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Alfredo BOULOS Júnior
MANUAL DO PROFESSOR
1a edição
São Paulo ∙ 2022
22-115040 CDD-372.89
Índices para catálogo sistemático:
1. História : Ensino fundamental 372.89
Teatro de Bonecos Popular do Nordeste, Patrimônio
Cultural Imaterial. Olinda, Pernambuco, 07/2018. Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427
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IV
Se a destruição do passado pode resultar em uma tragédia para as novas gerações, a alienação dela de-
corrente pode facilitar a emergência e a imposição de ditaduras brutais, como as que vitoriaram nas décadas
de 1930 e 1940 em países da Europa Ocidental e Oriental. Ademais, a consciência de que o passado se per-
petua no presente é fundamental para o nosso sentido de identidade. Saber o que fomos ajuda-nos a com-
preender o que somos; o diálogo com outros tempos aumenta a nossa compreensão do tempo presente.
Como observou um estudioso:
[...] O passado nos cerca e nos preenche; cada cenário, cada declaração, cada
ação conserva um conteúdo residual de tempos pretéritos. Toda consciência atual
se funda em percepções e atitudes do passado; reconhecemos uma pessoa, uma
árvore, um café da manhã, uma tarefa, porque já os vimos ou já os experimen-
tamos. (LOWENTHAL, 1998).
OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de (coord.). História: ensino fundamental.
Brasília: Ministério da Educação: Secretaria de Educação Básica, 2010. p. 160.
(Explorando o ensino, v. 21).
Vale dizer ainda que o historiador se volta para o passado a partir de questões colocadas pelo presente.
Depois de estabelecer um determinado recorte, ele transforma o tema em problema e seleciona o conjunto
de variados documentos históricos (materiais e imateriais). A partir daí, trata-o com base em instrumentos
e métodos próprios da História. Por isso se diz que toda narrativa histórica está relacionada a seu tempo e
também é objeto da História.
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Nesta coleção, pautamo-nos por alguns referenciais teóricos da História Nova, daí entendermos a História
como um conhecimento em permanente construção. Por isso tomamos o documento como ponto de partida,
e não de chegada, na construção do conhecimento e, além disso, incorporamos a ação e a fala das mulheres,
dos negros, dos indígenas, dos operários e de outros sujeitos históricos antes relegados ao esquecimento.
Ao longo da obra, utilizamos também a história social inglesa, recorrendo mais de uma vez aos trabalhos
de Christopher Hill, E. P. Thompson e Hobsbawm para compreender episódios decisivos na formação do
mundo atual, como a Revolução Inglesa, a Revolução Industrial, a Revolução Francesa, o imperialismo, o mo-
vimento operário, entre outros.
Por fim, é preciso dizer que demos maior ênfase ao conhecimento da história política e do passado públi-
co, sem prejuízo para momentos de ênfase na história cultural, por considerarmos que neste nível de ensino
isso é decisivo para o desenvolvimento de uma consciência crítica por parte do aluno. Com essa consciência,
ele pode orientar sua prática como cidadão, exercitando a construção de saberes balizados pela:
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Atingir esses objetivos, ainda que parcialmente, pode ajudar o aluno a interpretar situações concretas da
vida social, posicionar-se criticamente diante da realidade vivida e construir novos conhecimentos.
O historiador nunca sai do tempo [...], ele considera ora as grandes ondas de fe-
nômenos aparentados que atravessam, longitudinalmente, a duração, ora o momento
humano em que essas correntes se apertam no nó poderoso das consciências.
BLOCH, Marc L. B. Apologia da História ou o ofício de historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. p. 135.
Seguindo a trilha aberta por Bloch, o historiador Holien Bezerra afirma que a História busca desvendar
“[as] relações que se estabelecem entre os grupos humanos em diferentes tempos e espaços” (BEZERRA,
2003, p. 42). Outra definição de História:
[...] A história é a arte de aprender que o que é nem sempre foi, que o que
não existe pôde alguma vez existir; que o novo não o é forçosamente e que, ao
contrário, o que consideramos por vezes eterno é muito recente. Esta noção per-
mite situarmo-nos no tempo, relativizar o acontecimento, descobrir as linhas de
continuidade e identificar as rupturas [...].
OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de (coord.). História: Ensino Fundamental. Brasília, DF: Ministério da Educação:
Secretaria de Educação Básica, 2010. (Explorando o Ensino, v. 21, p. 18).
Há autores atuais, como Hayden White, por exemplo, que entendem a História como um gênero da lite-
ratura e querem reduzi-la à ficção. Nós discordamos dessa visão e ressaltamos que a História, ao contrário da
Literatura, tem compromisso com a evidência e, parafraseando Marc Bloch, lembramos ainda que, diferente-
mente do literato, o historiador só pode afirmar aquilo que tem condições de provar.
Tempo: conceito-chave em História. É uma construção humana; e o tempo histórico, uma construção
cultural dos povos em diferentes tempos e espaços. As principais dimensões do tempo são: duração, suces-
são e simultaneidade. Isso pode ser trabalhado em aula apresentando-se as diferentes maneiras de vivenciar
e apreender o tempo e de registrar a duração, a sucessão e a simultaneidade dos eventos – tais conteúdos
tornam-se, portanto, objeto de estudos históricos. O tempo que interessa ao historiador é o tempo históri-
co, o tempo das transformações e das permanências. O tempo histórico não obedece a um ritmo preciso e
idêntico como o do relógio e/ou dos calendários. Por isso o historiador considera diferentes temporalidades/
durações: a longa, a média e a curta duração.
Cronologia: sistema de marcação e datação baseado nas regras estabelecidas pela ciência astronômica,
que tenta organizar os acontecimentos em uma sequência regular e contínua.
Cultura:
Entende-se por cultura todas as ações por meio das quais os povos expres-
sam suas “formas de criar, fazer e viver” (Constituição Federal de 1988, art. 216).
A cultura engloba tanto a linguagem com que as pessoas se comunicam, contam
suas histórias, fazem seus poemas, quanto a forma como constroem suas casas,
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Segundo os PCN:
[...] cultura abrange um conjunto de crenças, conhecimentos, valores, cos-
tumes, regulamentos, habilidades, capacidades e hábitos construídos pelos seres
humanos em determinadas sociedades, em diferentes épocas e espaços.
BRASIL. Ministério da Educação. PCN+ Ensino Médio: orientações educacionais complementares aos Parâmetros
Curriculares Nacionais. Ciências Humanas e suas Tecnologias: História. Brasília: SEB, 2002. p. 71-72.
Identidade: pode ser definida como a construção do “eu” e do “outro” e a construção do “eu” e do
“nós”, que têm lugar nos diferentes contextos da vida humana e nos diferentes espaços de convívio social.
Essa construção baseia-se no reconhecimento de semelhanças/diferenças e de mudanças/permanências. So-
bre o assunto, disse uma ensaísta:
XII
Memória pode ser definida também pelo modo como os seres humanos se lembram ou se esquecem do
passado; já a História pode ser vista como a crítica da memória. Em sociedades complexas, como esta em que
vivemos, a memória coletiva dá origem a lugares de memória, como museus, bibliotecas, espaços culturais,
galerias, arquivos ou uma “grande” história, a história da nação. A memória nos remete à questão do tempo.
Política: o termo “política” teve sua origem na Grécia antiga e foi sendo ressignificado ao longo do tem-
po. A palavra “política” está estreitamente relacionada à ideia de poder. Segundo Nicolau Maquiavel (1469-
1527), o fundador da política como ciência, a política é a arte de conquistar, manter e exercer o poder. Já
para Michel Foucault (1926-1984), o poder não se concentra somente no Estado, mas está distribuído por
todo o corpo social. Seguindo essa trilha, dois estudiosos observaram que:
Cidadania: o conceito de cidadania – chave na nossa proposta de ensino de História – tem como base as
reflexões do historiador Jaime Pinsky:
XIII
[...] não pode ser entendido como mera e simples transposição de um co-
nhecimento maior, proveniente da ciência de referência e que é vulgarizado e
simplificado pelo ensino. [...] “Nenhuma disciplina escolar é uma simples filha
da ‘ciência-mãe’”, adverte-nos Henri Moniot, e a história escolar não é apenas
uma transposição da história acadêmica, mas constitui-se por intermédio de um
processo no qual interferem o saber erudito, os valores contemporâneos, as prá-
ticas e os problemas sociais.
BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na sala de aula. 12. ed. São Paulo: Contexto, 2017
(Repensando o ensino, p. 25).
Para a construção do conhecimento em sala de aula, a historiadora Margarida Maria Dias de Oliveira pro-
põe que sejam dados os seguintes passos:
Em outras palavras, seleciona-se o tema e transforma-o em problema por meio de um conjunto de ques-
tões. Estuda-se, então, o passado para entrar em contato com as experiências dos seres humanos de outros
tempos no enfrentamento desse problema e retorna-se ao presente.
XIV
Mas, se por um lado, é consensual entre os historiadores que estamos vivendo uma “revolução docu-
mental”; por outro, a reflexão sobre o uso de documentos em sala de aula merece, a nosso ver, uma maior
atenção. Com base nas reflexões daqueles que pensaram sobre o assunto e na nossa experiência docente,
recomendamos que, ao trabalhar com documentos na sala de aula, o professor procure:
a) evitar ver o documento como “prova do real”, procurando situá-lo como ponto de partida para se cons-
truírem aproximações em torno do episódio focalizado;
b) ultrapassar a descrição pura e simples do documento e apresentá-lo aos alunos como matéria-prima de
que se servem os historiadores na sua incessante pesquisa;
c) considerar que um documento não fala por si mesmo. É necessário levantar questões sobre ele e a partir
dele. Um documento sobre o qual não se sabe por quem, para que e quando foi escrito é como uma fo-
tografia sem crédito ou legenda: não tem serventia para o historiador;
d) levar em conta que todo documento é um objeto material e, ao mesmo tempo, portador de um
conteúdo;
e) considerar que não há conhecimento neutro: um documento tem sempre um ou mais autores e ele(s)
tem(têm) uma posição que é necessária identificar. Visto por esse ângulo, o trabalho com documentos
tem pelo menos três utilidades:
• facilita ao professor o desempenho de seu papel de mediador. A sala de aula deixa de ser o espaço
onde se ouvem apenas as vozes do professor e a do autor do livro didático (tido muitas vezes como nar-
rador onisciente, que tudo sabe e tudo vê) para ser o lugar onde ecoam múltiplas vozes, incluindo-se aí
as vozes de pessoas que presenciaram os fatos focalizados;
• possibilita ao aluno desenvolver um olhar crítico e aperfeiçoar-se como leitor e produtor de textos
históricos;
• diminui a distância entre o conhecimento acadêmico e o saber escolar, uma vez que os alunos são con-
vidados a se iniciarem na crítica e na contextualização dos documentos, procedimento importante para
a educação histórica.
2
Nomes dos historiadores franceses por meio dos quais a história metódica, mais conhecida como positivista, chegou ao seu auge na segunda metade do século XIX.
XV
A imagem é polissêmica
Misto de arte e ciência, técnica e cultura, a imagem é polissêmi-
O fato preciso a que o historiador está se referindo é, como se sabe, o bombardeio da pequenina cidade
espanhola de Guernica pela aviação nazista, a mando de Hitler, durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
O fato, o bombardeio, ocorrido em 26 de abril de 1937, foi esquecido; a representação produzida por Picasso,
um óleo sobre tela, com o nome de Guernica, permaneceu marcando gerações. Não é demais repetir: quando
o professor perguntou: “O que é Guernica?”, os alunos lhe responderam: “Guernica é um quadro!”.
XVI
[...] A ilustração do pai jovem e do filho velho tem causado certa perplexi-
dade aos jovens leitores e falta a explicação do aparente paradoxo. A imagem de
um D. Pedro II velho foi construída no período pós-monárquico e demonstra a
intenção dos republicanos em explicar a queda de uma monarquia envelhecida
que não teria continuidade. É interessante destacar a permanência dessas ilus-
trações na produção atual dos manuais, reforçando uma interpretação utilizada
pelos republicanos no início do século XX, mesmo depois de variadas pesquisas
e publicações historiográficas sobre os conflitos e tensões do período.
BITTENCOURT, Circe (org.). O saber histórico na sala de aula. 12. ed.
São Paulo: Contexto, 2017. (Repensando o ensino, p. 80).
COLEÇÃO PARTICULAR
Retrato de D. Pedro I feito pelo artista Simplício Retrato de D. Pedro II feito por Pedro Américo, 1873.
Rodrigues de Sá, c. 1826.
XVII
Um equívoco recorrente quando o assunto é imagem é a afirmação de que ela fala por si mesma. Como
lembrou uma ensaísta:
De fato, a imagem é captada pelo olho, mas traduzida pela palavra. Tomá-la como fonte para o conheci-
mento da História envolve vê-la como uma representação, uma estratégia, uma linguagem com sintaxe pró-
pria. Para obter as informações a partir dela é indispensável desnaturalizá-la e contextualizá-la, interrogan-
do-a com perguntas, tais como: por que, por quem, em que contexto foi produzida. É indispensável, enfim,
perceber que a imagem não reproduz o real. Ela congela um instante do real, “organizando-o” de acordo
com uma determinada estética e visão de mundo.
XVIII
Tirinha de Belmonte,
História de um
governo, na qual
aparecem diversas
caricaturas de
Getúlio Vargas.
XIX
XX
XXI
Texto 2
Para uma boa formação, os alunos precisam entender bem o que leem e saber pensar e escrever.
XXII
XXIII
Texto 3
O texto a seguir é de Fernando Seffner, mestre em Sociologia e doutor em Educação pela UFRGS.
XXIV
XXV
Em síntese, nossos filhos e alunos têm o direito de saber que as pessoas são
diferentes. Que o mundo é plural e a cultura é diversa. Que essa diversidade deve
ser conhecida, respeitada e valorizada. E mais, que a diferença e a diversidade
são benéficas para a convivência das pessoas, a manutenção da democracia, e a
sobrevivência da espécie. [...]
FREITAS, Itamar. A experiência indígena no ensino de História. In: OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de (coord.).
História: ensino fundamental. Brasília, DF: Ministério da Educação: Secretaria de Educação Básica, 2010.
(Explorando o ensino, v. 21, p. 161).
XXVI
Monitorando e avaliando
Durante todo o processo, as ações desenvolvidas serão monitoradas e avalia-
das pelos/as participantes, podendo ser redirecionadas, sempre que necessário.
No final, uma avaliação geral também pode ser feita, para dimensionar os resul-
tados alcançados, as dificuldades, as ações futuras, os ganhos relacionados ao
trabalho desenvolvido em torno da valorização dos conhecimentos e da cultura
afro-brasileira na comunidade escolar do município.
A mobilização cultural pode se transformar em uma ação forte e poderosa
de educação das relações étnico-raciais, bem como as atividades do IX Festival
Afro-Arte no Ambiente Escolar no município de Maracanaú. É muito importante
que esta mobilização contribua para o desenvolvimento de políticas públicas que
afirme direitos historicamente negados, ao mesmo tempo em que desmobilizem
preconceitos, desigualdades e discriminação de toda ordem. Por isso, é funda-
mental que todo o processo seja documentado e o material produzido colocado
à disposição da comunidade escolar em feiras culturais nas escolas, bibliotecas
e demais lugares públicos no município, inclusive na internet.
É preciso também monitorar os efeitos gerados e dar continuidade à mobi-
lização cultural nesta proposta. Essas medidas pretendem estabelecer uma cul-
tura de respeito à diversidade de afirmação dos direitos de todas as pessoas no
Brasil, independentemente da etnia ou cor da pele.
GRANGEIRO, Ilza (coord.); BRAGA, Marigel; LIMA, Glaudia de; MIRANDA, Marcos; MURILO, Sérgio.
Guia metodológico para preparação do IX Festival Afro-Arte: expressões culturais afro-brasileiras no ambiente
escolar. Diretoria de Educação: Coordenadoria de desenvolvimento curricular: Maracanaú, 2018. p. 9-10.
XXVII
O conhecimento
O conhecimento antigamente era estável, as transformações ocorriam muito
lentamente. Para obter conhecimento, o homem se dedicava a uma série de exer-
cícios mentais que se repetiam em livros, na sala de aula e no cotidiano. Podíamos
memorizar uma série de informações, aprender regras de retórica, decorar tabua-
das e seríamos reconhecidos pela comunidade como homens cultos, ponderados
nas decisões, prováveis “vencedores”. Nesse mundo marcado pela tranquilidade,
pela repetição, pelas relações sensoriais e não virtuais, nesse mundo antigo so-
brava tempo até para amar. Os ancestrais deixavam como herança modelos que
serviam de modelo para uma vida. Não era dinheiro mas gerava tranquilidade.
Existia nesse velho mundo um horizonte seguro para onde devíamos caminhar.
Hoje é assim?
Não.
Como as mudanças eram lentas, o homem podia perpetuar formas de com-
portamento, podia ensinar fórmulas, sugerir procedimentos ou ainda contar fá-
bulas exemplares. Casamento era para a vida toda, emprego público significava
segurança na velhice, diploma, um eterno seguro-desemprego.
Como cada coisa ocupava, por muito tempo, o mesmo lugar nós podíamos en-
sinar uma receita adequada para o sucesso: estude! Tenha um diploma! Vá para a
cidade! Tome Biotônico Fontoura! A relação entre expectativa e resultado era, quase,
linear.
[...]
E agora como ficam os modelos?
Primeiro, nós temos que descobrir o que são modelos. E isso representa um
longo aprendizado, tarefa para um professor.
[...]
Se não sabemos colocar o problema, observar uma situação por diferentes
ângulos, trabalhar inúmeras variáveis, estabelecer relações, discutir as premis-
sas, não encontraremos o campo da provável solução. Se não sabemos questio-
nar hipóteses também não saberemos enfrentar mudanças.
Como enfrentar a mudança?
Identificando, comparando, relacionando, traduzindo e abstraindo.
THEODORO, Janice. Educação para um mundo em transformação. In: KARNAL, Leandro (org.).
História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2016. p. 51-53.
Texto 2
XXVIII
XXIX
Construção do conhecimento
A finalização do trabalho deve ocorrer, necessariamente, com produções dos
alunos. Nessas produções, os estudantes deverão sintetizar o processo vivenciado
e avaliar tanto a experiência como a si mesmos em relação ao desenvolvimento
da atividade. Assim, sugerimos a produção de caderno de textos, desenhos, gráfi-
cos, painéis, jornal-mural, vídeos e a organização de uma exposição com objetos
e imagens. A seguir, propomos duas atividades que podem ser realizadas em
grupos e por diferentes faixas etárias:
• Colagem com recortes de revistas e papel colorido, além de desenho e pintura
para criar uma imagem a respeito da visita da turma à exposição.
• Elaboração de uma história com os objetos da exposição que suscitaram mais
interesse.
• Em grupo: Se pudessem criar um museu, como ele seria? Sobre qual tema?
Que elementos – objetos e imagens – escolheriam para uma exposição?
ABUD, Kátia Maria. Ensino de História. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
(Coleção Ideias Em Ação, p. 141-143).
Texto 4
Visita a museu
A partir de nossa experiência como educadores de museu, gostaríamos de
apresentar alguns pontos fundamentais que devem ser levados em conta no pla-
nejamento de uma visita:
• Definir os objetivos da visita;
• Selecionar o museu mais apropriado para o tema a ser trabalhado; ou uma das
exposições apresentadas, ou parte de uma exposição, ou ainda um conjunto de
museus;
• Visitar a instituição antecipadamente até alcançar uma familiaridade com o
espaço a ser trabalhado;
• Verificar as atividades educativas oferecidas pelo museu e se elas se adéquam
aos objetivos propostos e, neste caso, adaptá-las aos próprios interesses;
• Preparar os alunos para a visita através de exercícios de observação, estudo de
conteúdos e conceitos;
• Coordenar a visita de acordo com os objetivos propostos ou participar de visita
monitorada, coordenada por educadores do museu;
XXX
Texto 5
XXXI
A LDB determina também que as competências e diretrizes são comuns, os currículos são diversos.
Esta relação entre o básico-comum e o que é diverso está presente no artigo 26 da LDB, que diz que “os
currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ter base nacional comum,
a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversifi-
cada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos”
(BRASIL, 1996).
Disto decorre que o currículo a ser construído deve, então, ser contextualizado. Entende-se por contextu-
alização: a inclusão e a valorização das diferenças regionais, ou mesmo locais, e o atendimento à diversidade
cultural3. Isso é coerente com o fato de que o foco da BNCC não é o ensino, mas a aprendizagem como es-
tratégia para impulsionar a qualidade da Educação Básica em todas as etapas e modalidades.
3
Outro marco legal em que a BNCC se apoia é na lei no 13.005 de 2014, que promulgou o Plano Nacional de Educação: BRASIL. Lei no 13.005, de 25 de junho de 2014.
Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, ano 151, n. 120-A, p. 1, 26 jun. 2014.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em: 22 out. 2018.
XXXII
A implementação da BNCC deverá levar em conta, então, os currículos elaborados por estados e mu-
nicípios, bem como por escolas. Além de incorporar essas contribuições, a BNCC recomenda contemplar
também temas relevantes para o mundo em que vivemos e dar a esses temas um tratamento interdisciplinar.
Entre esses temas, merecem especial atenção:
• Direitos das crianças e adolescentes (lei no 8.069/1990);
• Educação para o trânsito (lei no 9.503/1997);
• Estatuto do Idoso (lei no 10.741/2003);
• Preservação do meio ambiente (lei no 9.795/1999);
• Educação alimentar e nutricional (lei no 11.947/2009);
• Educação em direitos humanos (decreto no 7.037/2009).
XXXIII
XXXIV
XXXV
XXXVI
EDITORIA DE ARTE
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Trabalho
Ciência e Tecnologia
Educação Financeira
Educação Fiscal
Temas
MULTICULTURALISMO Contemporâneos
Diversidade Cultural Transversais na BNCC SAÚDE
Educação para valorização
Saúde
do multiculturalismo nas
matrizes históricas e Educação Alimentar
culturais Brasileiras e Nutricional
CIDADANIA E CIVISMO
Vida Familiar e Social
Educação para o Trânsito
Educação em Direitos Humanos
Direitos da Criança
e do Adolescente
Processo de envelhecimento,
respeito e valorização do Idoso
Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Temas Contemporâneos Transversais na BNCC. Brasília, DF: MEC, 2019, p. 7.
XXXVII
Tendo como pressuposto a garantia de atender às necessidades e aos interesses dos jovens estudantes em
relação a um processo de aprendizagem integral, onde a educação percorra caminhos indispensáveis para a
formação do aluno enquanto cidadão, a BNCC preconiza que as escolas devem:
Os pressupostos apresentados pela BNCC dialogam com o pensamento expresso por diversos autores ao
compreender o indivíduo em sua totalidade, o que necessariamente inclui o contexto no qual está inserido.
Para que sejam alcançados esses objetivos, as metodologias ativas, ainda que não sejam fechadas em estru-
turas preconcebidas, se sustentam em pilares educacionais, tais como: centralização do processo de aprendi-
zagem no estudante; estímulo à autonomia; criação de espaços nos quais se desenvolvam problematizações e
reflexões acerca da realidade e desenvolvimento da produção do conhecimento de forma individual e coletiva.
Uma educação que privilegie a autonomia dos estudantes, garantindo o protagonismo no processo de
aprendizagem, portanto, deve incluir metodologias que atendam a essa demanda, com materiais relevantes,
assuntos contemporâneos e que conversem com a realidade dos estudantes, colocando-os em posições de
XXXVIII
XXXIX
O planejamento, no sentindo mais amplo, não trata apenas das atividades a serem propostas, mas da
contextualização e da compreensão da heterogeneidade dos estudantes, considerando os anseios próprios
dessa etapa da vida e seus projetos de vida. O planejamento de metodologias ativas, portanto, passa por
criar espaços de valorização das diferentes competências e formas de aprendizagem para que as relações
com o saber científico possam ser estabelecidas. Assim, o conteúdo é apreendido e aplicado na formação
cidadã e autônoma, preparando o estudante para ser um agente de transformação social.
XL
Sabe-se que o processo de construção do conhecimento é dinâmico e não linear, assim, avaliar a aprendi-
zagem implica avaliar também o ensino oferecido. É importante que toda a avaliação esteja relacionada aos
objetivos propostos e, para atingi-los, é indispensável que os alunos aprendam mais e melhor. Assim sendo,
os resultados de uma avaliação devem servir para reorientar a prática educacional e nunca como um meio
de estigmatizar os alunos.
Para pensar a avaliação, cuja importância é decisiva no processo de ensino-aprendizagem, lançamos mão
das reflexões de César Coll e dos PCN. Para César Coll, a avaliação pode ser definida como uma série de atu-
ações que devem cumprir duas funções básicas:
• diagnosticar – ou seja, identificar o tipo de ajuda pedagógica que será oferecida aos alunos e ajustá-la
progressivamente às características e às necessidades deles.
• controlar – ou seja, verificar se os objetivos foram ou não alcançados (ou até que ponto o foram).
Para diagnosticar e controlar o processo educativo, César Coll recomenda o uso de três tipos de avaliação.
Os tipos e graus de
Os esquemas de conhecimento Os progressos, dificuldades, aprendizagem que estipulam
Como avaliar? relevantes para o novo material bloqueios etc., que marcam os objetivos (finais, de nível
ou situação de aprendizagem. o processo de aprendizagem. ou didáticos) a propósito
dos conteúdos selecionados.
Consulta e interpretação do
Observação sistemática e Observação, registro e
histórico escolar do aluno.
pautada do processo de interpretação das respostas
Registro e interpretação das
aprendizagem. Registro das e comportamentos dos alunos
O que avaliar? respostas e comportamentos
observações em planilhas a perguntas e situações
dos alunos ante perguntas e
de acompanhamento. que exigem a utilização dos
situações relativas ao novo
Interpretação das observações. conteúdos aprendidos.
material de aprendizagem.
COLL, César. Psicologia e currículo. 3. ed. São Paulo: Ática, 1998. (Série Fundamentos, p. 151).
A avaliação inicial busca verificar os conhecimentos prévios dos alunos e possibilita a eles a tomada de
consciência de suas limitações (imprecisões e contradições dos seus esquemas de conhecimento) e da neces-
sidade de superá-las.
A avaliação formativa visa avaliar o processo de aprendizagem. A avaliação formativa pode ser feita por
meio da observação sistemática do aluno, com a ajuda de planilhas de acompanhamento (ficha ou instru-
mento equivalente em que se registram informações úteis ao acompanhamento do processo). Cada profes-
sor deve adequar a planilha de acompanhamento às suas necessidades.
XLI
A metacognição
Deve ser ressaltada a importância do trabalho com a metacognição, o qual
consiste, fundamentalmente, no processo de autorreflexão por parte do aluno
acerca da relação que estabeleceu com os conteúdos específicos de cada unida-
de ou capítulo. O objetivo da metacognição é que o aluno seja capaz de identi-
ficar o que aprendeu, comparando com o que já sabia, informando o que consi-
derou mais significativo na aprendizagem, além de destacar os pontos mais ou
menos positivos.
XLII
XLIII
XLIV
Com o objetivo de colaborar para a aplicação de um Projeto de Trabalho Interdisciplinar na escola, elabo-
ramos: a) um texto com orientações para a confecção de um Projeto Interdisciplinar; b) um Projeto que pode
ser aplicado pelos professores, desde que adaptado à realidade da escola onde lecionam. O trabalho com
Projetos permite: superar a representação do conhecimento como algo fragmentado e distanciado das vi-
vências dos alunos; levar em conta o que acontece no mundo social e do conhecimento; receber criticamen-
te a avalanche de informações disponibilizadas pelos meios de comunicação.
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XLV
Etapas de um Projeto
Grosso modo, o Projeto pode ser desenvolvido em quatro etapas:
a) Escolha do tema ou objeto de estudo.
Essa escolha deve ser feita por meio de um amplo debate com os alunos, incorporando seus desejos e
interesses, pois o sucesso do Projeto dependerá, em boa parte, do envolvimento deles no processo. Para a
escolha do tema, propomos que se adotem os seguintes critérios:
1. É relevante, do ponto de vista do aluno?
2. Estimula a adoção de uma atitude investigativa?
3. Facilita o trabalho com valores e atitudes?
Sugestão: escolhido o tema, afixar uma faixa ou painel na entrada da escola com o título do Projeto,
com o objetivo de manter a comunidade externa informada e estimular sua participação.
b) Planejamento efetivo do Projeto, que inclui:
• definir as áreas de estudo. Envolver o maior número de disciplinas possível, estimulando as trocas, a inte-
gração e a correlação das disciplinas no interior do Projeto;
• delimitar o tempo requerido. O tempo poderá variar de um bimestre a um ano letivo;
• estabelecer os objetivos gerais. Os objetivos devem contemplar o estímulo à troca, à pesquisa, à recipro-
cidade, à curiosidade e ao compromisso diante do saber;
• fixar os objetivos específicos por área. Os objetivos específicos de cada disciplina devem manter relação
estreita com o tema do Projeto;
• planejar e propor ações para envolver professores, alunos e comunidade externa.
Professores: selecionar e oferecer aos professores textos científicos, jornalísticos e literários, acompanha-
dos de imagens, visando provocar a curiosidade e o interesse deles pelo tema e estimular seu posicionamen-
to frente ao assunto. Este material poderá também ser afixado em quadros situados na sala dos professores,
na sala da coordenação, na secretaria da escola. Posteriormente, então, convidá-los para trabalhar com esta
temática.
Alunos: debater o tema com os alunos em sala de aula, realizar entrevistas e coletar dados. O debate
pode ser estimulado pela visita de um palestrante ou alguém da comunidade que venha à escola falar aos
alunos sobre o tema. Podem-se também espalhar pela escola frases curtas, interrogativas e/ou reflexivas,
questionando o que se sabe sobre o tema, instigando os alunos a quererem conhecê-lo melhor.
XLVI
Equipe interdisciplinar
O Projeto deve ser coordenado por uma equipe interdisciplinar composta de 4 a 5 pessoas de diferentes
áreas, que devem atuar integrando atividades e procedimentos de modo a facilitar a troca e o diálogo entre
os envolvidos. Escolhido o tema, passa-se para a segunda etapa, isto é, o planejamento efetivo do Projeto,
que inclui:
Áreas de estudo
Neste Projeto, previu-se o trabalho para as seguintes disciplinas: História, Ciências, Educação Física, Lín-
gua Portuguesa, Arte, Matemática, Geografia, Informática, Inglês e Espanhol. O ideal é planejar ações para
envolver o máximo possível de disciplinas.
XLVII
Objetivos gerais
1. Ressaltar e estudar os casos de violência, desrespeito e intolerância nos espaços propostos pelo Projeto;
2. Favorecer atitudes de tolerância e respeito e difundir a cultura da paz tal como proposta pela ONU (Orga-
nização das Nações Unidas);
3. Questionar o uso da violência para a solução de problemas entre pessoas, povos e Estados Nacionais;
4. Conscientizar para o fato de que vivemos em uma sociedade multicultural e pluriétnica e incentivar o respei-
to pelas culturas e artes dos diferentes grupos étnicos que viveram e vivem no território onde é hoje o Brasil;
5. Conhecer e respeitar as culturas dos diferentes povos da Terra;
6. Facilitar a percepção de que é o conhecimento que favorece o respeito e a tolerância e de que não há
cultura superior à outra.
Ciências:
• compreender a saúde como bem individual e coletivo, que deve ser promovido pela ação de diferentes
agentes;
• desenvolver o autocuidado, a autoestima e o respeito pelo próprio corpo e pelo do outro;
• reconhecer que a violência e o alto nível de estresse desencadeiam doenças, como hipertensão, síndro-
me do pânico, entre outras.
Educação Física:
• compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, como fator de integração
social e de formação da identidade;
• reconhecer a importância de atitudes pacíficas e do espírito de equipe para o crescimento individual e
coletivo durante a prática do esporte;
• participar de atividades coletivas, sendo solidário com os companheiros e cultivando o respeito ao adversário.
Língua Portuguesa:
• incentivar a leitura, a interpretação e, sobretudo, a produção de textos de diversos gêneros;
• desenvolver o trabalho com diferentes linguagens (escrita, oral, gestual, visual etc.);
• selecionar, organizar e confrontar informações textuais relevantes sobre o tema do Projeto para interpre-
tá-las e avaliá-las criticamente.
XLVIII
Matemática:
• Desenvolver ou acompanhar cadeias de raciocínios;
• Lidar com cálculos e números;
• Resolver problemas lógicos, produzir e interpretar tabelas e gráficos.
Geografia:
• Levantar hipóteses sobre as possíveis razões da violência no meio urbano e rural;
• Discutir a situação da flora e da fauna;
• Trabalhar os conceitos de espaço, cidade, fauna, flora, desenvolvimento sustentável e degradação am-
biental e estimular a alfabetização cartográfica.
Informática:
• Conhecer e praticar o uso da internet, como ferramenta aplicada à comunicação, à pesquisa escolar e
ao desenvolvimento do conhecimento.
Inglês/Espanhol:
• Conhecer e usar as línguas inglesa/espanhola como instrumento de acesso a informações sobre diferen-
tes culturas e grupos sociais;
• Estimular nos alunos a produção oral e escrita e a interpretação nessas duas línguas.
Roteiro de trabalho
O roteiro de trabalho proposto a seguir pode e até mesmo deve ser adaptado às necessidades de cada es-
cola. Ele contém dois tipos de atividades: parte 1: atividades destinadas a alunos de todos os anos; parte 2:
atividades diferenciadas para cada um dos anos, visando investigar, mapear e debater o tema. Durante este
processo, os alunos testarão suas hipóteses e sugerirão soluções para os problemas levantados.
3. Reflexão individual e/ou em grupos: “Sou uma pessoa preconceituosa? Intrapessoal História e Língua
E tolerante? Por quê?”. e Linguística Portuguesa
XLIX
LI
Atividade-síntese do Projeto
Elaborar slogans, folders, banners, cartazes, fotos, mapas, tabelas, gráficos, panfletos, cartilhas e vídeos
objetivando uma grande campanha de conscientização sobre a necessidade de desenvolver atitudes de res-
peito e de tolerância no relacionamento com as pessoas. A campanha deverá enfatizar também a importân-
cia do respeito pelo patrimônio cultural4.
O 6o ano trabalhará a intolerância e o desrespeito na sala de aula, na escola e no bairro; o 7o, as diversas
formas de desrespeito a grupos humanos historicamente discriminados no Brasil, como negros, mulheres e
indígenas; o 8o, a agressão e o desrespeito à fauna e à flora; o 9o, a necessidade de paz, respeito e tolerância
entre os povos e os Estados Nacionais.
4
Segundo o artigo 216 da Constituição Federal de 1988, “constituem patrimônio cultural os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I. as formas de expressão;
II. os modos de criar, fazer e viver;
III. as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV. as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V. os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico” (BRASIL, 2016).
LII
Nome da escola:_______________________________________________________
Tema do Projeto:_______________________________________________________
Período de realização: __________________________________________________
Ano: _____ Turma: _____ Responsável pedagógico: _________________________
LIII
Nome da escola:_______________________________________________________
Tema do Projeto:_______________________________________________________
Período de realização: __________________________________________________
Ano: _____ Turma: _____ Responsável pedagógico: _________________________
Autoavaliação
A autoavaliação é um aprendizado fundamental para a construção da autonomia do aluno; além disso,
democratiza o processo, pois envolve diferentes pontos de vista.
Sugestão de perguntas para a autoavaliação.
1. Você considerou interessante o trabalho realizado durante o Projeto?
2. Tinha conhecimentos anteriores que o auxiliaram na realização?
3. Foi fácil ou difícil? Se foi difícil, saberia dizer por quê?
4. Como você avalia sua participação no grupo? (Realizou tarefas que contribuíram para o trabalho? Sugeriu
formas de organizar o trabalho? Colaborou com seus colegas na realização de suas tarefas?).
LIV
A nossa coleção é composta de quatro volumes que buscam apresentar os conteúdos relativos à História
do Brasil e à História Geral de forma integrada. Disse uma historiadora que:
LV
6.3 BOXES
Intercalados ao texto principal, inserimos os boxes Dialogando, Dica!, Para refletir, Escutar e falar e
Para saber mais, os primeiros são acompanhados de questões objetivas, reflexivas e/ou argumentativas.
Dialogando
Esse boxe é um convite à participação oral dos alunos; estes são desafiados a responder a uma questão
objetiva, a opinar, a interpretar uma imagem, um gráfico, uma tabela, um texto etc. Essa interrupção do tex-
to principal funciona como uma oportunidade para os alunos colocarem-se como sujeitos do conhecimento
e para dinamizar a aula.
Dica!
Sugestões de vídeos ao longo da obra para ampliar a abordagem do assunto estudado.
Para refletir
Esse boxe traz textos e imagens sobre os conteúdos estudados que, acompanhados de questionamentos
diretos, estimulam os alunos a refletir e discutir sobre os temas abordados.
Escutar e falar
Encoraja o aprimoramento da competência argumentativa dos estudantes e da escuta como elemento
básico do diálogo.
Para saber mais
Nesse boxe, são apresentados textos e imagens com o objetivo de ampliar ou detalhar um assunto deri-
vado do tema principal que possa interessar ao aluno.
6.4 ATIVIDADES
Aprender História depende da leitura e da escrita. E ler e escrever implicam compreensão, análise e in-
terpretação de uma diversidade de gêneros de textos e de imagens fixas (pintura, fotografia, charge) e em
movimento (filmes), além de gráficos, tabelas e mapas. As atividades desta coleção visam, sobretudo, auxiliar
o aluno a desenvolver as competências leitora e escritora, que são complementares e interdependentes, e a
capacitar o alunado para o exercício da cidadania. As imagens podem ser mais bem exploradas com a leitura
do texto instrucional sobre o assunto contido nestes materiais de apoio ao professor.
LVI
Retomando
As questões variadas dessa seção, apresentada em todos os capítulos, visam retomar e organizar o estudo
do tema abordado.
LVII
#Jovens na História
Esta seção convida os estudantes a aprofundarem o conhecimento sobre problemas contemporâneos, tra-
balharem noções introdutórias de práticas de pesquisa e participarem ativamente da construção de propostas
para a melhoria do bem-estar próprio, da comunidade em que vive, do país e até do planeta. Nela, são apre-
sentados exemplos de projetos e atitudes bem-sucedidos, sempre considerando o protagonismo e a diversida-
de de culturas juvenis.
LVIII
LIX
• KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula: conceitos, • RIBEIRO, Marcus Venicio. Não basta ensinar história. Nossa
práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2003. História, Rio de Janeiro, ano 1, n. 6, p. 76-78, abril de 2004.
O livro se propõe a apresentar reflexões orientadas para Neste artigo, o autor defende a ideia de que, para uma boa
subsidiar as práticas de ensino com colaborações de quatorze formação escolar, além de aprender História, os alunos precisam
especialistas em História. entender o que leem e saber pensar e escrever.
• LEITE, Miriam Moreira. Retratos de família: leitura da foto- • SALIBA, Elias Thomé. A produção do conhecimento histórico
grafia histórica. São Paulo: Edusp, 1993. (Texto e Arte, v. 9). e suas relações com a narrativa fílmica. São Paulo: FDE: Dire-
Com base na análise de álbuns de família de imigrantes vindos toria Técnica, 1992. (Lições com cinema).
para São Paulo durante a Grande Imigração, entre 1890 e 1930, a Livro que reflete sobre a utilização do cinema como fonte
autora desenvolve uma pesquisa crítica da fotografia histórica. historiográfica e como ferramenta para o ensino de História.
• MARQUES, Janote Pires. Educação patrimonial e ensino da • SCHAFF, Adam. História e verdade. 6. ed. São Paulo: Martins
história local na educação básica. Ensino em Perspectivas, Fontes, 1995.
Fortaleza, v. 2, n. 4, p. 1-11, 2021. Livro em que o historiador elabora crítica a duas vertentes
Artigo sobre a importância da educação patrimonial e o en- teóricas do campo da História. Por um lado, Adam Schaff critica
sino da história local na formação dos estudantes da educação a pretensão objetivista do positivismo e por outro, o subjetivis-
básica.
mo do chamado presentismo.
• MEDEIROS, A. Docência na socioeducação. Brasília: Universi-
dade de Brasília, Campus Planaltina, 2014. • SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar his-
Livro que apresenta múltiplas perspectivas sobre a educação tória. São Paulo: Scipione, 2009.
de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. Dividido em doze capítulos, este livro cobre diferentes as-
pectos do ensino de História. As autoras abordam desde uma
• MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem perspectiva histórica do ensino desse componente curricular até
mais profunda. José Moran: educação transformadora. São reflexões sobre a avaliação em História no contexto escolar.
Paulo, c2018. Disponível em: https://www2.eca.usp.br/
moran/wp-content/uploads/2013/12/metodologias_moran1. • SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário
pdf. Acesso em: 18 ago. 2022. de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005.
No texto, o pesquisador José Moran aprofunda a discussão Obra que apresenta conceitos históricos em formato de ver-
sobre a importância do uso das metodologias ativas para o de- betes, nos quais são elaboradas exposições que ajudam o leitor
senvolvimento integral dos alunos. a compreender elementos teóricos da História.
• NEVES, Iara C. Bitencourt (org.). Ler e escrever: compromisso • SILVA, Maria Lúcia Alves Teixeira. Ensino de história: meto-
de todas as áreas. 9. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, dologias ativas e aprendizagem significativa. Informação em
2011. Cultura, Mossoró, v. 3, n. 2, p. 27-46, jul./dez. 2021.
A obra busca explicar a importância da produção de conhe- Artigo sobre o ensino de História com foco nas metodolo-
cimento na educação contemporânea no intuito de proporcio- gias ativas.
nar uma efetiva transformação social.
• VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação: concepção
• NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos projetos: uma jor- dialética-libertadora do processo de avaliação escolar. São Pau-
nada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas
lo: Libertad, 1998. (Cadernos Pedagógicos do Libertad, v. 3).
inteligências. São Paulo: Érica, 2001.
Livro em que o professor Celso dos Santos Vasconcellos ela-
Livro em que o autor busca complexificar a visão a respeito
da pedagogia de projetos. bora uma contundente crítica às lógicas e efeitos da avaliação
escolar, que acaba, segundo o autor, por ter um papel predomi-
• OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de (coord.). História: ensino nantemente político.
fundamental. Brasília, DF: Ministério da Educação: Secretaria
de Educação Básica, 2010. (Explorando o ensino, v. 21). • VASCONCELOS, Celso dos Santos. Superação da lógica clas-
Coletânea de textos sobre o ensino de História. Nesses tex- sificatória e excludente da avaliação: do “é proibido reprovar”
tos, diferentes autores e autoras refletem a respeito de temas ao é preciso garantir a aprendizagem. São Paulo: Libertad,
que vão desde problematizações sobre os conteúdos ensinados 1998. (Coleção Cadernos Pedagógicos do Libertad, v. 5).
em História nas salas de aula até a incorporação das culturas in- Neste livro, o autor aborda o tema da avaliação e elabora
dígenas e afro-brasileira no ensino deste componente curricular. questões sobre alguns dos impasses vividos em ambiente escolar.
LX
OBJETIVOS CONTEÚDOS B T S
• Descrever e contextualizar os principais aspectos sociais, culturais, O processo que conduziu
econômicos e políticos da emergência da República no Brasil. à República
• Comparar as eleições na Primeira República às de hoje. Os negros no pós-Abolição
• Compreender as características da primeira Constituição da
República (1891). Oligarquias no poder
• Analisar e discutir as lutas da população negra no pós-Abolição, (coronelismo, política
reconhecendo a sua importância na formação do Brasil. dos governadores e
“café com política”)
• Relacionar as conquistas de direitos políticos, sociais e civis à
atuação de movimentos sociais. Indústria e operários
• Compreender e discutir os conceitos de oligarquia, coronelismo, na Primeira República
política dos governadores e “café com política”. Contestações e dinâmicas
da vida cultural na Primeira
UNIDADE 1 – REPÚBLICA E CIDADANIA
LXI
O Holocausto
LXII
Os anos de chumbo
LXIII
Gorbachev: reconstrução
e transparência
A extinção da URSS
e a formação da CEI
Globalização
Conflitos e tensões
no mundo atual
Levantes populares na África
e no Oriente Médio
Seis grandes desafios
(atuais da humanidade)
LXIV
1a edição
São Paulo ∙ 2022
22-115040 CDD-372.89
Índices para catálogo sistemático:
1. História : Ensino fundamental 372.89
Teatro de Bonecos Popular do Nordeste, Patrimônio
Cultural Imaterial. Olinda, Pernambuco, 07/2018. Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427
Quero lhe dizer algo que para mim é importante e, por isso, gostaria que você
soubesse: para que este livro chegasse às suas mãos, foram necessários o tra-
balho e a dedicação de muitas pessoas: os profissionais do mundo do livro.
O autor é um deles. Sua tarefa é pesquisar e escrever o texto e as atividades,
além de sugerir as imagens que ele gostaria que entrassem no livro. A essas pági-
nas produzidas pelo autor damos o nome de originais.
O editor e seus assistentes leem e avaliam os originais. Em seguida, solicitam ao
autor que melhore ou corrija o que é preciso no texto. Por vezes, pedem ao autor que
refaça uma ou outra parte. Daí entram em cena outros trabalhadores do mundo do
livro: os profissionais da Iconografia, da Arte, da Revisão, do Jurídico, entre outros.
Os profissionais da Iconografia pesquisam, selecionam, tratam e negociam
as imagens (fotografias, desenhos, gravuras, pinturas etc.) que serão aplicadas
no livro. Algumas dessas imagens são os mapas, elaborados por especialistas, os
cartógrafos, e desenhos baseados em pesquisas históricas, feitos por profissionais
denominados ilustradores.
Os profissionais da Arte criam um projeto gráfico (planejamento visual da obra),
preparam e tratam as imagens e diagramam o livro, isto é, distribuem textos e
imagens pelas páginas para que a leitura se torne mais compreensível e agradável.
Os profissionais da Preparação e Revisão corrigem palavras e frases, ajustam
e padronizam o texto.
A equipe do Jurídico solicita a autorização legal para o uso de textos de outros
autores e das imagens que irão compor o livro.
Todo esse trabalho é acompanhado pela Diretoria e Gerência Editorial.
Em seguida, esse material todo, que é um arquivo digital, segue para a gráfica,
onde é transformado em livro por técnicos especializados do setor Gráfico. Depois
de pronto, o livro chega às mãos dos consultores comerciais e educacionais, que
o apresenta aos professores, profissionais que dão vida ao livro, objeto ao mesmo
tempo material e cultural.
Meu muito obrigado, do fundo do coração, a todos esses profissionais, sem os
quais esta Coleção não existiria! Por fim, agradeço à minha equipe e, também, a
você, leitor, motivo de nossa existência.
O autor
SHUTTERSTOCK.COM
Atividades ............................................................................121 #JovensnaHistória ................................................ 160
MARCO RUBINO/
RICKI ROSEN
Reeleição de Dilma ....................................................290
O impeachment de Dilma....................................... 291
Governo Michel Temer..............................................293
Governo Jair Bolsonaro ..........................................294
Na economia, privatizações e cortes
de gastos não viram realidade .........................296
A reforma na Previdência ......................................296
Desemprego, um dos maiores desafios
do governo Bolsonaro em 2022 .......................297
Letramento digital e trabalho durante
a pandemia...............................................................297
Atividades .....................................................................299
1
um tempo em que se apreen
dem acontecimentos pelas re
des sociais, por meio de uma
imagem ou manchete, e des REPÚBLICA
conectados de seu contexto de
produção. E CIDADANIA
Cientes, também, de que vi
vemos sob o imperativo de um
presenteísmo que desqualifica
o passado como experiência
política e social capaz de ali
mentar nossas reflexões sobre ACERVO ARQUIVO NACIONAL, RIO DE JANEIRO
o presente.
Cientes, ainda, de que a me
mória não pode ser confundida
com a História e que interro
gamos o passado a partir de
questões que nos afligem no
presente, pois é próprio da His
tória o tratamento de um tema
em uma perspectiva temporal,
nos esforçamos para, alinhados
aos documentos oficiais, e coe
rentes com nossa abordagem
metodológica, oferecer explica
ções plausíveis sobre o passado
público e as relações dele com
o presente, retiradas de uma
historiografia especializada e
com legitimidade acadêmica.
Na abertura de cada capítu
lo, explicitamos os objetivos,
as justificativas e as principais
Na imagem, vemos as quinze primeiras eleitoras do Brasil, todas de Natal (RN), 1928.
competências e habilidades a
serem trabalhadas. No corpo do
capítulo e nas atividades, evi Censitário: direito Com a Proclamação da República, em 1889, a maior parte da população
denciamos as nossas estratégias ao voto dependia da continuou excluída do direito ao voto. O voto deixou de ser censitário,
renda do eleitor. como era nos tempos da Monarquia, mas continuou restrito a uma minoria.
para o desenvolvimento dessas
A primeira constituição republicana, de 1891, dizia que só tinham direito
habilidades e competências.
de votar os cidadãos maiores de 21 anos que fossem alfabetizados. Apenas
Nas páginas de abertura de isto. As mulheres não foram citadas; nem incluídas, nem excluídas. A
unidade, vamos citar exemplos questão ficava em aberto.
da articulação entre objetivos,
habilidades e competências, 8
por acreditar que, ao longo
da coleção, esse procedimento
contribuirá para o importante EF09HI05, EF09HI06, EF09HI07,
AV-HIS-F2-2111-V9-U1-C01_LA-G24.indd 8 EF09HI08 e sua importância na formação do Brasil. Esse 20/08/22 11:02 AV-
propósito de “transformar a EF09HI09, a partir da história política repu objetivo articula-se às habilidades EF09HI03 e
história em ferramenta a servi blicana, da população negra e dos povos EF09HI04, às competências gerais 1, 2, 6, 7, 9
ço de um discernimento maior
indígenas no Brasil, de modo articulado às e 10 e às competências específicas 1, 2, 3 e 4.
sobre as experiências humanas
competências específicas 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 e Objetivo: Analisar a relação estreita entre
e as sociedades em que se vive”,
conforme sugere a BNCC (BRA às competências gerais de 1 a 10. industrialização e urbanização na Primeira
SIL, 2018, p. 401). Vejamos agora dois exemplos dessa arti República. Esse objetivo, acompanhado de
Nesta unidade, vamos desen culação. justificativa, articula-se à habilidade EF09HI05,
volver as habilidades EF09HI01, Objetivo: Analisar e discutir as lutas da po às competências gerais 1, 2, 6, 7, 9 e 10 e às
F09HI02, EF09HI03, EF09HI04, pulação negra no pós-Abolição, reconhecendo competências específicas 1, 2 e 5.
8
Epitácio Pessoa (1919) 403 1,5 71,0 completo, sendo atraída e seduzida
Artur Bernardes (1922) 833 2,9 56,0 por atividades situadas na esfera
da vida coletiva pública. A passa-
Washington Luís (1926) 702 2,3 98,0 gem da vida doméstica, privada e
Júlio Prestes (1930) 1 890 5,6 57,7 familiar, para a coletiva, pública e
Fonte: CARVALHO, José Murilo de. Os três povos da República. Revista USP, São Paulo, n. 59, p. 96-115, 2003. p. 104.
social, processara-se mediante o
ingresso nas associações religiosas,
a princípio, e nas de caridades, em
seguida. [...]
Considerando que o direito de votar e ser votado é essencial ao exercício da ci-
Para muitos, inclusive mulheres,
dadania, responda oralmente:
as recentes conquistas femininas
1. Em que ano a porcentagem de votantes foi menor?
na política, no direito, no trabalho,
2. Em que ano essa porcentagem foi maior? representavam uma ameaça. Mais
3. O caminho da construção da cidadania no Brasil republicano foi fácil ou difícil? que uma possível e indesejada
Rápido ou demorado? concorrência com o elemento
4. Para o historiador José Murilo de Carvalho, a Proclamação da República, em masculino nos domínios agora
1889, desconsiderou a ampliação da cidadania. E hoje, as cidadãs e cidadãos compartilhados, temiam que as
brasileiros conquistaram a cidadania plena? novas ocupações as fizessem
desinteressar-se pelos assuntos
domésticos. Temiam a desestru-
turação da família, célula mater da
RAWPIXEL.COM/SHUTTERSTOCK.COM
sociedade, a desintegração do lar,
a desmoralização dos costumes,
o abandono dos princípios éticos
e religiosos católicos. As próprias
mulheres, porém, ao menos aque-
las que participaram da enquete de
1933, as mais e as menos empol-
CIDADANIA
gadas com a luta e as conquistas
da mulher, com o seu direito ao
1. Em 1906, apenas 1,4% da população votou nas eleições presidenciais. 3. Respostas pessoais. voto e participação na política,
afirmavam que as mudanças não
2. Em 1930, 5,6% da população votou nas eleições. 4. Resposta pessoal. 9 significavam uma ruptura brusca
e completa com o passado, com a
forma de organização da vida social
e com os valores tradicionais que
11:02 TEXTO DE APOIO
AV-HIS-F2-2111-V9-U1-C01_LA-G24.indd 9 inicialmente pensada para restringir-se às per-
20/08/22 11:02
nortearam suas existências até
nambucanas, acabou alcançando os estados
então. Não viam incompatibilidade
A participação das mulheres na política vizinhos da Paraíba e de Alagoas.
entre ter uma casa, marido e filhos
Em 26 de janeiro de 1933, o Diário de Pernam- Eram tempos de mudanças, de luta pela con- e exercer a cidadania política, ma-
buco iniciou a publicação de uma enquete, reali- quista da liberdade feminina, no dizer de algumas terializada pelo exercício do voto
zada junto a "ilustres senhoras e senhorinhas da entrevistadas, em que o novo não se havia ainda livre, ou atuar profissionalmente
sociedade pernambucana". Dezenove mulheres definido e consolidado. As transformações relativas fora do lar. [...]
colaboraram com o jornal, respondendo à inda- ao papel social da mulher, incluindo sua atuação ARAÚJO, Rita de Cássia Barbosa de. O
gação "A quem deverá caber a representação da na vida política, eram percebidas e explicadas em voto de saias: a Constituinte de 1934 e
a participação das mulheres na política.
mulher pernambucana na futura constituinte?", termos do fluir histórico [...]. [...] a mulher eman-
Estudos avançados, v. 17, n. 49,
sendo o resultado da última consulta publicado cipada se foi desvencilhando gradativamente dos São Paulo, p. 133-150, dez. 2003.
em 4 de abril daquele mesmo ano. A pesquisa, afazeres domésticos, que a absorvia quase por p. 133, 140-141.
9
1
culturais, econômicos e po
líticos da emergência da Re
pública no Brasil.
A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
• Comparar as eleições na Pri E SEUS DESDOBRAMENTOS
meira República às de hoje.
• Compreender as característi
cas da primeira Constituição
da República (1891). Observe a cena com atenção.
• Analisar e discutir as lutas A alegoria é um modo de expressão ou interpretação que consiste em representar
da população negra no pós pensamentos, ideias, qualidades sob forma figurada. Na obra ao lado, a imagem da mulher
-Abolição, reconhecendo a representa a República.
sua importância na forma 1. Como esta mulher-república
COLEÇÃO PARTICULAR
Alegoria da República,
de Frederico Antônio Steckel,
1898.
10
• Aprofundar o assunto acessando o artigo: FREDERICO Steckel: pintor-decorador Vídeo do Memorial Minas Gerais Vale so
do Império e da República. Disponível em: https://acasasenhorial.org/acs/index. bre a obra Alegoria da República (1898), de
php/pt/artigos?task=download&file=pdf&id=473. Acesso em: 21 jun. 2022. Frederico Antônio Steckel.
Professor, fazer uma rápida retomada do significado da Revolução Fran • ALEGORIA da República. 2020. Vídeo
cesa, como a derrocada do Antigo Regime e sua influência na Inconfidência (3m42s). Publicado pelo canal Memorial
Mineira, enquanto marco das lutas republicanas no Brasil, para garantir que Minas Gerais Vale. Disponível em: https://
todos os alunos compreendam os símbolos que compõem a alegoria. A aná www.youtube.com/watch?v=sGyJ8fevNkM.
lise da alegoria contribui com o desenvolvimento da competência geral 3. Acesso em: 26 maio 2022.
10
EDITORA UNESP
A Convenção de Itu,
de Jonas de Barros,
1921. Nessa reunião
foi fundado o Partido
Republicano Paulista
(PRP), em 1873. Dos
133 fundadores do
PRP, 78 eram grandes
cafeicultores.
13
ÓLEO SOBRE TELA, 230 CM X 120 CM. MUSEU DE ARTE DA BAHIA, SALVADOR
pendência política do Brasil com
relação à metrópole portuguesa,
Com a Lei Áurea, em 1888, a insatisfação com mas pouco fez para superar o
a Monarquia aumentou; muitos fazendeiros do modelo econômico e social que
Vale do Paraíba e do Nordeste sentiram-se traídos aqui se implantara nos tempos
por terem sido obrigados a libertar seus escravos coloniais.
sem receber nada em troca. Os fazendeiros do Esse modelo e a visão de mun-
Oeste Paulista, por sua vez, tinham ingressado no do que o sustentava começaram
a sofrer abalos a partir da déca-
Partido Republicano Paulista. As camadas médias da de 1870 e, sobretudo, na dé-
pleiteavam maior participação política. Os militares, cada de 1880. O republicanismo
depois de punidos pelo governo de D. Pedro II, e a República implantada em
aproximaram-se dos ideais republicanos. Nesse 1889, em grande parte, seriam
frutos da crise da Monarquia e
clima de grande insatisfação, o marechal Deodoro
do sistema escravista. As elites
da Fonseca encontrou-se com um líder republicano, econômicas que se tornaram re-
Quintino Bocaiuva, e, juntos, combinaram a derru- publicanas [...] não criticavam a
bada da Monarquia. Em 15 de novembro de 1889, o Monarquia porque queriam mu-
golpe foi dado: Deodoro da Fonseca e seus soldados A República, de Manoel Lopes dar as hierarquias sociais, de-
Rodrigues, 1896. Nesse quadro, mocratizar a política ou acabar
depuseram D. Pedro II, pondo fim à Monarquia e a República está representada como com a escravidão, mas porque
dando início à República no Brasil. uma mulher com os louros da vitória. se sentiam pouco representa-
das pelo imperador e viam no
regime monárquico um dinos-
PRACHAYA ROEKDEETHAWEESAB/SHUTTERSTOCK.COM
sauro político que já não servia
Governo Deodoro mais aos seus interesses. Ao
lado das oligarquias que passa-
da Fonseca ram a apoiar a República contra
Os dois primeiros presidentes do Brasil a Monarquia, havia outro grupo,
o dos militares [...]. Depois da
foram militares e governaram entre 1889
sangrenta Guerra do Paraguai
e 1894, por isso esse período é conhecido (1864-1870), o Exército brasileiro
como República da Espada.. O primeiro deu-se conta de sua importân-
presidente militar do Brasil foi o marechal cia para a defesa nacional e, ao
Deodoro da Fonseca, que é lembrado mesmo tempo, de sua fragilida-
Detalhe de cédula de 1986 que traz a imagem de militar. O Exército era uma
pela reforma financeira e pela aprovação de Rui Barbosa, baseada na pintura de Lucílio instituição historicamente des-
da primeira Constituição da República. Albuquerque, de 1916. A crise da reforma prezada pela elite monarquis-
financeira de Rui Barbosa foi apelidada por ta brasileira, que se orgulhava
seus adversários de encilhamento. Duramente de ter evitado o surgimento do
A reforma e a crise financeira criticado, Rui Barbosa deixou o cargo. “caudilhismo militar” no Brasil,
Com o objetivo de expandir o crédito ao contrário das vizinhas repú-
Encilhar: colocar arreios no cavalo, preparando-o para a blicas sul-americanas vitimadas
para conceder empréstimos àqueles que
corrida. No jóquei, os guichês de apostas ficavam ao lado do por guerras civis intermináveis
desejassem abrir uma empresa, o então local onde os cavalos eram encilhados. E a barulheira que se entre facções lideradas por che-
ministro da Fazenda, Rui Barbosa, auto- ouvia nesse local era idêntica à que acontecia na Bolsa de fes político-militares locais, os
Valores. Por isso, a crise foi apelidada de “encilhamento”. “caudilhos”. Efetivamente, não
rizou quatro bancos a emitirem dinheiro.
havia uma tradição caudilhesca
15 no Exército brasileiro, mas seus
oficiais mais jovens sentiam que
o Império, com seu sistema de
privilégios na atribuição de car-
gos e patentes e sua defesa da
13:22
ENCAMINHAMENTO
AV-HIS-F2-2111-V9-U1-C01_LA-G24.indd 15 30/06/22 16:37
15
DRSERG/SHUTTERSTOCK.COM
TEXTO 1
de alguns alunos.
Professor, a historiografia O que é Bolsa de Valores?
mais recente não concorda Quando alguém quer comprar ou vender ações de
que o ”encilhamento” tenha uma empresa, entre outros investimentos, precisa ir à
sido feito como meio de in bolsa de valores. [...]
dustrializar o país. Rui Barbo A bolsa é a instituição que organiza o mercado de
sa sempre foi um defensor da ações. Quando uma empresa quer levantar dinheiro
“vocação agrária” brasileira. vendendo ações, elas são disponibilizadas aos investi-
Claro que os efeitos não con dores por meio da bolsa de valores. O mesmo vale para
trolados da emissão de moeda
Interior da Bolsa de Valores de quando investidores têm interesse em comprar ações
sem lastro acabaram por fo
Moscou (Rússia), janeiro de 2018. de alguma empresa.
mentar a criação de pequenas
TREVIZAN, Karina. O que é a bolsa de valores e para que ela serve? G1, [s. l.], 25 jul. 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/
fábricas no período, mas não economia/educacao-financeira/noticia/2018/07/25/o-que-e-a-bolsa-de-valores-e-para-que-ela-serve.ghtml. Acesso em: 16 jun. 2022.
era essa a intenção de seus
formuladores. TEXTO 2
Imagens em movimento [...] De forma resumida, ela constitui um “pedaço” da empresa, que é colocada à
venda por meio de um processo de abertura de capital [...].
O vídeo apresenta uma li
As empresas optam por abrir capital para, por meio da venda de papéis, arrecadar
nha do tempo da história da
Bolsa de Valores no Brasil. valores para investirem em suas estratégias, com novos produtos, comprando outras
empresas, realizando melhorias nas soluções que já existem, entre outras atividades.
• CONHEÇA a história da bolsa.
SILVA, Mônica Wanderley da. Bolsa de valores: qual é a diferença entre ações ordinárias e prioritárias?
2015. Vídeo (1m47s). Publica E-Investidor, São Paulo, 24 jun. 2021. Disponível em: https://einvestidor.estadao.com.br/
do pelo canal B3. Disponível mercado/bolsa-de-valores-qual-e-a-diferenca-entre-acoes-ordinarias-e-prioritarias. Acesso em: 4 mar. 2022.
em: https://www.youtube.
com/watch?v=OSRmV3Xcjes. 16
Acesso em: 16 abr. 2022.
poderes: Executivo – liderado pelo presidente da República, 1891, à do Império, ao voto vinculando esse de
outorgada em 1824. bate à construção da cidada
por um período de quatro anos; Legislativo – exercido pelo
Na Constituição do Império, nia na República.
Congresso Nacional, formado pela Câmara dos Deputados o voto era censitário, isto é, com • Aprofundar o assunto com a
e pelo Senado; Judiciário – exercido por juízes, parte deles base na renda; nessa Constituição,
o voto passou a ser universal leitura do texto: FILHO, João
nomeada pelo presidente da República e tinha como órgão Cardoso Palma. A Repúbli-
masculino; a maioria (analfabetos,
máximo o Supremo Tribunal Federal. mulheres, soldados, entre outros) ca e a educação no Brasil:
c) A Igreja católica foi separada do Estado e os brasileiros pas- continuou
cidadania.
excluída do direito à
Primeira República (1889-
saram a ter liberdade de culto. Além disso, criou-se o registro 1930). 3. ed. São Paulo: Santa
civil para nascimento, casamento e óbito. Clara Editora, 2005. (Cader
nos de formação, p. 49-60).
d) Direito ao voto para maiores de 21 anos, brasileiros e alfabe-
Professor, a Constituição de
tizados. Já os soldados ou membros do clero regular, como
1891 não proibia o voto femi
monges e frades, mesmo brasileiros e maiores de 21 anos, não
nino. Tinham direito a voto
podiam votar. Na época, 75% da população era analfabeta. cidadãos brasileiros maiores
Eleição indireta:
No Brasil, a primeira eleição para presidente foi indireta
indireta.. de 21 anos e alfabetizados.
eleição realizada
Deodoro da Fonseca foi eleito com uma vantagem de apenas 32 por representantes Décadas depois, as mulheres
votos sobre o adversário, Prudente de Morais; já o vice-presidente dos eleitores, e não tentaram se candidatar com
diretamente por eles. base nessa imprecisão do texto.
eleito, Floriano Peixoto, era da chapa da oposição e venceu seu
adversário, Saldanha • Explicar que como Floriano,
REVISTA DOM QUIXOTE
de Angelo Agostini para o jornal Don Quixote, 1895. vam vários generais do
Exército, iniciaram uma
campanha exigindo sua renúncia. Floriano Peixoto reagiu aposen-
tando os generais. Os militares da Marinha, por sua vez, também se
levantaram contra o governo e, desta vez, chegaram a bombardear
o Rio de Janeiro com tiros de canhão, para exigir a renúncia do
presidente; o episódio ficou conhecido como Segunda Revolta
da Armada (1893).
Florianismo: forte Floriano Peixoto, porém, conseguiu dinheiro junto aos cafei-
adesão popular ao cultores paulistas, comprou navios no exterior e, com o apoio
governo de Floriano
dos soldados do Exército, venceu a revolta liderada pela Marinha.
Peixoto e a relação de
TEXTO DE APOIO absoluta fidelidade a ele Para defender o presidente Floriano, o “Marechal de Ferro”,
por parte da população formaram-se batalhões populares em um movimento conhecido
O presidente × o marechal pobre das cidades.
como florianismo
florianismo..
O deodorismo constitucional
duraria pouco, de fevereiro a no-
vembro de 1891. As constantes
18
desavenças entre a autoridade
militar do Executivo e as posturas
civilistas da maioria dos congres- prognosticara Machado de
D3-HIS-F2-2111-V9-U1-C01_LA-G24.indd 18 Assis: a liberdade exis- vam sustentação ao governo quando, no início de 28/06/22 13:22 D3-H
sistas evoluíram para o impasse tente era ainda a do trono, e o presidencialismo novembro, ocorreu a dissolução Congresso e a de-
político e a perda de legitimidade estava se tornando imperial. A crise derradeira se cretação do estado de sítio. [...]
da governança. [...] No decorrer daria quando o presidente chama para o ministé- A reação imediata das facções políticas não
dos oito meses de regime consti- rio [...], o barão de Lucena. Os republicanos históri- deu mais de vinte dias de sobrevida política ao
tucional, o marechal se sobrepôs cos indignaram-se, os republicanos paulistas, que marechal Deodoro da Fonseca, marcando assim
ao presidente, com frequentes haviam perdido a eleição com Prudente de Mo- um fim melancólico para o deodorismo e para a
discussões e deposições de minis- rais, presidente do Congresso, não achavam um imagem do proclamador.
tros e apelos para medidas admi- militar adequado para governar os civis. A própria
FLORES, Elio Chaves. A consolidação da República: rebeliões de
nistrativas não condizentes com imprensa se via constantemente ameaçada em
ordem e progresso. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de
a República imaginada pouco sua liberdade de divulgar fatos e notícias sobre as Almeida Neves (org.). O tempo do liberalismo excludente: da
tempo antes. A República estava autoridades e os atos do governo. Apenas alguns Proclamação da República à Revolução de 1930. Rio de Janeiro:
mesmo sendo conduzida como grupos isolados, entre civis e militares, ainda da- Civilização Brasileira, 2011. (O Brasil republicano, v. 1, p. 56-58).
18
19
REPRODUÇÃO/O CLARIM
alunos façam uma análise do- jornais foram publicados em vários
cumental, selecionando uma estados brasileiros, desde o Rio Grande
edição dos periódicos e relacio- do Sul até o Maranhão. Eles visavam
nando os discursos encontra- dialogar com os negros e também com
dos no material com o contexto outros setores da população. Como
histórico da Primeira República. observa o historiador Flávio Gomes, o
As digitalizações podem ser formato e o estilo desses jornais basea-
acessadas em: ACERVO digita- ram-se nos combativos jornais operários
lizado. Disponível em: http:// da mesma época. Os jornais da imprensa
www.arquivoestado.sp.gov.
negra geralmente duravam pouco tempo
br/web/acervo/digitalizados?
e circulavam com interrupções, princi-
hemero. Acesso em: 6 jun.
palmente por falta de recursos materiais.
2022; e a lista de periódicos
da imprensa negra está dis- Redação do jornal O Clarim da
ponível em IMPRENSA Negra Alvorada, década de 1920.
é destaque no site do Arqui-
vo Público. Fundação Cultu- PARA SABER MAIS
ral Palmares. Brasília (DF), 12
ZAHAR
maio 2011. Disponível em: Leia o que disse sobre o assunto o historiador Flávio Gomes.
https://www.palmares.gov.
br/?p=11659#:~:text=No% No final do século XIX e principalmente nas primeiras
20pr%C3%B3ximo%20 décadas do seguinte, [...] uma multiplicidade de periódicos
dia%2013%20de,da%20 surgiu com o mesmo propósito: denunciar as condições de vida,
%E2%80%9Cimprensa% a segregação, a falta de oportunidades, o cotidiano do racismo e
20negra%E2%80%9D%20 a violência experimentada pelas populações negras, sobretudo
brasileira. Acesso em: 6 jun. nas cidades. No período que se seguiu à abolição, a maior parte
2022. dessas questões esteve ausente do foco da grande imprensa. [...]
