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Gislane Azevedo
Leandro Calbente
Reinaldo Seriacopi
7
Historia
ENSINO FUNDAMENTAL
ANOS FINAIS
COMPONENTE CURRICULAR:
MANUAL HISTÓRIA

DO
PROFESSOR

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7
Historia
COMPONENTE CURRICULAR:
HISTÓRIA

MANUAL
DO
PROFESSOR

GISLANE CAMPOS AZEVEDO SERIACOPI (Gislane Azevedo)


Mestra em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Foi professora universitária, pesquisadora e professora de História dos ensinos
Fundamental e Médio nas redes pública e privada.

LEANDRO CALBENTE CÂMARA (Leandro Calbente)


Bacharel em História e Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Ciências
(História Econômica) pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Educação pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Foi professor de História dos ensinos Fundamental e Médio na rede pública.
Editor e autor de materiais didáticos.

REINALDO SERIACOPI
Bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) e Comunicação Social pelo
Instituto Metodista de Ensino Superior.
Editor especializado na área de História.

1a edição
São Paulo • 2022

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A conquista – História – 7o ano (Ensino Fundamental – Anos Finais)
Copyright © Gislane Campos Azevedo Seriacopi, Leandro Calbente Câmara, Reinaldo Seriacopi, 2022

Direção-geral Ricardo Tavares de Oliveira


Direção de conteúdo e negócios Cayube Galas
Direção editorial adjunta Luiz Tonolli
Gerência editorial Roberto Henrique Lopes da Silva
Edição Deborah D’ Almeida Leanza (coord.), Solange Mingorance, Rui C. Dias, Thamirys Gênova da Silva
Preparação e revisão de textos Maria Clara Paes (coord.),
Carolina Machado, Veridiana Maenaka
Gerência de produção e arte Ricardo Borges
Design Andréa Dellamagna (coord.)
Projeto de capa Sergio Cândido
Imagem de capa Diana Robinson Photography/Getty Images
Arte e produção Vinicius Fernandes (coord.),
Camila Ferreira Leite, Jacqueline Nataly Ortolan (assist.)
Diagramação Estúdio Diagrami
Coordenação de imagens e textos Elaine Bueno Koga
Licenciamento de textos Amandha Rossette Baptista
Iconografia Jonathan Santos, Emerson de Lima (trat. imagens)
Ilustrações Alex Silva, Bentinho, Carlos Caminha, Hugo Araujo, Rubens Gomes, Sonia Vaz
Cartografia Allmaps, Renato Bassani, Sonia Vaz, Vespúcio Cartografia

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Seriacopi, Gislane Campos Azevedo
   A conquista história : 7o ano : ensino
fundamental : anos finais / Gislane Campos Azevedo
Seriacopi, Leandro Calbente Câmara, Reinaldo
Seriacopi. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2022.
  
   Componente curricular: História.
   ISBN 978-85-96-03503-3 (aluno)
   ISBN 978-85-96-03504-0 (professor)

   1. História (Ensino fundamental) I. Câmara,


Leandro Calbente. II. Seriacopi, Reinaldo.
III. Título.

22-114757 CDD-372.89
Índices para catálogo sistemático:
1. História : Ensino fundamental 372.89
Eliete Marques da Silva – Bibliotecária – CRB-8/9380

Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste


Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 livro foram produzidas com fibras obtidas de
de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à árvores de florestas plantadas, com origem
certificada.
EDITORA FTD.
Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD
CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300 CNPJ 61.186.490/0016-33
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www.ftd.com.br Guarulhos-SP – CEP 07220-020
central.relacionamento@ftd.com.br Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375

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A P R E S E N TA Ç Ã O
Caro professor,
O trabalho docente é prazeroso e realizador, mas, por vezes, solitário e
desafiador. Há inúmeras questões para solucionar: planejamento das aulas,
elaboração de atividades e de instrumentos de avaliação, análises e devolutivas
desses instrumentos, entre tantas outras.
Por meio deste Manual do professor, buscamos estabelecer um canal de
diálogo com você. Nele, expressamos valores, crenças, propostas e sugestões,
bem como indicamos os caminhos percorridos na elaboração desta coleção.
Além disso, refletimos tanto sobre os marcos legais que regem a educação
brasileira como sobre as mudanças no ensino de História, especialmente as
advindas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Neste manual, você também encontrará reflexões sobre a importância
de a escola e a educação serem cada vez mais democráticas e inclusivas, e
sobre como esses princípios podem nos ajudar a construir e a viver em uma
sociedade mais justa e acolhedora.
Portanto, acreditamos que este manual é uma ferramenta que pode
auxiliá-lo a melhor explorar esta coleção didática e a atuar em defesa da
democracia e da cidadania em seu cotidiano escolar.
Boa leitura!
Os autores

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SUMÁRIO
CONHEÇA O MANUAL DO PROFESSOR......................................... VI
INTRODUÇÃO...........................................................................................................X
ORGANIZAÇÃO DA COLEÇÃO................................................................ XI
ORIENTAÇÕES GERAIS PARA A COLEÇÃO................................. XX
1 Pressupostos teóricos................................................................................. XX
1.1 A História como disciplina escolar no Brasil..................................... XX
1.2 As mudanças na década de 1990: a LDB e os PCNs...................... XX
1.3 A Base Nacional Comum Curricular (BNCC).................................... XXI
1.4 O processo de ensino-aprendizagem em que acreditamos.... XXX
1.5 Livro didático: crenças e caminhos trilhados nesta coleção.... XXXVIII
1.6 A história da África, dos africanos e dos afrodescendentes....... XL
1.7 A história dos povos indígenas............................................................. XLI

2 Metodologia da coleção.........................................................................XLII
2.1 O autoconhecimento e o protagonismo..........................................XLII
2.2 A contextualização e a relação entre presente e passado.......XLIII
2.3 O trabalho com documentos............................................................. XLVII
2.4. As unidades conceituais....................................................................... XLIX

3 Reflexões sobre tipos de avaliação.........................................................L


3.1 Práticas avaliativas........................................................................................ LI

4 Referências bibliográficas consultadas e recomendadas..... LVI


5 Objetivos e justificativas do volume................................................LXII
5.1 Unidade 1.....................................................................................................LXII
5.2 Unidade 2.....................................................................................................LXII
5.3 Unidade 3................................................................................................... LXIII
5.4 Unidade 4................................................................................................... LXIV

6 Habilidades da BNCC para o 7o ano................................................ LXV

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7 Quadro de conteúdos, objetos de conhecimento,
competências/habilidades da BNCC e planejamento
do volume..................................................................................................... LXVI

8 Avaliações do volume 7...................................................................... LXVIII


8.1 Avaliação da unidade 1..................................................................... LXVIII
8.2 Avaliação da unidade 2......................................................................... LXX
8.3 Avaliação da unidade 3...................................................................... LXXII
8.4 Avaliação da unidade 4..................................................................... LXXIV
8.5 Gabaritos das avaliações...................................................................LXXVI

ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS ESPECÍFICAS DO VOLUME 7...... LXXX

UNIDADE 1 TERRITÓRIO E GOVERNO..................................................... 10


CAPÍTULO 1 Das Monarquias Nacionais ao Absolutismo........................14
CAPÍTULO 2 O mundo moderno: renascimentos e reforma.................. 34

UNIDADE 2 TOLERÂNCIA................................................................................ 62
CAPÍTULO 3 O islamismo e os reinos africanos.......................................... 66
CAPÍTULO 4 As Grandes Navegações............................................................. 90
CAPÍTULO 5 Dos povos pré-colombianos à colonização europeia....112

UNIDADE 3 TRABALHO................................................................................. 140


CAPÍTULO 6 Primeiros tempos da colonização......................................... 144
CAPÍTULO 7 A escravidão africana................................................................ 168
CAPÍTULO 8 A produção de açúcar e os holandeses............................. 187

UNIDADE 4 DESLOCAMENTOS POPULACIONAIS.......................... 208


CAPÍTULO 9 Século XVII: quando a colônia se expande....................... 212
CAPÍTULO 10 O ouro das Minas Gerais....................................................... 234

COMO SE FAZ..................................................................................................... 254

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 271

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CONHEÇA O MANUAL DO PROFESSOR
Introdução
Apresenta a composição da coleção e sua estrutura geral, explicando como são articuladas as propostas de trabalho
da obra com a metodologia e com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Organização da coleção
Detalha as seções e os boxes da coleção, explicitando sua forma de apresentação nos volumes, suas respectivas
localizações e suas funções para o processo de ensino-aprendizagem.

Orientações gerais para a coleção


Nas Orientações gerais para a coleção, são expostos os referenciais teóricos que norteiam a obra como um
todo, algumas reflexões sobre ensino-aprendizagem de História e as conexões entre a obra e a BNCC. Agrega, ainda, o
detalhamento dos eixos de trabalho deste manual, contendo os Pressupostos teóricos; a Metodologia da coleção;
as Reflexões sobre tipos de avaliação; as Referências bibliográficas consultadas e recomendadas (com comen-
tários); os Objetivos e justificativas do volume; as Habilidades da BNCC para o 7o ano; o Quadro de conteúdos,
objetos de conhecimento, competências/habilidades da BNCC e planejamento do volume; e as Avaliações do
volume 7 (sugeridas).

4 Referências bibliográficas consultadas e recomendadas 8 Avaliações do volume 7 NÃO ESCREVA


NO LIVRO.

ALBERTI, Verena. Algumas estratégias para o ensino de história e cultura afro-brasileira. In: PEREIRA, Amilcar Araújo; MONTEIRO, 8.1 • Avaliação da unidade 1
Ana Maria (org.). Ensino de História e culturas afro-brasileiras e indígenas. Rio de Janeiro: Pallas, 2013. p. 53.
O capítulo escrito por Verena Alberti provoca a reflexão sobre o ensino da história das relações raciais com base na literatura
sobre o tema. A autora afirma a importância de mostrar que a história da população negra vai além da escravidão, da pobreza ou
1. Atualmente, existem 193 países, cada qual com suas fronteiras delimitadas. Mas nem sempre foi assim,
da submissão. pois nem sempre existiram países como conhecemos hoje. Indique a seguir a forma predominante de
organização da Europa Ocidental durante a Alta Idade Média (entre os séculos XI e XV) e explique os
ALEGRO, Regina Célia. Conhecimento prévio e aprendizagem significativa de conceitos históricos no Ensino
erros das demais alternativas.
Médio. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Marília: 2008. Disponível
em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/102251/alegro_rc_dr_mar.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso a) Predominantemente as cidades-Estado.
em: 12 jul. 2022. b) Os impérios liderados pelos egípcios.
Embora a pesquisa seja com estudantes do Ensino Médio, as reflexões sobre aprendizagem significativa e sobre conhecimentos
c) Os feudos, unidades territoriais autossuficientes.
prévios para novas aprendizagens são pertinentes à educação como um todo.
d) As poleis gregas.
BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-
e) O Absolutismo liderado por Luís XIV da França.
-prática. Campinas: Papirus, 2012.
Diversos autores analisam práticas pedagógicas, tanto na educação básica como no ensino superior, relacionadas à aplicação 2. Todas as pessoas e as empresas pagam impostos ao governo. O dinheiro arrecadado é usado para financiar
das metodologias ativas.
obras e serviços públicos. Muitas vezes, na necessidade de aumentar sua arrecadação, os governos criam novos
BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico- impostos ou aumentam o imposto já existente. O texto a seguir, do historiador Jacques Le Goff, nos mostra
-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. (Série Desafios da Educação). Disponível em: https://curitiba.ifpr.edu.br/wp-content/ que práticas assim também existiam na Idade Média. Leia o trecho a seguir e responda ao que se pede.
uploads/2020/08/Metodologias-Ativas-para-uma-Educacao-Inovadora-Bacich-e-Moran.pdf. Acesso em: 23 jun. 2022.
Versão digital da coletânea publicada em 2012.
“Para fazerem face às despesas novas e consideráveis de investimento e funcionamento, as cidades
BERGMANN, Jonathan; SAMS, Aaron. A sala de aula invertida: uma metodologia ativa de aprendizagem. Tradução: eram em geral autorizadas pelo poder real ou senhorial a operar coletas, ou seja, a recolher antecipada-
Afonso Celso da Cunha Serra. Rio de Janeiro: LTC, 2016. mente os impostos [...] recolhiam multas, dinheiros senhoriais, taxas para ingresso na burguesia ou em
Os autores apresentam a metodologia da sala de aula invertida como espaço de esclarecer dúvidas, realizar atividades, trocar corporações. Punham à venda escritórios municipais, promoções de militares. Mas todas as receitas adicio-
conhecimentos e fixar a aprendizagem. nais não cobriam as despesas permanentes. [...] As dificuldades para conseguir que o contribuinte pagasse
BEZERRA, Holien Gonçalves. Ensino de História: conteúdos e conceitos básicos. In: KARNAL, Leandro (org.). História na esses impostos, que eram muito impopulares, levava frequentemente as cidades ao endividamento.”
sala de aula: conceitos, práticas e propostas. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2008. p. 37-48. LE GOFF, Jacques. A Idade Média e o dinheiro: ensaio de antropologia histórica.
O capítulo escrito por Holien Gonçalves Bezerra aborda o que os professores devem selecionar e quais conceitos enfatizar na Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. p. 54-55.
elaboração das suas aulas de História.
a) Em última instância, quem detinha o controle das cidades?
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
b) De onde provinha o dinheiro para os investimentos e funcionamento das cidades?
Obra cujo eixo é o programa do curso de Metodologia de Ensino de História na Faculdade de Educação da USP, acrescido de
questões relativas ao ensino de História para as séries iniciais. c) Para ser considerado burguês ou ser aceito em instituições militares, o que era necessário? Essa realidade
beneficiava qual(is) grupo(s) social(is)?
BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício de historiador. Tradução: André Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
Obra clássica da historiografia escrita pelo historiador francês Marc Bloch (1886-1944), esse livro de metodologia da História foi d) O texto aborda uma permanência histórica, que é a cobrança de impostos para funcionamento das cidades.
publicado postumamente, em 1949, com a organização de Lucien Febvre. Faça um parágrafo relacionando a cobrança de impostos e a realidade de seu município na atualidade.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da e) O texto fala que, mesmo com todos os impostos e taxas, as cidades ainda sofriam com o endividamento. Com
República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 25 jun. 2022. base no texto acima, em seus conhecimentos e no que você já estudou em outros componentes curriculares, ex-
A Carta Magna serve de parâmetro para as demais legislações do país. plique o que é o endividamento e justifique quais razões podem levar pessoas ou instituições ao endividamento.

BRASIL. Decreto-lei no 869, de 12 de setembro de 1969. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- 3. A centralização política ocorrida na Europa e que resultou na formação das Monarquias Nacionais (como
lei/1965-1988/del0869.htm. Acesso em: 18 nov. 2019. Portugal e Espanha) deu lugar à política absolutista ao longo do século XVII.
Decreto-lei (atualmente revogado) que criou as disciplinas de Educação Moral e Cívica (EMC) e Organização Social e Política do
Assinale a alternativa que define a política absolutista do século XVII de modo CORRETO.
Brasil (OSPB).
a) Poder do Estado concentrado nas mãos do rei e de sua burocracia, sustentado pelos setores burgueses urbanos.
BRASIL. Lei no 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1o e 2o graus, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 ago. 1971. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ b) Poder dos senhores feudais que comandavam os setores camponeses.
leis/l5692.htm. Acesso em: 25 jun. 2022. c) Poder do rei estruturado na violência e organizado por milícias mercenárias, diretamente ligadas aos setores da
Lei que, durante a ditadura civil-militar, regulou o ensino de 1o e 2o graus, atuais ensinos Fundamental e Médio. pequena nobreza.

LVI LXVIII

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Referências bibliográficas Avaliações do volume 7


consultadas e recomendadas Sugerimos, em cada volume, algumas estratégias avaliativas
A lista de obras comentadas, que serviram de referência (propostas) que podem ser utilizadas em diferentes etapas
para a elaboração deste manual, constitui-se em valiosas do processo de ensino-aprendizagem.
recomendações para o aprimoramento do professor.

VI

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Orientações didáticas específicas do volume 7
As orientações específicas, correspondentes ao Livro do Estudante, são sugestões de estratégias
didático-pedagógicas que buscam auxiliar o trabalho do professor dentro e fora da sala de aula. São
compostas de sugestões de abordagens, textos e atividades complementares, propostas de bibliografia
etc. referentes a cada capítulo.

A BNCC na unidade, no capítulo e nas


duplas de páginas
Indicamos as competências e as habilidades da BNCC trabalhadas
em cada unidade, em cada capítulo e em cada dupla de páginas.

A BNCC NA UNIDADE Texto complementar


O conceito de território
Competências

1
O conceito de território
• Gerais (CG): 1, 3, 5 e 9: trabalhadas com UNIDADE vincula-se à categoria po-

DIEGO CUPOLO/NURPHOTO/GETTY IMAGES


Membros pró-curdos do Partido Democrático do Povo (HDP)
os estudantes à medida que analisam a participam do quarto congresso provincial de seu partido, em der, porém não apenas ao
formação das monarquias europeias e Izmir, Turquia, 2022. Os curdos são povos originários da região
poder no sentido concreto

TERRITÓRIO
o contexto histórico dos movimentos da Mesopotâmia, onde hoje estão Turquia, Armênia, Síria, Iraque,
Irã e Armênia. Divididos em territórios nessa região, eles não de dominação (poder polí-
sociais, políticos, econômicos e cultu-
rais que fizeram parte da configuração têm um Estado nacional próprio. tico), mas também ao poder
da sociedade europeia, incentivando o
desenvolvimento de habilidades como
cooperação e diálogo entre os estudan-
E GOVERNO simbólico, ligado à apropria-
ção de determinados grupos
para com seu espaço de vi-
tes de forma articulada ao estudo das vência (Haesbaert, 2004).
características do período. Sendo o espaço delimita-
• Específicas de Ciências Humanas do por e a partir de relações
(CECH): 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. de poder, o território não se
• Específicas de História (CEH): 1, 2, refere somente aos limites
3, 4, 5, 6 e 7. Ao longo do tempo, diversos grupos político-administrativos es-
Habilidades tabelecidos por linhas ou
com identidades comuns procuraram
• EF07HI01 • EF07HI04 • EF07HI05 marcos divisórios (Souza,
organizar-se e proteger seus valores, suas 2003). Sua abrangência é múl-
• EF07HI07
tradições e seus modos de vida. Uma das tipla, envolvendo diferentes
formas de fazer isso foi a delimitação de espaços e agentes sociais,
Temas Contemporâneos indo desde a ação do Esta-
seus territórios.
Transversais na do delimitando as fronteiras
Ainda assim, nem todos os povos
Unidade que compartilham uma mesma identidade
de um país, por exemplo, até
• Ciência e Tecnologia: presente a definição da abrangência
vivem em um único território. Muitos se dis- espacial das organizações
na página 31, na reflexão sobre
o pensamento filosófico e o uso tribuem em diferentes Estados e outros são comunitárias de bairros, de
da razão relacionados aos pro- itinerantes, sem território definido, como conjuntos habitacionais,
alguns grupos ciganos, os beduínos árabes de ocupações etc.
blemas da sociedade brasileira;
[...] É da necessidade de
e na página 49, ao trabalhar o e os aborígenes australianos. Eles não são
controle sobre o território
desenvolvimento de pesquisa superiores ou inferiores a nenhum outro que emergem as noções de
científica com os estudantes. povo, apenas têm hábitos culturais distintos. fronteiras, manifestando-se
• Multiculturalismo: exemplos Nesta unidade, estudaremos dife- como a expressão espacial
são a página 10, ao abordar a rentes formas de organizar o poder e do uso político do território
existência de diferentes grupos como elas influenciaram a ocupação de (Cataia, 2008).
com identidades comuns, po-
territórios. Também vamos descobrir que SILVA, Marlon Lima
rém com práticas e visões de da; TOURINHO, Helena
mundo opostas; a página 49, ao a formação de cada país aconteceu em
Lúcia Zagury. Território,
propor aos estudantes a produ- dado momento da história e alterou a territorialidade e fronteira: o
ção de uma entrevista sobre as relação das pessoas que ali viviam com o problema dos limites municipais
e seus desdobramentos em
práticas religiosas no Brasil; e o espaço que ocupavam.
Belém/PA. Urbe: Revista
Fechando a unidade, na dis- Brasileira de Gestão Urbana
cussão sobre o significado da (Brazilian Journal of Urban
terra para os povos indígenas. Management), [s. l.], v. 9,
n. 1, p. 96-109, jan./abr. 2017.
• Cidadania e Civismo: como p. 97-98. Disponível em:
exemplos, citamos a página 13, 10 11
https://www.scielo.br/j/urbe/
na atividade em que se discute a/6PymgxZHVysfPDbZBjmGkZJ/.
a importância da democracia; a Acesso em: 16 maio 2022.
página 27, no debate sobre a im- sos de poder; na página 30, 10ao refletir sobre a
D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24.indd Texto complementar 27/06/22 11:59 dades de experimentar padrões na forma
D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24-AV1.indd 11 a produção e verificação de conjeturas,
14/07/22 11:08

portância de mecanismos de importância de conseguir conviver com as dife- visual, auditiva e física, e atribui ainda além da reprodução e extensão e/ou cria-
controle da Justiça na atualidade; renças; na página 32, ao discutir a situação da Explorando padrões grande importância à verbalização de pa- ção de padrões.
as páginas 18 e 33, nas quais mulher no presente; e na página 33, ao levar a Em sala de aula, o trabalho com padrões drões. A autora propõe atividades variadas MAMEDE, Ema; SILVA, Joana. Explorando
se discutem as funções de um reflexão sobre o papel da jovem na sociedade. é um contexto excelente para o desen- com padrões enfatizando a transposição padrões no 6o ano do ensino básico. Saber
bom governo no presente; na • Ciência e Tecnologia: temática discutida na volvimento de conceitos matemáticos e, de padrões para outras formas, a obser- & Educar, [S. l.], n. 20, p. 160-173, dez. 2015.
página 19, ao levar o estudan- paralelamente, permitir preparar os alu- vação de semelhanças e de diferenças, a p. 163. Disponível em: http://revista.esepf.pt/
página 31, na reflexão sobre o pensamento
nos para aprendizagens posteriores, além análise e comparação de padrões, o re- index.php/sabereducar/article/view/181.
te a refletir sobre as formas de filosófico e o uso da razão relacionados aos pro- Acesso em: 28 jun. 2022.
administração das sociedades; blemas da sociedade brasileira. de desenvolver capacidades de resolução forço da progressão da esquerda para a
na página 27, ao tratar de abu- de problemas, raciocínio e comunicação direita, o raciocínio dedutivo, a conexão
[...] Considera que deve haver oportuni- de ideias abstratas com o mundo real,
10 11

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Temas Contemporâneos Texto complementar


Transversais na unidade Nessa seção, são apresentados textos variados,
Seção presente na abertura de todas as unidades, cujos conteúdos auxiliam o professor em sua prática
que articula o trabalho didático da unidade aos pedagógica e complementam informações sobre o
Temas Contemporâneos Transversais. conteúdo abordado no Livro do Estudante.

VII

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Procedimentos didáticos
Nas aberturas de unidade, os procedimentos abrangem orientações sobre o conceito
da unidade e algumas indicações de como as imagens e o texto de abertura podem ser
trabalhados em sala de aula, além de orientações de como mobilizar o conhecimento
prévio dos estudantes. Há procedimentos didáticos indicados para cada página do Livro do
Estudante, com orientações sobre abordagens possíveis para os conteúdos e os conceitos
trabalhados na respectiva página.

PROCEDIMENTOS
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS

ADRIANO KIRIHARA/PULSAR IMAGENS


DIDÁTICOS
Como estratégia de sensibiliza-
Atividades
Diferentes formas
ção sobre o conceito de trabalho,
que será o condutor das discus- 1. É provável que eles comentem
sões desta unidade, incentive a
reflexão sobre a seguinte questão: de trabalho sobre os direitos como férias
remuneradas, 13o salário,
o trabalho é fundamental para seguro-desemprego, licença-
o convívio e o sustento social? -maternidade, aviso-prévio ou
Acolha as contribuições dos estu- Imagine que você seja o único sobrevivente de um naufrágio e esteja sozinho outros. Comente a Reforma
dantes e verifique a ideia que eles em uma ilha. A embarcação em que você estava desapareceu e, com ela, seus com- Trabalhista de 2017 e explique
têm do trabalho e da importân- panheiros. O que você faria para se manter vivo nessa terra desconhecida? aos estudantes que ela trouxe
cia dele na vida social. Ajude-os Certamente, teria de fabricar algumas ferramentas para caçar, cozinhar e arma- diversas perdas de direitos aos
a entender que essa prática social zenar alimentos. Para se proteger do sol e da chuva, precisaria construir uma cabana trabalhadores.
foi organizada de formas dife- ou outro tipo de abrigo. 2. Analise se os estudantes
rentes pelos povos e culturas ao Para tudo isso, você precisaria trabalhar bastante, mas o que caracteriza o trabalho? sabem diferenciar caracte-
longo da história. O trabalho é uma das necessidades básicas do ser humano. rísticas de trabalho livre de
Ao conduzir a leitura do texto outros análogos à escravidão.
de abertura, explique as diferen- Verifique se eles são capazes
ças entre o trabalho assalariado, Indígena da etnia guajajara tece uma bolsa em tear. Aldeia Maracanã, de fazer inferências e iden-
no Rio de Janeiro, 2022.
mais comum nos tempos atuais, e tificar semelhanças entre as
outros tipos de trabalho, como a Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) utiliza um aparelho tecnológico para situações que acontecem na
monitorar mico-leão-preto no Parque Estadual Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP), 2022.
escravidão e a servidão. Garanta cidade ou na região onde
que a turma consiga diferenciar Na sociedade atual, predomina o trabalho assalariado. Mas já existiram outras manei- vivem e mecanismos de tra-
tais modelos de trabalho e cite ras de organizar o trabalho, como a escravização e a servidão. balho análogos à escravidão.
situações na História em que Ressalte que a escravidão é
As pessoas escravizadas eram destituídas de liberdade, pertenciam a seu senhor e
essas formas foram utilizadas. um regime de trabalho proi-
podiam ser vendidas ou trocadas; eram consideradas mercadorias.
bido por lei nos dias de hoje.
Texto complementar A servidão predominou na Europa durante a Idade Média e se caracterizou por laços
de dependência mútua: o servo devia obediência, trabalho e impostos ao seu senhor e,
A construção de
conceitos científicos em troca, o senhor lhe garantia proteção. O servo não era propriedade do senhor, como
era o escravizado.
Para que o educando refli-
ta, invente e passe a construir
os conceitos científicos, é Converse com os colegas e o professor sobre as questões a seguir.
necessário apresentar-lhe
1. No Brasil, os direitos do trabalhador estão assegurados por meio de leis. Você
situações-problema que o
conhece exemplos desses direitos? Se sim, quais?
desafiem a ir além do que Respostas pessoais. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
já domina. Por isso, o pon- 2. Chamamos de situação análoga à escravidão quando as pessoas trabalham
to de partida da aula não sem qualquer direito ou proteção legal, muitas vezes sem receber salário.
é o currículo, [...] mas são Normalmente, são levadas a esses empregos com falsas promessas. Você já
os conhecimentos prévios ouviu falar da ocorrência desse problema na região em que vive? Em caso
que o educando leva para a afirmativo, como é, ou era, esse trabalho?
Respostas pessoais. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
escola [...] [aliado aos] conhe- LUCIANA WHITAKER/PULSAR IMAGENS

cimentos científicos que deve


aprender dentro de cada dis- 142 143
ciplina. [...] O estímulo passa
a existir a partir do momen-
to em que o educando liga o Atividade complementar Destaque as ruas e avenidas do entorno
11/07/22 15:10e a utilização de cartolina, papel
que já sabe com aquilo que vê
AMPLIAR HORIZONTES
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24-AV1.indd 142 14/07/22 13:53 D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24.indd 143

solicite a cada grupo que investigue onde estão kraft ou outro suporte adequado
que pode alcançar [...]. • THOMPSON, Edward Palmer. Costumes em comum: estudos sobre cultura popular tradicional. São Pau- Fazer um estudo do meio os lugares de trabalho mais conhecidos, como à atividade. Por fim, auxilie a
GASPARIN, João Luiz. A lo: Companhia das Letras, 1991. Organize a turma em grupos e, com a ajuda fábricas e comércios, e de trabalho informal. Na turma a perceber as relações
construção dos conceitos No capítulo “Tempo, disciplina do trabalho e o capitalismo industrial”, o historiador investiga as relações en- de um aplicativo gratuito ou site de visualização aula seguinte, peça aos grupos que apresentem de trabalho que caracterizam o
científicos em sala de aula. tre o tempo e o trabalho nas sociedades ocidentais. de mapas e imagens de satélites, identifique com os resultados da pesquisa e anote-os na lousa. espaço geográfico e social onde
Maringá: Universidade Estadual
de Maringá, [20--]. Disponível em: eles a localização da escola. Essa é uma opor- Com as informações, os estudantes podem a escola está localizada.
http://docplayer.com.br/22216197- tunidade de trabalhar com grupos grandes realizar a confecção coletiva de um mapa dos
A-construcao-dos-conceitos-
cientifcos-em-sala-de-aula.html.
de estudantes. pontos de trabalho pesquisados. Recomende
Acesso em: 20 jul. 2022.
142 143

D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-C06-MPU-G24.indd 142 20/08/22 17:52 D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-C06-MPU-G24.indd 143 20/08/22 17:52

Ampliar horizontes Atividades


Boxe que apresenta sugestões de sites, livros, Respostas de atividades
jogos digitais e vídeos, indicadas para os e/ou complementos referentes
estudantes e o professor, que contextualizam ao Livro do Estudante, que
um tema ou um conceito estudado. contribuem para o detalhamento
ou a assimilação de algum tema.

VIII

D3-HIST-F2-2108-V7-MPG-001-019-iniciais-G24.indd 8 29/08/22 12:00


A BNCC NESTA DUPLA PROCEDIMENTOS
• CECH 1, 3, 6 e 7: abordadas na pro­ DIDÁTICOS
blematização do navio negreiro como Auxilie a turma a relacionar o
instrumento de violência do processo O NAVIO NEGREIRO Da África para a América
aumento na demanda por escra-
escravocrata; e no uso de documen­ Como era a viagem dos africanos escravizados para a América? O documento a seguir A ilustração que tomamos como imagem condutora foi publicada pela primeira
tos históricos para análise. vizados às mudanças nos navios.
pode nos ajudar a refletir sobre isso. Trata-se de uma ilustração de autoria desconhecida pu- vez em 1830, ano em que o governo da Inglaterra já havia proibido o tráfico negreiro e
• CEH 1, 3 e 5: enfocadas no estudo de Explique a eles que, ao longo dos
blicada em 1830 no livro que o religioso inglês Robert Walsh escreveu a respeito do período pressionava o Brasil a fazer o mesmo.
documentos sobre os mecanismos de séculos, à medida que o Brasil
que passou no Brasil. Provavelmente, o autor da ilustração tinha a intenção de denunciar as condições
deslocamentos dos escravizados; e na se tornava um grande produtor
identificação do navio negreiro como O que vemos na imagem é a planta de um navio negreiro, nome dado aos navios degradantes em que as pessoas eram transportadas da África para a América. De acordo
de açúcar e café para o mercado
veículo e como representação das re­ que transportavam os escravizados da África à América. O desenho do navio foi feito em com o desenho, o lugar do navio onde os escravizados ficavam tinha apenas 1 metro de internacional, a demanda por
lações de poder do período. altura, o que os impedia de ficar em pé.
ângulos diferentes. Na parte superior, temos um corte longitudinal (ou vertical), que mostra mão de obra aumentava. Assim,
• Habilidades EF07HI14 e EF07HI15: Os navios negreiros não eram todos iguais, e as embarcações passaram por várias
presentes na abordagem do processo o interior do navio. Na parte inferior, o navio aparece visto de cima. o Brasil e outros produtores de
mudanças. Nos primeiros navios usados para o tráfico, ainda no século XVI, os escravizados açúcar e café, ao exigirem mais e
de deslocamento, dos instrumentos
IMAGEM CONDUTORA eram obrigados a viajar nos porões, com os barris de água e os mantimentos.
utilizados e dos problemas envolvidos mais trabalhadores, contribuíram

BRIDGEMAN/FOTOARENA
nas dinâmicas escravocratas no perío­ A partir de meados do século XVII, as embarcações ganharam mais andares, che- para a transformação da estru-
do abordado. gando a ter três compartimentos. Mesmo com todos os avanços da engenharia náutica, tura dos navios negreiros, que se
as condições de transporte dos escravizados sempre foram péssimas. tornaram maiores e com piores
PROCEDIMENTOS (péssimas) condições de sobre-

MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA AMERICANA, WASHINGTON, DC, EUA


DIDÁTICOS vivência para os escravizados.
E x plique que, desde o
Enfatize que a imagem de
século XVIII, o tráfico e a escra-
Robert Walsh, na página 172,
vidão causavam horror a muitas
mostra que os traficantes bus-
pessoas e crescia a adesão à
cavam colocar o maior número
causa abolicionista, fosse pelo
possível de escravizados africa-
fim da instituição da escravidão,
nos dentro do navio negreiro,
fosse pelo fim do tráfico. Esse
pois sabiam que muitos deles
movimento foi mais acentuado
morreriam durante a travessia. A
na Inglaterra, que, cabe ressal-
superlotação dos navios servia, Seções de um navio negreiro, litografia do livro Notícias do Brasil (1828-1829),
tar, passava por um processo de
então, para manter os lucros dos de Robert Walsh (1772-1852), 1830.
industrialização e via no mercado
traficantes. Na ilustração, notamos que
africano um potencial econô-
É importante sensibilizar os no porão estão armazenados
mico. Relacione o aumento dos
estudantes em relação à violên-
BRIDGEMAN/FOTOARENA

vários barris de água, e logo opositores ao tráfico à imagem


cia existente tanto na própria acima há um compartimento indicada na página 173.
escravidão quanto no tráfico de repleto de pessoas. Interessado
escravizados, como parte da pro- em mostrar como acontecia o
moção dos direitos humanos, do
transporte dessas pessoas, o
combate a todo tipo de vio-
autor do desenho se preocupou
lência, do incentivo à empatia e
em fazer também um detalhe
à construção de uma sociedade
Compartimento do porão do navio – detalhe da litografia
ampliado desse compartimento. Reprodução contemporânea do interior de um navio negreiro baseada
justa e democrática (desenvol-
Seções de um navio negreiro. em documentos históricos.
vendo, assim, a Competência
Geral 9). 172 173

Atividade complementar negreiro (disponível em: https://pt.m.wikipedia.


D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24.indd 172 pesquisar informações complementares em 04/07/22 13:04 Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24.indd 173 dos traficantes de escravizados e as condições
04/07/22 13:04 de a abolição do tráfico e da
org/wiki/Ficheiro:Kenneth_Lu_-_Slave_ship_ textos historiográficos e mídias diversas, como degradantes dos navios. O objetivo do texto é escravidão ser uma maneira de
Navio negreiro model_(_(4811223749).jpg; acesso em: 26 publicações impressas e/ou digitais. Ao final, Escrever uma manchete convencer os leitores do jornal a se posiciona- construir uma sociedade mais
Proponha aos estudantes uma jul. 2022). reserve uma aula para que todos partilhem Explique aos estudantes o que é uma man- rem contrariamente ao tráfico e à escravidão. justa e igualitária.
atividade interdisciplinar com Com o professor de Arte, eles podem verificar seus trabalhos com a turma. chete e qual é sua função em um jornal/revista. Para facilitar a atividade, apresente alguns
Arte e Língua Portuguesa. os materiais mais adequados para a confecção Em seguida, proponha que escrevam manche- argumentos da época nos quais os ativistas se
Organize a turma em grupos da maquete. Depois, com a ajuda do professor tes para um jornal abolicionista. Solicite-lhes um baseavam, tais como: a defesa da humanidade
e forneça-lhes a imagem que de Língua Portuguesa, cada grupo produzirá título bastante convincente e a redação de um dos africanos, a condenação do aprisionamento
servirá de modelo para a cons- um relato de viagem do ponto de vista de um parágrafo curto, denunciando os altos lucros de uns em razão da ganância de outros, o fato
trução de uma réplica de navio personagem do navio. Para isso, eles podem
172 173

D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-C07-MPU-G24.indd 172 20/08/22 20:07 D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-C07-MPU-G24.indd 173 20/08/22 20:07

Atividade
complementar Revolta em Vila Rica
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Pergunte a eles se teriam

Seção com propostas de As casas de fundição foram criadas em 1719 pelo governo português para
controlar a produção de ouro na colônia. Todo o metal extraído das minas deveria
alguma hipótese para a diferença
de tratamento entre os líderes da
Revolta de Vila Rica: Pascoal da
atividades extras, como jogos, ser levado a essas casas para ser fundido (derretido) e transformado em barras de
tamanho padronizado, gravadas com o selo real.
Silva Guimarães e outros revol-
tosos foram presos, e suas casas
pesquisas, entrevistas e sugestões A criação das casas de fundição revoltou a população das Minas Gerais. Em 1720,
um grupo de mineiros se reuniu em Vila Rica para reivindicar o fim dessas casas
incendiadas, mas o único con-
denado à pena capital foi Filipe
de trabalhos interdisciplinares. e dos postos de fiscalização nas estradas, além do perdão por atos de rebeldia. O
fazendeiro Pascoal da Silva Guimarães e o tropeiro Filipe dos Santos Freire foram os
dos Santos.
Ainda que todos fossem con-
principais líderes do movimento. siderados súditos da Coroa, a
O governador, Pedro de Almeida Portugal, conde de Assumar, simulou aceitar posição social de uma pessoa
as reivindicações, mas, assim que a população se acalmou, mobilizou as tropas dos poderia definir qual tratamento
Dragões Reais e invadiu Vila Rica, prendendo os principais líderes do movimento e receberia do governo. Se achar
incendiando suas casas. Filipe conveniente, questione se existe
ROMULO FIALDINI/TEMPO COMPOSTO

dos Santos, um dos poucos essa diferenciação em relação ao


revoltosos de origem popular, contexto atual em situações de
foi o único condenado à forca. justiça ou de reivindicação
Ele foi esquartejado e teve de direitos.
pedaços do corpo expostos
pela cidade. Esse movimento
rebelde ficou conhecido como
Revolta de Vila Rica ou Revol­
ta de Filipe dos Santos.
O castigo dado a Filipe dos
Santos era conhecido como

Proposta de avaliação
punição exemplar.

Punição exemplar: esquartejamento


do corpo e a exibição de suas partes
seja matematicamente possível.
Nessa seção, apresentamos sugestões de
pela cidade. Tinha como função inibir
os demais moradores da colônia a
agir de maneira semelhante.
Passo 3: finalizadas as tabelas,
os grupos deverão apresentar
avaliações (simples e breves) que podem seus cálculos uns aos outros e,
de forma colaborativa, estimarão

contribuir para o processo de análise dos Lingotes de ouro produzidos


nas casas de fundição em Minas
Gerais para evitar o contrabando
um valor de “salário” e a quan-
tidade (um número) necessária
de contribuintes para a manu-
estudantes para as práticas pedagógicas.
e cobrar o quinto estabelecido
pela Coroa portuguesa. As barras tenção dos gastos (conscientes e
foram produzidas no século XVIII.
planejados) do Estado. Passo 4:
245 questione-os: as tabelas indicam
a necessidade de contribuição
para manutenção dos investi-
mentos do Estado? Ao mesmo
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24.indd 245 o desenvolvimento das potencialidades 07/07/22 dos
15:25
tempo, o Estado apresenta coe-
Como parte do processo de avaliação, estudantes.
rência e planejamento para com
organize a turma em grupos e verifique quem Passo 1: peça-lhes que releiam a página 244,
seus contribuintes?
gostaria (na atividade) de representar a posição atentando para os tributos existentes no país, e Espera-se que os estudantes
de “cidadão/contribuinte” e quem gostaria estimem o total de investimentos que o Estado observem que o tributo é neces-
de representar o “Estado”. Em seguida, apre- deve realizar com essa arrecadação. Passo 2: sário, mas deve ser pensado
sente as etapas da atividade e auxilie em caso cada grupo deve criar uma tabela de tribu- proporcionalmente ao salário
de dúvidas. A avaliação visa contribuir para tos, investimentos e valores. Nesse momento, do contribuinte e deve ser inves-
a diversificação das propostas de ensino e é interessante que seja conferido se existe um tido de forma responsável pelos
aprendizagem, propiciando a participação e equilíbrio entre os valores para que a atividade que administram o Estado.
245

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24.indd 245 20/08/22 21:28

IX

D3-HIST-F2-2108-V7-MPG-001-019-iniciais-G24.indd 9 29/08/22 12:00


INTRODUÇÃO
A coleção é composta de quatro volumes destinados ao 6o, 7o, 8o e 9o ano do Ensino Fundamental, e está funda-
mentada nos princípios da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), de modo que cada volume se organiza em quatro
unidades conceituais, dedicadas a um ou mais conceitos-chave:
• 6o ano: Técnicas e tecnologias • Civilizações • Política • Diversidade.
• 7o ano: Território e governo • Tolerância • Trabalho • Deslocamentos populacionais.
• 8o ano: Igualdade • Liberdade • Nação e nacionalismo • Terra e meio ambiente.
• 9o ano: Cidadania • Violência • Meios de comunicação de massa • Equidade.

Esses conceitos-chave foram definidos considerando sua relevância e pertinência, de modo a possibilitar aos estudan-
tes a compreensão do mundo em que vivem com base nos diferentes contextos trabalhados nos capítulos que compõem
cada volume. Assim, a perspectiva cronológica adotada nesta coleção se relaciona de maneira integrada tanto com os
conceitos-chave de cada unidade quanto com as competências e habilidades estabelecidas pela BNCC.
Para tanto, os conteúdos e as atividades propostos na coleção têm por base processos de ensino-aprendizagem
que valorizam, entre outros elementos, o protagonismo do estudante e a associação entre a História estudada no livro
e o cotidiano vivido na prática. Dessa forma, consideramos o desenvolvimento das competências e habilidades (tanto
cognitivas como socioemocionais) dos educandos voltadas para a educação integral.
Assinalamos ao professor, em todos os volumes e em todas as suas respectivas unidades e capítulos, de que forma
conteúdos e atividades se entrelaçam com as premissas da BNCC. Essa articulação se mostra presente nas seções A BNCC
na unidade, A BNCC neste capítulo e A BNCC nesta dupla (em alguns casos, A BNCC nesta página). Desse modo,
o professor terá à disposição um mapeamento completo das formas pelas quais a BNCC está presente e articulada em
todos os conteúdos da coleção.
De maneira a sintetizar a nomenclatura, na parte específica deste manual, as Competências Gerais recebem a sigla
CG; as Competências Específicas de Ciências Humanas levaram a sigla CECH; as Competências Específicas de História,
CEH; já as habilidades permaneceram como estão na BNCC.
Como exemplos, verifique a seguir de que modo citamos e detalhamos a articulação entre conteúdo e BNCC neste manual:

A BNCC NESTA UNIDADE A BNCC NESTE CAPÍTULO A BNCC NESTA DUPLA


Competências Competências • CECH 1, 2 e 4: abordadas ao fazer

4
TULO

3
• Gerais (CG): 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 UNIDADE • CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
com que os estudantes compreen-
SURGE O ISLAM
e 10: são trabalhadas com os estu- • CEH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. O ISLAMISMO E OS
dam a existência de visões e modos
de vida diferentes entre as sociedades
dantes problematizando o processo Habilidades
REINOS AFRICANOS Até o século VII, os d

DESLOCAMENTOS
de expansão colonial e compreenden- e identifiquem nos hábitos e costumes
• EF07HI02 • EF07HI03 determinada área ou oás
do o movimento de interiorização da elementos políticos e sociais impor-
tantes na formação cultural dos povos. a partir da junção de ant
colônia no contexto da exploração au- A BNCC NESTA DUPLA
rífera na América portuguesa, o que
os incentiva a exercer o diálogo e a POPULACIONAIS
• CECH 1, 2, 3 e 7: abordadas na análise
de fatos históricos e das transformações
• CEH 1, 2, 4 e 6:
OBJETIVOS DEtrabalhadas
APRENDIZAGEMà medida
que os estudantes são estimulados a
tas, ou seja, cultuavam
acreditavam que seres se
cooperação. À medida que analisam decorrentes das práticas de grupos e in- compreender a historicidade
• Compreender a origemdosdafatos Um dos
religião islâmica e seu processo demaiores
expansão. cent
o processo e compreendem as carac- divíduos no tempo e no espaço; e no apresentados
• Conhecerealguns
problematizam as di-
reinos africanos. a cidade de Meca (confira
terísticas e fragilidades intrínsecas às uso de linguagens variadas para ampa- ferentes visões de mundo e atuações
• Identificar o legado dos povos bantos e iorubásforma de cubo
na sociedade (Ka'bah, e
brasileira.
interações entre grupos e indivíduos, rar a reflexão sobre os temas. políticas, sociais e religiosas dos gru-
tanto no período estudado quanto no • CEH 1, 2, 4 e 5: trabalhadas fazendo pos sociais estudados. Outro objeto de culto na
presente, incentivam-se o desenvolvi- os estudantes identificarem as diferen- O islamismo • Habilidade EF07HI03:que
é a religião enfocada
mais quan-
cresce no mundo e, de acordo com pesq
mento de ações pessoais e coletivas
Deslocar-seçasde existentes
um lugarentre aspara
características recentes, hojedo o estudante
conta com maisidentifica os principais
de 1,8 bilhão de adeptos. Os países com o maior nú
solidárias, éticas e inclusivas. de vários povos e as influências cons- aspectos envolvidos na constituição
outro é algo constante na história da de islâmicos encontram-se na Ásia: Indonésia, Paquistão, Índia e Bangladesh. A Á
• Específicas de Ciências Humanas truídas ao longo do tempo. do islamismo e as características das
(CECH): 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. humanidade. Os motivos são variados. também abriga países com
sociedades grande quantidade de muçulmanos, entre eles, Nigéria,
africanas.
• Habilidade EF07HI03: enfocada à
• Específicas de História (CEH): 1, 2, Entre os séculos medida
XVII e queXVIII, houveaum
se mobiliza turma a com- Argélia e Marrocos.
3, 4, 5, 6 e 7. grande deslocamento
preenderpopulacional na
as origens históricas e as Essas informações evidenciam a importância do islamismo para se compreen
Volume 7, parte
PROCEDIMENTOS específica,
Habilidades características
América, no interior das sociedades
da colônia portu- africanas. mundo contemporâneo. Além disso, a religião é um elemento importante para se an
unidade 2, capítulo 3,
AYMAn ZAID/sHUTTERsToCk.CoM

• EF07HI02 • EF07HI09 • EF07HI10 guesa. Nesta unidade, conheceremos


DIDÁTICOS
tanto a história dos povos árabes como a de muitos povos africanos desde o sécul
• EF07HI11 • EF07HI12 • EF07HI13 Volume 7, parte específica, página 68.
os resultados PROCEDIMENTOS
desses deslocamentos, Foi a partir desse períodoosque
Leia com estudantes
a religiãoo islâmica
con- começou a se disseminar pelo conti
• EF07HI14 • EF07HI15 • EF07HI16 unidade 2, capítulo 3,
DIDÁTICOS
como a contribuição para a expansão africano e ateúdo marcar daprofundamente
página 68 paraaabordar cultura e o modo de vida de muitos povos lo
página 66.
dos domínios de Antes
Portugaldenainiciar
América e Neste capítulo,o nascimento conheceremos da religião islâ-do islamismo e como essa religião se esp
a origem
Temas7,Contemporâneos o trabalho
Volume parte específica, a colonização com
do interior do território, pelo mundo. mica.
Também Informe que Maomé
estudaremos era iorubá e banto, que ocuparam regiõ
as culturas
Transversais na unidade o capítulo, pergunte aos Em 613, um comerci
unidade 4, página 208. hoje pertencente ao Brasil.o que eles conhecem
estudantes onde vieramum comerciante
muitos africanos que, por influên-
escravizados para o Brasil.
• Economia: presente ao se cia do judaísmo e do cristianismo, religiosos. Maomé dizia t
X
sobre a religião islâmica e seus MD MAnIk/soPA IMAGEs/LIGHTRoCkET/GETTY IMAGEs
tratar da agricultura familiar começou a pregar a crença em da mesma forma
Fiéis que pa
muçulmanos
atualmente, na página 215; e praticantes no Brasil, e registre celebram o fim do
que significa “deus”).
um único Deus. Destaque as jejum praticado du
ao discutir a presença femi- as respostas na lousa em uma Comogrande
Ramadã, poder
origens no Oriente e as rela- em fren
nina no mundo do trabalho coluna. Depois, exiba um trecho à mesquita
mente milhares dedesegu
Bait
ções entre as principais religiões
na página 241. A educação da reportagem indicada aqui Mukarram, em Dac
monoteístas da atualidade. de islã, que significa2021.
Bangladesh, “sub
fiscal é discutida no estudo na seção Ampliar horizontes,
Além dessa característica, é islamismo, que designa
do processo de cobrança
D3-HIST-F2-2108-V7-MPG-001-019-iniciais-G24.indd 10 de a seguir, que aborda o cresci- 29/08/22 12:00
O Ramadã é o eve
preciso lembrar que Maomé era seguidores são conhecid
ORGANIZAÇÃO DA COLEÇÃO
Abertura da unidade
Quatro páginas compostas de textos e imagens introduzem o conceito a ser estu-
dado por meio de estratégias de antecipação, de sensibilização e de problematização
do eixo conceitual, com linguagem atrativa e compreensível, mas com rigor histórico.
Apresentam também atividades direcionadas para a valorização do conhecimento prévio
dos estudantes.

P
OU/NURPHOTO/AF
NICOLAS ECONOM
4
UNIDADE
S
DESLOCAMENTO
POPULACIONA IS

r para
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Des loca r-se
história da
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XVII e XVIII, hou
Entre os séculos ional na
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América, no inte heceremos
unidade, con
guesa. Nesta mentos,
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Refugiados foge ruiu o
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Moria (um dos
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208 08-233-U4-CAP
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209
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05/07/22 14:05 D3-HIST-F2-21

O direito de D3-HIST-F2-21
08-V7-208-233-
U4-CAP9-LA-G
24.indd 208

ir e vir Os deslocamento
contribuem para
s populaciona
is, ao colocar em
a troca de expe contato povos
quem recebe riências e o enri de diferentes cultu
os migrantes. quecimento cultu ras,
mentos e inve Hábitos alimenta ral de quem mig
ntos acompan res, maneiras ra e de
Se você pergunta ham os migrant de falar, músicas
r aos seus fam ou países. Às es em seus desl , comporta-
iliares, vizinhos vezes nem perc ocam ento
é possível que parte do noss ebe mos como as s para outras regi
alguns digam e amigos de o cotidiano. referências cultu ões
o país ou o mun que vieram de onde eles são, rais de outros
icípio em que outros locais. povos fazem
vive para morar Quando alguém
pessoas que pass em outro luga deixa
am a viver em r, diz-se que mig
Os motivos que um novo país são cham rou. As
levam uma pess adas de imigrant
busca por mel oa a deixar seu es.
IMAGES

hores condiçõ local de origem


perseguição polít es de vida e de são variados:
DEK/AFP/GETTY

ica ou religiosa trabalho, fuga


e problemas natu motivada por
A chegada ao rais, como a seca guerra,
novo local nem .
uma série de sempre é fácil
ATTILA KISBENE

desafios para . O migrante ou


de falar e de se adaptar, por imigrante enfr
se comportar, exem plo, à nova alimenta enta
imigrante torn ao clima etc. ção, ao modo
a-se alvo de atitu Além disso, mui
des preconceituo tas vezes, o mig
sas e de discrimi rante ou
nação.
P
GUILLERMO ARIAS/AF

Centro Olímpico
de Budapeste,
refugiados da
Guerra da Ucrâ Hungria, transformado em
nia, 2022. centro temporár
io de ajuda para
Converse com
os colegas e
o professor sobr
1. Identifique e as questõe
quantos estu s a segu ir.
e quantos vier dantes da turm
am de outra a nasceram no
Vista aérea de outro lugar mud região. Procure município em
migrantes hond saber por que que vivem
Unidos, 2018. urenhos que atra Resposta pesso aram de cida os que vieram
de.
vessam o sul
do México em 2. Você conheceal. Consulte comentários adicionais de
No mesmo perío direção aos Esta alguém que veio nas Orientações
do, dos dessa pessoa de outro país didáticas.
temporários enqu o governo do México ofereceu – como o idio
ma, o modo
ou de outro esta
do? Que aspe
anto os imigrante assis costumes, o
s da América Cent tência médica, educação e acess Resposta pesso comportamento – indicam
de falar, os háb ctos
ral permanecessem o a empregos itos alim entares, os
210 em dois estados
do sul. 3. Você já teveal. que ela é de
outra região?
que mudar de
ao começar bairro, cidade
ou país? Nes
Resposta pesso a estudar em uma nova se caso, com
o se sentiu
al. Consulte come esco
ntários adicionais la?
nas Orientações
D3-HIST-F2-21 didáticas.
08-V7-208-233-
U4-CAP9-LA-G
24.indd 210

05/07/22 14:05
211
D3-HIST-F2-21
08-V7-208-233-
U4-CAP9-LA-G
24-AV3.indd
211

16/07/22 14:25

Na segunda dupla da abertura de cada unidade, sempre há questões propostas aos estudantes que buscam
dialogar com situações do cotidiano ou do mundo contemporâneo (contextualização), nas quais os estudantes podem
verificar a presença do conceito apresentado e, com isso, discutir algumas características dessas situações, evidenciar
conhecimentos prévios e construir uma experiência escolar significativa.

XI

D3-HIST-F2-2108-V7-MPG-001-019-iniciais-G24.indd 11 29/08/22 12:00


Capítulos
As aberturas dos capítulos problematizam o conteúdo

7
LO
CAPÍTU
que será estudado, relacionando-o a algum fato ou acon- A ES C R AV IDÃ
tecimento da atualidade (contextualização). O objetivo é A FR ICA N A O
mobilizar e sistematizar o conhecimento prévio dos estu-
dantes, motivá-los para o estudo e auxiliá-los a identificar OB JE TIV OS DE
AP RE ND IZA GE M
• Compree
diferenças e semelhanças, bem como mudanças e perma- chegada do
nder a difere
s europeus.
nça entre a
escravidão na
África antes
• Caracteriza e depois da
nências no presente e no passado. • Discutir o
r o uso da mã
preconceito
o de obra de
pessoas de orig
e a discrimina em africana no Bra
ção no Brasil sil colonial.
contemporân
No Brasil atu eo.
al, mu
itas pessoas
e homens são são submetid
constantem as a trabalho
documento ente vigiados s degradante
s são confisca e proibidos s. Mulheres
salário mínim do s pelos patrõ de sair do loc
o vigente no es, e o salári al de trabalho
pa ís. o – quando . Seus
Pessoas que existe – é inf
enfrentam ess erior ao
escravidão as condições
. O gráfico são tra ba lhadores em
Ministério do desta págin
Trabalho ne a mostra o situação an
ssa situação número de áloga à
trabalhadores
Objetivos de
A mão de ob nos últimos resgatados
ra escrava vig anos. pelo
Neste capítu orou legalm
lo, vamos est en te no Brasil en
trabalho ao udar a escrav tre os século
aprendizagem à escravidão
qual eram sub
e a participa
metidas. Vamo
ção desses
idão, desde
s conhecer tam
a captura de
bém algumas
s XVI e XIX.
pessoas na Áf
rica até o
trabalhadores formas de res
Trabalho na formação istência
O boxe Objetivos de (2015-202
análogo à
1)
escravidão MINISTÉRIO
PÚBLICO DO
TRAB
da sociedade
brasileira.
ALHO. SERG

aprendizagem, presente em
IPE
Trabalhado
res
resgatado
s
2 000

SONIA VAZ
todas as aberturas de capítulo, 1 500

expõe os conteúdos a serem 1 000

desenvolvidos naquela etapa, 500

como uma maneira de engajar 0


15 16
20 20 17 18
20 19
os estudantes no próprio pro- Fonte: PAI
NEL de Info
20
Ano
20 20
20
20
21

rmações e
cesso de aprendizagem. Trabalho no
[S. l.], [2018] Brasil. Portal
. Disponível
Estatísticas
da Inspeçã
em: https:/
da Inspeçã
o do Trabal
/sit.trabalh
o do
ho.
Trabalhadore
s
condições aná resgatados em
radar/. Ace
sso em: 22
o.gov.br/ em plantação logas à escravidão,
no município de cana-de-açúcar,
maio 2022.
168 de Maruim
(SE), 2022.

D3-HIST-F
2-2108-V7-16
8-186-U3-CAP
7-LA-G24.indd
168

04/07/22 13:04

O NAVIO NEGREIRO
Texto principal e imagem condutora
Como era a viagem dos africanos escravizados para a América? O documento a seguir Com linguagem clara e adequada à faixa etária dos estu-
pode nos ajudar a refletir sobre isso. Trata-se de uma ilustração de autoria desconhecida pu-
blicada em 1830 no livro que o religioso inglês Robert Walsh escreveu a respeito do período
dantes, o conteúdo é organizado de maneira cronológica, mas
que passou no Brasil.
O que vemos na imagem é a planta de um navio negreiro, nome dado aos navios
em permanente diálogo com outras temporalidades, por meio
que transportavam os escravizados da África à América. O desenho do navio foi feito em de seções, boxes, atividades e imagens que buscam entrelaçar
ângulos diferentes. Na parte superior, temos um corte longitudinal (ou vertical), que mostra
o interior do navio. Na parte inferior, o navio aparece visto de cima. as múltiplas esferas das sociedades, como a política, a econo-
IMAGEM CONDUTORA mia, o cotidiano e a produção cultural. Além disso, são traçadas
BRIDGEMAN/FOTOARENA

relações entre a História e as outras áreas do saber, envolvendo


questões relacionadas à pluralidade cultural, à formação cidadã,
ao meio ambiente, à saúde e ao combate a todo tipo de violên-
cia. Com essa abordagem, acreditamos que, gradualmente, o
estudante pode compreender que, embora cada área tenha sua
especificidade, o conhecimento não é algo compartimentado.
O fio condutor de alguns capítulos é a imagem condutora,
Seções de um navio negreiro, litografia do livro Notícias do Brasil (1828-1829), que serve de ponto de partida para a estrutura do capítulo.
de Robert Walsh (1772-1852), 1830.
Na ilustração, notamos que
Nessa perspectiva, a imagem deixa de ser somente um com-
no porão estão armazenados plemento do texto. Por meio dessas imagens, apresentamos
BRIDGEMAN/FOTOARENA

vários barris de água, e logo


acima há um compartimento elementos da organização e do modo de viver, pensar e sentir
repleto de pessoas. Interessado
em mostrar como acontecia o das sociedades abordadas. Ao final da leitura de um capítulo, o
transporte dessas pessoas, o
autor do desenho se preocupou
estudante poderá compreender a importância do assunto ou do
em fazer também um detalhe processo demonstrado, adquirir novos conceitos e desenvolver
ampliado desse compartimento.
Compartimento do porão do navio – detalhe da litografia
Seções de um navio negreiro. a própria visão sobre a realidade, assim como se tornar crítico
172 às imagens do passado e também do mundo contemporâneo.

D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24.indd 172 04/07/22 13:04

XII

D3-HIST-F2-2108-V7-MPG-001-019-iniciais-G24.indd 12 29/08/22 12:00


Olho vivo
A seção promove a leitura e a análise de imagens, com ênfase no contexto histórico em que foram
produzidas e nos significados que lhes são atribuídos. Mostra, por exemplo, o caráter ideológico da
produção de obras imagéticas – isto é, como uma imagem aparentemente “neutra” pode ter sido pro-
duzida com o objetivo de transmitir valores, ideologias, convencer pessoas ou consolidar estereótipos.
Em geral, esse modelo de trabalho com recursos visuais:
• desenvolve o exercício de observação e descrição minuciosa da imagem, além de contribuir para a
identificação de personagens, objetos, cenário, iluminação, planos, enquadramento, entre outros
elementos;
• apresenta uma pesquisa sobre a obra, com as informações sobre o autor e as características da
produção (técnicas e materiais usados), do consumo e da preservação, ajudando os estudantes a
compreender melhor a imagem e inseri-la em seu contexto histórico;
• mostra uma interpretação do objeto analisado, considerando seu valor como testemunho de uma
época;
• incentiva os estudantes a emitir comentários e a expressar suas opiniões;
• habilita os estudantes a ver com criticidade as imagens do tempo presente.
Essa seção evidencia ainda como as imagens são resultado de seu tempo, sendo condicionadas
tanto à evolução técnica e científica das sociedades que as produziram como aos propósitos dos seus
autores, entre outros elementos determinantes do seu contexto histórico de produção.

OLHO VI VO
13

OS ORIXÁS 13
13
as manifestações religiosas de alguns povos
Quando os africanos chegaram ao Brasil, 15
e crenças do catolicismo e dos povos indígenas, dando origem
se misturaram com hábitos 3
Uma delas é o candom blé, trazido por pessoas oriundas prin-
às religiões afro-brasileiras.
Nigéria e Benin, como tratamo s há pouco.
cipalmente das atuais 14 14
que, durante uma cerimônia, os orixás podem 10 12
Os praticantes do candomblé entendem -se
14
crente por um filho de santo já iniciado, servindo
ser invocados e se manifestar em algum
os mortais . Cada orixá tem cor, roupas e símbolos específicos. 5
dele para se comunicar com
ção de um quadro da pintora paulista Djanira 6 8
Nesta seção, você vai analisar a reprodu blé,
1
2
9
uma represe ntação artística de um dos rituais do candom
(1914-1979). A obra faz
mais cultuad os no Brasil.
destacando alguns dos orixás
Sua cor 2 Paxorô: cajado de metal
1 Oxalá, orixá criador da humanidade.
oa enfeitado com um pombo 7
é o branco e seu dia é sexta-feira. Segund 4
no alto; símbolo de Oxalá.
tradição, Oxalá foi um rei africano. 11
3
4 Omolu, filho de Oxalá, é o
3 Segundo a tradição, Oxalá vestiu
mais temido dos orixás. Seu MUsEUs CAsTRo MAYA, RIo DE jAnEIRo

roupas femininas para conhecer o , 1957.


dia é segunda-feira e suas Candomblé, Djanira. Têmpera sobre madeira
segredo do Portal da Vida e da Morte,
cores são preto, branco e 12 Abebé, símbolo 13 Tocadores de atabaque,
cujo acesso era permitido apenas às 11 Iemanjá, deusa dos mares e
vermelho. É sincretizado com de Iemanjá, é um também chamados de
mulheres. Descoberto, jamais pôde se oceanos, mãe de todos os
são Lázaro. leque tendo ao alabês. Segundo a crença,
desfazer daquelas roupas. orixás. Seu dia é sábado. É sin-
centro o recorte o som dos atabaques serve
6 Xaxará, feixe de palha cretizada com Nossa Senhora
5 O manto de palha esconde as marcas
da varíola de uma sereia. para invocar os orixás.
vejam e búzios, com o qual o da Conceição da Praia.
do rosto do orixá e impede que as pessoas
tão orixá limpa as doenças e ade máxima do
sua face, pois ele se tornou um ser de brilho 15 Babalorixá ou pai de santo, autorid
os males espirituais. 14 Os atabaques são conside- em as
intenso quanto o sol.
rados entidades poderosas. candomblé, chefe do terreiro onde acontec
jogar os
ncia e prosperidade. Seu dia é quinta-feira
e
O maior dos atabaques é cerimônias religiosas. É o único que pode
7 Oxóssi, orixá da caça, fartura, abundâ búzios, meio pelo qual os orixás transmi
tem suas
é associado a são Jorge. chamado de rum; o menor, seguidores
de lé; e o de tamanho inter- mensagens aos seus filhos, segundo os
10 Oxóssi costuma
8 O ofá (arco e 9 Erukeré, objeto sagrado feito com mediário, de rumpi. do candomblé.
ser representado
flecha) é um rabo de cavalo, boi ou búfalo. Brasil. São Paulo: Edusp, 2004.
com um chapéu Dicionário da escravidão negra no
Elaborado com base em: MOURA, Clóvis.
dos símbolos Segundo a tradição, é usado para orixás, tradições, festas e costumes.
Superinteressante, [s. l.], 31 out. 2016.
de couro. CAMPOLIM, Silvia. Candomblé no Brasil: s-tradicoes-festas-e-costumes/.
de Oxóssi. manejar os espíritos da floresta. Disponíve l em: https://sup er.abril.co m.br/historia/candomble-no-brasil-orixa
Acesso em: 26 maio 2022. 79

78
30/06/22 12:14

89-U2-CAP3-LA-G24.indd 79
30/06/22 12:14 D3-HIST-F2-2108-V7-062-0

A-G24.indd 78
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XIII

D3-HIST-F2-2108-V7-MPG-001-019-iniciais-G24.indd 13 29/08/22 12:00


RAIO X

Raio X VESTÍGIO DE CULTURA


Que vestígio é esse e
MATERIAL
quem o produziu?

A seção desenvolve no estudante a


É uma moringa (vasilh
a de barro para conte
e refrescar líquidos) encon r
trada em uma tumba
no sítio arqueológico
percepção de como o historiador busca Huarmey, no Peru. Essa
El Castillo, na província
moringa foi
de
produzida pela civiliz
informações a respeito do passado, ques-
ação huari
(ou wari), que flores
ceu no
Peru, do ano 500 até
1100.
tiona evidências e desenvolve uma postura Conheceremos mais
sobre
essa civilização a seguir
.
crítica sobre as produções materiais. Auxilia, Como essa moringa
foi
descoberta?
assim, no desenvolvimento de noções sobre

CRIS BOURONCLE/AFP
Dois profe ssore s de
Arque ologia encontraram
os métodos de interpretação documental e fragmentos de tecido e
na região. Acreditando
vasos
que
de produção historiográfica. o local poderia esconder
sítio arqueológico, instala
um
ram
uma câmera fotográfica
em uma
pipa (também chamada
de papagaio,
pandorga etc.) e fizeram
várias fotogra-
fias aéreas. Com base nas
fotos, escolheram um Moringa de barro huari
lugar para escavar e encon com a
traram, em 2012, um representação de uma
pessoa
conjunto de torres, mural veste uma espécie de chapéu que
has e uma sepultura
intacta, com várias câmar saia curta decorada. Perten e uma
as mortuárias. ce à cultura
huari, 500 a.C-1100 a.C.

Pesquisa & Ação


O que o local da desco
berta desse vestígio
A moringa estava em uma suger e?
das câmaras mortuárias,
de cerca de 60 anos, junto ao corpo de uma
sepultada com grande mulher
na posição sentada, vestid suntuosidade. Seu corpo
Ao longo de seus quatro volumes, a coleção procura oferecer opor- o com xale e túnica e foi colocado
frascos, jarras, taças de enfeitado com joias. Ao
cerâmica e vasilhas de lado havia
Os arqueólogos acred prata, entre outro s objetos requintados.
itam que se trata de
tunidades para o estudante ser capaz de compreender, interpretar e deixados em sua home
nagem.
uma rainha huari rodea
da de presentes

120
formular ideias científicas, de maneira contextualizada e, sempre que
possível, ligadas ao seu cotidiano. Nesse sentido, apresenta, ainda D3-HIST-F2-2108-V7-1
12-139-U2-CAP5-LA-G
24-AV2.indd 120

que de modo introdutório, um apoio ao processo de literacia cientí-


14/07/22 19:34

fica dos estudantes, ensinando as diferentes etapas do método científico, tais como definir um problema, propor e testar
hipóteses, e formular conclusões. Também envolve aprender procedimentos e atitudes de investigação, comunicação
e debate de fatos e ideias. A abordagem investigativa deve proporcionar oportunidades para o uso social do que se
aprende, isto é, levá-los a implementar soluções para resolver problemas de sua comunidade.
Por isso, em cada um dos livros, desenvolvemos práticas de pesquisa, criando, assim, possibilidades para o exercício
da investigação científica de fenômenos sociais e problematizando a aplicação de diferentes técnicas e métodos de coleta,
organização e análise de dados. Esse trabalho é feito principalmente na seção Pesquisa & Ação, cujo conteúdo, muitas
vezes, é complementado com a seção Como se faz....

PARTICULAR
2O passo
a pesquisa pode ser feita

MoIsÉs PATRÍCIo/CoLEçÃo
Em qualquer um dos casos,
PE SQUISA & AÇÃ O em meios impressos e
digitais, explorando-se
materiais
go da
livros e revistas do catálo
disponíveis on-line e/ou
Consulte comentários adicion
ais
escolar ou munic ipal. Após o levantamento
biblioteca
DA ARTE nas Orientações didáticas. nar três obras que
ESTUDO DE RECEPÇÃO
selecio
inicial, cada grupo deve
críticas,
das quais apresentam considere significativas.
em suas obras, por meio
Os artistas se expressam em sentimentos aos espec
tadores. Porém,
em reflexões, instigam experiências e expõ de pesso a para
propõ retada varia muito 3O passo
de arte é percebida e interp vão elaborar em uma folha
avulsa
o modo como uma obra de arte acaba adquirindo
sentidos diferentes Nessa etapa, os grupos .
inclusive, uma obra sobre as obras selecionadas
pessoa. Muitas vezes , que as obras se um roteiro de perguntas
iosos do assunto afirmam é o nome do
do artista. Muitos estud Incluam questões objeti
vas, como: “Qual
das intenções originais obra? ”, “Em que ano ela foi
o com o públi co. foco o artista que produ ziu essa
completam nessa relaçã isa tendo como principal localizada?”, entre outras
. As
volver um projeto de pesqu feita?”, “Onde ela está
Nesta seção, vamos desen e de como determinadas
obras rme a expressão artística A Iniciada, Moisés Patríc
io.
Ou seja, faremos uma anális perguntas vão variar confo data.
estudo de recep ção da arte. , músic a, artes visuais etc.). Acrílica sobre tela, sem
pesquisada (poesia, prosa
são receb idas pelo público. ra Djanira analis ado
de arte o quadro da pinto 7O passo
nossa investigação será
O ponto de partida da é a religiosidade afro-brasil
eira,
4O passo Quando todos os grupo
se
vivo, na págin a 79. O tema do quadro . Esse um
é ntas de caráter subjetivo.
Por ndido
na seção Olho participam diferentes orixás Agora, elaborem pergu estudantes tiverem respo
de candomblé em que chamou a sua atenção
nessa
representada em um ritual feitas no Brasil. exemplo: “O que mais em você?”, “Essa a todos os roteiros de
s produ ções artísticas ela despertou com as
tema presente em muita as e sigam obra?”, “Que sentimentos perguntas, as folhas
a-se com cinco coleg ança para você?”, “Há
algo nessa
volvido em etapas. Reún obra traz alguma lembr respostas deverão retorn
ar aos
O projeto será desen ou desgoste?”, “Em sua
opinião,
elabo raram .
obra de que você goste ”. grupos que os
as orientaçõe s. algum apren dizado ? Qual?
1O passo essa obra proporciona Nessa etapa, os grupos
regado arar e avalia r
pRESS

devem comp
Cada grupo ficará encar nças
as semelhanças e difere
DHAVID NORMANDO/FUTURA

de pesquisar determinada 5O passo e


expressão artísti ca. Um em grupo nas respostas, atentando-s
devem ser respondidas
á As perguntas objetivas para questões como : “Em
grupo, por exemplo, poder seguida, as perguntas subjet
ivas
abordem em uma folha avulsa. Em que pontos as interpretaçõ
es
pesquisar poemas que ndida s individualmente pelos integr
antes
temas ligados à religiosidade
devem ser respo
nham as respostas em de determinada obra se
nto, mante pontos
do grupo. Nesse mome aproximaram? E em que
afro-brasileira. Outro fará nciar os colegas de grupo
.
ma
segredo para não influe elas se afastaram?”, “Algu
um levantamento de como ”. Ao
esse tema é abordado
em interpretação foi única?
uma
músicas de diferentes estilos
. final da análise, elaborem
ção das
Um terceiro grupo poder
á conclusão sobre a recep
6O passo
dedica r-se ao estud o de ao próprio roteiro de pergu
ntas, obras de arte escolhidas.
Após o grupo responder
algumas obras literárias
sobre com os demais grupos,
ele deverá compartilhá-lo procedimento
essa temática. idas. O
acrescentando as três obras escolh 8O passo
das obras, as perguntas ntar
será o mesmo: após a análise amente, Por fim, cada grupo vai aprese
serão respondidas coletiv isa por
objetivas de cada roteiro ros os resultados de sua pesqu
individualmente pelos memb
e as perguntas subjetivas, escrito ou oralmente.
ódromo da Marquês uma folha avulsa.
Grande Rio atravessa o Samb os orixás; no alto de cada grupo em
de samba Acadêmicos do
Carro alegórico da escola 2022. A escola homenageou 81
val no Rio de Janeiro (RJ),
de Sapucaí, durante o Carna o de Exu.
a representaçã
desse carro, encontra-se

80 30/06/22 12:14

81
F2-2108-V7-062-089 -U2-CAP3-LA-G24.indd
14/07/22 12:16 D3-HIST-

XIV
80
-U2-CAP3-LA-G24-AV1.indd
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089

D3-HIST-F2-2108-V7-MPG-001-019-iniciais-G24.indd 14 29/08/22 12:00


ISSO...
ENQUAN TO
AMERICA NO
CONTINENTE domínios na Am
érica, outros
DE OLHO NO consolidar seus s no continente.
Espanha buscava

Enquanto isso...
em que a conquistar terra
No período Hola nda , tinh am interesse em (atual Rio de Janeiro)
e
s, como França de Guanabara
reinos europeu se instalar na baía tugueses, que

ceses tentaram ulsos pelos por
Exploradores fran 1612. Con tudo, foram exp ibe, com o os atuais
em Car
Maranhão diversas ilhas do
em 1555 e no
dominavam a
região. Ainda
assim, con quis
Dominicana, além
taram
do território da
Guiana Francesa
adá – como Que
. A part
bec e
ir
Seção que apresenta acontecimentos históricos contemporâneos
a e República ões no atual Can
Haiti, Martinic regi
àqueles estudados ao longo de cada capítulo, trabalhando as noções
para m
ainda ocu
I, os franceses a Orleans.
do século XVI Unidos – em Nov o por 24 ano
s
sul dos Estados deste brasileir
Montreal – e no te do atual Nor e da área ond
e
Os hola nde ses
aram
dominaram par
a coloniza ção de Manhatt
an, ilha que faz part
Estados Unidos
.
de simultaneidade e ampliando a compreensão sobre o tempo
e também inici Nov a Yor k, nos
hoje se encont
ra a cidade de
histórico estudado. São abordados povos, processos, invenções e
nos
ier e dos colo

franceses no
de Jacques Cart
O desembarque adá, 1546. Mapa histórico
Can
rida , de auto
composto
ria desconhecid a
ae descobertas geralmente excluídos do cotidiano escolar, mas nem
ta
em litografia colo olas Vallard, que represen
adquirido por
Nich
chegada dos fran
ceses ao territóri
o do atual Can
adá.
por isso menos importantes. Oferecemos, assim, elementos para o
professor trabalhar a percepção de que não existe uma história linear
e única para a humanidade.

ESQUEMA-RE SUMO
/KEYSTONE BRASIL
BRIDGEMAN IMAGES
CALIFÓRNIA. FOTO:

10
GTON, SAN MARINO,
BIBLIOTECA HUNTIN
CAPÍTULO
A CORRIDA
134 DO OURO
01/07/22 09:55

Descoberta
de
-G24.indd 134 ouro na colô
108-V7-112-13
9-U2-CAP5-LA nia
D3-HIST-F2-2 portuguesa Tensões entr
(fim do século e
XVII) paulistas e não
Governo por paulistas
tuguês
envia militare Guerra dos Emb
oabas
Controle da regiã s (1707-1709)
o das
Grande afluxo minas

Esquema-resumo
de
pessoas para a
regiã
(atual Minas Gera o
is) – Derrota dos
paulistas
– Busca de nova
s terras
nos atuais Mato

Localizados sempre antes da seção Atividades, os esquemas orga-


Grosso e Goiá
s

EXTRAÇÃO
DE OURO E
PEDRAS

nizam visual­mente as principais ideias trabalhadas no capítulo e são uma PRECIOSAS


RESULTADO
S DA
MINERAÇÃO

ferramenta que possibilita a rápida retomada e revisão dos assuntos – Ouro de


aluvião
– Trabalho
escravo – 1720:
– Aumento da
– Ouro de vinda de
abordados. Com isso, espera-se auxiliar os estudantes a refletir sobre os
Revolta de
– Cobrança africanos escra – Colonização
grupiara Vila Rica vizados do interior
de impostos – Negras de tabu – Tropeiros abas
(Filipe dos leiro tecem a
(política nas minas região das mina
Santos) s
conteúdos históricos e fornecer-lhes um recurso pedagógico adicional de
mercantilista) – Formação de
– Alguns escra
vizados vilas e cidades
compram sua na região e nas
rotas de
liberdade tropeiros

estudo e organização das ideias do capítulo. Além disso, a seção é sempre – Crescimento
do comércio

acompanhada de uma atividade própria. Outras regiões


produzem para
da colônia
abastecer
SEGUNDA MET as minas
ADE DO SÉC
XVIII: DECLÍNI ULO
O DA MINERA
ÇÃO
Com base nas
informações
das Minas Gera do esquema
is, sobre a vida , descreva os
na colônia port impactos da
uguesa na Amé descoberta do
Consulte resposta ouro, na atua
rica. l região
esperada nas
Orientações
didáticas.

A teor ia do heliocentrismo tado, e, em seus escrit


os, afirmava 247
astrônomo, como já apon
D3-HIST-F2-2

Ptolomeu também era


108-V7-234-

como geocentrismo (geo,


253-U4-CAP
10-LA-G24-A

rso. Essa teoria, conhecida


V3.indd 247

era o centro do Unive s.


que a Terra Católica durante século
”), foi defendida pela Igreja
em grego, significa “Terra um livro no qual afirmava 16/07/22 14:33

omo Nicola u Copé rnico (1473-1543) publicou


Em 1543, o astrôn são de que
vações o levaram à conclu
o estava errada. Suas obser
que a teoria do geocentrism a Terra que gira em torno do Sol.
A teoria de
torno da Terra, mas
não é o Sol que gira em (do grego helio, que signifi
ca “Sol”).
ada de heliocentrismo (1548-
Nicolau Copérnico foi cham entre eles Giordano Bruno
ado por outros cientistas,
O heliocentrismo foi estud depo is, Galileu Galilei
pela Inqui sição por defendê-lo. Anos
1600), condenado à morte a moderna, provou, com
o uso de
um dos criadores da ciênci
(1564-1642), considerado a correta.
teoria heliocêntrica estav
um telescópio, que a mas, ao contrá rio de Giordano
e torturado pela Inquisição,
Galileu também foi preso publi-
à morte, pois renunciou Telescópio: instrumento
para
Bruno, não foi condenado observação de objetos a longa
distância.
. Some nte em 1992 a Igreja aparelho
camente às suas convicções As primeiras versões desse
u todas as acusa ções feitas ao cientista. foram criadas nos anos 1608
e 1609.
Católica retiro o. Autópsia: procedimento
médico que
ocorreram nesse períod internas e
Outros avanços científicos ica, consiste em analisar as partes
proibida pela Igreja Catól externas de um cadáver.
A prática da autópsia,
intensificou -se, o que possib ilitou aos médicos
mia humana. Além disso,
melho
os
r Óptica
fenôme
:
nos
área da Física
relacion ados
que
à
estuda os
luz. Glossário
conhecimento da anato
IMAGES/EASYPIX BRASIL

-
ibuíram para o aperfeiçoa
estudos de Óptica contr
mento dos óculos, introd
uzidos na Penín sula Itálica Esse boxe apresenta o signifi-
vários
bastante difundidos em
no final do século XIII e cado contextualizado das palavras
LUISA RICCIARINI/BRIDGEMAN

Europ a no século XIV.


lugares da
RENA

que necessitam de definição, con-


ERICH LESSING/ALBUM/FOTOA

forme a faixa etária. Sua ocorrência


SCIENZA. FLORENÇA, ITÁLIA.

no volume é variável.
MUSEO DI STORIA DELLA

Galileu
Telescópio utilizado por
u Galilei, 1633, escola de
O julgamento de Galile em 1610 para a obser vação
a). Óleo sobre tela, fenômenos celestes.
italiana (autoria desconhecid
século XVIII.

42

XV
16/07/22 12:30

42
1-CAP2-LA-G24-AV3.indd
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U

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Atividades
A coleção apresenta atividades contextualizadas, com objetivos e dinâmicas peda-
gógicas variadas. São um instrumento de sistematização e assimilação do conteúdo,
estabelecendo debates, incentivando o trabalho coletivo, a aprendizagem comparti-
lhada e a pesquisa. Contribuem, assim, para a formação do estudante como sujeito
ativo e consciente na construção do próprio conhecimento e na participação no mundo
contemporâneo.
O grau de dificuldade é progressivo, acompanhando o desenvolvimento do estu-
dante. Entre os exemplos dessa premissa, estão as atividades de múltiplas escolhas que
vão aumentando de quantidade e complexidade à medida que o estudante se aproxima
do Ensino Médio.
Além disso, são trabalhadas diversas habilidades necessárias à formação do estudante,
como ler, inferir, interpretar e comparar documentos; elaborar hipóteses; identificar e
discutir conceitos; compreender diferentes interpretações sobre um mesmo fato; com-
parar e identificar diferenças e semelhanças, mudanças e permanências; entre outras.
Em diferentes ocasiões, as atividades promovem o diálogo entre diversas situações
e realidades, e entre áreas de conhecimento, incentivando a interdisciplinaridade. Há
ainda as desenvolvidas para análise e interpretação de variados tipos de documentos
– tanto do presente como do passado – com destaque para a variedade de fontes
utilizadas na escrita da História, cujo objetivo é incentivar a reflexão sobre o trabalho
do historiador.

AT IVIDADE S NÃO ESCREVA


NO LIVRO. 3. O mapa a seguir representa os troncos e
as famílias linguísticas indígenas de 1500
distribuídos no territórioonde hoje é o Brasil. Analise-o atentamente
consulte a tabela e o gráfico com informaç e, em seguida,
1. Analise o mapa Terra ões sobre a demografia dos povos indí-
genas no Brasil atual.
Brasilis , coment ado
1. a) Ambos neste capítulo como
Troncos e famílias linguísticas indígen
reforçam os imagem conduto ra, e as (1500)
relatos daqueles o mapa desta
página, 50° O
que visitaram
SONIA VAZ

feito pelo cartógrafo


a colônia
portuguesa Diogo Homem . Com 0°
Equador
nos primeiros base nos dois documen-
tempos, tos, faça o que se pede.
segundo os quais a América era uma terra exuberante,
repleta de matas, animais variados, muita água e beleza.
1. b) Essas figuras revelam que os portugueses tinham
sentimentos contraditórios: de um lado, acreditavam
que a região parecia um paraíso terrestre cheio de
esplendor, beleza e possibilidades; de outro, sentiam-se
ameaçados e amedrontados diante de um ambiente
tão diferente do europeu.
1. c) A vegetação representada no mapa de Diogo
Homem é mais escassa em comparação à representada
no Terra Brasilis, porém o cartógrafo português deu OCEANO
grande destaque ao Rio Amazonas. No Terra Brasilis, PACÍFICO OCEANO
ATLÂNTICO
por sua vez, há destaque para diferentes espécies Tupi
da fauna local. Em ambos, o pau-brasil é representado. Jê
Trópico de
Capricórnio
Mapa da América do Sul que Arawak
mostra o Rio Amazonas, Karib

indígenas e uma expedição Pano


Elaborado com base em:
ALBUM/FOTOARENA

Tukano
espanhola, produzido por Diogo CUNHA, Manuela Carneiro da.
Outros grupos
Homem e publicado em 1558, 0 340 História dos índios no Brasil.
Fronteiras
no Atlas da Rainha May. atuais do Brasil
São Paulo: Companhia das
Letras, 1992. p. 88-89, 93, 95,
97, 99.
a) O que esses mapas revelam a respeito do
território?
b) O mapa Terra Brasilis traz a figura de um Dados demográficos da população indígen
dragão; já o mapa de Diogo Homem tem um a no Brasil
leão representado no interior do território. O Ano População População
que a presença de um dragão e de um leão indígena/litoral Total
nos mapas revela sobre a ideia que muitos europeus indígena/interior % pop. total
tinham a respeito da América? 1500
c) Quais são as semelhanças e as diferenças 2 000 000 1 000 000 3 000 000
entre a vegetação desenhada? 100,00
1570 200 000 1 000 000
2. Neste capítulo, você estudou que uma das 1 200 000 95,00
principais pautas da luta indígena no 1650 100 000 600 000
século XXI é a não aprovação do Marco Tempora 700 000 73,00
l. Para saber sobre a atual situação 1825 60 000 300 000
desse marco regulatório, pesquise notícias 360 000 9,00
recentes sobre o assunto em jornais de 1940 20 000 180 000
grande circulação. Siga as orientações.Respostas variáveis. Consulte comentário 200 000 0,40
s 1950 10 000
nas Orientações didáticas.
a) Busque descobrir se a ação já foi votada pelo 140 000 150 000 0,37
STF e, caso tenha sido, qual foi o resultado da 1957 5 000
votação. 65 000 70 000 0,10
1980 10 000 200 000
b) Verifique também se houve mobilização social 210 000 0,19
em torno da decisão e a que setores sociais 1995 30 000
ela beneficia. 300 000 330 000 0,20
2000 60 000 340 000
c) Em data combinada, apresente o que descobriu 400 000 0,20
em uma roda de conversa com a turma. 2010 272 654 545 308 817 962 0,26
164
165
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24.in
dd 164
04/07/22 16:02 D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3
-CAP6-LA-G24.in dd 165
04/07/22 16:02

XVI

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Vamos falar sobre...
Na seção Vamos falar sobre..., as atividades traba- VAMOS FALAR SOBRE…
TRABALHO
lham os vínculos entre o conceito da unidade e o texto No Brasil, é comum encon
dos indígenas. Uma dessa
trarmos pessoas que têm
s ideias é a de que eles
ideias preconceituosas
a respeito
são preguiçosos e não gosta
do capítulo. Em geral, relacionam-se com questões do pre-
lhar. Porém, basta conhe m de traba-
cer um pouco a respeito
de pensamento não é dos indígenas para verific
verdadeiro. Em suas aldeia ar que esse tipo
pescam, plantam, colhe s, homens e mulheres indíge
sente, como formação cidadã e direitos humanos. Também m, constroem suas morad
Para fazer uma embarcação ias etc.
, por exemplo, precisam
nas caçam,

rubar uma árvore espec entrar na mata, encontrar


têm como objetivo levar o estudante a questionar valores e modo adequado até a
ífica, tirar da floresta, cortar
embarcação ficar pront
, moldar e queimar a made
a para ser colocada na
e der-
ira de um
exemplos, existem muito água. Além
a rever posições de maneira responsável, ética e coerente. s indígenas que vivem nas desse s
advogados, médicos, entre cidades e trabalham como
outras profissões. professores,
• Reúna-se em grupo
com seus colegas, pesqu
região em que vocês isem sobre os povos
vivem e conversem a indígenas na
indígenas. Em seguida, respeito do preconceito
organizem um mural, contra os
uma frase contra essa produzindo um cartaz
prática. Para saber como com fotos e
mural, consulte a seção fazer uma pesquisa e
Como se faz… Consul montar um
te comentários nas Orient
ações didáticas.

IMAGENS
DELFIM MARTINS/PULSAR
Fechando a unidade
Trabalho de enfoque quase sempre
interdisciplinar que visa sistematizar o
aprendizado do conceito da unidade.
As atividades dessa seção possibi-
litam que o professor avalie a turma na
assimilação dos conteúdos, no grau de
apropriação e no tipo de elaboração em Família kalapalo da aldeia
Aiha faz a cobertura de oca
com sapé. Querência (MT),
2018.

relação aos conceitos estudados, além de 167

proporcionar a articulação entre diferentes D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U


3-CAP6-LA-G24.indd
167

campos do conhecimento. É um momento 04/07/22 16:02

excelente para verificar o processo de


aprendizagem dos estudantes, assim como
as dinâmicas utilizadas pelo professor.

formação que homens e mulheres pretos


1. Não. Homens brancos com a mesma
todas as profissões indicadas no gráfico.
e pardos ganham salários maiores em
Documento 3: Grafite
UNIDADE

LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS


FE CH ANDO A

E BRANCOS E NEGROS
DESIGUALDADES SOCIAIS ENTR
promoveu
da sociedade colonial brasileira. Ela
A escravidão foi a base da organização posições sociais
intensa hierarquização da socieda de na qual os brancos ocupavam as
uma marginalização
em geral, sofriam com processos de
mais importantes, enquanto negros, entre brancos e
escravidão, as desigualdades sociais
e violência. Mesmo com o final da
no presente.
negros não acabaram e continuam O primeiro
s três documentos nesta seção.
Para refletir sobre isso, apresentamo ças salariais
sto de um gráfico com dados de 2020, que destaca as diferen
é compo e mulheres negras
brancas, homens negros e pardos
entre homens brancos, mulheres
e pardas. de arte
sobre o tema, e o terceiro é uma obra
O segundo documento é uma charge
negra Criola. A obra foi pintada nas paredes de um prédio na cidade
criada pela artista justiça para
r do prédio entrou com uma ação na
de Belo Horizonte (MG), mas um morado
removê-la do local.

ento
Docum
Docum ee
Charg
ento2:2:Charg
Documento 1: Gráfico
JUNIÃO
SONIA VAZ

Salário de pessoas com ensino


$)
superior público (dados em ra, Criola. Spray e tinta sobre parede,
2018.
Híbrida Astral – Guardiã Brasilei
te (MG).
Salários
(R$)
Mural criado em edifício de Belo Horizon
a média salarial
15.000
ento 1, é possível afirmar que
1. De acordo com o gráfico do docum a.
ria no Brasil? Justifique sua respost
de brancos, negros e pardos é igualitá nas Orientações didáticas.
10.000 ios adicionais
2. Consulte resposta esperada e comentár ento 1, qual é o grupo que tem a média salarial
2. De acordo com o gráfico do docum das desigualdades
dado revela sobre a composição
5.000 mais baixa no Brasil? O que esse de medo, pois ela teme que, por conta
negra, a ida do filho ao trabalho é motivo
no país? 3. Não. Para a mãe no Brasil, seu filho possa não voltar vivo.
JUNIÃO, Antonio. [Negros são
as maiores da violência contra a população negra o mesmo significado
Ciências
vítimas da violência]. Junião Cartunist
ae de seus filhos ao trabalho tem
Professores Administração
3. De acordo com a charge, a ida
0 Médicos
Engenharia e Sociais
branca? Justifique sua resposta.
l em:
Arquitetura Ilustrador. [S. l.], 8 jun. 2017. Disponíve
Homens Mulheres Homens Mulheres
pretas e pardas http://www.juniao.com.br/negros-sao-
as- para a mãe negra e para a mãe
pretos e pardos
brancas maiores-vitimas-da-violencia/. o de como a arte
uzida no documento 3, é um exempl
brancos
Acesso em: 20 jun. 2022. 4. A obra da artista Criola, reprod ze um grupo
contra o preconceito étnico. Organi
e; LIMA, Bianca; PAPP, é uma forma importante de lutar artistas negros ou que foram
Fonte: GERBELLI, Luiz Guilherm de arte feitas por
Anna Carolina. Na mesma profissão
, homem branco e pesquisem exemplos de obras Em seguida,
que mulher negra, to de preconceitos étnicos no Brasil.
chega a ganhar mais que o dobro criadas visando ao questionamen na seção Como se
, [s. l.], 15 set. 2020. Disponível obras selecionadas. Consultem,
diz estudo. G1 Economia
em: https://g1.globo.com/econom
ia/concur sos-e-emprego/ criem um mural apresentando as Orientações didáticas.
ar um mural. Consulte comentários nas
noticia/2020/09/15/na-mesma-profissao
-homem-branco-
ulher-negra-diz-
faz…, dicas sobre como organiz
chega-a-ganhar-mais-que-o-dobro-da-m
estudo.ghtml. Acesso em: 24 maio
2022. 207

206
16/07/22 14:18

108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24-AV3.indd 207
16/07/22 14:18 D3-HIST-F2-2

LA-G24-AV3.indd 206
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-

XVII

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Como se faz...
Conjunto de práticas pedagógicas que envolvem orientações técnicas que permitem ao estudante
desenvolver habilidades relacionadas a atividades variadas, como dramatização, produção de podcast,
história em quadrinhos, linha do tempo, leitura de mapa histórico, entre outras. Cada volume tem um
conjunto próprio de práticas pedagógicas.

3O passo Elaboração do roteiro


da história, descrição
COMO SE FAZ... O roteiro deve conter todas as informa
ções sobre a dramatização: resumo
falas e cenas).
dos cenários e das personagens (suas
dramático, deve-se considerar:
Na elaboração de um roteiro de texto
tativos da ação;
• a definição dos momentos mais represen
DRAMATIZAÇÃO ntes);
ou em qualquer • as personagens (protagonistas e coadjuva
teatral que pode ser feita na escola icas das personagens, que devem ser
bem perceptíveis;
Dramatização é uma apresentação • as caracterizações físicas e psicológ
que nele seja possíve l delimit ar o espaço cênico e a plateia. falar e andar que possam ajudar na caracter
ização das
outro lugar, desde de estudantes, • a utilização de trajes, adereços, modos
de
ou envolver um número reduzido
A dramatização pode ser individual da turma personagens.
coletiva, da qual todos os estudantes conta os seguintes aspectos:
uma representação a um texto dramático deve levar em
mas pode ser também A adaptação de um texto narrativo
r;
participam. • a existência ou não de um narrado
ou previa-
texto. O texto pode ser improvisado • a distinção entre personagens principa
is e secundárias;
Ela tem como base um tema ou um alcançados.
do de acordo com os objetivos a serem • a necessidade de transformar texto
narrativo em falas das personagens.
mente elaborado, ou mesmo ser adapta e corporal.
ntes devem utilizar a linguagem oral
Durante a dramatização, os estuda dramatização.
podem auxiliar na realização de uma 4O passo Preparação
Confira a seguir algumas etapas que ão das
• a construção do cenário, a confecç
Esta etapa envolve: luz, entre
dos objetivos roupas e a instalação de som e
1O passo Escolha do tema e definição • a distribuição de papéis;
outros recursos audiovisuais;
s
de aula e nas orientações do professo
r, o grupo • a escolha e a preparação de adereço vai ser feita
Com base nas discussões em sala • a organização do espaço onde
Para isso, deve-se levar em conta: para as personagens e para o espaço
deve escolher o tema da dramatização. a representação cênica.
encenada; cênico;
a) se há condições para que ela seja nte pensar
do trabalho. Nesta etapa, é importa
b) se ela é coerente com o objetivo

FERREIRA
PROJETO
Ensaio

-
5O passo

LAGOAS/
MS) NÚCLEO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
DO

ESCOLA
sobre:

ESPETÁCULO "QUEM ROUBOU O BRANCO

2a TURMA, 2013 (DIREÇÃO: KAROLINE


MUNDO?" DO AUTOR LUCIANO LUPPI.
transmitir; rio
• que mensagem o grupo pretende Antes da apresentação oficial, é necessá

MUNICIPAL DE TEATRO (UFMS/TRÊS


IDENTIDADE - GRUPO DE TEATRO /
as falas
• quais são os recursos materiais e humano
s disponíveis; ensaiar a dramatização, exercitando
das persona gens, e testando os
a dramatização; e as ações
• quanto tempo se tem para realizar

E FELIPE CITRO)
cenários e os equipamentos.
• onde ela será encenada. envolvidos com a direção eo
Os estudantes
to para
roteiro devem aproveitar esse momen
fazer os ajustes necessá rios. Espetáculo Quem roubou o branco
todos
A troca de opiniões e as sugestões de do mundo?, de Luciano Luppi,
são importantes nesta etapa de montag
em da encenado pelo Projeto Identidade,
2O passo Distribuição de funções e o ambient e dos ensaios e da grupo de teatro da Escola Municip
al
dramatiz ação,
é preciso de Teatro de Três Lagoas (MG), 2013.
a ser alcançado com a dramatização, apresentação deve ser calmo e organiza
do.
Depois de estabelecer um objetivo com suas
do grupo desempenhará de acordo
definir que função cada integrante de base
cenógrafo) e o tipo de texto que servirá 6O passo Encenação
habilidades (diretor, roteirista, ator,
ser: os e tenham clareza de
para a apresentação. O texto pode que você e os colegas fiquem tranquil
ele pode sofrer cortes ou acréscimos; Antes da encenação, é importante , é natural que
• previamente elaborado; nesse caso, todos estão aprendendo e, nesse processo
os; que se trata de teatro amador, ou seja, para ouvir sugestões
tes com base em conteúdos já estudad , organizem uma roda de conversa
• um texto dramático criado pelos estudan cometam algumas falhas. Após a exibição de acordo com o
estão
transformado em texto dramático. avaliar se os resultados alcançados
• uma adaptação de texto narrativo e críticas do público. O grupo pode gens.
a experiência de representar as persona
objetivo inicial do trabalho e falar sobre
255

254
11/07/22 21:10

-272-FINAIS-LA-G24.indd 255
11/07/22 21:10 D3-HIST-F2-2108-V7-254

LA-G24.indd 254
D3-HIST-F2-2108-V7-254-272-FINAIS-

ÍCONES SELOS
Algumas atividades são caracterizadas IMAGENS FORA AS CORES NÃO LINHA DO TEMPO SEM ESCALA. OS
com os seguintes ícones: DE PROPORÇÃO. SÃO REAIS. SEGMENTOS ENTRE AS DATAS NÃO
CORRESPONDEM AO TEMPO DECORRIDO.
INTERPRETAÇÃO
COMUNIDADE DE DOCUMENTOS Para representar melhor certos conceitos,
algumas ilustrações podem alterar a proporção
MAPA ILUSTRATIVO de tamanho entre os elementos ou empregar
T R A BA L H O SEM ESCALA.
DIVERSIDADE SOCIOEMOCIONAL cores que não são as reais. Quando isso
acontecer, a ilustração apresentará estes selos.
TECNOLOGIA NÃO ESCREVA Este livro é reutilizável. Faça as atividades
NO LIVRO. no caderno ou em folhas avulsas.

XVIII

D3-HIST-F2-2108-V7-MPG-001-019-iniciais-G24.indd 18 29/08/22 12:01


NA COLÔ NIA
DESEMBARQUE a, os africanos eram
vendidos nos portos,
geral-

des emb arcar na colônia portugues seg uido se man ter unidas eram
Ao até ali haviam con
licos. As famílias que te voltariam a se enc
ontrar.
mente em leilões púb separados e raramen por-
feitas. Esposas, maridos e filhos eram ado s na Am érica. Na colônia
des de escr aviz
de desembarque iro. O porto do Rio
de
Havia vários portos ife, Salvado r e Rio de Jane
is estavam em Rec continente america
no.
tuguesa, os principa africano s para o sul do
lo, redistribuía os

Y/FOTOARENA
Janeiro, por exemp

LEONID ANDRONOV/ALAM

0.
. Fotografia de 202
, Rio de Janeiro (RJ)
do Cais do Valongo nte obras realizada
s na
Sítio arqueológico ober to em 2011 dura .
Janeiro (RJ), foi desc vizados por 20 anos
portuária do Rio de ércio de africanos escra
Localizado na zona desemba rque e com
em 1811, foi local de
região. Construído forma de
o desse tempo, a
A escravidão durou
mais de 300 ano
alho dos escraviz
s no Brasil. Ao long
ados e suas luta s e resistências variaram con
forme a
Boxe complementar
exploração do trab e rica
época e o lugar.
, brasileiros, somos
hoje é resultado da
influência da variada
entares, nas
Informações complementares
Muito do que nós mp lo, em nossos hábitos alim
cultura africana. Isso
pode ser notado,
por exe
e até mesmo no
idioma, que inco
rporou inúmeras que ampliam o estudo de uma
sticas e religiosas
manifestações artí imagem ou de um tema.
africana.
palavras de origem

176
04/07/22 13:04

86-U3-CAP7-LA-G24.indd 176
D3-HIST-F2-2108-V7-168-1

GA
LL

Antropocentrismo
ER
IE
DE
LL
'

AC
Textos de autores

AD
EM
gregos e romanos,

IA,
estavam sob o con que

VE
trole da Igreja Cató

NE
ZA,
tinham sido traduzid lica e não

ITÁL
os, ou que não circu

IA
pela Europa, foram lava m
recuperados, traduzid
debatidos. Esse foi os e
o caso das obras de
e de Aristóteles, dois Plat ão
dos principais filósofos
Entre outros assuntos gregos.
, esses textos prov
reflexões sobre étic ocavam
a, lógica, a busca
cimento e a natureza pelo conhe-
humana, aspectos
fundamentais entre considerados
os pensadores hum
anistas.
Para os humanistas,
o ser humano devia Homem vitruviano,
de suas reflexões. Essa ocupar o centro
concepção, conhecid Leonardo da Vinci.
pocentrismo, opu a como antro- Estudo das proporçõ
nha-se ao teocentrism es
desenvolvido por teólo o, pensamento humanas para o livro
De
gos da Igreja Católica Architectura, de Marc
que Deus (em grego, que sustentavam Vitru
o
Théos) era a fonte de vio Pollione, publicado
todo o conhecimento em 1492.
Isso não quer dizer que .
os humanistas eram
contrário, eles tinham ateus. Pelo
fortes preocupações Ética: conjunto de princ
ideias eram profund religiosas e suas ípios
amente influenciada que motivam ou discip
linam
Entretanto, eles atrib s pelo cristianismo. o comportamento de
uíam particular importâ uma pessoa ou um grupo
explicações lógicas ncia à proc ura de
e racionais para os social. Os valores nos
quais
Esse tipo de pensam estudos da natureza uma sociedade acredita,
ento é conhecido com .
o raci ona por exemplo, justiça,
Com base no racio lism o. solidariedade, honestida
nalismo, os humanis de etc.
ideia de que a Igreja tas negavam a Ateu: aquele que não
Católica ou os textos crê em
todas as respostas a sagrados tivessem Deus ou em qualquer
outra
respeito dos seres hum divindade.
reza. Afirmavam que anos e da natu-
a busca de explicaç
experiência, na obse ões vinha do saber
rvação e na análise, prático, fundamentad
algo que os antigos o na

#Fica a dica FICA A DICA


gregos já ensinavam.

• Leonardo da Vinc
i e seu supercérebro
Indicações que visam ampliar e 2004. (Coleção Mor
tos de Fama).
, de Michael Cox. São
Paulo: Companhia das
Letras,
Para contar a vida de
Leonardo da Vinci, o
reforçar o conhecimento construído imaginários da époc
a.
autor recorre a diári
os, cartas, charges e
jornais

em sala de aula por meio da utiliza- 1. A visão teocêntrica


antropocêntrica coloc
medieval afirmava que
ou o ser humano como
Deus era a fonte de todo
o conhe cimento. A visão
1. Identifique a dife centro do conhecimen
to.
renç
ção de Tecnologias da Informação e cêntrica do Humanis
a entre a visão teoc
mo.
êntrica medieval e
a concepção antropo
-
Comunicação (TICs) e de fontes de 2. Explique a rela
Os pensadores humanistas ção entre o antropocentrismo
passaram a enfatizar as e o desenvolvimento
a razão, o que fortaleceu capacidades humanas do racionalismo.
pesquisa como jogos, livros, vídeos etc. o racionalismo no perío para o conhecimento
do. da realidade, em espec
ial
39
D3-HIST-F2-2108-V7-0
34-061-U1-CAP2-LA-G
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ORIENTAÇÕES GERAIS PARA A COLEÇÃO
1 Pressupostos teóricos
1.1 • A História como disciplina escolar no Brasil
Todos nós, hoje professores, na época em que ocupávamos os bancos escolares, vivenciamos algumas etapas que
compõem a trajetória do ensino de História nas salas de aula Brasil afora.
As pessoas que frequentaram a escola nos anos 1960 e 1970, em pleno período da ditadura civil-militar, vivenciaram
a implantação de reformas na Educação Básica, sobretudo a instaurada pela lei no 5.692, de 1971 (BRASIL, 1971), que
criou o 1o grau, com oito séries (antes Primário e Ginásio, com quatro anos cada um); e o 2o grau, com três séries (antes
Colegial, com três anos).
No 1o grau, “História e Geografia transformaram-se em Estudos Sociais” (BITTENCOURT, 2008). Os estudos de
História dividiam-se, na grade curricular, em três disciplinas: Estudos Sociais, Educação Moral e Cívica (EMC) e Organização
Social e Política do Brasil (OSPB), as duas últimas criadas em 1969 (BRASIL, 1969). No 2o grau, a disciplina de História
continuou a existir.
Tanto a disciplina de História como as de Estudos Sociais, EMC e OSPB tinham como principal objetivo preservar
a ordem autoritária, garantindo, entre outros aspectos, “o culto da obediência à Lei, da fidelidade ao trabalho e da
integração na comunidade” (BRASIL, 1969). A História escolar distanciou-se dos estudos acadêmicos da disciplina, concen-
trando-se na memorização de aspectos políticos, personagens históricos, datas e batalhas – em uma perspectiva factual,
evolucionista e linear. As comemorações cívicas eram realizadas com o intuito de exaltar símbolos e heróis nacionais.
Por isso, os docentes que lecionaram na Educação Básica nos anos 1980 trabalharam em meio a um processo de
redemocratização e reorganização da sociedade brasileira. A abertura política e a vitória da oposição em alguns estado, nas
eleições de 1982, permitiram que novas propostas, e principalmente questionamentos, renovassem o ensino de História. As
concepções de ensino da disciplina voltavam-se para a necessidade de desenvolvimento da consciência crítica dos estudantes
e tinham como objetivo a formação de cidadãos para construir e defender uma sociedade democrática.
Foi uma época de reformulação dos currículos na maioria dos estados. Alguns se propunham a superar a concepção
de educação que atribui ao estudante um papel meramente passivo diante do conhecimento. Criticavam o modelo de
educação no qual o professor deve transmitir informações, cabendo aos estudantes memorizá-las, para depois reprodu-
zi-las fielmente nas situações de avaliação.

1.2 • As mudanças na década de 1990: a LDB e os PCNs


Ao longo dos anos 1990, o processo de renovação da educação brasileira e do ensino de História foi aprofundado
com a aprovação de uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996. A LDB estabeleceu, entre
outras medidas, novas nomenclaturas para os níveis escolares: o 1o grau passou a ser denominado Ensino Fundamental,
com oito séries, e o 2o grau tornou-se Ensino Médio, mantendo os três anos.
A LDB (BRASIL, 1996), em seu artigo 22, aponta o caminho a ser almejado pela educação brasileira:

Art. 22. [...] desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exer-
cício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.

Assim, ganhou importância a capacidade de aprender, de adquirir habilidades e de formar valores. Em um


entendimento da lei que partilhamos com o historiador Holien Gonçalves Bezerra (2008, p. 37), os objetivos da escola
deixam de promover a assimilação para tornarem-se um compromisso de:

[...] articular conhecimento, competências e valores, com a finalidade de capacitar os estudantes


a utilizarem-se das informações para a transformação de sua própria personalidade, assim como para
atuar de maneira efetiva na transformação da sociedade.

XX

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Em 1997, o então Ministério da Educação e do Desporto lançou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)
(BRASIL, 1998), referentes às quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, e, no ano seguinte, o documento das séries
finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Os PCNs centravam-se sobretudo nas disciplinas e trouxeram à tona o
debate sobre os chamados temas transversais.
Os PCNs de História representaram um grande esforço para sistematizar o conhecimento histórico de um novo
mundo, que exigia uma nova escola. Definiram, como objetivos gerais do ensino de História na educação fundamental,
que os estudantes ampliassem “a compreensão de sua realidade, especialmente confrontando-a e relacionando-a com
outras realidades históricas”. (BRASIL, 1998, p. 43). Esses objetivos foram pautados no desenvolvimento de habilidades,
no domínio de procedimentos e na construção de atitudes de respeito, tolerância e valorização da diversidade cultural,
da cidadania etc.

1.3 • A Base Nacional Comum Curricular (BNCC)


A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2018) é o mais recente e importante marco na busca de
melhoria da educação escolar brasileira. Nesse documento, foi definido o conjunto de aprendizagens essenciais ao qual
todos os estudantes do país têm direito, independentemente de onde moram, estudam ou da condição econômica e social
de suas famílias. A BNCC atrelou os mecanismos que visam garantir a qualidade da educação ao conceito de equidade,
ou seja, à igualdade de direitos de aprender. Isso significa reconhecer que as necessidades dos estudantes são diferentes
e é responsabilidade de todos os envolvidos na Educação Básica garantir formas eficientes de atender todos, a fim de
que ninguém fique para trás.

1.3.1 • Equidade

CARLOS CAMINHA

Igualdade Equidade

Elaborado com base em: FARIA, Regina. Quem precisa de equidade? Serpro. Porto Alegre, [20--].
Disponível em: http://intra.serpro.gov.br/tema/artigos-opinioes/quem-precisa-de-equidade. Acesso em: 22 jun. 2022.

CURRÍCULO É DIFERENTE DE BASE


Todos os estados e municípios devem ter um currículo de acordo com as características próprias da região, considerando as
identidades linguísticas, étnicas e culturais. No entanto, as competências e diretrizes que regem esses currículos, e que estão
explícitas na BNCC, devem ser comuns em todo o território nacional, pois se trata da aprendizagem essencial a que todos os
estudantes brasileiros têm direito.

XXI

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A BNCC apresenta a organização do Ensino Fundamental em cinco áreas de conhecimento (Linguagens, Matemática,
Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino Religioso) que abrangem os componentes curriculares Língua Portuguesa,
Arte, Educação Física, Língua Inglesa, Matemática, Ciências, Geografia, História e Ensino Religioso.
A elaboração de uma Base Nacional Comum Curricular estava prevista desde a Constituição Federal de 1988 (BRASIL,
[2016]), assim como no Plano Nacional de Educação1 (BRASIL, 2014). A elaboração da BNCC ocorreu entre 2015 e 2017,
contando com a participação de especialistas em políticas educacionais, educadores, secretários de educação e membros
de organizações da sociedade civil, e estava aberta, inclusive, à participação popular.
O conjunto de aprendizagens essenciais a ser implantado tanto pelas escolas públicas quanto pelas particulares é
o que norteia as equipes pedagógicas na elaboração dos currículos locais (estados e municípios) e orienta, também, a
produção de obras didáticas como esta.

1.3.2 • Educação integral = protagonismo + habilidades cognitivas e


socioemocionais
Vivemos em uma época de acelerado processo de mudanças tecnológicas e de forte desenvolvimento da ciência e
da comunicação. Para além dos aspectos positivos – avanços da medicina, aumento da produção de alimentos, sistemas
rápidos de comunicação e transporte –, existem também os problemas, muitas vezes associados a essas realidades ou
derivados delas. É o caso do consumo desenfreado, que coloca em risco a própria sobrevivência do planeta e que leva
à concentração de benefícios, de tecnologia e de renda nas mãos de poucos. Além disso, o período é marcado pela
xenofobia e pela intolerância, que se traduzem em outros tipos de violência: de rua e doméstica, no bullying escolar2 e em
conflitos armados entre nações. Por isso, é necessário pensar a educação como um processo integral. A BNCC (BRASIL,
2018, p. 14) reforça a importância da educação integral:

[...] Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica
compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões redu-
cionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. Significa, ainda,
assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto – con-
siderando-os como sujeitos de aprendizagem – e promover uma educação voltada ao seu acolhimento,
reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades. [...]

Espera-se de todos os envolvidos no processo educacional a busca por garantir uma educação integral aos estu-
dantes e a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. A chamada educação integral é a que leva em
conta a educação em variados aspectos (disciplinar, cognitiva, emocional, tecnológica, ecológica etc.).
Em síntese, uma educação integral precisa se amparar em algumas premissas:
• Eleger o estudante como foco central e protagonista de seus processos de ensino e aprendizagem.
• Respeitar a diversidade e a singularidade do estudante no que tange ao sexo, à etnia, à identidade de gênero, à
orientação sexual, à religião ou à deficiência, por exemplo.
• Incentivar a participação reflexiva, ativa, propositiva e colaborativa dos estudantes no cotidiano de suas escolas e
na relação com seus pares.

1
“[...] Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pela presidente Dilma Rousseff em 2014. No PNE, a
Base está representada em quatro estratégias das 20 metas do Plano. São elas: a estratégia 1.9 da meta 1; a estratégia 2.1 da meta 2; a estratégia
3.2 da meta 3; e a estratégia 7.1 da meta 7.” (PRINCÍPIOS que nortearam a Base Curricular estão na Constituição. Correio Braziliense, Brasília,
DF, 22 fev. 2016. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/ensino_educacaobasica/2016/02/22/interna-
educacaobasica-2019,518886/principios-que-nortearam-a-base-curricular-estao-na-constituicao.shtml. Acesso em: 11 fev. 2020.)
2
Conceituamos bullying, de acordo com especialistas, como caracterizado por três aspectos principais. O primeiro deles é o comportamento
agressivo e negativo, praticado por um ou mais agressores contra uma vítima. Esse comportamento pode ser: a ridicularização da vítima,
tomando-se por base aspectos físicos, modo de se vestir, características da personalidade etc.; a intimidação ou até a agressão física. O
segundo aspecto necessário para caracterizar bullying é a repetição das agressões, seja dentro do espaço escolar, seja em outros lugares de
convívio do grupo ou mesmo em meios digitais, como e-mails e redes sociais. O terceiro aspecto é o comportamento agressivo e negativo
que se estabelece dentro de uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes, decorrente da força física, do prestígio, da popularidade,
do poder aquisitivo do agressor, entre outros exemplos.

XXII

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– Protagonismo dos estudantes
O protagonismo pode ser entendido como a capacidade dos estudantes de enxergarem-se como agentes principais
da própria vida, responsabilizando-se por suas atitudes, distinguindo suas ações das dos outros e expressando iniciativa
e autoconfiança. Os estudantes protagonistas acreditam que podem encontrar os melhores caminhos para o próprio
aprendizado, não apenas individualmente, mas atuando de maneira colaborativa e participativa no contexto escolar.
Ou seja, a BNCC orienta que os estudantes deixem de desempenhar um papel passivo, de meros expectadores, para
se tornarem sujeitos ativos do seu processo de aprendizagem e de desenvolvimento pessoal. Para que isso ocorra de
modo efetivo, o documento orienta que as situações de ensino e aprendizagem sejam organizadas para incentivar, nos
estudantes, um papel autoral, criativo e de (re)construção e invenção de saberes que precisam ser dominantes a fim de
criar autonomia nos estudos e nos desafios da vida.
Reconhecer essa complexa realidade nos leva a repensar os modelos educacionais utilizados e aponta para a neces-
sidade de instrumentalizar os indivíduos das novas gerações para que sejam capazes de se apropriar da tecnologia, ao
mesmo tempo que demonstram interesse e empatia pelo outro e conseguem resolver conflitos.

– Habilidades cognitivas e socioemocionais


Para auxiliar o trabalho da formação integral dos estudantes, a BNCC foi organizada de acordo com fundamentos
pedagógicos que atendam não somente aos conteúdos curriculares das disciplinas, mas também que, por meio deles, desen-
volvam as habilidades cognitivas (como interpretar, refletir e pensar abstratamente) e as habilidades socioemocionais
(como a busca pela autonomia, a responsabilidade e o desenvolvimento da empatia). (KALENA; ROCHA; OLIVEIRA, [2014]).

Capacidades cognitivas e socioemocionais


Capacidade Alcançar
cognitiva básica objetivos
• Reconhecimento • Perseverança
de padrões • Autocontrole
• Velocidade de • Paixão pelos
processamento objetivos
• Memória Socioemocionais
Conhecimento Capacidades individuais que: Trabalhar em
Cognitivas (a) são manifestadas em padrões grupo
adquirido
• Capacidade mental para consistentes de pensamentos, • Sociabilidade
• Acessar
adquirir conhecimentos, ideias e sentimentos e comportamentos;
• Extrair experiências. (b) podem ser desenvolvidas • Respeito
• Interpretar • Interpretar, refletir e extrapolar, mediante experiências de • Atenção
com base no conhecimento aprendizagem formal e informal;
adquirido. (c) influenciam importantes Lidar com
Conhecimento resultados socioeconômicos as emoções
extrapolado ao longo da vida da
• Autoestima
• Reflexão pessoa.
• Otimismo
• Raciocínio
• Confiança
• Conceitualização

Fonte: ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Estudos da OCDE


sobre competências: competências para o progresso social: o poder das competências socioemocionais.
Tradução: Maria Carbajal. São Paulo: Fundação Santillana, 2015. p. 34. Disponível em:
https://www.opee.com.br/competencias-para-o-progresso-social. Acesso em: 6 jun. 2022.
As habilidades socioemocionais são definidas como:

[...] processo de entendimento e manejo das emoções, com empatia e pela tomada de decisão
responsável. Para que isso ocorra, é fundamental a promoção da educação socioemocional nas mais
diferentes situações, dentro e fora da escola [...].
Existem diferentes estudos e práticas internacionais e nacionais voltadas ao trabalho com com-
petências socioemocionais (por exemplo: OCDE, Casel, Wida, Center for Curriculum Redesign, MEC).
Além do estudo e disseminação do conhecimento, diferentes avaliações de grande escala contemplam
as competências socioemocionais, como o PISA (Programme for International Student Assessment) e
o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio).
(BRASIL, [20--]a).

XXIII

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Na BNCC, as habilidades socioemocionais se entrelaçam, de forma transversal, às dez competências gerais da Educação
Básica (listadas mais adiante neste Manual do Professor), mas estudos da Educação, da Psicologia, da Neurociência,
entre outras áreas, mapeiam e explicam outras habilidades importantes para o desenvolvimento integral do ser humano.3
Em termos práticos, é necessário construirmos uma escola na qual o conhecimento dos conteúdos dos componentes
curriculares seja tão importante quanto o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como a resiliência, o
respeito ao coletivo e às diferenças, em um ambiente que valorize também as práticas voltadas para a saúde física e
emocional dos estudantes.4
Os direitos de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes explicitam-se na BNCC por meio de dez competên-
cias gerais. O conceito de competência é associado à mobilização de conhecimentos e habilidades indispensáveis para
a vida em sociedade. De acordo com o documento, essas competências

[...] inter-relacionam-se e desdobram-se no tratamento didático proposto para as três etapas da


Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), articulando-se na constru-
ção de conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores, nos
termos da LDB.

(BRASIL, 2018, p. 8-9).

As habilidades, por sua vez, dizem respeito às aprendizagens essenciais esperadas para cada área, componente
curricular e ano. São sempre iniciadas por um verbo que, segundo o texto da BNCC, explicita o processo cognitivo
envolvido. Exemplo de habilidade do 6o ano em História:

(EF06HI01) Identificar diferentes formas de compreensão da noção de tempo e de periodização


dos processos históricos (continuidades e rupturas).

(BRASIL, 2018, p. 421, grifo nosso).

1.3.3 • Culturas juvenis


Foi-se o tempo em que se usava o singular e universalizante: “o homem”, “a mulher”, “o jovem”, “a criança”. Vive-se
o tempo dos plurais que, ao mesmo tempo, apontam para a diversidade e pressupõem a inclusão. Assim como estamos
em um momento de transformações tecnológicas intensas, as mudanças comportamentais da adolescência e da juventude
também são profundas. Por isso, não nos expressamos mais no singular, mas sim no plural: “adolescentes”, “juventudes”.
Os jovens, para lidar com suas realidades, desenvolvem diferentes culturas, ou seja, formas de lidar, de enfrentar, de
resistir, de mudar suas perspectivas de vida. Para eles, as novas mídias são recursos importantes de expressão e de inclusão.
Como são nativos digitais, usam com grande habilidade as linguagens que se abrem a eles não só na internet mas também
fora dela. A cultura digital perpassa os mais diversos aspectos de suas vidas.
Por isso, a escola tradicional, que aposta no “ensino bancário”, como dizia Paulo Freire (1996, p. 13), em que o professor
ali deposita seu conhecimento e o estudante se mantém na submissa “postura de aluno” (apenas recolhe o conhecimento
que lhe é muitas vezes imposto), não encontra eco nem atrai essa nova geração.
Para acolher esses jovens e suas culturas, escolas e docentes precisam entender que o ensino tradicional afasta os estu-
dantes, pois eles são cada vez mais protagonistas das próprias vidas. Instituições de ensino e todas as pessoas envolvidas na
formação dos jovens devem ser igualmente plurais e saber criar laços de afetividade com seus estudantes, além de proporcionar
espaços de escuta e de expressão em permanente diálogo, aprendendo com eles a usar as mais diferentes linguagens.

3
Na coleção, existe um trabalho com as habilidades socioemocionais tanto no texto central como nas atividades. No Manual do Professor
assinalamos situações que podem servir de suporte para o trabalho com as habilidades socioemocionais. Tanto no Livro do Estudante
quanto no Manual do Professor o trabalho com as habilidades socioemocionais está sinalizado com este ícone:
4
Como preconiza a BNCC: “No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo,
analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de
informações” (BRASIL, 2018, p. 14).

XXIV

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– Respeito às diferenças
A escola, como espaço de aprendizagem e de democracia inclusiva, não pode discriminar, ter preconceitos. Deve
respeitar as diferenças e as diversidades:

[...] A criança nessa fase tem maior interação nos espaços públicos, entre os quais se destaca a escola.
Esse é, pois, um período em que se deve intensificar a aprendizagem das normas da conduta social, com
ênfase no desenvolvimento de habilidades que facilitem os processos de ensino e de aprendizagem.
Mas é também durante a etapa da escolarização obrigatória que os alunos entram na puberdade
e se tornam adolescentes. Eles passam por grandes transformações biológicas, psicológicas, sociais e
emocionais. Os adolescentes nesse estágio da vida modificam as relações sociais e os laços afetivos,
intensificando suas relações com os pares de idade e as aprendizagens referentes aos papéis sexuais e
às relações de gênero, iniciando o processo de ruptura com a infância na tentativa de construir valores
próprios. Ampliam-se as suas possibilidades intelectuais, o que resulta na capacidade de realização de
raciocínios mais abstratos. Os alunos se tornam crescentemente capazes de ver as coisas a partir do
ponto de vista dos outros, superando, dessa maneira, o egocentrismo próprio da infância. Essa capaci-
dade de descentração é importante na construção da autonomia e na aquisição de valores morais e éticos.
(BRASIL, 2009, p. 17).

As mudanças próprias dessa fase da vida implicam a compreensão do adolescente como sujeito
em desenvolvimento, com singularidades e formações identitárias e culturais próprias, que deman-
dam práticas escolares diferenciadas, capazes de contemplar suas necessidades e diferentes modos
de inserção social. Conforme reconhecem as DCN, é frequente, nessa etapa,
observar forte adesão aos padrões de comportamento dos jovens da mesma idade, o que é evidenciado pela
forma de se vestir e também pela linguagem utilizada por eles. Isso requer dos educadores maior disposição para
entender e dialogar com as formas próprias de expressão das culturas juvenis, cujos traços são mais visíveis,
sobretudo, nas áreas urbanas mais densamente povoadas (BRASIL, 2010).
(BRASIL, 2018, p. 60).

– Acolhimento e inclusão
O desafio com que nos deparamos no século XXI é o de criar novos modos de nos relacionar de maneira mais
integrada, rompendo com os binarismos: não mais intelecto versus corpo, razão versus afetividade. Mas sim: intelecto e
corpo, razão e afetividade. Acolhimento, e não mais exclusão. Sobretudo dos grupos historicamente esquecidos: negros,
indígenas, periféricos, imigrantes, população LGBTQIA+; buscando sempre a equidade.
São distintos os horizontes de futuro para um rapaz negro, morador da favela e/ou comunidades, e para um jovem
branco, mesmo que viva em bairro periférico. As impossibilidades de emprego, o medo constante, até mesmo de não
saber se conseguirá voltar para sua moradia com vida, fazem parte do cotidiano de jovens negros. Algo similar ocorre
com as jovens negras e brancas, muitas vezes vítimas de violências inúmeras, mas que temem, antes, a violência sexual,
expressão de poder numa sociedade de tradição patriarcal, como a brasileira.
A Pesquisa Nacional sobre Estudantes LGBT e Ambiente Escolar em 2016 revelou que 73% dos estudantes identifi-
cados como lésbicas, gays, bissexuais ou transexuais disseram já ter sofrido, na escola, alguma agressão verbal por causa
de sua orientação sexual (BRASIL, [20--]b). E o número desses jovens que cometem suicídio chega a ser até três vezes
maior do que o de adolescentes e jovens que se identificam como heterossexuais.
Por isso, trabalhar e acolhê-los vai muito além de usar uma linguagem característica ou gíria dos dias de hoje. A escola
precisa dar espaço para manifestações artísticas, produções culturais, intervenções urbanas e práticas próprias das culturas
juvenis. Pensar atividades que permitam expor problemáticas, pensar soluções, diversificar o modo de apresentação de
trabalhos, promover conversas que tenham significado para a vida de adolescentes e jovens, trazer para falar pessoas
que possam ser referências positivas para suas vidas, entre outros.5
5
As habilidades de Língua Portuguesa, presentes na BNCC (em EF69LP46), apontam algumas sugestões pedagógicas mais atrativas aos jovens
e adolescentes, muitas também presentes neste Manual do Professor: “Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de
obras literárias/manifestações artísticas, como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de
apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus, slams, canais de booktubers, redes sociais temáticas (de leitores,
de cinéfilos, de música etc.), dentre outros, tecendo, quando possível, comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações,
escrevendo comentários e resenhas para jornais, blogs e redes sociais e utilizando formas de expressão das culturas juvenis, tais como, vlogs e
podcasts culturais (literatura, cinema, teatro, música), playlists comentadas, fanfics, fanzines, e-zines, fanvídeos, fanclipes, posts em fanpages,
trailer honesto, vídeo-minuto, dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de manifestação da cultura de fãs” (BRASIL, 2018, p. 157).

XXV

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A tarefa é desafiadora e requer abertura e compromisso de professores e gestores. Este Manual do Professor
pretende ser uma ferramenta de auxílio nesse sentido.

1.3.4 • Pensamento computacional


Outra importante aquisição da educação brasileira que veio por meio da BNCC é o trabalho com pensamento
computacional. Esse conceito se relaciona não somente com a necessidade de fazer com que os estudantes não
somente usem e criem tecnologias, evitando que sejam excluídos digitais, mas que também compreendam linguagens
de programação, mesmo que de modo desplugado, ou seja, sem o uso de computadores.
Para aplicar o pensamento computacional não necessitamos utilizar um computador ou saber programar. O que
importa, nessa concepção, é entender a lógica da programação dos computadores para aplicá-la em situações variadas do
dia a dia, tanto na escola como fora dela. Esse conceito envolve resolução de situações-problema e de habilidades críticas,
estratégicas e abstratas, além da criatividade. Por meio dessa lógica, somos capazes de pensar racionalmente, dividindo o
problema em partes menores, identificando padrões, abstraindo para focar o que mais importa a fim de encontrar uma
solução e criando formas de resolver mais facilmente problemas semelhantes sempre que surgirem. Verifique no boxe a
seguir alguns dos princípios que regem o pensamento computacional.

PENSAMENTO COMPUTACIONAL
O pensamento computacional tem muitos princípios, mas quatro são fundamentais e podem ser aplicados ao longo do Ensino
Fundamental – Anos Finais de maneira gradual. Eles poderão, caso a caso, ser utilizados juntos ou apenas um ou outro,
dependendo do tipo de problema em questão:
• Decomposição: relacionada à capacidade de, com a identificação de um problema, dividi-lo em diversas partes menores
para resolver cada uma delas. Ao tornar o problema menor, trabalhando com uma parte por vez, a resolução é facilitada, pois as
partes menores terão menos complexidade que o problema como um todo. Além disso, quando é possível fazer essa subdivisão,
pode-se entender melhor a visão do todo. Por exemplo, vamos pensar em uma situação do dia a dia, como uma sala de aula
com a qual estamos tendo dificuldades. Ao fazer essa decomposição dos problemas, pode-se chegar, por exemplo, a algumas
situações que deixam a sala de aula em situação crítica, como: muitos estudantes com desemprego familiar; bullying na turma;
falta de professor na aula anterior (o que os deixa agitados); estudantes em etapas diferentes de aprendizagem; turma muito
numerosa; metodologia utilizada não atrativa etc.
• Reconhecimento de padrões: relacionado à capacidade de reconhecer características que se repetem ou tendem a se
repetir no problema. Ao reconhecer os padrões, fica mais fácil entender por que acontecem e, em consequência, as soluções que
poderão ser apresentadas utilizando criatividade e inovação, partes do pensamento computacional. Ao dominar a capacidade
de reconhecer padrões, os estudantes poderão facilmente apontar situações similares em problemas distintos, sendo aptos
para empregar a solução de um problema já solucionado e assim resolver problemas semelhantes. Continuando no exemplo
da sala de aula, pode-se chegar à conclusão de que os problemas da turma são semelhantes aos de outras classes da escola,
ou seja, seguem um mesmo padrão. É possível concluir também que algumas questões são comuns e outras diferentes.
Ou, ao constatar um problema semelhante ao observado em outro local, tentar aplicar a mesma solução. Por exemplo: se uma
escola “X” conseguiu diminuir ocorrências de bullying promovendo um trabalho pontual com os estudantes, que inclui rodas de
conversa, dramatização sobre a violência etc., pode-se aplicar a mesma estratégia na escola “Y”.
• Abstração: relacionada ao foco em processos importantes para a resolução dos problemas, sem necessariamente pensar
nos detalhes. Com essa capacidade, os estudantes aprenderão a filtrar e classificar mais rapidamente os dados que têm à
disposição, deixando em segundo plano o que, no momento, não tem muita importância para a solução do problema. No caso
do nosso exemplo: por meio da “decomposição”, o professor constatou que existem vários problemas a serem enfrentados. Mas
não dá conta de tudo sozinho e de uma vez só. Em um processo de abstração, o professor chega à conclusão de que, embora
todos os problemas sejam importantes, impedir que o estudante sofra violência é prioritário. Nesses casos, ele pode acolher os
estudantes vulneráveis, conversar com a turma e compartilhar os demais problemas com a coordenação, a fim de se chegar a
um resultado que atenda às necessidades de todos os envolvidos.
• Pensamento algorítmico: relacionado à capacidade de elaborar estratégias ou planos com instruções que ajudarão a
solucionar o problema ou alcançar determinado objetivo. Seguindo nosso exemplo, vamos pensar que a escola conseguiu
mudar completamente a realidade daquela turma e, por isso, resolveu criar um manual com instruções e etapas bem claras
para auxiliar outras escolas ou turmas a solucionar problemas semelhantes. Outros exemplos de algoritmos são as receitas, os
manuais de funcionamento de um eletrodoméstico etc.

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Agora, imagine um estudante com boa compreensão do pensamento computacional: se ele tiver como tarefa
fazer uma entrevista, será capaz de pensar as várias etapas do trabalho, como elaborar um planejamento adequado,
aplicar processos de experiência anterior na nova tarefa etc. Já um que ainda não tenha assimilado de maneira
completa os conceitos e as aplicabilidades desse tipo de pensamento provavelmente terá dificuldades de priorizar
suas necessidades.
Portanto, desenvolver o pensamento computacional significa ampliar a capacidade do estudante de resolver
problemas diversos, o que contribuirá para o enfrentamento dos desafios escolares e da vida como um todo.
Já a experiência computacional plugada precisa ser igualmente bem desenvolvida na escola. Os estudantes
do século XXI vivem em uma cultura digital muito forte. São nativos digitais, que precisam tanto saber utilizar como
desenvolver tecnologias digitais, tudo isso de maneira crítica. Basta dizer que ao fazermos pesquisa em um buscador
on-line com a palavra “bebê”, seremos bombardeados com informações e propagandas variadas de produtos infantis;
sabemos que são os algoritmos das redes funcionando, uma vez que rastreiam e identificam o resultado da pesquisa
do usuário por relevância e, ao mesmo tempo, oferecem produtos e informações relacionados à nossa pesquisa.
BENTINHO

1
A busca é enviada ao servidor web
Você faz uma busca do buscador on-line.

O servidor do buscador on-line é


formado por uma rede de milhares

5 Finalmente, se devolve o de computadores interligados


resultado pronto para o usuário. mundialmente.

60
55 30
5
25 5

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10
15

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35 25
30

Todo o processo é completado


em menos de 1 segundo.

4 Com a informação obtida, se


produz a página de resultados.

2
Sua solicitação é enviada
aos servidores de índice
(ou servidores de indexação).
A solicitação então “viaja” até os
3 servidores de dados que contêm
as informações solicitadas.
Os servidores de índice apontam
em quais servidores de dados estão
as páginas com os conteúdos que
As páginas são ordenadas contêm as expressões de sua busca.
por um algoritmo que usa
milhares de variáveis.

Elaborado com base em: HISTÓRIA SOBRE OS SITES DE BUSCA. História do site de busca Google. [S. l.], [20--]. Disponível em:
https://sites.google.com/site/historiasobreossitesdebusca/historia-dos-principais-sites-de-busca/Historia-do-site-de-busca-google.
Acesso em: 13 jun. 2022.

XXVII

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EDITORIA DE ARTE
Fluxograma de um algoritmo (sequência de passos) para a troca de uma lâmpada

Pegar Posicionar Buscar Acionar o


INÍCIO
escada escada lâmpada nova interruptor

Acendeu?

Retirar a lâmpada F V
FIM Colocar lâmpada nova Subir na escada
queimada

Início ou fim Atribuição de valores,


Legenda: Decisão
do fluxograma processamento, cálculos etc.

Elaborado com base em: CAMPELLO, Ricardo J. G. B. Introdução à ciência da computação: algoritmos. [S. l.], [20--].
Disponível em: http://wiki.icmc.usp.br/images/a/ab/Algoritmos_SCC0120.pdf. Acesso em: 25 jun. 2022.

Portanto, o estudante precisa compreender o imenso poder das grandes empresas de tecnologia que dominam o
mercado (também conhecidas como big techs), bem como a capacidade que elas têm de controlar ou influenciar diversos
aspectos da vida das sociedades em geral. Assim, além de aprender a usar e produzir tecnologia (programação, vídeos,
podcasts, sites), o estudante também precisa conhecer os riscos da internet, como a exposição excessiva, o ciberbullying,
a deep web, os perigos de sites de pornografia infantil, entre outros.

1.3.5 • Competências Gerais da Educação Básica


De acordo com a BNCC, a mobilização das dez competências gerais visa garantir a formação humana e integral dos
estudantes, contribuindo para a transformação da nossa sociedade.

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social,


cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a cons-
trução de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a
investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, ela-
borar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com
base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e
também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal,
visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica,
para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos
e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma
crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se
comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer
protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

XXVIII

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6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e
experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas
alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e
defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos,
a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posi-
cionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diver-
sidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar
com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar
e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diver-
sidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem
preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e
determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentá-
veis e solidários.

(BRASIL, 2018, p. 9-10).

1.3.6 • Competências Específicas de Ciências Humanas para o Ensino Fundamental


Para todos os anos do Ensino Fundamental, a BNCC apresenta as competências específicas de área. Elas expressam
como as competências gerais se apresentam nas áreas. Segundo o documento, “a área de Ciências Humanas deve propi-
ciar aos alunos a capacidade de interpretar o mundo [...]”. (BRASIL, 2018, p. 356). Esses pressupostos foram articulados
em sete Competências Específicas de Ciências Humanas para o Ensino Fundamental (a seguir).

1. Compreender a si e ao outro como identidades diferentes, de forma a exercitar o respeito à


diferença em uma sociedade plural e promover os direitos humanos.
2. Analisar o mundo social, cultural e digital e o meio técnico-científico-informacional com base nos
conhecimentos das Ciências Humanas, considerando suas variações de significado no tempo e no espaço,
para intervir em situações do cotidiano e se posicionar diante de problemas do mundo contemporâneo.
3. Identificar, comparar e explicar a intervenção do ser humano na natureza e na sociedade,
exercitando a curiosidade e propondo ideias e ações que contribuam para a transformação espacial,
social e cultural, de modo a participar efetivamente das dinâmicas da vida social.
4. Interpretar e expressar sentimentos, crenças e dúvidas com relação a si mesmo, aos outros e
às diferentes culturas, com base nos instrumentos de investigação das Ciências Humanas, promo-
vendo o acolhimento e a valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
5. Comparar eventos ocorridos simultaneamente no mesmo espaço e em espaços variados, e
eventos ocorridos em tempos diferentes no mesmo espaço e em espaços variados.
6. Construir argumentos, com base nos conhecimentos das Ciências Humanas, para negociar e
defender ideias e opiniões que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioam-
biental, exercitando a responsabilidade e o protagonismo voltados para o bem comum e a construção
de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
7. Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica e diferentes gêneros textuais e tec-
nologias digitais de informação e comunicação no desenvolvimento do raciocínio espaço-temporal
relacionado a localização, distância, direção, duração, simultaneidade, sucessão, ritmo e conexão.

(BRASIL, 2018, p. 357).

XXIX

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1.3.7 • Competências Específicas de História para o Ensino Fundamental
Em relação ao ensino de História, a BNCC apresenta os aspectos de renovação historiográfica mais relevantes dis-
cutidos nas últimas décadas e a necessidade de incorporação desses saberes em sala de aula. Esses pressupostos se
encontram articulados às competências gerais e às competências específicas da área de Ciências Humanas, e expressam-se
nas Competências Específicas de História para o Ensino Fundamental (a seguir).

1. Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de trans-


formação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e
em diferentes espaços para analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo.
2. Compreender a historicidade no tempo e no espaço, relacionando acontecimentos e processos
de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais, bem como
problematizar os significados das lógicas de organização cronológica.
3. Elaborar questionamentos, hipóteses, argumentos e proposições em relação a documentos,
interpretações e contextos históricos específicos, recorrendo a diferentes linguagens e mídias, exer-
citando a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos, a cooperação e o respeito.
4. Identificar interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos, culturas e povos com
relação a um mesmo contexto histórico, e posicionar-se criticamente com base em princípios éticos,
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
5. Analisar e compreender o movimento de populações e mercadorias no tempo e no espaço e seus
significados históricos, levando em conta o respeito e a solidariedade com as diferentes populações.
6. Compreender e problematizar os conceitos e procedimentos norteadores da produção
historiográfica.
7. Produzir, avaliar e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de modo crítico,
ético e responsável, compreendendo seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.

(BRASIL, 2018, p. 402).

1.4 • O processo de ensino-aprendizagem em que acreditamos


A escola é um lugar onde se produz um saber próprio, e a produção desse saber é marcada pela ação e interação
de diversos sujeitos – professores, estudantes, livros didáticos, pesquisadores da educação e da área de História, entre
outros –, bem como por necessidades e finalidades específicas.6
O professor seleciona conteúdos para fazer recortes na história produzida e ensinada; escolhe material didático; proble-
matiza temas; discute conceitos; planeja intervenções e estratégias de ensino. Cabe também ao docente analisar sua prática
e refletir sobre ela, para tomar decisões que promovam a aprendizagem e a participação de todos os estudantes. Acima de
tudo, ele é um mediador entre os estudantes e os conteúdos/as habilidades, e deve facilitar o processo de construção de
conhecimento. Leia o boxe a seguir sobre os lugares de fala dos professores numa educação transformadora.

QUAL É O ALCANCE DA FALA DO PROFESSOR?


As inúmeras transformações que ocorreram no mundo nas últimas décadas têm levado a uma grande pressão na figura
do professor. Segundo alguns estudiosos da educação, exige-se dos docentes e da escola de hoje que façam tudo o que a
sociedade, os Estados e a família não estão fazendo. Afinal, qual é o papel do professor? De onde ele fala? Qual é o alcance
da sua fala? Na concepção tradicional de educação, seu papel está associado principalmente à transmissão de informações e à
memorização. Examine a seguir outros papéis e formas de atuação do professor.

6
Os PCNs de História trazem uma elucidativa definição do saber histórico escolar: “No espaço escolar, o conhecimento é uma reelaboração
de muitos saberes, constituindo o que se chama de saber histórico escolar. Esse saber é proveniente do diálogo entre muitos interlocutores
e muitas fontes e é permanentemente reconstruído a partir de objetivos sociais, didáticos e pedagógicos. Dele fazem parte as tradições de
ensino da área; as vivências sociais de professores e alunos; as representações do que e como estudar; as produções escolares de docentes e
discentes; o conhecimento, fruto das pesquisas dos historiadores, educadores e especialistas das Ciências Humanas; as formas e conteúdos
provenientes dos mais diferentes materiais utilizados; as informações organizadas nos manuais e as informações difundidas pelos meios de
comunicação” (BRASIL, 1998, p. 38-39).

XXX

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[...] O desempenho docente, a partir de uma visão renovada e integral, pode ser entendido
como “o processo de mobilização de suas capacidades profissionais, sua disposição pessoal e sua
responsabilidade social para articular relações significativas entre os componentes que impactam a
formação dos alunos; participar na gestão educacional; fortalecer uma cultura institucional demo-
crática e intervir no projeto, implementação e avaliação de políticas educacionais locais e nacionais,
para promover nos estudantes aprendizagens e desenvolvimento de competências e habilidades
para a vida”. [...]

(CAMPOS, 2005, p. 11).

AS DIMENSÕES DOS PAPÉIS DOCENTES


Considera-se que os docentes integram papéis em três dimensões: (1) aprendizagens dos estudantes, (2) gestão educacional e
(3) políticas educacionais.

A primeira, a dimensão das aprendizagens [...] é facilitar a aprendizagem de seus estudantes;


não se pode entender seu trabalho à margem do que seus alunos aprendem. [...]
A dimensão da gestão educacional, sob os novos conceitos de participação, pertença, tomada
de decisões e liderança compartilhada nas escolas, refere-se a docentes que tornam sua a reali-
dade da escola e da comunidade onde ela está, que traduzem as demandas de seu ambiente e das
políticas educacionais no projeto estratégico para sua escola, ao mesmo tempo em que o fazem
em sua prática pedagógica. Esta dimensão refere-se a professores que planejam, monitoram e
avaliam juntos seu trabalho; que revisam suas práticas e sistematizam seus avanços; que se
sentem fortalecidos na equipe docente e se relacionam com outros colegas e outras escolas em
redes de aprendizagem docente; que têm uma atitude crítica, fazem propostas e processam as
orientações centrais à luz de sua realidade e de seus saberes.
A dimensão das políticas educacionais refere-se à participação dos docentes em sua for-
mulação, execução e avaliação. Os sistemas educacionais tipicamente operam com equipes de
“planejadores”, que definem, com seu conhecimento técnico, de que a sociedade, as comunidades
e as escolas necessitam.
Há experiências interessantes, que mostram como se pode gerar processos participativos
horizontais para articular políticas nacionais de consenso, que se convertam em políticas locais
e orientações assumidas por todos os envolvidos em educação. [...]
Com essa visão dos papéis dos docentes, a re-significação de seu trabalho e a recuperação
da posição central dele pressupõem um reconhecimento de que há um conjunto de fatores que
determinam o desempenho, e de que esses fatores interagem e influenciam uns aos outros. Entre
eles: formação inicial, desenvolvimento profissional em serviço, condições de trabalho, saúde,
autoestima, compromisso profissional, clima institucional, valorização social, capital cultural,
salários, estímulos, incentivos, carreira profissional, avaliação do desempenho.
(CAMPOS, 2005, p. 12).

1.4.1 • Conhecimentos prévios


O estudante já traz consigo informações e noções históricas, aprendidas tanto no espaço escolar como em outros
espaços e meios, entre eles livros, televisão, cinema, rádio, jornais, monumentos, museus, círculo familiar etc. Os conhe-
cimentos prévios, ainda que fragmentados, permitirão que eles se relacionem com os novos saberes difundidos na
escola. Sem considerar isso, o professor pode não perceber por que, apesar de seus esforços, determinados estudantes
sentem dificuldade em aprender um conteúdo específico.

XXXI

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O biólogo, psicólogo e filósofo suíço Jean Piaget (1896-1980) foi um dos pioneiros a estudar o processo de aquisição
de aprendizado e o desenvolvimento cognitivo e intelectual das crianças. Em seus estudos, demonstrou que as crianças
não nascem como invólucros vazios, nos quais o conhecimento é depositado e aprendido tal qual foi transmitido.
Segundo o estudioso, o crescimento biológico – responsável pela complexificação do sistema nervoso – e a exposição a
determinados estímulos e interações seriam fatores importantes no processo de desenvolvimento das crianças.
Embora o foco das pesquisas de Piaget não fosse a educação formal, elas serviram de base para que outros estudiosos
entendessem que o caminho para a construção de um novo conhecimento é aquilo que o estudante já sabe.
Amparado nas pesquisas de Piaget, David Ausubel (1918-2008), psicólogo da área educacional, foi um dos primeiros
a usar o termo “conhecimento prévio”. Para Ausubel (apud MOREIRA; MASINI, 2001, p. 6), o conjunto de saberes que
uma criança traz é extremamente importante para a elaboração de novos conhecimentos: “o fator isolado mais impor-
tante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe. Averigue isso e ensine-o de acordo”. Mas não se
trata simplesmente de “sondar” o conhecimento do estudante; é preciso realmente utilizar o que ele tem para planejar
a abordagem do conteúdo, alcançar objetivos maiores, intervir no processo de ensino-aprendizagem e buscar novas
estratégias de interação entre os estudantes e os assuntos apresentados.
Utilizamos como um dos referenciais teóricos sobre a importância do conhecimento prévio nas aulas de História as
ideias da historiadora Regina Célia Alegro (2008, p. 23-24):

[...] Assim, para o ensino de História, mais do que para qualquer outra disciplina ensinada
na escola básica, é necessário considerar os “diferentes discursos”, os diferentes conteúdos que
circulam na sala de aula. Para além do conhecimento veiculado no livro didático, na fala do pro-
fessor, na tradição oral e nos meios de comunicação de massa, é possível reconhecer, também, o
conhecimento elaborado pelo aprendiz. E mais: como estabelece a teoria da aprendizagem signi-
ficativa de Ausubel e colaboradores, pode-se facilitar o processo de aprendizagem ao organizar-se
o ensino – de História – a partir do conhecimento prévio manifesto pelos estudantes.
O que o aluno já sabe, o conhecimento prévio (conceitos, proposições, princípios, fatos, ideias,
imagens, símbolos), é fundamental para a teoria da aprendizagem significativa, uma vez que
constitui-se como determinante do processo de aprendizagem [...].

– Saberes já adquiridos e novos saberes


É importante que o professor busque identificar e analisar as relações estabelecidas pelos estudantes entre os saberes
que já adquiriram e os novos saberes, com o objetivo de planejar as intervenções adequadas.
Para contribuir com esse trabalho, uma das estratégias utilizadas na coleção são as aberturas de unidade. Nelas,
algumas questões disparadoras7 foram elaboradas com a intenção de mobilizar os conhecimentos provenientes do coti-
diano e do universo cultural dos estudantes. Também ajuda, nesse processo, o próprio texto de abertura da unidade, uma
vez que a abordagem é bastante compreensível e adequada à faixa etária, com exemplos para facilitar o entendimento
do conteúdo. Em diversos momentos deste Manual do Professor, nas orientações específicas sobre capítulos, também
apontamos sugestões de mobilização dos conhecimentos prévios dos estudantes.8
A concepção de ensino-aprendizagem exige revisões de procedimentos de toda a cadeia educacional – professores,
estudantes, livros didáticos –, uma vez que é preciso abertura e disposição para lidar com novas tecnologias, práticas e
modos de abordagem. As antigas aulas estáticas, centradas prioritariamente na transmissão de informação, por exemplo,
devem dar lugar a novas estratégias.

7
Presentes na segunda dupla da abertura das unidades.
8
Exemplos: 6o ano = abertura do capítulo 4; capítulo 8, na discussão sobre monarquia e sobre o cristianismo em Roma; 7o ano = na abertura
da unidade 1 e nos estudos sobre feudalismo; 9o ano = abertura da unidade 4.

XXXII

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1.4.2 • Metodologias ativas
Assim como os conhecimentos prévios, as metodologias ativas também podem ser grandes aliadas do trabalho do
professor no processo de ensino-aprendizagem. Ancoradas em novos estudos da didática e da neurociência, e valorizadas
pela BNCC, elas se baseiam na aprendizagem pela experiência e no desenvolvimento da autonomia do estudante. Um
dos primeiros expoentes dessa proposta de ensino-aprendizagem foi o filósofo estadunidense John Dewey (1859-1952),9
que defendia que os estudantes aprendem melhor realizando tarefas associadas aos conteúdos ensinados por meio de
atividades manuais e criativas.10
As metodologias ativas, portanto, são estratégias de ensino centradas na participação efetiva dos estudantes, com
ênfase na observação de evidências, na formulação de hipóteses, na experimentação prática, entre outras atividades que
promovam uma aprendizagem ativa, diferenciando-se da aprendizagem passiva. Neste Manual do Professor, explicamos
alguns usos que fazemos das metodologias ativas na coleção.
Sobre as diferenças entre a aprendizagem passiva e ativa, examine o quadro a seguir.

Diferença esquemática entre estratégias de aprendizagem passiva e ativa


Atividades de aprendizagem passiva Atividades de aprendizagem ativa
Memorização Observação de evidências no contexto
Reprodução de informações Formulação de hipóteses
Estudo teórico Experimentação prática
Reprodução de protocolos ou tutoriais Tentativa e erro
Imitação de métodos Comparação de estratégias
Ausência de registro Registro (inicial, processual e final de aprendizagens)
Favorecimento de foco atencional dinâmico e mediado por
Foco atencional mais repetitivo, estático e individual
colaboração entre pares
Fonte: BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem
teórico-prática. Campinas: Papirus, 2012. p. 180.
LUIS SALVATORE/PULSAR IMAGENS

DELFIM MARTINS/PULSAR IMAGENS

Estudantes da Escola Família Agrícola Antônia Estudantes da etnia kalapalo, da aldeia Aiha,
Suzete de Olivindo Silva realizando uma atividade na apresentam desenho que representa a aldeia em
aula de educação ambiental, em Tianguá (CE), 2018. que vivem, em Querência (MT), 2018.
9
John Dewey escreveu inúmeras obras em que defendeu o aprendizado por meio da realização de tarefas manuais e criativas associadas
aos conteúdos ensinados. Por isso, é considerado um dos precursores da renovação educacional.
10
“Para Dewey só se poderia preparar a criança para a vida social se ela mesma se formasse em um ambiente de intercâmbio e de
cooperação, aprendendo e compartilhando seus conhecimentos. Para tanto, se procurou superar a separação entre conhecimento teórico
e atividade prática, levando a que o conhecimento escolar e a vida social estivessem articulados na elaboração dos problemas a partir dos
quais a escola deveria planejar a seleção de conteúdos a serem ensinados, bem como definir as atividades didáticas a serem desenvolvidas
em cooperação, pelos adultos e pelas crianças. Em resumo, ele propugnava o uso criativo da cultura dos indivíduos com o empenho por
encontrar respostas racionais –poderíamos dizer de caráter científico –, alcançando, progressivamente, o aprendizado a respeito de seus
próprios poderes e propósitos em relação e interação com a vida social.” (XAVIER; PINHEIRO, 2016. p. 181).

XXXIII

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METODOLOGIAS ATIVAS

BENTINHO
“As metodologias ativas envolvem e engajam os educandos, individual ou colaborativamente, no
desenvolvimento de projetos e/ou atividades práticas de aprendizagem” (FILATRO; CAVALCANTI, 2018).*

ESTUDANTES
Estão no centro do processo.
PROTAGONISMO COLABORAÇÃO
DO ESTUDANTE Estudantes aprendem conteúdos
Estudantes participam e desenvolvem habilidades na
efetivamente da construção interação com o outro, seja com a
do processo de aprendizagem. professora, ou o professor, seja
com seus pares.

PROCESSOS INDUTIVOS
Baseiam-se na investigação e na criação de hipóteses para depois haver o desenvolvimento da teoria.

AÇÃO OU EXPERIÊNCIA REFLEXÃO


É parte essencial do processo de É baseada na experiência (ação) para levar
aprendizagem; possibilita a investigação, à sistematização do conhecimento, à
o desenvolvimento e a aplicação de identificação de pontos de melhoria e
habilidades e competências. aos próximos passos da aprendizagem.

PROFESSORA OU
PROFESSOR
Tem papel de orientador
e mediador de caminhos
e experiências de
aprendizagem.

COM BASE NESSAS PREMISSAS, É COMUM OBSERVAR OS


SEGUINTES ELEMENTOS NAS METODOLOGIAS ATIVAS:
• Trabalho com projetos.
• Trabalho em duplas ou grupos.
• Atividades Mão na Massa.
• Diversificação dos espaços de aprendizagem.
• Diversificação dos processos avaliativos.

Elaborado com base em: BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma
abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. (Série Desafios da Educação). Disponível em: https://curitiba.ifpr.edu.br/
wp-content/uploads/2020/08/Metodologias-Ativas-para-uma-Educacao-Inovadora-Bacich-e-Moran.pdf. Acesso em: 23 jun. 2022.
* FILATRO, Andrea; CAVALCANTI, Carolina Costa. Metodologias inovativas na educação presencial, a distância e corporativa.
São Paulo: Saraiva Educação, 2018 apud LUCIANO, Patrícia Turazzi et al. Aplicação de metodologias ativas no ensino síncrono
por meio da abordagem do Design Thinking. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 7., 2020, [s. l.]. Anais eletrônicos
[...]. 2020. Não paginado. Disponível em: https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2021/TRABALHO_EV150_MD1_SA_
ID8379_23112021155855.pdf. Acesso em: 24 jun. 2022.

XXXIV

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EXEMPLOS DE METODOLOGIAS ATIVAS
A seguir, examine alguns exemplos de metodologias ativas.

Sala de aula invertida


A metodologia da sala de aula invertida baseia-se no ensino híbrido. Segundo Bergmann e Sams (2016, p. 11),
“basicamente, o conceito de sala de aula invertida é o seguinte: o que tradicionalmente é feito em sala de aula, agora é
executado em casa, e o que tradicionalmente é feito como trabalho de casa, agora é realizado em sala de aula”. Observe
o esquema a seguir sobre o funcionamento dessa metodologia.

ESTÚDIO DIAGRAMI
ANTES DA AULA
1. Organizar os conteúdos a serem
trabalhados previamente e disponibilizar em um
ambiente virtual, possibilitando ao educando
liberdade de tempo e de acesso. Esses conteúdos
podem ser em forma de videoaulas, slides, textos,
resumos, mapas conceituais, entre outros.
2. A disponibilização dos conteúdos pode ser feita
por aplicativos de mensagens instantâneas, redes
sociais ou outros. Nessa fase, o estudante tem a
oportunidade de assistir aos vídeos
inúmeras vezes, transcrevendo
suas dúvidas para serem
sanadas em sala de aula.

DURANTE A AULA
3. Em sala de aula, haverá a discussão
das percepções dos vídeos. O professor será o
mediador que esclarecerá as dúvidas expostas. Após
esse momento, será proposta a atividade do dia,
podendo se efetivar como uma atividade de pesquisa,
solução de problemas ou testes.
4. Na etapa de desenvolvimento das atividades,
o professor poderá circular na sala, propor debates
e sanar as dúvidas, permitindo, assim, um
espaço conjunto de exploração
de ideias.

DEPOIS DA AULA
Depois da aula, há um processo
de avaliação do tópico estudado,
revisão do conteúdo e definição
do novo tema de trabalho.
Benefícios da
sala de aula invertida
• Incentiva a construção do conhecimento.
• Fomenta a autonomia do estudante.
• Contribui para desenvolver habilidades socioemocionais e
cognitivas, como organização, colaboração e automotivação.

Elaborado com base em: PANTOJA, Ana Maria Silva; LIMA, Maria Francisca Morais de. Proposta de ensino: sala de aula
invertida – uma metodologia ativa de aprendizagem. Manaus: Instituto Federal do Amazonas, [2019].
Disponível em: http://repositorio.ifam.edu.br/jspui/bitstream/4321/318/1/Proposta%20de%20ensino%20-%20sala%20de%20
aula%20invertida%20uma%20metodologia%20ativa%20de%20aprendizagem.pdf. Acesso em: 15 jun. 2022.

XXXV

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Aprendizagem por projetos Aprendizagem por pares ou grupos
(Peer instruction)
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS
ALEX SILVA

O método de instrução por colegas (Peer Instruction – PI)


foi criado pelo físico Eric Mazur, professor da Universidade
Elementos essenciais do projeto
de Harvard (MAZUR; SOMERS, 1997). Essa metodologia
objetiva tornar as aulas mais interativas, de modo que os
estudantes interajam entre si, procurando elaborar hipóte-
ses, explicar (ensinar) uns aos outros os conceitos estudados
Problema e aplicar os conteúdos nas soluções das questões apresen-
ou questão
desaf iadora
tadas pelo professor.
Apresentação Espírito de
de um produto exploração

ALEX SILVA
APRENDIZAGEM POR PARES OU GRUPOS (PEER INSTRUCTION)
Principais

Crítica
e revisão
conhecimentos
e habilidades
para o século Originalidade
1 Professor expõe um conceito específ ico
e organiza as duplas (ou os grupos).
Importante: as duplas (ou grupos) não devem
XXI
ser unidas aleatoriamente, mas sim considerando
que os estudantes agrupados tenham
Voz do
habilidades/conhecimentos complementares para
estudante Ref lexão que ensinem uns aos outros. Aquele que explica se
beneficia tanto quanto o que recebe a explicação,
já que a repetição e a prática garantem
o aprendizado no longo prazo.

Ciclo de vida do projeto


Criação e planejamento
3 Professor aplica um teste
conceitual, que pode ser
respondido por meio de

2
• Defina um problema central. plaquinhas, mãos
Formam-se
• Formule uma questão orientadora. levantadas, quiz etc.
duplas ou grupos.
• Planeje atividades a serem desenvolvidas.
• Elabore um cronograma.
Desenvolvimento
até 30% de acertos: o professor revisa
• Incentive os estudantes.
o conteúdo.
• Envolva a turma durante o processo.
• Mantenha o diálogo.
• Estimule que os estudantes façam pesquisas.
4 Professor
avalia as
respostas, e
entre 30% e 70% de acertos: o professor
incentiva uma nova rodada de discussão
Monitoramento e avaliação se houver... entre as duplas ou os grupos.
• Acompanhe e registre o desenvolvimento dos estudantes.
mais de 70% de acertos: o professor explana
• Observe a motivação e o interesse pelas atividades.
o conteúdo e passa para a próxima questão.
• Veja se as atividades contribuem para a construção de conhecimentos.
• Avalie a necessidade de fazer ajustes no projeto.
Encerramento Elaborado com base em: CHICON, Patricia Mariotto
• Reflita com os estudantes sobre as aprendizagens adquiridas. Mozzaquatro; QUARESMA, Cindia Rosa Toniazzo; GARCÊS,
• Avalie se os objetivos foram atingidos. Solange Beatriz Billig. Aplicação do método de ensino
• Divulgue os resultados objetivos.
Peer Instruction para o ensino de lógica de programação
Elaborado com base em: MÃO na massa. Aprendizagem com acadêmicos do curso de Ciência da Computação. In:
baseada em projetos. Porvir. São Paulo, [20--]. Disponível em: SEMINÁRIO NACIONAL DE INCLUSÃO DIGITAL, 5., 2018, Passo
https://maonamassa.porvir.org/aprendizagem-baseada-em- Fundo. Anais [...]. Passo Fundo: UPF, 2018. Disponível em:
projetos. Acesso em: 15 jun. 2022. https://www.upf.br/_uploads/Conteudo/senid/2018-artigos-
completos/179081.pdf. Acesso em: 15 jun. 2022.
Benefícios da aprendizagem por projetos
Benefícios da aprendizagem por pares ou grupos
• Torna o ensino mais agradável e gratificante para os
estudantes. • Duplas ou grupos com habilidades e conhecimentos dife-
rentes se complementam, de modo a contribuírem uns
• Melhora a aprendizagem.
com os outros.
• Constrói habilidades para a vida.
• Ao auxiliar um colega que apresente dificuldade, o estu-
• Ajuda a alcançar metas do currículo. dante desenvolve a comunicação e a autoconfiança,
• Oferece oportunidades para o estudantes usarem consolidando o próprio aprendizado por meio da prática.
tecnologias. • O trabalho em conjunto favorece a ampliação do senso
• Conecta os estudantes com a comunidade e com o crítico, melhora as relações interpessoais e fomenta a
mundo. cooperação entre os colegas.

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Aprendizagem baseada em problemas
O método de aprendizagem baseada em problemas originou uma rica prática, o estudo de caso. Estudar casos permite
aos estudantes direcionar a própria aprendizagem, ao mesmo tempo que podem colocar em prática seus conhecimentos
em situações do mundo real.
Essas situações (também chamadas de situações-problema) são expostas aos educandos visando prepará-los para a
solução de conflitos e/ou problemas reais, ou seja, para os desafios da vida.

ALEX SILVA
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS
A aprendizagem baseada em
problemas é representada
no Brasil pela sigla ABP, mas
também é comumente
conhecida como PBL
(Problem Based Learning).
A ABP (ou PBL) é uma
abordagem pedagógica na
qual os estudantes iniciam
sua atividade com base em
um problema, que pode ser
real ou uma situação
simulada, de qualquer área
do conhecimento, desde que
atenda aos objetivos da
aprendizagem do curso ou
da disciplina.

Sequência didática de aplicação

1 Oproblema,
professor seleciona um
caso, cenário ou situação
2 Para que os estudantes consigam
solucionar o problema elencado,
com base nas necessidades do o professor pode indicar as fontes ou
conteúdo trabalhado. os autores de base para a investigação.

3 Os estudantes, individualmente ou em
grupo, realizam pesquisas ou coleta
4 Odeprofessor deve indicar a forma
apresentação da resolução
de informações sobre o problema. do problema.

Elaborado com base em: FERREIRA, Tatiane Carvalho; OTA, Marcos Andrei; ARAUJO JÚNIOR, Carlos Fernando de.
Framework para o planejamento de aulas ativas nos espaços de aprendizagem online e presencial.
Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 7, n. 1, p. 2969-2979, jan. 2021. Disponível em:
https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/22857. Acesso em: 15 jun. 2022.

Benefícios da aprendizagem baseada em problemas


• Incentiva as habilidades de solução de problemas e desenvolve o pensamento crítico dos estudantes.
• Oportuniza trabalho e soluções em equipe.
• Amplia a capacidade de conexão entre o estudo de sala de aula e a realidade vivida (articulação teoria-prática).
• Fomenta o raciocínio lógico e aplicado e a capacidade de análise.

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1.5 • Livro didático: crenças e caminhos trilhados nesta coleção
O conhecimento histórico é um poderoso instrumento para a compreensão das experiências sociais, culturais, tecnoló-
gicas, políticas e econômicas da humanidade ao longo do tempo. Permite entender como nossa sociedade foi construída,
modificada e/ou consolidada. O ensino de História, no entanto, não se destina ao mero acúmulo de informações de
natureza enciclopédica ou à glorificação dos grandes fatos e personagens do passado. Por meio da História, entendemos
a natureza de nosso presente – cotidiano, crenças, valores e grupos sociais. “O entendimento do presente escapa a quem
tudo ignora do passado. Só é possível ser contemporâneo do seu tempo conhecendo e tomando consciência das heranças,
sejam elas consentidas ou contestadas”, complementa o historiador francês René Rémond (1994, p. 11).
Percebendo-se como integrante da sociedade (com a qual compartilha um passado e tem um presente em comum)
e fazendo as reflexões adequadas, o estudante também assumirá, gradativamente, o seu papel na construção de um
mundo melhor, mais fraterno e tolerante.

[...] é importante o desenvolvimento da percepção de que a história de vida não é algo puramente indi-
vidual, mas que nossas vivências estão entrelaçadas na vida de outras pessoas, que somos influenciados
pelos discursos circulantes na sociedade. Os alunos precisam perceber como sua vida está relacionada à
dos pais, dos avós, dos colegas, por exemplo. Ao incentivá-los a partilhar suas vivências, os professores
contribuem para promover uma aproximação do conceito de alteridade, o interesse pelo “outro”, ou seja,
favorecem uma espécie de descentramento. Desse modo, constrói-se a ideia de que a história não é feita
exclusivamente pelos chamados “grandes homens”, ela deixa de ser apenas “a história dos outros”.

(GIL; ALMEIDA, 2012, p. 71).


É nesse contexto dinâmico, de suporte ao trabalho do professor e do processo de aprendizagem dos estudantes, que,
acreditamos, o livro didático se insere. Ele deve fornecer instrumentos e estratégias pedagógicas que possibilitem ao
professor despertar em suas turmas interesses e motivações para compreender, questionar e agir como cidadãos plenos
do mundo onde vivem, propiciando, dessa forma, uma educação verdadeiramente integral.
Amparados nas orientações da BNCC que vimos anteriormente e na historiografia renovada das últimas décadas,
buscamos elaborar uma coleção que auxilie o professor de História a formar cidadãos aptos a ler a realidade e capazes de
interferir no mundo e mudá-lo, tendo como pressupostos os valores democráticos balizados na Constituição Federal de
1988 (BRASIL, [2016]). Para que isso seja possível, lançamos mão de diversas estratégias historiográficas e pedagógicas.
Entre elas está, por exemplo, a abordagem de vertentes de culturas e sociedades variadas, não restringindo a obra apenas
à matriz europeia.
A seção Enquanto isso..., por exemplo, visa trabalhar a simultaneidade com os estudantes, apresentando civilizações
diversas. Acreditamos, portanto, que conhecer sociedades diferentes das do mundo ocidental, além de ser importante
para o exercício de comparação, construção da noção de temporalidade e espacialidade, conforme orienta a BNCC,11
também contribui para incentivar a reflexão sobre diversidade e pluralidade étnica, cultural e religiosa, valorizando o
respeito às diferenças.12

1.5.1 • Pluralidade de ideias e multiplicidade de sujeitos


Igualmente valorizamos, nesta coleção, a história de uma multiplicidade de sujeitos, como minorias étnicas, mulheres,
trabalhadores, pessoas com deficiência – enfim, todos que constroem a história no seu cotidiano. Ao realizar esse trabalho,
procuramos evitar os grandes modelos explicativos que se pautam apenas nos conceitos rígidos, como os de formação
econômica. Em contrapartida, buscamos abordar, de modo integrado, as estruturas sociais, políticas, econômicas e
ideológicas das sociedades, nas quais se inserem as situações do cotidiano.13
Destaca-se a abordagem das várias culturas da África e dos afrodescendentes ao longo de toda a obra, tanto em
capítulos exclusivos como em atividades, imagens, sugestões de leitura, entre outros recursos. Procuramos, com isso,
ressaltar a diversidade de povos que o continente africano abriga e sua pluralidade de histórias.

11
Ver página 354 da BNCC (BRASIL, 2018).
12
A seção Enquanto isso... situa-se em quase todos os capítulos antes da seção Esquema-resumo.
13
Esse trabalho se encontra em algumas atividades, seções e boxes da coleção, especialmente nos fechamentos das unidades.

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Dedicamos ainda atenção especial à história e à cultura dos povos indígenas, realçando sua diversidade cultural, sua
importante participação na formação do Brasil e da América, e também questões atuais relativas aos seus direitos à terra
e à preservação da cultura (mais adiante, retomaremos a discussão sobre as sociedades africanas e indígenas).14
Foi nossa intenção oferecer uma diversidade de gêneros textuais (literários, jornalísticos, documentos históricos,
entre outros) e imagens como ferramentas para a construção de conhecimentos. Esses recursos compõem, com o texto
principal, um projeto articulado e sistematizado de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, retirando a ênfase exclusiva dos
documentos escritos, utilizamos uma grande variedade de fontes (visuais, materiais, orais) e linguagens15 (gráficos, tabelas,
músicas, mapas, símbolos), que constituem indícios da história dos seres humanos e expressam formas de pensar e viver
de indivíduos, grupos e povos do presente e do passado.16
Em vez de apresentar os fatos “como eles realmente aconteceram”, como preconiza uma história canônica,17 procura-
mos evidenciar que o historiador não tem o poder de retratar o passado exatamente como foi vivido pelos antepassados,
e sim oferecer interpretações dos fatos históricos.

A história não emerge como um dado ou um acidente que tudo explica: ela é a correlação de
forças, de enfrentamentos e da batalha para a produção de sentidos e significados, que são constan-
temente reinterpretados por diferentes grupos sociais e suas demandas [...].

(BRASIL, 2018, p. 397).

1.5.2 • Conceitos e contextualização


O uso da metodologia conceitual (ver explicação no item As unidades conceituais deste Manual do Professor),
aliado ao esforço de contextualização constante e à utilização de documentos e atividades de natureza variada, se consti-
tui em importante estratégia que articula as relações entre presente e passado e mobiliza os saberes prévios dos estudantes.
Esses subsídios permitem, igualmente, a compreensão dos conceitos próprios da História, como simultaneidade, rupturas,
mudanças, permanências, periodização, sucessão, ritmos de tempo, principalmente quando os estudantes são chamados
a comparar, analisar, perceber, diferenciar e expor suas ideias, contribuindo para a condição de protagonistas na história.
À luz da BNCC (BRASIL, 2018, p. 356), também foi nossa preocupação auxiliar os estudantes a compreender o
“conceito de Estado e dos mecanismos institucionais dos quais as diferentes sociedades dispõem para fazer justiça e criar
um novo campo republicano de direitos”.
Em diversos momentos, aproveitamos a abordagem do passado para evidenciar o funcionamento do Estado e dos
canais institucionais a que as crianças, os adolescentes, suas famílias e todos os brasileiros hoje têm direito e aos quais
nem sempre conhecem ou têm acesso.18
Ao apresentar as experiências do passado, buscamos propiciar aos estudantes momentos voltados à reflexão sobre
aspectos como emoções, situações do presente, objetivos futuros e potencialidades de ação no mundo. Tais situações os
tornam aptos a avaliar as consequências de suas ações, comportamentos e modos de se relacionar. Esse tipo de aborda-
gem está em consonância com os pressupostos da BNCC e, além de contribuir para a formação pessoal do educando,
ajuda a estabelecer boas relações em sala de aula e pode apoiar a assimilação de conteúdos disciplinares, como indicam
estudos sobre a cognição humana produzidos nas áreas de Neurociências, Psicologia e Pedagogia (GATTI, 1997).
Na coleção, a contextualização busca aproximar os temas propostos do cotidiano do estudante. Segundo o professor
José Moran, “cada pessoa aprende de forma ativa, a partir do contexto em que se encontra, do que lhe é significativo,
relevante e próximo ao nível de competências que possui” (MORAN, 2018, p. 3).
14
Ver capítulo 6 do 7o ano. Ali, trazemos, de maneira compreensível para a faixa etária, diversos aspectos importantes dos povos indígenas,
inclusive a existência de múltiplas culturas indígenas, reforçada, por exemplo, pela ilustração de diferentes moradias.
15
Com o uso de “diferentes linguagens (oral, escrita, cartográfica, estética, técnica etc.). [...] torna-se possível o diálogo, a comunicação e
a socialização dos indivíduos, condição necessária tanto para a resolução de conflitos quanto para um convívio equilibrado entre diferentes
povos e culturas” (BRASIL, 2018, p. 356).
16
A variedade de fontes é apresentada principalmente nas seções Olho vivo, Atividades, Raio X e nos fechamentos de unidade. Sobre
essas seções, ver o item Organização da coleção deste Manual do Professor.
17
De acordo com essa concepção, “a história era o que havia sido registrado pela escrita dos ‘homens’ (seres humanos) sobre a vida
pública. Com isso, os sujeitos eram somente os que tinham acesso às formas de manifestação escrita ou os que deviam, em razão de sua
importância pública, ter seus atos registrados pelos seus pares, detentores das formas da escrita” (CARVALHO, 2010, p. XI).
18
Verificar, por exemplo, atividade sobre impostos na atualidade, na unidade 4 do 7o ano.

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Assim, o “contato com entornos reais, com problemas concretos da comunidade, não somente para conhecê-los,
mas para procurar contribuir com soluções reais, a partir de processos de empatia, de aproximação, de escuta e de
compartilhamento [seria uma] aprendizagem-serviço, em que os professores, os estudantes e a instituição aprendem
interagindo com diversos contextos reais, abrindo-se para o mundo e ajudando a modificá-lo” (MORAN, 2018, p. 8). Ao
contrário do ensino tradicional, em que é mero espectador, o estudante entende e intervém em sua realidade, passando
a ter um papel central, tornando-se, portando, protagonista do conhecimento.
Esse conjunto de ideias, proposições e encaminhamentos tem como objetivo ajudar o estudante a conhecer a si
mesmo, a compreender o mundo onde vive e a se conscientizar da importância de se posicionar contra preconceitos de
qualquer natureza, exercendo assim o respeito às diferenças e contribuindo para a construção de uma sociedade mais
justa e acolhedora. Como reforça a BNCC (BRASIL, 2018, p. 353-354), “estimular os alunos a desenvolver uma melhor
compreensão do mundo não só favorece o desenvolvimento autônomo de cada indivíduo, como também os torna aptos
a uma intervenção mais responsável no mundo em que vivem”.

1.6 • A história da África, dos africanos e dos afrodescendentes


Durante muito tempo, a historiografia privilegiou a narrativa linear dos acontecimentos políticos e da formação dos
Estados nacionais. Outro aspecto dessa historiografia tradicional é seu caráter extremamente eurocêntrico: os marcos e
as referências históricas eram quase sempre vinculados às experiências do continente europeu.19
Dessa forma, refletindo os debates historiográficos, a África e o papel dos africanos e seus descendentes na construção
da sociedade e da cultura brasileiras eram relegados a um segundo plano no ensino escolar. Africanos e afrodescendentes
eram apresentados aos estudantes quase sempre em posição subalterna, submetidos ao poder econômico e político das
populações não africanas, especialmente as europeias.
Nas escolas, de modo geral, não se discutiam as origens históricas do preconceito contra os negros, tampouco se
abordava a luta dos afrodescendentes contra o racismo e a discriminação social. O próprio fim da escravidão era histo-
ricamente ensinado como resultado da benevolência da monarquia.
Novas perspectivas sobre fontes e sujeitos históricos, bem como sobre a própria função social do historiador, mudaram
esse paradigma. Nesse contexto, uma das importantes conquistas dos movimentos sociais afro-brasileiros foi a lei
no 10.639, de 9 de janeiro de 2003 (BRASIL, 2003), que alterou a LDB e instituiu nas redes de ensino a obrigatoriedade
do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira. Essa lei foi substituída pela lei no 11.645, de 10 de março de 2008
(BRASIL, 2008), que acrescentou o ensino da história indígena aos currículos das redes, tornando obrigatório o ensino
da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena no Ensino Básico.
Essas conquistas foram tributárias de um movimento de revisão e ressignificação da participação de africanos e
afrodescendentes no presente e no passado do Brasil. Com elas, conseguimos criar ou recriar o ensino dessa temática e,
enfim, transformar as representações sociais desses povos nos materiais didáticos.
Os livros didáticos – que nós, autores brasileiros, produzimos – passaram, assim como outros setores da sociedade,20
a refletir essa preocupação e a representar os afrodescendentes em situações diversificadas. Hoje, como afirma Ana Célia
da Silva (2003, p. 151), esse grupo aparece com

[...] status econômico de classe média, com constelação familiar, crianças praticando atividade
de lazer, em interação com crianças de outras [...] etnias, com nome próprio, sem aspecto caricatural,
frequentando escola, adultos negros exercendo funções e papéis diversificados, descritos como cida-
dãos, interagindo com pessoas de outras etnias sem subalternalidade etc.

