831, após perder o apoio das elites.
e políticas.
Por isso, entre 1831 e 1840, o país foi governado por regentes. Foi um período bastante
• Habilidades EF08HI15: enfocadas com tenso, com a eclosão de um grande número de revoltas em diversas partes do Brasil, que quase
os estudantes ao abordar as transfor-
provocaram a fragmentação do território brasileiro. Em 1840, D. Pedro II, filho de D. Pedro I,
mações políticas após o processo de
assumiu o Império Brasileiro, aos 14 anos, e se tornou o segundo imperador do país.
independência do Brasil, ao levá-los
Neste capítulo, estudaremos essas revoltas e veremos como o Brasil se consolidou como um
a analisar as diferentes formas de
governo adotadas em países latino- país autônomo e soberano, com leis e instituições próprias.
-americanos a partir dos seus proces-

CHICO FERREIRA/PULSAR IMAGENS


sos de independência e ao caracterizar Elite: designa os grupos mais
ricos e poderosos da sociedade,
o Primeiro Reinado e analisar as dis- às vezes chamados de grupos
putas de poder existentes entre os dominantes.
sujeitos históricos do período.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Pergunte aos estudantes
que sistema de governo
temos hoje no Brasil e levante
Local de votação no
o que entendem por república.
bairro de São Conrado, no
Anote na lousa as palavras cen- Rio de Janeiro (RJ), 2020.
trais usadas por eles e veja o As pessoas utilizam
máscaras por causa da
que sabem também a respeito pandemia de covid-19.
da monarquia. Depois, elabore
com eles a definição dos dois 154
conceitos. Se perceber alguma
dificuldade, faça na lousa um
quadro com 4 colunas e 2 linhas: • Coluna 4: Regime de governo.
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 154 Linha 1: 09/08/22 16:34

• Coluna 1: Sistema de governo. Autocrático. Linha 2: Democrático.


Linha 1: Presidencialismo. Ao elaborar o quadro, certifique-se de que a
Linha 2: Parlamentarismo; • turma tenha familiaridade com todos os termos
Coluna 2: Forma de governo. mencionados e, se necessário, retome e expli-
Linha 1: Monarquia. Linha 2: que utilizando exemplos, que podem também
República; • Coluna 3: Forma ser incluídos no formato final do quadro.
que o Estado pode assumir.
Linha 1: Confederação ou Estado
Unitário. Linha 2: Federação;
154

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O PRIMEIRO REINADO (1822-1831) Durante a abordagem do
item O Primeiro Reinado
No dia em que completou 24 anos, em 12 de outubro de 1822, D. Pedro foi proclamado
(1822-1831), observe que, para
Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil. Cinquenta dias depois, em outra ceri-
mônia, foi coroado imperador do Brasil, com o título de D. Pedro I. Depois de mais de 300 anos
a formação cidadã dos estudan-
como colônia de Portugal, o Brasil se tornava uma nação independente. tes, é importante a compreensão
Apesar de ter rompido os laços políticos e econômicos que ligavam o Brasil a Portugal, os do que é uma estrutura político-
vínculos familiares continuavam, uma vez que o novo imperador brasileiro pertencia à Casa de -administrativa. Nesse sentido,
Bragança, a família que governava Portugal. Isso permaneceu até o final do século XIX, quando levante reflexões, como: Para
um grupo de militares derrubou a monarquia e implantou a república em terras brasileiras. onde vamos quando precisamos
Em 1822, o Brasil era um país em formação; afinal, conquistada a independência, era neces- de cuidados médicos? Quem é
sário criar uma estrutura político-administrativa. Ou seja, era preciso estabelecer leis, criar
responsável pelo posto de saúde
instituições, regulamentações, sistemas de ensino, símbolos e órgãos administrativos.
de sua comunidade? Quem cuida
Também era fundamental conciliar interesses variados.
das estradas? Quem administra os
ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO

valores das nossas contribuições


para quando não pudermos mais
trabalhar? Destaque que essas res-
ponsabilidades de cada instância
do governo fazem parte da estru-
tura administrativa do país.

Aclamação de D. Pedro I, imperador do


Brasil, Campo de Santana, Rio de Janeiro, Litografia: tipo de gravura que utiliza uma matriz
Jean-Baptiste Debret. Litografia colorizada de pedra, na qual é feito um desenho. Esse desenho
feita por Thierry Frères, 1834-1839. recebe tinta e é impresso por meio da pressão da
pedra sobre folhas de papel.

155

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155

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 5: abordadas com os
estudantes fazendo com que com-
preendam o conceito de desigualdade
Um país desigual
social e analisem a relação desse con- Quando o Brasil se tornou independente, mais de um quinto da população era formada por
texto histórico com os dias atuais. escravizados. Havia, ainda, muitas diferenças entre o modo de vida na zona rural (onde residia a
• CEH 1, 2 e 3: trabalhadas com a turma maioria da população) e o das áreas urbanas. As desigualdades sociais também eram enormes,
à medida que analisam as condições com uma minoria de grandes proprietários rurais e comerciantes que vivia com luxo e ostentação,
políticas, sociais e econômicas de di- enquanto a maior parte da população permanecia na pobreza.
ferentes sujeitos históricos e formulam O analfabetismo atingia cerca de 85% da população brasileira. Praticamente não havia escolas
questionamentos e argumentos para regulares. A educação das crianças ricas ficava a cargo de preceptores, ou seja, mulheres e homens
compreendê-las. que transmitiam a elas os primeiros ensinamentos.
• Habilidade EF08HI15: enfocada com os

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


estudantes ao caracterizar a condição
social dos sujeitos históricos no período
recém-independente do Brasil.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS Casa de fazendeiro, Johann
Moritz Rugendas. Litografia,
No item Um país desigual, 1825. As moradias das
os estudantes vão estudar a fazendas e dos engenhos
eram mais rústicas que
realidade social do Brasil no as dos ricos em áreas
contexto de sua formação como urbanas. Geralmente,
dispunham apenas de
nação no século XIX. Antes da pesadas mesas de madeira,
leitura do texto, proponha uma alguns bancos e baús.
reflexão sobre a realidade social Em caráter de exceção, alguns escravizados recebiam autorização para construir pequenas
de boa parte da população brasi- moradias de pau a pique cobertas de sapê. Nessas habitações, eles podiam ter um pouco de
leira na época da independência. privacidade, diferentemente da senzala. Além disso, podiam cozinhar e alimentar-se de acordo
Pontue que havia no período com suas raízes africanas.
uma grande desigualdade social,

BIBLIOTECA GUITA E JOSÉ MINDLIN, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


marcada pela permanência da
escravidão. Esclareça que o número
de analfabetos era muito alto e
que a maioria das crianças, prin-
cipalmente as pobres, não tinha
oportunidade de estudar. Quase
não havia escolas e as famílias mais
abastadas contratavam um pre-
ceptor para seus filhos, um tipo de
professor particular que os ensinava Interior de uma casa
do baixo povo, Joaquim
a ler, a escrever e dava noções de Cândido Guillobel.
Matemática e outras disciplinas. Desenho aquarelado, 1820.
Prossiga com a leitura do texto
e solicite à turma que desta- 156
que aspectos sociais, como as
diferenças entre as moradias,
a educação para crianças e a serD3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd
feito para mudar essa situação. 156 Questione-os também sobre a infância no Brasil nos dias 09/08/22 16:34

permanência da escravidão. de hoje e se todas as crianças possuem as mesmas oportunidades.


Aproveite o ensejo para iniciar
uma discussão sobre como a AMPLIAR HORIZONTES
desigualdade social é uma
marca ainda presente na socie- • ROMÃO, Jeruse (org.). História da educação do negro e outras histórias. Brasília, DF: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. Disponível em: http://
dade brasileira. Converse com
etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/historia_educacao_negro.pdf. Acesso em: 4 ago. 2022.
os estudantes sobre essas per-
A publicação reúne diversos artigos sobre a questão da exclusão da população negra da educação escolar ao
manências levando-os a refletir longo da história do país.
sobre as causas e o que poderia
156

D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-C06-MPU-G24.indd 156 30/08/2022 16:13


mil crianças nascidas. Em
2020, esse número era de
11,5 casos por mil. Ainda
A infância no Império assim, a meta estabele-
Durante o século XIX, os filhos da elite levavam uma vida influenciada pela cultura europeia. cida para 2030 seria de
Vestiam-se segundo modelos franceses ou ingleses, e boa parte de seus brinquedos vinha do exterior. no máximo cinco óbitos
Como nos primeiros tempos do Império havia poucas escolas, a educação ficava a cargo de para cada mil crianças
preceptores; em geral, mulheres de origem europeia, encarregadas de assegurar a essas crianças
nascidas vivas. O link a
uma formação pedagógica, moral e cultural. A partir de 1827, foram criadas algumas escolas
primárias e os primeiros cursos superiores do Brasil, destinados aos filhos da elite.
seguir apresenta informa-
As crianças livres e pobres cresciam em meio a privações de todo tipo. Sem acesso à forma- ções que podem ajudar na
ção escolar, em geral, tornavam-se adultos analfabetos, elaboração da resposta:

ROMULO FIALDINI/TEMPO COMPOSTO


cujos direitos eram frequentemente desrespeitados. Os https://fadc.org.br/sites/
filhos dos escravizados trabalhavam desde pequenos, default /files / 2022- 03/
cuidando de tarefas domésticas ou em outras ativida- cenario-da-infancia-e-
des; a partir dos 12 anos, já eram considerados adultos, adolescencia-no-brasil-
passando a servir como mão de obra escravizada.
2022_0.pdf; acesso em:
O que os filhos dos ricos e dos pobres enfrentavam
5 ago. 2022.
em comum era o alto índice de mortalidade infantil.
As péssimas condições sanitárias dos centros urbanos e b) Estudos de Elisabeth Barboza
de áreas rurais, a desnutrição e a falta de conhecimen- França (et al.), analisando as
tos médicos, entre outros fatores, faziam com que as ocorrências entre 1990 e
crianças se tornassem as principais vítimas das doenças 2015, constataram que 72%
contagiosas que assolavam o país e, quase sempre, dos casos de mortalidade
levavam à morte.
infantil se deviam ao fato
Retrato de Dona Leopoldina de Habsburgo e seus filhos
de a criança ter nascido
em 1826, Domenico Faillutti. Óleo sobre tela, 1921. prematuramente. Em 1990,
a segunda maior causa de
A mortalidade infantil atingia pobres e ricos. D. Leopoldina, morte era a diarreia. Porém,
primeira mulher de D. Pedro I, teve sete filhos: dois morreram
antes de completar 1 ano e uma das meninas representadas em 2015, houve mudança
na tela morreu antes de completar 10 anos. nesse quadro, e anomalias
congênitas e asfixia no parto
FICA A DICA tornaram-se as causas mais
comuns, depois da prema-
• Eu me protejo. Disponível em: https://www.eumeprotejo.com/. Acesso em: 30 jun. 2022.
turidade. O estudo está
O site conta com diversos conteúdos e informações sobre como crianças e jovens podem se
proteger de várias formas de violência. disponível em: https://www.
scielosp.org/pdf/rbepid/2017.
v20suppl1/46-60; acesso em:
1. Um dos problemas enfrentados pela população no século XIX eram os altos índices 5 ago. 2022.
de mortalidade infantil. Faça uma pesquisa sobre a mortalidade infantil no Brasil na
atualidade e responda às seguintes questões:
a) Ao longo dos últimos dez anos, a mortalidade infantil tem aumentado ou diminuído? Que
números comprovam sua resposta? Consulte respostas e comentários nas Orientações didáticas.
b) Quais são as principais causas da mortalidade infantil hoje no país?
Consulte resposta e comentários nas Orientações didáticas.
157

PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 157 reprovação, de acesso aos níveis de ensino,09/08/22a 16:34
dis-
torção entre idade e ano escolar etc.), promovendo
Comente com os estudantes que ainda hoje
o debate, a sistematização dos conhecimentos, o
o analfabetismo atinge em maior proporção a
pensamento crítico, a argumentação e a participa-
população negra. Em 2018, o IBGE registrou que
ção de estudantes com diferentes perfis.
o analfabetismo atingia 3,9% da população branca
e 9,1% da população preta ou parda (disponível Atividade
em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/ 1. a) Estudo divulgado em 2022 pela Fundação
livros/liv101681_informativo.pdf; acesso em: 4 Abrinq mostra uma queda nos índices de
ago. 2022). Se desejar, amplie o estudo da questão mortalidade. Em 2015, eram 12,4 crianças
com a análise de outros dados (como índices de com menos de um ano mortas a cada
157

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3, 6: abordadas com os
estudantes fazendo com que com-
preendam o contexto histórico da
A primeira Constituição
promulgação da primeira Constitui- Durante o período colonial, o Brasil foi regido pelas mesmas leis de Portugal. Ao se tornar
ção e as mudanças no que diz respeito independente, o país precisava ter a própria Constituição. Assim, em maio de 1823, reuniram-se
ao poder do imperador. no Rio de Janeiro os representantes eleitos da Assembleia Constituinte para elaborar a primeira
• CEH 1 e 2: trabalhadas com a turma Constituição brasileira.
à medida que analisam os fatos his- Esses homens (pois não era permitido às mulheres participar das eleições) representavam
tóricos e elaboram questionamentos grupos sociais pertencentes à elite: eram proprietários rurais, advogados, religiosos, militares etc.
e hipóteses problematizadas sobre a Não havia entre eles representantes das camadas mais pobres da população.
atuação política do imperador no Bra- O projeto de Constituição foi escrito no decorrer de alguns meses e tinha um caráter anti-
sil independente. absolutista, limitando os poderes do imperador. Essas restrições desagradaram a D. Pedro I, que,
• Habilidade EF08HI15: enfocada ao educado na concepção absolutista de governo, dissolveu a Assembleia em novembro de 1823.
possibilitar aos estudantes estabele- Alguns deputados foram presos e outros, enviados ao exílio.
cer comparações entre a organização Em seguida, o imperador encarregou o Conselho de Estado, órgão controlado por ele, de
do Estado brasileiro no período impe- elaborar um novo projeto de Constituição. Feito isso, em março de 1824, D. Pedro I prestou
rial e na atualidade e ao caracterizar juramento a uma Constituição que atendia às suas exigências.
a primeira Constituição e problema-
tizar a atuação do imperador ante a Medalha-estojo contendo um exemplar da Constituição de 1824, Jacques Auguste Fauginet.
promulgação da Carta. Metal, 1824. Essa obra foi criada para armazenar um exemplar da primeira Constituição brasileira.

PROCEDIMENTOS MU
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DIDÁTICOS ER
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Inicie a abordagem deste

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conteúdo questionando os

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estudantes sobre o que é

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uma Constituição e qual é
sua função na sociedade. Em
seguida, discuta com eles acerca
da necessidade da elaboração de
uma Constituição no Primeiro
Reinado como meio de definir
novas regras para o país que
acabava de se tornar indepen-
dente de Portugal. Se desejar,
analise com a turma alguns
artigos da Constituição de
1824, procurando observar que
o texto não explicita a exclusão
da população negra do direito
à cidadania, porém, os direitos
políticos dos cidadãos ativos
(de votarem e serem votados)
são restritos a uma pequena 158
parcela da população (Capítulo
VI da Constituição do Império
do Brasil, disponível em: http:// que considerar mais relevantes
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 158 do Capítulo I, 09/08/22 16:34

www.planalto.gov.br/ccivil_03/ “Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos”,


constituicao/constituicao24.htm; e do Capítulo IV, “Dos Direitos Políticos” (dis-
acesso em: 5 ago. 2022). ponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/
Em seguida, incentive-os a bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_
estabelecer comparações EC91_2016.pdf; acesso em: 5 ago. 2022).
entre as definições de cidada-
nia encontradas na Constituição
de 1824 e as da Constituição de
1988, selecionando os pontos
158

D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-C06-MPU-G24.indd 158 30/08/2022 16:13


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O imperador concentra o poder Explique que, no Brasil
De fato, a Carta Constitucional estabelecia um Executivo forte e, além dos três poderes Imperial, havia um quarto
propostos pelos pensadores iluministas – Legislativo, Executivo e Judiciário –, a nova Constituição poder, exclusivo do imperador:
criava um quarto poder: o Moderador. Esse poder tinha como objetivo garantir a harmonia entre o Moderador. Esse poder dava
os outros três. Porém, quem chefiava o Poder Moderador era o imperador, que também era o ao monarca liberdade total para
chefe do Poder Executivo. Ou seja, o imperador tinha sob seu controle dois poderes. comandar os outros três poderes
Com isso, ele poderia dissolver a Câmara dos Deputados, convocar eleições e aprovar ou sem ter de se justificar.
vetar decisões adotadas pela Assembleia Geral. É interessante falar sobre as
influências do ideário ilumi-
Os quatro poderes na Constituição de 1824
nista no Brasil independente,

EDITORIA DE ARTE
PODER MODERADOR relacionando o país aos contex-
tos intelectual e ideológico mais
Conselho de Estado amplos do período. Esclareça
que as ideias iluministas faziam
parte das rodas de conversa dos
Poder Legislativo Poder Executivo Poder Judiciário
brasileiros bem informados, mas
que o governo continuava a pra-
ticar o despotismo.
Senado Câmara dos Presidentes Supremo Tribunal
Destaque que na Constituição
Deputados de províncias de Justiça de 1988, entre muitas outras
determinações, estão insti-
Conselhos Gerais tuídos três poderes no Brasil:
das províncias Executivo, Legislativo e
Judiciário. Se possível, compare
os representantes que integram
MUSEUS CASTRO MAYA, RIO DE JANEIRO
a estrutura administrativa desses
três poderes na atualidade e
no Primeiro Reinado, para que
possam observar as mudanças
e permanências na composição
do Estado brasileiro.

AMPLIAR HORIZONTES
• GRESPAN, Jorge. Revolução
Opções da bandeira do Brasil imperial, feitas por Jean-Baptiste Debret. Aquarela, Francesa e Iluminismo. São
16,5 cm x 22,7 cm, 1822. A escolhida foi a da esquerda. Paulo: Contexto, 2003.

159 Na obra, o autor rejeita a ideia de


dicotomia entre teoria e prática, na
qual o Iluminismo seria a elabora-
ção teórica e a Revolução Francesa
Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 159 09/08/22 16:34 seria sua consequência prática.
• KURY, Lorelay. Iluminismo e
Discutir o Poder Moderador
Império no Brasil: O Patrio-
Antes da leitura do texto da página 159, questione a turma sobre os significados pos- ta. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007.
síveis da palavra “moderador”. Peça-lhes que levantem hipóteses para a definição dessa A obra é composta de cinco artigos
palavra associada à ideia de poder. Na sequência, proponha a leitura do texto, destaque o de historiadores brasileiros sobre
trecho no qual o conceito é definido e solicite aos estudantes que associem suas hipóteses O Patriota, primeiro jornal bra-
à definição apresentada. sileiro a divulgar artigos políticos,
econômicos e literários entre os
anos 1813 e 1814.

159

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 6: abordadas com os es-
tudantes fazendo com que analisem
os efeitos da Confederação do Equa-
A Confederação do Equador
dor e compreendam o contexto e as A dissolução da Assembleia Constituinte, em 1823, provocou insatisfação em diversas pro-
transformações que levaram ao fim do víncias. No Nordeste, por exemplo, setores das elites locais, como grandes fazendeiros, defendiam
Primeiro Reinado. ideias federalistas, ou seja, que afirmavam que as províncias deveriam ter grande autonomia diante
• CEH 1, 2, 3 e 6: trabalhadas com a turma do governo central brasileiro. Esses grupos federalistas, que viviam nas províncias de Pernambuco,
à medida que elaboram interpretações Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, se uniram e declararam a independência da região, for-
críticas sobre os fatos que configuraram mando a Confederação do Equador.
o fim do Primeiro Reinado. As quatro províncias adotaram a Constituição da Colômbia como lei máxima da
• Habilidades EF08HI15 e EF08HI16: en- Confederação. A ideia dos separatistas era criar e estabelecer um Estado autônomo, que não
focadas com os estudantes ao analisar precisasse se reportar ou enviar impostos para o Rio de Janeiro, onde se encontrava o centro
as atuações de grupos e indivíduos na do Império Brasileiro.
Confederação do Equador e analisar a No entanto, o desejo de unir as quatro províncias e governá-las com soberania e autonomia
diversidade política responsável pelo não se concretizou. Em 1824, o império enviou o Exército para Recife e Olinda, e dominou as duas
fim do Primeiro Reinado. cidades. Menos de três meses depois, as tropas do governo tomaram o Ceará.
O movimento, àquela altura totalmente sufocado pelo governo, teve seus líderes presos e
PROCEDIMENTOS condenados à morte. Um desses líderes, Frei Caneca (1779-1825), foi condenado ao enforcamento,
mas, por se tratar de um religioso, o carrasco se recusou a executar a pena. Em vista dessa
DIDÁTICOS resistência, o frei foi morto por um pelotão de fuzilamento.
Explique que o excesso de Combate entre rebeldes e legalistas na luta dos Afogados, Recife.
poder nas mãos do impera- Leandro Martins. Óleo sobre tela, c. 1824.
dor frustrou as expectativas
de muitos brasileiros. Após a
independência política do Brasil
em relação à Portugal, muitos
comerciantes e profissionais
liberais pretendiam também
ter liberdade de expressão e de
comércio, mas não foi o que
ocorreu.
No Nordeste, as províncias
queriam ter mais autonomia
política e comercial: uni-
ram-se para criar um Estado
desvinculado do poder central,
adotando uma constituição
própria. Questione os estudan-
tes sobre o que significava a
adoção de uma Constituição
paralela à Constituição impe-
COLEÇÃO PARTICULAR
rial, retomando as discussões
sobre a importância do corpo de
leis na formação de um Estado. 160
Pontue que as províncias dis-
sidentes foram duramente
combatidas pelas tropas nacio- Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 160 somos fortes. [...] Vinguemos a pátria, 09/08/22 16:34

nais. Esclareça que essa força unamos as sortes. [...] Morram os dés-
Interpretar texto histórico sobre potas, fiquemos ufanos. Temos Bahia,
militar era acionada para coibir
a Confederação do Equador Ceará e Maranhão, que podemos dispor
qualquer movimento interno que
Inicie a atividade com a leitura do trecho a nossa vontade. Quebre-se do sobera-
se opusesse ao poder do impe-
a seguir. Trata-se de um documento his- no o cruel grilhão. Extinga-se do Brasil
rador ou o ameaçasse.
tórico sobre a Confederação do Equador, a majestade. Basta de servilismo, bas-
retirado do Fundo Rebelião em Pernambuco, ta de opressão. Viva a República, viva a
do Arquivo Nacional. Liberdade.”
[...] Esta é a ocasião, oh pernambuca- A CONFEDERAÇÃO do Equador: o movimento.
nos, de demonstrar que somos livres, MultiRio, Rio de Janeiro, c1995-2022. Disponível
160

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Fim do Primeiro Reinado Ao discutir o item Fim do
Primeiro Reinado, pergunte à
Não era apenas no Nordeste que grupos federalistas criticavam a concentração de poderes
nas mãos do imperador. Em muitas outras províncias, como São Paulo e Minas Gerais, setores
turma sobre o sentido da palavra
das elites, formados por grandes proprietários e comerciantes, mas também membros das classes abdicação. Diga a eles que a
médias urbanas, como jornalistas e outros profissionais liberais, passaram a atacar os poderes do sucessão ao trono nas monar-
imperador e a defender medidas para aumentar a autonomia das províncias, já que isso fortale- quias era hereditária e destaque
ceria esses grupos. que o imperador brasileiro era
Além disso, a presença de portugueses na administração imperial causava descontentamento o herdeiro do trono português,
entre políticos brasileiros. A insatisfação aumentou quando o imperador entrou em disputa com o que gerou muitas disputas de
seu irmão, D. Miguel, pela sucessão do trono português após a morte de D. João VI, em 1826. poder na família real. Ressalte
A disputa agravou os sentimentos antilusitanos no Brasil. Acusado de se preocupar mais que, apesar de ter capitaneado a
com assuntos estrangeiros do que com os problemas nacionais, D. Pedro I perdeu seu prestígio independência do Brasil, D. Pedro I
entre a população. Assim, em abril de 1831, sozinho e sem apoio, o imperador foi obrigado a ainda mantinha fortes laços com
abdicar do trono em favor de seu filho, Pedro de Alcântara, então com 5 anos. Chegava ao fim Portugal, o que demonstra o
o Primeiro Reinado.
caráter da formação inicial do
Estado-nação brasileiro.

MUSEU IMPERIAL, PETRÓPOLIS, RIO DE JANEIRO


Abdicar: renunciar a um cargo (nesse
caso, ao cargo de rei ou imperador) Em seguida, sugere -se
ou a uma honraria. abordar o efeito imediato da
abdicação de D. Pedro I ao trono
do Brasil. Pergunte aos estudan-
tes: como uma criança de 5 anos
poderia governar o país? Com
base nessa questão, destaque a
necessidade do período regen-
cial para solucionar esse impasse.
Atividade
1. A proposta da atividade é
estabelecer relações entre
presente e passado, explo-
rando a questão dos direitos
nos dias atuais. Existem diver-
Detalhe da carta de 1831 sas formas de os cidadãos
por meio da qual D. Pedro I participarem da vida política.
abdica do trono do Brasil em Relembre que o voto, a discus-
nome de seu filho Pedro, na
época com 5 anos. são política, as manifestações
públicas, a participação em
assembleias e órgãos coleti-
1. Entre o Primeiro Reinado e o Período Regencial, diversos movimentos contestaram
vos, o exercício da liberdade
os poderes excessivos dos governantes no Brasil. Atualmente, quais instrumentos os
cidadãos têm para impedir a concentração de poderes nas mãos dos governantes? de expressão, entre outros
Discuta esse tema em sala de aula. Consulte comentários nas Orientações didáticas. direitos, são mecanismos para
exigir do Estado a incorpora-
161 ção de políticas que atendam
às necessidades da população.
Fomente o pensamento
em: http://www.multirio.rj.gov. br/index.php/
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24-AV2.indd 161 texto? Em quais trechos existem elementos
16/08/22 10:27
crítico e consciente dos
estude/historia-do-brasil/brasil-monarquico/ estudantes, sensibilizando-os
de crítica ao Império?
90-primeiro-reinado/8906-a-confederacao-do- para as formas de participa-
equador-o-movimento. Acesso em: 4 ago. 2022. Comente que o movimento criticava o
autoritarismo do imperador e defendia a ção nos rumos do país, na
Informe que há diversos arquivos de docu-
defesa dos direitos existentes
mentos como este, de exaltação da República República, por isso foi perseguido. Os trechos
e na ampliação de direitos às
e contra o imperador. Em seguida, proponha que criticam o Império são: “Morram os
populações marginalizadas,
aos estudantes que respondam às seguintes déspotas”; “Quebre-se do soberano o cruel visando à construção de uma
questões no caderno: qual crítica feita pelo movi- grilhão”; “Extinga-se do Brasil a majestade. sociedade mais justa, demo-
mento pode ser identificada no documento? Basta de servilismo, basta de opressão. Viva crática e inclusiva.
Que objetivo do movimento está indicado no a República, viva a Liberdade”.
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A BNCC NESTA DUPLA
1. A figura feminina, símbolo do império, encontra-se em posição de destaque, no centro da imagem, sendo reverenciada
• CECH 2, 3, 4 e 7: abordadas fazendo pelos súditos que aparecem em seu entorno, muitos deles ajoelhados, em sinal de respeito. Esses súditos procuram
representar a diversidade da população brasileira, estando presentes indígenas, negros e brancos.
com que os estudantes compre-
endam o significado do uso da
O Brasil dos viajantes
simbologia como representação de As mudanças ocorridas no Rio de Janeiro e em outras partes do Brasil com a transferência
governo; e no estudo do contexto da corte portuguesa foram registradas por diversos viajantes, a maioria europeus. Muitos faziam
da escravidão e suas consequências parte de expedições científicas que tinham por objetivo estudar a flora e a fauna brasileiras.
para a sociedade imperial e para os Outras, ligadas a “missões” de caráter artístico, representavam a paisagem e a sociedade com
africanos escravizados. sua vida cotidiana.
• CEH 1, 2, 3 e 6: trabalhadas na discus- Em 1824, durante o I Reinado, o alemão George Heinrich von Langsdorff, por exemplo,
são e questionamentos a respeito de chefiou uma expedição pelo interior do Brasil. Junto com ele, veio o pintor alemão Johann Moritz
documento histórico; e na análise do Rugendas que, a certa altura, se desligou da expedição e percorreu sozinho muitas províncias. Na
sistema escravocrata como inerente página 156, você pode ver uma das obras que Rugendas fez em terras brasileiras.
ao Império e responsável pela desu- Outra expedição importante foi a Missão Artística Francesa, trazida ao Brasil ainda por
manização dos africanos escravizados. D. João VI, em 1816. Era composta por diversos artistas e artesãos franceses.
• Habilidades EF08HI19, EF08HI20 e Entre os integrantes dessa missão estavam o pintor Nicolas-Antoine Taunay, que ficou no
EF08HI22: enfocadas com os estu- Brasil por cinco anos e fez diversas paisagens, e o pintor Jean-Baptiste Debret, que permaneceu
dantes ao caracterizar a sociedade em terras brasileiras até 1831, tendo registrado por meio de pinturas e textos, diversos aspectos
imperial a partir do sistema escravis- do cotidiano da época.
ta; e ao identificar o papel das artes
THE PICTURE ART COLLECTION/ALAMY/FOTOARENA

na produção da simbologia identitá-


ria do Brasil no século XIX.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Texto complementar
Representação
O Poder e a Influência do Teatro da
das Imagens Corte por ocasião
da coroação do
[...] Imperador do
[...] Absolutamente nada Brasil D. Pedro I,
é criado ao acaso. Os pu- por Jean-Baptiste
Debret, em 1822.
blicitários que o digam! A
publicidade é um texto so- A imagem anterior, por exemplo, foi produzida por Jean-Baptiste Debret sob encomenda,
cial multidimensional, com para comemorar a coroação do imperador D. Pedro I e construir uma imagem positiva do império
uma riqueza de sentidos que e do imperador. Sobre isso, responda:
exige um sofisticado processo
de interpretação e um impor-
1. De que maneira essa representação positiva foi construída na imagem?
tante indicador de tendências
e valores sociais. [...] 2. Durante o império, a construção de símbolos que representavam o governo e a so-
[...] ciedade brasileira era realizada, entre outros meios, pela produção de obras de arte
[...] por que você acha que plástica, como a pintura de Jean-Baptiste Debret. No presente, o governo e a socie-
o interior da embalagem das dade continuam produzindo representações que simbolizam a nação ou a sociedade
brasileira, mas podem usar outros meios de expressão para isso. Apresente alguns
famosas batatas fritas daque-
exemplos que comprovam essa afirmação.
la marca dos arcos dourados
Resposta pessoal. A atividade tem por objetivo estimular a reflexão dos estudantes a respeito das diferentes
é vermelha por fora e listra- 162 manifestações artísticas que buscam representar e refletir a nação e o povo brasileiro. O estudante pode citar
da por dentro? Vermelho é os desfiles de Carnaval, o cinema nacional, as artes plásticas, a música, entre muitas outras manifestações.
uma cor quente e popular-
mente atrelada ao amor ou a
raiva e por isso é considerada todo instante, o que nos 162
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd faz sujeitos de e conscientes da influência simbólica das 09/08/22 16:34

a cor da fome [...]. No interior uma prática visual em tempo integral. imagens que nos cercam para que pos-
da embalagem, há listras ver- Um verdadeiro processo de inclusão de- samos transmitir, também, os valores e
ticais brancas e amarelas. O ve possibilitar que mesmo aqueles que identidades construídos e comunicados
amarelo, além de estimular a não dispõem do sentido da visão possam pela cultura visual em que todos (cegos e
fome, também prende a aten- conhecer a cultura visual e entender em videntes) estamos inseridos.
ção dos consumidores. [...] que medida esse tipo de cultura afeta nos- O PODER e a Influência das Imagens. Cinema
É inegável que estamos sas vidas. Cego. [S. l.], [20--]. Disponível em: https://www.
imersos em um turbilhão de É preciso que nós, profissionais envol- cinemacego.com/o-poder-e-a-influencia-das-
imagens/. Acesso em: 18 ago. 2022.
imagens produzidas, consu- vidos no processo de inclusão de pessoas
midas e compartilhadas a com deficiência visual, estejamos atentos
162

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A escravidão e o tráfico de africanos escravizados Reforce a ideia de que gráfi-
cos são ferramentas que facilitam
Atendendo aos interesses de importantes setores da elite, a Constituição de 1824 manteve
a escravidão no Brasil. Desde 1807, os ingleses haviam proibido o tráfico negreiro para suas
a análise e a interpretação de um
colônias e passaram a pressionar outros países a fazerem o mesmo. O que estava por detrás conjunto de dados. Em seguida,
dessas mudanças eram as transformações econômicas, sociais e de mentalidades provocadas pela explore com eles a leitura do
Revolução Industrial. gráfico da página por meio de per-
A Revolução Industrial instituiu o período moderno, cujos fundamentos são a economia de guntas, como: o que esse gráfico
mercado, o trabalho assalariado livre e a propriedade privada dos meios de produção. Para os representa? Como os dados estão
capitalistas ingleses, a escravidão havia se tornado um problema, pois os escravizados estavam apresentados? Como é a forma
fora do mercado de consumo. Além disso, ao comprar escravizados, os fazendeiros deixavam de desse gráfico? O que essas colunas
investir seu capital na aquisição de máquinas e equipamentos vindos da Inglaterra. altas e baixas indicam? Quais são
Por isso, os ingleses só reconheceram a independência do Brasil em 1825, após a confirmação as possibilidades de representar
de que o país aboliria o tráfico. O tratado com a promessa do fim do tráfico foi assinado com a essas informações em um outro
Inglaterra em 1830 e, em novembro de 1831, quando D. Pedro I já não era mais imperador do tipo de gráfico?
Brasil, os regentes aprovaram uma lei extinguindo o tráfico. Por meio da análise dessas
curvas, espera-se que os estu-
1. O gráfico a seguir informa quantos africanos escravizados entraram no Brasil entre dantes afirmem que houve uma
1825 e 1840. Analise-o com atenção e responda ao que se pede. queda no número de escravi-
zados traficados para o Brasil
Entrada de africanos escravizados entre 1825 e 1840 após a proibição, mas que ela não

SONIA VAZ
80 000 foi efetiva para coibi-lo totalmente.
70 000 Comente que Portugal só
60 000 aceitou reconhecer a indepen-
Desembarques

50 000
dência com o pagamento de 2
milhões de libras esterlinas como
40 000
indenização. O Brasil não possuía
30 000 a quantia e contraiu um emprés-
20 000 timo com a Inglaterra, assumindo
10 000 uma enorme dívida externa, que
0
só terminou de ser paga em 2008.
Atividade
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Ano

Fonte: TRÁFICO transatlântico de escravos. Slave Voyages. [S. l.], c2021. Disponível em: http://www. 1. d) O contexto histórico é bem
slavevoyages.org/assessment/estimates. Acesso em: 13 jun. 2022.
diferente do vivido pelos
africanos trazidos à força
a) Com base na análise do gráfico, descreva a entrada de escravizados no Brasil entre 1825 e
1830. Com exceção de alguns anos, havia uma entrada regular de escravizados que variava entre para o Brasil, mas existem
40 mil e 80 mil desembarques por ano. diversas leis que não são
b) Que impacto teve o tratado assinado com a Inglaterra em 1830 e a lei de 1831, que proibiu
o tráfico negreiro sobre a quantidade de escravizados que eram trazidos ao Brasil?
cumpridas, desde o direito
c) Pode-se dizer que a lei de 1831 surtiu os efeitos desejados? Por quê?
das pessoas com deficiência
Não, porque o tráfico não chegou a ser extinto. à demarcação das terras
d) No Brasil de hoje, existem leis que também são constantemente desrespeitadas? Em caso
quilombolas, o combate ao
positivo, cite um exemplo e dê sua opinião explicando por que isso acontece.
Respostas pessoais. Consulte comentários nas Orientações didáticas. racismo e a violência nas
1. b) Em um primeiro momento, houve uma drástica redução no número de entradas, porém, com o passar 163 abordagens policiais contra
dos anos, esses números foram gradativamente aumentando. jovens negros.

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 163 Se esse conjunto de transformações afetou
09/08/22 16:34 do capital produtivo, mas
determinadas áreas coloniais escravistas, pressupondo sua existência
A segunda escravidão implicando seu declínio, atuou sobre ou- como condição para sua re-
[...] a escravidão moderna não foi sem- tras áreas escravistas quase que em sentido produção [...].”
pre a mesma entre os séculos XVI e XIX. inverso. Em regiões como Cuba, o Sul dos SALLES, Ricardo. A segunda es-
Na virada do século XVIII para o XIX, um Estados Unidos e o Brasil, antes em segun- cravidão. Revista Tempo, [Rio de
conjunto de acontecimentos [...], principal- do plano, a escravidão “expandiu-se numa Janeiro], v. 19, n. 35, p. 249-254,
mente o advento da Revolução Industrial escala maciça para atender à crescente de- jul./dez. 2013. p. 250. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/
na Inglaterra e a hegemonia internacional manda mundial de algodão, café e açúcar” [...]. tem/v19n35/14.pdf. Acesso em:
da Grã-Bretanha, levaram a reconfigura- “Essa ‘segunda escravidão’ se desen- 4 ago. 2022.
ções profundas no mercado mundial. [...] volveu não como uma premissa histórica
163

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 6: abordadas com os
estudantes fazendo com que compre-
endam o contexto histórico do período A REGÊNCIA (1831-1840)
regencial e suas principais caracterís- Com a abdicação de D. Pedro I, o trono brasileiro ficara vago, pois seu filho e sucessor tinha
ticas, como o coronelismo. somente 5 anos. A Constituição previa que, enquanto o pequeno Pedro não atingisse a maioridade
• CEH 1, 2 e 3: trabalhadas com a turma (18 anos), o país seria governado por regentes nomeados pela própria Assembleia Geral (assim
à medida que analisam as conse­ se chamava, na época, o Poder Legislativo, composto da Câmara dos Deputados e do Senado).
quências das políticas implementadas Entre 1831 e 1835, vigorou uma Regência Trina, ou seja, uma regência composta por três
durante o Período Regencial. integrantes. De 1835 a 1840, a regência tornou-se una e apenas uma pessoa exercia o cargo
• Habilidades EF08HI15 e EF08HI16: enfo- de regente. Esses nove anos trouxeram algumas mudanças significativas para o país. Uma das
cadas com os estudantes ao caracterizar principais discussões desse período foi sobre a organização das Forças Armadas para a defesa do
o período regencial e problematizar suas governo do Brasil.
principais práticas e divergências políti- Nesse sentido, em 1831, a regência criou uma força armada que respondia diretamente ao
cas, sociais e econômicas.
Ministério da Justiça. Essa organização se chamava Guarda Nacional e surgiu para defender o
cumprimento da Constituição e evitar desordens e rebeliões internas.
PROCEDIMENTOS Os regentes não confiavam plenamente no Exército e, por isso, criaram a Guarda Nacional para
manter o controle interno em casos de revoltas e para restaurar a ordem em todos os lugares onde
DIDÁTICOS fosse requisitada. Em muitos municípios do Império, a Guarda Nacional
Peça aos estudantes que refli- foi instituída pelos juízes de paz e reportava-se diretamente a eles. Juiz de paz: magistrado sem
tam sobre a situação política Na maioria dos casos, faziam parte do comando da Guarda cidadãos formação jurídica, eleito pelo
do Brasil quando o imperador com renda anual alta, ou seja, os mais poderosos. A Guarda estava, voto popular. Exercia várias
funções administrativas,
era menor de idade e que con- na maioria das vezes, ligada ao poder local do município, mas, como judiciais e policiais.
siderem as necessidades do organização, foi oficialmente abolida em 1918.
império enquanto D. Pedro II
não pudesse assumir o governo.
Essa conversa deve introduzir o
contexto de implementação das
regências. Discuta com a turma
o sentido da palavra regente
e destaque as principais ações
desempenhadas durante esse
período, em especial a criação
da Guarda Nacional.
Após a leitura do texto da
página 164, verifique se os estu-
dantes compreenderam a função
da Guarda Nacional, que deveria

ROMULO FIALDINI/TEMPO COMPOSTO


garantir a ordem, a aplicação da
Constituição de 1824 e evitar
revoltas populares. Saliente que
a Guarda Nacional assegurava
fundamentalmente os inte- Batalhão de fuzileiros da Guarda Nacional, Heaton e Rensburg. Litografia, 1840-1845.
resses das elites proprietárias.
Sua organização era regional 164
e o seu comando era acionado
em cada propriedade, sendo o
representante máximo escolhido a manutenção do poder e a 164
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd estruturação do Texto complementar 09/08/22 16:34

também entre os proprietários, Estado nacional. Então questione a turma: há


hoje, no Brasil, alguma instituição que tenha Coronelismo: definição histórica
diferentemente do que ocorria
esse mesmo objetivo? Observe se as respostas O vocábulo coronelismo, introduzido
no Exército, em geral composto
sinalizam a compreensão das permanências e desde muito em nossa língua com acepção
por membros das camadas des- particular, [...] deve incontestavelmente a
possuídas. Dessa forma, durante rupturas quanto à ideia de segurança no Brasil.
remota origem do seu sentido translato
o período regencial vigorou um aos autênticos ou falsos coronéis da ex-
sutil equilíbrio entre as forças tinta Guarda Nacional. Com efeito, além
centrais e locais que disputavam dos que realmente ocupavam nela tal
posto, o tratamento de coronel começou
164

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O coronelismo Informe que a Guarda Nacional
A Guarda Nacional era formada por milícias civis, e não por militares, uma vez que não terminou em 1918, mas que a
estava ligada ao Exército. Em cada cidade ou vila do interior deveria haver uma unidade da Guarda prática do coronelismo já havia
Nacional. Seu posto mais alto era o de coronel, cargo que era quase sempre ocupado pelo chefe se enraizado em muitas regiões
político do lugar, que representava os interesses dos grandes fazendeiros. Dessa forma, a criação do Brasil. O poder dos coronéis
da Guarda Nacional consolidou o poder local dos grandes proprietários de terra. aumentou bastante à propor-
Surgia, assim, um sistema político conhecido como coronelismo. ção que seus familiares, amigos
A base desse sistema era o poder local dos coronéis do interior (daí o Milícia: organização
de cidadãos armados e agregados passaram a ocupar
nome). O coronel, geralmente um grande proprietário de terras, contro-
que não integram o cargos políticos e a expandir seus
lava a vida da família, dos filhos e afilhados, dos agregados, dos colonos exército oficial de um
que trabalhavam em suas terras e dos comerciantes locais. O coronelismo país.
limites de influência. Ressalte
teve muita influência na vida política brasileira até meados do século Agregado: pessoa também que a base do coro-
que convive com uma nelismo é a troca de favores, ou
XX. O poder político sobre as pessoas que viviam próximas ao coronel
família como se fizesse
ocorria por meio da troca de favores, da oferta de proteção e também parte dela. “toma lá, dá cá”, ainda muito
da ameaça de violência contra quem contrariasse seus interesses. comum em instâncias da política
institucional de hoje. Veja se eles

ARqUIVO DE FAMíLIA
conseguem identificar essa reali-
dade no presente.
Atividade
1. Fique atento para que os
alunos não cometam anacro-
nismo. À luz do conceito da
unidade, a questão central a
ser observada é que onde não
existe a presença do Estado
outros grupos ocupam esse
espaço. A atividade pode
ser realizada em pequenos
grupos, permitindo a integra-
ção e a troca de experiências. É
importante que os estudantes
compreendam que os grupos
de milícias atuam à margem
das leis, tomando atitudes
Fotografia de família e agregados do coronel João Heráclio. Casinhas (PE), década de 1920. violentas que ameaçam os
cidadãos em diversas regiões
1. No presente, existem diversos grupos de milícias atuando no país. Pesquise infor- do país. Além disso, ao utilizar
mações a respeito desses grupos e discuta com os colegas quais são os riscos que as armas e outras formas de vio-
milícias oferecem para a democracia e os direitos humanos atualmente. lência, esses grupos ameaçam
Resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas.
os direitos de livre expressão e
165
organização dos cidadãos nas
áreas que controlam, podendo
inclusive intervir na vida política
desde logo a ser dado pelos sertanejos a todo e qualquer chefe político, a todo
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 165 09/08/22 e
16:34
do país. Discuta com a turma
qualquer potentado [...].
[...] Enquanto os latifúndios se estendem, praticamente não existe a ação do Esta- as experiências e reflexões
do; a ausência do poder público facilita a presença do poder privado, que se arroga sobre como essas milícias
no direito de todos os atributos “legais”. afetam a vida das pessoas,
[...] principalmente as mais vulne-
A partir do Império, o mandonismo local é denominado indistintamente de co- ráveis, como negros, pobres,
ronelismo (maior parte do Brasil), caudilhismo (Rio Grande do Sul), chefismo (vale
do São Francisco) etc. [...] etc. Valorize a autonomia na
CARONE, Edgard. Coronelismo: definição histórica e bibliografia. Revista de Administração de elaboração dos argumentos
Empresas, São Paulo, v. 11, n. 3, jul./set. 1971. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php? pelos estudantes.
script=sci_arttext&pid=S0034-75901971000300008#1b. Acesso em: 4 ago. 2022.
165

D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-C06-MPU-G24.indd 165 30/08/2022 16:13


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3 e 7: abordadas com os
estudantes pela compreensão do con-
texto histórico das rebeliões ocorridas REBELIÕES NAS PROVÍNCIAS
nas províncias, compreendendo-as O período regencial também foi marcado por muitas guerras civis que, por pouco, não
enquanto consequências da política puseram em risco a integridade do território brasileiro. Contribuíram para essas rebeliões as dispu-
regencial; e pelo uso de cartografia tas políticas internas das províncias, as desigualdades sociais e a continuidade da escravidão.
para o estudo. As elites – principalmente os grandes proprietários e comerciantes – divergiam a respeito de
• CEH 1, 2 e 3: trabalhadas com a turma um projeto político para o Brasil. Existiam setores que defendiam propostas federalistas, enquanto
à medida que analisam as rebeliões a outros propunham reformas para fortalecer o poder dos regentes. Havia, ainda, projetos liberais
partir de interpretações críticas sobre mais radicais, prevendo o fim da monarquia e a implantação da república; outros setores, por sua
suas causas e consequências. vez, pregavam o respeito à Constituição e a manutenção do sistema existente, coroando o novo
• Habilidades EF08HI15, EF08HI16 e imperador quando ele se tornasse maior de idade.
EF08HI19: enfocadas com os estu- Além das disputas entre as elites, ocorriam também movi-
dantes ao caracterizar as rebeliões
mentos populares que lutavam por transformações sociais, Cabanagem: movimento popular
ocorridas nas províncias como produ- que contou com a participação
combatendo a pobreza em que viviam. No Grão-Pará, por
tos da continuidade da escravidão e das camadas pobres da sociedade,
exemplo, as hostilidades contra a nomeação do presidente da
das disputas e conflitos existentes no moradores de casebres das margens
contexto pós-independência do Brasil. província ocasionaram, entre 1835 e 1840, a Cabanagem. dos rios e dos igarapés.
Ainda em 1835, os rebeldes tomaram o poder na capital,
Belém. Essa foi a primeira vez que a população pobre conseguiu tal feito em uma província do
PROCEDIMENTOS país. Foram necessários cinco anos de combate para o governo retomar o controle. A Cabanagem
DIDÁTICOS terminou em 1840, deixando 30 mil mortos, cerca de 20% da população da província.

Discuta o quanto as desigual-

LUCIANA WHITAKER/PULSAR IMAGENS


dades sociais intensificaram os
levantes e as disputas políticas
em curso no período regencial.
As revoltas populares foram
capazes de desestabilizar o
governo central e colocar em
discussão interesses e projetos
políticos diversos, defendidos
por sujeitos que muitas vezes
viviam à margem da sociedade
que se construía como nação.

Monumento em homenagem à Cabanagem, em Cametá (PA), 2017.

FICA A DICA
• Curumim cabano, de Júlio José Chiavenato. São Paulo: Brasiliense, 2010.
Nessa narrativa de aventuras, o autor conta a história do indígena Curumim, personagem
ficcional que participa da Cabanagem.

166

D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 166 Texto complementar 09/08/22 16:34

“Histórias do Balaio”: historiografia,


memória oral e as origens da
balaiada
A revolta que entrou na historiografia
com o nome de Balaiada foi, sem dúvida,
uma das maiores insurreições populares
ocorridas durante o Brasil-Império. Mo-
bilizou pelo menos 12.000 homens contra
os governos de duas províncias, contro-
166

D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-C06-MPU-G24.indd 166 30/08/2022 16:13


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Outro movimento, conhecido como Balaiada, ocorreu entre 1838 e 1842. Os rebeldes Após a leitura do texto,
da Balaiada criticavam as desigualdades e a discriminação social das quais eram vítimas, além explore com os estudantes o
do recrutamento forçado ao exército feito pelas forças locais. Durante os confrontos, invadiam conteúdo do mapa apresentado
fazendas e libertavam os cativos. na página 167. Questione-os
Em 1839, chegaram a dominar Rebeliões nas províncias (1835-1845)
sobre quão expressivas foram

ALLMAPS
Caxias, a segunda maior cidade 50° O

as revoltas no período regen-


maranhense, onde constituíram
uma Junta Provisória. Os combates Equador
cial, estimulando-os a observar a

se estenderam até 1842, quando Belém


São Luís
extensão e a distribuição que elas
as tropas governistas controlaram
PROVÍNCIA DO
GRÃO-PARÁ
PROVÍNCIA DO
Fortaleza
PROVÍNCIA DO
PROVÍNCIA
RIO GRANDE
alcançaram no território bra-
DO DO NORTE

os rebeldes. Os confrontos deixa- sileiro. É interessante também


MARANHÃO CEARÁ Natal
Oeiras PROVÍNCIA DA
PARAÍBA Paraíba

ram um saldo de 6 mil mortos,


PROVÍNCIA

solicitar aos estudantes que iden-


PROVÍNCIA DE
DO PIAUÍ PERNAMBUCO Recife
PROVÍNCIA DE
ALAGOAS Alagoas

entre cativos e sertanejos pobres. PROVÍNCIA


São Cristóvão
PROVÍNCIA DE tifiquem os limites e contornos
DA BAHIA SERGIPE
PROVÍNCIA DE PROVÍNCIA

territoriais do Brasil na época,


Salvador
MATO GROSSO DE
GOIÁS
Cuiabá
OCEANO
Goiás
ATLÂNTICO comparando a distribuição de
PROVÍNCIA DE
OCEANO MINAS GERAIS PROVÍNCIA DO
ESPÍRITO SANTO províncias com a localização
Balaiada: denominada assim, pois
Ouro Preto
PACÍFICO Vitória

um de seus líderes era um escravizado PROVÍNCIA DE São Paulo


PROVÍNCIA DO
RIO DE JANEIRO dos atuais estados da federa-
Niterói Tr
Rio de Janeiro ópico de Capricó
Cabanagem - 1835 a 1840 rnio
ção. Se possível, apresente o
SÃO PAULO
fugido que fabricava balaios (cestos).
Revolução Farroupilha - 1835 a 1845
O movimento se desenvolveu na
mapa da página 167 junto com
PROVÍNCIA DE
SANTA CATARINA
Sabinada - 1837 - 1838
província do Maranhão e reuniu
Desterro
(Florianópolis)
PROVÍNCIA DO
Balaiada - 1839 a 1842
lavradores, vaqueiros, tropeiros e Revolta dos Malês - 1835
RIO GRANDE
DO SUL Porto Alegre um mapa político atual para
artesãos, entre outros trabalhadores Capitais
0 490
que eles possam fazer as com-
livres, além de 3 mil escravizados. Distrito Federal
km

parações e perceber o espaço


Fonte: VICENTINO, Claudio. Atlas histórico: geral e Brasil.
São Paulo: Scipione, 2011. p. 128. geográfico como uma constru-
ção humana e histórica.

MOISÉS SABA/FOTOARENA
AMPLIAR HORIZONTES
• MEMORIAL VIRTUAL. Caxias,
[20--]. Site. Disponível em: http://
memorialvirtual.com/index.html.
Acesso em: 4 ago. 2022.
No site é possível fazer um tour
virtual, conhecer o acervo do me-
morial da Balaiada; há imagens,
cronologia e referências bibliográ-
ficas sobre o assunto.
• SCHWARCZ, Lilia Moritz; STAR-
LING, Heloísa Murgel. Brasil:
uma biografia. São Paulo: Com-
panhia das Letras, 2015.
Memorial da Balaiada, em Caxias (MA), 2022.
O livro narra aspectos da histó-
167 ria do Brasil desde a chegada dos
portugueses até o início do sécu-
lo XXI. Sugerimos especialmente
a leitura das páginas que tratam
lou extensas faixas do território nacional
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24-AV1.indd 167 ta de fazendeiros de gado liberais.13/08/22
No vale 18:29 das revoltas no período regencial.
durante os anos 1839-40 e requereu a in- do rio Itapecuru e na região conhecida co-
tervenção maciça do governo central para mo Maranhão Oriental, pelo contrário, foi
ser finalmente subjugada. Apesar disto, acima de tudo uma revolta de escravos e
não tem recebido muita atenção por parte camponeses [...].
da historiografia e tem sido frequente- ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. “Histórias do Ba-
mente mal interpretada. Uma das razões laio”: historiografia, memória oral e as origens
é sem dúvida o caráter periférico da área da balaiada. História oral, n. 1, p. 67-89, 1998.
atingida pela revolta em relação a socie- p. 67-68. Disponível em: https://revista.
historiaoral.org.br/index.php/rho/article/
dade nacional. [...] No sul do Maranhão e view/94/97. Acesso em: 5 ago. 2022.
em grande parte do Piauí, foi uma revol-
167

D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-C06-MPU-G24.indd 167 30/08/2022 16:13


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3 e 7: abordadas com os
estudantes fazendo com que caracte-
rizem a Revolta dos Malês, a Sabinada
A Revolta dos Malês e a Sabinada em Salvador
e a Farroupilha. O município de Salvador abrigava, no começo do século XIX, cerca de 65 mil pessoas. Mais
• CEH 1 e 2: trabalhadas com a turma de dois terços dessa população era composta de negros e pardos livres e escravizados, que
à medida que analisam os fatos his- sofriam com o preconceito e a opressão. A desigualdade social era muito grande: cerca de 90%
tóricos e elaboram questionamentos da população livre vivia na pobreza. A injustiça e a desigualdade contribuíram para que ocorresse,
e hipóteses problematizadas sobre os em 1835, a Revolta dos Malês.
levantes abordados. A revolta irrompeu em janeiro de 1835, quando cerca de 600 escravizados e libertos, armados
• Habilidades EF08HI15, EF08HI16 e de espadas, saíram às ruas e ocuparam diversos quartéis. Queriam o fim da escravidão e da
EF08HI17: enfocadas com os estudan- propriedade privada da terra. O movimento, contudo, fracassou: tropas do governo, portando
tes ao descrever as revoltas regenciais, armas de fogo, contiveram a rebelião e mataram uma grande quantidade de rebeldes.
caracterizando a diversidade de su- Dois anos depois, uma nova rebelião foi deflagrada em Salvador. Tratava-se da Sabinada. O
jeitos que delas participaram, a sua nome deriva de seu principal líder, o jornalista Sabino Barroso. O movimento defendia a emanci-
extensão territorial e as disputas po- pação da Bahia, que seria transformada em uma república até a maioridade de D. Pedro II.
líticas que expressavam no período. Os revoltosos – que contavam com o apoio de amplos setores
Revolta dos Malês: movimento
da sociedade, como as camadas média e baixa da população,
liderado por escravizados de
militares, comerciantes e escravizados – tomaram o controle de
PROCEDIMENTOS Salvador e proclamaram a República Bahiense.
diferentes etnias, seguidores do
islamismo (os malês na língua
DIDÁTICOS A repressão ao movimento foi intensa e a república não iorubá), cujo objetivo era
dominar a população branca
sobreviveu por mais de quatro meses. Cerca de mil rebeldes mor-
Analise a situação da cidade de e decretar uma monarquia
reram nos combates e outros 3 mil acabaram presos. Por cinco islâmica na Bahia.
Salvador quanto à questão social
anos, a província viveu sob intervenção militar.
e à especificidade da Revolta

SERGIO PEDREIRA/PULSAR IMAGENS


dos Malês naquela realidade.
Ressalte que os organizadores da
revolta eram principalmente livres
e negros de ganho, que viviam
com maior liberdade de circulação
e de comunicação nas cidades. A
palavra malês, que deu nome à
revolta, tem origem iorubá e quer
dizer “muçulmano”. Explique aos
estudantes o protagonismo desse
grupo e o significado dessa revolta
para os movimentos negros da
atualidade.
Comente ainda com os estu-
dantes que no período regencial
eclodiram muitas outras revoltas,
em diversas localidades. Se possí-
vel, analise com eles algumas delas, Fotografia do Forte de São Pedro, que foi tomado pelos revoltosos e se transformou em quartel-
como a a Setembrada, as Rusgas -general durante a Sabinada, em 1837. Salvador (BA), 2014.
de Cuiabá, a Revolta de Manoel 168
Congo, entre outras. Questione a
turma se ainda é comum no Brasil
a existência de movimentos que
Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 168 local, liderança, data, objetivo, características 09/08/22 16:34
contestam as ações do governo. e resultados.
Observe se eles conseguem dife- Criar um quadro comparativo Depois de pronto, organize o compartilha-
renciar os contextos históricos e as Proponha aos estudantes que formem mento das informações do quadro com toda
formas de luta e organização social duplas e criem um quadro comparativo a turma. Verifique se os pontos comuns e as
existentes em nosso sistema demo- das revoltas do período regencial. Nesse especificidades de cada revolta foram assimila-
crático. Busque avaliar também se quadro, as colunas devem ser preenchidas dos. A atividade propicia as práticas de análise
identificam permanências históricas com os nomes das revoltas: Malês, Balaiada, documental, sistematização de informa-
nas ações do povo ao questionar Sabinada, Cabanagem e Farroupilha. As ções, síntese e comparação.
a política dos governantes. linhas devem conter informações, como:

168

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distantes dentro do território
nacional. Nesse momento, pode
ser útil retomar com os estu-
A Revolução Farroupilha dantes os conceitos de Estado,
No Rio Grande do Sul – e, posteriormente, em Santa Catarina –, outro movimento marca- território nacional e nação.
ria profundamente a nacionalidade brasileira e as relações com o governo central: a Revolução Peça aos estudantes que
Farroupilha, iniciada pelos fazendeiros gaúchos. imaginem quais seriam as conse-
Também conhecida como Guerra dos Farrapos, a Revolução Farroupilha foi uma longa
quências para o Estado brasileiro,
guerra civil ocorrida entre 1835 e 1845. O movimento foi liderado por fazendeiros gaúchos (estan-
cieiros) mas também contou com a participação de outros segmentos, como representantes do
até então em processo de con-
clero e magistrados, embora estes nunca tenham chegado às posições de comando. Trabalhadores solidação, assim como para os
escravizados, conhecidos como Lanceiros Negros, pois levavam lanças para os combates, lutaram grupos populares que delas parti-
ao lado dos farrapos, com a promessa de conquistarem a alforria ao término dos conflitos. As ciparam ativimente, lutando para
lanças tornaram-se um símbolo do importante papel dos negros no confronto. conquistar a cidadania plena,
Do ponto de vista político, os estancieiros defendiam maior autonomia das províncias para reduzir as desigualdades
em oposição à centralização praticada pelo governo regencial. Do ponto de vista econômico, sociais, entre outras conquistas
estavam insatisfeitos com os
específicas, caso os movimentos

COLEÇÃO PARTICULAR
altos impostos cobrados pelo
e projetos em questão tives-
governo sobre seus produtos:
charque (carne-seca), couro, sem saído vitoriosos. Estimule
trigo e animais. Também a exposição oral de argumen-
estavam incomodados com tos, a análise do momento
a concorrência do charque histórico e dos diferentes pontos
importado do Uruguai. de vista em disputa e valorize o
Em 1835, sob a liderança pensamento crítico e a troca de
de Bento Gonçalves, rico pro-
opiniões entre os estudantes.
prietário de terras e comerciante,
os revoltosos depuseram o presi-
dente da província e ocuparam a
capital, Porto Alegre. Em setem-
bro de 1836, proclamaram a
República Rio-Grandense. Os
farroupilhas dominaram grande
AMPLIAR HORIZONTES
parte do território sulino até • A CASA das sete mulheres. Di-
1845, quando firmaram um reção: Jayme Monjardim. Brasil:
acordo com o governo central, TV Globo, 2003. Série em 53
pondo fim à revolta. capítulos.
Ambientada na década de 1830,
Retrato de um Lanceiro Negro, durante a Revolução Farroupilha
Juan Manuel Blanes. Óleo sobre no Rio Grande do Sul, a trama
tela, fim do século XIX. Formado conta a história da Guerra dos
por escravizados, o Corpo de
Lanceiros Negros teve papel Farrapos sob a perspectiva das
importante durante a Guerra mulheres da família do líder revo-
dos Farrapos: lutou contra as lucionário Bento Gonçalves.
forças brasileiras enviadas para
• F r o n t e i r a s n o Te m p o :
controlar a situação no Sul.
Historicidade #18 – Negros
169 escravizados na Guerra Civil
Farroupilha. Entrevistada:
Daniela Vallandro de Carvalho.
[S. l.]: Fronterias no Tempo,
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 169 parte do Império. Ressalte que a data conti-
09/08/22 16:34
2019. Podcast. Disponível em:
nua sendo celebrada pelos gaúchos e consta https://fronteirasnotempo.com/
Ao introduzir o tema da página 169, comente
do calendário oficial de feriados estaduais do fronteiras-no-tempo-historicidade-
que a Revolução Farroupilha, ou Guerra dos 19-negros-escravizados-na-
Rio Grande do Sul.
Farrapos, ocorreu na então província de São Converse com a turma sobre o que signi- guerra-civil-farroupilha/. Acesso
Pedro do Rio Grande do Sul e tinha caráter sepa- em: 4 ago. 2022.
ficava a eclosão de revoltas separatistas para
ratista e republicano. A província chegou a a unidade nacional e a construção do Estado Nesse podcast, a historiadora
declarar a independência em 20 de setembro Daniela Vallandro de Carvalho
brasileiro. Vale pontuar que o Império fazia
aborda a participação dos negros
de 1835 mas, dez anos depois, graças à ação necessário garantir um denominador comum na Revolução Farroupilha.
repressiva da Guarda Nacional, voltou a fazer que conferisse coesão aos grupos distintos e
169

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 4: abordadas com os
estudantes analisando a ideia de
nacionalidade e compreendendo
A nacionalidade brasileira
as características de pertencimento Em termos gerais, a palavra nação é empregada para designar um povo que vive em um
dos grupos e indivíduos na socieda- território definido e compartilha experiências históricas, língua, religião e cultura.
de brasileira. Muitos historiadores afirmam que, em 1822, logo após a independência, o país chamado
• CEH 1 e 2: trabalhadas com a turma Brasil ainda não era uma nação na plena acepção do termo. A população que aqui existia no
à medida que analisam os fatos his- início do século XIX, além de viver separada em áreas distintas, tinha tradições e interesses quase
tóricos e elaboram questionamentos sempre diferentes.
críticos sobre o conceito de naciona- As revoltas ocorridas após 1831 – muitas delas de caráter separatista – reforçaram junto
lidade e identidade. às elites esse entendimento de que faltava ao país um sentimento de identidade coletiva, um
• Habilidades EF08HI15, EF08HI16, sentimento de nacionalidade, enfim, uma ideia de nação.
EF08HI17 e EF08HI22: enfocadas com Muitos intelectuais começaram a defender a ideia de que não bastava ao governo o uso da
os estudantes ao compreenderem as força para manter o império unido. Era necessário haver também boas instituições que ajudassem
diversas forças político-sociais em dis- a alimentar esse sentimento de nacionalidade. Uma delas, o Instituto Histórico e Geográfico
puta no contexto histórico estudado; Brasileiro (IHGB), foi criada em 1838, com o objetivo de recolher documentos sobre o Brasil e
ao discutirem conceitos como Esta- escrever a respeito do passado da jovem nação. Do IHGB, surgiram os primeiros livros sobre a
do, nação e território; ao relacionarem história do Brasil.
as organizações territoriais e frontei-
riças com a formação da identidade

LUIZ SOUZA/FOTOARENA
nacional; e ao explorarem a constru-
ção de imaginário nacional brasileiro
no século XIX.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Para o trabalho em sala de
aula, distribua cópias e proponha
à turma a leitura coletiva e oral do
texto Cidadania para os índios,
reproduzido no Texto comple-
mentar desta página. Mencione
que os indígenas e os negros
representavam, na óptica das
elites brancas, um entrave para
a construção da nacionalidade.
Como constituir uma identidade
única brasileira em um país mul-
tiétnico e multifacetado? Depois
discuta a percepção que os estu-
dantes têm de si mesmos e de
suas identidades e proponha que Sede atual do IHGB no Rio de Janeiro (RJ), 2016.
criem um desenho, individual-
mente, para representar a sua 170
identidade. A proposta promove
habilidades socioemocionais,
o autoconhecimento, a autoes- resolver a questão indígena170– figura princi-
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd al, no que diz respeito às culturas indígenas, 09/08/22 16:34

tima, a empatia e a valorização pal para a constituição de uma identidade mesmo que por vezes essa visão fosse de-
da diversidade. única na qual distinguiria o Brasil de outros masiadamente exaltada ou genérica.
países. Porém o índio como figura históri- AUGUSTO, Leandro de Mello. Os índios e a ci-
Texto complementar ca, autor de sua própria cultura e feitos, era dadania no Brasil: reflexões sobre a cidadania
Cidadania para os índios deixado de lado em prol de um índio ideali- dos indígenas de meados do século XIX ao iní-
zado sob a ótica de um pensamento limitado cio do século XX. In: ENCONTRO DE HISTÓRIA DA
Após o Brasil garantir a
ANPUH-RIO, 17., 2016, Nova Iguaçu. Anais [...].
independência de Portugal, e preconceituoso que refletia num movimen-
Nova Iguaçu: UFRRJ, 2016. p. 2-3. Disponível em:
criou-se a atmosfera pela busca to romântico conhecido como indianismo. http://www.encontro2016.rj.anpuh.org/resour
de uma identidade nacional [...] O movimento romântico [revelou] o início ces/anais/42/1471210654_ARQUIVO_Lean
procurava-se entender como do interesse das elites, política e intelectu- drodeMelloAugusto.pdf. Acesso em: 4 ago. 2022.
170

D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-C06-MPU-G24.indd 170 30/08/2022 16:13


turma. Pode ser interesssante
propor uma atividade de rotação
por estações, em que grupos de
Ao mesmo tempo, foi publicado um conjunto de obras literárias que procurava mostrar o
estudantes possam ir se reve-
Brasil como um exemplo de “civilização dos trópicos”. Essas obras exaltavam a exuberante natureza
zando na consulta de diferentes
tropical e criavam um passado mítico para a nação em torno da figura do indígena, apontado
como um dos elementos da formação do povo brasileiro e portador de importantes valores fontes de informação previa-
morais. Isso pode ser conferido, por exemplo, na poesia de Gonçalves Dias, ou em romances como mente selecionadas sobre as
O guarani (1857) e Iracema (1865), de José de Alencar (1829-1877). obras românticas, fazendo uma
A imprensa teve um papel muito importante na construção da nacionalidade. Um exemplo pequena sistematização ao final
disso foi o trabalho de divulgação da língua portuguesa considerada padrão, imitando o modo de cada estudo ou respondendo
de falar na corte do Rio de Janeiro. Durante o processo de formação da sociedade brasileira, o a algumas perguntas relevan-
português se combinou com outras línguas e modos de falar regionais, criando muitas variações
tes a cada tema. Por exemplo,
em diferentes regiões do Brasil. Já na corte, os políticos e membros da elite utilizavam um por-
um grupo pode assistir a um
tuguês mais formal, com menos influências regionais. Com o objetivo de divulgar esse modo de
falar para o restante do país, o Jornal do Commercio começou a publicar, a partir de 1850, as
vídeo interessante sobre lite-
transcrições dos discursos proferidos na Câmara dos Deputados e no Senado. ratura, enquanto outro analisa
Além disso, também existiram iniciativas visando à construção de uma identidade nacional por algumas obras visuais, outro
meio da música. Durante o século XIX, a música brasileira foi bastante influenciada por tradições ouve e interpreta uma canção
africanas. Artistas utilizavam instrumentos musicais, como tambores e flautas, e ritmos inspirados e outro interpreta um poema ou
em práticas africanas que progressivamente foram se transformando em um modo nacional trecho de romance, todos tendo
próprio de produção musical. como tema comum a produ-

THE HISTORY COLLECTION/ALAMY STOCK PHOTO/FOTOARENA


Mas a música brasileira também
ção artística romântica brasileira
foi bastante influenciada pela Europa,
especialmente com a intensificação das
do século XIX e a construção
importações de pianos a partir de meados da identidade nacional. A ati-
do século XIX. Esse instrumento, que vidade favorece o aprendizado
começava a ser produzido de maneira e o envolvimento de estudan-
industrial no período, passou a ser visto tes com diferentes perfis, por
como um símbolo de distinção social, meio da exploração de diversas
sendo utilizado por parcelas da sociedade linguagens, tipos de materiais
para a criação de composições musicais de
e fontes de informação, propi-
inspiração europeia.
ciando ainda a integração e a
Pouco a pouco, essas e outras ações,
colocadas em prática ao longo do reinado cooperação entre eles.
de D. Pedro II, contribuíram para forjar
o sentimento de nacionalidade inexistente
até então. Este foi construído com base em
práticas diversas, incorporando múltiplas tra- AMPLIAR HORIZONTES
dições na formação de uma ideia de nação
• ARAUJO, Ana Lucia. Romantis-
singular que se diferenciava das demais.
mo tropical: um pintor francês
no Brasil. São Paulo: Edusp, 2017.
Capa da partitura da ópera de Carlos Gomes A autora analisa diversas
Il guarany, inspirada no livro de José de ilustrações do artista francês Fran-
Alencar, que fez sua estreia em Milão, na çois-Auguste Biard, que produziu
Itália, em 1870, com grande sucesso.
obras que representam as popula-
ções indígenas, negras e mestiças,
171
revelando o olhar europeu do Bra-
sil e da América do Sul.
• [LIVROS da Fuvest] - Iracema
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 171 narrativas com essa finalidade, já que a09/08/22
ideia16:34
de (José de Alencar). 2018. Vídeo
nação é construída sobre personagens, símbo- (5min12s). Publicado pelo Canal
Aprofunde a questão de que o Estado em
los e acontecimentos que são intencionalmente USP. Disponível em: https://
processo de formação e consolidação geral- youtu.be/p8EspUX YERw.
escolhidos e exaltados em detrimento de outros.
mente busca construir concomitantemente Organize uma aula interdisciplinar em con- Acesso em: 4 ago. 2022.
uma identidade nacional e um sentimento junto com os professores de Linguagens, Língua O vídeo, apresentado pelo profes-
de pertencimento à nação. Destaque como Portuguesa e Arte, para que possam selecio- sor de Teoria Literária Comparada
a História e a Literatura foram centrais nesse da USP Eduardo Vieira Martins, tra-
nar obras diversas do Romantismo, tanto das
ta da obra romântica Iracema, de
processo. Pode ser interessante promover artes visuais como da literatura e da música, José de Alencar.
uma discussão sobre a seletividade inerente às para serem analisadas em conjunto com a
171

D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-C06-MPU-G24.indd 171 30/08/2022 16:13


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3 e 6: abordadas com os
estudantes fazendo com que compre-
endam o contexto histórico do Golpe O GOLPE DA MAIORIDADE
da Maioridade e a relação desse fa- As revoltas provinciais foram interpretadas por parcelas
to com as consequências políticas do das elites como um sinal de que era preciso antecipar a maio-
Brasil nos dias de hoje. ridade do príncipe Pedro de Alcântara e coroá-lo imperador,
• CEH 1, 2 e 3: trabalhadas com a tur- antes mesmo de ele completar 18 anos. Segundo esses

MUSEU IMPERIAL, PETRÓPOLIS, RIO DE JANEIRO


ma à medida que analisam os fatos setores, somente um governante com autoridade “legí-
históricos relacionando-os entre si e tima”, como o jovem D. Pedro, poderia restaurar a paz
compreendendo o Golpe da Maio- no império.
ridade como um cenário político de O debate sobre essa questão começou na
consequências políticas, sociais e eco-
Assembleia Geral, mas logo foi para as ruas. Em
nômicas.
diversas ocasiões, a imprensa e setores da população
• Habilidade EF08HI15: enfocada com
manifestaram apoio à antecipação da maioridade. O
os estudantes ao descrever o contexto
próprio príncipe D. Pedro era simpático à ideia.
do Golpe da Maioridade e analisá-lo
Depois de muitos debates, em julho de 1840, a
à luz do processo de independência
do Brasil. Assembleia Geral declarou que Pedro de Alcântara, aos
14 anos, já era maior de idade e, dessa maneira, foi pro-
clamado imperador do Brasil com o título de D. Pedro II. Esse Coroa imperial utilizada
PROCEDIMENTOS processo ficaria conhecido como Golpe da Maioridade. por D. Pedro II.
DIDÁTICOS

MUSEU IMPERIAL, PETRÓPOLIS, RIO DE JANEIRO


Exponha à turma a relação
entre as revoltas regenciais e
a antecipação da maioridade
de D. Pedro II. De acordo com
a imprensa da época – e sob a
pressão de deputados liberais
contrários à regência de um polí-
tico opositor –, só o pequeno
príncipe poderia unir e resgatar
a nação do risco de fragmenta-
ção e da vulnerabilidade diante
de perigos internos e externos.
Comente que a campanha
em favor do início, de fato, do
Segundo Reinado, enaltecia
as virtudes do imperador, cons-
tantemente tratado como um
jovem educado, culto, inteligente
e hábil cavaleiro e esgrimista. No
entanto, o que mais chamava a
atenção nesse contexto era a ale- O ato da coroação do imperador D. Pedro II, François-René Moreaux. Óleo sobre tela, 1842.

gação de “superior maturidade e 172


preparo” – de um menino de 14
anos de idade – para governar o
Brasil (veja Texto complemen-
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 172 09/08/22 16:34
tar sobre o tema na página 177).
Questione os estudantes sobre
o que eles pensam a respeito,
estabelecendo um momento
para discussão de opiniões e
troca de ideias.

