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Alfredo BOULOS Júnior
História
História
MANUAL DO PROFESSOR
COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA
1a edição
São Paulo ∙ 2022
22-115042 CDD-372.89
Índices para catálogo sistemático:
1. História : Ensino fundamental 372.89
Parque Nacional do Iguaçu: Patrimônio Natural Mundial.
Paraná, 04/2019. Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427
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Se a destruição do passado pode resultar em uma tragédia para as novas gerações, a alienação dela de-
corrente pode facilitar a emergência e a imposição de ditaduras brutais, como as que vitoriaram nas décadas
de 1930 e 1940 em países da Europa Ocidental e Oriental. Ademais, a consciência de que o passado se per-
petua no presente é fundamental para o nosso sentido de identidade. Saber o que fomos ajuda-nos a com-
preender o que somos; o diálogo com outros tempos aumenta a nossa compreensão do tempo presente.
Como observou um estudioso:
[...] O passado nos cerca e nos preenche; cada cenário, cada declaração, cada
ação conserva um conteúdo residual de tempos pretéritos. Toda consciência atual
se funda em percepções e atitudes do passado; reconhecemos uma pessoa, uma
árvore, um café da manhã, uma tarefa, porque já os vimos ou já os experimen-
tamos. (LOWENTHAL, 1998).
OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de (coord.). História: ensino fundamental.
Brasília: Ministério da Educação: Secretaria de Educação Básica, 2010. p. 160.
(Explorando o ensino, v. 21).
Vale dizer ainda que o historiador se volta para o passado a partir de questões colocadas pelo presente.
Depois de estabelecer um determinado recorte, ele transforma o tema em problema e seleciona o conjunto
de variados documentos históricos (materiais e imateriais). A partir daí, trata-o com base em instrumentos
e métodos próprios da História. Por isso se diz que toda narrativa histórica está relacionada a seu tempo e
também é objeto da História.
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Nesta coleção, pautamo-nos por alguns referenciais teóricos da História Nova, daí entendermos a História
como um conhecimento em permanente construção. Por isso tomamos o documento como ponto de partida,
e não de chegada, na construção do conhecimento e, além disso, incorporamos a ação e a fala das mulheres,
dos negros, dos indígenas, dos operários e de outros sujeitos históricos antes relegados ao esquecimento.
Ao longo da obra, utilizamos também a história social inglesa, recorrendo mais de uma vez aos trabalhos
de Christopher Hill, E. P. Thompson e Hobsbawm para compreender episódios decisivos na formação do
mundo atual, como a Revolução Inglesa, a Revolução Industrial, a Revolução Francesa, o imperialismo, o mo-
vimento operário, entre outros.
Por fim, é preciso dizer que demos maior ênfase ao conhecimento da história política e do passado públi-
co, sem prejuízo para momentos de ênfase na história cultural, por considerarmos que neste nível de ensino
isso é decisivo para o desenvolvimento de uma consciência crítica por parte do aluno. Com essa consciência,
ele pode orientar sua prática como cidadão, exercitando a construção de saberes balizados pela:
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Atingir esses objetivos, ainda que parcialmente, pode ajudar o aluno a interpretar situações concretas da
vida social, posicionar-se criticamente diante da realidade vivida e construir novos conhecimentos.
O historiador nunca sai do tempo [...], ele considera ora as grandes ondas de fe-
nômenos aparentados que atravessam, longitudinalmente, a duração, ora o momento
humano em que essas correntes se apertam no nó poderoso das consciências.
BLOCH, Marc L. B. Apologia da História ou o ofício de historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. p. 135.
Seguindo a trilha aberta por Bloch, o historiador Holien Bezerra afirma que a História busca desvendar
“[as] relações que se estabelecem entre os grupos humanos em diferentes tempos e espaços” (BEZERRA,
2003, p. 42). Outra definição de História:
[...] A história é a arte de aprender que o que é nem sempre foi, que o que
não existe pôde alguma vez existir; que o novo não o é forçosamente e que, ao
contrário, o que consideramos por vezes eterno é muito recente. Esta noção per-
mite situarmo-nos no tempo, relativizar o acontecimento, descobrir as linhas de
continuidade e identificar as rupturas [...].
OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de (coord.). História: Ensino Fundamental. Brasília, DF: Ministério da Educação:
Secretaria de Educação Básica, 2010. (Explorando o Ensino, v. 21, p. 18).
Há autores atuais, como Hayden White, por exemplo, que entendem a História como um gênero da lite-
ratura e querem reduzi-la à ficção. Nós discordamos dessa visão e ressaltamos que a História, ao contrário da
Literatura, tem compromisso com a evidência e, parafraseando Marc Bloch, lembramos ainda que, diferente-
mente do literato, o historiador só pode afirmar aquilo que tem condições de provar.
Tempo: conceito-chave em História. É uma construção humana; e o tempo histórico, uma construção
cultural dos povos em diferentes tempos e espaços. As principais dimensões do tempo são: duração, suces-
são e simultaneidade. Isso pode ser trabalhado em aula apresentando-se as diferentes maneiras de vivenciar
e apreender o tempo e de registrar a duração, a sucessão e a simultaneidade dos eventos – tais conteúdos
tornam-se, portanto, objeto de estudos históricos. O tempo que interessa ao historiador é o tempo históri-
co, o tempo das transformações e das permanências. O tempo histórico não obedece a um ritmo preciso e
idêntico como o do relógio e/ou dos calendários. Por isso o historiador considera diferentes temporalidades/
durações: a longa, a média e a curta duração.
Cronologia: sistema de marcação e datação baseado nas regras estabelecidas pela ciência astronômica,
que tenta organizar os acontecimentos em uma sequência regular e contínua.
Cultura:
Entende-se por cultura todas as ações por meio das quais os povos expres-
sam suas “formas de criar, fazer e viver” (Constituição Federal de 1988, art. 216).
A cultura engloba tanto a linguagem com que as pessoas se comunicam, contam
suas histórias, fazem seus poemas, quanto a forma como constroem suas casas,
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Segundo os PCN:
[...] cultura abrange um conjunto de crenças, conhecimentos, valores, cos-
tumes, regulamentos, habilidades, capacidades e hábitos construídos pelos seres
humanos em determinadas sociedades, em diferentes épocas e espaços.
BRASIL. Ministério da Educação. PCN+ Ensino Médio: orientações educacionais complementares aos Parâmetros
Curriculares Nacionais. Ciências Humanas e suas Tecnologias: História. Brasília: SEB, 2002. p. 71-72.
Identidade: pode ser definida como a construção do “eu” e do “outro” e a construção do “eu” e do
“nós”, que têm lugar nos diferentes contextos da vida humana e nos diferentes espaços de convívio social.
Essa construção baseia-se no reconhecimento de semelhanças/diferenças e de mudanças/permanências. So-
bre o assunto, disse uma ensaísta:
XII
Memória pode ser definida também pelo modo como os seres humanos se lembram ou se esquecem do
passado; já a História pode ser vista como a crítica da memória. Em sociedades complexas, como esta em que
vivemos, a memória coletiva dá origem a lugares de memória, como museus, bibliotecas, espaços culturais,
galerias, arquivos ou uma “grande” história, a história da nação. A memória nos remete à questão do tempo.
Política: o termo “política” teve sua origem na Grécia antiga e foi sendo ressignificado ao longo do tem-
po. A palavra “política” está estreitamente relacionada à ideia de poder. Segundo Nicolau Maquiavel (1469-
1527), o fundador da política como ciência, a política é a arte de conquistar, manter e exercer o poder. Já
para Michel Foucault (1926-1984), o poder não se concentra somente no Estado, mas está distribuído por
todo o corpo social. Seguindo essa trilha, dois estudiosos observaram que:
Cidadania: o conceito de cidadania – chave na nossa proposta de ensino de História – tem como base as
reflexões do historiador Jaime Pinsky:
XIII
[...] não pode ser entendido como mera e simples transposição de um co-
nhecimento maior, proveniente da ciência de referência e que é vulgarizado e
simplificado pelo ensino. [...] “Nenhuma disciplina escolar é uma simples filha
da ‘ciência-mãe’”, adverte-nos Henri Moniot, e a história escolar não é apenas
uma transposição da história acadêmica, mas constitui-se por intermédio de um
processo no qual interferem o saber erudito, os valores contemporâneos, as prá-
ticas e os problemas sociais.
BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na sala de aula. 12. ed. São Paulo: Contexto, 2017
(Repensando o ensino, p. 25).
Para a construção do conhecimento em sala de aula, a historiadora Margarida Maria Dias de Oliveira pro-
põe que sejam dados os seguintes passos:
Em outras palavras, seleciona-se o tema e transforma-o em problema por meio de um conjunto de ques-
tões. Estuda-se, então, o passado para entrar em contato com as experiências dos seres humanos de outros
tempos no enfrentamento desse problema e retorna-se ao presente.
XIV
Mas, se por um lado, é consensual entre os historiadores que estamos vivendo uma “revolução docu-
mental”; por outro, a reflexão sobre o uso de documentos em sala de aula merece, a nosso ver, uma maior
atenção. Com base nas reflexões daqueles que pensaram sobre o assunto e na nossa experiência docente,
recomendamos que, ao trabalhar com documentos na sala de aula, o professor procure:
a) evitar ver o documento como “prova do real”, procurando situá-lo como ponto de partida para se cons-
truírem aproximações em torno do episódio focalizado;
b) ultrapassar a descrição pura e simples do documento e apresentá-lo aos alunos como matéria-prima de
que se servem os historiadores na sua incessante pesquisa;
c) considerar que um documento não fala por si mesmo. É necessário levantar questões sobre ele e a partir
dele. Um documento sobre o qual não se sabe por quem, para que e quando foi escrito é como uma fo-
tografia sem crédito ou legenda: não tem serventia para o historiador;
d) levar em conta que todo documento é um objeto material e, ao mesmo tempo, portador de um
conteúdo;
e) considerar que não há conhecimento neutro: um documento tem sempre um ou mais autores e ele(s)
tem(têm) uma posição que é necessária identificar. Visto por esse ângulo, o trabalho com documentos
tem pelo menos três utilidades:
• facilita ao professor o desempenho de seu papel de mediador. A sala de aula deixa de ser o espaço
onde se ouvem apenas as vozes do professor e a do autor do livro didático (tido muitas vezes como nar-
rador onisciente, que tudo sabe e tudo vê) para ser o lugar onde ecoam múltiplas vozes, incluindo-se aí
as vozes de pessoas que presenciaram os fatos focalizados;
• possibilita ao aluno desenvolver um olhar crítico e aperfeiçoar-se como leitor e produtor de textos
históricos;
• diminui a distância entre o conhecimento acadêmico e o saber escolar, uma vez que os alunos são con-
vidados a se iniciarem na crítica e na contextualização dos documentos, procedimento importante para
a educação histórica.
2
Nomes dos historiadores franceses por meio dos quais a história metódica, mais conhecida como positivista, chegou ao seu auge na segunda metade do século XIX.
XV
A imagem é polissêmica
Misto de arte e ciência, técnica e cultura, a imagem é polissêmi-
O fato preciso a que o historiador está se referindo é, como se sabe, o bombardeio da pequenina cidade
espanhola de Guernica pela aviação nazista, a mando de Hitler, durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
O fato, o bombardeio, ocorrido em 26 de abril de 1937, foi esquecido; a representação produzida por Picasso,
um óleo sobre tela, com o nome de Guernica, permaneceu marcando gerações. Não é demais repetir: quando
o professor perguntou: “O que é Guernica?”, os alunos lhe responderam: “Guernica é um quadro!”.
XVI
[...] A ilustração do pai jovem e do filho velho tem causado certa perplexi-
dade aos jovens leitores e falta a explicação do aparente paradoxo. A imagem de
um D. Pedro II velho foi construída no período pós-monárquico e demonstra a
intenção dos republicanos em explicar a queda de uma monarquia envelhecida
que não teria continuidade. É interessante destacar a permanência dessas ilus-
trações na produção atual dos manuais, reforçando uma interpretação utilizada
pelos republicanos no início do século XX, mesmo depois de variadas pesquisas
e publicações historiográficas sobre os conflitos e tensões do período.
BITTENCOURT, Circe (org.). O saber histórico na sala de aula. 12. ed.
São Paulo: Contexto, 2017. (Repensando o ensino, p. 80).
COLEÇÃO PARTICULAR
Retrato de D. Pedro I feito pelo artista Simplício Retrato de D. Pedro II feito por Pedro Américo, 1873.
Rodrigues de Sá, c. 1826.
XVII
Um equívoco recorrente quando o assunto é imagem é a afirmação de que ela fala por si mesma. Como
lembrou uma ensaísta:
De fato, a imagem é captada pelo olho, mas traduzida pela palavra. Tomá-la como fonte para o conheci-
mento da História envolve vê-la como uma representação, uma estratégia, uma linguagem com sintaxe pró-
pria. Para obter as informações a partir dela é indispensável desnaturalizá-la e contextualizá-la, interrogan-
do-a com perguntas, tais como: por que, por quem, em que contexto foi produzida. É indispensável, enfim,
perceber que a imagem não reproduz o real. Ela congela um instante do real, “organizando-o” de acordo
com uma determinada estética e visão de mundo.
XVIII
Tirinha de Belmonte,
História de um
governo, na qual
aparecem diversas
caricaturas de
Getúlio Vargas.
XIX
XX
XXI
Texto 2
Para uma boa formação, os alunos precisam entender bem o que leem e saber pensar e escrever.
XXII
XXIII
Texto 3
O texto a seguir é de Fernando Seffner, mestre em Sociologia e doutor em Educação pela UFRGS.
XXIV
XXV
Em síntese, nossos filhos e alunos têm o direito de saber que as pessoas são
diferentes. Que o mundo é plural e a cultura é diversa. Que essa diversidade deve
ser conhecida, respeitada e valorizada. E mais, que a diferença e a diversidade
são benéficas para a convivência das pessoas, a manutenção da democracia, e a
sobrevivência da espécie. [...]
FREITAS, Itamar. A experiência indígena no ensino de História. In: OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de (coord.).
História: ensino fundamental. Brasília, DF: Ministério da Educação: Secretaria de Educação Básica, 2010.
(Explorando o ensino, v. 21, p. 161).
XXVI
Monitorando e avaliando
Durante todo o processo, as ações desenvolvidas serão monitoradas e avalia-
das pelos/as participantes, podendo ser redirecionadas, sempre que necessário.
No final, uma avaliação geral também pode ser feita, para dimensionar os resul-
tados alcançados, as dificuldades, as ações futuras, os ganhos relacionados ao
trabalho desenvolvido em torno da valorização dos conhecimentos e da cultura
afro-brasileira na comunidade escolar do município.
A mobilização cultural pode se transformar em uma ação forte e poderosa
de educação das relações étnico-raciais, bem como as atividades do IX Festival
Afro-Arte no Ambiente Escolar no município de Maracanaú. É muito importante
que esta mobilização contribua para o desenvolvimento de políticas públicas que
afirme direitos historicamente negados, ao mesmo tempo em que desmobilizem
preconceitos, desigualdades e discriminação de toda ordem. Por isso, é funda-
mental que todo o processo seja documentado e o material produzido colocado
à disposição da comunidade escolar em feiras culturais nas escolas, bibliotecas
e demais lugares públicos no município, inclusive na internet.
É preciso também monitorar os efeitos gerados e dar continuidade à mobi-
lização cultural nesta proposta. Essas medidas pretendem estabelecer uma cul-
tura de respeito à diversidade de afirmação dos direitos de todas as pessoas no
Brasil, independentemente da etnia ou cor da pele.
GRANGEIRO, Ilza (coord.); BRAGA, Marigel; LIMA, Glaudia de; MIRANDA, Marcos; MURILO, Sérgio.
Guia metodológico para preparação do IX Festival Afro-Arte: expressões culturais afro-brasileiras no ambiente
escolar. Diretoria de Educação: Coordenadoria de desenvolvimento curricular: Maracanaú, 2018. p. 9-10.
XXVII
O conhecimento
O conhecimento antigamente era estável, as transformações ocorriam muito
lentamente. Para obter conhecimento, o homem se dedicava a uma série de exer-
cícios mentais que se repetiam em livros, na sala de aula e no cotidiano. Podíamos
memorizar uma série de informações, aprender regras de retórica, decorar tabua-
das e seríamos reconhecidos pela comunidade como homens cultos, ponderados
nas decisões, prováveis “vencedores”. Nesse mundo marcado pela tranquilidade,
pela repetição, pelas relações sensoriais e não virtuais, nesse mundo antigo so-
brava tempo até para amar. Os ancestrais deixavam como herança modelos que
serviam de modelo para uma vida. Não era dinheiro mas gerava tranquilidade.
Existia nesse velho mundo um horizonte seguro para onde devíamos caminhar.
Hoje é assim?
Não.
Como as mudanças eram lentas, o homem podia perpetuar formas de com-
portamento, podia ensinar fórmulas, sugerir procedimentos ou ainda contar fá-
bulas exemplares. Casamento era para a vida toda, emprego público significava
segurança na velhice, diploma, um eterno seguro-desemprego.
Como cada coisa ocupava, por muito tempo, o mesmo lugar nós podíamos en-
sinar uma receita adequada para o sucesso: estude! Tenha um diploma! Vá para a
cidade! Tome Biotônico Fontoura! A relação entre expectativa e resultado era, quase,
linear.
[...]
E agora como ficam os modelos?
Primeiro, nós temos que descobrir o que são modelos. E isso representa um
longo aprendizado, tarefa para um professor.
[...]
Se não sabemos colocar o problema, observar uma situação por diferentes
ângulos, trabalhar inúmeras variáveis, estabelecer relações, discutir as premis-
sas, não encontraremos o campo da provável solução. Se não sabemos questio-
nar hipóteses também não saberemos enfrentar mudanças.
Como enfrentar a mudança?
Identificando, comparando, relacionando, traduzindo e abstraindo.
THEODORO, Janice. Educação para um mundo em transformação. In: KARNAL, Leandro (org.).
História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2016. p. 51-53.
Texto 2
XXVIII
XXIX
Construção do conhecimento
A finalização do trabalho deve ocorrer, necessariamente, com produções dos
alunos. Nessas produções, os estudantes deverão sintetizar o processo vivenciado
e avaliar tanto a experiência como a si mesmos em relação ao desenvolvimento
da atividade. Assim, sugerimos a produção de caderno de textos, desenhos, gráfi-
cos, painéis, jornal-mural, vídeos e a organização de uma exposição com objetos
e imagens. A seguir, propomos duas atividades que podem ser realizadas em
grupos e por diferentes faixas etárias:
• Colagem com recortes de revistas e papel colorido, além de desenho e pintura
para criar uma imagem a respeito da visita da turma à exposição.
• Elaboração de uma história com os objetos da exposição que suscitaram mais
interesse.
• Em grupo: Se pudessem criar um museu, como ele seria? Sobre qual tema?
Que elementos – objetos e imagens – escolheriam para uma exposição?
ABUD, Kátia Maria. Ensino de História. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
(Coleção Ideias Em Ação, p. 141-143).
Texto 4
Visita a museu
A partir de nossa experiência como educadores de museu, gostaríamos de
apresentar alguns pontos fundamentais que devem ser levados em conta no pla-
nejamento de uma visita:
• Definir os objetivos da visita;
• Selecionar o museu mais apropriado para o tema a ser trabalhado; ou uma das
exposições apresentadas, ou parte de uma exposição, ou ainda um conjunto de
museus;
• Visitar a instituição antecipadamente até alcançar uma familiaridade com o
espaço a ser trabalhado;
• Verificar as atividades educativas oferecidas pelo museu e se elas se adéquam
aos objetivos propostos e, neste caso, adaptá-las aos próprios interesses;
• Preparar os alunos para a visita através de exercícios de observação, estudo de
conteúdos e conceitos;
• Coordenar a visita de acordo com os objetivos propostos ou participar de visita
monitorada, coordenada por educadores do museu;
XXX
Texto 5
XXXI
A LDB determina também que as competências e diretrizes são comuns, os currículos são diversos.
Esta relação entre o básico-comum e o que é diverso está presente no artigo 26 da LDB, que diz que “os
currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ter base nacional comum,
a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversifi-
cada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos”
(BRASIL, 1996).
Disto decorre que o currículo a ser construído deve, então, ser contextualizado. Entende-se por contextu-
alização: a inclusão e a valorização das diferenças regionais, ou mesmo locais, e o atendimento à diversidade
cultural3. Isso é coerente com o fato de que o foco da BNCC não é o ensino, mas a aprendizagem como es-
tratégia para impulsionar a qualidade da Educação Básica em todas as etapas e modalidades.
3
Outro marco legal em que a BNCC se apoia é na lei no 13.005 de 2014, que promulgou o Plano Nacional de Educação: BRASIL. Lei no 13.005, de 25 de junho de 2014.
Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, ano 151, n. 120-A, p. 1, 26 jun. 2014.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em: 22 out. 2018.
XXXII
A implementação da BNCC deverá levar em conta, então, os currículos elaborados por estados e mu-
nicípios, bem como por escolas. Além de incorporar essas contribuições, a BNCC recomenda contemplar
também temas relevantes para o mundo em que vivemos e dar a esses temas um tratamento interdisciplinar.
Entre esses temas, merecem especial atenção:
• Direitos das crianças e adolescentes (lei no 8.069/1990);
• Educação para o trânsito (lei no 9.503/1997);
• Estatuto do Idoso (lei no 10.741/2003);
• Preservação do meio ambiente (lei no 9.795/1999);
• Educação alimentar e nutricional (lei no 11.947/2009);
• Educação em direitos humanos (decreto no 7.037/2009).
XXXIII
XXXIV
XXXV
XXXVI
EDITORIA DE ARTE
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Trabalho
Ciência e Tecnologia
Educação Financeira
Educação Fiscal
Temas
MULTICULTURALISMO Contemporâneos
Diversidade Cultural Transversais na BNCC SAÚDE
Educação para valorização
Saúde
do multiculturalismo nas
matrizes históricas e Educação Alimentar
culturais Brasileiras e Nutricional
CIDADANIA E CIVISMO
Vida Familiar e Social
Educação para o Trânsito
Educação em Direitos Humanos
Direitos da Criança
e do Adolescente
Processo de envelhecimento,
respeito e valorização do Idoso
Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Temas Contemporâneos Transversais na BNCC. Brasília, DF: MEC, 2019, p. 7.
XXXVII
Tendo como pressuposto a garantia de atender às necessidades e aos interesses dos jovens estudantes em
relação a um processo de aprendizagem integral, onde a educação percorra caminhos indispensáveis para a
formação do aluno enquanto cidadão, a BNCC preconiza que as escolas devem:
Os pressupostos apresentados pela BNCC dialogam com o pensamento expresso por diversos autores ao
compreender o indivíduo em sua totalidade, o que necessariamente inclui o contexto no qual está inserido.
Para que sejam alcançados esses objetivos, as metodologias ativas, ainda que não sejam fechadas em estru-
turas preconcebidas, se sustentam em pilares educacionais, tais como: centralização do processo de aprendi-
zagem no estudante; estímulo à autonomia; criação de espaços nos quais se desenvolvam problematizações e
reflexões acerca da realidade e desenvolvimento da produção do conhecimento de forma individual e coletiva.
Uma educação que privilegie a autonomia dos estudantes, garantindo o protagonismo no processo de
aprendizagem, portanto, deve incluir metodologias que atendam a essa demanda, com materiais relevantes,
assuntos contemporâneos e que conversem com a realidade dos estudantes, colocando-os em posições de
XXXVIII
XXXIX
O planejamento, no sentindo mais amplo, não trata apenas das atividades a serem propostas, mas da
contextualização e da compreensão da heterogeneidade dos estudantes, considerando os anseios próprios
dessa etapa da vida e seus projetos de vida. O planejamento de metodologias ativas, portanto, passa por
criar espaços de valorização das diferentes competências e formas de aprendizagem para que as relações
com o saber científico possam ser estabelecidas. Assim, o conteúdo é apreendido e aplicado na formação
cidadã e autônoma, preparando o estudante para ser um agente de transformação social.
XL
Sabe-se que o processo de construção do conhecimento é dinâmico e não linear, assim, avaliar a aprendi-
zagem implica avaliar também o ensino oferecido. É importante que toda a avaliação esteja relacionada aos
objetivos propostos e, para atingi-los, é indispensável que os alunos aprendam mais e melhor. Assim sendo,
os resultados de uma avaliação devem servir para reorientar a prática educacional e nunca como um meio
de estigmatizar os alunos.
Para pensar a avaliação, cuja importância é decisiva no processo de ensino-aprendizagem, lançamos mão
das reflexões de César Coll e dos PCN. Para César Coll, a avaliação pode ser definida como uma série de atu-
ações que devem cumprir duas funções básicas:
• diagnosticar – ou seja, identificar o tipo de ajuda pedagógica que será oferecida aos alunos e ajustá-la
progressivamente às características e às necessidades deles.
• controlar – ou seja, verificar se os objetivos foram ou não alcançados (ou até que ponto o foram).
Para diagnosticar e controlar o processo educativo, César Coll recomenda o uso de três tipos de avaliação.
Os tipos e graus de
Os esquemas de conhecimento Os progressos, dificuldades, aprendizagem que estipulam
Como avaliar? relevantes para o novo material bloqueios etc., que marcam os objetivos (finais, de nível
ou situação de aprendizagem. o processo de aprendizagem. ou didáticos) a propósito
dos conteúdos selecionados.
Consulta e interpretação do
Observação sistemática e Observação, registro e
histórico escolar do aluno.
pautada do processo de interpretação das respostas
Registro e interpretação das
aprendizagem. Registro das e comportamentos dos alunos
O que avaliar? respostas e comportamentos
observações em planilhas a perguntas e situações
dos alunos ante perguntas e
de acompanhamento. que exigem a utilização dos
situações relativas ao novo
Interpretação das observações. conteúdos aprendidos.
material de aprendizagem.
COLL, César. Psicologia e currículo. 3. ed. São Paulo: Ática, 1998. (Série Fundamentos, p. 151).
A avaliação inicial busca verificar os conhecimentos prévios dos alunos e possibilita a eles a tomada de
consciência de suas limitações (imprecisões e contradições dos seus esquemas de conhecimento) e da neces-
sidade de superá-las.
A avaliação formativa visa avaliar o processo de aprendizagem. A avaliação formativa pode ser feita por
meio da observação sistemática do aluno, com a ajuda de planilhas de acompanhamento (ficha ou instru-
mento equivalente em que se registram informações úteis ao acompanhamento do processo). Cada profes-
sor deve adequar a planilha de acompanhamento às suas necessidades.
XLI
A metacognição
Deve ser ressaltada a importância do trabalho com a metacognição, o qual
consiste, fundamentalmente, no processo de autorreflexão por parte do aluno
acerca da relação que estabeleceu com os conteúdos específicos de cada unida-
de ou capítulo. O objetivo da metacognição é que o aluno seja capaz de identi-
ficar o que aprendeu, comparando com o que já sabia, informando o que consi-
derou mais significativo na aprendizagem, além de destacar os pontos mais ou
menos positivos.
XLII
XLIII
XLIV
Com o objetivo de colaborar para a aplicação de um Projeto de Trabalho Interdisciplinar na escola, elabo-
ramos: a) um texto com orientações para a confecção de um Projeto Interdisciplinar; b) um Projeto que pode
ser aplicado pelos professores, desde que adaptado à realidade da escola onde lecionam. O trabalho com
Projetos permite: superar a representação do conhecimento como algo fragmentado e distanciado das vi-
vências dos alunos; levar em conta o que acontece no mundo social e do conhecimento; receber criticamen-
te a avalanche de informações disponibilizadas pelos meios de comunicação.
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XLV
Etapas de um Projeto
Grosso modo, o Projeto pode ser desenvolvido em quatro etapas:
a) Escolha do tema ou objeto de estudo.
Essa escolha deve ser feita por meio de um amplo debate com os alunos, incorporando seus desejos e
interesses, pois o sucesso do Projeto dependerá, em boa parte, do envolvimento deles no processo. Para a
escolha do tema, propomos que se adotem os seguintes critérios:
1. É relevante, do ponto de vista do aluno?
2. Estimula a adoção de uma atitude investigativa?
3. Facilita o trabalho com valores e atitudes?
Sugestão: escolhido o tema, afixar uma faixa ou painel na entrada da escola com o título do Projeto,
com o objetivo de manter a comunidade externa informada e estimular sua participação.
b) Planejamento efetivo do Projeto, que inclui:
• definir as áreas de estudo. Envolver o maior número de disciplinas possível, estimulando as trocas, a inte-
gração e a correlação das disciplinas no interior do Projeto;
• delimitar o tempo requerido. O tempo poderá variar de um bimestre a um ano letivo;
• estabelecer os objetivos gerais. Os objetivos devem contemplar o estímulo à troca, à pesquisa, à recipro-
cidade, à curiosidade e ao compromisso diante do saber;
• fixar os objetivos específicos por área. Os objetivos específicos de cada disciplina devem manter relação
estreita com o tema do Projeto;
• planejar e propor ações para envolver professores, alunos e comunidade externa.
Professores: selecionar e oferecer aos professores textos científicos, jornalísticos e literários, acompanha-
dos de imagens, visando provocar a curiosidade e o interesse deles pelo tema e estimular seu posicionamen-
to frente ao assunto. Este material poderá também ser afixado em quadros situados na sala dos professores,
na sala da coordenação, na secretaria da escola. Posteriormente, então, convidá-los para trabalhar com esta
temática.
Alunos: debater o tema com os alunos em sala de aula, realizar entrevistas e coletar dados. O debate
pode ser estimulado pela visita de um palestrante ou alguém da comunidade que venha à escola falar aos
alunos sobre o tema. Podem-se também espalhar pela escola frases curtas, interrogativas e/ou reflexivas,
questionando o que se sabe sobre o tema, instigando os alunos a quererem conhecê-lo melhor.
XLVI
Equipe interdisciplinar
O Projeto deve ser coordenado por uma equipe interdisciplinar composta de 4 a 5 pessoas de diferentes
áreas, que devem atuar integrando atividades e procedimentos de modo a facilitar a troca e o diálogo entre
os envolvidos. Escolhido o tema, passa-se para a segunda etapa, isto é, o planejamento efetivo do Projeto,
que inclui:
Áreas de estudo
Neste Projeto, previu-se o trabalho para as seguintes disciplinas: História, Ciências, Educação Física, Lín-
gua Portuguesa, Arte, Matemática, Geografia, Informática, Inglês e Espanhol. O ideal é planejar ações para
envolver o máximo possível de disciplinas.
XLVII
Objetivos gerais
1. Ressaltar e estudar os casos de violência, desrespeito e intolerância nos espaços propostos pelo Projeto;
2. Favorecer atitudes de tolerância e respeito e difundir a cultura da paz tal como proposta pela ONU (Orga-
nização das Nações Unidas);
3. Questionar o uso da violência para a solução de problemas entre pessoas, povos e Estados Nacionais;
4. Conscientizar para o fato de que vivemos em uma sociedade multicultural e pluriétnica e incentivar o respei-
to pelas culturas e artes dos diferentes grupos étnicos que viveram e vivem no território onde é hoje o Brasil;
5. Conhecer e respeitar as culturas dos diferentes povos da Terra;
6. Facilitar a percepção de que é o conhecimento que favorece o respeito e a tolerância e de que não há
cultura superior à outra.
Ciências:
• compreender a saúde como bem individual e coletivo, que deve ser promovido pela ação de diferentes
agentes;
• desenvolver o autocuidado, a autoestima e o respeito pelo próprio corpo e pelo do outro;
• reconhecer que a violência e o alto nível de estresse desencadeiam doenças, como hipertensão, síndro-
me do pânico, entre outras.
Educação Física:
• compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, como fator de integração
social e de formação da identidade;
• reconhecer a importância de atitudes pacíficas e do espírito de equipe para o crescimento individual e
coletivo durante a prática do esporte;
• participar de atividades coletivas, sendo solidário com os companheiros e cultivando o respeito ao adversário.
Língua Portuguesa:
• incentivar a leitura, a interpretação e, sobretudo, a produção de textos de diversos gêneros;
• desenvolver o trabalho com diferentes linguagens (escrita, oral, gestual, visual etc.);
• selecionar, organizar e confrontar informações textuais relevantes sobre o tema do Projeto para interpre-
tá-las e avaliá-las criticamente.
XLVIII
Matemática:
• Desenvolver ou acompanhar cadeias de raciocínios;
• Lidar com cálculos e números;
• Resolver problemas lógicos, produzir e interpretar tabelas e gráficos.
Geografia:
• Levantar hipóteses sobre as possíveis razões da violência no meio urbano e rural;
• Discutir a situação da flora e da fauna;
• Trabalhar os conceitos de espaço, cidade, fauna, flora, desenvolvimento sustentável e degradação am-
biental e estimular a alfabetização cartográfica.
Informática:
• Conhecer e praticar o uso da internet, como ferramenta aplicada à comunicação, à pesquisa escolar e
ao desenvolvimento do conhecimento.
Inglês/Espanhol:
• Conhecer e usar as línguas inglesa/espanhola como instrumento de acesso a informações sobre diferen-
tes culturas e grupos sociais;
• Estimular nos alunos a produção oral e escrita e a interpretação nessas duas línguas.
Roteiro de trabalho
O roteiro de trabalho proposto a seguir pode e até mesmo deve ser adaptado às necessidades de cada es-
cola. Ele contém dois tipos de atividades: parte 1: atividades destinadas a alunos de todos os anos; parte 2:
atividades diferenciadas para cada um dos anos, visando investigar, mapear e debater o tema. Durante este
processo, os alunos testarão suas hipóteses e sugerirão soluções para os problemas levantados.
3. Reflexão individual e/ou em grupos: “Sou uma pessoa preconceituosa? Intrapessoal História e Língua
E tolerante? Por quê?”. e Linguística Portuguesa
XLIX
LI
Atividade-síntese do Projeto
Elaborar slogans, folders, banners, cartazes, fotos, mapas, tabelas, gráficos, panfletos, cartilhas e vídeos
objetivando uma grande campanha de conscientização sobre a necessidade de desenvolver atitudes de res-
peito e de tolerância no relacionamento com as pessoas. A campanha deverá enfatizar também a importân-
cia do respeito pelo patrimônio cultural4.
O 6o ano trabalhará a intolerância e o desrespeito na sala de aula, na escola e no bairro; o 7o, as diversas
formas de desrespeito a grupos humanos historicamente discriminados no Brasil, como negros, mulheres e
indígenas; o 8o, a agressão e o desrespeito à fauna e à flora; o 9o, a necessidade de paz, respeito e tolerância
entre os povos e os Estados Nacionais.
4
Segundo o artigo 216 da Constituição Federal de 1988, “constituem patrimônio cultural os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I. as formas de expressão;
II. os modos de criar, fazer e viver;
III. as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV. as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V. os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico” (BRASIL, 2016).
LII
Nome da escola:_______________________________________________________
Tema do Projeto:_______________________________________________________
Período de realização: __________________________________________________
Ano: _____ Turma: _____ Responsável pedagógico: _________________________
LIII
Nome da escola:_______________________________________________________
Tema do Projeto:_______________________________________________________
Período de realização: __________________________________________________
Ano: _____ Turma: _____ Responsável pedagógico: _________________________
Autoavaliação
A autoavaliação é um aprendizado fundamental para a construção da autonomia do aluno; além disso,
democratiza o processo, pois envolve diferentes pontos de vista.
Sugestão de perguntas para a autoavaliação.
1. Você considerou interessante o trabalho realizado durante o Projeto?
2. Tinha conhecimentos anteriores que o auxiliaram na realização?
3. Foi fácil ou difícil? Se foi difícil, saberia dizer por quê?
4. Como você avalia sua participação no grupo? (Realizou tarefas que contribuíram para o trabalho? Sugeriu
formas de organizar o trabalho? Colaborou com seus colegas na realização de suas tarefas?).
LIV
A nossa coleção é composta de quatro volumes que buscam apresentar os conteúdos relativos à História
do Brasil e à História Geral de forma integrada. Disse uma historiadora que:
LV
6.3 BOXES
Intercalados ao texto principal, inserimos os boxes Dialogando, Dica!, Para refletir, Escutar e falar e
Para saber mais, os primeiros são acompanhados de questões objetivas, reflexivas e/ou argumentativas.
Dialogando
Esse boxe é um convite à participação oral dos alunos; estes são desafiados a responder a uma questão
objetiva, a opinar, a interpretar uma imagem, um gráfico, uma tabela, um texto etc. Essa interrupção do tex-
to principal funciona como uma oportunidade para os alunos colocarem-se como sujeitos do conhecimento
e para dinamizar a aula.
Dica!
Sugestões de vídeos ao longo da obra para ampliar a abordagem do assunto estudado.
Para refletir
Esse boxe traz textos e imagens sobre os conteúdos estudados que, acompanhados de questionamentos
diretos, estimulam os alunos a refletir e discutir sobre os temas abordados.
Escutar e falar
Encoraja o aprimoramento da competência argumentativa dos estudantes e da escuta como elemento
básico do diálogo.
Para saber mais
Nesse boxe, são apresentados textos e imagens com o objetivo de ampliar ou detalhar um assunto deri-
vado do tema principal que possa interessar ao aluno.
6.4 ATIVIDADES
Aprender História depende da leitura e da escrita. E ler e escrever implicam compreensão, análise e in-
terpretação de uma diversidade de gêneros de textos e de imagens fixas (pintura, fotografia, charge) e em
movimento (filmes), além de gráficos, tabelas e mapas. As atividades desta coleção visam, sobretudo, auxiliar
o aluno a desenvolver as competências leitora e escritora, que são complementares e interdependentes, e a
capacitar o alunado para o exercício da cidadania. As imagens podem ser mais bem exploradas com a leitura
do texto instrucional sobre o assunto contido nestes materiais de apoio ao professor.
LVI
Retomando
As questões variadas dessa seção, apresentada em todos os capítulos, visam retomar e organizar o estudo
do tema abordado.
LVII
#Jovens na História
Esta seção convida os estudantes a aprofundarem o conhecimento sobre problemas contemporâneos, tra-
balharem noções introdutórias de práticas de pesquisa e participarem ativamente da construção de propostas
para a melhoria do bem-estar próprio, da comunidade em que vive, do país e até do planeta. Nela, são apre-
sentados exemplos de projetos e atitudes bem-sucedidos, sempre considerando o protagonismo e a diversida-
de de culturas juvenis.
LVIII
LIX
• KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula: conceitos, • RIBEIRO, Marcus Venicio. Não basta ensinar história. Nossa
práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2003. História, Rio de Janeiro, ano 1, n. 6, p. 76-78, abril de 2004.
O livro se propõe a apresentar reflexões orientadas para Neste artigo, o autor defende a ideia de que, para uma boa
subsidiar as práticas de ensino com colaborações de quatorze formação escolar, além de aprender História, os alunos precisam
especialistas em História. entender o que leem e saber pensar e escrever.
• LEITE, Miriam Moreira. Retratos de família: leitura da foto- • SALIBA, Elias Thomé. A produção do conhecimento histórico
grafia histórica. São Paulo: Edusp, 1993. (Texto e Arte, v. 9). e suas relações com a narrativa fílmica. São Paulo: FDE: Dire-
Com base na análise de álbuns de família de imigrantes vindos toria Técnica, 1992. (Lições com cinema).
para São Paulo durante a Grande Imigração, entre 1890 e 1930, a Livro que reflete sobre a utilização do cinema como fonte
autora desenvolve uma pesquisa crítica da fotografia histórica. historiográfica e como ferramenta para o ensino de História.
• MARQUES, Janote Pires. Educação patrimonial e ensino da • SCHAFF, Adam. História e verdade. 6. ed. São Paulo: Martins
história local na educação básica. Ensino em Perspectivas, Fontes, 1995.
Fortaleza, v. 2, n. 4, p. 1-11, 2021. Livro em que o historiador elabora crítica a duas vertentes
Artigo sobre a importância da educação patrimonial e o en- teóricas do campo da História. Por um lado, Adam Schaff critica
sino da história local na formação dos estudantes da educação a pretensão objetivista do positivismo e por outro, o subjetivis-
básica.
mo do chamado presentismo.
• MEDEIROS, A. Docência na socioeducação. Brasília: Universi-
• SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar his-
dade de Brasília, Campus Planaltina, 2014.
Livro que apresenta múltiplas perspectivas sobre a educação tória. São Paulo: Scipione, 2009.
de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. Dividido em doze capítulos, este livro cobre diferentes as-
pectos do ensino de História. As autoras abordam desde uma
• MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem perspectiva histórica do ensino desse componente curricular até
mais profunda. José Moran: educação transformadora. São reflexões sobre a avaliação em História no contexto escolar.
Paulo, c2018. Disponível em: https://www2.eca.usp.br/
moran/wp-content/uploads/2013/12/metodologias_moran1. • SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário
pdf. Acesso em: 18 ago. 2022. de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005.
No texto, o pesquisador José Moran aprofunda a discussão Obra que apresenta conceitos históricos em formato de ver-
sobre a importância do uso das metodologias ativas para o de- betes, nos quais são elaboradas exposições que ajudam o leitor
senvolvimento integral dos alunos. a compreender elementos teóricos da História.
• NEVES, Iara C. Bitencourt (org.). Ler e escrever: compromisso • SILVA, Maria Lúcia Alves Teixeira. Ensino de história: meto-
de todas as áreas. 9. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, dologias ativas e aprendizagem significativa. Informação em
2011. Cultura, Mossoró, v. 3, n. 2, p. 27-46, jul./dez. 2021.
A obra busca explicar a importância da produção de conhe- Artigo sobre o ensino de História com foco nas metodolo-
cimento na educação contemporânea no intuito de proporcio- gias ativas.
nar uma efetiva transformação social.
• VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação: concepção
• NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos projetos: uma jor- dialética-libertadora do processo de avaliação escolar. São Pau-
nada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas
lo: Libertad, 1998. (Cadernos Pedagógicos do Libertad, v. 3).
inteligências. São Paulo: Érica, 2001.
Livro em que o professor Celso dos Santos Vasconcellos ela-
Livro em que o autor busca complexificar a visão a respeito
da pedagogia de projetos. bora uma contundente crítica às lógicas e efeitos da avaliação
escolar, que acaba, segundo o autor, por ter um papel predomi-
• OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de (coord.). História: ensino nantemente político.
fundamental. Brasília, DF: Ministério da Educação: Secretaria
de Educação Básica, 2010. (Explorando o ensino, v. 21). • VASCONCELOS, Celso dos Santos. Superação da lógica clas-
Coletânea de textos sobre o ensino de História. Nesses tex- sificatória e excludente da avaliação: do “é proibido reprovar”
tos, diferentes autores e autoras refletem a respeito de temas ao é preciso garantir a aprendizagem. São Paulo: Libertad,
que vão desde problematizações sobre os conteúdos ensinados 1998. (Coleção Cadernos Pedagógicos do Libertad, v. 5).
em História nas salas de aula até a incorporação das culturas in- Neste livro, o autor aborda o tema da avaliação e elabora
dígenas e afro-brasileira no ensino deste componente curricular. questões sobre alguns dos impasses vividos em ambiente escolar.
LX
OBJETIVOS CONTEÚDOS B T S
• Reconhecer as formas de organização social, os saberes e as
técnicas das sociedades americanas.
• Refletir sobre a dominação e a resistência no interior do Império Os astecas
Asteca.
• Comparar os astecas aos maias no tocante à política.
• Estudar a organização social dos incas.
• Conhecer as formas de organização social dos povos tupis.
Os maias
• Trabalhar a economia e o poder no Império do Mali.
UNIDADE 1 – AMÉRICA E ÁFRICA ANTES DOS EUROPEUS
Os bantos
Os iorubás
LXI
Motivos da Reforma
Os primeiros reformadores
Martinho Lutero
2O
João Calvino
A Reforma na Inglaterra
A Reforma Católica
ou a Contrarreforma
LXII
LXIII
LXIV
1a edição
São Paulo ∙ 2022
22-115042 CDD-372.89
Índices para catálogo sistemático:
1. História : Ensino fundamental 372.89
Parque Nacional do Iguaçu: Patrimônio Natural Mundial.
Paraná, 04/2019. Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427
Quero lhe dizer algo que para mim é importante e, por isso, gostaria que você
soubesse: para que este livro chegasse às suas mãos, foram necessários o tra-
balho e a dedicação de muitas pessoas: os profissionais do mundo do livro.
O autor é um deles. Sua tarefa é pesquisar e escrever o texto e as atividades,
além de sugerir as imagens que ele gostaria que entrassem no livro. A essas pági-
nas produzidas pelo autor damos o nome de originais.
O editor e seus assistentes leem e avaliam os originais. Em seguida, solicitam ao
autor que melhore ou corrija o que é preciso no texto. Por vezes, pedem ao autor que
refaça uma ou outra parte. Daí entram em cena outros trabalhadores do mundo do
livro: os profissionais da Iconografia, da Arte, da Revisão, do Jurídico, entre outros.
Os profissionais da Iconografia pesquisam, selecionam, tratam e negociam
as imagens (fotografias, desenhos, gravuras, pinturas etc.) que serão aplicadas
no livro. Algumas dessas imagens são os mapas, elaborados por especialistas, os
cartógrafos, e desenhos baseados em pesquisas históricas, feitos por profissionais
denominados ilustradores.
Os profissionais da Arte criam um projeto gráfico (planejamento visual da obra),
preparam e tratam as imagens e diagramam o livro, isto é, distribuem textos e
imagens pelas páginas para que a leitura se torne mais compreensível e agradável.
Os profissionais da Preparação e Revisão corrigem palavras e frases, ajustam
e padronizam o texto.
A equipe do Jurídico solicita a autorização legal para o uso de textos de outros
autores e das imagens que irão compor o livro.
Todo esse trabalho é acompanhado pela Diretoria e Gerência Editorial.
Em seguida, esse material todo, que é um arquivo digital, segue para a gráfica,
onde é transformado em livro por técnicos especializados do setor Gráfico. Depois
de pronto, o livro chega às mãos dos consultores comerciais e educacionais, que
o apresenta aos professores, profissionais que dão vida ao livro, objeto ao mesmo
tempo material e cultural.
Meu muito obrigado, do fundo do coração, a todos esses profissionais, sem os
quais esta Coleção não existiria! Por fim, agradeço à minha equipe e, também, a
você, leitor, motivo de nossa existência.
O autor
UNIDADE 1
AMÉRICA E ÁFRICA ANTES DOS EUROPEUS....8
CAPÍTULO 1
Povos indígenas saberes e técnicas .....................10
Os astecas ..........................................................................11
A sociedade asteca .....................................................13
Saberes e técnicas dos astecas ............................14
Os maias .............................................................................15
Sociedade e economia...............................................16
Saberes e técnicas maias ........................................ 17
CAPÍTULO 2
Povos e culturas africanas:
malineses, bantos e iorubás .................................. 33
África: aspectos físicos ............................................ 34
O Império do Mali......................................................... 34
Os bantos .......................................................................... 40
Reino do Congo .............................................................41
Bantos no Brasil .......................................................... 45
Os iorubás ......................................................................... 46
Política e economia ....................................................47
A arte de matriz iorubá............................................. 48
O Reino de Benin ......................................................... 49
Iorubás no Brasil ......................................................... 50
Atividades ....................................................................... 53
#JovensnaHistória .................................................. 58
BJANKA KADIC/ALAMY/FOTOARENA
KAVALENKAU/SHUTTERSTOCK.COM
Cabral toma posse das terras brasileiras ...... 161
Outros europeus .......................................................... 163
Atividades ..................................................................... 164
CAPÍTULO 8
Conquista e colonização espanhola
da América ......................................................................... 169
A conquista das terras astecas ..........................170
A conquista das terras incas................................172
A resistência inca ......................................................173
Um novo olhar sobre as razões
da conquista espanhola .......................................174
1
Cientes de que vivemos em
um tempo em que se apreen-
de o acontecimento pelas re-
des sociais, por meio de uma AMÉRICA E ÁFRICA
imagem ou manchete e des-
conectado de seu contexto de ANTES DOS EUROPEUS
produção; cientes, também,
de que vivemos sob o impera-
tivo de um presenteísmo que
desqualifica o passado como
Na América, o contato entre ameríndios, europeus e
MUMEMORIES/SHUTTERSTOCK.COM
experiência política e social africanos foi marcado por desencontros e muita violên-
capaz de alimentar nossas re- cia. Mas além disso, caracterizou-se por trocas culturais
flexões sobre o presente; cien- e mútuas influências. Depois desses encontros e desen-
tes, ainda, de que a memória contros, europeus, ameríndios e africanos nunca mais
não pode ser confundida com foram os mesmos, especialmente no campo da alimen-
a História e que interrogamos tação; exemplo disso é a variedade de plantas de dife-
rentes origens de que nos alimentamos hoje no Brasil.
o passado a partir de questões
que nos afligem no presente,
SERHII HREBENIUK/SHUTTERSTOCK.COM
ANDREW HAGEN/SHUTTERSTOCK.COM
com legitimidade acadêmica.
Na abertura de cada capítu-
lo, explicitamos os objetivos,
as justificativas e as principais
competências e habilidades a
serem trabalhadas. No corpo
do capítulo e nas atividades,
evidenciamos as nossas estra-
tégias para o desenvolvimento
dessas habilidades e compe-
tências.
Nas páginas de abertu-
Uvas.
ra de unidade, vamos citar
exemplos da articulação en-
tre objetivos, habilidades e
8
competências, por acreditar
que, ao longo da coleção, esse
procedimento contribuirá Nesta unidade, vamos
HIS-F2-2111-V7-U1-C01-LA-G24.indd 8 desenvolver a ha- to com seus saberes e técnicas. Esse objetivo 20/08/22 19:41 HIS
para o importante propósito bilidade EF07HI03, a partir dos temas Povos articula-se à habilidade EF07HI03, às compe-
de “transformar a história em Indígenas: saberes e técnicas e Povos e cul- tências gerais 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e às competên-
ferramenta a serviço de um turas Africanas: malineses, bantos e iorubás, cias específicas 1, 2, 3, 4 e 6.
discernimento maior sobre de modo articulado às competências gerais Objetivo: Conhecer a organização social,
as experiências humanas e as de 1 a 10 e às competências específicas 1, 2, os saberes e técnicas de povos africanos, a
sociedades em que se vive.”, 3, 4, 6 e 7. exemplo dos iorubás, e sua importância na
conforme sugere a BNCC Vejamos, agora, dois exemplos dessa articu- formação do Brasil. Esse objetivo articula-se
(BRASIL, 2018, p. 401). lação. à habilidade EF07HI03, às competências ge-
Objetivo: Conhecer a forma de organiza- rais 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9 e 10 e às competências
ção social dos povos tupis e entrar em conta- específicas 1, 2, 3, 4, 6 e 7.
8
BONDART PHOTOGRAPHY/SHUTTERSTOCK.COM
nais da potencialidade da rique-
za nacional, ainda em grande
parte inexplorada. Essa poten-
cialidade é ainda mais enfatiza-
da quando se pretende aludir às
características naturais que há
muito tornaram o Brasil “o País
do futuro”, com terra farta e rica,
clima ameno e povo “cordial”,
ingredientes raros e tão bem
contemplados pela natureza.
Mas, apesar de a extensão con-
tinental do Brasil ser há muito
Milhos. Melancia. considerada um dado “natural”,
a conformação territorial que
Nesta página e na anterior você vê fotos de alimentos que consumimos em nosso dia a dia. Você é capaz hoje conhecemos foi antes uma
de saber quais são nativos da América? Quais foram trazidos pelos europeus? Quais tem origem africana? lenta, longa e difícil construção,
Teste seus conhecimentos: no caderno, indique com o número 1 as plantas nativas da América, com o tecida ao longo de cinco séculos
número 2, as plantas introduzidas pelos europeus e, com o número 3, aquelas de origem africana. de história.
Essa construção deu-se, fun-
damentalmente, através de
GUENTERMANAUS/SHUTTERSTOCK.COM
duas estratégias diferentes, mas
complementares: a conquista
territorial e as negociações di-
plomáticas. Esses dois aspectos
da tomada de posse e ocupação
do território do que viria a ser
o Brasil podem ser observados
desde o momento inaugural da
chegada dos portugueses a nos-
sa costa, no alvorecer do século
XVI, quando as viagens ultrama-
rinas conjugavam o imaginário
do maravilhoso medieval com
as novidades técnicas náuticas
que impulsionaram a aventura
da expansão marítima. [...]
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA
E ESTATÍSTICA. Brasil, 500 anos de
povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.
p. 19.
Açaí.
• Aprofundar o assunto com a leitura do texto: MILHO e suas riquezas – História. SindMilho &
Soja. São Paulo, c2022. Disponível em: https://www.fiesp.com.br/sindimilho/sobre-o-sind-
milho/curiosidades/milho-e-suas-riquezas-historia/. Acesso em: 5 ago. 2022.
Hoje, mais de 500 anos depois da conquista europeia das terras americanas, a humanida-
de começa a avaliar sua dívida para com os indígenas da América. A domesticação de plantas
alimentícias importantes no nosso dia a dia é apenas parte dela. A dívida é imensa e está
longe de ser resgatada.
1
e as técnicas das sociedades
americanas.
• Refletir sobre a dominação
POVOS INDÍGENAS
e a resistência no interior do SABERES E TÉCNICAS
Império Asteca.
• Comparar os astecas aos
maias no tocante à política.
• Estudar a organização social
dos incas. Observe o mapa com atenção.
• Conhecer as formas de orga-
nização social dos povos tupis. Povos da América no início do século XVI
ALLMAPS
Este capítulo visa colaborar para
a identificação de aspectos e pro-
cessos específicos das sociedades
americanas antes da chegada
dos europeus, com destaque
para as formas de organização
Círculo Polar Ártico
social e o desenvolvimento de
saberes e técnicas. Assim, preten-
demos contribuir para o desen-
volvimento das competências e
habilidades propostas.
BNCC OCEANO
ATLÂNTICO
Trópico de Câncer
• Competências gerais: 1, 2, 3,
6, 7, 9 e 10.
• Competências específicas: 1, Equador
Principais grupos 0º
2, 3 e 4. linguísticos
Esquimó-aleutino
OCEANO
• Habilidade: EF07HI03. Trópico de Capricórnio PACÍFICO
Na-Dene
Sioux-Dakota
Iroqueses
Algonquino-Wakash
ENCAMINHAMENTO Uto-Astecas
Maias
Aruak
• Explorar o mapa da página, Chibcha
o interesse do alunado pelo Não podemos dizer com exatidão quando e continente. Foi Américo Vespúcio – um navegador
estudo de alguns aspectos da como o continente foi povoado, mas sabemos veneziano que tomou parte em quatro expedi-
vida social desses povos. que na América desenvolveram-se muitos gru- ções de exploração e reconhecimento da América.
• Aprofundar o assunto com a pos com cultura neolítica. Para conhecê-los é NEVES, Ana Maria Bergamin; HUMBERG, Flávia Ricca.
leitura do texto: ZORZETTO, preciso inseri-los na região em que viveram e Os povos da América: dos primeiros habitantes
Ricardo. A complexa ocupa- analisar o processo de desenvolvimento cultu- às primeiras civilizações urbanas.
São Paulo: Atual, 1996. p. 3-4.
ção das Américas. Revista ral por que passaram ao longo do tempo. Em
Pesquisa Fapesp, São Paulo, muitos casos, esses processos duraram séculos
23 jul. 2015. e envolveram grupos diversos, que se mistura-
ram através de migrações ou conquistas.
10
e diferenças.
A dominação asteca
• Tema Contemporâneo Trans-
versal: o trabalho com a do- Veja o que diz um historiador sobre a dominação asteca.
minação e a política fiscal Todos os povos subjugados pelos astecas eram obrigados a pagar-lhes pesados
pode colaborar para a refle- impostos, sob diversas formas: penas raras (do pássaro Quetzal, por exemplo),
xão sobre o tema educação
pedras preciosas (como o jade), alimentos (milho, cacau), pessoas para oferecer em
fiscal, da macroárea econo-
sacrifício aos deuses. Consta que, todos
mia.
Os povos “imperiais”
Existe uma correlação entre
império e sedentarismo, no
sentido que estamos dando
Códice Mendoza, 1542. O pagamento de
a esta palavra; nenhum povo impostos era feito em mercadorias. Oficiais
responde melhor à descrição do imperador faziam uma lista detalhada
de grupo sedentário do que os dos tributos enviados. Repare que nesta lista
habitantes da região central do constam mantas de diferentes formas e modelos,
México e dos Andes, lares res- vestes cerimoniais com cocares e penas,
pectivos dos impérios asteca e feixes de plumas, colares e sacas de cacau.
inca. [...] Mais do que criar o se-
dentarismo, os grandes regimes a) O que os astecas exigiam dos povos dominados?
tributários que foram chamados
de impérios se alimentavam b) De acordo com o texto, o que se pode concluir sobre os astecas?
dele; suas fronteiras paravam de b) Pode-se concluir que os astecas oprimiam os povos dominados por eles.
forma abrupta nas fronteiras da c) Tente responder: como será que os povos dominados reagiram à opressão asteca?
vida sedentária. [...]
c) Reagiram por meio de revoltas; uma dessas revoltas foi promovida pelo povo da cidade de Cuetlaxtlan,
A agricultura intensiva era a que aprisionou os coletores de impostos astecas e ateou fogo em seus corpos.
base daquela vida [...].
O grosso da população agrícola # DICA!
comum recebia terra e outros di- Animação sobre a formação do Império asteca.
reitos das autoridades da aldeia IMPÉRIO asteca: grandes civilizações. 2015. Vídeo (22min8s). Publicado pelo canal Filmow.
e da província, e em troca, por Disponível em: https://www.dailymotion.com/video/x2p80lm. Acesso em: 19 maio 2022.
meio de procedimentos estabe-
lecidos, desempenhava tarefas a) Exigiam impostos pagos em produtos e pessoas para serem oferecidas em sacrifício aos deuses. Quando
públicas e pagava tributos, que 12 eclodiam revoltas, os mexicas enviavam seu exército para reprimir os rebeldes e eliminar seus líderes.
passavam primeiro pelas auto-
ridades locais e depois pelo go-
vernante dinástico da província.
A unidade-aldeia era dividida que significa “volta” ou “rodada”,
AV-HIS-F2-2111-V7-U1-C01-LA-G24.indd 12 e no centro do ao governante dinástico. Na verdade, nos Andes 01/08/22 09:47 AV-
13
©BANCO DE MEXICO DIEGO RIVERA & FRIDA KAHLO MUSEUMS TRUST, MEXICO, D.F .FOTO: BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
ótica do muralismo mexica-
no (1920-1940). In: ENCON-
TRO INTERNACIONAL DA
ANPHLAC, 10., 2012, São
Paulo. Anais [...]. São Paulo:
ANPHLAC, 2012.
• Explicar que lacustre se re-
fere à cidade construída às
margens e sobre um lago.
Imagens em movimento
Animação em três dimen-
sões esquematiza a cidade de
Tenochtitlán.
• TENOCHTITLAN, the Capi-
tal of the Aztec Empire - 3D
animation 4K. 2021. Vídeo
(1min30s). Publicado pelo
canal Pike & Shot Channel.