19
Poucos docentes formados antes de 2005 tiveram nos seus currículos disciplinas que abordassem as sociedades africanas ou as orientais,
por exemplo. Com exceção da história da África (implantada como temática por força da lei), boa parte dos cursos de História das
universidades brasileiras ainda não contempla culturas como a chinesa ou a indiana, entre tantas outras, e o foco da formação continua
bastante voltado para a história europeia.
20
A lei no 12.232, de 29 de abril de 2010 (BRASIL, 2010), por exemplo, estabelece que toda publicidade governamental deve ter a
representação de afrodescendentes.

XL

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1.6.1 • Visibilidade positiva dos afrodescendentes
Dessa maneira, esta coleção busca contribuir para a visibilidade positiva da população afrodescendente, resgatando,
em vários momentos e de diversas formas, a história e a cultura dos afro-brasileiros e da África. Para que isso se efetive,
procuramos mostrar aos estudantes que esses grupos têm uma história que vai além da escravidão, da pobreza ou da
submissão. Buscamos inspiração nessa historiografia renovada, como as reflexões de Verena Alberti (2013, p. 53), sobre
como pode ser feita a abordagem das histórias e culturas afro-brasileiras em sala de aula: “voltar a atenção para a
diversidade de experiências e identidades, trazer experiências em que africanos e seus descendentes são atores sociais
e políticos, integrar essas experiências à história ‘nacional’ evitando a criação de um ‘nicho’ de ensino ‘afro-brasileiro’ e
fazer o uso de fontes efetivas e expressivas”.
Amparados nessas reflexões, buscamos dedicar atenção especial aos fatos e processos históricos que apresentam os
povos africanos e seus descendentes em situações políticas, econômicas e sociais diversas. Mesmo assim, consideramos
importante o professor reforçar, sempre que possível, aspectos que muitas vezes passam despercebidos, como o fato de
os primeiros seres humanos terem surgido no continente africano. Ainda na Antiguidade, o Egito, um dos reinos mais
poderosos, criativos e opulentos, desenvolveu-se na África. E existiram também várias outras sociedades africanas ricas
e poderosas, como a cidade-Estado de Cartago, a civilização nok, o Reino de Cuxe e o de Axum.
Assim, destaca-se na coleção a diversidade de povos presentes na África e suas experiências históricas e culturais
variadas, distintas e ricas. Buscamos enfatizar, por meio de textos, imagens e atividades, a participação dos africanos e
afrodescendentes na construção da sociedade brasileira e, então, apresentá-los como sujeitos históricos que, ao longo
dos séculos, ocuparam espaços variados na economia, na política e na cultura brasileiras.
Capítulos exclusivos, com informações, textos e imagens variadas, foram elaborados de modo a demonstrar quanto
a cultura e a identidade brasileira são marcadas pela cultura africana. Discutimos, também, a importância de refletirmos
sobre esse legado e, paralelamente, sobre as formas de preconceito e exclusão social que ainda persistem em nossa
sociedade. Esperamos, assim, ajudar a acabar com preconceitos e práticas racistas, e contribuir para a formação de uma
sociedade mais justa e plural, que conceba um novo lugar social e político para os afrodescendentes. Em nosso entendi-
mento, esses são elementos fundamentais na construção da verdadeira democracia, fundada no respeito à diversidade
étnica e cultural da sociedade brasileira.

1.7 • A história dos povos indígenas


As questões que envolvem os povos indígenas dizem respeito a todos. Seu estudo nos permite pensar e discutir temas
essenciais ao mundo contemporâneo e novas perspectivas para o Brasil. Um dos aspectos que podem ser abordados,
tomando-se por base a história e a cultura dos povos indígenas, é o da pluralidade cultural do nosso país. A esse respeito,
o antropólogo Mércio Pereira Gomes (2017, p. 200, 216) ressalta:

O ser índio e o viver índio, no Brasil, não são constantes históricas de um passado pré-colombiano.
[...] [os povos indígenas] constituem pluralidades culturais variadas, determinadas por tempos de lutas
e derrotas, por extinções e sobrevivências, condicionadas pelo presente que se constrói em meio a
uma complexidade sociopolítica que deixa pouco espaço de manobra e opção existencial para eles. [...]
A nova Constituição brasileira definiu o índio como parte essencial da nação brasileira, cidadão com
direitos plenos, povos específicos com direitos legitimados pela sua historicidade, coletividades com
formas próprias de conduta social e cultural. O Estado lhes garante sua proteção contra seus inimigos,
os usurpadores de terras, os esbulhadores de suas riquezas, as doenças e o preconceito ainda existente.

1.7.1 • Valorização da diversidade indígena


De fato, em período relativamente recente, era comum nos livros didáticos a representação dos povos indígenas
apenas sob o ponto de vista do colonizador. Os indígenas apareciam em capítulos relacionados à colonização, apre-
sentados de maneira genérica, sugerindo um grupo coeso e homogêneo do ponto de vista étnico e cultural. Após os
primeiros capítulos de História do Brasil, tornavam-se praticamente ausentes de outros momentos históricos e da sociedade
brasileira contemporânea.

XLI

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Contribuindo decisivamente para superar essa lacuna no ensino de História no Brasil, a lei no 11.645, de 10 de março
de 2008 (BRASIL, 2008), tornou obrigatória a incorporação da história dos povos indígenas ao conteúdo programático
da Educação Básica, pela temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena.
Pautados em tais questões, buscamos nesta coleção ressaltar a diversidade de povos indígenas, em suas problemáticas
históricas e atuais. Dessa maneira, esperamos auxiliar o professor a resgatar a figura dos indígenas como sujeitos históricos
e como importante matriz para a formação da sociedade brasileira.
Tomamos como referencial teórico, para orientar a elaboração desta coleção, a ideia de que o termo “sociedades indí-
genas” corresponde a “um conjunto grande e diverso de culturas e modos de vida”, entre outros conceitos apresentados
no livro organizado por Silva e Grupioni (TASSINARI, 1995). Procuramos, assim, realizar um trabalho que representasse
a história dos povos indígenas e seu presente, com o objetivo de reforçar sua historicidade.
Outro ponto que pode ser destacado em sala de aula é a diversidade cultural existente entre os grupos indígenas.
É importante mostrar que há diferentes troncos linguísticos, distintas formas de morar, de se relacionar com outras
sociedades, indígenas ou não, entre outros aspectos. Destacar essa diversidade ajuda o estudante a construir uma nova
representação sobre os povos.
Ao longo dos quatro volumes, apresentamos a história dos povos indígenas brasileiros desde o povoamento da
América até contextos históricos contemporâneos, sempre procurando ressaltar os vários aspectos da sua cultura, com
ênfase na diversidade de concepções dessas sociedades sobre temas como a origem do Universo, a tecnologia, o con-
ceito de civilizações etc. Além disso, apresentamos aspectos dos modos de viver, morar, produzir e ver o mundo desses
grupos, assim como suas técnicas e tecnologias; suas histórias, seus mitos e suas crenças. Procuramos, ainda, por meio
de imagens, textos e atividades, mostrar as transformações sofridas por essas culturas.
Nesta coleção, buscamos mostrar outra possibilidade de conceber o país: não como uma unidade homogênea,
porém como “o todo social heterogêneo que é, mas que venha a se manter articulado por relações de solidariedade
democraticamente construídas” (LIMA, 1995, p. 415).

2 Metodologia da coleção
O componente curricular História aborda as experiências sociais, culturais, tecnológicas, políticas e econômicas da
humanidade. Contudo, não se destina a um acúmulo de erudição ou mera especulação sobre o passado, pois são o
conhecimento e a reflexão sobre esses processos que contribuirão para a formação de pessoas com habilidades de ler a
realidade e promover transformações, tanto no seu entorno como em âmbito global.
O desenvolvimento dessas habilidades e competências está atrelado ao reconhecimento dos estudantes como sujeitos
históricos, indivíduos que se relacionam com outras pessoas e grupos, capazes de interferir no mundo e modificá-lo a
fim de torná-lo mais justo e solidário. Para alcançar esse objetivo, é preciso criar estratégias pedagógicas e historiográficas
capazes de levá-los a dar significado à herança material e imaterial construída pelos seres humanos ao longo do tempo,
assim como identificar as mudanças, rupturas e permanências nos espaços onde vivem.

2.1 • O autoconhecimento e o protagonismo


Diferentemente de uma metodologia tradicional, baseada na memorização e no acúmulo de informações com um
fim em si mesmo, a educação integral, como mencionado anteriormente, é ancorada em abordagens que contemplam
diversas práticas de aprendizagem e diferentes aspectos dos estudantes. Em termos históricos, por exemplo, mais do que
uma sucessão de governos e datas, ele deverá compreender relações de poder, processos de transformação e manutenção
de estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais, além de outros conceitos e procedimentos, próprios da História e
das Ciências Humanas, que lhe fornecerão repertório para se posicionar e intervir no mundo.
Em termos cognitivos, o estudante deverá ser capaz de fazer uso de diferentes linguagens, utilizar argumentação para
defender seu ponto de vista, criar e utilizar tecnologias para a construção de um mundo mais diverso, tolerante e com
justiça social etc. Ao se reconhecer como portador de uma identidade própria, mas com vínculos com uma comunidade, a
criança e o adolescente têm sua estrutura cognitiva e socioemocional ampliada, podendo atuar de modo mais consciente
na sociedade em que vivem, incluindo práticas de valorização das diferenças e da diversidade.

XLII

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Conhecer as próprias potencialidades e limitações é um processo de autoconhecimento no qual o estudante poderá
se sustentar para explorar diferentes dimensões do mundo, se posicionar diante de situações injustas e construir, mesmo
que de modo ainda elementar, projetos futuros.
Todo esse conjunto de pressupostos tem como objetivo central auxiliar o professor a promover uma educação voltada
para o protagonismo do estudante, ou seja, para o desenvolvimento de capacidades como se enxergar no papel de
agente principal da própria vida; responsabilizar-se por suas atitudes e escolhas; ter iniciativa para a resolução de problemas
etc. Assim, o estudante poderá acreditar em si, em sua comunidade e na própria capacidade de aprender e buscar novos
caminhos e soluções de maneira colaborativa.
Para que esse processo se consolide, a coleção faz uso de diversas abordagens metodológicas, que envolvem
aspectos historiográficos, cognitivos e socioemocionais e que se entrelaçam formando um todo.

A contextualização e a relação entre presente e passado


Atividades variadas
As práticas de pesquisa
As práticas pedagógicas

O trabalho com documentos


Diversidade de fontes
Imagens: uma alfabetização necessária

As unidades conceituais

2.2 • A contextualização e a relação entre presente e passado


Como citado anteriormente, a contextualização é uma perspectiva fundamental para que o estudante adquira um
conhecimento com significado. Conforme explica a BNCC (BRASIL, 2018, p. 399):

Com base em níveis variados de exigência, das operações mais simples às mais elaboradas,
os alunos devem ser instigados a aprender a contextualizar. Saber localizar momentos e lugares
específicos de um evento, de um discurso ou de um registro das atividades humanas é tarefa fun-
damental para evitar atribuição de sentidos e significados não condizentes com uma determinada
época, grupo social, comunidade ou território. Portanto, os estudantes devem identificar, em um
contexto, o momento em que uma circunstância histórica é analisada e as condições específicas
daquele momento, inserindo o evento em um quadro mais amplo de referências sociais, culturais e
econômicas.

Fazer conexões
A ideia de contextualização significa fazer conexões. Assim, a vida do estudante, seu entorno e o mundo em que vive
são o ponto de partida para a contextualização. A escolha das abordagens da obra, os conceitos a serem trabalhados,
bem como a valorização do conhecimento prévio do estudante, são pontos de destaque dessa contextualização. Os
contextos reais, tomados como base para a elaboração dos capítulos21 e das seções, são analisados na sua complexidade,
procurando-se expressar as múltiplas faces da realidade.22

21
Exemplos: 6o ano = capítulo 5, onde são encontradas várias conexões que ligam presente e passado; e 7o ano = capítulo 2, cuja abertura
relaciona os atuais livros digitais com os livros escritos à mão.
22
Sobre o conceito de complexidade ver Paviani (2014, p. 47-48).

XLIII

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Segundo o historiador francês Marc Bloch (1886-1944), “a incompreensão do presente nasce fatalmente da igno-
rância do passado” (BLOCH, 2001, p. 65). Acreditamos, assim como Bloch, que são as problemáticas do tempo presente
que atribuem sentido ao estudo da História, tanto na academia quanto em sala de aula. Desse modo, os conteúdos
disciplinares tornam-se mais significativos, já que estabelecem uma “relação necessária com o mundo cultural do aluno”.
(BEZERRA, 2008, p. 41).
Além disso, a comparação entre o presente e o passado favorece o desenvolvimento das noções de permanência,
ruptura, continuidade e mudança. Essas categorias históricas contribuem para o reconhecimento de alguns elementos
do passado na realidade dos estudantes, ajudando-os a identificar a participação de sujeitos e as estruturas sociais,
econômicas e políticas na dinâmica da vida atual. Assim, gradualmente, eles adquirem condições para analisar e criticar
sua realidade.
Procuramos estabelecer relações entre o presente e o passado em diversos momentos ao longo da coleção: nas
aberturas de unidade e de capítulo, nas Atividades e na seção Fechando a unidade.
Também trabalhamos o relacionamento entre o presente e o passado em questões contemporâneas complexas, como
intolerância, consumismo, violência etc., e para abordar os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs). Esses assuntos
estão presentes de diversas maneiras na coleção: nos eixos conceituais das unidades; no texto central dos capítulos; nas
seções; e nas atividades. Outro importante aspecto do mundo contemporâneo destacado por meio da relação entre
presente e passado é o da diversidade cultural. Utilizamos, para isso, diferentes estratégias a fim de enfatizar e valorizar
a convivência das múltiplas culturas entre si.

2.2.1 • Atividades variadas


As atividades, organizadas sob diversos prismas e objetivos, são momentos privilegiados dessas contextualizações.
As questões propostas nas aberturas de unidade, por exemplo, jogam luz nos conhecimentos prévios dos estudantes. Há
também aquelas com objetivos diversos, como: desenvolver habilidades socioemocionais; aprimorar leitura e interpretação
de documentos variados; valorizar a história e a compreensão dos conceitos históricos; reconhecer dificuldades e direitos
de grupos minoritários socialmente (idosos, negros, indígenas, mulheres e população LGBTQIA+); contribuir para a saúde
mental dos estudantes e para o combate a todo tipo de violência; ampliar a compreensão da literacia digital
(pensamento computacional); promover o pluralismo de ideias, a defesa da cultura da paz e a democracia.23

2.2.2 • As práticas de pesquisa


As práticas de pesquisa, além de contextualizar diversos assuntos, temas e conceitos, permitem atitudes voltadas ao
protagonismo dos estudantes e à literacia científica. Entender, mesmo que de modo ainda elementar, que o trabalho de
pesquisa tem métodos (como a definição de um problema, a proposição de hipóteses etc.), que devem ser apresentados
também por meio de técnicas específicas (relatório, gráficos, tabelas, bibliografia, oralmente), partindo de situações reais
de sua comunidade ou mundo, permite a aquisição de inúmeros conceitos e experiências sensoriais, corporais, emocionais,
de linguagens e formas de expressão, entre outras. Segundo este trecho de artigo do site da BNCC:

é preciso que o ato de pesquisar seja compreendido também como uma aprendizagem a ser
desenvolvida. Isso demanda, dos professores, investimento e planejamento de situações de apren-
dizagem que fomentem nos estudantes o desenvolvimento, entre muitas outras, das habilidades de:
• localizar;
• selecionar e compartilhar informações;
• ler, compreender e interpretar textos com maior grau de complexidade;
• consultar, de forma crítica, fontes de informação diferentes e confiáveis;
• formar e defender opiniões;
• argumentar de forma respeitosa;

23
Exemplos: 6o ano = combate a todo tipo de violência: atividades do capítulo 3 e fechamento da unidade 1; pluralidade de ideias: estudo
e atividades sobre povoamento da América do capítulo 2; valorização da democracia: diversas atividades da unidade 3; literacia digital: na
seção Como se faz..., item Podcast; e 7o ano = pluralidade de ideias: na seção Vamos falar sobre..., do capítulo 3; combate a todo tipo
de violência + saúde mental dos estudantes: no fechamento da unidade 3; cultura da paz e contra o preconceito: atividades do capítulo 7,
sobre a escravização dos africanos.

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• sintetizar;
• expor oralmente o que aprendeu apoiando-se em diferentes recursos;
• generalizar conhecimentos;
• produzir gêneros acadêmicos.

Todas essas habilidades favorecerão o avanço no processo de aprendizagem de diferentes nature-


zas e em diferentes campos do conhecimento. O mais importante é que os estudantes se reconheçam
não como meros consumidores de conhecimento, mas como sujeitos capazes de produzi-los também.

(BRASIL, [20--]c).

Na seção Pesquisa & Ação, abordamos, de modo acessível à faixa etária, algumas práticas de pesquisa. Ao mesmo
tempo que apreende como proceder, o estudante se debruça sobre temas ligados à sua comunidade, à realidade do
planeta ou ao seu papel de indivíduo na sociedade, como recomendam os Temas Contemporâneos Transversais
(TCTs). São, portanto, atividades que visam desenvolver o espírito investigativo e autoral do estudante.

Prática de pesquisa24 O que é Características

A revisão bibliográfica é um
levantamento prévio de re-
ferências bibliográficas para
identificar o estado da arte • Promove revisões de publicações científicas em periódicos,
Revisão bibliográfica do tema a ser investigado, livros, anais de congressos etc.
(estado da arte) ou seja, se há pesquisas se-
melhantes ou complementa- • Não realiza coleta de dados em campo.
res que possam contribuir
para o avanço da pesquisa a
ser realizada.

O termo “documento” inclui


uma diversidade de materiais • Os documentos são considerados fontes primárias se fo-
escritos, iconográficos e esta- ram elaborados por pessoas que participaram diretamente
tísticos, cuja análise possa do evento que está sendo pesquisado.
Análise documental fornecer dados sobre o fenô- • Algumas dificuldades desse tipo de pesquisa: muitos docu-
(princípios de análise de meno pesquisado. Na análi- mentos não foram produzidos para fornecer informações a
discurso) se do documento, buscam- uma investigação social; representam pontos de vista dos seus
-se a intenção do autor, os autores; em sua maioria, são relatos verbais e não revelam
temas destacados, a coerên- comportamentos não verbais, que podem ser relevantes para
cia interna e a estratégia do a pesquisa.
discurso.

• As perguntas que compõem o questionário devem ser ade-


quadas ao propósito da pesquisa.
• Perguntas abertas permitem respostas elaboradas a partir das
opiniões dos entrevistados, direcionadas de acordo com o tema
O questionário consiste em
da investigação. Seu uso é interessante quando se pretende al-
Construção e uso de uma série de perguntas para
cançar maior profundidade acerca do tema investigado.
questionários a coleta de dados qualitati-
vos ou quantitativos. • Perguntas fechadas são, em geral, usadas quando o pesqui-
sador já tem um amplo conhecimento do contexto investiga-
do. Nesse caso, as respostas são facilmente quantificadas. Há
questionários desse tipo em que as perguntas têm como úni-
cas respostas possíveis “sim” ou “não”.

24
As práticas de pesquisa presentes na coleção são: 6o ano = capítulo 7: observação, tomada de nota e construção de relatórios; 7o ano =
capítulo 2: entrevistas; capítulo 3: estudo de recepção (de obras de arte e de produtos da indústria cultural); 8o ano = capítulo 2: análise de
mídias sociais (análise das métricas das mídias e princípios de análise de discurso multimodal); capítulo 9: construção e uso de questionários;
e 9o ano = capítulo 1: revisão bibliográfica (estado da arte); capítulo 9: análise documental (princípios de análise de discurso).

XLV

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Prática de pesquisa24 O que é Características
• Problematiza a relação entre emissor onipotente em contra-
posição ao receptor passivo.
Trata-se de uma investigação
Estudo de recepção • Considera que a relação dos receptores com os meios de
das mediações presentes no
(de obras de arte e de comunicação é necessariamente mediada e a recepção é um
processo de recepção e con-
produtos da indústria processo.
sumo de obras de arte e de
cultural) • A análise da recepção de bens culturais deve levar em con-
produtos da indústria cultural.
sideração a experiência pessoal e social dos indivíduos e gru-
pos humanos.
• O pesquisador vivencia, com os sujeitos pesquisados, situa-
ções do cotidiano do contexto sociocultural estudado.
Consiste em uma técnica de • O registro das informações coletadas pode ser feito por meio
pesquisa que pressupõe a in- de um diário de campo.
Observação participante
serção do pesquisador no
(incluindo tomada • No processo de investigação, devem-se distinguir os resultados
grupo estudado, visando ob-
de notas, relatórios e da observação direta e das declarações dos sujeitos estudados
ter determinadas informa-
etnografia) das inferências do pesquisador.
ções sobre os fenômenos in-
vestigados. • O pesquisador deve vencer limitações de ordem etnocêntri-
ca e estar aberto a modos de vida diferentes das suas referên-
cias pessoais.
• As questões da entrevista devem atender aos objetivos da
pesquisa.
• As questões predeterminadas podem ser simplesmente tó-
São constituídas de um con- picos, como dados de identificação do entrevistado.
Entrevistas (com
junto de questões preestabe- • Nas questões abertas, o pesquisador deve ter cuidado para
destaque para a
lecidas e de questões formu- não fugir do objetivo da pesquisa e sempre ser ético com o
semiestruturada) ladas durante a entrevista. entrevistado.
• O pesquisador deve conhecer com certa profundidade o
contexto a ser investigado para ajudá-lo na elaboração da
entrevista.

Trata-se de uma estratégia • Algumas métricas das mídias sociais são de engajamento,
Análise de mídias de estudo das mídias sociais rankings, demografias, fontes de tráfego, sites de referência,
sociais (análise das por meio de formas de men- curtidas, fanpages, posts, seguidores, mapeamento de influen-
métricas das mídias e suração (métricas) do de- ciadores, entre outros25.
princípios de análise de sempenho de um site, uma
publicação, um aplicativo, • O objetivo das métricas é aferir o desempenho das estraté-
discurso multimodal) gias de comunicação das mídias sociais.
das redes sociais etc.

Fonte: elaborado para esta obra.

2.2.3 • As práticas pedagógicas


Há, ainda, as atividades ancoradas em práticas pedagógicas específicas. Esse conceito é bastante fluido, mas se
caracteriza, principalmente, por envolver ações pedagógicas intencionais que buscam estimular o aprendizado,
visando ao desenvolvimento integral do estudante. “As práticas educativas se tornam pedagógicas quando passam a ser
objeto de ação e reflexão no âmbito da pedagogia. Em termos homônimos, a ação e a reflexão pedagógica concretizam
os objetivos educacionais mediante práticas organizadas sistematicamente desde sua concepção até seu estágio avaliativo”
(SEVERO, 2015, p. 572). Foi com esse objetivo que desenvolvemos, ao longo dos capítulos, determinadas atividades
relacionadas à seção Como se faz... (localizada no final de cada volume do Livro do Estudante), na qual o estudante
encontrará orientações pedagógicas pontuais. Por exemplo, no capítulo 9 do 6o ano, que aborda as invasões dos povos
germanos na Europa, ao problematizar o preconceito em relação aos estrangeiros, tanto no passado como no presente,

25
A respeito das métricas das mídias sociais, sugerimos a leitura do artigo de Liotti (2017).

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solicitamos aos estudantes que produzam uma pequena dramatização (uma cena) que reflita alguma situação vivenciada
ou imaginada por eles, em relação a esse tema. Na seção Como se faz..., a turma encontra orientações para elaborar
e apresentar essa cena.
A seção explicita também os ganhos pedagógicos, sociais e históricos de cada atividade (criação de uma cena dra-
mática, produção de mural, vídeo, fichamento, podcast, leitura de mapas etc.) na formação do estudante.26

COMO SE FAZ... 3O passo Elaboração do roteiro


O roteiro deve conter todas as informações sobre a dramatização: resumo da história, descrição
dos cenários e das personagens (suas falas e cenas).
DRAMATIZAÇÃO Na elaboração de um roteiro de texto dramático, deve-se considerar:
• a definição dos momentos mais representativos da ação;
Dramatização é uma apresentação teatral que pode ser feita na escola ou em qualquer • as personagens (protagonistas e coadjuvantes);
outro lugar, desde que nele seja possível delimitar o espaço cênico e a plateia. • as caracterizações físicas e psicológicas das personagens, que devem ser bem perceptíveis;
A dramatização pode ser individual ou envolver um número reduzido de estudantes, • a utilização de trajes, adereços, modos de falar e andar que possam ajudar na caracterização das
mas pode ser também uma representação coletiva, da qual todos os estudantes da personagens.
turma participam. A adaptação de um texto narrativo a um texto dramático deve levar em conta os seguintes aspectos:
Ela tem como base um tema ou um texto. O texto pode ser improvisado ou previa- • a existência ou não de um narrador;
mente elaborado, ou mesmo ser adaptado de acordo com os objetivos a serem alcançados. • a distinção entre personagens principais e secundárias;
Durante a dramatização, os estudantes devem utilizar a linguagem oral e corporal. • a necessidade de transformar texto narrativo em falas das personagens.
Confira a seguir algumas etapas que podem auxiliar na realização de uma dramatização.
4O passo Preparação
Esta etapa envolve: • a construção do cenário, a confecção das
1 passo
O
Escolha do tema e definição dos objetivos • a distribuição de papéis; roupas e a instalação de som e luz, entre
• a escolha e a preparação de adereços outros recursos audiovisuais;
Com base nas discussões em sala de aula e nas orientações do professor, o grupo
deve escolher o tema da dramatização. Para isso, deve-se levar em conta: para as personagens e para o espaço • a organização do espaço onde vai ser feita
a) se há condições para que ela seja encenada; cênico; a representação cênica.
b) se ela é coerente com o objetivo do trabalho. Nesta etapa, é importante pensar
sobre: 5O passo Ensaio

2a TURMA, 2013 (DIREÇÃO: KAROLINE FERREIRA


MUNDO?" DO AUTOR LUCIANO LUPPI. PROJETO

MS) NÚCLEO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES -


MUNICIPAL DE TEATRO (UFMS/TRÊS LAGOAS/
ESPETÁCULO "QUEM ROUBOU O BRANCO DO
• que mensagem o grupo pretende transmitir;

IDENTIDADE - GRUPO DE TEATRO / ESCOLA


Antes da apresentação oficial, é necessário
• quais são os recursos materiais e humanos disponíveis; ensaiar a dramatização, exercitando as falas
• quanto tempo se tem para realizar a dramatização; e as ações das personagens, e testando os
• onde ela será encenada. cenários e os equipamentos.

E FELIPE CITRO)
Os estudantes envolvidos com a direção e o
roteiro devem aproveitar esse momento para
fazer os ajustes necessários.
A troca de opiniões e as sugestões de todos Espetáculo Quem roubou o branco
2O passo Distribuição de funções do mundo?, de Luciano Luppi,
são importantes nesta etapa de montagem encenado pelo Projeto Identidade,
Depois de estabelecer um objetivo a ser alcançado com a dramatização, é preciso da dramatização, e o ambiente dos ensaios e da grupo de teatro da Escola Municipal
definir que função cada integrante do grupo desempenhará de acordo com suas apresentação deve ser calmo e organizado. de Teatro de Três Lagoas (MG), 2013.
habilidades (diretor, roteirista, ator, cenógrafo) e o tipo de texto que servirá de base
para a apresentação. O texto pode ser: 6O passo Encenação
• previamente elaborado; nesse caso, ele pode sofrer cortes ou acréscimos;
Antes da encenação, é importante que você e os colegas fiquem tranquilos e tenham clareza de
• um texto dramático criado pelos estudantes com base em conteúdos já estudados; que se trata de teatro amador, ou seja, todos estão aprendendo e, nesse processo, é natural que
• uma adaptação de texto narrativo transformado em texto dramático. cometam algumas falhas. Após a exibição, organizem uma roda de conversa para ouvir sugestões
e críticas do público. O grupo pode avaliar se os resultados alcançados estão de acordo com o
objetivo inicial do trabalho e falar sobre a experiência de representar as personagens.

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2.3 • O trabalho com documentos


2.3.1 • Diversidade de fontes
Ao longo de toda a coleção, procuramos desenvolver um trabalho consistente com diversos tipos de documentos. Como
apresentado na BNCC, eles são fundamentais para o entendimento da História. Entre outros aspectos são

capazes de facilitar a compreensão da relação tempo e espaço e das relações sociais que os
geraram. Os registros e vestígios das mais diversas naturezas (mobiliário, instrumentos de trabalho,
música etc.) deixados pelos indivíduos carregam em si mesmos a experiência humana, as formas
específicas de produção, consumo e circulação, tanto de objetos quanto de saberes. Nessa dimensão,
o objeto histórico transforma-se em exercício, em laboratório da memória voltado para a produção
de um saber próprio da história.

(BRASIL, 2018, p. 398).

26
No volume 6, a seção Como se faz... abrange dez atividades procedimentais.

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Para a realização de uma efetiva análise documental em sala de aula, é necessário criar oportunidades para que
essas fontes sejam contextualizadas e problematizadas, de modo que a turma reflita sobre a constituição e a natureza
desses documentos, bem como seja capaz de questioná-los e de perceber quais respostas e informações eles podem ou
não fornecer.
Um dos momentos privilegiados para evidenciar ao estudante a natureza dos documentos é a seção Raio X. Presente
em alguns capítulos, ela explora o desenvolvimento do pensamento histórico, destacando as particularidades do trabalho
do historiador e a forma como esse profissional utiliza os registros para construir suas reflexões e análises.
Em diversos momentos da coleção, o estudante é convidado a exercitar a leitura interpretativa. É o caso das atividades
que se encontram no meio27 e no final de capítulos,28 assim como as do fechamento das unidades,29 onde são apre-
sentados documentos de diferentes naturezas para que ele faça leituras, comparações e inferências. Ou seja, a coleção
desenvolve um trabalho bastante consistente com variados tipos de documentos.

2.3.2 • Imagens: uma alfabetização necessária


A coleção promove estudos e atividades pedagógicas sistematizadas com imagens, por acreditarmos que sua leitura
e análise são habilidades extremamente importantes no mundo atual e que, em geral, são relegadas a segundo plano
no saber escolar.
Nesse aspecto, sempre que possível, reforçamos o papel das imagens como fontes históricas, auxiliando o estudante a
reconhecê-las como representações do passado (ou do presente), e não como cópia fiel da realidade conforme costumam
ser vistas. Também foi nossa preocupação selecionar imagens que refletissem a produção iconográfica de diferentes
regiões do mundo, em tempos distintos, e que representassem técnicas variadas, como pinturas, desenhos, gravuras,
fotografias, murais, charges, entre outros. A iconografia da coleção é, portanto, mais um recurso para a leitura e a
compreensão de temas, fatos, processos, conceitos e realidades estudados ao longo de todas as unidades.
A imagem foi uma das primeiras formas encontradas pelo ser humano para registrar informações. Nas cavernas,
foram desenhados sonhos, desejos, medos, magias e conceitos. Desde então, seu poder intensificou-se, e hoje vivemos
em um mundo saturado das mais diversas imagens. Elas são veiculadas na TV, no cinema, em propagandas impressas
ou ao ar livre; nas histórias em quadrinhos; nos videogames; na internet etc.
As selfies, fotografias tiradas de si próprio, podem, por exemplo, ser compartilhadas em redes sociais e gerar a
divulgação instantânea do acontecimento em milhões de outros aparelhos. Esse fenômeno, inclusive, é estudado como
manifestação de novas relações identitárias.
Embora vivamos em um mundo cada vez mais imagético, é fato que boa parte das crianças e dos jovens encontra difi-
culdades para compreender essas imagens e, principalmente, para refletir sobre sua relevância e seu significado. É necessário
prepará-los, por exemplo, para identificar e reagir adequadamente a situações como o ciberbullying – um tipo de bullying
virtual caracterizado pela rápida propagação de imagens associadas a injúrias e outros insultos em redes sociais.30
Entre essas e outras questões importantes e urgentes, torna-se essencial ainda instrumentalizar os estudantes para
reconhecer a objetificação dos corpos femininos nos espaços de mídias como uma expressão de violência contra a mulher,
que se agrava por estimular outras práticas violentas e discriminatórias. Para auxiliar no enfrentamento dessas questões
desafiadoras do tempo presente, adotamos o trabalho sistemático de análise de imagens como uma das premissas
metodológicas desta coleção. Assim, esperamos contribuir com a reflexão sobre a produção imagética do passado e
para a promoção de uma postura proativa e saudável em relação à produção e ao consumo de imagens na atualidade.
Na seção Olho vivo, a leitura de imagens reflete não apenas sobre o tema representado mas também sobre a com-
posição da obra, seu estilo e as relações das condições de produção e de consumo com o contexto histórico no qual as
imagens foram criadas. Destacam-se os propósitos dos autores dessas obras e procura-se desvendar o caráter arbitrário
e ideológico presente nessas produções iconográficas.

27
Exemplos: 6o ano = capítulo 2: na atividade sobre pinturas rupestres; capítulo 7: na análise de vestígios históricos gregos; 7o ano = capítulo
1, no trecho da Carta Magna.
28
Exemplos: 6o ano = final do capítulo 7: atividade de leitura de mapas e texto contemporâneo sobre a Antiguidade Clássica e novas
possíveis abordagens; 7o ano = final do capítulo 4, no trecho extraído do livro de Ricardo da Costa.
29
Exemplos: 6o ano = fechamento da unidade 3; 7o ano = fechamento da unidade 1.
30
O site brasileiro da associação civil sem fins lucrativos Safernet ([2005]), criada para promover a defesa dos Direitos Humanos na internet,
tem uma série de orientações e relatos sobre situações que envolvem imagens de crianças e adolescentes na rede mundial.

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– Imagem condutora
Outro trabalho desenvolvido na coleção é o que chamamos de imagem condutora. Trata-se do uso de imagens
como “espinha dorsal” para a construção de alguns capítulos (ou parte deles). Para isso, as imagens se configuram em
instrumento pedagógico para a construção do conhecimento. Nesses casos, inicialmente, apresentamos a imagem
completa, com informações sobre origem, produção, técnica, autoria, objetivo e ausências, por exemplo. Dessa forma,
reforçamos o papel do documento histórico, assim como o caráter parcial de sua construção.
O trabalho com a imagem condutora prossegue nas páginas seguintes, nas quais são reproduzidos detalhes da
imagem original com o objetivo de contribuir para as reflexões do capítulo. Mais do que mera ilustração do texto, a
imagem condutora é protagonista do conhecimento, pois evidencia informações e detalhes que, além de atraentes à faixa
etária, são capazes de “traduzir”, de modo simples, mas eloquente, muitos acontecimentos históricos.
Essa abordagem aprimora a acuracidade do olhar e do senso crítico dos estudantes, que podem assim compreender
o papel das imagens como fontes de investigação do passado e instrumentalizar-se para desvendá-las na coleção e em
seu cotidiano.

2.4 • As unidades conceituais


Os conceitos são o fio condutor que articula todos os capí-
tulos de cada unidade. No sentido aqui utilizado, são entendidos Temas Contemporâneos Transversais (TCTs)
como uma formulação abstrata e geral, que tem como finalidade Os Temas Contemporâneos Transversais têm uma
tornar algo ou uma ideia inteligível. Os conceitos são dinâmicos, estrutura muita parecida com as unidades conceituais,
têm historicidades, sendo, portanto, repertórios vivos. Nesta pois atravessam diversos conteúdos, temáticas etc.
coleção, a intenção é usá-los de acordo com a capacidade de Muitas vezes, são utilizados como eixos integradores,
compreensão/apreensão da faixa etária. para dar significado e relevância aos conteúdos
Eles foram escolhidos considerando-se dois critérios principais: escolares, visando à construção da cidadania e à
o primeiro é sua relevância para a compreensão do mundo formação de atitudes e valores.
contemporâneo; o segundo é a pertinência, isto é, a relação A coleção apresenta múltiplas possibilidades didático-
que tal conceito guarda com os contextos históricos tratados -pedagógicas para abordagem dos TCTs (cujos temas
nos capítulos, por ter surgido neles ou porque neles passaram por são Meio Ambiente; Multiculturalismo; Ciência e
importante difusão e utilização. Tecnologia; Economia; Saúde; e Cidadania
e Civismo), como em atividades, aberturas de
A coleção adota a perspectiva da história cronológica e inte-
capítulos1 etc. Assinalamos ainda que, nas orientações
grada, mais familiar às salas de aula brasileiras e balizada também
específicas deste Manual do Professor, todas
na BNCC. No entanto, a organização das unidades por eixos
as aberturas de unidade referentes ao Livro do
conceituais abre possibilidades para um processo de significação
Estudante contêm uma seção na qual são destacados
pedagógica e histórica bastante fecundo, que permite ir além da
os TCTs abordados e seus respectivos conteúdos.
abordagem linear e sequencial dos conteúdos com os estudantes.31
Em termos práticos, o vínculo entre os capítulos e os concei- 1
Alguns exemplos de trabalho com os TCTs na coleção:
tos-chave da unidade (ou seja, entre a apresentação da história Meio Ambiente = 6o ano: capítulos 2, 3, 6 e 8; 7o ano:
capítulos 4 e 5; Multiculturalismo = 6o ano: capítulos 1 e
cronológica e os conceitos) é estabelecido por meio de recursos 2 e toda a unidade 4; 7o ano: capítulos 1, 2 e 3; Ciência
que envolvem diversos processos cognitivos. Um deles é o texto e Tecnologia = 6o ano: unidade 1; 7o ano: capítulos 2
de abertura de unidade, que se apresenta em duas duplas de e 3; Economia = 6o ano: capítulo 10; Saúde = 6o ano:
capítulo 10; Cidadania e Civismo = 6o ano: capítulos 4 e
páginas: em geral, começamos com uma imagem que represente 8; 7o ano: capítulo 2.
o conceito a ser trabalhado na unidade, seguida de exemplos ou
situações do cotidiano, sugerindo aos estudantes que o assunto
abordado também diz respeito a eles e à sociedade na qual vivemos (contextualização).
Na sequência, apresentamos o conceito-chave e o problematizamos para relacioná-lo ao conteúdo dos capítulos
presentes naquela unidade. A abertura de unidade conta ainda com perguntas que mobilizam o conhecimento prévio

31
A forma como esse trabalho conceitual está desenvolvido não se confunde com a perspectiva da história temática, uma vez que esta,
em geral, busca criar relações entre várias temporalidades em um mesmo momento ou análise (no caso do livro didático, quase sempre no
capítulo). Em vez disso, esta coleção mantém a cronologia e a perspectiva integrada (que permeia a história de várias regiões do planeta),
inserindo, nessa relação, a reflexão de alguns conceitos centrais das Ciências Humanas, que são caros ao nosso presente.

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dos estudantes, auxiliando o trabalho diagnóstico do professor. Essa discussão dos conceitos-chave de cada unidade
continua no interior dos capítulos, podendo aparecer tanto no texto principal, em boxes e seções, quanto nas atividades.
Na seção Vamos falar sobre..., situada no final de alguns capítulos, retomamos os conceitos propondo ligações
mais diretas com o que acabou de ser estudado. Na seção Fechando a unidade, por meio da análise de documentos
diversificados (depoimentos, reportagens, imagens, textos literários etc.), o estudante é convidado a sistematizar seus
conhecimentos sobre os conceitos-chave e ampliá-los sob uma perspectiva, quase sempre, interdisciplinar.
Um exemplo dessa proposta é a unidade 3, do volume 6, cujo conceito central é política. Os capítulos dessa unidade
tratam das civilizações grega e romana, nas quais a concepção de política teve origem. A abertura dessa unidade, o texto e as
imagens despertam a atenção para um sentido mais amplo da palavra “política”, que não se restringe apenas ao ato de votar.
Ao longo dos dois capítulos da unidade e em seu fechamento, o conceito é abordado e problematizado de diversas formas.

3 Reflexões sobre tipos de avaliação


As questões relacionadas à avaliação, embora inerentes ao cotidiano dos professores, por vezes, tornam-se preocu-
pantes: avaliar o que, como, para que, em que momento? Para os estudantes, o assunto é igualmente tenso e, não
raro, desencadeador de crises e inseguranças diversas que podem extrapolar até mesmo a sala de aula.
Segundo o educador Cipriano Luckesi (2018), em uma educação mais tradicional, o exercício pedagógico tem se
constituído como “pedagogia do exame”, e não como pedagogia do ensino-aprendizagem. Isso porque, muitas vezes,
a avaliação se traduz em ações com uma finalidade única: aprovação ou retenção do estudante.
Para romper essa visão utilitária da avaliação e transformá-la em uma ferramenta efetiva do processo de ensino-
-aprendizagem, é preciso rever esse processo e adotar novas práticas.
O que acreditamos é que ela é uma etapa fundamental no percurso da aprendizagem, considerando que, por meio
de diversos recursos e modalidades de avaliação, os estudantes compreendem melhor seu desenvolvimento intelectual
e o professor é capaz de identificar a eficácia de seus métodos, dos materiais utilizados e das dinâmicas empregadas.
Também é por meio dos processos avaliativos que os sistemas de ensino dos municípios, dos estados e dos países
conseguem identificar e traçar políticas educacionais. São as chamadas avaliações de larga escala, como a do Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa).

Os indicadores de qualidade produzidos pelas análises dessas avaliações32 permitem compreen-


der o desempenho do aluno, associado às contingências sociais, à estrutura e às condições da escola
que definem o bom desempenho. Revelam também como a formação do professor está relacionada
com o rendimento do aluno e como o nível socioeconômico da clientela escolar é decisivo no desem-
penho acadêmico individual.
(SOUSA; FERREIRA 2019, p. 16).
Sob esse olhar, podemos dizer que tanto avaliações externas como internas são importantes para a melhoria da
educação. No entanto, nenhuma delas pode ter um fim em si mesma. As avaliações praticadas na escola, sobre as quais
estamos nos debruçando aqui, devem ser uma ferramenta de análise para o professor, um ponto de partida e de chegada
do processo pedagógico, indo muito além de provas, trabalhos e outras atividades formais. Como reforça a BNCC:

[...] no cotidiano escolar, as provas são as atividades de avaliação mais comuns, sob a justificativa de
que os estudantes precisam ser preparados para enfrentar o mundo, do qual as provas fazem parte. [...]
Os estudantes se deparam, em suas vidas presentes, com desafios diferentes [...]
Os desafios enfrentados por nós, nas diferentes esferas da vida (cotidiana, escolar, mundo do
trabalho etc.), exigem a mobilização de diferentes conhecimentos. Por isso, os processos de avaliação
da aprendizagem também podem e devem se orientar pela lógica de atenção à natureza dos conteúdos
ensinados por meio de diferentes tipos de atividade.
(BRASIL, [20--]d).

32
Conforme apontado por Sousa e Ferreira (2019), a esse respeito, consultar a revista Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo,
v. 27, n. 66, set./dez. 2016. Disponível em: https://publicacoes.fcc.org.br/eae/issue/view/334. Acesso em: 14 jun. 2022.

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3.1 • Práticas avaliativas
A seguir, vamos apontar algumas possibilidades de um processo avaliativo para a sala de aula. São propostas teóricas
e metodológicas que têm como objetivos atualizar a prática docente e auxiliar reflexões. Independentemente do tipo
de avaliação, o importante é coletar informações sobre o que o estudante já conhece e domina, bem como sobre suas
necessidades para avançar na aprendizagem não apenas de conteúdos mas também de competências. Sobre esse tema,
o sociólogo Philippe Perrenoud aponta alguns aspectos que precisam ser considerados:

[...] a avaliação das competências não descartará uma observação qualitativa dos fatos e gestos,
palavras, raciocínios, hesitações, estratégias, decisões, caminhos do sujeito frente a um problema. [...]
Tal observação passa necessariamente por um diálogo, solicita uma parte importante de autoa-
valiação ou, pelo menos, de explicitação. Faz o aluno e o professor entrarem na complexidade e afasta
definitivamente da busca e da discriminação dos erros. Trata-se [...] de tentar compreender como se é envol-
vido, em quais momentos poder-se-ia ter considerado outras hipóteses ou adotado outros procedimentos.
Em resumo, algumas características da avaliação de competências são a observação qualitativa,
o diálogo constante entre estudante e professor ou entre pares, a autoavaliação (que trataremos a
seguir), a compreensão do erro e a análise crítica de uma prática de identificação e resolução de
problemas. [...].

(PERRENOUD, 1999, p. 166-167).


Em termos práticos, existem avaliações de diversas naturezas, que podem acontecer de variadas formas, como:

avaliação diagnóstica, formativa, mediadora; a avaliação da produção (do percurso – portfólios


digitais, narrativas, relatórios, observação); avaliação por rubricas (competências pessoais, cogniti-
vas, relacionais, produtivas); avaliação dialógica; avaliação por pares; autoavaliação; avaliação on-line;
avaliação integradora, entre outras. Os alunos precisam demonstrar na prática o que aprenderam,
com produções criativas e socialmente relevantes que mostrem a evolução e o percurso realizado.

(MORAN, 2018, p. 10).


A seguir, há um diagrama com algumas sugestões de avaliações que podem se adequar às necessidades e às práticas
de sala de aula; mais adiante, encontra-se um detalhamento de cada uma.

EDITORIA DE ARTE
Tipos de avaliação

AVALIAÇÃO

Antes e durante Durante o Depois do


o ensino ensino ensino

Diagnóstica Formativa Somativa

Elaborado com base em: RAYMUNDO, Gislene Miotto Catolino. A avaliação na EaD. [Florianópolis]: IFSC, [20--]. 1.1
Discussões teóricas. Disponível em: moodle.ifsc.edu.br/mod/book/tool/print/index.php?id=324567. Acesso em: 11 jul. 2022.

LI

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3.1.1 • Avaliação diagnóstica
A avaliação diagnóstica é usada para identificar o que um estudante sabe e em quais aspectos está defasado.
Normalmente, acontece no início de um novo segmento da Educação Básica ou no início de uma nova sequência
didática do professor e abrange tópicos que serão ensinados aos estudantes nas próximas aulas.
Os professores utilizam as informações das avaliações diagnósticas para nortear o que e como ensinar. Com a
aplicação dessa técnica, eles passarão mais tempo ensinando as habilidades nas quais seus estudantes enfrentam mais
dificuldades de acordo com os resultados obtidos. Ela também pode ser uma ferramenta útil para os pais/cuidadores. O
feedback recebido pelos estudantes nessas avaliações aponta que tipo de conteúdo eles trabalharão em aula e permite aos
pais/cuidadores (no caso de menores de 18 anos) prever quais as habilidades ou as áreas em que as crianças/adolescentes
poderão enfrentar dificuldades.
Mapear os conhecimentos prévios dos estudantes é uma tarefa que deve ir além da pergunta clássica: você conhece
ou já ouviu falar? É preciso criar estratégias para que eles tenham condições de se expressar livremente, com respeito e
segurança, e de fato consigam demonstrar o entendimento, as competências e as habilidades sobre determinado assunto.
Para avaliar, uma das melhores estratégias é propor situações-problema. Outras opções que podem ser solicitadas aos
estudantes:

• desenhos e esquemas representativos;


• rodas de conversa;
• produções iniciais de texto;
• análises de casos e situações;
• encenações e dramatizações;
• desafios de lógica.
(BRASIL, [20--]d).

Na coleção, no início de cada unidade existe um boxe com questões de análise de aprendizagens prévias, pelo
qual é possível fazer uma avaliação diagnóstica de conhecimentos, interesses e habilidades da turma. Também em
cada capítulo, ao contextualizarmos dada situação ou realidade, pode ser solicitado que os estudantes explicitem seus
conhecimentos sobre o tema tratado, tendo em vista os objetivos a serem alcançados.33 Nesse momento, podem-se
registrar as conclusões iniciais de cada um, a fim de retomá-las ao final do estudo com o objetivo de que os estudantes
façam correções e complementações necessárias.

3.1.2 • Avaliação formativa


A avaliação formativa é um dos pressupostos teóricos e metodológicos que definem um tipo de avaliação no
qual o mais relevante não é mensurar, atribuir nota ou conceito, mas obter informações sobre a aprendizagem de cada
estudante, com a finalidade de ajudá-lo a avançar e aprender. Uma avaliação como essa deve balizar todo o trabalho
desenvolvido em sala de aula, desde a adequação do planejamento até a análise do desempenho dos estudantes e das
situações de ensino.
Esse tipo de avaliação é visto como um processo, ou seja, como um conjunto de instrumentos capazes de avaliar
diferentes aspectos e momentos da aprendizagem. É importante, para isso, incentivar a participação do estudante,
explicitando os critérios nos quais se baseia a avaliação, os meios utilizados para isso e, sobretudo, os objetivos a
serem alcançados.
Como afirma a pedagoga Leonor Santos (2016, p. 641): “a avaliação formativa é sobretudo interativa, desenvolvendo-
-se a par e passo com as atividades de aprendizagem e a reflexão sobre essas, isto é, no quotidiano da sala de aula. Usando
uma expressão frequentemente usada por Wiliam (2013), é uma avaliação que ocorre ‘dia-a-dia, minuto-a-minuto’”.

33
Exemplos: 6o ano = abertura da unidade 2: quando estudante é convidado a refletir sobre a importância das regras para a vida em
sociedade e relacionar com suas experiências prévias; na abertura da unidade 3: ao instigar o estudante a associar o tema em estudo
com as práticas da comunidade onde ele vive. 7o ano = capítulo 7: em vários momentos, quando o estudante é convidado a expor seus
conhecimentos prévios sobre mitologia grega, escravidão, cidadania e democracia.

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– Características e propostas de avaliação formativa
O professor Charles Hadji (2001) é um dos autores que tratam da avaliação formativa. Ele aponta três características
principais do modelo.
• Primeira: o fato de ser uma avaliação informativa, que oferece dados sobre a condução do processo de
ensino-aprendizagem.
• Segunda: característica decorrente da primeira, é a possibilidade de permitir ao professor uma reflexão sobre seu
trabalho com base nos dados fornecidos pelos estudantes. Da mesma forma, os estudantes também podem tomar
consciência de suas dificuldades, possibilitando a ambos o reconhecimento e a correção dos seus erros.
• Terceira: é a função “corretiva” desse tipo de avaliação, que é resultado da existência da variabilidade didática,
sobre a qual Hadji (2001, p. 48) afirma que:

[...] o professor, assim como o aluno, deve poder “corrigir” sua ação, modificando, se necessário,
seu dispositivo pedagógico, com o objetivo de obter melhores efeitos por meio de uma maior “varia-
bilidade didática”. A avaliação formativa implica, por parte do professor, flexibilidade e vontade de
adaptação, de ajuste. Este é sem dúvida um dos únicos indicativos capazes de fazer com que se reco-
nheça de fora uma avaliação formativa: o aumento da “variabilidade didática”. Uma avaliação que não
é seguida por uma modificação das práticas do professor tem poucas chances de ser formativa! [...]
As correções a serem feitas com o objetivo de melhorar o desempenho do aluno, e que con-
cernem, portanto, tanto à ação de ensino do professor quanto à atividade de aprendizagem do
aluno, são escolhidas em função da análise da situação, tornada possível pela avaliação formativa.
O remédio baseia-se no diagnóstico, o que permite aos atores retificar as modalidades da ação
em andamento.

A avaliação formativa, portanto, insere-se em um processo de ensino-aprendizagem. E, como vimos, esse processo
não é uniforme e depende dos conhecimentos e competências desenvolvidos anteriormente pelos estudantes.
Por isso, para Hadji (2001), o que de fato atesta a prática de uma avaliação formativa é a existência da variabilidade
didática, que decorre da obtenção de informação sobre o que e como o estudante aprende. Em outras palavras, em
um processo de avaliação formativa, obtemos informações que auxiliarão no aprendizado de diferentes estudantes.
Consequentemente, é necessário pensar em propostas diferenciadas, porque quando a variabilidade didática não acon-
tece, o processo pode ter sido presidido por uma intenção formativa, mas que não se concretizou de fato.
A seguir, apresentamos algumas propostas de avaliação contínua que podem servir como ferramenta para uma
avaliação formativa e ponto de partida para o professor. Essas propostas se baseiam nas unidades conceituais nas quais
a obra está organizada. Podem ser provas orais ou escritas, testes, seminários, produção de textos, análise de filmes,
produção de mapas, práticas de pesquisa, visitas etc.
a) Avaliação no início da unidade: busca fornecer informações sobre o nível de conhecimento dos estudantes em
relação ao conceito discutido na unidade. Sugerimos que, por meio das questões propostas na abertura, o professor
faça uma análise das aptidões, dos conhecimentos e dos interesses da turma, tendo em mente os objetivos que
pretende alcançar.
b) Avaliação no decorrer da unidade: possibilita verificar o processo de aquisição de conhecimentos, o desenvolvimento
da capacidade de observar e interpretar criticamente a realidade, bem como a validade das estratégias pedagógicas
utilizadas. Pode ser feita cotidianamente, pela participação e pelo empenho da turma em trabalhos individuais ou
coletivos, orais ou escritos, em pesquisas, debates, provas etc.
c) Avaliação ao final da unidade: tem como objetivo diagnosticar a capacidade de assimilar os conhecimentos traba-
lhados ao longo da unidade e a compreensão do conceito estudado.
Muitas das atividades que constam no Livro do Estudante, assim como as atividades complementares e propostas
de avaliação que estão no Manual do Professor podem ser usadas como avaliação. Além dessas, há avaliações por
unidade de estudo de cada ano escolar, que se encontram neste manual, no tópico Avaliações do volume.

LIII

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3.1.3 • Avaliação somativa
A avaliação somativa é normalmente realizada ao final de um programa de estudos. Pode ser mensal, bimestral,
trimestral ou semestral. Seu objetivo é mensurar quanto os estudantes aprenderam por meio da aplicação de provas
escritas ou orais, testes, seminários, relatórios, produção de textos, entre outros instrumentos. Com os resultados desses
diferentes instrumentos, o professor pode estabelecer uma nota ou um conceito para cada estudante. Ou seja, seu
objetivo primordial é registrar ou reportar.
Na coleção, as atividades apresentadas no decorrer ou no final das unidades e dos capítulos, bem como as “provas”
que estão a seguir, podem ser utilizadas para a aplicação de avaliações somativas.
Cabe lembrar que as avaliações formativa e somativa podem ser complementares. A somativa classifica os estudantes
pela quantidade de conhecimentos que eles dominam e é usada também fora da escola (com estudantes mais velhos, por
exemplo, em concursos, exames ou vestibulares); enquanto a formativa se preocupa mais com os aspectos qualitativos do
processo de ensino-aprendizagem, sendo muito adequada no dia a dia da sala de aula. Para todos os exemplos de avaliação
aqui citados é importante reforçar que: “Cada atividade precisa estar acompanhada de um registro reflexivo do professor,
com comentários sobre a interação do estudante com a atividade, seus avanços e dificuldades” (BRASIL, [20--]d).
Assim, o desenvolvimento do processo avaliativo exige respostas às questões apresentadas no diagrama a seguir.

O que avaliar? Como avaliar?


- Grau de desenvolvimento das capacidades. - Grau de consecução dos conteúdos manifestado
- Aquisição de conhecimentos, procedimentos nos critérios, no planejamento da avaliação.
e atividades. - Conforme critérios profissionais.
- Agentes, processos e resultados. - Segundo configuração e planejamento prévios.

Com que avaliar?


Quando avaliar? - Utilizando técnicas
de observação, prova
- Inicial: diagnóstica CIRCUNSTÂNCIAS
objetiva, pesquisas,
- Formativa: reguladora DA AVALIAÇÃO
entrevistas, evocação etc.
- Final: somativa
- Com o suporte de
instrumentos adequados.

Quem avalia? Por que avaliar?


- Professores e estudantes: - Adequar a atuação didática às necessidades dos
- Autoavaliação estudantes.
- Heteroavaliação - Tomada de decisões, promoção, graduação etc.
- Coavaliação - Classificação e certificação.
- Administração educacional.

Elaborado com base em: NOGUEIRA, Danielle Xabregas Pamplona; JESUS, Girlene Ribeiro de. Avaliação: definições iniciais.
[S. l.], [20--]. Disponível em: http://forumeja.org.br/sites/forumeja.org.br/files/tipos%20e%20etapas.pdf. Acesso em: 23 jun. 2022.

LIV

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3.1.4 • Autoavaliação
No fechamento de cada etapa do processo avaliativo, seja ela feita por blocos de conteúdos, seja associada a períodos
escolares, incentivamos a prática de uma autoavaliação, momento em que o estudante pode fazer um balanço do
próprio aproveitamento, contando com o acompanhamento do professor. Para viabilizar a autoavaliação, deve-se explicar,
no início do trabalho com a turma, os objetivos mínimos a serem alcançados. Durante esse processo, retome os temas
estudados naquele período, assim como as atividades realizadas, e relembre os objetivos preestabelecidos.
Esses dados servirão de parâmetro para a autoavaliação, que pode ser oral ou escrita. É importante lembrar que nem
todos os estudantes se sentem suficientemente à vontade ou seguros para se expor diante do grupo, característica que
deve ser respeitada. Existem muitos modelos de autoavaliação; verifique uma possibilidade no quadro a seguir.

Sugestão de autoavaliação para os estudantes

Começo a
Penso e faço pensar de Frequentemente Preciso de
Elementos do Penso de
conexões maneira preciso de alguém para me
processo de maneira
de maneira independente alguém para me ajudar o tempo
pensamento independente
independente com a ajuda de ajudar todo
outras pessoas

Com uma pequena Com alguma ajuda,


Uso minhas ideias
ajuda, uso minhas copio partes das Copio as ideias de
Imaginação para criar algo que Uso minhas ideias
ideias e as de ou- ideias de outros e outras pessoas com
Penso em novas se conecte com ou- para criar algo e
tras pessoas para as altero um pouco ajuda para criar
ideias ou coisas. tras ideias. Compar- compartilho isso.
criar algo e com- para criar algo e algo.
tilho minhas ideias.
partilho isso. compartilho isso.

Faço perguntas du-


Faço perguntas re-
rante todo o pro- Adiciono ou altero Altero partes dos
lacionadas ao tópi- Uso os mesmos
cesso e estabeleço as perguntas do questionamentos
Questionamento co. Descubro per- questionamentos do
conexões entre di- professor para des- do professor para
Faço perguntas. guntas e respostas professor para des-
ferentes ideias ou cobrir e aplicar no- me ajudar a desco-
para orientar meus cobrir informações.
com partes do que vas informações. brir informações.
próximos passos.
estou aprendendo.

Elaborado com base em: VINCENT-LANCRIN, Stéphan et al. Desenvolvimento da criatividade e do pensamento crítico dos
estudantes: o que significa na escola. Tradução: Carbajal Traduções. São Paulo: Fundação Santillana, 2020. Disponível em:
https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/instituto-ayrton-senna-documento-ocde-
traduzido.pdf. Acesso em: 14 jun. 2022.

É fundamental apoiar-se nos resultados do processo avaliativo para discutir conquistas e dificuldades, a fim de decidir
posteriores mudanças. A respeito dessa função autorreguladora da avaliação, César Coll e Elena Martín (2009, p. 214) afirmam:

As atividades de avaliação deveriam atender mais a essa possível e desejável função autorre-
guladora por meio de uma apresentação prévia clara e explícita daquilo que se pretende avaliar, das
finalidades perseguidas e da análise posterior dos resultados obtidos. [...] Se “aprender a aprender”
implica desenvolver a capacidade de utilizar os conhecimentos adquiridos em toda sua capacidade ins-
trumental para adquirir novos conhecimentos, não há dúvida de que o desenvolvimento e a aquisição
de procedimentos de autorregulação do processo de construção de significados são um componente
essencial dessa meta educacional.

LV

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4 Referências bibliográficas consultadas e recomendadas
ALBERTI, Verena. Algumas estratégias para o ensino de história e cultura afro-brasileira. In: PEREIRA, Amilcar Araújo; MONTEIRO,
Ana Maria (org.). Ensino de História e culturas afro-brasileiras e indígenas. Rio de Janeiro: Pallas, 2013. p. 53.
O capítulo escrito por Verena Alberti provoca a reflexão sobre o ensino da história das relações raciais com base na literatura
sobre o tema. A autora afirma a importância de mostrar que a história da população negra vai além da escravidão, da pobreza ou
da submissão.

ALEGRO, Regina Célia. Conhecimento prévio e aprendizagem significativa de conceitos históricos no Ensino
Médio. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Marília: 2008. Disponível
em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/102251/alegro_rc_dr_mar.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso
em: 12 jul. 2022.
Embora a pesquisa seja com estudantes do Ensino Médio, as reflexões sobre aprendizagem significativa e sobre conhecimentos
prévios para novas aprendizagens são pertinentes à educação como um todo.

BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-
-prática. Campinas: Papirus, 2012.
Diversos autores analisam práticas pedagógicas, tanto na educação básica como no ensino superior, relacionadas à aplicação
das metodologias ativas.

BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-
-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. (Série Desafios da Educação). Disponível em: https://curitiba.ifpr.edu.br/wp-content/
uploads/2020/08/Metodologias-Ativas-para-uma-Educacao-Inovadora-Bacich-e-Moran.pdf. Acesso em: 23 jun. 2022.
Versão digital da coletânea publicada em 2012.

BERGMANN, Jonathan; SAMS, Aaron. A sala de aula invertida: uma metodologia ativa de aprendizagem. Tradução:
Afonso Celso da Cunha Serra. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
Os autores apresentam a metodologia da sala de aula invertida como espaço de esclarecer dúvidas, realizar atividades, trocar
conhecimentos e fixar a aprendizagem.

BEZERRA, Holien Gonçalves. Ensino de História: conteúdos e conceitos básicos. In: KARNAL, Leandro (org.). História na
sala de aula: conceitos, práticas e propostas. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2008. p. 37-48.
O capítulo escrito por Holien Gonçalves Bezerra aborda o que os professores devem selecionar e quais conceitos enfatizar na
elaboração das suas aulas de História.

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
Obra cujo eixo é o programa do curso de Metodologia de Ensino de História na Faculdade de Educação da USP, acrescido de
questões relativas ao ensino de História para as séries iniciais.

BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício de historiador. Tradução: André Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
Obra clássica da historiografia escrita pelo historiador francês Marc Bloch (1886-1944), esse livro de metodologia da História foi
publicado postumamente, em 1949, com a organização de Lucien Febvre.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da
República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 25 jun. 2022.
A Carta Magna serve de parâmetro para as demais legislações do país.

BRASIL. Decreto-lei no 869, de 12 de setembro de 1969. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-


lei/1965-1988/del0869.htm. Acesso em: 18 nov. 2019.
Decreto-lei (atualmente revogado) que criou as disciplinas de Educação Moral e Cívica (EMC) e Organização Social e Política do
Brasil (OSPB).

BRASIL. Lei no 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1o e 2o graus, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 ago. 1971. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l5692.htm. Acesso em: 25 jun. 2022.
Lei que, durante a ditadura civil-militar, regulou o ensino de 1o e 2o graus, atuais ensinos Fundamental e Médio.

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BRASIL. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, ano 134, n. 248, p. 1-9, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
L9394.htm. Acesso em: 25 jun. 2022.
Lei que regula e organiza a educação no Brasil e está pautada no que determina a Constituição Federal.

BRASIL. Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática
“História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, ano 140, n. 8, p. 1,
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Lei que determinou a inclusão no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática história e cultura afro-brasileira.

BRASIL. Lei no 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei
no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo
oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, ano 145, n. 48, p. 1, 11 mar. 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
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Lei que determinou a inclusão, no currículo oficial da rede de ensino, da obrigatoriedade da temática cultura afro-brasileira e indígena.

BRASIL. Lei no 12.232, de 29 de abril de 2010. Dispõe sobre as normas gerais para licitação e contratação pela adminis-
tração pública de serviços de publicidade prestados por intermédio de agências de propaganda e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, ano 147, n. 81, p. 1-3, 30 abr. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12232.htm. Acesso em: 25 jun. 2022.
Lei que estabelece que toda publicidade governamental deve ter a representação de afrodescendentes.

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Elaborada por especialistas de todas as áreas do conhecimento, a BNCC é um documento que visa estabelecer uma base comum
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Aborda como o manejo das emoções, por meio da educação socioemocional, pode ajudar a combater a prática do bullying.

BRASIL. Ministério da Educação. Dia do Orgulho LGBT ganha espaço para debate em programa da TV Escola.
Brasília, DF: MEC, [20--]b. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/homofobia. Acesso em: 22 jun. 2022.
Artigo do Portal MEC com alguns dados e informações sobre o papel da escola no combate à homofobia.

BRASIL. Ministério da Educação. Metodologia de pesquisa na escola. Brasília, DF: MEC, [20--]c. Disponível em: http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/aprofundamentos/192-metodologia-de-pes-
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Aborda os procedimentos de pesquisa na escola como um trabalho sistemático e interdisciplinar de orientação de estudo.

BRASIL. Ministério da Educação. Métodos de diagnóstico inicial e processos de avaliação diversificados. Brasília,
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FcdTAwZTdcdTAwZTNvIl0=. Acesso em: 14 jun. 2022.
Aborda as práticas de ensino comprometidas com a aprendizagem ativa dos estudantes, com base no levantamento dos conhe-
cimentos prévios.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: História:
terceiro e quartos ciclos do Ensino Fundamental. Brasília, DF: MEC: SEF, 1998. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
seb/arquivos/pdf/pcn_5a8_historia.pdf. Acesso em: 25 jun. 2022.
Os PCNs são diretrizes que orientam a prática docente em aspectos fundamentais de cada disciplina.

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BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Plano Nacional de Educação. Brasília, DF, 2014.
Site. Disponível em: http://pne.mec.gov.br. Acesso em: 25 jun. 2022.
Determina diretrizes, metas e estratégias para a política educacional no período de 2014 a 2024.

BRASIL. Ministério da Educação. Subsídios para Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica: diretrizes
curriculares nacionais específicas para o Ensino Fundamental. Brasília, DF: MEC, 2009. p. 55. Disponível em: http://portal.
mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=2850-subsidios-ensinofundamental&Itemid=30192.
Acesso em: 12 jul. 2022.
Documento que oferece subsídios para o trabalho docente com as Diretrizes Curriculares Nacionais Específicas para o Ensino
Fundamental.

BRASIL. Ministério da Educação. Temas Contemporâneos Transversais na BNCC: contexto histórico e pressupostos
pedagógicos. Brasília, DF: MEC, 2019. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/
contextualizacao_temas_contemporaneos.pdf. Acesso em: 25 jun. 2022.
Documento com temas e contextualização relevantes que devem transpassar toda a grade escolar para formação de todos os
estudantes.

CAMPELLO, Ricardo J. G. B. Introdução à ciência da computação: algoritmos. [S. l.], [20--]. Disponível em: http://wiki.
icmc.usp.br/images/a/ab/Algoritmos_SCC0120.pdf. Acesso em: 25 jun. 2022.
Série de slides sobre “Introdução à ciência da computação”.

CAMPOS, Magaly Robalino. Ator ou protagonista: dilemas e responsabilidades sociais da profissão docente. Revista
Prelac (Projeto Regional de Educação para a América Latina e o Caribe), Santiago, n. 1, p. 7-23, jun. 2005. Disponível
em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000144746_por. Acesso em: 22 jun. 2022.
O artigo trata da questão docente, defendendo o fortalecimento do papel de protagonista dos docentes, para atender às
necessidades de aprendizagem de seus estudantes, participar das mudanças e contribuir para transformar os sistemas educacionais
no século XXI.

CARVALHO, Anna Maria Pessoa de (coord.). O ensino de História. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
A obra discute as principais abordagens do ensino de História com base em formulações teóricas.

CHICON, Patricia Mariotto Mozzaquatro; QUARESMA, Cindia Rosa Toniazzo; GARCÊS, Solange Beatriz Billig. Aplicação
do método de ensino Peer Instruction para o ensino de lógica de programação com acadêmicos do curso de Ciência da
Computação. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE INCLUSÃO DIGITAL, 5., 2018, Passo Fundo. Anais [...]. Passo Fundo: UPF,
2018. Disponível em: https://www.upf.br/_uploads/Conteudo/senid/2018-artigos-completos/179081.pdf. Acesso em: 15
jun. 2022.
Relata atividades de pesquisa realizadas com base na metodologia ativa de ensino Peer Instruction, ou “aprendizagem por pares”.

COLL, César; MARTÍN, Elena. A avaliação da aprendizagem no currículo escolar: uma perspectiva construtivista. In: COLL,
César et al. O construtivismo na sala de aula. 6. ed. São Paulo: Ática, 2009. (Série Fundamentos).
Nesse livro, que aborda aspectos que diferenciam o construtivismo dos outros métodos de aprendizagem, os autores do capítulo em desta-
que discutem o papel da avaliação no processo de aprendizagem e como esta pode desempenhar, por exemplo, uma função autorreguladora.

DHEIN, Jonas Alberto; AHLERT, Edson Moacir. Aplicação do método de Aprendizagem Baseada em Problemas
(ABP) no ensino de programação em curso técnico em Informática. Artigo (Especialização em Docência na Educação
Profissional) – Universidade do Vale do Taquari, Lajeado, 12 set. 2017. Disponível em: https://www.univates.br/bdu/
bitstream/10737/2137/1/2017JonasDhein.pdf. Acesso em: 24 jul. 2022.
Demonstra o uso da metodologia ativa de ensino com base em problemas com estudantes da educação profissional do curso
técnico em Informática.

ESTUDOS em Avaliação Educacional. São Paulo, v. 27, n. 66, set./dez. 2016. Disponível em: https://publicacoes.fcc.org.
br/eae/issue/view/334/140. Acesso em: 12 jul. 2022.
Edição que trata de um conjunto de indicadores que analisam a educação no Brasil.

FARIA, Regina. Quem precisa de equidade? Serpro. Porto Alegre, [20--]. Disponível em: http://intra.serpro.gov.br/tema/
artigos-opinioes/quem-precisa-de-equidade. Acesso em: 22 jun. 2022.
Artigo explicando que equidade e igualdade são coisas diferentes no contexto social.

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FERREIRA, Tatiane Carvalho; OTA, Marcos Andrei; ARAUJO JÚNIOR, Carlos Fernando de. Framework para o planejamento
de aulas ativas nos espaços de aprendizagem online e presencial. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 7, n.
1, p. 2969-2979, jan. 2021. Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/22857. Acesso
em: 15 jun. 2022.
Artigo que busca facilitar o planejamento e aplicação da aprendizagem ativa, relatando as etapas utilizadas num curso de
formação continuada docente.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática. São Paulo: Paz e Terra, 1996. (Coleção Leitura).
Aborda a relação entre educadores e educandos, e apresenta propostas de práticas pedagógicas que estimulam a autonomia, a
capacidade crítica e a valorização da cultura e dos conhecimentos empíricos.

GATTI, Bernadette Angelina. Habilidades cognitivas e competências sociais. Santiago, Chile: OREALC, 1997. Disponível
em: http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001836/183655por.pdf. Acesso em: 12 jul. 2022.
A autora aborda as habilidades cognitivas, ou seja, aquelas que fazem o indivíduo competente e capaz de interagir simbolicamente
com seu meio ambiente.

GIL, Carmem Zeli de Vargas; ALMEIDA, Dóris Bittencourt. A docência em História: reflexões e proposta para ações.
Erechim: Edelbra, 2012. v. 5. (Entre Nós – Anos Finais do Ensino Fundamental).
Com base em práticas pedagógicas, as autoras instigam outros olhares, desnaturalizando estereótipos e provocando questiona-
mentos sobre histórias silenciadas.

GOMES, Mércio Pereira. Os índios e o Brasil: passado, presente e futuro. São Paulo: Contexto, 2017.
Em livro completo e atualizado, o autor explica quais são os povos indígenas e como eles vivem, bem como as políticas indigenistas
desde a colonização e os interesses de terceiros nas riquezas indígenas.

HADJI, Charles. A avaliação desmistificada. Tradução: Patrícia C. Ramos. Porto Alegre: Artmed, 2001.
Na obra, o autor expõe como colocar a avaliação a serviço das aprendizagens de maneira concreta. É um dos principais estudiosos
do assunto.

HISTÓRIA sobre os sites de busca. História do site de busca Google. [S. l.], [20--]. Disponível em: https://sites.google.
com/site/historiasobreossitesdebusca/historia-dos-principais-sites-de-busca/Historia-do-site-de-busca-google. Acesso em:
13 jun. 2022.
Página que conta a história do maior site de busca da atualidade.

KALENA, Fernanda; ROCHA, Marília; OLIVEIRA, Vinícius de. Especial socioemocionais. Porvir. São Paulo, [2014]. Disponível
em: http://porvir.org/especiais/socioemocionais/#prettyPhoto. Acesso em: 22 jun. 2022.
A reportagem apresenta reflexões essenciais sobre habilidades socioemocionais.

LIMA, Antonio Carlos de Souza. Um olhar sobre a presença das populações nativas na invenção do Brasil. In: SILVA, Aracy
Lopes da; GRUPIONI, Luís Donisete Benzi (org.). A temática indígena na escola: novos subsídios para professores de
1o e 2o graus. Brasília: MEC: Mari: Unesco, 1995. p. 407-424.
Lima discute as estruturas cognitivas enraizadas que de certa maneira mantêm os indígenas como povos ausentes, imutáveis,
dotados de essências a-históricas e objeto de preconceito.

LIOTTI, Lyanna Peixoto Silva et al. Monitoramento aplicado a mídias sociais de agências de comunicação. In: SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ESTUDOS INTERDISCIPLINARES DA COMUNICAÇÃO – CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA
COMUNICAÇÃO, 40., 2017, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: Universidade Positivo, 2017. Disponível em: http://portalintercom.
org.br/anais/nacional2017/resumos/R12-0417-1.pdf. Acesso em: 22 jun. 2022.
Discute metodologias de monitoramento de mídias sociais de agências de comunicação.

LUCIANO, Patrícia Turazzi et al. Aplicação de metodologias ativas no ensino síncrono por meio da abordagem do Design
Thinking. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 7., 2020, [s. l.]. Anais eletrônicos [...]. 2020. Não paginado. Disponível
em: https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2021/TRABALHO_EV150_MD1_SA_ID8379_23112021155855.pdf.
Acesso em: 24 jun. 2022.
Artigo que apresenta um experimento didático com estudantes de pós-graduação que buscou compreender o papel das meto-
dologias ativas na educação síncrona por meio do aprender fazendo (learning by doing).

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LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2018.
Nesse livro, o autor discute como transformar a avaliação em um processo viável e construtivo.

MÃO na massa. Aprendizagem baseada em projetos. Porvir. São Paulo, [20--]. Disponível em: https://maonamassa.porvir.
org/aprendizagem-baseada-em-projetos. Acesso em: 15 jun. 2022.
Página de site mantido pelo grupo Porvir Inovações em Educação, que oferece diversas ferramentas para preparar aulas de maneira
prática e criativa com base nas metodologias ativas de aprendizagem.

MAZUR, Eric; SOMERS, Mark D. Peer instruction: a user’s manual. Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall, 1997.
Aborda a metodologia dos pares (em inglês). O método incentiva os estudantes a interagir entre si ao longo das aulas,
procurando explicar uns aos outros os conceitos estudados, elaborar hipóteses e aplicar os conteúdos na solução das questões
conceituais apresentadas. Neste artigo, podem-se obter mais informações: https://www.upf.br/_uploads/Conteudo/senid/2018-artigos-
completos/179081.pdf. Acesso em: 25 jun. 2022.

METODOLOGIAS ativas de aprendizagem: o que são e como aplicá-las. Lyceum. São Paulo, 27 set. 2021. Blogue. Disponível em:
https://blog.lyceum.com.br/metodologias-ativas-de-aprendizagem/#:~:text=O%20Estudo%20de%20Caso%20oferece,
a%20resolu%C3%A7%C3%A3o%20de%20problemas%20reais. Acesso em: 18 jun. 2022.
O artigo explica a importância das metodologias ativas e como elas funcionam, no contexto em que a informatização provocou
diversas mudanças na maneira como interagimos com o mundo

MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In: BACICH, Lilian; MORAN, José.
Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. p. 3.
Artigo de Moran detalhando o significado e os processos ligados às metodologias ativas.

MOREIRA, Marco Antonio; MASINI, Elcie F. Salzano. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo:
Centauro, 2001.
Este livro oferece visão geral e acessível ao pensamento de David Ausubel.

NOGUEIRA, Danielle Xabregas Pamplona; JESUS, Girlene Ribeiro de. Avaliação: definições iniciais. [S. l.], [20--]. Disponível
em: http://forumeja.org.br/sites/forumeja.org.br/files/tipos%20e%20etapas.pdf. Acesso em: 23 jun. 2022.
As autoras abordam as formas de avaliação diagnóstica, formativa e somativa.

ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Estudos da OCDE sobre competências:


competências para o progresso social: o poder das competências socioemocionais. Tradução: Maria Carbajal. São Paulo:
Fundação Santillana, 2015. Disponível em: https://www.opee.com.br/competencias-para-o-progresso-social. Acesso em:
6 jun. 2022.
O relatório sintetiza o trabalho analítico da OCDE sobre como legisladores, escolas e famílias podem facilitar o desenvolvimento
de competências socioemocionais mediante programas de intervenção.

PANTOJA, Ana Maria Silva; LIMA, Maria Francisca Morais de. Proposta de ensino: sala de aula invertida – uma meto-
dologia ativa de aprendizagem. Manaus: Instituto Federal do Amazonas, [2019]. Disponível em: http://repositorio.ifam.
edu.br/jspui/bitstream/4321/318/1/Proposta%20de%20ensino%20-%20sala%20de%20aula%20invertida%20uma%20
metodologia%20ativa%20de%20aprendizagem.pdf. Acesso em: 15 jun. 2022.
Instrumento pedagógico para subsidiar a prática docente nos cursos superiores de tecnologia por meio da sala de aula invertida.

PAVIANI, Jayme. Interdisciplinaridade: conceitos e distinções. Caxias do Sul: Educs, 2014.


Analisa a experiência interdisciplinar, considerando a investigação científica, o ensino e o exercício profissional.

PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens – entre duas lógicas. Porto Alegre:
Artmed, 1999.
O autor propõe a noção de que a avaliação deve estipular hierarquias de excelência, pois avaliar é privilegiar um modo de estar
em sala de aula e no mundo e, também, de prevenir o fracasso escolar.

PRINCÍPIOS que nortearam a Base Curricular estão na Constituição. Correio Braziliense, Brasília, DF, 22 fev. 2016.
Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/ensino_educacaobasica/2016/02/22/
interna-educacaobasica-2019,518886/principios-que-nortearam-a-base-curricular-estao-na-constituicao.shtml. Acesso
em: 11 fev. 2020.
Reportagem com informações sobre a trajetória e os princípios que conduziram a produção da BNCC.

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RAYMUNDO, Gislene Miotto Catolino. A avaliação na EaD. [Florianópolis]: IFSC, [20--]. 1.1 Discussões teóricas. Disponível
em: moodle.ifsc.edu.br/mod/book/tool/print/index.php?id=324567. Acesso em: 11 jul. 2022.
Curso sobre tipos de avaliação do Instituto Federal de Santa Catarina.

RÉMOND, René. Introdução à história de nosso tempo. Lisboa: Gradiva, 1994.


Considerado o “historiador do contemporâneo”, o autor responde nessa obra algumas das questões mais importantes de nosso
tempo, como o que é liberalismo, nacionalismo, entre outras.

SAFERNET. [S. l.], [2005]. Site. Disponível em: https://new.safernet.org.br. Acesso em: 7 jun. 2022.
O site pretende promover a defesa dos Direitos Humanos na internet brasileira. Reúne uma série de orientações e relatos sobre
situações que envolvem imagens de crianças e adolescentes na rede mundial.

SANTOS, Leonor. A articulação entre a avaliação somativa e a formativa, na prática pedagógica: uma impossibilidade ou
um desafio? Ensaio: aval. pol. públ. educ., Rio de Janeiro, v. 24, n. 92, p. 637-669, jul./set. 2016. Disponível em: https://
www.scielo.br/j/ensaio/a/ZyzxQhwSHR8FQTSxy8JNczk/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 14 jun. 2022.
Discute a articulação entre a avaliação somativa e a formativa.

SEVERO, José Leonardo Rolim de Lima. Educação não escolar como campo de práticas pedagógicas. Revista Brasileira
de Estudos Pedagógicos, v. 96, n. 244, p. 561-576, set./dez. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbeped/a/
SgHzCz9mYprkCV6RtTR368v/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 7 jun. 2022.
Apresenta o conceito de educação não escolar (ENE) e estabelece contribuições críticas ao debate que envolve o reconhecimento
e o fortalecimento dos processos educativos dessa natureza.

SILVA, Ana Célia da. Por uma representação social do negro mais próxima e familiar. In: BARBOSA, Lucia Maria de
Assunção et al. (org.). De preto a afrodescendente: trajetos de pesquisa sobre o negro, cultura negra e relações
étnico-raciais no Brasil. São Paulo: EdUFSC, 2003. p. 151-207.
A autora discute a agenda dos movimentos negros brasileiros, suas reivindicações e ações concretas na luta antirracista no Brasil.

SOUSA, Clarilza Prado de; FERREIRA, Sandra Lúcia. Avaliação de larga escala e da aprendizagem na escola: um diálogo
necessário. Psicologia da Educação, São Paulo, n. 48, p. 13-23, jan./jun. 2019. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.
org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752019000100003. Acesso em: 14 jun. 2022.
Debate teórico acerca de aproximações e afastamentos das avaliações de larga escala e da aprendizagem na escola.

TASSINARI, Antonella Maria Imperatriz. Sociedades indígenas: introdução ao tema da diversidade cultural. In: SILVA, Aracy
Lopes da; GRUPIONI, Luís Donisete Benzi (org.). A temática indígena na escola: novos subsídios para professores de
1o e 2o graus. Brasília: MEC: Mari: Unesco, 1995. p. 447-448.
A autora apresenta os resultados de suas pesquisas sobre educação indígena (escolar e não escolar) e oferece subsídios para o
tratamento adequado sobre populações indígenas no ensino regular.

VINCENT-LANCRIN, Stéphan et al. Desenvolvimento da criatividade e do pensamento crítico dos estudantes:


o que significa na escola. São Paulo: Santillana, 2020. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/
institutoayrtonsenna/documentos/instituto-ayrton-senna-documento-ocde-traduzido.pdf. Acesso em: 14 jun. 2022.
Apresenta os resultados de uma pesquisa realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
com o objetivo de desenvolver uma linguagem e um entendimento comum sobre o que significa a promoção das competências de
criatividade e pensamento crítico nos ensinos fundamental e médio.

XAVIER, Libânia Nacif; PINHEIRO, José Gledison Rocha. Da Lab School de Chicago às escolas experimentais do Rio de
Janeiro dos anos 1930. História da Educação, Porto Alegre, v. 20, n. 50, p. 177-191, set./dez. 2016. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/heduc/a/TpjsgHZzgQ78FyG8Z588CHh/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 24 jun. 2022.
Abordam-se as relações do processo de expansão escolar e de difusão do conhecimento científico com as modernas formas de
socialização.

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5 Objetivos e justificativas do volume
5.1 • Unidade 1
Objetivos
• Compreender os conceitos de território, de governo e suas relações.
• Reconhecer o Estado como resultado de processos históricos protagonizados por povos, grupos e lideranças.
• Contextualizar a concentração do poder político no final da Idade Média e o que contribuiu para esse acontecimento.
• Identificar aspectos do Absolutismo monárquico e as teorias elaboradas para ampará-lo.
• Conhecer os mecanismos utilizados para o fortalecimento dos reis.
• Compreender o papel do Tribunal do Santo Ofício entre a Idade Média e a Idade Moderna.
• Elencar as causas do fim do Império Bizantino e o impacto da ruptura para o início da Idade Moderna.
• Reconhecer o Racionalismo, o Cientificismo e o Humanismo como valores da Europa Renascentista.
• Compreender a relação do cristianismo e do pensamento medieval representados nas Artes e na Ciência do
Renascimento.
• Caracterizar a arte renascentista, identificando as técnicas e os expoentes do movimento.
• Reconhecer os avanços científicos e os conflitos gerados no seio da Igreja.
• Identificar o papel dos mecenas nas pesquisas e nas artes no Renascimento.
• Compreender o contexto da Reforma Protestante e as características das novas Igrejas cristãs na Europa.
• Relacionar a Contrarreforma ao contexto de crise da Igreja Católica.
• Reconhecer a importância da imprensa na difusão de ideias científicas e religiosas na Europa.
• Valorizar a diversidade religiosa, a liberdade de crença e de culto.

Justificativas
• A compreensão dos conceitos de território, de governo e suas relações e o reconhecimento do Estado como resultado
de processos históricos protagonizados por povos, grupos e lideranças permitem discutir noções importantes na
formação para a cidadania e para a democracia.
• A contextualização da concentração do poder político no final da Idade Média, a identificação de aspectos do
Absolutismo monárquico e as teorias elaboradas para ampará-lo permitem discutir a questão das relações de poder
e suas consequências para a população, valorizando as relações democráticas e a promoção da diversidade.
• O entendimento sobre o papel do Tribunal do Santo Ofício entre a Idade Média e a Idade Moderna e a discussão
a respeito das perseguições religiosas permitem estabelecer conexões entre temas históricos e o tempo presente,
valorizando a diversidade religiosa, a liberdade de crença e de culto.

5.2 • Unidade 2
Objetivos
• Compreender a importância da tolerância para uma sociedade democrática em todos os espaços.
• Identificar as características do islamismo e o legado do Império Árabe para as áreas da Ciência.
• Reconhecer o papel do deserto do Saara na divisão geográfica da África.
• Conhecer o processo histórico de formação dos reinos de Gana e do Mali.
• Entender o papel dos povos iorubá e banto na composição das sociedades africanas.
• Conhecer a formação e a extensão do Império Turco-Otomano.
• Compreender o que possibilitou a expansão marítima europeia e o pioneirismo ibérico nas Grandes Navegações.
• Compreender as Grandes Navegações, identificando as tecnologias e as condições humanas enfrentadas pela tri-
pulação durante as viagens marítimas.
• Compreender as disputas pelo Atlântico entre as potências europeias e suas relações com o mercantilismo.
• Verificar as características dos povos pré-colombianos, o processo de dominação espanhola, formas de exploração
indígena e resistência das sociedades indígenas.

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• Compreender as consequências da colonização para os povos nativos, o contexto atual desses grupos e os movi-
mentos de resistência.
• Caracterizar a forma de governo na América espanhola e o papel da Igreja Católica no projeto colonial.
• Compreender a colonização inglesa da América do Norte, as diferenças entre as colônias no Norte e no Sul e as
características do comércio triangular.
• Reconhecer aspectos da presença francesa e holandesa no continente americano.

Justificativas
• A intolerância, evidenciada nas diversas áreas das relações humanas, é hoje uma das principais razões dos inúmeros
conflitos e violência entre grupos, países e pessoas.
• O islamismo é uma das religiões com maior número de seguidores do planeta e, ao mesmo tempo, uma das que
mais sofrem perseguições. Entender os princípios que regem a religião e a herança cultural islâmica é fundamental
para reverter esse processo.
• Além da riqueza cultural e artística que permeia a história antiga da África, o legado cultural dos povos africanos
é um dos principais componentes da formação dos brasileiros.
• As navegações e o processo de expansão europeia trouxeram intercâmbio de produtos, mercadorias e ideias e
promoveram a integração de praticamente todos os povos do mundo.
• Nos continentes dominados pelos europeus, iniciou-se a exploração de bens e pessoas em uma proporção até então
sem precedente, promovendo dominação e extermínio de milhões de indivíduos, cujo legado pode ser observado
até a atualidade.

5.3 • Unidade 3
Objetivos
• Reconhecer a importância social do trabalho.
• Compreender os motivos da colonização portuguesa e seus efeitos com a exploração do pau-brasil.
• Contextualizar o imaginário dos colonizadores sobre a América.
• Compreender a organização da sociedade indígena e os estereótipos construídos sobre esses povos.
• Caracterizar as capitanias hereditárias e as mudanças promovidas pelo governo-geral na América portuguesa.
• Caracterizar as ações dos jesuítas e a luta dos indígenas no tempo presente.
• Compreender o que foi a Inquisição e suas principais consequências.
• Identificar as formas de trabalho análogas à escravidão no presente.
• Diferenciar a escravidão ocorrida na África da estruturada para o lucro de traficantes europeus entre os séculos XVI
e XIX.
• Relacionar a quantidade de escravizados na colônia à demanda por mão de obra nas lavouras de cana-de-açúcar
e café.
• Reconhecer as rotas de tráfico de africanos para a América.
• Refletir sobre a violência da escravidão, as formas de trabalho e as relações de poder que marcavam os espaços da
sociedade colonial.
• Reconhecer os quilombos como modelos de resistência e entender a situação da população negra na atualidade.
• Compreender a ocupação holandesa, sua herança cultural e a importância do açúcar na colônia portuguesa.
• Contextualizar a expulsão dos holandeses do Brasil e os desdobramentos na Guerra dos Mascates.
• Refletir sobre o desenvolvimento tecnológico no passado e no presente.

Justificativas
• Identificar na atualidade brasileira resquícios da experiência colonial e desenvolver, nos jovens, consciência e condutas
decoloniais (antieurocêntricas).
• Com pensamento e ações decoloniais, construir relações mais justas e igualitárias, portanto, democráticas.
• Estimular a conduta antirracista a partir da compreensão histórica e da dimensão étnica da escravidão moderna.
• Conscientizar os estudantes da importância dos direitos trabalhistas, para que percebam que, quanto menos direitos,
mais análogas à escravidão podem se tornar as condições de trabalho.

LXIII

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• O mapa Terra Brasilis evidencia o poder que as imagens podem ter tanto no presente como no passado.
• A estrutura administrativa da colônia é um caminho para entender a formação atual do país.
• O processo que envolveu a eclosão da covid-19 e as medidas utilizadas pelos diversos governos para conter a doença
são caminhos para entender a situação das doenças e das epidemias tanto no presente como no passado.

5.4 • Unidade 4
Objetivos
• Compreender os deslocamentos populacionais como parte da experiência humana e como diferentes movimentos
levaram à expansão colonial.
• Relacionar a formação de povoados no Norte e no Nordeste à necessidade de defesa contra invasores.
• Conhecer o conceito de agricultura de subsistência, a importância da criação de gado, e relacionar a sua expansão
à ocupação de territórios no interior da colônia.
• Compreender como o conceito de guerra justa foi utilizado pelos colonizadores e seus efeitos para as populações
indígenas.
• Conhecer métodos de análise documental para a elaboração do conhecimento histórico.
• Compreender aspectos da colonização no norte e nordeste da colônia e caracterizar a exploração econômica das
drogas do sertão.
• Identificar as relações entre indígenas e bandeirantes no contexto das expedições de apresamento e reconhecer os
impactos provocados pelas bandeiras.
• Compreender o início da exploração mineral e identificar características da sociedade aurífera.
• Associar os tropeiros ao abastecimento do mercado interno e compreender a implementação de impostos e medidas
de caráter mercantilista.
• Diferenciar o caráter dos impostos cobrados no presente dos impostos coloniais e identificar as atividades econômicas
na colônia.
• Conhecer aspectos do movimento artístico Barroco e sua expressão no contexto do Brasil colônia.
• Refletir sobre os movimentos populacionais no território brasileiro, com destaque para a migração nordestina.

Justificativas
• O tema dos deslocamentos populacionais está muito presente no mundo contemporâneo. Refletir sobre esse fenô-
meno contribui para o desenvolvimento do pensamento crítico, de atitudes que promovem os direitos humanos e
o posicionamento ético em relação a problemas globais e locais.
• A ocupação do território colonial da América portuguesa se desenvolveu lentamente e envolveu relações de conflitos
e resistência. Compreender esse processo permite aos estudantes utilizar os conhecimentos históricos para analisar
aspectos importantes da sociedade brasileira atual, dentre eles a situação dos povos indígenas na atualidade.
• Os diversos sujeitos históricos que compunham a sociedade colonial revelam suas características e formas de organi-
zação. Reconhecer e refletir sobre essa diversidade possibilita aos estudantes desenvolver a análise histórica a partir
de diferentes pontos de vista, identificar permanências e rupturas históricas e conhecer as diferentes interpretações
sobre as dinâmicas da sociedade colonial.
• A produção iconográfica do período colonial revela múltiplos aspectos do cotidiano, das práticas culturais e das
relações sociais. Analisar documentos históricos de diferentes tipologias favorece a apropriação dos métodos e
procedimentos de pesquisa historiográfica.
• A expansão territorial promoveu a diversificação das atividades produtivas na colônia. Compreender as ações e os
sujeitos históricos que contribuíram para a integração do território, assim como para a formação de um mercado
interno e a ampliação das atividades econômicas, é fundamental para a análise do desenvolvimento histórico do Brasil.
• O período da mineração foi fundamental para criar um ambiente de maior circulação de pessoas, mercadorias e
culturas. Analisar as especificidades da sociedade mineradora contribui para a compreensão da maior diversificação
e mobilidade social que se criou nesse período.
• O pagamento de impostos estabelecido pela Coroa portuguesa estimulou a revolta dos colonos contra essa imposição.
Analisar os interesses da metrópole na cobrança de impostos e a revolta da população contra essas medidas permite
aos estudantes refletir sobre os conflitos, as relações de poder e as transformações sociais ao longo do tempo.

LXIV

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6 Habilidades da BNCC para o 7o ano
(EF07HI01) Explicar o significado de “modernidade” e suas lógicas de inclusão e exclusão, com base em
uma concepção europeia.

(EF07HI02) Identificar conexões e interações entre as sociedades do Novo Mundo, da Europa, da África e
da Ásia no contexto das navegações e indicar a complexidade e as interações que ocorrem nos Oceanos
Atlântico, Índico e Pacífico.

(EF07HI03) Identificar aspectos e processos específicos das sociedades africanas e americanas antes da
chegada dos europeus, com destaque para as formas de organização social e o desenvolvimento de
saberes e técnicas.

(EF07HI04) Identificar as principais características dos Humanismos e dos Renascimentos e analisar seus
significados.

(EF07HI05) Identificar e relacionar as vinculações entre as reformas religiosas e os processos culturais e


sociais do período moderno na Europa e na América.

(EF07HI06) Comparar as navegações no Atlântico e no Pacífico entre os séculos XIV e XVI.

(EF07HI07) Descrever os processos de formação e consolidação das monarquias e suas principais


características com vistas à compreensão das razões da centralização política.

(EF07HI08) Descrever as formas de organização das sociedades americanas no tempo da conquista com
vistas à compreensão dos mecanismos de alianças, confrontos e resistências.
Habilidades
(EF07HI09) Analisar os diferentes impactos da conquista europeia da América para as populações
ameríndias e identificar as formas de resistência.

(EF07HI10) Analisar, com base em documentos históricos, diferentes interpretações sobre as dinâmicas das
sociedades americanas no período colonial.

(EF07HI11) Analisar a formação histórico-geográfica do território da América portuguesa por meio de


mapas históricos.

(EF07HI12) Identificar a distribuição territorial da população brasileira em diferentes épocas, considerando


a diversidade étnico-racial e étnico-cultural (indígena, africana, europeia e asiática).

(EF07HI13) Caracterizar a ação dos europeus e suas lógicas mercantis visando ao domínio no mundo
atlântico.

(EF07HI14) Descrever as dinâmicas comerciais das sociedades americanas e africanas e analisar suas
interações com outras sociedades do Ocidente e do Oriente.

(EF07HI15) Discutir o conceito de escravidão moderna e suas distinções em relação ao escravismo antigo
e à servidão medieval.

(EF07HI16) Analisar os mecanismos e as dinâmicas de comércio de escravizados em suas diferentes fases,


identificando os agentes responsáveis pelo tráfico e as regiões e zonas africanas de procedência dos
escravizados.

(EF07HI17) Discutir as razões da passagem do mercantilismo para o capitalismo.

LXV

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7 Q
 uadro de conteúdos, objetos de conhecimento, competências/
habilidades da BNCC e planejamentos do volume
No quadro a seguir, são apresentados os principais conteúdos trabalhados no volume, os objetos de conhecimento
e as competências/habilidades da BNCC que a eles estão relacionados. Além disso, há sugestões de planejamento para
o ano letivo.

7o ano
Objetos de conhecimento e
Unidade Conteúdos Competências
habilidades
1. 1. Das Monarquias
Nacionais ao
Gerais: 1, 3, 5 e 9.
Específicas de
A construção da ideia de modernidade e seus
impactos na concepção de História.
Território e Absolutismo Ciências Humanas: A ideia de “Novo Mundo” ante o Mundo
governo 2. O mundo 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. Antigo: permanências e rupturas de saberes e
moderno: Específicas de práticas na emergência do mundo moderno.

1º BIMESTRE
renascimentos e História: 1, 2, 3, 4, EF07HI01

1º TRIMESTRE
reforma 5, 6 e 7. Humanismos: uma nova visão de ser humano e
de mundo.
Renascimentos artísticos e culturais.
EF07HI04
Reformas religiosas: a cristandade fragmentada.
EF07HI05
A formação e o funcionamento das monarquias
europeias: a lógica da centralização política e os
conflitos na Europa.
EF07HI07

2. 3. O islamismo e os
reinos africanos
Gerais: 1, 2, 3, 4, 5,
6, 7, 9 e 10.
A construção da ideia de modernidade e seus
impactos na concepção de História.
Tolerância Específicas de A ideia de “Novo Mundo” ante o Mundo
4. As Grandes
Navegações Ciências Humanas: Antigo: permanências e rupturas de saberes e

1º SEMESTRE
1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. práticas na emergência do mundo moderno.
5. Dos povos pré- Específicas de EF07HI02
-colombianos História: 1, 2, 3, 4, Saberes dos povos africanos e pré-colombianos
à colonização 5, 6 e 7. expressos na cultura material e imaterial.
europeia EF07HI03
As descobertas científicas e a expansão marítima.
EF07HI06
A conquista da América e as formas de
organização política dos indígenas e europeus: 2º BIMESTRE
2º TRIMESTRE
conflitos, dominação e conciliação.
EF07HI08
EF07HI09
A estruturação dos vice-reinos nas Américas.
Resistências indígenas, invasões e expansão na
América portuguesa.
EF07HI10
As lógicas mercantis e o domínio europeu sobre
os mares e o contraponto Oriental.
EF07HI13
As lógicas internas das sociedades africanas.
As formas de organização das sociedades
ameríndias.
A escravidão moderna e o tráfico de escravizados.
EF07HI15
A emergência do capitalismo.
EF07HI17

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7o ano
Objetos de conhecimento e
Unidade Conteúdos Competências
habilidades
3. 6. Primeiros tempos
da colonização
Gerais: 1, 2, 3, 4, 5,
6, 7, 8 e 9.
A construção da ideia de modernidade e seus
impactos na concepção de História.
Específicas de A ideia de “Novo Mundo” ante o Mundo
Trabalho 7. A escravidão
Ciências Humanas: Antigo: permanências e rupturas de saberes e
africana práticas na emergência do mundo moderno.
1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
8. A produção EF07HI01
Específicas de
de açúcar e os EF07HI02
História: 1, 2, 3, 4,
holandeses Saberes dos povos africanos e pré-colombianos
5, 6 e 7. expressos na cultura material e imaterial.
EF07HI03
Reformas religiosas: a cristandade fragmentada.
EF07HI05
A conquista da América e as formas de

3º BIMESTRE
organização política dos indígenas e europeus:
conflitos, dominação e conciliação.
EF07HI08
EF07HI09
A estruturação dos vice-reinos nas Américas.
Resistências indígenas, invasões e expansão na
América portuguesa.
EF07HI10
EF07HI11
EF07HI12
As lógicas mercantis e o domínio europeu sobre
os mares e o contraponto Oriental.
EF07HI13
EF07HI14

2º SEMESTRE
As lógicas internas das sociedades africanas.
As formas de organização das sociedades

3º TRIMESTRE
ameríndias.
A escravidão moderna e o tráfico de escravizados.
EF07HI15
EF07HI16

4. 9. Século XVII:
quando a colônia
Gerais: 1, 2, 3, 4, 5,
6, 7, 8, 9 e 10.
A construção da ideia de modernidade e seus
impactos na concepção de História.
se expande Específicas de A ideia de “Novo Mundo” ante o Mundo
Deslocamentos
Ciências Humanas: Antigo: permanências e rupturas de saberes e
populacionais 10. O ouro das
práticas na emergência do mundo moderno.
Minas Gerais 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
EF07HI02
Específicas de
A conquista da América e as formas de
História: 1, 2, 3, 4,
organização política dos indígenas e europeus:
5, 6 e 7. conflitos, dominação e conciliação.
EF07HI09
4º BIMESTRE

A estruturação dos vice-reinos nas Américas.


Resistências indígenas, invasões e expansão na
América portuguesa.
EF07HI10
EF07HI11
EF07HI12
As lógicas mercantis e o domínio europeu sobre
os mares e o contraponto Oriental.
EF07HI13
EF07HI14
As lógicas internas das sociedades africanas.
As formas de organização das sociedades
ameríndias.
A escravidão moderna e o tráfico de escravizados.
EF07HI15
EF07HI16

LXVII

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8 Avaliações do volume 7 NÃO ESCREVA
NO LIVRO.

8.1 • Avaliação da unidade 1


1. Atualmente, existem 193 países, cada qual com suas fronteiras delimitadas. Mas nem sempre foi assim,
pois nem sempre existiram países como conhecemos hoje. Indique a seguir a forma predominante de
organização da Europa Ocidental durante a Alta Idade Média (entre os séculos XI e XV) e explique os
erros das demais alternativas.
a) Predominantemente as cidades-Estado.
b) Os impérios liderados pelos egípcios.
c) Os feudos, unidades territoriais autossuficientes.
d) As poleis gregas.
e) O Absolutismo liderado por Luís XIV da França.

2. Todas as pessoas e as empresas pagam impostos ao governo. O dinheiro arrecadado é usado para financiar
obras e serviços públicos. Muitas vezes, na necessidade de aumentar sua arrecadação, os governos criam novos
impostos ou aumentam o imposto já existente. O texto a seguir, do historiador Jacques Le Goff, nos mostra
que práticas assim também existiam na Idade Média. Leia o trecho a seguir e responda ao que se pede.

“Para fazerem face às despesas novas e consideráveis de investimento e funcionamento, as cidades


eram em geral autorizadas pelo poder real ou senhorial a operar coletas, ou seja, a recolher antecipada-
mente os impostos [...] recolhiam multas, dinheiros senhoriais, taxas para ingresso na burguesia ou em
corporações. Punham à venda escritórios municipais, promoções de militares. Mas todas as receitas adicio-
nais não cobriam as despesas permanentes. [...] As dificuldades para conseguir que o contribuinte pagasse
esses impostos, que eram muito impopulares, levava frequentemente as cidades ao endividamento.”

LE GOFF, Jacques. A Idade Média e o dinheiro: ensaio de antropologia histórica.


Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. p. 54-55.

a) Em última instância, quem detinha o controle das cidades?


b) De onde provinha o dinheiro para os investimentos e funcionamento das cidades?
c) Para ser considerado burguês ou ser aceito em instituições militares, o que era necessário? Essa realidade
beneficiava qual(is) grupo(s) social(is)?
d) O texto aborda uma permanência histórica, que é a cobrança de impostos para funcionamento das cidades.
Faça um parágrafo relacionando a cobrança de impostos e a realidade de seu município na atualidade.
e) O texto fala que, mesmo com todos os impostos e taxas, as cidades ainda sofriam com o endividamento. Com
base no texto acima, em seus conhecimentos e no que você já estudou em outros componentes curriculares, ex-
plique o que é o endividamento e justifique quais razões podem levar pessoas ou instituições ao endividamento.

3. A centralização política ocorrida na Europa e que resultou na formação das Monarquias Nacionais (como
Portugal e Espanha) deu lugar à política absolutista ao longo do século XVII.
Assinale a alternativa que define a política absolutista do século XVII de modo CORRETO.
a) Poder do Estado concentrado nas mãos do rei e de sua burocracia, sustentado pelos setores burgueses urbanos.
b) Poder dos senhores feudais que comandavam os setores camponeses.
c) Poder do rei estruturado na violência e organizado por milícias mercenárias, diretamente ligadas aos setores da
pequena nobreza.

LXVIII

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d) Poder absoluto do rei, produzido pelo controle das finanças e pelo apoio social dos setores camponeses.
e) Poder do rei, associado ao poder dos papas, sustentado pela aliança entre o clero e os senhores feudais.

4. Um dos aspectos centrais do Renascimento artístico e científico ocorrido a partir do século XIV na Europa
diz respeito ao antropocentrismo. Sobre ele, é correto afirmar:
a) Baseava-se na propagação dos dogmas cristãos.
b) Foi consequência da valorização do trabalho das iluminuras produzidas por padres nas abadias e igrejas.
c) Nasceu como resultado da crítica ao pensamento medieval, sendo uma filosofia que ressalta a importância do
ser humano como um ser dotado de inteligência e, portanto, livre para realizar suas ações no mundo.
d) O termo antropocentrismo significa “Deus como centro das preocupações e fonte de todo conhecimento”.

5. A respeito da Reforma Protestante, iniciada pelo monge Martinho Lutero, em 1517, é incorreto afirmar:
a) Foi motivada pelo fato de Lutero contestar uma das principais práticas da Igreja Católica na época, a venda de
indulgências.
b) Inicialmente, Lutero não tinha a intenção de romper com a Igreja Católica; ele defendia a ideia de que a Igreja
deveria recuperar os princípios originais do cristianismo, dos quais, no entender de Lutero, a Igreja havia se
afastado.
c) A imprensa de tipos móveis, inventada por Gutemberg há menos de um século, contribuiu de maneira signifi-
cativa para que as ideias de Martinho Lutero chegassem a um grande número de pessoas.
d) A Igreja Católica reagiu à Reforma Protestante com o movimento da Contrarreforma. Entre as ações para se
reaproximar dos fiéis está a criação de novas congregações religiosas, como a Companhia de Jesus, encarregada
de levar os dogmas cristãos a regiões distantes, como a Ásia e a América.
e) Por meio das indulgências, a Igreja Católica arrecadava verba necessária para pôr em prática uma série de ações
de cunho social, como distribuição de roupas e alimentos para a população carente, compra de medicamentos
e construção de moradias para os camponeses que abandonaram os feudos e foram viver nas cidades.
Autoavaliação
Agora, para finalizar essa etapa de estudos, faça uma autoavaliação do seu processo de aprendizagem. Analise como foi
o seu envolvimento com a realização das atividades propostas, dando especial atenção às suas potencialidades e dificuldades.

Autoavaliação
Sim Parcialmente Não

Consegui me organizar para realizar todas as


atividades propostas?

Colaborei com os colegas nas atividades em grupo?

Eu me dispus a tirar dúvidas e a superar


dificuldades durante a realização das atividades?

Consegui compreender e utilizar os principais


conceitos estudados?

LXIX

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8.2 • Avaliação da unidade 2
1. Identifique as alternativas corretas a respeito do continente africano:
I Ele pode ser dividido em duas regiões principais: a África Setentrional, localizada ao norte do deserto do Saara,
e a África Subsaariana, localizada ao sul do deserto do Saara.
II Sahel é a região localizada entre o deserto e as terras do Sul. Ele é um “corredor” de leste a oeste da África
e sua vegetação de transição é conhecida como estepe.
III Por conta da religião islâmica que dominou a Península Arábica e se expandiu pelo norte da África a partir do
século VII, muitos reinos e povos situados ao sul do deserto do Saara também adotaram o islamismo.
IV A África é um continente composto de povos e culturas diferentes, sendo um dos lugares do planeta de maior
diversidade cultural.
V Entre os povos e reinos que floresceram no continente africano após o século V, destacam-se o Reino de Gana,
de Mali e os iorubás, povos que tinham traços culturais comuns mas eram formados por cidades e aldeias
independentes.
a) I, III, IV e V.
b) II, III, IV e V.
c) I, II, IV e V.
d) I, II, III e V.
e) Todas as alternativas estão erradas.
f) Todas as alternativas estão corretas.

2. Entre as características do Reino de Gana, consta a existência de duas capitais simultâneas: Koumbi Saleh
e Gaba. A primeira chegou a ter mais de 20 mil habitantes. Cite outros aspectos do Reino de Gana.

3. O texto a seguir é o relato de um autor árabe muçulmano que visitou Gana no século XI. Após a leitura,
responda às questões:

[...] Entre os que seguem a religião do rei, só ele e o herdeiro presuntivo, ou seja, o filho de
sua irmã, podem usar roupas costuradas; os demais enrolam o corpo, conforme os seus meios,
com panos de algodão, seda ou brocado. Todos os homens raspam a barba, e as mulheres, a
cabeça. O rei adorna-se como se fosse uma mulher, com colares e braceletes, e usa um gorro
alto decorado com ouro rodeado por um turbante de algodão finíssimo. O gana dá audiência
e repara injustiças num pavilhão com um teto em domo. [...] A religião deles é o paganismo: a
adoração de ídolos. [...]

SILVA, Alberto da Costa e. Imagens da África. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 35-36.

a) Você é o historiador: elabore três perguntas e respostas que podem ou não ser respondidas por esse documento.
b) Que passagens do texto sugerem que o árabe vê a cultura de Gana com certo preconceito?
c) Além de administrar o reino, o rei de Gana também tem a função de julgar. Que passagem demonstra isso?
d) Se você fosse um viajante e tivesse de descrever a sociedade brasileira em um parágrafo, o que escreveria?

4. A respeito dos povos iorubás, são CORRETAS as seguintes afirmações:


I Os povos iorubás se desenvolveram no vale do Rio Níger.
II As aldeias e as cidades iorubás formavam reinos centralizados.

LXX

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III As crenças religiosas dos iorubás eram baseadas na existência de um deus supremo, chamado de Olodumaré.
IV A partir do século XVI, muitos iorubás foram escravizados pelos europeus e trazidos à força para a América,
inclusive o Brasil, participando ativamente da formação da cultura brasileira.
a) I, II e IV.
b) II, III e IV.
c) I, II e III.
d) I, III e IV.
e) Nenhuma das alternativas.

5. O Reino do Mali floresceu na África por volta de 1230. Sobre ele, explique:
a) sua origem.
b) as crenças presentes.
c) a base econômica do reino.

6. Os astecas foram uma das muitas civilizações que floresceram na América antes da chegada dos euro-
peus. Explique como se transformaram de um pequeno povo do norte do atual México em um grande
império.

7. Os incas expandiram sua cultura a partir dos Andes peruanos por uma área que se estendia por mais
de 1 milhão de quilômetros quadrados. Explique como essa civilização se organizava politicamente.

8. A conquista da América pelas nações europeias na Época Moderna se deu em virtude do uso da força
militar, da exploração econômica, da imposição de valores culturais e da transmissão de doenças contra
as quais os nativos não tinham anticorpos. A partir dessa afirmação, considere se a seguir existe alguma
premissa INCORRETA, e faça correções necessárias:
a) Na América do Norte, a colonização pelos ingleses dos povos indígenas locais foi pacífica em razão de interesses
comerciais e da necessidade de conseguir aliados para enfrentar os espanhóis.
b) Diversas congregações religiosas enviaram seus missionários à América com o objetivo de converter a população
nativa ao cristianismo.
c) Muitas cidades construídas pelos espanhóis na América foram erguidas sobre ruínas das antigas cidades indí-
genas destruídas durante as guerras de conquista do território.
d) Um dos fatores que estimularam o domínio da América pelos europeus foi o mercantilismo, teoria que dizia
que, quanto maiores as reservas de ouro e prata de uma nação, mais rica ela seria.
e) O chamado pacto colonial, teoria implantada pelos espanhóis na América, impedia que as colônias produzissem
qualquer bem manufaturado.
Autoavaliação
Agora, para finalizar essa etapa de estudos, faça uma autoavaliação do seu processo de aprendizagem. Analise
como foi o seu envolvimento com a realização das atividades propostas, dando especial atenção às suas potencialidades
e dificuldades.

LXXI

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8.3 • Avaliação da unidade 3
1. Para localização dos acontecimentos no tempo, os historiadores costumam dividir a história do Brasil em
três períodos distintos: período colonial, imperial e república. Sobre o período colonial, que vai de 1500
a 1822, indique a afirmação INCORRETA e justifique.
a) Quando os portugueses chegaram à América, encontraram diferentes povos indígenas, com culturas, crenças,
hábitos e costumes variados. Mas um aspecto comum a esses povos era a apropriação coletiva da terra, ou
seja, ela era de todos, não existindo a propriedade privada.
b) Segundo alguns historiadores, os portugueses passaram a chamar sua colônia na América de Brasil por conta
da grande quantidade de árvores pau-brasil encontrada na região.
c) A divisão da colônia portuguesa na América em capitanias hereditárias foi uma tentativa do governo português
de iniciar a colonização efetiva do território.
d) O trabalho escravo – de indígenas e de africanos – esteve na base das relações trabalhistas da colônia portuguesa
na América.
e) Na colônia, os escravizados africanos e seus descendentes buscaram resistir à opressão de diversos modos,
entre eles por meio da destruição de máquinas e ferramentas; diminuição do ritmo de trabalho; incêndio em
plantações; entre outros. O que não era comum devido à extrema vigilância eram fugas e rebeliões.

2. Chamamos de cultura o conjunto de tradições, crenças e costumes de determinado grupo social. Tendo
em mente essa definição, leia o texto a seguir escrito por Câmara Cascudo, um estudioso dos hábitos,
costumes e lendas do país, e responda ao que se pede:

“A rede se tornara inseparável do indígena, do mameluco, do sertanejo contemporâneo, andando


ao azar das secas, de rede às costas. A rede representa o mobiliário, [...] a parte essencial, estática,
indivisível de seu dono. Onde ia o indígena, levava a rede. Ainda hoje o sertanejo nordestino obedece
ao secular padrão. A rede faz parte do seu corpo. É a derradeira coisa de que se despoja diante da
miséria absoluta.” (1959:27)

RIBEIRO, Berta G. O índio na cultura brasileira. Rio de Janeiro: Editora Evan, 1991. p. 121.

a) Explique o sentido da frase: “A rede se tornara inseparável do indígena, do mameluco, do sertanejo contem-
porâneo, andando ao azar das secas, de rede às costas”.
b) O que o autor quer dizer com a frase “A rede representa o mobiliário”?
c) “Onde ia o indígena, levava a rede. Ainda hoje o sertanejo nordestino obedece ao secular padrão”. Essas duas
frases falam a respeito de dois tempos distintos. Quais são eles?
d) Com base em seus conhecimentos e na leitura do texto acima, elabore um parágrafo relacionando aspectos do
texto de Câmara Cascudo e o termo cultura.

3. Agora você é o historiador: leia o texto do padre Antonil, um religioso que viveu no Brasil entre o final
do século XVII e o início do século XVIII, e formule quatro perguntas (com as respectivas respostas) que
o texto permite (ou não) responder.

Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é possível
fazer, conservar e aumentar a fazenda, nem ter engenho corrente. [...] Por isso, é necessário comprar
cada ano algumas peças e reparti-las pelos partidos, roças, serrarias e barcas. [...]
[...] No Brasil, costumam dizer que para o escravo são necessários três PPP, a saber, pau, pão e
pano. E, posto que comecem mal, principiando pelo castigo que é o pau, contudo, prouvera a Deus que
tão abundante fosse o comer e o vestir como muitas vezes é o castigo, dado por qualquer causa [...]

ANTONIL, A. J. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. 3. ed. Belo Horizonte: Itatiaia: Edusp, 1982. p. 89 e 91.
(Coleção Reconquista do Brasil). Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000026.pdf.
Acesso em: 22 ago. 2022.

LXXII

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4. Leia as afirmações a seguir relacionadas à produção no açúcar durante a Idade Moderna.
I O açúcar era um produto de grande valor comercial na Europa e os portugueses tinham experiência no plantio
e produção de cana nas ilhas próximas ao litoral africano.
II O engenho era o centro da vida econômica na América portuguesa e nele era feita a produção do açúcar.
III Os engenhos eram única e exclusivamente administrados por homens, não existindo casos na historiografia
que evidenciem que as mulheres também pudessem ter esse papel.
IV A produção do açúcar e a mineração do ouro motivaram os holandeses a invadir e ocupar o atual litoral
nordestino no final do século XVII.
V Entre as razões da Guerra dos Mascates, destacam-se pedidos de perdão de dívidas de senhores de engenho
de Olinda e busca por autonomia política de Recife.
São corretas as seguintes afirmações.
a) I, II, III.
b) II, III, IV.
c) III, IV, V.
d) I, II, V.
e) I, IV, V.
Explique os erros das afirmações que você identificou como falsas.

Autoavaliação
Agora, para finalizar essa etapa de estudos, faça uma autoavaliação do seu processo de aprendizagem. Analise
como foi o seu envolvimento com a realização das atividades propostas, dando especial atenção às suas potencialidades
e dificuldades.

Autoavaliação
Sim Parcialmente Não

Consegui me organizar para realizar todas as


atividades propostas?

Colaborei com os colegas nas atividades em grupo?

Eu me dispus a tirar dúvidas e a superar


dificuldades durante a realização das atividades?

Consegui compreender e utilizar os principais


conceitos estudados?

LXXIII

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8.4 • Avaliação da unidade 4
1. Embora tenha características próprias em cada região e época, um aspecto relativamente comum na
história da humanidade são os deslocamentos populacionais. Sobre eles, responda:
a) Quais são os fatores responsáveis por impulsionar esses deslocamentos, tanto no passado como no presente?
b) Atualmente, quais fatores levam as populações a se deslocar de uma região para outra? Dê exemplos.
c) No século XVII, que fatores impulsionaram a expansão territorial da colônia portuguesa na América?
d) Imagine um(a) estudante de sua idade, migrante, que enfrenta situações de preconceitos em sua nova comuni-
dade. Escreva para ele(a) um texto de no máximo dois parágrafos oferecendo-lhe orientações e demonstrando
empatia.

2. A respeito da expansão colonial na região do atual Nordeste brasileiro, são corretas as alternativas a
seguir, EXCETO:
a) Algumas cidades do Nordeste nasceram em torno de um forte erguido para proteger a região.
b) A resistência indígena, por conta da ocupação de suas terras, muitas vezes foi responsável pela destruição dos
fortes e pequenos núcleos populacionais.
c) Dentre os povos que tentaram colonizar o atual Nordeste e estabelecer vilas e povoados na região, destacam-se
os franceses, holandeses e ingleses.
d) As fazendas e currais seguiam as margens dos rios, como o São Francisco, e nesses caminhos e entroncamentos
surgiram diversas feiras, vilas e povoados.
e) Muitos aspectos da cultura nordestina presentes até hoje estão relacionados aos subprodutos do gado, como
o uso do charque na alimentação, o couro na fabricação de roupas, calçados, móveis etc.

3. A respeito do processo de colonização da América pelos portugueses, leia as afirmativas a seguir e depois
responda ao que se pede:
I A colonização estava amparada no uso da mão de obra escravizada. Para suprir essa necessidade, os colo-
nizadores promoveram muitas expedições em busca de povos indígenas ao longo do Rio Amazonas e seus
afluentes.
II Ao norte da colônia, a Igreja Católica criou diversos aldeamentos, chamados de missões ou reduções. Os nativos
refugiavam-se nesses locais para ter proteção contra a violência dos colonizadores. Mas ali eram obrigados a
abandonar suas crenças e valores tradicionais e trabalhar em atividades como a coleta das drogas do sertão.
III O conhecimento das chamadas drogas do sertão é uma das inúmeras riquezas culturais dos povos indígenas.
Devido a uma tradição milenar, eles conhecem inúmeras plantas e seus usos alimentares e medicinais.
IV Mesmo sabendo da existência de ouro e pedras preciosas nas regiões dos atuais estados de Minas Gerais,
Mato Grosso e Goiás, as expedições bandeirantes para essas regiões priorizavam o apresamento dos povos
indígenas.
V As expedições dos bandeirantes contribuíram para o avanço das fronteiras da colônia portuguesa para além
do Tratado de Tordesilhas.
Indique a opção INCORRETA e corrija o que for necessário:
a) I, III, IV.
b) I, II, III.
c) II, III, V.
d) II, I, V.
e) V, III, I.

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4. As imagens – como pinturas, gravuras, charges, ilustrações – são objeto de estudo dos historiadores.
Tendo isso em mente, leia as afirmações a seguir, assinale a alternativa correta e explique o erro das
demais.
a) As pinturas históricas podem ser entendidas como uma representação do real, ou seja, o que se vê no quadro
aconteceu exatamente daquele jeito.
b) Durante o período em que o Brasil foi colônia de Portugal, o governo português proibiu que artistas fizessem
pinturas dos escravizados que aqui trabalhavam, permitindo apenas a pintura de aspectos da natureza, como
a flora e a fauna locais.
c) Os mapas não podem ser considerados documentos imagéticos uma vez que foram feitos com o único objetivo
de orientar as pessoas a se localizarem uma determinada região.
d) As obras de Aleijadinho, em Minas Gerais, são tão perfeitas e realistas que são consideradas cópias da realidade.
e) As imagens são representações de sonhos, desejos, ideologias. Elas mostram aquilo que o artista (ou quem
encomendou a pintura) quer mostrar e escondem aquilo que não se quer que seja visto.

5. A respeito da descoberta de ouro e pedras preciosas nas regiões das Minas, no final do século XVII,
explique:
a) o deslocamento populacional e suas consequências.
b) a urbanização.
c) a cobrança de impostos e as revoltas.

Autoavaliação
Agora, para finalizar essa etapa de estudos, faça uma autoavaliação do seu processo de aprendizagem. Analise
como foi o seu envolvimento com a realização das atividades propostas, dando especial atenção às suas potencialidades
e dificuldades.

Autoavaliação
Sim Parcialmente Não

Consegui me organizar para realizar todas as


atividades propostas?

Colaborei com os colegas nas atividades em grupo?

Eu me dispus a tirar dúvidas e a superar


dificuldades durante a realização das atividades?

Consegui compreender e utilizar os principais


conceitos estudados?

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8.5 • Gabaritos das avaliações

Unidade 1

1. Resposta: C. As cidades-Estados (unidades políticas autônomas) vigoraram em boa parte do mundo


antigo, e mesmo durante a Idade Média existiam algumas cidades independentes, mas a forma de
organização predominante na Europa Ocidental foram os feudos. O Império Egípcio, além de se
situar no norte da África (e não Europa), é de período bem anterior aos feudos; essa também era
a realidade das poleis gregas. Já o Absolutismo ocorreu em período posterior ao da organização
feudal. (EF07HI07)

2. a) O rei ou poder senhorial.


b) Dos impostos, multas e taxas.
c) Era necessário ter dinheiro, pois eram situações (cargos, títulos) que deveriam ser compradas. Dessa forma, só
quem tinha dinheiro detinha poder na cidade.
d) O estudante poderá dizer que, assim como no passado, hoje também as cidades e o poder público em geral
funcionam por meio da cobrança de impostos e taxas. Essa verba é usada para investir em escolas, postos de
saúde, estradas etc. Embora todos paguem impostos e taxas, é muito comum que determinadas regiões das ci-
dades (as chamadas regiões nobres) sejam mais beneficiadas que outras (as regiões periféricas) nos investimentos
públicos. Nesse caso, o mais importante é que o estudante consiga produzir um texto de maneira organizada
relacionando endividamento a obrigações que precisam ser quitadas, ou seja, as entradas financeiras futuras
que já estão comprometidas parcial ou totalmente por causa de uma ação do presente ou passado. Não existe
única resposta correta, mas espera-se que, com base nessa experiência histórica, os estudantes consigam refletir
sobre a administração pública ou mesmo sua vida.
e) As razões para o endividamento financeiro podem ser muitas, como uma calamidade no município que ne-
cessita ser sanada (como uma enchente, uma epidemia), o que obriga os gestores a pegar empréstimos para
resolver o problema. Em termos pessoais, um desemprego, por exemplo, pode obrigar uma pessoa a recorrer
a empréstimo para sobreviver; também são comuns os casos em que pessoas assumem dívidas por conta da
compra de uma casa ou outro bem à prestação etc. Mas tanto no caso público como na vida privada, muitas
vezes o endividamento é causado por descontrole das finanças. (CG2, CG6, CG7, CECH 7)

3. Resposta: A. (EF07HI07)

4. Resposta: C. O Renascimento foi resultante das transformações profundas da sociedade em razão do


crescimento da cidade e da ampliação do comércio. A concepção antropocêntrica do Humanismo deu
primazia ao ser humano como centro das reflexões e fonte do conhecimento e se desenvolveu principal-
mente em espaços laicos. (EF07HI04)

5. Resposta: E. (EF07HI05)

Unidade 2

1. Resposta: F. (EF07HI03)

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2. O Reino de Gana estava organizado de maneira descentralizada. O rei não tinha autoridade sobre todo o
território e estabelecia acordos diversos com os povos da região para cobrança de impostos. Muitas vezes,
gana, o rei, se casava com diversas mulheres diferentes para ampliar sua influência sobre o território. A
principal atividade econômica do reino era o comércio, mas sua população também dominava excelente
técnica de metalurgia. Um dos recursos abundantes em Gana era o ouro. (EF07HI03)

3. a) Os estudantes podem elaborar diversas questões, como as seguintes opções:


• É possível dizer que no Reino de Gana existia escravidão?
R.: O documento não aborda essa questão.
• Que tipo de distinção social o rei utiliza para se diferenciar dos súditos?
R.: Segundo o documento, só ele e o príncipe podem usar roupas costuradas.
• Todos os homens de Gana adornam-se com colares e braceletes?
R.: Não é possível saber. O texto faz referência ao rei somente.
b) Ao dizer que o rei adorna-se “como se fosse mulher”, o autor do texto está colocando juízo de valor (que só
mulheres podem se adornar) e, portanto, sendo intolerante com a cultura diferente da sua. Também quando
diz que “A religião deles é o paganismo: a adoração de ídolos” está, de certa forma, desmerecendo a religião
dos ganenses.
c) “O gana dá audiência e repara injustiças num pavilhão com um teto em domo.”
d) Evite julgamento de valor sobre as ideias dos estudantes e considere, principalmente, sua capacidade de “valo-
rizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para
entender e explicar a realidade”, como aborda a Competência Geral 1. (CG1; CECH 4; EF07HI03)

4. Resposta: D. (EF07HI03; EF07HI02; EF07HI13; EF07HI16)

5. a) Teria sido formado quando um dos líderes dos clãs conseguiu vencer os vizinhos e unificar o comando sobre a
região sendo declarado “mansa”.
b) Muitos acreditavam que o rei tinha poderes divinos, como interferir favoravelmente nas colheitas, no clima, na
terra e na fertilidade das mulheres.
c) Uma das maiores riquezas do reino eram as reservas de ouro e as rotas de comércio no Sahel.

6. Os astecas eram originários do norte do atual México e migraram para terras mais ao sul da região,
se estabelecendo em uma ilha no lago de Texcoco, que fica na região central do México. Até 1428, os
astecas estiveram submetidos à autoridade de outro povo que também vivia nessa região, os tepanecas.
Entretanto, o crescimento da população e o fortalecimento dos astecas possibilitaram uma revolta contra
os tepanecas. A partir de então, os astecas passaram a dominar povos vizinhos, controlando uma grande
área na região do atual território mexicano que se estendia do Atlântico ao Pacífico. (EF07HI03)

7. Os incas criaram um sistema político bastante centralizado e militarizado. O imperador inca tinha grande
autoridade sobre cerca de 100 povos diferentes. O imperador era considerado descendente direto do
deus Inti, que representava o Sol. (EF07HI03)

8. Resposta: A. A alternativa A está incorreta, pois o processo de colonização de todo o continente baseou-
-se em relações extremamente violentas por parte dos colonizadores. (EF07HI01; EF07HI09; EF07HI16;
CECH 6)

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Unidade 3
1. Resposta: E. Além de todas as resistências citadas, as fugas e revoltas foram uma constante durante o
período em que perdurou a escravidão no Brasil. Inclusive diversos quilombos foram formados devido a
essas ações. (CEH2; CEH5; EF07HI02; EF07HI03; EF07HI08; EF07HI13; EF07HI16)

2. a) Segundo o autor, mesmo quando estão fugindo da seca, indígenas, mamelucos e sertanejos levam sempre suas
redes consigo.
b) A rede representa todos os bens que essas pessoas possuem.
c) Quando o autor diz que o sertanejo obedece “a secular padrão” ele está dizendo que o uso da rede e seu trans-
porte é um costume que se perpetua há séculos e que o sertanejo “de hoje” (1959) mantém vivo esse hábito.
d) O objetivo é que o estudante produza um texto refletindo a respeito do significado de cultura. O texto de
Câmara Cascudo permite discorrer sobre aspectos culturais de diferentes grupos, como os “indígenas, os
sertanejos, os mamelucos”. O uso de redes, por exemplo, é uma tradição cultural dos povos indígenas que
passou a fazer parte da sociedade brasileira. Porém, o estudante pode discorrer sobre outros aspectos culturais
desses grupos citados, como comida, medicamentos naturais, danças, festas, pinturas. Busque valorizar todos
os conhecimentos e saberes dos estudantes.

3. O objetivo desta pergunta é desenvolver no estudante a habilidade de leitura e interpretação de texto,


bem como localizar informações históricas em um documento. Apresentamos a seguir algumas possibi-
lidades de perguntas que podem ser feitas.
a) Qual foi a base da mão de obra no Brasil Colônia?
R.: Os escravizados. Eram eles que cuidavam da produção da fazenda e do engenho.
b) Como o padre se referia aos antigos escravizados?
R.: Pela inferência é possível deduzir que o padre chama os escravizados de “peças”.
c) O documento permite saber se era de uso comum chamar os escravizados de peças?
R.: Não. Para sabermos se era comum, precisaríamos verificar outros documentos de época ou trabalhos his-
toriográficos sobre o período.
d) Qual é o objetivo do uso desse termo?
R.: O documento não explicita, mas é possível que o estudante infira que o uso do termo tenha como objetivo
tirar a humanidade daquelas pessoas, igualando-os a um objeto, coisa.
Além dessas questões, os estudantes podem desenvolver outras, inclusive relacionando a questão dos africanos
no passado à situação de exclusão social e violência que vive a população negra no presente. É muito importante
que, desde que bem embasada, você acolha e considere esse tipo de reflexão. (CEH6; EF07HI10)

4. Resposta: D. A sentença III está errada, pois há vários relatos de mulheres administrando engenhos; e
a IV está errada, pois, quando os holandeses invadiram a colônia portuguesa na América, ainda não
havia sido descoberto o ouro na região das Minas Gerais.

Unidade 4
1. a) Os fatores variam, mas entre os principais motivos destacam-se fome, seca, perseguições religiosas e étnicas,
guerras, desemprego.
b) Muitos brasileiros, por exemplo, se dirigem ao exterior em busca de trabalho; os moradores da Síria e da
Ucrânia, por exemplo, fogem de guerras que já mataram milhares de pessoas, muitos venezuelanos migraram
recentemente para o Brasil em razão de crise política e econômica.

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c) Diversos fatores estiveram envolvidos nesse processo, que promoveu grande deslocamento populacional in-
terno: a preocupação da Coroa portuguesa em defender o território, diante do risco de invasão por parte de
outros países; interesse de Portugal em colonizar regiões do interior da colônia ainda inexploradas; expansão
das fazendas de gado pelo interior da colônia; desejo dos bandeirantes em apresar indígenas e encontrar
metais preciosos, instalação de reduções jesuíticas em diversas regiões da colônia com objetivo de catequizar
a população nativa.
d) Esta é uma questão aberta. O importante é observar a capacidade de construção de texto, de argumentação
e da empatia “com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza”, como explicita a CG9. (CG2;
CG8; CG9; CECH1; CECH4; CECH5; CEH5; EF07HI08; EF07HI12)

2. Resposta: C. Os ingleses estiveram envolvidos com a colonização da América do Norte e não existem
informações de que tenham tentado estabelecer colônias na região. (EF07HI08; EF07HI09; EF07HI12)

3. Resposta: A. Embora as afirmações I e III estejam corretas, a afirmação IV é falsa. As bandeiras que
partiram em direção aos atuais estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás já priorizavam a busca de
metais preciosos. (CEH5; EF07HI08; EF07HI09; EF07HI12; EF07HI13)

4. Resposta: E. A alternativa A está errada, pois as imagens são representações, não se podendo, portanto,
afirmar que o que aparece no quadro foi real; a alternativa B é falsa, pois não houve proibições do gênero
e há diversas pinturas da época representando os escravizados; na alternativa C, é errado dizer que os
mapas não podem ser considerados documentos imagéticos, e as finalidades de um mapa são variadas;
a alternativa D está errada, pois as estátuas também são representações, por mais realistas que pareçam.
(CG4; CECH2; CECH7)

5. a) Assim que a notícia se espalhou, pessoas de todas as regiões da colônia e mesmo da metrópole se dirigiram
para a região, muitas vezes sem qualquer preparo, sem se preocupar com alimentos, com as jornadas etc. Como
resultado, faltava alimento na região e muitas pessoas morreram de fome. Também outras atividades da colônia,
como agricultura e produção de açúcar, ficaram abandonadas em alguns lugares por falta de mão de obra.
b) A corrida de pessoas para a região das minas levou a um processo de urbanização no interior da colônia, fazendo
surgir vilas e povoados, como Diamantina, Vila Rica (atual Ouro Preto) e Mariana. Nesses locais, surgiram artistas
como Aleijadinho, que projetou diversas igrejas na região e Manuel da Costa Ataíde, que fez diversas pinturas.
c) A descoberta do ouro reforçou o interesse da metrópole sobre a colônia. Portugal criou toda uma estrutura
para fiscalizar a exploração das minas, cobrar os impostos e evitar que ocorressem contrabandos. Esse processo
era bastante rígido e provocava o descontentamento na população. Em 1720, um grupo de mineiros se reuniu
sob a liderança de Filipe dos Santos em protesto contra a criação das Casas de Fundição. O movimento foi
controlado, seu líder acabou preso e condenado à morte; foi esquartejado e teve pedaços do corpo expostos
pela cidade. A Coroa portuguesa chamava essa pena de “punição exemplar”, ou seja, tinha o objetivo de inibir
as pessoas a fazer algo semelhante. (CEH5; EF07HI09; EF07HI12; EF07HI13)

Gabarito – Autoavaliações
Verifique se na autoavaliação os estudantes demonstraram domínio dos temas abordados em cada unidade, se eles
se consideraram autônomos na construção do processo de ensino-aprendizagem, como percebem suas potencialidades
e dificuldades. A identificação das dificuldades é importante para que as devidas intervenções pedagógicas possam ser
feitas, auxiliando-os na continuidade dos estudos e do seu desenvolvimento.

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T A Ç Õ E S D I D Á T I C A S
ORIEN
F I C A S D O V O L U M E 7
ESPECÍ

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7
Historia
COMPONENTE CURRICULAR:
HISTÓRIA

GISLANE CAMPOS AZEVEDO SERIACOPI (Gislane Azevedo)


Mestra em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Foi professora universitária, pesquisadora e professora de História dos ensinos
Fundamental e Médio nas redes pública e privada.

LEANDRO CALBENTE CÂMARA (Leandro Calbente)


Bacharel em História e Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Ciências
(História Econômica) pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Educação pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Foi professor de História dos ensinos Fundamental e Médio na rede pública.
Editor e autor de materiais didáticos.

REINALDO SERIACOPI
Bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) e Comunicação Social pelo
Instituto Metodista de Ensino Superior.
Editor especializado na área de História.

1a edição
São Paulo • 2022

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A conquista – História – 7o ano (Ensino Fundamental – Anos Finais)
Copyright © Gislane Campos Azevedo Seriacopi, Leandro Calbente Câmara, Reinaldo Seriacopi, 2022

Direção-geral Ricardo Tavares de Oliveira


Direção de conteúdo e negócios Cayube Galas
Direção editorial adjunta Luiz Tonolli
Gerência editorial Roberto Henrique Lopes da Silva
Edição Deborah D’ Almeida Leanza (coord.), Solange Mingorance, Rui C. Dias
Preparação e revisão de textos Maria Clara Paes (coord.),
Carolina Machado, Veridiana Maenaka
Gerência de produção e arte Ricardo Borges
Design Andréa Dellamagna (coord.)
Projeto de capa Sergio Cândido
Imagem de capa Diana Robinson Photography/Getty Images
Arte e produção Vinicius Fernandes (coord.),
Camila Ferreira Leite, Jacqueline Nataly Ortolan (assist.)
Diagramação Estúdio Diagrami
Coordenação de imagens e textos Elaine Bueno Koga
Licenciamento de textos Amandha Rossette Baptista
Iconografia Jonathan Santos, Emerson de Lima (trat. imagens)
Ilustrações Hugo Araujo, Rubens Gomes, Sonia Vaz
Cartografia Allmaps, Renato Bassani, Sonia Vaz, Vespúcio Cartografia

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Seriacopi, Gislane Campos Azevedo
A conquista história : 7o ano : ensino
fundamental : anos finais / Gislane Campos Azevedo
Seriacopi, Leandro Calbente Câmara, Reinaldo
Seriacopi. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2022.

Componente curricular: História.


ISBN 978-85-96-03503-3 (aluno)
ISBN 978-85-96-03504-0 (professor)

1. História (Ensino fundamental) I. Câmara,


Leandro Calbente. II. Seriacopi, Reinaldo.
III. Título.

22-114757 CDD-372.89
Índices para catálogo sistemático:
1. História : Ensino fundamental 372.89
Eliete Marques da Silva – Bibliotecária – CRB-8/9380

Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste


Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 livro foram produzidas com fibras obtidas de
de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à árvores de florestas plantadas, com origem
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P R E S E N T A Ç Ã O
A
Repare em seus amigos na sala de aula. Provavelmente, você vai
notar a presença de pessoas com variados gostos, estilos, características
e crenças.
Alguns, por exemplo, têm olhos escuros, outros, claros; uns têm
cabelos lisos, outros, encaracolados. Há pessoas com diferentes crenças
religiosas e aquelas que não professam nenhuma religião. Tem gente
que adora rock e outros que gostam de rap, música sertaneja ou regio-
nal. Há, ainda, os que curtem futebol e os que nem querem ouvir falar
do esporte. É muita diferença, não é mesmo?
Se pensar bem, não é só na sala de aula que você encontra tanta
diversidade de gostos, crenças etc. Nossa cidade, nosso país e o próprio
mundo são formados por pessoas e povos bastante variados.
Mas como será que surgiram tantas diferenças? De modo geral, essa
diversidade é resultado da vivência que as pessoas ou os povos tiveram
nos variados lugares do planeta ao longo do tempo. Ou seja, a diversidade
está relacionada à história dos povos e grupos humanos.
Como você pode perceber, o estudo de História é fundamental para
entendermos o mundo em que vivemos.
Esta coleção tem entre seus objetivos ajudar você a conhecer a
história dos grupos humanos que compõem nosso país, assim como
a história de sociedades e povos que viveram em outras épocas, nas
mais diversas regiões do planeta.
Acreditamos que o conhecimento sobre as diferenças é o primeiro
passo para cultivarmos o respeito pelos outros e, dessa maneira, trans-
formarmos nosso mundo em um lugar onde todos possam viver em
harmonia. Viver felizes com nossas diferenças!
Um grande abraço.
Os autores

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CONHEÇ A
SEU LIVRO
Esta coleção traz aspectos da história do Brasil e do mundo narrados em linguagem
atraente, sempre relacionando o passado com o presente.
Imagens diversas servem de ponto de partida para a apresentação dos assuntos.
As atividades auxiliam você a revisar o conteúdo estudado e estimulam a reflexão
sobre seu cotidiano.

2
UNIDADE

TOLERÂNCIA

A pessoa tolerante é aquela


que,
mesmo tendo as próprias escolhas,
res-
peita e admite outras maneiras
de viver e
pensar. Ser tolerante não significa
ter de
mudar de opinião e adotar outro
ponto de
vista. Assim, a tolerância garante
que todos
possam se expressar livremente
, sem con-
flitos e de maneira harmoniosa,
desde que
sejam cumpridos sempre os princípios
éticos
que norteiam a vida em sociedade
. Nesta
unidade, estudaremos alguns
momentos
históricos marcados pelo conflito
de ideias e
de culturas em que a intolerânc
ia provocou
guerras e mortes.

CHARLY TRIBALLEAU/AFP
A ativista paquistanesa Malala
Yousafzai, ganhadora do Prêmio
Nobel da Paz de 2014, discursa
na Assembleia Mundial das
Mulheres, em Tóquio, Japão.
2019. Malala foi vítima de
perseguições e de um atentado
por defender o direito das
meninas à educação e pela
sua luta contra a repressão
de
crianças e jovens. Vive exilada
em Birmingham, na Inglaterra
.

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30/06/22 12:14

ABERTURA O respeito às
diferenças
DE UNIDADE Você já sentiu estranheza ou
rejeição diante de ideias ou
experiências diferentes

Em duas páginas
das suas?
Não é difícil encontrar pessoas
com hábitos, crenças, estilos
e pensamentos diversos dos de vida, costumes
nossos. Como você reage diante

duplas, as aberturas
Em um primeiro momento, o delas?
que não se parece com o que
estranhamento. Isso ocorre porque conhecemos nos causa
tentamos compreender os fenômeno
pessoas com base na nossa s e as outras
experiência e nos valores da

trazem imagens e textos


sociedade em que vivemos.

apresentando o conceito
CHRIsTIAn ToRREs/AP/IMAGE
PLUs

Pedestres e consumidores
em um mercado na cidade
de Mumbai, na Índia, 2020. MAnoEj PAATEEL/sHUTTERsT
oCk.CoM

trabalhado na unidade. Conviver com as diferenças


tolerância é indispensável para
é uma condição essencial para
a construção de um mundo
a vida em sociedade. A
mais pacífico, livre, ético e justo.
Achar que apenas a nossa

Cada volume tem quatro


maneira de pensar e ver o
conceito em relação ao outro, mundo é correta gera pre-
o que muitas vezes se manifesta
desprezo ou mesmo agressões por meio de ofensas,
físicas. Esses atos de intolerânc
ia perpassam as relações

unidades e, em cada
interpessoais, como ocorre
no bullying, e também se expressam
res proporções, como nas guerras em conflitos de maio-
entre povos.
Respostas pessoais. Consulte comentários

uma delas, há conceitos Converse com os colegas adicionais nas Orientações didáticas.
e o professor sobre as questões
a seguir.
1. Como você reage quando
se depara com ideias novas
e diferentes das suas?

importantes para a
Você aceita ouvir um estilo
de música diferente daquele
mado, por exemplo? Ou se a que está acostu-
relacionar com pessoas de
estranhos aos seus? hábitos completamente

compreensão do mundo
2. Como você acha que seria
o mundo se as pessoas só convivess
pensam do mesmo modo? em com os que
Explique seu ponto de vista
cíficas, por exemplo, o desenvolv usando situações espe-
imento da ciência, os hábitos
alimentar

em que vivemos.
Crianças brincam em gangorras es.
instaladas na cerca que divide 3. Em seu entendimento,
em Ciudad Juárez, México,
2019. A ideia foi desenvolvida o México dos Estados Unidos, devemos ser tolerantes com
arquitetura na Califórnia, EUA. por Ronald Rael, professor mento? Opiniões e argumen todo tipo de posiciona-
de tos preconceituosos e que
contra pessoas ou grupos incitam a violência
devem ser tolerados? Por
64 quê?

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SURGE O ISLAMISMO
Até o século VII, os diferentes clãs da Península Arábica exerciam domínio
sobre uma
determinada área ou oásis. Isso significa que não havia um governo
único e centralizado
a partir da junção de antigas unidades autônomas. Nessa época, os árabes
eram politeís­
tas, ou seja, cultuavam diversos deuses. Muitos deles eram também
animistas, isto é,

4
TULO acreditavam que seres sem vida, como pedras e fenômenos naturais, também
CAPÍ tinham alma.
AS GRANDES Um dos maiores centros comerciais e de peregrinação religiosa na Península
a cidade de Meca (confira o mapa da página anterior). Lá se encontrava
Arábica era

NAVEGAÇÕES forma de cubo (Ka'bah, em árabe), onde os peregrinos cultuavam muitos


a Caaba, templo em
deuses e deusas.
Outro objeto de culto na Caaba era a Pedra Negra, considerada sagrada

ABERTURA DE
pelos povos árabes.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A Grande Mesquita, localizada


na cidade de Meca, na Arábia
Saudita, 2020.
• Refletir sobre as inovações tecnológicas no passado e no presente.
• Identificar as principais rotas seguidas pelos europeus durante a expansão
marítima.

CAPÍTULO
• Relacionar a expansão marítima com a Revolução Comercial e as É no pátio central
transformações econômicas e sociais do período. dessa mesquita que se

AYMAn ZAID/sHUTTERsToCk.CoM
encontram a Caaba e a
Pedra Negra e onde
Suponha que alguém lhe pedisse para descrever o planeta onde milhares de peregrinos
vivemos. O que
você diria? Falaria da Terra como o lar de milhões de espécies de muçulmanos fazem
seres vivos? Diria suas orações.
também que 71% de sua superfície está coberta de água e que

Todos os capítulos começam


nos continentes e
ilhas vivem cerca de 7,8 bilhões de pessoas?
Em 613, um comerciante árabe, chamado Maomé, começou a pregar
Se você tivesse nascido na Europa no início do século XIV, não teria novos princípios
condições de religiosos. Maomé dizia ter recebido revelações divinas e condenava o
politeísmo. Para ele,
descrever nosso planeta de maneira tão precisa. As informações geográficas da mesma forma que para cristãos e judeus, existia apenas um deus,
existentes Alá (palavra árabe

com uma ou duas imagens e


se restringiam basicamente à Europa. que significa “deus”).
Essa situação começou a mudar quando os portugueses iniciaram Com grande poder de liderança, Maomé conquistou rapida-
estudos sobre
os conhecimentos náuticos dos povos antigos e aperfeiçoaram instrumentos mente milhares de seguidores. Sua doutrina era chamada por ele Muçulmano:
e técnicas palavra
para se navegar em alto-mar. Com embarcações mais eficientes

textos que tratam de assuntos


de islã, que significa “submissão a Deus”. Daí originou-se a palavra originada do verbo
árabe “aslama”, que
e com o apoio dos melhores instrumentos náuticos da islamismo, que designa hoje a religião criada por Maomé; e seus significa
“designado e
época, eles conseguiram partir da Europa e chegar à seguidores são conhecidos como muçulmanos ou islamitas. submetido a Deus”.
Ásia, contornando o sul da África, e alcançaram

do presente. Assim, você


também o continente americano. FICA A DICA
Esse processo de expansão marítima • O que sabemos sobre o islamismo?, de Shahrukh Husain. São
Paulo: Callis, 1999.
europeia liderado pelos portugueses, e Nesse livro, são apresentadas diversas informações sobre o islamismo,
sua história, seus

perceberá que a História tem


seguido por navegadores espanhóis e de aspectos culturais e os elementos mais importantes da religião, como
a vida do profeta Maomé
e a cidade de Meca.
outras procedências, pôs em contato
povos e hábitos culturais de diferentes
68
lugares do mundo, o que, pela primeira

tudo a ver com o dia a dia de


NASA

vez, possibilitou o intercâmbio de produtos


e mercadorias entre povos do mundo inteiro.
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todos nós.
O planeta Terra, em imagem gerada pelo satélite
GOES em 22 de abril de 2014, no Dia da Terra.

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#FICA A DICA
Com o objetivo de
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM enriquecer ou ampliar os
Nesse boxe, você ficará sabendo o que será aprendido com o assuntos estudados, há
estudo do capítulo. sugestões de diferentes
conteúdos, como
livros, revistas, sites,
documentários e filmes.
O renascimento da cultura greco-romana
Chamamos de Renascimento o movimento de renovação artística

IMAGEM
e intelectual
atrelado ao Humanismo. Ele foi assim nomeado porque, sob influência
do pensamento
humanista, retomou ideias e valores dos antigos gregos e romanos.

BOXE
O movimento renascentista alcançou seu maior esplendor em cidades
da Península
Itálica (como Florença), da região dos Países Baixos (onde hoje ficam a

CONDUTORA
Bélgica e a Holanda)
e do atual território da Alemanha. Nesses locais, o comércio havia impulsionado
a forma-
ção de uma rica burguesia. Foi esse grupo social o responsável por
financiar a produção

COMPLEMENTAR
intelectual e artística da época.
Para conhecer mais sobre o Humanismo e o Renascimento, vamos analisar
o afresco

Sempre que aparecer esse


Escola de Atenas, pintado por Rafael Sanzio (1483-1520), natural de
Urbino, cidade da
Península Itálica, aos 26 anos. A técnica do afresco consiste em pintar
sobre o revestimento
fresco da parede, usando pigmentos diluídos em água.

título e uma imagem com


IMAGEM CONDUTORA
Informações
MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO VATICANO, ITÁLIA

moldura laranja, fique complementares que


atento. A imagem será ampliam o estudo de uma
analisada em detalhes imagem ou um tema.
nas páginas seguintes e
ajudará na compreensão
do capítulo. Escola de Atenas, Rafael Sanzio.
GLOSSÁRIO
Afresco, 1509-1511.

37
Os termos e conceitos
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27/06/22 11:41
destacados no texto em
lilás remetem ao glossário
disponível na mesma
PESQUIS A
página, que apresenta
& AÇÃO 2O passo
MoIsÉs PATRÍCIo/CoLEçÃo PARTICULAR

Em qualquer um dos casos, a pesquisa pode ser


feita
ESTUDO DE RECEPÇÃO DA ARTE Consulte comentários adicionais em meios impressos e digitais, explorando-se
materiais

suas definições.
nas Orientações didáticas. disponíveis on-line e/ou livros e revistas do catálogo
da
Os artistas se expressam em suas obras, por biblioteca escolar ou municipal. Após o levantamento
meio das quais apresentam críticas,
propõem reflexões, instigam experiências e expõem inicial, cada grupo deve selecionar três obras que
sentimentos aos espectadores. Porém,
o modo como uma obra de arte é percebida considere significativas.
e interpretada varia muito de pessoa para
pessoa. Muitas vezes, inclusive, uma obra de
arte acaba adquirindo sentidos diferentes
das intenções originais do artista. Muitos estudiosos 3O passo
do assunto afirmam que as obras se Nessa etapa, os grupos vão elaborar em uma
completam nessa relação com o público. folha avulsa
um roteiro de perguntas sobre as obras selecionadas.
Nesta seção, vamos desenvolver um projeto de
pesquisa tendo como principal foco o Incluam questões objetivas, como: “Qual é o
nome do
estudo de recepção da arte. Ou seja, faremos artista que produziu essa obra?”, “Em que ano
uma análise de como determinadas obras ela foi

PESQUISA & AÇÃO


de arte são recebidas pelo público. feita?”, “Onde ela está localizada?”, entre outras.
As
O ponto de partida da nossa investigação será perguntas vão variar conforme a expressão artística
o quadro da pintora Djanira analisado pesquisada (poesia, prosa, música, artes visuais
na seção Olho vivo, na página 79. O tema etc.). A Iniciada, Moisés Patrício.
do quadro é a religiosidade afro-brasileira, Acrílica sobre tela, sem data.
representada em um ritual de candomblé em
que participam diferentes orixás. Esse é um
tema presente em muitas produções artísticas 4O passo
feitas no Brasil. 7O passo

A seção Pesquisa & Ação


Agora, elaborem perguntas de caráter subjetivo.
O projeto será desenvolvido em etapas. Reúna-se Por Quando todos os grupos e
com cinco colegas e sigam exemplo: “O que mais chamou a sua atenção
as orientações. nessa estudantes tiverem respondido
obra?”, “Que sentimentos ela despertou em você?”,
“Essa a todos os roteiros de
DHAVID NORMANDO/FUTURA pRESS

obra traz alguma lembrança para você?”, “Há


1O passo algo nessa perguntas, as folhas com as
obra de que você goste ou desgoste?”, “Em sua

tem como objetivo desenvolver


opinião, respostas deverão retornar aos
Cada grupo ficará encarregado essa obra proporciona algum aprendizado? Qual?”.
de pesquisar determinada grupos que os elaboraram.
expressão artística. Um Nessa etapa, os grupos
grupo, por exemplo, poderá 5O passo devem comparar e avaliar

diferentes práticas de pesquisa


pesquisar poemas que abordem As perguntas objetivas devem ser respondidas as semelhanças e diferenças
em grupo nas respostas, atentando-se
temas ligados à religiosidade em uma folha avulsa. Em seguida, as perguntas
subjetivas para questões como: “Em
afro-brasileira. Outro fará devem ser respondidas individualmente pelos
integrantes que pontos as interpretações
um levantamento de como do grupo. Nesse momento, mantenham as respostas

ao longo da coleção, tais como


em de determinada obra se
esse tema é abordado em segredo para não influenciar os colegas de grupo.
músicas de diferentes estilos. aproximaram? E em que pontos
Um terceiro grupo poderá elas se afastaram?”, “Alguma
dedicar-se ao estudo de interpretação foi única?”. Ao

entrevistas, observação e tomada


algumas obras literárias sobre
6O passo final da análise, elaborem uma
essa temática. Após o grupo responder ao próprio roteiro de conclusão sobre a recepção das
perguntas,
ele deverá compartilhá-lo com os demais grupos, obras de arte escolhidas.
acrescentando as três obras escolhidas. O procedimento

de notas, entre outras.


será o mesmo: após a análise das obras, as perguntas
8O passo
Carro alegórico da escola de samba Acadêmicos objetivas de cada roteiro serão respondidas coletivamente,
do Grande Rio atravessa o Sambódromo da Marquês Por fim, cada grupo vai apresentar
de Sapucaí, durante o Carnaval no Rio de Janeiro e as perguntas subjetivas, individualmente pelos
(RJ), 2022. A escola homenageou os orixás; no alto membros
desse carro, encontra-se a representação de Exu. os resultados de sua pesquisa por
de cada grupo em uma folha avulsa.
escrito ou oralmente.
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OLHO VIVO
RAIO X
O ASTROLÁBIO
Seção que traz imagens (com textos explicativos) de
Que vestígio histórico é esse?
Trata-se de um astrolábio, fabri-
cado provavelmente na região
da
diversas épocas e lugares. Por meio da observação
e da leitura, você perceberá que essas imagens são
atual Espanha entre 1345 e 1355.
Esse instrumento foi desenvolvido

MUSEUM, LONDRES, INGLATERRA


© THE TRUSTEES OF THE BRITISH
para resolver diversos problemas
geométricos, como medir a altura
dos astros acima da linha do hori-
zonte, calcular a altura de uma
construção ou a profundidade de
documentos históricos que representam interesses
um poço. Compõe-se de um disco
sobre o qual são colocadas várias
lâminas circulares, cada uma com uma
e visões de mundo de pessoas e de grupos sociais.
finalidade específica.
1345 e
Quem inventou o astrolábio? Astrolábio feito na Espanha entre
a troca
1355. Esse instrumento demonstra
Pesquisas indicam que os primeiros de conhecimentos entre estudiosos
cristãos,
desen-
estudos sobre o astrolábio foram judeus e muçulmanos.
século
volvidos por gregos e romanos, no século X, os
Com base nessas informações, cientistas islâmicos construíram, no
II a.C. era usado
de instrumento de navegação, também
primeiros astrolábios conhecidos. Além para localizar a
calcular os horários de oração e
pelos marinheiros muçulmanos para Ibérica, e esse foi
direção de Meca. Os muçulmanos
levaram o astrolábio para a Península
e espanhóis OLHO VIVO
nas viagens marítimas dos portugueses
o principal instrumento de orientação
na época das Grandes Navegações. OS ORIXÁS
13
histórico pode nos fornecer?
Quais informações esse vestígio ideias, muitas
Quando os africanos chegaram ao Brasil, as manifestações
podemos deduzir que invenções e religiosas de alguns povos 13
Ao conhecer a história do astrolábio, his- se misturaram com hábitos e crenças do catolicismo
e dos povos indígenas, dando origem 13
povos e culturas. Ou, ainda, que processos
vezes, resultam do contato entre diferentes pelos gregos
às religiões afro-brasileiras. Uma delas é o candomblé,
trazido por pessoas oriundas prin- 15
entre os primeiros astrolábios construídos 3
tóricos podem ser bastante longos: O astrolábio
cipalmente das atuais Nigéria e Benin, como tratamos
há pouco.
islâmicos, passaram-se vários séculos.
e os instrumentos aperfeiçoados pelos Esse detalhe sugere,
Os praticantes do candomblé entendem que, durante
uma cerimônia, os orixás podem
em hebraico e em árabe. 14
reproduzido nesta página tem inscrições monoteístas:
ser invocados e se manifestar em algum crente
por um filho de santo já iniciado, servindo-se 14
na Península Ibérica, das três religiões dele para se comunicar com os mortais. Cada
entre outros aspectos, a coexistência, orixá tem cor, roupas e símbolos específicos. 14 10
12
judaísmo, islamismo e cristianismo. Nesta seção, você vai analisar a reprodução de
um quadro da pintora paulista Djanira
(1914-1979). A obra faz uma representação 5
artística de um dos rituais do candomblé, 1 6
98 destacando alguns dos orixás mais cultuados 2 8
no Brasil. 9
1 Oxalá, orixá criador da humanidade. Sua
14/07/22 13:40 cor 2 Paxorô: cajado de metal
ndd 98 é o branco e seu dia é sexta-feira. Segundo a
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24-AV1.i enfeitado com um pombo
tradição, Oxalá foi um rei africano.
no alto; símbolo de Oxalá.
4 7
3 Segundo a tradição, Oxalá vestiu
4 Omolu, filho de Oxalá, é o
roupas femininas para conhecer o 3
mais temido dos orixás. Seu 11

RAIO X
segredo do Portal da Vida e da Morte,
dia é segunda-feira e suas
cujo acesso era permitido apenas às Candomblé, Djanira. Têmpera sobre madeira,
cores são preto, branco e 1957. MUsEUs CAsTRo MAYA, RIo DE jAnEIRo

mulheres. Descoberto, jamais pôde se


vermelho. É sincretizado com
desfazer daquelas roupas. 11 Iemanjá, deusa dos mares e 12 Abebé, símbolo
são Lázaro. 13 Tocadores de atabaque,
oceanos, mãe de todos os de Iemanjá, é um também chamados de

Seção especial para a


5 O manto de palha esconde as marcas da orixás. Seu dia é sábado. É sin-
varíola 6 Xaxará, feixe de palha leque tendo ao alabês. Segundo a crença,
do rosto do orixá e impede que as pessoas vejam cretizada com Nossa Senhora centro o recorte
e búzios, com o qual o o som dos atabaques serve
sua face, pois ele se tornou um ser de brilho tão da Conceição da Praia. de uma sereia.
orixá limpa as doenças e para invocar os orixás.
intenso quanto o sol.

análise de variados tipos


os males espirituais.
14 Os atabaques são conside- 15 Babalorixá ou pai de santo, autoridade
7 Oxóssi, orixá da caça, fartura, abundância máxima do
e prosperidade. Seu dia é quinta-feira e rados entidades poderosas.
é associado a são Jorge. candomblé, chefe do terreiro onde acontecem
as
O maior dos atabaques é

de documentos históricos.
cerimônias religiosas. É o único que pode jogar
chamado de rum; o menor, os
8 O ofá (arco e 9 Erukeré, objeto sagrado feito com búzios, meio pelo qual os orixás transmitem suas
10 Oxóssi costuma de lé; e o de tamanho inter-
flecha) é um rabo de cavalo, boi ou búfalo. mensagens aos seus filhos, segundo os seguidores
ser representado mediário, de rumpi.
dos símbolos Segundo a tradição, é usado para do candomblé.
com um chapéu
de Oxóssi. manejar os espíritos da floresta. Elaborado com base em: MOURA, Clóvis.
de couro. Dicionário da escravidão negra no Brasil.
São Paulo: Edusp, 2004.
CAMPOLIM, Silvia. Candomblé no Brasil:
orixás, tradições, festas
Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/candomble-no-be costumes. Superinteressante, [s. l.], 31 out. 2016.
78 Acesso em: 26 maio 2022. rasil-orixas-tradicoes-festas-e-costumes/.

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ENQUANTO ISSO...
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Aparece no final do capítulo ENQUANTO ISSO...


UM SULTÃO MECENAS
ESQUEMA -RESUMO
ESQUEMA -RESUMO
2
e mostra acontecimentos
CAPÍTULO
Na Península Itálica, o papa e alguns banqueiros
e comerciantes ricos patrocinavam o
trabalho de Michelangelo, Leonardo da Vinci, RENASCIMENTO E REFORMA
Rafael e outros artistas. No Império Turco-
-Otomano, o grande mecenas era o sultão Solimão
I, o Magnífico (1494-1566).

históricos que ocorreram em


À frente do reino, que tinha sede em Constantinopla,
na região atualmente conhe-
cida como Turquia, Solimão incentivou e financiou Entre 1400 e 1600: grandes transformações na Europa
a construção de mesquitas e edifícios
públicos (escolas, hospitais, mercados etc.) por
todo o império, contribuindo para a difu-
são da cultura otomana.

outras regiões na mesma Uma dessas construções, a

WORLD HISTORY ARCHIVE/ALAMY/FOTOARENA


HUMANISMO: RETOMADA DAS IDEIAS E
DA CULTURA DA
Mesquita de Solimão, é ANTIGUIDADE GRECO-ROMANA
a segunda mais impor-

época tratada no capítulo.


tante de Istambul (antiga
Constantinopla).
Em seu afã de pro-
Artes Ciência
mover as artes e a cultura Educação Religião
otomana, Solimão também
patrocinou ourives, tapecei-
ros, pintores e poetas. A arte Interesse por
Mecenato Renovação do Questionamento de
várias áreas do
dos manuscritos ilustrados sistema educacional práticas da Igreja
conhecimento
Católica
recebeu igualmente seu
incentivo, assim como duas
Desenvolvimento Aperfeiçoamento
das maiores expressões artís- Criação de
de novas técnicas em várias áreas Reforma
ticas dos turcos: a cerâmica instituições laicas
artísticas do conhecimento e do

ESQUEMA-RESUMO
e os azulejos decorativos. (Renascimento saber (Renascimento
artístico) científico)
Por tudo isso, o longo • Contrarreforma

reinado de Solimão I, entre


• Heliocentrismo
1520 e 1566, é conhecido
• Protestantismo
como Idade de Ouro da

Encerra cada capítulo com uma


civilização otomana.

Miniatura de manuscrito
ilustrado de 1561 que

síntese dos assuntos trabalhados.


representa Solimão I, o
Magnífico, que marcha com Com base nas informações do esquema e na
leitura do capítulo, escreva um pequeno texto
seu exército em Nakhichevan as transformações culturais ocorridas na Europa sobre
entre 1400 e 1600 e relacione-as ao movimento
(atual Azerbaijão), em 1554. Reforma Protestante. da
Entre 1400 e 1600, a Europa passou por profundas
comércio ampliou-se, o poder dos senhores feudais mudanças: as cidades cresceram, o
56

Traz sempre uma atividade.


enfraqueceu-se. Surgiu o movimento humanista, que
os conhecimentos da Antiguidade e expandiu a busca recuperou
do saber em várias áreas. A Igreja enfraqueceu-se
questionamentos à sua conduta que culminaram na e surgiram
Reforma Protestante. 57

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ÍCONES SELOS
Algumas atividades são caracterizadas IMAGENS FORA AS CORES NÃO LINHA DO TEMPO SEM ESCALA. OS
com os seguintes ícones: DE PROPORÇÃO. SÃO REAIS. SEGMENTOS ENTRE AS DATAS NÃO
CORRESPONDEM AO TEMPO DECORRIDO.
INTERPRETAÇÃO
COMUNIDADE DE DOCUMENTOS Para representar melhor certos conceitos,
algumas ilustrações podem alterar a proporção
MAPA ILUSTRATIVO de tamanho entre os elementos ou empregar
T R A BA L H O SEM ESCALA.
DIVERSIDADE SOCIOEMOCIONAL cores que não são as reais. Quando isso
acontecer, a ilustração apresentará estes selos.
TECNOLOGIA NÃO ESCREVA Este livro é reutilizável. Faça as atividades
NO LIVRO. no caderno ou em folhas avulsas.

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ATIVIDADE S
1. Os humanistas promoveram mudanças profundas
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
7. Os dois documentos a seguir tratam das ideias
liocêntrico do Universo. O primeiro documento
e o segundo é um fragmento de uma carta
de Galileu em defesa do modelo he-
é o trecho de uma carta de Galileu,
ATIVIDADES
Você encontrará atividades
no ensino. Essas mudanças estavam do cardeal Bellarmino a respeito das
relacionadas às transformações que a sociedade ideias de Galileu. Leia atentamente os textos
da época vivia em razão do cresci- e responda ao que se pede.
mento das cidades e da ampliação do comércio. 7. a) Ele afirmava que era incorreto acusar uma ideia de herética enquanto
Por que os humanistas acreditavam e demonstrado que a ideia era falsa. Assim, ele defendia não fosse certo
que era preciso mudar o que era ensinado Documento 1 o modelo heliocêntrico, afirmando
nas universidades? que ele só poderia ser uma tese herética caso a Igreja

diversas para rever o que


Consulte resposta esperada e comentários adicionais demonstrasse o erro desse modelo.
nas Orientações didáticas.
2. No século XVI, o astrônomo Nicolau Copérnico Em suma, se não é possível que uma conclusão
seja declarada herética enquanto
rejeitou a teoria geocêntrica vigente
na Idade Média e propôs a teoria heliocêntrica. se duvida se ela pode ser verdadeira, vã
Explique qual é a diferença entre deverá ser a fadiga daqueles que pretendem
as duas teorias. A teoria geocêntrica defendia que a Terra era o centro do Universo, condenar a mobilidade da Terra e a estabilidade
com o Sol e outros astros do Sol se primeiro não demonstram

estudou em cada capítulo.


girando ao seu redor; a teoria heliocêntrica defendia que ela é impossível e falsa.
que a Terra girava em torno do Sol.
3. Na gravura representada a seguir, aponte
três detalhes que evidenciam que o autor BROLLO, Ana Paula. Galileu Galilei: carta
faz uma crítica à Igreja Católica. à senhora Cristina de Lorena, grã-duquesa
de Toscana.
Dissertação (Mestrado em História da Ciência)
– Pontifícia Universidade Católica de São
2006. p. 42. Disponível em: https://sapientia.pucsp. Paulo, São Paulo,
br/bitstream/handle/13353/1/HCS%20-%20An
AKG-IMAGES/ALBUM/FOTOARENA

Consulte resposta esperada a%20


Paula%20Brollo.pdf. Acesso em: 9 maio 2022.
e comentários adicionais 7. b) Bellarmino discordava
da tese de Galileu, afirmando que não existiam
nas Orientações demonstrações de que o Sol estivesse no centro do
Universo e de que a Terra girava em
didáticas. Documento 2 torno do astro. Esse tipo de crítica fundamentou a recusa da Igreja em aceitar
heliocêntrico durante a vida de Galileu. o modelo
[...] Digo que quando fosse verdadeira a demonstração
Um pastor de que o Sol está no centro
do mundo e a Terra no terceiro céu e de
protestante (à que o Sol não circunda a Terra, mas a Terra

VAMOS FALAR
esquerda) e um padre circunda o Sol, então seria preciso tentar
com muito cuidado explicar as Escrituras
católico (à direita) que parecem contrárias, e dizer que não
as entendemos ao invés de dizer que seja
pregam aos fiéis, falso aquilo que se demonstra. Mas não
crerei que há tal demonstração até que
autoria desconhecida. seja mostrada. [...] me
Gravura, 1529.

SOBRE...
4. Confira novamente a gravura da página 53, BELLARMINO, 1928 apud MARICONDA, Pablo
Rubén. O diálogo de Galileu e a condenação.
que representa uma oficina de impres- Fil. Ci., Campinas, série 3, v. 10, n. 1, p. 77-160, Cad. Hist.
são e o uso de tipos móveis na produção jan./jun. 2000. p. 123. Disponível em: https://www.cle.
de livros. Com base na leitura do texto unicamp.br/eprints/index.php/cadernos/article
/download/631/509/1198. Acesso em: 9 maio
Livros: a imprensa de Gutenberg e nos seus 2022.
conhecimentos históricos, responda: a) O que Galileu afirmava a respeito daqueles
que consideravam suas teses heréticas?
a) Como os livros eram produzidos antes da Consulte comentários nas b) O cardeal Bellarmino concordava com as teses
invenção da imprensa? de Galileu? Justifique sua resposta.
b) O que mudou na produção de livros após Orientações didáticas.

Essa seção no final das


a invenção da imprensa?
c) Com base na leitura do texto das páginas VAMOS FALAR SOBRE... TERRITÓRIO E GOVERNO
46 e 47, relacione a expansão das religiões pro-
testantes com o desenvolvimento da imprensa
ocorrido no século XV.
Após a Reforma Protestante, surgiram vários
confrontos na Europa entre católicos e

Atividades propõe um
5. Após a leitura deste capítulo, escolha um
artista renascentista que chamou sua protestantes. Muitos desses confrontos tiveram
atenção. Faça uma pesquisa e escreva uma pequena a participação dos governos locais. Diante
biografia desse artista. (Na disso, diferentes pensadores passaram a defender
seção Como se faz…, há orientações sobre que os governos não tivessem uma reli-
Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais
como fazer uma biografia.) gião oficial, como forma de garantir o direito de
nas Orientações didáticas. todos e evitar perseguições. Lentamente,

exercício de reflexão e
6. Os humanistas tinham um interesse muito isso fez nascer a ideia de que apenas um governo
grande pelo saber; alguns, inclusive, des- laico, sem uma religião oficial, poderia
tacaram-se em mais de uma área do conhecimento.
Leonardo da Vinci, por exemplo, proteger a liberdade religiosa.
foi pintor, cientista, matemático, inventor,
entre outras atividades. Isso revela a
capacidade dessas pessoas de estarem abertas Respostas pessoais. Consulte comentários adicionais

retoma a ideia central


a novas experiências. nas Orientações didáticas.
1. Em seu entendimento, atualmente temos
Você se considera aberto a novas experiências, um governo que protege a liberdade
interessado em descobrir ou fazer religiosa de todos os cidadãos? Por quê?
algo que nunca fez? Ou evita ousar e prefere
seguir por caminhos já conhecidos?
Reflita sobre a questão e responda com um 2. Você acredita que ainda existam perseguições

da unidade.
exemplo pessoal. religiosas? Em caso positivo, como
Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais evitar que isso ocorra? Justifique sua resposta.
nas Orientações didáticas.
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FECHANDO A UNIDADE
FECHANDO A UNIDADE 1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam
podem ter sua sobrevivência física e cultural ameaçada, que os indígenas
Documento 2: Fotografia contaminação por metal pesado provoca doenças
uma vez que a
Consulte comentários nas Orientações didáticas. graves, além de impedir a
TERRAS INDÍGENAS realização de atividades tradicionais como a caça,
a pesca e a agricultura.

WASHINGTON ALVES/REUTERS/FOTOARENA
Em diversos lugares do mundo, diferentes povos
ou grupos
sociais disputam o controle de territórios. No Demarcação: neste
Brasil, por exemplo,

Essa seção apresenta documentos


povos indígenas reivindicam do governo a demarcação caso, diz respeito à
de suas delimitação de áreas
terras em reservas indígenas protegidas por destinadas à moradia
lei. Os documen-
tos a seguir abordam esse assunto. e à subsistência dos
povos indígenas.

que se inter-relacionam para que


O primeiro é o trecho de uma reportagem Reserva indígena:
que trata da
importância da demarcação de terras para área destinada à
os povos indígenas. ocupação de povos
O segundo é uma fotografia de 2022 que mostra indígenas. Garantida
o drama dos
povos pataxó e pataxó hã-hã-hãe de São João pela Constituição
das Bicas (MG).

você possa refletir e discutir sobre


Federal de 1988, a
As comunidades indígenas dessa localidade reserva deve conter
foram alagadas e
tiveram suas águas contaminadas pelos dejetos recursos capazes
lançados após de assegurar a
o rompimento da barragem de Brumadinho subsistência e a
(MG), em 2019.

o conceito estudado na unidade e


Analise os documentos com atenção e responda reprodução da cultura
ao que dos grupos indígenas
se pede. que nela vivem.

Indígenas pataxó e pataxó hã-hã-hãe, da aldeia


Naô Xohã, protestam por novas terras em

sobre a relação interdisciplinar entre


São João das Bicas (MG), 2022. Os territórios
Documento 1: Reportagem especial sobre ocupados por esses povos foram alagados
demarcação de terras pelas chuvas de janeiro, evento que carregou
água contaminada do Rio Paraopeba para
a região onde viviam. O rio havia sido contaminado
As terras indígenas são porções do território por metais pesados após a ruptura da
brasileiro habitadas por povos indígenas. barragem de Brumadinho (MG), em 2019.
Essas estão diretamente relacionadas à 2. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes
garantia da reprodução física, econômica, apontem que esse tipo de ação ajuda a chamar a atenção
social

História e outros campos de estudo.


e cultural destes grupos, de acordo com pública para os problemas que determinado grupo da opinião
seus costumes, tradições e usos. enfrenta, o que pode resultar em medidas do governo
[...] 1. Em seu entendimento, que problemas os indígenas da aldeia Naô Xohã
para resolvê-los.
enfrentar caso não consigam novas terras podem
As terras são o suporte da cultura e do para viver?
modo de vida das 305 etnias indígenas.
são fundamentais para a reprodução física Elas
e cultural desses grupos, para a manutenção 2. A fotografia mostra grupos indígenas fechando
uma via de circulação em Minas

As atividades mobilizam habilidades


de seus modos de vida tradicionais, seus Gerais. Qual é
saberes e suas expressões culturais, as
quais a sua opinião sobre esse tipo de ação? Ela
fazem parte do patrimônio cultural brasileiro. contribui para pressionar
o governo a promover mudanças e a atender
Terra indígena demarcada significa a às demandas sociais? Explique.
garantia da diversidade cultural e étnica,
assim como a proteção ao patrimônio 3. Nos últimos anos, diversos grupos indígenas
histórico e cultural brasileiro – o que caracteriza criaram plataformas on-line para ex-
pressar suas reivindicações e exigir a demarcação

relacionadas a alguns destes pilares:


um dever da União e das Unidades Federadas, de seus territórios. Exemplos dessa
conforme disposto no Art. 24, inciso VII
da Constituição. A demarcação das terras mobilização virtual são os sites Rede Wayuri
indígenas ainda garante a proteção do (disponível em: www.redewayuri.org.br)
ambiente e da biodiversidade, o que também meio e Histórias da Tradição (disponível em: http://historiasdatr
é um direito constitucional prescrito pelo adicao.org/; acessos em:
art. 225 da Constituição. 9 maio 2022). Eles reúnem textos, imagens,
vídeos e áudios que registram e divulgam
as ideias, as lutas políticas e as tradições culturais

caráter, cidadania, colaboração,


Ter seus territórios demarcados é um direito de povos indígenas de diferentes
que os povos indígenas conquistaram
após muitos anos de lutas e resistências. locais do Brasil.
[...]
Tendo por base essa forma de mobilização
CHAGAS, Inara; SILVEIRA, Matheus; FERREIRA, de grupos indígenas, reúna-se em grupo
Terras indígenas: como são demarcadas.
Rebeca A. A. de Campos. e converse com os colegas sobre um problema
Politize!, Florianópolis, 27 jun. 2018. importante da comunidade onde você
Disponível em: https://www.politize.com.br/demarcacao-de-terras vive. Em seguida, gravem um vídeo curto

comunicação, criatividade e criticidade.