172

D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-C06-MPU-G24.indd 172 30/08/2022 16:13


brasileira de 1988, “todo o poder
emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos
Eleições no Brasil ou diretamente”, ideia inspirada
No Brasil atual, os eleitores escolhem diretamente os representantes que ocuparão os cargos no em princípios iluministas que
Executivo e no Legislativo: presidente, governadores, prefeitos, deputados, senadores, vereadores. defendem exatamente o direito
No Império, vigorava um regime monárquico, e não republicano. Isso significa que havia um ao voto, o dever dos cidadãos
rei (imperador), e não um presidente eleito para um mandato de quatro anos, como acontece
de escolher seus representan-
hoje. D. Pedro II era imperador porque havia herdado a coroa de seu pai, D. Pedro I, e não porque
fora eleito.
tes e destes de representá-los
O imperador era o chefe do Poder Executivo, ou seja, do governo propriamente dito. Além seguindo um conjunto de ideias
disso, ele exercia o Poder Moderador, pelo qual fiscalizava os outros poderes e podia dissolver a e posicionamentos previamente
Câmara dos Deputados e nomear senadores. apresentados. Promova uma
Entretanto, havia eleições para deputados e senadores. Esses cargos faziam parte do Poder ampla discussão com a turma
Legislativo, encarregado de criar as leis. O mandato dos deputados era de quatro anos, o dos a esse respeito, buscando esti-
senadores era vitalício, ou seja, até a morte ou a renúncia, ocorrendo eleições apenas para pre- mular o desenvolvimento de
encher os cargos que ficavam vagos.
habilidades socioemocionais
As eleições gerais eram realizadas em dois momentos. Primeiro, as pessoas que tinham direito
relacionadas à formação cidadã,
de votar escolhiam seus representantes, que por sua vez elegiam os deputados e os senadores.
Dessa forma, as eleições no Império eram indiretas. à conscientização da responsabi-
Mas não paravam aí as limitações. No Império, o voto não era um direito de todos. Para lidade de todos na construção de
poder votar, era necessário ter determinada renda anual (esse tipo de voto é chamado de censi- uma sociedade justa, democrá-
tário). Quem não tivesse essa renda estava excluído das eleições. Além disso, as mulheres e os tica e inclusiva, à importância da
escravizados também não tinham direito ao voto. As mulheres, por exemplo, só foram conquistar participação política e ao posicio-
o direito ao voto em 1932. namento ante problemas comuns
da sociedade.
ACERVO ICONOGRAPHIA

Atividade
1. Estimule o uso da argu-
mentação e a retomada de
conteúdos estudados no
capítulo na formulação das
respostas. Relembre aos
A advogada, estudantes que, na prática,
sindicalista e
política Almerinda a não participação de parte da
Farias Gama sociedade no processo eleito-
na votação em
1934. Almerinda
ral pode significar que apenas
foi uma das certos grupos terão o controle
primeiras do Estado, da elaboração das
mulheres negras
a atuar na política leis e, portanto, terão seus
brasileira. interesses representados. A
exclusão de parcelas da popu-
1. Quais problemas políticos são causados por um regime eleitoral que exclui um setor da lação da participação política
população, como ocorria durante o Império por causa do sistema de voto censitário? e do direito de escolher seus
Consulte resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas. representantes fragiliza os
173
mecanismos democráticos,
promove o aprofundamento
das desigualdades e o não
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 173 deputados e senadores, mas a maneira como
09/08/22 16:34
atendimento das necessidades
chegavam a seus cargos era muito diferente
Prosseguindo para a questão eleitoral no desses grupos sociais.
Brasil, oriente os estudantes a estabelecer as da atual, já que hoje são realizadas eleições
diferenças entre o regime monárquico, que diretas.
vigorou até 1889, e o regime republicano, A forma como exercemos atualmente a
implantado nesse mesmo ano e que vigora até democracia é por meio do voto e da escolha
hoje. Além das características mais importan- dos representantes políticos. Por essa razão, o
tes, como a presença de um monarca ou de exercício dos direitos políticos nas sociedades
um presidente da república, ressalte também democráticas contemporâneas passa pelo voto
que, tanto em um regime como em outro, havia e pelo sistema eleitoral. Segundo a Constituição
173

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 5 e 7: abordadas com os estu-
dantes fazendo com que compreendam
a Doutrina Monroe e suas principais ca-
racterísticas; exercitem a simultaneidade ENQUAN TO ISSO...
histórica; e utilizem o esquema como
mecanismo gráfico de estudo. A DOUTRINA MONROE
• CEH 1, 2, 3 e 6: trabalhadas com a
Em 1823, o presidente estadunidense James Monroe declarou que o continente americano
turma à medida que analisam os fa-
não deveria mais “ser considerado como sujeito à colonização futura por qualquer uma das potên-
tos históricos e elaboram uma síntese
cias europeias”. Segundo ele, qualquer intervenção nesse sentido seria tratada como evidência de
sobre os principais temas abordados
inimizade com os Estados Unidos.
ao longo do capítulo.
Chamada de Doutrina Monroe, essa política condenava a criação de novas colônias na
• Habilidades EF08HI15, EF08HI16 e
América e, com o tempo, se tornou um dos fundamentos ideológicos do imperialismo estaduni-
EF08HI25: enfocadas com os estudan-
dense na região. Defendendo o princípio América para os americanos, o governo dos Estados
tes ao analisar os principais assuntos
Unidos passou a intervir cada vez mais em assuntos internos dos países do continente.
estudados no capítulo e ao tratar das
relações dos Estados Unidos com a Durante o século XIX, por exemplo, os estadunidenses venceram uma guerra contra o México
América Latina durante o século XIX. (1846-1848) e, assim, incorporaram regiões dos atuais estados da Califórnia, de Nevada, do Texas, de
Utah, do Novo México, do Arizona, do Colorado e de Wyoming, que antes pertenciam ao México.
Além disso, o governo estadunidense agiu de modo a obter influência sobre outras nações
PROCEDIMENTOS americanas, visando fortalecer seus interesses. Foi assim, por exemplo, quando auxiliou os cubanos
DIDÁTICOS a conquistarem sua independência, em 1898, em troca do direito de instalar bases militares no
país; ou quando se envolveu na independência de Porto Rico, também no final do século XIX.
Enquanto isso... No começo do século XX, o governo dos Estados Unidos começou a defender a chamada
política do Big Stick (Grande Porrete), que foi entendida como um desdobramento da Doutrina
O texto da seção incentiva o
Monroe, prevendo a utilização de força militar sempre que necessário para intervir na política
exercício da simultaneidade his- de países americanos, especialmente quando estes adotassem medidas que prejudicassem os
tórica. Com base nele, comente interesses dos Estados Unidos.
com a turma que, enquanto no
Cartum,
GRANGER, NYC./ALAMY/FOTOARENA

Brasil vivia-se o período regencial, de autoria


nos Estados Unidos era criada desconhecida,
publicado em
a Doutrina Monroe. Debata 1900 sobre
a ideia de “América para os a Doutrina
americanos”, usada como jus- Monroe. A
personagem
tificativa para o imperialismo Tio Sam, que
estadunidense. representa os
Estados Unidos,
Em um segundo momento, foi apresentada
questione-os sobre a política como um
internacional atual dos Estados protetor da
América diante
Unidos e se acreditam que ela dos interesses
possa levar a continuidades e dos demais
continentes.
rupturas ao longo do tempo. É
interessante que reconheçam
o papel imperialista cumprido
pelos estadunidenses em dife-
rentes episódios no decurso do 174
século XX e no início do XXI,
especialmente diante dos países
do continente americano. brasileiro, a tendência de aproximação
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd 174 comer- AMPLIAR HORIZONTES 09/08/22 16:35

As relações diplomáticas cial e política do Brasil com os Estados Unidos


entre Brasil e Estados Unidos pode ser vista como uma constante. • SCHILLING, Voltaire. EUA e América Latina:
também podem ser discutidas da Doutrina Monroe a Alca. Porto Alegre: Leitu-
ra XXI, 2003.
com a turma. Se considerar válido,
O autor resume as ideias e as ideologias que
utilize uma notícia recente sobre
norteiam a política externa estadunidense, princi-
esse assunto para subsidiar a con-
palmente em relação à América Latina.
versa em sala de aula. Comente
que, apesar de alguns períodos
de distanciamento do governo
174

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Esquema-resumo
ESQUEM A-RE SUMO Aproveite o esquema-re-
sumo para retomar os principais
aspectos do Primeiro Reinado
CAPÍTULO 6 e do período regencial e avaliar
a compreensão dos estudan-
O PRIMEIRO REINADO E O tes sobre os temas tratados no
PERÍODO REGENCIAL capítulo. Destaque o quanto os
interesses específicos de cada
região do Brasil dificultavam a
Constituição de 1824 existência de um sentimento de
pertencimento à nação, o que
se tornou um ponto importante
durante o Segundo Reinado na
busca da constituição de uma
Manutenção da Divisão de poderes:
escravidão criação do Poder identidade nacional.
Moderador
Atividade
Porque a população que aqui
Confederação do Equador (1824) Críticas ao excesso de existia no início do século XIX,
Abdicação do imperador (1831) poder do imperador além de viver separada, em áreas
distintas, reunia tradições e inte-
resses quase sempre diferentes.
PERÍODO REGENCIAL
(1831-1840) As revoltas ocorridas após 1831
– muitas delas de caráter sepa-
ratista – reforçaram junto às
elites esse entendimento de que
faltava ao país um sentimento
Revoltas nas províncias Criação da Guarda Nacional
Golpe da Maioridade de identidade coletiva, um senti-
(1840)
e o coronelismo mento de nacionalidade, enfim,
uma ideia de nação.
Cabanagem (Grão-Pará, 1835-1840)
D. Pedro II torna-se
Revolta dos Malês (BA, 1835)
imperador
Sabinada (BA, 1837-1838)
Balaiada (MA, 1838-1842)
Revolução Farroupilha (RS, 1835-1845)

Explique, com base na leitura do capítulo e do esquema-resumo, por que muitos historiadores afirmam que,
ao se tornar independente, o Brasil não podia ser considerado uma nação, no sentido pleno do termo.

Consulte resposta esperada nas Orientações didáticas.


175

Texto complementar
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Os diferentes nacionalismos no ensino da história do Brasil


[...] O objetivo da História escolar tem sido o de entender as organizações das socie-
dades em seus processos de mudanças e permanências ao longo do tempo e, nesse
processo, emerge o homem político, o agente da transformação entendido não somen-
te como um indivíduo, mas também como um sujeito coletivo: uma sociedade, um
Estado, uma nação, um povo.
BITTENCOURT, Circe. Identidade nacional e ensino de história do Brasil. In: KARNAL, Leandro
(org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2010. p. 186.

175

D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-C06-MPU-G24.indd 175 30/08/2022 16:13


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3 e 7: abordadas com os
estudantes fazendo com que tenham
contato mais próximo com os conteú-
dos abordados e estabeleçam relações
AT IV IDADE S NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
importantes entre o passado e o pre-
sente. 1. Analise a imagem da página 155, a litografia Aclamação de D. Pedro I, imperador do
Brasil, de Jean-Baptiste Debret. A obra constrói uma representação da festa popular
• CEH 1, 2, 3 e 6: trabalhadas com a
pela aclamação de D. Pedro I como imperador do Brasil, em 12 de outubro de 1822.
turma à medida que analisam os fatos
Com base na análise da imagem, responda que mensagem ela passa sobre o processo
históricos, elaboram questionamentos
de independência do Brasil? Ela constrói uma representação de forte apelo popular. A presença da
e hipóteses problematizadas sobre as multidão celebrando a aclamação do imperador reforça a ideia de união entre os brasileiros e o monarca.
informações apresentadas e discutem 2. Durante a Regência, ocorreram revoltas em diversas províncias brasileiras. Apesar das
documentos. diferenças entre as causas que as provocaram, essas revoltas tinham aspectos comuns
• Habilidades EF08HI06, EF08HI15, dentro de um mesmo contexto político. Forme um grupo e, com a supervisão do pro-
EF08HI16 e EF08HI17: enfocadas com fessor, montem uma apresentação de slides comparando as principais características
os estudantes ao trabalhar conceitos desses movimentos. Depois, compartilhem a apresentação com os colegas.
Consulte comentários nas Orientações didáticas.
como nação, Estado, país, governo e 3. Você estudou neste capítulo e nos anteriores os conceitos de nação, Estado, país,
território e ao caracterizar os princi- governo e território. Forme uma dupla e retomem seus aprendizados para elaborar
pais fatos estudados correspondentes pequenas definições desses termos. Depois, verifiquem as respostas dos demais colegas
ao cenário político, social e econômi- e façam ajustes que julgarem necessários em suas definições.
co do pós-independência. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
4. Leia o poema a seguir, intitulado “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias. Depois, res-
ponda ao que se pede:
PROCEDIMENTOS 4. a) O poema
constrói
DIDÁTICOS um cenário Minha terra tem palmeiras Minha terra tem primores,
saudoso onde canta o sabiá; que tais não encontro eu cá;
As atividades contribuem para do Brasil,
aprofundar a compreensão do expressando as aves, que aqui gorjeiam, em cismar — sozinho, à noite
um sentimento não gorjeiam como lá. mais prazer encontro eu lá;
conteúdo do capítulo e para o de identidade
minha terra tem palmeiras,
desenvolvimento das relações nacional com Nosso céu tem mais estrelas,
base no exílio. onde canta o sabiá.
entre presente e passado, sempre nossas várzeas têm mais flores,
O eu lírico
em busca da percepção de con- descreve a nossos bosques têm mais vida, Não permita Deus que eu morra,
tinuidades e rupturas ao longo maneira como nossa vida mais amores. sem que eu volte para lá;
a natureza
da história. brasileira lhe sem que desfrute os primores
Em cismar, sozinho à noite,
causa um que não encontro por cá;
Atividades sentimento mais prazer encontro eu lá;
sem qu’inda aviste as palmeiras,
doloroso de minha terra tem palmeiras,
2. A proposta da atividade é saudades pelo onde canta o sabiá.
propiciar a retomada das fato de não onde canta o sabiá.
estar mais no DIAS, Gonçalves. Canção do exílio. Correio Braziliense, Brasília, DF, 27 set. 1986. Disponível em:
principais características Brasil. https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/117361/1986_SETEMBRO_071h.pdf?sequence=3.
das revoltas regenciais. Acesso em: 11 jul. 2022.

É oportuno incentivar os 4. b) Ao construir esse sentimento nostálgico do Brasil, o poeta


a) Qual é o tema central do poema? se esforça por criar símbolos da nacionalidade inspirados pela
estudantes a aprofundar as natureza exuberante desse território.
b) Por que esse poema pode ser visto como parte do esforço de construção do sentimento de
informações trabalhadas em
nacionalidade no Brasil?
sala de aula com pesquisas
c) Você acredita que o sentimento descrito no poema ainda é importante no presente?
complementares, auxiliando Justifique.
no desenvolvimento de A proposta da atividade é incentivar a reflexão dos estudantes em torno do sentimento de nostalgia e
competências relacionadas 176 de valorização de aspectos da pátria. É importante que os estudantes construam argumentos coerentes
para defender seus pontos de vista em torno do tema.
a levantamento e síntese
de informações. Na internet,
é possível encontrar softwa- 3. Para consolidar as aprendizagens desenvolvi-
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24-AV1.indd 176 ser feitos nas definições registradas. Os 13/08/22 18:29

res gratuitos que podem ser das ao longo do capítulo, oriente a consulta estudantes podem elaborar livremente suas
baixados para o computador ao livro didático e a busca de definições em definições, mas é essencial que percebam
ou utilizados on-line. Caso dicionários da biblioteca da escola ou na inter- as seguintes características: • Nação: termo
não seja possível criar apre- net, de maneira que possam compreender as utilizado para definir um grupo de habitantes
sentações por slides, pode-se confluências e diferenças entre eles. Promova de um território que compartilha caracte-
propor aos estudantes que o compartilhamento das respostas das duplas rísticas e uma história comum. • Estado:
elaborem cartazes em carto- e a cooperação entre os estudantes, para nome dado ao conjunto de instituições
linas com pequenos textos e que eles troquem conhecimentos entre si e que administra um terri­tório. • País: um
imagens. identifiquem possíveis ajustes que podem grande território que conta com um governo
176

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
5. A maioridade de D. Pedro II foi antecipada, em 1840, para que ele pudesse assumir o
trono brasileiro. Entre os objetivos do chamado Golpe da Maioridade, podemos citar o
Texto complementar
esforço de: Alternativa E. D. Pedro e a maioridade
a) obter o apoio das camadas baixas da população, que reivindicavam um imperador para o
Já o pequeno príncipe,
Brasil no lugar dos regentes.
mantido no Paço e apartado
b) ampliar a autonomia das províncias e reduzir a interferência do poder central nas unidades
da situação, parecia pouco en-
administrativas.
tender as contingências mais
c) abolir a lei de 1831 que impedia a entrada de escravizados no Brasil.
urgentes do mundo da políti-
d) promover ampla reforma constitucional de caráter liberal e democrático no país, reagindo ao
ca. Em relato datado de março
autoritarismo da Constituição de 1824 que instituiu o Poder Moderador.
de 1840, Pedro Araújo Lima
e) restabelecer a estabilidade política comprometida durante o período regencial e conter re- conta como foi sua conver-
voltas de caráter regionalista.
sa com o monarca. Segundo
6. A Revolta dos Malês pretendia implantar uma monarquia islâmica na Bahia. Se o plano o regente, quando pergun-
desse certo, a quitandeira Luísa Mahin, uma liberta que participou ativamente da or- tado sobre a possibilidade
ganização da revolta, seria nomeada rainha. da maioridade, d. Pedro te-
O levante fracassou e Mahin escapou com vida; chegou a participar da Sabinada, mas ria dito apenas “De fato, não
depois seu destino tornou-se incerto. Seu filho, o advogado Luís Gama (1830-1882), que tenho pensado nisso”.1 A ver-
teria importante papel na abolição da escravatura, ainda tentou descobrir o paradeiro são oficial da mesma história
da mãe, mas não obteve informações precisas. Leia a seguir algumas estrofes de um é bem diferente. Conta que,
poema feito por Jarid Arraes a respeito de Luísa Mahin. Depois, responda às questões.
consultado em 1840, o jovem
de catorze anos teria dito:
[...] Gostaria que Luísa “Quero já!”, revelando uma
Mas Luísa era guerreira Fosse muito mais lembrada maturidade emocional em
A rebelde sem igual Nas escolas brasileiras que é difícil acreditar.
Fez ainda de sua casa Fosse sempre ali citada Começava a se for jar,
Como um quartel-general É por isso que lutamos então, uma imagem que
Onde eram planejadas Para que seja memorada. acompanharia o imperador
As revoltas sem igual. até sua morte: o homem de
E para as mulheres negras porte impassível, cautela nas
Apesar de tudo isso Mahin é uma referência palavras e decidido politica-
E de tudo que lutou Um espelho poderoso mente. A representação de
Essa mulher imponente Dessa forte resistência um rei que, pretensamente
Muito se silenciou É coragem feminina posicionado acima da políti-
Pois ainda não se conta E também resiliência. ca, viria redimir a nação. De
Tudo que realizou. acordo com os relatos, a não
ser pelas pernas finas e voz
Mas apenas sua memória estridente, d. Pedro parecia
Resiliência: capacidade de se
É forte o suficiente
recobrar facilmente, de adaptar-se
representar a encarnação de
Pra mexer na estrutura à má sorte ou às mudanças e um monarca europeu. Com o
Dessa gente incoerente superar as dificuldades. tipo dos Habsburgo – quei-
Que não fala a verdade xo longo, olhos muito azuis,
Sobre o negro insurgente. pele clara, cabelo liso e aloira-
do –, o príncipe destacava-se
ARRAES, Jarid. Heroínas negras brasileiras: em 15 cordéis. São Paulo: Seguinte, 2020. p. 87-88.
em meio à população de seu
177 reino, em sua boa parte com-
posta de negros e mestiços.
SCHWARCZ, Lilia Moritz; STAR-
LING, Heloísa Murgel. Brasil:
centralizado. • 177
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24.indd Governo: instituição que AMPLIAR HORIZONTES 09/08/22 16:35
uma biografia. São Paulo: Com-
exerce o poder político-administrativo em um panhia das Letras, 2015. p. 267.
território. • Território: espaço delimitado • HADJI, Charles. Avaliação desmistifica-
onde vive uma comunidade ou sociedade da. Porto Alegre: Artmed, 2001. 1
Para esse debate e o significado do
humana. Na obra, o autor defende a construção da federalismo durante o processo de
atividade de avaliação como mais uma prá- independência, ver MELLO, Evaldo
tica pedagógica a serviço da aprendizagem, Cabral de. A outra independência:
o federalismo republicano de 1817 a
e não como um objetivo a ser alcançado pe-
1824. São Paulo: Ed. 34, 2004.
los estudantes.

177

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A BNCC NESTA DUPLA
NÃO ESCREVA
• CECH 2, 3 e 6: abordadas com os es- 6. a) Como uma guerreira, uma mulher imponente NO LIVRO.
e que serve de modelo para as mulheres negras, por sua coragem e resiliência.
tudantes na discussão do Golpe da a) Como a poeta Jarid Arraes descreve a figura de Luísa Mahin?
Maioridade e da importância da par-
b) Por que, para a poeta, Luísa Mahin é referência às mulheres negras de hoje?
ticipação social no questionamento
das ações do governo no passado e c) Cite exemplos de dificuldades que as mulheres negras enfrentam na sociedade brasileira dos
no presente. dias atuais e como lidam com essas situações. Resposta pessoal. Consulte comentários nas
Orientações didáticas.
• CEH 1, 3 e 6: trabalhadas com a tur- d) A poeta aponta como uma das características de Luísa Mahin a resiliência, ou seja, a
ma à medida que analisam os fatos capacidade de superar dificuldades. Em seu entendimento, qual foi a maior dificuldade
históricos e elaboram questionamen- que você já enfrentou? Você conseguiu superá-la? Precisou da ajuda de alguém ou
tos e hipóteses problematizadas sobre superou sozinho? Escreva em seu caderno um texto de no máximo dois parágrafos a
as informações apresentadas e sobre respeito dessas questões.
documento histórico. Respostas pessoais. A atividade explora a capacidade do estudante de refletir sobre si.
7. A imagem a seguir é uma representação da coroação de D. Pedro II após o Golpe da
• Habilidade EF08HI15: enfocada com Maioridade. Analise atentamente a imagem e responda ao que se pede.
os estudantes ao caracterizar dife-
a) De que forma a coroação foi representada por Manuel de Araújo Porto-Alegre?
rentes fatos e contextos históricos no
período abordado. 6. b) Para a b) A coroação de D. Pedro II ocorreu em 18 de julho de 1841. O imperador tinha 15 anos na-
poeta, as ações quela ocasião. Porém, ele foi representado com aspecto quase adulto. Elabore uma hipótese
de Luísa Mahin para explicar essa representação.
PROCEDIMENTOS devem servir de
exemplo para c) Versos populares circulavam pelas ruas do Brasil a respeito da maioridade de D. Pedro II. Um
DIDÁTICOS as mulheres deles dizia: "Queremos D. Pedro II/Embora não tenha idade/A nação dispensa a lei/E viva a
negras de maioridade". Outro, por sua vez, afirmava: "Por subir Pedrinho ao trono/Não fique o povo
Atividades (continuação) hoje para que
consigam contente;/Não pode ser coisa boa/Servindo com a mesma gente". A partir da leitura, quais
6. c) Espera-se que os estu- enfrentar são as diferentes posições políticas observadas nesses dois poemas?
dantes constatem que as os diversos Consulte resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas.

MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, RIO DE JANEIRO, RJ


mulheres negras sofrem problemas com
os quais elas se
os mais variados tipos de deparam em sua
preconceito e discriminação. realidade.
Muitos relatos apontam a
dificuldade de superar essa
situação, pois vão desde
a valorização da autoes- 7. a) A coroação
foi representada
tima até a participação em como um
grupos de defesa dos direi- momento glorioso.
tos das mulheres negras. A cena mostra
o rei cercado
7. c) A leitura dos poemas nos pelas elites e por
religiosos. O
mostra que não havia um palácio no qual
consenso entre a popula- ocorre a coroação
é luxuoso e
ção a respeito da ideia de imponente. Com
se antecipar a maioridade isso, a coroação foi
de D. Pedro II. O primeiro representada como
um momento
poema traz uma visão posi- importante na
tiva a esse respeito, tanto consolidação do
poder do Império e Coroação de D. Pedro II (estudo), Manuel de Araújo Porto-Alegre. Óleo sobre tela,
que encerra a quadra com o do imperador. década de 1840.
verso “E viva a maioridade”. 7. b) É possível elaborar a hipótese de que o imperador foi representado como uma pessoa mais velha
Porém, o segundo poema 178 de modo a enfatizar sua maturidade e sua capacidade de assumir o cargo, ainda que não tivesse a idade
mínima prevista pela Constituição para se tornar o governante do país.
mostra uma população
reticente, que demonstra
estar incomodada com a Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-150-179-U3-CAP6-LA-G24-AV1.indd 178 alidades nacionais, independentemente da 13/08/22 18:29

situação, pois vê a anteci- natureza dos laços que as determinam. [...]


Nação Uma segunda maneira de conceber a Na-
pação da maioridade como
um arranjo entre as forças Normalmente a Nação é concebida como ção nos é dada pela confusa representação
um grupo de pessoas unidas por laços natu- de uma “pessoa coletiva”, de um “organis-
políticas que controlavam o
rais e, portanto, eternos [...] e que, por causa mo” vivendo vida própria, diferente da vida
poder político do país. Vale
destes laços, se torna a base necessária para dos indivíduos que o compõem.
ressaltar que esta atividade a organização do poder sob a forma do Esta- A amplitude destas “pessoas coletivas”
contempla a Competência do nacional. As dificuldades se apresentam coincidiria com a de grupos que teriam em
Específica de História 4, quando se busca definir a natureza destes comum determinadas características, tais
prevista na BNCC. laços, ou, [...] delimitar as diversas individu- como a língua, os costumes, a religião, o
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
8. Em 1840, o Golpe da Maioridade pôs fim ao período regencial. Leia as alternativas a Vamos falar sobre...
seguir sobre esse acontecimento e escolha a única alternativa correta: Alternativa B. Nação e Nacionalismo
a) O Golpe da Maioridade foi promovido por Pedro II e seus aliados, visando derrubar o governo
Para iniciar essa reflexão, é
regencial e assumir o controle do país.
b) O Golpe da Maioridade foi um acordo estabelecido entre políticos com o objetivo de forta-
importante explorar a ideia de
lecer o governo e conter as revoltas do período. que o conceito de nação tem
c) A imprensa e a população brasileira eram contra o Golpe da Maioridade. Este só ocorreu por uma história e nem sempre
causa de uma articulação das elites. existiu. Até o século XIX, o
d) O Golpe da Maioridade foi uma exigência das elites regionais do país para interromper os termo nação era utilizado em
movimentos de contestação da ordem. um sentido mais estrito, indi-
e) Pedro II era contra o golpe, já que defendia o respeito à Constituição. Porém, aceitou o cando os moradores de uma
movimento como forma de conter as revoltas do período.
região, que não precisava ser um
país no sentido moderno, e não
VAMOS FALAR SOBRE… NAÇÃO E NACIONALISMO existia a ideia de nação francesa,
A palavra nação tem muitos significados diferentes, os quais variaram ao longo do tempo. portuguesa, espanhola ou brasi-
O historiador Eric Hobsbawm explica que significava, até o fim do século XIX, “o agregado de leira. Isso mudou no século XIX.
habitantes de uma província, de um país ou de um reino”. Ele também explica que um dos
Aos poucos, a ideia de nação foi
significados de nação no presente é:
se associando à de Estado cen-
tralizado. Assim foi surgindo o
[…] a comunidade de cidadãos de um Estado vivendo sob o mesmo regime ou
conceito que conhecemos hoje.
governo e tendo uma comunhão de interesses; a coletividade de habitantes de um
território com tradições, aspirações e interesses comuns, subordinados a um poder Tendo isso em vista, espe-
central que se encarrega de manter a unidade do grupo. ra-se que o estudante assimile
HOBSBAWM, Eric. Nações e nacionalismos. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 27-28.
o fato de hoje existir um senti-
mento de pertencimento a um
1. Estudamos que, no início do século XIX, o Brasil ainda não era considerado uma nação, povo que, apesar de suas dife-
no sentido empregado por Hobsbawm. Em seu entendimento, por que hoje podemos
afirmar que o Brasil é uma nação? O que mudou nesse período? Qual é o papel do
renças locais e regionais, tem
Estado brasileiro na construção do ideal de nação brasileira? uma história, hábitos e costu-
Consulte respostas esperadas e comentários nas Orientações didáticas. ANTONIO SALAVERRY/SHUTTERSTOCK.COM
mes em comum.
O Brasil pode ser considerado
uma nação atualmente, mas é
marcado por uma grande dife-
rença entre grupos e regiões.
A diversidade cultural é uma
característica brasileira que deve
ser valorizada, assim como cada
cultura deve ser respeitada em
sua singularidade. Pontue que a
falta de respeito pelas particula-
Uma das tradições que fazem parte da nação brasileira e que trazem sentimento de ridades culturais, contudo, pode
unidade é o Carnaval. Belo Horizonte (MG), 2020. gerar verdadeiras disputas inter-
179 nas e promover conflitos sociais.
Atividade
território etc. [...] É inegável que o fato de falar cotidianas, cria lembranças comuns,09/08/22
torna16:35 1. Espera-se que os estudan-
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a mesma língua ou ter os mesmos costumes parecida sua maneira de viver e, portan- tes assinalem o fato de hoje
se constituem em laços profundos, identifi- to, se torna um elemento constitutivo de existir um sentimento de
cadores de grupos com fisionomia própria. sua personalidade. pertencimento a um povo
Uma língua comum é o veículo de uma cul- BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PAS- que, apesar de suas diferen-
tura comum e, portanto, acaba criando laços QUINO, Gianfranco. Dicionário de política. ças locais e regionais, conta
importantes entre os que a falam, laços que Brasília, DF: Editora da UnB, 1998. p. 796. uma história que o identifica
se inserem como elementos constitutivos da e possui hábitos e costumes
própria personalidade. A partilha em comum em comum.
do ambiente físico onde vive um grupo de
pessoas, por sua vez, liga suas experiências
179

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A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

7
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
Habilidades
O NEOCOLONIALISMO
• EF08HI23 • EF08HI24
• EF08HI26 • EF08HI27

A BNCC NESTA DUPLA


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• CECH 2, 6 e 7: são trabalhadas com
os estudantes ao analisar o conceito • Entender o processo de neocolonialismo na África e na Ásia e seu impacto
de neocolonialismo e suas principais sobre as populações locais.
características.
• Relacionar o neocolonialismo e as mudanças advindas da Segunda
• CEH 1, 2 e 4: são abordadas com a Revolução Industrial.
turma à medida que os estudantes
• Conhecer as ideologias raciais que embasaram o neocolonialismo na Ásia e
constroem argumentos críticos sobre
na África.
políticas e práticas neocoloniais, a par-
tir do contexto histórico da Segunda
Revolução Industrial. Você já assistiu a algum filme do Tarzan? Sabia que esse personagem já existe há mais de
• Habilidade EF08HI24: é enfocada com os 100 anos? Ele aparece no livro Tarzan of the apes (Tarzan dos macacos), uma história escrita
estudantes ao relacionar o neocolonialis- em 1912 por Edgar Rice Burroughs (1875-1950). As aventuras de Tarzan foram contadas em mais
mo com a Segunda Revolução Industrial. de duas dezenas de livros, além de terem sido adaptadas para o cinema e para os quadrinhos.
A história criada por Burroughs começa com o naufrágio de um navio inglês na costa da
África. Apenas duas pessoas se salvam: lorde Greystoke e sua esposa. Eles constroem uma cabana
PROCEDIMENTOS na praia, onde a mulher dá à luz um menino,

WARNER BROS. PICTURES


DIDÁTICOS porém os pais morrem e o bebê é “adotado”
Caso considere interessante, por um grupo de grandes macacos, que dão a
este conteúdo pode ser trabalhado ele o nome de Tarzan. No livro, “Tarzan” quer
dizer “pele branca” na linguagem dos grandes
utilizando-se de metodologias
macacos.
ativas (veja mais detalhes no
Edgar Rice Burroughs nunca pôs os pés na
item 1.4 • O processo de ensi- África. Tudo em seu livro e nos outros que ele
no-aprendizagem em que escreveu sobre as aventuras de Tarzan é fruto
acreditamos, no manual geral). de sua imaginação. As histórias de Tarzan foram
O tema central pode ser:“Existe produzidas em um período no qual alguns países
racismo em relação à África e aos europeus invadiram e dominaram territórios intei-
africanos? Existem estereótipos?”. ros da África, transformando essas regiões em
colônias.
Esses são temas mais globalizan-
Neste capítulo, estudaremos esse processo
tes, mas que requerem pesquisas
que ocorreu na África e na Ásia.
pontuais por parte dos estudantes.
Não deixe de reforçar com eles a
necessidade de trabalhar com evi-
dências, formulação de hipóteses,
Cartaz do filme A lenda de
registro das etapas e bibliografia. Tarzan, produzido em 2016.
Caso queira seguir a organiza-
ção do livro didático, no entanto, 180
pode-se-se perguntar aos estu-
dantes: que imagem vocês têm
do continente africano? Examine Aponte de que forma esses estereótipos também
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as considerações levantadas e inicie estão presentes na maneira como a América Latina


um debate sobre os estereótipos ainda é vista em outros lugares do mundo. A
que dizem respeito à ausência de proposta é que eles reconheçam como os estere-
paisagem urbana, à pobreza e à ótipos que nutrimos de outros povos e localidades
violência. Apresente imagens de recaem, diversas vezes, sobre realidades que nos
cidades como Joanesburgo, na são mais familiares.
África do Sul, ou Lagos, na Nigéria,
a fim de debater aspectos da situ-
ação atual do continente.
180

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Relembre os estudantes dos
conteúdos estudados a respeito
Analise a imagem a seguir. Você saberia dizer quem são os homens brancos ao centro? E os
da colonização na América, na
homens negros? Onde estão essas pessoas? Os homens brancos representam os europeus. Eles
Ásia e na África durante os séculos
estão acompanhados de três homens em algum lugar da África, possivelmente no Congo. Por que
esses europeus estão nesse lugar? O que eles estão fazendo? Para responder a essas perguntas, XVI e XVII. Os debates sobre o
precisamos considerar certas mudanças ocorridas na Europa ocidental no decorrer do século XIX. trabalho de escravizados e sobre
Na segunda metade do século XIX, os Estados Unidos, a Inglaterra e alguns países da Europa a estrutura colonial desse período
ocidental atravessaram um período de grandes inovações tecnológicas que ficou conhecido como podem ser apontados em um
Segunda Revolução Industrial. esquema simples na lousa. Indique
Algumas dessas inovações foram a invenção do telégrafo e do telefone; a utilização do a predominância do mercanti-
petróleo e da eletricidade para fins industriais; a expansão do transporte ferroviário (trens) e lismo nos Estados europeus da Era
do sistema de navegação de barcos a vapor; a invenção de uma nova técnica de produzir aço em Moderna e a relação entre esses
grande escala; e a criação do motor a explosão e do automóvel.
princípios, o estabelecimento de
Ao mesmo tempo, sur- IMAGEM CONDUTORA colônias e a vigência de pactos
giram grandes empresas que,

LEEMAGE/UIG/FOTOARENA
fazendo uso das novidades coloniais.
tecnológicas do período, É importante que eles obser-
conseguiram produzir seus vem, por exemplo, que a explo-
artigos a preços cada vez ração do comércio de africanos
menores, ampliando, assim, escravizados já não era central
seu mercado consumidor e durante os processos coloniais do
conquistando lucros ainda século XIX. Ao discutir o item A
maiores. Para funcionar, essas Segunda Revolução Industrial,
empresas necessitavam de
ressalte que os impérios colo-
matérias-primas em abun-
niais voltaram-se, sobretudo, à
dância, como ferro, petróleo
e carvão. Mas onde encon- exploração de recursos natu-
trá-las? E onde encontrar rais existentes nas colônias, como
mercado consumidor para carvão, cobre, borracha e petróleo,
todas as mercadorias que fundamentais para o desenvolvi-
essas indústrias estavam mento industrial europeu. Além
produzindo? disso, a escravidão era vista como
um empecilho aos interesses de
expansão dos capitalistas, uma
vez que encolhia o mercado con-
sumidor disponível.
A ilustração, publicada no
Le Petit Journal, de 1913,
representa comissários da
França e da Alemanha que europeias e dividida em colô-
demarcam, no Congo, as
fronteiras de suas colônias nias de dimensões diversas,
com auxílio de africanos. [...]. Nessa época, aliás, a Áfri-
ca não é assaltada apenas na
181 sua soberania e na sua inde-
pendência, mas também em
seus valores culturais.
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24-AV1.indd 181 a 1910 caracterizou-se essencialmente pe-
13/08/22 18:36 BOAHEN, Albert Adu.
la consolidação e exploração do sistema. A África diante do desafio
A África diante do desafio colonial [...] colonial. In: INTERNATIONAL
SCIENTIFIC COMMITTEE FOR
Na história da África [...] as mudanças Até 1880, em cerca de 80% do seu territó- THE DRAFTING OF A GENERAL
mais importantes, mais espetaculares – e rio, a África era governada por seus próprios HISTORY OF AFRICA. História
também mais trágicas –, ocorreram num reis, rainhas, chefes de clãs e de linhagens, geral da África, VII: África sob
lapso de tempo bem mais curto, de 1880 a em impérios, reinos, comunidades e unida- dominação colonial, 1880-1935.
des políticas de porte e natureza variados. Brasília, DF: Unesco, 2010.
1910, marcado pela conquista e ocupação
p. 1, 3. Disponível em: https://
de quase todo o continente africano pelas [...] Em 1914, com a única exceção da unesdoc.unesco.org/ark:/48223/
potências imperialistas e, depois, pela ins- Etiópia e da Libéria, a África inteira vê- pf0000064434_por. Acesso em:
tauração do sistema colonial. A fase posterior -se submetida à dominação de potências 7 ago. 2022.
181

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 7: são trabalhadas a par-
tir da análise do contexto histórico de
exploração de países do continente A EXPLORAÇÃO DA ÁFRICA
africano e as principais motivações para Os questionamentos apontados na página anterior fizeram com que as atenções dos governos
as práticas exploratórias. e dos grandes empresários europeus e estadunidenses se dirigissem à África e à Ásia. Afinal, os
• CEH 1 e 3: são abordadas com a dois continentes eram ricos em matérias-primas, fortemente povoados e com industrialização
turma por meio da construção de praticamente inexistente – portanto, com potencial para serem bons mercados consumidores dos
argumentos críticos sobre as ações produtos industrializados.
exploratórias empreendidas pelas As grandes empresas, aliadas aos bancos, passaram a fazer investimentos nesses dois conti-
potências imperialistas nos países nentes. Para tanto, contavam com apoio dos próprios governos locais. Aos poucos, os europeus
africanos. foram penetrando nessas regiões. Missionários católicos e protestantes procuravam levar a fé cristã
• Habilidade EF08HI24: é enfocada à população local, e entidades científicas organizavam expedições com o objetivo de desvendar
com os estudantes ao contextualizar a geografia dessas localidades. No fundo, a intenção das grandes potências era transformar
as ações imperialistas e os impactos
essas regiões em suas colônias, tanto que a França, por exemplo, desde 1830, já havia ocupado
dessas práticas nos países africanos.
militarmente o território argelino, na África.

PROCEDIMENTOS Principais expedições europeias na África central


e meridional durante o século XIX
DIDÁTICOS
GUINÉ SOMÁLIA
SONIA VAZ

Reforce que a exploração EQUATORIAL UGANDA


QUÊNIA Equador
da África no século XIX é inse- 0º
GABÃO CONGO Lago Vitória
RUANDA
rida em uma segunda onda de
REPÚBLICA BURUNDI
colonialismo exploratório, DEMOCRÁTICA
BOMA DO CONGO BAGAMOYO
chamada pelo historiador Marc Lago TANZÂNIA
Tanganica
Ferro de “colonialismo de tipo LUANDA OCEANO
ÍNDICO
novo”. Trata-se de um sistema Lago
Niassa
ANGOLA
diferente do implementado nos MALAUÍ
MOÇÂMEDES ZÂMBIA
séculos XVI e XVII, porque, além MOÇAMBIQUE
da exploração da matéria-prima,
LINYANTI QUELIMANE
havia nas colônias um grande ZIMBÁBUE
MADAGASCAR
NAMÍBIA
mercado consumidor para os
Trópico de Capricórnio BOTSUANA
produtos industrializados da
Europa e dos Estados Unidos. OCEANO ESSUATÍNI
Entretanto, aspectos em comum ATLÂNTICO
LESOTO
revelam permanências entre a
ÁFRICA
primeira e a segunda manifesta- DO SUL
Expedição de David Livingstone
ção do colonialismo, tais como o PORTO ELIZABETH Expedição de Henry Stanley
SANTOS, Ynaê Lopes dos.
História da África e do
Expedição de Hermenegildo
menosprezo pelas culturas locais, 0 726 Capello e Roberto Ivens Brasil afrodescendente.
Divisão política atual Rio de Janeiro: Pallas,
a sujeição da população nativa 25º L
2017. p. 292.
ao domínio europeu, a utiliza-
ção da mão de obra de maneira 1. Com base na análise do mapa, como os europeus exploraram o interior do continente
cruel e a imposição de regras africano durante o século XIX?
desumanas. O mapa evidencia a maneira como os exploradores europeus utilizaram os rios para navegar pelo
Se considerar válido, elabore 182 interior da África, atingindo diversas regiões do continente.

uma tabela na lousa para que


os estudantes possam comparar
características do colonialismo a África, enquanto, no segundo,
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd 182 a África e a 09/08/22 16:29

dos séculos XVI e XVII e do Ásia foram alvo dos interesses imperialistas.
chamado neocolonialismo,
para ajudá-los a compreender
como distintos contextos econô-
micos e culturais influenciaram as
formas de exploração colonial.
Pontue também que, no primeiro
caso, os principais continentes
envolvidos foram a América e
182

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
As intenções Com base em conteúdos já
trabalhados com os estudan-
A partilha do continente africano entre as nações europeias efetivou-se após a Conferência
tes, a respeito da formação dos
de Berlim, na Alemanha, realizada entre 1884 e 1885. Participaram da reunião representantes
Estados nacionais modernos e
dos Estados Unidos e das principais potências da Europa. Os delegados ali presentes definiram
dos processos revolucionários e
regras para a divisão do território. No entanto, para justificar suas ambições, os governos europeus
afirmavam que era preciso “civilizar” a África, e que isso só seria possível por meio da colonização.
de independência, por exemplo,
discuta a ideia de “partilha” do
FICA A DICA continente africano. O tema
pode ser debatido à luz das ideias
• Coração das trevas, de Joseph Conrad. Ilustrações de Catherine Anyango. Roteiro de David
de soberania nacional e dos con-
Zane Mairowitz. São Paulo: Veneta, 2014.
ceitos de “Estado“, “nação”,
Adaptação para novela gráfica (HQ) do livro homônimo de Joseph Conrad. O marinheiro
“território”, “governo” e “país”.
inglês Charles Marlow narra suas experiências como capitão de uma barcaça que navega pelo
Tendo em vista essas questões,
Rio Congo durante o período colonial.
os estudantes poderão observar
a contradição entre os princí-
O pretexto

THE PRINT COLLECTOR/GETTY IMAGES


pios iluministas adotados pelas
Os europeus que invadiam territórios nações imperialistas e suas ações
justificavam essa intervenção afirmando em relação às nações africanas na
que os africanos eram bárbaros e que Conferência de Berlim.
eles, os europeus, estavam levando Os temas relacionados à vio-
a civilização até a África. Por isso, os lência na África e aos negros
africanos, com seus fazeres, línguas e em geral pode gerar gatilho
construções, foram obrigados a adotar para a saúde emocional de
os costumes dos colonizadores por
crianças e jovens negros,
muito tempo. Vale ressaltar que essas
portanto uma abordagem com
justificativas também foram utilizadas
empatia é fundamental para
para legitimar a ocupação de territórios
tratar desse capítulo. Explique-
asiáticos, igualmente classificados pelos
lhes que ser negro em uma
europeus como atrasados.
sociedade racista gera sofri-
mentos simbólicos e materiais.
O que ocorreu Detalhe, ainda, que o sofrimento
No colonialismo do século XVI e não decorre da sua cor de pele,
no neocolonialismo do século XIX, os mas sim do fato de ser sistema-
europeus exploraram a mão de obra ticamente tratado como inferior.
dos africanos. A principal diferença entre Dados do Ministério da Saúde
os dois tipos de colonialismo é que no apontam que a taxa de morta-
segundo também havia a intenção de lidade por suicídio entre jovens
Mapa de 1902 que representa o continente africano
explorar os mercados consumidores na dividido em territórios coloniais sob controle das e adolescentes negros é três
África e na Ásia. potências industriais europeias.
vezes maior do que de pessoas
brancas do mesmo grupo (dis-
1. Explique por que a ideia de “civilizar” o continente africano é incorreta e inadequada ponível em: https://www1.folha.
no contexto da expansão imperialista. uol.com.br/cotidiano/2020/08/
Essa ideia é incorreta, pois existiam no continente inúmeras civilizações africanas com suas tradições e seus racismo-e-descaso-afetam-sau
costumes. É importante entender que a ideia de "levar a civilização" é preconceituosa e etnocêntrica, 183 de-mental-de-pessoas-negras.
o que legitimou muitas formas de violência contra as sociedades africanas.
shtml; acesso em: 7 ago. 2022).

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd 183 ficas ou de caridade, criadas e organizadas
09/08/22 16:29 territórios não poderão servir
para esses fins ou que tendam a instruir nem de mercado nem de via
Ata da Conferência de Berlim os indígenas e a lhes fazer compreender e de trânsito para o tráfico dos
[...] Todas as potências que exercem di- apreciar as vantagens da civilização. escravos de qualquer raça. [...]
reitos de soberania ou uma influência nos [...] estando proibido o tráfico dos escravos, ATA da Conferência de Berlim
referidos territórios comprometem-se a e devendo igualmente as operações que, por (1885). Belo Horizonte: Univer-
velar pela conservação das populações mar ou por terra, forneçam escravos para sidade Federal de Minas Gerais,
aborígenes e pela melhoria de suas condi- o tráfico ser consideradas como proibidas, [2013]. Disponível em: https://
ções morais e materiais de existência [...]; as potências que exercem ou que vierem a mamapress.files.wordpress.
elas protegerão e favorecerão, sem distin- exercer direitos de soberania ou uma influ- com/2013/12/conf_berlim.pdf.
ção de nacionalidade ou de culto, todas as ência nos territórios que formam a bacia Acesso em: 7 ago. 2022.
instituições e empresas religiosas, cientí- convencional do Congo declaram que esses
183

D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-C07-MPU-G24.indd 183 30/08/2022 16:34


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3 e 6: são trabalhadas com
os estudantes a partir da discussão do
racismo como prática e conceito estru- RACISMO E PRETEXTO CIVILIZATÓRIO
turante das ações empreendidas pelo Em 1859, o naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) publicou um livro que causaria
colonialismo. grande polêmica durante várias décadas: A origem das espécies. Nessa obra, Darwin explica
• CEH 1, 2 e 6: são abordadas com a tur- que todas as formas de vida têm uma origem comum, e que as diferenças entre as espécies são
ma visando à construção de argumentos fruto de uma seleção natural, ou seja, as espécies que melhor se adaptam ao meio ambiente
críticos sobre o contexto histórico do co- transmitem suas características às gerações seguintes e conseguem sobreviver; as que não se
lonialismo e sobre as características das adaptam acabam por se extinguir. A esse processo, que leva milhões de anos, Darwin deu o nome
teorias racistas formuladas no período. de evolução das espécies. Essa teoria era contrária à Bíblia e, por isso, causou muita polêmica.
• Habilidades EF08HI23 e EF08HI27: são Alguns pensadores do final do século XIX deturparam as ideias de Darwin e as aplicaram
abordadas com os estudantes ao es- ao estudo das sociedades humanas. Segundo eles, a humanidade seria formada por diferentes
tabelecer uma relação causal entre as “raças”, e a “raça branca”, de origem europeia, seria superior a todas as outras. Para esses pen-
teorias racistas e o colonialismo; e a sadores, a miscigenação entre brancos e negros era uma das causas da “degeneração” de muitas
influência do pensamento darwinista civilizações. Esse conjunto de ideias é considerado por muitos o ponto de partida do surgimento
no período. da teoria racista amparada na ciência: a teoria do racismo científico.
Essas afirmações eram alimentadas pelo grande entusiasmo provocado pelas inovações da era
PROCEDIMENTOS industrial na Europa. Para os pensadores racistas, esse “progresso” era a prova da “superioridade”
DIDÁTICOS dos europeus, que deveriam levar os benefícios da “civilização” aos “bárbaros” e “primitivos”
povos africanos e asiáticos.
Na página 184, questione os

CHERL/SÜDDEUTSCHE ZEITUNG PHOTO/KEYSTONE BRASIL


estudantes a respeito das oposi-
ções empregadas no texto, entre
elas “civilização” e “degenera-
ção”, “raças” e “raça branca”. As
ideias de “progresso” e “retro-
cesso”, “civilizador” e “bárbaro”
também podem ser articuladas.
Espera-se que eles reconheçam
como o racismo científico e os
argumentos da missão civiliza-
dora são sempre organizados em
opostos, com pouco destaque à
importante pluralidade do mundo.
Nesse momento, é possível
organizar uma discussão inter-
disciplinar com Ciências, buscando
demontrar os erros e o processo
de deturpação das ideias evolucio-
nistas por pensadores do século
XIX responsáveis pela constru- O pesquisador alemão Robert Burger-Villingen projetou um aparelho que media a massa da
cabeça e a forma do crânio. Segundo ele, os dados obtidos por meio dessas medições seriam
ção das teorias raciais do período. indícios da existência de diferentes “raças” humanas. Fotografia de 1921.
Com o auxílio dos professores
de Ciências, é possível aprofun- 184
dar o entendimento das teorias
de Darwin, compreendendo sua
importância para o estudo da esclarecendo que essa ideia 184
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd mobiliza noções a refletir sobre esses assuntos sem uma atribui- 09/08/22 16:29

origem das formas de vida do etnocêntricas de progresso e de evolução. É ção de valor civilizatório.
planeta, ao mesmo tempo que se importante que os estudantes percebam a his- Explique aos estudantes que essa missão civiliza-
compreende a inadequação dessa toricidade de cada povo no tempo e no espaço, tória na África, amparada pelas ideias do darwinismo
teoria para a explicação das dife- a qual corresponde a transformações e perma- social, é um exemplo claro do voluntarismo his-
renças existentes entre as diversas nências desenvolvidas ao longo dos processos tórico. Afinal, os europeus adaptaram a teoria da
sociedades humanas. históricos. Para isso, ressalte, por exemplo, as dife- evolução das espécies de Darwin para justificar uma
Recomenda-se trabalhar renças no ordenamento do tempo nas sociedades, suposta inferioridade dos povos africanos, classifi-
especialmente a problemá- na importância da escrita ou da oralidade, no cando-os como raça inferior, a fim de atender seus
tica da “missão civilizatória”, cuidado e respeito com a terra etc., auxiliando-os interesses de dominação do continente.
184

D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-C07-MPU-G24.indd 184 30/08/2022 16:34


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Não existem raças Comente que, em nome de
Essa suposta missão civilizadora na realidade era apenas uma forma de justificar a dominação uma pretensa “civilização”,
da África e da Ásia pelos europeus. Como sabemos, não existem povos ou civilizações mais avan- atos condenáveis foram prati-
çados que outros; o que existe são diferenças culturais. A “missão civilizadora” promovida pelos cados contra os africanos. Para
europeus incluiu a difusão dos valores da cultura ocidental e a conversão religiosa dos africanos justificar esses atos, os europeus
ao cristianismo, por exemplo. Entretanto, os povos africanos e asiáticos tinham a própria cultura colonizadores afirmavam que por
e a própria religiosidade. viverem em comunidades rurais
Uma afirmação como essa, de que os negros são inferiores aos brancos, nos dias de hoje é e em tribos, os africanos ainda
facilmente desmascarada. Em 2003, cientistas concluíram o Projeto Genoma, que analisou o DNA
estavam em um estágio inferior
da espécie humana. Ao estudarem os genes formadores de nossas características físicas, cientistas
verificaram que as diferenças genéticas entre dois indivíduos não chegam a 1%.
de evolução. A necessidade de
Ainda que as variações na aparência física entre as pessoas sejam evidentes, a espécie resgatar os africanos da barbá-
humana não pode ser sepa- rie e colocá-los em contato com

REPRODUÇÃO/NATIONAL GEOGRAPHIC
rada em raças. As variações seres mais adiantados (europeus)
encontradas – como a cor para que pudessem aprender era
da pele ou dos olhos, por usada como argumento para as
exemplo – são resultado violências imperialistas.
do processo evolutivo do
É importante tratar desses
ser humano diante da
temas com criticidade para que
necessidade de se adaptar
às condições do ambiente não sejam naturalizados nem
em que passou a viver. usados para promover o bullying.
Em 2007, um antro-
pólogo estadunidense,
após analisar o DNA de
indivíduos de diferentes
populações, afirmou que
parte dos europeus ficou O produto final do projeto
mais clara, mais loura e consistiu no sequenciamen-
com os olhos mais azuis há to de um genoma-referência
apenas 5 mil anos. composto por genomas de
diferentes povos. Eram amos-
tras de doadores anônimos,
Capa da revista National oriundos de diferentes gru-
Geographic, em 2018, pos étnicos. [...]
que mostra duas irmãs Por sua vez, a conclusão do
gêmeas. Uma delas tem a
pele branca e a outra, pele Projeto Genoma não atendeu
negra; isso evidencia que a às expectativas propagadas
espécie humana não pode por Francis Collins: benefí-
ser dividida em raças. cios imediatos que levariam
à cura de diversas doenças
1. A xenofobia continua sendo um grave problema social até o presente. Que atitudes congênitas e grande avanço
podem combater esse problema? às pesquisas biomédicas. Sem
A proposta da atividade é promover uma reflexão sobre a importância de se combater a xenofobia, dúvida, houve um imenso
adotando ações de tolerância e respeito pela diversidade. Além disso, é possível destacar que atitudes 185 avanço em relação ao conhe-
xenófobas devem ser denunciadas às autoridades, combatendo todo tipo de prática preconceituosa.
cimento do genoma humano.
[...]
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd 185 proposta foi lançada pelo Department
09/08/22 16:29 GÓES, Andréa Carla de Souza;
of Energy (DOE) na década de 1980, mo- OLIVEIRA, Bruno Vinicius
O Projeto Genoma Humano tivada por um ímpeto de investimento Ximenes de. Projeto Genoma
Humano: um retrato da
O grupo que se propôs a sequenciar o em pesquisas genéticas, a impulsionar construção do conhecimento
genoma humano consistiu em um con- pesquisas relacionadas à Biologia Mo- científico sob a ótica da revista
sórcio público internacional [...]. Reunindo lecular. No caso do sequenciamento, o Ciência Hoje. Ciência & Educação,
equipes de pesquisa e laboratórios de objetivo era construir uma base informa- Bauru, v. 20, n. 3, jul./set. 2014.
cional que contribuísse para a medicina Disponível em: http://www.scielo.
vários países, seu objetivo central era
br/scielo.php?script=sci_
o sequenciamento completo do genoma no campo das síndromes relacionadas à arttext&pid=S1516-7313201
humano. Um dos projetos mais ousados exposição à radiação. 4000300561. Acesso em:
no campo das ciências biomédicas, sua [...] 7 ago. 2022.
185

D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-C07-MPU-G24.indd 185 30/08/2022 16:34


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 3: são trabalhadas com
os estudantes a partir da contextuali-
zação das particularidades culturais e A ARTE AFRICANA COMO AFIRMAÇÃO
sociais dos países africanos. Até a realização da Conferência de Berlim, a dominação europeia sobre o continente africano
• CEH 1, 2 e 5: são abordadas com a tinha ocorrido de maneira mais consistente somente nas regiões litorâneas. A presença portu-
turma por meio da análise de caracte- guesa na África era das mais antigas, vinha desde o tempo das Grandes Navegações, quando o
rísticas sociais e culturais de sociedades governo de Portugal começou a construir feitorias em diversas regiões do continente. Em 1498,
africanas no período abordado. os portugueses chegaram em Moçambique, transformando o local em importante entreposto
• Habilidade EF08HI24: é enfocada com comercial e ponto de apoio para suas embarcações rumo ao Oriente.
os estudantes ao compreender as par- O domínio colonial – que se intensificou após a Conferência de Berlim – foi marcado por
ticularidades dos países africanos no guerras, corrupção e desigualdade. Além dos problemas enfrentados pelas colônias, que muito
período abordado, tendo como ponto dificultaram a construção de Estados nacionais livres, restaram também a incompreensão e o
de partida as práticas culturais. preconceito. A arte foi uma das formas encontradas por muitos africanos para refletir sobre a
experiência colonial e a situação vivida por seus povos nos séculos XIX e XX.
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS 1. Rui Knopfli (1932-1997), um dos principais poetas de Moçambique, soube como poucos
O poema “Hidrografia” representar as amarguras da população de seu país e o orgulho de ser africano e livre.
Leia a seguir um trecho de um de seus poemas e responda às questões propostas.
chama a atenção para a terra
africana, suas peculiaridades,
Hidrografia
suas riquezas e sua história. Por
São belos os nomes dos rios na e do Volga
meio dele, somos estimulados a
velha Europa. ignoram a poesia corográfica
refletir sobre outras realidades, 1. a) Significa Sena, Danúbio, Reno são dos rios da minha terra.
percepções e epistemologias em trazer o olhar para palavras cheias de suaves inflexões, Vinde acordar
vez de focar na Europa como a África, em vez lembrando em tardes de ouro fino, as grossas veias da água grande!
de ficar voltado
centro do mundo e referên- frutos e folhas caindo, a tristeza Vinde aprender
para a Europa,
outoniça dos chorões. os nomes de Uanéteze, Mazimechopes,
cia a ser seguida. Ao abordá-lo e conhecer a
história de seu [...] Massintonto e Sábiè.
com os estudantes, lembre-os povo. O poeta Todo o mistério reside nos rios Vinde escutar a música latejante das
que a Literatura faz parte do ressalta o da minha terra. ignoradas
repertório de fontes utilizadas desconhecimento Toda a beleza secreta e virgem que veias que mergulham
da história da
com regularidade em diversas África e o cansaço resta no vasto, coleante corpo do Incomáti,
obras historiográficas, contri- de estudar os rios está nos rios da minha terra. o nome melodioso dos rios
da Europa e suas Toda a poesia oculta é a dos rios da minha terra,
buindo para o estabelecimento histórias. da minha terra. a estranha beleza das suas histórias
da interdisciplinaridade com 1. b) É um apelo Os que, cansados, sabem todas e das suas gentes altivas sofrendo
a História. O trecho da palestra para que as as histórias do Sena e lutando nas margens do pão e da fome.
pessoas deixem
“O perigo de uma única histó- de lado os
e do Guadalquivir, do Reno [...]
ria”, de Chimamanda Ngozi preconceitos e se KNOPFLI, Rui. Hidrografia. In: SAÚTE, Nelson. Nunca mais é sábado:
Adichie, reproduzido na seção interessem pela antologia de poesia moçambicana. Lisboa: Dom Quixote, 2004. p. 278-281.
história da África,
Texto complementar, pode que vai além da a) O que significa, para o poeta, desvendar todo o mistério dos rios da terra dele?
ser também discutido em sala escravidão e do b) Como é possível relacionar a experiência do neocolonialismo com o apelo que o poeta faz
neocolonialismo.
de aula, complementando a ati- para que conheçamos os rios da África?
vidade de análise de narrativas c) Em sua comunidade, existem rios que são importantes para a vida das pessoas? Cite o(s)
literárias sobre a África. rio(s) e explique a importância dele(s) para a região em que você vive.
Respostas pessoais. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
Atividade 186
1. c) A intenção da atividade é
aproximar a reflexão pro-
posta no poema ao cotidiano Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd 186 “Eles também são pessoas sem cabeças, 09/08/22 16:29

dos estudantes. Caso eles que têm sua boca e olhos em seus seios”.
O perigo de uma única história [...] Mas o que é importante sobre sua
respondam negativamente,
Eu acho que essa única história da Áfri- escrita é que ela representa o início de
é possível lembrar que
ca vem da literatura ocidental. Então, aqui uma tradição de contar histórias africa-
existem muitas comunida-
temos uma citação de um mercador lon- nas no Ocidente. Uma tradição da África
des brasileiras que vivem drino chamado John Locke, que navegou subsaariana como um lugar negativo,
em grande proximidade de até o oeste da África em 1561 e mante- de diferenças, de escuridão, de pessoas
rios, aproveitando os recursos ve um fascinante relato de sua viagem. que, nas palavras do maravilhoso poeta
naturais desses espaços para Após referir-se aos negros africanos como Rudyard Kipling, são “metade demônio,
a sobrevivência. “bestas que não têm casas”, ele escreve: metade criança”.
186

D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-C07-MPU-G24.indd 186 30/08/2022 16:34


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
UMA DIVISÃO ARBITRÁRIA É importante que os estu-
dantes percebam que, apesar
Voltemos à imagem da página 181. A cena representada se passa na África. Os homens
de não serem mais escraviza-
brancos estão no comando e os negros, a serviço deles. Os brancos vestem-se de maneira ele-
dos, os africanos continuavam
gante, mesmo em um pântano na selva. Parecem analisar um mapa e fazer anotações: executam
encarregados dos trabalhos mais
um trabalho intelectual.
Os africanos, ao contrário, carregam os perten- perigosos e exaustivos e eram

LEEMAGE/UIG/FOTOARENA
IC
ces dos europeus e desbravam a mata para abrir-lhes sempre colocados em situação
caminho: executam um trabalho braçal. Essa relação de alta vulnerabilidade, além de
de trabalho simboliza claramente a situação de domi- sofrer múltiplas formas de vio-
nação a que a África foi submetida. lência das autoridades coloniais.
Os brancos representados na cena são comis- Explore com a turma a
sários da França e da Alemanha. No mapa que um imagem da página 187, que
deles tem em mãos, demarcam as fronteiras de seus destaca a dicotomia entre
respectivos domínios. o trabalho intelectual e o
Nessa divisão arbitrária do continente, muitas
trabalho braçal no contexto
das colônias foram criadas sem considerar as dife-
das colônias. Por meio dela,
renças étnicas e culturais dos povos que ali viviam.
pode-se apontar a ausência de
Como consequência, povos com identidade e tra-
dições culturais muito diversas foram submetidos a
um projeto de educação para
um mesmo governo estrangeiro. O oposto também essas populações, por exemplo,
ocorreu. Povos com tradições culturais semelhantes uma vez que elas eram conside-
ficaram separados sob governos estrangeiros diferen- radas inferiores. Tal aspecto pode
tes. Isso tudo contribuiu para desorganizar os laços ser discutido à luz das questões
de identidade desses povos. contemporâneas.
LEEMAGE/UIG/FOTOARENA

Prossiga com a discussão


LEEMAGE/UIG/FOTOARENA

sobre como a criação de colônias


desconsiderou aspectos pró-
prios das sociedades africanas.
Apresente características nacio-
nais diversas, como o idioma
falado, os alimentos consumidos,
as tradições culturais partilha-
das, as religiosidades existentes
etc. Os estudantes poderão veri-
ficar como a nacionalidade se
expressa em diferentes manifes-
Representação de europeus, que tações cotidianas, numa relação
parecem analisar um mapa e fazer Representação de africano que abre passagem entre semelhanças e diferenças
anotações, ou seja, executam um na mata para os europeus e carrega as bagagens,
trabalho intelectual. Detalhe da ou seja, executa um trabalho braçal. Detalhe da pactuadas social e culturalmente.
ilustração do Le Petit Journal, de 1913. ilustração do Le Petit Journal, de 1913. Desse modo, as nacionalida-
des não poderiam ser impostas
187
artificialmente nem totalmente
desarticuladas por ação de
estrangeiros.
[...]. É impossível falar sobre única histó-
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd 187 tituir uma pessoa, o jeito mais simples
09/08/22 16:29

ria sem falar sobre poder. Há uma palavra, é contar sua história, e começar com
uma palavra da tribo Igbo, que eu lembro “em segundo lugar”. [...] Comece a his-
sempre que penso sobre as estruturas de tória com o fracasso do estado africano
poder do mundo, e a palavra é “nkali”. e não com a criação colonial do estado
É um substantivo que livremente se africano e você tem uma história total-
traduz: “ser maior do que o outro”. Como mente diferente.
nossos mundos econômico e político, his- ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Chimamanda Adichie: o perigo de uma única
tórias também são definidas pelo princípio história. Tradução: Erika Barbosa. Portal Geledés, [s. l.], 16 mar. 2010. Disponível em:
do “nkali”. [...] O poeta palestino Mourid https://www.geledes.org.br/chimamanda-adichie-o-perigo-de-uma-unica-historia/.
Barghouti escreve que se você quer des- Acesso em: 7 ago. 2022.

