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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – UNESA

CURSO SUPERIOR DE TECNÓLOGO EM SEGURANÇA PÚBLICA – CSTSP

LUCAS RANGEL COSME DA SILVA

O DÉFICIT DO SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL:


DA AUSÊNCIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS AO IMPULSIONAMENTO
DOS ÍNDICES DE CRIMINALIDADE

Projeto de Pesquisa a ser apresentado à Banca do


Exame do Curso Superior de Tecnólogo em
Segurança Pública da Universidade Estácio de Sá –
CSTSP/UNESA, como requisito parcial para
aprovação na disciplina de Prática de Pesquisa em
Segurança Pública.

ORIENTADOR

PROFESSORA ALESSANDRA FAVERO DEL VECCHIO.

Rio de Janeiro – RJ
Maio de 2023.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 2

2. OBJETIVOS 3

2.1 OBJETIVO GERAL 3

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 3

3. JUSTIFICATIVA 4

4. REVISÃO TEÓRICA 4

5. METODOLOGIA 7

6. CRONOGRAMA 8

7. REFERÊNCIAS 9
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1. INTRODUÇÃO

O presente pré-projeto visa abordar o déficit do sistema de segurança pública no


Brasil, de modo a demonstrar como a ausência de políticas públicas corrobora para
impulsionar os índices da criminalidade em todo o território nacional.
A segurança pública no Brasil é matéria constitucional, sendo atrelado ao Estado
o dever de dispor de mecanismos capazes de materializar um eficiente controle social, uma
vez que os índices de práticas ilícitas colocam em voga o detrimento de uma série de bens
jurídicos protegidos pelo sistema pátrio criminal. Desta forma, se atrela como uma das
atividades da Administração Pública federal e estadual, o dever de dispor de órgãos de
segurança pública que possam alcançar os interesses públicos do Estado para com a ordem
pública.
Compete aos órgãos de segurança públicas as ações preventivas e repressivas,
administradas por meio do denominado poder de polícia, de modo que se possa alcançar a
mitigação dos ilícitos e, consequentemente, um controle efetivo da ordem pública. A figura do
Estado emergiu com este dever, o que promover uma maior segurança jurídicas para os pactos
coletivos fincados nas bases das sociedades, inclusive, o de manutenção da ordem pública.
O dever de prover segurança pública é prioritário do Estado, por ele titularizado,
ainda que se admita a participação de órgão particulares como apoio e da própria sociedade de
forma colaborativa. Não se trata de uma atribuição facultativa, mas sim obrigatória, a inércia
estatal diante do cumprimento efetivo deste mandamento constitucional acaba por
vulnerabilizar toda a sociedade, colocando em risco direitos e garantias, humanos e
fundamentais, bem como os bens jurídicos tutelados pelo sistema pátrio.
Apesar dos esforços normativos, o cenário da segurança pública no Brasil
apresenta alta preocupação, decorrente de uma exponencial insuficiência das forças de
segurança pública para conter os elevados índices de violências no país. Na contramão dos
objetivos constitucionais, o país caminha à beira de um abismo sistêmico, cada dia mais,
ampliando os índices de ilícitos registrados em todo o país.
A gravidade da insegurança afeta a toda ordem sociojurídica, até mesmos, os
agentes públicos da segurança nacional, havendo uma clara constatação de uma guerra
preestabelecida entre criminosos e forças de segurança pública. Notoriamente, há uma breve
percepção de que o Estado esteve perdendo o controle do contingenciamento da
criminalidade. Por outro lado, há uma clara constatação da ausência de políticas públicas
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voltadas à prevenção. As discrepâncias existentes entre os objetivos normativos e a realidade


da segurança pública no Brasil acabam evidenciando ainda mais os problemas sociopolíticos
do país, sendo alguns deles, os impulsionadores dos índices de práticas ilícitas.
O problema que se pretende investigar é: Quais as medidas cabíveis para reverter
o déficit de segurança pública no Brasil?

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo primário da pesquisa é o de analisar o déficit de segurança pública no


Brasil, demonstrando os índices de criminalidade como uma consequência da ausência de
políticas públicas e indicar medidas cabíveis.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Contextualizar a segurança pública sob o prisma constitucional do dever


estatal, demonstrando os objetivos atrelado à manutenção da ordem pública;

● Discorrer sobre o mecanismo de políticas públicas como um fato capaz de


produzir benesses ao sistema de segurança pública e ordem pública;

● Analisar o atual cenário da segurança pública no brasil, traçando uma análise


das atuais estatísticas que evidenciem o déficit de tal sistema e os prejuízos
decorrentes;

● Apontar possíveis medidas cabíveis para se reverter o problema da segurança


pública no brasil.
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3. JUSTIFICATIVA

Socialmente, a pesquisa se justifica pela atualidade e relevância do tema, se


tratando de um problema que afeta negativamente toda a ordem sociojurídica, uma vez que
detrime os objetivos constitucionais e prejudicam os direitos e garantias constitucionalizados.
Academicamente, a pesquisa se justifica pela necessidade de se capacitar os discentes do
curso de Segurança Pública a analisarem problemas reais do seu campo de formação,
construindo conhecimentos que possam enriquecer toda a comunidade – acadêmica e
profissional.

