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Maj Inf MARCO JOSÉ DOS SANTOS

A recriação da Guarda Nacional: avanço ou retrocesso?


(ARTIGO CIENTÍFICO)

Rio de Janeiro
2006
A recriação da Guarda Nacional: avanço ou retrocesso?

Autor: Marco José dos Santos – Maj Inf

Credenciais: - Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais na Escola


de Aperfeiçoamento de Oficiais;
- Curso de Formação de Oficiais de Infantaria na
Academia Militar das Agulhas Negras;
RESUMO

Reside na segurança pública uma das razões básicas da existência do Estado,


protegendo seus indivíduos ou parcela da sociedade contra violência de qualquer
natureza, seja contra si, bens ou direitos, garantindo a manutenção da lei e da
ordem. Atualmente o Estado brasileiro assiste, quase que passivamente, ao
crescimento dos anseios por um estado de segurança e redução das desigualdades
sociais. Não obstante, o Estado brasileiro está inserido neste contexto, tendo como
fundamento jurídico a garantia dos direitos e garantias individuais, conforme prevê a
carta magna de 1988. As Forças Armadas têm sido cada vez mais utilizadas em Op
GLO, prioritariamente, contrariando o próprio texto constitucional que prevê sua
utilização de forma precípua, nesses casos como conseqüência, estas ações vêm
sendo constantemente contestadas e motivo de críticas pelas mídias formadoras de
opinião. A prática tem demonstrado, a urgência de prover o Estado de uma força
específica para atuar na conquista da estabilidade interna no tocante a segurança
pública. Este trabalho fará um estudo sobre a recriação da Guarda Nacional, de
forma a avaliar se esta ação significará um avanço ou retrocesso para a sociedade
brasileira.

Palavras-chave: Segurança Pública. Forças Armadas. Guarda Nacional.


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1 INTRODUÇÃO

O mundo atual se encontra totalmente modificado e integrado, fruto da


globalização iniciada no século passado. No caso particular do Brasil, novos
desafios são propostos tais como: a integração e desenvolvimento de seu território,
a redução do hiato social e da violência, o crescimento sustentável, a estabilidade
democrática nacional, como problemas típicos de um país continental, e a inserção
do país no contexto internacional como uma potência regional.

O crescimento desordenado da violência, em particular nos grandes centros


urbanos, tem colocado em xeque a capacidade do Estado brasileiro promover uma
das suas funções básicas: a Segurança. O Crime Organizado, que há tempos era
apenas como um componente problema de segurança pública, de competência
quase que exclusiva dos estados, se encontra atualmente bem estruturado e
articulado em todas as camadas da sociedade; transformou-se em um ator
importante no cenário político nacional.

Diante do atual quadro, surge neste cenário a idéia de se recriar a Guarda


Nacional. O termo “Guarda Nacional” , como designação de uma Instituição, foi
empregado pela primeira vez na França, em 1789, materializava o conceito de
“nação em armas”, como nos ensina Jeanne Bearrance (1979, p. 03).

É grande a preocupação do Comando do Exército Brasileiro caso seja criada


uma Guarda Nacional nos moldes apresentados na Proposta de Emenda à
Constituição Nº 534/2002 (PEC 534/02) enviada ao Congresso Nacional. Essa
preocupação reside no temor de que sejam divididos os recursos financeiros
destinados à Pasta da Defesa, acarretando o enfraquecimento das Forças Armadas.

Este trabalho trata de um tema polêmico, pois a cada dia percebe-se a


necessidade da criação de um órgão para suprir as carências da segurança pública
proporcionada pelo vazio de competências. Assim, a recém-criada Força Nacional
de Segurança Pública, com atuação nos diversos estados da federação, organizada
por intermédio de convênio realizado entre os estados e o governo federal, surgiria
como uma nova alternativa.

O tema “A recriação da Guarda Nacional - avanço ou retrocesso?” recebe a


influência de vários fatores. Por ser um assunto contemporâneo, tem sido muito
explorado nas discussões políticas do país, principalmente no que se refere à
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segurança, questionando-se quais seriam as repercussões para os sistemas


institucional e jurídico da nação, decorrentes da implantação de uma Guarda
Nacional no Brasil.