-indigenas/. ou áudio sobre o tema, considerando que
Acesso em: 5 maio. 2022. o material será compartilhado em sites ou
em redes sociais. Consulte a seção Como
60 se faz... para orientações sobre como gravar
um vídeo ou um áudio.
A proposta da atividade é que os estudantes reflitam sobre os usos
políticos das tecnologias de comunicação e se
apropriem desses recursos para lidar com problemas
cotidianos que envolvam o território onde vivem.
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COMO SE FAZ…
COMO SE FAZ... 3O passo Elaboração do roteiro
Esta seção contribui para seu
DRAMATIZAÇÃO
Dramatização é uma apresentação teatral que
O roteiro deve conter todas as informações sobre
a dramatização: resumo da história, descrição
dos cenários e das personagens (suas falas e cenas).
Na elaboração de um roteiro de texto dramático,
• a definição dos momentos mais representativos
deve-se considerar:
desenvolvimento escolar. Por
meio dela, você vai receber
pode ser feita na escola ou em qualquer da ação;
outro lugar, desde que nele seja possível delimitar • as personagens (protagonistas e coadjuvantes);
o espaço cênico e a plateia.
A dramatização pode ser individual ou envolver • as caracterizações físicas e psicológicas das personagens,
um número reduzido de estudantes, que devem ser bem perceptíveis;
mas pode ser também uma representação coletiva, • a utilização de trajes, adereços, modos de falar
da qual todos os estudantes da turma

orientações sobre como fazer


e andar que possam ajudar na caracterização das
participam. personagens.
Ela tem como base um tema ou um texto. O A adaptação de um texto narrativo a um texto dramático
texto pode ser improvisado ou previa- deve levar em conta os seguintes aspectos:
mente elaborado, ou mesmo ser adaptado de acordo • a existência ou não de um narrador;
com os objetivos a serem alcançados.

biografias, entrevistas, pesquisas,


Durante a dramatização, os estudantes devem • a distinção entre personagens principais e secundárias;
utilizar a linguagem oral e corporal.
Confira a seguir algumas etapas que podem auxiliar • a necessidade de transformar texto narrativo em
falas das personagens.
na realização de uma dramatização.
4O passo Preparação

contos, entre outras tarefas.


1O passo Escolha do tema e definição dos objetivos
Esta etapa envolve:
Com base nas discussões em sala de aula e nas • a construção do cenário, a confecção das
orientações do professor, o grupo • a distribuição de papéis;
deve escolher o tema da dramatização. Para isso, roupas e a instalação de som e luz, entre
deve-se levar em conta: • a escolha e a preparação de adereços
a) se há condições para que ela seja encenada; outros recursos audiovisuais;
b) se ela é coerente com o objetivo do trabalho. para as personagens e para o espaço
• a organização do espaço onde vai ser feita
Nesta etapa, é importante pensar cênico;
sobre: a representação cênica.
• que mensagem o grupo pretende transmitir;
5O passo Ensaio
• quais são os recursos materiais e humanos disponíveis;
2a TURMA, 2013 (DIREÇÃO: KAROLINE FERREIRA
MUNDO?" DO AUTOR LUCIANO LUPPI. PROJETO

MS) NÚCLEO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES -

• quanto tempo se tem para realizar a dramatização; Antes da apresentação oficial, é necessário
MUNICIPAL DE TEATRO (UFMS/TRÊS LAGOAS/
ESPETÁCULO "QUEM ROUBOU O BRANCO DO

IDENTIDADE - GRUPO DE TEATRO / ESCOLA

• onde ela será encenada. ensaiar a dramatização, exercitando as falas


e as ações das personagens, e testando os

Os sites indicados nesta obra podem


cenários e os equipamentos.
Os estudantes envolvidos com a direção e o
E FELIPE CITRO)

roteiro devem aproveitar esse momento para


fazer os ajustes necessários.
2O passo Distribuição de funções
Depois de estabelecer um objetivo a ser alcançado
definir que função cada integrante do grupo desempenhará
com a dramatização, é preciso
A troca de opiniões e as sugestões de todos
são importantes nesta etapa de montagem da
dramatização, e o ambiente dos ensaios e da
Espetáculo Quem roubou o branco
do mundo?, de Luciano Luppi,
encenado pelo Projeto Identidade,
apresentar imagens e textos variáveis,
os quais não condizem com o objetivo
de acordo com suas grupo de teatro da Escola Municipal
habilidades (diretor, roteirista, ator, cenógrafo) apresentação deve ser calmo e organizado.
e o tipo de texto que servirá de base de Teatro de Três Lagoas (MG), 2013.
para a apresentação. O texto pode ser:
• previamente elaborado; nesse caso, ele pode 6O passo Encenação
sofrer cortes ou acréscimos;
• um texto dramático criado pelos estudantes com
• uma adaptação de texto narrativo transformado
base em conteúdos já estudados;
em texto dramático.
Antes da encenação, é importante que você e
os colegas fiquem tranquilos e tenham clareza
que se trata de teatro amador, ou seja, todos estão
cometam algumas falhas. Após a exibição, organizem
de
aprendendo e, nesse processo, é natural que
didático dos conteúdos citados. Não
temos controle sobre essas imagens
uma roda de conversa para ouvir sugestões
e críticas do público. O grupo pode avaliar se os
resultados alcançados estão de acordo com o
objetivo inicial do trabalho e falar sobre a experiência
de representar as personagens.
254
255 nem sobre esses textos, pois eles
estão estritamente relacionados ao
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histórico de pesquisa de cada usuário


e à dinâmica dos meios digitais.

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SUMÁRIO
UNIDADE 2
UNIDADE 1 TOLERÂNCIA.......................................................62

TERRITÓRIO E GOVERNO ................................10 O respeito às diferenças................................ 64


3. O islamismo e os reinos africanos ....... 66
Espaços sob controle ...................................... 12 Na Península Arábica ................................... 67
1. Das Monarquias Nacionais ao Surge o islamismo ........................................ 68
Absolutismo.................................................. 14 Raio X • A Caaba ......................................... 69
Diferentes formas de organização social.... 15 Civilizações africanas ................................... 73
As primeiras Monarquias Nacionais .......... 17 Gana, reino do ouro .................................... 74
O rei se fortalece ......................................... 22 O Reino do Mali ........................................... 75
Os iorubás ..................................................... 76
Olho vivo • Sangue no Canal da Mancha.... 24
Olho vivo • Os orixás .................................. 78
A Inquisição .................................................. 27
Pesquisa & Ação • Estudo de recepção
Enquanto isso... • O fim do Império da arte ........................................................... 80
Bizantino ........................................................ 28 Os bantos ...................................................... 82
Esquema-resumo ....................................... 29 Enquanto isso... • Os turcos-otomanos .... 84
Atividades.................................................... 30 Esquema-resumo ....................................... 85
Vamos falar sobre... Território Atividades.................................................... 86
e governo ...................................................... 33 Vamos falar sobre... Tolerância ................. 89
2. O mundo moderno: renascimentos 4. As Grandes Navegações .......................... 90
e reforma ....................................................... 34 Um mundo desconhecido .......................... 91
Europa em transformação .......................... 35 A Era das Grandes Navegações ................. 92
O Humanismo .............................................. 36 O avanço dos saberes náuticos .................. 96
Raio X • O astrolábio ................................... 98
Crítica ao pensamento medieval .............. 38
A tripulação das naus e caravelas.............. 99
Os novos negócios....................................... 40
Os desdobramentos da expansão
Renovação científica .................................... 41 ultramarina.................................................. 102
O Renascimento artístico ............................ 43 Revolução comercial .................................. 105
A Reforma Protestante ................................ 46 Enquanto isso... • A invenção da
Pesquisa & Ação • Entrevista sobre escova de dentes ......................................... 106
práticas religiosas .......................................... 49 Esquema-resumo ..................................... 107
Olho vivo • Os embaixadores..................... 50 Atividades.................................................. 108
Livros: a imprensa de Gutenberg............... 53 5. Dos povos pré-colombianos
Impactos políticos e econômicos à colonização europeia .......................... 112
da Reforma ................................................... 54 Os maias.......................................................113
Enquanto isso... • Um sultão mecenas ..... 56 Os astecas ................................................... 116
Esquema-resumo ....................................... 57 Olho vivo • O casamento asteca.............. 118
Atividades.................................................... 58 Raio X • Vestígio de cultura material ........ 120
Vamos falar sobre... Território e Os incas ....................................................... 121
A dominação espanhola ........................... 124
governo.......................................................... 59
A resistência indígena ao domínio
Fechando a unidade • Terras indígenas... 60
espanhol ...................................................... 129
Ingleses na América do Norte.................. 131
Enquanto isso... • De olho no
continente americano ................................. 134
Esquema-resumo ..................................... 135
Atividades.................................................. 136
Fechando a unidade • Práticas de
intolerância .................................................. 138

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UNIDADE 3 UNIDADE 4
TRABALHO ....................................................... 140 DESLOCAMENTOS POPULACIONAIS........ 208
Diferentes formas de trabalho .................142 O direito de ir e vir ........................................210
6. Primeiros tempos da colonização ..... 144 9. Século XVII: quando a colônia
Portugueses na América ........................... 145 se expande ..................................................212
Terra Brasilis ................................................ 146 A colonização se expande ........................ 213
O choque cultural ...................................... 152 A agricultura de subsistência.................... 215
São Vicente: a primeira vila ...................... 154 As fazendas de gado ................................. 216
Capitanias hereditárias .............................. 155 Europeus colonizam a região
O governo-geral ......................................... 156 amazônica ................................................... 221
A catequização dos nativos ...................... 157 A escravização da população nativa ....... 224
A resistência indígena ............................... 159 Os bandeirantes no sul da colônia .......... 225
A luta contra o Marco Temporal ............. 161 Olho vivo • Domingos Jorge Velho
Enquanto isso... • A Inquisição na interpretação de Benedito Calixto ........ 228
em Portugal ................................................. 162 Enquanto isso... • Os holandeses
Esquema-resumo ..................................... 163 chegam à Nova Zelândia ............................ 230
Atividades.................................................. 164 Esquema-resumo ..................................... 231
Vamos falar sobre... Trabalho ................. 167 Atividades.................................................. 232
7. A escravidão africana ..............................168 Vamos falar sobre... Deslocamentos
Tráfico de escravizados e o capitalismo .....169 populacionais............................................... 233
Formas de trabalho compulsório 10. O ouro das Minas Gerais.................... 234
ao longo do tempo ................................... 170 A corrida pelo ouro ................................... 235
O navio negreiro ........................................ 172 A vida nos garimpos.................................. 237
Desembarque na colônia ......................... 176 Fiscalização, impostos e contrabando ..... 243
Violência e resistência ............................... 178 Enquanto isso... • O Barroco e a
Os quilombos ............................................. 179 música de Bach ........................................... 246
Olho vivo • Um cirurgião nas ruas Esquema-resumo ..................................... 247
do Rio de Janeiro ........................................ 181 Atividades..................................................248
Enquanto isso... • O Japão se fecha ....... 182 Vamos falar sobre... Deslocamentos
Esquema-resumo ..................................... 183 populacionais............................................... 249
Atividades.................................................. 184 Fechando a unidade • Deslocamentos
Vamos falar sobre... Trabalho ................. 186 populacionais .............................................. 250
8. A produção de açúcar e
os holandeses ............................................187
A importância do açúcar .......................... 188 COMO SE FAZ ..................................................... 254
A sociedade do engenho.......................... 189 Dramatização ............................................ 254
Os holandeses na colônia ......................... 194 Entrevista................................................... 256
A Guerra dos Mascates............................. 197 Conto .......................................................... 257
Olho vivo • Cidade Maurícia e Recife Biografia .................................................... 258
pelos olhos de Frans Post ........................... 198 Fichamento ................................................ 260
Enquanto isso... • A calculadora Linha do tempo ........................................ 262
de Blaise Pascal ...........................................200 Mural .......................................................... 264
Esquema-resumo ..................................... 201 Podcast ....................................................... 266
Atividades.................................................. 202 Pesquisa ..................................................... 268
Vamos falar sobre… Trabalho................. 205 Meme.......................................................... 269
Fechando a unidade • Desigualdades Vídeo .......................................................... 270
sociais entre brancos e negros .................. 206 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................... 271

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A BNCC NA UNIDADE
Competências

1
• Gerais (CG): 1, 3, 5 e 9: trabalhadas com UNIDADE
os estudantes à medida que analisam a
formação das monarquias europeias e

TERRITÓRIO
o contexto histórico dos movimentos
sociais, políticos, econômicos e cultu-
rais que fizeram parte da configuração
da sociedade europeia, incentivando o
desenvolvimento de habilidades como
cooperação e diálogo entre os estudan-
E GOVERNO
tes de forma articulada ao estudo das
características do período.
• Específicas de Ciências Humanas
(CECH): 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
• Específicas de História (CEH): 1, 2,
3, 4, 5, 6 e 7. Ao longo do tempo, diversos grupos
Habilidades com identidades comuns procuraram
• EF07HI01 • EF07HI04 • EF07HI05 organizar-se e proteger seus valores, suas
• EF07HI07
tradições e seus modos de vida. Uma das
formas de fazer isso foi a delimitação de
Temas Contemporâneos
seus territórios.
Transversais na
Ainda assim, nem todos os povos
Unidade que compartilham uma mesma identidade
• Ciência e Tecnologia: presente
vivem em um único território. Muitos se dis-
na página 31, na reflexão sobre
o pensamento filosófico e o uso tribuem em diferentes Estados e outros são
da razão relacionados aos pro- itinerantes, sem território definido, como
blemas da sociedade brasileira; alguns grupos ciganos, os beduínos árabes
e na página 49, ao trabalhar o e os aborígenes australianos. Eles não são
desenvolvimento de pesquisa superiores ou inferiores a nenhum outro
científica com os estudantes. povo, apenas têm hábitos culturais distintos.
• Multiculturalismo: exemplos Nesta unidade, estudaremos dife-
são a página 10, ao abordar a rentes formas de organizar o poder e
existência de diferentes grupos como elas influenciaram a ocupação de
com identidades comuns, po-
territórios. Também vamos descobrir que
rém com práticas e visões de
mundo opostas; a página 49, ao a formação de cada país aconteceu em
propor aos estudantes a produ- dado momento da história e alterou a
ção de uma entrevista sobre as relação das pessoas que ali viviam com o
práticas religiosas no Brasil; e o espaço que ocupavam.
Fechando a unidade, na dis-
cussão sobre o significado da
terra para os povos indígenas.
• Cidadania e Civismo: como
exemplos, citamos a página 13, 10
na atividade em que se discute
a importância da democracia; a
página 27, no debate sobre a im- sos de poder; na página 30, 10ao refletir sobre a
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portância de mecanismos de importância de conseguir conviver com as dife-


controle da Justiça na atua­lidade; renças; na página 32, ao discutir a situação da Explorando padrões
as páginas 18 e 33, nas quais mulher no presente; e na página 33, ao levar a Em sala de aula, o trabalho com padrões
se discutem as funções de um reflexão sobre o papel da jovem na sociedade. é um contexto excelente para o desen-
bom governo no presente; na • Ciência e Tecnologia: temática discutida na volvimento de conceitos matemáticos e,
página 19, ao levar o estudan- página 31, na reflexão sobre o pensamento paralelamente, permitir preparar os alu-
te a refletir sobre as formas de filosófico e o uso da razão relacionados aos pro- nos para aprendizagens posteriores, além
administração das sociedades; blemas da sociedade brasileira. de desenvolver capacidades de resolução
na página 27, ao tratar de abu- de problemas, raciocínio e comunicação
[...] Considera que deve haver oportuni-
10

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Texto complementar
O conceito de território
O conceito de território
vincula-se à categoria po-

DIEGO CUPOLO/NURPHOTO/GETTY IMAGES


Membros pró-curdos do Partido Democrático do Povo (HDP)
participam do quarto congresso provincial de seu partido, em der, porém não apenas ao
Izmir, Turquia, 2022. Os curdos são povos originários da região
poder no sentido concreto
da Mesopotâmia, onde hoje estão Turquia, Armênia, Síria, Iraque,
Irã e Armênia. Divididos em territórios nessa região, eles não de dominação (poder polí-
têm um Estado nacional próprio. tico), mas também ao poder
simbólico, ligado à apropria-
ção de determinados grupos
para com seu espaço de vi-
vência (Haesbaert, 2004).
Sendo o espaço delimita-
do por e a partir de relações
de poder, o território não se
refere somente aos limites
político-administrativos es-
tabelecidos por linhas ou
marcos divisórios (Souza,
2003). Sua abrangência é múl-
tipla, envolvendo diferentes
espaços e agentes sociais,
indo desde a ação do Esta-
do delimitando as fronteiras
de um país, por exemplo, até
a definição da abrangência
espacial das organizações
comunitárias de bairros, de
conjuntos habitacionais,
de ocupações etc.
[...] É da necessidade de
controle sobre o território
que emergem as noções de
fronteiras, manifestando-se
como a expressão espacial
do uso político do território
(Cataia, 2008).
SILVA, Marlon Lima
da; TOURINHO, Helena
Lúcia Zagury. Território,
territorialidade e fronteira: o
problema dos limites municipais
e seus desdobramentos em
Belém/PA. Urbe: Revista
Brasileira de Gestão Urbana
(Brazilian Journal of Urban
Management), [s. l.], v. 9,
n. 1, p. 96-109, jan./abr. 2017.
11 p. 97-98. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/urbe/
a/6PymgxZHVysfPDbZBjmGkZJ/.
Acesso em: 16 maio 2022.
dades de experimentar padrões na forma
D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24-AV1.indd 11 a produção e verificação de conjeturas,
14/07/22 11:08

visual, auditiva e física, e atribui ainda além da reprodução e extensão e/ou cria-
grande importância à verbalização de pa- ção de padrões.
drões. A autora propõe atividades variadas MAMEDE, Ema; SILVA, Joana. Explorando
com padrões enfatizando a transposição padrões no 6o ano do ensino básico. Saber
de padrões para outras formas, a obser- & Educar, [S. l.], n. 20, p. 160-173, dez. 2015.
vação de semelhanças e de diferenças, a p. 163. Disponível em: http://revista.esepf.pt/
análise e comparação de padrões, o re- index.php/sabereducar/article/view/181.
Acesso em: 28 jun. 2022.
forço da progressão da esquerda para a
direita, o raciocínio dedutivo, a conexão
de ideias abstratas com o mundo real,
11

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Ao trabalhar o tema dos

Espaços sob
Espaços sob controle, a pro-
posta é abordar conceitos que
serão importantes no trabalho
com a unidade, como Estado controle
Nacional, território, fronteira,
governo e soberania. Para arti-
cular tal discussão, o ponto de Reflita sobre o lugar onde você mora. Sua moradia está na zona urbana ou rural?
partida é o olhar dos estudantes
As zonas urbana e rural fazem parte de um município, que, por sua vez, pertence
sobre o território mais próximo
a um estado. Com 5 568 municípios, o Brasil é formado pela união de 26 estados
a eles: o local.
mais o Distrito Federal, onde fica a capital, Brasília, sede do governo federal.
Para iniciar o trabalho com
Com essa organização, podemos dizer que o Brasil é um exemplo de Estado
os conceitos, organize uma
Nacional: encontra-se em um território delimitado por fronteiras e conta com um
roda de conversa para levantar
governo próprio, que garante a ocupação do espaço territorial, sua permanência e
os conhecimentos prévios dos
expansão ao longo do tempo. O poder que o governo detém sobre as pessoas e sobre
estudantes. Escreva os conceitos
(estado, território, fronteira, sobe- seu território é chamado de soberania.
rania) na lousa e incentive a turma Será que os territórios sempre foram organizados dessa maneira?
a apresentar definições. Com base
nos elementos levantados pelos

ADRIANO KIRIHARA/PULSAR IMAGENS


estudantes, sistematize defini-
ções para os conceitos, usando
exemplos da realidade local para
contextualizá-los.
A seguir, a partir da análise
de mapas do Brasil, do estado
e do município em que vivem,
reflita com os estudantes sobre
as estruturas do estado onde
moram e do Brasil. Destaque
as organizações políticas das
esferas de poder e a ligação dos
estudantes com a ordenação
desses territórios. Explique que
o Brasil é um Estado Nacional,
constituído de uma área geográ-
fica composta de instituições de
caráter político, e que tem um
governo soberano. Marco das Três Fronteiras, obelisco de 1903 que delimita a fronteira entre o Brasil, a Argentina e
o Paraguai. Foz do Iguaçu (PR), 2020.

12

Atividade escola está localizada. Disponibilize


D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24.indd 12 materiais a área do município. Auxilie-os nesse exercício 27/06/22 11:59

complementar diversificados (mapas, reportagens, trechos de citando exemplos como a perda ou anexação
livros, fotos, entre outros) sobre a história de territórios, a emancipação de algum distrito,
Pesquisar as origens do do município. Com base nesses materiais, os a construção de uma barragem, a delimitação
município grupos deverão investigar como foram defini- de uma área indígena ou quilombola, entre
Organize a turma em grupos dos os limites do território. outros relacionados às dinâmicas locais.
de quatro a cinco estudantes e Formule questões direcionando o olhar dos É interessante que a atividade seja interdis-
proponha que façam uma ati- estudantes sobre as fontes. Questione se os ciplinar com Geografia, cujo professor poderá
vidade de pesquisa sobre as limites territoriais sempre existiram e se ocorre- orientar os grupos na análise do espaço e no
origens do munícipio onde a ram transformações recentes que modificaram uso de determinados conceitos.
12

D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-C01-MPU-G24.indd 12 18/08/22 23:47


mapas e fotos – para levan-
tar informações sobre o
seu município.
2. Incentive os estudantes a usar
seus conhecimentos prévios,
retomando histórias que conhe-
ceram por meio de pessoas
mais velhas da família ou da
comunidade ou, ainda, con-
teúdos estudados em outros
momentos sobre a ocupação
do município. Encoraje-os a
pesquisar a história de seu

ANTONIO SEMPERE/EUROPA PRESS/GETTY IMAGES


município, amparando suas
justificativas em fatos e argu-
mentos científicos.
3. Conduza uma reflexão sobre a
organização político-adminis-
trativa local mostrando como
Muro que delimita a fronteira entre a Espanha e o Marrocos, em registro feito ela influencia a configuração
em Ceuta, cidade autônoma da Espanha situada na margem africana, 2021. e a dinâmica do território.
1., 2. e 3. Respostas pessoais. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
Discuta sobre a divisão dos
NÃO ESCREVA
Converse com os colegas e o professor sobre as questões a seguir. NO LIVRO.
poderes: Executivo (prefeito
e secretários), Legislativo
1. Como é o espaço físico do município onde você vive? Ele fica em uma região
plana ou montanhosa? Existem rios que o cortam? (vereadores) e Judiciário
(juízes). Lembre que prefeitos
2. Quem foram os primeiros povos a habitar a região hoje delimitada pelo mu- e vereadores são eleitos pelo
nicípio onde você mora?
voto. Destaque a importância
3. Em grupo, discuta a organização do poder em seu município. Quem o governa? da participação popular para
Quem são as pessoas que tomam as decisões na administração do município? cobrar e fiscalizar o trabalho
A população participa dessas decisões?
do prefeito e dos vereadores.
4. O pensamento computacional é a habilidade de mobilizar conhecimentos para Essa reflexão trabalha com o
solucionar problemas com eficiência. Uma de suas características é a repetição TCT Cidadania e Civismo,
de padrões, ou seja, uma mesma solução encontrada na primeira vez pode promovendo a formação para
ser replicada em outras situações e facilitar o trabalho. Nesse sentido, como a
a democracia e para um con-
organização dos Estados pode ser considerada uma repetição de padrões? Para
ajudar em sua reflexão, pense em Estados como Brasil, Argentina e Estados vívio social republicano.
Unidos. O que suas organizações têm em comum, ou seja, o que se repete?

5. Com base em seus conhecimentos, você considera que as organizações terri-


toriais e políticas sempre seguiram os mesmos padrões estruturais? Pense, por
exemplo, no Império Romano, na civilização egípcia e nos reinos medievais.
Não, ao longo da história tivemos outras organizações, como os feudos, que existiam na Europa durante
a Idade Média.
4. No mundo atual boa parte dos Estados tem as mesmas características, ou seja, são territórios delimitados por 13
fronteiras, que contam com governo próprio e têm governos que exercem a soberania em seus territórios.

PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24.indd 13 que maneira as relações entre as pessoas
27/06/22 e os
11:59

espaços onde viviam foram alteradas conforme


Ao apresentar os temas da unidade, lem-
os países se formaram?
bre-se de que compreender a complexa
organização do território é um desafio para Atividades
os estudantes dessa faixa etária. Por isso, tra- 1. Explore os conhecimentos dos estudantes
balhe de modo a aproximar o conteúdo da sobre as características físicas do territó-
realidade deles, com questões norteadoras. Por rio no município, os elementos naturais e
exemplo: como as diferentes formas de poder suas relações com o espaço. Incentive-os a
influenciaram na ocupação de territórios? De relembrar fontes que já conheçam – como
13

D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-C01-MPU-G24.indd 13 18/08/22 23:47


A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

1
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3 e 4. DAS MONARQUIAS NACIONAIS
Habilidade
• EF07HI07
AO ABSOLUTISMO
A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3 e 4: abordadas ao fazer os es- OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
tudantes relacionarem e contraporem
a configuração política, social, econô- • Descrever o processo de formação das Monarquias Nacionais europeias.
mica e cultural da sociedade moderna • Identificar acordos entre reis, burguesia e Igreja Católica na centralização do poder.
à dos dias atuais. • Conhecer algumas das teorias referentes ao Absolutismo.
• CEH 1, 2 e 3: enfatizadas no estudo
das estruturas sociais, econômicas e
Os Jogos Olímpicos reúnem milhares

PATRICK SMITH/GETTY IMAGES


de poder no contexto da Europa en-
tre o fim da Idade Média e o início da de esportistas de todo o mundo, das mais
Idade Moderna. variadas modalidades, com o sonho de con-
• Habilidade EF07HI07: enfocada quan- quistar medalhas e ver a bandeira de seu país
do os estudantes identificam os
no lugar mais alto do pódio. Essa sensação
processos de formação e consolidação
das monarquias e suas características. de pertencimento a um país, que muitas
pessoas sentem e demonstram durante
grandes eventos esportivos ou em situações
PROCEDIMENTOS de guerra, por exemplo, é relativamente Delegação da Palestina na abertura das
DIDÁTICOS recente na história. Olimpíadas de Tóquio (Japão), 2021.
Antes da leitura do texto, Durante a Alta Idade Média, por exemplo, a sociedade
mapeie conhecimentos e valores europeia estava organizada em feudos, não em países. Alguns
Processo histórico:
sequência de fatos,
dos estudantes, propondo ques- países da Europa ocidental que conhecemos atualmente foram acontecimentos ou
tões disparadoras: em que instituídos entre os séculos XI e XV. O processo histórico de mudanças ocorridos no
tempo histórico. O conceito
momentos vocês sentem que são sua formação esteve quase sempre ligado à figura de um sobe- supõe a ação do tempo
brasileiros? Para vocês, o que sig- rano, que centralizava o poder e dominava vários feudos. Por e envolve a noção de
movimento. O processo
nifica pertencer a uma nação? essa razão, os Estados que se constituíram nessa época são de formação das primeiras
Quais são os elementos ou sím- chamados pelos historiadores de Monarquias Nacionais. nações europeias, por
exemplo, envolveu muitos
bolos que identificam a nação No período estudado neste capítulo, a monarquia era uma acontecimentos, como
brasileira? Os estudantes poderão forma de governo na qual o poder era exercido por uma única o enfraquecimento do
citar competições esportivas, poder do senhor feudal,
pessoa, o rei ou monarca. O termo se refere às Monarquias o aumento da influência
contatos com estrangeiros e Nacionais centralizadas formadas na Europa a partir do século XIV. política e econômica da
visitas a outros países como burguesia e a centralização
Já o conceito de Estado abrange o conjunto de instituições do poder em torno do rei.
momentos em que sentem que que formam a organização política de um povo em determi-
são brasileiros. nado território. Atualmente, diversos Estados seguem o modelo tripartite, no qual os
Ao refletir sobre pertencimento, poderes se dividem em Executivo, Legislativo e Judiciário. O Poder Executivo é formado
provavelmente os estudantes con- pelo governo, que administra o país, e por outras instituições.
siderarão aspectos da própria
história de vida individual e 14
familiar, bem como a identifi-
cação com a comunidade e com
a cultura. Entre os elementos diferenças, fomentando atitudes
D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24.indd 14 de empatia, 27/06/22 11:59

que simbolizam a nação, há a cooperação e repúdio a quaisquer formas de


língua comum, o mesmo ter- preconceito e discriminação.
ritório ou unidade política, a Após esse levantamento inicial, apresente a
moeda, o hino nacional, a ban- temática a ser trabalhada, relativa à formação
deira. Esses debates tratam de das Monarquias Nacionais na época moderna.
questões de identidade e per- Pergunte aos estudantes como eles definiriam o
tencimento, e é importante conceito de monarquia e, a partir dos elementos
promover um ambiente de res- levantados, explique como eram organizadas
peito e acolhimento para as as monarquias no período estudado.
14

D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-C01-MPU-G24-AV1.indd 14 22/08/22 16:33


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A discussão com os estudan-
DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL tes sobre como, ao longo da
Ao longo da história da humanidade, homens e mulheres encontraram diferentes história da humanidade, homens
formas de se organizar em sociedade, que variam conforme o lugar e o tempo. e mulheres encontraram dife-
Os primeiros grupos humanos eram nômades, moravam em cavernas ou em habi- rentes formas de se organizar
tações temporárias, não tinham governo e dividiam os alimentos que conseguiam entre em sociedade propicia a reto-
mada de conteúdos já estudados
todos os membros do grupo. Os antigos egípcios, por sua vez, formaram um governo
anteriormente e o mapeamen-
centralizado na figura do faraó.
to de conhecimentos prévios
Na Mesopotâmia, na Fenícia e na Grécia antiga, a organização política adotada foi a dos estudantes.
de cidades-Estado, na qual cada cidade era um Estado autônomo, com as próprias normas. Caso julgue pertinente,
Não havia, nesse caso, um poder central que governava todas as cidades de maneira organize uma atividade para a
unificada, como no Egito. produção coletiva de uma linha
Com a desagregação do Império Romano, em meados do século V, a sociedade do tempo com as transforma-
europeia passou por profundas modificações. O imenso território romano foi fragmen- ções nas formas de organização
da sociedade. Divida a sala em
tado, e o poder centralizado pelo imperador deixou de existir. Após um longo processo,
pequenos grupos e proponha
ocorreu a formação dos feudos, nos quais as decisões sobre a justiça e o pagamento de
que cada grupo escolha um
taxas ficavam quase sempre sob o poder do senhor feudal. período histórico e escreva um
breve texto sobre as principais
NORTH WIND PICTURE ARCHIVES/AKG/ALBUM/EASYPIX BRASIL

características de sua organiza-


ção social. Depois, reúna cada
um dos textos produzidos e
organize-os na forma de linha
do tempo. Caso seja possível,
a atividade pode ser feita com
recursos digitais.
A seguir, proponha aos estu-
dantes que reflitam sobre a
questão: será que a sensação de
pertencer a um país sempre fez
parte da experiência humana?
Converse com a turma sobre
esse assunto e verifique se eles
manifestam a compreensão de
Reprodução de que as estruturas nacionais são
um manuscrito do relativamente recentes, reconhe-
século XV, de artista
desconhecido, que cendo assim que o “Estado” é
mostra camponeses resultado de um processo his-
recebendo ordens tórico-social. Para auxiliar nessa
de um senhor feudal
percepção, aponte os aspec-
antes de iniciar o
trabalho na terra. tos relacionados ao conceito de
Estado (leia o texto complemen-
15 tar a seguir).

D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24.indd 15 Texto complementar ra estudiosos como Miguel Reale, o27/06/22


Estado
11:59 do povo, o estabelecimento
seria a Nação politicamente organizada. da lei, a manutenção da in-
O conceito de Estado [...] Levantou-se, então, a seguinte ques- fraestrutura da sociedade. [...]
[...] O Estado é, poderíamos assim sin- tão: o Estado sempre existiu? [...] SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA,
tetizar, entidade composta por diversas Nesse contexto, é bastante controverso Maciel Henrique. Dicionário de
instituições, de caráter político, que co- tentarmos estabelecer uma definição geral conceitos históricos. São Paulo:
manda um tipo complexo de organização para o Estado. Mas podemos, pelo menos, Contexto, 2009. p. 115-116, 118.
social. Muitas vezes associamos Estado e definir algumas das funções do Estado
Nação, tratando-os como sinônimos, mas nacional fixadas historicamente no Oci-
enquanto Estado é uma realidade jurídica, dente: cabe ao Estado o domínio da força
a Nação é uma realidade sociológica e, pa- e da repressão, a proteção do território e
15

D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-C01-MPU-G24.indd 15 18/08/22 23:47


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3 e 4: abordadas ao fazer os
estudantes compreenderem a confi-
guração econômica dos feudos e as
Burgueses e senhores feudais
relações de trabalho. Embora existissem reis no período medieval, eles eram, na prática, apenas senhores
• CEH 1 e 2: destacadas na análise das feudais. Tinham pouco poder de decisão fora do próprio feudo e às vezes possuíam
relações socioeconômicas e políticas menos terras e vassalos que um senhor feudal vizinho.
e sua historicidade no tempo-espa-
Como nos feudos não havia padronização de pesos e medidas, os senhores feudais
ço estudados.
• Habilidade EF07HI07: enfocada quan- passaram a cunhar moedas. Assim, cada feudo tinha a própria moeda.
do os estudantes identificam as A partir do século XII, as diferenças
características sociais que surgem a entre os feudos tornaram-se um problema
partir da formação da burguesia e dos para os mercadores, que enfrentavam
senhores feudais.
dificuldades para calcular o valor de seus

BIBLIOTECA NACIONAL, PARIS. FOTO: BRIDGEMAN IMAGES/EASYPIX BRASIL


produtos, principalmente quando se
PROCEDIMENTOS deslocavam de um feudo a outro. Além
DIDÁTICOS disso, havia insegurança nas estradas,
Para iniciar a discussão, levante onde era comum a presença de ladrões
os conhecimentos prévios dos de mercadorias.
estudantes acerca das característi- Esses empecilhos desagradavam aos
cas da sociedade feudal. Na lousa, burgueses, que não conseguiam expan-
monte um quadro com os temas dir seus negócios como desejavam.
economia, política, cultura e peça Os burgueses tinham interesse em
à turma que o preencha com as mudanças político-administrativas, como
Iluminura do livro Le chevalier errant, de
informações de que se lembram a centralização do poder e a unificação
Thomas III de Saluces, do século XIV, que
sobre a ordem feudal. Ao final, representa comerciantes em uma feira. de moedas, pesos e medidas, além de
solicite a eles que registrem essas
maior proteção e segurança a todos.
informações no caderno. Essa ati-
Para eles, quem melhor poderia pro-
vidade pode ser feita também de
mover essas mudanças era o rei. Afinal,
forma digital, abrindo um quadro
se o rei era um senhor feudal, também
colaborativo a ser preenchido
era considerado um primus inter pares,
pelos estudantes por meio de
plataformas como o Padlet ou termo em latim que significa o primeiro –
o Mentimeter. ou o mais importante – entre seus iguais.
Em seguida, proponha aos
SERGIY VOVK/SHUTTERSTOCK.COM

estudantes a leitura e a elabo-


ração de um resumo do texto
Burguês: por volta do século XI, era chamado
Burgueses e senhores feudais. de burguês o indivíduo livre que vivia nos burgos
O exercício do resumo estimula (cidades fortificadas). Muitos burgueses eram
mercadores ou artesãos e detinham poder
a turma a distinguir as informa- econômico. Com o tempo, o termo adquiriu novos
ções principais das secundárias. Fotografia aérea da cidade de significados, passando a designar aqueles que têm
Dubrovnik (Croácia), criada durante a posse dos meios de produção de mercadorias.
Oriente-os sobre a elaboração a Idade Média, 2020.
do resumo, pois essa habilidade
ainda está em desenvolvimento. 16
Além de selecionar as principais
informações seguindo a sequên-
cia do texto, é importante que Busque também valorizar e enfatizar
D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24.indd 16 as passa- 27/06/22 12:00

todos se atentem ao esclare- gens que atingiram o objetivo.


cimento dos conceitos usando A atividade permite avaliar se o longo pro-
palavras ou frases curtas. cesso de aproximação entre os reis e a burguesia,
Solicite aos estudantes que que levou à centralização do poder e à formação
leiam os resumos e verifique se das primeiras Monarquias Nacionais, foi com-
foram destacados pontos impor- preendido pela turma. Ao concluí-la, destaque
tantes do texto. Se necessário, as mudanças e permanências características
indique a revisão de algum desse processo histórico, como a permanên-
assunto ou conceito trabalhado. cia da servidão na França até o século XVIII.
16

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
AS PRIMEIRAS MONARQUIAS NACIONAIS Como ponto de partida para
tratar da formação das Monarquias
Os burgueses procuraram se aproximar dos reis europeus em busca de mudanças, e os Nacionais, é importante trabalhar
soberanos sabiam que, para centralizar o poder, precisavam enfraquecer os senhores feudais. com os estudantes o conceito de
Esse objetivo exigia exércitos fortes, treinados e permanentes, mas a manutenção deles burguesia. Levante os conheci-
dependia do dinheiro da burguesia. Essa aproximação permitiu que, em diversos lugares da mentos prévios dos estudantes
Europa, os reis centralizassem o poder e os burgueses tivessem seus negócios facilitados. sobre o tema e, a seguir, solicite
O fortalecimento do rei fez com que, em algumas regiões, os senhores feudais recor- a eles que leiam a definição de
ressem a ele em busca de apoio militar para conter rebeliões camponesas. Ao mesmo burguês apresentada no texto.
tempo, nas camadas baixas da sociedade, muitas pessoas começaram a ver o soberano A partir da compreensão do
como um defensor dos pobres contra a opressão dos senhores feudais. Pouco a pouco, o rei conceito, incentive a turma a
deixou de ser mais um senhor feudal e passou a ser considerado um árbitro de disputas e formular hipóteses para pensar
protetor de grupos vulneráveis. Dessa maneira, seu poder tornou-se cada vez maior. se atualmente essa palavra tem o
A centralização monárquica foi um processo lento e gradativo, que se estendeu mesmo sentido. Anote as respos-
por séculos: vários feudos uniram-se e passaram a ser governados por um monarca, o que tas e as definições formuladas e
deu origem às Monarquias Nacionais. As primeiras formaram-se nas regiões da Inglaterra debata os diferentes significados
(século XI), da França (séculos XI e XII) e de Portugal (século XII). do termo ao longo dos tempos.
Em todos os lugares onde ocorreu Informe que, por volta do
essa centralização do poder, diversos século XI, o termo designava
aspectos da sociedade feudal ainda
as pessoas que moravam em
zonas fortificadas (nas línguas
vigoraram por muito tempo. Assim, na
germânicas, burg significa “lugar
passagem da sociedade feudal para as
fortificado”). Os moradores dos
Monarquias Nacionais, foram verifica-
burgos eram pessoas livres,
das mudanças e permanências.
não estavam presas a nenhum
O rei centralizava o poder político,
senhor feudal. Alguns praticavam
mas os senhores feudais e a servidão
o comércio e outros dedicavam-
dos camponeses não desapareceram
-se à produção de bens.
rapidamente. Na França, por exemplo, Contudo, eram ricos, sobre-
a servidão no campo só terminou no tudo os grandes comerciantes,
século XVIII. e, com isso, os termos burguês
e burguesia foram associa-
Sacro Império Romano-Germânico: unidade
dos, nos séculos seguintes, às
territorial sob o poder monárquico que, entre 962
DEA PICTURE LIBRARY/ALBUM/FOTOARENA

e 1806, ocupou a região hoje correspondente em pessoas ricas. Até o século XVIII,
linhas gerais à Alemanha. na França, o burguês era aquele
que vivia na cidade e que não
trabalhava como criado.
Iluminura do século X que representa
a coroação de Oto I como rei do Sacro Explique que, atualmente,
Império Romano-Germânico. a palavra burguesia é utili-
zada para designar um grupo
17
social mais rico da sociedade.
Essa reflexão permite discutir a
questão das desigualdades que
D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24.indd 17
AMPLIAR HORIZONTES 27/06/22 12:00
caracterizam as sociedades bur-
guesas, explorando conceitos
• BLOCH, Marc. A sociedade feudal. São Pau-
de alteridade e de diversidade
lo: Edipro, 2016.
e promovendo a educação para
O livro aborda o feudalismo, destacando os princi-
os direitos humanos.
pais traços da civilização europeia entre a metade
do século IX e o início do século XIII.

17

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 4: abordada ao fazer os es-
tudantes compreenderem a relação
social estabelecida pelo Absolutismo.
A centralização do poder A RQ
UI V
OS
NA

• CEH 1 e 3: trabalhadas na discus- Nesse processo de centralização, os monar- CI


ON

AI
S,
são sobre a centralização política e cas passaram a controlar a ordem e a segurança

PA
RIS
no estudo da Carta Magna como fon- nas estradas e a proteger as cidades. Obrigaram,
te histórica. ainda, os senhores feudais e os homens livres
• Habilidade EF07HI07: enfocada quando
a lhes jurar lealdade e a pagar impostos. Para
os estudantes identificam as caracterís-
ticas políticas e sociais que surgem a cobrar esses impostos, utilizavam funcionários
partir da constituição do Absolutismo. de sua confiança, que coletavam o pagamento
em dinheiro, não mais em terras, como era
comum em épocas anteriores.
PROCEDIMENTOS
Cada rei instituiu uma moeda válida para todo
DIDÁTICOS o seu reino e proibiu os senhores feudais de cunha-
Para discutir o processo de rem moedas. Os reis assumiram também o controle
consolidação das Monarquias de diversos setores da sociedade, como o comércio, Selo com imagem do rei francês Filipe
Nacionais na Europa, solicite aos II, 1180. Em latim, a frase diz: “Filipe,
a justiça e a educação, que até então era monopo- pela graça de Deus, rei da França”.
estudantes que discutam em lizada pela Igreja. Com a burguesia, começaram a
duplas ou pequenos grupos o
financiar a formação de escolas e universidades laicas; afinal, a condu-
que entendem por centralização Laico: que não é
ção do Estado e dos negócios exigia profissionais com conhecimentos religioso; secular.
política. Encoraje-os a relacio-
em idiomas, leis e finanças, por exemplo.
nar o tema com suas realidades,
Nesse contexto, na Inglaterra, o rei Henrique II (1133-1189) instituiu leis para todo o
refletindo se acreditam que atual-
território – o sistema do Common Law (em português, “direito comum”) –, enfraquecendo
mente no Brasil o poder é ou
o poder dos senhores feudais, que antes impunham as próprias decisões nos feudos.
não centralizado e o que isso
significa. A partir dos ele- A proximidade com a burguesia
mentos levantados pelos Como parte da força econômica dos reis vinha do dinheiro da burguesia, os monar-
estudantes, apresente o signifi- cas estabeleceram mecanismos e leis que beneficiavam e fortaleciam os burgueses. Em
cado de centralização política no
Portugal, por exemplo, foram instituídas leis que ajudaram os mercadores a empreender
contexto de formação das socie-
grandes navegações comerciais. Além disso, muitos burgueses foram contratados como
da­des modernas.
conselheiros e funcionários reais.
A seguir, solicite aos estudan-
Esses exemplos revelam de que modo a burguesia ampliou seu poder de influência
tes a leitura da página e elabore
na sociedade europeia e na formação dos Estados Nacionais. Entretanto, o processo de
coletivamente um esquema na
centralização monárquica não foi aceito sem resistência por parte dos senhores feudais.
lousa indicando as ações dos
Em quase toda a Europa ocidental, houve enfrentamentos entre a nobreza feudal e o rei.
reis para controlar a econo-
mia, a justiça e a educação,
como a criação de leis para o 1. Quais devem ser as funções dos Estados Nacionais hoje? Pense no caso do Brasil
território; a cobrança de impos- e liste em ordem crescente de importância três funções que, em sua opinião, um
tos em dinheiro; a instituição bom governo deve desempenhar. Respostas pessoais. Consulte comentários adicionais nas
Orientações didáticas.
de moeda única; a criação de
18
escolas e universidades. Informe
aos estudantes que esse processo
ocorreu de formas diferentes nas
Estado brasileiro faz e o que ainda precisa
D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24.indd 18 fundamentais à população, como a educação, 27/06/22 12:00
monarquias que se constituíram
fazer. Explique que, para atingir resultados a saúde e a segurança. É possível utilizar
no período estudado.
em diversas áreas e promover o bem-estar o seguinte texto como material de apoio:
Atividade da sociedade, os governos se utilizam das CALDAS, Ricardo Wahrendorff (coord.).
1. Com essa atividade, que pode políticas públicas. Incentive os estudantes a Políticas públicas: conceitos e práticas.
ser feita em duplas ou peque- pensar que as políticas públicas devem estar Belo Horizonte: Sebrae/MG, 2008. Disponível
nos grupos, espera-se que, voltadas para o bem-estar da sociedade e em: http://www.mp.ce.gov.br/nespeciais/
partindo de suas necessidades para a defesa de práticas democráticas e promulher/manuais/manual%20de%20
como cidadãos, os estudan- inclusivas. Ajude-os a perceber o papel do politicas%20p%C3%9Ablicas.pdf. Acesso
tes apontem aquilo que o Estado na garantia de direitos humanos em: 24 maio 2022.
18

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A Carta Magna Atividade
Na Inglaterra, em 1215, um grupo de nobres (senhores feudais) complementar
obrigou o rei João Sem-Terra a assinar um documento conhecido
Analisar avanços e

BR A R A.
como Carta Magna. Embora esse documento só assegurasse os

SIL
limitações da Carta

YPIX LATER
G
direitos e interesses dos grupos sociais mais ricos, foi um dos Magna

GES RES, IN
/EAS
primeiros a limitar o poder de um monarca.

AN . L O N D
Apresente uma versão da

IMA
S
Nessa carta, havia artigos que impediam o rei de criar leis

RID ONDRE
Carta Magna, ou de parte dela,

GEM
L
sem aprovação do Grande Conselho, instituição formada

FOT EU DE
para a turma, realize a leitura

O: B
MUS
por representantes da nobreza e do alto clero. coletiva do texto, esclarecendo
Carta de João Sem-Terra após a assinatura da Carta Magna, possíveis dúvidas de vocabulário,
em 1215. Na carta, que contém o selo real, o monarca e explore os principais pontos do
concede aos habitantes de Londres, na Inglaterra, o direito
de escolherem a cada ano um prefeito que fosse “temente a documento. Entre outras disposi-
Deus, discreto e adequado ao governo da cidade”. ções, a Carta Magna dizia que o
1. a) O texto evidencia que qualquer punição só poderia acontecer dentro dos princípios estabelecidos pela rei não poderia criar impostos ou
lei. Dessa forma, indicava que a lei deveria ser cumprida por todos, inclusive pelos monarcas. alterar as leis sem antes consultar
1. Leia a seguir um trecho extraído da Carta Magna. Caso desconheça alguma palavra,
o Grande Conselho, órgão que
consulte seu significado em um dicionário.
seria integrado por representan-
tes do clero e da nobreza. Além
Nenhum homem livre será detido, aprisionado ou despojado dos seus direitos
ou bens, ou colocado fora da lei, ou exilado, ou destituído de sua condição de qual- disso, nenhum súdito poderia ser
quer maneira que seja. Não procederemos contra ele pela força, nem enviaremos condenado à prisão sem antes
outros que o façam, salvo em virtude de um julgamento legal dos seus pares, ou passar por um processo judicial.
de acordo com a lei da região. Pergunte aos estudantes se
ESPINOSA, Fernanda. Antologia de textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa Editora, 1981. p. 327. esses pontos foram importantes
para a organização da socie-
a) De acordo com o texto, de que
maneira a Carta Magna restrin-
dade do período. Auxilie-os no
giu os poderes do rei? debate sobre os avanços que
b) O texto recomenda que a socie- essas medidas representaram,
dade seja regida não pela força, assim como suas limitações. É
mas pela lei. Você concorda importante que todos percebam
com essa ideia? Por quê?
que, ainda que garantisse direi-
tos apenas aos homens livres, a
Cerimônia no Memorial da Carta Magna até hoje é consi-
Carta Magna em celebração derada um símbolo de avanço
aos 800 anos da assinatura
do documento pelo rei João
legislativo no mundo ocidental.
Sem-Terra. Surrey, Inglaterra, Sua versão integral está disponí-
2015. Na lápide do monumento, vel em: http://www.dhnet.org.
lê-se: “Para comemorar a
Carta Magna, símbolo da br/direitos/anthist/magna.htm
liberdade sob a letra da lei”.
STEFAN WERMUTH/AFP/GETTY IMAGES
(acesso em: 28 maio 2022).
1. b) Respostas pessoais. Se considerar válido, mencione aos estudantes que a Carta Magna é conhecida
como um dos marcos dos direitos humanos, pois inaugura a noção de liberdade e igualdade sob a lei. 19

AMPLIAR HORIZONTES
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• ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado ab-


solutista. São Paulo: Unesp, 2016.
A obra traça o desenvolvimento dos Estados ab-
solutistas no início do período moderno a partir
de suas raízes no feudalismo europeu, analisando
suas diversas trajetórias.

19

D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-C01-MPU-G24.indd 19 18/08/22 23:47


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3, 5 e 6: abordadas ao fazer os
estudantes compreenderem a consoli-
dação das alianças no período tratado
A aliança entre os reis e a Igreja
e os impactos disso para a socieda- Em algumas regiões da Europa, a formação e/ou consolidação dos Estados centra-
de europeia. lizados – as chamadas Monarquias Nacionais – deveu-se muito à aliança firmada entre
• CEH 1: verificada ao se compreen- os reis e a Igreja Católica. Um dos A Reconquista (séculos IX e XIII)
derem os vínculos e interesses que
locais onde essa aliança se tornou

VESPÚCIO CARTOGRAFIA
moviam as relações entre monar- Ano: 1000
0° 0°

quias e Igreja. evidente foi na Península Ibérica, Santiago


de Compostela
OCEANO
• Habilidade EF07HI07: enfocada quan- área em que estão localizados ATLÂNTICO
LEÃO
NAVARRA

do os estudantes identificam os efeitos atualmente Portugal e Espanha.

Ri
CASTELA ARA

o
GÃO

Eb
políticos, sociais e econômicos da Re-

ro
A partir de 711, quase toda Ri T o ej
conquista e das alianças estabelecidas. Lisboa
o
Toledo
a Península Ibérica esteve sob o CALIFADO DE
CÓRDOBA
Valência
domínio muçulmano. Os cristãos, Córdoba
PROCEDIMENTOS que foram expulsos de suas terras r râ
ne
o
40° N

DIDÁTICOS e estavam refugiados ao norte da M


ed
it
e

0 190 ar
Para discutir a questão da península, iniciaram ações milita-
M

Reconquista na Península Ibérica res visando retomar o território



e da formação das Monarquias perdido. Esse processo – conhe-
Ano: 1085
Santiago
Nacionais, proponha aos estu- cido como Reconquista – foi OCEANO
de Compostela

ATLÂNTICO LEÃO
dantes um exercício de análise
NAVARRA

muito lento e estendeu-se por

Ri
CONDADO

o
cartográfica. Inicialmente, apre-

Eb
PORTUCALENSE

ro
quase 800 anos. Os mapas desta CASTELA ARAGÃO

sente à turma um mapa atual da


Ri e oT j
o
Lisboa
página ajudam a compreender Toledo

Europa e solicite a localização CALIFADO DE


como isso aconteceu. CÓRDOBA Valência

dos territórios correspondentes Córdoba


o
40° N
40°
A retomada dos territórios râ
ne
a Portugal e Espanha. A seguir, it
e r

pelos cristãos ao longo do tempo ed


questione: o território europeu 0 190 a r
M

sempre teve essa configuração? possibilitou a formação de novos M

Países como Portugal, Espanha e condados e reinos, além da amplia-


ção dos já existentes, como o Ano: 1212 Domínios muçulmanos
França sempre existiram? Santiago Domínios cristãos portugueses
de Compostela
A seguir, proponha aos estu- Condado Portucalense, que viria a OCEANO Rio
Domínios cristãos espanhóis

ATLÂNTICO REINO DE Eb
ro
dantes que analisem os mapas A se tornar Portugal, e os reinos de NAVARRA

Reconquista (séculos IX e XIII). Leão, Aragão e Castela, que atual- REINO DE


PORTUGAL
REINO DE
CASTELA REINO DE
Ri Te o ARAGÃO
j o
Chame a atenção de todos para mente fazem parte da Espanha. Lisboa

o título, as datas e a legenda, e, Em meados do século XV, Valência


Córdoba Las Navas 40° N
a partir dos elementos analisa- depois de muitas guerras, a Penínsu- de Tolosa
ân
eo
40°

REINO DE rr
dos, contextualize o processo la Ibérica passou a ter outra con- GRANADA
ed
it
e
Limites internos dos reinos
M
conhecido como Reconquista. figuração geopolítica. Os muçul- 0 190 M
ar cristãos espanhóis
Limites de reinos

Explique aos estudantes o signi- manos dominavam apenas o Reino
Fonte: BLACK, Jeremy (ed.). World history atlas: mapping the
ficado desse conceito, utilizado de Granada, ao sul. human journey. 2. ed. London: Dorling Kindersley, 2005. p. 108.
pelos europeus para descrever a
retomada das terras que anterior- 20
mente estavam sob o domínio
dos cristãos e passaram a ser
dominadas pelos árabes, a partir porD3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24-AV1.indd
volta de 1212, a presença muçulmana 20 limi- 14/07/22 11:08

do século VIII. tava-se ao território de Granada (sua expulsão


Problematize o primeiro mapa ocorreria em 1492) e identifique a formação
e os territórios sob os domínios do reino de Portugal, após a conquista de
muçulmano e cristão. Aponte Lisboa, em 1147.
a retomada dos territórios por
parte dos cristãos, a formação
de reinos independentes e os
domínios cristãos portugueses.
No terceiro mapa, sinalize que,
20

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Os reis católicos Para iniciar a discussão sobre
Ao longo do tempo, esses reinos foram se unindo por meio do casamento de seus
as monarquias católicas, pro-
ponha aos estudantes que se
monarcas. Em 1469, formou-se um único reino, o de Aragão e Castela (que daria origem à
reúnam em grupos e façam uma
Espanha), a partir do matrimônio de dom Fernando II (1452-1516), rei de Aragão, com dona
pesquisa sobre os reis católicos
Isabel (1451-1504), rainha de Castela. O casal ficou conhecido como “os reis católicos”.
Fernando e Isabel, registrando
Esses monarcas fizeram uma aliança com o papa Sisto IV (1414-1484), que os ajudou no pro-
em seus cadernos os principais
cesso de centralização do poder. Os reis católicos pretendiam reconquistar a região de Granada
elementos de suas biografias.
e expulsar definitivamente os muçulmanos, os judeus e os cristãos-novos da Península Ibérica.
Após o término da atividade,
Os muçulmanos foram expulsos de Granada em 1492. A união incentive os estudantes a socia-
Cristão-novo:
entre os reis espanhóis e a Igreja Católica não só ajudou a reforçar o judeu convertido ao lizar e comparar seus resultados
poder do rei Fernando II e da rainha Isabel como também expandiu catolicismo.
com os dos colegas.
a influência da Igreja na região. A partir dos elementos levan-
No primeiro plano, ponte romana; ao fundo, mesquita-catedral, Córdoba, Espanha, 2022. tados pelos estudantes, explique
A cidade foi sede do califado de Córdoba, que dominou a maior parte da Península Ibérica que, ao longo do tempo, os
e o norte da África entre os séculos X e XI. reinos que existiam onde atual-
mente se localiza a Espanha
foram se unindo até que, em
1469, formaram um único reino,
o de Aragão e Castela. Destaque
a aliança dos chamados “reis
católicos” com o papa Sisto IV
e sua importância na centrali-
zação do poder, e também na
expansão da influência da Igreja
nesse período.
COLORMAKER/SHUTTERSTOCK.COM

1. A engenharia romana é reconhecida pela eficiência e durabilidade. Estradas, cas-


telos e aquedutos resistiram ao tempo, e muito do que sabemos hoje sobre o
período é resultante dessa herança material. Examine a imagem e explique qual
foi o padrão usado pelos romanos na construção da ponte. Entre outros, observa-se o -se na esperança última dos
uso de pedras e de arcos como estrutura básica de sustentação. Essa sustentação se deve à distribuição de cargas.
2. Que padrão da ponte também é possível verificar na mesquita de Córdoba que povos. Tal situação levaria as
está ao fundo? Arcos e colunas de diferentes estilos. justiças régias a entrar nas
terras dos grandes senhores,
3. Você já viu outras imagens com esse mesmo padrão arquitetônico? o que viria, em última aná-
Os arcos já existiam antes dos romanos, mas foi com essas construções que eles conquistaram o mundo. Esse estilo
de engenharia pode ser observado em diversos lugares do mundo, como o Coliseu romano, os arcos da Lapa, no Rio
lise, a limitar os respectivos
de Janeiro, e até mesmo o Palácio do Planalto tem arcos inspirados nessa arquitetura romana.
21 poderes. Assim se delineou
uma tácita aliança entre o
rei e os povos: aquele encon-
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24.indd 21 cas: alargar e defender os reinos e melhorar
27/06/22 12:00
trando no povo a sua base de
o exercício da justiça. Em ligação com esta apoio e este esperando do rei
O poder legislativo e executivo dos melhoria, de igual modo se impunha uma a libertação do senhor que
reis de Portugal legislação adequada, o que dava aos reis oprimia. [...]
[...] a formação de Portugal deve ser en- um reforçado poder legislativo e executi- MENDONÇA, Manuela.
tendida como um processo complexo, em vo. Assim, o Estado baseava-se na lei e o Introdução à História medieval
que se cruzavam influências e que nascia rei existia para a fazer cumprir, sendo-lhe de Portugal. OPSIS: Revista do
necessária a organização das respectivas Niesc, [s. l.], v. 6, p. 142-155,
num tempo em que se caminhava decidi-
2006. p. 144. Disponível em:
damente para uma nova realidade política instituições. Deste modo a justiça passaria https://www.revistas.ufg.br/
europeia. Foi a época em que se tornaram a ser um importante veículo de autoridade Opsis/article/view/9321/6413.
claros dois deveres principais aos monar- régia, pois o recurso ao monarca tornou- Acesso em: 16 maio 2022.
21

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3, 5 e 6: abordadas ao fazer os
estudantes compreenderem a impor-
tância dos filósofos e suas diferentes O REI SE FORTALECE
teorias a respeito do Estado monár- Entre os séculos XV e XVII, a Europa ocidental passou por diversas crises. A produção
quico europeu no fortalecimento da
de alimentos diminuiu, a fome alastrou-se e vários países entraram em guerras.
figura do rei e as consequências des-
se processo de centralização. Diante desses eventos, alguns teóricos da época começaram a afirmar que só gover-
• CEH 3 e 4: destacadas no estudo e nos fortes conseguiriam pôr fim à situação de desordem pela qual passava o continente
questionamento sobre as teorias que europeu. Conheça quatro teóricos do poder monárquico e suas ideias.
embasavam o poder monárquico.
• Habilidade EF07HI07: enfocada quan- Nicolau Maquiavel (1469-1527)
do os estudantes identificam os • O objetivo de um príncipe (governante) deve ser o de conquistar e manter o poder.
efeitos políticos, sociais e econômicos • O governante não deve se deter diante de nenhum obstáculo em sua luta para manter ou conquistar o controle do
da formulação de teorias que justifi- Estado, mesmo que isso signifique fazer uso da força física contra adversários.
cam a criação de contratos sociais e o • Se o príncipe usa da brutalidade sem motivo razoável, ele põe em perigo sua autoridade perante seus súditos.
fortalecimento da figura do monarca.

AKG-IMAGES/ALBUM/FOTOARENA

BRIDGEMAN/EASYPIX BRASIL
Jean Bodin (1530-1596)

PROCEDIMENTOS • O poder de ditar e revogar leis cabe ao rei,


que recebeu essa atribuição de Deus.
DIDÁTICOS • O poder do rei deve ser perpétuo, absoluto,
impossível de ser questionado e indivisível.
Para iniciar a discussão sobre
as ideias e teorias dos pensado- Jacques Bossuet (1627-1704)
res absolutistas, seria interessante • O poder do rei é concedido por Deus e por
propor um processo de meto- isso é ilimitado e incontestável.
Retrato de Jean Retrato de Jacques
dologia ativa, chamado sala • O rei não precisa justificar suas decisões
Bodin, François Benigne Bossuet,
para ninguém.
de aula invertida. Stuerhelt. Retirado Hyacinthe Rigaud.
do livro Illustrés Óleo sobre tela,
Uma aula antes, organize os Thomas Hobbes (1588-1679) d’Anjou, de Claude 1693.
estudantes em quatro grupos • Sem o poder regulador e absoluto, haveria Ménard. Gravura,
e peça a cada um que faça uma “guerra de todos contra todos”. século XVII.
uma pesquisa em casa sobre um • O contrato ou pacto social entre as pessoas
é necessário para garantir a paz e a
dos pensadores citados no livro: segurança da sociedade.
Jean Bodin, Jacques Bossuet,
Nicolau Maquiavel e Thomas Por atribuir o poder real à vontade de Deus, as ideias de Jean Bodin e Jacques Bossuet
Hobbes. Na aula seguinte, monte ficaram conhecidas como teoria do direito divino. Thomas Hobbes e Nicolau Maquiavel,
duplas, sendo que cada estu- por sua vez, explicaram o poder real sem recorrer a argumentos religiosos e deram dife-
dante pesquisará um pensador rentes contribuições à teoria contratualista.
diferente. A partir do material Amparados nessas teorias, diversos reis europeus concentraram ainda mais poder:
pesquisado, cada dupla deve ampliaram os exércitos, constituíram um grupo de funcionários encarregados de garantir
montar um quadro apresentando a administração do Estado, aumentaram a cobrança de impostos,
uma pequena biografia e as prin- criaram leis que aboliram o antigo direito feudal consuetudinário
Consuetudinário:
ligado aos costumes e
cipais ideias de cada pensador. e puseram fim aos laços de suserania e vassalagem característicos às tradições.
Os quadros podem ser feitos na do feudalismo.
forma de cartazes ou com recur-
sos digitais. Após a conclusão da 22
atividade, organize uma exposi-
ção, presencial ou virtual, com
os quadros produzidos. culturais locais, pois houve padronização
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Após a realização da ativi- moeda e do idioma nesses reinos, assim como a


dade, explique como o contexto criação de vários impostos que fortaleceram as
de crises vivenciado na Europa economias internas. A arrecadação de impostos
entre o século XV e o século XVII garantia ainda a manutenção de exércitos per-
contribuiu para o fortalecimento manentes, que cuidavam da defesa em casos
dos reis. Esclareça que, com a de conflitos externos e também dificultavam
delimitação das fronteiras nacio- as rebeliões contra o poder real.
nais, o Absolutismo contribuiu
para a diminuição das diferenças
22

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Surge o Absolutismo Trabalhe os conhecimentos
prévios dos estudantes, questio-
A forma de governo com extrema centralização do poder político é conhecida como
nando-os sobre os significados
Absolutismo.
do termo Absolutismo e o que
Nesse sistema político, o rei assumia para si o controle das principais instituições do
quer dizer um rei ou uma rainha
Estado, estabelecendo leis e decidindo questões da Justiça, por exemplo. A autoridade
ter poderes absolutos. Espera-se
do rei tornava-se quase absoluta, pois não se limitava por outros poderes, a não ser pelo
que eles associem o termo à
que, na época, se consideravam leis de Deus. ideia de totalidade, sem restri-
Na Inglaterra, parte das conquistas que os nobres haviam alcançado em 1215 e que ções ou limites. Discuta que essa
estavam consagradas na Carta Magna foi perdida em consequência das ações absolutistas forma de governo predominou
dos reis que governaram o país, principalmente a partir do século XVI. em grande parte nas monarquias
Algumas dessas iniciativas partiram de Henrique VIII (1491-1547), monarca que gover- europeias do século XVI ao final
nou a Inglaterra de 1509 a 1547. Para manter absoluto controle sobre o Estado, o rei do século XVIII, e era caracte-
rompeu com a Igreja Católica, a instituição mais poderosa da Europa naquele período. rizada, em geral, pelo poder
Além disso, ele confiscou todas as terras e bens pertencentes à Igreja e criou a Igreja absoluto do rei sobre o Estado.
Anglicana, cujo chefe supremo era o rei, e não o papa. Chame a atenção dos estu-
Na França, o rei Luís XIV (1638-1715) acumulou as funções de rei e primeiro-ministro, e dantes para as consequências
extinguiu o Conselho Real, cuja função era auxiliar o soberano em seu governo. O poder do desse tipo de governo para a
monarca era enorme, característica que o teria levado a afirmar: “O Estado sou eu”. Embora população, como a perda de
alguns estudiosos alertem que essa frase nunca foi proferida por Luís XIV, ela nos ajuda direitos conquistados pelos
a compreender a relação pessoal entre o monarca absolutista e o Estado sob seu poder. nobres ingleses com a Carta
Considerando-se um representante de Deus na Terra, Luís XIV elaborou um grande culto Magna de 1215. Para concluir,
à sua imagem – escolheu se considerar válido, discuta com

FINE ART IMAGES/HERITAGE IMAGES/GETTY IMAGES


o Sol como símbolo de eles a existência de governos
seu governo e exigiu ser autocráticos atualmente, ques-
chamado de “Rei Sol”. tionando o que pensam desse
modelo de governo.

Luís XIV recebe o


juramento do marquês de
AMPLIAR HORIZONTES
Dangeau, Antoine Pezey.
Óleo sobre tela, 1695. • BURKE, Peter. A fabricação
O monarca absolutista do rei: a construção da ima-
francês está representado gem pública de Luís XIV. Rio
no centro da imagem, de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
sentado em frente a um
nobre ajoelhado. O autor explica o funcionamento
da máquina de propaganda de
Luís XIV e mostra como a criação
1. Analise a obra de Antoine Pezey reproduzida nesta página. De que modo o rei Luís da imagem real ilumina a relação
XIV foi representado nessa imagem? Como a obra está relacionada ao conceito de entre arte e poder.
Absolutismo? O rei foi representado cercado pela nobreza. Ele ocupa o centro da imagem e está diante de um
nobre ajoelhado. Com base no título da imagem, pode-se depreender que o nobre é o marquês de Dangeau, que faz
um juramento de fidelidade ao rei. O conceito de Absolutismo está evidente na imagem, que apresenta o rei
como uma autoridade reverenciada por todos, até mesmo pela nobreza, colocada de joelhos diante dele.
23

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23

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 7: abordadas quando os
estudantes compreendem os variados
símbolos e códigos sociais, políticos e
culturais existentes no período monár-
OLHO VI VO
quico absolutista.
• CEH 2 e 3: fortalecidas ao se discutirem SANGUE NO CANAL DA MANCHA
os diversos significados presentes na
iconografia Retrato da Armada. A rainha Elizabeth I (1533-1603) sabia que as pinturas podiam impressionar seus súditos
• Habilidade EF07HI07: enfocada quan- e demonstrar poder. Por isso, durante seu longo reinado, fez questão de ser representada
do os estudantes identificam as diversas vezes e por artistas variados.
principais características da relação O luxo e o esplendor exibidos nessas obras evidenciavam aos ingleses o prestígio e a
entre a corte e a sociedade.
força da rainha, um dos principais nomes do Absolutismo inglês. Esse é o caso do óleo sobre
madeira executado em 1588 pelo pintor inglês George Gower (c.1540-1596). Ele foi pintado
PROCEDIMENTOS pouco depois de um dos feitos militares mais importantes do reinado de Elizabeth: a vitória
DIDÁTICOS sobre a Armada Espanhola, considerada a Marinha mais poderosa da época.
Olho vivo Na ocasião, as relações entre os governos da Inglaterra e da Espanha eram marcadas
por tensões religiosas, políticas e comerciais. Umas das razões eram os saques praticados por
O ponto de partida da seção
corsários ingleses contra navios espanhóis que retornavam da América repletos de riquezas.
Olho vivo é a análise detalhada
do óleo sobre tela Retrato da Em julho de 1588, o rei Filipe II (1527-1598), da Espanha, enviou 130 navios e 30 mil
Armada, realizada em 1588 soldados ao Canal da Mancha para atacar os rivais. Os confrontos duraram nove dias, e a
pelo pintor inglês George Espanha foi derrotada. Na obra de George Gower, as imagens das janelas mostram dois
Gower (c.1540-1596). Seria momentos diferentes do combate.
interessante explorar coletiva-
1 Navios ingleses no Canal da Mancha, identificados pelo pavilhão de São Jorge, cruz
mente a proposta de análise
vermelha sobre o fundo branco usada pela Marinha inglesa desde o século XIII.
de imagem apresentada na
página, discutindo cada um 2 Barcos espanhóis identificados pela bandeira com a cruz de Santo André (em forma
dos elementos que compõem de xis). Depois de baterem em retirada, colidem contra as rochas durante uma tem-
o quadro, momento importante pestade na costa da Irlanda.
para trabalhar a compreensão de
representações diversificadas e 3 Rainha segura leque com penas de pavão, animal pouco conhecido na Europa e
desenvolver habilidades ligadas à associado ao luxo.
análise de imagens. É importante
reforçar com os estudantes como 4 Quatro anos antes de o quadro ser pintado, os ingleses haviam fundado a colônia de
as imagens podem ser impor- Virgínia. A mão da rainha repousa sobre a América, indicando o domínio da Inglaterra
tantes documentos históricos, sobre terras no Novo Mundo.
permitindo a compreensão de
5 As pérolas do colar simbolizam a castidade. Elizabeth não se casou, por isso ficou
diversos aspectos de um deter-
conhecida como Rainha Virgem.
minado contexto.
A partir dos dados levantados 6 Em 1588, a rainha tinha 55 anos. O artista a representou com aspecto jovem e
pela análise da imagem, discuta bastante maquiagem.
com os estudantes os principais
elementos que caracterizaram o 24
o Absolutismo inglês.

Atividade complementar governantes e a importância dos24 princípios demo-


D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24.indd metodologia nas Orientações gerais deste 27/06/22 12:00

cráticos nas sociedades atuais. Pensando nisso, Manual e no texto disponível em: https://
Autoritarismo e a proponha à turma uma atividade de intervenção institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/meu-e
defesa de princípios na comunidade escolar: em grupos, os estudantes ducador-meu-idolo/materialdeeducacao/
democráticos devem formular propostas para promover relações pensamento-computacional-e-programacao
Ao discutir o Absolutismo, os mais democráticas em sala de aula, fazendo com -como-ferramentas-de-aprendizagem.html;
estudantes refletiram sobre as que todos se comprometam com a construção de acesso em: 19 jun. 2022):
consequências da ausência de relações mais empáticas e respeitosas. 1. Decomposição do problema: os estu-
participação da população nas Tome por base as etapas do pensamen- dantes devem identificar um problema que faça
decisões políticas e na escolha de to computacional (conheça melhor essa parte do cotidiano de sala de aula e envolva
24

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
7 O luxo das roupas e joias mostrava aos súditos a imponência e elegância da rainha. Olho vivo (continuação)
Ressalte que, ao contrá-
10 Navios ingleses repletos de explo- rio do que ocorreu na França,
8 A coroa, um dos símbolos da realeza.
sivos foram enviados em direção à o Absolutismo inglês não teve
frota espanhola. Temendo a explo- vida longa, já que não conse-
9 Navios espanhóis diante das embarca- são, os espanhóis fugiram e acaba- guiu anular a oposição liderada
ções inglesas no Canal da Mancha. ram derrotados. pelos membros do Parlamento.
Se considerar interessan-
te, antecipe para a turma as
Retrato da Armada, George Gower. Óleo sobre tela, 1588. WOBURN ABBEY. BEDFORDSHIRE. REINO UNIDO
diferentes trajetórias políti-
cas da França e da Inglaterra.
Explique que, enquanto na
França o Absolutismo foi refor-
9
10
çado ao longo do tempo, na
Inglaterra esse tipo de governo
foi derrotado por um processo
revolucionário que deu prepon-
1 6 derância política ao Parlamento.
2
8 Essa diferença marcou forte-
mente as trajetórias política
e econômica dos dois países
durante toda a época moderna.

Elaborado com base em: SYMBOLISMS in portraits of Queen Elizabeth I. Royal Museums Greenwich. Londres, [2015]. envolvimento e participação dos
Disponível em: https://www.rmg.co.uk/stories/topics/symbolism-portraits-queen-elizabeth-i. Acesso em: 4 maio 2022.
estudantes na organização do
25 cotidiano escolar.
Os grupos devem produzir um
material visual para apresentar
o comportamento coletivo (conversa exces-
D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24.indd 25 coletivas em diferentes circunstâncias e 27/06/22
momen- 12:00 sua proposta de intervenção: um
siva, desrespeito a normas coletivas, falta de tos do cotidiano escolar. cartaz ou panfleto ou recursos
cuidado com o ambiente escolar etc.). Proponha 3. Abstração: os estudantes devem levantar digitais. Os materiais produzi-
que discutam a questão selecionada e esco- hipóteses (possibilidades) de ações coletivas para dos podem compor um grande
lham um tema específico a ser analisado sanar o problema, verificando os prós e contras painel em espaço comum da
em profundidade. de cada proposta e sua viabilidade e eficácia. escola, compartilhando com a
2. Identificação de padrões: os estudantes 4. Proposta de intervenção: o grupo deve comunidade as ideias e permi-
devem identificar os padrões de comportamento apresentar uma proposta de intervenção, expli- tindo a busca da construção de
coletivo que geram o problema selecionado cando o problema analisado e mostrando como relações mais empáticas e res-
e o que pode ser feito comparando atitudes a proposta resolverá o problema e gerará maior peitosas nas diferentes esferas.
25

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3 e 5: abordadas ao fazer
os estudantes compreenderem as ca-
A vida na corte
racterísticas da vida na corte e sua
relação com a manutenção do po- O processo de fortalecimento do poder do rei resultou na formação de um grupo
der absoluto do rei; e ao perceberem que transitava em seu entorno, conhecido como corte. As pessoas que reconhecidamente
as transformações socioculturais pro- faziam parte desse grupo em geral pertenciam à grande família real e aos órgãos da
vocadas pela Inquisição no mesmo
administração do Estado (reino). Em geral, moravam nos palácios com os reis e relacio-
período histórico.
• CEH 1 e 3: destacadas na aborda- navam-se com os membros da nobreza e do clero. Estavam ali para servir, aconselhar ou
gem sobre as relações sociopolíticas acompanhar o rei.
que caracterizavam a vida na corte Os reis promoviam grandes festas, jantares e eventos que atraíam centenas de pessoas.
durante as transformações geradas Apenas os indivíduos mais privilegiados podiam participar desses eventos e ser convidados
pela Inquisição.
para uma festa, o que era considerado um sinal de distinção social.
• Habilidade EF07HI07: enfocada quan-
do os estudantes identificam as A organização da corte permitia fortalecer as alianças entre os reis e a nobreza a fim
características sociais, políticas e eco- de assegurar o poder absoluto dos monarcas. Para isso, os governantes investiam muitos
nômicas das cortes europeias. recursos na construção de cortes suntuosas. O luxo era visto como uma expressão do
poder real.
PROCEDIMENTOS A corte mais famosa da Europa foi a do rei francês Luís XIV, localizada no Palácio de
DIDÁTICOS Versalhes, próximo da cidade de Paris. O Palácio de Versalhes tinha grandes jardins e era
repleto de objetos luxuosos, obras de arte e decorações. Em alguns momentos, chegou a
Ao abordar o item A vida na
abrigar cerca de 6 mil pessoas, entre serviçais, convidados e a família real.
corte, destaque para os estudan-
tes que, além do poder político,

MARTIN BUREAU/AFP/GETTY IMAGES


os reis também contavam com
um grande séquito de pessoas
à sua disposição. Parte signifi-
cativa da corte era formada por
membros da nobreza, os quais
passaram a orbitar em torno dos
governantes após a centralização
do poder na Europa. Os palá-
cios, que abrigavam a família
real e os nobres, eram construí-
dos de modo a exaltar o poder
e a glória reais, impressionando
os demais governantes e distin-
guindo aqueles que ali viviam do
restante da população.
Pode ser interessante apre-
sentar à turma as características
arquitetônicas desses palácios,
Galeria dos Espelhos no Palácio de Versalhes, em Versalhes, na França, 2021.
cujos espaços internos eram
organizados de modo interli- 26
gado: para acessar um aposento,
comumente era necessário
passar pelos outros. Espaços
íntimos, como os quartos, tinham
AMPLIAR HORIZONTES
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circulação irrestrita, o que revela • VERSALHES: o palácio é todo seu. Um tour virtual
uma noção de privacidade muito privado pela antiga casa da realeza francesa.
diferente da que cultivamos hoje. Google Arts & Culture. [S. l.], [20--]. Dispo-
Luís XIV, por exemplo, já acor- nível em: https://artsandculture.google.com/
project/versailles?hl=pt-BR. Acesso: 1 jun. 2022.
dava rodeado de súditos, que o
acompanhavam ao longo do dia. Nessa página do site Google Arts & Culture, é pos-
sível visitar virtualmente, em detalhes, o Palácio de
Versalhes, um dos maiores símbolos da vida de lu-
xo das cortes absolutistas europeias.
26

D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-C01-MPU-G24.indd 26 18/08/22 23:47


abuso de poder por parte de
autoridades pode ser comba-
tido com a vigilância constante
A INQUISIÇÃO da sociedade civil. No Brasil, o
Em 1478, o papa Sisto IV assinou uma bula (documento) autorizando o reestabeleci- Conselho Nacional de Justiça é
mento do Tribunal do Santo Ofício na Espanha. Também conhecido como Inquisição, o órgão responsável por fisca-
esse tribunal foi criado no século XII, na França, com o objetivo de combater as heresias. lizar a atuação dos membros
ou órgãos do Poder Judiciário.
O Tribunal do Santo Ofício estava subordinado à Igreja, mas a
Heresia: prática Esse tema permite trabalhar o
bula do papa Sisto IV permitiu que, na Espanha, ficasse sob o con- contrária aos
ensinamentos da Igreja TCT Cidadania e Civismo ao
trole dos reis católicos. Assim, Fernando II e Isabel passaram a utilizar
Católica. promover a educação para os
a Inquisição para perseguir aqueles que lhes faziam oposição política.
direitos humanos, valorizando
Qualquer denúncia anônima levava o acusado para o cárcere, onde as confissões eram
a atuação cidadã na construção
arrancadas sob tortura. O réu considerado culpado era condenado à morte na fogueira. As
de uma sociedade democrática.
pessoas perseguidas tinham seus bens confiscados e divididos entre o Estado e a Igreja Católica.
No texto complementar da
A atuação do tribunal espalhou-se para outros Estados europeus nos anos seguintes, página 29 deste Manual, está
até ser adotada, em 1542, como prática oficial da Igreja. Até a extinção do Santo Ofício na disponível um trecho de uma
Espanha, em 1834, estima-se que 30 mil pessoas tenham sido executadas. pesquisa sobre o perfil do Poder
A Inquisição é um exemplo de como as leis e a Justiça podem ser usadas para promover Judiciário brasileiro, que poderá
perseguições. Ao longo do tempo, as sociedades criaram mecanismos de proteção para servir de embasamento para um
evitar que abusos de poder como esses aconteçam. Atualmente, por exemplo, sempre que debate sobre a representativi-
um cidadão no Brasil entender ter sido vítima de algum abuso ou ato ilícito praticado por dade da população brasileira
representantes do Judiciário, ele pode recorrer à ouvidoria do Tribunal de Justiça do seu nessa esfera de poder e como
estado. Trata-se de um órgão encarregado de investigar as denúncias feitas pela população. isso pode comprometer o acesso
à justiça.
1. Em sua opinião, atualmente existem autoridades que abusam de seus poderes?
Atividade
O que pode ser feito para modificar isso? Converse com os colegas.
Respostas pessoais. Consulte comentários 1. A proposta da atividade é
nas Orientações didáticas. estimular a análise crítica
GRANGER/FOTOARENA dos estudantes em torno do
problema do abuso de poder
no presente. É importante
que os estudantes obser-
vem que o abuso de poder
ocorre quando autoridades
utilizam suas prerrogativas
para perseguir ou prejudicar
alguém, se beneficiar pes-
soalmente ou para agir por
mero capricho ou satisfação
Gravura do século XVIII representando um auto de fé em Madri, Espanha. Nessa cerimônia, pessoal. Aproveite para
as sentenças do Tribunal do Santo Ofício eram lidas e executadas. lembrá-los de que o abuso
de poder é crime tipificado
27
na lei no 13.869. Disponível
em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2019-
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24.indd 27 que se opunham a um governo ou modo de
27/06/22 12:00
2022/2019/lei/L13869.htm.
pensar, discussão que permite afirmar a impor-
Peça aos estudantes que localizem no item Acesso em: 28 jun. 2022.
tância de promover e estimular o pluralismo de
A Inquisição informações sobre os objeti-
ideias e o confronto sistemático de diferentes
vos iniciais desse instrumento eclesiástico, o concepções, fortalecendo relações republica-
Tribunal do Santo Ofício, as condições em nas e democráticas.
que ele funcionou na Espanha e os resultados Para aprofundar o debate sobre a importân-
de sua atuação. Ao comentar as respostas, cia de mecanismos de controle da justiça na
amplie a reflexão sobre o uso de mecanismos atualidade, articulando temas da História com
da Justiça para perseguir e condenar pessoas demandas do tempo presente, enfatize que o
27

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 6: mobilizadas quando
os estudantes compreendem os fatos
determinantes para o fim do Império
Bizantino, problematizando suas cau- ENQUAN TO ISSO...
sas e consequências.
• CEH 1, 2 e 3: enfocadas ao tratar do O FIM DO IMPÉRIO BIZANTINO
contexto histórico que levou ao fim
do Império Bizantino e ao trabalhar Enquanto na Europa ocidental as sociedades organizavam-se em torno das Monarquias
com a linguagem esquemática como Nacionais, o Império Bizantino, também conhecido como Império Romano do Oriente,
recurso de interpretação de conteú- vivia um longo período de crise.
dos históricos.
Em 1204, sua capital, Constantinopla, foi invadida e arrasada por uma das Cruzadas.
• Habilidade EF07HI07: desenvolvida
na elaboração dos processos históri- Essas expedições, organizadas do século XI ao século XIII pela Igreja Católica, pelos
cos que resultaram na consolidação reis e pelos senhores feudais, tinham o objetivo de conquistar a cidade de Jerusalém.
das monarquias. Considerada sagrada por cristãos, muçulmanos e judeus, desde 638 a cidade encontra-
va-se sob domínio muçulmano.
PROCEDIMENTOS A cidade de Constantinopla permaneceu em poder dos cruzados até 1261, quando
DIDÁTICOS foi devolvida aos bizantinos. Contudo, sua ocupação havia enfraquecido o império. A
derrocada ocorreu em 1453, quando Constantinopla foi ocupada pelos turco-otomanos,
Enquanto isso... seguidores do islamismo. Esse episódio marcou o fim do Império Bizantino e provocou
O texto da seção incentiva a consequências na economia da Europa ocidental.
noção da simultaneidade histó- Naquele período, parte das especiarias e de outros produtos do Oriente chegava à
rica ao tratar do fim do Império Europa por rotas comerciais que passavam por Constantinopla. Com a conquista da cidade,
Bizantino no mesmo período em os turcos começaram a cobrar taxas muito altas para que as caravanas de mercadores
que as Monarquias Nacionais se atravessassem seu território. Essa situação levaria comerciantes e governos de alguns países
organizavam na Europa. europeus a procurarem novas rotas comerciais por via marítima.
Para facilitar o entendimento A queda de Constantinopla foi escolhida como marco da historiografia tradicio-
da importância da tomada de nal para indicar o fim da Idade
Constantinopla, localize a cidade Média e o início da
de Istambul em um mapa, des- Idade Moderna.
tacando o estreito de Bósforo.
S, EUA

Explique aos estudantes de que


SETT
HARVARD. MASSACHU

modo, ao dominar a região, os


turcos-otomanos passaram a
controlar mercadores, mercado-
N, UNIVERSIDADE DE

rias e caravanas que passavam


por ali.
Esclareça que essa situação
ECTIO

levou comerciantes e governan- Representação


HARVARD MAP COLL

da cidade de
tes de alguns reinos europeus a Constantinopla em
buscar novas rotas comerciais, 1572, de Georg Braun
e Frans Hogenberg.
iniciando assim o processo que
levaria às Grandes Navegações, 28
que marcariam os séculos XV e
XVI. A construção das noções
de causas e consequências é D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24-AV1.indd 28 14/07/22 11:08
fundamental para que os estu-
dantes desenvolvam a ideia de
processo histórico.

28

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Esquema-resumo
ESQUEM A-RE SUMO Para avaliar a compreensão
dos estudantes sobre os temas
CAPÍTULO 1 tratados no capítulo, use uma
metodologia ativa conhe-
AS MONARQUIAS EUROPEIAS cida como “aprendizagem por
pares”: organize grupos de tra-
balho mesclando estudantes que
Século XI: grandes transformações na sociedade europeia
demonstraram mais facilidade
com aqueles que encontraram
mais dificuldades, promovendo
o compartilhamento de ideias
Enfraquecimento dos Fortalecimento da
senhores feudais burguesia e a construção coletiva de
conhecimentos.
Recupere os principais aspec-
Feiras periódicas Alianças com Reaquecimento tos do processo de centralização
na Europa os reis do comércio
política e formação das monar-
quias e relacione-os ao presente,
perguntando como nosso Estado
SÉCULOS XI-XII: FORMAÇÃO DAS
PRIMEIRAS MONARQUIAS NACIONAIS
se organiza atualmente e articu-
lando os temas históricos com as
demandas do presente.
Ressalte que a história é
resultado das ações e relações
Século XIII: leis limitam o poder Século XV: aliança entre rei e Igreja no
dos reis na Inglaterra reino de Aragão e Castela (atual Espanha) humanas e sempre pode sofrer
rupturas. A turma deverá com-
preender que as coisas mudam
Século XV a XVII: crise na
Europa e novas ideias políticas Tribunal do Santo Ofício sob o e podem ser substituídas por
controle dos reis
outras dinâmicas sociais, políti-
cas e econômicas. Nesse sentido,
Teóricos defendem um governo
centralizado é importante ressaltar o prota-
Tribunal usado para perseguição
política e repressão a qualquer tipo gonismo juvenil, discutindo
de oposição com os estudantes como eles
Surgem os regimes absolutistas são capazes, a partir de ações
cotidianas, de transformar sua
comunidade e contribuir para
Com base na leitura do capítulo e no esquema desta página, explique como a aliança da Igreja com os relações mais responsáveis, coo-
reis de Aragão e Castela contribuiu para o fortalecimento da monarquia no território da atual Espanha. perativas e democráticas.
A Coroa espanhola assumiu o controle da Inquisição em seus territórios e, por meio dela, perseguiu opositores políticos e
confiscou seus bens. 29

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24.indd 29 em 84,5% dos casos. Apenas
27/06/22 12:00 14% se consideram pardos,
1,4%, pretos e 0,1%, indígenas. Segundo o censo, há ape-
Composição da magistratura nas 91 deficientes no universo da magistratura, estimado
A magistratura brasileira é composta majoritariamente em pouco mais de 17 mil pessoas, segundo o anuário es-
por homens. Segundo os números preliminares do Cen- tatístico do CNJ Justiça em Números, elaborado com base
so dos Magistrados, realizado pelo Conselho Nacional de no ano de 2012.
Justiça (CNJ) no final do ano passado [2013], 64% dos magis-
PESQUISA do CNJ aponta perfil dos magistrados brasileiros.
trados são do sexo masculino. Eles chegam a representar Tribunal Regional Federal da 2a Região. Rio de Janeiro, 20 jun.
82% dos ministros dos tribunais superiores [...]. 2014. Disponível em: https://www10.trf2.jus.br/portal/pesquisa-do-
Em relação à composição étnico-racial da carreira, juí- cnj-aponta-perfil-dos-magistrados-brasileiros/.
zes, desembargadores e ministros declararam ser brancos Acesso em: 16 maio 2022.
29

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 5 e 6: trabalhadas nas
atividades ao proporcionarem aos
estudantes a problematização de di-
ferentes conceitos e fatos históricos
AT IV IDADE S NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
da Idade Moderna, bem como trans-
formações sociopolíticas e culturais 1. Os monarcas tomaram diversas medidas para promover a centralização do poder.
do período. Explique quais foram essas medidas e como elas alteraram a organização social e
• CEH 1, 2 e 3: fortalecidas ao tratar das espacial da Europa a partir do século XIV. Consulte comentários nas
Orientações didáticas.
transformações das relações de poder 2. Analise a imagem de Constantinopla na página 28. Essa cidade teve grande impor-
no período estudado e na discussão tância econômica durante a Idade Média e o início da Idade Moderna. Com base
de documento histórico.
nos elementos da imagem, formule uma hipótese para explicar tal importância.
• Habilidade EF07HI07: enfocada quan- Consulte comentários nas Orientações didáticas.
do os estudantes identificam os fatos 3. O trecho a seguir trata de uma lei aprovada na França, em 1439, durante o reinado
históricos ocorridos, as causas e as de Carlos VII. Leia-o e responda ao que se pede. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
consequências referentes ao perío- 3. d) O rei garantia proteção aos mercadores e eles, por sua vez, davam dinheiro ao rei para financiar os
exércitos e subjugar os senhores feudais.
do estudado. [...] O rei proíbe a todos os capitães e homens de guerras que ataquem mercadores,
trabalhadores, gado ou cavalos ou bestas de carga, seja nos pastos ou em carroças, e
PROCEDIMENTOS não perturbem, nem às carruagens, mercadorias e artigos que estiverem transportando,
e não exigirão deles resgate de qualquer forma; mas sim que tolerarão que trabalhem,
DIDÁTICOS andem de uma parte a outra e levem suas mercadorias e artigos em paz e segurança,
sem nada lhes pedir, sem criar-lhes obstáculos ou perturbá-los de qualquer forma.
Atividades
HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1976. p. 82.
1. Os monarcas adotaram medidas Da proibição de ataques e perturbações aos comerciantes e trabalhadores por parte da
a) Do que trata a lei? nobreza feudal (“homens de guerras”).
para garantir a ordem e a
b) Qual grupo social foi beneficiado com essa lei? Os mercadores, que faziam parte da burguesia.
segurança nas estradas e nas
c) De acordo com o texto, é possível afirmar que as relações entre mercadores e senhores
cidades, obrigaram senhores feudais eram pacíficas? Justifique sua resposta. Não. Os senhores feudais perturbavam os
feudais e homens livres a lhes comerciantes e os sequestravam, pedindo resgate.
d) Como a aprovação da lei contribuiu para a centralização do poder na figura do rei?
jurar lealdade e pagar impos-
tos, empregaram funcionários 4. A centralização do poder em torno da figura do rei aconteceu muitas vezes de
maneira conflituosa, pois afetava interesses de variados grupos sociais. Em outras
para coletar impostos e proi-
ocasiões, os diferentes grupos abriram mão de suas desavenças por entender que
biram os senhores feudais de esse processo poderia resultar em algo positivo.
cunhar moedas. Essas ações A divergência de interesses é comum na vida em sociedade e no cotidiano de grupos
enfraqueceram o poder dos que convivem. Em nosso dia a dia, há diversas ocasiões em que interesses opostos estão
senhores feudais e beneficia- em conflito. Reflita sobre isso e converse com os colegas sobre as seguintes questões.
ram o comércio, ampliando a) Como você lida com situações em que outras pessoas têm interesses diferentes dos seus?
a influência da burguesia b) Você costuma contribuir para a resolução de conflitos em casa ou na escola? Cite alguma
na sociedade. situação em que isso aconteceu e o que você fez para ajudar.
Respostas pessoais. Consulte comentários em Orientações didáticas.
2. A imagem representa Cons- 5. Durante a Idade Média, mercadores europeus enfrentavam diversas dificuldades,
tantinopla cercada por em- como assaltos, pedidos de resgate, divergências de moedas etc. Com base nas in-
barcações, o que remete ao formações do capítulo, apresente, em grupo, uma cena dramática que represente
papel comercial da cidade, uma viagem de um mercador medieval. Lembrem-se de que a narrativa deve ser o
mais isenta possível de anacronismos. Na seção Como se faz…, no final do livro, há
que promovia a integração
orientações sobre como criar uma dramatização. Consulte comentários nas
da Europa mediterrânica Orientações didáticas.
com o Oriente por meio do 30
estreito de Bósforo. Lembre
que a conquista da cidade
pelos turcos prejudicou parte sociais distintos, bem como abordar as
D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24.indd 30 5. A dramatização propicia uma forma mais 27/06/22 12:00
desse comércio, pois os con- diferenças que podem ocasionar violência. lúdica de compreender o tema. Estimule
quistadores passaram a cobrar Diálogos sobre essas temáticas mobili- a reflexão sobre as dificuldades causadas
altas taxas dos comerciantes zam habilidades socioemocionais e pela ausência de padronização monetá-
da região. competências como autoconhecimento ria e de medidas, por exemplo. Entre os
4. A atividade contribui para (reconhecer as próprias capacidades, valores possíveis problemas pode estar a confusão
discutir a importância de e emoções), autorregulação (gerenciar para realizar pagamentos de produtos em
aprimorar estratégias de emoções, pensamentos e comportamentos) diferentes moedas. A linguagem teatral
resolução de conflitos entre e sociabilidade (levar em consideração as pode incluir música, dança, mímica, objetos,
os estudantes e entre grupos perspectivas alheias). figurinos. Se necessário, adapte a atividade
30

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
6. Ao pensar filosoficamente, buscamos respostas racionais para questões sobre a con-
dição humana, o mundo em que vivemos e a vida em sociedade, por exemplo. O
Atividades
pensamento filosófico se baseia na reflexão, na construção de ideias e no uso do (continuação)
raciocínio lógico à procura do saber. Mas, ainda que faça uso da razão, esse tipo 6. c) Maquiavel e Hobbes não
de formulação teórica dispensa a comprovação científica, pois não tem a função de
defendiam que o poder
atestar algo. 6. b) Os reis, uma vez que eles tinham autoridade para ditar e revogar leis, organizar exércitos
e administrar outras necessidades da população. do rei vinha de Deus,
Jean Bodin, Jacques Bossuet, Nicolau Maquiavel e Thomas Hobbes, por exemplo,
procuraram respostas para os problemas da sociedade em que viviam por meio do
como o faziam Bodin e
pensamento filosófico. Tomando como ponto de partida essas informações e o que Bossuet. Segundo Hobbes,
você aprendeu neste capítulo, responda no caderno: as pessoas cediam todo o
poder ao monarca para
PICTURES FROM HISTORY/UNIVERSAL IMAGES GROUP/GETTY IMAGES

DE AGOSTINI PICTURE LIBRARY/ALBUM/FOTOARENA


que garantisse a paz e a
segurança da população.
Ele, portanto, deveria ter
um poder absoluto para
Retrato de
Retrato de Thomas controlar a sociedade. Para
Nicolau Hobbes, Maquiavel, o rei deveria
Maquiavel, John Michael usar de todos os artifícios
Santi di Tito. Wright. Óleo
Óleo sobre tela, sobre tela, necessários para manter-se
século XVI. século XVII. no poder.
a) Quais problemas motivaram os quatro teóricos a buscarem explicações e elaborarem suas teorias? d) Espera-se que os estudantes
b) De acordo com esses filósofos, quem teria as melhores condições de resolver os problemas demonstrem reconhecer
que afligiam a sociedade europeia? Por quê? que o poder no Brasil,
c) Embora os quatro teóricos tivessem opiniões semelhantes sobre a importância de uma diferente do período absolu-
autoridade na solução dos problemas sociais de seu tempo, as teorias formuladas por
Maquiavel e Hobbes se diferenciavam das ideias de Bodin e Bossuet em um ponto central. tista, não está concentrado
Explique essa diferença. Consulte comentários nas Orientações didáticas. em uma única pessoa, e que
d) Com base em sua experiência e na observação da sociedade atual, responda: a solução dos no país o Estado se divide
problemas da sociedade brasileira está sob responsabilidade de alguém? Elabore sua resposta em três instâncias distin-
em um texto curto. Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas. tas: os poderes Legislativo,
7. O processo de centralização do poder monárquico resultou na formação dos regimes Executivo e Judiciário.
absolutistas. Sobre esse processo, pode-se afirmar que: Espera-se também que des-
a) o Absolutismo reforçou o direito feudal e os privilégios da nobreza. taquem a importância da
b) muitos pensadores, como Thomas Hobbes, lutaram contra os monarcas absolutistas e de- capacidade de mobilização
fenderam a limitação do poder dos reis.
da sociedade brasileira na
c) o fortalecimento do poder dos reis ingleses está relacionado com a criação da Carta Magna,
luta por direitos e garantias
que concedeu amplos poderes aos monarcas.
que assegurem melhorias
d) os regimes absolutistas recebiam esse nome pelo fato de que a autoridade dos monarcas se
tornou absoluta, estando inclusive acima das chamadas leis de Deus. nas condições de vida.
e) para fortalecer seus poderes, os monarcas ampliaram seus exércitos, criaram um corpo de Essa forma de participa-
funcionários para administrar o governo, aumentaram os impostos e estabeleceram novas ção política pode se dar
leis, entre outras medidas. Alternativa E. por meio do voto e pela
6. a) Os teóricos procuravam respostas para as questões sociais que afetavam as sociedades europeias de seu tempo.
contribuição em grupos e
No início da Idade Moderna, a população convivia com guerras, desordens sociais, fome, entre outros problemas. 31
entidades sociais ligadas a
questões variadas, como
saúde, educação, moradia,
para estudantes com deficiência audi-
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meio ambiente, preservação
tiva, orientando a turma a explorar gestos
do patrimônio público etc.
e expressões corporais que identifiquem os
personagens.

31

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A BNCC NESTA DUPLA
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CECH 1, 2, 6 e 7: abordadas ao traba-
lhar com a análise interpretativa de uma 8. A criação de um sentimento de identidade comum entre grupos que viviam em
imagem e de um texto sobre o papel das um mesmo território foi fundamental na formação das Monarquias Nacionais. No
mulheres na sociedade europeia, bem caso da França, a identidade nacional foi construída em torno de alguns eventos,
como com a construção da identidade personagens históricos e símbolos. Entre eles, destacou-se a heroína francesa Joana
dos diferentes grupos e indivíduos.
D’Arc (1412-1431), camponesa de 18 anos que liderou os franceses durante parte do
• CEH 1, 2 e 3: enfatizadas nas atividades conflito contra os ingleses na chamada Guerra dos Cem Anos (1337-1453).
que analisam documentos históricos e
Examine a imagem a seguir e leia o fragmento de um texto do historiador Georges
problematizam as relações de poder no
Duby, o qual descreve a visão que alguns religiosos tinham a respeito das mulheres
tempo e no espaço.
durante a Idade Média. Depois, em grupo, respondam ao que se pede.
• Habilidade EF07HI07: enfocada quando
se compreendem as complexidades da 8. a) Joana d’Arc foi

BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE. FOTO: AGE FOTOSTOCK/EASYPIX BRASIL


sociedade europeia através das relações representada montada
em um cavalo e
sociais e políticas do período moderno. equipada com armadura
e elmo. Ela está
cercada por soldados
PROCEDIMENTOS que a conduzem para
DIDÁTICOS a prisão. É possível
notar que Joana d’Arc
não foi representada
Atividade com traços femininos
muito evidentes,
complementar sendo semelhante às
figuras masculinas que
A mulher no século XXI aparecem na imagem.
Ainda considerando o trecho Miniatura representando
o aprisionamento de
da obra do historiador George
Joana d’Arc, ocorrido em
Duby, Damas do século XII, 1430. Ela foi reproduzida
lembre à turma que o autor pro- do manuscrito de
Martial d’Auvergne,
duziu essas reflexões baseado elaborado entre 1477
em documentos produzidos há e 1483, que trata da
quase mil anos. Organize os estu- Guerra dos Cem Anos.

dantes em grupos e peça-lhes


que respondam oralmente, com Os padres deduzem daí que a mulher deve permanecer constantemente sob
tutela masculina. Não é conveniente que ela própria exerça o poder público. Se, por
justificativas e exemplos: passado
acidente, ela for obrigada a tomar nas mãos as rédeas do poder, seja porque seu
todo esse tempo, a visão sobre
homem está longe em campanha, seja porque deixou este mundo [...], a dama deve
as mulheres sofreu rupturas ou dominar sua natureza, transformar-se, dolorosamente, tornar-se um homem. Uma
permanece a mesma? conversão: mudar de sexo. É assim que os prelados [religiosos] a exortam [aconse-
Espera-se que os estudantes lham]: “Na mulher, deves mostrar o homem, realizar a tarefa em um espírito de
percebam que, ao longo desse conselho e de força”, conselho e força dos quais, estão convencidos, o sexo feminino
período, as mulheres tiveram é normalmente desprovido.

muitas conquistas sociais, polí- DUBY, Georges. Damas do século XII. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. E-book.

ticas e jurídicas. Hoje, em boa a) Como Joana d’Arc foi representada na imagem?
parte do planeta, as mulheres b) O que significa dizer que a mulher deve permanecer sob a tutela masculina? Se tiverem
têm autonomia sobre seus bens dúvidas, procurem no dicionário o significado da palavra tutela.
Significa que a mulher deveria permanecer sob a responsabilidade de homens.
e sua vida, direito ao voto etc. 32
Ainda assim, há várias perma-
nências históricas, como pessoas
que acreditam que as mulheres
não podem assumir determi-
Vamos falar sobre...
D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24-AV3.indd 32 de outros. Cabe ressaltar que a prática de 16/07/22 12:27

Território e governo tratar o Estado como uma extensão da esfera


nadas profissões, não podem
particular é chamada patrimonialismo, ou
usar certas roupas etc. Outro Atividades clientelismo, e está nas origens da república
problema grave é a violência de
1. A questão estimula a capacidade de no Brasil.
diversos tipos contra as mulhe-
análise crítica do funcionamento da 2. Pergunte aos estudantes: os governantes de
res, perpetrada por homens em
administração dos recursos do Estado sua cidade ou estado tomam decisões em
muitos lugares do planeta.
brasileiro. Chame a atenção também prol da comunidade (como a construção e
para as consequências das políticas que manutenção de estradas, hospitais, escolas
beneficiam alguns grupos em detrimento etc.) ou governam por interesses próprios ou
32

D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-C01-MPU-G24.indd 32 18/08/22 23:47


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
c) Segundo Duby, os padres acreditavam não ser conveniente às mulheres o exercício do poder
público. Levantem uma hipótese sobre os motivos dessa situação das mulheres no mundo Atividades (continuação)
medieval. Lembrem-se: uma hipótese é uma explicação possível para um fato, embora essa 8. c) Explique aos estudantes
explicação não tenha ainda sido comprovada cientificamente por meio de experimentos ou
que, no pensamento
da análise de documentos, por exemplo. 8. c), d) Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais
nas Orientações didáticas. científico, a hipótese se
d) Leiam o trecho em destaque, o qual evidencia um aspecto do pensamento de padres me-
dievais sobre a condição da mulher. Qual é a opinião do grupo sobre esse pensamento?
apresenta como algo em
e) Com base em seus conhecimentos sobre a história de Joana d’Arc e no modo como foi
questão. Pensar em termos
representada na imagem, é possível dizer que ela seguia o modelo de comportamento que de hipótese ajuda-os a deli-
os religiosos esperavam de uma mulher durante a Idade Média? Expliquem. mitar o campo de estudo
f) O que os religiosos queriam dizer ao afirmar que o sexo feminino é “desprovido de conselho e a prever fatos com certa
e de força”? Reflitam sobre essa expressão e expliquem se concordam ou não com ela. probabilidade de acertos.
9. Com apenas 18 anos, Joana d’Arc teve um papel histórico importante em sua luta Nesse caso, com base no
por um ideal. Você conhece jovens que, nos dias de hoje, também se destacam na documento, a hipótese mais
defesa de um ideal? Se sim, quem? Conte para os colegas a importância desse(s) provável é a de que os reli-
jovem(ns) na construção de um mundo melhor. Respostas pessoais. Procure enfatizar para os giosos viam a mulher como
estudantes que o exemplo a ser citado não precisa ser de pessoas conhecidas. O exemplo pode estar entre jovens da própria
comunidade.
inferior ao homem, sem
VAMOS FALAR SOBRE... TERRITÓRIO E GOVERNO condições de representar
a si própria. Porém, para os
A aliança entre os reis e a burguesia está na origem das primeiras Monarquias
estudantes comprovarem
Nacionais. A burguesia tinha interesse em apoiar a formação de um governo centra-
essa hipótese, eles precisa-
lizado, pois isso diminuiria o poder dos senhores feudais e permitiria a unificação de riam analisar outras fontes.
pesos, medidas e moedas. Essas mudanças possibilitariam o aumento de seus lucros
d) Espera-se que os estudantes
e sua influência.
percebam a contradição
Ao mesmo tempo, os reis precisavam do apoio da burguesia, porque esse grupo desse pensamento: embora
possuía muitas riquezas e isso contava significativamente na luta contra os senhores a mulher deva permanecer
feudais. Com as riquezas da burguesia, era possível financiar os exércitos necessários para sob a tutela masculina, os
impor a autoridade dos reis. religiosos reconhecem que
Aos poucos, essa aliança deu origem a novos governos e resultou em benefícios tanto elas são capazes de assumir
para os monarcas quanto para os burgueses. Um exemplo disso ocorreu em Portugal, onde o poder. No entanto, enten-
a aliança possibilitou a formação de uma Monarquia Nacional que permitiu a expansão dem que isso só é possível
do comércio e a organização de expedições marítimas. se as mulheres assumirem
Respostas pessoais. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas. uma postura masculina.
1. Em sua percepção, alianças entre grupos com interesses distintos (como trabalha-
Ou seja, a capacidade das
dores, empresários, religiosos, militares etc.) são comuns atualmente? Justifique sua
resposta.
mulheres, para eles, está
vinculada a uma concepção
2. Em seu entendimento, os governantes administram o Estado atendendo aos inte- masculina: só seria possível
resses de todos ou de determinados grupos sociais? Explique.
exercer o poder agindo
3. Quais são os grupos mais beneficiados pelos governantes? Você acha que essa situa- como um homem.
ção precisa mudar? Por quê?
8. e) Em princípio, não, pois, de acordo com o pensamento da época, as mulheres seriam desprovidas “de conselho
e de força”, habilidades consideradas importantes para um líder militar.
8. f) Os religiosos acreditavam que as mulheres são desprovidas de inteligência e força bruta. A atividade permite 33
trabalhar diversidade de gênero em sala de aula.
AMPLIAR HORIZONTES
de grupos próximos a eles, usando recursos
D3-HIST-F2-2108-V7-010-033-U1-CAP1-LA-G24.indd 33 durante as eleições, é importante27/06/22
sempre
12:00
• A PAIXÃO de Joana D’Arc. Di-
públicos para viagens e obras particulares, verificar se os candidatos defendem propostas reção de: Carl Theodor Dryer.
França: Société Générale de Ciné-
criando cargos para empregar amigos e voltadas para toda a comunidade ou se
matographie, 1928. (97 min).
parentes, entre outras práticas? apresentam projetos que beneficiam apenas
O filme conta a história de Joa-
3. Ressalte a importância da organização da certos grupos. Com isso, é possível escolher
na D’Arc, acusada de bruxaria e
comunidade para questionar as ações de políticos comprometidos com o bem-estar morta na França após interroga-
políticos que atendem apenas aos seus pró- e o desenvolvimento da comunidade. tório no Tribunal do Santo Ofício.
prios interesses ou de grupos específicos,
já que o objetivo do governo é garantir o
bem-estar coletivo. Além disso, enfatize que,
33

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A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

2
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3, 4, 6 e 7. O MUNDO MODERNO:
Habilidades
• EF07HI01 • EF07HI04 • EF07HI05
RENASCIMENTOS E REFORMA
• EF07HI07

A BNCC NESTA DUPLA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM


• CECH 2 e 4: abordadas ao fazer os es-
• Compreender o significado do Humanismo e seu impacto nos Renascimentos
tudantes relacionarem, contraporem e
científico, cultural e artístico.
interpretarem a configuração social, po-
lítica, econômica e cultural da sociedade • Identificar as motivações e as consequências da Reforma Religiosa.
europeia no contexto da modernidade e • Valorizar e respeitar a diversidade religiosa.
das transformações ocorridas.
• CEH 1, 2, 3 e 7: enfatizadas quando
Provavelmente você já teve contato ou soube algo sobre livros digitais. Sob certos
os estudantes analisam o conteúdo es-
tudado, elaborando interpretações e aspectos, são livros como outros quaisquer: com textos, imagens, gráficos, tabelas etc.
argumentos sobre os fatos históricos Mas eles apresentam uma grande diferença em relação aos livros tradicionais: não são
e compreendendo as particularidades feitos de papel.
relativas ao tempo e espaço. Criado em 1993, o livro eletrônico, como também é chamado, é um arquivo digital
• Habilidades EF07HI01 e EF07HI05: e, por essa razão, só pode ser lido na tela de aparelhos eletrônicos, como computadores,
enfocadas na identificação das trans-
notebooks, e-readers e tablets.
formações na sociedade europeia,
decorrentes de determinado proces- Até meados do século XV, na Europa, os livros eram escritos à mão. Reproduzir uma
so histórico. obra era um processo demorado e sujeito a erros. Nessa época, Johannes Gutenberg
(1399?-1468) inventou uma máquina que permitia fazer várias cópias de um mesmo livro
em pouco tempo. Algo semelhante havia sido criado na China seis séculos antes.
PROCEDIMENTOS
Com a nova máquina, uma grande
DIDÁTICOS
variedade de obras começou a ser ING/GETTY IMAGES

O texto possibilita discutir as impressa, e esses livros puderam ser lidos


alterações provocadas pelo meio por um número maior de pessoas. Neste
digital nas formas de ler e de
XING YUN/COSTFOTO/FUTURE PUBLISH

capítulo, vamos estudar o impacto causado


se comunicar. Ao desenvolvê-
pela imprensa no processo de circulação
-lo, explore as formas como os
de ideias na Europa. Com a invenção da
estudantes se relacionam com as
imprensa, novas formas de pensar a socie-
tecnologias e interagem com
dade difundiram-se pelo continente europeu,
os aparelhos eletrônicos. Valorize
promovendo mudanças nos mais variados
as experiências individuais e
campos do saber: científico, filosófico, artís-
questione se eles costumam ler
tico, religioso, entre outros.
jornais, livros, revistas ou outros
conteúdos na internet e se acre- Visitante testa novo aparelho para leitura de
livros digitais na feira de livros de Shangai, na
ditam, por exemplo, que os livros China, 2020.
digitais substituirão os livros
impressos em um futuro próximo. 34
Se considerar adequado,
apresente um breve histórico
do acesso à internet no Brasil. efeitos da chamada exclusão 34digital na margi-
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24.indd os cantos do planeta. Estimamos que exis- 27/06/22 11:41

Comente que a popularização nalização de grupos sociais específicos, o que tam atualmente 337 milhões de pessoas
das redes começou, ao menos no permite um tratamento crítico de marcadores usando a internet (Report of the Web-
Brasil, no final dos anos 1990 – e, Based Education Commission, 2000).
sociais que se convertem em fatores de exclusão.
Na educação, o uso da internet representa
desde então, as conexões torna-
ram-se mais velozes, práticas e
Texto complementar atualmente o maior potencial de aplicação
das Tecnologias da Informação e da Comu-
baratas. Incentive os estudan- A internet nicação (TIC). A internet pode ser vista como
tes a refletir sobre a importância A internet é hoje um dos mais podero- grande repositório de informação [...]. Além
da democratização do acesso à sos meios de comunicação. É global, cresce disso, a internet dispõe dos mais modernos
internet, ponderando sobre os rapidamente e atinge praticamente todos recursos para a manipulação da informação.
34

D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-C02-MPU-G24.indd 34 19/08/22 00:08


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
EUROPA EM TRANSFORMAÇÃO Ao trabalhar o item Europa
em transformação, organize
Entre 1400 e 1600, grandes transformações políticas, sociais, econômicas, culturais e uma roda de conversa com os
religiosas ocorreram na Europa. O comércio cresceu, as cidades expandiram-se e ganharam estudantes e solicite que relem-
importância, e novos grupos sociais, como a burguesia, fortaleceram-se. O poder da Igreja brem as características da Idade
Católica passou a ser questionado: os dogmas cristãos, utilizados para explicar o mundo, Média, o que permite mapear e
foram confrontados por pessoas que demandavam explicações racionais. avaliar conhecimentos e habilida-
Aos poucos, a Economia, o Direito, a Ciência e as Artes des- des que eles detêm e que podem
Dogma: princípio
vincularam-se das tradições religiosas, em um redirecionamento de uma religião, se somar aos conhecimentos que
fundamentado na racionalidade. Para muitos historiadores, essa considerado irão adquirir neste capítulo. Se
indiscutível.
separação – fruto de uma tendência da sociedade a buscar amparo julgar pertinente, organize-os
no pensamento racional e científico –, somada à crescente defesa do progresso e da em pequenos grupos e peça-lhes
liberdade, representa o início da modernidade na Europa. que discutam e compartilhem
O historiador Jacques Le Goff (1924-2014) destaca que a modernidade surge quando seus conhecimentos, movimento
tem início um sentimento de ruptura com o passado. Dessa maneira, a noção de moderni- que permite trabalhar possíveis
dade não seria exclusiva da Europa ou da chamada Era Moderna, período tradicionalmente dificuldades e defasagens.
compreendido entre 1453 e 1789 com base em fatos marcantes da história europeia. No Aproveite para mais uma
século V, por exemplo, quando o pensamento cristão passou a exercer grande influência vez problematizar as noções
sobre a sociedade europeia, a ideia de modernidade estava associada à oposição ao de marcos históricos, identi-
pensamento não cristão de séculos anteriores. No Japão do século XIX, associava-se a
ficando-os como convenções
que não representam neces-
modernidade à adoção de certos valores, técnicas e costumes do Ocidente combinada
sariamente rupturas imediatas
à manutenção de elementos tradicionais japoneses.
no tempo histórico. Trabalhe
A chamada Era Moderna na Europa foi um período de intensas transformações, mas
também, com base nos exem-
esse processo ocorreu em ritmos próprios em diferentes regiões do continente. A linha do
plos citados no texto, a ideia de
tempo a seguir mostra alguns acontecimentos marcantes desse período.
simultaneidade, discutindo com
1549 A Coroa portuguesa funda a cidade 1680 Marco do LINHA DO TEMPO os estudantes como vários pro-
SEM ESCALA.
de Salvador, primeira capital do Brasil. início do movimento cessos acontecem de maneira
Iluminista.
1789 Revolução
simultânea dentro de um
1453 Queda de 1517
Constantinopla. Martinho
Francesa. mesmo tempo histórico, ainda
Lutero lidera
1572 Morre o último 1764 Invenção da que em espaços diferentes.
a Reforma
Protestante.
líder inca, Túpac máquina de fiar – Na sequência, peça à turma
Amaru. início do processo da
Revolução Industrial. que identifique no texto a
IDADE MÉDIA IDADE MODERNA IDADE CONTEMPORÂNEA
IDADE CONTEMPORÂNEA
expressão pensamento racio-
EDITORIA DE ARTE nal e científico e reflita sobre
1630 Os holandeses seu significado. A partir das hipó-
invadem Olinda e Recife. 1776 Independência
1492 Colombo
dos Estados Unidos.
teses propostas pelos estudantes,
chega à América.
1557 Início da ocupação portuguesa explique a eles que foi nesse
de Macau, na China.
período que alguns pensado-
res europeus desenvolveram
35
uma concepção do que seria
moderno, com base na ciência
e na racionalidade. Essa visão
Essas características contribuem para que tanto alunos quanto professores concordem
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24-AV1.indd 35 14/07/22 11:53
europeia de modernidade e civi-
que a internet seja um dos meios mais explorados educacionalmente (BENTON, 2001).
lização passou a ser imposta
VALENTE, José Armando. Uso da internet em sala de aula. Educar, Curitiba, n. 19, p. 131-146, também a outros povos como
2002. p. 132. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/2086/1738. Acesso em: 17
maio 2022.
um parâmetro a ser seguido.

AMPLIAR HORIZONTES
• BRIGGS, Asa; BURKE, Peter. Uma história social da mídia: de Gutenberg à internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
Esse livro apresenta uma análise dos meios de comunicação e traça as diferentes mídias e linguagens de-
senvolvidas pela civilização ocidental.

35

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2: abordada na problematização
das características do mundo moderno
a partir das mudanças implementadas O HUMANISMO
pelos humanistas. Uma das mais importantes transformações ocorridas na Europa começou no século
• CEH 1 e 4: trabalhadas ao analisar o con- XIV, quando alguns teóricos e estudiosos se esforçaram para renovar o sistema educacional,
texto histórico abordado e ao estabelecer
o contato com diferentes visões e con- até então controlado pela Igreja.
cepções de entendimento do mundo. As propostas de mudança tinham como objetivo superar a antiga tradição intelectual
• Habilidade EF07HI04: enfocada quan- medieval, baseada nos ensinamentos da Igreja Católica. Isso abria espaço para a criação
do os estudantes compreendem a de uma nova cultura a partir das universidades laicas, fundadas em diversas cidades da
sociedade europeia como um orga- Europa a partir do fim do século XI.
nismo complexo e em transformação.
As universidades laicas priorizavam a

BRITISH LIBRARY/SCIENCE PHOTO LIBRARY/FOTOARENA


leitura dos textos clássicos da Antiguidade,
PROCEDIMENTOS escritos por pensadores gregos e romanos,
DIDÁTICOS além de estudos da tradição árabe e orien-
Auxilie os estudantes a reconhe- tal. Essa revolução cultural ficou conhecida
cer o necessário distanciamento como Humanismo; surgido na Península
da Igreja para o florescimento do Itálica, seu desenvolvimento variou de um
conhecimento racional, com lugar para outro.
base na ciência. Explique que esse
Os primeiros humanistas eram estu-
distanciamento não significou o
fim da influência religiosa sobre diosos que procuravam modificar os estudos
as populações europeias ociden- universitários com base na valorização dos
tais. Porém, para a ciência e a arte seres humanos e de suas capacidades, bem
expandirem suas potencialidades, como do pensamento crítico a partir do
foi essencial o desenvolvimento conhecimento e do ensino. Seus interesses
de novas concepções de mundo. estendiam-se a várias áreas do conhecimento,
Indique que os pensadores como as Artes Plásticas, a Literatura, a Poesia,
do Humanismo, por exemplo,
a Gramática, a Medicina, a Matemática, a
concentraram suas preocupações
no ser humano, e anteriormente Geografia e a Astronomia, entre outras.
o divino era o elemento central.
Ilustração que representa os músculos
Nessa perspectiva de mudança secundários do corpo humano, de Andreas
de interesse, é possível destacar Vesalius, do livro De Humani Corporis
aos estudantes que as ciências Fabrica, 1543.
têm como foco responder a
questões do presente.
A partir da atividade pro- 1. O conhecimento produzido nas universidades laicas alavancou grandes mudanças
posta, organize um debate sobre na sociedade europeia na passagem do período medieval para a Era Moderna.
a importância da universidade e Atualmente, quais contribuições as universidades oferecem para a sociedade brasi-
da pesquisa científica para a pro- leira? Busque um estudo recente publicado por pesquisadores universitários brasileiros
dução de conhecimento. Incentive que você considere importante. Em sala de aula, faça uma breve apresentação aos
os estudantes a perceber como colegas sobre o trabalho acadêmico escolhido.
Respostas pessoais. Oriente os estudantes a pesquisarem em fontes qualificadas e adequadas à faixa etária. O jornal Nexo,
o avanço do conhecimento nas por exemplo, mantém uma seção especial em seu site para a divulgação de estudos recentes feitos no Brasil. Periódicos
mais diferentes áreas depende 36 voltados à divulgação científica para crianças, como o Ciência Hoje das Crianças (CHC), também podem ser indicados.
diretamente do investimento
em educação e na produção de
conhecimento científico, valori- Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24.indd 36 Iniciou-se assim um movimento, cujo 27/06/22 11:41

zando e estimulando o interesse objetivo era atualizar, dinamizar e revi-


pela investigação científica. O O Humanismo talizar os estudos tradicionais, baseados
tema permite, ainda, trabalhar com Para começar: a quem é que se costuma no programa dos studia humanitatis (estudos
os projetos de vida dos estudantes, chamar de humanistas e o que significa esse humanos), que incluíam a poesia, a filoso-
levando-os a refletir sobre o lugar título? Embora só se tenha difundido no sé- fia, a história, a matemática e a eloquência,
da formação acadêmica na sua rea- culo XV, esse termo indica um conjunto de disciplina esta resultante da fusão da re-
lização pessoal e profissional em indivíduos que desde o século anterior vi- tórica e da filosofia. [...]
termos de prospecção de futuro. nha se esforçando para modificar e renovar SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São
o padrão de estudos ministrados tradicio- Paulo: Atual, 1994. p. 14.
nalmente nas universidades medievais. [...]
36

D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-C02-MPU-G24.indd 36 19/08/22 00:08


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O renascimento da cultura greco-romana Ao abordar o item O renas­-
cimento da cultura greco-ro-
Chamamos de Renascimento o movimento de renovação artística e intelectual
mana, incentive os estudantes a
atrelado ao Humanismo. Ele foi assim nomeado porque, sob influência do pensamento
levantar hipóteses sobre o signi-
humanista, retomou ideias e valores dos antigos gregos e romanos.
ficado da palavra renascimento
O movimento renascentista alcançou seu maior esplendor em cidades da Península
com base na sua origem etimo-
Itálica (como Florença), da região dos Países Baixos (onde hoje ficam a Bélgica e a Holanda)
lógica. Assim, renascer significa
e do atual território da Alemanha. Nesses locais, o comércio havia impulsionado a forma- “nascer de novo, outra vez”, e,
ção de uma rica burguesia. Foi esse grupo social o responsável por financiar a produção dentro dessa lógica, o que estava
intelectual e artística da época. morto passa a viver novamente. O
Para conhecer mais sobre o Humanismo e o Renascimento, vamos analisar o afresco Renascimento, como proposto no
Escola de Atenas, pintado por Rafael Sanzio (1483-1520), natural de Urbino, cidade da período, era o ressurgimento da
Península Itálica, aos 26 anos. A técnica do afresco consiste em pintar sobre o revestimento arte e do pensamento intelectual
fresco da parede, usando pigmentos diluídos em água. após o que foi considerado um
período de “inatividade” desses
IMAGEM CONDUTORA
elementos (Idade Média); essa

MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO VATICANO, ITÁLIA


retomada tinha como referên-
cia os valores e conhecimentos
da Antiguidade greco-romana.
Incentive os estudantes a
relembrar o que já estudaram
sobre a cultura greco-romana,
oportunidade para mapear
conhecimentos prévios e traba-
lhar com possíveis defasagens.
Peça aos estudantes que anali-
sem o afresco Escola de Atenas
e, se possível, comparem essa
expressão do Renascimento
à arte medieval, centrada em
motivações religiosas. Informe
que, além de reunir personagens
relacionados ao desenvolvi-
mento das ciências e da arte
no mundo antigo, a pintura
expressa novos olhares sobre
Escola de Atenas, Rafael Sanzio. os corpos humanos e a repre-
Afresco, 1509-1511. sentação do espaço físico.

37

AMPLIAR HORIZONTES
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• STANZE di Raffaello. Museu do Vaticano. Ci-


dade do Vaticano, [2022]. Disponível em: https://
www.museivaticani.va/content/museivaticani/it/
collezioni/musei/stanze-di-raffaello/tour-virtuale.
html. Acesso em: 28 maio 2022.
O site do Museu do Vaticano permite que se faça
uma visita virtual a obras de Rafael.

37

D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-C02-MPU-G24.indd 37 19/08/22 00:08


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 4 e 7: abordadas na análi-
se do papel da Escola de Atenas e na
atuação dos filósofos. CRÍTICA AO PENSAMENTO MEDIEVAL
• CEH 4 e 6: identificadas na proble- No afresco Escola de Atenas estão representados alguns dos maiores filósofos
matização acerca do trabalho dos da Antiguidade. O artista representou, em uma mesma cena, pessoas que viveram em
filósofos e na valorização da análise
períodos e lugares diferentes.
crítica de documentos históricos.
• Habilidades EF07HI01 e EF07HI04:
No centro, dois filósofos caminham em direção ao espectador, um ao lado do
enfocadas quando os estudantes outro. O homem da esquerda, de manto vermelho e com barba branca, representa
compreendem a complexidade da Platão, nascido em Atenas, provavelmente

MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO VATICANO, ITÁLIA


IC
sociedade europeia do período abor- em 427 a.C. O da direita, de manto azul, é
dado, a partir da Arte e da História.
Aristóteles, natural de Estagira, também na
Grécia, nascido em 384 a.C. Ele foi discí-
PROCEDIMENTOS pulo de Platão e depois se tornou tutor de
DIDÁTICOS Alexandre, o Grande (356 a.C.- 323 a.C.),
Retome com os estudantes a também encontrado na pintura, em trajes
ideia da imagem condutora. de guerra, conversando com Sócrates,
Explique que se trata de uma outro filósofo grego (470 a.C.- 399 a.C.).
imagem que será analisada em
detalhes e que servirá de fio

MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO VATICANO, ITÁLIA


MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO VATICANO, ITÁLIA

condutor do capítulo ou parte


dele. Para trabalhar o afresco
Escola de Atenas, usado como
imagem condutora, uma possibi-
lidade é organizar os estudantes
em duplas ou pequenos grupos
e solicitar a eles que discutam
cada um dos elementos que
compõem a imagem, com-
partilhando suas impressões.
Comente que a obra faz parte No afresco Escola de Atenas, Alexandre, o
de um salão do Vaticano utili- Grande, em trajes de guerra, conversa com
Sócrates (à direita, de mãos estendidas). Na Platão, à esquerda, e Aristóteles,
zado como biblioteca pelo papa realidade, Sócrates morreu 43 anos antes do representados no afresco Escola
Júlio II (1443-1513). No salão, há nascimento de Alexandre. de Atenas.
quatro temas inspiradores, um Por que Platão e Aristóteles estão no centro da imagem, em posição de destaque?
em cada parede: a filosofia, a Os humanistas criticavam o pensamento medieval, cujos ensinamentos eram inspirados
teologia, a poesia e o direito. somente na leitura e interpretação da Bíblia, e buscavam outras fontes de conhecimento.
Pode ser interessante discutir Por isso, viam na Antiguidade sua maior fonte de inspiração – não para repetir o que havia
com a turma as razões para a sido concebido pelos mestres greco-romanos, mas para estabelecer um vínculo entre os
eleição desses temas no passado antigos saberes e as novas criações.
e se eles continuam relevantes
nas sociedades atuais. 38
Procure destacar que um ele-
mento fundamental da crítica
aos documentos históricos que uma imagem for apresentada,
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24.indd 38 procure Atividade complementar 27/06/22 11:41

é a compreensão de que eles observar com os estudantes o tema retratado,


são representações do vivido. verificar a data de produção e contextualizar Comparar medidas e proporções
É possível que a turma tenha o autor e sua obra. Essa dinâmica favorecerá Com base na reprodução de Homem
dificuldades para compreender a percepção da imagem como uma represen- vitruviano, obra de Da Vinci, proponha uma
essa abstração, que vem sendo tação de seu tempo, movimento que valoriza atividade interdisciplinar com Matemática,
trabalhada desde o ano ante- o desenvolvimento do raciocínio crítico e Arte e Educação Física. O objetivo é com-
rior, mas é fundamental que da capacidade de apresentar argumen- preender os estudos das proporções do
essa concepção seja construída tos historicamente fundamentados. corpo humano e a presença (ou a ausência)
gradativamente. Assim, sempre da proporção áurea na arte e na natureza.
38

D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-C02-MPU-G24.indd 38 19/08/22 00:08


GAL
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
LE R
IE
DE
LL
'A
CA

Antropocentrismo As informações desta página

DE
M
IA
,V
complementam as características

EN
EZA
Textos de autores gregos e romanos, que

, IT
do movimento artístico inte-

ÁLIA
estavam sob o controle da Igreja Católica e não
lectual humanista estudado na
tinham sido traduzidos, ou que não circulavam
página 36 do Livro do Estudante.
pela Europa, foram recuperados, traduzidos e
É importante que os estudantes
debatidos. Esse foi o caso das obras de Platão
compreendam que estava em
e de Aristóteles, dois dos principais filósofos gregos. curso a alteração de formas de
Entre outros assuntos, esses textos provocavam ver o mundo; em longo prazo,
reflexões sobre ética, lógica, a busca pelo conhe- isso mudaria a estrutura social
cimento e a natureza humana, aspectos considerados europeia e os territórios conhe-
fundamentais entre os pensadores humanistas. cidos do globo, resultando na
Homem vitruviano,
Para os humanistas, o ser humano devia ocupar o centro Leonardo da Vinci. concepção de modernidade
de suas reflexões. Essa concepção, conhecida como antro- Estudo das proporções europeia.
humanas para o livro De
pocentrismo, opunha-se ao teocentrismo, pensamento Architectura, de Marco Para discutir a questão do
desenvolvido por teólogos da Igreja Católica que sustentavam Vitruvio Pollione, publicado antropocentrismo, parta da
em 1492.
que Deus (em grego, Théos) era a fonte de todo o conhecimento. análise coletiva do Homem
Isso não quer dizer que os humanistas eram ateus. Pelo vitruviano, de Leonardo da
Ética: conjunto de princípios
contrário, eles tinham fortes preocupações religiosas e suas que motivam ou disciplinam Vinci. Incentive os estudantes a
ideias eram profundamente influenciadas pelo cristianismo. o comportamento de pensar sobre a imagem e a buscar
uma pessoa ou um grupo
Entretanto, eles atribuíam particular importância à procura de social. Os valores nos quais hipóteses para relacioná-la com
explicações lógicas e racionais para os estudos da natureza. uma sociedade acredita, o termo antropocentrismo. A
por exemplo, justiça,
Esse tipo de pensamento é conhecido como racionalismo. solidariedade, honestidade etc.
partir dos elementos levantados
Com base no racionalismo, os humanistas negavam a Ateu: aquele que não crê em pela turma, organize na lousa um
Deus ou em qualquer outra quadro distinguindo antropocen-
ideia de que a Igreja Católica ou os textos sagrados tivessem divindade.
todas as respostas a respeito dos seres humanos e da natu- trismo de teocentrismo. Se julgar
pertinente, solicite aos estudan-
reza. Afirmavam que a busca de explicações vinha do saber prático, fundamentado na
tes que registrem o quadro em
experiência, na observação e na análise, algo que os antigos gregos já ensinavam.
seus cadernos.
FICA A DICA Os temas da hegemonia cató-
• Leonardo da Vinci e seu supercérebro, de Michael Cox. São Paulo: Companhia das Letras, lica sobre a forma de pensar e da
2004. (Coleção Mortos de Fama). crítica racionalista sobre essa
Para contar a vida de Leonardo da Vinci, o autor recorre a diários, cartas, charges e jornais questão permitem explorar com
imaginários da época. a turma a importância de con-
1. A visão teocêntrica medieval afirmava que Deus era a fonte de todo o conhecimento. A visão testar cientificamente posições
antropocêntrica colocou o ser humano como centro do conhecimento. estabelecidas e aparentemente
1. Identifique a diferença entre a visão teocêntrica medieval e a concepção antropo- fixas. O conhecimento e seu
cêntrica do Humanismo.
desenvolvimento demandam
2. Explique a relação entre o antropocentrismo e o desenvolvimento do racionalismo. contínua investigação, que, por
Os pensadores humanistas passaram a enfatizar as capacidades humanas para o conhecimento da realidade, em especial
vezes, pode levar à revisão de
a razão, o que fortaleceu o racionalismo no período. 39
dados preestabelecidos.

Oriente os estudantes a medir as proporções de um familiar


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AMPLIAR HORIZONTES 27/06/22 11:41

adulto, com uma fita métrica. Compare essas proporções com


as sugeridas por Da Vinci, indicando semelhanças e diferenças. • O HOMEM vitruviano e o homem contemporâneo. Clubes
Explique que, nesse desenho, Da Vinci representa as proporções de Matemática da OBMEP. [S. l.], [2014?]. Disponível em:
que, em sua concepção, seriam ideais para o ser humano. Reforce http://clubes.obmep.org.br/blog/wp-content/uploads/2014/09/
O-Homem-Vitruviano-e-o-Homem-Contempor%C3%A2neo-3.
elementos do pensamento computacional, como a decom-
pdf. Acesso em: 17 maio 2022.
posição. Problematize a questão comentando o ideal de belo,
O texto apresenta a evolução das medidas utilizadas pelo ser
muitas vezes, inatingível na realidade. Estabeleça um ambiente
humano e as proporções da obra Homem vitruviano, de
de compreensão entre os estudantes, trabalhando habilida- Leonardo da Vinci.
des socioemocionais, como a autoimagem e a autoestima.
39

D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-C02-MPU-G24.indd 39 19/08/22 00:08


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2: abordada na análise crítica
das práticas dos atores sociais e suas
respectivas consequências para a so- OS NOVOS NEGÓCIOS
ciedade da época. Dois matemáticos gregos estão repre-

MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO VATICANO, ITÁLIA


IC
• CEH 1 e 4: abordadas ao fazer com sentados no afresco: Pitágoras e Euclides
que os estudantes analisem o perío-
do a partir da problematização dos (considerado o “pai da Geometria”). Muitos
fatos históricos, compreendendo a dos métodos desenvolvidos por eles são
existência de diferentes visões e posi- ensinados até hoje nas escolas. Por exemplo:
cionamentos ligados a grupos sociais o modo pelo qual se calcula o tamanho dos
e indivíduos.
lados de um triângulo retângulo e o prin-
• Habilidade EF07HI04: enfocada quan-
do os estudantes compreendem as cípio segundo o qual a soma dos ângulos
principais características dos movi- internos de um triângulo é sempre 180°.
mentos filosóficos e artístico-culturais
MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO VATICANO, ITÁLIA

do período estudado.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS

MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO VATICANO, ITÁLIA


Explique aos estudantes que a
Matemática se tornava, no início
da Idade Moderna, uma área
importante do conhecimento,
em virtude, principalmente, do
contexto da época. Como já
mencionamos, esse fenômeno
não é único. O desenvolvimento O matemático Pitágoras (c. 570 a.C.- 500-
de um campo científico está 490 a.C.) foi representado consultando um livro;
sempre ligado às questões ine- atrás dele, de turbante, está Averróis (1126-
1198), filósofo muçulmano influenciado pelo
rentes à sociedade e ao período pensamento de Aristóteles. À direita está uma O matemático Euclides (360 a.C.- 295 a.C.),
no qual se insere. Nesse caso, renomada matemática, Hipátia de Alexandria representado no afresco Escola de Atenas
a valorização da Matemática (c. 370-415), que ensinou Matemática, ao lado de discípulos, desenha usando um
Astronomia e Filosofia no Museu de Alexandria. compasso.
ligava-se ao desenvolvimento
do comércio e das transações Por que a valorização da Matemática era importante para o pensamento humanista
financeiras. da época? Lembre-se de que no período em que o afresco foi pintado as cidades estavam
Se julgar pertinente, proponha em pleno crescimento, assim como o comércio e os bancos.
um trabalho interdiscipli- Conhecer Matemática era fundamental para as atividades de banqueiros, comercian-
nar envolvendo o professor de tes e construtores. Também o conhecimento do Direito Romano era decisivo naquele
Matemática, com atividades momento de formação dos chamados Estados Modernos. Afinal, com a centralização do
usando os exemplos citados no poder, os reis recrutavam especialistas, como advogados, juízes e funcionários públicos,
texto: o cálculo do tamanho dos para cuidar da administração do Estado.
lados de um triângulo retângulo e
o princípio segundo o qual a soma 40
dos ângulos internos de um triân­
gulo é sempre 180°. É possível
ainda trabalhar alguns elementos Atividade complementar
AMPLIAR HORIZONTES
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24.indd 40 27/06/22 11:41

da História da Matemática, mos-


trando os avanços dessa ciência • SILVA, Alessandro. Leonardo da Vinci, o desbravador Identificar latitude e longitude
durante o período do Humanismo do corpo humano. Jornal da Unicamp, Campinas, Essa atividade permite promover um tra-
renascentista. 29 jul./4 ago. 2013. Disponível em: https://www. balho interdisciplinar articulando História
unicamp.br/unicamp/sites/default/files/jornal/paginas/ e Geografia. Com auxílio do professor de
ju_568_pagina_04_0.pdf. Acesso em: 3 jun. 2022. Geografia, promova uma discussão sobre
O artigo discute como o artista italiano usou a como a latitude e a longitude são dados
matemática e o desenho para entender o funcio- importantes para a localização. Comente
namento do corpo humano. que o sistema de GPS (em inglês, global posi-
tioning system, sistema de posicionamento
40

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árabes que dominavam o comér-
cio no Mediterrâneo elaboraram
conhecimentos de Astronomia
RENOVAÇÃO CIENTÍFICA e Álgebra, por exemplo, muitos
No afresco, um homem de costas, ao lado de Euclides, segura um globo terrestre na dos quais inspiraram pensado-
mão esquerda. Esse homem representa Ptolomeu, astrônomo e geógrafo do século II, que res do Renascimento. Esse é um
viveu em Alexandria, no território que atualmente pertence ao Egito. bom momento para reforçar a
Ptolomeu realizou importantes trabalhos nas áreas de Astronomia, Cartografia e riqueza da diversidade humana
Geografia. No início do século XV, sua obra foi traduzida na Europa e muitos cartógrafos nos seus mais variados aspectos.
se apoiaram nela para criar uma nova forma de elaboração de mapas. A partir de então, A a b o rda g em d o item
os mapas passaram a configurar o mundo conforme as medidas de longitude e latitude, Renovação científica é propícia
diferentemente dos parâmetros medievais de representação cartográfica. para desenvolver a Competência
Geral 1 da BNCC. Ressalte a his-

MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO VATICANO, ITÁLIA


MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO VATICANO, ITÁLIA

IC
toricidade dos estudos sobre a
esfericidade da Terra e o
acúmulo de conhecimentos da
humanidade sobre esse tema
ao longo dos séculos. É impor-
tante que a turma compreenda
que nossos saberes e modos
de vida resultam das contribui-
ções das sociedades passadas,
reconhecendo a importância do
conhecimento histórico para com-
preender fenômenos relacionados

MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO


com os fatos cotidianos.

Nesse detalhe de Escola de Atenas, o astrônomo Ptolomeu Atividade


(c. 90 d.C.- 168 d.C.) foi representado de costas segurando 1. Pode-se, ainda, questionar
VATICANO, ITÁLIA
um globo terrestre. À direita está um jovem de roupa
vermelha e boina preta, com as feições do próprio Rafael, pressupostos geralmente
pintor do afresco. utilizados para justificar o terra-
Note, nas mãos de Ptolomeu, que o planeta Terra foi representado como uma esfera. planismo, como o efeito óptico
Hoje, isso não é novidade, mas na época em que o afresco foi pintado, parte da população ilusório de que o horizonte se
europeia ainda acreditava que a Terra era plana. Os estudiosos que conheciam as obras dos estende em linha reta. É pos-
antigos gregos sabiam da esfericidade do planeta, que foi confirmada na primeira viagem sível também problematizar o
de circum-navegação da Terra, realizada por Fernão de Magalhães, entre 1519 e 1522. assunto com a turma traba-
lhando a reportagem a seguir
(“Como explicar que a Terra é
1. Atualmente, apesar de a esfericidade da Terra já ter sido comprovada pela ciência,
ainda existem pessoas que defendem que nosso planeta é plano. Quais argu- redonda?”), que está disponível
mentos científicos podem ser utilizados para refutar esse tipo de ideia? Faça uma em: https://novaescola.org.br/
pesquisa sobre o tema e, em seguida, debata com os demais colegas a respeito conteudo/10265/como-explicar
das provas científicas levantadas. -que-a-terra-e-redonda#_=_.
É possível listar inúmeros argumentos com base empírica, como as imagens registradas por satélites e expedições
Acesso em: 23 maio 2022.
espaciais, as viagens de circum-navegação do globo ou a visibilidade de certas estrelas e constelações possibilitada 41
pela curvatura da Terra. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.

D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24.indd 41 global) funciona como um localizador de PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS 27/06/22 11:42

latitude e longitude, porém, para facilitar o


uso, transforma essas informações em ende- Relembre aos estudantes que as navegações
reços conhecidos pelos usuários. estiveram entre as atividades realizadas pelas
Sugira uma atividade de identificação e dife- sociedades antigas, ligadas especialmente ao
renciação de latitude e longitude. Ofereça um desenvolvimento do comércio. Durante a Idade
mapa com as coordenadas geográficas da Terra
Média, especificamente no período de recru-
e indique a linha do equador e o Meridiano
de Greenwich. Solicite que, no mapa, loca- descimento da atividade comercial, essa forma
lizem o estado onde vivem e, depois, num de locomoção foi se tornando secundária na
aplicativo que utilize GPS, localizem a escola. Europa, mas isso não é verdade fora dela. Povos
41

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2: abordada na compreensão da
relevância das teorias criadas no pe-
ríodo e suas principais consequências
A teoria do heliocentrismo
para o mundo. Ptolomeu também era astrônomo, como já apontado, e, em seus escritos, afirmava
• CEH 1 e 4: enfatizadas na análise crí- que a Terra era o centro do Universo. Essa teoria, conhecida como geocentrismo (geo,
tica dos teóricos e de suas ideias no em grego, significa “Terra”), foi defendida pela Igreja Católica durante séculos.
período estudado, considerando essas
Em 1543, o astrônomo Nicolau Copérnico (1473-1543) publicou um livro no qual afirmava
ideias como próprias de um tempo e
de um espaço, porém atuais no tem- que a teoria do geocentrismo estava errada. Suas observações o levaram à conclusão de que
po presente. não é o Sol que gira em torno da Terra, mas a Terra que gira em torno do Sol. A teoria de
• Habilidade EF07HI04: enfocada Nicolau Copérnico foi chamada de heliocentrismo (do grego helio, que significa “Sol”).
quando propõe a reflexão do período O heliocentrismo foi estudado por outros cientistas, entre eles Giordano Bruno (1548-
levando em conta os efeitos produzi-
1600), condenado à morte pela Inquisição por defendê-lo. Anos depois, Galileu Galilei
dos ao longo do tempo.
(1564-1642), considerado um dos criadores da ciência moderna, provou, com o uso de
um telescópio, que a teoria heliocêntrica estava correta.
PROCEDIMENTOS Galileu também foi preso e torturado pela Inquisição, mas, ao contrário de Giordano
DIDÁTICOS Bruno, não foi condenado à morte, pois renunciou publi-
Telescópio: instrumento para
Explique à turma que a Igreja camente às suas convicções. Somente em 1992 a Igreja observação de objetos a longa distância.
afirmava que a Terra era uma Católica retirou todas as acusações feitas ao cientista. As primeiras versões desse aparelho
foram criadas nos anos 1608 e 1609.
criação de Deus e, por isso, Outros avanços científicos ocorreram nesse período. Autópsia: procedimento médico que
ocupava o centro do Universo. A prática da autópsia, proibida pela Igreja Católica, consiste em analisar as partes internas e
externas de um cadáver.
Diante disso, pode-se dizer que intensificou-se, o que possibilitou aos médicos melhor Óptica: área da Física que estuda os
a punição a Giordano Bruno e conhecimento da anatomia humana. Além disso, os fenômenos relacionados à luz.
a Galileu estava ligada, princi- estudos de Óptica contribuíram para o aperfeiçoa-

MUSEO DI STORIA DELLA SCIENZA. FLORENÇA, ITÁLIA. LUISA RICCIARINI/BRIDGEMAN IMAGES/EASYPIX BRASIL
palmente, à manutenção do mento dos óculos, introduzidos na Península Itálica
poder da Igreja Católica, que
no final do século XIII e bastante difundidos em vários
defendia que a verdade só
lugares da Europa no século XIV.
poderia ser alcançada a partir

ERICH LESSING/ALBUM/FOTOARENA
das palavras de Deus. Para a
Igreja, nossos sentidos – como
a visão, utilizada para observa-
ção dos astros – eram falhos e
nos levavam ao engano.
A partir da discussão sobre os
embates entre religião e ciência,
ressalte a importância de se
garantir a autonomia da pes-
quisa científica, que deve estar
livre de intervenções de caráter
O julgamento de Galileu Galilei, 1633, escola Telescópio utilizado por Galileu
político ou dogmático. Aproveite italiana (autoria desconhecida). Óleo sobre tela, em 1610 para a observação de
o ensejo para questionar os estu- século XVIII. fenômenos celestes.
dantes sobre as razões e os
efeitos da censura em uma socie- 42
dade. Eles poderão apontar que
essa prática restritiva é, geral-
mente, relacionada a disputas de É interessante que eles construam noções
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24-AV3.indd 42
AMPLIAR HORIZONTES 16/07/22 12:30

poder, que colocam em xeque o sobre a importância da liberdade de pensa-


mento para o desenvolvimento artístico e • GIORDANO Bruno. Direção: Giuliano Montaldo.
progresso e a diversidade de
científico, valorizando o direito à produção e Itália, 1973. 1 DVD (115 min).
ideias. Se possível, abra espaço
divulgação de saberes. O filme conta o julgamento e a execução do as-
para que eles possam exemplifi-
trônomo, matemático e filósofo italiano Giordano
car suas ideias, assumindo, assim,
Bruno (1548-1600).
o conhecimento e as dúvidas que
têm sobre o assunto.

42

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O RENASCIMENTO ARTÍSTICO Para trabalhar com o tema
renascimento artístico, é inte-
Todas essas novidades também repercutiram na produção artística da época. ressante organizar uma atividade
Durante a Idade Média, na Europa, os pintores e escultores não procuravam represen- para comparar a perspectiva
tar as características reais dos objetos e seres. As figuras não tinham movimento, as artística medieval com as obras
expressões eram uniformes, não havia preocupação com as cores nem com os volumes renascentistas, de modo a identi-
dos corpos e dos objetos. O objetivo era transmitir aos outros cristãos o conteúdo de ficar as mudanças nas linguagens
histórias sagradas e a mensagem da Igreja. artísticas. Essa atividade pode ser
A partir do século XIV, os artistas passaram a buscar mais realismo em suas obras. desenvolvida de forma interdis-
Para isso, aplicavam os conhecimentos recém-adquiridos nas áreas de Matemática, ciplinar com Arte.
Física, Óptica e Fisiologia. Organize a sala em grupos e
No detalhe da pintura Escola de Atenas, o artista preocupou-se em representar solicite à metade da turma que
as expressões, a proporção entre as partes do corpo, o movimento e as vestimentas, de pesquise exemplos de obras
modo que fossem semelhantes à realidade. Não parece que as personagens têm vida? de arte medievais; a outra
metade deve pesquisar obras

MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO VATICANO, ITÁLIA


IC
MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO VATICANO, ITÁLIA

do Renascimento. É importante
orientar os estudantes a pesquisar
a reprodução da obra e também
suas informações técnicas (autor,
data, dimensões, técnica, museu
ou coleção em que está abri-
gada etc.).
Após a pesquisa, cada grupo
deve apresentar aos colegas a
obra selecionada. Com base
nas obras apresentadas, pro-
ponha aos estudantes que
coletivamente comparem as
obras medievais com as renas-
centistas, identificando as
diferenças de representação
(dimensões, proporções, pers-
pectiva, cores etc.).

AMPLIAR HORIZONTES
Detalhe do • FANTINI, Vanessa; BOLFE,
afresco Escola Sandra Ana; COSTA, Eduino
de Atenas. Rodrigues da. A Cartografia
digital para alunos da 5a série
43
do ensino fundamental com
o uso do programa GPS Track
Maker Free® como recurso
Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24.indd 43 27/06/22 11:42 didático-pedagógico. Boletim
Gaúcho de Geografia, Porto
Trabalhar noções de altura, largura e profundidade Alegre, v. 35, n. 1, p. 199-216,
Caso os estudantes apresentem dificuldades com os conceitos de altura, largura e pro- 2009. Disponível em: https://
fundidade, peça a eles que criem desenhos nos quais esses três conceitos da Geometria e seer.ufrgs.br/bgg/ar ticle/
da Arte estejam presentes. Para que a atividade contribua para a construção do conheci- view/37406. Acesso em: 17
mento sobre o capítulo, a temática em questão também precisa ser inspirada no Humanismo. maio 2022.
Ao final, cada estudante pode trocar seu desenho com o do colega, que terá de identificar
altura, largura e profundidade no desenho do outro.

43

D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-C02-MPU-G24-AV1.indd 43 22/08/22 13:03


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2: abordada ao fazer os es-
tudantes analisarem o papel dos
mecenas na sociedade europeia do
A importância dos mecenas
período e suas principais práticas. Durante o Renascimento, as inovações dos campos científico e artístico atraíram a atenção
• CEH 1 e 4: abordadas ao fazer os estu- de reis, príncipes e famílias de grandes negociantes e comerciantes. Para eles, a posse de
dantes problematizarem as inovações obras de arte era símbolo de poder e riqueza. Por isso, muitas dessas pessoas começaram a
do campo científico e artístico, a par-
financiar o trabalho dos artistas renascentistas. Esses protetores das artes ficaram conhecidos
tir da atuação dos mecenas.
• Habilidade EF07HI04: enfocada quan- como mecenas.
do os estudantes analisam a sociedade Um dos mecenas mais famosos dessa
Mecenas: termo originado do nome do cavaleiro
europeia do período com base nos efei- época foi Lorenzo de Medici (1449-1492), polí- romano Caio Cílnio Mecenas (70 a.C-8 d.C.), que,
tos políticos, sociais e culturais das tico e intelectual de Florença. Michelangelo como conselheiro do imperador romano Otávio
práticas artísticas. Augusto, convenceu o soberano a incentivar o
Buonarroti (1475-1564) fez diversas escultu- trabalho de artistas e escritores. Mecenas também
ras para a família Medici com o patrocínio utilizava os próprios recursos para custear o trabalho
PROCEDIMENTOS de Lorenzo.
dessas pessoas.

DIDÁTICOS Homens da Igreja – como papas e cardeais

MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO VATICANO, ITÁLIA


IC
O mecenato cumpriu papel – também atuaram como mecenas. O afresco
fundamental no desenvolvi- Escola de Atenas foi uma encomenda do papa
mento das artes e das ciências. Júlio II (1443-1513) a Rafael para decorar uma
Ao discuti-lo, pergunte aos estu- saleta onde o pontífice fazia seus despachos
dantes se eles imaginam outras no Vaticano. Em uma sala ao lado, também
formas de sobrevivência para a pedido do papa, Michelangelo trabalhou
um artista. Comente que, nos
no teto da Capela Sistina. Decidido a homena-
dias atuais, existem órgãos do
gear o artista, Rafael pintou Michelangelo em
governo e instituições interna-
Escola de Atenas. Ele aparece em primeiro
cionais que investem nas artes e
no desenvolvimento da ciência. plano, com roupas de pedreiro, no papel do
Ainda que ocorra o favoreci- filósofo grego Heráclito.

MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO VATICANO, ITÁLIA


mento de pesquisas em áreas Além de
MUSEUS E GALERIAS DO VATICANO, CIDADE DO VATICANO, ITÁLIA

como Medicina e Engenharia, Michelangelo, no


esses incentivos são fundamen- afresco Escola
de Atenas, Rafael
tais para o estímulo a diferentes homenageou
áreas do conhecimento. outro importante
Mesmo que os estudantes não artista da época,
Leonardo da
estejam em um momento de Vinci, pintando
escolhas profissionais, essa discus- suas feições na
são incipiente permite trabalhar figura de Platão.
com projeções para suas vidas.
Assim, eles começam a enten-
der como funcionam profissões
Neste detalhe do afresco Escola de Atenas,
ligadas à pesquisa acadêmica e ao o filósofo grego Heráclito foi representado
mercado de trabalho, analisando com as feições de Michelangelo.
especificidades de diferentes car-
reiras profissionais.
44

Atividade complementar identificação de outras técnicas44e conhecimentos.


D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24.indd Paulo (Masp): https://masp.org.br/acervo/obra/ 27/06/22 11:42

Se a escola dispuser de sala de informática ou ressurreicao-de-cristo (acesso em: 18 jun. 2022).


Analisar uma imagem recurso de multimídia, mostre à turma a imagem Ao avaliar a atividade, é importante verifi-
Ainda que Escola de Atenas Ressurreição de Cristo, de Rafael Sanzio. Peça car se os estudantes dominam os elementos da
seja a obra mais conhecida de a eles que identifiquem os elementos da perspec- perspectiva e se demonstram interesse na com-
Rafael Sanzio, ela não é a única. tiva (largura, altura e profundidade). Além disso, a preensão e execução da atividade. As posturas
Aproveite que os estudantes turma deverá indicar a temática, a forma de retra- colaborativas devem, também, ser valorizadas.
já conhecem os recursos utili- tá-la e, se possível, buscar informações sobre essa Auxilie-os se tiverem dificuldade para elabo-
zados pelo artista e apresente produção. Dados sobre a obra estão disponíveis rar as explicações ou mesmo para entender
a eles mais uma imagem para nesta página do site do Museu de Arte de São aspectos da obra.
44

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Inovação na perspectiva Como fontes históricas, as
imagens do item Inovação na
Na Europa medieval, a representação das cenas era feita somente em duas dimensões:
perspectiva precisam ser inter-
altura e largura. Isso conferia às imagens um aspecto “chapado”, sem profundidade, como
pretadas e problematizadas. Elas
se nada do que fora representado tivesse volume.
foram produzidas dentro de con-
Com o desenvolvimento da técnica da perspectiva, as figuras passaram a ser repre-
textos específicos, respondendo
sentadas em três dimensões: altura, largura e profundidade. Os objetos mais próximos do
aos interesses vigentes ou às
observador eram executados em tamanho maior que os objetos distantes. disputas entre concepções de
As duas imagens desta página evidenciam as diferenças entre a arte medieval e a mundo conflituosas. Para traba-
renascentista. A iluminura, de autor anônimo, foi produzida no século VIII para um manus- lhar essa questão, organize os
crito conhecido como Codex Amiatinus. Representa uma passagem do Velho Testamento, estudantes em duplas e peça-
na qual o profeta Esdras reescreve os livros sagrados. Já a pintura a óleo de Antonello da -lhes que pesquisem elementos
Messina, produzida no século XV, representa São Jerônimo em seu estúdio lendo a Bíblia. relativos aos contextos de pro-
Ao observá-las com atenção e compará-las, podemos compreender o impacto das dução das obras, montando um
técnicas de perspectiva na produção artística do Renascimento. quadro comparativo. Ao final da
atividade, solicite que comparti-
BIBLIOTECA MEDICEA LAURENZIANA, FLORENÇA, ITÁLIA

THE NATIONAL GALLERY, LONDRES, INGLATERRA


lhem suas conclusões.
Atividade
2. Com a perspectiva, os objetos
parecem representar as três
dimensões: largura, altura e pro-
fundidade. Assim, reproduzem
o modo como vemos as cenas
e os objetos. Os elementos mais
próximos parecem maiores do
que os que estão mais distantes.
A perspectiva, aliada a outros
conhecimentos aprofundados
na época, como Matemática,
Física e Óptica, permitiu que a
pintura renascentista adquirisse
Iluminura de Codex Amiatinus, manuscrito São Jerônimo em seu estúdio, Antonello da
anglo-saxão do século VIII. Messina. Óleo sobre madeira, c. 1475. um caráter mais realista.
1. A pintura de Messina, ao usar a técnica da perspectiva, transmite ao observador uma impressão de profundidade.
Além disso, ela demonstra mais proporcionalidade nas formas e refinamento no uso de luz e sombra.
1. Qual das duas obras parece mais realista? Justifique sua resposta. NÃO ESCREVA
NO LIVRO.

2. Explique o que é perspectiva e como essa técnica contribuiu para aperfeiçoar a


arte renascentista. Consulte resposta esperada e comentários adicionais nas Orientações didáticas.

3. Apesar das diferenças técnicas, as obras têm um aspecto em comum. Identifique-o.


As duas obras apresentam tema religioso, o que evidencia que, apesar das inovações técnicas, a religião católica
permaneceu como referência importante, inspirando inúmeras obras do período. 45

D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24.indd 45
AMPLIAR HORIZONTES 27/06/22 11:42

• ARTWORKS. Galeria degli Uffizi. Florença, [2022]. Site em inglês e italiano. Disponível em: https://
www.uffizi.it/en/artworks. Acesso em: 17 maio 2022.
A Galeria degli Uffizi, localizada em Florença, Itália, reúne obras de Rafael Sanzio, Botticcelli e Giotto, entre
outros. Confira imagens em alta resolução de obras do acervo no site da instituição.
• TRAMBAIOLLI NETO, Egidio. Vitrúvio para crianças: a matemática faz parte da arte. São Paulo: Uira-
puru, 2016.
Nesse livro, História da Arte, Matemática e ensino são apresentados em linguagem apropriada para a faixa etária.

45

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1 e 5: abordadas ao fazer com
que os estudantes compreendam a
Reforma Protestante como elemento A REFORMA PROTESTANTE
desencadeante de uma nova concepção As transformações ocorridas no campo das artes e das ciências também refletiram
religiosa e de transformações socioe-
mudanças na mentalidade da época. Parte da população europeia começou a dedicar mais
conômicas e nas estruturas de poder.
• CEH 2, 3 e 4: trabalhadas ao problemati- tempo à leitura e à discussão de ideias e, assim, passou a ser mais crítica. Esses fatores
zar a atuação de Martinho Lutero como contribuíram para que a Igreja Católica, a mais poderosa instituição durante a Idade Média,
religioso, em contraposição aos dogmas se tornasse alvo de diversos questionamentos.
cristãos do catolicismo, considerando as Esse movimento ficou conhecido como Reforma Protestante. Inicialmente, os refor-
mudanças ocasionadas pelo protestan-
madores tinham como objetivo reformar a estrutura da Igreja Católica. Ao final da Idade
tismo na sociedade europeia.
• Habilidade EF07HI05: enfocada ao Média, a instituição era acusada de corrupção e de abusos morais; também se criticava o
abordar a interpretação do perío- excessivo poder político concentrado na figura do papa.
do estudado com base nos fatos e Em 1517, Martinho Lutero (1483-1546), um monge professor da Universidade de
acontecimentos históricos, ligados à Wittenberg, na região oeste da atual Alemanha, contestou uma das principais práticas
cristandade, que impactam a socieda-
da Igreja Católica na época: a venda de indulgências.
de europeia e o mundo cristão.
Indulgência era uma espécie de carta vendida pela Igreja aos fiéis: ao comprá-la, os
cristãos estariam recebendo o perdão dos pecados cometidos. De acordo com o valor
PROCEDIMENTOS pago, a carta de indulgência poderia servir também ao perdão dos pecados que a pessoa
DIDÁTICOS viesse a cometer no futuro.
O tema da Reforma O comércio de indulgências tornou-se um grande negócio. Elas eram vendidas até
Protestante possibilita mapear mesmo em bancos, e a Igreja Católica usava o dinheiro arrecadado para financiar a cons-
conhecimentos que os estudantes trução da Basílica de São Pedro, em Roma, entre outras finalidades.
detêm e recuperar conceitos cons-
truídos anteriormente. Retome

GRANGER/FOTOARENA
temas desenvolvidos no 6o ano,
perguntando aos estudantes sobre
a influência da Igreja durante a
Idade Média. Peça-lhes que deem
exemplos dessa influência.
Durante as discussões, comente
com a turma que a Igreja se tornou
a única instituição na Idade Média
que possuía um poder central, o
que lhe permitiu manter estruturas
Cunhagem de
sólidas. Igualmente, sua influência moedas para
e atuação podem ser observadas pagar ao
vendedor de
no acúmulo de terras e nas expli- indulgências.
cações de mundo dos povos da Xilogravura
época, expressas na arte, no coti- alemã,
século XVI.
diano etc.
É pertinente indicar que, 46
até o surgimento da Reforma,
a Igreja não utilizava, em seu
nome, o adjetivo Católica. Na
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24.indd 46 século XVI, relacionando-se também a as- 27/06/22 11:42
prática, isso não significava a pectos culturais, econômicos e de poder
inexistência de instituições reli- Reforma Protestante vividos na Europa. [...].
giosas distintas durante a Idade No século XVIII, [...] o movimento conhe- MONTEIRO, Rodrigo Bentes. As reformas
Média. Significava apenas que, cido como Reforma Protestante era inserido religiosas na Europa Moderna: notas para um
na Europa ocidental, a religio- no processo de modernização da sociedade debate historiográfico. Varia Historia, Belo
sidade estava restrita à Igreja ocidental, conforme as ideias de Hegel. [...] Horizonte, v. 23, n. 37, p. 130-150, jan./jun.
Com efeito, o tema das Reformas Religio- 2007. p. 131-132. Disponível em: http://www.
Católica, o que mudou após a redalyc.org/pdf/3844/384434820007.pdf. Acesso
Reforma Protestante. sas pertinente ao início da Época Moderna em: 17 maio 2022.
possui implicações que ultrapassam as
mudanças institucionais eclesiásticas no
46

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Lutero rompe com a Igreja Discuta com os estudantes
como entender o contexto de
Alegando que a indulgência era uma forma de a Igreja tirar proveito da fé das pessoas,
surgimento das reformas é fun-
Lutero escreveu uma carta a seu arcebispo. Nela, formulou 95 teses, nas quais criticava
damental para a compreensão
essa e outras práticas da Igreja.
de seu teor e mesmo o mundo
Em 31 de outubro de 1517, Lutero afixou a carta na porta da igreja do castelo de
de hoje. Nesse sentido, explore
Wittenberg. Não demorou muito para que ganhasse o apoio de fiéis, muitos deles inte-
as motivações que favorece-
grantes da nobreza e burgueses, interessados no enfraquecimento político e econômico ram a boa recepção das ideias
da Igreja, proprietária de grande parte das terras da região. de Lutero por um grupo social
A intenção inicial de Lutero não era romper com a Igreja, mas reformá-la. Para isso, específico. É importante que os
propunha a recuperação dos princípios originais do cristianismo. Defendia ainda que o estudantes verifiquem que Lutero
poder civil era independente do poder religioso e, por essa razão, conclamava príncipes fazia parte da Igreja Católica,
e nobres a lutar contra o excessivo controle que a Igreja exercia sobre a nobreza e a mas discordava de determina-
realeza. Entretanto, o que havia começado apenas como um protesto, logo se tornou dos pontos ou dogmas da Igreja.
uma situação insustentável. Se considerar oportuno,
Em janeiro de 1521, Lutero foi excomungado pelo papa. Em pergunte à turma como as
Excomungado: punido
abril, o imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos V com a excomunhão, concepções religiosas são
(1500-1558), convocou uma assembleia para que Lutero voltasse maior penalidade no observadas hoje. Proponha refle-
âmbito do catolicismo,
atrás em suas ideias. Firme em suas convicções, o monge recusou- que exclui o fiel da xões como: há críticas às igrejas?
-se a negá-las. Esse foi o momento da ruptura de Lutero e seus comunidade religiosa. Quais seriam essas críticas e como
seguidores – chamados de protestantes – com a Igreja Católica. essas instituições respondem a
Sob a proteção de um príncipe que o apoiava, Lutero traduziu o Novo Testamento elas? Busque acolher as contribui-
do latim para o alemão e escreveu diversos textos de condenação à Igreja. A imprensa de ções e mediar possíveis conflitos
tipos móveis, inventada havia menos de um século, foi fundamental para a propagação de opinião. O trabalho com o
do pensamento de Lutero. tema religiosidade deve ser efe-
tivado dentro de um ambiente
LUTHERHAUS, ALEMANHA

favorável ao diálogo, com res-


peito e empatia (Competência
Geral 9) pelas opções e crenças
de todos, servindo de opor-
tunidade para promover o
reconhecimento das diferenças
e o convívio social republicano
Representação e democrático. Assim, estimu-
de Martinho
Lutero
la-se o pluralismo de ideias e
pregando combatem-se os diversos tipos
as 95 teses, de violência e quaisquer formas
Julius Hübner.
Óleo sobre de preconceito ou discriminação.
madeira, 1878. Caso a escola fique em região
de dogmatismo religioso exa-
47
cerbado, você pode solicitar a
presença de outros professores
ou coordenadores na discussão.
AMPLIAR HORIZONTES
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Outra possíbilidade é, com pauta
preestabelecida, levar represen-
• LINDBERG, Carter. História da Reforma. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2017.
tantes de algumas religiões para
O autor propõe uma análise acurada dos diferentes aspectos do contexto de surgimento das
falar sobre respeito e convivên-
reformas, bem como explora o legado delas para os dias atuais.
cia. Nesse caso, não deixe de fora
• MARSHALL, Peter. A reforma protestante: uma breve introdução. Porto Alegre:
representantes de religiões de
LP&M, 2017.
matriz africana, uma vez que são
Nesse livro, Peter Marshall analisa o desenvolvimento da Reforma Protestante, apontando
as que mais sofrem com perse-
sua influência em todos os aspectos da vida moderna.
guição no Brasil nos dias de hoje.

47

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1 e 5: abordadas ao mobilizar os
estudantes a compreender as caracte-
rísticas das religiões protestantes e o
As religiões protestantes
papel exercido por elas na sociedade Os questionamentos de Lutero promoveram um rompimento no interior da Igreja
europeia do período estudado; e ao Católica e marcaram o início do protestantismo no mundo. Após Lutero, outras rupturas
compararem com as práticas religiosas
com a Igreja fragmentaram o cristianismo. Conheça a seguir as principais religiões protes-
no Brasil atual, incentivando o respei-
to a diversas identidades religiosas. tantes e suas doutrinas.
• CEH 2, 3 e 4: trabalhadas com base na
O
problematização dos efeitos do pro- LU TER ANISM
testantismo nos hábitos e costumes da • Doutrina originada do pensamento de Martinho Lutero
sociedade europeia; e ao interpretar

PHOTO BY FINE ART IMAGES/HERITAGE IMAGES/


GETTY IMAGES
(1483-1546).
as diversas visões religiosas no Bra-
sil de hoje. • Relação direta entre fiéis e Deus e simplificação dos rituais
• Habilidade EF07HI05: enfocada quan- religiosos.
do os estudantes interpretam a • Santos e Virgem Maria não são venerados.
sociedade europeia do período e do • Celibato dos pastores (sacerdotes) não é obrigatório.
Brasil do tempo presente, a partir da
multiplicidade cultural e religiosa. Martinho Lutero, Lucas Cranach, o Velho.
Óleo sobre madeira, 1532.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS C ALV INISMO
• Doutrina originada do pensamento de João Calvino
O item As religiões protes-
MUSEUM BOYMANS-VAN BEUNINGEN. ROTERDÃ,
HOLANDA. FOTO: AKG-IMAGES/ALBUM/FOTOARENA

(1509-1564).
tantes apresenta as características
• Crença na predestinação por Deus à salvação na vida eterna.
gerais do luteranismo, calvinismo
• Sinais da predestinação: sucesso no trabalho e nos negócios.
e anglicanismo. É importante que
• Doutrina adotada pela burguesia como forma de justificar a
os estudantes diferenciem as moti-
vações de cada uma delas, bem riqueza e o acúmulo de bens.
como as concepções religiosas de João Calvino, autoria desconhecida. Óleo
cada denominação. sobre madeira, 1550.
Para trabalhar com as dife-
O
renças entre cada uma das ANGLIC ANISM
religiões, organize os estudan- • Doutrina originada do pensamento de Henrique VIII, rei
tes em pequenos grupos e os
MUSEO NACIONAL THYSSEN-BORNEMISZA, MADRI, ESPANHA

da Inglaterra entre 1509 e 1547. Ele rompeu com a Igreja


oriente na realização de um Católica após o papa Clemente VII (1478-1534) negar-lhe o
quadro comparativo, colocando
direito de separar-se de sua esposa.
elementos comuns e diferenças
• Celibato voluntário dos sacerdotes, celebração de missas em
das religiões analisadas. Após a
inglês e condenação das indulgências.
conclusão da atividade, incen-
• Manutenção do batismo e da eucaristia como sacramentos.
tive os estudantes a comparar
Retrato de Henrique VIII de Inglaterra, Hans Holbein,
seus resultados.
o Jovem. Óleo sobre madeira, c. 1537.
Especificamente sobre o
anglicanismo, indique que se
48
trata de um exemplo extremo
de interesse político e econô-
mico. Ainda que o apoio da
burguesia às outras denomina- Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24.indd 48 humanismo e a Reforma, concluindo que o 27/06/22 11:42

protestantismo em seu advento represen-


ções protestantes também se Aspectos da historiografia sobre as tou o próprio fracasso do ideal humanista,
devesse a interesses que iam reformas da autoconfiança exacerbada no potencial
além da crença, no caso da Igreja Delio Cantimori é bastante conhecido do homem, otimismo excessivo em sua
Anglicana a doutrina sofreu por suas reflexões acerca dos problemas transformação através do livre-arbítrio. [...]
poucas mudanças – a principal de periodização do Renascimento. Mas não MONTEIRO, Rodrigo Bentes. As reformas religiosas
delas foi a extinção da autori- somente. Em Umanesimo e Religione nel Rinas- na Europa Moderna: notas para um debate
cimento, o historiador italiano que propôs o historiográfico. Varia Historia, Belo Horizonte, v. 23,
dade do papa. n. 37, p. 130-150, jan./jun. 2007. p. 133. Disponível
termo Idade Humanística para a Época Mo- em: http://www.redalyc.org/pdf/3844/384434820007.
derna também procura relações entre o pdf. Acesso em: 17 maio 2022.
48

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A atividade da seção Pesquisa
PESQUIS A & AÇÃO & Ação propõe a realização de
uma entrevista sobre práticas reli-
RICARDO TELES/PULSAR IMAGENS giosas, o que permite trabalhar
ENTREVISTA SOBRE PRÁTICAS noções introdutórias de práti-
RELIGIOSAS cas de pesquisa e com os TCTs
De acordo com o Censo de 2010, elaborado pelo
Multiculturalismo, por meio da
discussão sobre diversidade cul-
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
tural, e Cidadania e Civismo,
64,6% dos brasileiros declararam-se católicos e 22,2%
ao abordar a educação para os
afirmaram ser adeptos de religiões protestantes. O direitos humanos.
restante da população dividiu-se entre espíritas, segui- Antes da realização da ativi-
dores de religiões de matriz africana, como umbanda dade, seria interessante organizar
e candomblé, budistas e muçulmanos, além daqueles uma roda de conversa sobre
que declararam não ter nenhuma crença religiosa. Nesta Devota amarra fitinhas na religiosidade no Brasil, para
entrada de igreja durante as
atividade, vamos conhecer um pouco mais dos hábitos festividades de Nosso Senhor do
sensibilizar os estudantes com
Consulte comentários nas
religiosos de sua comunidade. Orientações didáticas. Bonfim. Salvador (BA), 2014. relação ao tema. Apresente
dados mais detalhados, como
1O passo os disponíveis no site do IBGE:
Após a orientação do professor, escolha algumas pessoas para entrevistar e levante informações https://cidades.ibge.gov.br/brasil/
a respeito de seus hábitos religiosos. (Consulte a seção Como se faz... para orientações sobre pesquisa/23/22107 (acesso em: 18
como fazer uma entrevista.)
jun. 2022). Incentive os estudan-
tes a pensar sobre a diversidade
2O passo religiosa no Brasil e a importância
Lembre-se de que assuntos religiosos são da esfera privada e de que muitas pessoas podem do respeito a todas as manifesta-
ficar receosas de responder a determinadas perguntas. Caso seja possível, é mais adequado ções religiosas, visando fomentar
entrevistar pessoas da família ou amigos próximos, destacando que a entrevista é apenas para
atitudes de empatia e o repúdio
entender os hábitos religiosos do entrevistado.
a quaisquer formas de pre-
conceito ou discriminação
3O passo (Competência Geral 9).
Confira algumas perguntas que podem ser feitas nas entrevistas: Reforce a importância da
• Qual é a sua religião? preparação da entrevista, sele-
• Você participa de eventos religiosos? cionando as perguntas que serão
• Costuma ler livros relacionados a alguma religião? feitas ao entrevistado. Recomende
• Assiste a programas religiosos? o registro da entrevista em áudio
• Como convive com outras crenças religiosas? ou vídeo para facilitar o trabalho
com as informações coletadas.
4O passo Lembre-os de que é fundamental
Escreva um pequeno texto relatando o que você descobriu. Depois, exponha o resultado à turma estabelecer uma conversa prévia
e converse com os colegas sobre as informações obtidas. com o entrevistado, explicando
a motivação da atividade e soli-
49 citando sua autorização para o
registro da entrevista.
Os resultados da atividade
devem ser compartilhados com
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toda a turma e, se possível,
com a comunidade escolar, seja
em um painel com os textos pro-
duzidos a partir das entrevistas,
seja em uma exposição virtual,
por meio de um site que apre-
sente as entrevistas e os textos
produzidos pelos estudantes.

