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Segurança pública e direitos humanos

APRESENTAÇÃO

O conceito de segurança pública diz respeito a um processo composto por um conjunto de ações
que garantem que o cidadão usufrua dos seus direitos e deveres sem que haja uma ação ilegítima
de violência. A segurança pública deve ser compreendia como um direito de todos, compondo o
rol de direitos fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988, sendo um dever do
Estado.

Sua concretização não se resume apenas à oferta de policiamento. Outros direitos, como saúde,
moradia e educação também devem ser fornecidos à população. Ademais, este valor deve ser
como um correlato da dignidade humana e está intimamente ligado à ressocialização dos
egressos do sistema carcerário.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá o conceito de segurança pública e os direitos e


garantias envolvidos na sua concretização. Além disso, verá a correlação entre a Declaração
Universal dos Direitos Humanos de 1948 e o direito à segurança estabelecida pela Constituição
Federal de 1988. Por fim, conhecerá os desafios de implementação dos direitos humanos no
contexto do sistema prisional brasileiro.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Explicar a política de segurança pública e o seu papel na sociedade.


• Relacionar perfil populacional e acesso aos direitos conquistados
a partir da DUDH.
• Reconhecer os desafios da implementação dos direitos humanos
no sistema prisional brasileiro.

DESAFIO

A concretização da segurança pública depende de um conjunto de ações por parte dos agentes
públicos. Esta deve ser pensada de forma preventiva e não apenas em seu sentindo contencioso.
Muitas são as contribuições do planejamento público para a sua concretização.

Imagine que você acabou de assumir o cargo de Secretária de Segurança Pública do Município
de Estrela/RS, que tem cerca
de 80 mil habitantes.
Diante da reconhecida problemática, pense em ações que tenham
em vista coibir a violência na sua perspectiva preventiva. Assim,
sugira práticas direcionadas a cada uma das instituições presentes,
de modo que estas possam verificar a viabilidade prática dessas
ações internamente.

INFOGRÁFICO

O século XX foi marcado por dois grandes conflitos bélicos. A Primeira e a Segunda Guerras
Mundiais envolveram um grande número de países e deixaram milhões de mortos ao redor do
mundo. Sem segurança, as pessoas fugiam de seus países em busca de abrigo em outros lugares.

Neste contexto de violência é que surge a reflexão sobre a importância de um conjunto de


direitos específicos dos seres humanos. Os direitos humanos são um conjunto de garantias que
têm em vista as integridades física e psíquica dos seres humanos, independentemente do Estado
em que se encontram. Assim, buscam tutelar a chamada dignidade da pessoa humana.

Neste Infográfico, você vai ver o conceito de direitos humanos e como eles estão estabelecidos
no ordenamento jurídico interno, além da segurança pública enquanto um direito fundamental
individual e dever do poder estatal.
CONTEÚDO DO LIVRO

A segurança pública precisa ser compreendida como um direito fundamental do individuo,


garantido a partir de um conjunto de ações desenvolvidas pelo Estado. A sua normatização está
expressa na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e na Constituição Federal de
1988.

No capítulo Segurança pública e direitos humanos, base teórica desta Unidade de


Aprendizagem, você vai ver os principais aspectos da segurança pública, bem como a sua
garantia em documentos como a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e a
Constituição Federal de 1988. Além disso, vai entender um pouco sobre a evolução histórica dos
direitos humanos e a importância de documentos normativos para o seu reconhecimento por
autoridades estatais. Por fim, vai conhecer o modelo carcerário adotado pelo Brasil e suas
implicações para a proteção dos direitos dos apenados.

Boa leitura.
DIREITOS
HUMANOS E
LEGISLAÇÃO
SOCIAL

Tamara Mirely Silveira Silva


Segurança pública e
direitos humanos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Explicar a política de segurança pública e o seu papel na sociedade.


„„ Relacionar perfil populacional e acesso aos direitos conquistados a
partir da DUDH.
„„ Reconhecer os desafios da implementação dos direitos humanos no
sistema prisional brasileiro.

