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Resumo: O presente trabalho traz uma reflexão sobre os delineamentos do direito social à
segurança pública, garantido no artigo 6º da Constituição Federal de 1988, e definido no artigo
144 da Constituição Federal, como dever do Estado, direito e responsabilidade de todos,
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
através das polícias federal, rodoviária federal, ferroviária federal, polícias civis, polícias militares
e corpos de bombeiros militares. Os direitos fundamentais sociais presentes na Constituição de
1988 têm sua fundamentalidade garantida no texto constitucional positivo e na sua relação
com valores e objetivos estampados na carta constitucional, especialmente com a dignidade da
pessoa humana. Diante do aumento vertiginoso da criminalidade que causa um grande
sentimento de insegurança, a garantia da segurança pública passou a constituir uma das
atribuições prioritárias do Estado brasileiro. As políticas públicas como único instrumento na
concretização do direito à segurança pública. As problemáticas sobre a concretização dos
direitos fundamentais sociais envolvem questionamentos relacionados às omissões
inconstitucionais, à discricionariedade estatal, ao controle jurisdicional das políticas públicas e a
irreversibilidade do direito à segurança pública. Em síntese, o problema da segurança pública
não é afeto apenas a atividade policial, pois atualmente a prioridade das ações policiais, são as
prisões de criminosos através de caráter repressivo. É preciso o Estado reconhecer que deve
implementar políticas preventivas no combate a violência respeitando os direitos humanos,
aplicando boas práticas de educação e de cidadania, a participação popular na elaboração das
políticas públicas, aprimorar o policiamento comunitário e políticas para grupos vulneráveis.
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09/11/2020 Direito Fundamental à Segurança Pública - Âmbito Jurídico
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Abstract: The present work brings a reflection about the guidelines of the social right to public
security, guaranteed by article 6 of the federal constitution of 1988, and defined in article 144
of the federal constitution, as duty of the state, law and responsibility of all, exercised for the
preservation of public order and safety of the people and the patrimony, through the federal
police, federal road federal railway police, civilians, military and police bodies of military
firefighters. Fundamental social rights in the constitution of 1988 have their fundamentally
guaranteed in the constitutional text and positive in relation to values and objectives printed on
constitutional charter, especially with the dignity of the human person. Before the dizzying
increase in criminality that causes a great feeling of insecurity, the assurance of public safety
went on to be one of the priority tasks of the Brazilian state. Public policies as the only
instrument in the realization of the right to public safety. The problems on the implementation
of the fundamental social rights involve questions related to omissions unconstitutional, the
state discretion, the jurisdictional control of public policies and the irreversibility of the right to
public safety. In summary, the problem of public security is not affection only police activity,
because currently the priority of the police actions, are the arrests of criminals through
repressive character. We must recognize that the state must implement preventive policies in
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combating violence, respecting human right, applying best practices in education and
citizenship, popular participation in public policy-making, improve community policing and
policies for vulnerable groups.
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1 Introdução
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A segurança pública é um dos problemas mais agudos de nossa sociedade atual, o interesse
pelo tema tem aumentado de forma significativa, diariamente as emissoras de rádio e televisão
e outros meios de comunicação noticiam crimes graves, em números sempre crescentes,
mostrando o estágio avançado da criminalidade e a sua influência nefasta na vida da
população.
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Art. 6º – São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição.
“A acolhida dos direitos fundamentais sociais em capítulo próprio no catálogo dos direitos
fundamentais, ressalta, por sua vez, de forma incontestável sua condição de autênticos direitos
fundamentais, já que nas cartas anteriores os direitos sociais encontravam-se positivados no
capítulo da ordem econômica e social, sendo-lhes, ao menos em princípio e ressalvadas
algumas exceções, reconhecido caráter meramente programático”. (SARLET, 2012, p. 66)
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IV – permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XIV – organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do
Distrito Federal e dos Territórios;
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
“XVI –R$organização,
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garantias, R$ 69
direitos e deveres R$ 1.609
das polícias civis.” R$ 959
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Art. 144 – A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através
dos seguintes órgãos:
“I – polícia federal;
IV – polícias civis;
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela
União e estruturado em carreira, destina-se a:
“I – apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços
e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como
outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei;
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§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo
será fixada na forma do § 4º do art. 39.”