49

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 6 e 7: abordadas ao fazer os estu-
dantes elaborarem questionamentos e
interpretações acerca do período traba-
lhado, com base na análise de símbolos
OLHO VI VO
e objetos que compõem a imagem.
• CEH 3 e 7: trabalhadas na imagem ao OS EMBAIXADORES
propiciar o entendimento acerca das par-
ticularidades do período estudado, com Os dois homens representados no quadro desta seção são nobres da corte francesa.
base na análise de fonte documental. À esquerda, está Jean de Dinteville (1504-1555), embaixador da França na Inglaterra, e, à
• Habilidade EF07HI07: enfocada quan- direita, o bispo francês Georges de Selve (1508/1509-1541). Em 1533, os dois estavam na Inglaterra
do os estudantes compreendem as com uma difícil missão: tentar convencer o rei Henrique VIII a não romper com a Igreja Católica.
variadas dimensões sociais, políticas,
econômicas e culturais do período O encontro foi registrado pelo pintor Hans Holbein, o Jovem (1497-1543), do Sacro Império
abordado, estabelecendo uma análi- Romano-Germânico, nesta obra em óleo sobre madeira. A pintura, além de apresentar elemen-
se própria e interpretativa da imagem. tos característicos da época, como a preocupação com a ciência e o saber (repare, por exemplo,
nos instrumentos científicos representados), está repleta de simbolismos.
PROCEDIMENTOS

GALERIA NACIONAL. LONDRES, INGLATERRA. FOTO: BRIDGEMAN IMAGES/EASYPIX BRASIL


1
DIDÁTICOS
Olho vivo 8
A seção Olho vivo propõe 4
a análise detalhada da tela Os 6
embaixadores, do pintor Hans
Holbein, o Jovem (1497-1543). A 7
leitura dessa obra é uma excelente
oportunidade de desenvolver um 5 16 15
3
trabalho mais específico com
estudantes cegos, principalmente
com os congênitos (a perda da
visão antes dos 5 anos de idade 9 10
2
é chamada cegueira congênita;
os que perderam a visão a partir
dessa idade são considerados
cegos adventícios), que têm, em 11 12
17
grande parte, ausência de memória
imagética.
Conforme reforçamos ao longo
desta coleção, o trabalho com a 14
imagem é extremamente impor-
13
tante para compreender o mundo
atual, assim como adquirir novos
Os embaixadores, Hans Holbein, o Jovem. Óleo sobre madeira, 1533.
conceitos para todos os perfis de
estudantes, incluindo os cegos 50
ou com baixa visão. Nesses dois
últimos casos, é necessário o pro-
fessor encontrar caminhos para to,D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24.indd
ela poderia utilizar outras 50 formas para tamanhos, ambientes e espaços através de 27/06/22 11:42
transmitir as informações imagéti- apreen­der conceitos ou características ligadas uma abordagem multissensorial que irá fa-
cas aos estudantes. Um estudo de à compreensão imediata de diferentes aspec- vorecer o desenvolvimento dos processos
caso feito na Universidade Federal tos presentes nas imagens como: ambiente, superiores. 1
de Pernambuco explica: forma, tamanho, espaço, posição relativa e
[...] a pessoa cega pode não cor. [...] é possível ao cego ler imagens com 1
VERAS, Daniele Siqueira e FERREIRA, Sandra Patrícia
apreender contornos, concei- as devidas adaptações e adequações, usan- Ataíde. Leitura e compreensão de imagens táteis por
tos e sentidos de forma visual, do outros sentidos como acesso à imagem. estudante cego congênito: estudo de caso. DELTA:
Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e
mas, neste caso, acontecerá Dizendo de outra forma, apesar de não pos- Aplicada [on-line]. v. 38, n. 1 , p. 1-21, 2022. p. 2-3.
uma transformação no acesso suir o sentido da visão, o cego pode, por meio Disponível em: https://doi.org/10.1590/1678-
sensorial da imagem, portan- da diversidade sensorial, conhecer formas, 460X202257183. Acesso em: 12 jul. 2022.
50

D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-C02-MPU-G24-AV1.indd 50 22/08/22 13:03


e compartilhar conteúdos
acessíveis. Disponível em:
https://fundacaodorina.org.
1 Metade encoberto pela cortina, o crucifixo 10 Tradicional símbolo da harmonia, o alaúde apa- br/blog/descricaodeimagem.
indica a presença de Cristo conduzindo os rece com uma corda quebrada, possível alusão Acesso em: 12 jul. 2022.
destinos dos embaixadores. Remete também à discórdia entre católicos e protestantes.
à ideia da mortalidade dos indivíduos. • O ensino de artes visuais
11 Obra com instruções sobre cálculos comer- para cegos: o caso da
2 A espada tem uma inscrição que informa ciais impressa em 1527. A página marcada menina Alice: dissertação
que Dinteville tinha 29 anos no momento com o esquadro começa com a palavra que aborda o ensino das artes
em que a pintura foi feita. alemã Dividieren, outra alusão à divisão visuais para cegos. Disponível
político-religiosa da época. em: https://repositorio.
3 Medalhão da ordem de São Miguel, uma ufmg.br/bitstream/1843/
das mais importantes ordens da cavalaria BUOS-9KSNN4/1/maicon_
12 Traduções de Lutero: na página da esquerda,
da França. araujo_martins___corre__
um hino religioso; na da direita, preâm-
bulo para os Dez Mandamentos. Os textos o_p_s_banca.pdf. Acesso
4 O globo celeste faz referência à teoria
mostram pontos em comum entre catoli- em: 12 jul. 2022.
heliocentrista, que desafiou os princípios
teocêntricos da Igreja Católica. cismo e protestantismo, em uma referência • Software e Recursos
ao desejo de reunificação das duas Igrejas. Livres para a Inclusão e
5 O relógio de sol faz alusão à redenção de Acessibilidade: página de-
Jesus Cristo, pois marca a data de 11 de 13 O mosaico do chão é igual ao do santuário sen­ volvida pelos Ministé-
abril de 1533, dia em que caiu a Sexta- da Abadia de Westminster, na Inglaterra. rios da Educação de Brasil
-Feira da Paixão daquele ano. e de Portugal que possui
14 Caveira desenhada por meio de técnica variadas dicas para tradu-
6 Quadrante, instrumento usado para medir conhecida como anamorfose. Remete à fini- ção de textos em braille,
a altura dos astros e, assim, ajudar na tude da vida e aos limites do conhecimento muitos abertos e gratuitos.
localização das embarcações em alto-mar. humano. A imagem disforme (a caveira fica Disponível em: https://fre-
distorcida para quem olha o quadro de ewareneesite.wordpress.
7 Poliedro com diferentes relógios de sol,
frente) reforça a ideia da limitação humana.
usado para viagens. com/braille. Acesso em: 12
jul. 2022.
8 Torquetum, instrumento conhecido pelos 15 Livro com inscrição em latim indicando que
o bispo tinha 25 anos de idade. • Braille Fácil 4.0: programa
antigos gregos cujo uso foi retomado
desenvolvido pelo Instituto
durante a Idade Média para observar a
16 Os objetos dessa prateleira remetem ao Benjamin Constant, órgão
posição dos astros no céu em três dife-
conhecimento dos astros e demais corpos ligado ao Ministério da
rentes sistemas de coordenadas.
celestes. Educação. Disponível em:
9 Globo terrestre mostrando a linha de http://intervox.nce.ufrj.br/
Tordesilhas e a América. Inclui também 17 Objetos de uso prático relacionados ao tra- brfacil. Acesso em: 12 jul.
lugares significativos para Dinteville. balho diário. 2022.
• Cura 3D: um dos softwares
Elaborado com base em: FARBER, Allen. Holbein’s The ambassadors and Renaissance ideas of knowledge. SUNY – Oneonta –
Art History Home Page. Oneonta, [20--]. Disponível em: http://employees.oneonta.edu/farberas/arth/ARTH214/Ambassadors_ utilizados na impressão 3D.
Home.html#anchor1506278. Acesso em: 9 maio 2022. A função do programa é
CUMMINGS, Robert. Para entender a arte. São Paulo: Ática, 2000.

51 gerar a preparação da sua


peça para a impressora 3D.
Disponível em: https://3dlab.
com.br/cura-3d-ultimaker/.
Um primeiro esforço que todos devem fazer
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24-AV1.indd 51 PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS 14/07/22 11:53
Acesso em: 12 jul. 2022.
quando existem estudantes cegos ou com pouca
Olho vivo (continuação)
visão na sala de aula é procurar apresentar o
A seguir estão algumas ferramentas que
conteúdo da forma mais descritiva possível.
podem ajudar a organizar materiais para estu-
Para estudantes com capacidade de leitura
dantes cegos ou de baixa visão, de maneira
em braille, uma opção são os recursos ponti-
que eles possam desfrutar e compreender
lhados. No entanto, existem estudantes que,
imagens e textos.
por diversas razões, não adquiriram ainda um
bom desenvolvimento no braille. Nesses casos, • Fundação Dorina Nowill: a fundação
existem recursos em texturas, relevo e em 3D. ensina como fazer descrição de imagens
51

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 6: trabalhadas com os
estudantes ao propor analisar e pro-
blematizar a atuação das mulheres na
A vida das mulheres durante a Reforma
sociedade da época, compreendendo A Reforma Religiosa trouxe mudanças importantes na vida das mulheres na Europa. A
as particularidades existentes. organização das novas religiões cristãs provocou o fortalecimento das hierarquias sociais entre
• CEH 1 e 4: abordadas ao conduzir os homens e mulheres. Muitos dos reformadores defendiam que o homem deveria exercer o
estudantes a compreender os fatos
controle sobre as mulheres da família e que elas não deveriam ter participação no espaço
históricos e as diferentes visões de
mundo no período estudado. público ou em assuntos religiosos, limitando-se à vida doméstica.
• Habilidade EF07HI05: enfocada Muitas mulheres, no entanto, desafiaram a autoridade masculina e tiveram uma parti-
quando os estudantes identificam cipação ativa na organização das Igrejas reformadas. Aproveitaram-se, principalmente, do
as mudanças proporcionadas pela estímulo que as novas doutrinas davam ao estudo, tanto para frequentar escolas como para
Reforma Protestante e os impactos
aprender os princípios dessas religiões. Essa situação era bastante incomum em regiões
ocasionados na sociedade europeia.
católicas e possibilitou maior participação social de mulheres.
Catherine Zell (c. 1497-1562) foi um exemplo de mulher que teve grande participação na
PROCEDIMENTOS disseminação das Igrejas reformadas. Ela viveu na região de Estrasburgo, que atualmente faz
DIDÁTICOS parte do território francês, onde se casou com o reformador luterano Matthieu Zell. Durante
Nesta página, a questão toda a sua vida, ajudou na propagação da fé luterana na região onde vivia.
central é a do protagonismo Assim como ela, Árgula von
BIBLIOTECA HERZOG AUGUST, ALEMANHA. HTTP://DIGLIB.HAB.DE/GEMAELDE/B-094/START.HTM?IMAGE=B-094-R

histórico das mulheres, tema Grumbach (1492-1554) se empenhou


importante que permite traba- em defender a Igreja Luterana, posi-
lhar com o TCT Cidadania e cionando-se inclusive contra a própria
Civismo, na discussão sobre família. Catarina de Bora (1499-1552)
a educação para os direitos envolveu-se em debates teológicos
humanos. importantes durante a Reforma e
Comente com os estudantes
ajudou seu marido, Martinho Lutero, a
que muitas mulheres desafiaram
questionar o poder da Igreja Católica.
a autoridade masculina e tiveram
Rachel Specht, calvinista inglesa,
participação ativa na organização
teve uma postura ainda mais radical.
das Igrejas reformadas. Analise
Além dos estudos bíblicos, escrevia
em detalhes os exemplos citados
poesias e assinava seu nome, não
no Livro do Estudante, como
usava pseudônimo. Segundo ela, “se
os de Catherine Zell (c. 1497-
1562), Árgula von Grumbach Deus concedeu corpo, alma e espí-
(1492-1554), Catarina de Bora rito às mulheres, por que Ele daria
(1499-1552) e Rachel Specht, todos esses talentos, se não para
refletindo sobre como muitas serem usados? Não usá-los seria uma
vezes a narrativa histórica apagou irresponsabilidade”.
as trajetórias das mulheres.
Retrato de Catarina de Bora,
Destaque a importância Lucas Cranach, o Velho.
desse resgate, fomentando Óleo sobre tela, 1526.
nos estudantes atitudes de
empatia histórica, respeito 52
e de repúdio a quaisquer
formas de preconceito e dis-
criminação, desenvolvendo, Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24-AV1.indd 52 outras mulheres. Lembre-os de que essa pessoa 14/07/22 11:53

assim, a Competência Geral Pensando o protagonismo pode ser uma mulher da região que se desta-
9. Aproveite para perguntar: atu- feminino na história que por sua atuação social, política, artística,
almente existe um apagamento Organize a turma em grupos e solicite que científica etc.
da presença da mulher na socie- escolham uma figura feminina do Brasil con- Ao mostrar as possibilidades de protagonismo
dade? A atividade complementar temporâneo que considerem um exemplo feminino, essa atividade propicia a discussão
a seguir auxilia na reflexão sobre de protagonismo das mulheres. Cada grupo sobre projeto de vida, trazendo exemplos de
o tema. escolhe uma personagem, para a qual se atuação social que inspiram os estudantes a
deve criar um cartaz ou um site com sua bio- pensar seu lugar como protagonistas capazes
grafia, destacando como ela pode inspirar de intervir na comunidade em que vivem.
52

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
LIVROS: A IMPRENSA DE GUTENBERG Discuta com a turma a impor-
tância das publicações de
Durante a Idade Média, o processo de produção de um Gutenberg, principalmente a
Pergaminho: pele de
livro na Europa envolvia dois tipos de profissionais, além do animal – em geral de cabra, velocidade das impressões e a
autor: os copistas, que copiavam o texto original à mão em um carneiro, ovelha ou cordeiro autonomia em relação à Igreja.
– preparada para ser usada
pergaminho, e os iluminadores, artesãos especializados que como suporte para a escrita. Comente com eles que a maior
ilustravam o manuscrito com imagens (iluminuras). parte da população europeia da
Em meados do século XV, Johannes Gutenberg, nascido na cidade de Mainz, que época era analfabeta, porém
atualmente pertence à Alemanha, aprimorou os tipos móveis de impressão, que haviam esses textos chegavam a um
sido inventados na China durante o século XI e adotados em diversas partes da Ásia. Nessa maior número de pessoas, pois
técnica, as letras do alfabeto eram moldadas em pequenos blocos de chumbo (os tipos), era comum a prática da leitura
que, colocados lado a lado, compunham palavras e frases. em voz alta em espaços públicos.
Entre 1455 e 1456, o primeiro livro impresso na Europa, a Bíblia, saiu das prensas de Se considerar pertinente,
Gutenberg. A partir de então, a imprensa tornou possível, com menores custos, a rápida explore a questão do anal-
reprodução de livros, que passaram a ser vendidos em livrarias, feiras e mercados. fabetismo e destaque que a
Os temas impressos eram muito variados: de orações e vida de santos a romances, his- compreensão da educação como
tórias de cavalaria, trovas etc. direito é recente. Converse sobre

BRIDGEMAN IMAGES/EASYPIX BRASIL


Com a difusão da imprensa, a importância da literacia para
o conhecimento e os ideais o desenvolvimento humano nas
humanistas também se torna-
sociedades ocidentais, nas quais o
conhecimento é transmitido majo-
ram cada vez mais acessíveis
ritariamente por meio da escrita.
não só aos estudiosos, mas aos
É fundamental que os estudantes
burgueses em geral.
compreendam o direito à edu-
A imprensa teve um papel
cação como parte do direito à
importante na divulgação das
cidadania, assumindo-o como
ideias de Lutero. Milhares de
fator de primeira necessidade
folhetos, alguns com gra-
para a inserção social.
vuras, foram publicados em
defesa da Reforma. Esse tipo
de divulgação, que aliava o
texto à imagem, alcançou e
influenciou grande número
de pessoas.

Representação da tecnologia
da imprensa desenvolvida
por Gutenberg, autoria
desconhecida, c. 1568.

53
Combine com a turma a data
de apresentação das pesquisas.
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24.indd 53 Eles deverão buscar em sites, jornais27/06/22
ou revis-
11:42 No dia marcado, organize uma
O tema da invenção dos tipos móveis de tas os nomes dos livros e autores mais vendidos roda de conversa com os estu-
impressão e o das publicações produzidas no Brasil no mês ou ano pesquisado. De posse dantes para debater sobre como
no período permitem trabalhar com análises dessas informações, peça-lhes que identifiquem os livros/gêneros mais vendidos
das produções contemporâneas. Explique aos os gêneros literários das obras mais vendidas. no país refletem (ou não) o con-
estudantes que as produções editoriais dizem Poderão ser citados livros de ficção (aventura, texto brasileiro atual. A avaliação
respeito aos hábitos de consumo dos leitores. policial, romance etc.) ou não ficção (livros da atividade precisa ser contínua
Após essa explicação, proponha uma ativi- de áreas específicas, biografias, livros técni- e atenta aos aspectos de partici-
dade de pesquisa e de análise de dados sobre cos, entre outros). Também devem analisar se pação, interesse e colaboração
o mercado editorial brasileiro. existe diferença entre impressos e eletrônicos. da turma.
53

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 6: abordadas ao contex-
tualizar para os estudantes as mu-
danças ocasionadas pela Reforma IMPACTOS POLÍTICOS E ECONÔMICOS DA REFORMA
nos setores políticos e econômicos. A Reforma Protestante trouxe importantes mudanças culturais, criando novas práticas
• CEH 1 e 2: trabalhadas ao fazer com religiosas dentro da cristandade. Mas também transformou outros aspectos da vida em
que os estudantes elaborem reflexões
e apontamentos sobre os impactos sociedade.
ocasionados pela Reforma. Do ponto de vista político, as religiões protestantes reduziram a influência do papa e
• Habilidade EF07HI05: enfocada das demais autoridades católicas em muitas regiões da Europa. Com isso, governantes de
quando os estudantes analisam as territórios que se converteram ao protestantismo apossaram-se de propriedades da Igreja
particularidades da Reforma Protes- e passaram a impor sua autoridade sem a antiga interferência da instituição, fortalecendo
tante nos setores político e econômico
da sociedade europeia. seus poderes.
Outro efeito político importante da Reforma foi a eclosão de revoltas populares, como
o movimento dos anabatistas em regiões da atual Alemanha. Camponeses passaram a
PROCEDIMENTOS seguir líderes religiosos que defendiam propostas de transformação radical da sociedade,
DIDÁTICOS visando acabar com as desigualdades.
Peça aos estudantes que Essas ideias ameaçavam o poder
GRANGER/EASYPIX BRASIL

levantem hipóteses a res- de autoridades que apoiavam as reli-


peito de como as reformas giões reformadas, e por isso foram
teriam prejudicado o poder da duramente reprimidas. O próprio
Igreja Católica. Espera-se que, Lutero condenou a radicalização
nas respostas, eles reconheçam dos camponeses, posicionando-se
que as reformas quebraram a ao lado da nobreza germânica.
hegemonia da Igreja Católica
Do ponto de vista econômico,
na Europa. A turma pode men-
houve a valorização do modo de
cionar o fato de que as pessoas
vida burguês pelos líderes das reli-
começaram a questionar as prá-
giões reformadas. Diferentemente
ticas da Igreja, a diminuição de
do catolicismo, que condenava o
fiéis, bem como a redução do
lucro e o enriquecimento pessoal, as
dízimo e da influên­cia da auto-
religiões protestantes interpretavam
ridade clerical.
Ressalte as consequências nos o acúmulo de riquezas de maneira
setores social, político, econô- positiva e reforçavam a ética do
mico e cultural, explicando que trabalho. Isso contribuiu para o
essas transformações foram desenvolvimento das atividades
determinantes para alterar os econômicas em territórios converti-
hábitos e costumes da sociedade dos ao protestantismo.
europeia. Destacam-se a criação
de novas práticas religiosas na Representação da execução
de líderes do movimento dos
cristandade; a diminuição da anabatistas, autoria
influência do papa e de autorida- desconhecida, século XVI.
des sacerdotais; a intensificação
54
de revoltas populares e a valori-
zação, por parte de lideranças
religiosas, do modo de vida
burguês. AMPLIAR HORIZONTES
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• VEIGA, Luiz Maria. A Reforma Protestante. São Paulo: Ática, 2004.


O livro aborda as características principais da Reforma de Lutero, com linguagem adaptada para a faixa etária.
• CHARTIER, Roger. Leituras e leitores na França do Antigo Regime. São Paulo: Unesp, 2004.
O livro demonstra que a cultura escrita também influencia quem não produz nem lê textos, mas de alguma
forma interage com eles.

54

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A reação da Igreja Católica: a Contrarreforma Peça à turma que descreva
as principais características e
As reformas religiosas espalharam-se pela Europa, e o protestantismo ganhou novos
medidas da Companhia de
seguidores, abalando ainda mais as estruturas da Igreja Católica.
Jesus e que pontue os dogmas
Diante do avanço das ideias protestantes, a Igreja Católica respondeu com a
tradicionais da Igreja Católica
Contrarreforma, movimento que reviu valores e princípios e reafirmou os dogmas tradi-
reforçados pela Contrarreforma
cionais católicos, muitos dos quais eram questionados pelos protestantes.
após serem questionados pelos
Entre as ações adotadas para se reaproximar dos fiéis, a Igreja reformou antigas ordens protestantes. Relacione a criação
religiosas e criou novas congregações. Uma delas foi a Companhia de Jesus, fundada dessa congregação às reformas
pelo nobre Inácio de Loyola (1491-1556), nascido na região da atual Espanha. Os religiosos e sinalize aos estudantes que
da Companhia de Jesus, conhecidos como jesuítas, tiveram papel relevante na difusão do se tratava de uma instituição
cristianismo na Ásia, na África e na América. voltada a atrair novos fiéis, subs-
A adoção da Inquisição como forma de perseguir e punir acusados de heresia, como tituindo os que romperam com
estudamos no capítulo 1, também reforçou o conjunto de medidas da Contrarreforma. a Igreja em prol das novas deno-
Entre os alvos da Igreja estavam pensadores cujas obras constavam no Index Librorum minações protestantes.
Prohibitorum, a lista de livros proibidos pela Igreja Católica. Retome o conteúdo do
capítulo 1, na página 27, que
ROGER VIOLLET COLLECTION/GETTY IMAGES

apresenta a criação do Tribunal


do Santo Ofício. Esclareça que
se tratava de um dispositivo
de reforço do poder da Igreja
Católica depois das reformas. É
possível, ainda, pedir aos estu-
dantes que façam uma pesquisa
sobre os pensadores citados no
Index Librorum Proibitorum e
que foram perseguidos pela
Igreja por serem contrários aos
dogmas e valores católicos.

Pintura que representa Inácio de Loyola e o papa Paulo III, autoria desconhecida, 1534.

55

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24.indd 55 as lições de Cicero. Como o seu propósito
27/06/22 11:42

era o de ensinar moral “por exemplos”, a


Do Renascimento à Ilustração exatidão do que narravam resultava, pa-
Até alguns anos atrás, era habitual ra eles, como coisa secundária, contanto
referir-se à historiografia escrita pelos que a lição a tirar fosse correta. A maior
humanistas italianos em termos mera- novidade teria sido a de deixar de enten-
mente culturais. der o curso da história como resultado da
Seu mérito teria consistido em fazer ação da providência [...].
da História um gênero literário indepen- FONTANA, Josep. História: análise do passado e
dente, ainda que eles se contentassem em projeto social. Bauru: EDUSC, 1998. p. 41.
imitar a Salúsio e a Tito Lívio, e a seguir
55

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2 e 7: abordadas ao fazer com
que os estudantes identifiquem, por
meio do estudo de caso, ações parti-
culares do mecenas Solimão I. ENQUAN TO ISSO...
• CEH 1, 3 e 4: enfatizadas na análise do
caso do mecenas-sultão Solimão I e no UM SULTÃO MECENAS
convite aos estudantes para elaborar
argumentos e compreender o contexto Na Península Itálica, o papa e alguns banqueiros e comerciantes ricos patrocinavam o
histórico do período, identificando as trabalho de Michelangelo, Leonardo da Vinci, Rafael e outros artistas. No Império Turco-
características do reinado do sultão. -Otomano, o grande mecenas era o sultão Solimão I, o Magnífico (1494-1566).
• Habilidade EF07HI05: enfocada na À frente do reino, que tinha sede em Constantinopla, na região atualmente conhe-
compreensão do papel dos mecenas
cida como Turquia, Solimão incentivou e financiou a construção de mesquitas e edifícios
na sociedade europeia do período,
analisando características e aconte- públicos (escolas, hospitais, mercados etc.) por todo o império, contribuindo para a difu-
cimentos variados. são da cultura otomana.

WORLD HISTORY ARCHIVE/ALAMY/FOTOARENA


Uma dessas construções, a
PROCEDIMENTOS Mesquita de Solimão, é
a segunda mais impor-
DIDÁTICOS
tante de Istambul (antiga
Enquanto isso... Constantinopla).
Para contextualizar o tema, Em seu afã de pro-
apresente informações a respeito mover as artes e a cultura
do Império Turco-Otomano,
otomana, Solimão também
cuja duração foi de 1299 a
patrocinou ourives, tapecei-
1923. Oriundo do sultanato
ros, pintores e poetas. A arte
muçulmano, esse império se
dos manuscritos ilustrados
desenvolveu no continente asiá­
tico, na atual Turquia, tendo se recebeu igualmente seu
expandido para o sul da Europa, incentivo, assim como duas
norte da África, Oriente Médio das maiores expressões artís-
e sudeste da Ásia. ticas dos turcos: a cerâmica
Peça aos estudantes que e os azulejos decorativos.
retomem a concepção de Por tudo isso, o longo
mecenas e observem o investi- reinado de Solimão I, entre
mento e o desenvolvimento 1520 e 1566, é conhecido
científico e cultural em outras como Idade de Ouro da
regiões do globo, para além da civilização otomana.
Europa. A fim de valorizar essa pro-
dução artística pouco conhecida Miniatura de manuscrito
do Ocidente, explore com a turma ilustrado de 1561 que
representa Solimão I, o
a imagem apresentada na página. Magnífico, que marcha com
Aproveite o tema para trabalhar a seu exército em Nakhichevan
questão da simultaneidade, ques- (atual Azerbaijão), em 1554.
tionando o olhar eurocêntrico e
discutindo como, nesse mesmo
56
período, transformações impor-
tantes estavam acontecendo em
diferentes partes do globo. e Kanuni, o Legislador, para seus
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24-AV1.indd 56 súditos –, de Salomão, o sábio rei dos hebreus – e os 14/07/22 11:53

eles conquistaram Budapeste, capital da atu- otomanos diziam que ele fazia jus ao no-
Texto complementar al Hungria, e chegaram às portas de Viena me. Era um homem pequeno e magro – o
Suleiman no que hoje é a Áustria. [...] oposto do sultão de caricatura –, mas a
No domingo, 30 de setem- Assim que se tornou sultão, Suleiman fragilidade era enganadora: o rosto expri-
bro de 1520, Suleiman foi mandou libertar 1 500 pessoas encarceradas mia um rigor que nunca o abandonou [...].
entronizado sultão do Império por ordem do pai [dele]. O povo comentou:
SOUZA, Pedro de. A saga do sultão Suleiman,
Otomano, na capital, Cons- “Uma ovelha mansa está no lugar do leão o Magnífico. Superinteressante, São Paulo, 28
tantinopla, hoje Istambul. [...] feroz”. [...] Ao conquistar a fortaleza cris- set. 2018. Disponível em: https://super.abril.com.
Conduzidos por Suleiman – o tã de Rodes, autorizou seus defensores a br/historia/a-saga-do-sultao-suleiman/. Acesso
Magnífico, para os ocidentais, partir, sem lhes fazer mal. Suleiman vinha em: 18 maio 2022.
56

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Retome com a turma os
ESQUEM A-RE SUMO principais assuntos aborda-
dos no capítulo. Entre outros, o
CAPÍTULO 2 objetivo desse resumo é iden-
tificar fragilidades no processo
RENASCIMENTO E REFORMA de construção do conheci-
mento e, por intermédio dessa
constatação, possibilitar a
Entre 1400 e 1600: grandes transformações na Europa recuperação de conhecimen-
tos que, por algum motivo,
foram pouco apreendidos.
Oralmente, acompanhe com os
HUMANISMO: RETOMADA DAS IDEIAS E DA CULTURA DA
ANTIGUIDADE GRECO-ROMANA
estudantes os tópicos elencados
na seção e observe se eles são
de domínio da turma. Ao final
dos tópicos, pergunte se alguém
sugeriria outros elementos para
Artes Ciência Educação Religião somar aos apresentados pelo
livro. Registre as sugestões na
lousa, valorizando essa reflexão.
Interesse por Questionamento de
Renovação do
Mecenato várias áreas do práticas da Igreja
sistema educacional
conhecimento Católica

AMPLIAR HORIZONTES
Desenvolvimento Aperfeiçoamento Criação de
Reforma • LE GOFF, Jacques. Os inte-
de novas técnicas em várias áreas instituições laicas lectuais na Idade Média.
artísticas do conhecimento e do
(Renascimento saber (Renascimento Rio de Janeiro: José Olympio,
artístico) científico) • Contrarreforma 2003.
A obra enfoca aspectos da
• Heliocentrismo modernidade de um período con-
• Protestantismo
siderado obscuro. O historiador
lembra que o livro, as universi-
dades, as cidades, o relógio, a
tortura, a razão de Estado, entre
outros, são invenções medievais
cultivadas na era contemporânea.
• QUATAERT, Donald. O Impé-
Com base nas informações do esquema e na leitura do capítulo, escreva um pequeno texto sobre
as transformações culturais ocorridas na Europa entre 1400 e 1600 e relacione-as ao movimento da rio Otomano: das origens ao
Reforma Protestante. século XX. São Paulo: Edições
Entre 1400 e 1600, a Europa passou por profundas mudanças: as cidades cresceram, o
comércio ampliou-se, o poder dos senhores feudais enfraqueceu-se. Surgiu o movimento humanista, que recuperou
70, 2008.
os conhecimentos da Antiguidade e expandiu a busca do saber em várias áreas. A Igreja enfraqueceu-se e surgiram
57 A obra aborda o longo período
questionamentos à sua conduta que culminaram na Reforma Protestante.
de formação e existência do Im-
pério Otomano, de forma clara e
concisa, possibilitando reflexão e
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24.indd 57 27/06/22 11:42 conhecimento sobre essa temáti-
ca pouco estudada no Brasil.

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1 e 5: enfocadas na análise das
diferentes ideias sobre o significado e
função da religiosidade, suas causas e
consequências no tempo e no espaço.
AT IV IDADE S NÃO ESCREVA
NO LIVRO.

• CEH 2 e 4: abordadas à medida que


1. Os humanistas promoveram mudanças profundas no ensino. Essas mudanças estavam
os estudantes são encorajados a cons-
relacionadas às transformações que a sociedade da época vivia em razão do cresci-
truir argumentos e comparações sobre
mento das cidades e da ampliação do comércio. Por que os humanistas acreditavam
o conteúdo estudado no capítulo.
que era preciso mudar o que era ensinado nas universidades?
• Habilidades EF07HI04 e EF07HI05: Consulte resposta esperada e comentários adicionais nas Orientações didáticas.
enfocadas quando os estudantes 2. No século XVI, o astrônomo Nicolau Copérnico rejeitou a teoria geocêntrica vigente
problematizam as diferenças e seme- na Idade Média e propôs a teoria heliocêntrica. Explique qual é a diferença entre
lhanças entre os fatos históricos e a as duas teorias. A teoria geocêntrica defendia que a Terra era o centro do Universo, com o Sol e outros astros
girando ao seu redor; a teoria heliocêntrica defendia que a Terra girava em torno do Sol.
sociedade em que vivem. 3. Na gravura representada a seguir, aponte três detalhes que evidenciam que o autor
faz uma crítica à Igreja Católica.
PROCEDIMENTOS AKG-IMAGES/ALBUM/FOTOARENA
Consulte resposta esperada
DIDÁTICOS e comentários adicionais
nas Orientações
didáticas.
Atividades
1. Os humanistas queriam superar Um pastor
protestante (à
a tradição espiritual medieval, esquerda) e um padre
com base nos dogmas católi- católico (à direita)
pregam aos fiéis,
cos, e retomar o pensamento autoria desconhecida.
e a arte dos antigos gregos Gravura, 1529.
e romanos, fortalecendo o 4. Confira novamente a gravura da página 53, que representa uma oficina de impres-
estudo sobre filósofos, cientis- são e o uso de tipos móveis na produção de livros. Com base na leitura do texto
tas e autores da Antiguidade, Livros: a imprensa de Gutenberg e nos seus conhecimentos históricos, responda:
Consulte comentários nas
a fim de formar profissionais a) Como os livros eram produzidos antes da invenção da imprensa? Orientações didáticas.
capazes de cuidar dos novos b) O que mudou na produção de livros após a invenção da imprensa?
negócios da burguesia. c) Com base na leitura do texto das páginas 46 e 47, relacione a expansão das religiões pro-
3. Ao contrário do padre, o pastor testantes com o desenvolvimento da imprensa ocorrido no século XV.

usa roupas mais simples, e seu 5. Após a leitura deste capítulo, escolha um artista renascentista que chamou sua
púlpito é mais modesto, em atenção. Faça uma pesquisa e escreva uma pequena biografia desse artista. (Na
oposição à opulência do outro seção Como se faz…, há orientações sobre como fazer uma biografia.)
Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
sacerdote. A imagem procura 6. Os humanistas tinham um interesse muito grande pelo saber; alguns, inclusive, des-
evidenciar que o pastor prega tacaram-se em mais de uma área do conhecimento. Leonardo da Vinci, por exemplo,
amparado pela Bíblia que tem foi pintor, cientista, matemático, inventor, entre outras atividades. Isso revela a
em mãos, diferentemente do capacidade dessas pessoas de estarem abertas a novas experiências.
padre, representado sem o Você se considera aberto a novas experiências, interessado em descobrir ou fazer
livro sagrado. Os fiéis protes- algo que nunca fez? Ou evita ousar e prefere seguir por caminhos já conhecidos?
tantes consultam a Bíblia, já os Reflita sobre a questão e responda com um exemplo pessoal.
Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
fiéis católicos parecem estar
58
repetindo mecanicamente as
orações do terço.
4. a) Os livros eram manuscritos. c) A imprensa contribuiu para58a proliferação etc. Questione: quando você fez uma coisa
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Uma pessoa escrevia e dos textos protestantes, atingindo um pela primeira vez? O que era e quando foi?
outra ilustrava o livro com grande público e, com isso, convertendo As respostas podem ser simples, como ir à
iluminuras. O original era numerosos fiéis às Igrejas reformadas. escola por um caminho novo; ler a parte
copiado manualmente e com 5. Destaque a importância de pesquisar em final de um livro antes de ler o início etc.
frequên­cia ocorriam erros de fontes confiáveis e buscar as informações Essa atividade mobiliza a habilidade socioe-
uma cópia para outra. em mais de uma fonte. mocional de abertura ao novo, que
b) Os livros deixaram de ser 6. Incentive os estudantes a refletir sobre suas envolve a imaginação, a curiosidade para
copiados manualmente, práticas e condutas em relação ao “novo” no aprender e pesquisar, e a capacidade de se
agilizando sua produção. espaço familiar, escolar, religioso, esportivo adaptar às mudanças. Para aprofundar os
58

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que adotavam uma religião oficial
no período das reformas.
Aborde o tempo presente,
7. Os dois documentos a seguir tratam das ideias de Galileu em defesa do modelo he-
liocêntrico do Universo. O primeiro documento é o trecho de uma carta de Galileu,
indicando que os Estados demo-
e o segundo é um fragmento de uma carta do cardeal Bellarmino a respeito das cráticos são caracterizados pela
ideias de Galileu. Leia atentamente os textos e responda ao que se pede. laicidade, isto é, não são vincu-
7. a) Ele afirmava que era incorreto acusar uma ideia de herética enquanto não fosse certo
e demonstrado que a ideia era falsa. Assim, ele defendia o modelo heliocêntrico, afirmando
lados a nenhuma religião em
Documento 1 que ele só poderia ser uma tese herética caso a Igreja demonstrasse o erro desse modelo. especial. Durante a discussão com
Em suma, se não é possível que uma conclusão seja declarada herética enquanto os estudantes, pontue a defini-
se duvida se ela pode ser verdadeira, vã deverá ser a fadiga daqueles que pretendem ção e as características do Estado
condenar a mobilidade da Terra e a estabilidade do Sol se primeiro não demonstram
laico. Essa temática permite tra-
que ela é impossível e falsa.
balhar com o TCT Cidadania e
BROLLO, Ana Paula. Galileu Galilei: carta à senhora Cristina de Lorena, grã-duquesa de Toscana.
Dissertação (Mestrado em História da Ciência) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, Civismo, pela abordagem da
2006. p. 42. Disponível em: https://sapientia.pucsp.br/bitstream/handle/13353/1/HCS%20-%20Ana%20 Educação em Direitos Humanos,
Paula%20Brollo.pdf. Acesso em: 9 maio 2022.
7. b) Bellarmino discordava da tese de Galileu, afirmando que não existiam fomentando a empatia, o respeito
demonstrações de que o Sol estivesse no centro do Universo e de que a Terra girava em
torno do astro. Esse tipo de crítica fundamentou a recusa da Igreja em aceitar o modelo
e o repúdio a quaisquer formas
Documento 2
heliocêntrico durante a vida de Galileu. de preconceito ou discriminação
[...] Digo que quando fosse verdadeira a demonstração de que o Sol está no centro
(Competência Geral 9).
do mundo e a Terra no terceiro céu e de que o Sol não circunda a Terra, mas a Terra
circunda o Sol, então seria preciso tentar com muito cuidado explicar as Escrituras Atividades
que parecem contrárias, e dizer que não as entendemos ao invés de dizer que seja
falso aquilo que se demonstra. Mas não crerei que há tal demonstração até que me
1. Destaque que, apesar de o
seja mostrada. [...] governo brasileiro ser laico e
BELLARMINO, 1928 apud MARICONDA, Pablo Rubén. O diálogo de Galileu e a condenação. Cad. Hist.
a Constituição Federal garantir
Fil. Ci., Campinas, série 3, v. 10, n. 1, p. 77-160, jan./jun. 2000. p. 123. Disponível em: https://www.cle. (no artigo 5o) a liberdade de
unicamp.br/eprints/index.php/cadernos/article/download/631/509/1198. Acesso em: 9 maio 2022.
crença, assegurando inclusive
a) O que Galileu afirmava a respeito daqueles que consideravam suas teses heréticas?
o direito do cidadão de não
b) O cardeal Bellarmino concordava com as teses de Galileu? Justifique sua resposta.
ter religião, ainda existem prá-
ticas de intolerância religiosa
VAMOS FALAR SOBRE... TERRITÓRIO E GOVERNO
no país e muitas vezes nos
Após a Reforma Protestante, surgiram vários confrontos na Europa entre católicos e próprios governos. Esclareça
protestantes. Muitos desses confrontos tiveram a participação dos governos locais. Diante que um dos papéis do Estado
disso, diferentes pensadores passaram a defender que os governos não tivessem uma reli- (em suas várias instâncias)
gião oficial, como forma de garantir o direito de todos e evitar perseguições. Lentamente, deve ser agir para combater
isso fez nascer a ideia de que apenas um governo laico, sem uma religião oficial, poderia esse tipo de situação, criando
proteger a liberdade religiosa. leis e adotando medidas para
Respostas pessoais. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas. conscientizar e proteger todos
1. Em seu entendimento, atualmente temos um governo que protege a liberdade os cidadãos.
religiosa de todos os cidadãos? Por quê?
2. Sinalize que a sociedade
2. Você acredita que ainda existam perseguições religiosas? Em caso positivo, como civil deve escolher políticos
evitar que isso ocorra? Justifique sua resposta. comprometidos com valores
59 como a laicidade do Estado e
a pluralidade religiosa, adotar
posturas de respeito e tolerân-
cia em relação aos praticantes
próprios conhecimentos, assista ao vídeo com
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24-AV2.indd 59 PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS 14/07/22 19:29

Laura Dusi, especialista em design thinking, de todas as religiões e defen-


publicado no canal do Instituto Ayrton Senna Vamos falar sobre... Território e der a liberdade de culto e
(disponível em: https://www.youtube.com/ governo crença como um direito social
watch?v=5DH1EReeOXk. Acesso em: 27 A proposta é estimular uma reflexão sobre irrestrito. Acrescente que é
maio 2022). a importância da liberdade religiosa no pre- papel de todos, individual-
sente e o papel do Estado na garantia desse mente e como participantes
direito. Retome o contexto de perseguições de grupos sociais diversos,
religiosas na Europa e estabeleça relações disseminar e praticar uma
entre os conflitos e a existência de governos cultura de respeito e paz.
59

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 6 e 7: trabalhadas
quando os estudantes comparam as
relações entre diferentes sociedades
humanas, os espaços em que vivem FE CH ANDO A UNIDADE
e as causas e consequências de suas
ações nesses territórios, tendo diver- TERRAS INDÍGENAS
sos tipos de documentos como fontes
Em diversos lugares do mundo, diferentes povos ou grupos
para a defesa de ideias que visem ao Demarcação: neste
bem comum. sociais disputam o controle de territórios. No Brasil, por exemplo, caso, diz respeito à
• CEH 1, 3 e 5: abordadas na análise das povos indígenas reivindicam do governo a demarcação de suas delimitação de áreas
destinadas à moradia
relações de poder estabelecidas entre terras em reservas indígenas protegidas por lei. Os documen- e à subsistência dos
os povos e seus espaços de vivência tos a seguir abordam esse assunto. povos indígenas.
e no convite ao questionamento de Reserva indígena:
O primeiro é o trecho de uma reportagem que trata da área destinada à
fontes como forma de construção de
argumentos e reconhecimento do ou- importância da demarcação de terras para os povos indígenas. ocupação de povos
indígenas. Garantida
tro em suas diferenças e necessidades. O segundo é uma fotografia de 2022 que mostra o drama dos pela Constituição
• Habilidade EF07HI12: enfocada no povos pataxó e pataxó hã-hã-hãe de São João das Bicas (MG). Federal de 1988, a
estudo sobre a distribuição territorial reserva deve conter
As comunidades indígenas dessa localidade foram alagadas e recursos capazes
da população brasileira e sua impor-
tiveram suas águas contaminadas pelos dejetos lançados após de assegurar a
tância para o respeito à diversidade subsistência e a
étnica do país. o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), em 2019. reprodução da cultura
Analise os documentos com atenção e responda ao que dos grupos indígenas
que nela vivem.
se pede.
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Documento 1: Reportagem especial sobre demarcação de terras
Fechando a unidade
As terras indígenas são porções do território brasileiro habitadas por povos indígenas.
A seção permite que os estu- Essas estão diretamente relacionadas à garantia da reprodução física, econômica, social
dantes ampliem a noção de e cultural destes grupos, de acordo com seus costumes, tradições e usos.
território para além de defini- [...]
ções político-administrativas, As terras são o suporte da cultura e do modo de vida das 305 etnias indígenas. Elas
considerando os espaços que são fundamentais para a reprodução física e cultural desses grupos, para a manutenção
de seus modos de vida tradicionais, seus saberes e suas expressões culturais, as quais
utilizam cotidianamente: a comu-
fazem parte do patrimônio cultural brasileiro.
nidade, o bairro, a cidade, as Terra indígena demarcada significa a garantia da diversidade cultural e étnica,
ocupações, as festas comunitá- assim como a proteção ao patrimônio histórico e cultural brasileiro – o que caracteriza
rias e religiosas, o comércio, os um dever da União e das Unidades Federadas, conforme disposto no Art. 24, inciso VII
parques etc. O objetivo é que da Constituição. A demarcação das terras indígenas ainda garante a proteção do meio
eles reflitam sobre as relações ambiente e da biodiversidade, o que também é um direito constitucional prescrito pelo
art. 225 da Constituição.
entre território e meio natural,
Ter seus territórios demarcados é um direito que os povos indígenas conquistaram
identificando os impactos que após muitos anos de lutas e resistências. [...]
o meio ambiente e a paisagem
CHAGAS, Inara; SILVEIRA, Matheus; FERREIRA, Rebeca A. A. de Campos.
têm sobre a organização social. Terras indígenas: como são demarcadas. Politize!, Florianópolis, 27 jun. 2018.
Disponível em: https://www.politize.com.br/demarcacao-de-terras-indigenas/.
Explore as atividades por uma Acesso em: 5 maio. 2022.
perspectiva interdisciplinar
entre História e Geografia, 60
evidenciando as múltiplas rela-
ções que se estabelecem entre
as sociedades humanas e os D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24.indd 60 27/06/22 11:42

espaços nos quais elas cons-


tituem seus territórios. Vale
lembrar que nem toda sociedade
se relaciona da mesma forma
com a paisagem. Os povos indí-
genas, por exemplo, estabelecem
relações muito diferentes com o
meio em que vivem, em com-
paração com os não indígenas.
60

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que os indígenas
podem ter sua sobrevivência física e cultural ameaçada, uma vez que a Fechando a unidade
Documento 2: Fotografia contaminação por metal pesado provoca doenças graves, além de impedir a
Consulte comentários nas Orientações didáticas. realização de atividades tradicionais como a caça, a pesca e a agricultura. Atividades

WASHINGTON ALVES/REUTERS/FOTOARENA
1. Incentive a reflexão expondo
que, para os indígenas, o ter-
ritório é todo o espaço onde
caçam, pescam, coletam e
praticam a agricultura. A terra
para eles não simboliza lucro,
mas representa seu meio de
sobrevivência. Recorde à
turma que o artigo 231 da
Constituição brasileira enfatiza
que cabe ao governo federal
“proteger e fazer respeitar”
todos os bens dos povos
indígenas. No seu artigo 225,
a Constituição garante que
Indígenas pataxó e pataxó hã-hã-hãe, da aldeia Naô Xohã, protestam por novas terras em todos têm direito a um meio
São João das Bicas (MG), 2022. Os territórios ocupados por esses povos foram alagados ambiente ecologicamente
pelas chuvas de janeiro, evento que carregou água contaminada do Rio Paraopeba para equilibrado, cabendo ao
a região onde viviam. O rio havia sido contaminado por metais pesados após a ruptura da
barragem de Brumadinho (MG), em 2019. Poder Público e à coletivi-
2. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes apontem que esse tipo de ação ajuda a chamar a atenção da opinião dade o dever de defendê-lo
pública para os problemas que determinado grupo enfrenta, o que pode resultar em medidas do governo para resolvê-los.
1. Em seu entendimento, que problemas os indígenas da aldeia Naô Xohã podem e preservá-lo.
enfrentar caso não consigam novas terras para viver? 2. É oportuno enfatizar a importân-
2. A fotografia mostra grupos indígenas fechando uma via de circulação em Minas
cia dos meios de comunicação
Gerais. Qual é a sua opinião sobre esse tipo de ação? Ela contribui para pressionar na organização de movimentos
o governo a promover mudanças e a atender às demandas sociais? Explique. sociais que lutam por mudan-
ças na sociedade, contribuindo
3. Nos últimos anos, diversos grupos indígenas criaram plataformas on-line para ex-
pressar suas reivindicações e exigir a demarcação de seus territórios. Exemplos dessa
para divulgar pautas políticas e
mobilização virtual são os sites Rede Wayuri (disponível em: www.redewayuri.org.br) expressar críticas sobre proble-
e Histórias da Tradição (disponível em: http://historiasdatradicao.org/; acessos em: mas sociais importantes.
9 maio 2022). Eles reúnem textos, imagens, vídeos e áudios que registram e divulgam 3. Oriente a turma a buscar infor-
as ideias, as lutas políticas e as tradições culturais de povos indígenas de diferentes mações que lhes permitam
locais do Brasil.
compreender os problemas
Tendo por base essa forma de mobilização de grupos indígenas, reúna-se em grupo ambientais da comunidade
e converse com os colegas sobre um problema importante da comunidade onde você
onde vivem. Aprofunde
vive. Em seguida, gravem um vídeo curto ou áudio sobre o tema, considerando que
o material será compartilhado em sites ou em redes sociais. Consulte a seção Como a reflexão em torno das
se faz... para orientações sobre como gravar um vídeo ou um áudio. relações entre o espaço e a
A proposta da atividade é que os estudantes reflitam sobre os usos políticos das tecnologias de comunicação e se constituição do território, con-
apropriem desses recursos para lidar com problemas cotidianos que envolvam o território onde vivem. 61 tribuindo também para criar
vínculos entre os estudantes
e as questões que afetam
D3-HIST-F2-2108-V7-034-061-U1-CAP2-LA-G24-AV2.indd 61 14/07/22 19:29 o seu entorno, valorizando
o protagonismo juvenil.
As informações podem ser
utilizadas para a produção do
vídeo proposto na atividade.

61

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A BNCC NA UNIDADE

Competências

2
• Gerais (CG): 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 UNIDADE
9 e 10: trabalhadas com os estudan-
tes abordando o contexto histórico
da expansão marítima, analisando as

TOLERÂNCIA
particularidades referentes ao período
e que determinaram as transforma-
ções políticas, sociais, econômicas e
culturais da América, da África e da
Europa e estimulando o sentido de
respeito ao outro e entre os estudan-
tes, à medida que entram em contato
com questões relacionadas à escra-
vidão e à exploração de indivíduos e
territórios.
• Específicas de Ciências Huma- A pessoa tolerante é aquela que,
nas (CECH): 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
mesmo tendo as próprias escolhas, res-
• Específicas de História (CEH):
1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. peita e admite outras maneiras de viver e
Habilidades pensar. Ser tolerante não significa ter de
• EF07HI02 • EF07HI03 • EF07HI06 mudar de opinião e adotar outro ponto de
• EF07HI08 • EF07HI09 • EF07HI10 vista. Assim, a tolerância garante que todos
• EF07HI13 • EF07HI15 • EF07HI17 possam se expressar livremente, sem con-
flitos e de maneira harmoniosa, desde que
Temas Contemporâneos sejam cumpridos sempre os princípios éticos
Transversais na que norteiam a vida em sociedade. Nesta
unidade unidade, estudaremos alguns momentos
• Cidadania e civismo: tema presente históricos marcados pelo conflito de ideias e
na página 71, quando leva o estudante de culturas em que a intolerância provocou
a refletir sobre o sentimento de iden- guerras e mortes.
tidade com sua comunidade; na 117,
quando apresentamos uma atividade
voltada à valorização da história pes-
soal e da comunidade. Toda a unidade
trata do respeito às diferenças, mas as A ativista paquistanesa Malala
Yousafzai, ganhadora do Prêmio
páginas 62, 63, 64, 65 e 130 têm tra- Nobel da Paz de 2014, discursa
balhos específicos; as páginas 136 e na Assembleia Mundial das
137 agregam atividades sobre a cul- Mulheres, em Tóquio, Japão.
tura dos povos indígenas da América 2019. Malala foi vítima de
perseguições e de um atentado
com relações com o presente; nas pá- por defender o direito das
ginas 138 e 139, na seção Fechando meninas à educação e pela
a unidade, há reflexões e debates so- sua luta contra a repressão de
bre a tolerância atualmente. crianças e jovens. Vive exilada
em Birmingham, na Inglaterra.
• Multiculturalismo: tema apre-
sentado na página 114 ao tratar da 62
herança cultural dos maias declarada
Patrimônio Oral e Imaterial da Huma-
nidade pela Unesco; na página 129,
em que são apresentadas as lutas por meio do candomblé e dos orixás;
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24.indd 62 na página 86, na atuais que ele considera importantes e que auxiliam na 30/06/22 12:14

pela sobrevivência das populações importância dos griôs para a preservação da cultura afri- resolução dos problemas; nas páginas 110 e 111, documen-
indígenas no México; e nas pági- cana; na página 87, ao tratar da influência dos bantos tos do passado e do presente são utilizados para refutar
nas 136 e 137, com o processo de na sociedade brasileira; na página 89, na valorização da ideias pseudocientíficas e a propagação de notícias falsas.
integração de diferentes culturas no tolerância com os povos de origem africana no Brasil. • Meio ambiente: o tema se reflete nas páginas 88 e 89,
passado servindo de pano de fundo • Ciência e Tecnologia: tema presente na página 80, com com relatos e reflexões sobre a Grande Muralha Verde da
para discutir a intolerância no presen- o estudo da recepção da arte; na página 96, na discussão África, que está sendo plantada na beira do Saara com o
te. A discussão do multiculturalismo das Grandes Navegações, quando os estudantes se infor- objetivo de evitar a degradação da terra e a desertifica-
de matrizes culturais brasileiras se mam sobre os mecanismos de orientação das navegações ção; na página 115, com o problema ambiental que levou
observa nas páginas 77, 78, 79, 80 no presente; na página 108, ao discutir a tecnologia marí- a sociedade maia ao declínio e a reflexão sobre o tema
e 81 e na cultura africana no Brasil tima, solicita-se ao estudante que reflita sobre inovações na atualidade.
62

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Texto complementar
Tolerância e religiões
O conceito de intolerân-
cia tem de ser colocado em
sua perspectiva histórica
para ganhar o seu relevo pró-
prio. Na verdade, a tolerância
surgiu historicamente como
uma luta contra a intolerân-
cia, e, como as lutas contra
as discriminações que vie-
ram depois – o movimento
negro, o movimento femi-
nista etc. –, tem uma atitude
clara de militância, mas não
é uma atitude primeira. É,
antes, uma reação contra
uma situação dada; contra a
intolerância; é a defesa de
um direito humano dos mais
sagrados; o direito à diferen-
ça. Equivale a declarar que o
intolerável mesmo é a into-
lerância. É uma reafirmação,
uma reposição do sujeito
diante da intolerância que
quer negá-lo; ao afirmar-se
contra sua negação, afirma-

CHARLY TRIBALLEAU/AFP
-se como um direito de ser o
que ele é; e nega ao intoleran-
te o direito de negá-lo.
MENEZES, Paulo. Tolerância e
religiões. In: TEIXEIRA, Faustino
(org.). O diálogo inter-religioso
como afirmação da vida. São
Paulo: Paulinas, 2007. p. 42.

63 obra individual foi a contri-


buição geral dos árabes que
constitui o próprio cerne do
Ocidente contemporâneo: a
• Saúde: na página 136, o tema é tratado ao comentar as
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24.indd 63 Texto complementar 30/06/22 12:14 percepção de que a ciência
doenças que os europeus transmitiram aos indígenas e so- pode conceder ao homem po-
licitar uma pesquisa sobre a varíola; na página 106, está A casa da sabedoria der sobre a natureza.
presente na seção Enquanto isso..., que trabalha simul- [...] Mas, se voltarmos nas páginas do [...] Averróis, filósofo-juiz
taneidade histórica no texto sobre a invenção da escova tempo, veremos que é impossível imagi- da Espanha muçulmana, ex-
de dente; na página 65, discute-se a diversidade usando, nar a civilização ocidental sem os frutos plicou a filosofia clássica ao
para isso, os hábitos alimentares; na página 101, em que da ciência árabe: a arte da álgebra de al- Ocidente e apresentou-a ao
se discutem os problemas enfrentados pelos marinheiros -Khwarizmi, os abrangentes ensinamentos pensamento racionalista.
do passado, os estudantes devem refletir sobre hábitos médicos e a filosofia de Avicena, as dura-
de higiene e alimentação adequados nos tempos atuais. LYONS, Jonathan. A casa da
douras geografia e cartografia de al-Idrisi sabedoria. Rio de Janeiro: Zahar,
[...]. Mais importante ainda do que qualquer 2011. p. 18-20.
63

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Proponha à turma uma dinâ-

O respeito às
mica para chamar a atenção para
a diversidade e trabalhar o res-
peito às diferenças. Utilizando
fitas ou giz de cores diferentes, diferenças
desenhe no chão três quadra-
dos numerados de 1 a 3 e um
grande círculo. Peça que fiquem Você já sentiu estranheza ou rejeição diante de ideias ou experiências diferentes
todos dentro do círculo e sugira das suas?
questões sobre gostos e pre-
Não é difícil encontrar pessoas com hábitos, crenças, estilos de vida, costumes
ferências, sempre com duas
e pensamentos diversos dos nossos. Como você reage diante delas?
opções, por exemplo praia ou
Em um primeiro momento, o que não se parece com o que conhecemos nos causa
montanha, inverno ou verão,
estranhamento. Isso ocorre porque tentamos compreender os fenômenos e as outras
funk ou rock, time A ou time B.
pessoas com base na nossa experiência e nos valores da sociedade em que vivemos.
Cada estudante deve ocupar o
quadrado referente à opção 1
ou 2; os indecisos ou os que CHRIsTIAn ToRREs/AP/IMAGE PLUs

gostam de ambos devem ficar


no quadrado 3.
Ao final, solicite que descre-
vam o que perceberam com essa
atividade e mostre a eles que a
diversidade é um princípio em
nossa sociedade porque sempre
existem outros modos de viver
e de pensar. Busque trabalhar
a ideia de que o respeito aos
gostos e preferências dos outros
ajuda a criar relações de recipro-
cidade e empatia, facilitando
a convivência, contribuindo
assim para o desenvolvimento
da Competência Geral 9.

AMPLIAR HORIZONTES
• ENSINAR respeito por to-
dos: guia de implementação.
Brasília, DF: Unesco, 2018. Crianças brincam em gangorras instaladas na cerca que divide o México dos Estados Unidos,
em Ciudad Juárez, México, 2019. A ideia foi desenvolvida por Ronald Rael, professor de
Disponível em: https://unes
arquitetura na Califórnia, EUA.
doc.unesco.org/ark:/48223/
pf0000261591. Acesso em: 64
20 maio 2022.
Guia com materiais de apoio pa-
ra a comunidade escolar com
sugestões para trabalhar a dis- Atividade complementar
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criminação na escola. Elaborar um slogan sobre tolerância


Peça aos estudantes que se reúnam em grupos de quatro participantes, identifiquem o
exemplo de intolerância e ao mesmo tempo de tolerância representado na imagem da página
64 e enumerem atitudes que estimulem a aceitação e a convivência pacífica. Explique que
a imagem da página 64 representa intolerância em razão do muro construído para separar
as pessoas. E, ao mesmo tempo, representa tolerância por haver adultos e crianças partici-
pando juntos da brincadeira da gangorra. Em seguida, peça a cada grupo que elabore um

64

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Atividades
1. Aproveite a oportunidade
para ampliar a reflexão
sobre a diversidade cultural
que caracteriza a sociedade.
Ressalte que a aceitação
das diferenças não implica
mudança dos próprios gostos
e hábitos.
2. Oriente a percepção dos estu-
dantes sobre a importância
das diferentes opiniões para
a formação de uma socie-
dade plural e livre, onde todos
tenham direito de se expres-
MAnoEj PAATEEL/sHUTTERsToCk.CoM sar respeitando as opiniões
Pedestres e consumidores em um mercado na cidade
de Mumbai, na Índia, 2020. divergentes.
3. A questão abre possibilidades
Conviver com as diferenças é uma condição essencial para a vida em sociedade. A de debater como atitudes de
tolerância é indispensável para a construção de um mundo mais pacífico, livre, ético e justo. desrespeito, desconsideração
Achar que apenas a nossa maneira de pensar e ver o mundo é correta gera pre- por costumes ou formas de
conceito em relação ao outro, o que muitas vezes se manifesta por meio de ofensas, vida diferentes dos nossos não
desprezo ou mesmo agressões físicas. Esses atos de intolerância perpassam as relações estão associados à tolerância,
interpessoais, como ocorre no bullying, e também se expressam em conflitos de maio- pois levam ao preconceito
res proporções, como nas guerras entre povos. e à intolerância. O texto
complementar “Tolerância e
Respostas pessoais. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
religiões”, da página 63 deste
Converse com os colegas e o professor sobre as questões a seguir.
Manual, oferece subsídios
1. Como você reage quando se depara com ideias novas e diferentes das suas? para apresentar a tolerância
Você aceita ouvir um estilo de música diferente daquele a que está acostu-
associada à luta pelo direito
mado, por exemplo? Ou se relacionar com pessoas de hábitos completamente
estranhos aos seus?
à diferença. Também pode
ser interessante solicitar que
2. Como você acha que seria o mundo se as pessoas só convivessem com os que os estudantes apresentem
pensam do mesmo modo? Explique seu ponto de vista usando situações espe-
exemplos de atitudes violentas
cíficas, por exemplo, o desenvolvimento da ciência, os hábitos alimentares.
e preconceituosas para que
3. Em seu entendimento, devemos ser tolerantes com todo tipo de posiciona- comecem a observar o que
mento? Opiniões e argumentos preconceituosos e que incitam a violência
motiva a intolerância e como
contra pessoas ou grupos devem ser tolerados? Por quê?
ela aparece na sociedade.

65

slogan de incentivo a atos de gentileza no ambiente escolar. Explique a eles que o slogan
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24.indd 65 30/06/22é12:14
uma expressão composta de uma ou
mais frases curtas ou palavras marcantes de fácil memorização.
Auxilie os estudantes a selecionar as ideias mais adequadas à proposta. Depois, organize a apresentação dos grupos e apro-
veite para motivar uma reflexão a respeito de atitudes de intolerância que podem surgir no ambiente escolar. Estimule-os a
identificar as possíveis causas dessas atitudes de intolerância e avalie a possibilidade de aprofundar esse debate envolvendo
a comunidade escolar. Esta atividade pode ser uma boa oportunidade para incentivar a observação da diversidade que configura
o ambiente escolar em que estão inseridos, desenvolvendo habilidades socioemocionais, como a tolerância, o diálogo
e a resolução de conflitos, sempre considerando o outro. Para ampliar a reflexão, realize uma exposição dos slogans para a
apreciação da comunidade escolar.

65

D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-C03-MPU-G24.indd 65 19/08/22 16:20


A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

3
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. O ISLAMISMO E OS
Habilidades
• EF07HI02 • EF07HI03
REINOS AFRICANOS
A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3 e 7: abordadas na análise OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
de fatos históricos e das transformações
decorrentes das práticas de grupos e in- • Compreender a origem da religião islâmica e seu processo de expansão.
divíduos no tempo e no espaço; e no • Conhecer alguns reinos africanos.
uso de linguagens variadas para ampa-
• Identificar o legado dos povos bantos e iorubás na sociedade brasileira.
rar a reflexão sobre os temas.
• CEH 1, 2, 4 e 5: trabalhadas fazendo
os estudantes identificarem as diferen- O islamismo é a religião que mais cresce no mundo e, de acordo com pesquisas
ças existentes entre as características recentes, hoje conta com mais de 1,8 bilhão de adeptos. Os países com o maior número
de vários povos e as influências cons-
de islâmicos encontram-se na Ásia: Indonésia, Paquistão, Índia e Bangladesh. A África
truídas ao longo do tempo.
também abriga países com grande quantidade de muçulmanos, entre eles, Nigéria, Egito,
• Habilidade EF07HI03: enfocada à
medida que se mobiliza a turma a com- Argélia e Marrocos.
preender as origens históricas e as Essas informações evidenciam a importância do islamismo para se compreender o
características das sociedades africanas. mundo contemporâneo. Além disso, a religião é um elemento importante para se analisar
tanto a história dos povos árabes como a de muitos povos africanos desde o século VII.
PROCEDIMENTOS Foi a partir desse período que a religião islâmica começou a se disseminar pelo continente
DIDÁTICOS africano e a marcar profundamente a cultura e o modo de vida de muitos povos locais.
Neste capítulo, conheceremos a origem do islamismo e como essa religião se espalhou
Antes de iniciar o trabalho
com o capítulo, pergunte aos pelo mundo. Também estudaremos as culturas iorubá e banto, que ocuparam regiões de
estudantes o que eles conhecem onde vieram muitos africanos escravizados para o Brasil.
sobre a religião islâmica e seus MD MAnIk/soPA IMAGEs/LIGHTRoCkET/GETTY IMAGEs
Fiéis muçulmanos
praticantes no Brasil, e registre celebram o fim do
jejum praticado durante
as respostas na lousa em uma o Ramadã, em frente
coluna. Depois, exiba um trecho à mesquita de Baitul
da reportagem indicada aqui Mukarram, em Daca,
Bangladesh, 2021.
na seção Ampliar horizontes,
a seguir, que aborda o cresci- O Ramadã é o evento
mento do islamismo no Brasil. que representa o
Solicite à turma que destaque período no qual Deus
revelou a Maomé as
as informações que chamaram palavras do Alcorão,
a atenção deles na reportagem segundo o islamismo.
e anote-as na lousa, ao lado da Por ser um mês
sagrado, os fiéis
primeira coluna. praticam o jejum do
Auxilie a turma na seleção de nascer ao pôr do sol.
informações que esclarecem o
crescimento do islamismo entre 66
os brasileiros, inclusive entre os
que não têm ascendência árabe.
É importante reforçar que, como AMPLIAR HORIZONTES
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24.indd 66 Atividade complementar 30/06/22 12:14

as religiões de matriz africana, Analisando a construção de mapas


• EM DEZ anos, número de muçulmanos no
o islamismo também é uma
Brasil dobra e chega a 1,5 milhão. 2017. Vídeo Aprofunde os estudos sobre o tema das
crença que sofre com precon- (8min31s). Disponível em: https://g1.globo.com/ mudanças na produção cartográfica: sele-
ceito e intolerância. Esclareça globonews/jornal-globonews-edicao-das-18/
que existem fundamentalistas video/em-dez-anos-numero-de-muculmanos- cione um mapa antigo e um mapa atual da
em quase todas as religiões e no-brasil-dobra-e-chega-a-15-milhao-5402942. mesma região, de preferência relacionada à
que a religião islâmica prega a ghtml. Acesso em: 25 jun. 2022. temática do capítulo. Peça aos estudantes
paz e a tolerância. Reportagem em vídeo sobre aspectos do islamis- que observem os mapas e faça pergun-
mo no Brasil. tas como:
66

D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-C03-MPU-G24.indd 66 19/08/22 16:20


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
NA PENÍNSULA ARÁBICA Apresente aos estudantes o
mapa da Península Arábica.
Por volta de 1200 a.C., a Península Arábica, no Oriente Chame a atenção para a sua
Península: porção de
Médio, era habitada por povos organizados em clãs e em terra com forma mais localização, na região sudoeste
tribos que viviam do pastoreio e do comércio. Entre esses povos ou menos alongada, do continente asiático (Ásia
cercada de água por
estavam os árabes, que organizavam caravanas de mercadores e todos os lados, exceto
ocidental), para os países que
chegavam até a Síria e a Palestina. Essas viagens duravam vários por um, que se une ao fazem parte de seu território
continente. (Arábia Saudita, Emirados Árabes
meses, pois era preciso atravessar o deserto, que ocupa grande Clã: grupo social
organizado com Unidos, Omã, Barein, Kuwait,
parte da região. Para isso, os árabes contavam com o camelo, base em relações de Catar e Iêmen) e para os limites
animal capaz de andar cerca de 100 quilômetros sem se alimentar parentesco, ou seja,
formado por pessoas geográficos: Iraque e Jordânia
e sem beber água. que descendem de um (ao norte), Mar Vermelho (a
Com a expansão do comércio, pequenas povoações se reu- ancestral comum.
Oásis: área isolada no
oeste) e Golfo Pérsico, Mar da
niram no deserto, principalmente nos oásis. Aos poucos, esses meio do deserto que Arábia e oceano Índico (a leste).
povoados se transformaram em cidades, para onde afluíram conta com nascentes e Informe sobre o relevo (maior
vegetação abundante.
mercadores de diversas regiões. Nesses locais, as pessoas se Os oásis eram usados parte composto de desertos
encontravam para comerciar e trocar ideias. como lugar de descanso áridos), a vegetação (desértica
das caravanas que
cruzavam o deserto. e com oásis) e a principal ati-
vidade econômica atualmente
Península Arábica (2022) (exploração do petróleo).

REnATo BAssAnI
Os mapas são recursos didá-
CHIPRE SÍRIA ticos muito importantes, pois,
LÍBANO além de auxiliarem na compre-
IRÃ ensão do conteúdo escolar, são
ISRAEL AFEGANISTÃO
IRAQUE
JORDÂNIA utilizados durante toda a vida
30° N
KUWAIT Cidade
do Kuwait
para a orientação e localização
Go
lfo PAQUISTÃO no espaço. Por isso, o trabalho

rs i
co
Manama
CATAR ÍNDIA de leitura e de interpretação de
BAREIN Doha
EGITO
Abu Dhabi mapas é fundamental em sala
Riad Mascate Trópico de Câncer
EMIRADOS
ÁRABES
de aula. Verifique as possíveis
ARÁBIA
UNIDOS Mar da dificuldades que os estudantes
Meca Arábia
SAUDITA
possam ter para compreender
Ma
rV

OMÃ
mapas, e, se diagnosticar algum
erm

OCEANO
elh

ÍNDICO problema pontual, se aproprie


o

SUDÃO

ERITREIA
Sana IÊMEN
da interdisciplinaridade com
Divisão política atual
Capital
a Geografia.
Ilha Socotra 0 290 Cidade
(Iêmen)
ETIÓPIA Palestina
60° L

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. p. 49.

67 técnicas de cada período e que são


representações adaptadas da rea-
lidade, podendo também atender
• Que região está representada nos mapas?
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24.indd 67 da escala e do uso ou ausência de legendas.
30/06/22 12:14 a interesses diversos.
• Em que período os mapas foram Destaque as diferenças de simbologia entre A apresentação e o debate
produzidos? os mapas antigos e atuais, mostrando, por do material sugerido ajudam a
exemplo, formas de representar o relevo no refletir sobre a cartografia como
• O que há de comum entre os dois mapas?
passado (traços mais simples, poucas cores e uma ciência que não é isenta,
• O que há de diferente? elementos desproporcionais) e na atualidade uma vez que os espaços e reali-
Anote as observações em um quadro na (com cores representando diferentes faixas de dades representados nos mapas
lousa. Atue de forma interdisciplinar, com o altitudes e mais precisão nas proporções). também evidenciam interesses e
professor de Geografia, e sugira comparações Retome as semelhanças e diferenças apontadas podem, por exemplo, “ampliar”
que auxiliem na identificação das proporções, e explique que os mapas evidenciam as inovações ou desvalorizar determinada área.
67

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 4: abordadas ao fazer
com que os estudantes compreen-
dam a existência de visões e modos SURGE O ISLAMISMO
de vida diferentes entre as sociedades Até o século VII, os diferentes clãs da Península Arábica exerciam domínio sobre uma
e identifiquem nos hábitos e costumes
determinada área ou oásis. Isso significa que não havia um governo único e centralizado
elementos políticos e sociais impor-
tantes na formação cultural dos povos. a partir da junção de antigas unidades autônomas. Nessa época, os árabes eram politeís­
• CEH 1, 2, 4 e 6: trabalhadas à medida tas, ou seja, cultuavam diversos deuses. Muitos deles eram também animistas, isto é,
que os estudantes são estimulados a acreditavam que seres sem vida, como pedras e fenômenos naturais, também tinham alma.
compreender a historicidade dos fatos Um dos maiores centros comerciais e de peregrinação religiosa na Península Arábica era
apresentados e problematizam as di-
a cidade de Meca (confira o mapa da página anterior). Lá se encontrava a Caaba, templo em
ferentes visões de mundo e atuações
políticas, sociais e religiosas dos gru- forma de cubo (Ka'bah, em árabe), onde os peregrinos cultuavam muitos deuses e deusas.
pos sociais estudados. Outro objeto de culto na Caaba era a Pedra Negra, considerada sagrada pelos povos árabes.
• Habilidade EF07HI03: enfocada quan-
A Grande Mesquita, localizada
do o estudante identifica os principais na cidade de Meca, na Arábia
aspectos envolvidos na constituição Saudita, 2020.
do islamismo e as características das
sociedades africanas.

É no pátio central
PROCEDIMENTOS dessa mesquita que se
AYMAn ZAID/sHUTTERsToCk.CoM

DIDÁTICOS encontram a Caaba e a


Pedra Negra e onde
Leia com os estudantes o con- milhares de peregrinos
teúdo da página 68 para abordar muçulmanos fazem
suas orações.
o nascimento da religião islâ-
mica. Informe que Maomé era
um comerciante que, por influên- Em 613, um comerciante árabe, chamado Maomé, começou a pregar novos princípios
cia do judaísmo e do cristianismo, religiosos. Maomé dizia ter recebido revelações divinas e condenava o politeísmo. Para ele,
começou a pregar a crença em da mesma forma que para cristãos e judeus, existia apenas um deus, Alá (palavra árabe
um único Deus. Destaque as que significa “deus”).
origens no Oriente e as rela- Com grande poder de liderança, Maomé conquistou rapida-
ções entre as principais religiões mente milhares de seguidores. Sua doutrina era chamada por ele Muçulmano: palavra
originada do verbo
monoteístas da atualidade. de islã, que significa “submissão a Deus”. Daí originou-se a palavra árabe “aslama”, que
Além dessa característica, é islamismo, que designa hoje a religião criada por Maomé; e seus significa “designado e
submetido a Deus”.
preciso lembrar que Maomé era seguidores são conhecidos como muçulmanos ou islamitas.
um bom administrador e que
muitas medidas que fazem parte FICA A DICA
do Corão eram voltadas para • O que sabemos sobre o islamismo?, de Shahrukh Husain. São Paulo: Callis, 1999.
o bem-estar e para a saúde da Nesse livro, são apresentadas diversas informações sobre o islamismo, sua história, seus
população. Um exemplo disso é aspectos culturais e os elementos mais importantes da religião, como a vida do profeta Maomé
a proibição de comer carne de e a cidade de Meca.
porco, um animal considerado sujo,
mas também cuja carne, se mal- 68
cozida, pode transmitir doenças
graves, como a cisticercose.
Texto complementar (Diana). A deusa Minerva68 (Al-Lat) tinha
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24.indd tras A Crash Course in Islamic History (Breve 30/06/22 12:14

adoradores na Arábia, na Síria e na Pa- Curso de História Islâmica). Os árabes as-


Arábia antes do Islã lestina [...]. similaram os deuses dos povos vizinhos,
[...] No século V, na Pe- Como aconteceu essa assimilação? Bem, adaptando-os à sua religião.
nínsula Arábica, os deuses não foi só da Grécia e de Roma que os ára- OPPERMANN, Álvaro. O refúgio dos deuses:
greco-romanos sobreviviam. bes pegaram deuses emprestados. “Hoje Arábia antes do Islã. Aventuras na História,
Em Failaka (no atual Kuwait), se acredita que as divindades árabes eram São Paulo, 23 out. 2017. Disponível em: https://
festivais populares eram formas locais, adaptadas, das divindades aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/religiao/
do mundo antigo do Mediterrâneo”, regis- o-refugio-dos-deuses-arabia-antes-do-isla.phtml.
organizados em devoção ao
Acesso em: 20 maio 2022.
deus Poseidon (o Netuno dos trou Timothy Winter, da Universidade de
romanos) e à deusa Artemis Cambridge, na Inglaterra, no ciclo de pales-
68

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Raio X
R AIO X A leitura do texto permite
conhecer detalhes da Caaba,
A CAABA que se tornou símbolo da
unidade islâmica, embora já
O que é esse monumento?
LEo MoRGAn/sHUTTERsToCk.CoM existisse no período pré-islâ-
A Caaba é uma construção de pedra,
mico. Aproveite esse exemplo
em forma de cubo, localizada no centro da
para reforçar como os símbo-
Grande Mesquita de Meca (Arábia Saudita)
los religiosos podem ter seus
e venerada como o mais sagrado santuário
significados alterados ao longo
do islã. Trata-se do centro da peregrinação do tempo. É conveniente, por
religiosa dos muçulmanos. Segundo a tra- exemplo, questionar a turma
dição, teria sido construída por anjos, por sobre como a análise desse
Adão ou pelo patriarca Abraão. símbolo religioso contribui para
A Caaba já existia quando os árabes eram o entendimento de aspectos da
politeístas. A construção atual, da época de população da Península Arábica
Maomé (século VII), tem cerca de 15 metros antes e depois do islamismo.
de altura e está coberta de seda preta deco- Destaque a importância de
rada com caligrafia bordada a ouro. Em seu conhecer as origens históricas
Muçulmanos reunidos oram em torno da
canto externo leste está a sagrada Pedra Caaba, na Grande Mesquita, Meca, Arábia
das crenças religiosas, bem
Negra, encravada em uma moldura de prata. Saudita, 2020. como avaliar suas mudanças e
permanências. Explique para a
Os monumentos podem ter significados diferentes dos que tinham quando fo­
turma que essa é uma etapa
ram construídos? importante do trabalho do histo-
Sim, e a Caaba é um exemplo disso, pois foi construída como santuário de divindades riador, lembrando os estudantes
árabes. Com o desenvolvimento do islamismo, a Caaba tornou-se símbolo da unidade de que ciência e religião abran-
islâmica. Anualmente, os árabes fazem uma peregrinação a Meca, circundam sete vezes gem campos específicos de
a Caaba e beijam a Pedra Negra. Independentemente de onde estiverem no mundo, os investigação e de trabalho e que
muçulmanos devem fazer suas orações voltados para Meca. cada uma elabora respostas pró-
prias, à sua maneira.
Fontes religiosas como a Caaba podem ajudar os historiadores a conhecer o passado?
A religião pode ser definida como um conjunto de crenças, preceitos e valores que
fazem parte da vida de um grupo social. Essas crenças se materializam em construções, AMPLIAR HORIZONTES
imagens, cânticos, orações e outras formas de expressão. Os historiadores podem utilizar
• LEWIS, David Levering. O Is-
o estudo da religião para compreender uma sociedade, e, nesse caso, a análise da Caaba lã e a formação da Europa
ajuda a entender diferentes aspectos da população da Península Arábica antes e depois de 570 a 1215. Barueri: Ama-
do islamismo. A ausência de figuras humanas e de animais, por exemplo, reforça a proibição de rilys, 2010.
imagens pelo islamismo. A Pedra Negra mostra também que, no período pré-islâmico, os O autor traça um panorama his-
árabes reverenciavam objetos inanimados e elementos da natureza. tórico sobre o Islã e sua cultura
na Europa nascente, colocando
69 a civilização muçulmana de volta
ao cerne da cultura e da política
europeias.

AMPLIAR HORIZONTES
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• DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2004.


A obra busca identificar as origens do mundo muçulmano e discutir seus impasses contemporâneos, chamando a atenção para a necessidade de com-
bater estereótipos associados ao Islã.
• LANNES, Suellen Borges de. A formação do império árabe-islâmico: história e interpretações. Tese (Doutorado em Economia Política) – Uni-
versidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
A tese de doutorado analisa os fatores que foram determinantes para a consolidação de um império que se estendeu do continente asiático ao euro-
peu, passando pelo Oriente Médio e norte da África. Trata também da criação de uma identidade árabe-islâmica sob o ponto de vista ocidental, que
acabou por definir culturalmente muitas populações.

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 5 e 6: trabalhadas à medida
que os estudantes analisam os símbo-
los e as práticas religiosas e culturais
A hégira
existentes na sociedade islâmica. Maomé vivia na cidade de Meca, onde sua pregação não agradou ao clã dos coraixi-
• CEH 2, 3 e 6: abordadas ao fazer com tas, que lucrava com o comércio associado às peregrinações ao santuário da Caaba. Para
que os estudantes identifiquem as ca- eles, ao condenar o politeísmo, Maomé estaria desencorajando as peregrinações.
racterísticas das sociedades estudadas
O clã dos coraixitas começou, então, a perseguir Maomé e seus seguidores.
como práticas e expressões culturais in-
seridas no tempo e no espaço histórico. Sentindo-se ameaçado, em 622, Maomé retirou-se para Yatreb, povoado ao norte da
• Habilidade EF07HI03: enfocada quan- Península Arábica. Essa viagem, conhecida como hégira (emigração), marcou o início
do o estudante compreende as parti- do calendário islâmico, em 16 de julho de 622.
cularidades das sociedades estudadas O calendário islâmico difere do calendário cristão. Para o mundo ocidental, a con-
enquanto expressões culturais que in- tagem dos anos inicia-se no nascimento de Cristo, ano 1. Para os islâmicos, o marco
fluenciam a formação de novas ideias
inicial do calendário é a data da viagem de Maomé de Meca a Yatreb, ocorrida no ano
e modos de vida.
622 do calendário cristão. O calendário islâmico divide o ano em 12 meses, de 29 ou
30 dias; um ano dura 354 ou 355 dias. Atualmente, este é o calendário oficial em vários
PROCEDIMENTOS países da região do Golfo Pérsico, especialmente a Arábia Saudita. Há também diversos
DIDÁTICOS países muçulmanos que utilizam o calendário cristão (gregoriano) para fins civis e usam
Para abordar este conteú- o calendário islâmico para fins religiosos.
­ o com a turma, é importante
d Posteriormente, Yatreb passou a se chamar Medina (cidade do profeta), onde
relembrar a importância dos Maomé organizou a primeira comunidade com base nos princípios islâmicos e passou a
calendários para os grupos exercer poder político e religioso. Sob seu governo, os privilégios dos senhores dos clãs
humanos. De modo geral, passaram a ser menores. Além disso, os deveres pessoais para com Alá tornaram-se mais
podemos definir o calendário importantes do que a obediência ao chefe do clã.
como a contagem do tempo entre
dois eventos equivalentes e suces-
sivos, como o intervalo entre o
nascer e o pôr do sol; os inter-
valos entre as cheias de um rio,
entre as mudanças da lua etc. No
entanto, essa contagem também
pode utilizar eventos marcantes
para cada povo.
O calendário oficial do Brasil é
o gregoriano, que está relacio-
nado à história do cristianismo,

BIBLIoTECA nACIonAL DA FRAnçA


pois seu marco inicial é o nasci-
mento de Cristo, mas atualmente
outros calendários também são
utilizados, como o indígena e o
judaico. Como facilitador, utilize Representação otomana de Maomé feita no século XVII.
o exemplo dos calendários esco-
lares. Lembre aos estudantes que 70
cada escola elabora o seu, de
acordo com as necessidades edu-
cacionais e os períodos de pausa, Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24.indd 70 islâmico está disponível em: https://www.ufmg. 30/06/22 12:14

como feriados locais ou nacio- br/espacodoconhecimento/pascoa/calendario-


nais. Na sequência, destaque o
Comparar o calendário islâmico islamico/. Acesso em: 25 jun. 2022.
motivo de o calendário islâ-
com o calendário gregoriano Explique à turma que o calendário islâmico
mico ter como marco a hégira, Proponha para a turma uma atividade de é baseado no ciclo lunar; os meses podem ter
ou seja, a retirada de Maomé comparação entre o calendário islâmico e 29 ou 30 dias e começam quando a lua nova
para a cidade de Medina. o gregoriano. Providencie cópias do calen- aparece no céu. O ano tem 12 meses e pode
dário islâmico atualizado para explicar seu durar 354 ou 355 dias. O calendário grego-
funcionamento e demonstrar uma forma riano, por sua vez, tem 365 ou 366 dias; 12
diferente de contar o tempo. O calendário meses que podem ter 28, 29, 30 ou 31 dias e
70

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Anote na lousa algumas das
respostas, separando-as por
colunas e categorias, como
A expansão islâmica gosto musical, religião, esporte,
Maomé tinha como objetivo principal valores éticos. Provavelmente,
difundir o islamismo. Para isso, utilizava tanto muitas das respostas serão pare-
a pregação quanto os ataques às caravanas cidas ou se repetirão. Explique
que não aderiam à nova fé e confiscava os que esse conjunto de caracte-
bens dessas comunidades. rísticas semelhantes que agrega
A essa luta, seus seguidores davam o as pessoas pode ser entendido
nome de jihad, que significava esforço e como identidade. Muito da iden-
caminho até Deus. Esse termo representa tidade pessoal vem dos valores
tanto o esforço do convertido em alcan- da sociedade em que vivemos.
çar a vontade de Alá quanto o empenho Existe também a identidade entre
na guerra para a conversão dos infiéis. grupos específicos da sociedade,
Aqueles que morressem a serviço de Alá como a identidade entre jovens,
receberiam como recompensa um lugar que têm gostos e valores próprios.
privilegiado no Paraíso. Retome o texto e expli-
Em 630, as forças de Maomé con- que à turma que o fator que
agregou as diferentes tribos da

BILDARCHIV STEFFENS/AKG/ALBUM/FOTOARENA
quistaram a cidade de Meca, os deuses
adorados na Caaba foram destruídos e seu Península Arábica foram as
culto, proibido. A Pedra Negra foi mantida,
ideias de Maomé: as crenças, os
preceitos, as orientações escri-
mas agora como símbolo do Deus único,
tas e faladas por ele uniram
Alá, e Meca passou a ser a cidade sagrada
as pessoas em torno de uma
dos muçulmanos.
religião, o islamismo. Esses senti-
Com o aumento do número de converti- Maomé reza ao lado da Caaba, em Meca,
Nakkas Osman. Guache sobre papel. mentos motivaram a jihad, que
dos, Maomé conseguiu unificar o povo árabe,
Reproduzida na edição do século XVI de Siyer-i tinha o objetivo de converter os
criando entre seus membros um sentimento Nebi, livro turco sobre a vida do profeta. infiéis em nome de Alá. Deixe
de identidade, que tinha como fundamento
claro para todos que, apesar de
a religião islâmica. Nas primeiras décadas do século VII, o islamismo já havia conquistado
ser associada à ideia de guerra
praticamente toda a Arábia e iniciava sua expansão para o norte da África e regiões próximas.
santa, a prática da jihad consiste
Após a morte de Maomé, em 632, seus ensinamentos foram
Sentimento também na luta interior, envol-
reunidos no Corão, livro sagrado que passou a regrar os costumes, de identidade:
vendo a purificação do fiel, e
os critérios de herança e propriedade, os casamentos e a organiza- sentimento de forte na adoção de comportamentos
ligação a um grupo
ção das comunidades muçulmanas, entre outros aspectos. ou a um povo. condizentes com o Islã.
Atividade
1. Existem várias formas de construir o sentimento de identidade além das tradições 1. A proposta da atividade é
religiosas. Em sua opinião, que elementos contribuem para criar um sentimento
promover uma reflexão que
de identidade entre as pessoas da sua comunidade? Esse sentimento é importante
para você? Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
auxilie no desenvolvimento
de habilidades socioemo-
71 cionais relacionadas com a
autoconsciência e a consci-
ência social. Os estudantes
52 semanas. Peça a eles que anotem essas
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24-AV1.indd 71 PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS 14/07/22 12:16 podem apontar exemplos
informações no caderno e estabeleçam as variados de tradições que
Explique aos estudantes que um importante
semelhanças e as diferenças entre esses aspecto para entender a formação e a expansão ajudem a construir um sen-
calendários. Esta atividade contribui para do islamismo é o sentimento de identidade. timento de identidade e
o desenvolvimento da análise crítica dos Pergunte a eles o que entendem desse termo pertencimento a uma comuni-
estudantes, assim como instiga sua curio- e conduza-os a refletir sobre aspectos da iden- dade (ou grupo), como valores
sidade investigativa. tidade pessoal, como: “O que caracteriza cada nacionais, tradições locais,
um de nós?”, “O que define nosso comporta- práticas de sociabilidade
mento?”, “Quais valores e crenças carregamos ligadas à vivência urbana,
conosco?”, “De onde eles vêm?”. entre outras possibilidades.
71

D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-C03-MPU-G24.indd 71 19/08/22 16:20


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 4 e 7: abordadas na análise de
hábitos e costumes de povos de Bagdá
e da África, em períodos de tempo
A vida cultural em Bagdá
aproximados; e no uso de linguagens O vasto território islâmico passou a ser governado por um califa, soberano muçulmano
gráfica e cartográfica nesses estudos. à frente de um califado. Inicialmente, sua capital ficava na cidade de Damasco, na Síria,
• CEH 2 e 4: abordadas à medida que os mas, em 762, a capital foi transferida para a cidade de Bagdá, no atual Iraque.
estudantes problematizam a existên-
A partir do século VIII, os domínios muçulmanos foram divididos em diversos califados
cia de crenças, costumes e modos de
vida que se diferenciam entre grupos independentes, pondo fim à unidade política existente até então.
e indivíduos pertencentes a um mes- Bagdá tornou-se um importante centro de difusão do conhecimento e da religião
mo contexto histórico. islâmica. Um dos destaques da cidade era a Casa da Sabedoria, conjunto de museus e
• Habilidade EF07HI03: enfocada quan- bibliotecas que recebia cientistas, escritores, pensadores, matemáticos e outros estudiosos
do o estudante compreende diferenças
interessados em entrar em contato com a grande variedade de obras de seu acervo.
nos processos históricos vivenciados
pelas sociedades estudadas. Textos clássicos da Antiguidade, originariamente escritos em grego, latim, persa e
hindu, foram traduzidos para o árabe em Bagdá. Grande parte desses textos sobreviveu
ao tempo por intermédio dessas traduções.
PROCEDIMENTOS
Além de suas bibliotecas, Bagdá contava ainda com observatórios astronômicos
DIDÁTICOS destinados à pesquisa de estudiosos vindos de todas as regiões do Império Árabe. Eles estu-
Um dos grandes problemas davam a posição dos astros
CoLEçÃo PARTICULAR

enfrentados pelo islamismo no e aperfeiçoaram o astrolá-


mundo é o preconceito, que bio, instrumento usado para
associa os seguidores da reli-
medir a altura do Sol e de
gião a atos violentos. Além de
outras estrelas em relação ao
reforçar que não se pode res-
horizonte, além de ajudar os
ponsabilizar todos os islâmicos
marinheiros a se localizarem
do mundo por atos cometidos
em alto-mar.
por pequenos grupos, é muito
importante também trazer à luz
as inúmeras contribuições da
Esquema de William Muir que
cultura islâmica à humanidade. representa a Cidade Redonda
Consciente disso, os estudantes de Bagdá, núcleo urbano criado
terão respeito pelos seguidores pelos islâmicos no século VIII
para ser a capital do império.
da religião, contribuindo, assim, Edimburgo, Escócia, 1883.
para a construção efetiva de um
mundo mais fraterno e tolerante. Algarismos indo-arábicos
Para promover um momento Foi em Bagdá que o matemático Al-Khwarizmi, estudando livros vindos da Índia,
de imersão dos estudantes entrou em contato com o sistema de numeração decimal desenvolvido pelos indianos
na cultura árabe/islâmica, desde o século VI. Al-Khwarizmi escreveu uma obra detalhando como era esse sistema
organize a sala em grupos e e substituiu os antigos símbolos hindus pelos números que conhecemos hoje: 1, 2, 3, 4,
oriente cada um a escolher 5, 6, 7, 8, 9 e 0. Esses números ficaram conhecidos como algarismos indo­arábicos. A
um dos aspectos dessa cultura palavra algarismo tem origem no nome desse matemático árabe.
para desenvolver: matemática,
medicina, literatura, pintura, 72
arquitetura, culinária, música,
religião, dança etc. Caso queira
tornar o trabalho ainda mais como esta auxilia na compreensão
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24.indd 72 dos estudan- ATIVIDADE COMPLEMENTAR 30/06/22 12:14

abrangente, solicite a eles que tes sobre o modo de vida de outras culturas,
Fazer uma roda africana
a apresentação seja feita por favorecendo a empatia (Competência Geral
Para iniciar a sensibilização a respeito
meio de uma feira de variedades, 9) e incentivando assim o estabelecimento de das culturas africanas, solicite aos estudan-
com música, danças, maquetes. uma cultura de paz e inclusão na sociedade. tes que mencionem o que sabem sobre a
Considere estender a exposição cultura que herdamos dos povos africanos
à comunidade escolar e mobilizar trazidos para o Brasil. Anote as respostas na
professores de outras discipli- lousa e promova uma breve conversa com
nas na organização e orientação a turma sobre essa cultura.
aos estudantes. Uma atividade
72

D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-C03-MPU-G24.indd 72 19/08/22 16:20


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
CIVILIZAÇÕES AFRICANAS Ao avançar para o item
Civilizações africanas, utilize
No século VII, os árabes já haviam se expandido para fora o mapa Reinos e povos afri-
Sahel: região
da Península Arábica, chegando a conquistar partes do norte da dominada por canos (século IV a XIII) para
África. Com essa expansão, o islamismo se espalhou pelo con- vegetação de transição explicar os aspectos geográficos e
ou estepe, que fica
tinente africano. Posteriormente, a religião foi disseminada em históricos do continente africano.
entre o deserto do
regiões do Sahel e da África subsaariana, especialmente nos Saara e as terras mais Estimule a identificação do tema
férteis ao sul. Forma
territórios próximos do Mar Vermelho e da Península Arábica. e do assunto do mapa pela leitura
um “corredor”, de
Em decorrência disso, outros territórios africanos foram oeste a leste da África, do título. Depois, peça aos estu-
que vai do oceano
lentamente influenciados pelo islamismo. Como estudaremos
Atlântico ao Mar
dantes que identifiquem a época
adiante, a presença islâmica teve grande impacto em algu- Vermelho. retratada e o espaço represen-
África subsaariana: tado, bem como interpretem a
mas sociedades.
região do continente
africano localizada legenda. Oriente a identificação
Reinos e povos africanos (século IV a XIII)
ao sul do deserto do da linha do equador, dos trópi-
Saara, logo abaixo
0˚ do Sahel, que cos, dos oceanos e dos mares
EUROPA
atualmente é composta Mediterrâneo e Vermelho.
de 48 países.
Em seguida, faça estas questões
Tânger disparadoras: “Quais informações
Mar Mediterrâneo
Marrakech Trípoli
estão em destaque neste mapa?”,
Cairo
ÁSIA “O que essas informações apre-
SAARA sentam sobre as civilizações e
Rio

Trópico de Câncer
Nilo
Ma

os povos que ocupavam o con-


rV

SAHEL
erm

Rio Koumbi
2 tinente africano?”. Espera-se que
elh

Saleh Tombuctu Adúlis


Se

eg
1 os estudantes identifiquem, neste
n

Ri
oN
al

primeiro momento, a diversi-


íger

ÁFRICA
OCEANO Ilê Ifé
dade de reinos e povos presentes
ATLÂNTICO Co
Rio n no mapa, bem como as rotas
go

Equador

3
comerciais que conectavam esses
OCEANO territórios entre si e com parte
Meridiano de Greenwich

ÍNDICO
da Europa e da Ásia. Informe a
eles que, em sua história, as socie-
ambeze
oZ
Reino de Gana (formado a dades africanas organizaram-se
Ri

partir do século IV)


Reino árabe-muçulmano 4 de formas diferentes e constituí-
Reino do Mali (formado a Trópico de Capricórnio Fontes: BLACK, Jeremy
partir do século XIII)
Povos iorubás (ed.). World history atlas: ram reinos e impérios complexos,
mapping the human
Povos bantos
journey. 2. ed. London:
com diferentes sistemas políticos,
Outros reinos africanos
1 – Axum Dorling Kindersley, 2005. econômicos, de crenças e línguas.
VESpúCIO CARTOGRAFIA

2 – Cuxe HAYWOOD, John. Historical


3 – Manicongo atlas of the medieval world
4 – Zimbábue Ad 600-1492. New York:
0 775
Rotas comerciais
Barnes & Noble, 2000.
Mapa 3.18.

73

Depois, conduza os estudantes até um espaço


D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24-AV1.indd 73 Apresente um mapa do continente14/07/22e incen-
12:16 primeira região, conhecida como
aberto da escola e proponha-lhes a reprodução tive os estudantes a localizar alguns países citados África do norte ou África setentrio-
de uma roda africana, explorando danças e ritmos (Sudão, Nigéria, Gabão, Ruanda, Senegal, Tanzânia, nal, e destaque que ali nasceram
com base na cantiga “África”, do grupo Palavra Namíbia e Guiné-Bissau). Explore a riqueza das civilizações como a egípcia e a
Cantada. A música e a letra estão disponíveis paisagens e da cultura na África, o fato de esse cartaginesa. Destaque a segunda
em: https://www.youtube.com/watch?v=Qjl continente ter abrigado o início da humanidade região, a África subsaariana e,
mRDk9ktI&t=3s; http://www.palavracantada. e os aspectos da presença africana na Bahia. interligue essas duas regiões, de
com.br/cifra/africa/ (acessos em: 13 jul. 2022). Analise um mapa de reinos e povos africanos. leste a oeste.
Se possível, disponibilize a letra da música Aproveite o mapa Reinos e povos africanos
para que os estudantes possam cantar e refle- (século IV a XIII) e proponha à turma uma análise
tir sobre seu conteúdo. das duas regiões que dividem a África. Localize a
73

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 4 e 7: abordadas na interpre-
tação sobre as diferentes culturas
africanas (Gana e Mali) e suas ca- GANA, REINO DO OURO
racterísticas; e no uso de variadas A região do Sahel abrigou diversos reinos. Entre eles, e um dos mais influentes, o de
iconografias.
Gana, que se formou a partir do século IV com a união de várias vilas, vilarejos e povos
• CEH 2 e 4: presentes na compreensão
das variadas culturas africanas e suas instalados na região, atualmente conhecida como Mauritânia.
transformações no tempo e no espaço. Gana era um agrupamento de aldeias que se ligavam a um rei – conhecido como
• Habilidade EF07HI03: enfocadas na gana – por laços de lealdade. O prestígio e o poder do rei estavam apoiados na quantidade
análise de Gana e Mali como exemplos de pessoas sob seu controle, que lhe pagavam impostos e forneciam funcionários, soldados
da diversidade das sociedades africa- e lavradores para a manutenção de seus domínios. Muitas vezes, o gana se casava com
nas antes da chegada dos europeus.
várias mulheres de aldeias diferentes com o objetivo de estender sua influência entre a
população dessas regiões.
PROCEDIMENTOS Outra maneira de expandir suas terras era invadir territórios vizinhos e dominar outros
DIDÁTICOS povos, prática facilitada em razão do desenvolvimento e uso de técnicas de metalurgia.
Peça aos estudantes que Com esse conhecimento, os artesãos produziam flechas com pontas de ferro, superiores
localizem o Reino de Gana no às de seus adversários, feitas em geral com ossos e pedras.
mapa Reinos e povos africa- Um recurso abundante em Gana era o ouro, metal que chamou a atenção dos viajan-
nos (século IV a XIII), da página tes. Alguns deles escreveram que os escudos e as espadas dos soldados, além das pulseiras
73. Diga a eles que no antigo e dos colares do rei, tinham adornos de ouro.
Reino de Gana se localiza atu- O Reino de Gana tinha duas capi-
almente a Mauritânia. Prossiga tais: Koumbi Saleh e Gaba. Segundo os
pedindo que os estudantes alter- arqueólogos, Koumbi Saleh era uma rica
nem a leitura dos parágrafos. A cidade de mercadores muçulmanos, que
AnDRÉ HELD/AkG-IMAGEs/ALBUM/FoToAREnA

cada parágrafo, reforce as ideias chegou a ter mais de 20 mil habitantes. A


centrais e solicite a todos que cerca de 10 quilômetros de Koumbi Saleh,
anotem no caderno uma frase ou
ficava a cidade real, Gaba (“o bosque”),
duas para sintetizar as informa-
onde viviam o rei e seus súditos.
ções centrais, como a formação
O ouro, a rede de comércio, uma
do reino, as estratégias de expan-
eficiente administração e os impostos e
são, o comércio, a administração
tributos que a população pagava garan-
e os fatores que levaram a sua
tiram o crescimento e a sobrevivência do
desagregação.
reino por aproximadamente seis séculos,
O texto complementar desta
página do Manual pode servir até Koumbi Saleh ser invadida pelos árabes
para abordar a importância his- no século XII e, posteriormente, o império
tórica de uma das capitais de ser absorvido pelo Reino do Mali.
Gana, Koumbi Saleh. Após
Pingente, em forma de
a leitura, solicite à turma que máscara com chifres,
enumere os achados arqueoló- produzido no Reino de Gana.
gicos encontrados e expliquem Ouro, 9,8 x 6,5 cm.
o que eles revelam sobre a 74
antiga Koumbi Saleh. Aproveite
também para explorar a impor-
tância dos estudos arqueológicos
para o conhecimento histórico.
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24.indd 74 local. Grande número de armas e utensí- 30/06/22 12:14

lios de ferro. Objetos de pedra e de couro.


A enxada e a lança Pesos de vidro e de cobre. [...]
As casas, muitas delas de dois anda- Todos estes achados são importantes.
res, são sólidas, de paredes grossas, com Revelam que Koumbi Saleh foi uma cidade
nichos triangulares e retangulares [...]. Al- de mercadores ricos, um grande centro
gumas moradias eram grandes. Uma tinha comercial [...].
[...] dois pavimentos, ligados por excelente SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança:
escada. Outras, nove quartos. [...] a África antes dos portugueses. Rio de Janeiro:
De Koumbi Saleh desenterraram-se mui- Nova Fronteira, 2011. p. 283.
tos objetos. Faianças magrebinas e cerâmica
74

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O REINO DO MALI Ao avançar para o conteú­-
do sobre o Reino do Mali,
Até o século XII, parte da região entre os rios Níger e Senegal retorne ao mapa da página 73
Mandinga: povos
era habitada pelo povo mandinga e encontrava-se sob o domínio de diferentes etnias da e localize a região próxima ao
do Reino de Gana. África ocidental que
falavam uma língua
Rio Níger (em verde-escuro),
Com a desagregação de Gana, houve um período de desordem com características habitada pelos mandingas até
na região, durante o qual os clãs e as aldeias deixaram de seguir um comuns, o mandê. Esses o século XII. Comente com os
povos localizavam-se,
poder unificado. Segundo relatos orais do povo mandinga, por principalmente, em estudantes como a desagrega-
volta de 1230, um dos líderes desses clãs, Sundiata Keita, conseguiu terras das atuais ção de Gana deixou os clãs e
repúblicas de Mali,
vencer os grupos vizinhos e estabeleceu um comando único. Guiné, Guiné-Bissau, as aldeias mandingas sem um
Os antigos chefes continuaram a exercer o governo local, mas Senegal, Costa do governo unificado, possibilitando
Marfim, Libéria, Serra
cederam o título de mansa (rei) ao guerreiro que os comandava, ou Leoa e Gâmbia. que Sundiata Keita estabele-
seja, a Sundiata Keita. Muitos acreditavam que o rei tinha poderes cesse um comando único e se
divinos, como interferir favoravelmente nas colheitas, no clima, na terra e na fertilidade tornasse um mansa, marcando
das mulheres. Teve início, assim, o Reino do Mali. o início do Reino do Mali.
O Reino do Mali conquistou o antigo Reino de Gana, controlou suas reservas de ouro Para explicar à turma as
e as rotas de comércio do Sahel. Estendeu também seus domínios para leste, ao longo do atribuições do mansa e a
Rio Níger, e para oeste, até o oceano Atlântico (consulte o mapa da página 73). importância de Sundiata Keita,
O controle desse território compreendia diferentes formas políticas de organização. apresente a animação suge-
Assim, havia em seu interior pequenos reinos, cidades-Estado e aldeias administradas
rida no Ampliar horizontes a
seguir. Após a exibição, peça aos
por conselhos de anciãos. Para conseguir que todos pagassem impostos e fornecessem
estudantes que destaquem as
soldados em caso de guerra, o mansa era tolerante com as diferenças de costumes de
formas de organização do ter-
cada porção do reino.
ritório e os fatores que levaram
Apesar disso, a unidade do reino era relativamente frágil, pois dependia da aceitação
à ruína do reino.
do mansa pelos governos locais. Por volta de 1337, alguns grupos que faziam
parte do reino começaram a manifestar desobediência em relação à
autoridade central. A isso se somaram disputas AMPLIAR HORIZONTES
internas pelo poder, fatores que provocaram • SUNDIATA Keita e a criação
o enfraquecimento e a ruína do Reino do do Império do Mali. 2018.
Mali entre os séculos XV e XVI. Vídeo (1m54s). Disponível
em: https://www.dw.com/
pt-002/sundiata-keita-e-a-
Mansa Musa, rei do
PICTUREs FRoM HIsToRY/AkG-
IMAGEs/ALBUM/FoToAREnA

cria%C3%A7%C3%A 3o-
Mali, identificado com a
coroa e o cetro. Detalhe do-imp%C3%A9rio-do-mali/
de iluminura sobre av-44646648. Acesso em: 13
pergaminho de 1375, feita jul. 2022.
para o Atlas Catalão. Sua
produção é atribuída ao
Animação sobre a formação do
cartógrafo judeu Abraão Mali.
Cresques.

75

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24.indd 75 individual e a solidariedade, opondo-se30/06/22
à escra-
12:14 atuação dos griôs, estimulando
vidão, a carta é uma das primeiras declarações a reflexão sobre os relatos orais
Pesquisar sobre a Carta Mandinga em defesa dos direitos humanos de que se tem como fontes históricas.
Aproveite o vídeo sugerido no Ampliar conhecimento – e está na lista do Patrimônio
horizontes para explorar o conteúdo da Carta Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco.
Mandinga. Solicite à turma que faça uma pes- Auxilie os estudantes na organização dos
quisa sobre essa carta e destaque os pontos dados da pesquisa para a exposição em sala de
relacionados à defesa dos direitos humanos, aula. Destaque que a recuperação do conteúdo
como liberdade e respeito. Por postular o res- da carta só foi possível graças às histórias pre-
peito à vida humana, defender a liberdade servadas pela tradição oral. Destaque ainda a
75

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 4 e 7: abordadas na análi-
se das características identitárias dos
povos iorubás e sua influência no OS IORUBÁS
sincretismo religioso brasileiro (forta- Iorubá é a denominação de um conjunto de povos unidos por
lecendo o respeito à diversidade de Tradição oral: cultura
traços culturais e linguísticos – como os efãs, os ijexás, os edos e de uma comunidade
culturas e crenças presentes no país);
e no uso de iconografia que apoia a outros –, que, desde o século I, compunham reinos espalhados pelo ou de um povo
transmitida oralmente
discussão. vale do Rio Níger (verifique no mapa da página 73). de uma geração a
• CEH 1 e 4: trabalhadas na compreen- A civilização iorubá desenvolveu-se em torno de cidades e outra por meio de
são sobre a cultura e as manifestações aldeias independentes, organizadas em pequenos reinos, com tra- contação de histórias e
religiosas dos povos iorubás; e nas cantigas.
dições e costumes próprios. Cada cidade-Estado era chefiada por Obá: título dado ao
imagens utilizadas no estudo.
um governo autônomo. líder político e religioso
• Habilidades EF07HI02 e EF07HI03: dos iorubás. Era
destacadas ao compreender as influ- As cidades-Estado iorubanas estavam unidas pela crença de que considerado sagrado,
ências das interações entre diferentes todos os habitantes descendiam de Oduduá, divindade que teria descendente de
sociedades do mundo e os efeitos Oduduá.
concluído a missão dada por Olodumaré (o deus supremo) de criar
desses contatos em variados povos e
o mundo.
localidades.
Segundo a tradição oral, Ilê Ifé foi a primeira cidade construída, tornando-se o centro
espiritual e sagrado dos iorubás. Nela residia o obá mais poderoso, que recebia tributos
PROCEDIMENTOS pagos pelas cidades vizinhas de menor prestígio.
DIDÁTICOS A religião desempenhava papel importante entre os iorubás. Quando uma criança
Solicite aos estudantes que nascia, por exemplo, era encaminhada ao babalorixá (sacerdote) para a determinação da
localizem no mapa da página 73 divindade (orixá) que iria acompanhá-la e orientá-la por toda a vida. Após esse momento,
o território ocupado pelo povo a pessoa tinha compromissos em relação ao seu orixá protetor e os cumpria por meio de
iorubá. Explique a eles que, his- rituais e oferendas, que poderiam ser feitas na forma de alimentos e objetos.
toricamente, esse povo habitava A partir do século XVI,
PIERRE VERGER

a cidade de Ilê Ifé (atual Nigéria). muitos iorubás foram captu-


Entretanto, faz parte desse povo rados, escravizados e trazi-
um grande número de grupos dos à força para as Américas,
étnicos com a mesma raiz lin-
inclusive para o Brasil. Aqui
guística (como os egba, os ketu,
chegando, participaram ati-
os ijebu e os ifé), provenientes
vamente da formação da cul-
do Daomé (hoje Benin), do Togo
tura brasileira, como podemos
e, em sua maioria, do sudoeste
notar na página a seguir.
da Nigéria.
Depois, sugira aos estudan-
tes a leitura do texto da página Fotografia feita pelo
76 e estimule-os a encontrar e fotógrafo francês Pierre
anotar no caderno explicações Verger (1902-1996) da Festa
Shango, na cidade de Sakété,
sobre as origens dos iorubás; a no Benim, em 1958. Essa
criação da primeira cidade, Ilê Ifé; festa faz parte das tradições
a organização de cidades-Estado religiosas dos iorubás.

e sua origem comum; e a origem 76


divina dos obás, descendentes de
Oduduá. Depois, explique como
a chegada dos europeus à costa
ocidental da África modificou a AMPLIAR HORIZONTES
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vida dos iorubás, que passaram • FIGUEIREDO, Janaina. Nós de axé. Belo Hori-
a ser escravizados e levados à zonte: Aletria, 2018.
força para a América a partir A obra narra a relação de uma menina com sua fi-
do século XVI. tinha da sorte do Senhor do Bonfim, com sua fé e
com sua cultura.

76

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Origens do candomblé O texto da página 77 e a
imagem do artista e pesquisa-
Trazidos à força ao Brasil como trabalhadores escravizados, os iorubás vieram sobre-
dor Carybé apresentam a prática
tudo do golfo da Guiné, região que atualmente pertence à República de Benin e à Nigéria.
religiosa do candomblé, uma
Eram de diferentes grupos étnicos, como ifés, egbás, ijexás, oyos, ketus, jejês, entre outros.
das expressões culturais africa-
Chegando à colônia portuguesa, foram chamados genericamente de nagôs.
nas incorporadas aos costumes
Além de terem sido a base do trabalho e da produção da riqueza no país, os iorubás
brasileiros. Ela também revela
também deixaram um vasto legado no idioma, na alimentação, nas festas e na música, a permanência do culto aos
bem como foram responsáveis pela formação de uma nova crença religiosa, o candomblé. orixás, realizado em diversas
No candomblé, cultuam-se os orixás, divindades com características humanas – ciúmes, regiões da África. Explore com
vaidade, ira etc. – e que representam as forças da natureza. Na África, cada orixá estava os estudantes os elementos da
ligado a um povo ou grupo étnico africano, que realizava cultos religiosos em homena- imagem e questione se eles estão
gem às suas divindades específicas. No Brasil colonial, entretanto, pessoas escravizadas de familiarizados com essa religião
diversos grupos étnicos eram obrigadas a viver e a trabalhar nos mesmos espaços. Por isso, afro-brasileira, valorizando suas
as cerimônias religiosas passaram a cultuar diferentes deuses ao mesmo tempo. contribuições e conhecimentos
Além disso, diversos orixás foram associados no Brasil aos santos da Igreja Católica. prévios. Ressalte que o candom-
Assim, o orixá Ogum (o senhor do ferro) corresponde a santo Antônio ou a são Jorge; blé foi fundamental na construção
Iemanjá (a rainha das águas salgadas), a Nossa Senhora da Conceição; e Iansã (a senhora de uma identidade dos africanos
dos ventos e das tempestades), a santa Bárbara. nos países da América.
Apresente aos estudan-
tes a trajetória de preconceitos
vivenciada por candomblecis-
tas e umbandistas, no Brasil,
analisando o termo “racismo
religioso” e contrapondo-o ao
termo “racismo reverso”, bas-
CoLEçÃo PARTICULAR

tante difundido nos dias de hoje


entre diferentes grupos e indiví-
duos, sobretudo nas redes sociais.
Utilize como material o Pequeno
dicionário, do Observatório
de Sexualidade e Política e do
Cerimônia para o orixá Oxalufã no terreiro de candomblé Opô Afonjá, Programa Interdisciplinar de
pintura produzida por Carybé, publicada no livro Iconografia dos deuses
africanos no Candomblé da Bahia, em 1980. Aquarela sobre papel. Pós-Graduação em Linguística
FICA A DICA Aplicada da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, para proble-
• Mitos africanos, de Gary Jeffrey e Terry Riley. São Paulo: Scipione, 2011.
matizar, desconstruir e identificar
O livro reúne histórias e informações sobre três povos do continente africano: iorubá (Nigéria),
os problemas no seu uso (dispo-
axânti (Gana) e bushongo (Zaire).
nível em: https://sxpolitics.org/
pequenodicionario; acesso em:
77
10 ago. 2022).
Explorar aspectos dessa reli-
gião afro-brasileira, como o uso
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24.indd 77 30/06/22 12:14
do poder curativo das plantas,
Candomblé e educação a valorização da ancestralidade
[...] Em nosso entendimento o Candomblé é uma importante agência educativa, e as vivências acolhedoras nos
onde saberes, valores e tradições milenares baseadas na cultura se perpetuam e terreiros, pode ajudar na des-
atualizam. No espaço de prática religiosa (o terreiro), que são centros privilegiados construção de preconceitos e
de encontro, lazer e solidariedade, os saberes religiosos, medicinais, ambientais, tabus que, por vezes, sustentam
entre outros se mobilizam e configuram uma prática educativa que não está liga- manifestações de intolerância
da à educação formal valorizada pelo paradigma dominante [...]. religiosa.
COSTA, Renata Silva da. Candomblé e Educação: outros olhares epistemológicos. In: EDUCERE –
CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 12, 2015, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: PUC-PR, 2015. p. 34579.
77

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 7: abordadas no uso da
linguagem iconográfica (pintura sobre
madeira) para mobilizar a turma a com-
preender e respeitar as características
OLHO VI VO
do candomblé como parte do espectro
cultural e religioso africano que influen- OS ORIXÁS
ciou a identidade brasileira.
• CEH 3, 4 e 7: abordadas na interpreta- Quando os africanos chegaram ao Brasil, as manifestações religiosas de alguns povos
ção sobre a pintura como documento que se misturaram com hábitos e crenças do catolicismo e dos povos indígenas, dando origem
representa a visão de diferentes povos so- às religiões afro-brasileiras. Uma delas é o candomblé, trazido por pessoas oriundas prin-
bre a questão religiosa e seu impacto na cipalmente das atuais Nigéria e Benin, como tratamos há pouco.
formação da cultura do Brasil.
Os praticantes do candomblé entendem que, durante uma cerimônia, os orixás podem
• Habilidade EF07HI03: enfocada quando
o estudante compreende as particulari- ser invocados e se manifestar em algum crente por um filho de santo já iniciado, servindo-se
dades dos grupos sociais estudados, a dele para se comunicar com os mortais. Cada orixá tem cor, roupas e símbolos específicos.
partir da interação com manifestações Nesta seção, você vai analisar a reprodução de um quadro da pintora paulista Djanira
culturais e religiosas. (1914-1979). A obra faz uma representação artística de um dos rituais do candomblé,
destacando alguns dos orixás mais cultuados no Brasil.
PROCEDIMENTOS
1 Oxalá, orixá criador da humanidade. Sua cor 2 Paxorô: cajado de metal
DIDÁTICOS
é o branco e seu dia é sexta-feira. Segundo a enfeitado com um pombo
Olho vivo tradição, Oxalá foi um rei africano. no alto; símbolo de Oxalá.
A obra de Djanira intitulada
3 Segundo a tradição, Oxalá vestiu 4 Omolu, filho de Oxalá, é o
Candomblé permite ampliar o
debate a respeito da riqueza sim- roupas femininas para conhecer o mais temido dos orixás. Seu
bólica e cultural que resiste nas segredo do Portal da Vida e da Morte, dia é segunda-feira e suas
religiões afro-brasileiras, mais cujo acesso era permitido apenas às cores são preto, branco e
especificamente, no candom- mulheres. Descoberto, jamais pôde se vermelho. É sincretizado com
blé. Inicie com uma biografia da desfazer daquelas roupas. são Lázaro.
artista, destacando algumas de
suas obras, e explique que sua 5 O manto de palha esconde as marcas da varíola 6 Xaxará, feixe de palha
proposta era trabalhar temas do rosto do orixá e impede que as pessoas vejam e búzios, com o qual o
que mostrassem a diversidade sua face, pois ele se tornou um ser de brilho tão orixá limpa as doenças e
das paisagens, festas, religiosi- intenso quanto o sol. os males espirituais.
dade e formas de trabalho que
compõem o Brasil. 7 Oxóssi, orixá da caça, fartura, abundância e prosperidade. Seu dia é quinta-feira e
Para promover a inclusão de é associado a são Jorge.
estudantes com deficiência
visual e ampliar o acesso a essa 8 O ofá (arco e 9 Erukeré, objeto sagrado feito com 10 Oxóssi costuma
expressão artística, é possível reali- flecha) é um rabo de cavalo, boi ou búfalo. ser representado
zar uma audiodescrição da obra, dos símbolos Segundo a tradição, é usado para com um chapéu
traduzindo em palavras a imagem de Oxóssi. manejar os espíritos da floresta. de couro.
analisada. Utilize-se das indicações
do site indicado no Ampliar hori- 78
zontes (página 79) para auxiliá-lo
na atividade.
Avalie a possibilidade de tra-
genérica daquilo que está sendo
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24.indd 78 representado: Aproveite para valorizar os conhecimentos 30/06/22 12:14
balhar a interdisciplinaridade
pintura sobre madeira, colorida, onde estão prévios da turma sobre o tema, especialmente
com Arte para que a audiodes-
desenhados, em primeiro plano, seis figuras daqueles que conhecem a simbologia dos orixás
crição seja objetiva (evitando
que representam os orixás em um ritual de can- representados.
questões como: o que a obra
quer dizer?). Inicialmente, apre- domblé. Prossiga detalhando os tipos de trajes
sente a obra aos estudantes e ferramentas. Em seguida, descreva os deta-
assinalando o nome da autora lhes do segundo plano da pintura. Destaque
e data de produção da pintura. também a disposição dos elementos na obra
Para trabalhar com a descrição, (formas, cores, a técnica artística), evitando qual-
comece com uma apresentação quer juízo de valor.
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Olho vivo (continuação)
Promova a leitura de cada
elemento da pintura, segundo
13 a numeração, destacando a
13 complexidade de signos que
13
compõem o ritual representado,
15 como a origem de cada orixá, os
3
significados das roupas, ferramen-
tas, danças, comidas, rezas, entre
14 14 outras especificidades. A organi-
14 10
12 zação da estrutura desse ritual e
o espaço onde ocorre (terreiro
5
ou casa de santo) também são
1 6 8
2 9 representados na obra, com des-
taque para alguns participantes
das cerimônias e suas funções
(babalorixás e alabês).
7 Explique que essa variedade
4
de saberes presentes nos terrei-
3 11 ros de candomblé é partilhada
por meio da oralidade, e que
a vivência dos chamados filhos
MUsEUs CAsTRo MAYA, RIo DE jAnEIRo
Candomblé, Djanira. Têmpera sobre madeira, 1957. de santo nesse espaço constrói
a relação com o sagrado. Assim,
11 Iemanjá, deusa dos mares e 12 Abebé, símbolo 13 Tocadores de atabaque,
não existem “livros sagrados”
oceanos, mãe de todos os de Iemanjá, é um também chamados de
que fundamentem ou expliquem
orixás. Seu dia é sábado. É sin- leque tendo ao alabês. Segundo a crença,
essa religião.
cretizada com Nossa Senhora centro o recorte o som dos atabaques serve
Destaque que as línguas, os
da Conceição da Praia. de uma sereia. para invocar os orixás. hábitos alimentares e as danças
dos diferentes povos iorubás e
14 Os atabaques são conside- 15 Babalorixá ou pai de santo, autoridade máxima do bantos escravizados no Brasil
rados entidades poderosas. candomblé, chefe do terreiro onde acontecem as influenciam nossa cultura até
O maior dos atabaques é cerimônias religiosas. É o único que pode jogar os os dias atuais, e muitos deles
chamado de rum; o menor, búzios, meio pelo qual os orixás transmitem suas sobreviveram graças aos rituais
de lé; e o de tamanho inter- mensagens aos seus filhos, segundo os seguidores do candomblé. Comente que
mediário, de rumpi. do candomblé. diferentes povos e costumes origi-
naram uma variedade de nações
Elaborado com base em: MOURA, Clóvis. Dicionário da escravidão negra no Brasil. São Paulo: Edusp, 2004.
CAMPOLIM, Silvia. Candomblé no Brasil: orixás, tradições, festas e costumes. Superinteressante, [s. l.], 31 out. 2016.
de candomblé (como queto e
Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/candomble-no-brasil-orixas-tradicoes-festas-e-costumes/. ijexá, no caso dos iorubás; angola,
Acesso em: 26 maio 2022.
79 congo e cabinda, no caso dos
bantos), com diferentes ritos.
Em seguida, pergunte aos
estudantes o que eles aprende-
AMPLIAR HORIZONTES
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ram com o estudo da pintura
• BOAS práticas para descrição de imagens.
de Djanira, levando-os a perce-
Centro Tecnológico de Acessibilidade. Bento ber como o conhecimento pode
Gonçalves: CTA/IFRS, 17 dez. 2018. Disponí- promover a valorização e o
vel em: https://cta.ifrs.edu.br/boas-praticas-para- respeito pelas religiões. Caso
descricao-de-imagens/. Acesso em: 13 jul. 2022. a região da escola apresente
O artigo traz exemplos de como fazer descrição de dogmatismo religioso, busque
imagens em diferentes meios. suporte com a coordenação e
outros colegas.

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 7: abordadas quando
os estudantes pesquisam e elaboram
interpretações sobre o assunto es- PESQUIS A & AÇÃO
tudado, utilizando-se de diferentes
linguagens e recursos.
Consulte comentários adicionais
• CEH 4 e 7: trabalhadas na interpretação ESTUDO DE RECEPÇÃO DA ARTE nas Orientações didáticas.
e no estudo de recepção de obras de
arte, a fim de compreender seus signi- Os artistas se expressam em suas obras, por meio das quais apresentam críticas,
ficados para diferentes grupos sociais. propõem reflexões, instigam experiências e expõem sentimentos aos espectadores. Porém,
• Habilidade EF07HI03: enfocada quando o modo como uma obra de arte é percebida e interpretada varia muito de pessoa para
o estudante aprofunda o entendimen- pessoa. Muitas vezes, inclusive, uma obra de arte acaba adquirindo sentidos diferentes
to sobre as características culturais dos
das intenções originais do artista. Muitos estudiosos do assunto afirmam que as obras se
povos africanos, por meio de uma pes-
quisa de recepção de obra de arte. completam nessa relação com o público.
Nesta seção, vamos desenvolver um projeto de pesquisa tendo como principal foco o
PROCEDIMENTOS estudo de recepção da arte. Ou seja, faremos uma análise de como determinadas obras
de arte são recebidas pelo público.
DIDÁTICOS
O ponto de partida da nossa investigação será o quadro da pintora Djanira analisado
Pesquisa & Ação na seção Olho vivo, na página 79. O tema do quadro é a religiosidade afro-brasileira,
Retome com os estudantes as
representada em um ritual de candomblé em que participam diferentes orixás. Esse é um
sensações e sentimentos desper-
tema presente em muitas produções artísticas feitas no Brasil.
tados pela obra Candomblé, da
O projeto será desenvolvido em etapas. Reúna-se com cinco colegas e sigam
artista Djanira (página 79), para
as orientações.
assim incentivar o trabalho com
DHAVID NORMANDO/FUTURA pRESS

a pesquisa. 1O passo
Avalie a necessidade da audio- Cada grupo ficará encarregado
descrição das obras desta seção, de pesquisar determinada
expressão artística. Um
conforme indicado anteriormente,
grupo, por exemplo, poderá
promovendo a sensação de perte- pesquisar poemas que abordem
cimento e inclusão dos estudantes temas ligados à religiosidade
com deficiência visual. afro-brasileira. Outro fará
A fotografia da página 80, um levantamento de como
que mostra uma representação esse tema é abordado em
músicas de diferentes estilos.
do orixá Exu em um desfile da
Um terceiro grupo poderá
escola de samba Acadêmicos dedicar-se ao estudo de
do Grande Rio, também é um algumas obras literárias sobre
ótimo recurso para debater a essa temática.
recepção da arte, a influên-
cia da cultura afro-brasileira nas
produções artísticas e a tole-
rância, uma vez que colocou Carro alegórico da escola de samba Acadêmicos do Grande Rio atravessa o Sambódromo da Marquês
de Sapucaí, durante o Carnaval no Rio de Janeiro (RJ), 2022. A escola homenageou os orixás; no alto
em evidência um orixá geral- desse carro, encontra-se a representação de Exu.
mente pouco conhecido e alvo
de muitos preconceitos. 80
Instigue os estudantes per-
guntando, por exemplo, se a
divulgação e a representação doD3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24-AV1.indd
roteiro e esclareça eventuais dúvidas. 80 Inclua AMPLIAR HORIZONTES 14/07/22 12:16

desse orixá em um desfile de nesse roteiro a data em que cada etapa deverá
amplo alcance poderia contribuir ser concluída e reserve um espaço durante as • FREITAS, Felínio. Reinventar a fala e a escuta
aulas para esclarecer dúvidas durante o anda- da palavra a partir da poética de Exu. In:
para desconstruir preconceitos e
BREDARIOLLI, Rita Luciana Berti et al (org.).
combater a intolerância religiosa. mento da pesquisa. Avalie com a turma a melhor
Partilhas sensíveis: diálogos sobre imagem,
Aproveite o contato com essas forma de compartilhar o resultado final. história e memória, mediação, arte e educação.
obras, explique o conceito de Esta pode ser uma boa oportunidade para São Paulo: Universidade Estadual Paulista “Júlio
recepção da arte e apresente a promover o acolhimento e o respeito à diver- de Mesquita Filho”, Instituto de Artes, 2021. v.
proposta de pesquisa. Promova sidade religiosa não só no espaço escolar, 2, p. 194-213. Disponível em: http://hdl.handle.
um detalhamento de cada item mas também na sociedade como um todo. net/11449/216476. Acesso em: 13 jul. 2022.
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Pesquisa & Ação

MoIsÉs PATRÍCIo/CoLEçÃo PARTICULAR


2O passo
Em qualquer um dos casos, a pesquisa pode ser feita (continuação)
em meios impressos e digitais, explorando-se materiais Analise com a turma a pintura
disponíveis on-line e/ou livros e revistas do catálogo da sobre acrílico A Iniciada, de
biblioteca escolar ou municipal. Após o levantamento Moisés Patrício, um artista que
inicial, cada grupo deve selecionar três obras que
trabalha com fotografia, vídeo,
considere significativas.
performances e instalações que
ligam elementos da cultura latina,
3O passo
afro-brasileira e africana. Para
Nessa etapa, os grupos vão elaborar em uma folha avulsa
um roteiro de perguntas sobre as obras selecionadas.
auxiliá-lo na compreensão desse
Incluam questões objetivas, como: “Qual é o nome do artista, leia mais dados sobre ele
artista que produziu essa obra?”, “Em que ano ela foi em: https://www.premiopipa.
feita?”, “Onde ela está localizada?”, entre outras. As com/pag/moises-patricio; acesso
perguntas vão variar conforme a expressão artística em: 13 jul. 2022.
pesquisada (poesia, prosa, música, artes visuais etc.). A Iniciada, Moisés Patrício.
Acrílica sobre tela, sem data. Como estudo de recepção
da arte, a pesquisa desta seção
4O passo 7O passo possibilita a percepção da influ-
Agora, elaborem perguntas de caráter subjetivo. Por Quando todos os grupos e ência da cultura afro-brasileira
exemplo: “O que mais chamou a sua atenção nessa estudantes tiverem respondido
na produção artística brasileira.
obra?”, “Que sentimentos ela despertou em você?”, “Essa a todos os roteiros de
obra traz alguma lembrança para você?”, “Há algo nessa perguntas, as folhas com as
Por meio dela, os estudantes
obra de que você goste ou desgoste?”, “Em sua opinião, respostas deverão retornar aos poderão identificar e perceber as
essa obra proporciona algum aprendizado? Qual?”. grupos que os elaboraram. múltiplas possibilidades de inter-
Nessa etapa, os grupos pretação de uma obra de arte.
devem comparar e avaliar Caso queira expandir a pro-
5O passo as semelhanças e diferenças posta, pode-se levantar um
As perguntas objetivas devem ser respondidas em grupo nas respostas, atentando-se
em uma folha avulsa. Em seguida, as perguntas subjetivas questionamento sobre como os
para questões como: “Em
devem ser respondidas individualmente pelos integrantes que pontos as interpretações estudantes observam o respeito
do grupo. Nesse momento, mantenham as respostas em de determinada obra se à diversidade religiosa no bairro
segredo para não influenciar os colegas de grupo. aproximaram? E em que pontos onde vivem, na cidade onde se
elas se afastaram?”, “Alguma localiza a escola e/ou na socie-
interpretação foi única?”. Ao dade brasileira (principalmente
final da análise, elaborem uma
6O passo em relação às religiões de matriz
conclusão sobre a recepção das
Após o grupo responder ao próprio roteiro de perguntas,
obras de arte escolhidas.
africana). Além disso, incentive-
ele deverá compartilhá-lo com os demais grupos, -os a pensar se as obras de arte
acrescentando as três obras escolhidas. O procedimento também podem contribuir para
será o mesmo: após a análise das obras, as perguntas 8O passo
combater preconceitos sociais.
objetivas de cada roteiro serão respondidas coletivamente, Por fim, cada grupo vai apresentar
e as perguntas subjetivas, individualmente pelos membros os resultados de sua pesquisa por
de cada grupo em uma folha avulsa. escrito ou oralmente.

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• SALAROLI, Tatiane Pereira; SIMÕES, Anélia dos Santos Marvila. Educar para a tolerância religiosa nas
escolas públicas. Revista Unitas: Revista Eletrônica de Teologia e Ciências das Religiões, Vitória, v.
5, n. 2 (n. especial), p. 350-368, 2017. Disponível em: https://revista.fuv.edu.br/index.php/unitas/article/
viewFile/562/489. Acesso em: 13 jul. 2022.
Artigo que apresenta reflexões sobre intolerância religiosa nas escolas e propõe alternativas para trabalhar
conteúdos didáticos que considerem a diversidade.

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 4 e 7: abordadas no estudo e
nas reflexões sobre a identidade, ori-
gem, organização social e forma de OS BANTOS
pensamento dos bantos, além da rela- O termo banto refere-se a diversos povos africanos que falam línguas de origem
ção desse povo com o Brasil; e no uso
comum. Originariamente, os bantos viviam na atual região de Camarões e da Nigéria.
de iconografia que apoia a discussão.
• CEH 1, 4: trabalhadas na compreensão Durante seus deslocamentos à procura de terras para a agricultura, os bantos povoaram
sobre a cultura banta e sua influência extensas áreas e, no fim do século XII, já ocupavam mais de dois terços do continente,
na formação étnico-cultural e religio- desde a atual África do Sul até a linha do equador.
sa em outros povos, no tempo e no Nesses territórios, os bantos funda-
espaço.
ram reinos importantes, como o Grande
• Habilidades EF07HI02 e EF07HI03:
enfocadas quando os estudantes ana- Zimbábue, por volta do século XIV, e o
lisam as particularidades dos bantos Manicongo, no século XV.
compreendendo-as como elementos Assim como os iorubás, milhões de
de influência política, social e cultu- bantos foram trazidos à força para serem
ral no mundo.
escravizados nas Américas. No Brasil,
por exemplo, também participaram da
PROCEDIMENTOS formação dos hábitos e costumes da
DIDÁTICOS população.
Solicite que a turma localize no
Ruínas do Reino de Grande Zimbábue,
mapa da página 73 o território Masvingo, Zimbábue, 2017.
YURY BIRUkoV/sHUTTERsToCk.CoM
ocupado pelos povos bantos,
que viviam onde hoje se locali- O ubuntu
zam Camarões e Nigéria e que, a Uma das características dos povos bantos é o ubuntu, forma de pensamento huma-
partir do século I, se expandiram nista e comunitária. Diferentemente do humanismo europeu, que priorizava o indivíduo
da África do Sul até a linha do
(releia o capítulo 2), o ubuntu prioriza o coletivo. De acordo com esse pensamento, as
equador. Explique aos estudan-
pessoas não devem levar vantagem pessoal em detrimento do bem-estar de seu grupo.
tes que essa expansão também
Algumas características fundamentais do ubuntu são: respeito
foi causada pela necessidade de Altruísmo: amor
mútuo, fraternidade, altruísmo e colaboração entre as pessoas. Esse desinteressado ao
novas áreas para a agricultura.
pensamento se aplica à política, ressaltando a importância da convi- próximo; é o contrário
Aproveite a fotografia das do egoísmo.
vência harmoniosa em sociedade, a união e o consenso nas tomadas
ruínas do reino de Grande
de decisão a fim de abranger interesses de grupos opostos.
Zimbábue para explorar algumas
características desse reino, como As ideias do ubuntu permeiam as sociedades bantas há muitos anos e seus princípios
as construções fortificadas e loca- nortearam a elaboração da Constituição da África do Sul.
lizadas em local privilegiado, no
alto de uma colina. Busque ressal- 1. Reflita sobre as características fundamentais do ubuntu. Em seguida, reúna-se em
tar as habilidades arquitetônicas e grupo e converse com os colegas sobre as seguintes questões: essas características
metalúrgicas dos bantos, que lhes estão presentes no dia a dia da turma? Quais delas precisariam ser aprimoradas e
conferiam vantagens em relação de que maneira? Para finalizar, elaborem um texto curto resumindo as conclusões
coletivas e ilustre-o.
aos demais povos da região. Produção pessoal. As perguntas permitem que os estudantes reflitam sobre a postura deles em sala de
Explique também que milhões 82 aula e sobre como o grupo trabalha a noção de coletividade.
de bantos foram trazidos à força
para serem escravizados na
América. Para falar da influên- ATIVIDADE COMPLEMENTAR
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24.indd 82 de que é afetada quando seus semelhantes 30/06/22 12:14
cia da cultura banta em nosso são diminuídos e oprimidos e também fica feliz
idioma, proponha uma atividade Refletir sobre a filosofia ubuntu quando eles estão felizes e realizados.
que explore as pronúncias e os Organize um círculo, de preferência ao ar É importante que a turma reconheça que as
significados de algumas palavras, livre, e peça aos estudantes que expliquem o atitudes solidárias, o respeito e a fraternidade
como marimbondo, tanga, qui- que entendem sobre a afirmação que resume devem conduzir todos os relacionamentos para
tanda, fubá, farofa, jiló, minhoca, a ética ubuntu: “Eu sou porque nós somos”. uma convivência harmoniosa, como acontece na
bobó e canjica. Em seguida, explique à turma que a solida- capoeira e no candomblé. Para finalizar, solicite
riedade e a empatia (Competência Geral que façam uma ilustração coletiva sobre temas
9) sustentam essa filosofia do povo banto. inspirados na filosofia ubuntu para ser exposta
Uma pessoa com ubuntu tem consciência em um espaço coletivo da escola.
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baseado na metodologia de
aprendizagem por pares e
que favorece também a coope-
Os bantos no Brasil ração e a integração. Ao final,
Ao chegarem à América portuguesa, os bantos foram direcionados para diferentes organize uma apresentação com
regiões do território. Nesses locais, difundiram seus hábitos e costumes. os elementos explorados.
Diversos alimentos consumidos pelos bantos na África foram introduzidos no Brasil Esta é uma atividade fun-
damental para o processo de
e atualmente compõem parte da alimentação dos brasileiros. Entre eles se destacam o
criação de uma autoimagem
quiabo e o dendê, óleo extraído do fruto da palmeira.
positiva do próprio estudante
Palavras comuns da língua portuguesa também são de origem banta: moleque (menino
(desenvolvendo assim essa habi-
travesso), marimbondo (inseto parecido com a vespa e de ferroada muito dolorida), len- lidade socioemocional), que
ga-lenga (conversa fiada) e caçula (filho mais novo de um casal) são exemplos de como a assim terá melhores condições
língua banta está inserida na maneira de falar e escrever do brasileiro. de se posicionar e atuar no seu
A herança dos bantos é especialmente rica no que se refere às festividades. Um cotidiano, no contexto de uma
exemplo é a Congada, na qual é encenada a coroação dos reis do Congo. Esse folguedo história social mais ampla.
mistura música e dança africanas com rituais do catolicismo – como as procissões em Mais informações sobre instru-
homenagem aos santos – e continua presente em cidades no interior e no litoral do Brasil. mentos bantos e o coco podem
Entre os diversos folguedos e ritmos musicais de raízes africanas, o mais conhecido e ser conferidas em: https://www.
praticado no Brasil é o samba. O próprio nome é originado do banto samba ou semba, youtube.com/watch?v=6R_
Y0TghwVc (zabumba); https://
que quer dizer “umbigada”.
www.youtube.com/watch?
A influência banta está em
v=09z9uB3xx4o (instrumentos
todas as variantes desse gênero
variados) e https://www.youtube.
musical, como o partido-alto, com/watch?v=T18tbTP2u_o
o coco, o lundu, o jongo e o (dança e percussão). Acessos
calango, entre outros. Diversos em: 14 jul. 2022.
instrumentos musicais utiliza-
dos para acompanhar o samba,
Atividade
como cuíca, ganzá e reco-reco, 1. É importante que os estudantes
têm igualmente sua origem rela- percebam que o reconheci-
cionada aos bantos.
mento dessas heranças em
nossos costumes pode ajudar
a criar uma imagem positiva
Congada em São Luiz do
Paraitinga (SP), 2022.
e fortalecida das identidades
MÁRCIo PAnnUnZIo/FoToAREnA
das pessoas que se identifi-
cam com essas tradições. Esse
1. Entre os séculos XVI e XIX, milhões de africanos escravizados foram trazidos à força exercício auxilia no processo
para o Brasil. Com eles, vieram manifestações culturais que contribuíram para a
de criação de uma autoima-
formação da cultura brasileira: ritmos musicais, danças, manifestações religiosas,
expressões linguísticas, receitas culinárias etc. Como o estudo dessas manifestações gem positiva, fomentando no
culturais pode contribuir para conhecermos melhor a sociedade brasileira? Em estudante a capacidade de
seu entendimento, que importância esse estudo tem para o fortalecimento da se posicionar no contexto da
autoestima de grupos sociais na atualidade? história social mais ampla.
Respostas pessoais. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
83 AMPLIAR HORIZONTES
• ALFABANTU. [S.l.], 2017. Dis-
ponível em: https://play.google.
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24.indd 83 criatividade e promover mais interação entre
30/06/22 12:14
com/store/apps/details?id=com.
os envolvidos. MammaShip.AlfaBantu&hl=pt_
Aproveite as informações do texto Os bantos
no Brasil, na página 83, para propor a confec- Trabalhe a interdisciplinaridade com Arte BR. Acesso em: 14 jul. 2022.
ção de alguns instrumentos de origem banta e e Educação Física para direcionar a atividade Aplicativo gratuito composto
a exploração do coco, expressão cultural típica aos estudantes com deficiência visual, pos- de um glossário de palavras do
do Nordeste brasileiro que envolve elementos sibilitando o manuseio dos objetos durante alfabeto kimbundu, contendo
a confecção e a reprodução de alguns sons. números, saudações, partes do
do canto e da dança. Além de trabalhar os
corpo e nomes de animais, além
ritmos, orientando a turma sobre notas musi- Busque atender também àqueles com defici-
de uma atividade de memoriza-
cais e pausas, a atividade permite perceber as ências motoras, aproveitando as facilidades ção desses termos.
diferenças entre os instrumentos, incentivar a de alguns estudantes para auxiliá-los, exercício
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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 5 e 7: enfatizadas na abor-
dagem da sociedade turco-otomana,
como exemplo da diversidade de
culturas e povos, em momentos histó- ENQUAN TO ISSO...
ricos aproximados e espaços distintos;
e no uso de iconografia e do esque- OS TURCOS-OTOMANOS
ma-resumo como apoio ao estudo do
capítulo. Os turcos eram um povo de pastores nômades que vivia na Ásia central, região onde
• CEH 1, 2 e 3: trabalhadas na análise da hoje é o Cazaquistão.
trajetória dos turcos-otomanos, pro- Por volta do século X, época em que Bagdá era um importante centro da cultura
blematizando suas práticas políticas, muçulmana, os turcos viram-se obrigados a migrar para a Ásia Menor, ou Anatólia,
sociais e culturais a partir dos princi-
região onde os continentes da Ásia e da Europa estão separados por uma faixa estreita
pais acontecimentos históricos a eles
relacionados. de mar. Ali, fundaram vários reinos independentes e, ao entrarem em contato com os
• Habilidade EF07HI03: enfocada quan- muçulmanos, converteram-se ao islamismo. Um desses reinos foi o dos otomanos, na
do o estudante compreende a atuação região da atual Turquia.
política, social e econômica do gru- Contando com um poderoso
po analisado. exército, a partir do século XIV,
os turcos-otomanos iniciaram um
PROCEDIMENTOS processo de expansão territorial
DIDÁTICOS que resultou na conquista de
diversos territórios na Europa,
Enquanto isso... no Oriente Médio e no norte
Ao abordar o texto da seção, da África, dominando grande
peça aos estudantes que loca- parte da região do Mediterrâneo.
lizem no mapa-múndi a região Uma das conquistas mais sig-
de origem do povo turco (Ásia nificativas foi a da cidade de
central, atual Cazaquistão), Constantinopla, em 1453, que
para onde ele se deslocou por pôs fim ao Império Romano
volta do século X (Ásia Menor, do Oriente e, de acordo com a
Anatólia) e onde se formou o marcação histórica convencional,
reino otomano (atual Turquia). inaugurou a Idade Moderna.
Na sequência, retome com a O Império Turco-Otomano
turma a reflexão sobre a expan- existiu até as primeiras décadas
são do islamismo, proposta no do século XX.
início do capítulo, para discu-
tir a conversão dos turcos ao
Islã durante a formação de seus
reinos na Ásia Menor. Explique O cerco de Constantinopla
que a formação de uma cultura pelos turcos-otomanos
representado pelo artista
militarista e a obediência aos
Jean Le Tavernier, em 1455.
ideais expansionistas da religião sCIEnCE soURCE/FoToAREnA

muçulmana também motivaram 84


a conquista de diversos terri-
tórios, subjugando inclusive o
Império Bizantino, onde predo- trabalhadas na seção para que
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24.indd 84 o conceito de da qual participou todo o povo. Até en- 30/06/22 12:14

minavam os cristãos ortodoxos. tempo histórico seja cada vez mais apreendido tão, a conversão ao islã fora apenas de
Relembre que o episódio da pela turma. indivíduos ou grupo de indivíduos. Nes-
se momento, pela primeira vez, um povo
tomada de Constantinopla, a
capital bizantina, pelos turcos-
Texto complementar turco inteiro livre, totalizando, segundo
um cronista árabe, 200 000 tendas, aceita-
-otomanos, em 1453, marca Oriente Médio ra o islã, formando o primeiro reino turco
também o início da chamada [...] Em 960, ocorreu um fato de signifi- muçulmano [...].
Idade Moderna, segundo conven- cação inteiramente diferente – a conversão LEWIS, Bernard. O Oriente Médio: do advento
cionou a historiografia. Reforce dos karakânidas, uma dinastia turca si- do cristianismo aos dias de hoje. Rio de Janeiro:
as noções de simultaneidade tuada do outro lado da fronteira do islã, Jorge Zahar, 1996. p. 89-90.
84

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Esquema-resumo
ESQUEM A-RE SUMO CAPÍTULO 3 Para complementar, faça na
lousa duas colunas, uma para o
mundo árabe e outra para a
MUNDO ÁRABE ÁFRICA África. Peça aos estudantes que
ajudem no preenchimento das
1200 a.C.: Península
colunas com informações coleta-
Reino de Gana Povos iorubás Povos bantos
Arábica habitada por clãs das no capítulo e nesta página.
de pastores e mercadores
Traços linguísticos e
Relembre a importância da
Origem linguística
Caravanas: trocas
culturais comuns comum percepção dos processos his-
comerciais e culturais
Século IV
Sem governo central Diferentes formas tóricos desenvolvidos por essas
com outros povos Cidades-Estado de governo
Clãs independentes, governadas por obás civilizações: o tempo em que
Aldeias e povos
sem unidade política
dominados obedecem Várias divindades se desenvolveram e o encadea-
(orixás)
Religiões politeístas ao gana (rei)
mento de eventos que levaram
Território rico em ouro
a mudanças ou permanências.
Grande domínio técnico
da metalurgia Deixe claro que uma das
613: Maomé (570-632) Rotas de comércio com
o norte da África
Século XV a XIX principais características da
funda o Islamismo e lidera
os clãs Africanos escravizados
expansão do islamismo foi a
trazidos ao Brasil articulação direta entre o Estado
Século XII participaram da
622: Hégira (fuga de
Maomé de Meca a
formação populacional, e a religião. Nos locais domina-
social e cultural do país
Medina) Invasão de povos dos, era primordial converter os
630: muçulmanos árabes
A expansão do islamismo provocou efeitos infiéis e submeter os conquista-
conquistam Meca
diversos em reinos e sociedades africanas.
Unificação da Península
Por exemplo, enquanto o Reino de Gana dos às leis do Alcorão.
Arábica
Século XIII foi desarticulado, o Reino do Mali teve
Expansão do islamismo

Monoteísmo: sentimento
de identidade soberanos que seguiam o islamismo e
Difusão da cultura defendiam os costumes dessa religião. AMPLIAR HORIZONTES
Reino de Gana
árabe dominado pelo Reino
do Mali
• SAID, Edward. Orientalis-
Após 632: conquista do Reino do Mali (entre os mo: o Oriente como invenção
Oriente Médio, norte da rios Níger e Senegal) do Ocidente. São Paulo: Com-
África e da Pérsia (Ásia) panhia das Letras, 1990.
Século XIII Séculos XV e XVI O autor discute a imagem cons-
711: conquista muçulmana
da Península Ibérica truída pelo mundo ocidental sobre
(Portugal e Espanha) Diferentes clãs obedecem Enfraquecimento
ao mansa (rei) e desagregação do o Oriente, principalmente sobre o
762: capital transferida
para Bagdá
Domínio das reservas de ouro Reino do Mali mundo árabe e sua cultura.
Controle de rotas de comércio
Seguidores do islamismo
Expansão territorial

Com base nas informações desta seção e no que você estudou neste capítulo, explique de que modo a
expansão do islamismo afetou reinos e sociedades africanas.

85

Texto complementar
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O mundo muçulmano
[...] Numa primeira onda, nos séculos VII a XI, os árabes expandiram o Islã para o Oriente Médio e a África do
Norte e estabeleceram não somente o mais extenso Estado do mundo, mas desenvolveram uma civilização origi-
nal e avançada: é a fase clássica. Num segundo estágio, nos séculos XI-XIV, o Islã sofreu reveses no Oriente Médio,
mas continuou sua expansão na Ásia central e Índia: é a Idade Média muçulmana. O terceiro estágio, do século XV
até o XVIII, viu a renovação do dinamismo numa série de eficientes “impérios da pólvora” muçulmanos, [...] com a
propagação da fé para a África e o sudeste asiático. No século XIX e na primeira metade do século XX, período que
corresponde ao quarto estágio, o mundo muçulmano caiu sob a influência das potências europeias.
DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2004, p. 37.
85

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 4, 6 e 7: abordadas nas
atividades que analisam o mundo so- 1. Algumas informações que podem ser destacadas são:

AT IV IDADE S
a inexistência de unidade política entre os clãs da Península Arábica;
ciocultural (no tempo e no espaço)
a Caaba como centro de peregrinação e de culto a NÃO ESCREVA
e incentivam a construção de argu- inúmeras divindades (religiões politeístas); e a presença NO LIVRO.
mentos e a valorização da diversidade de crenças animistas.
humana, utilizando-se de linguagens 1. Atualmente, a religião islâmica, que é monoteísta, predomina na Península Arábica.
e recursos variados. Porém, no passado, os povos árabes eram politeístas. Esse é um exemplo de ruptura
• CEH 2, 3 e 7: trabalhadas nas ati- histórica. Com base nas informações do capítulo, apresente outros exemplos que
vidades que refletem sobre as evidenciem rupturas na história da região.
transformações sociais na vida dos
povos, na interpretação de documen- 2. De acordo com a tradição islâmica, a Caaba foi construída por anjos, por Adão ou
tos e na produção de um vídeo para a pelo patriarca Abraão. Os historiadores explicam que a Caaba existia na região desde
compreensão do assunto em estudo. o período em que as sociedades árabes eram politeístas. Portanto, há diferença de
• Habilidade EF07HI03: enfocada quando perspectiva na explicação dada pela tradição religiosa e pela pesquisa histórica. Com
o estudante compreende as particulari- base no que você estudou sobre a produção do conhecimento histórico, explique o
dades das sociedades analisadas e as motivo dessa diferença. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
influências políticas, sociais e culturais 3. O Reino de Gana formou-se na região do Sahel a partir do século IV. A atividade
consolidadas ao longo do tempo. comercial favoreceu o desenvolvimento e o enriquecimento do reino. Elabore uma
linha do tempo destacando os principais acontecimentos na história do Reino de
Gana (consulte, na seção Como se faz..., orientações sobre como elaborar uma linha
PROCEDIMENTOS do tempo). É importante que a linha do tempo destaque: século IV – formação do Reino de Gana;
DIDÁTICOS século XII – guerras internas enfraqueceram o reino e possibilitaram que invasores árabes
4. Na história da África, a tradição oral ajuda a compreender o desenvolvimento das
Atividades civilizações e culturas que existiram no continente entre os séculos XI e XV. Com
base nas informações do capítulo, descreva alguns elementos que justifiquem essa
2. O estudo da história se
afirmação. conquistassem a cidade de Koumbi Saleh; esses são fatores que provocaram o declínio do
concretiza por meio de evi- Reino de Gana, incorporado ao Reino do Mali.
dências deixadas pelos grupos 5. A seguir, leia o trecho de um texto sobre a importância do griô (griot) para as
humanos do passado. Essas sociedades africanas. Em seguida, faça o que se pede.
4. Consulte resposta esperada e comentários adicionais nas Orientações didáticas.
evidências podem ser objetos,
[…] griô se baseia na tradição oral para a transmissão de vivências e saberes
construções como a Caaba,
culturais de uma comunidade. O mestre griô é reconhecido por, coletivamente,
pinturas, orações, cartas etc. transmitir ensinamentos de geração em geração, com uma identidade própria de
Já a religião se baseia na fé, um povo […]. “Quando dizem que você é um griô, significa que você se comprometeu
geralmente transmitida pela a guardar as histórias, a guardar uma genealogia, e viver como um registro vivo,
oralidade de geração para com instrumentos, elementos e rituais de iniciação. É como um historiador que
geração. Por isso, existem trabalha com o canto e a memória”, explica Luciana Meireles, estudiosa acadêmica
de vertente desta tradição oral […].
diferenças entre as explica-
[…] De acordo com Luciana, usar da transmissão oral é um fenômeno mundial,
ções religiosas e as históricas. mas que no contexto brasileiro guarda singularidades fundamentais: “O que existe
Recorde à turma que existem aqui é a tradição do griô africano, que veio do Mali. É uma tradição de contação de
diferenças entre as explicações história, que é passada de geração do pai pro filho. A pedagogia griô, criada na Bahia,
religiosas e as históricas tanto se baseia no fato de que essa contação de história tem uma proposta pedagógica,
para os fatos históricos quanto na valorização da vivência das comunidades tradicionais […]”.

para os acontecimentos no NUNES, Ronayre. Entenda o movimento griô e a importância da ancestralidade na cultura. Correio
Braziliense, Brasília, DF, 12 dez. 2018. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/
mundo. diversao-e-arte/2018/12/12/interna_diversao_arte,724615/conheca-o-movimento-grio.shtml.
Acesso em: 16 maio 2022.
4. A tradição oral contribui para
86 5. a) Resposta pessoal. A atividade incentiva a pesquisa no dicionário como etapa da interpretação de
a divulgação do passado afri- textos e possibilita a ampliação do vocabulário.
cano, pois, tanto dentro da
família quanto nas comunida-
des, é o fator que possibilita AMPLIAR HORIZONTES
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a transmissão de aspectos
• HISTÓRIA da cartografia. 2011. Vídeo (3min18s).
culturais, como histórias, Publicado pelo canal Ricardo Laranjo. Disponível
lendas, receitas e crenças, às em: https://www.youtube.com/watch?v=qtbi4c-
gerações mais novas. gomK8. Acesso em: 14 jun. 2022.
Animação sobre as fases de desenvolvimento da
cartografia, desde os primeiros mapas em argila
até a Carta Internacional ao Milionésimo, em 1909.

86

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6. a) Os ditados oferecem ensi-
namentos práticos (como
evitar ferir outras pessoas
a) Liste no caderno as palavras do texto que você desconhece e pesquise o significado delas
para não ser ferido) e
em um dicionário.
b) Com base na reportagem, explique qual é a importância dos griôs na África e no Brasil.
valorização da sabedoria
c) Há formas de preservação da tradição oral importantes em sua comunidade? Se sim, quais?
(como a ideia de que certos
Explique. 5. b), c) Consulte resposta esperada e comentários adicionais nas Orientações didáticas. eventos prejudicam muita
gente, não apenas algumas,
6. Em muitas culturas africanas, os ditados são um elemento importante para a trans-
missão de saberes e ensinamentos. Leia a seguir alguns ditados populares na África
e que as pessoas agem de
centro-ocidental, região que abrange atualmente Angola, Congo, Congo-Kinshasa, formas diferentes diante de
Camarões e Gabão. 6. a) Consulte comentários nas Orientações didáticas. alguém poderoso e diante
de alguém fraco).
Se você não pisar no rabo de um cachorro, ele não morderá você. c) Para ampliar a discussão,
O saber é melhor que a riqueza.
6. b) Respostas pessoais. A proposta da atividade é selecione previamente
incentivar a reflexão e a argumentação dos estudantes,
alguns ditados comuns na
A chuva não cai num telhado só. por isso é fundamental que eles desenvolvam argumentos
claros e coerentes em seus posicionamentos. região onde os estudantes
O que se diz a um leão morto não se diz a ele vivo. vivem, apresente-os em
LOPES, Nei; SIMAS, Luiz Antonio. Filosofias africanas: uma introdução. Rio de Janeiro: sala e promova um debate
Civilização Brasileira, 2020. p. 109.
sobre eles.
a) Interprete os ditados e explique que tipo de mensagem eles apresentam. 7. Incentive a turma a se expres-
b) Você concorda com o que dizem esses ditados? Por quê? sar pelos desenhos. Lembre-os
c) Você conhece ditados populares do Brasil? Caso conheça, compartilhe-os com os colegas e de que o mais importante
conte sua interpretação sobre o que eles significam. é transmitir informações e
6. c) Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
7. Analise a imagem do Atlas Catalão na página 75. A imagem ilustra aspectos de desejos pelo desenho. Se
regiões pouco conhecidas pelos europeus e destaca a riqueza de um soberano que possível, busque a ajuda do
vivia em determinada região da África. Consulte resposta esperada e comentários adicionais professor de Arte para ampliar
nas Orientações didáticas.
Agora é sua vez! Faça um desenho de uma cidade ou um país que gostaria de a atividade, incluindo pintura,
conhecer. Que imagens você vai escolher para expressar o que é mais característico colagem, dobradura, etc.
desses lugares? Ao final, mostre seu desenho aos colegas.
8. A proposta da atividade é
8. Os bantos tiveram grande importância na formação da cultura brasileira. Pesquise utilizar e produzir uma tec-
exemplos dessa influência e monte um vídeo com o que descobriu sobre o tema
nologia de comunicação (o
(consulte, na seção Como se faz..., orientações sobre como elaborar um vídeo).
Depois, socialize seu trabalho com os colegas. Consulte comentários nas Orientações didáticas. vídeo) para valorizar a cultura
afro-brasileira e desenvolver
9. Leia as afirmações sobre os bantos e indique V para as opções verdadeiras e F para competências relacionadas
as falsas. Explique o erro das alternativas identificadas como falsas.
com a pesquisa, organização
a) F Os bantos formaram um reino unificado que conquistou mais de dois terços do continente
africano. Os bantos não criaram um reino unificado.
e a socialização de informa-
b) V Os constantes deslocamentos dos bantos estavam relacionados às necessidades agrícolas. ções. Conduza-os à consulta
c) V Vários aspectos da cultura dos bantos foram incorporados aos costumes da população da seção Como se faz..., que
brasileira. os ajudará na tarefa do vídeo.
d) F Os bantos não formaram reinos importantes, pelo contrário, formaram apenas comuni- Ao final, reserve um momento
dades independentes. Os bantos formaram diversos reinos, como o do Grande Zimbábue e o da aula para a apresentação
Manicongo.
do material. Caso julgue
87
conveniente, é possível com-
partilhar os vídeos produzidos
nas redes sociais da escola.
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24-AV3.indd 87 trazida para o Brasil por causa do tráfico
16/07/22 13:16

de pessoas escravizadas entre os séculos


Atividades (continuação) XVI e XIX.
5. b) A reportagem afirma que o mestre griô c) Incentive-os a refletir sobre a impor-
tem o papel de transmitir ensinamentos de tância das tradições orais no presente e
geração em geração, preservar as tradições comente o papel de tecnologias digi-
de um povo, a genealogia dos antepassa- tais na preservação dessas tradições,
dos e outros elementos importantes para por meio de gravação e armazenamento
a preservação da identidade coletiva. Esse de vídeos e áudios que registrem práticas
tipo de prática está presente na África e foi e saberes no presente.
87

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A BNCC NESTA DUPLA
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CECH 3, 4 e 7: trabalhadas nas ativi-
dades que analisam as ações humanas 10. Leia as seguintes afirmações a respeito dos árabes entre os séculos VII e XI e indique
na natureza e nas suas próprias or- V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas.
ganizações sociopolíticas e culturais;
a) V Traduziram e difundiram entre os europeus importantes obras sobre o saber grego.
na proposta de acolhimento sem pre-
conceitos a diversos grupos sociais, b) F Construíram observatórios astronômicos exclusivamente para que seus religiosos realizas-
utilizando para isso textos, imagem sem profecias baseadas nos astros.
e mapa. c) F Introduziram, na Europa, novas técnicas de pintura, entre elas, o uso da perspectiva.
• CEH 3 e 5: abordadas no incentivo d) V Tiveram contato com o sistema numérico hindu e desenvolveram o sistema numérico
ao estudante para elaborar ques- conhecido como indo-arábico.
tionamentos e argumentos sobre as 11. Analise atentamente as informações do mapa a seguir e depois responda ao que
sociedades e civilizações estudadas
se pede. 11. b) Até o início do século VII, o islamismo estava restrito apenas à Península Arábica,
e na reflexão sobre o expansionismo porém, a partir de 622, os islâmicos conquistaram partes da Ásia e do norte da África. No
islâmico e seu significado histórico. século VIII, já dominavam todo o norte africano
A expansão islâmica (séculos VII e VIII) e a Península Ibérica.
• Habilidade EF07HI03: enfocada quando

VEsPúCIo CARToGRAFIA
30° L
o estudante põe em prática o conheci-
EUROPA
mento construído ao longo do capítulo
mobilizando as principais informações REINO DOS FRANCOS

OCEANO
sobre as sociedades africanas estuda- ATLÂNTICO Mar
de
das e sobre a complexidade de suas Aral
Mar Negro
interações com outros povos. Roma
Mar
Cáspio
Constantinopla
Hispânia
IMPÉRIO BIZANTINO Armênia

PROCEDIMENTOS Córdoba Alepo


Rio
T
ÁSIA

ig
Túnis (Cártago)

re
DIDÁTICOS Fez
Kairuan
Mar Mediterrâneo
Mesopotâmia
Damasco
Ri
o
Eu
fra
Khorassam
Bagdá Pérsia
Magreb te
Marrakech s
Basra

Atividades (continuação) Líbia


Egito
Fustaf
(Cairo)

Go
Índia

lfo
12. Resposta pessoal. Durante ér
sic

P
ÁFRICA o

o desenvolvimento da ativi- Trópico de Câncer

Ma
rV
lo
Medina

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Mar da

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dade é importante que os o
Ri
Meca Arábia Arábia

elh
o
estudantes identifiquem que
Islamismo na época de Maomé (622-632)
esse projeto ambiental se Primeiras conquistas islâmicas (até 661)
OCEANO
transformará na maior estru- Conquistas islâmicas posteriores (até 750)
Extensão máxima do islamismo
0 440 ÍNDICO

tura viva do planeta quando


11. c) O mapa evidencia que, nesse Fonte: DUBY, Georges. Grand atlas historique. Paris: Larousse, 2008. p. 206.
for terminada e visa proteger primeiro momento, o islamismo penetrou 11. a) Trata-se da expansão islâmica, que ocorreu entre os séculos VII e VIII.
o Sahel da desertificação especialmente a) Que processo histórico está representado no mapa? Em que período esse processo ocorreu?
no norte da b) Descreva como ocorreu o processo representado no mapa.
provocada pelo avanço do África.
Saara. Assim, é uma forma Posteriormente, c) De acordo com o mapa, quais foram as primeiras regiões de penetração do islamismo na África?
de proteger a biodiversidade porém, povos d) De que forma é possível relacionar as informações desse mapa com o processo de Reconquista
islâmicos da Península Ibérica estudado no capítulo 1?
da região, evitar a erosão do ocuparam outras
solo, proteger os animais e regiões do 12. A Grande Muralha Verde da África está sendo plantada na beira do Saara com o
continente objetivo de evitar a degradação da terra e a desertificação. Quando estiver pronta,
os grupos humanos que africano. em 2030, terá mais de 7 500 quilômetros de comprimento e 14,5 quilômetros
vivem na região.
de largura, tornando-se a maior estrutura viva existente no planeta, superior à
É interessante enfatizar a 11. d) O processo de Reconquista da Península Ibérica caracterizou-se pela luta de cristãos contra povos
importância dessa ação, já que 88 islâmicos que ocupavam a região. Assim, o mapa evidencia o início dessa ocupação, quando os cristãos
sofreram derrotas e perderam o controle daquela parte da Europa.
medidas eficazes para lidar
com os problemas ambien-
tais exigem a articulação de interdisciplinar entre História e Ciências de
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AMPLIAR HORIZONTES 30/06/22 12:14

muitos países, e a Muralha modo a entender os impactos ecológicos


Verde é um exemplo concreto da muralha e seus objetivos principais, espe- • PEREIRA, Rosalie Helena de Souza (org.). O Islã
de ação nesse sentido. Para cialmente a luta contra a desertificação, que clássico: itinerário de uma cultura. São Paulo:
aprofundar a discussão em pode tornar a vida humana insustentável em Perspectiva, 2007.
torno dessa iniciativa, é inte- regiões do Sahel. A autora aborda questões como o início do Islã, a
ressante promover uma análise trajetória de seus líderes e aspectos culturais da po-
pulação que adota o islamismo.

88

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PROCEDIMENTOS
Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais em Orientações didáticas.
DIDÁTICOS
Grande Barreira de Coral australiana. Para saber mais sobre isso, forme grupos e Vamos falar sobre...
siga as orientações. Tolerância
a) Pesquisem informações sobre a Grande Muralha Verde de modo a identificar o impacto que
No momento da conversa
esse projeto ambiental terá no meio ambiente e na biodiversidade do continente africano.
Identifiquem também os efeitos sociais esperados com essa construção. sobre tolerância, busque sempre
b) Em sala de aula, socializem o que aprenderam com o restante da turma. Nesse momento, transmitir a importância de haver
vocês poderão construir um relato oral, como um contador de histórias faria no futuro para respeito, empatia e cordiali-
as gerações que viverão esses impactos e efeitos sociais. dade (Competência Geral 9)
Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
entre os estudantes da turma.

YANN ARTHUS-
BERTRAND
Lembre-os de que a discussão
enriquece o repertório de cada
um, valorizando a pluralidade
A Grande Muralha
de ideias que tenham premis-
Verde se inicia na
região do Sahel sas éticas.
(Tunísia), na fronteira
sul do deserto do
Saara, um dos
lugares mais pobres
e áridos do planeta.
Estende-se por
mais de 20 países,
tais como Argélia,
Burkina Faso, Benin,
Chade, Cabo Verde,
Djibuti, Egito,
Etiópia, Líbia, Mali,
Mauritânia, Níger,
Nigéria, Senegal,
Somália, Sudão
e Gâmbia.
Fotografia de trecho da Grande Muralha Verde, na Argélia, 2015.

VAMOS FALAR SOBRE... TOLERÂNCIA


A cultura brasileira foi bastante influenciada por práticas religiosas de tradições muito
diversas. As religiões dos povos bantos e iorubás, por exemplo, tiveram participação deci-
siva na formação social e cultural brasileira. Essas tradições combinaram-se com outras
de origem portuguesa e indígena, criando novas expressões culturais. O candomblé, por
exemplo, associa alguns orixás a santos católicos. Desde as origens de sua religião, os
candomblecistas enfrentam perseguições e combatem o preconceito contra manifestações
ligiosas, ações, instituições,
de cultura negra. livros, condutas, mitos, ritos,
• Sob a orientação do professor, conversem sobre como a história dos povos africa- teologias etc.
nos e suas influências em nosso cotidiano podem contribuir para uma sociedade Apesar de sua extrema
mais tolerante. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas. variedade, os fenômenos re-
ligiosos aparecem como um
89 tipo característico de esforço
criador em diferentes socieda-
des e condições que procura
colocar ao alcance da ação e
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-062-089-U2-CAP3-LA-G24-AV1.indd 89 foi construído histórica e culturalmente
14/07/22 12:16
compreensão humanas tu-
dentro do mundo ocidental [...].
Definição de religião do o que é incontrolável, sem
Como categoria explicativa para os estu-
sentido, conferindo valor e
O conceito de “religião” origina-se da diosos dos fenômenos religiosos, religião
significado para a existência
palavra latina religio, cujo sentido origi- pode ser definida, para efeitos de organi- das coisas e seres.
nal indicava simplesmente um conjunto zação e análise, como conjunto de crenças
de regras, observâncias, advertências e dentro de universos históricos e culturais SILVA, Eliane Moura da. Estudos
específicos. Para estudar os fenômenos re- de religião para um novo
interdições sem fazer referências a divin-
milênio. In: KARNAL, Leandro
dades, mitos, celebrações ou a qualquer ligiosos, o historiador deve sempre estar (org.). História na sala de aula:
outra manifestação que consideraríamos atento ao uso e sentido dos termos que em conceitos, práticas e propostas.
hoje como religiosas. O termo “religião” determinada situação geram crenças re- São Paulo: Contexto, 2010. p. 20.
89

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A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

4
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5 e 6 AS GRANDES
Habilidades
• EF07HI02 • EF07HI06 • EF07HI13
NAVEGAÇÕES
• EF07HI17

A BNCC nesta dupla OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM


• CECH 2, 3 e 7: abordadas na com-
preensão e interpretação crítica dos • Refletir sobre as inovações tecnológicas no passado e no presente.
fatos históricos e dos acontecimentos • Identificar as principais rotas seguidas pelos europeus durante a expansão
do período estudado, tendo imagens marítima.
de apoio ao estudo. • Relacionar a expansão marítima com a Revolução Comercial e as
• CEH 1 e 3: abordadas quando o es- transformações econômicas e sociais do período.
tudante associa as relações de poder
e as inovações tecnológicas ao con-
texto histórico da expansão marítima. Suponha que alguém lhe pedisse para descrever o planeta onde vivemos. O que
• Habilidade EF07HI02: enfocada na você diria? Falaria da Terra como o lar de milhões de espécies de seres vivos? Diria
identificação das interações entre também que 71% de sua superfície está coberta de água e que nos continentes e
povos e sociedades que ocorrem nos ilhas vivem cerca de 7,8 bilhões de pessoas?
oceanos Atlântico, Índico e Pacífico. Se você tivesse nascido na Europa no início do século XIV, não teria condições de
descrever nosso planeta de maneira tão precisa. As informações geográficas existentes
PROCEDIMENTOS se restringiam basicamente à Europa.
DIDÁTICOS Essa situação começou a mudar quando os portugueses iniciaram estudos sobre
Solicite aos estudantes que os conhecimentos náuticos dos povos antigos e aperfeiçoaram instrumentos e técnicas
observem a imagem do planeta para se navegar em alto-mar. Com embarcações mais eficientes
Terra, onde se destaca o con- e com o apoio dos melhores instrumentos náuticos da
tinente americano, e pergunte época, eles conseguiram partir da Europa e chegar à
como é possível obter imagens Ásia, contornando o sul da África, e alcançaram
como essa e o que elas revelam também o continente americano.
sobre o planeta. Com base nas Esse processo de expansão marítima
respostas, comente que atual- europeia liderado pelos portugueses, e
mente os contornos da Terra seguido por navegadores espanhóis e de
não são mais um mistério para outras procedências, pôs em contato
a humanidade, pois as tecnolo- povos e hábitos culturais de diferentes
gias, como os modernos satélites lugares do mundo, o que, pela primeira
NASA

(que transmitem as informações vez, possibilitou o intercâmbio de produtos


captadas para os computadores, e mercadorias entre povos do mundo inteiro.
transformando-as em imagens),
permitem mapear com precisão
O planeta Terra, em imagem gerada pelo satélite
dados sobre praticamente todos GOES em 22 de abril de 2014, no Dia da Terra.
os lugares do mundo.
Aproveite a sugestão do 90
texto da página 90 do Livro
do Estudante e peça à turma
que descreva o planeta em uma foram um marco no avanço 90das noções geo-
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24.indd aplicações práticas, pode ser estimulante para 04/07/22 15:46

frase. Anote na lousa e explore gráficas, evento no qual novas tecnologias os estudantes. Sites e aplicativos que tratam da
as descrições, comentando permitiram a exploração de territórios desco- observação de satélites, estrelas e constelações
que os conhecimentos sobre nhecidos pelos europeus. também podem ser explorados (veja indica-
as dimensões do mundo e as Para enriquecer o debate acerca das tec- ção no Ampliar horizontes da página 95).
caraterísticas de cada continente nologias espaciais utilizadas atualmente, você Atividades como essa incentivam a observação
disponíveis no final da Idade pode propor uma interação interdiscipli- e o pensamento crítico e científico.
Média eram muito limitados em nar com Geografia. Uma explanação sobre
relação ao que sabemos atual- satélites, sondas, telescópios, naves tripula-
mente. As Grandes Navegações das, por exemplo, mostrando algumas de suas
90

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
UM MUNDO DESCONHECIDO Para aprofundar a reflexão
acerca dos conhecimentos geo-
Os conhecimentos geográficos dos europeus no início do século XIV eram bastante gráficos e náuticos disponíveis
restritos, e era raro que alguém viajasse para lugares mais distantes de onde nasceu. Os na Europa do século XIV, solicite
mercadores, comerciantes e religiosos conseguiam alcançar apenas locais nas proximidades aos estudantes que observem o
do Mediterrâneo, como o norte da África e os limites da Europa com a Ásia. Viagens trans- Mapa T e O (mapa medieval que
continentais eram tão incomuns que Marco Polo (1254-1324), filho de um mercador de representa somente Ásia, África
Veneza (cidade da Península Itálica), ficou famoso em todo o continente por ter publicado e Europa), na página 91, e res-
relatos de uma viagem que fez à China entre 1271 e 1295. pondam às seguintes questões
Por que isso acontecia? Alguns fatores ajudam a entender. As viagens marítimas dos disparadoras: o que este mapa
europeus limitavam-se a mares fechados, como o Mediterrâneo, ou à costa dos oceanos. revela a respeito dos conhe-
Nessa época, não se dispunha na Europa de conhecimentos e tecnologia náutica que cimentos dos europeus sobre
permitissem fazer viagens pelos oceanos, em alto-mar. os outros lugares do mundo?
Havia, ainda, o medo de encontrar seres fantásticos e monstruosos fora da Europa e Por que o oceano Atlântico era
nos oceanos; muitos cristãos acreditavam que esses monstros roubavam a alma das pessoas. chamado de mar Tenebroso?
Muitos acreditavam, por exemplo, que o oceano As questões também mobi-
Atlântico, chamado pelos portugueses de mar lizam alguns conhecimentos
Tenebroso, era habitado por seres que devo- da turma sobre as ideias e as
ravam as embarcações e matavam os crenças que predominavam na
aventureiros. Também achavam que, ao
Europa durante a Idade Média, já
estudadas no segundo capítulo.
sul, o oceano Atlântico estava sempre
Anote na lousa as hipóteses
em chamas e terminava em um abismo

GRANGER/FOTOARENA
apresentadas e discuta-as com
sem fundo.
a turma. Se considerar válido,
Mapa T e O, século VIII, em reprodução complemente as respostas reto-
de uma gravura do século XIX. mando as características da
cartografia medieval, que repre-
Esse tipo de mapa era o mais comum para sentava apenas o Hemisfério
descrever a Terra e era confeccionado com Norte de uma Terra esférica,
base nas informações disponíveis à época.
O mundo era dividido em três partes: porção do mundo conhecida nos
Europa, Ásia e África. Compare-o com um tempos romanos e medievais.
mapa-múndi atual e confira as diferenças.

FICA A DICA
• Marco Polo e sua maravilhosa viagem à China (para crianças e jovens), de Janis
Herbert. Tradução: Fernanda Abreu. São Paulo: Zahar, 2003.
A longa viagem de Marco Polo é recontada nesse livro. Além disso, a obra apresenta as oportunidade para que os estu-
diversas culturas que ele encontrou pelo caminho. dantes reflitam sobre seus medos
e reconheçam diferentes tipos
91 de emoções no meio em que
estão inseridos. Avalie a possibili-
dade de incentivar os estudantes
a compartilhar alguns de seus
Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24.indd 91 indicam que, até o século XIV, o conhecimento
04/07/22 15:46
medos (de forma oral ou dese-
Analisar imagem sobre o imaginário dos europeus a respeito de outros lugares do
nhando) e abra um espaço para
das Grandes Navegações mundo era bastante restrito.
que todos possam se expres-
Peça aos estudantes que observem a imagem Explique a eles que, além do medo, a falta de sar com respeito e empatia
da página 91 e pergunte o que ela revela sobre uma tecnologia náutica mais avançada também pelos colegas, observando que
o imaginário europeu durante as Grandes impedia viagens em alto-mar, mas uma série o medo é uma condição comum
Navegações. de fatores possibilitaria uma mudança na his- a todos, mas que pode ser con-
Com base nas hipóteses apresentadas, tória das navegações portuguesas. trolado e até vencido, como no
explore as lendas que envolviam a travessia O contato com as imagens e relatos sobre caso dos navegantes durante o
do Atlântico, mostrando como essas ideias os medos reais e imaginários pode ser uma período estudado.
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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 5 e 7: abordadas na análise
do meio sociocultural que envolveu os
empreendimentos de navegação em A ERA DAS GRANDES NAVEGAÇÕES
tempos históricos semelhantes e es- Em 1415, os portugueses conquistaram Ceuta, cidade do norte da África e importante
paços variados; e no uso de mapas
entreposto comercial e militar dos muçulmanos. Após essa conquista, os portugueses
nas páginas.
• CEH 3 e 5: trabalhadas na interpre-
obtiveram informações sobre um reino africano situado ao sul do Saara que seria muito
tação crítica dos eventos históricos e rico em ouro: o Reino do Mali. O governo português deu início, então, a uma série de
nos movimentos populacionais e de empreendimentos com o objetivo de conquistar esse reino e se apoderar de suas riquezas.
mercadorias decorrentes das expedi- O processo de expansão posto em prática pelo governo de Portugal pode ser
ções marítimas.
dividido em duas fases. A primeira fase foi a da conquista da costa atlântica da África.
• Habilidades EF07HI02 e EF07HI06:
Começou em 1418, quando os portugueses iniciaram as viagens pelo litoral africano, e
enfocadas na compreensão da cons-
trução das rotas marítimas, nos terminou em 1487, quando alcançaram o extremo sul do continente africano (confira o
objetivos das expedições e nas con- mapa desta página).
quistas por parte dos europeus em A segunda fase é conhecida como Era das Grandes Navegações e abrange o pro-
diversos oceanos.
cesso de exploração dos oceanos em busca de novas riquezas, rotas comerciais e territórios
coloniais. Começou em 1498, quando uma frota portuguesa comandada por Vasco da Gama
PROCEDIMENTOS (1469-1524) chegou às Índias, na Ásia, depois de percorrer a costa atlântica da África.
DIDÁTICOS A chegada às Índias por um
Aproveite o mapa Portu­- caminho marítimo tinha grande
Portugueses na costa atlântica
gueses na costa atlântica da da África (1418-1487) importância para os portugueses
África (1418-1487), na página 0˚
0˚ porque, depois da conquista de
92, para explorar detalhes do Constantinopla pelos turcos, os
EUROPA
início da expansão marítima mercados europeus passaram a
portuguesa. Destaque a impor- PORTUGAL ESPANHA ter grandes dificuldades em con-
Lisboa
Açores Palos
tância da conquista de Ceuta (1428)
Ceuta
Mar
Mediterrâneo
seguir produtos do Oriente. Dentre
(1415) ÁSIA
pelos portugueses, em 1415, Madeira eles, destacam-se tecidos, objetos
(1420)
que obtiveram assim uma loca- Trópico de Câncer
Cabo Bojador
(1434) de porcelana e especiarias, como
lização privilegiada para buscar pimentas, noz-moscada, cravo e
uma nova rota para a Ásia pela ÁFRICA
Cabo Verde canela, os quais tinham grande
(1456)
costa. Informe aos estudantes procura no mercado europeu.
Guiné
que a conquista dos reinos africa- (1434-1462)
Pode-se dizer que a Era das
Equador
nos, como o Reino do Mali, para Congo
(1482-1485)

Grandes Navegações terminou no
OCEANO
apoderar-se de suas riquezas,
Meridiano de Greenwich

OCEANO início do século XVII, com as novas


ÍNDICO
ATLÂNTICO
também era um dos objetivos rotas de comércio já estabelecidas
das Grandes Navegações. pelos europeus e praticamente todas
Faça anotações na lousa auxi- Trópico de Capricórnio
as regiões do globo interligadas.
VESPÚCIO CARTOGRAFIA

liando na identificação da primeira Cabo da


0 1 060 Boa Esperança
e da segunda fases do processo (1487)
Fonte: DUBY, Georges. Grand atlas
historique. Paris: Larousse, 2008.
de expansão marítima portuguesa. Viagens marítimas
p. 64-65.
Solicite à turma que faça o registro
desses dados no caderno. 92
Texto complementar
Desvendando a história riplo africano em 1498, os
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24.indd 92 portugueses e Bartolomeu Dias alcançou a estrema- 04/07/22 15:46

da África acumularam várias experiências (mer- dura austral da África. Em 1497, Vasco da
Às vésperas da expansão cantil, militar, diplomática, cultural) na Gama ainda fincou padrões na costa afri-
portuguesa pela costa oci- África. Após a passagem do Cabo Boja- cana antes de chegar à Índia e tratou com
dental da África, a Coroa lusa dor em 1434, os portugueses alcançaram africanos da costa índica, embora nem
estava, pois, ciente da impor- a Guiné e o Cabo Verde uma década de- sempre de maneira amistosa.
tância da posição estratégica pois. Chegaram à Costa da Malagueta em
SILVEIRA, Eder da; CORREA, Silvio Marcus de
de Ceuta, onde um entrepos- 1470. Dali, eles fincaram pé em área vi- Souza. Viajantes brancos na África negra do
to seria promissor. [...] zinha, onde construíram a fortaleza d’El século XV. In: MACEDO, José Rivair (org.).
Desde a tomada de Ceuta Mina em 1482. Na mesma década, Diogo Desvendando a história da África. Porto
em 1415 até o final do pé- Cão explorou a embocadura do Rio Zaire, Alegre: Editora da UFRGS, 2008. p. 85, 89.
92

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Navegações no Atlântico e no Pacífico Organize uma leitura em
voz alta do texto Navegações
Entre os séculos XV e XVI, os europeus exploraram os oceanos Atlântico, Índico e
no Atlântico e no Pacífico,
Pacífico em busca de rotas para comercializar com regiões do Oriente. Também procuravam
com a observação do mapa
controlar territórios extracontinentais e explorar suas riquezas.
Navegações espanholas e
A primeira etapa da expansão ultramarina europeia teve início nas viagens do navegador
portuguesas (séculos XV e
genovês Cristóvão Colombo (1451-1506), que acreditava ser possível chegar à Ásia atraves-
XVI), que possibilita a visualiza-
sando o oceano Atlântico em direção ao oeste. Com o apoio dos reis da Espanha, Colombo ção das viagens mencionadas.
liderou uma expedição que, em 1492, acabou desembarcando no continente americano. A Ambos estão localizados na
partir de então, os europeus começaram o processo de conquista de regiões da América. página 93.
Enquanto isso, os portugueses chegaram ao Oriente em 1498. Navios portugueses Após a leitura, peça à turma
comandados por Vasco da Gama contornaram o extremo sul da África e chegaram a Calicute, que localize e anote no caderno
na Índia. Em 22 de abril de 1500, outro navegador português, Pedro Álvares Cabral (1467- informações sobre: o significado
1520), desembarcou em terras hoje pertencentes ao estado da Bahia, no Brasil. Observe as do termo “Índias”; o interesse
rotas no mapa a seguir. em chegar às Índias; a estratégia
de Colombo para isso; o resul-
Navegações espanholas e portuguesas tado da primeira expedição de
(séculos XV e XVI) Colombo; as origens dos termos


“índios” e “América”; a viagem
ÁSIA
OCEANO EUROPA
de Vasco da Gama; e a viagem
ATLÂNTICO Veneza
AMÉRICA
DO NORTE PORTUGAL ESPANHA
de Pedro Álvares Cabral. Com
Lisboa Sevilha Constantinopla
Palos Mar Me
dite
base nas respostas dos estudan-
Ceuta (1415) rrâneo
Madeira
(1420) Cabo Bojador
Trópico de Câncer tes, organize as informações na
San Salvador (1434)
AMÉRICA (1492)
Cabo Verde
(1456)
Goa
Calicute (1496)
lousa e verifique o que apren-
CENTRAL Guiné ÁFRICA Cochim
Equador (1434-1462) Congo deram com a leitura e como

AMÉRICA
(1482-1485)
Melinde (1499) OCEANO
perceberam as relações entre
DO SUL
Porto Seguro Moçambique (1498)
ÍNDICO as ideias básicas.
(1500) Trópico de Capricórnio
Cabo da Boa
Meridiano de Greenwich

OCEANO Esperança
VESPÚCIO CARTOGRAFIA

(1487) Rotas das navegações portuguesas


PACÍFICO
Vasco da Gama
Pedro Álvares Cabral Fonte: DUBY, Georges.
Rota da navegação espanhola
Grand atlas historique.
0 1 955
1ª- viagem de Cristóvão Colombo Paris: Larousse, 2008.
p. 64-65.

