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INSTITUTO FEDERAL DE BRASÍLIA – IFB


FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ABERTA DO DISTRITO FEDERAL – FUNAB
ESCOLA SUPERIOR DE POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL – ESPC

ESPECIALIZAÇÃO LATU SENSU EM SEGURANÇA PÚBLICA, COM ÊNFASE


EM FORMAÇÃO DE TUTORES, PRECEPTORES E EM PESQUISA PARA O
DISTRITO FEDERAL E ENTORNO

A IMPORTÂNCIA DO USO DA CRIMINOLOGIA AMBIENTAL


PELA POLÍCIA OSTENSIVA

Autor: XXXXXXXXXXXXXXX
Orientadora: XXXXXXXXXXXXXXXX
Coorientadora: XXXXXXXXXXXXXXXX

Brasília/DF
2023
1

INSTITUTO FEDERAL DE BRASÍLIA – IFB


FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ABERTA DO DISTRITO FEDERAL – FUNAB
ESCOLA SUPERIOR DE POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL – ESPC

A IMPORTÂNCIA DO USO DA CRIMINOLOGIA AMBIENTAL


PELA POLÍCIA OSTENSIVA

Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação


Lato Sensu em Segurança Pública, com ênfase em
formação de tutores, preceptores e em pesquisa
para o Distrito Federal e Entorno como requisito
parcial para a obtenção do título em Especialista
em Segurança Pública.

Autor: XXXXXXXXXXXXXXX
Orientadora: XXXXXXXXXXXXXXXX
Coorientadora: XXXXXXXXXXXXXXXX

Brasília/DF
2023
2

A IMPORTÂNCIA DO USO DA CRIMINOLOGIA AMBIENTAL


PELA POLÍCIA OSTENSIVA

Nome do autor do artigo, aluno


Orientadora xxxxxxxxxxxxxxxx, do IFB**
Orientadora xxxxxxxxxxxxxxxx, do da ESPC*
* Escola Superior de Polícia Civil do Distrito Federal
** Instituto Federal de Brasília

RESUMO

O presente artigo objetivou discutir a importância da criminologia ambiental no controle da


criminalidade realizado pela polícia ostensiva. Para tanto, expõe os tipos de polícia existente
no ordenamento jurídico brasileiro, dando ênfase à polícia ostensiva; aborda os meios do qual
a polícia militar pode se valer para a prevenção criminal; explica a importância da
criminologia para a compreensão e combate à criminalidade; e analisa a importância da
criminologia ambiental no enfrentamento à criminalidade. Trata-se de um estudo exploratório
que objetiva apresentar uma pesquisa bibliográfica com vistas a conhecer os pensamentos de
alguns autores que estudam a criminologia ambiental, sendo o estudo operacionalizado a
partir da leitura e interpretação de materiais já publicados em legislações e doutrinas. Ao final
do estudo foi possível concluir que o estudo da criminologia ambiental se mostra importante
na prevenção da criminalidade tendo em vista que como é de conhecimento, as cidades são
constituídas por processos quotidianos de interações sociais e econômicas, e, nesse contexto, a
forma de planejar, construir e reconstruir as cidades pode interferir nesse processo e
potencializar o crime.

Palavras-chave: Criminalidade. Prevenção. Polícia ostensiva. Teorias criminológicas.


Criminologia ambiental.

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, houve profunda modificação em dois paradigmas conectados à


Segurança Pública, sendo esta consagrada como direito e garantia fundamental, e também
como direito social, previsto na Carta Magna de 1988.
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A primeira mudança refere-se ao desenvolvimento do conceito, denominado de ordem


pública, que em sua acepção apresenta-se muito mais amplo e eficiente do que a tradicional
interpretação dada à Segurança Pública. A ordem pública se constitui, em linhas gerais, como
uma garantia a ser ofertada aos cidadãos, cuja formação está baseada nos elementos da
tranquilidade pública, salubridade pública, segurança pública e dignidade da pessoa humana
(MARCINEIRO, 2009).
Vê-se que a segurança, notadamente mais visível pela face da longa manus1 policial do
Estado, representa um importante elemento de um conjunto muito maior, formado por um
elenco de políticas públicas multisetoriais que tanto privilegiam, quanto contemplam a
prevenção primária à violência como meio mais eficiente e duradouro de alcance da paz
social (SANTÍN, 2004).
Embora haja a inexistência de soluções instantâneas, ao menos comprovadamente
eficazes, que sejam capazes de fazer frente a todos os problemas decorrentes da violência e da
insegurança, existe a possibilidade da construção de produtivos caminhos, em busca de
soluções conjuntas, entre a sociedade e o Estado, que promovam a redução e o controle da
criminalidade que tanto afeta aos brasileiros, como é o caso do estudo da criminologia,
visando conhecer o perfil dos criminosos bem como os fatores que impactam o crescimento
da criminalidade.
Feitas estas pontuações iniciais, o presente estudo objetivou discutir a importância da
criminologia ambiental no controle da criminalidade realizado pela polícia ostensiva.
Trata-se de um estudo exploratório que objetiva apresentar uma pesquisa bibliográfica
com vistas a conhecer os pensamentos de alguns autores que estudam a criminologia
ambiental, sendo esta pesquisa operacionalizada a partir da leitura e interpretação de materiais
já publicados em legislações e doutrinas.