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A Carta Magna definiu a segurança como um direito social a ser concretizado pelo Estado, de
modo a garantir que os cidadãos possam viver com dignidade, ter plena liberdade de ir e vir,
garantindo-lhes a integridade física, psíquica e moral através de todos os mecanismos que
estejam ao alcance.
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O Supremo Tribunal Federal, em seu pleno já decidiu que o rol do artigo 144, da Constituição
Federal é taxativo e não há possibilidade de ampliação dos órgãos da Segurança Pública,
descritos no citado dispositivo, através de legislação infraconstitucional, inclusive nas
Constituições Estaduais.
“Os Estados-membros, assim como o Distrito Federal, devem seguir o modelo federal. O art. 144
da Constituição aponta os órgãos incumbidos do exercício da segurança pública. Entre eles não
está o Departamento de Trânsito. Resta pois vedada aos Estados-membros a possibilidade de
estender o rol, que esta Corte já firmou sernumerus clausus, para alcançar o Departamento de
Trânsito.” (ADI 1.182, voto do Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24-11-2005, Plenário, DJ de 10-
3-2006. Vide: ADI 2.827, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 16-9-2010, Plenário, DJE de 6-
4-2011).
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2.1 Ordem pública e segurança pública na redação do artigo 144 da constituição federal
de 1988
Na definição de Silva (2009) “ordem pública será uma situação de pacífica convivência social,
isenta de ameaça de violência ou de sublevação que tenha produzido ou que supostamente
possa produzir a curto prazo, a prática de crimes” (SILVA, 2009, p. 777 e 778).
“O conceito jurídico de ordem pública não se confunde com incolumidade das pessoas e do
patrimônio (art. 144 da CF/1988). Sem embargo, ordem pública se constitui em bem jurídico que
pode resultar mais ou menos fragilizado pelo modo personalizado com que se dá a concreta
violação da integridade das pessoas ou do patrimônio de terceiros, tanto quanto da saúde pública
(nas hipóteses de tráfico de entorpecentes e drogas afins). Daí sua categorização jurídico-positiva,
não como descrição do delito nem cominação de pena, porém como pressuposto de prisão
cautelar; ou seja, como imperiosa necessidade de acautelar o meio social contra fatores de
perturbação que já se localizam na gravidade incomum da execução de certos crimes. Não da
incomum gravidade abstrata desse ou daquele crime, mas da incomum gravidade na perpetração
em si do crime, levando à consistente ilação de que, solto, o agente reincidirá no delito. Donde o
vínculo operacional entre necessidade de preservação da ordem pública e acautelamento do meio
social. Logo, conceito de ordem pública que se desvincula do conceito de incolumidade das
pessoas e do patrimônio alheio (assim como da violação à saúde pública), mas que se enlaça
umbilicalmente à noção de acautelamento do meio social (HC 101.300, Rel. Min. Ayres Britto,
julgamento em 5-10-2010, Segunda Turma, DJE 18-11-2010).”
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De acordo com a previsão do artigo 144, da Constituição Federal de 1988, a segurança pública
é exercida pela polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis,
polícias militares e corpos de bombeiros militares.
No imaginário popular a presença de mais policiais nas ruas podem inibir o cometimento de
crimes, e mesmo com toda a vigilância não é possível evitar o cometimento de crimes. A
atividade das policias se diferenciam em administrativas e de segurança, sendo que, esta
engloba a polícia ostensiva e a polícia judiciária.
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As polícias civis e militares possuem uma baixa avaliação de confiança e qualidade de seus
serviços, a qual beira a 70%, e essa desconfiança aumenta ainda mais a sensação de
insegurança, pois há um número pequeno de crimes esclarecidos, grande burocracia como nos
casos em que o cidadão passa horas em uma delegacia de polícia para registrar uma
ocorrência.
Outro desafio que precisa ser enfrentado é mudar a imagem que os policiais são violentos,
corruptos, como noticiado diariamente na imprensa, por exemplo, nos casos das recentes
manifestações populares e policiais que exigem dinheiro de membros de facções criminosas.