FICA A DICA
• Padrão dos Descobrimentos | Conjunto escultórico. Disponível em: https://
padraodosdescobrimentos.pt/conjunto-escultorico/. Acesso em: 17 maio 2022.
O site possibilita explorar o conjunto de estátuas que compõem o Padrão dos Descobrimentos,
monumento erguido na cidade portuguesa de Lisboa em homenagem a alguns dos envolvidos
nas navegações dos séculos XV e XVI.

93

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24.indd 93 Estabelecidos os grupos, peça-lhes que imagi-
04/07/22 15:46 disponíveis no período eram
nem que farão parte de uma expedição marítima caravelas, naus, mapas, qua-
Escolha os instrumentos de do século XV rumo a um destino desconhe- drantes, bússolas etc. Também
navegação cido. Reforce que estarão, portanto, sem acesso podem ser mencionados artigos
Para verificar os conhecimentos da turma a tecnologias como rádio, celular, fotografias, como sal, importante para con-
sobre os recursos disponíveis no período das barcos a motor ou geladeiras. servar a comida por mais tempo.
Grandes Navegações e estimular a reflexão Cada grupo deve escolher dois instrumentos
sobre a importância das inovações tecnológi- ou equipamentos que existiam na época e justi-
cas, organize uma atividade em grupo. ficar sua importância para a viagem. Os recursos

93

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3, 5 e 7: abordadas na análi-
se das expedições marítimas como
As expedições se multiplicam
processo histórico resultante da in-
tervenção humana na sociedade e No início do século XVI, o navegador espanhol Nuñez de Balboa (1475-1519) iniciou
na natureza, tendo diversos espaços a exploração do Pacífico, um oceano até então desconhecido pelos europeus. Para isso,
geo­gráficos no mundo; e no apoio de ele cruzou o estreito sul da América e abriu caminho para novas explorações marítimas.
mapas para ancorar a discussão. Na década de 1520, Fernão de Magalhães (1480-1521) liderou uma expedição espanhola
• CEH 1, 3 e 5: trabalhadas no estudo em busca de um caminho até as Ilhas Molucas, atual Indonésia. O local era considerado
dos principais conceitos referentes às
central para o controle do comércio com o Oriente. O navegador acabou morrendo durante
expedições marítimas e do seu impac-
to nas relações de poder; e nos fluxos a expedição, mas parte dos tripulantes seguiu até o destino e depois retornou à Sevilha,
de pessoas e mercadorias do período. importante cidade portuária na Espanha.
• Habilidades EF07HI02 e EF07HI06: en- A expedição de Fernão de Magalhães possibilitou a criação de rotas de ligação do atual
focadas na discussão sobre as rotas território das Filipinas (na Ásia) ao atual território do México (na América Central). Além
marítimas, os objetivos das expedições disso, ela teve um significado muito especial: foi a primeira viagem de circum-navegação,
e as principais conquistas europeias com
comprovando, assim, a esfericidade da Terra.
as navegações em diversos oceanos.
Ao final do século XVI, os ingleses começaram a explorar estratégias para ampliar sua
participação no comércio com o Oriente. As navegações inglesas ganharam força no século
PROCEDIMENTOS seguinte, com as expedições
DIDÁTICOS Navegações no Pacífico (século XVI)
de Francis Drake (1537-1596).
Círculo Polar Ártico
Com o auxílio do mapa, iden- Estreito Os holandeses também
de Bering
tifique as rotas portuguesa ÁSIA
AMÉRICA participaram dos empreendi-
DO NORTE
e espanhola e aproveite para Monterrey OCEANO mentos marítimos no período,
Golfo da
JAPÃO AT L Â N T I C O
explicar também por que esse CHINA
Califórnia
Câncer
estabelecendo relações comer-
Trópico de
momento foi chamado de Era Morte de
Magalhães México
Acapulco
ciais com povos da Ásia, África,
1521 Is. Marianas
Manila
das Grandes Navegações. Is. Marshall Panamá
América e Oceania. Fundaram
Is. Filipinas
Destaque o pioneirismo ibérico, Is. Carolinas
I. Palmira
Equador Is. Galápagos
colônias nas Américas e ocupa-
Bornéu Is. Molucas
0º AMÉRICA
que permitiu estabelecer relações Célebes
Java
Nova
Is. Salomão
Is. Phoenix DO SUL ram entrepostos comerciais na
Guiné Is. Marquesas
Timor Is. Ellice Trujillo
com a África, a Ásia e a América, Callao
África e na Ásia, além de terem
Mar Arq. Tuamotu

alcançando regiões antes apenas Trópico de Capricórnio


AUSTRÁLIA
de
Coral
Tahiti
sido os primeiros europeus a
Nova Caledônia
(NOVA HOLANDA)
imaginadas pelos europeus. O C E A N O PAC Í F I C O alcançar a região da Tasmânia
Mar da
Chame a atenção também para Estreito de Bass
Tasmânia NOVA e a Nova Zelândia.
ZELÂNDIA
alguns dos efeitos dessa emprei- Is. Bounty
0 1 780 Terra do Fogo
tada, como o mapeamento de Is. Malvinas
Círculo Polar Antártico OCE AN O G L ACIAL AN TÁRTICO Cabo Horn (Falkland)
novas fronteiras e o contato 180º DUBY, Georges. Atlas
entre diferentes civilizações. Nunes de Balboa, 1513 Magalhães, 1520-1521 Drake, 1577-1580 histórico mundial.
SONIA VAZ

Pizarro, 1528 Lopez de Villalobos, 1542 Lopez de Legazpi, 1564-1565 Barcelona: Larousse, 2007.
Cortez, 1536 Urdaneta, 1564 Mendaña de Neira, 1567
p. 180.1.
Atividade
1. É importante que os estu-
1. Com base nas informações dos mapas desta página e da página anterior, avalie
dantes observem que há um a seguinte questão: as explorações europeias da Era Moderna promoveram a
movimento progressivo de integração do oceano Atlântico ao oceano Pacífico? Apresente seus argumentos
integração dos dois oceanos a aos colegas. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
partir do século XVI. Isso fica
especialmente claro com o 94
estabelecimento do comércio
entre as Filipinas e o México,
que interligavam rotas marí- Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24.indd 94 se localiza a escola, um antigo e outro mais 04/07/22 15:46

timas entre o Atlântico e o Comparar um mapa antigo com recente. Pergunte sobre diferenças/semelhan-
Pacífico. Por isso, é importante um mapa atual ças entre eles e anote-as na lousa. Aponte que
pensar as navegações nos dois os mapas do período das Grandes Navegações
Explique à turma que o mapa é composto
oceanos como um processo não tinham a mesma precisão dos de hoje,
de marcas gráficas e símbolos que formam
interligado, com base nas pois não havia conhecimento que permitisse
a linguagem cartográfica, e pode ser usado
representar o espaço geográfico com exatidão.
lógicas mercantis desenvol- como documento histórico.
Nesses mapas, a linguagem artística era pre-
vidas pelos europeus para Proponha à turma uma comparação entre
dominante, a escala era imprecisa e eles nem
explorar riquezas de diferentes um mapa antigo e um mapa atual. Apresente
sempre apresentavam legendas.
partes do planeta. dois mapas do estado ou da cidade onde
94

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A Igreja e a expansão ultramarina Para explicar os termos do
Tratado de Tordesilhas,
Na época das navegações, o poder da Igreja se integrava ao poder temporal dos
recorra ao mapa Tordesilhas e
Estados Nacionais, principalmente de países católicos, como Portugal e Espanha. Por isso,
o Império Colonial Português
os papas eram muitas vezes procurados para resolver desavenças e disputas entre os
(1580), na página 95, demons-
governos de diversos países. Por exemplo: a chegada dos espanhóis à América, em 1492,
trando os detalhes da divisão do
provocou disputas com Portugal, e o papa foi chamado para mediar o conflito. Após
mundo pela linha de Tordesilhas.
diversas negociações, em 7 de junho de 1494, representantes de Portugal e Espanha Chame a atenção dos estudan-
assinaram o documento conhecido como Tratado de Tordesilhas. tes para o fato de o acordo não
Esse documento dividia o mundo em duas partes, uma a oeste e outra a leste de uma ter considerado as populações
linha imaginária (o meridiano de Tordesilhas) situada a 370 léguas (2 500 quilômetros) a que já habitavam os territórios
oeste do arquipélago de Cabo Verde, na costa da África (confira o mapa desta página). em disputa. Você pode incentivá-
As terras encontradas a leste dessa linha pertenceriam a Portugal; as terras a oeste seriam -los a refletir sobre quais seriam
da Espanha. Entretanto, esse acordo não levava em conta que as terras já pertenciam às os efeitos dessa divisão para as
populações nativas que nelas viviam. populações nativas, que serão
Os governos de Portugal e Espanha usaram esse tratado para reivindicar um suposto estudadas em breve.
direito sobre a América. Mas outras nações europeias – entre elas Inglaterra, Holanda e
França – ignoraram o acordo e promoveram viagens de conquista a esses territórios.
AMPLIAR HORIZONTES
Tordesilhas e o Império Colonial Português (1580) • HEAVENS ABOVE. Munique,

VESPÚCIO CARTOGRAFIA
Círculo Polar Ártico
[20--]. Site. Disponível em:
https://www.heavens-above.
ÁSIA
com. Acesso em: 14 jul. 2022.
Site que permite observar a Es-
EUROPA
AMÉRICA
DO NORTE
tação Espacial Internacional (ISS)
PORTUGAL
OCEANO
ESPANHA PACÍFICO ou outro objeto espacial, além de
Linha do Tratado de Tordesilhas

Açores
Madeira
Ormuz
apresentar informações diversas e
NOVA Is. Canárias Cantão Trópico de Câncer
ESPANHA
Mascate Macau
um mapa celestial interativo.
Cabo Verde Diu Damão
Goa
AMÉRICA Antilhas
370 léguas
GUINÉ
Shana
ÁFRICA Calicute
Filipinas • CARTA CELESTE. Guild-
CENTRAL Axim


Elmira Ceilão Málaca Bornéu Equador ford: Escapist Games Limited,
Melinde Sumatra Nova Guiné

OCEANO AMÉRICA ANGOLA


Mombaça
Java Is. Molucas
[20--]. Disponível em: https://
NOVA
PACÍFICO CASTELA
PORTUGUESA Moçambique play.google.com/store/apps/
OCEANO Trópico de Capricórnio
Meridiano de Greenwich

AMÉRICA OCEANO Sofala ÍNDICO OCEANIA details?id=com.escapistgames.


DO SUL
ATLÂNTICO
Cabo da Boa Esperança
starchart&hl=pt_BR&gl=US.
Acesso em: 26 jul. 2022.
0 1988
Portugal e Império Colonial • SKYVIEW® LITE. Albuquerque:
Português (até 1580)
Terminal Eleven, [20--]. Disponí-
Fonte: DUBY, Georges. Grand atlas historique. vel em: https://play.google.com/
Paris: Larousse, 2008. p. 64-65.
store/apps/details?id=com.
t11.skyviewfree&hl=pt_BR&
gl=US. Acesso em: 26 jul. 2022.
95 Aplicativos que localizam estrelas
e constelações usando apenas a
câmera de qualquer celular.
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24.indd 95 04/07/22 15:46

A Igreja Católica e a colonização


Após o início da expansão ultramarina, a Igreja Católica participou ativamente da
colonização. As ordens religiosas católicas estiveram presentes em todo o império lu-
so, principalmente a dos jesuítas [...]
Por isso, não se pode hoje contar a história das conquistas e colonizações da Coroa
lusa, em qualquer lugar do mundo, sem nela incluir as ações, os pensamentos e as ar-
ticulações da maior instituição católica [...].
AMADO, Janaína; FIGUEIREDO, Luiz Carlos. O Brasil no Império Português.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. p. 18-19.
95

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2 e 7: abordadas à medida que
os estudantes compreendem os avan-
ços dos saberes náuticos, por meio de O AVANÇO DOS SABERES NÁUTICOS
diferentes linguagens. A imagem desta página é uma xilogravura produzida em 1557 e se chama Uma nau. A
• CEH 3 e 4: trabalhadas fazendo com análise de seus elementos nos ajudará a entender muitos aspectos das Grandes Navegações.
que a turma analise as especificida-
des das tecnologias náuticas, levante O primeiro aspecto a chamar a atenção na xilogravura é a representação do navio em
hipóteses sobre elas e perceba as alto-mar. A construção de navios destinados à navegação em alto-mar era algo recente
distintas interpretações relativas ao em Portugal. Até o início do século XV, eram barcaças rústicas e pesadas destinadas à
contexto histórico em estudo. pesca, próprias para navegar no Mediterrâneo, não para navegações oceânicas.
• Habilidade EF07HI06: enfocadas Incentivados pelo governo português, estudiosos – cartógrafos, astrônomos, nave-
quando o estudante identifica os
efeitos dos avanços tecnológicos no
gadores, entre outros especialistas – recuperaram informações náuticas de outros povos,
processo de expansão marítima. principalmente dos fenícios, gregos, árabes e egípcios.
Essa iniciativa possibilitou o aperfeiçoamento dos instrumentos náuticos, a elaboração
PROCEDIMENTOS de cartas de navegação mais precisas e a construção de novos modelos de embarcações.
DIDÁTICOS Xilogravura: técnica de
IMAGEM CONDUTORA gravura na qual se utiliza
Solicite aos estudantes que
madeira como matriz.
observem a imagem condu- Primeiro, o artista entalha a
tora e leiam a legenda; depois peça de madeira, depois passa
tinta na parte entalhada e a
peça a eles que descrevam o pressiona sobre uma folha de
que nela está representado. papel. É um processo parecido
com o de um carimbo.
Anote na lousa os elementos Carta de navegação:
apontados e faça perguntas à também chamada de carta
turma sobre esse tipo de embar- náutica, carta de marear,
carta hidrográfica ou plano
cação e sua representação em hidrográfico, é a representação
alto-mar, como: o que a nau cartográfica de uma área
náutica e áreas costeiras
teria de diferente dos antigos próximas; equivalente
navios? Aproveitando as hipó- marítimo dos mapas terrestres.
teses levantadas, explique a
SAMMLUNG RAUCH/INTERFOTO/FOTOARENA

todos que nau é uma denomi-


nação genérica dada aos navios
de grande porte usados em Uma nau, autoria
viagens longas, desenvolvidas desconhecida. Xilogravura
publicada no livro de Hans
durante as Grandes Navegações, Staden, Duas viagens ao
no século XVI. Brasil, 1557.
Aborde a importância dos
saberes desenvolvidos por
1. As cartas de navegação eram instrumentos essenciais para a prática da navegação
outros povos para o aperfei-
no passado. E hoje, como as embarcações se localizam durante as viagens marí-
çoamento das embarcações e timas? Pesquise informações sobre o assunto e compartilhe o que descobriu com
técnicas de navegação. É interes- os colegas. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
sante que todos notem que as
obras de mestres gregos haviam 96
sido preservadas pelos árabes,
que contribuíram também
com seus conhecimentos em é resultado do saber acumulado
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24.indd 96 ao longo do construídas com grande rigor. Além disso, 04/07/22 15:46

astronomia, área fundamental tempo por diversos povos. o uso de tecnologias de satélite e outros
para a utilização de coorde- instrumentos digitais facilitam o deslocamento
Atividade pelos oceanos e mares do planeta.
nadas, e com equipamentos
que garantiam uma navega- 1. A proposta da atividade é ampliar os conhe-
ção mais precisa. Ao analisar as cimentos dos estudantes sobre as navegações
permanências e confluências de marítimas no presente. É importante que
saberes na elaboração de algo observem que atualmente existem muitos
inovador, os estudantes poderão recursos para a localização durante as
entender que o conhecimento viagens, como mapas e cartas de navegação
96

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Novas embarcações e instrumentos Peça aos estudantes que
observem a gravura, na página
Uma das novidades do período foi a caravela, embarcação mais leve e apropriada para
97, que destaca marinheiros
navegar tanto nos oceanos quanto em rios e enseadas. As caravelas eram impulsionadas utilizando uma balestilha e um
por velas triangulares, dispensavam os remos e atingiam velocidade. Começaram a ser astrolábio. Descreva as aplica-
usadas pelos portugueses por volta de 1440 e, em pouco tempo, sua fama se espalhou ções desses instrumentos.
para outros países europeus. Para detalhar alguns avanços
As naus, por sua vez, eram maiores que as caravelas, tinham três ou quatro andares, técnicos, oriente-os na obser-
podiam transportar mais pessoas e mais cargas. Nas viagens de ida, levavam mercadorias vação da imagem condutora e
para serem trocadas por outras, além de provisões e armas, incluindo canhões. Na volta, indique a leitura do texto Novas
traziam mercadorias valorizadas na Europa – como pimenta e gengibre. embarcações e instrumen-
Além disso, foram desenvolvidos e aperfeiçoados vários instrumentos náuticos. Antes tos. Em seguida, peça-lhes
que anotem as diferenças
desses recursos, os marinheiros navegavam somente durante o dia, orientando-se pelos
entre os dois tipos de embar-
acidentes geográficos da costa, como enseadas, rios, montanhas etc. Com os novos instru-
cação. Informe a todos que os
mentos, os marinheiros tinham condições de se localizar em alto-mar e até mesmo durante
avanços técnicos transformaram
a noite. Bastava usar os instrumentos para calcular a posição do Sol ou das estrelas. a pequena caravela, usada pelos
Na imagem que estamos analisando, estão representados dois instrumentos: a bales- portugueses desde o século XIII,
tilha e o astrolábio. Os primeiros registros portugueses do uso da balestilha são de 1519; no mais eficaz e adequado instru-
e do astrolábio são de 1500, durante a viagem de Cabral. Outro instrumento essencial mento de conquista dos oceanos.
para os navegadores da época foi a bússola, inventada pelos chineses mais de mil anos Explique à turma que as modifi-
antes das Grandes Navegações. cações no casco e, principalmente,

SAMMLUNG RAUCH/INTERFOTO/FOTOARENA
nas velas deram à caravela a capa-
SAMMLUNG RAUCH/INTERFOTO/FOTOARENA

IC cidade de avançar em sentido


contrário ao do vento que a impul-
sionava. Destaque, ainda, que essa
técnica foi aprimorada em virtude
de uma necessidade específica:
vencer os ventos alísios do norte
e nordeste nas viagens de volta
do litoral africano.
Ao abordar a opção pelas
naus, leia, a seguir, o texto com-
Neste detalhe da plementar, destacando aspectos
xilogravura, um do comércio de pessoas captura-
SAMMLUNG RAUCH/INTERFOTO/FOTOARENA

marinheiro utiliza o das na África e negociadas como


astrolábio (voltado para
o Sol), instrumento que escravizadas em Portugal.
Este detalhe da xilogravura Uma nau representa permite medir a altura Pergunte aos estudantes se
um marinheiro com uma balestilha (apontada dos astros e, assim, eles conhecem algum tipo de
para a Lua), instrumento usado em alto-mar ajuda na localização
para analisar a altura dos astros e identificar a da embarcação em embarcação ou se já passearam
latitude em que se encontra a embarcação. alto-mar. em uma e permita que compar-
tilhem suas experiências. Avalie a
97 possibilidade de desenvolver com a
disciplina de Arte uma atividade
interdisciplinar de construção
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24.indd 97 capturados pelos portugueses [...] nas15:46
04/07/22
de réplicas das embarcações e
terras além do Cabo Bojador. instrumentos de navegação estu-
Os primeiros escravizados africanos Como resultado desta iniciativa hen- dados. Para finalizar, organize
No entanto, na época anterior a D. Henri- riquina particular, Portugal tornou-se, uma apresentação dos resulta-
que era raro verem-se escravos em Portugal, durante a vida do Infante, um importan- dos acompanhada de explicações
sobretudo da África Negra, daí a especial te e florescente mercado que fornecia
atenção que mereceu a sua chegada, em
sobre cada elemento. Além do
Castela (sobretudo Sevilha) e a Coroa conteúdo estudado, essa atividade
grande número, em 1445. O que torna sin- de Aragão (sobretudo Valência) de es-
gulares os eventos desse ano foi o Infante permite desenvolver processos de
cravos da África Negra.
ter sido o primeiro europeu a utilizar o criação colaborativa utilizando
Atlântico para transportar, para a Euro- RUSSEL, Peter. Henrique, o navegador. também materiais alternativos.
pa, africanos de diversas origens raciais, Lisboa: Horizonte, 2004. p. 225.
97

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3 e 7: presentes nas explicações
sobre o significado da intervenção dos
grupos e indivíduos nas transforma-
ções ocorridas no período; e no uso R AIO X
de imagens.
• CEH 1, 3 e 4: abordadas no estudo O ASTROLÁBIO
das novas tecnologias náuticas co- Que vestígio histórico é esse?
mo consequência do desenvolvimento
científico do período; e ao identificar e Trata-se de um astrolábio, fabri-
interpretar as características e as rela- cado provavelmente na região da
ções de poder de diferentes grupos e atual Espanha entre 1345 e 1355.
indivíduos que participavam das expe- Esse instrumento foi desenvolvido
dições, com base em documento.

© THE TRUSTEES OF THE BRITISH


MUSEUM, LONDRES, INGLATERRA
para resolver diversos problemas
• Habilidade EF07HI02: presente no
reconhecimento da diversidade de geométricos, como medir a altura
interações existentes no período da dos astros acima da linha do hori-
expansão marítima. zonte, calcular a altura de uma
construção ou a profundidade de
PROCEDIMENTOS um poço. Compõe-se de um disco
DIDÁTICOS sobre o qual são colocadas várias
lâminas circulares, cada uma com uma
Raio X finalidade específica.
O conteúdo possibilita a
Quem inventou o astrolábio?
análise mais detalhada de um Astrolábio feito na Espanha entre 1345 e
vestígio histórico: o astrolá- Pesquisas indicam que os primeiros 1355. Esse instrumento demonstra a troca
estudos sobre o astrolábio foram desen- de conhecimentos entre estudiosos cristãos,
bio. Com base nas informações judeus e muçulmanos.
sobre seu uso por outros povos volvidos por gregos e romanos, no século
antes dos portugueses e espa- II a.C. Com base nessas informações, cientistas islâmicos construíram, no século X, os
nhóis, incentive os estudantes primeiros astrolábios conhecidos. Além de instrumento de navegação, também era usado
a refletir sobre a importân- pelos marinheiros muçulmanos para calcular os horários de oração e para localizar a
cia das trocas culturais para o direção de Meca. Os muçulmanos levaram o astrolábio para a Península Ibérica, e esse foi
desenvolvimento humano, que o principal instrumento de orientação nas viagens marítimas dos portugueses e espanhóis
só acontecem quando existe o na época das Grandes Navegações.
respeito por diferentes modos
Quais informações esse vestígio histórico pode nos fornecer?
de pensar e de viver.
Ao conhecer a história do astrolábio, podemos deduzir que invenções e ideias, muitas
A discussão também pode aju-
dá-los a pensar sobre os variados vezes, resultam do contato entre diferentes povos e culturas. Ou, ainda, que processos his-
usos da tecnologia, que cor- tóricos podem ser bastante longos: entre os primeiros astrolábios construídos pelos gregos
respondem às necessidades de e os instrumentos aperfeiçoados pelos islâmicos, passaram-se vários séculos. O astrolábio
cada povo. Para os gregos, o uso reproduzido nesta página tem inscrições em hebraico e em árabe. Esse detalhe sugere,
do astrolábio permitia resolver entre outros aspectos, a coexistência, na Península Ibérica, das três religiões monoteístas:
diversos problemas geométricos, judaísmo, islamismo e cristianismo.
como calcular a altura de uma
98
construção, além de ampliar os
conhecimentos de astronomia.
Por sua vez, os islâmicos preci-
Solicite a ajuda do professor de Matemática
savam de um instrumento que D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24-AV1.indd 98
Atividade complementar
14/07/22 13:40

para elaborar os cálculos que envolvem conhe-


indicasse as horas e a direção
de Meca para realizar as orações Construir um astrolábio cimentos de trigonometria, já que essas
Sugira à turma que construa uma versão habilidades ainda não foram desenvolvidas no
diárias. Na Europa, a possibilidade
do astrolábio e teste sua aplicação prática, 7o ano. Ele pode seguir o modelo citado no vídeo
de navegar com mais precisão e
como no cálculo da altura de edifícios, postes, Astrolábio, que adapta os conceitos, possibili-
segurança permitia atender aos
caixas-d’água, entre outros. Para orientá-los tando seu entendimento. Disponível em: https://
interesses de enriquecimento das
na atividade, utilize o vídeo disponível em: www.youtube.com/watch?v=O-H5VG354dY.
nações europeias.
https://www.youtube.com/watch?v=J0yx Acesso em: 15 jul. 2022.
VoY2tdA; acesso em: 15 jul. 2022.
98

D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-C04-MPU-G24.indd 98 19/08/22 16:58


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A TRIPULAÇÃO DAS NAUS E CARAVELAS Para abordar a questão da
tripulação que fazia parte das
O número de tripulantes variava conforme o tamanho e o objetivo da viagem, mas, expedições marítimas, peça
em média, as caravelas levavam 50 pessoas e as naus, 100. Entre essas pessoas havia aos estudantes que voltem
representantes do rei, nobres em busca de aventura ou de riqueza, estudiosos relaciona- à imagem condutora, na página
dos ao mundo náutico – cosmógrafos, cartógrafos e outros – e marinheiros encarregados 97, e observem as pessoas repre-
das funções mais pesadas e perigosas. sentadas. Questione-os sobre
Quem liderava as expedições era o capitão-mor, mas havia outros cargos, como o de quem seriam esses tripulantes
mestre, contramestre e piloto. Nessas viagens, também havia um escrivão, representante e suas respectivas funções, lan-
direto do rei, encarregado de fazer os relatos da viagem e registrar, em um livro de çando perguntas como: quais
contabilidade, as despesas e as mercadorias obtidas nela. Um dos primeiros documentos tarefas precisavam ser cumpri-
escritos em português sobre a chegada dos europeus à região que hoje corresponde ao das no cotidiano de uma viagem
Brasil foi redigido pelo escrivão Pero Vaz de Caminha (1450-1500). náutica? A presença de outras
Na época das Grandes Navegações, as relações entre a Igreja Católica e alguns
pessoas além daquelas que
trabalhavam nas missões era
reinos europeus, como os da Espanha e os de Portugal, eram muito próximas. Por isso,
permitida? Com base nas res-
as viagens transoceânicas promovidas por esses governos também levavam representan-
postas, explore o perfil variado
tes da Igreja, encarregados de dar assistência espiritual aos viajantes e, principalmente,
dos tripulantes.
converter ao catolicismo os povos das regiões conquistadas.
O texto “Carta aos jesuítas”,
CENTRE HISTORIQUE DES ARCHIVES NATIONALES, PARIS.
FOTO: BRIDGEMAN IMAGES/KEYSTONE BRASIL reproduzido a seguir, apresenta
o relato de um padre que viajava
em uma expedição a Goa e traz
alguns detalhes sobre as con-
dições a que a maioria dos
tripulantes estava submetida.
Se achar pertinente, promova a
leitura, explique eventuais termos
desconhecidos e questione a
turma sobre os efeitos dessas
condições precárias na saúde
dos trabalhadores.

Typus religionis, alegoria da Companhia de Jesus, autoria


desconhecida. Óleo sobre tela, século XVI. Na imagem, é
possível notar diversos religiosos nas embarcações.

99

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24.indd 99 onde houvesse o que comer, a beberia. E têm
04/07/22 15:46 a tomam [...]; finalmente são
eles tanta necessidade que não se queixam constrangidos estes pobres
Carta aos jesuítas tanto de ser ruim, mas sim de ser pouco. Al- homens a comer e beber da
[...] os que pior [...] passam são os pobres e gum vinho que se lhes dão é quase vinagre e água salgada em que outros
desamparados [...] é de piedade ver a má vi- muito sujo [...]. Nos dias de pescado não tem cozeram sua carne.
da que levam, com um biscoito muito negro outra coisa mais para comer, senão molhar CARTA de Marcos Nunes aos
e às vezes muito cheio de gusanos, como eu neste vinagre este pão podre e muito ruim jesuítas de Portugal. Goa, 4
de janeiro de 1556. In: WICKI,
os vi muitas vezes. Às vezes é tão amargo e manter-se com isto [...]. A carne, além de
Joseph S. I. Documenta Indica.
que mais sabe a fel. A água [...] é tão fedoren- ser muito pouca, também é muito salgada e Roma: Monumenta Histórica
ta pelo grande calor, que creio que nenhum não têm onde deixá-la de remolho, por que Societatis Iesu, 1954. p. 439.
deles por grande preço, achando-se em terra na borda da nau ou a comem os peixes ou Tradução nossa.
99

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3 e 7: abordadas na identifica-
ção de grupos e indivíduos que faziam
parte da tripulação das expedições e
Os trabalhadores braçais
suas principais características; e no uso Grande parte dos viajantes era de trabalhadores pobres e analfabetos, com proble-
de imagens que ancoram o estudo. mas de saúde e subnutrição; alguns eram prisioneiros levados à força para cumprir suas
• CEH 1, 3, 4 e 5: enfatizadas na interpre- sentenças criminais, ou sob a promessa de se verem livres de suas condenações após um
tação de textos e imagens que conduzem
período nessas embarcações, e se dividiam em três grupos:
à compreensão das relações de poder e
de exclusão existentes durante o perío- • O primeiro era formado pelos marinheiros (carpinteiros, despenseiros, cozinheiros,
do das navegações; e no significado da entre outros) com experiência anterior de viagens marítimas.
expansão marítima para os fluxos popu-
lacionais e de mercadorias. • O segundo grupo era o dos grumetes – marinheiros de primeira viagem.
• Habilidade EF07HI13: enfocada na • O terceiro era o dos pajens – menores que deviam servir os oficiais, arrumar a mesa,
caracterização das lógicas mercantis limpar as cabines etc.
europeias visando ao expansionismo.
Além desses, havia os militares encarregados da defesa da embarcação e de promover
guerras de conquista nas novas regiões.
PROCEDIMENTOS Os oficiais tinham direito a aposentos especiais, mas o restante da tripulação dormia
DIDÁTICOS espalhada pela embarcação, sem nenhum conforto ou privacidade. As necessidades fisio-
Solicite aos estudantes a lógicas eram feitas sobre pequenos assentos pendurados nas
Despenseiro: encarregado da
leitura do texto Os trabalha- bordas da embarcação ou em banheiros improvisados, o que compra, guarda e registro das
dores braçais e chame a atenção piorava as condições de higiene do navio. provisões do navio.
para algumas informações, como
a divisão dos trabalhadores em
SAMMLUNG RAUCH/INTERFOTO/FOTOARENA

IC
categorias, que ocorria de acordo
com a experiência e com a origem
social, e para o tratamento dife-
renciado dispensado aos oficiais.
Em seguida, peça à turma
que aponte as informações que
consideraram mais interessan-
tes ou curiosas relacionadas às
viagens marítimas e expliquem
os motivos.

SAMMLUNG RAUCH/INTERFOTO/FOTOARENA
Detalhe da
xilogravura Uma
nau que representa
marinheiros
trabalhando
durante a viagem.

100

PROPOSTA DE AVALIAÇÃO
Explique aos estudantes que região do atual Brasil para a África;
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24.indd 100 a batata-doce, distribua na lousa. Depois, incentive-os a transpor 04/07/22 15:46

a expansão marítima e comercial da América tropical para a Oceania; e os pimen- os dados para um grande mapa, de modo que
trouxe mudanças na alimentação tões americanos para o subcontinente indiano. todos possam contribuir com o trabalho.
dos europeus, que passaram a con- Oriente a turma a aprofundar esses conheci- Aproveite para reforçar conceitos sobre a escolha
sumir produtos americanos, como mentos pesquisando, em livros ou na internet: de um modelo cartográfico, o uso da legenda, a
a batata, o milho, a mandioca e as regiões do globo; os alimentos produzidos em presença da data e o uso de cores para identificar as
o tomate. Informe-lhes do trans- cada uma delas no período estudado; e os pro- regiões e os mares. O mapa pode ser exposto em
porte de plantas do continente dutos recebidos por essas regiões após o começo um mural da escola. Ao final, faça um diagnóstico
americano para outras colônias das navegações. Indique à turma que disponha sobre o processo de aprendizagem do tema, bem
europeias: a mandioca, levada da esses dados em uma lista com três colunas e os como sobre a eficiência das estratégias utilizadas.
100

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O dia a dia no mar É interessante que todos per-
cebam que nem tudo nessas
No dia a dia, a alimentação dos marinheiros era bastante precária, composta de bola-
viagens era planejado e que
chas de farinha; peixes, quando havia; e vinho. A falta de alimentos ricos em vitamina C navegar envolvia muitos esfor-
(laranja e limão, sobretudo) ocasionava muitos casos de escorbuto – doença que provoca ços e perigos. Mencione, por
inchaço nas gengivas e queda dos dentes. Diarreias, vômitos, doenças pulmonares, cólera, exemplo, que boa parte dos tri-
infecção por gangrena e até mesmo doenças mentais eram algumas das moléstias que pulantes não tinha conhecimentos
acometiam a tripulação desses navios. básicos sobre navegação nem
Por causa das péssimas condições a bordo das embarcações, os motins e revoltas eram boas condições de saúde para
comuns, e essas manifestações eram punidas com extrema violência. enfrentar situações tão adversas.
Outro problema eram os naufrágios, nos quais morriam muitos marinheiros. As cartas Para finalizar, pergunte aos
de navegação ainda eram imprecisas e não indicavam todos os acidentes geográficos. estudantes se esses itens estão
Assim, era frequente que navios afundassem por colidirem com recifes ou bancos de areia. representados na imagem con-
dutora. Ao notarem a ausência
de situações de perigos e difi-
culdades, a turma pode ser
incentivada a pensar sobre os
interesses que motivaram a pro-
dução da imagem e o que se
deseja revelar ou ocultar. Depois,
para explorar os perigos e medos
que envolviam as viagens marí-
timas, observe com eles a
Naufrágio de
uma caravela, imagem de um naufrágio, na
ilustração página 101, e indique a leitura
da obra A
do texto complementar a seguir,
conquista
do Rio Prata que demonstra também a impor-
(1535-1555), tância dos relatos de viagens
DEAGOSTINI/GETTY IMAGES

relato de
para a compreensão das Grandes
viagem do
cronista Navegações. Se houver estu-
bávaro Ulrich dantes com deficiência visual,
Schmidl, 1599.
descreva oralmente a imagem.
Atividade
1. Era comum que os marinheiros enfrentassem diversos problemas de saúde durante 1. A proposta da atividade é que
as viagens marítimas. Alguns desses problemas eram causados pela falta de os estudantes reflitam sobre
frutas e legumes frescos, fontes de vitaminas essenciais ao bom funcionamento a importância de hábitos
do organismo. Outros eram provocados pelos hábitos de higiene precários nos simples e cotidianos de saúde
navios, onde a escovação dos dentes não era costumeira, por exemplo. Reflita
e higiene, como escovar os
sobre outros exemplos de hábitos de higiene e alimentação necessários para
manter boas condições de saúde.
dentes, lavar as mãos, tomar
Consulte resposta esperada e comentários adicionais nas Orientações didáticas. banho, não comer alimentos
101 sem higienizá-los, manter a
limpeza da casa, entre outros
exemplos, para evitar doenças
Texto complementar
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e problemas de saúde.
Caso a escola se situe em

Viagem à terra do Brasil região de privações ou
[...] eu vos pedirei que se quiserdes saber coisas do mar e sobretudo dessas via- existam estudantes nessas
gens, deixeis de lado livros e conversas dos que nunca experimentaram e ouvi tão condições, atente para que
somente aqueles que padeceram tais trabalhos [...] E acrescentarei que tanto com não haja desrespeito com os
referência à inconstância dos ventos, tempestades, chuvas, insetos e calor, como em colegas. Reforce a importância
relação às demais coisas do mar, principalmente no Equador, o que vale é a prática. da empatia e do acolhi-
LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 2007. p. 74. mento (Competência Geral
9) para com todos e todas.

101

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3 e 5: abordadas no estudo do
impacto da intervenção humana em
sua própria organização socioeconô- OS DESDOBRAMENTOS DA EXPANSÃO
mica e na natureza; e na comparação ULTRAMARINA
de eventos em períodos históricos se-
melhantes e espaços diferentes. A expansão marítima e comercial é um marco na história da humanidade. Ela per-
• CEH 1 e 5: enfocadas na análise das mitiu o contato entre povos de diferentes continentes e estabeleceu um intenso intercâmbio
transformações das relações de poder, de mercadorias, conhecimentos tecnológicos, hábitos e costumes de diversas culturas.
com a formação de grandes impérios; Para os europeus, a circulação de pessoas e produtos, até então restrita ao Mediterrâneo,
e dos fluxos de pessoas e mercadorias
deslocou-se para o Atlântico, e o sistema comercial da Europa integrou-se à África, à Ásia
decorrentes do expansionismo.
• Habilidades EF07HI06 e EF07HI13: e à América. Além disso, possibilitou a formação de grandes impérios coloniais, resultado
enfatizadas na comparação entre as do processo de colonização, isto é, de ocupação, exploração e dominação de um ou
navegações no Atlântico e no Pacífico; mais Estados sobre outras regiões do mundo.
e na caracterização da ação dos euro- Espanhóis e portugueses estabeleceram domínios coloniais em regiões da América, do
peus para dominar territórios.
oceano Índico (como em Goa, hoje território indiano), do oceano Pacífico (como na região
da Indonésia), e do mar da China (em Macau, hoje território chinês).
PROCEDIMENTOS No século XVI, Inglaterra, França e Holanda também entraram na disputa por territó-
DIDÁTICOS rios e pelo controle do comércio marítimo. As principais colônias da Inglaterra situavam-se
Com o auxílio de um mapa- na América do Norte.
-múndi, questione os estudantes Os holandeses invadiram algumas colônias portuguesas no Oriente e ocuparam,
sobre os idiomas falados em cada durante 24 anos, parte do atual Nordeste brasileiro.
continente e explore o conceito Os franceses colonizaram parte do atual Canadá, fundaram uma colônia no norte
de colonização, localizando as da América do Sul (a Guiana Francesa) e instalaram-se também nas Antilhas. Em 1555,
regiões controladas pelas nações tentaram estabelecer-se na região da baía de Guanabara, no atual estado do Rio de
indicadas no texto. Procure des- Janeiro, mas foram expulsos pelos portugueses.
tacar, ainda, como o comércio
O milho é um cereal de origem americana que era a base da alimentação de alguns povos à
de especiarias, uma das moti- época da chegada dos europeus. Há indícios de que começou a ser cultivado há cerca de 7 mil
vações iniciais das navegações, anos, na região do atual México.
não mudou apenas o comércio,
mas permitiu a vinculação das
histórias dos continentes, em
INGA/ALAMY/FOTOARENA
um processo de trocas constan-
tes que se ampliou e acelerou
cada vez mais.
Esclareça a ideia de colônia
para os estudos de História:
geralmente, trata-se de um local
dominado por um Estado locali-
zado geograficamente distante.
Caracterize também a possessão
e o domínio político e comer-
cial de uma nação ou território 102
sobre outro. Destaque que
muitos Estados europeus esta-
beleceram colônias na América,
AMPLIAR HORIZONTES
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na Ásia e na África, sempre com


o objetivo de explorar as rique- • BOXER, Charles R. O império marítimo por-
zas desses territórios e aplicá-las tuguês: 1415-1825. São Paulo: Companhia das
para o sustento das classes altas Letras, 2002.
da Europa. O autor procura explicar como Portugal mudou a
história do mundo com as descobertas geográficas
e as conquistas de seus navegadores, realizadas en-
tre os séculos XV e XIX.

102

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A resistência ao domínio europeu no Oriente Para explicar o conceito de
império colonial, relembre
A expansão colonial europeia teve grande impacto em muitos povos que viviam nos
a configuração dos impérios
territórios conquistados. Para eles, as conquistas ultramarinas significaram violência, escra-
antigos, que, apesar de serem
vidão e intolerância. Uma vez integradas ao comércio global, as regiões colonizadas não
grandes potências econômi-
podiam se desenvolver livremente, pois eram direcionadas a produzir somente o que
cas, estavam circunscritos a
interessava às metrópoles e sob condições impostas por elas.
determinadas regiões. No caso
Diante das guerras de conquista e das relações de exploração colonial, focos de dos impérios coloniais, vastas
resistência se insurgiram contra a presença europeia em regiões do Oriente. Na China, áreas de diferentes regiões do
por exemplo, os portugueses tentaram se impor militarmente, conquistando entrepostos mundo passaram a ser domi-
comerciais em 1521. Porém, forças chinesas destruíram embarcações portuguesas e se nadas e exploradas por países
apropriaram de tecnologias militares, como canhões e armas de fogo. como Portugal, França, Espanha,
Nas décadas seguintes, soldados portugueses fizeram novas investidas em território Inglaterra e Holanda.
chinês e foram novamente derrotados. O governo chinês então proibiu a entrada de Pode ser destacada também
europeus em seus territórios e determinou a execução de muitos soldados capturados. a forma encontrada para con-
Foi apenas no final da década de 1550 que Portugal conseguiu negociar pacificamente a trolar as rotas comerciais: as
criação de um entreposto comercial em Macau, território no extremo sul da China. Companhias de Comércio das
O entreposto instalado em Macau cumpriu papel importante na organização do Índias Orientais e das Índias
comércio português com o Japão durante o século XVI. No início do século XVII, contudo, Ocidentais eram sociedades
ocorreu uma forte reação japonesa. O envio de missionários católicos para o Japão desagra- formadas para armar navios,
dou setores das elites locais, que iniciaram uma perseguição aos religiosos e promoveram manter entrepostos em todo o
a expulsão dos portugueses de seus portos. globo, transportar colonos para
Na metade do século XVII, apenas o porto da cidade japonesa de Nagasaki permitia o povoamento e para o trabalho,
a presença de comerciantes holandeses. O Japão permaneceu quase totalmente fechado transportar escravizados e coletar
ao Ocidente até o século XIX. os produtos nos cantos mais dis-
tantes do mundo e revendê-los
Metrópole: país que conquista outros com lucro na Europa. Aproveite
territórios e neles estabelece colônias
para explorar riquezas, geralmente para explicar que, dessa forma,
de modo exclusivo e em larga escala. os ingleses e holandeses pas-
Durante as Grandes Navegações,
diversos países europeus, como
saram a controlar as principais
Portugal, Espanha, França e Inglaterra, rotas oceânicas, diminuindo a
tornaram-se metrópoles de colônias nas importância das ocupações por-
Américas, por exemplo.
tuguesa e espanhola.

Representação da execução de AMPLIAR HORIZONTES


GRANGER/ALAMY/FOTOARENA

missionários católicos europeus


enviados para o Japão no final do
• HERBERT, Janis. Marco Polo
século XVI. A imagem integra um
mural pintado nas paredes de uma para crianças e jovens. Rio
catedral no México no século XVIII. de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
O livro traz relatos da viagem
103 de Marco Polo do Ocidente ao
Oriente e descreve os costumes
dos lugares por onde o viajante
passou. Também traz divertidas
AMPLIAR HORIZONTES
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24.indd 103 04/07/22 15:46

propostas de atividades.
• ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E A CULTURA. Njinga a Mban-
de: rainha do Ndongo e do Matamba. Paris: Unesco, 2014. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/
ark:/48223/pf0000230931. Acesso em: 24 maio 2022.
Esse material é uma produção da Unesco, destinada a recuperar e valorizar a história das mulheres do continen-
te africano. Nesse caso, é uma história em quadrinhos sobre Njinga Mbande, rainha do Ndongo e do Matamba.
Além de valorizar a presença da mulher na história, essa obra permite trabalhar a resistência ao domínio colo­
nial no continente.

103

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 7: abordadas na com-
preensão das disputas de poder e
das intervenções político-econômi-
Mercantilismo e impérios coloniais
cas implementadas pelas metrópoles Entre os séculos XV e XVIII, vigorou nos países europeus um conjunto de práticas
no tempo e no espaço; e no uso de econômicas conhecidas como mercantilismo. Embora cada país adotasse medidas espe-
diferentes linguagens para o estudo
cíficas, elas tinham em comum o objetivo de fortalecer os Estados. Para tanto, as leis,
dos temas.
determinações econômicas e políticas implantadas por esses governos se amparavam nos
• CEH 1, 3 e 5: enfatizadas no estudo
das relações econômicas e de poder seguintes princípios:
que estavam se construindo com o
domínio territorial e com a Revolução Protecionismo: para Metalismo: adotava-se o princípio de Balança comercial
Comercial; e pelas estruturas socio- incentivar o consumo que a riqueza de um país era medida favorável: o objetivo
dos produtos nacionais, pela quantidade de metais preciosos era exportar mais
políticas e econômicas criadas com o governo estabelecia que possuía. Assim, os países europeus produtos e diminuir as
os fluxos de pessoas e mercadorias. altos impostos sobre extraíram e tomaram o ouro e a prata que importações.
• Habilidades EF07HI06, EF07HI13 e produtos estrangeiros. encontraram nas colônias.
EF07HI17: enfocadas no estudo das
medidas políticas e econômicas im- Seguindo esses princípios, os europeus limitavam a produção de bens manufatura-
plementadas pelas metrópoles nos dos em suas colônias. Também proibiam a compra de produtos de outros países: elas eram
diferentes territórios dominados; e
obrigadas a comprar somente aquilo que era vendido pelos comerciantes da metrópole.
das razões da transição do mercan-
tilismo ao capitalismo. Além disso, as colônias só podiam vender seus produtos para
Bem manufaturado:
a metrópole. Os valores desses produtos, estabelecidos pela metró- artigo produzido em
pole, eram mais baixos do que os preços que as colônias poderiam grande quantidade
PROCEDIMENTOS obter de outros compradores.
em local apropriado
para isso, atualmente
DIDÁTICOS Todas essas imposições impediam o livre desenvolvimento eco- chamado de fábrica.
Auxilie a turma na leitura Economia: designa a
nômico das colônias, que funcionavam apenas como complemento produção, a distribuição
do texto Mercantilismo e da economia europeia. Assim, essas práticas possibilitaram aos e o consumo de bens
impérios coloniais e apro- e serviços de um
Estados europeus o acúmulo de muitas riquezas, fator importante determinado lugar, país,
veite para explicar os principais no desenvolvimento do capitalismo. região ou sociedade.
aspectos do mercantilismo,
também chamado de capita-

GRANGER/FOTOARENA
lismo comercial. Destaque que
os princípios mercantilistas
caracterizavam a nova política
econômica dos Estados que se
formaram na Europa. Com base
nos comentários, explique aos
estudantes que as medidas pro-
tecionistas, atualmente, também
têm a intenção de evitar que os
produtos nacionais sofram con-
corrência dos produtos externos.
Gravura de Theodor de Bry, de 1607, que representa comerciantes
Proponha a leitura do texto indianos e portugueses no mercado de Bantam, na Indonésia.
complementar, a seguir, e conduza
um debate sobre a metáfora 104
empregada pelo autor. Questione
os estudantes sobre esta relação:
a metrópole realmente se com- Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24.indd 104 diretamente com a Metrópole, excluída to- 04/07/22 15:46

portava como uma mãe que da e qualquer outra nação, ainda que lhes
Sobre o comércio de Portugal e suas faça um comércio mais vantajoso; [...]. Des-
beneficiava as colônias? É interes- colônias ta sorte, os justos interesses e as relativas
sante que eles observem, de forma dependências mutuamente serão ligadas.
A Metrópole, por isso que é mãe, deve
crítica, como o comércio exclusivo prestar às colônias suas filhas todos os
limitava o desenvolvimento colo- COUTINHO, José Joaquim
bons ofícios e socorros necessários [...]. Es- da Cunha Azeredo. Obras econômicas de
nial, que estava permanentemente tes benefícios pedem iguais recompensas e, J. J. da Cunha Azeredo Coutinho. São Paulo:
condicionado às imposições da ainda, alguns justos sacrifícios; e, por isso é Companhia Editora Nacional, 1996. p. 155.
metrópole. necessário que as colônias também, da sua
parte, sofram: 1) que só possam comerciar
104

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
REVOLUÇÃO COMERCIAL Elabore um esquema na
lousa para explicar os princi-
O processo de formação do capitalismo passou pelo fortalecimento das monarquias pais aspectos da Revolução
europeias e pela ascensão da burguesia mercantil. Os membros desse setor social se Comercial. Para isso, retome
dedicavam especialmente ao comércio e emprestavam dinheiro aos Estados europeus para o contexto de ascensão da
o financiamento de expedições marítimas (sobre a relação entre burgueses e monarcas, burguesia na sociedade euro-
releia o capítulo 1). Na Holanda e na Inglaterra, eram as próprias companhias de comércio peia, estudado no capítulo 1,
que promoviam as expedições. e explique o desenvolvimento
A partir do século XVI, o dinheiro passou a ser a principal forma de troca nas relações das atividades comerciais e
comerciais, fazendo que a troca direta de um produto por outro – prática conhecida como financeiras que caracterizaram
escambo – fosse gradualmente eliminada. a Revolução Comercial. Mostre
O desenvolvimento do capitalismo a partir da exploração das colônias na América, África como a moeda tornou-se o prin-
e Ásia e de outras práticas mercantilistas ficou conhecido como Revolução Comercial. cipal meio de trocas e acúmulo
Nesse processo, o comércio e a circulação monetária cresceram, a acumulação de metais de riquezas, substituindo o
preciosos disparou e a burguesia saiu fortalecida. escambo em todas as transações.
A expansão comercial e o desenvolvimento do capitalismo motivaram uma acirrada Destaque também o monopó-
competição entre as potências coloniais. A disputa pela exploração das colônias e pelos lio dos burgueses na exploração
entrepostos na África e na Ásia levou os países europeus a diversas guerras. do comércio entre as metrópo-
Ao final desse período, a Inglaterra sairia vitoriosa e enriquecida. les e as colônias, identificando
Com uma política comercial expansionista e uma poderosa marinha
Marinha mercante: essa classe social como a prin-
marinha destinada ao cipal beneficiada pelo sistema
mercante, os ingleses acumularam riquezas e estabeleceram as comércio, à pesca e a
colonial.
bases para o processo conhecido como Revolução Industrial, que outras atividades que
não as de guerra. Ressalte a disputa por novas
teve início a partir do século XVIII.
colônias, a presença europeia no
litoral do continente africano e a
MUSEU MARÍTIMO NACIONAL, LONDRES, INGLATERRA

exploração do lucrativo tráfico


negreiro como fatores que
possibilitaram o desenrolar da
O navio economia mercantil e o enrique-
Buckingham
nos estoques cimento da Inglaterra, principal
de Deptford, potência expansionista. Explique
John Cleveley, à turma que a produção de sub-
o Velho. Óleo
sobre tela, sistência ficou em segundo plano
1752. A imagem e que os mercados consumido-
representa
uma grande
res foram ampliados na Europa,
embarcação o que também impulsionava a
no estaleiro empresa colonial. É importante
de Deptford,
em Londres, discutir as reações e resistências
Inglaterra. à ação dos colonizadores, pon­
tuando que a estruturação de um
105
sistema com base na exploração
não foi aceita de forma passiva.

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AMPLIAR HORIZONTES 04/07/22 15:46

• ABREU, Cíntia Beñák de; BIZERRA, Carine Camara; HENRIQUES, Samuel de Almeida (org.). Mistérios das
Grandes Navegações: um olhar juvenil. Salvador: Pontocom, 2015.
O livro é produto de um trabalho interdisciplinar entre professores de História e de Produção Textual com es-
tudantes do 6o ao 8o ano do Ensino Fundamental.
• NOVAES, Adauto (org.). A descoberta do homem e do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
O livro analisa as condições econômicas e políticas europeias, principalmente portuguesas, na época das Gran-
des Navegações.

105

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 6: abordadas na análise
das transformações políticas, sociais
econômicas provocadas pela ação
humana no tempo e no espaço; e no ENQUAN TO ISSO...
incentivo ao estudante para construir
argumentos sobre determinado aspec- A INVENÇÃO DA ESCOVA DE DENTES
to do período estudado.
• CEH 2, 3, 4: enfatizadas no estudo e Os portugueses, como vimos, encontraram o caminho marítimo para as Índias em
nos questionamentos a respeito das 1498. Nas viagens transoceânicas, seus marinheiros e os de outras nacionalidades sofriam
diversas transformações provocadas com problemas nas gengivas em razão de carências alimentares. Enquanto isso, era inven-
pelas Grandes Navegações na Europa tado na China um importante utensílio para a manutenção da saúde bucal: a escova de
e de como esse período impactou dife-
rentes povos e grupos sociais. dentes.
• Habilidade EF07HI13: presente na Embora existam referências ao uso de instrumentos para a limpeza dos dentes em
sistematização dos estudos sobre a outros tempos e lugares, nenhum deles pode ser considerado precursor das escovas que
origem, o processo e os efeitos das usamos hoje. Do antigo Egito, por exemplo, foram encontradas “varetas de dentes”,
expedições marítimas europeias no que eram pedaços de varetas desfiados. Outros povos usavam “varetas de mascar”,
período estudado.
raminhos de plantas aromáticas destinados a melhorar o hálito.
A escova inventada pelos chineses no final do século XV era muito semelhante às que
PROCEDIMENTOS usamos atualmente. Tinha um cabo de osso de animal e cerdas de pelos curtos e grossos
DIDÁTICOS de pescoço de javali.
Enquanto isso... Cerca de 300 anos depois dos chineses, os europeus começaram a usar escova de
dentes. E somente em 1938, o náilon passou a ser usado na fabricação das cerdas das
Solicite aos estudantes a leitura
escovas. Hoje está comprovado que a boa escovação dos dentes evita, além das cáries,
do conteúdo apresentando as
seguintes questões disparado- diversas outras doenças bucais.
ras: como vocês imaginam que
era feita a higiene bucal antes da
invenção da escova de dentes?
Onde e quando a escova de

MUSEU DE LONDRES, REINO UNIDO. FOTO: BRIDGEMAN IMAGES/KEYSTONE BRASIL


dentes teria sido inventada? Qual
é a relação entre a escovação dos
dentes e a prevenção de doenças?
Com base nesses questionamen- O uso da escova de
tos, espera-se que a turma não dentes na Inglaterra
se difundiu na
só apresente hipóteses sobre segunda metade
a higiene bucal entre os povos do século XVIII por
do passado, mas também reflita meio do contato
sobre a importância desse hábito com os chineses,
que já tinham esse
na prevenção de doenças e pre- hábito de higiene.
servação da saúde. Atente-se
Escova de dentes, raspador de língua e caixa de pó para higiene dental
para evitar que os estudantes fabricados na Inglaterra, no século XVIII.
tomem o assunto como motivo
de brincadeiras desrespeitosas 106
em relação aos colegas da turma
ou em relação a qualquer outra
pessoa. de escovação entre os europeus. Comente,
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24.indd 106 Atividade complementar 04/07/22 15:46

Após a leitura, solicite a todos então, que o alto custo do objeto e as espe-
cificidades de cada cultura estão entre as Pesquisar materiais
que identifiquem as informações
causas desse longo intervalo. biodegradáveis no presente
sobre os métodos usados para
realizar a higiene bucal entre os Explique aos estudantes que o náilon e
povos antigos e sobre a inven- o plástico utilizados nas escovas de dentes
ção da escova de dentes. Chame atualmente vão para os aterros sanitários e
a atenção para o tempo trans- demoram cerca de 500 anos para se decom-
corrido entre a invenção pelos por. Informe-lhes que a tecnologia atual
chineses e a difusão do hábito vem se dedicando a desenvolver produtos
106

D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-C04-MPU-G24.indd 106 19/08/22 16:58


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Esquema-resumo
ESQUEM A-RE SUMO Para auxiliar na operacionali-
CAPÍTULO 4 zação dessa retomada, escreva
na lousa algumas palavras-chave,
GRANDES NAVEGAÇÕES como navegação, expansão
comercial e territorial, mer-
cantilismo, tripulação etc. Peça
SÉCULO XIV: CONHECIMENTOS
GEOGRÁFICOS E NÁUTICOS LIMITADOS à turma que, livremente, associe
NA EUROPA essas palavras e ideias ao que
eles lembram acerca dos con-
Medo e imaginário europeu desestimulavam a Baixo desenvolvimento da tecnologia náutica
exploração dos oceanos impedia viagens em alto-mar teúdos. Em seguida, leia com a
turma o esquema e sane even-
tuais dúvidas.
Ao realizar a atividade, comente
SÉCULO XV: AVANÇO DO CONHECIMENTO
E DA TECNOLOGIA NÁUTICA com os estudantes que muitas das
ideias que perduraram por séculos,
Processo de expansão marítima
como a da superfície plana da
Terra, foram abandonadas depois
que os navegadores conseguiram
perceber a esfericidade do planeta
1418-1487: conquista da costa atlântica 1498 até o século XVII: navegações para Ásia e América e a possibilidade de navegar em
da África (Portugal) (Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Holanda) uma direção e acabar no ponto
de partida.

PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS
Atividade
Houve um intenso intercâmbio
de mercadorias, conhecimentos,
hábitos e costumes entre dife-
Intercâmbios Desenvolvimento Revolução Conquista Escravização Formação rentes lugares do mundo. Esses
culturais do mercantilismo Comercial de territórios de povos de grandes fatores provocaram grande cres-
(hábitos coloniais africanos impérios
alimentares, coloniais cimento da economia europeia,
mercadorias) dando início a uma revolução
comercial e à formação de
grandes impérios coloniais.
Protecionismo Metalismo Balança comercial Escravização dos Dizimação dos
favorável povos colonizados povos colonizados
Além disso, muitos povos foram
escravizados e outros foram
Com base nos elementos apresentados nesta seção, explique como o avanço da tecnologia náutica e o dizimados.
processo de expansão marítima provocaram um conjunto de transformações na Europa, África, América
e Ásia.

Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.


107

AMPLIAR HORIZONTES
biodegradáveis, de rápida decomposição ao
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24.indd 107 ambiente e para a saúde. Se possível,04/07/22
soli-15:46 • OLIVIERI, Antonio Carlos;
serem descartados e que não geram resíduos cite a eles que a apresentação da pesquisa VILLA, Marco Antonio. Cro-
nem se acumulam na natureza. Em seguida, seja feita por meio de slides. nistas do descobrimento.
organize a turma em grupos e solicite-lhes uma São Paulo: Ática, 2012.
pesquisa sobre o desenvolvimento de materiais O livro é o produto da seleção de
biodegradáveis ou ecológicos. textos produzidos por cronistas
Na pesquisa, cada grupo deve apresentar do século XVI. Esses textos, em
muitas passagens, parecem-se
dois produtos e suas imagens, detalhando as
com histórias de aventuras, com
formas de uso, a matéria-prima empregada reviravoltas e ações ousadas.
em sua fabricação e os benefícios para o meio
107

D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-C04-MPU-G24.indd 107 19/08/22 16:58


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3, 4, 6 e 7: abordadas nas ati-
vidades sobre os processos iniciais e 1. a) 1492 – viagem de Cristóvão Colombo à América

AT IV IDADE S
Central (Espanha).
os efeitos das Grandes Navegações,
1498 – viagem de Vasco da Gama às Índias (Portugal). NÃO ESCREVA
conduzindo os estudantes à elabora- 1500 – viagem de Pedro Álvares Cabral ao atual Brasil NO LIVRO.
ção de argumentos sobre o período (Portugal). 1. b) A rota da Espanha
estudado e à valorização da diversi- 1. Analise o mapa da página 93 e desenvolva as atividades a seguir. era a de Cristóvão
Colombo: navegar pelo
dade cultural humana, tendo o apoio a) Construa uma linha do tempo com as viagens espanholas e portuguesas (Consulte na seção
de documentos para seu aprendizado. 1. c) O sul
da África e Como se faz... orientações sobre a elaboração de uma linha do tempo).
• CEH 1, 3, 5 e 6: enfatizadas nas ativi- sua parte b) Espanhóis e portugueses optaram por rotas marítimas diferentes para chegar às Índias.
dades que problematizam as relações oriental; costas Descreva as rotas escolhidas por espanhóis e as escolhidas por portugueses.
de poder, questionam documentos, americanas;
conduzem à compreensão da pro- rotas pelos c) Quais regiões desconhecidas pelos europeus foram objeto das viagens representadas
oceanos nesse mapa? oceano Atlântico sempre em direção oeste e, assim, alcançar as Índias. O governo
dução historiográfica e detalham o Atlântico, Índico português optou por uma rota que contornava o continente africano.
significado dos fluxos populacionais e e Pacífico. 2. A expansão marítima é um marco histórico que acarretou transformações pro-
de mercadorias do período estudado. fundas no mundo. Quais argumentos podem ser usados para justificar essa
• Habilidades EF07HI06, EF07HI13 e afirmação? Consulte a resposta esperada e comentários adicionais nas Orientações didáticas.
EF07HI17: enfocadas nas atividades
sobre as expedições marítimas no 3. O mercantilismo desempenhou papel importante no processo de organização do
Atlântico e no Pacífico; nas discus- capitalismo na Europa entre os séculos XVI e XVIII. Explique o que era o mercanti-
sões a respeito das ações europeias lismo e aponte de que forma ele pode ser relacionado com o desenvolvimento do
voltadas ao domínio do mundo atlân- capitalismo. 3. O mercantilismo foi um conjunto de práticas e medidas adotadas pelos Estados europeus
para acumular riquezas a partir do comércio e da exploração de territórios coloniais. Esse acúmulo de riquezas
tico; e nas questões que debatem os
4. As imagens ajudam a entender a história, mas o trabalho com elas exige cuidado
processos de transição do mercantilis-
e atenção, principalmente por não retratarem fielmente a realidade. Responda às
mo ao capitalismo.
seguintes questões sobre a época das Grandes Navegações. permitiu o desenvolvimento
do capitalismo, promovendo
a) Cite três aspectos dessa época que estão representados na xilogravura da página 96 (Imagem
PROCEDIMENTOS Condutora) e três aspectos que não aparecem na imagem. grandes mudanças na organização
das sociedades europeias.
DIDÁTICOS b) Em sua opinião, tudo o que está descrito no texto da página 96 é representado na imagem?
Explique.
Atividades 4. a) Consulte resposta esperada e comentários adicionais nas Orientações didáticas.
2. A ligação entre os continen- 5. A invenção de novos instrumentos e tecnologias teve papel importante no pro-
tes, o aumento da circulação cesso de expansão marítima. O desenvolvimento da bússola, do astrolábio e
de pessoas e mercadorias, de novos modelos de embarcação permitiu aos europeus explorar os mares
e alcançar novas terras. Atualmente, existem muitas inovações tecnológicas que
o contato entre os povos, a
também possibilitam a realização de novas atividades ou descobertas. Reflita
mistura de culturas, a for-
sobre o tema, selecione três inovações importantes para o mundo atual e expli-
mação de grandes impérios que de que modo elas ajudam na resolução de problemas ou na realização de
coloniais, o fortalecimento novas descobertas. 5. Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
de muitos países europeus e 4. b) Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
a violência contra os povos 6. Um aspecto importante da expansão marítima foi a integração de diferentes culturas,
que passaram a estabelecer trocas entre si. Porém, essa integração não aconteceu
africanos e indígenas são
apenas pacificamente. Os conquistadores europeus impuseram suas crenças e costu-
exemplos das transformações
mes, o que provocou a desorganização de muitas sociedades nativas, inclusive com
ocorridas no mundo. a destruição de costumes muito antigos. A intolerância diante da cultura do outro
4. a) Foram representados alguns é um problema grave. Discuta com seus colegas posturas que podem ser tomadas
instrumentos náuticos, o por todos para minimizar a intolerância, promover o respeito mútuo e valorizar a
trabalho dos marinheiros, o diversidade cultural.
desenvolvimento das embar- 6. Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
108
cações, o uso dos astros
para a localização, entre
outros. Entre os aspectos
que não foram represen- a gravura analisada, a turma pode dizer que
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24-AV1.indd 108 que ajudam a facilitar a rotina das pessoas, 14/07/22 13:40

tados estão as doenças, os qualquer aspecto que prejudicasse a ideia já que mudaram o modo como vivemos.
naufrágios, as violências a de sucesso do empreendimento marítimo 6. O objetivo da atividade é desenvolver habi-
que estavam submetidos os deveria ser evitado. lidades socioemocionais, como tolerância,
marinheiros etc. 5. A proposta da atividade é conduzir uma refle- respeito à diversidade cultural e diálogo.
b) Reforce o papel da imagem xão entre presente e passado, ressaltando a É importante que os estudantes pensem
como representação, expli­ importância de inovações tecnológicas ao longo em ações amparadas no diálogo e no res-
citando que os elementos de do tempo. As tecnologias de comunicação peito, permitindo que cada um pratique
uma imagem são intencio- relacionadas ao uso da internet podem ser suas tradições e costumes sem medo de ser
nalmente escolhidos. Sobre citadas, assim como ferramentas e aparelhos discriminado ou perseguido.
108

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atividade exige um tempo
maior de elaboração e, por
isso, é interessante estipular
7. Analise atentamente a imagem da página 103. Trata-se de uma representação da uma data para a apresenta-
execução de missionários católicos no Japão no final do século XVI. Em seguida,
ção dos trabalhos, quando
responda ao que se pede. 7. a) Uma hipótese plausível é que a imagem foi construída para
enaltecer o esforço dos missionários, que arriscaram suas vidas para cada grupo poderá expor
a) Formule uma hipótese para explicar por que a cena foi representada num mural em uma
igreja do México. evangelizar outros povos. Com isso, eles podem ser representados como mártires a própria história em
perseguidos por povos que não respeitam os valores católicos. quadrinhos.
b) De que forma essa imagem evidencia a integração entre territórios coloniais no Atlântico e
no Pacífico? 7. b) A imagem evidencia a circulação de informações entre diferentes espaços dos c) Se julgar viável, essa ativi-
impérios coloniais europeus. Acontecimentos ocorridos no Japão eram retomados na
8. Estudamos que as viagens transoceânicas eram arriscadas e envolviam muitas di- dade pode funcionar como
ficuldades. Imagine, agora, que você é um marinheiro daquela época e viaja pelo uma autoavaliação para
oceano Atlântico a bordo de uma nau ou caravela. Tente evitar anacronismos em os estudantes. Peça-lhes
sua imaginação histórica e siga as orientações. América, criando uma forma de integração que exponham as difi-
cultural entre essas diferentes regiões.
a) Com base nas informações deste capítulo, imagine uma história que se passa em meio às culdades do processo de
viagens marítimas durante a época das Grandes Navegações. trabalho, os pontos que
b) Conte, na história, como era o cotidiano dos marinheiros e as dificuldades enfrentadas du- consideram mais interessan-
rante as viagens. Elabore um roteiro para contar essa história na forma de quadrinhos. tes e como essa atividade
c) Com o roteiro pronto, monte a história em quadrinhos e compartilhe a atividade com a turma. os ajudou a entender
9. O trecho a seguir é um fragmento do texto Semelhança do mundo, de autor des- mais sobre as viagens das
conhecido, publicado na Península Ibérica em aproximadamente 1230. Grandes Navegações.
8. a) Resposta pessoal. Consulte Pode-se também solicitar
comentários adicionais nas
Na Índia há também duas ilhas, Erisse e Arguste, que Orientações didáticas.
uma pesquisa sobre o tema
têm minas de ouro e de prata muito ricas e muito preciosas, para a obtenção de mais
e [as ilhas] estão sempre verdes e floridas. Dizem também informações.
que há […] grande quantidade de dragões ferozes e de grifos 9. a) A Índia é representada
muito grandes.
como uma terra mitoló-
Na terra da Índia há um lugar que chamam de Gótia,
onde há gentes más e vis. […] Estas gentes comem quaisquer gica, onde existem seres
carnes, quer de bestas, quer de homens […]. e lugares fantásticos. Ao
Perto da fonte onde nasce o rio Ganges, há gentes que lado de ilhas repletas de
Grifo: ser mitológico,
vivem tão somente do odor da maçã. Se porventura neces- ouro e prata e de uma natu-
com cabeça e asas de
sitam fazer alguma viagem, trazem consigo a maçã, e logo águia e corpo de leão. reza exuberante – ou seja,
que esta murcha, morrem todos. Nesta terra há também Gente: povo, pessoa.
Mar Oceano: nome
locais que poderiam atrair
serpentes e bestas tão ferozes que matam os cervos vivos,
e nadam às vezes no Mar Oceano. pelo qual também era o interesse (e a cobiça) de
conhecido o oceano viajantes europeus –, a Índia
COSTA, Ricardo da (org.). Testemunhos da história: documentos de história Atlântico.
antiga e medieval. Vitória: Edufes, 2002. p. 264-267. também abriga monstros
aterradores, que intimidam
Consulte comentários adicionais
a) Como o território da Índia é descrito no texto? nas Orientações didáticas. os que desejam desbravar
b) Agora é a sua vez: faça de conta que você é um jovem que vive na Europa da Idade Média tais lugares. São dragões,
e vai parar no território da Índia, onde, segundo dizem, existem seres fantásticos. Com base grifos, canibais, serpentes
nas informações deste capítulo, elabore um pequeno conto sobre essa aventura (consulte a
e bestas gigantes.
seção Como se faz... para obter orientações sobre como elaborar um conto).
Resposta pessoal. Consulte comentários nas Orientações didáticas. b) Oriente-os à consulta da
109 seção Como se faz..., que
os ajudará na produção do
texto. Conduza a escrita
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24-AV3.indd 109 e as condições de higiene a que eram
16/07/22 13:46 do conto de modo que as
submetidos) é possível criar uma história personagens não sejam
Atividades (continuação) que simule a experiência dos indivíduos estereotipadas ou repro-
7. A proposta da atividade é incentivar a análise que participaram das aventuras marítimas. duzam algum preconceito
de documentos visuais e a formulação de b) Indique à turma a consulta à seção Como em relação à população
hipóteses a respeito desses documentos. se faz... do volume para auxiliá-los na ati- retratada. Reforce que
8. a) Pelas informações disponíveis no capítulo vidade. Organize os estudantes em grupos informações falsas são
(como a estrutura das embarcações, os e oriente-os a criar as personagens da tri- disseminadas em todas as
integrantes da tripulação, a alimentação, pulação, a relatar as condições de viagem épocas; assim, é fundamen-
o medo frequente entre os tripulantes e os principais acontecimentos. Esse tipo de tar buscar fontes confiáveis.
109

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A BNCC NESTA DUPLA
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CECH 3 e 7: abordadas nas atividades
que, amparadas em linguagem car- 10. Analise as imagens e leia as legendas a seguir. Com base na análise dessas informa-
tográfica e iconográfica, promovem ções e em seus conhecimentos históricos, responda ao que se pede.
discussões sobre a ação de grupos e

A. DAGLI ORTI/DE AGOSTINI/ALBUM/FOTOARENA


indivíduos no período estudado.
• CEH 3 e 6: enfatizadas nas propostas 10. a) Behaim
de questionamentos sobre os aconte- representou
cimentos históricos estudados; e na apenas três
continentes:
importância da abordagem historio- a Europa, a
gráfica. África e
• Habilidade EF07HI13: recebe foco nas a Ásia. A
América ainda
atividades que discutem a ações dos não era de
europeus visando ao domínio atlântico. conhecimento
do cartógrafo
alemão.
PROCEDIMENTOS 10. b) Nota-
DIDÁTICOS -se que o
cartógrafo
tinha uma
Atividades concepção
esférica
(continuação) do espaço
10. Vale lembrar que a viagem de terrestre. É
por essa razão
Colombo teve início em 1492, que ele pôde
mas ele só retornou à Europa realizar uma
representação
com informações a respeito na forma de
de sua descoberta no ano um globo.
O Globo Erdapfel, criado pelo cartógrafo
seguinte. Ressalte que o conti- 10. c) Sim, é

DEA PICTURE LIBRARY/ALBUM/FOTOARENA


alemão Martin Behaim em 1492, trata-se
possível fazer do mais antigo globo terrestre conhecido
nente europeu foi desenhado essa relação, e preservado até o presente. Ele
no centro dessa projeção, pois ambos
eram tributários expressa elementos dos conhecimentos
evidenciando a forma euro- de uma mesma cartográficos e das representações do
cêntrica de ver o mundo. concepção do espaço terrestre dos europeus durante
espaço terrestre: o período das Grandes Navegações.
Relembre aos estudantes que a aquela que Acima vemos a projeção cartográfica
enxergava a do Globo Erdapfel (1492), que permite
concepção de enxergar a Terra Terra como perceber de que forma Behaim
uma esfera.
como uma esfera já era aceita O globo de representou os continentes terrestres.
por outros indivíduos que Behaim indica
que essa a) Quais continentes foram representados por
estudavam o espaço terrestre maneira de Behaim em seu globo?
no final do século XV. Se a conceber o
espaço não era b) Como Behaim concebia o formato do es-
defesa do terraplanismo, tema exclusividade de paço terrestre e o que se pode notar na
Colombo, mas
recorrente na atualidade, surgir que já era aceita
representação que ele criou do planeta?
durante os estudos, aproveite por outros c) É possível relacionar as concepções car-
indivíduos que tográficas de Behaim com o projeto de
para exercitar a curiosidade estudavam o
intelectual dos estudantes, espaço terrestre exploração dos mares defendido por
no final do Cristóvão Colombo? Justifique sua resposta.
reforçando a importância do século XV.
pensamento crítico e das 110
abordagens científicas já
desenvolvidas e comprovadas.
O texto complementar a seguir Texto complementar
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pode trazer mais subsídios para


O terraplanismo
refletir sobre a questão.
O terraplanismo é uma evidência da crescente desconfiança nas instituições das
sociedades contemporâneas, como é o caso da ciência e da educação. [...] vem se apro-
fundando – em nível global e no Brasil, em particular – uma crise de confiança na
ciência que mostra a necessidade urgente de que cientistas, divulgadores da ciência
e educadores reflitam sobre como enfrentar os ataques crescentes ao conhecimento
científico. [...] O cenário em que viceja a ideia de pós-verdade pressupõe o predomínio

110

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
11. O astrofísico estadunidense Neil deGrasse Tyson (1958-) publicou um livro de res- Atividades (continuação)
postas a cartas de seus leitores. Leia um trecho de uma dessas cartas e a resposta
11. c) Embora a resposta seja
do astrofísico. Em seguida, responda ao que se pede. 11. b) Tyson aponta que essas ideias
são fruto de uma “crescente força anti-intelectual” nos Estados Unidos. A divulgação de ideias como pessoal, acrescente que no
Brasil também se observa,
“O popular cantor de hip-hop B.o.B. defende abertamente suas crenças sobre a Terra ser
plana. No começo de 2016, ele expôs suas ideias nas redes sociais. Normalmente eu ignoraria tal
nos últimos tempos, uma
incursão, mas ele atraiu minha atenção quando afirmou que as leis da matemática e da física crescente força anti-intelec-
mostram que a Terra é plana […]” essa pode provocar o fim da democracia esclarecida, bem tual que vem propagando
como ser prejudicial para a saúde, a prosperidade e a
segurança da população. noções pseudocientíficas.
[…] a Terra parece plana porque 1) com o seu tamanho, você não está longe o Ideias como as de que a
suficiente dela e 2) você não é grande o suficiente, relativamente à Terra, para per-
Terra é plana, o aqueci-
ceber a curvatura dela. Trata-se de um fato fundamental […] que pequenas seções
mento global não existe e
de grandes superfícies curvas sempre vão aparentar ser planas para as criaturas
pequenas que rastejam sobre ela. as vacinas não são eficazes
Mas isso tudo é apenas o sintoma no combate às doenças são
de um problema maior. Existe uma cres- alguns exemplos que podem
cente força anti-intelectual neste país ser citados. O texto indicado
que talvez seja o começo do fim da nossa a seguir contribui para a dis-
democracia esclarecida. É claro que, em
cussão do tema: KOLITZ,
uma sociedade livre, você pode pensar o
que quiser. E, se você quer pensar que a
Daniel. Por que as pessoas
Terra é plana, vá em frente. Mas se você acreditam em pseudociên-
acha que a Terra é plana e exerce influ- cia? Gizmodo Brasil. [s. l.],
ência sobre outras pessoas, então estar 22 jul. 2019. Disponível em:
errado se torna prejudicial para a saúde, https://gizmodo.uol.com.br/
para a prosperidade e a segurança da
por-que-as-pessoas-acre
população.

AMANDA EDwARDS/GETTY IMAGES


ditam-em-pseudociencia.
TYSON, Neil deGrasse. Respostas de um astrofísico.
Rio de Janeiro: Record, 2020. p. 247-248. Acesso em: 15 jul. 2022.
11. a) O astrofísico apresenta dois argumentos:
as pessoas não estão suficientemente longe da d) Espera-se que, dentre as
Terra e não são Neil deGrasse Tyson, propostas levantadas pela
suficientemente Los Angeles (EUA), 2020. turma, estejam: tomar
grandes para perceberem a curvatura do planeta.
cuidado com informa-
a) Que argumentos científicos Neil deGrasse Tyson usa para explicar por que a Terra não é plana?
ções sem fontes; checar
b) De acordo com o astrofísico, que impactos a difusão de ideias falsas como a propagada pelo
a veracidade da fonte de
cantor B.o.B. podem provocar em uma sociedade?
c) Como você reage quando suas ideias e crenças não encontram respaldo científico ou são
origem da informação;
confrontadas por evidências obtidas pelos métodos científicos? Converse com os colegas. confrontar a informação
d) Em grupo, listem pelo menos cinco medidas que você e os colegas consideram eficazes no apresentada com outras
combate a informações pseudocientíficas. Considerem o que é preciso fazer para evitar ser fontes confiáveis; evitar o
enganado por esse tipo de informação e para conter sua propagação em grupos maiores. compartilhamento de men-
Depois de pronta, apresentem a lista aos demais grupos e comparem seus itens. Para finalizar, sagens duvidosas; sempre
elaborem coletivamente um cartaz com os principais tópicos elencados e combinem a forma
de distribuição desse material com o professor. 11. d) Consulte comentários que se deparar com algum
11. c) Resposta pessoal. A atividade possibilita mobilizar habilidades nas Orientações didáticas. texto falso, apresentar
socioemocionais, como a autocrítica e a autoconsciência, além de reforçar a 111 argumentos que desmin-
importância do embasamento científico.
tam as informações nele
publicadas; se a informação
do “achar” sobre o “saber”: assim, a realidade factual e objetiva deixa de ter impor-
D3-HIST-F2-2108-V7-090-111-U2-CAP4-LA-G24-AV3.indd 111 16/07/22 13:46 estiver em uma rede social,
tância em relação às convicções que cada um tem. denunciar a informação aos
ENÉAS, Jacqueline Xavier Silva; TEIXEIRA, Ricardo Roberto Plaza. Negação da ciência e administradores da rede.
educação científica. Revista Ciências & Ideias, Nilópolis, v. 13, n. 1, p. 198-215, jan./mar. 2022.
p. 199. Disponível em: https://revistascientificas.ifrj.edu.br/revista/index.php/reci/article/
viewFile/1788/1400. Acesso em: 15 jul. 2022.

111

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A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

5
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. DOS POVOS PRÉ-COLOMBIANOS
Habilidades À COLONIZAÇÃO EUROPEIA
• EF07HI08 • EF07HI09 • EF07HI10
• EF07HI13 • EF07HI15

A BNCC NESTA DUPLA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM


• CECH 1, 3, 4 e 7: mobilizadas no • Identificar características das civilizações maia, asteca e inca.
reconhecimento de diferenças iden-
• Diferenciar as colonizações espanhola e inglesa na América.
titárias entre os povos; no significado
das explorações iniciais dos europeus • Conhecer a situação atual dos povos indígenas da América.
no novo território; na valorização da • Refletir a respeito de práticas de (in)tolerância no passado e no presente.
diversidade cultural; no estudo do
impacto das relações entre povos É muito comum encontrarmos textos nos quais a Europa é chamada de Velho Mundo
distintos; e no uso da linguagem car- ou Velho Continente. Você já se perguntou sobre a origem dessas expressões? A expli-
tográfica e iconográfica nas páginas.
cação está no passado: começa em 1492, ano em que Colombo chegou à América, um
• CEH 2 e 4: abordadas na interpretação
das características de povos distintos continente até então desconhecido da população europeia.
e nos efeitos das relações entre eles. Quando os europeus começaram a explorar a região, depararam-se com muitas coisas
• Habilidade EF07HI08: enfocada na iden- que eram desconhecidas para eles: uma população com hábitos, crenças e costumes
tificação de algumas características do próprios, uma flora e uma fauna diversificadas com alimentos, árvores, plantas, flores e
desenvolvimento da civilização maia.
bichos que nunca tinham visto.
Não demorou muito e os europeus passaram a chamar a América de Novo Mundo,
PROCEDIMENTOS e a Europa, em oposição, ficou conhecida como Velho Mundo.
DIDÁTICOS Neste capítulo, você conhecerá os maias, os astecas e os incas, povos que viviam na
Inicie o capítulo verificando América antes da chegada de Colombo (por isso, também conhecidos como pré-colombianos).
o que os estudantes sabem Também verá como se deu a colonização da América por espanhóis e ingleses.
sobre os nativos da América.
JOSE CARLOS ANGULO/AFP

Eles poderão comentar aspectos


como os alimentos, a aparência
física, o vestuário, a organiza-
ção e as crenças desses povos.
Aproveite para identificar possí-
veis estereótipos associados aos
povos nativos e elabore estraté-
gias para desconstruí-los durante
Festa Inti Raymi,
as aulas. uma homenagem da
A leitura para os estudantes tradição inca ao deus
de alguns trechos da repor- sol Inti, 2021. A festa é
celebrada em Cuzco,
tagem sugerida no Ampliar no Peru, até hoje.
horizontes (na página seguinte)
pode trazer informações sobre 112
algumas características dos
povos nativos, como o manejo
de florestas, a manipulação e complexas habitavam o continente,
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 112 ao con- socioemocionais vinculando-as aos proces- 01/07/22 09:54

domesticação de plantas e uma trário do que alguns relatos e documentos sos de ensino-aprendizagem.
dieta rica e nutritiva, além de buscavam afirmar. Proponha a leitura da imagem da página 112,
outros aspectos que serão estu- Após uma breve conversa, peça aos estu- uma fotografia da Festa Inti Raymi, homena-
dados durante o capítulo. dantes que levantem hipóteses sobre como gem da tradição inca ao deus sol Inti, celebrada
Essa pode ser uma boa foi o encontro entre americanos e europeus, no Peru até hoje. Com base nela, discuta com
estratégia para trabalhar a questionando o que esses grupos teriam a turma a pluralidade cultural dos indíge-
diversidade e a plurali- pensado quando se encontraram. Incentive-os a nas, refutando a ideia de serem um grupo
dade cultural, evidenciando expressar sentimentos em relação a esse encon- homogêneo.
que comunidades dinâmicas e tro. É importante trabalhar as habilidades
112

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Ao avançar para o item Os
OS MAIAS maias, auxilie os estudantes a
O mapa desta página representa a divisão política da América nos dias de hoje e fazer a leitura do mapa, na página
as antigas civilizações que habitaram esse continente muitos séculos atrás. Observe que 113, comparando-o com um
as atuais regiões da Guatemala, sul do México, Península de Iucatã, El Salvador, Belize e mapa atual, para que compre-
Honduras abrigaram no passado a civilização maia. endam mudanças na ocupação do
espaço. Mostre-lhes a escala de
Segundo alguns estudiosos, a civilização maia começou a se desenvolver por volta de
cada mapa e destaque sua impor-
2000 a.C., com o provável deslocamento para a América Central de povos originários do
tância para dimensionar os objetos
oeste dos atuais Estados Unidos. representados. Explique à turma a
O período mais notável dessa civilização ocorreu entre os anos 250 e 900, muito antes relação entre seus números: cada
de Cristóvão Colombo chegar à América. Foram 650 anos de prosperidade, marcados parte do desenho corresponde a
pela formação de cidades-Estado densamente povoadas, de intensas práticas comerciais, tantas partes da realidade. Se um
artísticas e culturais. Esses mapa marca 1:100, significa que
Civilizações da América pré-colombiana cada parte do desenho corres-
(século III a XVI) anos têm sido chamados
ponde a 100 partes da realidade.
80°O
60° O pelos especialistas de
Amplie essa explicação usando
período clássico. A partir
como exemplos as escalas dos
do século X, a civilização mapas com os quais estiver tra-
PENÍNSULA
Trópico de Câncer DE IUCATÃ
maia começou a declinar. balhando: aponte que as escalas
Os maias destaca - variam (escala maior mostra mais
OCEANO ram-se pelo desenvol- detalhes, mas diminui a exten-
ATLÂNTICO vimento de importantes são do que é representado). Se
saberes na Matemática, considerar válido, proponha um
trabalho com mapas e escalas
Arquitetura e Astronomia.
Equador
0° de forma interdisciplinar com
A análise dos astros
os componentes curriculares de
tornou-se uma das espe- Matemática e Geografia.
cialidades desse povo e
OCEANO
PACÍFICO resultou na elaboração
de dois calendários: um AMPLIAR HORIZONTES
Trópico de Capricórnio
religioso (de 260 dias) e
• COSTA, Camilla. Como real-
outro civil (de 365 dias), mente era a América antes da
usados paralelamente. O chegada de Colombo? BBC,
conhecimento dos ciclos [s. l.], 12 out. 2021. Dispo-
da Lua, do Sol, de Vênus nível em: https://www.bbc.
com/portuguese/resources/idt-
e das estações climáticas
VESPÚCIO CARTOGRAFIA

Maias (250 a 900)


Astecas (1325 a 1520) 36af0f00-a464-4e05-8abc-
Incas (1100 a 1572) ajudou a estabelecer um 0af6f62c5e3f. Acesso em: 16
Império Huari (500 a 700) 0 877
Limites políticos atuais eficiente sistema de pro- jul. 2022.
Fonte: STONE, Norman. The Times atlas of the world history. 3. ed.
dução agrícola. A reportagem traz uma seleção
London: Times Books, 1992. p. 148-149. das mais influentes culturas da
região antes da chegada de es-
113 panhóis e portugueses.

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 113 informações sobre as formas, funções e01/07/22
conheci-09:54 e seu funcionamento. Ao final,
mentos empregados na construção. A pesquisa organize as apresentações dos
Construir um calendário pode ser feita em material previamente sele- calendários dos grupos para
Explique que a concepção de tempo para cionado ou na internet. o restante da turma, incen-
os maias era circular: um evento do passado se Para que todos compreendam as diferen- tivando o respeito mútuo
repetiria, como os ciclos da natureza. Em seguida, tes concepções de tempo, solicite que, com (Competência Geral 9) e pro-
divida os estudantes em grupos e oriente-os a base nos calendários pesquisados, construam pondo a autoavaliação como
pesquisar sobre os calendários maias, levantando um calendário próprio, definindo sua função exercício de autoconsciência.

113

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3, 4 e 6: abordadas à me-
dida que a turma compreende as
especificidades identitárias dos po-
Escrita e religião
vos analisados, valoriza a diversidade Os maias desenvolveram um complexo sistema de escrita com base em hieróglifos.
cultural e constrói argumentos relacio- Por meio dele, registraram a história de seu povo, os fatos considerados importantes, os
nados à conscientização socioambiental
feitos de seus governantes, a cultura e a memória. Um exemplo é o drama Rabinal Achi,
no tempo presente.
datado do século XV, escrito na língua maia achi e declarado pela Unesco Patrimônio
• CEH 2 e 4: enfatizadas no estudo das
transformações das sociedades maias Oral e Imaterial da Humanidade, em 2005. Ele é
no tempo e no espaço; e na análise crí- encenado como peça teatral, com dança e música,
tica sobre os acontecimentos vividos em uma festa tradicional da Guatemala realizada em
por esses povos.
25 de janeiro.
• Habilidade EF07HI08: enfocada na
Os maias eram politeístas, ou seja, cultuavam
descrição da organização socioeco-
nômica e cultural dos maias no tempo vários deuses. Em homenagem às divindades, os
e nos seus espaços de vivência. habitantes das cidades maias ergueram templos,
altares e santuários, nos quais eram realizados rituais
PROCEDIMENTOS e sacrifícios religiosos. O milho era cultuado como
divindade relacionada à agricultura, como fonte de
DIDÁTICOS
vida, de abundância e de prosperidade. Na mitologia
Proponha uma reflexão sobre
maia, de suas sementes teria germinado toda a vida
a importância da escrita. Divida os
humana, representada pelo deus Yum Kaax, que tinha
estudantes em grupos e leve-os
forma humana e cabeça alongada como uma espiga
a um ambiente da escola pouco

COPÁN, HONDURAS. FOTO: JEAN-PIERRE COURAU/BRIDGEMAN IMAGES/KEYSTONE BRASIL


de milho.
explorado por eles. Faça-os obser-
var algum aspecto do lugar,
Hieróglifo: desenho que designa uma ideia ou coisa. A escrita
cujas características poderão hieroglífica reúne vários desses desenhos para transmitir conjuntos de
ser memorizadas ou registradas ideias, pensamentos e acontecimentos, ou para descrever coisas.
por escrito. Caso existam estu- Achi: uma das diversas línguas maias (mais de 20) faladas na
Guatemala. São reconhecidos dois dialetos: o achi de Rabinal e o achi
dantes com deficiência visual de Cubulco. Textos como o Rabinal Achi foram escritos depois da
na turma, proponha-se a fazer conquista espanhola, em línguas indígenas com caracteres latinos.
a descrição oral para eles. Peça
a todos que descrevam verbal-
mente o ambiente ou leiam em Estela A, 730 a.C. Escultura em pedra com diversos
voz alta o que anotaram. hieróglifos encontrada em Copan, uma importante
cidade maia localizada onde hoje é a Guatemala.
É possível que os grupos que
registraram as observações por
escrito tenham mais detalhes.
Destaque a relação entre o regis- FICA A DICA
tro escrito e a manutenção/ • O nascimento dos Andes e outras lendas pré-colombianas, de Eraldo Miranda. São
armazenamento de informa- Paulo: Mundo Mirim, 2010. (Lendas do mundo).
ção, fazendo-os refletir sobre O livro reconta três histórias da literatura oral pré-colombiana.
em quais situações do coti-
diano a escrita é usada com 114
essa finalidade.
A seguir, faça a leitura da
imagem da página 114, lem- a ela no presente. Ressalte também
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 114 que muitos povos mantêm suas tradições pela oralidade, 01/07/22 09:54

brando que tanto a estela como sendo essa uma marca cultural que igualmente deve ser respeitada.
os símbolos nela registrados são
documentos históricos. A dis- AMPLIAR HORIZONTES
cussão sobre a importância da
• DUNHAM, Will. Pesquisadores encontram evidência de calendário maia dentro de pirâmide na Guatemala.
escrita deve vir acompanhada de CNN Brasil, [s. l.] 15 abr. 2022. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/pesquisadores-
uma reflexão sobre povos que encontram-evidencia-de-calendario-maia-dentro-de-piramide-na-guatemala/. Acesso em: 25 maio 2022.
também não a desenvolveram, A reportagem mostra que pesquisadores encontraram, na Guatemala, fragmentos da escrita maia.
como os incas, e ampliada às
pessoas que não tiveram acesso
114

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O comércio e a produção de cacau Ao abordar o item O comér-
cio e a produção de cacau,
As atividades econômicas dos maias baseavam-se principalmente na agricultura e no
explique que o cacau era impor-
intenso comércio, que impulsionou o crescimento das cidades e a construção de estradas
tante para os maias e, nos dias de
para o transporte de produtos. O cacau era um dos produtos de maior valor, utilizado hoje, mantém seu valor comercial.
como alimento e moeda de troca. Ressalte ser esse um exemplo de
Os maias processavam a semente de cacau, que – depois de fermentada, seca, tostada permanência histórica.
e moída – era acrescentada a uma mistura feita com água, pimenta e farinha de milho, e Incentive-os a refletir sobre as
então ofertada aos deuses. Também faziam uma bebida, adoçada com mel e especiarias, semelhanças e diferenças de sig-
que era consumida apenas pelos líderes religiosos e políticos. nificado do produto para esses
Segundo alguns estudos, problemas ligados ao meio ambiente, como o desmata- povos e para nós, considerando
mento, podem ter motivado o declínio da sociedade maia. O aumento da população e a fatores como o valor econômico,
falta de recursos para alimentá-la também teriam contribuído para o colapso da civilização o viés religioso etc.
maia. Outro fator foram os conflitos internos entre as cidades-Estado.
Por fim, aprofunde o tema
para o impacto ambiental da pro-
Acredita-se que algumas regiões foram invadidas por outros povos, como os toltecas,
dução cacaueira. Questione de
o que gerou conflitos e disputas. Quando os espanhóis chegaram à região no século XV,
que forma as plantações impac-
a sociedade maia já tinha praticamente desaparecido.
tam a vegetação nativa e as
Os maias deixaram pro-
consequências desse impacto.
fundas marcas na cultura
O artigo sugerido no Ampliar
dos povos que hoje ocupam
horizontes a seguir (“Plantações
regiões do sul do México,
de cacau ameaçam a Amazônia”)
como Chiapas e Iucatã, e relaciona a produção de cacau
ao norte da Guatemala. atualmente a questões do meio
Muitos descendentes con- ambiente.
servam idiomas, costumes
e tradições que sobrevivem Atividade
há milhares de anos. 1. Valorize a pesquisa e o encami-
nhamento dos estudantes, que
podem apresentar soluções
Mural maia no sítio
arqueológico de Bonampak,
diferentes para os problemas
no atual território do México, apresentados.
c. 790. Fotografia de 2019.
BELIKOVA OKSANA/SHUTTERSTOCK.COM

AMPLIAR HORIZONTES
1. Entre as causas do declínio dos maias estão problemas ambientais, como o desma-
tamento. Atualmente, a manutenção da vida no planeta também está em risco por • PLANTAÇÕES de cacau amea­
causa da poluição do ar, do acelerado processo de desmatamento, da degradação çam a Amazônia. Globo Rural,
do solo, da alteração de ecossistemas e das mudanças climáticas em curso. Em [s. l.], 14 ago. 2015. Disponível
grupo, reflitam sobre esses problemas e como cada um de nós pode contribuir em: https://globorural.globo.com/
para solucioná-los. Noticias/Agricultura/noticia/
Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas. 2015/08/plantacoes-de-cacau-
115 ameacam-amazonia-afirma-
estudo.html. Acesso em: 29 jul.
2022.
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 115 01/07/22 09:54 Com informações do World Resour-
ces Institute (WRI), o artigo revela
que plantações de cacau estão in-
vadindo a Floresta Amazônica.

115

D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-C05-MPU-G24.indd 115 20/08/22 17:23


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3, 4 e 7: enfatizadas no estu-
do das especificidades identitárias dos
astecas; na valorização de suas estra- OS ASTECAS
tégias de organização socioeconômica Os astecas (ou mexicas, como esses povos se autodenominavam) viviam na região norte
e de suas múltiplas manifestações cul-
do atual México, onde se localizam longas extensões de deserto. Aos poucos, eles migraram
turais; e no uso de diversas linguagens
que ancoram o aprendizado. para o sul à procura de terras mais férteis. O deslocamento iniciou-se no século XII e se prolon-
• CEH 2 e 4: enfatizadas no estudo das gou até 1325, quando ocuparam uma ilha no lago de Texcoco, na região central do México.
transformações da sociedade asteca Ali viviam os tepanecas, povo que dominou os astecas por
no tempo e no espaço; e na análise Chinampa: um tipo de jardim
quase um século, influenciando suas práticas culturais, religio- flutuante, feito de folhas,
crítica sobre os acontecimentos vivi-
sas e políticas. madeira trançada e barro
dos por esses povos. retirado do fundo do próprio
• Habilidade EF07HI08: enfocada na Os astecas construíram, no lago de Texcoco, ilhas artificiais lago onde as chinampas
descrição da organização socioeconô- chamadas de chinampas. Essas ilhas eram ligadas à ilha central eram construídas. Troncos
de madeira, galhos e árvores
mica e cultural dos astecas no tempo por pontes e deram origem à cidade de Tenochtitlán. Em 1428, cercavam a ilha para dar-lhe
e no espaço. os astecas rebelaram-se contra os tepanecas e libertaram-se do sustentação, impedindo o
deslizamento de terra.
seu domínio, assumindo o controle da região e transformando
PROCEDIMENTOS Tenochtitlán na capital do Império Asteca.
DIDÁTICOS AS CORES NÃO
SÃO REAIS.

Proponha aos estudantes 1


uma atividade de sala de aula 5
invertida com base na ilustra-
ção disponível na página 116.
O procedimento pode ser con-
duzido da seguinte maneira: os 4
estudantes observam a imagem 6 7
individualmente, sem media-
ção do professor, tomando
3
notas sobre as informações que
considerarem mais importan-

RUBENS GOMES
tes; depois, a turma poderá se
2
reunir e trocar ideias sobre os
aprendizados. 1 Para aumentar as terras cultiváveis, os 4 Em seguida, depositavam 6 Cuidadosamente, o
astecas construíam ilhas artificiais – as barro, retirado do fundo solo era escavado, com
É importante ressaltar que os chinampas, ou jardins flutuantes. do lago, misturado a enxada, para plantar as
astecas construíram um império galhos secos e restos sementes.
2 vegetais, até formar uma
multicultural e tinham diferen- Para começar a construir uma
espécie de canteiro.
chinampa, era colocada uma fileira de
tes povos sob seu domínio. Esse estacas no fundo do lago. 7 Com as sementes
caráter heterogêneo motivava 5 Árvores eram plantadas plantadas no tempo
disputas de poder internas, com 3 Na etapa seguinte, uma estaca era ao redor do “jardim” certo, em solo rico e com
unida a outra com junco entrelaçado para ajudar a conter a muita água à sua volta,
destaque para a resistência dos (ou galhos de árvores), formando um terra e sustentar a ilha a chinampa propiciava
povos tlaxcaltecas, e contribuiu cercado. artificial. colheita abundante.

para o domínio espanhol.


116
AMPLIAR HORIZONTES
• SODJA, Carlos Franco. As mon-
tanhas que viraram deuses. In: D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 116 01/07/22 09:55

SIERRA, Ione Maria Artigas


de (coord.). Contos, mitos
e lendas para crianças da
América Latina. São Paulo:
Ática, 1985.
Compilação de contos de tradi-
ção oral sobre a luta dos astecas
por território e sobre seus valo-
res, como honra, verdade e amor.

116

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Urbanização e administração Ao abordar o item Urbaniza-
ção e administração, proponha
Os astecas desenvolveram uma vasta infraestrutura urbana, com canais fluviais nave-
a leitura da reprodução do pei-
gáveis, canalização de água potável em aquedutos de pedra, pirâmides e grandes templos
toral de ouro que representa
religiosos. A expansão territorial e o intenso comércio por todo o império impulsionaram
o deus asteca Xipe Totec,
a construção de diversas cidades, com uma população que chegou, aproximadamente, a
datado de cerca de 1300-1521,
15 milhões de habitantes, no final do século XV.
observando os seus detalhes
A sociedade estava dividida hierarquicamente, e a administração era centralizada em (descreva-a verbalmente caso
torno de um governante – que também comandava o exército – eleito entre membros haja estudantes com deficiên-
da aristocracia. Chefes militares, cia visual na turma).
altos funcionários públicos e reli- Peça aos estudantes que
giosos compunham a nobreza. levantem hipóteses sobre o
Logo abaixo vinham os grandes porquê de essa peça ter sido
negociantes, conhecidos como criada e quais seriam suas
pochtecas, os únicos com per- funções. Incentive-os a perceber
missão para viajar por longas as diferenças entre a nossa rea-
distâncias para praticar o lidade histórica e a dos grupos
comércio. humanos que conceberam o
Os artesãos, que confeccio- deus representado. Aproveite
navam roupas, adornos, objetos o momento para abordar a
decorativos e religiosos, estavam pluralidade cultural e a diver-
hierarquicamente acima dos sidade de religiões existentes,
camponeses. Os escravizados, evitando generalizações e refu-
em geral prisioneiros de guerra tando ideias preconcebidas.

PHOTO © BOLTIN PICTURE LIBRARY/BRIDGEMAN/FOTOARENA


ou devedores de tributos,
estavam no degrau mais baixo
da sociedade asteca.

Peitoral de ouro que representa


o deus asteca Xipe Totec,
c. 1300-1521.

1. Os astecas desenvolveram um sistema de escrita pictográfico utilizado para gravar


seu conjunto de leis, mas também para registrar sua própria história. No seu en-
tendimento, qual é a importância de registrar a história de um povo, de uma
comunidade ou de uma pessoa? Você tem o costume de registrar a sua história?
Caso tenha, como faz esse registro?
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam a importância da preservação da memória.
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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3 e 7: abordadas fazendo com
que os estudantes compreendam as
práticas e os costumes dos astecas no
período abordado, utilizando lingua-
OLHO VI VO
gens diversificadas para problematizar
as informações. O CASAMENTO ASTECA
• CEH 1 e 4: trabalhadas à medida que
a turma compreende as característi- A imagem que vamos analisar é uma folha ilustrada de um manuscrito em forma de
cas do casamento asteca como uma livro denominado códice. Os códices astecas eram elaborados por um ou mais escribas
manifestação social e cultural relacio- (chamados de tlacuilos, na língua náhuatl) e continham uma série
nada ao contexto histórico em estudo. Pictograma: símbolo
de pictogramas sobre a história, a forma de governo, a religião que representa um objeto
• Habilidade EF07HI10: enfocada na in-
e o dia a dia dos astecas. Após a colonização espanhola, apenas ou conceito por meio de
terpretação, com base em documento desenho figurativo.
histórico, das principais particularidades alguns códices escaparam de ser queimados pelos invasores.
do evento abordado e sua importância
para a sociedade asteca.
6
PROCEDIMENTOS
5
DIDÁTICOS
Olho vivo 7
Explore a imagem da página
118 com os estudantes e peça 4
que levantem hipóteses sobre
alguns significados dos dese-
nhos. Acolha todas as hipóteses, 9 8
incentivando-os a se manifes-
tar e a defender seus pontos de
vista com bons argumentos.
10
Nesse momento, auxilie-os a
entender que as informações não 3
explícitas podem ser investiga-
1
das, desde que entendidas como
hipóteses. Explique-lhes que são
as hipóteses que motivam os
pesquisadores a produzir expli- 2
cações científicas. 11
GRANGER/FOTOARENA

A respeito dos códices, apro-


funde o entendimento dos
desenhos para que a turma 12
compreenda o registro como Cerimônia de casamento asteca – folha do Códice Mendoza, c. 1540. Desde 1659, esse
representação do cotidiano dos manuscrito pertence ao acervo da Biblioteca Bodleiana, da Universidade de Oxford, na Inglaterra.
astecas e como documento his- 118
tórico. Discuta o uso desses
documentos pelos historiadores,
sem os quais pouco saberíamos
existem? Qual é a importância118para as socieda-
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AMPLIAR HORIZONTES 01/07/22 09:55
sobre os povos astecas hoje.
des? Essa importância sofre alterações com o
Incentive-os a comparar a • CAVALCANTI, Pedro. O Império da Amazô-
passar do tempo ou de um lugar para outro?
cerimônia de casamento asteca nia. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Aborde também o fato de muitos casais optarem
às cerimônias atuais, buscando Livro de suspense que narra a aventura de um grupo
por não casar, seja no civil ou no religioso, e
semelhanças e diferenças. de jovens em contato com sobreviventes de uma civi-
que não há nenhum problema em relação a
Questione-os a respeito das lização pré-colombiana.
essa questão.
permanências nos rituais de casa-
mento, conduzindo-os a refletir
sobre eles: por que esses rituais

118

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saber a nossa história se amplia
e se transforma na curiosidade
de saber e registrar a história
A maioria dos códices conhecidos hoje foi produzida depois da colonização espanhola
de nosso grupo social, daque-
da região. Um dos mais conhecidos é o Códice Mendoza, escrito em torno de 1540. las pessoas com as quais temos
Com 71 folhas, está dividido em três partes: a primeira narra a história do povo asteca o sentimento de pertencimento,
a partir da fundação da cidade de Tenochtitlán; a segunda é uma lista de tributos pagos com as quais temos uma ligação
pelos povos dominados; e a terceira descreve o cotidiano dos astecas. cultural.
A cena representada no manuscrito mostra um casamento da sociedade asteca, cuja Conduza-os a pensar sobre o
noiva tinha 15 anos de idade. O matrimônio era consumado depois de quatro dias de ambiente local: o que sabemos
orações, período em que se realizavam festas, danças e trocas de presentes. sobre a história do município?
Quais aspectos vocês conside-
1 A cerimônia de casamento tinha início depois do ram mais interessantes? Acolha
2 A matrona e a noiva eram acompanhadas por
pôr do sol, quando a noiva era carregada para
casamenteiras, que seguravam tochas feitas com as informações da turma.
a moradia do noivo nas costas de uma matrona
(mulher mais velha e casada).
galhos de árvore para iluminar o caminho. Posteriormente, oriente-os:
imaginem que em um futuro
distante apenas um documento
4 Os noivos sentavam-se frente a frente sobre sobre costumes de nossa socie-
um tecido de fibras trançadas. O ato formal do dade irá sobreviver. Escolham,
3 A sequência de pegadas mostra o caminho casamento dava-se quando as casamenteiras
seguido pela noiva. amarravam as pontas do huipil (vestimenta portanto, uma cena significa-
feminina parecida com uma blusa) da noiva ao tiva a ser representada, e mãos
manto (vestimenta masculina) do noivo.
à obra. Cada um pode utilizar a
linguagem com que tiver maior
facilidade, como pintura, poema,
5 A cerimônia tinha como testemunhas quatro 6 Nos templos e nos lares, havia um espaço grafite, música. Para finalizar, os
anciãos: dois homens (sentados à esquerda) e considerado sagrado (cujo nome era tlecuilli)
duas mulheres (sentadas à direita). Depois do ato onde eram depositadas as oferendas aos deuses,
estudantes podem apresentar
de dar o nó na vestimenta dos noivos, os anciãos como comidas e o pulque, bebida fermentada e os resultados da produção para
ofereciam comida e davam conselhos a eles. alcoólica feita de um tipo de cacto, o maguey.
a sala e explicar os motivos de
suas escolhas.
7 Recipiente contendo copal, tipo de incenso que
8 Partes de um peru cozido para a ocasião.
era queimado em louvor aos deuses.

9 Recipiente em que se colocavam alimentos, como 10 Jarra contendo pulque, bebida ingerida em rituais
ovos de peru, milho, mel etc. diversos.

11 As roupas dos indígenas mesoamericanos eram 12 As informações indígenas eram traduzidas


produzidas com fibras do maguey ou agave, para o espanhol por um padre bilíngue, que
gênero de plantas suculentas originárias do podia escrevê-las como uma legenda para os
México. Uma das espécies dá origem à fibra pictogramas ou como um texto mais elaborado
chamada sisal. logo abaixo da imagem.

119

PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 119 egípcios nas pirâmides, das iluminuras01/07/22
medie-09:55

vais, entre outros.


Olho vivo (continuação) Então pergunte: por que o ser humano tem
Pergunte aos estudantes se entenderam esse desejo de registrar sua história? Procure
o códice como um instrumento pelo qual os ouvir a opinião estudantes.
astecas se relacionavam com sua história. Ao final, explique que desde a mais tenra
Questione se lembram de outras formas que idade o ser humano busca entender a sua his-
os grupos humanos encontraram para registrar tória, dos seus familiares e de sua comunidade:
sua história. Se tiverem dificuldade, lembre-os quem sou eu? De onde veio minha família? Qual
das pinturas nas cavernas, dos registros dos é minha história? Aos poucos esse desejo de
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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 4 e 7: enfatizadas no estudo
de algumas características identitárias
dos povos andinos; na valorização de
seus sistemas de organização sociopo- R AIO X
lítica; e no uso de diversas linguagens
para o aprendizado. VESTÍGIO DE CULTURA MATERIAL
• CEH 2, 4 e 6: enfocadas na descrição
das permanências e transformações Que vestígio é esse e quem o produziu?
das sociedades andinas no tempo e no É uma moringa (vasilha de barro para conter
espaço; na análise crítica sobre os acon- e refrescar líquidos) encontrada em uma tumba
tecimentos vividos por esses povos; e na
no sítio arqueológico El Castillo, na província de
discussão sobre vestígio histórico.
Huarmey, no Peru. Essa moringa foi
• Habilidade EF07HI08: enfocada na
identificação de algumas caracterís- produzida pela civilização huari
ticas dos povos andinos. (ou wari), que floresceu no
Peru, do ano 500 até 1100.
PROCEDIMENTOS Conheceremos mais sobre
essa civilização a seguir.
DIDÁTICOS
Como essa moringa foi
Raio X

CRIS BOURONCLE/AFP
descoberta?
Antes de ler as informações
Dois professores de
contidas no texto, peça aos estu-
Arqueologia encontraram
dantes que analisem a imagem,
fragmentos de tecido e vasos
na página 120, e levantem hipó-
na região. Acreditando que
teses sobre o objeto: para que
o local poderia esconder um
era usado, por quem, de que é
sítio arqueológico, instalaram
feito etc. Depois, faça a leitura
uma câmera fotográfica em uma
do texto para confirmar ou não
essas hipóteses. pipa (também chamada de papagaio,
Discuta sobre a importância do pandorga etc.) e fizeram várias fotogra-
fias aéreas. Com base nas fotos, escolheram um Moringa de barro huari com a
emprego de diferentes técnicas representação de uma pessoa que
de pesquisa para a descoberta lugar para escavar e encontraram, em 2012, um veste uma espécie de chapéu e uma
de vestígios arqueológicos e conjunto de torres, muralhas e uma sepultura saia curta decorada. Pertence à cultura
huari, 500 a.C-1100 a.C.
evidências históricas de civili- intacta, com várias câmaras mortuárias.
zações antigas. A moringa, no O que o local da descoberta desse vestígio sugere?
caso, foi encontrada graças ao
A moringa estava em uma das câmaras mortuárias, junto ao corpo de uma mulher
uso de câmeras fotográficas e
de cerca de 60 anos, sepultada com grande suntuosidade. Seu corpo foi colocado
outras técnicas.
na posição sentada, vestido com xale e túnica e enfeitado com joias. Ao lado havia
Solicite aos estudantes que
frascos, jarras, taças de cerâmica e vasilhas de prata, entre outros objetos requintados.
comparem os rituais descritos
Os arqueólogos acreditam que se trata de uma rainha huari rodeada de presentes
no texto com outros que conhe-
deixados em sua homenagem.
cem, fazendo que percebam a
existência de costumes seme- 120
lhantes em diferentes grupos
humanos. Destaque que o con-
fronto entre grupos diferentes sofisticados não impediu que eles descobris-
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não é responsável apenas por sem um sítio arqueológico de mais de 3 mil anos.
rupturas, mas também por trocas Aproveite e pergunte a eles: em que situação
culturais importantes que rever- vocês se lembram de ter feito uso da criatividade?
beram permanências históricas.
Certifique-se de que os estu-
dantes observaram que foi por
meio da criatividade que os pro-
fessores descobriram essa tumba.
A ausência de equipamentos

120

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Proponha a leitura da imagem
OS INCAS das ruínas de Ollantaytambo
Ao longo da história, a região dos Andes abrigou diferentes povos. Uma das civili- e peça aos estudantes que obser-
zações a florescer nesse local foram os huaris, também chamados de waris. Esse povo vem os detalhes, o tamanho, o
formou um dos mais antigos impérios da América do Sul. enquadramento, seu objetivo
Entre o ano 500 e o ano 1100, os huaris dominaram vastas regiões e povos, cons- etc. Incentive-os a levantar hipó-
teses sobre o local fotografado
truíram centros arquitetônicos e abriram estradas ligando as diversas regiões do império.
e outros detalhes registra-
Sua capital chegou a abrigar cerca de 40 mil pessoas. Para efeito de comparação, nessa
dos. Oriente-os a perceber os
mesma época, a principal cidade europeia, Paris, tinha 20 mil habitantes. detalhes arquitetônicos da
No século XII, à medida que a sociedade huari se desagregava em razão das guerras construção, comparando-os aos
civis e invasões, os incas (outro povo da região) passaram a viver um processo de expansão, das construções atuais, reconhe-
difundindo sua cultura a partir dos Andes peruanos. No século XII, deslocaram-se para cendo diferenças e semelhanças.
o vale do Cuzco, no Peru, e, após várias conquistas militares, formaram um império com Incentive-os a exercitar a
mais de 1 milhão de quilômetros quadrados. curiosidade, fazendo questiona-
mentos a respeito da estrutura:
O Império Inca concentrou cerca de 100 povos diferentes em torno de um Estado
quem a teria projetado? Quem
centralizado e militarizado, governado por um imperador e por representantes locais subor-
a teria construído? Como foi
dinados a ele. Para os incas, o imperador era um descendente direto e único do deus Inti, feita essa construção? Como são
que representava o Sol. Além de Inti, os incas veneravam muitos outros deuses. feitas as construções hoje? Há
O território inca contava com diversas províncias administradas por um governador semelhanças entre elas? Há dife-
encarregado também de fazer cumprir a justiça. Havia ainda os curacas, líderes das etnias renças? Quem as projeta hoje? E
dominadas, que funcionavam como uma extensão do poder do imperador nas aldeias. quem constrói? Permita que res-
O maior centro urbano, político e religioso do império era Cuzco, palavra que significa pondam livremente, expressando
suas impressões, conhecimen-
“umbigo do mundo” em quíchua, idioma falado no Império Inca.
tos prévios e associações entre
o que é familiar e o que de novo

KELLI HAYDEN/SHUTTERSTOCK.COM
está sendo estudado.
Ruínas em Ollantaytambo, cidade
inca que ainda hoje tem áreas
habitadas, 2020.

AMPLIAR HORIZONTES
• MIRANDA, Eraldo. O nasci-
mento dos Andes e outras
lendas pré-colombianas.
São Paulo: Mundo Mirim, 2010.
O livro é composto de três peque-
nas histórias da literatura oral dos
povos pré-colombianos, mostran-
do vários traços culturais dessas
121 civilizações e seu importante le-
gado arquitetônico.

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 121 identificam, tanto01/07/22
quanto 09:55 onde estão suas dificuldades,
buscando utilizar os vídeos dentro de uma abordagem
Vídeos como recurso didático que contribua com o processo de ensino, a exemplo da-
O uso dos vídeos [...], enquanto recurso didático e até queles que trabalham com a questão das temporalidades,
mesmo como fonte no ensino de História, exige uma do entendimento de suas continuidades e rupturas. [...]
apropriação adequada que só é alcançada com um bom BISPO, Luana Maria Cavalcanti; BARROS, Kelly Cristiane. Vídeos
planejamento. Nesse planejamento, pensamos o estudo do YouTube como recurso didático para o ensino de história.
prévio da realidade dos alunos, inclusive das possibilida- Atos de Pesquisa em Educação, Blumenau, v. 11, n. 3, p. 856-
des e contribuições que a escola também pode oferecer 868, set./dez. 2016. p. 876. Disponível em: http://proxy.furb.br/
à comunidade escolar. É necessário estar atento às po- ojs/index.php/atosdepesquisa/article/download/4864/3471. Acesso
tencialidades da turma, ou seja, com o que eles mais se em: 25 maio 2022.

121

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2 e 3: abordadas no estudo do

AKG-IMAGES/BERNARD
BONNEFON/ALBUM/ FOTOARENA
desenvolvimento da civilização inca
no tempo e no espaço e na análise da
Na cordilheira dos Andes
intervenção desse povo nos territó- A maior parte da população inca exercia atividades
rios habitados. pastoris e agrícolas, base da sua economia e da sua sub-
• CEH 1 e 2: trabalhadas na identificação sistência. Os incas cultivavam mais de 70 plantas nativas,
das relações de poder estabelecidas
com a chegada dos europeus à região
entre elas milho, batata-doce, abacate, quinoa, batata e
andina e nas consequentes transforma- amendoim.
ções e permanências que impactaram Os lavradores armazenavam em seus celeiros uma
diversos povos. quantidade de grãos suficiente para alimentar a população
• Habilidade EF07HI08: enfocada na por um período de três a sete anos. Todo esse estoque era
análise das estruturas de organiza-
ção dos incas no período da conquista administrado por funcionários do governo que utilizavam
europeia. os quipos para controlar a produção. O quipo (confira a
imagem nesta página) era um conjunto de cordões com
Quipo inca,
tamanhos e cores variados, nos quais os incas davam
PROCEDIMENTOS c. 1430-1532.
nós para contabilizar os produtos. LEONID ANDRONOV/ALAMY/FOTOARENA
DIDÁTICOS
De acordo com o ponto do cordão
Ao abordar o item Na cor- onde o nó era feito, tinha-se uma
dilheira dos Andes, proponha
informação diferente.
a exploração das imagens, na
Vivendo na cordilheira dos
página 122, pedindo à turma que
Andes, os incas superaram os obstá-
observe os detalhes e levante
culos naturais impostos pela região
hipóteses relacionando-as
montanhosa. Nativas da América do
com os conteúdos estudados.
Sul e adaptadas às grandes altitudes,
Destaque o desenvolvimento
de diferentes técnicas agrícolas as lhamas foram muito úteis para o
entre povos andinos diversos, transporte de alimentos e mercado-
refletindo sobre a influência do rias entre as diversas cidades incas,
espaço natural nessas escolhas. bem como em campanhas militares.
Busque também ampliar a dis- Além disso, sua carne era usada como
cussão sobre a utilização dos alimento e a lã, aproveitada na fabri-
metais, que sugere o desen- cação de roupas.
volvimento da metalurgia e a Os incas tinham também grande
grande quantidade de metais experiência no trabalho com metais
no subsolo, e sobre o uso do preciosos, como o ouro e a prata.
quipo como instrumento de con- Com esses metais, fabricavam diversos
tagem inca. objetos, como adornos, estatuetas, Terraços construídos na encosta da montanha,
joias e ídolos religiosos. O ouro era no sítio arqueológico de Moray, 2021. Essa foi
uma tecnologia de engenharia desenvolvida pelos
também utilizado para decorar incas que facilitou a agricultura em terrenos muito
templos e palácios. acidentados.

122

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 122 01/07/22 09:55

Construir um instrumento de contagem


Peça aos estudantes que pensem em nossas necessidades de contagem do dia a dia e
anote-as na lousa. Em seguida, forme grupos e distribua barbante, pedindo à turma que cons-
trua um instrumento de contagem capaz de atender às necessidades apontadas na lousa.
O objetivo desta atividade é que os estudantes compreendam o modo de contagem dos incas
e possam implementá-lo na prática. Para auxiliá-los na atividade, leia para eles a reporta-
gem a seguir e depois esclareça even­tuais ­dúvidas: BARCO, Luiz. Matemática sem números.
Superinteressante, [São Paulo], 31 out. 2016. Disponível em: https://super.abril.com.br/
historia/matematica-sem-numeros. Acesso em: 16 jul. 2022.
122

D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-C05-MPU-G24.indd 122 20/08/22 17:23


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Engenharia inca e construção de cidades Prossiga com as discussões
sobre os incas, destacando agora
Para integrar as várias regiões do império, os incas construíram um amplo sistema de
sua arquitetura e organização
estradas e pontes. Estima-se que esses caminhos totalizavam de 30 mil a 50 mil quilômetros.
das cidades. Tendo por base o
Entre uma cidade e outra eram instalados postos de correio, onde ficavam mensageiros
texto, compare a estrutura de
– os chasquis. Quando era preciso levar uma informação para outro lugar, um mensageiro
uma cidade atual com a das
corria até o posto de correio seguinte, onde ficava outro mensageiro. Este, ao receber a
ruínas da cidade inca, obser-
mensagem, corria até o posto seguinte, e assim sucessivamente, até a mensagem chegar vando aspectos como estradas,
ao destino final. arquitetura, sistema de água
Em muitas cidades, havia sistemas de água encanada e esgoto; além disso, os incas encanada e esgotos. Depois,
criaram técnicas para a construção de casas e de pontes mediante a superposição e o peça aos estudantes que levan-
encaixe de blocos de pedra, sem necessidade de argamassa. tem hipóteses sobre o tipo de
Algumas obras arquitetônicas incas que sobreviveram ao tempo são testemunhos tecnologia empregada para a
dessa técnica. Esse é o caso da cidade de Machu Picchu, construída no alto de uma construção de núcleo urbano
montanha na região andina do atual Peru e considerada o maior conjunto arquitetônico tão sofisticado em um lugar alto
da América pré-colombiana. e de difícil acesso.
O Império Inca entrou em declínio com a chegada dos espanhóis em solo sul-ame- Incentive-os a comparar o
ricano no século XVI. A penetração espanhola levou à conquista do território inca e, sistema de correios estabele-
posteriormente, ao massacre de quase toda sua população. O processo de domínio e cido pelos incas e o modelo
colonização da América pelos espanhóis deu-se por três estratégias distintas e simultâneas: atual, apontando semelhanças
por meio da força militar, pelo envio de colonos para construir novas cidades no continente e diferenças. Peça que respon-
e por meio da religião. Doenças trazidas pelos europeus – e para as quais a população dam às seguintes questões: qual
nativa não tinha anticorpos – dizimaram os povos locais, contribuindo também para o seria a função do correio para
domínio espanhol na região. aquela sociedade? Essa função
pode ser vista como uma per-
Ruínas da cidade inca de Tipon, hoje sítio manência hoje? Vocês acham
arqueológico em Cuzco, Peru, 2019.
O local evidencia as obras arquitetônicas que o correio será necessário nas
complexas desenvolvidas pelos incas. sociedades futuras? Incentive a
noção de que um mesmo objeto
de estudo pode ser analisado
em diferentes tempos históricos.
MARK GREEN/ALAMY/FOTOARENA

123

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 123 que surgiram no século 12 e eram mestres na
01/07/22 09:55 incluindo encostas íngremes,
adoção e adaptação de técnicas, estratégias solo ralo, temperaturas ex-
A tecnologia inovadora que e sistemas de crenças de outras sociedades. tremas e oscilantes e chuvas
alimentou o Império Inca Os andenes, diz Cecília Pardo Grau, cura- escassas ou sazonais.
[...] Conhecidos como andenes (“platafor- dora da exposição Peru: A Journey in time em MEGHJI, Shafik. A tecnologia
mas”, em tradução literal), estas plantações cartaz no British Museum, em Londres, inovadora que alimentou o
em socalcos estão espalhadas pelos An- foram “uma forma criativa de desafiar o Império Inca. BBC News, [s. l.],
des Centrais. terreno... que permite uma maneira efi- 21 jan. 2022. Disponível
ciente de cultivar [lavouras]”. em: https://www.bbc.com/
Construídos pela primeira vez há cerca
portuguese/vert-tra-59769771.
de 4.500 anos por culturas antigas de toda Eles permitiram que as comunidades an- Acesso em: 25 maio 2022.
região, eles foram aperfeiçoados pelos Inca, dinas superassem ambientes desafiadores,
123

D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-C05-MPU-G24.indd 123 20/08/22 17:23


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 7: abordadas na iden-
tificação da ação de espanhóis e de
nativos no processo de conquista da A DOMINAÇÃO ESPANHOLA
América; no impacto desses proces- A chegada dos espanhóis à América aconteceu em uma época em que vigorava, na
sos no tempo e no espaço; e no uso
Europa, a doutrina do mercantilismo. Como você estudou no capítulo anterior, segundo
de variadas linguagens.
• CEH 2: trabalhada na descrição das essa doutrina, quanto maiores as reservas de ouro e prata de uma nação, mais rica ela seria.
transformações das diversas estrutu- Inicialmente, os espanhóis colonizaram as ilhas das Antilhas, mas, ao perceberem que
ras que compunham o então mundo ali havia pouca quantidade de metal precioso, avançaram para o continente, em direção
americano no período estudado. ao atual território do México, onde viviam os astecas, e depois à América do Sul, onde
• Habilidades EF07HI09 e EF07HI13: en- habitavam os incas, povos com grande produção aurífera.
focadas na descrição das ações dos
espanhóis no período da conquista Apesar da intensa resistência da população local, a conquista desses territórios aconte-
(voltadas para a exploração dos nati- ceu em poucas décadas. Um dos fatores que contribuíram para isso foi a grande diferença
vos e do território) e seus efeitos nos bélica entre os espanhóis e os povos dominados. Enquanto os espanhóis tinham soldados
povos ameríndios. com cavalos, armaduras, espadas de ferro, arcabuzes e canhões, os nativos lutavam com
armas de pedra ou de madeira. A violência foi tão grande que religiosos espanhóis, que
PROCEDIMENTOS se encontravam na América, denunciaram à Coroa o modo como os militares lidavam
DIDÁTICOS com os indígenas.
Peça à turma que explore a O Império Asteca foi subjugado em 1521. A população asteca, Arcabuz: tipo de arma
de fogo antiga, que
imagem da página 124, anali- que no começo do século XVI era de 25 milhões de pessoas, foi funcionava com uso de
reduzida para cerca de 1,9 milhão em 1580. pólvora.
sando o conteúdo e os detalhes.
Estimule-os a verificar as diferen-
ças entre nativos e europeus por
meio de questões como: quais
motivos levaram à dominação
espanhola? Quais elementos da
imagem mostram a superiori-
dade dos invasores no combate?
A superioridade bélica dos espa-

COLEÇÃO PARTICULAR. FOTO: BRIDGEMAN IMAGES/KEYSTONE BRASIL


nhóis foi o único motivo para que
dominassem os nativos?
Os estudantes devem ela-
borar, de maneira autônoma,
concepções sobre os fenômenos
abordados, formulando ques-
tionamentos, levantando
hipóteses, buscando respostas
e propondo explicações. Quando
estiverem lendo o texto, peça A conquista de Tenochtitlán, autoria Tenochtitlán era a capital do Império Asteca e foi
a eles que calculem o tempo desconhecida. Óleo sobre painel, uma das regiões dominadas pelos europeus.
século XVII.
transcorrido desde a chegada
dos espanhóis até a subjugação 124
de astecas e incas e que vejam
também quais hipóteses levan-
tadas por eles se confirmaram
AMPLIAR HORIZONTES
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 124 01/07/22 09:55

ou não.
• 1492: A CONQUISTA do paraíso. Direção: Ridley
Scott. EUA: Paramount Pictures, 1992. (142 min).
O filme conta a vida de Colombo, a aventura do
descobrimento da América e a violência dos espa-
nhóis com a população nativa.

124

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Exploração da prata Ao abordar a imagem recente
de Potosí, na página 125, per-
O Império Inca foi dominado em 1533. Até 1572, ano em que morreu o último líder
gunte se eles já entraram em
inca, Tupac Amaru, estima-se que quase 8 milhões de nativos foram mortos pelos espa-
alguma mina ou lugar seme-
nhóis ou pelas doenças trazidas por eles. Os que sobreviveram se tornaram mão de obra
lhante. Caso a resposta seja
escrava nas minas de ouro e prata, nas lavouras ou em serviços domésticos.
positiva, permita que o estu-
Em 1545, os espanhóis descobriram a existência de Potosí, uma montanha na atual
dante conte a sua experiência.
Bolívia que abrigava a maior jazida de prata até então encontrada. Entre 1545 e 1560, os Se não conhecerem uma mina,
indígenas escravizados extraíram de Potosí, comente que esses ambientes

GRANGER/FOTOARENA
e de outras minas da região, um total de são abafados, escuros e sujeitos
270 toneladas de prata; entre 1580 e 1600, a constantes acidentes por des-
esse número chegou a 340 toneladas. moronamento. Procure, assim,
Toda a prata extraída da América criar empatia (Competência
espanhola foi enviada para a Espanha, que Geral 9) com os indígenas que
assim se tornou a nação mais rica da Europa foram escravizados no passado.
na época. Potosí, por sua vez, acabou se Explique ainda que, apesar de
transformando em um dos maiores e mais abolida a escravidão, atual-
importantes centros urbanos da América mente existem muitas pessoas no
espanhola. Para os indígenas, no entanto, mundo que são forçadas a tra-
o lugar virou símbolo de sofrimento. No balhar de graça ou com ganhos
processo de extração, muitos morreram insuficientes, sendo a explora-
de fome, doenças e soterramentos. Frei ção da mão de obra de povos
Domingo de Santo Tomás denunciou essa e pessoas mais vulneráveis uma
situação em 1550 dizendo que Potosí era a permanência na história.
“boca do inferno” que anualmente engolia
Gravura do século
milhares de nativos. XVIII que representa
ARTERRA/UNIVERSAL IMAGES GROUP/GETTY IMAGES
a captura do rei inca
Atahualpa por Francisco
Pizarro, líder militar que
comandou a conquista
do império inca pelos
espanhóis, em 1532.

Parte da cidade de
Potosí, na Bolívia. Ao
fundo, está a montanha
que foi a principal fonte
de extração de prata da
região e hoje é chamada
de Cerro Rico, 2019.

125

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 125 de pessoas foram submetidas a trabalho01/07/22 09:55 dão moderna são crianças.
forçado [...] Das 24,9 milhões de pessoas Os trabalhadores migrantes
Trabalho forçado hoje submetidas a trabalho forçado, 16 milhões e os povos indígenas são par-
O trabalho forçado é um fenômeno glo- foram exploradas no setor privado [...], 4,8 mi- ticularmente vulneráveis ao
bal e dinâmico, que pode assumir diversas lhões sofreram exploração sexual forçada e trabalho forçado.
formas, incluindo a servidão por dívidas, o 4 milhões estavam em situação de trabalho
OIT BRASÍLIA. Trabalho forçado.
tráfico de pessoas e outras formas de escra- forçado imposto por autoridades de governos. [S. l.]: OIT, c1996-2022. Disponível
vidão moderna. [...] Mais de 40 milhões de As mulheres representam 99% das vítimas em: https://www.ilo.org/brasilia/
pessoas foram vítimas da escravidão moder- do trabalho forçado na indústria comercial temas/trabalho-escravo/lang--pt/
na em 2016, sendo que 71% eram mulheres do sexo e 84% dos casamentos forçados. index.htm. Acesso em:
e meninas. Desse total, cerca de 25 milhões Uma em cada quatro vítimas da escravi- 16 jul. 2022.

125

D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-C05-MPU-G24.indd 125 20/08/22 17:23


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3 e 4: trabalhadas na descri-
ção das intervenções espanholas
na América e das consequências
Administração colonial
socioculturais e identitárias da cate- Desde os primeiros tempos coloniais, diversas cidades foram construídas pelos espa-
quização nos povos originários. nhóis na América. Muitas delas, inclusive, foram erguidas sobre as ruínas das antigas
• CEH 1, 2, 4 e 5: abordadas na com-
cidades indígenas destruídas pelos espanhóis na conquista do território. A Cidade do
preensão das relações de poder
estabelecidas com a conquista da México, por exemplo, foi construída sobre Tenochtitlán, a antiga capital asteca arrasada
América; nas transformações de- pelos conquistadores.
correntes desses processos; na Logo nos primeiros anos de colonização, o governo espanhol adotou uma série de
identificação de diferentes modos e
medidas para ter amplo controle de suas possessões na América. A relação entre a Espanha
visões de mundo em relação a um
mesmo contexto histórico; e no re- e sua colônia na América era baseada no pacto colonial, um conjunto de medidas adotadas
conhecimento da movimentação de pelas metrópoles europeias para controlar seus territórios coloniais. Nesse regime, a colônia
populações, com a vinda de missio- exportava matérias-primas ou metais preciosos para a metrópole e comprava da metrópole
nários da Igreja e de colonos.
os artigos manufaturados de que precisava.
• Habilidade EF07HI09: enfocada nos
diferentes impactos da conquista eu- Desde 1503, todo esse comércio passava por Sevilha, onde funcionava a Casa de
ropeia da América para as populações Contratação. Esse órgão tinha por objetivo controlar todo o comércio colonial, para evitar
ameríndias. o desvio de mercadorias lucrativas.
Em 1523, a Coroa espanhola criou ainda o Conselho das Índias, órgão cuja função
PROCEDIMENTOS principal era aconselhar o rei sobre as mais importantes medidas que deveriam ser tomadas
DIDÁTICOS na administração dos territórios coloniais. Com base nas informações recebidas, o governo
Confeccione cartões nos quais elaborava leis, estabelecia punições, nomeava administradores coloniais etc.
estejam escritos os nomes das Para melhor administrar o território, os espa- JOSEPH MARTIN/ALBUM/FOTOARENA

diferentes castas da socieda­- nhóis dividiram as terras conquistadas na América


de colonial na América espa­ em vice-reinos e capitanias. Cada vice-reino era
nhola. Distribua-os em uma administrado por um vice-rei, que respondia direta-
proporção semelhante à da mente ao governo espanhol. O governo espanhol
composi‑ção daquela socie- também implantou na América um sistema de
dade, ou seja, poucos cartões castas que impedia ou dificultava a mobilidade
com “Chapetones”, muitos com social das pessoas. No topo desse sistema,
“Indígena” etc., de modo que
estavam os chapetones, europeus encarregados
cada um veja apenas o seu cartão.
de governar e de garantir o envio das riquezas
Em seguida, cada estudante
para a Espanha. Logo abaixo vinham os criollos,
deve apresentar-se aos colegas
apenas revelando suas funções descendentes dos espanhóis, mas nascidos na
sociais, cabendo à turma a tarefa América. Eles eram a aristocracia e proprietários
de descobrir a casta de cada um. de terras, mas não podiam administrar as colônias.
É interessante que os estudan- Abaixo dessa elite, vinha a maioria da população: Detalhe de As castas, cenas
de mestiçagem, Luis de Mena,
tes representantes da mesma indígenas e mestiços livres. Havia ainda os africa- século XVII. Óleo sobre tela,
casta, depois de revelada, fiquem nos, que eram escravizados e não tinham direitos. 119 cm x 103 cm.
juntos na sala, para que se evi-
dencie a proporção de cada casta
126
na composição da sociedade
colonial.
Confira a imagem As castas, mais usual encontrada nos livros
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24-AV2.indd 126 de História: 14/07/22 19:34

cenas de mestiçagem, na a pirâmide social. Convide-os a representar,


página 126. Analise seus deta- dessa forma, a composição da sociedade estu-
lhes e peça que levantem dada. Incentive-os também a elaborar outras
hipóteses sobre seu significado. maneiras de representar composições sociais,
Explique aos estudantes que favorecendo habilidades de análise e criação.
há outras maneiras de repre- Ao final, pergunte: e se vocês fossem repre-
sentar a composição de uma sentar a composição da sociedade brasileira,
sociedade e mostre para eles a como seria?

126

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Catequização O desenvolvimento do pensa-
mento crítico, da cidadania e
Outro elemento importante no processo de colonização da América pelos espanhóis
da tolerância está intimamente
foi a fé cristã. Como você estudou no capítulo 2, nas primeiras décadas do século XVI,
relacionado à percepção da
a Europa passou por um momento de reforma religiosa. O catolicismo se dividiu e dessa
diversidade de histórias, cons-
divisão surgiram diversas igrejas protestantes. A Igreja Católica procurou reagir a esse
truídas por diferentes sujeitos
avanço, e uma de suas medidas foi a de levar a fé cristã para o maior número de pessoas
em um mesmo lugar e tempo ou
em diferentes regiões do mundo.
em lugares e tempos variados.
Diversas congregações religiosas enviaram seus missionários à América espanhola com
Diante disso, busque incentivar
o objetivo de converter a população nativa ao cristianismo. As mais atuantes foram a dos
o reconhecimento de diferen-
dominicanos, dos agostinianos e dos jesuítas. Essas congregações construíram igrejas, con-
tes versões para um mesmo
ventos, escolas, hospitais. Além disso, eram constantes as denúncias feitas pelos religiosos
fenômeno.
a respeito da escravização dos nativos.
Ao tratar do item Catequiza-
Ao mesmo tempo em que procuravam protegê-los dos colonos, os missionários ten-
ção, localizado na página 127,
tavam convencer os indígenas a abandonar suas antigas crenças e costumes, a adotar os
faça a leitura da imagem antes da
princípios cristãos e a modificar seus hábitos sociais.
leitura do texto. Explique o que
Muitos indígenas viviam em aldeias de cerca de 500 pessoas; eram agricultores e
eram as reduções, destacando
levavam, muitas vezes, uma vida seminômade. Religiosos franciscanos e jesuítas, no
os objetivos da catequização
entanto, procuraram reunir esses indígenas em um mesmo aldeamento, conhecido pelo
e como ela se concretizou nas
nome de redução. Nessas reduções, chegavam a viver até 3 mil nativos, obrigados a
colônias. Em seguida, reforce
trabalhar sob um regime de rigorosa disciplina.
a ideia do encontro de cultu-
ras, destacando que o processo

MUSEO DA AMERICA, MADRI. FOTO: BRIDGEMAN IMAGES/KEYSTONE BRASIL


de catequização desrespeitou a
cultura do nativo.
Faça-os refletir sobre as visões
de religiosos e indígenas sobre o
mesmo fato, para que percebam
a existência de interpretações
diferentes para um mesmo con-
texto. Reforce ainda que toda
generalização deve ser refutada,
já que não há homogeneidade
entre indígenas.

Redução jesuítica de São Xavier, na atual Argentina, representada em litografia colorida.


A imagem foi publicada no livro de memórias do missionário jesuíta alemão Florian
Paucke, que viveu entre nativos no século XVIII.

127

AMPLIAR HORIZONTES
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• O NOVO mundo. Direção: Terrence Malick. EUA:


New Line Cinema, 2005. (172 min).
O filme mostra a fundação do povoado de Jamestown
e o amor entre Pocahontas e um aventureiro inglês.

127

D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-C05-MPU-G24.indd 127 20/08/22 17:23


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3 e 6: trabalhadas na com-
preensão de que as práticas e as ações
indígenas são consideradas caminhos
Mão de obra indígena
de resistência e busca de manuten- A encomienda foi um tipo de tributo que recaiu sobre a população nativa. Legalizada em
ção identitária no contexto histórico 1509, estabelecia que todo indígena maior de 14 anos deveria trabalhar para os encomenderos
e social de opressão vivenciado pelos
ao longo de determinado período do ano. Os encomenderos eram criollos que tinham conces-
grupos escravizados.
sões governamentais para explorar o trabalho dos indígenas nas minas ou em suas propriedades
• CEH 1 e 3: abordadas na interpreta-
ção dos efeitos da escravidão e dos rurais (haciendas).
processos de luta contra o contexto Em pouco tempo, esse tipo de relação transformou os nativos em escravizados dos enco-
político, social e econômico imposto menderos. Essa situação era criticada por muitos religiosos que vieram para a América espanhola
pelos colonizadores.
com a missão de converter os indígenas ao catolicismo. Em 1542, a Coroa espanhola proibiu a
• Habilidades EF07HI09 e EF07HI15:
escravização da população nativa da América.
enfocadas na problematização da es-
cravidão com suas variações de acordo Outra forma de trabalho que prevaleceu em algumas regiões da América do Sul foi a mita.
com o tempo e com o espaço, bem co- Tratava-se de um tipo de trabalho rotativo e compulsório que os incas praticavam antes da
mo na análise das dinâmicas comerciais chegada dos espanhóis. De tempos em tempos, cada chefe de aldeia levava um grupo para tra-
que conduziram à escravização dos na-
balhar na irrigação agrícola, na construção de templos, nas estradas e em outras obras públicas.
tivos.
Com a conquista dos espanhóis, a mita foi incorporada pelos europeus na colonização.
Cada região ou aldeia foi obrigada a fornecer um certo número de pessoas para trabalhar
PROCEDIMENTOS nas haciendas de fumo, de cana-de-açúcar e de cacau, nas estâncias de gado e de cavalos e,
DIDÁTICOS principalmente, nas minas de ouro e de prata.
Explique o que era a mita, A mita possibilitou que milhões de toneladas de ouro e de prata fossem extraídas da
identificando-a como uma América e enviadas à Espanha. Causou ainda a morte de milhões de indígenas, vítimas
prática inca e destacando que da exaustão, de acidentes nas minas, da violência a que eram submetidos ou das doenças
se tratava de uma permanência trazidas pelos colonizadores.
histórica. Em seguida, explore
os detalhes da imagem e seu
SOCIEDADE HISPÂNICA DA AMÉRICA, NOVA YORK, EUA

conteúdo, auxiliando na leitura.


Dê destaque à data de produ-
ção e peça que comparem com
a foto da página 125. Pergunte
à turma: quais informações essa
imagem pode fornecer? Por que
ela foi produzida? A quem é
endereçada? Qual era o inte-
resse em produzi-la? Permita
que elaborem interpretações em
torno desses questionamentos e Trabalho nas minas de
discutam entre si, favorecendo Potosí, na atual Bolívia,
em ilustração do
a aprendizagem coletiva. século XVII, de autoria
Ao abordar o texto Mão de desconhecida.
obra indígena, relacione cada
128
casta à sua atividade e chame a
atenção para a permanência his-
tórica da exploração de trabalho,
relacionando-a à exclusão social. Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 128 Proponha um debate simulando as pessoas 01/07/22 09:55

que defendiam as formas de exploração de tra-


Explore a ideia de que a história Debater sobre a exploração do balho pelos espanhóis na época da colonização
não é única, mas existem perma- trabalho indígena pelos espanhóis e as que as combatiam. Esclareça aos estudan-
nências. No caso, a do conflito
Se necessário, explique o que é um debate, tes que, no debate, os argumentos devem ser
e exploração dos povos nativos,
destacando a importância do respeito às coerentes e bem fundamentados. Ou seja, eles
cujas culturas chocaram-se com
regras, às exposições dos colegas, ao tempo terão de sustentar um argumento, ainda que
a chegada do europeu.
de explanação argumentativa etc. para a não acreditem nele.
criação de um ambiente de respeito à plu- Faça a distribuição das tarefas conside-
ralidade de ideias. rando as particularidades da turma; proponha
128

D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-C05-MPU-G24.indd 128 20/08/22 17:23


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A RESISTÊNCIA INDÍGENA AO DOMÍNIO ESPANHOL Destaque a resistência dos
nativos e faça questionamen-
Os povos nativos da América adotaram diversas estratégias para lutar contra o domínio tos que levem os estudantes a
espanhol ao longo dos séculos de colonização. Nos territórios incas, a morte de Atahualpa, refletir sobre a existência, ainda
último comandante do Império Inca, não significou o fim da luta contra a presença espanhola. hoje, de movimentos de resis-
Quatro governantes tentaram sucedê-lo, organizando as forças incas contra os espanhóis. tência de povos que têm seus
Esses indivíduos foram chamados de incas de Vilcabamba. O último deles se chamava territórios invadidos. Discuta
Tupac Amaru e foi o líder de uma grande rebelião no início da década de 1570. Na ocasião, com a turma as tensões sociais
ele reuniu grupos indígenas insatisfeitos com a presença espanhola e tentou reconquistar vividas historicamente por esses
territórios controlados pelos incas antes da chegada dos europeus. povos, incentivando cada um
A resistência indígena sofreu forte a defender suas ideias com

UNIVERSAL HISTORY ARCHIVE/UIG/BRIDGEMAN/FOTOARENA


repressão por parte dos colonizadores. argumentos coerentes.
Tupac Amaru foi capturado e executado
Atividade
em 1572, e os espanhóis asseguraram
seu domínio sobre o território andino. 1. O movimento zapatista surgiu
Séculos depois, entretanto, a memória da na década de 1990 e luta pela
luta de Tupac Amaru foi retomada por ampliação dos direitos dos
indígenas que queriam o fim da explora- indígenas no México, além de
ção espanhola. buscar reformas que reduzam
Um líder comunitário chamado José a desigualdade e a margina-
Gabriel Condorcanqui adotou o nome de lização imposta a tais povos.
Esse movimento também
Tupac Amaru II no final da década
questiona o modelo econô-
de 1770 e passou a organizar grupos
mico da globalização. Uma
indígenas para lutar contra os espanhóis.
fonte que pode ser utilizada
Essa rebelião também foi derrotada,
para aprofundar a questão
mas expressou a grande insatisfação e a
é a reportagem: NAVARRO,
capacidade de mobilização dos indígenas
Roberto. O que é o movi-
contra a ação espanhola.
mento zapatista? Mundo
Assim como no Peru, outros movi- Gravura que representa a prisão de Tupac
Amaru pelas forças espanholas, século XVI, Estranho, [São Paulo], 10
mentos de resistência indígena ocorreram de autoria desconhecida. abr. 2019. Disponível em:
na América espanhola, mesmo que nem https://super.abril.com.br/
sempre na forma de rebeliões. Protestos e denúncias contra a intensa exploração dos mundo-estranho/o-que-e-
nativos obrigaram os espanhóis a modificar algumas de suas práticas e assegurar direitos o-movimento-zapatista/.
aos povos nativos dos territórios colonizados. Acesso em: 16 jul. 2022.

1. Atualmente, há um importante movimento de luta das populações indígenas no


México, o movimento zapatista. Pesquise informações sobre ele e socialize o que
descobriu com seus colegas.
Consulte resposta esperada e comentários adicionais nas Orientações didáticas.
129

a discussão das regras e a eleição dos debate-


D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 129 Benefícios do debate 01/07/22 09:55 • Garanta a mediação, interfe-
dores. Ao fim da atividade, faça uma roda de • Auxilia os estudantes a respeitar outras opiniões, rindo em caso de transgressão
conversa para discutirem o que os estudan- a ampliar o vocabulário e a usar a persuasão. do que foi combinado.
tes aprenderam sobre eles mesmos e sobre • Demanda organização de ideias e capacida- • Ao final, promova uma ava-
o tema. A proposta é que a turma consiga de argumentativa dos estudantes. liação do debate e reporte à
fazer uma autoavaliação do seu aprendizado turma os aspectos positivos
e do seu comportamento social, contribuindo Dicas para um bom debate e os que precisam ser desen-
assim para o desenvolvimento de habilidades • Organize a sala em um círculo ou semicírculo. volvidos, como postura dos
• Estabeleça as regras e certifique-se de que debatedores, fala etc.
socioemocionais.
a turma as conhece.
129

D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-C05-MPU-G24-AV1.indd 129 22/08/22 13:18


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2 e 3: abordadas na per-
cepção de que a luta por respeito à
cultura indígena se mantém nos dias
A luta pelos direitos indígenas atualmente
atuais; e na compreensão das prin- A população indígena da América Latina atualmente é de cerca de 45 milhões de
cipais interferências dos ingleses na pessoas, distribuídas em cerca de 800 povos diferentes. México, com 17 milhões de indí-
América do Norte.
genas, e Peru, com 7 milhões, são os países com maior número de população nativa. No
• CEH 1, 3 e 5: trabalhadas na análise
outro extremo, encontram-se Costa Rica e Paraguai, com pouco mais de 100 mil indígenas,
dos acontecimentos atuais e históricos
do período da conquista da América e Uruguai, com 80 mil. Porém, em termos percentuais, a Bolívia lidera o ranking, com
de forma crítica, construindo questio- 62% de sua população composta de indígenas, e Brasil (0,5%) e El Salvador (0,2%) são
namentos e posicionamentos sobre os os países com a menor participação indígena em sua composição.
fatos; e no reconhecimento dos des-
Passados mais de 500 anos da chegada dos europeus à América, essa população
locamentos populacionais decorrentes
da colonização. continua enfrentando diversos problemas. É grande a luta dos povos indígenas latino-
• Habilidade EF07HI13: enfocada na ca- -americanos pela defesa e reconhecimento de seus direitos, entre eles, o direito à terra e à
racterização das ações empreendidas participação política. Além disso, o respeito aos costumes e às tradições é frequentemente
pelos ingleses no contexto de inva- ignorado por alguns grupos da sociedade civil.
são e dominação dos povos nativos
A questão da terra é uma das mais graves, pois alguns grupos – como agroindústrias,
da América do Norte.
mineradoras, madeireiras, entre outros – muitas vezes procuram se apropriar dos territórios
indígenas para explorar suas riquezas naturais. Isso ocorre com a anuência ou sob a precária
PROCEDIMENTOS fiscalização de autoridades governamentais. Em decorrência desse avanço sobre as terras e
DIDÁTICOS seus recursos, os conflitos no campo são
Promova uma discussão sobre Manifestantes com frequentes, e as vítimas, quase sempre os
os indígenas na atualidade. bandeiras do Chile indígenas.
e do povo mapuche
Permita que os estudantes se em Santiago, capital Apesar de ainda haver muitos direitos
posicionem sobre suas questões, do Chile, 2019. que precisam ser conquistados, respeita-
como a posse da terra e a par- Eles reivindicavam
mudanças nas dos e preservados, alguns avanços podem
ticipação política, expressando reformas sociais ser notados. Em países como Equador
posicionamentos com argu- promovidas pelo
e Guatemala, os indígenas organiza-
governo do país.
mentos coerentes. Incentive o ram partidos políticos para
respeito por diferentes pontos defender seus direitos;
de vista, mas reforce o respeito em outros lugares, como
à pluralidade cultural e à
Bolívia, Equador, Guatemala,
diversidade indígena. Nesse
Nicarágua e Venezuela,
momento, busque refutar a ideia
mulheres indígenas ocupa-
de homogeneidade, reforçando
ram cargos nos ministérios
a existência de muitos povos
de seus países.
LAUDIO REYES/AFP

indígenas, com culturas bem


diferentes.

130

AMPLIAR HORIZONTES
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 130 01/07/22 09:55

• HUTUKARA ASSOCIAÇÃO YANOMAMI; ASSOCIAÇÃO WANASSEDUUME YE’KWANA. Yanomami sob


ataque: garimpo ilegal na terra indígena yanomami e propostas para combatê-lo. Boa Vista, abr. 2022.
Disponível em: https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/documents/prov0491_0.pdf. Acesso
em: 11 jun. 2022.
Relatório que descreve a evolução e os efeitos do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.
• MIRIM: povos indígenas no Brasil. São Paulo: ISA, 2018.
Dividido em quatro capítulos, o livro traz informações sobre alguns dos povos indígenas do Brasil. Além de
textos em linguagem acessível, conta com ilustrações e fotografias.

130

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
INGLESES NA AMÉRICA DO NORTE Introduza o assunto Ingleses
na América do Norte, relacio-
Os espanhóis foram os primeiros europeus a promover a colonização do continente ame- nando-o com a presença dos
ricano. Depois deles, outros povos iniciaram esse mesmo processo. Os ingleses, por exemplo, espanhóis na América do Sul.
em 1607, fundaram uma colônia na costa leste da América do Norte chamada Jamestown. Faça a leitura do texto junto
Diferentemente dos espanhóis, o início do processo de colonização inglesa deu-se por com a turma, questionando as
meio da iniciativa privada e aconteceu, basicamente, de três maneiras distintas: diferenças entre a colonização
• Por meio do governo inglês, que autorizava companhias de comércio a implantar inglesa e a espanhola. Pergunte,
colônias em determinadas regiões da América do Norte. também, quais consequências
• Por ordens do rei, que doava certa extensão de terra a famílias de nobres ou a pessoas essas diferenças trouxeram para
com dinheiro, concedendo-lhes amplos poderes para governar. as colônias.
Explique aos estudantes que,
• Por meio da migração de grupos formados geralmente por puritanos (calvinistas),
apesar das características parti-
que fugiam de perseguições religiosas na Inglaterra e se mudavam para a América
culares da colonização inglesa,
do Norte para montar colônias. Esses núcleos de colonização eram semi-indepen-
na América do Norte, também
dentes do governo inglês, e o primeiro povoamento desse tipo aconteceu em 1620. houve encontro de culturas e
Dessa maneira, o controle inglês sobre essas colônias foi menor do que o controle do conflitos, gerando a continuidade
governo espanhol em relação às suas colônias na América. Ao todo, os ingleses chegaram de alguns aspectos culturais e a
a fundar 13 colônias, como você pode conferir no mapa da página 132. mudança ou ruptura de outros.
Em 1680, a população colonial era de 250 mil habitantes. Um século depois, já era de
1,5 milhão. Nessa época, as colônias se emanciparam e deram origem aos Estados Unidos.
Assim como na América do Sul, o processo de colonização da América do Norte foi
AMPLIAR HORIZONTES
marcado por inúmeros conflitos entre os colonos e a população indígena, que procurava • POCAHONTAS: o encontro de
impedir a tomada de suas terras pelos ingleses. Apesar de terem características em comum, dois mundos. Direção: Mike
as 13 colônias distinguiam-se em vários aspectos. Gabriel; Eric Goldberg. EUA:
Walt Disney Pictures, 1995.
(81 min)
Esse filme de animação retrata o
encontro da indígena Pocahontas
com um inglês. Criticado pela im-
precisão histórica.

A chegada dos pais


peregrinos, Antonio Gisbert.
BRIDGEMAN/EASYPIX BRASIL

1864. A tela representa


a chegada dos primeiros
puritanos ingleses, em 1620,
à costa das terras que hoje
formam os Estados Unidos.

131

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 131 01/07/22 09:55

Fazer uma pesquisa sobre Pocahontas


Proponha uma pesquisa sobre a indígena Powhatan Matoaka, a Pocahontas, para ampliar
o conhecimento dos estudantes sobre o conteúdo do filme, e, assim, auxiliá-los a posicio-
nar-se criticamente diante das fabricações da indústria cultural.
Esse trabalho possibilita a percepção de que muitos fatos históricos não são comprovados,
mas subsistem pela transmissão oral, na forma de lendas, podendo, assim, assumir intepre-
tações bastante diferentes. Essa percepção favorece uma leitura das narrativas históricas de
forma crítica e reflexiva.

131

D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-C05-MPU-G24.indd 131 20/08/22 17:23


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 4 e 7: abordadas no en-
tendimento das estratégias políticas e
socioeconômicas coloniais inglesas e
Colônias do norte
das consequências desses processos; A região norte das Treze Colônias foi ocupada principalmente por pessoas que
da resistência dos povos nativos; no fugiam de perseguições religiosas na Europa. De modo geral, eram colonos que cultiva-
reconhecimento das transformações
vam produtos agrícolas em pequenas propriedades rurais. Eles mesmos e suas famílias
e permanências das lutas indígenas
ao longo do tempo; e no uso de ma- trabalhavam na terra.
pa e imagem para o estudo. Essa região ficou conhecida como Nova Inglaterra; seus moradores se dedicavam ao
• CEH 1, 4 e 5: trabalhadas na interpre- chamado comércio triangular. Esse comércio funcionava da seguinte forma: os comer-
tação do significado da colonização ciantes da Nova Inglaterra compravam melaço nas Antilhas e, com ele, produziam uma
inglesa e das relações de poder que
bebida alcoólica chamada rum, que, levada à África, era trocada por pessoas escravi-
passaram a existir junto aos diferentes
atores sociais desse processo; e na com- zadas; em seguida, essas pessoas eram revendidas em outras colônias inglesas, ao sul
preensão dos fluxos populacionais e de da Nova Inglaterra, e também nas
mercadorias advindos do processo co- As Treze Colônias e o comércio triangular próprias Antilhas. Outros produ-
lonial no contexto histórico estudado. 0°
tos fizeram parte desse comércio, INGLATERRA

• Habilidade EF07HI09: enfocada na como podemos conferir no mapa


ados
descrição dos impactos da conquista os man
produt agens
ufatur
EUROPA
desta página.

ho
1 dos
rr fatura

vin
inglêsa na América e dos mecanismos tecid
os, fe manu

sal, frutas,
AMÉRICA DO 2
5 1 ESPANHA
NORTE
de resistência dos nativos. 6 7 43
9 8 peixe, cereais, mad
eira serrada
PORTUGAL
10
11 Melaço: produto em forma de mel
açú ixe, m

r
ca
çú
pe

12 r
eira

a ca
car,

13 o,
me
laç ,a
çú OCEANO espesso e escuro que faz parte do
alimentos, mad

me
es

PROCEDIMENTOS
m
, ru ATLÂNTICO
processo de fabricação do açúcar. É
cra

laç
ade dos

ço
ela
viz

Trópico de Câncer
ira,

m
a

rum utilizado na produção de álcool, cachaça


gad

DIDÁTICOS
o

JAMAICA
ÁFRICA e rum.
Pequenas escra
vizad
Sugere-se pedir à turma AMÉRICA
CENTRAL
Antilhas os
COSTA DO COSTA
MARFIM DO OURO

que faça uma pesquisa cole- As Treze Colônias


Equador
1 - Massachusetts 9 - Maryland 0°
tiva. Organize os estudantes em 2 - New Hampshire 10 - Virgínia
AMÉRICA

Meridiano de
3 - Rhode Island DO
11 SUL
- Carolina do Norte

Greenwich
grupos, esclarecendo que cada
VESPÚCIO CARTOGRAFIA

4 - Connecticut 12 - Carolina do Sul


5 - Nova York 13 - Geórgia
equipe deve se responsabilizar 6 - Pensilvânia Colônias do Norte (Nova Inglaterra)
0 1 280
Fonte: BLACK, Jeremy (ed.). World
7 - Nova Jersey history atlas: mapping the human
Colônias do Centro
pela pesquisa de um dos temas: 8 - Delaware
Colônias do Sul
Trópico de Capricórnio
journey. 2. ed. London: Dorling
colônias do norte, centro e sul e Kindersley, 2005. p. 79.

comércio triangular. Você pode


propor que os resultados sejam Colônias do centro e do sul
sintetizados em um mapa mental As colônias do centro eram muito parecidas com as do norte: nas pequenas e
mural, com mapas, esquemas e médias propriedades praticava-se agricultura e criavam-se animais. Muitos colonos se
tabelas que facilitem a visualiza- dedicavam também à exportação de madeira e pele e à importação de açúcar e vinho,
ção do conteúdo estudado. entre outros produtos. Essas colônias abrigavam uma população heterogênea, formada
Os trabalhos em grupo auxi-
por ingleses, holandeses, irlandeses, suecos, alemães, entre outras nacionalidades.
liam na avaliação dos progressos
Na região sul, as colônias se caracterizavam pela presença de grandes propriedades
individuais, pois facilitam a obser-
agrícolas, onde se cultivavam produtos vendidos principalmente no mercado externo, ou
vação da participação de cada
estudante, possibilitando que seja, na Europa e em outras regiões. Entre esses produtos predominavam o algodão, o
você interfira no aprendizado. A tabaco e o arroz, plantados e colhidos por africanos escravizados.
construção de cartazes, por sua
132
vez, exige que o estudante identi-
fique as ideias essenciais em todo
o material consultado e as sinte-
ferramentas de pensamento132que permi- a eficácia do ensino, como objetividade,
tize em uma ou poucas palavras. D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24-AV1.indd 14/07/22 13:45

tem refletir exteriormente o que se passa atratividade e hierarquia de conhecimen-


Essa atividade é fundamental para
na mente. É uma forma de organizar os tos, fundamentando ordenadamente os
a aquisição de novos conceitos. saberes. […]
pensamentos e utilizar ao máximo as ca-
Procure orientá-la nesse sentido.
pacidades mentais. KEIDANN, Glaucia L. Utilização de mapas
Texto complementar [...] Esse método de ensino [...] independe mentais na inclusão digital. EDUCOM SUL –
de qualquer tecnologia para ser elabora- EDUCOMUNICAÇÃO E DIREITO HUMANOS,
Mapas mentais e sua do, podendo ser desenhado manualmente 2., 2013. Ijuí. Anais [...]. Ijuí: Unijuí,
aplicabilidade com a utilização de um simples lápis [...]. 2013. Disponível em: http://coral.ufsm.br/
educomsul/2013/com/gt3/7.pdf.
Mapas mentais são formas [...] quando bem elaborados conseguem Acesso em: 26 maio 2022.
de registrar informações [...], unir várias qualidades importantes para
132

D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-C05-MPU-G24.indd 132 20/08/22 17:23


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A resistência indígena na conquista da América do Norte O conteúdo permite pensar
sobre algumas formas de
O processo de formação das colônias inglesas foi marcado por diversos choques com
resistência indígena frente ao
sociedades indígenas que viviam nesses territórios. A colônia de Jamestown, por exemplo, foi
processo de colonização da
criada nas proximidades de um território habitado por povos que falavam línguas algonquianas.
América do Norte.
Inicialmente, as interações entre colonos ingleses e esses povos foram pacíficas, com trocas
A leitura colaborativa do texto
e a autorização para o uso de terras pelos recém-chegados. Entretanto, a partir de 1609, essas
pode ser uma boa estratégia
relações chegaram ao fim. Secas provocaram a queda na produção de alimentos na região, o
para a compreensão dos con-
que fez com que líderes indígenas proibissem a troca de excedentes com os colonos.
teúdos apresentados. Organize
Isso motivou um período de grande fome nas colônias, e a população europeia que
a turma em grupos e oriente a
ali vivia declinou. Além disso, os indígenas organizavam ataques frequentes aos colonos, e
leitura, fazendo pausas quando
centenas deles morreram assassinados.
julgar necessário e perguntas
Os conflitos continuaram até meados da década de 1640, quando a disseminação de que possam incentivar a refle-
epidemias trazidas à América pelos europeus provocou a devastação de comunidades indíge- xão e o debate. É importante que
nas. Com isso, os colonos conseguiram manter a ocupação das terras e repelir novos ataques os estudantes percebam como
de grupos indígenas. eram as interações entre povos
Outro exemplo de resistência indígena ocorreu mais ao norte, em regiões disputadas nativos e colonizadores no início
por colonizadores ingleses e franceses. Ali, dois grandes grupos indígenas, os iroqueses e os e os fatores que levaram à inten-
hurões, nutriam forte rivalidade. Esse conflito já ocorria anteriormente ao início da colonização sificação dos choques, exigindo
da América, mas os europeus se envolveram nas disputas entre os nativos. estratégias de resistências dos
Os colonos ingleses apoiaram os iroqueses, enquanto os franceses posicionaram-se ao povos indígenas. A retomada
lado dos hurões. Os dois grupos passaram a fornecer matérias-primas aos colonizadores da leitura do mapa da página
em troca de armamentos, como armas de fogo e machados de ferro. Isso intensificou as 132 pode ajudar na localização
disputas entre os indígenas e, no final da década de 1640, os hurões acabaram derrotados geográfica dos eventos citados.
e os sobreviventes fugiram para regiões no interior do continente. Peça a cada grupo que com-
NICK LACHANCE/NURPHOTO/GETTY IMAGES
A vitória dos iroqueses ajudou partilhe seu ponto de vista,
a consolidar a posição desse povo garantindo o respeito às opi-
como uma das mais importantes niões; complemente ou esclareça
forças indígenas nas terras vizinhas as dúvidas quando necessário.
às colônias inglesas e francesas do Para pensar mudanças e per-
norte da América. Apenas no final manências na luta desses povos
do século XVIII, com a independência por seus territórios e culturas,
dos Estados Unidos, a confederação oriente a observação da imagem
de iroqueses começou a se desorga- dos indígenas do Canadá (página
nizar e a perder terras na região. 133) e faça a leitura de trechos
da reportagem sugerida no
Membros da reserva Seis Nações Ampliar horizontes a seguir.
protestam contra a criminalização de
indígenas que lutam pela defesa de
suas terras no Canadá. Toronto, 2020.

133

AMPLIAR HORIZONTES
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 133 01/07/22 09:55

• ARAUJO, Camila. Passado de violência contra indígenas no Canadá volta à tona após descoberta de
covas. Brasil de Fato, [s. l.], 30 dez. 2021. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2021/12/30/
passado-de-violencia-contra-indigenas-no-canada-volta-a-tona-apos-descoberta-de-covas#:~:text=Os%20
povos%20ind%C3%ADgenas%20vivem%20at%C3%A9,%2C1%25%20entre%20n%C3%A3o%20
ind%C3%ADgenas. Acesso em: 17 jul. 2022.
A reportagem aborda a descoberta recente sobre a morte de crianças indígenas no Canadá e traz dados
sobre a organização do movimento indígena na atualidade.

133

D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-C05-MPU-G24.indd 133 20/08/22 17:23


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 5 e 7: abordadas na com-
preensão de eventos em tempos
semelhantes e espaços variados e na
construção, pelo estudante, de sínte- ENQUAN TO ISSO...
se dos temas abordados, por meio de
diferentes linguagens e ferramentas. DE OLHO NO CONTINENTE AMERICANO
• CEH 4 e 6: trabalhadas na análise das
características dos temas abordados, No período em que a Espanha buscava consolidar seus domínios na América, outros
problematizando os contextos histó- reinos europeus, como França e Holanda, tinham interesse em conquistar terras no continente.
ricos e os conceitos relacionados ao Exploradores franceses tentaram se instalar na baía de Guanabara (atual Rio de Janeiro)
conteúdo.
em 1555 e no Maranhão em 1612. Contudo, foram expulsos pelos portugueses, que já
• Habilidades EF07HI08, EF07HI09,
dominavam a região. Ainda assim, conquistaram diversas ilhas do Caribe, como os atuais
EF07HI10, EF07HI13, EF07HI15: enfo-
cadas na discussão, problematização Haiti, Martinica e República Dominicana, além do território da Guiana Francesa. A partir
e compreensão dos temas abordados do século XVII, os franceses ainda ocuparam regiões no atual Canadá – como Quebec e
no capítulo. Montreal – e no sul dos Estados Unidos – em Nova Orleans.
Os holandeses dominaram parte do atual Nordeste brasileiro por 24 anos
PROCEDIMENTOS e também iniciaram a colonização de Manhattan, ilha que faz parte da área onde
DIDÁTICOS hoje se encontra a cidade de Nova York, nos Estados Unidos.

Enquanto isso...
O desembarque de Jacques Cartier e dos colonos
Antes de fazer a leitura do franceses no Canadá, 1546. Mapa histórico composto
mapa histórico composto em lito- em litografia colorida, de autoria desconhecida e
grafia (página 134), certifique-se adquirido por Nicholas Vallard, que representa a
chegada dos franceses ao território do atual Canadá.
de que os estudantes entendam
que foi feita uma interrupção
no estudo sobre a colonização
da América do Norte para que
se observe o que estava acon-
tecendo simultaneamente em
outros lugares. Comente que
não há uma história única e que
os processos históricos não são
lineares.
Localize em um planisfério ou
globo os vários territórios citados
no texto, relacionando-os aos
acontecimentos narrados e ao
texto principal. Aproveite para
reforçar a explicação de como
funcionava o comércio triangu-
lar, ampliando a possibilidade de BIBLIOTECA HUNTINGTON, SAN MARINO, CALIFÓRNIA. FOTO: BRIDGEMAN IMAGES/KEYSTONE BRASIL

percepção das simultaneidades. 134

Atividade complementar D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 134 01/07/22 09:55

Escrever cartas
Peça à turma que se reúna em grupos e discutam como viviam os colonos do norte e os colonos do sul. Em seguida, sugira
que imaginem dois colonos amigos, um vivendo em uma colônia do norte, e outro, em uma colônia do sul. O trabalho da turma
será criar uma troca de cartas entre esses amigos, nas quais eles contam suas atividades, costumes, como ocupam a terra etc.
Outra opção, caso considere interessante, é organizar a turma em dois grupos representando os colonos do norte e os do sul,
de modo que após escreverem as cartas os estudantes as enviem para os outros.
Oriente-os a fazer um pequeno roteiro antes de dar início à produção. Você pode convidar o professor de Língua Portuguesa
para um trabalho interdisciplinar, ou pedir a ele auxílio no levantamento das características desse gênero textual.

134

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Esquema-resumo
ESQUEM A-RE SUMO É importante que os estudantes
CAPÍTULO 5 sejam capazes de utilizar diferen-
tes linguagens e ferramentas
na construção de conhecimentos.
AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA, CONQUISTA E COLONIZAÇÃO Ao final do capítulo, o esque-
ma-resumo se apresenta como
alternativa de síntese e organi-
Algumas sociedades pré-colombianas zação dos conceitos.
Explique sobre a ferramenta de
organização visual, lendo com a
turma e retomando brevemente
Maias Astecas Incas os conceitos aprendidos. Em
2000 a.C. Século XII Século XII
seguida, incentive-os a fazer a ati-
vidade proposta com base apenas
no esquema-resumo, voltando
Regiões do atual Migram do Região dos
sul do México, norte para Andes
ao texto somente se necessário,
Guatemala, o sul do atual (América do Sul) como em caso de retomar algum
Península México conceito não absorvido.
de Iucatã, El
Salvador, Belize Como recurso para o aper-
e Honduras feiçoamento da expressão
oral, proponha também uma
Domínio espanhol e início da Treze Colônias
colonização Século XVII
atividade de transposição do
esquema-resumo para a lingua-
Violência Envio de Construção Religião
militar colonos de cidades gem falada. Atribua um quadro
para cada estudante, instruindo
a turma a atentar para a coesão
da própria fala com a do colega
Pequenas propriedades Colônias do Norte que falou anteriormente.
e do Centro: Nova
Sistema de autogoverno Inglaterra
Ausência de governo
único na América
do Norte; forma de
colonização diferente
conforme a região
Grandes propriedades agrícolas
Produção para exportação Colônias do Sul
Trabalho escravo

Com base no esquema e na leitura do capítulo, explique os fatores que contribuíram para a conquista
da América pelos espanhóis.

Alguns fatores que contribuíram para a conquista foram: a violência militar, amparada na superioridade
bélica dos espanhóis; as doenças, responsáveis pela morte de milhares de nativos; o envio de colonos e a 135
construção de cidades; além do processo de evangelização dos povos indígenas.