187

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 4 e 7: são trabalhadas
com os estudantes a partir da análise
de diferentes grupos e indivíduos en- COLÔNIAS DA EUROPA
volvidos no processo de colonização A partir de 1885, praticamente toda a África foi dominada pelos europeus. Apenas dois países
empreendido por potências europeias conservaram sua independência: a Libéria e a Abissínia (atual Etiópia). O restante do continente
no contexto do imperialismo. acabou dividido entre as potências europeias, apesar da resistência da população local contra
• CEH 1, 2 e 6: são abordadas com a essa dominação.
turma por meio da construção de ar- Esse processo foi posto em prática pelas nações europeias no final do século XIX e ficou
gumentos críticos sobre a colonização conhecido como neocolonialismo, ou seja, a busca e a ampliação dos mercados consumidores
e as relações de violência estabele- e a obtenção de matéria-prima a baixos custos para a indústria europeia. As nações europeias
cidas no continente africano pelas intervieram econômica e politicamente em muitas regiões da África e da Ásia, diversas vezes
potências imperialistas. utilizando métodos violentos para atingir seus objetivos comerciais.
• Habilidades EF08HI23 e EF08HI24: A Inglaterra e a França ficaram com pouco mais de dez colônias cada uma no continente
são enfocadas com os estudantes africano. Em seguida, vinham a Alemanha e a Itália, com três cada uma, e a Bélgica, com uma: o
ao identificar as motivações do pro- Congo Belga. Portugal e Espanha não entraram na “corrida”, mas mantiveram as antigas colônias
cesso de colonização e as principais que tinham desde os séculos XV e XVI (confira o mapa a seguir).
consequências para sociedades do Além de fornecer maté-
continente africano. A partilha da África rias-primas necessárias ao

EUROPA desenvolvimento industrial
ALLMAPS

Meridiano de Greenwich
europeu, as colônias africa-
PROCEDIMENTOS Mar
M nas representavam mercados
DIDÁTICOS
ed
MARROCOS it
err
Madeira
ESPANHOL TUNÍSIA âneo
Canal de Suez ÁSIA para os produtos industriali-
Oriente os estudantes na
MARROCOS
Canárias IFNI zados da Europa. Em caso de
ARGÉLIA LÍBIA
RIO DO EGITO guerra, o domínio colonial
leitura do mapa A partilha da OURO

Ma
Trópico de Câncer

rV
seria também uma forma de

erm
África e peça a eles que anotem SUDÃO

elh
Cabo MAURITÂNIA RANCESA
Verde FRANCÊS NÍGER
manter o fornecimento de

o
(POR) SOMÁLIA
quais colônias foram dominadas GÂMBIA
SENEGAL
ÁFRICA OCIDENTAL FRANCESA
ALTO
SUDÃO
ANGLO-EGÍPCIO
ERITREIA FRANCESA
recursos importantes, como
VOLTA
ORIAL F

SOMÁLIA
por determinada potência impe- GUINÉ GUINÉ
os minérios, assim como o
DAOMÉ

PORTUGUESA NIGÉRIA BRITÂNICA


TOGO

COSTA ABISSÍNIA
SERRA LEOA DO CHADE (ETIÓPIA)
rialista. Poderão ser mencionados: LIBÉRIA MARFIM
controle de portos de abas-
UAT

CAMARÕES SOMÁLIA
COSTA ÁFRICA ITALIANA
RIO MUNI
EQ

DO UGANDA ORIENTAL
o Congo Belga, que pertencia à Equador OURO 0° tecimento na África.
A

SÃO TOMÉ GABÃO BRITÂNICA


IC

CONGO
E PRÍNCIPE OCEANO
FR

BELGA
Bélgica; as colônias francesas, (POR)
Á

ÁFRICA ÍNDICO
OCEANO ORIENTAL
Seychelles
ALEMÃ
ATLÂNTICO
como Marrocos, Madagascar e ANGOLA
(RUN)
Comores
(FRA)
NIASSALÂNDIA
Território sob controle de
Tunísia; o domínio britânico no países europeus antes de 1914
RODÉSIA
DO NORTE
UE
IQ

AR
MB

Alemanha Maurício
Egito, no Sudão Anglo-Egípcio e
SC

ÁFRICA DO RODÉSIA
(RUN)
ÇA

SUDOESTE DO SUL
GA

Bélgica
MO

ALEMÃ
DA

BECHUANALÂNDIA Trópico de Capricórnio


na União da África do Sul; as colô-
MA

Espanha
TRANSVAAL
França SUAZILÂNDIA

nias portuguesas, como Angola e Inglaterra


UNIÃO DA BASUTOLÂNDIA
Itália ÁFRICA
Moçambique; o Saara espanhol; Portugal
DO SUL
0 880
Fonte: VICENTINO, Claudio. Atlas
Países independentes
histórico: geral e Brasil. São Paulo:
e a colonização italiana na Líbia km
Scipione, 2011. p. 137.
e na Eritreia. Em seguida, ques-
tione-os: quais países ocupam
FICA A DICA
esses territórios coloniais na atua- • Com os pés na África, de Sérgio Túlio Caldas. São Paulo: Moderna, 2016.
lidade? É possível perceber neles A trama tem como protagonista o jovem Túlio, que ganha um prêmio em um programa de
certas influências da ocupação televisão: uma viagem de volta ao mundo, cujo primeiro destino é Angola, na África.
europeia?
Se necessário, os estudan- 188
tes poderão consultar um mapa
recente da África e compará-lo
ao da página 188. Auxilie-os na deD3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd
vestir também estão entre as188influências euro- lonialistas, uma vez que a antiga potência 09/08/22 16:29

análise cartográfica e no levan- peias nos países africanos. colonial teoricamente cedeu o controle po-
lítico, se as condições sociais provocadas
tamento de informações úteis à
Texto complementar pelo neocolonialista causarem uma revol-
investigação. Sobre as influên- ta, o governo neocolonialista local pode
cias da ocupação europeia no Neocolonialismo na África
ser sacrificado e outro, igualmente sub-
continente, pode ser indicada, [...] Trata-se de uma reestruturação de serviente, posto em seu lugar” [...].
práticas que, ao invés de renovar, produz
por exemplo, a língua falada por LOPES, Ana Mónica H. Neocolonialismo na África.
algo diferente que compõe um sistema de
algumas nações africanas contem- Sankofa, ano 4, n. 8, p. 12, dez. 2011. Disponível
dominação política que usa como forma em: http://www.revistas.usp.br/sankofa/article/
porâneas. Hábitos de alimentação, de coerção agenciamentos econômicos e view/88804/91687. Acesso em: 7 ago. 2022.
estruturas arquitetônicas e modos financeiros. Assim, “nos territórios neoco-
188

D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-C07-MPU-G24.indd 188 30/08/2022 16:34


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A violência extrema no Congo Belga Após a análise do mapa, apro-
Além da divisão arbitrária das fronteiras, outra marca do neocolonialismo europeu foi funde a questão do Congo
a violência imposta aos povos dominados. O domínio do Congo pelos belgas foi marcado Belga. Pergunte aos estudan-
por extrema violência. Os belgas escravizaram milhares de homens, mulheres e crianças. tes o que conhecem sobre
Obrigadas a trabalhar de sol a sol, essas pessoas eram submetidas a toda espécie de castigos a forma como os belgas tra-
e a condições degradantes de moradia. A amputação de mãos ou pés era frequentemente tavam os nativos do Congo,
usada como método de punição a trabalhadores que não atingissem as metas estipuladas um dos maiores exemplos da
pelas autoridades coloniais. Caminhando a pé e acorrentadas, muitas das pessoas capturadas crueldade exercida pelos euro-
morriam antes mesmo de completar a jornada entre o local onde haviam sido presas e os
peus na África. Informe que,
lugares de trabalho.
Naquele momento, as riquezas de grande interesse para os europeus eram a borracha
entre outras práticas brutais, os
e o marfim, este último utilizado na fabricação de objetos como teclas de piano, cabos de colonos amputavam mãos e pés
revólveres e dentaduras. A exploração do Congo Belga e de muitos outros territórios afri- dos congoleses como castigo
canos provocou a desorganização de atividades econômicas tradicionais, além da extração pela baixa produção no traba-
de riquezas minerais levadas para centros europeus. Com isso, as sociedades africanas se lho, por tentativas de fuga ou
empobreceram, e houve um intenso processo de desarticulação de formas de vida tradicionais por qualquer desobediência.
em muitas regiões da África. Aproveite a oportunidade e
pergunte aos estudantes o que

HULTON ARCHIVE/GETTY IMAGES


eles consideram práticas cruéis
infligidas por grupos ou povos
contra outros. Após conhecer
as respostas da turma, busque
também levantar sugestões de
como podemos resolver essas
situações e viver permeados
em uma cultura da paz. Deixe
claro que todos nós, mesmo com
pequenas atitudes, temos res-
ponsabilidade na criação de um
mundo mais fraterno.

Ilustração de autoria desconhecida, de 1895, que representa o comandante do Congo Belga,


Hubert Lothaire, na mediação de um conflito entre dois grupos congoleses.

189

AMPLIAR HORIZONTES
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• SILVA, Diego Barbosa da. Política linguística na África: do passado colonial ao futuro global. Revista Áfri-
ca e Africanidades, ano 3, n. 10, ago. 2010. Disponível em: http://www.africaeafricanidades.com.br/
documentos/10082010_17.pdf. Acesso em: 8 jul 2022.
Nesse artigo, o autor discute os motivos que levaram os países africanos a adotar línguas europeias como ofi-
ciais no período da descolonização.

189

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 6 e 7: são trabalhadas
com os estudantes ao analisar as rea-
ções empreendidas pelos africanos no A RESISTÊNCIA AFRICANA
contexto de dominação imperialista. Confira de novo a imagem que estamos analisando. Os africanos, aparentemente, executam
• CEH 2 e 5: são abordadas com a tur- as tarefas sem protestar. O que isso faz pensar? Faz pensar que os africanos aceitaram a domina-
ma por meio da análise das práticas ção europeia e acreditaram nos argumentos usados para justificar o neocolonialismo. Mas será
de resistência africana no contexto de que foi isso mesmo que aconteceu?
dominação imperialista. A resposta é não. Podemos dizer que essa imagem expressa uma interpretação parcial dos
• Habilidade EF08HI23 e EF08HI26: en- acontecimentos. Note que essa gravura foi feita por um europeu, e não por um africano. Assim,
focadas com os estudantes ao analisar ela revela o entendimento do colonizador, e não o do colonizado, a respeito dessa questão. Caso
os efeitos das teorias racistas no pro- seu autor fosse um africano, talvez ela nos contasse que muitos povos da África resistiram à
cesso histórico da colonização e ao colonização, ou seja, não aceitaram passivamente a dominação europeia.
identificar a resistência africana às im- De fato, as populações africanas manifestaram

LEEMAGE/UIG/FOTOARENA
posições do imperialismo. IC
sua resistência ao neocolonialismo na forma de fugas,
protestos, boicotes e revoltas. Em alguns casos, houve
PROCEDIMENTOS resistência armada contra o colonizador, como ocorreu
DIDÁTICOS em 1879, quando um povo do sul da África – o zulu
– se armou e atacou os representantes do governo
Aponte a questão da língua inglês na região.
como um dos modos de resistên-
cia articulados pelas populações
LEEMAGE/UIG/FOTOARENA

africanas. Apesar das tentativas


dos colonizadores de homo-
geneizar as línguas faladas nos
países colonizados, muitos idiomas
nativos sobreviveram e continuam
sendo utilizados até hoje. O igbo,
por exemplo, é um idioma falado
hoje por cerca de 25 milhões de
pessoas, especialmente na Nigéria,
país que tem o inglês como língua Entretanto, a superioridade militar dos europeus
oficial. É sintomático, ainda, o caso garantiu-lhes um domínio que perdurou por quase cem
do iorubá, falado por cerca de 30 anos. Os povos africanos só conquistaram a indepen-
dência a partir da segunda metade do século XX. Suas
milhões de pessoas, em regiões
lutas deram origem a países que, de maneira geral,
da Nigéria, do Benim, da Serra
mantiveram as mesmas fronteiras definidas pelos neo-
Leoa e do Togo. colonialistas europeus.
A permanência desses e
de outros idiomas, em oposi-
ção àqueles “levados” pelos
colonizadores, é um exemplo Representação de africano ao abrir picadas na
de resistência que pode ser mata e remover a vegetação para permitir a
passagem dos europeus. Detalhe da ilustração
trabalhado em sala de aula. do Le Petit Journal, de 1913.
Nesse sentido, pode ser inte-
ressante pontuar como as 190
línguas carregam em si toda
uma compreensão de mundo
e que, ao preservá-las, são AMPLIAR HORIZONTES
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mantidas também cosmogo-


nias e epistemologias próprias • ESCRAVIDÃO africana e resistência. Vídeo (41min38s). Publicado pelo canal Projecto Resistance. Disponível
de determinados povos e tradi- em: https://www.youtube.com/watch?v=Lrn9S1JLs7s. Acesso em: 8 jul 2022.
ções. Para que isso seja de mais Entrevista com João José Reis, da Universidade Federal da Bahia, conduzida por Cândido Domingues, da Facul-
fácil compreensão, proponha aos dade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, sobre escravidão africana e resistência.
estudantes uma reflexão sobre
como o vocabulário que utili-
zamos reflete nossos valores e
princípios como sociedade.
190

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um dos grupos abordar. Nesse
caso, é muito importante que os
grupos sejam equilibrados em
AVENTURAS DE UM IMPERIALISTA NA ÁFRICA termos de perfis de estudantes.
A imagem a seguir é um
Atividades

HERGÉ/TINTIM
trecho da história em quadrinhos
As aventuras de Tintim: Tintim 1. a) Na imagem, podemos
na África, criada pelo artista belga verificar dois africanos
Hergé (1907-1983). A história, brigando por causa de um
datada de 1931, é um exemplo chapéu. Apenas o europeu
de representação imperialista das branco, a personagem
populações africanas. Ela se passa Tintim, consegue resolver
no Congo, região que desde 1877
o conflito e acabar com a
estava sob domínio belga.
briga, partindo o chapéu ao
FICA A DICA meio e entregando metade
para cada um. Ao final, os
• Tintim e a reportagem do
racismo, de Heloisa Pires
africanos ficam agradecidos
Lima. Portal Geledés, [s. l.], pela ajuda oferecida por
6 out. 2011. Disponível em: Tintim, julgando-o uma
https://www.geledes.org.br/
heloisa-pires-lima-tintim-e-
pessoa justa. Os africanos,
a-reportagem-do-racismo/. por sua vez, são vistos como
Acesso em 28 de jul. 2022. ingênuos, por não percebe-
A reportagem publicada rem que a divisão estragou
no Portal Geledés, trata da
questão do racismo na obra o chapéu.
de Hergé, especialmente no b) O rei Leopoldo II, da Bélgica,
quadrinho Tintim na África e
sua recepção no presente, em manifestou interesse na
particular na Bélgica. colonização do Congo na
década de 1870. Então,
Trecho de As aventuras de Tintim:
Tintim na África, história em durante a Conferência de
quadrinhos de Hergé, 1970. Berlim, 15 anos depois,
HERGÉ. As aventuras de Tintim: Tintim na África.
Rio de Janeiro: Record, 1970. p. 29. o território do Congo foi
concedido a ele. A coloni-
zação belga foi violenta e
1. Com base na análise da imagem desta página, responda ao que se pede.
voltada para a exploração
a) A imagem é uma representação eurocêntrica da África, considerando que os africanos são
retratados como incapazes de resolver os próprios conflitos e precisam da ajuda de alguém das riquezas locais, como
branco. Aponte elementos na imagem que justifiquem essa ideia. a borracha e o marfim.
b) Explique como ocorreu a dominação do Congo pelos belgas no final do século XIX. c) É importante que os estu-
c) A imagem é um exemplo da postura de tutela e dominação dos países ricos sobre os países dantes reflitam sobre as
menos desenvolvidos, pois a mensagem dos quadrinhos indica que apenas com a ajuda diversas maneiras de des-
dos belgas as populações do Congo teriam chance de se desenvolver adequadamente.
merecer um país ou uma
Você acredita que, no presente, ainda é possível encontrar exemplos de representações de
tutela dos países menos desenvolvidos pelos países mais ricos? Justifique sua resposta. cultura, como disseminar
Resposta pessoal. Consulte comentários nas Orientações didáticas. estereótipos e imagens pre-
1. a) e b) Consulte respostas esperadas e comentários nas Orientações didáticas. 191 conceituosas que apre-
sentam essas regiões como
lugares perigosos, atrasa­-
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24-AV3.indd 191 para trabalhar o modo como essas represen-
16/08/22 10:31 dos, violentos ou insegu-
tações continuam sendo utilizadas. ros e desorganizados. Isso
Ao avançar as discussões para o item
Aventuras de um imperialista na África, Busque avaliar se o conteúdo foi compreen- aparece, por exemplo, em
observe que a atividade proposta discute os dido por todos ou se é necessário retomar algum filmes, séries televisivas,
estereótipos criados pelos impérios coloniais aspecto. Vocês podem, inclusive, formar uma quadrinhos, livros etc., que
acerca das populações nativas colonizadas. roda e conversar sobre os diversos aspectos da contribuem para as posturas
Cabe enfatizar aos estudantes as permanên- exploração dos europeus sobre o continente de “tutela” ou mesmo de
cias dessas construções até os dias de hoje. africano. Caso queira tornar ainda mais dinâ- “missão civilizatória” dos
Retome a questão inicialmente proposta: que mico pode-se dividir os estudantes em dois países mais ricos em relação
imagem vocês têm do continente africano?, grupos e sortear temas do continente para cada aos menos desenvolvidos.
191

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 5: são trabalhadas com
os estudantes ao analisar a relação
da Europa com territórios diversos no INGLESES CONQUISTAM A ÍNDIA
contexto de dominação imperialista, Entre o século XVI e o começo do século XIX, a Índia esteve sob o domínio do Império
como a Índia. Mogol. Em 1612, navios ingleses chegaram à região e deram início a um importante comércio
• CEH 1 e 3: são abordadas com a tur- entre a Inglaterra e o território indiano.
ma a partir da análise da atuação da Aos poucos, os ingleses instalaram na região diversos postos comerciais. Seus concorrentes
Europa em diferentes países do mundo europeus ali eram, sobretudo, franceses e portugueses. Na segunda metade do século XVIII,
no processo de colonização. porém, a Inglaterra se firmou como a nação mais industrializada do mundo; os ingleses conse-
• Habilidades EF08HI24 e EF08HI26: en- guiram afastar os franceses e portugueses da Índia e passaram a controlar a região.
focadas com a turma ao contextua­lizar Os ingleses dominaram a Índia militarmente e interferiram em sua organização política e
as relações estabelecidas entre os ter- social. Também abriram escolas de língua inglesa para difundir no país os valores da cultura
ritórios com o neocolonialismo e ao ocidental.
identificar os mecanismos de resistên- Todo esse controle era exercido pela Companhia Britânica das Índias Orientais, uma orga-
cia dos indianos ao domínio inglês. nização formada por ricos comerciantes e aristocratas de Londres que haviam conquistado do
governo inglês a permissão para atuar no território indiano.
PROCEDIMENTOS Um dos produtos indianos de maior interesse para a economia inglesa era o algodão, que
DIDÁTICOS servia de matéria-prima para a indústria de tecidos. A exportação maciça desse produto da Índia
para a Inglaterra praticamente liquidou a tradicional manufatura de tecido local, deixando milhares
Durante a leitura do texto, de tecelões indianos desempregados.
explique aos estudantes o que é Dessa forma, os indianos passaram a comprar tecidos de algodão da Inglaterra, pois sua
uma prática econômica preda- produção era artesanal e não conseguia enfrentar a concorrência inglesa. Além disso, o governo
tória, associando-a à destruição inglês cobrava pesados impostos da população indiana.
do meio ambiente e das rela-
GEORGE RINHART/CORBIS/GETTY IMAGES

Império Mogol:
ções de produção preexistentes.
criado em 1526, na
Informe que a Inglaterra per- região onde hoje se
mitia que companhias inglesas encontram o Paquistão
e o norte da Índia.
praticassem a economia preda- Alguns anos depois,
tória na Índia. A Companhia esse império se
estendeu por toda a
Britânica das Índias Orientais, por Índia. Não é o mesmo
exemplo, explorava os trabalha- Império Mongol que
dominou a China no
dores das fazendas de algodão, século XIII.
comprava essa matéria-prima por
um preço muito baixo, enviava
para a Inglaterra e revendia as
peças de tecido manufaturado
para os indianos.
Enfatize que, dessa maneira,
as pequenas tecelagens sofriam
a concorrência de grandes manu- Serviçal hindu serve
faturas inglesas e faliam, pois chá a uma britânica,
na Índia, no início do
não tinham como praticar os século XX.
mesmos preços ou oferecer a
mesma variedade de produ- 192
tos. Essa economia predatória
provocou grande desemprego
entre os indianos, que não viam Aproveite a oportunidade e peça aos estu-
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alternativa senão trabalhar nas dantes que reflitam a respeito do desemprego


fazendas de algodão em troca de no presente: existe algo semelhante nessas
um salário irrisório. Proponha aos duas realidades ou tudo é diferente? Fique
estudantes uma discussão sobre atento para que os estudantes não cometam
como o colonialismo desarticu- anacronimo (avaliar determinado tempo his-
lava as economias locais em um tórico à luz de valores que não pertencem a
processo de imposição de formas esse mesmo tempo histórico), mas é possível
de produção e de consumo pró- fazer uma comparação usando os conceitos
prias do capitalismo. históricos de rupturas e permanência.
192

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A RESISTÊNCIA INDIANA Para trabalhar a resistência
indiana aos ingleses, pode-se
Cansados da crescente opressão política, dos impostos e da exploração de sua economia, os
debater não apenas as rebe­
indianos se rebelaram em 1857, na Revolta dos Cipaios, cujo nome deriva do híndi shipahi (que
liões ocorridas ao longo de
significa soldado). A revolta foi um levante contra as péssimas condições de trabalho, a convivência
todo o período de ocupação
obrigatória com outras castas, o alistamento de indianos nas tropas da Companhia Britânica
das Índias Orientais e a utilização de jovens indianos para garantir o transporte e o comércio de
mas também as resistências
produtos dessa companhia britânica. A rebelião foi reprimida pelos ingleses depois de massacres culturais e religiosas.
de ambas as partes. Indague os estudantes: o que
Por isso, o Parlamento inglês, insatisfeito com o ocorrido, determinou o fim da Companhia eles entendem como resistên-
Britânica das Índias Orientais e transferiu para a Coroa britânica os poderes para governar a Índia. cias culturais? Permita que eles
Um vice-rei foi escolhido para se tornar o representante do governo inglês na Índia. opinem, valorize aqueles que
Os ingleses promoveram, então, diversas mudanças em seu modo de agir. Os funcionários fizeram comentários, incentive
britânicos foram proibidos de tentar interferir nos hábitos e nos costumes da população local, e os mais tímidos a se posicionar.
os missionários cristãos foram orientados a dirigir seus esforços à área da educação, sem tentar Posteriormente, explique
interferir nas crenças dos indianos. Em 1876, a Índia foi oficialmente incorporada ao Império que em dominações territo-
Britânico. riais de um país sobre o outro,
Esse império, em seu momento de maior extensão, chegou a controlar territórios em todos além das explorações das rique-
os continentes, como o Canadá, na América do Norte, e a Austrália, na Oceania; além de diversos
zas e do trabalho das pessoas,
países na África e a própria Índia, na Ásia. Na Índia, a resistência da população local contra o
também ocorrem, por diver-
domínio britânico não cessou. Ainda assim, os britânicos dominaram o país até 1947.
sas razões, imposições sobre
valores e crenças dos domina-

GRANGER IMAGES/EASYPIX BRASIL


dos. Tentativas de proibição das
tradições religiosas e das festas
nativas não são raras. Os ingleses,
por exemplo, convocavam jovens
de diferentes castas e os coloca-
vam juntos, algo inaceitável para
os indianos. Outro motivo impor-
tante da Revolta dos Cipaios foi
o uso de gordura animal para
impermeabilização de um novo
fuzil. Tanto os hindus como os
muçulmanos indianos passaram
a suspeitar que a gordura fosse
o sebo (de boi, inaceitável para
os hindus) ou a banha (de porco,
inaceitável para os muçulmanos).

Representação do confronto entre indianos e ingleses durante a Revolta dos Cipaios, em 1857.

193

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 5: são trabalhadas com
os estudantes ao analisar a relação da
Europa com diferentes territórios no INVESTIDAS INGLESAS NA CHINA
contexto de dominação imperialista, Até o início do século XIX, a China permanecia praticamente fechada para o restante do
como no caso da China. mundo. Os ingleses pressionavam o governo chinês a comprar seus produtos manufaturados. O
• CEH 1 e 3: são abordadas com a tur- imperador chinês escreveu ao rei da Inglaterra a seguinte resposta: “Como vosso embaixador pode
ma a partir da análise da atuação da ver por si mesmo, nós possuímos todas as coisas. Eu não ponho valor em objetos estranhos ou
Europa em diferentes países do mundo engenhosos e não tenho uso para os produtos de vossas fábricas”. De fato, a economia chinesa
no processo de colonização. produzia tudo o que sua população consumia.
• Habilidade EF08HI24: é enfocada Entretanto, no início do século XIX, os ingleses descobriram um artigo que poderiam vender
com os estudantes ao contextualizar ao mercado chinês: o ópio. Trata-se de uma droga retirada da papoula, uma planta que os ingleses
o processo de colonização e identifi- cultivavam na Índia.
car diferentes relações estabelecidas A pessoa que consome ópio perde o ânimo para fazer qualquer coisa. Fica entorpecida,
entre os territórios. indiferente, sem vontade própria. Como ocorre com outras drogas, seu uso contínuo leva ao vício
e à dependência.
PROCEDIMENTOS Preocupadas com o efeito do ópio sobre a população, as autoridades chinesas proibiram seu
comércio e, em 1839, mandaram queimar carregamentos da droga levados a seus portos por
DIDÁTICOS navios britânicos. A medida foi encarada pelos ingleses como uma violação da propriedade e do
Converse com os estudantes livre-comércio. Em represália, o governo inglês declarou guerra à China.
sobre a relação entre o comér- A Primeira Guerra do Ópio, como ficou conhecida, durou de 1839 a 1842 e foi vencida
cio de ópio e o do chá, como pelos ingleses. Duas outras se seguiram a ela, em 1856 e em 1858. Novamente derrotada, a China
as investidas inglesas na China. foi obrigada a pagar pesadas indenizações de guerra, abrir seus portos aos produtos ingleses e
entregar a ilha de Hong Kong ao domínio britânico.
Pontue que, naquele momento,
o cultivo do chá na China era
BRIDGEMAN IMAGES/EASYPIX BRASIL

fundamental para a economia


britânica. Com a prata arreca-
dada com a venda do ópio, os
britânicos conseguiam comprar
e exportar grandes quantidades
de chá para o mercado europeu. Uma representação
As discussões sobre o ópio satírica, feita por James
Gillray (1757-1815), do
na China podem ser ampliadas representante inglês
para uma abordagem sobre a lorde Macartney diante do
imperador da China com
questão das drogas na contem-
uma lista de supostos
poraneidade. Esse conteúdo presentes, mas que na
pode, inclusive, ser multidiscipli- realidade são imposições
comerciais. Gravura
nar, contando com o professor colorida, cerca de 1793.
de Ciências. Fale com os estu-
dantes sobre as reações causadas
1. O ópio se transformou em um grave problema social na China durante o século XIX.
por substâncias entorpecentes, No presente, ainda existem muitas drogas que criam diversos problemas sociais, como
como a dependência química, a dependência química dos usuários, o tráfico de entorpecentes e as diferentes formas
chamando a atenção para seus de violência. Que ações podem ser adotadas para minimizar tais problemas?
Consulte comentários nas Orientações didáticas.
impactos na saúde pública.
194
Auxilie-os a reconhecer a exis-
tência desse tipo de consumo ao
longo do tempo, percebendo os
estudantes podem pensar em ações diversas, como campanhas educativas, programas de
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antecedentes do debate sobre
saúde para recuperar dependentes químicos, programas sociais para minimizar a pobreza e
legalidade e ilegalidade das
a desigualdade e reduzir o risco de dependência química, entre outras possibilidades.
drogas.
AMPLIAR HORIZONTES
Atividade
1. O objetivo dessa atividade • PASSETTI, Gabriel. Os britânicos e seu império: debates e novos campos da historiografia do período
é desenvolver habilidades vitoriano. História, São Paulo, v. 35, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/his/a/vkc8nyDNKfR
qkWQYDtTVNyj/abstract/?lang=pt. Acesso em: 8 jul 2022.
socioemocionais ligadas
ao cuidado com a saúde e O artigo apresenta o debate historiográfico sobre o período vitoriano, com ênfase nos processos de coloniza-
ção feitos pelo Império Britânico.
à prática de cidadania. Os
194

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A CHINA DIVIDIDA Ao discutir as questões do
item A China dividida, traba-
Entre 1894 e 1895, a China se envolveu em uma guerra contra o Japão, que buscava esten-
lhe a ideia de soberania, tão
der seus domínios sobre a Ásia. Enfraquecido, o Império Chinês acabou dividido em zonas de
influência sob o controle de diversas nações.
importante para a constituição
E qual é a diferença entre “zona de influência” e “colônia”? Em geral, quando um território e a manutenção do Estado. Essa
se tornava uma colônia, toda a estrutura política, administrativa e jurídica do lugar passava a ser ideia pode ser definida como
controlada/administrada pelas nações europeias. Isso aconteceu na África, por exemplo, no final característica que qualifica o
do século XIX. poder político do Estado dentro
A situação na China, contudo, foi diferente. Os chineses do território politicamente cons-
viram-se obrigados a ceder certas áreas e setores da econo- Soberania: direito exclusivo das
autoridades constituídas de um país tituído e reconhecido. Lembre-os
mia a outros países. Os alemães, por exemplo, obtiveram o sobre seu povo e território. Nesse que a soberania se dá também
direito de explorar as minas chinesas; outras nações, como caso, quando as nações estrangeiras
passam a sobrepor seu poder sobre em relação à autonomia em suas
Inglaterra, França e Estados Unidos, conseguiram o direito
de usar e controlar portos chineses. Diante de tudo isso, a
determinado país, dizemos que ele relações com outros Estados.
perdeu sua soberania.
China perdeu sua soberania. É importante enfatizar a
ameaça à soberania de um país
Ilustração satírica francesa,
LEEMAGE/UIG/FOTOARENA

de autoria desconhecida, em relação às zonas de influên-


publicada no Le Petit cia estrangeira, e não apenas às
Journal, em 1898.
colônias. Na China, o domínio
colonial se deu por diver-
sas nações ao mesmo tempo,
o que configurou uma frag-
mentação da economia e do
território chinês. Em Shanghai,
por exemplo, as concessões
dividiram a cidade em bairros
A imagem representa a China
sendo dividida entre a rainha franceses, britânicos e estadu-
Vitória, da Inglaterra; o impera- nidenses, áreas praticamente
dor Guilherme II, da Alemanha proibidas à população chinesa.
(brigando com a rainha por
uma parte da fronteira); o czar Você pode conversar com os
Nicolau II, da Rússia; e uma estudantes sobre a guerra entre
representação da República Rússia e Ucrânia, que começou
Francesa (considerada não
no início de 2022. Embora os
participante do processo, mas
próxima do czar russo, como motivos e as razões sejam muito
um lembrete da aliança franco- diferentes, é uma realidade con-
-russa). Há, ainda, um samurai, temporânea dos estudantes, e
que representa o Japão, anali-
sando quais partes deseja para isso pode facilitar a reflexão (no
si. Um oficial chinês, com as volume 9 desta coleção existem
mãos para cima, tenta detê-los, mais informações sobre esse e
sem sucesso.
outros conflitos contemporâneos).

195

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd 195 com a corrupção e com a chantagem 09/08/22con-
16:29 vez de abandonadas, deveriam
tra os funcionários e traria um fluxo regular ser aplicadas com rigor ain-
O Império Chinês e o ópio de receita mediante o pagamento de tarifas. da maior.
[...] as importações de ópio continuavam Permitiria também que se cultivasse o ópio Em 1838, após pesar os argu-
subindo, passando de 30 mil caixas, em 1835, chinês – que acreditava ser de melhor qua- mentos, o imperador Daoguang
a 40 mil, em 1838. lidade que o indiano e mais barato – para ir tomou sua decisão. O tráfico de
Em 1836, o imperador Daoguang pediu aos pouco a pouco expulsando o ópio estrangei- ópio deveria ser detido.
seus mais altos funcionários que o aconse- ro. Muitos funcionários [argumentavam] que SPENCE, Jonathan D. Em busca da
lhassem sobre a questão do ópio. As opiniões os estrangeiros eram cruéis e gananciosos China moderna: quatro séculos
dividiram-se. e que os chineses não precisavam de ópio, de histórias. São Paulo: Compa-
Os que defendiam a legalização do comér- fosse ele nacional ou estrangeiro. Achavam nhia das Letras, 1996. p. 161.
cio de ópio salientavam que isso acabaria que as proibições do imperador Jiaqing, em
195

D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-C07-MPU-G24.indd 195 30/08/2022 16:34


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 5 e 7: são trabalhadas com
os estudantes ao analisar a Revolta
dos Boxers e o processo de unifica- A REVOLTA DOS BOXERS
ção da Alemanha.
A população chinesa não se sujeitou ao domínio estrangeiro. Em 1899, uma rebelião
• CEH 1 e 3: são abordadas com a tur-
liderada por uma sociedade secreta de praticantes de artes marciais, cujos integrantes eram
ma à medida que os estudantes proble-
conhecidos como boxers, passou a praticar atentados contra estrangeiros que viviam na
matizam a Revolta dos Boxers, anali-
China, representantes dos governos imperialistas e missionários cristãos. Além disso, boicota-
sando suas principais características e
o contexto histórico da unificação da vam o transporte ferroviário e os telégrafos instalados na China pelos agentes das potências
Alemanha. imperialistas.
Um exército de 20 mil soldados ingleses, alemães, russos, franceses, japoneses e estadu-
• Habilidade EF08HI24: é enfocada com
os estudantes ao analisarem as carac- nidenses ocupou Pequim, a capital da China, em agosto de 1900. O conflito ficou conhecido
terísticas e os principais fatos históricos como Guerra dos Boxers. A rebelião prosseguiu até 1901, quando os boxers foram dominados.
referentes ao domínio imperialista. Seus líderes foram condenados à morte. Quanto à China, teve de pagar pesadas indenizações
de guerra e fazer novas concessões econômicas às potências estrangeiras.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS

BRIDGEMAN/KEYSTONE BRASIL
Retome o conceito de nacio-
nalismo e enfatize que ele pode
ser manifestado de diferentes
maneiras. Uma delas é a partir
de um sentimento anti-impe-
rialista que reverbera na defesa
da nação – e vice-versa.
Cabe trabalhar como o
continente europeu via surgir
movimentos nacionalistas e
debates acerca das soberanias
nacionais, ao passo que nos
continentes coloniais essas dis-
cussões eram sufocadas. Pode-se
questionar os estudantes sobre
os movimentos de resistência na
África e na Ásia, considerando-
-se a influência dessas questões
políticas em todo o mundo.

AMPLIAR HORIZONTES
• COUTO, Sérgio Pereira. A ex- Cartaz de propaganda chinesa, publicado em 1891, com a frase, em chinês: “Abaixo os
traordinária história da estrangeiros! Queimem seus livros!”. A imagem representa um ataque dos membros da
China. São Paulo: Universo sociedade secreta dos boxers contra os estrangeiros.
dos Livros, 2008.
196
O autor descreve a história da
China desde o significado do
nome do país até os dias atuais.
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd 196 sistema capitalista. A ascensão da China 09/08/22 16:29

significou, ao mesmo ­tempo, acirramento,


Aonde vai a China? tanto da concorrência e das tensões comer-
No início do século XXI, a China já se ciais quanto das disputas diplomáticas,
transformou em uma grande potência eco- políticas e militares. [...]. A China tende a
nômica e política, apresentando-se como avançar para uma posição de hegemonia
um polo de poder, um campo de oportu- regional no Leste Asiático, anunciando
nidades de investimento e um motor do uma relação complexa com o Japão.
crescimento da economia mundial. [...]. A bandeira da China como grande
A ascensão chinesa resultou em reforço, potência, através do desenvolvimentis-
em vez de debilitamento, da economia do mo econômico, apresenta-se como um
196

D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-C07-MPU-G24.indd 196 30/08/2022 16:34


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Enquanto isso...
ENQUAN TO ISSO... Informe aos estudantes que
o país que conhecemos como
A UNIFICAÇÃO DA ALEMANHA Alemanha não existia até 1871.
Isso significa que muitos imi-
Na segunda metade do século XIX, o território hoje conhecido como Alemanha ainda
estava dividido em diversos Estados independentes. A Alemanha só foi unificada em 1871, e esse grantes que vieram para o Brasil
processo aconteceu após diversos confrontos bélicos movidos por forte sentimento nacionalista no século XIX saíram de regiões
das populações germânicas. que ainda não compunham o
O processo de unificação alemã foi liderado por Otto von Bismarck (1815-1898), primeiro- Estado alemão. Eram reinos, prin-
-ministro da Prússia. Na época, 39 reinos uniam-se em torno da chamada Confederação cipados e ducados que tinham
Germânica. uma origem cultural comum,
Prússia e Áustria eram os maiores e mais poderosos, e disputavam entre si a supremacia da
mas não eram politicamente
região. Em 1866, os dois Estados travaram uma guerra vencida pelos prussianos. Quatro anos
unidos e organizados.
depois, a Prússia e a França deflagraram a guerra franco-prussiana. A França saiu derrotada e
os estados germânicos, com exceção da Áustria, uniram-se em torno da Prússia, formando um Explique que havia, naquele
Estado independente, a Alemanha. momento, um movimento de
pangermanismo, cujo objetivo
AKG-IMAGES/ALBUM/FOTOARENA

era unificar a administração dos


territórios que tinham origem
germânica. O processo liderado
por Bismarck foi resultado desse
movimento e, após enfrentar
um período de conflitos, culmi-
nou na unificação da Alemanha.
Informe aos estudantes que,
depois da unificação, o país
passou a demonstrar ambições
de assumir a liderança política
e econômica da Europa. Além
disso, depois da guerra franco-
-prussiana, as relações com a
França ficaram desgastadas e
tensas, o que contribuiria para
o estopim de um dos piores
conflitos vistos pelo mundo até
aquele momento: a Primeira
Guerra Mundial, assunto que
será visto no 9o ano.
De autoria desconhecida, essa gravura de 1848 representa a luta dos revolucionários germanos
nas barricadas de Berlim por uma Alemanha unificada.

197 AMPLIAR HORIZONTES


• HOBSBAWM, Eric J. A era do
capital: 1848-1875. São Pau-
instrumento de mobilização e coesão po-
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd 197 09/08/22 16:29 lo: Paz e Terra, 1996.
lítica da nação. Ao mesmo tempo, essa O livro aborda o período entre
ideologia inspira uma espécie de abstração 1848 e 1875, desde a Primave-
sobre a luta de classes. Favorece a consti- ra dos Povos até a Alemanha
tuição e consolidação de uma burguesia unificada.
nacional chinesa. [...]
SOUZA, Renildo. Estado e capital na China. Sal-
vador: EDUFBA, 2018. Disponível em: https://
books.scielo.org/id/brq52/pdf/souza-
9788523220020.pdf. p. 246-247. Acesso em:
18 ago. 2022.
197

D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-C07-MPU-G24.indd 197 30/08/2022 16:34


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3 e 6: são trabalhadas com
os estudantes ao analisar a unificação
da Itália e suas principais característi-
cas, além de possibilitar uma síntese ENQUAN TO ISSO...
sobre os principais temas abordados
na seção Esquema-resumo. A UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA
• CEH 1 e 3: são abordadas com a tur-
Na Península Itálica, as lutas pela unificação tiveram

BRIDGEMAN/KEYSTONE BRASIL
ma por meio da compreensão da
unificação da Itália como um proces- início em 1848. Nessa época, a península encontrava-se
so histórico importante no contexto dividida em vários Estados. Havia ali duas tendências
estudado. políticas: a republicana e a monarquista.
• Habilidade EF08HI24: é enfocada com Quatro dos pequenos Estados da Península Itálica
os estudantes ao abordar fatos his- eram dominados pela Áustria. Então, fosse sob a forma
tóricos relevantes sobre o período de de república ou de monarquia, a unificação só poderia
dominação imperialista no século XIX. ser obtida por meio de uma guerra contra os austríacos.
Em 1859, o reino do Piemonte-Sardenha, locali-
zado ao norte da península, venceu a guerra contra
PROCEDIMENTOS a Áustria, e alguns dos Estados se uniram ao reino
DIDÁTICOS piemontês. Defensores da monarquia, os piemonteses
anexaram outros territórios, visando unificar toda a
Enquanto isso... região. Nessa campanha, os piemonteses ganharam o
Assim como a Alemanha, a apoio de grupos republicanos que, ao sul da Península
Itália foi unificada, originando Itálica, também guerreavam em prol da unificação ter-
ritorial. As batalhas ali eram lideradas por Giuseppe
um país muito tardiamente (com-
Garibaldi (1807-1882). Em 1861, a Itália se unificou: os
parativamente a países como republicanos abriram mão da ideia de república, e os
Alegoria da unificação italiana
França e Inglaterra), somente em de autoria desconhecida, que
italianos elegeram seu primeiro parlamento adotando o representa a anexação do reino do
1861. Isso ocorreu sob o regime regime monárquico. Nos anos que se seguiram, outros Piemonte-Sardenha à Itália. Litografia
monárquico, e não republicano, territórios foram incorporados à Itália. colorizada, 1859.
como queriam muitos dos parti-
LEEMAGE/UIG/FOTOARENA

cipantes das violentas batalhas


contra a Áustria, que dominava
parte do território italiano.

A Expedição dos
Mil, de autoria
desconhecida, 1860.
A expedição é um
episódio da luta pela
unificação da Itália
em que os chamados
camisas-vermelhas,
comandados por
Giuseppe Garibaldi,
conquistaram o Reino
das Duas Sicílias.

198

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AMPLIAR HORIZONTES 09/08/22 16:30

• DUMAS, Alexandre; GARIBALDI, Giuseppe. Me-


mórias de Garibaldi. Porto Alegre: L&PM, 2016.
Alexandre Dumas ouviu e registrou as memórias do
participante da unificação da Itália e da Revolução
Farroupilha. A obra é resultado direto de sua es­cuta
e suas anotações, sendo por isso mais um livro de
memórias do que um relato imparcial da participa-
ção de Garibaldi nesses eventos.

198

D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-C07-MPU-G24.indd 198 30/08/2022 16:34


do refúgio na atualidade, para
que os estudantes reconheçam
como esses fenômenos contem-

ESQUEM A-RE SUMO


porâneos têm profundas raízes
na colonização.
Aproveite o esquema-resumo
CAPÍTULO 7 para reforçar os conceitos do
pensamento computacional com
O NEOCOLONIALISMO os estudantes, lembrando que
são conceitos que precisam ser
Cenário econômico no final do século destacados sempre para que
XIX na Europa os compreendam e, então, os
utilizem em outros momen-
tos dos estudos e da vida. A
decomposição, que divide um
Segunda Revolução
Busca de mercados e problema (neocolonialismo) em
matéria-prima fora dos
Industrial: surto de
Estados Unidos e da
partes menores; o reconheci-
inovações tecnológicas
Europa mento de padrões, verificável,
entre outros, nas característi-
CONQUISTA DE NOVOS TERRITÓRIOS
cas comuns levantadas sobre
COM A JUSTIFICATIVA DE CIVILIZÁ-LOS: as diversas regiões colonizadas;
NEOCOLONIALISMO e a abstração, que é a essên-
cia do esquema-resumo: ater-se
apenas àquilo que é central em
cada item.
África China Índia Consequências para os
povos dominados Atividade
Conferência de Berlim Resistência: Opressão política
(1884-1885): regras Guerra dos Boxers e exploração Exploração violenta
A Segunda Revolução
de partilha da África (1899-1901) econômica: do trabalho Industrial provocou grandes
entre europeus Revolta dos
Guerra do Ópio: Cipaios (1857) Desorganização dos transformações tecnológicas
Resistência ao oposição dos laços de identidade e econômicas, e as indústrias
neocolonialismo: chineses à venda Produção de desses povos
boicote, fugas, da droga (pelos algodão para a
necessitavam tanto de fontes
protestos e revoltas ingleses) em seu Inglaterra Opressão política de matérias-primas para fun-
território
1876: incorporação cionar bem quanto de mercado
Apenas Libéria e
Abissínia (atual Guerra contra o da Índia ao Império consumidor para seus produtos.
Etiópia) continuaram Japão: japoneses Britânico
buscavam expansão
Por isso, colonizaram a África
independentes
de territórios e a Ásia, que sofreram com a
opressão política e a militar; com
a exploração do trabalho e a
Com base no esquema-resumo, explique em seu caderno a relação existente entre o neocolonialismo desorganização de seus laços
e a Segunda Revolução Industrial. Em seguida, indique quais foram as principais consequências do
neocolonialismo para territórios do continente africano, da China e da Índia.
de identidade.
Consulte resposta nas Orientações didáticas.
199

PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd 199 de soberania nacional eram garantidos até
09/08/22 16:30

certo ponto.
Esquema-resumo A atividade pode ser aprofundada com uma
Trabalhe o esquema-resumo de modo pesquisa sobre os países que foram colonizados
a retomar os assuntos tratados ao longo do ou tornados zonas de influência no período. Os
capítulo com ênfase nas questões de explo- estudantes poderão levantar dados sobre China,
ração e resistência. A contradição entre Índia, Congo, Angola etc. nos dias atuais, apon-
os projetos de civilização e colonialismo tando aspectos da colonização que ainda são
também pode ser evidenciada, auxiliando os visíveis nessas sociedades. É possível também
estudantes a compreender que os princípios sugerir pesquisas a respeito das migrações e
199

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 5, 6 e 7: são trabalha-
das com os estudantes ao analisar o
processo de dominação imperialista
na África e na Ásia.
AT IV IDADE S NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CEH 1, 2, 3 e 6: são abordadas com
a turma a partir da problematização 4. A 1. O século XIX foi marcado por importantes descobertas científicas e tecnológicas. Esse
da atuação de diferentes grupos e in- Conferência fenômeno recebeu o nome de Segunda Revolução Industrial. Quais foram as principais
estabeleceu características dessa revolução?
divíduos envolvidos no processo de
as regras de
dominação imperialista. colonização 2. Como as ideias de Charles Darwin foram deturpadas por alguns pensadores europeus
• Habilidades EF08HI23 e EF08HI24: e a partilha da do século XIX e como foram usadas para justificar o neocolonialismo?
são enfocadas com os estudantes ao África entre 3. Explique o que é colonialismo e diferencie esse processo do neocolonialismo europeu
as grandes
contextualizar o neocolonialismo e a potências do século XIX. 1, 2 e 3. Consulte respostas esperadas nas Orientações didáticas.
relação do continente europeu com os europeias. 4. Quais foram as principais consequências da Conferência de Berlim, realizada entre 1884
demais países do mundo no processo As populações e 1885 na Alemanha, para as populações africanas? 5. a) Consulte resposta esperada
de exploração de matérias-primas e de foram nas Orientações didáticas.
separadas, 5. Analise a imagem da página 196. É um

BRIDGEMAN/KEYSTONE BRASIL
mão de obra.
subjugadas, cartaz de propaganda que traz a frase,
sofreram em chinês: “Abaixo os estrangeiros!
diferentes
PROCEDIMENTOS formas de Queimem seus livros!”, representando
o ataque dos boxers contra estrangei-
DIDÁTICOS violência e
perderam ros. Com base na análise da imagem e
sua na leitura do item A China dividida, da
Atividades autonomia. página 195, responda ao que se pede.
1. Ela se caracterizou pelo uso a) Qual é a mensagem expressa na ima-
de novas fontes de energia, gem? Elabore uma hipótese sobre o
5. b) Os possível propósito que levou à elabora-
como a eletricidade e o
líderes da ção de uma imagem como essa.
petróleo, e pela aplicação de rebelião foram b) Explique quais foram os desdobramen-
tecnologias desenvolvidas ao condenados
à morte e o tos da Guerra dos Boxers para a China.
longo do século XIX na pro- movimento 6. Desde o início do século XVII, a Inglaterra mantinha postos comerciais na Índia. Ao longo
dução industrial. Os avanços foi reprimido do século XIX, o domínio inglês sobre essa região se acentuou. A esse respeito, responda.
pelas potências
ou inovações tecnológicas imperialistas. a) Quais eram as principais características do colonialismo inglês na Índia entre o século XVII e
levaram a indústria europeia a A China o início do século XIX? 6. b) A partir do século XIX, a Inglaterra passou a dominar militarmente a Índia,
teve de pagar
conquistar um maior número pesadas
b) Quais foram as mudanças ocorridas na política colonial inglesa a partir do século XIX?
interferindo na política e na organização social da colônia, a ponto de anexá-la ao Império Britânico.
de consumidores, gerando multas e 7. Na segunda metade do século XIX, a Itália (1861) e, em seguida, a Alemanha (1871) se
acúmulo de capital. É possível, ainda fazer unificaram. O processo de unificação desses países apresentou diferenças e semelhan-
concessões ças. Leia as afirmativas a seguir sobre esse tema e assinale V para as opções verdadeiras
ainda, debater a importância econômicas
a essas e F, para as falsas:
das economias locais na con-
potências. V a) Tanto a unificação da Alemanha quanto a da Itália foram marcadas por conflitos militares
temporaneidade, com foco com Estados vizinhos.
nos problemas ambientais. F b) A unificação da Itália resultou na formação de um regime republicano liderado pelo reino
2. As ideias de Darwin foram do Piemonte-Sardenha.
utilizadas para descrever F c) A etapa final do processo de unificação da Alemanha ocorreu a partir da vitória da Prússia
na guerra franco-prussiana.
algumas sociedades humanas
F d) As ideias nacionalistas tiveram grande importância tanto na unificação da Alemanha
como raças que seriam mais
quanto na da Itália.
evoluídas e superiores do que 6. a) Intensa troca de mercadoria se busca por matérias-primas. Os ingleses compravam algodão
outras. As sociedades euro- 200 para a fabricação de tecidos, posteriormente vendidos para o mercado indiano. Os tecidos ingleses
faziam forte concorrência à tecelagem local.
peias, brancas, estariam no
topo dessa escala; e os negros
e asiáticos, na base. Caberia, forma de dominação de um território ou de
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd 200 5. a) A imagem expressa uma mensagem de 09/08/22 16:30

dessa forma, aos primeiros uma nação por outro. Essa dominação se dá resistência dos boxers contra os invasores
levar os “princípios civilizató- nas esferas políticas, econômicas, sociais e estrangeiros. Pode ser entendida como uma
rios” aos demais, justificando culturais. No colonialismo do século XVI e no propaganda para incentivar a resistência
o neocolonialismo. Retome neocolonialismo do século XIX, os europeus contra os inimigos externos.
aqui as relações causais exploraram a mão de obra dos africanos.
entre as ideologias raciais e A principal diferença entre os dois tipos de
o determinismo. colonialismo é que no segundo também
3. De modo geral, colonialismo havia a intenção de explorar os mercados
pode ser definido como uma consumidores na África e na Ásia.
200

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
9. a) Sim, o texto é um exemplo das teorias raciais criadas no século XIX, pois coloca os
8. Leia o texto a seguir. Depois, responda ao que se pede. Atividades
ingleses em posição de superioridade quando comparados com os povos de outras regiões
do mundo, como aqueles que viviam na região da Índia. (continuação)
Até a década de 1950, a história oficialmente aceita dizia que a civilização
egípcia tinha a mesma origem das sociedades da Ásia Ocidental, sem relação com
8. b) No final do século XIX,
os povos "primitivos" da chamada África Negra. O historiador e químico senegalês foram criadas teorias que
Cheikh Anta Diop, medindo a melanina (pigmento da pele) de múmias, demonstrou afirmavam que existiam
que os egípcios mais antigos eram africanos. Mas, apesar das provas laboratoriais, raças mais avançadas do
esses dados sofreram grande oposição por parte dos defensores da teoria anterior, que outras. Segundo os
que consideravam absurda a ideia de que uma cultura tão sofisticada como a egípcia
defensores dessas teorias
pudesse ter sido criada por negros.
racistas, os africanos seriam
SANTOS, Ynaê Lopes dos. História da África e do Brasil afrodescendente. Rio de Janeiro: Pallas, 2017. p. 356.
menos avançados do que
a) De acordo com o texto, qual foi a descoberta feita por Cheikh Anta Diop em meados do outras sociedades. Tais ideias
século XX? influenciaram o pensamento
b) De que forma é possível relacionar a rejeição das ideias de Diop com as teorias raciais criadas ocidental, fazendo com
no século XIX? Consulte resposta e comentários nas Orientações didáticas.
que muitos considerassem
9. Leia atentamente o texto a seguir, atribuído a lorde Kitchener, que foi comandante- a civilização egípcia como
-em-chefe do exército britânico na Índia entre 1902 e 1909. Em seguida, em dupla,
respondam ao que se pede. 9. b) Não, atualmente todos os conhecimentos científicos demonstram originária de povos asiáti-
que não existe superioridade de um povo sobre o outro. Por isso, o documento apresenta uma cos, os quais eram pensados
ideia preconceituosa que deve ser rejeitada por todos no presente.
Foi essa consciência de nossa superioridade inata que nos permitiu conquistar a
como mais avançados. O
Índia. Por mais educado e inteligente que seja um indígena, por mais valente que ele pesquisador senegalês
se manifeste e seja qual for a posição que possamos atribuir-lhe, penso que jamais mostrou o erro disso, mas
ele será igual a um oficial britânico. mesmo com provas robus-
PANIKKAR, Kavalam Madhava. A dominação ocidental na Ásia. Rio de Janeiro: Saga, 1965. p. 160. tas, muitos pesquisadores
a) O texto pode ser considerado um exemplo das teorias raciais criadas no século XIX? Justifique. se recusaram a aceitar tais
b) Atualmente, é possível concordar com o texto? Justifique. ideias. Isso evidencia a força
das teorias raciais ainda no
10. A presença europeia na China também foi uma consequência das transformações indus-
triais e do imperialismo no século XIX. Indique V para as opções verdadeiras e F, para século XX.
as falsas, levando em consideração as afirmativas a seguir sobre a presença europeia
na região. Em seguida, explique o erro da(s) afirmativa(s) falsa(s).
V a) A economia e a sociedade chinesas se mantiveram praticamente fechadas e isoladas do
contato europeu até o século XIX.
F b) Os ingleses conseguiram penetrar no mercado chinês com a venda de tecidos e outras
mercadorias industriais produzidas com baixo custo e em grande quantidade.
V c) O cultivo da papoula na Índia possibilitou o desenvolvimento do ópio, vendido pelos
ingleses ao mercado chinês.
V d) A tentativa do governo chinês de proibir o comércio do ópio foi o pretexto utilizado
pela Inglaterra para declarar guerra contra a China e iniciar o processo de dominação
imperialista da região. A afirmativa B é falsa, pois os ingleses utilizaram o ópio como
forma de ingressar no mercado chinês no século XIX.
V e) A Guerra dos Boxers é um exemplo de resistência contra a dominação econômica e cultural
a que a China encontrava-se submetida no fim do século XIX. A rebelião foi derrotada e
os chineses viram-se obrigados a fazer novas concessões às potências estrangeiras.
8. a) O texto explica que o pesquisador analisou a melanina de múmias egípcias, notando que elas tinham uma
quantidade de pigmento da pele semelhante à de outros povos africanos. Com isso, ele pôde demonstrar 201
que a civilização egípcia foi criada por negros, combatendo preconceitos que existiam até então.

AMPLIAR HORIZONTES
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24-AV2.indd 201 14/08/22 14:42

• CAMPOS, Bruno de. Formação social indiana: modo de produção asiático, imperialismo e industrialização
tardia. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.
Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/101055. Acesso em: 15 ago. 2022.
O texto aborda a situação econômica e social da Índia após a independência. Nele, o autor busca as origens
da industrialização e da autonomia tardias, de meados do século XX, na Índia dominada pelo Império Britâ-
nico e sujeita à economia perversa do neocolonialismo europeu.

201

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A BNCC NESTA DUPLA
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CECH 1, 2 e 7: são trabalhadas com
os estudantes ao analisar o contexto 11. Analise a imagem intitulada A moderna civilização da Europa – França no Marrocos e
de dominação imperialista a partir da Inglaterra no Egito. Ela representa um soldado francês e um inglês comemorando a con-
construção de interpretações críticas quista de novos territórios na África com um brinde. Com base na análise da imagem e em
sobre o período. suas leituras no capítulo sobre o tema, reúna-se a dois colegas e respondam às questões.
• CEH 1 e 2: são abordadas com a
11. a) A

CORBIS/VCG/GETTY IMAGES
turma a partir da compreensão das
representação
particularidades da exploração neo- é negativa,
colonial, priorizando o ponto de vista pois salienta a
dos colonizados. violência que o
neocolonialismo
• Habilidades EF08HI23 e EF08HI27: é impôs sobre as
enfocada com os estudantes ao con- áreas conquistadas e
textualizar os efeitos da escravidão e dominadas. Podem-
da exploração entre os africanos. -se notar os mortos
e os ossos que estão
sob os pés dos
soldados.
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Atividades A moderna civilização da Europa – França no Marrocos e
(continuação) Inglaterra no Egito, A. H. Zaki. Litografia colorizada, 1908-1914.
12. b) Os missionários se preo- a) A imagem oferece uma ideia positiva do movimento neocolonialista de partilha da África
cupavam em combater os pelos europeus? Justifique sua resposta.
costumes que consideram b) A dominação europeia provocou todo tipo de resistência nos territórios coloniais.
Apresente algumas estratégias de resistência dos povos africanos diante dessa dominação.
negativos, o que é uma
prática etnocêntrica e que 12. O texto a seguir é um fragmento do relato escrito pela inglesa Mary Kingsley sobre suas
visa à desorganização das viagens ao continente africano. Ela visitou diferentes regiões da África na década de
1890 e registrou suas impressões em dois relatos de viagem. Leia atentamente o texto
culturas tradicionais. Na e responda ao que se pede. 12. a) A dificuldade apontada no texto é acabar com a poligamia
ação dos religiosos, não entre os fangues. Essa prática era considerada negativa pelos missionários cristãos, e eles se
há nenhuma preocupação preocupavam em encontrar uma forma de extingui-la.
Mais do que todas as outras, a poligamia é a insti-
Aprisco: nome dado a um
em entender a importân- tuição que governa o dia a dia dos nativos, e como os espaço destinado ao abrigo
cia social da prática da missionários procuram participar da vida cotidiana — e de ovelhas; aqui, foi usado no
poligamia; se interessam não apenas da mercantil e legal, como o comerciante ou sentido figurado, significando
"proteção da Igreja".
apenas em impor valores o funcionário do governo —, é o costume que mais lhes
opõe resistência. Todos os missionários o enfrentam e
e costumes cristãos.
negam o ingresso na Igreja daqueles que o praticam. A consequência é que muitos
homens que dariam bons cristãos são excluídos do aprisco. [...]
SILVA, Alberto da Costa e. Imagens da África. São Paulo: Penguin, 2012. p. 484.

a) O texto descreve as dificuldades dos missionários europeus para lidar com os costumes dos
fangues, povo do grupo étnico banto, que vive no território onde atualmente ficam Gabão,
República do Congo e Camarões. Qual é essa dificuldade?
b) Um dos efeitos da dominação europeia sobre o continente africano foi a desorganização de
práticas culturais tradicionais. De que forma esse texto evidencia esse processo?
Consulte resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas.
202 11. b) As populações africanas resistiram por meio de fugas, protestos, boicotes e revoltas. Em 1879, por
exemplo, o povo zulu organizou uma revolta armada contra os representantes do governo inglês na região.

