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1a edição
São Paulo ∙ 2022
22-115042 CDD-372.89
Índices para catálogo sistemático:
1. História : Ensino fundamental 372.89
Parque Nacional do Iguaçu: Patrimônio Natural Mundial.
Paraná, 04/2019. Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427
Quero lhe dizer algo que para mim é importante e, por isso, gostaria que você
soubesse: para que este livro chegasse às suas mãos, foram necessários o tra-
balho e a dedicação de muitas pessoas: os profissionais do mundo do livro.
O autor é um deles. Sua tarefa é pesquisar e escrever o texto e as atividades,
além de sugerir as imagens que ele gostaria que entrassem no livro. A essas pági-
nas produzidas pelo autor damos o nome de originais.
O editor e seus assistentes leem e avaliam os originais. Em seguida, solicitam ao
autor que melhore ou corrija o que é preciso no texto. Por vezes, pedem ao autor que
refaça uma ou outra parte. Daí entram em cena outros trabalhadores do mundo do
livro: os profissionais da Iconografia, da Arte, da Revisão, do Jurídico, entre outros.
Os profissionais da Iconografia pesquisam, selecionam, tratam e negociam
as imagens (fotografias, desenhos, gravuras, pinturas etc.) que serão aplicadas
no livro. Algumas dessas imagens são os mapas, elaborados por especialistas, os
cartógrafos, e desenhos baseados em pesquisas históricas, feitos por profissionais
denominados ilustradores.
Os profissionais da Arte criam um projeto gráfico (planejamento visual da obra),
preparam e tratam as imagens e diagramam o livro, isto é, distribuem textos e
imagens pelas páginas para que a leitura se torne mais compreensível e agradável.
Os profissionais da Preparação e Revisão corrigem palavras e frases, ajustam
e padronizam o texto.
A equipe do Jurídico solicita a autorização legal para o uso de textos de outros
autores e das imagens que irão compor o livro.
Todo esse trabalho é acompanhado pela Diretoria e Gerência Editorial.
Em seguida, esse material todo, que é um arquivo digital, segue para a gráfica,
onde é transformado em livro por técnicos especializados do setor Gráfico. Depois
de pronto, o livro chega às mãos dos consultores comerciais e educacionais, que
o apresenta aos professores, profissionais que dão vida ao livro, objeto ao mesmo
tempo material e cultural.
Meu muito obrigado, do fundo do coração, a todos esses profissionais, sem os
quais esta Coleção não existiria! Por fim, agradeço à minha equipe e, também, a
você, leitor, motivo de nossa existência.
O autor
UNIDADE 1
AMÉRICA E ÁFRICA ANTES DOS EUROPEUS.....8
CAPÍTULO 1
Povos indígenas saberes e técnicas......................10
Os astecas...........................................................................11
A sociedade asteca......................................................13
Saberes e técnicas dos astecas.............................14
Os maias..............................................................................15
Sociedade e economia................................................16
Saberes e técnicas maias......................................... 17
CAPÍTULO 2
Povos e culturas africanas:
malineses, bantos e iorubás................................... 33
África: aspectos físicos............................................. 34
O Império do Mali.......................................................... 34
Os bantos........................................................................... 40
Reino do Congo..............................................................41
Bantos no Brasil........................................................... 45
Os iorubás.......................................................................... 46
Política e economia.....................................................47
A arte de matriz iorubá.............................................. 48
O Reino de Benin.......................................................... 49
Iorubás no Brasil.......................................................... 50
Atividades........................................................................ 53
#JovensnaHistória................................................... 58
BJANKA KADIC/ALAMY/FOTOARENA
1 AMÉRICA E ÁFRICA
ANTES DOS EUROPEUS
MUMEMORIES/SHUTTERSTOCK.COM
africanos foi marcado por desencontros e muita violên-
cia. Mas além disso, caracterizou-se por trocas culturais
e mútuas influências. Depois desses encontros e desen-
contros, europeus, ameríndios e africanos nunca mais
foram os mesmos, especialmente no campo da alimen-
tação; exemplo disso é a variedade de plantas de dife-
rentes origens de que nos alimentamos hoje no Brasil.
SERHII HREBENIUK/SHUTTERSTOCK.COM
Maçãs. Quiabos.
ANDREW HAGEN/SHUTTERSTOCK.COM
Uvas.
BONDART PHOTOGRAPHY/SHUTTERSTOCK.COM
Milhos. Melancia.
Nesta página e na anterior você vê fotos de alimentos que consumimos em nosso dia a dia. Você é capaz
de saber quais são nativos da América? Quais foram trazidos pelos europeus? Quais tem origem africana?
Teste seus conhecimentos: no caderno, indique com o número 1 as plantas nativas da América, com o
número 2, as plantas introduzidas pelos europeus e, com o número 3, aquelas de origem africana.
GUENTERMANAUS/SHUTTERSTOCK.COM
Açaí.
1 POVOS INDÍGENAS
SABERES E TÉCNICAS
ALLMAPS
Círculo Polar Ártico
OCEANO
ATLÂNTICO
Trópico de Câncer
Equador
Principais grupos 0º
linguísticos
Esquimó-aleutino
OCEANO Na-Dene
Trópico de Capricórnio PACÍFICO Sioux-Dakota
Iroqueses
Algonquino-Wakash
Uto-Astecas
Maias
Aruak
Chibcha
Karib
Tupi-Guarani
Jê
Quíchua
0 1 910
Outros
70º O
Fonte: HISTÓRIA das civilizações. São Paulo: Abril, 2001. v. 3. p. 113.
10
Representação
do deus asteca
Huitzilopochtli descrito
no Códice (Codex)
Telleriano-Remensis,
século XVI.
11
A dominação asteca
Veja o que diz um historiador sobre a dominação asteca.
c) Tente responder: como será que os povos dominados reagiram à opressão asteca?
# DICA!
Animação sobre a formação do Império asteca.
IMPÉRIO asteca: grandes civilizações. 2015. Vídeo (22min8s). Publicado pelo canal Filmow.
Disponível em: https://www.dailymotion.com/video/x2p80lm. Acesso em: 19 maio 2022.
12
Abaixo dos nobres vinham os comerciantes, com destaque para os atacadistas, espe-
cialmente os que trabalhavam com artigos de luxo. A seguir, vinham os artesãos, que
eram conhecidos por sua habilidade e requinte. Os artesãos astecas se destacavam na
ourivesaria, na joalheria e no trabalho com plumas.
Já os camponeses eram o grupo mais numeroso da sociedade asteca. Eles eram
obrigados a pagar pesados impostos, prestar serviço militar e trabalhar gratuitamente
na conservação de estradas e canais e na construção de monumentos. Os camponeses,
geralmente, passavam a vida no mesmo pedaço de terra, saindo apenas quando eram
chamados para combater.
Por fim, havia os escravizados, prisioneiros de guerra, condenados pela justiça ou
então indivíduos que tinham dívidas por causa de envolvimento com o jogo ou a bebida.
13
14
ALLMAPS
90º O
OCEANO
ATLÂNTICO
Chichén-Itzá
Mayapán
Golfo do México
Uxmal
DALLAS MUSEUM OF ART, TEXAS, EUA.
20º N
YUCATÁN
FOTO: BRIDGEMAN/FOTOARENA
Palenque
Tikal
Piedras
Negras Mar das Antilhas
Vaso de cerâmica
com cena de
Copán
jogo de bola.
Guatemala, 0 90
período clássico
tardio, c. 700-850. Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2011. p. 236.
15
SÍTIO ARQUEOLÓGICO DE CACAXTLA, TLAXCALA, MÉXICO. FOTO: DEA/G DAGLI ORTI/AGB PHOTO LIBRARY
Pintura mural maia com cena de cultivo de milho descoberta por arqueólogos no Templo Vermelho,
na cidade de Tlaxcala (México), c. 600-700 a.C.
16
Templo dos Guerreiros em forma de pirâmide e, em volta dele, os vestígios do Palácio das Mil Colunas.
Chichén-Itzá (México), 2014.
17
Mulher e criança peruanas caminham por estrada inca próxima a Cuzco (Peru), 2015.
18
O texto a seguir foi escrito pelo historiador Serge Gruzinski. Leia-o com atenção.
O Império do Sol
[...] O império inca era composto por um mosaico de povos e de paisagens natu-
rais, dispersos num quadro montanhoso [...].
HADYNYAH/E+/GETTY IMAGES
Criança falante da
língua quéchua ao lado
de um lhama. Vale
Sagrado dos Incas,
próximo a Cuzco (Peru),
2016.
a) Segundo o autor, a força inca residia em quatro pilares. Quais são eles?
b) C
om base nesse texto, o que se pode concluir sobre o relacionamento entre o
Império Inca e os povos sob seu domínio?
19
SAIKO3P/SHUTTERSTOCK
20
HARRY ZIMMERMAN/SHUTTERSTOCK.COM
técnica agrícola que consistia em construir terraços na forma de uma
imensa escada para a prática da agricultura (sistema de terraços).
Nos degraus mais altos, cultivavam espécies vegetais resistentes
ao frio, como a batata; nos do meio, milho, abóbora e feijão; nos
mais baixos, semeavam as árvores frutíferas. Com isso, conseguiam
colheitas variadas e fartas o ano inteiro. Os incas se dedicavam
também ao pastoreio: criavam o lhama e a alpaca, animais usados
no transporte e dos quais obtinham lã e leite.
Os camponeses constituíam a maioria da população. Cada Lhama.
GAIL JOHNSON/SHUTTERSTOCK.COM
aldeia era formada por um conjunto de famílias camponesas unidas
por laços de parentesco que recebia o nome de ayllu;; o chefe do
ayllu era o kuraka
kuraka..
As terras de cada ayllu eram divididas em três partes: uma para
o imperador, uma para os deuses (controlada pelos sacerdotes) e
outra para as famílias camponesas. Além de trabalhar em todas
as terras, os camponeses tinham de prestar serviços gratuitos ao
Estado, plantando, construindo ou reformando; essa obrigação
tinha o nome de mita.. Alpaca.
POOLPS27/SHUTTERSTOCK.COM
21
Crianças falantes de língua tupi se refrescam e se divertem tomando banho no lago Mauaiaca.
Aldeia Ipavú, Parque Indígena do Xingu (MT), 2018.
22
Corte do pau-brasil
Transporte do
pau-brasil
Troca do pau-brasil
com os europeus
Detalhe do mapa de
um atlas de 1542 do
francês Jean Rotz.
Na imagem, vemos
a representação de
uma aldeia tupi e suas
malocas. Na parte
superior da imagem,
vemos cena de
transporte e escambo
de pau-brasil entre
indígenas e europeus;
no canto inferior
esquerdo, crianças
brincando; e, à direita,
conflitos entre grupos
indígenas. Observe
a disposição das
malocas (casas),
ao centro.
23
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AR
Manto tupinambá. Paris (França), século XVII. ME
M,P
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24
O processamento da mandioca
O alimento básico de numerosas sociedades indígenas é constituído pela mandio-
ca-brava e seus derivados. Nessa variedade de mandioca existe um poderoso veneno
[...], mas os índios desenvolveram técnicas especiais para torná-la comestível. Nós
aprendemos deles essas técnicas.
Descasca-se e rala-se a mandioca, lava-se a massa com água sobre uma peneira,
espremendo-a depois com as mãos. Em seguida, a polpa é colocada numa prensa: na
esteirinha manual ou no tipiti [...]. O sumo que escorre por entre as malhas é recolhido
numa panela e decantado. O líquido chama-se tucupi e perde o veneno quando deixado
ao sol ou aquecido ao fogo, servindo então para temperar a comida, junto com outros
condimentos. Lava-se também o sedimento branco do fundo da panela, o polvilho,
para livrá-lo do veneno. Depois de torrado em tachos, obtém-se a tapioca.
A polpa da mandioca é retirada da prensa e seca ao sol em forma de pães. Para
fazer farinha, esses pães são esfarelados e torrados. Para fazer beijus, mistura-se a
massa esfarelada com um pouco de água, espalhando-a sobre tachos rasos. Pazinhas
de madeira em forma de meia-lua servem para virar os beijus sobre o torrador. Com
a farinha fazem-se ainda bebidas [...], tortas e mingau. A farinha é guardada em [...]
cestas e cabaças.
MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Formas de humanidade: manifestações
socioculturais indígenas. Guia temático para professores. São Paulo: MAE-USP: LEMAD-FFLCH-USP, 2008. p. 12.
CHICO FERREIRA/PULSAR IMAGENS
À direita, moça da
nação kamayurá,
falante de uma
língua tupi, ralando
mandioca para
preparação do beiju.
Aldeia kamayurá,
Parque Indígena do
Xingu, Gaúcha do
Norte (MT), 2012.
25
Indígenas da etnia tuyuka, da aldeia Utapinopona, fazendo pintura facial. Manaus (AM), 2018.
A tinta vermelha é extraída do urucum, e a preta, do jenipapo.
26
a) Qual é a explicação dada no texto para o poder dos nobres sobre os homens comuns?
b) Quais são os adjetivos usados para descrever os homens comuns?
c) Segundo o texto, nobres e homens comuns tinham obrigações entre si. O que cabia a cada
uma das partes?
d) Avalie e comente a teoria asteca do poder, colocando-se no lugar de uma pessoa comum da
sociedade asteca da época.
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28
3523STUDIO/SHUTTERSTOCK.COM
a) Na imagem, veem-se vestígios de uma técnica agrícola utilizada pelos incas. Que técnica era
essa?
b) Em que consistia essa técnica?
c) O que eles cultivavam nos degraus mais altos? Por quê?
d) E nos degraus mais baixos?
e) O que conseguiam aplicando essas técnicas e saberes?
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11 Observe a imagem a seguir. Ela é uma obra de arte da artista indígena macuxi
Carmézia Emiliano.
CARMÉZIA EMILIANO/COLEÇÃO AUGUSTO LUITGARDS
Obra de Carmézia Emiliano que mostra o trabalho comunitário em uma aldeia indígena, 2009.
30
J.L.BULCÃO/PULSAR IMAGENS
difundido na América. A partir
do século XIX, os Mawé, do rio
Madeira, tinham praticamente
o monopólio desse produto.
É um estimulante notável,
contendo pequeno teor de
cafeína. O plantio do guaraná
está difundido, hoje, por várias
regiões e o seu uso aumenta a
cada dia.
RIBEIRO, Berta G. A contribuição dos povos
indígenas à cultura brasileira. In: GRUPIONI,
Luís Donisete Benzi; SILVA, Aracy Lopes da
(org.). A temática indígena na escola:
novos subsídios para professores de 1o e 2o
graus. São Paulo: Global; Brasília, DF: MEC:
Unesco, 1995; p. 204-205.
31
NNATTALLI/SHUTTERSTOCK.COM
o que designava o “Sagrado”, e os astecas
acreditavam que esta planta era de origem
divina e o próprio profeta Quatzalcault
ensinava ao povo como cultivá-la, tanto
para o alimento como para o embele-
zamento de paisagens. De acordo com
os historiadores, o seu cultivo era de tal
importância que exigia ser acompanhado
de solenes cerimónias religiosas, fato que
provavelmente influenciou o botânico
sueco Carolus Linneu (1707-1778), a deno-
minar a planta de Theobroma cacao, de
origem grega Theos e Bromos e signifi-
cando “alimentos dos deuses”. [...]
QUEIROGA, Vicente de Paula et al. (org.).
Cacau (Theobroma cacao, L.) orgânico sombreado:
tecnologias de plantio e produção da amêndoa fina.
Cacau. Campina Grande: AREPB, 2021. p. 11; 15-16.
Com base na pesquisa, produzam um pequeno vídeo sobre o assunto e postem nas
redes sociais da escola.
b) Quando os europeus chegaram à América, o cacau já era cultivado por astecas e maias.
Pesquise e responda com base no roteiro a seguir.
I. Qual é a importância do cacau na atualidade?
II. Qual é o seu hábitat original?
III. Como o cacau era utilizado pelos nativos da floresta?
IV. Qual é o seu nome científico? E qual é o significado desse nome?
32
ALLMAPS
JEFF GREENBERG/EASYPIX BRASIL
EUROPA
Túnis
I. Madeira
(PORT.) Argel
TUNÍSIA
OCIDENTAL
nigeriana, tunisiano,
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GUINÉ-BISSAU GUINÉ Ouagadougou
Ndjamena DJIBUTI
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THOMAS COCKREM/ALAMY/FOTOARENA
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Freetown DO Abuja
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2015.
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(cap. administrativa)
JOHNER IMAGES/ALAMY/FOTOARENA
Maputo
3 ÁFRICA
DO SUL
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Bloemfontein LESOTO
(cap. jurídica) Maseru
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Cidade do Cabo
(cap. legislativa)
e
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OCEANO
Merid
ÍNDICO
0 805
Jovem 0º 40º L
sul-africano, Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
2015. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. p. 4
33
ALLMAPS
Senegal e o Níger. Esses rios per-
Mar Mediterrâneo
mitiam que os povos do Sahel
tivessem água para suas neces- Trópico d
e Câncer
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Ma
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sidades básicas e também para
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fertilizar a terra e cultivar cereais,
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legumes e verduras. Além disso, Rio
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ATLÂNTICO
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e noz-de-cola, saídos dos portos Malauí
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do mar Mediterrâneo, ou que R
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Florestas KALAHARI
Ri o Orange
Savanas
Estepes
Vegetação mediterrânea
Deserto
Fonte: SOUZA, Marina de Mello e. 0 1 060
Oásis
África e Brasil africano. 3. ed.
São Paulo: Ática, 2012. p. 13.
O Império do Mali
Império: Unidade política que congrega
Foi justamente no Sudão ocidental, entre os rios várias outras unidades, que podem ser
Senegal e Níger, nas terras habitadas pelos man- compostas por povos diferentes entre si,
dingas, que se formou o Império do Mali, um dos que mantêm suas formas de governar locais,
mas prestam obediência ao poder central,
maiores e mais duradouros da história da África. Boa controlado pelo chefe de todos os chefes.
parte do que sabemos sobre o Império Mandinga (ou (SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil
africano. 3. ed. São Paulo: Ática, 2012. p. 16).
do Mali) chegou até nós através dos griôs.
34
GETULIO DELPHIM
Os griôs
Os griôs eram indivíduos encarregados de preservar e
transmitir as histórias, os conhecimentos e as canções de seu
povo por meio da oralidade.
No passado, os griôs eram procurados por muitos reis
africanos para trabalharem como professores particulares de
seus filhos. Eles ensinavam arte, conhecimento sobre as plantas,
tradições, história e davam conselhos aos jovens príncipes.