Disponível em: https://youtu. Detalhe de A grande cidade de Tenochtitlán, afresco do muralista mexicano Diego Rivera.
be/VdUiVfxVB0I. Acesso em:
30 maio 2022. Numa época em que os livros de História do México mostravam os espanhóis como
“os únicos construtores” da nação, o artista Diego Rivera inovou ao valorizar a atuação
TEXTO DE APOIO dos povos indígenas nos diversos campos da vida social do país.
Desde antes da chegada dos europeus, as cidades construídas pelos povos da América
Templo asteca é descoberto
chamavam a atenção dos visitantes. Para construir Tenochtitlán, por exemplo, os astecas
em plena capital mexicana
utilizaram conhecimentos de cálculo e técnicas apuradas de construção civil.
Em meio ao burburinho da Ci-
dade do México, foram revelados,
Na capital asteca destacavam-se as chinampas, ilhas artificiais feitas sobre estacas
nesta quarta-feira [8 jun. 2017], fixadas no fundo do lago. Para fixá-las, os astecas, além de bons construtores, tinham
novos achados arqueológicos em de ser ótimos nadadores e dominar técnicas de respiração. A fertilidade das terras pan-
plena capital: uma gigantesca es- tanosas garantia a produção de alimentos para os habitantes da
trutura circular dedicada ao deus Lacustre: que está
asteca do vento, além de uma próximo ou sobre um lago. cidade lacustre
lacustre.. Nessas ilhas, eles cultivavam flores, verduras e
parte do campo em que o con- plantas medicinais, entre outras. Cortada por canais e aquedutos,
quistador Hernán Cortés apre- ruas largas e retas, Tenochtitlán provocou enorme admiração nos conquistadores espa-
ciou pela primeira vez o ritual do nhóis nascidos em cidades relativamente menores, de ruas tortas e estreitas. A cidade de
jogo de bola mesoamericano. Tenochtitlán continua chamando a atenção dos estudiosos de hoje.
Os vestígios que podem ser vis-
tos fazem supor que o templo, 14
com nome Ehécatl-Quetzalcóatl,
tinha dimensões monumentais
— os pesquisadores estimam um
tamanho de 34 metros de largu- condidos sob as ruas e14construções do centro
AV-HIS-F2-2111-V7-U1-C01-LA-G24.indd As descobertas, partes do complexo arqueoló- 01/08/22 12:16 D1_
ra e quatro de altura. A menos de histórico da Cidade do México. gico Templo Mayor, se situam no terreno do Hotel
sete metros e em paralelo ao tem- Catedral, destruído por um terremoto em 1985 e
— Os achados que vemos representam uma
plo, estão os resquícios do campo cujos donos pediram intervenção de especialis-
nova abordagem ao esplendor da cidade pré-
do jogo de bola, que pode ter tido tas após encontrarem vestígios arqueológicos.
-hispânica de Tenochtitlán — destacou a minis- Os pesquisadores estimam que a construção do
50 metros de comprimento.
tra da Cultura, María Cristina García, em entre- templo, conhecido como “Casa do Vento” e que
Ambos achados se somam a vista coletiva. está orientado em direção ao oratório a Tláloc,
um impressionante acervo de
María Cristina explicou que as estruturas deus da chuva, aconteceu entre 1486 e 1502.
vestígios descobertos na capi-
“ocupavam um lugar preponderante na confi- TEMPLO asteca é descoberto em plena capital mexicana. O Globo.
tal mexicana — e fazem parte Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: https://oglobo.globo.com/
de tesouros arqueológicos que guração da cidade hispânica” e, em particular, sociedade/historia/templo-asteca-descoberto-em-plena-capital-
provavelmente permanecem es- da grande praça central da cidade. mexicana-21450090#ixzz5N9I9OJD1. Acesso em: 3 ago. 2022.
14
ALLMAPS
90º O
Kukulcán refere-se aos assuntos
OCEANO
ATLÂNTICO
governamentais, e sua relação
Chichén-Itzá com a cultura material apareceu
Mayapán
Golfo do México
pela primeira vez na importante
Uxmal obra do primeiro bispo de Iuca-
tán, frei Diego de Landa, intitu-
lada Relaciones de las cosas de
DALLAS MUSEUM OF ART, TEXAS, EUA.
20º N
YUCATÁN Yucatán,, que em 1566 escreveu
Yucatán
FOTO: BRIDGEMAN/FOTOARENA
período clássico
Chichén-Itzá foi centro he-
tardio, c. 700-850. Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2011. p. 236.
gemônico que conquistou mi-
litarmente grande parte da Pe-
nínsula do Iucatã, foi produtor e
distribuidor exclusivo de sal em
Assim como os antigos gregos, os maias viviam em cidades-Estado, ou seja, cidades toda Mesoamérica, controlou
com governo, leis e costumes próprios. Em caso de guerra contra um inimigo comum, as grande parte das rotas maríti-
mas maias através da constru-
cidades maias se organizavam em confederações, mas nunca chegaram a constituir um
ção de portos, além de ter sido
império, a exemplo dos astecas e dos incas. uma cidade responsável por
tributar várias cidades maias
15 [...]. O seu principal conjunto de
edifícios chama-se Grande Nive-
lação [...].
Embora a escrita de Chichén-
12:16 D1_HIS-F2-2111-V7-U1-C01-LA-G24.indd 15 ENCAMINHAMENTO 14/07/22 11:53
-Itzá não faça alusão direta ao
• Aprofundar o assunto acessando a reportagem: O LEGADO maia e os mistérios de Chichén- personagem Kukulcán, por ana-
Itzá, uma das sete novas maravilhas. Correio Braziliense. Brasília, 2015. Disponível em: logia etnológica e iconográfica,
é possível perceber que este
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/turismo/2015/10/22/interna_turismo,
indivíduo foi representado em
503385/legado-maia.shtml. Acesso em: 3 ago. 2022. alguns edifícios da Grande Nive-
• Destacar as diferenças políticas entre maias e astecas, ressaltando que as cidades-Estado lação [...].
maias eram autônomas e, portanto, não eram subordinadas a um centro de poder único. NAVARRO, Alexandre Guida. O rei maia
Kukulcán e seus discursos de propaganda
política em Chichén-Itzá. Revista de
Arqueologia Pública, Campinas, n. 7, p.
7-19, jul. 2013. p. 8-9.
15
SÍTIO ARQUEOLÓGICO DE CACAXTLA, TLAXCALA, MÉXICO. FOTO: DEA/G DAGLI ORTI/AGB PHOTO LIBRARY
e o pós-clássico (1050 a 1550). No
primeiro houve uma gradual
sedentarização, crescente rele-
vância da produção de milho, a
formação de vilas autônomas
e a constituição de sociedades
estratificadas. Entre os vários
sítios pré-clássicos maias já
descobertos, El Mirador é espe-
cialmente significativo pela sua
antiguidade e pelo grande porte
e imponência das suas constru-
ções públicas e privadas. Nesse
local – situado na região do Pe-
tén, extremo norte da Guatema-
la – arqueólogos descobriram
uma pirâmide que é a mais volu-
mosa do continente americano
e talvez do mundo (plataforma:
320 x 600 metros, altura: 170,40
metros), superando as famosas
pirâmides egípcias (Kéops tem
altura de 146,60 metros). [...]
O período clássico é o mais
conhecido [...]. O volume e a
qualidade das informações ar-
queológicas e históricas desse Pintura mural maia com cena de cultivo de milho descoberta por arqueólogos no Templo Vermelho,
período se devem a um peculiar na cidade de Tlaxcala (México), c. 600-700 a.C.
sistema de escrita. Denomina-
do de logográfico, ele combina
aproximadamente 800 signos,
16
entre fonéticos e ideográficos.
Mesmo com a virtual extinção
da escrita maia por imposição Mundo. A alcunha se deu
D1_HIS-F2-2111-V7-U1-C01-LA-G24.indd 16 pelas maravilhosas guinte, junto com muitos outros reinos maias, 14/07/22 11:53 D1_
do poder colonial espanhol, epi- esculturas tridimensionais, por suas constru- especialmente do centro e do sul, por motivos
grafistas e outros cientistas con- ções cerimoniais e político-administrativas, que ainda estão sendo apurados pelos arqueó-
seguiram decodificar e entender pelos comprovados avanços intelectuais – espe- logos [...].
mais de 80% dos antigos glifos cialmente em astronomia – e pela continuidade AVILA, Carlos Federico Domínguez. Origem e transformações
[...]. Foi no período clássico que e harmonia do conjunto urbanístico. Explorado do estado e da sociedade na América Latina: apontamentos
os maias alcançaram seus mais desde o século XIX, Copán é provavelmente o sobre o cânone maia. Revista Hegemonia, Brasília, DF, n. 22
espetaculares projetos arquite- sítio arqueológico maia melhor conhecido. Está (especial), p. 127-156, 2017. p. 130-131.
tônicos, técnicos e artísticos. O comprovado que uma dinastia copaneca reinou
reino de Copán, por exemplo, entre 426 e 822, tendo o auge de seu desenvol-
acabou sendo chamado pelos vimento econômico, político e social no século
especialistas de Atenas do Novo VIII. Mas Copán foi abandonado no século se-
16
EDITORA ZAHAR
Imagens em movimento
O vídeo descreve os códices
maias e a sua decifração.
Templo dos Guerreiros em forma de pirâmide e, em volta dele, os vestígios do Palácio das Mil Colunas. • Os CÓDICES maias: os úni-
Chichén-Itzá (México), 2014. cos livros de uma civilização
americana | Mitologia. 2017.
17 Vídeo (4min55s). Publicado
pelo canal ARKANA. Dispo-
nível em: https://youtu.be/
11:53 +ATIVIDADES
D1_HIS-F2-2111-V7-U1-C01-LA-G24.indd 17 Propor o jogo “Pif Paf maia”. Acessar o tex-
14/07/22 11:53
XuO781sslek. Acesso em: 3
to com as regras do jogo: PIF Paf maia. MD ago. 2022.
Explicar o sistema numérico maia, diferen-
Mat. Porto Alegre: UFRGS, [20-?]. Disponível
ciando-o do indo-arábico. Consultar o arti-
em: http://mdmat.mat.ufrgs.br/anos_iniciais/
go: MORAES, Denise. O sistema numérico
sn_maia/pif_maia.pdf. Acesso em: 3 ago 2022.
maia. InVivo. Rio de Janeiro, 2021. Disponí-
vel em: http://www.invivo.fiocruz.br/cien- • Interdisciplinaridade: essa atividade
ciaetecnologia/o-sistema-numerico-maia/. pode ser trabalhada com o professor de
Acesso em: 3 ago. 2022. Matemática.
17
TEXTO DE APOIO
Civilização Inca
Em menos de um século, a
confederação cuzquenha lidera-
da pelos Incas chegou a fundar
o mais vasto Império da Amé-
rica pré-colombiana. Os territó-
rios que conquistaram por meio
de guerras incessantes cobriam
uma superfície de 950 mil quilô- Mulher e criança peruanas caminham por estrada inca próxima a Cuzco (Peru), 2015.
metros quadrados, equivalente
à da França, da Itália, da Suíça e 18
do Benelux reunidos. Ela se es-
tendia do norte ao sul, segundo o
eixo das cordilheiras [...]. A oeste,
fazia limite com o oceano Pací- incertas, mas é duvidoso 18que tivesse ultrapassado
D1_HIS-F2-2111-V7-U1-C01-LA-G24.indd A vocação imperialista dos Incas originou-se 14/07/22 11:53 AV-
fico. A leste, uma linha de forti- 10 milhões de habitantes às vésperas da chegada do sucesso que obtiveram nas guerras que lhes
ficações os protegia de incursões dos europeus. Compunha-se de uma centena de foram largamente impostas pelas populações
das tribos silvícolas indomáveis grupos étnicos de importância desigual, que se di- circundantes. A inesperada vitória de Pachakuti
e predadoras da Amazônia, que ferenciavam uns dos outros pela língua e pela cul- sobre os invasores Chanka rompera precário
tentavam esporadicamente subir tura. Por mais ligadas que tivessem sido por uma equilíbrio político dos Andes. De um lado, porém,
as encostas dos Andes para pe- “co-tradição” forjada no alvorecer de sua história, devia também cristalizar contra tal hegemonia
netrar no interior dos planaltos. durante as grandes fases de formação da unidade hostilidade das etnias vizinhas que se julgavam
A população compreendida nos pan-andina, essas etnias reagrupadas pelos Incas ameaçadas e cujas sucessivas derrotas só pode-
limites do Império tem sido obje- não constituíam mais que um conjunto político riam ampliar cada vez mais o poder cuzquenho.
to de estimativas vagas e contra- notoriamente heterogêneo. FAVRE, Henri. A civilização inca. Rio de Janeiro:
ditórias, fundadas em bases ainda [...] Zahar, 2004. p. 24-25.
18
11:53 ENCAMINHAMENTO
AV-HIS-F2-2111-V7-U1-C01-LA-G24.indd 19 01/08/22 09:58 Dica de leitura
• Refletir sobre os elementos constitutivos do poder político no Império Inca. Livro que aborda os séculos
XV e XVI quando milhares de
• Reconhecer a estratificação social na sociedade incaica.
navegantes cruzaram o oceano
• Perceber a importância da imposição de uma língua, de um poder central e de um culto religio- Atlântico em busca de riquezas.
so para explicar a força dos incas.
• GRUZINSKI, Serge. A passa-
Para refletir. b) Comentar que a cobrança violenta dos impostos criava um ambiente de
gem do século (1480-1520): as
instabilidade e tensão permanentes no interior do Império; essas tensões internas ajudam a
origens da globalização. São
explicar o avanço da conquista espanhola na América.
Paulo: Companhia das Letras,
1999. (Virando séculos).
19
SAIKO3P/SHUTTERSTOCK
TEXTO DE APOIO
A sede do poder
Durante longo tempo, Cuzco
não foi senão uma aglomera-
ção de cabanas indistintamente
agrupadas ao redor do santuá-
rio rústico, onde fora colocada
a imagem do Sol. Mas Pachakuti
transformou essa pequena al-
deia em sua vasta cidade cos-
mopolita, que compreendia, em
seu apogeu, talvez mais de 60
mil habitantes. [...]
[...] Essa cidadela compreen-
dia diversos arsenais e casernas,
bem como uma torre monumen-
tal de quatro ou cinco níveis que
repousava sobre uma base qua- 20
drada. Fora planejada para que
5 mil guerreiros nela pudessem
facilmente manter-se em guar-
nição e rechaçar um cerco. San- mos de altura, outras 25,20e outras 15, mas não há
D1_HIS-F2-2111-V7-U1-C01-LA-G24.indd tamente entalhadas e ajustadas umas às outras 14/07/22 11:53 D1_
cho de La Hoz, que a viu antes de qualquer uma que seja suficientemente peque- sem outro cimento além do betume. À meia al-
ser destruída, escreve que era a na para ser transportada em três carroças.” Com tura de muralha passava uma cornija de ouro
coisa mais bela que se poderia efeito, a fortaleza era defendida, do lado oposto de quatro palmos de largura. As portas, inteira-
admirar no país. “As rampas são da vila, por três muralhas sucessivas [...]. mente revestidas de ouro, abriam-se para um
feitas de pedras tão grandes que [...] o edifício mais notável da cidade, e o mais jardim coberto de fragmentos de ouro fino e
ninguém poderia imaginar, ao venerável de todo o Império, era o Templo do plantado com um milho cujo caule, folhas e es-
vê-las, que tivessem sido colo- Sol ou Qorikancha, que os imperadores não pigas eram igualmente de ouro. Em meio a essa
cadas nesse lugar pela mão do cessaram de embelezar e enriquecer ao longo vegetação artificial, passavam umas 20 lhamas
homem, são tão grandes quan- de seus reinados. Segundo Cieza de León, era de ouro em tamanho natural. [...]
to pedaços de montanha ou de uma vasta muralha retangular de 400 passos de FAVRE, Henri. A civilização inca.
rochedos, e algumas têm 30 pal- perímetro, construída em pedras secas, perfei- Rio de Janeiro: Zahar, 2004. p. 62-63.
20
HARRY ZIMMERMAN/SHUTTERSTOCK.COM
técnica agrícola que consistia em construir terraços na forma de uma
• Favorecer a compreensão do
pagamento da mita na socie-
imensa escada para a prática da agricultura (sistema de terraços).
dade incaica.
Nos degraus mais altos, cultivavam espécies vegetais resistentes
• Explicar aos alunos que os
ao frio, como a batata; nos do meio, milho, abóbora e feijão; nos
incas desenvolveram um sis-
mais baixos, semeavam as árvores frutíferas. Com isso, conseguiam
tema de registro chamado
colheitas variadas e fartas o ano inteiro. Os incas se dedicavam kipu, que eram conjuntos de
também ao pastoreio: criavam o lhama e a alpaca, animais usados cordões de lã, nos quais se
no transporte e dos quais obtinham lã e leite. registrava a produção agrí-
Os camponeses constituíam a maioria da população. Cada Lhama. cola e os tributos recolhidos,
entre outros. Aprofundar
GAIL JOHNSON/SHUTTERSTOCK.COM
aldeia era formada por um conjunto de famílias camponesas unidas
por laços de parentesco que recebia o nome de ayllu;; o chefe do o assunto com a leitura do
ayllu era o kuraka
kuraka.. texto: URTON, Gary. Incas
As terras de cada ayllu eram divididas em três partes: uma para cobravam imposto agríco-
o imperador, uma para os deuses (controlada pelos sacerdotes) e la. Revista Pesquisa Fapesp,
São Paulo, jul. 2019.
outra para as famílias camponesas. Além de trabalhar em todas
as terras, os camponeses tinham de prestar serviços gratuitos ao Dica de leitura
Estado, plantando, construindo ou reformando; essa obrigação Neste livro, o autor busca re-
tinha o nome de mita.. Alpaca. contar aspectos do surgimento
e do desenvolvimento do povo
POOLPS27/SHUTTERSTOCK.COM
inca, destacando suas caracte-
rísticas, sua cultura e a divisão
existente na sociedade.
• FAVRE, Henri. A civilização
inca. Rio de Janeiro: Zahar,
2004.
Historiadores e antropólogos
dedicaram-se à análise do signifi-
cado do ayllu
ayllu,, estendendo-se até
os dias atuais, para compreender
como se formaram as comunida-
des indígenas de hoje. [...]
Os conceitos apresentados di-
ferem em particularidades, mas
o consenso entre os especialis-
tas é claro, o ayllu representa um
Vestígios do sistema de terraços nos arredores de Machu Picchu (Peru), 2018. grupo de parentesco. [...]
O movimento indigenista pe-
21 ruano utilizou ideologicamente
essa concepção de ayllu como
organização comunal detentora
de um território para defender
11:53 TEXTO DE APOIO
D1_HIS-F2-2111-V7-U1-C01-LA-G24.indd 21 14/07/22 11:53 os direitos de os indígenas te-
rem garantido o acesso à terra.
Algumas interpretações dadas ao ayllu no período pré-hispânico, históricas ou antropoló-
Nesse caso, não importavam
gicas, atribuem-lhe o sentido de sistema de parentesco, família extensa, linhagem, clã etc. as relações de parentesco, mas,
Outros estudos referem-se ao ayllu com uma conotação territorial, e essa interpretação só é sim, a comunidade que se podia
possível a partir do século XVI, quando cronistas espanhóis propagam o termo com uma acep- transformar numa cooperativa,
ção de agrupamento de índios ou pueblo
pueblo.. na qual todos produziriam para
O ayllu pré-hispânico é a família extensa que forma um grupo local detentor ou não de um terri- o bem do grupo.
tório utilizado comunitariamente para subsistência de seus integrantes. Sendo assim, o ayllu não é PORTUGAL, Ana Raquel. O ayllu andino
o território, a aldeia, mas o grupo familiar que está ligado por laços de parentesco e reciprocidade nas crônicas quinhentistas: um polígrafo
na literatura brasileira do século XIX (1885-
produtiva.
1897). São Paulo: Cultura Acadêmica,
[...] 2009. p. 101-102, 104, 106-107.
21
TEXTO DE APOIO
O texto a seguir é de Eduar-
do Góes Neves, doutor em Ar-
queologia pela Universidade Crianças falantes de língua tupi se refrescam e se divertem tomando banho no lago Mauaiaca.
de Indiana e livre-docente pela Aldeia Ipavú, Parque Indígena do Xingu (MT), 2018.
Universidade de São Paulo.
Os índios antes de Cabral
22
É uma verdade estabelecida
para a maioria dos brasileiros
peia, tal processo é no 22Brasil conhecido como se instalaram há dezenas de milhares de anos,
que a história do país foi inau- AV-HIS-F2-2111-V7-U1-C01-LA-G24.indd 01/08/22 12:17 AV-
UD
maneira prática? Em que medi- MU
SE
24
CONGRESSO DE ENSINO,
PESQUISA E EXTENSÃO, 4.,
2017, Pirenópolis. Anais [...].
Pirenópolis, UEG, 2017.
O trabalho com esse tema
contribui para o desen-
volvimento da habilidade
EF07HI03.
Indígenas da etnia tuyuka, da aldeia Utapinopona, fazendo pintura facial. Manaus (AM), 2018.
A tinta vermelha é extraída do urucum, e a preta, do jenipapo.
26
26
ATIVIDADES
ATIVIDADES NÃO ESCREVA dos a pagar-lhes pesados im-
NO LIVRO.
postos, sob a forma de penas
raras, pedras preciosas e ali-
mentos; d) Os povos domina-
dos eram obrigados a cultuar
EDITORA ZAHAR
d) Avalie e comente a teoria asteca do poder, colocando-se no lugar de uma pessoa comum da
sociedade asteca da época. 2. d) Resposta pessoal.
2. b) “Coléricos” e “travessos” e, portanto, incapazes de governar a si mesmos.
3 Avalie as afirmações a seguir e indique as corretas. 3. Alternativas A e C.
a) A vida da maioria no Império Asteca era opressiva; todos os povos dominados tinham de
pagar pesados tributos.
b) Os astecas exigiam que os tributos fossem pagos a eles em ouro, prata e pedras preciosas.
c) Os tributos pagos aos astecas fizeram a riqueza e o poder de Tenochtitlán, capital do Império.
d) Os tributos pagos aos astecas acabavam beneficiando a todos os povos do Império.
2. c) Os nobres tinham obrigação de ser um modelo para o povo. Já o povo devia
trabalhar, pagar impostos e obedecer.
27
3523STUDIO/SHUTTERSTOCK.COM
derno, incluindo definições
elaboradas com as palavras
deles para os termos ayllu,
mita e kuraka, para que esse
recurso esteja disponível
para consulta.
9. O trabalho com esta ativida-
de pode contribuir para o de-
senvolvimento da habilidade
EF07HI03.
Imagens em movimento
Vista de Machu Picchu (Peru). Fotografia de 2019. Vídeo legendado sobre a
9. b) Tratava-se de construir terraços na forma de uma imensa escada para a prática da agricultura. história de Machu Picchu.
a) Na imagem, veem-se vestígios de uma técnica agrícola utilizada pelos incas. Que técnica era
essa? 9. a) Essa técnica agrícola era o sistema de terraços.
• A ORIGEM de Machu Picchu.
b) Em que consistia essa técnica? 2019. Vídeo (3min18s). Pu-
c) O que eles cultivavam nos degraus mais altos? Por quê? blicado pelo canal National
d) E nos degraus mais baixos? 9. d) Nos degraus mais baixos, semeavam as árvores frutíferas. Geographic Portugal. Dispo-
e) O que conseguiam aplicando essas técnicas e saberes? nível em: https://youtu.be/
9. e) Conseguiam colheitas variadas e fartas o ano inteiro. rYPKVfKqGVc. Acesso em: 4
29
9. c) Nos degraus mais altos, os incas cultivavam espécies vegetais resistentes ao frio, como a batata,
e nos do meio, milho, abóbora e feijão.
ago. 2022.
premiopipa.com/pag/jaider-
esbell/. Acessos em: 4 ago. 2022.
10. Fontes para pesquisa:
MACHU Picchu: o santuário
histórico que irradia energia.
Perú. [S. I.], c2021. Disponível
em: https://www.peru.travel/pt/
atracoes/machu-picchu#locais-
de-interesse-em-machu-picchu;
VENDRAME, Fábio. Dez atrações
imperdíveis em Machu Picchu.
Viagem e turismo. [S. I.],
2012. Disponível em: https://
viagemeturismo.abril.com.
br/materias/dez-atracoes-
imperdiveis-em-machu-picchu/.
Acessos em: 5 ago. 2022.
11. Discutir com os alunos so-
bre os elementos presentes na
pintura, para auxiliá-los a ela-
borar interpretações a respeito
da obra.
A imersão na atividade 11 co-
labora para os estudantes desen-
volverem a competência geral 3. Obra de Carmézia Emiliano que mostra o trabalho comunitário em uma aldeia indígena, 2009.
11. a) Podem-se observar indígenas, alguns dentro de um lago, outros, nas margens, cada um praticando uma atividade.
a) O que vemos na imagem? 11. b) Os indígenas estão trabalhando, cada um desempenhando
uma função para a sobrevivência do grupo. Alguns pescam
TEXTO DE APOIO b) O que os indígenas estão fazendo?
com rede, outros, portam arco e flecha para pescar.
c) A imagem demonstra uma hierarquia entre os indígenas? As mulheres preparam o peixe,
O tupi nosso de cada dia cozinham e abastecem a lenha.
d) O que as crianças fazem na cena se reproduz na vida real?
Por que você está na pindaíba?
e) A sabedoria indígena nos ensina o respeito ao meio ambiente, de onde tiramos o sustento.
Pode ser porque está desempre-
Qual era a base alimentar dos tupis?
gado ou porque o salário é baixo. 11. d) Sim. Desde cedo, as crianças indígenas aprendem a trabalhar com os mais velhos; aprendem a caçar, plan-
Mas os índios de língua tupi há
séculos já podiam ficar na pin- 30 tar, pescar; e esses conhecimentos são transmitidos de geração para geração.
11. e) Os tupis viviam principalmente da agricultura, em especial do plantio de mandioca; da caça e da pesca.
daíba, sem esses motivos. É que
pindá,, em tupi, significa anzol.
pindá
Iba significa ruim. Então, pin- EAV2-HIS-F2-2111-V7-U1-C01-LA-G24.indd
o que, então, Jabaquara, 30 nome de um bairro de
falavam tupi e os jesuítas usavam esse idioma 05/08/22 09:35 AV-
daíba quer dizer “anzol ruim”. São Paulo e um outro de Santos, tem a ver com para se comunicar com os índios, daí o motivo de
E, para os povos que viviam em isso? É que quara é um sufixo tupi que significa “criarem” uma língua a partir dos vários dialetos.
grande parte da pesca, anzol refúgio, entre outras coisas. Jabaquara significa Por isso, tanto bandeirantes como os religiosos
ruim é o mesmo que não ter o “refúgio dos fugitivos”. É o mesmo que quilombo usavam esta língua para nomear rios, povoados etc.
que comer. no idioma quimbundo. O Quilombo do Jabaquara, STEFANEL, Xandra. O tupi nosso de cada dia. Rede Brasil
[...] Jabá, em tupi, é “fuga, fugir, de Santos, era famoso e abrigou escravos fugitivos Atual. [S. I.], 2014. Disponível em: https://www.redebrasilatual.
até a abolição da escravatura, em 1888. com.br/revistas/2014/11/o-tupi-nosso-de-cada-dia-8105/.
fugitivo”. Quando os índios escra- Acesso em: 4 ago. 2022.
vizados pelos portugueses fugiam [...]
eles precisavam comer, mas, como
não podiam parar para caçar, le- Em todos os estados brasileiros existem cidades
vavam carne seca, que passou a com nomes de origem tupi, mesmo naqueles em
ser chamada de jabá. que não se falava a língua. É que os bandeirantes
30
J.L.BULCÃO/PULSAR IMAGENS
difundido na América. A partir
TEXTO DE APOIO
do século XIX, os Mawé, do rio
Madeira, tinham praticamente O guaraná na história
o monopólio desse produto. [...] Sabe-se que, com o de-
É um estimulante notável, clínio de suas conquistas no
contendo pequeno teor de Oriente, Portugal determinou a
cafeína. O plantio do guaraná abertura da Amazônia como o
seu celeiro provedor de espécies
está difundido, hoje, por várias
de valor comercial [...]. Confiou
regiões e o seu uso aumenta a aos jesuítas a instalação, ao lon-
cada dia. go do Amazonas, de “reduções”
RIBEIRO, Berta G. A contribuição dos povos ou aldeamentos de indígenas
indígenas à cultura brasileira. In: GRUPIONI, atraídos ou “resgatados” dos
Luís Donisete Benzi; SILVA, Aracy Lopes da
(org.). A temática indígena na escola: altos rios, com o objetivo de
novos subsídios para professores de 1o e 2o sua cristianização e exploração
graus. São Paulo: Global; Brasília, DF: MEC:
Unesco, 1995; p. 204-205.
como mão de obra paga na ex-
tração das famosas “drogas do
sertão”. [...]
Nos breves, mas precisos re-
gistros feitos nas suas memórias
sobre as visitas missionárias que
fez à região do Tapajós, em 1762-
1763, o Bispo do Grão Pará, João
Folha e fruto do guaraná. de São José [...], beneditino, de-
monstra a importância do gua-
raná entre os Magués (mais um
dos diversos nomes dados aos
Sateré-Mawé ao longo dos sécu-
los). Ele chamou a atenção, em
particular, sobre o papel do seu
consumo como fator de coesão
social, de defesa guerreira e de
inserção econômica precoce no
mercado regional. Segundo o bis-
31 po, o guaraná era para os Magués
o seu “bem mais precioso”, con-
sumindo-o nas diferentes ações
que precediam uma guerra:
09:35 ENCAMINHAMENTO
AV-HIS-F2-2111-V7-U1-C01-LA-G24.indd 31 01/08/22 12:17
quando de suas “juntas” ou “con-
selhos”, quando se reuniam para
• Perguntar aos alunos se conhecem os frutos cacau e guaraná. A depender da região onde
decidir as ações estratégicas ou
vivem, é possível que só tenham contato com produtos industrializados produzidos a partir
outros “assuntos importantes”,
dessas matérias-primas, enquanto outros podem conhecê-los in natura. acrescentando que já nessa épo-
A leitura e a interpretação dos textos podem contribuir para os estudantes desenvolve- ca era empregado “como moeda
rem a competência geral 1. para pagamentos”.
FIGUEROA, Alba Lucy Giraldo. Guaraná,
a máquina do tempo dos Sateré-Mawé.
Boletim do Museu Paraense Emílio
Goeldi. Ciências Humanas, Belém, v. 11,
n. 1, p. 55-85, jan./abr. 2016. p. 67.
31
NNATTALLI/SHUTTERSTOCK.COM
dutos, como: geleias, xaropes, o que designava o “Sagrado”, e os astecas
sorvetes, doces, iogurtes e suco. acreditavam que esta planta era de origem
divina e o próprio profeta Quatzalcault
b. II. O cacaueiro é original de
florestas tropicais da América ensinava ao povo como cultivá-la, tanto
Central e do Sul, incluindo a para o alimento como para o embele-
Floresta Amazônica. zamento de paisagens. De acordo com
b. III. O cacau era utilizado pe- os historiadores, o seu cultivo era de tal
los nativos da floresta como importância que exigia ser acompanhado
bebida. de solenes cerimónias religiosas, fato que
provavelmente influenciou o botânico
b. IV. Theobroma cacao, pala-
vra que vem do grego e signifi- sueco Carolus Linneu (1707-1778), a deno-
ca alimento dos deuses. Profes- minar a planta de Theobroma cacao, de
sor, comentar que, hoje, o ca- origem grega Theos e Bromos e signifi-
cau é conhecido popularmente cando “alimentos dos deuses”. [...]
como manjar dos deuses. O QUEIROGA, Vicente de Paula et al. (org.).
Cacau (Theobroma cacao, L.) orgânico sombreado:
nome científico coincide com a tecnologias de plantio e produção da amêndoa fina.
ideia que os ameríndios tinham Cacau. Campina Grande: AREPB, 2021. p. 11; 15-16.
Com base na pesquisa, produzam um pequeno vídeo sobre o assunto e postem nas
redes sociais da escola.
b) Quando os europeus chegaram à América, o cacau já era cultivado por astecas e maias.
Pesquise e responda com base no roteiro a seguir. b) Respostas pessoais.
I. Qual é a importância do cacau na atualidade?
II. Qual é o seu hábitat original?
III. Como o cacau era utilizado pelos nativos da floresta?
IV. Qual é o seu nome científico? E qual é o significado desse nome?
32
Imagens em movimento
AV2-HIS-F2-2111-V7-U1-C01-LA-G24.indd 32 05/08/22 09:35
2
• Situar o reino do Congo e co-
POVOS E CULTURAS AFRICANAS: nhecer sua formação.
• Estudar a economia e a socie-
MALINESES, BANTOS E IORUBÁS dade congolesas.
• Trabalhar as relações entre os
congoleses e os portugueses.
• Estudar as cidades iorubás.
• Analisar aspectos da arte de
A África é um continente com mais de 30 milhões de quilômetros quadrados, matriz iorubá.
dezenas de países e centenas de povos com culturas e línguas singulares. Por ser o berço • Situar o reino do Benin e
da humanidade e o lugar de origem dos ancestrais de milhões de brasileiros, a África e compreender sua importân-
sua história têm grande importância para nós. cia na África.
• Valorizar as contribuições
da arte de matriz iorubá
África: político (2022) para a formação da cultura
ALLMAPS
JEFF GREENBERG/EASYPIX BRASIL
brasileira.
Os objetivos contribuem
Mar
Mar Negro Cáspio
EUROPA
I. Madeira
(PORT.) Argel
Túnis
para que os alunos reconhe-
TUNÍSIA
OCIDENTAL
nigeriana, tunisiano,
r
ÁSIA
Ve
CABO MAURITÂNIA
tinente, além da relevância
rm
FASO DJIBUTI G
2 Bissau
GUINÉ-BISSAU GUINÉ Ouagadougou
Ndjamena
Djibuti
THOMAS COCKREM/ALAMY/FOTOARENA
Conacri COSTA NIGÉRIA Adis Abeba 5 Assim, pretendemos contri-
No BENIN
GANA
SOMÁLIA
TOGO
Freetown DO Abuja
SERRA LEOA E REPÚBLICA SUDÃO
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MARFIM ETIÓPIA
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Monróvia Acra DO SUL
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A CENTRO-AFRICANA
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Port Louis
6, 7, 8, 9 e 10.
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2015.
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(cap. administrativa)
JOHNER IMAGES/ALAMY/FOTOARENA
Maputo
3 ÁFRICA
DO SUL
Mbabane
SUAZILÂNDIA • Competências específicas: 1,
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Bloemfontein LESOTO
(cap. jurídica) Maseru
2, 3, 4, 6 e 7.
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Cidade do Cabo
(cap. legislativa)
Habilidade: EF07HI03.
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iano d
OCEANO
Merid
ÍNDICO
Jovem
0 805
Dica de leitura
0º 40º L
sul-africano, Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. O primeiro volume da cole-
2015. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. p. 4 ção de História Geral da África
(em oito volumes, produzida
33 pela Unesco no Brasil e pelo Mi-
nistério da Educação) apresenta
um panorama das civilizações
AV-HIS-F2-2111-V7-U1-C02-LA-G24.indd 33 ENCAMINHAMENTO 01/08/22 13:20
africanas durante a pré-história
• Mostrar a diversidade de povos e culturas do continente africano, privilegiando, no en- do continente africano com o
tanto, pessoas de territórios africanos onde, no passado, viveram ancestrais de milhões objetivo de colaborar para uma
de brasileiros, a exemplo da Nigéria, de Angola e de Moçambique. O conhecimento das nova leitura e melhor compre-
histórias dos antigos habitantes dos territórios ocupados hoje por esses países é importante ensão das sociedades e culturas
para que possamos compreender e evidenciar para os alunos os laços que ligam a história africanas.
brasileira à história africana. • KI-ZERBO, Joseph (ed.). Histó-
• Familiarizar os alunos com o mapa da África. ria geral da África I: metodo-
• Esclarecer que a África é um continente com dezenas de países e grande diversidade étnica logia e pré-história. 2. ed. rev.
e cultural. Brasília, DF: Unesco, 2010.
33
ALLMAPS
guas, de “dialetos”. Estudos Senegal e o Níger. Esses rios per-
Mar Mediterrâneo
lo
Ma
após as independências afri-
i
sidades básicas e também para
Rio N
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D ESERTO D O SA A R A
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canas, permite-nos conhecer fertilizar a terra e cultivar cereais,
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Rio
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a rica e movimentada histó- legumes e verduras. Além disso, Rio
ne a l
SAHEL
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ria da África e dos africanos
Ní g
serviam como via de locomoção
er
no Brasil. e transporte. Em canoas ágeis
A abordagem permite de- feitas com troncos de árvores, Equador
Lago 0°
o
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senvolver as competências es- Vitória
Meridiano de Greenwich
os povos do Sahel transporta-
Co
o Lago
Ri Tanganica OCEANO
pecíficas 1, 3 e 4. vam mercadorias como sal, ouro OCEANO ÍNDICO
ATLÂNTICO
Lago
e noz-de-cola, saídos dos portos Malauí
Zambez
do mar Mediterrâneo, ou que Rio
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TEXTO DE APOIO para lá seguiam. m
o Li p
DESERTO DO Ri Trópico de Capricó
o rnio
op
KALAHARI
A África e seus habitantes Florestas
Ri o Orange
Savanas
Deserto
lho, ao norte pelo Mediterrâneo, Fonte: SOUZA, Marina de Mello e. 0 1 060
Oásis
a oeste pelo oceano Atlântico e a África e Brasil africano. 3. ed.
São Paulo: Ática, 2012. p. 13.
leste pelo oceano Índico. O istmo
de Suez o liga à península Arábi-
ca. Em termos geográficos, suas
principais marcas são o deserto
O Império do Mali
Império: Unidade política que congrega
do Saara ao norte, o deserto do Foi justamente no Sudão ocidental, entre os rios várias outras unidades, que podem ser
Calahari a sudoeste, a floresta Senegal e Níger, nas terras habitadas pelos man- compostas por povos diferentes entre si,
tropical do centro do continente, que mantêm suas formas de governar locais,
dingas, que se formou o Império do Mali, um dos
as savanas, ou campos de vege- mas prestam obediência ao poder central,
tação esparsa e rasteira, que se- maiores e mais duradouros da história da África. Boa controlado pelo chefe de todos os chefes.
param áreas desérticas de áreas parte do que sabemos sobre o Império Mandinga (ou (SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil
de florestas, e algumas terras africano. 3. ed. São Paulo: Ática, 2012. p. 16).
do Mali) chegou até nós através dos griôs.
altas, como aquelas nas quais
nascem os rios que formam o
Nilo.
34
Os rios são os meios de comu-
nicação mais importantes do
rial central e deságuam 34no oceano Atlântico, na
AV-HIS-F2-2111-V7-U1-C02-LA-G24.indd uma dose de grandiosidade. As bordas sul e 01/08/22 13:51 AV-
continente. Entre eles se desta-
costa africana centro-ocidental; e, finalmente, o oeste do Saara são conhecidas como Sael, ou as
cam o Nilo, que nasce na região
Limpopo e o Zambeze, no sudeste do continen- praias do deserto. Nessas áreas de savana são
do lago Vitória e deságua no Me-
te, que deságuam na costa do oceano Índico, cultivados grãos e criados animais.
diterrâneo; o Senegal, o Gâmbia,
o Volta e o Níger, que nascem onde hoje é Moçambique. [...] SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano.
nas montanhas do Fula Jalom e A grande faixa do Saara divide o continente. São Paulo: Ática, 2006. p. 11.
deságuam no oceano Atlântico, [...] O deserto se estende da costa do Atlântico à
em pontos diferentes da costa do mar Vermelho, cortado a oeste pelo rio Níger
ocidental africana; o Congo e o e a leste pelo rio Nilo. Às margens desses dois
Cuanza, que nascem nos pla- rios há terras férteis, nas quais a agricultura e
naltos do interior de Angola e a criação de animais permitiram o desenvolvi-
no coração da floresta equato- mento de sociedades complexas, que tiveram
34
GETULIO DELPHIM
Os griôs dicional, eram chamados de
Os griôs eram indivíduos encarregados de preservar e “bibliotecas vivas”.
transmitir as histórias, os conhecimentos e as canções de seu • Destacar que foi por meio
povo por meio da oralidade. dos griôs e de achados ar-
No passado, os griôs eram procurados por muitos reis queológicos que ficamos
africanos para trabalharem como professores particulares de sabendo que o Império do
seus filhos. Eles ensinavam arte, conhecimento sobre as plantas, Mali teve seu núcleo origi-
tradições, história e davam conselhos aos jovens príncipes. nal organizado pelos povos
Além dos griôs contadores de histórias,, havia também mandingas.
os griôs músicos e os cantores,, que interpretavam e con- • Chamar a atenção dos alu-
servavam canções tradicionais; e havia, ainda, mulheres griôs, nos para a importância das
que faziam o mesmo que os griôs homens. fontes orais.
No passado, quando um griô falecia, seu • Perguntar o que entendem
corpo era enterrado dentro de um baobá, árvore por “saber ouvir” e se exis-
considerada sagrada e cujos troncos são ocos. tem diferentes formas de
Acreditava-se que, ao enterrar o corpo de um ouvir, de modo que enten-
griô nessas árvores, suas histórias e canções dam a importância da escu-
ta atenta, aprimorando as
continuariam sendo divulgadas e conhecidas
competências gerais 8 e 9.
por muitos.
• Aproveitar a autoavalia-
Ilustração representando um ção para questionar de que
griô contador de histórias. modo as reflexões propostas
se relacionam ao ditado griô.
ESCUTAR E FALAR
Dica de leitura
Um ditado dos griôs africanos que chegou aos nossos dias é: “cada dia se aprende Este livro apresenta in-
algo novo; basta saber ouvir”. Prepare-se para falar sobre a importância, na vida, de formações sobre a figura do
saber escutar. griô e sua importância para a
transmissão de conhecimen-
Autoavaliação. Responda em seu caderno. Respostas pessoais.
tos tradicionais de povos do
a Expressei minhas ideias com objetividade? continente africano.
b Usei tom de voz e gestos adequados?
• LIMA, Heloisa Pires; HER-
c Escutei meus colegas com atenção e respeito?
NANDEZ, Leila Leite. Toques
d Contribuí com sugestões e perguntas interessantes? do griô: memórias sobre
e Demonstrei interesse pelo assunto tratado? contadores de histórias afri-
f Aceitei críticas aos meus argumentos e comportamento? canos. São Paulo: Melhora-
mentos, 2014.
35 Imagens em movimento
O documentário As griots
da Maré apresenta as narrati-
13:51 + ATIVIDADES
AV-HIS-F2-2111-V7-U1-C02-LA-G24.indd 35 membro mais velho da comunidade e que
01/08/22 14:04
vas de moradoras da favela da
utilizam no dia a dia. Maré com o objetivo de traba-
Há um antigo provérbio, do poeta do Mali
Hampâté Bâ, que diz: “Quando morre um Respostas pessoais. lhar a memória local.
velho é como se uma biblioteca inteira fosse • Tema Contemporâneo Transversal: a valo- • AS GRIOTS da Maré. 2016.
incendiada”. Responda: rização da ancestralidade presente na fi- Vídeo (15min52s). Publicado
a) Você concorda com essa afirmação? gura do griô permite desenvolver o tema pelo canal ECOM. Disponível
b) Tragam ensinamentos de familiares mais processo de envelhecimento, respeito e em: https://www.youtube.
velhos para serem recontados em sala. valorização do idoso. com/watch?v=8fsKHop
c) Forneçam exemplos de ensinamentos tUUs. Acesso em: 8 ago. 2022.
que aprenderam com os avós ou com algum
35
Integrado por diversos povos de províncias: as aliadas, cujos chefes conser- tumes ancestrais da comunidade, e mesmo que
além dos mandingas, como os vavam seus títulos (caso de Gana e Nima), e em sua corte alguns tivessem adotado a crença
soninkês, fulas, dogons, sossos as conquistadas, em que, ao lado dos chefes muçulmana, a população continuava a praticar
e bozos, o Mali evoluiu para tradicionais, era destacado um representante seus ritos e cultos tradicionais politeístas. Havia
uma condição que o aproxima- direto do mansa mansa.. na corte espaço para os eruditos das mesquitas,
va de um império, na medida O controle era, direta ou indiretamente, es- conhecedores do Corão e da lei corânica, e es-
que exercia sua hegemonia, tabelecido por um poder central, representado paço para os djeli
djeli,, ou griots
griots,, os conhecedores e
impondo-se militarmente, e ex- na figura de governante, designado pelo termo transmissores dos costumes seculares próprios
traía tributos dos povos venci- mansa. Este era tido como o líder supremo, o das populações locais.
dos. Era constituído de núcleos executor das decisões coletivas e o aplicador da MACEDO, José Rivair. História da África.
distintos de tribos, chefaturas e justiça [...]. São Paulo: Contexto, 2015. p. 55-56.
36
Agricultura e civilização na
África subsaariana Leia o texto com atenção.
A agricultura constituía a base A noz-de-cola é um produto da floresta [...]. No
das sociedades africanas, uma interior desse fruto de diversas variedades, ficam
vez que elas eram autossuficien- os gomos, com um sumo extremamente amargo,
tes em cereais como o sorgo. Cria- que, ao ser consumido nas regiões áridas do
vam gado, cabras, ovelhas, gali-
deserto [...], sacia a sede e produz uma sensação
nhas e outras aves para prover a
de bem-estar graças ao seu alto teor de cafeína.
Ficou famosa a grande habilidade O livro busca destacar e comprovar a im- Qual era a base da economia malinesa?
no artesanato em ouro e em co- portância da matriz negro-africana em todo Resposta:
bre na África ocidental e central, o mundo, desde a Antiguidade até os tempos A base da economia do Mali era a mine-
sobretudo nas minas de cobre
modernos. ração, a agropecuária, o artesanato e o co-
das atuais regiões da Katanga e
Zâmbia. Foi esse o motivo inicial • NASCIMENTO, Elisa Larkin (org.). A matriz mércio.
que atraiu a Europa à África. africana no mundo. São Paulo: Selo Negro,
NASCIMENTO, Elisa Larkin (org.). A matriz 2008. (Sankofa – matrizes africanas da cul-
africana no mundo. São Paulo: Selo tura brasileira, v. 1).
Negro, 2008. (Sankofa – matrizes africanas
da cultura brasileira, v. 1, p. 115-116).
38
39
O vídeo conta, de forma didática, sobre os Em grupo. O Império do Mali durou cerca
reinos africanos antes da chegada dos euro- de 230 anos. O historiador José Rivair Mace-
peus. do apresenta quatro fatores para explicar a
• REINOS africanos | Tempo de Estudar | Histó- longevidade desse Império. Debatam e, em
ria | Rioeduca na TV. 2018. Vídeo (9min41s). seguida, escolham um que vocês considerem
Publicado pelo canal MultiRio. Disponível o mais importante.
em: https://youtu.be/dlWDqETvUjo. Acesso Resposta pessoal. Professor, o objetivo da
em: 8 ago. 2022. atividade é estimular o debate, a oralidade e
o desenvolvimento da autonomia de juízo.
39
DANIEL M ERNST/SHUTTERSTOCK.COM
maioria dos africanos entra-
dos no Brasil ao longo dos
primeiros séculos de coloni-
zação era originária da re-
gião congo-angolana.
• Refletir sobre o que diz o his-
toriador Alberto da Costa e
Silva.
Desde pelo menos 600 a.C., a
África conhecia a metalurgia do
ferro. Os nativos adotavam uma
técnica de preaquecimento dos
fornos (que só seria desenvolvi-
da na Europa no século XIX) que
lhes permitia obter um ferro, e
também um aço, de alta quali-
dade, comparável, e até superior,
em alguns casos, ao que saía das
usinas europeias. [...]
SILVA, Alberto da Costa e. A África
explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro:
Agir, 2012. p. 28.
À esquerda, jovem angolano falante da língua umbundo. À direita, mulher carioca descendente de povos
da região congo‑angolana. As duas fotografias são atuais. Boa parte dos habitantes do Rio de Janeiro
Imagens em movimento descende de povos bantos.
• Nação | TVE - A língua escra- O saber e o progresso tecnológico lucros eram obtidos com o comércio de livros.
vizada - parte 1. 2016. Vídeo Criaram filosofias religiosas, sistemas políti-
Em todo o continente e em diversas épocas, os
cos complexos e duráveis, obras de arte de alta
(27min2s). Publicado pelo povos africanos desenvolveram sistemas de es-
sensibilidade e sofisticação. A riqueza do ouro e
canal TVE RS. Disponível em: crita e altos conhecimentos na astronomia, ma- do marfim africanos não apenas compunha as
temática, agricultura, navegação, metalurgia, moedas como decorava os lares e as beldades
https://youtu.be/C5sK6Hd arquitetura e engenharia. Na medicina, pratica- da Índia, da China e da Europa. O melhor fer-
sUHE. Acesso em: 8 ago. 2022. vam cirurgias desde a cesariana até a autópsia, ro no mercado internacional do século doze, de
passando pela remoção de cataratas oculares e acordo com o historiador muçulmano al-Idrisi,
tumores cerebrais. Conheciam e aplicavam va- era o da África central e meridional.
cinas contra a varíola e outras doenças. Cons- NASCIMENTO, Elisa Larkin. O tempo dos povos africanos.
truíram cidades belíssimas e centros urbanos Brasília, DF: Unesco: MEC: Secad, 2007. p. 18.
40
as paredes do forno, enquanto arenitos com baixo teor de ferro necessitavam das pelas chuvas produziriam um carvão-com-
os homens e jovens cortavam de fornos maiores para que uma maior quan- bustível com alto grau de umidade que reduzi-
galhos e varas de madeira que tidade de minério fosse despejada em seu in- ria a eficiência dos fornos. [...]
eram usadas como suporte. […] terior a fim de que se produzisse a quantidade PENA, Eduardo Spiller. Notas sobre a historiografia da arte do
Os tamanhos dos fornos varia- de metal desejada. Outro fator ponderado pelo ferro nas Áfricas Central e Ocidental. In: ENCONTRO REGIONAL
mestre fundidor para se atingir uma determi- DE HISTÓRIA – O LUGAR DA HISTÓRIA, 17., 2004, Campinas.
vam de acordo com a demanda Anais [...]. Campinas: ANPUH, 2004. p. 34.
de metal que se desejasse pro- nada quantidade de metal era a duração do
duzir, tendo em conta algumas tempo da estação da seca, época propícia para a
variáveis colocadas pela nature- fundição. Diferentemente do processo da forja,
za. A principal delas era a qua- que podia ser realizado em qualquer parte do
lidade do minério para ser fun- ano, o garimpo e a fundição eram geralmente
42
ALLMAPS
• Trabalhar o conceito de impos-
tos e como eles eram pagos.
• Aprofundar o assunto com
Kundi Okango
o Nsundi a leitura do texto: OLIVEIRA,
ng
Ri
o Co José Carlos. A moeda “Zimbu”
Mbula 5º 30’ S
e a sua primazia entre outras
Mpangu Songo “moedas” de troca. Wizi-
Kiova
Kongo
Kongo. [S. l.], 8 jan. 2017.
a Niaza Disponível em: http://http://wizi-
Mpinda Mbata
kongo.com/historia-do-reino-
Mukatu Mbanza Congo/
Nsoyo
São Salvador
do-kongo/a-moeda-zimbu-e-
Nkusu Nsonso a-sua-primazia-entre-outras-
CONGO moedas-de-troca/. Acesso em:
Mpemba 8 ago. 2022.
Wandu • Tema Contemporâneo Trans-
Wembo
Mbamba
versal: o trabalho com esta
página quer contribuir para
OCEANO Ndembu o tema educação fiscal da
ATLÂNTICO macroárea economia.
Capital do reino
Luanda
Cidade
0 45
Limite de província
15º 30’ L
Fonte: SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. 3. ed. São Paulo: Ática, 2012. p. 39.
43 O reconhecimento do Mbanza
Kongo é positivo para o mundo
porque estimula a pesquisa e re-
flexão sobre a história – comum
14:38 TEXTO DE APOIO
AV-HIS-F2-2111-V7-U1-C02-LA-G24.indd 43 com a chegada dos portugueses e da religião ca-
01/08/22 14:40 a africanos, portugueses e brasi-
tólica na África Central, ao final do século XV. leiros.
Mbanza Kongo Um reino que crescia e influenciava parte da Foi do Reino do Kongo de onde
África, no século XIII, representa uma civilização partiu a maioria dos africanos
[...] o centro histórico de Mbanza Kongo, no
de riqueza cultural inestimável. [...] esse Império escravizados desembarcados
norte de Angola, foi inscrito pela Unesco na lis-
construiu a história e cultura de países como An- nas Américas [...].
ta de Patrimônio Mundial. gola, Congo, República Democrática do Congo e MBANZA KONGO, em Angola, recebe título
Capital política e espiritual do antigo Reino do Gabão e de seus descendentes em todo o mundo. de Patrimônio Mundial da Unesco. Nações
Kongo – região onde hoje estão localizados Ga- “Na cidade, existem 3 ‘lugares-chave’: Kulum- Unidas no Brasil, Brasília, DF: 10 jul.
bão, República do Congo, Angola e República De- 2017. Disponível em: https://brasil.un.org/
bimbi, Yala-Nkuwu e Ntotila. O Kulumbimbi é
pt-br/77039-mbanza-kongo-em-angola-
mocrática do Congo –, Mbanza Kongo representa descrita pelas autoridades científicas angola- recebe-titulo-de-patrimonio-mundial-da-
a importância da tradição kongo e seus conflitos nas como o vestígio material da primeira cate- unesco. Acesso em: 8 ago. 2022.
43
Imagens em movimento
44
Programa que relata as-
pectos da História da África, Respostas:
incluindo a sociedade banta, + ATIVIDADES
AV2-HIS-F2-2111-V7-U1-C02-LA-G24.indd 44 05/08/22 09:37 HIS
45
JOHNNY GREIG/ALAMY/FOTOARENA/2007
FABIO COLOMBINI/2013
• Destacar que os iorubás são
hoje um dos três maiores À esquerda, mulher
nigeriana; à direita, mulher
grupos étnicos da República baiana. Hoje, os iorubás
da Nigéria; vivem no oeste são contados aos milhões
do país, em partes da Repú- na Nigéria e no Benin e
blica do Benin e da República possuem grande número
de descendentes no Brasil
do Togo.
e em Cuba.
• Comentar que a história dos
iorubás não se restringe à da
África; é parte também da
história das Américas, espe- Os iorubás construíram uma civilização marcadamente urbana, com cidades de ruas
cialmente Cuba e Brasil. e avenidas retas e mercados movimentados; entre as principais cidades iorubás daquela
• Ressaltar a importância do época estavam Ifé, Keto e Oió (capital política).
povo iorubá na formação do
povo brasileiro. Iorubo: cidades (séculos XII a XV)
Explorar o mapa Iorubo: ci-
ALLMAPS
• 0º
bra
comum dessas cidades era a Ijebu-Ode iorubá
am
africanista brasileiro
Benin
An
religião. Alberto da Costa e Silva Ajudá Porto Novo
o
Ri
• Esclarecer que os iorubás para designar o domínio Popó Grande 6º N
territorial dos povos
construíram uma sociedade iorubás, chamado em Golfo do Benin
predominantemente urba- inglês de Yorubaland.
na, que, por sua singularida- Delta do
Níger
de, continua sendo objeto
Meridiano de Greenwich
de estudo e debate.
OCEANO
ATLÂNTICO
0 80
+ ATIVIDADES Fonte: SCARAMAL, Eliesse (org.). Para estudar a história da África. Projeto Abá: estudos
africanos para qualificação de professores do Sistema básico de Ensino/Coordenação Geral/
Em grupo. Pesquisem so- Projeto Abá: Léo Carrer Nogueira. Anápolis: Núcleo de Seleção-UEG, 2008. p. 44.
bre a República da Nigéria e
escrevam um pequeno texto 46
a respeito desse importante
país na formação cultural do
Brasil. Pesquisem os seguintes Reportagem sobre a visita do rei de Ifé ao
Imagens em movimento
AV-HIS-F2-2111-V7-U1-C02-LA-G24.indd 46 01/08/22 14:52 AV-
itens: localização geográfica, Brasil em junho de 2018.
economia, artes, idiomas, cul- Reportagem que apresenta aspectos da
turas e religiões. cultura nigeriana, partindo do futebol. • REI de Ifé, Adéyeye Ènitán Ogunwusi Ojaja
Material para pesquisa: II, visita a ABL. 2018. Vídeo (44min42s).
• CONHEÇA mais sobre a cultura da Nigéria,
VICENTINI, Paulo Fagundes Publicado pelo canal Academia Brasileira
mais um participante da Copa das Confe-
(org.). Nigéria. Brasília, DF: de Letras. Disponível em: https://www.
derações. 2013. Vídeo (1min36s). Publicado
Thesaurus, 2011. (Série Diplo- youtube.com/watch?v=JJIXqZmqMxI.
pelo canal TV Brasil. Disponível em: https://
macia ao alcance de todos). Acesso em: 8 ago. 2022.
youtu.be/XjuwkbkeA9k . Acesso em: 8 ago.
Resposta: produção pessoal. 2022.
46
47
14:52 + ATIVIDADES
AV-HIS-F2-2111-V7-U1-C02-LA-G24.indd 47 divindade e também governante da comunida-
01/08/22 14:53 c) Quem governava a aldeia?
de, composta por várias aldeias, cada qual com
Os reinos iorubás e daomeanos Respostas:
seu chefe, que cuidava dos seus membros mas
a) O responsável teria sido
Alguns dos vestígios arqueológicos mais im- prestava obediência ao oni. [....]
portantes dessa região estão em Ifé, terra de um líder divinizado chamado
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano.
iorubás [...]. Conforme relatos orais, um líder di- São Paulo: Ática, 2007. p. 36-37. Odudua.
vinizado chamado Odudua foi responsável pela a) Alguns conhecimentos chegaram até nós b) Monarquia divina dirigida
prosperidade de Ilê Ifé, cidade onde vigorou um por meio de relatos orais. Segundo esses re- pelo oni.
sistema político-religioso adotado por várias
outras cidades e reinos dessa área. [...] latos, quem foi o responsável pela prosperi- c) Cada aldeia tinha um líder, o
Em Ilê Ifé foi criada uma forma de monar-
dade da cidade de Ilê Ifé? qual devia obediência ao oni.
quia divina, dirigida pelo oni
oni,, representante da b) Que sistema político predominou em Ilê Ifé?