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd 202 cos etc. Explique-lhes que o conjunto dessas 09/08/22 16:30

representações reflete uma visão sobre a África.


Analisar a representação Questione-os sobre as narrativas dos europeus
africana em obras sobre a África sobre a África e a ausência de povos africanos
• Enriqueça as discussões sobre o neocolo- nas representações do continente. Ao final,
nialismo em sala de aula com a exibição do peça que registrem no caderno as impressões
desenho animado Tarzan – direção: Chris que tiveram sobre a representação dos africa-
Buck e Kevin Lima. EUA: 1999. (88 min). nos em livros e filmes. É pertinente pontuar a
Após a exibição do filme, convide os estu- hegemonia europeia e a estadunidense na in-
dantes a elencar as personagens principais dústria do entretenimento e seus efeitos nas
representadas, suas vestimentas, tipos físi- questões culturais.
202

D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-C07-MPU-G24.indd 202 30/08/2022 16:34


mostrar que, atualmente, mesmo
com a existência de órgãos inter-
nacionais de mediação entre as
VAMOS FALAR SOBRE… NAÇÃO E NACIONALISMO nações, nem sempre o princí-
No século XIX, com a disputa para estabelecer colônias na África e na Ásia, os europeus não pio de soberania é respeitado,
respeitaram a soberania dos povos desses continentes. Invadiram e colonizaram territórios que ainda mais entre nações com
não lhes pertenciam. grande diferença de forças eco-
Nesse processo, reorganizaram as fronteiras da África, obrigando povos com tradições dife- nômicas e políticas. A invasão do
rentes a viver nos mesmos territórios. Além disso, passaram a explorar as riquezas e os recursos
Iraque pelos Estados Unidos, em
naturais do continente em proveito próprio, sem contrapartidas adequadas.
Em muitos casos, os povos africanos foram obrigados a trabalhar para os europeus, sendo
2003, mesmo sem ter ocorrido
submetidos a violências diversas. Tudo isso ajudou no enriquecimento dos países industrializados um processo de colonização, é
e criou inúmeros problemas sociais para os povos africanos. um exemplo disso.
No presente, a dominação
Atividades

BRIDGEMAN/FOTOARENA
colonial não ocorre mais como
no século XIX. Entretanto, isso 1. Espera-se que os estudan-
não significa que a soberania dos tes construam argumentos
países mais pobres seja sempre embasados em acontecimen-
respeitada pelas nações mais ricas. tos contemporâneos, como
Reflita sobre esse tema e debata as guerras e intervenções em
questões seguintes com os colegas. outras nações. Tais situações
podem ser destacadas como
exemplo de que a soberania
de países menos desenvolvi-
dos nem sempre é respeitada
no presente.
2. Uma forma de assegurar a
soberania de todas as nações
é fortalecer os mecanismos
diplomáticos internacionais
e as instituições capazes
Litografia de Ambrose de
Walton do começo do século
de mediar conflitos, como
XX que representa a guerra a Organização das Nações
entre ingleses e o povo zulu no Unidas.
sul da África, travada em 1879.
Essa guerra foi um exemplo do 3. É importante que os estudan-
desrespeito à soberania dos tes observem que a soberania
povos africanos pelas potências
europeias no século XIX. é a expressão dos interesses
dos grupos que formam um
1. Atualmente, a soberania dos países menos desenvolvidos é respeitada?
país. Quando a soberania é
2. O que pode ser feito para proteger a soberania desses países? violada, esses interesses são
3. Por que é importante respeitar a soberania de todos os países? ameaçados, inviabilizando
a plena autonomia política
4. Quais são as principais motivações das invasões de outros países no presente?
Consulte respostas e comentários nas Orientações didáticas. dessa sociedade.
203 4. É possível apontar exemplos
diversos, como o interesse em
explorar riquezas e recursos
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd 203 uma forma de violação da soberania de povos
09/08/22 16:30 naturais ou assegurar a influên-
da África e da Ásia, pois as potências invasoras cia geopolítica em regiões
Vamos falar sobre... Nação e se beneficiavam de seus recursos e suas rique- estratégicas do planeta, entre
nacionalismo zas, explorando-os. Tratava-se de um processo outros fatores.
A proposta da atividade é incentivar os estu- que não promovia benefícios recíprocos.
dantes a refletir sobre a questão da soberania É possível traçar relações com o presente
e o modo como sua violação pode afetar e enfatizar que o modelo de dominação neo-
a organização social de um povo. É interes- colonialista deixou de ocorrer, mas isso não
sante iniciar a reflexão discutindo a ideia de que significa que as potências mais ricas deixaram de
a dominação neocolonialista do século XIX foi violar a soberania de outros povos. É interessante
203

D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-C07-MPU-G24.indd 203 30/08/2022 16:34


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2 e 7: são trabalhadas com os
estudantes ao analisar aspectos da
construção da nacionalidade brasi-
leira com base na interpretação de FE CH ANDO A UNIDADE
documentos variados.
• CEH 3, 4, 6 e 7: são abordadas com A IDEIA DE BRASIL NAS LETRAS DE MÚSICA
a turma à medida que concebem ar-
gumentos críticos sobre a construção Nação e nacionalismo. Esses dois conceitos compõem o fio condutor desta unidade. Eles
da ideia de nacionalidade no Brasil afloram também na letra das duas canções a seguir. A primeira é “Aquarela do Brasil”, composta
e o processo histórico de violência e pelo mineiro Ary Barroso em 1939. A segunda é “Que país é este”, composta por Renato Russo,
exploração vivenciado pelos sujeitos líder e vocalista da banda Legião Urbana, em 1978, mas que só foi gravada em 1987. Analise as
históricos no país. duas letras e desenvolva as atividades propostas.

PROCEDIMENTOS Documento 1: Letra de música Brasil


Terra boa e gostosa Inzoneiro: manhoso.
DIDÁTICOS Aquarela do Brasil Da morena sestrosa Merencória:
melancólica, triste.
Brasil De olhar indiscreto
Sestrosa: esperta,
Fechando a unidade Meu Brasil brasileiro Ô Brasil, samba que dá
de raciocínio rápido.
Meu mulato inzoneiro Bamboleio que faz gingar
Como questões disparadoras, Trigueiro: moreno
Vou cantar-te nos meus versos Ô Brasil, do meu amor
(de cor semelhante à
pergunte aos estudantes que tipo Ô Brasil, samba que dá Terra de Nosso Senhor
do trigo maduro).
Bamboleio que faz gingar Brasil, Brasil
de música eles costumam ouvir e
Ô Brasil, do meu amor Pra mim, pra mim
que sentimentos essas músicas Terra de Nosso Senhor Oh, esse coqueiro que dá coco
afloram. A música é um pode- Brasil, Brasil Onde eu amarro a minha rede
Pra mim, pra mim Nas noites claras de luar
roso instrumental nos aspectos Brasil, Brasil
Ah, abre a cortina do passado
socioemocionais de todos nós, Tira a Mãe Preta do cerrado Pra mim, pra mim
mas principalmente como fator de Bota o rei Congo no congado Ah, ouve essas fontes murmurantes
Brasil, Brasil Aonde eu mato a minha sede
identidade para essa faixa etária. E onde a Lua vem brincar
Pra mim, pra mim
Busque acolher e valorizar as opi- Deixa cantar de novo o trovador Ah, este Brasil lindo e trigueiro
niões de todos os estudantes. A merencória luz da Lua É o meu Brasil brasileiro
Toda canção do meu amor Terra de samba e pandeiro
Questione se as músicas Brasil, Brasil
Quero ver essa dona caminhando
ajudam a compreender melhor Pelos salões arrastando Pra mim, pra mim
alguns aspectos do mundo em O seu vestido rendado AQUARELA do Brasil. Intérprete: Francisco Alves.
Brasil, Brasil
que vivemos. Aproveite as res- Compositor: Ary Barroso. In: CENA Brasileira.
Pra mim, pra mim Intérprete: Francisco Alves. [S. l.]: Odeon, 1939.
postas para explicar que a música
faz parte de um processo de Na imagem, cartaz da animação Alô, amigos,
LMPC/GETTY IMAGES

comunicação do ser humano. produzida pela Disney, em 1942.


Em seguida, pergunte a eles se
conhecem as duas canções apre- O lançamento da canção “Aquarela do Brasil” marcou o início
sentadas nos documentos 1 e 2. do movimento musical chamado samba-exaltação. A canção
alcançou sucesso nacional e internacional após ser utilizada no
Ressalte que as canções foram curta-metragem de animação Aquarela do Brasil, presente
compostas em épocas distintas e no filme Alô, amigos, lançado em 1942 nos Estados Unidos
são exemplos de interpretações do pelos Estúdios Disney.
Brasil. Organize os estudantes em
círculo e promova a audição das 204
duas canções. Eles podem acom-
panhar o áudio por meio da leitura
individual das letras. Se tiver algum “inzoneiro”, “merencória”, “sestrosa”
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd 204 e “tri- Estado Novo (1937-1954), quando prevalecia uma 09/08/22 16:30

estudante com pouca audição, gueiro” em harmonia com os elementos da visão ufanista do Brasil.
tente conseguir essas letras no cultura popular – criando uma alegoria de país A segunda música foi composta em 1978,
sistema braile ou em outro sistema. onde a natureza exuberante e a alegria preva- quando o autor fazia parte de outra banda. O
Ao encaminhar a análise da lecem. Explique que esse estilo foi chamado de artista continuou tocando a música em shows
canção “Aquarela do Brasil”, samba-exaltação. e sempre afirmava que tinha esperança que seu
explore as sensações causadas Para auxiliar na compreensão da exaltação do conteúdo um dia se tornasse obsoleto, e que o
pelo arranjo e pelas grandiosas nacionalismo na canção, é importante também país melhorasse. Em 1987, a música foi gravada
interpretações; o uso da lingua- informar aos estudantes que a música “Aquarela e se tornou um sucesso, uma das mais importan-
gem erudita em palavras como do Brasil” foi escrita no período de formação do tes da chamada linha politizada do rock no Brasil.
204

D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-C07-MPU-G24.indd 204 30/08/2022 16:34


O resultado dessa atividade
pode, inclusive, ser apresentado
para a comunidade escolar e as
Documento 2: Letra de música famílias ou mesmo ser gravado

JORGE ARAÚJO/FOLHAPRESS
1. A primeira letra (em vídeo ou áudio) e ser enviado
Que país é este pode ser considerada
eletronicamente.
Nas favelas e no Senado nacionalista,
Sujeira pra todo lado já que ressalta
Ninguém respeita características Atividade
A Constituição positivas do país e de 3. Oriente-os a buscar informações
Mas todos acreditam
seus habitantes. Até
mesmo “a Lua vem mais detalhadas sobre a produ-
No futuro da nação…
Que país é esse?
brincar” no Brasil, ção do vídeo na seção Como se
por causa de suas
Que país é esse? belezas. Porém, a faz... A proposta da atividade
Que país é esse? segunda não pode é que os estudantes retomem
Na Amazônia ser considerada
E no Araguaia ia, ia nacionalista, já
as reflexões sobre os concei-
Na Baixada Fluminense que ela critica tos de nação e nacionalismo,
No Mato Grosso a sociedade e o relacionando-os com a forma
E nas Gerais governo brasileiros.
E no Nordeste tudo em paz
como percebem a sociedade
Na morte eu descanso brasileira no presente. As duas
Mas o sangue anda solto músicas apresentadas na seção
Manchando os papéis
Documentos fiéis
evidenciam formas distintas de
Ao descanso do patrão… se refletir sobre o Brasil, criando
Que país é esse? uma representação positiva ou
Que país é esse?
Que país é esse?
crítica do país. Os estudantes
Que país é esse? podem organizar a letra da
Terceiro mundo se for música de maneira semelhante,
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
identificando aspectos que
Vamos faturar um milhão consideram positivos e que
Quando vendermos todas as almas merecem ser destacados em
Dos nossos índios num leilão…
Que país é esse?
uma música ou abordando pro-
Que país é esse? blemas sociais que marcam o
Que país é esse? país. Uma forma de enriquecer o
Que país é esse?
trabalho proposto é desenvolver
QUE país é este. Intérprete: Renato Russo.
Compositor: Renato Russo. In: QUE país é este. Manifestantes em campanha pelas Diretas a atividade de modo interdis-
Intérprete: Renato Russo. Rio de Janeiro: EMI, 1987. Já, em Brasília (DF), 1984. ciplinar com Arte e Língua
1. Estudamos nesta unidade que o nacionalismo envolve a valorização das características Portuguesa. Por meio disso,
e dos interesses da nação. As letras dos dois documentos podem ser consideradas na- é possível explorar as­pectos
cionalistas? Justifique sua resposta. da linguagem musical e as
2. As duas músicas trazem a mesma opinião a respeito do Brasil? Justifique sua resposta. especificidades desse gênero
textual. Ao final, caso julgue
3. Reúna-se com os colegas e componham uma música que expresse a opinião do grupo
sobre o Brasil nos dias atuais. Se houver estudantes que saibam tocar algum instru- conveniente, é possível propor
mento, gravem a música em um vídeo. Confiram a seção Como se faz… para orientações aos estudantes que apresentem
sobre como produzir um vídeo. Consulte comentários nas Orientações didáticas. as músicas aos colegas em sala
2. Não. “Aquarela do Brasil” tem uma concepção ufanista; a letra descreve o Brasil como um país de aula. É muito provável que
sem problemas. Já “Que país é este” apresenta os problemas do Brasil, como corrupção, violência, 205
desigualdade social, e demonstra não acreditar nos discursos positivos a respeito do país.
a produção musical dos estu-
dantes siga estilos que foram
apresentados aqui. Busque
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-CAP7-LA-G24.indd 205 Essa é uma atividade que busca desenvol-
09/08/22 16:30
acolher e valorizar todos os
ver tanto a capacidade de comunicação
estilos.
Fechando a unidade como a criatividade. A música é um instru-
A análise das músicas e a realização da ati- mento importante na comunicação de ideias
vidade 3 pode ser enriquecida por meio do ao longo do tempo e é interessante incen-
estudo interdisciplinar entre Arte, Língua tivar nos estudantes a reflexão crítica desse
Portuguesa e História. Com isso, é possível tipo de discurso. Além disso, a elaboração
examinar aspectos da linguagem musical e de novas músicas é um importante exercí-
dos recursos estilísticos utilizados na com- cio para o desenvolvimento da capacidade
posição das letras. criativa deles.
205

D3-HIST-F2-2108-V8-180-205-U3-C07-MPU-G24.indd 205 30/08/2022 16:34


A BNCC NA UNIDADE
Competências

4
• Gerais (CG): 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e UNIDADE
10: são trabalhadas com os estudantes
à medida que valorizam a construção

TERRA E
e a utilização do conhecimento his-
tórico acerca do Segundo Reinado e
analisam as relações políticas, sociais
e econômicas entre os colonizadores e
os colonizados, desenvolvendo entre os
estudantes o sentido de respeito mútuo
MEIO AMBIENTE
entre seus pares e não pares.
• Competências Específicas de
Ciências Humanas (CECH): 1, 2,
3, 4, 5, 6 e 7.
• Competências Específicas de His-
tória (CEH): 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Nesta unidade, veremos que a luta pela
Habilidades posse de terras no Brasil vem de longa data,
• EF08HI15 • EF08HI16 • EF08HI17 assim como as preocupações em torno da
• EF08HI18 • EF08HI19 • EF08HI20 degradação ambiental. Essas discussões,
• EF08HI21 • EF08HI22 • EF08HI27 que perduram até hoje, também foram
debatidas durante o governo do imperador
D. Pedro II, no século XIX.
Temas Contemporâneos
Transversais na unidade
• Cidadania e civismo: a temá-
tica “vida familiar e social” está
presente na discussão das elei-
ções, na página 214; da moradia,
na página 225; em como mediar
conflitos, na página 234; nas res-
ponsabilidades que um jovem
pode assumir, na página 235.
No que se refere à educação em
direitos humanos, a unidade faz
reflexões sobre o combate aos
estereótipos e preconceitos con-
tra os indígenas, na página 230;
sobre a resistência indígena no
presente, na página 231; sobre
o combate ao etnocentrismo, na
página 235; sobre a luta contra
o preconceito, a discriminação e
a importância das ações afirma- Área de desmatamento ilegal
na Floresta Amazônica. Autazes
tivas, na página 256; e sobre leis (AM), 2021.
de combate ao preconceito racial,
na página 261. A temática “edu- 206
cação para o trânsito” é abordada
na discussão sobre o transporte
ferroviário, na página 221. gina 238; do Grupo Ilú Obá de • Meio Ambiente: tema que atravessa toda
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 206 Min, de matriz 10/08/22 19:29

• Multiculturalismo: discutido ao africana, na página 255; do resgate da cultura a unidade, denominada Terra e meio am-
se refletir sobre o Brasil como re- africana na sociedade brasileira, na página 262; biente, mas especialmente se evidencia nas
sultado da diversidade cultural, e das comunidades remanescentes de quilom- reflexões das páginas 206, 207, 208, 209, 210,
na página 229. Questões rela- 237, 264 e 265; e na análise da concentra-
bos, na página 263.
cionadas às matrizes culturais
• Ciência e Tecnologia: tema debatido ao ção fundiária no Brasil e do desenvolvimento
brasileiras estão presentes no
tratar do possível uso da ciência para expli- sustentável, na página 251.
estudo do Memorial dos Pre-
tos Novos no Rio de Janeiro, na citar o racismo no presente, na página 227; e • Saúde: a educação alimentar e nutricional é
página 223; de Zumbi e o Dia do desenvolvimento de técnicas de elabora- discutida com ênfase nas páginas 252 e 253
da Consciência Negra, na pá- ção de questionário, nas páginas 252 e 253. (De onde vêm nossos alimentos?).
206

D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-C08-MPU-G24.indd 206 30/08/2022 16:57


Texto complementar
Direito à terra como

RICARDO OLIVEIRA/PULSAR IMAGENS


direito humano
[...] o direito à terra é uma
questão central de direitos
humanos. Ele constitui a base
para o acesso a alimentação,
moradia e desenvolvimento,
e, sem acesso à terra, muitas
pessoas são colocadas em si-
tuação de grave insegurança
econômica.
[...]
A lém de sit uações de
violência e conflito, regu-
lamentos e políticas sobre
o direito à terra constituem
frequentemente o cerne de
qualquer reforma econômi-
ca e social ampla. Assim,
o direito à terra desempe-
nha um papel catalisador no
crescimento econômico, no
desenvolvimento social e na
redução da pobreza [...]. Dados
recentes indicam que cerca
de 50% da população rural
no mundo não desfruta de
direitos de propriedade da
terra de maneira segura, e
estima-se que até um quar-
to da população mundial seja
de sem-terra, o que faz com
que tanto a insegurança da
titularidade da terra quanto
a falta de acesso constituam
fatores claros de pobreza [...].
GILBERT, Jérémie. Direito à terra
como direito humano. SUR – Re-
vista Internacional de Direitos
Humanos, n. 18, não paginado,
jun. 2013. Disponível em: https://
sur.conectas.org/direito-terra-
como-direito-humano/. Acesso
em: 10 ago. 2022.

207

AMPLIAR HORIZONTES
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 207 10/08/22 19:29

• DEAN, Warren. A ferro e fogo: a história e a


devastação da Mata Atlântica brasileira. São Pau-
lo: Companhia das Letras, 2004.
Referência no campo da história ambiental, o autor
explora a relação dos seres humanos e o espaço da
Mata Atlântica ao longo do tempo.

207

D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-C08-MPU-G24.indd 207 30/08/2022 16:57


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
As páginas da abertura da

Fonte de riqueza
unidade propõem uma refle-
xão sobre a terra e o meio
ambiente, compreendidos
como fonte de trabalho, riqueza e de poder
e poder. Antes de iniciar a leitura
e as discussões sobre o tema,
incentive os estudantes a apre- A terra é fonte de riqueza e de sustento. É nela que homens e mulheres, por meio da
sentar seus conhecimentos sobre agricultura, cultivam produtos que alimentam bilhões de pessoas em todo o mundo.
a questão da terra. Como se Mas a terra é também uma fonte de poder. Em diversas épocas, proprietários de terras
trata de um assunto atual e de tinham também poder político. Ainda hoje, possuir uma grande quantidade de terra significa
grande relevância, é possível ocupar posição de destaque na sociedade.
que eles tenham tido conta- Mas essa não era a realidade das terras que compunham o atual Brasil antes de 1500.
tos prévios com perspectivas Na época em que os portugueses chegaram aqui, as terras eram de todos os indígenas, e
ninguém era dono delas em particular. O governo de Portugal tomou-as para si e passou
que envolvem a propriedade
a distribuí-las a colonos.
e a disputa por terras, por Dessa forma, a maior parte das terras no Brasil se concentrou nas mãos de um pequeno
exemplo. Caso habitem uma grupo de grandes proprietários.
região rural, quilombola ou indí-
gena, essas questões podem

GERSON GERLOFF/PULSAR IMAGENS


estar presentes em seu cotidiano
e no de suas famílias.
Pergunte se sabem como um
lote de terra pode ser adquirido,
se a compra é a única forma
de obtenção desse bem e se
o acesso à terra hoje é seme-
lhante ao que era no passado.
Quando os portugueses chega-
ram a quem pertenciam essas
terras? Como eles as adquiriram?
Converse com eles sobre suas
impressões e conhecimentos
sobre o assunto. Na sequência,
prossiga com questionamentos
como: vocês já ouviram falar de
conflitos que envolvem a disputa
pela terra? Em caso positivo,
quem eram os grupos envolvidos
nesses conflitos? Que impor- Queimada preparatória do terreno para iniciar o aumento da área de plantação no município de
Júlio de Castilhos (RS), 2020.
tância tem a posse da terra? O
usufruto da terra é igual para 208
as diferentes sociedades, como
povos indígenas e não indíge-
nas, por exemplo? D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 208 10/08/22 19:29
Caso a escola esteja situada
em região de conflito de terras,
busque conversar sobre esse
conteúdo com colegas e coor-
denação. É provável que colegas
mais antigos na escola possam
lhe fornecer dicas e orientações
de abordagem.

208

D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-C08-MPU-G24.indd 208 30/08/2022 16:57


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Antigamente, era alta a quantidade de trabalhadores rurais nessas grandes propriedades. Ao Ao longo das respostas, é
longo das últimas décadas, com o uso de tecnologias sofisticadas, a mão de obra no campo vem importante que a turma observe
diminuindo e provocando a dispensa de trabalhadores. Ao mesmo tempo, observa-se um aumento que indígenas e não indíge-
no ritmo da degradação do meio ambiente. O mau uso da terra coloca em risco a sobrevivência nas compreendem de maneiras
de várias espécies, incluindo a da espécie humana.
distintas a relação com a terra.
Peça aos estudantes que se

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


atentem para a relação desses
grupos com o meio ambiente,
verificando se há uma preocupa-
ção com a preservação ou se
o meio ambiente é visto como
empecilho ao desenvolvimento.
As generalizações servem ao
propósito pedagógico de expli-
citar as dicotomias na relação
dos seres humanos com a terra,
mas é importante que a turma
entenda que tanto indígenas
como não indígenas não podem
ser tomados como grupos popu-
lacionais homogêneos.
Aproveite para retomar
conhecimentos já elaborados
nos anos anteriores. Para isso,
peça a eles que retomem o papel
da terra em sociedades já estu-
Imigrantes durante colheita de café em fazenda de Araraquara (SP), c. 1902.
dadas, como a romana, a grega
Nesta unidade, veremos como, durante o Império, grande parcela da popu- Fundiário:
ou a europeia da Idade Média.
lação brasileira não teve acesso às terras em que vivia ou, se teve, as perdeu à que diz Considerando os conheci-
medida que os grandes proprietários se apoderaram delas, controlando ainda respeito mentos prévios dos estudantes,
à terra.
mais a distribuição fundiária. solicite a leitura coletiva do texto
1. Resposta pessoal. O Brasil é um importante produtor agrícola, e o setor gera grande volume de de abertura da unidade. Em
empregos, que incluem desde pequenos agricultores até empregados da agroindústria.
Converse com os colegas e o professor sobre as questões a seguir. seguida, pergunte a eles se novas
informações foram incorpora-
1. A agricultura é uma importante atividade econômica, particularmente no Brasil.
De que forma ela contribui para o desenvolvimento do país? das aos conhecimentos prévios
levantados ou, ainda, se alguma
2. Como é a distribuição fundiária na região em que você vive? Predominam as
grandes propriedades ou as pequenas? Existem grupos organizados de pessoas
informação do texto contradiz
que lutam pelo acesso à terra? aquilo que sabiam anterior-
mente. Incentive o diálogo
2. Respostas pessoais. Nesta atividade, é possível verificar o que os estudantes conhecem a respeito da respeitoso sobre o tema, em
situação agrária da região em que vivem ou da questão agrária como um todo. 209
especial no que tange a confli-
tos na terra, que envolvem os
indígenas, os quilombolas e a
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 209 10/08/22 19:29
população rural de baixa renda.

209

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A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

8
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5 e 6. O GOVERNO DE
Habilidades
• EF08HI15 • EF08HI16 • EF08HI19
D. PEDRO II
• EF08HI20 • EF08HI21 • EF08HI22
• EF08HI27

A BNCC NESTA DUPLA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM


• CECH 2, 3 e 6: abordadas à medida • Identificar aspectos sociais, econômicos e políticos do Segundo Reinado.
que os estudantes são motivados a
• Caracterizar o projeto de nação executado por D. Pedro II.
compreender o contexto histórico do
governo de D. Pedro II e as particula-
ridades do Segundo Reinado no Brasil. A Mata Atlântica é uma região com uma das maiores biodiversidades do planeta. Além disso,
• CEH 1, 2 e 6: trabalhadas fazendo com assegura a fertilidade do solo da área que ocupa, ajuda a controlar o equilíbrio climático e é fonte
que a turma compreenda o papel da de alimentos e de plantas medicinais.
problematização histórica acerca do No século XVI, quando os portugueses chegaram à América, a Mata Atlântica se estendia por
período abordado e analise as princi- toda a costa do litoral brasileiro. Ao longo dos séculos, foi sendo explorada em razão de diversos
pais características do cenário político, interesses, desde a extração de seus recursos até a cessão de espaço para a expansão de vilas e
social e econômico do Segundo Rei- povoados. Hoje, 60% da população brasileira, ou seja, cerca de 120 milhões de pessoas, vive em
nado no Brasil. áreas anteriormente ocupadas pela Mata Atlântica, e somente 8,5% de suas florestas originais
• Habilidades EF08HI15 e EF08HI19: en- sobreviveram à ação humana.
focadas com os estudantes fazendo Houve grande derrubada dessa floresta durante o Segundo Reinado (1840-1889), quando
com que identifiquem as disputas po- áreas imensas foram desmatadas para ceder lugar a fazendas de café, produto que se tornava
líticas, sociais e econômicas no Brasil importante para a economia do país. Neste capítulo, estudaremos algumas características do
durante o governo de D. Pedro II e co- Segundo Reinado.
mecem a refletir sobre o abolicionismo
no período estudado com base em do- Macaco-prego em reserva de Mata Atlântica, no Parque Ecológico Maracajá (SC), 2019. A Mata
Atlântica é um dos biomas brasileiros mais ameaçados. Ela se estende para além das fronteiras
cumento histórico. do Brasil, chegando ao Paraguai e à Argentina.
ZÉ PAIVA/PULSAR IMAGENS

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O tema do desmatamento
da Mata Atlântica possibilita
a construção e o fortalecimento
da consciência ambiental e
das noções de tempo histórico.
Explique que o desmatamento
não era uma preocupação entre
aqueles que viviam no século
XV ou XVIII, portanto, para
os colonizadores, não havia
nenhum problema no processo
de desmatamento. Contudo, na 210
sociedade contemporânea, há
uma grande preocupação com
o meio ambiente, que ganhou flora e da fauna. Para trabalhá-la,
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 210 pergunte aos Outra possibilidade é fazer uma visita guiada 10/08/22 19:29

centralidade após a constata- estudantes se próximo ao município onde eles à região com a participação de outros profes-
ção da condição de finitude das vivem existe alguma floresta ou algum bioma sores, como o de Ciências e o de Geografia.
espécies, inclusive a humana. que esteja ameaçado pela ação humana. Em
Diante desses elementos, caso positivo, questione como se deu o pro-
Texto complementar
a escola constitui-se em um cesso predatório da região e se existe algum Para fazer História Ambiental
espaço importante de cons- movimento que tenta recuperar o local. Vale A ideia de uma Histór ia Ambien-
cientização do papel da estender a atividade para uma pesquisa mais tal começou a surg ir na década de
sociedade e dos indivíduos na aprofundada, que levante dados confiáveis e 1 970, à m e d i d a qu e s e s u c e d i a m
preservação e restauração da informações úteis sobre o problema. conferências sobre a crise global e cres-
210

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O SEGUNDO REINADO Ao discutir o item O Segundo
Reinado, retome com a turma a
Na história do Brasil, chamamos de Segundo Reinado o período de 1840 a 1889, intervalo de
conjuntura que resultou na abdica-
tempo no qual o governo esteve nas mãos de D. Pedro II. Seu governo foi longo e, nesse período, o
ção de D. Pedro I e no seu retorno
Brasil passou por muitas transformações – o café se tornou um importante produto de nossa econo-
mia, foram instaladas as primeiras estradas de ferro, chegaram ao Brasil grandes levas de imigrantes a Portugal e, consequentemente,
e, como resultado de muita pressão, a escravidão foi abolida. Ainda assim, o Brasil continuou um na turbulência que tomou conta
país desigual, com a riqueza concentrada nas mãos de uma elite econômica e política. do império nos anos regenciais.
A imagem a seguir vai nos ajudar a compreender como era o Brasil sob o governo de D. Pedro II. Essa estratégia pedagógica possibi-
Ela contém detalhes que fundamentam a reflexão sobre algumas das modificações iniciadas durante lita retomar saberes já construídos
o Segundo Reinado. e minimizar fragilidades existen-
Trata-se de uma litografia feita em homenagem à Lei do Ventre Livre e aos políticos responsá- tes, para que o processo histórico
veis por sua aprovação. A partir de 1871, a lei declarou livre toda criança nascida de mãe escravizada, seja apreendido de forma mais
dando um primeiro passo no longo processo que promoveu o fim da escravidão no país.
complexa com a introdução de
Antes de começarmos a analisar o conteúdo e o contexto dessa lei, analise a imagem com
conhecimentos sobre o governo
atenção.
de D. Pedro II. Caso deseje, no
IMAGEM CONDUTORA item Orientações gerais para

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


a coleção, deste Manual, deste
Manual existem orientações espe-
cíficas para produzir avaliação
diagnóstica.
Período longo de governo,
os anos de 1840 a 1889 no
Brasil podem ser abordados
em diferentes aspectos, como
o desenvolvimento econômico,
as disputas políticas internas e
externas, e a ebulição social cada
vez maior, em especial entre os
escravizados. Ademais, D. Pedro II
e seu governo podem ser analisa-
dos como símbolos do período,
reconstruídos em narrativas e
produções imagéticas. Para tal,
analisaremos ao longo do capí-
tulo reproduções de imagens do
imperador, abordadas pelo prisma
da crítica a esse tipo de fonte.
Esse trabalho permite transmitir
Honra e glória ao ministério de 7 de março, autor desconhecido. Litografia, 1871. A obra informações extratextuais, auxi-
representa D. Pedro II e seu ministério.
liando os estudantes no domínio
211 de fontes históricas de diferen-
tes naturezas.

ciam os movimentos ambientalistas


D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 211 mir uma sofisticação cada vez maior. A
10/08/22 19:29 pelo seu ambiente natural e,
entre os cidadãos de vários países. [...] o história ambiental nasceu, portanto, de inversamente, como eles afe-
trabalho acadêmico nas áreas de direito, um objetivo moral, tendo por trás fortes taram esse ambiente e com
filosofia, economia, sociologia e outras foi compromissos políticos, mas, à medida que resultados.
igualmente sensível a esse movimento. que amadureceu, transformou-se também WORSTER, Donald. Para fazer
Muito tempo depois que o interesse po- num empreendimento acadêmico que não história ambiental. Revista
pular pelos temas ambientais chegou ao tinha uma simples ou única agenda mo- Estudos Históricos, Rio de Janeiro,
máximo e começou a decair, conforme as ral ou política para promover. Seu objetivo v. 4, n. 8, p. 198-215, 1991.
p. 199-200. Disponível em: https://
questões se tornavam cada vez mais com- principal se tornou aprofundar o nosso bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.
plicadas, sem soluções fáceis, o interesse entendimento de como os seres huma- php/reh/article/view/2324/1463.
acadêmico continuou a crescer e a assu- nos foram, através dos tempos, afetados Acesso em: 10 ago. 2022.
211

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 5 e 6: abordadas à medida
que os estudantes analisam o cená-
rio político e econômico do Império
Conservadores e liberais

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO


DE JANEIRO
no Segundo Reinado e compreendem Um dos elementos que chamam a atenção é que, na IC
e comparam a estrutura do processo metade superior dessa litografia, foram inseridos os retratos
eleitoral e o direito de voto no Brasil de oito pessoas. Ao centro, em tamanho maior, encontra-
em diferentes momentos. -se representado o imperador. No entorno, os ministros de
• CEH 1 e 4: trabalhadas fazendo com seu governo. Um deles se destaca, ficando posicionado
que a turma problematize a atuação logo acima do imperador. Trata-se de José Maria da Silva
dos diferentes grupos e indivíduos no Paranhos (1819-1980), o Visconde do Rio Branco, que, em
processo político do Segundo Reinado. março de 1871, foi nomeado primeiro-ministro do Brasil.
• Habilidade EF08HI15: enfocada com
os estudantes à medida que analisam
ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO
as disputas políticas existentes entre
os diferentes grupos sociais envolvi-
dos no processo político do Segundo
Reinado.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
No período pós-Regen-
cial, o cenário político imperial
foi marcado pela bipolarização
entre liberais e conservadores.
Oriundos das classes privilegiadas,
as posições desses setores não
D. Pedro II rodeado por seus ministros. Detalhe da litografia Honra e
eram substancialmente diferen- glória ao ministério de 7 de março, de 1871.
tes entre si. Entre os aspectos que
os aproximavam, por exemplo, O Visconde do Rio Branco era filiado ao Partido Conservador. Durante o Segundo Reinado,
estava a defesa da manutenção existiu também um segundo partido, o Partido Liberal. As bases desses dois partidos começaram
a se formar ainda durante a Regência (1831-1840). As diferenças políticas entre eles, entretanto,
da escravidão e das hierarquias
não eram muito grandes, já que ambos defendiam grupos sociais muito parecidos.
tal como estavam construídas. Os liberais protegiam os grandes comerciantes, enquanto os conservadores defendiam os
A discussão sobre o item grandes fazendeiros. Após a eleição de deputados e senadores, D. Pedro II formava seu ministério
Conservadores e liberais pode (ou gabinete, como também era chamado) com os políticos do partido que tinha eleito a maioria
ser trazida para o presente, por dos candidatos.
meio de uma reflexão de pema- Sempre que achava necessário, o imperador utilizava o
Poder Moderador para dissolver a Câmara ou o próprio minis- Alternância no poder: situação
nências e rupturas. Pergunte aos na qual o partido que governa
estudantes se eles consideram tério, convocando novas eleições ou simplesmente formando é substituído por um partido de
um novo gabinete. Com isso, promovia alternância no poder, oposição, e assim sucessivamente;
que existe (ou não) uma hege-
evitando que o Partido Liberal ou o Partido Conservador se ou seja, o governo não fica o
monia das classes dominantes perpetuasse no governo. Esse mecanismo foi importante para tempo todo nas mãos de um
nas esferas do poder na socie- mesmo partido.
a estabilidade do Império.
dade brasileira atual e, se positivo,
como eles percebem isso. Neste 212
caso, pergunte se teriam alguma
hipótese para explicar a manu-
tenção dessas elites no poder. fundamentais para compreender
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 212 esse processo. começar a participar da vida política partidária? 10/08/22 19:29

Fique atento para que não haja Ressalte que, atualmente, pesquisas apontam A consciência da realidade é fundamental para
anacronismo nessa reflexão, que seis em cada dez parlamentares possuem que propostas de mudanças sejam pensadas.
ou seja, que as características parentes na política. Outros indicadores permi-
de cada período em relação ao tem afirmar que há famílias tradicionais há mais
Texto complementar
tema sejam respeitadas. de dois séculos em diferentes cargos. Pergunte: Eleições no Império
Indique a eles quais os recur- como é possível mudar essa realidade? O que [...] Para que as exigências legais referen-
sos financeiros e as relações fazer para que os governos estejam a serviço tes ao processo eleitoral fossem cumpridas,
com outras pessoas com poder de todos e não de um pequeno grupo? Como foram criadas no ano de 1846 as Juntas
político e/ou econômico são garantir que excluídos desse processo possam de Qualificação de Votantes. Essas Juntas
212

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Eleições no Império: privilégio de poucos Peça aos estudantes que leiam
o item Eleições no Império:
Durante o Império, vigorou no Brasil o regime parlamentarista. A escolha dos parlamentares
privilégio de poucos, na
acontecia por meio de eleições. Para votar, era necessário ter no mínimo 25 anos, ser do sexo
masculino e ter renda anual de 100 mil réis. Assim, estavam excluídos do processo eleitoral os
página 213. Anote na lousa os
homens pobres, as mulheres, os indígenas, os soldados e os negros escravizados. indivíduos que estavam exclu-
Esse tipo de voto, que exige renda mínima, é chamado de censitário. Ao longo dos anos, ídos do processo eleitoral:
novas leis foram criadas, restringindo ainda mais a participação popular. Em 1846, por exemplo, mulheres, indígenas, soldados,
ficou estabelecido que a renda mínima para votar deveria ser calculada pelo valor de réis em prata. escravizados, homens brancos
Com isso, a renda mínima praticamente dobrou de valor. com renda inferior a 100 mil réis
Em 1881, foi aprovada a Lei Saraiva, que, entre outras anuais, e, após 1881, também os
medidas, impedia o voto dos analfabetos. Em 1872, por Eleição indireta: no Império, analfabetos. Peça à turma que
era um modo de participação
exemplo, cerca de 10% da população, ou seja, 1 milhão política em que, em um primeiro identifique, então, “quem estava
de pessoas, tinha direito ao voto. Com essa lei, o número de momento, as pessoas escolhiam autorizado a votar”?
votantes caiu para cerca de 117 mil pessoas, menos de 1% seus representantes. Eram estes Apresentados os dados e
que, em uma segunda etapa,
do total da população brasileira à época. discutida a pouca representa-
elegiam os deputados e senadores.
As eleições no Império eram indiretas. O cargo dos Os senadores eram eleitos em uma tividade da população brasileira
senadores era vitalício e o mandato dos deputados durava lista tríplice (com três nomes), da no campo político, promova uma
quatro anos. Os presidentes das províncias (correspondendo qual o imperador escolhia o de sua
preferência. roda de conversa com os estu-
atualmente ao cargo de governador de estado) eram nomea- dantes sobre a importância de se
dos pelo imperador.
fazer representar politicamente.
Explicite que mulheres têm
RAFAEL BORDALO PINHEIRO/BESOURO/BIBLIOTECA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO

mais chances de legislar a favor


de mulheres, pois sabem as difi-
culdades vivenciadas por elas. O
mesmo acontece com a popu-
lação negra, que pode ser mais
bem representada por pessoas
que compreendem as responsabi-
lidades do Estado na redução das
desigualdades de cunho racial.
Destaque que somente os grupos
bem representados no legislativo
(e também no executivo) é que,
em geral, conseguem fazer polí-
ticas em prol de sua realidade.
Justifique, assim, a importância
de boas escolhas nas eleições.
Observe que outra faceta
desse processo é a questão da
educação. Auxilie os estudan-
Charge de Bordalo publicada no periódico O Besouro, em 1878. O desenho representa o artista, tes a relacionar a importância da
com uma lente de aumento, que observa como D. Pedro II brinca com os políticos.
alfabetização e da capacidade
213 de crítica na construção de leis
e de políticas para a população.

D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 213 eram responsáveis pelo alistamento elei- século XIX, Jonas Moreira Vargas (2006)
10/08/22 19:29
FARIA, Vanessa Silva de. Elei-
toral no Império e por formar anualmente argumenta que “a qualificação localizava ções no império: considerações
sobre representação política no
os livros de votantes que continham as lis- o indivíduo, atribuindo suas posses ma-
Segundo Reinado. In: SIMPÓSIO
tas gerais dos cidadãos com direito a votar teriais e simbólicas, emergindo-o do povo NACIONAL DE HISTÓRIA, 27.,
na eleição de eleitores, para juízes de paz anônimo ao reputar-lhe uma determinada 2013, Natal. Anais [...]. Natal:
e para vereadores das Câmaras Munici- ação política, vedada à maioria”. ANPUH-BR, 2013. Disponível em:
pais – eleições primárias. E mais adiante destaca também a impor- http://www.snh2013.anpuh.org/
resources/anais/27/1364925577_
[...] Ressaltando a importância do proces- tância de ser considerado votante ou eleitor
ARQUIVO_artigoanpuh2013.
so de qualificação de votantes e também e como essa denominação poderia significar pdf. Acesso em: 10 ago. 2022.
a utilização dos livros como fontes do- uma forma de distinção social dentro da so-
cumentais para o estudo das eleições no ciedade brasileira oitocentista, [...].
213

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 5 e 6: abordadas à me-
dida que os estudantes analisam as
revoltas populares provinciais, com-
Províncias em revolta
preendem a importância do café na Muitas pessoas acreditavam que, com a

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


manutenção econômica do período chegada de D. Pedro II ao poder, as agitações
estudado e comparam as eleições no que sacudiram o país durante a Regência teriam
Império e na atualidade. fim. Entretanto, não foi o que aconteceu. Na
• CEH 1, 2 e 3: trabalhadas fazendo com realidade, os primeiros anos do governo de
que a turma problematize a produção do D. Pedro II foram marcados por conflitos e
café no Segundo Reinado e compreenda problemas.
a relação da manutenção da escravi- Em maio de 1842, por exemplo, políticos
dão, proporcionada pelas autoridades liberais de São Paulo e de Minas Gerais pegaram
imperiais, com as lutas abolicionistas em armas para protestar contra o governo e
empreendidas no período.
contra as mudanças de gabinete. A rebelião
• Habilidades EF08HI15 e EF08HI16: en- terminou em junho do mesmo ano com a ren-
focadas com os estudantes à medida
dição dos revoltosos.
que analisam o equilíbrio de forças e
Alguns anos depois, em 1848, teve início
a diversidade política durante o Se-
gundo Reinado. em Pernambuco uma rebelião de maiores
proporções, conhecida como Revolução
Praieira. Ao contrário da ocorrida em 1842,
PROCEDIMENTOS esta não se limitou a uma manifestação de
DIDÁTICOS políticos e poderosos, mas contou também
com o apoio de diversos segmentos da
Explique novamente que o
sociedade pernambucana que contestavam a
pretexto usado para adiantar a política imperial.
coroação de Pedro II desmen- Apesar das turbulências, em ambos os
tiu-se logo em seguida à sua casos, o governo conseguiu controlar as agi-
Capa do jornal pernambucano A Voz do
chegada ao trono, já que os tações e restabelecer a ordem. Terminada em
Brasil, de 15 de julho de 1848. Esse jornal foi
conflitos em várias províncias con- 1850, a Revolução Praieira foi a última grande um importante meio de divulgação dos ideais
tinuaram. Um deles, que contou revolta ocorrida durante o Império. da Revolução Praieira.
com grande adesão popular, foi a
Revolução Praieira, que ocorreu 1. Já estudamos como eram as eleições durante o Império. Agora, reúna-se em grupo
em Pernambuco, em 1848. Os e, junto com os colegas, façam uma pesquisa sobre as eleições no Brasil de hoje e
apresentem um seminário com as informações obtidas. (Consultem a seção Como se
revoltosos reivindicavam, entre
faz… para orientações sobre como fazer um seminário.) Consulte comentários nas
outras questões, a distribui- Orientações didáticas.
a) Para que o grupo se oriente melhor, escolham algumas informações a serem pesquisadas,
ção de terras que estavam tais como:
concentradas nas mãos de • Quem pode e quem não pode votar atualmente no Brasil?
poucos latifundiários e o fim • Qual é o papel dos eleitores?
do monopólio do comércio local, • O que fazem os deputados federais e os senadores?
controlado por ricos comercian- • O que fazem os vereadores e os deputados estaduais?
tes portugueses. b) Além dessas perguntas, o grupo e o professor podem sugerir outras questões.
Antes de realizar a atividade c) Feita a pesquisa, o grupo deve organizar as informações coletadas. Para isso, construam
da página 214, auxilie a turma a um quadro comparando as eleições no Império e no Brasil atual.
compreender como está estru-
214
turada a composição política
no Congresso Nacional atual,
observando as competências
de cada uma das instâncias. O
funcionamento do legislativo brasileiro
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 214 Atividade complementar 10/08/22 19:29

atual, observando com atenção quais são


domínio dessas informações é Jogar um jogo colaborativo
as competências de cada uma das instâncias.
fundamental para o pleno exer- Após a pesquisa, proponha um jogo com
Para que as respostas não fiquem genéricas,
cício dos direitos e reivindicações
proponha após a pesquisa a realização do situações hipotéticas. Em cada situação, os
da sociedade.
jogo colaborativo sugerido na Atividade estudantes deverão analisar e identificar a
Atividade complementar (ao lado). qual esfera recorrer: municipal, estadual ou
1. A proposta da seção é federal. Prefira trazer à discussão problemas
possibilitar que os estu- da comunidade em que os estudantes estão
dantes compreendam o inseridos, permitindo assim uma reflexão crítica
214

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A respeito do item O café
O CAFÉ JOÃO
PRU
DEN
TE
/P U
LS
AR
da página 215, comente que a
Confira novamente a imagem condutora que IM
A
“virada” populacional no Brasil

GE
estamos analisando. Na litografia, é possível verificar

NS
só ocorreu na década de 1970,
elementos relacionados ao trabalho no campo. Eles
quando progressivamente a
aparecem principalmente nas laterais da gravura e
revelam a importância da agricultura para a eco-
população da zona urbana se
nomia brasileira naquele momento. Para que se tornou maior que a da zona rural.
tenha uma ideia, em 1872, cerca de 80% das Para complementar essa informa-
pessoas que trabalhavam no Brasil se dedicavam ção, podem-se estimular a prática
ao setor agropecuário. de pesquisa e o levantamento de
O principal produto agrícola cultivado no hipóteses, operando substancial-
Brasil, naquela época, era o café, embora não fosse mente na construção de saberes
o único. Produziam-se também cana-de-açúcar, significativos para a disciplina.
algodão, tabaco (fumo) etc. Boa parte da produ- Aproveite e pergunte aos
ção cafeeira era vendida a outros países, ou seja, era estudantes: vocês sabem quais
exportada. Durante o período monárquico, o café brasileiro são os principais produtos agrí-
representava cerca de 50% da produção mundial. Ramas de café.
colas do Brasil? Eles são usados
internamente ou são exportados?

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


IC
Quem os produz? A pequena ou
grande propriedade? É provável
que eles tenham saberes prove-
nientes de outros lugares, como
mídia, família e aulas de geogra-
fia. Procure valorizar e encorajar
os estudantes a se posicionar.
ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO
Essa é uma questão interes-
sante que você pode abordar
com os estudantes, pois o Brasil
é um dos maiores produto-
res agrícolas do mundo, mas,
em boa parte, trata-se de de
monocultura destinada a expor-
tação (café, cana-de-açúcar,
soja, tabaco) que por conta da
mecanização emprega cada vez
menos trabalhadores. Os dados
estão disponíveis em: https://
Representação do trabalho e da
produção agrícola no Segundo www.ibge.gov.br/explica/pro
Reinado. Detalhe da litografia ducao-agropecuaria e https://
Honra e glória ao ministério de www.correiobraziliense.com.
7 de março, de 1871.
br/economia/2020/09/4878333-
215 desigualdades-no-campo.html;
acessos em: 10 ago. 2022.

sobre situações atuais e vivenciadas. Organize


D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 215 10/08/22 19:29

a turma em grupos, distribua os casos hipotéti-


cos e peça-lhes que identifiquem qual instância
poderia resolvê-los. Permita que todos opinem
sobre os temas. As atribuições de cada cargo
político podem ser checadas no site do Tribunal
Superior Eleitoral. Disponível em: https://www.
tse.jus.br/comunicacao/noticias/2022/Maio/
confira-as-atribuicoes-dos-cargos-em-disputa-
nas-eleicoes-2022. Acesso em: 10 ago. 2022.
215

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 6 e 7: abordadas à medi-
da que os estudantes problematizam
o processo de desmatamento da Mata
Atlântica no Segundo Reinado a partir
OLHO VI VO
da análise de um documento icono-
gráfico produzido no período. A DERRUBADA DA MATA ATLÂNTICA
• CEH 1, 2 e 4: trabalhadas fazendo com
A crescente derrubada das florestas da
que a turma analise o significado das
Mata Atlântica para a expansão das fazendas
derrubadas na Mata Atlântica no perío-
de café chamou a atenção do pintor Félix-
do estudado e as consequências dessa
-Émile Taunay (1795-1881), que acompanhou
ação ao longo do tempo histórico.
de perto o desmatamento do morro da Tijuca,
• Habilidade EF08HI15: enfocada com
no Rio de Janeiro.
os estudantes à medida que com-
Em 1843, ele representou esse desmata-
preendem a historicidade das ações
predatórias ao meio ambiente no Brasil. mento na tela Vista de um mato virgem
que se está reduzindo a carvão, reprodu-
zida a seguir.
PROCEDIMENTOS Por meio dessa pintura, o artista procu-
10
DIDÁTICOS rou alertar para a destruição em grande escala
das florestas brasileiras.
Olho vivo
Dois aspectos devem ser
observados especialmente na 1 Quase no centro do quadro, como se fosse
uma fronteira entre a mata e a área des-
seção: o primeiro é o caráter da matada, o artista representou uma imensa
7
imagem como fonte histórica; figueira, cuja copa se abre na parte superior
do quadro. Para os historiadores de arte, é
o segundo é o tema, no caso,
como se ela fosse a personagem principal
o desmatamento da Mata da obra.
Atlântica para abrir espaço para
a produção de café. Enfatize para 2 A árvore ao lado da figueira era conhecida
a turma que ambos os dados como “pau-mulato”. Sua madeira era muito
precisam ser observados pela usada na fabricação de móveis. Repare 5
como Taunay representou as duas árvores
perspectiva de seus processos no limite da floresta virgem, como se fossem 4
de produção ou ocorrência. Em duas figuras heroicas de uma resistência que,
infelizmente, não duraria muito tempo.
outras palavras, a imagem e o
processo de desmatamento só
fazem sentido se analisados no 3 Taunay estava preocupado com a representa-
período em que foram produzi- ção exata dos espécimes vegetais, como essa
bromélia, planta típica da Mata Atlântica, 5 Após a derrubada, as toras de madeira são
dos. Mais uma vez é necessário ligada ao tronco da figueira. empilhadas.
ficar atento para que não se
cometa anacronismo, ou seja,
4 A mata é derrubada a machadadas por 6 Pela estrada lamacenta, um homem escravizado
que não se veja a devastação homens escravizados a ser viço dos puxa um jumento, cujo dorso está arqueado
ambiental para a plantação do fazendeiros. pelo peso da madeira recém-derrubada.
café com os mesmos olhos que
vemos as queimadas do Pantanal, 216
da Amazônia e do Cerrado na
atualidade onde isso está asso-
ciado a grande crise climática. Claudia Mattos Avolese, por exemplo,
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 216 ressalta: detalhes sobre as pesquisas de Claudia Avolese 10/08/22 19:29

Portanto, ainda que a imagem “Minhas pesquisas deixam claro que nos anos estão disponíveis em: https://www.unicamp.br/
de Taunay represente o desma- 1840, no Brasil recém-independente, houve um unicamp/ju/noticias/2018/08/29/arte-e-ecolo
tamento e denuncie o prejuízo profundo debate envolvendo vários artistas do gia-na-linha-de-frente-contra-ditatura-militar;
à região, isso não significa que período, numa tentativa de pensar a questão acesso em: 10 ago. 2022.
esse fosse um fato central para do ambiente, em o que fazer com nosso patri-
mônio natural. E isso é pouco conhecido no
Texto complementar
o artista ou para a sociedade do
período. Ainda assim, nem todos campo da história da arte”. Foi justamente essa Mata Atlântica
veem a questão com tantas res- obra de Félix-Émile Taunay que fez a professora Mesmo reduzida a aproximadamente
salvas. A professora da Unicamp iniciar a pesquisa aliando arte e ecologia. Mais 27% de sua área original e distribuída em
216

D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-C08-MPU-G24.indd 216 30/08/2022 16:57


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Atividade
complementar
Pesquisar sobre
o perigo do
Vista de um mato
virgem que se está
desmatamento
reduzindo a carvão, Proponha a realização de uma
Félix-Émile Taunay. pesquisa sobre desmatamento na
Óleo sobre tela,
1843. Representa o atualidade. Os estudantes devem
desmatamento feito na procurar, em sites e livros, infor-
época, nos arredores
do Rio de Janeiro.
mações sobre áreas brasileiras que
atualmente sofrem com o des-
matamento, como a Amazônia,
o Cerrado e a Mata Atlântica.
Peça à turma que identifique e
anote as seguintes informações:
– quais áreas sofrem mais com
o desmatamento;
1
– quais são os grupos respon-
2 sáveis por essa ação;
– que motivos levam a isso;
8 – se existem políticas que
3
proíbem essa ação predatória;
6
9 Aos pés da figuei-
– se, efetivamente, essas polí-
ticas têm tido êxito.
MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO - RJ

ra há dois homens,
um deles ajoelha- Ao final, promova uma roda
do. O pintor os re-
presentou como de conversa e solicite aos estu-
figuras minúsculas dantes que compartilhem as
9 diante de árvores informações obtidas por meio da
gigantescas, des-
tacando, assim, a pesquisa, assim como as fontes
grandiosidade da pesquisadas. Incentive a parti-
natureza.
cipação de todos, igualmente,
de forma que eles consigam
8 À direita do quadro, está represen-
7 Na parte esquerda da tada a densa floresta nativa, com dialogar e complementar as
tela, o pintor representou suas árvores frondosas e centená- informações uns dos outros.
a desolação do ambiente, rias. Em meio à mata, rios de águas 10 Taunay repre -
mostrando troncos aba- claras seguem seu curso livremente. sentou a região
tidos e uma coluna de Rios como esses eram responsáveis montanhosa que
fumaça que evidencia uma pelo abastecimento de água potável cerca o município
queimada. do município do Rio de Janeiro. do Rio de Janeiro.

217

milhares de fragmentos, os remanescentes


D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 217 tre 33% e 36% das existentes no País. Em
10/08/22 19:29 e 13 répteis. Das 472 espé-
de vegetação nativa ainda guardam altos relação à fauna os levantamentos indicam cies da flora brasileira que
índices de biodiversidade de fauna e flora que a Mata Atlântica abriga 849 espécies de constam da Lista Oficial de
e prestam inestimáveis serviços ambien- aves, 370 espécies de anfíbios, 200 espécies Espécies ameaçadas de Ex-
tais de proteção de mananciais hídricos, de répteis, 270 de mamíferos e cerca de 350 tinção, 276 espécies (mais de
de contenção de encostas e de regulação espécies de peixes. Por outro lado, a Mata 50%) são da Mata Atlântica.
do clima, que beneficiam diretamente um Atlântica abriga também o maior número
CAMPANILI, Maura; SCHAFFER,
contingente de aproximadamente 120 mi- de espécies ameaçadas: são 185 espécies Wigold Bertoldo. Mata Atlântica:
lhões de brasileiros. de vertebrados ameaçados (69,8% do to- patrimônio nacional dos brasi-
[...] As projeções são de que possua cerca tal de espécies ameaçadas no Brasil), dos leiros. Brasília, DF: Ministério do
de 20 mil espécies de plantas, ou seja, en- quais 118 aves, 16 anfíbios, 38 mamíferos Meio Ambiente, 2010. p. 11.
217

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 7: abordadas à medida
que os estudantes problematizam as
transformações ocorridas com a pro-
Mudanças provocadas pela cafeicultura
dução do café no Segundo Reinado e No começo do século XIX, as plantações de café concentravam-se na província (atual estado) do
compreendem os efeitos das mudanças Rio de Janeiro. Em seguida, avançaram pelo Vale do Paraíba, entre Rio de Janeiro e São Paulo. Mais
nos campos político, social e econômi- tarde, o café chegou ao Oeste Paulista, acentuando o processo de deslocamento da economia
co, utilizando como base documentos brasileira da região Nordeste do país para a região Sudeste, conforme o mapa a seguir.
cartográfico e iconográfico.
• CEH 1, 4 e 5: trabalhadas fazendo com A marcha do café (séculos XIX a XX)
Ri

ALLMAPS
oD
que a turma compreenda a importância oce

da produção cafeeira e a substituição MINAS GERAIS


Rio Grande
de trabalhadores negros libertos por MATO GROSSO
DO SUL
trabalhadores imigrantes nas fazendas São José do
Rio Preto
ESPÍRITO
Ribeirão Preto SANTO
de café no final do século XIX, bem Rio
Tie
t ê
como os deslocamentos populacionais
Lins Araraquara
relacionados ao cultivo do café. Rio Juiz de Fora Sul
do SÃO PAULO do

á
r ba
an
Pe raí
• Habilidades EF08HI15 e EF08HI19: en- Rio
Pa
Presidente
ixe Rio Claro i o Pa RIO DE JANEIRO
Prudente Marília Vassouras R
Limeira
focadas com os estudantes à medida Guaratinguetá
Botucatu
que identificam os grupos políticos e Cambará Itu
Campinas
Taubaté Angra Rio de Janeiro
econômicos que ascenderam social- Jacarezinho
São Paulo
dos Reis Trópico de Capricórnio

mente durante o processo de produção PARANÁ


Santos O café no Rio de Janeiro e em São Paulo
cafeeira no Segundo Reinado e a ques- Siqueira
Campos Início do século XIX 1886
tão da passagem do regime escravista 1836 1920
OCEANO
para o assalariado no período. ATLÂNTICO
1854 1935
0 85 Avanço para outros estados

45° O Divisão política atual

PROCEDIMENTOS Fonte: ARRUDA, José Jobson de Andrade. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 1999. p. 43.

DIDÁTICOS Muitos fazendeiros do Rio de Janeiro, de São Paulo e, posteriormente, de Minas Gerais enri-
Para que os estudantes queceram com o café. Com o enriquecimento, muitos foram agraciados com títulos de nobreza
pelo imperador, originando a expressão que passou a designá-los: barões do café.
possam compreender melhor
as distâncias e a distribuição ter-

COLEÇÃO PARTICULAR
ritorial da produção do café, é
recomendado o uso do mapa A
marcha do café (séculos XIX
a XX), da página 218. Mapas
são materiais pedagógicos que
possibilitam a apreensão de
conteúdos relacionando-os ao
espaço geográfico de sua ocor-
rência. Nesse caso, informações
sobre a expansão do café ao
longo do tempo e as principais
Fazenda das Antinhas, José de Lima. Óleo sobre tela, c. 1870. A obra representa uma fazenda de
regiões do país nesse tipo de café na região de Bananal, em São Paulo.
cultivo podem ser exploradas
em sala de aula. 218
Ao estudar sobre a constitui-
ção da sociedade cafeicultora,
os estudantes poderão verificar tópico deve ser discutido dentro
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 218 dos aspectos substituição do escravo (negro) pelo tra- 10/08/22 19:29

deslocamentos populacio- de longa duração do tempo histórico, ainda balho livre (branco e imigrante), o “período
nais no Brasil independente, que tenham sido readaptados ao contexto bra- da transição”, da “formação do mercado de
sileiro do século XIX. trabalho livre” no Brasil. [...]
bem como a manutenção das
[...] a abundante historiografia sobre a
hierarquias sociais, haja vista o
Texto complementar “transição”, apesar da sua diversidade, efe-
uso de títulos de nobreza oriun- tua um procedimento comum: pretende
dos das sociedades medievais Escravidão, cidadania e história do estabelecer uma teoria explicativa para a
europeias – que foram trans- trabalho no Brasil “passagem” do mundo da escravidão (aque-
postos para a realidade brasileira [...] o final do século XIX passou a con- le no qual o trabalho foi realizado por seres
durante o período colonial. Esse figurar o assim chamado período da coisificados, destituídos de tradições pelo
218

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A cafeicultura provocou mudanças importantes na sociedade da região: cidades e vilas Observe que o conteúdo da
começaram a crescer, surgindo em tais localidades teatros, jornais e associações literárias. Anos página 219 permite a aborda-
depois, já no século XX, a riqueza dos cafeicultores promoveu um processo de grande industriali- gem de elementos de transição
zação no Sudeste. A principal região foi o atual estado de São Paulo que, na época, concentrava do mercantilismo ao capitalismo.
as mais importantes lavouras cafeeiras.
Assim, ao discutir o redirecio-
Inicialmente, o trabalho nas

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


fazendas de café era feito por afri-
namento dos recursos para a
canos escravizados. Já nas últimas industrialização, ressalte como
décadas do século XIX, quando a o processo histórico é composto
escravidão se aproximava de seu fi- de rupturas e permanências, des-
nal, alguns fazendeiros começaram tacando que as elites cafeeiras
a substituir gradualmente os se tornavam elites industriais. É
cativos por trabalhadores imi- importante esclarecer, porém,
grantes livres vindos da Europa.
que o exposto no livro diz res-
Fazenda Guatapará – terreiro com peito à realidade de São Paulo
café, sem informação de autoria. e Rio de Janeiro, e que, nas
Cartão-postal, c. 1900-1930.
regiões de atividades econômi-
cas menos lucrativas, a economia

DEA / BIBLIOTECA AMBROSIANA/GETTY IMAGES


permaneceu agrária e houve
aproveitamento da mão de obra
dos escravizados libertos.
Atividade
1. Essa é uma questão que será
abordada mais adiante, por-
tanto o objetivo principal aqui
é realmente levar o estudante
Imigrantes trabalham na colheita do café em uma fazenda no Vale do Paraíba, 1911. a refletir e levantar hipótese
sobre essa situação. Se possí-
FICA A DICA vel, peça que discutam essa
• A imigração no estado de São Paulo (1880-1920), exposição virtual do Arquivo Público questão em dupla, durante
do Estado de São Paulo. Disponível em: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/exposicao_ 5 minutos. Depois peça que
imigracao/. Acesso em: 30 jun. 2022. cada um anote suas hipóte-
A exposição virtual preparada pelo Núcleo de Ação Educativa do Arquivo Público do Estado ses nos cadernos para serem
de São Paulo apresenta um conjunto de fotografias e documentos que revelam aspectos da confrontadas posteriormente.
imigração europeia no Brasil na passagem do século XIX para o XX.

