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PROFESSOR: RICARDO FERNANDES

EVENTO SEMANA TEMATICA


CRIMINOLOGIA
AULA 4: PREVENÇAO E VITIMOLOGIA

PREVENÇÃO DO DELITO NO ESTADO Políticas de Segurança Pública: referente as


DEMOCRÁTICO DE DIREITO atividades tipicamente policiais, atuações policiais
(em estrito sensu).
“prevenir é melhor que remediar”
Políticas pública de segurança: engloba diversas
ações governamentais e não governamentais,
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO é um que sofrem ou causam impactos no problema da
conceito que designa qualquer Estado que se aplica criminalidade e da violência.
a garantir o respeito das liberdades civis, ou seja,
o respeito pelos direitos humanos e pelas
garantias fundamentais, através do PROGRAMA NACIONAL DE
estabelecimento de uma proteção jurídica. As DIREITOS HUMANOS
próprias autoridades políticas estão sujeitas ao
respeito das regras de direito. Decreto 7037/2009: programa nacional de direitos
humanos pndh-3.
Constituição Federal: Artigo 5º XLVI - a lei regulará
a individualização da pena e adotará, entre outras, as Propõe; Programa Nacional de Segurança Pública
seguintes: com Cidadania (PRONASCI).- articula políticas de
segurança com ações sociais; PRIORIZA A
a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de PREVENÇÃO e busca atingir as causas que levam à
bens; c) multa; d) prestação social criminalidade, sem abrir mão das estratégias de
alternativa; e) suspensão ou interdição de ordenamento social e segurança pública.
direitos;

XLVII - não haverá penas: Modernização e democratização do sistema de


Segurança Pública; transparência e publicação dos
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos dados (trimestralmente); mecanismos de
termos do art. 84, XIX; b) de caráter participação popular (Conselho Nacional de
perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de Segurança Pública, conselhos, conferências);
banimentos; e) cruéis. elaborar diretrizes para policiamento comunitário.
Plano Nacional de enfrentamento ao Tráfico e
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, fortalecimento dos mecanismos de controle e
direito e responsabilidade de todos, é exercida formação e qualificação dos profissionais.
para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através PLANO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA
dos seguintes órgãos:
O Governo Federal anunciou em janeiro de 2017.
I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; (PNSP), para combater a criminalidade por meio de
III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; AÇÕES CONJUNTAS entre União, Estado,
V - polícias militares e corpos de bombeiros
Municípios e sociedade civil.
militares.

FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA Três objetivos principais: Redução de homicídios,


feminicídios e violência contra a mulher; Combate ao
Decreto: 5.289/2004; institui a força nacional de tráfico de drogas e armas nas fronteiras;
segurança pública - subordinada ao Ministério da Modernização do sistema penitenciário;
Justiça - com objetivo de atender os governadores
quando necessário implementar ações de segurança Ideias principais: capacitação; inteligência e
pública. ações conjuntas.
FNS: Programa de cooperação, com atividades
SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA
destinadas a preservação da ordem pública, com
PÚBLICA (SUSP)
atuação em auxílio das ações de polícia
judiciária, e atividades periciais e identificação civil e
criminal, auxilio nas ocorrências de catástrofes e A ideia do SUSP, não se trata de unificação, mas de
atividades de conservação e policiamento ambiental. INTEGRAÇÃO, com as instituições cumprindo suas
responsabilidades. Servem de modelos as missões
especiais e as forças –tarefa.
POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA E
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA
Um importante conceito trazido pelo SUSP é noção
de SEGURANÇA CIDADÃ, que consiste na situação
Segundo Molina (2006), o crime é um problema da
política e social de segurança integral e cultura da
comunidade, nasce na comunidade afetando a
paz, garantindo os plenos direitos fundamentais.
todos, incumbe a todos a responsabilidade.
Como inclusão social e igualdade de oportunidades

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por meio de políticas públicas. Com a afirmação que saúde, trabalho, qualidade de vida, bem-estar
o cidadão é o destinatário dos serviços de segurança social). Resultado a médio e longo prazo dirigidos
pública, o que significa reconhecer que compete as a todos os cidadãos. A prevenção mais eficaz.
polícias trabalhar pelo estabelecimento das relações
pacíficas entre os cidadãos.

PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: Não combate as


Lei 13.675/2018 Institui o SUSP e Política Nacional
causas, atua onde se manifesta ou exterioriza,
de Seg. Pública e Defesa Social (PNSPDS)
direcionada em determinados locais ou setores da
sociedade, a grupos e subgrupos específicos de
Art. 1º Esta Lei institui o sistema único de risco, onde resultado se dá a curto e médio prazo,
segurança pública (susp) e cria a POLÍTICA conecta-se com política legislativa penal, ação das
NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA polícias polarizadas, com programas policiais, de
SOCIAL (PNSPDS), com a finalidade de controle dos meios de comunicação, de
preservação da ordem pública e da incolumidade das ordenação urbana e utilização do desenho
pessoas e do patrimônio, por meio de atuação arquitetônico como instrumento de autoproteção
conjunta, coordenada, sistêmica e integrada dos em bairros desfavorecidos.
órgãos de segurança pública e defesa social da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, em articulação com a sociedade.
PREVENÇÃO TERCIÁRIA: única com público alvo
Art. 5º São diretrizes da PNSPDS: IV - atuação (o preso, ou seja, população carcerária, o
integrada entre a União, os Estados, o Distrito recluso, o condenado); caráter punitivo e de
Federal e os Municípios em ações de segurança ressocialização; atuação de programas de
pública e políticas transversais para a preservação prevenção a reincidência. Das três é que possui
da vida, do meio ambiente e da dignidade da pessoa maior caráter punitivo. Uma intervenção tardia e
humana; parcial e insuficiente.