Para isso é necessário divulgar as boas práticas de enfrentamento da violência e ações de
controle e punição dos maus policiais.
2.3 O papel das guardas municipais de acordo com a constituição federal de 1988
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“…mesmo que pela sua natureza se pudesse entender a prestação dos serviços de polícia
ostensiva e de preservação da ordem pública como de interesse local, esses não seriam do
Município por força do que estabelece o § 5º do art. 144 da CF, que de forma clara atribui essas
competências à Polícia Militar”. (GASPARINI, 1992, p. 229).
“ O Município não pode ter guarda que substitua as atribuições da polícia militar, que só pode ser
constituída pelos Estados, Distrito Federal e Territórios (…). Diga-se, desde logo, com todas as
letras, que guarda municipal não constitui segmento de segurança pública, não sendo lícita
qualquer ação buscando a repressão à criminalidade. Esta se repete, pertence às polícias, e
guarda municipal não é polícia” (Apelação Criminal nº 124-767-3/5 – 5ª Câmara Criminal do
Tribunal de Justiça de São Paulo).
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“A Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, julgando a Apelação Criminal
nº 96.007-3/0, da Comarca de Araras, prolatou oportuno Acórdão referente à matéria que
estamos comentando, ressaltando que “guarda municipal é guarda de patrimônio público
municipal e que não está investido de funções de natureza policial, não lhe cabendo arvorar-se
em agente policial e dar busca pessoal em quem que seja e sem razão plausível, pelo que o
manifesto abuso dos guardas leva a que se lhe rejeitem os informes prestados” (Relator Des.
Weiss Andrade in Comentários à Constituição de 1988, Forense Universitária, 1992, Vol. VI, nº
455, p.
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Na prática, as guardas municipais estão atuando como polícia ostensiva, sem o devido respaldo
constitucional para realizar tal atribuição, mas que acabam sendo por elas executadas em
função da falência dos órgãos de segurança pública estadual.
Está em andamento a Proposta de Emenda à Constituição nº 534 de 2002 que “Altera o art. 144
da Constituição Federal, para dispor sobre as competências da Guarda Municipal e criação da
Guarda Nacional”. Definindo uma nova competência para as guardas municipais, que é a de
realizar a proteção de suas populações.
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A multiplicidade dos órgãos de defesa da segurança pública, pela Constituição Federal de 1988,
teve dupla finalidade: o atendimento aos reclamos sociais e a redução da possibilidade de
intervenção das Forças Armadas na segurança interna.
No tocante a Força nacional de segurança pública criada em 2004, esta não compõe os órgãos
responsáveis pela segurança pública, é composta por membros das polícias dos Estados. Trata-
se de um convênio entre a União, os Estados membros e o Distrito Federal, instituída através da
Lei 11.473/07, com a exclusiva finalidade da execução de atividades e serviços imprescindíveis à
preservação da ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio.
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No caso do Estado de São Paulo, a polícia militar possui a diretriz N°PM3 – 014/02/05 de 07 de
novembro de 2003, que disciplina a ronda escolar, na busca de atender aos anseios e
necessidades, estreitando o contato entre a polícia militar, diretores de escolas, alunos e seus
familiares.
Os principais casos de violência nas escolas são agressões físicas e verbais entre alunos, contra
professores e outros funcionários, bem como, ameaças, discriminação racial, porte de armas,
furtos, roubos e o tráfico de drogas.
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Tanto professores, funcionários e alunos, acreditam ser positiva a presença da polícia nas
escolas, mas essa prática acaba gerando outra consequência, ou seja, a única tentativa de
manter a disciplina nas escolas acaba virando caso de polícia, onde os professores perdem seu
papel de educador de forma integral.
Nesse caminho, pode-se concluir que o papel da polícia nas escolas é mais para intimidar,
amedrontar, do que efetivamente evitar e solucionar os problemas. Para mudar esta imagem a
polícia deve levar à escola programas que tenham um enfoque educativo na prevenção do uso
de drogas, agressões e brigas, buscando a construção de um ambiente mais seguro.