Este pensamento recebeu adesão de vários segmentos da sociedade a partir


dos atentados de 11 de setembro de 2001, oportunidade em que o combate cerrado
e firme ao terrorismo internacional passou a ter um enfoque maior. Essa assertativa
pode ser comprovada nas palavras de Marcelo Itagiba (2006), Ex-Secretário de
Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro.

A segurança pública brasileira constituída por um sistema complexo, é


integrada por diversos órgãos, onde permeiam diversas legislações, muitas vezes
divergentes entre si; tribunais com diferentes competências; polícias com formações
diferentes e concepções de emprego muitas vezes antagônicas. O status do Crime
Organizado tomou dimensões que tendem a escapar do controle das autoridades
estaduais, necessitando de todo aparato do Estado, necessitando de uma
atualização da legislação penal para que as polícias estaduais possam atuar de
forma competente no combate aos ilícitos.

A análise dos momentos políticos por ocasião da criação das Guardas


Nacionais de alguns países como os EUA, Argentina e Chile, nota-se que existe a
coincidência no objetivo de se limitar ao máximo a concentração de poderes nas
mãos dos militares. Na América Latina, por exemplo, persistem rancores em relação
aos militares, deste modo a Guarda Nacional da maioria dos países da região tem a
função de atuar na garantia da lei e da ordem, impedindo o emprego das Forças
Armadas no território.

A reestruturação da 11ª Brigada de Infantaria Leve, adestrada em Operações


de Garantia da Lei e da Ordem, significa uma resposta à altura para o problema de
inexistência de uma força federal capaz de atuar em todo território nacional, uma
resposta eficaz para atender a alegada demanda para criação de uma Guarda
Nacional.

A solução para o endêmico problema da violência está mais voltada para os


investimentos da área social, com a reforma das estruturas existentes. Na realidade,
um país com as características e dimensões do Brasil possui órgãos em quantidade
e qualidade suficientes para a solução dos problemas nacionais.
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A análise do deputado federal Arnaldo Faria de Sá, sobre a


referida proposta, os investimentos para a criação dessa estrutura não se
traduziriam nos benefícios desejados, o seria algo injustificável para as condições
financeiras do Brasil. Segundo o referido parlamentar, a criação de mais um órgão
de segurança pública federal não é conveniente, uma vez que, os benefícios que
pudessem decorrer da criação desse órgão não justificariam os gastos para a sua
implantação e a sua manutenção.

Uma reforma do Estado mais ampla se faz necessária, que seja de fato
abrangente e atenda às expectativas da sociedade que vive encurralada dentro de
suas casas, com medo de si mesmo. Uma reforma de todo o sistema legal,
passando pelo arcabouço jurídico, pelo sistema prisional até a formação dos
recursos humanos diretamente envolvidos na segurança pública.

A título de proposta, caberia ao Estado brasileiro na atual conjuntura propor


uma reforma ampla de suas Instituições, desde o sistema jurídico, econômico até o
político. Desta forma ter-se-ia um Estado voltado em prol de uma das maiores
demandas da sociedade brasileira: a segurança pública. Antes de se pensar em
criar uma Guarda Nacional seria mais racional ,no atual quadro econômico do País,
reestruturar os organismos existentes.

No tocante à questão econômica seria razoável que por ocasião em que o


Exército atuasse nas ações de garantia da Lei e da Ordem receberia recursos do
Fundo Nacional de Segurança Pública recebendo que são destinados aos órgãos de
segurança pública dos estados, mediante o convênio celebrado entre esses e a
União.

A opção pela recriação de uma Guarda Nacional, significa na realidade exigir


um sacrifício ainda maior das Forças Armadas do país. Uma nação que deseja se
inserir definitivamente no rol das grandes potências, em breve terá que posicionar
diante dos diversos desafios, principalmente no cenário externo, que aparecerem. O
respaldo das decisões políticas de uma nação sempre foi, e continuará sendo, o seu
Poder Militar. Reeditar a experiência do passado, recriando a Guarda Nacional
significa um verdadeiro retrocesso, não somente para o Exército Brasileiro, mas para
todo o País.
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2 MATERIAL E MÉTODO
A presente sessão tem como finalidade apresentar a metodologia utilizada no
trabalho que tem como objetivo responder aos questionamentos acerca da recriação
da Guarda Nacional, que poderia significar avanço ou retrocesso para a sociedade
brasileira, e também sobre a necessidade ou não de sua recriação.