Introdução
Para um pleno desenvolvimento das relações sociais, o poder estatal
precisa desempenhar uma série de ações visando ao bem-estar cole-
tivo. Entre elas, destacam-se as políticas públicas que evitem situações
de riscos às pessoas e aos seus patrimônios. A Constituição Federal de
1988 estabelece que a segurança pública é um direito individual cuja
consecução está para além da oferta de policiamento.
Na prática, para que haja uma plena consecução da segurança pública
é necessária, de forma cumulada, a garantia de outros direitos fundamen-
tais, como o acesso à educação, à saúde de qualidade, a condições de
moradia, entre tantos outros. Nesse sentido, a garantia plena à segurança
representa um dos maiores desafios do Estado.
Neste capítulo, você compreenderá o conceito de segurança pública
como um dever estatal e uma garantia fundamental. Ainda, verificará que,
para o pleno exercício desse direito, o indivíduo deve ter acesso a um
conjunto de outras garantias, uma vez que a Constituição Federal de 1988
reconhece que esse valor ultrapassa a oferta de policiamento nas ruas.
2 Segurança pública e direitos humanos

E, embora compreendamos que a segurança pública cumpre um


importante papel no processo de pacificação social, perceberemos que,
no Brasil, ações voltadas para a consecução dessa garantia recebem
inúmeras críticas com relação à sua eficácia, visto que a violência contra
pessoas e patrimônios ainda constitui um fato social.

1 Política de segurança pública e o seu


papel na sociedade
A ordem pública pode ser compreendida como uma situação pacífica que
possibilita uma ampla convivência social distante de ameaças de violências
ou subelevação capazes de ocasionar, ainda a curto prazo, a prática de delitos
de quaisquer espécies, ou seja, o contraponto do estado de segurança social
é aquele em que se dá a prática de crimes.
Nesse sentido, para uma conivência harmônica, é fundamental que se
preservem os direitos e garantias fundamentais. Logo, o Estado precisa de-
senvolver uma atividade constante de vigilância, prevenção e repressão de
condutas que estejam em desconformidade com o estabelecido pelas normas
jurídicas de determinado ordenamento.
No Brasil, a segurança pública levanta inúmeros questionamentos em
relação à sua eficácia, já que compreende uma garantia que não pode ser
entendida apenas como a disposição de policiamento nas ruas: as políticas
públicas de segurança envolvem um conjunto de outras garantias, como o
acesso à educação, à saúde, à moradia e ao lazer (Figura 1).
O dever do Estado de garantir a segurança pública se estabelece no fato
de a missão dessa entidade ser a consecução do bem-estar coletivo, buscando
mecanismos que visem à manutenção da pacificação social dentro de situa-
ções de adversidades, nas quais se evidencia o papel fundamental do poder
estatal. Essa finalidade pode ser compreendida como as ações que levem ao
(re)equilíbrio das relações sociais.
Já o direito à segurança pública está atrelado à implementação de políticas
públicas. Conforme Bulos (2017), o direito à segurança é uma prerrogativa
constitucional indisponível, garantida mediante a implementação de políticas
públicas, ou seja, há uma imposição ao Estado de criar condições objetivas
que concretizem o efetivo acesso a tal direito. Assim, pode ser considerado
um direito fundamental de segunda dimensão, visto que exige ações positivas
por parte do Estado.
Segurança pública e direitos humanos 3

Figura 1. Direitos correlatos à segurança pública.

Atualmente, os direitos fundamentais são classificados em cinco dimensões.


„„ Primeira dimensão: direitos individuais (p. ex., liberdade e igualdade).
„„ Segunda dimensão: direitos sociais (p. ex., trabalho, saúde e educação).
„„ Terceira dimensão: desenvolvimento (p. ex., meio ambiente).
„„ Quarta dimensão: democracia (p. ex., informação).
„„ Quinta dimensão: paz (p. ex., pacificação social).
Saiba mais no livro Curso de direito constitucional, de Paulo Bonavides.

Tais condições devem ser verificadas por todos os poderes estatais. Espe-
cificamente, o Judiciário poderá determinar a implementação de ações que
garantam esse direito quando do inadimplemento estatal de suas obrigações,
ou seja, quando do enfretamento de matérias que careçam de ações estatais
para assegurar o direito à segurança pública, o Poder Judiciário poderá deter-
minar que os entes estatais desenvolvam ações que visem à garantia prática
desse direito.
4 Segurança pública e direitos humanos