[...] Isso mostra que tal tarefa coube principalmente aos
Fac-símile da capa
próprios negros e as suas organizações.
Imagens em movimento do livro Negros e
GOMES, Flávio dos Santos. Negros e política (1888-1937). política, de Flávio dos
Entrevista com a historia Rio de Janeiro: Zahar, 2005. p. 32-33. Santos Gomes.
dora Ana Flávia Magalhães
Pinto.
22
• CIDADANIA: movimento
negro e imprensa. Vídeo
(8min43s). Publicado pelo
canal TV Senado. Disponível
TEXTO DE APOIO
D3-HIS-F2-2111-V9-U1-C01_LA-G24.indd 22 dariam condições para “discernir a mentali- 28/06/22 13:22 D3-H
ATIVIDADES
ATIVIDADES NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
Manifesto Republicano
TEXTO DE APOIO
A centralização, tal qual existe [...], comprime a liberdade,
constrange o cidadão [...], suga a riqueza [...] das províncias, Constranger: Manifesto republicano
oprimir.
constituindo-as satélites [...] do grande astro da corte – centro O Manifesto de 1870, a despeito
absorvente que tudo corrompe e tudo concentra em si [...]. de lançado no calor dos aconteci-
mentos e em plena sede do regi-
O regime de federação baseado [...] na independência recíproca
me monárquico, vinha como um
das províncias, elevando-as à categoria de Estados [...] unicamente documento ameno. Redigido pe-
ligados pelo vínculo da mesma nacionalidade [...], é aquele que los advogados republicanos Sal-
adotamos no nosso programa [...]. danha Marinho, Salvador Men-
EDITORA SCIPIONE
Somos da América e quere- donça e pelo jornalista Quintino
Bocaiúva, contava com nomes de
mos ser americanos.
expressão [...]. Totalizava 53 as-
MANIFESTO Republicano. In: DEL PRIORE, Mary. sinaturas, de diversos profissio-
Documentos de história do Brasil:
de Cabral aos anos 90. São Paulo:
nais: advogados (14), jornalistas
Scipione, 1997. p. 67. (10), médicos (9), negociantes (8),
engenheiros (5), professores (2),
a) Quem eram seus principais autores? funcionários públicos (3), fazen-
b) O que o Manifesto está criticando? deiro (1), capitalista (1). A despei-
c) O que eles defendem nesse to das qualificações profissionais
Manifesto? urbanas de seus assinantes, eram
d) Qual o significado de “Somos
na sua maioria homens ligados à
propriedade rural, ainda que ape-
da América e queremos ser
nas por laços de parentesco.
americanos”?
É o que explica, em parte, o con-
teúdo bem-comportado do texto.
A justificativa para tamanho co-
medimento – capciosa, sem dúvi-
Fac-símile da capa do livro Documentos da – decorria do temor de assus-
de história do Brasil, de Mary Del Priore. tar a elite agrária conservadora e
com isto levá-la a uma reação os-
tensiva contra o movimento, des-
montando-o de imediato. Vinha,
portanto, de forma suave.
O documento continha tra-
23 ços peculiares. Apresentava-se
ostensivo na proposta de fede-
ração. Incisivo na crítica contra
o poder pessoal do imperador.
Mudo quanto à abolição da es-
13:22 TEXTO DE APOIO (CONTINUAÇÃO)
D3-HIS-F2-2111-V9-U1-C01_LA-G24.indd 23 tou algumas hipóteses sobre a indiferença
28/06/22 que
13:22
cravatura. Este era o teor da pro-
visualizava na “massa” imóvel diante das cam-
e materiais dos produtores e receptores dos panhas levadas a cabo pelos redatores de sua posta dos republicanos neste
jornais. Ele entendia que os negros não tinham própria imprensa. Por outro lado, ele trouxe a manifesto de 1870, a primeira
como manter aquelas publicações por muitos contribuição da “pequena classe média negra” página política do recém-for-
anos em virtude de serem o estrato populacio- (formada por professores, advogados, jornalis- mado Partido Republicano. So-
nal mais empobrecido de São Paulo. As dificul- mos da América e queremos ser
tas, revisores de provas tipográficas), que havia
dades para uma maior periodicidade daqueles americanos,, era a afirmação que
americanos
pouco tempo saíra daquele meio e mostrava-se
periódicos não representariam apenas opiniões faziam, em alusão às demais re-
interessada nos problemas dos negros mais em-
divergentes entre os jornalistas e a maioria dos públicas da América do Sul.
negros, mas um “fenômeno sociológico revela- pobrecidos.
MARTINS, Ana Luiza.
dor da psicologia afro-brasileira”. Na busca do SANTOS, José Antônio dos. Uma arqueologia dos jornais negros no O despertar da República.
entendimento daquele “fenômeno” ele levan- Brasil. Historiæ, Rio Grande, v. 2, n. 3, p. 143-160, 2011. p. 143. São Paulo: Contexto, 2001. p. 61-62.
23
24
25
2
nelismo, política dos governa-
dores e “café com política”.
PRIMEIRA REPÚBLICA: • Analisar a relação estreita en-
DOMINAÇÃO E RESISTÊNCIA tre industrialização e urbani-
zação na Primeira República.
1. Os personagens são dois: um eleitor, mostrado como um traba-
lhador do campo, e um senhor vestido à moda de um fazendeiro. • Identificar e reconhecer a
2. O trabalhador estende a mão esquerda em direção aos alimentos e trajetória de alguns grupos
na mão direita tem o que parece ser uma cédula eleitoral. O fazen- de imigrantes no Brasil na
deiro, por sua vez, aponta para a urna, como quem diz: “Vote em
Primeira República.
Observe a charge a seguir com atenção. mim e você terá o alimento!”. Note que há um retrato do fazen-
deiro em um quadro na parede, no qual está escrito “VOTE”. • Compreender e analisar con-
testações e dinâmicas da vida
ARIONAURO
cultural na Primeira República.
• Discutir sobre a questão indí-
gena na República.
• Analisar o movimento operá-
rio e sua luta por melhores con-
dições de vida e de trabalho.
• Compreender o modernis-
mo e identificar algumas de
suas principais ideias e obras.
BNCC
Charge de Arionauro, 2021. • Competências gerais: 1,
2, 3, 4, 7 e 9.
A charge é contemporânea e foi feita pelo artista Arionauro da Silva Santos. • Competências específi-
1. Quem são os personagens representados na charge? cas: 1, 2, 3, 4 e 6.
2. O que está acontecendo na cena? • Habilidades: EF09HI02,
EF09HI03, EF09HI04, EF09HI05,
3. A charge ironiza a existência da troca de favores na cultura política brasileira. Esse fenômeno é antigo
ou atual? EF09HI06, EF09HI07, EF09HI08 e
EF09HI09.
4. Você sabia que essa prática foi muito comum na Primeira República (1889-1930)?
É esse período que vamos estudar agora! 4. Resposta pessoal.
3. A troca de favores é um fenômeno antigo na história política do Brasil: a troca de bens materiais –
ENCAMINHAMENTO
alimentos, roupas ou vantagens (emprego) – por voto. 27 • Explorar os elementos da
charge para que os alunos
reconheçam e discutam a crí-
TEXTO DE APOIO
027a058-HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 27 imediato e, portanto, apresenta elementos24/08/22 con-
08:45 tica nela presente. Ao ques-
cretos para análise do seu respectivo tempo tionar sobre a atualidade do
A charge no ensino de História histórico. A charge [...] é mais do que um ins- fenômeno de compra de vo-
trumento ideológico a serviço de um ideal po- tos, é possível ressaltar que o
[...] o leitor do texto chárgico tem que estar lítico; ela é, para além disso, uma importante
bem informado acerca do tema abordado para personagem que represen-
fonte histórica capaz de fornecer elementos
que possa compreender e captar seu teor crítico. preciosos para reconstituir uma história, toma-
ta o político usa roupas que
Afinal, ali está focalizada e sintetizada uma cer- do como produto de um tempo e de um lugar lembram a indumentária de
ta realidade. E somente os que conhecem essa sócio-histórico. um fazendeiro. Mas essas
realidade efetivamente entenderão a charge. [...] práticas também são comuns
MACÊDO, José Emerson Tavares ; SOUZA, Maria Lindaci Gomes
A produção de uma charge está necessaria- de. A charge no ensino de História. In: ENCONTRO ESTADUAL DE no meio urbano.
mente vinculada ao contexto sócio-histórico HISTÓRIA, 13., Guarabira, 2008. Anais [...]. Guarabira: Anpuh, 2008.
27
28
TEXTO DE APOIO D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 28 tradição portuguesa de governo das câmaras de vereadores, 28/06/22 13:22 D3_
exacerbava as tensões políticas entre as elites locais. Mais que
Oligarquias estaduais uma troca, o pacto coronelista organizava um amplo processo
de negociação entre as facções políticas locais e a oligarquia
[...] o controle dos eleitores era uma moeda importante ao me- estadual, permanentemente atualizado. Apesar da vontade de
nos para definir as disputas entre coronéis. As formas como as congelamento das situações estaduais a partir de Campos Sales,
oligarquias estaduais iriam arbitrar e regular tais disputas pode- a duplicidade de poderes, muitas vezes com o funcionamento
riam tomar proporções de pequenas guerras civis. No município paralelo de duas assembleias legislativas, foi uma constante por
estavam as disputas de interesses, os faccionalismos, a política toda a Primeira República.
como disputa por recursos de poder local, ao fim e ao cabo. A
MATTOS, Hebe. A vida política. In: SCHWARCZ, Lilia Moritz (coord.).
centralização do Poder Executivo municipal pela Constituição A abertura para o mundo: 1889-1930. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
republicana, com a criação das prefeituras em substituição à (História do Brasil Nação: 1808-2010, v. 3, p. 106).
28
ACERVO PESSOAL
sobre a importância da pes-
quisa para o conhecimento Café com política
histórico e das novas tecno- Análises recentes das sucessões presidenciais
logias na conservação e con- na Primeira República (1889-1930) mostram que
sulta das fontes. a famosa aliança entre Minas Gerais e São Paulo,
chamada de política do “café com leite”, não contro-
lou de forma exclusiva o regime republicano. Havia
TEXTO DE APOIO outros quatros estados, pelo menos, com acentuada
importância no cenário político: Rio Grande do Sul,
A Primeira República muito
Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Os seis, para
além do café com leite
garantirem sua hegemonia, possuíam uma forte
Em seu livro O teatro das oli-
economia e (ou) uma elite política [...] bem represen-
garquias, contestando a valida-
garquias,
de da tese do café com leite por tada no Parlamento. E, juntos Cláudia Viscardi é professora
Hegemonia: liderança.
meio do exame das articulações ou separados, participaram titular do Programa de Pós-
Parlamento: Congresso
referentes às sucessões presi- -Graduação em História na
Nacional, isto é, ativamente de todas as suces-
denciais [...], Cláudia Viscardi Câmara dos Deputados Universidade Federal de Juiz
sões presidenciais ocorridas no de Fora (UFJF). Fotografia de
demonstra como diversos atores Federais e o Senado.
período. [...] 2016.
se alinharam e desalinharam
nas disputas ocorridas por oca- O poder de Minas Gerais nesse período é explicado não pela força econômica do
sião da substituição dos manda- gado de leite, mas pela sua projeção política garantida pela bancada de 37 deputados,
tos presidenciais ocorridos entre a maior do país. E a influência de Minas, também derivada da forte cafeicultura, já
Rodrigues Alves (1902-1908) e
que foi o segundo maior produtor de café do Brasil até o final da década de 1920, sendo
Washington Luís (1926-1930). [...]
responsável por 20% em média. [...] A expressão mais adequada para a pressuposta
Viscardi consegue demonstrar
aliança Minas Gerais-São Paulo seria, então, “café com café” e não “café com leite”. [...]
que o predomínio dos vencedo-
res nas sucessões não se eterni- VISCARDI, Cláudia M. R. Aliança “Café com política”. Nossa História, São Paulo, ano 2, n. 19, p. 44-47, maio 2005.
zava à custa da marginalidade
dos demais atores. No lugar dis- a) Para a autora do texto, a tese de que São Paulo e Minas Gerais dominaram a política
so, a expectativa do rodízio das na Primeira República não se justifica. Quais argumentos ela usa para derrubar a
forças ao término de cada man- tese do “café com leite”?
dato, os efeitos das disputas e
b) Segundo o texto, o que explica a força de Minas Gerais na política nacional?
o esforço dos competidores no
sentido de impedir a monopoli- c) Você considerou os argumentos da historiadora convincentes?
zação do poder por um ou outro b) O poder de Minas devia-se a dois fatores: o fato de possuir a maior bancada do país (37 deputados) e de
ator asseguravam a crença em
campanhas futuras, inibiam o 30 ser o segundo maior produtor de café do Brasil na época.
c) Resposta pessoal.
ressentimento de exclusão en-
tre os perdedores e, nesse senti-
do, continham rupturas. juntos a administração 30federal. [...] Ao mesmo
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd é apenas o fato de mineiros e paulistas não se- 28/06/22 13:22 AV_
Logo, São Paulo e Minas não tempo, o livro faz ver que os demais estados rem os únicos com voz e vez; é também o fato
fizeram (a despeito dos demais) sabiam – todo o tempo – que uma aliança ex- de inexistir permanente “aliança entre os dois”.
o que bem entendiam. Ao con- clusivista entre Minas e São Paulo lhes seria Na prática, afirma Viscardi, “mais se temiam do
trário, havia intensa barganha prejudicial. Em segundo lugar, o Exército e o que se uniam”.
entre os estados. Executivo também agiam, tornando o processo NEGRO, Antonio Luigi; BRITO, Jonas. A Primeira República
É bom que se diga que não são e as redes que o compunham muito mais com- muito além do café com leite. Topoi, Rio de Janeiro,
plexos e multifacetados. Logo, ante os planos v. 14, n. 26, p. 197-201, jan./jul. 2013. p. 197.
desconsideradas as posições, na
economia, bem como na políti- situacionistas, houve, ao longo das sucessões,
ca, de mineros e paulistas. A au- a composição de eixos alternativos de poder,
tora igualmente não ignora que com dose respeitável de eficácia política. Ain-
se coligaram e que ocuparam da mais (e isto é absolutamente notável), não
30
se do liberalismo na Primeira
República. Desigualdade &
Diversidade: Revista de Ciên-
cias Sociais da PUC-Rio, Rio de
Janeiro, n. 7, p. 115-136, jul./
dez. 2010.
Professor, de acordo com
o historiador José Miguel
Arias Neto, a dependência
brasileira da exportação do
café passou por uma eleva-
ção estrondosa entre o fim do
século XIX e 1928. Segundo o
Terreiro de café, de Rosalbino Santoro, 1903. A pintura mostra a presença conjunta de trabalhadores
autor, entre 1924 e 1928, esse
nacionais e imigrantes. Na época, o café era, de longe, o produto mais vendido pelo Brasil. produto respondeu por mais
de 70% das receitas obtidas
pelas exportações brasileiras.
Na Primeira República, o café continuou liderando as exportações brasileiras. O aumento contínuo da pro-
Animados com os lucros obtidos com as vendas de café para os Estados Unidos e a dução do café levou à crise de
Europa, os cafeicultores brasileiros investiam em novas plantações. Com isso, em pouco superprodução, visto que o
tempo, o Brasil passou a produzir muito mais café do que a quantidade que os países consumo do produto encon-
estrangeiros estavam interessados em comprar; assim, milhões de sacas de café ficaram trou uma estabilidade. Como
estocadas nos armazéns brasileiros. Acompanhe na tabela a seguir a evolução do preço versam algumas das interpre-
do café entre 1893 e 1899. tações presentes na historio-
grafia a respeito do surgimen-
Preço da saca de café (60 kg) (1893-1899) to da burguesia industrial no
Dialogando Brasil, as primeiras indústrias
O que se pode Ano Preço brasileiras foram financiadas
concluir observando com capitais provenientes dos
1893 4,09 libras
a tabela? lucros do café.
Conclui-se que, em • Dialogando. Nesse mesmo
1896 2,91 libras
apenas seis anos, o preço
do produto no exterior período, a oferta de café
caiu quase três vezes. 1899 1,48 libras brasileiro no mercado mun-
Fonte: MONTEIRO, Hamilton de Mattos. Da República Velha ao Estado Novo. In: LINHARES, dial cresceu mais de 10%,
Maria Yedda (org.). História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1990. p. 305.
pressionando o preço do
produto para baixo.
Mas, apesar disso, os cafeicultores continuaram aumentando sua produção; em
1905, o excedente de café nos armazéns brasileiros era de aproximadamente 11 milhões
de sacas! Imagens em movimento
Documentário sobre a his-
31 tória do café no Brasil.
• VALEdo café: uma viagem
13:22 AV_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 31 20/08/22 14:08
no tempo. 2018. Vídeo
(50min20s). Publicado no ca-
nal TV Brasil. Disponível em:
https://www.youtube.com/
watch?v=Xto0LJWbqj4.
Acesso em: 8 jun. 2022.
31
Dica de leitura
Artigo em que se analisa as
relações entre a produção de
café no estado de São Paulo e
o mercado mundial.
• RIBEIRO, Fernando. A política
econômica e o Convênio de
Taubaté na economia cafe-
eira (1889-1906). Pesquisa & Fazenda de café,
Debate, São Paulo, v. 22, n. 1, de Vicente D. Motta
p. 75-93, 2011. Macedo, século XIX.
visando a sustentação de pre- detalhado que este ensaio não comporta senão parte de importadores e de uma sobretaxa so-
ços. Esse plano sofreu variações em grandes linhas. De início as aquisições se- bre a exportação, São Paulo levantaria recursos
riam financiadas mediante empréstimos no de tal ordem a permitir, em junho de 1907, que
no decorrer do tempo, de modo
exterior, destacadamente pelo estado de São 8 milhões de sacas excedentes, o equivalente a
a refletir diferentes circunstân-
Paulo, cujo serviço seria coberto por um novo uma boa safra anual, pudessem ser compradas
cias. A forma exata do financia-
imposto cobrado em ouro sobre cada saca de e estocadas.
mento, a distribuição de seus
recursos, dos riscos e do ofere- café exportado. O governo federal recusou-se a SCHWARCZ, Lilia Moritz (coord.). A abertura para o mundo:
cimento de garantias entre os oferecer garantias para o financiamento, numa 1889-1930. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
(História do Brasil Nação: 1808-2010, v. 3, p. 194-195).
estados e o governo federal, os demonstração dos limites do poder da oligar-
compromissos deste com rela- quia cafeeira sobre as políticas públicas, ou tal-
ção ao câmbio, bem como os de- vez da desnecessidade dessa garantia. O impor-
32
Dica de leitura
Reportagem sobre os serin-
gueiros que participaram da
missão de extração de látex
33 destinado ao abastecimento
da indústria dos países aliados
na Segunda Guerra Mundial.
13:22 D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 33 ENCAMINHAMENTO 28/06/22 13:22 • VILLAR, Rosana. Ouro branco
da Amazônia: a história dos
• Estimular os estudantes a associarem o boom da borracha na Amazônia ao advento de no- soldados da borracha. Rede
vas indústrias na Europa e nos Estados Unidos. Brasil Atual, São Paulo, 28
• Refletir com os estudantes sobre o dia a dia dos seringueiros e os motivos que os levaram a maio 2014. Disponível em:
migrar para a Amazônia. https://www.redebrasilatual.
com.br/cidadania/2014/05/
Professor, é importante lembrar que o avanço dos seringais levou a confrontos e à disse-
ouro-branco-da-amazonia
minação de doenças que dizimaram diversas etnias indígenas na região amazônica.
-a-historia-dos-soldados-da
-borracha-9078/. Acesso em: 9
jun. 2022.
33
MATYAS REHAK/SHUTTERSTOCK.COM
sobre a economia do cacau
em um projeto interdisci- áureos da borracha, foram
plinar com o professor de construídos belíssimos teatros.
Língua Portuguesa. Em gru- O boom da borracha ama-
pos, os estudantes poderão zônica, porém, não durou muito
escolher entre as obras de tempo; ingleses e holandeses
Jorge Amado, Cacau, Ter- levaram mudas da seringueira
ras do Sem-Fim e São Jorge para suas colônias na Ásia,
Ilhéus, para então compor onde passaram a produzir uma
um ensaio escrito sobre os
borracha que logo desbancou
personagens envolvidos na
a brasileira. A reviravolta foi
economia do cacau.
rápida: em 1910, a borracha
asiática respondia por cerca de
Dica de leitura Vista interna do Teatro Amazonas durante concerto.
13% da produção mundial; em
Manaus (AM), julho de 2015. O Teatro foi construído
Reportagem sobre a ascen- em 1896 durante o ciclo da borracha. 1915, chegava a 68%!
são e queda da produção de
cacau no estado da Bahia.
• BARROS, Carlos Juliano. A Cacau
saga do cacau na Bahia. Re- Durante o auge da economia da borracha, o
EDITORA RECORD
pórter Brasil, São Paulo, 1
cacau plantado no sul da Bahia tornou-se impor-
maio 2005. Disponível em:
tante produto nacional e a principal mercadoria da
https://reporterbrasil.org.
economia baiana. Usado principalmente para fazer
br/2005/05/a-saga-do-cacau
-na-bahia/. Acesso em: 9 jun. chocolate, o fruto do cacaueiro se mostrou bastante
2022. lucrativo e fez a fortuna de muitas famílias de coro-
néis do interior baiano. O escritor Jorge Amado criou
e imortalizou personagens, baseados nas histórias da
Imagens em movimento região cacaueira, como Sinhô Badaró e Juca Badaró,
Programa que aborda o na obra Terras do sem-fim,, publicada em 1943.
ciclo da borracha e a constru-
ção do Teatro Amazonas.
• CULTURA Retrô – Teatro A diversificação econômica
Amazônia. 2012. Vídeo Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, os imi-
(14min17s). Publicado pelo grantes instalados na serra gaúcha (nordeste do
canal TV Cultura. Disponível
estado) plantavam arroz, milho, feijão e fumo para
em: https://www.youtube.
consumo próprio e para o mercado interno. Nas Fac-símile da capa do livro
com/watch?v=pVFiV3lIIRI.
cidades gaúchas, eram fundadas fábricas de tecidos Terras do sem-fim, de Jorge Amado.
Acesso em: 9 jun. 2022.
e de bebidas (especialmente de vinho). O Rio Grande
do Sul, portanto, se desenvolveu produzindo para o
mercado interno.
34
TEXTO DE APOIO D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 34 por parte dos criadores gaúchos fracassou por falta de recursos. 28/06/22 13:22 AV_
Imagens em movimento
Documentário sobre a in-
35 dústria têxtil no século XX.
• OFIO da história, entre
agulhas e tecidos. 2012. Ví-
13:22 ENCAMINHAMENTO
AV_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 35 20/08/22 14:09 deo (15min4s). Publicado
pelo canal Contraponto
• Propor aos estudantes que pesquisem sobre Delmiro Gouveia, industrial cearense cujo per- Multimeios. Disponível em:
curso ajuda-nos a compreender outras histórias ligadas à indústria no Brasil da Primeira https://www.youtube.com/
República. watch?v=A8-xK0I8G7s.
Professor, dessa forma, contribui-se para o desenvolvimento das habilidades EF09HI02 e Acesso em: 9 jun. 2022.
EF09HI05 e para visões mais complexas a respeito da região Nordeste, em especial do sertão
nordestino.
Apesar da industrialização no Brasil ter São Paulo como foco, existem outras referências
nacionais.
35
36
37
Dialogando
Dialogando
Ribeira e Sudoeste Paulista.
2011. Vídeo (26min45s). Pu- a O que ocorre
a O quena cena
ocorre na cena
blicado pelo canal Ecofalan- representada?
representada?
te. Disponível em: https:// b Qual é ba mensagem
Qual é a mensagem
transmitidatransmitida
www.youtube.com/watch? pelo artista?
pelo artista?
v=7euLZybjG_Q. Acesso em: c Essa obra
c realiza
Essa obra
visualmente
realiza visualmente
9 jun. 2022. a teoria doabranqueamento.
teoria do branqueamento.
Vídeo sobre a imigração ita- Em que consistia
Em que consistia
essa teoria?
essa teoria?
liana no Brasil. a) A avó negra, cuja filha é mestiça,
agradece a Deus pelo fato de seu neto ter
• IMIGRAÇÃO italiana no Bra- nascido branco, isto é, por ter a cor da pele
sil. 2012. Vídeo (4min27s). do pai dele.
b) Nessa obra, o artista sugere que a criança
Publicado pelo canal TVPUC. branca veio para redimir a família da “marca
Disponível em: https://www. de Caim”, isto é, da cor negra. O bebê puxou
youtube.com/watch?v=IA ao pai: não traz na pele a cor da avó nem a
de sua mãe. Isso explica as mãos erguidas
Pmpw7y3Lg. Acesso em: 9 da avó.
jun. 2022. c) Segundo essa teoria, em 100 anos, a
contar de 1910, a população brasileira seria
totalmente branca, por meio de intensa
miscigenação; assim, os negros e os mestiços
desapareceriam das terras brasileiras.
A redenção de Cam (ou A marca de
Caim), de Modesto Brocos y Gomez,
1895.
38
TEXTO DE APOIO D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 38 convulsionados. Iludidos por uma propaganda que garantia no- 28/06/22 13:22 D3_
GLOBAL EDITORA
tural sofrido pela população
de ver a diversidade étnica e cultural
negra até os dias de hoje.
existente no Brasil em dois pontos
da importantes: primeiro, a miscigenação • A LADAINHA da democracia
para Freyre era algo positivo,, e não racial. 2018. Publicado pelo
sinal de inferioridade racial do povo bra- canal de Lili Schwarcz. Vídeo
(4min43s). Disponível em:
sileiro; segundo, o negro desempenhou
https://www.youtube.com/
um papel importante na formação da
watch?v=KIZErDa1jIc. Aces
língua, da culinária, das crenças e da
so em: 9 jun. 2022.
sociabilidade do brasileiro.
• ENTENDA o mito da demo
Assim, para Freyre, teria predo-
cracia racial. 2019. Publica
minado uma certa “harmonia” entre
do pelo Canal Preto. Vídeo
brancos, indígenas e negros, o que à (5min35s). Disponível em:
época levou o país a ser visto como um https://www.youtube.com/
"paraíso racial". watch?v=lryL8ZAMq-E.
Acesso em: 9 jun. 2022.
Fac-símile da capa do livro
Casa-grande & senzala,
de Gilberto Freyre.
39
sociais no país.
Casa-grande e Senzala e o mito da democracia racial A democracia racial freyriana, desse modo, seria uma reconstrução
Se inicialmente a obra de Gilberto recebeu consagração imedia- fantasiosa do passado nacional, uma ideologia de falsa ilusão defini-
ta por caracterizar o Brasil “como uma civilização original, onde a da pela “a ausência de preconceito e discriminação racial no Brasil e,
miscigenação lançou as bases de um novo modelo de convivência consequentemente, pela existência de oportunidades econômicas e
entre raças, tendendo a neutralizar espontaneamente conflitos e sociais iguais para negros e brancos”. [...]
diferenças”, [...] a partir dos estudos oriundos do Projeto Unesco,
do qual fazia parte Florestan Fernandes, reinterpretou-se Casa- SILVA, Mateus Lôbo de Aquino Moura e. Casa-grande e Senzala e o mito
da democracia racial. In: ENCONTRO DA ANPOCS, 39., 2015,
-grande & senzala como uma fábula da convivência harmônica
Caxambu. Anais [...]. Caxambu: Anpocs, 2015.
entre contrários, por meio de análises empíricas não só compro-
vando a existência de racismo no país, como também demons-
39
Imagens em movimento
Documentário sobre Antô- Dica de leitura
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 40 28/06/22 13:22 D3_
nio Conselheiro e sua impor- Matéria jornalística em que professores e pesquisadores das Ciências Humanas comentam
tância histórica. sobre avanços e limites da obra de Florestan Fernandes sobre a integração da população
negra na sociedade brasileira.
• OS CEARENSES: Antônio
Conselheiro. 2016. Vídeo • SANZ,Beatriz. Florestan Fernandes antirracista: intelectuais negros refletem sobre a
(41min42s). Publicado pelo obra. TAB UOL, [s. l.] 23 jul. 2020. Disponível em: https://tab.uol.com.br/noticias/reda-
canal Os Cearenses . Disponí- cao/2020/07/23/florestan-fernandes-antirracista-o-que-sua-obra-ensina-sobre-a-brasil.
vel em: https://www.youtube. htm. Acesso em: 9 jun. 2022.
com/watch?v=INisysCKbs0.
Acesso em: 18 abr. 2022.
40
RITA BARRETO/FOTOARENA
abusos de conduta. Os habitan-
na vida pessoal, deixou o Ceará e tes organizavam suas vidas em
iniciou sua vida de beato
beato.. Andava pelo torno de dois ofícios religiosos
sertão afora pregando de cidade em diários, à madrugada e à noiti-
cidade e promovendo mutirões para nha, e periodicamente assistiam
aos conselhos do Peregrino, com
ajudar pequenos agricultores, refor-
data previamente marcada, para
mando igrejas e erguendo muros de os quais vinha gente até de lon-
cemitérios. Aos poucos, foi reunindo ge. Canudos tornou-se um cen-
um grande número de seguidores. tro de romaria, atraindo crentes
para pedir audiência ao Conse-
lheiro e fazer doações. [...]
O arraial contava com uma
Dialogando professora, de modo a não des-
curar da educação das crianças.
Você já presenciou O próprio Conselheiro frequen-
um mutirão tara escola, sabendo ler, escrever
no lugar onde e até rudimentos de latim. Um
você mora? secretário, Leão Ramos, atendia
Resposta pessoal. ao líder como escriba. Havia um
curandeiro, Manuel Quadrado,
perito em remédios silvestres
Estátua de Antônio Conselheiro e, e em simpatias. E José Félix, o
ao fundo, Museu Histórico de Taramela, servia de criado e ho-
Canudos. Canudos (BA), 2019. mem de confiança, como cha-
veiro e guarda das igrejas.
41 GALVÃO, Walnice Nogueira. Viver e morrer
em Belo Monte. Revista de História da
Biblioteca Nacional, ano 10, n. 111,
p. 17-19, dez. 2014.
13:22 ENCAMINHAMENTO
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 41 28/06/22 13:22
42
SELMA CAPARROZ
50° O
Rio Igu
aç
u
PARANÁ
genas locais, a exemplo dos
Ri
o Ne
gro
kaingang e dos xokleng, que
União da São Francisco utilizavam o pinhão na sua
Vitória do Sul
ap
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Palmas dieta alimentar.
e i xe
ARGENTINA
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27° S
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• Evidenciar os interesses da
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Blumenau
Ri o Curitibanos
Rio I
OCEANO
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porém, o sítio foi vendido e o pa- gado miúdo e confeccionava (roupas, calçados e pa de que os moradores do Caldeirão possuíam
dre Cícero, então, encaminhou o instrumentos de trabalho); vivia, enfim, em torno armas. Mas os policiais invasores encontraram
beato e a sua gente para um ou- do trabalho e da oração. Com a morte do padre apenas imagens de santos. Em 1937, o sítio foi
tro sítio; este de sua propriedade Cícero em 1934, muitos de seus seguidores pas- atacado com o apoio da aviação enviada pelo go-
e denominado Caldeirão
Caldeirão.. saram a se aconselhar com o beato José Louren- verno federal. Muitos camponeses foram mortos,
Em pouco tempo, o Caldeirão ço, elevando assim sua fama. A autossuficiência outros foram presos e levados para Fortaleza. O
cresceu e prosperou, por ter água, do Caldeirão e a fama de seu líder incomodavam beato Zé Lourenço se refugiou em Exu, Pernam-
pela adoção do comunitarismo
comunitarismo,, os grandes proprietários e políticos da região. buco, onde viveu até a sua morte, em 1946. Seus
pela liderança e pelo carisma do Então, começaram a surgir boatos de que Zé seguidores levaram o seu corpo até Juazeiro e o
beato José Lourenço. A comu- Lourenço havia se associado aos comunistas. enterraram no cemitério do Socorro, ao lado da
nidade produzia arroz, feijão, Em novembro de 1936, a fazenda foi invadida a igreja onde se encontra o corpo de padre Cícero.
44
Imagens em movimento
45 Vídeo que trata da origem
do cinema.
• A HISTÓRIA do cinema. 2021.
13:22 Caldeirão: o nome
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 45 deriva do fato de a ENCAMINHAMENTO 28/06/22 13:22 Vídeo (10min40s). Publicado
região possuir uma formação rochosa pelo canal Nerdologia. Dis-
em forma de caldeira que é alimentada • Chamar a atenção para o período de modernização acele- ponível em: https://www.
por um riacho; isso garantia água e fazia rada conhecido como Belle Époque. youtube.com/watch?v=K
daquela área um oásis em pleno sertão. • Refletir com os estudantes sobre a ideia de que moderni- V9JqZPo26Y. Acesso em: 13
zar era “civilizar”; e “civilizar” da Europa para o Brasil, o jun. 2022.
Comunitarismo: forma de trabalhar e de que implicava em higienizar e reformar nossas cidades.
viver em que cada indivíduo é responsável
Professor, tratar do processo de urbanização e mo-
pela sobrevivência do grupo.
dernização no Brasil implica no desenvolvimento da ha-
Texto elaborado pela professora bilidade EF09HI05.
Ana de Sena para esta obra.
45
REPRODUÇÃO/CASA STAFFA
tência geral 7.
Imagens em movimento
Vídeo educativo sobre
Oswaldo Cruz e a vacina da
varíola.
• UM CIENTISTA, uma história: Movimento de
Oswaldo Cruz. 2015. Vídeo pedestres e
(5min). Publicado pelo Ca- automóveis na
Avenida Central,
nal Futura. Disponível em:
atual Avenida Rio
https://www.youtube.com/ Branco. Rio de
watch?v=wpgsxBOPpLI. Janeiro (RJ), 1912.
Acesso em: 13 jun. 2022.
Expulsos de suas casas, os antigos moradores do centro foram viver na periferia
ou subiram os morros, onde construíram barracos de tábuas cobertos com latas de
TEXTO DE APOIO querosene abertas. Enquanto isso, o médico sanitarista Oswaldo Cruz foi indicado pelo
Os cenários da República governo para combater a febre amarela, a varíola e a peste bubônica, doenças que
Com o governo Rodrigues Al- vinham matando milhares de pessoas na cidade do Rio de Janeiro. Em 1904, um projeto
ves, o desenho político traçado de lei que defendia a obrigatoriedade da vacina contra a varíola agitou e dividiu a socie-
encontra seu complemento ne-
dade. Veja o quadro a seguir.
cessário. Despolitizada, a capi-
tal federal será higienizada por Argumentos a favor da obrigatoriedade Argumentos contra a obrigatoriedade
Oswaldo Cruz e reformada pelas da vacina da vacina
picaretas comandadas por enge-
• A varíola matava mais de 4 mil pessoas todos • Cada pessoa deveria ter o direito de escolher se queria
nheiros como Paulo de Frontin e os anos no Rio e Janeiro. ser vacinada ou não.
Francisco Bicalho. • A vacinação obrigatória tinha sido adotada com • Os soros e os funcionários da saúde não eram
Na avenida Central, boulevard sucesso confiáveis;
na Europa. os policiais usariam a força para vacinar as pessoas.
retilíneo traçado sobre o emara-
nhado de ruelas ainda coloniais
e ladeado por fachadas eclé- 46
ticas, o Rio de Janeiro viveria o
sonho de ser uma Paris tropical
[...], tão bem condensado por
De que forma a suntuária
AV_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 46 e caríssima refor- da República acreditar que o Brasil – nela meto- 20/08/22 14:10 AV_
João do Rio: “De súbito, da noite
ma urbana do Rio de Janeiro orquestrada pelo nimizado – havia finalmente ingressado na era
para o dia, compreendeu-se que
prefeito Pereira Passos se justifica, uma vez que, do progresso e da civilização. Para o país como
era preciso ser tal qual Buenos
Aires, que é o esforço despeda- como foi visto, a capital havia sido esvaziada de um todo, os estados – para utilizar a fórmula de
çante de ser Paris” [...]. E do porto seu potencial político? Campos Sales –, a capital modernizada anteci-
deslocado do velho cais Pharoux Para desvendar esse aparente paradoxo é pre- pava um futuro que imaginavam que um dia
para a praça de Mauá, iluminado ciso lembrar o papel simbólico que o Rio assu- seria o seu.
e modernizado, a cidade conti- me como cidade-capital: reformada, iluminada,
NEVES, Margarida de Souza. Os cenários da República.
nuaria a exportar as riquezas do saneada e modernizada, a capital permitia aos O Brasil na virada do século XIX para o século XX.
país, cumprindo assim o destino estrangeiros que nela aportavam, aos que circu- In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (org.).
mercantil, que, desde os tempos lavam pelas calçadas da grande Avenida vesti- O Brasil republicano: o tempo do liberalismo excludente.
coloniais, era o seu. dos pelo último figurino parisiense e aos líderes Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. v. 1. p. 40-41.
46
47
COLEÇÃO PARTICULAR
habilidade EF09HI04, na me- Hermes da Fonseca, o marinheiro negro Marcelino Rodrigues
dida em que João Cândido se Menezes foi condenado a 250 chibatadas, embora o regulamento
tornou um símbolo nacional permitisse 25, no máximo. O castigo foi dado no interior de um navio
de luta por liberdade, cujo le- e aos olhos de toda a tripulação. E, apesar de ele ter desmaiado
gado ainda é fruto de disputas durante o castigo, continuou a ser chicoteado. Era o que faltava para
políticas. Além disso, tendo a explosão da revolta. Através de manobras rápidas, os marinheiros,
em vista que as chibatadas, liderados por João Cândido,, dominaram os oficiais e assumiram
contra as quais se revoltaram o comando dos principais navios de guerra ancorados no Rio de
os marinheiros, são uma evi-
Janeiro: o Minas Gerais e o São Paulo. Apontando seus canhões
dente continuidade da men-
para a cidade, os rebeldes exigiram o fim do castigo da chibata, o
talidade escravista, também
aumento dos soldos e a anistia para os marinheiros rebelados.
se mobilizam aprendizagens
relacionadas à habilidade Sem forças para enfrentar a rebelião, o governo concordou em
EF09HI07. proibir os castigos corporais na Marinha e em anistiar os rebeldes. Os
marinheiros cumpriram sua parte no acordo e devolveram os navios
aos oficiais. O governo, porém, quebrou o acordo e partiu para a
João Cândido,
vingança: baixou um decreto que permitia expulsar da Marinha os
apelidado por
um jornalista de elementos “indesejáveis” e mandou prender os líderes da revolta.
“Almirante Negro”, Dezesseis marinheiros revoltosos morreram no presídio da Ilha
morreu em 1969,
das Cobras, na cidade do Rio de Janeiro, nove foram fuzilados na
sem patente e
aposentadoria, viagem para a Amazônia e dezenas foram condenados ao traba-
vendendo peixes que lho forçado nos seringais dessa região. O líder maior da revolta,
ele próprio pescava o marinheiro João Cândido, foi internado como "louco". Mas, em
no cais de uma praia
do Rio de Janeiro. virtude de sua luta e de seus companheiros, aboliram-se os castigos
Fotografia de 1910. corporais na Marinha brasileira.
48
Imagens em movimento
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 48 Dica de leitura 28/06/22 13:22 AV_
Vídeo que conta a história de João Cândi- No artigo, o autor reflete sobre os impac-
do e da Revolta da Chibata. tos da Revolta da Chibata na música e na cul-
• HISTÓRIAS do Brasil – A Revolta da Chibata. tura popular do Brasil.
2017. Vídeo (4min43s). Publicado pelo ca- • SOUSA, Claudio Barbosa de. João Cândido
nal TV Senado. Disponível em: https://www. e a revolta da chibata: disputas e memórias.
youtube.com/watch?v=rtfeS0WSXhY. ArtCultura, Uberlândia, v. 16, n. 29, p. 223-
Acesso em: 13 jun. 2022. 237, 2016.
48
blema nacional e precisava ser resolvida. Nos debates que se seguiram, surgiram diferentes na relação com os povos in-
dígenas e avaliar seus desdo-
propostas; uma delas foi a criação pelo governo do Serviço de Proteção aos Índios (SPI),
bramentos.
em 1910, cuja função era prestar assistência aos indígenas. Era a primeira vez que o governo
• Trabalhar o conceito de
brasileiro interferia na questão indígena. As autoridades responsáveis por essa lei não compreendiam que
os indígenas são capazes, sim; ocorre que eles possuem culturas e tutelado.
modos de vida próprios.
• Refletir com os estudantes,
Estado brasileiro, povos indígenas e o marechal Rondon no plano diacrônico, sobre
Por sua habilidade no trato com os povos as formas como a população
13:22 + ATIVIDADES
AV_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 49 30/06/22 16:38
Considerando que a elevação da figura dos bandeirantes dantes a respeito da figura histórica e do episódio do incêndio;
à posição de heróis nacionais está enraizada no início da Re- segundo, um momento de pesquisa e aprofundamento desses
pública, é possível propor uma discussão coletiva que envolve conhecimentos; e terceiro, a divisão da sala em pequenos gru-
uma polêmica contemporânea e um dos bandeirantes paulis- pos de discussão. Professor, é importante mediar a discussão
tas. O tema a ser discutido é o incêndio da estátua de Borba e ressaltar a importância do diálogo e respeito à diversidade
Gato na cidade de São Paulo, ocorrido em 2021. Para opera- de argumentos, além de enfatizar que o respeito aos diretos
cionalizar a atividade, há pelo menos três etapas a serem se- humanos é uma das balizas da atividade. Dessa forma, fomen-
guidas: primeiro, o levantamento do conhecimento dos estu- ta-se o desenvolvimento das competências gerais 7 e 9.
49
ACERVO ICONOGRAPHIA
tração no movimento operá- ambiente das fábricas era insa-
rio, a exemplo do socialismo e lubre, mal iluminado e sem
do anarquismo.
ventilação adequada; os operários
• Propor uma pesquisa sobre
trabalhavam de 14 a 16 horas por
os jornais operários anarquis- dia por salários que não acompa-
tas, à época, e sua capacidade
nhavam o aumento do custo de
de divulgação das mensagens
vida; além disso, não havia direito
e do ideal do anarquismo.
a férias nem a aposentadoria.
• Explicar que, apesar de per-
Em 1920, em São Paulo, 51%
der bastante de sua influên-
dos operários eram estrangeiros,
cia sobre a classe trabalhado-
enquanto no Rio de Janeiro estes
ra nas décadas seguintes, no
início do século XX, o anar- somavam 35%; a maioria do ope-
quismo era uma força ideo- rariado era formada de italianos,
lógica significativa no Brasil portugueses e espanhóis.
Operários da Fábrica
e em outros países da Améri- Sol Levante, das
ca do Sul. Na Argentina, hou- Indústrias Matarazzo.
ve ferrenha perseguição a Grande parte Ideologias do movimento operário
imigrantes europeus em vir- desses trabalhados
As doutrinas que tinham maior penetração no movimento
era formada de
tude da pretensa associação imigrantes. São operário eram o anarquismo e o socialismo.
entre italianos e espanhóis. Paulo (SP), c. 1900. O socialismo propõe a criação de uma sociedade igualitária e,
Professor, para a pesquisa, portanto, sem classes sociais. Para se chegar a essa sociedade, os
pode-se sugerir o Arquivo Edgar socialistas propunham a tomada do poder e o controle do Estado
Leuenroth, da Universidade pelos trabalhadores até que as desigualdades sociais fossem elimi-
Estadual de Campinas nadas. Os anarquistas,, por sua vez, também defendiam a criação
(Unicamp), disponível em: de uma sociedade igualitária, mas, diferentemente dos socialistas,
https://www.ael.ifch.unicamp.br/
almejavam a destruição do Estado, pois, por princípio, eram contrá-
acervo (acesso em: 10 jun. 2022).
rios à existência de qualquer tipo de governo. Esses ideais entraram
no Brasil com os imigrantes europeus.
Imagens em movimento Para divulgar seus ideais, os anarquistas produziram e lançaram
Reportagem sobre o movi- importantes jornais operários, a exemplo do Avanti! (1901), O
mento anarquista no Brasil. Libertário (1904), Terra Livre (1905), A Voz do Trabalhador
• MOVIMENTO
e A Plebe (1917). Entre os líderes anarquistas, estavam Edgard
anarquista
atuou na conquista dos direi- Leuenroth, Everardo Dias e José Oiticica. Divulgando suas ideias e
tos trabalhistas. 2013. Vídeo convencendo seus companheiros, os anarquistas esperavam chegar
(6min19s). Publicado pelo ao seu objetivo maior, uma “greve geral” revolucionária, que poria
canal TV Brasil. Disponível fim ao Estado e ao capitalismo.
em: https://www.youtube.
com/watch?v=jFZXna2a_VQ. 50
Acesso em: 13 jun. 2022.
des operárias deveriam50a uma “política de par- de 1913 e 1920, e, inclusive, a maioria dos anar-
TEXTO DE APOIO D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd
O movimento operário no “[...] que a única base sólida de acordo e de passa a defender essa postura, encarando a op-
século XX ação são os interesses econômicos comuns a ção pelo ideário anarquista como uma escolha
No Congresso Operário Bra- toda a classe operária [...]. individual fora do sindicato.
sileiro, realizado em abril de O Congresso Operário aconselha o proleta-
BATALHA, Cláudio H. M. Formação da classe
1906 na capital da República, riado a organizar-se em sociedades de resis-
operária e projetos de identidade coletiva.
em cujas resoluções prevaleceu tência econômica, agrupamento essencial e,
In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida
uma orientação sindicalista re- sem abandonar a defesa, [...] direitos políticos Neves (org.). O Brasil republicano: o tempo
volucionária, a resolução que de que necessitam” [...]. do liberalismo excludente. 5. ed.
respondia ao tema 1, em que Resoluções dentro do mesmo espírito foram Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
era perguntado se as socieda- aprovadas nos congressos operários brasileiros v. 1. p. 175-176.
50
COLEÇÃO PARTICULAR
Acesso em: 13 jun. 2022.
Entrevista com a historiado-
ra Christina Lopreato sobre a
greve de 1917.
• HISTÓRIA - A greve geral
anarquista de 1917. 2016.
Vídeo (29min31s). Publicado
pelo canal Univesp. Disponível
em: https://www.youtube.com/
watch?v=6HeUogLIQlE. Acesso
em: 13 jun. 2022.
Trabalhadores em frente a uma fábrica têxtil no bairro da Mooca, em São Paulo (SP), 1917.
51
13:22 ENCAMINHAMENTO
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 51 28/06/22 13:22
• Chamar a atenção para a luta travada pela jornada de 8 horas de trabalho e pela regula-
mentação do trabalho feminino.
• Destacar o impacto da Lei Adolfo Gordo para o movimento operário, em cujos quadros
havia muitos operários estrangeiros.
Professor, para introduzir o tema dos primórdios do movimento operário, é possível par-
tir de uma reflexão do tipo tempestade de ideias a respeito de direitos trabalhistas. Pensá-
-los na chave da habilidade EF09HI09 pode ser útil para refletir sobre as condições de traba-
lho no início do século XX e o desenvolvimento do movimento operário no Brasil.
51
ACERVO ICONOGRAPHIA
dação e atuação do Partido
Comunista do Brasil, em 1922.
• Informar que entre os traba-
lhadores que aderiram à gre-
ve estavam diversas crianças,
que também trabalhavam Trabalhadores ocupam
bonde da Light durante a
durante extensas jornadas e
greve de 1917. São Paulo
eram remuneradas com salá- (SP), julho de 1917.
rios mais baixos.
TEXTO DE APOIO
Os trabalhadores
das fábricas Marxismo: teoria e
filosofia criadas pelo
Nos anos seguintes à greve geral, as lutas operárias por melhores
A imagem associada à classe
operária na Primeira República é de condições de vida e de trabalho prosseguiram. Nesse contexto, um
filósofo alemão Karl
que esta foi “branca, fabril e mas- Marx e por Friedrich
grupo composto de operários e intelectuais anarquistas e marxistas
Engels. A ideia central
culina”. Cada um desses atributos fundou, em março de 1922, o Partido Comunista do Brasil (PCB). Os
do marxismo é que a
falseia a realidade ao seu modo. comunistas, ao contrário dos anarquistas, possuíam uma organização
história das sociedades
Falar de uma classe operá- humanas é a história
centralizada e nacional e eram favoráveis a participar das eleições, pois,
ria “branca”, composta em sua da luta de classes.
por meio delas, esperavam transformar a sociedade.
maioria de imigrantes europeus,
é sem dúvida uma avaliação A mobilização do movimento operário continuou intensa. Em 1926, o PCB lançou uma
globalmente correta para os es- frente eleitoral denominada Bloco Operário (BO), que depois passou a se chamar Bloco
tados de São Paulo e do Sul, mas Operário e Camponês (BOC). Na campanha para presidente da República de 1930, o BOC
desconsidera o peso do opera- lançou um candidato próprio, o marmorista Minervino de Oliveira.
riado “nacional”, com signifi-
cativa participação de negros e
mulatos no restante do país. [...]
52
Por outro lado, o caráter fabril
do operariado foi grandemente
exagerado nas fontes disponí- dustrial. Entretanto, a mão
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 52 de obra feminina Dica de leitura 28/06/22 13:22 D3_
veis, pois, de modo geral, os le- foi muito significativa em ramos como o têx-
vantamentos públicos e privados til e o de vestuário, chegando a ser majoritá- Dissertação que ressalta questões de gênero
do período tenderam a desconsi- ria em alguns lugares. De qualquer modo, o e faixa etária na classe operária brasileira da Pri-
derar as manufaturas e oficinas, que é importante ressaltar é que o peso do meira República.
com pequeno número de operá- trabalho feminino esteve sub-representado
• PIRES,Isabelle. Entre teares e lutas: relações
rios e com trabalho manual. [...] na face mais visível da classe operária – suas
organizações. de gênero e questões etárias nas principais
Por fim, no que diz respeito à
BATALHA, Cláudio H. M. Formação da classe operária fábricas de tecidos do Distrito Federal (1891-
dimensão masculina da classe
operária, de fato na Primeira Re-
e projetos de identidade coletiva. In: FERREIRA, Jorge; 1932). Dissertação (Mestrado em História, Polí-
DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (org.). O Brasil
pública prevalecem os homens republicano: o tempo do liberalismo excludente. 5. ed. Rio
tica e Bens Culturais) – CPDOC, Fundação Getú-
no trabalho manufatureiro e in- de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. v. 1. p. 164-165. lio Vargas, Rio de Janeiro, 2018.
52
53
Imagens em movimento
O movimento iniciado em São Paulo se
TEXTO DE APOIO
As propostas de Oswald
de Andrade
[...] No “Manifesto da Poesia
Pau-Brasil”, são propostos novos
princípios para a poesia: a fusão
de elementos cultos e popula-
res, a incorporação do cotidiano,
o registro da oralidade – a abo-
lição do “falar difícil”, “a contri-
buição milionária de todos os
erros” – como “fatos estéticos”, A arte modernista buscava inspiração em temas populares, alguns desses extraídos do folclore.
com vistas a uma “poesia de Acima, à esquerda, Gazo, obra de Tarsila do Amaral, 1924; acima, à direita, As cinco moças de
Guaratinguetá, pintura de Di Cavalcanti, 1930. Ambos foram importantes pintores modernistas.
exportação”. Publicado original-
mente no Correio da Manhã,
Manhã, do
Rio de Janeiro, em 18 de março 54
de 1924, foi concebido sob o im-
pacto da apreciação do Carnaval
carioca na companhia de Tarsi-
Já o “Manifesto Antropófago”
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 54 não só se cons- [...] apresenta uma síntese dialética que procu- 28/06/22 13:22 AV_
la do Amaral e Blaise Cendrars,
titui em um dos textos mais célebres do autor, ra resolver a questão da dependência cultural,
e também da temporada em
como também é o que teve, e ainda tem, maior por meio da transculturação. [...] Suas propos-
Paris, em 1923, quando o autor
repercussão e mais desdobramentos no contex- tas mais ousadas são o novo marco inicial des-
frequentou os principais van- to cultural brasileiro, e maior divulgação no exte- sa história, fixado como a deglutição do Bispo
guardistas europeus e ficou a rior. Concebido em janeiro de 1928, impulsiona- Sardinha, em 1554, pelos índios caetés, e a re-
par de toda a produção estética do pelo quadro Abaporu Abaporu,, de Tarsila do Amaral, elaboração da dúvida existencial hamletiana,
europeia do período. com que Oswald foi presenteado em seu aniver- “Tupi or not tupi”. Porém a mais citada é aquela
Oswald defende uma revisão sário, foi publicado no primeiro número da Re- que sintetiza o espírito oswaldiano: “A alegria é
cultural do país [...], na esteira vista de Antropofagia,
Antropofagia, em maio do mesmo ano, a prova dos nove”.
do que fizeram os cubistas euro- acompanhado do desenho da referida obra. SCHWARTZ, Jorge; ANDRADE, Gênese (org.). Introdução. In:
peus ao tê-lo como suporte esté- Com a proposta de assimilar as qualidades ANDRADE, Oswald de. Manifesto antropófago e outros
tico-exótico. [...] do [...] estrangeiro para fundi-las às nacionais textos. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. p. 8-9.
54
ACERVO DA EDITORA
que angariava a simpatia dos
obra do escritor Lima Barreto, que
outros. [...]
se utiliza da sátira e da alegoria para
falar sobre o período da Primeira O fato de possuir essas carac-
terísticas explica por que nem
República.
sempre o coronel era o homem
Os deputados não deviam ter mais rico do lugar. Mais impor-
opinião alguma, senão aquelas tante que a riqueza era a capa-
cidade de se transformar em in-
dos governadores das províncias
térprete do povo ao dizer o que
que os elegiam. As províncias não as pessoas queriam ouvir utili-
poderiam escolher livremente os zando a linguagem delas.
seus governantes; as populações [...] Nas eleições, ele apoiava
tinham que os escolher entre certas os candidatos do governador e
e determinadas famílias, aparen- o ajudava a eleger um determi-
nado deputado federal em troca
tadas pelo sangue ou por afinidade.
de apoio oficial à candidatura a
BARRETO, Lima. Os bruzundangas. deputado estadual de um filho,
Domínio Público. [S. l.], [2004?]. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ sobrinho, genro ou amigo. Com
bv000149.pdf. Acesso em: 17 mar. 2022. o passar do tempo e o aumen-
to do poder, e com aprovação do
governador, o coronel poderia
inclusive indicar candidatos a
deputado federal. [...]
Os coronéis sobreviveram à
Fac-símile da capa do livro Guarda Nacional e à República
Os bruzundangas, Velha. O fenômeno não deixou
de Lima Barreto. de existir e se adaptou aos no-
vos tempos. Eles empregam no-
vos métodos de dominação. Um
Sátira: na literatura latina, composição livre e
irônica contra instituições, costumes e ideias da deles é o controle dos meios de
Nesse texto, o autor está se referindo à: comunicação, como rádio e te-
época.
a) política dos mandonismos. levisão. [...] Ele viaja de avião,
Alegoria: modo de expressão ou interpretação
b) política dos prefeitos. que consiste em representar pensamentos, conhece a Europa e os Estados
c) política dos governadores. 1. Alternativa C. ideias, qualidades sob forma figurada. Unidos, frequenta a alta socie-
Província: o mesmo que estado, a partir da dade e às vezes tem até título
d) política do voto secreto.
Constituição de 1891. universitário.
e) política da cidadania.
Atualmente, seu poder se faz
55 sentir de uma forma talvez mais
sutil. No século XXI, o coronel é
o deputado federal reeleito vá-
rias vezes [...]. Em muitos casos,
13:22 ENCAMINHAMENTO
AV_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 55 22/08/22 17:08
esses novos coronéis são des-
cendentes diretos dos antigos,
• Debater o conceito de coronel e de coronelismo. Para alguns o coronelismo é um fenômeno em notável fenômeno de repro-
com tempo e lugar definidos; para outros, é um fenômeno que se estende aos dias atuais; o dução do poder.
texto de apoio desta página expressa essa segunda visão do coronelismo. RÊGO, André Heráclio do. Uma vez coronel,
sempre coronel. Revista de História da
• Trabalhar a noção de política dos governadores, a partir de um registro literário, no caso Biblioteca Nacional, ano 5, n. 60, set.
um texto de Lima Barreto, retirado da obra Os Bruzundangas. 2010. p. 59-61.
55
EDITORIAL DE ARTE
como as oligarquias se per- Governo federal Poder federal
petuavam no poder. 2. Os coronéis mais poderosos de cada região faziam alianças
Apoio político entre si e elegiam o presidente de estado (cargo equivalente
• Estimular a leitura e inter- hoje ao de governador). Este, por sua vez, retribuía o “favor”
e financeiro
pretação dos dados da tabe- enviando verbas para a construção de escolas, praças, igrejas
la a partir do crescimento da Votos etc. nas cidades controladas por aqueles coronéis. Usando
as mesmas práticas (troca de favores e corrupção eleitoral),
população estrangeira. as oligarquias estaduais ajudavam a eleger deputados e
• Interdisciplinaridade: o tra-
Governo estadual Poder estadual
balho de análise dos dados da
senadores favoráveis ao presidente da República. Este, por
tabela oportuniza o aprofun- sua vez, retribuía o “favor” liberando verbas e benefícios,
Verbas e
damento do conteúdo e um benefícios bem como dando apoio político a elas. Assim, por meio de
projeto interdisciplinar com alianças e trocas de favores que uniam municípios, estados
Votos e o governo federal, as oligarquias mantiveram-se no poder
o professor de Matemática. durante a maior parte da Primeira República.
40º O
SERGIPE
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14:12 ENCAMINHAMENTO
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C02-LA-G24.indd 57 28/06/22 13:22
• Pensar com os alunos sobre os fatores internos que impulsionaram o crescimento da indús-
tria brasileira durante a Primeira Guerra Mundial.
• Alargar a compreensão sobre a geografia e a economia do povoado gerido por Antônio
Conselheiro.
• Retomar e consolidar o conceito de comunitarismo trabalhado neste capítulo: o resultado
da produção era dividido entre o produtor e a comunidade.
57
TEXTO DE APOIO 58 contra a violência e as condições a que estavam submetidos na Marinha brasileira: trabalho exaustivo,
jornada de trabalho abusiva, salários baixos, alimentação escassa etc.
3
ciais em especial, há muito tempo desejadas pelo povo. Talvez esteja aí a explicação para que
• Compreender a ascensão de
ele continue “alumbrando a nossa história” como disse um poeta popular. Eis o que uma histo-
riadora diz sobre o assunto: “[…] a propaganda varguista Vargas.
A ERA VARGAS […] só teve boa recepção entre a população porque, além • Debater sobre a Revolução
de ser maciça e bem cuidada, articulava-se a uma série de
iniciativas governamentais que materializavam o que se anunciava, ainda que com muitas in- Constitucionalista e a Consti-
suficiências e sem atingir a maior parte da população, como ocorria no caso dos direitos do tuição de 1934.
trabalho, que não alcançavam o homem do campo. A despeito da enorme distância entre o
que se prometia e o que se fazia de imediato, havia um vínculo efetivo entre o que se dizia e o que a • Identificar e valorizar os pro-
população experimentava concretamente de forma direta ou indireta”. (GOMES, Ângela de Castro. tagonismos feminino, negro
A última cartada. Nossa História, Rio de Janeiro, ano 1, n. 10, p. 17-19, ago. 2004.). e indígena na luta por direi-
Getúlio Vargas é, talvez, a figura mais polê- tos na Era Vargas.
contradições, contribuindo
para o desenvolvimento das
competências e habilidades
propostas.
BNCC
• Competências gerais: 1, 2,
3, 4, 7 e 9.
Comemoração do 1o de
Maio, no campo do Vasco • Competências específicas:
da Gama, durante o 1, 2, 3, 5, 6 e 7.
governo Vargas. Rio de
Janeiro (RJ), 1942.
• Habilidades: EF09HI02,
EF09HI03, EF09HI04, EF09HI06,
59 EF09HI07, EF09HI08 e EF09HI09.
TEXTO DE APOIO
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 59 A carta-testamento foi encontrada por Ernâni
28/06/22 13:23 imenso. Manifestações populares
Amaral Peixoto, governador do estado do Rio de sucederam-se em todo o país, so-
A carta-testamento de Getúlio Vargas Janeiro e genro de Getúlio, em cima de uma me- bretudo nas grandes cidades. [...]
sinha de cabeceira do quarto presidencial. O do- No plano político, as conse-
Documento legado pelo presidente Getúlio Var- cumento foi lido em voz alta por Osvaldo Aranha, quências do suicídio e da carta-
gas e divulgado logo após seu suicídio, ocorrido ministro da Fazenda, para um grupo de pessoas -testamento não foram menores.
por volta das oito horas da manhã de 24 de agosto que se encontrava no palácio do Catete e em se-
CARTA-TESTAMENTO. In: LAMARÃO,
de 1954. [...] A mensagem, dirigida ao povo bra- guida transmitido por telefone para a Rádio Na- Sérgio. Dicionário histórico-biográfico
sileiro, concluía: “Eu vos dei a minha vida. Agora cional. Antes das nove horas da manhã, a mensa- brasileiro. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio
ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamen- gem começou a ser irradiada para todo o país. [...] Vargas/CPDO, [2015]. C. Disponível em:
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/
te dou o primeiro passo no caminho da eternida- O impacto provocado pelo suicídio de Getúlio e verbete-tematico/carta-testamento.
de e saio da vida para entrar na história.” pela imediata divulgação da carta-testamento foi Acesso em: 9 jun. 2022.
59
LUCAS NASCIMENTO/FOTOARENA
e no Distrito Federal, e grande os revoltosos a se renderem. A
número de deputados dissiden- maioria deles se rendeu. Dezessete
tes do Rio Grande do Sul, Bahia
militares e um civil, porém, saíram
e Pernambuco votaram em favor
da medida, demonstrando um pela Avenida Atlântica, na cidade
recuo das oligarquias e a desarti- do Rio de Janeiro, dispostos a tudo.
culação completa da Reação Re- Na troca de tiros com as forças do
publicana. Nos meses seguintes, governo, apenas dois tenentes esca-
a repressão desencadeada pelo
param com vida: Siqueira Campos e
governo fortalecido de Epitácio
determinou inúmeras prisões e Eduardo Gomes. Os revoltosos foram
instaurou vários processos. punidos com prisões e transferências
O tenentismo recebeu esta forçadas para outras regiões do país.
denominação uma vez que teve
como principais figuras não a
cúpula das forças armadas, mas Monumento aos 18 do Forte de Copacabana,
oficiais de nível intermediário em homenagem aos 17 militares e um civil
do Exército – os tenentes e os ca- que morreram no movimento de 1922.
pitães. O alto-comando militar Praça dos Girassóis, Palmas (TO), 2019.
do Exército manteve-se alheio
a uma ruptura pelas armas, as- 60
sim como a Marinha. O movi-
mento, que tomou proporções
nacionais, empolgou amplos
setores da sociedade da época, Meses após ter sido debelado
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 60 o primeiro le- 28/06/22 13:23 D3_
50º O
(abril de 1926 a fevereiro de 1927) Atlas de História do Brasil. São Paulo: Scipione, com os setores civis teriam sido
1997. p. 47.
assim limitadas e pouco siste-
máticas. Finalmente a terceira
61 corrente, criticando as vertentes
anteriores, defende uma análise
mais global, levando-se em con-
ta tanto a situação institucional
13:23 TEXTO DE APOIO
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 61 A segunda corrente, formulada a partir de 13:23
28/06/22 tra-
dos tenentes como membros do
balhos produzidos nas décadas de 1960 e 1970,
aparelho militar quanto a sua
Movimentos tenentistas tenta contestar a absolutização da origem so-
composição social como mem-
cial na definição do conteúdo do tenentismo
Na produção historiográfica sobre o movi- bros das camadas médias [...].
mento tenentista, três correntes se delineiam. privilegiando aspectos organizacionais do mo-
vimento, ou seja, entende esse movimento FERREIRA, Marieta de Moraes; PINTO,
A primeira, a mais tradicional e amplamente Surama Conde Sá. A crise dos anos 1920 e
difundida, explica o tenentismo como movi- como produto da instituição militar [...]. Dessa a Revolução de 1930. In: FERREIRA, Jorge;
mento que, a partir de suas origens sociais nas perspectiva, o tenentismo seria um movimento DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (org.).
camadas médias urbanas, por vezes chamada cujo objetivo maior era a defesa dos interesses O tempo do liberalismo excludente:
da Proclamação da República à Revolução
de pequena burguesia, representaria os anseios da corporação. Drummond chega a defender
de 1930. 5. ed. Rio de Janeiro: Civilização
destes setores por uma maior participação na que o tenentismo era uma corrente política Brasileira, 2011. (O Brasil republicano,
vida nacional e nas instituições políticas [...]. dentro do Exército, que falava para o Exército v. 1, p. 401-402).
61
especialmente a cafeicultura inconformados com a derrota, buscaram uma guintes, a conspiração recrudesceu com a ade-
paulista, produzindo uma vio- aproximação com lideranças do movimento te- são de importantes quadros do Exército.
lenta queda dos preços do café e nentista que, embora derrotadas, continuavam FERREIRA, Marieta de Moraes; PINTO, Surama Conde Sá.
liquidando o programa de esta- sendo uma força importante por sua experiên- A crise dos anos 1920 e a Revolução de 1930.
bilização do governo que vinha cia militar e prestígio. [...] In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida
sendo implementado. Neves (org.). O tempo do liberalismo excludente:
Um acontecimento inesperado deu força à da Proclamação da República à Revolução de 1930.
As eleições se realizaram em conspiração revolucionária. Em 26 de julho 5. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
março de 1930 e a vitória coube de 1930, o candidato a vice da Aliança Liberal, (O Brasil republicano, v. 1, p. 404-406).
a Júlio Prestes, que recebeu cerca João Pessoa, foi assassinado em Recife. Embo-
de um milhão de votos, contra ra as razões do crime tenham sido passionais,
737 mil dados a Getúlio Vargas. e não políticas, ele foi transformado em mártir
62
CPDOC-FGV
a defesa da honra de Anayde
Beiriz, que teria tido intimi-
dades amorosas alegada-
mente vazadas por João
Pessoa para a imprensa local.
João Dantas, desafeto polí-
tico de João Pessoa e par ro-
mântico de Anayde, vingou-
-se do político paraibano.
• Caracterizar os 15 primeiros
anos do governo Vargas fa-
vorecendo ao alunado uma
primeira aproximação com
este importante período da
história do Brasil.
• Realçar o fato de que Vargas,
assim que assumiu o gover-
no, implementou o seu proje-
O primeiro governo Vargas to de centralização do poder.
Durante o primeiro governo Vargas, que se deu entre 1930 e Imagens em movimento
1945, o Brasil mudou bastante: a industrialização, que já estava
Vídeo sobre a chegada de
em curso desde o fim da Primeira Guerra Mundial, avançou e Voto indireto: os
Getúlio Vargas ao governo em
as cidades cresceram; o Estado se fortaleceu, interveio na eco- eleitores votavam
nos deputados da 1930.
nomia e estabeleceu uma nova relação com os trabalhadores. Assembleia Nacional • HISTÓRIAS do Brasil - A Re-
Nesses 15 anos, Vargas foi chefe de um governo provisório Constituinte, e estes
(1930-1934), presidente eleito por voto indireto (1934-1937) e elegiam o presidente volução de 30. 2017. Vídeo
da República. (6min13s.). Publicado pelo ca-
ditador (1937-1945).
nal TV Senado. Disponível em:
63 https://www.youtube.com/
watch?v=xYq1mMPg6d8.
Acesso em: 19 abr. 2022.
13:23 TEXTO DE APOIO
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 63
e Leite de Castro e o 28/06/22
almirante
13:23
Isaías Noronha depuseram o en-
tão presidente Washington Luís, no Rio de Janeiro, e constituíram
A chegada de Vargas ao poder uma Junta Provisória de Governo. Essa junta tentou permanecer
no poder, mas a pressão das forças revolucionárias vindas do Sul
Se nesse momento Vargas ainda demonstrava temores quanto
e das manifestações populares obrigaram-na a entregar o gover-
ao curso dos acontecimentos, nos meses seguintes o papel das
no do país a Getúlio Vargas, empossado na Presidência da Repú-
jovens lideranças gaúchas e mineiras foi decisivo para o aprofun-
blica em novembro de 1930.
damento da opção da luta armada. [...]
A chegada de Vargas ao poder deu início a uma nova fase da
A conspiração acabou estourando em Minas Gerais e no Rio
história política brasileira.
Grande do Sul no dia 3 de outubro de 1930. Em seguida, ela se
FERREIRA, Marieta de Moraes; PINTO, Surama Conde Sá. A crise dos anos 1920 e a
alastrou para vários estados do Nordeste. Em todos esses locais, Revolução de 1930. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (org.). O
após algumas resistências, a situação pendeu para os revolucio- tempo do liberalismo excludente: da Proclamação da República à Revolução de 1930.
nários. Em 24 de outubro, os generais Tasso Fragoso, Mena Barreto 5. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. (O Brasil republicano, v. 1, p. 406-407).
63
ACERVO MEMORIAL'32 - CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ CELESTINO BOURROUL, SÃO PAULO, SP.
federal foram diluídas pelos gédia em São Paulo: quatro estudantes
ganhos políticos obtidos pe- (Martins,, Miragaia,, Dráusio e
los paulistas. Camargo)) foram mortos quando ata-
cavam a sede de um jornal pró-Vargas.