47
mais frisar que, enquanto a arte da, a acentuá-los no Benin. Olhos, bocas, ore- tido ou apenas simbolize o processo pelo qual o
de Ifé, pelo sentido de medida lhas são sublinhados, nas esculturas do Benin, Benin recebeu da cidade sagrada dos iorubas a
e equilíbrio, pela serenidade por linhas altas e grossas, e cada volume do ros- escultura em metal, os edos acolheram somen-
das formas, pela economia de to e do corpo como que se destaca dos demais. te a nova técnica, conservando-se fiel, contudo,
meios, se inscreve na linha do É uma escultura de fortes saliências e de fundos às suas tradições artísticas. Aprenderam o mé-
todo da cera perdida, mas continuaram com ele
que na Europa se denominou recessos, que, sob a luz, acentuam o contraste
a produzir as formas que dantes compunham
ideal clássico, a do Benin perten- entre o claro e o escuro, intensificam as som-
na madeira, na argila e no marfim. [...]
ce à vertente do barroco. bras e dão ênfase à intenção de movimento de
Silva, Alberto Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos
A principal diferença estaria, algumas figuras. portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996, p. 538.
portanto, na própria maneira de São tão distantes os dois estilos que, pouco
modelar as figuras: suave, rasa a parece indicar ter tido a arte do Benin a sua
48
49
MARCUS BRANDT/DPA/ALAMY/FOTOARENA
TEXTO DE APOIO
A Escola Criativa Olodum Margareth Menezes é uma
A Escola Criativa Olodum é cantora, compositora e
uma obra do Grupo Cultural produtora musical que,
Olodum, fundado em 1979 no nos seus mais de
Pelourinho, e tem entre seus 20 anos de carreira,
principais objetivos a constru- tornou-se popular.
ção da cidadania a partir das ex- Viajou a todos
os continentes,
periências de vida dos próprios
contabilizando várias
alunos. Sua ação pioneira foi a turnês mundiais e
Banda Mirim do Olodum, com- álbuns lançados.
posta de crianças de 7 a 12 anos Os álbuns Elegibô e
expostas a situações de risco Kindala alcançaram,
e moradoras do Pelourinho. A respectivamente,
Banda Mirim é hoje reconhe- a 1 a e 2a posições
cida no exterior (em países es- da Billboard World
candinavos e da Europa ociden- Albuns. Na fotografia,
tal, como Alemanha e França). vê-se Margareth se
apresentando na Costa
A possibilidade de participar
do Sauípe (BA), em 2013.
do aprendizado, da criação e da
execução de diferentes ritmos
de matriz afro tem sido decisiva
para o ingresso e a permanên-
cia dessas crianças na educação
formal e no desenvolvimento
de uma consciência crítica a
respeito da sociedade brasileira
e do país. Uma estratégia da Es-
50
cola Criativa Olodum foi condi-
cionar a participação do aluno
na Banda ao desempenho dele em outras partes do Brasil.
AV-HIS-F2-2111-V7-U1-C02-LA-G24.indd 50 Como exemplo, 01/08/22 15:19 AV-
na escola pública, fato que es- temos a Escola Pracatum, liderada pelo ar-
timulou tanto a permanência tista Carlinhos Brown, que busca conferir
da criança na escola quanto a dignidade às crianças e aos adolescentes
implementação do projeto de do Candeal, outro bairro de Salvador com
combate ao racismo que o Olo- densa população afro-brasileira. Temos,
dum vem desenvolvendo nas além disso, também experiências bem-su-
escolas da rede pública. cedidas com o grupo Meninos do Morum-
Assim, a Escola Criativa Olo- bi, em São Paulo, o Grupo Cultural Afro-
dum transformou-se em um Reggae, do Rio de Janeiro, e o Grupo Qui-
ícone e um modelo que tem se- lombo de Sergipe, em Sergipe.
guidores tanto na Bahia quanto Texto elaborado pelo autor.
50
+ ATIVIDADES
Mestre Didi,, escultor e escritor baiano, expoente da arte de matriz iorubá no Brasil. Em grupo. No Brasil, temos
muitos artistas herdeiros das
tradições iorubás: Margareth
VALÉRIA GONÇALVEZ/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
Dica de leitura
Artigo que discute a relação
da estética das obras de Mestre
Didi com a religiosidade afro-
-brasileira.
Cetro da ancestralidade, • SILVA, Natália Fernanda
obra de Mestre Didi. Freitas da; SIMÕES, Rosa Ma-
Mestre Didi no Museu Afro Brasil. Salvador (BA). Fotografia ria Araújo. Mestre Didi: um
São Paulo (SP), 2009. de 2015.
estudo sobre arte e cultura
afro-brasileira. In: WORLD
51 CONGRESS ON COMMUNI-
CATION AND ARTS, 6., 2012.
Austrália. Anais [...] Austrá-
15:19 AV-HIS-F2-2111-V7-U1-C02-LA-G24.indd 51 01/08/22 15:20
lia: WCCA, 2012.
51
•
arte.
Comentar as obras de Carybé.
Carybé é o nome artístico de Hector Julio Páride Bernabó, pintor brasileiro de origem
argentina, radicado na Bahia. Suas obras, tanto pinturas quanto desenhos, esculturas e
talhas, trabalhavam temas retirados da vida social e religiosa da Bahia. Ilustrou também
A
• Ressaltar a importância da
obras literárias, como Macunaíma,, de Mário de Andrade, e O sumiço da santa,, de
arte de matriz iorubá em
nossa cultura. Jorge Amado.
• Aprofundar o assunto com
+ ATIVIDADES
Em grupo. As máscaras são
um elemento presente na arte
iorubá. Inspirados na cultura
Hector Bernabó, pintor de origem argentina
iorubá, criem uma máscara radicado no Brasil. Fotografia de 1966. Obra sem título de Carybé, c. 1961.
utilizando materiais simples
como papel, barro e argila.
ATIVIDADES
ATIVIDADES
alunos aprofundem os co-
África: comércio transaariano
(séculos X a XV) nhecimentos sobre a África,
20º L
considerando a rica história
SONIA VAZ
EUROPA
Ma
Taodeni Ghat
o
rV
zação das propostas, identifi-
er
l
Rio Ni
Awill AIR Suakin
m
Bilma ÁSIA
elh
Galam Tombuctu Takedda
o
Cabo Gao
1. a) O comércio através do Saara, como se pode ver Verde
GANA
Agadés de
n
car se compreendem o enun-
Ri
HAUSSÁ Lago ETIÓPIA eÁ
o
Futa od
DARFUR Golf
Ní
no seu título. Jalon Chade
ge
Oió
ciado e se realizam correta-
r
Serra Leoa
AR
Rotas comerciais GRANDE
SC
ZIMBÁBUE
II. África meridional.
GA
transaarianas
MONOMOTAPA
pontos que geram dúvidas.
DA
Trópico de
Sahel
MA
Capricórnio
III. África ocidental. Maiores fontes de ouro Se as dificuldades estiverem
IV. África oriental. Maiores fontes de sal
relacionadas à compreensão
1. b) Alternativa III. Maiores fontes de
0 1 075
Fonte: SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil noz-de-cola
Cidade
do conteúdo, retomar os pon-
africano. 3. ed. São Paulo: Ática, 2012. p. 13.
tos de dificuldade e promover
atividades em duplas ou pe-
EDITORA SARAIVA
2Leia o texto a seguir. quenos grupos, facilitando as
[...] os africanos dominavam as técnicas de mineração discussões e a construção cole-
do ouro. E muitas outras técnicas. Como as agrícolas, por tiva do conhecimento.
exemplo. Num continente com solos em geral pobres e com
1. Fazer a leitura do mapa
com os alunos e destacar que
chuvas escassas e mal distribuídas, os africanos foram obri-
há vários símbolos indicativos
gados a desenvolver práticas agrícolas complexas. Muitos
das minas de sal na região em
povos conheciam as técnicas de irrigação, de rotação de
foco. Além de conservar os ali-
plantios, da adubagem com esterco animal e restos de
mentos e melhorar seu sabor,
cozinha, da construção de [...] plataformas nas encostas o sal é importante para o cor-
das montanhas, a fim de impedir a erosão e ali plantar. po humano. E, por ser escasso
Misturavam também [...] diferentes tipos de plantas, para e precioso na região, o sal che-
Fac-símile da capa do livro
assegurar a colheita de pelo menos uma delas. Assim, se o gou a ser usado como moeda.
A África explicada aos
ano fosse mal para o painço, podia ser bom ou razoável para meus filhos, de Alberto da Na África ocidental, merecem
o sorgo e o milho. Costa e Silva. destaque as minas de sal de
SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos. 2. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2012. p. 26-27. Teghazza.
a) Do que trata o texto? 2. a) O texto trata de saberes e técnicas dos povos africanos. 2. Professor, os itens desta
b) Que atividades econômicas são citadas no texto? 2. b) Mineração e agricultura. atividade querem contribuir
c) O que estimulou os africanos a desenvolverem complexas técnicas agrícolas? para o desenvolvimento da
d) A agricultura foi uma descoberta revolucionária na história da humanidade e os africanos con-
habilidade EF07HI03.
tribuíram enormemente para o desenvolvimento dessa atividade. O texto apresenta algumas
técnicas agrícolas utilizadas pelos africanos. Quais são elas?
2. c) Os solos pobres, a escassez e a má distribuição das chuvas.
2. d) As técnicas de irrigação, de rotação de plantios, da adubagem com esterco animal, da construção de
plataformas nas encostas das montanhas, a fim de impedir a erosão, entre outras.
53
ALLMAPS
ich
ico d
a) Qual é o assunto do mapa? e Câ
de Greenw
ncer
atravessavam o deserto; era
b) Utilizando os seus conhecimentos
um importante centro de co- sobre os aspectos físicos da África,
Meridiano
mercialização de sal, ouro, descreva a localização geográfica
tuaregue
Audagoste Walata
tecidos, grãos, peles, marfim do Império do Mali. Tacrur
Gana Tombuctu ÁFRICA
Ri
e instrumentos de metal. Foi
o
Se
c) Qual era a capital do Império do
ne
Gao
ga
l
Djenné Lago
também um importante cen- Mali? Às margens de qual rio foi Chade
Rio
Rio
haussá
Ní
OCEANO Niani
tro intelectual do Império,
ge
construída essa cidade?
Volta
ATLÂNTICO
r
pois reunia mais de cem es- d) Explique a localização e a impor- Oió
iorubá
ashanti
Império do Mali fon
colas de estudo do Alcorão, tância (comercial e intelectual) da (limites aproximados)
Ifé
Benin
ibo
Capital do império
atraindo estudantes do isla- cidade de Tombuctu durante o Cidade
0 452
0º
A saber: no território do im- a) Como a autora do texto descreve os habitantes do reino do Congo?
pério, pespontavam bibliote- b) Dê o significado de: 5. a) Como povos agricultores 5. b) Mani Congo: senhor do
cas reunindo notável acervo de • mani Congo; que, ao serem convocados, de- • mbanzas; Congo. Lubatas: aldeias. Mbanzas:
obras em todos os temas e áreas fendiam o rei contra seus inimigos cidades. Zimbos: pequenos búzios
4. O Império • lubatas; • zimbos.
do conhecimento. As estimati- internos e/ou externos. que serviam como moeda.
Mali possuía c) Quais eram as obrigações do povo para com o rei do Congo, e deste para com os seus súditos?
vas do patrimônio de obras es-
um poderoso exército composto de arqueiros, lanceiros e cavaleiros com capacidade de reprimir rebeldes em caso de revolta;
tocadas no Mali estão distantes controlava as áreas de extração de ouro, tinha uma estrutura administrativa eficiente, com representantes nas áreas sob seu
de constituir um consenso. Con-
tudo, um número bastante acei-
54
domínio; adotava uma política de consulta aos povos dominados e respeitava a religião e as tradições deles.
6. Professor, é possível fazer a correção coletiva e pedir aos alunos que corrijam as alterna-
tivas falsas de modo que se tornem verdadeiras. A prática permite que os alunos reflitam
sobre o conteúdo mais profundamente e possibilita, também, que as dúvidas possam ser
discutidas pela turma. A atividade quer contribuir para o desenvolvimento da habilidade
EF07HI03.
7. Professor, a ideia é estimular a capacidade de os alunos argumentarem em defesa de um
ponto de vista. Há também quem defenda que as duas explicações são complementares. A
atividade quer contribuir para o desenvolvimento da habilidade EF07HI03.
55
11
.PH
/SH
O trecho a seguir é de uma canção de UT
TE
RS
TO
autoria de Carol Afreekana, Regiane CK
.CO
M
12. A arte de matriz iorubá está presente em várias regiões do Brasil, mas é na Bahia a sua
maior influência; de lá, destacam-se grandes nomes da música e das artes plásticas de matriz
iorubá, dentre eles, integrantes dos blocos Olodum e Ilê Aiyê e a cantora Margareth Menezes.
Integrando com Língua Portuguesa. c) II. Professor, o provérbio é um gênero textual de
tradição oral, composto por um verso breve, que expressa um valor moral ou ensinamento.
Ele é um registro dos valores culturais e sociais de um determinado grupo. Espera-se que
os estudantes façam associações entre o sentido do provérbio e situações vividas ou façam
ligações com outros textos (livros, séries, filmes, textos jornalísticos etc.).
57
#JOVENS NA
é um aprendizado fundamen-
tal para a construção da auto- ão
nomia do aluno; além disso, d o d e recepç
Es t u te e de
democratiza o processo, pois
envolve diferentes pontos de HISTÓRIA (de o br
t
a
o
s de ar
s da indústr
ia
vista. Sugestões de perguntas produ l)
para a autoavaliação: cultura
• Você considerou interessan-
te a atividade ou os traba-
lhos realizados?
PASSO 1 Ler
• Tinha conhecimentos ante- Leia com atenção a entrevista dada por Kunumi MC, artista indígena jovem que vive na cidade de São
Paulo (SP).
riores que o auxiliaram na
realização? Kunumi MC e a difusão da cultura guarani
• Foi fácil ou difícil? Se foi difí-
[Pergunta:] O vídeo de “Xondaro Ka’aguy Reguá” [...] é seu último trabalho, né?
cil, saberia dizer por quê? O resultado é impressionante, pode falar um pouco do conceito? [...]
• Como você avalia sua parti-
“Xondaro Ka’aguy Reguá”, guerreiro da floresta em português, fala de um guerreiro
cipação no grupo? Realizou que nasceu das águas e que vai levar seu povo, os indígenas, para uma nova era. [...].
tarefas que contribuíram
A música eu canto somente em guarani. É uma forma de levar um pouco da minha
para o trabalho? Sugeriu
cultura para as pessoas que não conhecem como é a realidade indígena. Porque cada
formas de organizar o tra-
um tem uma cultura e, também, tem sua própria língua. Eu falo guarani, então,
balho? Colaborou com seus
acredito muito que, quando eu canto rap em guarani, eu carrego dentro de mim toda
colegas na realização de ta-
refas?. minha ancestralidade e junto com eles (os ancestrais) nós fazemos a luta. [...]
[Pergunta:] Agora vamos para uma
PRODUTORA DOC
58
58
59
2
cia com a nossa abordagem
teórico-metodológica, expli-
citada na introdução teórico-
-metodológica deste manual, ARTE E RELIGIÃO
consideramos que esta unida-
de pode servir a três propósi-
tos básicos: descontruir a visão
preconceituosa que considera
a Idade Média como uma épo-
ca de obscurantismo; refletir
sobre o conceito de “moder- Observe a imagem desta página e da página seguinte com atenção.
nidade” e suas lógicas de in-
clusão e exclusão, com base FONTE 1
em uma concepção europeia,
BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
e caracterizar humanismo e
Renascimentos, bem como as
relações das reformas religio-
sas com processos sociais e cul-
turais simultâneos, na Europa
e na América.
Na abertura de cada capítu-
lo, explicitamos os objetivos,
as justificativas e as principais
competências e habilidades a
serem trabalhadas. No corpo
do capítulo e nas atividades,
evidenciamos as nossas estra-
tégias para o desenvolvimento
dessas habilidades e compe-
tências.
Nas páginas de abertura de
unidade, vamos citar exem-
plos da articulação entre ob-
jetivos, habilidades e compe-
tências, por acreditar que, ao
longo da coleção, esse pro-
cedimento contribuirá para
o importante propósito de
“transformar a história em Cristo em
ferramenta a serviço de um Majestade,
discernimento maior sobre século XIII.
as experiências humanas e as
sociedades em que se vive”, 60
conforme sugere a BNCC
(BRASIL, 2018, p. 401).
Nesta unidade, vamos desen- Objetivo: Explicar60 o significado de “mo-
HIS-F2-2111-V7-U2-C03-LA-G24.indd Objetivo: Evidenciar a relação estreita 20/08/22 19:46 HIS
volver as habilidades EF07HI01, dernidade” e refletir sobre a importância entre imprensa e Reforma Protestante. Esse
EF07HI04 e EF07HI05, com base dos conhecimentos árabes, judeus, indianos objetivo articula-se à habilidade EF07HI05,
nos temas Mudanças na Europa e chineses para seu advento. Esse objetivo cujo desenvolvimento possibilita a relação
feudal; Renascimentos e huma- articula-se à habilidade EF07HI01, às compe- entre o advento da imprensa e a Reforma
nismo; Reformas religiosas, de tências gerais 1, 2, 3, 4 e 6 e às competências Protestante, às competências gerais 1, 2, 3,
modo articulado às competên- específicas 1, 2, 3, 4 e 6. 4, 6, 7, 9 e 10 e às competências específicas
cias gerais de 1 a 10 e às compe- 1, 2, 3, 4 e 7.
tências específicas de 1 a 7.
Vejamos, agora, exemplos
dessa articulação.
60
STEFANO RAVERA/ALAMY/FOTOARENA
cada um de seus personagens
com gestos e expressões dis-
tintos, emprestando vida a
eles. Por meio dessas imagens,
buscamos facilitar aos alunos
a percepção das mudanças
ocorridas na arte europeia du-
rante a transição do medievo
para a modernidade. E, com
isso, prepará-los para o estudo
das mudanças verificadas na
época no campo da arte, da
religião e da política, temas
desta unidade.
2. Semelhanças: as obras
trabalham o mesmo tema e
expressam a religiosidade
daqueles tempos. Em ambas,
Cristo tem o braço direito er-
guido a nos abençoar. Dife-
renças: na obra do século XIII,
Cristo é mostrado de frente,
no centro da composição, sen-
tado em um trono celestial.
Já na obra de Rafael Sanzio,
Cristo é representado desnu-
do até a altura da virilha e tem
um manto vermelho cobrindo
Bênção seu quadril e seu ombro direi-
de Cristo, to. Ele tem a cabeça levemen-
de Rafael
te inclinada e o olhar suave
Sanzio.
c1505-1506. e sereno, apesar da coroa de
espinhos em sua cabeça. O au-
tor da primeira obra utiliza a
1. Quem é o personagem central das obras? têmpera – técnica de pintura
1. O personagem central das obras é Jesus Cristo.
2. Que semelhanças você vê entre essas imagens? E as diferenças? em que os corantes são mistu-
2. Respostas pessoais. rados com um aglutinante à
3. É possível perceber mudanças no modo de representação da figura humana? base de ovo –, já o autor da se-
4. Em qual das imagens a figura humana é representada com mais realismo? gunda obra faz uso da pintura
4. Na fonte 2. a óleo, técnica desenvolvida
3. Sim, a figura humana é representada com muito mais realismo e detalhes na fonte 2, ou seja, percebe-se
no Renascimento. Notar que
que houve mudança na forma de representar a figura humana. 61 na obra da fonte 1 a figura é
bidimensional e estática. Já na
obra de Sanzio, fonte 2, as li-
19:46 HIS-F2-2111-V7-U2-C03-LA-G24.indd 61
nhas convergem
20/08/22 19:46
para o centro, criando assim
a impressão de um espaço tridimensional.
• Para aprofundar a análise de imagens re-
nascentistas acessar a publicação: ACIDINI,
Cristina. Mestres do renascimento: obras
primas italianas. São Paulo: Base7 Proje-
tos Culturais, 2013. Disponível em: https://
www.bb.com.br/docs/pub/inst/dwn/renas-
cimento.pdf.Acesso em: 25 ago. 2022.
61
3
do século XI, relacionando
inovações técnicas e cresci-
mento populacional. MUDANÇAS NA
• Compreender o revigora- EUROPA FEUDAL
mento do comércio, das ci-
dades e a formação da bur-
guesia como processos inter-
ligados.
• Identificar os fatores que fa- Você já imaginou como seria o mundo sem os óculos,
DEAGOSTINI/GETTY IMAGES
voreceram as Cruzadas. que nos ajudam a ver melhor? Sem as universidades, que
• Difundir a cultura da paz, acumulam e produzem conhecimentos necessários à nossa
refletindo sobre as guerras saúde e conforto? Sem os garfos, que nos ajudam a comer
com motivações religiosas.
coisas gostosas? Sem os vidros nas janelas das casas, que
• Reconhecer a universidade permitem clarear o ambiente e conservar o calor?
como uma criação medieval.
Pois bem, óculos, universidades, vidros nas janelas,
• Trabalhar o bloco conceitual garfos... tudo isso foi inventado na Idade Média. Inclusive
dominação e resistência, ten-
o livro, tão útil à nossa formação como cidadãos, é uma
do como mote as revoltas
invenção medieval. Ora, assim sendo, não se pode dizer que
populares ocorridas na Idade
Média. a Idade Média foi uma época de atraso e estagnação. Este
capítulo vai ajudar você a perceber isso mais claramente.
• Refletir sobre a situação so-
cial da mulher no medievo,
tomando como exemplo o AKG-IMAGES/ALBUM/FOTOARENA
BNCC
• Competências gerais: 1, 2,
3, 4, 7 e 9.
• Competências específicas: 1,
2, 3, 4, 5 e 6. 62
• Habilidades: EF07HI01 e
EF07HI04.
AV-HIS-F2-2111-V7-U2-C03-LA-G24.indd 62 01/08/22 16:35 HIS
ENCAMINHAMENTO alunado a ideia de que a Idade Média também, facilitar ao alunado a percep-
não pode ser considerada como uma ção de que os capítulos “Mudanças na
Nossa proposta é dar continuidade
Idade das Trevas, visão formulada pelos Europa feudal”, “Renascimento e hu-
ao estudo sobre a Idade Média iniciado intelectuais renascentistas. Essa estra- manismo” e “Reforma e Contrarrefor-
no 6o ano apresentando o processo de tégia pode colaborar para evitar que ma” contemplam processos históricos
transição para a Era Moderna. A par- os estudantes formem uma visão pre- simultâneos e entrelaçados. Portanto, é
tir das invenções representadas nestas conceituosa da Idade Média e, ao mes- correto afirmar que o Renascimento e
páginas, e tão importantes no nosso mo tempo, aguçar sua curiosidade por as reformas foram gestados durante o
dia a dia, pretende-se retomar com o esse tema tão envolvente. Pretende-se, “outono da Idade Média”.
62
A partir do século XI, a Europa feudal passou por mudanças significativas, algumas
mudanças foi a expansão das
áreas de cultivo por meio da
das quais merecem especial atenção: Drenagem: retirada do derrubada de florestas, da
a) a expansão das áreas de cultivo em razão da derrubada de excesso de água de um drenagem de pântanos e/ou
terreno ou lugar.
florestas e da drenagem de pântanos. da obtenção de terras por
b) o desenvolvimento de importantes inovações técnicas,, como: meio de diques e/ou barra-
gens. Nos tempos do feuda-
• a charrua,, um arado com rodas e uma relha de ferro que permite revolver a terra
lismo, o espaço cultivado era
mais profundamente, como mostrado na imagem a seguir.
restrito, havendo grandes
áreas de mata virgem, das
BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
BRIDGEMAN/FOTOARENA
(charrua) tornou possível tra-
balhar com mais eficiência, em
termos da produtividade do tra-
balho, os solos pesados do nor-
te da Europa. Foi uma resposta
tecnológica a uma mudança
radical das condições agroecoló- Detalhe da Ilustração
gicas ocasionada pela passagem para os Georgianos
da agricultura itinerante para a por Vírgilio, c. 1500.
agricultura permanente. Esse
instrumento torna possível uma
preparação mais eficiente e rá-
pida do solo. No entanto, seu uso
plenamente eficaz é limitado
quando atrelado a bois. O cavalo
é o animal de tiro ideal por ser
mais rápido. O problema é que
• um novo modo de atrelar o cavalo usado para puxar o arado. Antes, o cavalo era
o cavalo tinha uma capacidade
de tração muito inferior àquela atrelado pelo pescoço, o que limitava bastante seu rendimento porque o sufocava.
do boi, não apenas por ser me- A partir do século X, passou a ser atrelado pelo peito, o que aumentava seu rendi-
nos forte, mas principalmente mento e resistência no trabalho, como visto na cena representada na imagem acima;
devido ao sistema de atrelagem
• o aprimoramento e a
BRIDGEMAN/EASYPIX BRASIL
utilizado até então. Tratava-se
de um sistema no qual o ponto difusão dos moinhos
de apoio para o esforço de tra- acionados pela força do
ção se localizava no pescoço do vento ou da água, o que
animal, comprimindo a jugular. contribuiu para aumentar
A solução para esse problema
foi a invenção do “colar” de ca-
a velocidade e a qualidade
valo (“horse
(“horse collar”),
collar”), um sistema da moagem de grãos.
de atrelamento que deslocava o
ponto de apoio para o peito (ou
“ombros”) do cavalo. [...] Moinho movido pela força
da água, de Rene d'Anjou.
[...] O ponto culminante des- Representação do século XV.
se processo será atingido com a
passagem do sistema de rotação
bienal para o sistema de rotação
trienal. Nesse último, a parcela
a ser cultivada passa a ser divi- Com a ampliação das áreas cultivadas e a difusão das
Dialogando
dida em três faixas, sendo uma inovações técnicas, ocorreu um aumento da produção de ali-
semeada normalmente com um mentos; bem alimentadas, as pessoas passaram a viver mais, Com base no que
cereal de inverno (trigo ou cen- a ter mais filhos, e as mortes por fome e doenças diminuíram. você aprendeu em
teio) no final do outono, outra Matemática, responda:
Todas essas mudanças foram a causa e o efeito do aumento
permanecendo em “pousio”, e qual foi a porcentagem
a terceira, esta é a novidade, se- da população. Segundo o historiador Hilário Franco Júnior, do aumento da
meada no começo da primave- entre os séculos X e XIII, a população da Europa ocidental população entre os
ra com um cereal menos nobre saltou de 22 milhões para 55 milhões. séculos X e XIII?
como alimento humano (aveia, O aumento foi de cerca de 150%.
principalmente), mas também
menos exigente em nutrientes
64
que o trigo. Desse modo, em
vez de produzir somente sobre
metade da parcela a cada ano, ENCAMINHAMENTO
060a080-F2-2111-V7-U2-C03-LA-G24.indd 64 26/08/22 17:19 AV-
64
ALLMAPS
Rotas comerciais 30°
30°LL
wich
Terrestres
Mar
Oslo
Estocolmo
Novgorod Baschet como “populações ur-
Green
Marítimas do
Norte Moscou banas em comunidades dotadas
Feira
iano de
de Champagne
Bremen Lübeck as comunas possuíam organiza-
Londres Amberes
Bruges Leipzig Kiev ção política autônoma – como o
Lagny
OCEANO Paris
Provins
Frankfurt
Augsburgo EUROPA
Mar Conselho e representes eleitos
ATLÂNTICO Troyes
Bar-sur- Cáspio
-Aube
–, formavam milícias urbanas
Santiago de
Compostela Gênova
Veneza
Mar Negro
N
e eram dotadas de uma justiça
Florença 40°
Medina do
Campo Pisa própria. A conquista dessas “li-
Roma Constantinopla
Lisboa Toledo
Nápoles ÁSIA berdades”, como afirma Bashet,
Sevilha
Antioquia foi vista por uma grande parcela
M a r Trípoli
Túnis
M
e
d
da historiografia como a luta da
i
t
e
r
burguesa contra a opressão feu-
r 0 475
ÁFRICA â n e o dal, realizada essencialmente
Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2003. p. 64-65. de forma violenta. Para o autor,
em que pese o caráter violento
de muitos desses movimentos,
Entre as rotas comerciais representadas no mapa, três eram especialmente importantes: a negociação entre mercadores,
a) cidades italianas ao Oriente (via mar Mediterrâneo). Os mercadores de Gênova e aristocracia e autoridade condal,
Veneza compravam artigos de luxo (sedas, perfumes, porcelanas) e especiarias nos por exemplo, foi um recurso re-
corrente. Nos casos em que o rei
portos de Constantinopla, Antioquia e Trípoli e os revendiam com grande lucro no
concedia as franquias, em geral,
norte da Europa; reservava-se o direito de nome-
b) sul ao norte da Europa (por terra). Uma rota ligava Veneza a Hamburgo; a outra ar as principais autoridades mu-
ligava Gênova a Bruges, passando pela região de Champagne (França), onde eram nicipais. Fourquin, por sua vez,
salienta que não houve “demo-
realizadas importantes feiras;
cracias urbanas” e que os gran-
c) cidades do norte da Europa. As cidades de Bruges, Bremen, Hamburgo, Lübeck, des mercadores dominavam,
localizadas no norte da Europa, comerciavam entre si e com outras cidades europeias, mesmo quando não se apropria-
como Londres, na Inglaterra, e Novgorod, na Rússia. vam da administração.
COSER, Miriam Cabral. Um novo conceito
65 de Idade Média nas Escolas. In: AMARAL
et al. Poder e Práticas Discursivas.
Seropédica: Editora Universitária UFRRJ,
2010. p. 9-10.
65
apropriar-se de conhecimen-
tos e experiências que lhe per-
mitem entender relações pró-
prias do mundo do trabalho
em outros tempos.
66
Em muitas cidades medievais, uma pessoa só podia trabalhar em um ofício se perten- des de corporações de ofício
e explicar cada uma delas.
cesse a uma corporação,, isto é, a uma associação de profissionais de um mesmo ramo
• Comentar que as corpora-
de atividade. As corporações de ofício protegiam seus associados contra a concorrência e
os amparavam na velhice e na doença. Havia duas modalidades de corporações de ofício: ções tinham três finalidades
básicas: garantir aos seus
a de comerciantes e a de artesãos.
associados o monopólio de
As corporações de comerciantes eram chamadas de ligas e reuniam profissionais de
uma determinada atividade;
diversas cidades da Europa. A mais rica delas, a Liga Hanseática,, possuía numerosos
amparar seus membros na
navios e chegou a dominar o comércio do norte europeu. velhice ou em casos de inva-
As corporações de artesãos (sapateiros, tecelões, ferreiros, tintureiros etc.) eram lidez ou doença; e defender
dirigidas por mestres. Estes estabeleciam regras para o ingresso na profissão e contro- seus interesses diante do go-
lavam o preço, a qualidade e a quantidade do que ia ser produzido. Assim, evitavam verno da cidade.
a concorrência entre seus associados. Um sapateiro não podia usar um tipo de couro • As corporações de comercian-
inferior nem cobrar mais do que seu colega. tes, também chamadas de
O artesão começava a vida como aprendiz, trabalhando na oficina de um mestre “ligas”, eram as mais antigas
em troca de alimentação, roupa e moradia; depois de algum tempo, fazia uma prova e englobavam várias cidades.
prática e, uma vez aprovado, tornava-se um oficial.. O oficial recebia um pagamento em • Frisar que havia também as
dinheiro e, depois de cerca de corporações de artesãos: a
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67
09:54 AV2-HIS-F2-2111-V7-U2-C03-LA-G24.indd 67 TEXTO DE APOIO A Hansa teutônica [...] não tem nem selo Na Hansa teutônica nenhuma das suas
05/08/22 09:54
nem conselho comum [...] cidades tem o poder de ordenar assem-
A Liga Hanseática Cada vez que, pela necessidade de agir, bleias ou fixar reuniões. Mas cada vez que
são redigidas cartas em nome de toda surgem dificuldades, as vilas da Hansa,
A Hansa teutônica [...] é uma confedera-
Hansa teutônica, elas são munidas do selo por consentimento mútuo, reúnem-se
ção permanente de cidades, vilas e comu-
da cidade onde foram escritas [...] Cada vez num local e decidem observar entre elas
nidades para assegurar o desenvolvimento
que é necessário deliberar sobre negócios o que consideram útil para os seus mer-
favorável e o sucesso do tráfico em terra e
pendentes, cada cidade envia os seus por- cadores [...]
no mar, realizar uma defesa eficaz contra
os piratas, bandidos e outros salteadores ta-vozes munidos de instruções que não PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe.
de terra e do mar, a fim de impedir que são chamados conselheiros, mas porta- História da Idade Média: textos e testemunhas.
-vozes. [...] São Paulo: Editora Unesp, 2000. p. 169.
pelas suas ciladas os mercadores se vejam
despojados de bens e proveitos. [...]
67
69
ALLMAPS
bres vindos de várias partes OCEANO
0°
Europa das Cruzadas
Estados cristãos
ico
da Europa. Era composta de ATLÂNTICO Mar do
Bált
Norte Domínios muçulmanos
ar 1 Primeira cruzada
50 mil homens das mais dife- M
2 Segunda cruzada
rentes origens. 50°
N
INGLATERRA
Londres
3
4
Terceira cruzada
Quarta cruzada
• Apontar que os cruzados 3
Metz
Paris 1 Ratisbona
receberam ajuda dos bizan- 2 Viena
wich
São João d’Acre
ros judeus e muçulmanos. Tânger Creta
de Green
Jerusalém
Meridiano
ÁFRICA 0 410
EGITO
da foi vencida pelos muçul-
Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2001. p. 66-68.
manos.
• Acentuar que na Terceira As quatro Cruzadas
Cruzada foi selado um acor- Primeira Cruzada Segunda Cruzada Terceira Cruzada Quarta Cruzada
do com os muçulmanos, que (1096-1099) (1147-1149) (1189-1192) (1201-1204)
voltaram a permitir aos cris- Essa Cruzada foi motivada
Foi chefiada pelos reis
tãos a realização de peregri- da França e da Inglaterra
principalmente por
nações a Jerusalém. interesses econômicos.
e pelo imperador da
Os comerciantes de Veneza
Foi comandada região onde é hoje a
• Destacar que na Quarta Cru- pelo rei da França e Alemanha. Os cruzados
ajudaram os cruzados
zada, com o ataque à Cons- Foi liderada por nobres
pelo imperador da estabeleceram
fornecendo navios,
de várias partes da alimentos e dinheiro.
tantinopla, os mercadores Europa e conseguiu
região onde é hoje a um acordo com os
Em troca, exigiram que os
Alemanha. Os líderes muçulmanos que,
italianos – venezianos e ge- reconquistar Jerusalém
se desentenderam e a na época, haviam
cruzados atacassem uma
noveses – obtiveram várias temporariamente.
expedição foi derrotada reconquistado
cidade que também era
cristã – Constantinopla –
ilhas no mar Egeu e passaram pelos muçulmanos. Jerusalém; o acordo
porque os comerciantes
permitia aos cristãos
a dominar parte do comércio realizarem peregrinações
dessa cidade eram seus
pelo Mediterrâneo. a Jerusalém novamente.
concorrentes no comércio.
E assim foi feito.
Depois dessas quatro Cruzadas, cujos caminhos você vê representados no mapa acima, foram organizadas
outras quatro, sem que se conseguisse retomar Jerusalém.
Imagens em movimento
Documentário sobre as Cru- Mudanças causadas pelas Cruzadas
zadas, analisando as princi- As Cruzadas provocaram mudanças importantes no Ocidente europeu, entre as quais
pais batalhas ocorridas e suas cabe citar:
motivações.
• o aumento do comércio entre o Ocidente e o Oriente e entre as várias regiões da Europa,
• AS CRUZADAS: a meia-lua e o que contribuiu para a prosperidade dos comerciantes europeus e de suas cidades;
a cruz. Direção: Mark Lewis
e Stuart Elliott. Reino Unido: 70
The History Channel, 2005.
Blu-ray (90min).
+ATIVIDADES
HIS-F2-2111-V7-U2-C03-LA-G24.indd 70 de pesquisa, para o exercício da argumenta- 20/08/22 19:50 AV-
•
da França reagiu à vitória dos
ingleses e, com um poderoso
exército, conseguiu retomar
Paris; a partir da capital fran-
cesa, organizou o governo e
Representação a cobrança de impostos, au-
da Batalha mentando, assim, o seu po-
de Fromingny der. Nesse contexto, emerge
(França),
ocorrida em
a lendária figura de Joana
1450. Autor d’Arc, uma camponesa que,
desconhecido, depois de passar por vários
século XV. A testes diante dos teólogos do
Guerra dos
Palácio, conseguiu conven-
Cem Anos foi
um exemplo cer o rei de que ouvira vozes
típico de guerra vindas dos céus que a incum-
medieval: biam de libertar a França dos
um conflito ingleses e coroar o rei.
por títulos e
senhorios,
no interior
da nobreza.
73
17:34 +ATIVIDADES
AV-HIS-F2-2111-V7-U2-C03-LA-G24.indd 73 01/08/22 17:37
BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
teses foram levantadas: ela era
uma iluminada; alguém teria
lhe ensinado o papel que de-
sempenhou; ela era uma pes-
soa inspirada por Deus. Conti-
nua em aberto a questão das
vozes ouvidas por Joana quan-
do tinha 12 anos. Professor, co-
mentar que, na época, desde o
mais humilde camponês até o
rei, todos acreditavam em “re-
velações”.
TEXTO DE APOIO
Joana d’Arc Joana d’Arc, da Série Liebig: Les femmes célèbres dans l’histoire, 1922.
Tão surpreendente quanto
possa parecer, o encontro ocorri- a) Que aspecto da vida de Joana d’Arc você achou mais interessante? a) Resposta pessoal.
do em Chinon entre a jovem des-
conhecida, vinda de tão longe, e b) Será que o fato de ela ser mulher e de pertencer ao campesinato dificultou sua acei-
o rei da França nada tem de inve-
tação por parte do rei? b) Sim; o modo como a mulher era vista naquela época e o grupo social a que
rossímil: na situação de desespe- ela pertencia certamente dificultaram a aceitação de Joana d´Arc no palácio real.
ro e de urgência em que ele se en-
c) Como você interpreta o fato de uma camponesa de apenas 17 anos, iletrada, ter lançado
contrava, como não tentar tudo?
Por outro lado, é preciso admitir a ideia de que Deus lhe havia dado a missão de salvar a França? c) Resposta pessoal.
na circunstância a influência
fora do comum da Pucelle. Mis-
teriosamente, ela se impôs. Mes- 74
mo que na época a cessação do
cerco de Orleans tenha parecido
miraculosa para muitos, ela pode anos, criada entre o pai74e a mãe num vilarejo tarina e Margarida, é concebível; e também mais
060a080-F2-2111-V7-U2-C03-LA-G24.indd 26/08/22 17:20 060
receber uma explicação natural: distante, sem horizonte cultural, tenha por si provável, desde então, que essas vozes só lhe da-
a relação de forças entre ingleses mesma formulado a ideia de que Deus lhe ha- vam edificantes conselhos e que a finalidade de
e franceses não era assim tão de- sua ação – a salvação do “santo” reino da França e
via dado a missão de salvar o reino da França
sigual que um sobressalto destes
do naufrágio? Para responder a essa pergunta, o socorro aos franceses mergulhados na tristeza –
últimos não pudesse modificar o
múltiplas hipóteses foram feitas [...]. não poderia ter sido sugerida pelo diabo. [...]
resultado. Joana d’Arc provocou
esse sobressalto, os homens de Um quarto de século mais tarde, os doutos O historiador de hoje, evidentemente desmu-
armas combateram e Deus lhes tratados que acompanham o processo de reabi- nido para decidir sobre a natureza das vozes,
concedeu a vitória. litação concluíram prudentemente: mesmo que limita-se a realçar que, segundo o espírito do
Mais que tudo, uma questão se nenhuma certeza possa ser trazida, a origem tempo, Deus podia agir pontualmente. [...]
coloca sempre: como conceber sobrenatural das vozes, identificadas por Joana LE GOFF, Jacques. Homens e mulheres da Idade Média. São
que uma iletrada de dezessete como sendo as do arcanjo Miguel e das santas Ca- Paulo: Estação Liberdade, 2013. p. 355, 358.
74
entre outros).
ATIVIDADES
lhar a noção de anacronismo. NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
“[...] anacronismo, que con-
siste em atribuir aos agentes
históricos do passado razões
ou sentimentos gerados no
presente, interpretando-se,
assim, a história em função de 1. a) Os jovens querem dizer que não estão mais em uma época de
critérios inadequados, como se I. Retomando atraso e estagnação, como algumas pessoas se referiam à Idade Média,
chamada durante muito tempo de “noite dos 1000 anos”.
os atuais fossem válidos para
1. b) Não. Na Idade Média foram criados os livros, os óculos, as
todas as épocas” (BRASIL. Mi- universidades, os garfos, os vidros, as janelas etc., e se manteve a
nistério da Educação. PNLD 1 Leia o texto com atenção. produção filosófica e científica.
2018: história: guia de livros di- [...] para saber o que foi a Idade Média é necessário começar desconfiando do
dáticos: Ensino Médio. Brasília, que já se disse [...] sobre ela. Quem já não ouviu, até em telenovela, adolescentes
DF: Secretaria de Educação Bá- revoltados contra a autoridade dos mais velhos dizendo: “Nós não estamos na Idade
sica, 2017. p. 99). O historiador Média!”?
Jacques Le Goff costuma expli-
MICELI, Paulo. O feudalismo. São Paulo: Atual, 1994. (Discutindo a história, p. 11).
car que para a compreensão de
uma época, devemos vestir a a) Segundo o texto, o que os jovens querem dizer com a frase “Nós não estamos na Idade Média”?
pele das pessoas que a viven- b) A Idade Média pode ser considerada uma época de atraso e ignorância? Justifique.
ciaram.
2 A partir do século XI, a Europa passou por importantes mudanças. Complete no
caderno o esquema com as palavras a seguir e descubra as mudanças ocorridas.
Dica de leitura
Livro que aborda as princi-
pais características da Idade alimentos rotação mais doenças
Média. peito menos charrua
SILVA, Marcelo Cândido da.
História medieval. São Paulo:
Contexto, 2019. Europa feudal (século XI)
Europa feudal – século XI
ALEX SILVA
EDITORA CONTEXTO
a) Charrua Cavalo
a) **** Moinho
b) peito atrelado
c) rotação pelo Sistema de
d) alimentos b) **** c) ****
e) menos trienal
f) doenças AUMENTO DA PRODUÇÃO DE d) ****
g) mais
76
+ATIVIDADES
AV2-HIS-F2-2111-V7-U2-C03-LA-G24.indd 76 08/08/22 07:59 AV2
EDITORIA DE ARTE
b) Em que século a população aumen-
tou mais? 3. b) No século XIII.
como era uma “feira medie-
val”. Por isso, a existência de
População
35 000
c) No título do gráfico há a palavra
“estimativa”. O que ela significa? 22 000
26 000
personagens e de um cenário
18 000
3. a) O crescimento da população entre que lembra a época. b) Notar
os anos 800 e 1300.
Fonte: FRANCO JÚNIOR, Hilário. As cruzadas. 800 1000 1100 1200 1300
que ambos têm uma coroa na
São Paulo: Brasiliense, 1991. p.17-18. Ano cabeça. O rei traz uma espada
3. c) Estimativa significa cálculo aproximado; na época não havia censo populacional, como os de hoje em dia.
na mão direita e o brasão de
4 Sobre processos ocorridos na Idade Média estão corretas as alternativas: 4. Alternativas A e D. Portugal, na esquerda.
a) Com o aumento da oferta de alimentos, muitos camponeses deixaram o campo em busca de
outro meio de vida. 5. d) Eram eventos que duravam de 15 a 60 dias, aconteciam uma ou duas
vezes por ano e reuniam mercadores de várias partes do mundo.
b) Parte dos que deixaram o campo foi trabalhar como industriais, outra parte como agricultores.
TEXTO DE APOIO
c) Os moradores do campo passaram a trocar roupas e sapatos que confeccionavam por alimen-
tos produzidos nas cidades. A intensificação das trocas
d) As trocas comerciais entre campo e cidade estimularam a vida urbana. comerciais nesse período (ini-
cialmente interna e depois ex-
5. b) Ele as diferenciou indicando as marítimas com
5 Observe o mapa da página 65 com atenção. setas azuis e as terrestres com setas vermelhas. terna) foi o elemento prepon-
derante para o Renascimento
a) De que trata o mapa? 5. a) O mapa trata das principais rotas comerciais do século XIV.
Urbano. O comércio estimulou o
b) Como o cartógrafo diferenciou as rotas terrestres das rotas marítimas? crescimento dos núcleos popu-
c) Identifique as duas principais rotas terrestres que ligavam o sul ao norte da Europa (a cidade lacionais existentes e transfor-
de onde partiam e a cidade a que chegavam). 5. c) Uma delas ligava Gênova a Bruges, mou o caráter essencialmente
passando pelas feiras da região de Cham- agrícola da sociedade, ou seja,
d) O que eram as feiras medievais representadas no mapa?
pagne, na França; e a outra ligava Veneza as primeiras cidades mercantis
6. b) Um rei e uma rainha. a Hamburgo.
6 Observe o cartaz ao lado com atenção. resultaram da transformação
do caráter destas aglomerações
a) Quando e onde aconteceu a feira que o cartaz anuncia?
77
BRIDGEMAN/FOTOARENA
sua própria oficina.
9. Respostas possíveis: 1. Re-
gião da França, na qual eram
realizadas importantes feiras.
2. Nome dado às corporações 9 Leia o diagrama a seguir. Seu desafio é elaborar, no caderno, as dicas que resultaram
de comerciantes. 3. Associa- nas palavras de cada linha. 9. Respostas pessoais.
ção de profissionais de um
mesmo ramo de atividade. 4. 1. C H A M P A G N E
A mais rica e importante liga 2. L I G A
de comerciantes da Europa. 5.
Documento que concedia aos 3. C O R P O R A Ç Ã O * D E * O F Í C I O
habitantes das cidades o direi- 4. L I G A * H A N S E A T I C A
to de administrá-las. 6. Jovem
que trabalhava na oficina de 5. C A R T A * D E * F R A N Q U I A
um mestre em troca de ali- 6. A P R E N D I Z
mentação, roupa e moradia.
7. C A M B I S T A S
7. Pessoas que faziam a troca
das diferentes moedas que cir-
culavam nas feiras. 10 Leia o texto a seguir com atenção.
EDITORA VOZES
Os mercadores medievais
TEXTO DE APOIO [...] na ldade Média, nasceram ou se desenvolve-
O crescimento ram inúmeras cidades: as mais importantes eram
populacional na Europa as sedes do poder dos reis e dos príncipes, e também
medieval de sua burocracia. [...] Um novo tipo do homem
[...] o crescimento populacio- apareceu, o mercador. Os mais ricos mercadores
nal está claramente ligado às comerciavam em toda a Europa, e até mesmo na
inovações de técnicas agrícolas Ásia e na África, e eram também banqueiros. [...]
verificadas na época. Discute-se,
contudo, o tipo de ligação: o in-
cremento demográfico pressio-
nou por uma produção maior e
assim surgiram as inovações, ou
Fac-símile da capa do livro
as novas técnicas permitiram
Uma breve história da Europa,
uma alimentação melhor e des-
de Jacques Le Goff.
ta forma o crescimento da popu-
lação? Para nós, pouco importa.
Basta constatar que, realmente, 78
a partir de um certo momento,
houve uma melhoria na quali-
dade da dieta e isto contribuiu
menstruação, gravidez 78e lactação), daí a ane-
D2-HIS-F2-2111-V7-U2-C03-LA-G24.indd ção da Europa Ocidental passando de 18 mi- 22/07/22 21:45 AV2
para uma queda na mortalidade.
mia e, portanto, a menor defesa do organismo lhões de indivíduos no ano de 800 para mais de
A alteração na dieta pode contra certas doenças. No entanto, o progresso 22 no ano 1000, quase 26 em 1100, quase 35 em
mesmo explicar a mudança na tecnológico – e especialmente o novo método 1200 e mais de 50 em 1300. [...]
proporção entre população mas- de atrelagem animal, a charrua e o sistema de FRANCO JÚNIOR, Hilário. As cruzadas. São Paulo:
culina e feminina, favorável à rodízio de cultivos – fez com que, desde o século Brasiliense, 1991. p. 16.
primeira na Alta Idade Média e à
segunda posteriormente. Tal se
X, se consumissem leguminosas (ervilha, lenti- Dica de leitura
lha, feijão, grão-de-bico etc.) e maior quantida-
devia ao fato de a dieta na Alta Livro que traça um estudo sobre a vida co-
de de carne, ovos e laticínios, possibilitando a
Idade Média ser pobre em pro- tidiana e o trabalho na Idade Média.
teínas e sobretudo em ferro, ele- diminuição da mortalidade feminina.
mentos que a mulher necessita Em função desses fatores, verificou-se um • FOSSIER, Robert. O trabalho na Idade Mé-
em maior quantidade (devido à claro incremento demográfico, com a popula- dia. Petrópolis: Vozes, 2018.
78
Esta foi a maior, a mais trágica c) o fortalecimento da nobreza guerreira, que se endividou e perdeu parte de seus membros
epidemia que a história registra, nas Cruzadas.
tendo produzido um morticínio d) a diminuição do comércio de curta e de longa distância, o que contribuiu para a falência dos
sem paralelo. Foi chamada Peste comerciantes europeus e suas cidades.
Negra pelas manchas escuras que
apareciam na pele dos enfermos. 14 As sucessivas crises enfrentadas pela Europa ao longo do século XIV motivaram
[...] teve início na Ásia Central, diversos motins populares. Sobre as revoltas camponesas do século XIV, indique a
espalhando-se por via terrestre
alternativa correta. 14. Alternativa A.
e marítima em todas as direções.
Em 1334 causou cinco milhões de a) A Jacquerie ocorreu na França, em 1358, e teve como motivo imediato o aumento dos
mortes na Mongólia e no norte impostos cobrados dos camponeses.
da China. Houve grande mortan- b) As revoltas foram violentamente reprimidas, mas os camponeses saíram vencedores.
dade na Mesopotâmia e na Síria,
cujas estradas ficaram juncadas c) Os camponeses possuíam vantagens de armas e de treinamento em relação à nobreza.
de cadáveres dos que fugiam das d) As revoltas camponesas contribuíram para fortalecer a servidão na Europa.
cidades. No Cairo os mortos eram
atirados em valas comuns e em
Alexandria os cadáveres ficaram
insepultos. Calcula-se em 24 mi-
II. Integrando com Ciências
lhões o número de mortos nos
países do Oriente [...] Leia a notícia a seguir.
Em 1347 a epidemia alcançou
A peste bubônica voltou a virar notícia em julho de 2020, quando casos da doença
a Crimeia, o arquipélago grego e
a Sicília. Em 1348 embarcações foram confirmados na Ásia. c) Os sintomas da doença são: inchaço, febre, calafrios, dor de cabeça, fa-
diga e dores musculares.
genovesas procedentes da Cri- PESTE bubônica: 5 pontos para entender o que é a doença. Revista Galileu, São Paulo, jul. 2020.
meia aportaram em Marselha, Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2020/07/
peste-bubonica-5-pontos-para-entender-o-que-e-doenca.html.
no sul da França, ali dissemi- Acesso em: 26 abr. 2022.
nando a doença. Em um ano, a a) A peste bubônica é uma epidemia terrível que teve sua primeira grande ocorrência na
Europa, entre 1347 e 1350. Na ocasião, matou quase um terço da população europeia.
maior parte da população de
Com base em seus estudos deste capítulo e em pesquisa, responda:
Marselha foi dizimada pela pes-
te. Em 1349 a peste chegou ao a) O que é a peste bubônica e quando se deu sua primeira grande ocorrência na história?
centro e ao norte da Itália e dali b) Como a doença é transmitida? b) É transmitida por pulgas que picam ratos e ratazanas e, de-
se estendeu por toda a Europa. pois, contaminam os seres humanos.
c) Quais são os sintomas da doença?
Em sua caminhada devastadora,
semeou a desolação e a morte d) O que facilitou a rápida expansão da peste bubônica na Europa durante a Idade Média?
nos campos e nas cidades. Povo- d) A fome e as péssimas condições de higiene; os lixos das casas eram lançados nas ruas e não havia serviços de
ados inteiros se transformaram 80 coleta, encanamento ou esgoto.
em cemitérios. Calcula-se que a
Europa tenha perdido pelo me-
nos um terço de sua população.
Esta epidemia inspirou o livro o povo de bubões. Em seguida
AV2-HIS-F2-2111-V7-U2-C03-LA-G24.indd 80 o aspecto da doen- “Entre tanta aflição e tanta miséria de nossa 05/08/22 09:56
4
tudes e ideias surgidas no
RENASCIMENTO Renascimento e trabalhar os
conceitos de Renascimento,
E HUMANISMO humanismo, mecenato, in-
dividualismo e antropocen-
trismo.
• Trabalhar a “educação do
olhar” com base nas obras
pictóricas do Renascimento
europeu.
• Conhecer a produção inte-
lectual e artística de renas-
centistas de várias partes da
Europa.
BNCC
• Competências gerais: 1, 2, 3,
Cena do filme As tartarugas ninja, de Steve Barron, 1990. UNITED ARCHIVES GMBH/ALAMY /FOTOARENA 4, 5, 6, 7, 9 e 10.
• Competências específicas: 1,
2, 3 e 4.
1. Você conhece esses personagens? • Habilidades: EF07HI01 e
EF07HI04.
2. As Tartarugas Ninja fazem enorme sucesso. Você já viu alguma HQ, filme, desenho ou jogo de
videogame com esses personagens?
3. Você sabia o nome de cada uma delas?
4. Por que será que elas têm nomes de artistas do Renascimento italiano?
5. O que você sabe sobre esse movimento cultural? Respostas pessoais.
81
ENCAMINHAMENTO
081a102-F2-2111-V7-U2-C04-LA-G24.indd 81 uma tartaruga semelhante, Eastman desenhou
26/08/22 17:23
Splinter) [...]. Ele deu o nome de
mais duas e, no dia seguinte, eles escreveram seus artistas favoritos às tarta-
Professor, leia o que se diz: rugas após encontrar um livro
uma história para suas Tartarugas Ninja e cria-
As Tartarugas Ninja foram criadas por Kevin
ram uma revista em quadrinhos. As primeiras esfarrapado de arte renascentis-
Eastman e Peter Laird – amigos artistas de Nor-
1 000 cópias foram produzidas em 1984. Este se- ta no esgoto. [...].
thampton, Massachusetts, que costumavam
sair juntos para desenhar personagens de qua- ria o início de uma franquia multimilionária de SILVA, Ruan Bitencourt. Donatello,
quadrinhos, desenhos animados, filmes, séries, Leonardo, Michelangelo e Rafael:
drinhos. Uma noite, enquanto Laird estava ab- artistas renascentistas ou tartarugas
sorto assistindo TV, Eastman (na esperança de jogos e brinquedos. ninja? Universo Racionalista. [S. l.],
distrair seu amigo) desenhou uma tartaruga Nos quadrinhos e nos desenhos animados, 16 out. 2016. Disponível em: https://
universoracionalista.org/donatello-
em pé com feições humanas, uma máscara e as tartarugas são nomeadas por seu sensei, o
leonardo-michelangelo-e-rafael-artistas-
nunchakus com um logotipo [...] acima – escrito professor ninja amante da arte Hamato Yoshi, renascentistas-ou-tartarugas-ninja/.
“Tartaruga Ninja”. Laird respondeu desenhando que foi transformado em um rato (apelidado de Acesso em: 8 ago. 2022.
81
TEXTO DE APOIO AV-HIS-F2-2111-V7-U2-C04-LA-G24.indd 84 XVI que elaborou tal conceito. Ou melhor, tal preconceito, pois o 02/08/22 07:51 D2-H
termo expressava um desprezo indisfarçado em relação aos sé-
O (pré) conceito de Idade Média culos localizados entre a Antiguidade Clássica e o próprio século
XVI. Este se via como o renascimento da civilização greco-latina,
Se numa conversa com homens medievais utilizássemos a ex- e portanto tudo que estivera entre aqueles picos de criatividade
pressão “Idade Média”, eles não teriam ideia do que estaríamos artístico-literária (de seu próprio ponto de vista, é claro) não pas-
falando. Como todos os homens de todos os períodos históricos, sara de um hiato, de um intervalo. Logo, de um tempo intermedi-
eles viam-se na época contemporânea. De fato, falarmos em Ida- ário, de uma idade média.
de Antiga ou Média representa uma rotulação a posteriori, uma FRANCO JUNIOR, Hilário. A Idade Média -
satisfação da necessidade de se dar nome aos momentos pas- O nascimento do Ocidente.
sados. No caso do que chamamos de Idade Média, foi o século São Paulo: Brasiliense, 2001. p. 17.
84
85
Artigo que mostra como Leonardo da Vinci Vídeo sobre a originalidade e diversidade
foi um dos pioneiros nos estudos sobre o cor- da obra de Leonardo da Vinci.
po humano. • A OBRA e a genialidade de Leonardo da
• SILVA, Alessandro. Leonardo da Vinci, o Vinci. 2020. Vídeo (4min9s). Publicado pelo
desbravador do corpo humano. Jornal da Canal History Brasil. Disponível em: https://
Unicamp, Campinas, jul./ago. 2013. Disponível youtu.be/YyMWc5EdeKI. Acesso em: 9 ago.
em: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/568/ 2022.
leonardo-da-vinci-o-desbravador-do-corpo-
humano. Acesso em: 9 ago. 2022.
85
BRIDGEMAN/FOTOARENA
bo, ao descrever as matas ame-
ricanas, responde à descrição de grande mestre do Trecento na pintura. Em
Dante do monte do Purgatório e suas obras, as figuras começam a ganhar
da selva que circunda o Paraíso
Terrestre. Calvino retira de Dante vida e movimento; os rostos se tornam
a ideia de que é possível expres- mais expressivos e os cenários começam
sar com palavras o conhecimen- a ter profundidade. Vários de seus per-
to que se tem do mundo, tanto o
mundo além-túmulo quanto o do
sonagens agem com naturalidade, o que
espaço sideral. [...] era pouco comum na época. Observe a
Dante foi um dos autores que imagem ao lado.
contribuiu para a construção do
legado da literatura no mundo
ocidental; mas seria teleológico São Francisco dá seu manto a um pobre,
tratar sua obra como produto de afresco de Giotto di Bondone, 1297.
um artista que se colocava como
um literato gênio; essa concepção,
surgida no Romantismo, torna es-
treito o projeto cognitivo dantesco.
VERMEERSCH, Paula. Calvino, leitor de
Dante. Instituto de Estudos da Linguagem
88
(IEL), Campinas, p. 1-5, 2003. Trabalho
apresentado na Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP).