2 TIPOS DE POLÍCIA

A segurança pública é ao mesmo tempo reflexo e consequência do desenvolvimento


do Estado. Os problemas vivenciados pela sociedade, a exemplo da precariedade e ausência
de educação, saúde, moradia e trabalho para todos, bem como a demanda por uma estrutura
familiar organizada tem reflexo diretamente nessa atividade estatal. Depende,
concomitantemente, de uma atuação estatal positiva, que resguarde plenas e efetivas

1
Significado: “mãos longas”. Disponível em: https://vademecumbrasil.com.br/palavra/ longa-manus. Acesso
em: 10 Janeiro 2023.
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condições para que os direitos sociais sejam exercidos, além de uma atuação negativa, que
consiste na não violação do direito à vida, liberdade e à propriedade (MALAQUIAS, 2021).
A segurança pública reúne as diversas dimensões dos direitos fundamentais, mas pode
ser caracterizada principalmente pela dimensão que dispõe sobre o direito à paz, por estar
neste direito o fim que se busca alcançar com a segurança pública. Isto porque esta, além de
ser um valor supremo, é também um direito fundamental de terceira dimensão/geração e um
“supremo direito da humanidade”2.
Verificam-se da análise do art. 144 da CRFB/1988, que há seis modalidades de
polícia, a saber: “polícia ostensiva, polícia de investigação, polícia judiciária, polícia de
fronteiras, polícia marítima e polícia aeroportuária” (BRASIL, 1988, s.p.) , sem contar com
algumas espécies de atividades policiais (se é que se pode chamar assim) menos amplas,
como a da guarda do patrimônio municipal (§ 8º do art. 144 da CRFB/1988), bem como a
recentemente incluída no texto constitucional, pela Emenda Constitucional 82, de 2014,
polícia de segurança viária (§ 10 do art. 144 da CRFB/1988), que, na verdade, é uma
modalidade de polícia ostensiva. Interessa a este trabalho a atividade da polícia ostensiva.
A função da polícia ostensiva é a de prevenir e reprimir de pronto a prática de delitos.
O policiamento ostensivo é realizado por policiais uniformizados, ou por força policial que
possa ser imediatamente reconhecida por algum equipamento do qual faz uso ou viatura. O
objetivo, nos termos do art. 144, § 5º da CRFB/1988 é explicitar “a presença policial nas ruas,
dando azo à percepção de que a prática de crimes será prontamente reprimida” (BRASIL,
1988, s.p.) – o que de certa forma exerce um efeito preventivo na criminalidade. Em geral, a
atividade de polícia ostensiva é exercida pelas polícias militares estaduais3.
A força de segurança tem a competência constitucional de prevenção da criminalidade
e, desta forma, deve utilizar-se da função de vigilância para evitar que se violem os limites da
lei e os demais atos institucionais das autoridades administrativas para a defesa da ordem
interna e a preservação dos direitos individuais e a manutenção da legalidade democrática.
Nesse sentido, lecionam Canotilho e Moreira:
2
Caso adote-se o entendimento de que o direito à paz é de quinta dimensão, o direito à segurança pública
também será de quinta dimensão.
3
De acordo com o art. 2º, n. 27, do Decreto 88.777/83, que aprova o regulamento para as polícias militares e
corpos de bombeiros militares (R-200): “Policiamento Ostensivo” pode ser definido como a “ação policial,
exclusiva das Polícias Militares em cujo emprego o homem ou a fração de tropa engajados sejam identificados
de relance, quer pela farda quer pelo equipamento, ou viatura, objetivando a manutenção da ordem pública. São
tipos desse policiamento, a cargo das Polícias Militares ressalvadas as missões peculiares das Forças Armadas,
os seguintes: ostensivo geral, urbano e rural; de trânsito; florestal e de mananciais; rodoviária e ferroviário, nas
estradas estaduais; portuário; fluvial e lacustre; de radiopatrulha terrestre e aérea; de segurança externa dos
estabelecimentos penais do Estado; outros, fixados em legislação da Unidade Federativa, ouvido o Estado-Maior
do Exército através da Inspetoria-Geral das Polícias Militares” (HAGEN, Acácia Maduro. As classificações do
trabalho policial. Revista de Estudos Criminais, v. 6, n. 22, abr./jun. 2006).
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O exercício de qualquer direito não pode funcionar como limite dos direitos dos
outros. Todos temos o direito a circular na via pública – a pé, com veículo (etc.) –
mas este direito não pode implicar a restrição total do direito de liberdade de
circulação dos demais cidadãos, o que implica uma acção de vigilância sobre os que
circulam na via pública de modo a que estes não ponham em causa as normas que
regulamentam o direito de circulação, a legalidade do próprio acto e os direitos de
todos os demais cidadãos (CANOTILHO; MOREIRA, 2011, p. 956).