As iniciais dos nomes dos estudantes,
Dica de leitura MMDC, passaram a ser a sigla e o
Reportagem que traça os ca- símbolo da reação paulista. Em 9 de
minhos seguidos por opositores julho de 1932, liderados pelo general
de Vargas, como Washington
Isidoro Dias Lopes e o civil Pedro de
Luís e Júlio Prestes, logo após a
Toledo, os paulistas pegaram em armas
Revolução de 1930.
contra o governo federal. O episódio
• RIBEIRO, Antônio Sérgio. é conhecido, em São Paulo, como
Era Vargas é marcada pela Revolução Constitucionalista e, em
industrialização e por avan- outros estados brasileiros, como Guerra
ços nas legislações Eleitoral
Paulista.
e Trabalhista. Alesp. São Pau-
lo, 13 out. 2010. Disponível
em: https://www.al.sp.gov.br/
noticia/?id=258394. Acesso Cartaz do movimento MMDC promovendo
em: 13 jun. 2022. o alistamento durante a Revolução
Constitucionalista de 1932. São Paulo (SP), 1932.
64
Revolução de 1932
Em julho, eclodiu uma revolução em São Paulo que se transfor- se alistaram para participar da guerra. Através da campanha Ouro
mou na pior guerra civil vivida pelo país. [...] São Paulo se sentia o para o Bem do Brasil chegavam recursos financeiros para a revolu-
grande perdedor da Revolução de 30. Insatisfeitos com a política ção. [...] Apesar dos esforços, São Paulo não recebeu apoio oficial de
centralizadora de Vargas e com a lentidão das medidas que res- nenhum governo estadual, mas conseguiu adesões de expressivas
taurariam o Estado de direito, os paulistas, em armas, exigiam o lideranças, sobretudo gaúchas e mineiras. Os líderes Artur Bernar-
fim imediato do regime ditatorial e maior autonomia para São Pau- des em Minas e Borges de Medeiros no Rio Grande do Sul, compro-
lo. Era de tal ordem a insatisfação no estado que a população, em metidos com a causa paulista, fracassaram na tentativa de criar
massa, aderiu à revolução. Voluntariamente, milhares de pessoas focos de resistência armada nos seus respectivos estados.
64
CPDOC-FGV
morações em torno da Revo-
alistaram-se para lutar no exército constitucionalista; lução Constitucionalista de
os industriais paulistas, sob a liderança de Roberto 1932, em São Paulo.
Simonsen, também se engajaram na luta produzindo • Indagar por que razão o 9 de
armas e munições. Além disso, os paulistas lançaram julho foi transformado em
a campanha “Ouro para o bem de São Paulo”, em feriado estadual e também
que joias, alianças, relógios, crucifixos e outros objetos, está presente em nomes de
poderiam ser doados para financiar a luta. ruas, praças, monumentos.
Enfim, por qual motivo se
Dialogando transformou em um marco
de memória.
Esse cartaz foi produzido em São Paulo, na década
de 1930. Observe-o com atenção e responda:
a Quem são os personagens principais do cartaz?
Dica de leitura
b O que está acontecendo na cena?
Texto sobre os marcos de me-
c O que os autores do cartaz querem dizer com mória da Revolução Constitu-
“Abaixo a dictadura”? cionalista de 1932 em São Paulo.
Na guerra contra as tropas federais, os paulistas • VEIGA, Edison. 9 de julho: as
foram apoiados apenas por Mato Grosso. O governo marcas em São Paulo da revo-
federal, por sua vez, tinha navios, mais soldados –
Cartaz do Movimento Constitucionalista. lução por trás do feriado. BBC
São Paulo (SP), 1932. Brasil, Bled, 8 jul. 2021. Disponí-
vindos de vários estados do Brasil, especialmente do
vel em: https://www.bbc.com/
Norte – e maior poder de fogo. Por isso venceu os paulistas em poucos meses. Embora
portuguese/brasil-44760577.
derrotados militarmente, os paulistas tiveram a sua principal demanda atendida: o governo
Acesso em: 15 jun. 2022.
convocou uma Assembleia Constituinte que, em 1934, votou e aprovou a terceira Constituição
do Brasil. b) O bandeirante usa a mão direita para esmagar Getúlio Vargas, representado, na imagem, com
o tamanho de um boneco. Um militar, ao fundo, segura a bandeira do estado de São Paulo.
Na Assembleia Constituinte
COLEÇÃO PARTICULAR
BELMONTE
taram a confirmação de Var-
gas no poder.
TEXTO DE APOIO
Constituição de 1934
[...] Entre o final de 1933 e julho
de 1934, os debates na Assem-
bleia Constituinte foram aca-
lorados, e o resultado foi uma
Constituição avançada, mas de Charge de Belmonte publicada na Folha da Noite, em 20 de julho de 1934.
pouca efetividade no dia a dia
da sociedade.
Dialogando
Mesmo aprovando o aumento a) A imagem mostra Vargas transmitindo o poder para ele mesmo.
dos poderes da União, sobretudo a O que a imagem mostra? b) O autor critica o continuísmo de Vargas.
no campo da legislação econô- c) Vargas, de roupa clara, deixa o bastão, que representa o
b O que o autor da charge critica?
mica e social, frente aos estados, governo; vai para trás do camarim, onde coloca fraque, barba
o princípio federalista foi manti- c Como você chegou a essa conclusão? postiça e óculos, e volta ao poder.
do. O voto passaria a ser obriga-
tório e secreto, mas continuaria
vedado aos analfabetos. As rei-
66
vindicações dos trabalhadores
foram parcialmente aceitas, com
a criação da Justiça do Trabalho, A Constituição estabeleceu
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 66 que a primeira Em meio ao equilíbrio precário da nova face 28/06/22 13:23 AV_
[...] jornada de oito horas diárias eleição depois da sua promulgação seria indi- da política brasileira, Getúlio Vargas, se não era
e férias anuais, mas demorariam reta, como defendiam os membros do Governo unanimidade, demonstrava grande capacidade
para ser implementadas efetiva- Provisório, estabelecendo eleições diretas so- de lidar com demandas opostas, neutralizar ad-
mente. Nesse ponto, o governo mente depois do fim do mandato presidencial. versários, estimular divisões e se afirmar como
teve uma derrota, pois defendia Assim, ficou mais fácil a confirmação de Getúlio a possibilidade mais viável no governo do país.
a existência de um sindicato Vargas já no poder. Em julho de 1934, 175 depu- NAPOLITANO, Marcos. História do Brasil República: da queda
único por categoria profissional, tados votaram em Vargas, contra 71 que deram da Monarquia ao fim do Estado Novo.
para melhor controlá-los dentro os votos a outros candidatos, principalmente ao São Paulo: Contexto, 2016. p. 104-105.
do princípio corporativo, mas a conterrâneo e antigo aliado de Vargas, Borges de
Assembleia acabou aprovando a Medeiros.
pluralidade sindical.
66
a) Sim, pois, como afirma o texto, a condição feminina é minino na história do Brasil
Movimento de mulheres uma preocupação antiga da escritora norte-rio-grandense
Nísia Floresta. Em 1831, Nísia escreveu vários artigos em
por meio do estudo da tra-
jetória ousada para aqueles
jornal nos quais refletiu sobre a condição feminina.
tempos da escritora norte-
Desde antes do advento da República, as aspirações das mulheres vinham mudando.
-rio-grandense Nísia Floresta
Leia o texto a seguir, sobre Nísia Floresta.
Brasileira Augusta.
CORTEZ EDITORA
• Explicitar o esforço de Nísia
PARA REFLETIR NÃO ESCREVA
NO LIVRO. Floresta não apenas para
fazer a defesa do ser femi-
Nísia Floresta: precursora nino, mas para denunciar as
artimanhas masculinas para
do feminismo continuar exercendo a domi-
O ano de 1831 foi o ano da estreia de Nísia nação.
Floresta nas letras. […] As reflexões sobre a condi- • Conectar a crítica de Nísia à
ção feminina estavam, […] entre as primeiras que existência do patriarcado e
motivaram e levaram Nísia Floresta a escrever. […] de hierarquias interligadas
Em 1832, vem a público Direitos das mulheres na sociedade brasileira do
e injustiça dos homens, assinado com o nome que
século XIX, contribuindo as-
sim com o desenvolvimento
tornará famosa a norte-rio-grandense: Nísia Floresta
da competência específica 1
Brasileira Augusta […]. Fac-símile da capa do livro
e da habilidade EF09HI09.
Direitos das mulheres e injustiça dos homens Direito das mulheres e injustiça
dos homens, de Nísia Floresta Para refletir. b) Espera-se
foi inspirado na obra de Mary Wollstonecraft – […]
Brasileira Augusta. que os alunos respondam: Ní-
[Reivindicação dos direitos da mulher] – de 1792 –,
sia, de Dionísia; Floresta, para
conforme ela mesma declarou […]. A novidade é que, ao invés de simplesmente fazer
lembrar o local de sua infância
uma tradução, Nísia […] escreve um livro denunciando os preconceitos existentes no que era circundado por uma
Brasil contra a mulher e desmistificando a ideia dominante da superioridade masculina. rica floresta; Brasileira, para
Ao mesmo tempo em que constrói a defesa [...] [do ser feminino], ela denuncia e afirmar o sentimento nativis-
desmascara os artifícios masculinos de dominação. E indaga: ta; e Augusta, em homena-
Se este sexo altivo quer fazer-nos acreditar que tem sobre nós um direito natural de supe- gem ao companheiro Manuel
rioridade, por que não nos prova o privilégio, que para isso recebeu da Natureza […]? Augusto.
DUARTE, Constância Lima. Nísia Floresta: uma mulher à frente do seu tempo.
Brasília, DF: Cultural, 2006. p. 19.
Dica de leitura
a) O título do texto tem relação com o seu conteúdo? Justifique.
Artigo que trata da partici-
b) O nome real da escritora potiguar era Dionísia Pinto Lisboa. Pesquise. Por que será pação de mulheres na Assem-
que ela teria assinado seu romance com o nome de Nísia Floresta Brasileira Augusta? bleia Nacional Constituinte de
c) Interprete. O que Nísia Floresta quis dizer com a última frase do texto? 1934.
b) Resposta pessoal. • ARAÚJO, Rita de Cássia Bar-
Após a Proclamação da República, as mulheres intensificaram sua luta por acesso bosa de. O voto de saias: a
pleno à educação e pelo direito de votar e de ser eleita, elementos tidos como indispen- Constituinte de 1934 e a par-
sáveis para a emancipação feminina. ticipação das mulheres na
c) A escritora chama atenção para o fato de que os papéis sociais de homens e de mulheres são construídos política. Estudos Avançados,
socialmente. Portanto, a inferiorização da mulher é um problema social, e não natural, como se queria
fazer crer.
67 São Paulo. v. 17, n. 49, p. 133-
150, 2003.
13:23 + ATIVIDADES
AV_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 67 30/06/22 16:40
Uma das referências de Nísia Flores- aos alunos uma revisão bibliográfica sobre
ta, Mary Wollstonecraft foi mãe de Mary a produção científica a respeito de Nísia
Shelley, a criadora do clássico da literatura Floresta, organizando-os em grupos. Para
Frankenstein. Como grande parte da in- viabilizar o trabalho, é possível dividi-lo em
telectualidade brasileira do fim do século eixos temáticos como produção literária,
XIX, Nísia Floresta também era positivista. pedagogia, feminismo, entre outras possi-
Para um aprofundamento, pode-se sugerir bilidades.
67
ARQUIVO/UN PHOTO
atuação marcante em todos
esses campos. Bertha Lutz
• Ressaltar que se atribui a Ber- Em 1918, a feminista Bertha Lutz
tha Lutz um papel importan- chegou da Europa disposta a lutar pela
te na inclusão da igualdade emancipação da mulher no Brasil. Sua prio-
de gênero na Carta da ONU,
ridade era a conquista do voto feminino.
documento de fundação da
organização internacional. Tão logo chegou ao Rio de Janeiro,
• Explicitar a importância dada
Bertha escreveu uma carta à Revista da
por Bertha Lutz à inserção Semana pleiteando a emancipação da
das mulheres no mundo do mulher. Nela, defendia o direito de as mu-
trabalho, de modo a ganha- lheres trabalharem em diferentes ocupações,
rem a autonomia desejada. a fim de se livrarem de uma dependência
• Destacar a atuação de Ber- “humilhante para elas” e prejudicial aos
tha Lutz e de outras mulhe- homens.
res de seu grupo, além das Livres para estudar e trabalhar, as
feministas já citadas, para a mulheres se transformariam em fator de
aprovação do Código Eleito-
progresso do Brasil, afirmava Bertha. Com
ral de 1932, que estabeleceu
o voto feminino. esse discurso, atraiu muitas seguidoras em
pouco tempo. Ela e suas companheiras
Dica de leitura escreveram artigos para os jornais, conce-
Site que reúne grande acer- deram entrevistas, promoveram debates
Bertha Lutz, na Conferência de São Francisco,
vo de textos sobre a atuação que deu origem à ONU. São Francisco (EUA),
públicos, organizaram-se em associações e
de Bertha Lutz na diplomacia, 1945. conseguiram apoio de lideranças políticas e
na ciência e na política. da opinião pública.
• MUSEU NACIONAL. Bertha O ativismo dessas e de outras mulheres de diferentes partes do país foi decisivo para
Lutz, naturalista, bióloga, o novo Código Eleitoral, aprovado em 1932, que estabeleceu o voto feminino. Dois anos
sufragista e feminista. Rio depois, graças à luta das próprias mulheres, a Constituição de 1934 estendeu à mulher o
de janeiro: UFRJ, 2013. (Série direito de votar e ser votada.
Documentos Semear, v. 1).
Disponível em: https://www.
museunacional.ufrj.br/seme- A escritora catarinense Antonieta de Barros
ar/berthalutz.html. Acesso
em: 13 jun. 2022. Outra importante líder feminina brasileira foi Antonieta de Barros, uma mulher negra
e de origem humilde.
No pós-Abolição, as mulheres afrodescendentes tinham poucas opções: lavar, cozinhar,
TEXTO DE APOIO
limpar ou vender quitutes pelas ruas e praças. Antonieta ousou trilhar outro caminho.
Bertha Maria Júlia Lutz (1894- Cursou a escola normal e transformou sua casa, em Florianópolis (SC), em uma escola
1976) foi uma das principais lí-
deres à frente do movimento fe- particular que levava seu nome. Ali, ela recebia crianças em fase de alfabetização e adultos
minino organizado no Brasil. Em para os cursos preparatórios.
1915, ela ingressou na Faculdade
de Ciências, da Universidade de 68
Paris, diplomando-se em mar-
ço de 1918, sendo que, alguns
meses depois, em setembro, já
estava empregada como tradu- O feminismo apregoado
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 68 por Bertha passou a ser identificado, à posteriori
posteriori,, como “bem-comportado” 28/06/22 13:23 D3_
tora de inglês, francês e alemão e/ou “tático”. Contudo, na época da sua aparição no espaço público brasileiro, ela foi identificada
no Instituto Oswaldo Cruz, lugar como representante de um “bom” feminismo deixando entrever que haveria outros, perigosos, que
que ocupou até assumir o cargo deveriam ser evitados. [...]
de secretário do Museu Nacio-
Entre as demandas femininas/feministas do início do século XX estão desde pedidos de educação
nal, em 4 de setembro de 1919.
de qualidade para as mulheres, condições de trabalho mais justas, acessos a cargos públicos até
A Federação Brasileira pelo Pro-
gresso Feminino (FBPF), associa- reivindicações sobre direitos civis e políticos. Tal feminismo, que nasceu no século XVIII e desenvol-
ção fundada por ela, em 1922, é veu-se ao longo dos séculos XIX e XX, é mais conhecido pela alcunha de feminismo liberal [...].
a mais reconhecida na atuação KARAWEJCZYK, Mônica. O Feminismo em Boa Marcha no Brasil! Bertha Lutz
em prol da emancipação femi- a Conferência pelo Progresso Feminino. Revista Estudos Feministas,
nina do início do século XX. [...] Florianópolis, v. 26, n. 2, p. 1-17, 2018. p. 1-2.
68
69 Imagens em movimento
Vídeo a respeito da vida de
Antonieta de Barros.
13:23 ENCAMINHAMENTO
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 69 28/06/22 13:23 • ANTONIETA de Barros. 2018.
Vídeo (11min31s). Publica-
• Aprofundar o estudo da vida de Antonieta de Barros, a primeira mulher negra brasileira a do pelo Canal Futura. Dis-
ocupar o cargo de deputada estadual. ponível em: https://www.
• Debater com os alunos a importância da educação e do trabalho como forma de ascensão youtube.com/watch?v=
social feminina no mundo atual. qSCo8tkPWkA/. Acesso em:
• Consultar os conteúdos do livro de Antonieta de Barros chamado Farrapos de ideias e refle- 13 jun. 2022.
tir com os estudantes sobre a atualidade de algumas de suas colocações.
69
TEXTO DE APOIO
Com o golpe de Estado de 3 de
outubro de 1930, Getúlio Vargas foi
alçado ao poder no Brasil. Abriu-se
uma conjuntura de polarização
política. As forças políticas mobi- Integrantes da Delegação da Frente Negra Brasileira em fotografia diante da sede da organização em
lizaram-se em duas frentes: a da São Paulo (SP), entre 1931 e 1937.
esquerda e a da direita. Contudo,
tanto as organizações políticas
de base popular quanto os par-
tidos das elites não incluíam em Os indígenas na Era Vargas
seus programas a luta a favor da
população negra. Abandonados
pelo sistema político tradicional Na década de 1930, o debate sobre a diversidade étnica e cultural brasileira esquentou.
e acumulando a experiência de Passou a predominar a tese de que o Brasil se formou com base no convívio harmonioso
décadas em suas associações, um e equilibrado entre indígenas, brancos e afrodescendentes.
grupo de “homens de cor” fundou Na nova identidade nacional que estava sendo construída, os indígenas ganharam
a FNB, no dia 16 de setembro de
1931. [...] papel de destaque pelo reconhecimento de suas contribuições para a formação histórica e
A receptividade da população cultural do Brasil. Passaram, então, a ser vistos como “as verdadeiras raízes da brasilidade”,
de ascendência africana foi gran- “primeiros cidadãos” do Brasil.
de. Em 1936, noticiava-se que a
FNB já era formada por mais de 70
“sessenta delegações” (espécie de
filiais) distribuídas no interior de
São Paulo e em outros estados (A (A
Voz da Raça,
Raça, set. 1936, p. 1), como D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 70 28/06/22 13:23 D3_
TEXTO DE APOIO
Em agosto de 1940, o presiden-
te Getúlio Vargas visitou a aldeia
dos índios Karajá na Ilha do Ba-
nanal, no Brasil Central. Foi o
primeiro presidente brasileiro a
visitar uma área indígena, ou o
Oeste da nação nesse sentido.
Três anos antes ele havia dissol-
vido o Congresso e abolido todos
os partidos políticos, proclaman-
do um Estado Novo compromis-
sado com o desenvolvimento e a
integração nacional. Como parte
de seu projeto multifacetado de
construção de um Brasil novo
— mais independente econo-
micamente, mais integrado po-
liticamente e socialmente mais
unificado, Vargas voltou-se para
o valor simbólico dos aboríge-
nes. Diferentemente de “plantas
Indígenas da etnia xavante, na Aldeia Aldeiona, na corrida de revezamento com tora de buriti na cerimônia exóticas” do liberalismo econô-
de escolha de padrinho por adolescentes. Campinápolis (MT), outubro de 2020. mico e do Marxismo, os quais
o regime autoritário naciona-
71 lista procurou extirpar o solo
brasileiro mediante repressão
política, censura e intervenção
federal em assuntos regionais,
13:23 D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 71 28/06/22 13:23 os índios seriam defendidos por
Vargas por conterem as verda-
deiras raízes da brasilidade.
GARFIELD, Seth. As raízes de uma planta
que hoje é o Brasil: os índios e o Estado-
-Nação na era Vargas. Revista Brasileira
de História, São Paulo, v. 20, n. 39,
p. 15-54, 2000.
71
72
72
ACERVO ICONOGRAPHIA
TEXTO DE APOIO
Frentes populares na Era
Vargas
O restabelecimento de uma
ordem legal estimulou a parti-
cipação política e fortaleceu o
movimento social. Várias greves
eclodiram no período e o pro-
cesso político radicalizou-se. To-
talmente divergentes entre si, a
Ação Integralista Brasileira (AIB)
e a Aliança Nacional Libertadora
Raimundo Padilha, um dos fundadores da AIB em Niterói (RJ), discursando. À sua esquerda, Plínio Salgado, (ANL) eram bem definidas pro-
fundador da AIB. 1937. gramaticamente e conseguiram
produzir grande mobilização no
país.
Os integralistas A AIB, criada em 1932 e di-
Os integralistas, liderados pelo escritor Plínio Salgado, seguiam os princípios do fas- rigida pelo intelectual Plínio
cismo de Benito Mussolini. Em 1932, os integralistas fundaram a Ação Integralista Salgado, inspirada no fascismo
italiano, possuía uma estrutu-
Brasileira (AIB),, uma organização política que tinha por lema Deus, Pátria e Família e
ra organizacional paramilitar.
que defendia: Pautava-se por um naciona-
• um governo autoritário dirigido por um chefe e um partido único; lismo e um moralismo extre-
mados, o que a fez ter muitos
• o predomínio dos interesses da nação sobre os dos indivíduos;
adeptos entre militares e ca-
• a censura aos meios de comunicação. tólicos. Combatia os partidos
Assim como os fascistas, os integralistas faziam uso da violência contra adversários políticos existentes e defendia
a integração total da sociedade
políticos, principalmente contra os comunistas. Apelando para um nacionalismo agressivo,
e do Estado, que seriam repre-
a AIB conseguiu o apoio de membros das camadas médias, do alto clero, do empresariado sentados por meio de uma úni-
e das Forças Armadas. A AIB chegou a possuir mais de 100 mil filiados e mais de mil ca e forte agremiação: a própria
núcleos espalhados pelo país. AIB. [...] Os integralistas usavam
um uniforme que os tornou
73 conhecidos como os “camisas-
-verdes” e adotavam também
um símbolo – o sigma – e um
gesto de saudação, acompanha-
18:07 D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 73 Dica de leitura 28/06/22 13:23 do de uma espécie de brado de
guerra de inspiração indígena:
Artigo que apresenta a luta entre integra- “Anauê!”. De início, a AIB dava
listas e forças de esquerda agrupadas na ANL sustentação política ao gover-
hegemonizada pelo PCB. no de Vargas, sobretudo na luta
• KONRAD, Diorge Alceno. Lutas políticas e pro-
contra o comunismo.
jetos sociais distintos dos trabalhadores brasi- PANDOLFI, Dulce. Os anos 1930: as incertezas
do regime. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO,
leiros na década de 1930: os casos da Aliança Lucilia de Almeida Neves (org.). O tempo do
Nacional Libertadora (ANL) e da Aliança Inte- liberalismo excludente: da Proclamação da
República à Revolução de 1930. 5. ed. Rio de
gralista Brasileira (AIB). Aedos, Porto Alegre, Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. (O Brasil
v. 7, n. 17, p. 342-364, dez. 2015. republicano, v. 2, p. 31).
73
ACERVO UH/FOLHAPRESS
Imagens em movimento
Baseado no livro de Fernan-
do Morais e produzido por
Rita Buzzar, este filme retra-
ta a história de Olga Benário,
que foi companheira de Luís
Carlos Prestes.
• OLGA. Direção: Jayme Mon-
À esquerda, o escritor Graciliano Ramos com a neta, 1953. À direita, fac-símile do cartaz do filme brasileiro
jardim. Brasil: Globo Filmes/ Olga, de 2005, baseado no romance homônimo de Fernando de Morais.
Europa Filmes, 2004. Blu-ray
(141min). 74
TEXTO DE APOIO
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 74 28/06/22 13:23 D3_
Já a ANL, inspirada no modelo das frentes populares que surgiam na Europa para impedir o
avanço do nazifascismo, foi criada em março de 1935. Diferentemente da AIB, desde sempre fez
oposição cerrada ao regime: defendia propostas anti-imperialistas e levantava a bandeira da
reforma agrária e das liberdades públicas. A organização congregava comunistas, socialistas e
liberais desiludidos com o rumo que havia assumido o processo revolucionário iniciado em 1930,
e tinha como presidente de honra o ex-tenente e agora líder comunista Luís Carlos Prestes.
PANDOLFI, Dulce. Os anos 1930: as incertezas do regime. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (org.).
O tempo do nacional-estatismo: do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo. 4. ed.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. (O Brasil republicano, v. 2, p. 31-32).
74
rádio que havia descoberto o Plano Cohen,, segundo o qual os comunistas iriam provocar Estado Novo presente nas
ações de Vargas e na Consti-
greves, incêndios em igrejas e o assassinato do presidente.
tuição de 1937, que o auto-
rizava a governar por decre-
KEYSTONE-FRANCE/GAMMA-KEYSTONE/GETTY IMAGES
tos-leis.
• Refletir com os alunos sobre
a estratégia golpista dos inte-
gralistas ao atacarem o Palá-
cio da Guanabara, em 1938.
Vargas lendo em cadeia
• Alertar para o fato de que
nacional de rádio as
razões que o levaram Vargas exerceu sua domina-
a desfechar o golpe de ção também por meio de po-
1937, definido por ele líticas públicas em áreas sen-
como o início de uma
síveis, como educação, saúde
revolução que mudaria
o Brasil. Rio de Janeiro e trabalho, e de uma propa-
(RJ), 10 de novembro ganda que buscava transfor-
de 1937. má-lo em um mito político.
Dica de leitura
Texto que caracteriza o pe-
ríodo do Estado Novo.
• ESTADO Novo In: MARTINS,
Na realidade, o Plano Cohen era falso, mas serviu de pretexto para que, em 10 de Luciano. Dicionário históri-
novembro de 1937, Vargas desse um golpe e implantasse uma ditadura, o Estado Novo.. co-biográfico brasileiro. Rio
Naquele mesmo dia, ele fechou o Congresso Nacional e impôs ao país a Constituição de de Janeiro: Fundação Getúlio
1937, que permitia ao presidente governar por decretos-leis (leis impostas). As eleições Vargas/CPDOC, [2015]. Dispo-
presidenciais foram suspensas; as greves, proibidas; e os sindicatos passaram a ser ainda nível em: http://www.fgv.br/
mais controlados pelo governo. cpdoc/acervo/dicionarios/
Vargas iniciou seu novo governo decretando a extinção de todos os partidos políticos. verbete-tematico/estado-
Inconformados, os integralistas atacaram o Palácio Guanabara, residência do presidente, novo. Acesso em: 13 jun. 2022.
em maio de 1938. Ajudado por sua guarda pessoal, Vargas resistiu ao golpe à bala; em
seguida, aproveitou-se do episódio para mandar prender seus adversários. Mas Vargas
não se manteve no poder só por meio da violência; ele adotou também um conjunto
de políticas públicas nas áreas do trabalho, da educação e da saúde e uma cuidadosa
propaganda para exercer sua dominação.
75
13:23 D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 75 TEXTO DE APOIO vislumbrado como a saída para o século líder ou de um partido único, foi uma mar-
28/06/22 13:23
XX. Isto pode ser resumidamente traduzido ca desses regimes. O Estado Novo no Brasil
Pressupostos do Estado Novo como autoritarismo político e ideologia na- foi a expressão clara desses pressupostos,
cionalista extremada. Dentro dessa ótica, o através das várias comemorações cívicas
A questão do Estado era central na crítica
governo regularia as atividades do cidadão, que inventou e cultivou e também através
que os autoritários faziam ao liberalismo.
promoveria o desenvolvimento (seguindo do culto à personalidade do “chefe”, Getú-
Mas eles pregavam a necessidade de forta-
lecer a autoridade do Estado – e o corporati- metas fixadas por assessores técnicos) e fo- lio Vargas. Aqui, na ausência de um parti-
vismo se prestava a isso – sem cair nos pos- mentaria o espírito de nacionalidade. O na- do, Getúlio era o chefe político que simbo-
tulados do socialismo, que, para levar a cabo cionalismo construiria a Nação. lizava o poder do Estado e a nacionalidade.
tal fortalecimento, enfraqueceria a Nação A distinção entre Estado e Nação – go- Era o chefe de Estado e da Nação.
e as noções de nacionalidade e nacionalis- verno e comunidade −, e ao mesmo tempo D’ARAUJO, Maria Celina Soares. O Estado Novo.
mo. Um Estado-Nação forte era o caminho a necessidade de fundi-los, através de um Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. p. 12-13.
75
Imagens em movimento
Vídeo produzido pelo Tri-
bunal Superior do Trabalho
em comemoração aos 70 anos
das Leis Trabalhistas, que
apresenta a história da criação
da CLT no Brasil.
• ESPECIAL CLT 70 anos. 2014.
Vídeo (26min51s). Publicado
pelo canal Tribunal Superior
do Trabalho. Disponível em:
https://www.youtube.com/
watch?v=K6wufJc-kSI. Aces-
so em: 13 jun. 2022.
TEXTO DE APOIO
Concentração trabalhista em homenagem a Getúlio Vargas no estádio do Vasco da Gama, Rio Janeiro (RJ),
Criação das Leis
1942. Na faixa lê-se os dizeres: “Salve Getúlio Vargas, creador da grande siderurgia”. O Estado Novo fez um
Trabalhistas grande investimento em propaganda com o objetivo de transformar Getúlio Vargas em um mito.
[...] em 1940, foi criado o im-
posto sindical, um dispositivo 76
através do qual o poder públi-
co promovia o financiamento
da ampla rede sindical recém-
-construída. Com ela, embora a OuD3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd
seja, todos pagavam, 76 mas somente poucos Leis do Trabalho, uma espécie de código que reu- 28/06/22 13:23 AV_
filiação ao sindicato não fosse se beneficiavam. [...] nia toda a legislação trabalhista existente no país.
obrigatória, o financiamento Sindicato único, imposto (ou contribuição) sin- Foi também durante o Estado Novo que se
era obrigação de todos. A par- dical e Justiça do Trabalho sobreviveram intactos criou a carteira de Trabalho, que passou a ser
tir de então o governo passou a à República liberal de 1946 e ao regime militar considerada o mais importante documento de
descontar um dia de salário de (1964-85) e foram mantidos na Constituição de
identificação do trabalhador brasileiro. Uma in-
todos os trabalhadores empre- 1988. A longevidade dessas leis mostra que elas
tensa campanha do governo associou cidadania
gados no mercado formal. Esse tiveram ampla base social e, principalmente, que
à [...] carteira assinada e promoveu a valorização
dinheiro reverteria para sindica- a estrutura montada a partir do Estado Novo não
tos, federações e confederações seria facilmente desmontada. Coroando esse pro- do trabalho como instrumento de nacionalidade.
e financiava a assistência que o cesso regulador do mercado de trabalho indus- D’ARAUJO, Maria Celina Soares. O Estado Novo.
sindicato oferecia aos filiados. trial, em 1943 foi criada a CLT, Consolidação das Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. p. 54-55.
76
a) Qual era a tática usada pelas pessoas comuns para conseguir o que queriam junto
ao presidente Vargas?
b) Imagine e descreva a reação de uma pessoa comum ao receber uma carta do presidente
Vargas. Resposta pessoal.
c) O que se pode inferir a respeito do trabalhismo de Vargas com base na ação dos jan-
gadeiros que navegaram de Fortaleza ao Rio de Janeiro? E da reação da Presidência
da República a seus pedidos?
c) A ação dos jangadeiros permite-nos inferir que o trabalhismo era eficiente, pois, por meio dessa política,
o presidente fazia diferença na vida das pessoas comuns.
77
77
CPDOC/FGV
• Evidenciar a dupla face do
DIP: um lado dedicado à cen-
sura severa dos meios de co-
“A capoeira é o
municação; outro, voltado à único esporte
exaltação da pessoa do pre- verdadeiramente
sidente e suas “realizações” nacional”, disse
(para usarmos aqui um ter- Getúlio Vargas, em
1953, ao presenciar
mo da época). apresentação de
Mestre Bimba em
Salvador (BA).
Dica de leitura
Texto a respeito da criação e
atuação do DIP.
• DEPARTAMENTO de Imprensa
e Propaganda (DIP). 2. ed. In: Mas, além disso, o DIP também exercia severa censura sobre
ARAÚJO, Rejane. Dicionário jornais, revistas, rádio, cinema e demais manifestações culturais. O
histórico-biográfico brasileiro. controle sobre os meios de comunicação era tão grande que, a partir
Rio de Janeiro: Fundação de 1940, o DIP negou o registro a 420 jornais e 346 revistas. Além
Getúlio Vargas/CPDOC,
disso, cassou o registro daqueles que faziam críticas ao governo.
[2015]. Disponível em: http://
Os meios de comunicação de massa mais usados pelo governo
www.fgv.br/cpdoc/acervo/ Hora do Brasil:
programa Vargas foram o jornal e o rádio. Por meio do rádio, o presidente fazia
dicionarios/verbete-tematico/
departamento-de-imprensa-
radiofônico sua voz chegar à casa do trabalhador que, com a sua família, esperava
criado em 1938
e-propaganda-dip. Acesso a Hora do Brasil para ouvi-lo. A propaganda oficial de Vargas fez
e transmitido
em: 19 abr. 2022. diariamente por uso também de manifestações culturais com fortes raízes populares,
todas as estações como o samba e a capoeira, que foram transformados à época em
de rádio.
símbolos nacionais.
78
TEXTO DE APOIO D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 78 Foi o que aconteceu aos proprietários de O Estado de São Pau- 28/06/22 13:23 059
lo,, que na época já era um dos mais importantes periódicos do
lo
O papel da imprensa na Era Vargas país. A censura foi uma importante faceta do regime. O DIP não
só preparava o material de propaganda do governo como contro-
A propaganda de massa era efetuada pelo DIP (chefiado por lava com censores todas as matérias da imprensa escrita e falada.
Lourival Fontes), órgão que também efetuava a censura a todos As concessões de rádio eram rigorosamente controladas por esse
os veículos da imprensa, nessa época restrita a jornais, revistas órgão, e 60% das matérias dos noticiários eram fornecidos pela
e rádio. A imprensa deveria ter a função pública de apoiar o go- Agência Nacional.
verno e auxiliar no projeto nacional, e quem assim não agisse D’ARAUJO, Maria Celina Soares. O Estado Novo.
poderia ser punido inclusive com a desapropriação de seus bens. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. p. 38-39.
78
CARLOS/FUNARTE/CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO
ção no mundo da cultura. Em 1944, foi fundado, no Rio
assim para o desenvolvimen-
de Janeiro, o Teatro Experimental do Negro (TEN).
to da competência geral 3 e
Leia a seguir o que diz um historiador. da habilidade EF09HI07.
[...] Para seus fundadores (Abdias do Nascimento,
• Discutir com os estudantes a
Aguinaldo Camargo e Sebastião Rodrigues Alves), o
experiência do TEN, e a par-
TEN significou um ato de protesto pela ausência do
ticipação no debate público
negro nos palcos brasileiros – na época era comum
Cena da peça Anjo negro, por meio da publicação do
pintar o rosto do ator branco com camadas de maquia- Rio de Janeiro (RJ), 1948. Jornal Quilombo.
gem preta para representar personagens negros nos Com a pele escurecida, o ator
branco Orlando Guy faz o • Contextualizar as demandas
espetáculos teatrais [...]. Assim, a proposta original era
papel de Ismael, um médico do TEN, que de certa forma
formar um grupo teatral constituído apenas por atores
negro bem-sucedido, que traz percutiam os pleitos da co-
negros, dedicado a encenar peças nas quais esses atores estampado no rosto o drama munidade negra à época.
pudessem revelar todo o seu potencial artístico. [...] vivido por ele na sociedade
brasileira da época. • Alertar para o fato de que o
[…] O grupo só conseguiu se apresentar no pres-
estudo desta página e a refle-
tigiado Teatro Municipal devido à intervenção do [...]
xão sobre os conteúdos nela
Vargas. Durante um encontro do presidente [...] Abdias do Nascimento teria feito
estampados contribuem
um discurso acusando o Teatro Municipal de “fortaleza do racismo”. Sensibilizado,
para o desenvolvimento da
Getúlio Vargas deu ordens que permitiram a apresentação do TEN no local [...].
habilidade EF09HI07.
[...] em 1948, [o TEN] iniciou a publicação do jornal Quilombo, que funcionava como
• Temas Contemporâneos
veículo de divulgação das ideias do grupo [...] que visava a:
Transversais: ao tratar do
a) Trabalhar pela valorização do negro brasileiro em todos os setores: social, cultural,
TEN, aborda-se um importan-
educacional, político, econômico e artístico.
tíssimo tópico para educação
Para atingir esses objetivos, o Quilombo propõe-se a:
das relações étnico-raciais e
b) Lutar para que, enquanto não for tornado gratuito o ensino em todos os graus,
da história afro-brasileira,
sejam admitidos estudantes negros, como pensionistas do Estado, em todos os
trabalhando o tema multicul-
estabelecimentos particulares e oficiais de ensino secundário e superior do país, turalismo. O TEN marca uma
inclusive nos estabelecimentos militares. ruptura nas relações raciais no
c) Combater os preconceitos de cor e de raça e as discriminações que por esses motivos Brasil e constrói um novo lu-
se praticam, atentando contra a civilização cristã, as leis e a nossa constituição. gar para a arte produzida pela
c) Os itens A e C contêm demandas DOMINGUES, Petrônio. A nova abolição. São Paulo: Selo Negro, 2008. p. 69-71. população afro-brasileira.
semelhantes; já o item B, inova ao pleitear que os estudantes negros sejam admitidos como pensionistas do Estado. Além de ter espaço reservado
a) Em que contexto o ator, escritor e pintor negro Abdias do Nascimento e seus colegas
na história do teatro nacio-
criaram o Teatro Experimental Negro?
nal, ao vencer a segregação
b) A leitura do texto permite inferir o protagonismo do ativista Abdias do Nascimento racial que operava nas artes
na história do TEN?
cênicas, o TEN alçou também
c) Compare as demandas do jornal Quilombo com as dos jornais da imprensa negra para a teledramaturgia ar-
das primeiras décadas do século XX.
tistas icônicas, como Ruth de
b) Sim, pois acredita-se que foi ele quem conseguiu convencer o presidente Vargas a autorizar a apresentação do Souza. Dessa maneira, o TEN
TEN no Teatro Municipal.
79 contribui para a valorização
da identidade afro-brasileira.
79
80
TEXTO DE APOIO AV_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 80 exportações brasileiras era de 71,7% e do algodão de apenas 2,1%. 20/08/22 14:06 D3_
O período que começa em 1929/1930 aparece como muito re- Além da produção industrial, devemos ressaltar o aumento da
levante, tanto do ponto de vista da produção agrícola quanto da produção agrícola destinada ao mercado interno. Arroz, feijão,
carne, açúcar, mandioca, milho e trigo passaram a representar,
industrial. Naqueles anos abriu-se a crise do café, cujo papel na
entre 1939 e 1943, 48,3% do valor da produção das lavouras. Em
agricultura de exportação começou a declinar. A produção do al-
1925-1929, não iam além de 36% desse valor.
godão cresceu, destinando-se tanto à exportação quanto à indús-
tria têxtil nacional. Entre 1929 e 1940, a participação do Brasil na As taxas de crescimento anual da indústria permitem entender
área plantada de algodão em todo o mundo aumentou de 2% para melhor o processo de industrialização posterior a 1930.
8,7%. Nos anos 1925-1929, a participação do café no valor total das FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001. p. 216-217.
80
ACERVO ICONOGRAPHIA
prias para montar o quadro a) Descreva o que você vê na imagem.
proposto. Porém uma correção Por que será que Almerinda está
cuidadosa se faz necessária, já sorrindo?
que o resultado do exercício b) Escreva um pequeno texto rela-
pode ser utilizado como ficha cionando a luta das mulheres por
de estudo para revisão. direitos à Constituição de 1934.
2. A atividade pode desenvol- c) Pergunte a seus pais ou responsáveis
ver a competência socioemo- sobre a maneira como eles partici-
cional de consciência social na pam das eleições. Converse com os
medida em que compreender colegas e o professor sobre o que
você descobriu.
a alegria de uma mulher exer-
cendo o direito ao voto pode d) Em dupla. Pesquisem sobre a quan-
tidade de mulheres no parlamento
demandar empatia por parte
brasileiro. Em seguida, conversem e
dos alunos. opinem sobre o assunto. Almerinda Faria Gama, advogada, líder sindical e do
a) Espera-se que os alunos res- 2. b), c) e d) Respostas pessoais. movimento feminino, depositando o voto na urna para
pondam que a felicidade dela 3 Identifique as alternativas corretas. a escolha de deputados que integrariam a Assembleia
Nacional Constituinte. Rio de Janeiro (RJ), 1933.
possivelmente se deva ao fato A Constituição de 1934 regulamen-
de estar exercendo seu direito tou, criou e/ou reconheceu:
de votar. a) o voto aberto para maiores de 21 anos, o que dificultava bastante a prática da corrupção
eleitoral, tão comum nas décadas anteriores;
b) É possível que os alunos es-
crevam que a Constituição de b) o voto feminino: ganhando o direito de voto, as mulheres passaram a ter importância cada
vez maior na política; 2. a) A imagem apresenta Almerinda
1934 garantiu às mulheres o
direito de votar e de serem vo- c) a justiça eleitoral: tinha como objetivo zelar pelas eleições; Faria Gama depositando seu voto na
urna, enquanto é observada por alguns
tadas, o direito à estabilidade d) o ensino primário gratuito, de frequência obrigatória; homens sentados à mesa eleitoral.
no emprego durante a gesta- e) os direitos trabalhistas: foram reconhecidos direitos como jornada de trabalho de 8 horas,
ção e a proteção no trabalho. descanso semanal remunerado, férias anuais remuneradas, entre outros.
3. Alternativas B, C, D e E.
Professor, comentar que essas
conquistas são fruto de uma 82
luta coletiva das mulheres por
direitos, que já vinha se desen-
volvendo há décadas. eleitores ou mesmo candidatos
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 82 ou candida- diálogo precisa ser estabelecido com base no 28/06/22 13:23 AV_
c) É possível que na resposta tas. Procurar acolher e ouvir todas as respos- respeito e possui como objetivo a compreensão
dos estudantes exista uma di- tas e, em seguida, aproveitar esse momento da necessidade de representação de mulheres
versidade de opiniões: adultos para desconstruir alguns preconceitos sobre na política, portanto, uma demanda pelo reco-
que desacreditam a importân- o voto e as eleições, mostrando sua importân- nhecimento e valorização da diversidade.
cia do voto e outros que se en- cia tanto para o exercício da cidadania quan- 3. Correção da alternativa a): voto secreto
volvem em campanhas e comí- to para a democracia. para maiores de 18 anos; o que dificultava
cios eleitorais e/ou participam d) A proposta de conversa oferece a chance de bastante a prática da corrupção eleitoral,
das eleições como mesários, desenvolver a competência geral 9, visto que o tão comum nas décadas anteriores.
82
BELMONTE/FOLHAPRESS
1 2 3 4 5
munista.
8. b) Grande Depressão (1929-
1933) e a Segunda Guerra, Charge de
que estimularam o Brasil a Belmonte, c. 1930.
produzir o que antes impor- a) O que está acontecendo nos quadrinhos de 1 a 5?
tava; internos: as medidas b) Com base nos quadrinhos 6 e 7, explique como as pessoas reagiram ao ver o prédio pegando fogo?
industrialistas do governo c) Como terminou essa história (quadrinhos 8, 9 e 10)?
Vargas, tais como política d) Que relação há entre os quadrinhos e o golpe dado por Vargas, em 1937, que resultou na
alfandegária protecionis- instalação do Estado Novo?
ta (aumento dos impostos
sobre manufaturados im-
8 Observe o gráfico com atenção.
Brasil: taxa de crescimento da
a) O que se pode concluir pela leitura do agricultura e da indústria (1920-1945)
portados), abolição dos im-
gráfico?
SONIA VAZ
postos interestaduais (unifi-
b) Que fatores ajudam a explicar o fenô- 12
11,2%
cando o mercado nacional), meno mostrado no gráfico?
facilitação de financiamen- 10
8. a) Conclui-se que, entre 1933 e 1939, o crescimento
to para a aquisição de maté- do setor industrial superou em muito o agrícola. Além 8
disso, é possível concluir que, durante a Segunda Guerra
rias-primas e máquinas para (1939-1945), o crescimento industrial sofreu uma queda 6 5,4%
as indústrias e a fixação do considerável, mas, apesar disso, continuou sendo mais
salário mínimo em 1940, alto do que o da agricultura. 4
4,1%
7. d) A charge relaciona-se ao Plano Cohen, forjado pelo próprio governo Vargas, e segundo o qual os comunistas
iam provocar incêndios e matar o presidente.
84
Dica de leitura
AV_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 84 Imagens em movimento 20/08/22 09:59 D3_
Livro que contém uma abordagem dos fa- Retrato da trajetória do cartunista Bel-
tos ocorridos no passado que modificaram a monte.
vida dos povos indígenas, no tocante a seus • BELMONTE (1981). 2014. Vídeo (11min12s).
costumes, terras e direitos, e que desencade- Publicado pelo canal EMPLASA. Disponível
aram uma série de transformações que aju- e m : h t t p s : / / w w w. y o u t u b e . c o m /
dam a explicar o cenário atual do país. watch?v=Nr38npp8EOc. Acesso em: 13 jun.
• GOMES, Mércio Pereira. Os índios e o Brasil: 2022.
passado, presente e futuro. São Paulo: Con-
texto, 2017.
84
MACEDO, Michelle Reis de. Recusa no passado, disputa no presente: esquerdas revolucionárias e a reconstrução POVO
GRATIDÃO E
do trabalhismo no contexto da redemocratização brasileira (décadas de 1970 e 1980). Tese (Doutorado em História) –
APOIO
Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2012. p. 30-31.
a) Represente por meio de um esquema a noção de pacto social estabelecido entre o governo
Vargas e o povo. a) Resposta pessoal.
b) Com base em seus conhecimentos e na leitura desse e de outros textos, apresente e avalie os
meios usados pela propaganda varguista.
c) Escreva no caderno as alternativas corretas. c) Alternativas I e IV. Terminando, Senador Getúlio
Vargas, mais uma vez eu tenho o
I. No Brasil, o trabalhismo está associado ao Estado Novo, às políticas econômicas, sociais e
grande prazer e a honra insigne
culturais de Vargas.
de vos felicitar pela vossa extraor-
II. O trabalhismo contou com o apoio de instituições democráticas, como partidos políticos dinária vitória nas urnas, por nos-
e eleições livres. sa vitória, pela vitória do Brasil.
III. O trabalhismo de Vargas foi recusado pelos trabalhadores que pleiteavam maior participa- Cordeais saudações
ção política e ganhos sociais. De V. Exca.
IV. Apesar de viver sob um governo autoritário, os trabalhadores usaram o trabalhismo em Humilde Cro. e admirador
seu favor. Alfredo Maranhão
09:59 +ATIVIDADES
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 85
O humilde sertanejo que vos fala neste mo-
28/06/22 13:23 O documento acima foi es-
mento, é naquele mesmo a quem vossa ex- crito por Alfredo Maranhão.
Leia o texto a seguir com atenção. celência, com a grandeza do seu coração, lhe A partir da leitura da carta
Excmo. Sr. Senador Dr. Getúlio Vargas concedeu o ano passado passagens na Panair,
e do conceito de trabalhismo,
Encontrava-me na vizinha cidade Balsas, para que a sua filhinha, a menor Lígia, fosse ao
caracterize a relação entre
quando tive a felicidade de assistir pelo rádio, a Rio se submeter a tratamento, o que jamais me
vossa posse na suprema corte do nosso Brasil. esquecerei. Eu sou um humilde trabalhador,
Vargas e os trabalhadores.
mas, sei bem observar os princípios de grati- Resposta pessoal. Professor,
Eu e os meus companheiros queremistas,
continuamos com a nossa fé viva em vossa dão e como já era um forte queremista, agora o autor da carta manifesta seu
excelência, certos de que a grandeza do nosso mais do que nunca, deixarei de estar sempre sentimento de gratidão e a
querido Brasil, mui-dependerá do vosso espírito firme ao vosso lado, ao lado da maioria dos intenção de seguir apoiando
e da vossa dinâmica capacidade administrativa. brasileiros. Vargas politicamente.
85
lizados?
• Tinha conhecimentos ante
riores que o auxiliaram na
realização?
• Foi fácil ou difícil? Se foi difí
cil, saberia dizer por quê? Catarina Lorenzo em
evento da Unicef.
• Como você avalia sua parti
Nova York (EUA), 2019.
cipação no grupo? (Realizou
tarefas que contribuíram
para o trabalho? Sugeriu for
mas de organizar o trabalho?
Colaborou com seus colegas
na realização de tarefas?).
• Você considera que a manei
ra como o tema foi abordado
ajudou na sua compreensão 86
dos conteúdos e propostas de
atividades?
Dica de leitura
D3_HIS-F2-2111-V9-U1-C03-LA-G24.indd 86 28/06/22 13:23 AV_
87
2
autoritários na atualidade e
o fantasma da guerra entre
Rússia e Ucrânia enquanto es-
crevemos este livro, acenderam,
GUERRA, PROPAGANDA
em nós, historiadores de ofício,
um sinal de alerta, e tornaram
E POLÍTICA DE MASSAS
ainda mais relevante o estu-
do dos temas de força desta
unidade: fascismo, nazismo,
depressão econômica e guerra.
Na abertura de cada capítu- FONTE 1
lo, explicitamos os objetivos, as
justificativas e as principais com-
HULTON ARCHIVE/GETTY IMAGES
sa articulação. ticas. Esse objetivo articula-se à habilidade avanço tecnológico dos meios de comunicação.
Objetivo: discutir sobre os EF09HI13, às competências gerais 1, 2, 4, 5 [...] O poder político, nesses casos, [...] tenta su-
horrores da guerra e promo- primir, dos imaginários sociais, toda represen-
e 7 e às competências específicas 1, 2, 3 e 6.
ver a cultura da paz. Esse ob- tação [...] que seja distinta daquela que atesta a
jetivo articula-se à habilidade sua legitimidade [...]. Em regimes dessa nature-
ENCAMINHAMENTO za, a propaganda política [...] tende a provocar
EF09HI13, às competências
Sobre o assunto debatido nestas páginas paixões, visando assegurar o domínio sobre os
gerais 1, 2, 4, 5 e 7 e às compe-
corações e mentes das massas.
tências específicas 1, 2, 3, 4 e 6. de abertura, escreveu um estudioso:
PEREIRA, Wagner Pinheiro. Cinema e propaganda política no
Objetivo: debater sobre a A propaganda política, entendida como fe- fascismo, nazismo, salazarismo e franquismo. História: Questões
ascensão e a consolidação dos nômeno da sociedade e da cultura de massas, & Debates, Curitiba, n. 38, p. 101-132, 2003. p. 102.
88
IMAGNO/GETTY IMAGES
tetura, ritos, festas, comemo-
rações, manifestações cívicas e
esportivas. [...]
Para melhor submeter a popu-
lação, preparar as massas para
as grandes tarefas nacionais e
favorecer uma revolução espiri-
tual e cultural, o governo Hitler
criou, em 1933, o novo Ministé-
rio da Informação Popular e da
Propaganda, cuja organização
foi confiada a Joseph Goebbels.
A partir daí, divulgaram-se, por
toda parte, as atuações do parti-
do; o país foi inundado por pan-
fletos, cartazes vermelhos or-
nados de cruz gamada e jornais
distribuídos nas ruas, caixas de
correio ou lançados por aviões.
Alto-falantes foram usados para
repetir as palavras de ordem ou
para fazer ouvir as palavras do
Professora alemã despedindo-se de seus alunos. Alemanha, c. 1933. líder gravadas em discos.
Por meio de meetings organi-
zados por todo o país, oradores
O personagem principal da página à esquerda é bastante conhecido. Quem já não formados pelo partido popula-
viu o ditador Adolf Hitler na TV ou no cinema, poderosos meios de comunicação de rizaram temas e slogans de fácil
massa? Na fonte 4, vemos uma professora se despedindo dos seus alunos com a assimilação. As águias, as ban-
saudação nazista. Isto pode ser visto como uma forma de difusão do nazismo entre deiras, a cruz gamada de fundo
as crianças. Que relação podemos estabelecer entre a fonte 2 e a fonte 1? E entre vermelho branco, os cantos e
as fontes 2 e 3? A propaganda pode ter ajudado na atitude das crianças mostradas hinos, os uniformes marrons,
na fonte 4? Que relação se pode estabelecer entre o monopólio dos meios de comu- as paradas das S.A., desfilando
nicação e a força da propaganda nos regimes totalitários? em colunas numa ordem im-
pecável ao som de fanfarras e
Respostas pessoais. à luz de tochas, os Seig Heil ou
89 os Heil Hitler,
Hitler, repetidos em coro
pela multidão, não somente as-
seguravam a coesão das massas,
impressionando os indecisos e
13:24 ENCAMINHAMENTO
AV_HIS-F2-2111-V9-U2-C04-LA-G24.indd 89 TEXTO DE APOIO 20/08/22 11:09
aterrorizando os adversários,
Sugerimos refletir, com os alunos, que o mas também suscitaram êxtase
O espetáculo do poder e devotamento. O povo, segun-
professor tem um importante papel, seja na
difusão de ideologias autoritárias, seja na O totalitarismo [..] produz estruturas socioafeti- do Goebbels, deveria “começar
vas que se caracterizam por uma dimensão emo- a pensar em unidade, a reagir
disseminação de uma cultura da paz.
cional intensa. A propaganda política em regimes em unidade e se colocar à dis-
posição do governo com toda a
dessa natureza atua a fim de aquecer as sensibili-
simpatia” [...].
dades e tende a provocar paixões. Os sentimentos,
fenômenos de longa duração, são manipulados CAPELATO, Maria Helena. Multidões em
cena: propaganda política no varguismo e
de forma intensa pelas técnicas de propaganda no peronismo. São Paulo: Editora Unesp,
com o objetivo de produzir forte emoção. Mas os 2009. p. 66-76.
89
4
vésperas da Primeira Guerra lado, e Grã-Bretanha, França, Iugoslávia, Japão e Finlândia, do outro. O atleta italiano
Mundial. faz papel de juiz, observando a competição com os braços atrás das costas. As camisetas
• Compreender a política de A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
alianças e a paz armada como dos atletas estão impressas com as cores e os símbolos das bandeiras dos respectivos países.
fatores da Primeira Guerra 3. Porque, inicialmente, a Itália esteve do lado da Grã-Bretanha, mas, depois de um
Mundial. ano, mudou de lado e aliou-se à Alemanha.
4. Resposta pessoal.
• Analisar as fases da guerra,
com destaque para a guerra
Observe a imagem com atenção.
de trincheiras. FOTOTECA GILARDI/GETTY IMAGES
BNCC
• Competências gerais: 1, 2,
4, 7, 8 e 9.
• Competências específicas: Postal de propaganda Esporte bélico 1914. Milão (Itália), 1914.
1 e 2.
• Habilidades: EF09HI10 e 1. O que vemos na imagem?
EF09HI13. 2. Que países esses homens representam? Como podemos saber disso?
3. Por que será que o artista representou a Itália no papel de juiz?
4. O que será que explica essa rivalidade intensa entre os países representados na
imagem?
90
ENCAMINHAMENTO AV_HIS-F2-2111-V9-U2-C04-LA-G24.indd 90 Alemanha e o Império Austro-Húngaro, e as azuis, Grã-Bre- 30/06/22 16:41 088
SELMA CAPARROZ
lia faz o papel de juiz. GRÃ-BRETANHA
0°
Mar do
Mar Báltico
Norte
• Trabalhar os conceitos de na-
ção eslava e de pan-eslavismo.
• Aprofundar o assunto aces- RÚSSIA
ALEMANHA
sando o site: 100 ANOS Pri- Observe que, no decorrer
wich
meira Guerra Mundial. Es- da guerra, a Itália mudou OCEANO
reen
de lado e, em 1915, ATLÂNTICO
tadão, 2014. Disponível em:
de G
aliou-se à Tríplice FRANÇA IMPÉRIO
https://infograficos.estadao. AUSTRO-HÚNGARO
diano
Entente. Esperava com
com.br/especiais/100-anos-
Meri
isso obter parte das
primeira-guerra-mundial/.
Mar Negro
colônias alemãs na África
M
Acesso em: 15 jun. 2022. que a Grã-Bretanha ITÁLIA
ar
40°
N
Ad
lhe havia prometido. Córsega
riá
tic
o
Mar
Sardenha
Tirreno
turas de mapas que envolvem Fonte: BARRACLOUGH, Geoffrey. Atlas da história do mundo.
as transformações na Europa São Paulo: Folha de S.Paulo: Times Book, 1995. p. 248.
durante o século XX podem ser
desenvolvidas junto ao profes-
sor de Geografia. Se possível, A luta dos sérvios pela “Grande Sérvia”
levar para a sala de aula um Nação eslava: nação
habitada por povos A Sérvia era uma nação eslava independente que lutava para
mapa atual do continente eu-
pertencentes ao grupo libertar os territórios habitados por eslavos na região dos Bálcãs, a
ropeu, para que os alunos pos- linguístico eslavo, tais
sam analisar as mudanças nos como os servo-croatas,
fim de formar a “Grande Sérvia”. Ocorre que uma parte dos eslavos
limites territoriais, assim como os russos, os poloneses, estava sob o domínio do Império Austro-Húngaro, e a outra sob o
o surgimento de novos países. os tchecos, os eslovacos, controle do Império Turco. Para enfrentar austríacos e turcos, a Sérvia
os búlgaros e os
Organizar a turma em peque- ucranianos. buscou a ajuda da Rússia, que na época defendia o pan-eslavismo
nos grupos para a comparação Pan-eslavismo: e ambicionava expandir suas fronteiras.
dos mapas e, em seguida, pedir movimento contrário à Além das rivalidades imperialistas e da política de alianças,
que cada um deles indique uma penetração das ideias
outro fator que contribuiu para o início da guerra foi a ascensão
ocidentais e defensor da
mudança que perceberam. Ex- do Japão e dos Estados Unidos como potências regionais com
originalidade da história
plicar que, durante o desenvol- e dos valores culturais pretensões expansionistas; somava-se a tudo isso, ainda, a corrida
vimento da unidade 2, eles te- eslavos.
armamentista, também conhecida como “paz armada”.
rão oportunidade de acompa-
nhar os processos que levaram
a algumas transformações nas
92
fronteiras.
-Bretanha tinha feito acordos para a redução de aliança entre seus vizinhos a leste e a oeste, a
TEXTO DE APOIO AV_HIS-F2-2111-V9-U2-C04-LA-G24.indd 92
conflitos. A Grã-Bretanha e a França, mesmo que França e a Rússia. Como contrapeso, voltou-se
30/06/22 16:41 AV_
não aliadas por meio de um tratado, tinham as- para seu vizinho ao sul, a Áustria-Hungria, um
Prelúdio da Guerra sinado a Entente Cordiale, em 1904, para resolver parceiro em dificuldade, por mais complicado
Os sistemas de alianças eu- suas disputas no Egito e no Marrocos e faziam que fosse ou dividido estivesse. A Alemanha
ropeus refletiam os receios de consultas mútuas sobre assuntos militares des- também tinha atraído a Itália para a sua órbita,
todos os estados. As duas po- de 1906. Esses acordos e hábitos criaram o que em 1882, criando a Tríplice Aliança.
tências centrais, a Alemanha e passou a ser conhecido como Tríplice Entente, GILBERT, Martin. A Primeira Guerra Mundial:
a Áustria-Hungria, estavam liga- formada por Grã-Bretanha, França e Rússia, que os 1.590 dias que transformaram o mundo. Rio de Janeiro:
das por laços tanto sentimentais deu às potências centrais a sensação de estarem Casa da Palavra, 2017. p. 25, 27.
como formais. O mesmo acon- cercadas. [...]
tecia, desde 1892, com a França A Alemanha, tão forte industrialmente e tão
e a Rússia, com as quais a Grã- confiante militarmente, desconfiava da estreita
92
A grande ilusão
A guerra? No fundo, os contemporâneos não sabiam o que era. Havia mais de quarenta anos de paz
armada entre as grandes potências, ninguém imaginava a violência de um conflito na era industrial.
Uma grande ilusão preside assim a mobilização: de todos os lados acredita-se numa guerra curta,
dura e brutal, sem dúvida, mas que não deveria passar de três a seis meses. Além desse prazo, todos
os especialistas, civis e militares, concordam em considerar que significaria a ruína total dos belige-
rantes, perspectiva apocalíptica julgada inconcebível. Haverá, então, uma ou duas grandes batalhas,
formidáveis choques frontais que decidirão o resultado do conflito. Parte-se simplesmente do mode-
lo da guerra heroica do século XIX, os generais sonhando com as furiosas cargas de cavalaria com o
sabre desembainhado, e soldados da infantaria armados com baionetas. [...]
94
95
(CONTINUAÇÃO)
Acreditando que a guerra é vencida pelas pernas dos soldados, os estrategistas franceses, que
continuavam a se maravilhar com a narrativa das campanhas napoleônicas, têm simplesmente
um século de atraso. Entretanto, as guerras da Crimeia, de Secessão e de 1870-1871 já anunciavam
essa nova era industrial de guerra baseada na técnica, aliada à rapidez crescente dos deslocamen-
tos. Os estrategistas franceses [...] vão logo descobrir a potência do fogo, a da artilharia em geral e
a da artilharia pesada em particular, capaz de imobilizar um exército muitos quilômetros antes de
chegar ao campo de batalha. Toda a coragem do mundo é inoperante contra o fogo industrial. [...]
LE NAOUR, Jean-Yves. A Primeira Guerra Mundial: o batismo do século (1914-1918). In: HECHT, Emmanuel; SERVENT, Pierre (org.).
O século de sangue: 1914-2014: as vinte guerras que mudaram o mundo. São Paulo: Contexto, 2016. p. 11.
95
WORLD HISTORY/ALAMY/FOTOARENA
da Itália à Tríplice Entente e
com a entrada na guerra de
Em 1915, a Itália rompeu com a Alemanha e aliou-se à Tríplice
vários países, entre os quais
Entente. E, enquanto milhares de jovens morriam nas trincheiras,
os Estados Unidos, a guerra
tornou-se mundial. outros países entravam na guerra: Itália, Romênia e Grécia, ao lado
da Grã-Bretanha; Bulgária e Império Turco-Otomano, ao lado da
• Promover a leitura do cartaz
Alemanha. No início de 1917, a Alemanha decidiu adotar a guerra
como uma oportunidade
para que os alunos perce- submarina, passando a bombardear qualquer navio encontrado em
bam de que modo as propa- águas inimigas. O afundamento do navio estadunidense Lusitânia,
gandas apelavam à partici- pelos alemães, foi um dos motivos da entrada dos Estados Unidos
pação e apoio da população. na guerra naquele mesmo ano.
• Questionar os alunos sobre Seguindo os Estados Unidos, outros países americanos, inclusive
que tipo de efeito a compa- o Brasil (que também teve o navio Paraná afundado pelos alemães),
Fac-símile de cartaz
ração com a heroína france- engajaram-se no conflito ao lado da Tríplice Entente.
estadunidense, no
sa poderia ter nas mulheres qual Joana d’Arc é Enquanto isso, triunfava na Rússia a Revolução Socialista (1917),
a quem a propaganda se des- representada com liderada por Vladimir Lênin. Argumentando que a Primeira Guerra
tinava. uma espada erguida era um conflito imperialista e que a Rússia se encontrava esgotada,
na mão direita.
Ilustração de Haskell o líder russo assinou com a Alemanha um tratado de paz em sepa-
Coffin, 1918. rado. E, assim, a Rússia saiu da guerra.
Dialogando
Observe o cartaz e responda:
a Você sabe quem foi Joana d’Arc? a) Joana d’Arc foi uma heroína francesa.
b Você consegue traduzir o que está escrito no cartaz? Se necessário, recorra a um dicionário de
inglês-português. b) Joana d'Arc salvou a França. Mulheres da América, salvem seu país. Comprem
selos para sustentar a guerra.
c Por que o cartaz diz que Joana d’Arc salvou a França?
c) Joana d’Arc liderou os exércitos franceses na luta para libertar a França do domínio inglês.
O Brasil na Guerra
Em 1914, os Estados Unidos já eram a maior potência econômica mundial e maior
parceiro comercial do Brasil, permanecendo os britânicos como grandes investidores
em estradas de ferro, usinas elétricas e indústria manufatureira. [...]
[...]
O café respondia por mais de 60% de nossas exportações, seguido de longe por
minerais e produtos diversos. [...]
96
TEXTO DE APOIO 088a108-HIS-F2-2111-V9-U2-C04-LA-G24.indd 96 uma série de episódios do tipo culminou na “trégua de Natal” de 24 24/08/22 08:56 D3_
TEXTO DE APOIO
O acordo de paz imposto pelas
grandes potências vitoriosas so-
breviventes (EUA, Grã-Bretanha,
França, Itália) e em geral, embo-
ra imprecisamente, conhecido
como Tratado de Versalhes, era
dominado por cinco conside-
rações. A mais imediata era o
colapso de tantos regimes na
Europa e o surgimento na Rús-
sia de um regime bolchevique
revolucionário [...]. Segundo, ha-
via a necessidade de controlar
a Alemanha, que afinal quase
Pessoas de diferentes países celebram o armistício que pôs fim às operações militares entre os dois blocos,
tinha derrotado sozinha toda a 11 de novembro de 1918.
coalizão aliada. [...] Terceiro, o
mapa da Europa tinha de ser re-
dividido e retraçado, tanto para
enfraquecer a Alemanha quanto O saldo trágico da Primeira Guerra
para preencher os grandes espa-
ços vazios deixados na Europa Ao final da Primeira Guerra, ficou provado que o uso de aviação militar, canhões,
e no Oriente Médio pela derrota tanques e gases venenosos tinha contribuído para um aumento extraordinário da capa-
e colapso simultâneos dos im-
périos russo, habsburgo e oto-
cidade de matar e destruir; o conflito deixou cerca de 9 milhões e 200 mil mortos,
mano. [...] O remapeamento do 20 milhões de mutilados e dezenas de milhares de órfãos e refugiados.
Oriente Médio se deu ao longo
de linhas imperialistas — divisão 98
entre Grã-Bretanha e França —
com exceção da Palestina, onde
o governo britânico, ansioso por
O quarto conjunto de 98considerações eram as políticas internas dentro dos países vitoriosos – o
D3_HIS-F2-2111-V9-U2-C04-LA-G24.indd 28/06/22 13:24 088
apoio internacional judeu duran-
que significava, na prática, Grã-Bretanha, França e EUA – e os atritos entre eles. A consequência
te a guerra, tinha, de maneira in-
mais importante dessa politicagem interna foi que o Congresso americano se recusou a ratificar
cauta e ambígua, prometido es-
um acordo de paz escrito em grande parte por ou para seu presidente, e os EUA por conseguinte se
tabelecer “um lar nacional” para
retiraram dele, com resultados de longo alcance.
os judeus [...].
Por fim, as potências vitoriosas buscaram desesperadamente o tipo de acordo de paz que tor-
nasse impossível outra guerra como a que acabara de devastar o mundo e cujos efeitos retardados
estavam em toda parte. Fracassaram da forma mais espetacular. Vinte anos depois, o mundo esta-
va de novo em guerra.
HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 38-40.
98
Dialogando
a De quem é a mão
que esmaga o
homem?
b Quem ou o que a
pessoa esmagada
representa?
c E o maço de
papel que força
as costas do
agricultor para
baixo, o que é?
a) É a mão dos vencedores da
Primeira Guerra.
b) Ela representa a Alemanha.
c) São as páginas do Tratado
de Versalhes.
Desenho colorido de
Schilling, 1931.
99
99
SELMA CAPARROZ
NORUEGA
wich
reen
Mar do
co
tre o papel desempenhado Norte
Ásia e consolidou-se como po-
álti
de G
REINO UNIDO
B
DINAMARCA
ar
M
pela Liga das Nações e o da tência regional. Os vencedores
o
dian
PAÍSES IMPÉRIO
Organização das Nações Uni-
Meri
BAIXOS RUSSO
IMPÉRIO
ALEMÃO
também impuseram acordos de
das (ONU) no mundo atual, OCEANO
ATLÂNTICO
BÉLGICA
paz aos aliados da Alemanha e,
com atenção às diferenças e FRANÇA
SUÍÇA
IMPÉRIO
por meio desses acordos, rede-
AUSTRO-HÚNGARO
semelhanças. 40°
N senharam o mapa da Europa,
M ar
ROMÊNIA Mar Negro
• Interdisciplinaridade: a leitu- PORTUGAL ITÁLIA riá
BÓSNIA
Ad
ESPANHA
Córsega
t ic o SÉRVIA
MONTENEGRO BULGÁRIA
originando novos Estados, como
ra dos mapas sobre a divisão Mar
Baleares
Sardenha
Tirreno
ALBÂNIA
a Tchecoslováquia, a Áustria, a
territorial após a Primeira Sicília
GRÉCIA IMPÉRIO
OTOMANO
M a
r Hungria e a Iugoslávia.
