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Atividade – Didática

MARIA BEATRIZ RODRIGUES TEIXEIRA

O processo que veio a me levar a escolher o curso de pedagogia não foi algo
em linha reta, pois na adolescência o meu desejo era outro, mas vou explicar um pouco
da minha experiência de desenvolvimento desde a infância. Desde muito pequena
brincava muito com meus amigos que moravam na mesma rua que a minha de
“escolinha”, sempre gostei bastante de participar das “aulas” que os meus amigos mais
velhos ministravam, isso é algo muito marcante na minha memória, foi nesse período da
infância que surgiu a minha vontade de ser professora, pois eu admirava o fato de outra
pessoa poder transmitir conhecimento, e por serem pessoas que estavam comigo, no
meu meio de convivência.

Recordo-me que eu era muito pequena e foi uma “brincadeira” que durou
muito tempo, todos os finais de semana brincávamos. Uma coisa bastante interessante
de pontuar é que, mesmo sendo uma brincadeira de crianças, tínhamos tarefas e dever
de casa que todos os finais de semana era entregue aos “professores”, e também
falávamos o quanto aprendemos nas aulas da semana na escola, e isso era muito
interessante porque trocávamos experiencias, conversávamos tudo que tínhamos
aprendido durante a semana, assim tanto os “professores” que eram os meus amigos
mais velhos nos repassavam o que eles tinham aprendido durante a semana, hoje eu vejo
que isso é muito rico, pois ali estávamos trocando experiências uns com os outros.

Onde eu estudava na educação infantil me recordo muito bem de duas


professoras que estiveram comigo durante os dois primeiros anos do infantil, hoje não
mantenho mais contato, mas lembro-me de que eu tinha muito afeto por elas. Quando eu
e meus amigos começamos a brincar de escolinha em casa, eu já era um pouco maior,
estando no primeiro ou segundo ano do infantil, me recordo do nome da minha
professora do segundo ano do infantil que era Glaucia, ela foi uma professora
maravilhosa, pois ela trazia várias brincadeiras que nos faziam aprender a desenvolver a
leitura, lembro-me que eu adorava “hora do conto”, que era o momento em que todos
ficávamos em roda e ela contava uma história, e também era a hora que nos alunos,
tínhamos a oportunidade de praticar a leitura para que todos da sala ouvissem.
O cantinho da leitura, foi produzido pelos alunos juntamente com a
professora, isso é algo que considero bastante importante que é a valorização que a
criança vai ter por ser algo feito com a participação dela, pois a criança se senti parte da
escola quando ela ajuda a construir algo novo, a professora levou vários livros, e
tínhamos instantes com esses livros, levou varal, para que colocássemos história em
quadrinhos e cordéis também, para termos um repertorio maior de literatura. E didática
na minha concepção é os professores terem o entendimento das matérias a serem
transmitidas para os alunos, mas também ter a sensibilidade de ver a necessidade de
cada um e fazer com que todos participem de forma ativa nas aulas, e pra que isso
aconteça é preciso inovar nas suas práticas.

Essa memória foi destravada a pouco tempo, pois eu já leciono como


professora, e dentre uma publicação ou outra das minhas aulas, um amigo de infância
veio a me falar no aplicativo que eu havia postado a minha aula, e me falou que, ele
recordava que quando éramos pequenos eu falava muito que quando eu crescesse seria
professora, foi nesse momento que essa memória das brincadeiras veio a minha mente,
foi muito bom vim essa memória da minha infância, pois não me recordava dessa fase
da minha vida muito bem, e com esse comentário desse amigo fez com que eu aflorasse
ainda mais minha memória lembrando de várias coisas, ver que já era um desejo de
infância ensinar é algo muito gratificante.

Na minha adolescência que corresponde ao ensino médio, me veio vários


cursos diferentes em mente. Quando estava no terceiro ano do ensino médio um dos
cursos que era minha prioridade era o curso de enfermagem. Mas, quando estávamos
prestes a terminar o ensino médio, dentre as opções que eu tinha de qual curso fazer e
também um que seria mais acessível para mim naquele momento, escolhi fazer o
vestibular e tentar entrar no curso de pedagogia. Assim fiz o vestibular, na época foi a
escola que inscrevia os alunos e foi algo bem repentino, como foi no período pandêmico
passou muito tempo para sair o resultado, confesso que como eu já me encontrava
trabalhando não lembrava mais sobre os vestibulares que eu havia feito, foi uma
surpresa quando me veio a notícia que eu havia passado no vestibular de pedagogia,
fiquei bastante feliz quando soube dá notícia do resultado, nessa época a minha vontade
não tinha aflorado ainda, passou um tempo para me encontrar no curso de pedagogia.