Prosseguem afirmando que se trata de um ato de vigilância preventiva, quando


proativa e repressiva, quando reativa, sendo que polícia ostensiva tem o dever de prevenir
todas as espécies de delitos, notadamente os ilícitos criminais, por intermédio de medidas
adequadas que visem a suplantar as infrações penais, protegendo os indivíduos e seus bens,
efetuando rotinas de policiamento ostensivo que restrinjam a ocorrência de irregularidades e
que também possam garantir o exercício dos direitos e das liberdades dos cidadãos
(CANOTILHO; MOREIRA, 2011).
Também, é comum que se atribua às polícias militares estaduais a função de “polícia
de choque”, ou seja, esta é uma polícia que é empregada no controle de movimentos
violentos, que demandam a presença policial e rebeliões. No entanto, a regra geral é que as
polícias militares têm batalhões específicos que ficam encarregados do desempenho dessa
tarefa. São batalhões que atuam em eventos de maior magnitude, em reforço aos batalhões
locais. Esta atividade se subsume à hipótese cuja previsão encontra-se no § 5º do art. 144 da
CRFB/1988.
O patrulhamento ostensivo realizado nas rodovias e ferrovias federais é de
competência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) (art. 144, § 2º da CRFB/1988) e da Polícia
Ferroviária Federal (PFF) (art. 144, § 3º da CRFB/1988), respectivamente. Portanto é possível
observar que o policiamento ostensivo não cabe somente aos órgãos policiais militares. A
PRF também é civil e atua uniformizada, assim como também ocorre, quando de sua efetiva
instituição, com a PFF.
Explicado o policiamento ostensivo, passa-se à seguir a abordar sobre a prevenção
criminal e os fatores a ela relacionados, antes que se adentre na abordagem sobre a
criminologia ambiental.
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3 DA PREVENÇÃO CRIMINAL

A legislação repressora molda os limites da polícia na área da contenção dos crimes. O


Codex Penal estabelece as circunstâncias em que determinada conduta é considerada “crime”,
e estabelece as penas cabíveis aos agentes.
Assim sendo, são considerados crimes aquelas ações cuja natureza é de tal forma
socialmente reprovável, que se exige a intervenção do Jus Puniendi, mediante a cominação de
sanções que podem privar o indivíduo de sua liberdade, além de outras sanções surgidas no
evoluir da sociedade, como as penas restritivas de direito, multas pecuniárias etc. (FREITAS;
TEIXEIRA, 2014).
Estas ideias – apesar de lógicas e claras – são de acentuada relevância no se propõe ao
desenvolvimento de um determinado padrão de policiamento em específica amostra social e
espacial.
Dadas as particularidades e características das amostras geográficas e sociais, as
técnicas de prevenção não devem ser receitas preestabelecidas, mas sim medidas concebidas
especificamente para combater o problema apresentado.
A prevenção criminal, diante de tais complexidades, exige uma abordagem sobre os
elementos que desencadeiam as condutas criminosas e opunctum saliens crucial é detalhar o
modo de intervenção mais eficiente (DIAS NETO, 2000).
A intervenção policial lato sensu – em sua função fim e nas novas frentes sociais de
prevenção – devem ser dinâmicas, ao acompanhar a evolução das relações sociais e as
mudanças de comportamento humano em consonância com a lei positivada (FREITAS;
TEIXEIRA, 2014).
Para tanto, estudo analítico exauriente e política estratégica de intervenção devem ser
presentes nas pautas de atividades tanto de forma programática, nas abordagens de amplitude
geral, quanto nas formas específicas de combate ao crime em áreas determinadas.
Como alguns exemplos relativos às medidas policiais de prevenção e de controle,
citem-se: a política de monitoramento de tráfico de entorpecentes em áreas de fronteira, a
política de investigação em áreas de portos e aeroportos na ocorrência de crimes de tráfico de
pessoas e animais silvestres e a atuação nas áreas de tecnologia e ciberespaço em crimes de
pedofilia.
Dentre tantos mecanismos de aprimoramento da corporação policial podem ser
listados ainda: a inteligência estratégica, a contra-inteligência, o treinamento especializado de
crises, as simulações de resgate, a inclusão de policiais em áreas administrativas por
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distúrbios emocionais e funcionais, as noções de “policiamento comunitário” e “policiamento