Guerra é uma importante M
e
d
oportunidade de abordagem
i t
e
r r
â n Creta
Chipre
Os Estados Unidos saíram
0 ÁFRICA e o
475 ÁSIA
interdisciplinar com o pro- da Primeira Guerra Mundial
0°
fessor de Geografia. Junto Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. como uma das grandes po-
à compreensão dos alunos Paris: Larousse, 2001. p. 88. tências do mundo. Em 1919, por
acerca do surgimento de sugestão do presidente estadu-
novos países, orientar que nidense Woodrow Wilson, foi
reflitam sobre as possíveis Europa: depois da Primeira Guerra Mundial (1919) criada a Liga das Nações.. Com
consequências para os povos
SELMA CAPARROZ
NORUEGA FINLÂNDIA
sede na cidade de Genebra, na
que habitavam essas regiões, SUÉCIA
ESTÔNIA
Mar do
Suíça, essa organização deveria
tico
incentivando que lancem um Norte LETÔNIA
B ál
olhar crítico em relação às di-
IRLANDA
REINO
UNIDO
DINAMARCA M
ar LITUÂNIA servir como árbitro nos con-
visões, do ponto de vista étni-
PAÍSES
BAIXOS
ALEMANHA
UNIÃO flitos internacionais e garantir a
POLÔNIA SOVIÉTICA
BÉLGICA
co e cultural. Comentar tam- OCEANO paz mundial. No entanto, por
ATLÂNTICO LUXEMBURGO TCHECO
SLOVÁQ
bém que, embora a Prússia FRANÇA SUÍÇA ÁUSTRIA HUNGRIA
UIA
motivos diversos, os Estados
Oriental continuasse perten- 40°
N
ROMÊNIA Unidos, a Alemanha e a Rússia
cendo à Alemanha, ficou se- IUGOSLÁVIA Mar Negro
estiveram ausentes da Liga das
M
PORTUGAL
ar
ITÁLIA
ESPANHA BULGÁRIA
Ad
Córsega
parada do resto do país pelo
riá
tic
Sardenha
Mar ALBÂNIA
o
Tirreno
Corredor Polonês, que dava à Baleares TURQUIA
Green
M a r Sicília
GRÉCIA -se bastante enfraquecida.
Polônia acesso ao mar. M
no de
e
d
i t Quando, em 1931, por exemplo,
e
r r
Meridia
Chipre
0 475 ÁFRICA â n e Creta
o ÁSIA o Japão invadiu a província
0°
chinesa da Manchúria, a Liga
Imagens em movimento Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial.
Paris: Larousse, 2001. p. 90-91. não conseguiu impedi-lo.
Debate sobre a Primeira
Guerra Mundial entre os pro-
a) Sim, pois, como se pode ver no mapa de 1919, ocorreu o desmembramento de três grandes
fessores Felipe Loureiro, do Dialogando impérios existentes antes da Primeira Guerra: o Império Alemão; o Império Austro-Húngaro
Instituto de Relações Interna- e o Império Turco.
cionais da Universidade de São O historiador Eric Hobsbawm afirmou que o término da Primeira Guerra significou o fim da Era dos Impérios.
Paulo (USP), e João Roberto a Comparando os mapas desta página, é possível compreender o que ele disse?
Martins, professor associado
do Departamento de Ciências b Que países surgiram com o desmembramento do Império Austro-Húngaro ao final da Guerra?
b) Áustria, Hungria e Tchecoslováquia.
Sociais da Universidade Fede-
ral de São Carlos (UFSCar). 100
• HISTÓRIA: debate Primeira
Guerra Mundial – Parte 1.
2014. Vídeo (29min36s). Publi- TEXTO DE APOIO
AV_HIS-F2-2111-V9-U2-C04-LA-G24.indd 100 30/06/22 16:42 088
cado pelo canal UNIVESP. Dis- O fim da Grande Guerra foi marcado pela derrota da Tríplice Aliança e, portanto, também a der-
ponível em: https://www.you- rota da Alemanha. As mudanças foram drásticas, dinastias seculares e impérios, como o Alemão,
tube.com/watch?v=lY43KS- o Austro-Húngaro e o Turco, foram varridos do mapa, dando lugar a novos países. Dessa maneira,
2sI_w. Acesso em: 15 jun. 2022; o mapa-múndi foi redesenhado e a Europa perdeu a exclusividade dos assuntos geopolíticos in-
HISTÓRIA: debate Primeira ternacionais. Destarte, abriu-se uma época de grandes transformações, onde “mudar o mundo”
Guerra Mundial - Parte 2. 2014. havia deixado de ser apenas uma expressão retórica, e a prática revolucionária estava na ordem
Vídeo (30min6s). Disponível do dia [...].
em: https://www.youtube. SARTÓRIO, Sarah Gonçalves Patrocínio; COLOMBO, Arthur Osvaldo; FAVORATO, Diego Gonçalves. Reparações e Dívidas Aliadas no
Entreguerras: de Versalhes (1919) a Lausanne (1932). Economia Ensaios, Uberlândia, v. 36, n. 2, p. 220-239, jul./dez. 2021. p. 222.
com/watch?v=3RHI38xHOAs.
Acesso em: 15 jun. 2022.
100
THE BILLY IRELAND CARTOON LIBRARY & MUSEUM AT OHIO STATE UNIVERSITY
Leia o texto com atenção. dam que o sentido de “paz
sem vencidos nem vencedo-
14 pontos de Wilson res” está relacionado à ideia
1. Abolição da diplomacia secreta; de que nenhuma nação sairia
2. Liberdade dos mares; ganhando ou perdendo com o
3. Eliminação das barreiras econômicas entre
fim da guerra. Assim, não ha-
veria punição aos “vencidos”,
as nações;
como acabou acontecendo
4. Redução dos armamentos nacionais;
com a Alemanha.
5. Redefinição da política colonialista, levando c) Provavelmente, os pontos
em consideração o interesse dos povos 1, 4 e 5. Estimular o desenvol-
colonizados; vimento da capacidade ar-
6. Retirada dos exércitos de ocupação da gumentativa dos estudantes.
Rússia; Professor, refletir com a turma
7. Restauração da independência da Bélgica;
se os 14 pontos foram aceitos e
Presidente Woodrow Wilson anuncia quais as consequências do acor-
8. Restituição da Alsácia-Lorena à França; seu plano de 14 pontos. George M. do de paz proposto pelos países
9. Reformulação das fronteiras italianas; Adams, 1919.
vencedores para a posteridade.
10. Reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo dos povos da
d) O fim da diplomacia secreta
Áustria-Hungria; que possibilitava a formação
11. Restauração da Romênia, da Sérvia e de Montenegro e direito de acesso ao mar de sistemas de alianças anta-
para a Sérvia; gônicos. A redução de arma-
12. Reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo do povo da Turquia mentos nacionais evitaria a
e abertura permanente dos estreitos que ligam o Mar Negro ao Mediterrâneo; “paz armada” que precedeu
13. Independência da Polônia;
o conflito. A restituição da
Alsácia-Lorena à França pode-
14. Criação da Liga das Nações, ou Sociedade das Nações.
ria ter evitado o revanchismo
VOILLIARD, Odette et al. Documentos de História. In: FREITAS, Gustavo de.
900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, 1977. v. 3. p. 273.
francês, um dos motivos da
Primeira Guerra Mundial. O
a) Explique com suas palavras o sentido da frase “paz sem vencidos nem vencedores”.
direito à autonomia dos povos
b) O terceiro ponto dos 14 pontos de Wilson diz respeito a qual dos princípios citados a seguir? da Austro-Hungria conteria as
I. Intervencionismo II. Liberalismo III. Autonomismo IV. Fordismo manifestações do nacionalis-
c) Em dupla. Reflitam, debatam e tentem responder: o que provavelmente mais incomodou os ven- mo sérvio, que se desdobrou
cedores nos 14 pontos propostos por Wilson? Quais são as consequências disso para o mundo? em ações violentas, a exemplo
d) Que pontos propostos por Wilson poderiam ter evitado a Primeira Guerra Mundial, caso tivessem do assassinato do herdeiro do
sido adotados antes? Justifique. trono austro-húngaro, Fran-
e) Responda oralmente. Aponte dois ou três desses pontos que você considera mais importante cisco Ferdinando, estopim da
para construir “uma paz duradoura”. Justifique sua escolha. Primeira Guerra Mundial.
a) Resposta pessoal. d) Resposta pessoal. e) Espera-se que os estudantes
percebam a importância dos
b) II. Liberalismo.
c) Respostas pessoais.
e) Resposta pessoal.
101 pontos, tais como: o fim da di-
plomacia secreta, a redução dos
armamentos nacionais, o direi-
16:42 +ATIVIDADES
088a108-HIS-F2-2111-V9-U2-C04-LA-G24.indd 101 que as duplas compartilhem com a24/08/22
turma08:58 to ao desenvolvimento autô-
quais pontos foram elencados por elas que nomo de um povo, a criação da
Propor que os alunos se reúnam em du- poderiam ter evitado a Primeira Guerra. As Liga das Nações, a fim de asse-
plas para analisar todos os pontos de Woo- diferentes respostas atuam na construção gurar a Paz Mundial. Professor,
drow Wilson. Essa atividade oportuniza que coletiva do conhecimento, permitindo que esta atividade privilegia o de-
os alunos formulem hipóteses, importante os alunos reflitam a partir de perspectivas senvolvimento da competência
prática para pesquisas. Ao final, incentivar que, eventualmente, não tenham adotado. geral 9, permitindo o exercício
do diálogo e da resolução de
conflitos, tendo em vista a cons-
trução de uma paz duradoura.
101
ALLMAPS
milhões de granadas. Ao todo, 56
EUROPA
milhões de recrutas foram con- M a r
M
MARROCOS d
i t e
ESPANHOL TUNÍSIA r r â n e o
Madeira
em todas as nações em guerra, Canal de Suez
MARROCOS
tendo em média, morrido seis Canárias IFNI
LÍBIA
ÁSIA
ARGÉLIA
mil por dia. [...] EGITO
Trópico de Câncer RIO DO
Ma
Entre as vítimas, estavam OURO
rV
erm
mais de dois milhões de africa- Cabo SUDÃO
elh
ORIAL FRANCESA
MAURITÂNIA NÍGER
o
Verde FRANCÊS
SOMÁLIA
nos, tanto civis como soldados. (POR)
SENEGAL SUDÃO
ERITREIA FRANCESA
ÁFRICA OCIDENTAL FRANCESA
Muitos foram obrigados a lu- GÂMBIA ALTO ANGLO-EGÍPCIO
SOMÁLIA
GUINÉ GUINÉ VOLTA
tar pelos seus colonizadores. A
DAOMÉ
PORTUGUESA NIGÉRIA BRITÂNICA
TOGO
COSTA ABISSÍNIA
SERRA LEOA
DO CHADE (ETIÓPIA)
França foi a potência colonial LIBÉRIA MARFIM
UAT
CAMARÕES SOMÁLIA
que enviou mais africanos para COSTA
RIO MUNI ÁFRICA ITALIANA
EQ
DO UGANDA
Equador ORIENTAL
0°
os campos de batalha europeus: OURO
SÃO TOMÉ GABÃO
A
BRITÂNICA
IC
CONGO
E PRÍNCIPE OCEANO
FR
BELGA
450 mil tropas do oeste e do nor-
Á
(POR) ÁFRICA ÍNDICO
Meridiano de Greenwich
OCEANO ORIENTAL
te de África lutaram na linha de ALEMÃ
Seychelles
ATLÂNTICO (RUN)
frente contra os alemães. Tam- ANGOLA
Comores
NIASSALÂNDIA (FRA)
bém os ingleses combateram ao RODÉSIA
UE
DO NORTE
IQ
lado de tropas africanas contra a
AR
Território sob controle de
MB
RODÉSIA Maurício
SC
países europeus antes de 1914 ÁFRICA DO
ÇA
DO SUL (RUN)
Alemanha até 1918. SUDOESTE
GA
MO
Alemanha ALEMÃ
DA
Trópico de Capricórnio BECHUANALÂNDIA
MA
Bélgica
No entanto, quase ninguém se Espanha
TRANSVAAL
SUAZILÂNDIA
lembra dos africanos que mor- França
UNIÃO DA BASUTOLÂNDIA
reram nos campos de batalha Inglaterra
ÁFRICA
Itália DO SUL
europeus, critica o historiador Portugal 0 777
A Primeira Guerra Mundial Fonte: VICENTINO, Claudio. Atlas histórico. São Paulo: Scipione, 2011. p. 137.
102
103
+ATIVIDADES
AV_HIS-F2-2111-V9-U2-C04-LA-G24.indd 104 20/08/22 14:04 D3_
104
105
cos. Ainda assim, o período foi a) Com a ajuda do professor de Língua Inglesa, escreva o significado dos dizeres contidos no pôster.
importante para dar força ao b) O que se vê na fotografia (fonte 2)? b) Mulheres trabalhando em fábricas de armamentos e munição.
movimento sufragista. c) Que relação se pode estabelecer entre o que está representado no pôster e o que está repre-
Cruzando fontes. As ativi- sentado na fotografia?
dades da seção contribuem d) Quais argumentos estabelecidos pela autora do texto (fonte 3) podem ser confirmados pela
também para estimular a ca- fotografia (fonte 2)? d) O texto confirma o fato de que a carência de mão de obra das fábricas europeias
foi preenchida pelas mulheres, como se pode ver na fotografia.
pacidade de interpretar, de- e) Além das atividades representadas nas imagens, que outras funções as mulheres assumiram
durante a Primeira Guerra? e) Além do trabalho em fábrica de munições, trabalhavam em estaleiros,
bater e opinar, a fim de que o conduziam metrôs e ônibus e atuavam como eletricistas, encanadoras e empreiteiras.
estudante vá ganhando auto-
nomia no pensamento crítico.
106
PHOTOQUEST/GETTY IMAGES
enfrentavam, além de um inimigo sem rosto, o mundo. Mesmo que as ex-
chuvas, lama, piolhos e ratos. Eram vitimados
periências com a covid-19 te-
nham sido diferentes entre a
por doenças [...] quando não caíam mortos por
população, de alguma forma
tiros e gases venenosos.
os alunos sentiram o impacto
Parece bem ruim, não é mesmo? Era. Mas
causado por ela. Na aborda-
a situação naquela Europa transformada em gem do assunto, é importante
campo de batalha da Primeira [...] Guerra considerar as particularidades
Mundial pioraria ainda mais em 1918. Tropas que podem ter sido vivencia-
inteiras griparam-se, mas as dores de cabeça, das por eles. Proporcionar um
a febre e a falta de ar eram muito graves e, ambiente acolhedor, conver-
em poucos dias, o doente morria incapaz de sando previamente com os
respirar e com os pulmões cheios de líquido. alunos sobre a delicadeza do
[...] tema e relembrando que to-
A gripe espanhola – como ficou conhe- dos os números de vítimas que
Paciente sendo tratada da gripe espanhola a doença fez são, na verdade,
cida devido ao grande número de mortos na em hospital do Exército dos Estados Unidos.
Espanha – apareceu em duas ondas diferentes Nova York, (EUA), 1918.
pessoas, com nomes, famílias
durante 1918. [...]
e histórias. O exercício de es-
cuta e empatia pode auxiliar
Enquanto a primeira onda de gripe atingiu especialmente os Estados Unidos e a
a desenvolver a competência
Europa, a segunda devastou o mundo inteiro: também caíram doentes as populações
geral 9.
da Índia, Sudeste Asiático, Japão, China e Américas Central e do Sul.
Professor, o isolamento
O mal chega ao Brasil social pode ter impactado as
relações sociais dos alunos,
No Brasil, a epidemia chegou ao final de setembro de 1918 [...].
especialmente em uma fase
As autoridades brasileiras ouviram com descaso as notícias vindas de Portugal
da vida em que a formação da
sobre os sofrimentos provocados pela pandemia de gripe na Europa. Acreditava-se que
identidade e o reconhecimen-
o oceano impediria a chegada do mal ao país. Mas essa aposta se revelou rapidamente
to de pertencimento a grupos
um engano. são bastante relevantes. Con-
Tinha-se medo de sair à rua. Em São Paulo, especialmente, quem tinha condições siderando os diferentes perfis
deixou a cidade, refugiando-se no interior, onde a gripe não tinha aparecido. [...] de estudantes, é possível que o
[...] Pense nos jogos de futebol. Mas, ao invés de estádios cheios, imagine os joga- ensino remoto não tenha sido
dores exibindo suas habilidades em campo para arquibancadas vazias. Pois, durante a aproveitado da mesma ma-
pandemia de 1918, as cidades ficaram exatamente assim: bancos, repartições públicas, neira por todos eles, principal-
teatros, bares e tantos outros estabelecimentos fecharam as portas ou por falta de mente pela desigualdade no
funcionários ou por falta de clientes. acesso a recursos importantes
para essa modalidade, como
107 computadores, smartphones
e internet. De forma ainda
mais intensa, é possível que os
17:06 AV_HIS-F2-2111-V9-U2-C04-LA-G24.indd 107
alunos tenham lidado com a morte de familiares e amigos.
30/06/22 16:42
Com o cuidado necessário
na abordagem, e lembrando aos demais estudantes, que possam ter tido os efeitos da
pandemia minimizados, sobre a importância de respeitar a vivência dos demais, pedir
que façam paralelos entre a pandemia de covid-19 e a gripe espanhola.
Em todas as atividades da seção Integrando com Ciências é possível promover discus-
sões que permitam os paralelos entre a pandemia da gripe espanhola e a da covid-19.
Entretanto, orientar que, além das opiniões pessoais, os alunos possam ter dados e in-
formações de fontes confiáveis para corroborar seus argumentos. Assim, se afirmarem
que a covid-19 atingiu a população mais pobre de forma mais intensa, é necessário que
busquem notícias, estudos e estatísticas que comprovem esse posicionamento.
107
108
5
• Refletir sobre as rebeliões
camponesas na Rússia.
A REVOLUÇÃO RUSSA • Argumentar sobre a mo-
dernização/industrialização
russa na passagem do século
XIX para o século XX.
• Identificar as principais
1. Você já tinha ouvido falar do ideias da doutrina marxista
Museu Hermitage? e sua penetração na Rússia.
2. Sabia que esse museu surgiu do • Diferenciar os bolcheviques
Palácio de Inverno, residência da dos mencheviques.
maioria dos czares russos? • Relacionar a participação
3. Já ouviu falar do czarismo? russa na Primeira Guerra
E dessa revolução que dá título com o processo revolucioná-
ao capítulo, você já tinha ouvido rio que pôs fim ao czarismo.
falar?
• Entender a divergência en-
4. Que relação ela pode ter com a tre a proposta de Stalin e a
história de outros povos e lugares?
Respostas pessoais.
de Trotsky quanto à revolu-
ção socialista.
• Compreender os principais
desdobramentos da Revolu-
ção Russa.
OM
Ao lado, vista interna (2020) e,
K.C
OC
ST
abaixo, vista externa (2014)
ER
TT
do Museu Hermitage. São Os objetivos deste capí-
HU
71/S
Petersburgo (Rússia). tulo visam colaborar para a
AV
ISL
AN
ST compreensão e análise das
particularidades e dos des-
MARCO RUBINO/SHUTTERSTOCK.COM dobramentos da Revolução
Russa, contribuindo para o
desenvolvimento das com-
petências e habilidades
propostas.
BNCC
• Competências gerais: 1, 4,
7 e 9.
• Competências específicas:
1, 2, 4 e 6.
• Habilidade: EF09HI11.
109
ENCAMINHAMENTO
Partiu-se de uma constru-
TEXTO DE APOIO
D3_HIS-F2-2111-V9-U2-C05-LA-G24.indd 109 28/06/22 13:24
ção imponente e exuberante,
Sobre o Hermitage disse um estudioso:
que possui uma grande quan-
tidade de pinturas, aquarelas,
Localizado às margens do rio Neva, em São Petersburgo, o Hermitage nasceu a partir do Palácio gravuras e desenhos dos tem-
de Inverno, ponto central do local e que serviu de residência para praticamente todos os Czares
pos do último czar russo, Ni-
russos. Em 1764, com a imperatriz Catarina II, a coleção da instituição se iniciou a partir da aqui-
colau II, para iniciar uma aula
sição de uma coleção de 225 pinturas flamengas e alemãs. Hoje, os czares deram lugares a uma
dialogada sobre a Revolução
equipe de curadores coordenada por Mikhail Piotrovsky que possui à sua disposição […] cerca de 3
que pôs fim ao czarismo na
milhões de peças alocados em duas mil salas de dez prédios. [...]
Rússia.
MORESCHI, Bruno. O museu como ideia: o não olhar nos museus Hermitage, St. Petersburgo (Rússia); e Ateneum, Helsinque
(Finlândia). In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 29., 2017, Brasília, DF. Anais [...]. Brasília: ANPUH, 2017.
109
Rússia durante os dois séculos rias camponesas. […] Em terceiro lugar, Puga-
e meio anteriores à extinção tchev, além de ter mobilizado os cossacos e
da servidão. Em primeiro lugar, camponeses, também contou com o apoio de
cada uma dessas revoltas foi ini- trabalhadores diaristas, artesãos e muitos bu-
ciada pelos cossacos do Don ou rocratas de escalão inferior, pequenos comer-
do Ural, com exceção da revolta ciantes e soldados rasos de guarnições. […] Em
de Bolotnikov. […] Em segundo quarto lugar, três das rebeliões abrangeram
lugar, a importância básica des- tanto russos como não russos […].
sas rebeliões consistia no fato TRAGTENBERG, Maurício. A Revolução Russa.
de terem promovido a união São Paulo: Editora Unesp, 2007. p. 42-44.
110
SPATULETAIL/SHUTTERSTOCK.COM
naquele momento, ainda era
majoritariamente composta
O socialismo por camponeses. O tema per-
mite desenvolver a compe-
No século XIX, em meio às lutas do opera- tência geral 1 e competência
riado europeu por melhores condições de trabalho específica 1, por trabalhar os
e de vida, dois pensadores alemães, Karl Marx e conhecimentos historicamen-
te construídos para analisar
Friedrich Engels, criaram uma corrente dentro do
as transformações sociais. É
socialismo à qual eles próprios deram o nome de
possível que os alunos estejam
socialismo científico. As principais ideias dessa dou-
familiarizados com os termos
trina, também conhecida como marxismo, estão
relacionados ao socialismo,
contidas em duas obras: O capital e O manifesto entretanto, tenham dúvidas
comunista.. sobre a teoria. Além de ser im-
A doutrina marxista propõe a transformação da portante na compreensão dos
sociedade visando à repartição da riqueza e à igual- acontecimentos na Europa no
dade social. Opõe-se ao liberalismo, critica a injustiça século XX, o entendimento
Retrato de Karl Marx em selo
social e propõe o advento de uma sociedade sem postal que circulou na União acerca de diferentes dinâmi-
classes. Soviética em 1968. cas econômicas e políticas per-
mite analisar seus desdobra-
111 mentos no mundo atual.
A maioria dos presentes votou nas teses de Lênin e, por isso, foram chamados de
bolcheviques (de “maioria”, em russo). Já seus opositores ficaram conhecidos como
mencheviques (de “minoria”, em russo).
112
Dica de leitura
AV_HIS-F2-2111-V9-U2-C05-LA-G24.indd 112 Imagens em movimento 20/08/22 14:23 AV_
112
113
BUYENLARGE/GETTY IMAGES
• Estabelecer comparações en-
tre a Revolta do Encouraça-
do Potemkin e a Revolta da
Chibata, em 1910, no Brasil,
identificando semelhanças e
diferenças.
• Refletir sobre a entrada do
Império Russo na Primeira
Guerra Mundial e suas con-
sequências para o povo rus-
so: aumento do desempre-
go, inflação e fome.
Dica de leitura
É possível aprofundar o
assunto com os alunos aces-
sando o texto: A VIDA na Rús-
sia antes da Primeira Guerra
Mundial. Rússia Beyond. [S. l.],
21 fev. 2014. Disponível em: Fac-símile de cartaz dos designers russos Georgii Stenberg e Vladimir Stenberg. Repare na ideia de
movimento e no uso alternativo das cores na criação desses dois artistas, c. 1925.
h t t p s : / / b r. r b t h . c o m /
arte/2014/02/21/a_vida_
Enquanto isso, a Rússia era derrotada na guerra contra o Japão, e o czarismo saía
na_russia_antes_do_
do conflito desmoralizado. Pressionado pelo povo, o czar convocou a Duma, uma assem-
inicio_da_primeira_guerra_
mundial_24267. Acesso em: bleia composta de deputados eleitos pela população. Mas, logo em seguida, vendo-se
25 jun. 2022. fortalecido, dissolveu a Duma e voltou a governar de forma autoritária.
Em 1914, decidida a controlar o acesso ao Mar Mediterrâneo pelo Mar Negro, a
Rússia czarista entrou na Primeira Guerra Mundial. O Império Russo lançou cerca de 13
milhões de soldados contra os alemães, mas esse exército numeroso carecia de fuzis,
botas, cobertores e, sobretudo, treinamento adequado. O resultado foi trágico: em
pouco tempo, cerca de 3 milhões de soldados foram mortos. A população civil também
foi fortemente atingida pelo desemprego, pela inflação e pela fome.
114
+ATIVIDADES
D3_HIS-F2-2111-V9-U2-C05-LA-G24.indd 114 28/06/22 13:24 D3_
114
115
116
116
AKG-IMAGES/ALBUM/FOTOARENA
de penúria imediata pós-
Diante dessa situação de penúria, o governo de Lênin adotou -guerra entre os “brancos” e
medidas capitalistas ao lado das socialistas. Combinavam-se, assim,
os “vermelhos”.
• Perceber a concentração
princípios socialistas com práticas capitalistas. Essa “Nova Política
Econômica”, conhecida como NEP:
de poder na política adota-
da pelo Partido Comunista
a) incentivou o comércio e a formação de pequenas e médias que evolui, assim, para uma
empresas privadas, dando origem a um grupo de empreende- ditadura.
dores que apoiavam o governo socialista; • Identificar a formação da
b) permitiu aos camponeses vender o excedente de suas colheitas União das Repúblicas Socia-
no mercado interno; A manufatura que listas Soviéticas (URSS) e es-
c) liberou a entrada de capitais estrangeiros na Rússia sob a forma você vê na fotografia timular os estudantes a estu-
de empréstimos e investimentos.
é resultado do darem o mapa desta página
incentivo dado pela
a fim de melhor situar o pal-
A NEP conseguiu que a agricultura russa se recuperasse, mas a NEP de Lênin. URSS,
1926. co onde se desenvolve atual-
indústria e o comércio continuaram em uma situação difícil.
mente a Guerra da Ucrânia.
• Chamar a atenção dos estu-
A formação da URSS dantes para a posição estra-
tégica da URSS no continente.
A flexibilidade na economia, porém, não correspondeu a uma abertura na política.
Ao contrário, implantou-se uma ditadura do Partido Comunista, novo nome do grupo
bolchevique: suprimiu-se a liberdade de pensamento e de imprensa e os sindicatos e Dica de leitura
os sovietes foram obrigados a obedecer a ordens. Em dezembro de 1922, um grande O artigo traz comentários
congresso reunindo os diferentes povos que habitavam o território russo fundou a União sobre as interpretações de
das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Formou-se um governo composto de Victor Serge sobre as negocia-
representantes das várias repúblicas, sendo a Rússia a principal delas. ções que resultaram no trata-
do entre Rússia e Alemanha.
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS (1922) Dialogando • MOTTA, José Flávio; LOPES,
SELMA CAPARROZ
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GLACIAL
ge. Boletim Informações
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ÁRTICO 45° N
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b Indique os países FIPE, São Paulo, n. 426, p. 37-
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43, mar. 2016.
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(parte europeia) fronteira.
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o AZERBAIJÃO UZBEQUISTÃO
QUIRGUISTÃO Fonte: HAYWOOD, John. Atlas
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CHINA
TURCOMENISTÃO
TADJIQUISTÃO
0 945
histórico do mundo. Colônia: camponeses tiveram sua qualida-
IRÃ 90° L
Köneman, 1999. p. 204. de de vida melhorada significati-
a) Mar Cáspio, Mar Negro, Oceano Glacial Ártico e Oceano Pacífico. vamente no período da NEP. Na
b) China, Mongólia, Cazaquistão, Azerbaijão, Geórgia, Ucrânia, Belarus, Letônia, Estônia e Finlândia. 117 segunda metade da década de 20
o nível de produção agrícola já se
aproximava do nível pré-guerra.
Entretanto, o destino de grande
13:24 TEXTO DE APOIO
109a124-HIS-F2-2111-V9-U2-C05-LA-G24.indd 117
Como os distúrbios no campo podem24/08/22 09:02
ser con- parte do aumento da produção
A necessidade de uma nova virada na políti- siderados a principal força que impulsionou o foi o autoconsumo, fazendo com
ca interna e externa do governo soviético, por governo Bolchevique a adotar a NEP, e não é ne- que a quantidade de grãos que
conta da destruição causada pela guerra civil e nhuma surpresa que a agricultura russa tenha se destinava ao mercado ficasse
pelo isolamento internacional, fez com que Lê- sofrido os principais impactos da referida me- abaixo do nível pré-guerra [...].
nin adotasse uma série de concessões capita- dida. Nas palavras de Ball: “O coração da NEP NOGUEIRA, Flavio Schluckebier P. S.
listas buscando a estabilização da Rússia. Para estava na esperança que os camponeses produ- A busca pela modernização: uma análise
cumprir com o referido objetivo surgiu a Nova ziriam mais excedentes pelo incentivo do que comparativa entre a Rússia Imperial (1861-
Política Econômica (NEP), que emergiu sem ser pela coerção...” [...]. O aumento da produtivida- 1914) e a Rússia Soviética (1921-1939).
Dissertação (Mestrado em Economia Política
um decreto ou uma progressão planejada, mas, de do camponês era visto como um importante Internacional) – Instituto de Economia,
como um rótulo fixado a uma série de medidas aspecto para melhorar a condição de vida em Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio
adotadas pelo governo russo.[...] toda Rússia[...]. de Janeiro, 2013. p. 71, 74-75.
117
aglutinado em torno do secretário-geral. A ins- transformado por Stalin e seu aparelho partidá-
“revolução permanente”, com
tauração de um sistema político autocrático foi rio em norma de conduta política. [...] a socieda-
a consequente hegemonia da
concomitante à [...] “grande mudança”: a partir de russa foi envolvida na camisa de força de um
concepção do “socialismo num
de 1929, fundamentais modificações são intro- abrangente terrorismo psicossocial.
só país”: significou, sobretudo,
a gradativa implantação de uma duzidas na vida econômica da Rússia [...]. É no PAULO NETTO, José. Lukács e a problemática cultural da era
sistemática política que abolia a justo processo dessa “grande mudança” que stalinista. In: COTRIM, Ana; COTRIM, Vera (org.). Todo poder
o secretário-geral aciona os mecanismos que aos sovietes! A Revolução Russa 100 anos depois. Porto
discussão democrática das alter- Alegre: Zouk, 2018. p. 283-284.
nativas do socialismo – estimu- constituirão a era que leva seu nome – é com
lada por Lenin –, substituindo-a ela que o stalinismo passa a inscrever-se como
por uma centralização burocrá- página heroica e sangrenta da história do socia-
tica do processo de decisões, le- lismo. O episódio da excepcionalidade política
118
119
A
dática é estratégico para o de-
senvolvimento da habilidade
Desdobramentos da Revolução Russa
EF09HI11, sobretudo no que Entre os principais desdobramentos da Revolução Russa, podemos citar:
diz respeito aos desdobra- a) apresentou aos cidadãos e às nações a possibilidade de opção por outro sistema
mentos da Revolução Russa e político-social;
seu significado histórico.
b) garantiu igualdade de direitos às mulheres. A Constituição de 1918 garantia à mulher
Aproveitar para explorar
o direito ao divórcio, à herança, à educação e à formação profissional, o mesmo salário
como o papel das mulheres
que o homem para empregos iguais, acesso a todos os postos de trabalho e direitos
muitas vezes é apagado nas
narrativas históricas. É impor- políticos iguais;
tante que percebam que a ga-
SOVFOTO/UIG/BRIDGEMAN/FOTOARENA
rantia de igualdade de direitos
na Rússia não aconteceu por
meio da concessão masculina,
mas enquanto conquista das
mulheres que participaram ati-
vamente da onda que varreu o
czarismo do país. Com pouca
qualificação profissional e em
busca de condições dignas de Pilotas soviéticas em
trabalho e remuneração, mu- frente a uma aeronave
lheres do campo e operárias se Tupolev. Sibéria (URSS),
24 de setembro de 1938.
organizaram para reivindicar
direitos iguais. As mulheres
bolcheviques foram funda-
mentais nas greves de 1917,
ainda que tenham desapare-
cido dos relatos sobre aquele
ano e estivessem ausentes dos
principais órgãos administra-
tivos do governo. O apoio dos
bolcheviques às lutas femini-
nas vinculou a luta pela igual- c) estimulou governantes europeus a cederem aos trabalhadores condições de vida mais
dade de gênero a sua contes- saudáveis e mais dignas, até mesmo para evitar a propagação das ideias vindas da
tação ao governo czarista. Res- URSS. Entre esses direitos, podemos citar a assistência social e a previdência;
saltar que, apesar do apaga-
mento na história, as mulheres d) favoreceu as lutas pelas independências em vários países da África e da Ásia. Vários
reagiram com força às longas partidos políticos africanos que conduziram os processos de independência de seus
jornadas de trabalho existen- países aderiram aos ideais socialistas vindos da URSS;
tes nos tempos imperiais. A e) influenciou os movimentos operários de várias partes do mundo, inclusive do Brasil.
discussão pode colaborar para Vários líderes operários brasileiros da Primeira República (1889-1930) aderiram ao
desenvolver o senso crítico em comunismo.
relação à predominância do
ponto de vista masculino na 120
história, mobilizando as com-
petências específicas 4 e 6.
TEXTO DE APOIO
D3_HIS-F2-2111-V9-U2-C05-LA-G24.indd 120 28/06/22 13:24 AV_
ATIVIDADES
ATIVIDADES o príncipe do país de Gales também era parente
dos monarcas fotografados. Daí se deduz que a
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
GOSKINO FILMS
de 1 e perguntar sobre os Observe a imagem com atenção e responda
principais pontos da Revolta às questões a seguir.
da Chibata. Para facilitar a a) Descreva o que você vê no cartaz.
visualização do resumo por b) Com base no que você estudou, no título do
todos, anotar na lousa a res- filme e na imagem do cartaz, explique a história
posta dos alunos para, em contada no filme.
seguida, questionar quais c) Em dupla. Conversem e identifiquem as
pontos em comum podem semelhanças entre a revolta ocorrida no Brasil
em 1910 e a que serve de tema para o filme
ser percebidos. soviético. 4. c) Resposta pessoal.
• Comparar os resultados na 5. a) O governo de Lênin propôs a paz aos alemães:
em 3 de março de 1918, a Rússia saiu da guerra,
Rússia e no Brasil, estimular assinando com a Alemanha o Tratado de Brest-Litovsk.
os estudantes a desenvolve- Confiscou as terras da família real, dos nobres e da
rem uma habilidade impor- Igreja Ortodoxa e distribuiu-as entre os camponeses e
estatizou a economia: indústrias, bancos e estradas de
tante em História, qual seja, ferro passaram a ser dirigidos pelo governo russo.
a de estabelecer semelhan- Fac-símile do cartaz do filme
Encouraçado Potemkin, dirigido pelo
ças e diferenças entre pro-
cineasta Sergei Eisenstein, de 1925.
cessos históricos.
4. c) Espera-se que os alunos 5 Em outubro de 1917, os bolcheviques derrubaram o governo provisório e, sob a
mencionem que a Revolta da liderança de Vladimir Lênin, tomaram o poder.
Chibata, ocorrida em 1910, a) Quais foram as primeiras medidas importantes do governo de Lênin?
na cidade do Rio de Janeiro, b) Essas medidas dividiram a sociedade russa, o que acabou provocando uma sangrenta guerra
possui motivações e objetivos civil. Elabore um pequeno texto sobre quem lutava contra quem na guerra civil russa e informe
semelhantes à Revolta do En- qual foi o desfecho. 5. b) Resposta pessoal.
couraçado Potemkin. No caso
do Brasil, havia o agravante
6 Observe as duas imagens com atenção: que diferenças você encontra entre elas?
Saberia dizer quem é o homem que está discursando? E os homens que usam quepe
de os marinheiros serem sub- à direita do palanque, na foto da esquerda, quem seriam eles? Com base em suas
metidos a castigos físicos. Essa observações, crie uma legenda única para as duas imagens. 6. Respostas pessoais.
revolta foi liderada por João
Cândido, que tinha conheci-
mento, através dos jornais, da
Revolta do Encouraçado Po-
temkin.
5. b) A guerra civil russa
durou de 1918 a 1921: de um
lado estavam os monarquis-
tas, liberais e mencheviques,
defendidos pelo Exército
Branco e apoiados por potên-
cias estrangeiras; de outro, os
bolcheviques e seu Exército
Vermelho, comandado por UNIVERSAL HISTORY ARCHIVE/UNIVERSAL IMAGES GROUP/GETTY IMAGES) PHOTO12/UNIVERSAL IMAGES GROUP/GETTY IMAGES
Leon Trotsky. A guerra civil 4. b) O filme conta a revolta dos marinheiros do encouraçado Potemkin, em 1905, contra a fome e os
terminou com a vitória dos 122 castigos corporais a que eles eram submetidos sob o regime czarista.
bolcheviques.
6. Nesta atividade, vemos
duas fotos de Lênin tiradas no Além de companheiros,
AV_HIS-F2-2111-V9-U2-C05-LA-G24.indd 122 Trotsky e Kame- em 1927, ano em que Trotsky e Kamenev 30/06/22 16:43 AV_
mesmo dia, quase na mesma nev eram cunhados: a irmã de Trotsky, Olga foram expulsos do Partido Comunista da
hora; em ambas ele apare- Bronstein, casou-se com Kamenev, passan- União Soviética por manobras arquitetadas
ce na parte superior da foto, do a se chamar Olga Kameneva. A segunda por Stalin. Quando a montagem foi feita, já
num palanque, discursando foto é quase idêntica à primeira, exceto por haviam decorrido três anos do falecimento
para a multidão. Na primeira, um detalhe importante: Trotsky e Kamenev de Lênin.
vemos, ao lado do palanque, não aparecem na imagem; é que eles fo- Esta atividade pode ser usada para incen-
dois de seus companheiros: ram simplesmente eliminados da foto pela tivar reconhecimento dos traços totalitários
Leon Trotsky e, imediatamen- censura stalinista. A foto da esquerda é de da política implementada por Stalin e sua
te atrás dele, Lev Kamenev. 1920 e a da direita, uma montagem, feita tentativa de apropriação da narrativa sobre
122
COLEÇÃO PARTICULAR
Leia o trecho a seguir. paganda e o terror parecem ser
duas faces da mesma moeda.
Estimativas [...] mostram que
[...] O totalitarismo não se con-
cerca de 25 milhões de pessoas foram tenta em afirmar, apesar de
reprimidas pelo regime soviético prova em contrário, que o de-
entre 1928, quanto Stálin assumiu semprego não existe; elimina de
sua propaganda qualquer men-
o controle da liderança do partido,
ção sobre os benefícios para os
e 1953, quando o ditador morreu e desempregados. [...] para citar
seu reino de horror, se não o sistema outro exemplo, quando Stalin
que desenvolvera em um quarto decidiu reescrever a história da
Revolução Russa, a propaganda
de século, chegou ao fim. Esses 25
da sua nova versão consistiu
milhões – pessoas mortas por esqua- em destruir, juntamente com
drões de execuções, prisioneiros do os livros e documentos, os seus
gulag, [...] trabalhadores escravos de autores e leitores: a publicação,
em 1938, da nova história oficial
vários tipos e membros de naciona-
do Partido Comunista assinalou
lidades deportadas – representam o fim do superexpurgo que ha-
cerca de um oitavo da população via dizimado toda uma geração
soviética, que em 1941 era de apro- de intelectuais soviéticos. Da
mesma forma, nos territórios
ximadamente 200 milhões, ou, em
ocupados da Europa oriental, os
média, uma pessoa para cada 1,5 mil nazistas se utilizaram, no iní-
família na União Soviética. cio, de propaganda anti-semita
(FIGES, 2010 apud ALVES, 2013, p. 176)
principalmente para assegurar
um controle mais firme da po-
pulação.[...]
Copie no caderno as alternativas corretas e justifique sua "A bondade de Stalin ARENDT, Hannah. As origens do
ilumina o futuro de totalitarismo. São Paulo: Companhia das
escolha.
nossas crianças!", Letras. 1998. p. 390-391.
a) No período denominado “Grande Terror”, ocorreram delações, 1947.
conspirações e acusações estimuladas por Stalin, com o objetivo de
punir qualquer um que se opusesse aos seus propósitos, inclusive
seus companheiros de partido.
b) Stalin utilizou estratégias de propaganda para angariar apoio ao seu
regime, que apresentavam o ditador como o “grande irmão”, um
líder favorável ao seu povo.
c) Os opositores de Stalin eram considerados “inimigos do povo”,
“traidores” e “contrarrevolucionários”, e deveriam ser punidos de
acordo com as regras do regime.
d) A oposição a Stalin se manifestou por meio dos jornais, das revistas des. Dar como exemplo as in-
e das passeatas de protesto; e foi duradoura, mantendo-se viva e tervenções feitas por grandes
atuante até o momento da morte do ditador, em 1953. agências de propaganda du-
e) Stalin estruturou o sistema de poder conhecido como stalinismo, rante as campanhas eleitorais
inspirado nas ideias dos filósofos iluministas. ao redor do mundo.
7. Alternativas A, B e C.
7. Esta atividade permite que
123 os alunos visualizem, por meio
da leitura textual e imagéti-
ca, o papel da propaganda na
16:43
ENCAMINHAMENTO (CONTINUAÇÃO)
AV_HIS-F2-2111-V9-U2-C05-LA-G24.indd 123 30/06/22 16:43 promoção de um governo to-
talitário. Após a leitura do tex-
a Revolução. Assim, caso os alunos tenham O trabalho com essa imagem pode ajudar to, perguntar aos alunos que
dificuldade em reconhecer as pessoas repre- os estudantes a formarem uma noção sobre tipo de imagem poderia estar
sentadas, orientar que retomem coletiva- a manipulação da imagem por ditaduras associada ao ditador que fosse
mente as figuras de destaque nesse período. e democracias no passado e no presente. condizente com as práticas de
Entretanto, apesar do reconhecimento co- Alertar para o fato de que, no presente, re- seu governo. É possível, inclu-
letivo, cada aluno pode elaborar a própria cursos técnicos sofisticados e softwares de sive, orientar que pesquisem
legenda como forma de sintetizar o que foi fotos e design podem não só mudar uma imagens que ilustrem o texto
aprendido. realidade ou recriá-la, mas “criar” realida- adequadamente.
123
EDITORA TODAVIA
1903. Solicitar que os estu- como “a construção do socialismo”. […] eles tinham
dantes elenquem caracte- uma ideia clara de que a chave para “construir o
rísticas que diferenciem os socialismo” era o desenvolvimento econômico e a
bolcheviques dos menchevi- modernização. Como pré-requisitos para o socialismo,
ques considerando o texto e a Rússia precisava de mais fábricas, ferrovias, maqui-
as aprendizagens passadas nários e tecnologia. Precisava também de urbanização,
sobre o tema. [...] de uma classe operaria muito maior e permanente.
• Aprofundar a compreensão Precisava de um índice maior de alfabetização, de mais
da Revolução Russa através escolas, de mais trabalhadores qualificados e engenhei-
da leitura do texto de apoio ros. Construir o socialismo significava transformar a
desta página. Rússia em uma sociedade industrial moderna.
Os bolcheviques tinham uma imagem clara dessa
transformação porque era a transformação empreen-
TEXTO DE APOIO Fac-símile da capa do livro dida pelo capitalismo nos países mais avançados do
A Revolução Russa, Ocidente. Mas os bolcheviques haviam tomado o
A Revolução de Outubro e de Sheila Fitzpatrick.
poder “prematuramente” […]. Os mencheviques consi-
seus desdobramentos só
deravam isso arriscado na prática e muito duvidoso na teoria. Os próprios bolcheviques
se tornam inteligíveis no
contexto de um ciclo de não sabiam muito bem como isso seria levado a cabo. Nos primeiros anos depois da
revoluções que se deram Revolução de Outubro, eles frequentemente sugeriam que a Rússia precisaria da ajuda
entre 1905 e 1921. da Europa Ocidental industrializada [...] para avançar rumo ao socialismo. Todavia, o
[...] cinco atores sociais ir- movimento revolucionário na Europa ruiu, deixando os bolcheviques ainda sem saber
romperam no cenário político como proceder, mas determinados a construir de algum modo seu caminho. Em 1923,
com reivindicações e propos- rememorando a velha discussão sobre a revolução prematura, Lênin continuava a
tas próprias: os camponeses e julgar as objeções dos mencheviques como “infinitamente banais”. […] Os bolcheviques
o programa da revolução agrá-
tinham assumido o risco e, concluía Lênin, não poderia agora – seis anos depois – haver
ria (distribuição de toda a terra
aos que nela trabalhavam, sem dúvida de que “no conjunto” eles tinham sido bem-sucedidos.
nenhum tipo de indenização); FITZPATRICK, Sheila. A Revolução Russa. São Paulo: Todavia, 2017. p. 165-166.
os operários e o programa de a) Para os bolcheviques o que era necessário para constituir o socialismo?
direitos sociais e políticos (me-
b) Qual a referência dos bolcheviques para desejar a transformação da Rússia em uma sociedade
lhoria das condições de traba-
industrial moderna?
lho no padrão já conquistado
pelos trabalhadores europeus e c) Qual era a posição dos mencheviques perante o projeto bolchevique?
liberdades políticas de palavra, d) Que divergências explicam as disputas entre bolcheviques e mencheviques?
de manifestação e de organiza- d) Enquanto os mencheviques consideravam que primeiramente era preciso aliar-se à burguesia para
ção); os soldados e marinheiros 124 chegar ao poder para depois evoluir para o socialismo, através de eleições, os bolcheviques consideravam
possível queimar essa etapa, instalando uma ditadura do proletariado para depois chegar ao comunismo.
com reivindicações de reconhe-
cimento de sua cidadania e de
encerramento da guerra; as na-
ções não russas com propostas [...] os referidos atores sociais
D3_HIS-F2-2111-V9-U2-C05-LA-G24.indd 124 não se limitaram kadetes, de orientação liberal [...]; o partido so- 28/06/22 13:24
de autonomia e independência a protestar e a lutar. Criaram também organi- cial-democrata operário-russo, de referências
(convém recordar que um pouco zações próprias: os camponeses, comitês agrá- marxistas, com suas duas alas: bolcheviques e
mais da metade da população rios; os operários, sovietes (conselhos) fabris mencheviques; o partido socialista-revolucio-
do império era constituída por ou urbanos [...]; soldados e marinheiros tam- nário, herdeiro das tradições populistas russas,
bém formaram comitês em navios e unidades sem contar a emergência de partidos ou grupos
não russos); as classes médias
militares; as nações não russas estruturaram políticos diversos entre as nações não russas.
que, através de banquetes e co-
mícios, ao estilo do 1848 euro- assembleias; as camadas médias organizaram REIS, Daniel Aarão. As revoluções russas e a emergência do
peu, propunham o advento de uniões político-sindicais. Além disso, surgi- socialismo autoritário. Estudos Avançados, São Paulo, v. 31,
n. 91, 2017, p. 68.
uma monarquia constitucional ram à luz do dia partidos políticos formados
ou, os mais radicais, a proclama- na clandestinidade. Entre outros, os principais
ção da república. foram o partido constitucional-democrático, os
124
6
Depressão e New Deal.
A GRANDE DEPRESSÃO, • Identificar e analisar as prin-
cipais razões e desdobramen-
O FASCISMO E O NAZISMO tos da Grande Depressão.
• Entender o que foi o New
Deal e seus efeitos sobre a
economia estadunidense.
Observe a imagem e leia o texto. Ambos foram retirados do filme O grande ditador • Debater sobre a ascensão
ENCAMINHAMENTO
AV_HIS-F2-2111-V9-U2-C06-LA-G24.indd 125 Dica de leitura 30/06/22 16:44
Professor, o texto é uma crítica explícita ao nazismo; e Artigo que relaciona a vida do cineasta Charles Cha-
é também uma contestação ao ditador Adolf Hitler e suas plin à História, por meio de sua clássica obra O grande
práticas. Ao mesmo tempo que repudia a ditadura, o au- ditador.
tor convoca todos para uma luta em favor da democracia.
O filme foi produzido no contexto de ascensão e fortale- • FACINI, Diogo Rossi Ambiel. Discursos na história, dis-
cimento do nazismo, e foi dado a público num momen- cursos sobre a história: uma reflexão sobre “O Grande
to em que as forças nazistas avançavam sobre a Europa. Ditador” e “Monsieur Verdoux”. Revista Travessias,
Muitas ideias contidas no discurso continuam animando Cascavel, v. 11, n. 2, p. 203-222, maio/ago. 2017. p. 203-
movimentos sociais da atualidade e o uso da ciência em 205.
favor de uma vida melhor para todos.
125
127
128
129
129
cia na atualidade.
Interdisciplinaridade: Esta Veja o que um historiador diz sobre o desemprego na Europa:
No pior período da Depressão (1932-1933), 22% a
AP PHOTO/IMAGEPLUS
atividade pode ser feita em
interface com a disciplina de 23% da força de trabalho britânica e belga, 24% da
Arte. Nesse caso, o produto sueca, 27% da americana, 29% da austríaca, 31%
pode ser um vídeo denomina- da norueguesa, 32% da dinamarquesa e nada menos
do “Biografias de grandes jaz- que 44% da alemã não tinham emprego. [...]
zistas”. HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991).
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 97.
(1924-1932)
50
EDITORIA DE ARTE
45
% de desempregados
40
35 Fonte: SBROCCO, Fernando Moreira. A
30 Alemanha no período entreguerras: um
25 estudo sobre a hiperinflação e a ascensão
20
15 do Nazismo. Trabalho de Conclusão
10 de Curso (Bacharelado em Ciências
5 Econômicas) – Universidade Estadual
0 Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade
1924 1925 1926 1927 1928 1929 1930 1931 1932 de Ciências e Letras de Araraquara,
Ano Araraquara, 2011. p. 46.
130
GRANGER/EASYPIX BRASIL
Roosevelt em um cenário de
crise intensa nas várias áreas
da vida social.
Enquanto a crise se alastrava
• Refletir com os alunos sobre
pelo mundo, nos Estados Unidos, em
1932, o líder do Partido Democrata,, as medidas, adotadas por
Roosevelt, propostas por
Franklin Delano Roosevelt, foi eleito
John Maynard Keynes para o
presidente da República. Sua equipe
enfrentamento da crise.
econômica adotou então as ideias do
• Retomar e comparar o libe-
economista britânico John Maynard
ralismo clássico à política
Keynes, que tinha previsto a crise e
econômica keynesiana.
propunha soluções para enfrentá-la.
O presidente • Esmiuçar o New Deal e seus
Keynes defendia a intervenção do Estado na economia, fazendo Roosevelt e sua efeitos sobre a economia es-
investimentos maciços e planejando-a de modo a garantir o emprego. esposa, Eleanor,
tadunidense após os anos de
Assim, no início de seu governo, Roosevelt lançou o New Deal ((Novo visitam um projeto
para converter 1930.
Acordo),), um plano econômico que previa:
um lixão em um • Interrogar a tabela com
• o investimento maciço em obras públicas,, tendo o governo parque. Des Moines, questões como: em que ano
investido 4 bilhões de dólares na construção de usinas hidre- Iowa (EUA), 1936.
a renda nacional caiu mais?
létricas, barragens, pontes, hospitais, escolas, aeroportos etc. Tais Em que ano voltou a crescer?
obras geraram milhões de novos empregos; • Identificar as diferenças que
• a destruição dos estoques de gêneros agrícolas como algodão, trigo e milho, a puderam ser percebidas em
fim de conter a queda de seus preços; um período de 11 anos. Des-
• o controle sobre a produção para evitar a superprodução na agricultura e na indústria tacar que, apesar das oscila-
e a consequente queda nos preços; ções, como as ocorridas entre
1937 e 1938, a renda estava
• a diminuição da jornada de trabalho com o objetivo de abrir novos postos de
em crescimento. É interessan-
trabalho. Além disso, fixou-se o salário mínimo e foram criados o seguro-desemprego te que os alunos percebam a
e o seguro-velhice (para os maiores de 65 anos de idade). intensidade da crise por meio
Com essas medidas, o desemprego diminuiu, a indústria e a agricultura recuperara-se da análise da renda em 1940;
parcialmente, os salários pararam de cair e, a partir de 1934, a renda nacional voltou a onze anos após a crise, ainda
crescer. Observe a tabela. não havia atingido os pata-
mares de 1929.
Estados Unidos: renda nacional em bilhões de dólares (1929-1940)
1929 87,4 1935 56,8
1930 75 1936 64,7
1931 58,9 1937 73,6
1932 41,7 1938 67,4
1933 39,6 1939 72,5
1934 48,6 1940 81,3
Fonte: NIVEAU, Maurice. História dos fatos econômicos contemporâneos. São Paulo: Difel, 1969. p. 227.
Dica de leitura
Neste livro, o autor oferece
uma explicação para as ori-
gens do fascismo, fenômeno
Ditador Benito Mussolini político que exerceu enorme
e líderes fascistas influência em alguns países ao
caminham em direção longo do século XX.
à capital italiana, no
episódio conhecido • MARIÁTEGUI, José Carlos. As
como Marcha sobre origens do fascismo. São
Roma, em 1922.
Paulo: Alameda, 2010.
EDITORA: ALAMEDA
133
133
© CORBIS/CORBIS/GETTY IMAGES
dívida gigantesca contribuiu para uma crise de graves propor- no livro Minha luta.
ções na Alemanha: a inflação e a dívida externa dispararam, • Desconstruir a ideia de “raça
enquanto a oferta de emprego diminuiu assustadoramente. ariana”. Para os geneticistas
O aprofundamento da crise favoreceu o crescimento atuais, existe apenas uma
de socialistas e comunistas nas eleições e abriu caminho única raça: “a humana”. No
para o fortalecimento de partidos que prometiam soluções entanto, do ponto de vista
“mágicas”. Um desses partidos era o Partido Nacional Socialista da sociologia, considera-se
dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), também chamado de
a existência social da catego-
ria raça, e da transformação
Partido Nazista,, fundado em 1919, ano em que admitiu em
da diferença em desigual-
suas fileiras o ex-cabo Adolf Hitler. dade surge o racismo, que,
Falando ao público, Hitler culpava as democracias libe- no Brasil, é chamado com
rais pela derrota da Alemanha na guerra e pelas condições propriedade pelo professor
humilhantes impostas ao país pelo Tratado de Versalhes. Dizia Silvio Luiz de Almeida de ra-
também que o povo alemão tinha sido a principal vítima da Mulher usa cédulas de cismo estrutural.
guerra e estava “entregue aos pontapés do resto do mundo”. marco alemão para • Interdisciplinaridade: é in-
Com o orgulho ferido, milhares de alemães foram “arrastados” acender o seu forno, teressante tratar o conceito
de tão desvalorizado que
por esse discurso. Adotando um nacionalismo extremado e de espaço vital junto ao pro-
estava a moeda à época.
devotando ódio aos judeus e aos comunistas, Hitler tornou-se, Alemanha, 1923.
fessor de Geografia. Frie-
em pouco tempo, o líder absoluto dos nazistas. drich Ratzel (1814-1904) foi
um importante teórico clás-
Em 1920, o Partido Nazista criou as Seções de Assalto (SAs),, grupos paramilitares
sico da Geografia e teve sua
encarregados de eliminar fisicamente seus adversários. Três anos depois, em meio ao
obra muito influenciada por
agravamento da crise econômica e social, Hitler tentou tomar o poder por meio de um Charles Darwin. Seu trabalho
golpe de Estado na cidade alemã de Munique, mas fracassou e foi preso. Na cadeia, ele ficou posteriormente conhe-
produziu boa parte de um livro chamado Minha luta,, que continha os princípios básicos cido como determinismo geo
do nazismo. São eles: gráfico. Ratzel também foi
• a superioridade da raça ariana.. Para Hitler, existiria uma raça pura (a ariana), superior responsável por estudos sobre
a todas as outras e da qual provinham os alemães; o Estado moderno, construin-
do o conceito de espaço vital,
• a necessidade de um espaço vital.. Tese segundo a qual os alemães precisavam o qual reuniria as condições
conquistar territórios a fim de se realizar plenamente como povo; necessárias naturais e espa-
• o antissemitismo.. Os nazistas justificavam seu ódio aos judeus dizendo que eles haviam ciais para a consolidação do
contaminado a “raça ariana”. Assim, para salvar a Alemanha e purificar a raça ariana, poder e fortalecimento da so-
os judeus deviam ser eliminados. ciedade. Para ele, um Estado
com melhor espaço vital esta-
135 ria mais apto a se desenvolver
e conquistar territórios.
cio de sua aparição no contexto Hitler propagava a ideologia de seu partido exatamente como o fazem
alemão, teve perspicácia para os governantes de todos os tempos: como um ideal superior e necessá-
perceber os sentimentos embre- rio ao bem-estar coletivo. [...]
nhados no cerne do povo ale- A construção de uma nova Alemanha esteticamente perfeita, conforme
mão, como também, para com-
idealizava Hitler, exigia a adesão incondicional de seu povo. Para que isso
preender de que forma deveria
se efetivasse, o seu convencimento era questão primordial e a linguagem,
encaminhar sua campanha para
ou melhor, a sua manipulação, o mecanismo de maior eficiência.
atingir o âmago desses indivídu-
os de modo a lhes oferecer exa- BRANDT, Cleri Aparecida; LEITE, César Donizetti Pereira. Linguagem nazista: a manipulação à
tamente aquilo que desejavam. serviço da dominação. Revista Educação, Teoria e Prática, Rio Claro, [s. d.], p. 3-4.
136
TEXTO DE APOIO
Estado e cultura: o 138
nazismo e o cinema
alemão
A propaganda exerceu um pa- restringir-se a pouquíssimos
D3_HIS-F2-2111-V9-U2-C06-LA-G24.indd 138 pontos, repetidos opinião até então existentes – incluindo desde 28/06/22 13:25 AV_
pel fundamental no processo de incessantemente pela ação de formas estereo- elementos da mitologia germânica e da liturgia
consolidação política do […] Par- tipadas, até que o último dos ouvintes estivesse católica até as técnicas de agitação comunista
tido Nazista, na Alemanha. Para em condições de assimilar a ideia. O essencial e do estudo da psicologia de massas –, que, so-
Adolf Hitler, […] a propaganda da propaganda era atingir o coração das mas- mada ao controle estatal de todos os meios de
deveria ser simples, emotiva e sas, compreender seu mundo maniqueísta e re- comunicação, possibilitou condicionar homens
popular, elaborada de modo a le- presentar seus sentimentos. Essa seria uma das e mulheres, de modo a transformá-los em autô-
var em conta o limite das facul- razões do êxito da propaganda nazista em rela- matos do Estado.
dades de assimilação do mais ção às massas alemãs: predomínio da imagem
sobre a explicação, do sensível sobre o racional. PEREIRA, Wagner Pinheiro. O triunfo do Reich de mil anos:
limitado dentre aqueles a quem cinema e propaganda política na Alemanha nazista (1933-
ele deveria se dirigir. […] Dessa Nesse aspecto, os nazistas elaboraram uma 1945). In: CAPELATO, Maria Helena et al. História e cinema.
forma, toda propaganda deveria síntese de todas as técnicas de manipulação da São Paulo: Alameda, 2007. p. 260-261.
138
ATIVIDADES
materiais tornou-se a válvula de escape para NÃO ESCREVA imagem, como a geladeira
esquecer os horrores da Primeira e da Segunda NO LIVRO.
BRIDGEMAN/FOTOARENA
belecer entre a imagem mover uma discussão acerca
e o American way of life de como a ideia de felicida-
adotado nos Estados de permeia os projetos de
Unidos em 1920? vida de cada um.
b) Qual era o argumento
usado pelos meios de 2. Se necessário, retomar com
comunicação de massa os alunos a importância do
para incentivar o consumo café na economia brasileira,
na época do American auxiliando que percebam a
way of life? relação de dependência ex-
c) Você já comprou algo sem terna da economia cafeeira.
que tivesse necessidade?
Por quê? 2. b) Na crise, os Estados Uni-
dos reduziram drasticamen-
2 A Grande Depre s s ão te suas importações, o que
eclodiu em um mundo Propaganda do American way of life nos Estados Unidos.
atingiu fortemente a eco-
otimista que parecia cami- nomia brasileira.
nhar na direção de uma prosperidade permanente. Ela iniciou-se com a quebra da
bolsa de valores de Nova York em outubro de 1929, afetando todas as atividades 2. c) Comentar que a queda
econômicas dos Estados Unidos e se propagando por todo o mundo. do preço e o aumento dos
a) Caracterize a Grande Depressão e indique o motivo pelo qual seus efeitos foram sentidos em estoques de café arruina-
todo o mundo. ram muitos cafeicultores,
b) Por que a crise atingiu tão fortemente o Brasil? bem como geraram desem-
c) Quais foram os efeitos da crise no Brasil?
prego e carestia.
3. O fascismo era contrário
3 Avalie as afirmações a seguir e identifique quais delas representam ideias fascistas.
à democracia e ao libera-
a) A comunidade é vítima e qualquer ação sem limites legais ou morais contra seus inimigos é lismo e era radicalmente
válida.
antissocialista; além disso,
b) Aprovação à democracia, ao liberalismo e ao socialismo. segundo as ideias fascistas,
c) Os chefes, sempre do sexo masculino, conduzem a comunidade rumo a seu destino. um povo pode dominar
d) A violência pode ser bela e a vontade, eficiente, se o objetivo é o êxito da comunidade. os demais, independente-
e) Um povo pode dominar os demais independentemente do êxito do chefe. mente de lei humana ou
3. Alternativas A, C e D. divina.
139
140
TEXTO DE APOIO AV_HIS-F2-2111-V9-U2-C06-LA-G24.indd 140 duas vezes superior à média das últimas três. Esperava-se que 20/08/22 14:27 AV_
140
141
e incluam imagens, como charges, tirinhas e Texto sobre a propaganda política nazista.
seguição à mídia de oposição,
quadrinhos. Por fim, realizar uma exposição
veiculando informações fa- • UNITED STATES HOLOCAUST MEMORIAL
do trabalho dos alunos, de modo que as pro-
voráveis a seu governo, a fim MUSEUM. A propaganda política nazista.
de que o povo não se rebele duções possam ser vistas por estudantes de Enciclopédia do holocausto. Washington,
e incorpore a ideologia gover- outras turmas. Se possível, fotografar e pos- DC, c[202-]. Disponível em: https://
namental como sendo sua. tar nas redes oficiais da escola. encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/
d) Organizar pequenos gru- Estas atividades contribuem para o desen- article/nazi-propaganda. Acesso em: 23
volvimento da competência geral 5 e do Tema jun. 2022.
pos para a criação do folheto.
Pedir aos estudantes que es- Contemporâneo Transversal economia.
142
7
• Argumentar sobre a polí-
tica de apaziguamento de
A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL Chamberlain.
• Refletir sobre a resistência
civil aos nazistas.
• Compreender o pacto de
não agressão entre a Alema-
Observe a nha e a URSS.
MARVEL COMICS/ADVERTISING ARCHIVES/EASYPIX BRASIL
BNCC
• Competências gerais: 4, 5, 7,
9 e 10.
• Competências específicas: 1,
3 e 7.
• Habilidade: EF09HI13.
ENCAMINHAMENTO
1. Você conhece esses
personagens? A imagem apresenta a capa
da edição número 1 do gibi do
2. Quem é o herói?
E quem é o vilão? Capitão América, herói esta-
dunidense criado pela Marvel
3. O que está
acontecendo
Comics, no início da Segunda
na cena? Guerra Mundial, para com-
Respostas pessoais. bater o nazismo. Ao centro,
143 o Capitão América, o herói
da história, aparece socando
Hitler, o vilão. No canto infe-
rior esquerdo, um militar na-
TEXTO DE APOIO
143a161-HIS-F2-2111-V9-U2-C07-LA-G24.indd 143 servisse como divulgador dos ideais 24/08/22 09:03
zista, com a suástica no braço direito, atira no Capi-
democráticos e liberais dos Estados
Os ideais políticos e Unidos. Assim, pode-se dizer que o tão América, cujo escudo é indestrutível e, por isso, a
ideológicos nas HQ’s do Capitão América é um personagem bala não consegue penetrá-lo. Recorremos uma vez
Capitão América criado especificamente para atender mais a uma imagem de época para despertar o inte-
Em março de 1941 chegava às ban- determinadas demandas políticas resse do alunado pelo tema ao qual a imagem está
ideológicas, voltadas à propaganda
cas de jornal dos Estados Unidos da relacionada. No final do capítulo, pode-se retornar
América (EUA) a primeira edição da contra os países do Eixo […].
a essa imagem do universo das HQs e levantar ques-
revista em quadrinhos do Capitão PEDROSO, Rodrigo Aparecido de Araújo. Guerra
Fria e anticomunismo nas histórias em quadrinhos tões que relacionem propaganda e guerra, indústria
América; […] a ideia era criar um he- do Capitão América de 1954. In: ENCONTRO cultural e guerra, história em quadrinhos e História.
rói que estivesse engajado no com- INTERNACIONAL DA ANPHLAC, 11., 2014, Rio de
bate à ameaça nazifascista e que Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro: UFF, 2014. p. 1.
143
CORBIS/GETTY IMAGES
• Usar o trabalho com a charge
começou a militarizar a Alemanha, afrontando
para ajudar os alunos a for- abertamente as imposições feitas pela França
marem o conceito de impe-
e pela Inglaterra no Tratado de Versalhes.
rialismo.
A Itália de Mussolini também nutria fortes res-
• Comentar que a Manchúria
sentimentos em relação à Inglaterra e à França,
era uma província chinesa
pois participara da Primeira Guerra ao lado
com um governo fortemente
desses países e não obtivera as compensações
influenciado pelos militares.
territoriais que lhe foram prometidas. O Japão,
• Mencionar que Mussolini,
por sua vez, industrializava-se rapidamente e
desfilando suas armas mo-
ambicionava ampliar seus mercados e áreas de
dernas e uniformes novos nas
influência no continente asiático.
ruas pobres de Adis-Abeba,
capital etíope, aproveitava Desafiando a ordem internacional vigente
para dizer que a conquista na década de 1930, o Japão,, a Itália e a
da Etiópia era o começo da Líderes das potências do Eixo dividindo o Alemanha adotaram uma política declarada-
restauração da grandeza do mundo. Estados Unidos, século XX. mente imperialista.
Império Romano.
a) O Führer Adolf Hitler, o duce Benito Mussolini e o general japonês Hideki Tojo.
Dialogando
O imperialismo japonês
a Quem são os
No início do século XX, o Japão era uma potência industrial, a
personagens
mostrados na única de toda a Ásia. Tinha deixado de ser vítima do imperialismo
imagem? para tornar-se, ele próprio, um país imperialista. Em 1931, o Japão
b O que está ocupou a Manchúria, província chinesa rica em minérios e solos
acontecendo na férteis. A Liga das Nações, que era controlada pela Inglaterra e pela
cena? França, nada fez para socorrer a China. Em 1937, o Japão atacou
e ocupou outra parte do território chinês.
b) Hitler reparte o globo/mundo, Mussolini já recebeu um pedaço e Tojo aguarda o seu. Note que a expressão fa-
cial do líder italiano e a do japonês sugerem ambição; note também que Hitler reserva para si o maior pedaço.
O expansionismo italiano
Em outubro de 1935, a Itália de Mussolini afirmou seu imperialismo invadindo a
região onde hoje é a Etiópia, no nordeste da África. Diante disso, a Liga das Nações,
orientada pela Inglaterra, proibiu os países-membros de comerciar com a Itália. Essa
proibição, porém, não afetou a economia italiana porque nações fortes, como os Estados
Unidos e a Alemanha, que não faziam parte da Liga, continuaram a vender aos italianos
matérias-primas essenciais, como petróleo e carvão. A conquista da Etiópia pela Itália
se consumou em 1936; com isso, ficava provado que a Liga das Nações era incapaz de
assegurar a paz mundial.
144
TEXTO DE APOIO D3_HIS-F2-2111-V9-U2-C07-LA-G24.indd 144 [...] Logo após sua criação, os membros da Liga aceitaram a ideia 28/06/22 13:25 D3_
– do estadista e estudioso francês Léon Bourgeois (1851-1925), ga-
A Liga das Nações foi criada como parte do Tratado de Versa-
nhador do Prêmio Nobel da Paz de 1920 – de que a cooperação
lhes, que marcou o fim da Primeira Guerra Mundial. A criação
intelectual internacional era uma precondição essencial para a
dessa nova organização intergovernamental foi inspirada na
paz. [...] No entanto, a falta de vontade por parte das grandes po-
declaração dos Quatorze Pontos do presidente norte-americano
tências tornou a Liga incapaz de impedir ou sancionar efetiva-
Woodrow Wilson – descrevendo suas propostas para um acordo
mente as agressões territoriais do Japão, da Itália e da Alemanha
de paz no pós-guerra –, que ele apresentou ao Congresso dos EUA
na década de 1930. [...]
em janeiro de 1918.
A LIGA das Nações: um sonho universal que resistiu ao teste do tempo. O Correio
[...] a Liga emergiu de uma guerra mundial – com a firme deter- da Unesco, [S. l.] 2020. Disponível em: https://pt.unesco.org/courier/2020-1/liga-das-
minação de que nunca mais se deveria permitir que tal tragédia nacoes-um-sonho-universal-que-resistiu-ao-teste-do-tempo.
acontecesse. Acesso em: 22 jun. 2022.
144
GRANGER/FOTOARENA
de Munique e decidiram que
de fogo.
a Alemanha podia ocupar os
Sudetos. A principal interes-
sada – a Tchecoslováquia – não
foi convidada para a reunião.