Tal prerrogativa do Judiciário é frequentemente criticada, visto que a


judicialização das demandas com o objetivo de concretizar direitos e garantias
fundamentais podem levar ao chamado ativismo judicial, ou seja, condições
que extrapolem sua função precípua e passem a adentrar outros poderes. Outra
crítica posta diz respeito ao fato de esse poder não ter uma compreensão ampla
sobre as reais condições dos demais entes para efetivar as políticas públicas.
Assim, a segurança pública, como dito, não se resume à questão de oferta
de policiamento à determinada localidade. A amplitude dessa garantia pode
ser verificada quando a Constituição de 1988, em seu art. 144, eleva ao Estado,
na figura de todos os entes, o direito e a responsabilidade da concretização
desse valor (BRASIL, 1988).
Ainda assim, a polícia cumpre um papel fundamental para a consecução
dessa garantia. O já mencionado art. 144 estabelece que são órgãos que cum-
prem essa finalidade de forma direta: a polícia federal, a polícia rodoviária
federal, a polícia ferroviária federal, a polícia civil, a polícia militar e os corpos
de bombeiros militares. Ao estabelecer essa última entidade como um guarda
e executor das ações de segurança pública, o Poder Constituinte (responsável
por construir as normas constitucionais originárias) reconhece que ações como
desastres naturais comprometem diretamente a manutenção da incolumidade
física e psíquica dos indivíduos.
A função básica dos órgãos de segurança pública consiste em proteger
todos os elementos da sociedade, incluindo os cidadãos, a economia e a infra-
estrutura crítica. Logo, existem vários agentes, como a polícia e os serviços de
emergência, os departamentos municipais ou governamentais, os operadores
de transporte e os grupos de segurança da comunidade, todos com um papel
importante a desempenhar.
O Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), criado pela Lei nº 13.675,
de 11 de junho de 2018, substituiu o Conselho Nacional de Segurança
Pública (CONASP), tendo por finalidade a preservação da ordem pública e
da incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio da atuação conjunta,
coordenada, sistêmica e integrada dos órgãos de segurança pública e defesa
social (BRASIL, 2018).
Para além das suas funções sociais, a segurança pública pode ser vista como
um direito fundamental, ou seja, todo indivíduo tem direito à incolumidade
físico-psíquica e à locomoção. Aliás, essas garantias fazem parte da essência
da dignidade da pessoa humana. Para ressaltar, a Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 1948 (DUDH/1948), em seu art. 23, estabelece que os
indivíduos têm direitos à segurança pessoal.
Segurança pública e direitos humanos 5

Vale destacar que não adianta a Carta Magna assegurar um conjunto de


direitos caso não concretize, ao mesmo tempo, às pessoas (incluindo as jurídicas
e similares) condições reais e efetivas de seu exercício regular. Assim, o Texto
Maior garantiu que seja assegurado o direito à segurança como critério básico
do Estado Democrático de Direito, o qual deve proteger a pessoa humana e
seu patrimônio.
Embora o direito à proteção contra o crime ou a violência interpessoal
ou social não esteja expressamente protegido pelo sistema internacional de
direitos humanos, o Estado não pode se eximir de garantir aos seus cidadãos
um ambiente seguro para o desenvolvimento das relações, cabe a ele buscar
mecanismos que garantam o bem-estar social.
Todavia, o conceito de segurança pode tomar conotações distintas quanto
ao modelo estatal autoritário e democrático, bem como em relação à cate-
goria tempo. Logo, esse conceito evoluiu ao longo da história e, dentro da
perspectiva de uma democracia, significa a manutenção da ordem do poder
e da supremacia estatal.
Para concretizar o modelo democrático, os Estados têm adotado cada vez
mais instrumentos que viabilizam a participação cidadã. A aplicação das leis
que compõem um ordenamento jurídico deve ter, entre outras coisas, a pre-
missa de concretização do princípio da proteção cidadã com base nos direitos
humanos, que, para além do crime, auxilie no processo de pacificação social.

2 Acesso aos direitos conquistados a partir da


Declaração Universal dos Direitos Humanos
no Brasil: questão social ou caso de polícia?
Os direitos devem ser compreendidos como instrumentos declaratórios que
imprimem, em sentido legal, valores tutelados, e as garantias como mecanis-
mos prestacionais e de defesa que concretizam a existência fática dos direitos,
principalmente no que tange à proteção contra eventuais violações.
No Brasil, os direitos são considerados relativos; logo, ainda que sejam direitos
fundamentais, não têm natureza absoluta. No plano fático, como as relações
humanas são complexas, pode haver situações em que os direitos fundamentais
estejam em processo de conflito quando da sua aplicação. Para resolver o caso,
o magistrado utiliza-se da chamada técnica de ponderação e decide, com base
no caso concreto, qual é o direito que se coloca como mais favorável. Todavia,
no âmbito do direito internacional, os estudiosos costumam defender que há
direitos que são absolutos, por exemplo, o de não ser escravizado.
6 Segurança pública e direitos humanos