orientado ao problema”.
A prevenção criminal inicia onde a Polícia desenvolve a função de ator principal e age
precipuamente na diminuição das chances para a consecução do crime, não desconsiderando a
potencial lesividade dos criminosos. Ao assim agir, agrega fatores evidentes de prevenção de
possíveis práticas marginais, podendo antecipar ações e abordagens para se diminuir
estatísticas (FREITAS; TEIXEIRA, 2014).
No desdobramento da prevenção, o mais importante está em instigar o cidadão,
especialmente aquele que se encontra em situação de risco – de suscetibilidade ao mundo do
crime – com iniciativas públicas de forma que estes não sejam recrutados pelo ambiente
criminoso.
Necessário, porquanto, para estes indivíduos, dispor de escolhas claras de cidadania e
acesso às atividades coletivas tais como esporte, lazer, ao primeiro emprego, à qualificação
profissional e ao entendimento de valor coletivo social.
Como se objetiva a atuação da prevenção, a escolha do indivíduo pelo mundo crime
deve ser freada antecipadamente pelos órgãos de segurança, pelos serviços sociais e pela
sociedade civil organizada, quebrando o círculo vicioso de recrutamento de jovens e de
excluídos pelos anos de descaso estatal (FREITAS; TEIXEIRA, 2014).
Assim sendo, a estrutura pública deve destinar programas que insiram-se os jovens e
os excluídos num meio social que empreenda o desenvolvimento humano mínimo. Assim, ao
se internalizar variáveis, o custo social da reinserção do elemento humano na estratificação
laboral é diluído, possibilitando avanços em setores infindáveis da sociedade.
Neste ponto, o resgate social e afeito aos que já se encontram no mundo do crime
exige uma necessária política ampla, contundente e inclusiva para a ressocialização e
encaminhamento dos excluídos para o ambiente comunitário produtivo, devolvendo-se
cidadania ampla e o mais irrestrita possível.
Entendida assim, a dinâmica própria das sociedades e a carência de uma abordagem
pluridisciplinar do dilema social, influencia o fenômeno crime, consequência esta que justifica
o uso de programas sociais sob coordenação da polícia educativa e o uso rotineiro dos
métodos de prevenção já suscitados (DIAS NETO, 2000).
A prevenção última deve ater-se ainda na atuação do Poder Judiciário por meio do
direito do Estado de executar a pena, acompanhado por um sistema penitenciário preocupado
com a reestruturação social do apenado e cumprimento constitucional da Lei de Execução
Penal nos presídios.
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3.1 A importância da atuação policial no âmbito local

No leque de possibilidades de enfoque comunitário, o policiamento se fulcra numa


filosofia operacional direcionada à repartição de responsabilidades entre a Polícia e os utentes
do serviço público no planejamento e implementação das políticas sociais de segurança
pública.
No entanto, caso não haja uma disposição da Polícia de ao menos tolerar a intervenção
dos cidadãos nas atividades policiais, o policiamento comunitário será compreendido como
“relações públicas” e o distanciamento entre a Polícia e a população será proporcionalmente
maior. Nesse caminho, a aplicação desta ferramenta se torna obsoleta, pois sem a participação
popular, no âmbito local, mostra-se impossível a execução de seus fins (MALACHIAS,
2021).
Contextualmente, a importância da Polícia, na ampla gama de atuação pode ser
estabelecida no entendimento Leal (2003, p.82): “os governos passam, as sociedades morrem,
a polícia é eterna”. De fato, não existe sociedade nem Estado que sejam dissociados da
Polícia, pois, por suas próprias origens, a sociedade demanda organização social, sendo o
policiamento indispensável para a sua manutenção.
Ao se tornar o primeiro dos filtros do sistema de segurança, o profissional policial,
sendo ele policial militar, oficial, escrivão, agente de Polícia, delegados, chefes de
investigação, autoridades policiais como um todo, precisa se especializar na legislação alhures
ao Direito Penal a fim de solucionar os problemas multifacetados que pululam no cotidiano
do serviço de segurança.
Não raro, casos sem a pertinência temática de atuação da segurança se apresentam
todos os dias em um distrito policial, havendo a responsabilidade do servidor em ter um
conhecimento mínimo das atividades/funções de outros órgãos administrativos do estado
estranhos ao trabalho policial.
Ressalte-se, outrossim, que além da desenvoltura de solucionar os problemas inerentes
à atividade policial, desde a lavratura de ocorrências de natureza não criminal,
encaminhamentos administrativos para a realização de perícias, visitas forenses, transporte de
presos à unidades prisionais, tantos outros serviços atípicos são aderidos à intervenção direta
ou indiretamente no serviço público de segurança.
Nesse contexto, é preciso que o policial não apenas exerça funções atípicas, como
também passe a ter a ideia de ser servidor público no exercício democrático do uso
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excepcional da violência como forma de garantir a incolumidade dos que assim se apresentam
em risco em seus bens tutelados.
A Polícia, no seu ideal de bem servir, tem por incumbência ser serena em sua
atividade, ponderada nas suas ações, onipresente e regularmente protetora dos bens tutelados,
zelando pela harmonia das comunidades, dos bons costumes, do bem-estar do povo e por sua
tranquilidade (DIAS NETO, 2000).
De outra forma não é possível que a Polícia, sendo órgão responsável por garantir a
incolumidade dos cidadãos, exercer suas funções sem se pautar pela legalidade e pela
observância dos direitos humanos como forma de resgatar a cidadania das pessoas menos
favorecidas.
Freitas e Teixeira (2014) entendem que a Polícia Cidadã, na filosofia comunitária, não
pode usurpar os limites das convenções socialmente firmadas, prejudicando a liberdade dos
direitos civis, por meio de abusos e arbitrariedades mesmo em situações de aumento de
violência onde ações enérgicas sejam inevitáveis.
Dallari (1996, p.33) argumenta que “em virtude dos problemas sociais, a Polícia
ganhou uma relevância muito especial. A sua responsabilidade é grande. Ela é acionada para
resolver tudo”.
Espera-se, certamente, uma Polícia eficiente, especialmente no que se refere ao
contexto local. Essa qualidade decorre exatamente do nível de preparação do profissional,
para agir com denodo e presteza diante do que a população anseia. É importante que o policial
esteja preparado. Necessário conhecer a função social que exerce sobre a sociedade, porque
ser policial não é uma atividade amadora mas fundamentalmente técnica e também dotada de
cientificidade, em todos os ramos onde desempenha sua atividade (LEAL, 2003).
O agente de segurança, nesta linha, deve ter conhecimento amplo e irrestrito sobre a
conjuntura que o cerca. Além de ter conhecimento mínimo de sua atividade fim, deve agregar
conhecimento a outras áreas e, neste particular, se desdobra a atuação social direta da polícia
como interventor efetivo da prevenção da violência.
Enfim, trata-se da tentativa de conferir característica humana ao profissional que atua
no policiamento ostensivo e não somente um número de telefone ou uma instalação física que
lhe sirva de referência. Esta humanização é um dos elementos que conformam a proposta do
policiamento comunitário.
Ao se comparar o ideal separatista do exercício policial com a ferramenta inovadora de
agregação social às práticas de segurança, respostas a problemas antigos começam a surgir na
atuação do operador estatal.
10