AV-HIS-F2-2111-V7-U2-C04-LA-G24.indd 88 ENCAMINHAMENTO 02/08/22 07:55 D2-H
Leonardo da Vinci e sua obra. pintor foi, também, um estudioso das propor-
Produção pessoal. Leonardo da Vinci e Mona Lisa ções humanas. Usava a perspectiva em muitas
A atividade quer colaborar O sorriso misterioso de Mona Lisa, populari-
de suas obras, mas nem sempre seguia rigo-
para o desenvolvimento das zado em pôsteres, cartões, camisetas a partir do rosamente as regras. [...] Mona Lisa demorou
competências gerais 3 e 4. quadro de 77 por 53 cm, pintado pelo renascen- cerca de quatro anos para ficar pronta. A tela
tista Leonardo da Vinci no século XVI, tornou- viajou com o pintor por muitas cidades e per-
-se um ícone da cultura ocidental [...]. Parte da maneceu na corte francesa após sua morte. [...]
fama e do mistério relacionados ao quadro es- LEMOS, Ingrid. Mona Lisa faz 500 anos. Ciência e Cultura, São
tão ligados ao próprio artista. Leonardo era uma Paulo, v. 56, n. 2, p. 60-61, abr./jun. 2004. p. 60.
personalidade especial, entendia de ciências
90
BRIDGEMAN/FOTOARENA
o colossal Davi em um bloco de de técnicas herdadas de seus
mármore com 4,15 metros de antecessores, o que explica a
altura. Michelangelo tornou-se perfeição das suas figuras –
conhecido também pelos afres-
religiosas e/ou da mitologia
greco-romana.
cos que pintou na Capela Sistina
• Frisar que Maquiavel é consi-
(Vaticano). São centenas de
derado por muitos o funda-
figuras, algumas enormes, cuja
dor da política como ciência.
produção custou ao artista quase Sua principal obra, O prínci-
cinco anos de trabalho. As cenas pe, tem sido objeto de deba-
dessa obra são de episódios da tes frequentes. Para alguns,
Bíblia, desde a criação do mundo Maquiavel criou a ideia de
até o juízo final. que os fins justificam os
meios, isto é, qualquer meio
é válido para se chegar ao
poder; para outros, ele ape-
Detalhe de O juízo final,
nas registrou sua longa ex-
de Michelangelo Buonarroti,
século XVI. Cristo é representado periência na vida pública.
como o juiz que separa os • Aprofundar o assunto com a
eleitos, que vão para o paraíso, leitura dos textos: MARTINS,
e os condenados ao inferno. Karla Denise. Michelangelo:
da criação do universo ao ju-
ízo final, breve análise sobre
o trabalho da Capela Sistina.
a) Sugere movimento, como se pode notar observando os corpos, as vestes e os gestos dos personagens. Contemporâneos – Revista
Rafael Sanzio (1483-1520) utilizou com eficiência as técni- de História Contemporânea,
Dialogando
cas de pintura criadas durante o Renascimento. Foi o retratista [s. l.], maio/out. 2008; ACIDINI,
oficial de alguns dos homens mais ricos e poderosos de seu a A cena representada Cristina; DELPRIONI, Alessan-
tempo. Por sua capacidade de representar madonas graciosas é estática ou sugere dro. Mestres do Renascimen-
movimento? to: obras-primas italianas. São
e delicadas, é considerado o “mestre das emoções medidas”.
Nesse ambiente turbulento, o Cinquecento viu surgir b Pode-se perceber Paulo: Base7 Projetos Cultu-
o realismo na rais, 2013.
também um pensador original, com sólida formação intelectual
representação
e experiência na vida pública, o florentino Nicolau Maquiavel Dialogando. c) Individualis-
da figura humana?
(1469-1527). Sua obra mais conhecida e divulgada é O prín- Justifique. mo: basta ver a singularidade
cipe,, uma reflexão sobre as ações que o governante deve c Que valores de cada corpo retratado (o
empreender para conquistar e manter o poder. Por considerar renascentistas feminino e o masculino); o an-
a política como um campo independente da moral e da religião, estão presentes tropocentrismo: na cena, Cris-
Maquiavel é tido como o fundador da ciência política. no afresco? to é mostrado como um ho-
b) Sim; note que o artista se esforçou para reproduzir, com fidelidade, formas, gestos e expressões humanas. mem de formas exuberantes,
c) Individualismo; antropocentrismo; corpo como fonte de beleza. 91 musculoso, viril; o corpo como
fonte de beleza (e não de pe-
cado, como na Idade Média):
Respostas: os corpos dos personagens são
09:57 +ATIVIDADES
AV-HIS-F2-2111-V7-U2-C04-LA-G24.indd 91 02/08/22 07:59
pintados de modo a impres-
a) Mármore.
Pesquise imagens em sites confiáveis da sionar o observador.
b) O artista apresentou a Virgem Maria segu-
obra Pietà e responda:
rando em seus braços o filho, já sem vida.
a) De que material a obra é feita?
c) Resposta pessoal.
b) O que o artista representou nessa obra?
d) O realismo presente na representação dos
c) Que sentimentos essa obra despertou
músculos, das veias e do corpo de Jesus; o es- Professor, os itens desta
em você?
quema de composição triangular bastante usa- atividade querem contribuir
d) Que elementos permitem concluir que do no Renascimento; a assinatura do artista na para o desenvolvimento da
a obra é renascentista? faixa que atravessa o peito da Virgem Maria. competência geral 3.
91
como base o caráter naciona- dos poetas renascentistas que almejava alcan- cristão, imitando as obras de Homero e Virgílio,
lista da Península Ibérica. Um çar o objetivo de expressar a grandeza do seu consagrando Camões como autêntico artista re-
dos principais representantes povo e conseguiu concretizar seu anseio ao es- nascentista.
da literatura portuguesa dessa crever Os Lusíadas,
Lusíadas, poema épico, modelo maior SOUZA, Paulo Rogério de; CORTEZ, Clarice Zamonaro. As
época, se não o maior de todos, do gênero no período clássico, cantando feitos influências do desconcerto do mundo renascentista na
foi Camões [...]. Sua obra, refle- e glórias do passado lusitano. O poema camo- construção da temática camoniana. Acta Scientiarum.
Language and Culture, Maringá, v. 37, n. 1, p. 63-71, jan./
tida em experiências de vida, niano representa o Renascimento, não apenas mar. 2015. p. 64.
guiava – e ainda guia nos dias de pela filiação exemplar na sua forma poética
hoje – o leitor a “[...] um mundo de imitação clássica, mas na abstração da sua
novo de descoberta de desco- cultura revelada na escrita. O texto representa
nhecidos horizontes geográficos e expressa a exaltação da vontade e da inteli-
92
93
personalidades da época.
mais original entre os pintores renas-
centistas alemães. Dono de uma técnica
Imagens em movimento primorosa, transmite em suas obras uma
sensação de realismo, encantamento e
Documentário sobre obras
magia.
do Renascimento. O compar-
tilhamento de trechos desse
documentário sobre o Renas-
cimento pode contribuir para
o desenvolvimento da compe-
tência geral 3.
• PINTURAS do Alto Autorretrato de Albrecht Dürer, 1498.
Renascimento. Vídeo
(57min8s). Publicado
pelo canal Land
Walker. Disponível em:
https://youtu.be/ka152-w5TNk. 94
Acesso em: 10 ago. 2022.
TEXTO DE APOIO
081a102-F2-2111-V7-U2-C04-LA-G24.indd 94 nos delírios. Assim, por exemplo, uma figura 26/08/22 17:23 AV-
pode apresentar aspectos vegetais e animais
Bosch: a força da fantasia associados arbitrariamente pelo artista.
Hieronymus Bosch (1450-1516) foi um artista Por que as composições do artista são assim
dos Países Baixos que criou um estilo inconfun- e o que elas refletem? Alguns críticos veem na
dível. Sua pintura é rica em símbolos de astro- pintura de Bosch a representação do conflito
logia, da alquimia e da magia conhecidas no fim que inquietava o espírito humano no fim da
da Idade Média. Nem todos os elementos pre- Idade Média: a tensão entre o sentimento do
sentes em suas telas, porém, podem ser deci- pecado ligado aos prazeres materiais e a busca
frados, uma vez que ele seleciona e combina as- das virtudes de uma vida ascética. [...].
pectos dos mais diversos seres, criando formas PROENÇA, Graça. História da arte.
muitas vezes existentes apenas nos sonhos ou São Paulo: Ática, 2011. p. 110.
94
96
ATIVIDADES
ATIVIDADES NÃO ESCREVA
NO LIVRO. mento da habilidade EF07HI01.
I. Retomando
1 Sobre a relação entre modernidade e renascimento europeu, estão corretas as alternativas:
a) o Renascimento europeu foi importante para o surgimento da modernidade;
b) os artistas e cientistas do Renascimento europeu não contribuíram para a modernidade;
c) a ideia de que só o Renascimento europeu impulsionou a modernidade é correta;
d) a ideia de que só o Renascimento italiano impulsionou a modernidade supervaloriza a Europa
e exclui os outros renascimentos, a exemplo do indiano e do chinês.
1. Alternativas A e D.
2 Avalie as afirmações com atenção. 2. Alternativa C.
I. Segundo o historiador Jack Goody, o que existiu foram Renascimentos, e não Renascimento.
II. Em outras partes do mundo, além da Europa, também ocorreu um florescimento cultural a
partir de uma volta ao passado.
a) As afirmações I e II estão corretas, mas não têm relação entre si.
b) A afirmação I está correta; e a II, errada.
c) As afirmações I e II estão corretas; e a II explica a I.
d) Somente a afirmação II está correta.
TEXTO DE APOIO
As renascenças foram
apenas europeias? A anunciação, de Leonardo da Vinci, 1472-1475.
O Renascimento italiano foi
o único? Historicamente, para a) Na pintura, pode-se observar o realismo na representação da figura humana, isto é, o esforço
a Europa, é claro que foi. Mas do artista em representá-la com exatidão.
sociologicamente? Há duas im- b) Na pintura, Leonardo da Vinci demonstra o domínio da técnica inovadora da perspectiva,
portantes características num transmitindo ao observador a sensação de profundidade para a paisagem ao fundo.
renascimento ou renascimen-
tos: um olhar para o passado e c) Artistas renascentistas como Leonardo da Vinci pintavam com base apenas na intuição; por
uma florescência. Da perspecti- isso, suas obras apresentam equilíbrio, harmonia e expressividade.
va transcultural, esses fenôme- d) Observa-se na pintura que os elementos que compõem a paisagem, como as flores e as
nos não são necessariamente árvores, não foram desenhados com precisão, pois os renascentistas não representavam a
coincidentes. [...] Do ponto de natureza de forma realista.
vista histórico, o Renascimento 6. Alternativas A e B.
italiano foi o único. Sociologi- 98
camente, no entanto, devemos
vê-lo não apenas como uma ex-
periência europeia, mas como
a experiência de uma classe é AV2-HIS-F2-2111-V7-U2-C04-LA-G24.indd
afetada, é claro, pelo modo 98 de comunicação; Usar o termo “Renascimento” ou “renascen- 08/08/22 09:00 AV-
maior de eventos que ocorre o ir em frente nem sempre – mas com frequên- ça” no Ocidente implica conceber a história
em todas as culturas letradas e cia – envolve um olhar retrospectivo. Mesmo na europeia como um processo cultural mais ou
envolve tanto um olhar retros- Europa, o Renascimento italiano não foi o pri- menos contínuo desde os tempos antigos, an-
pectivo quanto um salto para meiro desses períodos. Se o humanista europeu tecedido de um período de eclipse, uma espécie
frente, nem sempre combinados afirma ter “reformado o mundo” olhando para de depressão histórica, durante o qual a cultura
em um único evento. Períodos a literatura clássica que havia sido desprezada, perdeu o seu rumo natural, mas do qual se re-
de florescência não foram ra- o que isso nos diz a respeito do Renascimento cuperou após uma transição (para o “capitalis-
ros nas sociedades letradas (e ou do mundo? O Renascimento não foi único ou mo”), fluindo mais uma vez por onde se espe-
são conhecidos com frequência humanista no sentido de uma revivificação da rava, com mais sabedoria e vigor renovado. As
como “eras douradas”), mas a literatura antiga. Isso aconteceu em outros lu- consequências dessa visão – e não saberíamos
velocidade da mudança cultural gares e em função do letramento. [...] enfatizar o suficiente como essa interpretação
98
EDITORA ATUAL
Leia o texto com atenção e observe as imagens
a seguir. um efeito decorativo. Já as
[A] impressão inédita de olhar-se para
pinturas renascentistas, com
efeito tridimensional, aumen-
uma parede pintada e parecer que se vê para
tam os espaços e dão vida à
além dela, como se ali tivesse sido aberta
personagens, objetos e paisa-
uma janela para um outro espaço, o espaço
gens retratados.
pictórico, era o principal efeito buscado pelos
novos artistas. A pintura tradicional, gótica
ou bizantina, praticamente se restringia ao
plano bidimensional das paredes, produzindo +ATIVIDADES
no máximo um efeito decorativo. O novo
estilo multiplicava o espaço dos interiores e, Produza uma sequência fo-
com a preocupação de dar às pessoas, aos tográfica com obras de pin-
objetos e paisagens retratados a aparência tores do Trecento, do Quat-
mais natural possível, parecia multiplicar a
trocento e do Cinquecento,
evidenciando mudanças ocor-
própria vida.
ridas no campo da pintura du-
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual. p. 32.
Fac-símile da capa do livro rante essas três fases.
a) O texto trata de uma inovação técnica introduzida O Renascimento, de Nicolau Sevcenko. Produção pessoal.
pelos artistas renascentistas. Qual técnica é essa?
A atividade pode contribuir
b) Em qual das imagens a seguir foi utilizada a técnica descrita no texto?
para o desenvolvimento das
I. II.
competências gerais 4 e 5.
BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
Renascimento 9 Observando a obra de Albrecht Dürer, é possível perceber três inovações introduzidas
e humanismo na pintura pelos renascentistas. Quais são elas? 9. Realismo na repre-
sentação da figura
[...] O Renascimento italiano
ÓLEO SOBRE PAINEL, 52 CM × 41 CM, MUSEU DO PRADO, MADRI, ESPANHA. FOTO: BRIDGEMAN/EASYPIX BRASIL
humana; domínio da
não se inspira apenas na Anti- técnica da perspectiva;
guidade latina, mas também na iniciativa de os artistas
Antiguidade grega, trazida pelos produzirem imagens
intelectuais bizantinos que se de si mesmos.
refugiam no Ocidente depois da
tomada de Constantinopla pelos
turcos. Como na Grécia antiga,
o homem volta a ser o centro
do conhecimento e da cultura, Autorretrato
e também o modelo de beleza de Albrecht
artística. É o que expressa a im- Dürer, 1498.
portante estátua de Davi, escul-
pida por Michelangelo em Flo-
rença, o mais importante artista
do Renascimento. O espírito tor-
na-se crítico. A filologia – estudo
científico dos textos – corrige os
textos antigos que os escribas
recopiaram com erros. Um cer-
to espírito de tolerância apare-
ce. Esse modelo é dado por um
holandês, Erasmo de Roterdã
(1469-1536), que viveu, ensinou 10 O trecho a seguir é de um importante humanista do Renascimento chamado Pico
e escreveu na França, na Grã- della Mirandola.
-Bretanha, na Itália, nos Países Finalmente, pareceu-me ter compreendido por que razão é o homem o mais
Baixos e, finalmente, na cidade feliz de todos os seres animados e digno [...] de toda a admiração [...]. Coisa ina-
alemã de Babel (atualmente na creditável e maravilhosa. E como não? Já que precisamente por isso o homem é
Suíça). Ele tenta conciliar o es-
dito e considerado justamente um grande milagre e um ser animado, sem dúvida
pírito clássico com o espírito
evangélico. Erasmo personifica a digno de ser admirado.
cultura e o espírito universitário (MIRANDOLA, 2001 apud LIMA, 2017, p. 179).
da Europa: programas comuns
europeus de pesquisas e bolsas 100
para estudantes que vão estudar
em um país europeu diferente
do seu têm o seu nome. [...]
AV-HIS-F2-2111-V7-U2-C04-LA-G24.indd 100 02/08/22 08:50 AV-
LE GOFF, Jacques.
Uma breve história da Europa.
Petrópolis: Vozes, 2008. p. 87.
100
08:50 ENCAMINHAMENTO
AV-HIS-F2-2111-V7-U2-C04-LA-G24.indd 101 12. a) Comentar com os alunos que02/08/22
Nicolau
08:55
101
5
• Compreender o processo de
REFORMA E ruptura desencadeado pelas
CONTRARREFORMA 95 teses de Martinho Lutero
e refletir sobre ele.
• Caracterizar a doutrina lute-
rana.
• Evidenciar a relação entre a
imprensa e a Reforma pro-
Observe o mapa. testante.
• Debater sobre a Reforma Ca-
tólica e a intolerância religio-
As primeiras comunidades luteranas no Brasil sa praticada pelos membros
MT da Inquisição.
ALLMAPS
GO
BA • Discutir sobre intolerância
BOLÍVIA MG religiosa no passado e no
MS
Petrópolis – 1845 ES
presente.
50°LO
50°
0 190
BNCC
Fonte: KLUG, João. Lutero e a reforma religiosa. São Paulo: FTD, 1998. p. 42. • Competências gerais: 1, 2, 3,
4, 5, 7, 8, 9 e 10.
• Competências específicas: 1,
1. Em quais estados se instalaram as primeiras comunidades luteranas no Brasil? 2, 3, 4 e 7.
1. Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. • Habilidade: EF07HI05.
2. Você sabe qual foi o povo que trouxe o luteranismo para o Brasil?
2. Os alemães trouxeram o luteranismo para o Brasil.
3. Na época em que os luteranos chegaram ao Brasil, a religião oficial do Estado brasileiro era a católica.
Como será que eles faziam para praticar sua religião? • Aprofundar o assunto com
3. Praticavam-na de forma restrita e particular.
a leitura do texto: SANTOS,
4. Para o luteranismo, a leitura da Bíblia tem uma especial importância na prática religiosa. Você sabe
por quê?
Lyndon de Araújo. Protes-
4. A leitura da Bíblia é importante para se ter contato direto com o seu conteúdo, sem intermediários. tantismo e modernidade: os
usos e os sentidos da expe-
103 riência histórica no Brasil e
na América Latina. Projeto
História, São Paulo, n. 37,
ENCAMINHAMENTO
D2-HIS-F2-2111-V7-U2-C05-LA-G24.indd 103 1828, em Campo Bom (RS), por iniciativa
25/07/22 11:20 p. 179-194, dez. 2008.
do pastor Christian Klingelhöffer. Ao lado • Informar que a primeira comu-
• Explicar que os alemães luteranos davam
da escola, ergueu-se também o cemitério, nidade luterana no Brasil foi a
grande valor à escola e aos professores, já
já que o Império brasileiro (católico) não de Nova Friburgo, em 1824.
que a leitura da Bíblia e do Livro de Cantos
e Catecismo de Lutero são fundamentais permitia o sepultamento de luteranos nos • Compartilhar com os estu-
para a religião deles; daí também a neces- cemitérios oficiais. dantes que, no mesmo ano,
sidade de todos os fiéis serem alfabetiza- • Explorar o mapa da página, destacando as outro grupo de alemães lu-
dos. Ao chegar ao Brasil, os alemães logo regiões nas quais se instalaram os imigran- teranos fundou o que viria
construíram uma escola. A primeira igreja/ tes alemães responsáveis pela introdução a ser a cidade de São Leopol-
escola luterana no Brasil foi construída em do luteranismo no Brasil. do, no Rio Grande do Sul.
103
104
BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
seu povo. Até então, tanto a Bíblia quanto as turas e a coerência do clero. Na
missas eram em latim. Afirmando que havia Universidade, tornou-se líder de
um grande contraste entre o que a Igreja era um movimento nacionalista. [...]
e o que deveria ser, ele criticava, sobretudo, o Mas o aspecto educativo de
acúmulo de riquezas por parte dos bispos e sua vida foi pouco explorado.
Parte importante da sua pessoa,
papas e a falta de instru- Herege: aquele que
portanto, foi negligenciada. [...]
ção dos sacerdotes. Por contraria a doutrina o principal é que Hus pode ser
isso, Wycliff foi levado a oficial da Igreja. visto como um sujeito que re-
um tribunal religioso, que presenta o educador do século
o acusou de ser herege
herege.. XV. Não o grande educador mas
um educador do período, como
Jan Huss (1369-1415) era ensinam Verger e Le Goff. [...]
professor da Universidade de
Em primeiro lugar, ele está
Praga (na atual República numa posição ambígua entre
Tcheca), teólogo e bri- o antigo e o moderno. Em seu
lhante orador; ele se caso, isso se exprime pelo uso
tornou conhecido por de um pensamento escolástico,
que remete aos séculos anterio-
fazer seus sermões res, e que vemos em suas cartas
no idioma tcheco, escritas em latim para o arcebis-
língua de seu povo e po Zbynek. Mas, ao mesmo tem-
para a qual traduziu po, ele valoriza o uso do tcheco
em suas cartas ao povo, apoian-
a Bíblia, que estava
do a proposta de pregação no
em latim. Por seus vernáculo que começa a apa-
ataques à corrupção e recer no século XIV, mas só vai
ao luxo do alto clero, Jan se consolidar nos séculos XVI e
Huss foi acusado de ser XVII. Isso é típico de um século
que foi tradicionalmente marca-
herege e queimado vivo,
do como o de transição entre a
em 1415. Ainda hoje ele Idade Média e a Idade Moderna.
é visto por muitos tchecos Estudar Hus é portanto, estudar
como um mártir. um pouco de ambas.
[...] embora sua prática educa-
tiva esteja nos espaços institu-
Retrato de Jan Huss. cionalizados para o ensino, Uni-
Autor desconhecido, século XIX. versidade e Igreja, Hus utilizou a
escrita de cartas para educar.
105 [...] Hus foi um educador que
reiterou na correspondência e
na vida, dedicação e firmeza
moral. [...] Nisso, ele é um re-
09:43 ENCAMINHAMENTO
AV-HIS-F2-2111-V7-U2-C05-LA-G24.indd 105 02/08/22 09:43
presentante de um educador de
• Trabalhar o conceito de herege. qualquer século.
• Comentar que muitos cristãos, percebendo que parte do clero estava afastada dos ensina- AGUIAR, Thiago Borges de. Jan Hus:
as cartas de um educador e seu legado
mentos de Cristo, tentaram reformar a Igreja sem desligar-se dela e acabaram por originar imortal. Tese (Doutorado em Educação)
novas ordens religiosas, como a dos franciscanos e a das clarissas. Outros movimentos plei- – Faculdade de Educação, Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2010. p. 16, 21,
tearam mudanças religiosas e sociais radicais, tendo sido chamados, por isso, de heréticos. 274-275.
• Destacar que foram considerados heréticos os movimentos liderados por John Wycliff (1320-
1384), na Inglaterra, e por John Huss (1369-1415), em Praga (na atual República Tcheca).
105
Imagens em movimento
O documentário analisa a
Reforma protestante e o im- Detalhe do vitral da capela da cidade
de Coburgo (Alemanha), século XIX.
pacto desse movimento para a
Lutero defendia a necessidade de
história do Ocidente. todos aprenderem a ler para poderem
conhecer a Bíblia, fato que contribuiu
• A REFORMA que mudou
DAVE BARTRUFF/CORBIS/GETTY IMAGES
TEXTO DE APOIO D2-HIS-F2-2111-V7-U2-C05-LA-G24.indd 106 cusa, os penitentes voltaram ao monge Tetzel e contaram-lhe 25/07/22 11:20 AV-
TEXTO DE APOIO transição para a Idade Moderna, entre eles o filósofo holandês. O
pensamento nascente defendia a liberação da criatividade e da
Erasmo de Roterdã – O porta-voz do humanismo vontade do ser humano, em oposição ao pensamento escolástico,
segundo o qual todas as questões terrenas deviam subordinar-se
Embora fosse clérigo e profundamente cristão, o filósofo holan-
à religião. [...]
dês Erasmo de Roterdã (1469-1536) passou para a história por se
opor ao domínio da Igreja sobre a educação, a cultura e a ciên- [...] o filósofo holandês combatia a ideia de predestinação de Lu-
cia. A influência religiosa vigorou praticamente sem contesta- tero por acreditar firmemente no livre-arbítrio dos seres humanos
ção durante toda a Idade Média no Ocidente e ainda no tempo – todos são capazes de distinguir o bem e o mal, segundo ele. [...]
de Erasmo era preciso ousadia para ir contra ela. De qualquer FERRARI, Márcio. Erasmo de Roterdã: o porta-voz do humanismo. Nova Escola.
modo, ousadia individual fazia parte das atitudes que um núme- São Paulo, 6 out. 2008. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/1835/
ro crescente de intelectuais começava a enaltecer no período de erasmo-de-roterda-o-porta-voz-do-humanismo. Acesso em: 12 ago. 2022.
107
TEXTO DE APOIO
Lutero
Lutero traduzindo
Em função de suas ideias sobre a Bíblia para
a salvação, Lutero começou a en- o alemão no
trar em choque com a direção da castelo de
Igreja Católica no tocante às in- Wartburg.
dulgências. [...] Eugene Siberdt,
1898.
No início do século XVI, na Ale-
manha e em outros países da Eu-
ropa, era comum a substituição
da penitência por pagamento em
dinheiro. Lutero indignara-se com
a venda de indulgências como
forma de arrecadar fundos para
a Igreja. Sua indignação voltou-se
contra o frade dominicano João
Tetzel, que defendia veemente-
mente a venda de indulgências
e afirmava que elas também ser-
viam para diminuir o tempo das
penas a serem cumpridas no Pur-
gatório. [...]
Para deixar claras suas divergên-
cias com relação a esse comércio,
Lutero escreveu as 95 teses, afi- 108
xadas em 31 de outubro de 1517
na porta da igreja do castelo de
Wittenberg. O dia seguinte [...] era
[...] feriado católico; a maioria da deAV-HIS-F2-2111-V7-U2-C05-LA-G24.indd
suas teses e, nesses escritos, 108 ainda reconheceu são da igreja) caso não se retratasse. Como ele 02/08/22 09:44 D2-H
população iria à missa e depararia a autoridade do papa como chefe da Igreja. [...] não o fez, em junho de 1520, foi publicada a bula
com o texto na porta da igreja. Era Ainda assim, Lutero foi denunciado em Roma papal Exsurge Domine,
Domine, que classificava muitas das
uma denúncia aberta para quem sob a acusação de questionamento à autoridade afirmações de Lutero como “heréticas, escanda-
soubesse latim. Logo depois, essas papal e da Igreja. Devemos levar em considera- losas, falsas, ofensivas e contrárias à doutrina
teses foram traduzidas para o ale- ção que, naquela época, questionar a ordem es- católica”. Lutero deveria renunciar a seus ensi-
mão, espalhando-se, em poucas tabelecida gerava uma repressão implacável. Essa namentos num prazo de 60 dias após a publica-
semanas, pela Alemanha e por ordem incluía tantos valores religiosos (Igreja) ção da bula. Em vez disso, ele queimou a bula no
outros países da Europa. quanto temporais (Estado). [...] Natal do mesmo ano e foi excomungado em 3 de
Até esse momento, Lutero não Em função de tudo o que Lutero falou e escre- janeiro de 1521.
pretendia romper com o papa. Em veu, em fevereiro de 1520 foi aberto um processo KLUG, João. Lutero e a reforma religiosa.
1518, ele escreveu as Explicações contra ele, ameaçando-o de excomunhão (expul- São Paulo: FTD, 1998. p. 12-14.
108
Castelo de Wartburg, próximo a Eisenach (Alemanha), em fotografia de 2020. Foi nesse local em que Lutero
traduziu a Bíblia para o Alemão.
109
09:44 ENCAMINHAMENTO
D2-HIS-F2-2111-V7-U2-C05-LA-G24.indd 109 25/07/22 11:20
• Informar que, diante do avanço do luteranismo, o impera-
• Comentar que muitos príncipes alemães aderiram à Refor- dor católico Carlos V reuniu a Dieta de Spira (1529), visando
ma e confiscaram as terras da Igreja em seus principados. conter a expansão da nova doutrina. O imperador proibiu o
Com o apoio desses príncipes, Lutero fundou uma Igreja culto protestante nos principados católicos e exigiu que os
para a qual elaborou uma nova doutrina. principados luteranos permitissem aos católicos a celebra-
• Destacar que alguns aspectos do luteranismo, como a leitu- ção da missa.
ra individual do Novo Testamento, no qual Cristo mostra seu • Ressaltar que os príncipes luteranos protestaram; daí o
comprometimento com os pobres e oprimidos, atraíram as nome de protestantes dado aos adeptos das igrejas surgidas
massas camponesas e as motivaram a se revoltar. a partir da Reforma.
109
TEXTO DE APOIO
A doutrina da predestinação
Enquanto o credo luterano atraía Nos templos calvinistas, como este que você
adeptos por toda a Europa e pro- vê na imagem, o púlpito e o pastor ocupam
vocava a irreconciliável divisão da posição de destaque. É que, para Calvino,
cristandade em igrejas rivais, no o culto devia resumir-se a “quatro paredes
próprio território do protestantis- e um sermão”. Fotografia de 2010.
mo surgiram correntes divergen-
tes, entre as quais destacou-se a 110
calvinista.
Calvino nasceu em Noyon, Fran-
ça, no ano de 1509. Pertenceu,
Calvino fixou residência em Genebra em 1536.
D2-HIS-F2-2111-V7-U2-C05-LA-G24.indd 110
sua Majestade determinou o que deseja fazer 25/07/22 11:20 AV-
portanto, à geração seguinte à
Nesse mesmo ano, alguns meses antes de se com cada um dos homens”.
de Lutero. […]
instalar na cidade, publicou Instituição da Reli- Na sequência do texto, esclarece que todos os
Sua educação transcorreu […] gião Cristã,
Cristã, onde se acha exposta a sua teologia. homens são criados “em uma mesma condição
em um ambiente austero e or-
A doutrina da predestinação é a marca distintiva e estado”; no entanto, “o eterno decreto de Deus”
todoxo, marcado por uma pro-
do pensamento religioso de Calvino. Também é o estabelece que alguns homens conhecerão a
funda oposição ao luteranismo.
A sua formação superior seguiu ponto em que as suas ideias mais se distanciam bem-aventurança eterna, enquanto que outros
as mesmas diretrizes: estudou tanto da doutrina católica das boas obras como da sofrerão a condenação eterna. Portanto, “de acordo
Latim e Teologia com professores doutrina da justificação pela fé do luteranismo. com a finalidade com que cada um é criado, di-
reconhecidamente adeptos da es- Nas páginas da Instituição da Religião Cristã zemos que é predestinado ou à vida ou à morte”.
colástica. Completou seus estudos define nestes termos a noção de predestinação: LUIZETTO, Flávio. Reformas religiosas. São Paulo: Contexto,
formando-se em Direito. [...] trata-se do “eterno decreto de Deus com o qual 1989. (Repensando a história, p. 44-46).
110
a) A Europa.
da-igreja/a-fundacao-da- Edimburgo
Copenhague
tic
Dublin Mar do rB
ál
12 ago. 2022.
Oxford
Norte
Bremen Koningsberg
Ma
informações? b) As informações são
OCEANO
ATLÂNTICO
Londres Amsterdã
Wittenberg transmitidas por meio de diferentes cores e de uma
Nantes Paris
Praga
legenda interna.
40 Orléans Salzburgo
°N
Genebra Zurique Viena c) Com base no mapa, cite dois
Bordeaux Trento
Lyon
Imagens em movimento
Valladolid
Mar Negro Estados católicos, dois luteranos e
Roma Áreas de domínio
Toledo católico dois calvinistas. c) Católicos: Espanha e
Vídeo com o aúdio da peça Sevilha Áreas de domínio
ich
M a r M e d ÁSIA
i te
e o
ÁFRICA calvinista
0 695
Shakespeare. Áreas de domínio Fonte: MICELI, Paulo. História moderna.
Meridi
anglicano
São Paulo: Contexto, 2013. p. 80.
• HENRIQUE VIII de William
Shakespeare. 2014. Vídeo
(29min). Publicado pelo ca-
112
nal TV Brasil. Disponível em:
https://youtu.be/f4jzIV_
YGyM. Acesso em: 19 jul. 2022. a)AV-HIS-F2-2111-V7-U2-C05-LA-G24.indd
Quem o aprovou? 112 2. a) O Parlamento inglês, em comum 02/08/22 10:12 AV-
Os padres da Companhia de
Jesus foram os primeiros a sis-
tematizar o ensino no chamado
Novo Mundo. [...].
Como Ordem oficial da emprei-
Representação do Concílio de Trento. Escola Italiana, c. 1630. tada colonial tanto portuguesa
quanto espanhola, os padres je-
113 suítas catequizaram os índios,
conquistando, desta maneira,
novos fiéis para a igreja católica,
então defasada devido à adesão
10:12 AV-HIS-F2-2111-V7-U2-C05-LA-G24.indd 113 TEXTO DE APOIO Santa Inquisição, fosse uma importante arma
02/08/22 09:52 de alguns países ao protestan-
da Igreja Católica na Contrarreforma. tismo. Além da catequese dos
A Companhia de Jesus, Ordem fundada por Os padres jesuítas atuaram como confesso- índios, coube aos padres jesuítas
Inácio de Loyola [...] e aprovada pela bula papal res de reis e príncipes, diplomatas, pregadores também instruir os filhos dos
Regimini Militantis Ecclesiae no ano de 1540, foi e principalmente educadores; este último foi colonos, e cuidar para que os co-
importante no contexto da chamada Contrarre- sem dúvida, o papel mais importante que os lonos que estavam em terras tão
forma Católica. Um dos objetivos da Ordem que jesuítas exerceram, e também o que lhes ren- distantes da Europa não se des-
nasceu moderna era deter o avanço protestan- deu mais frutos [...]. viassem dos dogmas católicos.
te, mas também conquistar novos fiéis. Nesse Pouco tempo após a fundação da Ordem, inú- TOLEDO, Cézar de Alencar Arnaut de et al.
sentido, o contexto dos descobrimentos e das O teatro jesuítico na Europa e no Brasil no
meras instituições de ensino foram fundadas
século XVI. Revista HISTEDBR On-line,
Grandes Navegações possibilitou que a Com- pelos jesuítas, tanto na Europa quanto nas co- Campinas, n. 25, p. 33–43, mar. 2007.
panhia de Jesus, juntamente com o tribunal da lônias onde havia missões jesuíticas. p. 34.
113
114
115
ATIVIDADES
uma frase as diversas dimen- NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
sões da vida social, política,
econômica, cultural, entre
outras, e estabelecer de qual
dimensão se está falando, em-
bora saibamos que esta clas-
sificação é um recurso para I. Retomando
conhecer a realidade na qual
essas dimensões aparecem en-
trelaçadas. 1 Um dos motivos da Reforma foi o imenso poder do papa. A interferência do papa
4. O intuito da atividade é re- na escolha dos reis é considerada de ordem: 1. Alternativa C.
tomar e consolidar a ideia de a) religiosa. c) política. e) cultural.
tempo cronológico. b) social. d) econômica.
116
117
concedê-las foi atribuído à igreja contra elas, estabelece em geral, pelo presente concentraram-se nas missões estrangeiras e na
pelo próprio Cristo, sendo utili- decreto, que se exterminem de forma absoluta formulação e desenvolvimento de um programa
zadas desde tempos remotos, todos os lucros ilícitos que se cobram dos fiéis pedagógico-educacional, com o qual pretendia
com grande proveito pelos povos para que as consigam; pois disto se originaram fazer frente ao projeto educacional protestan-
cristãos, deveriam ser mantidas, muitos abusos no povo cristão”. te, uma das grandes preocupações de Martinho
O Concílio não foi a única reação ou resposta Lutero, que considerava os jovens fundamen-
embora com moderação, “a fim
à Reforma Protestante dada pela Igreja Católica, tais para a propagação da Reforma. [...]
de que, pela facilidade de con-
cedê-las, não decaia a discipli- que procurava reorganizar-se por meio de um MICELI, PAULO. História Moderna.
na eclesiástica. E ansiando para movimento que é conhecido como Contrarre- São Paulo: Contexto 2013. p. 85-86.
que se emendem e corrijam os forma. Em meio a esse esforço de transforma-
abusos que se introduziram ne- ção e renovação da atuação da Igreja foi criada,
118
PETER KROCKA/SHUTTERSTOCK.COM
das comemorações organizadas com defensores da tolerância, já que
as guerras de religião consumi-
motivo dos 500 anos da Reforma de
ram grande parcela de vidas e
Martinho Lutero, que provocou um debilitaram os Estados. As cons-
cisma na Igreja Católica, em um tantes revoltas e conspirações
gesto histórico de reconciliação com não permitiam o mínimo desen-
volvimento econômico e estabili-
os protestantes. dade dos negócios e da adminis-
Um dos pontos centrais da tração pública, e muitas famílias
visita do papa [...] será a sua pre- se consumiam em vinganças
particulares e no ódio aos here-
sença em uma cerimônia conjunta ges. A necessidade de paz impôs
[...] para comemorar o aniversário o princípio do mal menor; ainda
da reforma impulsada por Lutero, que se considerasse de extrema
urgência e necessidade a unida-
o fundador da igreja protestante,
de religiosa e o fim da propaga-
cujas críticas ao comércio de privi- ção do erro, considerou-se um
légios e indulgências lhe custaram mal menor tolerar os heréticos
a excomunhão em 1520. tendo em vista o fim das guerras
e a estabilidade do Estado, bem
A cisão gerada por Lutero, [...] como a retomada dos negócios
quando negou a autoridade papal, e da prosperidade econômica.
deu lugar a massacres e guerras Com este argumento, admitia-
-se que diante de circunstâncias
atrozes e desenvolveu um ódio especiais, poder-se-ia optar pela
tenaz entre as duas comunidades tolerância tendo em vista evitar
Papa Francisco. Dublin (Irlanda), 2018.
cristãs que se estendeu por séculos. um grande mau; mesmo quan-
Vozes do presente. c) Em 1520, a Igreja Católica acusou Lutero de ser herege e o excomungou. do entendendo que a tolerância
PAPA Francisco diz que Martinho Lutero levou Bíblia às pessoas. Exame, [s. l.], 28 out. 2016. Disponível em:
https://exame.com/mundo/papa-francisco-diz-que-martinho-lutero-levou-biblia-as-pessoas/. Acesso em: 3 jun. 2022
deveria ser condenada como um
princípio absoluto e que sua ad-
a) A participação do papa Francisco no evento descrito no texto é considerada um gesto histórico missão seria transitória e não
de reconciliação. Quando e por que se deu a divisão da cristandade a que o texto se refere? permanente. [...]
b) Quais foram as principais críticas de Martinho Lutero à Igreja Católica? Dentro dos próprios movimen-
c) Qual foi a punição dada a Lutero no período da Reforma protestante? tos religiosos surgem os defen-
Vozes do presente. a) No século XVI, Martinho Lutero liderou o movimento conhecido como Reforma protestante, sores da tolerância, que lamen-
que resultou na divisão da cristandade ocidental entre católicos e protestantes.
119 tam pela dignidade da pessoa
humana ofendida pelos mas-
sacres cruéis e pelas diversas
legislações injustas, que segre-
gam e classificam alguns seres
17:28
TEXTO DE APOIO
AV-HIS-F2-2111-V7-U2-C05-LA-G24.indd 119
A tolerância religiosa era defendida 02/08/22
por pen-10:03
humanos como inferiores por
sadores que acreditavam que não deveria ha-
causa de sua crença. Argumen-
A tolerância religiosa na história ver conflito entre as religiões porque todas elas tam que só com amor e mansi-
derivavam e mantinham um mesmo núcleo co- dão se podem converter aqueles
No século XVII, o debate acerca da tolerân- mum. Essa posição era muito mais filosófica do que caminham no erro e que
cia modifica o seu significado. O grande deba- que propriamente interessada no debate dessas tendo sido feito tudo para trazer
te levantado no século XVI, as contribuições de questões sob uma ordem política. A tolerância de volta o irmão que se desviou,
filósofos e demais pensadores levarão a uma religiosa, conforme uma postura filosófica, era deve-se deixar a Deus a tarefa
conceituação diferente daquela elaborada no definitiva e abrangia todas as formas de reli- de julgar e punir. [...]
século anterior. Tolerância se refere, a partir do gião, mesmo as não cristãs, ao contrário da li- GOULART, Rodrigo de Souza. A tolerância
seiscentos, a uma postura filosófica, um valor mitada e provisória tolerância civil desenvolvi- religiosa na História: implicações para o
moral, um princípio. [...] da pelo século XVI. campo educacional.PUC-Rio, 2012.
119
#JOVENS NA
tos dos estudantes sobre o
cyberbullying.
• Debater essa prática tão no- t a
civa ao convívio social.
• Promover uma roda de con-
HISTÓRIA Entrevis
cil, saberia dizer por quê? Por fim, juntando uma turma de 30 mil
jovens alunos, orientados por Gitanjali, a ado-
• Como você avalia sua parti-
lescente incentiva sua geração a lutar pelo que
cipação no grupo? Realizou deseja. “Acho que mais do que qualquer coisa
tarefas que contribuíram no momento, só precisamos encontrar algo pelo
para o trabalho? Sugeriu qual somos apaixonados e achar uma solução
formas de organizar o tra- para aquilo. Mesmo que seja algo tão pequeno
balho? Colaborou com seus quanto recolher o lixo. Tudo faz a diferença. Não
se sinta pressionado a inventar algo grande.”
colegas na realização de ta-
refas? QUEM É Gitanjali Rao, a primeira “Criança do Ano” da Revista
Time. Revista Claudia, São Paulo, 4 dez. 2020. Disponível em:
• Você considera que a manei- https://claudia.abril.com.br/noticias/quem-e-gitanjali-rao-a-primeira-
crianca-do-ano-da-revista-time/. Acesso em: 28 jun. 2022.
ra como o tema foi abordado
ajudou na sua compreensão
Gitanjali Rao, na sede da Organização das
dos conteúdos e propostas Nações Unidas. Nova York (Estados Unidos), 2018.
de atividades?
O trabalho com a seção 120
quer contribuir para o desen-
volvimento das competências
gerais 1, 2, 4, 5, 7, 9 e 10 e da cia do respeito às diferenças
AV-HIS-F2-2111-V7-U2-C05-LA-G24.indd 120 e estimula 02/08/22 10:13 AV2
120
121
121
3
consolidação das monarquias
europeias e os motivos da cen-
tralização política têm sido
objeto de pesquisa e debate FORMAÇÃO DO
entre os estudiosos de Ciên-
cias Humanas que divergem
ESTADO MODERNO
no tocante às razões de cen-
tralização política. Nós usa-
mos como referência teórica
o sociólogo alemão Norbert
CELSO PUPO/FOTOARENA
Elias, para quem a tecnologia Observe as imagens e perceba
de guerra atuou em prejuízo a força das torcidas dos times de
da nobreza. O poder militar futebol. Pois bem, nessas ocasiões,
passou das mãos da nobreza os torcedores cantam, pulam, gri-
tam, comemoram gols, incentivando
para a de um único nobre, o seu time, e sofrem quando ele está
príncipe ou rei, que por meio perdendo.
da cobrança de impostos pôde
manter um exército maior e
mais forte.
Independentemente do de-
bate acadêmico, pode-se dizer
que os principais elementos
formadores das monarquias
nacionais foram: um conjun- Torcida do Flamengo no estádio do
to unificado de leis; uma bu- Maracanã. Rio de Janeiro (RJ), 2015.
rocracia capaz de fazer com
MARCO GALVÃO/FOTOARENA
que fossem cumpridas essas
leis e um exército permanen-
te. Tudo isso mantido com os
recursos oriundos de impostos
cobrados pela monarquia.
O estudo desse processo de
centralização política pode
colaborar para uma melhor
compreensão das estruturas
de poder do mundo atual.
Nas páginas de abertura de
unidade, vamos citar exemplos
da articulação entre objetivos,
Torcida do Corinthians na Arena
habilidades e competências, Corinthians. São Paulo (SP), 2018.
por acreditar que, ao longo
da coleção, esse procedimento 122
contribuirá para o importante
propósito de “transformar a
história em ferramenta a servi- mas Estado Moderno,
HIS-F2-2111-V7-U3-C06-LA-G24.indd 122 absolutismo e mer- centralização política. Esse objetivo articula- 20/08/22 19:57 HIS
ço de um discernimento maior cantilismo e Grandes Navegações, conquista -se à habilidade EF07HI07, às competências
sobre as experiências huma- e colonização espanhola da América e colo- gerais 1, 2, 4, 7 e 9 e às competências especí-
nas e as sociedades em que se nização da América portuguesa, de modo ficas 1, 2, 3, 4 e 6.
vive”, conforme sugere a BNCC articulado às competências gerais 1, 2, 3, 4, Objetivo: Descrever as formas de organiza-
(BRASIL, 2018, p. 401). 5, 6, 7, 9 e 10 e às competências específicas ção das sociedades americanas no tempo da
Nesta unidade, vamos de - de 1 a 7. Conquista a fim de compreender as alianças,
senvolver as habilidades Vejamos, agora, exemplos dessa articulação. os confrontos e as resistências havidas. Esse
EF07HI02, EF07HI06, EF07HI07, Objetivo: Trabalhar o processo de for- objetivo articula-se à habilidade EF07HI08, às
EF07HI08, EF07HI09, EF07HI10 mação e consolidação das monarquias eu- competências gerais 1, 2, 3, 4, 6 e 7 e às com-
e EF07HI17, com base nos te- ropeias visando compreender as razões da petências específicas 1, 2, 3, 4 e 6.
122
6
cionais com ênfase na mo- os franceses podia ser comparada à do astro-rei do Universo.
narquia portuguesa.
ESTADO MODERNO, ABSOLUTISMO
• Caracterizar o absolutismo
como um fenômeno com E MERCANTILISMO
tempo e lugar definidos.
• Conhecer as práticas mer-
cantilistas.
Esses objetivos permitem A pintura a seguir, intitulada A família de Luís XIV,, é de autoria do pintor francês
compreender as bases políti- Jean Nocret (1615-1672). Observe-a com atenção.
cas e econômicas do processo
de centralização do poder
ÓLEO SOBRE TELA 298 CM × 419 CM. BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
BNCC
4
• Competências gerais: 1, 2, 3, 6
4, 7, 9 e 10.
• Competências específicas: 1,
2, 3 e 6.
3
• Habilidades: EF07HI07 e
EF07HI17.
ENCAMINHAMENTO
• Estimular o alunado a entrar
em contato com o tema da
formação e consolidação das
A família de Luís XIV, de Jean Nocret, 1670. 1 – Rei Luís XIV; 2 – Mãe do rei;
monarquias por meio de uma
3 – Delfim, filho do rei; 4 – Esposa do rei; 5 – Cunhada do rei; 6 – Irmão do rei.
pintura que veicula uma ima-
gem idealizada de Luís XIV, 1. O que essa pintura mostra? 1. A pintura mostra o rei Luís XIV e sua família.
com o objetivo de glorificá-lo.
2. Como o rei Luís XIV e sua mãe estão representados?
• Ajudar os alunos a perceberem
3. O rei Luís XIV foi representado como o deus do Sol; será que isso foi por acaso?
que os processos de formação
e consolidação das monarquias 4. Será que a obra foi feita sob encomenda ou criada espontaneamente? 4. A obra foi encomendada.
na Europa têm algumas carac- 5. O estilo adotado pelo pintor é o barroco. Pesquise sobre esse estilo e identifique na obra duas
terísticas em comum, apesar características desse estilo de arte. 5. Resposta pessoal.
de possuírem um tempo e um 2. Luís XIV aparece sentado em um trono, vestindo um manto dourado e com uma coroa de louros na
ritmo próprios. 124 cabeça. Ele personifica Apolo, o deus do Sol. Sua mãe, Ana da Áustria, aparece à esquerda do rei; ela
personifica Cibele, deusa romana da Terra, a “Grande Mãe”.
2. Notar que ambos são re-
presentados como deuses da
mitologia greco-romana, a mãe aoAV-HIS-F2-2111-V7-U3-C06-LA-G24.indd
barroco, estão: a abundância 124 de detalhes 02/08/22 16:08 D2-H
124
gócios da burguesia.
• Comentar que os burgueses,
então, aproximaram-se do rei
em busca de proteção e ajuda.
O rei, por sua vez, interessado
nos impostos pagos pela bur-
Nessa iluminura do guesia, passou a favorecê-la.
século XIII, o Rei Afonso II • Explicar que a nobreza tam-
(1152-1196) confirma os bém se aproximou do rei
privilégios concedidos aos visando manter privilégios,
mercadores da cidade de
receber pensões e conseguir
Barcelona, na região onde
hoje é a Espanha. altos postos no exército real.
Os camponeses, por sua vez,
passaram a ver o rei como al-
guém capaz de protegê-los
contra os abusos da nobreza.
Assim sendo, por diferentes
motivos, burgueses, nobres
e camponeses aproxima-
ram-se do rei. Fortalecido,
ele formou um exército pro-
A nobreza também se aproximou do rei, visando manter privilégios, como os de fissional e estabeleceu uma
receber pensões e altos postos no exército real. Os camponeses, por sua vez, passaram a moeda única para todo o
ver o rei como alguém capaz de protegê-los contra os abusos da nobreza. reino. Com isso, foi impondo
Então, aos poucos, por meio de doações, da arrecadação de impostos e da venda seu poder sobre todos os sú-
ditos. Esse processo secular
de cargos públicos, o rei conseguiu recursos para montar um exército assalariado e per-
de fortalecimento do poder
manente e pagar funcionários para administrar o seu reino. Assim, ganhou força para real é chamado de formação
estabelecer uma moeda única e leis comuns para todo o reino e, com isso, foi impondo das monarquias europeias.
sua autoridade a todos os súditos. O fortalecimento gradual do poder dos reis entre os
séculos XI e XV é conhecido como processo de formação do Estado Moderno.. Em cada
país da Europa, esse processo teve tempo e ritmos próprios.
prios, o que também desaconse-
125 lha traçar qualquer modelo de
Estado, embora isto não impeça
que apontemos, sumariamen-
te, seus principais elementos
16:08 TEXTO DE APOIO
D2-HIS-F2-2111-V7-U3-C06-LA-G24.indd 125 Em todo caso, para o que nos interessa
25/07/22dire-
15:36 formadores, quais sejam: um
tamente, importa saber que, no século XVI, os sistema legal unificado, uma
[...] conquanto seja bem fácil identificar Estados funcionavam, principalmente, como burocracia de funcionários es-
uma monarquia pelos seus aspectos mais evi- grandes agentes financeiros, sustentando suas pecializados para elaborar e fa-
dentes, a começar pela cabeça coroada que ações por meio da arrecadação de impostos, zer cumprir as normas e códigos
exerce o governo a partir do trono, o sentido pela venda de cargos, pelo confisco de bens e administrativos, além de um
de “nacional” varia bastante, no tempo e no pela cessão, por lucrativos contratos temporá- exército permanente – tudo isso
espaço, fazendo com que, durante gerações, rios, de privilégios e monopólios, como os rela- mantido à custa dos impostos e
os camponeses pudessem se sentir bem mais tivos à navegação [...]. dos outros mecanismos de arre-
identificados por seu pertencimento à aldeia Até que os Estados se tornassem os principais cadação já referidos.
ou à região do que a uma abstração chamada empreendedores do século XVI, cada caso “na- MICELI, Paulo. História moderna.
nação..
nação cional” teve características, tempo e ritmo pró- São Paulo: Contexto, 2016. p. 96-99.
125
126
126
(locais).
• Comentar que os juízes per-
corriam as diferentes partes
do reino, julgando e registran-
Henrique II (1154-1189), um dos sucessores de Guilherme I, do suas decisões, que, depois,
eram usadas como orientação
acelerou o processo de fortalecimento do poder real exigindo # DICA!
para casos futuros.
que todas as questões fossem julgadas por tribunais reais, e não
Trecho do filme • Destacar que, dessa forma, um
pelos da nobreza. Ricardo Coração de Leão,, seu filho e sucessor, Robin Hood, no qual direito comum a todo o reino
passou a maior parte do tempo fora do país lutando nas Cruzadas. o rei João Sem Terra
foi, aos poucos, substituindo
discursa aos nobres.
João sem Terra (1199-1216), irmão de Ricardo, envolveu- o direito de cada localidade;
ROBIN Hood. 2010.
-se em guerras demoradas e perdeu boa parte das terras que Vídeo (5min38s). esse direito serviu de força uni-
sua família possuía na França; por isso, o rei João ganhou esse Publicado pelo canal ficadora e proporcionou aos
apelido. Para custear gastos militares, João determinou sucessivos Maria Helena Gomes ingleses um sistema de justiça
Martins. Disponível menos parcial.
aumentos de impostos, provocando uma revolta da nobreza, que em: https://youtu.be/
• Aprofundar o assunto
o obrigou a assinar a Magna Carta (1215). Leia a seguir um trecho fewsJRD9114. Acesso
em: 21 jun. 2022. com a leitura dos textos: A
desse documento. IMPORTÂNCIA da Magna
Carta na história da Inglaterra
e dos EUA. GBN News. [S. l.],
PARA REFLETIR NÃO ESCREVA
NO LIVRO. c2012. Disponível em:
http://www.gbnnews.com.
A Carta Magna br/2015/06/a-importancia-
João, pela graça de Deus, rei da Inglaterra, senhor da Irlanda, duque da Normandia
da-magna-carta-na.html#.
Yw9YsXbMLIU; MAGNA
e da Aquitânia, conde de Anjou, [...] [determina que]:
Carta. Dhnet. [S. l.], c1995.
[...] Nenhum imposto [...] será estabelecido no nosso reino, sem o consenso geral [...]. Disponível em: http://www.
Para obter o consenso geral a fim de lançar [...] impostos [...] mandaremos convocar dhnet.org.br/direitos/anthist/
[...] os arcebispos, bispos, abades, condes e grandes barões por meio de cartas, e além magna.htm. Acessos em: 9
disso mandaremos convocar [...] todos os nossos vassalos diretos. [...] ago. 2022.
Todos os mercadores poderão livre e seguramente sair da Inglaterra, nela entrar, Para refletir. d) Comentar com
permanecer e passar, quer por terra quer por água, para comprar e vender, sem os alunos que, a partir da Car-
receio de extorsões ilegais de acordo com o antigo costume. [...] ta Magna, o rei era obrigado a
PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Média: textos e testemunhas. consultar os representantes do
São Paulo: Editora Unesp, 2000. p. 234-237. clero e da nobreza para lançar
a) Que elementos do texto indicam que João sem Terra era um membro da nobreza?
impostos.
a) Os seus vários títulos (rei, duque, conde).
b) Quais grupos o rei se comprometia a consultar em caso de aumento de impostos? Respostas:
b) O clero e a nobreza; os outros grupos sociais, portanto, ficavam de fora. a) O rei proíbe a formação de
c) A Magna Carta também favorecia a burguesia? Justifique. c) Sim, ao garantir a entrada e a
saída dos mercadores, bem como sua proteção contra os assaltos da nobreza (“extorsões ilegais”). bandos armados sem a sua
d) Pode-se dizer que a Magna Carta limitou o poder do rei? Justifique. d) Sim. permissão.
b) Sim, pois o rei queria des-
mantelar os exércitos particu-
127 lares da nobreza e abrir espaço
para a existência de um único
exército: o exército permanen-
te e profissional a seu serviço.
16:13 +ATIVIDADES
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C06-LA-G24.indd 127 quer condição, que organize, conduza, chefie
02/08/22 16:16
Professor, comentar que o mo-
[...] uma companhia de homens em armas,
O texto a seguir é trecho de uma lei sem permissão, licença e consentimento do nopólio das armas foi decisivo
Rei...”. no processo de formação das
aprovada na França em 1439. Leia-o com monarquias nacionais.
atenção. HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem.
Rio de Janeiro: Zahar, 1986. p. 82. c) Ao rei e aos mercadores que
“Para eliminar e remediar e pôr fim aos gran-
a) O que diz a lei? circulavam pelas estradas ven-
des excessos e pilhagens feitas e cometidas por dendo suas mercadorias.
bandos armados, que há muito vivem e conti- b) Pode-se dizer que essa lei contribuiu para
Professor, a atividade pode
nuam vivendo do povo...” o fortalecimento do rei? Justifique.
contribuir para o desenvolvi-
“O Rei proíbe, sob pena de acusação de le- c) Use o texto da lei e seus conhecimentos e mento da competência espe-
sa-majestade [...], a qualquer pessoa, de qual- responda: a quem a lei beneficiou? cífica 1.
127
128
ALLMAPS
0°
Na França, o primeiro rei a impor sua autoridade
constituição do atual territó-
REINO DA a todos os grupos sociais foi Felipe Augusto (1180-
ESCÓCIA Mar do
Norte rio francês foi sendo consoli-
1223). Felipe conquistou feudos imensos casando-se
PAÍS DE dada ao longo de um proces-
GALES por interesse, comprando terras dos nobres e usando
so que teve início com Felipe
a força de um exército profissional assalariado para
REINO
Augusto.
OCEANO fortalecer o poder real. Para a capital do reino,
ANÇA
ATLÂNTICO
DA • Comentar que esse rei esti-
Felipe Augusto escolheu a cidade de Paris.
mulou o comércio e a arreca-
DA FR
INGLATERRA
IMPÉRIO
REINO DE
REINO
GERMÂNICO dação de impostos, o que lhe
LEÃO
NO
CONDADO NAVARRA
R
PORTUCALENSE REINO
de funcionários a seu serviço.
ALLMAPS
0°
REINO DE DE ARAGÃO
CASTELA
no de
40° N
A leitura dos três mapas
wich
CALIFADO ALMÔADA REINO DA
Meridia
ESCÓCIA
Green
Mar Mediterrâneo
Mar do
Norte
pode contribuir para o desen-
PAÍS DE
0 410 GALES volvimento da competência
REINO
DA
INGLATERRA
específica 2.
OCEANO •Tema Contemporâneo Trans-
ATLÂNTICO
REINO
DA
versal: a leitura e a interpre-
FRANÇA
IMPÉRIO
tação do texto de apoio de-
REINO
DE
GERMÂNICO
senvolvem o tema educação
REINO NAVARRA França (limites atuais)
DE
PORTUGAL REINO fiscal, da macroárea econo-
ALLMAPS
REINO DE DE ARAGÃO Mar do
CASTELA
40° N
0°
REINO
Norte PAÍSES
BAIXOS
mia.
UNIDO
CALIFADO ALMÔADA
Mar Mediterrâneo BÉLGICA
ALEMANHA
A leitura e a interpretação
50° N do texto de apoio desta pá-
wich
LUXEMBURGO
0 410 Paris
gina podem contribuir para o
Green
desenvolvimento da habilida-
iano de
OCEANO
SUÍÇA
de EF07HI07.
Merid
ATLÂNTICO FRANÇA
ITÁLIA
no e o processo de centrali-
O texto a seguir é de 1265. Leia-o com atenção.
zação política.
Para refletir. b) O texto é Que ninguém possa fazer moeda semelhante àquela do rei [...].
uma “ordem do rei”. O do- Que nenhuma moeda seja aceita no reino, a partir da festa de São João [...] fora da
cumento é intitulado Orden- moeda do rei, e que ninguém venda, compre e faça negócios senão com esta moeda. E
nances de rois de France a moeda do rei pode e deve correr no seu reino inteiro, sem oposição de outras moedas
(“Ordens dos reis da França”). particulares que possam existir.
[...] E que ninguém possa danificar a moeda do rei, sob pena física e multa.
PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Média: textos e testemunhas.
São Paulo: Editora Unesp, 2000. p. 243.
TEXTO DE APOIO
a) Quem é o respon-
BRIDGEMAN/FOTOARENA
A disputa entre o
sável por esse texto
Papa Bonifácio VIII e
e qual é o lugar
o rei Filipe IV no final do
que o autor ocupa
século XIII
na sociedade?
