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ORIENTADOR
Teófilo Otoni – MG
Outubro de 2020
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RESUMO
A segurança pública é a função dos governos que garante a proteção dos cidadãos, pessoas em
seu território, organizações e instituições contra ameaças ao seu bem-estar - e à prosperidade de
suas comunidades. Para enfrentar os desafios crescentes na área de segurança pública, as
instituições e organizações públicas responsáveis podem usar sua própria inteligência para
enfrentar com antecedência possíveis ameaças. Eles otimizam suas estruturas internas, usam
sinergias e equilibram cuidadosamente os custos e benefícios de suas medidas, onde sua
importância para a sociedade é indiscutível.
ABSTRACT
Public security is the function of governments that ensures the protection of citizens, people in
their territory, organizations and institutions against threats to their well-being – and the
prosperity of their communities. To address the growing challenges in the area of public security,
responsible institutions and public organizations can use their own intelligence to face potential
threats in advance. They optimize their internal structures, use synergies and carefully balance
the costs and benefits of their measures, where their importance to society is undisputed.
2. DESENVOLVIMENTO
Com a transferência da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, foi criada a
Intendência Geral da Polícia da Corte e do Estado do Brasil no Rio de Janeiro.
Delegada a desempenhar a função de polícia judiciária, estabelecia punições,
fiscalizava o cumprimento das mesmas e também era responsável pelos serviços
públicos como abastecimento de água, obras urbanas, iluminação e outros serviços
urbanos da cidade (MARCINEIRO e PACHECO, 2005, p. 9).
No ano seguinte, criou-se a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia, em cuja estrutura
já podíamos identificar traços do modelo militar. Entre suas incumbências estavam as de
capturar escravos e transgressores da ordem e da lei e reprimir as ações de contrabando. Naquele
momento, saliente-se, ainda não se denotavam noções claras ou referências precisas acerca da
concepção de segurança pública.
Uma das questões fundamentais na definição do Sistema de Justiça Criminal brasileiro
pode ser apontada a partir do contexto do século XVIII, que marca a expansão e
consolidação da atividade de mineração do ouro e a consequente mudança do foco da
coroa portuguesa na, então, colônia brasileira: da produção do açúcar do Nordeste
brasileiro, administrado a partir da cidade de Salvador, para o ouro das Minas balizado
pela mudança da capital e da burocracia para a cidade do Rio de Janeiro. Assim, um
aspecto fundamental da consolidação da exploração colonial na época do ouro foi o
desenvolvimento dos instrumentos de manutenção da ordem pública e do monopólio
do exercício legítimo da violência por parte das autoridades coloniais. Este
desenvolvimento, entretanto, foi profundamente marcado, de um lado, pelas
características do Estado patrimonialista português e, de outro, pela resistência e
rebeldia de vários setores da população, especialmente entre aqueles que detinham
poder econômico ou militar. (BATITUCCI, 2010, p. 17).
Gleice Bello da Cruz (2.013) assinala que, no ano de 1822, pós declaração da
Independência do Brasil, as noções de segurança do indivíduo e segurança do país ainda se
confundiam. A autora destaca que “durante o Período Imperial, o país entrou em conflitos
internos e externos, e a força policial, chamada de Guarda Real, atuou no espaço da defesa
interna e da segurança nacional, agindo conjugadamente com o Exército Brasileiro” (Cruz,
2013).
No Período Regencial (1831), deu-se a substituição da Guarda Real pelo chamado Corpo
de Guardas Municipais Voluntários Permanentes por província. Posteriormente, a denominação
foi alterada e cada província determinou uma nomenclatura consoante a unidade federativa
(Polícia Militar do Estado da Bahia, por exemplo). Ainda nesse período nasceu a Guarda
Nacional, uma organização paramilitar criada, em teoria, para defender a Constituição e o
Império, prezando pela ordem interna.
No Rio de Janeiro, tivemos, em 1866, a criação da Guarda Urbana, precursora do Corpo
Civil da Polícia: uma força não militarizada com atividades de ronda a qual foi extinta em 1889.
Nesse mesmo ano, quando proclamada a República, ficou definida a responsabilização dos
governos estaduais pela manutenção da ordem e segurança pública e pela defesa e garantia da
liberdade e dos direitos dos cidadãos. Contudo Fernandes e Costa (1998) nos lembra que “as
violências cometidas pelos senhores continuavam a encontrar, em certos casos, o apoio da
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polícia. A polícia e a justiça não impediam as arbitrariedades dos senhores”. Por volta da década
de 1920, observa-se que a Organização Policial (Forças Públicas), em função das colaborações
com as Forças Armadas, passou a adotar seus regulamentos, conferindo à polícia uma ideologia
de cunho dominante/repressor.
No Governo Vargas, o Brasil passou a ter alguns conflitos diante das exigências da
sociedade, que reivindicava a democracia, através de eleições e de uma nova
Constituição. Com o receio de ser contraposto, o governo federal decidiu controlar as
Forças Públicas, oficializando a Força Reserva de Primeira Linha do Exército. Ocorreu
a primeira referência sobre as Forças Públicas, hoje a Polícia Militar, como
organização. Em 1946, a União continua com a atribuição da legislação anterior,
contudo, a Constituição da época denominava as Forças Públicas de “Polícias
Militares”, caracterizando-as ainda como força auxiliar instituída para segurança
interna e manutenção da ordem nos estados (Cruz, 2013, p.96)
A redação exposta foi dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019, a qual
apresentou uma inovação jurídica (seguindo as tendências internacionais, sobretudo europeias):
a transformação da carreira de agente de segurança penitenciário em Polícia Penal, à qual se
destinou a segurança dos estabelecimentos penais.
2.2 A Sociedade e Segurança Pública hoje
Para Sonnenburg (2009), a cidadania diz respeito à relação do indivíduo com os demais
componentes da sociedade e também com o Estado. Essas relações, não obstante, muito mais
comumente do que gostaríamos (como apontam as estatísticas), são conflituosas.
Deu-se no país uma queda de 19% no número de vítimas de crimes violentos em 2019
em relação a 2018. Ainda assim, em todo o ano passado, houve 41.635 assassinatos no país.
Sobressai, nesta seara, a Política Nacional de Segurança Pública (PNaSP), que se define
como o conjunto de princípios, diretrizes, objetivos que condicionará a estratégia de segurança
pública a ser implementada pelos três níveis de governo de forma integrada e coordenada,
visando à preservação da vida, à manutenção da ordem pública, ao meio ambiente conservado
a garantia da incolumidade das pessoas e do patrimônio, o enfrentamento e prevenção à
criminalidade e à violência em todas as suas formas, assim como o engajamento da sociedade,
a transparência e publicidade das boas práticas.
Destaque também para o Pronasci (Programa nacional de segurança pública com
cidadania), instituído pela lei 11.530 de 2007 e desenvolvido pelo Ministério da Justiça, visando
à valorização dos profissionais da segurança pública, o combate à corrupção policial, a
reestruturação do sistema penitenciário e o envolvimento da comunidade na prevenção da
violência.
A despeito das iniciativas e programas encabeçados, o Brasil engatinha (quando
considerado no plano internacional) em se tratando da implementação de políticas públicas de
segurança, deixando ainda muito a desejar. O poder público é negligente e omisso e não vemos
a sociedade civil, que tanto é afligida pelo problema, exigir de seus representantes a prioridade
desse tema nas pautas do Congresso e na agenda política do governo.
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
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