A abordagem policial tradicional acaba por promover o desamparo dos direitos


fundamentais, resultando na diminuição da capacidade da prestação estatal, já que fica a cargo
do poder estatal a execução de seu dever/direito objetivo, acarretando a possibilidade de não
existir a pertinente proteção pelo direito à segurança (FREITAS; TEIXEIRA, 2014).
Inexistindo essas probabilidades, evidencia-se uma ameaça aos direitos à vida, à
integridade física, à liberdade, à igualdade, à propriedade e à intimidade, além de outros
tantos dispostos no elenco não exauriente dos direitos fundamentais e que devem ter como
pilar protetor o direito à segurança.
Assim, considerar a atuação da humanitária e comunitária ferra-menta social de polícia
preventiva como garantidor do direito fundamental à segurança é retratar a possibilidade da
atuação estatal para sua aplicação a casos concretos.
Aplicar um direito fundamental ao mundo material, não deixando a letra constitucional
como utopia, é adequar o mundo fático ao mundo jurídico, concretizando a materialização do
ideal do dever ser (FREITAS; TEIXEIRA, 2014).
Tal providência possui consequência objetiva na tomada de decisão do cumprimento
da lei acertadamente ao caso e aos efeitos sociais e jurídicos originados de sua aplicação
(MALAQUIAS, 2019).
Nessa realidade, busca-se como parâmetro que a eficácia do direito fundamental à
segurança somente se realiza no momento em que se exige a garantia da preservação da
incolumidade dos direitos que cabem à dignidade da pessoa humana em face de uma injusta
agressão, atual ou iminente com o objetivo último de preservar a ordem pública. Ademais,
para a salvaguarda deste direito fundamental, torna-se absolutamente necessário que sejam
criados mecanismos de aproximação da Polícia com a comunidade que demanda proteção, tal
como sugere a atuação das Polícias comunitárias.