Além dos griôs contadores de histórias,, havia também
os griôs músicos e os cantores,, que interpretavam e con-
servavam canções tradicionais; e havia, ainda, mulheres griôs,
que faziam o mesmo que os griôs homens.
No passado, quando um griô falecia, seu
corpo era enterrado dentro de um baobá, árvore
considerada sagrada e cujos troncos são ocos.
Acreditava-se que, ao enterrar o corpo de um
griô nessas árvores, suas histórias e canções
continuariam sendo divulgadas e conhecidas
por muitos.
Ilustração representando um
griô contador de histórias.
ESCUTAR E FALAR
Um ditado dos griôs africanos que chegou aos nossos dias é: “cada dia se aprende
algo novo; basta saber ouvir”. Prepare-se para falar sobre a importância, na vida, de
saber escutar.
35
O imperador do Mali
ouvia as queixas
de seus súditos em
audiências públicas
realizadas tanto
no seu palácio
quanto em uma
praça próxima. Ele
comparecia a essas
audiências em trajes
requintados, tendo
seus conselheiros ao
lado e, atrás deles, um
grupo de soldados;
as sessões eram
abertas pelos griôs.
Ilustração de 1987.
36
Na imagem, vemos a mesquita construída na época do Império do Mali, que abriga até hoje a importante
Universidade de Sankoré. Tomboctu (Mali). Fotografia de 2018.
37
a) A noz-de-cola é uma planta nativa da África. Para que serve o seu fruto?
b) A
noz-de-cola exigia cuidados especiais no seu transporte e na sua conservação.
Apesar disso, era muito vendida nos mercados de Tombuctu. Como você explica isso?
38
39
DANIEL M ERNST/SHUTTERSTOCK.COM
À esquerda, jovem angolano falante da língua umbundo. À direita, mulher carioca descendente de povos
da região congo‑angolana. As duas fotografias são atuais. Boa parte dos habitantes do Rio de Janeiro
descende de povos bantos.
40
Gravura extraída da obra Descrição da África, de Olfert Dapper, c. 1686, que mostra a vista de Mbanza
Congo, capital do Reino do Congo.
41
42
ALLMAPS
Kundi Okango
o Nsundi
ng
o Co
Ri
Mbula 5º 30’ S
Mpangu Songo
Kiova
Kongo
a Niaza
Mpinda Mbata
Wandu
Wembo
Mbamba
OCEANO Ndembu
ATLÂNTICO
Capital do reino
Luanda
Cidade
0 45
Limite de província
15º 30’ L
Fonte: SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. 3. ed. São Paulo: Ática, 2012. p. 39.
43
Máscara de um povo da
região congo-angolana.
Fotografia de 2010.
44
Palavras bantas
Berimbau – Arco musical, instrumento indispensável na
Fubá – Farinha de milho ou arroz.
capoeira.
Caçula – O mais novo dos filhos ou dos irmãos. Jiló – Fruto do jiloeiro, de sabor amargo.
Canjica – Papa de milho-verde ralado a que se juntam leite
Moleque – Menino, garoto, rapaz.
de coco, açúcar, cravo e canela.
Carimbo – Selo, sinete, sinal público com que se autenticam Quiabo – Fruto do quiabeiro, muito usado na
documentos. cozinha cerimonial afro-brasileira e baiana.
Cochilo – Ato de cochilar, dormir levemente. Quitute – Petisco, iguaria de apurado sabor.
Dendê – Palmeira ou fruto da palmeira. Óleo vermelho obtido Samba – Dança e música popular brasileira de
da palmeira dendê, de grande uso na culinária religiosa afro- compasso binário e acompanhamento sincopado;
-brasileira e baiana; óleo de palma no português de Portugal. a música que acompanha essa dança.
Fonte: CASTRO, Yedda Pessoa de. Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro.
Rio de Janeiro: Topbooks, 2005.
45
FABIO COLOMBINI/2013
À esquerda, mulher
nigeriana; à direita, mulher
baiana. Hoje, os iorubás
são contados aos milhões
na Nigéria e no Benin e
possuem grande número
de descendentes no Brasil
e em Cuba.
ALLMAPS
0º
Rio
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Obá
Keto
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egbá Rio Be
akposo Ado Ekiti
Cidades do Iorubo, daomé
Ifé
palavra empregada pelo Abomei egbado Owó
bra
Ijebu-Ode iorubá
am
africanista brasileiro
Benin
An
OCEANO
ATLÂNTICO
0 80
Fonte: SCARAMAL, Eliesse (org.). Para estudar a história da África. Projeto Abá: estudos
africanos para qualificação de professores do Sistema básico de Ensino/Coordenação Geral/
Projeto Abá: Léo Carrer Nogueira. Anápolis: Núcleo de Seleção-UEG, 2008. p. 44.
46
47
Dialogando
ESCUTAR E FALAR
A visão que você tinha da África antes de começar a ter aula e a ler este capítulo é
a mesma de agora? Se a resposta for não, o que mudou na sua visão da África?
Releia, pense, pesquise, dialogue e prepare-se para falar sobre o assunto.
48
49
MARCUS BRANDT/DPA/ALAMY/FOTOARENA
Margareth Menezes é uma
cantora, compositora e
produtora musical que,
nos seus mais de
20 anos de carreira,
tornou-se popular.
Viajou a todos
os continentes,
contabilizando várias
turnês mundiais e
álbuns lançados.
Os álbuns Elegibô e
Kindala alcançaram,
respectivamente,
a 1 a e 2a posições
da Billboard World
Albuns. Na fotografia,
vê-se Margareth se
apresentando na Costa
do Sauípe (BA), em 2013.
50
Mestre Didi,, escultor e escritor baiano, expoente da arte de matriz iorubá no Brasil.
VALÉRIA GONÇALVEZ/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
Cetro da ancestralidade,
obra de Mestre Didi.
Mestre Didi no Museu Afro Brasil. Salvador (BA). Fotografia
São Paulo (SP), 2009. de 2015.
51
52
SONIA VAZ
EUROPA
Argel Túnis
NÃO ESCREVA Fez KAIRUAN M a r M
IFRIQIYA editerrâ
NO LIVRO. Marrakesh MARROCOS neo
Trípoli
TAFILELT Cairo
Ghadames EGITO
Trópico de Fezzan
Câncer Idjill Teghazza TUAT
I. Retomando
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Taodeni Ghat
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Awill AIR Suakin
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Bilma ÁSIA
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Galam Tombuctu Takedda
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Cabo GANA Gao
Verde Agadés n
de
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Futa od
DARFUR Golf
Ní
Jalon Chade
ge
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Serra Leoa
Vitória
b) As maiores fontes de ouro, de sal e de OCEANO
ATLÂNTICO CONGO LUANDA
OCEANO
ÍNDICO
LUBA
noz-de-cola estavam localizadas na: Lago
Niassa
I. África setentrional.
AR
Rotas comerciais GRANDE
SC
ZIMBÁBUE
II. África meridional.
GA
transaarianas
MONOMOTAPA
DA
Trópico de
Sahel
MA
Capricórnio
III. África ocidental. Maiores fontes de ouro
EDITORA SARAIVA
2 Leia o texto a seguir.
[...] os africanos dominavam as técnicas de mineração
do ouro. E muitas outras técnicas. Como as agrícolas, por
exemplo. Num continente com solos em geral pobres e com
chuvas escassas e mal distribuídas, os africanos foram obri-
gados a desenvolver práticas agrícolas complexas. Muitos
povos conheciam as técnicas de irrigação, de rotação de
plantios, da adubagem com esterco animal e restos de
cozinha, da construção de [...] plataformas nas encostas
das montanhas, a fim de impedir a erosão e ali plantar.
Misturavam também [...] diferentes tipos de plantas, para
assegurar a colheita de pelo menos uma delas. Assim, se o Fac-símile da capa do livro
A África explicada aos
ano fosse mal para o painço, podia ser bom ou razoável para meus filhos, de Alberto da
o sorgo e o milho. Costa e Silva.
SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos. 2. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2012. p. 26-27.
a) Do que trata o texto?
b) Que atividades econômicas são citadas no texto?
c) O que estimulou os africanos a desenvolverem complexas técnicas agrícolas?
d) A agricultura foi uma descoberta revolucionária na história da humanidade e os africanos con-
tribuíram enormemente para o desenvolvimento dessa atividade. O texto apresenta algumas
técnicas agrícolas utilizadas pelos africanos. Quais são elas?
53
ALLMAPS
ich
ico d
a) Qual é o assunto do mapa? e Cânc
de Greenw
er
Meridiano
tuaregue
descreva a localização geográfica Audagoste Walata
do Império do Mali. Tacrur
Gana Tombuctu ÁFRICA
Ri
o
Se
c) Qual era a capital do Império do
ne
Gao
ga
l
Djenné Lago
Mali? Às margens de qual rio foi Chade
Rio
Rio
haussá
Ní
OCEANO Niani
ge
construída essa cidade?
Volta
ATLÂNTICO
r
d) Explique a localização e a impor- Oió
iorubá
ashanti
Império do Mali fon
tância (comercial e intelectual) da (limites aproximados)
Ifé
Benin
ibo
Capital do império
cidade de Tombuctu durante o Cidade
0 452
0º
período de existência do Império
Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial.
do Mali. Paris: Larousse, 2001. p. 216.
4 O Império de Mali controlou uma área imensa, chegou a ter 45 milhões de habitantes
e durou 230 anos. Que motivos explicam a sua longa duração?
54
7 Leia com atenção as razões da expansão dos bantos. Os estudiosos formularam duas
teorias para explicar a extraordinária expansão e conquista territorial dos bantos pela
África.
I. A primeira defende que, por serem bons agricultores, os bantos conseguiam se alimentar
melhor, viver mais tempo e se multiplicar com rapidez; com esse aumento da população, foi
preciso buscar novas terras para plantar e viver. Daí a velocidade e a abrangência da expansão
banta.
II. Outra teoria associa a expansão dos bantos ao domínio do ferro, com o qual faziam armas
mais eficientes. De posse dessas armas, venciam os adversários que iam encontrando pelo
caminho, ocupando novos espaços em pouco tempo.
9 Leia o texto a seguir com atenção e responda ao que se pede na página seguinte.
Utilizando instrumentos musicais
ALEXANDRE MACIEIRA/TYBA
55
11
.PH
/SH
O trecho a seguir é de uma canção de UT
TE
RS
TO
autoria de Carol Afreekana, Regiane CK
.CO
M
56
57
PASSO 1 Ler
Leia com atenção a entrevista dada por Kunumi MC, artista indígena jovem que vive na cidade de São
Paulo (SP).
58
PASSO 2 Questionar
Depois de ler o texto, responda:
a) Qual o problema vivido por Kunumi MC?
b) Qual foi a solução encontrada por ele?
PASSO 5 Avaliar
h) Realizei as tarefas a que me propus?
i) Cumpri os prazos determinados?
j) Expressei minhas ideias com objetividade?
k) Escutei meus colegas com atenção e respeito?
l) Contribuí com sugestões e perguntas interessantes?
m) Aceitei críticas aos meus argumentos e comportamento?
59
2 ARTE E RELIGIÃO
FONTE 1
BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
Cristo em
Majestade,
século XIII.
60
STEFANO RAVERA/ALAMY/FOTOARENA
Bênção
de Cristo,
de Rafael
Sanzio.
c1505-1506.
61
3 MUDANÇAS NA
EUROPA FEUDAL
AKG-IMAGES/ALBUM/FOTOARENA
62
O Mês de Outubro:
arar e semear. Escola
Francesa, século XV.
Repouso
Repouso
III Repouso
III III Trigo III
Trigo IIITrigo III Aveia III
Aveia III
Aveia III
Repouso
Repouso
III Repouso
III III Trigo III
Trigo IIITrigo III Aveia III
Aveia III
Aveia III
Repare que, enquanto dois campos eram cultivados, o terceiro permanecia em descanso. Além disso,
a cada ano, mudava-se o produto cultivado nos campos que estavam em uso. Essa nova técnica
permitia o descanso do solo e a reposição dos nutrientes e garantia duas colheitas anuais.
63
• um novo modo de atrelar o cavalo usado para puxar o arado. Antes, o cavalo era
atrelado pelo pescoço, o que limitava bastante seu rendimento porque o sufocava.
A partir do século X, passou a ser atrelado pelo peito, o que aumentava seu rendi-
mento e resistência no trabalho, como visto na cena representada na imagem acima;
• o aprimoramento e a
BRIDGEMAN/EASYPIX BRASIL
difusão dos moinhos
acionados pela força do
vento ou da água, o que
contribuiu para aumentar
a velocidade e a qualidade
da moagem de grãos.
64
ALLMAPS
Rotas comerciais 30°
30°LL
h
Oslo
enwic
Terrestres Novgorod
Mar Estocolmo
Marítimas do
e Gre
Norte Moscou
Feira
iano d
Área comercial
Hamburgo
Merid
de Champagne
Bremen Lübeck
Londres Amberes
Bruges Leipzig Kiev
Lagny
OCEANO Paris Frankfurt
Provins Mar
ATLÂNTICO Bar-sur- Augsburgo EUROPA Cáspio
Troyes
-Aube
Santiago de Veneza
Compostela Gênova Mar Negro
N
Medina do
Florença 40°
Campo Pisa
Roma Constantinopla
Lisboa Toledo
Nápoles ÁSIA
Sevilha
Antioquia
M a r Trípoli
M
Túnis e
d
i
t
e
r 0 475
r â
ÁFRICA n e o
Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2003. p. 64-65.
65
66
67
Revolta dos Maillotins (1382), de Jean de Froissart, século XV. A imagem representa os parisienses
em armas rebelados contra o aumento de impostos.
68
Os participantes das Cruzadas consideravam-se “marcados pelo sinal da cruz”, por isso
bordavam uma cruz na roupa. Daí o nome de Cruzadas. As Cruzadas reuniram milhares
de pessoas: homens, mulheres, crianças, nobres e camponeses, ricos e pobres, civis e
religiosos. Os nobres iam a cavalo e bem armados; a maioria, porém, ia a pé e sem armas.
Os motivos das Cruzadas foram de ordem material, social e religiosa:
• os dirigentes da Igreja queriam reconquistar Jerusalém, desviando a violência prati-
cada pela nobreza guerreira para fora da Europa;
• os mercadores ambicionavam aumentar o comércio com o Oriente;
• os nobres esperavam obter terras e outras riquezas orientais;
• as pessoas comuns esperavam obter a salvação eterna, pois a Igreja prometia aos
participantes o perdão dos pecados.
69
ALLMAPS
0°
Europa das Cruzadas
OCEANO Estados cristãos
ico
Mar do
ATLÂNTICO
Bált
Norte Domínios muçulmanos
ar 1 Primeira cruzada
M
2 Segunda cruzada
INGLATERRA 3 Terceira cruzada
50°
N Londres
4 Quarta cruzada
3
Metz Ratisbona
Paris 1
2 Viena
EUROPA
Veneza Mar Negro
Gênova 4
Zara
Marselha Constantinopla
ESTADOS ÁSIA
Barcelona
Roma DA
IGREJA Edessa
Lisboa Antioquia
REINO DAS
Palermo DUAS Trípoli
Mar Mediterrâneo Chipre
SICÍLIAS
Tiro
ich
Tânger Creta
Jerusalém
Cairo
Meridiano
ÁFRICA 0 410
EGITO
Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2001. p. 66-68.
As quatro Cruzadas
Primeira Cruzada Segunda Cruzada Terceira Cruzada Quarta Cruzada
(1096-1099) (1147-1149) (1189-1192) (1201-1204)
Essa Cruzada foi motivada
Foi chefiada pelos reis
principalmente por
da França e da Inglaterra
interesses econômicos.
e pelo imperador da
Os comerciantes de Veneza
Foi comandada região onde é hoje a
ajudaram os cruzados
pelo rei da França e Alemanha. Os cruzados
Foi liderada por nobres fornecendo navios,
pelo imperador da estabeleceram
de várias partes da alimentos e dinheiro.
região onde é hoje a um acordo com os
Europa e conseguiu Em troca, exigiram que os
Alemanha. Os líderes muçulmanos que,
reconquistar Jerusalém cruzados atacassem uma
se desentenderam e a na época, haviam
temporariamente. cidade que também era
expedição foi derrotada reconquistado
cristã – Constantinopla –
pelos muçulmanos. Jerusalém; o acordo
porque os comerciantes
permitia aos cristãos
dessa cidade eram seus
realizarem peregrinações
concorrentes no comércio.
a Jerusalém novamente.
E assim foi feito.
Depois dessas quatro Cruzadas, cujos caminhos você vê representados no mapa acima, foram organizadas
outras quatro, sem que se conseguisse retomar Jerusalém.
70
Conhecimento e arte
O revigoramento do comércio e das cidades ocorrido a partir do século IX impulsionou
o conhecimento e a arte; a importância do cálculo para a burguesia; o clima de maior
liberdade das cidades; e o aumento das trocas culturais entre pessoas de diferentes regiões.
Tudo isso favoreceu o avanço da ciência e a criação da universidade.
A universidade
A universidade foi uma criação medieval e pode ser definida como uma associação
de professores ou de alunos com a intenção de buscar o conhecimento. A Universidade
de Bolonha (Itália), por exemplo, foi criada por uma associação de alunos; já a de Paris
(França) nasceu de uma associação de professores. A primeira se destacava na área do Direito,
enquanto a segunda era forte em Medicina. Conhecedores dessas características, os estudan-
tes buscavam a que mais lhes interessasse. A primeira universidade da Europa foi a de Bolonha
(século XII); depois foram fundadas várias outras, como Oxford e Cambridge (Inglaterra), Paris
e Montpellier (França), Salamanca (Espanha) e
BIBLIOTECA ANGÉLICA DE ROMA. ITÁLIA
Dialogando
# DICA!
a V ocê tem participado das aulas?
Entrevista com o professor de Filosofia Rodrigo Martins sobre o
surgimento das universidades na Idade Média. b Por quê?
ESCOLÁSTICA: o surgimento e a importância das universidades. 2016. c Quais são as consequências de
Vídeo (5min27s). Publicado pelo canal HR Digital Audiovisual. Disponível
em: https://youtu.be/jDiMO-SSczo. Acesso em: 31 maio 2022. conversar com os colegas durante
a explicação do professor?
71
Gravura
representando
uma vítima fatal da
epidemia de peste
bubônica durante
as Cruzadas.