LABORTERAPIA: atividade ocupacional em


Do Funcionamento Art. 10. A integração e a instituições fechadas, para diminuir a ociosidade.
coordenação dos órgãos integrantes do Susp dar-
se-ão nos limites das respectivas competências, por
meio de: I - Operações com planejamento e
execução integrados; II - estratégias comuns para PREVENÇÃO GERAL E SITUACIONAL
atuação na prevenção e no controle qualificado de
infrações penais; III - aceitação mútua de registro de Na prevenção geral dirigida a sociedade existem dois
ocorrência policial; IV - compartilhamento de tipos de medidas: direta e indireta.
informações, inclusive com o Sistema Brasileiro de
Inteligência (Sisbin); V - intercâmbio de INDIRETA: não visam impedir o crime, mas
conhecimentos técnicos e científicos; VI - integração proporcionar melhores condições e qualidade de
das informações e dos dados de segurança pública vida. Visa as causas do crime, sem atingi-lo em
por meio do Sinesp. imediato, ações profiláticas buscando todas as
causas possíveis da criminalidade. Nas ações
indiretas focam o indivíduo e o meio. Exs; através do
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lazer, planejamento familiar, recuperação de
Moderna criminologia com uma visão mais complexa alcoólatras e dependentes químicos.
do delito de acordo com o papel ativo e dinâmico dos
seus protagonistas (delinquente, vítima e DIRETA: direcionadas para infração penal
destacando a efetiva punição de crimes graves,
comunidade), não se esgota com o castigo ao
atuação da polícia ostensiva em seu papel de
delinquente. Mas em RESSOCIALIZAR o
prevenção e manutenção da ordem e vigilância e
delinquente, REPARAR o dano a vítima e
aparelhamento e treinamento das polícias
PREVENIR o crime.
judiciárias para repressão e investigações criminais,
Destaca-se diferenciar a prevenção primária, atuando como força repressora do direito penal e
secundária e terciária; baseando-se em diversos administrativa (polícia administrativa e judiciária).
critérios, programas, destinatários, meios e os fins Exs: combatendo prostituição, jogos de azar,
perseguidos. contravenções penais.

PREVENÇÃO PRIMÁRIA: Atua na criminogênese


(nas causas, na raiz, na etiologia criminal); ANTES
PREVENÇÃO SITUACIONAL (CONCEITO DE
QUE SE MANIFESTE, com políticas públicas,
CRIMINOLOGIA ADMINISTRATIVA)
(política cultural, econômica e social intervenção
comunitária), resolvendo as carências criminógenas, Entendendo o crime como uma OPÇÃO RACIONAL,
ou seja, direitos sociais (moradia, lazer, educação,
utilitária, instrumental, altamente seletiva, onde

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busca-se um momento adequado, oportuno, a vítima MODELOS DE SISTEMA DE SEGURANÇA


propícia, aproximando estes pensamentos com uma PÚBLICA E JUSTIÇA CRIMINAL
prevenção mais situacional para neutralizar
situações de riscos, revelando um parentesco com O sistema de justiça criminal abrange órgãos dos
teorias ambientais e espaciais, um enfoque poderes executivo e judiciário em todos os níveis da
neoclássico. Desvinculando de uma análise federação. O sistema se organiza em três frentes
etiológica, como um problema social. Prevenir o principais de atuação: segurança pública, justiça
crime sem analisar as raízes. criminal e execução penal. Abrange a atuação do
poder público desde a prevenção das infrações
Na prevenção situacional busca-se a diminuição penais até a aplicação de penas de infratores.
das oportunidades delitivas que influenciam a
vontade delitiva, dificultando a prática do crime, Objetivos finais do sistema de justiça criminal é a sua
através de técnicas que são classificadas como: capacidade de garantir o direito à vida, à liberdade, à
técnicas do esforço, técnica do risco, técnica de segurança e a propriedade (direitos individuais e
recompensa e técnica de sentimento de culpa do coletivos elencados no artigo quinto da
infrator. constituição federal) e prevenir os crimes
(prevenção) e nos casos de (reação) buscando dois
TÉCNICA DO ESFORÇO: esta técnica pretende resultados, primeiro através de sanções (penas), os
dificultar a pratica do delito, CRIANDO BARREIRAS infratores e a sociedade são informados de que as
FÍSICAS dificultando o acesso alterando o cenário infrações as leis são reprovadas e de que o Estado
(colocar barreiras). Exs: instalação de barreiras, se encarrega de puni-las. E o segundo é a reinserção
cercas elétricas, alarmes, muros, portas, cadeados, na sociedade.
delimitação de acesso a espaços físicos (escritório
com muros, portas, chaves, contra-senha). Outros MODELOS DE PREVENÇÃO AO CRIME
exemplos: DESVIAÇÃO DOS TRANSGRESSORES
(fechamento de determinadas ruas, horário de PALAVRA-CHAVE: C.N.S.S.
fechamento dos estabelecimentos) e o CONTROLE
DE FACILITADORES (restringir o acesso a armas). Modelo Clássico: efeito dissuasório (imposição do
castigo). Focando no RIGOR DA PENA, modelo de
TÉCNICA DO RISCO: esta técnica aumenta o risco prevenção primitiva e simplificadora.
para o criminoso, através do controle de entrada e
saídas (AUMENTANDO O RISCO DE DETENÇÃO). Modelo Neo-Clássico (ou moderno classicismo);
Exs: alarmes, dispositivos de segurança em efeito dissuasório preventivo está ASSOCIADO AO
produtos, vídeo-vigilância, boa iluminação, controle MELHOR FUNCIONAMENTO DO SISTEMA LEGAL
de entrada e saída, vigilância formal (SEGURANÇA que o rigor da pena. Melhorar infraestrutura e
PRIVADA), PROCEDIMENTOS CONVENCIONAIS dotação orçamentaria resultaria melhor êxito.
DE IMIGRAÇÃO E ALFÂNDEGA, vigilância de
Modelo Situacional: prevenir sem analisar as raízes
funcionários, e VIGILÂNCIA NATURAL (desenho
sociais. Utiliza-se de TÉCNICAS PARA REDUÇÃO
arquitetônico, mobilização de vizinhos).
das oportunidades delitivas.
TÉCNICA DA RECOMPENSA: objetiva a redução
Modelo Socialista: visa transformações das causas
dos ganhos ou recompensas do delito (LUCRO).
econômicas e sociais.
Exs: DESLOCAMENTO DO OBJETO (substituição
de dinheiro por cartões em estabelecimentos SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL
comerciais como forma de pagamento), medidas que MODELOS DE REAÇÃO AO CRIME
dificultam e controlam a aquisição de drogas nas
farmácias, sinais de identificação, número de séries Segundo Molina (2006), o qual apresenta cinco
dos produtos e objetos (IDENTIFICAÇÃO DA modelos de reação ao crime, além do modelo
PROPRIEDADE), códigos chaves que somente o dissuasório, ressocializador e o integrador, o mesmo
proprietário conhece. acrescenta o modelo criminológico crítico e o de
segurança cidadã.
TÉCNICA DE SENTIMENTO DE CULPA DO
INFRATOR: busca conscientização do infrator, MNEMÔNICA: D.R.I. CRICRI SEGURA
reforçando a condenação moral da conduta,
potencializar o complexo de culpa do infrator, relação Modelo Dissuasório: conhecido como retributivo,
com a teoria da vergonha reintegradora. Exs: penal ou clássico (centra-se na punição do infrator).
através de campanhas de sensibilização ecológica,
embriaguez ao volante, combate ao uso de Modelo Ressocializador: foca no delinquente
entorpecentes, incentivando o comportamento pró- enquanto preso, busca reeducá-lo, para integrá-lo à
social, com campanhas de solidariedade, anti- sociedade.
racistas, prêmios para comportamentos exemplares.
Substituição de pichação por (GRAFITE). Modelo Integrador: conhecido como consensual
ou restaurador, baseado na INTERVENÇÃO
MÍNIMA, desenvolvimento de métodos alternativos