4 A IMPORTÂNCIA DA CRIMINOLOGIA PARA O COMBATE À


CRIMINALIDADE

A criminologia é a ciência que se ocupa do estudo do fenômeno criminológico, o


crime4, a vítima, o criminoso e os motivos, as causas, que incentivam a prática da ação
delitiva em seus aspectos biológicos, físicos, psicológicos e sociais.
A partir do século XVIII surgiram as escolas criminológicas que tinham como objeto
de estudo o criminoso e buscavam entender a origem do crime, como combatê-lo e preveni-lo.
4
Crime no sentido de problema social e não como fato típico, ilícito e culpável.
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As ciências da Biologia, Psicologia, Sociologia, Psiquiatria foram a base dessas escolas para
explicar o fenômeno do crime (MALAQUIAS, 2019).
Ao longo do tempo, diversas escolas e teorias surgiram na tentativa de explicar o
fenômeno da criminalidade. Algumas possuem ênfase no indivíduo, analisam seu
comportamento, sua psique e, até mesmo, sua genética e morfologia (física e psicológica) e
seu baixo intelecto. Por outro lado, as teorias que dão ênfase na sociedade analisam o meio
social em que vive o indivíduo e as desigualdades sociais.
A Escola Clássica, assim denominada pelos positivistas, surgiu entre o fim do século
XVIII e a meados do século XIX com o Iluminismo opondo-se ao totalitarismo do Estado
Absolutista. Seu precursor foi Cesare Beccaria (1764) com a obra “Dos delitos e das penas”
propondo uma individualização da pena e uma humanização das ciências penais. Francesco
Carrara e Giovanni Carmignani também foram representantes dessa escola (PENTEADO
FILHO, 2020).
A Escola Positiva surgiu no início do século XIX na Europa e possui três fases: (1)
Antropológica (Lombroso); (2) Sociológica (Ferri) e jurídica (Garofalo) (MALAQUIAS,
2019).
O médico psiquiatra Cesare Lombroso (1835-1909), conhecido como pai da
criminologia, propôs a utilização do método empírico-indutivo ou indutivo-experimental, e
concluiu que o homem delinquente possui características morfológicas (físicas e psicológicas)
específicas que o distingue dos demais. Para o psiquiatra, o crime era um fenômeno biológico,
de modo que o homem já nascia delinquente. Para ele, o homem criminoso apresentava a
seguinte fisionomia: fronte fugidia, crânio assimétrico, cara larga e achatada, maçãs do rosto
grandes e arredondadas, lábios mais finos, canhotismo, barba rala, olhar fugidio ou duro etc.
Para Lombroso, o verdadeiro delinquente era nato, razão pela qual a aplicação de pena era
ineficaz face a sua natureza. Defendia que o delinquente nato não deveria ser encarcerado por
ser um doente, mas segregado da sociedade antes da conduta criminosa, já que ostentava uma
característica imutável de criminalidade (FERNANDES, 2022).
Enrico Ferri (1856-1929), criador da sociologia criminal, defendia que a criminalidade
decorria de fenômenos antropológicos, físicos e culturais. Negou que a imputabilidade
estivesse associada ao livre arbítrio. Classificava os criminosos como natos, loucos, habituais,
de ocasião e por paixão. Fundamentava a responsabilidade penal na responsabilidade social e
que a razão para punir o delinquente é a defesa social, ou seja, a prevenção é mais eficaz que a
repressão. Defendia que o delinquente poderia ser recuperado, readaptável e considerava
12

incorrigíveis os criminosos habituais, admitindo, todavia, a possibilidade de correção de uma


minoria desse grupo (FERNANDES, 2022).
A Escola Moderna Alemã, que teve como principal idealizador Von Liszt, seus
principais postulados, de acordo com Cezar Bittencourt, são:

[...] a) adoção do método lógico-abstrato (Direito Penal) e indutivo-experimental


(demais ciências criminais). Sustenta a necessidade de distinguir o Direito Penal da
Criminologia, da Sociologia, da Antropologia etc; b) distingue imputáveis de
inimputáveis e tem como fundamento a normalidade da determinação do indivíduo,
e não o livre-arbítrio, de modo que a resposta penal para o imputável é a pena e para
o perigoso, a medida de segurança (sistema do duplo-binário); c) o crime é
concebido como fenômeno humano-social e fato jurídico; d) função finalística da
pena, priorizando a finalidade preventiva, devendo se ajustar à natureza do
delinquente; e) “eliminação ou substituição das penas privativas de liberdade de
curta duração (BITENCOURT, 2020, p. 263).

A Escola Correcionalista surge na Alemanha em 1839, com a obra Comentario na


Poena malum esse debeat, de Karl David August Roeder. Sua principal característica é de que
a pena tem como única finalidade corrigir o delinquente (BITENCOURT, 2020).
Por fim, a Defesa Social, que surge no final do século XIX, em 1945, com Fílippo
Gramatica, na Itália, aborda a ideia de um direito de defesa social que substitui o direito penal
para adaptar o indivíduo à sociedade . (BITENCOURT, 2020)
Algumas teorias sociológicas surgiram na tentativa de explicar o crime como a Escola
de Chicago, a associação diferencial, a anomia, a subcultura delinquente, o labelling
approach (teoria do etiquetamento), a teoria crítica, a teoria behaviorista e a teoria das
técnicas de neutralização (MALAQUIAS, 2021).
A Escola de Chicago tem como representantes Robert Park, Ernst Burgess, Clifford R.
Shaw e Henry D. Mckay, que estuda a criminalidade a partir da análise da cidade de Chicago,
especialmente de bairros mais pobres, tipos como zonas de delinquência, explicando o crime
por meio da ecologia da cidade (VIANA, 2018). Desse modo, possui como objeto de
investigação as condições sociais e possui método empírico com a utilização de estatísticas.
De acordo com os ensinamentos doutrinários dessa escola, o crescimento desordenado das
cidades traz problemas sociais, econômicos e culturais que promove uma diminuição nos
vínculos entre as pessoas o que contribui para a criminalidade.
Desse modo, para a mencionada escola, a ausência de controle social associada à
mobilidade favorece o ambiente para a criminalidade. Prossegue afirmando que a vizinhança,
a existência de igreja, a família e a escola possuem importante papel no enfrentamento da
13

desorganização social, especialmente para a reconstrução da harmonia entre os valores e, por


consequência, controlar a criminalidade.