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A BNCC NESTA DUPLA
1. Com as chinampas, os astecas
• CECH 1, 2, 3, 4, 6 e 7: abordadas nas
aumentaram suas terras, transformando
atividades de análise e construção de áreas alagadas em áreas propícias para a
posicionamentos críticos sobre os prin-
cipais pontos abordados no capítulo.
AT IV IDADE S agricultura e construções.
3. Não. Enquanto a colonização espanhola na América foi coordenada NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
pela Coroa espanhola, que centralizava todas as ações, o controle da
• CEH 2, 3, 4, 6 e 7: trabalhadas na Inglaterra sobre suas colônias ocorreu por meio de iniciativas privadas.
análise de variados documentos 1. Retome a ilustração da página 116 e explique a importância das chinampas para os
que expressam visões de diferentes astecas. 2. Chasquis eram mensageiros que corriam de um posto de correio a outro para transmitir uma
sujeitos no tempo e no espaço; na ela- informação. Hoje, as mudanças são muitas, as mensagens podem ser transmitidas pela escrita,
boração de questionamentos sobre os 2. Explique o que eram os chasquis e qual era a importância deles para a sociedade
temas estudados; e na criação de tec- inca. Em seguida, compare a forma de transmissão de mensagens dos incas com as
nologia digital de informação. formas de se transmitir mensagens atualmente e cite três mudanças entre elas.
em diferentes meios (impresso, eletrônico etc.), e a transmissão pode ser em tempo real.
• Habilidades EF07HI08, EF07HI09 e 3. A colonização da América por espanhóis e ingleses ocorreu de modo semelhante?
EF07HI10: enfocadas nas atividades Justifique sua resposta. 4. Produção pessoal. Consulte comentários adicionais nas
em que se analisam as formas de or- Orientações didáticas.
ganização das sociedades americanas 4. O códice reproduzido na seção Olho vivo contém diversas informações sobre uma
a partir da colonização; se examinam cerimônia de casamento entre os astecas. Com base nele, faça uma ilustração se-
documentos e se identificam as carac- melhante explicando como é uma cerimônia de casamento nos dias de hoje.
terísticas do território e dos diversos
povos e grupos sociais no contexto 5. Esta litografia representa os efeitos,
histórico estudado. entre os astecas, de uma doença
chamada varíola. Ela faz parte do

PETER NEWARK AMERICAN PICTURES/BRIDGEMAN/FOTOARENA


Codex Florentino, escrito no século
PROCEDIMENTOS XVI pelo religioso franciscano espa-
DIDÁTICOS nhol Bernardino de Sahagún.
Com base na imagem e em seus
Atividades conhecimentos, responda ao que
4. Incentive-os a considerar as se pede.
diferentes modalidades de a) Como os efeitos da varíola entre
cerimônia de casamento. Os os indígenas são representados na

estudantes que se sentirem 5. b) Consulte imagem?


resposta b) A varíola era uma doença inexistente Litografia extraída do Codex Florentino, escrito
à vontade podem partilhar esperada e na América até a chegada dos euro- por Bernardino de Sahagún, c. 1540.
seus desenhos com a turma comentários
peus. Qual foi o impacto dessa e de outras doenças trazidas pelos europeus para a América
adicionais nas
e oralmente detalhar o signi- Orientações nas populações que viviam no continente?
ficado de sua imagem. didáticas. c) Atualmente, a varíola é uma doença erradicada. Investigue como se deu o processo de
controle e erradicação dessa enfermidade, considerada uma das mais mortais da história.
5. b) As diversas doenças trazidas 5. c) Consulte resposta esperada e comentários adicionais em Orientações didáticas.
pelos europeus foram res- 6. Um recurso de linguagem bastante utilizado no mundo contemporâneo é o meme.
ponsáveis por uma grande Retome a questão da resistência indígena nos territórios conquistados pelos es-
panhóis e ingleses e crie um meme valorizando a importância dessas resistências
mortandade entre as popu-
(consulte como fazer um meme na seção Como se faz... no final do volume).
lações nativas. No Império 6. Consulte comentários adicionais em Orientações didáticas.
Asteca, por exemplo, a 7. Existem hoje muitas populações indígenas na América do Norte. Com a supervisão
população passou de 25 do professor, forme um grupo e pesquise informações sobre quem são esses povos,
onde e como eles vivem. Depois, contribua na produção de um vídeo coletivo sobre
milhões de pessoas em
esse tema (consulte na seção Como se faz... algumas orientações sobre como fazer
1518 para 700 mil em 1623.
um vídeo). 7. Consulte comentários adicionais em Orientações didáticas.
Doenças como a varíola 5. a) A imagem representa a doença de uma forma devastadora, mostrando indígenas com o corpo coberto de
facilitaram a conquista do 136 pústulas e com o rosto agonizante. A imagem ressalta os efeitos mortíferos da doença para os nativos, já
que, quando o corpo estava tomado por tantas pústulas, a doença se revelava quase sempre fatal.
território pelos espanhóis.
c) Em 1796, o médico Edward
Jenner realizou experi- primeira vacina da medicina ocidental. Nos
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 136 indígenas da América do Norte. Selecione 01/07/22 09:55

mentos científicos com a séculos XIX e XX, muitos países adotaram fontes que poderão ser consultadas pelos
variedade bovina da varíola, a vacinação obrigatória contra a varíola. estudantes. Exemplos são: a) Indigenous
chamada de cowpox. Ele 6. A proposta da atividade é desenvolver a peoples and communities (em inglês).
inoculou pessoas sadias criatividade, incentivar o protagonismo do Disponível em: https://www.rcaanc-cirnac.
com uma dosagem fraca estudante quanto ao seu próprio aprendizado gc.ca/eng/1100100013785/15291024903
desse vírus, criando anti- e valorizar as culturas indígenas. Auxilie-os 03; b) El mundo indígena (em espanhol e
corpos que protegiam da na consulta à seção Como se faz.... inglês). Disponível em: https://www.iwgia.
variante mais perigosa 7. A proposta da atividade é ampliar os conhe- org/es/recursos/mundo-indigena. Acessos
do vírus. Assim surgiu a cimentos dos estudantes sobre as populações em: 17 jul. 2022.
136

D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-C05-MPU-G24.indd 136 20/08/22 17:23


[...] e tinham que caminhar
sobre os corpos de seus
mortos”; “Foi tanta a mor-
8. Os textos a seguir apresentam visões opostas da derrota dos astecas pelos espanhóis.
tandade que causamos”. O
Leia-os com atenção e responda às questões.
texto também mostra ter
Texto 1: A visão dos vencedores havido pouca resistência
dos indígenas e reforça o
Os inimigos estavam em tão má situação que não possuíam nem mais flechas
e lanças para combater e tinham que caminhar por sobre os corpos de seus mortos.
poderio dos espanhóis:
Foi tanta a mortandade que causamos que, entre os mortos e presos, somaram-se “mandei disparar os tiros
mais de quarenta mil almas. […] grossos, com o que logo
Mandei cercar todas as ruas, e vendo que os principais não saíam, mandei dispa- tomamos aquele lugar”.
rar os tiros grossos, com o que logo tomamos aquele lugar, ao tempo em que muita No segundo texto, está
gente se lançava na água, enquanto outros se entregavam.
descrita a brutalidade da
CORTEZ, Hernán. A conquista do México. Porto Alegre: L&PM, 1996. p. 138-139. destruição e do massacre:
“os cabelos estão espalha-
Texto 2: A visão dos vencidos dos. Destelhadas estão as
casas”; “as paredes estão
Isso tudo se passou conosco. […]
manchadas de miolos
Nos caminhos jazem dardos quebrados;
arrebentados”. E notam-se
Os cabelos estão espalhados.
Destelhadas estão as casas,
desalento (“Golpeávamos os
Incandescentes estão seus muros. muros de adobe em nossa
Vermes abundam por ruas e praças, ansiedade e nos restava
E as paredes estão manchadas de miolos arrebentados. por herança uma rede
Vermelhas estão as águas, como se alguém as tivesse tingido, de buracos”; “os escudos
E se as bebíamos, eram águas de salitre. 8. b) Consulte resposta esperada não detêm a desolação”) e
Golpeávamos os muros de adobe em nossa ansiedade e comentários adicionais em desesperança na descrição
Orientações didáticas.
e nos restava por herança uma rede de buracos. do que lhes restava de ali-
Nos escudos esteve nosso resguardo, mas os escudos não detêm a desolação. mentos (“pães de colorim”,
Temos comido pães de colorim [árvore venenosa], 8. c) Consulte resposta esperada “grama salitrosa, pedaços
e comentários adicionais em
temos mastigado grama salitrosa, Orientações didáticas. de adobe, lagartixas, ratos,
pedaços de adobe, lagartixas, ratos, e terra em pós e mais os vermes. […]
e terra em pós e mais os
LEÓN-PORTILLA, Miguel (org.). A conquista da América Latina vista pelos índios. Rio de Janeiro: vermes”).
8. a) No texto 1, Cortez destaca a quantidade surpreendente de mortos pelas ruas da cidade,Vozes, 1985. p. 41.
as quais ele mandou cercar para tomar a parte onde se encontravam os líderes (principais). 9. Incentive os estudantes a
a) O texto 1, escrito por Hernán Cortez, descreve o confronto entre espanhóis e astecas do pensar sobre seus valores
ponto de vista dos vencedores. Que aspectos se destacam nessa descrição?
e a rever suas atitudes em
b) O texto 2, transcrito da tradição oral indígena, descreve as condições de aldeias e cidades
relação à tolerância, pedindo
destruídas pelos espanhóis. Resuma os principais elementos dessa descrição.
que reflitam sobre situações
c) Que aspectos nos permitem compreender o “estado de espírito” dos conquistadores espa-
nhóis (no texto 1) e dos astecas conquistados (no texto 2)? ocorridas em sala de aula
ou em outros ambientes da
9. O que pode ser feito, nos dias de hoje, para que prevaleça o respeito entre povos
escola no que se refere a:
e pessoas com hábitos e costumes diferentes? Você pratica essas ideias em seu dia
a dia? Resposta pessoal. Consulte resposta esperada e comentários diferenças culturais, étnicas,
adicionais nas Orientações didáticas. religiosas; manifestações de
137 racismo, machismo, homofo-
bia, misoginia etc. que podem
ser percebidas no cotidiano
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 137 escapado ao massacre, em razão01/07/22
da água
09:55 escolar ou na comunidade.
contaminada pelo sangue e da ausência de Sempre sinalize a importância
Atividades (continuação) alimentos, vendo-se obrigados a se alimen- da valorização da diversi-
8. b) O texto 2 revela a completa destruição do tar de pães de colorim, grama, lagartixa, dade e das minorias sociais
lugar e a morte brutal de muitas pessoas, ratos, vermes, além de terra e adobe. como princípios fundamentais
informando detalhes sobre armas espalha- c) No texto de Cortez, a descrição das pés- de uma sociedade mais demo-
das pelo chão, casas destelhadas, muros simas condições em que se encontrava o crática, inclusiva e ética.
incandescentes, paredes manchadas de inimigo valoriza a força empregada pelos
sangue. Além disso, são descritas as difi- espanhóis na conquista: (“os inimigos [...]
culdades de sobrevivência dos que tinham não possuíam nem mais flechas e lanças
137

D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-C05-MPU-G24.indd 137 20/08/22 17:23


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 4, 6 e 7: abordadas fazendo
com que os estudantes relacionem os
fatos e as informações estudadas com
as questões da sociedade contemporâ- FE CH ANDO A UNIDADE
nea, por meio de diversas linguagens.
• CEH 2, 3 e 4: trabalhadas à me-
PRÁTICAS DE INTOLERÂNCIA
dida que a turma compreende a
historicidade do contexto estudado, Viver em sociedade significa conviver com as diferenças e res- Unesco: Organização
discute documentos, constrói hipóte- peitá-las. De acordo com a Declaração de Princípios sobre a das Nações Unidas
ses e questionamentos, considerando para a Educação, a
Tolerância, aprovada pela Conferência Geral da Unesco em 1995, Ciência e a Cultura.
a visão de diferentes grupos sociais,
e se apropria dos conceitos refletindo em Paris, na França:
sobre a contemporaneidade.

[…] a tolerância é o respeito, a aceitação e o apreço da riqueza e da diversidade


PROCEDIMENTOS das culturas de nosso mundo, de nossos modos de expressão e de nossas maneiras

DIDÁTICOS de exprimir nossa qualidade de seres humanos. […] A tolerância é uma virtude que
torna a paz possível e contribui para substituir uma cultura de guerra por uma
cultura de paz.
Fechando a unidade A tolerância é, antes de tudo, uma atitude ativa fundada no reconhecimento dos
Procure demonstrar, com direitos universais da pessoa humana e das liberdades fundamentais do outro. Em
exemplos, os preconceitos velados nenhum caso a tolerância poderia ser invocada para justificar lesões a esses valores
existentes na sociedade. Sinalize fundamentais. A tolerância deve ser praticada pelos indivíduos, pelos grupos e pelo
que comentários e atitudes into- Estado.
[...] A prática da tolerância significa que toda pessoa tem a livre escolha de suas
lerantes podem prejudicar outras
convicções e aceita que o outro desfrute da mesma liberdade. Significa aceitar o fato
pessoas. Cite efeitos como iso- de que os seres humanos, que se caracterizam naturalmente pela diversidade de seu
lamento e depressão, que aspecto físico, de sua situação, de seu modo de expressar-se, de seus comportamen-
prejudicam fortemente a saúde tos e de seus valores, têm o direito de viver em paz e de ser tais como são. Significa
mental das vítimas. também que ninguém deve impor suas opiniões a outrem.
Promova um debate sobre UNESCO. Declaração de Princípios sobre a Tolerância. Portal DHnet. Natal, [20--]. Disponível em:
www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/paz/dec95.htm. Acesso em: 18 maio 2022.
a prática do ciberbullying.
Pergunte aos estudantes como
reagem quando recebem uma Isso, porém, nem sempre ocorre em nosso cotidiano. Com base nessa definição de
fotografia que pode constranger tolerância, analise os resultados de uma pesquisa feita por uma agência de comunicação
um colega, ou quando alguém que monitorou as redes sociais no Brasil, entre os meses de abril, maio e junho de 2016,
faz uma piada preconceituosa com o objetivo de analisar manifestações de intolerância entre os internautas.
sobre o outro. Peça que relatem A pesquisa encontrou cerca de 540 mil publicações, nas quais foram notados dife-
suas impressões e, se ficarem rentes tipos de intolerância. Entre elas, havia intolerância contra homossexuais, mulheres,
à vontade, casos de intolerân- pessoas com deficiência, pessoas das classes sociais menos favorecidas, entre outros.
cia semelhantes, orientando-os Essas práticas foram classificadas em tipo “visível” e “invisível”. A visível é aquela
a não mencionar nomes nem na qual se percebe de modo direto e explícito a prática da intolerância contra determi-
transformar a conversa em acu- nado grupo ou pessoa. A invisível é velada e acontece por meio de algum comentário
sações. Ajude-os a perceber que ou comportamento.
certas atitudes escondem um
comportamento social perverso 138
que precisa ser combatido.
Cite o combate a todo tipo
de intolerância e de violên- o mais forte, pertencer a um
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 138 grupo ou ter [Prevenir] o cyberbullying [...] é uma tare- 01/07/22 09:55

coragem de se manifestar em público, fa de toda a equipe escolar.


cia como forma de fortalecer
no pátio da escola ou na classe. Basta ter
a cidadania e de construir uma SANTOMAURO, Beatriz. Cyberbullying: a
acesso a um celular ou à internet. Por is- violência virtual. Nova Escola, [São Paulo],
sociedade mais harmoniosa.
so, muitos desses novos agressores nem 1o jun. 2010. Disponível em: https://novaescola.
Texto complementar sabem dizer por que fazem o que fazem. org.br/conteudo/1530/cyberbullying-a-violencia-
[...] “no bullying cara a cara, o agressor vê virtual. Acesso em: 17 jul. 2022.
Ciberbullying: a violência que a humilhação faz efeito porque a víti-
virtual ma sofre em público. Agora, basta imaginar
[...] Para agredir de forma esse sofrimento para o jovem se sentir re-
virtual, não é necessário ser alizado com a provocação virtual”. [...]
138

D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-C05-MPU-G24.indd 138 20/08/22 17:23


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Fechando a unidade
Tipos de intolerância – Brasil (2016) (continuação)
EDITORIA DE ARTE

Se possível, leia para eles o


Legenda Visível Invisível
texto complementar a seguir
(%) sobre misoginia, tema impor-
100
tante a ser tratado com a turma,
95
90
a fim de que compreendam que
85 há diferentes manifestações de
80 inferiorização e objetificação
75 da mulher fortemente entra-
70
nhadas no cotidiano e que
65
60
devem também ser combatidas.
55 Promova uma roda de conversa
50 com a turma sobre a temática,
45 sempre atentando para a faixa
40 etária e as condições cognitivas e
35
socioemocionais dos estudantes.
30
25
20
15
10
5
0
Aparência Classe social Pessoas com Homofobia Misoginia Política Idade/geração Racismo Religião Xenofobia
deficiência

Elaborado com base em: INTOLERÂNCIA por aparência: quando o preconceito é precoce. Comunica Que Muda. [S. l.],
2016. Blogue. Disponível em: https://www.comunicaquemuda.com.br/dossie/aparencia/. Acesso em: 14 mar. 2022.

2. Questões políticas (97,4%, cerca de 525 960 publicações), de classe


Misoginia: ódio ou aversão às mulheres. social (89%, cerca de 480 600 publicações) e misoginia (82,3%,
Xenofobia: ódio ou aversão a estrangeiros. cerca de 444 420 publicações). É importante notar que uma mesma
publicação pode expressar mais de uma prática de intolerância. total subserviência na mu-
1. De acordo com o texto, qual é a importância da prática da tolerância em nosso dia lher. [...]
a dia? Contribui para substituir uma cultura de guerra por uma cultura de paz. As bases misóginas do
pensamento ocidental geram
2. Com base na leitura do gráfico, indique as três principais ocorrências de prática a banalização da violência ao
visível de intolerância nas mídias sociais. Além disso, considerando que foram iden- feminino que se estende pe-
tificadas cerca de 540 mil publicações com intolerância, calcule o número absoluto los vários aspectos da vida da
dessas três ocorrências. mulher, como o social, o psi-
3. De acordo com a pesquisa, o racismo manifesta-se nas redes sociais muito mais de cológico, econômico e político,
maneira invisível que visível. De acordo com o seu entendimento, fora das redes tornando difícil identificar os
sociais, essa situação se repete? Cite uma situação que pode ser usada para exem- traços nocivos mais sutis. [...]
plificar uma prática velada de racismo. O mapa da violência de
3. Resposta pessoal. Práticas veladas de racismo podem ser notadas por meio de piadas, apelidos, gestos, 2015 colocou o país na quinta
práticas de exclusão etc. 139 posição em casos de assassi-
natos de mulheres, com uma
média de 4,8 mortes a cada
100 mil. Já os dados do Fórum
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-112-139-U2-CAP5-LA-G24.indd 139 O sexismo, por sua vez, pode ser definido
01/07/22 09:55
Brasileiro de Segurança Públi-
como um conjunto de atitudes discrimina-
Misoginia: você sabe o que é? ca (FBSP), divulgados em 2017,
tórias e de objetificação sexual­que buscam
revelam outro fato chocan-
[...] A misoginia é um sentimento de aver- estabelecer o papel social que cada gêne-
te: a cada onze minutos uma
são patológico pelo feminino, que se traduz ro deve exercer, para isso são utilizados mulher é estuprada no país.
em uma prática comportamental machista, estereótipos de como falar, agir, pensar e
cujas opiniões e atitudes visam o estabeleci- até mesmo o que vestir. [...] CARNEIRO, Yanna J. Misoginia:
O constante estímulo de comporta- você sabe o que é? Politize!,
mento e a manutenção das desigualdades e
[s. l.], 5 ago. 2019. Disponível
da hierarquia entre os gêneros, corroboran- mentos estereotipados impacta ambos em: https://www.politize.com.br/
do a crença de superioridade do poder e da os gêneros, visto que exige amostras misoginia. Acesso em:
figura masculina pregada pelo machismo. de uma cruel virilidade no homem e 29 jul. 2022.
139

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A BNCC NESTA UNIDADE

Competências

3
• Gerais (CG): 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e UNIDADE
9: trabalhadas com os estudantes ao
compreenderem a organização interna
da América portuguesa, analisando a
prática escravocrata enquanto matriz
econômica do território colonizado e
identificando as ações de colonizados TRABALHO
e colonizadores no período. É incen-
tivado o sentido de respeito ao outro
e de cooperação entre os estudantes
à medida que analisam contextos his-
tóricos de violência e opressão cujos
efeitos se perpetuam nos dias de ho-
je, como o racismo.
• Específicas de Ciências Humanas Trabalho pode ser definido como
(CECH): 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
uma atividade ou um conjunto de ati-
• Específicas de História (CEH): 1,
2, 3, 4, 5, 6 e 7. vidades que o ser humano desenvolve
Habilidades para atingir determinado fim e, em geral,
• EF07HI01 • EF07HI02 • EF07HI03 expressa relações entre grupos humanos
• EF07HI05 • EF07HI08 • EF07HI09 vivendo em sociedade.
• EF07HI10 • EF07HI11 • EF07HI12 Nesta unidade, estudaremos os
• EF07HI13 • EF07HI14 • EF07HI15 primeiros tempos da colonização por-
• EF07HI16 tuguesa na América e veremos como
os europeus introduziram o trabalho
escravo em terras que mais tarde dariam
origem ao atual Brasil.

Pescadores recolhem rede


do cerco flutuante na Praia do
Pouso da Cajaíba, Paraty (RJ),
2022.

140

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140

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e 180, trata-se da importância
da preservação da herança qui-
lombola; já o legado da cultura
africana e de seus descenden-
tes está na página 184; o uso

CADU DE CASTRO/PULSAR IMAGENS


de música na preservação da
memória africana no presen-
te é analisado na página 186.
• Economia: toda a unidade 3
é perpassada pelas relações
de trabalho no passado e no
presente, mas particularmen-
te as páginas 140, 141, 142,
143. Na página 157 se mostra
presente quando discute o tra-
balho indígena; na página 168,
quando apresenta a situa­ção
análoga à escravidão; na pá-
gina 205, ao refletir sobre as
dificuldades enfrentadas pe-
lo trabalhador rural no Brasil.
• Saúde: o tema é tratado
na página 158, que discute
a relação entre a covid-19 e
população indígena; a edu-
cação alimentar e nutricional
se mostra nas reflexões sobre
a necessidade de moderar o
uso do açúcar, na página 203,
atividade 9.
• Ciência e Tecnologia e Meio
Ambiente: a discussão do im-
pacto da cana de açúcar na
produção do etanol, na pá-
gina 205, agrega esses dois
temas contemporâneos.

141

Temas Contemporâneos
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24.indd 141 do dia 20 de novembro como Dia Nacional da
04/07/22 16:01

Transversais na unidade Consciência Negra nas páginas 180 e 184; e


as desigualdades sociais entre brancos e ne-
• Cidadania e Civismo: tema abordado na
gros nas páginas 206 e 207.
discussão do etnocentrismo no presente na
página 166; e na participação democrática • Multiculturalismo: presente na página 149
na sociedade, na atividade 6 da página 202; ao tratar das línguas faladas pela população
situações de racismo e de luta pela igualdade indígena atual no Brasil; e nas páginas 160,
social no presente, apresentadas na página 161, 164, 165, 166 ao abordar a necessida-
174, discutem a importância da educação em de de preservação dos modos tradicionais
direitos humanos; bem como a configuração de vida dos povos nativos; nas páginas 179

141

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Como estratégia de sensibiliza-

Diferentes formas
ção sobre o conceito de trabalho,
que será o condutor das discus-
sões desta unidade, incentive a
reflexão sobre a seguinte questão: de trabalho
o trabalho é fundamental para
o convívio e o sustento social?
Acolha as contribuições dos estu- Imagine que você seja o único sobrevivente de um naufrágio e esteja sozinho
dantes e verifique a ideia que eles em uma ilha. A embarcação em que você estava desapareceu e, com ela, seus com-
têm do trabalho e da importân- panheiros. O que você faria para se manter vivo nessa terra desconhecida?
cia dele na vida social. Ajude-os Certamente, teria de fabricar algumas ferramentas para caçar, cozinhar e arma-
a entender que essa prática social zenar alimentos. Para se proteger do sol e da chuva, precisaria construir uma cabana
foi organizada de formas dife- ou outro tipo de abrigo.
rentes pelos povos e culturas ao Para tudo isso, você precisaria trabalhar bastante, mas o que caracteriza o trabalho?
longo da história. O trabalho é uma das necessidades básicas do ser humano.
Ao conduzir a leitura do texto
de abertura, explique as diferen-
ças entre o trabalho assalariado, Indígena da etnia guajajara tece uma bolsa em tear. Aldeia Maracanã,
no Rio de Janeiro, 2022.
mais comum nos tempos atuais, e
outros tipos de trabalho, como a
escravidão e a servidão. Garanta
que a turma consiga diferenciar
tais modelos de trabalho e cite
situações na História em que
essas formas foram utilizadas.
Texto complementar
A construção de
conceitos científicos
Para que o educando refli-
ta, invente e passe a construir
os conceitos científicos, é
necessário apresentar-lhe
situações-problema que o
desafiem a ir além do que
já domina. Por isso, o pon-
to de partida da aula não
é o currículo, [...] mas são
os conhecimentos prévios
que o educando leva para a
escola [...] [aliado aos] conhe- LUCIANA WHITAKER/PULSAR IMAGENS

cimentos científicos que deve


aprender dentro de cada dis- 142
ciplina. [...] O estímulo passa
a existir a partir do momen-
to em que o educando liga o
que já sabe com aquilo que vê
AMPLIAR HORIZONTES
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24-AV1.indd 142 14/07/22 13:53

que pode alcançar [...]. • THOMPSON, Edward Palmer. Costumes em comum: estudos sobre cultura popular tradicional. São Pau-
GASPARIN, João Luiz. A lo: Companhia das Letras, 1991.
construção dos conceitos No capítulo “Tempo, disciplina do trabalho e o capitalismo industrial”, o historiador investiga as relações en-
científicos em sala de aula. tre o tempo e o trabalho nas sociedades ocidentais.
Maringá: Universidade Estadual
de Maringá, [20--]. Disponível em:
http://docplayer.com.br/22216197-
A-construcao-dos-conceitos-
cientifcos-em-sala-de-aula.html.
Acesso em: 20 jul. 2022.
142

D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-C06-MPU-G24.indd 142 20/08/22 17:52


PROCEDIMENTOS

ADRIANO KIRIHARA/PULSAR IMAGENS


DIDÁTICOS
Atividades
1. É provável que eles comentem
sobre os direitos como férias
remuneradas, 13o salário,
seguro-desemprego, licença-
-maternidade, aviso-prévio ou
outros. Comente a Reforma
Trabalhista de 2017 e explique
aos estudantes que ela trouxe
diversas perdas de direitos aos
trabalhadores.
2. Analise se os estudantes
sabem diferenciar caracte-
rísticas de trabalho livre de
outros análogos à escravidão.
Verifique se eles são capazes
de fazer inferências e iden-
tificar semelhanças entre as
Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) utiliza um aparelho tecnológico para situações que acontecem na
monitorar mico-leão-preto no Parque Estadual Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP), 2022.
cidade ou na região onde
Na sociedade atual, predomina o trabalho assalariado. Mas já existiram outras manei- vivem e mecanismos de tra-
ras de organizar o trabalho, como a escravização e a servidão. balho análogos à escravidão.
As pessoas escravizadas eram destituídas de liberdade, pertenciam a seu senhor e
Ressalte que a escravidão é
um regime de trabalho proi-
podiam ser vendidas ou trocadas; eram consideradas mercadorias.
bido por lei nos dias de hoje.
A servidão predominou na Europa durante a Idade Média e se caracterizou por laços
de dependência mútua: o servo devia obediência, trabalho e impostos ao seu senhor e,
em troca, o senhor lhe garantia proteção. O servo não era propriedade do senhor, como
era o escravizado.

Converse com os colegas e o professor sobre as questões a seguir.

1. No Brasil, os direitos do trabalhador estão assegurados por meio de leis. Você


conhece exemplos desses direitos? Se sim, quais?
Respostas pessoais. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
2. Chamamos de situação análoga à escravidão quando as pessoas trabalham
sem qualquer direito ou proteção legal, muitas vezes sem receber salário.
Normalmente, são levadas a esses empregos com falsas promessas. Você já
ouviu falar da ocorrência desse problema na região em que vive? Em caso
afirmativo, como é, ou era, esse trabalho?
Respostas pessoais. Consulte comentários nas Orientações didáticas.

143

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24.indd 143 Destaque as ruas e avenidas do entorno
11/07/22 15:10e a utilização de cartolina, papel
solicite a cada grupo que investigue onde estão kraft ou outro suporte adequado
Fazer um estudo do meio os lugares de trabalho mais conhecidos, como à atividade. Por fim, auxilie a
Organize a turma em grupos e, com a ajuda fábricas e comércios, e de trabalho informal. Na turma a perceber as relações
de um aplicativo gratuito ou site de visualização aula seguinte, peça aos grupos que apresentem de trabalho que caracterizam o
de mapas e imagens de satélites, identifique com os resultados da pesquisa e anote-os na lousa. espaço geográfico e social onde
eles a localização da escola. Essa é uma opor- Com as informações, os estudantes podem a escola está localizada.
tunidade de trabalhar com grupos grandes realizar a confecção coletiva de um mapa dos
de estudantes. pontos de trabalho pesquisados. Recomende

143

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A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

6
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5 e 6. PRIMEIROS TEMPOS
Habilidades DA COLONIZAÇÃO
• EF07HI02 • EF07HI03 • EF07HI05
• EF07HI08 • EF07HI09 • EF07HI10
• EF07HI11 • EF07HI12 • EF07HI13
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A BNCC NESTA DUPLA
• Reconhecer a diversidade das culturas indígenas no passado e no presente.
• CECH 2, 3 e 6: abordadas no trabalho
• Identificar as principais características do encontro de culturas após a chegada
de compreensão do mundo a partir de
dos portugueses à América.
interações e organizações diferentes e
construção de argumentos acerca das • Compreender o conceito de etnocentrismo.
relações estabelecidas entre os euro- • Valorizar a diversidade humana e cultural.
peus, o território americano e os nativos.
• CEH 1 e 6: trabalhadas no estudo da
Atualmente, há cerca de 900 mil indígenas no Brasil, pertencentes a 256 povos diferentes
entrada dos europeus no continente
americano, problematizando as cau- e distribuídos em 24 estados e no Distrito Federal. Desse total, cerca de 320 mil vivem em áreas
sas e as consequências desse processo. urbanas e mais de 570 mil em áreas rurais.
• Habilidades EF07HI08 e EF07HI09: en- Indígena é o termo mais adequado para chamar os primeiros habitantes da América.
focadas com os estudantes ao descrever Quando Cristóvão Colombo (1451-1506) chegou ao continente americano em 1492, imaginou
as formas de organização das socieda- ter chegado às Índias e chamou de “índios” seus habitantes. O nome resultou de um equívoco,
des nativas e os impactos da entrada pois Colombo entendia que todos os habitantes eram iguais.
europeia no território americano.
Em meados de 1500, o número de indígenas nas áreas onde se formaria o Brasil era maior,
chegando a cerca de 2 a 4 milhões de pessoas. Essas terras eram o lugar onde nasceram, e
PROCEDIMENTOS os recursos ali encontrados garantiam a sua existência. A ideia de propriedade que temos hoje
DIDÁTICOS não existia entre os indígenas. Havia uma apropriação coletiva da terra, explorada e respeitada
Aproveite os dados apresenta- por todos os seus habitantes.
dos no texto da página 144 para Neste capítulo, vamos conhecer alguns aspectos das sociedades indígenas na época da
demonstrar a drástica redução chegada dos europeus, além de refletir sobre o desrespeito dos colonizadores
da população indígena no ter- à cultura dos nativos da América, atitude que contribuiu para o genocídio
ritório brasileiro. Proponha esta de milhões de seres humanos.
atividade, que pode ser mais
bem conduzida com a turma Genocídio: prática de extermínio de uma
comunidade, grupo étnico, cultural, racial ou
em roda (facilitando assim o tra- religioso. O massacre das populações indígenas
balho com grupos grandes): pelos conquistadores europeus é um exemplo.

ANDRESSA ANHOLETE/GETTY IMAGES SOUTH AMERICA/AFP


atribua o número “um” para um
dos estudantes e, em seguida, Indígena protesta em frente ao
Congresso Nacional, em Brasília
o estudante sentado ao lado (DF), 2022. A manifestação buscava
dele deve falar em voz alta ou pressionar os congressistas pela não
aprovação de projeto de lei que autoriza
sinalizar o número “dois”; o
a mineração em terras indígenas.
seguinte, o “três”, até chegar
ao número “cinco”. O próximo 144
estudante deve reiniciar a conta-
gem até atingir “cinco”, e assim
por diante, até que um número Essa contagem permite a visualização da
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24-AV3.indd 144 da turma em relação aos povos indígenas e, 16/07/22 13:56

tenha sido atribuído a cada estu- dimensão do decréscimo de indígenas desde assim, mostrar que culturas são diferentes, nem
dante da turma. Informe então a chegada dos europeus em 1500. A atividade melhores nem piores umas em relação a outras.
que todos representam indíge- permite também avaliar se há, na sala de aula, Hierarquizá-las é atribuir valores etnocênticos.
nas e devem ficar em pé. Porém, pensamentos que desqualifiquem a existência Reforçe também a noção de genocídio.
os estudantes de números 1, 2, de indígenas na atualidade ou percepções que
3 e 4 precisarão logo se sentar, diminuam o impacto negativo da conquista e
restando apenas os de número da colonização do Brasil pelos portugueses.
“cinco”, ou seja, 20% ou menos Se surgirem falas nesse sentido, aproveite a
da sala. ocasião para perguntar sobre o conhecimento
144

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Para explicar a longa duração
PORTUGUESES NA AMÉRICA da colonização portuguesa no
Em abril de 1500, uma esquadra chefiada por Pedro Álvares Cabral (1467-1520) chegou Brasil, desenhe uma linha do
ao litoral do atual estado da Bahia e tomou posse da região. tempo na lousa, comentando que
Com o objetivo de defender as terras conquistadas de outros povos europeus, entre desde 1500, ano da chegada dos
eles franceses e ingleses que navegavam pela região, os portugueses iniciaram, em 1530, portugueses, até a Proclamação
a colonização que durou quase três séculos. Esse longo período é chamado pelos histo- da Independência, em 1822, a
região que hoje compõe o Brasil
riadores de período colonial ou Brasil Colônia.
foi colônia de Portugal. Não se
Nos próximos capítulos, chamaremos de “América portuguesa” ou “colônia portu-
esqueça de fazer um pequeno
guesa na América” as terras dominadas por Portugal que hoje fazem parte do Brasil. esfumaçado ou pontilhado no
Confira uma linha do tempo com marcos da história do Brasil Colônia. começo da linha para evidenciar
LINHA DO TEMPO SEM ESCALA. OS que as terras e os povos que aqui
Brasil: período colonial SEGMENTOS ENTRE AS DATAS NÃO
CORRESPONDEM AO TEMPO DECORRIDO. moravam já tinham uma história
Comércio de madeiras do Brasil, Escola Julgamento de Filipe dos Santos, no período anterior à chegada
Francesa. Gravura em madeira, c. 1550. Antônio Parreiras. Óleo sobre tela, 1923. dos europeus.
A linha que representa os 322
MUSEE DEPARTEMENTAL DES ANTIQUITES,
ROUEN, FRANÇA

MUSEU ANTÔNIO PARREIRAS


anos em que esse território esteve
sob domínio do país europeu
precisa estar em cor diferente
da linha a ser traçada após 1822,
de modo a mostrar a diferença
entre período colonial e período
1500 Chegada dos portugueses
à América
imperial aos estudantes. Como o
foco é o primeiro período, não
1720 Revolta de Vila Rica
1548 Estabelecimento há necessidade de explicar mais
do governo-geral 1808 Chegada da família real ao detalhes sobre o período imperial,
Brasil (início do período joanino)
a fim de não confundir a turma
1500 1530 1548 1630 1720 1808 1822 quanto à percepção de tempo.
1530 Início da colonização do 1630 Companhia das Índias 1822 Independência do Brasil
território que se tornaria o Brasil Ocidentais ocupa Olinda e Recife (início do período imperial)
AMPLIAR HORIZONTES
• HUNI Kuin: os últimos guar-
diões. Direção: Danilo Arenas
MUSEU IMPERIAL DE PETRÓPOLIS

Ireijo. Brasil, 2016. (6min59s).


Disponível em: https://vimeo.
com/191911055. Acesso em:
COLEÇÃO PARTICULAR

20 jul. 2022.
O documentário conjuga bem
Declaração da Independência, dois assuntos: a destruição das
Brasilia qua parte paret Belgis, Georg François-René Moreaux. Óleo sobre tela, populações indígenas e a multi-
Marggraf e Johanes Blaeus. Aquarela, 1647. 2,44 m x 3,83 m, 1844.
plicidade do que é ser indígena.
145

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24-AV3.indd 145 Eles podem mencionar que não falava portu-
16/07/22 13:56 O trabalho com o documen­-
guês, estudava ou gravava vídeos. tário confere uma boa opor­-
Assistir ao filme Huni Kuin Relacione o processo iniciado pela coloni- tunidade para mostrar como as
Exiba o documentário Huni Kuin, indicando zação em 1500 com a atualidade mostrada populações indígenas precisam
no Ampliar horizontes desta página. Depois, no vídeo: o “homem branco” destruindo a estar inseridas na sociedade dos
organize os estudantes em roda e pergunte por natureza e desrespeitando os indígenas. Em não indígenas para exigir respeito
que a fala do narrador indígena foi surpreendente. seguida, peça aos estudantes que elaborem e direitos. Busque garantir que a
O ideal é que eles respondam que o indígena soluções para que esse processo seja interrom- turma compreenda essa dinâmica,
decidiu estudar para mostrar o que estava errado pido, incentivando o desenvolvimento de um também reconhecendo a neces-
na floresta. Se a turma não chegar a essa conclu- pensamento crítico sobre os processos histó- sidade da luta indígena hoje.
são, pergunte o que o povo indígena não fazia. ricos e as consequências no presente.
145

D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-C06-MPU-G24.indd 145 20/08/22 17:52


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3, 6 e 7: trabalhadas à
medida em que são analisadas as ca-
racterísticas do período; identificada TERRA BRASILIS
a intervenção portuguesa nas novas
terras; e se incentiva a construção de A imagem desta página é conhecida como Terra Brasilis ou Carta do Brasil. Trata-se
argumentos com base na análise car- da reprodução de um mapa elaborado por volta de 1519 pelos cartógrafos do governo
tográfica e imagética. português. Usaremos esse mapa como a imagem condutora do capítulo, pois ele nos
• CEH 1, 3 e 5: enfocadas na compre-
ensão das características territoriais e permite conhecer alguns aspectos da concepção que os colonizadores tinham destas terras
sociais do período e ao analisar as mo- e dos povos que aqui viviam.
vimentações entre europeus e nativos
entre si e o espaço. IMAGEM CONDUTORA
• Habilidades EF07HI11 e EF07HI13: en-

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focadas com base na análise sobre as
diferentes dinâmicas políticas, sociais
e econômicas que passam a ser imple-
mentadas com a entrada dos europeus
no território, as ações e as relações
empreendidas.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Mostre aos estudantes o mapa
Terra Brasilis, na página 146,
e pergunte se a representação
pode estar errada por ser muito
diferente dos mapas atuais. Após
uma breve conversa, explique as
limitações do conhecimento da
época. Se possível, desenhe o
mapa medieval em “T – O”, que
é composto de um T dentro de
Mapa Terra Brasilis, feito em 1519 pelos
um círculo que contém três con- cartógrafos Lopo Homem, Pedro e Jorge
tinentes: Ásia, Europa e África. Reinel. Desenhado sobre pergaminho, é um dos
A análise do mapa Terra primeiros mapas a representar os territórios
portugueses na América.
Brasilis e a reconstrução das
rotas são de grande auxílio O primeiro ponto a se destacar é a própria representação do território como um lugar
para que a turma compreenda que pertencia a Portugal. Por meio da inserção de bandeiras portuguesas em diversos
o processo de ocupação pelos pontos do mapa – até mesmo sobre o oceano e as ilhas, como a atual Fernando de
europeus do atual solo brasi-
Noronha –, o governo português procurava afirmar seu domínio sobre a região. A bandeira
leiro. Peça aos estudantes que
ao norte (no canto superior esquerdo do mapa) está em terras que hoje pertencem à
comparem o conhecimento do
Guiana. A bandeira no extremo sul está em terras hoje pertencentes à Argentina.
território ibero-americano antes
e depois das navegações e os 146
auxilie nessa tarefa.

Atividade turma marque localizações 146


D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24.indd e rotas com fios por até três anos, assim como o fato de a colo- 04/07/22 16:01

complementar de lã ou de linha. nização do território brasileiro estar inserida no


Peça aos estudantes que “tracem” as rotas grande processo de transformação ocasionado
Elaborar um mapa dos vários povos que vieram para o Brasil, como pelas navegações.
dinâmico I portugueses, franceses e ingleses. Aproveite a
Apresente um mapa do oportunidade para indagar sobre as possíveis difi-
oceano Atlântico em tamanho culdades enfrentadas nas viagens para as Américas
grande, no qual apareçam a e para as terras que hoje compõem o atual Brasil.
Europa e as Américas. O mapa Ao concluir, recupere as informações do capí-
escolhido deve permitir que a tulo 4 a respeito das viagens, que se estendiam
146

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A nomeação do território e o pau-brasil Explique a importância do
pau-brasil, a relação dessa
No mapa Terra Brasilis, não há indicações de vilas ou fortes. Isso ocorre porque o
árvore com o comércio interna-
mapa foi produzido em 1519, quando a colonização ainda não havia sido iniciada. Naquele
cional e as viagens transatlânticas.
tempo, o governo português estava interessado em colonizar terras onde fosse possível
Fale que a árvore, que poderia
explorar metais preciosos, como ouro e prata.
medir até 20 metros, produzia
Assim, as únicas construções portuguesas eram paliçadas e torres de madeira erguidas
um corante natural e que, até
ao redor de pequenas aldeias e hortas. Elas não aparecem no mapa, pois, de acordo com o
1875, não havia corantes arti-
costume da época, só eram indicadas as fortificações feitas de pedra, mais sólidas e duradouras. ficiais. No Brasil, especialmente
Os primeiros relatos dos exploradores indicavam que no Nordeste, havia uma abun-
o único produto encontrado na região representada no Paliçada: cerca alta e fechada
construída para defender um dância dessa árvore.
mapa com valor comercial na Europa era o pau-brasil. acampamento ou uma aldeia. Prossiga perguntando aos
As construções existentes – também chamadas de feito- Pau-brasil: árvore de tronco
avermelhado, da cor de brasas, usada
estudantes em que utilizamos
rias – eram usadas para armazenar as toras de pau-brasil na fabricação de um corante para corantes atualmente e, depois,
que seriam embarcadas nos navios portugueses e poste- tingir tecidos. esclareça que antigamente eles
riormente vendidas na Europa. eram usados em tecidos, estofa-
Segundo alguns estudiosos, foi por causa IC dos, bandeiras, cortinas, ou seja,
do pau-brasil, encontrado em todo o litoral, que estavam espalhados por toda a

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os portugueses passaram a chamar as novas sociedade. Assim eles podem
terras pelo nome que têm até hoje: Brasil. compreender a valorização do
produto no mercado europeu.
Se surgir, por parte dos estu-
dantes, algum comentário sobre
a extração do pau-brasil, apro-
veite para falar sobre a escravidão
indígena.

Texto complementar
BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE, PARIS, FRANÇA
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As cartas náuticas
quinhentistas
“As cartas quinhentistas
e mesmo seiscentistas, em
seu conjunto, eram essencial-
mente náuticas, pois, mais do
Os portugueses nomearam regiões e acidentes que na busca de novas terras,
geográficos ao mapear a costa em expedições os esforços dos portugueses
Detalhe do mapa Terra Brasilis exploratórias entre 1501 e 1503. Em geral, eles concentravam-se no estabe-
que representa o pau-brasil, deram nomes de santos católicos a rios, baías, lecimento mais preciso dos
árvore nativa da região. ilhas e regiões específicas.
caminhos do mar, sendo im-
147 portante notar que a posse
das costas do Brasil e da Áfri-
ca concedia-lhes o domínio
estratégico de todo o Atlân-
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24.indd 147
AMPLIAR HORIZONTES 04/07/22 16:01 tico Sul” [...].
MICELI, Paulo. Tesouros
• MICELI, Paulo. O desenho do Brasil no teatro
cartográficos. [Entrevista cedida
do mundo. Campinas: Editora da Unicamp, 2012. a] Paulo Cesar Nascimento.
O autor apresenta ao leitor a trajetória da represen- Jornal da Unicamp, Campinas,
tação cartográfica da Terra, desde o final da Idade ago. 2012. Disponível em: http://
Média, com ênfase nas características da cartogra- www.unicamp.br/unicamp/sites/
default/files/jornal/paginas/
fia produzida sobre o Brasil no período colonial. ju536-pag12.pdf. Acesso em: 20
jul. 2022.

147

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 6 e 7: abordadas com os
estudantes ao problematizarem as
visões do europeu com relação ao
A natureza e o medo desconhecido
território e analisarem, por meio de Confira agora como os cartógrafos representaram no mapa o interior do território. As
documentos históricos, as caracterís- ilustrações baseiam-se nos relatos dos exploradores que visitaram a colônia portuguesa nos
ticas do período. primeiros tempos. Segundo eles, era uma terra exuberante, coberta de matas, com animais
• CEH 3 e 4: trabalhadas com a turma à
variados, muita água e repleta de beleza.
medida que são construídas interpre- BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE, PARIS, FRANÇA
tações e hipóteses sobre os principais Macaco-prego,
IC
fatos ocorridos no contato entre o eu- animal típico das
ropeu, o território e os nativos. florestas tropicais, e
onça-pintada, maior
• Habilidades EF07HI10 e EF07HI11: en-
felino do continente
focadas à medida que os estudantes americano,

BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE
analisam e compreendem, com base representados no

FRANCE, PARIS, FRANÇA


em documentos históricos, as caracte- mapa Terra Brasilis.
rísticas que existiam e que passaram a
existir com o domínio europeu.

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Explique, utilizando os deta-
lhes do mapa Terra Brasilis, da
BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE

página 148, que é muito comum


FRANCE, PARIS, FRANÇA

em mapas antigos a presença


de criaturas fantásticas ou Fonte: ROCHA, Yuri Tavares. Representações de animais
assustadoras. Os mapas ilustra- e plantas em iluminuras de alguns mapas do século
XVI. In: SIMPÓSIO IBEROAMERICANO DE HISTÓRIA
vam muito das ideias da época Arara-azul, uma das aves DA CARTOGRAFIA: AGENDAS PARA A HISTÓRIA DA
sobre seres que só existiam na representadas no mapa Terra Brasilis, CARTOGRAFIA IBEROAMERICANA, 3., 2010, São Paulo.
espécie hoje ameaçada de extinção. Anais […]. São Paulo: USP, 2010. Disponível em:
imaginação, sendo importantes http://3siahc.files.wordpress.com/2010/08/yuri-rocha-
3siahc.pdf. Acesso em: 28 mar. 2022.
documentos sobre a mentalidade
do homem comum medievo. Por No mapa, também está representado
meio deles pode-se inferir que os um animal com asas semelhante a um dragão.
territórios explorados represen- Animais estranhos, mistura de gente e bicho e
BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE, PARIS, FRANÇA

tavam simultaneamente riquezas outras criaturas faziam parte do imaginário dos


e riscos. europeus daquela época sobre os habitantes
das regiões não conhecidas por eles. Por isso,
muitas dessas criaturas faziam parte das repre-
sentações da natureza encontrada no Brasil.

Dragão: ser imaginário da mitologia de diversos povos


e civilizações. Na cultura europeia cristã, o dragão é
Detalhe do mapa Terra Brasilis no qual está associado ao demônio, às ideias do mal e do caos.
representado um animal imaginário.

148

Atividade mares desconhecidos. Aponte 148


D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24-AV5.indd para o dragão alterou o modo de vida dos indígenas do litoral 26/07/22 21:05

complementar desenhado no limite esquerdo da imagem e no período.


incentive a turma a pensar nos motivos que Após a análise, peça aos estudantes que
Elaborar um mapa levaram o artista a desenhar dragões e animais elaborem um mapa com elementos da carto-
dinâmico II estranhos e a representar os indígenas daquela grafia da época, como bandeiras, caravelas e
Nos detalhes do mapa Terra maneira. riquezas. Eles devem também inserir aspectos
Brasilis, da página 148, há Em seguida, mostre o trabalho executado do trabalho, a exemplo da presença indígena
representações que retratam a pelos indígenas após a chegada dos europeus: no mapa Terra Brasilis. Por meio dessa ativi-
visão dos europeus sobre o que era um trabalho forçado, pago com escambo dade de criação, os estudantes podem fixar os
poderiam encontrar em terras e (um tipo de regime de trocas). Esse regime principais elementos estudados em sala de aula.
148

D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-C06-MPU-G24.indd 148 20/08/22 17:52


Desenhe também duas árvores
diferentes, representando os dois
troncos linguísticos existentes em
Os indígenas em 1500 IC 1500: tupi e macro-jê. Insira no
A concepção que os portugueses tinham desenho muitos galhos represen-

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das novas terras e de seus habitantes era tando as famílias linguísticas e,
contraditória. Por um lado, eles viam a região saindo deles, muitos outros galhos
como um paraíso terrestre cheio de esplendor, menores para representar a diver-
beleza e possibilidades. Por outro, sentiam-se sidade de línguas indígenas.
ameaçados e amedrontados diante de paisa-
gens diferentes das europeias e de pessoas
Atividades
cujas culturas, crenças e costumes eram 1. a) Resposta pessoal. Os estu-
muito distintos dos seus. dantes podem associar a

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Sobre os povos indígenas, afirmava-se extinção de uma língua à
que eram “selvagens e muito cruéis”. Essa extinção do(s) povo(s) que
concepção estereotipada, construída com a fala(m) e ao processo de
base nos valores europeus da época, marcou adoção de línguas predo-
o processo de colonização. minantes em detrimento de
Entretanto, estudos atuais revelam que, línguas nativas, por exemplo.
por volta de 1500, viviam no atual território b) Espera-se que os estudantes
brasileiro mais de mil povos indígenas, com reconheçam que a preserva-
estruturas culturais diversas. Esses povos ção da cultura de um povo
falavam cerca de 1 300 línguas distintas, agru- está atrelada à preservação
padas em dois troncos linguísticos: o tupi do seu idioma. Quando uma
e o macro-jê. Também havia muitas outras língua deixa de existir, é gran-
famílias linguísticas, como a dos aruaque e a de a chance de se perderem
dos caraíba, da atual região amazônica. também os saberes médi-
De modo geral, os povos do tronco cos, os preparos culinários,
linguístico tupi viviam no litoral. Entre eles as tradições orais e os conhe-
Detalhe do mapa Terra Brasilis representa
estavam povos como os guarani, os tupi- um indígena que segura um arco. cimentos tradicionais do povo
nambá e os tabajara. Já os povos do tronco falante dessa língua.
macro-jê – como os bororo, os carajá, os tarai- Cultura: conjunto de hábitos, costumes, formas
de organização, valores e práticas sociais de um
riú, os cariri – viviam, em grande parte, no determinado povo.
interior do território, na região denominada Tronco linguístico: conjunto de famílias de línguas Texto complementar
que têm uma origem em comum.
pelos portugueses de sertão. Relatos de viagens como
fonte documental
1. No Brasil, são faladas atualmente cerca de 270 línguas indígenas. Porém, de acordo Até o século XIX, os relatos
com um estudo feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a de viagem foram um impor-
Ciência e a Cultura (Unesco), cerca de 190 delas estão ameaçadas de extinção. tante meio de representação do
Sobre isso, converse com os colegas em relação às seguintes questões: “outro” e de países distantes.
a) No seu entendimento, o que causa a extinção de uma língua? Por meio desses interessantes
b) Que impactos culturais a extinção de uma língua pode trazer? e pitorescos livros, o homem
a) Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas. comum podia formar constru-
b) Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas 149 ções imagéticas que muitas
vezes (de) formavam homens
e países cujo leitor só conhece-
ria através de suas leituras [...]
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24.indd 149 origem europeia, muitas palavras de nosso04/07/22
voca-16:01
PAULINO, Carla Viviane. Os
Ao abordar o item Os indígenas em 1500, bulário vêm de línguas africanas e indígenas.
relatos de viagem do século XIX
explique o que é tronco linguístico para os estu- Desenhe na lousa um grande tronco com como fontes históricas para a
galhos e folhas e explique à turma que aquilo prática do ensino de história da
dantes. A própria metáfora de tronco e árvore América: algumas considerações
pode auxiliar o entendimento da ideia. Diga que a que une as línguas é uma origem comum, teórico-metodológicas. Fronteiras
língua utilizada no Brasil faz parte de uma “árvore mesmo que essa língua de origem já não seja & Debates, Macapá, v. 3, n. 2,
mais falada. Quanto mais semelhantes as línguas, p. 115-136, jul./dez. 2016. p. 117.
linguística” que inclui muitas origens europeias e
Disponível em: https://periodicos.
ibero-americanas. Se considerar válido, mencione mais próximos estão os galhos, como o espanhol unifap.br/index.php/fronteiras/
que, apesar de o português falado no Brasil ter e o português, formando uma mesma família. article/view/3600/carlav3n2.pdf.
Acesso em: 20 jul. 2022.
149

D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-C06-MPU-G24-AV1.indd 149 22/08/22 13:22


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1 e 2: enfocadas com os es-
tudantes ao compreenderem e
analisarem as configurações políti-
As aldeias e a divisão do trabalho
cas, sociais, culturais e econômicas Os documentos produzidos pelos portugueses e outras
Maloca: grande cabana
que se estabeleceram a partir da do- evidências históricas revelam que grande parte dos povos construída com galhos, palha e
minação europeia. indígenas vivia em pequenas aldeias, formadas por um outros materiais leves encontrados
• CEH 1, 4 e 5: trabalhadas à medida na floresta. Geralmente, a maloca
conjunto de quatro a sete malocas. Essas aldeias tinham é habitada por mais de uma
que os estudantes problematizam a
organização de diversos povos nati- formatos variados (circulares, em forma de ferradura ou família indígena.
vos e a interação com os europeus lineares), ainda adotados por grupos indígenas atualmente.
enquanto acontecimento histórico, As tarefas que garantiam a sobrevivência do grupo eram feitas por todos. Assim
compreendendo as particularidades também era dividido o resultado do trabalho coletivo. Derrubar árvores, caçar, pescar, pre-
nas movimentações desses grupos.
parar a terra para o plantio, construir malocas, armas e canoas, em geral, eram atividades
• Habilidades EF07HI08, EF07HI09 e
EF07HI10: enfocadas à medida que
dos homens. As mulheres, além de cuidar das crianças pequenas e cozinhar, trabalhavam
os estudantes compreendem as dife- na coleta de frutos, na plantação de roças e na colheita.
rentes organizações políticas, sociais, Uma característica comum às aldeias era a existência de um espaço central entre as
econômicas e culturais dos grupos habitações onde se organizavam cerimônias religiosas e festas e onde as crianças brinca-
analisados com base na interpreta-
vam. A função social desse espaço permanece até hoje, por isso pode ser interpretada
ção de documentos históricos.
como um exemplo de permanência histórica.
Casa xinguana Casa karajá
PROCEDIMENTOS (Pah, em yawalapití) (Hetó, em karajá)
DIDÁTICOS
Peça aos estudantes que
levantem hipóteses sobre a
origem das informações que Casa tapirapé Casa-aldeia marubo
temos sobre os indígenas na (Takana, em tapirapé) (srobo, em marubo)
época da chegada dos primei-
ros europeus ao continente
americano. Espera-se que eles
já compreendam os métodos
de estudo da História e relacio-
nem evidências arqueológicas Casa tiriyó
aos documentos escritos pelos (müne, takuxipan
ou timakötö,
europeus, além de informações Casa
em tiriyó)
dadas oralmente pelos grupos tukana
indígenas, como as técnicas de IMAGENS FORA
DE PROPORÇÃO.
construção de moradias, passa-
AS CORES NÃO
das de geração em geração há SÃO REAIS. HUGO ARAUJO

milênios. Valorize as respostas da


turma e comente que são poucas Representação artística de
as informações que temos sobre moradias indígenas atuais. Fonte: MUNDURUKU, Daniel. Coisas de índio. São Paulo: Callis, 2006. p. 34.

os povos indígenas no início da


colonização e no período ante-
150
rior a ele.

AMPLIAR HORIZONTES
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• NO DIA do Índio, uma aldeia guarani na capital. 2016. Vídeo (3min2s). Publicado pelo canal Jornal da Ga-
zeta. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=oEPXlC2MScw. Acesso em: 20 jul. 2022.
Reportagem que mostra o cotidiano dos indígenas guaranis que vivem em uma aldeia no Jaraguá, bairro da
zona norte da cidade de São Paulo.
• RUSSO, Kelly; PALADINO, Mariana. A lei n. 11.645 e a visão dos professores do Rio de Janeiro sobre a temáti-
ca indígena na escola. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 21, n. 67, p. 897-921, dez. 2016.
O artigo permite compreender as estratégias desenvolvidas por professores para ensinar História focando a
presença das populações indígenas.
150

D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-C06-MPU-G24.indd 150 20/08/22 17:52


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Sociedade igualitária Explique à turma que os
indígenas tinham explicações
Para os indígenas, a terra, a floresta, a água e os
Propriedade privada: bem que próprias para os fenômenos da
animais eram de todos, pois não havia propriedade pertence exclusivamente a uma natureza, como o sol e a chuva.
privada. Para resolver situações importantes – como pessoa, um grupo limitado de pessoas
ou uma empresa, como um lote de Esclareça que nas sociedades não
declarar guerra contra outro povo –, formava-se um terra ou um edifício. indígenas há grandes diferenças
conselho composto de chefes das grandes famílias, e
sociais: os ricos possuem muito e
as decisões eram tomadas coletivamente. O morubixaba, líder da aldeia, era encarregado aos pobres falta quase tudo. Nas
de auxiliar as pessoas e resolver pequenos conflitos. aldeias, porém, não havia pro-
A educação das crianças era tarefa de toda a comunidade, e não só da família. Os priedade privada ou riqueza, o
idosos eram respeitados como guardiões da história e do saber de seu povo, responsáveis que impedia o surgimento das
por transmitir seus valores e suas crenças aos mais jovens. desigualdades sociais com as
quais nos deparamos hoje.
Aspectos religiosos
Se os estudantes apresenta-
Para os indígenas, a chuva ou a seca, a caçada ou a pescaria bem-sucedidas deviam-se rem dificuldades em entender
à ação de espíritos ligados à natureza. A figura central dos ritos religiosos era o pajé, que uma sociedade que não tenha
entrava em contato com os espíritos da floresta para consultá-los sobre assuntos do dia a propriedade privada e seja orga-
dia da aldeia, como a cura de doenças. nizada coletivamente, esclareça
O pajé também era um grande conhecedor das ervas e dos remédios naturais extraídos que tudo nessas comunidades
das plantas. Na época da chegada dos portugueses à América, os indígenas conheciam é partilhado, concentrando sua
mais de 3 mil espécies de ervas para combater os mais variados problemas de saúde. Na explicação no conceito de coleti-
Europa, o número de remédios não passava de 100. vidade. Faça analogias deixando
claro que os recursos da natureza
CHICO FERREIRA/PULSAR IMAGENS

Pajé da etnia pataxó na Aldeia


Jaqueira, em Porto Seguro (BA),
pertencem igualmente a todos.
2019. Na foto, feita durante o ritual Não há necessidade de cercar
do Awê, o líder religioso examina a um espaço e chamar de “seu”
mão de uma indígena.
ou de aprisionar um animal e
fazer uma criação privada. Da
mesma forma, todos os indígenas
têm de trabalhar coletivamente
para o funcionamento da aldeia.
Conduza-os a refletir sobre esse
outro modo de viver e conviver de
forma coletiva, buscando a pro-
moção de uma cultura de paz.

151

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24.indd 151 pedindo aos que ouvem que representem,04/07/22 16:01

Reproduza uma das canções do álbum O com danças e gestos, as emoções que as
cântico das crianças, disponibilizado pelo canções indígenas trasmitem.
Serviço de Atividades Culturais do Museu do Índio Aproveite e pergunte se eles tocam algum
em: http://mindioescola.blogspot.com/2013/11/ instrumento. É um bom momento para valo-
canto-guarani.html; acesso em: 5 ago. 2022. rizar os saberes da turma. Investigue se há
Peça aos estudantes que percebam diferen- estudantes de algum povo indígena ou com
ças nos ritmos, na produção dos sons e nos ascendência indígena e peça sua contribui-
instrumentos. Se houver, entre eles, alguém ção. Garanta seu acolhimento e o tratamento
com deficiência auditiva, incentive a interação respeitoso por parte dos colegas.
151

D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-C06-MPU-G24.indd 151 20/08/22 17:52


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 4 e 6: trabalhadas com
os estudantes à medida que são anali-
sadas as particularidades na interação O CHOQUE CULTURAL
entre os grupos envolvidos, identifi- Havia grandes diferenças entre os valores e o modo de vida dos europeus e os dos
cando as diferenças identitárias.
nativos das Américas. Os indígenas não conheciam dinheiro nem partilhavam das noções
• CEH 1, 3, 4 e 5: enfocadas com os es-
tudantes ao compreenderem o choque de acumulação de bens e terras. Trabalhavam pela própria subsistência no ritmo das
provocado pela interação de diferen- necessidades cotidianas. Já os portugueses tinham como objetivo acumular riquezas na
tes culturas como um acontecimento forma de bens materiais e territórios.
histórico, elaborando questionamen- Os indígenas tinham suas crenças religiosas e seus hábitos, como o de andar nus. Os por-
tos e identificando interpretações
tugueses, por sua vez, procuraram impor a fé cristã à população local e desejavam também
acerca das consequências ocasiona-
das pelas relações desenvolvidas. mudar seus hábitos e costumes. Em pouco tempo, o choque cultural tornou-se evidente.
• Habilidades EF07HI09 e EF07HI10: Os portugueses decidiram comercializar a madeira de pau-brasil na Europa. Para isso,
enfocadas ao fazer com que os estu- utilizaram a mão de obra indígena para o corte e o transporte dos troncos até as embar-
dantes analisem as particularidades no cações ancoradas na costa ou até as feitorias, como representado no mapa Terra Brasilis,
contato entre os grupos e o território.
onde ficavam armazenados até a chegada das próximas embarcações rumo a Portugal.
Em troca desse trabalho, os portugueses ofereciam aos indígenas anzóis, machados,
PROCEDIMENTOS facas, entre outros objetos. Quando essas trocas deixaram de despertar o interesse dos
DIDÁTICOS indígenas, estes passaram a resistir em trabalhar para os portugueses, e foram escravizados.
Esclareça que, em nossas Para justificar a escravização dos nativos, vários
Visão etnocêntrica: também chamada de
casas, assim como nas aldeias, argumentos foram utilizados. Para os europeus, os etnocentrismo, é uma forma de interpretar
há conhecimentos passados de indígenas eram “selvagens”, “bárbaros”, agressivos o mundo na qual toda diversidade
geração em geração. Nossos cultural é julgada de forma negativa e
e, por isso, poderiam ser escravizados. Tratava-se de segundo os parâmetros da própria cultura.
avós passaram aos nossos pais Os europeus, por exemplo, viam a si
uma “guerra justa”. Outro aspecto que influenciou
várias informações úteis, como mesmos como o modelo de civilização
essa visão etnocêntrica foi o fato de alguns grupos a ser alcançado por povos considerados
receitas, técnicas para conser-
indígenas praticarem a antropofagia, ou seja, terem inferiores. Esse tipo de concepção resulta
tar e produzir objetos e muitas no desrespeito a outras culturas.
informações sobre cuidados com o costume de comer carne humana, como detalha-
a saúde e a alimentação. remos a seguir.
Para envolver a turma nessa

BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE, PARIS, FRANÇA


abordagem, peça aos estudan- IC
tes que tentem se lembrar de
BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE, PARIS, FRANÇA

dicas ou receitas para melhorar a


saúde que foram ensinadas pelos
mais velhos. Após esse levanta-
mento, explique a eles que, na
aldeia, todo o conhecimento acu-
mulado pelos antepassados era
centralizado na figura do pajé.
Se julgar oportuno, comente
também sobre a figura do pajé Detalhe do mapa Terra Brasilis representa
indígenas enquanto cortam e carregam toras
e o papel das mulheres indí- de pau-brasil.
genas como conhecedoras e
transmissoras de saberes nas 152
comunidades indígenas.

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• LERY, Jean de. Viagem à terra do Brasil. Be- InfoAmazônia. [S. l.], 30 jun. 2015. Disponí- para curar uma variedade de doenças.
lo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1980. vel em: https://infoamazonia.org/2015/06/30/ • RAMINELLI, Ronald. Eva Tupinambá. In: PRIO-
O livro contém trechos que podem ser traba- tribo-amazonica-cria-enciclopedia-de- RE, Mary Del (org.). História das mulheres
lhados em sala de aula sobre a dinâmica não medicina-tradicional-com-500-paginas/#!/ no Brasil. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2000.
comercial indígena que não baseia suas trocas story=post-13114. Acesso em: 20 jul. 2022.
Nesse capítulo, o autor analisa as representa-
no lucro nem em pagamento em moeda. Artigo do InfoAmazônia com informações sobre ções etnocêntricas e misóginas que os viajantes
• TRIBO amazônica cria enciclopédia de o processo de criação de uma enciclopédia so- europeus fizeram das mulheres indígenas dos po-
medicina tradicional com 500 páginas. bre plantas e remédios pelos indígenas matsés vos tupinambás.

152

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A antropofagia na cultura indígena Ao abordar o item A antro-
pofagia na cultura indígena,
Os indígenas antropófagos não comiam a carne de outros seres humanos por fome ou comece sondando os conhecimen-
falta de comida. Para algumas etnias, comer o corpo de um ente querido era como prestar-lhe tos prévios dos estudantes sobre
uma homenagem: mães e pais, por exemplo, poderiam comer restos mortais de seus filhos. o termo “antropofagia”. É pos-
Uma das principais formas de antropofagia era aquela em que grupos ou povos comiam sivel que já tenham ouvido falar
o corpo de um guerreiro aprisionado. Esse costume fazia parte de um ritual mais amplo: o do movimento antropofágico, do
prisioneiro poderia conviver por muito tempo com o grupo que o aprisionou, era alimentado final dos anos 1920, expresso, por
exemplo, em obras como o quadro
e, em alguns casos, chegava a se casar com uma mulher da aldeia.
Abaporu, de Tarsila do Amaral, e
No dia da execução, aldeias vizinhas eram convidadas para a celebração. Por meio da
o Manifesto Antropófago, de
morte e da ingestão do corpo do guerreiro, os membros da aldeia vingavam simbolicamente Oswald de Andrade. Esclareça que
os parentes mortos pela aldeia inimiga. Também acreditavam que, ao ingerir partes do se trata de uma releitura da prática
prisioneiro morto, poderiam nutrir-se de suas virtudes e, assim, adquirir força e coragem. canibal entre os povos indígenas,
porém, em termos simbólicos.

BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
Ou seja, “devorar”, nesse caso,
significa se apropriar de conhe-
cimentos e valores europeus e
“digeri-los” criando algo propria-
mente brasileiro.
Aproveite a temática para tra-
balhar a autoimagem: organize
os estudantes em duplas ou trios
e peça-lhes que conversem sobre
quais valores ou conhecimentos
indígenas eles reconhecem em
si ou quais gostariam de ter. Se
julgar conveniente, peça a eles que
digam reciprocamente qual quali-
dade do(s) colega(s) reconhecem
e admiram e se consideram ter a
mesma qualidade em si. Depois,
abra uma roda de conversa e peça
que comentem suas interações.
Busque reforçar a importância
Cenas de antropofagia no Brasil, Theodor de Bry. Gravura colorizada, 1596. da boa convivência com outras
pessoas e do reconhecimento de
qualidades dos outros, incenti-
1. O autor da gravura reproduzida nesta página, Theodor de Bry, representou os
costumes de povos indígenas americanos sem nunca ter estado no continente,
vando assim o desenvolvimento de
baseando-se apenas em relatos de outros viajantes. Em seu entendimento, é pos- habilidades socioemocionais.
sível que as obras de Theodore de Bry sejam representações fiéis e imparciais das
Atividade
tradições indígenas? Justifique. Resposta esperada e comentários adicionais
nas Orientações didáticas. 1. Espera-se que os estudantes
153 observem que as representa-
ções de Theodor de Bry não
são isentas, mas embasadas
no olhar etnocêntrico de
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24.indd 153 dição humana justamente através de um16:01
04/07/22

controle e de uma conquista cultural da outros viajantes que estiveram


A antropofagia entre os Tupinambá morte, criados em torno da representa- na América durante o século
[...] A prática antropofágica constituía ção do inimigo, dos ritos sacrificais e das XVI. Assim, a maneira como o
o momento culminante do processo cul- práticas alimentares antropofágicas. [...] artista representou os rituais
tural Tupi que encontrava na guerra e na AGNOLIN, Adone. Antropofagia ritual e antropofágicos pode ser
execução ritual dos prisioneiros a meta e identidade cultural entre os Tupinambá. considerada uma reprodução
Revista de Antropologia, São Paulo, v. 45, n. 1, desses valores etnocêntricos.
o motivo fundamental da própria identi-
p. 131-185, 2002. p. 144, 148. Disponível em:
dade cultural. [...] http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
Uma das funções centrais do canibalismo arttext&pid=S0034-77012002000100005. Acesso
consistia, portanto, em adquirir uma con- em: 20 jul. 2022.
153

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 6: abordadas com os es-
tudantes ao analisarem o mundo social
formado pelas ações dos europeus no SÃO VICENTE: A PRIMEIRA VILA
território americano e construírem argu- Mercadores de outros países europeus – como a França –, que não aceitavam o
mentos sobre os efeitos dessas práticas.
domínio de Portugal e da Espanha sobre a América, começaram a enviar expedições à
• CEH 3 e 5: trabalhadas à medida que a
turma elabora hipóteses sobre os fatos região sul do continente em busca de pau-brasil. Diante da ameaça, em 1530, o governo
históricos apresentados e compreende português decidiu iniciar de forma efetiva a colonização das terras na América.
as movimentações dos grupos envolvi- Para tanto, Portugal enviou uma frota de cinco embarcações e mais de 400 pessoas
dos na dinâmica estabelecida. para a colônia. Essa esquadra, comandada por Martim Afonso de Sousa (1500-1571), tinha
• Habilidades EF07HI11 e EF07HI13: a missão de capturar embarcações estrangeiras que aqui atracassem, criar novas feitorias
enfocadas com os estudantes caracte-
rizando o papel dos europeus e suas e estabelecer núcleos de povoamento.
ações na reconfiguração do território O primeiro dos núcleos foi o da vila de São Vicente,
Pelourinho: um dos principais
americano. fundada em 22 de janeiro de 1532, no litoral do atual símbolos da autoridade e da justiça
estado de São Paulo. No local foram erguidas moradias, da administração portuguesa nas vilas
criadas nas colônias. Em geral, era
PROCEDIMENTOS um forte, uma capela, uma cadeia e o pelourinho. uma coluna de pedra erguida em lugar
central, onde criminosos e escravizados
DIDÁTICOS Também foram nomeadas autoridades para as funções
eram presos e castigados.
de juiz, escrivão e outros cargos, as quais colocaram
Esclareça as diferenças entre
em funcionamento a primeira administração da colônia.
capitães donatários e pessoas
Além disso, Martim Afonso de Sousa deu início ao processo de distribuição das terras
comuns. Os primeiros eram mais
indígenas aos integrantes da expedição e, em 1534, ergueu um engenho em São Vicente
ricos e podiam investir em extra-
ção de pau-brasil ou montar um para fabricar açúcar, produto muito valorizado na Europa.
engenho. O segundo grupo era Preocupado com a insistência de mercadores estrangeiros na exploração de produtos
de trabalhadores, entre os quais do litoral e interessado no aumento da produção de riquezas por parte da colônia, o
estavam funcionários da adminis- governo português modificou seu processo colonizador, implantando o sistema de capi-
tração colonial e colonos. tanias hereditárias.
Explique que o povoamento Mapa da
MAPOTECA DO ITAMARATY, RIO DE JANEIRO

da colônia pelos portugueses foi capitania de


São Vicente,
uma estratégia para vigiar e evitar
João Teixeira
o avanço de outras nações sobre Albernaz,
o território precariamente domi- 1631.
nado. O grande temor era perder
a exclusividade na exploração
do pau-brasil e os consequentes
lucros obtidos com sua comer-
cialização na Europa.

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• RAMINELLI, Ronald. Imagens da colonização: a representação do ín- • PEREIRA, Paulo Roberto (org.). 500 anos de Brasil na Biblioteca Na-
dio de Caminha a Vieira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. cional. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2000. Disponível
O autor mostra como os estereótipos de bárbaros, gentios e selvagens em: http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_iconografia/
atribuídos aos indígenas pelos colonizadores justificavam a intervenção icon1016851/icon1016851.pdf. Acesso em: 20 jul. 2022.
violenta e exploratória no continente americano. Esse catálogo, produzido pela Biblioteca Nacional brasileira, traz grande
contribuição aos temas aqui tratados. Os textos escritos por especialis-
tas e a numerosa série de ilustrações podem ser utilizados nas atividades
em sala de aula.

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS Ao tratar da política de
povoamento, explicite as
As capitanias foram implantadas entre 1534 e 1536. Eram 15 faixas de terra horizontais mudanças causadas na natureza
e paralelas no sentido leste-oeste doadas a 12 nobres portugueses que passaram a ser e na paisagem. Faça que a turma
conhecidos como capitães donatários; alguns nobres receberam mais de uma capitania. compreenda que a fundação de
Os capitães donatários não podiam vender as terras recebidas, apenas explorá-las. vilas pelos capitães donatários
Entre os direitos e as atribuições a eles confiados estavam fundar vilas, distribuir lotes trouxe mudanças para o terri-
de terras – chamados de sesmarias –, nomear funcionários para gerir a Justiça, cobrar tório. Matas foram destruídas,
impostos dos colonos e escravizar indígenas na área sob sua responsabilidade. casas passaram a ser erguidas e
Dos 12 escolhidos, só oito donatários vieram tomar posse das terras recebidas. Dois caminhos foram traçados.
deles, porém, morreram em naufrágios, e um terceiro foi morto pelos tupinambá. Dessa Depois, faça as seguintes per-
forma, apenas cinco donatários tomaram posse de suas terras. guntas: quais estruturas seriam
Passados alguns anos, apenas as capitanias de Pernambuco e, em menor escala, de São construídas? Quais animais
Vicente haviam prosperado. O donatário de Pernambuco incentivou a criação de gado e seriam imprescindíveis e não
o plantio de algodão, investiu na plantação de cana-de-açúcar e na produção de açúcar eram encontrados na colônia?
e fundou vilas, como a de Olinda, criada em 1537. Haveria autoridades para admi-
nistrar esse processo?
Incentive os estudantes a
1. Analise o mapa desta página e, com base nele, elabore uma hipótese para explicar
por que o modelo de capitanias hereditárias foi pouco eficiente na colonização elencar os possíveis desafios
das terras do Brasil. Resposta esperada e comentários adicionais nas Orientações didáticas. encontrados pelos europeus.
Faça-os pensar sobre o que os
Capitanias hereditárias (século XVI) povoadores encontrariam na
colônia. Relacione os itens lista-
ALLMAPS

Equador

dos com a baixa prosperidade
MARANHÃO – João de Barros e Aires da Cunha
MARANHÃO – Fernando Álvares de Andrade
das capitanias hereditárias, lem-
CEARÁ – Antônio Cardoso de Barros brando aos estudantes que os
RIO GRANDE – João de Barros e Aires da Cunha
benefícios deveriam ser maiores
ITAMARACÁ – Pero Lopes de Sousa
que o medo de passar anos em
Linha do Tratado de Tordesilhas

PERNAMBUCO – Duarte Coelho

BAHIA DE TODOS OS SANTOS – Francisco Pereira Coutinho


um barco ou de encontrar um
OCEANO
dragão ou outra criatura perigosa.
ILHÉUS – João de Figueiredo Correia
ATLÂNTICO
PORTO SEGURO – Pero de Campos Tourinho Atividade
ESPÍRITO SANTO – Vasco Fernandes Coutinho 1. O estudante pode mencionar
SÃO TOMÉ – Pero de Góis
Trópico de Capricórnio SÃO VICENTE – Martim Afonso de Sousa
que as capitanias eram exten-
SANTO AMARO – Pero Lopes de Sousa
SÃO VICENTE – Martim Afonso de Sousa sas no sentido litoral-interior,
SANTANA – Pero Lopes de Sousa dificultando assim a ocupação
Fonte: VICENTINO,
de grande parte das terras do
0 424 Domínios espanhóis
Domínios portugueses
Cláudio. Atlas histórico: interior. Pode ainda identificar
geral e Brasil. São Paulo:
Scipione, 2011. p. 100. que havia capitanias distantes
entre si sob a responsabilidade
155 do mesmo donatário, como
é o caso do Maranhão e de
Rio Grande, o que tornava a
Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24.indd 155 a homens comuns de Portugal, incenti-04/07/22 16:01 administração dessas terras
vando-os a atravessar o Atlântico para dependente de deslocamen-
Escrever uma carta povoar a colônia. tos demorados.
Solicite aos estudantes que se reúnam Os estudantes podem inventar uma cali-
em grupos com quatro ou cinco integran- grafia para simular uma carta da época e
tes e peça-lhes que formulem duas cartas. fazer pequenas ilustrações para convencer seu público-alvo. Esclareça que o
Metade dos grupos fará uma carta, em nome documento deve evidenciar os benefícios que esses indivíduos teriam caso
do rei, aos futuros capitães hereditários, con- viessem para as terras na América: riqueza, abundância de terras, solo fértil
vidando-os a tomar posse de suas terras. e clima ameno. Essa atividade também pode contar com o apoio do profes-
A outra metade da turma fará uma carta sor de Língua Portuguesa.
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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 4 e 6: abordadas com os
estudantes à medida que compreen-
dem a reconfiguração política, social O GOVERNO-GERAL
e econômica com a imposição de um Para o governo português, as capitanias hereditárias revelaram-se um fracasso quase
governo e práticas sociais e religiosas
completo, pois sua colônia na América contribuía, na década de 1540, com menos de
diferentes da cultura dos povos nativos.
• CEH 1, 4 e 5: trabalhadas com a tur- 3% da renda do país.
ma ao compreenderem as mudanças Além disso, com a divisão do território colonial em capitanias, o poder administrativo
ocasionadas pelos europeus como ficou dividido entre vários donatários. Como muitos não chegaram a tomar posse, diver-
acontecimentos históricos; identifi- sas regiões ficaram sem o controle de Portugal. Por isso, em 1548, o governo português
carem as diferentes visões de mundo
decidiu centralizar a administração da colônia por meio de um governo-geral.
em contato no período; e analisarem
o impacto dos fluxos populacionais e Nesse sistema, o governador-geral era um representante da metrópole com poder
mercantis no território. de agir em toda a colônia. Entre outras funções, deveria garantir a defesa do território,
• Habilidades EF07HI05, EF07HI09 explorar as terras ainda não colonizadas, distribuir sesmarias, estabelecer alianças com
e EF07HI13: enfocadas na caracte- povos indígenas e punir aqueles que, no entendimento dos portugueses, prejudicavam
rização das práticas colonialistas
a colonização.
estabelecidas no território america-
no e na associação entre as reformas O primeiro governador-geral foi Tomé de Sousa (1503-1579), que chegou à colônia
religiosas que ocorriam na Europa no em 1549. Com ele vieram cerca de mil pessoas, entre funcionários públicos, soldados,
período e suas repercussões nas popu- degredados e religiosos. Tomé de Sousa instalou-se com sua comitiva na capitania
lações ameríndias conquistadas. da Bahia de Todos os Santos, onde iniciou a construção da cidade de Salvador, que se
tornou a primeira capital da colônia. Em 1553, Tomé de Souza
PROCEDIMENTOS foi substituído por Duarte da Costa. Nos cinco anos que se
Degredado: nesse
contexto, pessoa
DIDÁTICOS seguiram, as relações entre portugueses e indígenas pioraram condenada (por crimes
políticos ou comuns) em
Esclareça os fatores que continuamente, pois cada vez mais os colonos utilizavam os Portugal e obrigada a
levaram ao fracasso do sistema nativos para o trabalho na lavoura. Os confrontos com os indí- viver nas colônias.

de capitanias, chamando a genas se acirraram.


atenção dos estudantes para
BIBLIOTECA MUNICIPAL DO PORTO, PORTUGAL

alguns dos empecilhos que


enfrentavam os donatários: a
vastidão dos territórios a serem
ocupados, a escassez de recur-
sos para financiar a ocupação e
os conflitos com povos indígenas.
Em seguida, introduza aspectos
da implementação do governo-
-geral, identificando o fato de o
governador ter trazido muitas
pessoas, entre elas os degredados.
Solicite aos estudantes que Planta da cidade de Salvador publicada no início
do século XVII, do cartógrafo português João
levantem hipóteses sobre o Teixeira Albernaz.
tipo de crime que os degreda-
dos teriam cometido. Muitas 156
vezes, a turma associa os crimes
dos degredados à concepção
de crime do presente, princi- inimigos políticos. Esse é um
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24.indd 156 bom exercício
AMPLIAR HORIZONTES 04/07/22 16:01

palmente envolvendo violência para a turma compreender a historicidade de


física. Esclareça que as pessoas cada época e sociedade. • CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). História
Relacione as dificuldades e os poucos bene- dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia
que não eram católicas, por
das Letras: Secretaria Municipal de Cultura:
exemplo, eram consideradas fícios de se mudar para uma colônia com a
Fapesp, 1992.
criminosas em Portugal, assim escolha do governo português de trazer degre-
Referência para os estudos indígenas no Brasil, o
como as esposas que abando- dados. Para muitos que estavam presos ou eram
livro foi escrito com a colaboração de diversos es-
navam seus maridos, os jovens constantemente vítimas de preconceito e per- tudiosos das áreas de Etnografia, Antropologia e
que desertavam das tropas, seguição, como os judeus, a vinda para o Brasil História.
as pessoas endividadas e os pode ter sido uma oportunidade de recomeçar.
156

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A CATEQUIZAÇÃO DOS NATIVOS Com base nos assuntos apre-
sentados, espera-se que a turma
Observe como os navios estão represen- entenda que a Igreja era impor-

BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE, PARIS, FRANÇA


IC
tados no mapa Terra Brasilis. São caravelas tante. Estava presente com uma
e naus cujas velas têm estampada a cruz cruz no mapa Terra Brasilis.
de Cristo. A presença desse símbolo cristão Esse símbolo demonstra a influ-
não é decorativa; ela reafirma a importância ência da Igreja sobre aquela
da Igreja Católica no processo de expansão sociedade que o produziu.
ultramarina. Associe o início da coloniza-
As viagens marítimas quase sempre ção da América ao período de
contavam com a presença de representantes crise que a Igreja Católica enfren-
da Igreja. Além de dar assistên- tava na Europa. Reforce que uma

BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE, PARIS, FRANÇA


cia espiritual aos navegantes, das razões das expedições era
os padres participavam dessas evangelizar as pessoas.
viagens com a missão de con- Explique que a imposição
verter ao catolicismo os povos de uma cultura, de conceitos e
com os quais os portugueses crenças que não faziam qualquer
estabelecessem contato. sentido para aqueles indivíduos
era uma forma de agressão cul-
tural. Para incentivar a empatia
Detalhe do
mapa Terra
com as populações indígenas
Brasilis do período, leve os estudantes
representa a refletir sobre como se senti-
uma caravela
cujas velas riam se tivessem de mudar seus
trazem a cruz, valores e suas crenças por impo-
símbolo do
cristianismo.
sição de outros.
Além da imposição de uma
Um dos primeiros atos da expedição de Pedro Álvares Cabral na América, em 1500,
religião, do trabalho escravi-
foi a celebração de uma missa. A carta escrita pelo escrivão da expedição, enviada ao rei
zado e da violência, os colonos
de Portugal, assinalava a possibilidade de converter os nativos à fé cristã.
trouxeram doenças. Sobre
Durante a colonização, a Igreja Católica tentou de esse assunto, seria propícia
várias formas converter os indígenas ao cristianismo. Esse Língua geral: formada por uma
mescla de línguas indígenas, uma abordagem multidisci-
processo se fortaleceu a partir de 1549, quando os primei- principalmente a tupi, com plinar com Ciências. Busque
ros jesuítas chegaram à colônia. português e espanhol. Era falada
em quase toda a área colonial
demonstrar que o contato de
Inicialmente, os jesuítas fizeram o trabalho de evange- portuguesa na América. Os não indígenas com povos isola-
lização nas aldeias do litoral, depois avançaram em direção colonizadores portugueses só dos implica, ainda hoje, mortes
conseguiram impor seu idioma no
ao sertão. Para facilitar a catequização e conseguir conver- fim do século XVII (no litoral) e ao por contaminação.
sar com os nativos, eles desenvolveram a língua geral, longo do século XVIII (no interior
da colônia).
que misturava português, espanhol e idiomas indígenas.

157

AMPLIAR HORIZONTES
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• INSTITUTO DE PESQUISA E FORMAÇÃO IN-


DÍGENA. [São Paulo], [2022]. Site. Disponível
em: https://institutoiepe.org.br/. Acesso em: 20
jul. 2022.
O site do Iepé mostra os processos históricos e as
características sociais, políticas e religiosas em co-
mum de algumas das principais etnias indígenas
do Brasil.

157

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3, 4 e 6: abordadas na com-
preensão do impacto dos aldeamentos
na vida, na cultura e na saúde dos
Primeiros aldeamentos
povos indígenas; nas suas formas de As pregações entre as aldeias exigiam muito esforço dos padres, que precisavam se deslocar
defesa diante do colonizador; e na constantemente de um lugar para outro. Diante disso, o padre Manoel da Nóbrega (1517-1570),
construção de argumentos que res- um dos jesuítas que chegaram ao Brasil em 1549, achou que a conversão teria mais êxito se, a
peitem a diversidade humana.
exemplo do que vinham fazendo os missionários da América espanhola, os religiosos criassem
• CEH 1, 4 e 5: presentes no estudo das
estruturas de poder estabelecidas pe- espaços onde pudessem reunir indígenas de várias aldeias: as missões jesuíticas.
los europeus em relação aos nativos; Missões jesuíticas, aldeamentos ou reduções eram os espaços onde os nativos recebiam
no incentivo à análise de pontos de os ensinamentos da fé cristã e se dedicavam a atividades produtivas, como a agricultura e
vista distintos sobre o contexto histó- o artesanato.
rico; e no reconhecimento dos fluxos
Os jesuítas, contrários à escravização dos indígenas, alegavam que sob sua custódia os
de pessoas no período.
• Habilidades EF07HI02, EF07HI08, nativos estariam livres da violência dos colonos. Entretanto, as missões contribuíram para a
EF07HI09 e EF07HI10: enfocadas no desagregação de muitos grupos indígenas, pois os nativos que passavam a viver nas reduções
estudo da complexidade das relações eram submetidos a uma rígida disciplina de horários e a um trabalho sistemático e repetitivo.
estabelecidas na colônia portuguesa Essas imposições iam contra o modo de vida deles, pois estavam habituados a caçar, a pescar
e nas repercussões da interação en-
e a trabalhar no momento em que isso se fazia necessário.
tre europeus e nativos, no tempo e
no espaço. Além disso, ao entrar em contato com os europeus, os indí-
Anticorpo: proteína
genas muitas vezes contraíam enfermidades para as quais não presente no sangue
tinham anticorpos. Doenças comuns para os europeus, como responsável pela defesa do
PROCEDIMENTOS organismo contra doenças.
a gripe, exterminavam aldeias inteiras
DIDÁTICOS em poucas semanas.
Antes de implementar a ati- Ano a ano, a população nativa
vidade, destaque na lousa o diminuía como resultado da violência
sentido da palavra “argumento”. dos colonizadores, das epidemias e
Explique que argumentos são do trabalho forçado e estafante a que
baseados em premissas que foi submetida. Ao longo dos séculos,
ajudam a construir uma con- esse processo de desrespeito à cultura
clusão. Todas as premissas
e à terra dos povos nativos reduziu
precisam ter um alicerce com
drasticamente a população indígena.
sentido lógico. Portanto, a res-
posta que irão trazer deve estar Indígena tupinambá escravizado é
embasada em fatos da ciência e batizado por um padre jesuíta na
Bahia, em 1550, autor desconhecido.
não em opiniões pessoais sub- Gravura, 1850.
jetivas (achismo). MITHRA-INDEX/BRIDGEMAN IMAGES/KEYSTONE BRASIL

Durante a atividade, anote na


1. Durante o período colonial, muitos indígenas morreram contaminados por
lousa os pontos centrais levanta- doenças que desconheciam e contra as quais não possuíam anticorpos. Na atua-
dos pelos estudantes. Lembre-se lidade, de que forma a pandemia de covid-19 afetou os povos indígenas, e quais
de que o tema pode ser bastante medidas foram tomadas para protegê-los? Para responder, faça uma pesquisa e
sensível, uma vez que a vacinação elabore argumentos por escrito no caderno.
Consulte resposta esperada e comentários adicionais nas Orientações didáticas.
se tornou um campo de disputas.
158
Então, a partir dos comentá-
rios dos estudantes, mostre a
importância de ouvir posiciona-
de 2022. Muitas vezes, a doença era levada
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24.indd 158 foram muitos, dentre eles a dificuldade de 04/07/22 16:01
mentos divergentes, sem deixar
até as comunidades indígenas por pessoas de aceitação da imunização por parte de alguns
de enfatizar que a vacinação é
fora, como agentes do governo ou invasores. indivíduos. No site do Instituto Socioambiental
uma questão de saúde pública,
Quando isso ocorria, a doença se disseminava há mais dados sobre essa questão e
de responsabilidade com o
com rapidez, provocando muitos adoeci- informações sobre como os indígenas se
bem-estar da coletividade.
mentos. Para proteger os indígenas, foram articularam para enfrentar essas dificuldades.
Atividade tomadas medidas de isolamento social, além Disponível em: https://covid19.socioambiental.
1. A pandemia de covid-19 pro- da priorização da vacinação dessa parcela org/?gclid=EAIaIQobChMIxv2aioHJ9gIVD-
vocou a morte de mais de mil da população indígena a partir do início de 26GCh14wQhjEAAYASAAEgKAv_D_BwE.
indígenas entre 2020 e o início 2021. No entanto, os problemas enfrentados Acesso em: 20 jul. 2022.
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A RESISTÊNCIA INDÍGENA Pergunte à turma: se os
indígenas não praticavam o
Os indígenas não aceitaram passivamente a invasão e a colonização de suas terras pelos comércio nem tinham interesse
portugueses. Após os primeiros contatos amigáveis, eles procuraram defender suas terras e por dinheiro ou trocas, como os
suas comunidades atacando os núcleos de povoamento dos colonizadores e destruindo-os. europeus os teriam convencido
Em meados do século XVI, os tupinambás que viviam no litoral do atual Sudeste brasi- a trabalhar? É esperado que eles
leiro se uniram na Confederação dos Tamoios. A confederação era formada pela reunião cheguem à conclusão de que os
de aldeias que se estendiam de Cabo Frio, no atual estado do Rio de Janeiro, até Ubatuba, indígenas não seriam atraídos
no litoral do atual estado de São Paulo. Juntos, franceses e tupinambás entraram em guerra pela lógica do enriquecimento,
contra os portugueses. Os nativos acabaram derrotados, após conflitos que se estenderam mas pela ideia de trabalho
por cerca de dez anos. cooperativo e voltado para a
Em meados do século XVII, quando os colonos procuravam conquistar as terras do subsistência, como estavam habi-
interior do território, aconteceram novos confrontos com indígenas. No interior da Bahia, tuados a praticar nas aldeias.
as guerras duraram de 1651 a 1679, em um confronto que ficou conhecido como Guerra Explique a brutalidade da
do Recôncavo. Entre 1680 e 1720, houve a Guerra do Açu, na qual os colonizadores escravização indígena, des-
enfrentaram os nativos que viviam no interior dos atuais estados de Piauí, Rio Grande do tacando o afastamento da família
Norte, Pernambuco e Paraíba. e da comunidade, os maus-tratos
e o trabalho intenso a que eram
COLEÇÃO PARTICULAR

submetidos. Ressalte a violên-


cia do processo de colonização
e de catequização, destacando
a imposição de uma cultura,
de conceitos e crenças que não
Capitão Carneiro faziam qualquer sentido para
que passou alem
do rio com outros aqueles indivíduos, o que era
Camaradas, ficando uma forma de agressão cultural.
estes mortos, veyo Para incentivar a empatia
fogindo, Joaquim José
de Miranda. Gravura, (contribuindo assim para o desen-
século XVIII. A obra volvimento da Competência
representa o conflito
entre indígenas
Geral 9) com as populações
e portugueses indígenas do período, leve
nos campos de os estudantes a refletir sobre
Guarapuava, atual
estado do Paraná. como se sentiriam se tivessem
1. a) A imagem representa os indígenas massacrando os colonos portugueses. de mudar seus valores e suas
Os europeus estão desarmados, enquanto os indígenas carregam arcos e flechas.
crenças por imposição de outros.
1. Com base na imagem reproduzida nesta página, responda ao que se pede.
a) De que maneira o artista Joaquim José de Miranda representou a resistência indígena nos
Aproveite para solicitar a eles que
campos de Guarapuava? pensem em saídas e estratégias
b) Essa representação apresenta uma perspectiva etnocêntrica sobre os povos indígenas? que as populações indígenas
Por quê? 1. b) A imagem mostra uma situação desigual, como se os indígenas fossem indivíduos podem ter traçado para resistir
agressivos que decidiram massacrar os portugueses. Esse tom é reforçado pelo título da obra.
Assim, pode-se dizer que ela contém viés etnocêntrico. à escravização. Eles poderiam
159
fugir ou se recusar a trabalhar,
por exemplo.

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• LABORATÓRIO DE ENSINO E APRENDIZAGEM


EM HISTÓRIA. Resistência indígena. Uberlân-
dia: Universidade Federal de Uberlândia, 2012.
Disponível em: http://www.leah.inhis.ufu.br/
node/60. Acesso em: 20 jul. 2022.
O texto faz uma síntese sobre a trajetória de resis-
tência dos indígenas no período colonial brasileiro.

159

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 5 e 6: abordadas na com-
preensão das características das
sociedades nativas nos dias de hoje,
Os indígenas hoje
como consequências das ações em- Um problema que afeta diretamente o modo de vida tradicional dos povos indígenas é a
preendidas com a colonização tanto dregadação ambiental provocada por desmatamentos e queimadas, que afetam as plantações
em relação aos povos originários e afastam os animais de seus hábitats, interferindo cada vez mais no equilíbrio das florestas.
quanto em relação ao meio ambiente.
Ainda é necessário que o governo e a sociedade brasileira tomem ações efetivas para
• CEH 1, 2, 3, 4 e 6: trabalhadas à me-
dida que a turma compreende as proteger os direitos dos indígenas e garantir aos diferentes povos que vivem no Brasil a
sociedades nativas, problematizando manutenção de suas tradições e seus modos de vida com segurança.
os acontecimentos históricos, elabo-
rando argumentos e interpretações A demarcação de territórios
sobre a situação política e social des- Atualmente, muitos indígenas vivem em reservas territoriais reconhecidas pelo governo
sas populações no tempo presente, e
brasileiro. Existem mais de 700 territórios indígenas reconhecidos ou em vias de reconhe-
considerando o impacto do Marco Tem-
poral para os indígenas brasileiros. cimento e que não podem ser ocupados por populações não indígenas.
• Habilidade EF07HI12: enfocada à Esses locais são importantes para a preservação dos modos tradicionais de vida
medida que mobiliza a turma a com- dos povos nativos, além de possibilitar que diferentes grupos permaneçam nas terras
preender a distribuição territorial dos ocupadas por seus ancestrais.
povos nativos e as lutas envolvidas
No entanto, em muitas regiões do Brasil, os indígenas enfrentam ataques de garim-
nesse processo.
peiros, madeireiros e latifundiários interessados em seus territórios. Em algumas regiões,
a ação de grupos armados contratados por pessoas interessadas em ocupar as terras
PROCEDIMENTOS indígenas resulta em muitos indígenas mor-tos ou feridos.
DIDÁTICOS Alguns povos são obrigados a deixar suas terras para proteger a própria vida.

Aproveite o conteúdo desta


página para reforçar aspectos cen-
trais do estudo da História, como
o conceito de permanência his-
tórica. Antes de fazer a leitura do
texto Os indígenas hoje, per-
gunte: o que mudou na vida dos
povos indígenas nos primeiros
séculos de colonização até o tempo
presente? O que permanece igual?
Para facilitar as reflexões, solicite a
eles que indiquem os perigos e as Indígenas em
ameaças que os povos indígenas protesto para
sofriam no século XVI. Após obter obter mais
proteção de suas
algumas indicações, peça-lhes que terras e garantia
pensem nos perigos e nas ameaças de seus direitos.
Brasília (DF),
que enfrentam atualmente. 2022.
Se os estudantes tiverem dificul- CARL DE SOUZA/AFP

dade em responder, explique-lhes 160


que a maioria dos povos indígenas
vive atualmente em reservas, mas
ainda sofre com invasões e com a AMPLIAR HORIZONTES
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poluição causada, por exemplo,


• AMAZÔNIA REAL. Manaus, [2022]. Site. Disponível
Peça aos estudantes que se organizem em
pelo mercúrio proveniente dos
em: https://amazoniareal.com.br/. Acesso em: 20 jul. duplas ou em trios. Cada grupo deve ter uma
garimpos instalados de forma
2022. cartolina ou um papel grande para a elaboração
clandestina em suas terras. A alta
Site de notícias sobre as etnias indígenas brasileiras, de um mapa mental sobre a questão indígena
nos índices de desmatamento
que publica fatos relacionados às disputas histó- no Brasil. Oriente-os a discutir o assunto pre-
também atinge os indígenas, uma ricas estabelecidas entre os povos indígenas e o
vez que modifica os ecossistemas e viamente e organizar as ideias, levando em
Estado brasileiro.
afeta os recursos que muitos povos conta as aspirações e as ações dos indígenas
têm para sobreviver. antes e depois do encontro com os europeus.
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A LUTA CONTRA O MARCO TEMPORAL Ressalte que grande parte
dos conflitos no campo hoje
A resistência indígena em defesa de suas terras e suas comunidades continuou ocorrendo é relacionada a disputas pela
após o fim do período colonial, estendendo-se até o presente. exploração de terras indí-
Nos últimos anos, diversos grupos vêm tentando ocupar terras indígenas para explorá-las eco- genas, e que esses povos se
nomicamente, extraindo madeira, metais preciosos, criando gado ou cultivando gêneros agrícolas. encontram muitas vezes desas-
De acordo com relatório elaborado pelo Conselho Indigenista Missionário, as invasões a terras sistidos pelo poder público.
indígenas aumentaram 137% entre 2019 e 2020. Nesse mesmo período, houve um aumento de Evidência disso é a luta contra a
61% no número de indígenas assassinados por causa desses conflitos pela posse de terra. aprovação do Marco Temporal.
Muitos povos indígenas lutam contra essas tentativas de ocupação, organizando protes- Oriente os estudantes a incluir
tos, manifestações ou mesmo combatendo os invasores. Além disso, grupos indígenas têm se esse tópico no mapa mental sobre
organizado politicamente para defender seus direitos no Congresso Nacional. Em 2021, por a questão indígena para refleti-
exemplo, ocorreram importantes manifestações indígenas em protesto contra a aprovação do rem sobre como, se aprovado, o
Marco Temporal, ação em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). Marco Temporal ameaça a sobre-
Se aprovado, o Marco Temporal determinará que as únicas terras que podem ser demarcadas vivência dos povos indígenas e a
como terras indígenas são aquelas que já eram ocupadas ou estavam em disputa quando a preservação do meio ambiente.
atual Constituição foi criada, em 1988. Essa proposta é defendida por instituições vinculadas ao Explique que, caso apro-
agronegócio e congressistas da Frente Parlamentar Agropecuária. vado o Marco Temporal, os
Porém, os povos indígenas contestam esse argumento. Eles afirmam que são os povos indígenas não poderão recla-
originários do território brasileiro, vivendo aqui antes da criação do Estado. Por isso, eles
mar como sendo suas as terras
ocupadas antes de 1988 (data
podem lutar e defender os territórios ocupados por seus antepassados, mesmo aqueles
da Constituição). Ou seja, a
que não estavam em disputa em 1988. Alegam também que o Marco Temporal desconsi-
aprovação do Marco afetaria
dera os povos que, antes de 1988, perderam suas terras por meio de invasões e violências,
profundamente os territórios
e em razão da expansão urbana ou dos desmatamentos.
CASSANDRA CURY/PULSAR IMAGENS tradicionais existentes no país e
Caberá ao Supremo
resultaria em grande retrocesso
Tribunal Federal (STF),
para as populações indígenas.
decidir a aprovação ou
não do Marco Temporal.
Em 2021, o julgamento
havia sido interrom-
pido para que os juízes
analisassem melhor os
documentos.

Segunda Marcha de
Mulheres Indígenas
contra o Marco Temporal
em Brasília (DF), 2021.
diferenciar uma ideia da outra.
161 Lembre-os de que o texto deve
ser claro e conciso.
Aproveite a atividade para
Peça aos estudantes que reflitam sobre, por
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24.indd 161 Certifique-se de que todos saibam como
04/07/22 16:01 retomar os temas estudados e
exemplo, quais mudanças o encontro com os produzir um mapa mental. Se perceber que sanar algumas dúvidas. Para pro-
colonizadores teria trazido para os povos indí- existem dúvidas, esclareça que ele funciona ceder à avaliação, observe se
genas. É importante que eles reconheçam as como as ramificações de uma árvore, divi- o grupo: trabalhou em sinto-
mudanças causadas pela dominação europeia dindo-se em diversas partes do centro para a nia; considerou ao menos três
em terras americanas. Em seguida, sugira que borda. Então, o primeiro passo é começar pelo mudanças na vida dos povos
façam uma sistematização dos temas a serem centro, ou seja, pela ideia central. As demais indígenas; conseguiu delimitar
trabalhados, mas, se houver dificuldade, indique ideias devem ser ligadas umas às outras, como bem o antes e o depois, pau-
temas como o trabalho, a saúde, a ocupação causas, consequências, relações e afinidades. tando e indicando as principais
do solo ou as atividades diárias. Também podem ser usadas cores e formas para questões do capítulo.
161

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 4, 5 e 7: enfocadas no estu-
do da simultaneidade histórica descrita
na seção Enquanto isso...; na aná-
lise do significado da Inquisição para os ENQUAN TO ISSO...
diferentes grupos sociais da sociedade
portuguesa do período; e na utilização A INQUISIÇÃO EM PORTUGAL
do esquema como recurso de sintetiza-
ção do conteúdo do capítulo. No período em que eram implantadas as capitanias hereditárias na colônia, em Portugal
• CEH 1, 2, 4 e 5: abordadas nas relações era instituído o Tribunal do Santo Ofício. A pedido do rei João III, o tribunal começou a
de poder e nos fluxos populacionais funcionar oficialmente em 1536.
estabelecidos em diferentes espaços,
O Tribunal da Inquisição tornou-se um instrumento de poder (e repressão) das monar-
mas no mesmo tempo histórico; e nas
transformações e permanências resul- quias da Espanha (onde foi criado em 1478) e de Portugal. Aliados à Igreja Católica, os reis
tantes desses processos. da Espanha e de Portugal utilizaram o Tribunal do Santo Ofício para perseguir seus inimigos.
• Habilidades EF07HI02, EF07HI03, A Inquisição portuguesa atuava não apenas na Península Ibérica como também em
EF07HI05 e EF07HI08: presentes no todo o império ultramarino português. Há pelo menos três registros da presença dos
estudo da complexidade das relações
inquisidores em terras brasileiras.
entre diferentes grupos e identidades
culturais (europeus/nativos; “infiéis”/ Submetidos a torturas cruéis, os acusados confessavam crimes que não cometeram.
católicos) e suas consequências no Muitas mulheres, por exemplo, foram queimadas vivas sob a acusação de bruxaria por
tempo e no espaço. usarem remédios caseiros feitos com ervas. Em Portugal, cerca de 30 mil pessoas sofreram
suplícios e outras 1 100 morreram nas fogueiras.
PROCEDIMENTOS Em outros casos, pessoas com melhores condições econômicas eram acusadas para
DIDÁTICOS que o Estado ficasse com seus bens, como aconteceu com muitos judeus enriquecidos
pela prática do comércio.
Enquanto isso... Auto de fé em Lisboa. Gravura colorizada, século XVIII.
Relembre o significado da
palavra degredado e a varie-
dade de crimes punidos com a
pena do degredo, como a não
adoção do catolicismo e a expo-

BIBLIOTECA NACIONAL DA FRANÇA, PARIS. FOTO: BRIDGEMAN IMAGES/EASYPIX BRASIL


sição de críticas à Igreja. Depois,
explique à turma que a Igreja
chamava de heresia o conjunto
de comportamentos que contra-
riavam os preceitos da fé católica
e os regimentos da Igreja. Alguns
exemplos são a não aceitação
de Jesus como filho de Deus e
de outros preceitos nos quais se
baseia a doutrina católica.
Outros comportamentos eram
considerados magia ou bruxa-
ria e por isso sujeitos à punição: 162
conhecer ervas e utilizá-las com
o propósito de curar doenças,
reunir-se com outras mulheres à Finalmente ressalte a necessidade de se res-
D3-HIST-F2-2108-V7-140-167-U3-CAP6-LA-G24-AV4.indd 162 16/07/22 18:13
noite, ter um gato ou rezar para peitar as crenças dos outros e também a opção
qualquer deus que não fosse daqueles que não têm crença religiosa. Reforce
o dos católicos. Se considerar que as religiões têm um sentido histórico, ou
válido, use esses exemplos para seja, seus preceitos e valores estão relaciona-
explicar como a Igreja cumpria dos à historicidade de cada povo, como vimos
um papel normativo no período, ao longo do 6o ano.
definindo o que era adequado
e o que era passível de punição.

162

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Esquema-resumo
ESQUEM A-RE SUMO Peça aos estudantes que
resumam o capítulo em uma
CAPÍTULO 6 frase apenas e anote as contribui-
ções na lousa. Busque valorizar e
BRASIL: POVOS INDÍGENAS ANTES E DEPOIS DE 1500 discutir as ideias, deixando claro
que se trata de um exercício de
síntese do conteúdo estudado.
Caso algum ponto tenha sido
Antes de 1500 Depois de 1500 esquecido, adicione algumas
frases ao final para facilitar a
retomada do conteúdo.
Outra proposta de síntese do
Milhares de povos que falavam CONTATOS
Chegada dos portugueses capítulo pode ser realizada com
mais de mil línguas diferentes AMISTOSOS
base em uma linha do tempo.
Organize a turma em cinco ou
1534: Capitanias hereditárias seis grupos e desenhe uma
EXTRAÇÃO DE linha do tempo na lousa, com
TRONCO TRONCO
PAU-BRASIL
TUPI MACRO-JÊ o número 1500 no meio. Peça
1548: Governo-geral
a cada grupo que adicione ele-
Em geral Em geral
mentos antes ou depois de 1500
viviam no viviam no CONTATOS NÃO sem repetir nenhum fato ou con-
litoral interior AMISTOSOS teúdo já escrito por outro grupo.
O ideal é que os grupos identi-
Com a chegada dos portugueses NOVOS
à América, os primeiros contatos MISSÕES fiquem seus fatos na linha do
POVOADOS
estabelecidos com os indígenas tempo por um símbolo simples
foram pacíficos. Porém, essa
relação não se manteve assim
ou uma letra. Dessa maneira,
– Invasão e conquista das terras
por muito tempo. Os portugueses todos podem visualizar mais um
– Destruição das aldeias
tinham interesse em explorar esquema semelhante.
economicamente as novas terras – Dizimação dos povos indígenas AMEAÇAS AOS
e passaram a usar o trabalho dos (doenças, guerras, violência) TERRITÓRIOS Se considerar pertinente,
indígenas, escravizando-os. A INDÍGENAS algumas perguntas podem ser
tomada de suas terras provocou
feitas para que os estudantes
diversos conflitos.
reflitam sobre as informações dis-
Brasil atual: mais de 250 poníveis no esquema. Pergunte,
povos indígenas falando por exemplo, o porquê de o
mais de 150 línguas
período se chamar “colonial”.
Verifique também quais são
Com base nas informações do esquema-resumo e na leitura do capítulo, explique de que modo a
colonização portuguesa na América afetou os povos indígenas que viviam no território. os principais atores sociais que
participaram desse contexto da
163 história do Brasil, chamando a
atenção para a composição da
colônia em indígenas, colonos
e jesuítas.
AMPLIAR HORIZONTES
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• MELLO E SOUZA, Laura de. O diabo e a Terra


de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popu-
lar no Brasil Colonial. São Paulo: Companhia das
Letras, 2009.
O livro parte do registro de aspectos da magia, das
crendices, das superstições, da medicina alternativa
e de comportamentos suspeitos que eram pratica-
dos na colônia portuguesa aos olhos da Inquisição.

163

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 4 e 6: abordadas nas
atividades que discutem a coloniza- NÃO ESCREVA

AT IV IDADE S
NO LIVRO.
ção europeia; suas intervenções no
território americano; o contato en-
tre europeus e nativos, suas principais
causas e repercussões que chegam até 1. Analise o mapa Terra
os dias atuais. Brasilis, comentado
• CEH 1, 2, 3, 4 e 6: trabalhadas nas 1. a) Ambos neste capítulo como
questões sobre estruturas de poder reforçam os imagem condutora, e
ao longo do tempo, suas mudanças relatos daqueles o mapa desta página,
que visitaram feito pelo cartógrafo
e permanências; na identificação de a colônia
diferentes pontos de vista sobre um portuguesa
Diogo Homem. Com
mesmo contexto histórico; e na dis- nos primeiros base nos dois documen-
cussão da produção historiográfica. tempos, tos, faça o que se pede.
• Habilidades EF07HI08, EF07HI09, segundo os quais a América era uma terra exuberante,
repleta de matas, animais variados, muita água e beleza.
EF07HI10, EF07HI11 e EF07HI12: en-
1. b) Essas figuras revelam que os portugueses tinham
focadas nas atividades que discutem
sentimentos contraditórios: de um lado, acreditavam
a formação do território; as formas de que a região parecia um paraíso terrestre cheio de
organização dos nativos no tempo da esplendor, beleza e possibilidades; de outro, sentiam-se
conquista e o impacto dos europeus ameaçados e amedrontados diante de um ambiente
nas populações originárias, tendo re- tão diferente do europeu.
percussões até os dias atuais. 1. c) A vegetação representada no mapa de Diogo
Homem é mais escassa em comparação à representada
no Terra Brasilis, porém o cartógrafo português deu
PROCEDIMENTOS grande destaque ao Rio Amazonas. No Terra Brasilis,
por sua vez, há destaque para diferentes espécies
DIDÁTICOS da fauna local. Em ambos, o pau-brasil é representado.
Mapa da América do Sul que
mostra o Rio Amazonas,
Atividades

ALBUM/FOTOARENA
indígenas e uma expedição
2. Peça a cada estudante que espanhola, produzido por Diogo
Homem e publicado em 1558,
pesquise e escolha uma notícia no Atlas da Rainha May.
recente sobre a votação do
a) O que esses mapas revelam a respeito do território?
Marco Temporal e traga para a
b) O mapa Terra Brasilis traz a figura de um dragão; já o mapa de Diogo Homem tem um
aula o material em papel, que
leão representado no interior do território. O que a presença de um dragão e de um leão
pode ser recortado de jornal nos mapas revela sobre a ideia que muitos europeus tinham a respeito da América?
ou revista ou impresso de sites c) Quais são as semelhanças e as diferenças entre a vegetação desenhada?
jornalísticos confiáveis. Com
2. Neste capítulo, você estudou que uma das principais pautas da luta indígena no
esses materiais, use a lousa
século XXI é a não aprovação do Marco Temporal. Para saber sobre a atual situação
para montar com os estudan- desse marco regulatório, pesquise notícias recentes sobre o assunto em jornais de
tes um painel sobre o tema, grande circulação. Siga as orientações.Respostas variáveis. Consulte comentários
nas Orientações didáticas.
com dois pontos centrais: favo- a) Busque descobrir se a ação já foi votada pelo STF e, caso tenha sido, qual foi o resultado da
rável e contrário à aprovação votação.
do Marco Temporal. Procure, b) Verifique também se houve mobilização social em torno da decisão e a que setores sociais
nesse processo, incentivar a ela beneficia.
empatia dos estudantes com c) Em data combinada, apresente o que descobriu em uma roda de conversa com a turma.

os povos indígenas, assim 164


como levá-los a refletir sobre
quais interesses estariam por
trás dessa discussão. causa das mobilizações em torno da
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a) Independentemente da situ- decisão. Destaque a atuação das mulheres


ação da votação do Marco indígenas como lideranças das ações con-
Temporal, retome com a trárias à aprovação do Marco Temporal.
turma a história dessa pro- c) Marque a roda de conversa na mesma data
posta, ressaltando por que da montagem do painel com reportagens
é considerada uma violência selecionadas pelos estudantes. Discutam a
contra os povos originários. partir desse material.
b) A votação foi adiada diver-
sas vezes, justamente por
164

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
3. O mapa a seguir representa os troncos e as famílias linguísticas indígenas de 1500 Atividades
distribuídos no território onde hoje é o Brasil. Analise-o atentamente e, em seguida, (continuação)
consulte a tabela e o gráfico com informações sobre a demografia dos povos indí-
genas no Brasil atual. Professor, as questões
referentes à atividade 3
Troncos e famílias linguísticas indígenas (1500) encontram-se na página
50° O
posterior.
SONIA VAZ

3. a) Sim, pois o mapa demonstra


Equador

que existiam muitos troncos
e famílias linguísticas indíge-
nas diferentes no território
que se tornou o Brasil. Isso
significa que havia povos
com tradições e costumes
variados, expressando a
grande diversidade cultural
das sociedades ameríndias
antes da chegada dos
OCEANO OCEANO
PACÍFICO ATLÂNTICO portugueses.
Tupi Trópico de
Capricórnio b) O gráfico e a tabela revelam

Arawak uma queda acentuada
Karib
Pano Elaborado com base em: das populações indígenas
CUNHA, Manuela Carneiro da.
Tukano
História dos índios no Brasil.
no território brasileiro de
Outros grupos

Fronteiras
0 340
São Paulo: Companhia das 1500 até o presente. Essa
atuais do Brasil Letras, 1992. p. 88-89, 93, 95,
97, 99. queda resulta do processo
de conquista e colonização
Dados demográficos da população indígena no Brasil
iniciado pelos portugueses
População População
Ano Total % pop. total somado às violências e à
indígena/litoral indígena/interior
1500 2 000 000 1 000 000 3 000 000 100,00 ocupação de territórios
1570 200 000 1 000 000 1 200 000 95,00 indígenas protagonizadas
1650 100 000 600 000 700 000 73,00 por não indígenas ao longo
1825 60 000 300 000 360 000 9,00 do tempo.
1940 20 000 180 000 200 000 0,40 c) Espera-se que os estudan-
1950 10 000 140 000 150 000 0,37
tes infiram que o massacre
1957 5 000 65 000 70 000 0,10
das populações indígenas
1980 10 000 200 000 210 000 0,19
provocou não apenas a
1995 30 000 300 000 330 000 0,20
redução do número de
2000 60 000 340 000 400 000 0,20
2010 272 654 545 308 817 962 0,26
habitantes, mas também
a destruição de muitas
165 práticas culturais. Assim,
atualmente, existem menos
culturas do que existiam
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em 1500. Ainda assim, é
importante lembrar que
os povos indígenas apre-
sentam grande diversidade
cultural no presente.

165

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A BNCC NESTA DUPLA
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CECH 1, 2, 3, 4 e 6: abordadas nas
atividades que discutem a coloniza-
ção europeia; suas intervenções no População indígena no Brasil (1500-2010)

SONIA VAZ
território americano; o contato entre
europeus e nativos, suas principais
2 000 000
causas e repercussões que chegam População
até os dias atuais. indígena litoral
População
• CEH 1, 3, 4 e 5: enfocadas na discus- 1 500 000
indígena interior
são sobre choque cultural advindo
da interação de europeus e indíge-
1 000 000
nas, elaborando questionamentos e
interpretações acerca das consequên-
cias dessas relações. 500 000

• Habilidades EF07HI08, EF07HI09,


EF07HI10 e EF07HI11: enfocadas nas
0
atividades que tratam dos costumes e

00

70

50

25

40

50

57

80

95

00

10
tradições dos povos originários e do

15

15

16

18

19

19

19

19

19

20

20
impacto das relações estabelecidas en- Ano
tre as nações indígenas e os europeus.

Fonte: FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO. Quem são. Funai. [S. l.], 12 nov. 2013.
PROCEDIMENTOS Disponível em: https://www.gov.br/funai/pt-br/atuacao/povos-indigenas/quem-sao.
Acesso em: 18 maio 2022.
DIDÁTICOS
a) Com base no mapa, é possível afirmar que existia grande diversidade cultural na América?
Atividades Por quê? 3. a), b) e c) Respostas e comentários adicionais nas Orientações didáticas.
(continuação) b) O que revelam os dados do gráfico e da tabela sobre a população indígena de 1500 a
2010?
Professor, as respostas da
c) Com base nos dados do gráfico e da tabela, avalie se os povos indígenas que vivem
atividade 3 encontram-se na
atualmente no Brasil são tão diversos quanto aqueles que viviam neste território antes da
página anterior. chegada dos portugueses. Apresente seus argumentos oralmente para os colegas.
4. b) O etnocentrismo pressupõe 4. Etnocentrismo é um tipo de pensamento que considera a própria cultura como
colocar nossos valores e centro do mundo e julga os valores, os costumes e os povos de outras culturas
nossa cultura como supe- como exóticos ou menos importantes. Com base nessas informações e no que
riores em relação aos dos foi tratado no intertítulo O choque cultural (página 152), faça o que se pede.
outros. Para não sermos a) Explique como ocorreu a escravização dos indígenas.
etnocêntricos no dia a dia, b) Ainda hoje, sociedades e indivíduos expressam concepções e pensamentos etnocêntricos.
precisamos desenvolver Isso ocorre inclusive em nosso cotidiano. Que tipo de ações podemos tomar para evitar
julgamentos e ideias etnocêntricas em nosso dia a dia? 4. b) Resposta pessoal. Consulte
algumas habilidades, como: comentários nas Orientações didáticas.
não nutrir preconceitos em 5. A imagem da página 153 é uma representação dos rituais antropofágicos de indíge-
relação a outras ideias e nas que viviam no litoral do atual território brasileiro. Analise a imagem e responda
ao que se pede. 5. a), b) e c) Consulte comentários nas Orientações didáticas.
pessoas; rever conceitos e
a) De que modo os indígenas foram representados?
valores; procurar conhecer
b) Há a presença de um não indígena na imagem. Como ele foi representado?
outras culturas; saber ouvir
c) É possível afirmar que a representação mostra um olhar etnocêntrico sobre a cultura indígena?
outras opiniões etc. Justifique sua resposta.
5. a) Os indígenas foram repre- 4. a) Os europeus estranharam alguns costumes e hábitos indígenas, como o modo de organizar o trabalho,
166 a nudez e a religiosidade diferente da cristã, além da antropofagia. Para escravizar os indígenas, os europeus
sentados em um ritual diziam que esses povos eram selvagens, bárbaros, sem Deus e, por isso, inferiores.
antropofágico. A imagem
mostra os indígenas par-
tindo o corpo de diversas c) Sim. A cena constrói um olhar
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pessoas, enquanto cozinham sobre a cultura indígena, já que representa


e comem algumas partes. o ritual antropofágico de forma violenta e
exótica. Isso contribui para a construção de
b) No fundo da imagem, há
uma imagem negativa dos povos indígenas
um indivíduo com barba, o
que viviam no território que constitui atual-
que indica se tratar de um
mente o Brasil.
europeu. Ele observa tudo
de forma horrorizada, ressal-
tando a brutalidade da cena.

166

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
VAMOS FALAR SOBRE… TRABALHO Vamos falar sobre...
No Brasil, é comum encontrarmos pessoas que têm ideias preconceituosas a respeito Trabalho
dos indígenas. Uma dessas ideias é a de que eles são preguiçosos e não gostam de traba-
lhar. Porém, basta conhecer um pouco a respeito dos indígenas para verificar que esse tipo
Atividade
• A propagação da ideia de que
de pensamento não é verdadeiro. Em suas aldeias, homens e mulheres indígenas caçam,
indígenas são preguiçosos é
pescam, plantam, colhem, constroem suas moradias etc. mais uma marca da visão et-
Para fazer uma embarcação, por exemplo, precisam entrar na mata, encontrar e der- nocêntrica que foi construída
rubar uma árvore específica, tirar da floresta, cortar, moldar e queimar a madeira de um sobre as sociedades indíge-
modo adequado até a embarcação ficar pronta para ser colocada na água. Além desses nas. Ao longo da atividade,
exemplos, existem muitos indígenas que vivem nas cidades e trabalham como professores, se considerar válido, desenvol-
advogados, médicos, entre outras profissões. va com os estudantes a noção
de etnocentrismo proposta no
• Reúna-se em grupo com seus colegas, pesquisem sobre os povos indígenas na
trecho a seguir.
região em que vocês vivem e conversem a respeito do preconceito contra os
indígenas. Em seguida, organizem um mural, produzindo um cartaz com fotos e O etnocentrismo consiste
uma frase contra essa prática. Para saber como fazer uma pesquisa e montar um em privilegiar um universo
mural, consulte a seção Como se faz… Consulte comentários nas Orientações didáticas. de representações propondo-
-o como modelo e reduzindo
DELFIM MARTINS/PULSAR IMAGENS

à insignificância os demais
universos e culturas “diferen-
tes”. De fato, trata-se de uma
violência que, historicamen-
te, não só se concretizou por
meio da violência física con-
tida nas diversas formas de
colonialismos, mas, sobre-
tudo, […] por meio […] [de]
“violência simbólica” […]
CARVALHO, José Carlos
de Paula. Etnocentrismo:
inconsciente, imaginário e
preconceito no universo das
organizações educativas.
Interface: Comunicação, Saúde,
Educação, Botucatu, v. 1,
n. 1, p. 181-186, ago. 1997.
p. 181. Disponível em: https://
www.scielo.br/j/icse/a/K5bV8WP
4bQm7sYrNHYQMW5r/?lang=pt.
Acesso em: 20 jul. 2022.

Família kalapalo da aldeia Aiha faz a cobertura de oca com sapé. Querência (MT), 2018.

167

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A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

7
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. A ESCRAVIDÃO
Habilidades
• EF07HI02 • EF07HI03 • EF07HI10
AFRICANA
• EF07HI12 • EF07HI13 • EF07HI14
• EF07HI15 • EF07HI16
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7: abordadas • Compreender a diferença entre a escravidão na África antes e depois da
na compreensão das mudanças e per­ chegada dos europeus.
manências do trabalho em condições • Caracterizar o uso da mão de obra de pessoas de origem africana no Brasil colonial.
degradantes no tempo e no espaço; na • Discutir o preconceito e a discriminação no Brasil contemporâneo.
percepção dos grupos sociais envolvi­
dos nesse processo no presente e no
passado; na análise da escravidão e No Brasil atual, muitas pessoas são submetidas a trabalhos degradantes. Mulheres
do tráfico de africanos como proces­ e homens são constantemente vigiados e proibidos de sair do local de trabalho. Seus
sos históricos; na oferta de elementos documentos são confiscados pelos patrões, e o salário – quando existe – é inferior ao
aos estudantes para a construção de salário mínimo vigente no país.
interpretações embasadas em fatos
Pessoas que enfrentam essas condições são trabalhadores em situação análoga à
e voltadas para a defesa dos direitos
humanos; e na utilização de diferentes escravidão. O gráfico desta página mostra o número de trabalhadores resgatados pelo
linguagens que ancoram os estudos. Ministério do Trabalho nessa situação nos últimos anos.
• CEH 1, 2, 3, 4 e 5: trabalhadas na A mão de obra escrava vigorou legalmente no Brasil entre os séculos XVI e XIX.
discussão das relações de poder Neste capítulo, vamos estudar a escravidão, desde a captura de pessoas na África até o
intrínsecas aos mecanismos de traba­ trabalho ao qual eram submetidas. Vamos conhecer também algumas formas de resistência
lho forçado/degradante em diversos
à escravidão e a participação desses trabalhadores na formação da sociedade brasileira.
espaços e ao longo do tempo; na con­
textualização histórica da escravidão MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. SERGIPE
Trabalho análogo à escravidão
africana e na sua problematização; e
(2015-2021)
na identificação dos fluxos populacio­ SONIA VAZ

nais advindos da escravização. Trabalhadores


resgatados
• Habilidades EF07HI02, EF07HI03, 2 000
EF07HI10, EF07HI13, EF07HI14 e
EF07HI16: enfocadas na discussão 1 500
das características da escravidão afri­
cana, suas causas e seus mecanismos; 1 000

e da diferença entre a escravidão mo­


derna e a africana. 500

PROCEDIMENTOS
5

1
1

2
20

20

20

20

20

20

20

Ano
DIDÁTICOS Trabalhadores resgatados em
Fonte: PAINEL de Informações e Estatísticas da Inspeção do
Pergunte aos estudantes se Trabalho no Brasil. Portal da Inspeção do Trabalho. condições análogas à escravidão,
[S. l.], [2018]. Disponível em: https://sit.trabalho.gov.br/ em plantação de cana-de-açúcar,
eles já leram notícias sobre resga- radar/. Acesso em: 22 maio 2022. no município de Maruim (SE), 2022.
tes de trabalhadores em situação
análoga à escravidão. Caso 168
não diferenciem um emprega-
dor que desrespeita a legislação
trabalhista de um empregador como a privação de direitos sociais,
D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24.indd 168 trabalhis- mesmo direitos humanos básicos, como de 04/07/22 13:04

que explora o trabalho análogo à tas e humanos, que reduzem a possibilidade de fazer escolhas, de ir e vir, de administrar seu
escravidão, aproveite a oportuni- exercício da existência individual. Dessa forma, tempo etc.
dade para pontuar as diferenças. a pessoa submetida ao trabalho análogo à A escravidão vigente no Brasil do século XVI
Apesar de muitos trabalhadores escravidão não consegue ter acesso a todos os ao século XIX era legalizada, isto é, prevista em
hoje enfrentarem duras jornadas direitos sociais conquistados ao longo do tempo lei, e baseava-se em um comércio internacional e
e situações precárias de traba- e compartilhados pelo conjunto da sociedade, interno de grandes proporções, diferentemente
lho, algumas condições ainda como os direitos dos trabalhadores previstos do que acontece hoje. Aproveite e escreva na
mais degradantes caracterizam na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e lousa a duração da escravidão institucionali-
o trabalho análogo à escravidão, dos cidadãos, previstos na Constituição; e até zada no Brasil: 1500-1888, ou seja, 388 anos.
168

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
TRÁFICO DE ESCRAVIZADOS E O CAPITALISMO Comente com a turma que
a escravidão já existia na África
No século XVI, o continente africano era habitado por povos antes do tráfico de escravizados
Etnia: grupo de
de diferentes etnias ou nações. Alguns desses povos conheciam indivíduos que conduzido pelos portugueses e
e praticavam a escravidão havia séculos. partilham as mesmas
tradições, técnicas, por outros europeus, mas não
As sociedades que praticavam a escravidão apresentavam habilidades, língua, era praticada para fins comer-
diferentes explicações para justificar esse ato. Por exemplo, uma crenças etc.
ciais e de obtenção de lucro, ou
Nação: no sentido
pessoa poderia ser escravizada se cometesse um delito grave, como aqui usado, é uma seja, não se configurava como
roubo ou assassinato, ou por endividamento. A forma mais comum, comunidade de sistema econômico.
indivíduos de um
contudo, era escravizar os inimigos vencidos nas guerras. mesmo grupo étnico, Esclareça que, muitas vezes,
Os escravizados poderiam trabalhar em atividades domésticas que tem como base os escravizados poderiam ser
um território.
ou como artesãos, agricultores ou mineradores. Em algumas regiões, reis e rainhas que perderam
os cativos eram integrados às famílias dos senhores, embora em uma guerra, mas, quando eram
condição diferente, uma vez que sua posse era coletiva. Em outras regiões, entretanto, os transformados em escravizados,
senhores podiam castigar e até mesmo matar seus escravizados. Porém, os escravizados mantinham uma posição social
não eram considerados essenciais para o funcionamento dessas sociedades; também não alta na nova nação. Isso poderia
eram vistos como “mercadorias” a serem vendidas com o objetivo de gerar lucros. acontecer também com outros
No século XV, os portugueses começaram a explorar a costa atlântica do continente indivíduos com cargos religio-
africano e passaram a comprar africanos escravizados para serem vendidos na Europa. Essa sos, por exemplo. Essa era uma
escravidão posta em prática pelos europeus tinha uma diferença fundamental em relação
diferença fundamental entre a
escravidão praticada na África e a
à existente na África: os cativos eram tratados como mercadorias a serem compradas a
praticada em outros continentes.
preço baixo e vendidas a preço elevado para dar lucros aos mercadores.
Para que as diferenças
O número de pessoas escravizadas aumentou, transformando o tráfico em uma das
fiquem bastante claras, divida
principais bases da economia mercantil da época. Milhões de pessoas foram trazidas à
a lousa em duas partes, escreva
força da África para a América. A maioria desses escravizados estava destinada ao traba-
em cada uma delas, “Escravidão
lho na agricultura.
na África” e “Escravidão
Feitoria mantida por moderna”, e preencha as duas
UNIVERSAL HISTORY ARCHIVE/UNIVERSAL IMAGES GROUP/GETTY IMAGES

comerciantes de quatro
nações europeias no
partes com o conteúdo exposto
Golfo da Guiné, onde hoje na página 169. É imprescindível
é a Nigéria. Gravura de que os estudantes entendam que
Nathaniel Parr, 1746.
não havia um comércio mercantil
de escravizados dentro da África,
ou seja, que visasse ao lucro e
Em locais como esse, acontecesse em massa.
comerciantes compravam
pessoas africanas
escravizadas que eram
embarcadas para a
América.

169

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AMPLIAR HORIZONTES 04/07/22 13:04

• RARA, Preta. Eu, empregada doméstica: a sen­ • LIMA NETO, Francisco. Laudelina: Laudelina de
zala moderna é o quartinho da empregada. Belo Campos Mello. São Paulo: Mostarda Editora, 2021.
Horizonte: Letramento, 2019. (Coleção Black Power).
Escrito pela historiadora e rapper Preta Rara, que também Com linguagem acessível aos jovens, o livro narra a
já trabalhou como empregada doméstica, o livro traz um vida de Laudelina de Campos Mello, que fundou, no
relato crítico sobre a experiência de mulheres trabalhado­ início do século XX, a primeira Associação Profissio­
ras que vivem uma condição de grande exploração, com nal Beneficente das Empregadas Domésticas e militou
pouca visibilidade e valorização no Brasil contemporâneo. ativamente no movimento negro.

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 6: abordadas na com­
preensão do contexto histórico
trabalhado, problematizando suas FORMAS DE TRABALHO COMPULSÓRIO
características e as relações estabe­ AO LONGO DO TEMPO
lecidas entre os grupos sociais.
Diferentes sociedades estabeleceram práticas escravistas ao longo do tempo. Isso,
• CEH 1 e 3: trabalhadas ao contextu­
alizar o trabalho compulsório como porém, não significa que todos os sistemas escravistas sejam iguais. A escravidão moderna
acontecimento histórico e ao construir desenvolvida pelos europeus apresentou características que a distinguem de outros siste-
com a turma argumentos e interpre­ mas escravistas que existiram ao longo do tempo.
tações críticas sobre essas práticas. Um elemento importante do escravismo moderno é que, nesse sistema, o escravizado
• Habilidades EF07HI14 e EF07HI15:
era visto como uma mercadoria. O objetivo principal era promover o lucro, tanto para
enfocadas quando os estudantes
os comerciantes quanto para

LOOK AND LEARN/BERNARD PLATMAN ANTIQUARIAN


COLLECTION/BRIDGEMAN/FOTOARENA
compreendem as formas de trabalho
compulsório como parte das dinâ­ aqueles que exploravam o tra-
micas mercantis estabelecidas com balho de pessoas escravizadas.
a colonização, problematizando o
conceito de escravidão e suas carac­
terísticas. Leilão de trabalhadores
escravizados em Richmond, na
Virgínia, Estados Unidos. Gravura
PROCEDIMENTOS publicada no jornal Illustrated
DIDÁTICOS London News, em 1856.

Introduza o conceito de Além disso, a pessoa escravizada era desprovida de quase todos os direitos, sendo
escravidão moderna, também considerada uma propriedade de seu senhor. Este poderia castigá-la – ainda que existis-
chamada escravidão atlântica, sem algumas regras que estabeleciam limites aos mais violentos castigos –, negociá-la ou
que se refere ao sistema escra- obrigá-la a se comportar de determinadas formas.
vista explorado pelos europeus O escravismo moderno tem também um recorte étnico bastante específico, pois sub-
entre os séculos XVI e XIX. É metia apenas povos e indivíduos africanos ao cativeiro. Em algumas regiões da América,
interessante comentar com os indígenas foram escravizados por colonos europeus, mas isso não ocorreu de maneira
estudantes que a memória da sistemática. E, diferentemente da escravidão negra, a escravidão indígena foi condenada
escravidão moderna está muito e combatida por religiosos jesuítas.
presente ainda no imaginário Há, ainda, diferenças entre a escravidão moderna e a escravidão antiga. Em Roma, por
dos brasileiros – ela aparece de exemplo, as guerras de conquista eram a principal maneira de se obterem pessoas escravizadas.
diversas formas, como em relatos Com isso, não havia uma associação entre escravizados e certos grupos étnicos; os romanos
de experiências dos antepas- escravizaram povos de diferentes partes do mundo antigo durante sua expansão territorial.
sados de pessoas negras, em A escravidão moderna também se diferenciou das práticas de servidão características
monumentos ou até mesmo em da Idade Média. O servo, no período medieval, vivia sob a proteção do senhor feudal, mas
práticas preconceituosas e muitas não era considerado uma propriedade dele. Devia pagar-lhe impostos e taxas, prestar-lhe
vezes cotidianas e silenciosas. serviços e lealdade, mas não podia ser negociado. O servo estava preso à terra e, se essas
No Brasil atual, e ainda no terras passassem a um novo proprietário, o servo passaria a responder a ele como seu novo
cenário de crise econômica que senhor. Também dispunha de maior autonomia para organizar seu tempo de trabalho em
se aprofundou com e após a comparação aos escravizados nas colônias americanas.
pandemia de covid-19, houve
um aumento significativo do 170
trabalho análogo à escravidão.
Nesse contexto, cresceu também
o número de mulheres, princi- estaria concentrado fundamentalmente
D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24.indd 170 em como a desigualdade de gênero e de raça até 04/07/22 13:04

palmente negras, resgatadas do áreas rurais. hoje atinge de maneira profunda esses grupos.
trabalho em condições análo- Em 2013, houve o estabelecimento de leis Se desejar, amplie a discussão em sala de aula,
gas à escravidão e que exerciam que garantiram a extensão de direitos trabalhis- perguntando o que a turma sabe sobre as leis
serviços domésticos. Dessas tas previstos na CLT para todas as trabalhadoras trabalhistas e a PEC das Domésticas e sua impor-
trabalhadoras, muitas encon- domésticas. A chamada PEC das Domésticas tância; se conhecem relatos de trabalhadoras
travam-se em áreas urbanas, garante registro em carteira, 44 horas sema- domésticas que têm seus direitos sonegados
trazendo um contraponto à visão nais de trabalho, salário mínimo e pagamento e se a falta de direitos que vigorou nessa cate-
comumente difundida de que o de 13o salário. Esse mercado de trabalho reúne, goria até recentemente pode ser considerada
trabalho análogo à escravidão em sua maioria, mulheres negras, o que revela uma herança da escravidão moderna.
170

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Outras formas de escravidão na África Aprofunde a discussão com
os estudantes sobre as carac-
O escravismo moderno foi apenas um dos sistemas escravistas que se desenvolveram
terísticas da prática escravista
no continente africano. Antes da chegada dos europeus, existiam práticas de escravidão
na África antes da chegada dos
com diferentes características e em distintas regiões da África.
colonizadores europeus e sobre
Guerras e conflitos entre sociedades africanas podiam resultar na escravização dos
o escravismo moderno. Reforce o
derrotados, os quais eram submetidos a diversas formas de trabalho compulsório. Porém,
momento de política mercan-
essas formas de escravidão ocupavam papel pouco relevante na economia africana. tilista e de desenvolvimento
Também não havia um tráfico de escravizados organizado em larga escala, e muitas vezes do capitalismo em que viviam
os escravizados podiam ser incorporados às comunidades onde viviam. as nações europeias, o que as
Essa forma de escravidão se modificou bastante nas regiões dominadas por povos impulsionou na busca de novos
islâmicos. Entre os séculos VII e VIII, a expansão islâmica resultou na conquista de grande mercados, do acúmulo de rique-
parte do norte da África e, posteriormente, outras regiões do continente também foram zas e de conquistas territoriais.
incorporadas ao Império Islâmico. Tal processo resultou na criação de grandes rotas comer- Conduza-os a refletir sobre
ciais que interligavam diferentes regiões do continente. a lógica mercantilista e capi-
Os comerciantes muçulmanos transportavam mercadorias variadas, como sal, ouro, talista que esteve na base da
cobre e pessoas escravizadas. Estimativas indicam que, entre os séculos VII e XIX, quase escravidão moderna, descons-
12 milhões de pessoas foram comercializadas na África subsaariana, no norte da África, truindo a interpretação de que
Mar Vermelho e oceano os africanos teriam sido “escolhi-
Índico. Cerca de 4 300 Rotas comerciais na África (século XIV) dos” para a escravização porque
pessoas chegaram a ser já mantinham essa prática no

SONIA VAZ
negociadas anualmente EUROPA
próprio continente. Explique
Túnis

nas redes comerciais Ceuta


Fez
Tiaret
Biskra
Kairuan que o escravismo moderno per-
Salé
Tiemoen Trípoli Mar Mediterrâneo
que percorriam o Saara. Marrakesh
Wargia
Alexandria
Damasco
Jerusalém
mitiu a transferência de uma
Sidjilmasa Gadamés Aujila

Assim, nas socie-


El Golea Jufra Cairo
ÁSIA
imensa quantidade de mão de
Murzuque Assiut

dades islâmicas, o Trópico de Câncer


Tuwat In Salah
Ghat Zuila Cufra Kharga Assuã Medina obra para o trabalho nas colô-
Ma

Teghazza Faras
Ijil Jidá
nias e proporcionou grandes
rV

Ouadane Selima
comércio de pessoas Aidabe Meca
erm

Azagi Tichit Bilma Dongola Suaquém


Walata Takedda lucros aos traficantes. Assim,
elh

Arwil Tombuctu Berber


escravizadas teve um Audagoste Agades
o

Gao Soba Is. Dalaque


Thilogne
Dia
R Garoumalé N’guigmi Wara esse comércio alavancou a cir-
papel mercantil muito í Kano
R. N i l o

g Axum
.N

Djenné Abéché El-Fasher


Birni Gondar Zeila
culação econômica e estruturou
er

Niani Massenya
elevado, semelhante Begho Mandera Malao
Oyo Ife Harar
todas as atividades produtivas
ao papel desempe- Kumasi Benin
e as relações sociais, tanto nas
nhado pelo escravismo Mogadíscio
Equador
0º colônias quanto nas metrópoles.
moderno criado pelos
o
ng

Shanga
OCEANO Dessa forma, é fundamental
Co

OCEANO
ATLÂNTICO R. Mombasa
europeus.
Meridiano de Greenwich

ÍNDICO
Zanzibar fornecer subsídios para que os
Cidade
Rota comercial
Kilwa
estudantes formulem inter-
Fonte: PERRY, Craig et al. (ed.).
Oásis pretações e argumentos
Sal
The Cambridge world history of
slavery. Cambridge: Cambridge
Ouro 0 615 significativos para compre-
Cobre Sofala
University Press, 2021. p. 537. 0º Grande Zimbábue
ender o mundo em que vivem,
as próprias experiências e os pro-
171
cessos históricos engendrados ao
longo do tempo. Promover dis-
cussões sobre a história a partir
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24.indd 171 os escravos por um preço que, juntando04/07/22 13:04
de uma perspectiva antirracista
todos os gastos feitos, não representaria
Natureza econômica do tráfico contribui para a construção do
senão pequena fração do preço final no
mercado americano; pois, enquanto o es- pensamento crítico e de um
[...]
Compreende-se o quanto isto seria van- cravo não tinha valor na África, o contrário ambiente participativo e inclusivo
tajoso aos traficantes. [...] Uma vez que, para sucedia do outro lado do Atlântico. [...] em sala de aula, bem como para
o fornecedor africano, o escravo tinha custo GORENDER, Jacob. O escravismo colonial. 6. ed.
o desenvolvimento de habilida-
igual a zero e o objetivo do escambo con- São Paulo: Expressão Popular: Perseu Abramo, des socioemocionais, como a
sistia somente na obtenção de valores de 2016. p. 172-173. autoestima e a autonomia.
uso, sem consideração pelo valor de troca,
podiam os traficantes europeus adquirir
171

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3, 6 e 7: abordadas na pro­
blematização do navio negreiro como
instrumento de violência do processo O NAVIO NEGREIRO
escravocrata; e no uso de documen­ Como era a viagem dos africanos escravizados para a América? O documento a seguir
tos históricos para análise.
pode nos ajudar a refletir sobre isso. Trata-se de uma ilustração de autoria desconhecida pu-
• CEH 1, 3 e 5: enfocadas no estudo de
documentos sobre os mecanismos de blicada em 1830 no livro que o religioso inglês Robert Walsh escreveu a respeito do período
deslocamentos dos escravizados; e na que passou no Brasil.
identificação do navio negreiro como O que vemos na imagem é a planta de um navio negreiro, nome dado aos navios
veículo e como representação das re­ que transportavam os escravizados da África à América. O desenho do navio foi feito em
lações de poder do período.
ângulos diferentes. Na parte superior, temos um corte longitudinal (ou vertical), que mostra
• Habilidades EF07HI14 e EF07HI15:
presentes na abordagem do processo o interior do navio. Na parte inferior, o navio aparece visto de cima.
de deslocamento, dos instrumentos
IMAGEM CONDUTORA
utilizados e dos problemas envolvidos

BRIDGEMAN/FOTOARENA
nas dinâmicas escravocratas no perío­
do abordado.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Enfatize que a imagem de
Robert Walsh, na página 172,
mostra que os traficantes bus-
cavam colocar o maior número
possível de escravizados africa-
nos dentro do navio negreiro,
pois sabiam que muitos deles
morreriam durante a travessia. A
superlotação dos navios servia, Seções de um navio negreiro, litografia do livro Notícias do Brasil (1828-1829),
então, para manter os lucros dos de Robert Walsh (1772-1852), 1830.
traficantes. Na ilustração, notamos que
É importante sensibilizar os no porão estão armazenados
estudantes em relação à violên-
BRIDGEMAN/FOTOARENA

vários barris de água, e logo


cia existente tanto na própria acima há um compartimento
escravidão quanto no tráfico de repleto de pessoas. Interessado
escravizados, como parte da pro- em mostrar como acontecia o
moção dos direitos humanos, do
transporte dessas pessoas, o
combate a todo tipo de vio-
autor do desenho se preocupou
lência, do incentivo à empatia e
em fazer também um detalhe
à construção de uma sociedade
Compartimento do porão do navio – detalhe da litografia ampliado desse compartimento.
justa e democrática (desenvol-
Seções de um navio negreiro.
vendo, assim, a Competência
Geral 9). 172

Atividade complementar negreiro (disponível em: https://pt.m.wikipedia.


D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24.indd 172 pesquisar informações complementares em 04/07/22 13:04

org/wiki/Ficheiro:Kenneth_Lu_-_Slave_ship_ textos historiográficos e mídias diversas, como


Navio negreiro model_(_(4811223749).jpg; acesso em: 26 publicações impressas e/ou digitais. Ao final,
Proponha aos estudantes uma jul. 2022). reserve uma aula para que todos partilhem
atividade interdisciplinar com Com o professor de Arte, eles podem verificar seus trabalhos com a turma.
Arte e Língua Portuguesa. os materiais mais adequados para a confecção
Organize a turma em grupos da maquete. Depois, com a ajuda do professor
e forneça-lhes a imagem que de Língua Portuguesa, cada grupo produzirá
servirá de modelo para a cons- um relato de viagem do ponto de vista de um
trução de uma réplica de navio personagem do navio. Para isso, eles podem
172

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Da África para a América Auxilie a turma a relacionar o
aumento na demanda por escra-
A ilustração que tomamos como imagem condutora foi publicada pela primeira
vizados às mudanças nos navios.
vez em 1830, ano em que o governo da Inglaterra já havia proibido o tráfico negreiro e
Explique a eles que, ao longo dos
pressionava o Brasil a fazer o mesmo.
séculos, à medida que o Brasil
Provavelmente, o autor da ilustração tinha a intenção de denunciar as condições
se tornava um grande produtor
degradantes em que as pessoas eram transportadas da África para a América. De acordo
de açúcar e café para o mercado
com o desenho, o lugar do navio onde os escravizados ficavam tinha apenas 1 metro de internacional, a demanda por
altura, o que os impedia de ficar em pé. mão de obra aumentava. Assim,
Os navios negreiros não eram todos iguais, e as embarcações passaram por várias o Brasil e outros produtores de
mudanças. Nos primeiros navios usados para o tráfico, ainda no século XVI, os escravizados açúcar e café, ao exigirem mais e
eram obrigados a viajar nos porões, com os barris de água e os mantimentos. mais trabalhadores, contribuíram
A partir de meados do século XVII, as embarcações ganharam mais andares, che- para a transformação da estru-
gando a ter três compartimentos. Mesmo com todos os avanços da engenharia náutica, tura dos navios negreiros, que se
as condições de transporte dos escravizados sempre foram péssimas. tornaram maiores e com piores
(péssimas) condições de sobre-

MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA AMERICANA, WASHINGTON, DC, EUA


vivência para os escravizados.
E x plique que, desde o
século XVIII, o tráfico e a escra-
vidão causavam horror a muitas
pessoas e crescia a adesão à
causa abolicionista, fosse pelo
fim da instituição da escravidão,
fosse pelo fim do tráfico. Esse
movimento foi mais acentuado
na Inglaterra, que, cabe ressal-
tar, passava por um processo de
industrialização e via no mercado
africano um potencial econô-
mico. Relacione o aumento dos
opositores ao tráfico à imagem
indicada na página 173.

Reprodução contemporânea do interior de um navio negreiro baseada


em documentos históricos.

173

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24.indd 173 dos traficantes de escravizados e as condições
04/07/22 13:04 de a abolição do tráfico e da
degradantes dos navios. O objetivo do texto é escravidão ser uma maneira de
Escrever uma manchete convencer os leitores do jornal a se posiciona- construir uma sociedade mais
Explique aos estudantes o que é uma man- rem contrariamente ao tráfico e à escravidão. justa e igualitária.
chete e qual é sua função em um jornal/revista. Para facilitar a atividade, apresente alguns
Em seguida, proponha que escrevam manche- argumentos da época nos quais os ativistas se
tes para um jornal abolicionista. Solicite-lhes um baseavam, tais como: a defesa da humanidade
título bastante convincente e a redação de um dos africanos, a condenação do aprisionamento
parágrafo curto, denunciando os altos lucros de uns em razão da ganância de outros, o fato

173

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 5 e 6: abordadas na
discussão das questões relacionadas
à viagem dos navios negreiros pe­
A travessia do Atlântico
lo Atlântico (incluindo o papel das No século XVIII, quando algumas inovações tecnológicas aumentaram a velocidade
tecnologias náuticas); na análise do das embarcações, a travessia de Angola a Recife durava cerca de 35 dias. Se o destino final
impacto socioeconômico da escravi­
fosse Salvador, seriam 40 dias e, para chegar ao Rio de Janeiro, eram necessários 50 dias.
dão no mundo; e na construção de
argumentos e ações que combatam Quando não havia vento, a viagem podia se prolongar por mais dias, comprome-
a discriminação racial (herança do tendo o abastecimento de água e comida, além de piorar as condições de higiene.
ideá­rio escravista) existente até os Esse ambiente favorecia a propagação de doenças, e muitos escravizados morriam
dias atuais. durante o trajeto.
• CEH 1, 2, 3 e 5: trabalhadas no estu­
A média de mortalidade variava de 10% a 20% por navio, mas há registros de casos
do da contextualização das causas e
das primeiras consequências da es­ em que a mortalidade ultrapassou os 50% entre os escravizados. Por isso, esses navios
cravidão africana no período, como a ficaram conhecidos como

ALAMY/FOTOARENA
diáspora africana; na elaboração de tumbeiros: eram tumbas
questionamentos sobre tal prática; navegando em alto-mar.
e na reflexão sobre suas repercus­
sões no presente.
Tumba: sepultura, túmulo, lugar no
• Habilidades EF07HI12, EF07HI13, qual são enterrados os mortos.
EF07HI14 e EF07HI16: enfocadas
quando os estudantes caracterizam
os fatos apresentados e identificam
as ações dos europeus e suas con­
sequências para os diversos grupos
envolvidos.
Xilogravura de 1781 representa
africanos escravizados
jogados ao mar para morrer.
PROCEDIMENTOS A prática era adotada contra
DIDÁTICOS escravizados doentes ou
aqueles que se rebelavam
Argumente a respeito das contra a escravidão.
práticas permanentes de discrimi-
nação racial ao longo do tempo. Os negros no Brasil sofrem ainda hoje com o preconceito e a discriminação. Em geral,
É possível, ainda, debater o termo ganham salários inferiores aos dos brancos, estão mais sujeitos ao desemprego, têm
“racismo reverso” para descons- menos acesso à educação e à saúde, são as principais vítimas da violência policial e,
truir a ideia de que a discriminação muitas vezes, alvo de práticas discriminatórias e racistas.
racial afeta grupos e indivíduos 1. Você já presenciou ou foi vítima de alguma situação de preconceito envolvendo
de cor branca. Para isso, utilize o questões étnicas? Em caso positivo, conte para seus colegas como foi.
Resposta pessoal. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
“Pequeno Dicionário” organizado
2. O combate ao preconceito e à discriminação étnica é uma das questões mais im-
pelo Programa Interdisciplinar de portantes em nossa sociedade, já que isso é fundamental para a promoção da
Pós-Graduação em Linguística igualdade social e para o fortalecimento socioemocional de grande parcela
Aplicada da Universidade Fede- da população brasileira. Registre três ações que indivíduos podem tomar para
ral do Rio de Janeiro (UFRJ). combater o racismo e três ações que a sociedade em conjunto pode tomar
Disponível em: https://sxpolitics. para atingir esse objetivo. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
org/pequenodicionario. Acesso 174
em: 27 jul. 2022.
Atividades
1. Peça que respondam à as atividades e analise-as individualmente
D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24-AV3.indd 174 importante que os estudantes mencionem 16/07/22 14:08

questão em uma folha avulsa. para verificar se houve entendimento sobre medidas afirmativas que ajudam a diminuir
Após terem respondido, o tema ou se ainda há dúvidas. A atividade as desigualdades sociais para uma sociedade
pergunte se alguém quer tem como objetivos criar empatia com o mais igualitária e garantir a aplicação de
compartilhar sua experiência. próximo e promover os direitos humanos leis punitivas contra ações preconceituosas.
Conduza o compartilhamento e uma cultura de paz na escola. Lembre à turma de que preconceito racial é
das histórias, criando um 2. É importante que as ações individuais se crime, segundo a lei no 9.459, de 13 de maio
ambiente de valorização e relacionem com medidas que podem ser de 1997. Disponível em: http://www.planalto.
respeito pelas experiências tomadas por todos, inclusive pelos próprios gov.br/ccivil_03/leis/l9459.htm. Acesso em:
de cada um. Depois, recolha estudantes. Do ponto de vista coletivo, é 6 ago. 2022.
174

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Quantos africanos vieram para o Brasil? Destaque que o comércio de
escravizados, feito por europeus
Na África, o lucro alcançado com a venda de cativos para os europeus incentivou
visando ao lucro, foi intenso e
os conflitos entre povos do continente. Muitos chefes de aldeia e governantes de reinos
provocou a chamada diáspora
usavam a guerra para obter prisioneiros e vendê-los aos traficantes da Europa.
africana. Se considerar válido,
Para os europeus, o tráfico de africanos escravizados para a América e para o Brasil,
introduza e discuta o conceito
em particular, foi uma das atividades econômicas mais lucrativas entre os séculos XVI e
de diáspora com os estudantes,
XIX. Foi praticado por diversos países, entre os quais Holanda, Inglaterra e Portugal.
associando-o à dispersão de afri-
É impossível calcular quantos africanos foram capturados e trazidos para a América
canos durante o funcionamento
na condição de escravizados. Segundo alguns pesquisadores, esse número chegou a cerca do tráfico transatlântico e à
de 12 milhões de pessoas. formação da população negra
Para o Brasil, calcula-se que o tráfico negreiro tenha trazido cerca de 5 milhões brasileira, herdeira desse pro-
desses africanos. O Brasil foi uma das maiores sociedades escravistas da história da huma- cesso, que representou, inclusive,
nidade, assim como Roma durante a Antiguidade. o apagamento da história dos
seus antepassados africanos e de
Principais regiões de origem dos africanos escravizados (século XVI a XIX)
suas origens étnicas e culturais
E U R O PA

SONIA VAZ
OCEANO mais remotas, antes do escra-
ATLÂNTICO
ÁSIA
1% vismo moderno. É importante
Norte da África
Trópico de Câncer mencionar que o Brasil foi o país
32,1% ÁFRICA
que mais recebeu escravizados
África
Ocidental (vítimas do tráfico) no mundo.
AMÉRICA
Equador

58,5%
África
OCEANO Centro- OCEANO
Meridiano de
Greenwich

PACÍFICO -Ocidental
ÍNDICO AMPLIAR HORIZONTES
Trópico de Capricórnio
1,1%
Sul da África • CONSELHO FEDERAL DE
SERVIÇO SOCIAL. Racismo.
5,7%
Sudeste da África Brasília, DF, 2016. (Série
Assistente social no combate
1,6%
África Oriental ao preconceito, caderno 3).
0 1 350
Disponível em: http://www.

cfess.org.br/arquivos/CFESS-
Fonte: LOPES, Reinaldo José. Raízes da diáspora negra. Folha de S.Paulo, São Paulo, ano 84, n. 27.381, p. 17,
21 mar. 2004. Caderno Mais. Disponível em: https://acervo.folha.com.br/compartilhar.do?numero= Caderno03-Racismo-Site.pdf.
16022&anchor=5454110&pd=e79c6cd008a0377d0bad395cfd8796f5. Acesso em: 15 jul. 2022. Acesso em: 27 jul. 2022.
FICA A DICA O texto explica as nuances do
• Comércio transatlântico de escravos – Base de dados. Disponível em: https://www. preconceito e propõe intensas
slavevoyages.org/voyage/database#timelapse. Acesso em: 23 maio 2022. reflexões, que podem amparar
Feito pela equipe do Slave Voyages, trata-se de um site colaborativo que reúne pesquisadores da a abordagem de assuntos como
escravidão de diferentes países. A animação representa as rotas percorridas pelos navios negreiros preconceito racial, raça e racis­
e possibilita entender o crescimento do tráfico de escravizados do século XVII ao século XIX. mo em sala de aula, tarefa que
requer empatia e conhecimento.
175

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24-AV4.indd 175 A turma já estudou sobre os horrores de18:15
16/07/22 ser informação presente na biografia:
embarcado em um navio negreiro. Grande parte os estranhamentos de Baquaqua,
Ler uma biografia escrita por um dos escravizados nunca havia visto o mar nem um as condições da viagem em um
escravizado navio. Comente com os estudantes esses aspectos navio negreiro e o funcionamento
Trabalhe alguns trechos da biografia do afri- da experiência dos escravizados, relacionando-os do comércio de escravizados. Por
cano escravizado Baquaqua, que foram traduzidos com a violência do tráfico e com o fato de os afri- fim, peça aos grupos que compar-
pela professora doutora. Silvia Hunold Lara, da canos não saberem se viveriam após o embarque. tilhem seus apontamentos com
Universidade Estadual de Campinas . Disponível Depois, peça que se organizem em grupos e a turma.
em: https://www.anpuh.org/arquivo/downloa proponha-lhes a leitura da biografia de Baquaqua.
d?ID_ARQUIVO=3686. Acesso em: 27 jul. 2022. Cada grupo será responsável por relatar um tipo de
175

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 4 e 5: trabalhadas na
análise do contexto da chegada dos
escravizados na colônia e das condi­ DESEMBARQUE NA COLÔNIA
ções impostas pela escravidão; e na Ao desembarcar na colônia portuguesa, os africanos eram vendidos nos portos, geral-
descrição dos saberes africanos que
mente em leilões públicos. As famílias que até ali haviam conseguido se manter unidas eram
influenciaram a formação da cultura
brasileira. desfeitas. Esposas, maridos e filhos eram separados e raramente voltariam a se encontrar.
• CEH 1, 2, 3 e 5: presentes na identi­ Havia vários portos de desembarque de escravizados na América. Na colônia por-
ficação e discussão do comércio de tuguesa, os principais estavam em Recife, Salvador e Rio de Janeiro. O porto do Rio de
escravizados na América e das formas Janeiro, por exemplo, redistribuía os africanos para o sul do continente americano.
de exploração dos africanos, visando
ao exercício da empatia dos estudan­

LEONID ANDRONOV/ALAMY/FOTOARENA
tes diante do contexto histórico do
período.
• Habilidades EF07HI12, EF07HI13,
EF07HI14, EF07HI15 e EF07HI16:
enfocadas no estudo da distribui­
ção dos escravizados pela colônia,
para atender a objetivos europeus
mercadológicos e de exploração de
determinados grupos.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Explique que o tráfico de
escravizados levava cativos
para o Brasil e para outros locais,
como Jamaica, São Domingos
e Cuba. Preferencialmente,
apresente um mapa na lousa,
localizando os principais portos.
Esclareça, ainda, que os africa- Sítio arqueológico do Cais do Valongo, Rio de Janeiro (RJ). Fotografia de 2020.
nos ficavam dias nas regiões Localizado na zona portuária do Rio de Janeiro (RJ), foi descoberto em 2011 durante obras realizadas na
portuárias até serem leiloados região. Construído em 1811, foi local de desembarque e comércio de africanos escravizados por 20 anos.
publicamente. Os traficantes,
comerciantes e leiloeiros não se A escravidão durou mais de 300 anos no Brasil. Ao longo desse tempo, a forma de
importavam com a existência de exploração do trabalho dos escravizados e suas lutas e resistências variaram conforme a
laços familiares ou de amizade e época e o lugar.
separavam os grupos de acordo Muito do que nós, brasileiros, somos hoje é resultado da influência da variada e rica
com a proposta mais lucrativa. cultura africana. Isso pode ser notado, por exemplo, em nossos hábitos alimentares, nas
É importante aproveitar manifestações artísticas e religiosas e até mesmo no idioma, que incorporou inúmeras
o tema do leilão público de palavras de origem africana.
escravizados para apontar a
diferença, novamente, da escra- 176
vidão praticada por africanos
e da empreendida pelos euro-
peus. Quando aprisionados em AMPLIAR HORIZONTES
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guerra, os africanos sabiam seu


destino geográfico e conheciam • LABORATÓRIO de História Oral e Imagem. Inventário dos lugares de memória do tráfico atlânti-
co de escravos e da história dos africanos escravizados no Brasil. Niterói, [20--]. Disponível em:
a lógica secular do aprisiona-
http://www.labhoi.uff.br/memoriadotrafico. Acesso em: 27 jul. 2022.
mento, totalmente diferente do
O site da instituição federal, em parceria com a Unesco, disponibiliza cem lugares de memória no território
que encontravam quando apre-
nacional com relação direta aos escravizados e à África. Cada lugar conta com uma pequena descrição que
sados por europeus. auxilia o uso do recurso em sala de aula.

176

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
As senzalas Ao trabalhar o item As sen-
zalas, na página 177, destaque a
O principal destino dos escravizados era o trabalho agrícola. Mas eles também atuaram
importância da agricultura em
em outras atividades, como na condução de animais de carga e no trabalho doméstico.
todo o período no qual a escra-
A partir do início do século XVIII, muitos foram destinados ao trabalho de mineração,
vidão esteve vigente e comente
sobretudo na atual região do estado de Minas Gerais.
que a maioria dos escravizados
Durante um período da escravidão, eram comuns os escravos de ganho, ou negros
trabalhava na agricultura e nas
de ganho, cativos que trabalhavam nas cidades como barbeiros, sapateiros, vendedores funções que cercavam essa ati-
ambulantes, carregadores etc. Esses cativos ainda pertenciam a um senhor, mas podiam vidade. Explique também as
prestar serviços. Eles ficavam com uma parte do que ganhavam com seu trabalho e entre- mudanças na escravidão ao
gavam a outra parte ao seu senhor. Com o dinheiro guardado, muitos deles conseguiam longo do tempo, ressaltando
comprar sua liberdade (consulte a seção Olho vivo na página 181). o surgimento do escravizado
As condições de vida podiam variar de uma região para outra, mas em geral os escra- de ganho e sua relação com os
vizados eram submetidos a trabalho pesado, com jornadas de até 18 horas e recebendo ambientes urbanos e a demanda
má alimentação. No fim do dia, eram trancados em senzalas, também conhecidas como pelo setor de serviços.
ranchos ou porões. Aponte o fato de que escra-
As senzalas coletivas não devem ser entendidas apenas como moradias de cativos, vizados poderiam ocupar
mas também como prisões. Não havia privacidade nem espaços separados, e as pessoas profissões extremamente qua-
amontoavam-se em um único ambiente. Além disso, o número de homens era maior que lificadas para a época, como
o de mulheres. Todas essas condições dificultavam a experiência de uma vida familiar entre marceneiros, barbeiros-cirur­
os escravizados, embora isso pudesse ocorrer em algumas ocasiões. giões, ferreiros e caixeiros.
Esse é um aspecto importante

JOÃO PRUDENTE/PULSAR IMAGENS


para a valorização da história
dos negros no Brasil. Contudo,
é importante esclarecer que,
mesmo que exercessem tais
funções, os escravizados conti-
nuavam sob o poder e o domínio
de um senhor. A senzala é um
símbolo desse poder, uma vez
que os escravizados eram con-
duzidos para passar as noites
naquele espaço.

Entrada de uma antiga senzala em São José do Barreiro (SP), 2019.

177

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24.indd 177 em que vivem ou estudam. Se não houver,
04/07/22 13:04

peça que localizem no Inventário as opções


Investigar lugares de memória mais próximas.
Utilizando o Inventário dos lugares de Organize a turma em um círculo e per-
memória do tráfico atlântico de escravos gunte aos estudantes o que conhecem sobre
e da história dos africanos escravizados no esses lugares e se os relacionavam com o
Brasil, indicado no boxe Ampliar horizon- período da escravidão. Indague os motivos
tes da página anterior, peça aos estudantes pelos quais, muitas vezes, o passado escra-
que encontrem os locais listados no estado vista não é lembrado em lugares públicos e
em que residem e, se houver, no município logradouros de nosso país.
177

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 6 e 7: presentes na aná-
lise das dinâmicas e consequências da
escravidão entre os escravizados e os VIOLÊNCIA E RESISTÊNCIA
colonizadores; no estudo da forma- Cotidianamente, os cativos sofriam diversas formas de opressão e violência: eram presos
ção dos quilombos como mecanismo
uns aos outros com correntes para não fugir e, se o senhor ou o feitor desconfiassem que
de reação à violência do sistema es-
cravocrata; e na utilização de diversas estavam trabalhando pouco ou lentamente, recebiam castigos físicos. Se tentassem se rebelar,
linguagens que amparam o aprendi- fugir ou praticar algum furto, os cativos eram amarrados em pelourinhos e chicoteados.
zado e contribuem para a construção Porém, durante todo o período em que vigorou a escravidão, os cativos reagiram e
de argumentos voltados à preservação resistiram à sua condição. A forma de resistência mais comum era a redução do ritmo de
das comunidades quilombolas e à bus-
trabalho. Outras vezes, os escravizados destruíam máquinas ou ferramentas e incendiavam
ca de uma sociedade mais inclusiva.
• CEH 1, 2, 4 e 5: enfocadas na per- plantações. Também houve casos de escravizados que assassinaram seus senhores.
cepção de que o processo histórico As rebeliões eram constantes. No início do século XIX, por exemplo, aconteceram
da escravidão caracterizou-se por sis- diversas revoltas na Bahia. Essas rebeliões culminaram com a Revolta dos Malês, ocorrida
temática violência aos africanos; e na em 1835 nas ruas de Salvador. Durante dois dias, houve violentos confrontos entre africa-
compreensão das formas de resistên-
nos e afro-brasileiros de um lado, e forças policiais e militares do outro.
cia a essa prática.
A resistência à escravidão também se deu por outros caminhos, como a manutenção
• Habilidades EF07HI14, EF07HI15 e
EF07HI16: enfatizadas na discussão dos costumes e das crenças das regiões de origem. Embora oriundos de diferentes lugares
dos mecanismos de implementação e da África, falando línguas diversas e possuindo hábitos e costumes variados, muitas vezes
manutenção da escravização, e com- os cativos se uniam para praticar em conjunto o culto aos deuses africanos (os orixás).
preendendo as práticas de resistência
Dessa forma, conservavam vivos entre si os laços de identidade que o regime escravista
implementadas pelos escravizados.
procurava destruir.
COLEÇÃO PARTICULAR

PROCEDIMENTOS Feitor: administrador de


uma propriedade; capataz.
DIDÁTICOS
Pergunte aos estudantes o
que significa resistir: até onde
o ser humano pode resistir à vio-
lência e à crueldade de outros Fuga de escravos,
seres humanos? O que é correto François Auguste Biard.
de se fazer em busca da digni- Óleo sobre madeira, 1859.

dade e da liberdade? Essas são Fugir dos cativeiros era


reflexões importantes para que uma forma de resis-
entendam que os escravizados tência da população
escravizada no Brasil.
se opuseram de diversas formas
ao cativeiro e que essas formas
FICA A DICA
eram legítimas diante da condi-
ção em que viviam. • Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis, de Jarid Arraes. São Paulo: Pólen, 2017.
Reforce as formas de resis- A obra apresenta histórias, escritas em forma de cordel, de mulheres negras que, de diversas
tência e de rebelião pensadas, formas, marcaram a nossa história.

construídas e executadas pelos


escravizados. Quando não 178
estavam sendo observados,
eles faziam diversos planos,
como fugir ou roubar algo para deD3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24.indd
direitos sociais, às lutas para 178 a diminuição AMPLIAR HORIZONTES 04/07/22 13:04

vender e, com o dinheiro, poder das desigualdades e à implantação de políticas


comprar a alforria. Animais ou afirmativas. É interessante mencionar também as • BESOURO. Direção: João Daniel Tikhomiroff. Brasil,

sacas de café poderiam ser facil- constribuições de diversos movimentos sociais, 2009. (95 min).
mente vendidos e rendiam valor como o feminista, de pessoas com deficiências, O filme, apesar de tratar do período pós-abolição,
de pessoas idosas e LGBTQIA+ para a constru- faz referência direta ao tratamento dado aos es-
suficiente.
ção de uma sociedade mais inclusiva. cravizados antes de 1888. Traz ainda elementos de
Discuta ainda com os estu- análise que relacionam a resistência dos ex-escra-
dantes sobre o papel dos vizados, já livres, por meio das tradições religiosas
movimentos negros ao longo do africanas.
tempo em relação à ampliação
178

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
OS QUILOMBOS Peça aos estudantes que leiam
a definição de quilombo pre-
As formas de resistência mais visíveis entre os escravizados eram as fugas e a orga- sente na página 179. Explique
nização de quilombos, aldeias formadas em locais de difícil acesso por comunidades de a importância dos quilombos e
escravizados fugidos. Nesses espaços, os cativos procuravam reconstruir parte da vida que a afronta que a existência deles
levavam na África, além de reinventar tradições e costumes que praticavam, considerando representava para a sociedade
a nova realidade em que estavam inseridos. escravocrata. Tratava-se de um
Os quilombolas, como são chamados os habitantes dos quilombos, procuravam orga- símbolo de resistência e um
nizar a vida buscando a subsistência do grupo. Há diversos casos em que os quilombolas exemplo a ser seguido por outros
mantinham trocas comerciais com povoados próximos. Por isso, muitas vezes a atividade escravizados. Com o objetivo
dos quilombos reproduzia certas práticas da região onde se encontravam. de retomar o aprendizado das
O tamanho e a forma de organização do quilombo variavam de lugar para lugar. O páginas anteriores, questione
maior deles, e que durou mais tempo, foi o Quilombo dos Palmares, na serra da Barriga, também sobre outras formas de
entre os atuais estados de Pernambuco e Alagoas. resistência além dos quilombos.
Palmares chegou a ter entre 20 mil e 30 mil quilombolas de diferentes etnias africanas Atividade
e durou cerca de cem anos, sendo destruído no final do século XVII. Um de seus principais
1. Pergunte aos estudantes se
líderes foi Ganga-Zumba, que fortaleceu o quilombo ao criar uma confederação (união) de
conhecem algum quilombo
vários quilombos da região. Após sua morte, Palmares foi liderado por Zumbi. ou a história de um desses
Outro grande quilombo foi o do Ambrósio, em Minas Gerais, no século XVIII, que povoados. É previsível que
chegou a ter 10 mil habitantes. A maior parte dos quilombos, entretanto, era pequena, respondam Quilombo dos
com menos de uma centena de pessoas. Espera-se que os estudantes atestem que as comunidades remanescentes dos Palmares. A partir desse
quilombos são importantes para a memória e a cultura do nosso povo, exercendo importante papel na preservação de
saberes e tradições, entre outros exemplos. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas. exemplo ou de outros, escla-
1. No Brasil, existem atualmente muitas comunidades remanescentes de quilombo, ou reça que havia centenas de
seja, descendentes dos quilombos formados durante o período escravista. Pesquise quilombos sem a mesma
informações sobre os quilombolas na atualidade e escreva um texto curto sobre a projeção, mas que incitavam
importância da preservação de suas comunidades.
diversas fugas e confrontavam
Parque Memorial Quilombo dos as autoridades que tentavam
CESAR BORGES/FOTOARENA

Palmares, na região onde o controlar os escravizados.


quilombo existiu, com réplicas das
construções da época do quilombo.
Informe que os quilombos per-
União dos Palmares (AL), 2022. maneceram resistindo durante
séculos e, atualmente, há mais
de 3 mil comunidades quilom-
bolas no Brasil.

AMPLIAR HORIZONTES
• AZEVEDO, Celia Maria Marinho
de. Onda negra, medo bran-
co: o negro no imaginário das
elites – século XIX. Rio de Janei­
179 ro: Paz e Terra, 1987.
O livro debate questões que preo­
cupavam a elite no século XIX,
Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24.indd 179 possam dar suas contribuições. Ao final da13:04
04/07/22 como o que fazer com a popula­
pesquisa organize uma roda para que os ção africana e afrodescendente
Comunidades quilombolas grupos troquem as informações e exerci- quando a escravidão terminasse.
Proponha aos estudantes que façam uma tem a argumentação oral. • MOURA, Clóvis. Quilombos:
pesquisa sobre o modo de vida em uma comu- Outra possibilidade é propor aos estudan- resistência ao escravismo. São
tes a produção de um podcast em que os Paulo: Ática, 1993.
nidade quilombola no município ou no estado
em que vivem. Organize-os em grupos e indique grupos apresentem os resultados da pesquisa A obra apresenta uma análise da
formação dos quilombos e da sua
pesquisas em mídias diversas. Incentive a coo- e depois façam uma audição coletiva. Nesse
importância como resistência ao
peração entre eles e a valorização dos diferentes caso, o podcast pode ser produzido com o escravismo.
processos de aprendizagem para que todos uso de aplicativos de aparelhos celulares.
179

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3 e 7: abordadas na aná­
lise, por meio de textos e documento
histórico, das ações de diferentes su­
Zumbi ontem e hoje
jeitos no contexto de escravidão; e Palmares sofreu constantes ataques de tropas portuguesas. Os holandeses, que ocupa-
na compreensão das repercussões no ram a capitania de Pernambuco entre 1630 e 1654, também tentaram destruir o quilombo.
tempo e no espaço das formas de re­
Sob a liderança de Zumbi, os habitantes de Palmares resistiram por décadas. Em
sistência da população negra.
1694, tropas comandadas pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho (1641-1705)
• CEH 1, 2, 3, 4 e 6: trabalhadas na dis­
cussão sobre a importância e o papel destruíram o quilombo. Perseguido, Zumbi foi morto no dia 20 de novembro de 1695.
de diferentes sujeitos históricos na so­ No século XX, lideranças do movimento negro no Brasil escolheram Zumbi como
ciedade brasileira ao longo do tempo; símbolo da luta dos negros contra a opressão, o preconceito e a discriminação. Em janeiro
e na interpretação e problematização
de 2003, foi estabelecido por lei que no dia 20 de novembro seria celebrado o Dia
em relação a um documento.
Nacional da Consciência Negra.
• Habilidades EF07HI10 e EF07HI15:
enfocadas no estudo do contexto his­ Essa data tem a função de despertar a atenção da população para a presença africana
tórico de escravidão a partir das ações na formação da sociedade brasileira e para a situação de desigualdade, preconceito e
de resistência dos escravizados e suas discriminação enfrentada pelos afrodescendentes ainda hoje no país.
consequências.
Tal situação de desigual-

ANDRE DIB/PULSAR IMAGENS


dade se manifesta, por exemplo,
PROCEDIMENTOS na diferença de remuneração
DIDÁTICOS entre negros e brancos. Hoje,
Ao trabalhar o item Zumbi a média de salário pago a um
ontem e hoje, na página 180, trabalhador branco no Brasil é
explique que Zumbi resistiu às praticamente o dobro da média
diversas ofensivas, mas acabou de salário recebido por um
sendo assassinado depois de o trabalhador negro. Da mesma
quilombo ser invadido e des- forma, é maior a presença de
truído. Em seguida, destaque o estudantes brancos nas escolas
nome dos líderes do Quilombo e nas universidades, apesar de
dos Palmares e pergunte por que a população negra e mestiça no
Zumbi se tornou mais conhecido Brasil ser mais numerosa que a
e também símbolo do movi- população branca.
mento negro. Receba e valorize
as informações dos estudantes.
Prossiga desenvolvendo a
ideia de que, muitas vezes, ele-
gemos símbolos para representar Mulher quilombola produz
sonhos, desejos de mudança ou farinha de mandioca do
visões da sociedade. Da mesma modo tradicional kalunga,
comunidade à qual
maneira, o movimento negro pertence. Monte Alegre de
reconheceu o esforço empre- Goiás (GO), 2018.
endido por Zumbi dos Palmares
e o escolheu como símbolo de 180
luta e resistência. Aproveite o
momento para discutir a eleição
de heróis nacionais, promovendo
um olhar crítico para o signi- AMPLIAR HORIZONTES
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ficado que essas personagens • SOUZA, Jessé. Como o racismo criou o Brasil. São Paulo: Estação Brasil, 2021.
têm historicamente e as razões O sociólogo busca compreender o racismo multidimensional na sociedade brasileira, demonstrando como ele
dessas escolhas. destrói o reconhecimento social e a autoestima de suas vítimas.
• TRABALHO escravo contemporâneo. Vitória: Ministério Público do Trabalho do Estado do Espírito Santo, n.
12, fev. 2015. Disponível em: http://www.mptemquadrinhos.com.br/pdf/HQ12.pdf. Acesso em: 27 jul. 2022.
O Ministério Público do Trabalho do Espírito Santo disponibiliza uma história em quadrinhos on-line que explica as di­
versas formas de trabalho análogas à escravidão.

