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Conselhos Comunitários de Segurança: Uma prioridade dos municípios

no controle da criminalidade.

Nas duas ultimas décadas o Espirito Santo vivencia uma nova realidade na
segurança pública: Municípios assumindo o protagonismo do debate, com um
conjunto de iniciativas e responsabilidades, seja na formação de Guardas
Municipais, seja na criação de secretarias para o desenvolvendo Planos
Municipais de Segurança.

Esta cobrança deverá ser reforçada ainda mais diante às demandas de


segurança, tranquilidade e salubridade pública da própria população. As
Organizações da Sociedade Civil/OSC, ferramentas da democracia, voltadas
para segurança pública, pouco valorizadas, são uma ponte do município para a
construção de politicas públicas e sociais com o cidadão.

A gestão democrática da segurança no município tem sua gênese com a


criação do Conselho Interativo de Segurança de Guaçuí/ES em 1994. Pela
primeira vez se reuniam prefeito, vereadores, juízes, promotores
representantes da PM, PC, Igrejas e comércio para discutirem e solucionarem
problemas.

Guaçuí estimulou a criação de mais de 100 conselhos no estado registrando a


maior mobilização comunitária da história na segurança, chegando a seu ápice
em 2001 quando se reuniu mais de 1500 lideranças no Teatro da UFES para
avaliar o Programa Estadual de Segurança Pública, denominado PROPAS.

A partir de 2003, o que se viu foi à desmobilização dos conselhos e


coincidentemente a interrupção da curva de diminuição dos homicídios no ES,
entretanto a semente estava plantada! Cidadãos e operadores da segurança
continuavam a serem capacitados nas academias de polícia em Direitos
Humanos e Segurança Cidadã.

Em 2009, com advento do Programa Nacional de Segurança com


Cidadania/Pronasci a estratégia de unir políticas de segurança e ações sociais
é colocada mais uma vez em pauta, priorizando a prevenção da violência.
Assim nasce em 2010 o Projeto de Territórios de Paz.

O Território de Paz tem como estratégia a Polícia Comunitária e potencializar


projetos sociais em regiões de vulnerabilidade social de maior concentração de
homicídios nos municípios da RMGV. Criam-se ali os Gabinetes de Gestão
Integrada Municipal, os observatórios da violência e as Centrais de Vídeos
Monitoramento e conselhos.

No primeiro ano de projeto, a RMGV reduziu em 21,18% o número de


homicídios e o território de Paz diminui em 38,24%. Neste ano começa a
trajetória de queda dos homicídios até 2017.
O Território de Paz, mantido majoritariamente por recursos da união, viu-se
necessitado de continuidade. Coube ao Governo do estado então prover e
ampliar as políticas públicas com o Programa “Estado Presente”.

Nestas idas e vindas, é notório que a participação do cidadão ainda é precária


e necessita de apoio governamental, especialmente dos municípios, onde o
crime realmente acontece.

Enfim, com cidadãos conscientizados, o maior desafio dos prefeitos, na


contenção e controle da criminalidade no município, não está apenas nas
policias e guardas municipais, nas episódicas operações policiais integradas,
na criação de grupos táticos, em aparatos bélicos, mas, em construir politicas
de segurança com e para a comunidade.

E de fato exercer o previsto na Constituição Estadual: “Assegurar, na forma da


lei, o caráter democrático na formulação da política e no controle das ações de
segurança pública do Estado, com a participação da sociedade civil”.

Aprendemos nos bancos escolares militares que “a comunidade não rejeita


oferta de segurança”, então fortalecer as OSCs é uma necessidade.

JAILSON MIRANDA

Ex Chefe do EMG da PMES e ex Secretário de Defesa Social da Serra.

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