Escola Francesa,
século XIV.
A epidemia não
fazia distinção: ricos,
pobres, remediados,
todos eram vitimados
por ela. Trazida por
navios vindos do
Oriente, a peste
atacou primeiro as
cidades portuárias,
locais de ampla
movimentação de
pessoas e onde as
condições de higiene
eram péssimas.
72
Representação
da Batalha
de Fromingny
(França),
ocorrida em
1450. Autor
desconhecido,
século XV. A
Guerra dos
Cem Anos foi
um exemplo
típico de guerra
medieval:
um conflito
por títulos e
senhorios,
no interior
da nobreza.
73
BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
Joana d’Arc, da Série Liebig: Les femmes célèbres dans l’histoire, 1922.
b) Será que o fato de ela ser mulher e de pertencer ao campesinato dificultou sua acei-
tação por parte do rei?
c) Como você interpreta o fato de uma camponesa de apenas 17 anos, iletrada, ter lançado
a ideia de que Deus lhe havia dado a missão de salvar a França?
74
Aspecto da revolta
camponesa de 1358.
Crônicas, de Jean de
Froissart, manuscrito
do século XV.
75
I. Retomando
1 Leia o texto com atenção.
[...] para saber o que foi a Idade Média é necessário começar desconfiando do
que já se disse [...] sobre ela. Quem já não ouviu, até em telenovela, adolescentes
revoltados contra a autoridade dos mais velhos dizendo: “Nós não estamos na Idade
Média!”?
MICELI, Paulo. O feudalismo. São Paulo: Atual, 1994. (Discutindo a história, p. 11).
a) Segundo o texto, o que os jovens querem dizer com a frase “Nós não estamos na Idade Média”?
b) A Idade Média pode ser considerada uma época de atraso e ignorância? Justifique.
76
EDITORIA DE ARTE
b) Em que século a população aumen-
tou mais?
População
35 000
c) No título do gráfico há a palavra 26 000
Fonte: FRANCO JÚNIOR, Hilário. As cruzadas. 800 1000 1100 1200 1300
77
BRIDGEMAN/FOTOARENA
9 Leia o diagrama a seguir. Seu desafio é elaborar, no caderno, as dicas que resultaram
nas palavras de cada linha.
1. C H A M P A G N E
2. L I G A
3. C O R P O R A Ç Ã O * D E * O F Í C I O
4. L I G A * H A N S E A T I C A
5. C A R T A * D E * F R A N Q U I A
6. A P R E N D I Z
7. C A M B I S T A S
EDITORA VOZES
Os mercadores medievais
[...] na ldade Média, nasceram ou se desenvolve-
ram inúmeras cidades: as mais importantes eram
as sedes do poder dos reis e dos príncipes, e também
de sua burocracia. [...] Um novo tipo do homem
apareceu, o mercador. Os mais ricos mercadores
comerciavam em toda a Europa, e até mesmo na
Ásia e na África, e eram também banqueiros. [...]
78
O cantor e compositor
Seu Jorge em
apresentação em
São Paulo (SP), 2021.
79
80
4 RENASCIMENTO
E HUMANISMO
81
• a modernidade é fruto de um
longo processo de trocas culturais
de diferentes povos e tradições;
• o Renascimento italiano não é o
único, existiram outros, a exemplo
do bizantino, do islâmico, do
hindu, do judeu e do chinês.
Ao verem o Renascimento ita-
liano como único e reconhecerem
apenas a cultura greco-romana
como digna de ser relida e admi-
rada, os renascentistas italianos
incluíram o Ocidente antigo, mas
excluíram os saberes, as técnicas e
as artes recebidas de outros povos
com quem os europeus mantive-
ram intensas trocas culturais ao
longo do tempo.
82
Interior de uma
farmácia. Escola
Italiana, século XV.
Na imagem, vendedor
pesa em uma balança
mercadoria comprada
por uma mulher, que
paga com uma moeda.
No decorrer da Idade
Média, o ofício de
mercador aumentou
gradualmente de
importância.
BRIDGEMAN/EASYPIX BRASIL
Essas mudanças, que vinham ocorrendo na Europa desde o século XI, inspiraram
uma nova visão de mundo, da arte e do conhecimento; e, ao mesmo tempo, criaram as
condições materiais para o surgimento do Renascimento,, um movimento cultural intenso
que começou no século XIV nas cidades italianas, se propagou pela Europa e foi decisivo
na formação do mundo moderno.
83
Conceito e preconceito
Renascimento foi o nome que os renascentistas deram à época vivida por eles e conside-
rada uma ruptura com a época anterior, a Idade Média, que eles chamavam de “Idade das
Trevas” ou “longa noite dos mil anos”. Os renascentistas acreditavam que, ao desconsiderar
a arte e o conhecimento produzidos na Idade Média e revalorizar as obras greco-romanas
da Antiguidade, estavam fazendo renascer a cultura. Daí o nome Renascimento.
Hoje, a maioria dos
a) S egundo o texto, a quem se deve a ideia de que a Idade Média foi a "Idade das
Trevas"? E o que explica isso?
d) V
imos que a expressão "Idade das Trevas", usada pelos renascentistas para se
referirem à Idade Média, é indício de uma visão que os historiadores atuais consi-
deram equivocada. Pesquise expressões preconceituosas usadas hoje no dia a dia
e comente-as.
84
Estudo das
proporções do
corpo humano
feito pelo artista
e cientista
Leonardo da
Vinci para o livro
De Architectura,
de Marco Vitrúvio.
1492.
85
Francesco Petrarca,
de Tancredi Scarpelli, século XIX.
86
O Renascimento italiano
O Renascimento começou nas movimentadas cidades da península Itálica, como Siena,
Florença, Milão e Bolonha. Essas cidades eram governadas por homens ricos e poderosos que
queriam criar novas imagens de si e da sociedade em que viviam. Para isso, financiavam artis-
tas, cientistas e letrados. Comerciantes, banqueiros, príncipes e papas que financiavam um
artista ou cientista eram chamados de mecenas,, isto é, protetores das artes e das ciências.
87
BRIDGEMAN/FOTOARENA
grande mestre do Trecento na pintura. Em
suas obras, as figuras começam a ganhar
vida e movimento; os rostos se tornam
mais expressivos e os cenários começam
a ter profundidade. Vários de seus per-
sonagens agem com naturalidade, o que
era pouco comum na época. Observe a
imagem ao lado.
88
Catedral de Santa
Maria del Fiore.
Florença (Itália), 2019.
89
90
BRIDGEMAN/FOTOARENA
o colossal Davi em um bloco de
mármore com 4,15 metros de
altura. Michelangelo tornou-se
conhecido também pelos afres-
cos que pintou na Capela Sistina
(Vaticano). São centenas de
figuras, algumas enormes, cuja
produção custou ao artista quase
cinco anos de trabalho. As cenas
dessa obra são de episódios da
Bíblia, desde a criação do mundo
até o juízo final.
91
Escritores
Luís Vaz de Camões (1524-1580) é considerado o maior poeta da língua portuguesa.
Sua obra-prima, Os lusíadas,, é um poema em homenagem ao povo português e conta
a viagem do navegador Vasco da Gama às Índias.
92
# DICA!
Vídeo sobre a vida e
as obras de William
Shakespeare.
WILLIAM Shakespeare,
por Leandro Karnal.
2016. Vídeo (12 min).
Publicado pelo canal
Shakespeare Brasil
UFPR. Disponível em:
https://youtu.be/
bL2UmixWsEg. Acesso
em: 6 jun. 2022.
Thomas Morus (1478-1535) foi um escritor e jurista inglês, autor de Utopia,, obra
na qual descreve uma ilha imaginária, habitada por uma sociedade justa e fraterna. Com
isso, Morus pretendeu criticar as injustiças e abusos de seu tempo.
William Shakespeare (1564-1616) também era inglês e foi um dos maiores
autores de peças teatrais do mundo; criou tragédias, como Romeu e Julieta,, Hamlet
e Macbeth;; comédias, como Sonho de uma noite de verão;; e dramas históricos,
como Henrique VIII.. Muitas delas foram adaptadas para televisão, cinema e história
em quadrinhos. Em suas obras, Shakespeare aborda temas universais e propõe reflexões
que continuam a despertar interesse e admiração.
93
Dança
camponesa,
de Pieter
Bruegel, 1568.
ÓLEO SOBRE PAINEL, 114 CM × 164 CM, KUNSTHISTORISCHES MUSEUM, VIENA, ÁUSTRIA. FOTO: BRIDGEMAN/FOTOARENA
94
Estudo anatômico da musculatura humana feito por Andreas Vesalius e artistas por ele
contratados, em seu livro De humani corporis fabrica, 1543.
95
96
I. Retomando
1 Sobre a relação entre modernidade e renascimento europeu, estão corretas as alternativas:
a) o Renascimento europeu foi importante para o surgimento da modernidade;
b) os artistas e cientistas do Renascimento europeu não contribuíram para a modernidade;
c) a ideia de que só o Renascimento europeu impulsionou a modernidade é correta;
d) a ideia de que só o Renascimento italiano impulsionou a modernidade supervaloriza a Europa
e exclui os outros renascimentos, a exemplo do indiano e do chinês.
97
6 Observe a obra a seguir, de Leonardo da Vinci. Ela expressa algumas das inovações
técnicas introduzidas pelos artistas do Renascimento e que marcaram a História da
Arte. Sobre esse assunto, copie em seu caderno a(s) alternativa(s) correta(s) e justi-
fique suas escolhas.
GALLERIA DEGLI UFFIZI, FLORENÇA, ITÁLIA
a) N
a pintura, pode-se observar o realismo na representação da figura humana, isto é, o esforço
do artista em representá-la com exatidão.
b) N
a pintura, Leonardo da Vinci demonstra o domínio da técnica inovadora da perspectiva,
transmitindo ao observador a sensação de profundidade para a paisagem ao fundo.
c) A
rtistas renascentistas como Leonardo da Vinci pintavam com base apenas na intuição; por
isso, suas obras apresentam equilíbrio, harmonia e expressividade.
d) O
bserva-se na pintura que os elementos que compõem a paisagem, como as flores e as
árvores, não foram desenhados com precisão, pois os renascentistas não representavam a
natureza de forma realista.
98
EDITORA ATUAL
Leia o texto com atenção e observe as imagens
a seguir.
[A] impressão inédita de olhar-se para
uma parede pintada e parecer que se vê para
além dela, como se ali tivesse sido aberta
uma janela para um outro espaço, o espaço
pictórico, era o principal efeito buscado pelos
novos artistas. A pintura tradicional, gótica
ou bizantina, praticamente se restringia ao
plano bidimensional das paredes, produzindo
no máximo um efeito decorativo. O novo
estilo multiplicava o espaço dos interiores e,
com a preocupação de dar às pessoas, aos
objetos e paisagens retratados a aparência
mais natural possível, parecia multiplicar a
própria vida.
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual. p. 32.
Fac-símile da capa do livro
a) O
texto trata de uma inovação técnica introduzida O Renascimento, de Nicolau Sevcenko.
pelos artistas renascentistas. Qual técnica é essa?
b) Em qual das imagens a seguir foi utilizada a técnica descrita no texto?
I. II.
BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
99
Autorretrato
de Albrecht
Dürer, 1498.
100
a) O
trecho “a humanidade acreditou que o Sol e as estrelas do céu giram em torno dela” diz
respeito a qual ideia?
b) O que o autor quis dizer com “porque o tempo antigo acabou, e agora é um tempo novo”?
c) Interprete o que o autor quis dizer com “se as coisas são assim, assim não vão ficar. Tudo se
move, meu amigo”?
101
Nicolau Maquiavel,
de Santi di Tito, século XVI.
102
5 REFORMA E
CONTRARREFORMA
Observe o mapa.
ALLMAPS
BA
GO
BOLÍVIA MG
MS
Petrópolis – 1845 ES
Trópico
PR de C apricó
Nova Friburgo – 1824 rnio
Rio de Janeiro – 1827
Joinville – 1851
SC OCEANO
Blumenau – 1857
ATLÂNTICO
Santa Izabel – 1861
ARGENTINA (atualmente parte de Águas Mornas)
RS
Três Forquilhas – 1826 (atual Terra de Areia)
Campo Bom – 1827
São Leopoldo – 1824
URUGUAI
0 190
50°LO
50°
Fonte: KLUG, João. Lutero e a reforma religiosa. São Paulo: FTD, 1998. p. 42.
2. Você sabe qual foi o povo que trouxe o luteranismo para o Brasil?
3. Na época em que os luteranos chegaram ao Brasil, a religião oficial do Estado brasileiro era a católica.
Como será que eles faziam para praticar sua religião?
4. Para o luteranismo, a leitura da Bíblia tem uma especial importância na prática religiosa. Você sabe
por quê?
103
Motivos da Reforma
Na Idade Média, a Igreja Católica era rica e poderosa. Os bispos possuíam feudos
enormes. O papa celebrava acordos políticos, interferia na escolha dos reis, era chamado a
coroá-los etc. Mas havia um grande número de pessoas, grupos sociais e líderes políticos
e religiosos descontentes com a Igreja e com o imenso poder do papa. Os motivos dessa
insatisfação eram:
a) O poder universal do papa.. No século XV, muitos reis passaram a ver o papa (líder de
toda a cristandade europeia) como um obstáculo ao fortalecimento do poder real. E se
opunham também à saída de dinheiro de seus reinos e principados para Roma, a sede
do papado. Esse dinheiro saía em razão das taxas e tributos pagos à Igreja pelos fiéis.
b) Corrupção e despreparo do clero.. Muitos membros da Igreja tinham comprado o
cargo de bispo ou cardeal. Vários papas chegavam à chefia da Igreja por pertencerem
a famílias poderosas. Os padres tinham geralmente pouca instrução e preparo religioso
para orientar os fiéis. Relíquia: parte do
c) A venda de indulgências e falsas relíquias
relíquias.. Bispos e padres corpo de um santo,
praticavam o comércio de artigos religiosos. Vendiam um objeto ou de qualquer objeto
que a ele pertenceu.
qualquer dizendo que era um pedaço de osso do jumento
montado por Jesus e várias outras falsas
GRANGER/EASYPIX BRASIL
104
BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
seu povo. Até então, tanto a Bíblia quanto as
missas eram em latim. Afirmando que havia
um grande contraste entre o que a Igreja era
e o que deveria ser, ele criticava, sobretudo, o
acúmulo de riquezas por parte dos bispos e
papas e a falta de instru- Herege: aquele que
ção dos sacerdotes. Por contraria a doutrina
isso, Wycliff foi levado a oficial da Igreja.
um tribunal religioso, que
o acusou de ser herege
herege..
Jan Huss (1369-1415) era
professor da Universidade de
Praga (na atual República
Tcheca), teólogo e bri-
lhante orador; ele se
tornou conhecido por
fazer seus sermões
no idioma tcheco,
língua de seu povo e
para a qual traduziu
a Bíblia, que estava
em latim. Por seus
ataques à corrupção e
ao luxo do alto clero, Jan
Huss foi acusado de ser
herege e queimado vivo,
em 1415. Ainda hoje ele
é visto por muitos tchecos
como um mártir.
105
106
ALBUM/FOTOARENA
Dialogando
O que Lutero
critica na
Tese 32?
Martinho Lutero
prega no interior
de uma igreja.
Gravura de 1588.
107
Lutero traduzindo
a Bíblia para
o alemão no
castelo de
Wartburg.
Eugene Siberdt,
1898.
108
Doutrina luterana
1. A justificação pela fé: é a fé em Deus que salva uma pessoa, e não as boas obras que
ela praticou.
2. Sacerdócio universal: todo cristão é capaz de interpretar a Bíblia por si mesmo.
3. A Bíblia, por meio da qual Deus se revela, é a única fonte da verdade.
4. O batismo e a eucaristia são os dois únicos sacramentos.
5. O culto aos santos e às imagens não tem fundamento.
6. Qualquer membro da Igreja pode se casar.
Diante do avanço do luteranismo, o imperador Carlos V proibiu o culto luterano nos
principados católicos. Os príncipes luteranos protestaram contra essa proibição; daí o termo
protestante para nomear os seguidores das igrejas surgidas a partir da Reforma. As ideias
de Lutero se espalharam com velocidade. O aperfeiçoamento da imprensa contribuiu muito
para isso.
ALICE-D/SHUTTERSTOCK.COM
Castelo de Wartburg, próximo a Eisenach (Alemanha), em fotografia de 2020. Foi nesse local em que Lutero
traduziu a Bíblia para o Alemão.
109
Dialogando
oje, muitos dizem que o livro em papel
H
será substituído pelo livro digital, tido
por alguns como mais econômico e mais
durável. Os defensores do livro em papel,
por sua vez, afirmam que ele é mais
confortável, menos cansativo e que, por
isso, jamais será substituído pelo e-book.
E você, o que pensa sobre o assunto?
João Calvino
GODONG/UNIVERSAL IMAGES GROUP/GETTY IMAGES
110
Expansão do calvinismo
Dialogando
A valorização do estilo de vida puritano contribuiu para a
rápida difusão do calvinismo pela Europa: na Escócia, os calvinistas a A intolerância
foram chamados de presbiterianos;; na Inglaterra, de puritanos;; religiosa continua
a causar conflitos
e na França, de huguenotes..
no Brasil de hoje?
Na França, as guerras entre protestantes e católicos registra-
b O que você pensa
ram um episódio de muita violência; na noite de 24 de agosto de sobre uma pessoa
1572, dia de São Bartolomeu, os católicos, apoiados pelo governo, desrespeitar a
mataram milhares de huguenotes nas ruas de Paris. religião de outra?
SCIENCE SOURCE/FOTOARENA
Massacre do Dia
de São Bartolomeu
em Paris. Escola
Alemã, século XVI.
111
Edimburgo
b) D
e que forma o mapa transmite as
o
Copenhague
tic
Dublin Mar do rB
ál
Ma
Oxford
Norte
Bremen Koningsberg informações?
OCEANO Londres Amsterdã
Wittenberg
ATLÂNTICO Praga
Nantes Paris
40 Orléans Salzburgo
°N
Genebra Zurique Viena c) C
om base no mapa, cite dois
Bordeaux Trento
Lyon
Valladolid
Mar Negro Estados católicos, dois luteranos e
Roma Áreas de domínio
Toledo
Sevilha
católico dois calvinistas.