Na realidade, o que, em regra, diferencia os direitos humanos dos direitos


fundamentais é o documento normativo em que estão estabelecidos. Como
já mencionado, quando estipulados em documentos internacionais, são cha-
mados de direitos humanos, e, quando consagrados em documentos internos,
denominam-se direitos fundamentais.
Nesse sentido, os direitos não podem ser analisados de maneira isolada,
visto que estão inseridos em uma intensa relação simbiótica de complemen-
tação. De forma prática, por exemplo, os direitos individuais recebem forte
influência da concretização (ou não) dos direitos sociais, e assim por diante.
Logo, devem ser compreendidos e respeitados dentro de um conjunto.
A Constituição é o principal documento normativo de um Estado, além da
principal fonte de direitos fundamentais. Como veremos, didaticamente, esses
direitos dividem-se em dimensões, ainda que, na prática, sua concretização
esteja intimamente ligada. A Figura 2 ilustra as relações entre os direitos no
ordenamento jurídico pátrio.

Figura 2. Relação de simbiose entre os direitos.

Conforme mostra a Figura 2, para ter eficácia, o direito à segurança pública


depende, necessariamente, da construção de outros direitos fundamentais.
Assim, apesar de ser considerado um direito social, ao passo que o poder
estatal garante o exercício de direitos como à propriedade e liberdade, con-
templa a consecução da segurança. Na prática, para a garantia de um direito
fundamental, o Estado deve criar um conjunto de políticas públicas, o que
justifica a afirmação de que os direitos apresentam uma unidade.
Segurança pública e direitos humanos 7

Cumpre lembrar que o núcleo dos direitos humanos é indisponível, ou seja,


como estes não têm natureza econômica, seu núcleo não pode ser vendido.
Todavia, alguns desses direitos podem ser passíveis de negociação (p. ex., o
direito à imagem), desde que não comprometa o seu núcleo.
Ademais, é preciso fazer uma distinção entre o direito fundamental em si
e a manifestação social desse direito — por exemplo, quando há alienação ou
a venda de um bem móvel, não se vende o direito fundamental à propriedade
privada, e sim a manifestação deste.
Outro ponto que merece destaque reside no fato de que os direitos humanos
não estão sujeitos a lapsos temporais, ou seja, o decurso temporal não ataca
diretamente o núcleo de tais direitos, e, assim, o nascimento do ser na espécie
humana já lhe atribui um conjunto de garantias específicas.
Já a universalidade deve ser compreendida como um avanço da proteção
aos direitos humanos no âmbito do espaço geográfico: os direitos humanos se
destinam a todos, não sendo necessário verificar questões como raça, cor ou
religião como critério para a sua existência. Basta ser humano para ser sujeito
de direitos. Os direitos são destinados às pessoas, e não às características que
as compõem.
Conforme Comparato (2012), todos os seres humanos merecem igual respeito
e proteção, a todo tempo e em todas as partes do mundo em que se encontrem.
Ainda, analisando a atual conjuntura dos direitos humanos, o autor tece a se-
guinte consideração: “Mas ainda é tempo de se mudar de rota e navegar rumo
à salvação. Na fímbria do horizonte já luzem os primeiros sinais da aurora.
É a esperança de uma nova vida que renasce” (COMPARATO, 2012, p. 552).
No que tange à irrenunciabilidade, não há a possibilidade de o indivíduo
renunciar ao núcleo central dos direitos fundamentais, esvaziando-o por com-
pleto. Logo, o Estado deve proteger o indivíduo de forma integral, inclusive
contra ele mesmo, uma observação importante ao observarmos que, em alguns
Estados, como no Brasil, garante-se o direito fundamental à vida, mas não à
morte, vedando-se a prática de eutanásia.
Outro aspecto dos direitos humanos consiste no fato de não terem natureza
definitiva, já que são construídos ao longo da história e estão em constante
processo de evolução e mutação. Todavia, uma parcela da doutrina compreende
que a evolução dar-se-á sempre de maneira positiva, sendo vedada a retração
dos direitos em espécie. De forma prática, as dimensões dos direitos funda-
mentais demonstram o caráter histórico e a evolução dos direitos humanos.
8 Segurança pública e direitos humanos