Agora estou no quinto semestre, me encontrei nesse curso maravilhoso que


estou cursando, a educação infantil é um campo encantador e que me encontrei ainda
mais esse ano, pois estou vivendo na prática a educação infantil e está sendo uma
experiencia incrível. No início no ano de 2023, a diretora de uma creche onde moro, na
cidade de Miraíma, estava com uma demanda de crianças muito grande, e como onde eu
morro é muito pequeno, pois é uma cidade no interior, tem poucas pessoas que estão
cursando pedagogia, e ela estava à procura de duas professoras da educação infantil,
assim ela entrou em contato primeiramente com uma amiga minha que também cursa
pedagogia, dessa forma, a diretora perguntou se havia outra pessoa que minha amiga
conhecia que também cursasse pedagogia, porquê ela precisava de duas pessoas para
assumir uma sala do infantil três (3) com vinte e cinco (25) alunos, desse modo minha
amiga me indicou, conversei com a diretora e ficou resolvido que nós duas ficaríamos
responsáveis pela turma.

De primeiro momento foi um choque, pois não estava esperando e foi algo
que aconteceu muito rápido. No mês de junho nós encerramos o semestre com as
crianças e posso afirmar que me encontro no lugar certo, é muito bom ver a evolução de
cada criança dentro de sala e poder observar que os conhecimentos que estamos
adquirindo na faculdade estamos colocando em pratica dentro da sala de aula, sem
contar que tem vários outros fatores que a faculdade não nos ensina, e vamos
aprendendo com a convivência dentro da sala de aula

Minhas noções iniciais sobre Didática coincidiram com o que estudei


durante todo o curso de Pedagogia, isto é, de que a Didática é a ligação entre o “quê” e
o “como” na Educação. Didática então seria o conjunto de ferramentas, materiais e
imateriais, que auxiliam o professor em seus objetivos docentes? Didática é a arte de
ensinar, de desenvolver os alunos de formas diferentes, de formas de ensinar que sejam
repletos de maneiras e formas corretas de ensinar e de repassar certos conhecimentos
para que eu cada criança entenda?

Vejamos o que fala a autora Chevallard:

Como didáticos nós devemos procurar compreender não só a resposta do


aluno à pergunta e a resposta do professor para a atitude do aluno, mas
também o que o professor, na ocasião, irá declarar tanto sobre o
comportamento do aluno como da sua própria conduta em face dele. Não
somos livres para descartar os meandros inerentes ao mundo da didática. Ao
contrário do físico, que se contenta em explicar como e porque as pedras
caem, ficamos com o ônus de explicar como as pessoas explicam a queda de
pedras... (CHEVALLARD, 2013, p. 04).
A didática é de extrema importância para educação, pois ela tem como
objetivo aprimorar as práticas de ensino e consequentemente a qualidade da
aprendizagem do aluno. A didática de suma importância para a formação do professor,
pois deve proporcionar o desenvolvimento de sua capacidade crítica e reflexiva
possibilitando que o professor faça uma análise de forma clara sobre a realidade do
ensino proporcionando situações em que o aluno construa seu próprio saber.

Sobre os parques eólicos, desde cedo estudei que apesar de ser uma energia
limpa e renovável, sua instalação e manutenção provoca mudanças significativas no
ambiente, e por conseguinte, à flora, à fauna e às comunidades humanas locais.

Em relação a sociedade e a cultura a autora Chevallard, em um momento do


texto fala que:

A sociedade como um todo, ou seja, a sociedade que se expressa através de


sua cultura, deve primeiro reconhecer o suposto corpo de conhecimento
como conhecimento ensinável. Alguns corpos de conhecimento são, em uma
dada sociedade, em um dado momento, tacitamente considerados “não
ensináveis”; ou, para colocar de uma outra forma, em algum lugar na
sociedade há sempre alguém se esforçando para garantir o ensino de alguns
corpos de conhecimento anteriormente não ensináveis, com vista ao
estabelecimento de um contrato didático socialmente legítimo em relação a
eles. (CHEVALLARD, 2013, p. 08).

Em relação as praticas relacionadas a sociedade e as formas diversas de


ensino fora da escola, desde pequena sempre tive acesso a artesanato, pois cresce em
uma família que minhas tias eram costureiras, meu pai agricultor e minha mãe desde
pequena trabalhava com o feitio de linhas de pescaria, e isso foi repassado do meu avô
que era pescador para ela desde muito cedo. Como nasce no interior e é onde morro até
hoje, sempre tive acesso, minhas tias ainda costuram e fazem crochê, aprende a costurar
vendo-as praticar, a única prática que não consegui desenvolver foi a da minha mãe, que
era costurar de certa forma linhas de pesca. Freire (1989), diz que a cultura são os
instrumentos que o povo usa para produzir, ou seja, cultura é a forma como o povo
entende e expressa o seu mundo, é como o povo se compreende nas suas relações com o
seu mundo.

