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Consolidação e expansão do capitalismo, atrelado aos desdobramentos da

Revolução Industrial.
Contestação ao Antigo Regime, propagação dos ideais liberais (Iluminismo),
intensificando a crise do Sistema Colonial.
Derrubada do modelo estamental e constituição da sociedade de classes,
refletindo as aspirações liberais-burguesas.

Na França, a Era Napoleônica alcançava


a fase do Império e, para consolidar sua
hegemonia sobre a Europa, determina o
(1806), visando
derrotar a concorrência inglesa.
O reflexo dessa conjuntura incidia em Portugal, muito dependente dos acordos econômicos
com a Inglaterra e pressionado pelas determinações napoleônicas.
Já haviam estudos para a transferência da Coroa Portuguesa para o Brasil, caso
houvesse alguma situação de grande instabilidade. Diante daquela circunstância, a solução foi
transferir a sede do Estado Metropolitano para sua mais próspera Colônia: o Brasil.

Embarque da Família Real Portuguesa para o Brasil (27/11/1807). Pinturas de Nicolas Delerive, ilustrando a transferência da Corte.
A Corte chegou em março de 1808, primeiro
em Salvador, depois se instalando no Rio de
Janeiro.
O caráter autoritário de sua permanência se
percebe na ação de desapropriação das
melhores residências, que passariam a abrigar
a comitiva portuguesa que chegou ao Brasil. A
presença da do governo de D. João na Colônia
Selo postal em comemoração à chegada da família real ao Rio de Janeiro estava muito além de parecer provisória.
O Período Joanino (1808-1821) motivou uma série de transformações no território
brasileiro, as quais estimulariam a dinâmica emancipacionista da elite colonial,
determinando as características que estariam presentes na construção do Estado Nacional,
posteriormente constituído.
A assinatura da (1808) demonstra o caráter da
dependência portuguesa aos interesses britânicos, especialmente após a assinatura dos
Tratados de Aliança e Amizade e Comércio e Navegação, assinados em 1810.

Os acordos, que derrubavam os fundamentos


do Pacto Colonial, garantiam aos ingleses
privilégios alfandegários e diplomáticos diante
das autoridades estabelecidas no Brasil.

Como consequência, ocorreu a entrada maciça


de produtos vindos da Inglaterra para o mercado
brasileiro, como relatam vários cronistas da
História do Brasil para principiantes. Carlos Eduardo Novais.
época.
Os Tratados de Comércio de 1810 travaram as possibilidades de desenvolvimento da
atividade industrial no Brasil, em razão dos privilégios fiscais concedidos aos produtos
ingleses, que passaram a controlar o mercado consumidor brasileiro.
Visando proporcionar um ambiente favorável para acolher as Cortes, uma série de medidas
administrativas, urbanísticas e culturais foram tomadas, dentre as quais destacamos:
 A Biblioteca Imperial e a Imprensa Régia;
 O Teatro Real São João e o Jardim Botânico;
 As Escolas de Medicina de Salvador e do Rio de Janeiro;
 Academia Militar Imperial e Academia Imperial de Belas Artes.

Biblioteca Imperial, hoje Biblioteca Nacional. O Paço Imperial, representado na pintura de Jean-Baptiste Debret
Quando a História é negligenciada, o que se perde não é apenas a memória, perde-se a identidade e a riqueza de uma trajetória.
Para impulsionar o requinte cultural, o Governo Joanino financiou a vinda da Missão
Artística Francesa ao Brasil em 1816, com destaque para a atuação do pintor Jean-
Baptiste Debret e sua obra representando o cotidiano da colônia naquele contexto.

A diversidade nas obras de Debret expressam o


cenário brasileiro no contexto do Período Joanino
.
Na região da Guiana Francesa, D. João estabeleceu
o envio de um destacamento vindo do Grão-Pará. O
objetivo era invadir a região de colonização francesa
em retaliação ao processo de invasão das tropas
napoleônicas a Portugal.

Também realizou incursões na região do Prata,


invadindo áreas pertencentes à Espanha, o que
originou a formação da Província da Cisplatina.

O envolvimento nesses conflitos não obteve adesão


popular e causou a insatisfação dos colonos que
bancavam os custos desses conflitos.
Incursões das tropas joaninas: Guiana Francesa (1809) e Cisplatina (1817).
Após a queda de Napoleão Bonaparte e a convocação do
Congresso de Viena, o Brasil passaria por uma nova
transformação ao ser elevado à
(1815).

Dessa forma, juridicamente, consumava-se a reversão, pois o Brasil


(que fora a mais rica colônia lusitana) agora teria a condição oficial
de centro administrativo do Império. Brasão de Armas do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves

Contudo, tanto no Brasil quanto em Portugal havia oposição ao Governo Joanino, o que
levaria à eclosão da Revolução Pernambucana (1817) e da Revolução Liberal do Porto
(1820).
Refletindo influências externas e internas, o sistema colonial começava a chegar ao fim.
:
• Decadência econômica de Pernambuco.
• Seca em 1816 e queda na produção do algodão e na exportação
de açúcar.
• Altos impostos (destinados a Corte no Rio de Janeiro).
• Privilégio aos comerciantes portugueses.
.
• Proclamação a República de Pernambuco.
• Liberdade de expressão e religiosa.
• Permanência da escravidão. Pintura exaltando a Revolução Pernambucana

• Buscaram apoio de províncias vizinhas, dos EUA, Inglaterra e Argentina.