4. REVISÃO TEÓRICA

O constitucionalismo de 1988 trouxe uma priorização para o Estado Democrático


de Direito, sendo essa a incumbência de dispor de meios capazes de conceder, manter e
preservar todos os direitos e garantias assegurados pelas normas vigentes, principalmente, os
bens jurídicos, como vida, integridade, patrimônio e outros, que são tutelados pelo Estado e
seu sistema jurídico (MORAES, 2020).
Como objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, se elencou, no
art. 3º, inciso III, o objetivo de erradicar a pobreza e a marginalização, de modo a reduzir as
desigualdades sociais. Já no caput, do art. 5º, a Constituição Federal de 1988 (CF88), trouxe a
previsão de igualdade entre os povos, assegurando como direitos humanos e fundamentais, os
seguintes: a vida, a segurança, a liberdade, a igualdade e a propriedade (BRASIL, 1988).
No texto normativo da CF88, a segurança pública é trabalhada no art. 144, caput e
demais dispositivos subsequentes, destacando o legislador que a segurança pública é um dever
do Estado, bem como um direito e uma responsabilidade de todos, devendo ela ser exercida
em prol da preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio
(BRASIL, 1988). De acordo com Alexandre e Deus (2015), a segurança pública é dever do
Estado, sendo que tal atribuição é indelegável. Ou seja, o responsável legal pelo provimento
da segurança pública é o Estado, que, por meio da Administração Pública, deve se munir de
mecanismos e meios para o alcance da preservação da ordem pública (ROSSI, 2020).
Como destacado por Emerique e Pereira (2016), há uma interdependência entre a
paz, a democracia e a segurança pública, uma vez que os dois primeiros dependem da atuação
eficiente do último. A eficiência é um requisito indispensável para as atividades
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administrativas da segurança pública, uma vez que a manutenção da ordem pública e a


preservação de todos os objetivos do Estado depende dos resultados por ela produzidos.
Para materializar suas obrigações e alcançar os interesses públicos que dependem
da sua atuação positiva ou negativa, o Estado, por meio da descentralização do poder público
e da autonomia entre seus entes federalizados – União, Estados e Distrito Federal –, dispõe da
Administração Pública para concretizar os mandamentos constitucionais (DI PIETRO, 2020).
Por vez, a Administração Pública pode ser compreendida como sendo um
conjunto de órgãos, agentes, serviços e entidades vinculadas ao Estado, de forma direta ou
indireta, incumbidos de gerir os interesses públicos estatais, a exemplo da educação, saúde,
cultura e da própria segurança pública (ROSSI, 2020). Os denominados órgãos de segurança
pública são vinculados à Administração Pública direta, uma vez que se trata de uma atribuição
do Estado impassível de delegação à órgãos privados e subsidiários (AGRA, 2018).
Os órgãos de segurança pública são descritos pela própria CF88, em seu art. 144 e
respectivos incisos – sob o encargo da União, dos Estados e do Distrito Federal –, sendo eles:
a polícia federal (I); a polícia rodoviária federal (II); a polícia ferroviária federal (III); as
polícias civis (IV); as polícias militares e corpos de bombeiros militares (V); e as polícias
penais federal, estadual e distrital (BRASIL, 1988).
É conferido ao Estado uma limitação quando ao seu poder de punir, mas dada a
liberdade para autuar, dentro dos liames legais, de forma ativa no controle da ordem pública,
por meio do uso de seu poder de polícia, o qual pode ser conceituado pelas palavras emitidas
por Agra (2018, p. 735), como sendo:

[...] a atividade administrativa que tem a função de disciplinar as atividades


desenvolvidas pelos particulares com o objetivo de resguardar o bem-comum. Expõe
o Código Tributário Nacional, no seu art. 78, que o poder de polícia é toda atividade,
preventiva ou repressiva, exercida pela Administração com a finalidade de
regulamentar o exercício dos direitos individuais, compatibilizando-os com o
exercício de outros direitos.