Retomando a falar sobre a agricultura, me recordo que quando era bem


pequena meus pais me levavam para o plantio de feijão e milho que é algo muito
comum no interior quando se está no período do inverno e ficávamos horas na colheita,
nem sempre eu e meu irmão ajudávamos, pois éramos pequenos, mas íamos com eles
sempre. Esses foram algumas das praticas que me foram ensinados fora do ambiente
escolar, que também me fez aprender só que de outras formas, ou seja, como preparar a
terra para o plantio, como saber quando o feijão ao o milho estão prontos para a
colheita, ou mesmo como costurar, como pegar na agulha, como que vou costurar algum
tecido para que a linha não apareça, são vários aprendizados que não se aprende na
escola.

No texto de Farias, ela tem uma visão sobre tendências pedagógicas e ação
didática, veremos nas citações abaixo:

Para as tendências pedagógicas progressistas o papel da educação é o de


contribuir para o processo de construção e consolidação de outro modelo
social ponto final uma sociedade não mais pautada nos princípios do
individualismo, da competição e da propriedade só para alguns, mais fundada
na igualdade de direito e a oportunidades, na cooperação e na justiça social.
Instrumentalizar as classes trabalhadoras com elementos teóricos e práticos
essenciais à transformação da realidade. (FARIAS, 2014, p. 39).

[...] não é demais lembrar que a ação didática é uma prática social que
acontece em um determinado contexto e orientada por ideias de escola e de
sociedade. É fruto de certos pressupostos e propósitos, deixando transparecer
a cada ato, fala o silêncio, o que somos, acreditamos e defendemos.
(FARIAS, 2014, p. 41).

O papel da escola na tendência progressista é que a escola é parte integrante


de todo social e orienta o aluno a participação ativa na sociedade o método parte de uma
relação direta da experiência do aluno confrontada com o saber sistematizado. A
pedagogia progressista procura formar cidadãos conscientes e participativos na vida da
sociedade que leve o aluno a refletir a desenvolver o espírito crítico e criativo e a
relacionar o aprendizado a seu contexto social.

Freire em seu livro “A impotência do ato de ler” fala que:

No Círculo de Cultura, enquanto contexto que costumo chamar teórico, esta


atitude de sujeito curioso e crítico é o ponto de partida fundamental a
começar na alfabetização. O exercício desta atividade critica, na análise da
prática social, da realidade em processo de transformação possibilita aos
alfabetizandos, de um lado, aprofundar o ato de conhecimento na pós-
alfabetização; de outro, assumir diante de sua quotidianidade uma posição
mais curiosa. A posição de quem se indaga constantemente em torno da
própria prática, em torno da razão de ser dos fatos em que se acha envolvido.
(FREIRE, 1989).

Estudar faz você confrontar visões, ou seja, debater e repensar conceitos.


Uma formação mais completa pode possibilitar ao sujeito o desenvolvimento de um
pensamento mais crítico, dando ao sujeito uma capacidade maior de compreensão e
avaliação de questões sociais, como a política e a economia, fazendo com que o mesmo
tenha uma visão mais ampla sobre vários assuntos e aspectos que por ventura venha a
ser questionado.

Dessa forma, em outro momento do texto, Freire pontua que:

O ato de estudar, de caráter social e não apenas individual, se dá aí também,


independentemente de estarem seus sujeitos conscientes disto ou não. No
fundo, o ato de estudar, enquanto ato curioso do sujeito diante do mundo, é
expressão da forma de estar sendo dos seres humanos, como seres sociais,
históricos, seres fazedores, transformadores, que não apenas sabem mas
sabem que sabem. (FREIRE, 1989).

Podemos observar que o conhecimento não está apenas na escola ou no


ambiente escolar, pois podemos construir conhecimentos em vários locais e de varias
formas diferentes, não é só com a leitura e a vida acadêmica e escolar, apesar de ser
locais essenciais para a construção de conhecimentos, vejamos o que diz Freire na
citação abaixo:

Não podemos duvidar de que conhecemos muitas coisas por causa de nossa
prática. Não podemos duvidar, por exemplo, de que sabemos se vai chover ao
olhar o céu e ver as nuvens com uma certa cor. Sabemos até se é chuva
ligeira ou tempestade a chuva que vem. Desde muito pequenos aprendemos a
entender o mundo que nos rodeia. Por isso, antes mesmo de aprender a ler e a
escrever palavras e frases, já estamos "lendo”, bem ou mal, o mundo que nos
cerca. Mas este conhecimento que ganhamos de nossa prática não basta.
Precisamos de ir além dele. Precisamos de conhecer melhor as coisas que já
conhecemos e conhecer outras que ainda não conhecemos. (FREIRE, 1989).
-REFERÊNCIAS-

CHEVALLARD, Yves. Sobre A Teoria Da Transposição Didática: Algumas


Considerações Introdutórias. Revista de Educação, Ciências e Matemática v.3 n.2
mai/ago 2013.

FARIAS, Isabel Maria Sabino de. (et. al.) Didática e docência: aprendendo a profissão.
4ª. Ed. Brasília: Liber Livro, 2014.

FREIRE, Paulo, 1921 – F934i. A importância do ato de ler. em três artigos que se
completam / Paulo Freire. – São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. (Coleção
polêmicas do nosso tempo; 4)

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