A Segurança Pública figura como direito social materializado por meio da política social de
Segurança Pública. Para tanto, o Poder Executivo Federal, via Ministério da Justiça,
implementou em 2000, o Plano Nacional de Segurança Pública, no intuito de proporcionar a
articulação entre os Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público, bem como
demais instâncias públicas – Estados, municípios, sociedade civil e demais setores – na “guerra”
contra a violência.
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Em 2003, o Governo Federal ajustou a forma como se daria o repasse de recursos para a
consolidação do Plano Nacional de Segurança Pública em todos os entes Federados, por meio
da presença da Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP, como intermediadora.
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No ano de 2007, o Governo Federal instituiu, por meio da Medida Provisória nº 384, um novo
Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, com a finalidade de reunir “ações de
prevenção, controle e repressão da violência com atuação focada nas raízes sócio-culturais do
crime”, bem como promover a articulação de “programas de segurança pública com políticas
sociais já desenvolvidas pelo governo federal, sem abrir mão das estratégias de controle e
repressão qualificada à criminalidade. O Pronasci, para alcançar seus objetivos, engloba uma
série de medidas, dentre elas, destacam-se:
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Política criminal.
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Os governos em geral fazem apenas um aporte cada vez maior de recursos visando a
renovação de frota, recomposição do efetivo, construção, ampliação e reforma de prédios,
modernização e integração dos sistemas de inteligência e ampliação de vagas prisionais
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Os temas da segurança pública não pertencem apenas às policias, mas dizem respeito a todos
os órgãos governamentais que se integram, por vias de medidas sociais de prevenção ao
delito.
Deve-se pensar nas condições que favorecem o crime e nas possibilidades em que,
considerando determinados fatores, pode haver a potencialização do ato criminoso e de fatos
da criminalidade.
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Não é possível propiciar segurança pública sem mecanismos primários, de ordem político-
social que garantam a cidadania. As questões sociais estão visceralmente ligadas aos
problemas da violência e da criminalidade.
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A atividade estatal voltada para a prevenção criminal vem refletir a falência de outras políticas
governamentais. Essa ineficiência decorre da descura com os organismos policiais envolvidos
no combate à criminalidade e também do descaso ou ineficiente atendimento à família carente,
à escola pública, ao atendimento à saúde das populações mais pobres, política de emprego e
distribuição de rendas e patrimônio e, talvez o mais importante, a falta de política educacional
no sentido mais amplo.
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A esse propósito, Silva (2009), lembra que “se faz necessária uma nova concepção de ordem
pública, em que a colaboração e a integração comunitária sejam os novos e importantes
referenciais” (SILVA, 2009, p. 636).
A participação popular na fixação e alteração da política criminal deve ser adequada, podendo
intervir o povo em todos os pontos que não sejam sigilosos ou que não prejudiquem a
execução da prevenção de crimes.
É possível ilustrar este imaginário com o discurso do Coronel Erasmo Dias. Ex-Secretário de
Segurança em São Paulo: “o fator primordial da violência não é a baixa faixa de renda, e sim a
existência de muitos criminosos à solta. quando eles estiverem na cadeia a criminalidade
voltará a níveis normais” (BENEVIDES, 1983, p. 58)
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O clamor social por penas mais rígidas diante da sensação de insegurança, onde o Estado vem
buscando
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últimos
1.609 anos. R$ 959
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“Em 2000 a população carcerária brasileira era de 232.755 presos, em 2010, a população
carcerária era de 496.251 presos, já em 2012, a população carcerária era de 548.003 presos.
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A maioria dos presos são de jovens até 25 anos de idade, com baixa escolaridade e sem
qualificação profissional. Durante o encarceramento não há políticas que efetivamente
preenchem essa deficiência cultural, onde poderiam dar continuidade no ciclo do ensino
fundamental e médio, ou ofertado uma qualificação profissional visando uma alocação no
mercado de trabalho quando do retorno ao seio social.