A universalidade do Papa, de
acordo com os dados da Bíblia, b) Como você chegou
da prática do cristianismo pri- a essa conclusão?
mitivo e de Gregório Magno, era b) Resposta pessoal.
essencialmente religiosa. Mas, c) Contextualize. A que
no século XIII, o aspecto político- processo histórico
-secular firma-se fortemente na se pode relacionar
plenitude de poder do Papa. [...] esse documento de
[...] Bonifácio VIII, apoiado na época?
concepção medieval da supre- c) Pode ser relacionado ao pro-
macia papal, de um lado, e Fili- cesso de centralização política,
pe IV, [...] Rei da França, com a também conhecido como pro-
cesso de formação do Estado
concepção moderna da autono- Moderno.
mia nacional, do outro lado. A O rei Luís IX embarca para
disputa entre eles será dura e as Cruzadas. Repare que
fará estremecer a Cristandade, seu manto é bordado com
marcando a passagem para uma a flor-de-lis, símbolo da
nova era. monarquia francesa.
Século XV.
Na época, França e Inglaterra
estavam em guerra pela dispu-
ta de um território. Ambas fica- Felipe IV,, o Belo (1285-1314), deu continuidade à centrali- Clero: conjunto de sacerdotes
ram prejudicadas, assim como de uma religião; no caso,
zação política, exigindo que o clero também pagasse impostos.
também o clero, que se sentiu bispos, arcebispos, padres.
afetado com as cobranças de Como o papa se opôs a essa decisão, Filipe IV convocou os Estados Gerais: assembleia
impostos e por isso apelou ao Estados Gerais,
Gerais, que, em 1302, aprovaram sua decisão. Assim, formada por representantes
Papa contra tais abusos. Boni- pouco a pouco, o rei foi ganhando poder e impondo sua auto- da nobreza, do clero e da
fácio VIII levou o assunto a sé- burguesia.
ridade a todo o reino.
rio, colocando todo o peso do
seu pontificado nessa questão.
Em 1296, com a Bula Clericis
130
laicos proibia a ambos os reis a
taxação dos bens eclesiásticos,
pois esta estava reservada ao excomunhão, proibia aos
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C06-LA-G24.indd 130 eclesiásticos pagar Filipe rebateu a medida papal, proibindo a saí- 02/08/22 16:21 AV-
Papa. A Inglaterra cedeu sem qualquer tributo aos leigos, e a estes cobrar o da de ouro e prata da França. Com isso dava
dificuldades. A França, porém, que fosse, sem licença papal. Eduardo I, depois um golpe gravíssimo nas finanças do Papa e, ao
inicia uma luta dura contra o de muita indignação, sujeitou-se à Bula; Filipe, mesmo tempo, reunia ao redor de si o consen-
Papado. [...] o Belo, porém, reagiu, [...] proibiu a exportação so da população francesa, descontente com os
Acontecia que, na França e na de ouro, prata, alimentos, cavalos, armas da altos impostos da Igreja. O Rei sentia-se ampa-
França, com os quais Bonifácio contava para rado por toda a nação [...].
Inglaterra, contra as prescrições
canônicas, se exigiam impostos a Cruzada [...] O Papa, diante desses decretos, STREFLING, Sérgio Ricardo. A disputa entre
dos clérigos para fins bélicos; retrocedeu: declarou que as obrigações vassala- o papa Bonifácio VIII e o rei Filipe IV no final do século XIII.
Telecomunicação, Porto Alegre, v. 37, n. 158,
Bonifácio resolveu coibir esse res do clero para com o rei não cessavam com a p. 526-536, dez. 2007. p. 526-529.
abuso pela Bula Clericis laicos,
laicos, Bula; permitia mesmo que se fizessem doações
de 1296, em que, sob pena de espontâneas ao rei [...].
130
131
Imagens em movimento
O documentário conta a
132
história da Europa a partir da
fala de diferentes cidadãos,
buscando uma aproximação TEXTO DE APOIO
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C06-LA-G24.indd 132 dade política – agora numa perspectiva constitu- 02/08/22 16:22 AV-
cionalista liberal – a respeito de como deveriam
da história da Europa com a O termo absolutismo ser organizados os poderes políticos do Estado.
das gerações atuais. O termo absolutismo é tardio, difundindo-se Por este viés, para se contrapor aos “riscos de ab-
no vocabulário político francês ao final do século solutismo”” [...], a concentração do poder soberano
solutismo
• UMA NOVA narrativa para XVIII e, na Inglaterra, em começos do século XIX, de decisão numa autoridade executiva –, dever-
a Europa. 2015. Vídeo quando a noção de soberania já tinha mudado -se-ia formar um sistema cameral permanente
(autoridade legislativa) e conferir independência
(20min57s). Publicado pelo de sentido: o Estado, em vias de burocratização,
institucional e poder fiscalizador para a justiça
canal EuropaConsigo. Dispo- esvaziava cada corpus societatis de imperio
imperio,, crian-
sobre os demais poderes, de modo que o poder
do progressivamente uma situação jurídica de
nível em: https://youtu.be/ igualdade civil (nesse sentido, uma societas civilis
poder. [...].
limitasse o poder.
mkMJ7zQCf6w. Acesso em: 9 imperio). É frente a tal inovação institucional
sine imperio).
VIANNA, Alexander Martins. Absolutismo: os limites de uso de
um conceito liberal. Revista Urutágua, Maringá,
ago. 2022. que surge um novo debate e uma nova sensibili- n. 14, p. 1-14, dez. 2007/mar. 2008. p. 12.
132
Jacques-Benigne
Lignel Bossuet.
Escola Francesa, 1814.
133
133
Dica de áudio
Podcast que aborda o ab-
solutismo francês e o persona-
gem histórico Luís XIV.
• A C O R T E d e L u í s X I V. Para agradar a burguesia, o rei entregou a direção da economia a Jean-Baptiste Colbert,
Entrevistador: Marcelo membro de uma importante família burguesa. Para manter a balança comercial favorável,
Consentino. Entrevistados: Colbert aumentou os impostos sobre os produtos estrangeiros, dificultando sua entrada no
Laura Ferrazza, Robert país, e diminuiu os impostos sobre as exportações francesas. Além disso, concedeu prêmios
Ponge, Rodrigo de Lemos. em dinheiro a várias manufaturas francesas, sobretudo as de artigos de luxo.
[S. l.]: Estado da Arte, c2016. Colbert estimulou a economia, mas não conseguiu equilibrar as finanças, principal-
Podcast. Disponível em: mente por causa dos gastos escandalosos da corte, das sucessivas guerras externas e da
https://oestadodaarte.com. fuga de investimentos, motivada pela intolerância religiosa. É que, em 1685, o Rei-Sol
br/a-corte-de-luis-xiv/. Acesso proibiu a liberdade de culto dos protestantes (muitos deles ricos negociantes), que, por
em: 9 ago. 2022. isso, deixaram o país rumo à Suíça, Inglaterra e Holanda, levando com eles seus capitais.
134
TEXTO DE APOIO
O colbertismo ção pública. Protegeu a 134
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C06-LA-G24.indd indústria e o comércio. cava na intervenção do Estado em todos os do- 02/08/22 16:25 AV2
Na França, o Mercantilismo Trouxe para a França importantes artesãos es- mínios e caracterizava-se pelo protecionismo
protecionismo,, ou
manifestou-se pelo Colbertismo, trangeiros, criou fábricas estatais, reorganizou seja, pela adoção de medidas pelo governo para
ideias derivadas de Jean Baptiste as finanças públicas e a justiça, criou empresas proteger as empresas nacionais contra a concor-
Colbert (1619-1683), segundo de navegação e fundou a Academia de Ciências rência estrangeira. Seu pensamento encontra-se
as quais as disponibilidades de e o Observatório Nacional da França. Com a pro- na sua obra Cartas, instruções e memórias,
memórias, 1651
metais preciosos poderiam au- teção à indústria, as exportações seriam mais a 1669.
mentar pelas exportações e pelo regulares e com maior valor. Com esse objetivo, SOUZA, Nali de Jesus de. Uma introdução à história do
desenvolvimento das manufa- os salários e os juros passaram a ser controlados pensamento econômico. Núcleo de Apoio à Educação
Inclusiva, Porto Alegre, p. 131, 2003.
turas. Colbert foi Ministro das pelo Estado, a fim de não elevar os custos de pro-
Relatório de pesquisa da área de História
Finanças de Louis XIV e chegou dução e poder assegurar vantagens competitivas Econômica realizado no NEP –
a controlar toda a administra- no mercado internacional. O Colbertismo impli- PUCRS em 2003. p. 5.
134
rar o crescimento político e eco- exércitos nacionais permanentes. para a época moderna e para o advento do capi-
nômico e fortalecer as classes O rei, gradativamente, passa a ser detentor do talismo, a burguesia.
ou grupos ligados ao Estado. poder do Estado. Financiando essa sua posição, A burguesia surge das trocas e do comércio den-
Começa um fenômeno de a burguesia acaba tirando proveito da centrali- tro das e entre as cidades, nas caravanas e nas fei-
aproximação entre o rei [...] e a zação política. ras da Idade Média. Aos poucos, vai acumulando
burguesia comercial. [...] A fatia da burguesia é garantida pelo rei, riquezas que lhe permitirão evoluir de uma situa-
Essa burguesia das cidades que unifica o sistema tributário, o monetário, ção secundária durante o absolutismo até se tor-
pode financiar a organização de extingue as barreiras alfandegárias internas e nar detentora do poder econômico e político, com
Estados centralizados, através protege esse mercado da ação estrangeira. o advento das revoluções burguesas.
do surgimento de funcionários [...] Assim, junto ao mercantilismo, pode-se PRODANOV, Cleber Cristiano. O mercantilismo e a América.
reais remunerados – que exer- observar [...] também a trajetória de crescimen- São Paulo: Contexto, 1998. (Repensando a História, p. 13-16).
136
IVAN PONOMAREV/SHUTTERSTOCK.COM
terísticas.
• Trabalhar o conceito de capi-
talismo.
O conteúdo desta página
quer contribuir para o de-
senvolvimento da habilidade
EF07HI17.
Dica de leitura
• Nesta obra de caráter ensaís-
FER GREGORY/SHUTTERSTOCK.COM
BENTINHO
dos fatos e das teorias eco-
nômicas do mercantilismo.
• DEYON, Pierre. O mercanti-
lismo. São Paulo: Perspecti-
va, 2001 (Coleção Khronos).
EDITORA PERSPECTIVA
a) Acumular ouro e prata b) Manter a balança
em seus países. comercial favorável
(exportando mais do
que importando).
METRÓPOLE
COMÉRCIO
MYSTICALINK/SHUTTERSTOCK.COM
COLÔNIA
c) Proteger da concorrência estrangeira os
produtos nacionais, como tecidos de seda, d) As colônias só deviam
e, no caso da França, dificultando a entrada poder comerciar com
de mercadorias estrangeiras em seus reinos. suas metrópoles.
137
assumir, na Europa, uma verda-
deira supremacia marítima e co-
mercial e, talvez, já a suprema-
16:39 TEXTO DE APOIO
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C06-LA-G24.indd 137 ria entre a das Províncias Unidas e a 02/08/22
da Fran-
16:37
cia industrial.
ça: as Províncias Unidas onde a impotência do
[...] As grandes companhias comerciais, de Como em todos os outros paí-
poder federal frequentemente deixa livre curso
seu lado, prepararam e favoreceram a adoção ses da Europa, o mercantilis-
dos Atos de Navegação. É, talvez, a característi- aos interesses particulares, até mesmo antina-
mo adquiriu na Inglaterra três
ca mais original da política econômica inglesa, cionais, e a França onde o zelo de um ministro,
formas essenciais: proteção, da
graças à existência do Parlamento, ela é fre- suprindo mal o enfraquecimento dos corpos in-
moeda e dos estoques de metais
quentemente ajustada e ratificada. Não mais termediários, a intervenção do Estado assume
preciosos, proteção da produ-
sob os Stuarts que sob o Protetorado, o Estado um caráter autoritário ou repressivo. O mercan-
ção, encorajamentos e favores à
não está às ordens dos mercadores, mas con- tilismo inglês se beneficia da precocidade das
marinha e ao comércio nacional.
sulta, inspira-se antes de decidir ou de arbitrar. instituições políticas e sociais, da qualidade da
DEYON, Pierre. O mercantilismo.
Em matéria econômica, como em matéria polí- informação e da reflexão teórica no país, evolui, São Paulo: Perspectiva, 2001.
tica, a situação da Inglaterra parece intermediá-
intermediá- se adapta, se aperfeiçoa, e ajuda a Inglaterra a (Coleção Khronos, p. 30).
137
ALLMAPS
ALLMAPS
Mar
REINO ALMORÁVIDA
Mar
+ATIVIDADES
OCEANO Mediterrâneo Mediterrâneo
ATLÂNTICO
ÁFRICA ÁFRICA
Em grupo. Produzam um
0° 0°
0 250 0 250
podcast relacionando as
guerras de Reconquista à for-
mação das monarquias nacio-
ALLMAPS
ALLMAPS
nais de Portugal e Espanha.
Século XIII Século XV
LEÃO
FRANÇA FRANÇA
Resposta pessoal.
40° NAVARRA 40°
N N NAVARRA
Professor, espera-se que
PORTUGAL ARAGÃO
PORTUGAL ARAGÃO os alunos entendam que, du-
OCEANO CASTELA OCEANO CASTELA
ATLÂNTICO ATLÂNTICO rante as lutas de Reconquista,
ALGARVE
CALIFADO ALMÔADA
deu-se a formação dos reinos
GRANADA
Mar
Mediterrâneo GRANADA
Mar
Mediterrâneo
de Leão, Castela, Navarra e
Aragão. No decorrer das lu-
0° ÁFRICA 0° ÁFRICA
0 250 0 250 tas, verifica-se, no século XI,
que Henrique de Borgonha
Fonte: HILGEMANN, Werner; KINDER, Hermann.
Atlas historique. Paris: Perrin, 1992. p. 182.
recebeu dos reis de Leão e Cas-
tela o Condado Portucalense,
Como se vê nessa sequência de mapas, a partir do século XI os reinos cristãos reconquistaram pouco a
e que seu filho Afonso Henri-
pouco os territórios perdidos para os árabes na Península Ibérica, processo em meio ao qual se formaram ques, ao mesmo tempo, com-
os reinos de Portugal e da Espanha. bateu os árabes, na luta pela
independência do condado e,
139 em 1139, rompeu com os reis
de Aragão e Castela. Surgiu,
assim, o reino de Portugal. Já
10:07 TEXTO DE APOIO
D2-HIS-F2-2111-V7-U3-C06-LA-G24.indd 139 gerou uma aliança momentânea entre alguns
25/07/22 15:36 a formação da Espanha se dá
reinos cristãos peninsulares de Castela, Aragão com o casamento dos monar-
O contexto ibérico na passagem do século XII e Navarra. O enfrentamento entre as hostes cris- cas de Aragão e Castela, que
para o XIII é caracterizado por certa instabilida- tãs e muçulmanas deu-se na Batalha das Navas
de política nos reinos cristãos peninsulares, ao haviam se unido na luta con-
de Tolosa em 1212, onde os almôadas sofreram
passo de que os espaços muçulmanos ibéricos uma derrota significativa. Esta derrota provocou tra os muçulmanos
observam uma unificação em torno do Califado um enfraquecimento do Califado Almôada, ao A atividade pode contribuir
Almôada. Um dos conflitos mais evidentes no passo de que surgiram várias taifas
taifas,, reinos inde- para o desenvolvimento da
lado cristão é a disputa entre Castela e Leão. Tal pendentes nos territórios muçulmanos ibéricos. competência geral 4.
conflito é motivado pelas disputas de fronteiras, DIEHL, Rafael de Mesquita. O processo de fortalecimento do poder
de “eixos de expansão” e também por disputas régio no reinado de Fernando III o Santo de Castela (1217-1252) e
de jurisdições eclesiásticas. O avanço almôa- Leão (1230-1252) inserido no contexto da Reconquista cristã ibérica.
da em direção aos territórios cristãos, contudo, Revista Vernáculo, Curitiba, n. 23/24, p.152-158, 2009. p 153.
139
140
TEXTO DE APOIO AV2-HIS-F2-2111-V7-U3-C06-LA-G24.indd 140 sular a partir do final do século XI – tendo a instituição de um 05/08/22 10:09 AV2
140
ATIVIDADES
ATIVIDADES NÃO ESCREVA nidade como Estados nacionais
NO LIVRO.
unificados, mas que em virtude
de trajetórias medievais diferentes
teriam destinos políticos diferentes.
Como na Inglaterra o processo de
feudalização e a Magna Carta atri-
buíram ao rei o papel de suserano,
I. Retomando ele nunca sofreu forte oposição (a
não ser nos poucos momentos em
que tentou ser soberano) e a mo-
narquia pôde manter-se até hoje.
1 Faça no caderno um quadro sobre as relações dos grupos sociais com a monarquia Na França, por sua vez, como na
na Europa ocidental a partir do século XI. Escreva o objetivo de cada um dos grupos Idade Média prevaleceu o papel de
sociais listados abaixo em relação à monarquia. Na primeira coluna, copie as pergun- soberano, o monarca pôde tornar-se
tas a seguir; na segunda coluna, responda-as. absolutista na Idade Moderna [...].
Título do quadro: Relação dos grupos sociais com a monarquia Mas a formação das monarquias
nacionais não se deu sem oposi-
a) Burguesia 1. a) Conseguir o apoio da monarquia para o sucesso de seus negócios.
ção dos poderes universalistas. O
1. b) Manter privilégios.
b) Nobreza Império procurou, por exemplo,
1. c) Obter proteção contra os abusos da nobreza.
c) Camponeses contestar a monarquia francesa
aliando-se à inglesa, mas foi vencido
em Bouvines em 1214 e não pôde
2 Qual foi a consequência política da aproximação dos grupos sociais com o rei? impedir o crescente fortalecimento
2. Essa aproximação contribuiu para o fortalecimento do poder real na Europa ocidental a partir do século XI. dos Capetíngios. Contra as preten-
sões imperiais, os juristas france-
3 Leia as afirmativas com atenção. ses desenvolveram nas décadas
I. Na Inglaterra, Guilherme I exigiu um juramento de fidelidade dos senhores feudais. seguintes o princípio – logo adotado
II. Na França, o primeiro monarca a impor sua autoridade foi Felipe Augusto. por outras monarquias – de “o rei
é imperador no seu reino”. A Igreja,
Escreva no caderno as alternativas corretas. Com base no que você estudou e nessas alegando ex ratione peccati (“por ra-
afirmativas, pode-se dizer que o processo de formação do Estado Moderno, nos zões de pecado”), expressão ampla
diferentes países europeus: 3. Alternativas A e B. que lhe deixava grande margem de
manobra, intervinha com frequência
a) aconteceu em tempos distintos. nos assuntos internos de vários rei-
b) foi gradual. nos, lançando excomunhão sobre o
c) aconteceu apenas no século XII. monarca, interdito sobre todo o país,
d) ocorreu de forma rápida. cobrando o dízimo e outras taxas.
Os poderes particularistas não
podiam, é claro, escapar ao jogo
4 Leia o texto a seguir com atenção. político medieval. De um lado ocor-
riam conflitos, surdos e abertos,
Privilégios de Henrique II aos tecelões de Londres (1154-1162) dentro dos feudos e entre eles.
Henrique pela graça de Deus, rei da Inglaterra, duque da Normandia e Dessa situação é que surgiu o ou-
tro tipo de poder particularista,
Aquitânia, conde de Anjou, aos bispos, juízes, viscondes, barões, oficiais e a todos de espírito diverso, a comuna. De
os seus fiéis [...]. outro lado, [...] as monarquias es-
Sabei que concedi licença aos tecelões de Londres para Guilda: associação que timulavam as rivalidades entre
agrupava indivíduos com feudos e comunas na tentativa
terem a sua guilda em Londres, com todas as liberdades e
interesse comum. de submeter todos os particularis-
costumes que tinham no tempo do rei Henrique (I), meu mos, precondição para completar
a unificação e a centralização na-
141 cionais. Também os universalistas
procuraram dominar os particu-
larismos, impedindo que eles se
fundissem em Estados nacionais.
10:09 AV2-HIS-F2-2111-V7-U3-C06-LA-G24.indd 141 09/08/22 15:42 O Império tentou controlar as ricas
ENCAMINHAMENTO e importantes comunas italianas,
1. Professor, nesta questão, buscamos sistematizar como e por que os grupos sociais se apro- porém foi derrotado em Legnano
em 1176. A Igreja buscou coman-
ximaram da monarquia. Materializamos e didatizamos a tese do sociólogo Norbert Elias,
dar a nobreza feudal por meio das
de que a monarquia se aproveitou do apoio dos diferentes grupos para se colocar acima Cruzadas, mas perdeu o controle da
deles e fortalecer o seu poder. A atividade contribui para o desenvolvimento da habilidade situação e saiu desgastada. Tentou
EF07HI07. impor seus valores nas comunas
2. Professor, esse processo variou no tempo e no espaço; essa aproximação, porém, contri- e apenas acelerou o surgimento
de heresias.
buiu para a formação e a consolidação das monarquias nacionais. A atividade contribui para
FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média:
o desenvolvimento da habilidade EF07HI07. nascimento do ocidente. São Paulo:
Brasiliense, 2001. p. 86-88.
141
Observe a sequência de mapas a seguir. Augusto, o território da França tornou-se cerca de três
vezes maior.
ALLMAPS
0° 0°
no de
wich
REINO DA
do reinado de Felipe REINO DA
Meridia
ESCÓCIA Mar do ESCÓCIA
Green
Norte
Augusto; o mapa Mar do
Norte
PAÍS DE PAÍS DE
GALES à direita, a França GALES
REINO
REINO
depois dele. DA
INGLATERRA
OCEANO
a) O que se pode con- OCEANO
ANÇA
DA
ATLÂNTICO cluir comparando os ATLÂNTICO
REINO
DA
dois mapas?
DA FR
INGLATERRA FRANÇA
IMPÉRIO IMPÉRIO
REINO DE
REINO
GERMÂNICO b) De que forma o rei REINO GERMÂNICO
LEÃO
NO
DE
DE
Felipe Augusto agiu REINO NAVARRA
EI
CONDADO NAVARRA DE
R
REINO
PORTUCALENSE REINO para conseguir o PORTUGAL
DE ARAGÃO
TEXTO DE APOIO REINO DE DE ARAGÃO
CASTELA
40° N que vemos repre-
REINO DE
CASTELA
40° N
meiramente, a exploração das tribuiu igualmente para os progressos da do Controlador-geral, podem seguir melhor as
riquezas do Império espanhol, prática mercantilista. Na Inglaterra, o desen- flutuações das trocas. Também os progressos
que o débil poder do soberano volvimento do serviço das aduanas permitiu da reflexão teórica guiam mais seguramente os
de Madri e a apatia de seus sú- estabelecer uma contabilidade mais exata das administradores e os ministros.
ditos não mais conseguiam ani- trocas internacionais, enquanto que o controle DEYON, Pierre. O mercantilismo.
mar; era ainda o monopólio das parlamentar fornecia aos interesses do negócio São Paulo: Perspectiva, 2001.
os meios de se fazer entender mais claramente. (Coleção Khronos, p. 21-22).
reexportações das drogas e das
especiarias orientais, o merca- Da mesma maneira na França, a reforma tarifá-
do dos manufaturados têxteis, o ria de 1664, nas fronteiras do território das cin-
benefício da navegação do Bálti- co grandes herdades, autoriza uma visão mais
co ao Mediterrâneo. [...] clara da balança comercial, e os escritórios que
142
BRIDGEMAN/FOTOARENA
Observe a imagem com atenção.
durante seu reinado: O personagem central desta pintura,
Quanto à função da imagem,
o rei francês Luís XIV, está represen-
ela não visava, de modo geral,
tado como Apolo, deus grego do Sol
fornecer uma cópia reconhe-
cível dos traços do rei ou uma e da música.
descrição sóbria de suas ações. a) Por que será que a cabeça do rei está
Ao contrário, a finalidade era circundada por raios luminosos?
celebrar Luís, glorificá-lo, em b) E esses louros que estão em sua
outras palavras, persuadir es- cabeça, o que significam?
pectadores, ouvintes e leitores c) Você considerou o título da pintura
de sua grandeza. Para isso, pin- adequado a ela? Justifique.
tores e escritores se inspiravam
d) Com que intenção essa pintura teria sido
numa longa tradição de formas
feita?
triunfais. 8. d) Para glorificar Luís XIV.
BURKE, Peter. A fabricação do rei: a 8. a) Porque o pintor provavelmente queria sugerir que
construção da imagem pública de Luís XIV. se trata do Rei-Sol.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,
1994. p. 31. 8. b) Os louros representam vitória e sugerem que Luís XIV
A obra Triunfo de Luís XIV, é um rei vitorioso. Triunfo de Luís XIV,
de José Werner, faz parte da 8. c) Resposta pessoal. gravura de José Werner,
século XVII.
série de pinturas mitológicas
expostas em palácios france-
ses como Louvre e Versalhes,
entre outros.
• Aprofundar o assunto aces-
sando a exposição virtual do
Palace Versailles sobre as re- 9 Sobre o regime absolutista, copie em seu caderno a alternativa correta. Em seguida,
presentações de Luís XIV nas corrija as incorretas. 9. Alternativa D.
artes plásticas: LUÍS XIV – A a) O absolutismo é um regime político cujo poder está extremamente concentrado nas mãos da
construção de uma imagem nobreza.
política. Google Arts & Cul- b) O poder dos monarcas absolutistas não tinha nenhum tipo de limite.
ture. [S. l.], c2022. Disponível c) Contribuíram para o estabelecimento do absolutismo o aprimoramento da imprensa, a
em: https://artsandculture. Contrarreforma e a política de caça às bruxas.
google.com/story/hAWh0IF d) Thomas Hobbes acreditava que os homens haviam renunciado aos direitos e à liberdade em
V0mUgLA?hl=pt-BR. Acesso favor do Estado absolutista.
em: 9 ago. 2022.
10. Professor, estimular o alu-
10 Quais das características a seguir diz respeito ao mercantilismo? Justifique.
a) Metalismo. 10. Alternativas A, B e D.
nado a compreender que o
b) Balança comercial favorável.
mercantilismo adota o prote-
c) Liberalismo.
cionismo alfandegário, isen-
d) Exclusivo colonial.
tando produtos nacionais e
taxando os produtos importa- 11 Compare o processo da formação da monarquia portuguesa ao da monarquia espa-
dos. Já o liberalismo incentiva nhola, apontando uma semelhança e uma diferença.
a liberdade de comércio entre 11. Semelhança: ambos os processos ocorreram durante as lutas de Reconquista. Diferença: no caso
as nações; ou seja, é contrário 144 espanhol, foi decisivo o casamento entre o rei Fernando e a rainha Isabel.
ao protecionismo.
144
[...] os observadores registravam que todos os atos do rei eram planejados “até o
Dica de leitura mínimo gesto”. Os mesmos eventos se produziam todos os dias nas mesmas horas,
Neste livro, o autor analisa a tal ponto que uma pessoa poderia acertar seu relógio pelo rei.
a corte de Luís XIV, o Rei-Sol, e Havia normas formais para a participação nesse espetáculo – quem tinha
sua rigorosa estrutura simbóli- direito a ver o rei, a que horas e em que partes da corte, se tal pessoa podia se
ca e de prestígio, demostrando sentar numa cadeira ou num tamborete [...] ou tinha que permanecer de pé. [...]
que a sociedade da corte é uma Luís esteve no palco durante quase toda a sua vida [...]. Os objetos materiais mais
rica fonte de dados para com- intimamente associados ao rei também se tornavam sagrados [...]. Assim, era uma
preender as sociedades atuais. ofensa dar as costas ao retrato do rei [...], entrar em seu quarto de dormir vazio sem
• ELIAS, Norbert. A sociedade fazer uma genuflexão ou conservar o chapéu na sala em Genuflexão: ato de veneração
de corte: investigação sobre que a mesa está posta para o seu jantar. pelo qual dobramos nosso
joelho direito até tocar o solo
a sociologia da realeza e da BURKE, Peter. A fabricação do rei: a construção da imagem pública de Luís XIV. e voltamos à posição normal.
aristocracia de corte. São Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994. p. 101-102.
DEAGOSTINI/GETTY IMAGES
EDITORA ZAHAR
O doge de Gênova em
Versalhes, de Claude
Hallé, 1685. A tela
registra o momento
em que o governante
da cidade italiana de
Gênova reverencia o rei
Luís XIV. Na ocasião,
o governante fez um
discurso pedindo
desculpas ao rei e
retirou o chapéu a cada
vez que pronunciou o
nome dele.
TEXTO DE APOIO
A sociedade de corte
[...] Em sua juventude, Luís XIV
havia sentido na própria pele o a) Copie no caderno o trecho que prova que a vida na corte de Luís XIV obedecia a uma etiqueta
quanto pode ser perigoso para a e a uma hierarquia rígidas.
posição do rei quando as elites
b) Segundo o texto, como o rei agia em público?
[...] superam seus antagonismos
mútuos e se juntam para agir c) No segundo parágrafo, o autor afirma que era uma ofensa “entrar no quarto vazio do rei sem
contra o rei. Talvez ele também dobrar o joelho”. O que isso diz sobre a figura do rei?
tenha aprendido a partir da ex- d) A qual dos autores estudados neste capítulo se pode associar este texto?
periência dos reis ingleses, que c) Isso sugere que a figura do rei era sagrada; daí a necessidade de “dobrar o joelho direito até tocar o solo”
deviam as ameaças e o enfra- 146 em sinal de veneração.
d) Pode-se associá-lo a Jacques Bossuet, para quem a figura do rei é sagrada e seu poder emana de Deus.
quecimento de suas posições
à oposição de grupos nobres e
burgueses reunidos. Em todo
ciúmes entre os grupos de 146 elite mais poderosos convicções. Graças a tal enraizamento nas con-
caso, faziam parte das máximas AV2-HIS-F2-2111-V7-U3-C06-LA-G24.indd 05/08/22 10:19
de seu reino constituíam algumas das condi- vicções, nas valorações e nos ideais dos súditos –
mais rigorosas de sua estratégia
de dominação o fortalecimento ções fundamentais da abundância de poder do da competição acirrada em termos de nível, status
e a estabilização das diferenças rei, a qual se expressa em conceitos como “ir- e prestígio –, as tensões e os ciúmes surgidos e
existentes, das contraposições e restrito” ou “absolutista”. exacerbados entre as diferentes ordens e níveis
rivalidades entre as ordens, es- O longo reinado de Luís XIV contribui muito sociais, e especialmente entre as elites rivais des-
pecialmente entre as elites de para que a rigidez e o rigor específicos, suscitados sa sociedade articulada hierarquicamente, repro-
cada ordem e, dentro delas, en- pelo uso constante da diferenciação de ordens e duziam-se como uma máquina em movimento
tre os diversos níveis e patama- de níveis sociais como instrumentos de domina- no vazio, renovando-se sempre. [...].
res de sua hierarquia de prestí- ção do rei, tornem-se perceptíveis também nos ELIAS, Norbert. A sociedade de corte: investigação sobre a
gio e de status
status.. Era algo evidente pensamentos e na sensibilidade dos próprios gru- sociologia da realeza e da aristocracia de corte.
[...] que as contraposições e os pos, como um traço de caráter essencial de suas Rio de Janeiro: Zahar, 2001. p. 88-89.
146
7
gações e o seu impacto para
AS GRANDES os povos envolvidos nesse
processo.
NAVEGAÇÕES • Identificar as razões do pio-
neirismo português.
• Descrever a formação do
Império Ultramarino Portu-
guês.
TAMARA KLINK
• Debater os diferentes signi-
ficados do 5 de outubro de
1492.
• Trabalhar as representações
que os portugueses construí-
ram a respeito da América e
dos ameríndios.
• Explicitar as mudanças de-
correntes das Grandes Nave-
gações.
• Explicitar as interações que
ocorrem nos oceanos Atlân-
tico, Índico e Pacífico.
• Comparar as navegações no
Atlântico e no Pacífico entre
os séculos XIV e XVI.
ENCAMINHAMENTO
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C07-LA-G24.indd 147
a fotografia, era bem possível que a descrição de um ani-
02/08/22 18:45
Professor, o objetivo aqui é ajudar o alunado a comparar mal marinho levasse as pessoas a pensarem que ele era um
o tempo das Grandes Navegações aos dias atuais quanto aos monstro. Tamara Klink, arquiteta e escritora, tornou-se, em
riscos envolvidos nas viagens marítimas de longa distância; 2021 (aos 24 anos), a mais jovem brasileira a cruzar o oceano
ajudá-los também a imaginar o que podem ter sido aquelas Atlântico, sozinha, a bordo de um veleiro. O pai de Tamara,
viagens para os navegantes europeus do século XV (lembrar Amyr Klink, empreendedor de expedições marítimas e escri-
aqui que, na Carreira das Índias, uma em cada cinco em- tor brasileiro, tornou-se, em 1984, a primeira pessoa a fazer
barcações naufragava); e, por fim, chamar a atenção para o a travessia do Atlântico Sul, sozinha, a bordo de um barco
fato de que, numa época em que não havia sido inventada a remo.
147
148
COLEÇÃO PARTICULAR
via monstros marinhos e abis-
mos etc. Reais: ventos desfavo-
ráveis, ameaças de encalhe, lu-
gares estranhos, fome, doenças
e sede no interior dos navios.
b) Resposta pessoal. Professor,
pretende-se aqui estimular
os alunos a formularem hipó-
teses sobre as razões para os
perigos imaginários; uma hi-
pótese plausível é a associação
entre os perigos imaginários e
o desconhecimento dos mares,
Nessa gravura de 1558, vemos a serpente marinha, um dos monstros que os europeus daquela época das pessoas e dos lugares que
acreditavam que existisse no oceano Atlântico. os europeus encontrariam em
suas viagens.
Se era assim tão perigoso, por que, então, os europeus se lançaram às Grandes Professor, a atividade con-
Navegações? É o que veremos a seguir. tribui para o desenvolvimento
da competência geral 2 e da
O comércio de especiarias orientais competência específica 3.
VALERY121283/
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Originária do Ceilão [atual Sri Lanka], é a mais antiga das
de algodão da Índia, tapetes especiarias. Hoje, além de tempero, é usada como aromatizante,
da Pérsia, seda e porcelana da na fabricação de licores e outras bebidas, na feitura de doces, como
China, pérolas do Japão etc.). estimulante, como remédio antidiarreico, entre outras finalidades.
Açafrão
VASILEVICH ALIAKSANDR/
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Dica de leitura É a especiaria mais cara do mundo. Os monges budistas
tingem suas vestes com o amarelo do açafrão, ligado ao simbo-
O livro discorre sobre a ex-
lismo da iluminação e da sensatez.
pansão marítima enfatizando
o comércio das especiarias e Cravo
sua importância para a econo- Também chamado de “cravo-da-índia” ou “cravinho”. Embora
PAIROJ SROYNGERN/
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mia daquele período conhecido desde muito antes de Cristo, só chegou à Europa no
século IV. Apenas no século XVI os europeus chegaram às ilhas
• AMADO, Janaína; FIGUEIRE-
Molucas, lugar de origem do cravo. [...]
DO, Luiz Carlos. A magia das
especiarias: a busca de espe- Noz-moscada
ciarias e a expansão maríti- […] nativa das Ilhas Banda, nas Molucas […]. No interior do
ma. 4. ed. São Paulo: Atual, fruto a pesada semente, a noz-moscada, está coberta por uma
NATALY STUDIO/
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• ALÉM do uso nos alimentos, [...] pimenta-longa: também chamada de “pimenta-de-rabo”, era
as especiarias são parte es- muito apreciada pelos antigos, foi a mais usada na Europa até a
sencial da cultura indiana. Idade Média e é a mais ardida. Pimenta-malagueta: [...] conhe-
2013. Vídeo (1min11s). Pu- cida desde a Antiguidade e muito utilizada até nossos dias. [....]
blicado pelo canal EFE Brasil. Atualmente a pimenta é cultivada em vários lugares do mundo,
Disponível em: https://youtu. o que propiciou o aparecimento de vários novos tipos, como as
be/tC-MFXGw0mc. Acesso pimentas-de-cheiro, tão apreciadas no Brasil.
em: 10 ago. 2022. Gengibre
SILVY78/SHUTTERSTOCK.COM
ALLMAPS
30° L 60° L
EUROPA
Muitos caminhos,
Veneza
Gênova Mar
de Aral
45° N muitos povos
Mar Negro M
Roma Constantinopla
ar
Cá Como as especiarias não se
GRÉCIA
aclimatavam em solo europeu,
sp
ANATÓLIA
Sardes
io
TURQUIA
Atenas Éfeso
Antioquia
era preciso trazê-las até a Eu-
ARÁBIA ÁSIA
Mar Mediterrâneo
Tiro Palmira ropa, desde o distante Oriente.
Damasco Bagdá
Alexandria
Ctesifonte
Os produtos percorriam um lon-
Gaza Susa
Cairo Apologos
30° N go caminho, desde a China até
Leuceccome
Ormuz
ÍNDIA o Mediterrâneo, passando por
Trópico de Câncer Golfo de Omã inúmeros lugares, como as ilhas
Ma
Medina
da Indonésia, a Índia, o Orien-
rV
Mascate
erm
Gidá
PENÍNSULA
Meca
te Médio, o norte da África etc.,
elh
ARÁBICA OMÃ
o
Muza
Malabar
Calicute
15° N [...] Nenhum povo conseguia
Canã
Aden
Cochin controlar sozinho toda a rota
Cabo das
Zélia especiarias das especiarias entre a Europa
e a Ásia. Devido a isso, as lon-
OCEANO
ÍNDICO gas viagens comerciais, marí-
0 510
timas e terrestres, eram feitas
Fonte: AMADO, Janaína; FIGUEIREDO, Luiz Carlos. A magia das especiarias: a busca de especiarias e a por diversos povos – japoneses,
expansão marítima. São Paulo: Atual, 1999. (Nas ondas da história, p. 11). chineses, coreanos, mongóis, in-
dianos, árabes etc. –, cada qual
lucrando um pouco. As especia-
Dialogando
rias eram transportadas pelos
Com base no mapa e nas informações do texto: meios: canoas, embarcações de
a Cite dois portos do oceano Índico onde os árabes carregavam seus navios junco, navios, elefantes, cavalos
etc. A viagem era tão demorada,
de especiarias. a) Goa e Calicute.
pagavam-se tantos impostos
b Indique duas cidades do Mediterrâneo oriental onde os italianos compravam pelo caminho e havia tantos in-
especiarias dos árabes para revendê-las na Europa. b) Antioquia e Tiro. termediários que as especiarias
c Dê o nome de duas cidades da África onde os árabes vendiam as chegavam caríssimas à Europa.
especiarias aos mercadores italianos. c) Alexandria e Cairo. Por isso, elas eram consumidas
apenas pelos nobres e ricos; o
151 povo as apreciava, mas não po-
dia comprá-las. [...]
AMADO, Janaína; FIGUEIREDO, Luiz Carlos.
A magia das especiarias: a busca de
18:45 ENCAMINHAMENTO
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especiarias e a expansão marítima.
São Paulo: Atual, 2013. p. 10.
• Explorar o mapa da página, chamando a atenção para o caminho percorrido pelas especiarias.
• Evidenciar os vários usos das especiarias no passado e no presente.
• Comentar que o rico comércio de especiarias e de artigos de luxo orientais era quase todo
controlado por mercadores árabes e italianos.
A leitura do mapa e a leitura do texto de apoio desta página podem contribuir para o
desenvolvimento da competência específica 5.
151
guindo, assim, controlar toda a gar nessa parte do oceano, confiscaram, a partir
parte ocidental do oceano Índico. de então, qualquer carregamento que não dis-
Goa foi o pivô desse dispositivo, pusesse de uma permissão dada por eles. Toda
fortificada em extremo e cons- embarcação que navegasse sem essa autoriza-
tantemente consolidada, e Albu- ção, as cartas, foi tratada como pirata e apresa-
querque foi sua alma. da. Assim, os portugueses inundaram a Europa,
O que os portugueses queriam via Lisboa, daquele pano de algodão (calicot) de
não eram terras, mas o império Calicute, de pimentas e outras especiarias.
do comércio marítimo. Maravi- FERRO, Marc. História das colonizações: das conquistas
lhados com as riquezas da Índia, às independências, séculos XIII a XX. São Paulo:
pretendiam monopolizar-lhes o Companhia das Letras, 1996. p. 45.
154
ALLMAPS
90° O 0° 90° L
da competência específica 5.
Círculo Polar Ártico
ÁSIA
As descobertas e as ocupações
EUROPA
AMÉRICA progressivas de postos-chave no
DO NORTE PORTUGAL Pequim
Açores Lisboa JAPÃO norte e na costa da África, com
Ceuta Kyushu
Madeira CHINA a intensificação do comércio de
Trópico de Câncer Macau
AMÉRICA Cabo Cabo Bojador ÍNDIA escravos e de ouro, acrescido do
Verde GUINÉ ÁFRICA Calicute OCEANO
CENTRAL FILIPINAS de marfim e pimenta, passaram
São Jorge
Málaca
PACÍFICO
da Mina
Equador
CONGO 0° a representar uma certa por-
OCEANO AMÉRICA Melinde OCEANO
PACÍFICO DO SUL
centagem de todos os negócios.
MOÇAMBIQUE ÍNDICO
Trópico de Capricórnio Porto
Seguro Cabo
Com a chegada dos portugueses
da Boa OCEANIA ao Oceano Índico e o estabele-
Esperança
Rotas dos navegadores portugueses ATLÂNTICO mais estáveis com os reinos lo-
Vasco da Gama
Pedro Álvares Cabral cais, ampliou-se muito a impor-
0 2 400
Primeira viagem até o Japão tância do comércio, o que provo-
Círculo Polar Antártico cou grande impacto até mesmo
Fonte: ARRUDA, José Jobson de. Atlas histórico básico. 17. ed. São Paulo: Ática, 2001. p. 19.
na economia europeia. Lugares
que antes se destacavam como
O Império Português tinha dezenas de feitorias e fortes entre a América e o Japão e controlava boa parte do entrepostos comerciais impor-
comércio por meio do oceano Índico e do Atlântico Sul. Esse comércio entre as possessões portuguesas na Ásia, tantes, como as cidades italia-
na África e na América rendeu enormes lucros à monarquia portuguesa no século XVI. nas, principalmente Gênova e
Veneza, viram-se ameaçados
155 pelo comércio português. O açú-
car da Ilha da Madeira, produ-
zido por mão de obra escrava,
tomou lugar do açúcar fabricado
10:29 TEXTO DE APOIO
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C07-LA-G24.indd 155 O sistema de feitorias não modificava subs-
02/08/22 18:45
no Mediterrâneo. Nas Ilhas dos
tancialmente o modo de vida das populações
Açores, a produção de cereais
A inserção do Brasil na rota comercial nativas. Eram praças mercantis guardadas mi-
passou a abastecer o reino por-
europeia e a formação do império litarmente, que tinham como objetivo recolher tuguês. Em suma, no início do
colonial a produção do interior da região escolhida e século XVI, 65% da renda do
embarcá-la para o reino, ao mesmo tempo em governo português vinha do co-
Durante o processo de expansão ultramarina que traziam mercadorias europeias. Já no caso mércio ultramarino e não mais
europeia, Portugal foi adquirindo experiência da colonização, havia ocupação de fato e, em da agricultura, situação especial
em dois pontos básicos: primeiro, no estabele- consequência, interferência direta, como ocor- dentro do quadro europeu.
cimento, em áreas portuárias, de postos comer- reu nas ilhas atlânticas, em que o rei fazia doa-
FARIA, Sheila de Castro. A colônia
ciais fortificados – as feitorias – e, segundo, na ções a particulares para instaurarem atividade brasileira: economia e diversidade.
criação de áreas de ocupação colonial efetiva. agrária. São Paulo: Moderna, 2004. p. 28-29.
155
SONIA VAZ
OCEANO GLACIAL ÁRTICO dar como uma das primeiras monarquias
Círculo Polar Ártico
absolutistas da Europa e de explorar a
EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA
ÁFRICA
das diversas ilhas atlânticas levou a que
esse oceano fosse por eles chamado de
Equador
Mar Português. [...]". 0°
PACÍFICO
OCEANO
a) Compare o texto ao mapa. A descrição
TEXTO DE APOIO ÍNDICO
do oceano Atlântico, feita pelo autor,
Portugal foi a única nação eu- está correta? Justifique.
ropeia a ter posses tanto no Círculo Polar Antártico OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
b) Quem são os navegadores a que o
Atlântico norte quanto no sul 0 1 789 texto se refere?
antes de 1492 e a primeira, a par- ANTÁRTIDA
0°
c) O que levou o oceano Atlântico a ser
tir do século XVI, a exercer so- Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018. p. 32. chamado de Mar Português?
berania sobre vastos territórios
em ambos os lados do Atlântico b) Navegadores europeus (sobretudo portugueses e espanhóis), que exploraram o oceano Atlântico,
subequatorial; a única potência 156 chegaram a América (Novo Mundo) e confirmaram a esfericidade da Terra.
europeia a ter autoridades da
Coroa ocupando a posição de
governador simultaneamente
na África continental e na Amé- naus em viagens de ida e156de volta. Brasil e Ango-
AV2-HIS-F2-2111-V7-U3-C07-LA-G24.indd capitais de uma colônia ou capitania. Os portos 05/08/22 10:29 AV-
rica antes de 1600 [...]. Portugal la eram insuperáveis em tamanho se compara- eram postos de escuta para informações milita-
era abençoado por arquipélagos dos a qualquer colônia de outra nação europeia res, políticas, comerciais e sociais. Marinheiros,
que, já no século XV, possuíam no Atlântico, seus principais portos situavam-se soldados e passageiros – missionários, mercado-
importância estratégica para o a uma distância de cinco graus de latitude, e a res e autoridades da Coroa – circulavam notícias
comércio, a colonização e a de- passagem entre a África portuguesa e a América por todo o Atlântico português. A notícia era dis-
fesa. Os portos nessas ilhas eram portuguesa não apresentava nenhum grande de- seminada para além de uma esfera portuguesa
pontos de origem e destino e, safio de navegabilidade. de influência e informava colonizadores sobre
com o desenvolvimento da rota O fato de figurarem desproporcionalmente acontecimentos fora do mundo lusófono.
do Cabo para a Índia e a rota do entre vilas com status de cidade ressalta que RUSSELL-WOOD, Anthony John R.; DOMINGUES, Ângela (org.);
Brasil, ganharam importância os portos costumavam ser sinônimos de auto- MOURA, Denise A. Soares de (org.). Histórias do Atlântico
como estações de passagem para ridade civil e eclesiástica, riqueza e influência e português. 1. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2014. p. 114.
156
KAVALENKAU/SHUTTERSTOCK.COM
sabia, porém, é que no meio do caminho havia outro continente. cífica 5.
Colombo saiu do porto de Palos com três caravelas – Santa
María, Pinta e Niña – e, depois de velejar por cerca de dois meses,
embalado por fortes ventos favoráveis, teve uma grata surpresa:
encontrou um continente “novo” para os europeus: a América.
Era 12 de outubro de 1492. Mas, como pensou ter chegado às
Índias, chamou de “índios” os diversos povos que habitavam essas
Monumento de Cristóvão +ATIVIDADES
Colombo. Barcelona
terras havia milhares de anos. (Espanha), 2018. 1. Interdisciplinaridade com o
professor de Geografia. Levar
Expansão ultramarina espanhola (séculos XV e XVI) para a sala diferentes mapas
0º
que representavam o mundo
SELMA CAPARROZ
Primeira viagem de
Cristóvão Colombo (1492) guesas. Questionar:
Fernão de Magalhães/
Sebastião Elcano (1519-1522)
a) Que transformações são vi-
síveis entre os mapas?
Círculo Polar Ártico
b) Qual é a importância do co-
ÁSIA nhecimento do Atlântico para
AMÉRICA
EUROPA
o fluxo de pessoas e mercado-
PORTUGAL ESPANHA
DO NORTE
Palos OCEANO rias?
Ilha de
PACÍFICO
Trópico de Câncer
OCEANO
CUBA Guanaani
HAITI
ÍNDIA
FILIPINAS Professor, as respostas po-
AMÉRICA
PACÍFICO
Equador CENTRAL
ÁFRICA
0º
dem depender dos mapas
AMÉRICA
DO SUL
Porto
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
ÍNDICO
apresentados, entretanto, é
Trópico de Capricórnio Seguro
Cabo da
Boa Esperança
OCEANIA importante que os alunos re-
Fonte: ATLAS da história
do mundo. São Paulo:
conheçam as intensas trocas
0 Estreito de
Folha de S.Paulo; comerciais e culturais ocor-
3 105
Times Books, 1995.
Magalhães
p. 154-155.
ridas no oceano Atlântico, à
época, promovendo o desen-
157 volvimento da competência
específica 3.
2. Busquem na internet pala-
vras-chaves sobre as navega-
10:29 Imagens em movimento
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C07-LA-G24.indd 157 Dica de áudio 02/08/22 18:45
ções portuguesas e tragam
O filme apresenta a história da chegada de O episódio do podcast discute a importân- para a sala de aula termos que
Cristóvão Colombo às ilhas da América Cen- cia das Grandes Navegações, compreenden- estão associados a elas para
tral, em outubro de 1492, e as consequências do o oceano Atlântico como personagem.
serem discutidos com a turma.
desse encontro entre povos e culturas tão • FRONTEIRAS no tempo 18: as Grandes Na- Professor, o exercício intro-
distantes. vegações. Entrevistadores: Cesar Agenor e
duz noções de pesquisas rela-
Marcelo Silva. Entrevistado: Willian Spen-
• 1492: a conquista do paraíso. Direção: Ri- cionadas à análise documen-
gler. [S. l.]: Fronteiras no tempo, 8 abr. 2017.
dley Scott. França/Espanha/EUA, 1992. Blu- Podcast. Disponível em: https://fronteiras tal e análise de mídias sociais
-ray (154min). notempo.com/ep-18-grandes-navegacoes/ e promove a competência es-
Acesso em: 3 jun. 2022. pecífica 7.
157
159
oito”. Em pouco tempo, o comércio pela rota Manila-Acapulco passou a ser de mão
dupla e “animado” por piratas de países adversários da Espanha. Em 1573, partiu de
Manila, na direção leste, o primeiro galeão abastecido de riquezas do Oriente (seda
chinesa, cetim, porcelanas e especiarias); e, navegando pelo Pacífico, chegou a Acapulco.
De lá, retornou a Manila carregado de prata das minas espanholas na América. Leia o
que duas historiadoras especializadas disseram sobre o assunto:
Ao fim do século XVI, a quantidade de metais fluindo de Acapulco para Manila
ultrapassou a soma que estava envolvida nos carregamentos do Atlântico. Entre 1570
e 1780, um número estimado entre 4 e 5 mil toneladas de prata fluíram para o leste
da Ásia ao longo da rota Acapulco-Manila. Conforme os metais hispano-americanos
fluíam [...], tanto asiáticos quanto europeus enriqueceram. [...]
TEXTO DE APOIO GOUCHER, Candice; WALTON, Linda. História Mundial: jornadas do passado ao presente. Porto Alegre: Penso, 2011. p. 186.
O mundo do Pacífico
Entre 1500 e 1800, após as via- 160
gens de Colombo, as relações
econômicas e as sociedades das
Américas, da Europa e de partes
África e a Europa, substituindo e redirecionan- constituiu uma mudança de poder em direção
da África, Ásia e do Pacífico fo- AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C07-LA-G24.indd 160 02/08/22 18:45 AV-
ram transformadas pela criação do seus sistemas comerciais mundiais, basea- ao oeste, para longe daqueles centros mais an-
de uma economia mundial do dos em terra e no mar, ínter ou intrarregionais. tigos afro-eurasianos, como o mundo comercial
Atlântico [...]. O estabelecimento As conexões triangulares entre sociedades da do Oceano Índico e o núcleo econômico chinês
das conexões do Atlântico teve África, Europa e Américas giraram em torno de no leste asiático. No século XVIII, novos desen-
um impacto profundo na vida e um comércio atlântico em expansão, com suas volvimentos na Europa iriam providenciar os
na cultura dos povos africanos, bases fundadas na escravidão e no capitalismo meios para a intensificação da dominação eu-
particularmente daqueles da comercial. Logo depois de sua criação, o desen- ropeia da economia global.
África central e do oeste. As no- volvimento comercial do mundo atlântico in-
GOUCHER, Candice; WALTON, Linda.
vas conexões globais afetaram o terconectado não era mais um conjunto de re- História mundial: jornadas do passado ao presente.
equilíbrio das relações, há mui- lações equilibradas. A expansão europeia para Porto Alegre: Penso, 2011.
to estabelecidas, entre a Ásia, a o Pacífico adicionou novas conexões globais e p. 188.
160
161
pontos:
a) O que significa dizer que os A carta de Caminha é um importante documento histórico. Leia a seguir um trecho
portugueses “descobriram o que fala da nova terra:
Brasil”? Vocês concordam com Nesta terra, até agora, não pudemos saber se existe ouro, nem prata, nem coisa
essa afirmação? Por quê? alguma de metal ou ferro. Porém, a terra em si é de bons ares, assim frios e tem-
b) Na carta de Caminha, fica perados. As águas são muitas e infinitas. A terra é tão grandiosa que, querendo
explícita a intenção de cate- aproveitá-la, tudo dará nela, por causa das águas que tem.
quização dos indígenas. Isso Porém, o melhor fruto que podemos tirar dela, me parece, será salvar esta gente,
pode ser visto como imposição tornando-a cristã.
cultural? Argumente. E, desta maneira, aqui conto a Vossa Alteza o que vi nesta Vossa terra.
Respostas pessoais. TORRES, Adriana; PEREIRA, André. Ilustração: Tibúrcio. A carta de Pero Vaz de Caminha.
Adaptação e atividades. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1991. p. 21.
Professor, organizar a sala
em pequenos grupos, de pre- a) O que se pode concluir da leitura da primeira frase?
ferência, incluindo alunos a) Conclui-se que eram grandes a esperança e a preocupação dos portugueses em achar ouro e prata na “nova terra”.
com diferentes habilidades. É b) Em que trecho da carta se percebe a intenção dos portugueses em expandir sua
importante mediar as discus- religião? b) “Porém, o melhor fruto que podemos tirar dela, me parece, será salvar esta gente,
tornando-a cristã.”
sões para que o foco não seja
c) Em que trecho o escrivão diz que considera a nova terra como propriedade do rei
perdido e para interferir em de Portugal? c) “E, desta maneira, aqui conto a Vossa Alteza o que vi nesta Vossa terra.”
casos de intolerância. Apesar
de pessoal, é importante ava-
liar se os alunos reconhecem Império Português (século XVI)
a linguagem na construção 0º
ALLMAPS
dos discursos e compreendem Círculo Polar Ártico
18:46 AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C07-LA-G24.indd 163 TEXTO DE APOIO de Tordesilhas (1494): “O sol brilha para
02/08/22mim
18:46
EDITORA UNESP
ATIVIDADES
ção tinha a finalidade de me- é de diferença, uma vez que o ditado dos antigos NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
lhorar o sabor dos alimentos e romanos era usado para expressar o alto valor de
um produto, já o ditado usado pelos brasileiros é usado para expres-
conservá-los. c) Os mercadores sar o baixo valor de um produto.
árabes e italianos controla-
vam o comércio de especiarias 2. Econômicos: os portugueses queriam ampliar sua participação no rico comércio mun-
dial de especiarias, comprando esses produtos direto da fonte. Para isso, precisavam
e artigos de luxo orientais no
século XIV.
I. Retomando encontrar outras rotas marítimas que não estivessem dominadas pelos árabes e pelos
italianos. Religiosos: os portugueses queriam expandir a fé cristã e combater aque-
3. d) Os estudantes poderão les a quem consideravam infiéis, ou seja, os árabes muçulmanos.
citar pimenta de cheiro, pi- 1 A respeito do comércio de especiarias e de artigos orientais de luxo no século XIV,
menta malagueta, pimenta escreva em seu caderno as alternativas corretas. Em seguida, corrija as incorretas.
dedo-de-moça, pimenta-do- a) A utilização das especiarias na alimentação tinha a finalidade de melhorar o sabor dos alimen-
-reino, entre outras. tos, embora não contribuísse muito para a conservação deles.
b) As especiarias eram utilizadas na alimentação e na fabricação de remédios e perfumes.
c) Os mercadores espanhóis e portugueses controlavam o comércio de especiarias e artigos de
luxo orientais no século XIV.
TEXTO DE APOIO d) As mercadorias do Oriente eram levadas até o Mediterrâneo pelos árabes, onde eram com-
As especiarias compreendiam pradas pelos italianos para serem revendidas na Europa. 1. Alternativas B e D.
um conjunto de produtos, na
maioria vegetais, mas também
2 Descreva os motivos econômicos e religiosos que levaram os portugueses a navega-
rem em alto mar no século XV.
um pequeno número de origem
animal, ou mistos, que serviam 3 Leia o texto a seguir com atenção e depois responda às questões em seu caderno.
como condimento, mezinhas,
3. b) Porque eram muito desejadas, uma vez que conservavam os ali-
excitantes, relaxantes, perfu- O valor das especiarias mentos e os tornavam mais saborosos.
mes e unguentos coloridos, [...] Cada especiaria é nativa apenas de uma ou de algumas poucas regiões
utilizados para três funções bá-
tropicais do globo, e durante muito tempo não puderam ser transplantadas com
sicas: tintura, tempero e medi-
camento. Dentre todas, a mais facilidade para outras áreas. Por isso, as especiarias sempre estiveram relacionadas
importante das especiarias era ao comércio. [...] E por serem muito desejadas, alcançaram preços altos, desde os
a pimenta, devido ao sabor pro- tempos mais antigos.
nunciado e ao odor caracterís-
No Egito, algumas especiarias eram tão caras, que somente a corte do faraó e os
tico, importante para disfarçar
o gosto dos alimentos, particu- nobres podiam adquiri-las. [...] Já os romanos achavam que pimenta era sinônimo de
larmente da carne. [...] Assim, riqueza, dizendo um ditado: “Caro como a pimenta”.
aqueles que não moravam na Hoje em dia, quase todas as especiarias tornaram-se produtos mais comuns
costa e, por isso, não dispunham e por isso são mais baratas. Mas os seus cheiros, suas cores e seus sabores, bem
de peixe fresco durante todo o
como a sua história, continuam a fascinar as pessoas de todo o mundo.
ano eram obrigados a temperar
a carne com condimentos for- AMADO, Janaína; FIGUEIREDO, Luiz Carlos. A magia das especiarias: a busca de especiarias e a expansão marítima.