A fim de embasar este trabalho, foram estudadas algumas Guardas Nacionais


de diversos países, o contexto de sua criação e suas influências na política de
defesa de cada país; foi feito um retrospecto da experiência brasileira; e por fim ,
analisadas a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 534/02 e a atual
Constituição Federal do Brasil /88.

Foram levantados, no decorrer deste trabalho, a atual situação da política de


segurança pública nacional; as principais vulnerabilidades dos órgãos de segurança
pública existentes no País; as condições, o momento histórico por ocasião de sua
criação e as situações de emprego em países que possuem Guarda Nacional; as
possibilidades das Forças Armadas brasileiras para atender esta demanda.

Fundamentalmente, o problema se resume na viabilidade ou não de criação de


uma Guarda Nacional no país, discorrendo sobre as principais conseqüências da
sua adoção.

Ao buscar responder aos questionamentos formulados, procurou-se aventar a


seguinte hipótese:

A criação de uma Guarda Nacional nos atuais moldes da Proposta de Emenda


à Constituição – 534/02 (PEC 534/02), não é a melhor resposta para o problema da
violência no País.

Considerando-se o título - “A recriação da Guarda Nacional: avanço ou


retrocesso?”, procurou-se levantar as seguintes variáveis:

Variável I – a necessidade de segurança da população brasileira;

Variável II – as FA no combate aos ilícitos de toda natureza e;

Variável III – as pressões políticas para implantação do projeto de pesquisa


que orientou a realização deste trabalho.
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Metodologicamente, o trabalho foi desenvolvido com base em pesquisa


bibliográfica, documental e de campo, compreendendo as seguintes técnicas: estudo
exploratório, baseando-se no que já foi realizado nas missões de Garantia da Lei e
da Ordem no Exército Brasileiro; o método será comparativo, levando-se em conta o
que existe nos Exércitos da Argentina, Chile, Estados Unidos, Portugal e da
Venezuela;

Para tanto, foram dados os seguintes passos: levantamento da bibliografia e de


documentos pertinentes e sua posterior seleção; leitura da bibliografia e dos
documentos selecionados; pesquisa de levantamento de dados, por intermédio de
entrevistas direcionadas a profissionais que possuam notório conhecimento do
referido assunto, particularmente com relação à Guarda Nacional; montagem de
arquivos: ocasião em que foram elaboradas as fichas bibliográficas de citações,
resumos e análises; análise crítica das informações obtidas e consolidação das
questões de estudo.

A coleta de material foi realizada por meio de consultas às bibliotecas da


Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Foram ainda consultados manuais e publicações do Exército Brasileiro,
do Instituto de Historia e Geografia Militar e de instituições estrangeiras
especializadas no assunto, além da rede mundial de computadores e de obras
consagradas das literaturas nacional e internacional.

Quanto ao direcionamento ao público-alvo, além da entrevista com o Gen


Macedo, Chefe do Estado-Maior do CML, foram consultados diversos oficiais
diretamente envolvidos nas últimas Operações de Garantia da Lei e da Ordem,
consultados órgãos de assessoramento, tais como o COTER e a assessoria
parlamentar do Gabinete do Comandante do Exército que atuam diretamente neste
debate. Ainda foram enviados formulários para os oficiais das nações amigas a fim
de se levantar dados sobre as guardas nacionais de seus países.

Neste trabalho, organizado em 8 (oito) capítulos, buscou-se inicialmente


realizar um referencial conceitual, fundamental para este trabalho. No segundo
capítulo, discorre-se sobre a Guarda Nacional brasileira no passado, na busca de
um melhor entendimento dessa instituição, o momento político de sua criação e
reflexos da sua adoção para a sociedade brasileira. No capítulo terceiro, foram
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analisados a ordem mundial vigente e seus reflexos para as Forças Armadas dos
países periféricos. A questão da violência urbana e a crise dos órgãos de segurança
pública também formam objetos de estudos no capítulo seguinte com vista a
embasar a necessidade de reformas imediatas no sistema de segurança pública do
país, relacionando-as com o escopo deste trabalho.