5 AMBIENTE DO LOCAL DO CRIME

Como visto na breve descrição sobre as teorias sobre o crime, a desorganização social
é um fator criminógeno. Ela constrói uma ecologia social da cidade ao observar os fatores de
zona de trabalho, residência, distribuição de serviços, propagação de doenças etc. Por outro
lado, é muito criticada em razão de projetar suas pesquisas apenas nos bairros pobres e não no
local em que o crime é realmente cometido, comprometendo sua pesquisa, levando à
equivocada conclusão de que o ambiente com certa desorganização influencia a atividade
criminosa. Portanto, referida escola apresenta uma visão preconceituosa ao criar estereótipos
de criminosos em razão da pobreza (MALAQUIAS, 2021).
Os investigadores associados à escola de Chicago analisaram a distribuição do crime
na zona urbana e tentaram demonstrar que o crime era um produto social do urbanismo. A
fundamentação teórica encontrava-se nos trabalhos de Robert Park (apud FERNANDES,
2021), que considerava que a cidade era mais que uma realidade geográfica e, tal como
qualquer sistema ecológico, não se desenvolvia de forma aleatória. Cada uma das suas zonas
expandia-se e invadia, ou tentava dominar, as zonas adjacentes.
Clifford Shaw e Henry Mckay (apud FERNANDES, 2021), dois alunos de Park,
utilizaram o enquadramento analítico “das zonas concêntricas” de Ernest Burgess para
investigarem as causas sociais do crime. Esta abordagem, em vez de recorrer à explicação
baseada nas características biológicas e psicológicas do indivíduo, produziu uma nova
explicação para as causas do crime pois explicava o mesmo com base nas causas sociais,
culturais e estruturais que acompanhavam as mudanças sociais durante os anos 1920.
A partir dos anos 1950 podemos encontrar autores que defendem a introdução de
soluções arquitetônicas e de utilização do espaço para tornar certos locais mais seguros e, ao
mesmo tempo, reforçar a percepção de segurança de quem os utilizava.
As críticas que as teorias individualistas e sociais sofrem e os questionamentos que
não conseguem responder, levanta a questão se elas são, sozinhas, suficientes para explicar
um fenômeno tão complexo como a criminalidade. É possível que um olhar avaliando apenas
um fator, seja ele individual ou social, não seja capaz de abranger tudo que envolve e pode
levar uma pessoa a se tornar criminosa. Dessa forma, e como alguns teóricos já apontam, a
criminalidade não deve ser vista como uma questão individual ou social, mas como um
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fenômeno multifatorial, envolvendo questões a níveis que variam do individual ao macro.