Áreas de domínio
wich
M a rM e d luterano
ÁSIA
Green
i te
r r
ân Áreas de domínio
iano de
e o
ÁFRICA calvinista
0 695
Áreas de domínio Fonte: MICELI, Paulo. História moderna.
Merid
anglicano
São Paulo: Contexto, 2013. p. 80.
112
113
Detalhe da obra
São Domingos
e os albigenses,
de Pedro
Berruguete,
1495. A obra
mostra a
queima de livros
considerados
heréticos.
114
115
I. Retomando
1 Um dos motivos da Reforma foi o imenso poder do papa. A interferência do papa
na escolha dos reis é considerada de ordem:
a) religiosa. c) política. e) cultural.
b) social. d) econômica.
116
Interior de uma igreja em São Paulo (SP), 2020. Interior de uma igreja em Jaraguá do Sul (SC), 2012.
11 No século XIX, milhões de europeus vieram para o Brasil em busca de trabalho e terra
própria. Entre eles estavam os alemães, que trouxeram consigo o luteranismo. Veja
o que um estudioso fala sobre o assunto. Em seguida, responda às questões.
117
118
Vozes do presente
Leia o texto com atenção.
O papa Francisco [...] participará
PETER KROCKA/SHUTTERSTOCK.COM
das comemorações organizadas com
motivo dos 500 anos da Reforma de
Martinho Lutero, que provocou um
cisma na Igreja Católica, em um
gesto histórico de reconciliação com
os protestantes.
Um dos pontos centrais da
visita do papa [...] será a sua pre-
sença em uma cerimônia conjunta
[...] para comemorar o aniversário
da reforma impulsada por Lutero,
o fundador da igreja protestante,
cujas críticas ao comércio de privi-
légios e indulgências lhe custaram
a excomunhão em 1520.
A cisão gerada por Lutero, [...]
quando negou a autoridade papal,
deu lugar a massacres e guerras
atrozes e desenvolveu um ódio
tenaz entre as duas comunidades
Papa Francisco. Dublin (Irlanda), 2018.
cristãs que se estendeu por séculos.
PAPA Francisco diz que Martinho Lutero levou Bíblia às pessoas. Exame, [s. l.], 28 out. 2016. Disponível em:
https://exame.com/mundo/papa-francisco-diz-que-martinho-lutero-levou-biblia-as-pessoas/. Acesso em: 3 jun. 2022
a) A
participação do papa Francisco no evento descrito no texto é considerada um gesto histórico
de reconciliação. Quando e por que se deu a divisão da cristandade a que o texto se refere?
b) Quais foram as principais críticas de Martinho Lutero à Igreja Católica?
c) Qual foi a punição dada a Lutero no período da Reforma protestante?
119
PASSO 1 Ler
Leia o texto com atenção.
120
PASSO 5 Avaliar
j) Realizei as tarefas a que me propus?
k) Cumpri os prazos determinados?
l) Expressei minhas ideias com objetividade?
m) Escutei meus colegas com atenção e respeito?
n) Contribuí com sugestões e perguntas interessantes?
o) Aceitei críticas aos meus argumentos e comportamento?
121
3 FORMAÇÃO DO
ESTADO MODERNO
CELSO PUPO/FOTOARENA
122
Ora, é que gaúchos, mineiros, goianos, paulistas, fluminenses, baianos, piauienses, cearenses, entre
outros, são brasileiros e, como tal, têm crenças, hábitos e interesses comuns. Tem um sentimento de per-
tencer a uma mesma nação, o Brasil.
Essa situação que acabamos de descrever se reproduz também na Inglaterra, entre torcedores do Liver-
pool e do Manchester, por exemplo. No dia seguinte a um jogo entre esses times, suas torcidas certamente
também estariam do mesmo lado, torcendo com paixão pela seleção inglesa de futebol. Os ingleses, assim
como nós, também se sentem pertencentes a uma nação.
1. Quando será que os habitantes das terras inglesas passaram a se sentir ingleses?
2. Como se deu esse processo?
3. E em outras partes da Europa, como França, Portugal e Espanha, como isso se deu?
Após o estudo desta unidade, volte a estas páginas e tente responder a essas perguntas.
123
5 1
4
6
A família de Luís XIV, de Jean Nocret, 1670. 1 – Rei Luís XIV; 2 – Mãe do rei;
3 – Delfim, filho do rei; 4 – Esposa do rei; 5 – Cunhada do rei; 6 – Irmão do rei.
124
Nessa iluminura do
século XIII, o Rei Afonso II
(1152-1196) confirma os
privilégios concedidos aos
mercadores da cidade de
Barcelona, na região onde
hoje é a Espanha.
125
126
A Carta Magna
João, pela graça de Deus, rei da Inglaterra, senhor da Irlanda, duque da Normandia
e da Aquitânia, conde de Anjou, [...] [determina que]:
[...] Nenhum imposto [...] será estabelecido no nosso reino, sem o consenso geral [...].
Para obter o consenso geral a fim de lançar [...] impostos [...] mandaremos convocar
[...] os arcebispos, bispos, abades, condes e grandes barões por meio de cartas, e além
disso mandaremos convocar [...] todos os nossos vassalos diretos. [...]
Todos os mercadores poderão livre e seguramente sair da Inglaterra, nela entrar,
permanecer e passar, quer por terra quer por água, para comprar e vender, sem
receio de extorsões ilegais de acordo com o antigo costume. [...]
PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Média: textos e testemunhas.
São Paulo: Editora Unesp, 2000. p. 234-237.
a) Que elementos do texto indicam que João sem Terra era um membro da nobreza?
127
Iluminura do século XIII, em que está representado o rei inglês Eduardo I (1272-1307), filho de
Henrique III, dirigindo uma reunião do Parlamento. Como a criação de novos impostos dependia
da aprovação do Parlamento, o rei recorria a ele em busca de apoio; o Parlamento, por sua vez,
usava seu poder para aumentar sua influência. Assim, criou-se na Inglaterra uma tradição
segundo a qual o poder de governar não cabia apenas ao rei, mas ao rei e ao Parlamento juntos.
128
ALLMAPS
0°
Na França, o primeiro rei a impor sua autoridade
REINO DA
ESCÓCIA Mar do
a todos os grupos sociais foi Felipe Augusto (1180-
Norte
1223). Felipe conquistou feudos imensos casando-se
PAÍS DE
GALES por interesse, comprando terras dos nobres e usando
REINO a força de um exército profissional assalariado para
OCEANO fortalecer o poder real. Para a capital do reino,
ANÇA
DA
ATLÂNTICO
Felipe Augusto escolheu a cidade de Paris.
DA FR
INGLATERRA
IMPÉRIO
REINO DE GERMÂNICO
LEÃO REINO
NO
CONDADO NAVARRA
R
PORTUCALENSE REINO
ALLMAPS
0°
REINO DE DE ARAGÃO
CASTELA
Green o de
40° N
wich
REINO DA
n
CALIFADO ALMÔADA
Meridia
Mar Mediterrâneo ESCÓCIA
Mar do
Norte
PAÍS DE
0 410 GALES
REINO
DA
INGLATERRA
OCEANO
ATLÂNTICO
REINO
DA
FRANÇA
IMPÉRIO
REINO GERMÂNICO
DE
REINO
DE
NAVARRA França (limites atuais)
PORTUGAL REINO
ALLMAPS
REINO DE DE ARAGÃO 0° Mar do
CASTELA Norte PAÍSES
40° N REINO BAIXOS
UNIDO
CALIFADO ALMÔADA ALEMANHA
Mar Mediterrâneo BÉLGICA
50° N
h
LUXEMBURGO
enwic
0 410 Paris
e Gre
iano d
OCEANO
SUÍÇA
Merid
ATLÂNTICO FRANÇA
ITÁLIA
Mar
Mediterrâneo
0 230
Fonte: MCEVEDY, Colin. Atlas da História Medieval. São Paulo: Verbo, 1990. p. 71-79.
129
a) Q
uem é o respon-
BRIDGEMAN/FOTOARENA
sável por esse texto
e qual é o lugar
que o autor ocupa
na sociedade?
b) C
omo você chegou
a essa conclusão?
c) Contextualize. A que
processo histórico
se pode relacionar
esse documento de
época?
Felipe IV,, o Belo (1285-1314), deu continuidade à centrali- Clero: conjunto de sacerdotes
zação política, exigindo que o clero também pagasse impostos. de uma religião; no caso,
bispos, arcebispos, padres.
Como o papa se opôs a essa decisão, Filipe IV convocou os Estados Gerais: assembleia
Estados Gerais,
Gerais, que, em 1302, aprovaram sua decisão. Assim, formada por representantes
pouco a pouco, o rei foi ganhando poder e impondo sua auto- da nobreza, do clero e da
burguesia.
ridade a todo o reino.
130
131
Gravura do século XVI que mostra camponesas alemãs sendo queimadas sob a acusação de bruxaria.
A imagem representa um fato real ocorrido em 1555. Os reis passaram a definir o crime de feitiçaria
como de lesa-majestade (traição ao rei) e, com essa justificativa, reprimiram brutalmente homens e,
principalmente, mulheres, camponeses em sua maioria.
132
Jacques-Benigne
Lignel Bossuet.
Escola Francesa, 1814.
133
Detalhe do portão do
Palácio de Versalhes,
decorado com a
flor-de-lis, símbolo
do Rei-Sol. Versalhes
(França), fotografia
de 2017.
134
Os filhos de Carlos I,
de Anthony van Dyck, 1637.
135
136
IVAN PONOMAREV/SHUTTERSTOCK.COM
FER GREGORY/SHUTTERSTOCK.COM
BENTINHO
a) Acumular ouro e prata b) Manter a balança
em seus países. comercial favorável
(exportando mais do
que importando).
METRÓPOLE
COMÉRCIO
MYSTICALINK/SHUTTERSTOCK.COM
COLÔNIA
c) Proteger da concorrência estrangeira os
produtos nacionais, como tecidos de seda, d) As colônias só deviam
e, no caso da França, dificultando a entrada poder comerciar com
de mercadorias estrangeiras em seus reinos. suas metrópoles.
137
138
ALLMAPS
ALLMAPS
CALIFADO DE CÓRDOBA
OCEANO
ATLÂNTICO
REINO ALMORÁVIDA
Mar Mar
OCEANO Mediterrâneo Mediterrâneo
ATLÂNTICO
0°
ÁFRICA 0° ÁFRICA
0 250 0 250
ALLMAPS
ALLMAPS
Século XIII Século XV
LEÃO
FRANÇA FRANÇA
40° NAVARRA 40°
N N NAVARRA
PORTUGAL ARAGÃO
PORTUGAL ARAGÃO
OCEANO CASTELA OCEANO CASTELA
ATLÂNTICO ATLÂNTICO
ALGARVE
CALIFADO ALMÔADA
Mar Mar
GRANADA Mediterrâneo GRANADA Mediterrâneo
0° ÁFRICA 0° ÁFRICA
0 250 0 250
Como se vê nessa sequência de mapas, a partir do século XI os reinos cristãos reconquistaram pouco a
pouco os territórios perdidos para os árabes na Península Ibérica, processo em meio ao qual se formaram
os reinos de Portugal e da Espanha.
139
A formação da Espanha
Na região vizinha a Portugal, a
luta dos cristãos contra os árabes
muçulmanos era liderada pelos reis
de Aragão e Castela. No século XIII,
esses dois reinos contavam com
cidades portuárias movimentadas,
como Barcelona, por exemplo,
e uma burguesia próspera que
colaborava com a monarquia forne-
cendo dinheiro para a luta contra os
árabes de religião muçulmana.
Em 1469, ocorreu um fato deci-
sivo para a formação da Espanha: os
reis cristãos Fernando de Aragão e
Isabel de Castela se casaram e uniram
suas terras e seus esforços no combate
aos árabes. Em 1492, os exércitos de
Fernando e Isabel ampliaram seu terri-
tório reconquistando Granada, último
PICTURES FROM HISTORY/AKG-IMAGES/ALBUM/FOTOARENA
140
I. Retomando
1 Faça no caderno um quadro sobre as relações dos grupos sociais com a monarquia
na Europa ocidental a partir do século XI. Escreva o objetivo de cada um dos grupos
sociais listados abaixo em relação à monarquia. Na primeira coluna, copie as pergun-
tas a seguir; na segunda coluna, responda-as.
Título do quadro: Relação dos grupos sociais com a monarquia
a) Burguesia
b) Nobreza
c) Camponeses
2 Qual foi a consequência política da aproximação dos grupos sociais com o rei?
Escreva no caderno as alternativas corretas. Com base no que você estudou e nessas
afirmativas, pode-se dizer que o processo de formação do Estado Moderno, nos
diferentes países europeus:
a) aconteceu em tempos distintos.
b) foi gradual.
c) aconteceu apenas no século XII.
d) ocorreu de forma rápida.
141
Gravura representando
o Rei Henrique II.
Escola Inglesa, século XIX.
ALLMAPS
0° 0°
REINO DA
do reinado de Felipe REINO DA
n
Meridia
REINO
depois dele. DA
INGLATERRA
OCEANO
a) O que se pode con- OCEANO
ANÇA
DA
ATLÂNTICO cluir comparando os ATLÂNTICO
REINO
DA
dois mapas?
DA FR
INGLATERRA FRANÇA
IMPÉRIO IMPÉRIO
REINO DE
REINO
GERMÂNICO b) De que forma o rei REINO GERMÂNICO
LEÃO
NO
DE
DE
Felipe Augusto agiu REINO NAVARRA
EI
CONDADO NAVARRA DE
R
REINO
PORTUCALENSE REINO para conseguir o PORTUGAL
DE ARAGÃO
REINO DE DE ARAGÃO REINO DE
CASTELA
CASTELA
40° N que vemos repre- 40° N
CALIFADO ALMÔADA
Mar Mediterrâneo sentado no mapa CALIFADO ALMÔADA
Mar Mediterrâneo
da direita?
0 410 0 410
Fonte: MCEVEDY, Colin. Atlas da História Medieval. São Paulo: Verbo, 1990. p. 71-79.
142
Ilustração de
um manuscrito
de 1504.
a) Quem é a personagem?
b) Ela lutou contra os ingleses em uma guerra. Qual guerra foi essa?
c) O que foi essa guerra e o que a motivou?
d) Que construções são essas que vemos ao fundo e o que elas lembram?
143
BRIDGEMAN/FOTOARENA
Observe a imagem com atenção.
O personagem central desta pintura,
o rei francês Luís XIV, está represen-
tado como Apolo, deus grego do Sol
e da música.
a) Por que será que a cabeça do rei está
circundada por raios luminosos?
b) E esses louros que estão em sua
cabeça, o que significam?
c) Você considerou o título da pintura
adequado a ela? Justifique.
d) Com que intenção essa pintura teria sido
feita?
144
145
[...] os observadores registravam que todos os atos do rei eram planejados “até o
mínimo gesto”. Os mesmos eventos se produziam todos os dias nas mesmas horas,
a tal ponto que uma pessoa poderia acertar seu relógio pelo rei.
Havia normas formais para a participação nesse espetáculo – quem tinha
direito a ver o rei, a que horas e em que partes da corte, se tal pessoa podia se
sentar numa cadeira ou num tamborete [...] ou tinha que permanecer de pé. [...]
Luís esteve no palco durante quase toda a sua vida [...]. Os objetos materiais mais
intimamente associados ao rei também se tornavam sagrados [...]. Assim, era uma
ofensa dar as costas ao retrato do rei [...], entrar em seu quarto de dormir vazio sem
fazer uma genuflexão ou conservar o chapéu na sala em Genuflexão: ato de veneração
que a mesa está posta para o seu jantar. pelo qual dobramos nosso
joelho direito até tocar o solo
BURKE, Peter. A fabricação do rei: a construção da imagem pública de Luís XIV. e voltamos à posição normal.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994. p. 101-102.
DEAGOSTINI/GETTY IMAGES
O doge de Gênova em
Versalhes, de Claude
Hallé, 1685. A tela
registra o momento
em que o governante
da cidade italiana de
Gênova reverencia o rei
Luís XIV. Na ocasião,
o governante fez um
discurso pedindo
desculpas ao rei e
retirou o chapéu a cada
vez que pronunciou o
nome dele.
a) C
opie no caderno o trecho que prova que a vida na corte de Luís XIV obedecia a uma etiqueta
e a uma hierarquia rígidas.
b) Segundo o texto, como o rei agia em público?
c) N
o segundo parágrafo, o autor afirma que era uma ofensa “entrar no quarto vazio do rei sem
dobrar o joelho”. O que isso diz sobre a figura do rei?
d) A qual dos autores estudados neste capítulo se pode associar este texto?
146
7 AS GRANDES
NAVEGAÇÕES
TAMARA KLINK
Tamara Klink navegando em Thyboron (Dinamarca), 2020.
A personagem fotografada é a velejadora brasileira Tamara Klink. Você já ouviu falar dela?
As viagens marítimas nos barcos a vela atuais são muito mais seguras do que foram
no passado. Os velejadores de hoje contam com instrumentos de precisão, alta tecnologia
de informação, quantidade suficiente de comida, conhecimento do regime dos ventos,
mapas e roteiros muito bem-feitos.
Já os navegadores europeus dos séculos XV e XVI não tinham rádio para pedir socorro
em caso de tempestade, seus mapas eram imprecisos e seus roteiros de viagem, incom-
pletos. Mas, apesar disso, eles se lançaram ao mar em viagens de longa distância. Nessa
aventura marítima encontraram terras e povos desconhecidos para eles e chegaram a dar
uma volta inteira ao redor da Terra. Como será que conseguiram tal proeza?
147
# DICA!
Animação sobre as motivações e as invenções que propiciaram as Grandes Navegações.
GRANDES Navegações. 2011. Vídeo (5min3s). Publicado pelo canal Tchibum!
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lS_UYBPSTds. Acesso em: 6 jun. 2022.
Dialogando
O mapa de Ptolomeu (90-168), um sábio da Antiguidade, foi um dos instrumentos
de que os europeus dispunham no início das Grandes Navegações.
a O que os europeus conheciam do mundo na época em que esse mapa foi feito?
b No mapa de Ptolomeu, o sul da África é chamado de “terra incógnita”. O que isso significa?
148
COLEÇÃO PARTICULAR
Nessa gravura de 1558, vemos a serpente marinha, um dos monstros que os europeus daquela época
acreditavam que existisse no oceano Atlântico.
Se era assim tão perigoso, por que, então, os europeus se lançaram às Grandes
Navegações? É o que veremos a seguir.