1. Formule uma hipótese para explicar a razão pela qual o governo e a elite brasileira
preferiram financiar a imigração europeia a contratar libertos que já conheciam o
trabalho nas propriedades produtoras de café.
Consulte resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas.
219
ricos recorreram à imigração.
A maioria acabou optando por
mecanismo do tráfico, seres aniquilados pe-
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 219 [...] 10/08/22 19:29 “‘contratados’ por um ano, por
la compulsão violenta da escravidão, para [...] os estudos empíricos a este respeito ‘camaradas’ pagos por mês,
os quais só resta a fuga ou a morte) para o incidiram quase sempre sobre São Paulo, ou, mais ainda, por ‘jornalei-
universo do trabalho livre, assalariado (no acarretando que a assim entendida “expe- ros’, pagos por dia”.
qual, finalmente, poderíamos encontrar su- riência paulista das fazendas de café” se LARA, Silvia Hunold. Escravidão,
jeitos históricos). Em sua modalidade mais configurasse como um paradigma expli- cidadania e história do trabalho
radical, a historiografia da transição postu- cativo de todo o processo, em todo o Brasil. no Brasil. Revista Projeto História,
la a tese da “substituição” do escravo pelo Vários estudos regionais já demonstram cla- São Paulo, v. 16, p. 25-38, jan./
jun. 1998. p. 26-29. Disponível em:
trabalho livre; com o negro escravo desa- ramente como, em outras regiões, a questão https://revistas.pucsp.br/index.
parecendo da história, sendo substituído se colocava de modo diverso, [...]. No Espí- php/revph/article/view/11185/8196.
pelo imigrante europeu. [...] rito Santo, somente os fazendeiros mais Acesso em: 10 ago. 2022.
219

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A BNCC NESTA DUPLA
1. Que os colonos eram obrigados a trabalhar mesmo adoentados, que havia violência física contra colonos que
• CECH 2, 3, 4, 6 e 7: abordadas à medi- questionassem os fazendeiros e que muitas dessas queixas poderiam culminar em multas ou até prisão.
da que os estudantes são motivados a
A vida dos colonos
refletir sobre as condições de trabalho
dos imigrantes nas fazendas de café e Em 1846, o senador Nicolau de Campos Vergueiro (1778-1859) montou uma companhia com
a analisar documento histórico produ- o objetivo de trazer colonos europeus para trabalharem no sistema de parceria em suas fazendas
zido no período imperial. de café, no interior de São Paulo. Por esse sistema, todas as despesas ficariam, inicialmente, por
• CEH 1, 2, 4 e 6: trabalhadas fazen- conta da companhia, a título de adiantamento. Posteriormente, à medida que o café fosse vendido
do com que a turma identifique a e gerasse lucro, esse adiantamento seria descontado do pagamento dos colonos.
desigualdade social como uma ca- Na prática, os ganhos não superavam os gastos, e a realidade de trabalho era bem diferente
racterística política e econômica da da prometida.
sociedade imperial e compreenda seus Leia o texto a seguir e responda ao que se pede.
efeitos para os diferentes grupos e in-
divíduos ao longo do tempo. O Dr. Heusser informou-nos em seu relatório que certas
• Habilidade EF08HI20: enfocada com senhoras quase extenuadas pela malária foram forçadas ao Extenuado: cansado,
os estudantes ao promover uma exausto.
trabalho sob ameaças; que certo fazendeiro, tendo adquirido
Malária: doença
reflexão sobre as relações entre o es- a propriedade de um sitiante juntamente com os colonos infecciosa que causa
cravismo, o abolicionismo, a política deste último, foi ao ponto de espancar tais colonos por se diarreia, febre,
migratória e o trabalho assalariado a terem recusado a subscrever um contrato proposto pelo calafrios, entre
partir do período imperial. mesmo fazendeiro, que eles não desejavam como patrão.
outros sintomas.
Caso não seja tratada
Recusa que, aliás, de nada serviu… Desse tratamento para corretamente, pode
PROCEDIMENTOS os castigos corporais a que estão sujeitos os negros só há levar à morte.
um passo. E as prisões, as multas em dinheiro que podem
DIDÁTICOS ir de 1$000 a 100$000 por delitos tais como hospedagem a estranhos, saídas da
A abordagem do item A vida fazenda sem licença prévia, protestos por irregularidades na pesagem ou medidas
dos colonos pode ser com- dos gêneros, queixas aos magistrados, e essas penas impostas não pelas autoridades
plementada com informações competentes, mas pelos senhores fazendeiros ou diretores, que não as revogam
senão em circunstâncias especiais?
do Texto complementar na
página 221, que discute o papel DAVATZ, Thomas. Memórias de um colono no Brasil. São Paulo: Martins Fontes, 1972. p. 87.
2. Hospedar estranhos, sair da fazenda sem autorização, insatisfação na pesagem ou nas
do senador Nicolau Vergueiro medidas dos gêneros e queixas aos magistrados.
no momento da transição 1. Que denúncias Thomas Davatz faz no trecho selecionado?
para a mão de obra livre no 2. Segundo Thomas Davatz, quais delitos eram cometidos pelos colonos?
Brasil. A fazenda Ibicaba, em
Cordeirópolis, estado de São 3. Com base nesse relato, pode-se dizer que os colonos estavam sujeitos às vontades dos
proprietários da fazenda? Por quê?
Paulo, ficou conhecida pelos
relatos de maus-tratos contra 3. Sim, pois os

ENIO PRADO
colonos sofriam Fazenda Ibicaba, em
trabalhadores imigrantes e as penas impostas Cordeirópolis (SP), 2021.
péssimas condições de trabalho. não pelas
Aproveite a história de autoridades
competentes,
Thomas Davatz e pergunte aos mas pelos
estudantes se eles já viram ou fazendeiros ou
leram relatos de trabalhadores diretores da
companhia.
que são proibidos de sair de
fazendas, residências ou fábricas
nos dias de hoje. Deixe que eles
exponham o conhecimento que 220
possuem pois esse é um assunto
que está sempre na mídia. Ao
final, explique que trabalhos for-
a trabalhar sem nada receber, sofrendo
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24-AV2.indd 220 diver- ser apresentado à turma num podcast ou em 14/08/22 14:53
çados, infelizmente, continuam
sos tipos de violência e maus-tratos. Muitas um relato escrito.
sendo comuns no Brasil e outros
mulheres e adolescentes inclusive são obriga-
lugares do mundo. Diversos
são os casos de pessoas que das a se prostituir ou traficar drogas.
vão para esses locais com pro- Pensando nessas questões, um trabalho
messas de salário, emprego, significativo de sensibilização é orientar os
boas condições de vida e até estudantes a produzir uma pesquisa sobre
mesmo de relações amorosas uma pessoa que passou por essa situação de
e, ao chegarem, têm documen- trabalho análogo à escravidão: recuperar, o
tos apreendidos e são obrigadas nome, a história, a família. O resultado pode
220

D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-C08-MPU-G24.indd 220 30/08/2022 16:57


Atividade
1. A atividade possibilita desen-
volver uma reflexão voltada à
AS PRIMEIRAS FERROVIAS educação para o trânsito
Voltemos à imagem condutora da página 211. (Tema Contemporâneio
O artista representou na litografia um trem que se desloca sobre a ferrovia. Esse detalhe Transversal Cidadania
está diretamente ligado à produção de café no Brasil, pois o trem foi introduzido no país com o e Civismo), explorando a
objetivo de escoar a produção de grãos do interior para o litoral. importância do sistema de trens
Com a interiorização das lavouras de café, as fazendas ficaram muito distantes do Porto de para a mobilidade no mundo
Santos, de onde o produto era exportado. Por isso, fazendeiros e políticos começaram a investir
contemporâneo. É possível
na construção de ferrovias.
que os estudantes já tenham
A primeira estrada de ferro foi construída em 1854. A

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE


JANEIRO
IC utilizado trens metropolitanos,
Estrada de Ferro Petrópolis ficava no Rio de Janeiro e ligava
a Baía de Guanabara ao sopé da Serra de Petrópolis. Em caso existam na comunidade em
1867, foi inaugurada a São Paulo Railway, mais conhecida que vivem, pois trens de longa
como Santos-Jundiaí, em São Paulo. Alguns anos depois, distância não são comuns no
em 1872, começou a funcionar a Jundiaí-Campinas. Essas Brasil. Como pontos positivos,
duas ferrovias ligavam as terras produtoras de café, no os estudantes podem apontar a
Oeste Paulista, ao Porto de Santos. velocidade de deslocamento, o
No final do Império, havia cerca de 10 mil quilômetros fato de o trem ser um transporte
de estradas de ferro em todo o país. Atualmente, a malha barato para os usuários e ser
ferroviária é de somente 30 mil quilômetros. menos poluente que outros
meios de transporte terrestres.
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Sopé: base de uma


serra ou de uma
Como ponto negativo, a curta
montanha. extensão da malha ferroviária
brasileira pode ser mencionada.

Texto complementar
Ibicaba revisitada
A utilização da mão de obra
livre na fazenda Ibicaba se ini-
ciou alguns anos antes de 1847
[...]. No início da década de 1840,
Nicolau Vergueiro, Senador do
Império, [...] preocupava-se com
o recrudescimento da pressão
Na imagem, a estrada da Inglaterra pela suspensão
de ferro simboliza a do tráfico de escravos para o
modernidade. Detalhe Brasil, que poderia trazer pre-
da litografia Honra e juízos para a lavoura brasileira
glória ao ministério de como um todo e, em especial,
7 de março, de 1871.
para suas próprias possessões.
Em 1841, [...] financiou a via-
1. Você já utilizou o trem como meio de transporte? Em seu entendimento, quais são as gem de 90 colonos portugueses
vantagens e desvantagens do trem em comparação a outros meios de transporte? da região do Minho, em Por-
Respostas pessoais. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas. tugal, para trabalharem sob o
221 regime de parceria, no qual o
senador distribuía certa quanti-
dade de cafezais a cada uma das
famílias que, após amanharem
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 221 PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS questão de dedução, eles deverão fazer10/08/22
referên-
19:29
e colherem os frutos, recebiam
cia ao transporte de cavalos, mulas e carroças. 50% dos lucros líquidos da ven-
Pergunte aos estudantes se eles já andaram
de transporte ferroviário e qual a lembrança que Explique aos estudantes que com a Revolução da dos grãos no mercado. [...]
industrial houve o desenvolvimento do transporte MENDES, Felipe Landim Ribeiro.
possuem do evento. Essa é uma experiência que Ibicaba revisitada outra vez: espa-
costuma ser muito marcante para crianças e ado- a vapor (capítulo 2) e que somente na Inglaterra, ço, escravidão e trabalho livre no
lescentes quando não é comum em seu cotidiano. em meados do século XIX, já existia cerca de Oeste Paulista. Anais do Museu
Paulista, São Paulo, v. 25, n. 1, p.
Peça que retomem o mapa da página 218 e 10 mil quilômetros quadrados de estradas de 301-357, jan./abr. 2017. p. 337. Dis-
observem as regiões produtoras de café ao longo ferro. Assim, também aqui começou a ocorrer ponível em: http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttex
dos anos. Pergunte a eles: como vocês imaginam um movimento para que as estradas de ferro t&pid=S0101-47142017000100301.
que eram transportados esses produtos? Por uma fossem implantadas para escoar o café. Acesso em: 10 ago. 2022.
221

D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-C08-MPU-G24.indd 221 30/08/2022 16:57


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 5: abordadas à medida
que os estudantes são motivados a
analisar os reflexos do modelo euro- A EUROPA COMO MODELO
peu de sociedade no Brasil Império; a Em meados do século XIX, muitas pessoas consideravam a Europa o modelo de “civilização”
identificar as ações do governo que e acreditavam que as outras regiões do mundo deveriam seguir seu exemplo. Os países que não
conduziram à transformação da ca- se orientavam por essa proposta eram considerados “atrasados”.
pital do império; a reconhecer a O governo brasileiro tinha grande preocupação em modificar a imagem de “atraso” associada
simultaneidade histórica presente no ao Brasil na Europa. Na época, por exemplo, as condições sanitárias e urbanísticas das cidades
estudo do Cemitério dos Pretos Novos.
brasileiras eram péssimas. Isso facilitava a transmissão de doenças, e as epidemias eram frequentes.
• CEH 1 e 6: trabalhadas fazendo com Esse tipo de cidade não se assemelhava ao padrão europeu de modernidade.
que a turma analise as contradições
entre o modelo europeu de moder-

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


nidade e a realidade urbanística e
sanitária das cidades brasileiras no
século XIX e reflita, pelo estudo da
seção Raio X, sobre a importância
da descoberta do cemitério e seu
significado para a compreensão do
tratamento que o governo destinava
aos escravizados mortos.
• Habilidades EF08HI15, EF08HI19,
EF08HI22: enfocadas quando os es-
tudantes identificam os atores sociais
envolvidos no ideário do modelo eu-
ropeu de sociedade, reconhecendo o
papel da imprensa no processo de for-
mação da opinião pública; e formulam
questionamentos sobre o legado da es-
cravidão com base em fonte histórica.

PROCEDIMENTOS Charge de autoria desconhecida, publicada


Trata-se de uma representação da febre amarela,
na revista Semana Ilustrada, em 1873.
DIDÁTICOS doença epidêmica no Brasil no ano da publicação.
Na imagem, uma caveira (que representa a morte)
O conceito de modernidade guia a carruagem. Junto ao cocheiro, uma figura
Durante o Segundo Reinado, o governo
europeia foi introduzido no pro- humana segura uma foice com os dizeres “febre
patrocinou diversas reformas com a intenção
cesso de expansão colonial do amarela”. Seguindo a carruagem, há diversas
de remodelar a capital do Império, isto é, o pessoas que compõem um cortejo fúnebre.
século XVI e se acentuou no XIX. município do Rio de Janeiro, tornando-a mais
Desde então, o Ocidente, sob limpa e habitável. Essas reformas incluíram a iluminação a gás nas ruas e a construção de um
influência das nações europeias, sistema de bondes puxados por burros; o calçamento das áreas mais importantes da cidade; a
pautou ideias de desenvolvi- construção de esgotos; a criação de serviços de limpeza pública; a abertura de novos bairros, e
mento e de costumes seguindo novas ruas e avenidas.
concepções dessas nações. O Um dos locais que passaram por reforma foi o chamado Cais do Valongo. Era uma área
portuária afastada da região central da cidade, onde desembarcavam os africanos que seriam
fato inviabilizou que tomássemos
vendidos como escravizados. Em 1843, esse cais passou por uma reforma urbanística, foi ampliado
contato com outros modelos de
e ornamentado para receber a imperatriz Teresa Cristina, esposa do imperador.
modernidade, como o oriental,
constituindo assim o chamado 222
eurocentrismo. Apenas recen-
temente, no fim do século XX,
essa construção vem sendo Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 222 preservação dos patrimônios históricos, sugira à 10/08/22 19:29

questionada pelos países afri- turma uma atividade sobre o Cais do Valongo.
canos e latino-americanos. A Pesquisar sobre o Cais do Os estudantes deverão buscar informações
discussão dessas questões na Valongo sobre a função do cais nos períodos colonial
esfera didática deve possibilitar Escondido sob construções urbanas mais e imperial. Em seguida, identificar em que
compreender procedimentos recentes, o Cais do Valongo, importante momento o cais se tornou desnecessário e
norteadores da produção his- espaço da memória da escravidão no Brasil, acabou desaparecendo. Depois, identificar
toriográfica e como eles se foi redescoberto em 2011 durante escava- o processo que resultou no redescobrimento
relacionam com as mentalida- ções para a reforma da zona portuária. A fim desse local e na sua reinterpretação como
des e a cultura vigentes. de aprofundar a compreensão da necessária espaço de memória.
222

D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-C08-MPU-G24.indd 222 30/08/2022 16:57


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Raio X
R AIO X Entre outros aspectos, a seção
possibilita compreender que o
O CEMITÉRIO DOS PRETOS NOVOS conhecimento histórico está
em constante mudança, pois

ALE SILVA/FUTURA PRESS


novas fontes, métodos ou pers-
pectivas surgem e enriquecem
as formas de compreender e
fazer história. Da mesma forma,
o tema dos sítios arqueoló-
gicos permite apreender a
importância do diálogo entre
as ciências, em especial com as
Ciências Humanas.
Pergunte aos estudantes: se
um sítio arqueológico fosse des-
coberto em seu município, quais
procedimentos acreditam que
seriam necessários?
O objetivo da questão é criar
uma consciência de preserva-
Museu Memorial dos Pretos Novos, Rio de Janeiro (RJ), 2014. Por meio das aberturas no
ção, assim como refletir sobre as
chão, protegidas com vidro, é possível verificar as ossadas de alguns africanos escravizados
enterrados nesse local. etapas que devem ser pensadas
para novos sítios arqueológicos
Que sítio arqueológico é esse?
Trata-se do Cemitério dos Pretos Novos, localizado na região da Gamboa, no município do com o intuito de salvaguardar o
Rio de Janeiro, perto do antigo Cais do Valongo. Descoberto acidentalmente em 1996, durante a patrimônio. Assim, entre outros
reforma de um imóvel, o local tornou-se área de pesquisa de historiadores, arqueólogos e outros elementos, espera-se que listem
estudiosos de diferentes campos do conhecimento. a necessidade de: proteção
O que os documentos da época nos dizem a respeito desse sítio arqueológico? física do local para impedir que
O cemitério começou a funcionar em 1772, e recebia os corpos dos africanos escravizados pessoas transitem; estudo de
mortos após desembarcarem dos navios negreiros, no Cais do Valongo. Muitos africanos morriam profissionais de diversas áreas;
na viagem por causa dos maus-tratos durante a travessia pelo Atlântico. O cemitério foi fechado
controle de algum orgão qualifi-
em 1830 (época em que Brasil e Inglaterra firmaram acordos pelo fim do tráfico de africanos),
após muitas reclamações dos moradores que, ao longo do tempo, passaram a povoar a região.
cado e somente posteriormente
O que as evidências arqueológicas nos revelam? ser aberto ao público.
As pesquisas mostram que os africanos eram sepultados a apenas um palmo de profundi-
dade, sem qualquer ritual religioso. Nos últimos anos de existência do cemitério, ocorreram mais
de mil enterros por ano. A maior parte dessas pessoas era jovem, do sexo masculino. Com base na
observação dos dentes, os pesquisadores descobriram que a maioria teria vindo da costa africana AMPLIAR HORIZONTES
do oceano Índico, principalmente da região de Moçambique.
• BETIM, Felipe. Cais do Valon-
223 go, patrimônio mundial no
Rio para não esquecer o hor-
ror da escravidão. El País, São
Paulo, 9 jul. 2017. Disponível
Incentive-os também a observar por que o
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 223 argumentos, essenciais na construção do19:29
10/08/22
em: https://brasil.elpais.com/
Cais do Valongo é interpretado como patrimô- conhecimento histórico pedagógico. Ao fim, brasil/2017/07/09/politica/
nio histórico nacional (ver indicação da seção promova uma roda de conversa para que a 1499625756_209845.html.
Ampliar horizontes desta página). É interes- turma apresente as considerações sobre suas Acesso em: 10 ago. 2022.
sante que retomem as discussões prévias sobre pesquisas. Busque também trabalhar o reco- Reportagem que trata da aqui-
o conceito de patrimônio e discutam sua apli- nhecimento do patrimônio histórico como sição do título de patrimônio
cação nesse estudo de caso. elemento fundamental à história nacional. mundial pelo Cais do Valongo e
lança luz sobre a importância do
A atividade possibilita que os estudan-
reconhecimento e da preservação
tes construam manejos de investigação, desse complexo arqueológico.
questionamento e desenvolvimento de
223

D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-C08-MPU-G24.indd 223 30/08/2022 16:57


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 5 e 6: abordadas à medida
que os estudantes analisam o concei-
to de moradia, o compreendem como
As desigualdades se acentuam
um direito social da população e dis- O governo imperial pretendeu apresentar, nacional e internacionalmente, o Rio de Janeiro
cutem/argumentam sobre a privação como uma vitrine do progresso, havendo algumas melhorias em outras províncias. Porém, tanto
desse direito em determinadas cama- nas cidades quanto na área rural foram poucas as mudanças.
das sociais no presente e no passado. Além disso, essa modernização não favorecia por igual a população da
cidade. Enquanto os bairros mais ricos eram beneficiados com as reformas, Insalubre: que não é
• CEH 1, 2, 5 e 6: trabalhadas fazendo saudável, que faz mal
com que a turma compreenda as es- as zonas mais pobres tornavam-se cada vez mais precárias e insalubres. à saúde.
truturas sociais e de poder interligadas Os moradores eram obrigados a viver em cortiços superlotados, que não Cortiço: habitação
à permanência até hoje das desigual- dispunham de esgoto. Por isso, a cidade era constantemente assolada por coletiva na qual vivem
dades sociais, identifique os grupos doenças, como a febre amarela, a cólera e a varíola. diversas famílias
pobres, com um único
sociais mais afetados e, ao se aprofun- No Rio de Janeiro, os cortiços multiplicavam-se principalmente na banheiro e uma só
dar na discussão do tema, se sensibilize região central da cidade. Um dos maiores era conhecido pelo nome de cozinha para todos.
com as condições dessas populações. Cabeça de Porco. Era formado por uma grande quantidade de sobrados
• Habilidades EF08HI19 e EF08HI20: e casas térreas, todas em estado de superlotação. Durante muitos anos, o governo imperial tentou
enfocadas quando os estudantes demolir essas residências, mas isso só aconteceu em 1893, no início do período republicano.
associam as atuais estruturas e desi-
gualdades sociais à herança recebida FICA A DICA
do período da escravidão e discutem
• O cortiço: em quadrinhos, roteiro de Ivan Jaf e ilustrações de Rodrigo Rosa. São Paulo:
o papel do Estado e da sociedade em
Ática, 2009.
criar ações, no presente, que ajudem
a combater desigualdades historica- Adaptação em HQ da obra clássica de Aluísio Azevedo (1857-1913), o livro ilustra as condições
mente acumuladas. de vida de imigrantes, escravizados e ex-cativos do Rio de Janeiro no final do século XIX, período
marcado pela Abolição da Escravatura e pela Proclamação da República.

PROCEDIMENTOS Cortiço no município do Rio


de Janeiro (RJ), c. 1900.
DIDÁTICOS
Reforce que a falta de moradia
adequada, de condições de sane-
amento básico e de higiene nos
centros urbanos não são ques-
tões sociais novas. Pelo contrário,
essas carências afetam milhões de
brasileiros há séculos. O problema
se arrasta sem solução e sem a
implantação de políticas que pos-
sibilitem prover o mínimo para
boa parte da população brasileira.
Conforme a região da escola,
esse é um tema que deve
ser abordado com cuidado e
ACERVO ICONOGRAPHIA
empatia, pois muitos estudan-
tes podem viver em moradias
inseguras, sem higiene básica 224
e sem alimentação adequada.
Caso identifique algum estudante
em situação de necessidade, sugestões para quando a realidade
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 224 domici- opções alternativas. Agendar o horário das aulas 10/08/22 19:29

você pode montar uma equipe liar do estudante for difícil: “Embora muitos para o que normalmente distribuímos como dever
de apoio eficaz, composta de de vocês possam achar que o dever de casa é de casa dá aos nossos estudantes sem casa um
Assistente Social e Conselheiros essencial, peço que cada um de nós faça uma espaço tranquilo e focado para completar as
Tutelares, para essa criança ou investigação superficial sobre a vida de nossos tarefas. Também criaria oportunidades iguais
adolescente. estudantes. Muitos estudantes levam uma vida entre estudantes de todas as origens” (reporta-
O professor de Ciências Philip que é contraproducente para concluir trabalhos de gem disponível em: https://jornaldebrasilia.com.br/
Ferreira, de uma escola pública de casa de qualidade em seu tempo pessoal. Se as blogs-e-colunas/educar-acao/enfrentando-a-ver
Ceilândia (Região Administrativa tarefas são algo sem o qual sua sala de aula real- dade-sobre-a-falta-de-moradia-de-estudantes/;
do Distrito Federal), dá outras mente não pode funcionar, devemos considerar acesso em: 10 ago. 2022).
224

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O direito à moradia O item O direito à moradia
Segundo a Constituição Federal de 1988, entre as garantias fundamentais de todo cidadão possibilita a reflexão coletiva sobre
está o direito à moradia. Isso significa que é responsabilidade do Estado garantir, por meio de leis a realidade de moradia brasileira na
e ações concretas, condições para que todos tenham uma habitação digna. Mas essa garantia atualidade, chamando a atenção
constitucional nem sempre é cumprida, e o problema da moradia constitui aquilo que chamamos para situações de exclusão que
de permanência histórica. podem ser vivenciadas por muitos
Assim como no período do Império, hoje também existem muitos brasileiros sem ter onde estudantes. Mais uma vez, é preciso
morar ou morando em lugares inapropriados. A Fundação João Pinheiro, órgão público especia- acolhimento e cuidado durante a
lizado nessa questão, aponta que, em 2021, o déficit habitacional do país era de cerca de 6,102
abordagem em sala de aula. Não
milhões de moradias. Além disso, há uma parcela significativa da população vivendo nas ruas de
permita a manifestação de brin-
cidades brasileiras.
De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de 221 mil
cadeiras, piadas ou comentários
pessoas viviam nessas circunstâncias em 2020. Entre 2012 e 2020, a população em situação de jocosos. Sugere-se, porém, valo-
rua aumentou 140%, segundo a instituição. rizar a opinião e a contribuição
da turma.

NETO TALMELI/FUTURA PRESS


Cabe ao professor auxiliar na
interpretação das informações,
possibilitando que se atentem para
aspectos da vida urbana, como o
acesso à moradia e aos serviços.
Se considerar válido, comple-
mente informando que, segundo
o IBGE, o Brasil soma 31 milhões
de pessoas que vivem sem água
encanada e há 3,5 milhões de resi-
dências sem banheiro (IBGE, 2017).
Atividade
1. A atividade possibilita desenvol-
ver a percepção dos estudantes
sobre as diversas realidades
vividas pela população de seu
município. De forma geral,
espera-se que eles se atentem
Casas construídas em programa de política pública para habitação em Uberaba (MG), 2021. para o fato de a moradia digna
constituir um direito humano e
1. Com a supervisão do professor, pesquise informações sobre a população em situação universal, garantido por lei, e
de rua no Brasil e, especialmente, na comunidade em que você vive. Após o estudo que o acesso a ela determina
sobre o tema, proponha ações que podem ser tomadas pelas autoridades e pela uma série de possibilidades para
sociedade para combater esse problema social e assegurar moradias dignas a todos
o desenvolvimento humano.
os brasileiros. Compartilhe suas conclusões com os colegas.
Produção pessoal. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
225

PROPOSTA DE AVALIAÇÃO
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 225 Indique que busquem na internet dados
10/08/22 19:29 atingidos. Espera-se que eles
O objetivo desta avaliação é desenvol- sobre o acesso à moradia digna no municí- compreendam que a moradia
ver a percepção dos estudantes sobre as pio onde moram. Solicite aos estudantes que digna é um direito humano uni-
diversas realidades vividas pela população também conversem com familiares, questio- versal, garantido por lei.
do município onde vivem. Proponha a rea- nando: como estão os serviços de água, luz,
lização de uma pesquisa sobre o acesso à asfalto etc. no bairro? Há investimentos da
moradia no local em que vivem, lembrando prefeitura nessas áreas? Os grupos devem par-
que esse pode ser um ponto sensível para tilhar as informações com a turma. Ao final,
muitos estudantes. Peça à turma que se avalie se houve cooperação entre os estu-
organize em grupos. dantes e se os objetivos da atividade foram
225

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 5, 6 e 7: abordadas à
medida que os estudantes analisam
documentos iconográficos e textos co-
A Lei do Ventre Livre
mo meios para interpretar os impactos Voltemos à litografia em análise neste capítulo. Um

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO


DE JANEIRO
IC
do ideário civilizatório nas ações do dos principais destaques é a imagem de uma mulher
governo brasileiro no período imperial branca, ao centro, rodeada por mulheres negras e crian-
e identifiquem quanto desse ideário se ças. Uma dessas mulheres levanta um bebê em direção à
mostra presente até os dias de hoje na mulher branca, em aparente gesto de gratidão. Sobre a
sociedade brasileira, por meio do ra- cabeça da mulher branca está escrita a palavra “libertas”
cismo estrutural. (liberdade, em latim).
• CEH 1, 2, 3, 5 e 6: enfocadas quan-

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


do os estudantes se aprofundam na
interpretação de documentos e rela-
cionam as políticas do então governo
imperial e as ações das camadas do-
minantes com a manutenção da ideia
de inferiorização dos negros e, portan-
to, de necessidade de branqueamento
da população brasileira.
• Habilidades EF08HI19, EF08HI20 e
EF08HI27: enfocadas ao possibilitar
questionamentos sobre o impacto ne-
gativo dos discursos civilizatórios para
as populações negras no passado e Alegoria que simboliza a
suas fortes reverberações nas estru- Lei do Ventre Livre. Ao lado,
mulheres escravizadas
turas sociais e na mentalidade da
e seus filhos. Detalhe da
sociedade brasileira atual. imagem Honra e glória ao
ministério de 7 de março,
de 1871.
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS A mulher branca representa a Lei do Ventre Livre, aprovada em
Abolição: extinção,
1871. Essa lei, que motivou a elaboração da litografia, marcou o início do
Ao analisar o item A Lei do anulação, fim.
processo de Abolição da Escravatura no Brasil. Na época, além do Brasil,
Ventre Livre, retome a imagem apenas Cuba e Porto Rico ainda mantinham a escravidão na América.
condutora. Ressalte que o artista Essa situação não condizia com a intenção do governo brasileiro de mostrar o Brasil ao mundo
deixou de lado as lutas aboli- como um “país civilizado”. Pelo contrário: a manutenção da escravidão só ajudava a reforçar a
cionistas e a resistência dos imagem negativa do Brasil no exterior.
escravizados, representando Nesse sentido, membros do governo brasileiro utilizaram a Lei do Ventre Livre para mostrar
em sua gravura a perspectiva ao mundo que o país caminhava “rumo à civilização”. Toda a representação contida na gravura
política desejada pelas forças era uma forma de exaltar o governo brasileiro. O objeto dessa exaltação era não só D. Pedro II
mas também todo o gabinete conservador que aprovou a lei.
dominantes. Indique que isso não
Vale ressaltar, no entanto, que o artista deixou de lado na representação as principais
inviabiliza o uso dessa imagem,
forças que obrigaram o governo a aprovar a Lei do Ventre Livre: a pressão internacional –
lembrando que a análise desse liderada pela Inglaterra – para que a escravidão chegasse ao fim no Brasil, a ação de grupos
tipo de fonte, mostrando o que abolicionistas dentro do país e a resistência dos trabalhadores escravizados, que organizavam
não está dito ou representado, é fugas e motins.
tão importante como o que está
abordado. São aspectos que nos 226
permitem conhecer os valores e
crenças do artista e mesmo de
parte da sociedade. para o impasse foi conciliar a226permanência da
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd
AMPLIAR HORIZONTES 10/08/22 19:29

Comente com os estudantes escravidão com a criação de leis que deveriam


amortizar os ânimos, como a Lei do Ventre • CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma
que o imperador sofria com pres-
Livre e a Lei Saraiva e Cotegipe, conhecida história das últimas décadas da escravidão na
sões de diferentes lados. Políticos
como Lei do Sexagenário. Ao mesmo tempo, corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
escravagistas e outros ligados
muitos negros escravizados recorriam na justiça O historiador aborda na obra os anos finais da
à causa negra, bem como a
ao apoio a D. Pedro II, sendo por vezes aten- escravidão e os primeiros anos pós-Abolição da
própria população escravizada, Escravatura.
pressionavam por uma definição didos, como indica a literatura.
legal para a escravidão. A saída

226

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ideias que já vigoravam na Europa,
que associavam os negros a seres
inferiores, uma parte da elite bra-
TEORIAS RACISTAS sileira passa a defender a vinda de
Diante da possibilidade do fim da escravidão, alguns fazendeiros começaram a pensar em imigrantes brancos para o Brasil. A
trazer trabalhadores da Europa para cultivar suas terras. Essa ideia era incentivada por teorias ideia em vigor era “embranque-
raciais vigentes na época, segundo as quais negros e mestiços seriam “inferiores” aos europeus. cer” o país.
De acordo com esse raciocínio, os trabalhadores brasileiros negros ou mestiços eram vistos Ressalte que a existência dessas
como seres incultos, incapazes, preguiçosos, além de terem uma moral inferior à disseminada na teorias teve consequências graves
Europa. Para conseguir mão de obra qualificada, os fazendeiros acreditavam que seria necessário na sociedade brasileira, principal-
trazer para o Brasil trabalhadores brancos europeus. mente para a população indígena
Esse projeto de importação de mão de obra não tinha apenas o objetivo de garantir o e negra resultando no chamado
fornecimento de trabalhadores para as fazendas brasileiras. Ele pretendia, também, promover racismo estrutural. O racismo faz
o branqueamento da população do país. Na época, a grande maioria das pessoas que aqui parte da lógica de funcionamento
viviam era negra ou mestiça. O governo brasileiro acreditava que, com a chegada de imigrantes
das instituições, das relações sociais
brancos, em algumas gerações a população brasileira seria de maioria branca.
e da estrutura de nossa sociedade.
A teoria da inferioridade de negros e mestiços foi rejeitada ao longo do século XX, uma
A sociedade brasileira se ergueu
vez que – como comprovado cientificamente – não existem grupos humanos “superiores” ou
“inferiores”, pois todos os seres apoiada em mecanismos que

MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO-RJ


humanos pertencem à mesma regulam as desigualdades, que
espécie, diferenciando-se predo- sustentam elites brancas do poder,
minantemente por seus hábitos excluindo a população negra do
culturais. Entretanto, no século XIX, acesso a direitos democráticos,
essas teorias raciais encontraram como salários dignos, cargos geren-
grande repercussão e contribuíram ciais, representatividade política etc.
para as ações governamentais feitas Um ponto importante são as
com o objetivo de trazer imigrantes políticas de cotas, a criação de con-
europeus para o Brasil. dições para que o negro tenha
acesso a oportunidades que não
teve ao longo dos séculos.

Na imagem, uma senhora negra parece Atividade


agradecer aos céus o nascimento de 1. Reflita com os estudantes se
um neto com pele mais clara que a
dela e a da filha. O tema da tela foi
atualmente ainda existe a ideia
utilizado por defensores de ideias de de que um povo ou continente
superioridade das raças para reafirmar possui valores e costumes
a tese de branqueamento (e suposto superiores a outros povos. É
melhoramento) da população por meio
da mestiçagem. um momento oportuno para
Redenção de Cã, Modesto Brocos. Óleo sobre tela, 1895.
retomar discussões sobre o
voluntarismo e eurocentrismo,
desenvolvidas ao longo da
1. As teorias raciais do século XIX são um exemplo do uso da ciência para a defesa de
ideias preconceituosas. E atualmente, há casos em que a ciência é usada para justificar
unidade 3. Oriente-os a per-
ações por questões ideológicas, como foi feito pelo Estado brasileiro na defesa do ceber se isso ainda se mantém
branqueamento da população? Justifique sua resposta. em consequência da construção
Consulte resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas. histórica desse sentimento de
227 superioridade. Embora rebatida
cientificamente, essa concepção
é ainda reproduzida.
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 227 Posteriormente pergunte a eles: quem10/08/22
fez tudo
19:29

O conteúdo dessa página permite trabalhar a isso? Sabemos que, de modo geral, foram os indí-
desconstrução de racismos e preconceitos arraiga- genas e negros os principais responsáveis por
dos e, muitas vezes, “imperceptíveis” no cotidiano. essas tarefas. Pergunte: por que, após trabalha-
Leve os estudantes a recuperar temas estu- rem 400 anos, os negros passaram a ser vistos
dados em relação ao trabalho, como corte e como incapazes e incultos? Leve-os a refletir sobre
transporte de pau-brasil; construção de vilas de essa questão, pois ela está no centro do racismo
cidades; plantação de cana e produção do açúcar; implantado em nosso país.
criação de gado; construção de igrejas, palácios; Explique que a verdadeira razão foi o preconceito
mineração etc. e o racismo de parte da população. Amparados em
227

D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-C08-MPU-G24-AV1.indd 227 01/09/22 16:56


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 5 e 6: abordadas à medi-
da que os estudantes são motivados a
analisar o contexto histórico trabalha- IMIGRANTES EUROPEUS CHEGAM EM MASSA
do e as diferentes influências culturais Em 1847, antes mesmo do fim do tráfico negreiro, o senador Nicolau de Campos Vergueiro
existentes no Brasil no século XIX e (como estudado na página 220), político e fazendeiro paulista, trouxe cerca de mil colonos de
sua relevância na comunidade em que origens germânica e suíça para trabalhar em suas terras, no interior de São Paulo, por meio do
vivem atualmente. sistema de parcerias. Esse sistema baseava-se em um acordo em que os imigrantes deveriam pagar
• CEH 1, 2, 4 e 5: trabalhadas fazendo as despesas da viagem com trabalho nas fazendas brasileiras.
com que a turma identifique a existência Ao chegarem, os imigrantes ficaram

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


de diferentes sujeitos, povos e culturas surpresos com as péssimas condições de IC
no Brasil durante o Segundo Reinado, trabalho nas terras do senador. Foram obri-
ao estudar as imigrações do período. gados a pagar as despesas da viagem da
• Habilidade EF08HI15: enfocada com Europa até o Brasil e a só comprar os pro-
os estudantes fazendo com que iden- dutos de que necessitassem no armazém da
tifiquem os diferentes sujeitos sociais
fazenda. Como os produtos eram vendidos
no Brasil no Segundo Reinado.
a preços muito mais altos na fazenda do
que no mercado, os imigrantes nunca con-
PROCEDIMENTOS seguiam saldar suas dívidas, o que constituía
uma espécie de escravidão por dívidas.
DIDÁTICOS Isso tudo provocou a revolta desses
Em diversos lugares do trabalhadores e prejudicou outros projetos
mundo, está ocorrendo um de imigração para o Brasil. Por isso, apenas
recrudescimento de movimentos a partir da década de 1870, quando o

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antimigração. Portanto, além de governo dava sinais de que a escravidão
trabalhar a migração do ponto chegaria ao fim, políticos e fazendeiros
voltaram a defender o investimento na
de vista histórico, como consta
vinda de imigrantes europeus. Entre 1872
no Livro do Estudante, essa é e 1889, entraram no Brasil cerca de 625 mil
uma oportunidade de reforçar a estrangeiros. Nos anos que se seguiram,
a imigração como um direito esse número aumentou. A maioria vinha
humano. da Itália, de Portugal, da Espanha e da
Motivadas por guerras, per- Alemanha. Mas também vieram de países
seguições, fome, catástrofes como Suíça, Polônia, Ucrânia, entre outros.
naturais etc., as populações A chegada dos imigrantes pode ser
verificada na litografia que analisamos
em diferentes espaços e tempos
como imagem condutora (detalhe ao lado).
recorrem à migração como forma Eles foram representados como homens,
de garantir melhores condições mulheres e crianças com suas ferramentas
de vida e escapar de violências. agrícolas. Logo acima deles foi escrita a
A compreensão desse fenômeno palavra “imigração”.
complexo que é a migração deve
ser debatida no espaço escolar Representação da chegada dos
atentando-se para o exercício imigrantes, de navio, ao Brasil.
Detalhe da imagem Honra e glória ao
da empatia, da cidadania e ministério de 7 de março, de 1871.
da construção de uma socie-
dade democrática e inclusiva. 228
Caso ache viável, é possível
fazer uso de metodologias
ativas para se trabalhar esse deD3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd
uma criança, adulto ou família 228 em qual- No caso dos migrantes, citamos alguns sites de 10/08/22 19:29

tema. Particulamente, a sala de quer época da história. A intensão é perceber pesquisa: https://acervo.museudapessoa.org/
aula invertida pode ser usada que as razões para as migrações costumam pt/buscar/conteudo/colecao/tag/291; https://
para dar vida a algumas das his- ser as mesmas. www.jornaljoca.com.br/12-historias-de-crian
tórias de milhões de pessoas Na aula presencial, você pode, inclusive, cas-refugiadas-e-imigrantes/; https://unesdoc.
que migraram ao longo do dividir a turma de modo que a metade se encar- unesco.org/ark:/48223/pf0000379210_por/
tempo. Nesse sentido, a turma regue de histórias de vida de migrantes e a PDF/379210por.pdf.multi; https://museudaimi
pode ser dividida em grupos ou outra parte sobre histórias de pessoas que gracao.bnweb.org/scripts/bnportal/bnportal.
duplas e cada um fazer uma vivem em situação análoga à escravidão no exe/index#acao=busca&alias=geral&exp[]=
pesquisa sobre a história de vida presente (página 220 do Livro do Estudante). depoimentos&view=vbibltit0;
228

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A herança de muitos povos Re s s alte que, junto às
A imigração não significou apenas mudanças econômicas. Além de contribuir para o desen- dinâmicas populacionais,
volvimento do país, os imigrantes influenciaram a cultura brasileira. transferem-se para novos
Cada grupo tinha a própria cultura, hábitos alimentares, diferentes modos de vida etc. Assim, espaços não somente pessoas
à medida que esses imigrantes se integravam à nova sociedade, contribuíam para modificar hábitos mas também culturas. O resul-
culturais brasileiros com seus idiomas, suas tradições, sua culinária etc. tado disso são centros urbanos
Um exemplo marcante da herança de outro povo é o hábito de dizer “tchau” ao se despedir. cada vez mais multiculturais e
Essa expressão vem da palavra ciao, que os imigrantes italianos trouxeram consigo. pluri-identitários, que revelam
É comum encontrarmos na região Sul locais onde as casas mostram nítida influência da
influências diversas e a colabo-
arquitetura alemã; em outras regiões do país, não faltam em muitas mesas alimentos árabes,
japoneses ou chineses. Várias festas religiosas ou folclóricas de origem estrangeira acontecem
ração cotidiana de grupos de
todos os anos em diversas cidades brasileiras. diferentes origens. Pode-se partir
A herança da imigração se misturou, assim, disso para expor aos estudantes

MARCELO_KRELLING/SHUTTERSTOCK.COM
com hábitos já existentes no Brasil, somando-se a riqueza de ambientes marcados
às culturas indígenas, africanas, europeias e de pela diversidade, onde o exer-
seus descendentes. Nesse processo, formamos cício da tolerância deve ser a
uma cultura rica e variada em nosso país. tônica da convivência.
Atividade
Sushi (peixe cru preparado com arroz e alga) e
sashimi (peixes crus cortados em fatias finas) 1. O tema da migração permite,
são pratos de origem japonesa que se tornaram ainda, observar a realidade
comuns em alguns municípios do Brasil. da turma. Pergunte aos estu-
dantes se o município onde
TIMOLINA/SHUTTERSTOCK.COM

TANYA STOLYAREVSKAYA/SHUTTERSTOCK.COM
residem foi formado por
algum movimento migrató-
rio específico, se conhecem
imigrantes ou, ainda, se a sua
família migrou de outro lugar
para fixar-se nesse município.
No mesmo sentido, solicite à
turma que levante hipóteses
para que esse processo tenha
O hábito de consumir massas, como espaguete, Esfirra é um prato da culinária árabe feito de
fettuccine (o exemplo da fotografia) ou nhoque, massa de farinha de trigo e recheado de carne, ocorrido na região.
foi trazido ao Brasil pelos imigrantes italianos. zátar (mistura de condimentos) ou queijo.

1. A cultura brasileira se formou por meio do encontro de diversos povos com tradições
e costumes próprios. Em trios, respondam: em sua comunidade, vocês identificam
aspectos culturais de origem estrangeira? Se sim, quais? E qual é a importância
de se valorizar esses elementos para a construção de uma sociedade mais justa e
democrática? Consulte comentários nas Orientações didáticas.

229

http://www.museudapessoa.net/pt/conteudo/
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AMPLIAR HORIZONTES 10/08/22 19:29

colecao/a-historia-de-luta-de-imigrantes-italia
nos-117488; acessos em: 11 ago. 2022. • BELINKY, Tatiana. Transplante de menina. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003. (Veredas).
Na aula presencial, oriente os estudantes a A história autobiográfica narra a trajetória de Tatiana, uma menina nascida na Rússia e que
organizar o texto a ser relatado e a ensaiar a migra para o Brasil aos 10 anos. Hábitos, valores culturais e curiosidades sobre a cidade de
apresentação da história de vida. Esse trabalho São Paulo são apresentados no livro.
pode ser reapresentado para toda a escola ou • VARGAS, Simone. Memória e ficção histórica em Transplante de menina, de Tatiana
Belinky. Revista Littera, São Luís, v. 7, n. 12, p. 4-21, 2016.
ser gravado e disponibilizado on-line.
O artigo explora as possibilidades interpretativas da obra em questão. Nele, também são
analisados aspectos do gênero autobiográfico.

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 4 e 6: abordadas à medi-
da que os estudantes compreendem
a ação do Império em relação às po- O IMPÉRIO E OS INDÍGENAS
pulações indígenas e os processos de O governo de D. Pedro II elaborou poucas leis voltadas à proteção aos indígenas, mesmo que
resistência dos indígenas contra a vio- eles continuassem sofrendo ataques e invasões a suas terras. A única lei criada exclusivamente para
lência do Estado ao longo do tempo. essa população foi aprovada em 1845, ainda nos primeiros anos do Segundo Reinado. Conhecida
• CEH 1, 2 e 3: trabalhadas fazendo com como Regulamento das Missões, sustentou a ideia de que os indígenas deveriam ser mantidos
que a turma analise a atuação indígena em aldeamentos e estabeleceu uma estrutura administrativa para essas aldeias.
na sociedade imperial a partir das rea- Pela lei, cada aldeamento indígena deveria ser administrado por um diretor, que contaria
ções contrárias e reivindicatórias contra também com um grupo de funcionários e de missionários para catequização, bem como para
a escravidão e a retirada de direitos. organizar e disciplinar o dia a dia dos nativos. Essa determinação revela que o governo brasileiro
• Habilidades EF08HI21 e EF08HI27: en- pretendia que os indígenas ficassem sob o controle do Estado e permanecessem confinados em
focadas com os estudantes fazendo pequenas extensões de terra. Ou seja, não havia a preocupação com a manutenção de suas
com que identifiquem as políticas ofi- crenças, tradições e práticas socioculturais.
ciais com relação aos indígenas e as Vigorava a noção de que, aos poucos, acon-
tensões existentes entre os grupos ori- teceria a completa “assimilação dos indígenas” Assimilação: o conceito de assimilação
ginários e o poder político imperial. cultural, como aplicado no texto, diz respeito
à sociedade brasileira. Assim, com o tempo, eles ao processo em que uma pessoa ou um grupo
abandonariam seus hábitos e costumes e passariam adquire características de outras culturas,
geralmente as dominantes.
PROCEDIMENTOS a adotar os hábitos e costumes dos não indígenas. A
Etnocentrismo: ideia de quem considera seu
legislação, portanto, refletia o conceito etnocêntrico
DIDÁTICOS de que os indígenas faziam parte de uma civilização
grupo étnico, sua nação ou sua nacionalidade
socialmente mais importante do que os demais.
Ao abordar o tratamento do inferior à dos brancos.
império dispensado às popula-

ACERVO EDMAR HOERHAN


ções indígenas, informe que, no
século XIX, ganhava centralidade
a regulamentação das terras e
recaíam também sobre os indíge-
nas as teorias raciais, estudadas
no capítulo. O aldeamento,
nesse sentido, representava a
redução de possíveis perdas de
território brasileiro e a possibili-
dade de “civilizar” o indígena.
Reforce que a ideia de “civili-
zar” e “aculturamento” é, antes
de mais nada, domesticar os indí-
genas, ou seja, transformá-los em
pessoas dóceis que aceitassem, Indígenas acompanhados por alemães em Joinville (SC), século XIX.
sem resistência, a imposição de
novos valores e cultura. Em última
1. No presente, ainda circulam ideias e representações preconceituosas a respeito dos
instância, um apagamento da povos indígenas. Em uma roda de conversa, identifique exemplos disso e apresente
cultura indígena. propostas para combater esses estereótipos e valorizar a diversidade cultural dos povos
indígenas que vivem no Brasil.
Atividade Resposta pessoal. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
1. O trabalho com essas infor- 230
mações deve observar os
princípios do respeito e da
cidadania, especialmente Atividade complementar
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por tratar-se de questões que


estão no centro de disputas
Conhecer a cultura indígena
políticas atuais. Nesse sentido, Sugerimos uma pesquisa em grupo e, ao final, a realização de um festival sobre a cultura
deve-se atentar para que não indígena. Para turmas grandes, atribua cada tema a mais de um grupo. Eles devem pes-
exista a reprodução de este- quisar os seguintes aspectos: a) Modos de conhecer – informações sobre as crenças e
reótipos e a reafirmação de os conhecimentos produzidos sobre a natureza e o mundo que os cerca; b) Modos de
preconceitos que marginalizam dizer – questões ligadas à língua e a maneira de se expressar, incluindo produção artís-
os povos indígenas brasileiros, tica (músicas, danças, pinturas); c) Modos de trocar – como se relacionam com o mundo
sua história e seus direitos. externo à comunidade, como escolhem representantes, trocas de comércio etc.; d) Modos de
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Resistência indígena ontem e hoje Entre os diversos problemas
É muito comum ouvirmos a seguinte pergunta: “Por que os indígenas aceitaram passivamente que a sociedade brasileira atual
a tomada de suas terras e a destruição de sua cultura?”. Essa é uma ideia falsa e foi construída precisa solucionar, a questão
pelos não indígenas justamente para desvalorizar a história e a cultura da população nativa. indígena é um dos mais graves.
Desde os primeiros contatos com os europeus, e até hoje, os indígenas seguem lutando para Vítimas de ataques violentos de
preservar suas vidas, suas terras, suas culturas e suas tradições. Diante da violência a que foram madeireiros, garimpeiros, fazen-
e são submetidos, da convivência forçada nos aldeamentos, do trabalho agrícola compulsório, da deiros e vendo suas terras serem
sobreposição de seus valores e suas crenças, os povos nativos desenvolveram diversas formas de consumidas pelo fogo e dimi-
resistência. Entre elas, destacam-se as revoltas, as fugas, a dissimulação, a recusa ao trabalho
nuídas pelas cercas, os povos
e a sabotagem.
indígenas ainda sofrem com o
CASSANDRA CURY/PULSAR IMAGENS

Dissimulação: quando descaso do poder público.


se escondem as Antes da leitura da página,
verdadeiras intenções
e/ou sentimentos.
faça uma roda de conversa para
identificar a percepção da turma
sobre esses povos. Pergunte-lhes:
quem é o indígena? O que é ser
indígena? Normalmente cos-
tumam aparecer, entre outras
respostas: “aqueles que vivem
II Marcha Nacional de
Mulheres Indígenas na floresta”; “os que usam arco
contra o projeto do e flecha” etc. Indague: então um
Marco Temporal, em indígena que mora na cidade
Brasília, setembro
de 2021. deixa de ser indígena? E os que
usam celulares ou possuem
Outro importante meio de resistência foram as alianças. Ao longo dos tempos, os indígenas
firmaram os mais diferentes tipos de aliança: ora diversos grupos uniram-se contra seus inimigos,
carros? Contraponha o senso
que podiam ser as forças do governo ou os invasores de terra, ora uniram-se às forças governa- comum: e um gaúcho ou nor-
mentais contra algum inimigo comum. destino deixa de gostar de suas
Atualmente, as populações nativas desenvolveram outras formas de resistência: utilizam as comidas típicas e festas de sua
redes sociais para fazer denúncias e deixar a população informada de seus problemas; fazem região de origem porque mudou
ocupações de prédios públicos para exigir a manutenção de seus direitos; ou vão ao Congresso para outra cidade ou região?
Nacional e à Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU) para denunciar as invasões de Um dos aspectos centrais
suas terras e a matança de suas lideranças, entre outros crimes dos quais são vítimas. Também se
desse exercício é combater este-
utilizam do cinema e da literatura para contar a história sob sua ótica.
reótipos e preconceitos contra
os povos indígenas. Reconhecer
FICA A DICA
diferentes concepções nas rela-
• Emergência Indígena. Disponível em: https://emergenciaindigena.apiboficial.org/maraca/.
ções dos seres humanos com a
Acesso em: 25 jun. 2022.
terra e a natureza é um passo
O site apresenta uma série em oito episódios produzida por diversos grupos indígenas que
importante para exercitar a
refletem sobre os impactos da pandemia de covid-19 em suas comunidades.
empatia, e valorizar a diversi-
dade humana (Competência
231
Geral 9).

fazer – hábitos e costumes cotidianos, como hábitos alimentares, confecção de objetos,


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de ferramentas etc.
Antes das atividades externas ou de produzir alimentos, os estudantes devem obter auto-
rização e/ou estar acompanhados de responsáveis. No dia da apresentação, devem
produzir ou levar comidas, vídeos, peças de artesanato, representar uma dança ou música,
levar um palestrante para explicar os aspectos culturais do povo indígena, entre outras ações.
Um dos aspectos centrais desse trabalho é a colaboração e engajamento dos estudan-
tes. O ideal é contar com a ajuda dos professores de Artes, Educação Física e Português.

231

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 5 e 7: abordadas à me-
dida que os estudantes são motivados
a relacionar o contexto histórico da
Guerra de Secessão com algumas das ENQUAN TO ISSO...
principais características da sociedade
imperial brasileira, sobretudo no que A GUERRA DE SECESSÃO
diz respeito às heranças escravocratas
e às teorias racistas. Na mesma época em que os políticos brasileiros adotavam as primeiras medidas para acabar
com o tráfico negreiro, nos Estados Unidos a sociedade se dividia entre os que queriam e os que
• CEH 1, 2 e 3: trabalhadas fazendo com
não queriam o fim do trabalho escravo.
que a turma identifique as teorias ra-
cistas nas práticas políticas, sociais e Nos estados do Norte dos Estados Unidos, já não havia escravidão. Ali predominavam as
econômicas de diferentes sociedades pequenas propriedades rurais e o trabalho familiar. Nos estados do Sul, ao contrário, prevaleciam
na América. as grandes propriedades rurais e o trabalho escravo.
Em 1860, Abraham Lincoln, defensor da abolição gradual da escravatura, foi eleito presidente.
• Habilidades EF08HI15, EF08HI19 e
Diante disso, 11 estados do Sul do país, defensores da manutenção do regime escravista, decidiram
EF08HI27: enfocadas com os estudan-
tes fazendo com que contextualizem se separar dos estados do Norte e criar uma confederação independente.
A decisão não foi aceita pelo governo de Lincoln, dando início à Guerra Secessão: separação
as forças sociais em disputa durante o de parte de uma
Segundo Reinado no Brasil, os discur- de Secessão (1861-1865), um violento conflito entre os estados do Norte
unidade política
sos civilizatórios e as teorias racistas e os estados separatistas do Sul. A guerra acabou em abril de 1865, para formar outra
enquanto práticas existentes em dife- deixando um saldo de mais de 620 mil mortos. Os estados do Norte independente.
rentes sociedades da América, como saíram vitoriosos, e a escravidão foi abolida em todo o país em 1865.
nos Estados Unidos e no Brasil. Os problemas da população negra, contudo, não foram resolvidos. Abandonados à própria
sorte, os ex-escravizados não tiveram acesso à terra, à educação ou ao trabalho qualificado.
Além disso, tornaram-se vítimas de perseguição da Ku Klux Klan,
PROCEDIMENTOS uma entidade secreta surgida após a Guerra
DIDÁTICOS de Secessão que defendia a
supremacia branca no país.
Enquanto isso... Os negros norte-americanos só
viriam a conquistar seus direitos
A discussão sobre a Guerra civis e o fim da segregação racial
de Secessão (1861-1865), com na década de 1960.
ênfase no surgimento da Ku
SAM A. COOLEY./EVERETT COLECTION/SHUTTERSTOCK.COM

Klux Klan (1865) e na luta por


direitos promovida por afro- Regimento do Exército dos
-americanos nos anos 1860, Estados Unidos formado
por afro-americanos.
possibilita a compreensão de Carolina do Sul, 1864.
estruturas existentes em diferen-
tes contextos e períodos, no caso
o racismo. É nesse sentido que
as lutas antirracistas emergi-
das nos anos 1960 e 1970 são
compreendidas como transna-
cionais, posto que o racismo
atingiu as mais variadas socie-
dades ao longo do tempo.
Pedagogicamente, esses con- 232
textos devem ser discutidos e
analisados para a promoção
do respeito, da valorização da
cultura e da luta por direitos AMPLIAR HORIZONTES
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protagonizada pelos sujeitos • CARSON, Clayborn; KING, Martin Luther. A au- • A 13a EMENDA. Direção: Ava DuVernay. Estados
marginalizados da sociedade tobiografia de Martin Luther King. Rio de Unidos: Netflix, 2016. (100 min).
e, muitas vezes, também da Janeiro: Jorge Zahar, 2014. A primeira parte do filme indica a substituição da mão
historiografia. O livro é a biografia do mais famoso líder afro-ame- de obra escravizada no sul dos Estados Unidos, após
ricano, ganhador do prêmio Nobel da Paz, Martin a Guerra de Secessão, e a construção da noção de
Luther King Jr. criminalidade negra como forma de controle sobre a
população afrodescendente no país.

232

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Atividade
1. O Segundo Reinado, ocorrido
entre os anos de 1840 e 1889,

ESQUEM A-RE SUMO compreende o tempo em que


D. Pedro II assumiu e perma-
neceu no poder. Durante esse
CAPÍTULO 8 período, muitas transformações
ocorreram no Brasil. No campo
econômico, houve grande cres-
SEGUNDO REINADO cimento da produção cafeeira,
com a transformação do café
em principal produto de expor-
tação do país e a expansão das
terras produtivas no estado de
Brasil: 1840-1889
São Paulo em direção ao Oeste
Paulista. Nesse sentido, uma
série de estruturas foi criada
para dar vazão à produção,
como é o caso das ferrovias.
Economia Sociedade Política Mão de obra No campo da sociedade, o
governo de D. Pedro II sofreu
influência das teorias raciais,
Dependência da Fase de Poder Moderador: Fim da escravidão que inferiorizavam a população
agropecuária modernização contribui para a afrodescendente, além das
(principalmente do alternância política
café) pressões abolicionistas, nacio-
nais e internacionais. Ainda
que o processo que colocou
fim à escravidão tenha sido
– Construção de – Partido Conservador – Início da imigração
ferrovias de europeus para
lento e gradativo, foi também
– Partido Liberal
– Introdução trabalhar no Brasil no Segundo Reinado que ele
de inovações encontrou seu fim, quando
tecnológicas
políticas de imigração esti-
– Exclusão social das
camadas mais pobres mularam o emprego da mão
– Proposta de de obra europeia. Com a
assimilação dos
indígenas
Abolição da Escravatura e
a adoção da mão de obra
assalariada, novas formas de
relação com o trabalho foram
Com base nas informações do esquema-resumo e na leitura deste capítulo, explique quais foram as criadas, muito embora essas
principais características sociais, econômicas, políticas e das relações de trabalho que prevaleceram não tenham significado a inte-
durante o Segundo Reinado.
gração da população negra
Consulte resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas. livre na nova configuração do
233 mundo produtivo.

AMPLIAR HORIZONTES
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 233 constatação, permitir a recuperação10/08/22
de con-
19:30

teúdos que foram mal compreendidos pela • AZEVEDO, Aluísio. O cortiço.


Esquema-resumo turma, assim como a didática utilizada. São Paulo: Moderna, 2015.
Neste capítulo, estudamos o Segundo Acompanhe os tópicos apresentados no Publicado pela primeira vez em
Reinado, período longo e de grandes trans- esquema observando se eles são de domínio 1890, o livro, representante da
formações sociais e econômicas. Utilize o de todos. Ao final dos tópicos sugeridos, per- literatura naturalista brasileira,
esquema-resumo para recapitular com a turma gunte aos estudantes se eles sugeririam outros possibilita a apreensão de repre-
sentações do cotidiano urbano
os principais assuntos abordados. A proposta temas para somar aos apresentados no livro.
carioca nos tempos da promo-
dessa seção é identificar fragilidades na cons- Registre as possíveis contribuições na lousa, ção do saneamento urbano.
trução dos conhecimentos e, com base nessa valorizando as reflexões individuais.
233

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 6 e 7: abordadas à medi-
da que os estudantes compreendem
as características e particularidades
da sociedade do Segundo Reinado e
AT IV IDADE S NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
analisam as consequências da escra-
vidão ao longo do tempo, utilizando, 1. A charge a seguir representa D. Pedro II brincando com os políticos. Com base na
entre outros recursos, fontes icono- observação do desenho e no estudo da unidade, responda ao que se pede.
Consulte respostas esperadas e comentários
gráficas e cartográficas.

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


nas Orientações didáticas.
• CEH 1, 3 e 6: trabalhadas fazendo com
que a turma problematize a atuação
de D. Pedro II no período de seu go-
verno e compreenda as fragilidades
que caracterizaram o modelo político
implementado.
• Habilidades EF08HI15 e EF08HI27:
enfocadas com os estudantes fazen-
do com que identifiquem as disputas
políticas no Segundo Reinado e os im-
pactos dos discursos civilizatórios para
as populações indígenas e negras nes-
se período no Brasil.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Atividades
1. a) Na charge, D. Pedro II brinca
com os políticos liberais e D. Pedro II, na charge de Cândido Aragonez de Faria, publicada em 1878, equilibra os
partidos Liberal e Conservador.
conservadores. A repre-
sentação faz referência a) Que imagem a charge pretende construir de D. Pedro II? Justifique sua resposta com ele-
ao Poder Moderador, que mentos do desenho.
permitia que o imperador, b) Qual era o papel desempenhado pelo imperador no equilíbrio das disputas entre os partidos
Liberal e Conservador?
por exemplo, convocasse
c) O imperador foi representado como uma figura responsável pela resolução de disputas no
novas eleições de acordo Império. Em muitos espaços da vida em sociedade, é importante que existam pessoas que
com sua vontade. atuem na moderação de conflitos entre indivíduos e grupos distintos. Reflita sobre essa
1. b) Ao desmanchar gabinetes e questão e discuta com os colegas quais são as atitudes e habilidades necessárias para mediar
conflitos da melhor maneira possível.
alternar os poderes entre os
dois partidos, o imperador 2. Confira o mapa da página 218 e explique como se deu o processo de interiorização do
café no Sul e no Sudeste do país. Consulte resposta esperada e comentários
não permitia que um deles nas Orientações didáticas.
se perpetuasse no poder. 3. A seção Raio X, na página 223, apresenta informações sobre o Cemitério dos Pretos
Novos, um sítio arqueológico encontrado na região da Gamboa, no Rio de Janeiro.
2. Inicialmente, o café era Qual é a importância desse sítio para se compreender melhor a história da escravidão
cultivado no litoral sul do no Brasil? Consulte resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas.
Rio de Janeiro. Atravessou 1. c) Resposta pessoal. A atividade possibilita o trabalho com competências socioemocionais associadas à
a fronteira chegando a São 234 resolução de conflitos e ao diálogo. Além disso, é um momento importante para a reflexão dos estudantes
sobre a importância de resolver os conflitos que se manifestam no espaço escolar.
Paulo na década de 1830.
Na década de 1850, o café
chegou à região central do o local, os arqueólogos identificaram que
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AMPLIAR HORIZONTES 14/08/22 14:53

estado paulista, expandindo- muitos africanos foram enterrados sem rituais


religiosos, o que é uma forma de negar as • SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do impe-
-se para o norte de São Paulo,
tradições e os costumes desses indivíduos. rador. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
o norte do Paraná e o Oeste
Paulista. Além disso, o grande número de enterros O livro, ricamente ilustrado e documentado, cons-
revela a elevada mortalidade dos escravizados titui a biografia do imperador D. Pedro II.
3. O sítio ajudou os pesquisa-
no Brasil.
dores a entender aspectos
violentos das práticas escra-
vistas no Brasil. Ao estudarem

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Livre foi promulgada com
a intenção de melhorar a
imagem do país.
4. Durante o século XIX, o Brasil não era visto de maneira positiva por intelectuais e
visitantes estrangeiros. Sobre o tema, responda.
5. A modernização pouco fez
a) Por que muitos povos estrangeiros consideravam o Brasil um país “atrasado” e “incivilizado”?
pelos setores mais pobres, a
b) Destaque algumas medidas adotadas pelo governo brasileiro para melhorar a imagem
grande maioria da população,
do país. Consulte respostas esperadas e comentários nas Orientações didáticas. que morava em cortiços e era
5. Durante o Segundo Reinado, o Brasil passou por um intenso processo de modernização vítima frequente de epidemias.
e transformação social. Essa modernização, porém, não se estendeu para o conjunto da 6. Essas teorias defendiam que
sociedade. Explique por que podemos dizer que grande parte da população brasileira os brancos seriam superiores
não foi favorecida pela modernização desse período.
Consulte resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas. aos negros e indígenas. De
6. Os defensores da imigração europeia para o Brasil utilizavam-se de teorias raciais vigen- acordo com essas premissas,
tes no século XIX. O que defendiam essas teorias? Que impacto elas exerceram sobre os brancos seriam mais aptos
as sociedades indígenas?
Consulte respostas esperadas e comentários nas Orientações didáticas. para o trabalho e possuíam
7. D. Pedro II assumiu o governo do Brasil com 14 anos. Era muita responsabilidade uma moral mais elevada que
para alguém de pouca idade. Hoje, isso já não acontece mais, pois sabemos que outros povos. Amparando-se
nessa idade o jovem ainda está em processo de formação física, emocional etc. Ao
nisso, o governo imperial
mesmo tempo, um jovem entre 14 e 15 anos tem capacidade e competência para
fazer muitas outras coisas. procurou pôr em prática um
Pense no seu caso: na sua idade, que responsabilidades você tem condições de assumir? processo de assimilação dos
E quais responsabilidades você ainda não se sente capaz de assumir? Elabore um texto povos indígenas, por meio da
apresentando suas reflexões. Respostas pessoais. Consulte comentários nas religião, da educação e de seu
Orientações didáticas.
8. A pintura reproduzida na seção Olho vivo, nas páginas 216 e 217, representa a expan- controle pelo Estado.
são das lavouras de café em áreas até então ocupadas por florestas. A obra pode ser 7. Respostas pessoais. Existem
interpretada como uma denúncia do intenso processo de desmatamento observado restrições legais, como dirigir,
na época. Isso exemplifica como a arte pode ser usada para fazer diferentes tipos de
beber, fumar e trabalhar.
denúncia. Cite exemplos de outras obras artísticas (artes plásticas, poesia, música etc.)
que têm essa característica. Resposta pessoal. Entretanto, mais do que isso,
espera-se que os estudantes
9. Durante o Segundo Reinado, o governo brasileiro incentivou a vinda de imigrantes
reflitam sobre si mesmos e sobre
europeus para o país. Qual das afirmações a seguir é a que melhor explica essa decisão?
suas habilidades e competências.
a) Falta de mão de obra no Brasil, pois, com a iminente emancipação dos escravizados, não
haveria pessoas capazes de trabalhar nas fazendas brasileiras. 8. A pintura reproduzida na
b) Preocupação do governo brasileiro em reduzir os índices de desemprego observados na seção Olho vivo representa a
Europa. expansão das lavouras de café
c) Interesse do governo brasileiro em promover um branqueamento da população brasileira, em áreas até então ocupadas
trazendo ao país trabalhadores brancos europeus. por florestas. A pintura pode
d) Busca por mão de obra qualificada, uma vez que os escravizados no Brasil não tinham o ser interpretada como uma
conhecimento nem a qualificação profissional observada entre os europeus.
denúncia do intenso processo
e) Desinteresse dos escravizados em continuar trabalhando na lavoura após a conquista da
alforria. Alternativa C.
de desmatamento observado na
época. Isso exemplifica como a
10. Em 1845, o governo brasileiro aprovou o Regulamento das Missões, uma lei que tinha arte pode ser usada para fazer
como um de seus objetivos manter os indígenas sob o controle do Estado. A lei evi-
denúncias sociais. Cite exemplos
denciava a visão etnocêntrica do governo em relação aos povos nativos do país. Em
trio, responda: nos dias de hoje, essa visão etnocêntrica já se encontra superada? Cite de outras obras artísticas (artes
exemplos para justificar a resposta do grupo. Consulte comentários nas Orientações didáticas. plásticas, poesia, música etc.)
que têm essa característica.
235
10. Espera-se que os estudantes
argumentem que em termos
de legislação, o Brasil tem
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 235 de epidemias. Também a manutenção da
10/08/22 19:30
hoje diversas leis – inclusive
escravidão ajudava a reforçar a imagem
a própria Constituição - que
Atividades negativa do Brasil no exterior. reconhece e valoriza a diver-
4. a) Nesse período, muitos consideravam a b) Entre outras medidas, podem se destacar: sidade dos povos indígenas e
Europa o modelo de civilização, sendo valo- as mudanças urbanísticas, principalmente sua autonomia. No entanto,
rizados somente os lugares que seguiam no Rio de Janeiro, a capital do império; a existem grupos que adotam
seu exemplo. Entre outros problemas, as implantação da iluminação a gás nas ruas; visões etnocêntricas em
condições sanitárias e urbanísticas brasi- do sistema de bondes puxados a cavalos; relação aos povos indígenas,
leiras eram péssimas, o que facilitava a calçamentos; esgotos; e a criação de fazendo afirmações precon-
transmissão do doenças e a propagação serviço de limpeza pública. A Lei do Ventre ceituosas sobre eles.
235

D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-C08-MPU-G24-AV1.indd 235 01/09/22 16:56


A BNCC NESTA DUPLA
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CECH 2, 3, 6 e 7: abordadas à medida
que os estudantes analisam a relação 11. a)
11. A imagem da página 234 e a desta página

MUSEU IMPERIAL, PETRÓPOLIS, RIO DE JANEIRO


estabelecida entre as políticas imple- Resposta
pessoal. A representam o imperador D. Pedro II.
mentadas no Segundo Reinado com os atividade A primeira é uma charge de Cândido
diferentes grupos e indivíduos do período possibilita um Aragonez de Faria (1849-1911). A segunda
e interpretam documentos iconográficos momento livre é uma pintura feita por Pedro Américo
produzidos no Brasil no século XIX, re- de fruição (1843-1905), um dos pintores mais im-
lacionando o significado da construção entre os
portantes da época. Ela representa o
estudantes.
da imagem pública política tanto no pas- Incentive-os imperador na abertura da Assembleia
sando quanto no presente; e discutem o a desenvolver Geral, em 1872. Analise-as com atenção
papel da sociedade e dos órgãos públi- suas respostas e responda ao que se pede.
cos no combate à degradação ambiental. descrevendo aspectos da obra que despertam interesse ou
impressionam, ou que são percebidas como desprovidas de valor
• CEH 1, 2, 4 e 6: trabalhadas fazendo ou beleza.
com que a turma compreenda a comple- 10. b) A tela de Pedro Américo representa o imperador de maneira
xidade das ações de D. Pedro II e reflita positiva, como um monarca iluminado que participa ativamente da
sobre as diferentes visões e interpreta- política parlamentar, sem parecer impositivo ou dominador. Já a
ções do contexto político do período. charge representa o contrário: mostra um imperador sem trajes de
gala (sem imponência), manipulando a política nacional.
• Habilidade EF08HI15: enfocada com 11. c) A charge apresenta uma perspectiva negativa do Poder
os estudantes fazendo com que iden- Moderador, mostrando que, por meio Fala do Trono, Pedro
tifiquem as disputas políticas e os desse poder, o imperador manipula Américo. Óleo sobre
contornos empreendidos pelos perso- a política. tela, 1872. A obra
nagens políticos do Segundo Reinado. representa D. Pedro
11. d) Ao II na abertura da
encomendar Assembleia Geral.
PROCEDIMENTOS a tela, o
governo estava a) Que tipo de sentimento ou sensação essas imagens provocam em você?
DIDÁTICOS interessado b) A forma pela qual é representado o imperador em cada imagem pretende provocar efeitos
em passar diferentes no observador. Levante hipóteses a respeito das intenções dos artistas que as
Atividades uma imagem
produziram.
11. As atividades da página positiva do
imperador. c) A charge de Cândido Aragonez de Faria representa o imperador como uma balança, em
236 abordam o papel da O quadro referência ao Poder Moderador. Por intermédio desse poder, o imperador podia dissolver a
imagem na construção do constitui, assim, Câmara ou o ministério. O autor da charge entende que esse poder era um fator positivo?
uma forma de Justifique sua resposta.
papel público do imperador. propaganda
Segundo o pensador francês política do d) A tela de Pedro Américo foi encomendada pelo governo. Com base em sua observação,
governo, levante hipóteses para justificar o interesse do governo em encomendar uma imagem dessa
Montesquieu (1698-1755) “o
expressando natureza.
explendor que envolve o rei o papel e a
importância e) A Fala do Trono é um evento que ocorre em determinadas monarquias e existiu no Brasil
é parte capital de sua própria durante o período monárquico. Trata-se de um discurso lido por um representante do go-
do próprio D.
punjança”. Complementa a Pedro II. verno aos membros da Assembleia. No governo de D. Pedro II, os discursos eram proferidos
historiadora Lilia Schwarcz:“as 11. f) Respostas pelo próprio imperador nas reuniões de abertura e de encerramento do ano legislativo da
vestes, os objetos, a osten- pessoais. O Assembleia. Nessas ocasiões, o imperador apresentava as metas do governo para o ano que
objetivo da se iniciava ou um balanço do ano que se encerrava. Como o imperador D. Pedro II foi repre-
tação, os rituais próprios da atividade é
incentivar o sentado na pintura de Pedro Américo? Com base nessa representação, é possível imaginar
monarquia são parte essencial
olhar crítico a importância da Fala do Trono para o governo brasileiro?
desse regime, constituem sua dos estudantes f) Imagine que você foi convidado para ir ao Congresso Nacional fazer um discurso semelhante
representação pública e, no à realidade do
país, aos seus ao da Fala do Trono. Que balanço deste ano você faria aos congressistas? Quais assuntos
limite, garantem sua eficácia” problemas e você destacaria como importantes para serem trabalhados pelo governo no ano seguinte?
(disponível em: https://www. às buscas de Liste os tópicos que ressaltaria e justifique suas escolhas.
soluções.
scielo.br/j/ra/a/bgPppNTGL3k 11. e) D. Pedro II foi representado com as insígnias da realeza, como o cetro e a coroa. Traz uma espada
GGNPfBR8SyrQ/?lang=pt;
236 na bainha e veste roupas luxuosas, inclusive uma grande capa. O luxo nas vestes do imperador permite
supor que a Fala do Trono era um momento político de extrema importância.
acesso em: 11 ago. 2022).
Leve os estudantes a refletir
De fato, tanto os tempos como os meios são
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24.indd 236 ao circular pela Internet. [...] Alguns políticos 10/08/22 19:30
sobre a relação entre o poder e a
outros. Hoje praticamente não existe político usam suas contas para tentar criar imagens
construção de uma representa- na forma de memes, de modo a terem mais
ção simbólica que visa glorificar que faça pose para a produção de uma pintura
como a do imperador, mas o interesse em cons- compartilhamentos. [...]
o imperador. Mas pergunte a
truir e passar uma determinada imagem COLOMÉ, Jordi Pérez. A estratégia preferida
eles: e hoje? Vocês acham que dos políticos que dominam o Instagram.
os políticos também têm essa para o público ainda é presente e se consolida El País, São Paulo, 29 mar. 2019. Disponível em:
preocupação com a imagem? principalmente pelas redes sociais. Veja a seguir https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/26/tecnolo
O que lhes parece semelhante a um texto sobre o assunto: gia/1553596590_520008.amp.html.
Acesso em: 11 ago. 2022.
essa preocupação do passado? O meme é uma foto misturada com tex-
E o que é diferente? to ou uma imagem emblemática que cresce
236

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de Janeiro após a morte de seu
pai, [...] em 1855. [...]
[...] Ainda muito jovem in-
VAMOS FALAR SOBRE… TERRA E MEIO AMBIENTE gressou na Academia Imperial
de Belas Artes. Iniciou suas ati-
A questão ambiental é uma das grandes preocupações do mundo contemporâneo. A ação
vidades como caricaturista em
humana vem promovendo uma rápida degradação do meio ambiente, que pode pôr em risco,
1866 aos 17 anos e colaborou
inclusive, a sobrevivência da espécie humana no planeta. Pensando nessa questão, com um colega,
com diversos jornais do Rio de
responda ao que se pede. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
Janeiro como chargista.
[...] transferiu-se para Bue-
GERSON GERLOFF/PULSAR IMAGENS

nos Aires em 1879.