Com essa perspectiva em mente, surge o Modelo Ecológico da Criminalidade (LINO, 2021).
O ambiente onde o crime foi cometido também tem potencial de informar
características do possível ofensor, especialmente no que diz respeito à sua confiança,
habilidade criminal e distância percorrida até o crime. Em geral, crimes podem ser cometidos
em dois tipos de ambientes: abertos ou fechados. De acordo com Jacobs (2011), ambientes
abertos são locais onde as trocas visuais acontecem, seja no espaço público ou privado, por
exemplo: ruas, parques e situações onde a permeabilidade visual entre um morador dentro de
sua casa com o pedestre na rua acontece através de muros baixos ou com gradis. Já os
ambientes fechados são aqueles onde há uma quebra do contato visual entre os espaços por
existir barreiras visuais, em geral caracterizado por muros. Um exemplo disto é uma casa de
muro alto e cego, cuja forma impede que um pedestre que esteja na calçada tenha trocas
visuais com o morador em seu recinto. Essas trocas visuais caracterizadas por ambientes
fechados e abertos são importantes para garantir uma vigilância natural entre os espaços
públicos e privados (JACOBS, 2011).
A distinção desses dois tipos de áreas pode indicar dois tipos diferentes de ofensores
devido às vantagens e desvantagens de agir em cada tipo de ambiente, assim como da
habilidade necessária para ter sucesso em cometer crimes em cada um deles. Por um lado, ao
cometer crimes em ambientes abertos o ofensor está muito mais sujeito à interferência de
terceiros, atacar uma pessoa na rua aumenta a possibilidade de haverem testemunhas que
possam impedir o fato ou reconhecer o agressor no futuro. Ambientes abertos também
dificultam a possibilidade do ofensor passar muito tempo com a vítima e realizar todos os atos
que gostaria ou havia planejado. Se um agressor sexual deseja estuprar a vítima e torturá-la,
fazer isso em um ambiente aberto aumenta a possibilidade de uma pessoa vir a interromper,
pois o agressor obrigatoriamente deve passar muito tempo com a vítima.
Por outro lado, atacar em um ambiente fechado oferece mais possibilidades do ofensor
praticar seus atos sem interrupção. Estar em um ambiente com pouca visibilidade para o
exterior diminui as chances que uma terceira pessoa venha a interferir no ato criminal do
ofensor. Entretanto, é mais difícil para um ofensor conseguir atacar vítimas em ambientes
fechados, seria necessário um maior nível de planejamento e expertise social e criminal. Ele
pode necessitar de expertise criminal e planejamento para arrombar uma casa e atacar o seu
morador. Similarmente, ele necessitaria de habilidades sociais para conseguir convencer uma
vítima a deixá-lo entrar em sua residência ou acompanhá-lo até um outro local fechado, a
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exemplo da casa do ofensor. Portanto, de acordo com o tipo do ambiente em que o crime
ocorreu, há espaço para inferências sobre características do ofensor.
A partir destes dados, pode-se inferir, através da lógica, que um ofensor que ataca em
ambientes abertos tem menos habilidades sociais e seu crime também pode ter sido o
resultado de uma oportunidade que se apresentou. Por outro lado, um ofensor que ataca em
ambientes fechados tem mais controle sobre a situação, é mais planejado e tem mais
habilidades sociais ou criminais. Porém, devemos sempre considerar o contexto específico do
crime sob análise (TURVEY, 2011). Se um ofensor conseguiu passar horas com sua vítima
em um ambiente aberto e pouco isolado, isto pode indicar que ele tem um alto poder de
controle sobre a vítima e conhecimento do local do crime para saber que não seria
interrompido ou atrapalhado.
Apesar de apresentar potencial, este tipo de informação ainda não teve a devida
atenção no âmbito investigativo, ou não foram confirmadas todas as hipóteses teóricas. De
todo modo, algumas pesquisas já conseguiram identificar relações significativas entre
ambiente do local do crime e características do ofensor. A pesquisa de ter Beek et al. (2010)
identificou que estupradores que atacavam suas vítimas em ambientes fechados, eram menos
prováveis de apresentarem histórico criminal por crimes violentos ou contra a propriedade.
Outras tentativas de relacionar ambiente e características se voltam para a distância percorrida
pelo agressor. Entretanto, pesquisas como a de Lino et al. (2018) e a de Warren et al. (1998)
não encontraram uma relação significativa entre as duas variáveis. Até mesmo as correlações
significativas encontradas são consideradas fracas, como no estudo de Synnott et al. (2019),
onde atacar vítimas em ambientes fechados estava negativamente correlacionado com a
distância percorrida.

5 CONCLUSÃO

A prevenção refere-se a todo o aparato do Estado empregado com o intuito de


assegurar que os direitos individuais e sociais de todos sejam resguardados pela polícia. É
exercido valendo-se do policiamento ostensivo, que fica sob a incumbência da Polícia Militar,
e também da Polícia Federal e Civil, quando atuam na investigação de infrações penais e
conseguem fazer prova da autoria e da materialidade, o que gera para o futuro, um efeito
preventivo, tendo em vista tornar possível que o sistema de Justiça Criminal funcione e que
ocorra a punição de infratores, de maneira que seja incutida na sociedade o entendimento de
que “o crime não compensa”.
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Nesse contexto a polícia ostensiva pode valer-se também das teorias da criminologia
visando melhor compreender o comportamento do criminoso para dessa forma, prevenir o
crime.
Nesse artigo, a teoria da criminologia utilizada foi a criminologia ambiental. Foi visto
que o crime e a violência influenciam a organização do espaço urbano levando, por um lado, à
crescente construção de espaços defensivos afluentes, onde as classes abastadas vivem,
protegidas por muros e segurança privada e, por outro, ao desenvolvimento de espaços de
exclusão social e econômica onde vivem as classes menos favorecidas, excluídas do acesso
aos serviços mais básicos das cidades, como água potável ou transportes públicos.
É importante destacar que o estudo da relação entre o comportamento humano, o
crime e o ambiente (que inclui os indivíduos, o meio físico e social, e que compreende uma
área territorial com fronteiras reconhecíveis) não é novo. Historicamente podem ser
identificadas práticas de condicionar o comportamento humano e de explorar as
oportunidades preventivas geradas por um adequado planeamento e utilização do espaço
público, e dos espaços que o ligam com o espaço privado, de modo a obter um maior nível de
segurança.
Do exposto foi possível concluir que o estudo da criminologia ambiental se mostra
importante na prevenção da criminalidade tendo em vista que como é de conhecimento, as
cidades são constituídas por processos quotidianos de interações sociais e econômicas, e,
nesse contexto, a forma de planejar, construir e reconstruir as cidades pode interferir nesse
processo e potencializar o crime.

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