Compete à polícia administrativa a função de prevenção e ostensividade da


segurança pública, sendo ela desempenhada pelas polícias militares, nos âmbitos federal e
estadual. Já no que cerne à polícia judiciária, esta desempenha a função repressiva, de
investigação. Ambas as funções do poder de polícia atuam em prol do controle da ordem
pública (AGRA, 2018). De forma de direta, a prevenção e ostensividade exercida pela polícia
administrativa acaba lidando diretamente com os altos riscos da segurança pública, assumindo
uma missão ainda mais relevante para o alcance dos idealismos de controle e paz social,
sendo estes objetivos intrínsecos da própria criação do Estado, em sua representatividade
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abstrata.
A conservação da ordem pública e a manutenção do ideal de equilíbrio a ela
atrelado, depende diretamente do desempenho da segurança pública, o qual deve ser efetivado
pelos órgãos da atividade administrativa direta do Estado. A paz, a preservação dos direitos –
humanos e fundamentais –, bem como da própria democracia, dependem diretamente do
equilíbrio da ordem pública, que deve ser alcançado pelo desempenho da função de controle
social (EMERIQUE; PEREIRA, 2016).
Para que o Estado alcance seus objetivos e cumpra com a manutenção dos
interesses públicos, o Constituinte dispôs do mecanismo de políticas públicas. Em diversos
dispositivos da CF88, as políticas públicas são apresentadas como prerrogativas facultadas ao
Estado, para que este possa desempenhar as suas incumbências e alcançar os resultados
esperados. De acordo com Tavares (2020), as políticas públicas são competências legislativas
do Estado, capazes de promover o alcance dos interesses públicos e, consequentemente,
materializar a justiça, a paz, a ordem e o pleno equilíbrio social.
No Brasil, quando o tema é segurança pública, em todos os seus níveis de
abrangência – preventivo, ostensivo e repressivo –, diversos estudos apontam para a
insuficiência de políticas, políticas. Fato este que implica na falência do sistema de segurança
pública no país, uma vez que os índices de violências aumentam progressivamente
(MENDES, 2016). Há, portanto, o reconhecimento de um déficit sistemático no
enfrentamento das condutas que violam a ordem pública, quer seja diante das medidas de
prevenção que não surtem os resultados esperados, quer seja pelo excesso de medidas
repressivas, atestado pelo próprio encarceramento em massa.
É justamente sobre a perspectiva do déficit do sistema de segurança pública
nacional que a pesquisa final terá por incumbência a análise da ineficiência das políticas
públicas, de modo a justificar a elevação exacerbada dos índices de criminalidade do país,
atestando assim se tal cenário justifica a afirmativa de déficit do controle efetivo da ordem
social.
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5. METODOLOGIA

De acordo com o entendimento de Marconi e Lakatos (2017), toda pesquisa


científica deve predefinir os procedimentos metodológicos que irão conduzir os seus
processos de investigação. Para isso, é preciso levar em consideração os objetivos vinculados
com a pesquisa, bem como o problema a ser investigado e os resultados esperados pelo
pesquisador.
Esta pesquisa fará uso das metodologias de revisão bibliográfica e análise
documental para fundamentar os seus resultados com base em estudos científicos, livros,
legislações e dados estatísticos que versem sobre o tema. Se utilizará ainda do método
hipotético-dedutivo para estabelecer um diálogo crítico em confronto com os resultados
encontrados, construído pelo autor. Se tratará de uma pesquisa de abordagem quanti-
qualitativa, de natureza básica, com objetivos exploratórios e descritivos, e de procedimentos
bibliográfico e documental.
Os estudos científicos serão buscados nas bases de dados do Google Acadêmico e
Scielo, com publicação entre os anos de 2017 e 2022, no idioma português e com recorte
temático. Na ausência de um desses critérios, os estudos serão automaticamente excluídos do
apreço desta pesquisa. As legislações e dados estatísticos serão buscados em sites legais e
seguros, tais como o Planalto, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e outros atinente.
Para que haja um melhor aproveitamento dos materiais a serem selecionados para
compor a fundamentação da pesquisa, se aplicará as técnicas procedimentais de fichamento e
resumo, de modo a afunilar os resultados que serão extraídos de tais materiais, coletando
aqueles que agregarão mais valor aos resultados finais da pesquisa.
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6. CRONOGRAMA

J J A S O N D J F M A M
MESES 2022/2023 PROJETO / 2022/2023 TCC
FINAL
.. .. . . . . . . . .
Obtenção de créditos de disciplinas . . . . . . . .

Levantamentos de dados, revisão bibliográfica, análise . . . . .


de material bibliográfico. . . . . .

. .
Análise e organização dos dados coletados e . .
construção dos primeiros textos já objetivando
estruturar o TCC.
. . .
Redação do TCC. . . .

. . .
Revisão do TCC. . . .

. .
Editoração eletrônica, reprodução, encadernação e . .
apresentação da monografia.

.
Apresentação do TCC. .
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7. REFERÊNCIAS

AGRA, Walber de Moura. Curso de direito constitucional. 9. ed. Belo Horizonte: Fórum,
2018.
ALEXANDRE, Ricardo; DEUS, João de. Direito administrativo esquematizado. 1. ed. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 10
mai. 2023.
DI PIETRO, Maria Sylvia Z. Direito administrativo. 33. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
EMERIQUE, Lilian Balmant; PEREIRA, Mariana Musse. A interdependência entre paz,
democracia e direitos humanos na construção da segurança pública. Direito & Paz | São
Paulo, SP - Lorena | Ano XVIII | n. 34 | p. 174 - 191 | 1º Semestre, 2016.
MENDES, Kíssila Teixeira. Segurança pública e lógica neoliberal: a realidade brasileira.
UNICAMP, v. 7, n. 1, (2016), p. 203-226. Disponível em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ideias/article/view/8649517/16072. Acesso
em: 10 mai. 2023.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 36. ed. São Paulo: Atlas, 2020.
ROSSI, Licínia. Manual de direito administrativo. 6. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 18. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020.

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