[...] Faria deixou Buenos Aires
e foi para a França em 1882, on-
de se radicou. Em Paris montou
o Atelier Faria, colaborou com
jornais e revistas, ilustrou li-
vros, partituras e destacou-se
na criação de cartazes publi-
citários para o cinema, teatro,
concertos e circos. [...]
[...] Faria faleceu em Paris
em 17 de setembro de 1911. [...].
GUIMARÃES, Danielle V. S. Al-
gumas considerações acerca da
formação e atuação dos principais
pintores sergipanos no século XIX.
Scientia Plena, São Cristóvão, v. 4,
n. 5, p. 1-4. 2008. p. 3. Disponível
em: https://www.scientiaplena.
org.br/sp/article/view/611/269.
Acesso em: 11 ago. 2022.

Pedro Américo
[...] nasce numa família de
Terreno improdutivo em Manoel Viana (RS), 2021.
músicos [1843]. [...] antes de
1. A imagem representa um dos efeitos da degradação ambiental: a destruição da completar 10 anos, é convida-
cobertura vegetal, que acarreta a perda de nutrientes do solo e compromete a sua do a integrar a expedição do
produtividade. Na região em que você vive, quais são os principais problemas ambien- naturalista Jean Brunnet, co-
tais observados? mo desenhista assistente. [...]
2. Os órgãos públicos agem para impedir que esses problemas se perpetuem? Existe algum Seu sucesso é notado até pelo
programa de conscientização da população local para promover o fim desses problemas? imperador dom Pedro II, que
se encarrega pessoalmente de
3. E como você avalia sua preocupação em relação ao meio ambiente? Você adota algum sua transferência para Paris e
comportamento para impedir a degradação ambiental? Conte para seus colegas o que
se responsabiliza pelos custos.
você faz nesse sentido.
[...] no começo de 1870 retor-
4. Faça um desenho a respeito de algum problema ambiental observado na região em que na ao Brasil. [...]
vive. Em seguida, compartilhe o desenho com os colegas. Lembre-se de dar um título [...] [Em 1888] entrega a sua
ao desenho. mais conhecida obra: Inde-
Respostas e produção pessoais. O objetivo da atividade é despertar nos estudantes uma pendência ou morte (1888)
percepção para os significados que as manifestações artísticas podem adquirir. 237 – também conhecida como O
grito do Ipiranga.
PEDRO Américo. In: ENCICLOPÉ-
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-206-237-U4-CAP8-LA-G24-AV2.indd 237
planeta. Ao mesmo tempo, aponte como
14/08/22 14:53 DIA ITAÚ CULTURAL. São Paulo:
os recursos naturais são utilizados na Itaú Cultural, 2017. Disponível em:
Vamos falar sobre... Terra e meio http://enciclopedia.itaucultural.
ambiente indústria e na tecnologia – parte significa-
org.br/pessoa21332/pedro-ameri
tiva dos componentes farmacêuticos são
Atividades co. Acesso em: 11 ago. 2022.
oriundos do mundo natural, por exemplo.
1. a 4. A consciência socioambiental deve ser
permanentemente construída entre os Textos complementares
estudantes. Estimule-os a refletir sobre
que papel tem a natureza na vida deles, Cândido Aragonez de Faria
enfatizando as riquezas naturais como [...] Nascido em 12 de agosto de 1849, na ci-
essenciais à preservação da vida no dade de Laranjeiras [...]. Mudou-se para o Rio
237

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A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

9
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3, 4 e 6. A GUERRA DO PARAGUAI
Habilidades
• EF08HI15 • EF08HI17 • EF08HI18
E O FIM DA ESCRAVIDÃO
• EF08HI19 • EF08HI20

A BNCC NESTA DUPLA


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• CECH 1, 4 e 6: abordadas à medida que
os estudantes compreendem os signi- • Identificar as causas e as consequências da Guerra do Paraguai.
ficados da abolição e dos movimentos
• Compreender como se deu o processo de Abolição da Escravatura.
abolicionistas e as características da
Guerra do Paraguai, suas motivações e • Reconhecer a presença negra na sociedade brasileira, suas permanências
as relações estabelecidas entre grupos e históricas e rupturas.
indivíduos no processo do conflito. • Discutir o impacto da Lei de Terras no passado e seus reflexos no presente.
• CEH 1, 3, 4 e 6: trabalhadas fazendo com
que a turma analise o papel do Brasil no No dia 13 de maio, celebra-se no Brasil o fim da escravidão. A data, que já foi feriado nacional,
conflito e reconheça a participação de di- rememora a assinatura da Lei Áurea, em 1888, quando o trabalho escravo foi oficialmente abolido.
ferentes sujeitos na Guerra do Paraguai. Mas nem todos aceitaram o dia escolhido para a celebração.
• Habilidades EF08HI17 e EF08HI18: enfo- No movimento negro, muitos rejeitaram a escolha, pois a comemoração dessa data levava
cadas com os estudantes relacionando as a pensar que a Abolição da Escravatura no Brasil tinha sido obra do governo de D. Pedro II em
transformações territoriais ocasionadas benefício dos homens e das mulheres ainda escravizados. Além disso, a comemoração da Lei
pelo conflito e identificando os contextos Áurea colocava de lado a luta de milhares de pessoas, negras e brancas, para acabar com a
interno e externo da Guerra do Paraguai. violência da escravização. Era como se essa luta nunca tivesse existido.
Assim, em janeiro de 2003, foi estabelecida uma data específica para celebrar a resistência
PROCEDIMENTOS dos africanos e seus descendentes contra o trabalho escravo: 20 de novembro. Nesse dia, em
1695, Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, foi morto. Por isso, o dia 20 de novembro passou
DIDÁTICOS a ser o Dia Nacional da Consciência Negra.
Comece a abordagem per- Este capítulo discute o processo histórico que conduziu à abolição do trabalho escravo no
guntando aos estudantes: vocês Brasil. Para entendê-lo melhor, vamos estudar outro fato que teve grande impacto para o fim da
escravatura: a Guerra do Paraguai.
sabem que 20 de novembro
é reconhecido como Dia da

JCBARRETO/FUTURA PRESS
Consciência Negra? Qual é o
sentido dessa data? Essa reflexão
irá proporcionar um diagnóstico
tanto dos saberes prévios dos
estudantes como da existên-
cia de visões estereotipadas ou
enviesadas sobre a data, uma vez
que, não raro, aflora do senso
comum a frase: por que existe
dia do negro e não existe dia Marcha contra a violência racial no dia da Consciência Negra em Goiânia (GO), 2021.
do branco? Acolha a dúvida
dos estudantes para descons- 238
truir estereótipos. Encaminhe a
conversa de modo que a turma
consiga relacionar a existência situação do negro no Brasil238hoje: os jovens
D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd envolvem indivíduos negros etc. Explique, por- 11/08/22 10:41

da data à luta pela superação negros são as principais vítimas de morte vio- tanto, que quando existe opressão e preconceito
do racismo e do preconceito. lenta, as pessoas negras ganham salários mais sistemático em relação a grupos socialmente
Explique que a opressão sis- baixos e compõem o maior contingente de vulneráveis, é necessário criar medidas que
temática que existe em relação desempregados. Ou seja, trata-se do racismo visem eliminar essas manifestações e promo-
ao negro em nossa sociedade estrutural. ver a equidade.
não se reproduz em relação Além disso, pontue que existem situações
ao branco. Para ilustrar essa de racismo velado em nossa sociedade, como
questão, busque apresentar a desconfiança quanto à capacidade de pro-
exemplos concretos sobre a fissionais negros, a existência de piadas que
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
FRONTEIRAS EM DISPUTA Ao avançar para o estudo do
D. Pedro II assumiu o trono em 1840 e promoveu algumas mudanças políticas. Apesar disso, item Fronteiras em disputa,
havia ainda um foco de preocupações entre os políticos e os diplomatas brasileiros: a demarcação promova uma conversa com
das fronteiras no sul do país. a turma visando identificar os
Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai – nações que haviam con- conhecimentos já adquiridos por
Estuário: área de
quistado a independência poucas décadas antes – temiam que um eles sobre a monarquia brasi-
transição entre o rio e o
único país, ao consolidar suas fronteiras, controlasse sozinho a nave- mar e que sofre influência leira e os conflitos regionais no
gação dos rios Paraná e Paraguai, além do estuário do Rio da Prata. das marés.
período regencial. A fotogra-
Isso provocaria sérios problemas para as demais nações, uma vez
que todas precisavam desses rios para exportar seus produtos. No caso brasileiro, por exemplo,
fia que consta na página 239
poderia significar o isolamento completo de Mato Grosso, que na época era alcançado basica- também é um importante regis-
mente por meio dos rios Paraná e Paraguai. tro histórico para identificar as
Essas questões deram origem à Guerra do Paraguai. O confronto se estendeu de 1864 a personagens que participaram
1870, deixou centenas de milhares de mortos e abalou o Império Brasileiro. Para entender melhor da Guerra do Paraguai.
esses acontecimentos, vamos analisar a fotografia a seguir. Peça aos estudantes que se
voluntariem para a leitura do

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


texto. A cada parágrafo, peça a
um estudante que tente expli-
car o que compreendeu das
informações descritas, sempre
retomando e alinhavando o que
for preciso. Esse método permite
verificar as dificuldades de leitura
e expandir os conhecimentos de
cada estudante.
Ao final, procure avaliar se
todos entenderam a Guerra
do Paraguai como um conflito
relacionado à disputa pela hege-
monia política e econômica na
A guarda pessoal de Caxias, durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), era formada apenas por região da bacia do Prata, envol-
negros. Fotografia sem local e data registrada; autoria desconhecida. vendo Brasil, Argentina, Uruguai
Na imagem, há uma fileira de homens; pelas roupas, percebemos que são militares. e Paraguai. Reforce o impor-
Essa fotografia foi tirada durante a Guerra do Paraguai e registra parte da tropa de um tante papel estratégico do Rio
importante chefe militar brasileiro, o futuro Duque de Caxias (1803-1880), que comandou o da Prata, que liga o interior do
Exército brasileiro durante boa parte do conflito. continente americano ao mar.
A Guerra do Paraguai foi um dos primeiros conflitos do mundo a ter registro fotográfico.
As imagens funcionavam como instrumentos de divulgação e propaganda do governo, e
de seu poderio militar. Por isso, os fotógrafos procuravam registrar as tropas enfileiradas ou no
campo de batalha, nos acampamentos ou mesmo em combate.

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AMPLIAR HORIZONTES
• DORATIOTO, Francisco. Mal-
dita guerra: nova história da
Guerra do Paraguai. São Pau-
lo: Companhia das Letras, 2002.
Com rico trabalho documental
e reflexões inovadoras, o autor
analisa as origens e dinâmicas da
Guerra do Paraguai.

239

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 6 e 7: abordadas à medida que
os estudantes compreendem a fotogra-
fia enquanto um registro histórico que
O desenvolvimento do registro fotográfico
possibilita a construção de interpreta- As primeiras experiências bem-sucedidas para reproduzir imagens com o auxílio de máquinas
ções sobre o período estudado. ocorreram na França.
• CEH 1, 2, 3 e 6: trabalhadas fazendo Um dos pioneiros dessa técnica foi o francês Joseph Nicéphore
Niépce (1765-1833), que utilizou uma câmera para obter uma imagem Exposição: de modo
com que a turma reflita sobre o uso da
simplificado, em
fotografia ao longo do tempo e com- em 1826. Para isso, precisou de oito horas de exposição. fotografia, esse termo
preenda as particularidades da Guerra Em 1839, outro inventor francês, Louis Jacques Daguerre (1787-1851), está relacionado ao
do Paraguai, levando em consideração desenvolveu uma máquina capaz de reproduzir imagens. O aparelho ficou tempo em que se deixa
suas causas e os atores sociais envol- entrar luz na máquina
conhecido como daguerreótipo e provocou grande alvoroço no mundo
fotográfica para que a
vidos no conflito. da ciência, pois seu tempo de exposição era de apenas dez minutos. imagem seja delineada.
• Habilidades EF08HI15, EF08HI17 e Ao chegar ao Brasil, em 1840, o novo invento logo se popularizou.
EF08HI18: enfocadas com os estu- As câmeras, contudo, eram muito caras. Por isso, apenas fotógrafos profissionais dispunham delas
dantes fazendo com que analisem as e de estúdios para fotografar as pessoas.
forças políticas, sociais e econômi- Todos os que tinham recursos para contratar serviços fotográficos procuravam os estúdios,
cas vigentes no período da guerra e onde registravam imagens de si próprios, de seus familiares ou mesmo de seus serviçais. Muitos
as motivações que se estabeleceram senhores encomendavam fotografias nas quais apareciam cercados de pessoas escravizadas.
para a atuação do Brasil no conflito. Além desses trabalhos de estúdio, alguns fotógrafos também se ocuparam em registrar cenas
da natureza, da paisagem, do espaço urbano e da vida cotidiana.
PROCEDIMENTOS

ACERVO DO INSTITUTO MOREIRA SALLES


DIDÁTICOS
A partir do item O desen-
volvimento do registro
fotográfico, podem-se acom-
panhar a invenção da fotografia,
as dificuldades para produzir
uma foto e as saídas encontra-
das para minimizá-las. Comece
analisando a imagem da mesma
página, mostrando como as pos-
turas, as posições e os trajes dos
fotografados podem revelar hie-
rarquias sociais, estruturas de
poder, bem como propósitos mais
específicos.
Boa parte do acervo de foto-
grafias da Guerra do Paraguai
está no Arquivo Histórico do
Museu Histórico Nacional. A
Coleção Guerra do Paraguai é Senhora sentada em cadeira, rodeada por seus escravizados, em fotografia, de autoria
composta por 743 documentos desconhecida, no Brasil de cerca de 1860. Esse tipo de imagem reforçava o poder naquela
sociedade que ainda era escravista.
doados, comprados ou trans-
feridos de outras instituições 240
ao longo do período de 1924
a 1960 (disponível em: https://
bndigital.bn.gov.br/dossies/
pela técnica. Dom Pedro II tinha
D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd 240 um acervo de
AMPLIAR HORIZONTES 11/08/22 10:41
guerra-do-paraguai/os-acervos/
25 mil imagens sobre o Brasil e outros lugares
as-fotografias-da-guerra-do- por onde viajou. Muitos dos registros dos escra- • JOURDAN, Emilio Carlos. Atlas histórico da
paraguai/; acesso em: 12 ago. vizados, paisagens e cenas urbanas que temos Guerra do Paraguay. Rio de Janeiro: Litho-
2022). são desse acervo. graphia Imperial de Eduardo Rensburg, 1871.
Explique que a fotografia foi Aproveite a oportunidade e comente com Para um aprofundamento no trabalho com mapas
considerada uma das maiores os estudantes o papel de registro fotográfico referentes à Guerra do Paraguai, é possível utilizar
invenções do século XIX e, no no bullying e cyberbullying atual. É importante essa obra publicada no século XIX e produzida por
Brasil, conseguiu grande popula- entender que, com a era digital e com as redes oficiais do Exército brasileiro.
ridade por conta da paixão que sociais, mesmo cenas simples do cotidiano
o imperador e sua família tinham podem ser manipuladas para uso indevido.
240

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O início da guerra A leitura do item O início da
Questões geopolíticas foram decisivas para o início da Guerra do Paraguai. No final do século guerra, na página 241, destaca
XIX, tanto o Brasil quanto a Argentina procuravam influenciar a política interna do Uruguai, que a influência e os interesses de
passava por uma guerra civil: defensores do Partido Colorado procuravam ocupar a presidência, diversos países no início da
que estava sob o controle do Partido Blanco. Em agosto de 1864, tropas brasileiras chegaram a guerra. Caso queira fazer um
invadir o território uruguaio em apoio aos colorados. paralelo para facilitar a compre-
O governo do Paraguai, por sua vez, apoiava os blancos e declarou que a intervenção do ensão da turma, traga a questão
Brasil nos assuntos internos do Uruguai rompia o equilíbrio entre os países da região, ameaçando da geopolítica para o presente,
diretamente os interesses do Paraguai. Na época, os paraguaios estavam sob o governo de
explicando como as eleições de
Francisco Solano López (1827-1870).
Como resposta à intervenção brasileira no Uruguai, os paraguaios capturaram um navio
um país podem afetar e/ou pro-
brasileiro no Rio Paraná e, em dezembro de 1864, declararam guerra contra o Brasil. Tropas vocar interferência de nações
paraguaias invadiram o Mato Grosso (que na época abarcava também o território que hoje é o vizinhas ou de nações poderosas
Mato Grosso do Sul), dando início a um conflito que duraria seis anos. do planeta. O trabalho interdis-
ciplinar é uma boa estratégia
Geopolítica: termo utilizado para analisar as relações entre questões e disputas políticas implicando diferentes para abordar a questão. Assim,
Estados e fatores geográficos, como as definições de fronteiras ou o controle de recursos naturais. No caso
da Guerra do Paraguai, as questões geopolíticas envolviam as definições das fronteiras no sul da América e a se achar interessante, combine
preocupação em controlar os rios necessários para a circulação de pessoas e mercadorias na região. alguma estratégia didática com
o professor de Geografia.
A Guerra do Paraguai (1864-1870) O uso do mapa é fundamental
para que os estudantes possam

SONIA VAZ
50º O
Corumbá
Coimbra MATO
MINAS GERAIS
compreender aspectos territo-
Miranda GROSSO
BOLÍVIA DO SUL riais do conflito. Peça a eles que
uai

Nioaque
Rio Parag

observem os principais elementos


SÃO PAULO
Bela Vista que o compõem, especialmente
PARAGUAI Laguna BRASIL RIO DE JANEIRO
á
ran

Rio Dourados a legenda. Destaque também a


ricórnio
Pa

Trópico de C
ap Rio Pil
Be co
ma
Rio

rm
ejo
yo
Cerro importância dos rios da região
Corá PARANÁ
ASSUNÇÃO Itororó no transporte, lembrando-os de
Avaí OCEANO
Curupaiti Lomas Valentinas
SANTA ATLÂNTICO que o transporte de carga por
Tuiuti
Corrientes Passo da Pátria CATARINA vias fluviais é mais barato, rápido
Riachuelo
São Borja e eficiente que por vias terrestres.
ai
ragu

Território mato-grossense
RIO GRANDE pretendido pelo Paraguai
Rio Pa

Uruguaiana DO SUL Território paraguaio anexado


ARGENTINA pela Argentina
Ofensiva paraguaia
Salto
ai
Rio Urugu

Contraofensiva aliada

Paissandu Contraofensiva brasileira,


Ri o

com a Retirada de Laguna


URUGUAI
da

Fortes
at
Pr

a Batalhas
BUENOS AIRES
MONTEVIDÉU
Fim da guerra
refletir determinado propósito,
Morte de Solano López
0 180
Limites atuais entre os estados
a ser escolhido previamente por
Limites atuais entre os países eles mesmos, e que deverão expli-
Fonte: ARRUDA, José Jobson de Andrade. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 1999. p. 42. car ao final da apresentação.
O resultado deve ser apre-
241 sentado à sala, uma foto por
vez: quem estiver assistindo deve
fazer uma análise e tentar adi-
Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd 241 Cada grupo deve escolher uma fotogra-
11/08/22 10:41 vinhar o objetivo da imagem.
fia da época e analisar os elementos que a Dessa forma, os estudantes terão
Produzir e interpretar imagens compõem, como os interesses do fotógrafo, o dado um grande passo para com-
Como atividade alternativa, sugerimos uma que se desejava mostrar, o que se escondia etc. preender que as fotos, tal qual as
pesquisa de imagens dos escravizados. Um dos O acervo de Christiano Junior está no seguinte demais fontes históricas, não são
acervos mais importantes existentes no Brasil é endereço: https://brasilianafotografica.bn.gov. documentos neutros e também
do fotógrafo Christiano Junior. Essas imagens br/?p=14617. Acesso em: 23 ago. 2022. devem ser submetidas à análise
também estão no site da Biblioteca Nacional e Em seguida, peça aos estudantes que produ- crítica. Da mesma forma, a leitura
são de livre consulta. Esse exercício ajuda a refor- zam uma foto usando câmera, celular ou outro do público nem sempre é aquela
çar as habilidades de interpretação imagética. equipamento. Oriente que a imagem deverá que o fotógrafo pensou.
241

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 6 e 7: abordadas à me-
dida que os estudantes analisam o
contexto histórico do conflito bélico
O confronto envolve mais países
e compreendem as consequências da Em janeiro de 1865, o governo paraguaio solicitou autorização ao governo da Argentina para
guerra para o Paraguai e para o Brasil. que suas tropas cruzassem o território argentino e marchassem até o Uruguai. Os argentinos,
• CEH 1, 2, 3 e 4: trabalhadas fazendo porém, recusaram o pedido. A resposta do governo do Paraguai foi declarar guerra também à
com que a turma identifique os países Argentina.
envolvidos na guerra e compreenda as Ao assumirem o poder no Uruguai, os colorados entraram no conflito contra os paraguaios.
suas respectivas motivações. E mais: o governo uruguaio assinou um acordo que ficou conhecido como Tratado da Tríplice
• Habilidades EF08HI15, EF08HI17 e Aliança, isto é, uma aliança militar formada pelo Brasil, pela Argentina e pelo Uruguai para
EF08HI18: enfocadas com os estu- enfrentar as tropas paraguaias e depor o governo de Solano López. Com isso, esses países
dantes fazendo com que analisem as esperavam assegurar seus interesses geopolíticos no sul da América, sobretudo o livre acesso aos
motivações da Guerra do Paraguai e rios da região. O Paraguai ficou, assim, sem aliados.
identifiquem as relações estabeleci- A guerra foi longa e sangrenta; dela participaram homens, mulheres e até mesmo crianças.
das entre os países envolvidos e as Os acampamentos militares, com problemas sanitários e soldados subnutridos, foram assolados
consequências territoriais do conflito. por epidemias de cólera, varíola, entre outras doenças. Isso contribuiu para tornar a guerra cada
vez mais impopular entre os brasileiros, além de provocar duras críticas em relação ao governo
imperial e a suas lideranças militares.
PROCEDIMENTOS O conflito só terminou em 1870, quando as tropas aliadas cercaram Depor: nesse caso,
DIDÁTICOS e mataram Solano López, além de destruírem as cidades paraguaias e
significa destituir,
retirar do cargo.
Independentemente das razões a economia desse país. A população masculina foi dizimada, e o país Subnutrição:
das guerras, um componente quase perdeu parte de seu território para os adversários. estado de quem está
com a alimentação
sempre comum é o sofrimento
MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, RIO DE JANEIRO, RJ

insuficiente. Esse tipo


que acarretam para a população de situação é muito
comum em contextos
civil. Nesse sentido, a fotografia da de guerra e pode causar
página é um registro cruel do sig- graves problemas de
saúde, e até mesmo
nificado da Guerra do Paraguai. provocar a morte.
Embora tenha a atividade sobre a
fotografia ao final da página, você Fotografia, de autoria
pode começar o trabalho pedindo de desconhecida,
que os estudantes observem o sub- extraída de álbum
sobre a Guerra do
título, a existência do glossário e Paraguai, pertencente
a fotografia. ao Marechal Deodoro
da Fonseca (1827-1892),
A guerra levou a uma devas- mostra uma família
tação do Paraguai e a uma paraguaia composta de
diminuição drástica da popula- mulheres e crianças,
por volta de 1867.
ção masculina economicamente
ativa do país, com graves conse- 1. a) Pode-se interpretar que os homens estavam lutando na guerra.
quências econômicas e sociais 1. Analise atentamente a imagem desta página e responda ao que se pede.
a) Qual é a possível razão para os homens dessa família não terem sido fotografados?
para o futuro desse povo.
b) Que título você daria para essa fotografia? Ao escolhê-lo, considere que ele deve ser curto
Após a leitura da página, este
e, ao mesmo tempo, transmitir sua ideia sobre o que está representado. Em seguida,
pode ser um bom momento para compartilhe-o com os colegas.
levar os estudantes a refletir sobre Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes sintetizem as informações que são possíveis de
como cada um de nós pode con- 242 extrair da fotografia. O título pode ter caráter objetivo ou ser mais poético.

tribuir para uma cultura da paz.


Esse é um aspecto importante,
pois é comum em discussões sobre e passa por situações de respeito,
diaD3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd 242 empatia, as fotografias da guerra costumam ser retratos 11/08/22 10:41

guerras e conflitos as pessoas pro- acolhimento. mais fiéis da realidade, mas nem por isso isentos.
curarem culpados distante de sua As crianças e mulheres dessa imagem, por
Atividade exemplo, podem ter sido orientadas a ficar
realidade, ou seja, se excluindo
da responsabilidade como ser 1. A fotografia foi um dos mais importantes meios desse modo posado.
humano. Muitas vezes, não de divulgação e propaganda dos governos envol-
percebem que cultivar a paz é res- vidos em guerras e um poderoso instrumento
ponsabilidades de todos nós e que, de denúncia das atrocidades dos conflitos.
muitas vezes, essa proposta está É importante destacar que, ao contrário da
nos pequenos detalhes do dia a pintura e desenhos, livres para interpretação,
242

D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-C09-MPU-G24.indd 242 30/08/2022 17:45


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Impactos para o Brasil A leitura destas páginas
permite identificar as diferentes
Os efeitos da guerra também foram sentidos no Brasil. Estima-se que cerca de 50 mil soldados bra-
sileiros morreram em combate. Além disso, o conflito custou uma verdadeira fortuna aos cofres públicos. posições historiográficas sobre
Para cobrir os custos da guerra, o governo foi obrigado a desembolsar 11 vezes mais do que a Guerra do Paraguai, o que
tinha para gastar em 1864 e pedir empréstimos a outros países, o que contribuiu para enfraquecer a demonstra que a história é viva
economia brasileira. e as interpretações históricas são
Ao mesmo tempo, a vitória nos campos de batalha ajudou a fortalecer o Exército brasileiro. Então, orientadas por interesses e preo-
os militares se tornaram uma força política relevante a cumprir papel destacado no final do império. cupações próprios a cada época.
Aproveite para questionar, por
Diferentes interpretações exemplo, se historiadores bra-
A Guerra do Paraguai teve, ao longo do tempo, diferentes interpretações, feitas em contextos sileiros e paraguaios poderiam
históricos distintos e motivadas por interesses e ideologias variadas. De acordo com a historio- apresentar narrativas semelhantes
grafia tradicional brasileira que vigorou até meados do século XX, a Guerra do Paraguai foi uma sobre o conflito, incentivando uma
represália da Tríplice Aliança aos planos expansionistas do presidente paraguaio Solano López, reflexão sobre o papel político das
apontado como o responsável pelo conflito. Tal interpretação tinha um olhar patriótico, visando narrativas. Esse é um exemplo
exaltar os feitos do Exército e de seus oficiais. muito profícuo para mostrar que
Essa análise foi revista entre os anos 1960 e 1990, quando alguns autores diziam que o Brasil não existe neutralidade. Todos
e a Argentina teriam sido manipulados pela Inglaterra para lutar contra o Paraguai, cujo desen- nós falamos de algum lugar e
volvimento estaria colocando em risco o domínio econômico britânico isso sempre vai estar presente
no continente. Surgida numa época em que o Brasil vivia uma ditadura Represália: vingança.
nas nossas produções, escolhas
militar, essa linha de interpretação procurava criticar o papel do Exército
e leitura de mundo.
brasileiro no conflito, apontando sua responsabilidade na devastação do Paraguai.
No caso da História, essa
Em 2002, um livro do historiador Francisco Doratioto (1956 - ) defendia a tese de que as prin-
cipais razões da guerra teriam sido as rivalidades nacionais e a luta pela consolidação dos Estados
questão ainda é acrescida de
nacionais na bacia do Rio da Prata. Essa leitura – bem-aceita na atualidade – se desenvolveu com novas produções documentais:
base na análise de vasta documentação historiográfica. elas podem mudar a perspec-
Os paraguaios também construíram interpretações próprias a respeito do conflito, o qual tiva, a análise e a interpretação
chamam de Guerra da Tríplice Aliança. Para muitos deles, a guerra representou uma catástrofe dos fatos.
nacional, e Solano López atuou em defesa dos interesses do país, sendo, portanto, um herói para Sobre os gastos com o conflito,
aquele povo. Além disso, alguns discursos evidenciam o genocídio do povo paraguaio no conflito um bom recurso para trabalhá-los
e acusam o governo brasileiro de ter sua parcela de responsabilidade nessa tragédia. é elaborar uma roda de con-
versa, uma vez que podem ser
COLEÇÃO PARTICULAR

COLEÇÃO PARTICULAR

vistos como uma permanência


na história. Pergunte: a quem
interessa uma guerra? Quem sai
lucrando com ela e quem perde?
Será que, ao decretar guerra a
outro país, os governantes já
esgotaram as soluções pacíficas?
Conduza as contribuições dos
Cédula de 100 cruzeiros, com a efígie do Duque Cédula de 500 guaranis, com a efígie de estudantes de modo que todos se
de Caxias. Solano López.
sintam à vontade para participar.
243 Sobre a Guerra do Paraguai,
explique que eram muitos os
gastos com munição, treinamento,
salários, armamentos e deslo-
AMPLIAR HORIZONTES
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camentos de tropas. Para que
• GUERRA do Paraguai – 150 anos. 2014. Vídeo apresentam análises sobre a guerra e as consequên­ dimensionem esse último aspecto,
(52min28s). Publicado pelo canal Caminhos da cias dela. peça a eles que observem as dis-
Reportagem. Disponível em: https://tvbrasil.ebc. • SILVEIRA, Mauro Cesar. A batalha de papel.
tâncias entre as principais cidades
com.br/caminhosdareportagem/episodio/guerra- Florianópolis: EdUFSC, 2010. brasileiras do século XIX, a grande
do-paraguai-150-anos. Acesso em: 18 jul. 2022. maioria na faixa litorânea, e o
O livro apresenta análises sobre mais de 200 charges
No site, é possível acessar o episódio do progra- publicadas na imprensa brasileira durante a Guerra local do conflito, na fronteira com
ma Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, que do Paraguai. Do conjunto de charges analisadas, as o Paraguai.
aborda diferentes aspectos da Guerra do Paraguai. representações deformavam a imagem do Paraguai
Estudiosos dos quatro países envolvidos no conflito e serviram como arma ideológica durante o conflito.
243

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 4, 6 e 7: abordadas à me-
dida que os estudantes compreendem
a atua­ção de grupos e indivíduos na
Guerra do Paraguai e identificam os
OLHO VI VO
principais atores sociais envolvidos no
conflito. O POVO É O HERÓI
• CEH 2, 3, 4 e 6: trabalhadas fazendo
Em 1872, Pedro Américo (1843-1905), por encomenda do governo brasileiro, pintou um
com que a turma analise as conse-
quadro representando um conflito ocorrido no arroio do Avaí (no Paraguai), durante a Guerra do
quências da guerra para os grupos
Paraguai. Com 11 metros de largura por 6 metros de altura, a cena envolve mais de 400 figurantes
e indivíduos que participaram do
e sua representação conta com um alto grau de realismo. MU S
conflito. EU
DO
LO
Ao tratar de maneira épica um acontecimento como esse, UV
RE
• Habilidades EF08HI15 e EF08HI18: en- ,P
Pedro Américo promoveu, como desejava o governo, uma 1

AR
focadas com os estudantes fazendo

IS
,F
glorificação do Império Brasileiro. Porém, diferentemente do

RA
com que construam interpretações crí-


A
que era comum em pinturas do gênero, o pintor preferiu
ticas sobre a atuação dos diferentes
grupos na Guerra do Paraguai. transferir o papel de herói para o povo, representado pelos
soldados e oficiais de patentes mais baixas.

PROCEDIMENTOS A batalha do Avaí, Detalhe de Oficial dos


DIDÁTICOS Pedro Américo. Óleo caçadores a cavalo, Théodore
sobre tela, 1872. Géricault. Óleo sobre tela, 1812.
O quadro A batalha do Avaí
(1872) se encontra no Museu
Nacional de Belas Artes do Rio
de Janeiro e refere-se à batalha
travada em dezembro de 1868
que marcou a etapa decisiva
da Guerra do Paraguai. Essa
imagem é bastante significativa
para entendermos o papel de 2
1
representação da pintura e você
pode abordar alguns aspectos
que reforçam esse caráter para 5 8
os estudantes.
A obra de 50 metros quadra- 3
10 9
dos (60 metros com moldura) é
uma exaltação patriótica, enco- 4
mendada por D. Pedro II. Essa
batalha teve a participação de
centenas de mulheres, e poucos
paraguaios sobreviveram ao
conflito. 6
Sobre essas reflexões, veja a
opinião do professor Julio Plaza 244
no Texto complementar.

Texto complementar
táD3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd
mais reduzido ao olhar, 244 ele adquire a
dez. 2003. p. 26. Disponível em: https://www. 11/08/22 10:41

Arte e interatividade: possibilidade de agir sobre a obra e de mo- researchgate.net/publication/262589988_


autor-obra-recepção Arte_e_interatividade_autor-obra-recepcao.
dificá-la, de “aumentar” e, logo, tornar-se
Acesso em: 12 ago. 2022.
Para Couchot, a obra não é coautor, pois o significado da palavra autor
mais o fruto apenas do artis- (o primeiro sentido de augere) é acrescer, nos Aproveite e pergunte aos estudantes: quais
ta, mas se produz no decorrer limites impostos pelo programa. Assim, o sensações e impressões essa obra provocou em
do diálogo, quase instantâneo, autor delega ao fruidor uma parte de sua você? O que mais atraiu ou afastou seu olhar?
em tempo real. Num diálogo autoridade, responsabilidade e capacidade
entre modalidades de lingua- para fazer crescer a obra.
gem visual, sonora, gestual, PLAZA, Julio. Arte e interatividade: autor-obra-
tátil, escrita, o leitor não es- recepção. ARS, São Paulo, v. 1, n. 2, p. 9-29,
244

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
1 A figura do militar a cavalo 2 Os membros do estado-maior do Exército brasileiro são represen- Esse quadro reflete uma
foi inspirada no quadro tados de maneira neutra e distante, como simples observadores. tendência da época de juntar
Oficial dos caçadores a Assim, o artista “esvazia” a figura dos heróis, que em quadros inúmeras histórias em um único
cavalo, do pintor francês épicos são geralmente representados no centro da ação. São eles:
Théodore Géricault (1791- montado no cavalo branco, o comandante das tropas brasileiras, quadro. A obra foi produzida
1824), reproduzida a Duque de Caxias; à direita, de binóculos, o capitão de mar e guerra por Pedro Américo em Florença
seguir. Luís Pereira da Cunha, e, à esquerda, o brigadeiro Barão da Penha. (Itália). A maneira quase ficcio-
3 Os soldados brasileiros, ao contrário dos paraguaios (consulte o item 4, a seguir), são representados
nal como o artista representou o
com traços europeus, com pele e cabelos claros, transmitindo a ideia de que os brasileiros eram conflito e as personagens resul-
“civilizados”. Além disso, na cena representada, os soldados brasileiros assumem uma posição heroica tou em muitas polêmicas. Caxias,
diante do inimigo.
por exemplo, teria reclamado
4 Os paraguaios são representados com 5 No centro da ação, estão soldados e oficiais de de ser representado com o uni-
corpos atarracados e os rostos com traços patentes mais baixas, como o comandante da cava- forme desabotoado. Segundo
rústicos, transmitindo, assim, a ideia de laria, tenente Alves Pereira. Na imagem, ele “rouba” a historiadora Lilia Schwarcz, o
que eram “bárbaros”. Além disso, estão a bandeira paraguaia e é ameaçado por três inimi-
em atitudes de ferocidade e covardia. gos, que o atacam com lança, sabre e pistola. marechal teria dito que “Desejava
saber onde o pintor me viu de
6 Ao fugir, o soldado paraguaio recolhe moedas caídas no chão. Ao mostrá-lo preocupado em rapinar farda desabotoada; nem no
os despojos de guerra, o pintor procura passar a ideia de que os paraguaios são mesquinhos. meu quarto!”. Pedro Américo
respondeu que o fez assim pois
MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO

7 A cortina de fumaça e o fogo ao fundo suprimem toda a referência espacial, tra-


zendo as atenções para a energia do combate em primeiro plano. não queria o militar com roupas
muito escuras – frase que reforça
8 O general Manuel Luís Osório, coman- 9 Pedro Américo representou-se
a liberdade de produção que o
dante do I Corpo do Exército Imperial, como um soldado raso, portando
é um dos poucos comandantes que uma baioneta retorcida, manchada artista teve.
7
aparecem no centro das ações. Foi de sangue. Em seu quepe está o Essa contenda entre Pedro
representado momentos antes de número 33, sua idade na época em
Américo e o marechal, além
receber um tiro no maxilar que o tiraria que executou a obra. Naturalmente,
da guerra. ele não participou da batalha. de muitas outras que surgiram
na época (como a acusação
10 Apesar de a maior parte do Exército 11 Essa família paraguaia perdida no meio de ser “idealizada pela imagi-
brasileiro na Guerra do Paraguai do tiroteio é uma alegoria com a qual o
ser composta de soldados negros, pintor buscou transmitir a ideia de que
nação”), ajuda a desmitificar
eles praticamente não aparecem os civis de ambos os sexos e de todas as o papel da obra de arte como
nessa pintura, que representou idades (crianças, adultos e idosos) são as “representação dos fatos tal
11
principalmente militares brancos. principais vítimas da guerra.
qual aconteceram” (visão essa
corriqueira no senso comum).
Elaborado com base em: CARDOSO, Rafael. A arte brasileira em 25 quadros (1790-1930). Rio de Janeiro:
Permite ainda pensar na media-
Record, 2008. ção da recepção da obra de
COLI, Jorge. Como estudar a arte brasileira do século XIX. São Paulo: Senac, 2005.
OLIVEIRA, Vladimir José Machado de. Dos esboços pictóricos às rotundas dos dioramas: a fotografia nas
arte. Segundo o artista Marcel
pinturas das batalhas de Pedro Américo. Tese (Doutorado em História) – Departamento de História da Duchamp, por exemplo, é “o
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
SCHLICHTA, Consuelo A. Duarte. A pintura histórica e a elaboração de uma certidão visual para a nação, público [quem] estabelece o
no século XIX. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Universidade
Federal do Paraná, Curitiba, 2006. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/3948.
contato entre a obra de arte e
Acesso em: 9 ago. 2022. o mundo exterior”.
245

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 4: abordadas à medi-
da que os estudantes compreendem
a configuração do Exército brasileiro O EXÉRCITO BRASILEIRO
para a Guerra do Paraguai e as carac- Antes da guerra, as Forças Armadas brasileiras eram compostas de cerca de 18 mil militares
terísticas dos soldados que refletem despreparados e com poucos armamentos. Os negros não podiam fazer parte do Exército.
problemas sociais e raciais na socie- Com a Guerra do Paraguai, o governo brasileiro adotou algumas medidas para aumentar o
dade imperial da época. efetivo do Exército, criando uma força especial denominada Voluntários da Pátria, da qual trata-
• CEH 1, 2, 3 e 4: trabalhadas fazendo remos mais detalhadamente a seguir. Essa força, que chegou a recrutar cerca de 55 mil soldados,
com que a turma analise o crescimen- recebia homens de diferentes origens: pobres, pessoas da classe média urbana e negros libertos.
to simbólico do Exército brasileiro com O governo também incorporou ao Exército quase 60 mil homens da Guarda Nacional. E,
o resultado do conflito e a atuação dos em 1866, foi aprovada uma lei que concedia liberdade aos negros escravizados dispostos a lutar
soldados recrutados na corporação. na guerra. Muitos deles se alistaram e partiram para o campo de batalha. Todas essas medidas
• Habilidades EF08HI18 e EF08HI19: en- elevaram o número de combatentes para cerca de 139 mil.
focadas com os estudantes fazendo Isso ajuda a entender melhor a fotografia da página 239, que mostra parte da tropa de Caxias.
com que reflitam sobre a diversidade Como podemos notar, quase todos os homens que aparecem naquela fotografia são negros.
de sujeitos que integraram o Exérci- Indígenas de diversos povos,

ACERVO COMISSÃO RONDON - MUSEU DO ÍNDIO/FUNAI, RIO DE JANEIRO-RJ


to durante a Guerra do Paraguai e os como os terena, os kadiwéu, os
signi­ficados da participação de negros kayapó e outros, também participa-
e escravizados no conflito.
ram da guerra. Entre outras tarefas,
abriam trilhas no meio da mata,
PROCEDIMENTOS faziam reconhecimento de território
e pegavam em armas.
DIDÁTICOS Também foi importante a
Antes de iniciar a leitura dos participação feminina: além de
textos, pergunte aos estudantes eventualmente pegarem em armas,
o que eles sabem sobre o alista- as mulheres fabricavam munição,
mento militar atualmente: existe cuidavam dos feridos e preparavam
a comida dos soldados.
diferenciação por etnia ou crité-
Os membros da elite, de modo
rios censitários no alistamento? geral, evitaram se alistar; quando
Qual é o papel das mulheres nas convocados, preferiam pagar a outra
Forças Armadas? Vocês sabem pessoa para ir em seu lugar.
como é o alistamento em outros
países? Pergunte também se eles
sabem que existem países que
não possuem forças armadas.
Quais seriam as razões para essa
escolha? Esses questionamentos
iniciais servem para mobili-
zar os conhecimentos prévios Na fotografia, de autoria e
data desconhecidas, estão
da turma e fazer a conexão representados dois soldados
presente-passado. brasileiros da Guerra
do Paraguai; ambos são
Os estudantes devem com- indígenas do povo terena.
preender o componente racial e
social na formação do Exército. 246
Leve-os também a refletir sobre
a participação dos indígenas e
das mulheres. Somente a histo- turma no processo de aprendizagem
D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd 246 e apro- [...] 11/08/22 10:41

riografia mais recente pesquisa fundar as competências exigidas pela BNCC. Os chefes políticos locais e a oficialidade
o papel desses dois grupos na da Guarda Nacional, que era uma milícia
Guerra do Paraguai e sua rele-
Texto complementar à mando das oligarquias rurais, tentavam
forçar o alistamento de seus oponentes
vância para a sociedade brasileira A participação dos negros escravos
causando sérios conflitos nas províncias.
do período. Apresentar ques- na Guerra do Paraguai [...]
tionamentos sobre o silêncio A população brasileira em 1850, 14 anos A compra de substitutos, ou seja, a com-
dos historiadores acerca desses antes da guerra, era de aproximadamen- pra de escravos para lutarem em nome de
grupos e debater esses temas te dez milhões de pessoas, das quais uma seus proprietários, tornou-se prática cor-
são estratégias para engajar a quarta parte era constituída de escravos. [...] rente. Sociedades patrióticas, conventos e
246

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Os Voluntários da Pátria Explique que é comum o uso
O início da Guerra do Paraguai aflorou os sentimentos cívicos da população. Muitos se apre- da guerra para acirrar narrativas
sentaram voluntariamente para participar dos combates, acreditando que a guerra seria rápida nacionalistas entre as popula-
e fácil. Em janeiro de 1865, o governo criou o corpo de Voluntários da Pátria. Nele, podiam se ções. Esse sentimento foi usado
alistar espontaneamente homens entre 18 e 50 anos; para atraí-los, eram oferecidos uma quantia para o alistamento nas unida-
em dinheiro e um pedaço de terra. des militares conhecidas como
Voluntários da Pátria. Destaque

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


que os próprios nomes das unida-
des apontam para esse sentimento.
Peça aos estudantes que refli-
tam sobre as manifestações de
nacionalismo nos dias de hoje.
Comente que o nacionalismo exa-
cerbado, que beira a xenofobia,
tem se intensificado de forma peri-
gosa em vários lugares do mundo.
Na Europa, por exemplo, os nacio-
nalistas têm se colocado contra
imigrantes, tratando esses grupos
com intolerância. Também no
Brasil essa situação de preconceito
e intolerância contra imigrantes
Nessa charge de autoria desconhecida, publicada em 1865 na revista Semana Ilustrada, tem acontecido.
mulheres se alistam no programa Voluntários da Pátria.

À esquerda, são representadas mulheres religiosas e mulheres conhecidas como vivandeiras, que AMPLIAR HORIZONTES
forneciam alimentos, bebidas e outros gêneros às tropas brasileiras.
• LIMA BARRETO, Afonso H.
de. Triste fim de Policar-
Nos primeiros tempos da guerra, os Voluntários da Pátria foram bem-sucedidos. Entretanto, po Quaresma. Porto Alegre:
as dificuldades no campo de batalha desgastavam os combatentes. Isso incentivou um grande L&PM, 2011.
temor em relação à guerra, e o alistamento voluntário perdeu força.
O livro de Lima Barreto permite
Diante desse recuo, o governo lançou mão do recrutamento forçado. Muitos dos chamados
verificar a construção do nacio-
Voluntários da Pátria, na realidade, foram enviados compulsoriamente. Nesse caso, todos os que
nalismo no Brasil, especialmente
podiam tentavam escapar das listas de enviados para os campos de batalha.
no início do século XX. É uma crí-
Alguns se refugiavam nos matos, longe das cidades, outros se feriam propositadamente. Mas
tica do escritor ao nacionalismo
o modo mais efetivo de se livrar do recrutamento era conseguir dispensa por meio do favor de
acrítico que glorifica heróis des-
alguém importante.
qualificados do passado.
A guerra também se tornou uma maneira de punir homens escravizados considerados indis-
ciplinados ou perigosos por seus senhores. Há relatos de proprietários que venderam seus cativos
ao governo para que este os enviasse ao campo de batalha. Nesse caso, o proprietário recebia
uma soma considerável como indenização. de escaparem; os mais pobres
recorrem ao exílio dos matos.
247
O que menos dispõe de meios
de resistência é exatamente
o escravo, que troca a enxa-
o governo encarregavam-se, além disso,
D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd 247 compulsoriamente qualquer um, desde 11/08/22 que
10:41 da pelo mosquetão, deixa de
da compra de escravos para lutarem na pobre ou adversário político. Os Voluntários obedecer ao capataz e entre-
guerra. O império prometia alforria para da Pátria, por seu lado, dada a ausência de ga sua vida ao senhor oficial.
os que se apresentassem para a guerra [...]. entusiasmo popular depois da fase inicial TORAL, André Amaral de. A par-
[...] da guerra, também receberam em suas fi- ticipação dos negros escravos
Torna-se claro que os limites da cidadania leiras escravos e substitutos de toda sorte. na guerra do Paraguai. Estu-
efetiva do império igualam os escravos e des- A questão aqui parece ser menos racial dos Avançados, São Paulo, v. 9,
possuídos como material humano disponível e mais de exclusão social. Além dos limites n. 24, p. 287-296, ago. 1995. p.
291-293. Disponível em: https://
para a guerra. A Guarda Nacional, apesar da estreitos da cidadania todos são compreen- www.scielo.br/j/ea/a/Zz5Jrdg
inspiração liberal do modelo francês, ter- didos como voluntários, bons para a guerra. QR5hQMtMwj7dnfTd/?lang=pt.
minou a serviço de oligarquias, alistando Os mais aquinhoados têm mais condições Acesso em: 12 ago. 2022.
247

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 5 e 6: abordadas à medida
que os estudantes compreendem as
motivações para que questionamentos A ESCRAVIDÃO EM XEQUE
a respeito da manutenção da escravi- Durante a Guerra do Paraguai, soldados brancos e negros lutaram lado a lado contra os
dão no Brasil se desenhassem. paraguaios. Quando o conflito acabou, muitos militares começaram a se perguntar se era justo
• CEH 1, 2, 3 e 4: trabalhadas fazendo manter a escravidão, pois tinham visto negros e mestiços arriscarem a própria vida no campo de
com que a turma compreenda de for- batalha.
ma problematizada o contexto pelo Essas dúvidas, que logo se manifestaram publicamente, colocavam o governo em má situa-
qual a Inglaterra se tornou defensora ção. Os cativos ainda compunham maioria entre os trabalhadores nas lavouras de café, que era
da abolição da escravidão no Brasil e a principal fonte de riqueza do país. O governo não tinha interesse em romper com os grandes
as motivações internas para o Império cafeicultores, pois eles detinham o poder político e econômico. Desse modo, acabar com a
repensar a manutenção da escrava-
escravatura significaria a perda do apoio dos cafeicultores.
tura.
Entretanto, o Exército voltara fortalecido da guerra, e a opinião dos militares era respeitada
• Habilidade EF08HI19: enfocada com
pela população. Assim, o governo não pretendia hostilizar os soldados negros e mestiços que
os estudantes ao estimulá-los a for-
retornaram da guerra.
mular questionamentos sobre as
Na tentativa de não desagradar nenhum dos lados e procurando encontrar uma saída para
heranças da escravidão na socieda-
de brasileira, a partir do contexto da o impasse, o governo brasileiro ora sinalizava para o fim da escravidão, ora tentava prolongá-la o
Guerra do Paraguai. máximo possível.
Outro fator contribuía para complicar a situação dos líderes do império: a pressão interna-
cional para que a escravidão fosse abolida no Brasil. As principais críticas vinham da Inglaterra,
PROCEDIMENTOS a nação mais rica e poderosa da época, que exercia grande influência sobre a política brasileira.
DIDÁTICOS
Ao discutir o item A escravi-
dão em xeque, relembre que as
funções exercidas pelos negros
escravizados variaram muito ao

DEA/BIBLIOTECA AMBROSIANA/GETTY IMAGES


longo dos séculos em terras bra-
sileiras. No entanto, eles foram
os principais responsáveis por
quase todos os serviços braçais
executados no Brasil.
Para levar os estudantes a
refletir sobre o mundo do tra-
balho no presente, sob a ótica
da cidadania, pergunte a eles
se o trabalho escravo faz parte
de um modo ético de explorar
a mão de obra de outro indiví-
duo. Ajude-os a compreender
que a existência da escravidão,
Ilustração intitulada “A guerra na América do Sul”, de autoria desconhecida, publicada no
em qualquer época, rebaixa a The Illustrated London News, de 6 de outubro de 1866, que representa oficiais brasileiros
dignidade do ser humano, pois entrincheirados na Guerra do Paraguai.
ele se torna propriedade de outra
248
pessoa.
Além das informações presen-
tes no texto-base, incentive os
como a empatia e a ética,248proponha uma
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AMPLIAR HORIZONTES 11/08/22 10:41
estudantes a refletir sobre os sol-
reflexão em torno de questões como: quais
dados negros que conseguiram
sentimentos essa situação poderia produzir • SLENES, Robert W. Na senzala, uma flor: es-
retornar para a sociedade escra- peranças e recordações na formação da família
nessas pessoas? Como será que elas reagiam
vagista brasileira como libertos escrava – Brasil Sudeste, século XIX. 2. ed. Cam-
a essa condição desigual?
de guerra, após o conflito com pinas: Editora Unicamp, 2011.
o Paraguai, mas tinham paren- Em um trabalho investigativo, o autor discute as-
tes e familiares ainda mantidos pectos da família escravizada mostrando como as
como escravos. Para desenvolver tradições africanas fundamentaram identidades e
competências socioemocionais, solidariedades.

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O interesse inglês pelo fim da escravidão Para entender o que será
Os ingleses haviam abolido a escravização em suas colônias em 1834 e forçavam o Brasil a
discutido no item O interesse
fazer o mesmo. Alegavam fazer isso em nome da humanidade, mas por trás desse argumento havia inglês pelo fim da escravidão,
interesses econômicos em jogo. É que a Inglaterra era um país capitalista com acelerado desenvolvi- na página 249, os estudantes
mento industrial embasado no trabalho assalariado para formação de mercado consumidor. devem caracterizar o contexto
As indústrias inglesas intencionavam vender seus produtos em todo o mundo, o que se de Segunda Revolução Industrial,
tornava uma possibilidade real com a expansão imperialista britânica no século XIX. Mas, em observando termos como mão
países escravagistas como o Brasil, os cativos não recebiam salário e, portanto, não podiam de obra, matéria-prima e
comprar as mercadorias produzidas na Inglaterra.
mercado consumidor. É impor-
Em 1831, o governo brasileiro, pressionado pela Inglaterra, aprovou a primeira lei que proibia
tante também que reconheçam
o tráfico de escravos. Na prática, essa lei vigorou por bem pouco tempo. Embora nos primeiros
anos tenha contribuído para inibir a entrada de africanos escravizados, a partir de 1835, o tráfico
a disputa por mercados estabe-
voltou a crescer com toda a força. Desse modo, tal lei teve apenas um papel simbólico, ajudando lecida entre países europeus no
a acalmar por um tempo a forte pressão inglesa sobre a questão. século XIX.
É por isso que a lei de 1831, conhecida como Lei Feijó, foi caracterizada como uma medida Converse com a turma sobre
“para inglês ver”. Essa expressão é usada ainda hoje para tratar de leis ou decisões que não a inserção do Brasil no âmbito
funcionam e acabam sem nenhum efeito prático na vida das pessoas. do capitalismo industrial, que
passava pela adoção de práti-

BETTMANN ARCHIVE/GETTY IMAGES


cas capitalistas nas relações de
emprego, diferentemente do
que ocorre nas práticas mer-
cantilistas, adotadas entre os
séculos XVI e XIX. Esclareça que,
no primeiro modelo econômico,
predomina o trabalho assala-
riado e a grande necessidade de
amplo mercado consumidor e,
no segundo, a escravidão, que
era a forma mais conveniente de
explorar a mão de obra, produ-
zir e circular valor.
Reforce que o fim da escravi-
dão – e de um regime econômico
baseado nessa exploração – e a
inserção do Brasil no modelo eco-
nômico capitalista em ascensão
foram processos sobrepostos. As
contradições inerentes a essas
Reunião de antiescravistas na Inglaterra, 1841. Eventos como esse eram organizados para
pressionar o governo inglês a tomar medidas contra a escravidão ao redor do mundo. Ilustração modalidades econômicas cau-
de autoria desconhecida. saram desemprego aos libertos
e péssimas condições de traba-
249
lho aos assalariados e imigrantes
europeus, como veremos adiante.

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 5 e 6: abordadas à medida
que os estudantes são motivados a
analisar as ações políticas que proibi-
O fim do tráfico de escravizados e a terra
ram o tráfico de africanos escravizados Pressionado, o governo brasileiro aprovou em 1850 a Lei Eusébio de Queirós, que proibiu
e as motivações para a implantação o tráfico atlântico de escravizados da África para o Brasil. Para demonstrar que a lei seria efetiva-
da Lei de Terras no Brasil. mente cumprida, o governo brasileiro agiu com rigor em relação aos infratores: capitães de navios
• CEH 1, 2 e 4: trabalhadas fazendo com negreiros sofreram duras penas, e importantes fazendeiros chegaram a ser presos. Porém, a lei
que a turma identifique os impactos não promoveu a abolição da escravidão, e todos os escravizados que já estavam em território
políticos, sociais e econômicos do fim brasileiro continuaram vivendo em cativeiro.
do tráfico de escravizados e da Lei de No mesmo ano em que implantou a Lei Eusébio de Queirós, os gover-
Terras no Brasil. Terra devoluta:
nantes também promulgaram a Lei de Terras. Atendendo aos interesses
porção de terra que
• Habilidades EF08HI15 e EF08HI19: das elites, a lei determinou regras mais rígidas para a aquisição da posse da não foi colonizada
enfocadas com os estudantes fazendo terra. O objetivo dessa lei era impedir que os libertos, e que os imigrantes e, por isso, passou
com que analisem o contexto histórico e os pobres em geral, se instalassem em terras devolutas, tornando-se à propriedade do
do fim do tráfico de africanos escravi- Estado na condição
pequenos proprietários. de terra pública.
zados e alguns aspectos das condições Na prática, a lei oficializou o latifúndio e, entre outras limitações, proibiu
sociais vivenciadas pela população a venda de terras a prazo e estabeleceu que os imigrantes só poderiam adquirir terras após dois
negra desde então, e os efeitos da con- anos de residência no Brasil. Dessa maneira, os imigrantes, os negros libertos e os pobres conti-
centração fundiária no país a partir da
nuavam obrigados a vender sua força de trabalho para os fazendeiros, pois seria a única forma
decretação da Lei de Terras.
de garantir o seu sustento e o de sua família.
A Lei de Terras também afetou os indígenas, uma vez que muitos povos perderam o direito
PROCEDIMENTOS que tinham sobre as terras em que viviam, as quais acabaram controladas por particulares.
DIDÁTICOS

ACERVO DA PINACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAULO


Os estudantes devem per-
ceber que a Lei Eusébio de
Queirós, embora tenha proi-
bido o tráfico, não alterou a vida
da população escravizada no
Brasil. Da mesma forma, a Lei
de Terras dificultou o acesso
a novas terras para a popula-
ção liberta e para os imigrantes,
constituindo-se como um dos
principais marcos das desigual-
dades agrárias do Brasil.
Reforce com os estudan-
tes que o Segundo Reinado
foi marcado por importantes
mudanças políticas como as
Fazenda Pombal, Colônia Leopoldina, Bahia, Bosset de Luze. Aquarela sobre papel, c. 1840.
leis antiescravagistas – como a
Eusébio de Queirós – e a Lei de Após a abolição, muitos libertos permaneceram em latifúndios como o representado na imagem,
Terras, um exemplo de lei para pois não tinham acesso a pequenas propriedades e nem meios de garantir o próprio sustento.

garantir o interesse dos grandes


latifundiários e que deixou
250
marcas profundas na sociedade
brasileira. Pergunte para eles:
quais caminhos a sociedade civil PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
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tem para lutar quando situações No capítulo 8 deste Manual, abordamos alguns aspectos a respeito da concentração de terras
injustas impedem o bem-estar no Brasil. Esta reportagem do site do Senado brasileiro aborda aspectos da Lei de Terras.
de todos?
Há 170 anos, Lei de Terras oficializou opção do Brasil pelos latifúndios
[...] Em 18 de setembro de 1850, o imperador dom Pedro II assinou a Lei de Terras, por
meio da qual o país oficialmente optou por ter a zona rural dividida em latifúndios, e
não em pequenas propriedades.
[...] Os próprios senadores e deputados eram, em grande parte, senhores de terras. O
senador Costa Ferreira (MA), por exemplo, discursou:
— Isso de repartir terras em pequenos bocados não é exequível. [...]
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pobres europeus ficariam im-
pedidos de ter suas próprias
terras [...].
As pequenas propriedades de terra Com base nesse mesmo
raciocínio, os senadores afir-
A Lei de Terras, aprovada em 1850, deixou profundas marcas na sociedade brasileira. Após
maram que o governo deveria
sua promulgação, e ao longo dos séculos, o Brasil se transformou em um dos países de maior
fixar altos preços para as terras
concentração fundiária no mundo.
públicas colocadas à venda. [...]
Em 2018, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados do mais
O historiador Marcio Both,
recente Censo Agropecuário do Brasil, e os números mostraram que, ao longo dos últimos anos,
professor da Universidade Es-
houve um aumento da concentração fundiária no país. Pelo censo anterior, de 2006, havia no
tadual do Oeste do Paraná
Brasil 5,1 milhões de estabelecimentos agropecuários; já em 2018, esse número caiu para 5
(Unioeste) e estudioso da Lei
milhões. Mesmo assim, a área ocupada por esses estabelecimentos aumentou de 333 milhões de
de Terras, explica [...]
hectares para 350 milhões de hectares. Ou seja, mais terra nas mãos de menos pessoas.
— Em meados do século 19,
Ao mesmo tempo, mais da metade dos estabelecimentos agrícolas, 50,2%, é de pequenas
no contexto de expansão mun-
propriedades, ou seja, têm no máximo 10 hectares. No entanto, elas ocupam apenas 2,3% desses
dial do capitalismo, [...] o poder
350 milhões de hectares. Todo o restante está nas mãos de poucos latifundiários. Os alimentos
do latifundiário se media pe-
produzidos em suas grandes fazendas têm como destino principal outros países.
lo número de pessoas sob seu
controle, principalmente escra-

THOMAZ VITA NETO/PULSAR IMAGENS


vos. Em épocas em que a terra
não tinha fronteiras definidas
nem documentos que com-
provassem a titularidade, os
escravos, sim, tinham registro,
garantiam segurança financei-
ra e eram até utilizados como
garantia em empréstimos. Com
a abolição da escravidão a ca-
minho, a terra precisava ser
transformada definitivamente
em mercadoria e ganhar va-
lor. O poder do latifundiário
foi passando dos escravos pa-
ra a terra.
[...]
Estudiosos da questão dizem
que o histórico predomínio do
latifúndio levou ao surgimento
dos trabalhadores rurais sem
terra e tornou rotineira a vio-
lência no campo. [...]
— A sociedade e o Estado
Na fotografia, agricultor durante colheita de caju. São Francisco (SP), 2018. têm uma dívida histórica com
camponeses pobres, indígenas,
Para a Organização das Nações Unidas (ONU), qualquer estratégia de desenvolvimento sus- ex-escravos, descendentes de
tentável ambiental, social e econômico tem de passar, necessariamente, por esse setor produtivo. escravos — diz o historiador
São as famílias que preservam os recursos naturais e a agrobiodiversidade. Marcio Both.
251 WESTIN, Ricardo. Há 170 anos,
Lei de Terras oficializou opção do
Brasil pelos latifúndios. Jornal do
Senado, Brasília, DF, 14 set. 2020.
[...] — Há nas terras muitas posses de mui- abolicionistas. Por meio dela, o Brasil, pres- Seção Arquivo S. Disponível em:
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https://www12.senado.leg.br/
tos donos. Cada um deles fixa os seus limites sionado pela Grã-Bretanha, proibiu a entrada
noticias/especiais/arquivo-s/ha-
arbitrariamente. Quando há contestações, de novos escravos africanos no território 170-anos-lei-de-terras-desprezou-
a questão quase sempre se decide pelo ba- nacional. [...] camponeses-e-oficializou-apoio-
camarte — afirmou o senador Francisco de Os latifundiários entenderam que a es- do-brasil-aos-latifundios.
Paula Souza (SP). [...] cravidão, mais cedo ou mais tarde, chegaria Acesso em: 12 ago. 2022.
Não foi por acaso que a Lei de Terras nas- ao fim e que os seus cafezais corriam o ris-
ceu em 1850. Duas semanas antes de ela co de ficar sem mão de obra. A Lei de Terras
entrar em vigor, outra norma histórica ha- eliminaria esse risco. Uma vez tornadas ile-
via sido assinada por dom Pedro II: a Lei gais a invasão e a ocupação da zona rural,
Eusébio de Queirós. Foi a primeira das leis tanto os ex-escravos quanto os imigrantes
251

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 4, 6 e 7: abordadas à medi-
da que os estudantes problematizam a
questão do acesso à terra e à produção PESQUIS A & AÇÃO
de alimentos, nos dias de hoje, à luz dos
conflitos do processo histórico de lutas.
Consulte comentários nas
• CEH 1, 3 e 6: trabalhadas fazendo com DE ONDE VÊM MEUS ALIMENTOS? Orientações didáticas.
que a turma analise a conjuntura políti-
Você já pensou de onde vêm as frutas, as verduras e os legumes que chegam à sua mesa
ca, social e econômica do acesso à terra
e os grupos e indivíduos que estão inse- nas refeições? São cultivados em grandes fazendas ou vêm de pequenos ou médios produtores
ridos nesse processo. rurais? E como esses alimentos são cultivados? A pessoa que os vende é a mesma que os cultiva?
Conhecer as características do alimento que consumimos nos ajuda a pensar (e até a repensar)
• Habilidade EF08HI15: enfocada com os
estudantes fazendo com que reflitam nossos hábitos alimentares e a fazer melhores escolhas.
sobre a questão fundiária e produção Em grupo, façam uma pesquisa em sua comunidade a respeito dessas questões. Para isso, com
agrícola no Brasil desde a instituição da o auxílio do professor e dos responsáveis, organizem uma visita a uma feira livre próxima à escola
Lei de Terras aos dias de hoje. ou outra conhecida. Lá, você e os colegas do grupo vão coletar informações com os feirantes.