Para Noberto Bobbio, em seu livro A era dos direitos, baseando-se a teoria
de Karel Vasak, os direitos fundamentais podem ser classificados em geração
de acordo com as conquistas sociais que levam ao seu reconhecimento pelo
Estado (BOBBIO, 2004). Cumpre ressaltar que, como decorrência da própria
natureza dos direitos fundamentais, não há uma hierarquia entre as dimensões
desses direitos, e sim apenas uma distinção no sentido histórico em que foram
conquistados. Superando a visão de Bobbio, Paulo Bonavides descreve a
existência de outras dimensões dos direitos fundamentais.
Vale destacar que, apesar da evolução do reconhecimento e da normatização
dos direitos fundamentais, atualmente o maior problema a ser enfrentado
é a concretização de tais garantias, visto as inúmeras dificuldades para a
implementação fática de tais direitos. Atualmente, com o vasto conjunto de
documentos normativos nacionais e internacionais sobre os mais variados
aspectos para os direitos humanos, podemos compreender que sua problemática
se dá no plano da concretude.
No Brasil, a Constituição de 1988 é reconhecida por ser um avanço no
reconhecimento dos direitos e das garantias fundamentais (BRASIL, 1988).
A doutrina constitucionalista, conforme Bulos, considera que esse Texto avan-
çou ao ponto de trazer direitos fundamentais de cinco dimensões, ligadas à paz.
Todavia, uma das maiores problemáticas do Texto está no campo da sua
efetivação, já que, apesar de ser destinado aos sujeitos um rol amplo de ga-
rantias, muitas vezes o Estado não dispõe de condições e recursos financeiros
para a sua concretização. Uma consequência desse descompasso é a chamada
judicialização dos direitos fundamentais, em que, não tendo seus direitos
concretizados, os indivíduos provocam o Judiciário por uma resposta.

Para saber mais sobre os trabalhos da Organização das Nações Unidas (ONU) para
a defesa dos direitos humanos, acesse o site do Centro Regional de Informação das
Nações Unidas (UNRIC).
Segurança pública e direitos humanos 9

3 Os desafios da implementação dos direitos


humanos no sistema prisional brasileiro
Historicamente, o modelo penal brasileiro se pautou no aprisionamento, no qual
os indivíduos que estão em conflito com a lei são retirados do convívio social e
colados em espaços em que são vigiados constantemente: cria-se, assim, uma
cultura de encarceramento e isolamento. A esse modelo de encarceramento,
Michel Foucault, no livro Vigiar e punir, dará o nome de panóptipo, uma cul-
tura de um direito penal do inimigo que, para além do enceramento, tem em
conta que aquele que entrar em conflito com a lei penal deve ser considerado
inimigo da coletividade.
Todavia, a proposta acolhida pelo ordenamento jurídico interno deveria
abranger o processo de reinserção social, ou seja, o momento de cumprimento
de pena teria a função de promover uma espécie de educação social para que,
quando finalizasse a pena, o indivíduo pudesse se reintegrar plenamente ao
convívio social e compreender a importância de cumprir as normas jurídicas.
Na prática, verifica-se um descompasso entre o estabelecido pela vontade
da lei e sua observação. De pronto, é preciso refletir que uma das principais
missões da justiça brasileira deveria ser a promoção do respeito à dignidade
humana, mas, na realidade, o Judiciário coaduna para um processo de encar-
ceramento e violação dos direitos.

A real consecução da ressocialização é uma questão complexa, visto que depende


de um conjunto de políticas públicas que devem pensar na prevenção do crime e na
reeducação do apenado, ao passo que enfrenta as reais condições para que a prática
não volte a ocorrer.
Sobre os limites da ressocialização, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), em
parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), faz uma reflexão e propõe algumas
ações.
Para saber mais informações sobre os programas de ressocialização no estado do
Amazonas, leia o texto “CNJ e TJAM inauguram programas que impactam na celeridade
processual e na ressocialização de egressos do sistema prisional do Amazonas”, de Fábio
Melo, disponível no portal do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas.
10 Segurança pública e direitos humanos