3 RESULTADOS
Nesta seção serão apresentados e analisados os resultados obtidos na etapa
de coleta dos dados da investigação, procurando integrar a pesquisa bibliográfica e
a documental.
Em um primeiro momento, observou-se que no passado brasileiro, a Guarda
Nacional foi uma instituição criada em dos momentos mais críticos do país, após a
abdicação de D Pedro I. Naquela oportunidade, o país mergulhou em uma crise,
culminando no ato institucional de 1831, que originou a Guarda Nacional e o período
regencial.
Observou-se que a Guarda Nacional apesar de ter permitido que a integridade
nacional fosse mantida não seguindo o exemplo da América espanhola, a sua
existência significou um contraponto ao próprio Exército totalmente politizado e
simpático à política de D Pedro I.
A eficiência da Guarda Nacional foi colocada a prova por ocasião dos conflitos
externos no cone sul do país. Uma instituição criada com base no poder municipal
com recursos privados deu mostras de fraquezas diante de um conflito tão
prolongado como foi a Guerra da Tríplice Aliança.
A experiência de outros países demostrou que as suas Guardas Nacionais se
constituem em um obstáculo ao emprego das FA em defesa interna de seus países.
No tocante à escalada da violência no país particularmente nos grandes
centros urbanos verificou-se o problema é endêmico e crescente na medida em que
as populações dos grandes centros urbanos aumentam. As conseqüências são as
mais diversas desde a fuga de investimentos até a perda de capital humano, ou seja
a redução da população economicamente ativa.
Ao se estudar com maior profundidade esta questão chega-se à simples
conclusão de que é impossível dissociar a violência de seus aspectos sociais,
econômicos e culturais
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Atualmente, as sucessivas ações do crime organizado e do narcotráfico,


potencializados pelas diferenças sociais, correlacionados com outros delitos e o
atual estado das polícias estaduais, possibilitam que não somente os governantes,
em todas as esferas, mas a população organizada busque nas Forças Armadas a
solução para o problema da violência; decorrência do estado de desmando da
segurança pública, pois um problema que poderia ser resolvido com a simples
atuação do poder público em importantes setores como saúde, educação e
emprego, passa a ser uma questão de segurança pública.

A solução para o problema da violência está mais para os investimentos da


área social, com a reforma das estruturas existentes. Na realidade, um país com as
características e dimensões do Brasil possui órgãos em quantidade e qualidade
suficientes para a solução dos problemas nacionais.

4 DISCUSSÃO
Este tópico se destina apresentar as relações existentes entre os dados
coletados no referido trabalho.
Para o perfeito entendimento das relações apresentadas, muito interessa a
perfeita compreensão do que é de fato um Estado de Direito e a sua real capacidade
de empregar todos seus recursos para a manutenção da ordem interna.
Como ensinamento prático, tanto indivíduos, quanto instituições não devem
descuidar na construção de sua imagem, baseados em índices de aprovação e
credibilidade altos momentâneos, ainda que recorrentes por um longo período, pois
a mudança de comportamento dessa nova sociedade está cada vez mais instável.
Por exemplo, as pesquisas de opinião que indicam um alto grau de confiabilidade e
confiança nas Forças Armadas, ainda que apontem uma solidificação da imagem
positiva perante a sociedade brasileira, devem ser entendidas como um retrato
temporal, de forma que se deva ter um olhar no presente e uma visão no futuro
perene na construção dessa imagem.