1O passo 2O passo
PROCEDIMENTOS Para o melhor aproveitamento desta atividade, é fundamental Depois de fazer ajustes e
DIDÁTICOS elaborar previamente um questionário a ser aplicado entre o público- finalizar o questionário,
alvo. Elaborar um questionário é uma tarefa que deve ser feita imprimam cópias dele,
Texto complementar com atenção, seguindo critérios e métodos específicos. Confiram de acordo com o número
no gráfico a seguir alguns dos cuidados que vocês precisam ter em estimado de pessoas que
Políticas de agricultura mente durante a elaboração de um questionário de pesquisa. participarão da pesquisa.
familiar brasileiras são
exemplo mundial
No país, 84,4% dos estabele-

ESTÚDIO DIAGRAMI
cimentos rurais pertencem à
agricultura familiar, que em-
prega quase 75% da mão de
obra do setor agropecuário. Em
contrapartida, somente 24,3%
das áreas ocupadas por es-
tabelecimentos agrícolas são
administradas por pequenos
proprietários.
Sua produção é voltada prin-
cipalmente ao mercado interno.
Ela é responsável pela plan-
tação de 70% dos alimentos
consumidos no país – como
70% do feijão, 87% da mandio-
ca, 58% do leite e 46% do milho.
“O incentivo à agricultura fa-
miliar contribui para reduzir a
pobreza extrema, dinamizar os TTERSTOCK.COM
STOCKSYLE/SHU
mercados locais, incentivar a
permanência de agricultores na 252
sua comunidade e também, em
nível nacional, para aumentar a
segurança alimentar, reduzin-
do a vulnerabilidade do país ao muitas dessas propriedades252costumam ser
D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd que pode conciliar melhor a agricultura e 11/08/22 10:41

mercado global e ao choque de plantados produtos variados, além de serem áreas de preservação e as áreas naturais.
preços”, diz em entrevista à DW utilizadas sementes e espécies tradicionais Há várias possibilidades que se abrem com
Brasil Salomón Salcedo, oficial que existem há centenas de anos e são mais agricultura familiar para preservar o meio
de políticas da FAO. resistentes a pragas e mudanças. ambiente, o que com a agricultura comer-
[...] o modelo da agricultura Para a bióloga Claúdia Valéria de Assis cial é mais difícil.”
familiar não é importante ape- Dansa, da Universidade de Brasília (UnB), a A definição de agricultura familiar varia
nas para a segurança alimentar, agricultura familiar tem um grande poten- por país. No Brasil, agricultores familiares
mas também para garantir a cial ecológico. “A agricultura familiar pode são aqueles que possuem um único imóvel,
produção de alimentos com ser bem melhor na medida em que ela pos- cujo tamanho difere por região. Além dis-
as mudanças climáticas. Em sibilita um formato, um desenho agrícola, so, a principal mão de obra empregada é a
252

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
3O passo 4O passo Pesquisa & Ação
Apliquem os questionários conforme as orientações Depois de realizadas as O objetivo da atividade é per-
do professor, seguindo o número de participantes entrevistas, façam uma mitir que o estudante tenha um
pré-estipulado e observando a boa comunicação com tabulação das respostas, contato inicial com a elaboração
os interlocutores. Importante: vocês só devem ir à apresentem aos colegas e de questionários, uma prática de
feira livre acompanhados de um responsável. comparem os resultados obtidos.
pesquisa usada com bastante fre-
Consulte comentários nas Orientações didáticas. quência. É importante orientar o
Definam o objetivo da pesquisa estudante tanto na elaboração
As perguntas devem estar em sintonia com o objetivo da pesquisa. Afinal, as respostas
do questionário ajudarão a embasar as informações do trabalho. do questionário como também
na tabulação das respostas.
Identifiquem o público-alvo O resultado ficará mais inte-
É muito importante saber qual é o perfil das pessoas que serão entrevistadas. Procurem ressante se as pesquisas forem
fazer as perguntas de maneira direta, utilizando termos que o entrevistado deve conhecer.
Dessa maneira, serão maiores as chances de vocês obterem respostas verdadeiras. feitas em diferentes feiras livres.
Se for o caso, monte com os
Estabeleçam o tipo de pergunta que desejam fazer estudantes um mapa indicando
O tipo de pergunta de um questionário pode variar de acordo com as intenções dos os locais onde foram feitas as
entrevistadores. Vocês podem fazer perguntas de múltipla escolha, permitindo que o
entrevistado indique uma ou mais alternativas. Por exemplo: “que tipo de música você
entrevistas e o perfil dos alimen-
gosta de ouvir”: a) rap; b) rock; c) MPB; d) samba; e) funk”. Se quiserem, é possível limitar, tos vendidos nessas localidades.
pedindo para que, dessa lista, o entrevistado selecione apenas os três gêneros favoritos,
mesmo que ele ouça todos.
Essa atividade pode ser feita
Vocês também podem fazer perguntas abertas, para que o entrevistado responda em parceria com o professor de
livremente a respeito de um assunto. Por exemplo: “em quais momentos você gosta de Matemática, que pode ajudar
ouvir música?”. Perguntas abertas são boas de serem usadas quando se deseja conhecer
melhor as ideias do entrevistado. na tabulação das respostas. É
Outra possibilidade são os questionários cujas respostas são escolhidas com base em uma importante que a ida à feira livre
escala. Esse tipo de pergunta permite que vocês agrupem as respostas em “positivas” e
“negativas”. Eis um exemplo: seja feita com a autorização de
“Em uma escala de 1 a 10, em que 1 significa ‘não gosto de jeito nenhum’ e 10 significa um responsável pelo estudante.
‘gosto muito’, responda: qual o seu entendimento a respeito das músicas da cantora X?”.
Nos últimos anos, vem cres-
cendo de maneira significativa
Elaborem um rascunho
Não tenham pressa na elaboração do questionário. Pensem no tipo de informação que no Brasil o problema da inse-
pretendem reunir e qual o melhor tipo de pergunta a ser feita para se obter a informação gurança alimentar. Em 2022,
desejada. Inicialmente, escrevam um rascunho. Ao concluí-lo, vocês perceberão que algumas
perguntas são dispensáveis e outras necessitam ser reelaboradas. Aproveitem para decidir
havia 125 milhões de brasilei-
a ordem em que as perguntas aparecerão no questionário. ros nessa situação, sendo que,
desse total, 33 milhões em inse-
Façam um teste gurança grave, ou seja, passando
Antes de começar a entrevistar seu público-alvo, peçam a opinião de outras pessoas a
respeito das perguntas elaboradas, procurando descobrir se o questionário está claro,
fome, 14 milhões de pessoas a
isento de erros e com perguntas coerentes. Se houver necessidade, façam novos ajustes. mais do que em 2020, segundo
Melhor corrigir o questionário nesse momento do que depois, quando a pesquisa já dados do 2o Inquérito Nacional
estiver sendo aplicada.
sobre Insegurança Alimentar no
Elaborado com base em: CARMO, Vera. O uso de questionários em trabalhos científicos. Universidade Federal
de Santa Catarina. Florianópolis, [2013]. Disponível em: http://www.inf.ufsc.br/~vera.carmo/Ensino_2013_2/O_
Contexto da Pandemia da covid-
uso_de_questionarios_em_trabalhos_cient%EDficos.pdf. Acesso em: 29 jun. 2022. 19, divulgado em 2022 pela
253 Rede PENSSAN e o Vox Populi.
Portanto, o tema necessita ser
conduzido com cuidado em sala
de aula, evitando gerar cons-
do produtor rural e de seus próprios familiares e sua renda vem exclusivamente 13/08/22
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estabelecimento. trangimentos entre estudantes
A ONU estima que existam cerca de 500 milhões de pequenas fazendas pelo mundo. que podem estar dentro desse
Na América Latina e no Caribe elas representam cerca de 80% das propriedades agríco- perfil de insegurança alimentar.
las e produzem mais de 60% dos alimentos consumidos na região, além de empregar O podcast a seguir pode
mais de 70% da mão de obra do setor. fornecer subsídios a essas
NEHER, Clarissa. Políticas de agricultura familiar brasileiras são exemplo mundial. DW, Bonn, questões: https://porvir.org/o-
26 jul. 2013. Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/politicas-de-agricultura-familiar- futuro-se-equilibra-005-meus-
brasileiras-sao-exemplo-mundial/a-16978799. Acesso em: 12 ago. 2022.
alunos-tem-fome/; acesso em:
12 ago. 2022.

253

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 4 e 5: abordadas à medida que
os estudantes são motivados a analisar
o processo abolicionista construído na
A campanha abolicionista
sociedade imperial e os principais atores Além das pressões inglesas, havia a resistên-

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


sociais envolvidos nesse contexto. cia dos negros escravizados, que se intensificou
• CEH 1, 2 e 4: trabalhadas fazendo com a partir da segunda metade do século XIX. Os
que a turma compreenda a importância cativos organizavam motins e fugas cada vez
das leis abolicionistas promulgadas no mais constantes. Também começaram a surgir
período e problematize as consequên- associações abolicionistas por todo o país; a
cias para a sociedade imperial. primeira foi fundada no Rio de Janeiro, em 1870.
• Habilidade EF08HI19: enfocada com os Muitos escravizados conseguiram apoio
estudantes fazendo com que problema- de advogados para mover ações na Justiça
tizem as heranças da escravidão no Brasil. por sua liberdade. Um desses advogados era
Luiz Gama (1830-1882) – filho da negra liberta
Luísa Mahin –, que conseguiu libertar mais de
PROCEDIMENTOS 500 cativos por meio de decisões judiciais.
DIDÁTICOS Após longos debates e polêmicas, em 28
Auxilie os estudantes a per­- de setembro de 1871, a Assembleia Geral (que
ce­ber que a história do aboli- reunia a Câmara dos Deputados e o Senado)
aprovou a Lei do Ventre Livre.
cionismo vem desde as fugas
Mesmo que a lei estabelecesse que os
e resistências da população
filhos de negros escravizados nascidos a partir
negra durante o período colonial. daquela data seriam considerados livres, havia
Heróis nacionais, como Zumbi dos uma condição: essas crianças permaneceriam
Palmares, Dandara dos Palmares sob os cuidados de seus senhores até os 8 anos.
ou Tereza de Benguela, mostram A partir da segunda metade do século XIX,
Quando isso ocorresse, o proprietário poderia observou-se um progressivo aumento da fuga
que a escravidão não foi aceita ceder a criança ao governo em troca de uma de escravizados, como é possível verificar
passivamente, ao contrário, era indenização, ou mantê-la em seu poder até que nos anúncios de jornais da época, como
necessária muita negociação e ela completasse 21 anos. Durante todo esse esse do Rio de Janeiro, de 1854, em que os
proprietários ofereciam recompensas para
ocorriam muitos conflitos. período, ela trabalharia para seu proprietário.
quem os recapturasse.
Uma boa proposta para tra- Na prática, portanto, a lei era muito mais
balhar o conteúdo dessa dupla uma maneira de o governo ganhar tempo e não se desgastar junto aos proprietários de traba-
lhadores escravizados do que uma ação efetiva para acabar com a escravatura.
é fazendo uso da biografia. O
primeiro ponto a considerar é
que esse tipo de exercício evi-

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


dencia para os estudantes que os
protagonistas de fatos históricos
são, por muitas vezes, pessoas
comuns, que viveram em socie-
dade e participaram diretamente
de ações e movimentos. No caso
da temática dessa dupla, trata-se
também de trazer para a realidade
Fuga de escravos, charge de Angelo Agostini, publicada na Revista Illustrada em 1886.
dos estudantes as inúmeras perso-
nagens da luta contra a escravidão 254
que, de modo geral, à exceção de
Zumbi, ainda são bastante desco-
nhecidos da sociedade brasileira.
• PARANÁ. Secretaria Estadual254de Educação do
D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd momento, eles poderã escolher biografias de 11/08/22 10:41
Entre as obras que podem
Paraná. Educando para as relações étnico- pessoas negras que lutararam contra a escravidão.
ajudar nesse levantamento
-raciais II. Curitiba: SEED, 2008. Você pode usar o pensamento computacional
destacamos:
• SCHUMAHER, Schuma; BRA- • GOMES, Flávio dos Santos; LAURIANO, Jaime; com os estudantes para os critérios de escolhas:
SIL, Érico Vital. Mulheres SCHWARCZ, Lilia Moritz. Enciclopédia ne- por períodos históricos, por séculos, pelo estado
negras do Brasil. Rio de Ja- gra. São Paulo: Companhia das Letras, 2021. onde está situada a escola, por gênero, por tipo
neiro: Senac Nacional, 2007. Você pode organizar esse trabalho de diversas de ações. Mas não se esqueça de que é muito
• ARAÚJO, Emanuel (org.). Textos formas, mas um camínho possível seria fornecer importante os estudantes terem consciência
de negros e sobre negros. aos estudantes essas e outras obras que por- desse critério, só assim eles vão internalizando
São Paulo: Imesp, 2011. ventura encontrar e deixá-los manusear. Nesse esse conceito.
254

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Leis contra a escravidão Promova a leitura do item
A partir da década de 1880, a campanha abolicionista no Brasil foi para as ruas. Em diversas Leis contra a escravidão e,
regiões do Brasil, surgiram jornais e novas organizações contrárias à escravatura. O cartunista ao mesmo tempo, produza um
Angelo Agostini (1843-1910), no Rio de Janeiro, publicava charges contra o regime escravocrata; o esquema na lousa para ficarem
jornalista Joaquim Nabuco (1849-1910), também no Rio de Janeiro, escrevia artigos condenando a evidentes a cronologia e as rela-
escravidão; no Ceará, jangadeiros, liderados por Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, ções dos acontecimentos. Facilite
recusaram-se a transportar trabalhadores escravizados até os navios que os conduziriam para a a compreensão de que os pro-
venda no Sudeste. cessos históricos decorrem de
Algumas províncias anteciparam-se ao governo central e libertaram os escravizados. No
uma série de acontecimentos
Ceará e no Amazonas, por exemplo, a escravidão foi abolida em 1884. Mesmo assim, o governo
imperial continuava com sua política de não desagradar nem aos grandes fazendeiros nem aos
de curta duração, outros de
abolicionistas. média duração e, por fim, alguns
Em 1885, 14 anos depois da Lei do Ventre Livre, foi aprovada uma lei que concedia liberdade de longa duração. O processo do
a todas as pessoas escravizadas com mais de 60 anos, denominada Lei dos Sexagenários. abolicionismo deve ser incluído
Contudo, a lei não teve efeitos práticos, já que poucas pessoas atingiam essa idade por causa das na lousa como um aconteci-
violências e explorações da escravidão. mento que teve uma duração
Nesse contexto, poucos ainda defendiam a continuidade da escravatura. Mesmo nas fazendas maior que a escrita das leis, pois
de café, como estudamos no capítulo anterior, a imigração já surgia como uma possibilidade de
partiu de reivindicações de dife-
substituição do trabalho escravo.
rentes grupos populares.
Nessas circunstâncias, em 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, pela
qual era determinada a abolição imediata da escravidão no Brasil. Sucinta, a lei não foi acompa- Aproveite e solicite aos estu-
nhada por políticas de inclusão dos libertos na sociedade brasileira. Além disso, os proprietários de dantes que levantem críticas
escravizados não receberam nenhum tipo de indenização do Estado por suas perdas econômicas. às leis que foram implanta-
Depois de implementada a Lei Áurea, muitos fazendeiros que ainda apoiavam o governo das, assim como os interesses
de D. Pedro II passaram a fazer oposição a ele. O governo imperial ficou cada vez mais isolado; em jogo em cada uma delas.
até que, em 1889, o imperador foi deposto por militares, que implantaram a república no Brasil. Explique a eles que há sempre
avanços e retrocessos, e mostre
ELIÁRIA ANDRADE

como o processo histórico é dinâ-


mico, pois é construído pela
ação e pela negociação entre
os grupos humanos.

Grupo Ilú Obá


de Min durante
cerimônia de AMPLIAR HORIZONTES
lavagem da
escadaria do • NABUCO, Joaquim. O abo-
Bixiga e da Rua
13 de Maio.
licionismo. Rio de Janeiro:
São Paulo (SP). BestBolso, 2010.
Em 13 de maio Joaquim Nabuco foi um árduo de-
de 2019.
fensor do abolicionismo. Na obra,
255 lançada em 1883, ele aborda a es-
cravidão como um regime cruel e
desumano.
• BACKES, José Licínio; PAVAN,
Os estudantes tanto podem aprofundar a pes-
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Ruth. Relações étnico-ra-
quisa fora do horário da aula como em classe para ciais, gênero e desigualdade
contar com seu apoio e orientação. O resultado do social na educação básica.
trabalho pode ser apresentado por meio de carta- São Paulo: Mercado de Letras,
zes na escola, por meio de um festival de “Histórias 2016.
de negros que lutaram contra a escravidão”, ou Na obra, os autores mostram co-
também por meio de uma produção virtual. mo as desigualdades sociais são
produzidas de forma complexa, ar-
ticuladas com questões de classe,
raça/etnia, gênero e outros fatores.

255

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3, 4, 5 e 6: abordadas à me-
dida que os estudantes são motivados
a analisar o processo de luta contra o
A história da luta contra o preconceito e a discriminação
preconceito e a discriminação à luz da he- Com o fim da escravidão, os recém-libertos foram abandonados à própria sorte. Nenhum
rança escravocrata da sociedade imperial. projeto que promovesse a integração social da população negra foi aprovado ou sequer discutido
• CEH 1, 2 e 4: trabalhadas fazendo com pelo governo.
que a turma identifique contextos his- Assim, permaneceram a desigualdade social e o preconceito étnico em uma sociedade que
tóricos concomitantes ao contexto de se esforçava por excluir e marginalizar os negros. Um exemplo dessa exclusão foi no acesso
escravidão, como a Comuna de Paris, e à educação. Antes da abolição, a quase totalidade dos negros não frequentava a escola. Nos
compreenda suas similaridades e parti- primeiros anos após a Lei Áurea, as escolas continuaram praticamente inacessíveis à população
cularidades. negra. Isso dificultava seu ingresso no mercado de trabalho e impedia o acesso ao voto, pois era
• Habilidades EF08HI19 e EF08HI20: en- preciso ser alfabetizado para ser eleitor.
focadas com os estudantes fazendo Os reflexos dessa situação são sentidos até hoje: pesquisas
com que problematizem as práticas de Ação afirmativa: conjunto de
recentes revelam que a evasão escolar é maior entre os estu-
políticas públicas formuladas e
preconceito e discriminação à luz do dantes negros e que é mais difícil o acesso de um negro ao implementadas pelo governo
passado escravocrata do país e reflitam ensino universitário, por exemplo. Considerando esses dados ou pela iniciativa privada com o
sobre o papel das ações afirmativas na e atendendo às reivindicações de diferentes grupos sociais, o objetivo de corrigir desigualdades
diminuição das desigualdades sociais re- presentes na sociedade,
governo federal pôs em prática, a partir de 2003, um conjunto acumuladas ao longo de anos.
lacionadas ao legado da escravidão. de ações afirmativas com o objetivo de diminuir as desigual-
dades e combater a segregação racial e o racismo.
PROCEDIMENTOS Uma dessas medidas foi a aprovação de leis estabelecendo que determinado número de
DIDÁTICOS vagas nos cursos superiores das universidades federais deve ser reservado para negros, indígenas
e estudantes de baixa renda oriundos do ensino público. Os resultados dessa política podem ser
No Texto complementar, quantificados: em 2005, apenas 5,5% dos jovens pretos e pardos entre 18 e 24 anos frequentavam
apresentado a seguir, são encon- uma universidade pública; em 2019, esse número havia subido para 50,3%, de acordo com o IBGE.
trados trechos de um estudo da

HERMES FOTOGRAFIA
Unesco sobre evasão escolar,
embasado na metodologia de
grupo focal (entrevista) com profes-
sores e diretores. A análise desses
dados identifica as desigualdades
no campo educacional que existem
em nosso país.
Peça aos estudantes que pro-
ponham algumas soluções para
reparação histórica no acesso às
escolas e universidades de qua-
lidade. Eles devem observar a
importância do espírito de equi-
dade, compreendendo que esse
conceito prevê maiores investimen-
tos para os grupos populacionais Primeira turma de médicos negros formada na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
historicamente desprivilegiados. (BA), em 2019.

Texto complementar 256


O estudante negro e a
evasão escolar
Segundo os professores, buem em nenhum momento
D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd 256 a culpa por uma das causas para que o aluno negro de- 11/08/22 10:41

a justificativa utilizada para essa exclusão à própria escola. [...] sista da escola.
se explicar a evasão escolar Nas escolas, as crianças e os jovens negros [...] um professor enfatiza que a discrimina-
é a “desestruturação das fa- são alvos constantes de xingamentos racis- ção racial tem origem na família, eximindo a
mílias” que não dão o suporte tas. Ser xingado por causa da cor é um dos escola da culpa na disseminação de precon-
necessário para que os alunos motivos pelos quais os alunos negros deixam ceitos e de discriminação. O aluno, alvo dos
permaneçam na escola. de ir à escola. A fuga dos alunos do ambiente xingamentos racistas, é induzido pela escola
[...] Enfatiza-se que o aluno onde são humilhados e hostilizados é uma a silenciar sobre os fatos, e esse silenciamen-
negro deixa a escola porque forma de manifestar o incômodo com a si- to é compreendido pelo professor como um
precisa trabalhar. Observa-se tuação. [...] Percebe-se que a discriminação processo de conscientização do aluno e da fa-
que os professores não atri- racial expressa nas palavras é possivelmente mília de que na escola não existe racismo. [...]
256

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Enquanto isso...
ENQUAN TO ISSO... Trabalhar o conceito de simul-
taneidade permite ao estudante
A COMUNA DE PARIS perceber que outras coisas estão
Entre 1870 e 1871, época em que o governo brasileiro discutia a elaboração da Lei do Ventre
acontecendo de forma diferente
Livre, a França e a Prússia (uma das regiões da atual Alemanha) travaram uma guerra que terminou ou semelhante em outros espaços
com a derrota francesa. no mesmo tempo. Esse exercí-
O fracasso na batalha agitou os trabalhadores de Paris. A Monarquia Francesa foi derrubada e, cio também amplia a visão de
pela terceira vez desde 1789, foi proclamada a república no país. O novo governo, controlado pela mundo do estudante, uma vez
burguesia, tentou desarmar a Guarda Nacional, uma força armada que apoiava os trabalhadores. que exige um deslocamento de
Em resposta, a Guarda Nacional e os trabalhadores atacaram a sede do governo. seu olhar para outras realidades.
As lideranças ali presentes fugiram para Versalhes, e os trabalhadores assumiram o controle
Neste capítulo, isso acontece por
da capital. Em março de 1871, formou-se um governo de representantes dos operários, e foi
meio do estudo sobre a Comuna
decretada a criação da Comuna de Paris, um órgão de governo formado exclusivamente por
proletários. Era a primeira vez que a classe trabalhadora chegava ao poder na Europa. de Paris, movimento ocorrido
Coerentes com seus ideais de igualdade e de justiça social, os líderes da Comuna decretaram entre 1870 e 1871 na França.
uma série de medidas, como a separação entre a Igreja e o Estado, a igualdade civil entre mulheres
e homens, a redução da jornada de trabalho, entre outras.
Contudo, a Comuna não obteve o apoio da maioria da população francesa, composta prin-
cipalmente de camponeses. Em maio, tropas do governo republicano de Versalhes ocuparam a
capital francesa, onde foram executados 20 mil revolucionários, colocando um ponto-final na

BRIDGEMAN IMAGES/EASYPIX BRASIL


Comuna de Paris.

Destruição da Coluna A coluna havia sido construída por Napoleão Bonaparte e era vista como
de Vendôme. Paris, um símbolo de opressão pelos revolucionários da Comuna de Paris.
França, 1871. Após a queda do movimento, a coluna foi reconstruída e existe até hoje.

257

O diretor ressalta como a escola age diante


D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd 257 escola sobre esse fenômeno, transferindo-
11/08/22 10:41

das discriminações, sugerindo a transferên- -a tanto para a estrutura familiar quanto


cia dos alunos que são vítimas. Essa é uma para a estrutura da sociedade, que dotou es-
forma de silenciar e de mostrar que a esco- sas crianças de poucas condições materiais.
la não está aberta para incluir a diversidade
ABRAMOVAY, Miriam; CASTRO, Mary Garcia
nas suas mais variadas esferas.
(coord.). Relações raciais na escola: reprodução
[...] de desigualdades em nome da igualdade. Brasília,
[...] Uma diretora enfatiza que apesar de DF: Unesco: Inep: Observatório de Violências
perceber que existe um maior número de nas Escolas, 2006. p. 278. Disponível em: https://
evasão/abandono entre as crianças e jovens unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000145993.
negros, ela ameniza a responsabilidade da Acesso em: 12 ago. 2022.
257

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7: abordadas à
medida que os estudantes estruturam
com o esquema-resumo as informa-
ções referentes à Guerra do Paraguai, ESQUEM A-RE SUMO
suas causas e consequências.
• CEH 1, 2, 3, 4 e 6: trabalhadas fazendo
com que a turma problematize os te-
mas analisados ao longo do capítulo,
CAPÍTULO 9
compreendendo suas particularidades.
• Habilidades EF08HI15, EF08HI17, A GUERRA DO PARAGUAI E O FIM DA ESCRAVIDÃO
EF08HI18, EF08HI19, EF08HI20: en-
focadas com os estudantes fazendo
com que analisem os conflitos existen-
tes no período estudado e os efeitos Crises econômica e
Crise política Crise militar
das práticas políticas e sociais da so- social
ciedade escravista imperial.

PROCEDIMENTOS – Campanha abolicionista


– Pressão inglesa pelo
DIDÁTICOS fim da escravidão
Abolição:
governo perde
Guerra do Paraguai
(1864-1870): conflitos na
– Resistência de apoio dos demarcação das fronteiras no
Esquema-resumo escravizados cafeicultores sul do país
– Ação de advogados
Atividade e jornalistas contra a
escravatura
A questão pode ser corrigida
– Envolveu Brasil, Argentina,
coletivamente. Retome a relação Uruguai e Paraguai
entre a Guerra do Paraguai e Ação do governo: – Disputa pelos rios Paraná e
o fortalecimento do processo processo gradual Paraguai, e pelo estuário do
para acabar com a Rio da Prata
abolicionista, explicando que os
escravidão – Extermínio de grande parte
dois processos foram responsá- da população masculina do
veis pelo desgaste da imagem Paraguai
– Grandes perdas para o Brasil e
de D. Pedro II. Após a correção para o Paraguai
– Lei do Ventre Livre (1871)
da atividade, elabore uma linha
– Abolição da Escravatura no
do tempo colocando em ordem Ceará e no Amazonas (1884)
as leis abolicionistas e a Guerra – Lei dos Sexagenários (1885)
– Recrutamento forçado de homens para o
do Paraguai. A proximidade dos – Lei Áurea (1888)
Exército
eventos é perceptível e possibi- – Fortalecimento político do Exército
lita compreender a influência – Grande participação de negros e mestiços
no Exército: mais apoio à Abolição da
que um processo tem sobre o
Escravatura
outro, bem como o impacto que
ambos tiveram sobre o fim do
Segundo Reinado. Com base nas informações do esquema-resumo e na leitura do capítulo, explique de que maneira a
Abolição da Escravatura e a Guerra do Paraguai estão relacionadas com a crise do Segundo Reinado.

A Guerra do Paraguai provocou grandes gastos ao país ao mesmo tempo que fortaleceu o Exército,
258 que passou a criticar o governo. Já a Abolição fez o governo perder a aprovação dos grandes 258
fazendeiros que empregavam mão de obra escravizada. Sem apoio, a monarquia terminou em 1889.

AMPLIAR HORIZONTES
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• ROSSI, Amanda; GRAGNANI, Juliana. A luta esquecida dos negros pelo fim da escravidão no Brasil. BBC
Brasil, São Paulo, 11 maio 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-sh/
lutapelaabolicao. Acesso em: 19 jul. 2022.
Se achar adequado, indique aos estudantes a reportagem especial elaborada pela BBC Brasil sobre a luta dos ne-
gros escravizados pelo fim da escravidão no Brasil. O material possui linguagem atraente e é ricamente ilustrado.

258

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e) A principal hipótese que
pode ser formulada é que
a abolição foi um proces-

AT IV IDADE S 1. a) O governo criou o corpo dos Voluntários da Pátria, formado


por pessoas que se alistavam voluntariamente, além de conceder NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
so conflituoso, marcado
por disputas entre defen-
liberdade para negros escravizados dispostos a ir para a guerra.
O recrutamento forçado foi outra maneira de aumentar o número de combatentes. sores de medidas visando
1. Durante a Guerra do Paraguai, um dos maiores problemas do governo brasileiro era
ao fim da escravidão e
conseguir recrutar homens para lutar no conflito. Sobre isso, responda.
a) Quais foram as principais formas utilizadas pelo governo brasileiro para recrutar pessoas para
aqueles que defendiam a
a guerra? 3. d) De acordo com José de Alencar, a abolição seria prejudicial tanto para os fazendeiros quanto continuidade das práticas
para o Estado. Na perspectiva do autor, as elites perderiam seus trabalhadores e poderiam enfrentar
b) Quais foram os meios utilizados pelas pessoas para escapar dos recrutamentos? escravistas. O documento
até mesmo uma insurreição; já o Estado brasileiro perderia a principal fonte de renda (a agricultura) e entraria em falência. sinaliza para a existência de
2. A Abolição da Escravatura no Brasil ocorreu de maneira lenta e gradual. A aprovação das
leis que proibiam o tráfico e libertavam pouco a pouco os escravizados teve início ainda no um debate público em que
período regencial e se prolongou até 1888. Elabore uma linha do tempo que reúna essas José Alencar se envolveu e
leis, destaque as datas em que elas foram aprovadas e faça pequenos resumos do que cada no qual diferentes atores
uma determinava. (Consulte, na seção Como se faz…, como elaborar uma linha do tempo.) sociais se manifestavam a
Consulte resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas.
3. O trecho a seguir, extraído de uma carta datada de julho de 1867, explicita o enten- favor ou contra a criação de
dimento de José de Alencar sobre o fim da escravidão no Brasil. Leia-o com atenção e medidas abolicionistas. Com
responda ao que se pede. 1. b) As pessoas se refugiavam nos matos, longe das cidades, ou se machucavam
propositalmente. Muitos pediam dispensa por meio de favores políticos. Pessoas base nisso, é possível formu-
ricas pagavam para terceiros irem lutar em seus lugares. lar a hipótese de que o lento
De todas estas considerações que apontei e que, bem
Suma: resumo.
processo de abolição foi o
desenvolvidas, davam matéria para um livro, a suma é
Edito: ordem ou mandado resultado dessas disputas,
esta: para a casta sujeita, ainda não educada, a emanci-
judicial. que dificultaram a tomada
pação, nas circunstâncias atuais, é um edito de miséria Deserção: abandono.
pelo abandono do trabalho, e de extermínio por causa da Bancarrota: decadência. de medidas imediatas para
luta que excita entre duas raças. Para a casta dominante, Aniquilamento: destruição. encerrar a escravidão no
especialmente a agrícola, importa a ruína pela deserção país. É importante entender,
dos braços e impossibilidade de sua pronta substituição; importa igualmente o perigo e porém, que tais hipóteses
sobressalto da insurreição iminente. Para o Estado significa a bancarrota inevitável pelo
só podem ser comprovadas
aniquilamento de sua primeira indústria, fonte da riqueza pública; e como consequência
o crédito nacional destruído, a nossa firma desonrada no mercado estrangeiro.
com base em análises docu-
mentais mais amplas.
ALENCAR, José de. Cartas a favor da escravidão. Organização: Tâmis Parron. São Paulo: Hedra, 2008. p. 116.
4. Relembre os estudantes
a) Formule uma hipótese para identificar o significado atribuído à palavra casta no texto.
sobre lideranças negras que
b) O autor do texto é José de Alencar (1829-1877). Pesquise rapidamente quem foi essa pessoa
e retome as informações do capítulo para identificar as questões sociais que estavam em influenciaram no processo
discussão no período de elaboração do texto. Consulte resposta esperada e comentários nas abolicionista, por meio de
Orientações didáticas.
c) De acordo com o texto, a abolição seria benéfica ou prejudicial para os escravizados? Por quê? revoltas, negociações e
d) Para os fazendeiros e o Estado brasileiro, a abolição seria benéfica, segundo José de Alencar? exemplos de luta. É também
Justifique sua resposta. 3. c) Segundo o texto, a abolição seria prejudicial para os escravizados, que importante indicar as formas
passariam a viver na miséria.
e) Que hipóteses a respeito da sociedade brasileira podem ser formuladas com base na análise de negociação não violenta
desse documento? Consulte resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas.
que eram efetuadas pela
4. A Abolição da Escravatura não resultou apenas de decisões do governo brasileiro. Ela grande maioria dos negros
foi consequência, sobretudo, da grande mobilização de negros e brancos que lutaram escravizados.
pelo fim do cativeiro e pela libertação de todos os escravizados. Liste alguns exemplos
dessa luta contra a escravidão. Consulte resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas.
3. a) A palavra casta tem muitos significados. Nesse contexto, é possível identificar que o autor a utiliza para se referir aos
dois extremos da sociedade brasileira durante o império. A casta sujeita é formada pelos escravizados e a 259
casta dominante é composta pelas elites brasileiras do período.

PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd 259 3. b) José de Alencar foi um importante11/08/22
escritor,
10:41

político e figura destacada na sociedade


Atividades imperial brasileira. Ele era parte da elite e
2. A linha do tempo sugerida para as discussões lutou contra o avanço das medidas abolicio-
sobre o esquema-resumo pode ser útil como nistas no período. O texto foi produzido em
exemplo para os estudantes. Lembre os 1867, quando o movimento abolicionista
estudantes de consultar a seção Como se ganhava força. É importante lembrar que,
faz... a fim de subsidiá-los na atividade. em 1871, a Lei do Ventre Livre foi aprovada,
marcando um importante avanço nas ações
pelo fim da escravidão no país.
259

D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-C09-MPU-G24.indd 259 30/08/2022 17:45


A BNCC NESTA DUPLA
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CECH 1, 2, 4 e 7: abordadas à medi-
da que os estudantes são motivados a 5. A Guerra do Paraguai foi registrada e representada por muitos artistas e fotógrafos.
analisar o contexto histórico da socie- Esses registros e representações nos oferecem visões diferentes do mesmo conflito.
dade do Segundo Reinado a partir da As imagens a seguir são exemplos disso. Analise-as e leia as legendas. Em seguida,
interpretação de um registro histórico responda ao que se pede.
iconográfico.

BRIDGEMAN IMAGES/EASYPIX BRASIL


• CEH 1, 2, 4 e 6: trabalhadas fazendo
com que a turma interprete um regis-
tro histórico e compreenda o período
Combate Naval
estudado ao longo do capítulo. do Riachuelo
• Habilidades EF08HI18, EF08HI19, (1865), Victor
EF08HI20: enfocadas com os estu- Meirelles. Óleo
dantes fazendo com que identifiquem, sobre tela, 1882-
1883. O pintor
a partir da análise de um documen- foi contratado
to histórico, os conflitos políticos e pelo ministro da
sociais estabelecidos no período estu- Marinha, Afonso
dado e reflitam sobre as questões que Celso de Assis
envolvem a escravidão, a abolição, as Figueiredo, para
desigualdades sociais e a discrimina- representar uma
batalha ocorrida
ção racial no Brasil ao longo do tempo. no Rio da Prata.
MUSEU NACIONAL DE BELLAS ARTES, BUENOS AIRES, ARGENTINA

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Atividades
(continuação)
5. a) Resposta pessoal. Espera-se
que os estudantes perce-
bam que, a rigor, elas não
“retratam” o que “realmente Vista del interior de Curuzú mirado de aguas arriba (norte a sur) el 20 de septiembre de 1866,
aconteceu”, mas representam do pintor e oficial do exército argentino Cándido López. Óleo sobre tela, 1891.
a subjetividade do artista, 5. a), b), c) Consulte respostas esperadas e comentários nas Orientações didáticas.
a) As duas imagens destacam situações diferentes em meio ao mesmo contexto histórico: a
seu modo de interpretar os Guerra do Paraguai. Descreva as impressões da guerra que essas imagens provocam em você.
acontecimentos. b) A obra de Victor Meirelles foi encomendada pelo ministro da Marinha do governo de D. Pedro II
5. b) Resposta pessoal. É impor- e pretendia construir uma perspectiva heroica da Marinha brasileira. Ao pintar como imaginava
tante lembrar que a obra foi ter sido a batalha, Victor Meirelles optou por praticamente excluir soldados negros. Em seu
entendimento, por que o pintor tomou essa decisão na representação heroica do combate?
encomendada, e, portanto,
c) As representações da Guerra do Paraguai expressam as visões, as crenças e os objetivos
pode-se imaginar que a inten-
dos diferentes países envolvidos no conflito. Tendo isso em vista, as imagens produzidas
ção fosse ocultar a existência por artistas paraguaios poderiam se assemelhar à pintura de Victor Meirelles? Formule uma
da escravidão da sociedade hipótese explicativa para essa questão.
brasileira. Outra interpretação d) A historiografia tem diferentes interpretações para as causas da Guerra do Paraguai. Reunidos
seria a de ocultar intencio- em grupos, debatam a seguinte questão: por que um mesmo fato pode ter diferentes inter-
nalmente a importância dos pretações entre os historiadores?
soldados negros para a vitória 5. d) Resposta pessoal. O ideal é que os estudantes entendam que a História tem um método científico e
260 faz uso de fontes históricas. A leitura de novas fontes permite a mudança de perspectivas e abordagens.
brasileira na guerra, deixando
os méritos todos para a popu-
lação branca.
os estudantes poderão considerar que as
5. c) Resposta pessoal. A atividade
D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd 260
AMPLIAR HORIZONTES 11/08/22 10:41

imagens paraguaias a respeito da guerra


promove uma reflexão em
devem explorar essa situação e enfatizem a • GUERRA do Paraguay. Direção: Luiz Rosemberg
torno das diferentes lei-
violência promovida pela Tríplice Aliança. Nesta Filho. Brasil: Livres Filmes, 2017. (80min).
turas a respeito da Guerra
obra, observamos vários soldados paraguaios O filme narra a aventura de um soldado brasileiro no
do Paraguai. É importante
como náufragos ou feridos, porém poucos caminho de volta da Guerra do Paraguai, quando se
lembrar que os paraguaios
encontra com um fantasma – que ele mesmo pode
foram derrotados no conflito, estão mortos. A obra enfatiza prioritariamente
ter matado na guerra – e com duas mulheres. Em
sofrendo como consequên- a ação da Marinha, evidenciada pelo grande suas conversas, os personagens passam em revista
cia um rastro de destruição destaque dado ao navio de guerra brasileiro o sentido da vida, da guerra, da arte e da violência.
e mortes. Sendo assim, e aos festejos dos militares em seu convés.
260

D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-C09-MPU-G24.indd 260 30/08/2022 17:45


Reproduzimos trechos desse
texto na página 251 deste
6. Consulte resposta esperada nas Orientações didáticas. Manual.
6. O historiador Marcio Both afirma que até a aprovação da Lei de Terras, o poder do la-
tifundiário se media pelo número de escravizados sob seu controle. Com a proximidade 7. Em março de 1871, traba-
da abolição, a Lei de Terras transformou a terra em algo valioso e o poder do latifun- lhadores parisienses, com a
diário "foi passando dos escravos para a terra". Como você interpreta essa afirmação? Guarda Nacional, derrubaram
7. Retome a seção Enquanto isso…, na página 257. Ela afirma que a Comuna de Paris é o governo local e assumiram o
considerada por historiadores a primeira experiência de um governo proletário. Quais controle da cidade, formando
elementos históricos permitiram aos historiadores fazer esse tipo de afirmação? a chamada Comuna de
Consulte resposta esperada nas Orientações didáticas.
8. A imagem a seguir é uma charge em três quadros de Angelo Agostini, publicada em Paris. A maior parte dela era
1884 na Revista Illustrada, pouco tempo antes da aprovação da Lei dos Sexagenários formada por líderes socialistas
(1885). Com base na análise das imagens e de suas legendas, responda ao que se pede.
que, defendendo os ideais de
igualdade e de justiça social,
ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO

decretaram uma série de


Quadro 1 Já os velhos escravizados
podem morrer livres! Mas é livre de medidas, como a igualdade
tratamento e no meio da estrada. civil entre homens e mulheres,
Todo escravizado maior de 60 anos a separação entre Estado e
será livre, disse o atual governo. É um
tanto desumano, mas sempre é um
Igreja, a redução da jornada
passo a favor da abolição. de trabalho, entre outras.
8. a) e b) O autor critica a ine-
ficácia da Lei do Sexagenário,

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


que não foi acompanhada
por medidas que ajudassem
Quadro 2 É possível também que
o governo mande construir grandes na integração social do negro
asilos para os pretos velhos, de 4 ou após conquistar a liberdade.
5 léguas quadradas. Quem sabe se os Ele satiriza a oportunidade
engenheiros não estarão já fazendo
as plantas?
de os antigos escravizados
continuarem trabalhando
para seus antigos senhores
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ou a ajuda do governo
Quadro 3 Porém muito confiamos na filantropia
com a construção de asilos.
dos lavradores, que com certeza não enxotarão Aproveite a atividade para
os velhos pretos, apesar de livres. Há sempre discutir a legislação sobre
serviços para eles. o combate ao preconceito
Fonte: AGOSTINI, Angelo. Revista Illustrada,
Rio de Janeiro, 1884.
racial e à discriminação no
Brasil. Se possível, leia para
Charge de Angelo Agostini, publicada na eles a reportagem do site
Revista Illustrada em 1884.
8. b) Resposta pessoal. Consulte Geledés, “Lei no 7.716/89 – Lei
a) Qual é a crítica apresentada por Angelo Agostini em sua charge?
comentários nas Orientações CAÓ, 25 anos no Combate
didáticas. ao Racismo”, disponível em:
b) Em seu entendimento, a legislação voltada para o combate ao preconceito racial e à discri-
minação atinge seus objetivos e funciona com eficiência atualmente? https://www.geledes.org.br/
8. a) Consulte resposta esperada nas Orientações didáticas. lei-7-71689-lei-cao-25-anos-
261 combate-ao-racismo/; acesso
em: 12 ago. 2022.

D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24-AV2.indd 261 PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS lado, por conta da iminente abolição,


14/08/22 14:58

perderiam seus escravos (considerados


Atividades (continuação) bens valiosos na época), por outro, seriam
6. O historiador procura mostrar os interes- compensados com a valorização de suas
ses do governo ao aprovar a Lei de Terras, propriedades. O texto integral sobre a Lei de
uma lei que dificultou o acesso das pessoas Terras está disponível em: https://www12.
das camadas mais baixas da população à senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/
terra. Para ele, a Lei de Terras funcionou ha-170-anos-lei-de-terras-desprezou-cam
como uma forma de compensação para poneses-e-oficializou-apoio-do-brasil-aos-
os grandes fazendeiros que se, por um latifundios; acesso em: 12 ago. 2022.
261

D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-C09-MPU-G24.indd 261 30/08/2022 17:45


A BNCC NESTA DUPLA
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CECH 1, 2, 3, 4 e 7: abordadas à medi-
da que os estudantes são motivados a 9. A presença africana no território hoje conhecido como Brasil teve início no século XVI.
analisar aspectos históricos e culturais A partir daí, os africanos e seus descendentes têm exercido papel fundamental na
do presente relacionados ao período sociedade brasileira. Em grupo, pesquisem o legado cultural dos africanos e de seus
estudado a partir da produção de tex- descendentes para a cultura brasileira. Sigam as orientações.
tos e de atividades coletivas. a) Procurem informações sobre folguedos, música, culinária, lendas, entre outras manifestações
• CEH 1, 3, 4 e 6: trabalhadas fazendo culturais de origem africana.
com que a turma analise documen- b) Se for possível, entrevistem algum líder afrodescendente de sua comunidade e tentem des-
to histórico relacionado ao processo cobrir um pouco mais sobre a presença de culturas africanas na sociedade brasileira ou na
abolicionista no Brasil e identifique região em que vocês vivem.
diferentes visões e interpretações do c) Em seguida, já com as informações pesquisadas, escrevam pequenos textos sobre as diversas
contexto histórico. manifestações culturais encontradas.
• Habilidade EF08HI19: enfocada com d) Criem um jornal com esse material. Não se esqueçam de escolher imagens para ilustrá-lo.
os estudantes fazendo com que iden- (Consultem, na seção Como se faz…, como produzir um jornal.) Consulte comentários nas
tifiquem as contribuições culturais Orientações didáticas.
africanas para a sociedade brasileira 10. Durante a campanha pela abolição, surgiram grupos que coletavam dinheiro com o
e reflitam sobre as lutas abolicionistas objetivo de comprar cartas de alforrias para libertar pessoas escravizadas. Em 1886,
e a situação atual dessas populações. a cantora russa de ópera
Nadina Bulicioff se apresen-

ACERVO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO


tou no Rio de Janeiro. Perto
PROCEDIMENTOS do final da peça, Nadina
chamou ao palco sete mulhe-
DIDÁTICOS res escravizadas e, com José
do Patrocínio (1853-1905),
Atividades um dos principais defensores
(continuação) do abolicionismo, entregou
a cada uma suas respectivas
9. A turma pode ser dividida em
cartas de alforria.
grupos de modo que cada
As cartas foram compradas
um receba uma temática: com a venda de um anel
literatura, música, cinema/ doado por Nadina Bulicioff à
TV, futebol, outros espor- causa abolicionista. O gesto
teve grande repercussão, e
tes, educação/ciência, entre
o cartunista Angelo Agostini
outros. Dessa maneira, os chegou a fazer uma ilustração
trabalhos não serão repetitivos a esse respeito. Analise com
e será possível abarcar uma atenção a imagem a seguir e
representatividade maior. responda ao que se pede.

10. A imagem traz em desta-


que um desenho da cantora A distincta abolicionista
russa que ocupa quase toda Nadina Bulicioff, ilustração de
Angelo Agostini publicada na
a metade superior da ilus-
Revista Illustrada em 1886.
tração. Na parte inferior, e 10. a) Consulte resposta esperada nas Orientações didáticas.
na lateral direita, o artista a) Descreva os principais elementos representados nessa ilustração.
representou o teatro com a b) A ilustração enfatiza a luta dos negros escravizados pelo fim da escravidão? Justifique sua
plateia e o palco. No palco, resposta.
10. b) Não. A ênfase recai sobre a figura de Nadina Bulicioff, representada em tamanho grande. Também
um homem, provavelmente 262 traz uma referência à Confederação Abolicionista, citada em uma faixa que pende verticalmente, no lado
José do Patrocínio, está entre- esquerdo da ilustração.
gando as cartas de alforria às
libertas. A plateia festeja eufo-
ricamente. À direita, também
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24-AV2.indd 262 dação Cultural Palmares (FCP) e no Instituto 14/08/22 14:58

Nacional de Colonização e Reforma Agrária


é possível verificar o impera- Menos de 7% dos territórios (Incra), ambos do governo federal. De acordo
dor D. Pedro II acompanhado quilombolas reconhecidos têm com Gabriel Colombo, autor do estudo, um
da família, contemplando títulos de propriedade dos motivos é a dinâmica política e econô-
o acontecimento. Porém, No Brasil, de um total de 2.715 territórios mica da distribuição de terras no Brasil, que
diferentemente do restante quilombolas, somente 182 (6,7%) são titu- prioriza a expansão das grandes propriedades
do público, os membros da lados. Os números foram revelados numa em detrimento de comunidades tradicionais,
família real aparentam estar pesquisa desenvolvida na Escola Superior quilombos e territórios indígenas.
impassíveis. de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da O pesquisador lembra que a Constituição
USP, em Piracicaba, e foram obtidos na Fun- de 1988 trouxe uma grande conquista para
262

D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-C09-MPU-G24.indd 262 30/08/2022 17:45


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
VAMOS FALAR SOBRE… TERRA E MEIO AMBIENTE Vamos falar sobre...
Nos últimos anos da escravidão, muitos cativos fugiram das fazendas e das cidades e se Terra e meio ambiente
refugiaram em quilombos. Muitas dessas comunidades sobreviveram ao tempo e existem até hoje. Para a compreensão de alguns
São as comunidades remanescentes de quilombos. Estima-se que existam mais de 2 mil delas no termos e do funcionamento legal
Brasil, nas quais vivem mais de 2 milhões de pessoas. da posse de terras quilombolas, é
Essas pessoas são chamadas de quilombolas e vivem geralmente da agricultura de subsistência fundamental a leitura comparti-
e do pequeno comércio com a vizinhança, mas, como nem sempre têm a posse legal da terra, lhada do texto da seção. Aproveite
muitas vezes são ameaçadas de expulsão. e leia para eles o Texto comple-
Para obter a legalização da posse dessas terras, os quilombolas precisam entrar com ações na mentar “Menos de 7% dos
Justiça. Esses processos, porém, levam anos para ser julgados. Por essa razão, apenas uma parcela
territórios quilombolas reconhe-
das comunidades remanescentes de quilombos obteve títulos de posse das terras onde vivem.
cidos têm títulos de propriedade”
(página 262) para apoiar a discus-
RICARDO AZOURY/PULSAR IMAGENS

são do tema.
A atividade deve ressaltar a
importância da história para além
da explicação sobre o passado,
elucidando suas consequências
no presente. Auxilie os estudan-
tes a compreender que a história
da escravidão no Brasil não está
restrita ao passado, mas é parte
formadora da nossa sociedade e
impacta diretamente o dia a dia
de grande parte da população
brasileira.
Atividade
1. O site da Fundação Palmares
(https://www.palmares.gov.
br/; acesso em: 12 ago. 2022)
traz importantes informações
sobre as comunidades remanes-
Trabalho coletivo na Comunidade Quilombola de Alcântara (MA), 2019. centes de quilombos em todo
o país. É interessante a escola
1. Com base nessas informações, em grupo, discutam as seguintes questões:
organizar uma visita a uma
a) Procurem saber se em seu estado existem comunidades remanescentes de quilombos. Em
caso positivo, tentem descobrir em quais municípios elas se encontram e de que maneira elas dessas comunidades para que
preservam antigas tradições da cultura afro-brasileira. os estudantes possam entrar
b) Os quilombolas têm o direito de continuar nas terras onde sempre viveram mesmo não tendo em contato com a população
documentos que assegurem sua posse? Por quê? local, conhecendo melhor seus
c) Agora, façam um resumo com o entendimento do grupo e apresentem à turma. hábitos, seus costumes e suas
Respostas e produção pessoais, de acordo com a pesquisa. Consulte comentários nas Orientações didáticas. tradições. É importante destacar
263 a necessidade da preservação
dos quilombos e das políticas de
inclusão racial e de preservação
as comunidades remanescentes de quilom-
D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd 263 remanescentes de quilombolas recebam 11/08/22 10:41 da cultura afro-brasileira.
bos e o movimento negro da época: o artigo o título de suas terras estão a burocracia e
68 do Ato das Disposições Constitucionais lentidão dos processos jurídico-adminis-
Transitórias, que garante o direito à proprie- trativos, que também demonstram falta
dade dos territórios historicamente ocupados de interesse político em avançar a questão.
por elas. Contudo, mais de 30 anos depois, SOUZA, Matheus. Menos de 7% dos terri-
esse direito só se tornou realidade em uma tórios quilombolas reconhecidos têm títulos
pequena parcela dos territórios quilombolas de propriedade. Jornal da USP, São Paulo,
reconhecidos pela FCP. 14 ago. 2019. Disponível em: https://jornal.usp.
br/?p=263644. Acesso em: 12 ago. 2022.
De acordo com o pesquisador, dentre
as dificuldades para que as comunidades
263

D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-C09-MPU-G24.indd 263 30/08/2022 17:45


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 5, 6 e 7: abordadas à me-
dida que os estudantes são motivados 1. Os objetivos 1, 2, 3, 4, 5, 10, 16 e 17, por exemplo, são
a identificar nas questões ambientais
os resquícios da política imperial e as FE CH ANDO A UNIDADE de caráter social; os de número 8 e 9, por exemplo, são
de caráter econômico; os de número 6, 7, 11, 12, 13, 14 e
15 estão ligados à questão ambiental.
ações econômicas ao longo do tempo
utilizando a análise iconográfica como EM BUSCA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
recurso analítico.
• CEH 1, 2 e 4: trabalhadas fazendo com Em 2015, os países-membros da ONU aprovaram a chamada Agenda 2030. Trata-se de um
que a turma problematize os efeitos conjunto de 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) que visam, de modo geral,
políticos, sociais, econômicos e am- acabar com a pobreza, proteger o planeta e melhorar as condições de vida da população mundial.
bientais de ações humanas. São tarefas de responsabilidade tanto dos organismos globais como dos governos locais e de toda
• Habilidade EF08HI17: enfocada com a sociedade civil.
os estudantes fazendo com que iden- Os documentos a seguir nos ajudam a embasar a discussão sobre essas questões. O primeiro
tifiquem nos conflitos e na questão deles traz os tópicos dos 17 objetivos a serem alcançados. O segundo é uma fotografia de uma
da organização fundiária no Brasil área degradada pela mineração. Por sua vez, o terceiro documento mostra o resultado de um
a partir do período imperial proble- projeto de recuperação ambiental feito pelo casal Lélia Deluiz Wanick Salgado (1947 - ) e Sebastião
mas relacionados ao meio ambiente Salgado (1944 - ). Eles herdaram uma fazenda cujas terras estavam degradadas e, em 1999, inicia-
e às desigualdades sociais ao longo ram o reflorestamento do local. Analise os documentos com atenção e responda ao que se pede.
do tempo.
Documento 1: Infográfico
PROCEDIMENTOS

ONU
DIDÁTICOS
Fechando a unidade
O fechamento da unidade
propõe a retomada da discussão
iniciada na abertura, no caso, o
debate sobre a terra e o meio
ambiente (propriedade, concen-
tração, preservação) e o status
de riqueza e poder conferidos à
posse da terra. É possível propor
a elaboração deste trabalho no
formato interdisciplinar com
as Ciências.
Para isso, três documentos são Fonte: QUE É A AGENDA 2030 das Nações Unidas e quais são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Com Ciência, [s. l.], 7 jun. 2018. Disponível em: https://www.comciencia.br/o-que-e-agenda-2030-das-nacoes-
apresentados à turma. Auxilie-os unidas-e-quais-sao-os-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel/. Acesso em: 18 jun. 2022.
na interpretação desses docu-
1. As metas para 2030 evidenciam que os desafios a serem superados pela humanidade
mentos e peça a eles que, ao estão em três grandes esferas: social, econômica e ambiental. Identifique informações
realizarem essa leitura, pensem do documento 1 que embasam essa afirmação.
na terra e no longo processo his- 2. Em seu entendimento, esses objetivos são independentes uns dos outros ou estão in-
tórico que tem sido estudado. terligados? Justifique sua resposta.
O documento 1 é uma lista de Espera-se que os estudantes percebam a interligação entre os objetivos. A degradação de um território,
17 Objetivos de Desenvolvimento 264 por exemplo, pode levar os moradores de uma região a perderem suas terras, sendo obrigados a migrar,
contribuindo para a ampliação da pobreza e o aumento das desigualdades sociais.
Sustentável a serem alcança-
dos até 2030, feita pela ONU.
Lembre aos estudantes que mas que ainda enfrenta grandes
D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd 264 obstáculos 11/08/22 10:42

cada um dos 17 objetivos tem por parte de grupos que veem a preocupa-
uma série de prioridades, tota- ção ambiental como empecilho à obtenção
lizando 169. Os estudantes de lucros. Importante lembrar aos estudantes
precisam se lembrar de que a que, aparentemente, essas 17 metas não se
preocupação socioambiental é relacionam a questões ambientais. Porém, só
um fenômeno contemporâneo é possível preservar recursos naturais e ecos-
(iniciado nos anos 1960, 1970) sistemas se todas as pessoas tiverem condições
ocorrido quando se percebeu de alimentação, habitação e renda que lhes
a finitude de recursos naturais, garanta uma vida digna.
264

D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-C09-MPU-G24.indd 264 30/08/2022 17:45


iniciais sobre o assunto ou se a dis-
3. Resposta pessoal. A questão do desenvolvimento sustentável é uma das grandes questões
da atualidade, uma vez que há uma série de interesses conflitantes nela. Espera-se que os cussão desses conceitos lhes trouxe
estudantes reconheçam a existência desses interesses e os considerem em sua resposta. inquietações. Espera-se que, pro-
Documento 2: Fotografia
4. Resposta pessoal. gressivamente, esses temas atuais
Espera-se que os
estudantes reflitam
possam fortalecer a empatia, a
sobre a questão disposição para compreender con-
ambiental em flitos e sugerir soluções com vistas
sua comunidade,
percebendo que à democracia, à justiça social e à
muitas conquistas preservação socioambiental.
JONNE RORIZ/BLOOMBERG/GETTY IMAGES

podem ser feitas


sem depender de
órgãos públicos ou
Atividade
instituições. 5. Um estudo apresentado em
Mineração na 2021 batizado de Relatório
cidade de Igarapé Luz 21 mostra que o Brasil está
(MG), 2022.
longe de atingir as 17 metas
previstas para 2030, tendo
Documento 3: Fotografia
apresentado retrocesso em mais
da metade delas. Disponível em:
https://brasilnaagenda2030.
files.wordpress.com/2021/07/
por_rl_2021_completo_vs_03_
lowres.pdf. Acesso em: 25 ago.
2022.
©INSTITUTO TERRA

AMPLIAR HORIZONTES
• MARTINEZ, Paulo Henrique.
©INSTITUTO TERRA
Antes (2001) e depois (2011) de uma área reflorestada, em Aimorés (MG). História ambiental no Bra-
sil: pesquisa e ensino. São
3. A fotografia do documento 2 mostra uma área degradada pela indústria mineradora.
Em seu entendimento, é possível conciliar desenvolvimento industrial e econômico com Paulo: Cortez, 2006.
preservação ambiental? Explique. A obra oferece perspectivas so-
bre a abordagem do ensino de
4. O trabalho de Lélia e Sebastião Salgado, no documento 3, é um exemplo de como a
sociedade civil pode intervir no processo de preservação e regeneração ambiental.
História Ambiental, contribuin-
Em sua comunidade, há preocupação com a questão ambiental entre os moradores? do para subsidiar o trabalho com
Existem projetos voltados ao manejo sustentável do meio ambiente ou de recuperação a unidade.
de áreas degradadas? Você participa de algum? Conte para os colegas.

5. Forme um grupo e escolha com os colegas um dos ODS listados no documento 1. Sigam
as orientações.
a) O grupo pesquisará se o Brasil vem apresentando avanços no ODS escolhido a fim de atingir
a meta proposta para 2030. No site da ONU, é possível obter mais informações sobre os
ODS: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs (acesso em: 27 jun. 2022).
b) Ao final, façam uma apresentação em slides, com imagens, gráficos e tabelas, e discutam seus
estudos com o professor e a turma. Não se esqueçam de indicar todas as fontes pesquisadas.
Produção pessoal, de acordo com o tópico escolhido. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
265

PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V8-238-265-U4-CAP9-LA-G24.indd 265 ambiental. Existem diversos softwares 11/08/22
gratuitos
10:42

O documento 2 é uma fotografia de grande que permitem a elaboração de apresentações


área desmatada pela mineração em Igarapé por meio de slides. Pode-se fazer uma pesquisa
(MG). O documento 3 mostra duas fotos de uma na internet para identificar qual se adaptaria de
mesma área de Aimorés (MG) antes e depois de maneira mais adequada às necessidades dos
ser reflorestada. Tomando as fotografias como estudantes.
exemplo, você pode pedir aos estudantes que Proponha a resolução conjunta das atividades,
reflitam sobre até que ponto ações individuais observando dificuldades e pontos a serem mais
como a do casal Lélia e Sebastião Salgado são bem discutidos. Ao final, peça a eles que reflitam
importantes para o processo de preservação sobre possíveis alterações de seus conhecimentos
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COMO SE FAZ...
DEBATE
O debate é uma forma de discussão amigável entre duas ou mais pessoas que tenham pontos
de vista diferentes sobre determinado tema.
Os participantes do debate são os debatedores, o moderador e o público.

1O passo Escolha do tema e dos participantes, e


definição das regras
Apresentação do tema pelo professor e indicação de uma bibliografia básica
que permita a troca de ideias e a reflexão a respeito do assunto. Escolha dos
debatedores e do mediador de acordo com os interesses e as habilidades
dos participantes. Deve ser definido um tempo para argumentação, contra-
argumentação e participação do público.

2O passo Preparação para o debate


Todos os participantes (inclusive o público) devem se preparar para o debate,
realizando as leituras indicadas, a fim de que obtenham mais conhecimentos
sobre o tema e tenham condições de apresentar bons argumentos durante a
discussão. É importante resumir e expor as principais ideias e justificativas a serem
apresentadas, mas não é necessário decorar as falas. O discurso deve ser claro.

3O passo O debate
O mediador deve cumprimentar o público e apresentar os debatedores, o tema
e as normas.
• 1a fase: O mediador passa a palavra ao primeiro debatedor, que cumprimenta o público
e expõe seu ponto de vista. Em seguida, o mediador passa a palavra para o segundo
debatedor.
• 2a fase: O mediador retoma a palavra e a repassa para o primeiro debatedor, pedindo
a ele que comente a exposição do oponente. Nesse momento, pode ocorrer a réplica
(resposta do segundo debatedor).
• 3a fase: Depois de esgotado o tempo previsto para as falas dos debatedores, o público
poderá fazer perguntas a eles, que deverão responder no tempo estipulado. Após esse
momento, cada debatedor deverá fazer um breve comentário sobre suas opiniões.

4O passo Conclusão feita pelo mediador


A síntese do debate é feita pelo mediador, que também agradece aos debatedores e ao público.
No decurso do debate, um dos interlocutores pode ser convencido pelo outro, ou, ainda, é
possível que ambas as partes aceitem os argumentos do outro lado (mesmo que parcialmente) e
repensem suas opiniões.

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ENTREVISTA
Entrevista é uma conversa na qual uma pessoa (o entrevistador) pede informações e opiniões
a outra (o entrevistado) sobre um assunto escolhido ou sobre a vida do entrevistado.

1O passo Elaboração do plano da entrevista


Uma vez definido o tema, é preciso pensar nas informações que se pretende obter, escolher qual
pessoa será entrevistada e o meio de registro: anotação, filme ou áudio.

2O passo Elaboração das perguntas


Elabore questões mais abertas, às quais não se pode responder apenas “sim” ou “não”. Faça um
número limitado de perguntas, que devem ser simples, claras e corretas.

3O passo Preparação da entrevista


Marque a entrevista com antecedência, comunique ao entrevistado quais assuntos serão
abordados e peça autorização para filmar ou gravar. O local deve ser calmo e silencioso para
que não haja interferência na conversa. Prepare os equipamentos e leve papel e caneta
para anotações.