São Paulo: Atual, 1999. (Nas ondas da história, p. 5-6).
tes, picantes e odoríferos, dis-
farçando o mau cheiro e o sabor a) Por que os europeus dos séculos XIV e XV tinham de obter especiarias por meio do comércio?
desagradável. Afinal, a carência b) Por que as especiarias alcançavam altos preços? Justifique.
de víveres não permitia recusar c) Os antigos romanos usavam o ditado “caro como a pimenta”. No Brasil, já se usou o ditado
nenhum alimento disponível. “a preço de banana”. Compare os dois ditados explicando se a relação entre os dois é de
Outras especiarias eram tam- semelhança ou diferença.
bém utilizadas, mas com finali- d) No Brasil de hoje, a pimenta é muito usada. Faça uma pesquisa rápida: quais tipos de pimenta
dades diferentes. O cravo, tam- são mais populares no Brasil? 3. d) Resposta pessoal.
bém muito apreciado, tinha uso 3. a) Porque as especiarias eram originárias apenas de algumas regiões tropicais do globo e os europeus
exclusivo na feitura de doces. 164 não conseguiam replantar essas especiarias em suas terras. Por isso, montavam expedições para
consegui-las no Oriente e, depois, vendê-las na Europa.
[...] Contudo, desde a Antigui-
dade a especiaria mais indicada
para tornar comestível a carne
salgada, e, com frequência, pútri-
das respectivas posições164
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C07-LA-G24.indd estratégicas, obtendo as Imagens em movimento 02/08/22 18:46 AV2
GRANGER/EASYPIX BRASIL
FONTE 2
não tenho nada teu. Tu, pini-
quim. Eu, ropeu.” O engenhoso a) O texto da fonte 1 é
verso de Luis Fernando Verís- descritivo ou explicativo?
simo sugere um dos aspectos Justifique.
sobre os quais os historiadores b) O que mostra a fonte 2?
da colonização das Américas se
c) Que relação se pode
debruçam frequentemente: a
estabelecer entre a fonte 1
alteridade. A conquista, a partir
e a fonte 2?
do final do século XV, confron-
11. a) O texto é descritivo; nele o autor nar-
tou europeus e índios em um
ra, segundo sua imaginação, como seria um
cenário até então desconhecido monstro marinho.
por aqueles, e suscitou a pro- Monstros marinhos habitantes
dução de inúmeras crônicas e do Atlântico Norte. Detalhe de
descrições sobre o Novo Mundo uma escultura em madeira de
e seus habitantes. Os europeus, Sebastian Münster, 1550.
como já observou o historiador 10. b) O oceano Atlântico tornou-se mais importante do que o mar Mediterrâneo como rota de comércio,
Leandro Karnal, criaram a abs- 166 resultando no declínio das cidades italianas e na ascensão dos países banhados pelo Atlântico.
11. b) Mostra uma embarcação típica do século XV sendo cercada por monstros marinhos.
tração indígena através do re-
gistro de um equívoco geográfi-
co disseminado pelo navegador
Cristóvão Colombo, que acredi- [...] Se os relatos europeus
AV2-HIS-F2-2111-V7-U3-C07-LA-G24.indd 166 forem interrogados genas. [...]. Perceber e valorizar este aspecto é 08/08/22 09:26 AV-
tava ter chegado às Índias. Hoje com rigor, e comparados a outras fontes – como acreditar na possibilidade do outro, e diminuir
sabemos que, além do equívoco as crônicas produzidas pelos próprios nativos, um pouco a onipotência europeia.
geográfico, a expressão “índios” por exemplo –, pode-se descobrir neles algo so- O segundo movimento proposto por Leandro
encerra uma diversidade de po- bre os índios e suas interações com o universo Karnal é a desconfiança para com as fontes, que
vos, marcados por semelhan- colonial. [...] Karnal [...] nos ajuda a pensar nos não devem jamais ser tomadas como verdades
ças e diferenças. Os europeus desafios de analisar aspectos das culturas na- absolutas [...].
da época de Colombo – assim tivas do Novo Mundo através de narrativas eu-
ropeias. [...] a proposta de Karnal compreende VIANA, Larissa Moreira. Os relatos europeus sobre os índios
como os de hoje – também
da América: um estudo de caso. Associação Nacional de
eram muito diferentes em suas dois movimentos: o primeiro é a convicção de Pesquisadores e Professores de História das Américas.
crenças, atitudes e lealdades que a cultura europeia não foi tão forte a pon- [S. l.], [20--] Disponível em: http://antigo.anphlac.org/relatos-
políticas. [...] to de apagar todos os traços das culturas indí- europeus-apresentacao. Acesso em: 10 ago. 2022.
166
NITO/SHUTTERSTOCK.COM
Fernando. Mensagem. São Paulo: FTD, 1992.
(Coleção Grandes Leitura, p. 71). -prima, Os Lusíadas, Luís Vaz
a) Quantas estrofes e quantos versos de Camões dedica o “Canto IV
tem o poema? Episódio do Velho do Reste-
b) Qual é o assunto abordado? lo” a mostrar os males, espe-
c) A quem se refere o pronome pos- cialmente para as famílias, da
sessivo “nosso” e por que ele está sede de “fama” de Portugal
relacionado à palavra mar? com as grandes navegações.
d) Quais verbos utilizados no texto
explicam a tristeza das mães e a
apreensão dos filhos?
e) O que poderia explicar a tristeza
das mães?
f) Como você interpreta o trecho:
expectativas das pessoas, ele-
“Valeu a pena? / Tudo vale a pena
mentos que lançam luzes so-
/ Se a alma não é pequena.”
bre o passado e nos ajudam a
d) Choraram e rezaram, respectivamente. construir não a verdade absolu-
e) Os perigos indicados no poema da travessia do ta, mas uma representação que
mar, as lágrimas derramadas pelas mães e as noi- opere no duplo sentido: reponha
vas que ficaram sem casar indicam que se trata de o que foi perdido e encene, no
uma viagem com baixa probabilidade de retorno.
presente, o teatro do passado,
f) Resposta pessoal.
para que compreendamos um
Estátua do poeta e escritor Fernando pouco mais sobre ele e sobre nós
Pessoa. Lisboa (Portugal), 2014. mesmos. [...]
Desse modo, o que possibilita
167 a aproximação entre a produção
ficcional e a narrativa histórica
em um processo de investigação
historiográfica é a verossimi-
09:26 TEXTO DE APOIO
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C07-LA-G24.indd 167 à narrativa ou à sua plena identificação
02/08/22 com
18:46
lhança das representações lite-
a história; tem como objetivo localizar parte
Alguns historiadores contemporâneos anali- rárias com os acontecimentos
dos indícios que o passado nos lega. A histó-
sam as formas de utilização de fontes didáticas históricos. [...]
ria é uma espécie de ambiente no qual foram
na sala de aula no processo de ensino e apren-
realizadas narrativas de várias ordens. Ao lei- SILVA, Pedro Felipe Ribeiro; ALBUQUERQUE,
dizagem de História. [...] os historiadores Júlio tor do presente, interessado no diálogo com o Mariana Zerbone Alves de. Textos literários
Pimentel Pinto e Maria Inez Turazzi [...] apresen- passado, cabe aproximar-se dessas narrativas e
no ensino de história: as contribuições
de homens e caranguejos em uma leitura
tam alguns aspectos que possibilitam o diálogo colher esses pequenos sinais, enxergar a histó- contra-hegemônica sobre o Recife. In:
da História com os textos literários. [...] ria em sua ação. Mesmo que isso não nos traga MAIA, Paulo Roberto de Azevedo; RAMOS,
O recurso à literatura não se presta, nesses Márcia Elisa Teté (org.). Linguagens e
informações específicas, nos permitirá enxer-
narrativas históricas na sala de aula.
termos, à coleta de informações sobre o pas- gar conjuntos de relações, formas de pensar João Pessoa: Editora do CCTA, 2022. v. 3.
sado, nem à localização de elementos externos o mundo, dados do cotidiano, um conjunto de p. 119-120.
167
• LITERATURA Fundamental
33 – Os Lusíadas - Alcir Péco-
ra. 2014. Vídeo (29min35s).
Publicado pelo canal UNI-
VESP. Disponível: https://
youtu.be/GQCf8Dze5KI.
Acesso em: 10 ago. 2022.
168
8
• Compreender a administra-
CONQUISTA E COLONIZAÇÃO ção, a sociedade e a econo-
mia na América colonial es-
ESPANHOLA DA AMÉRICA panhola.
• Construir os conceitos de
mita, encomienda e plan-
tation.
Observe a imagem com atenção. • Compreender o funciona-
mento da administração es-
BNCC
• Competências gerais: 1, 2, 3,
6, 7, 9 e 10.
• Competências específicas: 1,
Guerreiros astecas defendendo o templo de Tenochtitlán contra conquistadores, 1519-1521.
2, 3 e 4.
• Habilidades: EF07HI08,
Os personagens representados nessa imagem são guerreiros astecas. EF07HI09, EF07HI10.
3. Por que será que, no canto direito, há um asteca caído na escada, de cabeça para baixo?
ENCAMINHAMENTO
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C08-LA-G24.indd 169 da conclusão, ou seja, a ideia de que a con-
02/08/22 19:25
A imagem foi feita por artistas indígenas e quista de Tenochtitlán significou a conquista
retrata a resistência dos mexicas ao ataque es- do Império como um todo. Cortez lançou mão
panhol contra o Templo de Tenochtitlán. Notar também do mito da sujeição voluntária dos
que há um guerreiro nativo ostentando um es- nativos; escreveu uma carta ao rei da Espanha
tandarte, no qual se pode ver a águia, animal contando que os indígenas se renderam es-
importante no mito de fundação de Tenoch- pontaneamente, pois preferiam um monarca
titlán. A imagem sugere o que de fato acon- poderoso e benevolente a um líder indígena
teceu: os mexicas resistiram aos espanhóis. A tirano e cruel. É interessante notar, ainda, que
imagem também ajuda a desconstruir o mito os espanhóis não aparecem na cena.
169
espanhóis diante da “multidão chegou à costa para fazer os primeiros reconhe- via muitas tensões entre os mexicas e os grupos
de nativos” do Vale do México, cimentos, em 1519, Cortés soube aproveitar as subjugados, com quem Cortés poderia se aliar.
é preciso salientar o outro lado circunstâncias que lhe apareceram: recrutou Ante esse “dossiê”, Hernán Cortés foi capaz de
da moeda. Se havia muitos po- tradutores para entender quais eram as men- perceber que, se ele explorasse as “divisões” exis-
vos na Mesoamérica que viviam sagens enviadas por Moctezuma e por que o tentes no “mundo indígena”, poderia derrotar os
sob o domínio dos mexicas no tlatoani lhe mandava presentes e agrados. nativos, sobretudo os astecas, e dominá-los.
início do século XVI – e que, por Conforme obtinha informações, Cortés am-
REIS, Anderson Roberti dos. A rápida conquista dos domínios
isso, estavam quase sempre em pliava o conhecimento do cenário que enfrenta- astecas e a longa conquista da área maia. Associação Nacional
situações de tensão –, cumpre va: havia uma capital, onde habitava Moctezu- de Pesquisadores e Professores de História das Américas.
lembrar a capacidade de Hernán ma, abundante em riquezas [...] os astecas eram São Paulo, 2010. Disponível em: https://www.anphlac.org/
Cortés para captar rapidamente poderosos, dominavam outros povos, mas não conteudo/view?ID_CONTEUDO=581. Acesso em: 10 ago. 2022.
170
BELIKOVA OKSANA/SHUTTERSTOCK.COM
de dos clássicos, tidos, até então,
como única fonte para a busca da
compreensão do mundo natu-
ral. Neste quadro, a importância
da descoberta da América, dos
escritos sobre sua flora, fauna e
humanidade e a descrição dos
viajantes, foram atividades que
impulsionaram uma mudança
radical na visão sobre a nature-
za e metodologia do que seria o
conhecimento deste período. [...]
Os textos e documentos ela-
borados na Nova Espanha do sé-
culo XVI pautavam-se por esse
cenário epistemológico da Euro-
pa pré-Revolução Científica. Em
muitos momentos as práticas
culturais e de conhecimentos
sobre o mundo natural dos indí-
genas recém-conquistado foram
descritas em analogia com o co-
nhecimento europeu. Esta ana-
logia se, muitas vezes concedeu
aos conhecimentos indígenas a
Em primeiro plano, vemos as ruínas do Templo Mayor, principal edifício religioso asteca. As pedras condição de inferior e os atrelou
de demolição desse templo foram usadas para erguer a Catedral Metropolitana da Cidade do México ao Demônio, em outra percep-
(vista ao fundo). A catedral, assim como toda a cidade, foi construída sobre as ruínas da cidade asteca
ção, propiciou aos espanhóis sua
de Tenochtitlán. Cidade do México (México). Fotografia de 2018.
adequação enquanto elemento
b) Sim. Um exemplo disso foi que os espanhóis construíram a Catedral Metropolitana da Cidade do México cultural marcado pela alteridade.
com as pedras que sobraram da destruição do Templo Mayor. Além disso, destruíram pirâmides para
construírem igrejas e reconstituíram o núcleo urbano de modo a lembrar os da Europa. 171 A categorização da cultura e dos
saberes indígenas favoreceu seu
entendimento e posterior narra-
ção por parte dos espanhóis, que
Dica de leitura
EDITORA CONTEXTO
Dica de áudio
Podcast sobre o povo inca e
a conquista espanhola coman-
dada por Pizarro. Nessa ilustração atual, baseada em relatos de cronistas espanhóis, Atahualpa vai ao encontro de Pizarro
numa liteira carregada por seus guerreiros.
• ESTADO DA ARTE. Os incas.
Entrevistadores: Eduardo
Wolf e Marcelo Consentino. Assim que Atahualpa chegou, Pizarro mandou prendê-lo e ordenou a seus soldados
Entrevistados: Daniela La que atirassem nos incas de surpresa. Em seguida, os espanhóis partiram para a conquista
Chioma, Eduardo Natalino de Cuzco, a mais importante cidade do Império Inca. Para isso, contaram com a ajuda
e Márcia Arcuri. São Paulo: de vários povos indígenas, inimigos dos incas, a exemplo dos wankas. E, além disso, os
Estadão, 22 maio 2019. Pod- espanhóis se aproveitaram, também, da divisão entre os próprios incas, motivada pelas
cast. Disponível em: https:// disputas pelo trono entre os irmãos Atahualpa e Huáscar. Depois de tomar Cuzco, em
estadodaarte.estadao.com. 1533, Pizarro fundou a Ciudad de los Reyes,
Reyes, atual Lima, e fez dela a capital do domínio
br/podcast-os-incas/. Acesso espanhol na América andina.
em: 10 ago. 2022.
172
TEXTO DE APOIO
LaAV-HIS-F2-2111-V7-U3-C08-LA-G24.indd
Hoz, bem como por seu 172 primo e pajem, Pedro cavalo de combate, os invasores dispunham de 02/08/22 19:25 AV-
O domínio do Império Inca Pizarro. “Se esta terra não estivesse destroçada incontestável vantagem nesse domínio. Mas
Se o Império Inca não estivesse pelas guerras Ataw Wallpa e de Waskarr, não te- qualquer que fosse o poder de fogo da artilharia
atravessando naquele momento ríamos podido pôr o pé aqui para conquistá-la”, ou a capacidade de choque da cavalaria, essa
mais uma das crises cíclicas que escreveu o último na Relação da descoberta e da vantagem de ordem técnica não seria suficien-
se desencadeavam com a morte conquista dos reinos do Peru que nos deixou. te para compensar uma inferioridade numérica
de cada soberano, os espanhóis Isso não impede que a extraordinária facili- tão considerável. Ela não poderia, de maneira
não teriam certamente se asse- dade com que eles chegaram a dominar exten- alguma, decidir a vitória de menos de 200 ho-
nhorado dele com tanta facili- sões tão vastas e populações tão numerosas mens sobre exércitos constituídos de dezenas
dade. Essa constatação foi feita fosse na época considerada miraculosa. A fim de milhares de soldados aguerridos.
pelo próprio secretário de Fran- de explicá-la, alega-se hoje em dia a dispari- FAVRE, Henri. A civilização inca. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
cisco Pizarro, Pedro Sancho da dade de armamentos. Graças ao arcabuz e ao Ed., 2004. (As civilizações pré-colombinanas, p. 90-91).
172
GRANGER/FOTOARENA
nhóis souberam aproveitar a desunião e
Dica de leitura a rivalidade entre os ameríndios. Tanto
Neste artigo, o autor discute os astecas quanto os incas tinham
a evolução histórica das causas muitos inimigos, que formaram verda-
e das consequências do uso de
deiros exércitos indígenas para ajudar os
agentes biológicos como arma
espanhóis a tomar as terras astecas e
em cenários civis e militares.
incas. Para conquistar Tenochtitlán, por
• TUTUNJI, Valdi Lopes. Guer-
ra biológica: uma revisão. exemplo, Cortez contou com a ajuda do
Revista Universitas Ciências povo tlaxcalteca.
da Saúde, Brasília, DF, v. 1, n.
1, p. 105-139, 2017.
Algumas doenças antigas, Autoavaliação. Responda em seu caderno. Ou seja, estratégia supõe
como o sarampo, ressurgiram e um lugar de poder.
a Expressei minhas ideias com objetividade? 2. a) A superioridade bélica, as
estão fazendo muitas vítimas ao
b Usei tom de voz e gestos adequados? doenças, a revolta dos povos do-
redor do mundo. Como gover-
c Escutei meus colegas com atenção e respeito? minados pelos astecas e incas, o
nos e pessoas podem contribuir conhecimento que os espanhóis
d Contribuí com sugestões e perguntas interessantes?
para erradicar uma epidemia tinham dos seus adversários.
e Demonstrei interesse pelo assunto tratado?
como a do sarampo? Pesquisem
f Aceitei críticas aos meus argumentos e comportamento? 2. b) Resposta pessoal. Profes-
e preparem-se para falar. sor, comentar com o alunado
Respostas pessoais.
que as doenças mataram mui-
to mais do que as armas de
175 fogo. A antropóloga Manue-
la Carneiro da Cunha ensina
que, pelo fato de as doenças
19:25 ENCAMINHAMENTO
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C08-LA-G24.indd 175 trazidas
02/08/22 19:25 pelos europeus se manifestarem
Escutar e falar. Aos governos cabe a destina- como epidemias, muitos morriam de fome
ção de verbas para a saúde e a capacitação e sede, pois, como a comunidade inteira
de profissionais dessa área, a fim de evitar contraía a doença, não havia quem traba-
o colapso dos sistemas de saúde. Às pesso- lhasse para conseguir alimentação e água
as cabe o trabalho de conscientizar sobre a para o grupo.
importância da vacinação e evitar a propa- Professor, a atividade contribui para a
gação de notícias falsas sobre a eficácia das compreensão dos mecanismos de alianças,
vacinas. confrontos e resistências durante o proces-
so de conquista espanhola da América, mo-
bilizando, com isso, a habilidade EF07HI09.
175
DO PERU
Sua produção era quase PACÍFICO
178
M
.CO
frotas e os galeões vinham
CK
Vista interna do Palácio Real Alcázar. Sevilha (Espanha). Fotografia
TO
RS
e voltavam carregados de
TTE
de 2019. Nesse palácio, funcionava a Casa de Contratação. Nesta
HU
imagem, é possível perceber a existência de dois traços da arquitetura
P/S
mercadorias duas vezes por
ED
FR
árabe medieval: os arcos em forma de ferradura e as colunas finas.
ano. Assim, a Espanha mer-
cantilista conseguia contro-
lar tanto o que entrava nas
suas colônias quanto o que
saía delas, auferindo lucros
extraordinários. Esse mono-
pólio do comércio colonial
acabou provocando uma
reação esperada: o contra-
bando, muito praticado em
toda a América espanhola.
• Destacar que o principal ór-
gão da administração espa-
nhola na América foi o Con-
selho Real e Supremo das
Índias, criado por Carlos V, em
1524. Com sede na Espanha,
esse órgão era encarregado
de todas as questões coloniais
de ordem legislativa, eclesiás-
tica, militar ou jurídica.
179
ALLMAPS
espanhóis, bem como as con- Municipais. Chamadas
sequências para os povos que na América de cabildos,
já habitavam a região. eram encarregadas de VICE-REINO DA
NOVA ESPANHA
• KARNAL, Leandro. A con- administrar as cidades e (1535) CAPITANIA
GERAL DA FLÓRIDA
quista do México. São Paulo: fazer cumprir as leis do Trópico de Câncer
CAPITANIA
GERAL DE CUBA
FTD, 1996. governo espanhol. Eram
também responsáveis CAPITANIA
CAPITANIA
GERAL DA
GERAL DA
TEXTO DE APOIO pela segurança. Os vere- GUATEMALA
VICE-REINO DE
VENEZUELA
vém salientar que o México e o de obra indígena. A divisão das terras formou A localização do vice-reinado da Nova Grana-
Peru foram importantes centros as grandes propriedades, as denominadas fa- da compreende os atuais territórios da Colôm-
produtores para o sistema colo- zendas, que eram unidades produtivas rurais bia, Panamá e Equador, sendo estes territórios
nial, com grande parte da pro- praticamente isoladas do poder da Espanha. os primeiros a serem ocupados pelos espanhóis,
dução consistindo na extração Os proprietários das terras, que exploravam os nele sendo criados os primeiros povoamentos.
de metais preciosos, pois era o tributos e o trabalho dos indígenas, eram os es- Foi a partir daí que os espanhóis se deslocaram
que a Espanha procurava na- panhóis e seus descendentes. As grandes pro- para a conquista dos novos territórios na busca
quele período. priedades também eram exploradas pela Igreja constante de metais preciosos.
Com a decadência da extra- mexicana, um dos maiores latifundiários do
CANABARRO, Ivo dos Santos. História da América
ção de metais, iniciou-se o sis- vice-reinado. Os índios eram os mais explora- Meridional. Ijuí: Ed. Unijuí, 2010. (Coleção educação a
tema produtivo agrícola, com dos, posto que não possuíam direitos, apenas distância. Série livro-texto, p. 18-19).
180
SCIENCE SOURCE/ALAMY/FOTOARENA
Há séculos este evento é considerado simbólico do
grande encontro de continentes que atravessava, então,
sua terceira década – e com bons motivos. Pela primeira
vez, um imperador americano nativo saudava um repre-
sentante dos europeus que vieram conquistar e colonizar
suas terras. A ocasião foi amistosa, com ambos os lados
TEXTO DE APOIO ansiosos por exibir um [...] compromisso com a diploma-
São dignas de nota duas [...] cia. Sem embargo,, o choque de culturas ficou também
versões do século XVI − os tex- imediatamente evidente. Em questão de meses os dois
tos em náuatle e espanhol do lados estariam encalacrados numa guerra sangrenta,
Códice Florentino de Sahagún. que provocaria a morte de Montezuma e sua sucessão
Não há neles tentativas de
por Cortez no posto de homem mais poderoso do México
abraços nem de apertos de mão,
e a oferta de colares por Monte- central. Ilustração de Cortez
zuma a Cortés não é correspon- Embargo: dúvida. RESTALL, Matthew. Sete mitos da conquista espanhola. ajoelhado diante de
dida pelo espanhol. Tampouco Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. p. 150. Montezuma, século XVI.
a mesura é recíproca; no texto
náuatle, o imperador asteca “in- 182
clinou-se profundamente dian-
te de” Cortés, “ao que este per-
maneceu ereto, com seus rostos
posição de subordinação,
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C08-LA-G24.indd 182 transformando sua no comum entre duas culturas muito diversas 02/08/22 19:25 AV-
defrontados (...) retesou-se o
mesura gentil numa vênia submissa: “Ele en- com relação ao tratamento senhoril. E, como se
mais que pôde, rigidamente”.
Sendo proibido encarar o rosto tão se prostrou diante do capitão, manifestan- não bastasse a confusão do gestual, os pendo-
do imperador, o redator suge- do-lhe imensa deferência, e pôs-se de pé face res e intenções dos autores de pelo menos cin-
re que foi Montezuma quem a face e muito próximo deste”. co diferentes relatos do evento vêm se somar
tomou a iniciativa de romper [...] Por um lado, temos a comunicação: os dois à algazarra, cada qual chegando ao seu próprio
o tabu, permitindo que Cortés líderes logram transmitir ao outro ao mesmo equilíbrio entre a valorização na realeza das di-
o fitasse, na tentativa de che- tempo sua posição de autoridade e seu dese- plomáticas boas-vindas de Montezuma e a su-
gar a um meio-termo cultural. jo de que o encontro fosse pacífico e imbuído gestão de que a acolhida já continha os germes
Sua contraparte espanhola dá de respeito mútuo. Por outro lado, as falhas da rendição.
a mesma impressão, mas de na comunicação se manifestam à medida que RESTALL, Matthew. Sete mitos da conquista espanhola.
modo a pôr Montezuma numa ambos se empenham por encontrar um terre- Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. p. 151.
182
STEFAN EMBER/ALAMY/FOTOARENA
mil anos naquela região, organizadas RESTALL, Matthew. Sete mitos da
conquista espanhola. Rio de Janeiro:
em cidades com sofisticada arquitetura Civilização Brasileira, 2006. p. 134-135.
e senhoras de um repertório cultural
que envolvia um sistema de escrita e a) Qual é o assunto do texto?
elaborados conhecimentos astronômicos, b) Qual é o significado da pa-
essas populações realizaram grandes lavra “pacificar” no texto?
revoltas indígenas nas primeiras décadas
c) O que se pode inferir sobre
que se seguiram à Conquista e, em uma o olhar espanhol a respeito da
nova onda [...], nas últimas décadas do resistência maia?
século XVIII.
Respostas:
PRADO, Maria Ligia; PELLEGRINO, Gabriela.
História da América Latina.
a) A conquista espanhola da
São Paulo: Contexto, 2016. p. 21. península de Yucatán e a resis-
tência dos grupos maias que
ali viviam.
Máscara maia de Palenque. b) No texto, a palavra “paci-
Chiapas (México), ficar” tem o sentido de repri-
fotografia de 2015. mir, sufocar a resistência dos
povos ameríndios.
c) Pode-se inferir que os espa-
nhóis a viram como desobedi-
183 ência a um poder estabeleci-
do.
Professor, esta atividade
19:25 AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C08-LA-G24.indd 183 02/08/22 19:25
contribui para o desenvolvi-
mento da habilidade EF07HI09.
183
Em 1521, esse “ano triste e pa- 6 Sobre a reação dos incas aos espanhóis, é correto afirmar que: 6. Alternativa B.
voroso ...”: a Cidade do México
cai nas mãos de conquistadores a) os incas colaboraram com os espanhóis, facilitando, assim, a conquista de suas terras.
espanhóis e seus aliados indí- b) os incas resistiram aos espanhóis, refugiando-se próximo à cidade de Machu Picchu e fun-
genas. Devemos a melhor des- dando um novo império.
crição do período a um monge
franciscano que os índios ha- c) os incas deixaram rapidamente o culto ao Sol e ao Inca para seguir o cristianismo.
viam apelidado de Motolinía, “O d) os incas conseguiram resistir aos espanhóis e conservar a integridade de seu império.
Pobre”. Um capítulo de sua crô-
nica descreve as repercussões
da queda da Cidade do México,
7 Segundo o historiador Matthew Restall, a conquista espanhola da América deveu-se
a quatro fatores principais. 7. a) As doenças, a rivalidade entre os indígenas da América, a superiori-
no início dos anos 1520:
dade de armas (armadura de ferro, espada de aço, o cavalo e as armas de
“Deus castigou esta terra com a) Quais são eles? fogo), o maior conhecimento dos espanhóis sobre os astecas, maias e incas.
dez pragas muito cruéis por b) Qual desses fatores foi o mais determinante?
causa da dureza e obstinação 7. b) A série de doenças trazidas pelos espanhóis (varíola, tifo e gripe), para as quais as populações indí-
de seus moradores,
moradores, [...]. A pri- 184 genas não possuíam anticorpos.
meira dessas pragas foi [...] [a]
varíola, uma doença que nunca
se tinha visto nesta terra.”
terra.”
para acabar com o fedor,184já que eles não podiam
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C08-LA-G24.indd 02/08/22 19:25 AV-
Uma epidemia de tamanha
enterrá-las, mandaram derrubar as casas em
virulência espalhou-se entre os
cima dos mortos, dando-lhes seus lares como
índios, e regiões inteiras perde-
ram a metade de seus morado- sepultura”. Essa doença foi chamada “a grande
res. Então, muitos morreram de lepra”, “pois dos pés à cabeça eles se cobriam
fome: “Como todos adoeciam ao de feridas de varíola que os faziam parecer le-
mesmo tempo, não podiam cui- prosos”. A exemplo do que ocorrera no Egito,
dar uns dos outros e não havia onde as águas, as nascentes e os rios tinham se
ninguém para preparar a comi- transformado em torrentes de sangue [...].
da”. Em vários lugares, famílias GRUZINSKI, Serge. O pensamento mestiço.
inteiras foram dizimadas, “e São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 64-65.
184
EDITORA UNESP
não lhes chegou porque eles deviam alguma coisa, A mineração, sobretudo da
nem porque roubaram ou mentiram, prata, na América espanhola se
nem por qualquer vilania, baseava no uso do trabalho in-
mas pelo valor e honra dígena [...].
do nosso país e nação, [...] a mita de Potosí recrutava
compulsoriamente para o tra-
pelo valor do nosso império mexicano
balho, todos os anos, para a re-
e pela honra e pela glória gião de Potosí, cerca de 14 por
do nosso deus e senhor Uitzilopochtli [...]. cento (um sétimo) da população
BAUDOT, Georges; TODOROV, Tzvetan. Relatos astecas da conquista. que pagava tributo: os homens
São Paulo: Unesp, 2019. p. 23. entre 18 e 50 anos. O trabalho
se iniciava pela manhã de ter-
ça-feira e continuava de modo
ininterrupto até sábado à noite
Fac-símile da capa do livro Relatos astecas da Conquista, com jornadas de trabalho de sol
de Georges Baudot e Tzvetan Todorov. a sol. Os indígenas eram sub-
I. O poema feito por um poeta mexica é: 8. I) Alternativa C. metidos ao excesso de trabalho
em condições degradantes nas
a) um relato de guerra contra os espanhóis.
minas, favorecendo uma gama
b) uma explicação para a morte dos espanhóis. variada de doenças, principal-
c) uma homenagem aos que morreram na luta contra os espanhóis. mente respiratórias. Os mitayos
d) uma poesia religiosa dirigida ao deus Uitzilopochtli. – termo utilizado para aqueles
que trabalhavam nas minas –
eram obrigados a longos deslo-
II. O trecho da poesia permite inferir que o poeta: 8. II) Alternativa C.
camentos, muitos não resistiam
a) tem vergonha de ser mexica. ao longo trajeto e morriam antes
b) culpa os mexicas por terem perdido a guerra. de chegar às minas.
c) afirma e valoriza sua identidade mexica. GAMBA, Juliane Caravieri Martins; PIRES,
d) preferia ser espanhol a mexica. Júlio Manuel. O trabalho humano na
América Latina: evolução histórica e
9 Sobre as formas de trabalho na América espanhola, escreva no caderno as afirmações
condições atuais. Cadernos Prolam/USP,
São Paulo, v. 15, n. 27,
corretas. p. 11-26, 2016. p. 13-14.
a) A mita era um antigo hábito inca pelo qual os membros das aldeias eram obrigados a realizar
serviços gratuitos para o Império Inca.
b) Os espanhóis transformaram a mita em uma obrigação pela qual os membros das aldeias
tinham de trabalhar para eles quatro meses ao ano.
c) A encomienda era o direito que os colonos espanhóis tinham de explorar o trabalho dos
indígenas nas minas, plantações e fazendas por certo período.
d) A mita desapareceu após a conquista espanhola da América.
e) Apesar das condições de trabalho nas minas de prata de Potosí serem desfavoráveis, não
chegavam a prejudicar a saúde dos indígenas.
9. Alternativas A, B e C.
185
EDITORA UFRGS
185
SCIENCE SOURCE/ALAMY/FOTOARENA
g) Nome das minas de prata g) P O T O S Í
Atahualpa, último
exploradas pelos indígenas a
imperador inca.
serviço dos espanhóis. h) M I T A
h) Trabalho obrigatório que i) T Ú P A C * A M A R U
os membros das aldeias ti-
nham de prestar para os espa-
nhóis durante quatro meses 11 Por que o governo espanhol instituiu quatro vice-reinados e quatro capitanias gerais
por ano. na América espanhola?
i) Último líder inca da resistên-
cia aos espanhóis.
12 As sociedades hispano-america-
nas eram formadas basicamente
AKG-IMAGES/ALBUM/FOTOARENA
SÉBASTIEN LECOCQ/ALAMY/FOTOARENA
um grupo de indígenas puxan-
do um arado; na cena 4, canto
superior direito, outro grupo
5 4 corta e transporta madeira; e
na cena 5, ao fundo e no alto,
outro grupo ainda trabalha
2 3
na extração de minerais. Cada
um desses grupos é fiscalizado
por um feitor armado de chi-
cote, indício de que se tratava
de trabalho forçado.
e) Nesta obra, Diego Rivera
1 pode ter procurado ressaltar
que a América foi construída
com base no trabalho duro de
indígenas e africanos; notar
que, no mural, aparecem três
cenas de trabalho forçado dos
indígenas na América. O ar-
tista se alinhou, portanto, ao
lado dos vencidos. O objetivo
da atividade é uma vez mais
incentivar a competência es-
Detalhe do mural de Diego Rivera, século XX. Vozes do passado. d) Boa parte da riqueza produzida ou extraída
na América era levada para a Espanha (a metrópole) por meio dos tributos pagos, do controle do comércio em critora de avaliar coerência e
determinados portos e dos privilégios concedidos aos chapetones e criollos. coesão. A pintura foi produzi-
a) O que você vê ao centro e em primeiro plano (cena 1)? da na década de 1930, quan-
b) O que se vê na cena 2 (à esquerda)? do a versão predominante
Vozes do passado. c) Resposta pessoal. da conquista espanhola da
c) As cenas 3, 4 e 5 mostram o trabalho forçado dos indígenas; descreva-as.
América apresentava os in-
d) Quem ficava com a maior parte da riqueza extraída ou produzida na América? dígenas como primitivos e os
e) Tente responder: com que intenção a pintura foi produzida? espanhóis como civilizados; o
Vozes do passado. e) Resposta pessoal. binômio primitivo/civilizado,
187 herdado do século XIX, pauta-
va a versão oficial da História
no México de 1930.
14:58 HIS-F2-2111-V7-U3-C08-LA-G24.indd 187 24/08/22 20:40
187
188
188
189
190
9
tupinambás de Olivença aos
AMÉRICA PORTUGUESA: portugueses que invadiram
suas terras.
COLONIZAÇÃO • Compreender os desafios da
monarquia portuguesa ao se
decidir pela colonização das
terras brasileiras.
• Conhecer o engenho e o
O mapa a seguir é de 1556. Observe-o com atenção. modo de produção do açú-
car na Colônia.
COLEÇÃO PARTICULAR
• Refletir sobre a relação entre
a chegada dos africanos e a
economia açucareira.
• Evidenciar a importância do
mercado interno e da produ-
ção de alimentos na econo-
mia colonial.
• Evidenciar a complexidade
da sociedade colonial açuca-
reira.
• Debater a tese de que a es-
cravidão no Brasil colonial
foi mais “amena” do que em
outras partes da América.
5. Será que a relação entre portugueses e indígenas foi amigável como na cena mostrada no mapa?
6. Será que os indígenas aceitaram pacificamente dividir com os portugueses as terras onde viviam?
BNCC
5. Não, ela variou no tempo e no espaço. • Competências gerais: 1, 2, 3,
6. A reação dos indígenas à presença europeia em suas terras não foi uniforme nem homogênea. Em
alguns lugares foi de convivência; em muitos outros, porém, foi de resistência e de rejeição ao colonizador.
191 4, 5, 7, 9 e 10.
• Competências específicas: 1,
2, 3, 4, 5 e 6.
OBJETIVOS
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 191 os portugueses e os povos indígenas
03/08/22 nas
10:02 • Habilidades: EF07HI08,
terras onde hoje é o Brasil. EF07HI09 e EF07HI10.
• Conhecer alguns povos indígenas que aqui • Identificar os motivos da colonização da
viviam nos tempos de Cabral. América portuguesa.
• Trabalhar as representações que os portu- • Compreender o funcionamento das ca-
gueses construíram a respeito da América pitanias hereditárias, governos-gerais e
e dos ameríndios por meio da leitura e da câmaras municipais, destacando o poder
análise da carta de Caminha. dos “homens bons”.
• Compreender os mecanismos de alianças, • Trabalhar o bloco conceitual dominação
confrontos e resistência nas relações entre e resistência usando como matéria-prima
191
Pedro Álvares Cabral (1467/68- da Torre do Tombo, em Lisboa, pode ser tra- Contribui, ainda, para iniciar um processo de
1520) no primeiro registro es- balhada em classe desde os anos iniciais do aprendizagem com base em inferências sobre
crito do país. Ele inclui muitos Ensino Fundamental. “Nessa etapa da escola- documentos e outras fontes. [...] Essa proposta
outros detalhes da chegada dos ridade, o mais indicado é apresentar trechos de trabalho, que aproxima os alunos dos pro-
portugueses ao Brasil e revela selecionados previamente, de acordo com os cedimentos de trabalho de um historiador, é a
episódios do cotidiano de perso- objetivos do professor, e propor uma discus- perspectiva atual no ensino da disciplina des-
nagens que ficaram para a His- são”, explica a historiadora Isabel Barca, do- de os anos iniciais. [...]
tória, como Cabral e o próprio cente da Universidade do Minho, em Portu-
SCAPATICIO, Márcia; NICOLIELO, Bruna.
autor da carta, e de pessoas co- gal, e autora de livros didáticos e orientações A carta de Pero Vaz de Caminha: como interpretar
muns – tripulantes dos barcos, curriculares que propõem a leitura e a análise nosso primeiro documento. Nova Escola,
por exemplo – à época [...]. da carta. O documento permite um primeiro São Paulo, n. 155, p. 1-6, 1 set. 2012. p. 1-2.
192
TEXTO DE APOIO
Portugueses e franceses
[...] no início, o contato português
com o Brasil limitou-se a uma
série de feitorias, semelhantes
às da costa africana; no entanto,
durante o século XVI várias pres-
sões internas e ameaças externas
obrigaram os portugueses a iniciar
a colonização e o povoamento.
Era necessário dar atenção ime-
diata à ameaça externa, sempre
mais preocupante na costa leste
do que em qualquer outra região
ibero-americana. Ainda mais séria
era a presença de franceses. Pe-
quenos navios particulares que
partiam de portos na Normandia e
na Bretanha começaram a aparecer Fundação de São Vicente, de Benedito Calixto, 1900. A tela de Calixto pode ser vista como
na costa já em 1504. Financiados uma homenagem à chegada dos portugueses. O pintor opõe as roupas volumosas, capacetes
por mercadores e sem apoio real, e espadas dos europeus às peles, plumas e flechas dos indígenas. Gestos, poses, bandeira,
estes navios estavam envolvidos cruzeiro... Tudo sugere a ideia de que os portugueses viriam a ser os novos senhores da terra.
principalmente com o comércio do O pintor omitiu as tensões e lutas entre os indígenas e os colonizadores. Sua obra serve
pau-brasil. A corte francesa nunca para representar não o século XVI, quando se deu a fundação de São Vicente, mas o final do
aceitara realmente os alegados século XIX, quando a história oficial procurava mostrar um Brasil independente de Portugal e
direitos da Espanha e Portugal ao reconciliado com ele.
domínio do mundo fora da Europa,
e mercadores e marinheiros france- 194
ses dispunham-se ainda menos a
reconhecer as pretensões ibéricas.
Dizia-se com ressentimento que o
mundo não era suficientemente para si, os franceses eram
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 194 invasores, pouco Naquele ano, outra expedição naval foi despachada 03/08/22 10:02 AV-
grande para os portugueses, com melhores que piratas. As queixas diplomáti- com instruções para expulsar os franceses da costa e
cas à corte francesa tiveram pouco resultado continuar a exploração. Além disso, esta grande frota
queixas de que “quando navegam
por causa da natureza privada da presença da também levava homens e materiais necessários para
ao longo de uma costa, declaram
França, e os portugueses recorreram à ativi- criar uma povoação permanente. O comandante,
ter posse dela e consideram-na
dade militar organizada. Algumas expedições Martim Afonso de Sousa, recebeu amplos poderes
uma conquista”.
jurídicos e administrativos para executar as metas
A competição foi feroz. Ambos os navais limparam a costa de navios franceses,
colonizadoras da expedição. Depois de viajar pela
lados fizeram alianças e acordos mas depois de cada onda os franceses voltavam.
costa e capturar várias naus francesas, Martim Afonso
comerciais com grupos indígenas Em 1530, ficou claro que Portugal tinha que fundou [...] São Vicente, em 1532. [...]
enquanto atacavam os fortes e decidir: ou tomava posse do Brasil de modo
SCHWARTZ, Stuart B.; LOCKHART, James.
navios dos rivais. Do ponto de vista mais permanente ou perdia sua terra para os A América Latina na época colonial.
de Portugal, que exigia o Brasil ativos rivais europeus. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 220-221.
194
ALLMAPS
40ºOO
40º
com poderes para condenar à morte indíge- Equador da pequena nobreza da corte de
0º
nas, negros e homens livres pobres; Lisboa, alguns burocratas reais e
• conceder sesmarias
sesmarias,, terras do tamanho de um bom número de pessoas que
DISTRIBUÍDAS
MARANHÃO 1
MARANHÃO 2
OCEANO
ILHÉUS ATLÂNTICO contatos ou recursos financeiros
para fazer de suas capitanias um
PORTO SEGURO
sucesso. [...]
O mapa ao lado, redesenhado pelo engenheiro ESPÍRITO SANTO
SCHWARTZ, Stuart B.; LOCKHART, James.
Jorge Cintra, representa as capitanias do A América Latina na época colonial. Rio
norte da colônia divididas de forma vertical e SÃO VICENTE 1 SÃO TOMÉ de Janeiro: Civilização Brasileira,
2002. p. 224.
não horizontal, como se pensava. SANTO AMARO
Trópic
o de Ca
SÃO VICENTE 2 pricór
n io
SANTANA
0 320
195
10:02 +ATIVIDADES
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 195
b) Deveres: cuidar da defesa das terras; expandir a fé cristã;
03/08/22 10:02
desenvolver a agricultura da cana-de-açúcar na capitania. Di-
Sobre as capitanias hereditárias, responda:
reitos: 5% do negócio do pau-brasil; escravizar e vender in-
a) O que eram e a quem foram entregues?
dígenas; cobrar impostos em rios e portos; fundar vilas; doar
b) Quais eram os direitos e os deveres dos donatários? sesmarias.
c) O que eram as sesmarias e para quem foram doadas? c) As sesmarias eram grandes fazendas, latifúndios. Foram
Respostas: doadas a homens com capital suficiente para cultivar a cana
a) Eram 15 imensas faixas de terra que foram entregues e fabricar o açúcar. Professor, comentar com os alunos que a
aos capitães donatários, homens de confiança do governo intenção do governo português era a de que os sesmeiros o
português ou enriquecidos pelo comércio com a África e o ajudassem a realizar seu projeto de buscar na América novas
Oriente. fontes de riqueza.
195
de corsários.
O estudo das capitanias he-
reditárias – com ênfase na re-
sistência indígena – contribui
para o desenvolvimento da
habilidade EF07HI09.
Esse desenho
é um esforço
para nos
TEXTO DE APOIO ajudar a
imaginar o
O texto a seguir é da douto- que pode
ra em História pela UFF, Elisa ter sido a
Frühauf Garcia. resistência
dos povos
Solução caseira tupis.
Tão logo fizeram os primeiros
contatos na costa brasileira, os
portugueses começaram a car-
regar suas embarcações com
mercadorias extraídas da nova
terra para serem levadas à Eu-
ropa. Entre elas, o pau-brasil,
animais exóticos e... índios. Em
pouco tempo, tornou-se comum
encontrar escravos indígenas
nas ruas de Lisboa e arredores,
principalmente nos serviços 196
domésticos. Eles também eram
vendidos na Espanha e em seus
domínios.
Transformá-los em escravos
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 196 era uma tarefa Se a princípio chegou a existir um frágil equi- 03/08/22 10:02 191
Quando os portugueses deram
difícil e arriscada. A presença portuguesa no líbrio entre índios e portugueses, ele logo se
início às atividades produtivas
Brasil e a ocupação das novas terras dependiam rompeu. [...]
no Brasil, a partir da criação das
capitanias hereditárias, deci- do apoio da população nativa. Para defender tão GARCIA, Elisa Frühauf. Solução caseira. Revista de História da
diram utilizar os índios para o vasto território, a Coroa precisava dos índios Biblioteca Nacional, [s. l.], ano 8, n. 91, abr. 2013.
trabalho escravo. Sem recurso como aliados militares contra os concorren-
para importar africanos e sem tes europeus (no século XVI, especialmente os
as condições necessárias para o franceses). Eles também eram úteis para com-
emprego de mão de obra assa- bater grupos indígenas rivais que atacavam os
lariada, os indígenas acabaram incipientes núcleos coloniais, além de fornece-
sendo a base da formação da rem informações e alimentos indispensáveis à
economia colonial. sobrevivência em uma terra mal conhecida.
196
ALLMAPS
G geral-do-estado-do-brasil.
J
M Acesso em: 10 ago. 2018.
E I
B
B H I
J
B
F D
A
I
A - Palácio do governador
B - Guaritas
J torres e casas-fortes. Todos os
C - Igreja da Ajuda moradores que possuíssem casa,
B
C’ - Palácio do bispo Baía de E
C C’
B terras ou embarcações deveriam
Todos-os-
D - Casa da Câmara -Santos K I dispor de armamento próprio.
E - Igreja da Conceição Ermida
Era rigorosamente interditada a
F - Armazéns
venda aos “gentios” de qualquer
G - Hospital I B
I
H - Portas da cidade I
B tipo de arma defensiva ou ofen-
I - Fosso em torno dos muros siva (arcabuzes, espingardas,
J - Caminho em degraus pólvora e munição, bestas, lan-
K - Caminho em rampa ças, espadas ou punhais). Para a
L - Caminho para a Vila Velha 0 38
L penetração aos sertões através
M - Caminho para o Colégio
dos rios, foi autorizada a cons-
Fonte: SOUSA, Avanete Pereira. Salvador, capital da colônia. trução à custa da Fazenda Real
São Paulo: Atual, 1995. (A vida no tempo do açúcar, p. 6).
de embarcações a remo dotadas
de peças de artilharia.
197 O Regimento recomendava
que se favorecessem os índios
aliados, proibindo sob pena de
10:02 TEXTO DE APOIO
191a219-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 197 cas. O que El Rey tinha em mira era estabelecer
25/08/22 17:13a açoite (ou multa no caso dos
plena e total submissão da população autóctone, que tivessem um estatuto di-
Centralização do poder fazendo a guerra aos que não aceitavam o domí- ferenciado) que os moradores
nio português e retirando aos franceses qualquer fossem nas aldeias para recrutar
[...] Foi delineada [...] para a colônia uma es- respaldo para as suas iniciativas no Brasil. [...] trabalhadores ou para comerciar
trutura governativa mais centralizada, capaz de sem autorização expressa do go-
É possível visualizar com nitidez essa mudan-
intervir nos conflitos locais e diretamente su- vernador. [...]
ça no Regimento de 17/12/1548, formulado para
bordinada à Coroa.
o primeiro governador-geral, Tomé de Souza. Tra- OLIVEIRA, João Pacheco de. Os indígenas
[...] o objetivo básico no Brasil passou a ser o tava-se de fortalecer o poder defensivo dos nú- na fundação da colônia: uma abordagem
controle territorial, criando uma unidade entre crítica. In: FRAGOSO, João; GOUVÊA,
cleos já existentes, com a fortificação das vilas e
Maria de Fátima (org.). O Brasil colonial:
os núcleos dispersos e vulneráveis e implantando povoações. Os próprios engenhos e fazendas de- 1443-1580. Rio de Janeiro: Civilização
solidamente as suas próprias instituições políti- viam ser dotados de estruturas defensivas, como Brasileira, 2014. v. 1. p. 182-183.
197
Imagens em movimento
Refletir sobre este docu-
mentário com a mediação do
professor pode ajudar no de-
senvolvimento das habilida-
des EF07HI09 e EF07HI10.
Documentário sobre o povo
Tupinambá.
• DOCUMENTÁRIO Brasil Tupi-
nambá – Dir.: Celene Fonseca.
2022. Vídeo (52min). Publica-
do pelo canal Cambui Produ- 198
ções. Disponível em: https://
youtu.be/IbQctosjaC4. Aces-
so em: 10 ago. 2022. maio desse ano [1554], 198
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd notícias de que os tupi- Numa terceira fase, no ano seguinte, o gover- 03/08/22 10:02 AV-
nambás estariam atacando engenhos e fazendas nador ordenou que fossem destruídas todas as
na margem direita do rio Paraguaçu, pretenden- aldeias em que houvesse cercas (entendidas
TEXTO DE APOIO do reaver terras que lhes haviam sido usurpa- como preparativos bélicos voltados contra os
das. [...] Pouco tempo depois, surgiram notícias portugueses), ao fim de que os tupinambás sub-
A resistência dos de que seis aldeias tupinambás teriam se reuni- meteram-se, jurando lealdade a El Rey e com-
tupinambás do e feito um cerco a um engenho de um dos prometendo-se a pagar tributos. [...]
O avanço da colonização não se mais destacados colonos. A expedição punitiva OLIVEIRA, João Pacheco de. Os indígenas na
faz, porém, sem conflitos e resis- partiu com cerca de 200 homens, também sob o fundação da colônia: uma abordagem crítica.
In: FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima.
tência por parte dos indígenas. comando de Álvaro da Costa, travando uma ba- O Brasil colonial: 1443-1580.
[...] Chegaram aos ouvidos do talha com cerca de mil tupinambás, que foram Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
governador, Duarte da Costa, em vencidos e tiveram suas aldeias queimadas. 2014. v. 1. p. 194-195.
198
ALLMAPS
60º O 40º O
criação de novas capitanias he-
trole do território, a monarquia reditárias; e pela catequese, re-
portuguesa dividiu o terri- alizada por diferentes ordens
Equador
tório colonial em duas áreas 0º
Belém religiosas, como as dos jesuítas,
São Luís
administrativas: Estado do carmelitas, franciscanos e mer-
ESTADO DO
cedários.
Maranhão,, com capital em São TERRAS
MARANHÃO
Olinda
Luís (que, em 1751, passaria a
DA
Recife As capitanias, devido a inú-
ESPANHA
10º S
10ºS meras dificuldades, não ex-
se chamar Estado do Grão-Pará Salvador perimentaram progresso sig-
ESTADO
(capital até 1763)
TORDESILHAS
199
TEXTO DE APOIO
200 governo, os fazendeiros e os coronéis têm com o povo Tupinambá de Olivença.
O povo Tupinambá de
Olivença Carta Régia em 1758, com
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 200 sede administrativa a existência dos Tupinambá de Olivença – grupo 03/08/22 10:02 AV-
instalada na Igreja de Nossa Senhora da Escada. indígena anteriormente identificado como “ca-
No final do século XVII, foi
A vila foi caracterizada pelas autoridades pro- boclo”, visto que o conflito de terras na região
fundado, ao sul da capitania
vinciais e locais como indígena, justificada pela gerava o risco de morte ao se autoafirmar in-
de São Jorge dos Ilhéus, o al-
antiga condição de aldeamento e pelo fato de dígena –, e deu início à demarcação de terras
deamento de Nossa Senhora
a maioria dos moradores serem descendentes (questão não resolvida e que ainda hoje engen-
da Escada [...], um espaço de
dos indígenas [...]” dra conflitos entre índios e fazendeiros). [...]
constante luta, resistência e
negociações entre os agentes Contudo, o longo e intermitente processo de PROFICE, Christiana Cabicieri; SANTOS, Gabriel Moreira;
sociais comuns aos aldeamen- expropriação cultural e territorial, caracteri- ALMEIDA, Nathane Matos. As brincadeiras entre crianças
tupinambá de Olivença: tradições passadas por gerações.
tos. Posteriormente, na segunda zado por revoltas e supressão de identidades Zero-a-seis, Florianópolis, v. 16, n. 30,
metade do século XVIII, “A vila étnicas, perdurou até o ano de 2002, quando a p. 259-274, jul./dez. 2014. p. 264.
Nova de Olivença foi criada por Funai (Fundação Nacional do Índio) reconheceu
200
ROBERT NAPIORKOWSKI/SHUTTERSTOCK.COM
era formada por juízes ordinários,
vereadores, procurador e almota-
cé, que se constituíam em ofícios
honorários, geralmente eleitos e,
em princípio, não remunerados.
Além destes, havia o escrivão da
Câmara, o escrivão da almotaça-
ria, o tesoureiro, os tabeliães das
notas, os tabeliães judiciais, os
inquiridores, os distribuidores, o
alcaide-pequeno, o porteiro, os
contadores de feitos e custas, os
solicitadores, o escrivão das si-
sas, os quadrilheiros, o carcereiro,
o meirinho, o juiz dos órfãos e o
escrivão dos órfãos.
Prédio onde funcionava a Câmara Municipal de Diamantina (MG). Hoje é sede do fórum da cidade. O cargo de juiz ordinário acu-
Fotografia de 2019. mulava a função de presidente da
Câmara. Cabiam-lhe a aplicação da
lei em primeira instância e a fis-
201 calização dos outros funcionários.
Também deveria exercer a função
de juiz dos órfãos onde não hou-
vesse esse ofício. De acordo com
10:02 ENCAMINHAMENTO
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 201 TEXTO DE APOIO 03/08/22 10:02
as Ordenações, os juízes ordinários
teriam que realizar audiências em
• Aprofundar o assunto com a leitura do tex- O texto a seguir é da doutora em História dois dias na semana nos concelhos,
to: BICALHO, Maria Fernanda. As Câmaras Social pela UFRJ Angélica Ricci Camargo. vilas e lugares com sessenta vizi-
Municipais no Império Português: o exem- nhos, e em um dia nos lugares com
plo do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Câmaras municipais menor número de moradores. [...]
História, [s. l.], v. 18, n. 36, 1998. As câmaras municipais começaram a ser cria- CAMARGO, Angélica Ricci. Câmaras
das na colônia a partir de 1532, no contexto da municipais. Arquivo Nacional Mapa.
primeira expedição colonizadora portuguesa na [S. l.], 9 nov. 2016. Disponível em:
http://mapa.an.gov.br/index.php/
América, comandada por Martim Afonso de Souza, dicionario-periodo-colonial/
constituindo-se, ao longo do período colonial, 141-camaras-municipais.
como base local da administração portuguesa e Acesso em: 10 ago. 2022.
201
MANZI
a cana era transformada em
Canavial
açúcar.
• Aprofundar o assunto com a Feitor-mor
Senzala Aquele que
leitura do texto: AZEVEDO, Onde viviam coordenava e
Esterzilda Berenstein de. En- os escravizados. controlava o processo
genhos do Recôncavo Baia- produtivo na
no. Brasília: Iphan/Programa fazenda; encarregado
dos trabalhadores
Monumenta, 2009. (Roteiros escravizados.
Transporte
do Patrimônio, v. 7). de cana.
Imagens em movimento
Documentário sobre o pe-
ríodo colonial e a produção
açucareira no Brasil.
Casa-grande
• GUERRA pelo açúcar: histórias Onde viviam o senhor
do Brasil (3/10). 2011. Vídeo de engenho, sua família
(26min19s). Publicado pelo e agregados.
canal TV Brasil. Disponível
em: https://www.youtube. Moinho
com/watch?v=3xG-Xm5ErRE. Movido por tração Transporte
Acesso em: 10 ago. 2022. hidráulica, sua força de lenha para
era transmitida para a fornalha.
a moenda. Casa das caldeiras
TEXTO DE APOIO Espaço que recebia o caldo
recolhido das moendas e
Os engenhos açucareiros limpava-o das impurezas.
no Brasil
A história do Brasil dos primei-
ros séculos confunde-se com a
história do açúcar.
Foi no engenho que se formou
Moenda
a sociedade patriarcal açucareira, Quando não havia tração hidráulica, era
da qual uma das sínteses pode ser movida por força animal ou humana.
representada pelo binário casa-
-grande e capela. Entre os séculos
XVI e XIX, conjuntos de engenhos
foram instalados ao longo de qua-
se todo o litoral brasileiro, com
maior concentração nas áreas que Fonte: REVISTA de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, ano 9, n. 94, p. 31, jul. 2013.
correspondem hoje aos estados de
Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro 204
e São Paulo.
Os engenhos eram grandes
complexos arquitetônicos com
Desde o século XVI, há
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 204 notícias de engenhos umas casas para o senhor do engenho com seu 03/08/22 10:02 AV-
edificações que cumpriam funções
que se destacavam por reunir casas de moendas, quarto separado para os hóspedes que, no Brasil,
diferenciadas e imbricadas entre
cozimento e purga, além de casa-grande e capela, na falta total de estalagens, são contínuas, e o
si. O número de edificações e os
todas construídas em pedra e cal. Havia ainda edifício do engenho, forte e espaçoso, com mais
partidos (ou padrões) arquitetô-
construções mais simples, como as casas de oficinas e casa de purgar, caixaria, lambique e
nicos variavam de acordo com
trabalhadores livres e senzalas, construídas em outras cousas”.
a capacidade de produção e a
importância de cada um. Alguns taipa ou adobe e recobertas com palha. AZEVEDO, Esterzilda Berenstein de. Engenhos do Recôncavo
complexos assumiam o caráter No século XVII, aparecem nesses conjuntos, Baiano. Brasília: Iphan/Programa Monumenta, 2009.
(Roteiros do Patrimônio, v. 7, p. 9-10, 13-14).
de povoações semiautônomas, “[...] além das senzalas dos escravos e além das
enquanto outros se restringiam moradas do capelão, feitores, mestre, purgador,
ao indispensável para a produção banqueiro e caixeiro, uma capela decente em
do açúcar. seus ornamentos e todo o aparelho do altar, e
204
2. Na moenda, a cana era moída. boi, que eram então levados para
O caldo escorria por calhas até um o engenho propriamente dito.
recipiente grande. Dali era retirado Ali outra equipe de escravos pro-
em vasilhas e levado até as caldeiras. duzia o açúcar de cana sob a di-
reção de técnicos e com a ajuda
de artesãos que podiam ser es-
cravos ou livres. O processo era
difícil e complicado. Primeiro a
cana era passada por uma pren-
sa de roletes verticais, que, nos
grandes engenhos, era movida a
água, e nos pequenos, por juntas
de bois. O caldo extraído da cana
passava então por uma série de
tachos, onde era fervido e clari-
ficado até ficar suficientemente
limpo para fazer açúcar. O líqui-
do era despejado em moldes cô-
nicos, colocados em longas filas
de pranchas num local especial
para secagem. Depois de mais
drenagem, que levava de três
semanas a um mês, os moldes
eram abertos para a retirada do
açúcar cristalizado na forma ca-
racterística de “pão de açúcar”.