Apesar do quadro pessimista, percebe-se no caso brasileiro que antigos


rancores não têm o mesmo entendimento do passado, diferentemente de outros
países que tiveram regimes autoritários semelhantes ao do Brasil, como Argentina e
1

Chile, países que mantém vivos ressentimentos impedindo que as suas próprias FA
atuem em Op de Defesa Interna.
Para o emprego mais eficiente das FA nas Op de GLO seria necessário uma
destinação maior de recursos a fim de permitir o adestramento adequado para este
tipo de missão. Bem verdade que a criação de Centro de Instrução de Op GLO e a
adequação da 11ª Brigada de Infantaria Leve em uma Grande Unidade
especializada em Op desse tipo significa uma resposta à altura do Exército ao sério
problema da violência.
A realidade das Forças Armadas passa pelo seu restrito orçamento, o que faz
com que projetos considerados estratégicos sejam deixados de lado em detrimento
de outras prioridades. Com 90% de seus orçamentos comprometidos com despesas
de pessoal, projetos como: projeto FX, que significa a modernização da Força
Aérea, a nova família de blindados, o submarino nuclear dentre outros, são
postergados para um futuro ainda indefinido.

5 CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho, buscou-se mostrar a complexidade da realidade


brasileira sob o ponto de vista da violência urbana, do sistema de segurança pública,
os efeitos da globalização, das repercussões para as FA dos países periféricos , os
principais conceitos decorrentes de um Estado de Direito e a atuação das FA
brasileiras neste complexo contexto.
O cerne do presente trabalho concentrou-se, pois, em formular hipóteses que
justificassem, ou não, a criação de uma Instituição aos moldes do previsto na
Proposta de Emenda à constituição 534/02, recorrendo a uma extensa bibliografia
disponível não só no que diz respeito às atividades de cunho eminentemente militar,
mas, sobretudo, da literatura civil, de modo a dar um novo enfoque para os
problemas formulados, observando-se, simultaneamente, as conseqüências para a
expressão militar do Poder Nacional decorrente dessas mudanças.
Com efeito, a justificativa para que tal metodologia priorizasse o
conhecimento científico a partir da vasta literatura consultada no meio acadêmico
civil se deve ao fato de que a própria natureza das ações de se criar uma nova
estrutura política no Brasil são amplamente vocacionadas para o contato com o
1

segmento civil da sociedade, embora não se minimize a importância dessas ações


para público – interno militar, bem como das Forças Inimigas combatentes.
O tema do referente trabalho é sobre a recriação de uma Guarda Nacional, o
que norteou este autor no sentido de se verificar os conceitos pertinentes à própria
razão de ser do Estado que em suma seria o bem servir a sociedade, o que, de
certa forma, balizaram as conclusões ora apresentadas.
Nesse contexto,buscou-se fazer um paralelo entre o que acontece na rotina
das FA, particularmente quanto ao seu emprego em Op GLO, e a real necessidade
de se criar uma nova estrutura para dar cabo a escalada da violência, e outras
missões vistas não satisfatórias pela população brasileira.

6. PROPOSTA
Em síntese, o que realmente significaria as propostas apresentadas são as
seguintes:

Uma reforma mais ampla do Estado se faz necessária. Uma reforma


abrangente, que de fato atenda às expectativas da sociedade que vive encurralada
dentro de suas casas, com medo de si mesmo. Uma reforma de todo o sistema
legal, passando pelo complexo e arcaico arcabouço jurídico, pelo sistema prisional
até a formação dos recursos humanos diretamente envolvidos na segurança pública.

A criação de novos artifícios jurídicos no sentido de dar a necessária proteção


aos militares envolvidos nas Op de GLO, evitando-se experiências desagradáveis
do passado.

Diante do quadro de insuficiência, incompetência e inexistência dos órgãos de


segurança pública dos estados, as FA quando empregadas deveriam receber
recursos do Fundo Nacional de segurança Pública a fim de evitar a utilizacão de
seus recursos para atividades que não se destinam à defesa externa.

7. RECOMENDAÇÕES
Sendo então apresentadas as conclusões deste trabalho, é possível delinear
recomendações de outras pesquisas sobre o tema. Assim, os campos propostos
para futuras pesquisas são: maiores investimentos na área social em detrimento da
criação de um novo órgão nos atuais moldes da Proposta de Emenda Constitucional
1

que cria a Guarda Nacional. O esforço centralizado no sentido de se reduzir os


atuais níveis da violência do país. Estabelecimento de novos estamentos jurídicos
no sentido de se reduzir os riscos para os integrantes das FA por ocasião do seu
emprego em Op GLO.

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