A ideia de justiça retributiva desempenhou um papel predominante na


teorização sobre a punição nas últimas décadas. Para os adeptos a essa corrente,
a punição deve impor algum tipo de custo ou dificuldade ou, pelo menos,
retirar um benefício que de outra forma seria usufruído pela pessoa que está
sendo punida.
Os exemplos de violação aos direitos dos apenados são inúmeros. Para
além do processo de superpopulação carcerária, são raras as políticas públicas
direcionadas ao apenado. Não é novidade que as penitenciárias são locais
considerados insalubres e que raramente conseguem efetivar programas de
saúde e educação destinados ao processo de ressocialização.
Nesse contexto, levanta-se um debate sobre a finalidade da pena adotada
pelo ordenamento interno, já que, diante de tantas violações dos direitos do
apenado por parte das autoridades estatais, parece que, na prática, o país
adotou um modelo em que as penas funcionam como uma espécie de vingança.
A Declaração dos Direitos Humanos de 1948, em seu art. 5º, estabelece
que ninguém será submetido à tortura nem a penas ou tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes. O mesmo preceito é estabelecido pela Convenção
Americana sobre Direitos Humanos de 1969, que, também em seu art. 5º, dispõe
que toda pessoa tem o direito de ter sua integridade física, psíquica e moral
respeitada (PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 1998).
Signatário dos documentos dispostos, o legislador constituinte brasileiro,
quando do art. 5º, XLIX, estabeleceu que se assegura aos presos o respeito à
integridade física e moral. No plano infraconstitucional, apesar de a Lei de
Execução Penal ser de 1984, já traz um rol de direitos e garantias específicas
para as pessoas em situação de cárcere (BRASIL, 1984).
Todavia, há um distanciamento entre tais normas e a realidade prisional,
a começar pelas limitadas vagas nas prisões. Conforme dados do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) de 2020, existem hoje no Brasil mais de 2.800
estabelecimentos prisionais com capacidade para abrigar mais de 400 mil
pessoas. Porém, são quase 800 mil pessoas privadas de liberdade em todos
os regimes, ou seja, há um déficit de mais de 70% (BRASIL, 2020).
Conforme dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), em
2020, mais de 50% da população carcerária tem entre 18 e 29 anos, quase 60%
se declaram negros e mais de 75% não têm nem sequer o ensino fundamental
completo. As mulheres representam apenas 7% de toda a população carcerária
e também, em sua maioria, se declaram negras e com baixa escolaridade.
Outro aspecto comum reside no fato de que a renda média dos presos no Brasil
é inferior a um salário mínimo mensal (CORREIO BRAZILIENSE, 2016).
Segurança pública e direitos humanos 11

Quando ingressos no sistema penitenciário, o tratamento dispensado ao


apenado está longe de auxiliar no processo de recuperação. A precariedade das
penitenciárias, atrelada ao crescimento exponencial dos condenados ao regime
semiaberto ou privativo de liberdade, transforma o período de encarceramento
em um momento de violação aos direitos tamanha que leva o apenado até
mesmo a perder a sua dignidade.
Muitas são as problemáticas ocasionadas pelo atual modelo. Com a falta de
medidas efetivas e recursos humanos, o atual modelo de sistema penitenciário
provoca uma constante violação dos direitos dos apenados. Ademais, diante de
uma falta de efetivo e de recursos que estabeleçam a segurança nas unidades
prisionais, estas acabam se transformando em espaços para articulações do
chamado crime organizado — cria-se, assim, um chamado “Estado paralelo”,
visto que, na prática, os detentos impõem ordens e regras para disciplinar a
vida em cárcere.
A disposição normativa ainda parece distante da realidade cotidiana do
sistema prisional. Com raras exceções, as penitenciárias brasileiras funcionam
como uma espécie de depósitos em que os apenados não têm direito a recursos
vitais mínimos, como água, alimentação e local para dormir.
Atrelado as péssimas condições de vida, os apenados ainda sofrem com o
estigma imposto pela sociedade, que influencia diretamente no comportamento
dos ex-criminosos. Em regra, a justificativa do preconceito se assenta na alta
taxa de reincidência criminal por parte de ex-apenados.
Apesar de a Lei de Execução penal garantir que os apenados têm direito
à educação, estes apresentam um baixo nível educacional, o que implicará
diretamente na reinserção no mercado de trabalho após o cumprimento de
sua sanção. Em uma realidade de mercado cada vez mais exigente por mão
de obra qualificada, torna-se quase impossível a inclusão daqueles que não
detêm de qualificação mínima para ocupar um posto de trabalho.
Apesar de a baixa qualificação ser um problema comum para outras clas-
ses sociais, essa questão parece ainda mais latente no caso daqueles que
estiverem cumprindo medidas de penas privativas de liberdade e que não
tiveram a oportunidade de se qualificar por meio de algum de tipo de curso
de aprimoramento profissional e educacional.
Cumpre lembrar que o afastamento da reincidência não depende apenas
da conquista por um posto de trabalho, mas também de outros fatores, como
a remuneração e mesmo a aceitação social, tornando fundamental que os
sistemas prisionais cumpram a função de preparar tecnicamente os indivíduos
egressos para que desempenhem alguma função laboral.
12 Segurança pública e direitos humanos