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(acordo, negociação, conciliação), justiça TEORIA DAS PENAS


restaurativa, modelo mais completo.
TEORIA ABSOLUTISTA (absoluta ou retributiva):
Modelo CRIminológico CRÍtico: valoriza os crimes finalidade da PENA É PUNIR o autor, concebe a
dos poderosos, visa a transformação social. pena como castigo, reparação, reação ou uma
retribuição do mal injusto que o criminoso provocou.
Modelo de SEGURAnça cidadã: expansão da Principais defensores: Os filósofos Alemães
segurança privada, descrédito na segurança pública, Immanuel KANT (1724-1804) e Georg Wilhelm
manipulação da mídia, medo do delito e sentimento Friedrich HEGEL (1770 -1831).
de insegurança e vingança.
TEORIA RELATIVA (preventiva, utilitarista ou
PENOLOGIA finalista): a pena possui um FIM UTILITÁRIO, como
instrumento de prevenção do crime (impedir que os
Segundo Nestor Sampaio (2012) é a disciplina condenados voltem a delinquir). Em oposição as
integrante da criminologia que cuida do teorias absolutas, as penas possuem um fim prático
conhecimento geral das penas, que são as sanções de PREVENÇÃO GERAL E ESPECIAL.
impostas pelo Estado aos violadores da lei.
TEORIA MISTA (eclética, intermediária ou
A ciência que estuda as penas, que cuida do unificadora): a pena possui DUPLA FUNÇÃO,
conhecimento geral das penas. conjugam as duas primeiras, a pena possui um
caráter retributivo e preventivo (prevenção geral e
Sobre os reformadores prisionais, destaca-se o prevenção especial).
inglês JOHN HOWARD (1726- 1790), xerife de
Bedfordshire, com objetivo de reforma influenciado TEORIA MISTA OU UNIFICADORA: PENA
pelo Iluminismo. POSSUI O CARÁTER DE RETRIBUIÇÃO E
PREVENÇÃO GERAL E ESPECIAL. No Código
Considerado criador do Sistema Penitenciário e Penal Art. 59 FIXAÇÃO DA PENA - O juiz, atendendo
conhecido como PAI DA PENOLOGIA. à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social,
à personalidade do agente, aos motivos, às
Percorreu várias cadeias na Europa, destacando
circunstâncias e consequências do crime, bem como
condições sub-humanas e degradantes, resultando
ao comportamento da vítima, estabelecerá,
na obra: O ESTADO DAS PRISÕES (1777). Propõe
conforme seja necessário e suficiente para
isolamento, o trabalho, educação religiosa e moral e
REPROVAÇÃO E PREVENÇÃO DO CRIME:
classificação dos presos.
PREVENÇÃO GERAL: por meio da prevenção geral,
Outro importante nome é o do reformador inglês
a pena se dirige a sociedade, intimando os
JEREMY BENTHAM (1748- 1832), criou o projeto de
propensos a delinquir. A prevenção geral pode ser
prisão circular, conhecido como PANOPTICON
estudada em dois ângulos: geral negativa e geral
(1787) uma construção arquitetônica que pode ser
positiva ou integradora.
utilizada para qualquer tipo de edifício, que permite
um único vigilante observe todos os prisioneiros. Prevenção geral positiva: (CONSCIENTIZAÇÃO)
Vigilância permanente severa dos presos. direcionada a toda COMUNIDADE, objetivo atingir a
consciência geral, incutindo a necessidade de
Propõe: filosofia utilitarista de prevenção da
respeitos aos valores mais importantes da
criminalidade.
comunidade e da ordem jurídica, criando uma
TEORIAS JUSTIFICACIONISTAS E confiança institucional, reforçando os valores da
NÃO JUSTIFICACIONISTAS ordem jurídica.

Ao longo da história, a justificativa da pena obteve Prevenção geral negativa: (INTIMIDAÇÃO) a toda
duas perspectivas de respostas: uma negativa e COMUNIDADE, levando os demais membros do
outra positiva. grupo social, ao observar a condenação a repensar
antes de praticar crime, pelo meio de intimidação,
NEGATIVA: fornecida pelas doutrinas através de uma coerção psicológica.
abolicionistas, minimalismo penal (ou abolicionismo
moderado), que retrata o direito penal mínimo e PREVENÇÃO ESPECIAL: a prevenção especial:
abolicionismo penal (almejam eliminação do direito relaciona-se com a individualização da pena, busca
penal, devido a ineficiência e seletividade). São alcançar a recuperação do criminoso, e pode ser
teorias NÃO JUSTIFICACIONISTAS DA PENA. estudada por dois ângulos: especial negativa e
especial positiva.
POSITIVA: fornecidas pelas DOUTRINAS
JUSTIFICACIONISTAS, as quais justificam o direito Prevenção especial positiva:
penal como instrumento legítimo de proteção aos (RESSOCIALIZAÇÃO) EXCLUSIVO AO
bens jurídicos. Existem três grandes teorias; que são CRIMINOSO, com o com caráter ressocializador,
as teorias absoluta, relativa e mista. corretivo e pedagógico.

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Prevenção especial negativa: (NEUTRALIZAÇÃO) Obra: reflexões sobre as prisões monásticas em


EXCLUSIVO AO CRIMINOSO, há uma 1690 e publicado em 1724.
neutralização com segregação no cárcere,
impedindo que cometa novos delitos na Defendia penitência baseada no isolamento,
sociedade. habitação celular, contato com ar livre, trabalho
edificante, cuidados médicos, condições sanitárias e
apoio espiritual.

EVOLUÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE A PRISÃO MONACAL com o objetivo de curar a


LIBERDADE alma e reintegrar o pecador a comunidade.
Espirito da reabilitação individual, que influenciara
Há divergência quanto a origem da palavra. para gênese do sistema penitenciário moderno.
Sendo fontes originárias do latim ou grego, latim Em 1764, com a publicação da obra DOS DELITOS
“punere” castigo, suplício, do grego “ponos” E DAS PENAS, DE CESARE BONESASNA, a qual,
trabalho, fadiga, sofrimento. torna-se um marco para o desenvolvimento de um
sistema penal mais humano e racionalista na Europa.
Desde os tempos mais remotos, a prisão é uma
realidade marcante nas sociedades. Com as penas de privação de liberdade, sendo
utilizada de maneira ideológica para submissão
Até a época da Escola Clássica sua função do corpo ao capitalismo, gerou o surgimento de
primordial foi o CASTIGO, através de suplícios e estabelecimentos como casas de detenção e as
castigos corporais ao condenado. penitenciárias, dando origem aos sistemas
penitenciários.
Os castigos e execuções públicas impostas pelo
soberano, priorizando o medo, passam a não ter Nos Estados Unidos surgiram o Sistema
mais efeito. Há grande pobreza que assola a Europa, Pensilvânico e o sistema Auburniano e na
expansão do mercantilismo e ascensão da Burguesia Inglaterra surgiu o Sistema Progressivo.
são fatores determinantes para emergir os
pensamentos iluministas e reformadores com
objetivo de abolição das penas cruéis e degradantes.
SISTEMAS PENITENCIÁRIOS
Na Inglaterra foram criadas as HOUSE OF
CORRECTION OU BRIDEWELLS (CASAS DE Após independência dos E.U.A., longe das
CORREÇÃO) em 1555, com a ideologia de dominar influências Inglesas os Americanos desenvolvem
os ociosos e incorporar a DISCIPLINA E ÉTICA DO novas construções penitenciárias e colocam em
TRABALHO. Primeiro exemplo de detenção sem prática novos sistemas penitenciários.
finalidade de custódia.
Os Sistemas penitenciários são Pensilvânico,
Na Holanda em Amsterdã foram criados os RASP- Auburniano (E.U.A.) e o Progressivo (Inglaterra e
HUIS (1596), com a finalidade de explorar a FORÇA Irlanda).
DE TRABALHO e a versão francesa HOSPITAL
GERAL, sendo este pensamento disseminado pela SISTEMA PENSILVÂNICO (também conhecido
Europa. como Sistema Filadélfico, Celular ou Belga).

O Iluminismo foi o responsável pela criação das Utiliza a privação de liberdade como meio de
prisões modernas. A influência do Direito Canônico recuperação.
da Igreja com a ideia de penitência e
arrependimento coincidem com as novas teorias Implantados em 1790, nas prisões Walnut Street,
humanistas que criticavam veemente o absolutismo. (FILADELFIA) Pittisburg, Cherry Hill.

Sobre estes ideais encontramos as iniciativas de Precursores: Benjamim Franklin e William Bradford
penitenciarias de Filippo Franci (1625-1694) e Jean
Mabilon (1690-1724), com propostas de isolamento Através de convicções religiosas e bases no direito
e correção. canônico para sua execução.

FILIPPO FRANCI (1625-1694) sacerdote, que a Propõe: isolamento celular diurno e noturno e
partir de 1653 no Hospital Florentino (Casa de oração (leitura bíblica).
Refúgio) acolheu crianças abandonadas para
Baseado na solidão e silêncio (arrependimento).
correção de jovens e assistência de mulheres
solteiras, voltados para reintegração social e o Críticas: O isolamento completo gera insanidade.
arrependimento, através do isolamento contínuo
destinado a correção. JEAN MABILON (1690 -1724)
monge Beneditiano e historiador francês.

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Adotado na Europa com modificações: Inglaterra ramo da criminologia, uma disciplina independente,
(1835), Bélgica (1838), Suécia (1840), Dinamarca um estudo científico da vítima.
(1846), Noruega (1851).
Definida como uma disciplina que estuda a vítima,
SISTEMA AUBURNIANO pelos aspectos biopsicossociais, bem como sua
personalidade, características e relações com o
Sistema mais produtivo, pois demanda trabalho delinquente e do seu papel perante a gênese do
coletivo e instauração de Indústrias. delito.

Origem na construção da Penitenciaria na cidade de O DR. BENJAMIN MENDELSON (1900-1998),


Auburn J(Nova York 1818). professor de criminologia na universidade hebraica
de Jerusalém, em 1947, utilizou o termo em um
Deixou o isolamento absoluto por volta de 1824, Congresso em Bucareste em sua palestra “um novo
permite o trabalho comum (coletivo) durante o dia, horizonte na ciência biopsicossocial - a
mas em total silêncio. E isolamento celular a noite. vitimologia”.
O Sistema Auburniano coloca em primeiro lugar Foi o primeiro a usar o termo e apresentar a
auferir ganhos com o trabalho. vitimologia para o mundo, com sua obra intitulada A
VITIMOLOGIA (1956), é considerado o pai da
Fracasso: pressão das associações sindicais, vitimologia.
(devido a competição desigual), dificuldades de
renovação tecnológica, rigoroso regime disciplinar e Outros estudiosos pioneiros no estudo da vítima;
castigos cruéis.
Hans Gross: (1847-1915), jurista austríaco e
SISTEMA PROGRESSIVO (ou mark system) professor universitário. Em 1901, na Alemanha
escreveu sobre a ingenuidade das vítimas de fraude.
Desenvolvido após a Primeira Guerra mundial.
Distribuição da pena em períodos e ampliação dos Edwin Sutherland: (1883-1950), pesquisou as
privilégios de acordo com a boa conduta e adesão ao vítimas dos escroques, devido ganância e má-fé
tratamento ressocializador. (1920). (escroques: indivíduo que age
desonestamente, utilizando meios fraudulentos).
Implantado na ILHA NORFOLK na Inglaterra em
1840. Ernest Roesner: lançou em 1936 e 1938, na
Alemanha, dois estudos sobre homicidas
Sistema desenvolvido pelo capitão da marinha real relacionados com suas vítimas, valendo-se de
Alexandre Maconochie. estatísticas de condenados cumprindo pena privativa
de liberdade.
Aspecto importante é a reincorporação a sociedade
antes do término da pena. Karl Menninger: (1893- 1990), psiquiatra americano
pesquisou os suicidas, identificando em certos casos
Incorporou o conceito de reintegração social e
comportamentos sadomasoquistas.
ressocialização.
Hans Von Henting: (1887-1974), professor alemão
Dividido em Sistema Progressivo Inglês e o
exilado nos estados unidos, por muitos fundador da
Irlandês.
vitimologia, quando classificou a vítima nata.
Sistema Inglês. Dividido em 3 fases: 1) Isolamento
OBRA: O CRIMINOSO E SUA VÍTIMA (1948). O
celular dia e noite; 2) Fase mediadora: trabalho
binômio crime-criminoso caminha atrelado a nova
coletivo e isolamento celular noturno 3) Liberdade
dupla vítima-criminoso na dinâmica do crime.
condicional.
Tratado por ele VITIMOGÊNESE.
Sistema Irlandês: idealizador Walter Crofton, criou
quatro fases; 1) Primeira: reclusão dia e noite; 2)
trabalho coletivo e isolamento noturno 3) Período EVOLUÇÃO DA VITIMOLOGIA
intermediário: trabalho fora dos muros; 4) liberdade NO BRASIL E NO MUNDO
condicional.
Primeiro trabalho sobre vitimologia publicado no
Tornando-se o sistema utilizado pelo ordenamento Brasil, foi de PAUL CORNIL (Contribuição da
jurídico Brasileiro. vitimologia para ciências criminológicas)
transcrito na revista da Faculdade de Direito da
Universidade do Paraná em 1958.
CONCEITO DE VITIMOLOGIA
Em 1964, a professora da USP ARMIDA
Segundo Guaracy Moreira Filho e na visão BERGAMINI MIOTTO, publica na revista brasileira
majoritária da doutrina considera-se a vitimologia um de criminologia e direito penal, o artigo:

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“considerações a respeito da denominada Em 1995, entra em vigor a LEI 9099/95, que dispões
vitimologia” em janeiro de 1964. sobre o Juizados Especiais Cíveis e Criminais,
havendo uma valorização da vítima no conflito, em
Em 1971, em São Paulo o Desembargador Paulista que a reparação do dano acarreta renúncia da vítima
EDGARD DE MOURA BITTENCOURT lança o livro de representar.
“vítima: a dupla penal delinquente e vítima”.
Em 1997, LEI 9503/97, Código de Trânsito
Em 1973, é realizado primeiro Congresso Brasileiro, em seu artigo 297, prevê multa
Internacional de vitimologia, na cidade de reparatória as vítimas sempre que houver prejuízo
Jerusalém, em Israel, sobre a supervisão do material resultante de crime.
renomado criminólogo chileno ISRAEL DRAPKIN,
onde foram apontados os objetivos da vitimologia. Em 1998, LEI 9605/98, Lei de Crimes Ambientais.

No Brasil em 1973, na cidade Londrina no Paraná foi Em 1999, LEI 9807/99, institui o Programa Federal
realizado o I Congresso Brasileiro de de Assistência a vítimas e testemunhas
Criminologia, onde se discutiu acerca do fenômeno ameaçadas.
da vitimização.
Em 2003, LEI 10.741/03, Estatuto do Idoso.
Em 1976, houve o II Simpósio Internacional de
Vitimologia em Boston (E.U.A.). Em 2006, LEI 11.340/06, Lei Maria da Penha.
Segundo Lélio Calhau (2009) a mesma foi
Em 1979 foi criada a Sociedade Mundial de sancionada com profundo sentimento vitimológico,
Vitimologia.
pois esta vitimização possui altos índices de
Em 1984, foi fundada a SOCIEDADE BRASILEIRA impunidade e merece atenção do Poder Público. .
DE VITIMOLOGIA (S.B.V.).
Em 2015, LEI 13.146/15, Estatuto da Pessoas com
Após 3 meses da fundação da S.B.V., foi realizado Deficiência.
o I Congresso Brasileiro de Vitimologia, realizado
na cidade de Londrina-PR. CLASSIFICAÇÃO DAS VÍTIMAS SEGUNDO
MENDELSON
Em 1985, Declaração Universal dos Direitos da
Vítima: RESOLUÇÃO 40/34, da Assembleia Geral Vítima completamente inocente: (VÍTIMA IDEAL)
das Nações Unidas, reconhecendo as vítimas de não contribui para o crime. Ex: vítima alvejada por
delito e abuso de poder. bala perdida, vítima de infanticídio.

Em 1988, houve o II Congresso Brasileiro de Vítima menos culpada que o delinquente: (VÍTIMA
Criminologia em Londrina. NATA) descuidada, provocadora ou por
ignorância. Contribuem para o crime. Desencadeia
Em 1990 e 1991, foram realizados seminários o ato lesivo chamado: periculosidade vitimal. Ex:
preparatórios para os VII Simpósio Internacional de frequentar locais perigosos expondo objetos de valor.
Vitimologia.
Vítima tão culpada quanto o delinquente: sem a
Estudos relacionados a vitimologia continuam sua contribuição não teria ocorrido o crime. São
intensos no Brasil e em 2012, foi realizado o vítimas que induz ao acontecimento, sem sua
IX Seminário de Vitimologia no Auditório da OAB participação não teria ocorrido o delito. Exs:
do Rio de Janeiro, onde foram discutidos; Vitimologia cometem aborto consentido, participantes de rixa, a
e Direitos Humanos, vitimização e meio ambiente relação entre corrupção passiva e ativa, vítimas de
entre outros temas pertinentes. curandeirismo, vítimas de estelionato: (torpeza
bilateral). Exemplos clássicos vítimas do bilhete
premiado, conto do consórcio e ligação premiada.
MECANISMOS LEGAIS DE AMPARO À VÍTIMA Vítima mais culpada que o delinquente (FALSA
VÍTIMA OU PSEUDOVÍTIMA): São vítimas que dão
Em 1985, Declaração Universal dos Direitos da causa ao delito, também conhecidas como vítimas
Vítima: RESOLUÇÃO 40/34, da Assembleia Geral provocadoras. Classifica-se os crimes praticados
das Nações Unidas, reconhecendo as vítimas de após injusta provocação da vítima, como por
delito e abuso de poder exemplo nos casos conhecidos como crimes
privilegiados (reduz a pena do autor). Exs: homicídio
Em 1990, LEI 8078/90, Código de Defesa do
e lesão corporal após injusta provocação da vítima.
Consumidor, havendo danos causados aos
consumidores, deverá ser indenizado. Vítima como única culpada: situação em que o
agressor age em legítima defesa. Exs: casos de
Em 1990, LEI 8069/90, Estatuto da Criança e do
legítima defesa (excludente de ilicitude, o agressor
Adolescente.
não comete crime), indivíduo que comete suicídio,