Inglaterra e França punham
em prática, assim, a política
de apaziguamento do inglês
Chamberlain.
BELMONTE
e, em contrapartida, ficava Dialogando
com as mãos livres para pôr Essa charge é de 21 de março de 1939 e foi criada
em prática seu expansionismo, por Benedito Bastos Barreto, o Belmonte. Observe-a
sem o perigo de ter de lutar com atenção e responda às questões a seguir.
em duas frentes (ocidental e a Quem é a figura central e quem são as
oriental). Um anexo secreto mulheres à sua volta?
desse acordo previa que parte
b Como esses personagens estão representados?
da Polônia seria anexada pela
URSS, e o restante do país fi- c Quem é o personagem vestido de preto e do
caria para a Alemanha. que ele está reclamando?
Charge de Belmonte, 1939. No balão, se lê: “Eh! Moço!
• Utilizar a charge para ajudar O senhor está me pisando no calo!!”. d Belmonte faz duas duras críticas nessa charge;
na construção das ideias de quais são elas?
escalada nazista e política de
Em 1o de setembro de 1939, os alemães invadiram
apaziguamento.
o oeste da Polônia; dias depois, os soviéticos aboca-
• Destacar que, inicialmente, a
nharam o leste. A Inglaterra reagiu, declarando guerra
blitz alemã conquistou a Dina-
à Alemanha. Era 3 de setembro de 1939; para os euro-
marca e a Noruega, ao Norte,
peus, o início da Segunda Grande Guerra.
e a seguir voltou-se para o Sul, c) O personagem vestido de preto é o representante da Grã-Bretanha, Neville
onde venceu também Holan- A ocupação nazista da França Chamberlain. Ele reclama da postura expansionista de Hitler sobre a Europa.
da, Bélgica e invadiu a França. A ofensiva nazista na Europa
ALLMAPS
Dunquerque BÉLGICA
a
guerra-relâmpago e, entre 9 o bombardeio; em
Re
anch
l da M
no
do para as outras nações eu- [...] os caricaturistas não tiveram dificuldades em captar o protagonismo do Führer nos aconte-
ropeias, todas representadas cimentos que presenciavam, ainda que a distância. Eles se empenharam em destruir a imagem de
na forma de mulheres minús- Hitler, imiscuindo no imaginário dos leitores outras características e valores, diferentes dos pre-
culas. tendidos por ele, nadando contra a maré da eficiente máquina de propaganda de Joseph Goebbels.
d) Professor, comentar que Por diversas vias, evidenciaram e hiperbolizaram os “pontos fracos” de Hitler, tornando-o risível e
os nazistas tinham invadido a ridicularizado – minando, portanto, sua imagem algo ameaçadora. [...]
Tchecoslováquia seis dias an-
tes de a charge ser publicada
no Brasil.
146
Imagens em movimento
147 Documentário sobre a
eclosão da Segunda Guerra
Mundial.
13:25 TEXTO DE APOIO
D3_HIS-F2-2111-V9-U2-C07-LA-G24.indd 147 28/06/22 13:25 • O
INÍCIO da Segunda Guerra
(CONTINUAÇÃO) Mundial. 2020. Vídeo
Diversos aspectos de sua vida pública e privada foram atacados em prol da luta pictórica contra o (5min36s). Publicado pelo
nazismo, começando por sua aparência: muitas charges traziam como principal sátira seu peculiar canal History Brasil. Disponível
bigode, espécie de marca registrada de sua imagem. [...] em: https://www.youtube.
Mas, para além do aspecto físico, Hitler não teve sua personalidade, seus trejeitos e seu modo com/watch?v=7a8QEIbTN-g.
particular de liderança poupados por nossos artistas. [...] Acesso em: 22 jun. 2022.
SILVA, Marcelo Almeida. O reich, o traço e o riso: o nazismo segundo os caricaturistas da Careta durante a II Guerra Mundial.
Revista discente do programa de pós-graduação em História,
Niterói, v. 1, n. 2, p. 115-135, jul./dez. 2015. p. 117-118.
147
ta, antes mesmo da derrota dos perdas humanas e materiais da Guerra. Mesmo além do fato político e moral – uma realidade
alemães nas portas de Moscou assim, conseguiu erguer uma força de homens militar perturbadora para as tropas invasoras.
em 1941 ou em Stalingrado em e mulheres, atuando atrás das linhas inimigas, […]
1943, foi a derrota da expecta- de cerca de 1 milhão de combatentes. A atuação SILVA, Francisco Carlos Teixeira. Pela vida dos outros.
tiva alemã de que a “pátria dos desses “partisans
“partisans”, ”, como ficaram conhecidos os Revista de História da Biblioteca Nacional,
sovietes” desabaria ao primeiro adeptos da resistência, foi responsável por mais Rio de Janeiro, ano 10, n. 116, maio 2015.
choque com as “panzerdivisio-
“panzerdivisio- de 20 mil trens paralisados, 10 mil locomotivas
nen ”, as divisões de tanques na-
nen”, destruídas e 110 mil vagões colocados fora de
zistas. [...] uso, além de 12 mil pontes ferroviárias e rodo-
Com mais de 20 milhões de viárias destruídas. Cerca de 1 milhão e meio de
mortos – ou seja, 10% de toda soldados alemães foram neutralizados pelas
148
Sacalina
s
Is. Aleutas travadas entre os exércitos
ila
ur
ÁSIA
Manchúria
Is
.K adversários e não contra as
0 1 780
Pequim
COREIA
JAPÃO
Midway
1942
populações locais.
O objetivo do Império
Nanquim
Xangai
Tóquio
• Destacar que, com a mun-
Ryukyu
japonês era o mesmo
FORMOSA Okinawa
Is. Marianas
Pearl Harbor
7/12/1941 Trópico de Câncer que o dos imperialistas dialização da guerra, defini-
BIRMÂNIA Hong Kong
TAILÂNDIA Manila
Guam Ilhas
Havaí europeus: dominar, ram-se os blocos oponentes:
Bangcoc
VIETNÃ FILIPINAS
Marshall
OCEANO conquistar, submeter de um lado, o Eixo, com Ale-
Is. Carolinas
Mindanao PACÍFICO povos e territórios.
Cingapura
Equador
Bornéu
Celebes
manha, Itália e Japão; e de
0° Limites máximos da expansão
Sumatra NOVA GUINÉ
Ilhas
Gilbert
Guadalcanal
japonesa até julho de 1942 outro, os Aliados, Grã-Breta-
OCEANO
ÍNDICO
Is. Cocos Java
TIMOR
Is.
Salomão
1942 Território do Japão e áreas
ocupadas até 1942
nha, Estados Unidos, União
Mar de Coral
80° L AUSTRÁLIA
1942
160° L
Ataques japoneses Soviética e França.
Fonte: SERRYN, Pierre. Atlas Bordas Historique et Géographique. Paris: Bordas, 1998.
149
Dica de leitura
O livro aborda a entrada 150
do Brasil na Segunda Guerra
Mundial e as consequências
para o país. Imagens em movimento
D3_HIS-F2-2111-V9-U2-C07-LA-G24.indd 150 28/06/22 13:25 D3_
• FERRAZ, Francisco César Al- Documentário do Arquivo Nacional sobre a participação do Brasil na
ves. Os brasileiros e a Segun- Segunda Guerra Mundial
da Guerra Mundial. Rio de • FEB na Itália. Vídeo (10min26s). Publicado pelo canal Segunda
Janeiro: Jorge Zahar, 2005. Guerra Mundial TV. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=GdwtxT4gaAU. Acesso em 23 jun. 2022.
JORGE ZAHAR EDITOR
Fonte: SERRYN, Pierre. Atlas Bordas Historique et Géographique. Paris: Bordas, 1988. p. 33.
As diversas representações
cartográficas quando utilizadas
Golfo Pérsico
em sala de aula, com base em
uma metodologia que defina
tais métodos cartográficos cons-
IRÃ
tituem elementos essenciais
365
SOVIÉTICA
io
para a compreensão e localiza-
UNIÃO
sp
Cá
ÁRABIA
IRAQUE
ção do espaço.
ar
M
0
TRANSJORDÂNIA
auxílio na compreensão dos fe-
Stalingrado
nômenos naturais ou sociais
SÍRIA
LÍBANO Damasco
que se manifestam na superfí-
TURQUIA
cie terrestre. Um dos objetivos
PALESTINA
Rostov
Jerusalém
Mar Negro
Suez
Alexandria
I. Chipre
em se trabalhar com as repre-
Moscou
Ialta
Ancara
sentações cartográficas é o de
Odessa
Cairo
Kursk
EGITO
se estabelecer articulação entre
Bucareste
Leningrado
El Alamein
conteúdo e forma, utilizando
44
19
Kiev
Minsk
I. Creta
a linguagem cartográfica para
LETÔNIA
BULGÁRIA
ROMÊNIA
Atenas
FINLÂNDIA
LITUÂNIA
IA
errâneo
Sófia
SUÍÇAÁUSTRIAHUNGRIA Budapeste
ÁQU
GRÉCIA
Helsinque
Vilna
PRÚSSIA
Varsóvia
Riga
SLOV
o
mielli, a leitura de mapas pelos
Tirana
ltic
Belgrado
Poznan
Bá
Memel
A
Narvik
Ma
r
I
Copenhague
ÁV
Estocolmo
ECO
Medit
alunos do ensino fundamental
Dantzig
SUÉCIA
SL
Nápoles Tarento
LÍBIA
Viena
Berlim
Nuremberg TCH
UG
Trieste
I
Ravena
NORUEGA
Namsos
Mar
DINAMARCA
Paris LUXEMBURGO
Oslo
Roma
Trípoli
Localização e análise: o aluno lo-
19 ITÁLIA
1943
Munique
Milão
I. Córsega
0º
TUNÍSIA
I. Sardenha
BAIXOS
GRÃ-BRETANHA PAÍSES
Bône Túnis
44
Mar do
1943
Norte
3
194
ARGÉLIA
ico
Argel
1944
42
19 o aluno analisa, correlaciona
lar
ISLÂNDIA
Po
Bordeaux
IRLANDA
lo
ESPANHA
cu
ATLÂNTICO
Cír
wich
Brest
iano d
Merid
Desembarque aliado
Estados aliados do
Territórios ocupados
sob seu controle
Estados neutros
1943
1944
1945
em 1945
vitorioso
TEXTO DE APOIO
Ao fim de abril de 1945, após
sucessivos ataques tanto ao
norte pelas forças aliadas como
internamente pela resistência
antifascista, Mussolini e sua
Itália (CNLNI) – órgão que orga- viária central de Milão, no dia 29 de abril e, depois de
nizava a resistência antifascista sofrerem o jugo popular, foram dependurados de pon-
na República de Saló. ta-cabeça em uma viga da estrutura metálica de uma
O fuzilamento foi efetuado construção inacabada de um posto de combustível da
por Walter Audisio – conhecido Companhia Standard Oil, antigo costume popular que
pelo codinome “Coronel Vale- remontava a Idade Média na península Itálica usado
rio” –, representante comunista para ressaltar a infâmia dos condenados.
da região no Comando Geral do
HÁ 75 anos, Benito Mussolini era fuzilado em praça pública. Biblioteca
CNLNI. Após a execução, os cor- Nacional. Brasília, DF, 28 abr. 2020. Disponível em: https://www.bn.gov.
pos de Mussolini, Petacci e dos br/acontece/noticias/2020/04/ha-75-anos-benito-mussolini-era-fuzilado-
outros fuzilados foram expostos praca-publica. Acesso em: 23 jun. 2022.
152
153
13:25 +ATIVIDADES
AV_HIS-F2-2111-V9-U2-C07-LA-G24.indd 153 rante o processo, verificar
20/08/22 14:30 as fontes consultadas pelos estu-
153
BUYENLARGE ARCHIVE/UIG/
BRIDGEMAN/FOTOARENA
trabalho com o tema cida-
dania e civismo, com ênfase
para a educação em direitos
humanos.
Professor, sugerimos usar
sempre “os nazistas” em vez
de “os alemães” quando se Crianças e adultos
tratar dos crimes de guerra pra- a caminho de
ticados, para evitar constrangi- Auschwitz.
mento por parte dos estudan- Alemanha, 1944.
tes de ascendência alemã.
+ATIVIDADES
Realize uma visita técnica
virtual ou presencial ao Memo-
rial da Imigração Judaica e do
Holocausto (site: https://www.
memorialdoholocausto. Os campos de extermínio eram autênticas “fábricas de morte”. Assim que chegavam
org.br/), que preserva e conta a esses campos, idosos, doentes e crianças eram enfileirados e mandados imediatamente
um pouco da história das víti- para as câmaras de gás, sem que soubessem disso; os carrascos nazistas diziam que a
mas do nazismo, por meio de
fila era para os prisioneiros tomarem banho de chuveiro. Antes de a guerra terminar,
fotos, vídeos, mapas e outros
as notícias sobre o extermínio cometido nesses campos eram vistas como “exagero”
meios audiovisuais.
ou “invenção” da propaganda dos Aliados. Mas, com o fim da guerra, vieram à tona
Produza um relatório com
impressões sobre o material inúmeras provas desse crime contra a humanidade, e não foi mais possível esconder o
disponível. horror. Calcula-se que nesses campos foram mortos cerca de 6 milhões de judeus, 300 mil
Tema Contemporâneo Trans- ciganos e centenas de milhares de soviéticos, homossexuais, pessoas com deficiência,
versal: essa atividade quer con- padres e pastores que pregavam contra a guerra. Esse extermínio sistemático ficou
tribuir com o trabalho em edu- conhecido como Holocausto..
cação em direitos humanos,
vinculado ao tema cidadania e 154
civismo.
TEXTO DE APOIO
D3_HIS-F2-2111-V9-U2-C07-LA-G24.indd 154 Segunda Guerra também de britânicas, ame- 28/06/22 13:25 AV_
© TALLANDIER/BRIDGEMAN/FOTOARENA
divulgar propaganda antinazista. [...] mo. Se houver mais de um
Outras mulheres participaram ativamente das operações coletivo, escolham um deles
de resgate e socorro aos judeus na parte da Europa ocupada e façam um levantamento
pelos alemães. Entre elas estavam as judias Hannah Szenes, sobre sua história, por quem
paraquedista, e a ativista sionista Gisi Fleischmann Szenes, é composto, onde ele atua e
que vivia na área do Mandato Britânico na Palestina, saltou de como ele atua para atingir a
paraquedas na Hungria, em 1944, para ajudar os judeus [...]. seus objetivos.
Milhões de mulheres foram perseguidas e assassinadas Professor, auxiliar os estu-
durante o Holocausto. No entanto, para todos os efeitos, foi o A jovem de 18 anos dantes na busca pelos coleti-
Simone Segouin
enquadramento na hierarquia racista do nazismo ou a postura vos de mulheres no municí-
ajudou a capturar e
religiosa ou política dessas mulheres que as tornaram alvos, e prender nazistas na pio ou estado em que vivem.
não o seu sexo. França. Na imagem, Muitos coletivos apresentam
UNITED STATES HOLOCAUST MEMORIAL MUSEUM. As mulheres durante o Holocausto.
a vemos empunhando sites próprios, em que é pos-
Enciclopédia do Holocausto. Washington, D.C., [2008]. Disponível em: https://encyclopedia. uma metralhadora. sível encontrar informações
ushmm.org/content/pt-br/article/women-during-the-holocaust. Acesso em: 21 mar. 2022. França, 1944.
como “Quem somos”, “Publi-
a) As mulheres que resistiram ao nazismo eram de uma mesma região e tinham a mesma orientação cações”, “Contato”, “Como
política e/ou religiosa? ajudar” etc. Em seguida, or-
b) O texto permite inferir que na luta contra o nazismo as mulheres foram coadjuvantes ou prota- ganizar os alunos em uma
gonistas? Justifique. roda de conversa e iniciar a
c) Apresente outro exemplo na história em que as mulheres atuaram com o objetivo de lutar contra discussão sobre a importância
a opressão ou a violência de que eram vítimas. c) Resposta pessoal. desses coletivos como meio de
b) Elas foram protagonistas; além de atuarem como mensageiras, serviram nos grupos de resistência civil ajuda para muitas mulheres.
Depois, pedir aos grupos que
armada, os chamados partisans. Elas atuaram também na universidade – foi o caso de Sophie Scholl,
estudante da Universidade de Munique. 155 apresentem o que descobri-
ram com a pesquisa. Se pos-
sível, convidar previamente,
ENCAMINHAMENTO • Refletir com os alunos sobre as diferentes
30/06/22 con-
13:25 AV_HIS-F2-2111-V9-U2-C07-LA-G24.indd 155 16:45
para o dia das apresentações,
dições a que a população feminina foi subme- uma mulher que participa de
• Valorizar a participação das mulheres na
tida durante o combate. Questões envolven-
luta contra o nazismo em diferentes partes um coletivo feminista a fim
do desprestígio e questionamento de capaci-
do mundo. de explicar aos alunos sobre
dade, assédios e abusos morais e sexuais.
• Explicitar os diferentes papéis desempenha- c) Professor, entre os exemplos que podem a importância de sua entida-
dos pelas mulheres – mensageiras, espiãs, ser apresentados pelos estudantes está a re- de e sua forma de atuação na
propagandistas de ideias antifascistas, in- sistência das mulheres às longas jornadas de sociedade.
tegrantes dos grupos de civis armados (os trabalho durante a Revolução Industrial, e
partisans) – que ofereceram uma resistência a luta das mulheres por liberdade durante a
sem tréguas aos defensores do nazismo. emancipação política da América Latina.
155
156
TEXTO DE APOIO D3_HIS-F2-2111-V9-U2-C07-LA-G24.indd 156 forma dissonante à euforia que tomava conta do Parlamento e da 28/06/22 13:25 AV_
157
BELMONTE
ra arrasada”, e ajudados por Observe a charge e responda.
um rigoroso inverno, os sovié a) O que a charge mostra?
ticos venceram os alemães, b) A Batalha de Stalingrado é considerada um
fazendo-os recuar de volta a divisor de águas, permitindo que a Segunda
Berlim. Guerra Mundial tomasse uma nova direção.
7. A atividade oportuniza dis- Justifique.
cutir com os alunos as atuações 6. a) Um caminhão de guerra nazista, tendo sua passagem
individuais e coletivas como bloqueada por uma grande pedra, na qual se lê “Stalingrado”;
a imagem é uma clara alusão à Batalha de Stalingrado vencida
meios de combate às formas pelos soviéticos.
de violência e construção de Charge de Belmonte Uma pedra na estrada,
uma sociedade justa e iguali- 1942. Ne pedra está escrito “Stalingrado”.
tária, mobilizando a compe- 6. b) A Batalha de Stalingrado marca o início da contenção
tência geral 9. Questionar os nazista e da contraofensiva dos Aliados na União Soviética. Foi
alunos sobre o que conhecem primeira derrota da Alemanha na Segunda Guerra.
a respeito da tática da não vio-
lência adotada por Mahatma
Gandhi e o papel que teve na
independência indiana em re- 7 Observe o infográ- Bomba atômica na cidade de Nagasaki, no Japão
lação ao Reino Unido. fico a seguir sobre
MARIO KANNO
Extensões aproximadas para
cada zona. Os efeitos podem 8,7 km2
os efeitos da bomba variar por causa do terreno Os edifícios
acidentado de Nagasaki. residenciais ruíram
atômica na cidade de
Nagasaki, no Japão.
+ATIVIDADES 7. Alternativas B, C e D. 0,36 km2
Destruição quase total
Fórum de Debates. Alguns
estudiosos em Direito da Marco zero
11 km2
As pessoas
soferam
Guerra consideram as bombas Fonte: SERRANO, Carlos.
queimaduras de
Hiroshima e Nagasaki: como foi terceiro grau por
sobre o Japão criminosas por o “inferno” no qual morreram causa da radiação
milhares por causa das bombas térmica
terem violado dois princípios atômicas. BBC News Brasil,
que regem os conflitos arma- São Paulo, 6 ago. 2020.
Disponível em: https://www.
dos desde 1864: o princípio bbc.com/portuguese/resources/ 4,5 km2
de distinção e o de proporcio- idt-a05a8804-1912-4654-ae8a-
500 m
Cerca de 50% dos
sobreviventes morreram
27a56f1c2b8a. Acesso em:
nalidade; já outros, afirmam 21 mar. 2022.
por exposição à radiação
Fonte: SERRANO, Carlos. Hiroshima e Nagasaki: como foi o "inferno" no qual morreram milhares por causa das bombas atômicas. BBC News Brasil, 6 ago. 2020.
que o lançamento de bombas Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-a05a8804-1912-4654-ae8a-27a56f1c2b8a. Acesso em: 21 mar. 2022.
faz parte de ações próprias de Com base nas informações apresentadas no infográfico e em seus conhecimentos
um contexto de guerra e são sobre a Segunda Guerra Mundial, copie no caderno as alternativas corretas.
compreensíveis pois teriam a) As bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki tinham como objetivo único fazer o
Japão se render.
sido um mal menor do que a
b) Do marco zero, isto é, do local em que a bomba caiu, a um raio de 0,36 km2, a destruição
alternativa de invadir o Japão
foi quase total.
por terra, que custaria talvez
c) Do marco zero, isto é, do local em que a bomba caiu, a um raio de 4,5 quilômetros, cerca de
milhões de vidas.
50% dos sobreviventes pereceram.
Organizados em grupos ar-
d) Os efeitos da bomba atômica atingiram tanto construções quanto pessoas, que morreram por
gumentar em defesa de uma causa da exposição à radiação ou tiveram queimaduras graves.
das posições.
A atividade contribui para 158
o desenvolvimento da compe-
tência específica 7.
TEXTO DE APOIO Satyagraha, forma não violenta de mani-
AV_HIS-F2-2111-V9-U2-C07-LA-G24.indd 158 Infelizmente, nenhum dos dois apelos 30/06/22 16:45 AV_
festação e ativismo político que implicava foi levado a sério pelos oficiais nazistas. A
Com intenção sincera de evitar a na desobediência civil e que influenciou guerra e violência continuaram por mais
Segunda Guerra Mundial, Mahatma líderes como Martin Luther King Jr. em sua cinco anos após a segunda carta, e mesmo
Gandhi enviou duas cartas ao líder campanha por direitos civis nos EUA. [...] tendo cometido suicídio, Hitler nunca de-
nazista. A primeira carta de Gandhi foi escrita no monstrou o abandono de suas ideias.
Mahatma, em sânscrito, significa Gran- dia 23 de julho de 1939, a menos de dois PEREIRA, Joseane. As cartas que Gandhi escreveu para
meses do início da Guerra. [...] Hitler. Aventuras na História. São Paulo, 25 nov. 2019.
de Alma. Principal liderança na luta Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/
dos indianos contra dominação britâni- Um ano depois, em 1940, Gandhi envia noticias/almanaque/cartas-que-gandhi-escreveu-para-
ca, Gandhi era um assíduo defensor da uma carta muito maior que a anterior. [...] hitler.phtml. Acesso em: 23 jun. 2022.
158
BRIDGEMAN/FOTOARENA
século XX, cujo pacifismo in-
fluenciou várias personalida-
O texto a seguir é um trecho de uma
carta de Mahatma Gandhi a Adolph
des como o ganense Kwame
Hitler. Nkrumah, o estadunidense,
Caro amigo, Dr. Martin Luther King, o in-
O fato de eu me dirigir a você glês John Lennon, além de
como amigo não é nenhuma formali- movimentos sociais, a exem-
dade. Eu não possuo inimigos. [...] plo do movimento hippie.
Mas seus próprios escritos e pro- • Reservar um momento para
nunciamentos não deixam margem a autoavaliação e retomar
dúvidas de que muitos dos seus atos com os alunos o que estabe-
são monstruosos e incompatíveis com leceram como objetivos do
a dignidade humana, especialmente debate. É importante que es-
em relação a homens como eu, que ses objetivos principalmente
acreditam na amizade universal. [...] aqueles mais imediatos, se-
Eu estou ciente de que a sua pers- jam alcançáveis como forma
Mahatma Gandhi. Índia, 1930. de estimular os estudantes.
pectiva de vida vê tais espoliações
Nesse sentido, auxiliar cada
como atos virtuosos. Mas nós temos sido ensinados desde a infância a considerá-
um a pensar em possíveis
-los atos de degradação da humanidade. Por isso, nós não podemos desejar sucesso
ajustes na argumentação de
aos seus empreendimentos.
que se utilizou para dar su-
[...] Nós encontramos na não violência uma força que, se organizada, pode,
porte às posições defendidas.
sem dúvidas, unir-se contra as forças mais violentas do mundo. Dentro da técnica
Professor, esse debate pú-
da não violência, como eu disse, não existe a derrota. Trata-se de um “viver ou
blico pode contribuir para o
morrer” sem matar ou ferir. [...]
desenvolvimento da compe-
PEREIRA, Joseane. As cartas que Gandhi escreveu para Hitler. Aventuras na História,
São Paulo, 25 nov. 2019. Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/ tência geral 7.
noticias/almanaque/cartas-que-gandhi-escreveu-para-hitler.phtml. Acesso em: 30 maio 2022.
a) A ofensiva nazista na Europa e a ocupação da França pelos nazistas.
a) Sabendo-se que essa carta de Gandhi é do final de 1940; qual era o contexto político-militar
europeu quando ela foi escrita?
b) Se Gandhi tinha um pensamento tão contrário ao de Hitler para a solução dos problemas
humanos, com base no texto podemos inferir que, ao chamar Hitler de amigo, Gandhi usou de
ironia, figura de linguagem por meio da qual se diz o contrário do que se quer transmitir? b) Não.
c) Gandhi enuncia dois conceitos importantes de seu pensamento e, à luz deles, avalia as ideias
e atitudes de Hitler. O que se pode saber sobre esses dois conceitos que estão no texto?
d) Em grupo. Reúnam-se para pesquisar alguns pontos da carta de Gandhi para Hitler. Em
seguida, compartilhem os resultados com o restante da turma em um fórum de debates.
Na pesquisa, vocês devem considerar os pontos a seguir: O contexto de escrita da carta;
os conceitos que Gandhi enuncia; as ideias e práticas de Hitler para justificar as invasões e
conquistas de terras e povos (espaço vital); o significado de “ciência da destruição”.
c) Gandhi faz sua avaliação à luz do conceito de amizade universal e da “não violência” (que, uma vez organiza-
da, é capaz de resistir à violência sem matar ou ferir).
d) Respostas pessoais.
159
ideologia, religião.
a) Em dezembro de 1940, já havia transcorrido mais de um d) O fórum de debates pode ser virtual. Os alunos subme-
ano de guerra, e os nazistas já tinham se apossado dos paí- tem os resultados das pesquisas a sua apreciação e, a seguir,
ses Dinamarca, Noruega, Holanda, Bélgica e França. Após a postam nas redes oficiais da escola. Abre-se, então, o debate
ocupação nazista, a França tinha sido dividida: uma parte, ao virtual entre os grupos, que deverá obedecer às regras prees-
norte, ficou sob o domínio da Alemanha; a outra, ao sul, foi tabelecidas em sala de aula. Os alunos poderão curtir, comen-
entregue a um militar francês, o marechal Pétain, que acei- tar ou questionar as postagens dos colegas, já que a ideia é
tou colaborar com os nazistas. gerar um espaço de discussão. Outra possibilidade é criar um
b) Como o próprio Gandhi dizia, ele vinha empenhando es- blogue e, para cada ponto, inserir um comentário sobre um
forços em unir a humanidade, e almejava tornar as pessoas aspecto específico da carta de Gandhi.
159
#JOVENS NA Rev is ão
da ar te)
cesso de pesquisas por enti-
dades sérias e a estabelecer (estado
recortes, como a comunida-
de ou o município.
HISTÓRIA
160
identificando o tema central e suas informações mais importantes. Nesta etapa, é importante estabelecer relações entre as
palavras que os alunos já conhecem e as novas palavras encontradas na pesquisa, com o auxílio de explicações ou de outras
obras de consulta, como dicionários.
e) Auxiliar os alunos na identificação das semelhanças e diferenças encontradas nos materiais, a fim de facilitar o entendi-
mento deles sobre como cada texto trabalha o tema central.
f) Orientar os alunos na elaboração do relatório final com base nos resultados encontrados na pesquisa. Retomar o texto para uma
última leitura para que os alunos possam verificar as mudanças ocorridas durante o percurso da atividade até o resultado final.
161
3
permanecente tensão, a exis-
tência de blocos rivais em dis-
puta por hegemonia, a guerra
permanecente de propaganda O MUNDO NA
e de modelos a serem seguidos
entre grandes potências – a GUERRA FRIA
exemplo da China e dos Estados
Unidos – levantam a seguinte
questão: terá a Guerra Fria che-
gado ao fim?
O estudo dos episódios desta FONTE 1
unidade – ocorridos no contex-
Os jovens dos anos
to da Guerra Fria e da ordem
1960 rebelaram-se contra o
mundial bipolarizada – podem autoritarismo, a burocracia
nos ajudar a melhor compreen- e os valores impostos
der o mundo complexo, multi- pelos mais velhos, tanto no
facetado e “líquido” no qual mundo capitalista quanto no
vivemos, além de estimular o comunista. A rebeldia jovem
debate, a interpretação, a aná- foi política, social, sexual e
lise e a formação de autonomia também contra o modelo
de pensamento. de educação então vigente.
O tema do valor da vida, do
Nas páginas de abertura de
desapego aos bens materiais e
unidade, vamos citar exemplos da resistência à guerra inspirou
da articulação entre objetivos, muitas letras de músicas.
habilidades e competências, Enquanto os Estados
por acreditar que, ao longo Unidos investiam fábulas
da coleção, esse procedimento em armas nucleares e
contribuirá para o importante em segurança, o cantor e
propósito de “transformar a compositor estadunidense
Bob Dylan liderava uma
história em ferramenta a servi-
verdadeira revolução na
ço de um discernimento maior
música popular, denunciando
sobre as experiências humanas o racismo e a corrida
e as sociedades em que se vive”, armamentista presentes no
conforme sugere a BNCC (BRA- país.
SIL, 2018, p. 401).
Desenvolver as habilidades
© KOBRA, EDUARDO/AUTVIS, BRASIL, 2022.
gionais e sociais, da discussão dos África e na Ásia, de modo articulado aos das 2, 3, 4 e 7.
processos de resistência durante competências gerais 1, 2, 3, 4, 5, 7, 9 e 10 e ao Objetivo: refletir sobre o papel da produção
a ditadura civil-militar brasileira; das competências específicas 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. cultural engajada na oposição à ditadura.
da identificação das demandas Vejamos agora dois exemplos dessa arti- Esse objetivo, acompanhado de justificativa,
indígenas e quilombolas como culação. articula-se às habilidades EF09HI20, EF09HI22
forma de contestação ao modelo Objetivo: identificar e analisar as estra- e EF09HI29, às competências gerais 1, 2, 3, 4 e
desenvolvimentista da ditadu- tégias usadas por Estados Unidos e União 7 e às competências específicas 1, 2, 3, 4 e 7.
ra brasileira e da comparação Soviética na disputa por hegemonia e áreas
entre os regimes ditatoriais la- de influência. Esse objetivo articula-se à ha-
tino-americanos; e da análise e bilidade EF09HI28, às competências gerais
162
ZAGORY/SHUTTERSTOCK.COM
FONTE 2
John Lennon e a esfera públi-
O trecho a seguir é de uma ca. Sociologia & Antropolo-
letra de música composta por gia, Rio de Janeiro, v. 4, n. 2,
Bob Dylan e gravada em 1963. p. 519-541, 2014.
Na fonte 2, há uma crítica
ao belicismo. As interrogações
deste trecho podem ser inter-
pretadas como: quanto tem-
po a paz – simbolizada pela
pomba – precisará esperar
para predominar na Terra?. E
também: quantas balas de ca-
Soprando no vento nhão serão disparadas até que
Quantas estradas um homem precisa atravessar
se pare de atirar?.
As mensagens na fonte 3
Até que possa enfim ser chamado de homem?
são: a palavra “paz”, escrita
Quantos mares uma pomba branca precisa cruzar
em inglês; a palavra “guerra”,
Até que ela possa descansar na areia?
também em inglês, circulada
Sim, e quantas vezes as balas de canhão precisam voar em vermelho; o símbolo que
Até que sejam para sempre banidas? significa paz e amor, lema do
BLOWIN’ in the wind. Intérprete: Bob Dylan. Compositor: Bob Dylan. In: The Freewheelin’ Bob Dylan. movimento hippie; o desenho
Nova York: Columbia Records, 1963. 1 disco vinil, faixa 1. Tradução nossa.
da mão pode estar simboli-
FONTE 3 zando “pare com a guerra”; e
as flores podem ser associadas
ao pacifismo. Lembre-se de
que os hippies, contemporâ-
neos de Dylan, costumavam
distribuir flores às pessoas no
DOVGALIUK IGOR/
SHUTTERSTOCK.COM
Respostas pessoais.
163
gado pelos circuitos underground
underground,,
[...] chegando rapidamente aos
paraísos psicodélicos da juven-
17:06 TEXTO DE APOIO
AV_HIS-F2-2111-V9-U3-C08-LA-G24.indd 163 das massas, empregará a contestação20/08/22 no
folk15:02
tude alternativa da época [...].
rock da década de 60 remodelando assim o pró-
Bob Dylan e a contracultura prio ritmo que nascera na década anterior [...]. O fato é que a “geração beat”
[...] pode com seus ideais “mar-
Os beatniks influenciaram a rebeldia hippie dos A preocupação em transformar o ritmo popu-
ginais” influenciar a união en-
anos 60, que terá na figura do poeta e músico lar americano, difundido como rock n’ roll,
roll, em
tre arte de vanguarda e cultura
Bob Dylan a figura maior da cultura pop
pop.. Dylan uma arma de contestação social, fez com que
popular, bem como a busca por
uniu ao rock da época uma preocupação inédita durante a década de sessenta o gênero se trans-
práticas de vida alternativa ao
em fazer composições musicais com letras e po- mutasse em uma das bandeiras do que seria
modelo daquele período.
emas, tendo influência na contestação beat
beat.. Bob conhecido como contracultura.
SILVA, Marcelo Pimenta e. A contracultura
Dylan, o bardo camaleônico que sempre travou Consequentemente, com Dylan resgatando a e a imprensa alternativa: revolução social
um embate contra a indústria cultural que por literatura beat à criação artística, tanto na músi- através da informação. Contemporâneos,
vezes tentou lhe “institucionalizar” como ídolo ca quanto em outras formas de arte, será divul- Santo André, n. 6, p. 1-18, 2010. p. 3-4.
163
8
polarizado.
• Argumentar sobre a criação
da ONU e conhecer seus prin- A GUERRA FRIA
cipais órgãos.
• Discutir o Plano Marshall e
seus desdobramentos.
• Identificar e analisar as es-
Observe as imagens e leia a legenda com atenção; reparou que elas são da mesma
tratégias usadas pelos Esta-
década? Como você interpreta a imagem da esquerda? E a da direita? O que elas têm em
dos Unidos e pela União So-
comum e em que divergem? Qual delas você achou mais criativa? Que relação podem
viética na disputa por hege-
ter com o tema deste capítulo? Você considera que os autores das imagens conseguiram
monia e áreas de influência.
passar a mensagem pretendida?
Por meio desses objetivos,
Revista The red iceberg que mostra a versão
BRIDGEMAN/FOTOARENA
BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA
competências propostas.
BNCC
• Competências gerais: 1, 2, 3,
4, 5, 7, 9 e 10.
• Competências específicas: 1,
2, 3, 4, 5 e 6.
• Habilidades: EF09HI15,
EF09HI16 e EF09HI28.
ENCAMINHAMENTO
Professor, à esquerda, charge
estadunidense em que vemos
Tio Sam, com uma expressão
contrariada, na proa de um
barco prestes a encalhar em Visão soviética do capitalismo britânico
um iceberg, com uma particula- e estadunidense. Rússia, 1951.
ridade: é o “Iceberg Vermelho”,
representação caricaturizada do 164
comunismo soviético, identifi-
cado pela cor, pela foice e pelo
martelo. Repare que o autor teD3_HIS-F2-2111-V9-U3-C08-LA-G24.indd
nas mãos. Tio Sam monta em Dica de leitura
EDITORA OBJETIVA
representou também os países John Bull, o qual cavalga sobre o Livro em que o autor analisa
situados na órbita soviética, trabalhador (repare que, na roupa os desenvolvimentos econômi-
como China, Coreia do Norte, do personagem que está sendo cos, sociais, políticos e culturais
Tchecoslováquia, entre outros. montado, lê-se a palavra worker,
da Europa após o fim da Se-
À direita, propaganda soviéti- trabalhador em inglês). Essa con-
gunda Guerra Mundial.
ca mostrando John Bull, repre- frontação de fontes visuais pode
sentando a Grã-Bretanha, e Tio ser trabalhada a partir do conceito • JUDT, Tony. Pós-guerra: uma
Sam, representando os Estados de “lutas de representações”, pro- história da Europa desde
Unidos, ambos com um chico- posto por Roger Chartier. 1945. São Paulo: Editora Ob-
jetiva, 2008.
164
165
A vitória na Segunda Guerra Mundial [...] não gerou qualquer sensação de segurança nos vencedores. Em fins de 1950, nem os Esta-
dos Unidos, nem a Inglaterra e tampouco a União Soviética podiam considerar que as vidas e os recursos dispendidos para derrotar
a Alemanha e o Japão os tinham tornado mais seguros: os membros da Grande Aliança eram agora adversários na Guerra Fria. Os
interesses afinal eram incompatíveis; as ideologias se conservavam no mínimo tão polarizadas quanto antes da guerra; temores de
um ataque-surpresa continuavam a inquietar os militares de Washington, Londres e Moscou. Uma competição pelo destino da Europa
no pós-guerra agora se estendera à Ásia. A ditadura de Stalin permanecia tão cruel – e dependente dos expurgos – quanto sempre fora,
mas com o surgimento do macarthismo nos Estados Unidos e diante de provas irrefutáveis de que houvera espionagem dos dois lados
do Atlântico, não estava mais claro se as democracias ocidentais poderiam preservar a tolerância com as dissidências e o respeito
pelas liberdades civis que as distinguiam dos ditadores, fossem das variedades fascista e comunista.
GADDIS, John Lewis. História da Guerra Fria. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. p. 44.
165
RENATO BASSANI
© IMAGEM CRÉDITO
Ocupação quadripartite
DINAMARCA SUÉCIA
sões tomadas em Potsdam. e Josef Stalin Estadunidense Mar
Soviética Báltico
na Conferência
Britânica
de Yalta. URSS, Francesa
Mar do
Norte
1945. POLÔNIA
TEXTO DE APOIO Berlim 0 10
167
+ATIVIDADES
• Em grupo. Em uma roda de
conversa, debater se a ambi-
ção de poder dos vencedores Um soldado da ONU carrega uma idosa
da Segunda Guerra influen- ferida. Bósnia e Herzegovina, 1995.
ciou a criação e o funciona-
mento da ONU.
TEXTO DE APOIO
ONU no Brasil
As Nações Unidas têm repre-
sentação fixa no Brasil desde
1947. A presença da ONU em 168
cada país varia de acordo com as
demandas apresentadas pelos
respectivos governos ante a Or-
ganização. No Brasil, o Sistema [...]
D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C08-LA-G24.indd 168 privada, instituições de ensino, ONGs e socie- 28/06/22 13:25 D3_
das Nações Unidas está repre- A forma de cooperação com o Brasil muda dade civil brasileira, sempre com o objetivo de
sentado por agências especiali- de uma agência para outra, já que elas desen- buscar, conjuntamente, soluções para superar
zadas, fundos e programas que volvem no País as tarefas indicadas por seus os desafios e dificuldades presentes na criação
desenvolvem suas atividades respectivos mandatos e atuam em áreas espe- e implementação de uma agenda comum em
em função de seus mandatos cíficas. Em geral, as agências atuam de forma favor do desenvolvimento humano equitativo.
específicos. A Equipe de País (co- coordenada, desenvolvendo projetos em con- ONU BRASIL. As Nações Unidas no Brasil. Nações Unidas no
nhecida por sua sigla em inglês, junto com o governo tanto em nível federal Brasil. Brasília, DF, c2022. Disponível em: https://brasil.un.org/
UNCT) está conformada pelos como estadual e municipal –, com a iniciativa pt-br/about/about-the-un. Acesso em 27 jun. 2022.
Representantes desses organis-
mos, sob a liderança do Coorde-
nador Residente.
168
EUROPANEWSWIRE/GADO/GETTY IMAGES
dos países onde havia con-
da pandemia da covid-19, o secretário-geral da
flitos armados nem sequer
ONU emitiu por escrito um pedido de cessar- respondeu ao pedido do se-
-fogo global, alegando que a maior batalha de cretário-geral da ONU.
nossas vidas era o combate à doença. • Retomar e consolidar o conhe-
Dos 43 países onde ocorriam combates cimento sobre o entrave repre-
violentos desde o início da pandemia, apenas sentado pelo poder dos cinco
dez reconheceram o chamado cessar-fogo, grandes ( URSS, China, Estados
porém não diminuíram os conflitos. Os Unidos, França e Reino Unido)
outros países não responderam ao pedido do no Conselho de Segurança.
secretário-geral da ONU. • Solicitar aos estudantes pes-
Segundo analistas internacionais, uma quisa sobre a situação da
António Manuel de Oliveira Guterres, guerra entre Rússia e Ucrâ-
das principais razões desse não atendimento secretário-geral da ONU, durante coletiva nia na atualidade, de modo
a um pedido da ONU é responsabilidade do de imprensa na cúpula do G20, nas Nações
Unidas. Nova York (EUA), 2020.
a promover uma atitude ativa
próprio órgão. O xis da questão é: somente por parte deles.
cinco países são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e cada um • Convidar voluntários para
deles tem poder de vetar uma decisão da maioria. As tensões crescentes entre Estados comentar sobre a evolução
Unidos e China fizeram com que essas duas potências não chegassem a um acordo e, do conflito e seus desdobra-
por isso, as resoluções envolvendo o cessar-fogo foram vetadas por elas. mentos.
Ao não concordar com o pedido de cessar-fogo, por causa dos vetos da China e dos • Para refletir. c) Comentar que
Estados Unidos, o Conselho de Segurança Nacional da ONU levantou uma desconfiança o pedido do secretário-geral
quanto a sua capacidade de interferir em favor da paz, seu principal propósito. da ONU, à época, se baseou
Além disso, os próprios membros perma- em um estudo segundo o qual
nentes têm manipulado o órgão a seu favor. Dialogando os campos de refugiados e as
áreas em conflitos são propen-
Um exemplo marcante disso ocorreu em 2003: Em 2022, os países-membros do sas à rápida disseminação da
França, Rússia e China votaram pela não Conselho de Segurança da ONU
covid-19. A intenção pedagó-
invasão do Iraque. Mas, valendo-se do seu votaram uma resolução condenando a
gica desta atividade é debater
invasão da Ucrânia pela Rússia. Por que
poder de veto, Estados Unidos e Reino Unido sobre a pergunta feita no tí-
essa resolução não foi aprovada?
invadiram o Iraque conjuntamente. tulo. Mais importante do que
a) Ele justificou dizendo que o nosso maior inimigo era a pandemia da covid-19. o posicionamento do aluno
a) Como o secretário-geral da ONU justificou seu pedido de cessar-fogo global? sobre a capacidade de a ONU
b) Como o texto explica o não atendimento do pedido de cessar-fogo do secretário-geral assegurar a paz e a segurança
da ONU? Explique. mundial, é a sua capacidade
c) Em dupla. Com base no conhecimento de vocês e na leitura do texto, tentem res-
de argumentar em defesa de
ponder à pergunta feita no título do texto. c) Resposta pessoal.
seu ponto de vista e de con-
testar contra-argumentações.
b) Segundo o texto, uma das razões é o modo como está organizado o Conselho: há somente cinco membros Estas atividades colaboram
permanentes e cada um deles tem poder de vetar uma decisão, ainda que os outros quatro países sejam a favor.
169 para o desenvolvimento da
habilidade EF09HI15.
Vídeo que traz entrevista com Raquel Gontijo, Pesquisar sobre a atuação do Brasil nos últimos anos como mem-
professora em Relações Internacionais da PUC- bro rotativo do Conselho de Segurança da ONU. Essa proposta pode
-MG, sobre a posição da ONU frente à guerra da ser utilizada para trabalhar noções introdutórias de práticas de pes-
Ucrânia. quisa, pois é possível apresentar aos alunos a distinção entre fontes
• GUERRA na Ucrânia é um dos maiores testes que primárias (registros da ONU ou da diplomacia brasileira) e fontes
a ONU já passou, diz professora. 2022. Vídeo secundárias (artigos, livros e outras publicações sobre o tema). Os
(15min54s). Publicado pelo canal CNN Brasil. resultados da pesquisa podem ser apresentados em forma de texto,
Disponível em: https://www.youtube.com/ de áudio ou vídeo, que podem ser postados nas redes oficiais da
watch?v=hVS3HeM1EpU. Acesso em: 27 jun. 2022. escola.
169
171
172
Berlinense ocidental
acenando para Imagens em movimento
berlinenses orientais
usando um carro como Trecho de vídeo com ima-
apoio. Berlim Ocidental gens da época da construção
(Alemanha Ocidental), do Muro de Berlim.
7 de setembro de 1961.
• CONSTRUÇÃO do Muro de
Berlim. 2014. Vídeo (2min20s.).
Publicado pelo canal Euronews
(em português). Disponível
em: https://www.youtube.
com/watch?v=RbX_aeJLlG4.
Acesso em: 27 jun. 2022.
RENATO BASSANI
o
r ti c
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Rússia e a Ucrânia, a Finlân- ISLÂNDIA ulo P
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dia e a Suécia abandonaram
décadas de neutralidade e
Gree no de
Países capitalistas
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membros da Otan
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oficializaram seu pedido para
idia
Países europeus capitalistas
não membros da Otan
Mer
entrar na Otan, o que, segun- Países comunistas membros SUÉCIA
FINLÂNDIA
ltico
Bá
IRLANDA REINO DINAMARCA
ar
UNIDO M
Fonte: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 1999. p. 32.
Cada país membro tem uma
delegação permanente no quar- As tensões da Guerra Fria levaram à formação de alianças militares lideradas pelas grandes
tel-general político da OTAN potências. Os países capitalistas criaram a Otan (1949), sob a liderança dos Estados Unidos.
em Bruxelas. Essa delegação é Os países comunistas formaram o Pacto de Varsóvia (1955), sob a liderança da União
chefiada por um embaixador, Soviética, de Josef Stalin.
que representa o seu governo
no processo de consultas e de 174
tomada de decisões da Aliança.
O Conselho do Atlântico Norte é
o órgão decisório político mais
importante no seio da Organiza- A OTAN tem muito poucas
D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C08-LA-G24.indd 174 forças próprias através de orçamentos comuns para os quais 28/06/22 13:25 D3_
ção. Reúne a diversos níveis e é permanentes. Quando o Conselho do Atlântico os governos membros contribuem, seguindo
presidido pelo Secretário-geral Norte acorda sobre uma operação os membros uma fórmula de partilha de custos previamente
da OTAN, que ajuda os membros contribuem com forças de forma voluntária. Es- acordada.
a chegarem a acordo sobre as- tas forças regressam aos seus países uma vez OTAN. O que é a OTAN?. North Atlantic Treaty
suntos chave. Todas as decisões terminada a missão. A coordenação e condução Organization (NATO). [S.l], 2019. Disponível em:
tomadas nos comités da OTAN destas operações cabe à estrutura de comando https://www.nato.int/nato_static_fl2014/assets/
pdf/pdf_publications/20190925_What_is_NATO_
são por consenso. Deste modo, militar. Esta estrutura consiste em quartéis-ge- por_20190808_LD.pdf. Acesso em: 27 jun. 2022.
uma “decisão da OTAN” é a ex- nerais e bases localizadas em diferentes países
pressão da vontade coletiva de membros. As atividades do dia a dia, as estru-
todos os países membros. turas civil e militar e os programas de investi-
mento em segurança da OTAN são financiados
174
A juventude dos anos 1960 também manifestou sua movimentos sociais e polí-
ticos – a exemplo do movi-
insatisfação com o “sistema” por meio de movimentos paci-
mento negro – nos protestos
fistas, como o movimento hippie
hippie,, cujo lema era “Paz e amor”.
pacifistas contra a Guerra do
Os hippies usavam cabelos compridos, sandálias, chapéus extra- Vietnã.
vagantes e roupas indianas, elementos esses que chocavam • Debater a respeito dos lemas
a sociedade da época. Geralmente, eles pertenciam à classe e o legado do movimento hi-
média e tinham conforto em casa, mas rejeitavam radicalmente ppie oferece mais uma opor-
a hierarquia, a disciplina e a obediência que caracterizavam tunidade de se trabalhar a
S
AGE
o modo de vida de seus pais. Defendiam o convívio com a cultura de paz, como uma
TY IM
forma de criar ou manter
GET
“natureza”, o consumo de comida vegetariana e a prática do
JR./
amor livre (isto é, relações sexuais livres). espaços de convivência sau-
OSS
ER IO
Muitos hippies abandonavam seus lares e iam viver no dáveis, física e mentalmente.
T
WAL
campo, em comunidades alternativas, onde cultivavam a terra,
Para refletir. d) É importan-
Janis Joplin se te destacar que o contexto em
criavam animais e cuidavam dos filhos em grupo e em total liber- apresenta no Madison que o movimento hippie sur-
dade. Os hippies adotavam certas ideias da Índia, especialmente Square Garden. giu e evoluiu era muito dife-
as de Mahatma Gandhi, líder pacifista favorável à resistência não Nova York (EUA), 1969.
rente do atual. Mas a necessi-
violenta. Por isso, os hippies estadunidenses dade de paz e harmonia entre
HOWARD ARNOLD COLLECTION/GETTY IMAGES
KEYSTONE-FRANCE/GAMMA-KEYSTONE/GETTY IMAGES
cruzada [...] foi, sem dúvida, o atingiu também cientistas.
senador republicano de Wisconsin,
Como complemento para
as discussões sobre o ma-
Joseph McCarthy. Entre 1952 e
carthismo, propor uma dis-
1956, McCarthy liderou o fami-
cussão a partir da seguinte
gerado Comitê de Atividades
questão disparadora: como
Antiamericanas, em que obrigou
explicar a perseguição po-
centenas de americanos a deporem lítica promovida pelo ma-
sobre supostas atividades de espiona- carthismo nos EUA, uma
gem e subversão para os comunistas. nação em que a liberdade
Explorando o temor vermelho, de expressão é um valor tão
McCarthy [...] [submeteu] os “sus- Ator e diretor Charles Chaplin, sua esposa e seus quatro importante?
peitos” a insinuações ou acusações filhos chegando a Cherbourg. França (Paris), 1952. Chaplin foi
um dos perseguidos pelo macarthismo. 6. Para complementar as dis-
abertas, na maioria jamais compro-
cussões sobre o comunismo
vadas, cineastas, escritores, atores, diretores, músicos, jornalistas, advogados, membros na Europa, ressaltar que,
do próprio governo e das forças armadas foram intimados aos bancos do comitê. embora o Plano Marshall te-
Na “caça às bruxas”, de Joseph McCarthy não havia qualquer meio de defesa além nha sido fundamental para
da 5a Emenda, que protegia o cidadão americano contra abusos do poder do Estado, a reconstrução dos países
mas [...] [as] acusações eram praticamente da parte Ocidental do con-
180
9
tória da China no início do
REVOLUÇÕES SOCIALISTAS: século XX.
• Analisar o processo histórico
CHINA E CUBA que conduziu à Revolução
Chinesa.
ALLMAPS
110° L
era governado pela
habilidade e as competên-
dinastia Qing (1644-
JI
A cias especificadas.
1912), mas o seu Rio ng He
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território era dividido HENAN
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de potências como a é( ts
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Ilha Zhoushan • Competências gerais: 1, 2, 3,
io
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Inglaterra, a França, a Z H E J I A N G Ningbo
4, 7, 9 e 10.
Ya
R
io
• SPENCE, Jonathan D. Em bus- um movimento que atingiu o nordeste, na região multinacional formado por potências imperialis-
ca da China moderna: quatro que representa o centro administrativo do país, tas. O saldo político do confronto foi a concessão
com forte significado popular e nacionalista. Os de novos privilégios aos países imperialistas, en-
séculos de história. São Paulo:
rebeldes eram formados pela tradição camponesa quanto a sustentabilidade da autoridade imperial
Companhia das Letras, 1996. ficava precária, na medida em que a imagem do
e praticantes da luta marcial Kung-fu, defendiam
o Estado imperial e tinham como slogan slogan:: “Apoio à poder do Estado era a corrupção, o desapego às
dinastia Qing, destruição do estrangeiro”. O mo- tradições chinesas, a impotência e o entreguismo.
TEXTO DE APOIO BARBIERI JUNIOR, Walter. Uma análise do processo de
vimento teve o apoio da imperatriz regente Cixi,
constituição do Estado nacional como eixo da ascensão
A primeira revolta popular com que se dispôs a cooperar com os rebeldes como
chinesa no capitalismo internacional. Tese (Doutorado em
forte conotação nacionalista, que estratégia para se livrar das potências estran- Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
carregava anseios de repúdio aos geiras. [...] São Paulo, 2015. p. 36.
182
APIC/GETTY IMAGES
Nascido no interior de uma família camponesa, Mao for- • Conhecer a trajetória do lí-
mulou uma tese original. Discordando de Marx, afirmou que der Mao Tsé-Tung e sua tese
seriam os camponeses, e não os operários, a principal força no segundo a qual o campesina-
processo que levaria à revolução socialista na China. to, e não o operariado, seria
Com a morte do presidente Sun Yat-Sen, em 1925, abriu-se a principal força da Revolu-
uma luta pelo poder, vencida pelo general Chiang Kai-Shek, ção Socialista na China.
que rompeu com o Partido Comunista Chinês e colocou-o na • Identificar as discordâncias
ilegalidade. Com isso, teve início uma prolongada guerra entre os entre os nacionalistas, lidera-
chineses de 1927 a 1949: de um lado, estavam os nacionalistas,, dos por Chiang Kai-Shek, e os
liderados por Chiang Kai-Shek, e de outro, os comunistas,, Mao Tsé-Tung, presidente comunistas, encabeçados por
encabeçados por Mao Tsé-Tung. Um dos episódios marcantes
do Partido Comunista Mao Tsé-Tung.
Chinês, no campo.
dessa guerra foi a “Longa Marcha”. China, c. 1958. • Trabalhar a união entre na-
cionalistas e marxistas chine-
ses diante da ofensiva japo-
A República Popular da China nesa na China.
Professor, para que os alu-
Em 1937, enquanto os chineses guerreavam entre si, o Japão lançou um violento nos compreendam a tese do
ataque à China, saqueando e humilhando a população chinesa. Partido Comunista Chinês, co-
Os nacionalistas e os comunistas chineses decidiram, então, interromper a guerra mentar que, de acordo com as
entre eles e lutar contra os japoneses. Porém, após serem derrotados na Segunda Guerra, análises de Marx, o avanço do
em 1945, os japoneses deixaram a China; foi o que bastou para que os comunistas e capitalismo levaria a uma cres-
cente oposição entre capitalis-
os nacionalistas chineses recomeçassem a guerra entre eles. Liderando a resistência aos
tas e trabalhadores. Para ele,
japoneses, Mao conquistou um grande número de seguidores. E, por meio da guerra de
o crescimento do sistema capi-
guerrilha, o Exército Popular de Libertação (EPL), liderado por Mao, venceu os nacio-
talista estava associado à aboli-
nalistas. Em 1949, Mao proclamou em Pequim a República Popular da China,, governo ção progressiva das relações de
marxista presidido por ele. produção ditas pré-capitalistas.
Assim, a industrialização sub-
183 meteria cada vez mais pessoas a
relações capitalistas e levaria a
um aumento da desigualdade
13:25 Imagens em movimento
AV_HIS-F2-2111-V9-U3-C09-LA-G24.indd 183 30/06/22 16:47 entre a burguesia e o proleta-
Os professores José Augusto Guilhon Albuquerque e Shu Changsheng fazem um balanço riado urbano. Com a formação
dos efeitos da Revolução de 1949. dessas classes, estariam dadas
as condições para a revolução.
• DIÁLOGOS USP – 70 anos da Revolução Chinesa (Bloco 1). 2019. Vídeo (31min51s). Publicado
Assim, de acordo com Marx, o
pelo Canal USP. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CFhK0v6PgTI. Acesso em: campesinato, diferentemente
29 jun. 2022. da classe trabalhadora urbana
• DIÁLOGOS USP – 70 anos da Revolução Chinesa (Bloco 2). 2019. Vídeo (28min46s). Publi- e industrial, não seria uma clas-
cado pelo Canal USP. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=oaBAY2RcZOM. se revolucionária.
Acesso em: 29 jun. 2022.
183
NICK LEDGER/ALAMY/
FOTOARENA
seus impactos para a econo-
Nos primeiros anos de seu governo, Mao
mia chinesa.
Tsé-Tung adotou um conjunto de medidas:
• Explicar as crescentes ten-
a) estatizou as grandes empresas; b) expropriou
sões entre China e URSS nos
e distribuiu terras aos camponeses; c) imple-
GRANGER/FOTOARENA
anos de 1960 e identificar
mentou a industrialização com a ajuda da
sua principal razão: a dispu-
ta pela supremacia no cam- União Soviética; d) concedeu às mulheres direi-
po socialista. tos iguais aos dos homens. Com os incentivos
• Evidenciar as divergências
governamentais, a economia chinesa passou a
entre o marxismo-leninismo, apresentar altas taxas de crescimento.
defendido pela União Sovié-
tica, e a tese da revolução Multidão dá as boas-vindas às tropas comandadas por
Mao Tsé-Tung e comemora a vitória da revolução liderada
contínua, defendida pelo por ele. A capital da República passou a ser Pequim;
maoismo. sua bandeira (no detalhe) é vermelha, cor que simboliza
• Descrever as ações e retalia- o comunismo. A estrela grande representa o Partido
Comunista Chinês e as quatro menores, o povo chinês.
ções da parte da URSS e da A disposição das cinco estrelas simboliza a união do povo
RPC nos anos de 1960. com o PCCh. Pequim (China), janeiro de 1949.
• Retomar e consolidar o con-
ceito de coexistência pacífica.
• Compreender as razões do
Tensões entre China e União Soviética
rompimento de relações Nos anos 1960, ocorreram tensões entre a China e a URSS, com acusações e críticas
diplomáticas entre China e de lado a lado. O principal ponto de tensão entre esses dois países gigantes foi a disputa
URSS de modo a contribuir pela supremacia no campo socialista. Eles divergiam quanto ao modelo de socialismo a
para o desenvolvimento da ser seguido. A União Soviética vivia sob o marxismo-leninismo e era esse modelo que ela
habilidade EF09HI28 e incor- queria impor ao mundo socialista. Já Mao Tsé-Tung defendia, à época, a teoria da “revo-
porar o objeto de conheci- lução contínua”. Para ele, as revoluções socialistas ao redor do mundo não se fariam mais
mento que propõe estudar a segundo o modelo soviético, mas com a força do campesinato e sob a liderança chinesa.
“Revolução Chinesa e as ten- Nesse contexto, em 1960, o líder da União Soviética, Nikita
ALAMY/FOTOARENA
sões entre China e Rússia”. Kruschev, ordenou o retorno a Moscou de todos os técnicos russos
Professor, há analistas que enviados à China e o abandono dos projetos em andamento.
apontam a crise dos mísseis em No ano seguinte, Mao revidou, fornecendo equipamentos para
Cuba como mais um fator de fábricas, usinas e metalúrgicas da Albânia e emprestando 112,5
tensão entre URSS e China. O milhões de rublos para aquele país socialista, que vivia na órbita
Partido Comunista Chinês pas-
soviética, o que foi visto por Kruschev como uma provocação.
sou a propagandear que a re-
tirada dos mísseis soviéticos de
Cuba foi em razão do medo da Charge ironiza as tensões entre URSS e China, 1963. Cada
URSS de um ataque imperialis- um dos personagens, Kruschev (esquerda) e Mao (direita)
ta (leia-se estadunidense). seguram um cachorro. O cachorro de Kruschev traz os dizeres
“coexistência” enquanto o de Mao traz “guerra inevitável”.
184
TEXTO DE APOIO D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C09-LA-G24.indd 184 nucleares e não se submeter ao comando soviético, tendo obtido 28/06/22 13:25 D3_
185
anchor.fm/historia-fm/episodes/049-Revoluo-
Podcast com o professor de História da
Chinesa-do-nacionalismo-Revoluo-Cultural-
Ásia na UFPB, Fernando Pureza.
eq01ep. Acesso em: 29 jun. 2022.
• REVOLUÇÃO Chinesa: do nacionalismo à
Revolução Cultural. [S. l.]: História FM, 8
185
RENATO BASSANI
ESTADOS
UNIDOS mal, morava em cortiços ou
da maioria da população em cabanas de palha, sem
cubana sob a ditadura de Golfo do
México assistência médica, sem saber
Fulgêncio Batista. Miami
OCEANO ler e escrever e sobrevivia de
• Descrever a luta de Fidel Cas- ATLÂNTICO
Trópico de Câncer 170 km empregos temporários.
tro e seus companheiros nas Havana
Santiago
crescente apoio popular ob- MÉXICO de Cuba Guantánamo
REPÚBLICA Porto
tido por eles para explicar a HAITI DOMINICANA Rico
(EUA)
JAMAICA
vitória da Revolução Cuba- BELIZE
187
ticas aos dias atuais. O bloqueio econômico imposto a Cuba em 1962 é um dos mais duradouros já
• Pesquisar as relações entre impostos por um país a outro. Veja, a seguir, a evolução desse bloqueio.
Estados Unidos e Cuba du-
rante o governo Joe Biden. O embargo estadunidense a Cuba
• Refletir sobre o reatamento 1961 Os dois países rompem relações diplomáticas.
Os Estados Unidos do presidente John Kennedy radicalizam sua posição e impõem um
de relações diplomáticas en- 1962
embargo econômico a Cuba.
tre Estados Unidos e Cuba,
1992 Os EUA reduzem em 700 mil toneladas a cota de açúcar importado de Cuba.
ocorrido durante o governo
Lei Helms-Burton: estabelece sanções para as empresas estrangeiras que negociarem com
Obama, com a mediação do 1996
Cuba.
papa Francisco. O presidente Bill Clinton ameniza o bloqueio, permitindo a venda de alimentos e medicamentos
2000
Para refletir. d) Comentar a Cuba por razões humanitárias.
que, apesar de sucessivas reso- O governo Bush intensifica a investigação e a punição aos estadunidenses que foram a Cuba
2006
através de outros países.
luções da ONU propondo a sus-
Com a mediação do papa Francisco, os Estados Unidos do presidente Barack Obama reatam
pensão do embargo econômico 2015 as relações diplomáticas com Cuba. Já a suspensão do bloqueio econômico à ilha aguarda a
imposto pelos Estados Unidos a aprovação do Parlamento dos Estados Unidos.
Cuba, a suspensão efetiva do A ONU aprova mais uma resolução que propõe a suspensão do embargo econômico imposto
bloqueio econômico à ilha con- 2017 pelos Estados Unidos contra Cuba. A resolução recebe 191 votos favoráveis; apenas Estados
Unidos e Israel se opuseram a ela.
tinua aguardando aprovação
do Parlamento estadunidense. a) Qual era o objetivo dos Estados Unidos ao impor um embargo econômico a Cuba?
Lembrar que o governo Trump
b) Como o governo cubano reagiu ao bloqueio econômico?
adotou uma política de distan-
ciamento em relação a Cuba. E c) Com base nos dados do quadro, responda: nos anos 1990 e no governo de Bush, o
que o governo Joe Biden, até rigor do embargo diminuiu ou aumentou? Justifique.
maio de 2022, não tomou ati- d) O que se pode dizer da relação entre os EUA e Cuba durante o governo Barack
tudes que pudessem facilitar Obama? b) Fidel Castro estreitou os
a aproximação entre Estados laços com a União Soviética,
GARY MILLER/FILMMAGIC
sobre a vida social, política, pratiquem a tolerância e o respeito mútuos. Artigo que discute o crescimento da pre-
econômica e cultural na ilha. Dessa forma, desenvolve-se as competências sença chinesa na América Latinha impulsio-
Ao final da pesquisa, criar gerais 7 e 9 e a promoção da cultura de paz. nado pela pandemia de covid-19.
um fórum para que os grupos • BARRIA, Cecília. China: os 3 pilares da
exponham e debatam as con- expansão do país na América Latina em 2
clusões a que chegaram. anos de pandemia de covid-19. BBC News
Durante os debates, re- Brasil, [s. l.], 23 jan. 2022. Disponível em:
forçar a necessidade de que https://www.bbc.com/portuguese/
os alunos exercitem, por um internacional-59946976. Acesso em:
lado, a formulação de ar- 29 jun. 2022.
188
ATIVIDADES
pizza, que está sendo dividida entre as potências NÃO ESCREVA
lar uma leitura orientada da
da época. NO LIVRO.
charge e uma melhor compre-
1. b) Não, o chinês aparenta uma expressão de desespero diante ensão da crítica nela expressa.
da divisão de seu país pelas potências europeias, com as mãos para cima, os
olhos e a boca abertos, como se estivesse gritando “pare!”. A leitura da charge, em seus
1. c) Sim, essa rivalidade pode ser vista de forma mais clara entre os repre- aspectos internos e externos,
sentantes da Inglaterra e da Alemanha, que se encaram com expressão hostil. contribui para a construção do
I. Retomando 1. d) Ele criticou a divisão da China em áreas de influência, controladas pelas
potências estrangeiras, com o apoio do imperador e da elite chinesa, e o prejuízo
conceito de imperialismo, ten-
do como matéria-prima a cobi-
da população geral.
ça das grandes potências pelas
1 Analise a ilustração a seguir, produzida no século XIX. terras e riquezas da China.
a) Como a China está representada na charge? Essa leitura pode contribuir
ALBUM/FOTOARENA
ramento feito por meios de
comunicação independentes.
Comentar que a política do
Grande Salto para a Frente es-
tabeleceu metas de produção
absolutamente inalcançáveis
com a tecnologia e mão de
obra disponíveis à época.
4. Para exercitar a construção
de argumentos e o diálogo res-
peitoso, de modo a contribuir
Família do meio rural durante o Grande Salto
para o desenvolvimento das
para Frente, na China.
competências gerais 7 e 9, su-
gerimos propor uma discussão
sobre a relação entre artistas e
Estado a partir do caso da China Cartaz de propaganda da política do Grande Salto
durante a Revolução Cultural. para a Frente (1958-1961). China, década de 1960.
Propor a seguinte pergunta 3. c) Enquanto o cartaz de propaganda do governo de Mao Tsé-Tung veiculava a ideia de prosperidade,
disparadora: o que você pensa fartura e satisfação popular, muitas famílias camponesas passavam fome. Esta, como se sabe, ceifou a
sobre o governo escolher um a) O que a imagem colorida mostra? vida de 30 milhões de pessoas na época da política do Grande
estilo artístico e considerá-lo o b) E a fotografia em preto e branco, o que mostra? Salto para a Frente.
único a ser seguido? Incentivar c) O que se pode concluir comparando uma imagem à outra?
os alunos a argumentarem de d) Durante a política do Grande Salto para a Frente, o governo de Mao Tsé-Tung manipulava as
forma coerente, bem como estatísticas a seu favor. E, hoje, há governos que utilizam essa prática? Se sim, pesquise e dê
escutar e respeitar posições um exemplo. 3. d) Respostas pessoais.
4. a) Os artistas recebiam um salário compatível ao de
divergentes. um operário, não havendo distinção de classes. Porém só
4 Leia o documento a seguir e responda. tinham trabalho caso apoiassem a revolução.
Ao insistir que tudo que fosse velho ou estrangeiro era “ruim”, a Revolução
TEXTO DE APOIO Cultural jogou na lata de lixo milhões de anos de cultura – tanto do próprio patri-
[...] mônio chinês, riquíssimo, como de toda a arte, literatura e filosofia europeias. [...]
As primeiras atividades agrícolas
Pinturas, balés, filmes, músicas e livros que não estivessem a serviço da revolução
da era comunista e a divulgação [cultural] eram considerados “ervas daninhas” que precisavam ser arrancadas e
de dados duvidosos chamaram queimadas. A única arte boa era a criada por um grupo, como os grandes murais ou
atenção pela sua ambiguidade. Em outdoors falando de temas revolucionários. […] Os criadores dessas obras recebiam
1959, por exemplo, o ex-chefe da salários iguais aos de operários ou camponeses e qualquer lucro que resultasse do
Organização para Alimentação e
seu trabalho ia para o Estado popular.
Agricultura, em uma declaração,
destacou a ausência de fome na ANGE, Zhang. Terra Vermelha, rio amarelo: uma história da Revolução Cultural. São Paulo: Edições SM, 2005. p. 61.