4O passo Entrevista
Anote a data e o local da entrevista. Faça uma pergunta de cada vez e ouça atentamente as
respostas enquanto faz os registros (anotando ou gravando). Se durante a conversa surgir um
fato novo e interessante não previsto nas perguntas, explore a questão. Ao final da entrevista,
agradeça ao entrevistado e se despeça.

DELFIM MARTINS/PULSAR IMAGENS


5O passo Redação da
entrevista
Depois da entrevista, é preciso organizar
as respostas colhidas e transcrevê-las
para o computador ou para o papel.
A entrevista deve ter uma abertura,
na qual o entrevistado é apresentado,
isto é, são informados nome, idade,
profissão e tema principal da entrevista.
O entrevistador não deve descaracterizar
o pensamento do entrevistado. Se
alguma ideia não estiver clara, procure
esclarecê-la consultando novamente o
entrevistado. Se não for possível fazê-lo,
melhor não publicar essa ideia. Estudantes usam computadores para realização
de trabalho escolar, em Sorocaba (SP), 2020.

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LINHA DO TEMPO
A elaboração de uma linha do tempo é uma atividade de pesquisa, reflexão e ordenação de
acontecimentos históricos para localizá-los cronologicamente em meio a muitos períodos.
Não existe um padrão único para a representação gráfica de uma linha do tempo. Ela pode
ser apresentada em uma linha horizontal, em uma linha vertical, em espiral, em formato de árvore
ou em outros formatos.
Ao relacionar fatos significativos em uma linha do tempo, é possível refletir sobre o tempo e
sobre a importância das próprias experiências históricas.
Ainda, a produção e a análise de uma linha do tempo fazem-nos perceber que o conhe-
cimento histórico nunca está concluído, pois novos dados ou outros enfoques sempre podem
contribuir para sua reconstrução.
A seguir, alguns passos que podem ajudar na elaboração de uma linha do tempo.
LINHA DO TEMPO
SEM ESCALA. OS
Cerco de
FOTOTECA GILARDI/AKG-IMAGES/ALBUM/FOTOARENA

NORTH WIND PICTURE ARCHIVES/ALAMY/FOTOARENA


SEGMENTOS ENTRE
Constantinopla AS DATAS NÃO
pelas tropas CORRESPONDEM AO
TEMPO DECORRIDO.
do sultão
Mohammed II,
de Jean Le
Tavernier, 1453. George
Washington
na batalha de
Princeton, em
1777, autoria
desconhecida.
Gravura
colorida,
sem data.
1453 Queda de 1776 Independência
Constantinopla dos Estados Unidos

IDADE MODERNA – 1453 A 1789 IDADE CONTEMPORÂNEA – 1789 AOS DIAS ATUAIS

Século XVII Séculos XVIII e XIX


Iluminismo Revolução Industrial
FINE ART IMAGES/BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARTENA

BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
1789 Revolução
Francesa – Queda
da Bastilha

Gravura extraída do livro Enciclopédia


das artes utilitárias e manufatureiras,
O jantar dos filósofos, de Jean Huber. Óleo de Charles Tomlinson, publicado
sobre tela, 1773. A obra representa uma ceia no século XIX. A imagem destaca a
de filósofos iluministas, entre eles Diderot, atividade de extração de carvão na
D’Alembert, Condorcet e Voltaire. Inglaterra, pioneira da industrialização.

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1O passo Definição do formato DICA: No site Ensinar História, é possível acessar
Com base nas orientações do professor sobre uma linha do tempo com fatos da história do
Brasil e do mundo, que pode servir de modelo
o tema e o período a serem representados na para a construção de uma linha do tempo.
linha do tempo, defina o formato e o modo de Disponível em: https://ensinarhistoria.com.br/
apresentação (caderno, cartolina ou computador). linha-do-tempo/. Acesso em: 15 jan. 2022.

2O passo Realização das pesquisas


Selecione as fontes de pesquisa referentes ao tema/período histórico que será trabalhado:
livros, enciclopédias, sites, jornais, documentos pessoais, entrevistas com pessoas mais velhas
etc. Selecione também documentos como fotografias, mapas, pinturas ou outros materiais que
possam acrescentar informações importantes à linha do tempo que será construída.
Se escolher elaborar uma linha do tempo sobre sua vida, relacione os acontecimentos que
considerar mais importantes e informe a data e o local deles. Além de suas lembranças, consulte
documentos pessoais (como certidão de nascimento, diários, fotografias) e objetos (como roupas,
brinquedos e livros) para obter mais detalhes ou descobrir novos fatos. Conversar com membros
da família e amigos também pode enriquecer sua pesquisa.

3O passo Resumo dos acontecimentos


Depois da leitura e da investigação das fontes e dos materiais, faça um resumo dos
acontecimentos e marque sua duração (início e fim).

4O passo Elaboração do texto de apresentação


Elabore um texto de apresentação da sua linha do tempo, com destaque para o tema, o período
representado e os principais acontecimentos.

5O passo Representação gráfica dos DICA: A representação


acontecimentos gráfica dos períodos deve
ser proporcional e coerente.
Represente graficamente os acontecimentos e seus respectivos Por exemplo: o espaço
períodos (em meses, anos, décadas ou séculos) no modelo de linha que representa 100 anos
do tempo escolhido. Podem ser destacados os acontecimentos deve ser o dobro do que
considerados mais importantes em cores diferentes. representa 50 anos.

6O passo Montagem da linha DICA: Se escolher fazer uma linha do tempo sobre
do tempo você mesmo, procure relacionar os eventos de
sua vida com acontecimentos históricos da cidade
Fotografias, imagens e demais documentos
ou do país onde você vive, ocorridos no mesmo
podem ser relacionados aos fatos registrados período: uma grande descoberta científica, um fato
na linha do tempo por meio de setas ou relativo a alguma personalidade, um evento político
quadros, com informações sobre esses ou esportivo importante, entre outros.
registros (assunto, autor, data).

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DRAMATIZAÇÃO
Dramatização é uma apresentação teatral que pode ser feita na escola ou em qualquer outro
lugar, desde que nele seja possível delimitar o espaço cênico e a plateia.
A dramatização pode ser individual ou envolver um número reduzido de estudantes, mas
pode ser também uma representação coletiva, da qual todos os estudantes da turma participam.
Ela tem como base um tema ou um texto. O texto pode ser improvisado ou previamente
elaborado, ou mesmo ser adaptado de acordo com os objetivos a serem alcançados.
Durante a dramatização, os estudantes devem utilizar a linguagem oral e corporal. Confira a
seguir algumas etapas que podem auxiliar na realização de uma dramatização.

1O passo Escolha do tema 2O passo Distribuição de


e definição dos funções
objetivos Depois de estabelecer um objetivo a ser
Com base nas discussões em sala de aula e nas alcançado com a dramatização, é preciso
orientações do professor, o grupo deve escolher definir que função cada integrante do
o tema da dramatização. Para isso, deve-se grupo desempenhará de acordo com
levar em conta: suas habilidades (diretor, roteirista, ator,
a) se há condições para que ela seja encenada; cenógrafo) e o tipo de texto que servirá de
b) se ela é coerente com o objetivo do trabalho. base para a apresentação. O texto pode ser:
Nesta etapa, é importante pensar sobre: • previamente elaborado; nesse caso, ele
• que mensagem o grupo pretende transmitir; pode sofrer cortes ou acréscimos;
• quais são os recursos materiais e humanos • um texto dramático criado pelos
disponíveis; estudantes com base em conteúdos já
• quanto tempo se tem para realizar a estudados;
dramatização; • uma adaptação de texto narrativo
• onde ela será encenada. transformado em texto dramático.

3O passo Elaboração do roteiro


O roteiro deve conter todas as informações sobre a dramatização: resumo da história, descrição
dos cenários e das personagens (suas falas e cenas).
Na elaboração de um roteiro de texto dramático, deve-se considerar:
• a definição dos momentos mais representativos da ação;
• as personagens (protagonistas e coadjuvantes);
• as caracterizações físicas e psicológicas das personagens, que devem ser bem perceptíveis;
• a utilização de trajes, adereços, modos de falar e andar que possam ajudar na caracterização
das personagens.
A adaptação de um texto narrativo a um texto dramático deve levar em conta os seguintes
aspectos:
• a existência ou não de um narrador;
• a distinção entre personagens principais e secundárias;
• a necessidade de transformar texto narrativo em falas das personagens.

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4O passo Preparação
Esta etapa envolve:
• a distribuição de papéis;
• a escolha e a preparação de adereços para as personagens e para o espaço cênico;
• a construção do cenário, a confecção das roupas e a instalação de som e luz, entre
outros recursos audiovisuais;
• a organização do espaço onde vai ser feita a representação cênica.

5O passo Ensaio
Antes da apresentação oficial, é necessário ensaiar a dramatização, exercitando as
falas e as ações das personagens, e testando os cenários e os equipamentos.
Os estudantes envolvidos com a direção e o roteiro devem aproveitar esse
momento para fazer os ajustes necessários.
A troca de opiniões e as sugestões de todos são importantes nesta etapa de
montagem da dramatização, e o ambiente dos ensaios e da apresentação deve ser
calmo e organizado.

Dramatização em
homenagem ao Dia
Internacional das
Mulheres, na Escola
Estadual Quilombola
Professora
Tereza Conceição
CESAR DINIZ/PULSAR IMAGENS

de Arruda, em
Nossa Senhora do
Livramento (MT),
2020.

6O passo Encenação
Antes da encenação, é importante que você e os colegas fiquem
tranquilos e tenham clareza de que se trata de teatro amador, ou seja,
todos estão aprendendo e, nesse processo, é natural que cometam
algumas falhas. Após a exibição, organizem uma roda de conversa
para ouvir sugestões e críticas do público. O grupo pode avaliar se
os resultados alcançados estão de acordo com o objetivo inicial do
trabalho e falar sobre a experiência de representar as personagens.

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HISTÓRIA EM QUADRINHOS
As histórias em quadrinhos (HQs) são narrativas que combinam texto e imagens. Elas são
publicadas, em sua maioria, no formato de revistas, livros ou em tiras de jornais e de revistas.
Além de divertir, os quadrinhos também podem facilitar a compreensão de vários fatos
históricos e de outros temas, muitas vezes de maneira crítica e criativa. Para montar uma história
em quadrinhos, sugerimos o roteiro a seguir.

1O passo Pesquisa
Pesquise sobre o tema em jornais, revistas, livros ou na internet e anote as fontes consultadas
para incluí-las no final do trabalho.

2O passo Divisão de tarefas 3O passo Elaboração do


A divisão das tarefas pode ser feita de acordo roteiro da HQ
com as habilidades de cada integrante do Neste momento, são definidos o título e
grupo. Por exemplo: quem tem mais facilidade as personagens da história. É importante
para desenhar pode ficar responsável pelas elaborar um rascunho (ou um roteiro) com
ilustrações; outro colega pode ficar responsável o esboço das personagens e do enredo.
pela elaboração do texto; e assim por diante. Atenção: o final da história é muito
Atenção: todos devem debater o tema e importante. Ele deve ser criativo e
participar das decisões. surpreender o leitor.

4O passo Disposição 5O passo Elaboração da história


e formato Se achar difícil desenhar, procure criar personagens
(diagramação) bem simples. Observar personagens em outras
Calcule quantos quadrinhos a história histórias, propagandas, logotipos de empresas,
completa vai ter e, também, o número mascotes de times de futebol etc. pode ajudar.
de páginas necessárias. Por exemplo, A técnica de colagem também pode ser utilizada
se forem 18 quadrinhos, poderão ser nos quadrinhos. Podem ser selecionadas figuras para
utilizadas três folhas com seis quadrinhos compor as personagens e os cenários. Um triângulo
em cada uma. Dividindo uma folha de e uma bola, por exemplo, podem formar um corpo.
sulfite ao meio, haverá um tamanho de É interessante começar cada quadrinho pelo
página ideal para desenvolver a história. texto (balões das personagens) e depois fazer os
Os quadrinhos não precisam ter o mesmo desenhos. Assim, os balões não ficarão encolhidos
tamanho; alguns podem ter o dobro dos demais. As frases não devem ser longas. Deve-se
outros e ocupar uma tira inteira. cortar o que não é necessário para que o leitor
possa entender o texto.
DICA: Existem alguns programas de computador Use apenas letras maiúsculas. As palavras
que ajudam a criar histórias em quadrinhos. O importantes podem ser realçadas com sublinhados
HagáQuê, por exemplo, é um programa brasileiro
que oferece diversas imagens para ilustrar as ou com cores mais fortes. Faça a lápis primeiro,
páginas; ele também permite inserir desenhos pois assim é possível corrigir, se necessário.
ou imagens que não estejam em seu banco.
Disponível em: https://www.nied.unicamp.br/ Aproveite para usar seu material de colorir
projeto/hagaque/. Acesso em: 15 jan. 2022. preferido. Por fim, enumere as páginas.

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6O passo Elaboração da capa
A capa pode ser feita com um papel mais grosso (como a cartolina). Coloque o nome do autor
ou dos autores, o título da história e um desenho que ilustre bem o tema. No final da história,
acrescente a lista das referências (todas as fontes que você utilizou para fazer o trabalho).
A seguir, um exemplo de história em quadrinhos:
© 2014 GUY GILCHRIST/DIST. BY ANDREWS MCMEEL SYNDICATION FOR UFS

Detalhe de HQ
da personagem
Nancy, de Guy
Gilchrist, 2014.

Livros consultados
SANTOS NETO, Elydio dos; SILVA, Marta Regina Paula da. Histórias em quadrinhos e
práticas educativas. São Paulo: Criativo, 2015.
RAMOS, Paulo; VERGUEIRO, Waldomiro. Muito além dos quadrinhos. São Paulo: Devir,
2009.

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JORNAL
O texto jornalístico é caracterizado por uma linguagem clara e direta. A estrutura da notícia é
composta por abertura, desenvolvimento e conclusão. Na abertura do texto de uma notícia, devemos
encontrar respostas para seis questões básicas: o quê? Quem? Quando? Onde? Como? Por quê?

1O passo Definição do perfil do jornal e do leitor


• Definição do perfil temático do jornal:
– Será porta-voz dos estudantes ou da direção da escola?
– Abordará temas gerais e atualidades de toda a comunidade ou somente da escola?
– Debaterá assuntos polêmicos?
• Definição do leitor da publicação:
– Serão colegas, pais, professores e funcionários?
– Será toda a comunidade?

2O passo Elaboração do projeto gráfico


O grupo deve determinar o projeto gráfico, ou seja, quais serão o tamanho e o formato do
jornal; se ele deve ter duas, três ou quatro colunas; se terá imagens coloridas ou somente em
preto e branco; e em quais seções haverá itens.

3O passo Definição das seções do jornal


Definir quais seções farão parte do jornal, para distribuí-las entre os membros do grupo: capa, editorial,
atualidades, entrevista, cultura (artes plásticas/literatura, cinema, teatro), quadrinhos/charges etc.

4O passo Divisão das tarefas DICA: Avaliar a disponibilidade de


recursos materiais, como papel,
Dividir as tarefas entre os integrantes do grupo de acordo com
máquinas fotográficas, gravadores
os temas propostos e as datas de entrega dos trabalhos. para entrevista, computadores etc.

5O passo Entender a linguagem jornalística


• Artigo: texto que transmite a opinião e a interpretação do autor sobre um fato.
• Editorial: é a opinião da empresa que publica o periódico sobre temas importantes.
• Entrevista: contato pessoal entre o repórter e uma ou mais pessoas (fontes) para coleta
de informações.
• Legenda: texto curto colocado ao lado, abaixo ou dentro de fotografia ou ilustração.
• Lide: abertura de um texto jornalístico. O lide tradicional responde a seis questões básicas: o quê?
Quem? Quando? Onde? Como? Por quê?
• Manchete: título principal, em letras grandes, no alto da primeira página de um jornal.
• Nota: pequena notícia.
• Notícia: relato de fatos atuais, de interesse e de importância para a comunidade e para o público leitor.
• Pauta: agenda ou roteiro dos principais assuntos a serem investigados e noticiados.
• Reportagem: conjunto de providências necessárias à elaboração de uma notícia jornalística, como
pesquisa, cobertura de eventos, apuração, seleção dos dados, interpretação e tratamento.

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VÍDEO
Com a popularização da internet e de tecnologias de comunicação, tornou-se mais acessível
gravar e compartilhar vídeos. Para isso, é importante respeitar algumas etapas de trabalho, que
devem ser discutidas e planejadas previamente pelo grupo.

1O passo Verificação das condições técnicas


Faça um levantamento das condições técnicas para a produção de um vídeo. Para isso, verifique
quais aparelhos podem ser utilizados para as gravações e se há acesso à internet na escola ou
entre os integrantes do grupo para que os vídeos possam ser carregados, exibidos
e compartilhados.

2O passo Definição dos temas


Discuta com os colegas do grupo os temas a serem abordados no vídeo e anote todas as ideias
para desenvolvê-lo. Cada membro do grupo pode ficar responsável pela elaboração de ideias
para uma parte ou seção do vídeo, levantando informações e materiais em diferentes fontes para
enriquecer o trabalho.

3O passo Pesquisa dos conteúdos


É interessante pesquisar imagens, músicas, outros vídeos e diversos materiais que podem ser
incluídos na etapa de edição. Caso o grupo opte por utilizá-los, esses recursos devem ter relação
com o conteúdo proposto e estar devidamente identificados no vídeo.
Atenção: qualquer utilização de material não produzido pelo grupo deve ter citação de autor
e fonte, data de publicação ou produção e, o mais importante, autorização do autor para a
reprodução de seu trabalho no vídeo.

4O passo Elaboração do roteiro


Após a organização das ideias e dos materiais complementares que serão usados, elaborem
um roteiro. É importante incluir nesse roteiro ideias para o cenário da filmagem, as pessoas
que participarão dela, a forma como os elementos complementares serão organizados com as
imagens produzidas pelo grupo e as falas que serão utilizadas para compor o vídeo.

5O passo Início das filmagens


Com o roteiro pronto, é possível iniciar as filmagens. O grupo pode dividir as tarefas e filmar
partes separadas do vídeo, que serão reunidas ao final dos trabalhos.
Durante as filmagens, é importante que as imagens e o áudio estejam com boa qualidade. Por
isso, é fundamental selecionar um ambiente iluminado e silencioso para a realização dessa etapa.

6O passo Edição do vídeo


Após a filmagem, é possível unir todas as partes do vídeo por meio de aplicativos de celulares ou
programas de computador gratuitos e de fácil utilização. Quando o vídeo estiver pronto, basta
carregá-lo na internet e apresentá-lo aos colegas em sala de aula.

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BIOGRAFIA
Biografia é a história da vida de uma pessoa contada por meio de um relato oral, escrito
ou visual. As pessoas biografadas podem ser bastante conhecidas, como artistas e escritores,
ou pessoas comuns. Esse relato depende das escolhas feitas pelo autor da biografia, que pode
decidir entre destacar alguns acontecimentos e omitir outros. A seguir, alguns passos que podem
auxiliar na elaboração de uma biografia.

1O passo Seleção de informações sobre a pessoa a


ser biografada
Consulte enciclopédias, revistas especializadas, livros, biografias já produzidas,
jornais, sites, entre outras fontes, e registre as informações obtidas. As
entrevistas concedidas pela pessoa a ser biografada ou por alguém que tenha
convivido com ela podem contribuir muito para o relato final.

2O passo Organização das informações


Registre, organize e compare os dados obtidos • trajetória profissional;
para eliminar repetições e selecionar as • informações sobre a obra produzida
informações mais importantes e precisas, como: (organizadas por data ou tema);
• data e local de nascimento;
• outros detalhes sobre a vida da pessoa
• dados sobre a família e a infância; biografada que julgar interessante.

3O passo Redação da biografia


Escolha a ordem de apresentação dos dados recolhidos e escreva a biografia.
No final, indique os livros e textos consultados, ou seja, as referências bibliográficas. Nelas,
devem constar o nome do(a) autor(a), o título da obra, a cidade onde foi publicada, o nome da
editora e o ano da publicação. Essas informações podem ser encontradas na página de créditos,
no início do livro (em alguns casos pode ficar no fim), antes do sumário.
Para enriquecer a biografia, inclua documentos, registros das entrevistas e fotografias, sempre
identificando-os com data e autor, como no exemplo a seguir.

Carolina Maria de Jesus nasceu na pequena cidade mineira de Sacramento. Seus pais eram
bastante pobres e viviam em uma comunidade rural formada por pessoas negras. A escritora
frequentou a escola por apenas dois anos, aprendendo a ler e a escrever nesse período.
Foi com base nesses registros do cotidiano e da pobreza, bem como da vida na favela do
Canindé, em São Paulo, que a escritora preparou os textos que formariam seu primeiro livro,
Quarto de despejo – diário de uma favelada. O material que ela escrevia foi descoberto
pelo jornalista Audálio Dantas, o que possibilitou a publicação do livro. A obra foi um sucesso
imediato, tanto pelos temas abordados, como o cotidiano da pobreza, quanto pelo estilo da
escrita de Carolina. Ela expressava uma visão de mundo singular, marcada pela luta cotidiana
por sobrevivência.

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Após a morte da autora, em 1977, seus escritos foram lentamente esquecidos pela socie-
dade brasileira. As edições de seus livros se esgotaram e não era fácil encontrá-las em sebos
ou livrarias. Porém, nas últimas décadas, teve início um forte movimento de recuperação e
valorização de seus textos, com a publicação de novas edições de seus principais livros, e a
organização de biografias, pesquisas e trabalhos acadêmicos para manutenção e organização
do acervo de sua produção.
ACERVO ULTIMA HORA/FOLHAPRESS

A escritora Carolina Maria de Jesus autografa seu livro Quarto de despejo – diário de uma favelada,
em São Paulo (SP), 1960.

Elaborado com base em: OLIVEIRA, André de. A vida de Carolina de Jesus além da favela do
Canindé, seu quarto de despejo. El País, São Paulo, 18 mar. 2018. Disponível em: https://brasil.
elpais.com/brasil/2018/03/14/cultura/1521065374_369396.html. Acesso em: 12 jun. 2022.
SANTANA, Mateus. A vida e obra de Carolina de Jesus, um manifesto para a literatura peri-
férica e afro-brasileira. Fundação Cultural Palmares. Brasília, DF, 13 fev. 2019. Disponível em:
http://www.palmares.gov.br/?p=53353. Acesso em: 12 jun. 2022.
AGÊNCIA BRASIL. Carolina Maria de Jesus. UOL, [s. l.], 14 mar. 2014. Seção Biografias. Disponível
em: https://educacao.uol.com.br/biografias/carolina-maria-de-jesus.htm. Acesso em: 12 jun. 2022.
CAROLINA de Jesus. In: WIKIPEDIA. [S. l.], [20--]. Site. Disponível em: https://pt.
wikipedia.org/wiki/Carolina_de_Jesus. Acesso em: 12 jun. 2022.
CAROLINA Maria de Jesus, a catadora de letras. CartaCapital, São Paulo, 15 mar. 2016.
Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/cultura/carolina-maria-de-jesus-a-catadora-
de-letras. Acesso em: 12 jun. 2022.

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SEMINÁRIO
O seminário consiste no estudo e na exposição, por um estudante ou por um grupo de
estudantes, de um tema preestabelecido. À exposição se segue um debate que pode englobar
toda a classe.
Trata-se de uma atividade que exige a participação ativa dos apresentadores e da plateia para
que o conhecimento seja construído em grupo e socializado de maneira dinâmica.
Os passos seguintes são necessários para organizar e desenvolver um seminário.

1O passo Preparação do seminário


• Definição e distribuição dos temas pelo professor para os vários grupos da classe.
• Definição dos objetivos, das características da pesquisa (pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo
ou ambas), da dinâmica de trabalho e do cronograma de apresentação.
• Reunião e seleção dos materiais pelos membros do grupo e início das leituras, procurando identificar
e debater os principais conceitos e ideias contidos nos textos consultados. É importante comparar a
opinião de diferentes autores sobre o assunto estudado para que a discussão seja mais rica.
• Busca de materiais e recursos de ensino necessários à realização do seminário, como slides (se o
grupo ou a escola tiverem os recursos necessários), imagens, cartazes, vídeos, filmes, músicas etc.

2O passo Divisão dos temas a serem apresentados


Após a leitura e a reflexão conjunta de toda a bibliografia sobre o tema proposto, cada membro
do grupo deverá ficar responsável pela apresentação de um ou mais assuntos.
A divisão deve ser equilibrada, e todos os componentes do grupo devem participar da
apresentação oral e dos debates propostos.

3O passo Elaboração do roteiro


Para facilitar e orientar a apresentação do seminário, é necessário fazer um roteiro, que deverá
ser impresso e entregue a todos os participantes (plateia) no dia do seminário.
O roteiro deve conter:
• cabeçalho: identificação do tema, nomes dos membros do grupo, classe, nome do professor;
• lista: tópicos que serão desenvolvidos;
• introdução: texto no qual o tema deve ser colocado em seu contexto histórico, ou seja, na época e
no ambiente social nos quais ele surgiu. Também devem ser explicados na introdução a importância
e os objetivos do seminário;
• desenvolvimento: apresentação dos principais conceitos e ideias dos autores pesquisados;
• finalização: levantamento e apresentação dos problemas (questionamentos) surgidos na pesquisa
para discussão com a turma;
• conclusão: exposição das ideias finais a que o grupo chegou;
• bibliografia: divulgação das fontes de pesquisa (principais autores consultados).

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4O passo Exposição
A apresentação do seminário deve seguir uma ordem lógica, estabelecida pelo roteiro.
Para que a exposição seja dinâmica e clara, procure explicar o texto com suas
palavras, por meio de exemplos simples, sempre que necessário.
Use todos os recursos necessários para facilitar a compreensão do tema em debate.
Todas as imagens, vídeos, fotografias, cartazes, filmes, músicas etc. devem ser
explicados e relacionados ao tema.
No momento da discussão com a classe, é importante saber ouvir e respeitar as
diferentes opiniões.
Lembrem-se: a opinião do grupo não é a única possível. Até mesmo dentro do
grupo é possível ter diferentes opiniões e conclusões. Expô-las e refletir sobre elas
só aumenta as possibilidades de compreensão e de ampliação do tema.

DICA: Procurem falar em um tom de voz que todos possam ouvir. A fala deve ser tranquila
e clara. A pronúncia correta das palavras também é importante. Pode-se manter um tom
descontraído, mas cuidado com o uso de gírias em excesso.
FERNANDO FAVORETTO/CRIAR IMAGEM

Alunos participam de apresentação de seminário em uma escola de São Paulo (SP), 2018.

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PESQUISA
A pesquisa escolar é uma atividade de leitura, seleção, organização e interpretação de
informações com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre determinado assunto.
A pesquisa exige também criatividade e espírito investigativo para chegar às explicações.
Pesquisar não é simplesmente fazer uma cópia do material, mas escrever com suas palavras o que
você entendeu dos textos selecionados.
Os itens básicos de uma pesquisa são: introdução, desenvolvimento, conclusão, bibliografia
e anexos (opcional).
A seguir, um roteiro para a elaboração de uma pesquisa.

1O passo Planejamento
• Defina o tema de acordo com as orientações do professor.
• Determine também as fontes a serem consultadas: enciclopédias, dicionários, livros, internet,
jornais, revistas especializadas, programas de rádio e TV, conferências, observação pessoal etc.
• Planeje o tempo necessário para a realização da pesquisa. É importante organizar seu tempo
observando o prazo de entrega e as atividades a serem realizadas.

2O passo Seleção das fontes 3O passo Organização das


de pesquisa informações
• Escolha as fontes de acordo com o tema • Organize as informações de acordo com
e os objetivos da pesquisa. Procure variar os objetivos da pesquisa.
os tipos de fonte para obter diferentes • Registre tudo o que considerar
informações e poder compará-las. importante.
• Faça a leitura e o resumo do material • Cite o material de onde as informações
selecionado. foram retiradas.

4O passo Redação da pesquisa


• Introdução: apresente, de maneira resumida, o esquema geral da pesquisa – o tema, as principais
ideias ou assuntos abordados, como o trabalho está organizado e quais são os objetivos dele.
• Desenvolvimento (ou “corpo do trabalho”): com base em suas anotações, explique de maneira
clara e ordenada o assunto da pesquisa, resumindo com suas palavras as informações e ideias
encontradas. Os assuntos podem ser divididos em títulos e subtítulos, seguindo sempre o
roteiro e os objetivos da pesquisa.
Os assuntos devem ser apresentados ordenadamente e tratar apenas do tema proposto. Ao
final, releia o texto. Verifique se ele está claro, se traz tudo o que foi investigado sobre o assunto,
e corrija possíveis erros gramaticais.

5O passo Conclusão 6O passo Apresentação


Faça um resumo do trabalho Faça uma lista das obras e publicações empregadas na
mostrando aquilo que foi aprendido. sua investigação. A bibliografia deve incluir dados sobre
Procure se expressar com clareza. todo o material utilizado para desenvolver a pesquisa,
inclusive endereços dos sites consultados na internet.
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MEME
Meme é um tipo de expressão próprio da internet. Composto de vários recursos, como
imagens, vídeos, gifs, animações e textos, ele utiliza o humor para transmitir determinado tipo de
mensagem, ou elaborar uma crítica social ou política. É possível selecionar um meme e, mantendo
sua imagem, escrever um texto novo e modificar o significado original.

1O passo Pesquisa prévia


Pesquise memes que utilizam fatos históricos, temas sociais e outras questões políticas
interessantes. Como mencionado antes, um meme pode ser reelaborado, por isso é possível
selecionar alguns deles para servir de base para o que será criado.

2O passo Concepção da mensagem


Depois de pesquisar alguns memes, é importante ter clara a mensagem que se pretende
transmitir. Normalmente, o texto de um meme é bastante curto, já que essa forma de expressão
precisa ser compartilhada com rapidez na internet.

3O passo Elaboração do texto e seleção dos recursos visuais


O texto deve ser curto, interessante e de fácil compreensão. A imagem precisa reforçar a
mensagem do texto e ajudar a criar um efeito cômico.

4O passo Divulgação
Depois de pronto, o meme pode ser divulgado na internet. Para isso, é possível usar as várias redes
sociais. O propósito é ser uma ideia simples e de fácil compartilhamento; por isso, se seus amigos e
conhecidos desejarem, também podem compartilhar seu meme nas redes sociais deles.
FOCA: ERIC ISSELEE/SHUTTERSTOCK.COM, SALA DE AULA: WAVEBREAKMEDIA/SHUTTERSTOCK.COM

Meme “Foca
na aula”, 2018.

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PODCAST
Atualmente, os recursos digitais para gravar e publicar conteúdos na internet estão ao alcance
da maioria das pessoas. Um desses recursos é o podcast, em formato de áudio (mas que também
pode ser distribuído em vídeo), utilizado para a divulgação de informações sobre os mais variados
assuntos, inclusive História. Siga as orientações das próximas páginas para produzir seu podcast.

1O passo Verificação dos dispositivos de gravação


Em grupo, você e os colegas devem verificar os aparelhos que serão utilizados na gravação.
É possível utilizar recursos disponíveis no cotidiano, como celulares ou computadores com
microfone. Além disso, é importante checar se há acesso à internet na escola ou entre os
integrantes do grupo para que as gravações possam ser compartilhadas. Procurem saber se
alguém do grupo já produziu algum podcast e como foi a experiência.

FERNANDO FAVORETTO/CRIAR IMAGEM


2O passo Escolha do tema
e definição dos
objetivos
Você e os colegas devem discutir em
conjunto e decidir um tema a ser
abordado na gravação. O tema será
o foco do programa e pode ser dividido
em diferentes assuntos. Cada membro
do grupo deve se responsabilizar por
uma parte da elaboração do roteiro,
Estudantes em roda de estudo, em uma levantando informações e materiais em
escola pública de São Paulo (SP), 2018. diferentes fontes para enriquecê-lo.

3O passo Pesquisa das informações


Pesquise informações sobre a parte da qual você ficou encarregado. É importante consultar
fontes confiáveis, como sites jornalísticos ou acadêmicos, artigos de jornal e revista, e livros
diversos. Durante a pesquisa, registre a fonte dos materiais pesquisados para indicar ao final
do podcast.
Nesta etapa de planejamento, você e os colegas podem decidir se querem entrevistar alguém
para aprofundar a discussão sobre o assunto. Em caso positivo, convidem a pessoa, agendando
data e horário da entrevista. Também pesquisem músicas que podem ser usadas como vinheta
do programa.
Atenção: qualquer utilização de material não produzido pelo grupo deve ter citação de autor e
fonte (livro, jornal, revista etc., em que o material foi publicado ou veiculado), data de publicação ou
produção (em caso de filme, música ou fotografia) e, o mais importante, autorização do(a) autor(a)
para a reprodução de seu trabalho no podcast.

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4O passo Formalização do roteiro de gravação
Após você e os colegas organizarem as ideias e os materiais complementares que serão
utilizados, é importante elaborarem o roteiro da gravação. Um podcast pode ser organizado
como uma conversa entre os participantes, mas é interessante que todos saibam o que vão
falar. Isso garante que as ideias sejam apresentadas corretamente e evita que se percam entre
os assuntos abordados. Caso o podcast tenha um entrevistado, preparem as perguntas neste
momento da organização do roteiro.
Um roteiro pode ter a seguinte estrutura:
• vinheta de abertura; • abordagem de todos os temas levantados;
• apresentação dos locutores; • preparação para o encerramento, com
• breve texto expondo o tema do podcast; despedida dos locutores;
• início do conteúdo; • vinheta de encerramento.
• entrevista (caso tenha);

5O passo Ensaio e 6O passo Edição e compartilhamento


gravação do podcast
Com o roteiro pronto, ensaiem Após a gravação, caso o material tenha sido produzido
antes de iniciar a gravação. O em partes, é possível unir todos os registros para formar o
grupo pode dividir as tarefas podcast. Para isso, é possível usar aplicativos de celulares
e gravar o podcast em partes ou programas de computador de fácil utilização. Um
separadas, a serem reunidas ao dos mais conhecidos é o Audacity, que é gratuito, está
final. Isso pode evitar problemas, disponível para diferentes sistemas operacionais e pode
como a perda de todo o arquivo ser utilizado off-line.
ou a necessidade de ajustes. Quando o podcast estiver pronto, basta compartilhá-lo na
Também é uma forma de revisar internet e apresentá-lo aos colegas em sala de aula.
o que foi produzido, corrigindo
problemas na gravação ou
ajustando informações que STOCKFOUR/SHUTTERSTOCK.COM

geraram dúvidas.
A gravação precisa ser feita
em um local silencioso para
impedir que outros sons sejam
registrados e atrapalhem a
escuta do podcast. O microfone
deve ficar acima ou abaixo da
boca para evitar que capte
sopros e ruídos do ambiente.

Estudante
entrevista uma
mulher para um
podcast. Século XXI.

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REFERÊNCI AS BIBLIOGRÁFIC AS
ANDRADE, Manuel Correia de. Abolição e reforma disseminado e controlado por parte da Igreja, do Estado e do
agrária. São Paulo: Ática, 2001. mercado. Além disso, ele analisa a criação e organização de centros
O livro constrói uma reflexão acerca da transição do trabalho de conhecimento.
escravo para o trabalho livre no Brasil, relacionando esse processo CALDEIRA, Jorge. A nação mercantilista. São Paulo:
com a realidade fundiária do país e a busca por cidadania. Editora 34, 1999.
ARIÈS, Philippe; DUBY, Georges. História da vida privada. A proposta do autor é a construção de uma síntese interpreta-
São Paulo: Companhia das Letras, 1990. v. 5. tiva da história econômica e social do Brasil, da Colônia ao Império,
Trata-se de uma coletânea de ensaios escritos por especialistas buscando compreender as características principais da nossa cultura
que, nesse quinto e último volume, analisa a forma pela qual os política atual, com base em nosso passado escravocrata.
espaços públicos e privados se relacionam no decorrer do século XX. CARDOSO, Ciro Flamarion S. O trabalho na América
ARRUDA, José Jobson de Andrade. A grande Revolução Latina colonial. São Paulo: Ática, 1995.
Inglesa, 1640-1780: Revolução Inglesa e Revolução Nesse livro, o autor constrói um panorama das variadas formas
Industrial na construção da sociedade moderna. São Paulo: de trabalho compulsório implantadas na América portuguesa e
espanhola, durante o período colonial, com o objetivo de compre-
Hucitec, 1996. ender a formação econômica delas decorrentes.
A obra examina a Revolução Industrial Inglesa (1780) como
parte de um longo processo, que tem seus primórdios nas alte- CARDOSO, Maurício et al. Negro e negritude. São Paulo:
rações estruturais trazidas pela Revolução Puritana e pela Guerra Loyola, 1997.
Civil, entre 1640 e 1649. A obra propõe o resgate da história do negro no Brasil, exami-
nando temas como: a formação do Movimento Negro Unificado
ASHTON, Thomas Southcliffe. A Revolução Industrial.
em 1978, manifestações culturais ligadas às artes e às religiões de
Portugal: Publicações Europa-América, 1977. matriz africana, a inserção de ex-escravizados na sociedade de
Essa obra examina, de maneira ampla e aprofundada, os classes do início do século XX, dentre outros.
antecedentes mais importantes que impulsionaram a Revolução
Industrial na Inglaterra, com destaque para as grandes transfor- CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. O racismo na história do
mações ocorridas no campo, a partir do século XVII. Brasil. São Paulo: Ática, 2002.
Investigar a presença e os mecanismos por meio dos quais
AZEVEDO, Celia Maria Marinho de. Onda negra, medo
o racismo opera e se reproduz em nossa sociedade, desde o
branco: o negro no imaginário das elites – século XIX. período colonial até a atualidade, é a proposta central desse
São Paulo: Annablume, 2004. livro, que se dedica a explicar as origens e o funcionamento do
Esse livro trata do processo de transição entre a escravidão “racismo à brasileira”.
e o trabalho livre no Brasil, sob a pespectiva do embate entre
os grupos sociais envolvidos, ou seja, senhores e escravizados. A CARONE, Edgard. Classes sociais e movimento operário.
autora apresenta os escravizados como sujeitos históricos atuantes São Paulo: Ática, 1989.
nesse processo, que lutaram por seus interesses de acordo com as A obra investiga a formação da classe operária no Brasil das pri-
possibilidades e limitações da sua condição. meiras décadas do século XX, do ponto de vista da sua composição
etária, de gênero e origem. Além disso, ela estuda a organização do
BARBOSA, Lucia Maria de Assunção et al. (org.). De preto movimento operário e suas reivindicações naquele período.
a afrodescendente: trajetos de pesquisa sobre relações
CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas. São
étnico-raciais no Brasil. São Carlos: Edufscar, 2003.
A obra apresenta uma série de artigos que examinam as
Paulo: Companhia das Letras, 1990.
O autor analisa como as práticas discursivas, simbólicas e ideo-
relações étnico-raciais e as experiências dos afrodescendentes em
lógicas foram articuladas no processo de implantação do regime
várias regiões do Brasil, com ênfase nos estudos que estão sendo
republicano brasileiro, no final do século XIX, com o objetivo de
produzidos por pesquisadores negros.
criar legitimidade política para o novo regime.
BETHELL, Leslie (org.). História da América Latina: a
CASCUDO, Luís da Câmara. História da alimentação no
América Latina após 1930. México, América Central, Caribe e
Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1983. 2 v.
Repúblicas Andinas. São Paulo: Edusp; Brasília, DF: Fundação O autor investiga e organiza os hábitos alimentares brasileiros,
Alexandre de Gusmão, 2004. v. 9. desde suas origens étnicas, passando pelo cotidiano de bares e
O nono volume dessa coleção focaliza a história da América cozinhas ligados a diversos grupos sociais até chegar nas práticas
Latina depois de 1930, trazendo ensaios de especialistas sobre culturais conectadas ao ritmo das refeições e aos comportamen-
México, Cuba, América Central, Venezuela, Colômbia, Equador, tos à mesa.
Peru, Bolívia e Chile.
CHALHOUB, Sidney. Cidade febril: cortiços e epidemias na
BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, corte imperial. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
Gianfranco. Dicionário de política. 5. ed. Brasília, DF: O livro enfoca as políticas de saúde pública que promoveram
Editora da UnB; São Paulo: Imprensa Oficial, 2000. diversas ações de controle social e sanitário sobre a população
Composta de dois volumes que somam mais de 1 300 páginas, pobre do município do Rio de Janeiro, entre o século XIX e início
essa obra apresenta verbetes escritos por especialistas com os mais do XX. Os conflitos gerados por tais políticas desembocaram em
variados temas e conceitos ligados à ciência política, como, por reações e resistências por parte da comunidade negra e de outros
exemplo, fascismo e comunismo. agentes subalternos.
BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento: de CHASTEEN, John Charles. América Latina: uma história de
Gutenberg a Diderot. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. sangue e fogo. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
Nessa obra, o autor examina a história do conhecimento e as O autor constrói um panorama da história da conquista e
transformações ocorridas na forma pela qual ele foi distribuído, colonização da América espanhola e portuguesa, considerando

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questões como: miscigenação e luta de classes, revolução e for- HILL, Christopher. O século das revoluções: 1603-1714.
mação de repúblicas, luta por igualdade política e social, dentre São Paulo: Unesp, 2012.
outras. A obra analisa as transformações ocorridas na Inglaterra do
COGGIOLA, Osvaldo. A Revolução Francesa e seu século XVII, as quais teriam revolucionado a face do país, num
impacto na América Latina. São Paulo: Nova Estela: Edusp; curto espaço de tempo, durante o qual o Parlamento inglês se
fortaleceu e o poder monárquico se enfraqueceu.
Brasília, DF: CNPq, 1990.
A obra discute o impacto da Revolução Francesa e a influência HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções: Europa 1789-
do ideário iluminista nos processos de independência na América 1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
Latina, com a implantação de repúblicas, no decorrer do século XIX. O autor examina os impactos da chamada “dupla revolução”,
CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). História dos índios ou seja, da Revolução Francesa de 1789 e da Revolução Industrial
Inglesa contemporânea, em vários pontos do mundo, uma vez
no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras: Secretaria que as transformações promovidas por elas vão muito além dos
Municipal de Cultura: Fapesp, 1992. dois países e da Europa.
Essa coletânea de ensaios, escrita por estudiosos brasileiros e
estrangeiros, discute as principais questões ligadas à presença dos HOLANDA, Sérgio Buarque de (org.). História geral da
povos indígenas no Brasil. Além disso, apresenta rica iconografia, civilização brasileira. São Paulo: Difel, 1982.
documentos pouco conhecidos e inéditos, mapas ilustrativos e Trata-se de uma obra coletiva que, no decorrer de 11 volumes,
vinhetas alusivas à cultura material desses povos. apresenta ensaios que buscam contar a história do Brasil, nos seus
mais variados aspectos, desde os primórdios da colonização até
DORATIOTO, Francisco. O conflito com o Paraguai: a o ano de 1964, com o golpe civil-militar.
grande guerra do Brasil. São Paulo: Ática, 1996.
O livro retoma a história da Guerra da Tríplice Aliança ou
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo:
Guerra do Paraguai, como é mais conhecida no Brasil, analisando os Companhia das Letras, 2006.
aspectos politico-militares do conflito e apresentando informações Esse clássico da historiografia parte do exame do nosso
inéditas que propiciaram novas interpretações sobre ele. passado colonial e da elaboração de categorias de análise, como
a do homem cordial, figura alegórica que se guia pelas relações
DUBY, Georges; PERROT, Michelle. História das mulheres. pessoalizadas e é avessa às formalidades contratuais e legais.
Porto: Alumbramento, 1990. v. 5. KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Unidos: das
O quinto volume dessa coletânea aborda diversos aspectos
da história das mulheres no século XX, como, por exemplo: o
origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2008.
Nessa obra coletiva, a história da formação dos Estados Unidos
surgimento dos movimentos feministas e suas variadas lutas, a
da América é examinada desde os primórdios da colonização
participação das mulheres na cena política e no mundo do tra-
inglesa até os ataques terroristas do 11 de setembro de 2001, com
balho assalariado.
o objetivo de fugir de visões maniqueístas sobre o país.
FARIA, Antonio Augusto da Costa; BARROS, Edgard Luiz de.
LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto. São
Os abolicionistas. São Paulo: Ática, 2003. Paulo: Alfa-Ômega, 1975.
A proposta do livro é discutir o processo de abolição da escra-
Esse é um clássico da ciência política brasileira, que examina o
vidão no Brasil, com base no estudo do movimento abolicionista
fenômeno do coronelismo como resultado da combinação de inte-
e seus agentes conhecidos e anônimos, com ênfase na história do resses do poder público com o poder privado dos grandes senhores
cotidiano destes últimos. rurais, sobretudo durante a Primeira República.
FERRO, Marc. História das colonizações: das conquistas LEFEBVRE, Georges. A Revolução Francesa. São Paulo:
às independências: século XIII a XX. São Paulo: Companhia Ibrasa, 1989.
das Letras, 2002. Nesse estudo, a história da Revolução Francesa é apresen-
Na obra, o autor estuda a expansão colonial europeia a partir tada por meio da seguinte hipótese interpretativa: ao longo do
de um enfoque comparativo com outros colonialismos, dentre eles processo revolucionário, teriam ocorrido quatro revoluções em
o árabe, o turco e o japonês, e vai até o processo de descolonização vez de apenas uma. Além da burguesa, uma camponesa, uma
do pós-guerra, no século XX. É um dos ensaios mais abrangentes, aristocrática e, por fim, uma popular.
no tempo e no espaço, sobre o tema das colonizações.
LEITE, Míriam Moreira (org.). A condição feminina no Rio
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. Rio de Janeiro: de Janeiro: século XIX. São Paulo: Hucitec: Edusp; Brasília,
Record, 2002. DF: Fundação Nacional Pró-Memória, 1984.
Esse é um dos principais ensaios históricos e sociológicos O livro reúne uma série de documentos, principalmente relatos
que buscam construir uma interpretação para a formação da de viajantes estrangeiros que passaram pelo Brasil, tratando do
sociedade brasileira contemporânea. Nele, destaca-se o período cotidiano e de outros aspectos da vida das mulheres no Rio de
colonial e o cotidiano dos engenhos de açúcar nordestinos, tendo Janeiro, ao longo do século XIX.
a escravidão e a família patriarcal como temas principais.
LIMA, Oliveira. D. João VI no Brasil. Rio de Janeiro:
GORENDER, Jacob. O escravismo colonial. São Paulo: Topbooks, 2006.
Ática, 2001. A obra foi publicada pela primeira vez em 1909, em dois
Para explicar o início da formação social brasileira, dentro volumes, com base em documentação vasta e inédita, com a pro-
da perspectiva conceitual marxista, esse autor propõe a existên- posta de apresentar D. João VI, no período em que esteve no Brasil,
cia de um “modo de produção escravista colonial” nas nossas de maneira complexa e ambígua, procurando fugir do estereótipo
origens históricas. do glutão atrapalhado.
GRUPIONI, Luís Donisete Benzi (org.). Índios no Brasil. São LOPES, Eliane Marta Teixeira et al. (org.). 500 anos de edu-
Paulo: Secretaria Municipal de Cultura, 1992. cação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
Coletânea de artigos, com ilustrações, que visa apresentar e Trata-se de uma coletânea de ensaios que examinam a História
discutir a diversidade das culturas indígenas no país, assim como da educação no Brasil, numa perspectiva interdisciplinar, desde o
sua contribuição em saberes e valores para a formação da socie- período colonial com os jesuítas até questões mais atuais, como
dade brasileira. formação de professores, educação e cinema, dentre outras.

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LOPES, Nei. Bantos, malês e identidade negra. Belo MOREIRA, Carlos Eduardo et al. Cidades negras: africanos,
Horizonte: Autêntica, 2006. crioulos e espaços urbanos no Brasil escravista do século XIX.
O propósito do autor é demonstrar que a imagem difundida São Paulo: Alameda, 2006.
pela historiografia anterior a 1970 (na qual os malês eram letrados Trata-se de obra coletiva que estuda a atuação da popula-
e altivos, enquanto os bantos seriam submissos e ignorantes), ção negra no espaço urbano, no período imperial. Africanos e
desqualificou a influência cultural africana na formação brasileira, seus descendentes foram importantes personagens dos mundos
uma vez que os bantos compunham maioria absoluta dos escra- do trabalho e da cultura urbana do século XIX. A convivência
vizados aqui. próxima entre diversos grupos propiciou coesões e conflitos e
LOPES, Nei. Enciclopédia brasileira da diáspora afri- forjou novas identidades.
cana. São Paulo: Selo Negro, 2004. MOURA, Clóvis. Dicionário da escravidão negra no
Essa obra fornece um panorama da diáspora negra, per- Brasil. São Paulo: Edusp, 2004.
correndo temáticas como religiões, política e filosofia, além da Obra de referência sobre a escravidão no Brasil, destinada
apresentação de biografias de personagens importantes, porém tanto ao público leigo quanto aos estudiosos do tema. Ao longo
pouco conhecidos. de 800 verbetes, o autor organiza as informações existentes sobre
MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo: o regime escravista, permitindo ao leitor vislumbrar a construção
do regime de exclusão, ainda vigente.
Contexto, 2017.
Trata-se de uma perspectiva panorâmica da história do conti- MUNANGA, Kabengele. Negritude: usos e sentidos. São
nente, sem perder de vista a diversidade e as peculiaridades sociais, Paulo: Ática, 1988.
culturais e políticas de cada povo. Essa obra contribui para diminuir O que significam a negritude e a identidade? O discurso sobre
a escassez de fontes para o estudo da história africana. elas deve passar apenas pelo corpo e pela cor da pele ou pela
MAIO, Marcos Chor; SANTOS, Ricardo Ventura (org.). cultura e pela consciência do oprimido? Para responder a essas
questões, o autor analisa com profundidade a construção identitária
Raça, ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz:
no Brasil ao longo dos tempos.
CCBB, 1996.
Esse livro é uma coletânea de artigos que examinam temas NASCIMENTO, Milton Meira do; NASCIMENTO, Maria das
ligados à raça e às relações raciais, com base em vários campos Graças S. Iluminismo: a revolução das luzes. São Paulo:
do conhecimento (Antropologia, História, Sociologia, Literatura e Ática, 2001.
Ciência Política), com o objetivo de refletir sobre a questão racial O livro explica, de maneira didática e acessível, o pensamento
no Brasil atual. iluminista do século XVIII, desde as suas origens no Racionalismo
MARX, Karl. O Dezoito Brumário de Louis Bonaparte. do século XVII até seus impactos mundo afora em vários processos
revolucionários, a partir do final do século XVIII.
São Paulo: Editora Moraes, 1987.
O autor analisa a “Revolução Francesa do século XIX”, que NOVAIS, Fernando A. (dir.); ALENCASTRO, Luiz Felipe de
começa com a queda da monarquia de Luís Filipe, em 1848, e (org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo:
culmina no golpe de Estado do presidente Luis Bonaparte, em 1851. Companhia das Letras, 1997. v. 4.
Com base no materialismo histórico, ele examina as motivações Esse último volume da coleção reúne 12 ensaios que investigam
politicas, ideológicas e institucionais dos atores sociais envolvidos. variados aspectos adquiridos pelo Brasil depois de 1930. São temas
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido como violência, imigração, organização familiar, preconceito racial,
dentre outros, que contam com rico material iconográfico.
Comunista. Rio de Janeiro: Editorial Vitória, 1963.
O texto, publicado pela primeira vez em 1848, conclamava OLIVEIRA, Luís Valente de; RICUPERO, Rubens (org.). A aber-
todos os trabalhadores do mundo a se unirem em torno de um tura dos portos. São Paulo: Senac, 2007.
partido comunista internacional e contra a exploração capita- A obra apresenta artigos de historiadores, economistas e jorna-
lista. Ainda hoje é uma leitura introdutória, para quem quer listas, brasileiros e portugueses, que se dedicam a discutir os mais
conhecer a crítica de Marx ao capitalismo, que é desenvolvida variados aspectos da vinda da corte portuguesa, em 1808, e suas
em O capital. implicações para ambos os países.
MAZZEO, Antonio Carlos. Burguesia e capitalismo no OLIVER, Roland. A experiência africana. Rio de Janeiro:
Brasil. São Paulo: Ática, 1995. Jorge Zahar, 1994.
O livro discute as razões históricas da autocracia burguesa A obra percorre a trajetória humana no continente africano, da
brasileira, que atravessa todo o processo de formação do nosso Pré-História até a atualidade, analisando desde o povoamento das
Estado nacional. O texto examina as relações entre Estado e bur- regiões e a formação e difusão das línguas até a partilha colonial do
guesia da colônia até o final do século XX. continente e a origem dos Estados modernos africanos.
MONTEIRO, Hamilton M. Brasil República. São Paulo: PORTO, Walter Costa; PEIXOTO, João Paulo M. (org.).
Ática, 1986. Constituições do Brasil. Brasília, DF: Instituto Tancredo
A obra estuda as transformações econômicas, políticas Neves: Fundação Friedrich Naumann, 1997.
e sociais do final do século XIX, que levaram à derrocada da A obra reúne artigos de vários estudiosos para apresentar
monarquia e à implantação da república no Brasil, bem como o e discutir a história constitucional brasileira, desde a outorga
processo histórico que permitiu a reacomodação das velhas elites da Constituição do Império de 1824 até a promulgação da
econômicas dentro da nova ordem política. Constituição Federal de 1988, que ficou conhecida como
MONTENEGRO, Antonio Torres. Abolição. São Paulo: Constituição Cidadã.
Ática, 1988. PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contempo-
O livro faz parte das muitas publicações que marcaram o râneo. São Paulo: Brasiliense, 1971.
centenário da abolição da escravidão no Brasil, trazendo à tona Para compreender a formação da nação brasileira e as origens
críticas e revisões às interpretações mais tradicionais sobre esse das suas mazelas no ínicio do século XX, esse clássico da nossa
processo histórico, revelando, por exemplo, a participação ativa historiografia marxista volta ao processo de colonização aqui
dos escravizados. implantado, cuja base era a monocultura exportadora escravista.

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PRIORE, Mary del (org.). História das crianças no Brasil. Com mais de 4 mil verbetes, essa obra pretende guiar o leitor
São Paulo: Contexto, 1999. por entre siglas e termos do mundo econômico, além de conceitos
A coletânea reúne ensaios de historiadores, sociólogos e teóricos e biografias de economistas nacionais e estrangeiros.
educadores com o objetivo de apresentar a história da infân- SCARANO, Julita. Negro nas terras do ouro: cotidiano e
cia no Brasil, desde a vinda de crianças nas embarcações do solidariedade: século XVIII. São Paulo: Brasiliense, 2002.
século XVI, passando por aquelas que foram catequizadas Trata-se de um estudo acerca da vida cotidiana de escraviza-
pelos jesuítas e escravizadas até chegar ao século XX, com dos, negros e mulatos nas Minas Gerais do século XVIII, que busca
seus pequenos operários. reconstituir no dia a dia deles as estratégias de sobrevivência e
PRIORE, Mary del (org.). História das mulheres no Brasil. resistência adotadas, aproveitando as brechas do sistema.
São Paulo: Contexto, 1997. SCHULTZ, Kirsten. Versalhes tropical: império, monarquia
Com o objetivo de contar histórias de mulheres que viveram e a corte real portuguesa no Rio de Janeiro, 1808-1821. Rio
no Brasil desde o período colonial até o final do século XX, a obra
reúne textos de diversos especialistas e observa a mulher em varia-
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
A autora empreende uma análise aprofundada do fenômeno
dos espaços e extratos sociais.
da transferência da sede do Império Português para o Rio de
RÉMOND, René. O século XIX (1815-1914). São Paulo: Janeiro, em 1808. Seu estudo procura compreender como os
Cultrix, 1974. contemporâneos definiram no discurso e na prática política o sig-
Esse livro traça um panorama histórico do século XIX europeu, nificado desses acontecimentos.
focalizando seus principais legados para o mundo ocidental,
SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Érico Vital. Mulheres
como o liberalismo, a democracia, a evolução do papel do Estado,
a Revolução Industrial, o colonialismo, o sindicalismo, o socialismo negras do Brasil. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2007.
e o crescimento urbano. A obra se propõe a suprir uma lacuna nos estudos históricos no
Brasil provocada pela invisibilidade do papel das mulheres negras
REZENDE, Antonio Paulo. História do movimento operá- brasileiras. Assim, apresenta uma das abordagens pioneiras sobre
rio no Brasil. São Paulo: Ática, 1994. esse grupo social.
A proposta do autor é examinar, de maneira sintética, a prática
política da classe operária, no período compreendido entre 1892
SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador. São
e 1968, com o objetivo de enfatizar a diversidade dentro do movi- Paulo: Companhia das Letras, 1998.
mento social dos trabalhadores no Brasil. Esse estudo biográfico sobre o imperador D. Pedro II é também
um exercício interpretativo que busca analisar os significados e as
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. São Paulo: Companhia dinâmicas políticas, sociais e culturais da monarquia brasileira na
das Letras, 1995. segunda metade do século XIX.
A obra analisa, do ponto de vista histórico-antropológico, a
formação da sociedade brasileira, procurando compreender os SCHWARCZ, Lilia Moritz (dir.). História do Brasil Nação:
caminhos por ela percorridos desde a colonização até o momento 1808-2010. Madri: Fundación Mapfre; Rio de Janeiro:
em que o livro foi escrito: o ano de 1964. Objetiva, 2012. 5 v.
Essa coleção conta com cinco volumes, os quais reúnem
RODRIGUES, Denise Simões. Revolução Cabana e cons-
ensaios de especialistas que buscam, de um lado, construir uma
trução da identidade amazônida. Belém: Eduepa, 2009. síntese reflexiva sobre a história do Brasil nos últimos dois séculos,
A autora examina as conexões existentes entre o Movimento
e de outro, apresentar as chaves para uma história comparativa com
Cabano, que ocorreu durante o período regencial, e o processo
outros países da América Latina.
de estruturação de uma identidade nacional na Amazônia do
século XIX. SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus
RODRIGUES, Jaime. De costa a costa: escravos, marinheiros filhos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.
Aqui, o autor procura desvendar segredos e mistérios que
e intermediários do tráfico negreiro de Angola ao Rio de
marcam o continente africano em virtude de sua diversidade e da
Janeiro (1780-1860). São Paulo: Companhia das Letras, 2005. complexidade de sua experiência, que transita da fartura à miséria.
A obra discute o tráfico de africanos para o Brasil, mais Ao mesmo tempo, enfatiza as marcas deixadas pelas culturas afri-
precisamente a rota que ligava Angola ao Rio de Janeiro, do canas na formação da sociedade brasileira.
final do século XVIII até meados do XIX. Para isso, o autor refaz
o caminho dos escravizados desde o momento da captura no SILVA, Alberto da Costa e. Um rio chamado Atlântico:
interior do seu continente até a chegada ao Brasil. a África no Brasil e o Brasil na África. Rio de Janeiro: Nova
RUY, Affonso. Primeira revolução social brasileira (1798). Fronteira: UFRJ, 2003.
São Paulo: Nacional; Brasília, DF: INL, 1978. O autor reúne 16 textos que buscam mostrar que o oceano
Esse é um dos primeiros estudos sobre a Conjuração Atlântico, durante o período do tráfico e da escravidão, foi como
Baiana ou Conjuração dos Alfaiates, ocorrida em 1798. Para um rio largo que separava Brasil e África e, ao mesmo tempo,
o autor, esse levante foi um movimento de massas, inspirado permitia um intenso intercâmbio cultural e de múltiplas influências
na Revolução Francesa, que reivindicava o fim dos privilégios nos dois sentidos.
sociais e étnicos, a liberdade de comércio e a criação de uma SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigação sobre
igreja brasileira. sua natureza e suas causas. São Paulo: Nova Cultural: Círculo
SAMARA, Eni de Mesquita (org.). Populações: (con)vivência do Livro, 1996.
e (in)tolerância. São Paulo: Humanitas, 2004. Publicado pela primeira vez em 1776, esse estudo clássico
O livro reúne os textos apresentados no Seminário Internacional: é considerado a primeira obra moderna sobre economia, e seus
Populações: (Con)vivência e (In)tolerância, realizado em 2001. São apontamentos serviram de base para a formação do pensamento
estudados os diferentes grupos de imigrantes que vieram para o liberal no século XIX.
Brasil, desde o início da colonização até o século XX. SOARES, Mariza de Carvalho (org.). Rotas atlânticas da
SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. diáspora africana: da baía do Benim ao Rio de Janeiro.
São Paulo: Best Seller, 2002. Niterói: Editora da UFF, 2007.

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A coletânea reúne artigos escritos por diversos estudiosos da TOCQUEVILLE, Alexis. Democracia na América. São Paulo:
diaspora africana, que analisam a presença e a atuação dos escra- Companhia Editora Nacional: Edusp, 1969.
vizados procedentes da chamada Nação Mina, no espaço urbano Escrito entre 1835 e 1840, o livro traz as impressões do autor
do município do Rio de Janeiro. sobre as leis, os costumes, a economia e a política dos Estados
SOBOUL, Albert. A Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Unidos naquele período. Enviado pelo governo francês para estudar
Difel, 1976. o sistema prisional estadunidense, ele termina por apresentar o que
O livro examina a história da Revolução Francesa, consideran- considera ser as bases da democracia naquele país.
do-a uma revolução burguesa clássica, de fundamental importância TORAL, André. Imagens em desordem: a iconografia da
para o mundo contemporâneo, uma vez que, ao abolir o regime Guerra do Paraguai (1864-1870). São Paulo: Humanitas,
feudal, ela se coloca na origem da sociedade capitalista e da demo-
2001.
cracia liberal.
O livro apresenta os contornos da Guerra do Paraguai com base
SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. na produção iconográfica acerca do conflito, mostrando que, além
São Paulo: Martins Fontes, 1983. da guerra travada nas trincheiras, havia também um combate entre
Partindo do pressuposto de que a história da imprensa é a desenhistas e pintores pela imagem a ser construída e preservada.
própria história do desenvolvimento da sociedade capitalista, o
TURRA, Cleusa; VENTURI, Gustavo (org.). Racismo cordial:
autor se dedica a examinar a trajetória da imprensa no Brasil desde
o período colonial até o século XX. a mais completa análise sobre preconceito de cor no Brasil.
São Paulo: Ática, 1995.
SOUZA, Laura de Mello e. Desclassificados do ouro: a Pesquisa feita pela Folha de S.Paulo sobre o racismo no Brasil,
pobreza mineira no século XVII. Rio de Janeiro: Graal, 2004. em 1995, por meio de questionários do Datafolha, que concluiu
A proposta da obra é estudar o vasto contingente de homens que os brasileiros sabem haver, negam ter, mas demonstram, em
pobres livres que viviam no contexto da mineração, na primeira sua maioria, preconceitos contra negros.
metade do século XVIII.
VAINFAS, Ronaldo (dir.). Dicionário do Brasil Imperial
SOUZA, Laura de Mello e (org.). O governo dos povos. São
(1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
Paulo: Alameda, 2009. Em mais de 400 verbetes, diversos especialistas da história do
A coletânea de artigos reúne a contribuição de vários estudio- Império Brasileiro tratam de eventos, instituições, conceitos, per-
sos para o debate acerca da história do nosso passado colonial, sonagens famosos e anônimos, dentre outros temas, em breves
buscando analisar a América portuguesa de maneira conectada a
ensaios acompanhados de indicações bibliográficas.
outras partes do mundo português.
VIANA FILHO, Luís. O negro na Bahia. Rio de Janeiro: Nova
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São
Fronteira, 1988.
Paulo: Ática, 2006.
Publicado pela primeira vez em 1946, a obra buscou percorrer
Esse livro trata da história africana, relacionando-a aos séculos
a história da presença do negro na Bahia, desde o período colonial
de tráfico e de escravização de pessoas negras no Brasil, ensejando,
até o início do século XX, examinando as etnias trazidas pelo tráfico,
assim, uma discussão a respeito das consequências sociais, culturais
a vida no cativeiro, as relações raciais, dentre outras questões.
e históricas desse processo.
STONE, Lawrence. Causas da Revolução Inglesa: 1529- VIANA, Larissa. O idioma da mestiçagem: as irmandades
1642. Bauru: Edusc, 2000. de pardos na América portuguesa. Campinas: Editora da
Nessa obra, o historiador inglês investiga as causas sociais da Unicamp, 2007.
chamada Revolução Inglesa (1529-1642), que pôs fim ao feudalismo O estudo focaliza a formação das irmandades religiosas de
inglês. Ele examina o sugimento de novas classes sociais e o seu pardos na América portuguesa para discutir questões como mes-
papel na constituição de novas formas de organização social. tiçagem, identidades e hierarquias sociais, iluminando as relações
entre religião e sociedade no Brasil escravista.
TAVARES, Luís Henrique Dias. História da sedição inten-
tada na Bahia em 1798: “A Conspiração dos Alfaiates”. VOVELLE, Michel. A Revolução Francesa explicada à
São Paulo: Pioneira, 1975. minha neta. São Paulo: Unesp, 2007.
A obra trata, de maneira aprofundada e com base em vasta Nessa obra, a história da Revolução Francesa é examinada
documentação da história, da Conjuração Baiana de 1798, também desde sua dinâmica e seus efeitos imediatos até seus desdobramen-
conhecida como Conspiração dos Alfaiates, tendo como focos prin- tos, ao longo dos séculos XIX e XX, como o avanço do liberalismo,
cipais a dinâmica e a composição social do movimento. por exemplo.
THOMPSON, Edward Palmer. A formação da classe ope- WESSELING, H. L. Dividir para dominar: a partilha da
rária inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001. 3 v. África (1880-1914). Rio de Janeiro: UFRJ: Revan, 1998.
Esse livro, em seus três volumes, estuda o processo histórico de O livro examina a história da partilha da África pelas grandes
formação da classe operária na Inglaterra entre 1780 e 1832, obser- potências europeias, como Inglaterra, França, Bélgica e Itália, ilu-
vando a experiência dos trabalhadores dentro e fora das fábricas. minando as estratégias imperialistas de ocupação e exploração
econômica do continente.
THORNTON, John. A África e os africanos na formação
do mundo atlântico. Rio de Janeiro: Campus, 2004. WOOD, Gordon S. A Revolução Americana. Rio de
Focada em grande parte na dinâmica das relações entre as Janeiro: Objetiva, 2013.
sociedades africanas e europeias, no contexto do tráfico atlântico Examinando o processo de indepêndencia norte-americano,
de cativos e na presença dos africanos na formação das sociedades também conhecido por Revolução Americana, o autor mostra a
coloniais da América, a obra busca tratar, de maneira equitativa, importância desse evento para a criação do ideário que está na
esses mundos envolvidos, fugindo de eurocentrismos. base da república estadunidense até os dias de hoje.

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ISBN 978-85-96-03506-4

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