180

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Olho vivo
OLHO VI VO Instigue a reflexão da turma
perguntando aos estudantes como
eles e seus familiares procedem
UM CIRURGIÃO NAS RUAS DO RIO DE JANEIRO quando têm dor de dente ou
Nas ruas do Rio de Janeiro do século XIX, era comum encontrar negros – escravizados alguma outra enfermidade. Após
ou não – trabalhando como cirurgiões. As consultas eram gratuitas, mas o tratamento, a contribuição da turma, esclareça
as sangrias e os medicamentos por eles preparados precisavam que, durante muitos séculos, não
ser pagos. Cirurgião: o ofício de cirurgião existiam no Brasil as profissões
(ou barbeiro-cirurgião) consistia de médico e de dentista como
Essa prática impressionou o pintor francês Jean-Baptiste em cortar cabelo e barba, realizar
Debret (1768-1848), que viveu no Brasil por 16 anos. Debret tinha pequenas cirurgias, fazer sangrias, conhecemos hoje. O que existia
aplicar ventosas e extrair dentes. era a profissão de barbeiro-cirur-
o hábito de sair às ruas e registrar o cotidiano da cidade e os Sangria: tratamento que
consiste na retirada de sangue gião, que poderia arrancar dentes,
tipos brasileiros (brancos, negros, indígenas, escravizados, liber-
do corpo do paciente para tratar curar uma ferida com emplastros
tos, senhores etc.). Confira a litografia aquarelada de Debret que certas doenças.
ou mesmo cortar cabelo.
representa um cirurgião negro e seus pacientes.
Apresente a técnica da san-
1 De acordo com as O cirurgião negro, Jean-Baptiste Debret. gria, feita por cortes ou por
tradições religiosas Litografia aquarelada do século XIX.
africanas, as enfermi-
sanguessugas, que visava ex-
6 purgar doenças do corpo enfer-
dades eram provoca-
das por maus espí- mo. Relacione essa técnica com
ritos. Para comba- 4
tê-las, era feita uma a litografia de Jean-Baptiste
3
sangria. Note que o Debret, da página 181, e aponte
sangue que escorre
da cabeça é reco- para a presença de escravizados
lhido em um chifre 5 1 ou africanos libertos na imagem.
de animal.
Destaque a relação entre a téc-
nica de sangria e as tradições
2 Chifres de boi cheios
d e s angue dos religiosas africanas, ressaltando
pacientes. a predominância de escraviza-
dos e africanos livres na profissão
3 A mulher do cirurgião
representado na gra- de cirurgião.
vura aguarda o tér- 7 Aproveite o momento de
mino das consultas
para receber o paga-
análise da imagem e pergunte
mento dos remédios
2
aos estudantes se conhecem
e das sangrias. outras técnicas tradicionais e
BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO

populares curativas, de trata-


4 Nas horas de folga, 5 Os filhos desse cirur- 6 A casa do cirur- 7 Paciente com ventosas aplica-
esse cirurgião fa - gião, acostumados gião representada das nas costas. Esse homem mento de doenças e uso de
bricava chapéus de a acompanhar o na gravura ficava é provavelmente um cativo. ervas medicinais, isto é, basea-
palha e cestos para pai em seu ofício, perto de uma O tratamento com ventosas
vender. presenciam a cena. grande praça. era comum na época. das em saberes transmitidos de
uma pessoa a outra, de geração
181 em geração. Peça-lhes exemplos
e comente sobre os inúmeros
conhecimentos técnicos e cien-
tíficos trazidos pelos africanos
AMPLIAR HORIZONTES
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ao Brasil e que contribuíram para
• MELLO E SOUZA, Marina de. África e Brasil
o desenvolvimento de diversas
africano. São Paulo: Ática, 2007. práticas relacionadas à saúde,
O livro traz uma ampla abordagem acerca do con- como práticas médicas, farma-
tinente africano, abrangendo diversidades locais, cêuticas e culinárias. Mas ressalte
cultura e história, antes e depois do indelével im- que nenhuma intervenção deve
pacto da escravidão. ser feita sem orientação médica
devido ao perigo de infecções etc.

181

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 5 e 7: abordadas com
os estudantes nesta dupla à medida

ENQUAN TO ISSO...
que analisam o contexto histórico es­
tudado no capítulo por meio de um
esquema e identificam a simultaneida­
de com eventos e fatos históricos que O JAPÃO SE FECHA
estavam ocorrendo no mesmo perío­
do em outros espaços. Nas primeiras décadas do século XVII, época em que Palmares já se consolidava como
• CEH 1, 2, 3, 4 e 5: trabalhadas na o principal quilombo da colônia portuguesa na América, o Japão decidiu se fechar para o
esquematização do conteúdo do ca­ mundo exterior.
pítulo e na compreensão do contexto
Temendo a ocupação de suas terras por outros povos, o governo japonês criou, entre
histórico para além do tempo e do es­
paço estudado. 1633 e 1639, um conjunto de leis restringindo o contato do Japão com as demais regiões
• Habilidades EF07HI13, EF07HI14 e do mundo.
EF07HI15: enfocadas na sintetização Na tentativa de isolar-se, impedindo assim a influência ocidental sobre a vida social e
do processo histórico da escravidão que a cultura japonesas, o governo proibiu a construção de navios capazes de navegar pelos
envolveu africanos e europeus em inte­
oceanos, interditou a importação e a exportação de mercadorias e obrigou os imigrantes
rações comerciais, sociais e culturais.
que viviam no Japão a se mudarem para uma ilha no porto de Nagasaki.
Até 1854, os estrangeiros que queriam viver no Japão só poderiam se estabelecer
PROCEDIMENTOS nesse local. Nessa época, após sofrer fortes pressões internacionais, o país viu-se obrigado
DIDÁTICOS a pôr um fim ao seu isolamento e abriu seus portos para o comércio mundial.

Enquanto isso...

ALBUM/FOTOARENA
Apresente um mapa-múndi
aos estudantes e localize os
atuais Brasil e Japão. Esclareça
que, enquanto o Brasil passava
pelo seu período colonial, os
ecos do colonialismo também
se faziam sentir do outro lado
do mundo. Nesse caso, o Japão
tomava medidas para resguar-
dar-se de investidas estrangeiras.
Faça duas linhas do tempo na
lousa: uma iniciando em 1500,
com a dominação portuguesa
nas terras que viriam a ser cha-
madas de Brasil, e outra, abaixo
da primeira, com início em 1633. Representação artística da ilha artificial de Deshima, construída na baía de Nagasaki, em 1634.
Insira alguns acontecimentos na
linha do Brasil, como as primei- A ilha tornou-se abrigo de imigrantes e comerciantes holandeses após a implantação das leis que
restringiam o contato dos japoneses com estrangeiros.
ras ofensivas contra Palmares,
as capitanias hereditárias e
outros eventos mencionados 182
neste capítulo ou nos anteriores.
Após completar a linha do Brasil,
insira também alguns marcos Atividade complementar
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da história japonesa e reforce Elaborar uma linha do tempo 3D


à turma que os eventos históri-
Essa atividade é ótima para integrar os estudantes com baixa ou nenhuma visão. Peça
cos ocorrem simultaneamente.
à turma que formem duplas. O ideal é que o(s) estudante(s) com deficiência visual (DV)
possa(m) escolher, para compor a dupla, alguém com quem tenha(m) mais familiaridade.
Forneça um barbante grosso e peça que deem um nó no fio. Depois, peça que escolham
quatro eventos que já estudaram neste capítulo e solicite que façam um nó na linha para
cada evento, considerando a distância proporcional entre eles. Na sequência, cada dupla
deverá apresentar os eventos e as razões pelas quais escolheram essas datas. Elas podem

182

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Esquema-resumo
ESQUEM A-RE SUMO Para que os estudantes
possam entender a importân-
CAPÍTULO 7 cia da organização visual de um
esquema-resumo, oriente-os
AFRICANOS NA COLÔNIA PORTUGUESA E AFRODESCENDENTES NO BRASIL a retomar o texto do capí-
tulo, dando especial atenção à
hierarquia dos títulos e intertí-
África: povos, etnias e culturas diferentes, alguns tulos, assim como ao tamanho
praticantes da escravidão das fontes (letras) de cada um
deles. Com base nessa observa-
ção, peça que elaborem outras
Século XVI: europeus incentivam a escravização e iniciam o opções de títulos que possam
tráfico de escravizados da África para as colônias
sintetizar um parágrafo ou um
conjunto de parágrafos. Lembre
a eles de seguir a ordem de
Brasil: africanos escravizados são vendidos nos portos e assuntos que consta no livro.
levados para trabalhar em lavouras e cidades
Oriente a turma a usar letra
de forma e, abaixo de cada um
dos títulos criados, escrever em
– Famílias e grupos étnicos são separados
letra cursiva as ideias secundá-
– Considerados mercadorias pertencentes a um senhor
– Vivem amontoados em senzalas rias ou as consequências. Peça
– Trabalho forçado e sem descanso que escrevam o texto cursivo
– Sofrem castigos e punições do modo mais conciso possí-
vel. Posteriormente, construa na
lousa, com a ajuda de todos, um
novo esquema que resuma os
Resistência à escravidão Participação na construção da assuntos abordados no capítulo.
Rebeliões sociedade brasileira
Agressões contra senhores Língua Atividade
Alimentação
Fugas individuais ou coletivas Os africanos trazidos para a
Formação de quilombos Manifestações artísticas
América eram geralmente sepa-
Religião
rados de suas famílias e de seus
grupos étnicos. Aqui, exerce-
Exclusão, preconceito ram ofícios e atividades diversas
e participaram ativamente da
construção da sociedade e da
Com base nas informações do esquema-resumo e na leitura do capítulo, descreva as condições de vida cultura brasileiras. Diante da
dos africanos escravizados na colônia portuguesa da América.
escravização, das violências e
Consulte comentários nas Orientações didáticas.
dos abusos frequentes, resisti-
183 ram das mais diversas maneiras,
iniciando rebeliões e fugas, que-
brando máquinas e ferramentas
responder às seguintes perguntas: por que esses marcos factuais e temporais são importan-
D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24-AV3.indd 183 16/07/22 14:08 ou até mesmo assassinando seus
tes? Por que os outros eventos não foram considerados? senhores ou feitores.
A atividade tem como objetivo mostrar aos estudantes que todos podem participar e
podem, também, fazer escolhas, assim como os historiadores optam por determinado objeto
de estudo. Se considerar válido, retome a ideia de divisão clássica da História em Pré-História,
Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Diga-lhes novamente
que tanto os nós feitos pelas duplas quanto os marcos da divisão clássica são escolhas arbi-
trárias, feitas de acordo com o grau de importância que se dá àqueles fatos.

183

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 6 e 7: abordadas na pro-
blematização dos principais pontos
trabalhados no capítulo, construindo
argumentos embasados e críticos so- AT IV IDADE S Consulte respostas esperadas e comentários adicionais
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
bre o tema. nas Orientações didáticas.
• CEH 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7: enfocadas na 1. Elabore um quadro comparando as características da escravidão moderna, da escra-
compreensão das características dos vidão no mundo antigo e da servidão na Idade Média.
contextos e fatos históricos analisados; e 2. Analise novamente o mapa da página 171, que representa as rotas comerciais criadas no
na produção de vídeo sobre a temática. norte da África a partir da conquista islâmica da região. Em seguida, identifique quais
• Habilidades EF07HI13, EF07HI14, foram as principais regiões do continente africano integradas nessas rotas comerciais.
EF07HI15 e EF07HI16: trabalhadas
3. A escravização, assim como a captura e a venda de cativos, já existia na África antes
na discussão das relações estabe-
do contato com os portugueses. Entretanto, o comércio de escravizados para a
lecidas na escravidão; nas causas e
consequências da violência do sistema América se intensificou com a chegada dos europeus.
escravocrata; e nas formas de resistên- Faça um fichamento para responder às seguintes perguntas. Confira, na seção Como
cia dos africanos. se faz…, orientações de como fazer um fichamento.
a) Como era a escravização na África antes do contato com os europeus?
b) Como o tráfico mudou as relações entre os povos africanos?
PROCEDIMENTOS
c) Como era feita a captura, a venda e o transporte dos africanos escravizados para a América
DIDÁTICOS e o Brasil?
Atividades 4. Apesar de toda a opressão e superexploração do trabalho, os escravizados sempre resis-
1. E scravidão moderna: tiram à dominação que lhes era imposta. Identifique as principais formas de resistência
dos cativos no Brasil escravista.
forte caráter mercantil, o
5. Os quilombos representaram a forma mais visível de resistência contra a escravidão.
escravizado era uma mer-
Sobre isso, responda às questões a seguir.
cadoria quase sem direitos,
a) O que era um quilombo e como ele se organizava?
e os escravizados eram afri-
b) Qual é a relação entre o Quilombo dos Palmares e o Dia Nacional da Consciência Negra,
canos. Escravidão antiga: celebrado em 20 de novembro?
caráter mercantil era menos 6. Em grupo com seus colegas, façam uma pesquisa sobre o legado da cultura africana
importante, sendo a guerra a e de seus descendentes na cultura brasileira. Selecionem um tópico (alimentação,
principal forma de obtenção idioma, festejos, música, religião, entre outros) para pesquisar.
de escravizados; não existia a Em seguida, apresentem o resultado de seu levantamento por meio de um vídeo.
associação entre escravidão e Confiram, na seção Como se faz…, orientações sobre como fazer uma pesquisa e
um grupo étnico. Servidão: como gravar um vídeo.
não existia uma relação 7. Um dos muitos objetivos do Dia Nacional da Consciência Negra é lembrar a impor-
tância dos africanos na formação da sociedade brasileira e a luta dos negros pela
mercantil, e o servo não era
igualdade de direitos no Brasil no passado e no presente.
considerado propriedade.
a) Junto a um colega, entrevistem uma pessoa negra ou mestiça.
2. As rotas comerciais islâmicas b) Procurem descobrir se essa pessoa sente orgulho de sua negritude.
interligaram o norte da África c) Perguntem como ela vê a situação do negro na sociedade brasileira e se já sofreu discriminação.
com regiões subsaarianas na d) Se possível, gravem a entrevista e tirem fotografias do entrevistado e do lugar onde mora
costa atlântica, na costa do ou trabalha.
Mar Vermelho e em alguns e) Com o auxílio do professor, montem um mural reunindo fotos e textos preparados nas etapas
anteriores. Se necessário, consultem, na seção Como se faz…, o passo a passo de como
territórios africanos próximos
fazer uma entrevista e um mural.
do oceano Índico. Assim, foi
possível articular um intenso 184
tráfico de mercadorias e pes-
soas escravizadas que percor-
ria longas extensões na África. e posteriormente vendidas e transportadas
D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24-AV3.indd 184 5. a) Espaços nos quais os cativos fugidos procu- 16/07/22 14:08

3. Na África, antes do século XVI, em navios negreiros para a América. ravam reconstruir parte da vida que levavam
havia a escravidão domés- 4. Fugas, organização de quilombos, assas- na África antes de serem escravizados.
tica e, após a chegada dos sinatos de seus senhores, destruição de Neles, as pessoas organizavam uma vida
europeus, a escravidão se máquinas ou ferramentas, incêndios para típica de aldeia, produzindo alimentos e
transformou em atividade destruir as plantações e promover revoltas. gêneros necessários para subsistência.
mercantil. Ou seja, houve A resistência à escravidão também se deu b) O Dia Nacional da Consciência Negra tem
um aumento significativo no pela luta para manter os hábitos culturais por objetivo lembrar quanto a sociedade
número de pessoas captura- de suas regiões de origem, como a língua, brasileira precisa avançar em relação à
das para serem escravizadas os costumes e os rituais religiosos. visão que tem da população negra, vítima
184

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8. b) Os quilombolas ameaçavam a colonização por provocarem assaltos e desordens, bem como pelo risco de começarem a destruir
PROCEDIMENTOS
as fazendas e outras propriedades dos colonizadores. Já os indígenas hostis provocavam a destruição de engenhos e fazendas, além DIDÁTICOS
de promoverem ataques aos colonos.
8. O texto a seguir é parte de uma carta escrita em 1597 pelo jesuíta Pero Rodrigues Atividade (continuação)
ao também jesuíta João Álvares. Nela, o religioso descreve a situação da colônia 6. No final da produção do
portuguesa na América e analisa as principais ameaças ao avanço da colonização.
vídeo, avalie se o material
Com base em seus conhecimentos e na leitura do texto, responda ao que se pede.
final está isento de induções
ou vieses que levem ao pre-
Os primeiros inimigos são os negros de Guiné levantados
Negro de Guiné: conceito ou ao reforço de
que estão em algumas serras, donde vem a fazer [assaltos]
nome genérico usado estereótipos sobre os africa-
e dar algum trabalho, e pode vir tempo em que se atrevam para designar as
a cometer e destruir as fazendas, como fazem seus parentes pessoas escravizadas
nos e afrodescendentes.
na ilha de São Tomé. vindas da África. 7. Oriente-os a consultar a seção
Gentio: forma como
Os segundos inimigos são uns gentios por extremo bár-
eram chamados os
Como se faz..., onde encon-
baros por nome Aimorés, os quais tendo quase destruídas indígenas. trarão os procedimentos para
as Capitanias dos Ilhéus e Porto Seguro, estão já no termo
a atividade. Ofereça exemplos
desta cidade, e tem feito o mesmo dano e estrago em alguns engenhos e fazendas
de perguntas que os auxiliem
e vão se cada dia fazendo mais fortes e ganhando mais terras. Estes não pelejam
em campo nem cometem onde primeiro são vistos, mas fazem [assaltos] nos matos
a montar o questionário. Ao
à traição, com arcos, flechas e tratam e ferem cruelmente a gente e de feridas tão final, exponha o conjunto
grandes que parecem de albardas. das entrevistas em um local
GOMES, Flávio. Palmares. São Paulo: Contexto, 2011. p. 48.
público da escola.
a) De acordo com o relato, quais eram as duas principais ameaças ao avanço da colonização
portuguesa? As duas principais ameaças ao avanço da colonização portuguesa eram os quilombolas
(negros de Guiné) e os indígenas (gentios) hostis.
b) De que forma os dois grupos apresentados no texto estariam ameaçando o avanço da
colonização portuguesa?
c) Para os jesuítas, os atos praticados por africanos e indígenas colocavam em risco o processo
de colonização. Do ponto de vista desses grupos, quais eram as justificativas para esses atos?
Os atos praticados por indígenas e africanos eram uma forma de resistência ao processo de colonização.
9. Em 1809, escravizados da região da Bahia lideraram um levante contra a escravidão.
As autoridades reprimiram o movimento, mas muitos cativos conseguiram fugir. Na
ocasião, o presidente da Câmara Municipal de Maragogipe, no Recôncavo Baiano,
fez o seguinte relato a esse respeito: 9. a) Eram pessoas escravizadas que haviam participado do
levante na região de Nazaré da Vila e Jaguaribe.

[…] os restantes escravos dos levantados da povoação de Nazaré da Vila de Jaguaribe


e roças respectivas têm desertado e entrado pelo distrito desta Maragogipe […] devendo
por isso recear que, induzindo e desencaminhando outros que em quietação vivem no
cativeiro e poder de seus senhores, entre em massa a fazerem aqui grandes desordens
e funestos sucessos semelhantes aos que tem sido presentes a V. Exa.
9. b) Ele temia que os escravizados
arregimentassem outros ao movimento, REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos. Revoltas escravas no Brasil.
São Paulo: Companhia das Letras, 2021. p. 193.
provocando “desordens” e ações “funestas”.
a) De acordo com o relato, quem eram as pessoas que chegavam a Maragogipe?
b) Que alerta foi feito pelo presidente da Câmara a respeito dessas pessoas?
c) Em seu entendimento, que argumentos os escravizados poderiam usar para conquistar a
adesão dos cativos locais ao levante de Maragogipe? Explique.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que os levantes lutavam pela liberdade.
185

dos mais variados tipos de discriminação e


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violência. O dia relembra a data da morte


de Zumbi dos Palmares, escolhido como
símbolo da luta dos negros contra a opres-
são, o preconceito e a discriminação étnica.

185

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A BNCC NESTA PÁGINA
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CECH 1, 2 e 6: presentes quando os
estudantes compreendem a existência 10. O músico Jorge Ben Jor compôs a música “Zumbi”, lançada em 1976 no disco
de sociedades plurais (no tempo e no África Brasil. Leia um trecho da música e responda ao que se pede.
espaço), reconhecem a importância de 10. a) Na música, há a presença da mão de obra escrava nos engenhos produtores de açúcar, nas
respeitá-las e, para isso, são capazes fazendas produtoras de café e no trabalho de colheita do algodão. Estátua de Zumbi
de construir argumentos ligados à pro­ Angola, Congo, Benguela dos Palmares em
10. b) A letra traz a informação
moção dos direitos humanos. Monjolo, Cabinda, Mina de que os escravizados
Salvador (BA), 2020.

• CEH 1, 2, 3 e 4: enfocadas quando o Quiloa, Rebolo eram vendidos em leilões e


estudante questiona e debate sobre as Aqui onde estão os homens transportados acorrentados
junto a carros de bois.
estruturas de poder estabelecidas his­ Há um grande leilão
toricamente, em diferentes espaços, e Dizem que nele há
sua influência nas transformações e Uma princesa à venda
permanências históricas nos proces­ Que veio junto com seus súditos
sos socioeconômicos locais e globais. Acorrentados em carros de boi
Eu quero ver quando Zumbi chegar

JOA SOUZA/SHUTTERSTOCK.COM
Eu quero ver o que vai acontecer
PROCEDIMENTOS Zumbi é senhor das guerras
DIDÁTICOS Zumbi é senhor das demandas
Quando Zumbi chega, é Zumbi quem manda
Vamos falar sobre... Pois aqui onde estão os homens
Dum lado, cana-de-açúcar
Trabalho Do outro lado, um imenso cafezal
Retome o conceito de tra- Ao centro, senhores sentados
balho análogo à escravidão Vendo a colheita do algodão branco
desenvolvido anteriormente, esti- Sendo colhidos por mãos negras
mulando os estudantes a refletir Eu quero ver quando Zumbi chegar
Eu quero ver o que vai acontecer
sobre o consumo de produtos
Zumbi é senhor das guerras
que envolvem mão de obra Zumbi é senhor das demandas
escravizada. Quando Zumbi chega, é Zumbi quem manda
E xplique a eles que há ZUMBI. Intérprete: Jorge Ben Jor. Compositor: Jorge Ben Jor. In: África Brasil. Intérprete: Jorge Ben Jor.
pontos em comum entre o tra- [S. l.]: CBS, 1976. Disponível em: https://www.letras.mus.br/jorge-ben-jor/86395/. Acesso em: 23 maio 2022.

balho análogo à escravidão na a) Os africanos escravizados desempenhavam diferentes atividades sob as ordens de seus se-
atualidade e a escravidão que nhores. Quais dessas atividades são citadas na canção?
aconteceu no Brasil séculos atrás. b) A música aborda questões como as formas de venda e a violência no transporte dos escra-
Um dos pontos cruciais é a impos- vizados. Localize uma passagem em que essas questões aparecem na letra da canção.
sibilidade de o trabalhador mudar c) Com base na leitura do capítulo, explique quem foi Zumbi e de que maneira ele é represen-
de local de trabalho quando tado na canção. 10. c) Zumbi foi o principal líder do Quilombo dos Palmares e, no século XX, foi transformado
em símbolo da luta histórica da população negra contra o preconceito e a opressão. Na
deseja, outro é a relação extrema- canção, ele é representado como um guerreiro, símbolo de esperança, capaz de tirar o povo
mente desigual entre empregado VAMOS FALAR SOBRE… TRABALHO negro da situação de opressão em que vivia.

e empregador, ou entre senhor Como estudamos neste capítulo, ainda hoje existem trabalhadores em condições
e escravizado. Depois, apresente análogas à escravidão. Reúna-se com um colega e reflitam sobre o que pode ser feito
as diferenças entre essas formas para garantir que todo trabalhador exerça uma função dignamente. Compartilhem suas
de exploração do trabalho. Para reflexões em uma roda de conversa com a turma. Confira comentários nas Orientações didáticas.
isso, leia e utilize como base o
Manual de combate ao tra- 186
balho em condições análogas
às de escravo. Disponível em:
http://www.mpf.mp.br/atuacao famosas, já foram condenadas186por usar esse
D3-HIST-F2-2108-V7-168-186-U3-CAP7-LA-G24-AV3.indd a importância de saber a origem dos produtos 16/07/22 14:08

-tematica/ccr2/coordenacao/ tipo de trabalho forçado, assim como a indús- que consumimos e evitar marcas envolvidas com
comissoes-e-grupos-de-trabalho/ tria de celulares e de extrações minerais. Grande denúncias de trabalho análogo à escravidão.
escravidao-contemporanea-migrado-1/ parte da indústria de chocolates, por exemplo, Na roda de conversa, procure valorizar a
notas-tecnicas-planos-e-ofici também tem envolvimento com trabalho infan- pluralidade de ideias da turma, instigando-
nas/combate%20trabalho%20 til e análogo à escravidão. -os a defender seus pontos de vista sempre
escravo%20WEB%20MTE.pdf. Lembre à turma de que existem leis con- tendo como base os direitos humanos, uma
Acesso em: 27 jul. 2022. denando aqueles que exploram mão de obra cultura de paz na escola e na sociedade em
Explicite que muitas con- escravizada, mas que ainda assim esse tipo de geral, e o respeito às diferenças.
fecções, incluindo de marcas crime é muito comum em nosso país. Ressalte
186

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A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
ULO

8
APÍT • CECH: 1, 2, 3, 4, 6 e 7.
C
A PRODUÇÃO DE AÇÚCAR • CEH: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.

E OS HOLANDESES Habilidades
• EF07HI01 • EF07HI11 • EF07HI13
• EF07HI14 • EF07HI15 • EF07HI16

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A BNCC NESTA PÁGINA


• CECH 2 e 3: abordadas na compreen-
• Compreender a organização da sociedade açucareira. são do contexto histórico estudado a
• Conhecer as condições de vida dos trabalhadores escravizados nos engenhos partir de suas características e da in-
de açúcar. tervenção dos diferentes grupos no
• Entender o processo de ocupação do Nordeste pelos holandeses. tempo e no espaço.
• Identificar as diferenças salariais e a taxa de desemprego entre brancos e • CEH 1 e 3: enfocadas na análise críti-
negros no Brasil. ca de fatos históricos decorrentes do
contexto estudado.
• Habilidade EF07HI13: trabalhada no
Entre os ingredientes que você consome todos os dias, um deles se destaca pelo sabor estudo das ações dos colonizadores
e pelo prazer que pode proporcionar: o açúcar. Branco, cristal ou mascavo, o açúcar pode no território da colônia e das conse-
ser usado no preparo de sobremesas, pães e muitos outros alimentos. quências de suas práticas no tempo
Obtido de uma planta – cana-de-açúcar ou beterraba –, o açúcar é hoje uma das e no espaço.
substâncias mais consumidas no mundo. Encontrado em mercados, padarias, bares e feiras,
em geral é produzido em usinas industriais e, no Brasil, destaca-se como um dos principais
produtos de exportação.
A facilidade que temos hoje de conseguir açúcar contrasta com a situação vivida 500 anos
atrás. Artigo raro e de luxo, o açúcar custava muito caro, tornando-o tão precioso quanto o
ouro. Chegava a ser deixado como herança ALAMY/FOTOARENA

ou servia de dote de casamento. Nos séculos


XV e XVI, tinha grande valor econômico e,
por isso, foi o produto escolhido para iniciar
o processo de colonização do Brasil.
Neste capítulo, vamos conhecer os
motivos que levaram Portugal a plantar
cana-de-açúcar em terras brasileiras e
também estudar a sociedade que se desen-
volveu durante o período em que a colônia no modo de cultivar e preparar
portuguesa na América foi a maior produ-
os alimentos baseadas no lucro.
Diversos estudiosos atualmente
tora mundial de açúcar.
investigam os costumes alimen-
Dote: no Brasil Colônia, era costume o pai da noiva
tares, a nutrição, a questão da
pagar determinada quantia ao noivo para oficializar Natureza morta com bolos, Josefa de Óbidos. segurança e da soberania ali-
o casamento. Óleo sobre tela, 80 cm x 60 cm, c. 1676.
Bolos portugueses feitos com açúcar. mentar avaliando as relações de
poder, as apropriações e os apa-
187 gamentos culturais que estão por
trás de certos costumes e formas
de consumo que adotamos ao
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24-AV1.indd 187 costumes dos povos nativos e africanos 14/07/22mol-
14:15 longo do tempo. Essas reflexões
dando-os à sua cultura. podem contribuir para o pensa-
Ao iniciar as discussões do capítulo, con-
O açúcar, muito valorizado na Europa, agra- mento crítico dos estudantes,
verse com a turma sobre como muitos hábitos
dava o paladar dos colonizadores e foi escolhido para que possam fazer escolhas
alimentares frequentes nos dias atuais come- para ser produzido na colônia americana por mais conscientes, autônomas,
çaram a ser difundidos no processo colonial. ser muito lucrativo, integrando-se a uma ampla desenvolvendo habilidades
O açúcar foi trazido para a América portu- rede comercial. Até hoje, a indústria alimentí- socioemocionais e práticas de
guesa pelos colonizadores, que procuraram cia é muito lucrativa. Por essa razão, alguns autocuidado e autoconhecimento
implantar certas práticas e gostos alimentares alimentos são produzidos em detrimento de em relação ao próprio corpo, à
e, ao mesmo tempo, se apropriaram de muitos outros, assim como são feitas diversas opções saúde e à alimentação.
187

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3 e 7: abordadas na carac-
terização da sociedade de engenho
e na compreensão das dinâmicas da A IMPORTÂNCIA DO AÇÚCAR
produção de açúcar na colônia e dos Quando os portugueses chegaram ao território que depois seria chamado de
atores sociais envolvidos, utilizando-
Brasil, encontraram vastas extensões de terra próprias para a agricultura. A decisão
-se de linguagens distintas.
• CEH 1, 2, 5 e 6: trabalhadas na análise de plantar cana-de-açúcar não se deu por acaso. O açúcar era um produto de grande
crítica sobre as relações estabelecidas valor comercial na Europa. Além disso, os colonos portugueses tinham experiência
na sociedade de engenho e sobre o no plantio e na produção dele nas ilhas atlânticas Madeira e Açores. Ou seja, os
papel do açúcar na configuração po- portugueses estavam familiarizados com as técnicas necessárias para a manufatura
lítica, social e econômica da colônia,
do açúcar.
incluindo os fluxos populacionais para
as zonas de produção; e na problema- Em terras brasileiras, o açúcar foi produzido nos engenhos, construídos em lotes de
tização de documento. terra cedidos a colonos. A produção era feita em fazendas monocultoras que utilizavam
• Habilidades EF07HI11, EF07HI13 e a mão de obra de pessoas escravizadas. Chamamos de monocultura o sistema em que se
EF07HI14: enfocadas na identifica- produz apenas um tipo de produto, com o objetivo de exportá-lo, e não para consumo
ção das dinâmicas socioeconômicas
do mercado interno.
que envolviam as relações de produ-
ção e comércio açucareiros na colônia.
Zona da Mata açucareira (Século XVI)
40° O Com clima e solo propí-
PROCEDIMENTOS
ALLMAPS

cios, a partir do século XVI,


DIDÁTICOS a região conhecida por Zona
Além do valor do açúcar no da Mata açucareira (consulte
mercado europeu, esse tipo de o mapa desta página) era
atividade econômica também onde estavam concentradas
garantia para Portugal a fixação Nossa Senhora das Neves as lavouras de cana e os enge-
(atual João Pessoa)
da população no território nhos para sua transformação
Olinda
brasileiro. em açúcar. A proximidade
Utilize o mapa Zona da Mata com o mar facilitava o escoa-
açucareira (Século XVI), na 10º S
mento da produção, que era
página 188, para localizar os embarcada em navios para
principais focos de produção ser vendida na Europa.
Salvador
e escoamento de açúcar no
período. Explique que, geral- OCEANO
ATLÂNTICO
mente, o transporte era realizado
por animais de tração ou por Manufatura: fabricação manual
de qualquer produto.
escravizados. Reforce que os
escravizados eram a principal mão
de obra na região dos engenhos,
sendo forçados a longas jorna- Atual região Nordeste
Zona da Mata (Sub-região do atual Nordeste) Fonte: CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda.
das de trabalho. Comente que 0 175
Grandes centros produtores de açúcar Atlas geográfico Saraiva.
a monocultura de exportação São Paulo: Saraiva, 2013. p. 72.

do açúcar do período tornava


188
comum a falta de alimentos.

Atividade complementar muito importante para a economia


D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24.indd 188 brasileira. De -1-3-da-area-cultivada-de-cana-de-acucar-do- 04/07/22 13:43

acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia -pais; acesso em: 28 jul. 2022).
Analisar a produção e Estatística (IBGE), ela está presente em quase Discuta a reportagem com a turma, cha-
açucareira no Brasil hoje todo o território nacional. Conforme a pes- mando a atenção para a fabricação de etanol,
Proponha uma leitura e quisa “A geografia da cana-de-açúcar”, de um biocombustível originado da cana-de-açú-
discussão de texto sobre a pro- 2017, cerca de um terço da produção atual car. Esclareça os prós e os contras do etanol
dução açucareira atualmente está concentrada no cerrado paulista (dispo- desenvolvendo noções de sustentabilidade
em um trabalho interdiscipli- nível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov. com a turma.
nar com Geografia. Explique br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/
que a cana-de-açúcar ainda é noticias/19008-cerrado-paulista-concentra
188

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A SOCIEDADE DO ENGENHO Questione se os estudantes já
visitaram alguma fazenda colo-
Para saber mais sobre a sociedade açucareira, seus modos de vida, trabalho e coti- nial, em especial, algum engenho
diano, analise com atenção a imagem a seguir e seus detalhes, que nos dão algumas de açúcar. Em caso afirmativo,
pistas sobre a sociedade do engenho. A imagem é um desenho aquarelado, feito em pergunte sobre a localidade do
1933 pelo pintor pernambucano Cícero Dias (1907-2003). Trata-se de uma representação engenho, as condições das cons-
do Engenho Noruega, construído no século XVIII na Zona da Mata pernambucana. Partes truções e as principais impressões
desse engenho sobreviveram até o século XX. que tiveram.
Em seguida, peça-lhes que
IMAGEM CONDUTORA observem a imagem da página
189 com atenção e incentive-os
a identificar as principais cons-
truções retratadas. Comente que
o desenho ficou muito conhe-
cido por ter sido utilizado no
livro Casa-Grande & Senzala,
de Gilberto Freyre, importante
historiador brasileiro. Embora a
representação de Cícero Dias
possa ser considerada uma
idea­lização do cotidiano colo-
nial, a pintura passou a ser
utilizada como referência para
ilustrar como eram os engenhos
de cana-de-açúcar no período.
Casa-grande do Os estudos de Freyre sobre a
© DIAS, CÍCERO DOS SANTOS/AUTVIS, BRASIL, 2022

Engenho Noruega, escravidão no Brasil e a socie-


antigo Engenho
dos Bois, de Cícero
dade escravista ficaram muito
Dias. Ilustração conhecidos no país e configu-
aquarelada para o ram-se como leitura essencial
livro Casa-Grande
& Senzala, de para a área. No entanto, é
Gilberto Freyre. importante ressaltar que o
Pernambuco, 1933.
conhecimento histórico é um
processo em contínua construção
Como um desenho feito em 1933 pode ajudar a conhecer mais o dia a dia e, dessa forma, pesquisas sobre
de engenhos que funcionavam séculos antes? De fato, ao analisar uma imagem, sempre a escravidão e a produção açuca-
precisamos nos lembrar de que ela é uma representação. Neste caso, temos a visão reira no Brasil continuam sendo
de Cícero Dias sobre o que seria um engenho de açúcar e como seriam as relações entre desenvolvidas, apresentando
as pessoas que ali viviam. visões diferentes ou aprofun-
dadas sobre os temas.
189

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24-AV5.indd 189 o mapa, como recurso didático no26/07/22
ensino
21:07
PINA, Carolina Teixeira. Os
de História, objetiva assentá-lo também mapas e o ensino de História.
A utilização de mapas em sala In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL
em uma dimensão temporal sobre a qual
HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE,
de aula pouco se reflete. 3., 2017, Florianópolis. Anais
[...] A imagem enquanto documento não Discutir e legitimar tais produções carto- [...]. Florianópolis: Udesc, 2017.
deve ser considerada como simples ilus- gráficas como recurso didático é promover a Disponível em: http://eventos.
tração de um texto escrito; a primeira democratização dos lugares de vida através udesc.br/ocs/index.php/STPII/
IIISIHTP/paper/viewFile/594/373.
dimensão visual que se tem do mapa é da reconstrução crítica do passado haja vista
Acesso em: 28 jul. 2022.
acerca da territorialidade, fronteiras limita- que os mapas são um discurso condensa-
das, o que permite, de imediato, associá-lo do em imagens e têm sido pouco utilizados
com a disciplina de geografia. No entanto, na compreensão dos processos históricos.
189

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3 e 7: abordadas na iden-
tificação das particularidades da
formação dos engenhos, seu impac-
O que era um engenho?
to nas regiões onde foram instalados, Engenho é uma fazenda que cultiva e processa a cana-de-açúcar. No início, a palavra
as dinâmicas sociais estabelecidas en- engenho designava o local onde o açúcar era fabricado, especialmente a moenda, onde se
tre os grupos envolvidos; e no uso de
triturava a cana-de-açúcar. Com o tempo, passou a designar toda a estrutura da fazenda,
diferentes linguagens para o estudo.
com as plantações, o pomar, as moradias, a senzala, a moenda e outros espaços.
• CEH 1, 2, 3 e 6: trabalhadas na análi-
se das relações estabelecidas entre os O centro da vida econômica colonial era no engenho. Naquele espaço, viviam o
sujeitos no contexto histórico estuda- senhor da propriedade e sua família, pequenos proprietários, trabalhadores escravizados,
do; e na compreensão dos elementos trabalhadores livres – como carpinteiros e pedreiros –, entre outros.
do engenho.
A instalação de um engenho não era uma tarefa fácil nem barata. O colono precisava
• Habilidade EF07HI13, EF07HI14 e
arcar com todas as despesas de construção e manutenção, comprando maquinário, ferra-
EF07HI15: enfocadas na problema-
tização das dinâmicas comerciais mentas, alimentos e vestuário, além dos gastos com mão de obra.
existentes nas sociedades de engenho. Ao escolher o local da construção do engenho, era importante considerar a localização
geográfica e as características do terreno. A presença de rios na vizinhança ou no interior
PROCEDIMENTOS da propriedade facilitava o escoamento dos lotes de açúcar. Os rios eram importantes
também para o transporte de mercadorias e outros recursos fundamentais para o engenho,
DIDÁTICOS
como madeira para as fornalhas, tijolos, tecidos, barris de azeite e vinho, alimentos não
Relacione a explicação sobre
produzidos na propriedade, ferramentas etc.
os engenhos com a realidade
dos estudantes. Proponha uma

HANS VON MANTEUFFEL/


PULSAR IMAGENS
analogia com a escola em que Casa-grande do Engenho
estudam, pedindo que apontem Moreno, em Moreno (PE), 2021.
características como: a orga-
nização da estrutura física, a
composição da equipe escolar
(diretor, coordenador, profes-
sores, funcionários da limpeza,
da secretaria etc.), a localiza-
ção da escola e as formas de
acesso/transporte. Anote na
lousa as respostas e incentive-os
a relacioná-las às características
correspondentes num engenho.
Comente que, apesar de
grande parte da mão de obra
dos engenhos ser formada
por escravizados, ao longo do
tempo, o engenho constituiu-se
também de homens livres pobres.
Mesmo não sendo propriedade
dos senhores de engenho, essas 190
pessoas estavam atreladas a eles,
em um sistema de dependên-
cia, para sobreviver. Por falta de Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24-AV1.indd 190 do engenho, os sujeitos sociais que os ocupavam 14/07/22 14:15

opção, muitos ex-escravizados no cotidiano, as atividades realizadas em cada um


se mantinham nos engenhos, Pesquisa de campo em um e as memórias suscitadas pelos objetos, mobiliários
mas em novo regime de trabalho. engenho colonial e outros vestígios encontrados. Com a orientação
A proposta é uma atividade interdisciplinar do professor de Geografia, os estudantes podem
com Geografia, agregando grupos grandes produzir um mapa do território do engenho. Após
de estudantes. Investigue a existência de a visita, promova uma roda de conversa para todos
fazendas coloniais preservadas na região e a compartilharem os elementos da cultura material
possibilidade de deslocamento até o local. que permitem levantar hipóteses sobre a vida
A turma poderá verificar diferentes espaços das pessoas naquele espaço.
190

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
O senhor do engenho Proponha uma análise com-
parativa entre a imagem da

© DIAS, CÍCERO DOS SANTOS/AUTVIS, BRASIL, 2022


No centro da imagem a seguir, foi representada IC
casa-grande e as moradias dos
a casa-grande, residência do senhor de engenho e de
escravizados na ilustração de
sua família. Geralmente, era construída no centro da
Cícero Dias, nas páginas 191 e
propriedade e em local elevado, tinha amplas varandas
192. Peça aos estudantes que
e muitos cômodos; dela era possível avistar toda a pro-
observem com atenção as duas
priedade e vigiar o trabalho de todos.
construções e destaquem suas
A casa-grande representava o poder concentrado
diferenças. Em seguida, pergunte
nas mãos do senhor. Alguns estudiosos destacam que sobre como eles acham que seria
existiram engenhos administrados por mulheres, morar nesses lugares, pedindo-
embora não fosse uma prática comum. -lhes que identifiquem algumas
Detalhe da ilustração das dificuldades e facilidades de
Casa-grande do cada um.
Engenho Noruega. Ao explicar o cotidiano dos
A casa-grande era a
residência do senhor senhores de engenho e de
e de sua família. suas famílias, incentive-os a
imaginar como seriam essas
relações, tendo como referên-
cia seus cotidianos familiares e
domésticos. Questione-os sobre
quais seriam as dificuldades
enfrentadas por uma mulher ao
administrar um engenho naquele

© DIAS, CÍCERO DOS SANTOS/AUTVIS, BRASIL, 2022


período.
Pergunte se eles conhecem
mulheres que administram
fazendas nos dias atuais. Caso
a escola tenha acesso à internet,
proponha que façam uma pes-
quisa sobre o assunto. Converse
Em geral, a sociedade açucareira vivia na dependência do senhor de engenho: esposa, com a turma sobre a impor-
filhos e empregados eram submissos a ele. À esposa cabia a supervisão dos trabalhos tância de homens e mulheres
domésticos e o cuidado com a educação dos filhos: os meninos eram preparados para poderem exercer suas profissões
administrar a propriedade (principalmente o primogênito), e as meninas costumavam ser de maneira justa e igualitária,
educadas para conseguir um bom casamento. sem discriminação.
O senhor de engenho controlava a vida política da região, Primogênito: o
exercendo cargos nas câmaras municipais e indicando protegidos primeiro filho de um
casal.
seus para ocupar postos nos serviços públicos de prestígio.

191

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24-AV5.indd 191 semelhante; miniaturas montadas com 26/07/22
madeira,
21:09 proponha uma exposição dos
plástico, isopor ou sucata; entre outras pos- trabalhos e convide a comu-
Construir uma maquete de um sibilidades. Oriente os estudantes a utilizar nidade escolar para prestigiar.
engenho materiais já disponíveis na escola, estimulando Cada grupo deverá ser responsá-
Organize a turma em grupos e proponha o uso consciente dos recursos. vel por apresentar sua maquete
que façam representações das construções e de Solicite a eles que numerem e descrevam no dia da exposição.
outros elementos que compõem um engenho. em uma legenda todos os itens da maquete.
As representações podem ser feitas com: dese- Os números devem ser colocados ao lado de
nhos em papel colados em palitos e fixados cada item e a legenda deve ser anexada na
em uma base de isopor, cortiça ou material parte inferior da maquete. Depois de prontos,
191

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 4 e 6: trabalhadas com os estu-
dantes fazendo com que analisem as
relações entre os diversos sujeitos e
A capela e a senzala
grupos sociais presentes na sociedade Próximo à casa-grande ficava a capela, onde se IC
do engenho, incluindo a Igreja Católi- realizavam batizados, casamentos e funerais. Era forte a
ca, e formulem argumentos com base
presença da Igreja Católica no cotidiano do engenho. Na
em documentos históricos.
imagem analisada, uma grande cruz marca a entrada da
• CEH 1 e 4: abordadas na problemati-

© DIAS, CÍCERO DOS SANTOS/AUTVIS, BRASIL, 2022


zação e compreensão das diferentes casa-grande (detalhe a seguir).
relações e visões dos grupos e indiví­ Outro espaço do engenho era a senzala, geralmente
duos da sociedade colonial como parte formada por imensos galpões onde ficavam os cativos
do contexto histórico do período.
quando não estavam trabalhando. Em média, os enge-
• Habilidade EF07HI15: enfocada na
nhos contavam com um número que variava de 50 a 150
discussão das relações empreendidas
pelos atores sociais da época. escravizados empregados em diversas atividades.

PROCEDIMENTOS
Detalhe da
DIDÁTICOS ilustração
Casa-grande
Aborde com a turma a cen- do Engenho
tralidade da Igreja Católica Noruega. O artista
durante o período colonial. representou
adultos e crianças
Explique que era comum a na senzala
existência de uma capela nos em situação

© DIAS, CÍCERO DOS SANTOS/AUTVIS, BRASIL, 2022


grandes engenhos e que os de felicidade
e harmonia. É
padres circulavam nessas regiões possível perceber
realizando missas, casamentos, também situações

© DIAS, CÍCERO DOS SANTOS/AUTVIS, BRASIL, 2022


de violência, como
batizados, entre outros eventos a de uma criança
religiosos. O catolicismo era branca, segurando
praticado não apenas pelos um chicote, que
corre atrás de uma
senhores de engenho, mas criança negra.
Detalhe da ilustração Casa-grande
também pelos escravizados, do Engenho Noruega. A cruz
apesar de eles também segui- representa a presença da Igreja
Católica no cotidiano do engenho.
rem suas religiões de matrizes
africanas. Outros cativos trabalhavam como empregados domésticos no interior da casa-grande,
Ressalte que a separa - sobretudo as mulheres. A maioria dos trabalhadores escravizados, entretanto, cuidava da pro-
ção entre o Estado e a Igreja dução do açúcar. A carga excessiva de trabalho, os castigos e a má alimentação encurtavam
era difusa naquela época e os a vida dos cativos e provocavam grande rotatividade de mão de obra. Em fins do século XVII,
casamentos realizados pelos a expectativa de vida de um escravizado chegava a mais ou menos 23 anos de idade.
padres tinham validade jurídica. Como você estudou no capítulo 7, os escravizados resistiam a essa situação de diversas
Diferentemente dos dias atuais, maneiras: fugiam para quilombos, destruíam o maquinário, trabalhavam em ritmo mais
nos quais as crianças recebem lento, incendiavam as plantações e também organizavam levantes contra seus senhores.
uma certidão ao nascerem, era
muito comum no período colo- 192
nial que a certidão de batismo
servisse como uma forma de
identificar as pessoas. eram organizados por famílias 192
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24-AV5.indd ou afinidades, condições de vida. Apesar de raros, existiam 26/07/22 21:09

Ao explicar o cotidiano locais de origem, entre outros. também escravizados que conseguiam juntar
dos escravizados, comente Retome as discussões do capítulo anterior dinheiro para comprar suas alforrias ou as rece-
que o modelo de moradia de sobre a resistência dos escravizados contra biam como presente de seus senhores.
escravizados é conhecido como essa condição, lembrando que foram utilizadas
senzala-galpão. Existiam diver- diversas estratégias para enfrentar os maus-tra-
sas maneiras de organizar os tos, o trabalho excessivo e a violência. Alguns
espaços de vivência entre os optavam por fugir das fazendas, formando
escravizados, alguns separavam os quilombos, outros adotavam a negocia-
os homens das mulheres, outros ção com os senhores, para garantir melhores
192

D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-C08-MPU-G24.indd 192 20/08/22 20:20


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Como o açúcar era fabricado? Se possível, procure aproximar
o objeto de estudo do cotidiano
A cana-de-açúcar era cortada, amarrada e trans- IC do estudante, levando para a
portada em carros de boi desde as distantes lavouras
sala de aula alguns produtos
até a casa de engenho. Lá, os feixes de cana eram
feitos com caldo de cana, como
levados para a moenda, onde se produzia o caldo.
o melaço, o suco de garapa e a

© DIAS, CÍCERO DOS SANTOS/AUTVIS, BRASIL, 2022


rapadura. Pergunte aos estu-
dantes se já acompanharam a
produção ou experimentaram
algum desses alimentos e, em
caso afirmativo, incentive-os a
compartilhar a experiência.
Anote na lousa os estágios
de produção do açúcar no
período colonial desde o pro-
© DIAS, CÍCERO DOS SANTOS/AUTVIS, BRASIL, 2022

cesso de moagem da cana e


obtenção do caldo até a produ-
ção dos pães de açúcar. Incentive

© DIAS, CÍCERO DOS SANTOS/AUTVIS, BRASIL, 2022


a turma a fazer desenhos no
caderno, ilustrando cada uma
dessas etapas. Sobre a moagem
Detalhe da ilustração Casa-grande da cana, comente que esse pro-
do Engenho Noruega. No canto cesso ainda pode ser encontrado
inferior esquerdo da imagem inteira,
foi representada a casa de engenho,
em diversos lugares do Brasil,
onde estavam os objetos necessários principalmente nas feiras livres. É
à produção, como tachos e pás, e o Detalhe da ilustração Casa-grande do Engenho comum a existência de barraqui-
maquinário utilizado na manufatura Noruega. Os carros de boi transportavam a
do açúcar, como as moendas. cana-de-açúcar e outras mercadorias. nhas onde a cana é moída para
produzir a garapa (ou caldo de
O caldo obtido, chamado de garapa, era fervido nas fornalhas (note a chaminé represen-
cana), uma bebida muito doce
tada na aquarela) para engrossar e se transformar no melado. Os escravizados não podiam
e bastante apreciada entre os
parar de mexê-lo, tarefa que os expunha durante horas seguidas ao calor das fornalhas. brasileiros.
O melado era despejado em cones de argila para esfriar e se condensar. Em seguida,
era levado à casa de purgar, etapa que o cristalizava e branqueava. Confira o detalhe
na ilustração: os tachos de melado ficavam em uma grade elevada do chão para que as
impurezas escorressem.
Nos galpões, os pedaços endurecidos, chamados pães de açúcar, eram quebrados
em grãos e armazenados em caixotes. Depois, eram transportados por tropas de mulas até
o litoral para serem enviados à Europa. Em determinados períodos do ano, os engenhos
chegavam a funcionar 24 horas por dia.

193

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24-AV5.indd 193 sem fim, às vezes bem, às vezes26/07/22
malsu-
21:10
Aldeia dos Anjos. In: ENCONTRO
cedidas... Só sugerimos que, ao lado da ESCRAVIDÃO E LIBERDADE
Negociação e conflito NO BRASIL MERIDIONAL, 5.,
sempre presente violência, havia um espa- 2011, Porto Alegre. Anais [...].
O escravo aparentemente acomodado ço social que se tecia tanto de barganhas Porto Alegre: UFRGS, 2011.
e até submisso de um dia podia tornar-se quanto de conflitos. Disponível em: http://www.
o rebelde do dia seguinte, a depender da escravidaoeliberdade.com.br/
REIS, João José; SILVA, Eduardo. Negociação site/images/Textos5/pedroso%20
oportunidade e das circunstâncias. Vencido
e conflito: a resistência negra no Brasil wagner.pdf. Acesso em:
no campo de batalha, o rebelde retorna- escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 28 jul. 2022.
va ao trabalho disciplinado dos campos 1989. p. 7. apud PEDROSO, Wagner de
de cana ou café e a partir dali forcejava Azevedo. As relações sociais e familiares
os limites da escravidão em negociações na estruturação de um plano insurrecional na
193

D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-C08-MPU-G24-AV1.indd 193 22/08/22 13:46


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3: enfocada na descrição das
ações dos holandeses na colônia e suas
consequências. OS HOLANDESES NA COLÔNIA
• CEH 1, 2 e 5: trabalhadas na discussão Desde o início das instalações dos engenhos na colônia portuguesa, os holandeses
sobre as relações de poder envolven- participaram ativamente do comércio açucareiro. Eles emprestavam dinheiro para os senho-
do a União Ibérica e a Holanda (Países
Baixos); e sobre as transformações
res de engenho e dominavam a compra, a venda, o refino, o transporte e a distribuição
implementadas na colônia, principal- do açúcar na Europa.
mente com a chegada dos holandeses Em 1578, com a morte do rei de Portugal, as relações entre portugueses e holandeses
na região do atual Nordeste do Brasil. foram abaladas. Sem um sucessor direto ao trono, o governo de Portugal ficou nas mãos
• Habilidade EF07HI13: abordada na ca- do rei da Espanha, Felipe II, neto de um antigo monarca português. Assim, em 1580, as
racterização das práticas dos holandeses
monarquias de Portugal e Espanha foram unificadas na chamada União Ibérica.
e seus efeitos na sociedade colonial.
O rei Felipe II proibiu os holandeses, inimigos da Espanha, de atracarem seus navios
no litoral nordestino e de fazerem negócios com os senhores de engenho.
PROCEDIMENTOS Com a ameaça de perder sua principal fonte de riquezas, os holandeses decidiram
DIDÁTICOS invadir o atual Nordeste brasileiro para se apoderar de toda a produção açucareira da
Utilize um mapa-múndi região. Para tanto, foi criada a Companhia das Índias Ocidentais, uma organização
ao explicar as relações entre comercial e militar com o objetivo de controlar importantes entrepostos comerciais nas
Portugal, Espanha, Holanda e Américas.
produção de açúcar no Nordeste.
RIJKSMUSEUM, PAÍSES BAIXOS

Contextualize os territórios no Refino: processo que


mapa e explique que no século consiste em tornar mais
XVI os territórios da Holanda finos e sem impurezas
determinados
ainda não estavam definidos produtos.
como estão atualmente. Explique Ibérico: relativo à
que os Países Baixos, popular- Península Ibérica, onde
se situam Portugal e
mente conhecidos como Holanda, Espanha.
são formados atualmente por
uma monarquia constitucional
parlamentar democrática.
Detalhe as especificidades da
relação entre a União Ibérica e
os Países Baixos partindo das
conquistas de Felipe II. O rei da
Espanha conquistou o trono portu-
guês em 1580, beneficiando-se dos
conflitos conhecidos como Guerra
de Sucessão Portuguesa. Explique
que o governo de Portugal havia
A instrução dos navegadores, gravura atribuída ao holandês Crispin
ficado vago com a morte do jovem van de Passe, Amsterdã, 1652. O comércio do açúcar envolvia
rei português D. Sebastião, em diferentes atividades, como elaboração de mapas, criação de manuais
1578, e de seu tio e sucessor de navegação para pilotos e estudos em lugares especializados.

cardeal D. Henrique, em 1580. 194


Comente com a turma que,
apenas um ano antes, a região
das Dezessete Províncias dos
Países Baixos proclamou indepen- Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24.indd 194 lonização do Brasil, [...]. A conquista do 04/07/22 13:44

litoral oriental [demonstrava] a preocu-


dência em relação à Monarquia A União Ibérica e a expansão oficial
pação da Coroa espanhola em consolidar
Espanhola, seguindo-se uma [...] o rei Dom Sebastião I morrera na ba- sua presença nessa parte do Brasil e evi-
guerra contra o governo de Felipe talha de Alcácer-Quibir, [sem] herdeiros. [...] tar a ocupação estrangeira.
II. Foi por isso que os holandeses Felipe II tomou a Coroa portuguesa,
foram considerados inimigos da A UNIÃO Ibérica e a expansão oficial. Multirio.
unindo Portugal e Espanha. Esse fato fi-
Rio de Janeiro, c1995-2022. Disponível em:
União Ibérica. O conflito durou cou conhecido como União Ibérica, que se http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/historia-
cerca de 80 anos e só foi encer- estendeu até 1640. do-brasil/america-portuguesa/80-ocupacao-
rado com a assinatura da Paz de O período da União Ibérica marcou uma litoranea/8731-a-uniao-iberica-e-a-expansao-
Vestfália, em 1648. mudança na orientação da política de co- oficial. Acesso em: 8 ago. 2022.
194

D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-C08-MPU-G24.indd 194 20/08/22 20:20


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A conquista do Nordeste Explique aos estudantes que,
apesar dos conflitos com a
Em 1624, esquadras holandesas chegaram à capitania da Bahia, bombardearam
Espanha, os Países Baixos forma-
Salvador e invadiram a cidade. No entanto, a resistência local impediu que avançassem
ram uma das maiores potências
rumo ao interior, onde ficavam concentrados os engenhos. O governo da União Ibérica
navais e comerciais do século
enviou reforços e, em 1625, os holandeses foram expulsos, mas planejaram um novo
XVII. Em 1602, foi organizada a
ataque, dessa vez dirigido ao maior produtor mundial de açúcar da época: Pernambuco.
Companhia das Índias Orientais,
Em 1630, os militares da Companhia das Índias Ocidentais conseguiram ocupar Olinda que ocupou regiões na Ásia e
e Recife. Nos anos que se seguiram, expandiram seus domínios para outras regiões do desenvolveu negócios lucrati-
Nordeste, como mostra o mapa a seguir. Em 1637, a Companhia das Índias Ocidentais vos. Interessados em ampliar
enviou à América o nobre holandês João Maurício de Nassau-Siegen (1604-1679) para sua atuação no Ocidente, os
administrar toda a região, batizada com o nome de Nova Holanda. holandeses também monta-
A administração de Nassau buscou recuperar a economia local, prejudicada pelas ram a Companhia das Índias
guerras de conquista. Seu governo emprestou dinheiro aos senhores de engenho, fiscalizou Ocidentais em torno de 1620.
o fornecimento de mão de obra escravizada, estabeleceu leis, nomeou juízes e funcionários Utilize o mapa político bra-
para a administração, garantiu liberdade de culto aos judeus e católicos, além de igualdade sileiro para localizar as diversas
de direitos a todos os moradores livres, holandeses ou portugueses. regiões ocupadas pelos holande-
A paisagem do Recife foi transformada com a reestruturação de ruas, construção de ses: Salvador, invadida em 1624,
canais, pontes, palácios, museus, zoológicos e até mesmo um observatório astronômico. e a região de Olinda e Recife,
A administração de Nassau também patrocinou a vinda de estudiosos, artistas e cientistas em Pernambuco, tomada em
para documentar os aspectos característicos da região. 1630. É importante que a turma
tenha claro que a extensão terri-
Ocupação holandesa (século XVII) torial que conhecemos hoje foi
40° O resultado de movimentos distin-
ALLMAPS

São Luís (1641) tos ocorridos desde o período


Fortaleza colonial.
Aponte que a chegada de
Forte dos Reis Magos Maurício de Nassau, em 1637,
Cabedelo (1634)
Frederícia (1635) trouxe uma nova fase para a
Forte Orange
Olinda (1630)
Forte de Nazaré
Serinhaém Cidade Maurícia (Recife) (1630)
ocupação holandesa no Brasil.
Forte do Rio Formoso
Porto Calvo (1635)
Além do desenvolvimento eco-
Penedo
Forte Maurício
nômico e cultural da região,
10° S
Nassau chegou a atacar Salvador
OCEANO
SALVADOR ATLÂNTICO em 1638, não obtendo êxito.
(1624-1625-1638)
Entretanto, conseguiu expan-
dir seus domínios até a região
União Ibérica (1580-1640) de Sergipe.
Zona de influência holandesa Fonte: BRASIL 500 anos
0 210
Forte (1620-1714). São Paulo: Nova
Cultural, [199-]. v. 3, p. 137.
je lembrado como Maurício,
195 o Brasileiro.
SILVA, Leonardo Dantas.
João Maurício: um príncipe
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24.indd 195 encontra-se hoje instalado o Museu 04/07/22Real
13:44 renascentista em terras do
de Pintura. Novo Mundo. In: VIEIRA,
João Maurício: um príncipe Se a mesma pergunta for feita a qualquer Hugo Coelho; GALVÃO, Nara
renascentista em terras do Novo Neves Pires; SILVA, Leonardo
colegial do Recife, o interlocutor logo ficará Dantas (org.). Brasil holandês:
Mundo sabendo que se trata do Governador do Bra- história, memória e patrimônio
Quem, ao chegar a Haia, perguntar pelo sil Holandês, responsável pela construção compartilhado. São Paulo:
Príncipe João Maurício de Nassau, só en- de uma nova cidade, com pontes, palácios, Alameda, 2012. p. 125. Disponível
observatórios astronômicos, jardins botâni- em: http://www.mundoatlantico.
contrará uma explicação através de algum
org/coloquiobrasilholandes/
erudito holandês de que se trata do Sta- cos, bem como pela edição de livros e pelo DOWNLOAD/vieira-BRASIL_
dhouder de Cleve, pertencente à Casa de patrocínio dos primeiros divulgadores da HOLANDES-2012.pdf. Acesso em:
Nassau, em cuja residência, a Mauritshuis, paisagem brasileira na Europa; ainda ho- 28 jul. 2022.
195

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3 e 6: abordadas no estudo e na
construção de argumentos (embasa-
dos em documentos históricos) sobre
A expulsão dos holandeses
o contexto que originou a expulsão Em 1640, com o fim da União Ibérica, Portugal reconquistou sua autonomia, e foram
dos holandeses e suas consequências; firmados acordos de paz entre holandeses e portugueses.
e na discussão sobre os conflitos en-
Nessa mesma época, a produção açucareira nordestina começava a entrar em crise por
tre Recife e Olinda e suas repercussões
na região. uma série de fatores, entre eles a queda dos preços do açúcar na Europa e problemas no
• CEH 1, 2, 3 e 4: trabalhadas na análi- interior dos engenhos, como epidemias, incêndios e inundações. As dívidas dos colonos
se crítica das estruturas de poder do junto à Companhia das Índias Ocidentais aumentaram, e esta passou a pressionar mais a
contexto histórico; na identificação cobrança e aumentar os impostos.
do ponto de vista de diferentes atores
O descontentamento dos proprietários, que temiam a perda de suas posses, gerou
sociais do período; e no incentivo ao
estudante para apresentar argumen- um movimento de forte oposição aos holandeses, o que culminou em uma guerra. Após
tos sólidos sobre o tema em estudo. dois anos de batalhas, entre 1648 e 1649, Portugal recuperou novamente o seu centro
• Habilidade EF07HI13: enfocada com os produtor ultramarino.
estudantes ao possibilitar a identifica- Com a experiência do plantio adquirida no Brasil, a Holanda passou a produzir açúcar
ção e análise dos diversos elementos
nas Antilhas (América Central). Sem as fontes de financiamento e com a concorrência do
que culminaram na expulsão dos ho-
landeses e na Guerra dos Mascates. produto antilhano, a produção da colônia portuguesa entrou novamente em crise.
Atualmente, o Brasil ainda tem extensas plantações
Etanol: substância obtida a partir
PROCEDIMENTOS de cana-de-açúcar, que, além de matéria-prima do da cana-de-açúcar utilizada na
açúcar, é utilizada para produzir etanol. produção de combustíveis, alimentos,
DIDÁTICOS medicamentos, tintas, solventes e
outros produtos.
Incentive a turma a imaginar
as dificuldades enfrentadas pela 1. Elabore uma linha do tempo destacando os acontecimentos mais importantes
população local durante o con- relacionados à invasão dos holandeses no Nordeste. Consulte, na seção Como se
flito que levou à expulsão dos faz…, orientações sobre como fazer uma linha do tempo.
holandeses. Explique que nessa Produção pessoal. Consulte comentários nas Orientações didáticas.

época os portugueses e os senho- Fazenda de cana-de-açúcar em São José do Rio Claro (MT), 2021.
res de engenho, bem como parte
da população local, estavam envol-
vidos em batalhas para restaurar
seus territórios. Muitos escravizados
aproveitaram o contexto de insta-
bilidade para fugir das fazendas e
organizaram-se em quilombos.
Ressalte que entre os anos de
1648 e 1649 ocorreu uma impor-
tante vitória da população local

MARIO FRIEDLANDER/PULSAR IMAGENS


no Monte dos Guararapes,
o que determinou um grande
avanço da luta contra os holan-
deses. Atualmente, a região faz
parte do Parque Histórico Nacional 196
dos Guararapes, tombado pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan), em 1971. Comente que ainda é muito comum encon-
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24-AV4.indd 196 Atividade 16/07/22 18:16

Entre as atrações está a Igreja de trar, em Recife, pessoas cujos antepassados 1. Principais datas e acontecimentos: 1580: início
Nossa Senhora dos Prazeres, cuja são holandeses. Se considerar válido, aborde da União Ibérica; 1624-1625: os holandeses
construção foi iniciada pelo gover- também o sentimento positivo que parte da atacam Salvador e são expulsos; 1630: a
nador de Pernambuco, Francisco população nutre até hoje em relação ao passado Companhia das Índias Ocidentais ocupa
Barreto de Meneses, em agrade- holandês. Para algumas pessoas, o período Olinda e Recife; 1637: o príncipe Maurício
cimento pelas vitórias alcançadas da administração de Nassau foi marcado pela de Nassau ocupa o cargo de governador
contra os holandeses. Ressalte prosperidade e pelo progresso, que teriam sido das terras dominadas pelos holandeses;
a importância de se conservar o interrompidos pela retomada da região pelos 1648-1649: Portugal recupera o controle
patrimônio histórico. portugueses. de quase todo o atual Nordeste do Brasil.
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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A GUERRA DOS MASCATES Identifique em um mapa
político brasileiro as cidades de
Entre os séculos XVI e XVIII, a capitania de Pernambuco foi a maior produtora de Olinda e Recife. Destaque a
açúcar da colônia, e Olinda, sua sede, uma das vilas mais ricas da região. Os senhores proximidade entre elas e explique
de engenho de Olinda influenciavam a vida política local porque seus poderes se estendiam a rivalidade e as disputas polí-
por toda a capitania, apesar das muitas dívidas. ticas que mantiveram durante
Com as reformas feitas por Nassau, Recife passou de povoado formado por pes- o período colonial. Destaque
cadores, dependente de Olinda, a cidade urbanizada, com portos, pontes, palácios e que a Guerra dos Mascates foi
residências. E, após a expulsão definitiva dos holandeses em 1654, tornou-se um grande um conflito interno na América
centro comercial. Os comerciantes portugueses de Recife enriqueceram, mas ainda eram portuguesa, diferente do que
chamados pejorativamente de mascates pelos olindenses, pois os senhores de engenho ocorreu com a expulsão dos
consideravam o comércio uma ocupação inferior. Mesmo assim, era a eles que recorriam holandeses da região, quando
quando necessitavam de empréstimos. membros da elite e da população
Cientes de sua importância econômica, os comerciantes de Recife passaram a reivindicar, se uniram ao governo portu-
junto ao governo português, que Recife deixasse de ser um povoado e se transformasse guês em prol de um interesse
em uma vila, tendo, assim, autonomia, a exemplo de Olinda. Para os olindenses, a elevação em comum.
representava não só a perda do controle da capitania, mas também a possibilidade de serem Comente que, apesar de endi-
controlados pelos mascates, que teriam meios legais de cobrar suas dívidas atrasadas. vidada, a elite açucareira de
Em 1709, o rei dom João V elevou Recife a vila. Os olindenses invadiram Recife, Olinda não pretendia abrir mão
depuseram o governador, exigiram o perdão das dívidas e a anulação dos atos do rei. Os
de seus privilégios em relação
à capitania de Pernambuco. A
recifenses revidaram, dando início ao conflito conhecido como Guerra dos Mascates.
participação política garantia
No final de 1711, os recifenses venceram a guerra, Recife tornou-se vila e, futuramente, a
aos comerciantes a manutenção
capital de Pernambuco.
de seus interesses, mas naquela
época nem todas as pessoas
COLEÇÃO CARTOGRÁFICA E ICONOGRÁFICA MANUSCRITA DO ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO, PORTUGAL

Mascate: mercador ambulante


ou vendedor que vai à porta da podiam votar ou se candidatar
casa das pessoas para vender
seus produtos.
a cargos executivos.
Para elucidar as lógicas mer-
cantis que envolveram o negócio
do açúcar, assim como os inte-
resses dos senhores de engenho
de Olinda, traga a problemá-
tica para o presente, discutindo
como as relações econômicas
influenciam a lucratividade e as
oscilações de preços (compra/
Planta da Vila de Santo venda) no comércio do produto.
Antônio do Recife,
Pernambuco, autoria
desconhecida, 1763.

197

D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24.indd 197 Atividade complementar produz e comercializa. Comente que04/07/22


o Brasil
13:44 questões econômicas do pre-
ainda é hoje o maior produtor e exportador sente e do passado, permitindo
Problematize a questão do comércio açu-
de açúcar do mundo. Porém, diversos fatores também sensibilizá-los para o
careiro com a turma. Utilize dados sobre o desenvolvimento de habilida-
podem influenciar esse comércio, como adver-
mercado de açúcar na atualidade, para que sidades climáticas (secas/geadas), a produção des relacionadas à educação
os estudantes percebam fatores que influen- de outros países, a valorização ou desvaloriza- financeira.
ciam as altas e baixas nos preços e nas vendas ção do dólar e do real, o preço do petróleo, o
externas e internas do produto e reflitam sobre gasto com produção etc.
como isso pode intervir tanto nos interesses Nessa atividade, incentivam-se entre os estu-
de quem o consome como nos de quem o dantes o pensamento crítico e a análise de
197

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3 e 7: abordadas com os estu-
dantes à medida que problematizam
as dinâmicas políticas e sociais do pe-
ríodo e constroem argumentos com
OLHO VI VO
base na análise de documentação his-
tórica.
• CEH 3 e 4: trabalhadas no processo CIDADE MAURÍCIA E RECIFE PELOS OLHOS DE FRANS POST
de questionamento e interpretação de Frans Post (1612-1680) tinha apenas 24 anos quando aceitou o convite para integrar
documento sobre as particularidades
da sociedade colonial.
a comissão montada pelo conde João Maurício de Nassau-Siegen rumo ao Brasil. Nos
• Habilidade EF07HI13: enfocada na dis- sete anos em que aqui viveu, de 1637 a 1644, criou inúmeras obras em que representou
cussão/compreensão das ações dos elementos tipicamente brasileiros: a fauna, a flora e a vida urbana e rural.
holandeses no processo de organiza-
ção política e social da colônia. 1 Ao longe está a cidade de 7 Esta é a única obra de
Olinda. Frans Post em que apare-
cem soldados holandeses
PROCEDIMENTOS 2 Neste local, foi construído vestidos de vermelho.
o Palácio de Friburgo, resi-
DIDÁTICOS dência e sede administra- 8 Aqui Frans Post retratou a
tiva de Nassau. si mesmo, trabalhando em
Olho vivo uma esquina. Ele segura
3 Este conjunto de edificações na mão esquerda uma
Explore os elementos do formava a Cidade Maurícia, prancheta, provavelmente,
quadro Vista da Cidade na ilha de Antônio Vaz, de desenho.
Maurícia e do Recife e pergunte onde hoje se encontra o
bairro de Santo Antônio, 9 O gosto de Maurício de
aos estudantes se conhecem a no Recife. Nassau por paisagismo
cidade do Recife, localizada no resultou na criação de
4 Casebre de madeira um jardim botânico ao
estado de Pernambuco. Comente redor de seu palácio. Aqui
de onde saem alguns
que Maurício de Nassau resol- indígenas. vemos a representação de
veu urbanizar a cidade do um caminho de palmeiras
recém-plantadas. 2
Recife durante o seu governo 5 As moradias seguiam dois 3
estilos de arquitetura: a ho-
e fundou uma cidade em uma landesa, como esta; e a 10 Entre todas as pinturas de
ilha próxima, que foi chamada portuguesa, do lado direito. Post, esta é a única que
5
Na holandesa, o telhado fica representa a cidade do
de Maurícia (em holandês, Recife e suas moradias.
escondido atrás da fachada
Mauristaad). Foram construí- composta de degraus, for-
dos belos prédios e canais na mando um triângulo. Na 11 Entre o grupo de holan-
portuguesa, o telhado é deses, está representado
cidade e suas ruas seguiam tra- aparente e forma um beiral: Maurício de Nassau, que
çados geométricos, inspirados prolongamento além da aqui é cumprimentado por 9
na cidade de Amsterdã. Após prumada das paredes. um homem que se inclina.

a expulsão dos holandeses, a 12 Grupo de indígenas. Na


6 Grupo de escravizados e
cidade foi abandonada e, com mestiços. Post procurou época em que Post pintou
o tempo, transformou-se em um deixar bem claro quem o quadro, o número de
eram os cativos: todos os indígenas correspondia a Vista da Cidade Maurícia e do
bairro do Recife. Atualmente, o que vestem calças e estão um terço da população Recife, Frans Post. Óleo sobre
bairro de Santo Antônio, loca- com o torso nu. pernambucana. madeira, 1657.
lizado próximo ao centro da
cidade, é muito diferente do 198
que era no século XVI.
Procure estimular a discussão
em sala de aula e a contribuição dosD3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24.indd
colegas, emitindo também198suas impressões Atividade complementar 04/07/22 13:44

de todos os estudantes na leitura e narrando suas experiências.


da imagem. A troca de ideias e
Pintar uma tela histórica
A leitura de imagens é uma habilidade muito
Proponha que façam uma pintura repre-
experiências de forma oral favo- importante e contribui para o desenvolvimento do
sentando a cidade onde vivem, assim como
rece a integração e a construção pensamento crítico, da análise de linguagens
Frans Post representou a Cidade Maurícia.
coletiva dos conhecimentos, per- multimodais e de fontes diversificadas de infor- Proponha uma parceria interdisciplinar
mitindo que estudantes cegos mação. A prática coletiva de leitura de imagem com o professor de Arte para a realização
ou com baixa visão possam em sala de aula incentiva também a integração e dessa atividade.
participar ativamente: ouvindo a o diálogo das experiências de vida dos estudantes Se possível, indique o uso da técnica
descrição da imagem e a opinião com os novos conhecimentos construídos. de aquarela para a realização da pintura e
198

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fundamental que os estudantes
entendam que as imagens são
fontes históricas que nos per-
De volta à Holanda, Post continuou produzindo pinturas e gravuras em seu ateliê, em mitem conhecer não apenas as
um grande trabalho de lembrança daquilo que havia presenciado e registrado em esboços criações do autor, mas também
e desenhos. É o caso do óleo sobre madeira Vista da Cidade Maurícia e do Recife, em a arquitetura, os hábitos e os
que o artista procurou representar o universo das cidades. Repare na riqueza de detalhes: valores da época.
a arquitetura, as pessoas, seus gestos, trajes e atividades. Explique que no período em
Entre todas as obras de Post, esta é a que mostra o maior número de personagens: que esteve no atual Nordeste
ao todo são 146. Tamanha profusão de pessoas procurava representar um ambiente brasileiro, Frans Post desenvolveu
pacífico em que viviam as várias etnias e religiões sob o domínio holandês. Negava, assim, intensa atividade como docu-
a existência de conflitos entre os vários grupos sociais. mentarista da fauna e da flora
COLEÇÃO PARTICULAR
e como pintor de tipos humanos
e seus costumes. Nesse período,
fascinado pelo que encontrou na
região, produziu cerca de 400
desenhos e esboços. Os perso-
nagens representados nessas
obras obedecem a um esquema
estrutural predominante: são
vistos solitários, em meio à
exuberante vegetação vertical
tropical. Um quadro que foge à
regra é Dança dos tapuias, que
representa com grande realismo
e senso de movimento de um
10
1 grupo de indígenas dançando
com seus tacapes.
Se considerar interessante,
proponha uma aula interdis-
ciplinar com o professor de
8 4
Geografia, que poderá contri-
buir com a análise da paisagem,
12
das relações entre as áreas rurais
e urbanas no período colonial e
11
6 no presente. Vocês podem, inclu-
sive, selecionar uma imagem
7 atual com ângulo semelhante
Fonte: MOURA FILHO, Heitor Pinto de. Demografia da Cidade Maurícia segundo Franz Post. In: ENCONTRO DE
ao utilizado por Frans Post, para
HISTÓRIA, 13., Rio de Janeiro, 2008. Anais […]. Rio de Janeiro: Anpuh, 2008. Disponível em: www.encontro2008. representar a paisagem em sua
rj.anpuh.org/resources/content/anais/1208619587_ARQUIVO_HeitorMoura-DemografiadaCidadeMauricia3.pdf.
Acesso em: 22 maio 2022. pintura, e fazer ao final algumas
comparações para que os estu-
199 dantes possam observar as
mudanças e permanências his-
tóricas e geográficas relacionadas
às intervenções arquitetônicas
explique que era comum que os pintores da
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24-AV2.indd 199 PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS 14/07/22 19:37

época utilizassem essa técnica em suas obras. ao longo do processo de urba-


Leve para a sala de aula outras obras produ- Olho vivo (continuação) nização das cidades.
zidas por Frans Post para inspirar a produção. Comente sobre a importância dos regis-
Caso julgue interessante, exiba algumas fotos tros de pintores e naturalistas durante o
da cidade para que os estudantes possam fazer período de domínio dos holandeses. Com
suas pinturas com base na observação de aspectos base no quadro Vista da Cidade Maurícia
da realidade. Depois de prontas, proponha uma e do Recife, de Frans Post, peça à turma que
exposição das pinturas nos corredores da escola, aponte quais informações podemos obter
convidando a comunidade escolar para visitá-la. pelas análises dessa e de outras imagens. É
199

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 5 e 7: abordadas na compre-
ensão de diferentes eventos históricos,

ENQUAN TO ISSO...
em espaços variados; e na utilização
do esquema para sintetizar os estu-
dos do capítulo.
• CEH 2 e 5: trabalhadas no entendi-
mento dos diferentes acontecimentos
A CALCULADORA DE BLAISE PASCAL
históricos como fatores importantes Em 1642, período em que os holandeses dominavam o atual Nordeste brasileiro,
do processo de transformação das so-
o filósofo e matemático francês Blaise Pascal (1623-1662) inventou a pascalina, uma
ciedades e dos grupos sociais.
• Habilidades EF07HI01 e EF07HI13: máquina de calcular mecânica capaz de fazer operações de adição e subtração.
enfocadas no estudo do significado O invento consistia em uma caixa contendo rodas dentadas e engrenagens. Cada
de “modernidade” segundo os euro- casa decimal era representada por uma roda. Portanto, havia a roda da unidade, a da
peus e na sintetização de suas ações
dezena, a da centena e assim por diante.
e lógicas mercantis (que incluíam a es-
cravização de africanos) e respectivas O encaixe dos mecanismos produzia os cálculos desejados. Cada roda dentada
consequências para a colônia. representava um algarismo e, ao chegar à passagem do nove para o zero, a roda
seguinte “aumentava” (girava) uma unidade. Cerca de 30 anos mais tarde, o filósofo
PROCEDIMENTOS e matemático Gottfried Wilhelm Leibniz aperfeiçoou o invento de Blaise Pascal e criou
DIDÁTICOS uma máquina que, além de somar e subtrair, era capaz de fazer contas de multiplicação
e de divisão. O interesse científico despertado pela invenção e o aumento do comércio
Enquanto isso... mundial geraram a necessidade de seu aperfeiçoamento até o desenvolvimento de
Converse com a turma sobre diferentes tipos de calculadora.
os usos da tecnologia em seu
cotidiano. Pergunte se eles con-

DE
AG
sideram importante o uso da

OS
TIN
I/G
calculadora, comparando-a

ET
TY
IM
com outros dispositivos utiliza-

AG
ES
dos no dia a dia. É possível que
não tenham tanta familiaridade
com esse aparelho ou que uti-
lizem a calculadora do celular.
Apesar de a primeira calcu-
ladora ter sido inventada em
1642, ainda levou muito tempo
para que fosse fabricada e usada
com facilidade pelas pessoas.
Informe que a produção desses
Pascalina, máquina de calcular
objetos era artesanal e só após mecânica inventada em 1642 pelo
o desenvolvimento da indústria matemático francês Blaise Pascal.
é que foi possível a sua produ- A invenção contribuiu para agilizar a
realização de cálculos matemáticos.
ção em larga escala.
Retome os estudos sobre
o período do Renascimento
e compare a descoberta de 200
Blaise Pascal (1623-1662) com
alguns objetos desenvolvidos por
Leonardo Da Vinci (1472-1519),
como as engrenagens para mer- Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24.indd 200 celular, computador, televisão; ou eletrodomésticos 04/07/22 16:16

que fazem parte de suas vidas, como geladeira e


gulho submarino e o planador Pesquisar a história da tecnologia máquina de lavar roupa. Garanta que cada grupo
com asas. Ressalte que Pascal fez Proponha uma pesquisa sobre a história e a
suas pesquisas durante o período escolha um tema diferente.
origem dos objetos tecnológicos mais usados Caso a escola disponibilize acesso à inter-
da Reforma/Contrarreforma na
pelos estudantes. Essa atividade pode ser net, é possível direcionar a pesquisa indicando
Europa, quando houve intensa
desenvolvida de forma interdisciplinar com alguns sites, como o Museu do Computador
perseguição da Igreja Católica
o professor de Matemática ou de Ciências. (disponível em: https://museudocomputador.
às pesquisas científicas, princi-
Organize a turma em grupos e peça-lhes que org.br; acesso em: 28 jul. 2022). Ao final, cada
palmente as que se opunham
selecionem um objeto de seu cotidiano, como grupo apresentará seus resultados à turma.
aos dogmas católicos.
200

D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-C08-MPU-G24-AV1.indd 200 22/08/22 13:46


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Esquema-resumo
ESQUEM A-RE SUMO Explique a importância desse
tipo de esquema gráfico para a
CAPÍTULO 8 produção de sínteses dos con-
teúdos estudados. Ao indicar os
A SOCIEDADE DO AÇÚCAR principais tópicos sobre a pro-
dução de açúcar e a ocupação
holandesa, verifique se apre-
Século XVI Século XVII sentam dúvidas e retome os
– Alto preço do açúcar na Europa União Ibérica (1580-1640) – 1630: holandeses invadem estudos do capítulo, se neces-
– Portugal produz açúcar em – Holandeses proibidos de Pernambuco
sário. Incentive os estudantes a
suas colônias da costa africana participar do comércio de – 1637: governo de Maurício
– 1532: primeiro engenho no açúcar de Nassau (cientistas e conversar sobre a síntese, acres-
Brasil (capitania de São Vicente) – Invasões holandesas no artistas no Recife) centando novos elementos que
– Terras ideais para o cultivo: Brasil (1624-1654) – Holandeses controlam possam colaborar com a resposta
Zona da Mata do atual Nordeste produção e comércio do
açúcar à atividade da página.
– 1654: holandeses derrotados
e expulsos do Brasil Atividade
O açúcar tinha grande valor
PRODUÇÃO DE comercial, e o Brasil possuía
AÇÚCAR NOS HOLANDESES grande extensão de terras
ENGENHOS PRODUZEM AÇÚCAR
EM COLÔNIAS NAS
adequadas para o plantio da
ANTILHAS cana-de-açúcar. A produção
açucareira se tornou a ativi-
– Grandes fazendas – Trabalho escravo – Casa-grande
dade mais importante da colônia
– Monocultura – Trabalho livre – Senzala
– Artesãos, CRISE DA PRODUÇÃO no início da colonização, e os
comerciantes AÇUCAREIRA NO holandeses tinham participa-
BRASIL ção ativa nesse comércio. No
entanto, com a União Ibérica,
foram excluídos desse comér-
Século XVIII cio, razão pela qual decidiram
Senhor de engenho 1709-1711: Guerra dos invadir o Nordeste para contro-
– Propriedade da terra Mascates
(Olinda x Recife) lar as zonas produtoras.
– Poder econômico
– Poder político regional

Com base nas informações do esquema-resumo, explique por que o açúcar foi o principal produto
no início da colonização da América portuguesa e relacione esse fato com as invasões holandesas,
ocorridas entre 1624 e 1654. Consulte resposta esperada e comentários nas Orientações didáticas.

201

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24.indd 201 para substituir o açúcar branco refinado.04/07/22
Discuta
13:44 todos. Verifique a disponibilidade
as diferenças entre esses ingredientes e o açúcar da cozinha da escola e organize
Pesquisar ingredientes alternativos refinado e proponha o preparo de um alimento a distribuição dos ingredientes
ao açúcar refinado utilizando os ingredientes pesquisados. que devem ser trazidos pelos
Converse com os estudantes sobre quais Organize uma votação para definirem qual estudantes.
alimentos doces gostam de consumir e suas alimento será preparado e o ingrediente alter-
origens. Destaque que o consumo excessivo nativo ao açúcar refinado a ser utilizado. Avalie
de açúcar faz mal à saúde. Pergunte se conhe- o nível de dificuldade de preparo do alimento
cem ingredientes alternativos ao açúcar. Depois, (adequando à faixa etária) e indique ingre-
peça-lhes que pesquisem possíveis ingredientes dientes baratos para facilitar a participação de
201

D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-C08-MPU-G24.indd 201 20/08/22 20:20


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 6 e 7: abordadas na
compreensão das particularidades da
AT IV IDADE S
1. O principal elemento no desenho de Cícero Dias é o tema das
sociedade colonial, seus conflitos e di-
relações sociais. Podemos verificar na imagem que as pessoas NÃO ESCREVA
nâmicas estabelecidas. de diferentes grupos sociais interagem apesar da violência e das NO LIVRO.
• CEH 1, 2, 3 e 6: trabalhadas na discus- tensões provocadas pela escravidão.
são dos fatos históricos apresentados 1. Consulte novamente a imagem condutora deste capítulo. É um desenho aquarelado
ao longo do capítulo de forma crítica de Cícero Dias, representando o Engenho Noruega, construído no século XVIII na
e no incentivo a interpretações emba- Zona da Mata pernambucana. Explique por que a imagem pode ser considerada
sadas sobre os contextos estudados. uma representação da vida em um engenho.
• Habilidades EF07HI13, EF07HI14 e
2. Diversos aspectos do modo como o engenho era construído demonstram o poder
EF07HI16: enfocadas ao possibilitar
ao estudante a compreensão das di- do seu proprietário. Cite alguns desses aspectos.
nâmicas políticas, sociais, econômicas 3. Elabore um pequeno resumo sobre a situação dos escravizados no interior dos enge-
e culturais na sociedade de engenho.
nhos na época da colonização. Se necessário, releia também o capítulo 7. No texto
2. A localização da casa-grande no centro da propriedade
devem ser citados os seguintes itens:
e em local mais elevado evidencia a posição privilegiada do
PROCEDIMENTOS • estimativa do número de cativos; senhor. As varandas e a posição da construção permitiam a
ele ter o controle sobre as diversas dependências do engenho,
DIDÁTICOS • aspectos da senzala; concretizando seu domínio.
3. Os textos podem variar bastante conforme a organização
Atividades • atividades desenvolvidas; das ideias de cada estudante. Consulte comentários nas
3. Oriente os estudantes a evitar Orientações didáticas.
• formas de resistência.
a cópia do texto no caderno, 4. a) Frans Post fez parte da comitiva de Maurício de Nassau ao Brasil. Nassau havia sido indicado ao cargo pelos
incentivando-os a localizar pala- 4. Analise novamente a pintura de Frans Post, reproduzida na seção Olho vivo. Com
base na análise da imagem e em seus conhecimentos, responda:
vras-chave no texto que auxiliem
a) Qual foi a provável intenção de Frans Post ao pintar a Cidade Maurícia?
na elaboração dos resumos. dirigentes da Companhia das
b) De que maneira Frans Post representou a Cidade Maurícia? Índias Ocidentais. Assim, a pintura
5. Os senhores de engenho de pode ser vista como uma forma de divulgar aos dirigentes da companhia o trabalho de Nassau em terras brasileiras.
Olinda desejavam que Recife 5. A Guerra dos Mascates, ocorrida na capitania de Pernambuco, no começo do
continuasse subordinado à século XVIII, opôs senhores de engenho de Olinda e comerciantes de Recife. Explique
administração de Olinda e o que reivindicava cada um desses grupos e qual foi o desfecho do conflito.
Consulte resposta esperada e comentários adicionais nas Orientações didáticas.
não fosse elevado à condição 6. Os senhores de engenho exerciam grande influência sobre a sociedade, interfe-
de vila, ou seja, o contrário rindo na vida política e social de onde viviam. Uma forma de evitar situações como
do que buscavam os reci- essas nos dias de hoje é por meio da participação democrática da comunidade nas
fenses. A preocupação de decisões que afetam a coletividade. Converse com os colegas sobre esse tema e
Olinda era que, com isso, os indique dois exemplos de ações cotidianas que podem ser tomadas para garantir a
comerciantes tivessem meios participação da comunidade nas decisões políticas importantes.
Resposta pessoal. Consulte comentários nas Orientações didáticas.
legais para cobrar dos senho- 7. O açúcar foi o produto escolhido por Portugal para dar início à colonização do Brasil,
res olindenses as dívidas que em virtude de: Alternativa A.
se avolumavam. Apesar da a) o lucro obtido com o seu comércio ser muito vantajoso.
resistência, Recife foi elevado b) os portugueses terem tido experiência bem-sucedida com seu cultivo na Ásia.
à condição de vila. c) a mão de obra necessária para o cultivo ser gratuita.
6. Essa atividade ajuda a explorar d) o produto não ser fabricado em nenhum outro lugar do mundo na época.
habilidades socioemocionais e) os nativos da América dominarem uma técnica de cultivo semelhante.
importantes, especialmente 4. b) Frans Post procurou representar a cidade de maneira positiva, mostrando a paisagem, a arquitetura, os

as relacionadas à organiza- 202 diferentes grupos étnicos que nela viviam. Por isso, deixou de lado os conflitos, principalmente aqueles envolvendo a
escravização de negros e indígenas.
ção, ao diálogo e à empatia.
Incentive-os a conversar sobre
o tema e, caso julgue interes- Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24.indd 202 se ignorássemos como as determinações de 04/07/22 13:44

sante, organize-os em grupos raças se inseriram e afetaram as determina-


Aspectos políticos do dilema racial ções de classes. [...] Por isso, a descolonização
para facilitar o diálogo. Recorde
brasileiro ainda está em processo. O que desapareceu
à turma que ações conjuntas, historicamente – o “mundo colonial” – sub-
Como as fronteiras raciais não desapare-
visando ao bem comum, são siste institucional e funcionalmente, ainda
ceram no Brasil com a Abolição, é um erro
essenciais ao desenvolvimento supor-se que a supremacia do homem branco seja que de forma variável e desigual, conforme
da cooperação entre as um dado histórico, um fato definitivamente os níveis de organização da vida humana que
pessoas e ao incentivo a uma superado [...]. Doutro lado, como a economia se considerem. [...]
cultura que valoriza as relações de trabalho livre se organizou sobre um pata- FERNANDES, Florestan. O negro no mundo
de paz. mar pré-capitalista e colonial, seria lamentável dos brancos. São Paulo: Global, 2013. E-book.
202

D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-C08-MPU-G24.indd 202 20/08/22 20:20


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
8. A tabela a seguir apresenta a evolução da quantidade de engenhos em funciona- Atividades (continuação)
mento na América portuguesa entre o final do século XVI e o começo do século XVII.
Analise-a com atenção e responda ao que se pede. 8. c) Aproveite a oportunidade
Engenhos em funcionamento no Brasil entre 1570 e 1629 para desenvolver um traba-
lho interdisciplinar com o
Região 1570 1583 1612 1629 professor de Matemática.
Sugira que o gráfico seja
Pará, Ceará, Maranhão e Rio Grande — — 1 — desenvolvido com ele na
sala de aula. É interessante
Paraíba — — 12 24
demonstrar aos estudan-
Itamaracá 1 — 10 18 tes as intersecções entre
as áreas do conhecimento,
Pernambuco 23 66 90 150 levando-os a desenvolver
uma aprendizagem signi-
Sergipe — — 1 —
ficativa e estimulando o
Bahia 18 36 50 80 raciocínio integrado. Como
procedimento, se possível,
Ilhéus 8 3 5 4 entregue uma folha sulfite
para que cada estudante
Porto Seguro 5 1 1 —
possa elaborar o gráfico.
Espírito Santo 1 6 8 8 Oriente-os a manter a folha
na horizontal, aproveitando
Rio de Janeiro — 3 14 60 ao máximo o espaço dis-
ponível. Na sequência,
São Vicente e Santo Amaro 4 — — 2
solicite-lhes que colem a
Total 60 115 192 346 folha no caderno.
Fonte: STRUM, Daniel. O comércio do açúcar: Brasil, Portugal e Países Baixos (1595-1620). Rio de Janeiro: 9. A atividade possibilita um
Versal; São Paulo: Odebrecht, 2012. p. 168.
trabalho interdisciplinar
a) De acordo com a tabela, quais eram as principais regiões produtoras de açúcar da colônia
portuguesa na América no período analisado? Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro.
com o professor de Ciências,
b) Com base na tabela, é possível dizer que o mercado de açúcar esteve em expansão entre alertando os estudantes
1570 e 1629? Justifique sua resposta. para a importância de evitar
c) Com o auxílio do professor de Matemática, faça um gráfico de linha mostrando a evolução o consumo de doces em
do número total de engenhos na colônia portuguesa da América entre 1570 e 1629. excesso e assim manter uma
Consulte comentários nas Orientações didáticas.
9. O açúcar está em sorvetes, refrigerantes, chocolates, pães e muitos outros alimentos boa alimentação e a saúde. A
que consumimos no dia a dia. Porém, o consumo excessivo dessa substância pode obesidade, o diabetes, o enve-
trazer sérios problemas à saúde. Por isso, diversas campanhas têm alertado para a lhecimento precoce, o câncer
necessidade de moderação no consumo de alimentos açucarados. Com a orientação e a enxaqueca são alguns
do professor de Ciências, pesquise os principais problemas causados pelo consumo problemas de saúde muito
excessivo de açúcar. Consulte comentários nas Orientações didáticas. comuns em nossa sociedade,
8. b) Sim, pois em 1570 havia 60 engenhos na colônia e, 59 anos depois, em 1629, esse número havia subido ligados ao grande consumo
para 346, ou seja, um crescimento de mais de 400%. 203
de açúcar. Converse com a
turma sobre essa temática,
buscando fortelecer as habi-
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24-AV3.indd 203 O ritmo imposto pelas novas 16/07/22
rela-14:18
ções de trabalho e, às vezes, adotado lidades socioemocionais
Trabalho no corte da cana-de- pelo próprio trabalhador, como forma relacionadas ao autoconheci-
-açúcar e as condições de vida dos de obter maior rendimento em seu ga- mento e à tomada de decisões
trabalhadores nho, provoca exaustão física e mental, responsáveis.
A nova dinâmica de trabalho e re- podendo gerar rebaixamento da auto-
estima e transtornos mentais.
muneração passa a ser o de contrato de
pagamento por produção, exigindo am- DUARTE, Guilherme José; OLIVEIRA, Virginia Célia de Barros. Trabalho no corte da cana-
-de-açúcar e as condições de vida relevantes no processo saúde/doença dos trabalhadores.
pliação da jornada diária de trabalho,
[Goiânia]: Secretaria do Estado da Saúde de Goiás, 2013. Disponível em: http://www.sgc.
fato que nem sempre ocorre em condi- goias.gov.br/upload/arquivos/2013-05/o-trabalho-no-corte-de-cana-de-acucar-e-as-condicoes-
ções salubres [...]. de-vida-relevantes-no-processo-saude-doenca-dos-trabalhadores.pdf. Acesso: 28 jul. 2022.
203

D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-C08-MPU-G24.indd 203 20/08/22 20:20


A BNCC NESTA DUPLA
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CECH 2: presente nas atividades que
discutem transformações sociocultu- 10. Ambrosio Richshoffer nasceu em 1612, em Estrasburgo, cidade que na época per-
rais nas terras brasileiras, no tempo tencia ao Sacro Império Romano-Germânico (hoje faz parte da França). Aos 17 anos,
e no espaço, em virtude da produção
de cana-de-açúcar. 10. a) Segundo alistou-se na Companhia das Índias Ocidentais e foi logo enviado à colônia portu-
o texto, o Recife guesa na América para participar do ataque holandês às cidades de Olinda e do
• CEH 1, 2, 3, 5 e 7: abordadas nas foi conquistado Recife. Trabalhando como sentinela, Ambrosio escreveu um diário no qual descreve
atividades que incentivam o questio- em 15 dias de a invasão holandesa no atual Nordeste brasileiro.
namento de documento e conduzem combate. Em
à compreensão de eventos históricos 3 de março, os O trecho a seguir relata fatos ocorridos entre os dias 3 e 13 de março de 1630, ou
holandeses se seja, nos primeiros momentos da invasão holandesa em Pernambuco. Leia o texto
que transformaram as estruturas so- instalaram na
ciopolíticas da colônia; e na atividade e depois responda ao que se pede.
ilha Antônio
de produção de podcast. Vaz, diante do
• Habilidade EF07HI13: trabalhada na Recife, uma vez […] A 3 [de março] o Sr. Coronel enviou o Sr. Tenente-Coronel Steyn-Callenfels,
que a população
discussão sobre as estratégias de local abandonou
com várias companhias de tropa à ilha de Antônio Vaz, situada em frente ao Recife
conquista e os interesses mercantis a ilha ao ver a ou aldeia Povo, do outro lado do rio chamado Beberibe. Foi encontrada completa-
europeus na América. aproximação mente vazia, pois os habitantes a tinham abandonado refugiando-se junto dos outros
holandesa. Os na floresta. Em vista disto, o mencionado Sr. Tenente-Coronel deixou ocupado o
holandeses
Convento [de São Francisco] ali existente e regressou com o resto da tropa.
PROCEDIMENTOS ocuparam
inicialmente o […] Assim, graças à proteção Divina, no espaço de quinze dias, tomamos e con-
DIDÁTICOS Convento de São quistamos todas as praças fortes e levamos a termo esta vitória, pelo que devemos
Francisco e, de render graças e louvores ao Altíssimo.
lá, partiram rumo
Atividades (continuação) às praças-fortes […] Nos dias 11, 12 e 13 o inimigo matou-nos alguns homens que se haviam
10. Os itens da atividade con- do Recife. Alguns adiantado demais pelo mato adentro, em consequência do que o Sr. General ordenou
holandeses que várias companhias (entre as quais a nossa) se dirigissem para ali. Depois de
tribuem para ampliar a adentraram o termos marchado um pedaço do caminho, fizemos alto em
visão sobre o significado mato e foram
um prado a fim de descansar, quando fomos completamente Brasiliense:
mortos pela
da invasão holandesa no população local. cercados pelo inimigo e acometidos com tal violência que as denominação utilizada
Nordeste brasileiro, mas pelos holandeses
balas e flechas choviam de todos os lados. […] Tendo feito
ao se referirem aos
também para desenvolver prisioneiros um brasiliense e um português, retrocedemos indígenas.
a literacia, particularmente procurando alcançar o caminho da cidade. […]
os princípios ligados à com- RICHSHOFFER, Ambrosio. Diário de um soldado da Companhia das Índias Ocidentais.
São Paulo: Ibrasa; Brasília: INL, 1978. p. 66-68.
preensão de texto, como
inferência, localização de a) De acordo com o relato, como ocorreu a conquista do Recife?
b) Localize no texto elementos que revelam a resistência da população local contra a presença
trechos etc. Utilize o Texto
holandesa no Recife. Em seguida, identifique os grupos que participaram dessa resistência.
complementar a seguir
c) Além de documentar a conquista do Recife, o texto evidencia valores e costumes do período
como recurso para incre- em que foi produzido. Encontre no texto um trecho que pode ser usado como fonte histórica
mentar suas explicações aos sobre a religiosidade no Brasil colonial. O segundo parágrafo, que fala em proteção divina e “render
graças e louvores ao Altíssimo”, atesta a fé cristã do autor do documento, a qual pode ser estendida à sociedade da época.
estudantes sobre formas
11. Olinda e Recife viveram momentos históricos diferentes desde os tempos da coloni-
de compreensão de textos, zação portuguesa. Chegaram até mesmo a ter conflitos que assinalavam divergências
esquemas, gráficos, etc. de interesse. Um deles foi a Guerra dos Mascates, que: Alternativa A.
a) mostrou a decadência econômica de Olinda depois do período no qual os holandeses go-
Texto complementar vernaram o Nordeste do Brasil.
Ensino de estratégias de b) afirmou a importância política do Recife, com seu rico porto, independente até das ordens
vindas de Portugal.
leitura 10. b) O documento revela resistência da população entre os dias 11 e 13 de março, quando alguns soldados
[...] a utilização de estraté- 204 holandeses adentraram o mato e foram mortos. Outro momento foi quando várias companhias holandesas
gias de leitura compreende adentraram o mato e sofreram uma emboscada, sendo atacadas por balas e flechas.

três momentos: o antes, o du-


rante e o após a leitura. Na
pré-leitura, é feita uma aná- das no texto e uma análise204das predições feitas antes da leitura, para confirmá-las ou
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lise global do texto (do título, refutá-las. Depois da leitura é feita uma análise com o objetivo de rever e refletir so-
dos tópicos e das figuras/grá- bre o conteúdo lido, ou seja, a importância da leitura, o significado da mensagem, a
ficos), predições e também aplicação para solucionar problemas e a verificação de diferentes perspectivas apre-
o uso do conhecimento pré- sentadas para o tema.
vio. Durante a leitura é feita CANTALICE, Lucicleide Maria de. Ensino de estratégias de leitura. Psicologia Escolar e Educacional,
uma compreensão da mensa- Campinas, v. 8, n. 1, jun. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
gem passada pelo texto, uma arttext&pid=S1413-85572004000100014. Acesso em: 28 jul. 2022.
seleção das informações re-
levantes, uma relação entre
as informações apresenta-
204

D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-C08-MPU-G24.indd 204 20/08/22 20:20


Durante as discussões, busque
explorar habilidades socio-
emocionais relacionadas ao
c) consagrou o poderio da aristocracia olindense, com amplo domínio da produção do açúcar
autoconhecimento e à tomada
na colônia.
d) consolidou o governo de Castro e Caldas, aliado dos recifenses e líder político no conflito.
de decisões responsáveis.

12. A produção de cana-de-açúcar continua tendo grande importância no Brasil, es- Vamos falar sobre...
pecialmente para a produção do etanol. Em grupo, pesquise mais informações a Trabalho
respeito dessa produção com base no roteiro proposto a seguir.
A seção propõe uma reflexão
a) O que é o etanol e qual é a sua importância na economia brasileira?
sobre as condições de traba-
b) Como é o trabalho realizado nos engenhos de cana-de-açúcar no presente?
lho no presente e no passado,
c) Qual é o impacto ambiental da monocultura de cana-de-açúcar no presente?
atentando para as dificuldades
Organize o material pesquisado e produza um podcast sobre o tema. Consulte, na
enfrentadas pelos trabalhadores
seção Como se faz…, orientações sobre como fazer um podcast.
Consulte comentários nas Orientações didáticas. do campo no Brasil e instigando
uma reflexão sobre a importância
VAMOS FALAR SOBRE… TRABALHO da luta por condições de tra-
1. Diversas matérias jornalísticas tratam das dificuldades enfrentadas pelo trabalhador balho, tendo em vista o atual
rural no Brasil contemporâneo. estágio das leis trabalhistas e
a) Em grupo, façam uma pesquisa sobre o tema. Consultem a seção Como se faz… para seu cumprimento.
orientação sobre como fazer uma pesquisa.
b) Procurem imagens e informações sobre o dia a dia desses trabalhadores.
Atividade
c) Com base em uma imagem escolhida pelo grupo e nas informações levantadas, façam uma 1. Oriente-os a consultar a seção
apresentação para a turma. Como se faz... para auxiliá-
d) Na apresentação, respondam também à seguinte questão: em seu entendimento, as dificul- -los na produção da pesquisa.

MAURO PIMENTEL/AFP/GETTY IMAGES


dades enfrentadas hoje pelo trabalhador rural no Brasil podem ser consideradas um exemplo Após a análise de jornais e
de permanência histórica? Consulte comentários nas Orientações didáticas.
revistas, espera-se que a turma
conclua que ainda existem
Trabalhador rural toca o gado em fazenda
em São Félix do Xingu (PA), 2021. muitas coisas que precisam ser
aprimoradas para a garantia
de boas condições de trabalho
para a população brasileira,
sendo essa precariedade
um exemplo de permanên-
cia histórica. Comente que
muitos trabalhadores rurais
que exercem suas atividades
em grandes propriedades
geralmente vendem sua força
de trabalho por empreitada
em época das safras (trabalho
temporário), ao passo que
diversos pequenos agricultores
se organizam em comunidades
205 de produção coletiva.

PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24.indd 205 article/download/14163/15000/214146).
04/07/22 13:44

Para a leitura dos estudantes, sugerimos


Atividades (continuação) a reportagem “Entenda o mercado de
12. Lembre os estudantes de consultar a seção biocombustíveis no Brasil” (disponível em:
Como se faz... para auxiliá-los na produção https://www.poder360.com.br/energia/
do podcast. Ofereça informações complemen- entenda-o-mercado-de-biocombustiveis-
tares, como as do artigo “Cana-de-açúcar: -no-brasil). Acessos em: 28 jul. 2022. Caso a
aspectos econômicos, sociais, ambientais, escola disponibilize equipamento de áudio e
subprodutos e sustentabilidade” (disponível vídeo, proponha a exibição do material pro-
em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/ duzido pelos estudantes para toda a turma.
205

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 5, 6 e 7: trabalhadas quando
os estudantes associam o presente de
desigualdades no Brasil com o passado
de escravidão no país; e ao estabele- FE CH ANDO A UNIDADE
cerem interpretações críticas sobre os
fatos, utilizando diversas linguagens. DESIGUALDADES SOCIAIS ENTRE BRANCOS E NEGROS
• CEH 1, 2, 3 e 4 : abordadas no estu-
A escravidão foi a base da organização da sociedade colonial brasileira. Ela promoveu
do de documentos que conduzem ao
questionamento sobre as relações de uma intensa hierarquização da sociedade na qual os brancos ocupavam as posições sociais
desigualdade social estabelecidas no mais importantes, enquanto negros, em geral, sofriam com processos de marginalização
país historicamente entre diferentes e violência. Mesmo com o final da escravidão, as desigualdades sociais entre brancos e
atores sociais e suas consequências negros não acabaram e continuam no presente.
no tempo presente.
Para refletir sobre isso, apresentamos três documentos nesta seção. O primeiro
• Habilidade EF07HI13: enfocada na
discussão sobre as reverberações no é composto de um gráfico com dados de 2020, que destaca as diferenças salariais
presente das ações e práticas racistas entre homens brancos, mulheres brancas, homens negros e pardos e mulheres negras
europeias do período colonial. e pardas.
O segundo documento é uma charge sobre o tema, e o terceiro é uma obra de arte
PROCEDIMENTOS criada pela artista negra Criola. A obra foi pintada nas paredes de um prédio na cidade
DIDÁTICOS de Belo Horizonte (MG), mas um morador do prédio entrou com uma ação na justiça para
removê-la do local.
Fechando a unidade
Explique que os efeitos da
Documento 1: Gráfico Documento 2: Charge
escravidão e das políticas

SONIA VAZ

JUNIÃO
do pós-abolição afetaram
Salário de pessoas com ensino
diretamente a vida da popula- superior público (dados em $)
ção negra. Cite, por exemplo, Salários
que não houve participação (R$)
15.000

do Estado na instauração de
políticas públicas no combate 10.000

direto ao racismo e ao precon-


ceito racial até algumas décadas 5.000

atrás. Informe que foi apenas


com a Constituição de 1988 0
Engenharia e Médicos Professores Administração Ciências JUNIÃO, Antonio. [Negros são as maiores
Arquitetura Sociais vítimas da violência]. Junião Cartunista e
que se condenou o preconceito Homens Mulheres Homens Mulheres Ilustrador. [S. l.], 8 jun. 2017. Disponível em:
brancos brancas pretos e pardos pretas e pardas
racial de forma efetiva. Escreva http://www.juniao.com.br/negros-sao-as-
maiores-vitimas-da-violencia/.
o número 100 na lousa para Acesso em: 20 jun. 2022.

reforçar o tempo entre o fim Fonte: GERBELLI, Luiz Guilherme; LIMA, Bianca; PAPP,
Anna Carolina. Na mesma profissão, homem branco
da escravidão e as medidas espe- chega a ganhar mais que o dobro que mulher negra,
diz estudo. G1 Economia, [s. l.], 15 set. 2020. Disponível
cíficas para lidar com o racismo em: https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/
no país. noticia/2020/09/15/na-mesma-profissao-homem-branco-
chega-a-ganhar-mais-que-o-dobro-da-mulher-negra-diz-
Destaque que negros atual­ estudo.ghtml. Acesso em: 24 maio 2022.
mente recebem pouco mais da
206
metade do salário de um branco
na mesma função. Auxilie a
turma no estudo do gráfico
promovendo, se possível, uma Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-187-207-U3-CAP8-LA-G24-AV3.indd 206 acesso em: 28 jul. 2022). O material é formado 16/07/22 14:18

discussão interdisciplinar com por blocos temáticos (população, chefia de


Analisar desigualdades sociais família, educação etc). Organize os estudan-
o professor de Matemática.
Utilize o material do Instituto de Pesquisa tes em grupos e oriente cada equipe a escolher
Nesse caso, explore de forma
Econômica Aplicada (Ipea) chamado Retrato um tema para expor à turma.
mais detalhada as estratégias
das desigualdades de gênero e raça, 4a Lembre-os de organizar o resultado da
de leitura e interpretação desse
tipo de representação. edição, para ampliar a discussão sobre desi- pesquisa de forma adequada, inclusive jus-
gualdades sociais no país e expor os dados tificando a escolha do tema, explicando o
de maneira didática (disponível em: https:// conceito central e organizando uma apresen-
www.ipea.gov.br/retrato/pdf/revista.pdf; tação para a turma.
206

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
1. Não. Homens brancos com a mesma formação que homens e mulheres pretos
e pardos ganham salários maiores em todas as profissões indicadas no gráfico. Fechando a unidade
Documento 3: Grafite (continuação)
Atividades

LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS


2. Aponte que a média salarial
mais baixa atinge de forma
mais incisiva as mulheres
pretas e pardas, como iden-
tifica o gráfico do documento
1. Essas estatísticas demons-
tram que a desigualdade
social significa também uma
imensa desigualdade racial
e de gênero no país, que se
relaciona com a herança da
escravidão e do racismo na
sociedade brasileira.
4. Oriente a turma a consultar
a seção Como se faz... para
ajudá-los na tarefa de com-
posição do mural. Ressalte a
importância da arte no ques-
tionamento das desigualdades
raciais e na luta por uma
Híbrida Astral – Guardiã Brasileira, Criola. Spray e tinta sobre parede, 2018. sociedade mais igualitária.
Mural criado em edifício de Belo Horizonte (MG). O documento 3 apresenta a
1. De acordo com o gráfico do documento 1, é possível afirmar que a média salarial iniciativa de uma artista negra
de brancos, negros e pardos é igualitária no Brasil? Justifique sua resposta. na luta contra preconceitos.
2. Consulte resposta esperada e comentários adicionais nas Orientações didáticas. É interessante promover uma
2. De acordo com o gráfico do documento 1, qual é o grupo que tem a média salarial
mais baixa no Brasil? O que esse dado revela sobre a composição das desigualdades discussão interdisciplinar
no país? 3. Não. Para a mãe negra, a ida do filho ao trabalho é motivo de medo, pois ela teme que, por conta da atividade entre História
da violência contra a população negra no Brasil, seu filho possa não voltar vivo. e Arte, de modo a refletir
3. De acordo com a charge, a ida de seus filhos ao trabalho tem o mesmo significado
sobre a importância da arte
para a mãe negra e para a mãe branca? Justifique sua resposta.
negra na formação da cultura
4. A obra da artista Criola, reproduzida no documento 3, é um exemplo de como a arte brasileira.
é uma forma importante de lutar contra o preconceito étnico. Organize um grupo
e pesquisem exemplos de obras de arte feitas por artistas negros ou que foram
criadas visando ao questionamento de preconceitos étnicos no Brasil. Em seguida,
criem um mural apresentando as obras selecionadas. Consultem, na seção Como se
faz…, dicas sobre como organizar um mural. Consulte comentários nas Orientações didáticas.

207

AMPLIAR HORIZONTES
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• ARTE negra na escola. Porto Alegre: UFRGS, v. 2, n. 1, set. 2020. • LOPES, Nei. Dicionário escolar afro-brasileiro. Ed. revista. São Paulo:
Disponível em: https://www.ufrgs.br/deds/publicacoes_pdf/ARTE_ Selo Negro Edições, 2015.
NEGRA_na_escola_2.pdf. Acesso em: 28 jul. 2022. O livro do estudioso da cultura negra Nei Lopes traz informações relevan-
O material criado pela UFRGS é composto de cartões que trazem re- tes sobre o universo da cultura e história afro-brasileiras em linguagem
produções de obras de arte de artistas negros brasileiros e informações acessível aos jovens estudantes.
contextualizando os autores e as obras. Assim, pode ajudar na organiza-
ção da discussão em torno da arte negra e sua importância no combate
ao racismo e à desigualdade racial no país.

207

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A BNCC NESTA UNIDADE

Competências

4
• Gerais (CG): 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 UNIDADE
e 10: são trabalhadas com os estu-
dantes problematizando o processo
de expansão colonial e compreenden-
do o movimento de interiorização da
colônia no contexto da exploração au-
DESLOCAMENTOS
rífera na América portuguesa, o que
os incentiva a exercer o diálogo e a POPULACIONAIS
cooperação. À medida que analisam
o processo e compreendem as carac-
terísticas e fragilidades intrínsecas às
interações entre grupos e indivíduos,
tanto no período estudado quanto no
presente, incentivam-se o desenvolvi-
mento de ações pessoais e coletivas
Deslocar-se de um lugar para
solidárias, éticas e inclusivas.
outro é algo constante na história da
• Específicas de Ciências Humanas
(CECH): 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. humanidade. Os motivos são variados.
• Específicas de História (CEH): 1, 2, Entre os séculos XVII e XVIII, houve um
3, 4, 5, 6 e 7. grande deslocamento populacional na
Habilidades América, no interior da colônia portu-
• EF07HI02 • EF07HI09 • EF07HI10 guesa. Nesta unidade, conheceremos
• EF07HI11 • EF07HI12 • EF07HI13 os resultados desses deslocamentos,
• EF07HI14 • EF07HI15 • EF07HI16
como a contribuição para a expansão
dos domínios de Portugal na América e
Temas Contemporâneos a colonização do interior do território,
Transversais na unidade hoje pertencente ao Brasil.
• Economia: presente ao se
tratar da agricultura familiar
atualmente, na página 215; e
ao discutir a presença femi-
nina no mundo do trabalho
na página 241. A educação
fiscal é discutida no estudo
do processo de cobrança de
impostos na atualidade, na
página 244; e na importân-
cia e no uso dos sistemas de
cobrança de tributos na atu- Refugiados fogem de um
incêndio que destruiu o
alidade, na página 248. campo de imigrantes e
• Multiculturalismo: presen- refugiados de Moria (um dos
maiores da Europa), na ilha
te no estudo da diversidade grega de Lesbos, 2020.
(fotografia do Museu da Diver-
sidade Sexual, em São Paulo, 208
na página 212).
• Meio Ambiente: o tema se
reflete na discussão sobre página 218; a valorização da 208 cultura nordestina na página 248. A educação para os direitos
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd 05/07/22 14:05
educação para o consumo, humanos atravessa toda a unidade 4, que
está presente na página 219; a compreen-
quando o estudante entra em trata de deslocamentos humanos tanto no
são do conceito de patrimônio e a discussão
contato, na página 216, com passado como no presente, mas nas páginas
propostas de grupos que re- sobre Ouro Preto estão na página 234; a ati-
208, 209, 210, 211, 249, 250, 251, 252, 253,
fletem sobre o uso ou não de vidade da página 235 discute a importância
entre outros existe um trabalho mais pontu-
carne na alimentação. do planejamento como forma de enfren-
al. Reflexões envolvendo cidadania e civismo
• Cidadania e Civismo: usando tar situações adversas; o tema da cidadania se mostram ainda na discussão da violência
o conceito de “guerra justa” é também discutido na realização de uma que acomete as populações indígenas atuais
reflete-se sobre situações de dramatização na página 242; já as razões de no Brasil, na página 232; e no estudo sobre
conflito na vida do jovem na manifestações populares no presente estão as razões que levam as pessoas a migrarem
208

D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-C09-MPU-G24-AV1.indd 208 22/08/22 14:11


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Peça aos estudantes que anali-

NICOLAS ECONOMOU/NURPHOTO/AFP
sem as imagens que constam nas
páginas da abertura da unidade
e apresente algumas questões
para a discussão: o que vocês
acham dessa situação dos imi-
grantes? Quais sentimentos
essas imagens provocaram
e por quê? Em seguida, peça
a alguns estudantes voluntários
que leiam os textos das páginas
de abertura da unidade. Ao final,
incentive o restante da turma a
emitir opiniões.
Explique que, nesta unidade,
serão abordados alguns deslo-
camentos do passado, mas é
importante não perder de vista
a situação de pessoas que, por
diversas razões, deixam suas
regiões de origem no presente.
Pergunte à turma se alguém
já sentiu vontade ou preci-
sou mudar de cidade e qual
o motivo. Explique a eles que
essa é uma situação comum,
mas muitas pessoas que mudam
de cidade, ou vão para outros
países, sofrem preconceito, dis-
criminação e até violência.

209

no presente, buscando, assim, fomentar res-


D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd 209 05/07/22 14:05

peito e empatia para com essas pessoas, na


página 233.
• Saúde: presente na abordagem das drogas
do sertão, na página 227, quando o estudan-
te é levado a conhecer as ações de produtos
fitoterápicos.

209

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Utilize a didática da sala de
aula invertida e solicite uma
pesquisa em grupo sobre os direi- O direito de
ir e vir
tos dos migrantes e refugiados.
Oriente a consulta dos estudan-
tes em fontes confiáveis, como
sites ligados à defesa dos direitos
humanos e que fornecem dados
Se você perguntar aos seus familiares, vizinhos e amigos de onde eles são,
oficiais sobre os deslocamentos
populacionais. Uma opção inte- é possível que alguns digam que vieram de outros locais. Quando alguém deixa
ressante é compartilhar com eles o país ou o município em que vive para morar em outro lugar, diz-se que migrou. As
trechos dos documentos inter- pessoas que passam a viver em um novo país são chamadas de imigrantes.
nacionais que visam garantir os Os motivos que levam uma pessoa a deixar seu local de origem são variados:
direitos de migrantes e refugiados. busca por melhores condições de vida e de trabalho, fuga motivada por guerra,
Esclareça que os deslocamentos perseguição política ou religiosa e problemas naturais, como a seca.
humanos voluntários são conside- A chegada ao novo local nem sempre é fácil. O migrante ou imigrante enfrenta
rados como atos de migração e uma série de desafios para se adaptar, por exemplo, à nova alimentação, ao modo
os ocasionados por outros fatores, de falar e de se comportar, ao clima etc. Além disso, muitas vezes, o migrante ou
como guerras; perseguições polí- imigrante torna-se alvo de atitudes preconceituosas e de discriminação.
ticas, étnicas ou religiosas; e crises
econômicas e pobreza, são consi-

GUILLERMO ARIAS/AFP
derados como refúgio.
Para finalizar a pesquisa, pro-
ponha aos grupos que coletem
dados e notícias com pelo menos
dois exemplos em que os respecti-
vos direitos são respeitados e dois
exemplos em que são desrespei-
tados na atualidade. A amostra
de informações pode se referir a
qualquer país do mundo. Ao final,
solicite aos estudantes que redijam
um relatório sobre a situação da
migração e do refúgio, avaliando
os avanços e desafios atuais, e o
compartilhem com o restante da
turma. A atividade contribui para
Vista aérea de migrantes hondurenhos que atravessam o sul do México em direção aos Estados
o desenvolvimento de habilidades Unidos, 2018.
socioemocionais como a coopera-
No mesmo período, o governo do México ofereceu assistência médica, educação e acesso a empregos
ção, a resolução de conflitos, a temporários enquanto os imigrantes da América Central permanecessem em dois estados do sul.
solidariedade e o respeito aos
direitos humanos. 210
Texto complementar
O papel do Estado
no acolhimento de No âmbito internacional,210a Organização
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd fundamentais aos migrantes e refugiados, co- 05/07/22 14:05

das Nações Unidas (ONU) possui uma série mo o direito à vida, à igualdade, à liberdade,
migrantes e refugiados
de documentos que visam à proteção des- à educação, ao trabalho, ao acesso à saúde,
Antes de tratarmos espe- à não discriminação e, no caso dos refugia-
sas pessoas.
cificamente sobre os desafios dos, a proibição de expulsão.
Dentre eles, destacam-se a Declaração
enfrentados pelos migrantes e
Universal dos Direitos Humanos (1948), a Con- SILVA, Bárbara Correia Florêncio et al. Migran-
refugiados na implementação tes e refugiados: desafios aos seus direitos.
dos seus direitos, é importan- venção das Nações Unidas relativa ao Estatuto
Politize!/Equidade/Direitos dos Refugiados e
te termos em mente quais são do Refugiado (1951) e o seu Protocolo de 1967,
Migrantes, [s. l.], 11 jan. 2022. Disponível em:
esses direitos e quais são as assim como a Declaração de Nova York (2016). https://www.politize.com.br/equidade/
obrigações do Estado em re- Com isso, os Estados signatários desses do- blogpost/migrantes-e-refugiados-desafios-
lação a essas pessoas. cumentos ficam obrigados a garantir direitos aos-seus-direitos/. Acesso em: 30 jul. 2022.
210

D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-C09-MPU-G24.indd 210 20/08/22 21:09


325 mil venezuelanos. A situação
dos refugiados é muitas vezes pre-
cária, pois a falta de recursos e a
Os deslocamentos populacionais, ao colocar em contato povos de diferentes culturas, pobreza levam muitas famílias a
contribuem para a troca de experiências e o enriquecimento cultural de quem migra e de viver nas ruas, a passar fome ou
quem recebe os migrantes. Hábitos alimentares, maneiras de falar, músicas, comporta- a trabalhar no comércio ambu-
mentos e inventos acompanham os migrantes em seus deslocamentos para outras regiões lante obtendo uma renda baixa
ou países. Às vezes nem percebemos como as referências culturais de outros povos fazem e oscilante.
parte do nosso cotidiano. A Constituição brasileira garante
aos imigrantes direitos como regis-

ATTILA KISBENEDEK/AFP/GETTY IMAGES


tros no Cadastro de Pessoas Físicas
(CPF), no Sistema Único de Saúde
(SUS) e no sistema de emprego;
regularização migratória e acesso
aos benefícios sociais, como edu-
cação, assistência jurídica, trabalho,
moradia, serviço bancário e segu-
ridade social. No entanto, aos
imigrantes não naturalizados são
vedados os direitos de votar e
de ser votados. Sugira aos estu-
dantes que façam uma pesquisa
sobre os direitos garantidos pela
Constituição aos imigrantes no
Brasil, mobilizando, assim, habi-
lidades socioemocionais como a
valorização da diversidade, dos
direitos humanos, e dos valores
democráticos e éticos.
Centro Olímpico de Budapeste, Hungria, transformado em centro temporário de ajuda para
refugiados da Guerra da Ucrânia, 2022.
Atividades
1. Explique aos estudantes que
Converse com os colegas e o professor sobre as questões a seguir. há vários motivos que levam
1. Identifique quantos estudantes da turma nasceram no município em que vivem as pessoas a imigrar: guerra,
e quantos vieram de outra região. Procure saber por que os que vieram de fome, violência, crises econô-
outro lugar mudaram de cidade. micas e perseguição política.
Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
2. Você conhece alguém que veio de outro país ou de outro estado? Que aspectos 2. Nas respostas da turma, atente
dessa pessoa – como o idioma, o modo de falar, os hábitos alimentares, os para que os estudantes não
costumes, o comportamento – indicam que ela é de outra região?
Resposta pessoal. caracterizem os migrantes/
3. Você já teve que mudar de bairro, cidade ou país? Nesse caso, como se sentiu imigrantes de maneira estereoti-
ao começar a estudar em uma nova escola? pada, jocosa ou preconceituosa.
Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
3. A escola é um espaço de
211 todos, por isso é muito impor-
tante trabalhar a empatia e
o acolhimento. Essa é uma
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24-AV3.indd 211 afinal, os únicos povos que são realmente16/07/22
originá-
14:25
oportunidade de os estudantes
rios dessas terras são os indígenas. Essa abordagem se expressarem sobre a difícil
Pergunte aos estudantes quais povos ou grupos situação de mudanças de resi-
contribui para desenvolver a Competência Geral 9.
compõem o Brasil. Explique-lhes que, com frequên­ dência ou país que porventura
Forneça aos estudantes alguns dados recentes
cia, esquecemos que o Brasil, assim como outros sobre imigrantes no Brasil. Atualmente, os venezue- já tenham passado, assim
países, é formado por diversos povos, com costu- lanos constituem o maior grupo de imigrantes no como refletir sobre colegas que
mes muito diferentes. Incentive a turma a pensar Brasil e o segundo maior contingente de desloca- estejam nessa situação. Além
com empatia em relação aos imigrantes que aden- dos do mundo. Cerca de 750 pessoas atravessam de relatos orais, rodas de con-
tram nosso país “no presente” e que as atitudes por dia a fronteira da Venezuela com o Brasil. De versa ou produção de desenhos
de respeito são primordiais para a boa convivência, 2017 a março de 2022, o Brasil recebeu mais de podem ser um importante meio
de reflexão.
211

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A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO

9
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
• CEH: 1, 3, 4, 5 e 6. SÉCULO XVII: QUANDO A
Habilidades
• EF07HI02 • EF07HI09 • EF07HI10
COLÔNIA SE EXPANDE
• EF07HI11 • EF07HI12 • EF07HI13

A BNCC NESTA DUPLA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM


• CECH 3 e 7: abordadas na com-
preensão do contexto histórico da • Compreender como ocorreu o processo de expansão territorial da colônia.
colonização por meio da análise de • Perceber o impacto da colonização sobre os povos indígenas e entender suas
mapas e documentos que evidenciam formas de resistência.
os processos apresentados. • Refletir sobre os deslocamentos populacionais no passado e no presente.
• CEH 3 e 5: trabalhadas no estudo e
questionamento sobre o processo de
expansão da colônia e seus fluxos po- No final do século XVII, São Paulo era uma pequena vila do interior. Hoje, é uma das
pulacionais e de mercadorias. cidades mais populosas do mundo, com mais de 12 milhões de habitantes.
• Habilidades EF07HI11 e EF07HI12: en- O aumento populacional depende de vários fatores, como a taxa de nascimentos maior do
focadas com os estudantes ao analisar que a de óbitos e a chegada de pessoas provenientes de outras regiões ou de outros países.
a formação histórico-geográfica do ter-
ritório da América portuguesa por meio No estado de São Paulo, o crescimento populacional acentuou-se a partir da segunda
de mapas históricos e ao identificar a metade do século XIX, com a chegada de levas de imigrantes europeus e asiáticos e, depois,
distribuição territorial da população desde as primeiras décadas do século XX, com os movimentos migratórios internos.
brasileira no período. Neste capítulo, vamos estudar como o deslocamento dos colonos pela América por-
tuguesa no século XVII acelerou o processo de colonização do atual território brasileiro,
PROCEDIMENTOS promovendo a formação de vilas e cidades em diversas partes do Brasil, porém gerando
DIDÁTICOS graves conflitos com os indígenas que aqui viviam.
FELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

Oriente a leitura do texto


da página e peça aos estudan- Fachada do Museu da Diversidade
Sexual, em São Paulo (SP), 2021. O
tes que apresentem hipóteses museu trabalha com a diversidade
para explicar por que, no final do da população brasileira.
século XVII, São Paulo era apenas
uma vila, enquanto Salvador era
a cidade mais populosa. Anote
na lousa as hipóteses apresenta-
das, explorando os fatores que
influenciam no crescimento popu-
lacional, como a migração e o
número de nascimentos. Explique
também a concentração da pre-
sença portuguesa na região
litorânea nas primeiras décadas
da colonização.
212

AMPLIAR HORIZONTES
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd 212 05/07/22 14:05

• FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Pau-


lo: Edusp, 1994.
A obra abrange um período de mais de 500 anos,
desde as raízes da colonização portuguesa até nos-
sos dias.

212

D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-C09-MPU-G24.indd 212 20/08/22 21:09


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A COLONIZAÇÃO SE EXPANDE Oriente a leitura do mapa
Conquista e colonização da
Por volta de 1580, a colonização da América pelos portugueses estava restrita, América portuguesa (século
basicamente, a alguns pontos do litoral (confira o mapa a seguir). A partir dessa data, XVI) e incentive a turma a iden-
novos núcleos de povoamento começaram a surgir nas atuais regiões Norte e Nordeste, tificar as áreas de concentração
principalmente ao redor de fortes, construídos para proteger as terras das investidas de das cidades e vilas. Questione
outras nações europeias. Quase ao mesmo tempo, a criação de gado estendeu-se pelo sobre a ocupação territorial
interior nordestino, dando origem a novos povoados. concentrada no litoral e expli-
Ao sul da colônia, expedições partiam da vila de que os limites impostos pelo
Bandeiras: expedições que partiam de
São Paulo em busca de ouro, de pedras preciosas e São Paulo de Piratininga com o objetivo Tratado de Tordesilhas, res-
de indígenas para serem escravizados. Essas expe- de explorar novos territórios no interior peitados enquanto vigorou a
do continente e captar mão de obra
dições eram chamadas de bandeiras, e seus indígena. O nome deve-se à bandeira União Ibérica.
integrantes, os bandeirantes, também contribuíram que, nessas incursões, identificava a Pergunte se os estudan-
origem do chefe do grupo.
para a instalação de novos núcleos de povoamento. tes conhecem algum forte e
Além disso, entre 1580 e 1640, período em que Espanha e Portugal estiveram unidos se sabem por que eles foram
na chamada União Ibérica, as disputas entre os dois reinos pelas terras da América deixa- construídos. Anote as respos-
ram de existir. Bandeirantes vindos de São Paulo começaram, então, a entrar nas terras que tas na lousa e aproveite o Texto
ficavam a oeste da linha de Tordesilhas, expandindo as fronteiras da colônia portuguesa. complementar a seguir para
explorar a importância dos fortes
Conquista e colonização da América portuguesa (século XVI) no surgimento de novos núcleos
de povoamento. A intenção

ALLMAPS
dessa abordagem é identificar
Equador
os conhecimentos prévios da

turma sobre a ocupação territorial
Fernando da colônia e apresentar algumas
de Noronha
características desse processo.
Linha do Tratado de Tordesilhas

Igaraçu (1536) Em seguida, pergunte aos


Olinda (1535)
DOMÍNIO DOMÍNIO
OCEANO
estudantes se sabem por que, em
ESPANHOL PORTUGUÊS
ATLÂNTICO alguns estados, principalmente
Salvador (1549)
em São Paulo, algumas rodovias
São Jorge dos Ilhéus (1536)
têm nomes como Rodovia Fernão
Porto Seguro (1535)
Dias, Rodovia Raposo Tavares e
OCEANO
Nossa Senhora da Vitória (1551)
Espírito Santo (1551)
Rodovia dos Bandeirantes. Com
PACÍFICO São Paulo (1554)
São Sebastião do Rio de Janeiro (1565)
base nas hipóteses apresenta-
Trópico de Capricórnio
Nossa Senhora da Santos (1534) das, explique que neste capítulo
Conceição de Itanhaém (1561)
São Vicente (1532)
será abordada a importância dos
Áreas sob influência das cidades e vilas
Áreas conhecidas, mas sem cidade ou vila
0 410 bandeirantes na formação das
Fonte: ARRUDA, José Jobson de Andrade. Atlas histórico básico.
primeiras rotas entre o litoral de
São Paulo: Ática, 1997. p. 36. São Paulo e as regiões do inte-
rior da colônia.
213

Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24-AV1.indd 213 paióis – depósitos de munição e alimentos –,
14/07/22 14:23
AMPLIAR HORIZONTES
o que os diferencia dos fortins, que não pre-
Forte cisam desses prédios de apoio. Finalmente, • DESMUNDO. Direção: Alain
[...] É uma construção fechada, isto é, com se distingue de uma fortaleza por ser uma Fresnot. Brasil, 2003. (101 min).
defesas por todos os lados, capaz de resistir construção única, independente de outras,
a um ataque mais ou menos prolongado. Sua apesar de poder ser subordinada a uma obra A trama concentra-se em Oribela,
construção tem que possibilitar a seus ocu- de maior porte, uma fortaleza ou praça forte. uma das inúmeras órfãs envia-
pantes usarem suas armas contra um possível das por Portugal às novas terras
CASTRO, Adler Homero Fonseca de. Forte. In:
inimigo, o que é uma característica de todas para que os colonos estabeleces-
GRIECO, Bettina; TEIXEIRA, Luciano; THOMPSON,
as fortificações, pois sem essa possibilidade Analucia (org.). Dicionário IPHAN de Patrimô- sem família.
essas estruturas seriam apenas abrigos. Para nio Cultural. 2. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro;
poderem resistir a um assédio, têm quartéis e Brasília, DF: IPHAN/DAF/Copedoc, 2016.
213

D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-C09-MPU-G24.indd 213 20/08/22 21:09


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3, 6 e 7: abordadas na identifica-
ção e compreensão das ações europeias
no direcionamento da colonização do
A colonização do Nordeste
Nordeste da colônia; no incentivo à Analise a gravura de 1671 que mostra um forte na foz do Rio Ceará, em torno do
construção de argumentos sobre os fa- qual há um pequeno povoado que, mais tarde, deu origem ao município de Fortaleza,
tos históricos; e na utilização de diversas atual capital cearense.
linguagens como apoio ao estudo.
O município de Natal, capital do Rio Grande do Norte, também nasceu em torno de
• CEH 1 e 3: trabalhadas no entendi-
mento das estruturas socioeconômicas um forte – o dos Reis Magos. Inaugurado em 1599, ele foi construído para proteger a
que se formaram na região estudada; região de invasões estrangeiras.
e no questionamento em relação a do-
cumento histórico. IMAGEM CONDUTORA

COLEÇÃO PARTICULAR
• Habilidades EF07HI11 e EF07HI12:
enfocadas ao analisar a formação
histórico-geográfica da colônia e ao
identificar a ocupação do território
no período.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Para iniciar a reflexão sobre a
colonização portuguesa no litoral
da atual região Nordeste, soli-
cite aos estudantes que observem
e descrevam a imagem condu-
tora: uma gravura do século XVII
que representa o povoado que
deu origem à cidade de Fortaleza
(CE). Incentive-os a observar a loca-
lização do forte, próximo à foz
Representação do povoado que deu origem à cidade de Fortaleza (CE). Gravura
do rio, e o pequeno povoado em feita no início do século XVII pelo artista holandês Arnoldus Montanus e publicada
seu entorno. Em seguida, chame em atlas do cartógrafo escocês John Ogilby, em 1671.
a atenção para a inscrição “Siara” Em 1605, o governo-geral enviou ao Ceará um grupo de homens para desbravar a
no topo da gravura em referência região e erguer o Forte de São Tiago, mas houve muita resistência indígena, e o forte foi
à Capitania do Siara, região cor-
abandonado pelos colonizadores. Entretanto, em 1611, os colonos conseguiram estabelecer
respondente às capitanias do Rio
uma aliança com alguns grupos indígenas e, com a ajuda deles, ergueram o Forte de São
Grande, Ceará e Maranhão.
Sebastião no mesmo lugar do anterior.
Peça-lhes que identifiquem
A intenção do governo da União Ibérica era que esses fortes servissem como base
no texto o objetivo do governo
da União Ibérica com a constru- para o combate aos franceses, que tentavam se instalar na região. Apesar disso, em 1612,
ção desses fortes. Para falar da os franceses fundaram um povoado em uma ilha, no atual estado do Maranhão, onde
presença francesa no litoral bra- hoje é a capital São Luís.
sileiro, relembre a decisão do
214
Tratado de Tordesilhas, que
deixava a França fora da partilha
das terras conhecidas em virtude
das Grandes Navegações. Informe AMPLIAR HORIZONTES
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd 214 Atividade complementar 05/07/22 14:05

que a França não reconhecia a legi- Pesquisa de campo: agricultura


• ALBUQUERQUE, Manuel Coelho. Seara indí-
timidade do Tratado e passou a gena: deslocamentos e dimensões identitárias. familiar
realizar comércio com os indíge- Dissertação (Mestrado em História Social) – Uni- Explore a importância da agricultura fami-
nas no litoral brasileiro durante os versidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2002.
séculos XVI e XVII. Nesse mesmo Disponível em: https://repositorio.ufc.br/handle/ liar, questionando: quem produz os alimentos
período, franceses tentaram esta- riufc/47695. Acesso em: 30 jul. 2022. que consumimos diariamente? De que forma
belecer colônias nas atuais cidades O trabalho analisa as relações entre indígenas, eu- eles foram cultivados ou criados? Após inves-
do Rio de Janeiro (RJ) e de São Luís ropeus e colonos no início da capitania cearense. tigar o que os estudantes sabem sobre o
do Maranhão (MA). tema, explique por que a agricultura familiar
214

D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-C09-MPU-G24.indd 214 20/08/22 21:09


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A AGRICULTURA DE SUBSISTÊNCIA Ao trabalhar o item A agri-
cultura de subsistência, peça à
Observe novamente a imagem condutora e repare turma que volte à imagem con-

COLEÇÃO PARTICULAR
IC
que, no entorno do forte, há algumas residências e, dutora e observe elementos que
junto delas, hortas e pomares, onde boa parte dos indiquem a povoação do local.
alimentos consumidos nas vilas e nos povoados tinha Espera-se que os estudantes
de ser produzida. As áreas cultivadas, bem como as identifiquem residências com
preparadas para o plantio, são exemplos da agricultura quintais e plantas no entorno
de subsistência praticada nesses lugares. do forte, além da presença do
gado. Em seguida, questione-os:
Agricultura de subsistência: tipo de produção agrícola cuja principal
como os moradores das primeiras
finalidade é garantir a alimentação do agricultor e de sua família.
vilas e povoados coloniais obti-
nham seus alimentos? Anote as

COLEÇÃO PARTICULAR
respostas na lousa e aproveite
para explicar o conceito de agri-
cultura de subsistência.
Comente que, nas vilas e
cidades, as pequenas roças
serviam para abastecer a popu-
lação local, já que os caminhos e
as distâncias impunham grandes
dificuldades aos deslocamen-
tos e transportes de alimentos.
Dessa forma, conduza a turma a
inferir que a agricultura familiar
que existe hoje é uma expressão
viva de conhecimentos técni-
cos e científicos dos diversos
Detalhe da gravura de Arnoldus Montanus, com a representação de hortas e pomares plantados
pela população local. povos e culturas.
O artigo “Vegetação e
Nos quintais das casas, criavam-se porcos, cabras, galinhas, patos etc. Verduras e legumes apreciados quintais da casa brasi -
pelos portugueses, como agrião, couve-flor, alface e mostarda, eram plantados em hortas com
espécies nativas, como abóbora, batata-doce, chicória, jiló e cará. Os pomares também misturavam
leira”, sugerido a seguir no
frutas de origem portuguesa, como maçã e pera, com frutas nativas, como caju e maracujá. boxe Ampliar horizontes,
oferece subsídios para explorar
Passados 500 anos, aproximadamente, a agricultura de origem familiar continua sendo a importância dos quintais na
a principal fonte de alimentação dos brasileiros. São cerca de 4,4 milhões de propriedades vida colonial brasileira, sempre
no país dedicadas a esse tipo de plantio. presentes na moradia de ricos
A agricultura familiar é a base da economia de 90% dos municípios brasileiros com e pobres e responsáveis pela
até 20 mil habitantes, o que envolve cerca de 40 milhões de pessoas. difusão de plantas exóticas e
autóctones.
215
Estabelecer um paralelo com
a importância dos quintais na
atualidade, como locais de lazer,
continua sendo essencial para o abasteci-
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd 215 ambiente, garantindo o abastecimento de14:05
05/07/22
sossego, cultivo de plantas etc.,
mento interno do país. alimentos variados e saudáveis. Essa pes- baseando-se na realidade dos
Se possível, organize uma visita guiada quisa de campo permite trabalho com estudantes, é uma forma de,
com os estudantes a uma propriedade grupos grandes de estudantes e pode indiretamente, fazê-los refle-
produtora próxima à escola e explore as ser realizada de maneira interdisciplinar tir sobre espaços de saúde
características desse tipo de produção, como com Ciências e Geografia. mental deles mesmos e do ser
uso de pequenos espaços, mão de obra fami- humano em geral.
liar e respeito a tradições alimentares locais.
Explique que esses produtores têm uma
relação diferenciada com a terra e o meio
215

D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-C09-MPU-G24.indd 215 20/08/22 21:09


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3, 6 e 7: abordadas na proble-
matização da intervenção humana no
processo de interiorização da colônia; na AS FAZENDAS DE GADO
construção de argumentos embasados Os primeiros bois e vacas chegaram à colônia IC

COLEÇÃO PARTICULAR
em conhecimentos científicos sobre os
na década de 1530 com mudas de cana-de-açúcar.
efeitos dessa prática; e na utilização de
diversas linguagens (cartográfica/icono- A princípio, esses animais eram utilizados principal-
gráfica) que apoiam o estudo. mente para transportar produtos, arar a terra e mover
• CEH 1, 3, 4 e 5: trabalhadas na com- a moenda. Algum tempo depois, sua carne passou a
preensão das relações de poder e dos ser consumida, assim como o leite de vaca e seus deri-
conflitos envolvidos no processo de vados, como o queijo.
interiorização; no questionamento a
documentos visando à interpretação

COLEÇÃO PARTICULAR
do contexto histórico; e no entendi-
mento dos fluxos populacionais e de
mercadorias do período.
• Habilidades EF07HI11 e EF07HI12:
enfocadas na compreensão do signi-
ficado do comércio de gado bovino
para a ocupação e a formação histó-
rico-geográfica do território da colônia
portuguesa na América.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Solicite aos estudantes que
observem o detalhe da imagem
condutora que destaca a presença
do gado bovino e peça a eles que Detalhe da gravura de Arnoldus Montanus em que se representa o gado bovino, usado como
apresentem hipóteses sobre a fonte de alimento e meio de transporte.
importância desses animais nas O gado da Bahia seguiu pelo Rio São Francisco rumo ao interior: em 1594, havia cerca
vilas coloniais. Anote na lousa as de 50 currais na região e, em 1640, mais de 2 mil. Na década de 1670, as fazendas já
ideias apresentadas e oriente a haviam alcançado o atual Piauí. Essas expedições de ocupação ficaram conhecidas como
leitura do texto da página 216
“sertões de dentro”. Já o gado criado na capitania de Pernambuco foi conduzido em
para identificar informações que
direção às terras que hoje pertencem aos estados da Paraíba, do Rio Grande do Norte e
complementem as questões.
do Ceará, como parte de uma corrente de ocupação chamada de “sertões de fora”.
Para explicar o surgimento
das fazendas de gado no inte-
rior da colônia, recorra ao mapa 1. O rebanho bovino brasileiro é um dos maiores do mundo. Mas, cada vez mais,
Expansão do gado em direção surgem campanhas pela troca da carne por outros alimentos, o que se choca com
os interesses dos pecuaristas. Quais são os argumentos dos defensores de uma
ao interior (século XVI a XVII),
dieta sem carne? Que alimentos podem substituir os nutrientes da carne? Se ne-
na página 217, e localize a cor-
cessário, converse com seu professor de Ciências.
rente originária da Bahia que Consulte resposta e comentários adicionais nas Orientações didáticas.
chega ao Piauí (“sertões de 216
dentro”), e a corrente originá-
ria de Pernambuco, em direção
a Paraíba, Rio Grande do Norte e fezes emitem óxido nitroso (N2O), composto
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd 216 mas isso não é um concenso. Esclareça que 05/07/22 14:05
Ceará (“sertões de fora”). Chame com grande potencial para contribuir com uma troca alimentar como essa não pode ser
a atenção deles para o fato de a o efeito estufa. Além disso, grupos ambien- feita sem as orientações médicas adequadas.
expansão acompanhar o curso talistas argumentam que o dispêndio de A questão sobre o uso ou não de animais na
dos rios em direção ao interior. água para a pecuária é enorme. Há ainda alimentação humana aparece com frequência,
Atividade os que defendem o fim do abate por causa em vários grupos sociais. Proponha um debate
1. Estudos indicam que a criação do sofrimento dos animais. Ambientalistas e sobre o tema. Exponha brevemente diferentes
de gado gera liberação de alguns cientistas afirmam ser possível substituir abordagens sobre o assunto e encoraje a turma
metano por meio do processo a carne por soja, grão de bico, tofu, quinoa, ao diálogo, atentando-os para o respeito à
digestivo dos animais e que as lentilha, espinafre, entre outros alimentos, opinião dos colegas.
216

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A interiorização e seus conflitos Destaque o aumento de terras
dedicadas à criação de gado e a
Expansão do gado em direção ao interior século (XVI a XVII) multiplicação das feiras, cidades
40° O e vilas no decorrer do século
XVII. Ressalte a importância das
São Luís fazendas de gado para o pro-
cesso de colonização do interior
Fortaleza do atual Nordeste.
ba)
arnaí

Questione os estudantes sobre


ú

o s Tapuias (P

ra
ja

e
r

ib
ua
as consequências do avanço da
G

OCEANO
Rio

ag

Natal
Rio J

ATLÂNTICO criação de gado para as popu-


ande d
Gr
o
João Pessoa
lações indígenas. Relacione a
Ri

Olinda instalação dessas fazendas ao


e ia

aumento da disputa por terras


gu r
Gu

Fonte: JOFFILY, Bernardo


Rio

i sc o et al. O Nordeste da ocupadas pelos povos indígenas


Fran c

o cana e do gado no
século 17. Fundação dessas regiões.
Rio

10° S
Rio Vaza-B a r
ri s Getulio Vargas. Rio Explique que, desde o começo
Cidades de Janeiro, c2016.
Feiras de gado Disponível em: https:// da colonização, os portugueses
ç u
Para g
ua Áreas ocupadas por fazendas atlas.fgv.br/marcos/
caminhos-do-gado/
se referiam aos indígenas pelo
Limites atuais dos estados
Rio

Salvador
Sentido da expansão do gado mapas/o-nordeste-da- termo “bárbaros”. Além do estra-
cana-e-do-gado-no-
0 160
Pernambuco
nhamento e da incompreensão
ALLMAPS

Porto Bahia seculo-17. Acesso em:


Seguro 4 nov. 2019. causados pelo contato com o
A metrópole concedia para poucas pessoas vastos lotes de terra no interior da colônia, diferente, essa denominação,
no contexto estudado, soava de
onde eram instalados os currais e as fazendas. Em pouco tempo, o número de bovinos no
modo conveniente e legitimava as
Nordeste chegou a mais de 1,3 milhão no começo do século XVIII.
práticas de opressão e extermínio.
Ao mesmo tempo, esse processo de interiorização da colonização promoveu a
Ao abordar a problemática
formação de novas cidades, como Feira de Santana, na Bahia, e Oeiras, no Piauí, que indígena em relação ao projeto
se desenvolveram próximo das feiras onde se comercializava o gado. colonizador, atualize a discussão,
As terras doadas aos fazendeiros já eram ocupadas por povos indígenas, como os trazendo-a para o presente. A
xucuru, os canindé e os piancó. Eles reagiram à invasão do lugar onde viviam, atacando realidade enfrentada por muitas
as fazendas, as vilas, os povoados e os currais. Esses conflitos se estenderam por cerca de comunidades indígenas, como a
70 anos. invasão de suas terras e as dis-
Por muitas vezes, os colonos contaram com o apoio de grupos indígenas aliados para putas com diferentes agentes
atacar aldeias adversárias. Entre 1651 e 1679, os confrontos se concentraram, principal- que visam explorar os recursos
mente, na região do recôncavo, no interior da Bahia. Esse conflito ficou conhecido como ali encontrados, vem recrudes-
Guerra do Recôncavo. cendo nos últimos anos e pode,
de certa forma, ser relacionada
à continuidade de um processo
1. Compare o mapa desta página com o mapa da página 213. Qual é a principal
que se desenvolve há séculos,
diferença na forma de ocupação do território por parte dos colonizadores?
O mapa desta página representa o processo de interiorização da ocupação portuguesa. desde a colonização portuguesa
A expansão da produção de gado possibilitou a criação de povoados portugueses no interior do território.
da América, o que não se observa no mapa da página 213. 217
Sugerimos a leitura do Texto
complementar a seguir. Leia o
texto com a turma e discuta o
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24-AV1.indd 217 cuaristas e grileiros (indivíduos que se14:23
14/07/22
impacto do uso de terras indí-
apropriam ilegalmente das terras) [...] iden-
Gado em terras indígenas tificam os lotes, depois, cortam e retiram genas para a criação de gado. A
A criação de bovinos é a principal causa as árvores e ateiam fogo ao local (geral- atividade incentiva a argumen-
das apropriações ilegais de terras em reservas mente, várias vezes). Por último, plantam tação e o pensamento crítico,
protegidas e terras indígenas da Amazônia capim e levam o gado. [...]
brasileira, alimentando a desflorestação e e mobiliza habilidades socioe-
BRASIL: criação ilegal de gado alimenta a des- mocionais, como o diálogo, o
violando os direitos dos povos indígenas e truição da Amazônia. Amnistia Internacional.
tradicionais que vivem nesses locais. [...] [S. l.], 26 nov. 2019. Disponível em: https://www.
respeito ao outro e a sensibili-
[...] as apropriações ilegais de terras, qua- amnistia.pt/brasil-criacao-ilegal-de-gado- zação para os direitos humanos.
se sempre ligadas à criação de bovinos, estão alimenta-a-destruicao-da-amazonia. Acesso
a aumentar nas cinco regiões visitadas. Pe- em: 30 jul. 2022.
217

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 3 e 6: abordadas na discussão
sobre as ações humanas no território
da colônia e sobre o impacto provoca-
A chamada “guerra justa”
do pela interação entre portugueses e Apesar de a metrópole portuguesa ter emitido em 1570 um documento proibindo a
os povos nativos; e na elaboração de escravização da população nativa, muitas vezes o governador-geral da colônia decretava
argumentos que reflitam a importân-
a chamada “guerra justa” contra os indígenas para se apropriar de suas terras.
cia de uma cultura de paz e de uma
sociedade inclusiva. A guerra justa era um artifício utilizado pelos colonos para escravizar os indígenas sob
• CEH 1 e 3: trabalhadas na reflexão a justificativa de que eram hostis à colonização, à expansão e à "ação civilizadora" dos
sobre as estruturas sociais e de po- europeus. Na prática, reivindicar a guerra justa era um pretexto para exterminar os nativos,
der presentes na América portuguesa; uma vez que eram vistos pelos colonos como um obstáculo à expansão do gado pelo
e na interpretação crítica do contex-
interior da colônia. Diversos missionários que atuavam no interior nordestino denunciaram
to histórico.
a violência praticada pelos colonos contra os indígenas.
• Habilidades EF07HI12 e EF07HI13:
enfocadas na análise do processo de Quando os conflitos na região do Recôncavo Baiano estavam chegando ao fim, acen-
ocupação do território da colônia e na tuaram-se os combates no interior dos atuais estados de Pernambuco, Rio Grande do
compreensão das relações estabele- Norte, Piauí e Ceará. Por volta de 1680, teve início, então, a Guerra do Açu (1680-1704).
cidas entre colonizadores e nativos,
Os indígenas resistiram por muito tempo, mas foram derrotados, porque os colonos nor-
problematizando as práticas comer-
ciais e de exploração implementadas. destinos receberam a ajuda de bandeirantes paulistas.
O fim da Guerra do Açu não impediu o surgimento de outros conflitos no Nordeste.
PROCEDIMENTOS Um dos maiores foi a revolta de indígenas escravizados no interior dos atuais estados do
Maranhão, Piauí e Ceará, liderada por Mandu Ladino, do povo cariri. O movimento durou
DIDÁTICOS
de 1712 a 1719 e foi responsável pela destruição de muitas fazendas de gado da região.
Explique as denominações
O conflito terminou após o assassinato de Mandu Ladino pelas tropas dos fazendeiros.
tapuias e tupis, utilizadas pelos 1. a) Resposta pessoal, mas espera-se que os estudantes percebam que em qualquer conflito sempre
colonizadores para classificar os haverá pessoas que irão sofrer e, por isso, nenhuma guerra deveria ser encarada como justa.
1. Procure no dicionário a definição do termo “justo” e depois responda:
indígenas brasileiros. Os tupis
a) Você acredita que alguma guerra possa ser justa?
representavam os indígenas que
b) Como você pensa que os conflitos podem ser resolvidos? Como você resolve situações de
ocupavam o litoral brasileiro no conflito em sua vida? Resposta pessoal. O objetivo é desenvolver a cultura da paz, do diálogo
momento da chegada dos primei- com base na reflexão dos estudantes a respeito dessa questão.
MUSEU NACIONAL DA DINAMARCA, COPENHAGUE

ros colonizadores. Com base nas


informações obtidas por aliados
tupis, muitos conquistadores do
período colonial construíram um
imaginário sobre os grupos que
habitavam o sertão. A denomina-
ção generalista que surgiu dessa
construção foi “tapuia”, sinônimo
de bárbaro, inimigo, indomá-
vel. Entre os tapuias podem ser Dança tapuia,
citados: os cariri, habitantes do Albert Eckhout.
Óleo sobre
sertão de dentro, e os tarairiú, madeira, 1641.
que viviam no sertão de fora.
Ao abordar a Guerra do Açu, 218
a segunda etapa da Guerra dos
Bárbaros, recorra ao texto A
guerra dos bárbaros: povos Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd 218 visualizar as diversas rebeliões indígenas na 05/07/22 14:05

indígenas e a colonização do colônia portuguesa entre os séculos XVI e


sertão − Nordeste do Brasil,
Pesquisar a rebelião de Manu XVIII, entre elas a Rebelião de Mandu Ladino
Ladino ou Manu Ladino.
indicado no Ampliar horizon-
tes da página 219. Destaque que, Exiba o mapa A escravidão vermelha, Solicite a leitura do mapa e das legendas
embora desastrosa para os povos do Atlas Histórico do Brasil disponibilizado e peça aos estudantes que identifiquem as
nativos, essa resistência retardou pela Fundação Getulio Vargas (disponível principais revoltas e suas áreas de abrangên-
o processo de conquista da terra em: https://atlas.fgv.br/marcos/trabalho-e- cia, bem como as áreas de intensa caça aos
pelos colonos nos sertões nor- escravidao/mapas/escravidao-vermelha; indígenas representadas no mapa. Solicite
destinos por quase dois séculos. acesso em: 30 jul. 2022). O recurso permite que reconheçam os elementos gráficos do
218

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Subprodutos do gado Avançando para o item
Subprodutos do gado, per-
A expansão do gado pelo sertão promoveu o desenvolvimento dos subprodutos
gunte aos estudantes quais
do gado – queijo, artigos de couro, charque, entre outros. Até então, produzia-se pouca
produtos podem ser obtidos
coisa além de açúcar, mas, com a manufatura desses produtos, a capacidade produtiva
por meio da criação e do abate
da colônia aumentou muito.
de bovinos, e anote na lousa
O charque, também conhecido como carne-seca ou carne do Ceará, por exemplo,
as respostas apresentadas.
logo se tornou uma das bases da alimentação. O couro era usado na fabricação de roupas, Na sequên­cia, mostre como a
calçados, móveis, mochilas e utensílios domésticos, e parte de sua produção era exportada. produção de queijo, charque,
Muitos indígenas, africanos e mestiços (livres ou escravizados) trabalhavam nessas roupas, calçados, e utensílios
fazendas administradas por vaqueiros, que representavam os donos das terras. Com o domésticos e de montaria foi
passar do tempo, o modo de vida e a cultura dessas pessoas se integraram cada vez mais importante para a diversifica-
ao trabalho com o gado. ção dos produtos da colônia.
Atualmente, muitos aspectos da cultura nordestina estão relacionados a esse modo de Exponha também outros elemen-
vida, que se tornou um dos símbolos do Nordeste. Como exemplos, temos as vestimentas tos atuais da cultura nordestina
do vaqueiro, com chapéu e perneiras de couro, que o protegem dos galhos e espinhos; a herdados dos povos que ocupa-
alimentação à base de farinha, de carne-seca e rapadura; as feiras; entre outros. ram o sertão, como o consumo
de farinha, carne-seca e rapa-

CHICO FERREIRA/PULSAR IMAGENS


dura; e as festas e as feiras, que
deram origem a muitas cidades.
Destaque a figura do va­
queiro, personagem essencial
no desenvolvimento da criação
de gado no Nordeste e ainda
presente em algumas fazendas.
Para desenvolver noções sobre
quem eram e como viviam os
vaqueiros, sugerimos apresen-
tar trechos da obra Os sertões,
de Euclides da Cunha, nos quais
o autor descreve as vestimentas
dos vaqueiros (disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/bv000091.
pdf; acesso em: 30 jul. 2022).

Artigos de couro expostos em feira de produtores em Ourolândia (BA), 2019. A comercialização


de produtos feitos de couro é um exemplo de permanência histórica que pode ser encontrado
no Nordeste.

219

mapa. Destaque a região das chamadas


D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd 219
AMPLIAR HORIZONTES 05/07/22 14:05

“Rebeliões de Manu Ladino”, no interior


dos atuais Maranhão, Piauí e Ceará, e pro- • PUNTONI, Pedro. A guerra dos bárbaros: povos indígenas e a colonização do sertão −
ponha uma pesquisa sobre essa revolta. Nordeste do Brasil, 1650-1720. São Paulo: Hucitec: Edusp: Fapesp, 2000.
Organize uma exposição dos trabalhos O autor, que refuta as interpretações dos que veem nessa guerra uma espécie de confede-
posteriormente. ração unificada, mostra seu caráter fragmentário.
• ÍNDIOS – A invenção do Ceará – bloco 01. 2012. Vídeo (13min14s). Publicado pelo canal FDR.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=s5uXOlHAfzA. Acesso em: 30 jul. 2022.
O programa fala sobre os índios que habitaram o Ceará e sobre as lutas de seus descendentes.

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A BNCC NESTA DUPLA
3. O documento descreve ataques de indígenas às comunidades portuguesas. Esse tipo de ataque era uma
• CECH 3, 4 e 6: abordadas na análise de forma de resistir ao processo de conquista das terras indígenas pelos colonizadores.
documentos que visam à comparação
de ações dos grupos sociais da colônia;
A resistência dos indígenas paiacu no Ceará
e à construção de argumentos que va- Os dois documentos a seguir foram produzidos em 1704 e expressam visões de diferen-
lorizem a diversidade de culturas. tes grupos envolvidos no processo de colonização no Ceará. O primeiro é uma solicitação de
• CEH 1, 3, 4, 5 e 6: enfocadas na dis- fazendeiros ao rei de Portugal para que seja declarada “guerra total” aos indígenas paiacu.
cussão das relações de poder entre
O segundo documento é uma carta do padre João Antônio Andreoni, mais conhecido pelo
grupos sociais, suas respectivas ações
e seus diferentes pontos de vista sobre pseudônimo André João Antonil, relatando a violência sofrida pelos paiacu.
um mesmo fato na América portugue-
sa, à luz da interpretação crítica dos [...] Os officiaes da Câmara desta villa da Capitania do Ceará se
documentos apresentados. Tapuya: modo
queixam a Vossa Magestade de que os tapuyas bayacus aldeiados
genérico usado para
• Habilidades EF07HI10, EF07HI11 e na ribeira de Jaguaribe da mesma Capitania roubaram os gados se referir aos povos
EF07HI12: presentes na análise, com dos moradores daquella ribeira […], os mesmos tapuyas feriram e indígenas que viviam
base em documentos históricos, de mataram com horrendas crueldades muitos daquelles moradores no interior da colônia.
diferentes interpretações sobre as di- queimando alguns vivos […]. Por todos estes fundamentos para a
nâmicas das sociedades americanas no conservação desta Capitania será Vossa Magestade servido destruir estes barbaros para
período colonial e na identificação da di- que fiquemos livres de tão cruel jugo; […] porque de humanos só tem a forma e quem
versidade étnico-racial e étnico-cultural disser outra coisa é engano conhecido. [...]
que formou histórica e geograficamen-
FERREIRA NETO, Cicinato. Indígenas e negros no Vale do Jaguaribe: entre o cativeiro e a liberdade. In: SEMINÁRIO
te a América portuguesa. HISTÓRIA, CULTURA E IDENTIDADE INDÍGENA, NEGRA E AFRO-BRASILEIRA, 2011, Morada Nova. Anais […]. Morada
Nova, CE, 2011. p. 11. Disponível em: https://www.apeoc.org.br/extra/artigos_cientificos/Indigenas_e_Negros_no_
Vale_Jaguaribe.pdf. Acesso em: 6 maio 2022.
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS [Os] moradores do território de Jaguaribe, servindo-se
dos icós (outro gênero de tapuias), caíram de repente sobre os Icó: povo indígena que
Organize a leitura coletiva vivia na divisa entre o
paiacus ocupados a pescar; mortas as crianças e mulheres que
dos documentos e auxilie Ceará, a Paraíba e o
se não puderam defender, foram diretos à Aldeia onde estava o Rio Grande do Norte.
a turma na identificação de Missionário com outros […]. Por ser de noite, ouvia-se de longe
termos desconhecidos. Em a gritaria e houve tempo de pedir socorro aos curraleiros vizinhos. Ajudados por eles,
seguida, chame a atenção os paiacus recolheram-se com o Missionário na Residência dos Nossos Padres do Lago
para a importância de iden- Apodi, um tanto mais segura, por ser guardada por soldados paulistas.
tificar autores, destinatários, MAIA, Lígio de Oliveira. Aldeias e missões nas capitanias do Ceará e Rio Grande: catequese, violência e rivalidades.
Revista Tempo, Natal, v. 19, n. 35, p. 7-22, jul./dez. 2013. p. 11-12. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tem/
datas e outros elementos tex- v19n35/02.pdf. Acesso em: 6 maio 2022.
Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
tuais, como a grafia diferente 1. Officiaes, villa, tapuyas, magestade, bayacus, aldeiados, daquella, daquelles e palavras sem acentuação
da atual, que indicam carac- (barbaros e tem). Espera-se que os estudantes façam uma inferência e percebam que a língua muda
1. No primeiro documento, quais palavras estão escritas de maneira diferente da que
terísticas do período no qual
você está acostumado a escrever? Por que existe essa diferença? ao longo do tempo.
foram produzidos.
Auxilie os estudantes a iden- 2. Os oficiais da Câmara da Capitania do Ceará descreveram os indígenas tapuya com
tificar os objetivos dos autores base em um olhar europeu e etnocêntrico. Explique como os indígenas foram descritos.
Foram descritos como bárbaros, cruéis e desumanos.
dos documentos e a entender 3. Explique por que esse documento descreve um exemplo de prática de resistência
que os documentos são resul- indígena ao avanço da conquista portuguesa.
tados de modos de pensar de 4. De acordo com a carta do padre Antonil, como os colonos se portaram diante dos
um período e podem trazer dife- paiacu? Com apoio dos icó, os colonos atacaram os paiacu, promovendo o massacre de mulheres e
crianças.
rentes versões sobre o mesmo
fato histórico. Para uma melhor 220
compreensão do primeiro docu-
mento e dos objetivos de seus
autores, retome a definição de asD3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24-AV3.indd
diferentes interpretações220e discuti-las dos dias atuais. Isso vai ajudá-los a descon- 16/07/22 14:25

tapuias como cruéis e assassi- coletivamente. Questione a importância de truir a ideia de neutralidade da imprensa, que
nos, segundo os discursos dos se comparar diferentes documentos e suas muitas vezes permeia o senso comum.
colonizadores. versões no estudo da história.
Após a resolução das ativida- O exercício de análise de um mesmo fato sob
des propostas, realize a correção diferentes interpretações é muito importante
comentando cada aspecto soli- para o desenvolvimento crítico dos estudan-
citado. Verifique as variações tes. Oriente-os a fazer esse exercício sobre um
nas respostas elaboradas pela fato da atualidade. Por exemplo, ver como dois
turma, buscando reconhecer sites de notícias explicam um tema polêmico
220

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Ao trabalhar o item Euro­peus
EUROPEUS COLONIZAM A REGIÃO AMAZÔNICA
colonizam a região amazô-
Desde os primeiros tempos coloniais, a região amazônica recebeu mercadores fran- nica, oriente os estudantes a
ceses, holandeses e ingleses interessados na extração e no comércio de pau-brasil. fazer uma leitura individual do
Além disso, buscavam outros produtos tropicais de grande valor na Europa, como aves texto e a buscar informações
de plumagem colorida (papagaios, araras), peles de animais, ervas aromáticas e plantas sobre as seguintes questões:
medicinais. Em troca desses produtos, davam aos indígenas machados de metal, facas por que podemos afirmar que
e outros utensílios. a região Norte já era explorada
Foi somente na época da União Ibérica que os governos de Portugal e da Espanha pelos europeus antes da coloni-
se empenharam na conquista da atual região Norte do Brasil. A ocupação da região foi
zação portuguesa? Por que os
colonizadores portugueses demo-
provocada, em grande parte, pela invasão francesa no Maranhão, em 1612. Tropas foram
raram para ocupar essa região?
enviadas para expulsar os franceses da região em 1615, porque havia o temor de uma
Solicite aos estudantes que
invasão e a tomada daquelas terras pelos rivais europeus. Ao mesmo tempo, foi criada
analisem a imagem condutora,
uma administração voltada exclusivamente para a colonização da atual região Norte. na página 221, uma antiga repre-
IMAGEM CONDUTORA sentação da atual cidade de
Belém, e peça a eles que descre-

ALGEMEEN RIJKSARCHIEF, HAIA, HOLANDA


vam os elementos representados.
Pergunte sobre o ponto de vista
adotado pelo autor da imagem:
de onde ele estaria observando
a área representada? Após cada
um apresentar suas hipóte-
ses, explique que a perspectiva
adotada pelo autor é chamada
“vista a voo de pássaro”, pois o
cartógrafo representou a área do
alto, como se fosse vista por um
pássaro ao sobrevoar a região.

AMPLIAR HORIZONTES
• FERNANDES, Maria Luiza. Os
povos indígenas e as fronteiras
do extremo norte. Fronteiras:
Revista de História, Dourados,
v. 18, n. 32, p. 126-135, jul./
dez. 2016. Disponível em:
https://ojs.ufgd.edu.br/index.
Mapa conhecido como De Stat Ende Fort van Grand Para (em português, “Cidade e Forte do
Grão-Pará”), de autoria desconhecida, 1640. Esse mapa é a mais antiga representação da cidade php/FRONTEIR AS/ar ticle/
de Belém. view/5830/2975. Acesso em:
30 jul. 2022.
221 O artigo aborda o processo de
demarcação da fronteira Norte
do país, na região hoje compre-
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd 221 05/07/22 14:05
endida pelo estado de Roraima.

As muralhas dos sertões


para além do interesse econômico que pudesse oferecer a região, tratava-se nesse primeiro momento... de formar
no rio Branco uma barreira contra invasões ao vale amazônico, mas, note-se, uma barreira humana; desta perspec-
tiva, a submissão dos índios, como vimos, premissa fundamental no projeto colonizador português para a Amazônia
como um todo, neste caso seria, mais do que nunca, um imperativo.
FARAGE, Nádia. As muralhas dos sertões: os povos indígenas no rio Branco e a colonização. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. p. 128. Apud
FERNANDES, Maria Luiza. Os indígenas e as fronteiras do extremo norte: de “inúteis comedores de farinha” a verdadeiras “muralhas dos ser-
tões”. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 28., 2015, Florianópolis. Anais [...]. Florianópolis: ANPUH, 2015. p. 6. Disponível em: http://www.
snh2015.anpuh.org/resources/anais/39/1434402429_ARQUIVO_Osindigenaseasfronteirasdoextremonorte.pdf . Acesso em: 30 jul. 2022.

221

D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-C09-MPU-G24.indd 221 20/08/22 21:09


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3, 6 e 7: abordadas no estudo
das intervenções dos colonizado-
res e da Igreja Católica no território
Primeiras fortificações
colonizado e na elaboração de in- A cidade de Belém nasceu em torno

ALGEMEEN RIJKSARCHIEF, HAIA, HOLANDA


IC
terpretações críticas sobre os fatos do Forte do Presépio, uma construção qua-
históricos, tendo como apoio diver-
drada, feita de madeira, com uma única
sas linguagens.
parede de pedra no lado voltado para o
• CEH 1 e 3: trabalhadas na identifica-
ção das transformações na colônia ao mar, onde havia dois canhões que prote-
longo do tempo e na produção de hi- giam o local de ataques.
póteses sobre esse processo. Analisando o mapa, podemos constatar
• Habilidades EF07HI11 e EF07HI12: pre- que, em Belém, o núcleo urbano nasceu em
sentes no estudo de mapa histórico para
torno do forte. As casas tinham um formato
a análise da formação histórico-geográ-
fica e da distribuição da população no mais ou menos regular e foram construídas
território da América portuguesa. bem próximas umas das outras, formando
um retângulo. No interior desse retângulo, nota-se um quintal coletivo. Esse
PROCEDIMENTOS tipo de construção ficou conhecido como praça fortificada, e seu objetivo era
proteger a população em caso de ataque.
DIDÁTICOS
Além da praça fortificada, foram tomadas outras medidas para defender
Peça aos estudantes que locali-
os moradores que viviam nas proximidades do forte, como a construção de
zem a representação de um forte
muralhas e de paliçadas para impedir as invasões.
na imagem condutora e lance as
Ao lado esquerdo do forte, há um igarapé (pequeno rio) que separava o
seguintes questões disparadoras:
povoado inicial do restante do território. A ligação entre ambos se dava por
quais seriam as funções desse
uma única ponte, o que permitia controlar a entrada e a saída das pessoas.
forte? Qual seria sua relação com
a fundação da antiga cidade de

ALGEMEEN RIJKSARCHIEF, HAIA, HOLANDA


Belém do Grão-Pará? Com base
nas respostas, solicite que locali-
zem as informações relacionadas
ao Forte do Presépio no texto.
Oriente a observação da organi-
zação do núcleo urbano à direita na
imagem, conduzindo à constatação
de que o vilarejo se desenvolveu
em torno do forte. Explique que
a construção de fortes, como o
do Presépio e o de Santo Antônio
de Macapá, no atual estado do
Amapá, permitiu que os coloni- Forte do Presépio. Detalhe do mapa De
zadores ibéricos defendessem a Stat Ende Fort van Grand Para. À direita do
forte, construções protegidas por muralhas
região da invasão de estrangeiros, e paliçadas.
como os holandeses, que foram
expulsos em 1647. 222
Destaque a diferença entre a
área à direita do forte, que apre-
senta certo planejamento, e a área Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd 222 processo de colonização portuguesa na Ama- 05/07/22 14:05

à esquerda dele, onde as moradias zônia [...]. O acervo inclui artefatos líticos e
A fundação de Belém cerâmicos pré-históricos, além da cultura
foram construídas ao longo da linha
Fundada em 1616, a cidade de Belém tem no material proveniente das escavações no pró-
do mar e dos rios. Com base nessa prio sítio histórico e seu entorno, bem como
Forte do Presépio a sua primeira construção.
observação, comente que o mapa Após os vários usos militares da fortificação artefatos e iconografias de grupos indígenas
apresenta aspectos importantes das e as modificações arquitetônicas que sofreu, contemporâneos.
vilas e cidades coloniais, pois evi- o Forte foi revitalizado para uso museológi- MUSEU do Forte do Presépio. Guia das ar-
dencia tanto a preocupação com o co em 2002. Os circuitos expositivos são: o tes. Belém, c2015. Disponível em: https://www.
planejamento urbano como o cres- “Sítio Histórico da Fundação de Belém”, [...] guiadasartes.com.br/para/museu-do-forte-do-
e o “Museu do Encontro”, que versa sobre o presepio. Acesso em: 30 jul. 2022.
cimento desordenado na prática.
222

D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-C09-MPU-G24.indd 222 20/08/22 21:09


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A ação da Igreja Explique as outras medidas
representadas no mapa, que
O processo de colonização também foi IC

ALGEMEEN RIJKSARCHIEF, HAIA, HOLANDA


tinham como função defen-
marcado pelo interesse da Igreja Católica e
der os moradores de invasões.
dos governos de Portugal e da Espanha em
Destaque que as barreiras natu-
difundir o catolicismo nas terras conquistadas.
rais, como os rios, os igarapés e
A ação da Igreja não se limitava à evan-
as florestas, eram estrategica-
gelização dos indígenas, mas ela fazia parte mente aproveitadas. O termo
do dia a dia dos colonos, pois cada vila ou igarapé, mencionado no texto,
povoado tinha sua igreja, e muitas fazendas pode despertar a curiosidade dos
e engenhos tinham sua capela. Os filhos estudantes. Explique a eles que
dos colonos da elite frequentavam escolas se trata de uma palavra indígena
religiosas, onde eram educados por padres que significa “caminho de canoa”.
ou frades. Os jesuítas, por exemplo, fundaram diversos colégios em toda a colônia Peça aos estudantes que iden-
portuguesa na América. tifiquem a representação de uma
No grupo de cerca de 150 pessoas que fundou o Forte do Presépio em 1616, igreja no mapa e pergunte sobre
havia um padre encarregado de cuidar das questões espirituais dos colonizadores sua localização: ela ocupa um
e de converter os nativos à fé católica. Por isso, em 1619, foi construída uma igreja local de destaque na vila? O que
no terreno central do povoado. isso sugere quanto à importância
da instituição religiosa no pro-
cesso de colonização da região?
ALGEMEEN RIJKSARCHIEF, HAIA, HOLANDA

ALGEMEEN RIJKSARCHIEF, HAIA, HOLANDA


Aproveite as reflexões da turma
para explorar a importância da
Igreja Católica na fundação de
Belém e na vida dos colonos,
assim como na criação das
escolas religiosas, contribuindo
para ampliar a capacidade de
inferência dos estudantes.