China, visto que houve um au- a) Qual era a posição social dos artistas chineses, em especial durante a Revolução Cultural?
mento na produção de alimentos, b) Qual foi o papel do Estado na divulgação da arte no período descrito no texto?
se comparado com a produção da 4. b) O Estado estabeleceu uma rígida censura à tradição cultural chinesa e às obras consideradas “bur-
Grã-Bretanha. No entanto, nesse
mesmo período, jornais ocidentais
190 guesas” ou inúteis à revolução, impedindo artistas de trabalharem livremente em temas de interesse
próprio, só sendo divulgadas obras com mensagens favoráveis ao comunismo.
perceberam a existência de notícias
sobre escassez de alimentos em
Cantão, Pequim e outras cidades deAV_HIS-F2-2111-V9-U3-C09-LA-G24.indd
1961, era muito notável 190 por outros países. Juntamente com as políticas governamentais que 30/06/22 16:47 D3_
chinesas. Por se encontrar em um cenário de isolamento influenciaram a queda na produção de grãos, o incen-
Eram divulgados boletins de- político, era dificultosa uma avaliação externa tivo direto e indireto ao crescimento urbano ajudou
monstrando safras recordes no da real situação do país, no que tange ao pro- a agravar a situação. O período de 1949 a 1956 foi de
país. Em adição, notava-se uma blema da fome. A situação se agravou em 1960, grande migração da área rural para a urbana, passando
elevação contínua das exporta- quando a União Soviética retirou a assistência de cerca de 58 milhões de habitantes em 1949 para 99
ções e nenhuma importação de técnica e econômica fornecida à China, com milhões em 1957. A prioridade dada à industrialização
alimentos. Embora esses dados consequente piora nas questões econômicas. durante o Grande Salto contribuiu ainda mais para o
passassem uma ideia de produ- Com a perda de um importante aliado em um aumento da migração. [...]
BISPO, Scarlett Queen A.; MARTINS, Michelle Marcia V.; CECHIN,
ção excedente e demanda interna momento crítico, houve tentativas de ajuda ex-
Alicia. Evolução da agricultura chinesa: da fome às reformas
devidamente suprida, a existência terna, principalmente através da Cruz Vermelha de desenvolvimento do setor. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisa
de fome severa na China, no início Internacional. [...] Econômica Aplicada, 2022. (Nota Técnica 45, p. 6-7).
190
NICOLAS ECONOMOU/NURPHOTO/AFP
• Ressaltar a necessidade de pediram, em carta ao presidente ame-
que o respeito e o diálogo se- ricano Joe Biden […], o levantamento
jam mantidos, mesmo dian- das sanções econômicas contra a ilha
te de divergências e discor- comunista, que "prejudicam de forma sig-
dâncias que possam ocorrer nificativa" suas atividades e suas famílias.
durante o debate. "Por meio de nossos negócios, estamos
trabalhando [...] para ter um trabalho gra-
tificante e prosperidade econômica". [...]
TEXTO DE APOIO "No entanto, a atual política dos
Estados Unidos em relação a Cuba afeta
(CONTINUAÇÃO)
em grande medida nossas operações Praia de Varadero. Cuba, 2021.
A Organização dos Estados comerciais diárias e freia nossa capacidade
Americanos (OEA) aceitou o ar-
de prosperar", acrescentaram, lamentando
gumento de expansão da Dou-
trina Monroe e apoiou a medida
que Biden mantenha, apesar de suas promessas de campanha, as 243 sanções impostas
de quarentena por unanimidade. por seu antecessor Donald Trump, que reforçaram o embargo em vigor desde 1962.
Debates na ONU foram realizados [...]
entre os representantes dos EUA "Urgimos que adotem as seguintes ações imediatas: 1) restabelecer um caminho
(Stevenson) e da URSS (Zorin). para remessas; 2) abrir as viagens para aqueles sujeitos à jurisdição dos EUA; 3) reabrir
Stevenson sagrou-se vencedor. a embaixada dos EUA em Havana; e 4) retirar Cuba de sua lista de países patrocina-
Em 26 de outubro, o primei- dores do terrorismo", diz a carta enviada a Biden.
ro-ministro da URSS enviou O setor privado cubano viveu um efêmero boom durante a reaproximação entre
uma carta ao presidente dos
os Estados Unidos e Cuba, entre 2014 e 2016, no governo Barack Obama.
EUA propondo a retirada do ar-
mamento nuclear de Cuba em "Sonhamos em voltar àqueles dias, quando a reaproximação era a política oficial
troca do compromisso esta- dos Estados Unidos, produzindo um boom econômico que beneficiava a todos", decla-
dunidense de não mais tentar raram os empresários.
invadir a ilha. Os americanos [...]
respiraram aliviados! Porém, EMPRESÁRIOS cubanos pedem a Biden que suspenda sanções econômicas. IstoÉ, [s. l.], 8 nov. 2021. Disponível em: https://
poucas horas após, mas já no www.istoedinheiro.com.br/empresarios-
dia 27, chega uma segunda car- cubanos-pedem-a-biden-que-suspenda-sancoes-economicas/. Acesso em: 22 mar. 2022.
ta de Krushev: a) O que os empresários cubanos pleiteiam e está explícito no texto da notícia?
Nós aceitamos retirar de Cuba b) Uma das reivindicações dos empresários cubanos é voltar a permitir as viagens de estaduni-
aqueles materiais que você qua- denses para Cuba. O que explica a importância dessa reivindicação?
lificou de ofensivos, e podemos c) Com base no texto, é possível inferir que a diplomacia afeta a economia? Como?
comprometer-nos a isso no seio d) Debate. Organizados em três grupos, preparem-se para debater sobre as sanções econômicas
das Nações Unidas. Em reciproci- impostas à Cuba. Um grupo deverá defender as sanções, o outro deverá falar a favor e o
dade, seus representantes farão terceiro fará a mediação.
uma declaração no sentido de c) Sim, pois em 2015, durante o governo de Barack Obama, os Estados Unidos reataram as relações di-
que os EUA, considerando as di-
ficuldades e a ansiedade do Esta-
192 plomáticas com Cuba, o que impulsionou a economia cubana.
d) Resposta pessoal.
do soviético, retirarão da Turquia
materiais ofensivos similares.
O que fazer frente à nova situa- a AV_HIS-F2-2111-V9-U3-C09-LA-G24.indd
continuidade e pôr em 192 marcha esses compromissos – ao se- 30/06/22 16:47
10
Gandhi.
NACIONALISMOS AFRICANO • Conhecer os processos de in-
dependência em alguns paí-
E ASIÁTICO ses africanos.
• Trabalhar os conceitos de
negritude e de pan-africa-
nismo para compreender o
Os objetivos possibilitam
ao aluno analisar os processos
de resistência ao colonialismo
e de descolonização da Ásia e
da África, desenvolvendo, as-
sim, as habilidades e compe-
tências propostas.
BNCC
• Competências gerais: 3, 4, 7
e 9.
• Competências específicas: 1,
2, 3 e 4.
• Habilidades: EF09HI14 e
EF09HI31.
Imagens em movimento
KEHINDE TEMITOPE ODUTAYO/SHUTTERSTOCK.COM IVANFOLIO/SHUTTERSTOCK.COM
Vídeo em que a romancista
nigeriana Chimamanda Ngozi
1. Você sabe onde ficam essas cidades? Com qual ou quais cidades brasileiras se parecem? Dica: essas Adichie fala sobre os estereó-
cidades ficam todas na África e por seus portos saíram ancestrais de milhões de brasileiros. tipos a respeito dos países
2. Se a África possui cidades prósperas, como essas que você vê nas fotografias, por que, então, na africanos e sobre como ela
televisão e no cinema é mostrada quase sempre como uma grande savana habitada por leões, girafas descobriu sua autêntica voz
e elefantes? Por que a mídia quase nunca mostra cidades africanas? O que isso pode significar? cultural.
Respostas pessoais.
193 • CHIMAMANDA Adichie: o pe-
rigo de uma única história.
2009. Vídeo (19min16s). Publi-
cado pelo canal TED. Disponí-
ENCAMINHAMENTO
D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C10-LA-G24.indd 193 torno da África e de sua rica história. Notar que
28/06/22 13:25
vel em: https://www.youtube.
a África quase nunca é associada às suas cida-
• Explicar que, na TV, a África é mostrada quase com/watch?v=D9Ihs241zeg.
des prósperas, como Luanda, em Angola; La-
sempre como uma grande savana habitada Acesso em: 9 ago. 2022.
gos, na Nigéria; e Maputo, em Moçambique,
por animais raros ou como um continente mostradas nas imagens desta abertura. Curio-
castigado pela fome e pelas doenças, o que samente, a palavra “cidade” vem do latim ci-
sugere uma visão estereotipada desse conti- vitas, que deu origem também ao termo “civi-
nente e acaba por reforçar uma perspectiva lização”. O objetivo aqui, no entanto, não foi
eurocêntrica da História. omitir nem ignorar a pobreza e as doenças que
• Questionar essa visão pode ser um bom come- atingem o continente africano, mas relativizar
ço para desconstruir os mitos que pairam em imagens estereotipadas que o estigmatizam.
193
GRANGER/FOTOARENA
negro, visto como vítima de surgido na América Central e nos Estados Unidos no início
injustiça, violência e opressão; do século XX, que visava transformar a situação de todos os
e representava a África (espe- africanos e seus descendentes, chamados à época de “raça
cialmente Serra Leoa e Libéria) negra”. A intenção dos líderes do movimento era libertá-los
como um lugar mítico, “uma da pobreza e da opressão. Para os líderes do pan-africanismo,
pátria livre”, apta a receber raça era um fator capaz de unir e conferir identidade aos diver-
seus filhos e descendentes, sos povos negros da África na luta contra os dominadores.
independentemente do lugar Um importante pensador do pan-africanismo foi o jamai-
de onde viessem. cano Marcus Garvey.. Ele dizia que a África, berço de grandes
• É possível aprofundar o civilizações, era uma “pátria livre”, pronta para receber seus
assunto acessando o texto: filhos. E, como considerava a situação do negro na América e na
CATALICE, Tiago. Du Bois e Europa ruim, propunha o “retorno à África”. Considerando-se
o Pan-africanismo. Fundação um predestinado, ele próprio criou um organismo para promo-
Cultural Palmares. Brasília,
ver a volta dos negros da Jamaica para a Libéria,, considerada
DF, 24 fev. 2016. Disponível
a nação-mãe dos negros de todo o mundo. Seu objetivo maior
em: https://www.palmares.
era recuperar “a África para os africanos”.
gov.br/?p=40672. Acesso em:
9 ago. 2022.
Professor, o trabalho com
Pensador jamaicano Marcus Garvey, 1920.
o conteúdo desta página con-
tribui para o desenvolvimento 194
da habilidade EF09HI14.
TEXTO DE APOIO D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C10-LA-G24.indd 194 primeiro passo para o entendimento da proeminência de Marcus 28/06/22 13:25 D3_
194
AP PHOTO/IMAGEPLUS
ticos, e da situação crítica
das metrópoles europeias, as Paris, na França, em 1947, pelo filósofo sene-
independências africanas e galês Alioune Diop, teve um papel importante
asiáticas contaram também na difusão da história africana, da negritude e
com a solidariedade de paí- do pan-africanismo na Europa.
ses recém-libertos, expressa As lutas pela independência da África e da
enfaticamente na Conferên- Ásia também contaram com a solidariedade
cia de Bandung, em 1955. dos países recém-libertos. Na Conferência de
• Conceituar o significado de Bandung,, realizada na cidade de Bandung, na
Terceiro Mundo e, se consi- Indonésia, em 1955, 29 países independentes
derar conveniente, adiantar se autodenominaram Terceiro Mundo,
Mundo, decla-
a ideia de que essa expressão raram-se não alinhados,, ou seja, neutros
caiu em desuso. na Guerra Fria entre Estados Unidos e União
• Explicar o significado de não Soviética, e prometeram apoiar as indepen-
alinhamento e fornecer um dências na África e na Ásia.
exemplo histórico concreto:
Terceiro Mundo: expressão criada em 1952 pelo estudioso
a política externa adota- francês Alfred Sauvy, que definia os países pobres
da por Jânio Quadros, por independentes em contraste com as nações do
Léopold Sédar Senghor, então presidente
exemplo. Primeiro Mundo, lideradas pelos Estados Unidos,
e as do Segundo Mundo, lideradas pela União Soviética. do Senegal, na Academia de Letras de Paris
(França), 1983.
TEXTO DE APOIO
ULLSTEIN BILD/ULLSTEIN BILD/GETTY IMAGES
KEYSTONE-FRANCE/GAMMA-KEYSTONE/GETTY IMAGES
reunidos compreendiam quase apenas pelos novos atores, mas pela nova ba- equilíbrio mundial ganhava força pela apropria-
metade do contingente da ONU lança de poder, ainda uma incógnita para todos, ção do vocabulário das Relações Internacionais,
no momento e congregavam em especialmente para as potências coloniais. Ao consagrado pela criação da ONU, em 1945. Em
suas populações, de acordo com longo das duas décadas seguintes, o poder de uma conjuntura posterior aos conflitos de 1939-
estimativas, 1,5 bilhão de pesso- intervenção asiático e africano aumentou na 1945, o temor dos grandes embates armados
as [...]. Do ponto de vista históri- proporção de suas independências, assim como era amplo, e os territórios chamados periféricos
co, com o fim da Segunda Guerra os sentidos de fazer política compartilhados emergiam como atores necessários à constru-
Mundial e o início das indepen- entre essas nações. De modo crescente, houve ção da paz.
dências na Ásia ainda na década a construção de um ponto de vista comum, no REIS, Raissa Brescia dos; RESENDE, Taciana Almeida Garrido.
de 1940, a configuração política qual se destaca a importância dos países peri- Bandung, 1955: ponto de encontro global. Esboços, Florianópolis,
do globo e das Relações Interna- féricos para a manutenção e a estabilidade das v. 26, n. 42, p. 309-332, maio/ago. 2019. p. 312-313.
196
APIC/GETTY IMAGES
Ásia Britânica.
• Escutar dos estudantes sobre
Na Ásia, vamos acompanhar o movimento pela indepen- o que eles sabem a respei-
dência na Índia. to de Gandhi, personagem
amplamente divulgado em
revistas, filmes e histórias em
Índia quadrinho.
No século XIX, a Índia era conhecida como a joia mais • Conceituar a tática da resistên-
preciosa da Coroa Britânica, tal a grandeza do lucro obtido Gandhi faz a própria roupa. cia pacífica, vertebral nas lutas
pelos britânicos no país. No início do século XX, a resistência Era uma forma de dizer que pela independência da Índia.
indiana à dominação britânica passou a contar com a lide- os indianos não deveriam
comprar nem usar mais • Diferenciar “não violência” e
rança de Mohandas Gandhi, mais conhecido como Mahatma tecidos ingleses. Índia, desobediência civil de apatia
(“Grande Alma”). c. 1945. diante de uma situação de
injustiça.
• Refletir com os estudantes so-
ESCUTAR E FALAR bre o fato de que a não vio-
lência pode ser aplicada na
O texto a seguir foi escrito por Mahatma Gandhi. Leia-o com atenção, reflita e
resolução de conflitos da vida
prepare-se para falar em público sobre ele. cotidiana e na disseminação
A primeira coisa [...] é dizer-vos a vós mesmos: não aceitarei mais o papel de escravo. da cultura da paz.
Não obedecerei às ordens como tais, mas desobedecerei quando estiverem em conflito com
• Abrir espaço para o preen-
a minha consciência. O assim chamado patrão poderá surrar-vos e tentar forçar-vos
chimento da autoavaliação
a servi-lo. Direis: não, não vos servirei por vosso dinheiro ou sob ameaça. Isso poderá e para a escuta das falas dos
implicar sofrimentos. Vossa prontidão em sofrer acenderá a tocha da liberdade, que estudantes.
não pode jamais ser apagada.
Escutar e falar. c) Dá-se o
(GANDHI, [1920] apud CANÊDO, 1985, p. 45) nome de resistência pacífica,
que combina a não violência
a A quem Gandhi está se dirigindo? Leve em conta o emissor e sua filosofia, bem
com a desobediência civil: os in-
como o receptor. a) Ele está se dirigindo ao povo indiano.
dianos eram incentivados a não
b Explicite o conselho que ele dá a seus seguidores. pagar impostos, a não comprar
b) Ele aconselha os indianos a desobedecerem às ordens dos “patrões” (no caso, os britânicos e seus produtos ingleses e a desobede-
c Reflita e opine sobre a tática criada por ele. prepostos) sempre que elas cer às leis que os discriminavam
contrariarem o que dita a
c) Resposta pessoal. em sua própria terra.
Autoavaliação. Responda em seu caderno. consciência. Ele acrescenta
também que a disposição de
a Expressei minhas ideias com objetividade? resistir abrirá passagem para a
b Usei tom de voz e gestos adequados? libertação. Imagens em movimento
c Escutei meus colegas com atenção e respeito? O filme retrata a vida do
d Contribuí com sugestões e perguntas interessantes? líder indiano e as manifesta-
e Demonstrei interesse pelo assunto tratado? ções não violentas na luta pela
f Aceitei críticas aos meus argumentos e comportamento? independência do país.
• GANDHI. Direção: Richard
Attenborought. Reino Uni-
197 do, Índia, EUA: Goldcrest Fil-
ms, 1982. Blu-ray (190 min).
197
200
+ATIVIDADES
D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C10-LA-G24.indd 200 literário, com recitação de poesia ou leitura 28/06/22 13:25 AV_
13:25 ENCAMINHAMENTO
AV_HIS-F2-2111-V9-U3-C10-LA-G24.indd 201 30/06/22 16:48
• Informar que, indiferente aos apelos da ONU pelo fim da guerra na África, Portugal conti-
nuava enviando seus jovens para os campos de batalha. Em 1972, a maior parte dos 140 mil
homens que compunham seu Exército estava na África.
• Explicar as motivações da Revolução dos Cravos.
• Reforçar que o apoio popular dado à Revolução dos Cravos foi possível por conta de seus ob-
jetivos de pôr fim à ditadura salazarista em Portugal e ao colonialismo português na África.
• Chamar a atenção para o fato de que as lutas do PAIGC, do MPLA e da Frelimo contribuíram
tanto para a democratização de Portugal quanto para a libertação da África portuguesa.
201
falarem e estudarem em suas História da desigualdade na África do Sul. ano da oficialização do apartheid na África
próprias línguas, sem ter de Philia&Filia, Porto Alegre, v. 2, n. 1, jul./dez. do Sul, é também o ano da publicação da
estudar na língua de outrem. 2011. p. 118-148. Declaração Universal dos Direitos Humanos.
• Pensar na força da opinião • Temas Contemporâneos Transversais: a re-
pública internacional sobre flexão sobre abusos cometidos pelo colonia-
a política dos Estados Nacio- lismo europeu na Ásia e na África contribui
202
MAURITÂNIA
elh
MALI
NÍGER
diversidade, de modo que eles
o
CABO CHADE
ÁSIA
SENEGAL ERITREIA
VERDE
GÂMBIA BURKINA
GUINÉ-BISSAU GUINÉ FASO SUDÃO DJIBUTI
se entendam como agentes de
BENIN
TOGO
COSTA
GANA
TANZÂNIA SEICHELES
ATLÂNTICO
ANGOLA
MALAUÍ
COMORES
componente de Geografia.
ZÂMBIA
0 899
MOÇAMBIQUE
Com o objetivo de propor
Trópico de Capricórnio
NAMÍBIA
ZIMBÁBUE
BOTSUANA
MADAGASCAR
MAURÍCIO
uma análise crítica em relação
Até 1945
SUAZILÂNDIA
à manutenção de estruturas
Década de 1950
Década de 1960
ÁFRICA
DO SUL
LESOTO racistas, mesmo após o fim do
A partir de 1970
0º
regime de segregação, propor
Fontes: SERRYN, Pierre; BLASSELLE, René. Atlas Bordas Géographique et Historique. a organização dos alunos em
Paris: Bordas, 1993. p. 36-37; THE TIMES Atlas of World History.
Londres: Times Books Limited, 1990. p. 282-283.
pequenos grupos, para que
pesquisem dados atuais: eco-
203 nômicos, políticos e sociais na
África do Sul, comparando os
indicadores relativos à popula-
ção negra aos que dizem res-
13:25 193a208-HIS-F2-2111-V9-U3-C10-LA-G24.indd 203 24/08/22 09:09
peito à branca, descendente
dos colonizadores. Ao final,
orientar a construção de um
relatório com as conclusões dos
grupos. Solicitar que utilizem
os dados encontrados para
sustentar seus argumentos;
desenvolve-se assim a compe-
tência geral 7 e a competência
específica 1.
203
ATIVIDADES
varridos são semelhantes aos continente africano. Note que a roupa e os NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
dos aventureiros europeus que apetrechos dos que estão sendo varridos são
adentraram a África no século semelhantes aos dos aventureiros europeus que adentraram a África no
século XIX. O traje usado pelo personagem faz referência ao líder ganense
XIX. Explicar, também, que o Kwamw Nkrumah, que o adotou como
chapéu usado pelo persona-
205
tores desses países assumiram permite que o seu trabalho seja uma forma de humanista e revolucionário. Essas característi-
– e por vezes assumem – uma acesso aos significantes que por vezes só circu- cas mostram-se em poemas do escritor angola-
fala pública que, via literatura, lam no domínio da oralidade. Assim, o escritor no Agostinho Neto e demonstram faces do seu
expressa os anseios de gran- de vários espaços africanos pode ocupar o lu- projeto literário.
de parte da população. Como gar do intelectual pois considera os conflitos do FONSECA, Maria Nazareth Soares. A literatura de Agostinho
criador, o escritor trabalha com seu tempo, defende as ideias em que acredita Neto: intenção poética e política. Literafro. Belo Horizonte, 1
possibilidades de tornar crível o porque elas têm como fundamento o bem-estar jul. 2021. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/
literafricas/literatura-angolana/1503-maria-nazareth-soares-fon-
que inventa no plano da ficção da humanidade. Comprometido com a trans-
seca-a-literatura-de-agostinho-neto-intencao-poetica-e-politi-
e, ao expor em seu processo de formação da realidade vivida, o escritor escre- ca#:~:text=A%20fun%C3%A7%C3%A3o%20da%20litera-
criação uma intenção declara- ve para conclamar a participação daqueles que tura%2C%20escrita,que%20se%20acentuam%20em%20
da de trazer para o seu texto os comungam o mesmo ideal e, nesse sentido, a %C3%81frica. Acesso em: 1 jul. 2022.
206
207
a) Mia Couto afirma que presenciou, em Moçambique, “negros descalços e obrigados a sentarem-
Vozes do presente
-se no banco de trás dos ônibus”. Em que outro país africano essa prática discriminatória era
c) Mia Couto quis dizer que comum? Que política tornava essa discriminação oficial?
tinha uma crença profunda b) Havia censura à imprensa em Moçambique durante o período colonial? Justifique utilizando
nos seres humanos e na sua um trecho do texto.
capacidade de mudar os acon- c) Interprete. O que Mia Couto quis dizer com a frase: “os homens [eram] a minha religião”?
tecimentos. c) Resposta pessoal.
Escutar e falar. Antes de pro-
por a autoavaliação, discutir ESCUTAR E FALAR
os critérios com a turma, de
Em dupla.
dupla. Pesquisem e se preparem para falar sobre a vida e a obra de Mia Couto,
modo que possam fazer uma
um dos principais escritores africanos da atualidade.
avaliação mais aprofundada.
Se julgar pertinente, é possível Autoavaliação. Responda em seu caderno.
acrescentar outros critérios, de a Expressei minhas ideias com objetividade?
acordo com o perfil dos alunos b Usei tom de voz e gestos adequados?
e combinados com eles. c Escutei meus colegas com atenção e respeito?
Lembrá-los de que a auto- d Contribuí com sugestões e perguntas interessantes?
avaliação não consiste em um
e Demonstrei interesse pelo assunto tratado?
fim em si mesmo, ela é uma
f Aceitei críticas aos meus argumentos e comportamento?
ferramenta para que eles pos-
sam exercer protagonismo e b) Sim. Mia Couto nos fornece o seguinte testemunho sobre o assunto: “Na minha casa vivíamos paredes-
autonomia durante o processo 208 meias com o medo, perante a ameaça de prisão que pesava sobre o meu pai, que era jornalista e nos
ensinava a não baixar os olhos perante a injustiça”.
de aprendizagem.
Entrevista com o escritor mo- Produza uma biografia do escritor Mia Couto. Para realizar a atividade, pesquise informa-
çambicano no programa Roda ções sobre a história de vida do autor, a temática e o legado de suas obras.
Viva, da TV Cultura. Sugestão de sites para pesquisa:
• MIA Couto – 05/11/2012. 2015. • FRAZÃO, Dilva. Mia Couto. eBiografia. [S. l.],
2022. Disponível em: https://www.ebiografia.
Vídeo (1h23min10s). Publicado com/mia_couto/. Acesso em: 15 jul. 2022.
pelo canal Roda Viva. Disponí- • BIOGRAFIA, bibliografia e premiações. Mia Couto. [S. l.], [202-]. Disponível em:https://
vel em: https://www.youtube. www.miacouto.org/biografia-bibliografia-e-premiacoes/. Acesso em: 15 jul. 2022.
com/watch?v=6v3buePuzbU.
Acesso em: 15 jul. 2022.
208
11
nio Quadros e propor uma
interpretação para sua re-
BRASIL: UMA EXPERIÊNCIA núncia.
DEMOCRÁTICA (1945 A 1964) • Caracterizar o nacionalismo
reformista adotado por João
Goulart.
• Conhecer o Plano de Metas
de JK e seus desdobramentos.
REVISTA O CRUZEIRO
ARQUIVO/AGÊNCIA ESTADO/AE
• Desvelar a importância dos
trabalhadores vindos de ou-
tros estados na construção
de Brasília.
À esquerda, Juscelino
Os objetivos visam con-
Kubitschek em capa da revista tribuir para que os alunos
O Cruzeiro, de 7 de maio possam descrever e analisar
de 1960. À direita, o cantor a democracia brasileira do
e violonista João Gilberto,
considerado um dos criadores
pós-Segunda Guerra Mun-
do ritmo Bossa Nova. São Paulo dial até o golpe de 1964, de-
(SP), 1965. senvolvendo as habilidades
e competências listadas.
Entre 1945 e 1964, ocorreram muitas novidades no cenário brasileiro, como a cons-
trução de Brasília (1960); o surgimento de um novo estilo musical, a “Bossa Nova”; o
BNCC
brilhantismo da Seleção Brasileira, especialmente de jogadores como Didi, Pelé, Bellini e
Garrincha. Tudo isso marcou os brasileiros que viveram aqueles tempos. Você gosta de • Competências gerais: 1 e 9.
futebol? E de música? Você acha Brasília uma cidade interessante? Sabe quem a projetou? • Competências específicas:
O que mais você sabe sobre aqueles tempos? Respostas pessoais. 1 e 3.
• Habilidades: EF09HI06,
EF09HI17, EF09HI18 e EF09Hl19.
PICTORIAL PARADE/ARCHIVE PHOTOS/GETTY IMAGES
AP PHOTO/IMAGEPLUS
ENCAMINHAMENTO
• Aprofundar o assunto com a
leitura dos textos: MÁXIMO,
João. Memórias do futebol
brasileiro. Estudos Avança-
dos, São Paulo, v. 13, n. 37,
O técnico Vicente Feola segura a taça Jules Rimet ao p. 179-188, 1999; BARBOSA,
lado do capitão Hideraldo Luiz Bellini (à esquerda) e do Camila Cornutti. A Bossa
goleiro Gilmar dos Santos Neves (à direita), após o Brasil Nova, seus documentos e
Pelé e Garrincha. Brasil, 1968. vencer a Copa do Mundo de 1958. Estocolmo, Suécia.
articulações: um movimento
para além da música. Disser-
209 tação (Mestrado em Ciências
da Comunicação) – Univer-
sidade do Vale do Rio Sinos,
D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C11-LA-G24.indd 209 28/06/22 13:26 São Leopoldo, 2008.
209
Imagens em movimento
Vídeo produzido pelo De-
14:36
ENCAMINHAMENTO
D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C11-LA-G24.indd 211 • Retomar as características do Projeto28/06/22
Liberal,
13:26
partamento Nacional de Infor-
visto anteriormente, para compreender a mação, em 1945, sobre como
• Pensar o governo Dutra no contexto da
adoção do liberalismo econômico pelo go- votar nas eleições daquele ano.
Guerra Fria para melhor compreender seu
verno Dutra.
alinhamento aos Estados Unidos e os des- • COMO votar nas eleições de 2
• Explicar a guinada na política econômica
dobramentos desse alinhamento no Brasil. de dezembro de 1945. 2013.
de Dutra para evitar a sangria que vinha
• Compreender as características da Constituição Vídeo (3min16s). Publicado
acontecendo nas reservas acumuladas pelo
de 1946, com destaque para a extensão do di- pelo canal TRE São Paulo. Dis-
Brasil durante a Segunda Guerra.
reito de voto a todos os brasileiros maiores de ponível em: https://youtu.be/
18 anos, com exceção dos não alfabetizados. Q5cyzya8raA. Acesso em: 5
jul. 2022.
211
ACERVO ICONOGRAPHIA
• Compreender o aumento Dialogando
da rivalidade entre naciona-
Observe a imagem com
listas e liberais em torno da
atenção.
questão do petróleo.
• Contextualizar a criação da
a O que está ocorrendo
na cena?
Petrobras (e sua importância
atual) como desdobramen- b O que explica o fato de
tos das disputas entre nacio- um “ditador” continuar
nalistas e liberais. sendo tão popular?
c Já assistiu a uma
campanha política
TEXTO DE APOIO ou participou dela?
c) Resposta pessoal.
Novidades da década de
Getúlio Vargas durante a
1950 campanha eleitoral de 1950.
Duas grandes novidades da
década de 1950, que mudaram
decisivamente os hábitos dos bra- O segundo governo Vargas
sileiros nos anos seguintes foram
No segundo governo Vargas, a rivalidade entre os nacionalistas e os liberais se intensi-
a televisão e o supermercado. A TV
Tupi, dos Diários e Emissoras Asso- ficou em razão da questão do petróleo. Os nacionalistas, liderados por Vargas, propunham
ciados de Assis Chateaubriand, foi que a exploração e o refino do petróleo fossem feitos pela indústria brasileira. Já os liberais,
a primeira emissora de televisão encabeçados pela União Democrática Nacional (UDN), eram favoráveis a que fossem feitos
instalada no país, primeiro em São por empresas estrangeiras que já atuavam no Brasil, como Esso, Texaco, Shell etc.
Paulo, em 1950, e em seguida no
Rio de Janeiro, em 1951. [...] Os pro- Para defender sua posição, os nacionalistas organizaram uma campanha nacional com
gramas eram transmitidos ao vivo, o slogan “ “O petróleo é nosso”. ”. A vitória nessa disputa coube aos nacionalistas. Em 3 de
inclusive a propaganda comer- outubro de 1953, foi criada a Petrobras, empresa estatal que tinha o monopólio da extração,
cial, e as emissões se limitavam do refino e do transporte marítimo do petróleo brasileiro. Levando adiante seu nacionalismo,
a uma parte do dia, com longos
Vargas propôs também uma lei que limitava a remessa para o exterior
intervalos entre as atrações – seja
Monopólio: dos lucros das empresas estrangeiras instaladas no Brasil. Dessa vez,
porque os equipamentos entravam
exclusividade, controle.
em pane, seja porque os estúdios porém, a oposição venceu e a lei foi barrada no Congresso.
precisavam ser preparados entre b) As conquistas concretas – a exemplo das leis trabalhistas – obtidas pelos trabalhadores
um programa e outro. 212 durante seu governo (1930-1945); a propaganda intensiva de suas realizações, entre outros.
Em 1951, a programação da TV
Tupi do Rio incluía transmissões
ao vivo de ópera no Teatro Mu-
nicipal, jogo de futebol no Mara-
dado certo no rádio: os212 mesmos formatos de
D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C11-LA-G24.indd Dialogando. Explorar a alternativa c), que 28/06/22 13:26 D3_
programas, os técnicos e os artistas de sucesso. permite aos alunos trocarem experiências e
canã, corrida de cavalo no Jockey
[...] É claro que a programação era toda em preto
Club, parada militar no 7 de Se- posicionamentos sobre campanhas políticas
e branco, a primeira transmissão a cores tendo
tembro e missa solene na igreja
ocorrido no Brasil apenas em 1972 (o que não e partidos que conhecem. Essa troca feita
da Glória. Ao longo da década quer dizer, evidentemente, que todas as pessoas com respeito entre os colegas estimula o
surgiram mais emissoras em São tivessem então em casa receptores em cor). convívio social republicano, importante na
Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife
ALBERTI, Verena. O século do moderno: modos de vida construção de uma sociedade democrática,
e Curitiba. As atrações incluíam e consumo na República. In: GOMES, Angela de Castro;
teatro, programas de auditório, PANDOLFI, Dulce Chaves; ALBERTI, Verena (org.). A República
contribuindo assim para o desenvolvimento
programas infantis e humorís- no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: CPDOC, 2002. da competência geral 1.
p. 302-305.
ticos, reproduzindo em muitos
casos, as fórmulas que já haviam
212
ACERVO ICONOGRAPHIA
1953 foi a perda do poder de
tinuou a adotar o trabalhismo, seja dirigindo-se
compra dos trabalhadores.
aos trabalhadores pelo rádio, com intimidade e
• Informar que de acordo com
frequência, seja promovendo “encontros pessoais” a Fundação Instituto de Pes-
com eles em grandes comícios. Neles, Vargas pro- quisas Econômicas, em 2022,
metia ampliar os benefícios da legislação trabalhista o poder de compra do brasi-
sistematizada e aprovada em seu governo. Mas, leiro diminuiu em aproxima-
na época, a insatisfação entre os trabalhadores damente 21%. Para muitas
era grande, pois os salários não acompanhavam famílias, os gastos com ali-
o aumento do preço dos alimentos, das roupas mentação comprometiam a
e dos aluguéis. Ou seja, o poder aquisitivo do maior parte da renda.
trabalhador vinha diminuindo. Por isso, em 1953, • Trabalhar as divergências en-
ESTADÃO CONTEÚDO
leitura dos textos: WESTIN,
em 1955, o povo brasileiro elegeu Juscelino Kubitschek
Ricardo. Documentos do
de Oliveira como presidente da República e João
Senado registram reação ao
suicídio de Getúlio Vargas. Goulart como vice-presidente.
Senado Notícias, 4 ago. A UDN não se conformou com a derrota nas
2014. Disponível em: https:// eleições; Carlos Lacerda, seu principal líder, queria
www12.senado.leg.br/ depor o presidente legitimamente eleito com base
noticias/especiais/arquivo-s/ na Constituição de 1946. E, por isso, passou a dizer
documentos-do-senado- que os eleitos não tinham a maioria absoluta (50%
registram-reacao-ao-suicidio- mais um), que eram apoiados pelos comunistas e que
de-getulio-vargas. Acesso era necessário um golpe militar para impedir a posse
em: 10 ago. 2022; SÁ, Celso
de Juscelino e Jango. Mas o golpe não aconteceu: o
Pereira de et al. A memória
general legalista Henrique Teixeira Lott colocou seus
histórica de Getúlio Vargas e
o Palácio do Catete. Estudos soldados nas ruas do Rio de Janeiro e obrigou os gol-
de Psicologia, Natal, v. 13, n. pistas a fugirem. Com isso, ele Legalista: favorável ao
cumprimento da lei;
1, 2008. p. 49-56. garantiu a posse de Juscelino
da Constituição.
Kubitschek.
TEXTO DE APOIO
Getúlio Vargas foi, ao longo
longo de Pessoas saúdam o candidato Juscelino Kubitschek
quase vinte anos (embora não durante comício em São Paulo (SP), 1955.
consecutivos), um chefe de Es-
tado ditatorial (1930-34 e 1937- 214
45), mas também um presidente
eleito: primeiro, por uma As-
sembleia Nacional Constituinte
(1934-37) e, depois, diretamente um mártir, a despeito de quaisquer defeitos ou
D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C11-LA-G24.indd 214 ganda, combinado a políticas públicas inova- 28/06/22 13:26 AV_
pelo povo (1951-54). E foi exa- culpas que seus adversários tenham querido ou doras, especialmente nos campos social e cul-
tamente nessa última condição ainda queiram lhe imputar. Nesse sentido, ne- tural. Ou seja, assinalar a duração e o impacto
que ele cometeu suicídio, ofere- nhum presidente da República, no Brasil, apro- da figura de Vargas na história contemporânea
xima-se de Vargas, no que se refere à duração do Brasil significa procurar compreender por
cendo ritualmente seu corpo fí-
de tempo em que esteve no poder ou às condi- que seu discurso e suas políticas, construídas
sico e político ao país e ao povo,
no marco do pensamento autoritário dos anos
em defesa da soberania e da ções dramáticas em que o abandonou.
1920-40, encontraram condições tão favoráveis
democracia. Lance político in- Porém, a memória positiva do nome e do tem-
para se estabelecer e, sobretudo, para se trans-
dubitavelmente arriscado e ra- po de Vargas não se deve apenas a fatores do formar e perdurar na memória nacional.
dical, que obteve surpreendente porte dos nomeados acima. Há questões mais
GOMES, Ângela de Castro. Autoritarismo e corporativismo no
sucesso imediato e que demar- complexas, que remontam à implementação de Brasil: o legado de Vargas. REVISTA USP, São Paulo, n. 65, p.
cou a figura de Vargas como a de um sistemático e sofisticado esforço de propa- 105-119, mar./maio 2005. p. 106-107.
214
ACERVO ICONOGRAPHIA
Juscelino iniciou seu mandato apresen- se necessário, explicar que o
tando ao país seu Plano de Metas:: ABCD Paulista é uma região
um plano de governo que previa inves- formada por cidades do esta-
timentos públicos em cinco grandes do de São Paulo tradicional-
áreas: energia,, transporte,, indús- mente industriais, como Santo
tria,, alimentação e educação.. André, São Bernardo do Cam-
O governo JK ofereceu facilidades e po, São Caetano e Diadema.
incentivos a empresas multinacionais • Estimular os estudantes a
que, com isso, instalaram fábricas no elaborarem hipóteses e a
Brasil para produzir bens de consumo.
consumo. refletirem sobre as conse-
Entre essas empresas estavam fábricas quências dos baixos investi-
de veículos do ABCD Paulista,
Paulista, como mentos em educação para
a população e o desenvol-
a Willys Overland, a Ford, a General Juscelino Kubitschek visita a fábrica de veículos vimento econômico e social
Motors e a Volkswagen. Volkswagen. São Bernardo do Campo (SP), 1959.
do país, mobilizando assim a
competência específica 3.
Brasil: distribuição de verbas
públicas por setor durante o governo Multinacional: grande empresa
Juscelino (1956-1960) com sede em um país, mas que Dica de leitura
atua em diversos países, em busca
Este livro trata da História
EDITORIA DE ARTE
estrangeiros sem cobertura cambial, ou seja, sem econômica que tratava de combi-
Política econômica nacionalista x nar o Estado, a empresa privada
depositar moeda estrangeira para pagamento
nacional desenvolvimentismo nacional e o capital estrangeiro
dessas importações. A condição para gozar da
para promover o desenvolvimento,
O governo JK promoveu uma ampla atividade do regalia era possuir, no exterior, os equipamentos
com ênfase na industrialização.
Estado tanto no setor de infraestrutura como no a serem transferidos para o Brasil ou recursos Sob esse aspecto, o governo JK
incentivo direto à industrialização, mas assumiu para pagá-los. As empresas estrangeiras, que prenunciou os rumos da política
também abertamente a necessidade de atrair ca- podiam preencher esses requisitos com facilidade, econômica realizada, em outro
pitais estrangeiros. [...] Assim, o governo permitiu ficaram em condições vantajosas para transferir contexto, pelos governos militares
uma larga utilização da Instrução 113 da Sumoc equipamentos de suas matrizes e integrá-los a após 1964.
[Superintendência da Moeda e do Crédito], bai- seu capital no Brasil. A Instrução 113 facilitou os FAUSTO, Boris. História do Brasil. São
xada no governo Café Filho. Essa instrução au- investimentos estrangeiros em áreas conside- Paulo: Edusp, 2015. p. 427.
215
Brasília. 2015. Vídeo (9min5s). Neste livro, Conceição Freitas apresenta Pesquisar sobre as origens e a importância
Publicado pelo canal do Se- 58 histórias de pessoas que participaram da dos trabalhadores que construíram Brasília,
nado Federal. Disponível em: construção de Brasília, tais como engenhei- os chamados candangos. E, também, sobre
https://www.youtube.com/ ros, arquitetos, mestres de obras, carpintei- suas condições de trabalho e de vida em uma
watch?v=l94nruulrrM. Acesso ros etc. cidade que começava a ser construída.
em: 6 jul. 2022.
• FREITAS, Conceição. Bravos candangos.
Brasília: Edição do autor, 2018.
216
217
GE
então, restringir o gastos do governo. Para isto:
OR
GE
conhecem outros exemplos
TO
RO
K/
de políticos que construíram
O
CR
1o
UZ
Diminuiu o crédito aos empresários.
EI
suas campanhas presiden-
RO
/E
M
/D
o
ciais em torno do combate à 2 Congelou salários.
A .
PR
ES
S
corrupção. Cortou a ajuda governamental às importações de trigo e de petróleo,
• Compreender a política fi- 3o o que provocou um aumento de 100% nos preços do pão e dos
combustíveis.
nanceira de Quadros e seu
corte de gastos em setores
antes subsidiados pelo go- Com essa política, o governo ganhou a confiança
verno, a exemplo do trigo e do Fundo Monetário Internacional (FMI) e conseguiu
do petróleo. renegociar a dívida externa, mas descontentou
• Refletir sobre o cargo de pre- a população brasileira e perdeu popularidade.
sidente da República, suas Outro fator de desgaste de Jânio Quadros
atribuições e responsabilida- foi seu envolvimento com questões incom-
des a partir do envolvimento patíveis com o cargo de presidente
de Quadros em questões in- da República: a proibição do uso de
compatíveis com o cargo de biquíni nas praias e das brigas de galo
presidente. em todo o território nacional.
• A p r o f u n d a r o a s s u n t o
acessando o texto: MUNIZ, Para ganhar votos,
Acesso em: 5 jul. 2022. [....] é importante pontuar que o governo Jânio Quadros foi marcado pela dicotomia entre uma
política interna de viés conservador e uma política externa de caráter progressista. No campo
econômico interno, o novo governo adotou uma política de estabilização econômico-financeira,
visando controlar a inflação, diminuir a dívida externa e retomar o crescimento equilibrado da
economia. Ainda na política interna, tomou providências de moralização dos costumes e da ad-
ministração pública, com o disciplinamento do funcionalismo, a proibição do uso de biquínis nas
praias, dos jogos de azar, das brigas de galo e do lança-perfume, bem como a instauração de sindi-
câncias na tentativa de combater a corrupção governamental.
218
APPE
pró-EUA e civis liderados por Carlos Lacerda ao poder com amplos poderes.
passaram a acusar Jânio de ser aliado dos comu-
nistas e de pretender instalar uma ditadura no
Dialogando. O artista ironi-
Brasil. Em 25 de agosto de 1961, Jânio surpreen-
za a crença de Jânio de que o
deu tanto seus eleitores quanto seus opositores:
povo o reconduziria ao poder;
renunciou à presidência da República e deixou
mas, como representado na
uma carta para ser entregue ao Congresso. charge, o povo o abandonou.
Para os historiadores, a renúncia de Jânio
Quadros foi uma tentativa de golpe; Jânio apos-
tava que seria reconduzido ao poder nos braços
do povo e teria poderes para governar sem dar Brasil no cenário internacional,
satisfações ao Congresso. Se essa foi a intenção apesar de fazerem oposição ao
dele, o golpe falhou: o Congresso aceitou seu presidente. [...] podemos balizar a
política externa independente em
pedido de renúncia e a população não reagiu. uma base principiológica composta
Jânio tinha adversários poderosos: a maioria no de cinco diretrizes centrais para
Congresso era da oposição (PSD e PTB); muitos seu desenvolvimento, são elas: 1
empresários e chefes militares eram contrários à – ampliação do mercado externo
dos produtos primários; 2 – for-
sua política externa independente; e as camadas mulação autônoma dos planos
populares estavam insatisfeitas com a compres- Charge de Appe publicada na revista de desenvolvimento econômico e
são dos salários e a alta da inflação. O Cruzeiro em 7 de outubro de 1961. a prestação e aceitação de ajuda
internacional nos marcos destes
planos; 3 – manutenção da paz por
Dialogando meio da coexistência pacífica entre
os Estados; 4 – não intervenção nos
O personagem que pula do prédio em que está escrito “presidência” é Jânio Quadros. Observe a assuntos internos de outros paí-
cena com atenção. O que o artista quis ironizar nessa charge? ses, autodeterminação dos povos
O artista ironiza a crença de Jânio de que o povo o reconduziria ao poder; mas, como representado na e o primado absoluto do Direito
charge, o povo o abandonou.
219 Internacional na resolução dos
conflitos e problemas internacio-
nais; 5 – emancipação completa
dos territórios não autônomos. A
partir disso, o Brasil buscaria, por
14:38 TEXTO DE APOIO (CONTINUAÇÃO)
D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C11-LA-G24.indd 219 estabelecido com os EUA durante décadas. 28/06/22 Essa
13:26
meio da ampliação e do uso efetivo
nova perspectiva de ação internacional do Brasil
Por outro lado, no campo da política externa, o gerou posicionamentos contrários aos interesses do campo diplomático, a busca
novo governo inaugura, o que para muitos é um norte-americanos, o que consequentemente sus- do desenvolvimento econômico,
com a consequente retomada do
novo paradigma das relações exteriores do Brasil, citou acalorados debates internos de setores da
crescimento.
e rompe com a tradição diplomática até então política nacional, como a UDN, que apoiou Jânio
BENTO, Guilherme Gonzaga. A política
existente desde os tempos da chancelaria do Barão nas eleições e tinha em seus quadros o Ministro externa do governo Jânio Quadros sob
do Rio Branco, pautada no alinhamento, muitas das Relações Exteriores, Afonso Arinos, mas que a ótica do Jornal Lavoura e Comércio
vezes incondicional e automático, aos Estados se posicionou contra as ações de política externa (1960-1961). Dissertação (Mestrado
do novo governo, e, por outro lado, setores nacio- Acadêmico em História) – Programa de
Unidos. A PEI, nesse sentido, buscava ampliar seus
Pós-Graduação em História, Universidade
laços diplomáticos e comerciais com outros paí- nalistas, representados por alas do PTB e até do Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2020.
ses, fora do tradicional eixo de relação prioritária PCB, que aplaudiam o novo posicionamento do p. 19-22.
219
argumentos. Contudo, diferentes significados foram atribuí- vista sem a tentativa de incorporação da ideia
Naquele momento a questão dos ao conceito de legalidade que, por vezes, foi de legalidade e de sua carga significativa.
da legalidade assumiu o primei- entendido como estritamente positivo, vincula-
MIRANDA, Mario Angelo Brandão de Oliveira. A questão
ro plano dos debates e se fez do à letra da Constituição, outras como ligado a
da legalidade no contexto das crises políticas de 1955 a
presente na maioria das man- um conjunto de leis fundamentais que regiam
1964 no Brasil. Dissertação (Mestrado em História Social da
chetes dos jornais. [...] A força os costumes e os valores da sociedade brasilei- Cultura) – Programa de Pós-Graduação em História Social da
aglutinadora e o poder de con- ra, ou mesmo como vínculo à vontade sobera- Cultura, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio
vencimento deste argumento se na e legítima do povo. Estas definições, como de Janeiro, 2010. p. 96-97.
apresentou como garantia cen- pretendemos demonstrar, por vezes também
tral para a manutenção do regi- apareciam combinadas no discurso dos diver-
me. Qualquer atitude perde sua sos atores políticos [...]. Nenhum dos lados em
220
TEXTO DE APOIO
A Marcha da Família com O deputado Francisco Julião discursa
Deus pela Liberdade durante comício pela campanha
No dia [...] de São José, padroeiro “Um trator para as Ligas Camponesas”,
realizado na Praça da Sé, São Paulo
da família, foi realizado, na cidade
(SP), em 1961. A primeira Liga
de São Paulo, um ato que mereceu Camponesa foi fundada em 1954,
o desprezo das esquerdas, mas em Vitória de Santo Antão (PE).
que foi, no entanto, profundamen- ACERVO UH/FOLHAPRESS
te significativo, demonstrando a
divisão e a radicalização política
222
do país: a Marcha da Família com
Deus pela Liberdade. Os discursos
contra Goulart foram a tônica do Segundo, pelo caráter religioso
D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C11-LA-G24.indd 222 do movimento, Estado-Maior do Exército, fez um pronunciamento, 28/06/22 13:26 AV_
comício que se seguiu. Cálculos algo merecedor de desprezo. denunciando “as agitações generalizadas do ilegal
falam em 500 mil pessoas pre- Nos dois dias que antecederam a Semana Santa, poder do CGT”. Deveriam, perguntou, as Forças
sentes à Marcha. Outros, consi- Goulart e seus aliados de esquerda continuaram Armadas apoiar uma revolução “para garantir
derando os que assistiram nas avançando na estratégia adotada para implementar a plenitude de um grupo pseudossindical, cuja
ruas de acesso, chegaram à cifra as reformas. A programação dos novos comícios foi cúpula vive na agitação subversiva cada vez mais
de 800 mil [...]. As esquerdas, no fechada, todos para abril: dia 3 em Santos; 10 em onerosa aos cofres públicos? Para talvez submeter
entanto, não levaram o ato a sério Santo André; 11 em Salvador; 17 em Ribeirão Preto; a nação ao comunismo de Moscou?” [...].
por dois motivos. Primeiro, por 19, homenageando Vargas, em Belo Horizonte; 21 FERREIRA, Jorge. O governo Goulart e o golpe civil-militar de 1964.
In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (org.).
tratar-se de uma manifestação de em Brasília. O último, marcado não casualmente O tempo da experiência democrática: da democratização de
classe média. “Isto não é povo”, para 1o de maio, seria na capital paulista. No mesmo 1945 ao golpe civil-militar de 1964.Rio de Janeiro: Civilização
disseram alguns com irreverência. dia, contudo, o general Castelo Branco, chefe do Brasileira, 2003. (O Brasil republicano, v. 3, p. 386-387).
222
A resposta ao comício do dia 13 não se fez esperar: seis dias depois (19 de março),
Dica de leitura
autoridades civis e religiosas promoveram, no centro da capital paulista, uma gigantesca Neste artigo, a fim de com-
passeata contra as reformas de João Goulart: a Marcha da Família com Deus pela preender o governo Jango e a
crise política que culminou em
Liberdade.. Segundo o historiador Sergio Lamarão, a marcha paulista contou com a par-
sua deposição, Jorge Ferreira
ticipação de 300 mil pessoas.
reconstitui os projetos políti-
cos e as posturas tomadas pe-
ACERVO UH/FOLHAPRESS
Vídeo da Univesp sobre a Marcha da famí- Em 2014 houve uma nova versão da Mar-
lia com Deus pela liberdade. cha da Família com Deus pela Liberdade. Or-
• 1964: CRONOLOGIA | Marcha da família ganizados em grupo, comparem essas duas
com Deus pela liberdade. 2014. Vídeo edições quanto às motivações, à participa-
(4min07s). Publicado pelo canal Univesp. ção popular, e ao objetivo político dos par-
Disponível em: https://www.youtube.com/ ticipantes. A atividade permite mobilizar a
watch?v=dzOENN8WiJY. Acesso em: 5 jul. competência específica 3.
2022.
223
TEXTO DE APOIO bui para a compreensão da História recente do religiosas, e tradicionais entidades da socieda-
D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C11-LA-G24.indd 224 28/06/22 13:26 AV_
O golpe de 1964 país e da ditadura em particular. de civil, como a Ordem dos Advogados do Brasil
Tornou-se lugar-comum de- É inútil esconder a participação de amplos (OAB) e a Conferência Nacional dos Bispos do
nominar o regime político que segmentos da população no movimento que le- Brasil (CNBB), “as direitas”. [...] é impossível não
existiu de 1964 a 1979 de “dita- vou à instauração da ditadura em 1964. É como ver as multidões – civis – que apoiaram ativa-
dura militar”. Trata-se de um tapar o sol com a peneira. As Marchas da Fa- mente a instauração da ditadura.
exercício de memória, em con- mília com Deus pela Liberdade mobilizaram [...] A ampla frente política e social que apoiou o
tradição com numerosas evi- pessoas de todas as classes sociais, contra o go- golpe era bastante heterogênea.
dências, e que só se mantém verno de João Goulart. REIS, Daniel Aarão. 1964: golpe militar ou civil? In: FIGUEIREDO,
graças a poderosos e diferentes [...] Luciano (org.). História do Brasil para ocupados. Rio de
interesses [...]. O problema é que No Brasil, estiveram com as Marchas a maioria Janeiro: Casa da Palavra, 2013. p. 197-199.
essa memória em nada contri- dos partidos, lideranças empresariais, políticas,
224
Fausto: República Populista Artigo que discute as políticas econômicas • BRASIL. Constituição dos Estados Uni-
(1945-1964). Produção: TV Es- adotadas no pós-guerra, no Brasil. dos do Brasil, decretada pela Assembleia
cola. [S. l.: s. n.: 2012]. Vídeo Constituinte. Brasília, DF: Presidência da
• SARETTA, Fausto. A política econômica
(28min). República, [1946]. Disponível em: https://
brasileira. Revista de Sociologia e Política,
www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/
Curitiba, n. 4-5, p. 113-129, 1995. Disponí-
1940-1949/constituicao-1946-18-julho-1946-
vel em: https://revistas.ufpr.br/rsp/article/
365199-publicacaooriginal-1-pl.html.
view/39363. Acesso em: 10 ago. 2022.
Acesso em: 5 jul. 2022.
226
THÉO
oposição civil e militar, que acusava o governo, espe-
cificamente o próprio Vargas, de estar envolvido em
um “mar de lama”. [...]
A tensão chegou a tal ponto que a renúncia do
presidente foi pedida, ficando claro que, se ele não
se afastasse, seria deposto mais uma vez. Foi nessas
circunstâncias que Vargas se matou, num derradeiro
golpe político que visava reverter uma situação que
vinha beneficiando os antigetulistas. Lançando sobre
eles seu cadáver, Vargas, como escreveu na carta-
-testamento, oferecia seu corpo em defesa do povo e
Fac-símile da capa da Revista
da pátria, saindo da vida para entrar na História. [...] Nossa História, agosto de 2004. JK: Tenho apelado para o
patriotismo dos dois, Jeca, êles
GOMES, Ângela de Castro. A última cartada.
Revista Nossa História, ano 1, n. 10, p. 14-17, ago. 2004. p. 14-15.
porém não se entendem!
Imagens em movimento
Vídeo do Arquivo Nacional
da visita oficial do presidente
João Goulart aos Estados Uni-
dos da América em 1962.
• JOÃO Goulart visita John Ke-
nnedy. 2019. Vídeo (7min10s). 10 Associe corretamente as colunas e copie em seu caderno a alternativa correta sobre
Publicado pelo canal Institu- os episódios do governo João Goulart.
to San Tiago Dantas Direito 1. Marcha da Família com I – Mudanças nas áreas agrária, administrativa, bancária,
e Economia. Disponível em: Deus Pela Liberdade tributária, eleitoral e educacional.
https://www.youtube.com/ II – Movimento a favor da posse de João Goulart como
2. Comício da Central do Brasil
watch?v=bLwWtGy114Y. Aces- presidente após a renúncia de Jânio Quadros.
so em: 6 jul. 2022. III – Ato que buscava influenciar a opinião pública contra as
3. Reformas de Base
medidas tomadas por João Goulart.
9. a) À esquerda, vemos uma cobra com duas cabeças, uma dela própria e, a ou-
a) 1-IV; 2-III; 3-I; 4-II. tra, de João Goulart. À direita, vemos Juscelino Kubitschek com um machado em
b) 1-II; 2-IV; 3-I; 4-III. mãos, no qual está escrito “plebiscito”. No corpo da cobra, próximo à cabeça,
lê-se “parlamentarismo”, e próximo de João Goulart, lê-se “presidencialismo”. Re-
c) 1-III; 2-IV; 3-I; 4-II.
pare que sob a pescoço da cobra há uma urna eleitoral.
d) 1-II; 2-III; 3-I; 4-IV.
10. Alternativa C.
228
228
12
1. O menino à esquerda está segurando a
imagem de D. Pedro I, porque, na visão dos • Diferenciar os militares cas-
DITADURAS NA militares que governavam o Brasil, ele foi o
herói fundador da Nação.
telistas dos da “linha-dura”.
• Conhecer as práticas autori-
AMÉRICA LATINA 2. As imagens dos meios de transporte (car-
ro de corrida, avião, motocicleta) dão a ideia tárias e os instrumentos de
de modernidade e de progresso acelerado, força aplicados pela ditadu-
e remetem à frase impressa no alto: “Brasil, ra civil-militar.
um país que vai pra frente”.
3., 4. e 5. Respostas pessoais. • Refletir sobre o papel da pro-
dução cultural engajada na
Durante os 21 anos que estiveram no poder, os militares brasileiros não usaram apenas a oposição à ditadura.
censura para preservar sua imagem, construíram também uma imagem positiva do governo
em vídeos, filmes, jornais, revistas e até em álbuns de figurinhas. Por meio desses objeti-
vos, procura-se discutir as
1. O menino à esquerda está características da ditadura
IDÉIA EDITORIAL
230
231
ARQUIVO/AGÊNCIA O GLOBO
da fala do presidente no as- aumento da arrecadação, a inflação caiu e o
pecto político? Espera-se que governo começou a equilibrar suas contas.
os estudantes infiram que ele Mas os sacrifícios impostos à sociedade,
declara a intenção de “restau- especialmente aos assalariados, elevaram
rar a legalidade, promover o a impopularidade de Castelo Branco e
progresso e a justiça social”. influenciaram o resultado das eleições para
governador, em 1965: políticos da oposição
à ditadura civil-militar foram eleitos gover-
TEXTO DE APOIO nadores nos estados da Guanabara e de
Minas Gerais.
11 de abril de 1964 – Pelo
Rádio e através da TV,
Castelo Branco discursa Estado da Guanabara (GB): foi formado
após ter sido eleito em 1960 e correspondia à cidade do Rio
Presidente da República de Janeiro. Isso ocorreu em razão da
pelo Congresso Nacional transferência da capital brasileira da cidade
do Rio de Janeiro para Brasília. Em 1975,
[…] o Estado da Guanabara foi extinto.
Minha eleição pelo Congresso
Nacional, em expressiva vota-
ção, traduz, sobremaneira, o pe- Promovido de general a marechal da reserva
sado fardo das responsabilida- no dia anterior, Humberto Alencar Castelo
des que sabia já haver assumido, Branco recebe a faixa de presidente da
ao aceitar a indicação de minha República. Brasília (DF), 15 de abril de 1964.
candidatura à Presidência da
República por forças políticas
ponderáveis, sob a liderança de
232
vários governadores de Estado.
O calor da opinião pública,
através de autênticas manifes- ças Armadas, na mesma232
D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C12-LA-G24.indd aspiração de restaurar a Ao Congresso Nacional, com todo o meu res- 28/06/22 13:26 D3_
tações populares e de numero- legalidade, revigorar a democracia, restabelecer peito de brasileiro e de Presidente eleito da
sas entidades de classe, estimu- a paz e promover o progresso e a justiça social. República, apresento nesta oportunidade, de
lou-me a essa atitude. Espero, também, em me ajudando o espírito modo muito especial, as minhas saudações.
Agora, espero em Deus corres- de colaboração de todos os brasileiros e o sen- BRASIL. 11 de abril de 1964: pelo Rádio e através
timento da gravidade da hora presente, possa da TV, saudando o povo brasileiro após ter sido
ponder às esperanças de meus
eleito Presidente da República pelo Congresso Nacional.
compatriotas, nesta hora tão entregar, ao iniciar-se o ano de 1966, ao meu Biblioteca da Presidência da República. Brasília, DF, [20--].
decisiva dos destinos do Brasil, sucessor legitimamente eleito pelo povo, em Disponível em: www.biblioteca.presidencia.gov.br/presidencia/
cumprindo plenamente os ele- eleições livres, uma nação coesa e ainda mais ex-presidentes/castello-branco/discursos/1964-1/01.pdf/view.
vados objetivos do movimento confiante em seu futuro, a que não mais assal- Acesso em: 4 jul. 2022.
vitorioso de abril, no qual se ir- tem os temores e os angustiosos problemas do
manaram o povo inteiro e as For- momento atual.
232
Da esquerda para a
direita, Zé Keti, Nara Leão
e João do Vale durante
ensaio do Show Opinião.
Rio de Janeiro (RJ), 1965.
ACERVO ICONOGRAPHIA
234
TEXTO DE APOIO D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C12-LA-G24.indd 234 sica que visava alfinetar a consciência do público. O repertório, 28/06/22 13:26 D3_
234
SCHMIDT-LUCHS/INTERFOTO/FOTOARENA
tiu cerca de cem mil pessoas se
Com a ascensão de Costa e Silva, os mili- aglomerarem nas ruas do centro
tares da linha-dura assumiram o governo. da cidade do Rio de Janeiro para
uma manifestação pública contra
Todos os militares que lideraram o golpe
o governo ditatorial militar; even-
de 1964 eram adeptos da Doutrina da to mais tarde conhecido como
Segurança Nacional e, portanto, contrários Passeata dos Cem Mil. [...]
ao comunismo. Mas tinham divergências entre Entre os manifestantes, encon-
si, o que nos permite dividi-los em dois grupos: travam-se artistas, professores,
o castelista e o linha-dura. O grupo castelista estudantes, mães de alunos, re-
presentantes do clero, freiras,
era integrado por generais como Golbery do jornalistas, servidores públicos,
Couto e Silva, Ernesto Geisel e Castelo Branco advogados, políticos cassados etc.
(daí o nome do grupo). Na oposição a ele Viam-se, no decorrer da passeata,
estava o grupo da linha-dura, que considerava [cartazes] de mobilização coleti-
va que condensavam os anseios
os castelistas “moderados” e defendia a radi-
e aspirações desses diferentes
calização constante da luta contra o inimigo segmentos sociais, estampados
interno, chamado por eles de “subversivo”. A Ernesto Geisel, então presidente do Brasil. em faixas como: “Liberdade para
Brasília (DF), 1977. os presos”, “Abaixo a repressão”,
linha-dura era formada por generais menos
teóricos e mais pragmáticos, como Costa e “Mataram um estudante, pode-
ria ser seu filho”, “Liberdade aos
Silva e Garrastazu Médici. artistas”, “Contra a Censura”;
“Liberdade”; “Bancários contra a
repressão”; “Universidade para o
A resistência democrática
ACERVO ICONOGRAPHIA
13:26 ENCAMINHAMENTO
D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C12-LA-G24.indd 235 28/06/22 13:26
• Diferenciar os generais castelistas, como Castelo Branco e Geisel, dos defensores da linha-
-dura, a exemplo de Costa e Silva e Ernesto Geisel.
• Compreender o conceito de resistência democrática, nome dado às ações do conjunto de
forças sociais e políticas que se opuseram à ditadura civil-militar.
• Ressaltar que a Passeata dos Cem Mil, em 26 de junho de 1968, assinalou a radicalização do
movimento estudantil. Os estudantes e seus aliados não restringiam seus protestos ao cam-
po educacional; lutavam, sobretudo, em favor da democratização do regime.
235
ZIRALDO
• Evidenciar a participação do invadiu o local e prendeu cerca de 700 estudantes que
movimento estudantil (Con- participavam do Congresso.
gresso de Ibiúna, interior de Nesse mesmo ano, o movimento operário também
São Paulo), do Movimento mostrou sua disposição de luta em duas grandes greves
Operário (greve no municí- por aumento de salários: uma em Contagem, perto de
pio paulista de Osasco e no Belo Horizonte (MG), envolvendo cerca de 15 mil traba-
município de Contagem, em lhadores, e outra em Osasco, na Grande São Paulo, que
Minas Gerais) e de políticos, também contou com a participação de milhares de tra-
como o deputado Márcio balhadores. Esta última foi reprimida com muita violência,
Moreira Alves na resistência
com a invasão do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco
democrática à ditadura.
e a prisão de 400 trabalhadores por tropas do Exército.
• Estudar o Ato Institucional
Nesse contexto, o deputado do MDB Márcio Moreira
no 5 (AI-5) e suas consequên-
Alves fez um discurso, em 1968, no qual conclamava a
cias imediatas.
população a não ir à parada militar para comemorar o 7
• Conceituar estado de sítio e
de Setembro e pedia às mulheres para não namorarem
habeas corpus.
oficiais que participavam da repressão. O discurso de
• Problematizar com os es-
Moreira Alves serviu de pretexto para que o governo
tudantes as manifestações
Costa e Silva decretasse o Ato Institucional no 5 ((AI-5),),
ocorridas em 2020, em que
o mais opressivo de todos os atos da ditadura civil-militar.
havia cartazes pedindo a vol-
ta do AI-5. À luz do que foi Pelo AI-5, o presidente da República passava a ter
discutido sobre a história da o poder de:
Estado de sítio:
ditadura, questionar quais • fechar o Congresso Nacional;
situação na qual
poderiam ser os motivos • fazer leis e ordenar a interven- são estabelecidas
para essa demanda e que im- ção nos estados e municípios; restrições à liberdade
pactos a reedição dessa me- dos cidadãos, por
• cassar políticos eleitos pelo povo; meio da suspensão
dida poderia trazer. de alguns direitos
• demitir, transferir e aposentar constitucionais.
funcionários públicos; Habeas corpus:
Imagens em movimento • decretar estado de sítio;
sítio; recurso jurídico que
protege o cidadão de
Vídeo da Univesp sobre o • suspender o direito de habeas ser preso ou agredido
AI-5. corpus aos acusados de “crime em razão de abuso de
poder ou ilegalidade.
• 1964:Reportagem especial contra a segurança nacional”.
– O governo Costa e Silva Com base no AI-5, o governo militar fechou o
e o AI-5. 2014. Vídeo Essa charge de Ziraldo, publicada Congresso, cassou o mandato de centenas de políticos
(29min50s). Publicado pelo em 23 de junho de 1968 no
Correio da Manhã, ironiza a e prendeu milhares de pessoas de oposição em todo
canal Univesp. Disponível
truculência da ditadura. o país.
em: https://www.youtube.
com/watch?v=pMgTjvBDi74.
Acesso em: 4 jul. 2022.
236
MEC/SECAD
outros) nas lutas pela demo-
a ditadura cratização do país.
Nos anos de 1970, o movimento de resistência • Conhecer as demandas das co-
democrática à ditadura civil-militar contou com o apoio munidades autoidentificadas
de diferentes movimentos sociais de várias partes do país. como quilombolas diante do
Naquela década, as demandas quilombolas foram modelo desenvolvimentista
da ditatura e sua ideologia,
ganhando visibilidade no espaço público.
segundo a qual o Brasil era
As comunidades negras foram, pouco a pouco, uma democracia racial.
autoidentificando-se como comunidades quilombolas. • Reforçar que os indígenas
Passaram a reconhecer e assumir sua ancestralidade e quilombolas que denun-
com base em histórias contadas pelos mais velhos da ciavam a exclusão, a discri-
comunidade: pais, avós, bisavós, entre outros. minação e o racismo eram
Nesse cenário, afloraram as principais deman- duramente perseguidos.
das dessas comunidades autoidentificadas como • Destacar que a demanda qui-
Fac-símile da capa do livro lombola pela regulamentação
quilombolas: Quilombos: espaço de resistência e redistribuição das terras no
• o combate ao racismo; de homens e mulheres negros.
país era uma contestação ao
• a redistribuição e a regulamentação das terras no país, vista por elas como motivo modelo desenvolvimentista
principal da desigualdade no acesso à terra. da ditadura.
Professor, o conteúdo traba-
Leia o texto a seguir: lhado na página busca eviden-
As comunidades quilombolas mantêm, ainda hoje, práticas centenárias trazidas ciar a origem e as demandas do
por seus ancestrais do continente africano. [...] movimento quilombola e quer
[...] Para essas comunidades, a terra é o bem fundamental, pois é dela que são contribuir para o desenvolvi-
retirados os produtos para subsistência do grupo familiar, além de ser o espaço de mento da habilidade EF09HI21.
trabalho e de vivência. A terra é “o elemento unificador do grupo social, no qual se
constrói a história cotidiana de homens e de mulheres, dotando-se de significados a Dica de leitura
vida e o mundo dessas comunidades negras”. Artigo em que o autor re-
[...] toma as articulações de popu-
As comunidades remanescentes lações negras e indígenas ao
SERGIO AMARAL/OLHAR IMAGEM
houve resistência. a) O que o Sr. Benedito quis dizer com “o movimento quilombola é antigo”?
b) Com base na leitura de texto, identifique uma demanda dos quilombolas nos anos de 1970.
c) Que relação o Sr. Benedito estabelece entre melhorar a escola e a busca por direitos?
TEXTO DE APOIO
b) Direito à educação, à instrução pública e, inclusive, acesso ao Ensino Superior.
(CONTINUAÇÃO) c) Ele e outros participantes do movimento quilombola, à época, acreditavam que, por meio da educação
começou a surgir uma nova
238 formal, podiam conhecer seus direitos e lutar por eles.
consciência entre jovens e ado-
lescentes cujo foco era a valori-
zação da “identidade racial” e a ção Racial (MNU), [...] que
AV_HIS-F2-2111-V9-U3-C12-LA-G24.indd 238 a questão racial e o [...] O Programa de Ação do MNU era compos- 30/06/22 16:50 D3_
percepção do preconceito explí- discurso marxista foram mais intimamente to por 16 itens, entre eles, a realização de uma
cito ou disfarçado que marcava conectados, a partir de um ativismo no qual reforma agrária radical, a proteção dos acampa-
a sociedade brasileira. Apesar os militantes negros de formação universitária mentos dos sem-terra, o direito de sindicaliza-
disso, o “racismo cordial” à bra- eram os principais protagonistas. ção dos trabalhadores e uma reforma geral do
sileira ainda era frequente, e a ensino. [...]