3. Na casa das caldeiras,
o caldo era cozido A melhor qualidade tinha me-
em grandes tachos nos impurezas e era, assim, de
e se retiravam dele cor branca. O açúcar marrom
as impurezas. Daí o (mascavo) era vendido por pre-
melado grosso era 4. Na casa de ço mais baixo, e o de qualidade
colocado em formas de purgar, o melado inferior era usado muitas vezes
barro, com um orifício permanecia
no fundo, e levado para fabricar aguardente. Depois
nessas formas
para a casa de purgar. até se cristalizar. o açúcar era secado, armazena-
Durante a do em grandes caixotes e levado
formação dos de barco ou de carro de boi para
cristais de açúcar, Salvador, Recife ou algum porto
o furo das formas menor para ser embarcado para
permanecia
a Europa.
5. Depois, o açúcar era retirado das formas com o formato de um bloco fechado. Depois
duro (os pães de açúcar). Eles eram encaixotados e transportados nos era aberto, Como se pode ver, o açúcar
ombros dos escravos ou em carros de bois até os pontos de venda. permitindo a era um produto especial porque
Repare os trabalhadores retirando os potes de açúcar das formas. passagem do mel. envolvia não apenas agricultura,
mas também um processamen-
205 to altamente técnico. A neces-
sidade de processar a cana no
local de origem fazia com que
cada engenho fosse uma combi-
10:02 ENCAMINHAMENTO
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 205 03/08/22 10:02
nação de empreendimento agrí-
• Tema Contemporâneo Transversal: os ma- TEXTO DE APOIO cola e industrial. [...] Além disso,
as exigências de mão de obra do
teriais desta página do Livro do Aluno e A produção de açúcar cultivo da cana e da produção do
do Manual do Professor podem contribuir açúcar eram grandes e terríveis.
[...] a cana-de-açúcar [...] e seu produto, o
para o desenvolvimento do tema trabalho, Durante a colheita, o engenho
açúcar, determinavam boa parte da estrutura
da macroárea economia. do engenho. Embora houvesse variações regio-
funcionava de dezoito a vinte
horas por dia. [...]
nais, o processo aqui descrito era basicamente
o mesmo em toda a América. A primeira colhei- SCHWARTZ, Stuart B.; LOCKHART, James.
ta costumava levar de 15 a 18 meses para ama- A América Latina na época colonial.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
durecer, mas depois, nos três ou quatro anos p. 246-247.
205
cultivo de algodão ganhou importância no século XVIII, quando a região dos atuais estados
do Maranhão, de Pernambuco, do Ceará e do Pará se destacou como grande exportadora
de fibras para as fábricas da Inglaterra.
RHJPHTOTOS/SHUTTERSTOCK
NEIRFY/SHUTTERSTOCK.COM
Algodão.
Castanha-do-pará.
PHOTOONGRAPHY/
SHUTTERSTOCK.COM
Cacau.
TEXTO DE APOIO
Economia global
[...] A tendência à especializa-
206
ção no cultivo da cana trouxe
como consequência uma contí-
nua escassez de alimentos, in- Europa, até os mais grosseiros,
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 206 que foram impor- em uma faixa de oitenta quilômetros da costa 03/08/22 10:02 AV-
centivando a produção de gêne- tantes como moeda de troca na costa da África. para o interior. A pecuária foi responsável pelo
ros alimentícios, especialmente A viabilidade da produção em reduzida escala desbravamento de “grande sertão”. Os criado-
da mandioca. permitiu a existência de um setor de pequenos res penetraram no Piauí, Maranhão, Paraíba, Rio
O fumo foi a maior atividade proprietários, formado por antigos produtores Grande do Norte, Ceará e, a partir da área do
destinada à exportação, embora de mandioca ou imigrantes portugueses com rio São Francisco, chegaram aos rios Tocantins
estivesse muito longe de com- poucos recursos. [...] e Araguaia. No fim do século XVII existiam pro-
petir com o açúcar. A grande re- A criação de gado começou nas proximidades priedades no sertão baiano maiores do que Por-
gião produtora localizou-se no dos engenhos, mas a tendência à ocupação das tugal e um grande fazendeiro chegava a possuir
Recôncavo baiano. Produziram- terras mais férteis para o cultivo da cana foi em- mais de 1 milhão de hectares em terra. [...]
-se vários tipos de fumo, desde purrando os criadores para o interior. Em 1701 FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil.
os mais finos, exportados para a a administração portuguesa proibiu a criação São Paulo: Edusp, 2001. p. 43-44.
206
TINGLEE1631/SHUTTERSTOCK.COM
nas proximidades dos engenhos e ao redor de co debaixo da terra, e como pas-
sam de oito meses, apodrecem
vilas e cidades. Essas chácaras cultivavam:
muito. [...] Os índios se valem dos
• mandioca, da qual se fazia farinha (a man- aipins para nas suas festas faze-
dioca era bastante cultivada na Bahia, em rem deles cozidos seus vinhos,
Pernambuco e no Rio de Janeiro); para o que os plantam mais que
para os comerem assados, como
• feijão, milho e legumes; fazem os portugueses. [...]
• frutas, com destaque para o limão, a laranja SOUZA, Gabriel Soares de. Tratado
e a banana. descritivo do Brasil em 1587.
Rio de Janeiro: Tipografia
Essa produção de alimentos abastecia os pro- Mandioca. de João Inácio da Silva, 1879 [1587].
dutores e suas famílias, a população dos engenhos,
• Aprofundar o assunto aces-
ALCHEMIST FROM INDIA/SHUTTERSTOCK.COM
as vilas e as cidades coloniais. Todas essas lavouras, sando o texto: VIEIRA, An-
portanto, produziam para o mercado interno.. tonio Roberto Alves. Família
Durante muito tempo, acreditou-se que escrava e pecuária: revisão
as relações entre colônia (Brasil) e metrópole historiográfica e perspecti-
(Portugal) eram reguladas pelo Pacto Colonial.. vas de pesquisas. Disserta-
Ou seja, pela obrigação de o Brasil colonial ção (Mestrado em História
só comerciar com Portugal, sua metrópole. Econômica) – Faculdade de
Pesquisas recentes, no entanto, mostraram que Filosofia, Letras e Ciências
não era bem assim. Leia o que a professora Humanas, Universidade de
Sheila de Castro Faria diz sobre o assunto. Milho. São Paulo, São Paulo, 2011.
207
10:02 +ATIVIDADES
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 207 03/08/22 10:02
como a elite econômica. Havia para a cobrança de impostos. [...] ça de impostos por parte de arremates particu-
riquezas sendo geradas na pro- Pode-se dizer [...] que Portugal “terceirizou” a lares, põe em xeque as teorias do “pacto colo-
dução agrária, na pecuária e na cobrança de impostos. [...] nial” e do “exclusivo metropolitano”. O sistema
extração de metais preciosos, que vigorou no Brasil se revelou bastante ma-
Havia um importante mercado interno que
mas quem abocanhava a fatia leável. As novas perspectivas sobre a dinâmica
relacionava os mais diversos setores de produ-
mais grossa eram justamente dos impérios coloniais mostram que o pacto
ção e de serviços aos negociantes que faziam
os comerciantes. E suas práticas parece ter sido mais um projeto, um ideal a ser
a vez de patrocinadores da empresa colonial
mercantis não se restringiam perseguido, do que uma realidade de fato. [...]
ao tráfico negreiro, participando agroexportadora. [...]
FARIA, Sheila de Castro. A colônia é mais embaixo.
do comércio interno de alimen- O duradouro e amplo comércio de negocian- Revista de História da Biblioteca Nacional,
tos, de práticas de agiotagem e tes residentes no Brasil, com variados agentes [s. l.], ano 3, n. 34, 7 jul. 2008.
208
17:29 AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 209 +ATIVIDADES no Brasil o ser senhor de engenho [...]. Respostas:
03/08/22 10:02
Porque engenhos há na Bahia que dão ao a) Ter cabedal, isto é, riqueza que, no
O trecho a seguir foi escrito pelo pa- senhor quatro mil pães de açúcar [...].
caso da sociedade colonial açucareira,
dre André João Antonil, que viveu no ANTONIL, André João.
estava associada ao maquinário e ao
Brasil colonial. Com base nele, responda Cultura e opulência do Brasil por
suas drogas e minas. São Paulo: número de trabalhadores que um se-
ao que se pede. Edusp, 2007. p. 79. nhor possuía.
O ser senhor de engenho é título a que b) “Ser servido, obedecido e respei-
a) O que era necessário para ser se-
muitos aspiram, porque traz consigo o
ser servido, obedecido e respeitado de nhor de engenho? tado de muitos”, ou seja, o título de
muitos. E se for, qual deve ser, homem de b) Que vantagens isso dava a quem senhor de engenho conferia poder e
cabedal e governo, bem se pode estimar possuía esse título? prestígio.
209
EDITORA ATUAL
tígio ao seu possuidor, já o co-
mércio possibilitava riqueza.
As maiores fortunas no Brasil colonial
Grandes comerciantes enri-
queciam ao vender produtos estavam nas mãos dos comerciantes de
locais, como açúcar, tabaco e escravizados, de produtos europeus e india-
algodão para a Europa, e re- nos (tecidos, ferramentas, entre outros) e de
vender produtos chegados de produtos locais (animais e alimentos). Muitos
Portugal, como vinho, queijos comerciantes usavam o dinheiro conseguido
e doces. Outros comercializa- pelo comércio para se tornarem senhores de
vam a produção colonial des- engenho. Houve também comerciantes que
tinada ao mercado interno, se casavam com as filhas dos senhores de
como bois, mulas, cachaças, engenho e, com isso, conseguiam chegar ao
farinha, milho, marmelada, nível social deles.
entre outros.
• Ressaltar que muitas for-
tunas foram feitas com o Os trabalhadores assalariados
comércio de africanos. Enri- Muitos engenhos empregavam assala-
quecidos por meio do tráfico
riados.. No quadro a seguir, você vai conhecer
riados
atlântico, comerciantes esta-
algumas das ocupações desses trabalhadores
belecidos em cidades como Fac-símile da capa do livro A economia colonial
em um engenho baiano da segunda metade
Rio de Janeiro, Salvador e Re- brasileira (séculos XVI-XIX), de João Fragoso,
cife usavam navios próprios e Manolo Florentino e Sheila de Castro Faria. do século XVII.
forneciam empréstimos aos
senhores de engenho para a Ofício O que fazia o trabalhador
compra de escravizados e/ou
equipamentos. Dessa forma, Feitor-mor Administrava o engenho.
alguns conseguiam comprar Mestre de açúcar Controlava o trabalho de beneficiamento do açúcar.
terras e montar engenhos;
outros se casavam com filhas Purgador Trabalhava na purificação do açúcar.
senhores de engenho con- Fonte: SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade
colonial (1550-1835). São Paulo: Companhia das Letras, 1988. p. 265-276.
trataram assalariados para
dividir com os escravizados a
Entre os trabalhadores assalariados dos grandes engenhos, havia também artesãos
tarefa no engenho, para tra-
balhar em funções especiali- (carpinteiros, pedreiros, ferreiros etc.), que recebiam por dia ou por tarefa. Entre eles, o
zadas, como a de mestre de feitor-mor e os especialistas na produção do açúcar (mestres de açúcar, purgadores e
açúcar (responsável pela qua- caldeireiros) recebiam os salários mais altos. O salário desses profissionais era anual. O
lidade do açúcar), ou a de car- mestre de açúcar – responsável pela qualidade do produto – era geralmente o mais bem
pinteiro, pedreiro, ferreiro, pago do engenho.
entre outras. Ou, ainda, para
realizar tarefas que os donos 210
de engenho não confiavam a
escravizados, como a de fei-
tor (encarregado de vigiar e TEXTO
HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 210 DE APOIO 20/08/22 20:03 AV-
ÓLEO SOBRE TELA, 71,5 CM × 91,5 CM, MUSEU BOIJMANS VAN BEUNINGEN, ROTTERDAM, HOLANDA
2013. Vídeo (4min39s).
xual do seu corpo – o qual, na lógi-
Publicado pelo canal
TV Brasil. Disponível ca escravocrata, não lhe pertencia
em: https://youtu.be/ – era uma especificidade da mu-
FLzyt6fsYKc. Acesso lher escrava à qual o homem es-
em: 9 jun. 2022. cravo não era submetido. [...] Era a
dominação colonial que se confi-
gurava em estupro, tendo em vista
que na relação senhor-senhora, o
poder patriarcal legitimado pelos
Detalhe de Paisagem com laços de parentesco no interior da
plantação (engenho), família branca – não se manifesta-
de Frans Post, 1668. ria com o mesmo peso. Era mais
o entrelaçamento da condição de
“propriedade privada” com a con-
dição de ser mulher e negra na
sociedade patriarcal, do que as re-
lações familiares, que explicariam
O local de moradia dos escravizados chamava-se senzala,, uma palavra de origem a lógica determinante da opressão
específica vivenciada pela escrava.
banta que significa “povoado” ou “comunidade”. Portanto, provavelmente, foram os pró-
LUNA, Sophia Alencar Araripe. A porta
prios africanos que deram esse nome às suas moradias. As senzalas eram habitações feitas da senzala abriu, nega: racismo, divisão
geralmente de pau a pique e cobertas de sapé. sexual do trabalho e direitos trabalhistas
a partir da experiência sindical das
Estudos recentes sobre registros de batismo, casamento e morte de escravizados trabalhadoras domésticas. Dissertação
vêm mostrando que as famílias escravas tinham práticas, visões e valores próprios. E mais: (Mestrado em Ciências Jurídicas) – Centro
de Ciências Jurídicas, Universidade Federal
reagiam à imposição de seus senhores, tomavam iniciativas e buscavam viver do seu jeito. da Paraíba (UFPB), João Pessoa,
2017. p. 96-97.
211
211
EDITORA VOZES
macroárea multiculturalismo. no Domingo de Páscoa, o capitão determinou que
A leitura e a interpretação todos fossem para a terra assistir à missa. Mandou
da carta de Pero Vaz de Cami- também armar um altar, que foi muito bem pre-
nha podem contribuir para o parado. Ali, na presença de todos, Frei Henrique
desenvolvimento da habilidade celebrou a missa, acompanhado de outros padres
EF07HI10. e sacerdotes. A missa, na minha opinião, foi ouvida
por todos com muito prazer e devoção.
Imagens em movimento Acabada a missa, Frei Henrique tirou a batina
e subiu em uma cadeira alta, com todos nós
Reportagem sobre uma ex-
posição, em Portugal, de docu- espalhados pelo areal fez um importante sermão
mentos históricos, entre eles, a sobre a história do Evangelho. Em seguida, tratou
Carta de Pero Vaz de Caminha. de nossa vinda e do achamento desta terra, que
ocorreu pela graça de Deus. Suas palavras foram
• REPORTAGEM especial: car-
ta histórica de Pero Vaz de muito a propósito e causaram muita emoção.
Caminha está na Torre do TORRES, Adriana. A carta de Pero Vaz de Caminha. Fac-símile da capa do livro
Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1991. p. 14. A carta de Pero Vaz de Caminha.
Tombo, em Lisboa. 2021.
Vídeo (6min42s). Publicado Releia o trecho a seguir: “Frei Henrique celebrou a missa, acompanhado de outros
pelo canal Band Jornalismo. padres e sacerdotes". Com base nesse trecho, é possível inferir que:
Disponível em: https://you- I. havia padres e sacerdotes nas terras onde hoje é o Brasil antes da chegada dos portugueses.
tu.be/1ZjH7ByO524. Acesso II. entre os tripulantes da expedição de Pedro Álvares Cabral havia padres e sacerdotes.
em: 10 ago. 2022. III. a presença de padres na tripulação comprova que um dos objetivos dos portugueses era
evangelizar.
TEXTO DE APOIO IV. a presença de padres na tripulação comprova que o único objetivo dos portugueses era
evangelizar.
Fontes históricas
“Fonte Histórica” é tudo aquilo Está correto o afirmado em: 1. Alternativa A.
que, por ter sido produzido pe- a) II e III. b) I e IV. c) I, II e IV. d) I, II, III e IV.
los seres humanos ou por trazer
vestígios de suas ações e inter- 212
ferência, pode nos proporcionar
um acesso significativo à com-
preensão do passado humano e
de seus desdobramentos no pre- estes momentos, e em muitos
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 212 outros, os homens nicas, memórias, registros cartoriais, processos 03/08/22 10:02 AV2
sente. As fontes históricas são as e mulheres deixam vestígios, resíduos ou regis- criminais, cartas legislativas, jornais, obras de
tros de suas ações no mundo social e natural. literatura, correspondências públicas e privadas
marcas da história. Quando um
Este imenso conjunto de vestígios – dos mais e tantos mais) como também quaisquer outros
indivíduo escreve um texto, ou
simples aos mais complexos – constitui o uni- registros ou materiais que possam nos fornecer
retorce um galho de árvore de
verso de possibilidades de onde os historiadores um testemunho ou um discurso proveniente do
modo a que este sirva de sinali-
passado humano, da realidade que um dia foi vi-
zação aos caminhantes em certa irão constituir as suas fontes históricas. [...] Por
vida e que se apresenta como relevante para o
trilha; quando um povo constrói ora, todavia, vamos nos ater mais especificamen-
presente do historiador. [...]
seus instrumentos e utensílios, te às fontes históricas produzidas diretamente
BARROS, José D’Assunção. Fontes históricas – uma introdução
mas também nos momentos em pela ação e existência humanas. No sentido que
aos seus usos historiográficos. In: ENCONTRO INTERNACIONAL
que modifica a paisagem e o meio acabamos de indicar, são fontes históricas tan- HISTÓRIA & PARCERIAS, 2., 2019, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de
ambiente à sua volta – em todos to os já tradicionais documentos textuais (crô- Janeiro: Associação Nacional de História (ANPUH), 2019. p. 1-2.
212
214
ALAMEDA EDITORIAL
de ocupação, de domínio e de exploração das terras Os muros viabilizavam a defesa
brasileiras [...]. Os motivos que levaram à fundação interior contra os índios. Desta
de Salvador estiveram também presentes na criação forma, no entorno da Casa de
Câmara e Cadeia e da Casa do
de diversas outras cidades do Império [Português]: a Governador [...] surgia a primeira
ocupação do território, a defesa, a administração e a cidade do Brasil. [...]
exploração comercial das terras conquistadas. Nos séculos seguintes à im-
SOUSA, Avanete Pereira. A Bahia no século XVIII: poder político local e atividades
econômicas. São Paulo: Alameda Editorial, 2012.
plantação da cidade (XVII e
XVIII) foi produzido um sistema
a) Por que a historiadora diz que a criação do Governo- aberto que gerou extrema rique-
Geral e a fundação de Salvador significaram uma za e suntuosidade nas formas
mudança de atitude do governo português? urbanas derivadas (casario, igre-
b) Segundo a autora, os motivos que levaram à fundação jas, sobrados, prédios públicos,
de Salvador estão presentes na criação de outras cidades etc). Este sistema era composto
do Império Português. Quais são esses motivos? por uma rede de produção inte-
c) Em grupo. Elaborem uma campanha publicitária incenti- rior – produtos de subsistência,
vando as pessoas a visitarem Salvador. Cada grupo pode cana-de-açúcar e fumo do Re-
abordar um aspecto: geografia; economia; gastronomia; Fac-símile da capa do livro côncavo Baiano – que escoava
lugares de memória (museus, bibliotecas); povos que A Bahia no século XVIII, por vias fluvio-marítimas para o
constituíram a cidade; arte (música, dança, teatro). de Avanete Pereira Sousa. principal porto do Atlântico Sul;
7. b) A ocupação e a defesa do território; a administração e a exploração comercial das terras conquistadas. na cabeça do sistema, a cidade
7. c) Produção pessoal. 215 fortaleza da baía de Todos os
Santos, encontrava proteção e
articulação com rotas mundiais
de comerciantes portugueses e
20:42 ENCAMINHAMENTO
AV2-HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 215 05/08/22 11:34 outros. Este contexto, associado
a uma relativa paz na segun-
• Aprofundar o assunto acessando o material: A FUNDAÇÃO de Salvador. Brasiliana Fotográ- da metade do século XVII criou
fica. [S. l.], 29 mar. 2016. Disponível em: https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=4742. condições ideais para a reprodu-
Acesso em: 10 ago. 2022 ção do capital da tríade (tráfico
de escravos/ lavoura canavieira
6. c) Professor, a alternativa reforça a visão estereotipada e equivocada dos indígenas, des- e fumageira).
crevendo-os como selvagens e traiçoeiros. Sugerimos aproveitar a questão para descons-
ANDRADE, Adriano Bittencourt;
truir esses estereótipos. BRANDÃO, Paulo Roberto Baqueiro.
Geografia de Salvador. 2. ed.
Salvador: EDUFBA, 2009. p. 16-18.
215
Vista aérea da cidade de Salvador (BA). Fotografia de 2021. Na imagem pode-se ver o Elevador Lacerda,
o Mercado Modelo e parte da Baía de Todos os Santos.
216
216
Quiabo.
LHMFOTO/SHUTTERSTOCK.COM
AFRICA STUDIO/SHUTTERSTOCK.COM
#JOVENS NA
versal: o desenvolvimento da
seção permite aprofundar a
macroárea temática cidada- o
Construçã
nia e civismo, à medida que
reconhece a importância do HISTÓRIA e uso de
os
respeito às diferenças, esti- questionári
mulando a igualdade entre os
cidadãos para a construção de
uma sociedade mais inclusiva, PASSO 1 Ler
com maior qualidade de vida
para todos. Aproveitar o tema O texto a seguir foi escrito especialmente para esta coleção pelo professor Murilo Batista
para reforçar o papel do pro- Barros. Leia-o com atenção.
tagonismo juvenil, e destacar Projeto Identidade Étnica: pessoas cacheadas, crespas e trançadas
o mérito das pesquisas em
diversas áreas do conheci- Aila Horrane tinha 13 anos e era aluna do 8 o ano da EMEIEF Construindo o
mento para o progresso da Saber, no município de Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza, no Ceará,
sociedade. quando se deu conta da existência do racismo na escola. “Meu cabelo era sempre
O trabalho com a seção quer TO
motivo de piadas”, lembra a estudante. Ela ouviu mais de uma vez frases do
contribuir para o desenvolvi- tipo “Molha esse cabelo para ver se você consegue domá-lo”. Na hora do
RR
IP
HO
1, 2, 4, 5, 7, 9, 10 e da compe-
UT
T ER
tência específica 4.
CK.C
i) Realizei as tarefas a que me propus? l) Escutei meus colegas com atenção e respeito?
j) Cumpri os prazos determinados? m) Contribuí com sugestões e perguntas interessantes?
trabalho realizado. Nossa von-
k) Expressei minhas ideias com objetividade? n) Aceitei críticas aos meus argumentos e comportamento? tade é compartilhar com outras
escolas a nossa experiência e
219 que novos grupos como o Proje-
to Identidade Étnica Cacheadas,
Crespas e Trançadas de Maraca-
naú surjam em outros lugares
10:02 TEXTO DE APOIO (CONTINUAÇÃO)
AV-HIS-F2-2111-V7-U3-C09-LA-G24.indd 219 aliza eventos como rifas e brechós. É um03/08/22
projeto,
10:02
formando uma rede contra o ra-
como repete Silvana Barbosa, Gestora Geral, que
Depois há uma roda de conversa onde os(as) cismo. Estamos abertos ao diá-
nasceu no chão da sala, foi para o pátio da escola
participantes do grupo relatam suas experiên- logo para formar uma rede cola-
e atualmente abrange toda uma comunidade.
cias pessoais. São momentos emocionantes de borativa de combate ao racismo
histórias de superação e empoderamento. Há As crianças e adolescentes são protagonis- nas escolas.
um momento de descontração quando é servido tas e com passos firmes vão transformando a
COSTA, Elonalva Silva. Projeto Identidade
lanche e quando ocorrem sorteios. Vale salien- sociedade em que vivem. Ver o grupo formado Étnica Cacheadas, Crespas e Trançadas de
tar que para a realização das reuniões a escola por crianças e adolescentes crescer, vê-los em- Maracanaú. Portal Geledés. [S. l.], 4 abr.
poderados e caminhando seguros, tomando as 2018. Disponível em: https://www.geledes.
disponibiliza o espaço, mas toda produção de org.br/projeto-identidade-etnica-cacheadas-
banners,, livros, lanches, objetos para sorteio é de
banners rédeas de ações tão enfáticas contra o racismo crespas-e-trancadas-de-maracanau/.
responsabilidade da comunidade escolar que re- traz para nós, educadores, uma sensação de Acesso em: 24 ago. 2022.
219
4
Como bem disse o historia-
dor Paulo Miceli,
BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
arranjos temporais e geográficos
específicos”.
MICELI, Paulo. História Moderna.
Observe o mapa a seguir com atenção.
Contexto, 2013. p. 10.
FONTE 1
Adotando essa perspectiva,
agrupamos os temas desta uni-
América portuguesa: principais povoações (século XVI) Indígenas.
dade sob o título de Gentes e
ALLMAPS
50° O
Terras da América portuguesa.
No capítulo sobre os afri-
canos, incorporamos estudos
recentes sobre quem eram, de
BRIDGEMAN/EASYPIX BRASIL
que lugar foram trazidas as
pessoas africanas que o tráfico
atlântico arrastou para o Bra-
sil durante mais de 350 anos e
Equador
quem os trouxe. No corpo do 0°
Natal
(a viagem, o trabalho, a ali- Filipeia (atual
João Pessoa)
mentação) quanto a resistência Igaraçu
Olinda
GIBSON GREEN/ALAMY/FOTOARENA
física (a exemplo da quilomba- São Cristóvão
Salvador
gem) e a cultural (a exemplo Ilhéus OCEANO
ATLÂNTICO
da capoeira e das irmandades). Santa Cruz
Porto Seguro
Por fim, dedicamos uma dupla OCEANO Vitória
de páginas para discutir as dis- PACÍFICO Espírito Santo
Rio de Janeiro
Trópico d
tinções entre a escravidão mo- São Paulo
Santos
e Capric
órnio
São Vicente
derna, o escravismo antigo e a Itanhaém Jesuíta.
servidão medieval.
Em outro tema de força des-
Áreas sob influência
ta Unidade – A disputa pelo de cidades e vilas
Fonte: MELLO E SOUZA, Laura de.
domínio do mundo atlântico Áreas conhecidas e
relativamente povoadas (org.). História da vida privada
entre os europeus – recorre- 0 480 Limite atual
da fronteira brasileira
no Brasil: cotidiano e vida privada
da América portuguesa. São Paulo:
mos ao historiador pernam- Companhia das Letras, 1997. p. 18-19.
bucano Evaldo Cabral de
Mello, autor do ensaio O Bra- 220
sil holandês. E, por fim, utili-
zamos vários mapas históricos
para estimular a análise da Na abertura de cada
HIS-F2-2111-V7-U4-C10-LA-G24.indd 220 capítulo, explicita- te propósito de “transformar a história em 20/08/22 20:05 HIS
COLEÇÃO PARTICULAR
interesse dos alunos pelo es-
Tratado de Madri (1750) tudo da formação histórico-
ALLMAPS
50º O
-geográfica da América portu-
Marabitanas
guesa, um processo complexo,
São
Equador
Joaquim Macapá
0º Vaqueiro. envolvendo múltiplos sujeitos
São
Gabriel Gurupá Belém
COLEÇÃO PARTICULAR
e motivações variadas, seja
Barra do Fortaleza
Rio Negro despertado. Por fim, estimu-
Tabatinga Natal lá-los a comparar o mapa do
João
Pessoa Tratado de Madri com o mapa
Príncipe
Recife do Brasil atual.
da Beira • Professor, explicar aos alu-
Salvador nos o que foi o Tratado de
Vila Bela da
Santíssima
Trindade Cuiabá
Madri:
OCEANO O Tratado de Madrid signifi-
ATLÂNTICO
OCEANO Coimbra Tropeiro. cou um acordo entre as coroas
PACÍFICO
ibéricas e consistiu, em linhas
Iguatemi Rio de Janeiro
COLEÇÃO PARTICULAR
córnio São Paulo
gerais, em reconhecer oficial-
de Capri
Trópico
mente os territórios já ocupados
por ambas as partes. O tratado
tinha por finalidade oficializar
as margens fluviais, marítimas
Tratado de Madri (1750)
Limite atual da fronteira brasileira
Colônia do Rio Grande
e terrestres, definindo os limites
0 315
Fortes Sacramento de São Pedro dos poderes das Coroas. [...]
Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de et al. Atlas histórico escolar. CORREA, Jessica; GODOY, Paulo. O
8. ed. Rio de Janeiro: FAE, 1991. p. 30. Afrodescendentes.
Tratado de Madri e as políticas territoriais
no Brasil meridional (17501777). In:
COLÓQUIO BAIANO TEMPOS, ESPAÇOS
E REPRESENTAÇÕES: ABORDAGENS
1. O que você percebe comparando os mapas? Respostas pessoais. GEOGRÁFICAS E HISTÓRICAS, 1. 2013,
Vitória da Conquista. Anais [...], Vitória da
2. Quem terá contribuído para isso? Conquista: UESB, 2013. p. 3, 56.
3. Os limites do Tratado de Madri são muito diferentes dos do Brasil atual?
221
221
10
africanos.
• Conhecer os agentes respon-
sáveis pelo tráfico atlântico e AFRICANOS NO BRASIL
as áreas na qual os africanos
foram embarcados.
• Reconhecer as diferenças en-
tre os africanos ocidentais e os
da região congo-angolana.
LUCIANA WHITAKER/FOLHAPRESS
CLAUDIA GUIMARÃES/FOLHAPRESS
• Evidenciar a relação entre o 1 2
aumento da entrada de afri-
canos no Brasil com os perío-
dos de alta do açúcar, do
ouro e do café.
• Estudar as dinâmicas comer-
ciais das sociedades america-
nas e africanas.
• Refletir sobre o trabalho, a
alimentação e a violência
contra os escravizados.
• Descrever as diferentes for-
mas de resistência protago-
nizada pelos africanos e seus
FERNANDA PICCOLO/FOTOARENA
BOB DAEMMRICH/ALAMY/FOTOARENA
descendentes no território co- 3 4
lonial, a exemplo da capoeira,
do jongo e das irmandades.
• Mapear a formação de qui-
lombos por todo território
colonial, grandes e pequenos,
de curta e de longa duração.
• Trabalhar o conceito de Rema-
nescentes de quilombos e in-
dagar se os alunos conhecem
essas formações no estado ou
na região na qual vivem.
Observe as fotografias dessas personalidades.
ENCAMINHAMENTO
1. O que elas têm em comum? Respostas pessoais.
• Propor aos alunos que anali- 2. Quais delas você conhece?
sem as imagens desta página 3. Você tem acompanhado a contribuição delas à vida social brasileira?
e falem livremente sobre o
que sabem de cada persona- 4. Teste seus conhecimentos: escreva no caderno o nome delas e o trabalho que desenvolvem.
lidade retratada.
222
• As imagens retratam: 1. Ma-
nolo Florentino (1958-2021),
historiador da Universida- grafia dos Jogos Paralímpicos
AV-HIS-F2-2111-V7-U4-C10-LA-G24.indd 222 de Londres, para conquistarem seu espaço na socieda- 03/08/22 11:16 AV-
de Federal do Rio de Janei- em 2012, após ganhar medalha de ouro na de brasileira.
ro (UFRJ), em fotografia de prova dos 100 m rasos. O objetivo desta abertura é partir do pre-
2004. 2. O geógrafo Milton
• Chamar a atenção dos alunos para a im- sente, observando as personalidades negras
Santos (1926-2001), em fo-
tografa de 1995. 3. O com- portância de conhecermos a contribuição dos dias atuais e de diversos campos da vida
positor e cantor Gilberto dos afro-brasileiros nas diferentes áreas de social para instigar o interesse do alunado
Gil (1942), em fotografia de nossa história e cultura. pelo assunto: a entrada dos africanos no
2022. 4. A velocista Terezinha • Incentivar os alunos a refletirem sobre os Brasil. Daí as perguntas: o que elas têm em
Guilhermina (1978), em foto- desafios enfrentados pelos afro-brasileiros comum? Quais delas você conhece?
222
223
11:16
Os objetivos deste capítulo oportunizam
AV-HIS-F2-2111-V7-U4-C10-LA-G24.indd 223
BNCC 03/08/22 11:16
223
224
ALLMAPS
M a r
M
d
globo.com/ciencia-e-saude/
e
i t
Tunísia e r r â n e o noticia/2015/03/tecnica-per-
Marrocos
mite-identificar-origem-de-es-
Argélia cravos-enviados-america.html.
Saara Líbia
Ocidental Egito Acesso em: 11 ago. 2022.
Trópico de Câncer
Ma
Professor, esta página apre-
rV
erm
ÁSIA senta dados de uma longa pes-
elh
Cabo Mauritânia
o
Verde
Mali Níger Sudão
quisa, feita por especialistas de
Eritreia
Senegal
Burkina
Chade diferentes partes da América,
Guiné
Faso Djibuti sobre o número de escraviza-
Benin
Nigéria
Togo
Gâmbia
Gana
Guiné-
Costa
do Sudão Etiópia dos embarcados na África e
Rep. Centro-
Marfim do Sul
-Bissau Camarões -Africana Somália desembarcados na América.
Serra
ÁF Leoa COSTA Além disso, vale lembrar o que
RI Libéria Uganda
Equador C AO DA MINA Congo Ruanda Quênia
CI Gabão 0° disse a professora Circe Bitten-
DE Guiné República OCEANO
NT Equatorial Democrática court sobre a história ser tem-
AL
do Congo
Burundi ÍNDICO
Tanzânia po e, também, espaço. Daí o
Seicheles
nosso esforço para localizar as
OCEANO Angola
Comores
regiões e zonas de procedência
ATLÂNTICO ÁFRICA Zâmbia
Malauí
CENTRAL
dos escravizados, contribuin-
car
Moçambique
Maurício
do, assim, para o desenvolvi-
agas
Zimbábue
Namíbia mento da habilidade EF07HI16
Mad
Meridiano de Greenwich
Suazilândia
África
do Sul
Lesoto Dica de leitura
0 397
Fronteiras atuais Neste livro, os autores re-
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTATÍSTICA E GEOGRAFIA.
visam a História do Brasil, da
Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. p. 43. colonização até os dias atuais,
com o objetivo de resgatar o
A África Ocidental é uma extensa área que vai do Senegal ao Gabão; nela foram embarcados 25% protagonismo de mais de 550
dos africanos escravizados destinados ao Brasil, a maioria deles era da Costa da Mina. Já a África Central personagens negros.
(região congo-angolana) vai do norte do Gabão à fronteira entre Angola e Namíbia. Essa região,
juntamente a Moçambique, na costa leste, forneceu 75% dos africanos escravizados destinados ao Brasil. • GOMES, Flávio dos San-
tos; LAURIANO, Jaime;
225 SCHWARCZ, Lilia M. Enci-
clopédia Negra. São Paulo:
Companhia das Letras, 2021.
Imagens em movimento
COMPANHIA DAS LETRAS
aldeias, de um reino e de um
grupo que falava a mesma lín-
gua, tinha os mesmos costumes
e adorava os mesmos deuses.
[...] Quando um chefe efique de
Velho Calabar vendia a um na-
vio europeu um grupo de cati-
vos ibos, não estava vendendo
africanos nem negros, mas ibos,
uma gente que, por ser conside-
rada por ele inimiga e bárbara,
podia ser escravizada. E, quando
EDITORIA DE ARTE
650
600
550
500
450
400
350
Alta agrícola
300
250
200
Queda do ouro
150
Alta do açúcar Alta do ouro
100
Crise europeia
50 Invasão concorrência do açúcar antilhano Fim do tráfico no Brasil zia aos autóctones ao entrar em
0 holandesa
novo território era “Quem são os
1551-1560
1561-1570
1571-1580
1581-1590
1591-1600
1601-1610
1611-1620
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1831-1840
1841-1850
1851-1860
COLEÇÃO PARTICULAR
mória seu passado, seus cos-
tumes, sua língua, seu lugar
de origem, sua família etc.
À esquerda, uma africana mina,
Escutar e falar. Esta ativida- ou seja, embarcada na Costa
de quer levar o aluno a colo- da Mina, em fotografia de 1864,
car-se no lugar do outro, sen- de Christiano Jr.
tir e imaginar o que pode ter
À direita, vemos um congo, em
sido para os africanos a perda representação de Johann Moritz
de seu nome e toda a carga Rugendas do século XIX; esse era
afetiva nele presente. Em al- originalmente o nome do porto
guns lugares da África, como a de embarque, e não da etnia.
Nigéria, por exemplo, o nome
conta um pouco da história da
pessoa, assim, trocá-lo, nes-
se contexto, é o apagamento
dessa história e das lembran-
ESCUTAR E FALAR
ças da infância e da juventude.
• Tema Contemporâneo Trans- A perda do nome
versal: esta seção mobiliza o
Na hora do embarque para o Brasil, o africano era “batizado”, ou seja, perdia seu
tema educação em direitos
nome original e passava a ter um nome português. Esse nome, dado no batismo, devia
humanos.
ajudar a apagar da memória do africano todo o seu passado: sua família, seus amigos,
sua língua e seu lugar de origem.
• O que você sentiria se trocassem o seu nome, e o(a) levassem para um lugar distante
e diferente do seu? Como você reagiria? Crie um pequeno roteiro e prepare-se para
falar sobre o assunto para os colegas. Produção pessoal.
tornou-se chave na defesa de batismal anotava-se sua condição de cativo e o dez anos ou menos idade, dever-se-ia cumprir
tese de que retirar os negros de nome do seu proprietário. O batismo poderia li- dentro de um mês após a chegada do cativo. Às
suas práticas originais e levá-los bertar a alma, porém mantinha o corpo do afri- crianças nascidas de pais da Guiné, deveria ser
para o seio da cristandade sal- cano escravizado. observado o mesmo tempo determinado para o
varia suas almas [...]. A entrada Ao longo dos séculos, milhões de africanos fi- batizado dos filhos dos cristãos, oito dias, con-
dos escravizados nos antigos zeram sua diáspora forçada para os domínios tados da data de nascimento, sem questionar a
e novos domínios portugueses portugueses da América. [...] anuência dos pais. [...]
fazia-se, então, pela evangeliza- [...] o batismo era critério central no processo MAIA, Moacir Rodrigo de Castro. Uma nova interpretação da
ção e recepção do batismo. Re- de feitura do novo escravo. [...] Desde as Orde- chegada de escravos africanos à América Portuguesa (Minas
cebia-se um novo nome, a água nações Manuelinas (1521), consta ser dever dos Gerais, século 17). In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 17.,
do batismo e o sal como sinal da senhores batizar todos os escravos e escravas da 2011, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: ANPUH, 2011. p. 1-2.
228
HÉCTOR GOMEZ
ra, mas também nas mais di-
ferentes áreas da vida social.
• Esclarecer que os africanos
também trouxeram para
o Brasil suas culturas, seus
saberes, suas técnicas e lín-
guas, elementos decisivos na
formação da sociedade bra-
sileira .
Imagens em movimento
Documentários produzidos
pela Unesco que apresentam
Além de pessoas escravizadas,
a carga incluía roupas e as várias histórias e heran-
mantimentos. O número de pipas ças decorrentes da diáspora
de água era pequeno, para não africana, além de fornecer
Tonéis de água ocupar muito espaço no navio.
e mantimentos.
um panorama da deportação
Com isso, alguns escravizados
bebiam água do mar e adoeciam.
massiva de populações africa-
nas para diferentes partes do
Os africanos chegavam ao litoral brasileiro confusos, cansados e sem saber onde mundo, incluindo as Améri-
estavam. Nos mercados do Rio de Janeiro, de Salvador, de Recife e de São Luís, eles eram cas, a Europa, o oceano Índico,
examinados, avaliados e vendidos. O preço por um homem adulto valia o dobro do de o Oriente Médio e a Ásia.
uma mulher e, geralmente, três vezes mais do que de uma criança ou um idoso. • A ROTA do escravo: a alma
da resistência. 2013. Vídeo
229 (34min54s). Publicado pelo
canal ONU Brasil. Disponível
em: https://youtu.be/HbreA-
17:32 TEXTO DE APOIO
AV-HIS-F2-2111-V7-U4-C10-LA-G24.indd 229 dos tributos necessários para a legalização da
03/08/22 11:16 bZhN4Q. Acesso em: 11 ago.
atividade, os chamados direitos de exportação. 2022.
O procedimento de superlotar os navios era De acordo com esse raciocínio, muitos nego-
um dos exemplos da intenção dos comerciantes ciantes preferiram correr o risco de transportar • A ROTA do escravo: uma
de escravos de obter o máximo de lucro trans- mais escravos do que o número permitido, mes- visão global. 2015. Vídeo
portando o maior número possível de escravos mo sabendo que eram atos ilegais de acordo (11min12s). Publicado pelo
em um número reduzido de viagens. A travessia com a legislação portuguesa.
atlântica exigia custos e uma série de investi-
canal ONU Brasil. Disponível
mentos, como o valor destinado à aquisição ou
CARVALHO, Flávia Maria de. Diáspora africana: em: https://www.youtube.
travessia atlântica e identidades recriadas nos espaços coloniais.
arrendamento das embarcações, ao abasteci- Mneme – Revista de Humanidades, Caicó, com/watch?v=rIfTqFmpsdI.
mento da tripulação e também ao pagamento v. 11, n. 27, p. 14-24, 2010. p. 17. Acesso em: 11 ago. 2022.
229
Dica de leitura
Neste livro, a autora de-
monstra como as vozes dos
milhões de africanos escravi-
zados trazidos para o Brasil
resultaram em uma africani-
zação do português brasileiro.
• CASTRO, Yeda Pessoa de.
Camões com dendê: o portu-
guês do Brasil. Rio de janei-
ro: Topbooks, 2022.
EDITORA TOPBOOKS
Negros de carro, de Jean-Baptiste Debret, século XIX. Note que é uma representação feita por um pintor
sobre o que ele viu à sua volta.
•
escravizados no Brasil.
Trabalhar os conceitos de
Capoeira: dança e luta
ao mesmo tempo, a Resistência
capoeira foi uma forma
congada, capoeira e reisado de diversão e defesa
desenvolvida no Brasil Onde houve escravidão no mundo, houve resistência. No
e analisar o papel dessas ma-
pelos africanos e seus Brasil, não foi diferente. O excesso de trabalho, a disciplina rigo-
nifestações culturais no for- descendentes.
talecimento das identidades rosa, os castigos, o fato de o senhor não cumprir com a promessa
Congado: tipo de
afro-brasileiras. de libertar o escravizado quando este conseguia juntar dinheiro
dança dramática que
• Comentar que os escraviza- representa a coroação para comprar sua carta de alforria, tudo isso provocou diferentes
de um rei (e, às vezes, formas de resistência. Os escravizados resistiam praticando religiões
dos encontravam, nas dan-
de uma rainha) do
ças e na capoeira, formas de Congo, constituída de
de origem africana; jogando capoeira
capoeira;; promovendo festejos, como
resistirem às condições às um cortejo com passos o congado
congado,, o reisado
reisado,, o jongo; e fundando irmandades.
quais eram submetidos. e cantos, em que a As irmandades eram associações organizadas por leigos e
música acompanha a
• Refletir sobre a importância expressão dramática que tinham sede em igrejas católicas. Para que uma irmandade
das irmandades entre os afri- dos textos, e que funcionasse, era necessário que tivesse seus estatutos aprovados
canos e seus descendentes e se caracteriza pela por uma autoridade da Igreja Católica. As irmandades promoviam: o
comentar o papel dessas as- embaixada e por lutas
simbólicas de espada. culto aos seus santos padroeiros; a cooperação entre seus membros
sociações religiosas no coti-
Reisado: festa popular para construir, reformar ou ornamentar uma igreja; a assistência
diano de seus membros. que se realiza na mútua entre seus integrantes. A assistência era de ordem material
• Aprofundar o assunto com véspera e no Dia de
(protegendo suas famílias da pobreza) e espiritual,, garantindo
a leitura dos textos: CEZAR, Reis. Tipo de auto
Lilian Sagio. Congada une natalino surgido no aos integrantes apoio na hora da morte (missa de corpo presente,
final do século XIX, sepultamento digno e orações em sua intenção).
santos católicos e saberes difundindo-se no
de antigos escravos. Jornal Norte e Nordeste; é
CESAR DINIZ/PULSAR IMAGENS
Anais [...]. Uberlândia: UFU, 2018. africanos na formação do Brasil. cado pelo canal TV BrasilGov. Duração:
Professor, a atividade quer • SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil 19min42s. Disponível em: https://youtu.be/
contribuir para o desenvolvi- africano. 2. ed. São Paulo: Ática, 2008. MxSAocRFzzw. Acesso em: 11 ago. 2022.
mento da competência espe- Documentário sobre a capoeira, instru-
cífica 1. Imagens em movimento mento de resistência dos negros africanos
Documentário História da resistência ne- escravizados.
Dica de leitura gra no Brasil, de José Carlos Asbeg, apresen- • CAPOEIRA: a cultura da ginga. 2016. Ví-
O livro traz um panorama tado no programa “Cenas do Brasil”. deo (23min48s). Disponível em: https://
histórico de diversas socieda- • CONSCIÊNCIA negra é destaque no do- youtu.be/4Kav-bvk49Y. Acesso em: 11
des da África, contribuindo as- cumentário História da resistência negra ago. 2022.
232
FRED S. PINHEIRO/SHUTTERSTOCK.COM
Homens Pretos de Salvador e livres. Os mais antigos com-
foi fundada em 1685 por promissos conhecidos são das
Irmandades do Rosário do Rio
mulheres e homens originá-
de Janeiro, de Belém e da Bahia,
rios da região onde hoje é erguidas, respectivamente, nos
Angola. Além da assistên- anos 1639, 1682 e 1685. [...]
cia dada a seus associados A garantia de uma boa mor-
na doença, na velhice e te, com funeral, tumba, missas,
na morte, a irmandade se é um tema tratado com grande
cuidado nos compromissos das
empenhava também em
irmandades negras. Os altíssi-
conseguir dinheiro para a mos custos que envolviam to-
compra de cartas de alforria. dos esses ritos, além da impor-
A igreja-sede da irmandade tância da ancestralidade para
começou a ser construída os africanos, certamente foi um
atrativo ímpar para o ingresso
por escravizados e libertos
numa fraternidade. [...] A festa
em 1704 e foi reformada do padroeiro constituía um mo-
recentemente; situada no mento singular de mobilização e
Largo do Pelourinho, a visibilidade pública da agremia-
irmandade e sua igreja foram ção, quando as irmandades ne-
gras poderiam galgar um lugar
e continuam sendo um dos de distinção na sociedade colo-
centros de apoio à popula- nial. Suas festas, além dos atos
ção negra de Salvador. litúrgicos, permitiam manifes-
tações menos solenes: ocorridas
do lado de fora da igreja, com
música, dança e comilanças [...].
Representavam circunstâncias
especiais de demonstrações
culturais, como os reinados do
Igreja de Nossa Senhora do
Rosário e as coroações de reis
Rosário dos Pretos construída no
século XVIII. Salvador (BA), 2019. e rainhas do Congo, e por isso,
também, chances privilegiadas
para o reconhecimento de dife-
renças no interior das comuni-
dades de africanos e crioulos.
REGINALDO, Lucilene. Irmandades.
In: SCHWARCZ, Lilia Moritz; GOMES,
Flávio dos Santos (org.). Dicionário da
ALLMAPS
• Comentar a longa vida do Qui-
lombo dos Palmares, apesar
da superioridade militar das Equador
0º
autoridades coloniais. do Trombetas (1866-88)
Maracanã e Macajubá
(século XIX)
OCEANO
Alagoa e Enseada
do Brito ATLÂNTICO
(sem data)
60º O
Muitos dos quilombos que aparecem no mapa ainda não foram Fonte: SCHWARCZ, Lilia Moritz;
REIS, Letícia Vidon de Souza
estudados. Existiram quilombos por todo o território brasileiro, (org.). Negras imagens:
desde o Rio Grande do Sul até o Amazonas. Uns pequenos ensaios sobre a cultura e
(20 ou 30 habitantes), outros grandes (com milhares de escravidão no Brasil. São Paulo:
Edusp, 1996. p. 26.
habitantes). O mais famoso deles foi o Quilombo dos Palmares.
234
+ATIVIDADES
Leia com atenção o texto a
seguir. cantis diversas. Frequentemente,
AV-HIS-F2-2111-V7-U4-C10-LA-G24.indd 234 os quilombos b) Analisando o texto, é possível afirmar 03/08/22 11:16 AV-
MOZART COUTO
gumas delas. Fugir sempre fazia
parte dos planos dos escravos.
Os cativos fugiam por vários
motivos:
Castigo, trabalho excessivo,
pouco tempo para o lazer, de-
sagregação familiar, impossi-
bilidade de ter a própria roça
e, é óbvio, o simples desejo de
liberdade eram as razões mais
frequentes que os levavam a
escapar dos senhores. Por vezes
os cativos se ausentavam ape-
nas por tempo suficiente para
pressionar o senhor a negociar
melhores condições de traba-
lho, moradia e alimentação,
para convencê-lo a dispensar
um malvado feitor, a manter na
235 mesma fazenda uma família es-
crava, a cumprir acordos já fir-
mados ou até para conseguir ser
vendido a outro senhor. [...]
11:16 AV-HIS-F2-2111-V7-U4-C10-LA-G24.indd 235 03/08/22 11:16
SANTOS, Oseas. Historiografia Africana
no Brasil: na perspectiva da Lei 10.639/03,
a construção de novos paradigmas no
ensino da História Africana no Brasil. São
Paulo: Dialética, 2021. p. 43.
235
236
Mas conseguir obter essa propriedade definitiva das terras não tem
Dialogando
sido tarefa fácil. Além da demora do processo, há o fato de que muitas • Tema Contemporâneo
dessas terras são cobiçadas por fazendeiros e, por vezes, estão localizadas Há comunidades
remanescentes Transversal: a atividade mo-
em áreas de mananciais e de reservas de extração vegetal e mineral. biliza a macroárea multicul-
de quilombos
Muitos habitantes das atuais comunidades quilombolas vêm tra- no seu estado? turalismo.
vando uma luta árdua para reunir provas de que são descendentes Quais?
de escravizados e de que as terras em que vivem lhes pertencem. Respostas pessoais. Dica de leitura
Livro que trata o quilombo
como parte do processo de
SERGIO AMARAL/OLHAR IMAGEM
EDITORA IBEP
Pai e filhos de uma comunidade remanescente de quilombo. Quilombo Vão de Almas, Cavalcante (GO), 2015.
ATIVIDADES
NO LIVRO.
COLEÇÃO PARTICULAR
1867, para o tráfico de escravos. mapa foi feito?
MARIUZZO, Patrícia. Atlas do comércio b) O que o mapa
transatlântico de escravos. representa?
Ciência e Cultura, São Paulo, v. 63,
n.1, p.59-61, jan. 2011. p. 59. c) Qual é a
importância da
região mostrada
4. A atividade contribui para o no mapa para
desenvolvimento da habilida- se compreender
de EF07H14. a formação do
povo brasileiro?
4. a) O mapa foi feito no
TEXTO DE APOIO século XVII.
4. b) Representa a região
Em meio a esse cenário con- congo-angolana em 1650.
turbado, marcado por disputas
entre interesses estrangeiros
pelo controle do tráfico no reino
Mapa produzido por
do Congo e Ndongo e pelo gra- J. Janssonius, c. 1650.
dual colapso das instituições e 4. c) Essa foi a região de onde partiu a maioria dos africanos escravizados entrados no Brasil entre os
da sociedade conguesa, ganhou
relevo a figura de Nzinga Mbandi
240 séculos XVI e XIX.
uma das mais importantes lide- ideia de serem governados por uma mulher [...].
ranças da África tradicional. Em todos os sentidos, a ascensão de Nzinga ao
A influência de Nzinga Mbandi poder era um caso excepcional e se devia a sua
teve início no reino do Ndongo, extraordinária capacidade pessoal de liderança.
onde negociou a paz com repre- Além disso, ameaçada pelas tropas portugue-
sentantes do governo português sas, Nzinga foi forçada a deixar o Ndongo, es-
em 1622 e disputou com o irmão tabelecendo-se no reino de Matamba, às vezes
a sucessão ao trono, acabando designado como Quiilombo, onde passou a go-
por assassiná-lo em 1629. No po- vernar os temíveis guerreiros ibangalas. [...]
der, teve que enfrentar diversas MACEDO, Rivair. História da África.
rebeliões devido à resistência São Paulo: Contexto, 2015. p. 88-89.
240
(CONTINUAÇÃO)
7 Monte no caderno um quadro sobre o trabalho escravo no Brasil colonial. Liste ao
[...] Não por acaso, a primeira menos três trabalhos realizados por homens e três feitos por mulheres que viviam
referência que temos envolven- sob a escravidão. 7. Mulheres: Cuidar de doentes,
do portugueses e ouro na região, cultivar a terra, colher e moer cana,
de 1697, mostra um capitão por- lavar, passar, fazer e vender doces
tuguês que vendeu escravos à 8 Leia um trecho da canção “Hoje tem capoeira”. e salgados.
Royal African Company e pre- Olha, pega a beriba [berimbau] e começa a tocar Homens: Agricultor, carpinteiro, fer-
tendia receber o pagamento em reiro, pescador, pedreiro, carregador,
ouro. Tal situação, no entanto, Pandeiro, atabaque não pode faltar entre outros.
logo se inverteria. No jogo ligeiro que lá na Bahia
Se o tabaco abriu as portas Aprendi a jogar
para o comércio português na Meia-lua, rasteira, martelo e pisão
Costa da Mina, o ouro do Brasil Solta a mandinga conforme a razão
elevou essas trocas a um novo
Na reza cantada pede proteção
patamar. No Golfo do Benin, o
número de escravos embarca- E hoje tem capoeira (coro)
dos por portugueses subiu de No toque da viola chega pra roda (coro)
aproximadamente 56,4 mil no E vamos jogar (coro) [...]
último quarto do XVII para 170,7
HOJE tem capoeira. Intérprete: Mestre Camisa.
mil no quarto seguinte. Na Cos- Compositor: Olho de Gato. In: MESTRE Camisa: capoeira.
ta do Ouro, esse número passou Intérprete: Mestre Camisa. Rio de Janeiro:
de nove mil para mais de 35 mil. Sony Music, 1993. 1 disco vinil, lado B, faixa 2.
Parte dos cativos da região era
enviada para a Costa dos Escra- 242
vos, onde eram embarcados em
navios portugueses como estra-
tégia para escapar das autori-
dades holandesas em Elmina.
vios portugueses na África
AV2-HIS-F2-2111-V7-U4-C10-LA-G24.indd 242 Ocidental, como um Dica de leitura 09/08/22 08:37 AV2
todo (237,6 mil), ultrapassava o de embarcados
Portugueses davam, portanto, a • Este livro é uma descoberta do continente
nos portos da África Central (235,3 mil). Foi a
sua contribuição para transfor-
entrada do ouro em pó da América portugue- africano e das várias Áfricas por meio de
mar a Costa do Ouro de recep-
tora a fornecedora de cativos.
sa nos jogos das trocas africanas que permitiu relatos de povos, viajantes e estudiosos do
essa mudança de escala. tema.
Nas palavras do diretor-geral da
WIC (West-Indische Compagnie) RÉ, Henrique Antonio; SAES, Laurent Azevedo Marques de; SIVA, Alberto da Costa. A África e os afri-
em Elmina, em 1705, “a Costa do VELLOSO, Gustavo (org.). História e Historiografia do
Trabalho Escravo no Brasil: Novas Perspectivas. São Paulo: canos na história e nos mitos. Rio de Janeiro:
Ouro se tornou uma Costa dos Publicações BBM, 2020. p. 99-100. Nova Fronteira, 2021.
Escravos por completo”. Pela pri-
meira vez desde o XVI, o número
de escravos embarcados por na-
242
Sobre a resistência negra ontem e hoje, Festa Marujada no Quilombo Mangal e Barro
responda às questões em seu caderno. Vermelho. Sítio do Mato (BA), 2015.
TEXTO DE APOIO a) O que são comunidades remanescentes de quilombos?
O jongo ou caxambu, ampla- b) Escreva uma frase sobre o artigo 68 e sua importância para a História do Brasil.
mente conhecido, divulgado, c) Um dos maiores quilombos do Brasil se chama Kalunga e está situado no norte do estado de
e até mesmo disputado por Goiás. Pesquise e escreva sobre ele com base no seguinte roteiro:
alguns grupos na atualidade, I. significado do nome Kalunga; 10. a) São povoações habitadas por
especialmente após o registro descendentes dos antigos quilombolas.
II. tamanho do quilombo;
como patrimônio cultural do 10. b) Resposta pessoal.
Brasil, no ano de 2005, dispensa III. número de comunidades existentes no quilombo;
10. c) I: lugar sagrado e de proteção. II:
apresentação. [...] IV. manifestações culturais. 253 mil hectares. III: 56 comunidades.
Por seus fundamentos e valo- IV: rezas, folias e festas transmitidas
res ancestrais, pela riqueza dos 11 Leia o texto a seguir. de geração em geração.
elementos que o constituem, Mulheres quilombolas: liderança e resistência para combater a invisibilidade
pela história de seus detentores,
o jongo/caxambu é mais do que A CONAQ (Coordenação Nacional de Comunidades Quilombolas) estima que
canto e dança, e foi registrado no Brasil os quilombolas são aproximadamente dois milhões de pessoas, ou 130
como uma forma de expressão mil famílias, presentes em todos os estados brasileiros. Grande parte dessa popu-
de comunidades negras do Su- lação ainda vive em áreas rurais e distantes dos centros urbanos [...]. Atualmente,
deste. Remonta a movimentos
essas comunidades são espaços de manutenção e resistência da cultura negra,
de resistência e de articulação
de seus antepassados. Comuni- da ancestralidade africana e têm sua sobrevivência vinculada à liderança de
dades negras atualizaram me- mulheres negras.
mórias de um passado de re- MULHERES quilombolas: liderança e resistência para combater a invisibilidade. ONU Mulheres Brasil. [S. l.], 12 set. 2017.
sistência, mantiveram o jongo/ Disponível em: http://www.onumulheres.org.br/noticias/mulheres-quilombolas-lideranca-e-resistencia-para-combater-a-invisibilidade/.
caxambu, e em torno dele se arti- Acesso em: 11 jun. 2022.
1526-1550 0 0
plica a longevidade do escravismo até sua abo- rém, relativamente ao Brasil, ele
O tráfico transatlântico de escravos africanos lição, em 1888. conclui que o livro de Maurício
tomou [...] uma dimensão inédita no Novo Mun- O primeiro ponto a ser delimitado é o perío- Goulart, A escravidão africana
do. Do século XVI até 1850, no período colonial do em que perdurou o comércio de africanos no Brasil (1949), oferecia a des-
e no imperial, o país foi o maior importador de para o Brasil, ou seja, os anos 1550-1850. Os crição e os números mais exatos
escravos africanos das Américas. Foi ainda a dados disponíveis assinalam que os primeiros sobre o tráfico no país. [...]