Outra garantia vital é que o apenado tenha acesso a uma política pública
de saúde direcionada às especificidades da vida em cárcere. Na realidade, o
poder estatal não consegue ofertar serviços específicos a esse público, fazendo
com que muitos padeçam de inúmeras doenças, algumas das quais originadas
das péssimas condições de higiene do ambiente.
O modelo ideal de sistema carcerário deveria contar com profissionais
como defensores públicos, assistentes sociais e psicólogos, porém nem sempre
a composição de equipes disciplinares é possível. Ademais, os espaços deve-
riam conter instrumentos, como cursos profissionalizantes e de capacitação,
que possibilitam a ressocialização e a reintegração como detento, mas muitas
carecem desses recursos, diante de uma estrutura social tão distinta.
Na concepção moderna de justiça, o Poder Judiciário deve colaborar para
a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. E, para isso, precisa
criar ações direcionadas à mitigação das diferenças de classes, como a dos
apenados. Todavia, na prática, poucos são os projetos e ações realizados por
esse setor para o enfretamento dessa problemática.
Entre as ações positivas realizadas, estão os chamados mutirões dire-
cionados à execução penal, que buscam revisar o processo dos apenados e,
portanto, verificar se já cumpriram os requisitos mínimos para serem postos em
liberdade. Apesar de a sanção penal ter delimitações, muitas vezes o apenado
já cumpriu o quantum da sua pena, mas ainda aguarda a marcha processual
lenta para usufruir de sua liberdade.

Para a reinserção do ex-apenado na coletividade, é fundamental a garantia do direito à


ressocialização. Conheça alguns exemplos de projetos com esse propósito no texto “Dez
projetos de ressocialização desenvolvidos no Sistema Penitenciário e Socioeducativo
do Tocantins” de Jejuino Santana Jr. e Jaqueline Moraes.
Segurança pública e direitos humanos 13

BOBBIO, N. A era dos direitos. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004.


BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União,
Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm. Acesso em: 29 dez. 2020.
BRASIL. Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial
da União, Brasília, 13 jul. 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l7210.htm. Acesso em: 29 dez. 2020.
BRASIL. Lei nº 13.675, de 11 de junho de 2018. Disciplina a organização e o funciona-
mento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, nos termos do § 7º do art. 144
da Constituição Federal; cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social
(PNSPDS); institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp); altera a Lei Comple-
mentar nº 79, de 7 de janeiro de 1994, a Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001, e a
Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007; e revoga dispositivos da Lei nº 12.681, de 4
de julho de 2012. Diário Oficial da União, Brasília, 12 jun. 2018. Disponível: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13675.htm. Acesso em: 29 dez. 2020.
BULOS, U. L. Constituição federal anotada. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
COMPARATO, F. K. A afirmação histórica dos direitos humanos. 12. ed. São Paulo: Saraiva,
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CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Sistemas prisionais: estabelecimentos penais. 2020.
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leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/521762/noticia.html?sequence=1&isAllowed=y. Acesso
em: 29 dez. 2020.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Declaração universal dos direitos humanos.
2020. Disponível em: https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/por.pdf. Acesso
em: 29 dez. 2020.
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Convenção americana de direitos
humanos (1969): pacto de San Jose da Costa Rica. 1998. Disponível em: http://www.
pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/sanjose.htm. Acesso
em: 29 dez. 2020.

Leituras recomendadas
MELO, F. CNJ e TJAM inauguram programas que impactam na celeridade processual
e na ressocialização de egressos do sistema prisional do Amazonas. Tribunal de Justiça
14 Segurança pública e direitos humanos

do Estado do Amazonas, 2020. Disponível em: https://www.tjam.jus.br/index.php/


menu/sala-de-imprensa/3605-cnj-e-tjam-inauguram-programas-que-impactam-na-
-celeridade-processual-e-na-ressocializacao-de-egressos-do-sihttps://www.tjam.jus.
br/index.php/menu/sala-de-imprensa/3605-cnj-e-tjam-inauguram-programas-que-
-impactam-na-celeridade-processual-e-na-ressocializacao-de-egressos-do-sistema-
-prisional-do-amazonasstema-prisional-do-amazonas. Acesso em: 29 dez. 2020.
PASTORE, J. Trabalho para ex-infrarores. São Paulo: Saraiva, 2011.
SANTANA JR., J.; MORAES, J. Dez projetos de ressocialização desenvolvidos no Sistema
Penitenciário e Socioeducativo do Tocantins. Portal do Tocantins, 2019. Disponível em: ht-
tps://portal.to.gov.br/noticia/2019/3/4/dez-projetos-de-ressocializacao-desenvolvidos-
-no-sistema-penitenciario-e-socioeducativo-do-tocantins/. Acesso em: 29 dez. 2020.