O MNU foi fundado num ato público que reu-
população negra era a mais mar- Além disso, o MNU encampou as lutas espe-
niu 2 mil pessoas, no dia 7 de julho daquele ano,
ginalizada. cíficas das mulheres negras, duplamente discri-
nas escadarias do Teatro Municipal de São Pau-
[...] minadas, por serem negras e mulheres, numa
lo. O ato era uma resposta à discriminação sofri-
sociedade racista e machista.
[...] Mas foi em 1978, com a da por quatro jovens atletas negros num clube
MOVIMENTOS Negros. Memórias da Ditadura. [S. l.],
fundação do Movimento Negro esportivo de São Paulo, além de outros eventos [20--]. Disponível em: https://memoriasdaditadura.org.br/
Unificado Contra a Discrimina- de violência policial contra os negros. [...] movimentosnegros/. Acesso em: 7 jul. 2022.
238
239
240
TEXTO DE APOIO D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C12-LA-G24.indd 240 Quanto à resistência [...], no presente caso também se pode con- 28/06/22 13:26 229
ceituar resistência como conjunto de atos de recusa coletiva ao
A resistência à ditadura militar nas universidades poder instituído, que podem se expressar de diferentes maneiras.
Nos espaços universitários houve inúmeras ações de resistência,
[…] O golpe de 1964 não derivou de derrota e ocupação estran- na maioria protagonizadas pelos estudantes, como passeatas, pa-
geira, ainda que o apoio da potência norte-americana tenha ralisações de aulas e divulgação de produtos culturais censura-
sido essencial. Ele foi um levante liderado pelas forças de direi- dos; e também atos mais agudos, como as ocupações de edifícios,
ta que contou com apoio de parte da sociedade (especialmente sem esquecer que muitos estudantes foram recrutados por orga-
nas classes média e alta), em luta contra processo de mudanças nizações armadas (embora com atuação fora dos campi ).
campi).
sociais de viés esquerdista que estava acontecendo durante o MOTTA, Rodrigo Patto Sá. A estratégia de acomodação na ditadura brasileira e a influência da
governo de João Goulart. […] cultura política. Revista Páginas, Rosário (Argentina), v. 8, n. 17, p. 9-25, 2016. p. 13-14.
240
Imagens em movimento
Vídeo da TV Brasil sobre o
uso político do futebol duran-
te a ditadura.
241 • SÉRIEdo RB mostra como a
ditadura interferiu no futebol.
2014. Vídeo (5min1s). Publicado
pelo canal TV Brasil. Disponível
13:26 ENCAMINHAMENTO
229a263-HIS-F2-2111-V9-U3-C12-LA-G24.indd 241 24/08/22 09:10
em: https://www.youtube.
• Trabalhar a força da propaganda como instrumento de legitimação e de busca por apoio com/watch?v=zOKiED1QCeQ.
durante o governo Médici. Acesso em: 4 jul. 2022.
• Perceber o uso político do futebol pelo governo Médici: o presidente se colocava como tor-
cedor número 1 da Seleção Brasileira e apresentava a vitória na Copa de 1970 como sendo
do seu governo!
• Comentar que o uso intensivo da propaganda de massa colaborou para que o governo Mé-
dici conseguisse o apoio de parte da sociedade brasileira, mas outro fator também ajuda a
explicar esse apoio: o crescimento da economia.
241
consumo imediato, como ali- Fonte: PRADO, Luiz C. D.; SÁ, Fábio. O “milagre” brasileiro: crescimento acelerado, integração internacional e concentração
de renda (1967-1973). In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucília de Almeida N. O tempo da ditadura: regime militar e
mentos, por exemplo. movimentos sociais em fins do século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009. v. 4, p. 223.
242
TEXTO DE APOIO AV_HIS-F2-2111-V9-U3-C12-LA-G24.indd 242 As exportações foram estimuladas com isenções de impostos e 20/08/22 14:45 D3_
crédito abundante. O Brasil começou a exportar produtos manu-
O “milagre econômico” faturados, como têxteis, calçados e até motores, algo impensável
nas décadas anteriores durante as quais o país dependia da mo-
[…] De fato, entre 1968 e 1973, o PIB cresceu em média 11,2%,
nocultura exportadora de café. […]
alcançando 14% em 1973. O crescimento havia sido bem modesto
nos anos anteriores: 2,4% em 1965 e 4,2% em 1967, por exemplo. Houve grande crescimento industrial centrado na produção de
O saneamento financeiro promovido durante o governo Castelo bens de consumo duráveis, com grande benefício para a indústria
Branco havia resultado em recessão, mas a credibilidade externa automobilística. […] O crédito ao consumidor também foi ampliado,
foi restaurada e, com o razoável equilíbrio das contas públicas, com prazos de financiamentos amplos, permitindo que uma parce-
os governos seguintes puderam adotar políticas de subsídios e la maior da população adquirisse automóveis e eletrodomésticos.
incentivos fiscais. […] FICO, Carlos. História do Brasil contemporâneo. São Paulo: Contexto, 2016. p. 80-81.
242
243
Dica de leitura
Este livro apresenta uma ex-
tensa entrevista concedida por
Ernesto Geisel aos autores en-
tre os anos de 1992 e 1993.
• D’ARAUJO, Maria Celina;
CASTRO, Celso (org.). Ernesto
Geisel. Rio de Janeiro: FGV
Editora; Santa Maria: Editora
245 UFSM, 2021.
Rumo à democracia
[…] Abertura “lenta, gradual e
Dois passos atrás no processo de abertura
segura” – como a frase acabou O projeto de abertura do governo Geisel foi marcado por avanços e recuos. Um
por se tornar conhecida: esse era desses recuos foi a Lei Falcão (1976), que proibia o debate político ao vivo na imprensa
o projeto Geisel. Sua proposta era
um aprimoramento do antigo
e só permitia mostrar na televisão a fotografia do candidato, acompanhada de algumas
projeto de “institucionalização” poucas informações sobre ele e seu partido.
do regime, que já se manifesta-
ZIRALDO
• Evidenciar que, no Chile, o 11 de setembro de 1973 foi um golpe militar com o apoio dos Es-
tados Unidos, das grandes indústrias e dos comerciantes chilenos que promoviam boicotes
para desgastar a presidência de Salvador Allende.
• Destacar a violência do golpe que matou Allende e pôs Pinochet em seu lugar, bem como os
assassinatos das vozes discordantes.
• Compreender os principais pontos da política econômica neoliberal aplicada no governo
de Augusto Pinochet.
249
TEXTO DE APOIO D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C12-LA-G24.indd 250 mocracia era hora de reescrever novamente a história, principal- 28/06/22 13:26 AV_
mente o significado do 11 de setembro de 1973. A saída pensada
Ensino no Chile durante e depois de Pinochet pela Concertación, que gerou insatisfação em vários setores da
sociedade, foi tratar o golpe como “inevitável” dentro do acirra-
[…] no Chile, a reforma curricular ocupou boa parte dos debates mento de debates políticos no país. Os defensores do ponto de
nos anos de 1990. A ditadura pinochetista (1973-1990) teve uma vista do grupo que chegou ao poder com o fim da ditadura procu-
espécie de historiador oficial, Gonzalo Vial Correa, responsável raram mostrar que a política de reconciliação […] estava em curso
por “reescrever” a história chilena. Nos textos de Vial Correa, o pe- no país e, também, os desafios enfrentados pelo novo governo ao
ríodo da Unidade Popular (1970-1973) era tratado como momento lidar com o passado recente.
de caos e de exceção na trajetória do país, um rompimento na
QUADRAT, Samantha Viz. Páginas da História: o ensino das ditaduras do Cone Sul.
cultura política chilena, enquanto na ditadura teria sido estabe- In: MOTTA, Rodrigo Patto Sá (org.). Ditaduras militares: Brasil, Argentina,
lecida a ordem e o destino natural do Chile. Com o retorno da de- Chile e Uruguai. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2015. p. 282.
250
253
1. Caracterize a política eco- renciou-se dele no campo das políticas públi- a adotar políticas neoliberais como condição
nômica neoliberal usando cas. Pesquise e explique essa diferença. para renegociar suas dívidas externas. No
suas palavras. Respostas: Brasil, a virada neoliberal ocorreu com Fer-
2. Em que contexto os países 1. O neoliberalismo defende o Estado míni- nando Collor de Melo (1989-1993) e ganhou
latino-americanos aderiram mo com a redução do gasto público, a priva- impulso com FHC (1994-2002).
ao neoliberalismo, nas déca- tização das empresas estatais a particulares 3. O governo Lula adotou uma série de po-
das de 1980 e 1990? e o fim do protecionismo comercial. líticas públicas combinadas, que levaram à
3. Na economia, o governo 2. No contexto de crescente endividamento diminuição da pobreza extrema e à diminui-
Lula deu continuidade à po- externo, os países latino-americanos se vi- ção da fome no país.
254
ATIVIDADES
1. b) Uma medida, com força de lei, impos-
alunos sobre o golpe de 1964 ta por um governo sem que a população ou
NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
AGÊNCIA O GLOBO
mento da habilidade EF09HI19,
na medida em que facilitam a
percepção do processo que re-
sultou na ditadura e os mecanis-
1 Leia a manchete do
jornal O Globo, de 7 de
mos de que ela se utilizou para
abril de 1964.
legitimar seu poder (a exemplo
a) O que os militares
dos Atos Institucionais). queriam dizer com “des-
comunizar” o país?
b) O que significa a expres-
2. Retomar com os estudantes são “Ato Institucional”?
o perfil civil-militar do golpe de c) Essa manchete do jornal
1964. Diz-se civil-militar por- O Globo pode ser con-
que contou com a participação siderada um indício do
de governadores de Estado, a alinhamento do governo
exemplo de Magalhães Pinto Castelo Branco a uma
(MG), que autorizou o movi- das superpotências da
mento de tropas, e de Ademar época? Justifique.
de Barros, que declarou seu
apoio ao golpe; do presidente
2 Leia o texto a seguir com atenção.
do Congresso Nacional, Auro de Os civis e militares que derrubaram João Goulart, em 1964, impuseram-se pela força,
Moura Andrade, que declarou mas procuraram fazer com que seu poder parecesse legítimo, por meio de atos
vago o cargo de presidente, institucionais. O primeiro Ato Institucional (AI-1) permitia ao presidente suspender
embora João Goulart estivesse direitos políticos por dez anos e cassar mandatos de parlamentares.
em território brasileiro, onde a) Com base no texto, qual o significado de: 2. a) Direitos políticos: direito de votar e ser vota-
permaneceu até 4 de abril. do. Cassação de mandatos parlamentares: retirar
• direitos políticos; dos parlamentares seus direitos políticos.
Vale mencionar também, as • cassação de mandatos parlamentares. 2. b) Resposta pessoal.
Marchas da Família com Deus b) Elabore um comentário sobre o golpe de 1964, aplicando esses dois conceitos.
pela Liberdade ocorridas em
várias cidades brasileiras e que 3 Copie no caderno a alternativa correta sobre a política econômica de Castelo
mobilizaram pessoas de dife- Branco. 3. Alternativa B.
rentes grupos sociais. a) Cortou os gastos públicos, aumentou a arrecadação e beneficiou os assalariados.
b) Cortou os gastos públicos, diminuiu a inflação, mas sacrificou os assalariados.
c) Aumentou os gastos públicos e a inflação, desequilibrando as contas do governo.
d) Não influenciou o resultado das eleições de 1965.
e) Influenciou o resultado das eleições, dando a vitória ao governo.
256
256
CPDOC JB/FOLHAPRESS
manifestações mais emble-
máticas da resistência demo-
crática, a Passeata dos Cem
Mil, e destaca a participação
das mulheres nessa luta e suas
principais reivindicações à
época.
A mensagem principal da
canção “Pra frente, Brasil” é
a união de todos em torno da
Seleção Brasileira, e seus feitos
(Copa de 1970), que, por meio
As mulheres que aparecem de mãos dadas em primeiro plano, da esquerda para a direita, são as atrizes de uma campanha publicitária
Eva Tudor, Tônia Carrero, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Benguell. Rio de Janeiro (RJ), 1968.
ufanista, Médici buscou trans-
a) Qual era o objetivo da Passeata dos Cem Mil? Quem participou? formar em uma vitória de seu
b) A participação das mulheres foi tão importante para a resistência democrática que o cartunista governo. A música contribuiu,
Ziraldo usou a expressão “Mulheres do meu tempo” em tom elogioso. Por quais motivos elas assim, para implementar a
lutavam? 4. b) As mulheres daqueles tempos lutavam por espaço no mercado de estratégia oficial do governo
trabalho, na política, pela liberdade de ser o que quisessem, de se vestir Médici: a união de todos os
5 Leia a letra da música. a seu modo, de ir e brasileiros – sem divisões e/ou
“Noventa milhões em ação de vir. Nessa pas-
GRAVADORA RGE
seata lutavam pela divergências ou contestações
Pra Frente, Brasil liberdade, pela de- em torno de suas propostas e
Do meu coração mocracia e pelo práticas.
fim da censura. Por
Todos juntos, vamos isso, Ziraldo mani- A música de Miguel Gusta-
Pra Frente, Brasil festou orgulho por vo, que acompanhou a vitória
essas mulheres. da Seleção Brasileira de Fute-
Salve a Seleção!
De repente é aquela corrente pra frente bol em 1970, ultrapassou as
Parece que todo o Brasil deu a mão barreiras do tempo e possivel-
Todos ligados na mesma emoção mente é conhecida por uma
Tudo é um só coração!
parte dos estudantes. Reto-
mar com a turma símbolos na-
Todos juntos, vamos
cionais que promovem o senti-
Pra frente Brasil, Brasil
mento de identidade e união,
Salve a Seleção!”
e destacar o papel da música
GUSTAVO, Miguel. “Pra frente, Brasil”. In: AQUINO, Rubim
Santos Leão de. Futebol: uma paixão nacional. Fac-símile da capa do disco Pra frente, Brasil, como propaganda política.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. p. 94. produzido para a Copa de 1982. Comentar com os estudantes
a) Qual a mensagem principal explícita na letra da música? outro exemplo da época: “Eu
b) Em que contexto essa canção foi composta? te amo, meu Brasil”, da dupla
c) Por que muitos jovens aderiram à luta armada contra a ditadura e como eles agiam? Don e Ravel, que também foi
5. a) A canção apresenta elementos que indicam a integração nacional: “Noventa milhões em ação” (a população estima- utilizada pelo governo Médici
da do país à época); “Todos juntos”; “corrente”; “Todo o Brasil deu a mão”; “Todos ligados na mesma emoção”.
5. b) e c) Respostas no Manual do Professor.
257 para fins políticos.
257
a) De acordo com a tabela e seus conhecimentos sobre o assunto, pode-se afirmar que o milagre
econômico foi uma combinação de: 6. a) Alternativa I.
+ATIVIDADES I. um crescimento da economia em cerca de 11% ao ano, uma inflação relativamente baixa
O compositor Chico Buar- e um aumento considerável do comércio exterior.
que possui um vasto repertó- II. um crescimento da economia menor do que 10%, uma inflação relativamente baixa e uma
rio de canções que de alguma diminuição do comércio exterior.
forma contestam e relatam III. um crescimento da economia em torno de 11%, uma inflação estratosférica e uma balança
diferentes aspectos da vida comercial negativa.
social naquele período. Trazer IV. um crescimento da economia por volta de 11%, taxas de inflação reduzidas e quedas
constantes no comércio exterior.
para a sala de aula a canção
b) A maioria dos historiadores concorda que o milagre econômico ocorreu por fatores internos
“Apesar de você” e promover
e externos. Quais foram esses fatores?
uma análise coletiva da letra 6. c) A indústria de bens de consumo duráveis.
c) Qual foi o setor da indústria que mais cresceu durante o chamado “milagre econômico”?
e do contexto no qual foi es-
d) Diferencie indústria de bens de consumo duráveis de indústria de bens de capital.
crita. Lembrar a turma que,
muitas vezes, a crítica não era 7 Leia um trecho do samba “Milagre brasileiro”, de Julinho da Adelaide (pseudônimo
feita de forma explícita. de Chico Buarque), e responda: 7. c) O crescimento da economia brasileira na épo-
7. a) O artista usou ca do “milagre econômico”
Cadê o meu, ó meu? linguagem colo- É o verdadeiro boom não beneficiou as camadas
TEXTO DE APOIO Dizem que você se defendeu quial que, por ser Tu tá no bem bom mais pobres e assalariadas
É o milagre brasileiro de fácil compreen- Mas eu vivo sem nenhum da população.
O “milagre” brasileiro são, poderia atingir
Quanto mais trabalho um maior número [...]
O milagre econômico foi pro-
Menos vejo dinheiro de pessoas. Exemplo: “Cadê o meu, ó meu?” (dinheiro); “Tu tá no bem bom”
duto de uma confluência histó- (situação favorável); “Mas eu vivo sem nenhum” (dinheiro).
rica, em que condições externas MILAGRE brasileiro. Intérprete: Miúcha. Compositor: Julinho da Adelaide. In: MIÚCHA - 1980.
favoráveis reforçaram espaços Produção: Miúcha, Piii e Novelli. [S. l.]: RCA Victor, 1980. 1 LP, faixa 6.
de crescimento abertos pelas re- a) Que linguagem o compositor usou nessa canção? Cite versos que expressem isso.
formas conservadoras no governo b) Por que Chico Buarque assinou a música como Julinho da Adelaide?
Castelo Branco. Mas foram a ideia c) Interprete o trecho “Tu tá no bem bom / Mas eu vivo sem nenhum”, tendo por base a economia.
da legitimação pela eficácia, con- 6. d) Indústria de bens de consumo duráveis: bens que podem ser usados muitas vezes e por um longo
cepção positivista que permeava
o imaginário dos militares e seus
258 período de tempo, a exemplo de eletrodomésticos e automóveis. Indústria de bens de capital: bens que
servem para a produção de outros, como máquinas, equipamentos etc.
aliados, e, ainda, o nacionalismo
das Forças Armadas brasileiras que
fizeram inevitável a opção pelo doAV_HIS-F2-2111-V9-U3-C12-LA-G24.indd
grande boom de 25 anos 258 do pós-guerra, que inclusive o poderoso Delfim Neto. O novo governo 20/08/22 14:51 D3_
crescimento, em lugar da constru- seria substituído por um longo período em que a navegaria em um mundo mais turbulento e seria
ção de uma ordem liberal, como economia mundial se manteve muito mais hostil obrigado a voltar a escolher entre estabilização
fazia a vizinha Argentina. […] ao crescimento de países em desenvolvimento, e crescimento […] capitalista. […]
Em fins de 1973, depois de um como o Brasil. EARP, Fábio Sá; PRADO, Luiz Carlos Delorme. O “milagre”
conflito árabe-israelense no Orien- Apesar do excepcional desempenho econômico, brasileiro: crescimento acelerado, integração internacional
e concentração de renda (1767-1973). In: FERREIRA,
te Médio, a Organização dos Países Médici não fez seu sucessor. Mas também seu Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (org.). O Brasil
Produtores de Petróleo (Opep) reta- governo, que se encerrou no alvorecer da crise republicano: o tempo da ditadura. Rio de Janeiro: Civilização
liou os EUA e os países europeus, internacional, não foi obrigado a tomar decisões Brasileira, 2009. v. 4. p. 233-235.
que teriam apoiado Israel, quadru- difíceis. O novo presidente, Ernesto Geisel, era
plicando o preço do petróleo. Esses um aliado do grupo castelista e substituiu os
acontecimentos marcaram o fim mais importantes ministros da era do milagre,
258
STF/AFP
Imagens em movimento
Reportagem sobre as Mães
da Praça de Maio.
• MÃES da Praça de Maio com-
pletam 40 anos. 2017. Vídeo
(1min41s). Publicado pelo ca-
nal AFP Português. Disponível
em: https://www.youtube.
com/watch?v=G8-t8jDiAUs.
Acesso em: 4 jul. 2022.
Conferência de imprensa
com Estela Carlotto, uma das
Avós da Praça de Maio que
acabara de encontrar seu neto
Membros da organização de direitos humanos Mães da Praça de Maio seguram uma faixa
reivindicando seus filhos e filhas desaparecidos antes de marchar do Congresso para o Palácio
desaparecido.
Presidencial. Buenos Aires (Argentina), 28 de outubro de 1982. • ARGENTINA: Avó da Praça
8. a) As Mães da Praça de Maio eram mulheres argentinas que, de Maio encontra neto desa-
a) Quem eram as Mães da Praça de Maio? inicialmente, circulavam pela Praça de Maio, com lenço branco
parecido durante a ditadura.
b) Qual era o objetivo dessas mães? na cabeça, em protesto contra o desaparecimento de seus filhos.
2014. Vídeo (1min21s). Pu-
c) Um símbolo importante entre as Mães da Praça de Maio é o lenço branco amarrado na cabeça. blicado pelo canal euronews
Em sua opinião, o que esse lenço representava? 8. c) Resposta pessoal.
(em português). Disponível
9 Em relação às ditaduras militares na América do Sul, como a da Argentina, avalie as em: https://www.youtube.
afirmações a seguir. com/watch?v=EAGGlU7-P-
I. Em 1973, Juan Perón foi eleito e, no ano seguinte, veio a falecer. Sua esposa, Isabelita Perón, Vs. Acesso em: 4 jul. 2022.
não conseguiu alavancar a economia do país nem conquistar o apoio popular que o esposo Reportagem sobre a histó-
tinha, fato que abriu o caminho para um novo golpe de Estado; assumiu o poder, então, uma ria política da Argentina.
junta presidida pelo general Jorge Rafael Videla.
• ARGENTINA: história polí-
II. Na Argentina, Juan Domingo Perón estava no poder quando sofreu um golpe de Estado e
foi substituído pela ditadura do general Jorge Rafael Videla. tica. 2010. Vídeo (3min40s).
III. A ditadura argentina do general Videla foi uma das mais violentas e repressoras. Foram
Publicado pelo canal Jorna-
formados centros especializados em tortura e campos de extermínio. Na resistência à dita- lismo TV Cultura. Disponível
dura militar, estavam as Mães da Praça de Maio, movimento social das mães cujos filhos em: https://www.youtube.
estavam desaparecidos. c o m / w a t c h ? v = a X x X We -
Vl3iQ. Acesso em: 5 jul. 2022.
Copie no caderno a alternativa correta, sendo V para as verdadeiras e F para as falsas.
a) V, F, V 9. Alternativa A. c) F, V, F Dica de leitura
b) V, V, V d) F, V, V Resumo dos antecedentes e
8. b) Elas reivindicavam pela vida dos detentos políticos e por notícias de seus filhos desapareci-
das principais características e
dos por ação do governo militar argentino.
259 fatos históricos que marcaram
a ditadura civil-militar na Ar-
gentina (1976-1983).
14:51 TEXTO DE APOIO
D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C12-LA-G24.indd 259 raptadas ainda grávidas ou com bebês28/06/22
recém-
13:26
• HISTÓRICO da ditadura civil-
-nascidos. Com o tempo, outras mulheres que
militar argentina. Memória e
As avós da Praça de Maio passavam por semelhante situação aderiram ao
grupo, até se firmarem como uma organização Resistência na América Latina.
As “Avós da Praça de Maio” constituem uma São Paulo, [20--]. Disponível
proativa e com objetivos delimitados: as Abue-
organização não governamental fundada na em: https://paineira.usp.br/
las de Plaza de Mayo. Suas investigações cons-
Argentina em 1977, um ano após o golpe de memresist/?page_id=239.
tataram que, dentre as mais de 30.000 pessoas
Estado liderado pelo então general Jorge Rafael
desaparecidas, 500 eram crianças [...]. Acesso em: 4 jul 2022.
Videla. [...]
SALIGNAC, Luana Gonçalves. Justiça de transição: as “Avós da
Em 22 de outubro de 1977, 12 mães reuniram- Praça de Maio” como instrumentos do direito à identidade e à
-se pela primeira vez na Praça de Maio, em Bue- verdade histórica argentina. Revista Transgressões, Natal, v. 5,
nos Aires, alegando que suas filhas haviam sido n. 2, p. 53-68, out. 2017. p. 54.
259
FOLHAPRESS/FOLHAPRESS
eles cortaram? É. Não podia cantar no show. Ela falou: “O que é isso?”.
E assim... Cada local tinha uma Censura, ela falava: “Tutti, eu estou
Vozes do passado cantando, cantei isso no Rio, já fiz esse show no Rio”. Aqui não podia.
MACHADO, Ailton José (Tutti Maravilha). Um suspeito censor. [Entrevista cedida a] Lucas Torigoe.
b) Professor, orientar os estu- Museu da Pessoa. Belo Horizonte, 23 set. 2019. Disponível em: https://acervo.museudapessoa.org/pt/
conteudo/historia/um-suspeito-censor-166732. Acesso em: 19 abr. 2022.
dantes ao longo da discussão,
estimulando-os a justificarem
suas opiniões. É importante Artistas usam as escadas do Theatro Municipal de São Paulo como palco
que a turma compreenda que do protesto da classe teatral contra a censura. São Paulo (SP), 1968.
as censuras prévias são contrá-
a) Tomando-se por base a leitura do texto, o que se pode inferir sobre a liberdade de criação e
rias à democracia, cujo ideário
expressão durante os tempos da ditadura?
é pautado na liberdade de ex-
b) Em dupla. Reflitam, debatam e opinem sobre a existência de uma censura prévia aos shows
pressão e de opinião. musicais, filmes e espetáculos teatrais em uma sociedade. b) Resposta pessoal.
Escutar e falar. A proposta
desta atividade é levar o es-
ESCUTAR E FALAR
tudante a se colocar no lugar
daqueles que viveram sob a Imagine que você vivesse em um uma época em que suas mensagens pelo celular
ditadura e os efeitos desse ins- sofressem censura prévia e na qual os conteúdos em plataformas de streaming também
trumento de cerceamento da fossem controlados por censores. Como você se sentiria?
liberdade de expressão sobre Ensaie e prepare-se para falar sobre esse assunto para os colegas e o professor.
suas vidas. Esse esforço ima- a) Pode-se inferir que havia severa
Autoavaliação. Responda em seu caderno. censura a canções em geral e a tex-
ginativo de como seria haver tos para teatro. Nessa arte, a peça
censura prévia às mensagens a Expressei minhas ideias com objetividade? era apresentada aos censores antes
vinculadas na atualidade pelo b Usei tom de voz e gestos adequados? da apresentação ao público. Além
disso, a censura variava de um lu-
celular – dispositivo móvel que c Escutei meus colegas com atenção e respeito? gar a outro, conforme o humor e o
os estudantes usam com mui- d Contribuí com sugestões e perguntas interessantes? entendimento dos censores.
ta frequência e cotidianamen- e Demonstrei interesse pelo assunto tratado?
te –, pode ajudar no desen- f Aceitei críticas aos meus argumentos e comportamento?
volvimento da competência
específica 1, que estimula o
posicionamento do estudante 260
no mundo contemporâneo, e
da competência específica 3,
que incentiva o exercício da Dica de leitura
229a263-HIS-F2-2111-V9-U3-C12-LA-G24.indd 260 +ATIVIDADES 24/08/22 09:12 D3_
ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA
2011, o governo brasileiro • Atentar para as fontes usa-
criou a Comissão Nacional das para a apuração dos fa-
da Verdade (CNV), com o tos: documentos escritos,
objetivo de apurar as res- atestados de antecedentes.
ponsabilidades pelos crimes • Lembrar aos alunos a im-
de tortura, assassinato e portância de usar diferentes
desaparecimento forçado fontes e crivá-las à luz do mé-
cometidos pelo Estado todo histórico para conse-
brasileiro contra seus opo- guir produzir uma versão da
sitores durante a ditadura história que seja crível.
civil-militar que vigorou no Professor, os fatos descri-
Brasil entre 1964-1985. tos pela Comissão Nacional
O objetivo era promo- da Verdade encontram-se na
ver a apuração das violações memória de muitos brasileiros
dos direitos humanos prati- Ato em memória aos presos políticos, mortos e desaparecidos que têm hoje mais de 60 anos.
cadas durante a ditadura no antigo DOI-Codi. São Paulo (SP), 2019. Memória pode ser entendida
para efetivar o direito à
como o modo como as pesso-
as se lembram ou se esquecem
memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional.
dos fatos. Já a História pode
Em 2014, o relatório entregue pela CNV listou 377 pessoas como responsáveis pelas
ser vista como a crítica da me-
práticas de tortura e assassinatos durante a ditadura civil-militar brasileira. A apuração foi
mória. O relatório produzido
feita com base em documentos escritos, atestados de antecedentes, fichas individuais de pela CNV pode ser considera-
presos políticos, depoimentos de vítimas e testemunhas, incluindo policiais e militares que do um exercício semelhante
atuaram na repressão. A Comissão identificou os responsáveis, mas não tinha poder de ao fazer histórico.
puni-los. a) Resposta pessoal
a) Explique com suas palavras por que a Comissão Nacional da Verdade foi criada.
b) Identifique e comente os tipos de fonte utilizados pela CNV, mencionados no texto. https://www.youtube.com/
c) Em grupo. Convidem uma pessoa da comunidade que tenha entre 65 e 70 anos e façam watch?v=IopYU9RQID4.
uma entrevista com ela para descobrir como era viver nos tempos da ditadura. Acesso em: 11 jul. 2022.
c) Resposta pessoal Começar perguntando nome,
Sugestão de pauta da entrevista.
• Política: Quem escolhia os governantes? Havia manifestações populares nas ruas? idade, cidade em que nasceu,
• Cultura: Como eram as programações de TV da época? Soube de alguma obra (cinema, grau de escolaridade, onde es-
música, teatro) que foi censurada? Qual? Por quê? tudou ou lecionou, quais discipli-
• Economia: Como era a situação econômica da maioria da população? nas eram ministradas na escola.
• Educação: Como era composta a disciplina de Estudos Sociais criada à época? Essa disciplina Gravar a entrevista em áudio ou
ainda existe? Como era lecionar naquela época? vídeo; depois, transcrevê-la de
b) Depoimento de vítimas e testemunhas, incluindo militares e policiais; atestado de antecedentes políticos e modo mais fiel possível e com
sociais e fichas individuais de presos políticos nos órgãos de segurança, a exemplo do DOPS e do DOI-Codi.
261 respeito a fala do entrevistado.
Ao final, promover uma roda
de conversa para que os grupos
civil-militar não poderiam ser absolvidos apresentem seus trabalhos, e pe-
09:12 Vozes do presente
D3_HIS-F2-2111-V9-U3-C12-LA-G24.indd 261 28/06/22pela
13:26
dir aos alunos que se concentrem
Lei da Anistia.
a) A CNV foi criada em 18 de novembro de nas semelhanças e diferenças
c) Antes da realização da entrevista pelos entre as falas dos entrevistados.
2011 pelo governo brasileiro a fim de apu- estudantes, comentar sobre os cuidados ne-
rar as violações dos direitos humanos e seus Por fim, pedir à turma para que
cessários à realização de uma entrevista. Se exponha como foi a experiência
responsáveis durante a ditadura civil-militar. considerar pertinente, apresentar à turma
Segundo o entendimento da Secretaria dos de realizar tal atividade.
o vídeo:
Direitos Humanos e do Ministério da Justiça, • Interdisciplinaridade: essa
os crimes de assassinato, tortura e desapa- • COMUNICAÇÃO oral: gênero entrevista. atividade pode ser trabalhada
recimento cometidos pelo Estado brasileiro 2010. Vídeo (5min35s). Publicado pelo com a participação do profes-
contra seus opositores durante a ditadura canal Nova Escola. Disponível em: sor de Língua Portuguesa.
261
UNICEF
da criança e do adolescente.
O direito às raízes
• Incentivar a pesquisa para que
O tewte pendurado no pescoço e o vipuki no
os alunos conheçam os direi- rosto de Rosane Martins, de 16 anos, reafirmam
tos que possuem enquanto suas origens. “Fui eu mesma que fiz, sou uma das
cidadãos que, entre muitos artesãs da aldeia”, fala com orgulho. A adolescente
outros, estão a liberdade de é parte do povo indígena puyanawa, que significa
escolher a própria religião e gente do sapo grande, situado a 17 km do município
manifestar sua cultura, ainda de Mâncio Lima, no Acre. “Nosso povo foi sofrido
no passado. Tivemos nossa cultura praticamente
eu seja minoritária no lugar
destruída e hoje estamos tentando resgatá-la”,
onde vivem. conta. Com apenas 16 anos, Rosane busca reviver
• Aproveitar o tema para refor- a história de seu povo e levar esse legado para
çar o papel de toda sociedade outros adolescentes da própria comunidade.
na garantia desses direitos, Como protagonista na aldeia, foi uma dos
o que passa pela necessida- 53 adolescentes selecionados em todo o Brasil
para construir um manifesto em celebração aos
de de inibir intimidações em Fac-símile da capa do livro 30 anos
30 anos da Convenção sobre os Direitos da Criança, da Convenção sobre os Direitos da
ambiente escolar. e foi até Brasília para representar as crianças Criança: avanços e desafios para
indígenas. meninas e meninos no Brasil.
[...]
[...] Filha de um dos líderes, cresceu com o direito à sua cultura latente na família.
Imagens em movimento Seus pais estão entre as primeiras pessoas que tiveram o pensamento de resgatar a
Reportagem sobre os 30 anos cultura puyanawa por meio da espiritualidade, trabalhando para resgatar a música, a
da Convenção dos Direitos da história e a arte do passado.
Criança. Tanto assim que é moradora da única casa de palha da comunidade, mantida por
seu pai, que almeja manter a tradição.
• DIREITO sem Fronteiras – Cursando o 2o ano do ensino médio, Rosane estudou a vida inteira na escola
Os 30 anos da Convenção indígena da sua comunidade. Para ela, a sua escola é bastante representativa da
dos Direitos da Criança. cultura do povo puyanawa, começando por ter “estrutura de desenho indígena e ser
2020. Vídeo (27min20s). toda de tábua”, como descreve. [...]
Publicado pelo canal TV [...] é assim que Txukukayti [nome indígena de Rosane] luta e se dedica a mostrar
Justiça Oficial. Disponível para outros adolescentes a importância de manter a cultura de seu Tewte: colar,
povo. E essa representatividade a levou longe: foi da aldeia à capital na língua
em: https://www.youtube. indígena
federal.
com/watch?v=l93mD5rbQ7k. [...] puyanawa.
Acesso em: 5 jul. 2022. Fora do Acre pela primeira vez, a adolescente viajou a Brasília Vipuki: nome
da pintura
Vídeo da Unicef sobre a representando sua cultura, suas tradições e para dizer: crianças indí-
feita no rosto.
participação de adolescentes genas também têm voz.
brasileiros na convenção sobre
os Direitos da Criança. 262
• MANIFESTO Carta de Brasília
nos 30 anos da Convenção
sobre os Direitos da Criança. TEXTO DE APOIO
AV_HIS-F2-2111-V9-U3-C12-LA-G24.indd 262 30/06/22 16:51 D3_
263
4
para o desenvolvimento susten-
tável, com seus objetivos e me-
tas, é inevitável pensar na soma
enorme de questões e desafios O MUNDO
que temos pela frente, individu-
almente e como humanidade. CONTEMPORÂNEO
Para se ter uma ideia da di-
mensão desses desafios, cha-
mamos a atenção para alguns
dos maiores: a redução das de-
sigualdades; saúde e bem-estar;
educação de qualidade; paz, No mundo atual, sob o nome de República (res = coisa; publica = do povo) há repú-
blicas que conservam práticas autoritárias e outras que abrem espaço para o exercício
justiça e instituições eficazes.
da cidadania.
No tocante às metas, vale No Brasil, desde quando foi proclamada, em 1889, a República conheceu alguns
ressaltar a educação em direitos períodos de autoritarismo e outros de maior participação popular. Independentemente
humanos, tema contemporâ- dessas oscilações, as lutas populares pela conquista e ampliação de direitos atraves-
neo transversal da macroárea saram toda a história republicana. Esse processo, porém, não foi progressivo, mas sim
cidadania e civismo; cultura entremeado por avanços e recuos, rupturas e permanências, como mostram as imagens
da paz e não violência; valori- desta abertura de unidade.
zação da diversidade cultural;
ambientes de aprendizagem
de temas como: a ditadura sobre pluralidades e diversidades identitárias dobramentos econômicos, sociais e políticos.
civil-militar e os processos de na atualidade; as pautas dos povos indígenas Este objetivo, e sua justificativa, articulam-se
resistência; questões indígena no século XXI; o combate a qualquer forma de às habilidades EF09HI24, EF09HI25 e EF09HI27,
e negra e a ditadura; o pro- preconceito e violência. às competências gerais 1, 2, 6 e 7 e às com-
cesso de redemocratização; a O desenvolvimento das habilidades é feito petências específicas 1,2, 3 e 6.
inserção do Brasil na era da de modo articulado ao das competências Objetivo: debater sobre os protestos contra
globalização. Além de temas gerais 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10 e ao das a globalização. Este objetivo e sua justifica-
da história mundial, como: as competências específicas 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. tiva, articulam-se às habilidades EF09HI32 e
independências africanas; o fim Vejamos agora dois exemplos dessa arti- EF09HI33, às competências gerais 1, 2, 4, 6 e 7
da Guerra Fria, os conflitos do culação. e às competências específicas 1, 2, 3, 4, 6 e 7.
264
Imagens em movimento
Vídeo sobre os direitos das
mulheres.
• EMPODERAMENTO das mu-
lheres. 2016. Vídeo (2min37s).
Publicado pelo canal ONU
Mulheres Brasil. Disponível
em: https://www.youtube.
com/watch?v=6RSc_XYezig.
ANGYALOSI BEATA/SHUTTERSTOCK.COM
Acesso em: 25 jul. 2022.
13
cidadania ativa na história
recente do Brasil.
• Discutir as políticas econômi-
BRASIL
cas do governo Sarney. CONTEMPORÂNEO
• Conhecer alguns tópicos
importantes da atual Cons-
tituição brasileira e refletir
sobre eles.
• Analisar criticamente o Pla-
BIA ALVES/FOTOARENA
no Collor.
• Debater ética na política.
• Conhecer o Plano Real e seus
desdobramentos econômi-
cos, sociais e políticos.
• Elaborar um balanço do go-
verno FHC e discutir o pro-
cesso de privatização.
• Analisar o governo Lula e de-
bater suas políticas sociais.
• Conhecer as propostas de
governo da presidenta Dil-
ma Rousseff.
• Compreender as razões das
manifestações de junho de
2013.
• Evidenciar o protagonismo
dos povos indígenas nas con-
quistas obtidas por eles no
presente.
• Analisar o governo de Mi-
chel Temer. Instalação artística produzida no dia da votação da Lei da Ficha Limpa. A fotografia mostra a praia de
Copacabana com vassouras, baldes, rodos e panos de chão. Rio de Janeiro (RJ), novembro de 2011.
• Refletir sobre o governo de
Jair Bolsonaro. 1. Qual é a relação dessa fotografia com a votação da Lei da Ficha Limpa?
Este capítulo tem o ob- 2. Você já ouviu falar dessa lei? Sabia que ela foi criada por meio de iniciativa popular?
jetivo de estimular a refle- 3. Sabia que ela teve a seu favor 1 milhão e 300 mil assinaturas de cidadãos de todo o Brasil?
xão dos estudantes sobre a 4. Sabia que ela impede a candidatura daqueles que foram condenados por compra de votos ou por corrupção?
história recente do Brasil e
Neste capítulo, você vai ter contato com a história recente do Brasil e com os desafios
os desafios a serem enfren-
tados, contribuindo, assim, que temos pela frente, inclusive o de enfrentar o “fantasma” da corrupção, presente há
para o desenvolvimento das muito tempo na vida social brasileira. Respostas pessoais.
competências e habilidades
propostas. 266
BNCC ENCAMINHAMENTO
D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C13-LA-G24.indd 266 que tem suscitado interesse e contribui para 28/06/22 13:20 AV_
267
EDITORA THOTH
panhados por órgãos da Igreja, como a Confederação dual da Condição Feminina,
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); e da sociedade cuja missão é contribuir para
civil, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); a elaboração de políticas
o Movimento Negro que tinha entre suas demandas o públicas e fiscalização de cri-
combate ao racismo e a inclusão da história da África e mes contra a mulher.
dos afrodescendentes nos currículos escolares; e por orga-
nizações indígenas, como a União das Nações Indígenas Dialogando. a) Professor, pro-
(UNI), que pleiteavam a substituição da ideia de “assimila- por aos alunos que consultem
ção” pelo “direito à diferença”. artigos da Constituição que
O movimento estudantil também se fez presente fazem menção às populações
por meio da União Nacional dos Estudantes (UNE) e das negras e indígenas, e às mu-
Uniões Estaduais dos Estudantes (UEES) e ocupou audi- lheres.
tórios e teatros das universidades para debater sobre o b) Espera-se que os alunos ar-
momento político que o país vivia. gumentem em defesa de seu
As mulheres, por sua vez, também se engajaram no
ponto de vista e que concluam
Fac-símile da capa do livro que os artigos foram conquis-
movimento pela redemocratização. O Movimento de Luta
30 anos da Constituição Cidadã: tados graças à mobilização de
por Creches surgiu no 1 Congresso da Mulher Paulista.
o
desafios e perspectivas. diferentes movimentos sociais
Com isso, movimentos de união de mulheres começaram e políticos, bem como de or-
a aparecer por todo o país. ganizações da sociedade civil.
Em 1983, em São Paulo, foi criado o Conselho Estadual Dialogando
da Condição Feminina, a fim de contribuir para a elaboração
a Por que a Constituição de
de políticas públicas e fiscalização de crimes contra a mulher. 1988 (a atual constituição
Abriam-se, assim, por todo país, canais de discussão sobre os brasileira) ficou conhecida
direitos das mulheres na nova Constituição. como “Constituição
Enfim, movimentos populares e entidades da socie- Cidadã”?
dade civil apresentavam suas demandas em um momento b Em grupo. Debatam,
de intensos debates na Constituinte, debates estes que reflitam e respondam:
os artigos que dizem
antecederam a aprovação da Constituição de 1988 e a respeito à cidadania na
marcaram profundamente. Daí o apelido dado a ela de Constituição de 1988 foram
“Constituição Cidadã”. doados ou conquistados?
a) Porque ela apresentou ganhos significativos para o avanço da cidadania no Brasil; b) Resposta pessoal.
os artigos referentes aos povos indígenas e à comunidade negra são exemplos disso.
269
TEXTO DE APOIO D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C13-LA-G24.indd 270 os candidatos, no lugar do nome por extenso que devia ser escrito 28/06/22 13:20 264
270
ALEXANDRE TOKITAKA/FOLHAPRESS
Plano Cruzado para o consu-
mo e para a popularidade do
governo Sarney.
• Discutir sobre a falta de ética
por parte dos empresários
que começaram a especular
para obter vantagens finan-
ceiras, valendo-se do aumen-
to desenfreado do consumo
resultante do Plano Cruzado.
• Pensar sobre o uso eleitoreiro
que o governo Sarney fez do
Plano Cruzado e a liberação de
preços imediatamente após a
vitória nas eleições de 1986.
• Comparar o Plano Cruzado,
do governo Sarney, ao Plano
Austral, do governo de Raúl
Alfonsín, na Argentina, com
atenção às semelhanças.
• Aprofundar o assunto com a
leitura do artigo: MACARINI,
À esquerda, bótons usados pelos “fiscais do Sarney”. À direita, consumidora no papel de fiscal confere José Pedro. A política econô-
o preço de um produto na tabela de preços da Superintendência Nacional de Abastecimento (Sunab). mica do Governo Sarney: os
São Paulo (SP), 1986.
Planos Cruzado (1986) e Bres-
ser (1987). Texto para Discus-
Nos primeiros meses do plano, a inflação caiu bastante e a popularidade do governo
são. IE/UNICAMP, Campinas,
cresceu. Mas, com o congelamento dos preços, ocorreu uma corrida ao consumo. Com
n. 157, p. 1-63, mar. 2009.
isso, começaram a faltar mercadorias nos supermercados, algumas de primeira necessi-
dade. Aproveitando-se dessa situação, muitos empresários passaram a praticar o ágio
– cobrança acima da tabela. Então, o governo acionou a Polícia Federal e descobriu que
Imagens em movimento
havia “boi gordo no pasto”, isto é, havia fazendeiros que se negavam a abater o gado; Entrevista com Raúl Alfon-
por isso, começou a faltar carne para a população. sín no Programa Roda Viva,
em que se discutem vários as-
Apesar disso, o governo manteve o congelamento de preços e, com isso, venceu
pectos da história argentina,
as eleições parlamentares e para os governos estaduais, ocorridas em 1986. O PMDB,
como as políticas econômicas
do presidente Sarney, elegeu a maioria dos governadores, senadores e deputados.
e seus impactos sociais, além
Vencidas as eleições, o governo Sarney reajustou os preços das tarifas públicas (água, da ética na vida pública.
luz e gás), da gasolina, do álcool. Esses reajustes foram muito mal-recebidos pela
• RAÚLAlfonsín - 21/05/2001.
população, que se sentiu enganada pelo governo. Ao mesmo tempo, com a liberação
2015. Vídeo (90min51s). Pu-
dos preços, a inflação disparou, corroendo os salários dos trabalhadores e gerando
blicado pelo canal Roda Viva.
grande instabilidade social.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=GqT
271 preKRiAU. Acesso em: 13 jul.
2022.
nova moeda, o austral. Cada austral equi- hiperinflação, que chegou a 4 923,6%. A
Inflações e hiperinflações valia a 1 000 pesos prévios. O plano foi um espiral inflacionária levou os argentinos à
[...] predecessor do Plano Cruzado brasileiro pobreza. [...]
Raúl Alfonsín (1983-1989), o primeiro e contou com a concordância do FMI [...]. Seu sucessor, Carlos Menem (1989-1999),
presidente civil eleito com a volta da de- Problemas financeiros externos e políticos tentou de forma errática diversas fórmulas
mocracia, herdou dos militares uma pesa- internos colocaram o plano em risco. Em econômicas. O resultado foi um segundo
da inflação. Seis meses antes de sua posse, 1988, o governo Alfonsín tentou salvar o período hiperinflacionário, que chegou a
os militares haviam cortado quatro zeros austral com o Plano Primavera. Mas o de- 1 343,9% em 1990.
do peso (cada peso novo equivalia a 10 mil sejo de levar o governo até as eleições pre-
PALACIOS, Ariel. Os argentinos.
pesos prévios). [...] Em junho de 1985, Al- sidenciais de 1989 com a economia mais São Paulo: Contexto, 2013.
fonsín implementou o Plano Austral, que ou menos equilibrada também fracassou. p. 74-75.
271
[…] Nós estamos lutando pelos direitos que já são reco- to ao outro e o fortalecimento
nhecidos. [...] Para que não sejam violados, para que não sejam da autoestima e das identida-
desrespeitados e para que haja um avanço nisso. des das pessoas indígenas.
WAPICHANA, Joênia. O Brasil imagina que o indígena é uma questão só de pintura e
vestimenta. [Entrevista cedida a] ONU News, [s. l.], 20 dez. 2018. Disponível em: https://
news.un.org/pt/interview/2018/12/1652611#:~:text=Muitas%20vezes%20n%C3%A3o%20 nalmente, tido acesso para suas
entendem%20o,outros%20falam%20as%20l%C3%ADnguas%20pr%C3%B3prias. atividades e subsistência.
Acesso em: 23 mar. 2022.
[...]
Para manter sua cultura e tra-
Jovens e crianças em dança de roda e cantos em dições e ter o direito de ser como
aldeia indígena xavante. Campinápolis (MT), 2021. são, os indígenas travam inces-
santes lutas por direitos e, após
séculos de exploração, têm con-
273 seguido afirmar alguns direitos
que só foram possíveis graças a
sua organização, principalmente
a partir da década de 1970, onde
13:20 TEXTO DE APOIO
AV_HIS-F2-2111-V9-U4-C13-LA-G24.indd 273 nhecendo os seus direitos sobre as terras
30/06/22 que
16:52
passaram a se organizar em as-
tradicionalmente ocupa [...].
Pensar a cidadania sob a ótica do historica- sociações, o que lhes deu ainda
mente dominado exige volver o olhar para um No plano internacional, quanto ao direito à maior força e presença no cená-
novo tipo de conhecimento, que se produz [...] terra, a Convenção no 169 da Organização Inter- rio nacional e internacional, ao
ancorado nas experiências de resistência de nacional do Trabalho sobre povos indígenas [...] ponto desses indígenas influen-
grupos sociais que até então são vítimas de in- (OIT, 1989), reconhece o direito de posse da terra ciarem, inclusive, na elaboração
justiças sociais e da negação de direitos, mesmo ou território que os indígenas ocupam coletiva- da Constituição Federal de 1988.
que este direito já esteja positivado na Consti- mente ou utilizam de alguma forma, conclaman- SILVA, Messias Furtado; DINIZ, Renato Eugênio
tuição e nas leis. do os governos dos países signatários a promover da Silva; ALENCAR, Joelma Cristina Parente
Monteiro. A questão da cidadania sob o
A CRFB/88 assegura o direito do indígena de medidas para salvaguardar esse direito, inclusive
olhar dos indígenas na Terra Indígena Cobra
permanecer com suas formas de organização sobre terras que não sejam exclusivamente ocu- Grande, Santarém/PA. Educação e Pesquisa,
social e convivências próprias, inclusive reco- padas por eles, mas às quais tenham, tradicio- São Paulo, v. 47, p. 1-19, 2021. p. 2-11.
273
275
275
ANTONIO SCORZA/AFP
do Plano Real pelo Ministério do Partido Popular Socialista (PPS), assumiu a presidência.
da Economia, sob a chefia de Buscando parecer conciliador e independente, escolheu políticos
Fernando Henrique Cardoso. de diferentes partidos, sobretudo do PMDB e do PSDB (Partido da
• Conhecer os principais pon- Social-Democracia Brasileira), para compor seu governo.
tos do Plano Real e seus efei- Durante seu mandato, explodiu outro grave caso de corrup-
tos sobre a inflação. ção: o desvio de 100 milhões de dólares do orçamento nacional,
o que comprova o enraizamento da corrupção na cultura política
brasileira. O caso ficou conhecido como “Escândalo dos Anões do
Imagens em movimento Orçamento”. Dos 25 parlamentares envolvidos, apenas seis foram
Vídeo que explica como o cassados.
Plano Real controlou a infla-
ção na década de 1990.
• 20 ANOS de Plano Real. 2014. O Plano Real
Vídeo (3min35s). Publicado Itamar Franco assumiu o governo num momento em que a
pelo canal Estadão. Disponível inflação de 30% ao mês corroía os salários e empobrecia os traba-
em: https://www.youtube. lhadores. Para combatê-la, convidou para o Ministério da Fazenda o
com/watch?v=jIRzw5ChqJ0. sociólogo Fernando Henrique Cardoso, também chamado de FHC.
Acesso em: 13 jul. 2022. Fernando Henrique e sua equipe lançaram, então, o Plano Real,,
Presidente Itamar
que entrou em vigor em julho de 1994. O Plano Real:
Franco no Palácio
TEXTO DE APOIO do Planalto. Brasília a) não congelou os preços, foi submetido à aprovação do Congresso
(DF), 1992. e teve apoio popular;
O Plano Real
A equipe liderada por FHC b) previa a criação de uma nova moeda, o real (R$), e estabelecia
baseou-se nas experiências an- a paridade entre a moeda brasileira e o dólar estadunidense; ou
teriores, mas propôs algo inova- seja, em 1o de julho de 1994, 1 real equivalia a 1 dólar;
dor. Ela não criou imediatamen-
c) defendia um forte controle dos gastos públicos. Com esse propósito, naquele mesmo
te uma nova moeda, mas um
“padrão de valor monetário”: ano, FHC elevou os impostos federais em cerca de 5% e promoveu amplos cortes no
a Unidade Real de Valor (URV). orçamento, inclusive nas áreas da Saúde e da Educação.
Não existia concretamente, era Em julho de 1994, a moeda nacional passou a ser o real, e o plano entrou em vigor.
apenas uma cotação diária que O efeito do Plano Real sobre a inflação foi imediato. Observe a tabela.
indicava a equivalência entre
uma URV e os “cruzeiros reais”.
Quando foi anunciada, no dia 1o Brasil: taxa de inflação (junho a dezembro de 1994)
de março de 1994, a URV valia Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
647,50 cruzeiros reais. A inflação
49,10% 32,45% 49,10% 1,46% 2,65% 3,11% 1,11%
afetava a moeda, os cruzeiros
Fonte: SINGER, Paul. O processo econômico. In: REIS, Daniel Aarão (coord.).
reais, mas a URV permanecia Modernização, ditadura e democracia: 1964-2010. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014.
fixa. Os preços dos produtos, (História do Brasil Nação: 1808-2010, v. 5, p. 223).
por exemplo, eram exibidos em
cruzeiros reais e em URVs. Os 276
salários foram convertidos pela
média da inflação dos quatro
meses anteriores. A nova moeda
viria depois e a data de sua im- internas de ajustes (como
D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C13-LA-G24.indd 276 o abandono da “ân- 28/06/22 13:20 D3_
tratégia.
dência em 1995, com o compromisso de manter
Em 1994, o Mercosul adquiriu
a estabilidade do real, de reduzir os gastos públi-
personalidade jurídico-institu-
cos e o tamanho do Estado. Em vez do Estado cional como união aduaneira
interventor e empreendedor da Era Vargas, ele para os países-membros e sua
defendia o Estado mínimo, ou seja, um Estado que vertente política passou a bus-
transferisse para a iniciativa privada a produção car novos parceiros. No período
1991-1997, o comércio intrazona
de bens e serviços e se voltasse, principalmente, apresentou taxas aceleradas de
para as áreas da Educação, Saúde, Segurança e crescimento, afirmando a di-
Saneamento básico. mensão econômico-comercial
A fim de reduzir o tamanho do Estado, o do bloco, mas também avançou
no caráter político-estratégico,
governo FHC acelerou o programa de privati- Presidente Fernando Henrique
Cardoso em discurso no Palácio do para aprofundar os mecanismos
zação, iniciado pelo governo Collor. Para isso, de reparos e decisões conjuntas
Planalto. Brasília (DF), 1999.
conseguiu aprovar no Congresso mudanças na (destacando-se a “cláusula de-
Constituição, entre as quais a quebra do monopólio estatal do Monopólio estatal: mocrática” do bloco, decisiva na
petróleo e das telecomunicações. O governo FHC autorizou a venda nesse contexto, refere-se consolidação dos regimes demo-
ao fato de que, desde cráticos na região, sobretudo nas
de muitas empresas estatais, como a Vale do Rio Doce, uma das 1953, só a Petrobras crises paraguaias). [...]
líderes mundiais na área de mineração, e a Companhia Siderúrgica poderia explorar o
petróleo no Brasil. VIZENTINI, Paulo Fagundes. De FHC a Lula:
Nacional, de Volta Redonda. Segundo dados oficiais, entre 1991 e uma década de política externa (1995-
2002 (mandatos de Collor, Itamar e Fernando Henrique Cardoso), o 2005). Civitas – Revista de Ciências
Sociais, Porto Alegre, v. 5. n. 2,
governo arrecadou 30 bilhões de dólares com a venda de empresas p. 381-397, jul./dez. 2005. p. 383.
estatais. Durante as vendas das estatais brasileiras, o debate sobre
a privatização esquentou, ganhando espaço na imprensa, nas uni-
versidades, no Congresso e entre a população.
277
13:20 ENCAMINHAMENTO
D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C13-LA-G24.indd 277 • Retomar o conceito de 13:20
28/06/22 neoliberalismo para compreender a
política econômica adotada por FHC.
• Refletirsobre os efeitos perversos da inflação, sobretudo, • Debater sobre o significado (e o impacto para a população)
para os mais pobres. da quebra do monopólio estatal do petróleo e das teleco-
• Relacionar o sucesso do Plano Real ao crescimento da popula- municações.
ridade de FHC e sua vitória nas eleições presidenciais. • Retomar o debate sobre privatização que precedeu a venda
• Compreender a diferença entre o Estado interventor/em- da Companhia Vale do Rio Doce, uma das maiores empresas
preendedor da Era Vargas e o Estado mínimo, defendido de mineração do mundo.
por Fernando Henrique Cardoso.
277
HOMERO SÉRGIO/FOLHAPRESS
A ideia também é estimular os
estudantes a argumentar em a) O dinheiro obtido com a venda das
defesa de um ponto de vista, estatais seria usado para diminuir a
mobilizando a competência dívida pública, que é paga por todos os
geral 7 e a competência espe- cidadãos por meio dos impostos.
cífica 4. b) Nas empresas estatais, os partidos políti-
cos é que indicam os diretores, gerando
corrupção e troca de favores.
+ATIVIDADES
c) A função do Estado não é administrar
Em grupos. Analisem as siderúrgicas, ferrovias e empresas de
privatizações ocorridas entre O ministro José Serra, de terno claro; o aviação, mas cuidar da Educação, da
1989 e 2002. Pesquisem em governador do Rio de Janeiro, Marcello
Saúde e da Segurança pública.
livros, jornais, revistas, sites Alencar, à esquerda; e o presidente da Bolsa
de diferentes tendências, in- de Valores do Rio de Janeiro, Fernando Opitz, d) Nas mãos da iniciativa privada, as empresas
ao centro, batem o martelo encerrando o se tornariam mais eficientes e consegui-
clusive divergentes. Para ope- leilão de privatização de uma empresa do
racionalizar a atividade, cada setor elétrico, a Escelsa, realizado na Bolsa riam oferecer à população bens e serviços
grupo deve levantar determi- de Valores do Rio de Janeiro (RJ), 1995. de melhor qualidade.
nadas informações, como o
Argumentos contra as privatizações
valor de venda da empresa,
quem foram os compradores e a) O dinheiro das privatizações não serviu para
ROSANE MARINHO/FOLHAPRESS
se houve melhora nos serviços diminuir a dívida pública. Durante o governo
oferecidos à população e/ou FHC, a dívida pública aumentou.
maior produtividade. b) Com as privatizações, as tarifas dos serviços
Professor, observar a diver- públicos (água, luz etc.) aumentaram, preju-
sidade de perfis de alunos nos dicando o consumidor.
grupos, de modo que possam
c) A venda das estatais liquida parte preciosa do
existir trocas entre aqueles
com maior e menor afinidade patrimônio brasileiro, provoca a desnacionali-
com este tema, componente zação da economia e a perda de soberania.
ou área do conhecimento. d) Com a privatização de empresas estra-
Manifestação de estudantes contrários
Como finalização da ativi- tégicas, serviços como os de telefonia e
à venda da mineradora Vale do Rio
dade, solicitar que os grupos de fornecimento de energia pioraram e Doce durante o leilão de privatização da
apresentem para a sala os re- ficaram mais caros. companhia. Rio de Janeiro (RJ), 1997.
sultados de suas pesquisas.
• Converse com pessoas que viveram na década de 1990 sobre a privatização de serviços
em áreas como as de telefonia e energia elétrica e responda: quais argumentos você
achou mais convincentes? E você, o que pensa sobre esse assunto? Respostas pessoais.
Dica de leitura
Tese que discute as privati-
zações ocorridas durante os 278
governos de Fernando Collor
e de Fernando Henrique Car-
doso. D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C13-LA-G24.indd 278 28/06/22 13:20 D3_
278
13:20
ENCAMINHAMENTO
D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C13-LA-G24.indd 279 28/06/22 13:20
• Retomar uma vez mais o conceito de neoliberalismo e identificar os pontos da política eco-
nômica que se fundem nesse ideário.
• Refletir sobre os prejuízos de taxas elevadas de desemprego para as pessoas e para a eco-
nomia do país.
• Investigar a taxa de desemprego no país no momento em que este livro está sendo usado.
• Comentar que, desde 1997, existem denúncias de compra de votos para aprovação da
emenda constitucional que permitiu a reeleição no Brasil.
279
GERALDO MAGELA/FOLHAPRESS
ponível em: https://www2.
senado.leg.br/bdsf/bitstream/
handle/id/529732/lei_de_di- À direita, o governador
retrizes_e_bases_1ed.pdf. do Distrito Federal
Acesso em: 13 jul. 2022. Cristovam Buarque,
durante lançamento do
• Ponderar, em conjunto com
programa Bolsa Escola,
os alunos, o fato de que o go- na cidade-satélite de
verno FHC, além dos avanços Paranoá (DF), 1995.
na política educacional, foi
responsável pela adoção de
programas sociais que bene-
ficiavam famílias pobres.
Aids: sigla em inglês Em relação ao controle do gasto público, uma importante ini-
• Reconhecer a importância
da síndrome da
da Lei de Responsabilidade imunodeficiência adquirida, ciativa do governo FHC foi a aprovação, no ano 2000, da Lei de
Fiscal para a saúde financei- causada pelo vírus HIV, Responsabilidade Fiscal.. Essa lei proíbe o administrador público
ra dos municípios, dos esta- que pode ser contraída por (prefeito, governador ou presidente) de gastar mais do que o arre-
meio de relações sexuais
dos e do país. com pessoas soropositivas cadado. O desrespeito a essa lei prevê graves punições, que vão
• Relacionar a queda do índi- sem o uso de preservativo, desde a perda dos direitos políticos até o pagamento de multas e
ce de mortalidade infantil à pela transfusão de sangue
prisão dos infratores.
contaminado ou por
melhoria no saneamento bá- compartilhamento de Na Saúde, o programa de combate à aids adotado pelo
sico e ao aumento dos níveis objetos contaminados que governo tornou-se referência mundial. O índice de mortalidade
de escolarização e de renda perfuram ou cortam a pele.
infantil caiu significativamente: em 1994, era de 38,4 mortes por
das famílias. Índice de mortalidade
infantil: número de mil nascimentos; em 2001, passou a ser de 28,6 mortes por mil
• Efetuar leitura compartilha-
mortes de menores de nascimentos. No campo social, o total de famílias sem-terra assen-
da do texto de apoio, para ter um ano de idade por mil tadas, em 1994, era de 218 mil; ao final dos oito anos do governo
uma visão mais consistente nascidos vivos.
FHC, tinha subido para 688 mil.
da educação no governo FHC.
280
Dica de leitura
Artigo que analisa as políti-
cas educacionais implementa- TEXTO DE APOIO
D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C13-LA-G24.indd 280 presidente abriu exceção à diretriz de usar os 28/06/22 13:20 D3_
recursos arrecadados com a privatização para
das no governo de Fernando A educação no governo FHC o abatimento da dívida pública. Contra o voto
Henrique Cardoso, com foco da oposição, aprovou-se o Fundo de Manuten-
Assim como na saúde, na na educação cria- ção do Ensino Fundamental e Valorização do
nas mudanças efetuadas no ram-se políticas para ampliar a escolariza- Magistério (Fundef), que redistribui recursos
Ensino Superior. ção, especialmente deficiente entre os mais em favor dos municípios com maior número
• DURHAM, Eunice Ribeiro. pobres. Embora não tenha contado com uma de matrículas e assegurou um gasto mínimo
nova fonte de recursos, à diferença da saúde por aluno, com o complemento do governo fe-
A educação no governo de [para a qual criou-se uma contribuição espe- deral onde necessário. O Fundef estimulou os
Fernando Henrique Cardoso. cífica, a CPMF], o ensino fundamental bene- municípios a ampliar as matrículas no ensino
Tempo Social, São Paulo, v. 11, ficiou-se da receita extraordinária resultante fundamental e permitiu o aumento do salá-
n. 2, p. 231-254, out. 1999. dos leilões da telefonia celular, caso em que o rio dos professores nas regiões menos desen-
280
281
processo de globalização, no qual papel político crescente, ao ponto de o Bric or- para o açúcar, o algodão e a soja.
o Brasil buscou vantagens com- ganizar conferências internacionais regulares SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. O Brasil no mundo.
petitivas, favoreceu imensamen- e mesmo votos comuns na ONU. In: REIS, Daniel Aarão (coord.).
te tais ações. Modernização, ditadura e democracia:
A política externa brasileira praticada pelo
1964-2010. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014.
Sua melhor expressão é a atu- presidente Lula da Silva e pelo Itamaraty – em (História do Brasil Nação: 1808-2010, v. 5, p. 160,163).
al presença do Brasil no grupo especial sob a direção doutrinária do secretá-
dos principais países emergen- rio-geral do ministério, embaixador Samuel
tes, o chamado Bric (Brasil, Rús- Pinheiro Guimarães, e pelo chanceler Celso
sia, Índia e China). Aos poucos, Amorim – levou a alguns resultados bastante
uma associação apenas “esta- importantes, como repetidas vitórias do país na
tística”, originada na análise de Organização Mundial do Comércio (OMC), com
282
283
284
2008 7,9
Imagens em movimento 2009 8,1
Breve explicação do Repór- 2010 6,7
ter Brasil sobre o que significa
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa mensal de emprego. IBGE. Brasília, DF, c2022. Disponível
o Produto Interno Bruto (PIB). em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9180-pesquisa-mensal-de-emprego.html?=&t=series-historicas.
Acesso em: 23 mar. 2022.
• REPÓRTER Brasil explica: você
sabe o que é PIB? 2015. Vídeo Esse crescimento da economia contribuiu também para o aumento considerável no
(59s). Publicado pelo canal TV número de trabalhadores com carteira assinada. Observe a queda do desemprego nesse
Brasil. Disponível em: https:// mesmo período.
www.youtube.com/watch?-
v=PlmksH22uIM&t=19s. Aces-
so em 14 jul. 2022. O Brasil amplia sua visibilidade externa
Valendo-se de exemplos Por possuir características como território extenso, população grande, recursos natu-
simples e acompanhados de rais abundantes e uma economia que vinha apresentando altas taxas de crescimento, o
imagens, neste vídeo, o IBGE Brasil foi considerado um país emergente. A condição de país emergente valeu ao Brasil
explica como o Produto Inter- o ingresso no G20, grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União
no Bruto (PIB) é calculado. Europeia. O grupo foi criado em 1999, e os países que o integram respondem por 85% da
• PIB:o que é, para que serve produção mundial e abrigam dois terços da população do planeta. O G20 tem a missão
e como é calculado - IBGE Ex- de contribuir para o aprimoramento da governança global.
plica. 2017. Vídeo (4min46s).
Publicado pelo canal IBGE. 286
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=lV-
jPv33T0hk. Acesso em: 14
Sugestão de texto para pesquisa: O QUE
AV_HIS-F2-2111-V9-U4-C13-LA-G24.indd 286 20/08/22 14:53 D3_
jul.2022.
É o PIB. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. Rio de Janeiro, [202-]. Disponível
+ATIVIDADES
em: https://www.ibge.gov.br/explica/pib.php.
Em grupo. Pesquisem sobre
Acesso em: 14 jul. 2022.
o PIB brasileiro no ano de uso
deste livro e as razões desse
desempenho. Apresentem
um pequeno relatório sobre
o assunto.
286
289
291
ALAN SANTOS/PR
no resultado de uma eleição
campanha focada na comunicação
presidencial nos dias atuais.
com seus eleitores por meio das redes
• Debater as propostas de go-
sociais. Seu discurso da campanha
verno de Jair Bolsonaro nos
prometeu:
diversos campos da vida social.
a) co
combater
mbater a corrupção e a violência;
b) m
melhorar
elhorar a Segurança, o que, para
o can
candidato
didato,, significava armar mais
+ATIVIDADES
as polícias;
Por meio de um questio-
c) d
defen
efender
der a pátria e a família e barrar
nário, pergunte a pessoas de
o que ele afirmava ser a tentativa do
diferentes idades e ocupa-
ções quais meios elas utilizam PT de voltar
voltar ao poder.
como fonte de informação. Jair Bolsonaro venceu as eleições
com 55,1% dos votos válidos, contra
Redes Sites de 47% de Fernando Haddad, do PT, seu
Televisão
sociais notícias principal adversário político.
Em seu discurso de posse,
Bolsonaro disse que aquele era o dia
• Interdisciplinaridade: a con- em que o povo começava a se libertar
solidação dos dados recolhi-
da esquerda, da inversão de valores,
dos nos questionários pode Foto oficial do presidente da República,
do gigantismo estatal e do “politica-
ser realizada em conjunto Jair Bolsonaro. Brasília (DF), 2019.
mente correto”.
com o professor de Mate-
mática. Retomar o conceito Eis algumas das principais propostas do governo Bolsonaro por setor.
de média aritmética, para Na economia, seguindo a orientação neoliberal do Ministro Paulo Guedes, o governo
que seja possível analisar as prometeu acelerar as privatizações (venda de estatais); unificar impostos e simplificar o
notas atribuídas pelos entre- sistema de arrecadação fiscal.
vistados. Os questionários Na Saúde, prometeu eficiência na gestão e respeito à vida das pessoas e, além
podem ser tabulados em disso, adotar o Prontuário Eletrônico Nacional, interligando postos, ambulatórios e
um banco de dados digital, hospitais para reduzir os custos, e facilitar o atendimento futuro por outros médicos
com o uso de computador em diferentes unidades de saúde, bem como permitir cobrar maior desempenho dos
e software editor de plani- gestores locais.
lhas. Na impossibilidade de
utilização desses recursos, é 294
possível fazer os cálculos ma-
nualmente.
AV_HIS-F2-2111-V9-U4-C13-LA-G24.indd 294 04/07/22 18:10 AV_
informações vistas em alguma rede social. E a indicaram que sempre recorrem à televisão e 49%
TEXTO DE APOIO principal fonte de informação do brasileiro hoje sempre se informam pelo YouTube. [...]
Uma pesquisa de opinião do é o aplicativo de troca de mensagens WhatsA- Com relação às eleições, as redes sociais que
Instituto DataSenado aponta a pp, segundo o levantamento. Das 2,4 mil pesso- tiveram maior impacto nas eleições foram o
influência crescente das redes as entrevistadas, 79% disseram sempre utilizar Facebook (31%), o WhatsApp (29%), o YouTube
sociais como fonte de informa- essa rede social para se informar. (26%), o Instagram (19%) e o Twitter (10%).