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pessoa embriagada, que ao invés de utilizar a agressiva em decorrência da agressão que sofre
passarela, atravessa a rua e é atropelado. do autor da violência, pois chega um momento que
por não suportar mais a agressão sofrida, ela irá
Segundo Newton e Walter Fernandes (2002), rebater tal ato de modo hostil.
Mendelson sintetiza a classificação em 3 grupos
de vítimas: Vítima sem valor: Trata-se da vítima que em
decorrência de seus atos não recomendáveis
✓ vítima inocente (não contribui para o delito); praticados perante a sociedade, acaba sendo
✓ vítima provocadora (voluntária ou indesejada ou repudiada no meio social em que
imprudente); vive. Por praticar certos atos não aceitos pela
✓ vítima agressora (simuladora ou sociedade, esse indivíduo vem a sofrer agressões
imaginária). físicas, verbais, ou até mesmo podendo ser morto.
Como exemplo, temos o caso do estuprador ou
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO GUARACY assassino que é morto pela sociedade, pela polícia,
MOREIRA FILHO ou por sua própria vítima.
Vítimas inocentes: não contribuem para a gênese
Vítima pelo estado emocional: Essas vítimas são
do delito.
qualificadas dessa forma em decorrência de seus
Vítimas natas: vítimas provocadoras. sentimentos de obcecação, medo, ódio ou vingança
que vem a sentir por outras pessoas.
Vítimas omissas: não comunicam as autoridades.
Vítima por mudança da fase de existência: O
Vítima da política social: vítimas da negligência do indivíduo passa por várias fases em sua vida, sendo
poder público. que ao mudar para certa fase de sua existência,
poderá se tornar vítima em consequência de alguma
Vítimas inconformadas ou atuantes: exercitam modificação comportamental relacionada a elas.
plenamente sua cidadania, buscam reparação
judicial dos danos. Vítima perversa: Enquadram-se nessa modalidade
de vítimas os psicopatas, pessoas que não
CLASSIFICAÇÃO HANS VON HETING possuem limite algum de respeito em relação às
outras, tratando-as de um modo como se fossem
Vítima isolada: A vítima neste caso vive na objetos que podem ser manipulados.
solidão, não se relacionando com outras pessoas.
Em decorrência desse meio de vida ela se coloca em Vítima alcoólatra: O uso de bebidas alcoólicas é um
situações de risco. dos fatores que mais levam as pessoas a se
tornarem vítimas, sendo que na maioria dos casos
Vítima por proximidade: Este grupo subdivide-se acabam resultando em homicídios.
em vítima por proximidade espacial, que se torna
vítima pelo fato de estar em proximidade excessiva
do autor do delito em determinado local, como ocorre Vítima Depressiva: Ao atingir um determinado nível,
nos casos de furto no interior de um ônibus; vítima a depressão poderá ocasionar a vitimização do
por proximidade familiar, que ocorre no núcleo indivíduo, pois poderá levar a pessoa à sua
familiar, como pode ser visto no caso do parricídio, autodestruição.
em que o filho mata seu próprio genitor; e ainda,
vítima por proximidade profissional, que Vítima indefesa: Denominam-se vítimas indefesas
geralmente ocorre no caso de atividades as que acabam deixando de processar o autor do
profissionais que requerem um estreitamento maior delito, sob o pretexto de que a persecução
no relacionamento profissional, como no caso do judicial lhes causaria maiores danos do que o
médico. próprio sofrimento resultante da ação criminosa. São
vistos tais comportamentos geralmente nos roubos
Vítima com ânimo de lucro: São taxadas dessa ocorridos nas ruas, nos crimes sexuais e nas
forma as vítimas que pela cobiça, pelo anseio de se chantagens.
enriquecer de maneira rápida ou fácil, acaba sendo
ludibriada pelos estelionatários ou vigaristas. Vítima imune: São consideradas dessa forma as
pessoas que, em decorrência de seu cargo, função,
Vítima com ânsia de viver: Ocorre com o indivíduo ou algum tipo de prestígio na sociedade em que vive
que, com o fundamento de não ter aproveitado sua acham que não estão sujeitas a qualquer tipo de
vida até o presente momento de uma forma mais ação delituosa que possa transformá-las em
eficaz, passa a experimentar situações de vítimas, como exemplo, um padre.
aventuras até então não vividas que o colocam em
situações de risco ou perigo. Vítima reincidente: Neste caso a pessoa já foi
vítima de determinado delito, mas mesmo após ter
Vítima agressiva: Neste caso a vítima se torna passado por tal episódio, não toma qualquer tipo de

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precaução para que não volte a ser vitimizada. Vítima indefesa: vê-se privada da ajuda do Estado.

Vítima que se converte em autor: Nesse caso, a Vítima intrafamiliar: sofrem violência no seio
vítima que era atacada pelo autor da agressão se familiar.
prepara para o contra-ataque, como exemplo tem
o crime de guerra. Vítima coletiva ou anônima: crime eletrônico ou
crime ambiental, número indeterminado de pessoas.
Vítima resistente: Por não aceitar ser agredida pelo
autor, a vítima reage e passa a agredi-lo da mesma Vítima acidental: que por infelicidade se encontra no
forma, sempre em sua defesa ou em defesa de local do crime. ex. está no interior da agência no
outrem, ou também no caso de cumprimento do momento do roubo.
dever. Nesse caso há sempre a disposição da vítima
em lutar com o autor. Vítima voluntária: exerce papel participativo,
consentindo com a prática do delito. EX:
Vítima da natureza: São pessoas, que se tornam EUTANÁSIA.
vítimas em decorrência de fenômenos da
natureza, como no caso de uma enchente, um Vítimas simbólicas: vítimas históricas. EXS: JESUS
terremoto. CRISTO, TIRADENTES.

Vítimas latentes (VÍTIMA EM POTENCIAL): detêm


CLASSIFICAÇÃO GUGLIELMO GULOTTA: predisposição permanente e inconsciente para se
psicólogo italiano e professor de Psicologia Forense tornarem vítima. EXS: PROSTITUTAS, TRAVESTIS,
da Universidade de Turim. Nascido em Milão, USUÁRIO DE DROGA.
graduou-se em Direito em 1964 e em 1969 formou-
se em Psicologia. Classifica as vítimas da seguinte Vítima falsa (simulada; imaginária): quem noticia
forma: crime que não ocorreu, registram falsa comunicação
a) Vítima falsa (simulada ou imaginária): é aquela de crime para ter benefício. EX: FRAUDE DE
que comunica falso crime à autoridade pública. Ela SEGURO.
comunica ter sido vítima de um crime que sabe que
não ocorreu;
VITIMIZAÇÃO

b) Vítima real (fungível e não fungível): Ato ou efeito de ser vítima de sua própria conduta
VÍTIMA FUNGÍVEL: dividida em acidental e ou de terceiros. Existem 3 graus de vitimização:
indiscriminada. vitimização primária (primeiro grau), vitimização
secundária (segundo grau) e a vitimização terciária
(terceiro grau).
✓ VÍTIMAS ACIDENTAIS são aquelas
escolhidas aleatoriamente pelo criminoso. VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA: no momento (no ato) do
crime (quando é ameaçado o bem jurídico).