149
150
ALLMAPS
30° L 60° L
EUROPA
Veneza
Gênova Mar 45° N
de Aral
Mar Negro
M
Constantinopla
ar
Roma
Cá
GRÉCIA
sp
ANATÓLIA
Sardes
io
TURQUIA
Atenas Éfeso
Antioquia
ARÁBIA ÁSIA
Tiro Palmira
Mar Mediterrâneo
Damasco Bagdá
Alexandria
Ctesifonte Susa
Gaza 30° N
Cairo Apologos
Ormuz
ÍNDIA
Leuceccome
Medina
rV
Mascate
erm
Gidá
PENÍNSULA
Meca
elh
ARÁBICA OMÃ
o
ÁFRICA Goa
Salalah Mar Arábico Costa do
Malabar
Muza 15° N
Canã Calicute
Aden
Cochin
Zélia Cabo das
especiarias
OCEANO
0 510
ÍNDICO
Fonte: AMADO, Janaína; FIGUEIREDO, Luiz Carlos. A magia das especiarias: a busca de especiarias e a
expansão marítima. São Paulo: Atual, 1999. (Nas ondas da história, p. 11).
Dialogando
Com base no mapa e nas informações do texto:
a Cite dois portos do oceano Índico onde os árabes carregavam seus navios
de especiarias.
b Indique duas cidades do Mediterrâneo oriental onde os italianos compravam
especiarias dos árabes para revendê-las na Europa.
c Dê o nome de duas cidades da África onde os árabes vendiam as
especiarias aos mercadores italianos.
151
Ceuta, cidade
localizada no
norte da África,
importante
entreposto
comercial de
marfim, ouro
e pessoas
escravizadas,
século XVI.
152
A caravela
Sabe-se hoje que foram os portugueses os primeiros a projetar e construir uma
caravela, fato ocorrido por volta de 1440. Além de serem ligeiras e fáceis de manobrar,
as caravelas podiam entrar em rios, contornar bancos de areia e zarpar com certa
velocidade no caso de um ataque. Além disso, podiam também efetuar manobras
rápidas que dispensavam o uso de remos, eram capazes de navegar contra o vento e
em zigue-zagues.
153
154
ALLMAPS
90° O 0° 90° L
ÁSIA
EUROPA
AMÉRICA
DO NORTE PORTUGAL Pequim
Açores Lisboa JAPÃO
Madeira Ceuta CHINA Kyushu
Trópico de Câncer Macau
ÍNDIA
AMÉRICA Cabo Cabo Bojador
Verde GUINÉ ÁFRICA Calicute OCEANO
CENTRAL FILIPINAS
São Jorge
Málaca
PACÍFICO
Equador da Mina
CONGO 0°
OCEANO AMÉRICA Melinde OCEANO
PACÍFICO DO SUL ÍNDICO
Porto MOÇAMBIQUE
Trópico de Capricórnio
Seguro Cabo
da Boa OCEANIA
Esperança
OCEANO
Meridiano de Greenwich
Fonte: ARRUDA, José Jobson de. Atlas histórico básico. 17. ed. São Paulo: Ática, 2001. p. 19.
O Império Português tinha dezenas de feitorias e fortes entre a América e o Japão e controlava boa parte do
comércio por meio do oceano Índico e do Atlântico Sul. Esse comércio entre as possessões portuguesas na Ásia,
na África e na América rendeu enormes lucros à monarquia portuguesa no século XVI.
155
ÁFRICA
das diversas ilhas atlânticas levou a que
esse oceano fosse por eles chamado de
Equador
Mar Português. [...]". 0°
PACÍFICO
OCEANO
ÍNDICO
a) Compare o texto ao mapa. A descrição
do oceano Atlântico, feita pelo autor,
está correta? Justifique.
Círculo Polar Antártico OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
b) Q
uem são os navegadores a que o
0 1 789 texto se refere?
ANTÁRTIDA
0°
156
KAVALENKAU/SHUTTERSTOCK.COM
sabia, porém, é que no meio do caminho havia outro continente.
Colombo saiu do porto de Palos com três caravelas – Santa
María, Pinta e Niña – e, depois de velejar por cerca de dois meses,
embalado por fortes ventos favoráveis, teve uma grata surpresa:
encontrou um continente “novo” para os europeus: a América.
Era 12 de outubro de 1492. Mas, como pensou ter chegado às
Monumento de Cristóvão
Índias, chamou de “índios” os diversos povos que habitavam essas Colombo. Barcelona
terras havia milhares de anos. (Espanha), 2018.
Primeira viagem de
Cristóvão Colombo (1492)
Fernão de Magalhães/
Sebastião Elcano (1519-1522)
ÁSIA
EUROPA
AMÉRICA
PORTUGAL ESPANHA
DO NORTE
Palos OCEANO
Ilha de
PACÍFICO
Trópico de Câncer CUBA Guanaani
ÍNDIA
OCEANO HAITI FILIPINAS
PACÍFICO AMÉRICA
ÁFRICA
Equador CENTRAL
0º
AMÉRICA
OCEANO OCEANO
DO SUL
Porto ATLÂNTICO ÍNDICO
Trópico de Capricórnio Seguro
Cabo da OCEANIA
Boa Esperança
Fonte: ATLAS da história
do mundo. São Paulo:
Folha de S.Paulo;
0 3 105 Estreito de
Magalhães Times Books, 1995.
p. 154-155.
157
Os europeus e o Pacífico
As grandes navegações e
158
a) Em 1513, Vasco Nuñez de Balboa avistou o “mar do sul”, batizado por Fernão de
Magalhães de oceano Pacífico. Explique qual caminho esse europeu percorreu para
avistar o oceano. Esse caminho foi por terra ou por mar?
b) Em dupla. Expliquem a frase: “avistou o oceano e tomou posse [dele] em nome dos
reis da Espanha”.
e) A
ponte uma semelhança entre as navegações atlânticas e as navegações pelo Pacífico
durante os séculos XV e XVI.
159
Navio de Fernão
Magalhães de nome
Vitória, cuja viagem
pelo Pacífico está
representada no atlas
de Abraham Ortelius
de 1580.
160
À direita, monumento em
homenagem à primeira
missa, em Coroa
Vermelha, município de
Santa Cruz Cabrália (BA),
fotografia de 2019.
161
b) E
m que trecho da carta se percebe a intenção dos portugueses em expandir sua
religião?
c) E
m que trecho o escrivão diz que considera a nova terra como propriedade do rei
de Portugal?
OCEANO
ÁSIA
ATLÂNTICO
EUROPA
AMÉRICA PORTUGAL JAPÃO
Açores Ceuta OCEANO
DO NORTE
Madeira Tânger Ormuz PACÍFICO
Trópico de Câncer Mazagão Diu
Goa Macau
OCEANO AMÉRICA Cabo ÁFRICA
Verde
PACÍFICO CENTRAL GUINÉ
Cochim
Málaca
Equador São Jorge da Mina
0º
AMÉRICA Luanda
MOÇAMBIQUE
DO SUL Recife
ANGOLA (Monomotapa)
BRASIL Salvador
Trópico de Capricórnio
Meridiano de Greenwich
MADAGASCAR
Rio de Janeiro OCEANIA
Cabo da
Boa Esperança OCEANO Fonte: ATLAS da história
ÍNDICO do mundo. São Paulo:
0 3 395
Estreito de Folha de S.Paulo;
Magalhães
Times Books, 1995.
Depois de passar pelas terras que os indígenas chamavam de Pindorama, os
portugueses atingiram Moçambique (1507), na costa oriental da África; Macau
(1517), na China; e Kyushu (1542), no Japão. Portugal ergueu, assim, um imenso
império marítimo-comercial com possessões banhadas por três oceanos
(Atlântico, Índico e Pacífico). O Império Português se assentava em uma rede de
feitorias e fortalezas erguidas em três continentes (África, América e Ásia). Como
mostra esse mapa do século XVI, o Império Português ia do litoral da América do
Sul até o Japão, passando pelos litorais da África, da Índia e da China.
162
MUSEU DE GRÃO VASCO VISEU, PORTUGAL. FOTO: THE PICTURE ART COLLECTION/ALAMY/FOTOARENA/
ÓLEO SOBRE MADEIRA, 130,2 CM × 79 CM
COLEÇÃO PARTICULAR. FOTO: BRIDGEMAN/FOTOARENA
163
I. Retomando
1 A respeito do comércio de especiarias e de artigos orientais de luxo no século XIV,
escreva em seu caderno as alternativas corretas. Em seguida, corrija as incorretas.
a) A utilização das especiarias na alimentação tinha a finalidade de melhorar o sabor dos alimen-
tos, embora não contribuísse muito para a conservação deles.
b) As especiarias eram utilizadas na alimentação e na fabricação de remédios e perfumes.
c) Os mercadores espanhóis e portugueses controlavam o comércio de especiarias e artigos de
luxo orientais no século XIV.
d) As mercadorias do Oriente eram levadas até o Mediterrâneo pelos árabes, onde eram com-
pradas pelos italianos para serem revendidas na Europa.
3 Leia o texto a seguir com atenção e depois responda às questões em seu caderno.
164
I II
I. Ponto aproximado de retorno das embarcações de Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral
a seu país de origem.
II. O ponto de partida das expedições de Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral,
respectivamente.
III. O ponto de chegada das embarcações de Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral.
IV. A seta roxa indica o ponto de partida da expedição de Vasco da Gama; e a verde, o ponto
de retorno da expedição de Cabral.
d) Você tem vontade de conhecer um outro continente? Qual?
e) Caso a viagem fosse de navio, por quais oceanos você teria de navegar?
165
9 Em dupla. Debatam, reflitam e respondam: qual dos termos a seguir é o melhor para
falar sobre a chegada dos portugueses aonde hoje é o Brasil? Justifiquem.
a) Achamento. c) Invasão.
b) Descoberta. d) Encontro entre dois mundos.
FONTE 1
GRANGER/EASYPIX BRASIL
FONTE 2
a) O
texto da fonte 1 é
descritivo ou explicativo?
Justifique.
b) O que mostra a fonte 2?
c) Q
ue relação se pode
estabelecer entre a fonte 1
e a fonte 2?
166
NITO/SHUTTERSTOCK.COM
Fernando. Mensagem. São Paulo: FTD, 1992.
(Coleção Grandes Leitura, p. 71).
a) Q
uantas estrofes e quantos versos
tem o poema?
b) Qual é o assunto abordado?
c) A
quem se refere o pronome pos-
sessivo “nosso” e por que ele está
relacionado à palavra mar?
d) Q
uais verbos utilizados no texto
explicam a tristeza das mães e a
apreensão dos filhos?
e) O
que poderia explicar a tristeza
das mães?
f) C
omo você interpreta o trecho:
“Valeu a pena? / Tudo vale a pena
/ Se a alma não é pequena.”
167
Estátua de Camões
em Lisboa, Portugal.
168
8 CONQUISTA E COLONIZAÇÃO
ESPANHOLA DA AMÉRICA
3. Por que será que, no canto direito, há um asteca caído na escada, de cabeça para baixo?
169
Batalha de Tepexic.
Esta imagem é uma
cópia de um dos
80 desenhos que
constam do Lienzo de
Tlaxcala, obra feita
por artistas indígenas
da cidade de Tlaxcala
no século XVI. O
homem representado
a cavalo, quase no
centro da imagem,
é Hernán Cortez. Ao
lado dele estão os
tlaxcaltecas.
170
a) Interprete o que a autora quis dizer com: “O colonizador, como se fosse um escultor,
talhou a América na forma em que havia imaginado”.
b) Com base nesse texto e na imagem, é possível dizer que os espanhóis tentaram
impor sua cultura e religião aos povos da América? Justifique.
BELIKOVA OKSANA/SHUTTERSTOCK.COM
Em primeiro plano, vemos as ruínas do Templo Mayor, principal edifício religioso asteca. As pedras
de demolição desse templo foram usadas para erguer a Catedral Metropolitana da Cidade do México
(vista ao fundo). A catedral, assim como toda a cidade, foi construída sobre as ruínas da cidade asteca
de Tenochtitlán. Cidade do México (México). Fotografia de 2018.
171
MOZART COUTO
Nessa ilustração atual, baseada em relatos de cronistas espanhóis, Atahualpa vai ao encontro de Pizarro
numa liteira carregada por seus guerreiros.
Assim que Atahualpa chegou, Pizarro mandou prendê-lo e ordenou a seus soldados
que atirassem nos incas de surpresa. Em seguida, os espanhóis partiram para a conquista
de Cuzco, a mais importante cidade do Império Inca. Para isso, contaram com a ajuda
de vários povos indígenas, inimigos dos incas, a exemplo dos wankas. E, além disso, os
espanhóis se aproveitaram, também, da divisão entre os próprios incas, motivada pelas
disputas pelo trono entre os irmãos Atahualpa e Huáscar. Depois de tomar Cuzco, em
1533, Pizarro fundou a Ciudad de los Reyes,
Reyes, atual Lima, e fez dela a capital do domínio
espanhol na América andina.
172
173
GRANGER/FOTOARENA
nhóis souberam aproveitar a desunião e
a rivalidade entre os ameríndios. Tanto
os astecas quanto os incas tinham
muitos inimigos, que formaram verda-
deiros exércitos indígenas para ajudar os
espanhóis a tomar as terras astecas e
incas. Para conquistar Tenochtitlán, por
exemplo, Cortez contou com a ajuda do
povo tlaxcalteca.
# DICA!
Vídeo do Instituto Butantan sobre a
epidemia de varíola através dos séculos.
A VARÍOLA – As grandes epidemias.
2016. Vídeo (5min8s). Publicado pelo
canal Butantan. Disponível em:
https://www.youtube.com/
watch?v=vSi823WmbzY.
Acesso em: 9 jun. 2022.
174
ESCUTAR E FALAR
175
A mineração
Com a descoberta das ricas minas de prata de Potosí (na Mita: antigo hábito
atual Bolívia), em 1545, e em Zacatecas (no México atual), no ano inca pelo qual os
seguinte, a mineração se transformou na atividade mais importante habitantes das aldeias
eram obrigados a realizar
na América espanhola. Considerando as minas como suas proprieda- serviços gratuitos para
des, o rei da Espanha mandou distribuir lotes auríferos àqueles que o Império Inca durante
alguns dias por ano. Esse
tivessem dinheiro para iniciar sua exploração. Já o penoso trabalho de
hábito foi adaptado pelos
arrancar a prata do fundo das minas deveria ser feito pelos indígenas. espanhóis.
As duas principais formas de trabalho forçado na América
espanhola foram a mita e a encomienda.
A mita era a obrigação que os membros das aldeias tinham de trabalhar para os
espanhóis durante quatro meses por ano. Esses trabalhadores (os mitayosmitayos)) recebiam por
seu trabalho cerca de um terço do salário de um trabalhador livre daquela época.
A encomienda era o direito dado ao colono espanhol (encomendero
(encomendero)) de explorar o
trabalho indígena nas minas, plantações e fazendas por certo período. Em troca do direito
sobre o trabalho indígena, o colono devia pagar tributos à metrópole espanhola e dar aos indí-
genas assistência material e
176
177
Equador
0º
VICE-
OCEANO -REINADO
Linha de Tordesilhas
DO PERU
PACÍFICO
Lima AMÉRICA
PORTUGUESA Dialogando
Potosí
Ouro
178
M
.CO
CK
Vista interna do Palácio Real Alcázar. Sevilha (Espanha). Fotografia
TO
RS
TTE
de 2019. Nesse palácio, funcionava a Casa de Contratação. Nesta
HU
imagem, é possível perceber a existência de dois traços da arquitetura
P/S
ED
FR
árabe medieval: os arcos em forma de ferradura e as colunas finas.
179
ALLMAPS
Municipais. Chamadas
na América de cabildos,
eram encarregadas de VICE-REINO DA
NOVA ESPANHA
(1535) CAPITANIA
administrar as cidades e GERAL DA FLÓRIDA
Trópico de Câncer
fazer cumprir as leis do CAPITANIA
GERAL DE CUBA
governo espanhol. Eram
também responsáveis CAPITANIA
CAPITANIA
GERAL DA
GERAL DA VENEZUELA
pela segurança. Os vere- GUATEMALA
VICE-REINO DE
Equador NOVA GRANADA
adores dessas câmaras (1717) 0°
OCEANO
ATLÂNTICO
180
181
I. Retomando
1 O trecho a seguir é de um texto retirado de um livro de documentos históricos. Leia-o
com atenção.
Tudo começou com Cristóvão Colombo que deu ao povo o nome de índios. [...]
“Tão afáveis, tão pacíficos são eles”, escreveu Colombo ao rei e à rainha da Espanha
[...]. “Amam a seus próximos como a si mesmo [...]; embora seja verdade que andam
nus, suas maneiras são decentes e elogiáveis”.
(BROWN, 1973 apud PINSKY et al., 2011, p. 24-25).
a) Quem é Cristóvão Colombo?
b) Para quem ele fala?
c) Sobre quem Colombo fala?
d) Quais adjetivos Colombo usa para descrever os ameríndios?
e) O texto permite inferir que Colombo elogiou a nudez dos indígenas? Justifique.
SCIENCE SOURCE/ALAMY/FOTOARENA
Há séculos este evento é considerado simbólico do
grande encontro de continentes que atravessava, então,
sua terceira década – e com bons motivos. Pela primeira
vez, um imperador americano nativo saudava um repre-
sentante dos europeus que vieram conquistar e colonizar
suas terras. A ocasião foi amistosa, com ambos os lados
ansiosos por exibir um [...] compromisso com a diploma-
cia. Sem embargo,, o choque de culturas ficou também
imediatamente evidente. Em questão de meses os dois
lados estariam encalacrados numa guerra sangrenta,
que provocaria a morte de Montezuma e sua sucessão
por Cortez no posto de homem mais poderoso do México
central. Ilustração de Cortez
Embargo: dúvida. RESTALL, Matthew. Sete mitos da conquista espanhola. ajoelhado diante de
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. p. 150. Montezuma, século XVI.
182
STEFAN EMBER/ALAMY/FOTOARENA
mil anos naquela região, organizadas
em cidades com sofisticada arquitetura
e senhoras de um repertório cultural
que envolvia um sistema de escrita e
elaborados conhecimentos astronômicos,
essas populações realizaram grandes
revoltas indígenas nas primeiras décadas
que se seguiram à Conquista e, em uma
nova onda [...], nas últimas décadas do
século XVIII.
PRADO, Maria Ligia; PELLEGRINO, Gabriela.
História da América Latina.
São Paulo: Contexto, 2016. p. 21.