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“destinar o necessário para a reforma da Cadeia Pública local, segundo normas de segurança e
compatíveis com os artigos 88 e 120, da Lei de Execução Penal”; “destinar e manter no exercício
de suas funções, nos Municípios de Sabáudia e Arapongas, Delegados, agentes, investigadores,
escrivães, devidamente concursados junto a Administração Pública do Estado”; “destinar e
manter, no exercício de suas funções nos Municípios de Sabáudia e Arapongas, número suficiente
de policiais militares, além dos já existentes”; ”destinar e manter, aos Policiais Militares, no
exercício de suas funções nos Municípios referidos, armas em perfeitas condições de utilização e
munição em quantidade suficiente”; “tomar as providências legais, em matéria administrativa e
em matéria orçamentária, para cumprimento desta pretendida decisão judicial, imediatamente
após seu trânsito em julgado”; “nos Municípios de Sabáudia e Arapongas, nesta Comarca,
destinem exclusivamente ao exercício das funções policiais, pessoas devidamente concursadas,
impedindo nomeações de suplentes e ad hoc para qualquer atividade policial”.
Muitas vezes, não há recursos materiais disponíveis para a execução de determinada política. A
atuação judiciária, nesse campo, pode ter lugar, mas deve se dar de maneira moderada e
subsidiária às decisões do Executivo e do Legislativo.
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O Supremo Tribunal Federal entendeu, por exemplo, inexistir “nexo de causalidade” entre o
assalto e a omissão da Autoridade pública que teria possibilitado a fuga de presidiário, o qual
veio a integrar a quadrilha que praticou o delito, cerca de vinte e um meses após a evasão.
“1. Cabe ao ente municipal a responsabilidade pela implementação das políticas públicas de
proteção a crianças e adolescentes, entre as quais está o programa permanente de atendimento a
adolescentes autores de atos infracionais que devem cumprir medida socioeducativa em meio
aberto. 2. A reiterada omissão do ente municipal, que vem sendo chamado a cumprir com seu
encargo, legitima a ação do Ministério Público de postular ao Poder Judiciário a imposição dessas
medidas. 3. É cabível a determinação de que a administração pública municipal estabeleça, na
sua previsão orçamentária, as verbas destinadas à implementação e manutenção do referido
programa de atendimento” (TJ-RS, j. 17 out. 2007, AI nº 70.020.195.616, Rel. Des. Sérgio F. V.
Chaves).
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Não basta ao Estado atuar para satisfazer o direito social à segurança pública, mas, também,
deve se abster de empenhar qualquer medida que possa vir a prejudicar o direito concretizado.
“A proibição do retrocesso social determina, de um lado, que, uma vez consagradas legalmente as
‘prestações sociais’, o legislador não pode depois eliminá-las sem ‘alternativas’ ou
‘compensações’. Do outro, a garantia de uma proteção efectiva do direito jusfundamental não
resulta criada a partir da legislação, antes esse âmbito de proteção vem garantido através da
actuação dessa legislação. Nisto consiste o ‘dever de proteção’ jurídico-constitucional, que deve
ser pressuposto quer pela administração pública quer pelo poder judicial.” (QUEIROZ, 2006,
p.103)
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Dessa forma, Nunes (2009) afirma que “suprimir um serviço já disponibilizado ou cassar, pela
revogação da lei, um direito já exercido por seus destinatários, configuraria violação à norma
constitucional com base na qual a lei ou a ação administrativa tenham sido desenvolvidas”.
(NUNES, 2009, p. 119)
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9 Conclusão
A abordagem central do tema segurança pública pairou sobre a questão se a segurança pública
é um problema restrito à polícia e às suas atividades preventivas, investigativas e repressivas ou
será que envolve aspectos do acesso da população à educação, saúde, emprego e à igualdade
material.
Parte da indagação já fora respondida quando destacado que a segurança pública não é
atividade exclusiva da polícia, e a Constituição Federal de 1988, estabeleceu a segurança como
um direito social a ser efetivado pelo Estado, garantindo que os cidadãos possam viver com
dignidade, ter plena liberdade de ir e vir, garantindo a integridade física, psíquica e moral
através de todos os mecanismos que estiverem ao alcance.
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Os gastos com a segurança pública são exorbitantes, no ano de 2012, foram investidos mais de
61 bilhões de reais. Além da dotação financeira, é preciso uma reforma institucional e a
implementação
R$ 179
de açõesR$
que
229
ataquem as causas
R$ 69
imediatas da violência.