✓ VÍTIMAS INDISCRIMINADAS são as VITIMIZAÇÃO SECUNDÁRIA (ou


vítimas comuns, do dia a dia, como nos sobrevitimização): causado pelas de controle
casos de furto ou roubo. instâncias formais social, no decorrer do processo
e apuração do crime.
Consiste em um sofrimento adicional, que órgãos
NÃO FUNGÍVEL: é desmembrada em imprudente, públicos, imprensa, e sociedade provocam. Está
alternativa, provocadora e voluntária. No tocante é a pior das vitimizações (faz aumentar as cifras
à vítima não fungível, suas espécies se encaixam negras). Ex: descaso dos órgãos públicos; exposição
perfeitamente e ao mesmo tempo, em fatos que da vítima no meio de comunicações.
ocorrem em dias de pagamento.
VITIMIZAÇÃO TERCIÁRIA: estigmatização,
segregação familiar e social, rotulação da vítima
Exs: Imprudente: (facilitadora); alternativa (a pelas pessoas do seu convívio pessoal, causando-
pessoa se coloca – nos casos de duelo); lhe vergonha e humilhação. (faz aumentar as cifras
provocadora (mais culpada-crimes privilegiados); negras). Causadas por familiares e grupo social da
voluntária (eutanásia); vítima.

Vitimização indireta: sofrimento de pessoas


OUTRAS CLASSIFICAÇÕES próximas, família e amigos.

Vítima ilhada: afasta-se das relações sociais, Heterovitimização: é uma autorrecriminação, ou


solitária. seja, autoculpabilização da vítima.

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ITER VICTIMAE Síndrome de Ganser: (também chamada de


pseudodemência histérica ou psicose de prisão).
Segundo Edmundo de Oliveira, em sua obra Termo médico para uma simulação de transtorno
vitimologia e o direito penal, Iter Victimae é o com sintomas psiquiátricos severos. Muito comum
caminho interno e externo para o indivíduo se esse fingimento, histeria por parte do criminoso
converter em vítima, ou seja, o caminho da vítima preso para obter vantagens e benefícios (simulação
rumo a vitimização. de transtorno, fingimento para obter benefícios).

Neste sentido: “Iter Victimae é o caminho, interno e


externo, que segue um indivíduo para se converter TIPOS DE CIFRAS
em vítima, o conjunto de etapas que se operam
cronologicamente no desenvolvimento de CIFRAS NEGRAS: cifra oculta ou subnotificação
vitimização”. (OLIVEIRA apud NOGUEIRA, 2004). crimes que não chegam ao conhecimento das
autoridades.
São cinco fases: intuição, atos preparatórios
(conatus remotus), início da execução (conatus CIFRAS CINZAS: ocorrências policiais registradas,
proximus), execução (excutio) e consumação porém, não seguem aos tribunais (não vira processo)
(consumattio). na delegacia encontra-se a solução dos problemas
Ex: pagamento de fiança.
INTUIÇÃO (fase interna): pensa que pode ser vítima.
CIFRAS AMARELAS: violência policial contra
ATOS PREPARATÓRIOS (conatus remotus): toma indivíduos da sociedade, que não denunciam por
medidas preliminares, para se defender ou ajusta medo de represálias. Não chegam ao conhecimento
seu comportamento. dos órgãos corregedores.

INÍCIO DA EXECUÇÃO (conatus proximus): CIFRAS DOURADAS: conhecido como crime do


começa a operacionalização de sua defesa ou colarinho branco (macro criminalidade) pessoas
direciona seu comportamento para cooperar, da alta sociedade. Exs: políticos, empresários,
apoiar ou facilitar a ação do ofensor. lavagem de dinheiro, corrupção, desvio de verbas
públicas, sonegação fiscal.
EXECUÇÃO: resistência da vítima para evitar o
resultado, operacionaliza a verdadeira defesa ou CIFRAS AZUIS: crimes de colarinho azul, (micro
resistência para evitar o resultado. criminalidade), crimes cometidos por pessoas
economicamente menos favorecidas. Exs: furto,
CONSUMAÇÃO (consumattio): podendo ter roubos, estelionatos, crimes patrimoniais.
consumado ou não. Se o agressor não alcançou o
resultado, por circunstâncias alheias a sua vontade, CIFRAS VERDES: crimes que não chegam ao
constitui-se um crime tentado. conhecimento policial, em que a vítima é o meio
ambiente. Exs: maus tratos animais, pichações de
TIPOS DE SÍNDROMES monumentos históricos, crimes a faúna e a flora.

Síndrome de Estocolmo: Estado psicológico em CIFRAS BRANCAS: são os crimes solucionados,


que há feição da vítima de sequestro por seu captor. apurado sua autoria pela autoridade competente.

Síndrome de Londres: ao contrário da síndrome de CIFRAS ROSAS: crimes que não chegam ao
Estocolmo, nesta síndrome os reféns passam a conhecimento das autoridades por viés
discutir, discordar, questionar o comportamento homofóbico.
dos criminosos gerando uma antipatia, aumentando
a chances de ser agredida.
CONCEITOS SOBRE VITIMOLOGIA
Síndrome de Lima: há uma afeição do criminoso
pela vítima, criando afinidade, simpatia pelo refém. Dupla penal: “par penal’’ refere-se ao binômio
sujeito ativo (delinquente) e sujeito passivo (vítima).
Síndrome da Mulher de Potifar: designa o tipo de
mulher que, quando é rejeitada, faz uma denúncia Periculosidade Vitimal: comportamento
caluniosa sobre crimes de conotação sexual (acusa
falsamente fato por ter sido rejeitada). inadequado e facilitador da vítima (instiga ou
provoca), o ímpeto delitivo do delinquente.
Síndrome de Oslo: estado psicológico, onde a Caracteriza-se como a: primeira etapa da
vítima sente-se merecedora das agressões e dos vitimização.
castigos impostos, muito comum em vítimas de
violência doméstica. Vitimodogmática: é o estudo da contribuição da
vítima na ocorrência do delito e a influência desta

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participação na dosimetria da pena, seguindo o (D) primar pela repressão criminal integralizada com
princípio da “autorresponsabilidade”. todos os entes federativos.

Infortunística: segmento da medicina legal que (E) primar pela repressão ao crime e pelo controle
social.
estuda as doenças e acidentes de trabalho.
4 (AUX DE PAPI—SP VUNESP 2018) Assinale a
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO alternativa que apresenta um exemplo de política de
prevenção criminal prioritariamente terciária.
1) (INVESTIGADOR SP VUNESP 2018) É correto
(A) Previsão do direito do condenado de abreviar o
afirmar que os programas de apoio, de controle de
tempo imposto em sua sentença penal, mediante
meios de comunicação, de ordenação urbana estão
trabalho, estudo ou leitura.
inseridos como medidas de prevenção
(B) Instalação de câmeras de videomonitoramento
(A) secundária. (B) primária.
em um estabelecimento que foi alvo de diversos
(C) imediata. (D) terciária. roubos.

