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FICHAMENTO
O poder simbólico age diretamente nas relações sociais e tem a capacidade de constituir
um dado pela enunciação (discurso), de fazer ver e fazer crer, de confirmar ou
transformar a visão de mundo e, deste modo, a ação sobre o mundo. Quanto mais alta a
posição, maior o poder simbólico de determinado sujeito.
O poder simbólico se define em uma relação entre o que o exercem e os que estão
sujeitos a ele. Por isso ele só se exerce quando se reconhece em um sujeito determinado
poder. Entretanto só se nota de fato as relações de poder é porque ele se enfraqueceu. O
poder simbólico, em seu ápice, não é percebido por moldar nossa mente de forma e se
tornar quase imperceptível.
Diferente de outros tipos de poderes, o poder simbólico estabelece uma definição clara
entre quem exerce e quem é alvo desse poder. O indivíduo aceita o poder exercido por
outro quando crê nas palavras por ele enunciadas (relação de aceitação).
Sistemas simbólicos: conforme são produzidos por um grupo ou por um corpo de
especialistas ou ainda por um campo de produção e de circulação se distinguem.
“as ideologias são sempre duplamente determinadas, - que elas devem suas
características mais específicas não só aos interesses das classes ou das fracções de
classe que elas exprimem (função sociodiceia), mas também aos interesses específicos
daqueles que as produzem e à lógica específica do campo de produção (comumente
transfigurado em ideologia da ‘criação’ ou do ‘criador’)” (p. 13)
Violência Simbólica
O poder simbólico vai gerar a violência simbólica. É um tipo de ideia imposta aos
agentes sociais que, apesar de forte, não é entendida como natural. Não se trata da
violência física. A violência simbólica é a que causa danos morais e psicológicos. É
exercido por quem detém o poder simbólico. A violência simbólica leva a exclusão de
indivíduos. Assim o que pensamos (ideologia), vestimos (moda), comemos não é algo
imanente e sim uma construção fruto do poder simbólico exercido por gerações. Nossos
desejos são construções sociais. Ex: A questão do aborto seria uma violência simbólica!
Conceito de “Habitus”
Conceito de Campo
Surge primeiro para indicar “uma direção à pesquisa, definida negativamente como
recusa à alternativa da interpretação interna e da explicação externa, perante a qual se
achavam colocadas todas as ciências das obras culturais, ciências religiosas, história da
arte ou história literária” (p.64).
O campo pode ser um espaço simbólico de disputas dos habitus (arte popular X arte
erudita, ciências naturais X ciências humanas).
A relação com o mundo social não seria uma causalidade mecânica meio-consciência,
mas uma cumplicidade ontológica: “quando a história que frequenta o habitus e o
habitat, as atitudes e a posição, o rei e sua corte, o patrão e sua empresa, o bispo e sua
diocese, é a mesma, então é a história que se comunica de certo modo com ela própria,
se reflete nela própria, se reflete ela própria” (p. 83).
Para Bourdieu, é o princípio de di-visão que legitima o mundo social. Dessa forma, as
regiões nada mais seriam que cercados para o exercício do poder simbólico, uma
divisão tácita para evitar confrontos entre os que exercem esse poder.
“O estigma produz a revolta contra o estigma, que começa pela reivindicação pública do
estigma, constituído assim em emblema – segundo o paradigma do ‘black is beautiful’ –
e que termina na institucionalização do propor produzido (mais ou menos totalmente)
pelos efeitos econômicos e sociais da estigmatização. É, com efeito, o estigma que dá à
revolta regionalista ou nacionalista, não só as suas determinantes simbólicas, mas
também os seus fundamentos econômicos e sociais, princípios de unificação do grupo e
pontos de apoio objetivos da ação de mobilização” (p.125)
“Em resumo, o mercado dos bens simbólicos tem as suas leis, que não são as da
comunicação universal entre sujeitos universais: a tendência para a partilha indefinida
das nações que impressionou todos os observadores compreende-se se se vir que, na
lógica propriamente simbólica da distinção – em que existir não é somente ser diferente
mas também se reconhecido legitimamente diferente e em que, por outras palavras, a
existência real da identidade supõe a possibilidade real, juridicamente e politicamente
garantida, de afirmar oficialmente a diferença – qualquer unificação, que assimile aquilo
que é diferente, encerra o princípio da dominação de uma identidade sobre a outra, da
negação de uma identidade sobre a outra” (p.129).
É preciso pensar na noção de espaço de relações tão real quanto o espaço geográfico
“Se as relações de força objetivas rendem a reproduzir-se nas visões do mundo social
que contribuem para a permanência dessas relações, é porque os princípios estruturantes
da visão do mundo radicam as estruturas objetivas do mundo social e porque as relações
de força estão sempre presentes nas consciências em forma de categorias de percepção
dessas relações” (p.142).
“A política é o lugar, por excelência, da eficácia simbólica, ação que exerce por sinais
capazes de produzir coisas sociais e, sobretudo, grupos” (p. 159).
Percebemos a ação do poder simbólico nos comportamentos que são impostos a nós.
“O que faz com que a vida política possa ser descrita na lógica da oferta e da procura é a
desigual distribuição dos instrumentos de produção de uma representação do mundo
social explicitamente formulada: o campo político é o lugar em que se geram, na
concorrência entre os agentes que nele se acham envolvidos, produtos políticos,
problemas, programas, análises, comentários, conceitos, acontecimentos, entro os quais
os cidadãos comuns, reduzidos ao estatuto de ‘consumidores’, devem escolher, com
probabilidades de mal-entendido tanto maiores quanto mais afastados estão do lugar de
produção” (p.165).
8. A FORÇA DO DIREITO
“Os efeitos que se geram no seio dos campos não são nem a soma puramente aditiva de
ações anárquicas, nem o produto integrado de um plano concreto. A concorrência de
que eles são produto exerce-se no seio de um espaço que pode imprimir-lhe tendências
gerais, ligadas aos pressupostos inscritos na própria estrutura do jogo de que eles
constituem a lei fundamental, como, neste caso em particular, a relação entre o campo
jurídico e o campo do poder. A função de manutenção da ordem simbólica que é
assegurada pela contribuição do campo jurídico é (...) produto de inúmeras ações que
não têm como fim a realização desta função e que podem mesmo inspirar-se em
intensões opostas” (p.254).
9. A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA ANOMIA
Arte acadêmica – restrita, cercada por referenciais a serem seguidos e passados adiante,
formava mestres e não artistas, submetida a submissão à instituição escolar que, junto
com o Estado, garantem o valor desses pintores. A crítica a quem provoca uma
revolução simbólica, suscita os críticos a evocarem princípios puramente acadêmicos. O
desvio dos impressionistas, por exemplo, aos preceitos era juntamente a oposição a
tornar a obra impessoal, universal e apresentável. Mesmo os críticos mais abertos à
novidade, buscavam interpretar as obras a partir de princípios antigos. Mas a “ruptura
com o estilo acadêmico implica a ruptura com o estilo de vida que ele supõe e exprime”
(p.272).