.
• Areópago de Itambé, Restauração e Pernambuco do Oriente, entre outros
SCHWARCZ, Lília Moritz D. João Carioca. Cia da Letras, 2007, p. 60
Foi o único movimento separatista do período
colonial que ultrapassou a fase conspiratória e
conseguiu atingir o processo revolucionário
de tomada do poder.
O governo republicano durou pouco mais de
dois meses. A desarticulação interna e as cisões
no movimento enfraqueceram a resistência e
permitiram a dura repressão do Governo
Joanino.
Muitos líderes foram presos e outros
executados, como era de se esperar diante de
Grupo de esculturas representando Os Revolucionários Pernambucanos de
1817 na lateral direita do Monumento à Independência do Brasil, em São Paulo. movimentos contestatórios.
O movimento lutava pela implantação de uma Monarquia Constitucional para Portugal, seguindo as ondas
liberais que eclodiam em outras regiões da Europa, exigindo o retorno da Família Real e de toda a cúpula
administrativa.
No Brasil, muitos grupos apoiaram, a princípio o movimento vintista. Contudo, após a tomada do poder e o
regresso de D. João VI, as pretensões liberais foram postas de lado, prevalecendo a intenção restauradora.

A saída de D. João VI foi emblemática para a crise


colonial, já que foi retirado todo o capital do Banco
do Brasil, gerando sua falência.
Mesmo como Reino Unido, o Brasil continuava a
serviço dos interesses de Portugal. À medida que
crescia a pressão portuguesa para a recolonização,
se tornava mais intensa a tendência das elites
brasileiras para a ruptura com os domínios
metropolitanos. Desembarque de D. João VI no Terreiro do Paço, em Lisboa, julho de 1821.
Uma das grandes contribuições de D. João
VI para o Brasil foi a preservação da
unidade territorial.
Sem a mudança da corte portuguesa, os
conflitos regionais teriam se aprofundado a
tal ponto que a separação entre as
províncias seria inevitável e não seríamos
este país continental de hoje, mas teríamos
Representação do retorno da Família Real para Portugal, em 1821 o território dividido em diferentes nações.
Pressentindo a Independência como inevitável, D. João VI deixa seu filho, Pedro, como
Príncipe Regente no Brasil, tendo recomendado que ele conduzisse a ação, afastando os
aventureiros.
A aristocracia rural, os burocratas, os comerciantes brasileiros e portugueses que tinham
negócios com o Brasil, eram contrários à recolonização. Para defender a autonomia brasileira,
reuniram-se no Partido Brasileiro e passaram a pressionar pela permanência e liderança de D.
Pedro.
Após o (09/01/1822) e do , D. Pedro buscou garantir a
legitimidade para ação política que estava prestes a se constituir.
Temendo as possíveis pretensões políticas de D. Pedro, as Cortes de Portugal enviaram um
documento em que ameaçavam o envio de tropas que trariam o príncipe regente à força para o
Velho Mundo.
Mediante a represália, os membros do partido brasileiro aconselharam D. Pedro a proclamar a
independência imediatamente, antes que os conflitos com as tropas portuguesas
transformassem a ação em um movimento popular.
Dessa forma, percebemos que a elite agrária e os demais membros das classes
dominantes do Brasil conduziram habilmente o nosso processo de independência.
Mesmo alcançando a condição de nação soberana, boa parte da população se viu atrelada
às mesmas práticas e instituições que garantiam os privilégios dos mais poderosos. Sendo
assim, o nosso “7 de setembro” se transformou em uma ruptura cercada por uma série de
problemáticas continuidades.
Jean Baptiste Debret, Coroação de D. Pedro I, 1828, óleo sobre tela 340 cm x 640 cm
 O poder português sobre o Brasil foi marcado por descontinuidades, haja vista as Revoltas Nativistas que se
consagraram como forças questionadoras da estrutura colonial.
 Entre os principais movimentos de caráter emancipacionista, destacaram-se a Inconfidência Mineira (1789)
e a Conjuração Baiana (1798). Ambos influenciados pelos ideais liberais do século XVIII.
 O projeto expansionista de Napoleão Bonaparte, somado aos desentendimentos com a Coroa Portuguesa,
acabaram impulsionando a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil (1808).
 Com o desembarque da Família Real e sua instalação no Rio de Janeiro, várias cidades brasileiras passaram
por um significativo processo de urbanização. Isso ocorreu porque o Brasil se tornou a sede do Império e,
principalmente, porque as relações comerciais e trocas culturais com a Europa se tornaram mais intensas.
 O Período Joanino foi marcado por vários movimentos de caráter revolucionário, como a Revolução
Pernambucana (1817), prevendo o rompimento com a Coroa Portuguesa.
 A Revolução Liberal do Porto (1820) impulsionou o retorno de D. João VI e de parte da Família Real para
Portugal, precipitando o processo de Independência do Brasil.

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