AMPLIAR HORIZONTES
• MENARDI, Ana Paula Seco. A
educação na literatura de
À esquerda do forte, um igarapé. Representação de uma igreja. viagem e na literatura je-
Detalhe do mapa De Stat Ende Detalhe do mapa De Stat Ende Fort suítica – séculos XVI e XVII.
Fort van Grand Para. van Grand Para.
Tese (Doutorado em Educação)
− Universidade Estadual de
1. Muitos núcleos coloniais portugueses surgiram em torno de fortes. Campinas, Campinas, 2010.
Formule uma hipótese para explicar esse processo. A tese analisa os relatos dos via-
Os fortes tinham um papel defensivo importante, combatendo outros conquistadores europeus jantes e jesuítas estrangeiros
ou protegendo o território de ataques indígenas. Com isso, eram espaços mais protegidos para o 223 como expressões ideológicas que
desenvolvimento de vilas e cidades que asseguravam a ocupação portuguesa do território.
refletem as concepções de colo-
nização, sociedade e educação
de seu tempo, servindo tanto aos
Texto complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd 223 do e contando com um projeto pedagógico
05/07/22 14:05
propósitos da Coroa portuguesa
uniforme e bem planejado, sendo o Ratio como aos da Igreja.
A educação jesuíta Studiorum a sua expressão máxima.
Os jesuítas empreenderam no Brasil uma SANGENIS, Luiz Fernando Conde. Franciscanos na educação brasileira. In: STEPHANOU,
significativa obra missionária e evangeliza- Maria; BASTOS, Maria Helena Câmara. Histórias e memórias da educação no Bra-
dora, especialmente fazendo uso de novas sil. Petrópolis: Vozes, 2004. v. 1, p. 93-107. Séculos XVI-XVIII. Apud CONCEIÇÃO,
metodologias, das quais a educação esco- José Luis Monteiro da. Jesuítas na educação brasileira: dos objetivos e méto-
lar foi uma das mais poderosas e eficazes. dos até a sua expulsão. Educação Pública, [s. l.], 2017. Disponível em: https://
educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/17/3/jesutas-na-educao-brasileira-dos-
[...] Não apenas organizaram uma ampla
objetivos-e-mtodos-at-a-sua-expulso. Acesso em: 30 jul. 2022.
“rede” de escolas elementares e colégios
como o fizeram de modo muito organiza-
223

D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-C09-MPU-G24.indd 223 20/08/22 21:09


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3 e 7: abordadas na análise
do povoamento e das intervenções
humanas na colônia portuguesa da A ESCRAVIZAÇÃO DA POPULAÇÃO NATIVA
América, focadamente no processo de O processo de colonização da América portuguesa estava amparado no uso
escravização indígena e africana; e na
da mão de obra escravizada indígena e africana. Para suprir a necessidade desse
utilização da linguagem cartográfica
para o estudo. tipo de mão de obra, os colonos organizaram diversas expedições de apresamento
• CEH 3 e 5: trabalhadas na compreen- de indígenas na Bacia Amazônica. Essas expedições tinham como objetivo capturar
são dos fatos históricos relacionados indígenas e utilizá-los como mão de obra cativa nas lavouras açucareiras do Nordeste,
à escravidão e às expedições ban- contribuindo também para a expansão do território português. Muitas dessas expe-
deirantes, problematizando suas dições partiram dos 35 fortes e vilas, aproximadamente, localizados ao longo do Rio
particularidades.
Amazonas e de seus afluentes.
• Habilidades EF07HI09, EF07HI11 e
EF07HI12: enfocadas no estudo de Para escapar da violência do apresamento, alguns grupos de nativos preferiram
mapa histórico do povoamento da fazer alianças com os colonizadores, mas grande parte deles tentou preservar sua
colônia e nas ações dos colonizado- liberdade e suas terras por meio da luta. Porém, os colonizadores tinham armas de
res no processo de escravização dos fogo e acabaram dizimando aldeias e capturando os sobreviventes.
nativos e de exploração do território
Oficialmente, a Igreja Católica condenava a escravização indígena e utilizava o
colonizado.
argumento de protegê-los para criar aldeamentos chamados de missões ou reduções.
Na prática, porém, as missões exploravam o trabalho dos indígenas e acabaram por
PROCEDIMENTOS desagregar sua cultura ao obrigar os nativos aldeados a abandonar suas crenças e
DIDÁTICOS seus valores.
Comente que a coloniza-
ção das capitanias do Norte América portuguesa: povoamento no século XVIII
atendia à necessidade de

ALLMAPS
50°
50° OO

obtenção de mão de obra


escravizada no Nordeste por
meio das expedições de captura. Forte São José
de Marabitonas (1763)
Forte São
Joaquim (1775)
Forte São José
A colonização do Norte motivava de Macapá (1764)
o

Forte São Gabriel


anc

Equador da Cachoeira (1763) Forte de


o aldeamento dos indígenas nas
Rio Br

Pauxis (1698) 0°

Forte São Belém Caeté (Bragança)
José do Rio
chamadas missões ou reduções Rio J
apurá
Negro (1669)
Am
azonas Cametá
Forte Presépio
Alcântara
o (1616) Forte de São Luís
Rio

Ne
controladas por ordens religiosas.
Ri

gro Forte São Luís


Rio Içá (1612)
o Tapajós

Tocantins
Ri

So
ba
Manaus
(1697)
Com o uso do mapa da limões
i

Rio Parnaí
Forte São Francisco Irir
Rio
s

Xavier deTabatinga

Xingu

página 224, aponte que essas


pa

(1776) s
vari

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Rio
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dinâmicas de povoamento ei
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seguiam o curso de rios e eram


R io

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apoiadas pelos fortes. Era


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Rio Tocan

comum utilizar os fortes e as o


Rio

sc
Juruena

Área povoada
Forte de

i
nc
Guaporé

vilas como pontos de parada Bragança (1769)

Fra
Forte

o
Rio Sã
Rio

0 220
antes de deslocar os indígenas Colégio dos jesuítas Forte Príncipe
Rio

da Beira (1776)

para o litoral nordestino. Fonte: VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. p. 105.
O Texto complementar
permite aprofundar o debate 224
acerca desse novo espaço de
relação social, no qual os povos
indígenas eram obrigados a praça, o centro da redução.
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd 224 Ali eram fei- quinta dos padres, onde estavam a horta, 05/07/22 14:05

abolir a maioria de suas práti- tos as procissões, os desfiles militares, o pomar e o jardim.
as encenações religiosas e os jogos de bo- Na periferia dos povoados localizavam-se
cas tradicionais e os princípios
la ou o tejo. […] as fontes, alguns currais, […] e habitações
da cultura cristã. dos negros, que trabalhavam nas estâncias.
Em frente às igrejas eram feitas as re-
Texto complementar presentações teatrais, os autos sacros. […] CUSTÓDIO, Luiz Antônio Bolcato. A arquitetura
Junto à igreja estavam a residência dos pa- e o urbanismo das missões jesuíticas dos guara-
A arquitetura das dres, o colégio, as oficinas, o cemitério e nis. Urbanismo de Origem Portuguesa,
missões o cotiguaçu, onde viviam as viúvas e os [s. l.], n. 3, abr. 2001.
[...] A Igreja era sempre o órfãos. Ao redor da praça, ficavam as ca-
prédio mais importante. A sas dos caciques. Atrás da igreja, havia a
224

D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-C09-MPU-G24.indd 224 20/08/22 21:09


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Ao trabalhar o texto Os ban-
OS BANDEIRANTES NO SUL DA COLÔNIA
deirantes no sul da colônia,
No fim do século XVI, São Paulo de Piratininga, na capitania de São Vicente, era um explique que no período colo-
dos poucos núcleos de povoamento no interior da colônia portuguesa. Cerca de 2 mil habi- nial os núcleos de povoamento
tantes, entre europeus e mestiços, dedicavam-se principalmente ao cultivo de trigo, milho e da capitania de São Vicente fora
mandioca. Parte da produção era consumida na capitania, e o excedente era vendido para do litoral ainda eram poucos.
outras regiões. Pergunte aos estudantes o
Os paulistas também escravizavam indígenas para utilizá-los como mão de obra e, que eles sabem sobre os ban-
quando os nativos das proximidades escassearam, passaram a organizar expedições conheci- deirantes e suas expedições
das como bandeiras. As pessoas que participavam delas eram os bandeirantes ou sertanistas.
chamadas bandeiras. Leve-os
a identificar os objetivos das
Nas bandeiras, iam também um capelão e centenas ou milhares de indígenas, muitos
bandeiras, seus integrantes, as
dos quais escravizados. Eram os indígenas que mostravam o que poderia ser consumido
regiões por onde passaram e o
como alimento e quais plantas podiam curar ferimentos e enfermidades, por exemplo.
destino dos indígenas captura-
Em razão do conhecimento dos nativos, as expedições avançaram em direção ao interior, dos. Anote essas informações
alcançando terras que, pelo Tratado de Tordesilhas, pertenciam à Espanha. na lousa e solicite à turma que
Uma das primeiras grandes bandeiras saiu de São Paulo em 1602, rumo ao atual as registrem no caderno.
estado do Paraná. Retornou, em 1604, com cerca de 3 mil indígenas capturados. Ao Explique que essas expedições
chegar a São Paulo, eles eram escravizados ou vendidos aos senhores de engenho do eram chamadas de bandeiras
atual Nordeste. Para diferenciá-los dos africanos escravizados, conhecidos como negros de aprisionamento e que, além
da Guiné, os indígenas tornados cativos eram chamados de negros da terra. de permitirem o desenvolvimento
da economia paulista, fornece-
Vista de drone da Praça Tiradentes, em Curitiba (PR), 2019. Trata-se de ram mão de obra escravizada
uma das muitas cidades fundadas por bandeirantes no século XVII.
para a região açucareira e per-
TALES AZZI/PULSAR IMAGENS
correram o interior, alargando
o território sob o domínio por-
tuguês. Essas ações resultaram
na morte e no extermínio de
muitos povos indígenas.

AMPLIAR HORIZONTES
• MONTEIRO, John Manuel.
Negros da terra: índios e
bandeirantes nas origens de
São Paulo. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 1994.
Ao colocar no centro da análise
as populações indígenas e o con-
tato diferenciado que mantinham
com colonos e jesuítas, o histo-
riador reinterpreta criticamente
225 a formação da sociedade paulis-
ta entre os séculos XVI e XVIII.

Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd 225 que se reúnam em grupos e leiam o material.
05/07/22 14:06 ou países e por quais motivos
Cada grupo terá um guia para analisar e fazer essas pessoas migraram. A partir
Descobrir que somos todos uma breve leitura para o reconhecimento do
migrantes/imigrantes das histórias pessoais, explique
material. Durante essa atividade, peça a eles aos estudantes que todos os
Para preparar a atividade, imprima algumas que anotem as partes que mais lhes chama-
cópias do guia “Somos todas/os migrantes”, seres humanos migram (emigram
ram a atenção.
que pode ser encontrado no site da Prefeitura Disponha a turma em roda e pergunte quem e imigram) e proponha a eles
de São Paulo, disponível em: https://issuu. tem avós ou pais nascidos na mesma cidade uma reflexão sobre os motivos
com/smdhc/docs/guiaimigrantes_portugues; onde a escola está situada. Pergunte se há que levam algumas pessoas a
acesso em: 30 jul. 2022. Peça aos estudantes parentes que moram em outras cidades, estados repelir imigrantes.
225

D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-C09-MPU-G24.indd 225 20/08/22 21:09


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3 e 7: abordadas na com-
preensão das intervenções dos
bandeirantes no território colonizado,
O impacto das bandeiras
por meio da análise e interpretação de
documentos históricos. Principais bandeiras dos séculos XVII e XVIII

SONIA VAZ
• CEH 3 e 5: trabalhadas na interpretação 50° O

de documento histórico; na análise dos


efeitos das expedições bandeirantes e
no entendimento das movimentações Equador

desses grupos como parte principal do Belém

processo de colonização.
Fortaleza
• Habilidades EF07HI11, EF07HI12 e
Natal
EF07HI13: enfocadas na descrição e

Tratado de Tordesilhas
Paraíba

caracterização das ações dos colo- Olinda


Domínio Recife
nizadores e das dinâmicas mercantis espanhol Domínio
estabelecidas com as expedições português São Cristóvão
Salvador
bandeirantes, durante o processo de Vila Bela

povoamento da América portuguesa. Cuiabá


Vila Boa
OCEANO
Sabará ATLÂNTICO

PROCEDIMENTOS OCEANO
PACÍFICO
Vila Rica

DIDÁTICOS Trópico de Capricórnio


Rio de Janeiro

São Paulo
Solicite a observação do
mapa Principais bandeiras dos Bandeiras
séculos XVII e XVIII e peça aos Apresamento de indígenas
Rio Grande
Exploração contratada
de São Pedro
estudantes que identifiquem os Mineração
Limites atuais do Brasil
Fonte: VICENTINO,
0 400 Cláudio. Atlas histórico:
pontos de partida e de chegada Cidades e vilas
geral e Brasil. São Paulo:
das bandeiras apresentadas no Scipione, 2011. p. 101.

mapa. Aproveite para mostrar Para os bandeirantes, as missões ofereciam a possibilidade de capturar, de uma só
como a colonização da região Sul vez, muitos indígenas, porque havia centenas deles reunidos em um mesmo lugar. Assim,
também foi motivada pela busca na primeira metade do século XVII, teve início um período em que os bandeirantes
de pedras preciosas, resultando empreenderam ataques arrasadores às missões.
na ampliação das fronteiras por Essas expedições rumo ao sul ampliaram ainda mais as fronteiras da colônia por-
meio da fundação de cidades.
tuguesa, pois, por onde passavam, fundavam novos povoados, como as atuais capitais
Ao abordar os ataques dos
Curitiba (PR) e Florianópolis (SC).
bandeirantes e as missões
Esses sertanistas também foram responsáveis pelo extermínio de muitos povos indíge-
jesuíticas, explique que a con-
nas. Na segunda metade do século XVII, grande parte dos nativos do sul da colônia havia
centração de um grande número
sido exterminada ou escravizada.
de indígenas em um mesmo local
Depois dessas investidas, os bandeirantes priorizaram a busca por ouro e por pedras
facilitava a sua captura. Destaque
preciosas em regiões hoje situadas nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.
também que no século XVII
ocorreu uma escassez da mão Parte dessas regiões, pouco desbravadas pelos colonos na época, situava-se além dos
de obra escravizada africana, tor- limites do Tratado de Tordesilhas.
nando a prática da escravidão 226
indígena mais intensa e lucrativa.

Atividade complementar expedições representadas no226mapa (veja itens


D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd • Os objetivos da expedição eram chegar às 05/07/22 14:06

a seguir), identifique qual era essa expedição. minas peruanas e estabelecer uma ligação
Interpretar informações • A expedição foi iniciada em 1648, quando entre as bacias Amazônica e do Prata.
do mapa o bandeirante e sua tropa partiram de São • A expedição durou três anos e percorreu cer-
Proponha uma atividade Paulo descendo o Rio Tietê rumo aos sertões ca de 10 000 quilômetros.
de análise e interpretação de Mato Grosso. A atividade permite um trabalho com mapa,
do mapa Principais bandei- • Em seguida, foram para o Norte, descendo objetiva explorar as rotas das principais bandei-
ras dos séculos XVII e XVIII. o Rio Amazonas até sua foz. Quando che- ras dos séculos XVII e XVIII e apresentar alguns
Peça à turma que, com base garam às proximidades de Belém, boa parte aspectos de uma expedição bandeirante.
nas informações sobre uma das de seus integrantes havia morrido.
226

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buscam relacionar os conhecimen-
tos científicos aos usos culturais
pelas sociedades humanas.
Drogas do sertão: o poder das plantas Para ampliar a discussão sobre
Ao manter os nativos nas missões, os religiosos se apropriaram dos saberes e dos o tema, proponha uma aula em
conhecimentos indígenas sobre a natureza. Foi o que ocorreu, por exemplo, com as plantas conjunto com o professor de
da Amazônia, chamadas de drogas do sertão, como pimenta, canela, gengibre, castanha- Ciências sobre as propriedades da
-do-pará, cacau, cravo, guaraná, baunilha e plantas aromáticas e medicinais. plantas tradicionalmente utilizadas
Durante o período colonial, por povos indígenas na culinária e

DADO PHOTOS/SHUTTERSTOCK.COM
as missões religiosas exportavam
na medicina, os locais de onde as
espécies são nativas e seus usos
drogas do sertão para a Europa,
e costumes. Você pode sugerir o
onde eram muito valorizadas. Mas
estudo sobre as plantas citadas
o trabalho de se embrenhar na
na página, selecionar outras por
mata, recolher as plantas e prepa- causa de sua ação medicinal ou
rá-las era feito pelos nativos. Além pedir sugestões aos estudantes,
disso, os padres passaram a usar integrando seus conhecimen-
o conhecimento indígena para tos prévios sobre o assunto.
fabricar remédios, que também Sugerimos a consulta do livro
eram vendidos na Europa. digital disponível na internet: RIOS,
A raiz de um cipó, conhecido Mary Naves da Silva; PASTORE
como poaia ou ipecacuanha, do JR., Floriano (org.). Plantas da
qual se fabricava um poderoso Amazônia: 450 espécies de uso
medicamento contra a diarreia, geral. Brasília, DF: Universidade de
é um exemplo das plantas utili- Brasília: Biblioteca Central, 2011.
zadas pelos indígenas.
Disponível em: https://repositorio.
unb.br/handle/10482/35458.
Acesso em: 30 jul. 2022.
Barraca de ervas e remédios
caseiros feitos à base de ervas
medicinais. Palmas (TO), 2013. Muitas
Atividade
plantas e ervas são tóxicas e não 1. Em 2009, o Ministério da
devem ser usadas sem orientação de Saúde divulgou uma lista
um profissional de saúde.
com 71 plantas que podem
FICA A DICA ser utilizadas como tratamento
• Dicionário Ilustrado Tupi Guarani. Plantas. Disponível em: https://www. fitoterápico no Brasil. Entre elas
dicionariotupiguarani.com.br/section/plantas/. Acesso em: 19 maio 2022. destacam-se: alho (antissép-
Essa página do Dicionário Ilustrado Tupi Guarani apresenta diversas informações sobre mais tico e anti-inflamatório), caju
de 60 árvores e frutas do Brasil. (antisséptico e cicatrizante),
camomila (para combater der-
matites), entre outras. Reforce
1. Com o auxílio do professor de Ciências, pesquise sobre produtos fitoterápicos e a
que é comum as pessoas pen-
importância deles no tratamento de doenças. Lembre-se: nunca tome um medi-
camento sem orientação médica.
sarem que, por serem naturais,
Consulte comentários nas Orientações didáticas. produtos fitoterápicos podem
227 ser consumidos sem indicação
e que não oferecem riscos. De
fato, trata-se de substâncias
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24-AV3.indd 227 Os saberes tradicionais e medicinais indíge-
16/07/22 14:25 feitas exclusivamente de maté-
nas foram explorados pelos europeus no período ria-prima vegetal e cuja ação
Pergunte aos estudantes o que eles sabem
da colonização e, apesar de muitos medicamentos é comprovada por meio de
sobre as chamadas drogas do sertão. Com
serem fabricados atualmente a partir da apro- estudos farmacológicos e toxi-
base nas respostas, explore a importância dessas priação desses saberes, há um risco grande de o cológicos. Entretanto, sabe-se
plantas nativas da Amazônia utilizadas na culi- uso de certas plantas medicinais se perder com o que, como outros medicamen-
nária e também no combate a algumas doenças aumento do desmatamento, a dimuição da diver- tos, o uso inadequado desses
no período colonial. Destaque a importância sidade botânica e o desaparecimento de línguas produtos pode causar sérios
desses produtos no desenvolvimento econô- e culturas indígenas. Atualmente, a etnociên­ problemas à saúde, reforce
mico da região Norte. cia e a etnobotânica são ramos de estudos que esse perigo com os estudantes.
227

D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-C09-MPU-G24.indd 227 20/08/22 21:09


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 5 e 7: abordadas com os es-
tudantes à medida que problematizam
a atuação de personagens históricos
no contexto analisado.
OLHO VI VO
• CEH 1, 3, 4 e 6: trabalhadas na elabora-
ção de questionamentos críticos sobre DOMINGOS JORGE VELHO NA INTERPRETAÇÃO
as informações analisadas e na identi-
ficação das ações de diferentes sujeitos DE BENEDITO CALIXTO
históricos no contexto abordado. O bandeirante paulista Domingos Jorge Velho (1641-1705) foi descrito na época como
• Habilidade EF07HI12: enfocada na um homem que mal falava a língua portuguesa e se expressava quase exclusivamente em
análise crítica de uma das figuras do
tupi-guarani. Adentrando em terras do atual Nordeste, as expedições por ele comandadas
processo de povoamento da colônia.
fundaram diversos vilarejos, e os indígenas que resistiram foram mortos ou escravizados.
Domingos Jorge Velho também comandou a expedição que destruiu o Quilombo dos
PROCEDIMENTOS Palmares, na capitania de Pernambuco.
DIDÁTICOS A imagem é a reprodução de uma pintura a óleo do artista Benedito Calixto (1853-1927),
feita em 1903, que representa Domingos Jorge Velho e seu ajudante, Antônio Fernandes de
Olho vivo Abreu. É importante lembrar que a tela foi encomendada pelo governo de São Paulo e, na
A proposta da seção é levar época em que foi pintada, interessava à elite do estado paulista mostrar um passado glorioso,
o aluno a identificar, anali-
representado pela figura do bandeirante: íntegro, corajoso, austero, limpo e determinado.
sar e questionar a construção
da imagem heroica dos ban- 1 Domingos Jorge Velho foi representado como 4 A faca que pende da cintura é muito fina e,
um europeu de pele branca, mas na verdade portanto, inadequada para cortar a vegeta-
deirantes. Antes de apresentar era filho de português com indígena. Portanto, ção e abrir caminhos em uma mata fechada.
a pintura, solicite aos estudan- é provável que ele tivesse traços indígenas e
tes que levantem hipóteses a pele mais escura. A representação dos ban-
deirantes como pessoas brancas fazia parte
5 O arcabuz era uma arma de fogo que os ban-
sobre como seria a aparência do ideário racista de grande parte da elite da
deirantes carregavam em suas expedições. Eles
também sabiam manusear o arco e a flecha.
dos bandeirantes. época em que a tela foi feita, que não aceitava
seus heróis como mestiços ou negros.
Se necessário, reforce que na 6 Antônio Fernandes de Abreu era locotenente
ciência hipóteses são argumentos 2 Domingos Jorge Velho olha para o observa- (pessoa que substitui o chefe em caso de
estruturados, criados para res- dor da tela. Ele é representado como uma ausência) de Domingos Jorge Velho e parti-
figura grandiosa e orgulhosa, segura de si. cipou das bandeiras. O rosto representado na
ponder às questões para as quais tela, porém, foi criado pelo pintor. O corpo
Essa atitude altiva foi a forma encontrada
ainda não foi possível obter uma pelo artista para representar a ideia de gran- vigoroso do sertanista lembra as represen-
confirmação por meio de observa- diosidade da elite paulista. tações dos ricos da época em que a tela foi
pintada. Os bandeirantes provavelmente não
ção e experimentação. Portanto, tinham um físico assim. Na selva, comiam
3 O bandeirante veste roupas geralmente usadas
peça-lhes que, antes de respon- em festas religiosas: manta, camisa, calça,
pouco e às vezes chegavam a passar fome.
der, reflitam sobre o ambiente, as botas (artigo de luxo) e chapéu. Ninguém se
condições de vida na época, para vestia dessa forma em uma expedição. Nas 7 Atrás dos homens, há algumas árvores.
matas, os bandeirantes andavam descalços, Mais ao fundo, uma serra. É uma repre-
levantar a hipótese com o máximo usavam chapéu e um colete de couro de anta sentação do lugar onde ficava o Quilombo
de acuidade possível. para se protegerem das flechas. No pescoço, dos Palmares, destruído pela expedição de
traziam crucifixos, colares e penas indígenas. Domingos Jorge Velho.
Anote na lousa as caracte-
rísticas citadas. Em seguida, Elaborado com base em: MARINS, Paulo César Garcez. Nas matas com pose de reis: a representação de bandeirantes
e a tradição da retratística monárquica europeia. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, [s. l.], n. 44,
apresente a imagem e peça-lhes p. 77-104, fev. 2007. Disponível em: www.revistas.usp.br/rieb/article/view/34563.
Acesso em: 21 maio 2022.
que descrevam os elementos
que compõem a pintura, como 228
as personagens retratadas, sua
disposição na tela, os objetos
retratados, a função de cada imagéticas. Levar em consideração
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd 228 o período Texto complementar 05/07/22 14:06

um e dados que evidenciem retratado e tudo o que envolve sua produção,


inclusive a trajetória do pintor, é fundamental
Os bandeirantes paulistas, segundo
a época representada. Anote
o jesuíta padre Antônio Vieira
novamente os dados na lousa para se realizar uma leitura crítica da imagem.
Nesse caso, busque ressaltar ainda a natureza Eu perguntei a um dos cabos desta entra-
comparando-os com as hipóte-
da o que faziam com eles. Respondeu-me o
ses apresentadas inicialmente e da encomenda solicitada à Benedito Calixto.
cabo com grande paz de alma: “A esses da-
compare-os. Acrescente que a elite de São Paulo buscava vamos-lhes tiros, caíam uns, fugiam outros.
Auxilie na reflexão sobre a assegurar sua preponderância na política e na Entrávamos na aldeia, tomávamos aque-
importância de se conhecer o economia nacionais, e buscava um passado les que queríamos, metíamo-los nas canoas
contexto de produção das obras heroico e importante para a história do país. e prosseguíamos a nossa viagem”. Isto me
228

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Como é possível analisar nos detalhes, diversos aspectos da imagem não correspon- Para estimular a reflexão acerca
dem ao que provavelmente caracterizava os bandeirantes. da importância de se compa-
rar diferentes documentos e
versões de um mesmo fato, consi-
dere trazer para a sala de aula uma
1
cópia do trecho de uma carta do
Padre Antônio Vieira (ver Texto
7
complementar a seguir), na qual
ele relata o comportamento dos
2 bandeirantes. Em seguida, solicite
aos estudantes que comparem as
atitudes dos bandeirantes, descri-
6
3 tas no documento, com a imagem
pintada por Calixto. Pergunte a
eles, por exemplo, o que esse
documento revela sobre o mito
dos bandeirantes e quais dife-
renças podem ser identificadas
entre a representação textual e
a imagética.
É possível que a turma tenha
uma tendência de julgar os ban-
4
deirantes com base na visão do
jesuíta. Por isso, é importante
lembrar que esse relato, embora
chocante, também está carregado
de emoção, como é comum nos
testemunhos em primeira pessoa,
ACERVO DO MUSEU PAULISTA-USP, SÃO PAULO

Domingos e que muitos religiosos também


Jorge Velho e
o locotenente
participaram das bandeiras. Para
Antônio além de julgar ou escolher um
5 Fernandes de lado, mostre que a visão crítica
Abreu, Benedito
Calixto. Óleo sobre da história nos estimula a enten-
tela, 1903. der esses indivíduos de acordo
com as condições de sua época.
FICA A DICA
• Meus heróis não viraram estátua, de Luiz Bolognesi e Pedro Puntoni. São Paulo: Ática, 2001.
No livro, os autores mostram contradições e conflitos de grandes heróis oficiais brasileiros,
convidando o leitor a pensar na própria realidade de maneira crítica e a escolher os próprios heróis.

229 AMPLIAR HORIZONTES


• SOUZA, Ricardo Luiz. A mito-
logia bandeirante: construção
respondeu este capitão como se contara uma
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24.indd 229 Porque são concedidos aos sertanistas de
05/07/22 14:06
e sentidos. História Social,
ação muito louvável; e assim fala toda esta São Paulo estes privilégios? [...] Campinas, n. 13, p. 151-171,
gente nos tiros que deram; nos que fugiram, VIEIRA, Padre Antônio. Carta ao Padre Provincial, 2007. Disponível em: https://
nos que alcançaram, nos que escaparam, nos 1653, Maranhão. In: SÃO PAULO (Estado). Secretaria ojs.ifch.unicamp.br/index.php/
que mataram, como se falassem de uma ca- de Estado da Educação. Coletânea de documentos rhs/article/download/215/207.
çada e não valessem mais as vidas dos índios históricos para o 1o grau – 5a a 8a séries. São Paulo: Acesso em: 31 jul. 2022.
que as dos animais. Todos estes homicídios e SEE. 1979. p. 25. Disponível em: https://lemad.
fflch.usp.br/sites/lemad.fflch.usp.br/files/2017-12/ O artigo tem como objetivo estu-
latrocínios se toleram em um reino tão cató- dar o processo de construção da
Desenvolvimento%20de%20novas%20
lico como Portugal, há mais de sessenta anos. metodologias%20aplic%C3%A1veis%20ao%20 mitologia bandeirante, bem co-
Estas maldades ainda continuam, sem haver processo%20ensino%20-%20aprendizagem%20 mo os fatores que a motivaram.
por elas nem devassa, nem castigo. do%201%20grau.pdf. Acesso em: 31 jul. 2022.
229

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3, 5 e 7: abordadas na com-
preensão das ações e interações de
diferentes grupos e sujeitos históricos
no tempo e no espaço; e no uso do es- ENQUAN TO ISSO...
quema como forma de estudo.
• CEH 3: trabalhadas na análise de OS HOLANDESES CHEGAM À NOVA ZELÂNDIA
acontecimentos históricos ligados às
relações entre diferentes grupos e ato- Enquanto os portugueses expandiam as fronteiras de sua colônia na América, nave-
res sociais, construindo argumentos gadores holandeses chegavam, em 1642, a um dos últimos lugares do planeta ainda
críticos sobre o contexto analisado. desconhecidos dos europeus: a atual Nova Zelândia, no sudoeste do oceano Pacífico.
• Habilidades EF07HI02 e EF07HI10:
Os marinheiros foram comandados pelo explorador e comerciante holandês Abel
enfocadas na identificação das in-
terações entre diferentes povos no Janszoon Tasman (1603-1659), a serviço da Companhia das Índias Orientais, uma empresa
contexto das navegações; e no estu- de caráter mercantil e militar, encarregada de realizar o comércio e promover a colonização
do de documento histórico. de territórios em nome do Estado holandês.
As embarcações holandesas ancoraram em uma baía dominada pelos maoris, popu-
PROCEDIMENTOS lação nativa da região, mas não conseguiram desembarcar. Dois maoris se aproximaram
DIDÁTICOS dos barcos para inspecionar os invasores e fizeram rituais tradicionais, provavelmente para
afugentar maus espíritos. Como resposta, os holandeses gritaram, tocaram trombetas e
Enquanto isso... dispararam um tiro de canhão.
Antes de orientar a leitura do Isso desencadeou uma reação violenta dos maoris que, na manhã seguinte, atacaram
texto da seção, pergunte aos os holandeses. Quatro marinheiros foram mortos, e os sobreviventes fugiram às pressas.
estudantes o que eles sabem Somente em 1769, os europeus retornaram à ilha. Essa tarefa ficou a cargo do explorador
sobre a última região do planeta britânico James Cook (1728-1779), que mapeou quase toda a costa do atual país.
alcançada pelos europeus no

BIBLIOTECA BRITÂNICA, LONDRES. FOTO: BRITISH LIBRARY/TOPFOTO/AGB PHOTO LIBRARY


processo de expansão marí-
tima, iniciado no século XV.
Em seguida, com o auxílio de
um globo, explore a dimensão
da expansão europeia durante
a Idade Moderna: localize, junto
com os estudantes, os quatro
continentes explorados pelos
europeus nesse período, des-
tacando a América (tema do
capítulo) e a Oceania (tema
desta seção).

Pergaminho de 1642 com ilustração (de autoria desconhecida) de canoas maoris em


ataque aos navios holandeses na costa da atual Nova Zelândia.

230

AMPLIAR HORIZONTES
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• RANGINUI, Walker. Identidade e antropologia maori na • MERLEAU-PONTY, Claire; MOZZICONACCI, Cécile.


Nova Zelândia. Mana, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 169-178, Histórias dos maori: um povo da Oceania. São
1997. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php? Paulo: Comboio de Corda/SM, 2007.
script=sci_arttext&pid=S0104-93131997000100007. O livro trata de lendas e mitos contados há séculos
Acesso em: 2 jun. 2022. pelo povo maori, que se instalou na Nova Zelândia há
O artigo trata da afirmação da identidade dos nati- mais de mil anos.
vos maoris, que habitavam a Nova Zelândia antes da
chegada dos europeus.

230

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Esquema-resumo
ESQUEM A-RE SUMO Aproveite a questão proposta
ao final da seção para explorar
CAPÍTULO 9 esse recurso, que tem o objetivo
de auxiliar a turma a desenvol-
EXPANSÃO TERRITORIAL NO BRASIL COLÔNIA ver a capacidade de síntese
e de relação entre fatos.
Este também pode ser um bom
momento para verificar as difi-
1580: colonização restrita ao litoral
culdades que a turma tem sobre
os assuntos estudados e buscar
maneiras de solucioná-las.
Conquista do atual Conquista dos atuais Sul,
Conquista do atual Norte Com base no esquema,
Nordeste Sudeste e Centro-Oeste
retome cada etapa da expansão
territorial da colônia, destacando
a importância das construções
– 1580-1600: construção de – Ameaça de invasão de
fortes no litoral concorrentes europeus dos fortes, o avanço das fazen-
Papel dos
– Criação de gado avança pelo – Construção de fortes bandeirantes das de gado direcionado para
interior – Envio de tropas e o interior do atual Nordeste, o
– Desenvolvimento de missionários esforço das autoridades portu-
subprodutos do gado – Criação das missões religiosas
guesas para proteger o território
– Escravização de indígenas
da atual região Norte e a atuação
– Exploração das drogas do
Vila de São Paulo das bandeiras na ampliação dos
sertão
(século XVI)
territórios e na fundação de
povoa­dos pelo interior.
Reforce que a invasão das
terras indígenas prejudicou a
EXPEDIÇÕES
sobrevivência material, social
PAULISTAS
(APÓS 1602)
e cultural desses povos. Diante
desse quadro, os povos indíge-
nas tiveram diferentes reações
à invasão: intimidados, alguns
– FORMAÇÃO DE POVOADOS E VILAS – Escravização de indígenas grupos aliaram-se aos invaso-
– EXPANSÃO DAS FRONTEIRAS – Descoberta de metais
preciosos
res, e outros grupos optaram
– TOMADA DAS TERRAS INDÍGENAS
– Destruição das missões por lutar e defender suas terras.
– DIZIMAÇÃO DE POVOS INDÍGENAS
jesuíticas (região Sul)
Atividade
Em virtude da expansão dos
O século XVII caracterizou-se como um período de expansão dos limites da colônia portuguesa na América. limites da colônia portuguesa na
Com base na leitura do capítulo e no esquema anterior, explicite as consequências dessa expansão. América, surgiram novas cidades
Consulte resposta e comentários adicionais nas Orientações didáticas. ao longo do litoral e no interior da
231 colônia. No interior do Nordeste,
foram instalados currais e grandes
fazendas de gado. A coloniza-
ção também chegou ao interior
AMPLIAR HORIZONTES
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da Amazônia, onde foram ergui-
dos diversos fortes para impedir
• TERRA, Antônia. História e dialogismo. In:
BITTENCOURT, Circe (org.). O saber histórico invasões estrangeiras. Os ban-
na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2008. deirantes ampliaram o território
ao sul e ao oeste. A expansão
A autora mostra a dinâmica que existe entre sujei-
tos, documentos e a realidade, demonstrando os ocorreu à revelia dos povos indí-
diálogos estabelecidos entre esses componentes, genas, que perderam suas terras,
a construção de sentidos históricos e a ressonân- foram mortos ou escravizados.
cia no tempo.

231

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 6 e 7: abordadas no
incentivo à reflexão sobre os princi-
pais aspectos do período estudado
no capítulo.
AT IV IDADE S Consulte respostas e comentários
adicionais nas Orientações didáticas.
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
• CEH 1, 3, 4, 5 e 6: trabalhadas à me-
dida que a turma compreende de 1. Elabore uma linha do tempo indicando fatos relacionados ao processo de coloniza-
maneira crítica e problematizada os ção de parte do litoral nordestino e do interior do atual território brasileiro. Consulte
fatos históricos, os diversos grupos so- orientações na seção Como se faz… para elaborar uma linha do tempo.
ciais envolvidos e os movimentos de 2. O processo de expansão da colonização na atual região Norte teve forte impacto
populações e mercadorias no proces- sobre as sociedades indígenas. Elabore um fichamento sobre esse tema com base
so de expansão da colônia. no roteiro a seguir (na seção Como se faz… há orientações de como elaborar um
• Habilidades EF07HI09 e EF07HI10: fichamento).
enfocadas na discussão dos meca-
a) Quais foram os problemas enfrentados pelos indígenas?
nismos de alianças e resistências das
b) Como podemos definir a relação das missões jesuíticas com os povos nativos?
populações nativas à época da con-
quista e no estudo das diferentes c) De que maneira os povos indígenas reagiram diante da invasão de suas terras?
interpretações sobre as dinâmicas 3. Com base na seção Olho vivo (páginas 228 e 229), responda.
das sociedades americanas no perí-
a) Quais foram os elementos utilizados pelo pintor Benedito Calixto para exaltar a figura de
odo colonial.
Domingos Jorge Velho?
b) A obra foi feita dois séculos depois da morte de Domingos Jorge Velho. Explique com que
PROCEDIMENTOS interesse ela foi encomendada.
DIDÁTICOS c) Com base nas informações a respeito da vida dos bandeirantes, identifique dois elementos
na imagem que não correspondem à realidade vivida por eles.
Atividades d) De acordo com a leitura dessa imagem, que cuidados você acha importante ter hoje ao
1. Oriente-os a consultar a seção analisar uma imagem?
Como se faz... para essa 4. Ainda hoje, os povos indígenas enfrentam graves problemas no Brasil, como a
tarefa. Podem ser incluídos na invasão de suas terras, falta de demarcação de seus territórios e o assassinato
linha do tempo: a União Ibérica de suas lideranças. Em grupo, enumerem atitudes que poderiam ser tomadas
(1580-1640) e a construção de para ajudar a defender esses povos. Após esse momento, cada grupo deve pro-
fortes (1580-1600); a expansão duzir um mural ilustrativo com essas atitudes e expor para o restante da escola.
do gado (séculos XVI e XVII); (Consulte na seção Como se faz… orientações de como produzir um mural).
as guerras do Recôncavo (1651- 5. Do período colonial até os dias de hoje, a agricultura familiar desempenha
1679) e do Açu (1680-1704); importante papel no fornecimento de alimentos no Brasil. Com um colega,
a expulsão dos franceses do pesquisem informações sobre os aspectos positivos dessa prática e elaborem um
Maranhão (1615); a expulsão cartaz defendendo o ponto de vista da dupla. Em seguida, compartilhem com
a turma os resultados da pesquisa. Se possível, conversem com os professores
dos holandeses do Amapá
de Geografia e Ciências para complementar a pesquisa com informações de
(1647); o estabelecimento de outras disciplinas.
missões jesuíticas na região
da Amazônia (século XVII); e 6. Compare o mapa da página 213 com os das páginas 224 e 226 e responda às questões.
a) Explique as principais mudanças observadas na colônia portuguesa entre os séculos XVI
a ação dos bandeirantes nas
e XVIII.
atuais regiões Norte e Nordeste
b) Quais foram as principais causas dessas mudanças?
(século XVII).
c) Como os bandeirantes influenciaram o processo de expansão territorial?
2. Para auxiliá-los com o ficha-
mento, indique a consulta 232
da seção Como se faz... Os
indígenas enfrentaram invasão
e expulsão de suas terras, escra- 3. a) O bandeirante ocupa o primeiro plano da
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24-AV3.indd 232 incentiva leitura e análise crítica de 16/07/22 18:18

vização, guerras e extermínio. A tela, com roupa de festa, expressão altiva imagens. O compartilhamento das respos-
imposição da cultura religiosa e olhar firme para o espectador. tas pode gerar um debate que trabalhe a
cristã aos indígenas foi uma b) O quadro foi encomendado quando a pluralidade de ideias sobre a importân-
ação violenta que desrespeitava elite paulista buscava mostrar que teve um cia de se interrogar os vestígios históricos
suas práticas e crenças religio- passado glorioso. e documentos em geral, entendendo-os
sas. Os indígenas resistiram à c) Podem ser citados como elementos que como produtos de uma época e de um
invasão de suas terras por meio não estão de acordo com a realidade dos grupo social específico.
de revoltas e ataques às vilas bandeirantes: o aspecto físico, as roupas
coloniais. e os pertences, como a faca. O item “d”
232

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
7. A imagem a seguir é uma planta da cidade de Salvador (BA), feita em 1631. Analise-a
e responda ao que se pede.
Vamos falar sobre...
Deslocamentos

© CC0 1.0-SA-BY/COLEÇÃO PARTICULAR


populacionais
Atividade
É importante que a turma
perceba que os motivos dos des-
locamentos populacionais vão
se transformando ao longo dos
anos. Diversas causas podem ser
apontadas: problemas ambien-
tais; crise econômica; busca
por empregos e melhores con-
dições de vida; deslocamentos
profissionais determinados pelas
empresas aos seus funcionários;
a necessidade de prosseguir com
estudos e cursos, entre outras.

Planta da restituição da Bahia, João Teixeira Albernaz. 1631. 7. a) É possível perceber o traçado das ruas e
a construção de quadras que organizam
as edificações da cidade. Salvador foi construída próxima ao litoral, mas um pouco mais afastada das margens e seguindo o
a) Descreva a imagem, atentando-se principalmente aos aspectos urbanos de Salvador e aos
elementos que estão no entorno da cidade. contorno do rio, elementos que lhe conferiam mais segurança.
Há grande movimentação de embarcações na baía.
b) As cidades da colônia portuguesa na América desempenharam importante papel na conso-
lidação da ocupação do território e na expulsão de forças estrangeiras. Quais elementos da
imagem evidenciam esse papel da cidade de Salvador? Salvador foi representada como um
espaço cercado por muros, o que evidencia o caráter defensivo desse tipo de construção. Além disso, há
três quartéis cercando a cidade, o que também ressalta seu papel militar.
VAMOS FALAR SOBRE… DESLOCAMENTOS POPULACIONAIS
Neste capítulo, estudamos como as fronteiras atuais do Brasil foram gradativamente
ampliadas com a conquista de novos territórios além dos limites do Tratado de Tordesilhas.
Muitas pessoas que viviam no litoral se deslocaram para o interior, onde colonizaram as
terras recém-conquistadas. Assim como no passado, nos dias de hoje as pessoas conti-
nuam se deslocando. Organizem-se em grupos com quatro ou cinco integrantes e façam
o que se pede a seguir.
a) Conversem sobre os motivos que levam uma pessoa a migrar.
b) Façam uma lista com as razões apontadas por vocês.
c) Em seguida, compartilhem a lista com a classe. Consulte comentários adicionais nas
Orientações didáticas.
233

Atividades (continuação)
D3-HIST-F2-2108-V7-208-233-U4-CAP9-LA-G24-AV1.indd 233 a consultar a seção Como se faz... para
14/07/22 14:23a em missões; e expansão da
4. Alguns problemas enfrentados pelos indíge- produção do mural. pecuária.
nas: tomada de terras, mineração em suas 5. É possível partir da realidade dos estudantes c) Os bandeirantes contri-
reservas, ataques às aldeias, doenças, fome, que tiveram (ou têm) contato com agricultura buíram com a formação
contaminação dos recursos naturais etc. familiar. Peça-lhes que entrevistem familiares de vilas e cidades, e cola-
Algumas opções: conhecer a história e os que praticam esse tipo de agricultura, recolham boraram para a expansão
direitos constitucionais dos povos indígenas; dados e os compartilhem com a turma. territorial.
reconhecer seu lugar de fala; pressionar a 6. a) As principais mudanças foram territoriais.
sociedade para discutir e respeitar os direi- b) As principais causas foram: expedições
tos dos povos indígenas. Oriente a turma bandeirantes; aldeamento de indígenas
233

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A BNCC NESTE CAPÍTULO

Competências
TULO
• CECH: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. CAPÍ
• CEH: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
Habilidades
• EF07HI10 • EF07HI12 • EF07HI13
• EF07HI14 • EF07HI15 • EF07HI16
10 O OURO DAS
MINAS GERAIS
A BNCC NESTA DUPLA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• CECH 3, 5, 6: trabalhadas na aná-
lise das intervenções de grupos e • Analisar o processo de formação da sociedade mineradora.
indivíduos no território; no fluxo popu- • Compreender os processos migratórios, as relações de trabalho e as
lacional provocado pela mineração; na resistências sociais.
discussão sobre a importância de pla- • Refletir sobre os tributos no passado e no presente.
nejamento para a busca de objetivos.
• CEH 1, 3 e 5: abordadas ao tratar dos fa-
tos históricos e analisar os movimentos Chamamos de “patrimônio” um bem valioso que merece ser preservado e cuidado.
políticos, sociais e econômicos dos di- Todos os anos, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
ferentes grupos e indivíduos na colônia. (Unesco) apresenta uma lista de lugares de todo o planeta considerados Patrimônios da
• Habilidades EF07HI10, EF07HI13 e Humanidade, ou seja, locais de grande importância cultural (como uma construção ou
EF07HI14: enfocadas na descrição
e caracterização das dinâmicas co- cidade histórica) ou de extraordinária riqueza natural (como uma floresta, uma cachoeira,
merciais que se estabeleceram, entre um ambiente ou um bioma preservado).
diversos grupos sociais, no processo Em 2022, 1 154 lugares de todo o mundo estavam listados como Patrimônio da
de extração de metais preciosos na Humanidade. Um deles é Ouro Preto, cidade histórica de Minas Gerais.
colônia.
Fundada em 1711 com o nome de Vila Rica, a cidade mantém viva a memória de
um tempo em que o Brasil era colônia de Portugal, e a região chegou a ser o principal
PROCEDIMENTOS centro produtor de ouro do mundo. Neste capítulo, vamos conhecer diferentes aspectos
DIDÁTICOS do período em que a mineração do ouro favoreceu a formação de muitas vilas e cidades
Aproveite para aprofundar o no interior do atual estado de Minas Gerais.

LUCIANO ARANTES/
SHUTTERSTOCK.COM
entendimento sobre a importân-
cia da preservação de espaços Fotografia da cidade
para a produção da história. de Ouro Preto, Minas
Gerais, 2021.
Para prosseguir, peça a eles
que citem outros exemplos de
Patrimônios da Humanidade e
pergunte se o município onde
moram possui algum patrimônio
reconhecido ou se acreditam que
algum local (natural ou histórico)
do município deveria ser consi-
derado patrimônio, e os motivos
para essas escolhas.
Observe se os estudantes
reconhecem e valorizam as pro- 234
duções humanas e os aspectos
ambientais da mesma forma, se
compreendem a importância da Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24.indd 234 gov.br/pagina/detalhes/234; http://fumdham. 07/07/22 15:24

preservação dos patrimônios e Pesquisa e debate sobre um org.br; acessos em: 14 ago. 2022). O site do
se entendem essa responsabili- patrimônio imaterial museu apresenta também algumas leis que
dade como tarefa compartilhada Inicie a atividade recomendando aos estu- fundamentam a proteção a esse tipo de patri-
entre a sociedade e os governos. dantes que leiam a definição de patrimônio mônio cultural do Brasil.
imaterial do site do Instituto do Patrimônio Organize o debate, trabalhe o conceito
Histórico e Artístico Nacional e o conceito de e proponha à turma um levantamento de
patrimônio cultural imaterial da Fundação exemplos de cultura imaterial na sua cidade,
Museu do Homem Americano (respectiva- região ou estado. Oriente-os a consultar
mente disponíveis em: http://portal.iphan. guias turísticos, moradores, entre outras
234

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24.indd 234 20/08/22 21:28


envolvidos, como portugueses,
paulistas, indígenas, escravizados
etc. Proponha à turma a leitura do
A CORRIDA PELO OURO texto e, ao final, estimule o levan-
tamento de hipóteses sobre
No final do século XVII, apareceram as primeiras notícias sobre a descoberta de ouro
quais sujeitos obtiveram maior
no território que hoje chamamos de Minas Gerais. Foram os bandeirantes paulistas que
ganho com a exploração do ouro.
encontraram, em 1693, as primeiras pepitas, depois de várias expedições.
As hipóteses aventadas poderão ser
Em pouco tempo, as notícias se espalharam, provocando revistas e discutidas na conclusão
Pepita: porção de ouro
grande deslocamento de pessoas para a região das minas. Eram quase puro, encontrada dos estudos do capítulo.
na maioria homens, das mais variadas origens e condições sociais: como uma pedra ou Os espaços de vivência e o
um grão de tamanho
donos de engenho, religiosos, negros libertos, comerciantes e aven- variado. território colonial também se modi-
tureiros. Alguns vieram de Portugal na tentativa de fazer fortuna. ficaram profundamente com a
ocupação das áreas de mineração.
FICA A DICA Iniciou-se a partir desse momento
• O ouro e as transformações na sociedade colonial, de Eduardo França Paiva. São Paulo: uma grande aglomeração e cir-
Atual, 2011. culação de pessoas no interior
Em linguagem acessível e com imagens variadas, a obra aborda o ciclo da mineração com da colônia, fenômeno inédito até
base na análise da sociedade, no desenvolvimento da vida urbana e na integração econômica então. Com a mineração, a cons-
com as demais regiões da colônia. tituição de núcleos populacionais
ES
RT MG
EA E-
E
em função da corrida pelo ouro
U D ONT
E
US RIZ
O/M HO
promoveu novas práticas cultu-
ÇÃ LO
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UL IOS, RIZONTE S E rais e relação sociais.

ROMULO FIALDINI/TEMPO COMPOSTO


V - MG
DIVULGAÇÃO/MUSEU DE ARTES E
OFÍCIOS, BELO HORIZONTE - MG

I
D FÍC
TE

O
OFÍCIOS, /MUSEU DE AR

Atividades
BELO HO

1. Ao fazerem isso, os estudantes


ÃO
DIVULGAÇ

mobilizam diversas habilida-


des socioemocionais, como
Instrumentos do século XVIII utilizados na mineração. Do primeiro ao último: picareta; bateia o autoconhecimento (olhar
(vasilha utilizada para separar cascalhos dos metais preciosos); cadinho (recipiente utilizado para dentro de si e refletir
para fundir o ouro); instrumentos utilizados na lavagem de ouro. sobre desejos, limitações etc.);
Muitos partiam sem nenhum plano, sem se preocupar nem mesmo em levar alimentos visão de futuro (pensar em
para a longa jornada. Vários deles morreram de fome, porque não havia vilas ou povoados um propósito); planejamento
pelo caminho. Outros morreram em confrontos com os povos indígenas da região, que (entre outros, consiste em
resistiam à invasão de suas terras. A corrida pelo ouro foi tão grande que, em muitos avaliar possibilidades e metas);
vilarejos do litoral, ficaram apenas mulheres, crianças e idosos. aprimoramento do conheci-
mento (para atingir objetivos
desejados). Uma sugestão é
1. Todos temos sonhos e desejos, mas para tentar alcançá-los é importante agir
de forma planejada. Do contrário, corremos o risco de enfrentar muitas situa- dar 3 minutos para cada estu-
ções adversas, como foi o caso dessas pessoas que, sonhando em enriquecer com dante refletir e depois fazerem
o garimpo, se deslocaram para a região das minas sem planejamento prévio. uma apresentação oral com as
Responda oralmente e compartilhe com os colegas: quando você tem um objetivo estratégias de cada um, uma
em mente, você se organiza para alcançá-lo? De que maneira? vez que assim eles podem
Resposta pessoal. Comentários adicionais nas Orientações didáticas.
235 aprender com os exemplos
dos colegas.

A BNCC NESTA
AMPLIAR DUPLA
HORIZONTES
fontes. Ao final, as pesquisas podem ser
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24-AV1.indd 235 PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS 14/07/22 14:30

socializadas em sala de aula e transformadas Para iniciar o capítulo, pergunte se a turma • MELLO E SOUZA, Laura de.
em cartazes ou materiais para compartilha- compreendeu os interesses portugueses e dos Desclassificados do ouro:
mento digital. colonos na descoberta do ouro, retomando e a pobreza mineira no século
enfatizando as características do modelo econô- XVIII. 5. ed. São Paulo: Ouro
sobre Azul, 2017.
mico mercantilista. Espera-se que eles reconheçam
que havia interesse na obtenção de lucro máximo Livro clássico da historiadora Lau-
ra de Mello e Souza que explora
em terras coloniais.
o sistema social vigente na socie-
Em seguida, leve-os a refletir sobre os impactos dade aurífera.
da descoberta do ouro para os diferentes sujeitos
235

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24.indd 235 20/08/22 21:28


A BNCC NESTE CAPÍTULO

• CECH 3, 6 e 7: abordadas na identifi-


cação das ações humanas na colônia,
e suas transformações ao longo do
Crescimento desordenado
tempo, construindo argumentos em- A exploração do ouro gerou um crescimento extremamente veloz e desordenado da
basados em documentos históricos região mineira. Hospedarias, armazéns e depósitos foram construídos rapidamente, dando
sobre suas causas e consequências. origem a povoados que, com suas ruas estreitas e sinuosas, logo se tornariam vilas nas
• CEH 1, 3, 4 e 5: trabalhadas na análi-
regiões próximas às áreas de mineração. Os principais núcleos urbanos surgidos nesse
se do contexto histórico com base em
documentos; nas relações de poder período foram: Vila Rica (atual Ouro Preto), que chegou a ter, aproximadamente, 30 mil
estabelecidas no período; na identifi- habitantes; Mariana e São João del Rei, que alcançaram quase 10 mil habitantes cada uma.
cação dos movimentos de populações Os paulistas, descobridores das jazidas e os primeiros a se estabelecerem na região,
e mercadorias em virtude da mine- consideravam aquelas terras como suas e queriam expulsar quem não fosse paulista. A
ração; e na discussão de hipóteses
utilizando a imagem condutora. tensão cresceu, até que esses dois lados se enfrentaram em conflitos armados na chamada
• Habilidades EF07HI10 e EF07HI13: en- Guerra dos Emboabas (1707-1709). Derrotados, muitos paulistas seguiram para a região
focadas na descrição das ações dos que hoje corresponde aos estados de Mato Grosso e de Goiás, onde também descobriram
colonizadores e suas lógicas mercan- novas jazidas de ouro e fundaram vilas e cidades, como Goiás Velho.
tis, compreendendo suas causas e
Em 1729, quando a exploração do ouro estava no auge, mineradores descobriram dia-
consequências.
mantes na região conhecida como Tijuco Preto, atual cidade de Diamantina, em Minas Gerais.
A extração de diamantes e de outras pedras preciosas ficou sob o controle de Portugal,
PROCEDIMENTOS que permitiu a poucos colonos –
DIDÁTICOS em geral, pessoas riquíssimas – a
O estudo do crescimento atividade de extraí-los e comercia-
rápido e desordenado da região lizá-los. Na segunda metade do
mineradora oportuniza observar século XVIII, a extração de ouro e
com a turma eventos semelhan- de diamantes entrou em declínio.
tes ocorridos em outros períodos
históricos. A conversa pode ser Emboaba: palavra de origem tupi,
baseada na formação de núcleos utilizada para denominar uma ave
urbanos com grande densidade de patas emplumadas. Era o termo
usado na época pelos paulistas para
populacional, caso do Rio de se referir aos não paulistas.
Janeiro ou de São Paulo, ou tomar
como parâmetro cidades pró- Mapa que representa o território da
ximas à região dos estudantes. vila de Goiás Velho por volta de 1758.
Essa perspectiva contribui para
a reflexão sobre deslocamentos Fundada em 1727 por bandeirantes
que se dirigiram para a região de
populacionais, tema da unidade. Goiás em busca de ouro, a cidade
Retome as discussões feitas de Goiás Velho se desenvolveu às
anteriormente sobre os problemas margens do Rio Vermelho e foi
que afetam cidades populosas e capital do estado de Goiás até 1937.
A rota usada por bandeirantes no
de desenvolvimento desorgani- século XVIII atualmente se chama
zado. A questão das moradias, a Caminho de Cora Coralina.
ausência de saneamento básico ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO. LISBOA, PORTUGAL

e luz, a insuficiência no sistema 236


de saúde e educação poderão
ser pautadas nesse momento.
Estimule os estudantes a refle-
AsD3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24.indd
cidades geralmente se localizavam 236 próximo de uma vida citadina onde diversos sujeitos, 07/07/22 15:24
tir sobre como essas questões
dos engenhos de açúcar e/ou dos portos que vindos de diferentes lugares e com variadas
afetam a vida da sociedade e
serviam para a exportação dessas mercado- experiências, conviviam. A grande circulação de
como por meio delas se conhe-
rias. Essa percepção será mais bem trabalhada pessoas e mercadorias nas regiões mineradoras
cem realidades nas quais esses
se for realizada em conjunto com um mapa do favoreceu ainda a diversificação das atividades
fatores afetam as condições de
Brasil, no qual os estudantes podem identificar profissionais, a maior mobilidade social e as inten-
vida da população.
os espaços mencionados no texto. sas trocas culturais. Pergunte aos estudantes se
Destaque a formação de
percebem como o cotidiano e as relações entre
núcleos urbanos longe do litoral, A formação de vilas, pousos e cidades a partir
as pessoas se alteram dependendo da forma de
o que era incomum no modelo de dos núcleos que foram se constituindo em torno
organização e ocupação dos espaços sociais.
povoamento vigente até então. da atividade mineradora propiciou a organização
236

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24.indd 236 20/08/22 21:28


nacional. O valor dessas gravu-
ras como fonte imagética sobre
aspectos do século XIX também
A VIDA NOS GARIMPOS confere a elas um caráter único.
A imagem a seguir é uma gravura de Johann Moritz Rugendas (1802-1858), artista O trabalho com fontes his-
nascido na cidade de Augsburg, na atual Alemanha. Em suas duas viagens ao Brasil, ocorri- tóricas e de leitura de imagens
das na primeira metade do século XIX, Rugendas registrou diversos aspectos da sociedade
propicia a contribuição de estu-
dantes com diferentes perfis na
brasileira em desenhos, aquarelas e gravuras. Embora a gravura que será analisada tenha
construção coletiva dos conhe-
sido produzida em uma época em que a mineração já estava em declínio, Rugendas repre-
cimentos, emitindo opiniões,
sentou, em uma única cena, importantes aspectos da extração de ouro nas Minas Gerais.
dialogando e argumentando
O Monte Itacolomi fica na Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, nas proximidades de
entre si. A diversificação das
Ouro Preto e de Mariana – duas cidades que foram importantes centros de garimpo de ouro.
atividades e de metodologias
IMAGEM CONDUTORA empregadas na abordagem dos

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conteúdos propostos favorece a
troca de experiências e o desen-
volvimento das habilidades e
potencialidades dos estudantes.
Atividade
1. A proposta da atividade é
incentivar o levantamento
de hipóteses e a interpre-
tação da imagem. Ao longo
do capítulo, os estudantes
poderão aprofundar seus
conhecimentos sobre o tema,
revendo as hipóteses iniciais.
Por isso, como sugestão, ao
final do capítulo, retome
com os estudantes o que
eles responderam nessa
atividade e verifique quais
hipóteses estavam corretas
Lavagem do
ouro no Monte e quais precisam ser revistas.
Itacolomi, Johann Estimule-os a observar as dife-
Moritz Rugendas. rentes atividades que estão
Litografia colorida
à mão, c. 1835. sendo realizadas e os diversos
sujeitos sociais presentes na
cena representada.
1. Quais informações você consegue identificar a respeito da mineração durante o
período colonial a partir da análise da imagem desta página? AMPLIAR HORIZONTES
Consulte comentários nas Orientações didáticas.
237 • DIENER, Pablo; COSTA, Maria
de Fátima. A América de Ru-
gendas: obras e documentos.
São Paulo: Estação Liberdade,
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24-AV3.indd 237 não aconteciam conjuntamente, reforçando,16/07/22 14:33 2001.
portanto, o importante papel de representa- O livro apresenta as obras de Ru-
Ao tratar do item A vida nos garimpos,
ção das imagens. gendas de diferentes espaços
inicie a leitura coletiva da imagem condutora
As gravuras produzidas pela Missão Francesa coloniais que o artista visitou e os
e pergunte quais personagens estão presen- fazem parte da tradição escolar, isto é, são quais representou pictoricamente.
tes na obra de Johann Moritz Rugendas, quais apresentadas com frequência nos materiais
atividades são desempenhadas e se o tema didáticos. Observada criticamente, sua perma-
central da gravura é de fácil compreensão. nência nesses materiais se justifica, entre outros
Destaque a liberdade do artista ao reproduzir motivos, pela amplitude de seus temas e pela
em uma única obra cenas que provavelmente representatividade que ganharam no imaginário
237

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24.indd 237 20/08/22 21:28


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 3, 6 e 7: enfocadas na identi-
ficação da exploração do território e
de escravizados para a mineração; na
A mão de obra nos garimpos
descrição dos atores sociais envolvidos Uma das primeiras coisas que nos chamam à atenção é que, das cerca de 40 pessoas
e na discussão sobre a representação representadas na obra de Rugendas, quase todas são negras. Elas fazem o trabalho pesado,
iconográfica desse processo. enquanto brancos e mestiços estão sentados ou recostados, apenas observando.
• CEH 1, 2 e 3: trabalhadas na discussão
Por que Rugendas representou as pessoas nessas atitudes? Nas minas de ouro, em
e no levantamento de hipóteses sobre
o contexto histórico e sobre suas res- geral, os serviços pesados eram feitos por cativos, tanto africanos como seus descendentes.
pectivas relações de poder, com base Eram eles que, na maioria das vezes, entravam nos rios ou nas minas em busca de ouro.
em documentação histórica. Os brancos e mestiços que o artista desenhou são provavelmente feitores, que estavam
• Habilidades EF07HI10, EF07HI14 e ali para dirigir o trabalho e vigiar os cativos, cuidando para que não escondessem nem um
EF07HI15: enfocadas na discussão
grão de ouro. Os feitores tratavam os escravizados

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sobre os grupos sociais presentes no IC
processo de escravidão no garimpo com violência e, caso julgassem que não estavam
e as dinâmicas comerciais que se es- trabalhando direito, aplicavam castigos e punições.
tabeleceram na exploração aurífera. Como toda representação, a imagem que
estamos analisando é marcada pelas escolhas
PROCEDIMENTOS de quem a produziu. Assim, embora não façam
DIDÁTICOS parte da pintura, as lutas e a resistência dos escra-
vizados contra esse regime opressor aconteceram de
O conteúdo dessa dupla
forma bastante intensa na região das minas. Eram
de páginas permite observar
constantes, por exemplo, as revoltas e fugas de
características próprias das socie-
escravizados, bem como o assassinato de feitores.
dades escravistas, indicando
textual e iconograficamente o
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uso em larga escala da mão de
obra escravizada e da violência
como um dos métodos de manu-
tenção da ordem estabelecida.
Mudanças historiográficas têm
aumentado a possibilidade de
compreensão das formas como
as sociedades agiram diante
da colonização. Assim, confli-
tos, resistências e negociações
emergem como possibilidades
explicativas, mas é importante
que não se perca de vista a
centralidade da violência como
componente desses eventos. Representação de um feitor. Representação de um feitor açoitando
Detalhe de Lavagem do ouro no um escravizado. Detalhe de Lavagem
Os escravizados que traba- Monte Itacolomi. do ouro no Monte Itacolomi.
lhavam no garimpo estavam
submetidos a condições insalu- 238
bres de trabalho e a uma imensa
pressão para encontrar ouro e
garantir o acúmulo de rique- mais frequência à atividade mineradora
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24.indd 238 dentro Brumadinho e Mariana), e como os trabalhado- 07/07/22 15:24

zas aos donos das minas. Eram de galerias nas montanhas, onde o risco de res, seus familiares e moradores locais foram
muitas horas de trabalho com desabamento e soterramento era iminente. afetados. A atividade mobiliza habilidades
os pés dentro da água fria dos Incentive os estudantes a refletir sobre as socioemocionais relacionadas aos direitos
rios, o que podia ocasionar infec- condições de trabalho na mineração nos dias humanos e ao posicionamento ético, além de
ções pulmonares, entre outras de hoje, ressaltando a importância de as empre- discussões sobre trabalho, meio ambiente
doenças. Além disso, depois sas garantirem a segurança dos trabalhadores e saúde.
do escasseamento do ouro de e das populações em seu entorno. Você pode
aluvião no leito dos rios, os escra- sugerir à turma uma pesquisa sobre acidentes
vizados foram submetidos com decorrentes da atividade mineradora (como em
238

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24.indd 238 20/08/22 21:28


PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
A extração de metal A tradição metalúrgica

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IC
de algumas sociedades africa-
Havia duas formas principais de extração
nas remonta a períodos muito
de ouro dos rios: separando a areia do leito ou
anteriores ao início da coloniza-
escavando as encostas e os barrancos. No canto
ção da América portuguesa. A
esquerdo da gravura, há seis homens trabalhando
abordagem dos conhecimentos
dentro do rio, procurando pelo chamado ouro de
africanos trazidos para o Brasil
aluvião, mais fácil de ser encontrado e extraído. estimula os estudantes a reco-
Esse ouro ficava nas águas de rios e córregos, mistu- nhecerem e valorizarem os povos
rado com areia e cascalho. Para separar o ouro da africanos como sujeitos detento-
areia e do cascalho, usava-se a bateia, uma vasilha res de saberes, de tecnologias e
funda de madeira. conhecimentos científicos como
os que são necessários para a

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prática metalúrgica, como o


domínio da forja e da fundi-
ção dos metais. É interessante
comentar com os estudantes
sobre as contribuições dos afri-
canos no campo das técnicas
produtivas utilizadas na minera-
ção e na metalurgia na América
portuguesa. Muitos escravizados
da Costa da Mina, região onde
havia muitas minas de ouro e a
atividade de exploração mineral
era bastante desenvolvida, pas-
saram a ser preferencialmente
trazidos para a colônia por seus
seus conhecimentos técnicos em
Representação de homens
Representação de homens escravizados trabalhando no escravizados com bateia e
metalurgia e mineração.
garimpo de ouro. Detalhe de Lavagem do ouro no Monte gamela. Detalhe de Lavagem
Itacolomi. do ouro no Monte Itacolomi.

No segundo detalhe, dois escravizados estão segu-


Cascalho: lascas de pedra ou
rando bateias e uma gamela, onde era despejado o areia grossa do fundo dos rios que
cascalho retirado do fundo dos rios. A gamela, a bateia podem estar misturadas com ouro e
e o uso de ervas na água (para evitar que partículas de diamantes.
Gamela: tipo de vasilha oval ou falta de acesso à internet) não
ouro se perdessem) foram trazidos pelos africanos, que
redonda, feita geralmente de madeira.
já tinham longa tradição em extrair metais preciosos. tenham trazido as imagens, e de
estudantes não videntes ou com
239 baixa visão. Oriente-os a ana-
lisar as imagens trazidas pelos
colegas, contribuindo com a troca
Atividade complementar
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24.indd 239 Em data estabelecida, todos deverão trazer
07/07/22 15:25 de observações e impressões para
essas imagens. Promova uma roda de conversa construírem coletivamente suas
Analisar outras imagens com a turma e explore a multiplicidade de traba- interpretações.
Proponha a realização de uma pesquisa lhos e técnicas na colônia, destacando a utilização O objetivo desta atividade
de gravuras produzidas por Rugendas sobre da mão de obra escravizada. Ressalte a impor- é desenvolver a habilidade de
a temática do trabalho. A turma deverá ana- tância de observar a legenda das imagens e as análise iconográfica, assim como
lisar as imagens observando as diferentes informações sobre sua produção (como autoria, a percepção da presença africana
personagens retratadas, as ações desem- data, local etc.). Estimule a participação de todos e afrodescendente nos locais de
penhadas por elas e a atividade econômica os estudantes, inclusive dos que por alguma trabalho e a valorização desses
envolvida. dificuldade na realização da pesquisa (como sujeitos na construção da colônia.
239

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24.indd 239 20/08/22 21:28


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 4, 6 e 7: abordadas, com base
em documento histórico, na com- Para extrair o ouro das águas dos rios, também

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IC
preensão das características dos
diferentes grupos e culturas presen-
se represava a água em tanques. Dentro desses
tes no processo de extração de metais tanques, os escravizados estendiam um couro de boi,
na colônia; e na construção de argu- em cujos pelos as partículas de ouro ficavam presas.
mentos que respeitem a diversidade e Depois de retirar o couro da água, os escravizados
os direitos humanos.
batiam nele com um bastão para soltar as partículas
• CEH 3, 5 e 6: trabalhadas no questio-
de ouro, que caíam dentro de uma gamela.
namento do contexto histórico com
base em documento; e na identifica-
ção e problematização da diversidade

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de grupos sociais existente nos garim-
pos coloniais.
• Habilidade EF07HI10: enfocada na
análise das relações estabelecidas
entre os diversos grupos sociais da

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colônia no período.

PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Solicite que leiam as informa-
ções sobre os diferentes modos
de extração de ouro e indiquem
como o couro era utilizado no
processo de extração de ouro.
Aproveite para explicar à turma
que esse recurso de decom-
por o conteúdo em partes para
melhor compreensão do todo
é uma forma de desenvolver o
pensamento computacional.
Quando observadas como
fontes e discutidas em sala de Homens escravizados na encosta do
aula como meio de obter infor- morro, escavando para extrair ouro. Homens escravizados batem com uma vara
Detalhe de Lavagem do ouro no Monte na pele de boi à procura de ouro. Detalhe de
mações, as imagens auxiliam na Itacolomi. Lavagem do ouro no Monte Itacolomi.
formação da consciência histórica
Por volta de 1720, o ouro de aluvião já havia praticamente se esgotado na região
dos estudantes. Esse tratamento
das Minas Gerais. A exploração, então, passou a ser feita nos barrancos das margens dos
dado às imagens, evidentemente,
rios e nas encostas dos morros, de onde se extraía o chamado ouro de grupiara. Quando
exige uma leitura crítica.
este também se esgotou, a busca pelo ouro passou a ser feita por meio de escavações
de galerias nos morros.
Atividade
complementar 240
Produzir texto e mapa
Peça aos estudantes que
com a letra A a região colonial onde240a extração
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24-AV1.indd
AMPLIAR HORIZONTES 14/07/22 14:30
pesquisem e desenhem mapas
do ouro e do diamante foi realizada, e com a
políticos do Brasil atual. A constru-
letra B os caminhos percorridos pelos tropeiros. • SIMAN, Lana Mara de Castro; FONSECA, Thais
ção do mapa, em vez da impressão Nívia de Lima (org.). Inaugurando a história e
Se achar conveniente, amplie essa atividade
de um pronto, tem como objetivo construindo a nação: discursos e imagens no
para outros espaços territoriais, como a área de
promover o desenvolvimento do ensino de História. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
produção da cana-de-açúcar, já estudada. Ao
domínio cartográfico sobre o ter- A obra discute como as imagens foram, tradicio-
final, promova o compartilhamento dos traba-
ritório brasileiro. nalmente, apresentadas no ensino de História e
lhos entre os colegas, verificando a apreen­são
Peça-lhes que retomem o capí- explora novas concepções para o trabalho com as
da turma e valorizando suas produções.
tulo 10. Solicite à turma que pinte imagens em sala de aula.
com cores diferentes e marque
240

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24.indd 240 20/08/22 21:28


o contraste que havia entre a
elite mineradora e o restante da
população livre, que enfrentava
As negras do tabuleiro e os tropeiros crises de abastecimento e fome.
Outro aspecto que chama a atenção na imagem Aproveite para conversar com

BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO


IC
feita por Rugendas é a representação de duas a turma sobre a diversificação
mulheres junto aos garimpeiros. Elas eram conheci- social nas vilas e cidades minei-
das como negras do tabuleiro; em geral, eram livres ras, que reuniam sujeitos sociais
e trabalhavam por conta própria. Transitavam pelas com diferentes características,
vilas, roças e arraiais, vendendo comidas e bebidas origens e culturas. Ressalte que
para pessoas de todas as condições sociais. esses sujeitos sociais, como as
Na região de mineração, havia a prática da agri- negras de tabuleiro e os tropei-
cultura de subsistência, mas era insuficiente, e a falta ros que se dirigiam para a região
das minas, vendiam uma ampla
de alimentos era constante. Por isso, quase todos os
variedade de produtos, o que esti-
alimentos, ferramentas, roupas, utensílios e outros
mulou a ampliação do mercado
itens necessários eram trazidos por tro-
interno, a maior circulação de
peiros, vindos da Bahia, de Pernambuco,

BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO


mercadorias, as trocas culturais
do Rio de Janeiro, de São Paulo e do
e a diversificação das atividades
Rio Grande do Sul. Ao longo das rotas
profissionais na colônia.
percorridas por eles, surgiram diversos
pontos de comércio e de descanso. Atividade
Com o tempo, essas localidades deram 1. É importante que os estudan-
origem a povoados, vilas e cidades. tes percebam que no presente,
assim como durante o período
Vendedoras ambulantes. Detalhe de colonial, muitas mulheres
Lavagem do ouro no Monte Itacolomi. trabalham para sustentar a
Também conhecidas como quitandeiras,
vendiam principalmente os chamados si próprias e a seus familia-
“gêneros da terra”: aguardente, bolos, res. Atualmente, as mulheres
leite, broas, biscoitos e fumo. A venda em
tabuleiros era uma forma de sobrevivência
desempenham as mais varia-
diante das poucas oportunidades para a mão das atividades profissionais,
de obra feminina na época. mas ainda existem grandes
desigualdades entre homens
FICA A DICA e mulheres, especialmente
• Ana Preciosa e Manuelim e o roubo das moedas: na época do ciclo do ouro, de Maria relativas aos salários mais
José Silveira. São Paulo: Formato, 2004. baixos de muitas mulheres
Filha de comerciantes portugueses, Ana Preciosa é amiga de um menino, filho de um cativo quando comparados com
africano com uma indígena. A história se passa em Vila Rica, em pleno ciclo do ouro.
os salários de homens nas
mesmas funções. Além disso,
é importante sensibilizar os
1. As negras do tabuleiro demonstram a participação feminina no mundo do trabalho
na região mineradora. Como você observa hoje a presença feminina no mundo do estudantes para a desigual-
trabalho? Acha que o trabalho das mulheres é devidamente valorizado? Justifique. dade em relação à divisão de
Consulte comentários nas Orientações didáticas. tarefas na esfera doméstica e
241 ao acúmulo de tarefas relacio-
nadas ao cuidado com os filhos
e outros parentes, um trabalho
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24-AV3.indd 241 Espera-se que a turma aponte que, diante da
16/07/22 14:33 invisível e não remunerado
possibilidade de extração do ouro, empregar que geralmente toma várias
Ao desenvolver o estudo sobre As negras
tempo e trabalhadores na produção de gêneros horas semanais de dedicação
do tabuleiro e os tropeiros, promova a leitura
alimentícios era visto como perda de dinheiro. e em geral é realizado prin-
coletiva do texto e identifique no detalhe a Comente que a sociedade mineradora impor- cipalmente por mulheres. A
presença dessas personagens na gravura de tava, também, produtos de luxo, alguns oriundos atividade mobiliza habilida-
Rugendas. Observadas a presença e a função da Europa. Naquele contexto – uma sociedade des socioemocionais como
dos tropeiros na região mineradora, pergunte urbana e com grande fluxo de sociabilização a empatia, o respeito ao outro,
a eles se reconhecem o motivo de essa região – tratava-se de uma forma de garantir certo con- a solidariedade e a valorização
não produzir itens de subsistência localmente. forto e distinção. Se considerar válido, pontue da diversidade.
241

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24.indd 241 20/08/22 21:28


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 4 e 6: abordadas na com-
preensão sobre a pluralidade de
influências na formação dos hábitos
A culinária da região das minas
e costumes da população do territó- A alimentação dos mineiros do século XVIII era bastante simples, pois havia extrema
rio brasileiro e suas transformações ao carência de gêneros de subsistência. As poucas lavouras ofereciam milho e mandioca, con-
longo do tempo; na análise das ações sumidos, quase sempre, em forma de mingau.
humanas que impactaram a organi-
A variedade alimentar aconteceu depois, quando já havia vilas estabelecidas, sistemas
zação socioeconômica e cultural da
colônia; e no incentivo ao estudan- de abastecimento e produção regular de alimentos.
te para a elaboração de argumentos De maneira geral, a cozinha mineira originou-se nas fazendas e nos hábitos dos tropeiros.
a respeito do significado do ouro no Ainda hoje o cardápio mineiro tem como base o feijão, o angu de fubá de milho e a couve.
passado e no presente. Essa refeição caseira é cozida em fogo brando, como faziam os tropeiros do século XVIII.
• CEH 1, 3 e 5: trabalhadas na pro-
O feijão-tropeiro chegou à região das minas com os grupos que conduziam as tropas e,
blematização dos acontecimentos
históricos e das relações de poder que nas paradas, cozinhavam em fogões improvisados, juntando ao feijão a farinha de mandioca
impactaram diversos grupos sociais e o torresmo frito.
na colônia no contexto da mineração. Das fazendas veio o angu, alimento diário dos escravizados, essencialmente preparado
• Habilidades EF07HI10 e EF07HI13: com torresmo e, mais tarde, adotado por toda a população. Já a canjica de milho, por sua
enfocadas na análise das dinâmicas vez, estava relacionada diretamente com os períodos de falta de sal, o qual vinha de longe
comerciais e culturais estabelecidas
e era muito caro na região das minas. Por isso, a canjica era espessa e adoçada.
no tempo e no espaço colonial, e no
papel dos europeus nesse processo. Da mandioca, principal ingrediente da alimentação indígena, vem o polvilho, com o qual
se faz o produto mineiro mais conhecido em todo o Brasil: o pão de queijo. Muitos outros
pratos foram elaborados na casa-grande das fazendas, como a galinha ao molho pardo,
PROCEDIMENTOS adaptada da cozinha portuguesa.
DIDÁTICOS
A culinária é considerada, 1. O século XVIII no Brasil foi marcado pela extração
Forro: ex-escravizado libertado
de ouro na região de Minas Gerais. A principal mão por meio de carta de alforria,
atualmente, parte do patri-
de obra utilizada foi a escravizada, mas também documento pelo qual o proprietário
mônio imaterial brasileiro. trabalharam nas lavras pessoas livres e forros. renunciava a seus direitos de
Importante elemento para esse Figuras marcantes da vida econômica da região propriedade sobre o escravizado.
reconhecimento é o fato de foram os tropeiros e as negras do tabuleiro.
muitos hábitos alimentares e pro- Com seus colegas, realizem uma

JOÃO PRUDENTE/PULSAR IMAGENS


dutos utilizados na cozinha terem breve encenação teatral que re-
presente como vocês imaginam o
surgido da mistura de povos e
cotidiano de um desses grupos de
culturas que formou o Brasil. trabalhadores. Consulte, na seção
Aproveite o tema e pergunte se Como se faz…, como organizar uma
os estudantes conhecem algum dramatização.
prato típico da região onde vivem • É importante que vocês busquem
e se saberiam dizer a origem informações sobre o vocabu-
desse prato. lário, os costumes, as festas e
Procure conversar com os as práticas religiosas da época
para enriquecer o trabalho de Diversos pratos típicos da cozinha mineira. Ouro
estudantes sobre as diversas
dramatização. Preto (MG), 2021.
influências alimentares e o con- Consulte comentários nas Orientações didáticas.
texto em que surgiram. A farinha, 242
utilizada no feijão-tropeiro, por
exemplo, era um ingrediente
essencial porque se mantinha Atividade
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24-AV3.indd 242 trabalhadores representados (como traba- 16/07/22 14:33

conservada por bastante tempo 1. Permita que eles próprios se organizem, mas lhadores escravizados, livres e forros, negras
e podia ser consumida durante oriente-os a distribuir as tarefas entre todos: de tabuleiro, tropeiros). Essas informações
as longas travessias por cami- pesquisa e elaboração do roteiro da peça, ajudam na construção das personagens. Esta
nhos de terra conduzidas pelos vestuário, cenário, ensaios, organização da atividade permite trabalhar com grupos
tropeiros. O angu (em alguns apresentação etc., de maneira que se sintam grandes de estudantes e incentivar o
lugares, polenta), consumido à vontade para participar e contribuir de desenvolvimento de habilidades socioe-
pelos escravizados, fazia render diversas formas com a dramatização. Ressalte mocionais, como o autoconhecimento, a
os alimentos pobres em carnes a importância de incluir no roteiro da peça autoestima, a cooperação e a autonomia.
e outras variedades. detalhes sobre o cotidiano dos grupos de
242

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24.indd 242 20/08/22 21:28


larga escala das colônias para as
metrópoles.
Se desejar, você pode atualizar
FISCALIZAÇÃO, IMPOSTOS E CONTRABANDO a discussão com os estudan-
Com a confirmação da descoberta de ouro no final do século XVII, o governo de tes, abordando as disputas pelo
Portugal criou leis que asseguravam os privilégios da Coroa na mineração. A intenção controle da extração de rique-
do governo era reforçar a política mercantilista, que defendia a tese de que quanto mais
zas naturais encontradas em
maior quantidade em algumas
metais preciosos um país possuísse, mais rico seria. Para melhor controlar a mineração
regiões do planeta, bem como
na colônia, o governo criou a Intendência de Minas e enviou, para a região das minas,
os conflitos em torno do con-
militares e outros servidores, a fim de aplicar as novas leis e regras.
trole das jazidas de petróleo,
A Intendência tinha sob sua

BIBLIOTECA PÚBLICA DE ÉVORA. ÉVORA, PORTUGAL


carvão mineral e gás natural,
responsabilidade a fiscalização e
que representam atualmente as
a exploração das minas; fazia
principais fontes de energia utili-
também o papel de juiz, resolvendo
zadas no mundo. Pergunte a eles
conflitos e aplicando a lei. Além disso, se já ouviram falar de disputas
era o órgão fiscal que fazia a cobrança nesse sentido em alguma região
dos impostos. O cargo mais alto nessa do mundo, promovendo a troca
organização era o de superinten- de informações, a formulação de
dente, auxiliado por guardas-mores e argumentos, a pluralidade de
guardas-menores. ideias e o desenvolvimento do
Uma das leis criadas por Portugal pensamento crítico.
era a Lei do Quinto, que determinava
o pagamento da quinta parte do ouro
Atividade
1. Para que formulem uma hipó-
encontrado nos territórios da colônia,
tese consistente, é importante
ou seja, 20% do total, como imposto
que os estudantes reflitam
à Coroa.
sobre a raridade do ouro, um
Muitos mineradores não queriam
recurso que não é abundante
pagar o quinto e usavam vários recur-
na natureza, o que eleva seu
sos para burlar a lei e a fiscalização.
valor. O ouro também é um
Por isso, muitos praticavam o contra-
metal maleável (oferecendo
bando de ouro e de pedras preciosas. grande liberdade ao artesão
Para impedir o desvio do metal, o que o utiliza) e resistente a
governo português proibiu a constru- Manuscrito com os dados de quanto rendeu cada processos naturais que podem
ção de novas estradas e instalou, nas casa de fundição das comarcas mineiras. Biblioteca
Pública de Évora, inv. nr. CXVI/2-13, nr. 37, f. 281.
desgastar outros metais.
já existentes, postos de fiscalização, Lembre-os de que existe
conhecidos como registros. Ali ficavam os funcionários responsáveis pela cobrança do um valor social atribuído aos
imposto que ainda não havia sido pago. objetos e que, em muitas
sociedades, o ouro foi conside-
1. O ouro era um recurso muito valioso no passado e continua tendo um valor muito rado algo socialmente valioso.
elevado atualmente. Formule uma hipótese para explicar isso. Ao comentar a atividade, cite
Consulte resposta esperada e comentários adicionais nas Orientações didáticas. que, caso grande quantidade
243
de ouro fosse descoberta de
forma súbita, o valor do ouro
tenderia a cair, já que ele se
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24-AV3.indd 243 O interesse na extração do ouro 16/07/22fez com
14:33
tornaria menos raro.
Ao abordar o item Fiscalização, impos- que uma parte significativa das riquezas natu-
tos e contrabando, observe se os estudantes rais do continente americano fosse retirada sob
compreendem as tarifas criadas para taxação controle dos colonizadores e exportada para a
da extração do ouro e os órgãos concebidos Europa. É possível relacionar, inclusive, o enrique-
para fiscalização dessa atividade como parte da cimento dos Estados europeus nesse período, o
política mercantilista da época. Comente que o investimento em produção manufatureira, em
controle resultou, à certa altura, na criação de ampliação do comércio e depois em tecnolo-
uma empresa metropolitana de caráter mono- gia que impulsionou a Revolução Industrial, a
polista para extração do diamante. esse processo de transferência de riquezas em
243

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 5 e 6: abordadas na compa-
ração de estruturas político-econômicas
entre diferentes tempos e espaços; na
A cobrança de impostos atualmente
análise das ações dos colonizadores Tributo é uma contribuição imposta pelo Estado que deve ser paga por pessoas ou
na manutenção do poder colonial; na empresas ao adquirir produtos e utilizar serviços. É por meio da arrecadação dos tributos que
discussão de documento histórico; e
o Estado mantém sua estrutura e pode prestar serviços para a sociedade.
no incentivo ao estudante para ela-
borar questionamentos sobre o tema Confira no organograma como funcionam e quais são os tributos pagos pelos brasileiros.
estudado no tempo presente. IMPOSTOS
• CEH 1, 2 e 3: trabalhadas na discussão
dos acontecimentos históricos e das es- - Incidem sobre a renda, o patrimônio ou o consumo.
truturas de poder no tempo e no espaço, - Financiam serviços universais, como educação, saúde, segurança etc.
apresentando as ações e reações dos di- - O valor recolhido mantém o Estado funcionando.
ferentes grupos e indivíduos.
EXEMPLOS
• Habilidade EF07HI13: enfocada na dis-
cussão das dinâmicas e das interações
Imposto de Renda (IR) Imposto sobre a Propriedade Imposto Predial e

EDITORIA DE ARTE
entre diversos grupos sociais e os re-
Pago ao governo federal, incide de Veículos Automotores (IPVA) Territorial Urbano (IPTU)
presentantes da metrópole na colônia.
sobre a renda e os proventos Pago ao governo estadual por Pago ao governo municipal
recebidos pelo contribuinte. proprietários de veículos. por proprietários de
PROCEDIMENTOS imóveis em área urbana.

DIDÁTICOS TAXA

• É paga pela utilização de um serviço público ou quando uma atividade necessita de


O organograma apresenta os
regulação pelo poder público.
tributos pagos pela sociedade • O destino do valor arrecadado é específico, geralmente indicado no nome da taxa.
atualmente. É importante men-
cionar que, no período aurífero, EXEMPLOS
a sociedade colonial era súdita
do rei de Portugal, o que é subs- Taxa de Resíduos Sólidos Taxa de Controle e Fiscalização Taxa de Emissão de
Paga ao governo municipal; Ambiental (TCFA) Documentos
tancialmente diferente de ser o valor é usado para coletar, Cobrada pelo Ibama sobre Paga para expedir
cidadão da República do Brasil transportar, tratar e destinar atividades poluidoras e que documentos, como
hoje. Portanto, uma colônia é corretamente os resíduos sólidos. utilizam recursos naturais. RG, CPF etc.

conceitualmente compreendida
como propriedade da Coroa e CONTRIBUIÇÃO

cabe a ela render lucros, sem a • Possui destinação específica.


necessidade de o rei “prestar”
contas, ao contrário do que EXEMPLOS
ocorre na democracia. Em relação
Programa de Integração Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
ao presente, peça aos estudantes
Social (PIS) Os trabalhadores e os proprietários de
que reflitam sobre os impostos Pago pelas empresas empresas contribuem para a criação de um
mencionados e as obrigações do privadas para financiar fundo que, posteriormente, retorna como
o seguro-desemprego. aposentadoria e outros direitos.
Estado quanto ao destino dado
a esse dinheiro, o que contribui
para o Tema Contemporâneo 1. Você sabe onde os recursos arrecadados foram empregados em seu bairro?
Transversal (TCT) Economia, Consulte comentários nas Orientações didáticas.
no aspecto da educação fiscal. 244
Atualmente é comum as
pessoas criticarem os impostos
como algo que pesa no bolso dos ativos e conscientes dos seus direitos,
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24-AV3.indd 244 contri- ou município onde moram. Oriente também 16/07/22 14:33

contribuintes, porém, os muni- buindo para a construção de uma sociedade a realização de uma checagem de dados em
cípios dependem dos valores democrática, com posicionamento ético em portais oficiais do governo, se necessário. A
arrecadados para investir em ser- relação aos interesses individuais e coletivos. atividade permite que os estudantes analisem
viços públicos essenciais. Portanto, o assunto considerando diferentes pontos de
algo importante nesse processo
Atividade vista, incluindo suas próprias experiências e
é os estudantes conhecerem os 1. Promova uma roda de conversa com os estu- relatos de pessoas próximas da comunidade
repasses dos valores arrecadados dantes para que identifiquem como (e se) em que vivem. Favorece ainda a integração,
para os serviços públicos para que os impostos são revertidos em serviços de a cooperação e a participação de estudantes
possam atuar como cidadãos educação, saúde, transporte etc. no bairro com diferentes perfis.
244

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PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS
Revolta em Vila Rica Pergunte a eles se teriam
alguma hipótese para a diferença
As casas de fundição foram criadas em 1719 pelo governo português para
de tratamento entre os líderes da
controlar a produção de ouro na colônia. Todo o metal extraído das minas deveria
Revolta de Vila Rica: Pascoal da
ser levado a essas casas para ser fundido (derretido) e transformado em barras de
Silva Guimarães e outros revol-
tamanho padronizado, gravadas com o selo real.
tosos foram presos, e suas casas
A criação das casas de fundição revoltou a população das Minas Gerais. Em 1720,
incendiadas, mas o único con-
um grupo de mineiros se reuniu em Vila Rica para reivindicar o fim dessas casas denado à pena capital foi Filipe
e dos postos de fiscalização nas estradas, além do perdão por atos de rebeldia. O dos Santos.
fazendeiro Pascoal da Silva Guimarães e o tropeiro Filipe dos Santos Freire foram os Ainda que todos fossem con-
principais líderes do movimento. siderados súditos da Coroa, a
O governador, Pedro de Almeida Portugal, conde de Assumar, simulou aceitar posição social de uma pessoa
as reivindicações, mas, assim que a população se acalmou, mobilizou as tropas dos poderia definir qual tratamento
Dragões Reais e invadiu Vila Rica, prendendo os principais líderes do movimento e receberia do governo. Se achar
incendiando suas casas. Filipe conveniente, questione se existe

ROMULO FIALDINI/TEMPO COMPOSTO


dos Santos, um dos poucos essa diferenciação em relação ao
revoltosos de origem popular, contexto atual em situações de
foi o único condenado à forca. justiça ou de reivindicação
Ele foi esquartejado e teve de direitos.
pedaços do corpo expostos
pela cidade. Esse movimento
rebelde ficou conhecido como
Revolta de Vila Rica ou Revol­
ta de Filipe dos Santos.
O castigo dado a Filipe dos
Santos era conhecido como
punição exemplar.

Punição exemplar: esquartejamento


do corpo e a exibição de suas partes
pela cidade. Tinha como função inibir seja matematicamente possível.
os demais moradores da colônia a
agir de maneira semelhante.
Passo 3: finalizadas as tabelas,
os grupos deverão apresentar
seus cálculos uns aos outros e,
de forma colaborativa, estimarão
Lingotes de ouro produzidos um valor de “salário” e a quan-
nas casas de fundição em Minas
Gerais para evitar o contrabando
tidade (um número) necessária
e cobrar o quinto estabelecido de contribuintes para a manu-
pela Coroa portuguesa. As barras tenção dos gastos (conscientes e
foram produzidas no século XVIII.
planejados) do Estado. Passo 4:
245 questione-os: as tabelas indicam
a necessidade de contribuição
para manutenção dos investi-
mentos do Estado? Ao mesmo
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24.indd 245 o desenvolvimento das potencialidades 07/07/22 dos
15:25
tempo, o Estado apresenta coe-
Como parte do processo de avaliação, estudantes.
rência e planejamento para com
organize a turma em grupos e verifique quem Passo 1: peça-lhes que releiam a página 244,
seus contribuintes?
gostaria (na atividade) de representar a posição atentando para os tributos existentes no país, e Espera-se que os estudantes
de “cidadão/contribuinte” e quem gostaria estimem o total de investimentos que o Estado observem que o tributo é neces-
de representar o “Estado”. Em seguida, apre- deve realizar com essa arrecadação. Passo 2: sário, mas deve ser pensado
sente as etapas da atividade e auxilie em caso cada grupo deve criar uma tabela de tribu- proporcionalmente ao salário
de dúvidas. A avaliação visa contribuir para tos, investimentos e valores. Nesse momento, do contribuinte e deve ser inves-
a diversificação das propostas de ensino e é interessante que seja conferido se existe um tido de forma responsável pelos
aprendizagem, propiciando a participação e equilíbrio entre os valores para que a atividade que administram o Estado.
245

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A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 5 e 7: abordadas com a
comparação de eventos ocorridos no
mesmo tempo histórico, mas em es-
paços variados; na discussão sobre o ENQUAN TO ISSO...
impacto das ações humanas em di-
versos âmbitos (social/econômico/ O BARROCO E A MÚSICA DE BACH
cultural/ambiental); e no uso de es-
quema como forma de sintetização do No século XVIII – mesmo período em que a descoberta de ouro nas Minas Gerais
conteúdo estudado. impulsionava a economia e incentivava a vida cultural da metrópole e da colônia –,
• CEH 1, 2, 4 e 5: trabalhadas na identi- na Europa, o Barroco dominava as artes.
ficação de diferentes culturas presentes
Na música, o Barroco introduziu profundas trans-
no mesmo tempo histórico; e na es- Barroco: estilo artístico que teve
quematização dos acontecimentos formações técnicas e estilísticas. Um dos representantes origem na Itália e chegou à música,
históricos relacionados ao movimen- mais expressivos desse estilo foi o compositor alemão à arquitetura, à pintura e à escultura
to da mineração no período colonial. em diversas regiões do mundo.
Johann Sebastian Bach (1685-1750). Exuberante e teatral, o Barroco se
• Habilidades EF07HI10, EF07HI12, Bach, que produziu mais de mil músicas, morreu caracterizou pela emotividade e pelo
EF07HI13, EF07HI16: enfocadas no re- excesso, em oposição ao ideal racional
pobre e quase desconhecido. Apenas no século XIX que predominou no Renascimento.
conhecimento e na caracterização das
diferentes ações e dinâmicas dos di- sua obra passou a ser estudada, recuperada e conside-
versos grupos presentes na sociedade rada a mais expressiva do período. Entre suas composições famosas estão “Concertos de
colonial, no contexto histórico estudado. Brandemburgo”, “Cravo bem temperado” e “Arte da fuga”.
O estilo barroco também se manifestou na colônia portuguesa na América, principal-
PROCEDIMENTOS mente nas Minas Gerais. Ali se destacaram figuras como o arquiteto Antonio Francisco
DIDÁTICOS Lisboa (1738-1814), o Aleijadinho, responsável por projetar diversas igrejas na região; o
artista Manuel da Costa Ataíde (1762-1830), autor de diversas pinturas em tetos, paredes
Enquanto isso...
e galerias de igrejas. Na música, destacaram-se Manoel de Oliveira e Manoel Luís de
Foram empregados nos arte-
Araújo d’Costa, entre outros.
fatos barrocos, especialmente na Esculturas do mestre
região das minas, materiais como barroco Antônio Francisco
pedra-sabão e barro cozido. As Lisboa, o Aleijadinho, em
Congonhas (MG). Foto de
figuras representadas geralmente 2019. O conjunto formado
remetiam ao universo religioso pelos chamados 12 Profetas
da época e eram retratadas com faz parte do Patrimônio
Mundial da humanidade, de
gestos e feições dramáticos. acordo com a Unesco.
Informe que os nomes mais
conhecidos do Barroco no Brasil

RYOSHI/SHUTTERSTOCK.COM
são Antonio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho, e Manuel da Costa
Ataíde, e que parte de suas obras
pode ser visitada nas cidades his-
tóricas mineiras, com destaque
para o Santuário do Bom Jesus
de Matosinhos, no município
de Congonhas do Campo (MG).
Comente que além de esculto- 246
res e pintores representativos do
Barroco no Brasil, havia também
compositores e músicos negros e século XVIII, foi de grande 246 magnitude. [...] Estado de São Paulo, n. 50, out. 2011. Disponí-
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24.indd 07/07/22 15:25
mestiços que atuaram na região Em 1780, o desembargador João José Teixei- vel em: http://www.historica.arquivoestado.
das minas. sp.gov.br/materias/anteriores/edicao50/
ra Coelho relatou que a maioria dos mulatos
materia02/. Acesso em: 14 ago. 2022.
Texto complementar empregava-se “no ofício de músicos [...]”. A
música, a pintura e o artesanato teriam sido
AMPLIAR HORIZONTES
Música profissional na as ocupações profissionais mais frequente-
Capitania das minas: o mente entregues aos mulatos. [...]. • MENDES, Nancy Maria. O Barroco mineiro em
caso dos homens pardos PRECIOSO, Daniel. Aspectos da música reli- textos. São Paulo: Autêntica, 2003.
Sem dúvida, a presença de giosa na colônia: regentes, compositores e Livro com material sobre o Barroco, oferecendo vi-
músicos nos principais núcleos­ instrumentistas pardos (Vila Rica, 1770-1808). sões diferentes e instigantes sobre o tema.
urbanos mineiros, ao longo do Histórica: Revista Eletrônica do Arquivo do
246

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24.indd 246 20/08/22 21:28


de pessoas para a região das
minas, incentivando a criação
de novas vilas, povoados e

ESQUEM A-RE SUMO


a colonização do interior
da América portuguesa. A
descoberta do ouro provo-
CAPÍTULO 10 cou também aumento das
transações comerciais, prin-
A CORRIDA DO OURO cipalmente das atividades
ligadas ao abastecimento da
região mineradora.
Descoberta de Tensões entre
ouro na colônia paulistas e não
portuguesa paulistas Texto complementar
(fim do século XVII) Governo português Guerra dos Emboabas
envia militares (1707-1709) Direitos de migrantes
Controle da região das
minas Folhear álbuns de família
Grande afluxo de – Derrota dos paulistas dos brasileiros e brasileiras
pessoas para a região – Busca de novas terras com seus pais, avós ou bisa-
(atual Minas Gerais) nos atuais Mato vós vindos de diversas partes
Grosso e Goiás do globo não deixa dúvidas.
A data de hoje, Dia Interna-
cional dos Migrantes, 18 de
EXTRAÇÃO DE OURO E PEDRAS RESULTADOS DA
dezembro, não deveria pas-
PRECIOSAS MINERAÇÃO sar batido no Brasil.
Movimentos migratórios são
inerentes à condição humana.
Os contextos sociais e históri-
– Ouro de – Trabalho – 1720: – Aumento da vinda de – Colonização do interior cos e as histórias de vida que
aluvião escravo Revolta de africanos escravizados – Tropeiros abastecem a levam as pessoas a deixar seu
– Ouro de – Cobrança Vila Rica – Negras de tabuleiro região das minas
grupiara de impostos (Filipe dos nas minas
lar rumo ao desconhecido são
– Formação de vilas e cidades
(política Santos)
– Alguns escravizados na região e nas rotas de
os mais variados. No destino,
mercantilista) compram sua tropeiros os migrantes devem encon-
liberdade – Crescimento do comércio trar não só o acolhimento da
sociedade, mas um amparo
legal que garanta a sua inte-
Outras regiões da colônia
gração, resguardando direitos
produzem para abastecer básicos, como a não discri-
as minas minação e acesso a serviços
sociais básicos como educa-
SEGUNDA METADE DO SÉCULO
XVIII: DECLÍNIO DA MINERAÇÃO
ção e saúde.
ASANO, Camila. Migrar é direito.
El País, [Madri], 18 dez. 2017. Dis-
Com base nas informações do esquema, descreva os impactos da descoberta do ouro, na atual região ponível em: https://brasil.elpais.
das Minas Gerais, sobre a vida na colônia portuguesa na América. com/brasil/2017/12/18/opinion/
1513603438_318253.html.
Consulte resposta esperada nas Orientações didáticas. Acesso em: 14 ago. 2022.
247
AMPLIAR HORIZONTES
• FLANDRIN, Jean-Louis et al.
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24-AV3.indd 247 Acompanhe com os estudantes os tópicos
16/07/22 14:33
História da alimentação.
apresentados, observando se a turma os São Paulo: Estação Liberda-
Esquema-resumo domina. Pergunte se eles sugeririam outros de, 2003.
Neste capítulo, estudamos a exploração dos tópicos para somar aos apresentados no A questão da alimentação é re-
metais preciosos na colônia portuguesa em livro. Registre essas sugestões na lousa valo- visitada da Pré-História aos
conjunto com os sujeitos históricos ligados a esse dias atuais contribuindo para a
rizando essa reflexão.
processo. A proposta desta seção é identificar compreensão de sistemas alimen-
fragilidades na construção do conhecimento e, Atividade tares, de modelos de civilização e
da comida como instrumento de
a partir da constatação, permitir a recupera- 1. A descoberta do ouro na região atual de sociabilidade.
ção desses conteúdos e conceitos. Minas Gerais provocou um grande afluxo
247

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24.indd 247 20/08/22 21:28


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 5 e 6: abordadas nas ativida-
des que discutem e instigam a criação
de argumentos sobre as transforma-
ções provocadas na colônia com a
AT IV IDADE S NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
mineração e sobre o significado e o
impacto dos impostos no presente e 1. Na imagem Lavagem do ouro no Monte Itacolomi, de Johann Moritz Rugendas, na
no passado. página 237, podemos observar uma representação do trabalho nas minas. Confira
• CEH 1, 2, 3, 4, 5 e 6: trabalhadas novamente a gravura e responda:
na discussão sobre o papel, o ponto a) Qual era a função dos feitores?
de vista e a importância de diversos b) O que representam as duas mulheres que aparecem na gravura de Rugendas e qual era sua
grupos e atores sociais na América importância naquela sociedade?
colonial, no período da produção au- Consulte respostas e comentários adicionais nas Orientações didáticas.
rífera; e na análise de documentos. 2. No período da mineração, observou-se nas Minas Gerais uma intensa mistura de
• Habilidades EF07HI10, EF07HI13, hábitos e costumes. Como reflexo, a população que migrou para a região no século
EF07HI14: enfocadas ao promoverem XVIII acrescentou novos ingredientes à sua alimentação diária. Com base nas infor-
a problematização dos fatos históricos mações do capítulo, elabore um fichamento abordando os tópicos a seguir (consulte,
e das relações e interações estabeleci- na seção Como se faz…, como fazer um fichamento).
das entre diversas camadas sociais no a) As principais formas de abastecimento das sociedades mineiras no século XVIII.
tempo e no espaço; e ao utilizarem do- b) Os principais alimentos consumidos na região mineira e suas origens.
cumentos para apoiar o entendimento Consulte respostas e comentários adicionais nas Orientações didáticas.
do contexto estudado. 3. Durante o século XVIII, a Coroa portuguesa intensificou o controle sobre sua colônia
na América. A razão disso foi a descoberta de ouro e diamante na região das Minas
Gerais. Uma das formas de controle foi criar um tributo, o quinto. Porém, o montante
PROCEDIMENTOS arrecadado com o tributo não era utilizado na colônia, ele beneficiava diretamente
DIDÁTICOS a Coroa portuguesa. Atualmente, os impostos são diferentes e visam assegurar o
funcionamento das instituições públicas do país.
Atividades a) Qual é a importância dos tributos atualmente no Brasil?
1. a) Os feitores tinham a função b) Cite exemplos em que você observa a aplicação dos tributos em seu dia a dia.
de dirigir os trabalhos e c) Considerando o sistema de saúde e a educação pública a que sua família tem acesso, você
vigiar os escravizados. diria que os tributos estão sendo bem aplicados em sua região? Para ajudar na reflexão,
b) Eram poucas as mulhe- compare a região em que você mora com outras áreas do município ou com cidades vizinhas.
Depois, converse com um colega sobre o assunto e apresentem, de forma oral, a opinião de
res que trabalhavam na
vocês para a turma. Consulte respostas e comentários adicionais nas Orientações didáticas.
zona de mineração, quase
sempre atuavam em ati- 4. A Revolta de Filipe dos Santos foi uma forma de a população protestar contra ações
vidades comerciais como do governo consideradas injustas pelos moradores da colônia. Protestos e revoltas
continuam sendo formas importantes de a população manifestar seu descontenta-
“negras de tabuleiro”,
mento no presente. Pesquise um exemplo de protesto recente, se possível, que
vendiam principalmente tenha ocorrido na cidade em que você vive, e explique quais foram suas causas e
comidas e bebidas. seus desdobramentos. Resposta pessoal. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
2. a) O abastecimento da região
5. Releia o texto da página 245, que explica a Revolta de Felipe dos Santos. Em seguida,
das minas era realizado prin- faça em seu caderno uma paráfrase do texto que você acabou de ler.
cipalmente por tropeiros.
b) A culinária mineira mistu­rava Paráfrase: trata-se de uma forma de condensar as ideias de um texto, usando palavras diferentes daquelas
elementos da alimentação utilizadas pelo autor.

indígena (milho, mandioca), Resposta pessoal. Professor, explique a importância de os estudantes resumirem o texto usando suas próprias
palavras. Você pode orientá-los a sublinharem as ideias principais, antes de iniciarem a escrita da paráfrase.
africana (quiabo, pimenta) e 248
europeia (açúcar).
3. a) Os impostos garantem o
funcionamento dos serviços de verbas obtidas com a cobrança de
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24-AV3.indd 248 população como mecanismo de intervir 16/07/22 14:33

públicos nas mais diversas impostos, entre outros. nas decisões governamentais, com base
áreas, como saúde, educa- c) A atividade favorece a troca de experiências em princípios éticos, democráticos e
ção, segurança etc. e opiniões, a formulação de argumentos inclusivos.
b) Os exemplos são variados, e a análise da problemática levantada.
como as escolas e universi- Incentive a participação de todos para que
dades públicas e gratuitas, avaliem os serviços públicos do municí-
os hospitais e postos de pio, conscientizando-os para as questões
saúde públicos que funcio- que envolvem a cidadania, as formas
nam por meio dos repasses de organização e participação política da
248

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24-AV1.indd 248 22/08/22 14:21


6. b) Geralmente os rápidos cres-
cimentos populacionais acon-
tecem porque a região apre-
6. O gráfico a seguir traz alguns aspectos da economia brasileira durante o período senta atrativos, como geração
colonial. Analise-o com atenção e responda ao que se pede.
de empregos e boas condi-
População e exportações da colônia (1550-1800) ções de vida. Nesse caso, os
atrativos eram a descoberta
de ouro e a possibilidade de
Legenda
enriquecimento.
3
milhões
3,3 milhões
Açúcar Vamos falar sobre...
Ouro
Deslocamentos
Outros (pau-brasil,
2
milhões 1,3 1,5 couro, tabaco, populacionais
milhão milhão algodão etc.)
Articulando o que aprenderam
1 População estimada
milhão (exceto índios) ao longo do capítulo ao texto da
300 mil
170 mil seção, os estudantes poderão
100 mil
identificar que a acelerada urba-

EDITORIA DE ARTE
15 mil
0 1550 1600 1650 1700 1750 1760 1800 Ano
nização da região das minas levou
a uma grave crise de abastecimento
Fonte: JOFFILY, Bernardo et al. População e exportações da colônia. Fundação Getulio Vargas. Rio de Janeiro, c2016.
Disponível em: https://atlas.fgv.br/marcos/descoberta-do-ouro/mapas/populacao-e-exportacoes-da-colonia. e, em decorrência disso, também
Acesso em: 21 maio 2022.
à fome generalizada.
a) De acordo com o gráfico, quais foram os principais produtos de exportação do Brasil
entre 1550 e 1800?
Atividade
b) Em 1700, a população da colônia portuguesa da América era de cerca de 300 mil pes- 1. O grande afluxo populacional
soas. Em 1750, esse número havia subido para 1,3 milhão. Levante uma hipótese para para a região das minas incre-
explicar esse rápido crescimento populacional. mentou o comércio na região
Consulte respostas e comentários adicionais nas Orientações didáticas.
e estimulou o surgimento
VAMOS FALAR SOBRE… DESLOCAMENTOS POPULACIONAIS de novos povoados e vilas.
6. a) Entre 1550 e 1760, o principal produto de exportação foi o açúcar. O ouro adquiriu Proponha uma discussão sobre
importância a partir do século XVIII, mas as exportações de açúcar continuaram superiores. A
partir de 1800, produtos como algodão, tabaco e artigos de couro superaram as
Ouro não se come exportações de açúcar e ouro.
a atualidade dos deslocamen-
[…] Uma parte procedia de Portugal e deixou para trás mulher e filhos. Uma [parte] tos massivos para uma região
vinda das demais capitanias, sobretudo de São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro, vendeu o promissora economicamente.
que possuía, jogou a sorte no mundo e deslocou-se para lá. […] Deslumbrados ante a Há exemplos recentes na his-
abundância do metal precioso que faiscava por todo lado e na sofreguidão de sempre tória do Brasil, como o caso de
buscar novos filões, os mineiros esqueceram-se do principal: ouro não se come.
Serra Pelada, região do interior
[…] A escassez de víveres quase extinguiu a vila: parte da população fugiu para tentar
do Pará ocupada por dezenas
sobreviver no mato, os mantimentos desapareceram e os preços alcançaram valores ini-
magináveis. A comida era pouca, a fome, muita; fartura apenas do ouro que parecia brotar de milhares de garimpeiros na
da terra nos arredores […]. década de 1980.
SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia.
São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 115, 117. AMPLIAR HORIZONTES
1. No Brasil, no século XVIII, quais foram as consequências do grande afluxo de pessoas • BRECHT, Bertold. A cruzada
em direção à região das minas? Esses movimentos ainda existem atualmente? das crianças. São Paulo: Pu-
Consulte respostas e comentários adicionais nas Orientações didáticas. lo do Gato, 2014.
249 Em uma versão destinada ao pú-
blico infantojuvenil, a obra conta
as dificuldades de crianças polo-
nesas órfãs durante a Segunda
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24-AV3.indd 249 relação aos protestos do século XVIII. Caso
16/07/22 14:33a
Guerra Mundial.
turma não se recorde de protestos recentes,
• CARRANCA, Adriana. Malala:
Atividades (continuação) indique uma pesquisa individual ou em duplas, a menina que queria ir para a
4. A atividade propõe uma reflexão, mobilizando em jornais, revistas e na internet para que escola. São Paulo: Companhia
presente e passado, para identificar a impor- selecionem algum exemplo. A pesquisa pode das Letrinhas, 2015.
tância dos protestos sociais em diferentes incluir entrevistas com parentes, vizinhos Adaptado às crianças, o livro
contextos. Promova uma discussão coletiva ou pessoas conhecidas sobre protestos no narra a história real de Malala,
com base nas respostas dos estudantes, para município onde vivem, tomando nota das garota paquistanesa vítima de
um atentado por defender o di-
assim identificar permanências e rupturas nos informações relatadas e depois produzindo
reito de meninas aos estudos.
movimentos de protestos contemporâneos em um relatório com as conclusões.
249

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24-AV1.indd 249 22/08/22 14:21


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 1, 2, 3, 5: enfocadas no estudo
sobre os deslocamentos populacionais
e suas semelhanças e diferenças em
períodos históricos e espaços geográ- FE CH ANDO A UNIDADE
ficos diferentes.
• CEH 1, 5 e 6: abordadas problemati- DESLOCAMENTOS POPULACIONAIS
zando as características do fenômeno
Você vai trabalhar com quatro documentos que abordam a questão dos deslocamen-
de migrações massivas, com base em
documentos. tos populacionais. O primeiro é uma reprodução da pintura Os retirantes, de Candido
• Habilidade EF07HI12: enfocada na Portinari, feita em 1944; o segundo é a letra de um baião muito conhecido, “Asa-branca”,
análise da distribuição de grupos e composto por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, em 1947; o terceiro é um trecho de uma
indivíduos no território, em diferen- reportagem sobre o impacto da pandemia de covid-19 nos fluxos migratórios, enquanto
tes tempos e espaços.
o quarto é um gráfico sobre os fluxos migratórios no Brasil entre 1995 e 2008. Depois de
analisá-los, responda às perguntas propostas.
PROCEDIMENTOS
DIDÁTICOS Documento 1: Pintura

MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO ASSIS CHATEAUBRIAND (MASP), SÃO PAULO-SP


Fechando a unidade
A seção retoma a refle-
xão anunciada no começo da
unidade e trabalhada nos capí-
tulos. Ao longo dessa trajetória,
foi possível compreender as
motivações que impulsionam
os deslocamentos de pessoas,
bem como os impactos que esses
processos causam nas regiões
de origem e destino. Ao mesmo
tempo, esse deslocamento no
território da colônia foi obser-
vado como fundamental para
a compreensão da formação
histórico-geográfica e da distri-
buição territorial da população.
Além disso, a seção mobi-
liza a Competência Geral 4
por meio da utilização de docu-
mentos e diferentes linguagens
(visual, poética, sonora, textual
e gráfica), para a interpretação Os retirantes, Candido Portinari. Óleo sobre tela, 1944. Essa tela faz
parte de uma série de estudos do pintor sobre a seca no Nordeste e sua
de processos históricos e expe- influência na vida das pessoas.
riências sociais, permitindo aos
estudantes partilhar informações 250
e produzir sentidos. São ainda
mobilizadas a Competência
Geral 6 e a Competência Geral documento apresentado contribui
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24.indd 250 ainda para AMPLIAR HORIZONTES 07/07/22 15:25

9 por meio da valorização da o desenvolvimento de habilidades relaciona-


diversidade cultural e de sujeitos das à leitura de imagens e da percepção dos • PROJETO PORTINARI. [Rio de Janeiro], c2018.
diversos tipos de documentos que contribuem Site. Disponível em: http://www.portinari.org.br/.
históricos, dos direitos humanos
para os estudos históricos. Acesso em: 14 ago. 2022.
e do respeito ao outro.
Ao tornar as obras de Portinari disponíveis on-line
O documento 1 busca incen-
para o público, o projeto busca resgatar o pintor
tivar a empatia com relação aos da clausura das coleções particulares e valorizar a
migrantes e, por conseguinte, dimensão de identidade cultural e memória nacio-
indicar os inúmeros problemas nal de sua produção.
sofridos por esses indivíduos. O
250

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24.indd 250 20/08/22 21:28


estudantes podem fazer uma
análise mais completa dos sen-
tidos da canção.
Documento 2: Letra de música
Uma sugestão é desenvolver
a análise dos documentos de
Asa-branca forma interdisciplinar, envol-
Quando “oiei” a terra ardendo “Intonce” eu disse, adeus Rosinha vendo as disciplinas de Língua
Qual fogueira de São João Guarda contigo meu coração Portuguesa e Artes. Com isso,
Eu perguntei a Deus do céu, ai Hoje longe, muitas léguas é possível explorar as especi-
Por que tamanha judiação Numa triste solidão ficidades desses registros, a
Eu perguntei a Deus do céu, ai Espero a chuva cair de novo questão da linguagem coloquial
Por que tamanha judiação Pra mim “vortar” pro meu sertão na canção e outras representa-
Espero a chuva cair de novo ções artísticas que tematizaram a
Que braseiro, que “fornaia”
Pra mim “vortar” pro meu sertão questão das migrações no Brasil.
Nem um pé de “prantação”
Outro ponto que pode ser
Por “farta” d’água perdi meu gado Quando o verde dos teus “oio”
explorado com as atividades é
Morreu de sede meu alazão Se “espaiar” na “prantação”
a questão das migrações con-
Por “farta” d’água perdi meu gado Eu te asseguro, não chore não, viu
temporâneas. A partir disso,
Morreu de sede meu alazão Que eu “vortarei”, viu
é possível explorar novas dinâ-
Meu coração
“Inté” mesmo a asa-branca
Eu te asseguro, não chore não, viu
micas populacionais, como a
Bateu asas do sertão
Que eu “vortarei”, viu
migração de retorno. Essa refle-
“Intonce” eu disse, adeus Rosinha xão pode ser desenvolvida de
Meu coração
Guarda contigo meu coração […] forma interdisciplinar, envol-
ASA-BRANCA. Intérprete: Luiz Gonzaga. Compositores: Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. In: O CANTO jovem vendo História e Geografia.
de Luiz Gonzaga. Intérprete: Luiz Gonzaga. [S. l.]: RCA, 1971. LP. Faixa 6.

ADRIANO KIRIHARA/PULSAR IMAGENS


AMPLIAR HORIZONTES
• IBGE EDUCA. [Rio de Janei-
ro], c2022. Site. Disponível
em: https://educa.ibge.gov.
br/. Acesso em: 14 ago. 2022.
Portal do IBGE voltado à educa-
ção que disponibiliza recursos
para professores e estudantes
de diferentes faixas etárias.
• LIMA, Rosania de Almeida de.
Contextualização sócio-his-
tórica: breve estudo sobre as
migrações nordestinas no Brasil.
In: LIMA, Rosania de Almeida
Monumento que homenageia Luiz Gonzaga e sua famosa canção, "Asa-branca", na cidade de
Exu (PE), 2018.
de. Trabalho, família, ami-
gos: construções de identidade
251 de um migrante nordestino no
Rio de Janeiro em entrevista de
pesquisa. Dissertação (Mestra-
do em Letras) – PUC-Rio, Rio de
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24-AV1.indd 251 nordestinas. Ambos os documentos preci-
14/07/22 14:30
Janeiro, 2008. p. 14-22. Dispo-
sam ser observados separadamente, com o nível em: https://www2.dbd.
Fechando a unidade (continuação) auxílio do professor, para que, em seguida, se puc-rio.br/pergamum/tesesa-
O documento 2 foi produzido na mesma estabeleça a relação entre eles. É possível incre- bertas/0710560_08_cap_02.
década do primeiro, porém, por se tratar de mentar a análise do documento 2 promovendo pdf. Acesso em: 14 ago. 2022.
uma música, pode ser de conhecimento dos a audição da canção, além da interpretação de O texto traça um panorama do
estudantes. A composição pode despertar a sua letra. Existem muitas gravações de “Asa- processo das migrações nordes-
tinas no Brasil, identificando o
empatia (Competência Geral 9) com o tema -branca” disponíveis na internet, de forma que,
papel do migrante nordestino
do retirante, bem como permitir a valorização depois de ouvir a expressão melódica e instru- em seus locais de destino.
de formas de expressão típicas das populações mental que envolve a linguagem musical, os
251

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24-AV1.indd 251 22/08/22 14:21


A BNCC NESTA DUPLA
• CECH 2, 3, 5 e 6: trabalhadas no es-
tudo de documentos sobre migrações
no Brasil, em diferentes períodos his- Documento 3: Reportagem
tóricos e espaços geográficos; e nas
A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus impulsionou o movimento de
análises que incentivam o estudante
migração de retorno de moradores de grandes centros do Sudeste, especialmente de São
a construir argumentos sobre a temá-
Paulo, para cidades do interior do Nordeste.
tica, tendo em vista uma sociedade
[…]
mais justa e inclusiva.
Sem a opção do transporte de passageiros regular, muitas pessoas têm arriscado viajar
• CEH 1, 2, 3, 5, 6 e 7: abordadas nas em meios de transporte clandestinos — como ônibus, vans, carros de passeio e até caminhões.
atividades que trabalham a questão No interior na Bahia, equipes das barreiras sanitárias encontraram famílias inteiras
do deslocamento populacional, com amontoadas dentro de caminhões-baú.
base em documentos, problematizan- […]
do as características e transformações
Enquanto a crise econômica se aprofunda, quem voltou para a terra de origem em
desse fenômeno no tempo e no espa-
busca de um porto seguro ainda não pensa em retornar aos grandes centros.
ço; e na proposta de produção de um
O eletricista Alexandre Alves de Góis, 46, que morava havia 20 anos no bairro do
podcast sobre o tema.
Itaim Paulista, na zona leste de São Paulo, agora está reformando uma pequena casa na
• Habilidade EF07HI12: enfocada na zona rural do município pernambucano de Afogados da Ingazeira.
análise da distribuição territorial de Góis trabalhava como prestador de serviços em várias obras de construção civil e
grupos e indivíduos no território bra- tinha como principal cliente uma rede de escolas, que está fechada na quarentena. Sem
sileiro, ao longo do tempo. renda, voltou para a terra da família junto com sua mulher. Lidiane Mendes da Silva, 33,
está grávida.
PROCEDIMENTOS O eletricista diz não ter planos de voltar para a capital paulista, pelo menos enquanto a
pandemia não arrefecer. “Não dá para ficar em São Paulo pagando aluguel e sem dinheiro.
DIDÁTICOS Aqui, nós gastamos menos”, diz.

Fechando a unidade PITOMBO, João Pedro; VALADARES, João. Com retorno de migrantes, covid-19 avança no Nordeste. Folha de
S.Paulo, Salvador; Recife, 23 maio 2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/05/com-
(continuação) retorno-de-migrantes-covid-19-avanca-no-nordeste.shtml. Acesso em: 21 maio 2022.

Atividades Documento 4: Gráfico


1. A obra de Portinari representa
os migrantes com expressões Fluxo de migração entre Nordeste e Sudeste 1995 a 2008 (em %)
de cansaço, desolação, sem

EDITORIA DE ARTE
15
esperança, malvestidos e 14
mal-alimentados. O cenário é 13
árido, sem vegetação nem sinal 12
de água. Urubus sobrevoam o
Quantidade

11
local em busca de cadáveres 10
de animais ou mesmo espe- 9 Nordeste para
rando que esses migrantes 8
o Sudeste
Sudeste para o
morram. É importante que os 7 Nordeste
estudantes percebam como 1995 2001 2005 2008 Ano

a morte faz parte do cenário Elaborado com base em: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Rio de Janeiro: IBGE, 1995, 2001,
2005, 2008. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/19897-sintese-de-indicadores-
e parece entranhada nos pnad2.html?edicao=20748&t=downloads. Acesso em: 21 maio 2022.
próprios personagens, que
se assemelham a espectros. 252
No caso da canção, é possí-
vel identificar que se trata da
região Nordeste pelo trecho Assim, ambos os documentos permitem a
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24.indd 252 intonce (então), entre outras. Este é um bom 07/07/22 15:25

“Espero a chuva cair de novo / aproximação dos estudantes dos problemas momento para frisar a diferença entre o
pra eu voltar pro meu sertão”. sociais e das experiências individuais decorren- que se fala e o que se escreve e, ao mesmo
Os documentos utilizam dife- tes dessa realidade, instigando a empatia e o tempo, valorizar as variações linguísticas,
rentes linguagens artísticas reconhecimento do outro em suas dificuldades que não podem ser alvo de discriminação.
para tratar do mesmo tema, e subjetividades (Competência Geral 9). 5. O gráfico demonstra dois movimentos diferen-
como o sofrimento provocado 2. Esta atividade permite trabalhar com as tes. De um lado, há um número importante
pelas secas prolongadas e as variações da língua. Expressões da língua de migrantes que partem do Nordeste para
mazelas e dificuldades daque- coloquial na música: oiei (olhei), fornaia o Sudeste. Por outro lado, há também um
les que precisavam migrar. (fornalha), prantação (plantação), inté (até),
252

D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-C10-MPU-G24.indd 252 20/08/22 21:28


que partem do Nordeste em
4. A reportagem afirma que a crise econômica provocada pela pandemia de covid-19 fez com que muitos direção ao Sudeste, é possível
migrantes do Nordeste retornassem para a região onde nasceram em busca de melhores oportunidades de vida. formular a hipótese de que
1. Os documentos 1 e 2 representam aspectos da vida dos retirantes. Converse são motivados pela busca de
com os colegas sobre esse tema e comparem os dois documentos, avaliando melhores condições de vida
como eles representam esse grupo social. Ao final, registrem as principais ideias
e de trabalho. Já no caso dos
discutidas. Consulte resposta esperada e comentários adicionais nas Orientações didáticas.
fluxos que partem do Sudeste
2. A linguagem coloquial é uma maneira informal de se comunicar. Escreva as expres- para o Nordeste, é possível
sões da linguagem coloquial utilizadas na canção “Asa-branca”. formular a hipótese de que se
Consulte resposta e comentários adicionais nas Orientações didáticas. trata de migração de retorno,
3. Em 1950, três anos depois de ter

ARQUIVO/AGÊNCIA ESTADO/AE
de volta às origens ou mesmo
gravado "Asa-branca", Luiz Gonzaga
de melhora das condições eco-
compôs em parceria com Zé Dantas,
a música "A volta da asa-branca".
nômicas do Nordeste.
Pesquise em algum buscador da inter- 7. Para desenvolver a atividade,
net a letra dessa música e responda às é interessante promover um
questões a seguir. diálogo interdisciplinar com
a) De acordo com a música, o que motivou Geografia para identificar
o retirante a retornar para sua terra? as motivações econômicas e
b) Qual é o sentimento do retirante diante sociais das migrações nas últimas
desse retorno?
décadas, além de compará-las
c) Releia a reportagem (documento 3) e
com fluxos migratórios ocorridos
responda: o sentimento de retorno do
a partir de meados do século XX.
eletricista Alexandre para sua terra de
origem é semelhante ao sentimento des- A atividade de criação de
crito pelo retirante da música "A volta da Luiz Gonzaga em show no Rio de Janeiro (RJ), um podcast permite explo-
asa-branca"? Por quê? em 1972. rar a importância do trabalho
Pela reportagem, percebe-se que um dos motivos que levou o eletricista a voltar para sua terra foi colaborativo para a produ-
4. De acordo com a reportagem, como a pandemia de covid-19 afetou os fluxos po-
contenção de custos, pois com a pandemia ele ficou ção de conhecimento, além
pulacionais no Brasil?
sem trabalho e estava com despesas elevadas. de evidenciar a necessida-
5. O gráfico apresenta informações sobre a migração do Nordeste para o Sudeste e de de comunicar claramente
do Sudeste para o Nordeste. Com base nele, é possível afirmar que o retorno de aquilo que foi produzido de
migrantes para suas terras natais é um fenômeno que só teve início com a pandemia modo a socializá-lo. Por isso,
de covid-19? Resposta esperada e comentários adicionais nas Orientações didáticas. é importante organizar um
momento de discussão co-
6. Converse com os colegas e com seu professor para formular hipóteses que expli-
letiva dos áudios produzidos
quem os movimentos populacionais indicados no documento 4. Ao final, registre
pelos estudantes durante a
as principais ideias em seu caderno. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
realização da atividade. A
7. Consulte comentários adicionais nas Orientações didáticas.
7. Como analisado no documento 3, transformações econômicas e sociais criam novos proposta favorece ainda o de-
movimentos migratórios no Brasil. Forme um grupo e pesquisem mais informações senvolvimento da autoria e
sobre esse tema. Identifiquem quais são os principais fluxos migratórios internos da apropriação de tecnolo-
no Brasil nas últimas décadas, quais são as motivações desses fluxos e os impactos gias digitais de informação
deles na organização da sociedade brasileira. Ao final, gravem um podcast curto e comunicação de forma re-
sintetizando as informações que descobriram e apresentem seu trabalho aos colegas. flexiva pelos estudantes,
Consultem, na seção Como se faz…, orientações para a gravação de um podcast. para se comunicar, produ-
3. a) O fim da seca foi o fator principal que motivou o retorno do retirante, pois com a chuva poderá zir conhecimentos e exercer
plantar. Professor, disponibilize a letra aos estudantes caso eles tenham dificuldade de acesso. 253 protagonismo na vida pes-
3. b) Ele volta feliz e com planos de se casar com sua amada Rosinha.
soal e escolar (Competência
Geral 5). Dessa forma, estu-
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
D3-HIST-F2-2108-V7-234-253-U4-CAP10-LA-G24-AV3.indd 253 Porém, com o agravamento da crise econômica,
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dantes com diferentes perfis e
é possível que esse fluxo de retorno tenha se potencialidades podem parti-
Fechando a unidade (continuação) intensificado. cipar da atividade, produzindo
Atividades (continuação) seus áudios, contribuindo para
6. Se possível, proponha a discussão das a discussão coletiva, partilhan-
número significativo de migrantes que parti- informações do documento 4 de forma inter- do suas experiências e visões
ram do Sudeste para o Nordeste. Em 2005, o disciplinar com o professor de Geografia, de mundo, inclusive aqueles
número de migrantes que chegou ao Nordeste de modo a conduzir os estudantes a elabora- com alguma dificuldade no
foi superior ao número dos que deixaram a rem hipóteses relacionando conhecimentos processo de aprendizado, os
região. Assim, é possível afirmar que o retorno geográficos sobre a sociedade brasileira con- cegos e os com baixa visão,
de migrantes não teve início com a pandemia. temporânea. No caso dos fluxos populacionais entre outros.
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COMO SE FAZ...

DRAMATIZAÇÃO
Dramatização é uma apresentação teatral que pode ser feita na escola ou em qualquer
outro lugar, desde que nele seja possível delimitar o espaço cênico e a plateia.
A dramatização pode ser individual ou envolver um número reduzido de estudantes,
mas pode ser também uma representação coletiva, da qual todos os estudantes da turma
participam.
Ela tem como base um tema ou um texto. O texto pode ser improvisado ou previa-
mente elaborado, ou mesmo ser adaptado de acordo com os objetivos a serem alcançados.
Durante a dramatização, os estudantes devem utilizar a linguagem oral e corporal.
Confira a seguir algumas etapas que podem auxiliar na realização de uma dramatização.

1O passo Escolha do tema e definição dos objetivos


Com base nas discussões em sala de aula e nas orientações do professor, o grupo
deve escolher o tema da dramatização. Para isso, deve-se levar em conta:
a) se há condições para que ela seja encenada;
b) se ela é coerente com o objetivo do trabalho. Nesta etapa, é importante pensar
sobre:
• que mensagem o grupo pretende transmitir;
• quais são os recursos materiais e humanos disponíveis;
• quanto tempo se tem para realizar a dramatização;
• onde ela será encenada.

2O passo Distribuição de funções


Depois de estabelecer um objetivo a ser alcançado com a dramatização, é preciso
definir que função cada integrante do grupo desempenhará de acordo com suas
habilidades (diretor, roteirista, ator, cenógrafo) e o tipo de texto que servirá de base
para a apresentação. O texto pode ser:
• previamente elaborado; nesse caso, ele pode sofrer cortes ou acréscimos;
• um texto dramático criado pelos estudantes com base em conteúdos já estudados;
• uma adaptação de texto narrativo transformado em texto dramático.

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3O passo Elaboração do roteiro
O roteiro deve conter todas as informações sobre a dramatização: resumo da história, descrição
dos cenários e das personagens (suas falas e cenas).
Na elaboração de um roteiro de texto dramático, deve-se considerar:
• a definição dos momentos mais representativos da ação;
• as personagens (protagonistas e coadjuvantes);
• as caracterizações físicas e psicológicas das personagens, que devem ser bem perceptíveis;
• a utilização de trajes, adereços, modos de falar e andar que possam ajudar na caracterização das
personagens.
A adaptação de um texto narrativo a um texto dramático deve levar em conta os seguintes aspectos:
• a existência ou não de um narrador;
• a distinção entre personagens principais e secundárias;
• a necessidade de transformar texto narrativo em falas das personagens.

4O passo Preparação
Esta etapa envolve: • a construção do cenário, a confecção das
• a distribuição de papéis; roupas e a instalação de som e luz, entre
• a escolha e a preparação de adereços outros recursos audiovisuais;
para as personagens e para o espaço • a organização do espaço onde vai ser feita
cênico; a representação cênica.

5O passo Ensaio

2a TURMA, 2013 (DIREÇÃO: KAROLINE FERREIRA


MUNDO?" DO AUTOR LUCIANO LUPPI. PROJETO

MS) NÚCLEO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES -


MUNICIPAL DE TEATRO (UFMS/TRÊS LAGOAS/
ESPETÁCULO "QUEM ROUBOU O BRANCO DO

IDENTIDADE - GRUPO DE TEATRO / ESCOLA


Antes da apresentação oficial, é necessário
ensaiar a dramatização, exercitando as falas
e as ações das personagens, e testando os
cenários e os equipamentos.
E FELIPE CITRO)
Os estudantes envolvidos com a direção e o
roteiro devem aproveitar esse momento para
fazer os ajustes necessários.
A troca de opiniões e as sugestões de todos Espetáculo Quem roubou o branco
do mundo?, de Luciano Luppi,
são importantes nesta etapa de montagem da encenado pelo Projeto Identidade,
dramatização, e o ambiente dos ensaios e da grupo de teatro da Escola Municipal
apresentação deve ser calmo e organizado. de Teatro de Três Lagoas (MG), 2013.

6O passo Encenação
Antes da encenação, é importante que você e os colegas fiquem tranquilos e tenham clareza de
que se trata de teatro amador, ou seja, todos estão aprendendo e, nesse processo, é natural que
cometam algumas falhas. Após a exibição, organizem uma roda de conversa para ouvir sugestões
e críticas do público. O grupo pode avaliar se os resultados alcançados estão de acordo com o
objetivo inicial do trabalho e falar sobre a experiência de representar as personagens.

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ENTREVISTA
Entrevista é uma conversa na qual uma pessoa (o entrevistador) pede informações e opi-
niões a outra (o entrevistado) sobre um assunto escolhido ou sobre a vida do entrevistado.

1O passo Elaboração do plano da entrevista


Uma vez definido o tema, é preciso pensar nas informações que se pretende obter, escolher qual
pessoa será entrevistada e o meio de registro: anotação, filme ou áudio.

2O passo Elaboração das perguntas


Elabore questões mais abertas, às quais não se pode responder apenas “sim” ou “não”. Faça um
número limitado de perguntas, que devem ser simples, claras e corretas.

3O passo Preparação da entrevista


Marque a entrevista com antecedência, comunique ao entrevistado quais assuntos serão
abordados e peça autorização para filmar ou gravar. O local deve ser calmo e silencioso para
que não haja interferência na conversa. Prepare os equipamentos e leve papel e caneta para
anotações.

4O passo Entrevista
Anote a data e o local da entrevista. Faça uma pergunta de cada vez e ouça atentamente as
respostas enquanto faz os registros (anotando ou gravando). Se durante a conversa surgir um
fato novo e interessante não previsto nas perguntas, explore a questão. Ao final da entrevista,
agradeça ao entrevistado e se despeça.

DELFIM MARTINS/PULSAR IMAGENS


5O passo Redação da
entrevista
Depois da entrevista, é preciso organizar
as respostas colhidas e transcrevê-las
para o computador ou para o papel.
A entrevista deve ter uma abertura,
na qual o entrevistado é apresentado,
isto é, são informados nome, idade,
profissão e tema principal da entrevista.
O entrevistador não deve descaracterizar
o pensamento do entrevistado. Se
alguma ideia não estiver clara, procure
esclarecê-la consultando novamente o
entrevistado. Se não for possível fazê-lo,
melhor não publicar essa ideia. Estudantes usam computadores para realização
de trabalho escolar, em Sorocaba (SP), 2020.

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CONTO
O conto é uma narrativa curta, com uma ação central, poucas personagens e desen-
volvimento rápido dos acontecimentos. Geralmente, tem poucas páginas, por isso precisa
envolver rapidamente o leitor e apresentar suas principais ideias de modo direto.

1O passo Escolha do tema e 2O passo Quem vai narrar os


das personagens acontecimentos
Decida o tema e a(s) personagem(ns) do O conto pode ser narrado em 1ª pessoa (eu
conto. O tema é de livre escolha; pode ser, por fiz, eu fui, eu vi etc.) ou em 3ª pessoa (ela
exemplo, sobre a tristeza de um torcedor de ou ele fez, foi, viu etc.). Há também contos
futebol diante da derrota de seu time. Assim, escritos na forma de diálogos, cartas e diários.
a personagem principal é esse torcedor. No É importante decidir isso antes de iniciar a
gênero literário conto, é possível trabalhar escrita a fim de que sirva de orientação para
praticamente qualquer tema. o trabalho.

3O passo A sequência de acontecimentos


Após definir o tema, as personagens e a forma de narrar, é preciso estabelecer a sequência de
acontecimentos do conto. Para isso, crie uma lista em tópicos com a ordem da história. Voltando
ao exemplo do conto sobre o torcedor de futebol, seria possível imaginar uma sequência da
seguinte maneira:
1. o torcedor acorda pela manhã animado com a possibilidade da vitória de seu time;
2. ele chega ao estádio e demonstra grande animação antes do início do jogo;
3. o jogo começa e o time do torcedor apresenta dificuldades, o que o deixa apreensivo;
4. o time do torcedor é derrotado e ele sofre com isso.
Esse é um esquema simples, mas de grande ajuda na hora de escrever o conto, porque se pode
saber de antemão qual será o desenrolar da história. Sem esse recurso, é possível se perder ao
longo da escrita e não conseguir finalizar o conto de maneira satisfatória.

4O passo A escrita
A criatividade é muito importante nesse momento; por isso, vale deixar a imaginação e as ideias
se desenvolverem livremente. Tome cuidado para não se perder na narrativa nem deixar o leitor
desinteressado ou confuso.

5O passo A revisão
Depois de pronto, releia o conto diversas vezes, revise atentamente o texto, verifique o que
precisa ser corrigido ou modificado e reescreva os trechos que podem ser melhorados.

6O passo Apresentação
Com o conto pronto, apresente a produção aos colegas e ao professor, e discuta as ideias
desenvolvidas no texto.

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BIOGRAFIA
Biografia é a história da vida de uma pessoa contada por meio de um relato oral,
escrito ou visual. As pessoas biografadas podem ser bastante conhecidas, como artistas
e escritores, ou pessoas comuns. Esse relato depende das escolhas feitas pelo autor da
biografia, que pode decidir entre destacar alguns acontecimentos e omitir outros. A seguir,
alguns passos que podem auxiliar na elaboração de uma biografia.

1O passo Seleção de informações sobre a pessoa a ser biografada


Consulte enciclopédias, revistas especializadas, livros, biografias já produzidas, jornais, sites, entre
outras fontes, e registre as informações obtidas. As entrevistas concedidas pela pessoa a ser
biografada ou por alguém que tenha convivido com ela podem contribuir muito para o relato final.

2O passo Organização das informações


Registre, organize e compare os dados obtidos • trajetória profissional;
para eliminar repetições e selecionar as • informações sobre a obra produzida
informações mais importantes e precisas, como: (organizadas por data ou tema);
• data e local de nascimento;
• outros detalhes sobre a vida da pessoa
• dados sobre a família e a infância; biografada que julgar interessante.

3O passo Redação da biografia


Escolha a ordem de apresentação dos dados recolhidos e escreva a biografia.
No final, indique os livros e textos consultados, ou seja, as referências bibliográficas. Consulte
como fazer na seção Fichamento (página 260). Essas informações podem ser encontradas na
página de créditos, no início do livro (em alguns casos pode ficar no fim), antes do sumário.
Para enriquecer a biografia, inclua documentos, registros das entrevistas e fotografias, sempre
identificando-os com data e autor, como no exemplo a seguir.

Carolina Maria de Jesus nasceu na pequena cidade mineira de Sacramento. Seus pais
eram bastante pobres e viviam em uma comunidade rural formada por pessoas negras. A
escritora frequentou a escola por apenas dois anos, aprendendo a ler e a escrever nesse
período. Foi com base nesses registros do cotidiano e da pobreza, bem como da vida
na favela do Canindé, em São Paulo, que a escritora preparou os textos que formariam
seu primeiro livro, Quarto de despejo – diário de uma favelada. O material que ela
escrevia foi descoberto pelo jornalista Audálio Dantas, o que possibilitou a publicação do
livro. A obra foi um sucesso imediato, tanto pelos temas abordados, como o cotidiano da
pobreza, quanto pelo estilo da escrita de Carolina. Ela expressava uma visão de mundo
singular, marcada pela luta cotidiana por sobrevivência.

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Após a morte da autora, em 1977, seus escritos foram lentamente esquecidos pela
sociedade brasileira. As edições de seus livros se esgotaram e não era fácil encontrá-las
em sebos ou livrarias. Porém, nas últimas décadas, teve início um forte movimento de
recuperação e valorização de seus textos, com a publicação de novas edições de seus
principais livros, e a organização de biografias, pesquisas e trabalhos acadêmicos para
manutenção e organização do acervo de sua produção.
ACERVO ULTIMA HORA/FOLHAPRESS

A escritora
Carolina Maria
de Jesus
autografa seu
livro Quarto de
despejo, em São
Paulo (SP), 1960.

Elaborado com base em: OLIVEIRA, André de. A vida de Carolina de Jesus além da
favela do Canindé, seu quarto de despejo. El País, São Paulo, 18 mar. 2018. Disponível
em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/14/cultura/1521065374_369396.html. Acesso
em: 12 jun. 2022.
SANTANA, Mateus. A vida e obra de Carolina de Jesus, um manifesto para a litera-
tura periférica e afro-brasileira. Fundação Cultural Palmares. Brasília, DF, 13 fev. 2019.
Disponível em: http://www.palmares.gov.br/?p=53353. Acesso em: 12 jun. 2022.
AGÊNCIA BRASIL. Carolina Maria de Jesus. UOL, [s. l.], 14 mar. 2014. Seção Biografias.
Disponível em: https://educacao.uol.com.br/biografias/carolina-maria-de-jesus.htm. Acesso
em: 12 jun. 2022.
CAROLINA de Jesus. In: WIKIPEDIA. [S. l.], [20--]. Disponível em: https://pt.
wikipedia.org/wiki/Carolina_de_Jesus. Acesso em: 12 jun. 2022.
CAROLINA Maria de Jesus, a catadora de letras. CartaCapital, São Paulo, 15 mar. 2016.
Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/cultura/carolina-maria-de-jesus-a-catadora-
de-letras. Acesso em: 12 jun. 2022.

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FICHAMENTO
O fichamento é uma forma de coletar e organizar as informações de um texto para melhor
compreendê-lo e utilizá-lo em situações posteriores. Isso pode ser feito em fichas soltas ou nas
páginas do caderno. A ficha pode ser feita em papel, cartão ou outro suporte que possa conter
os dados de uma pessoa ou de um assunto estudado. Também é possível encontrar fichas em
papelarias. Outra opção são os aplicativos de fichamento de texto para celular.
Após o primeiro momento da leitura, no qual se busca entender o texto como um
todo, é necessário registrar na ficha os principais conceitos e as principais ideias do autor.

1O passo Leitura atenta do texto


É importante tentar compreender os conceitos tratados e as principais ideias do autor, além de
identificar termos e palavras desconhecidos e pesquisar os significados em um dicionário.

2O passo Organização estrutural


O fichamento deve estar organizado em: referências bibliográficas do texto estudado, resumo e
anotações ou transcrições de partes específicas.
Referências bibliográficas da obra: devem ser escritas de forma padronizada. No Brasil, o
principal conjunto de normas para referências bibliográficas é da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) e encontra-se na NBR 6023. Uma referência básica compõe-se neste formato:
SOBRENOME (em maiúsculas), prenomes (somente com iniciais maiúsculas). Título da obra (em
itálico ou negrito). Cidade onde foi publicada: nome da editora, ano de publicação. No entanto,
existem regras diferentes para cada tipo de publicação (sites, revistas, áudios, vídeos, entre outros).
Por exemplo: KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das
Letras, 2019.
Resumo do texto: pode ser escrito ao final da leitura e das anotações feitas na ficha (ou no caderno).
Anotação de partes específicas que compõem o texto e dos números dessas páginas
(anotações e citações): tomar nota dos trechos mais importantes, que resumem as ideias
centrais do autor; se for copiada uma frase mais longa, empregam-se aspas.

A seguir, um modelo de fichamento.

As cidades perdidas da Amazônia


Arqueólogos estão descobrindo que uma parte da floresta já foi “urbanizada”, com
cidades conectadas por estradas.
por Reinaldo José Lopes
[...]
Entre os anos de 1000 e 1400, verdadeiras superaldeias interligadas por boas estradas
dominavam certas regiões. Em outras, grupos de até 15 mil erguiam aterros com até 10
metros de altura para construir suas casas sobre eles e dar um chapéu nas inundações.
“Existiam sociedades complexas no rio Amazonas quase inteiro, no médio e baixo Orinoco,
na Bolívia e em outras áreas”, diz o arqueólogo americano Michael Heckenberger [...]

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[...]
A ideia de uma Amazônia “urbanizada” na verdade é antiga. Quando os primei-
ros exploradores espanhóis desceram o rio Amazonas vindos dos Andes, em 1542, o
cronista da missão – um frade dominicano chamado Gaspar de Carvajal – descreveu-a
como um lugar densamente povoado. “Quando nos viram, saíram para nos encontrar no
meio do rio mais de 200 pirogas [canoas], cada uma com 20, 30 ou 40 índios”, escreveu
o frade. “Em terra firme, era maravilhoso ver os esquadrões que existiam nas vilas,
todos tocando instrumentos e dançando.”
[...]
[...] Com o advento da arqueologia científica, no século 19, ganhou força a hipótese
de que o calor excessivo, as chuvas constantes e o solo pobre em nutrientes inviabiliza-
riam o surgimento de qualquer tipo de civilização na Amazônia, já que seria impossível
produzir alimentos para sustentar grandes populações.
A partir da década de 1980, porém, essa visão começou a ser questionada. As
descobertas começaram na foz do Amazonas, onde trabalhava a arqueóloga americana
Anna Roosevelt, da Universidade de Illinois. Na Ilha de Marajó, ela estudou os chamados
tesos – morros cuja origem é parcial ou totalmente artificial. Concluiu que eles haviam
sido construídos por uma grande população marajoara por volta do ano 1000. [...]
LOPES, Reinaldo José. As cidades perdidas da Amazônia. Superinteressante, São Paulo, 31 jul. 2020.
Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/as-cidades-perdidas-da-amazonia/. Acesso em: 15 fev. 2022.

1 Referências bibliográficas da obra


LOPES, Reinaldo José. As cidades perdidas da Amazônia. Superinteressante, São Paulo,
31 jul. 2020. Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/as-cidades-perdidas-da-
amazonia. Acesso em: 15 fev. 2022.
2 Resumo do texto
A reportagem, publicada em abril de 2019 e atualizada em julho de 2020, informa
sobre descobertas arqueológicas recentes que apontam a existência de grandes aldeias
na região amazônica entre os anos 1000 e 1400. Essas descobertas demonstram que
as descrições feitas por exploradores europeus no século XVI estavam corretas e que as
teses do século XIX sobre a inviabilidade do surgimento de grandes grupos humanos
na região estavam equivocadas.
3 Anotações e citações de trechos do texto
• “Entre os anos de 1000 e 1400, verdadeiras superaldeias interligadas por boas
estradas dominavam certas regiões. Em outras, grupos de até 15 mil erguiam aterros
com até 10 metros de altura para construir suas casas sobre eles e dar um chapéu
nas inundações.” [transcrição do texto]
• A ideia de uma Amazônia “urbanizada na verdade é antiga”. Em 1542, o cronista
Gaspar de Carvajal “descreveu-a como um lugar densamente povoado”. [paráfrase
e transcrição do texto]
• A partir da década de 1980, porém, a visão de que seria impossível produzir ali-
mentos para sustentar grandes populações começou a ser questionada com as
descobertas da arqueóloga estadunidense Anna Roosevelt. [paráfrase do texto]

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LINHA DO TEMPO
A elaboração de uma linha do tempo é uma atividade de pesquisa, reflexão e
ordenação de acontecimentos históricos para localizá-los cronologicamente em meio a
muitos períodos.
Não existe um padrão único para a representação gráfica de uma linha do tempo.
Ela pode ser apresentada em uma linha horizontal, em uma linha vertical, em espiral, em
formato de árvore ou em outros formatos.
Ao relacionar fatos significativos em uma linha do tempo, é possível refletir sobre o
tempo e sobre a importância das próprias experiências históricas.
Ainda, a produção e a análise de uma linha do tempo fazem-nos perceber que o
conhecimento histórico nunca está concluído, pois novos dados ou outros enfoques sempre
podem contribuir para sua reconstrução.
A seguir, alguns passos que podem ajudar na elaboração de uma linha do tempo.

1O passo Definição do formato DICA: No site Ensinar História, é possível


acessar uma linha do tempo com fatos da
Com base nas orientações do professor sobre história do Brasil e do mundo, que pode
o tema e o período a serem representados na servir de modelo para a construção de uma
linha do tempo, defina o formato e o modo de linha do tempo. Disponível em: https://
ensinarhistoria.com.br/linha-do-tempo/.
apresentação (caderno, cartolina ou computador). Acesso em: 15 jan. 2022.

A seguir, dois exemplos de linhas do tempo.

Queda de Revolução
Queda de Constantinopla Francesa
Invenção da escrita Roma (476) (1453) (1789)
(por volta de 4000 a.C) Idade Idade Idade
Idade Antiga Média Moderna Contemporânea

Pré-História

BENTINHO

1600 a.C. 206 a.C.


Dinastia Shang Dinastia Han

2100 a.C. 800 a.C.


Dinastia Xia Dinastia Zhou

618 1271
Dinastia Tang Dinastia Iuã 1644
Dinastia Qing
LINHAS DO TEMPO SEM ESCALA. OS 960 1368
SEGMENTOS ENTRE AS DATAS NÃO Dinastia Sung
CORRESPONDEM AO TEMPO DECORRIDO. Dinastia Ming

BENTINHO

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2O passo Realização das pesquisas
Selecione as fontes de pesquisa referentes ao tema/período histórico que será trabalhado:
livros, enciclopédias, sites, jornais, documentos pessoais, entrevistas com pessoas mais velhas
etc. Selecione também documentos como fotografias, mapas, pinturas ou outros materiais que
possam acrescentar informações importantes à linha do tempo que será construída.
Se escolher elaborar uma linha do tempo sobre sua vida, relacione os acontecimentos que
considerar mais importantes e informe a data e o local deles. Além de suas lembranças, consulte
documentos pessoais (como certidão de nascimento, diários, fotografias) e objetos (como roupas,
brinquedos e livros) para obter mais detalhes ou descobrir novos fatos. Conversar com membros
da família e amigos também pode enriquecer sua pesquisa.

3O passo Resumo dos acontecimentos


Depois da leitura e da investigação das fontes e dos materiais, faça um resumo dos
acontecimentos e marque sua duração (início e fim).

4O passo Elaboração do texto de apresentação


Elabore um texto de apresentação da sua linha do tempo, com destaque para o tema, o período
representado e os principais acontecimentos.

5O passo Representação gráfica dos DICA: A representação


acontecimentos gráfica dos períodos
deve ser proporcional
Represente graficamente os acontecimentos e seus respectivos e coerente. Por
períodos (em meses, anos, décadas ou séculos) no modelo de linha exemplo: o espaço que
representa 100 anos
do tempo escolhido. Podem ser destacados os acontecimentos deve ser o dobro do
considerados mais importantes em cores diferentes. que representa 50 anos.

6O passo Montagem da linha do tempo DICA: Se escolher fazer uma


linha do tempo sobre você
Fotografias, imagens e demais documentos podem ser mesmo, procure relacionar
relacionados aos fatos registrados na linha do tempo por os eventos de sua vida com
meio de setas ou quadros, com informações sobre esses acontecimentos históricos da
cidade ou do país onde você
registros (assunto, autor, data). vive, ocorridos no mesmo
período: uma grande descoberta
científica, um fato relativo a
alguma personalidade, um
evento político ou esportivo
importante, entre outros.

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MURAL
A organização de um mural permite selecionar os conteúdos estudados
a fim de explorar as linguagens verbal e visual. Se executada em grupo, essa
atividade contribui para a contextualização dos temas e a construção do conhe-
cimento de modo coletivo.
Textos jornalísticos e científicos também podem ser incorporados ao mural,
mas de modo que atraiam as pessoas e tornem mais claros os aspectos dos
temas estudados. O mural deve ser colocado em um lugar visível e de fácil
acesso por todos na escola.
Confira, a seguir, algumas etapas que podem auxiliar na organização
do mural.

1O passo Definição das características do mural


É importante decidir, em conjunto com a classe, o perfil do mural:
• Qual será seu título?
• Como o conteúdo estudado será relacionado com as informações
expostas no mural? (Produção de artigos ou resumos, exposição de
notícias de jornais e revistas, charges etc.).
• Quais materiais serão utilizados no mural?
• Em que lugar será colocado o mural?
• Qual deve ser a ordem de exposição dos trabalhos?
• Quanto tempo cada trabalho ficará exposto?
• Haverá uma apresentação oral dos temas e materiais expostos
pelos grupos?

DICA: Na produção e organização do material a ser exposto, são fundamentais a


correção e a clareza dos textos, que não devem ser escritos com letras pequenas.

2O passo Levantamento de materiais


De acordo com o tema em debate e com as orientações do professor,
faça um levantamento do material que pode compor o mural ou que Estudantes de
sirva de fonte para a atividade, como notícias, artigos, entrevistas, uma escola
pesquisas. As fontes podem ser jornais, revistas, enciclopédias, livros, agrícola durante
sites, imagens, mapas etc. Lembre-se de pesquisar em fontes variadas atividade de
e informar todos os dados bibliográficos: título, autor, local e data de leitura, no
município de
LUIS SALVATORE/PULSAR IMAGENS

publicação; legendas e autoria das imagens. Esses dados dão maior Tianguá (CE),
credibilidade ao material exposto. 2018.

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3O passo Pesquisa e 4O passo Construção do
organização das mural
informações
O material deve ser bem distribuído pelo
É necessário ler com atenção todo o material mural para chamar a atenção dos leitores.
selecionado, identificando as principais Os assuntos podem ser divididos em seções
ideias de cada texto e imagem, resumindo (por exemplo: “Atualidades”, “Pesquisas”,
os conteúdos mais importantes e debatendo “Entrevistas”) e colocados sempre no mesmo
com os colegas os temas a serem expostos. espaço para que os leitores se habituem com
É importante pesquisar e expor diferentes sua distribuição e tenham facilidade para
pontos de vista sobre o mesmo tema para encontrá-los. O conteúdo deve ser renovado
que os leitores tenham condições de refletir com frequência para manter o interesse
e tirar as próprias conclusões. dos leitores. Os temas expostos não devem
ser muito extensos para que a leitura seja
dinâmica e agradável. Evitar a repetição dos
assuntos abordados e informar o nome
dos estudantes no rodapé.

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PODCAST
Atualmente, os recursos digitais para gravar e publicar conteúdos na internet estão ao
alcance da maioria das pessoas. Um desses recursos é o podcast, em formato de áudio (mas
que também pode ser distribuído em vídeo), utilizado para a divulgação de informações sobre os
mais variados assuntos, inclusive História. Siga as orientações a seguir para produzir seu podcast.

1O passo Verificação dos dispositivos de gravação


Em grupo, você e os colegas devem verificar os aparelhos que serão utilizados na gravação.
É possível utilizar recursos disponíveis no cotidiano, como celulares ou computadores com
microfone. Além disso, é importante checar se há acesso à internet na escola ou entre os
integrantes do grupo para que as gravações possam ser compartilhadas. Procurem saber se
alguém do grupo já produziu algum podcast e como foi a experiência.

2O passo Escolha do tema


e definição dos
objetivos
Você e os colegas devem discutir em
conjunto e decidir um tema a ser
abordado na gravação. O tema será
FERNANDO FAVORETTO/CRIAR IMAGEM
o foco do programa e pode ser dividido
em diferentes assuntos. Cada membro
do grupo deve se responsabilizar por
uma parte da elaboração do roteiro,
Grupo de estudantes em sala levantando informações e materiais em
de aula, São Paulo (SP), 2018. diferentes fontes para enriquecê-lo.

3O passo Pesquisa das informações


Pesquise informações sobre a parte da qual você ficou encarregado. É importante consultar
fontes confiáveis, como sites jornalísticos ou acadêmicos, artigos de jornal e revista e livros
diversos. Durante a pesquisa, registre a fonte dos materiais pesquisados para indicar ao final
do podcast.
Nesta etapa de planejamento, você e os colegas podem decidir se querem entrevistar alguém
para aprofundar a discussão sobre o assunto. Em caso positivo, convidem a pessoa, agendando
data e horário da entrevista. Também pesquisem músicas que podem ser usadas como vinheta
do programa.
Atenção: qualquer utilização de material não produzido pelo grupo deve ter citação de autor e
fonte (livro, jornal, revista etc., em que o material foi publicado ou veiculado), data de publicação ou
produção (em caso de filme, música ou fotografia) e, o mais importante, autorização do(a) autor(a)
para a reprodução de seu trabalho no podcast.

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4O passo Formalização do roteiro de gravação
Após você e os colegas organizarem as ideias e os materiais complementares que serão
utilizados, é importante elaborarem o roteiro da gravação. Um podcast pode ser organizado
como uma conversa entre os participantes, mas é importante que todos saibam o que vão
falar. Isso garante que as ideias sejam apresentadas corretamente e evita que se percam entre
os assuntos abordados. Caso o podcast tenha um entrevistado, preparem as perguntas neste
momento da organização do roteiro.
Um roteiro pode ter a seguinte estrutura:
• vinheta de abertura; • abordagem de todos os temas levantados;
• apresentação dos locutores; • preparação para o encerramento, com
• breve texto expondo o tema do podcast; despedida dos locutores;
• início do conteúdo; • vinheta de encerramento.
• entrevista (caso tenha);

5O passo Ensaio e 6O passo Edição e compartilhamento


gravação do podcast
Com o roteiro pronto, ensaiem Após a gravação, caso o material tenha sido produzido
antes de iniciar a gravação. em partes, é possível unir todos os registros para formar o
O grupo pode dividir as podcast. Para isso, é possível usar aplicativos de celulares

STOCKFOUR/SHUTTERSTOCK.COM
tarefas e gravar o podcast ou programas de computador e de fácil utilização. Um
em partes separadas, a serem dos mais conhecidos é o Audacity, que é gratuito, está
reunidas ao final. Isso pode disponível para diferentes sistemas operacionais e pode
evitar problemas, como a ser utilizado off-line.
perda de todo o arquivo ou Quando o podcast estiver pronto, basta compartilhá-lo na
a necessidade de ajustes. internet e apresentá-lo aos colegas em sala de aula.
Também é uma forma de
revisar o que foi produzido,
corrigindo problemas na
gravação ou ajustando
informações que geraram
dúvidas.
A gravação precisa ser feita
em um local silencioso para
impedir que outros sons sejam
registrados e atrapalhem a
escuta do podcast. O microfone
deve ficar acima ou abaixo da
boca para evitar que capte
sopros e ruídos do ambiente.

Estudante entrevista
uma pessoa para
um podcast.
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PESQUISA
A pesquisa escolar é uma atividade de leitura, seleção, organização e interpretação
de informações com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre determinado assunto.
A pesquisa exige também criatividade
1O passo Planejamento
e espírito investigativo para chegar às expli-
cações. Pesquisar não é simplesmente fazer • Defina o tema de acordo com as orientações
do professor.
uma cópia do material, mas escrever com
• Determine também as fontes a serem
suas palavras o que você entendeu dos
consultadas: enciclopédias, dicionários, livros,
textos selecionados. internet, jornais, revistas especializadas,
Os itens básicos de uma pesquisa são: programas de rádio e TV, conferências,
introdução, desenvolvimento, conclusão, observação pessoal etc.
bibliografia e anexos (opcional). • Planeje o tempo necessário para a realização
da pesquisa. É importante organizar seu
A seguir, um roteiro para a elaboração
tempo observando o prazo de entrega e as
de uma pesquisa. atividades a serem realizadas.

2O passo Seleção das fontes


de pesquisa 3O passo Organização das
informações
• Escolha as fontes de acordo com o tema e os
objetivos da pesquisa. Procure variar os tipos • Organize as informações de acordo com os
de fonte para obter diferentes informações e objetivos da pesquisa.
poder compará-las. • Registre tudo o que considerar importante.
• Faça a leitura e o resumo do material • Cite o material de onde as informações
selecionado. foram retiradas.

4O passo Redação da pesquisa


• Introdução: apresente, de maneira resumida, o esquema geral da pesquisa – o tema, as principais
ideias ou assuntos abordados, como o trabalho está organizado e quais são os objetivos dele.
• Desenvolvimento (ou “corpo do trabalho”): com base em suas anotações, explique de maneira clara e
ordenada o assunto da pesquisa, resumindo com suas palavras as informações e ideias encontradas.
Ao final, releia o texto. Verifique se ele está claro, se traz tudo o que foi investigado sobre o
assunto, e corrija possíveis erros gramaticais.

5O passo Conclusão
Faça um resumo do trabalho mostrando aquilo que foi aprendido. Procure se expressar com clareza.

6O passo Apresentação
Faça uma lista das obras e publicações empregadas na sua investigação. A bibliografia deve
incluir dados sobre todo o material utilizado para desenvolver a pesquisa, inclusive endereços dos
sites consultados na internet.

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MEME
Meme é um tipo de expressão próprio da internet. Composto de vários recursos, como
imagens, vídeos, gifs, animações e textos, ele utiliza o humor para transmitir determinado
tipo de mensagem, ou elaborar uma crítica social ou política. É possível selecionar um
meme e, mantendo sua imagem, escrever um texto novo e modificar o significado original.

1O passo Pesquisa prévia


Pesquise memes que utilizam fatos históricos, temas sociais e outras questões políticas
interessantes. Como mencionado antes, um meme pode ser reelaborado, por isso é possível
selecionar alguns deles para servir de base para o que será criado.

2O passo Concepção da mensagem


Depois de pesquisar alguns memes, é importante ter clara a mensagem que se pretende
transmitir. Normalmente, o texto de um meme é bastante curto, já que essa forma de expressão
precisa ser compartilhada com rapidez na internet.

3O passo Elaboração do texto e seleção dos recursos visuais


O texto deve ser curto, interessante e de fácil compreensão. A imagem precisa reforçar a
mensagem do texto e ajudar a criar um efeito cômico.

4O passo Divulgação
Depois de pronto, o meme pode ser divulgado na internet. Para isso, é possível usar as várias redes
sociais. O propósito é ser uma ideia simples e de fácil compartilhamento; por isso, se seus amigos e
conhecidos desejarem, também podem compartilhar seu meme nas redes sociais deles.
FOCA: ERIC ISSELEE/SHUTTERSTOCK.COM, SALA DE AULA: WAVEBREAKMEDIA/SHUTTERSTOCK.COM

Meme “Foca
na aula”, 2018.

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VÍDEO
Com a popularização da internet e de tecnologias de comunicação, tornou-se mais
acessível gravar e compartilhar vídeos. Para isso, é importante respeitar algumas etapas de
trabalho, que devem ser discutidas e planejadas previamente pelo grupo.

1O passo Verificação das condições técnicas


Faça um levantamento das condições técnicas para a produção de um vídeo. Para isso, verifique
quais aparelhos podem ser utilizados para as gravações e se há acesso à internet na escola
ou entre os integrantes do grupo para que os vídeos possam ser carregados, exibidos e
compartilhados.

2O passo Definição dos temas


Discuta com os colegas do grupo os temas a serem abordados no vídeo e anote todas as ideias
para desenvolvê-lo. Cada membro do grupo pode ficar responsável pela elaboração de ideias
para uma parte ou seção do vídeo, levantando informações e materiais em diferentes fontes para
enriquecer o trabalho.

3O passo Pesquisa dos conteúdos


É interessante pesquisar imagens, músicas, outros vídeos e diversos materiais que podem ser
incluídos na etapa de edição. Caso o grupo opte por utilizá-los, esses recursos devem ter relação
com o conteúdo proposto e estar devidamente identificados no vídeo.
Atenção: qualquer utilização de material não produzido pelo grupo deve ter citação de autor
e fonte, data de publicação ou produção e, o mais importante, autorização do autor para a
reprodução de seu trabalho no vídeo.

4O passo Elaboração do roteiro


Após a organização das ideias e dos materiais complementares que serão usados, elaborem
um roteiro. É importante incluir nesse roteiro ideias para o cenário da filmagem, as pessoas
que participarão dela, a forma como os elementos complementares serão organizados com as
imagens produzidas pelo grupo e as falas que serão utilizadas para compor o vídeo.

5O passo Início das filmagens


Com o roteiro pronto, é possível iniciar as filmagens. O grupo pode dividir as tarefas e filmar
partes separadas do vídeo, que serão reunidas ao final dos trabalhos.
Durante as filmagens, é importante que as imagens e o áudio estejam com boa qualidade. Por
isso, é fundamental selecionar um ambiente iluminado e silencioso para a realização dessa etapa.

6O passo Edição do vídeo


Após a filmagem, é possível unir todas as partes do vídeo por meio de aplicativos de celulares ou
programas de computador gratuitos e de fácil utilização. Quando o vídeo estiver pronto, basta
carregá-lo na internet e apresentá-lo aos colegas em sala de aula.

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REFERÊNCI AS BIBLIOGRÁFIC AS
ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado absolutista. GOODY, Jack. Renascimentos: um ou muitos? São Paulo:
São Paulo: Unesp, 2016. Unesp, 2011.
Essa obra é uma importante síntese sobre a formação dos O livro compara os vários renascimentos que ocorreram tanto
Estados absolutistas europeus, resultado do estudo de vasta nas culturas ocidentais como nas orientais, analisando as conexões
bibliografia sobre o assunto. O objetivo do autor é compreen- do Renascimento italiano com as eras douradas da China e da Índia,
der a transição do feudalismo para o capitalismo, ocorrida em bem como do judaísmo e do islamismo. Assim, o autor enfatiza
meio à implementação dos Estados absolutistas. que a construção da modernidade não é obra apenas da Europa.
BERNAND, Carmen; GRUZINSKI, Serge. História do HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São
Novo Mundo. São Paulo: Edusp, 1997. v. 1. Paulo: Companhia das Letras, 2006.
A obra focaliza a experiência do contato entre os europeus e Esse clássico da historiografia parte do exame do nosso
os habitantes do Novo Mundo, analisando aspectos do cotidiano passado colonial e da elaboração de categorias de análise, como
da conquista, do México ao Peru, entre os séculos XV e XVI. a do homem cordial, figura alegórica que se guia pelas relações
pessoalizadas e é avessa às formalidades contratuais e legais.
BERNAND, Carmen; GRUZINSKI, Serge. História do
Novo Mundo. São Paulo: Edusp, 2006. v. 2. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do paraíso. São
Nesse volume, os autores estudam a gênese e a dinâmica Paulo: Brasiliense, 1994.
das mestiçagens na América entre os séculos XVI e XVII, envol- A obra percorre um período abrangente, que começa com
vendo indígenas, europeus e africanos. Para eles, a diversidade os primeiros contatos realizados pelos colonizadores portu-
de seres e culturas que se enfrentaram, se uniram e se mescla- gueses e espanhóis com o continente americano e vai até o
ram no Novo Mundo não tem precedentes na história mundial. século XVI.
BETHELL, Leslie (org.). História da América Latina: HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. Rio
América Latina colonial. São Paulo: Edusp; Brasília, DF: de Janeiro: Zahar, 1976.
Fundação Alexandre de Gusmão, 2004. 2 v. O livro trata da história da acumulação e da circulação de
Coletânea de ensaios de especialistas que tratam de aspec- riquezas no mundo ocidental desde o feudalismo até o século
tos culturais e econômicos tanto da colonização espanhola XXI, com linguagem acessível ao grande público.
quanto da colonização portuguesa na América. LINDBERG, Carter. História da Reforma. São Paulo:
DUBY, Georges; PERROT, Michelle. História das mulhe- Thomas Nelson, 2017.
Para contar a história da Reforma Protestante, na Europa do
res. Porto: Alumbramento, 1990.
século XVI, essa obra articula relatos históricos e comentários
Coletânea de ensaios dividida em cinco volumes que
teológicos, construindo um panorama tanto dos acontecimentos
abordam os mais variados aspectos da história das mulheres
que a antecederam quanto dos efeitos que a sucederam.
desde a Antiguidade greco-romana até o século XX.
FERRO, Marc. História das colonizações: das conquis- LOPES, Nei. Enciclopédia brasileira da diáspora afri-
tas às independências (séculos XIII a XX). São Paulo: cana. São Paulo: Selo Negro, 2004.
Essa obra fornece um panorama da diáspora negra, per-
Companhia das Letras, 2002.
correndo temáticas como religião, política e filosofia, além da
Na obra, o autor estuda a expansão colonial europeia a
apresentação de biografias de personagens importantes, porém
partir de um enfoque comparativo com outros colonialismos,
pouco conhecidos.
dentre eles o árabe, o turco e o japonês, e vai até o processo
de descolonização do pós-guerra, no século XX. É um dos LOPES, Nei; MACEDO, José Rivair. Dicionário de história
ensaios mais abrangentes, no tempo e no espaço, sobre o tema da África: séculos VII a XVI. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
das colonizações. Ao longo de mais de 1 200 verbetes, esse livro constrói uma
FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima. O Brasil síntese dos principais acontecimentos no continente africano,
colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. 3 v. entre os séculos VII e XVI, enfatizando os processos históricos
Trata-se de uma coleção de artigos escritos por autores brasilei- ligados à expansão do Islã, às disputas por fontes de riquezas e
ros e estrangeiros, que destacam as principais tendências recentes ao surgimento de novos reinos.
da pesquisa histórica sobre a América portuguesa (1500-1808). LOPES, Nei; SIMAS, Luiz Antonio. Filosofias africanas:
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. Rio de uma introdução. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
Janeiro: Record, 2002. 2021.
Um dos principais ensaios históricos e sociológicos sobre A obra enfoca, de um lado, os saberes ancestrais pre-
o Brasil, a obra destaca o período colonial e o cotidiano dos servados nos provérbios e ensinamentos transmitidos pelas
engenhos de açúcar nordestinos, tendo a escravidão e a família tradições orais africanas e, de outro, a contribuição de filósofos
patriarcal como seus temas principais. africanos e afrodescendentes contemporâneos na atualização
GOODY, Jack. O roubo da História: como os europeus desses saberes.
se apropriaram das ideias e invenções do Oriente. São MANN, Charles C. 1493: como o intercâmbio entre o
Paulo: Contexto, 2008. Novo e o Velho Mundo moldou os dias de hoje. Campinas:
Nesse livro, o autor critica a apropriação feita pela Europa Verus, 2012.
das conquistas promovidas pelas culturas orientais. Segundo O autor mostra como a criação da rede mundial de inter-
ele, a postura etnocêntrica da historiografia ocidental tem per- câmbio ecológico e econômico na China, iniciada por Cristóvão
mitido a apropriação indevida não apenas de invenções como a Colombo, fomentou a ascensão da Europa, devastou a China
bússola e o papel, mas também de valores como a democracia imperial, desmantelou a África e fez da Cidade do México, por
e o individualismo. dois séculos, o centro do mundo.

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MELATTI, Julio Cezar. Índios do Brasil. São Paulo: Edusp, história da cultura, da sociedade, da política e da economia mineira
2007. ao longo do período colonial, ela se mostra útil a todo tipo de leitor.
Com linguagem acessível ao grande público, esse livro SANTOS, Ynaê Lopes dos. História da África e do Brasil
fornece uma importante atualização do conhecimento sobre afrodescendente. Rio de Janeiro: Pallas, 2017.
o tema, da Pré-História aos dias atuais, apresentando diversos O livro conta algumas histórias da África com o objetivo de
aspectos referentes à organização social, cultural e política das conectá-las às histórias de outros continentes e países. A principal
populações indígenas brasileiras. conexão é estabelecida com o Brasil, país cuja história foi marcada
MELLO, Evaldo Cabral de (org.). O Brasil holandês. São pela forte presença de povos africanos e seus descendentes.
Paulo: Penguin Classics, 2010. SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Érico Vital. Mulheres
A obra reúne as passagens mais importantes dos documen- negras do Brasil. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2007.
tos de época que contam a história da ocupação holandesa do A obra se propõe a suprir uma lacuna nos estudos históricos
Nordeste brasileiro, desde as primeiras invasões na Bahia e em no Brasil provocada pela invisibilidade do papel das mulheres
Pernambuco, até sua derrota e expulsão. negras brasileiras. Assim, apresenta uma das abordagens pio-
MOURA, Carlos Eugênio Marcondes de. A travessia da neiras sobre esse grupo social.
Calunga Grande: três séculos de imagens sobre o negro SCHWARCZ, Lilia Moritz; GOMES, Flávio (org). Dicionário
no Brasil (1637-1899). São Paulo: Edusp, 2012. da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das
Trata-se de uma viagem através das imagens que recons- Letras, 2018.
troem a presença e a contribuição dos africanos escravizados e No ano em que a abolição da escravidão no Brasil com-
seus descendentes no Brasil, no decorrer de três séculos. pletou 130 anos, essa obra trouxe ao público leitor 50 ensaios
MOURA, Clóvis. Dicionário da escravidão negra no concisos de especialistas, contribuindo para o debate acerca de
Brasil. São Paulo: Edusp, 2004. um tempo da nossa história em que a liberdade e a escravidão
Obra de referência sobre a escravidão no Brasil, destinada compunham duas faces antagônicas, mas que se delimitavam
tanto ao público leigo quanto aos estudiosos do tema. Ao longo mutuamente.
de 800 verbetes, o autor organiza as informações existentes SCHWARTZ, Stuart B.; LOCKHART, James. A América
sobre o regime escravista, permitindo ao leitor vislumbrar a Latina na época colonial. Rio de Janeiro: Civilização
construção do regime de exclusão, ainda vigente.
Brasileira, 2002.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Terra à vista: discurso do confronto, Na obra, os autores constroem uma análise conjunta do
Velho e Novo Mundo. Campinas: Editora da Unicamp, 2008. período colonial (1492 a 1825), nas Américas espanhola e por-
Dentro de uma proposta de análise dos discursos, a autora tuguesa, rompendo com a tendência recorrente de estudá-las
procura compreender como se processam os variados tipos de isoladamente. O objetivo é demonstrar que, apesar das diferen-
contato e conflito entre europeus e indígenas na América colo- ças, os processos de exploração colonial e de independências
nial, bem como entender como são construídos os sentidos e guardam várias similitudes.
significados das novas sociedades. SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus
PUNTONI, Pedro. A Guerra dos Bárbaros: povos filhos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.
indígenas e a colonização do sertão nordeste do Brasil Aqui, o autor procura desvendar segredos e mistérios que
(1650-1720). São Paulo: Hucitec: Edusp: Fapesp, 2002. marcam o continente africano em função de sua diversidade e
O foco desse livro é a série de conflitos que ocorreu entre da complexidade de sua experiência, que transita da fartura à
1651 e 1704, na zona de pecuária do sertão nordeste do Brasil, miséria. Ao mesmo tempo, enfatiza as marcas deixadas pelas
e ficou conhecida como a Guerra dos Bárbaros. Os conflitos culturas africanas na formação da sociedade brasileira.
envolveram principalmente colonos luso-brasileiros e povos SILVA, Maria Beatriz Nizza da (org.). História de São
indígenas, mas também incluíram disputas entre estes últimos. Paulo colonial. São Paulo: Unesp, 2009.
RAMOS, Fábio Pestana. No tempo das especiarias: o Nessa obra coletiva, especialistas abordam diversos aspectos
império da pimenta e do açúcar. São Paulo: Contexto, 2004. da história da capitania de São Paulo, como a autonomia das
O objetivo do livro é demonstrar a importância da pimenta Câmaras, o poder do capitão-mor e a demografia da posse de
e do açúcar para a construção do vasto império colonial portu- escravos e terras.
guês, ao mesmo tempo que descreve a expansão ultramarina. SOUZA, Laura de Mello e. Desclassificados do ouro: a
REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos (org.). Revoltas pobreza mineira no século XVIII. Rio de Janeiro: Graal, 2004.
escravas no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2021. A proposta da obra é estudar o vasto contingente de
A obra apresenta 14 ensaios de especialistas com o objetivo homens pobres livres que viviam no contexto da mineração, na
de analisar e discutir as várias insurreições e revoltas protagoni- primeira metade do século XVIII.
zadas por negros escravizados, livres e libertos, no contexto da SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São
resistência e da luta contra a escravidão.
Paulo: Ática, 2006.
RICUPERO, Rodrigo. A formação das elites coloniais Esse livro trata da história africana, relacionando-a aos
no Brasil (1530-1630). São Paulo: Alameda, 2020. séculos de tráfico e de escravização de pessoas negras no Brasil,
Observando os primeiros 100 anos de ocupação efetiva do ensejando, assim, uma discussão a respeito das consequências
Brasil (1530-1630), o livro descreve os mecanismos de montagem sociais, culturais e históricas desse processo.
do antigo sistema colonial, por meio do estudo da formação de UJVARI, Stefan Cunha. A história e suas epidemias: a
uma elite colonial residente e engajada como agente da domi-
convivência do homem com os microrganismos. Rio de
nação portuguesa.
Janeiro: Senac Rio; São Paulo: Senac São Paulo, 2003.
ROMEIRO, Adriana; BOTELHO, Angela Vianna. Dicionário A obra conta a história da luta travada pela humanidade
histórico das Minas Gerais: período colonial. Belo contra os microrganismos através dos séculos. Ela mostra que a
Horizonte: Autêntica, 2013. disseminação de doenças infecciosas se deveu a fatores como
A obra organiza, na forma de verbetes, fatos, personagens o uso intenso de rotas de comércio, a abertura de estradas, o
e processos, dos mais aos menos conhecidos. Acompanhando a surgimento da agricultura e as migrações.

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COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA


ENSINO FUNDAMENTAL • ANOS FINAIS

ISBN 978-85-96-03504-0

9 788596 035040

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