CINTHIA MARQUES MORAIS

COMO SER UM PROFESSOR (A) INTENCIONAL?

QUAL É A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO

EDUCACIONAL?

DUQUE DE CAXIAS, 18 DE JUNHO DE 2023

O professor intencional

- É aquele que está sempre buscando meios e recursos

para que seus alunos aprendam mais e melhor. Ele não vai

pra sala de aula despreparado, desmotivado e relaxado,

mas se prepara pra dar as aulas, está sempre em busca de

conhecimento, de informação, é atento as demandas

educacionais e as novas ferramentas de ensino, e

também, não menos importante, compreende a

importância de estar bem apresentável e asseado em seu

ambiente de atuação. Ele atua com estratégia,

planejamento e afetividade, preparando aulas interativas,

elaborando conteúdo que envolva o aluno, sendo sensível

a cada um, pois entende que cada aluno é único, que cada

um tem sua realidade e aprende de forma diferente, sendo

assim, procura fazer com que todos se sintam capazes, os

motivando sempre a melhorar e se superar. Porque para

um professor intencional, não existe aluno ruim, que não

aprende, existe aluno com limitações e que precisam de

mais tempo para assimilar a matéria, alunos que vão

precisar de uma estratégia diferente de explicação do

conteúdo, para assim avançar no conhecimento. Um

professor intencional briga por direitos sim, por melhorias

nas condições de trabalho, plano de carreira, salário

digno, mas acima de tudo, vive para ser um agente de

transformação.

- A importância da afetividade no processo educacional

A afetividade é cheia de benefícios e causa efeitos

positivos nos alunos. Sua importância é trabalhar a

maturidade emocional, o que, consequentemente, irá

desenvolver suas relações e laços sociais. Tornar o ensino

mais intuitivo, dinâmico, fluído, prazeroso e atraente,

causando interesse no aluno de se envolver com as

atividades, compondo assim, uma sala de aula mais

produtiva, engajada e interessada. Com isso, como o

desempenho melhora, a autoconfiança é gerada, o aluno

se sente mais capaz, mais inteligente e mais confiante à

medida que flui no saber. A Autoconfiança é um ponto que

se desenvolve muito nesse método de afetividade.

A interação entre professor e aluno, no ambiente de

afetividade, cria uma educação transformadora,

humanizada e centrada na solidariedade.

- Relato de uma aluna, que teve uma professora

intencional, que não se preocupou apenas com as

questões da vida acadêmica de seu aluno, mas teve

sensibilidade com suas questões.

Minha primeira professora, Marilene o nome dela, sempre

interessada em saber se havíamos comido alguma coisa

ante das aulas, pois a maioria dos alunos eram crianças

vulneráveis economicamente e advinha de famílias de

baixa renda, ela sempre tinha biscoito e suco pra

oferecer.; olhava nossas unhas e as cortava se preciso

fosse; se alguém faltava, sempre mandava o colega que

morava mais próximo ir até a casa, levar a matéria e

colher informações do porque faltou, e se preciso fosse,

ela mesmo ia até o endereço; nos explicava a importância

de não nos envolver com drogas, de nos preservarmos

como criança. Se não compreendíamos o conteúdo de uma

forma, sempre elaborava de outra, até que

entendêssemos. Os que tinham dificuldades sempre eram

acolhidos e assistido com muita empatia, e ela não

desistia, até que todos alcançassem a meta. Essa

professora me deu aula na primeira e na segunda série do

ensino fundamental I, e logo após sofreu um acidente e

precisou se ausentar. Quando retornei de férias e fui

cursar a terceira série, comecei a sofrer bullying na

escola, tanto dos meus colegas, quanto dá a atual

professora, que era tudo o que um professor não deveria

ser. E foi aí que comecei a não querer ir para a escola, e

por esse motivo, também era constantemente agredida em

casa pelo meu pai. Meu pai foi assassinado em maio desse

ano que eu deveria estar cursando a terceira série, o que

fez com que eu não voltasse á escola, mesmo minha mãe

me trocando de colégio e me ajudando nesse processo. No

ano seguinte, minha irmã que havia ficado na escola,

comenta que a professora Marilene havia retornado à

escola e daria aula pra ela, minha irmã cursava a segunda

série. Ao retornar à escola, se deparar com minha irmã e

fica sabendo de toda a história, essa professora manda

inúmeros recados pra mim, para que eu retornasse ao

colégio, mesmo que fosse sem compromisso, só ir pra

ajuda-la com os alunos, visto que eu era muito inteligente

e ela ainda não havia encontrado outro aluno que pudesse

confiar a estrela dourada. Eu recusei todos os convites,

até que o último foi uma intimação, caso eu não

comparecesse a escola até o fim da semana, ela iria à

minha casa e me levaria a força. Na quarta-feira eu

retornei a escola, sem jeito, com medo, mas fui. Ela

enfrentou a diretora e o sistema, porque todos diziam que

eu deveria retornar pra terceira serie e ela ficou comigo

na segunda. Eu lembro de uma reunião em que estavam

minha mãe, a professora, diretora e um conselho de

profissionais da educação, onde ela dizia: Ela fica na

segunda série comigo, mesmo sabendo que ficará

atrasada, mais aqui ela estará segura, pois conheço as

dores dela, as necessidades e questões. Aqui ela estará

junto com a irmã, a prima (minha prima também estava na

segunda série), estará ocupando a mente, envolvida e

inserida com atividades pedagógicas, eu prefiro ver ela

atrasada na série, do que a perder pro mundo, pra

depressão e até a ver perder a vida. Lembro dela olhar pra

minha mãe e dizer: Essa causa é nossa, a senhora

concorda que eu fique com ela nessa série? minha mãe

disse sim. Então ela falou: fica assim decidido! Me

chamou, pegou na minha mão e lá fomos nós. Eu me senti

tão importante, que todas as dores se tornaram nada

diante daquele cuidado e manifestação de amor.

Sou fruto de uma professora intencional, que atuou com

afetividade.