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A título de destaque, não que a educação seja a solução de todos os problemas, insta
consignar que, o nível de escolaridade da população carcerária brasileira compõe-se da
seguinte forma: 5,82% são analfabetos, 13,01% alfabetizados, 47,44% possui o ensino
fundamental incompleto, 18,87% possui o ensino fundamental completo, 11,49% possui o
ensino médio incompleto, 7,71% possui o ensino médio completo, 0,77% possui o ensino
superior incompleto, 0,39% possui o ensino superior completo e 0,03% acima do superior
completo.
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A prevenção é tão ou mais importante que a punição, a segurança pública deve ultrapassar o
modelo repressivo e buscar a efetivação através de outras políticas públicas. O Estado deve não
insistir em considerar a questão do crime e da criminalidade pelo ponto de vista da legislação
penal e da ampliação de vagas no sistema prisional.
Cerca de 26% da população é composta por jovens com idade entre 15 e 29 anos, e este grupo
está em maior número nas estatísticas como vítimas e autores na prática de delitos, o que
demonstra a necessidade de uma política pública específica para este grupo etário.
A juventude é uma fase em que a experimentação é vivida mais intensamente, neste momento
estes indivíduos são menos amadurecidos psicologicamente. Ao se envolverem com a
criminalidade e possível passagem pelo sistema prisional, a partir deste momento tudo ficará
mais difícil, pois a sociedade irá rotulá-los como “ex-preso”.
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Durante o cumprimento de pena os jovens não dão continuidade nos estudos, não são
qualificado profissionalmente, consequentemente ao retornarem ao convívio social, não
atenderão as exigências do mercado de trabalho, que ainda poderá exigir atestado de
antecedentes criminais, não restando outra alternativa senão o trabalho informal.
Conclui-se, pois, que as políticas públicas podem ser consideradas o principal instrumento para
combater a criminalidade, bem como, a única alternativa capaz de mudar o atual quadro que se
encontra a segurança pública brasileira.
Referências:
BENEVIDES, Maria Victória. Violência, povo e polícia. São Paulo: Brasiliense, 1983.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil: Titulo V, Da Defesa
do Estado e das Instituições Democráticas. Capítulo III da Segurança Pública. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigobd.asp?item=%201359>. Acesso em 10
novembro de 2013.
CECATTO, Maria Aurea Baroni et al. Cidadania, Direitos Sociais e Políticas Públicas. São Paulo:
Conceito Editorial, 2011.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 22. ed. São Paulo, Atlas, 2009.
MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Trad. De Meton Porto Gadelha. Rio de
Janeiro: Zahar, 1967.
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional. 8. ed.
São Paulo: Atlas, 2011.
________. Direito Constitucional. 24. ed. –São Paulo: Atlas, 2009.
NUNES JUNIOR, Vidal Serrano. A cidadania social na Constituição de 1988: estratégias de
positivação e exigibilidade judicial dos direitos sociais. São Paulo: Verbatim, 2009.
QUEIROZ, Cristina. Direitos fundamentais sociais. Coimbra: Coimbra Editora, 2006.
SETTE CÂMARA, Paulo. Reflexões sobre segurança pública. Belém: Universidade da Amazônia,
Imprensa oficial do Estado do Pará, 2002.
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SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional. 11. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do
Advogado Editora, 2012.
SILVA, José Afonso da. Comentário contextual à constituição. 6. ed. atual. até a Emenda
Constitucional 57, de 18.12.2008. São Paulo: Malheiros, 2009.
__________. Curso de Direito Constitucional Positivo. 30. ed. atualizada até a Emenda
Constitucional 56, de 20.12.2007. São Paulo: Malheiros, 2008.
Notas:
[1] Zanobini, G. (1950). Corso di diritto amministrativo. Bolonha: Il Molino.
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[2] Tácito, C. (1959). O abuso de poder administrativo no Brasil: conceitos e remédios. São Paulo:
Departamento Administrativo do Serviço Público e Instituto Brasileiro de Ciências
Administrativas.
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