183
5 O texto a seguir é uma carta de Hernán Cortez ao rei da Espanha, datada de 1519.
Leia-a com atenção.
Deixei toda aquela província de Cempoala [...], que contém cerca de cinquenta
mil guerreiros e cinquenta cidades e fortalezas, na mais profunda paz e segurança; e
todos esses nativos [...] eram súditos de Montezuma [...]. Ao tomarem conhecimento,
por meu intermédio, da existência de Vossa Alteza e de Vosso imenso poder Real,
manifestaram seu desejo de se tornarem vassalos de Vossa Majestade e meus aliados,
e rogaram-me que os protegesse do grande senhor que os dominava pela tirania [...].
Em face disso, têm se mostrado muito leais e verdadeiros no serviço de Vossa Alteza,
e creio que sempre o serão, livres agora que estão da tirania de outrora e tendo em
vista que sempre foram por mim honrados e bem tratados.
(CORTEZ, 1519 apud RESTALL, 2006, p. 132).
184
EDITORA UNESP
não lhes chegou porque eles deviam alguma coisa,
nem porque roubaram ou mentiram,
nem por qualquer vilania,
mas pelo valor e honra
do nosso país e nação,
pelo valor do nosso império mexicano
e pela honra e pela glória
do nosso deus e senhor Uitzilopochtli [...].
BAUDOT, Georges; TODOROV, Tzvetan. Relatos astecas da conquista.
São Paulo: Unesp, 2019. p. 23.
185
a) C O R T E Z
b) M O N T E Z U M A
c) T E N O C H T I T L Á N
d) C O N Q U I S T A
e) A T A H U A L P A
f) P I Z A R R O
SCIENCE SOURCE/ALAMY/FOTOARENA
g) P O T O S Í
Atahualpa, último
imperador inca.
h) M I T A
i) T Ú P A C * A M A R U
11 Por que o governo espanhol instituiu quatro vice-reinados e quatro capitanias gerais
na América espanhola?
186
SÉBASTIEN LECOCQ/ALAMY/FOTOARENA
5 4
2 3
187
188
O jovem Luan-Taru, representado em parte de um painel de Pedro Subercaseaux, início do século XX.
189
190
9 AMÉRICA PORTUGUESA:
COLONIZAÇÃO
COLEÇÃO PARTICULAR
191
192
193
Fundação de São Vicente, de Benedito Calixto, 1900. A tela de Calixto pode ser vista como
uma homenagem à chegada dos portugueses. O pintor opõe as roupas volumosas, capacetes
e espadas dos europeus às peles, plumas e flechas dos indígenas. Gestos, poses, bandeira,
cruzeiro... Tudo sugere a ideia de que os portugueses viriam a ser os novos senhores da terra.
O pintor omitiu as tensões e lutas entre os indígenas e os colonizadores. Sua obra serve
para representar não o século XVI, quando se deu a fundação de São Vicente, mas o final do
século XIX, quando a história oficial procurava mostrar um Brasil independente de Portugal e
reconciliado com ele.
194
ALLMAPS
40ºOO
40º
com poderes para condenar à morte indíge- Equador
0º
nas, negros e homens livres pobres;
• conceder sesmarias
sesmarias,, terras do tamanho de
DISTRIBUÍDAS
MARANHÃO 1
MARANHÃO 2
TERRAS NÃO
ITAMARACÁ
• ter uma grande sesmaria.
O sistema de capitanias hereditárias foi PERNAMBUCO
OCEANO
ILHÉUS ATLÂNTICO
PORTO SEGURO
195
Esse desenho
é um esforço
para nos
ajudar a
imaginar o
que pode
ter sido a
resistência
dos povos
tupis.
196
ALLMAPS
G
M
J
E I
B
B H I
J
B
F D
A
I
A - Palácio do governador
J
B - Guaritas
C - Igreja da Ajuda
E B
C’ - Palácio do bispo Baía de B
C C’
Todos-os-
D - Casa da Câmara -Santos K I
197
198
ALLMAPS
60º O 40º O
OCEANO
Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício PACÍFICO 0 585
de et al. Atlas histórico escolar. 8. ed.
Rio de Janeiro: FAE, 1991. p. 22.
199
200
ROBERT NAPIORKOWSKI/SHUTTERSTOCK.COM
Prédio onde funcionava a Câmara Municipal de Diamantina (MG). Hoje é sede do fórum da cidade.
Fotografia de 2019.
201
202
O engenho
Nos tempos coloniais, o açúcar era produzido em engenhos. Inicialmente, engenho
era o nome que se dava ao equipamento usado na fabricação do açúcar. Com o tempo,
passou a significar um conjunto que incluía as matas, o canavial, a casa de engenho (onde
se produzia o açúcar), a roça (onde se plantavam os alimentos), a casa-grande (habitação
do senhor do engenho), a senzala (moradia dos escravizados), a capela (onde se realizavam
batizados, missas etc.) e a moradia dos trabalhadores livres.
203
Canavial
Feitor-mor
Senzala Aquele que
Onde viviam coordenava e
os escravizados. controlava o processo
produtivo na
fazenda; encarregado
dos trabalhadores
Transporte escravizados.
de cana.
Casa-grande
Onde viviam o senhor
de engenho, sua família
e agregados.
Moinho
Movido por tração Transporte
hidráulica, sua força de lenha para
era transmitida para a fornalha.
a moenda. Casa das caldeiras
Espaço que recebia o caldo
recolhido das moendas e
limpava-o das impurezas.
Moenda
Quando não havia tração hidráulica, era
movida por força animal ou humana.
Fonte: REVISTA de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, ano 9, n. 94, p. 31, jul. 2013.
204
205
Agricultura diversificada
No Brasil colonial, além do açúcar, eram produzidos muitos outros gêneros, como
fumo, algodão, cacau, castanha-do-pará, guaraná, couro e alimentos como mandioca,
feijão, milho, frutas e legumes.
O fumo ou tabaco, planta conhecida dos indígenas, começou a ser cultivado a partir
do século XVII, no interior da Bahia, incluindo Sergipe, então comarca baiana, e no litoral
de Pernambuco. Há notícias de sua produção também no Pará, no Maranhão e no Rio de
Janeiro. Por ser mais simples e mais barata do que o cultivo de cana-de-açúcar, a lavoura
fumageira cresceu rapidamente. Ao lado da cachaça, era um produto muito consumido,
tanto no território colonial quanto no exterior. O tabaco não se destinava somente à
Europa, mas circulava por todo o império português. Nas Índias, era trocado por tecidos
e na África, por escravizados.
O algodão,, um produto nativo da América, também era conhecido dos indígenas,
que o utilizavam, entre outras coisas, para tecer suas redes. Na colônia portuguesa, o
cultivo de algodão ganhou importância no século XVIII, quando a região dos atuais estados
do Maranhão, de Pernambuco, do Ceará e do Pará se destacou como grande exportadora
de fibras para as fábricas da Inglaterra.
RHJPHTOTOS/SHUTTERSTOCK
NEIRFY/SHUTTERSTOCK.COM
Algodão.
Castanha-do-pará.
PHOTOONGRAPHY/
SHUTTERSTOCK.COM
Cacau.
206
Produção de alimentos
Havia uma grande quantidade de chácaras
TINGLEE1631/SHUTTERSTOCK.COM
nas proximidades dos engenhos e ao redor de
vilas e cidades. Essas chácaras cultivavam:
• mandioca, da qual se fazia farinha (a man-
dioca era bastante cultivada na Bahia, em
Pernambuco e no Rio de Janeiro);
• feijão, milho e legumes;
• frutas, com destaque para o limão, a laranja
e a banana.
Essa produção de alimentos abastecia os pro- Mandioca.
dutores e suas famílias, a população dos engenhos,
ALCHEMIST FROM INDIA/SHUTTERSTOCK.COM
207
ESCUTAR E FALAR
Em dupla.
dupla. Pesquisas recentes sobre o comércio do Brasil colonial com outras partes
do mundo alteram muito o que se sabia sobre o assunto. Reflitam e respondam: qual é a
importância da pesquisa em História?
Autoavaliação. Responda em seu caderno.
a Expressei minhas ideias com objetividade?
b Usei tom de voz e gestos adequados?
c Escutei meus colegas com atenção e respeito?
d Contribuí com sugestões e perguntas interessantes?
e Demonstrei interesse pelo assunto tratado?
f Aceitei críticas aos meus argumentos e comportamento?
208
A nobreza da terra
O grupo social de maior prestígio na sociedade açucareira era o dos senhores de
engenho.. Eram eles os donos das terras, do maquinário e dos escravizados.
Muitos senhores de engenho descendiam dos primeiros colonizadores portugueses e
se consideravam a nobreza da terra. Os laços de sangue, reforçados por casamentos entre
pessoas dessa nobreza, ajudavam a preservar o prestígio e o poder desse grupo social.
A nobreza da terra expandia seu poder para além do mundo rural, ocupando cargos
importantes nas Câmaras Municipais das vilas e cidades coloniais.
Nas proximidades dos grandes engenhos
EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA
209
Os trabalhadores assalariados
Muitos engenhos empregavam assala-
riados.. No quadro a seguir, você vai conhecer
riados
algumas das ocupações desses trabalhadores
Fac-símile da capa do livro A economia colonial
brasileira (séculos XVI-XIX), de João Fragoso, em um engenho baiano da segunda metade
Manolo Florentino e Sheila de Castro Faria. do século XVII.
210
# DICA!
Reportagem sobre o
legado africano para
a cultura brasileira.
SÉRIE mostra
influências da cultura
africana no Brasil –
Repórter Brasil (noite).
ÓLEO SOBRE TELA, 71,5 CM × 91,5 CM, MUSEU BOIJMANS VAN BEUNINGEN, ROTTERDAM, HOLANDA
2013. Vídeo (4min39s).
Publicado pelo canal
TV Brasil. Disponível
em: https://youtu.be/
FLzyt6fsYKc. Acesso
em: 9 jun. 2022.
211
I. Retomando
1 Leia o texto a seguir com atenção.
A primeira missa
Continuamos navegando pela costa até que,
EDITORA VOZES
no Domingo de Páscoa, o capitão determinou que
todos fossem para a terra assistir à missa. Mandou
também armar um altar, que foi muito bem pre-
parado. Ali, na presença de todos, Frei Henrique
celebrou a missa, acompanhado de outros padres
e sacerdotes. A missa, na minha opinião, foi ouvida
por todos com muito prazer e devoção.
Acabada a missa, Frei Henrique tirou a batina
e subiu em uma cadeira alta, com todos nós
espalhados pelo areal fez um importante sermão
sobre a história do Evangelho. Em seguida, tratou
de nossa vinda e do achamento desta terra, que
ocorreu pela graça de Deus. Suas palavras foram
muito a propósito e causaram muita emoção.
TORRES, Adriana. A carta de Pero Vaz de Caminha. Fac-símile da capa do livro
Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1991. p. 14. A carta de Pero Vaz de Caminha.
212
Primeira missa no
Brasil, de Victor
Meirelles, 1860.
3 O documento que instituiu o Governo-Geral em 1548 definiu qual seria a política indi-
genista adotada por Portugal no Brasil: os indígenas foram classificados em mansos
e selvagens.
213
PAU BRASIL
Presença de c) no litoral D. João III, por medo de d) a terra e interessado em produzir e), envia expedição f)
Combateu
Fundação de g) (1532) 1o h) de açúcar
franceses
DIVISÃO
DO
TERRITÓRIO
214
ALAMEDA EDITORIAL
de ocupação, de domínio e de exploração das terras
brasileiras [...]. Os motivos que levaram à fundação
de Salvador estiveram também presentes na criação
de diversas outras cidades do Império [Português]: a
ocupação do território, a defesa, a administração e a
exploração comercial das terras conquistadas.
SOUSA, Avanete Pereira. A Bahia no século XVIII: poder político local e atividades
econômicas. São Paulo: Alameda Editorial, 2012.
215
Vista aérea da cidade de Salvador (BA). Fotografia de 2021. Na imagem pode-se ver o Elevador Lacerda,
o Mercado Modelo e parte da Baía de Todos os Santos.
216
Vozes do presente
Acarajé e
Leia o texto a seguir com atenção. pimenta.
O que é certo é que os nossos antepas-
sados africanos trouxeram para o Brasil os
conhecimentos e as técnicas que desenvol-
veram ao longo dos séculos. [...]
Os africanos sabiam como trabalhar os solos dos trópicos e introduziram no Brasil
um bom número de vegetais, como, por exemplo, o dendê, a malagueta, o quiabo, o
maxixe, o jiló, os inhames, várias espécies de bananas, diversos tipos de abóboras e
de feijões, o tamarindo e a melancia. Difundiram, ademais, nas terras brasileiras, o
cultivo do arroz e o seu uso como prato diário. A eles se deve também o uso do leite de
coco nas comidas. A sua contribuição para a culinária brasileira foi importantíssima,
a tal ponto que muitos dos pratos que temos como caracteristicamente nossos são de
origem africana: o vatapá, o caruru,
OM
o mungunzá, o abará, o acarajé [...] e
CK.C
T E RSTO
THAN
H VA
N/SH
U T
muito mais.
HI
HO T
SILVA, Alberto da Costa.
A África explicada aos meus filhos.
São Paulo: Agir, 2012. p. 155.
Quiabo.
LHMFOTO/SHUTTERSTOCK.COM
AFRICA STUDIO/SHUTTERSTOCK.COM
Dendê.
Melancia.
217
PASSO 1 Ler
O texto a seguir foi escrito especialmente para esta coleção pelo professor Murilo Batista
Barros. Leia-o com atenção.
tipo “Molha esse cabelo para ver se você consegue domá-lo”. Na hora do
RR
IP
HO
TO
218
PASSO 2 Questionar
Depois de ler o texto, responda:
a) Qual o problema identificado por Aila?
b) Qual a solução encontrada por ela?
PASSO 5 Avaliar
i) Realizei as tarefas a que me propus? l) Escutei meus colegas com atenção e respeito?
j) Cumpri os prazos determinados? m) Contribuí com sugestões e perguntas interessantes?
k) Expressei minhas ideias com objetividade? n) Aceitei críticas aos meus argumentos e comportamento?
219
4 GENTES E TERRAS DA
AMÉRICA PORTUGUESA
BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
Observe o mapa a seguir com atenção.
FONTE 1
50° O
BRIDGEMAN/EASYPIX BRASIL
Equador
0°
Nobre português.
TR ATADO DE TORD ESILH AS
Natal
Filipeia (atual
João Pessoa)
Igaraçu
Olinda GIBSON GREEN/ALAMY/FOTOARENA
São Cristóvão
Salvador
Ilhéus OCEANO
ATLÂNTICO
Santa Cruz
Porto Seguro
OCEANO Vitória
PACÍFICO Espírito Santo
Rio de Janeiro
São Paulo Trópico d
e Capric
Santos órnio
São Vicente
Itanhaém Jesuíta.
Áreas conhecidas e
Fonte: MELLO E SOUZA, Laura de.
relativamente povoadas (org.). História da vida privada
0 480 Limite atual no Brasil: cotidiano e vida privada
da fronteira brasileira da América portuguesa. São Paulo:
Companhia das Letras, 1997. p. 18-19.
220
FONTE 2
COLEÇÃO PARTICULAR
Tratado de Madri (1750)
ALLMAPS
50º O
Marabitanas
São
Equador
Joaquim Macapá
0º Vaqueiro.
São
Gabriel Gurupá Belém
COLEÇÃO PARTICULAR
Barra do Fortaleza
Rio Negro
Tabatinga Natal
João
Pessoa
Recife
Príncipe
da Beira
Salvador
Vila Bela da
Santíssima
Trindade Cuiabá
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO Coimbra Tropeiro.
PACÍFICO
Iguatemi Rio de Janeiro
COLEÇÃO PARTICULAR
córnio São Paulo
de Capri
Trópico
221
10 AFRICANOS NO BRASIL
LUCIANA WHITAKER/FOLHAPRESS
CLAUDIA GUIMARÃES/FOLHAPRESS
1 2
FERNANDA PICCOLO/FOTOARENA
BOB DAEMMRICH/ALAMY/FOTOARENA
3 4
222
223
224
ALLMAPS
M a r
M
d
e
i t
Tunísia e r r â n e o
Marrocos
Argélia
Saara Líbia
Ocidental Egito
Trópico de Câncer
Ma
rV
erm
ÁSIA
elh
Cabo Mauritânia
o
Verde
Mali Níger Sudão Eritreia
Senegal Chade
Burkina
Faso Djibuti
Guiné
Benin
Nigéria
Togo
Gâmbia
Gana
Costa Etiópia
Guiné- do Rep. Centro- Sudão
-Bissau Marfim -Africana do Sul
Camarões Somália
Serra
ÁF Leoa COSTA
Equador
R IC Libéria Uganda
A DA MINA Congo Ruanda Quênia
OC Gabão 0°
ID OCEANO
EN Guiné República
TA Equatorial Democrática Burundi ÍNDICO
L do Congo
Tanzânia
Seicheles
OCEANO Angola
Comores
ATLÂNTICO ÁFRICA Zâmbia
Malauí
CENTRAL
car
Moçambique
Maurício
agas
Zimbábue
Namíbia
Mad
Meridiano de Greenwich
Suazilândia
África Lesoto
do Sul 0 397
Fronteiras atuais
A África Ocidental é uma extensa área que vai do Senegal ao Gabão; nela foram embarcados 25%
dos africanos escravizados destinados ao Brasil, a maioria deles era da Costa da Mina. Já a África Central
(região congo-angolana) vai do norte do Gabão à fronteira entre Angola e Namíbia. Essa região,
juntamente a Moçambique, na costa leste, forneceu 75% dos africanos escravizados destinados ao Brasil.
225
À esquerda, negra brasileira filha de africanos da Costa da Mina, fotografada por Christiano Jr. em c. 1860.
Boa parte das pessoas que foram trabalhar nos cafezais era dessa origem (MOURA, Carlos Eugênio Marcondes
de. A travessia da calunga grande: três séculos de imagens sobre o negro no Brasil. São Paulo: Edusp, 2000).
À direita, moça baiana descendente de africanos ocidentais em fotografia de 2019. Salvador (BA).
226
A maioria dos africanos da região congo-angolana entrou no Brasil pelos portos do Rio
de Janeiro. Enquanto durou o tráfico atlântico, o Rio de Janeiro foi o maior porto receptor
de escravizados da América. Os falantes das línguas quicongo, quimbundo e umbundo,
que continuam sendo faladas hoje em Angola, foram os mais duramente atingidos pelo
tráfico. Isso ajuda a explicar por que essas línguas influenciaram fortemente o português
falado no Brasil.