ção para o eleitor, o que pode em
parte explicar as escolhas dos [...] BAPTISTA, Rodrigo. Redes sociais influenciam voto de 45% da
cidadãos nas eleições de 2018. Quanto à frequência com que meios de comu- população, indica pesquisa do DataSenado. Agência Senado.
Brasília, DF, 12 dez. 2019. Disponível em:
Quase metade dos entrevistados nicação e redes sociais são usados como fonte de
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/12/12/
(45%) afirmaram ter decidido o informação, 79% dos entrevistados responderam redes-sociais-influenciam-voto-de-45-da-populacao-indica-
voto levando em consideração que sempre utilizam o WhatsApp, enquanto 50% pesquisa-do-datasenado. Acesso em: 14 jul. 2022.
294
295
O economista Eduardo Moreira, contrário à Matéria jornalística comenta as mudanças na Previdência im-
Reforma da Previdência, dialoga com pessoas plementadas em cada um dos governos da Nova República, já
favoráveis a essa medida. que todos, sem exceção, fizeram modificações na formulação
• MUDE minha ideia: Reforma da previdência: original presente na Constituição de 1988.
qual é a sua opinião? Entrevistador: Eduardo • DE FHC a Bolsonaro, previdência passou por várias mudanças.
Moreira. [S. l.]: Mude minha ideia, nov. 2019. UOL Economia. São Paulo, 23 out. 2019. Disponível em: https://
Podcast. Disponível em: https://open.spotify. economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/10/23/
com/episode/0K6tJL8xgXAdb83ojai7L8?si= de-fhc-a-bolsonaro-previdencia-passou-por-varias-mudancas.
fbd6aa9f5d724c5d. Acesso em: 14 jul. 2022. html. Acesso em: 14 jul. 2022.
296
SONIA VAZ
Índice no
trimestre
21
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21
21
. -o 1
2
Segundo o IBGE, no trimestre encerrado
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em fevereiro de 2022, a taxa de desemprego
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los dois anos de pandemia
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se
ou
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v.
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de
no
ficou em 11,2% (12 milhões de pessoas Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
da covid-19.
ESTATÍSTICA. Indicadores IBGE. Pesquisa Nacional por
desempregadas). Amostra de Domicílios Contínua. Brasília, DF: IBGE, 2022. • Pensar nos cuidados que de-
p. 4. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/
Um destaque positivo é que, nesse visualizacao/periodicos/3086/pnacm_2022_fev.pdf. vemos ter uns com os outros,
período, o número de trabalhadores por conta Acesso em: 5 maio 2022.
para facilitar a readaptação
própria caiu 1,9%, enquanto o de emprega- à vida escolar na volta às au-
RAFAPRESS/SHUTTERSTOCK.COM
Imagens em movimento
Lives e pandemia
Vídeo do Jornalismo SBT
sobre o serviço voluntário du- Durante a pandemia, a ascensão das lives foi significativa. Segundo o psicólogo Pablo
rante a pandemia. Constantino, isto pode ser explicado pelo fato de a pandemia ter trazido muita pressão
psicológica e as lives atuarem como válvula de escape, ajudando a amenizar a solidão
• ONG faz adaptação ao
causada pela falta de contato humano.
trabalho dos voluntários em
Além disso, as lives em plataformas digitais foram importantes fontes de arrecadação
tempos de pandemia. 2020.
Vídeo (3min35s). Publicado de recursos para trabalho solidário, estimularam artistas a se engajarem e aproximaram a
pelo canal Jornalismo sociedade civil das ONGs e suas causas.
VTV SBT. Disponível em: Entre os artistas que mais conseguiram recursos estão Anitta que, com uma live no
https://www.youtube.com/ Dia das Mães, levantou 1 milhão de reais voltados ao programa social “Mães da Favela”,
watch?v=VJ93Esu3WyY. realizado pela Central Única das Favelas (Cufa). Outra arrecadação expressiva foi obtida pela
Acesso em 14 jul. 2022. dupla Sandy e Júnior, em 21 de abril. A verba foi destinada ao projeto “Mesa Brasil” de
distribuição de alimentos no país; a dupla arrecadou 5 milhões de reais. O show “Amigos”,
TEXTO DE APOIO quinteto formado por Chitãozinho e Xororó, Zezé de Camargo e Luciano, e Leonardo,
Com o isolamento social e a
levantou 1 milhão e setecentos mil reais, doados, principalmente, ao Hospital do Amor de
queda na renda do brasileiro, os Barretos e à ONG Amigos do Bem.
grupos vulneráveis ficaram em A live do Emicida, em 10 de
uma situação ainda mais difícil: maio, também voltada ao
idosos, profissionais autôno-
mos, pessoas em situação de rua programa “Mães da Favela”,
e cada vez mais pessoas abaixo arrecadou 807 mil reais.
da linha da pobreza. Para ajudar,
o voluntariado buscou formas
de ajudar sem correr riscos.
O especialista Marcelo No-
nohay [...] avalia como a pan- A Associação Brasileira de
demia mudou a forma de se Captação de Recursos (ABCR)
dedicar ao trabalho voluntário. informou que os artistas
“Temos acompanhado movi- brasileiros que mais arrecadaram
mentos recordes de captação de com suas lives foram Sandy e
recursos. Tendo em vista a gravi- Júnior, Amigos, Anitta e Emicida.
REPRODUÇÃO/EMICIDA - LIVE TRANSMITIDA EM 10 DE MAI. DE 2020
ver novos olhares sobre o uso dos canais digitais nerabilidade social; divulgar contatos de orga-
[...]
para a prática de boas ações com potencial de nizações sociais que precisam de ajuda; com-
No voluntariado online, dife- gerar grandes impactos, aprimorar a capacidade partilhar boas ações em suas redes sociais para
rente de trabalhar presencial- de trabalhar à distância e estabelecer contato estimular que seus familiares e amigos façam
mente em uma ONG, os horários com diferentes pessoas e culturas. A experiência o mesmo.
podem ser flexíveis, moldados à
pode ser incluída no currículo quando atrelada PAIVA, Luisa. Dia do Voluntariado: a pandemia foi um
sua rotina, e não tem custo de
ao que o voluntário faz profissionalmente. catalisador de boas ações e mudou a forma de contribuir.
transporte até a organização.
Estadão. São Paulo, 28 ago. 2021. Disponível em:
Além disso, a internet tem um Existem muitas formas de ajudar, além de
https://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,dia-do-
grande poder mobilizador para trabalhar diretamente para uma organização: voluntariado-a-pandemia-foi-um-catalisador-de-boas-acoes-e-
conseguir mais ajuda e atingir estimular os pequenos produtores e comércios mudou-a-forma-de-contribuir,70003823441.
mais pessoas beneficiadas. locais; divulgar campanhas de arrecadação de Acesso em: 14 jul. 2022.
298
TEXTO DE APOIO social transitória, fadada ao desaparecimento. relação ao processo produtivo, à preservação do
Com a aprovação do novo texto constitucional, meio ambiente e à reprodução física e cultural
Direitos indígenas na os índios não só deixaram de ser considerados dos índios. [...]
Constituição de 1988 uma espécie em vias de extinção, como passa- Outra inovação importante da atual Consti-
ram a ter assegurado o direito à diferença cultu- tuição foi a de garantir aos índios, a suas comu-
O maior saldo da Constituição ral, isto é, o direito de ser índios e de permanecer
de 1988, que rompeu com uma nidades e organizações, capacidade processual
como tal. para entrar na Justiça em defesa de seus direi-
tradição da legislação brasileira,
diz respeito ao abandono da pos- [...] tos e interesses.
tura integracionista que sempre A Constituição reconhece aos índios “os direi- GRUPIONI, Luís Donisete (org.). As leis e a educação escolar
procurou incorporar e assimilar tos originários sobre as terras que tradicional- indígena. Brasília, DF: Ministério da Educação; Secretaria de
os índios à “comunidade na- mente ocupam”, definindo essa ocupação não Educação Fundamental, 2002. p. 14.
300
302
PREFEITURA DE FORTALEZA
do a população negra que, c) Observe uma página da campanha Ceará
ainda hoje, sofre com o ra- sem racismo. Respeite a minha his-
cismo. Aproveitar a questão tória, respeite minha diversidade,
para apresentar aos alunos lançada pela Secretaria da Proteção
o conceito de racismo estru- Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e
tural desenvolvido por Sílvio Direitos Humanos (SPS) do Governo
do Estado do Ceará em parceria com
Luiz de Almeida: “o racismo
a Prefeitura de Fortaleza, em 2019. Em
é uma decorrência da pró- seguida, responda às questões.
pria estrutura social, ou seja,
I. Qual é o sentido que a mensagem da
do modo ‘normal’ com que campanha apresenta?
Ialorixá Mãe Menininha do Gantois. Campanha contra
se constituem as relações po- II. Observe a imagem e relacione-a ao obje- o racismo chamada “Ceará sem racismo. Respeite a
líticas, econômicas, jurídicas tivo da campanha. c) II. Resposta pessoal. minha história, respeite minha diversidade". 2019.
e até familiares, não sendo b) As causas dos crimes de ódio são a noção equivocada de meritocracia, que faz com que alguns indivídu-
uma patologia social e nem 304 os pensem que são melhores ou mais merecedores do que outros; a construção de um sujeito conveniente,
sobre o qual recai a culpa pelo fracasso de outrem; e o culto à masculinidade.
um desarranjo institucional. O
racismo é estrutural”. (ALMEI-
DA, Sílvio Luiz de. Racismo es- D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C13-LA-G24.indd 304 28/06/22 13:20
trutural. São Paulo: Jandaíra,
Vídeo (2min7s). Publicado pelo canal youtube.com/watch?v=dXWmSE9iewE.
2019. p. 38.).
ONU Brasil. Disponível em: https://www. Acesso em: 14 jul. 2022.
youtube.com/watch?v=oW3tkrDTsRw. Vídeo da TV UFMG sobre o preconceito e a
Acesso em: 14 jul. 2022. violência contra os povos indígenas.
Imagens em movimento Reportagem com estatísticas sobre a vio- • QUEM É indígena? 2017. Vídeo (2min26s).
Vídeo da ONU sobre os di- lência no Brasil. Publicado pelo canal TV UFMG.
reitos das mulheres. • NEGROS são maiores vítimas da violência. Disponível em: https://www.youtube.com/
• ONU pelo fim da violência 2013. Vídeo (3min22s). Publicado pelo ca- watch?v=0W0IY3TS1k4. Acesso em: 14 jul.
contra as mulheres. 2016. nal TV Brasil. Disponível em: https://www. 2022.
304
14
anos de 1970.
FIM DA GUERRA FRIA • Compreender e contextualizar
a perestroika e a glasnost, pro-
E GLOBALIZAÇÃO postas por Gorbachev.
• Conhecer o processo que
conduziu à desintegração da
União Soviética e ao fim da
Guerra Fria.
• Debater as revoltas iniciadas
COWARDLION/SHUTTERSTOCK.COM
Os objetivos propostos
propiciam a realização de
análises sobre eventos his-
tóricos que impactam dire-
1. Você é capaz de adivinhar de que tamente a contemporanei-
FG TRADE/GETTY IMAGES
tic o
r Ár
plos desse processo no Leste
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Europeu . OPA
ulo
Mar de
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Cí
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RUS. ESTÔNIA
Kara Bering
50º
LITUÂNIA
LETÔNIA
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BELARUS
Moscou
GEÓRGIA
URSS. ARMÊNIA
AZERBAIJÃO
Mar CASAQUISTÃO
Mar de Aral
UZ
• AS RAZÕES do colapso do
TU
Cáspio
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ÁSIA
império da União Soviética.
IST
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ÃO
QUIRGUISTÃO
NI
TADJIQUISTÃO
2021. Vídeo (6min51s). 100° L
ÃO
p. 261.
Publicado pelo canal Band
Jornalismo. Disponível em: Democratização no Leste Europeu
https://youtu.be/p3B9t_bnsu4.
Países do Leste Desde o final da Segunda Guerra, em 1945, os países do Leste
Acesso em: 14 jul. 2022. Europeu: Polônia,
Iugoslávia,
Europeu giravam na órbita da União Soviética; daí serem chamados
de países-satélites.. Assim como a União Soviética, todos esses países
TEXTO DE APOIO Tchecoslováquia,
Hungria, Romênia,eram governados por um único partido – o Partido Comunista –, que
As Repúblicas bálticas da União Bulgária, Albânia e
adotava uma economia controlada pelo Estado e mantinha os meios
Soviética – Estônia, Letônia e Lituâ- Alemanha Oriental.
de comunicação sob rigorosa censura.
nia – eram diferentes sob [alguns]
aspectos. [...] ficavam expostas ao
Com as reformas de Gorbachev, a União Soviética relaxou o controle sobre os países
Ocidente mais do que qualquer ou- do Leste Europeu, facilitando a atuação de movimentos populares que lutavam pela demo-
tra região soviética. Os estonianos, cratização desses países. Na Alemanha e na Tchecoslováquia, esse processo foi pacífico. Na
principalmente, tinham contato Romênia e na Iugoslávia ocorreram revoltas e conflitos armados.
com a Escandinávia, assistindo à
televisão finlandesa desde a década
de 1970, sempre conscientes do
308
contraste entre a sua condição e a
dos prósperos vizinhos. Os lituanos,
cuja maior afinidade histórica e industrializados — vagões
D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C14-LA-G24.indd 308 ferroviários, aparelhos E em 18 de dezembro o Partido Comunista da 28/06/22 13:20 D3_
geográfica era com a vizinha Po- de rádio, derivados do papel —, e eram também Lituânia se dividiu, com a grande maioria se
lônia, não podiam deixar de notar fontes importantes da atividade pesqueira, da declarando favorável à independência imediata.
que, mesmo sob o comunismo, os produção de laticínios e algodão. A julgar pelas Agora Gorbatchev já não podia se calar. Em 11 de
poloneses eram decididamente mercadorias que produziam e as que passavam janeiro de 1990, viajou até Vilnius, com o intuito de
mais livres e prósperos do que eles. por seus portos, estonianos, letões e lituanos ao desaconselhar a separação pretendida, instando
[...] apesar das comparações des- menos conheciam um estilo e um padrão de vida “moderação”. [..]
favoráveis com os vizinhos, os Es- com os quais grande parte do restante da União Depois de seis meses agitados, em que prati-
tados do Báltico, para os padrões Soviética apenas sonhava. camente todas as demais Repúblicas soviéticas
da União Soviética, eram próspe- [...] Os movimentos de independência do Bál- importantes declararam a sua “soberania”, se
ros. Eram os maiores produtores tico fizeram o máximo de pressão durante todo não (ainda) a independência total, a posição de
soviéticos de diversos produtos o ano de 1989. [...] Gorbatchev se tornava insustentável. Seu empenho
308
AP PHOTO/IMAGEPLUS
ras décadas de sua existência,
O caso da Alemanha a República Federal da Ale-
manha (Alemanha Ocidental)
No final dos anos 1980, incentivados pelas viveu um período de extraordi-
reformas de Gorbachev na URSS, os habitantes da nária prosperidade, conhecido
Alemanha Oriental organizaram um movimento como milagre alemão, o qual
popular exigindo melhor qualidade de vida e se deveu: a uma política de
democracia. O lema do movimento era Wir sind estímulo à livre concorrência
das Volk (“Nós somos o povo”). Pouco a pouco, o entre as empresas e de com-
bate aos trustes e cartéis que
movimento foi ganhando corpo e força, até que,
dominaram a economia alemã
em 9 de novembro de 1989, o povo alemão derru- durante os 12 anos de ditadu-
bou o Muro de Berlim, um dos principais símbolos ra nazista; à ajuda financeira
da Guerra Fria. recebida dos Estados Unidos
Após a queda do muro, Mikhail Gorbachev Alemães orientais entram em Berlim por meio do Plano Marshall;
concordou em retirar da Alemanha Oriental as Ocidental pouco antes da derrubada do e à adoção de uma legisla-
muro. Berlim (Alemanha), 1989.
tropas de ocupação soviéticas que controlavam o ção trabalhista atualizada,
país havia 45 anos. Em julho de 1990, realizou-se a união monetária e econômica entre que reduziu enormemente os
conflitos entre empregados e
as duas Alemanhas, tendo o marco como moeda; em outubro, a Alemanha voltava a ser
patrões.
um só país. A data da queda do Muro de Berlim (9 de novembro de 1989) é um marco
• Destacar que, impulsionada
histórico no processo que levou ao fim da ordem mundial bipolarizada. Os custos da
por esses fatores, a Alemanha
unificação foram altos. Apesar disso, a Alemanha conseguiu superar esse desafio e hoje Ocidental cresceu cerca de
é uma potência econômica com elevado índice de qualidade de vida. 10% ao ano, no período en-
tre 1950 e 1955, e 6,3%, nos
cinco anos seguintes. Além
Globalização disso, apresentou, nesse pe-
ríodo, taxas decrescentes de
A globalização pode ser definida como um processo histórico Automação: sistema desemprego e de inflação,
de crescente interligação política, econômica, social e cultural entre automático pelo tornando-se, assim, uma po-
qual os mecanismos tência econômica.
os diferentes povos e países. controlam seu próprio
Para alguns historiadores, a globalização teve sua origem nas funcionamento, com • Comentar que, segundo alguns
Grandes Navegações europeias dos séculos XV e XVI, ganhou pouca interferência historiadores, a queda do Muro
impulso no século XVIII com a Primeira Revolução Industrial e inten-
humana. de Berlim marca o fim da ordem
Revolução mundial bipolarizada, caracteri-
sificou-se no século seguinte com a Segunda Revolução Industrial. Técnico-Científico- zada pela disputa da hegemo-
No século XX, as inovações tecnológicas ocorreram durante todo o -Informacional:
nia mundial entre capitalistas
conceito formulado
tempo e em diferentes regiões do planeta. A partir dos anos 1970, e comunistas.
pelo geógrafo Milton
a dinâmica capitalista e os investimentos em ciência e tecnologia Santos para explicar, • Introduzir o tema da globa-
conduziram à automação dos processos produtivos e à descoberta entre outros aspectos, lização, questionando os es-
a revolução na produção
de novas tecnologias em diversas áreas. Essa série de inovações
e a circulação de
tudantes sobre o modo como
ocorrida nos anos 1970 é denominada Revolução Técnico- mercadorias iniciada percebem a participação de
-Científico-Informacional,, ou Terceira Revolução Industrial; a
-Científico-Informacional na década de 1970 e outras culturas e economias
fotografia a seguir mostra um dos aspectos dessa Revolução.
ainda em curso. no cotidiano deles, por meio
de músicas, filmes, séries, ali-
309 mentos e roupas que conso-
mem.
• Historiar o processo de glo-
balização.
TEXTO DE APOIO
EDITORA OBJETIVA
mudanças e permanências na
e diminuem os preços das mercadorias.
sua comunidade e se posicio-
b) Possibilitam a um número maior de pessoas nem sobre o tema por meio
o acesso a bens de consumo com tecnologia de um texto, um podcast ou
avançada, como celulares, smart TVs etc. um vídeo.
c) Favorecem a integração de povos e culturas Professor, essa atividade con-
pela internet e pelas redes sociais. tribui para o desenvolvimento
da habilidade EF09HI32 e pode
d) Permitem-nos saber o que ocorre ao redor do
colaborar também para a com-
mundo em tempo real.
petência geral 4.
e) Ampliam os mercados e favorecem um aumento
do comércio mundial, o que beneficia a todos. Contra: Ernst-Ulrich von Wei-
zsäcker. Sr. Weizsäcker, quais as
Praia de Mangue Seco, Jandaíra (BA), 2007. Na placa, lê-se: chances e riscos que oferece a
“Nós falamos: inglês, francês, italiano, espanhol e brasileiro!”. globalização?
“Ela é uma faca de dois gumes,
311 há vencedores e perdedores des-
se processo. Por um lado, nos pro-
porciona uma gigantesca gama
de mercadorias, porém a diversi-
13:20 TEXTO DE APOIO
D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C14-LA-G24.indd 311 Direitos Humanos. Globalização não 28/06/22
significa
13:20 dade de sementes e plantas úteis
apenas que bens, mercadorias e serviços circu- reduziu-se dramaticamente. Exis-
Globalização: prós e contras lam pelo mundo inteiro; acima de tudo, ela im- tem espigas de milho amarelas,
plica o intercâmbio das melhores ideias.” vermelhas e cor de laranja, mas
Dois pontos de vista extremos sobre a globali-
todas provêm do mesmo campo.
zação: o empresário Hans-Olaf Henkel a defende “Via de regra, dá-se demasiada ênfase a seus
No todo, o fato é que os fracos
com euforia, Ernst-Ulrich von Weizsäcker, pesqui- riscos [...]. As vantagens são o que eu chama- pouco levam da globalização, e os
sador e político social [...] enumera seus perigos. ria de triângulo mágico: democracia, direitos fortes lucram com ela”.
A favor: Hans-Olaf Henkel Sr. Henkel, o que humanos e economia social de mercado”. [...] [...]
significa globalização para o senhor? Todo Estado tem de garantir que as pessoas
GLOBALIZAÇÃO: prós e contras. DW. Bonn;
“Para mim, é a melhor notícia para a huma- possam compartilhar da globalização e com Berlim, 8 ago. 2002. Disponível em: https://p.
nidade, desde o Iluminismo e a Declaração dos ela lucrar. [...]”. dw.com/p/2Xjh. Acesso em: 14 jul. 2022.
311
blica Tcheca), Londres (Ingla- econômico vigente, que vinha produzindo gra- ventudes e profissionais de universidades. [...]
terra), Davos (Suíça) e Gênova ves consequências sociais. Esse fórum reuniu Dado o caráter inovador e inclusivo da sua
(Itália), em sequência, sediaram em um mesmo espaço lideranças e ativistas na- organização, o FSM ganhou relevância em um
novos protestos, chamados an- cionais e internacionais. Discutia-se outro mo- curto espaço de tempo, dando continuidade
tiglobalização. Como desdobra- delo de globalização, baseado na justiça social e às características dos movimentos anteriores:
mento, e em diálogo com tais na democracia participativa. [...] uma iniciativa da sociedade civil, independen-
movimentos, em Porto Alegre, [...] para surpresa dos organizadores, aproxi- temente de governos e partidos, constituída
no Brasil, nasceu o Fórum Social madamente 20 mil pessoas ocuparam o espaço como rede, sem representantes ou porta-vozes.
Mundial (FSM), em 2001, com a do FSM, representando uma diversidade de mo- HADDAD, Sérgio. O Fórum Social Mundial como um espaço
intenção de não apenas con- vimentos, organizações não governamentais, educador. Educação & Sociedade, Campinas, v. 41, e233928,
frontar o neoliberalismo, mas representantes de pastorais, grupos de mulhe- p. 1-15, 2020. p. 2-4.
312
Dica de Leitura
Texto sobre os desafios e as
vantagens trazidos pelo mo-
delo capitalista à Alemanha
Da esquerda para a direita, Ronald Reagan (EUA, 1988), Margaret Thatcher (EUA, 1989) e Helmut Kohl
unificada.
(Alemanha, 1988).
• GUIMARÃES, Alexandre
Segundo os defensores do neoliberalismo, a abertura do
Dialogando Queiroz et. al. Alemanha: o
mercado à concorrência internacional obrigaria os fabricantes modelo de capitalismo social
nacionais a melhorar a qualidade dos produtos e a diminuir seus Com qual e os desafios no limiar do sé-
dos dois culo XXI. Revista de Sociolo-
preços, e quem sairia ganhando com isso seria o consumidor. Já pontos de
os críticos do neoliberalismo argumentam que a abertura do gia e Política, Curitiba, v. 22,
vista você
mercado nacional aos capitais e produtos estrangeiros prejudica a concorda? n. 51, p. 55-75, set. 2014.
indústria nacional, gera desemprego e favorece as multinacionais. Por quê?
Respostas pessoais.
313
09:18 +ATIVIDADES
D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C14-LA-G24.indd 313 28/06/22 13:20
Em grupo. Solicitar aos estudantes para fazerem uma revisão bibliográfica sobre o neoli-
beralismo no Brasil. Passos para a realização do trabalho: acessar fontes confiáveis, resenhar
os textos lidos e citá-los de acordo com a ABNT. Outra possibilidade de trabalho é realizar a
pré-seleção de publicações favoráveis e contrárias à aplicação do neoliberalismo no Brasil,
para que os estudantes possam realizar a leitura em sala. Selecionar textos com linguagem
compreensível e realizar a leitura de forma coletiva ou em pequenos grupos, para sanar
possíveis dúvidas em relação ao vocabulário e aos conceitos. Propor que citem textos que
colaborem com a construção de seus pontos de vista.
313
Palestino: perspectivas. Re- Território sob mandato britânico Fonte: ATLAS da história do mundo.
São Paulo: Folha de S.Paulo, 1995. p. 257.
vista de Informação Legisla- Repare que a Síria e o Líbano ficaram sob o controle da França; já a
tiva, Brasília , DF, a. 43, n. 171, Palestina, a Transjordânia e o Iraque ficaram sob o mandato britânico.
p. 229-246, jul./set. 2006.
314
TEXTO DE APOIO
forte imigração judaica, alimentada por as-
D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C14-LA-G24.indd 314
nacionalistas árabes e sionistas que acabou 28/06/22 13:20 D3_
Como o conflito começou? pirações sionistas, começou a gerar resis- em confrontos entre grupos paramilitares
tência entre as comunidades locais. judeus e árabes.
O movimento sionista, que procurava criar
Após a desintegração do Império Otoma- Depois da Segunda Guerra Mundial e do
um Estado para os judeus, ganhou força no
no na Primeira Guerra Mundial, o Reino Holocausto, aumentou a pressão pelo estabe-
início do século 20, incentivado pelo antisse- Unido recebeu um mandato da Liga das
mitismo sofrido por judeus na Europa. lecimento de um Estado judeu. O plano origi-
Nações para administrar o território da Pa- nal previa a partilha do território controlado
Naquele tempo, a região da Palestina, en- lestina. Mas, antes e durante a guerra, os
tre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, con- pelos britânicos entre judeus e palestinos.
britânicos fizeram várias promessas para
DEZ PERGUNTAS para entender o conflito entre
siderada sagrada para muçulmanos, judeus os árabes e os judeus que não se cumpri- israelenses e palestinos. BBC News Brasil. São Paulo,
e católicos, pertencia ao Império Otomano e riam, entre outras razões, porque eles já ti- 17 out. 2015. Disponível em: https://www.bbc.com/
era ocupada, principalmente, por muçulma- nham dividido o Oriente Médio com a Fran- portuguese/noticias/2015/10/151015_gaza_entenda_
nos e outras comunidades árabes. Mas uma ça. Isso provocou um clima de tensão entre atualiza_cc. Acesso em: 14 jul. 2022.
314
56,5% do território
Mar palestino caberia vadores israelenses [...] alegam não
Mediterrâneo
aos 700 mil abrir mão de uma Jerusalém una e
Jerusalém judeus, enquanto indivisível como capital do Estado
42,9% ficariam judeu, ampliam as políticas de as-
Mar nas mãos dos sentamentos na Cisjordânia e não
Morto 1 milhão e aceitam um futuro Estado palestino
250 mil árabes. com plenas capacidades militares
Jerusalém, cidade
31° N de autodefesa; por outro, as forças
ISRAEL considerada
políticas palestinas implicadas nas
TRANSJORDÂNIA sagrada por
(atual JORDÂNIA) muçulmanos, negociações exigem a retirada dos
judeus e assentamentos judaicos nos territó-
cristãos, ficaria rios ocupados, não estão dispostas
EGITO a aceitar as propostas israelenses
sob controle
internacional. de trocas territoriais, exigem Jerusa-
lém/al-Quds Oriental como capital
de seu futuro Estado, assim como
Estado árabe ARÁBIA autonomia para gerir sua defesa.
Estado de Israel SAUDITA
Jerusalém (área internacional)
0 35 Ainda para alguns partidários do
Estado árabe-judeu na Palestina, a
Fonte: FERREIRA, Graça Maria de Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. instituição de um Estado binacional
São Paulo: Moderna, 2000. p. 62.
na região é apenas a formalização
do que já existe de fato desde o
315 fim da Guerra dos Seis Dias, de
1967, e a única solução possível
para um território pouco extenso
com tamanha complexidade na
13:20 ENCAMINHAMENTO
D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C14-LA-G24.indd 315 28/06/22 13:20
repartição de sua população.
• Retomar os conhecimentos sobre o antissemitismo praticado pela ditadura nazista na Eu- BASSI, Danilo Martins Guiral. A ideia de
um Estado binacional na Palestina
ropa e relacioná-lo à fuga de judeus para a Palestina, o que aumentou os atritos com os histórica: conceitos, evolução histórica
árabes ali residentes. e perspectivas na atualidade. Dissertação
(Mestrado em História Social) - Faculdade
• Compreender que as disputas pela prospecção, refino e comercialização do petróleo do de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Oriente Médio continuam contribuindo para aumentar as tensões naquela região. Universidade de São Paulo, São Paulo,
2016. p. 13-14.
• Refletir sobre o Plano de partilha da Palestina, aprovado quando a ONU era presidida pelo
brasileiro Osvaldo Aranha.
315
PHOTOQUEST/GETTY IMAGES
sionismo, judaísmo e jornalista húngaro
Theodor Herzl, criador intermináveis conflitos são:
antissemitismo? G1. São Paulo,
do sionismo. a) a disputa das terras cultiváveis
31 jul. 2014. Disponível em:
https://g1.globo.com/mundo/ e dos recursos hídricos em
noticia/2014/07/g1-explica-o- uma região onde a posse da
que-e-sionismo-judaismo-e- água é fundamental;
antissemitismo.html. Acesso
em 14 jul. 2022. b) o controle das áreas petrolíferas
Refugiado: nesse e os interesses das grandes
• MILGRAM, Avraham. Reflexões contexto, toda pessoa
sobre o sionismo e Israel. Web- que, no momento do
indústrias do Ocidente, que
Mosaica, Porto Alegre, v.1, n.1, conflito de 1948, morava lucram com a guerra;
p. 8-14, jan/jun. 2009. na Palestina pelo menos
c) as divergências entre islâmi-
há dois anos e que,
• Temas Contemporâneos Trans- por causa da guerra, cos e judeus, aguçadas por
versais: pesquisar o número de perdeu sua moradia seguidores radicais das duas
refugiados ao redor do mundo e seu meio de vida.
religiões.
e refletir sobre percalços vivi-
dos por essas populações à luz
do item educação em direitos
humanos, pertencente à ma-
croárea cidadania e civismo.
Refugiada palestina com seu filho. Região de
Ramallah, perto de Jerusalém (Israel), 1948.
316
TEXTO DE APOIO
D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C14-LA-G24.indd 316 as Colinas de Golã, anexadas formalmente por 28/06/22 13:20 AV_
Israel respectivamente em 1967 e 1981, também
As violações impunes de direitos são enquadradas na condição de “territórios
humanos e humanitários dos palestinos ocupados”. Quanto à Faixa de Gaza, apesar da
retirada unilateral dos colonos e militares isra-
Em resoluções e relatórios de órgãos e comis- elenses em 2005, Israel também continua a ser
sões da ONU e de diferentes ONGs fundados no considerado como potência ocupante, mesmo
direito internacional, humanitário e humanos que “a distância”. A duradoura ocupação militar
consta que a “ocupação israelense” se mantém desses territórios, agora colonizados por cente-
até os dias de hoje, pois o país exerce o contro- nas de milhares de civis israelenses, constitui-se
le de fato das fronteiras e do território mesmo em foco de tensão constante. [...] Nesse cenário,
após a criação da Autoridade Palestina com os cuja beligerância já se estende por mais de um
Acordos de Oslo, em 1993. Jerusalém Oriental e século, os civis são os maiores prejudicados,
316
SELMA CAPARROZ
exigentes, estressantes, dolorosos,
LÍBANO exaustivos e custosos [...]. Fogem
da lógica política de resolução por
SÍRIA
meio de concessões ou de esforços
Mar diplomáticos. Nessas disputas, as
GOLÃ
A Guerra dos Seis Dias mudou Mediterrâneo
consideravelmente o mapa reivindicações vão para além das
Telavive
da região. Depois de vencer questões territoriais, de água, solo,
CISJORDÂNIA
essa guerra, o Estado de Israel Jerusalém óleo, etc., questões mais facilmente
GAZA Mar
anexou imensos territórios: a Morto reconciliáveis. Elas se formam a
Canal de ISRAEL
Península do Sinai e a Faixa de Suez partir de crenças relacionadas a
Gaza, pertencentes ao Egito; JORDÂNIA identidade nacional e direitos a
30° N
a Cisjordânia, controlada pela um território específico, as quais
SINAI
Jordânia; e as colinas de Golã, são enraizados na história antiga
sob o domínio da Síria. EGITO Elat dos grupos, na memória que pos-
Go
ARÁBIA
qab
de
0 85
Avanço das tropas de Israel e, por vezes, irreconciliáveis. [...]
Mar Territórios anexados por Israel
Vermelho
BONAN, Eliceli Katia. Diálogo não oficial
Fonte: DUBY, Georges. Grand atlas historique.
no conflito israelo-palestino: os desafios
Paris: Larousse, 2001. p. 218.
do movimento pela paz após o colapso das
negociações de Oslo. Dissertação (Mestrado
317 em Ciências) – Instituto de Relações
Internacionais, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2017. p. 22-23.
AP PHOTO/IMAGEPLUS
• Acompanhar a trajetória de
Yasser Arafat e perceber a palestinos que deixaram (ou perderam) suas moradias em busca
importância de seu gesto de de refúgio. Vivendo em campos de refugiados, em condições
reconhecimento do Estado precárias, eles organizaram vários grupos de resistência armada,
de Israel para pavimentar a sendo o principal deles o Al Fatah,
Fatah, liderado pelo ativista Yasser
estrada que leva à paz. Arafat. Em 1964, esses diferentes grupos do movimento palestino
• Aproveitar o estudo das guer- se juntaram na Organização para a Libertação da Palestina (OLP),
ras árabe-israelenses para cujo objetivo era combater Israel e reconquistar as terras perdidas.
lembrar que elas já deixa-
ram dezenas de milhares de
mortos, mutilados e órfãos, O líder palestino Yasser Arafat, em 1987. Arafat nasceu em Jerusalém, formou-se
considerando que há estudos em engenharia e, desde cedo, abraçou a luta para a formação de um Estado
comprovando que os maiores palestino. Em 1969, assumiu a presidência da Organização para Libertação
prejudicados em uma guerra Palestina (OLP). Em 1988, a OLP reconheceu o Estado de Israel e abriu caminho
são as crianças, seja por terem para formação de um Estado palestino. Em 1995, Arafat dividiu com o estadista
judeu Yitzhak Rabin o Prêmio Nobel da Paz.
menos condições de resistir,
seja porque, muitas vezes, fi-
cam sem seus pais. Para quando a paz?
Al Fatah: palavra que
• Propor aos estudantes que re- pode ser traduzida Desde a Guerra dos Seis Dias, o clima na Faixa de Gaza e
flitam sobre as suas infâncias como “reconquista”. na Cisjordânia (principais áreas palestinas ocupadas por Israel) era
e o impacto que uma guerra, Intifada: palavra que, de permanente tensão. Em 1987, os civis palestinos que viviam
em árabe, significa
como o medo constante e as “sobressalto”.
nessas áreas (jovens e mulheres, geralmente) atacaram soldados
cenas de destruição e morte A intifada é conhecida israelenses com paus e pedras e, como estes revidaram com tiros,
podem agir sobre a construção também como “guerra muitos acabaram mortos. Esse tipo de revolta popular palestina é
e a visão de mundo das crian- das pedras”.
chamado de intifada
intifada..
ças. Perguntar: o que será que
o tanque de guerra ocupando Reprodução de desenho feito
ALAMY/FOTOARENA
RICKI ROSEN
Maicon Roberto Poli de. O
promovem atentados terroristas contra civis Oriente Médio através de
israelenses e se recusam a aceitar o Estado outras lentes: uma narrati-
de Israel; va audiovisual para refletir
b) o radicalismo de lideranças judias, que não as representações sobre a
admitem a existência de um Estado palestino; região em sala de aula. Dis-
sertação (Mestrado em Ensino
c) a construção de novos assentamentos judeus
de História) – Universidade
na parte oriental de Jerusalém, reivindicada do Estado de Santa Catarina,
pelos palestinos como sua capital; Florianópolis, 2017.
d) a existência de um muro construído pelo
governo de Israel para a proteção dos colonos
israelenses na Cisjordânia. +ATIVIDADES
Tudo isso tem dificultado o caminho para a paz.
Roda de conversa. Organi-
zados em duplas ou pequenos
Cena do documentário Promessas de um novo mundo (2001), grupos, pesquisem e sugiram
de Justine Shapiro, B. Z. Goldberg e Carlos Bolado. medidas necessárias ao estabe-
A cena mostra uma criança árabe e outra palestina, lecimento de uma paz duradou-
respectivamente, abraçando-se no campo de refugiados
ra entre árabes e israelenses.
de Daheishe (Cisjordânia), 2001.
Preparem-se para falar em pú-
blico, justificando os pontos que
vocês consideram relevantes.
319 Esta atividade contribui
para o desenvolvimento das
competências gerais 7 e 9.
13:20 TEXTO DE APOIO
D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C14-LA-G24.indd 319
-americano acene com a necessidade de se discutir a criação do
28/06/22 13:20
Estado Palestino. [...]
Israel e Palestina: da “terra santa” a um território Ao que tudo indica, o futuro dessas negociações depende de
em conflito uma série de fatores, dentre os quais a intransigência dos seto-
O diálogo entre Israel e Palestina é sempre truncado pela eclo- res radicais de ambos os lados, que são contrários ao avanço no
são de alguma violência a qualquer momento, seja de um indi- caminho da paz, a questão dos assentamentos de colonos ju-
víduo ou de um grupo extremista islâmico. O conceito de “terra deus em áreas palestinas, além da delicada questão do controle
pela paz” está muito longe. [...]. A cada nova rodada de negocia- das fontes de água existente na Cisjordânia.
ções de paz, expõe-se a causa palestina como “símbolo maior SILVA, João Ubiratan de Lima; PHILIPPINI, Ruth Aparecida Sales. Israel e Palestina:
da luta islamista” internacionalmente, que se confronta com o da “Terra Santa” a um território em conflito. Revista Ciência Contemporânea,
nem sempre explícito “apoio automático” dos Estados Unidos da Guaratinguetá, v. 2, n. 1, p. 163-180, jun./dez. 2017. p. 177-179.
América do Norte ao Estado de Israel, embora o governo norte-
319
Estados Unidos e a guerra contra o Afeganistão destruir células terroristas em seu território e entregar outros sus-
“Guerra do Afeganistão” é como se batizou o conflito iniciado peitos além de Bin Laden. Vale lembrar que, à é poca, a Al-Qaeda
coma invasão dos Estados Unidos da América (EUA) ao Afeganis- ainda não havia assumido publicamente a autoria dos ataques.
tão depois dos ataques de 11 de setembro de 2001. [...] [...] A partir disso, foi lançada em 7 de outubro de 2001 a Ope-
O presidente dos Estados Unidos à é poca, o republicano George ração “Liberdade Duradoura”, em conjunto como Reino Unido e
W. Bush, exigiu que o Talibã entregasse Osama bin Laden, líder da com apoio de outros Estados, posteriormente.
Al-Qaeda, tida como autora dos episódios do 11/09, que era procu- Os EUA e seus aliados conseguiram remover o Talibã do poder
rado pela ONU desde 1999, e promovesse a expulsão da Al-Qaeda em pouco tempo e construíram bases militares próximo às maio-
do país. O Talibã, porém, se negou a extraditá-lo, afirmando que o res cidades em todo o país.
terrorista iria ser submetido a uma corte islâmica afegã a menos FELÍCIO, Luís Felipe Mendes et al. Afeganistão: a continuidade do grande jogo.
que fossem apresentadas evidências convincentes de seu envol- Observatório de conflitos internacionais, São Paulo, v. 4, n. 4, p. 1-7, ago. 2017. p. 1.
320
WAKIL KOHSAR/AFP
ganistão durante 20 anos e
por 20 anos, os Estados Unidos de Joe Biden o que significou, para a po-
retiraram suas tropas do país em agosto de pulação afegã, viver em um
2021. Com isso, o grupo armado Talibã retornou país sob dominação estran-
ao poder. Na ocasião, segundo a ONU, metade geira.
dos 38 milhões de afegãos sofriam com a fome. • Pensar sobre o que pode ter
O governo do Talibã tem tentado apagar significado a retirada das
as mulheres e meninas da vida pública. Negam tropas estadunidenses e a
a elas educação secundária e superior, exigem volta do Talibã ao poder no
que se vistam de modo a cobrir quase todo o Afeganistão.
corpo, permitem a exploração delas por meio • Orientar a leitura individual
do trabalho e do casamento forçado. Além da seção Para saber mais e,
disso, limitam sua liberdade de movimento, em seguida, questionar os
expressão e associação, o que contribui ainda alunos sobre o que significa
mais para a marginalização da mulher na vida dizer que não houve vence-
Mulher afegã vestida com burca. Cabul
pública. (Afeganistão), 2021. dores.
• Questionar os estudantes a
respeito da visão da autora
sobre o viver da população
PARA SABER MAIS afegã durante a ocupação
estadunidense.
A professora da Faculdade de Direito da Universidade de Passo Fundo (FD/UPF),
• Reconhecer a localização
Patrícia Grazziotin Noschang, doutora em Direito e Relações Internacionais, responde a
geográfica estratégica do
algumas questões sobre o Afeganistão. Afeganistão, fato que aguça
O que a retirada das tropas dos Estados Unidos (EUA) do Afeganistão significa? os interesses das grandes po-
[...] É possível fazer uma avaliação desses 20 anos que os EUA estiveram por lá? tências pelo país.
A avaliação que se pode fazer é que o “investimento” não deu retorno e custou
muito caro [...]. Olhando para trás pode-se entender que a decisão de invadir o
Afeganistão tomada logo após o ataque de 11 de setembro foi equivocada, conside-
rando que o objetivo principal a ser alcançado, que era encontrar Osama Bin Laden,
levou 10 anos, e o enfraquecimento do Talibã não aconteceu, uma vez que o primeiro
movimento de retirada das tropas americanas depois de 20 anos fez com que o grupo
retomasse o comando do país.
[...]
É possível dizer quem venceu a Guerra do Afeganistão: EUA ou os Talibãs? [...]
Penso que não se pode falar em vencedores, mas sim em uma população que
sofre com um conflito que dura 20 anos e que causou um deslocamento forçado,
segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), da segunda maior população
de refugiados, atrás somente dos sírios. [...] estima-se que 3 milhões de afegãos
deixaram o seu país desde a invasão da União Soviética em 1978. [...]
321
13:20 +ATIVIDADES
305a336-HIS-F2-2111-V9-U4-C14-LA-G24.indd 321 Dica de leitura 24/08/22 09:18
1. A partir da opressão sofrida por mulheres e Texto sobre a Era Talibã, apontando a glo-
meninas sob o governo do Talibã, escreva um balização do radicalismo islâmico por meio de
texto, em verso ou prosa, sobre a importância ações terroristas da Al Qaeda.
da participação da mulher na vida pública, • AMORIM, Alexandre Santos de. A globali-
seja no Oriente, seja no Ocidente. zação do radicalismo islâmico: um estado
de caso da Al Qaeda sobre a luz do cho-
Professor, esta atividade pode contribuir para
que de civilizações. Dissertação (Mestrado
o desenvolvimento da competência especifica em Relações Internacionais) – Instituto de
4 e competência geral 10. Relações Internacionais, Universidade de
Brasília, Brasília, DF, 2008.
321
APU GOMES/AFP
cesso histórico, com suas idas autorização de exploração [...] destas riquezas minerais [...].
e vindas. NOSCHANG, Patricia Grazziotin. A volta do Talibã ao poder: motivos e impactos.
[Entrevista cedida a] Universidade de Passo Fundo. Universidade de Passo Fundo.
• Questionar os alunos sobre Passo Fundo, 23 ago. 2021. Disponível em: https://www.upf.br/noticia/upf-entrevista-
os papéis que as mídias digi- a-volta-do-taliba-ao-poder-motivos-e-impactos. Acesso em: 23 mar. 2022.
322
TEXTO DE APOIO 305a336-HIS-F2-2111-V9-U4-C14-LA-G24.indd 322 hoje em processo de colisão, ocasionando uma nova cultura da 24/08/22 09:20 D3_
convergência [...]. Os recentes acontecimentos no norte da África
Redes sociais nos protestos do Oriente Médio nos fazem perceber que essa tecnologia tem sim a capacidade
de ajudar um povo a mudar a história de seu país. Ademais, é
As mídias tradicionais são conhecidas pela chamada comuni- importante observar que a preservação dos canais de informação
cação de massas, na qual a característica básica é a comunicação será fundamental para a construção de Estados democráticos de
unilateral, ou seja, de poucos para muitos, como na televisão. A direito, em substituição às monarquias absolutistas e às repúbli-
internet, por outro lado, nos permite falar de todos para todos, so- cas ditatoriais do norte da África e do Oriente Médio [...].
bre qualquer assunto, em qualquer lugar. Permite dar voz àqueles
COSTA, Débora Alves da; SOUZA, Rogério Martins de. A revolta digital: impacto das
que não possuem e propicia aos cidadãos o direito de expressar redes sociais da internet nos protestos de rua dos países árabes em 2011. Cadernos
sua opinião. [...] essas mídias – a tradicional e a digital – estão UniFOA, Volta Redonda, n. 19, p. 37-44, ago. 2012. p. 41.
322
SONIA VAZ
40° L
324
ILANA LANSKY
ESCUTAR E FALAR estudantes, sem que sejam vis-
tos como obrigação a cumprir.
Muito se tem debatido a respeito desses seis
Dedicar um tempo para con-
grandes desafios. Escolha um deles e prepare-se para versar individualmente com os
falar com a classe sobre ele. alunos, principalmente com os
Respostas pessoais.
que possam apresentar mais
Autoavaliação. Responda em seu caderno.
pontos a serem trabalhados.
a Expressei minhas ideias com objetividade? Valorizar os avanços conquista-
b Usei tom de voz e gestos adequados? dos, como forma de estimular
c Escutei meus colegas com atenção e respeito? os estudantes a continuarem se
dedicando e vendo a si próprios
d Contribuí com sugestões e perguntas interessantes?
como sujeitos da construção do
e Demonstrei interesse pelo assunto tratado? conhecimento.
f Aceitei críticas aos meus argumentos e comportamento?
• Ler e refletir sobre a Agenda
2030 para o Desenvolvimen-
to Sustentável.
Desastre ambiental: rompimento da barragem da • Discutir o objetivo 16 e a sua
empresa Samarco. Mariana (MG), 2015. Repare na relevância para a sociedade
altura da camada de lama em primeiro plano. brasileira.
• Selecionar e eleger um obje-
tivo que seja especialmente
PARA SABER MAIS importante para a comuni-
dade ou município onde fica
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável a escola, e justificar o porquê
da escolha.
Em setembro de 2015, chefes
ONU
• Temas Contemporâneos
de Estado, reunidos na ONU, Transversais: relacionar o
definiram a Agenda 2030 para o objetivo 3 da Agenda à ma-
Desenvolvimento Sustentável, com croárea temática saúde e à
dezessete objetivos e 169 metas. [...] competência geral 8, com
[...]
destaque para o estudan-
te conhecer-se, apreciar-se
Essa nova agenda inovou [...] por
e cuidar de sua saúde físi-
trazer, entre os dezessete objetivos, ca e emocional. Relacionar
um diretamente relacionado à violên- o objetivo 12 da Agenda à
cia e à pacificação social: o objetivo macroárea temática meio
16, “Promover sociedades pacíficas e inclusivas [...], proporcionar o acesso à justiça para ambiente, destacando a im-
todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis”. portância da educação para
o consumo.
Destacam-se ainda algumas metas [...] que podem ser relacionadas a aspectos relevan-
tes para a prevenção à violência: educação em direitos humanos; [...] cultura de paz e não
violência e valorização da diversidade cultural; ambientes de aprendizagem não violentos;
[...] eliminar a violência contra a mulher; [...] e eliminação de práticas discriminatórias.
Dica de leitura
Texto que explora os 17 Ob-
CERQUEIRA, Daniel (coord.). Atlas da violência 2018. Rio de Janeiro: Ipea, 2018. p. 82, 86.
jetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), com o in-
325 tuito de trazer mudanças posi-
tivas sociais, econômicas e am-
bientais para toda a sociedade.
16:53 Imagens em movimento
AV_HIS-F2-2111-V9-U4-C14-LA-G24.indd 325 04/07/22 18:12
• CONSELHO DE ARQUITETURA
E URBANISMO DE MINAS
Animação da ONU sobre os Objetivos Glo-
GERAIS. Os Objetivos de
bais. Desenvolvimento Sustentável
• OBJETIVOS Globais da ONU: a maior lição do – Perguntas e Respostas. Belo
mundo. 2015. Vídeo (2min59s). Publicado Horizonte: CAU/MG, [2016?].
pelo canal ONU Brasil. Disponível em: Disponível em: https://www.
https://youtu.be/MKH97nZXRys. Acesso em: caumg.gov.br/wp-content/
14 jul. 2022. uploads/2016/06/Os_
Objetivos_Desenvolvimento_
Sustentavel-FAQ.pdf. Acesso
em: 21 ago. 2022.
325
sair de seu lugar de origem em estar em risco. A principal organização que acnur.org/portugues/dados-sobre-refugio/.
busca de melhores condições acompanha o movimento dos refugiados é o Acesso em: 18 jul. 2022.
em outro país, enquanto o c) Ambos os depoimentos nos permitem
Alto Comissário das Nações Unidas (ACNUR),
refugiado é obrigado a sair conhecer alguns motivos que levaram os
que apontou, em seu relatório divulgado em
por algum dos motivos citados venezuelanos a emigrarem para o Brasil, bem
anteriormente. Igualmente, 2021, que atualmente são 82,4 milhões de
como a dificuldade para a regularização da sua
o imigrante tem direito ao refugiados ao redor do mundo. Para conferir situação no país. Aproveitar a questão para
retorno, podendo voltar ao esse e outros dados, acessar o material: comentar com os alunos que, em História, a
seu lugar de origem, enquanto DADOS sobre o Refúgio. Alto Comissário explicação é geralmente multifatorial: a busca
o refugiado não tem essa das Nações Unidas (ACNUR). Brasília, DF, por trabalho, remédio de uso permanente,
326
327
filhos estão entre as razões que fizeram os de ruim que acontecia nas áreas de destino
venezuelanos imigrarem. Chamar a atenção é praticar xenofobia e, consequentemente,
para a fala da venezuelana Milagros Com- desrespeito aos direitos humanos, além de ser
ponce, quando ela diz que a Venezuela é preocupante a disseminação desse discurso
um país rico. de ódio aos venezuelanos na América Latina.
d) I. Espera-se que os alunos percebam que II. Estas atividades querem contribuir para o
“veneco” é um termo pejorativo, o qual dimi- desenvolvimento das habilidades EF09HI35
nui a população venezuelana, e compreendam e EF09HI36.
327
ATIVIDADES
fizeram para a turma. desengessava a economia soviética. NÃO ESCREVA
NO LIVRO.
2. A intenção pedagógica des-
ta atividade é estimular a re- 1. b) Mikhail Gorbachev foi representado como a
flexão sobre a passagem do Estátua da Liberdade dos Estados Unidos.
autoritarismo (decorrente de 1. d) Na mão direita, ele segura a tocha
da liberdade (nomeada como glasnost);
um sistema de partido único)
I. Retomando na esquerda, o que parece ser um livro-
KJELL NILSSON-MAKI/CARTOONSTOCK
para um sistema democrático, -caixa, que tem na capa a palavra perestroika.
que possibilita a expressão de
diferentes grupos sociais, vi-
sões de mundo e ideologias 1 Observe a charge com atenção e, depois, res-
ponda às questões. 1. a) O personagem é Mikhail Gorbachev.
políticas, e que, além disso,
estimula o debate e a práti- a) Quem é o personagem histórico representado?
ca da cidadania. Lembrar aos b) De que maneira o personagem foi representado?
estudantes que democracia e c) O que o personagem segura nas mãos?
cidadania não são conceitos d) Por que o chargista representou o personagem
estanques: eles possuem his- dessa maneira?
toricidade, variando, portan- 2 Em dupla. O programa de reformas políticas de Gorbachev incluiu a substituição do
to, no tempo e no espaço. sistema de partido único (o Partido Comunista) pelo pluripartidarismo. Avaliem e
3. Se necessário, retomar o con- comentem os possíveis impactos dessa reforma sobre um país, seja ele qual for.
texto da criação do Muro de 2. Resposta pessoal.
Berlim. Reservar um momento 3 Sobre o Muro de Berlim é correto afirmar.
para correção coletiva, privile- I. Após a queda do muro, Mikhail Gorbachev concordou em retirar da Alemanha Oriental as
tropas de ocupação soviéticas que controlavam o país havia 45 anos.
giando que os próprios alunos
II. A queda do Muro de Berlim foi um marco no processo de reunificação alemã, até então
tentem a esclarecer as dúvidas
dividida entre Alemanha Ocidental (capitalista) e Alemanha Oriental (socialista).
dos demais em relação às al-
III. O Muro não teve a importância que se atribui a ele, pois foi apenas um símbolo da Guerra Fria.
ternativas incorretas. Orientar
IV. O movimento bem-sucedido que levou à derrubada do Muro de Berlim tinha como lema Wir
que façam as correções neces-
sind das Volk (“Nós somos o povo”).
sárias nas alternativas para que
V. A data da queda do Muro de Berlim, 9 de novembro de 1989, é um marco histórico no
fiquem corretas, evitando, en- processo que deu início à ordem mundial bipolarizada.
tretanto, que apenas mudem
a) I, II e III. d) II, III e IV.
a frase para a forma negativa.
b) I, III e IV. e) II, IV e V.
Estimular nos estudantes a ca-
c) I, II e IV. 3. Alternativa C.
pacidade de interpretar.
Professor, as atividades de 4 Leia o texto com atenção.
múltipla escolha são importan-
tes para que os alunos prati- É uma doutrina favorável à livre concorrência, à privatização de empresas estatais,
à abertura do mercado nacional aos capitais estrangeiros, entre outras.
quem o formato utilizado em
várias provas oficiais. Entre- Trata-se do:
tanto, é importante orientar a) Mercantilismo. d) Social-democracia.
que a atenção a todos os itens b) Nacional-estatismo. e) Nacional-capitalismo.
e a leitura integral e detida c) Neoliberalismo. 4. Alternativa C.
das afirmações sejam práticas
constantes nesse formato de 328
questão, uma vez que uma al-
ternativa parcialmente correta
torna a resposta incorreta, di- do Muro. 2020. Vídeo (10min13s).
305a336-HIS-F2-2111-V9-U4-C14-LA-G24.indd 328 Publica- testemunhas oculares daquele momento. Esti- 24/08/22 09:20 D3_
ferentemente do que ocorre do no canal Destino: Berlim. Disponível em: veram em Berlim quando o muro era derruba-
com questões dissertativas. https://youtu.be/WV5rfGJeNEc. Acesso em: do. Eles conversaram com a equipe da Agência
Brasil sobre o 9 de novembro de 1989, quando
14 jul. 2022.
mudou o mundo para sempre.
Imagens em movimento A queda da barreira de cimento, ferro no meio
Documentário sobre o TEXTO DE APOIO de Berlim representou o colapso do socialismo
Muro de Berlim. real sob a liderança da extinta União Soviéti-
Queda do Muro de Berlim faz 30 anos: ca (formada pela Rússia, Armênia, Azerbaijão,
• MURO de Berlim: Como fun- veja relatos de quem esteve lá Bielorrússia, Cazaquistão, Estónia, Geórgia, Li-
cionava o controle no Muro O geógrafo Telmo Amand Ribeiro e o jornalis- tuânia, Letônia, Moldávia e Ucrânia) e também
de Berlim? Série Por Dentro ta Silvio Queiroz, moradores de Brasília, foram implementado pela Bulgária, Hungria, Polônia,
328
Ocupação militar
ue
israelense
ARÁBIA SAUDITA fogo em seu próprio corpo de-
de
z
(junho de 1967)
lfo
Jerusalém ocupada
Fonte: NATKIEL, Richard.
Campos de Atlas of 20th century warfare. balho foram confiscados pelas
refugiados
palestinos
Mar
V e rm e l h o
0 80
Nova York: Gallery Books, 1982. autoridades, em 2010. Em seu
p. 201.
funeral, compareceram cerca
de 5 mil pessoas, marcando o
329 início das manifestações, que se
ampliaram com a indignação da
população com as corrupções
09:20 Romênia e Tchecoslováquia, além da Alema-
D3_HIS-F2-2111-V9-U4-C14-LA-G24.indd 329 Silvio Queiroz, então repórter de Veja28/06/22
(hoje13:21
no do governo do ditador Ben Ali,
nha Oriental – países que formavam a cortina Correio Braziliense), rememora as diferenças e o qual acabou renunciando
de ferro que separava o mundo capitalista e o desconfianças entre os alemães do ocidente e depois de décadas no poder. A
mundo socialista. os alemães do oriente no início da reunificação, partir daí, o movimento alas-
O fim da matriz europeia do socialismo é a e as dificuldades para a Alemanha se tornar o trou-se para outros países.
antessala do século 21. Um tempo sem Guerra país de “um só povo” como [...] o governo ado-
Fria entre americanos e soviéticos, mas com ou- tou como lema.
tros riscos a paz e outros muros – maiores e até COSTA, Gilberto. Queda do Muro de Berlim faz 30 anos:
veja relatos de quem esteve lá. Agência Brasil. Brasília, DF,
menos transponíveis do que o Muro de Berlim,
9 nov. 2019. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/
como lembra Telmo Amand Ribeiro. internacional/noticia/2019-11/queda-do-muro-de-berlim-faz-30-
anos-veja-relatos-de-quem-esteve-la. Acesso em: 14 jul. 2022.
329
OAB/PE
• SIMÕES, Rogério. O que foi e [...] os ministros determinaram que a
como terminou a Primavera conduta passe a ser punida pela Lei de Racismo
Árabe? BBC News Brasil. (7716/89), que hoje prevê crimes de discrimina-
São Paulo, 20 fev. 2021. ção ou preconceito por “raça, cor, etnia, religião
Disponível em: https:// e procedência nacional”. [...]
www.bbc.com/portuguese/ O racismo é um crime inafiançável e
internacional-55379502. imprescritível segundo o texto constitucional
Acesso em 18 jul. 2022 e pode ser punido com um a cinco anos de
• GIOVANAZ, Daniel. Da euforia prisão [...].
à realidade: os descaminhos BARIFOUSE, Rafael. STF aprova a criminalização da homofobia. BBC
Brasil, São Paulo, 12 fev. 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/
da Primavera Árabe, dez anos portuguese/brasil-47206924. Acesso em: 12 maio 2022.
depois. Brasil de Fato. São • Roda de conversa. Reflitam, debatam e
Paulo, 24 fev. 2021. Disponível opinem sobre a discriminação e a violência
em: https://www.brasildefato. sofridas por pessoas que fazem parte da comu-
com.br/2021/02/24/da-euforia- nidade LGBTQIA+
LGBTQIA+.
Fac-símile da capa do livro Debates e
Resposta pessoal.
a-realidade-os-descaminhos- reflexões sobre direitos da diversidade
da-primavera-arabe-dez-anos- LGBTQIA+: movimento civil e social que defende a aceitação
sexual e de gênero, publicado pela
Comissão da Diversidade Sexual e de
depois. Acesso em: 18 jul. 2022. dos grupos representados por cada uma dessas letras na
sociedade, além da busca por mais respeito à diversidade. Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil,
Auxiliar os alunos a monta- seccional de Pernambuco (OAB/PE).
rem um seminário para apre- 9. É a ação armada contra civis; a violência usada para fins políticos. Um exemplo clássico de terrorismo
sentar os dados levantados na 330 foi o ataque às torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, pelo grupo Al-Qaeda.
pesquisa. As apresentações
podem ter como suporte car-
tazes, slides, áudios, vídeos, pessoas LGBTQIA+. Durante
AV_HIS-F2-2111-V9-U4-C14-LA-G24.indd 330 o debate, é im- disso, se considerar pertinente, promover 30/06/22 16:53 AV_
entre outros. portante estimular também a reflexão sobre outras atividades sobre o tema, como um
11. Organizar os estudantes a homofobia e transfobia, apresentando da- “Dia contra a homofobia e transfobia na
para uma roda de conversa. dos sobre o Brasil e outros países do mundo escola”, orientando os estudantes a criarem
Explicar que, por não haver acerca do tema. Por exemplo, a aceitação da cartazes, slogans, broches ou canções cuja
uma lei específica relacionada à homossexualidade pelos brasileiros passou de mensagem seja de repúdio a qualquer tipo de
homofobia, o STF decidiu pela 63% em 2013 para 67% em 2019. Procurar, discriminação e violência contra pessoas que
aplicação da Lei do Racismo (no também, desconstruir afirmações sem base na se identificam como LGBTQIA+. Esta atividade
7.716/1989) para julgar como realidade, como a de que a homossexualidade quer contribuir para o desenvolvimento da
crime de racismo os casos de é uma doença ou desvio de comportamento, habilidade EF09HI36.
ódio e discriminação contra como foi vista durante muito tempo. Além
330
TORIA/SHUTTERSTOCK.COM
O desenvolvimento das TICs tem interferido nas
global, seja negativamente,
relações políticas locais e globais? seja positivamente.
[...] as TICs permitiram uma difusão acelerada e deli- d) A proposta deste item per-
berada de informações falsas ( fake news) em dimensões mite que os alunos analisem
A imagem sugere o mundo
assustadoras, por meio de redes sociais e também de conectado no qual vivemos. relações políticas locais e glo-
contas autônomas programadas (conhecidas por bots) para bais e atuem na transformação
espalhar mensagens, manipulando a opinião pública. de uma realidade próxima. O
Tropas cibernéticas passaram a utilizar inteligência artificial durante campanhas nono ano é um importante en-
eleitorais, com o objetivo de moldar o discurso público, muitas vezes suscitando sen- cerramento de ciclos. Sugerimos
timentos de ódio. estimular os estudantes a refle-
[...] tirem sobre o que viveram nessa
Os efeitos negativos das tecnologias têm ameaçado as democracias, como aponta a etapa do ensino e perceber as
MIT Technology Review. No entanto, olhando para os aspectos positivos, Archon Fung, habilidades e competências que
da Universidade de Harvard, propõe que as TICs interferem na dinâmica democrática puderam desenvolver. Além dis-
de diversas maneiras, por exemplo, ao: so, permite aos alunos entender
• acelerar o fluxo das comunicações, possibilitando a comunicação de muitos para muitos o protagonismo de pessoas e
e diminuindo o custo de aquisição de informações, ou seja, tornando a esfera pública organizações da sociedade ci-
mais acessível e menos concentrada (empoderamento da esfera pública); vil, com vista à transformação
• criar conexões diretas entre cidadãos, por um lado, e políticos e formuladores de social.
políticas, por outro (democracia digital direta e participativa); Sugere-se que os estudan-
[...] tes possam escolher de quais
Em outros termos, tecnologias digitais como as redes sociais permitem que cada atividades querem participar,
vez mais indivíduos possam expressar suas preferências sobre um amplo número de respeitando as opções e o tem-
assuntos, fenômeno difícil de ser imaginado na realidade puramente analógica. No po de aprendizado de cada um.
entanto, redes sociais não tiveram em seu design a preocupação de estruturar dados Sugestões de materiais para
de modo a serem inputs para o processo democrático. pesquisa:
CHIARINI, Tulio; SILVA, Victo. Inovações tecnológicas permitem maior participação política? Ipea. Brasília, DF, 23 jun. 2021. • PACHECO, Daniela Paiva de
Disponível em: https://www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-conteudo/artigos/artigos/267-inovacoes-tecnologicas-permitem-maior-
participacao-politica. Acesso em: 12 maio 2022. Almeida; RODRIGUES, Wallace
Faustino da Rocha. As trans-
Responda com base na leitura do texto. formações nas campanhas
a) Como você responde à pergunta contida no título dado ao texto? a) Resposta pessoal. eleitorais: uma reflexão sobre
b) De que forma o desenvolvimento das TICs permite maior manipulação na política? o papel dos partidos políticos
c) O desenvolvimento das TICs também afeta as relações políticas positivamente? De que forma e do impacto das novas fer-
isto se dá?
d) Resposta pessoal. ramentas de comunicação.
d) Fórum de debate. Organizados em grupo, pesquisem sobre os efeitos do desenvolvimento Lumina, Juiz de Fora, v. 15,
das TICs nas relações políticas locais e globais nos dias de hoje. Filmem, gravem, fotografem n. 1, p. 108-123, 2021.
as apresentações e postem esses produtos nas redes oficiais da escola. c) As TICs afetam a política posi-
tivamente: acelerando o fluxo de comunicações (de muitos para muitos), diminuindo o custo de compra de informações, e tornando • CASTANHO, Maria Augusta
a esfera pública mais acessível e menos concentrada; criando conexões diretas entre cidadãos, por um lado, e polí-
ticos formuladores de políticas públicas, de outro; reunindo muitos e variados dados e informações sobre assuntos 331 Ferreira da Silva. O proces-
de interesse público e possibilitando sua divulgação entre os membros da sociedade civil. so eleitoral na era da inter-
net: as novas tecnologias e o
exercício da cidadania. Tese
16:53 ENCAMINHAMENTO
AV_HIS-F2-2111-V9-U4-C14-LA-G24.indd 331 01/07/22 17:12
(Doutorado em Direito do Es-
Professor, como forma de trazer a temática para o universo da turma, é possível explicar tado) – Faculdade de Direito,
que as torcidas organizadas de times de futebol têm usado as redes sociais para provocar e Universidade de São Paulo,
marcar encontros físicos entre elas que, frequentemente, resultam em atos de violência com São Paulo, 2014.
muitos feridos e até mortos. Comentar também que toda essa violência seja na política, seja
no esporte, representa uma ameaça à democracia. As atividades desta seção querem contri-
buir para o desenvolvimento da habilidade EF09HI33.
331
AYERBE, Luís Fernando. A Revolução Cubana. São Paulo: D’ANGELIS, Wilmar. Contestado: a revolta dos sem-terra.
Editora da Unesp, 2004. São Paulo: FTD, 1991. (Cinco séculos de resistência).
Livro que trata do processo histórico da Revolução Cubana Livro que enfoca as características de luta pela posse da ter-
e suas diferentes facetas, e as razões que o tornaram um ra no Contestado
dos eventos mais importantes da Guerra Fria. D’ARAUJO, Maria Celina Soares. O Estado Novo. Rio de
BARBOSA, Alexandre de Freitas. O mundo globalizado: Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
política, sociedade e economia. São Paulo: Contexto, 2001. A autora faz um panorama do período ditadura do Estado
O autor se propõe a esclarecer distorções sobre a ideia de Novo.
globalização e mostrar que ela não é simplesmente econô- DARÓZ, Carlos. O Brasil na Primeira Guerra Mundial: a
mica, tendo consequências na política e na cultura. longa travessia. São Paulo: Contexto, 2017.
BARROS, Edgard Luiz de. A Guerra Fria. 2. ed. São Paulo: Especialista em História militar, o autor analisa a participa-
Atual; Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1985. ção do Brasil na Primeira Guerra Mundial.
(Discutindo a História). DEL PRIORE, Mary. Documentos de história do Brasil: de
A obra aborda as origens da Guerra Fria, as alianças e os con- Cabral aos anos 90. São Paulo: Scipione, 1997.
flitos deste contexto. A autora selecionou, apresentou e contextualizou 87 docu-
mentos históricos, do período colonial até o final do século XX.
BRENER, Jayme. A Primeira Guerra Mundial. São Paulo:
Ática, 2000. (Retrospectiva do século XX). DOLHNIKOFF, Mirian. História do Brasil Império. São
O autor busca reconstituir o processo histórico que levou à Paulo: Contexto, 2017.
guerra, bem como as consequências do conflito. A autora investiga as rupturas e permanências do processo
de transformação da América portuguesa em nação inde-
CANÊDO, Letícia Bicalho. A descolonização da África e
pendente.
da Ásia. Atual; Campinas: Universidade Estadual de Cam-
pinas, 1985. (Discutindo a História). DOMINGUES, Petrônio. A nova abolição. São Paulo: Selo
O livro expõe o processo de ocupação colonial, as transfor- Negro, 2008.
mações sociais nas colônias e os processos de libertação. O livro trata da resistência dos afrodescendentes após a
abolição, destacando o papel da da imprensa negra paulis-
CAPELATO, Maria Helena Rolim. Multidões em cena: pro-
ta e a luta pela conquista da cidadania.
paganda política no varguismo e no peronismo. São Paulo:
Editora da Unesp, 2009. DUARTE, Constância Lima. Nísia Floresta: uma mulher à
O livro mostra como o poder costuma utilizar meios espe- frente do seu tempo. Brasília, DF: Mercado Cultural, 2006.
taculares para marcar sua entrada na história, analisando os Livro com ensaio da pesquisadora Constância Duarte e tex-
casos do varguismo no Brasil e do peronismo na Argentina. tos autorais de Nísia Floresta.
334
334
FUNARI, Pedro Paulo; PIÑÓN, Ana. A temática indígena HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX
na escola: subsídios para os professores. São Paulo: Con- (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
texto, 2014. Obra de referência do historiador inglês que analisa o sé-
Orientações e propostas para o estudo da temática indíge- culo XX desde o início da Primeira Guerra Mundial até a
na na escola. dissolução da União Soviética.
335
335
336
336
História
ISBN 978-85-96-03556-9
9 788596 035569