única nação independente que praticou ma- desembarques de cativos africanos ocorreram ALENCASTRO, Luiz Felipe de. África,
ciçamente o tráfico negreiro, transformando o nos anos 1560 em Pernambuco. Contudo, a data números do tráfico atlântico. In:
SCHWARCZ, Lilia M.; GOMES, Flavio dos
território nacional no maior agregado político geralmente considerada como início do tráfico Santos. Dicionário da escravidão e
escravista americano. Consubstancial à organi- é o ano de 1550. Da mesma forma, o fim do trá- liberdade. São Paulo: Companhia das
zação do Império do Brasil, a intensificação da fico clandestino para o Brasil é fixado em 1850, Letras, 2018. p. 57-58.
245
de um cidadão romano, quando explicitava o desejo de ver livres os seus escra- direito à parte dos bens do liberto deixados em
libertado, podia tornar-se um ci- vos após sua morte. O liberto podia casar e ter testamentos. Que o vínculo escravista não se
dadão. Havia três formas de ma- filhos legítimos, fazer contratos, ter e transmitir rompesse definitivamente demonstra-o tam-
numissão: pelo censo, isto é, ins- propriedades por testamento. Mas a manumis- bém o fato de que muitos libertos continuavam
crevendo-se o escravo entre os são não o desobriga de manter certos laços com trabalhando com seus patronos, como agentes
cidadãos no momento do recen- seu ex-senhor, agora o patrono: o obsequium comerciais ou gerindo propriedades. [...]
seamento; por vindicta
vindicta,, quando compreendida um conjunto de obrigações le- JOLY, Fábio Duarte. A escravidão na Roma antiga:
a manumissão era intermediada gais e costumeiras, tais como a de não instaurar política, economia e cultura. São Paulo: Alameda, 2005.
por um magistrado, geralmente um processo jurídico contra o patrono. Em al- (Coleção Passado Presente, p. 23-34).
246
ALAMEDA EDITORIAL
Aquele que conseguia a liberdade podia O liberto não obtinha cidadania plena; não
A situação
tornar-se cidadão com direito de votar, de ser podia votar nem ser votado, podendo se tornar
do liberto votado e, portanto, de ocupar cargos públicos. escravizado novamente a qualquer momento.
b) Servidão era a relação de trabalho na qual o trabalhador era dependente, preso à terra; ele não tinha liberdade
para deixá-la. Em troca do direito de usar a terra para seu sustento, os servos tinham uma série de obrigações para
com o seu senhor, o dono da terra. Diferenças
Servidão Escravidão moderna
O servo estava preso à terra; quando o senhor O escravizado podia ser comprado, vendido e alugado;
concedia a outra pessoa a terra (o feudo), junto iam era visto, portanto, como uma mercadoria que
os trabalhadores. pertencia a quem o comprou.
a) Escreva duas frases comparando a escravidão antiga à escravidão moderna. a) Resposta pessoal.
b) Caracterize a servidão medieval.
c) Diferencie a servidão medieval da escravidão moderna.
c) Na servidão medieval, o trabalhador estava preso à terra e recebia um lote para cultivar e dele
retirar seu sustento. Já na escravidão moderna, o trabalhador era uma mercadoria: podia ser comprado,
vendido, alugado etc.
247
10:37 +ATIVIDADES
HIS-F2-2111-V7-U4-C10-LA-G24.indd 247 2010, a sua pesquisa com
20/08/22 20:37 catalisadores, que aceleram rea-
11
reira.
• Compreender a invasão ho- EUROPEUS DISPUTAM
landesa no Nordeste como
um capítulo da disputa do O MUNDO ATLÂNTICO
mundo atlântico pelos eu-
ropeus.
• Apresentar as invasões como
uma tentativa dos holande-
ses de aumentar sua partici- O samba a seguir é de autoria do conhecido artista brasileiro Martinho da Vila; leia
pação no lucrativo negócio sua letra com atenção.
do açúcar e dos escravizados.
Aprendeu-se a liberdade Vamos preparar
Os objetivos contribuem
para a análise crítica do alu-
no em torno de importantes O cantor brasileiro Martinho da Vila desfila com a escola de samba
Vila Isabel no Sambódromo do Rio de Janeiro (RJ), em 2016.
eventos da história, incluin-
do a relação entre processos
de formação do Brasil e di- 1. O que será que o sambista quis dizer com: “Aprendeu-se a liberdade combatendo em Guararapes”?
nâmicas políticas e comer- 2. Há algum indício na letra da religiosidade brasileira?
ciais que conectam Europa, 3. Você já viu um desfile de maracatu? E de bumba meu boi e vaquejada, você já viu?
África e América. Assim,
pretendemos favorecer o 4. Por que será que o governante holandês no Brasil é chamado de “bom Nassau”? O que você sabe a
respeito dele?
desenvolvimento das com- Respostas pessoais.
petências e das habilidades
propostas.
248
248
ATOSAN/SHUTTERSTOCK.COM
Holandeses no Brasil
Em 1621, [...] renovou-se o es-
tado de guerra entre Holanda e
Espanha. Contribuíram para isso
os interesses de comerciantes
holandeses envolvidos no refino
e comércio do açúcar na Euro-
pa. Sentindo-se ameaçados de
perder o acesso a sua fonte de
abastecimento, resolveram arre-
batá-la aos espanhóis, conquis-
tando parte da região produtora
do Brasil. Os recursos para isso
foram reunidos através de uma
companhia de comércio chama-
da Companhia das Índias Oci-
dentais, que se formou em 1621 Castelo de São Jorge da Mina. Elmina (Gana), fotografia de 2019. Em 1637, os holandeses conquistaram
São Jorge da Mina e, em 1641, tomaram São Paulo de Luanda, ambas no litoral da África.
e recebeu o monopólio do tráfi-
co, do comércio, da navegação e
da conquista em todas as terras A invasão da Bahia
da costa atlântica situadas, na
A primeira invasão holandesa ocorreu na Bahia, capitania com grande número de
América, entre a Terra Nova e o
estreito de Magalhães, e, na Áfri- engenhos de açúcar.
ca, do Trópico de Câncer ao cabo Os holandeses chegaram a Salvador em 1624, com 26 navios, 3 300 homens e
da Boa Esperança. Com isso, os 450 canhões, prenderam o governador português e conquistaram a cidade sem muita
holandeses desafiaram a bula dificuldade. A população da cidade retirou-se para o interior e de lá organizou a resis-
papal de 1493, que dividia as ter-
ras do Novo Mundo entre Portu-
tência. Uma das táticas dos luso-brasileiros foi a guerra de emboscadas:: os habitantes
gal e Espanha. da Bahia saíam da mata em pequenos grupos e atacavam os holandeses de surpresa.
A Companhia das Índias Oci- Os espanhóis, por sua vez, enviaram a Salvador uma esquadra com 52 navios e mais
dentais encarregou-se de exe- de 12 mil homens para combater os holandeses. Pressionados por mar e por terra, os
cutar o projeto de conquista do holandeses se renderam.
Brasil através da organização
de uma esquadra naval com 26
navios, 3 300 homens e 450 ca-
250
nhões, que chegou à Bahia em
maio de 1624. O governador da
Bahia, Diogo de Mendonça Fur- e, AV2-HIS-F2-2111-V7-U4-C11-LA-G24.indd
tendo encontrado a esquadra 250 holandesa des- 05/08/22 15:14 AV2
Vídeo (25min32s). Publicado pelo canal TV de base para outras conquistas no Nordeste, in-
Brasil. Disponível em: https://youtu.be/ cluindo nova investida contra a Bahia. A decisão
[de atacar Pernambuco] da WIC [West [West Indische
KBjAKZlMBOk. Acesso em: 11 ago. 2022.
Compagnie,, ou Companhia das Índias Ocidentais]
Compagnie
foi ainda favorecida por um fato circunstancial: o
ataque do almirante Peter Heyn à frota espanhola
carregada de prata, em 1627, ação que rendeu gran-
251
WILFREDOR
sua interpretação sobre a
presença holandesa no Nor-
deste e o legado do governo
de Nassau.
• MELLO, Evaldo Cabral de
(org.). O Brasil holandês
(1630-1654). São Paulo: Pen-
guin Classics, 2010.
EDITORA PENGUIN
arquitetura, construções, [...] vestimentas, costumes etc. Além O vídeo mostra a relação
entre Maurício de Nassau
disso, eles demonstram o impacto que a natureza tropical teve e os judeus que saíram
sobre o artista, acostumado com uma luminosidade e uma da Europa fugindo da
Inquisição.
paisagem muito diferentes.
MAURÍCIO de Nassau
Várias de suas obras hoje pertencem a importantes museus e os judeus no Brasil.
brasileiros ou mesmo estrangeiros. Numa época em que a pro- 2019. Vídeo (5min29s).
Publicado pelo canal
dução artística colonial quase só abordava temas religiosos, Lucas Rocha Xavier.
a obra de Post permite uma visão mais ampla da realidade Disponível em: https://
youtu.be/w0wBafBdV68
brasileira daquela época.
Acesso em: 16 jun. 2022.
SILVA, Luiz Geraldo. O Brasil dos holandeses. São Paulo: Atual, 1997. p. 37.
253
253
ÓLEO SOBRE TELA, 287 X 182 CM, MUSEU NACIONAL DA DINAMARCA, COPENHAGUE
que [...] durante o domínio holan- revelam vários aspectos da vida no Nordeste dos seus desenhos, especialmente naturezas-
dês: Frans Post e Albert Eckhout. do século XVII: vegetação, arquitetura, cons- -mortas, serviram de base para a execução de
Quando Frans Post chegou ao truções, engenhos, vestimentas, costumes, etc. grandes peças de tapeçarias, executadas na
Além disso, eles demonstram o impacto que a França, usadas para enfeitar as paredes dos
Brasil, em 1624, tinha 24 anos e
natureza tropical teve sobre o artista, acostu- palácios e residências na Europa. Tanto nas
já trazia um aprendizado sobre a
mado com uma luminosidade e uma paisagem obras originais como nessas tapeçarias chamam
arte de pintar paisagens. Ele não
muito diferentes. [...] atenção os elementos exóticos, demonstrando a
veio como funcionário da Com-
visão que os europeus tinham do Novo Mundo.
panhia das Índias Ocidentais, Albert Eckhout, outro artista holandês trazido
mas a serviço do próprio Nassau, por Nassau, aqui viveu entre 1637 e 1644. Sua SILVA, Luiz Geraldo. O Brasil dos Holandeses.
tendo, ao que parece, morado no obra se destaca pelos retratos dos tipos huma- São Paulo: Atual, 1997. (A vida no tempo, p. 37).
seu palácio. nos brasileiros – índios, negros e mestiços –, [...]
254
TEXTO DE APOIO
Segundo Vocabulário português
256
de 1712, um terço, enquanto “ter-
mo militar, responde ao que os
Romanos chamavam Legião e os cada “guerra preta” formava
AV2-HIS-F2-2111-V7-U4-C11-LA-G24.indd 256 uma pequena tropa Governador dos Crioulos, Negros e Mulatos lhe 05/08/22 15:15 AV2
Alemães e Franceses chamam de infantaria sob liderança de autoridades locais, foi confirmado por Carta Patente do Conde da
Regimento”. O “terço da Gente constituindo importante instituição militar no Torre, de quatro de setembro de 1639. O Terço
Preta” ou simplesmente “terço contexto das guerras angolanas dos seiscentos. dos Negros, Crioulos e Mulatos aparece com des-
de Henrique Dias” surgiu em Per- taque nas narrativas de época das duas Batalhas
Em abril e maio de 1638, as tropas de Henri-
nambuco, ainda nos primeiros dos Guararapes e do cerco do Recife. Após a Res-
anos da guerra de resistência à que Dias participaram ativamente da defesa da tauração e a vitória portuguesa no Recife, Hen-
ocupação holandesa. Sua es- cidade de Salvador do ataque do Conde de Nas- rique Dias foi agraciado por D. João IV com a co-
trutura era em muitos sentidos sau. Foi em recompensa por estes serviços que menda do Moinho de Soure, da Ordem de Cristo.
similar às “guerras pretas” que ele recebeu de Felipe III de Portugal e IV da Es-
MATTOS, Hebe. Da guerra preta às hierarquias de cor no
caracterizavam a presença mili- panha, a promessa do foro de fidalgo e a mer-
Atlântico português. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA,
tar portuguesa na África Central cê de Cavalheiro de uma das Ordens Militares, 24., 2007, São Leopoldo. Anais [...]. São Paulo: Associação
Atlântica no mesmo período. Ali, por carta régia de 21 de julho de 1638. O título de Nacional de História (ANPUH), 2007. p. 1-2.
256
ALLMAPS
açucareira no Brasil. Portugal 70° O empréstimos concedidos por
Nassau, e, quando estes não
não tinha condições financei- HAITI REP.
DOMINICANA eram pagos, os juros aplicados
ras de reerguer os engenhos Porto Rico eram extorsivos. E isso numa
(EUA)
do Nordeste, nem de competir época de má colheita, provo-
com o produto holandês no cada por secas e inundações
mercado europeu. M a r d o C a r i b e
alternadas, e a queda do pre-
ço internacional do açúcar em
Mesmo assim, os pro-
15° N torno de 25%. Além do mais, os
prietários rurais continuaram holandeses passaram a exercer
investindo na montagem de AN
TILH
AS HOLANDESA
S um controle rigoroso na questão
I. Aruba (HOL)
engenhos e ampliando as terras I. Curaçao (HOL) religiosa, perseguindo os católi-
I. Bonaire (HOL)
destinadas à lavoura da cana. 0 140 cos. Proibiam a vinda de novos
padres para substituir os que
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTATÍSTICA morriam ou adoeciam.
COLÔMBIA VENEZUELA
E GEOGRAFIA. Atlas geográfico escolar. Em 1645, teve início um mo-
7. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. p. 39.
vimento de revolta contra o
COLEÇÃO PARTICULAR. FOTO: BRIDGEMAN/FOTOARENA
257
aumentou e, consequente-
mente, a escravidão tornou-se 1. Com a independência da Holanda, Felipe II proibiu Portugal e suas colônias de
mais intensa. comerciarem com os holandeses, que tinham grande participação no refino e comér-
cio do açúcar brasileiro na Europa. Diante dessa situação, eles criaram a Companhia
I. Retomando das Índias Ocidentais para invadir as colônias portuguesas na América e na África.
2. Os holandeses queriam dominar o lucrativo comércio de açúcar, produzido
TEXTO DE APOIO na Bahia e em Pernambuco, e o de escravizados, capturados na África.
1 Vimos que os habitantes dos Países Baixos Espanhóis se revoltaram contra a Espanha
O texto a seguir é do histo- e, em 1581, declararam sua independência, formando um novo país, a Holanda. Que
riador Evaldo Cabral de Mello. relação há entre a independência da Holanda e as invasões holandesas no Brasil?
O interesse dos Países Baixos
pelo Brasil antedatou de muito 2 Por que os holandeses invadiram o Nordeste brasileiro?
a criação da Companhia das Ín-
dias Ocidentais (1621) e os ata- 3 Sobre a invasão holandesa a Pernambuco, identifique as alternativas corretas.
ques à Bahia e a Pernambuco. a) Na época em que foi invadido pelos holandeses, Pernambuco era o maior produtor mundial
Há mesmo quem pretenda que a de açúcar. 3. Alternativas A e C.
emergência de um mercado in- b) Durante a invasão a Pernambuco, os holandeses tiveram dificuldade de conquistar Olinda e Recife.
ternacional do açúcar no século
c) Durante a invasão holandesa a Pernambuco, a resistência luso-brasileira fundou o Arraial do
XVI tenha sido uma criação da
Bom Jesus.
técnica comercial e financeira
dos holandeses, que teriam sido d) Depois de conquistarem Pernambuco, os holandeses conquistaram também Bahia, Sergipe e
também os principais fornece- Alagoas.
4. a) Não; ao se estabelecerem no Nordeste, os holandeses
dores do capital indispensável seguiram o conselho de Nassau e promoveram intensamente
ao estabelecimento e à expan- 4 Leia o texto e responda às questões. o tráfico atlântico.
são, a partir de meados de qui- Seu primeiro relatório [de Nassau], expedido em 1638 [...], enuncia as regras do jogo
nhentos, do sistema brasileiro colonial no Atlântico Sul.
de produção de açúcar. O que [...] “Necessariamente deve COLEÇÃO PARTICULAR. FOTO: BRIDGEMAN/FOTOARENA
existe de concreto é que navios
holandeses, apenas disfarçados haver escravos no Brasil, e por
em embarcações pertencentes nenhum modo podem ser dis-
a comerciantes portugueses, as- pensados: se alguém sentir-se
sumiram uma proporção subs- nisto agravado, será um escrú-
tancial do tráfego entre o Brasil e
pulo inútil [...] é muito preciso que
a Europa e que essa participação
continuou a crescer, a despeito todos os meios apropriados se
da união das Coroas portugue- empreguem no respectivo tráfico
sa e espanhola (1580) e dos vá- na Costa da África”.
rios embargos decretados pelos
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos
soberanos peninsulares contra viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. O engenho, de Johann Moritz Rugendas, c. 1835.
navios neerlandeses em portos São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 210.
ibéricos. Após a trégua, hispa- a) Com base no texto, pode-se dizer que o posicionamento de Nassau diante da escravidão era
no-neerlandesa (1609-1621), co- diferente do adotado pelos colonizadores portugueses?
merciantes holandeses chega-
b) Quais eram os objetivos dos holandeses com a conquista de territórios no Brasil e na África
ram a controlar entre a metade
quase ao mesmo tempo?
e dois terços da navegação entre
4. b) Pretendiam obter lucros com o comércio de escravizados da África para o Brasil e com a produ-
Portugal e o Brasil. Concluída a
trégua em 1621, as autoridades 258 ção, o refino e a venda do açúcar brasileiro na Europa.
258
259
c) Os holandeses levaram para [...] [Em] 1 o de dezembro de 1640, em Lisboa, revoltosos populares e da
as Antilhas as técnicas de pro- nobreza tomaram o poder e restauraram a independência portuguesa. D. João,
dução de açúcar. duque de Bragança, foi aclamado rei de Portugal, [...] no palácio hoje designado
d) A concorrência da produ- Palácio da Independência. Todavia, foi necessário reforçar o exército, fabri-
ção holandesa nas Antilhas es- car armas e fortalezas nas zonas fronteiriças para garantir a independência,
timulou o aumento da venda através das guerras da restauração, que duraram de 1640 a 1668, pois só então,
do açúcar brasileiro. com o tratado de paz em Lisboa, os espanhóis reconheceram a independência
e) O açúcar antilhano, produ- portuguesa.
zido pelos holandeses, passou FERRÃO, Nuno Sotto Mayor. A restauração da independência portuguesa de 1o de dezembro de 1640 e a restauração
do feriado nacional. Crónicas do Professor Nuni Sotto Mayor Ferrão. [S. l.], 1o dez. 2016. Blogue.
a disputar o mercado interna- Disponível em: https://cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt/a-restauracao-da-independencia-65806.
cional com o açúcar brasileiro. Acesso em: 13 jun. 2022.
Respostas: Escreva no caderno a alternativa correta. Com base na análise do texto, podemos
V, F, V, F, V. afirmar que: 7. Alternativa C.
a) os espanhóis reconheceram a independência portuguesa em 1o de dezembro de 1640.
TEXTO DE APOIO b) as guerras de Restauração duraram de 1640 a 1680, quando foi assinado o tratado de paz
A leitura do texto a seguir em Madri.
contribui para que os estu- c) a independência de Portugal só foi reconhecida pela Espanha após uma guerra concluída com
a assinatura de um tratado de paz em Lisboa, em 1688.
dantes desenvolvam a habili-
dade EF07HI13 e a competên- d) o movimento pela Restauração portuguesa contou somente com a participação de populares.
cia geral 1. e) a luta pela Restauração da independência de Portugal contou somente com a participação
da nobreza.
[...] a ocupação da América
Portuguesa pela Companhia das 8 Avalie as afirmações e escreva no caderno as alternativas corretas.
Índias Ocidentais deve ser com- a) Os holandeses se retiraram do Brasil em 1654, após serem vencidos na Batalha da Campina
preendida no contexto da dis- do Taborda.
puta entre as várias nações eu-
b) A saída dos holandeses do Brasil não tem relação com a queda do preço do açúcar brasileiro
ropeias da época. Tal disputa
no mercado externo.
dava-se em torno do controle do
comércio do açúcar e do tráfico c) Os holandeses levaram para as Antilhas as técnicas de produção de açúcar.
de escravos. Esses eram indis- d) A concorrência da produção holandesa nas Antilhas estimulou o aumento da venda do açúcar
pensáveis à produção açucareira, brasileiro.
ao mesmo tempo que o tráfico e) O açúcar antilhano produzido pelos holandeses passou a disputar o mercado internacional
se constituía em importante ele- com o açúcar brasileiro.
mento de acumulação de capital 8. Alternativas A, C e E.
no comércio do Atlântico, que
era controlado pelos europeus.
260
Além disso, é necessário tam-
bém considerar as disputas di-
násticas travadas na Europa e, onde os lusos venceram,260mas também na Ásia,
AV2-HIS-F2-2111-V7-U4-C11-LA-G24.indd quanto na Europa, foi marcada não apenas por 05/08/22 15:15 AV2
principalmente, no caso estuda- onde a vitória foi dos neerlandeses, com a to- batalhas militares, mas também pelas diplomá-
do, a União Ibérica (1580-1640). mada definitiva de importantes colônias portu- ticas. Em 1661, com a assinatura de um tratado
A restauração do trono portu- guesas produtoras de especiarias, e na África, de cooperação com a Grã-Bretanha, que incluiu
guês, em 1640, fortaleceu a luta onde ocorreu um empate técnico. o casamento da Infanta de Portugal, D. Catarina,
dos luso-brasileiros na América O fato é que, após a restauração, Portugal teve com o rei da Inglaterra, os portugueses consegui-
Portuguesa e se constituiu em de lutar para reconquistar seu lugar, na política ram garantir, a um só tempo, a sua independên-
fator determinante dos rumos europeia, como estado soberano. Além disso, cia e a manutenção da unidade territorial de sua
da guerra. É importante lembrar precisou contar com o apoio de outros estados colônia na América Portuguesa. [...]
que a disputa entre portugue- europeus em sua luta contra a Espanha pela in- MENEZES, Mozart Vergetti de; GONÇALVES, Regina Célia.
ses e neerlandeses ocorreu não dependência, que só foi reconhecida em 1668. O domínio holandês no Brasil: 1630-1654.
apenas no território americano, Assim, a luta pela restauração, tanto na América São Paulo: FTD, 2002. (Para conhecer melhor, p. 51).
260
EDITORIA DE ARTE
final do século XVII
Na segunda metade do século 1800
262
Imagens em movimento
Animação do Ministério Pú-
blico Federal sobre as conse-
quências da queima da palha.
• QUEIMA da palha de cana-
-de-açúcar: Apresentação de
Queimada em plantação de cana-de-açúcar. Irapuí (SP), 2020. Estudos Ambientais – IP 702.
2018. Vídeo (43s). Publicado
a) Compare o modo como se produzia o açúcar nos tempos coloniais com a maneira que ele é pelo Canal MPF. Disponível
produzido hoje. em: https://youtu.be/
b) Escolha duas importantes consequências da queimada para a população que mora nas pro- PEMTxhKrem4. Acesso em:
ximidades, e faça um comentário a respeito delas. Você cidadão! b) Resposta pessoal.
11 ago. 2022.
ESCUTAR E FALAR
Imagine que você more nas proximidades de uma área onde ocorrem queimadas.
Pesquise e se prepare para falar em público sobre os males decorrentes dessa prática e
sugira providências cabíveis para solucionar o problema.
12
expansão territorial da Amé-
rica portuguesa: soldados,
bandeirantes, jesuítas e cria-
A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO
dores de gado. DA AMÉRICA PORTUGUESA
• Identificar importantes cida-
des da região, onde hoje é o
Nordeste, que se formaram
em torno de fortes e povoa-
O avanço da colonização da América portuguesa se deveu à ação dos soldados, dos
dos que foram fundados por
bandeirantes, dos jesuítas e dos criadores de gado. As duas imagens a seguir representam
soldados.
os bandeirantes. A fonte 1 é uma aquarela; a fonte 2, uma ilustração. Ambas foram feitas
• Discutir sobre a fundação da
por Ivan Washt Rodrigues, um artista contemporâneo. Observe-as com atenção.
cidade de Fortaleza.
• Conceituar “bandeiras” e FONTE 1 FONTE 2
identificar seu papel na for-
mação histórico-geográfica
do território da América por-
tuguesa.
• Trabalhar a resistência gua-
rani, a ação dos bandeirantes
e as vitórias obtidas por eles
nos combates, a exemplo de
Caasapaguaçu e Mbororé.
• Avaliar o papel das bandeiras
que pesquisaram o ouro nas
terras onde hoje são Minas
Gerais, Mato Grosso e Goiás.
• Refletir sobre o papel das
missões jesuíticas, sobretudo
IVAN WASTH RODRIGUES/COLEÇÃO PARTICULAR
264
As armas da pirataria
O formato pouco eficiente do
casco da nau, navio utilizado A imagem mostra os muros do
desde o século XV, foi decisivo forte em torno do qual se
para que o galeão fosse a embar- formou a cidade de São Luís;
cação dominante no final do sé- atrás, o Palácio dos Leões,
culo XVI. Entre outras inovações, sede do Governo do Estado do
o casco do galeão aumentava o Maranhão. Fotografia de 2019.
fluxo de água ao longo da embar-
cação, reduzindo a resistência hi- • Forte do Presépio de Santa Maria de Belém.. Fundado por soldados portugueses
drodinâmica e aumentando sua
maneabilidade. Outra vantagem em 1616. O forte foi erguido para proteger o pequeno povoado português chamado
era seu poder de fogo. Enquanto Feliz Lusitânia, que deu origem à cidade de Belém, capital do Pará.
a nau possuía armamento leve, o
MAURO AKIIN NASSOR/FOTOARENA
266
mais de dois séculos, os pau- índios. Com os nativos, aprenderam, por tanistas usavam muitas vezes as trilhas aber-
listas aprenderam muito so- exemplo, a seguir rastros deixados por ani- tas pelos indígenas. Na falta delas, seguiam
bre a vida na mata. Na épo- mais e outros homens. Quanto ao modo de pela beira dos córregos e riachos ou, então,
ca, se dizia que, na selva, eles andar, caminhavam sem calçados, apoian- pelos rios em canoas construídas às pressas.
eram tão habilidosos quanto do toda a planta dos pés no chão e virando Porém, quando não tinha outro jeito, abriam
os próprios animais. Distan- os dedos para dentro. Isso, segundo Laura picadas na mata com seus facões.
tes do litoral e, portanto, do de Mello e Souza (ver dica de leitura na pá- • Temas Contemporâneos Transversais: esta
contato com os europeus, gina seguinte), diminuía o cansaço e facili- página contribui para mobilizar os temas da
eles desenvolveram hábitos tava a marcha. macroárea multiculturalismo.
268
IN
Monteiro comprovou que a maioria desses indígenas era desti-
ET
truição de missões jesuíticas.
QU
SE
DO
nada às fazendas de trigo de São Paulo, que vinham crescendo e • Chamar a atenção dos estu-
L
VA
OS
exigindo muitos trabalhadores. Além de trabalhar no cultivo de dantes para as áreas onde a
trigo, eles também produziam e transportavam a farinha de mão de obra indígena era
trigo de São Paulo ao porto de Santos, no litoral paulista. utilizada em São Paulo.
Os indígenas, bem como os africanos, nunca acei- • Comentar com os alunos
taram a escravidão pacificamente, reagindo a ela de que os indígenas resistiram
várias formas: suicídio, fugas para o interior e rebe- ao processo de captura, che-
liões. Depois da destruição das missões de Guairá, gando a vencer os bandei-
Itatim e Tape, por exemplo, os indígenas enfrenta- rantes em batalhas, como a
ram os bandeirantes, inclusive usando armas de de Mbororé.
fogo. Nessa luta, os indígenas venceram duas Dialogando. Os indígenas
importantes batalhas: a de Caasapaguaçu,, que ajudaram os portugueses
em 1638, e a de Mbororé,, em 1641. Após a conquistar o território, como
essas derrotas, o bandeirismo de caça aos Tibiriçá, receberam homena-
indígenas entrou em declínio. gens em estátuas e nomes de
ruas. Aqueles que resistiram à
dominação portuguesa, como
o chefe indígena tupinambá
Dialogando Cunhambebe, tiveram seus
Algumas rodovias e praças do Brasil têm nomes indígenas. A rodovia Índio Ilustração feita com nomes esquecidos. Aprofun-
Tibiriçá, em São Paulo, por exemplo, é uma delas. Por que será que alguns base em pesquisa dar o assunto com a leitura do
indígenas foram homenageados e outros esquecidos? histórica. texto: LEME, Pedro Taques de
Resposta pessoal. Almeida Pais. História da capi-
269 tania de São Vicente. Com um
escorço biográfico do autor
por: Afonso de E. Taunay. Bra-
13:56 Dica de leitura
AV-HIS-F2-2111-V7-U4-C12-LA-G24.indd 269 04/08/22 13:56 sília, DF: Conselho Editorial do
Senado Federal, 2004.
Artigo em que a historiadora Laura de Mello e Souza discorre sobre o cotidiano dos ban-
deirantes.
• SOUZA, Laura de Mello e. Formas provisórias de existência: a vida cotidiana nos caminhos,
nas fronteiras e nas fortificações. In: SOUZA, Laura de Mello (org.). História da vida privada
no Brasil: cotidiano e vida privada na América Portuguesa. São Paulo: Companhia das Le-
tras,1997. (História da vida privada no Brasil, v. 1. p. 41-82).
269
ALLMAPS
50º O
XVII, depois de várias incur-
sões sertão adentro, que os
Equador
paulistas encontraram ouro Gurupá
0°
em grandes quantidades. s
re
va
Ta
• Identificar as regiões onde Ra
po
so
o
ni
inicialmente foi descoberto An
tô
Tratado de Tordesilhas
o ouro.
• Ressaltar que a população
das regiões auríferas passou Vila Bela Salvador
Antôn
a demandar produtos para Cuiabá
OCEANO
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Vila Boa
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ATLÂNTICO
sua sobrevivência. Para su-
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prir essa demanda, os paulis- PACÍFICO
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ônio Rapo
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C ap ricórnio Manuel Preto e
Trópico de
e
A. R. Tavares ares Fonte:
– expedições comerciais que v
s
São Paulo
ALBUQUERQUE,
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o D oso
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Pa
SETE POVOS
Ra
de ouro e diamantes
tos dos rios para vender ali- A nt Fer
nã
Bandeiras de caça
histórico escolar.
Porto Alegre
mentos, roupas e instrumen- aos indígenas
Missões
0 400
8. ed. Rio de
Janeiro: FAE,
tos de trabalho nas regiões 1991. p. 24.
Com a descoberta do ouro, os paulistas organizaram as monções, isto é, expedições
mineradoras.
comerciais que seguiam de canoa pelos rios, para vender alimentos, roupas e ferramentas
• Trabalhar o conceito de ser- nas regiões mineradoras.
tanismo de contrato.
• Analisar o mapa das bandei- O sertanismo de contrato
ras e discutir o papel delas na
ampliação das fronteiras da Nos séculos XVII e XVIII, os bandeirantes foram contratados por fazendeiros e auto-
América portuguesa. ridades para combater indígenas ou negros rebelados. Esse tipo de “negócio” entre
bandeirantes e poderosos era chamado de sertanismo de contrato.
270
TEXTO DE APOIO AV-HIS-F2-2111-V7-U4-C12-LA-G24.indd 270 gráfica brasileira futura. Capistrano de Abreu, que era cearense 04/08/22 13:56 AV-
ALLMAPS
50º O colonos em vários pontos do
território colonial.
Equador
0°
s Belém Turiaçu
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DOS ANDES
Paraguai
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Trópico de São Paulo Rio de Janeiro
Guairá
Rio
das Missões
Missões portuguesas
Missões espanholas
0 390 Grande bandeira de
Antônio Raposo Tavares
https://youtu.be/5uasT2pi5x0.
271 Acesso em: 13 ago. 2022.
Documentário com análises
de especialistas sobre a presen-
13:56 +ATIVIDADES
AV-HIS-F2-2111-V7-U4-C12-LA-G24.indd 271 Imagens em movimento 04/08/22 13:56
ça dos jesuítas na América do
O trabalho com este vídeo pode contribuir Sul, principalmente na região
Em grupo. Após a leitura atenta do texto de
para os estudantes desenvolverem a habilidade dos Sete Povos das Missões.
apoio do historiador Luiz Pedro Dario Filho,
EF07HI11, a competência geral 1 e a competên-
organizem uma roda de conversa para deba- • MISSÕES Jesuíticas − Guer-
cia específica 2.
ter a relação entre o bandeirismo e a confor- reiros da Fé. 2019. Vídeo
mação geográfica e histórica da América Por- Vídeo que apresenta a expansão do terri-
(88min35s). Publicado pelo
tuguesa. A seguir produzam um relatório com tório a partir das bandeiras. canal TV Senado. Disponí-
a conclusão a que vocês chegaram. • A FORMAÇÃO do território brasileiro. vel em: https://youtu.be/
Professor, esta atividade contribui para o de- 2017. Vídeo (4min29s). Publicado pelo OVkbWz0rSnA. Acesso em:
senvolvimento da habilidade EF07HI11. canal Olhar Geográfico. Disponível em: 13 ago. 2022.
271
Imagens em movimento
GETÚLIO DELPHIM
Documentário que analisa a 11 12
TEXTO DE APOIO grupos indígenas no sul da América? Por que nova missão dos membros da ordem. Portanto,
meios pôde tornar-se realidade um projeto em as missões jesuíticas nasceram muito antes da
As missões que poucas centenas de padres jesuítas seriam fundação do primeiro dos Trinta Povos das Missões.
responsáveis por convencer centenas de milha- O que caracterizou as missões jesuíticas entre
[...] Vindos à América do Sul com res de indivíduos a abandonarem suas crenças os povos indígenas, majoritariamente Guarani,
um projeto claro de reduzir os gru- e visões de mundo? no sul da América, foi a grandiosidade de sua
pos indígenas que encontrassem,
O início das atividades jesuíticas na América proposta e uma mais complexa articulação de
catequizando e politizando-os, os portuguesa se dá no ano de 1549. São famosas esforços políticos, institucionais e logísticos,
jesuítas foram progressivamente as cartas dos padres jesuítas Manoel da Nóbre- imprescindíveis à sua realização.
obrigados a negociar com eles. ga e José de Anchieta, desde meados do século BOTELHO, André Amud; VIVIAN, Diego; BRUXEL, Laerson.
Mas de que maneira ganhou XVI, relatando suas tentativas de conversão dos Museu das Missões. Brasília: Ibram, 2015.
sustentação política e material indígenas na colônia portuguesa. Cada novo (Coleção Museus do Ibram, p. 17-19).
272
ATLÂNTICO
deslocou-se para o interior do
Equador
0º
território brasileiro [...]. Outro
zonas
Rio Ama Forte São Luís fator responsável pelo deslo-
Forte N. S. da Assunção
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Pa Forte Filipeia
Olinda
bovino para o interior do país
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São Cristóvão
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Cuiabá
pertencentes aos atuais estados
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OCEANO
A expansão das fazendas de gado de Mato Grosso, Goiás e Minas
Vila Rica
PACÍFICO São acompanhou o curso dos rios Gerais. Com o deslocamento de
o Paulo
apricórni Rio de Janeiro
Trópico
de C Sorocaba
São Vicente
nordestinos, com destaque para populações se formava um mer-
Curitiba dois deles: o Rio São Francisco,
0 620
cado consumidor de carne, leite
Porto Alegre chamado “rio dos currais”, ou
e couro.
Áreas de criação de gado “Velho Chico”, e o Rio Parnaíba,
Sentido de expansão da pecuária que facilitou a ocupação do Piauí, TEIXEIRA, Jodenir Calixto; HESPANHOL,
Limites atuais do Brasil estado colonizado do interior Antonio Nivaldo. A trajetória da pecuária
50º O
para o litoral. bovina brasileira. Caderno Prudentino de
Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de et al. Geografia, Presidente Prudente, v. 1,
Atlas histórico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: FAE, 1991. p. 24.
n. 36, p. 26-38, jan./jul. 2014, p. 27-29.
O gado tinha a vantagem de locomover-se sozinho pelos caminhos, sobreviver em Dica de leitura
regiões áridas, exigir pouca mão de obra e fornecer alimentação nutritiva e couro. Na época em que foi pu-
blicada, esta obra significou
273 um marco nos estudos sobre
a história e a economia colo-
nial. Seus autores inovaram
13:56 ENCAMINHAMENTO
AV-HIS-F2-2111-V7-U4-C12-LA-G24.indd 273 04/08/22 13:56 ao comprovar a relevância do
mercado interno na colônia e
• Identificar os fatores que contribuíram para a expansão da criação de gado. os vínculos estreitos que man-
• Chamar a atenção para a proibição de criação de gado no litoral. teve não apenas com a Euro-
• Analisar o papel da criação de gado no cenário da economia colonial. pa, mas também com a África.
• Destacar que a expansão do gado pelo sertão foi um processo conflituoso, marcado por • FRAGOSO, João; FLORENTI-
lutas sangrentas entre os criadores luso-brasileiros e os indígenas. Com o auxílio dos ban- NO, Manolo; FARIA, Sheila de
deirantes paulistas, os criadores venceram a resistência indígena e o sertão foi ocupado Castro. A economia colonial
pelas fazendas de gado. brasileira (séculos XVI-XIX).
4. ed. São Paulo: Atual, 2014.
273
TEXTO DE APOIO AV2-HIS-F2-2111-V7-U4-C12-LA-G24.indd 274 paulistas executar guerra justa e reduzir os tapuias à escravidão, 05/08/22 16:21 AV-
THIAGOSANTOS/SHUTTERSTOCK.COM
A maior parte da produção,
contudo, era voltada para o
mercado interno.
As missões jesuíticas
no Sul massacre, pois portugueses e espanhóis montaram
[...] Do ponto de vista português, um exército numeroso, com armas de pequeno porte
FERNANDO BUENO/PU
os Trinta Povos das Missões foram e canhões. Os espanhóis, vindos de Buenos Aires e
historicamente encarados como
Montevidéu, atacaram pelo sul; os luso-brasileiros, envia-
iniciativas que haviam se ade-
quado às estratégias de ocupação dos do Rio de Janeiro, avançaram pelo Rio Jacuí. Os dois
territorial espanhola, em contra- exércitos se juntaram na fronteira com o Uruguai e venceram
posição às intenções portuguesas. a resistência indígena, ocupando Sete Povos, em maio de 1756.
Eram vistos, por isso, como um
Com o final da Guerra Guaranítica, as tensões entre Portugal
entrave à consolidação portuguesa
na região. e Espanha voltaram a se intensificar.
Na Europa, os interesses jesuí-
tas eram cada vez mais postos
em questão. Muitos, e aí pode- Estátua de Sepé Tiaraju. São Miguel das Missões (RS), fotografia de 2017. Uma
das principais lideranças indígenas na Guerra Guaranítica foi Sepé Tiaraju, que
mos incluir Sebastião José de
lutou tenazmente em defesa do direito dos guaranis ao território de Sete Povos
Carvalho e Melo, o Marquês de
das Missões. Para o movimento indígena do Brasil, Sepé foi uma das principais
Pombal, primeiro-ministro por-
lideranças da História do Brasil.
tuguês, acusavam os jesuítas de
acumularem riquezas na América
do Sul. Segundo seus detratores 276
portugueses e espanhóis, os je-
suítas insuflavam os Guarani a
resistirem ao conjunto de deveres
até o fim do que tinham276
AV-HIS-F2-2111-V7-U4-C12-LA-G24.indd sido os Trinta Povos das e o modelo de organização social das missões, 04/08/22 13:56 AV-
impostos pelas metrópoles.
Missões. Em 1761, o modelo de administração opondo-se ao processo de demarcação das no-
O próprio fato de a língua gua- das reduções em território espanhol foi revisto: vas fronteiras estabelecidas pelo acordo. A esse
rani ser aquela adotada pelos os jesuítas foram substituídos por representan- movimento de resistência, Espanha e Portugal
indígenas e padres jesuítas nas tes da Coroa espanhola. Até o fim da década de respondem com violência e configura-se o que
reduções tornou-se um ponto de 1760, além de terem visto o fim das missões na ficou conhecido como as Guerras Guaraníticas.
discórdia no quadro de tensão América do Sul, os jesuítas foram expulsos de As batalhas duraram do ano de 1754 ao de 1756
que passou a envolver os jesuítas, Portugal no ano de 1759, da Espanha em 1767 e e são descritas por estudiosos como uma grande
Espanha e Portugal. do continente americano em 1768. sucessão de massacres de indígenas pelas tropas
A partir da assinatura do Tratado Houve tentativas de resistência indígena ao ibéricas.
de Madri, em 1750, que inviabili- processo de esvaziamento das reduções. Depois BOTELHO, André Amud; VIVIAN, Diego; BRUXEL, Laerson.
zara a experiência das missões de assinado o Tratado de Madri, parte da popula- Museu das Missões. Brasília, DF: Ibram, 2015. (Coleção
no Brasil, outros atos se somaram ção dos povoados recusou-se a deixar suas casas Museus do Ibram, p. 30-31).
276
Como se pode ver no mapa a seguir, as fronteiras estabelecidas pelo Tratado de Imagens em movimento
Badajós eram bem parecidas com as fixadas pelo Tratado de Madri. Consolidava-se, assim, Animação que mostra a
a formação histórico-geográfica da América portuguesa. evolução do território brasi-
leiro ao longo do tempo.
Principais tratados de limites • EVOLUÇÃO territorial do
Brasil. 2017. Vídeo (1min18s).
ALLMAPS
40º O
Fortaleza
Acesso em: 13 ago. 2022.
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TRATADO DE TORDESILHAS
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da P Limites atuais do
Rio
277
FABIO COLOMBINI
povos e culturas ao longo de sua
formação histórica; por isso, é
TEXTO DE APOIO conhecido por ser um país mul-
tiétnico e pluricultural. Dentre
Brasil: 500 anos de os povos formadores do Brasil,
povoamento estão, em ordem cronológica,
[...] Marcado pela unidade da os indígenas, os portugueses e
língua e pela manutenção da os africanos.
integridade territorial da antiga
América Portuguesa, o Brasil foi
capaz de absorver inúmeras na-
cionalidades e culturas ao longo
de sua formação histórica.
[...] antes de tudo, os três gran-
des formadores, pela ordem: Menina indígena guarani mbya, 2017.
índios, portugueses, africanos.
Mas dizer três é dizer pouco ou
quase nada. Porque o mundo
dos índios era de extrema di-
versidade, e a clássica diferen-
ciação entre tupis e tapuias não
resolve o assunto. Vários troncos Em 1500, quando os
AJR_PHOTO/SHUTTERSTOCK.COM
linguísticos, inúmeros idiomas e portugueses aqui chegaram,
culturas, assim foi o mundo in-
os indígenas eram muitos e
dígena na Colônia, no Império e
mesmo hoje, quando processos possuíam culturas e línguas
de etnogênese permitem recriar próprias, que foram e conti-
culturas que se supunha mor- nuam sendo importantes na
tas. Algo de semelhante se pode nossa formação histórica. Os
dizer das africanidades, nagôs,
portugueses, por sua vez,
bantos e as inúmeras “nações”
que povoaram o Brasil, cativas. traziam na sua bagagem
Nem por isso deixaram de im- uma língua rica, uma forma
primir poderosa marca cultural, de governo (a monarquia) e
para dizer o mínimo, a ponto de a religião católica, que foram
Gilberto Freyre tê-los considera-
igualmente importantes.
do, aos negros, como os “colo-
nizadores africanos do Brasil”.
Entre índios e negros, cultural-
mente diversos, os portugueses Mulher portuguesa, 2016.
despontam como o agente colo-
nizador por excelência. Pois foi
de Portugal que vieram as insti-
278
tuições oficiais [...].
O tempo só fez complexificar
o imbróglio de nossas nações. E, Entre portugueses e castelhano-galegos,
AV-HIS-F2-2111-V7-U4-C12-LA-G24.indd 278 des- o cristão-novo nunca envelhecia: continuava 04/08/22 13:56 AV-
à guisa de exemplo, incluímos pontaram os judeus, cuja presença no Brasil foi “novo”, mesmo que católico há várias gerações.
os espanhóis, que já na Colônia extraordinária. Primeiramente sob o rótulo de [...] o Brasil receberia novas levas de judeus ao
imprimiram sua marca, ora nas cristãos-novos, posto que, desde 1497, haviam longo do século XIX e sobretudo no XX, migra-
fronteiras do sul, ora em toda sido convertidos ao catolicismo por decreto de ções inscritas no contexto europeu, de que a as-
parte, no tempo da dominação D. Manuel, o Venturoso. Se os cristãos-novos do censão do nazismo seria capítulo crucial.
filipina (1580-1640). [...] Mas os Brasil judaizavam ou não em segredo, eis um Em nossa seleção das “nações” que povoaram o
castelhanos colonizadores de mistério difícil de resolver. Mas não deixa de ser Brasil, incluímos algumas que, imigrando entre os
outrora virariam os galegos imi- curioso o fato de que chamavam de cristãos-no- séculos XIX e XX, deixaram marca profunda em
grantes dos séculos XIX e XX, vos, em Portugal e no Brasil, descendentes de ju- vários aspectos. Duas provenientes da Europa, os
inspirando a República dos So- deus convertidos havia três séculos! Com razão a italianos e alemães; as outras duas do Oriente, do
nhos de Nélida Piñon. historiadora Anita Novinsky disse certa vez que médio e do extremo: árabes e japoneses.
278
FILIPE FRAZAO/SHUTTERSTOCK.COM
canos entrarem no Brasil. Eles
foram trazidos de diferentes
pontos da África como escravi-
zados, a partir do século XVI, e
também marcaram profunda-
mente nossos modos de agir,
falar, pensar e sentir.
279
ESCUTAR E FALAR
Pesquise, reflita e prepare-se para falar sobre a importância da empatia e do respeito
para conviver em harmonia em um país multiétnico e pluricultural, como é o Brasil.
Autoavaliação. Responda em seu caderno. Respostas pessoais.
a Expressei minhas ideias com objetividade?
b Usei tom de voz e gestos adequados?
c Escutei meus colegas com atenção e respeito?
d Contribuí com sugestões e perguntas interessantes?
e Demonstrei interesse pelo assunto tratado?
f Aceitei críticas aos meus argumentos e comportamento?
280
280
ATIVIDADES
ATIVIDADES NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
naturais
A ocupação humana do litoral
brasileiro era, até a chegada dos
europeus, indígena. Todo o lito-
ral brasileiro era ocupado por
SONIA VAZ
imposta pelos colonizadores eu-
Equador
ropeus representou uma causa
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importante e também a busca
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As populações indígenas re-
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São Cristóvão
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da colonização”. A mobilidade
São
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espacial das “populações au-
R.
Santa Cruz
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tóctones” definiu caminhos que
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seriam utilizados pelos portu-
PACÍFICO Espírito Santo
gueses como rotas de explora-
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Trópico de
São Sebastião do Rio de Janeiro
ção. “As zonas litorâneas foram
R.
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Itanhaém São Vicente Mapa elaborado com
Áreas sob influência base em: INSTITUTO as primeiras a conhecer núcleos
R.
relativamente povoadas
zadores europeus chegaram por
ru
281
282
RITA BARRETO/FOTOARENA
pecuária já bastante diversifica- ao cavalo, a peia [correia] para
da, com a presença de bovinos,
prendê-lo em viagem, as bainhas
ovinos, equinos e muares, além
de aves domesticadas. de faca, [...] a roupa de entrar no
Nessa grande variedade de mato, os banguês [equipamentos
animais, o gado mais importan- de transporte] para o curtume ou
te era o bovino, por sua utiliza- para apurar o sal; para os açudes,
ção como força motriz e meio o material de aterro era levado
de transporte. Sua importância
em couro puxado por juntas de
era tão grande que, quando nos
referimos às grandes regiões bois que calcavam a terra com
pecuaristas da América seiscen- seu peso [...].
tista, referimo-nos basicamen- ABREU, João Capistrano de. Capítulos de
te à criação desses animais. No História Colonial: (1500-1800). Brasília:
início da colonização, os currais Conselho Editorial do Senado Federal, 1998.
(Biblioteca Básica Brasileira, p. 135). Vaqueiro na caatinga. Euclides da Cunha (BA), 2019.
instalaram-se em torno das ci-
dades mais importantes, como a) Liste, com base no texto, as utilidades que o couro tinha para a sociedade que se formou em
Salvador e Olinda, visando aten- torno da pecuária no Nordeste. 9. a) O couro servia para fazer portas, leitos ou
der tanto aos engenhos situa- b) O que se pode concluir pela leitura do texto? camas, cordas, bolsas, sacos, mochilas, correias,
bainhas e as roupas.
dos na mesma região quanto à
9. b) Conclui-se que, no sertão do Nordeste, o couro era um
população urbana. A conquis- 10 Leia o texto a seguir com atenção. elemento de grande importância na vida de seus habitantes.
ta de Sergipe, em 1590, levou
A criação de gado, uma das principais atividades econômicas, ligava-se necessaria-
o gado até o rio São Francisco,
onde essa frente de expansão mente ao mercado interno, não sendo os animais destinados somente à alimentação,
encontrou-se com a pernambu- mas também ao trabalho. Engenhos eram movidos, na maioria dos casos, à força
cana. O rio tornou-se, assim, nos animal; o transporte, quase sempre terrestre, mesmo para o escoamento de artigos
Seiscentos, um eixo ao longo do de agroexportação, tinha bois e mulas como força motriz; o trabalho nas unidades
qual se desenvolveu a atividade
agrárias tornava imprescindível a utilização de animais de tração.
pecuária, havendo nessa região
em torno de dois mil currais por Em suma, a pecuária era um setor básico para o funcionamento da economia
volta de 1640. Essa expansão es- como um todo. Dessa forma, veem-se amplas áreas especializadas nessa atividade,
tendeu-se por toda a centúria e como o sertão do Rio São Francisco até os rios Tocantins e Araguaia, amplas áreas
só se completou com a conquis- do Piauí, do Maranhão, o sertão da Bahia, os campos de Curitiba, o litoral do norte
ta do Piauí, já na primeira déca-
fluminense, a capitania da Paraíba do Sul e a Comarca do Rio das Mortes (atual sul
da do século XVIII.
de Minas Gerais).
Na porção meridional da Amé-
rica portuguesa verifica-se tam- FRAGOSO, João; FLORENTINO, Manolo; FARIA, Sheila de Castro.
A economia colonial brasileira (séculos XVI-XIX).
bém uma importante expansão São Paulo: Atual, 1988. (Discutindo a história do Brasil, p. 58-59).
da pecuária. No Rio de Janeiro,
temos a ocupação do atual Norte
Fluminense, então parte da aban-
284
donada capitania de São Tomé,
pelos chamados “sete capitães”,
expansão essa que se faz sol o AV-HIS-F2-2111-V7-U4-C12-LA-G24.indd 284 04/08/22 13:56 AV2
signo da pecuária. Também aqui e Laguna, voltadas para a criação de gado. A expansão pe-
a apropriação prévia da terra pe- cuária desenvolveu-se segundo um claro padrão. Buscou
los seus desbravadores gera um áreas cuja geografia fosse adequada à criação extensiva,
ou seja, razoavelmente planas e com uma vegetação pou-
quadro de monopólio fundiário,
co densa, constituindo-se em pastos naturais para nume-
obrigando os povoadores que vie-
rosos rebanhos. Inserem-se nesse padrão tanto a caatinga
ram em seguida a se submeter ao
do Nordeste quanto os campos das capitanias de baixo
pagamento de arrendamento.
(“Campos Gerais” e “Campos dos Goitacazes”).
No que era então o extremo
SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de. Fluxos e refluxos mercantis: centros,
sul da América portuguesa fun-
periferias e diversidade regional. In: FRAGOSO, João Luis Ribeiro;
dam-se na segunda metade do GOUVÊA, Maria de Fátima (org.). O Brasil Colonial 1580-1720.
século as vilas de São Francisco Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. v. 2. p. 399-400.
284
285
#JOVENS NA
é um aprendizado fundamen-
tal para a construção da auto-
nomia do aluno; além disso,
cumental
democratiza o processo, pois
envolve diferentes pontos de HISTÓRIA (s en
Análise do
sibilização para
análise
vista. Sugestões de perguntas o)
do discurs
para a autoavaliação:
• Você considerou interessan-
te a atividade ou os traba- PASSO 1 Ler
lhos realizados?
• Tinha conhecimentos ante- Leia o texto com atenção.
riores que o auxiliaram na
Uma voz nas comunidades
realização?
Rene Silva, morador do Morro do Adeus, no Complexo do Alemão, tinha 11 anos em
• Foi fácil ou difícil? Se foi difí-
2005, quando lançou o “Voz “Voz da Comunidade”.
Comunidade”. O jornal era feito numa folha de papel ofício
cil, saberia dizer por quê?
dobrada. Cem exemplares xerocados foram distribuídos à época no próprio Adeus, tendo
• Como você avalia sua parti-
como reportagem principal o esgoto a céu aberto numa rua da favela. Mas o periódico
cipação no grupo? (Realizou
“Voz das Comunidades”.
mensal foi crescendo. [...]. E ganhou nome plural: “Voz Comunidades”. [...] [O jornal,
tarefas que contribuíram
neste ano,] completará 16 anos, terá formato standard, 12 páginas e 15 mil exemplares
para o trabalho? Sugeriu
[...], que serão entregues no Alemão, no Complexo da Penha e no Morro do Vidigal. [...]
formas de organizar esse tra-
— O mais gratificante é que conseguimos tornar o “Voz” uma referência dentro
balho? Colaborou com seus
das comunidades. As pessoas têm um canal, um espaço para falar e pedir, a fim de
colegas na realização de ta-
que possamos cobrar do poder público. Já reivindicamos várias questões em relação,
refas?)
por exemplo, à falta de iluminação pública, a esgoto a céu aberto, e a problemas de
• Você considera que a manei-
escassez e qualidade da água. Se acontece alguma coisa, positiva ou negativa, imedia-
ra como o tema foi abordado
tamente os moradores sabem a quem recorrer — diz Rene.
ajudou na sua compreensão
O jornalista [...] conta que a decisão de criar um jornal comunitário nasceu da
dos conteúdos e das propos-
leitura de publicações, quando ainda era aluno [na escola]:
tas de atividades?
— Abria os jornais e nunca via a favela sendo
286
ALBUQUERQUE, Wlamyra R. de; FRAGA FILHO, Walter. Uma his- LIMA, Cinthia Almeida. Breves considerações sobre o humanismo
tória do negro no Brasil. Salvador: Centro de Estudos Afro-O- de Giovanni Pico della Mirandola e Blaise Pascal. Revista Eletrô-
rientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006. nica Espaço Teológico, São Paulo, v. 11, n. 20, p. 176-183, jul./
dez. 2017.
Livro com linguagem acessível sobre a História e Cultura Afro-bra-
sileiras, contadas pela perspectiva de historiadores negros. O artigo aborda o humanismo nas obras de dois filósofos renas-
centistas.
BURKE, Peter. A fabricação do rei: a construção da imagem pú-
blica de Luís XIV. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. MICELI, Paulo. História moderna. São Paulo: Contexto, 2013.
Um dos mais conceituados especialistas em Idade Moderna expli- O historiador narra, com base em mapas e documentos históricos,
ca o papel da propaganda na construção da imagem de um rei na os acontecimentos mais relevantes que caracterizam o período
França do século XVIII. Moderno.
CAMPOS, Raymundo Carlos Bandeira. Grandezas do Brasil no PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Mé-
tempo de Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual, 1996. dia: textos e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.
A partir dos discursos do jesuíta André Antônio Antonil, o autor Antologia dos principais textos e documentos medievais, abrange
apresenta o papel da sociedade açucareira no Brasil dos séculos os aspectos socioculturais, econômicos e políticos do medievo.
XVII e XVIII.
PRADO, Maria Ligia; PELLEGRINO, Gabriela. História da Améri-
DAVIDOFF, Carlos. Bandeirantismo: verso e reverso. São Paulo: ca Latina. São Paulo: Contexto, 2014.
Brasiliense, 1982. Livro que apresenta os principais personagens e debates relacio-
O autor analisa como a historiografia oficial construiu a imagem nados à complexidade dos processos históricos da América Latina.
dos bandeirantes como heróis e ocultou as práticas ligadas à es-
cravização indígena. RAMOS, Fábio Pestana. No tempo das especiarias: o império
da pimenta e do açúcar. São Paulo: Contexto, 2006.
FIGUEIREDO, Luciano. Mulher e família na América portugue- O historiador mostra, por meio de manuscritos raros, como Por-
sa. São Paulo: Atual, 2004. tugal construiu seu império colonial com o lucrativo comércio de
O livro aborda os vários modelos de constituição familiar na Amé- especiarias.
rica portuguesa.
REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos. Liberdade por um
FRAGOSO, João Luís Ribeiro; GOUVÊA, Maria de Fátima. O Brasil fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das
colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. v. 1. Letras, 1996.
Artigos de pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimen- Obra que apresenta um panorama complexo da escravidão e da
to, que apresentam o estado da arte do Brasil colonial. resistência negra em busca de liberdade.
FRANÇA, Jean Marcel Carvalho; RAMINELLI, Ronald. Andanças RESTALL, Matthew. Sete mitos da conquista espanhola. Rio
pelo Brasil colonial: catálogo comentado (1503-1808). São Pau- de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
lo: Ed. Unesp, 2009. Obra que analisa mitos consolidados sobre o processo de conquis-
O catálogo reúne narrativas de viagens que mencionam o Brasil. ta da América pela Espanha.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande e senzala. São Paulo: Global, SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos.
2003. Rio de Janeiro: Agir, 2012.
Uma das mais importantes obras historiográficas que discute a Nesse livro, o autor explica de forma simples como a cultura afri-
formação da sociedade brasileira pela mistura de culturas e raças. cana está ligada à trajetória dos brasileiros.
GRUZINSKI, Serge. A passagem do século (1480-1520): as ori- SOUSA, Avanete Pereira. A Bahia no século XVIII: poder político
gens da globalização. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. e atividades econômicas. São Paulo: Alameda, 2012.
Estudo que faz um panorama sobre a expansão marítima euro- A autora aprofunda os diferentes aspectos da urbanização da
peia e o intercâmbio entre povos distantes na virada do século XV Bahia no contexto da estrutura colonial portuguesa.
para o XVI.
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo:
NEVES, Ana Maria Bergamin; HUMBERG, Flávia R. Os povos da Ática, 2006.
América: dos primeiros habitantes às primeiras civilizações urba- Importante obra que apresenta um panorama do continente afri-
nas. São Paulo: Atual, 1996. (História geral em documentos). cano, desde sua formação até a contemporaneidade.
Obra sobre os povos que habitavam a América antes da chegada
dos europeus. VAINFAS, Ronaldo (org.). Dicionário do Brasil Colonial (1500-
1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
MATTOS, Regiane A. História e cultura afro-brasileira. São Livro de referência com verbetes essenciais para o estudo dos três
Paulo: Contexto, 2007. primeiros séculos da história do Brasil.
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História
ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS
COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA
ISBN 978-85-96-03552-1
9 788596 035521