Os africanos, independentemente da região de origem, foram trazidos para trabalhar
nas plantações, minas e habitações deste lado do Atlântico.
Observando o gráfico, é possível concluir que os períodos de alta do açúcar, do ouro
e do café coincidem com o aumento da entrada de africanos no Brasil.
EDITORIA DE ARTE
650
600
550
500
450
400
350
Alta agrícola
300
250
200
Queda do ouro
150
Alta do açúcar Alta do ouro
100
Crise europeia
50 Invasão concorrência do açúcar antilhano Fim do tráfico no Brasil
0 holandesa
1551-1560
1561-1570
1571-1580
1581-1590
1591-1600
1601-1610
1611-1620
1621-1630
1631-1640
1641-1650
1651-1660
1661-1670
1671-1680
1681-1690
1691-1700
1701-1710
1711-1720
1721-1730
1731-1740
1741-1750
1751-1760
1761-1770
1771-1780
1781-1790
1791-1800
1801-1810
1811-1820
1821-1830
1831-1840
1841-1850
1851-1860
Elaborado com base em: ALENCASTRO, Luiz Felipe de. África, números do tráfico atlântico. In: SCHWARCZ,
Lilia Moritz; GOMES, Flávio dos Santos (org.). Dicionário da escravidão e liberdade: 50 textos críticos.
São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 63.
227
COLEÇÃO PARTICULAR
À esquerda, uma africana mina,
ou seja, embarcada na Costa
da Mina, em fotografia de 1864,
de Christiano Jr.
ESCUTAR E FALAR
A perda do nome
Na hora do embarque para o Brasil, o africano era “batizado”, ou seja, perdia seu
nome original e passava a ter um nome português. Esse nome, dado no batismo, devia
ajudar a apagar da memória do africano todo o seu passado: sua família, seus amigos,
sua língua e seu lugar de origem.
• O que você sentiria se trocassem o seu nome, e o(a) levassem para um lugar distante
e diferente do seu? Como você reagiria? Crie um pequeno roteiro e prepare-se para
falar sobre o assunto para os colegas.
228
HÉCTOR GOMEZ
229
Negros de carro, de Jean-Baptiste Debret, século XIX. Note que é uma representação feita por um pintor
sobre o que ele viu à sua volta.
230
231
constituído de um
figurante acompanhado
por um coro cantando
peças em sequência.
Crianças quilombolas
jogam capoeira durante
Festa de Cultura Afro
em homenagem ao Dia
da Consciência Negra.
Araruama (RJ), 2015.
232
FRED S. PINHEIRO/SHUTTERSTOCK.COM
Homens Pretos de Salvador
foi fundada em 1685 por
mulheres e homens originá-
rios da região onde hoje é
Angola. Além da assistên-
cia dada a seus associados
na doença, na velhice e
na morte, a irmandade se
empenhava também em
conseguir dinheiro para a
compra de cartas de alforria.
A igreja-sede da irmandade
começou a ser construída
por escravizados e libertos
em 1704 e foi reformada
recentemente; situada no
Largo do Pelourinho, a
irmandade e sua igreja foram
e continuam sendo um dos
centros de apoio à popula-
ção negra de Salvador.
233
ALLMAPS
Equador
0º
do Trombetas (1866-88)
Maracanã e Macajubá
(século XIX)
Oitizeiro (1807)
Buraco do Tatu (1744-65)
Nossa Senhora dos
Pindaituba, Moluca e
Males e Cabula (1807)
Joaquim Teles (1795)
Urubu (1826)
da Carlota ou do Piolho
(1770-95)
do Kalunga
(1790-1888) de Jacuípe e Jaguaribe (1705-06)
Magarojipe e Muritiba (1713)
Campos da Cachoeira (1714)
Orobó, Tupim e Andaraí (1796-97)
Campo Grande, Isidoro, do Camisão (1726)
do rio das Mortes e do Taperoá, Canavieiras (1733)
rio das Velhas, Ambrósio Nazaré e Santo Amaro (1734)
e imediações de Sabará Jacobina e Rio das Contas (1735-36)
OCEANO e Ouro Preto (século XVIII) Jacobina e Xique-Xique (1801)
PACÍFICO
Jabaquara Manuel Congo (1838)
io
e Capricórn (1883-88) Luanda (1880)
Trópico d Iguaçu ou Bomba, Estrela, Gabriel
(século XIX)
OCEANO
Alagoa e Enseada
do Brito ATLÂNTICO
(sem data)
60º O
Muitos dos quilombos que aparecem no mapa ainda não foram Fonte: SCHWARCZ, Lilia Moritz;
REIS, Letícia Vidon de Souza
estudados. Existiram quilombos por todo o território brasileiro, (org.). Negras imagens:
desde o Rio Grande do Sul até o Amazonas. Uns pequenos ensaios sobre a cultura e
(20 ou 30 habitantes), outros grandes (com milhares de escravidão no Brasil. São Paulo:
Edusp, 1996. p. 26.
habitantes). O mais famoso deles foi o Quilombo dos Palmares.
234
MOZART COUTO
235
Homenagem a Zumbi, feita pelo bloco afro Filhos de Gandhi, durante o Dia Nacional da Consciência Negra
na cidade do Rio de Janeiro (RJ), 2012.
236
Mas conseguir obter essa propriedade definitiva das terras não tem
Dialogando
sido tarefa fácil. Além da demora do processo, há o fato de que muitas
dessas terras são cobiçadas por fazendeiros e, por vezes, estão localizadas Há comunidades
remanescentes
em áreas de mananciais e de reservas de extração vegetal e mineral.
de quilombos
Muitos habitantes das atuais comunidades quilombolas vêm tra- no seu estado?
vando uma luta árdua para reunir provas de que são descendentes Quais?
de escravizados e de que as terras em que vivem lhes pertencem.
SERGIO AMARAL/OLHAR IMAGEM
Pai e filhos de uma comunidade remanescente de quilombo. Quilombo Vão de Almas, Cavalcante (GO), 2015.
237
b) Q
uais são os termos que os portugueses usam para dizer caçula, dengoso e
cochilar?
c) Q
ual é a importância dos conhecimentos transmitidos nesse texto para nós,
brasileiros?
238
ATIVIDADES
NO LIVRO.
I. Retomando
1 Sabe-se que na África a escravidão tinha características próprias. Quais das alterna-
tivas contêm essas características?
a) Os escravos constituíam a maioria da população.
b) Jamais eram integrados ao grupo vencedor como pessoas livres.
c) O filho de um homem livre com uma mulher escravizada nascia livre.
d) E m algumas sociedades africanas, os escravizados podiam ocupar postos importantes no
governo ou no exército.
239
COLEÇÃO PARTICULAR
mapa foi feito?
b) O que o mapa
representa?
c) Qual é a
importância da
região mostrada
no mapa para
se compreender
a formação do
povo brasileiro?
240
O texto a seguir foi escrito por Mahommah Gardo Baquaqua, africano nascido onde
hoje é o Benin e trazido para Pernambuco como escravizado em 1845. Depois de
obter a liberdade, ele escreveu um livro do qual se retirou o trecho a seguir.
"Fomos arremessados, nus, porão adentro, os homens apinhados de um lado, e
as mulheres de outro. O porão era tão baixo que não podíamos ficar de pé, éramos
obrigados a nos agachar ou nos sentar no chão. Noite e dia eram iguais para nós,
o sono nos sendo negado devido ao confinamento de nossos corpos." [...] [Havia
dias em que os escravizados ficavam sem água e sem comida.] "Houve um pobre
companheiro que ficou tão desesperado pela sede que tentou apanhar a faca do
homem que nos trazia água. Foi levado ao convés, e eu nunca mais soube o que
lhe aconteceu. Suponho que tenha sido jogado ao mar", [...].
VIEIRA, Leonardo. Historiadores traduzem única autobiografia escrita por ex-escravo que viveu no Brasil. O Globo,
Rio de Janeiro, 27 nov. 2014. Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/historia/historiadores-traduzem-unica-
autobiografia-escrita-por-ex-escravo-que-viveu-no-brasil-14671795. Acesso em: 11 jun. 2022.
FONTE 2
COLEÇÃO PARTICULAR
241
a) P esquise e desenhe em seu caderno o contorno do mapa da África, trace a linha do equador
e delimite a região de onde vinham os africanos ocidentais.
b) Uma interpretação possível do texto é:
I. o número de africanos ocidentais trazidos para o Brasil é muito inferior ao documentado
pelos traficantes;
II. o número de africanos ocidentais entrados no Brasil é igual ao da região congo-angolana;
III. a quantidade de africanos ocidentais trazidos para o Brasil é bem maior que o registrado;
IV. a proibição do tráfico acima da linha do Equador impediu traficantes de fazerem negócio
na região.
242
243
Sobre a resistência negra ontem e hoje, Festa Marujada no Quilombo Mangal e Barro
responda às questões em seu caderno. Vermelho. Sítio do Mato (BA), 2015.
a) O que são comunidades remanescentes de quilombos?
b) Escreva uma frase sobre o artigo 68 e sua importância para a História do Brasil.
c) Um dos maiores quilombos do Brasil se chama Kalunga e está situado no norte do estado de
Goiás. Pesquise e escreva sobre ele com base no seguinte roteiro:
I. significado do nome Kalunga;
II. tamanho do quilombo;
III. número de comunidades existentes no quilombo;
IV. manifestações culturais.
244
1526-1550 0 0
Fonte dos dados: COMÉRCIO transatlântico de escravos: base de dados. Slave Voyages.
[S. l.], c2021. Disponível em: https://www.slavevoyages.org/voyage/database.
Acesso em: 4 ago. 2022.
245
A servidão medieval
Na Europa ocidental, durante a Idade Média
(séculos V ao XV), também existiram escravizados,
mas eles eram minoria. Uma grande parte dos tra-
balhadores era formada por servos da gleba, assim
Estátua romana, do século I a.C.,
chamados por encontrarem-se presos à terra, ou de uma menina escravizada
seja, por não poderem deixar o feudo em que viviam dormindo.
e trabalhavam. Eles recebiam do senhor um lote de
Corveia: obrigação de trabalhar de graça
terra que deviam cultivar. Em troca do direito de usar para o senhor dois ou três dias por semana.
essa terra para seu sustento, os servos tinham uma Talha: obrigação de entregar para o senhor
série de obrigações para com o seu senhor, como a cerca de 30% ou 40% do que produzia no
lote que tinha recebido para seu próprio uso.
corveia e a talha
talha..
Escravidão moderna
Na Idade Moderna, que na divisão tradicional da História tem início no século XV,
ocorre um grande movimento de expansão marítimo-comercial, liderado por Portugal e
Espanha. Durante essa expansão, Portugal constituiu um grande império com feitorias
e colônias na África, na Ásia e na América. Nesse contexto, a África foi incorporada ao
circuito comercial europeu. Navegando e comerciando pela costa africana, durante o século
XV, os portugueses buscavam obter ouro e escravizados. Ouro para acumular; escravizados
para vender.
246
Semelhanças
Escravidão antiga (Roma) Escravidão moderna (Brasil)
Condição Podiam ser vendidos, alugados, surrados e deixados em testamento.
Família e honra Não tinha sua família nem sua honra reconhecidas.
Diferenças
Escravidão antiga (Roma) Escravidão moderna (Brasil)
Pessoas de diversas origens e etnias: gregos, Inicialmente indígenas. A partir do século XVII,
Origem
egípcios, macedônios, sírios, entre outros. africanos.
Aquele que conseguia a liberdade podia O liberto não obtinha cidadania plena; não
A situação
tornar-se cidadão com direito de votar, de ser podia votar nem ser votado, podendo se tornar
do liberto votado e, portanto, de ocupar cargos públicos. escravizado novamente a qualquer momento.
Diferenças
Servidão Escravidão moderna
O servo estava preso à terra; quando o senhor O escravizado podia ser comprado, vendido e alugado;
concedia a outra pessoa a terra (o feudo), junto iam era visto, portanto, como uma mercadoria que
os trabalhadores. pertencia a quem o comprou.
247
11 EUROPEUS DISPUTAM
O MUNDO ATLÂNTICO
1. O que será que o sambista quis dizer com: “Aprendeu-se a liberdade combatendo em Guararapes”?
2. Há algum indício na letra da religiosidade brasileira?
3. Você já viu um desfile de maracatu? E de bumba meu boi e vaquejada, você já viu?
4. Por que será que o governante holandês no Brasil é chamado de “bom Nassau”? O que você sabe a
respeito dele?
248
A União Ibérica
No século XVI, o Império espanhol era imenso e possuía Países Baixos Espanhóis:
territórios em vários continentes, entre eles os Países Baixos território que corresponde ao que
hoje é a Holanda e a Bélgica.
Espanhóis,, região rica e de maioria protestante.
Espanhóis
Em 1580, o Império espanhol aumentou ainda mais. Naquele ano, o rei de Portugal,
D. Henrique, morreu sem deixar herdeiros; então, o rei da Espanha, Felipe II, parente do
rei morto, tornou-se também rei de Portugal. O domínio da Espanha sobre Portugal e suas
colônias, entre elas o Brasil, ficou conhecido como União Ibérica e durou 60 anos. Durante
esse tempo, os adversários da Espanha tornaram-se também inimigos de Portugal. Foi este
o caso dos Países Baixos Espanhóis.
Família
holandesa,
de Jacob
Gerritsz
Cuyp. França,
século XVII.
249
ATOSAN/SHUTTERSTOCK.COM
Castelo de São Jorge da Mina. Elmina (Gana), fotografia de 2019. Em 1637, os holandeses conquistaram
São Jorge da Mina e, em 1641, tomaram São Paulo de Luanda, ambas no litoral da África.
A invasão da Bahia
A primeira invasão holandesa ocorreu na Bahia, capitania com grande número de
engenhos de açúcar.
Os holandeses chegaram a Salvador em 1624, com 26 navios, 3 300 homens e
450 canhões, prenderam o governador português e conquistaram a cidade sem muita
dificuldade. A população da cidade retirou-se para o interior e de lá organizou a resis-
tência. Uma das táticas dos luso-brasileiros foi a guerra de emboscadas:: os habitantes
da Bahia saíam da mata em pequenos grupos e atacavam os holandeses de surpresa.
Os espanhóis, por sua vez, enviaram a Salvador uma esquadra com 52 navios e mais
de 12 mil homens para combater os holandeses. Pressionados por mar e por terra, os
holandeses se renderam.
250
Detalhe de gravura mostrando um engenho na Paraíba, de Frans Post, 1643. A imagem mostra habitantes
da colônia sob a bandeira holandesa, o que indica que Calabar não foi o único a adotar tal posição.
251
252
Detalhe do
mapa de Georg
Marcgraf e
Joan Blaeu
mostrando o
território
brasileiro
sob domínio
holandês, c. 1647.
O trabalho de
arte é do pintor
e gravurista
Frans Post.
arquitetura, construções, [...] vestimentas, costumes etc. Além O vídeo mostra a relação
entre Maurício de Nassau
disso, eles demonstram o impacto que a natureza tropical teve e os judeus que saíram
sobre o artista, acostumado com uma luminosidade e uma da Europa fugindo da
Inquisição.
paisagem muito diferentes.
MAURÍCIO de Nassau
Várias de suas obras hoje pertencem a importantes museus e os judeus no Brasil.
brasileiros ou mesmo estrangeiros. Numa época em que a pro- 2019. Vídeo (5min29s).
Publicado pelo canal
dução artística colonial quase só abordava temas religiosos, Lucas Rocha Xavier.
a obra de Post permite uma visão mais ampla da realidade Disponível em: https://
youtu.be/w0wBafBdV68
brasileira daquela época.
Acesso em: 16 jun. 2022.
SILVA, Luiz Geraldo. O Brasil dos holandeses. São Paulo: Atual, 1997. p. 37.
253
254
A reação luso-brasileira
Enquanto isso, no Brasil, a Companhia das Índias Ocidentais exigia que Nassau cobrasse
o dinheiro emprestado aos senhores de engenho e restringisse o crédito dado a eles. Além
disso, proibiu a livre prática da religião católica. Vendo-se pressionado pela Companhia,
Nassau deixou o Brasil em 1644.
Os holandeses, então, começaram a confiscar terras dos senhores Confiscar: tomar um
de engenho que não conseguiam saldar suas dívidas. Os senhores bem de uma pessoa
por força da lei.
de engenho reagiram rompendo a aliança com os holandeses e jun-
tando-se à resistência luso-brasileira. Teve início, assim, a Insurreição Pernambucana
(1645), nome dado à luta pela expulsão dos holandeses. As principais batalhas das tropas
luso-brasileiras contra os holandeses foram as Batalhas dos Guararapes,, ocorridas em
1648 e 1649, ambas vencidas pelos luso-brasileiros.
Animado pela vitória em Guararapes, o governo português enviou a Pernambuco uma
frota de guerra. Atacados por terra e por mar, os holandeses foram vencidos na Batalha
da Campina do Taborda e, em 1654, deixaram o país.
ÓLEO SOBRE TELA, 122 X 217 CM, MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, RIO DE JANEIRO
Detalhe do painel da Batalha de Guararapes pintada em 1758. Essa imagem faz parte de uma série que busca
elevar à condição de heróis os pernambucanos católicos que venceram e expulsaram o invasor protestante.
Repare, à esquerda da imagem, um religioso com uma cruz em uma das mãos.
255
Henrique Dias
Henrique Dias foi um importante personagem
do século XVII. Consta que nasceu em Pernambuco,
talvez no alvorecer seiscentista. Era filho de africanos,
provavelmente escravizados, e foi alforriado ainda
criança [...].
ÓLEO SOBRE TELA, 96 X 70 CM, ACERVO MUSEU DO ESTADO DE PERNAMBUCO, RECIFE
256
ALLMAPS
70° O
açucareira no Brasil. Portugal
não tinha condições financei- HAITI REP.
DOMINICANA
ras de reerguer os engenhos Porto Rico
(EUA)
do Nordeste, nem de competir
com o produto holandês no
mercado europeu. M a r d o C a r i b e
Escravizados
trabalhando
em um
moinho para
a moagem
de cana-de-
-açúcar nas
Antilhas,
de Angelo
Agostini,
século XIX.