(E) controlada (C) Melhoria na regulação do sistema financeiro para


prevenção às práticas de lavagem de dinheiro.
2) (ESCRIVÃO SP VUNESP 2018) Assinale a
alternativa que concilia os princípios do Estado (D) Programas de educação aos jovens para
Democrático de Direito com a necessidade de prevenção ao uso de drogas.
prevenção da infração penal, sob a ótica do atual
(E) Instalação de iluminação pública em locais com
pensamento criminológico.
alto índice de criminalidade.
(A) A violação aos direitos fundamentais do preso,
ainda que com a intenção de prevenir crimes, acaba
5) (DELEGADO DE POLÍCIA- PC/SP- VUNESP
por provocá-los.
2014) Tendo o Direito Penal a missão subsidiária de
(B) A pena indeterminada em abstrato e aplicada de proteger os bens jurídicos e, com isso, o livre
acordo com a gravidade em concreto do fato, a livre desenvolvimento do indivíduo, e, ainda, sendo a
critério de cada juiz, é mais eficaz em termos de
pena vinculada ao Direito Penal e à Execução Penal,
prevenção criminal.
após a reforma do Código Penal Brasileiro, em 1984,
(C) A superlotação carcerária demonstra um deficit é correto afirmar que a finalidade da pena é
de aplicação da Lei de Execução Penal, contudo
pode até contribuir para a prevenção de infrações (A) repreensiva e abusiva.
penais.
(B) punitiva e reparativa.
(D) A conduta do policial que, em legítima defesa
própria ou de terceiros, provoca a morte de alguém (C) retributiva e preventiva (geral e especial).
que se opôs a uma intervenção legal deve ser
equiparada aos crimes de homicídios a fim de que (D) ressocializadora e reparativa.
seja destacada a letalidade policial.

(E) Os limites impostos pelos direitos fundamentais (E) punitiva e distributiva.


na investigação do crime são obrigatórios nos termos
constitucionais, mas reduzem a eficácia da 6) (ESCRIVÃO SP VUNESP 2018) Assinale a
prevenção criminal. alternativa correta no que diz respeito à vitimologia.

3) (INVESTIGADOR SP VUNESP 2018) Com (A) Na década de 80 do século XX, a ONU promulgou
relação à criminologia no Estado Democrático de um dos principais diplomas internacionais no que diz
Direito, é correto afirmar que as políticas públicas de respeito aos direitos das vítimas.
Segurança Pública devem
(B) Vitimização terciária é definida como o resultado
(A) primar pela repressão ao crime e pelo combate à dos obstáculos e sofrimentos vivenciados pela
corrupção. vítima, em decorrência dos procedimentos legais da
persecução penal desenvolvida pelo Estado.
(B) priorizar a prevenção criminal integralizada com
todos os entes federativos. (C) No Brasil, a vitimologia é sistematizada por
autores nacionais a partir da década de 30 do século
(C) priorizar a prevenção criminal terciária e a XX, ajudando a nortear a elaboração do Código
repressão ao crime organizado. Penal de 1940.

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(D) Vitimização secundária é definida como o 10) (AUX. PAPILOSCOP 2018) Assinale a
resultado da agressão infligida à vítima pelo autor do alternativa correta no que diz respeito à classificação
crime. dos tipos de vítimas segundo Hans Von Henting.

(E) O termo “vitimologia” foi cunhado na década de (A) Vítima com ânsia de viver – denomina-se assim
20 do século XX, ao término da primeira guerra aquela que, sob o pretexto de que a persecução
mundial. judicial lhe causaria maiores danos do que o próprio
sofrimento resultante da ação criminosa, acaba
7) (PROVA DE PAPILOSCOPISTA SP VUNESP deixando de processar o autor do delito. São vistos
2018) A é a autorrecriminação da vítima pela
tais comportamentos geralmente nos roubos
ocorrência do crime contra si, buscando razões que,
possivelmente, tornaram-na responsável pelo delito. ocorridos nas ruas, nos crimes sexuais e nas
chantagens.
(A) Heterovitimização (B) sobrevitimização
(B) Vítima imune – é considerada dessa forma a
(C) vitimização terciária (D) vitimização primária pessoa que, em decorrência de seu cargo, função,
ou algum tipo de prestígio na sociedade em que vive,
(E) vitimização secundária
acredita que não está sujeita a qualquer tipo de ação
delituosa que possa transformá-la em vítima. Um
8) (PROVA DE AGETEL SP VUNESP 2018) Na exemplo é o padre.
classificação de Benjamin Mendelsohn, a vítima
imaginária é considerada uma vítima (C) Vítima falsa – é taxada dessa forma a vítima que,
pela cobiça, pelo anseio de se enriquecer de maneira
(A) mais culpada que o infrator.
rápida ou fácil, acaba sendo ludibriada por
(B) voluntária ou tão culpada quanto o infrator. estelionatários ou vigaristas.

(C) completamente inocente ou ideal. (D) Vítima que se converte em autor – denomina-se
(D) unicamente culpada. assim a vítima que, por não aceitar ser agredida pelo
autor, reage e passa a agredi-lo da mesma forma,
(E) de culpabilidade menor ou por ignorância. sempre em sua defesa ou em defesa de outrem, ou
também no caso de cumprimento do dever. Nessa
9) (AGENTE POLICIAL 2018) Assinale a alternativa
situação, há sempre a disposição da vítima em lutar
que apresenta corretamente tipos ou definições de
com o autor.
vítimas, nos termos propostos por Benjamin
Mendelsohn. (E) Vítima da natureza – denomina-se assim a
pessoa que possui uma tendência natural de se
(A) Vítima depressiva, Vítima indefesa; Vítima falsa;
tornar vítima. Isso pode decorrer da personalidade
Vítima imune; e Vítima reincidente.
deprimida, desenfreada, libertina ou aflita da pessoa,
(B) Vítima isolada; Vítima por proximidade; Vítima sendo que esses tipos de personalidade podem de
com ânimo de lucro; Vítima com ânsia de viver; e algum modo contribuir com o criminoso.
Vítima agressiva.

(C) Vítima sem valor; Vítima pelo estado emocional;


GABARITO
Vítima perverse; Vítima alcoólatra; e Vítima por
mudança da fase de existência. 1) A 2) A 3) B 4) A 5) C

(D) Vítima que se converte em autor; Vítima


propensa; Vítima da natureza; Vítima resistente; e
Vítima reincidente. 6) A 7) A 8) D 9) E 10) B

(E) Vítima completamente inocente ou vítima ideal;


Vítima de culpabilidade menor ou por ignorância;
Vítima voluntária ou tão culpada quanto o infrator;
Vítima mais culpada que o infrator; e Vítima
unicamente culpada.

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