257
I. Retomando
1 Vimos que os habitantes dos Países Baixos Espanhóis se revoltaram contra a Espanha
e, em 1581, declararam sua independência, formando um novo país, a Holanda. Que
relação há entre a independência da Holanda e as invasões holandesas no Brasil?
a) C
om base no texto, pode-se dizer que o posicionamento de Nassau diante da escravidão era
diferente do adotado pelos colonizadores portugueses?
b) Q
uais eram os objetivos dos holandeses com a conquista de territórios no Brasil e na África
quase ao mesmo tempo?
258
Paisagem com
Tamanduá-í
e Palanquim,
de Frans
Post, 1649.
259
260
Alimentação europeia
Ao contrário dos portugueses, que rapidamente se adaptaram aos alimentos
produzidos no Brasil (farinha de mandioca, caça, peixes etc.), os holandeses de tudo
traziam da Europa para se alimentar. Carnes de boi e de carneiro salgadas, toucinho,
presunto, língua de boi, salmão, bacalhau salgado e seco, arenque, farinha de trigo,
cerveja, vinhos da Espanha, da França e do Reno, queijo, manteiga, azeite, azeitonas,
alcaparras, figos, passas e amêndoas, entre outros produtos, eram constantemente
trazidos da Holanda para o Nordeste. [...]
SILVA, Luiz Geraldo. O Brasil dos holandeses. São Paulo: Atual, 1997. p. 29.
261
EDITORIA DE ARTE
1800
1600
1400
massa (em toneladas)
1200
1000
800
600
400
200
0
1570 1580 1590 1600 1610 1620 1630 1640 1650 1660 1670
Fonte: AVANCINI, Elsa Gonçalves. Doce inferno: açúcar: guerra e escravidão no Brasil holandês (1580-1654).
São Paulo: Atual, 1991 (História em documentos, p. 33).
262
a) C
ompare o modo como se produzia o açúcar nos tempos coloniais com a maneira que ele é
produzido hoje.
b) E scolha duas importantes consequências da queimada para a população que mora nas pro-
ximidades, e faça um comentário a respeito delas.
ESCUTAR E FALAR
Imagine que você more nas proximidades de uma área onde ocorrem queimadas.
Pesquise e se prepare para falar em público sobre os males decorrentes dessa prática e
sugira providências cabíveis para solucionar o problema.
263
12 A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO
DA AMÉRICA PORTUGUESA
FONTE 1 FONTE 2
IVAN WASTH RODRIGUES/COLEÇÃO PARTICULAR
264
Os soldados
Desde o início da colonização, piratas franceses, ingleses e holandeses atacavam o
litoral brasileiro para levar o pau-brasil e outras riquezas da terra; muitas vezes, eles se
aliavam a grupos indígenas inimigos dos portugueses. Na região onde é hoje a Paraíba,
por exemplo, os franceses mantinham estreita ligação com os potiguaras.
Durante a União Ibérica,, a pirataria no litoral brasileiro se intensificou, pois os ini-
migos da Espanha também passaram a atacar as colônias portuguesas, a exemplo do
Brasil. Para combater a pirataria, foram enviados ao litoral do Brasil soldados portugueses
e espanhóis. Esses soldados ergueram fortes e povoados, que estão na origem de várias
capitais brasileiras,, como:
• Forte de Filipeia de Nossa Senhora das Neves.. Fundado pelos portugueses em
1585, em torno do qual se formou a cidade de João Pessoa, capital da Paraíba.
• Forte dos Reis Magos.. Construído em forma de estrela, foi fundado em 1598 por
soldados luso-brasileiros e deu origem a Natal, capital do Rio Grande do Norte.
Vista aérea do Forte dos Reis Magos, com a cidade de Natal ao fundo. Natal (RN). Fotografia de 2017.
265
Vista de Belém, capital do Pará, a partir do Forte do Presépio de Santa Maria de Belém, fundado por soldados
portugueses em 1616. Fotografia de 2020.
266
Sede da 10a Região Militar do Exército Brasileiro, antiga Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.
Fortaleza (CE), fotografia de 2013.
267
P24-2-HIS81-7-04-LA-RIL-006
268
A resistência guarani
Acreditava-se que a maioria dos indígenas escravizados pelos
bandeirantes era vendida no Rio de Janeiro e na Bahia para tra-
balhar nas plantações de açúcar. Mas o historiador John Manuel
IN
Monteiro comprovou que a maioria desses indígenas era desti-
ET
QU
SE
DO
nada às fazendas de trigo de São Paulo, que vinham crescendo e
L
VA
OS
exigindo muitos trabalhadores. Além de trabalhar no cultivo de
trigo, eles também produziam e transportavam a farinha de
trigo de São Paulo ao porto de Santos, no litoral paulista.
Os indígenas, bem como os africanos, nunca acei-
taram a escravidão pacificamente, reagindo a ela de
várias formas: suicídio, fugas para o interior e rebe-
liões. Depois da destruição das missões de Guairá,
Itatim e Tape, por exemplo, os indígenas enfrenta-
ram os bandeirantes, inclusive usando armas de
fogo. Nessa luta, os indígenas venceram duas
importantes batalhas: a de Caasapaguaçu,,
em 1638, e a de Mbororé,, em 1641. Após
essas derrotas, o bandeirismo de caça aos
indígenas entrou em declínio.
Dialogando
lgumas rodovias e praças do Brasil têm nomes indígenas. A rodovia Índio
A Ilustração feita com
Tibiriçá, em São Paulo, por exemplo, é uma delas. Por que será que alguns base em pesquisa
indígenas foram homenageados e outros esquecidos? histórica.
269
ALLMAPS
50º O
Equador
0°
Gurupá
s
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Tratado de Tordesilhas
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ATLÂNTICO
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OCEANO
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GUAIRÁ ar v
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Capricórnio Manuel Preto e
Trópico de
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A. R. Tavares ares
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São Paulo Fonte:
s ALBUQUERQUE,
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Manoel Maurício
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p
SETE POVOS
Ra
Bandeiras de caça
histórico escolar.
Porto Alegre
aos indígenas 8. ed. Rio de
0 400
Missões Janeiro: FAE,
1991. p. 24.
Com a descoberta do ouro, os paulistas organizaram as monções, isto é, expedições
comerciais que seguiam de canoa pelos rios, para vender alimentos, roupas e ferramentas
nas regiões mineradoras.
O sertanismo de contrato
Nos séculos XVII e XVIII, os bandeirantes foram contratados por fazendeiros e auto-
ridades para combater indígenas ou negros rebelados. Esse tipo de “negócio” entre
bandeirantes e poderosos era chamado de sertanismo de contrato.
270
ALLMAPS
50º O
Equador
0°
s Belém Turiaçu
azona
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Rio Xingu
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Capricórnio
Trópico de São Paulo Rio de Janeiro
Guairá
Rio
das Missões
Missões portuguesas
Missões espanholas
0 390 Grande bandeira de
Antônio Raposo Tavares
271
GETÚLIO DELPHIM
11 12
10
9
5 1
3
2
6 7
6
8
Dialogando
a Dentre os locais numerados, quais eram usados pelos jesuítas para reunir e/ou catequizar os indígenas?
b Em quais locais os habitantes das missões produziam aquilo de que precisavam para viver?
272
O gado no Nordeste
Introduzido no Nordeste pelo governador-geral
Vaqueiros vestidos com gibão
Tomé de Sousa, o gado era usado, sobretudo, para de couro em meio a Caatinga,
mover a moenda dos engenhos e transportar cana. na comunidade do Muquén.
Por isso, inicialmente, era criado no próprio engenho. Petrolina (PE), 2021.
No entanto, com o crescimento dos rebanhos, os animais passaram a ser vistos como um
estorvo, pois pisoteavam as plantações e ocupavam terras úteis ao plantio de cana. Então,
senhores de engenho passaram a criar seus rebanhos em áreas vizinhas às suas propriedades.
Em 1701, o rei de Portugal proibiu a criação de gado no litoral, pois também tinha interesse
em lucrar com o açúcar. Tudo isso contribuiu para o avanço do gado pelo sertão.
Observe, no mapa a seguir, os caminhos do gado na época.
ATLÂNTICO
Equador
0º
zonas
Rio Ama Forte São Luís
Forte N. S. da Assunção
rn
Pa Forte Filipeia
Olinda
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Recife
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São Cristóvão
nc
Fra
Salvador
ão
Cuiabá
oS
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OCEANO
A expansão das fazendas de gado
Vila Rica
PACÍFICO São acompanhou o curso dos rios
o Paulo
apricórni Rio de Janeiro
Trópico
de C Sorocaba
São Vicente
nordestinos, com destaque para
Curitiba 0 620 dois deles: o Rio São Francisco,
Porto Alegre chamado “rio dos currais”, ou
Áreas de criação de gado “Velho Chico”, e o Rio Parnaíba,
Sentido de expansão da pecuária que facilitou a ocupação do Piauí,
Limites atuais do Brasil estado colonizado do interior
50º O
273
274
THIAGOSANTOS/SHUTTERSTOCK.COM
275
Estátua de Sepé Tiaraju. São Miguel das Missões (RS), fotografia de 2017. Uma
das principais lideranças indígenas na Guerra Guaranítica foi Sepé Tiaraju, que
lutou tenazmente em defesa do direito dos guaranis ao território de Sete Povos
das Missões. Para o movimento indígena do Brasil, Sepé foi uma das principais
lideranças da História do Brasil.
276
Ruínas do Sítio
Arqueológico São
Miguel das Missões
(RS). Fotografia de
2018. No ano de 1983,
a Unesco declarou
esse conjunto
arquitetônico como
Patrimônio Mundial,
Cultural e Natural.
40º O
São Joaquim
Marabitanas Macapá
Equador
São Gabriel 0º
Rio Am
Barra do azonas
Rio Negro Gurupá Belém
Fortaleza
ós
Tabatinga ra
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Rio Xingu
TRATADO DE TORDESILHAS
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João Pessoa
OCEANO
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Rio Tocan
Recife
PACÍFICO Príncipe
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Rio OCEANO
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Gua
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da Santíssima
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Trindade
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São Nicolau
Sã
Tratado de Madri
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Santa
Tecla Rio Grande
0 240 R Sete Povos das
io
gu
Sacramento ATLÂNTICO
u
R io
da P Limites atuais do
Rio
277
FABIO COLOMBINI
povos e culturas ao longo de sua
formação histórica; por isso, é
conhecido por ser um país mul-
tiétnico e pluricultural. Dentre
os povos formadores do Brasil,
estão, em ordem cronológica,
os indígenas, os portugueses e
os africanos.
Em 1500, quando os
AJR_PHOTO/SHUTTERSTOCK.COM
278
FILIPE FRAZAO/SHUTTERSTOCK.COM
canos entrarem no Brasil. Eles
foram trazidos de diferentes
pontos da África como escravi-
zados, a partir do século XVI, e
também marcaram profunda-
mente nossos modos de agir,
falar, pensar e sentir.
279
ESCUTAR E FALAR
Pesquise, reflita e prepare-se para falar sobre a importância da empatia e do respeito
para conviver em harmonia em um país multiétnico e pluricultural, como é o Brasil.
Autoavaliação. Responda em seu caderno.
a Expressei minhas ideias com objetividade?
b Usei tom de voz e gestos adequados?
c Escutei meus colegas com atenção e respeito?
d Contribuí com sugestões e perguntas interessantes?
e Demonstrei interesse pelo assunto tratado?
f Aceitei críticas aos meus argumentos e comportamento?
280
I. Retomando
1 Leia as fontes a seguir com atenção.
FONTE 1
Frotas e caminhos
A enorme extensão do território, os acidentes geográficos naturais, a presença
de indígenas [...], as doenças tropicais desconhecidas e a densa floresta atlântica que
cobria grande parte do litoral brasileiro dificultavam [...] a penetração até o interior.
FURTADO, Júnia Ferreira. Cultura e sociedade no Brasil colônia. São Paulo: Atual, 2000. p. 43.
FONTE 2
América portuguesa: povoamento (século XVI)
SONIA VAZ
Equador R.
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São Cristóvão
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Santa Cruz
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OCEANO R. T
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PACÍFICO Espírito Santo
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São Paulo
apricórnio
P aragu
Santos
Itanhaém São Vicente Mapa elaborado com
Áreas sob influência base em: INSTITUTO
R.
relativamente povoadas
ru
281
5 Durante muito tempo, os indígenas foram mostrados como seres passivos, que se
renderam aos ataques dos bandeirantes sem reagir.
O que você estudou neste capítulo confirma ou nega essa visão sobre os indígenas?
Justifique em seu caderno.
282
283
RITA BARRETO/FOTOARENA
ao cavalo, a peia [correia] para
prendê-lo em viagem, as bainhas
de faca, [...] a roupa de entrar no
mato, os banguês [equipamentos
de transporte] para o curtume ou
para apurar o sal; para os açudes,
o material de aterro era levado
em couro puxado por juntas de
bois que calcavam a terra com
seu peso [...].
ABREU, João Capistrano de. Capítulos de
História Colonial: (1500-1800). Brasília:
Conselho Editorial do Senado Federal, 1998.
(Biblioteca Básica Brasileira, p. 135). Vaqueiro na caatinga. Euclides da Cunha (BA), 2019.
a) Liste, com base no texto, as utilidades que o couro tinha para a sociedade que se formou em
torno da pecuária no Nordeste.
b) O que se pode concluir pela leitura do texto?
284
285
PASSO 1 Ler
Leia o texto com atenção.
286
PASSO 5 Avaliar
g) Realizei as tarefas a que me propus?
h) Cumpri os prazos determinados?
i) Expressei minhas ideias com objetividade?
j) Escutei meus colegas com atenção e respeito?
k) Contribuí com sugestões e perguntas interessantes?
l) A
ceitei críticas aos meus argumentos e
comportamento?
287
ALBUQUERQUE, Wlamyra R. de; FRAGA FILHO, Walter. Uma his- LIMA, Cinthia Almeida. Breves considerações sobre o humanismo
tória do negro no Brasil. Salvador: Centro de Estudos Afro-O- de Giovanni Pico della Mirandola e Blaise Pascal. Revista Eletrô-
rientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006. nica Espaço Teológico, São Paulo, v. 11, n. 20, p. 176-183, jul./
dez. 2017.
Livro com linguagem acessível sobre a História e Cultura Afro‑bra-
sileiras, contadas pela perspectiva de historiadores negros. O artigo aborda o humanismo nas obras de dois filósofos renas-
centistas.
BURKE, Peter. A fabricação do rei: a construção da imagem pú-
blica de Luís XIV. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. MICELI, Paulo. História moderna. São Paulo: Contexto, 2013.
Um dos mais conceituados especialistas em Idade Moderna expli- O historiador narra, com base em mapas e documentos históricos,
ca o papel da propaganda na construção da imagem de um rei na os acontecimentos mais relevantes que caracterizam o período
França do século XVIII. Moderno.
CAMPOS, Raymundo Carlos Bandeira. Grandezas do Brasil no PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Mé-
tempo de Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual, 1996. dia: textos e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.
A partir dos discursos do jesuíta André Antônio Antonil, o autor Antologia dos principais textos e documentos medievais, abrange
apresenta o papel da sociedade açucareira no Brasil dos séculos os aspectos socioculturais, econômicos e políticos do medievo.
XVII e XVIII.
PRADO, Maria Ligia; PELLEGRINO, Gabriela. História da Améri-
DAVIDOFF, Carlos. Bandeirantismo: verso e reverso. São Paulo: ca Latina. São Paulo: Contexto, 2014.
Brasiliense, 1982. Livro que apresenta os principais personagens e debates relacio-
O autor analisa como a historiografia oficial construiu a imagem nados à complexidade dos processos históricos da América Latina.
dos bandeirantes como heróis e ocultou as práticas ligadas à es-
cravização indígena. RAMOS, Fábio Pestana. No tempo das especiarias: o império
da pimenta e do açúcar. São Paulo: Contexto, 2006.
FIGUEIREDO, Luciano. Mulher e família na América portugue- O historiador mostra, por meio de manuscritos raros, como Por-
sa. São Paulo: Atual, 2004. tugal construiu seu império colonial com o lucrativo comércio de
O livro aborda os vários modelos de constituição familiar na Amé- especiarias.
rica portuguesa.
REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos. Liberdade por um
FRAGOSO, João Luís Ribeiro; GOUVÊA, Maria de Fátima. O Brasil fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das
colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. v. 1. Letras, 1996.
Artigos de pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimen- Obra que apresenta um panorama complexo da escravidão e da
to, que apresentam o estado da arte do Brasil colonial. resistência negra em busca de liberdade.
FRANÇA, Jean Marcel Carvalho; RAMINELLI, Ronald. Andanças RESTALL, Matthew. Sete mitos da conquista espanhola. Rio
pelo Brasil colonial: catálogo comentado (1503-1808). São Pau- de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
lo: Ed. Unesp, 2009. Obra que analisa mitos consolidados sobre o processo de conquis-
O catálogo reúne narrativas de viagens que mencionam o Brasil. ta da América pela Espanha.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande e senzala. São Paulo: Global, SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos.
2003. Rio de Janeiro: Agir, 2012.
Uma das mais importantes obras historiográficas que discute a Nesse livro, o autor explica de forma simples como a cultura afri-
formação da sociedade brasileira pela mistura de culturas e raças. cana está ligada à trajetória dos brasileiros.
GRUZINSKI, Serge. A passagem do século (1480-1520): as ori- SOUSA, Avanete Pereira. A Bahia no século XVIII: poder político
gens da globalização. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. e atividades econômicas. São Paulo: Alameda, 2012.
Estudo que faz um panorama sobre a expansão marítima euro- A autora aprofunda os diferentes aspectos da urbanização da
peia e o intercâmbio entre povos distantes na virada do século XV Bahia no contexto da estrutura colonial portuguesa.
para o XVI.
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo:
NEVES, Ana Maria Bergamin; HUMBERG, Flávia R. Os povos da Ática, 2006.
América: dos primeiros habitantes às primeiras civilizações urba- Importante obra que apresenta um panorama do continente afri-
nas. São Paulo: Atual, 1996. (História geral em documentos). cano, desde sua formação até a contemporaneidade.
Obra sobre os povos que habitavam a América antes da chegada
dos europeus. VAINFAS, Ronaldo (org.). Dicionário do Brasil Colonial (1500-
1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
MATTOS, Regiane A. História e cultura afro-brasileira. São Livro de referência com verbetes essenciais para o estudo dos três
Paulo: Contexto, 2007. primeiros séculos da história do Brasil.
288
ISBN 978-85-96-03551-4
9 788596 035514