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DICA DO PROFESSOR

Os direitos humanos correspondem a um conjunto de direitos, estabelecidos em documentos


internacionais. Assim, no plano interno, esses direitos são chamados de fundamentais. Todos
têm direito a essa garantia. No entanto, a realidade carcerária brasileira é marcada por um
contexto de superlotação e falta de políticas públicas efetivas que garantam a ressocialização dos
apenados.

Nesta Dica do Professor, você vai ver mais sobre o conceito de ressocialização do apenado.

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EXERCÍCIOS

1) Assim como os demais direitos fundamentais, a segurança pública é uma conquista


do processo histórico das lutas de classe.

Sendo assim, como ela pode ser definida?

A) A segurança pública é concretizada a partir de um conjunto de ações desenvolvidas por


todos os entes da Federação. Esta garantia está expressa na Constituição Federal de 1988.

B) Diante da divisão dos direitos fundamentais estabelecida por Norberto Bobbio, a segurança
pública pode ser considerada um direito fundamental de terceira dimensão, visto que sua
natureza se estabelece na solidariedade.

C) As ações contenciosas se colocam como prima ratio da finalidade da segurança pública. A


prevenção deve ser vista como um valor corolário desse direito.

D) A segurança pública, garantida pela Constituição Federal de 1988, está delimitada à


atuação das Polícias Cívil, Militar e Federal, órgãos responsáveis pela aplicação dos
direitos humanos.
E) A polícia é o principal fundamento da segurança pública. A sua atuação deve ser
pautada sempre de forma contenciosa e ligada ao combate das práticas criminais,
conforme a Constituição Federal de 1988.

2) A segurança pública tem em vista garantir a incolumidade física e psíquica do


sujeito, mas também deve ser estendida ao patrimônio do individuo.

Dentre as finalidades e os objetivos dessa garantia, é possível afirmar que:

A) a proteção é delimitada à tutela patrimonial. Apesar do avanço, a Constituição Federal de


1988 não reconhece a proteção pessoal.

B) muitas são as finalidades da segurança pública, a qual tem em vista a manutenção da


ordem pública.

C) a tutela constitucional é delimtiada à proteção física das pessoas naturais. Coube à lei
infraconstitucional estabelecer a tutela patrimonial.

D) as ações de segurança pública devem ser desenvolvidas a fim de garantir a incolumidade


das pessoas físicas.

E) a segurança é um direito individual de quinta dimensão. Portanto, é um dever da sociedade


sua observação primária.

3) Durante a história da humanidade, alguns conflitos bélicos colocaram em risco a


segurança das pessoas. Assim, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948
tem em vista garantir uma proteção mínima ao sujeito, ainda que em situação de
eventuais conflitos armados.

Sobre a Declaração Universal de 1948, é correto afirmar que:

A) apesar dos avanços, traz o direito à segurança de forma indireta. Trata-se de uma garantia
corolária à segurança privada.
B) o Brasil, apesar de signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, a
subescreveu com ressalvas, não reconhecendo o dispositivo da segurança.

C) a segurança do individuo é estabelecida como um valor inerente à dignidade humana, e a


Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 estabelece isso de forma expressa.

D) a Constituição Federal de 1988 distoa dos valores trazidos na Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 1948 quanto à tutela da segurança pessoal.

E) o Brasil ratificou com reservas a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.
Assim, a recepção dos artigos deve ser vista de forma isolada.

4) A segurança pública deve contemplar ações que tenham em vista garantir melhores
condições à população. Inclusive, deve direcionar ações para aqueles que estão em
regime de cumprimento de pena privativa de liberdade.

Sendo assim, assinale a alternativa correta.

A) A Constituição Federal de 1988 e a Lei de Execução Penal trazem um conjunto de direitos


garantidos àquele que cumpre pena privativa de liberdade.

B) A Lei de Execução Penal de 1984 é considerada uma inovação. Na prática, seus


dispsotivos têm plena eficácia.

C) A realidade carcerária brasileira é marcada pelo processo de superlotação e concretização


dos direitos dos apenados.

D) Apesar dos avanços, a Constituição Federal de 1988 não consagrou direitos para as
pessoas que estão em regime de cumprimento de pena.

E) O apenado sofre uma delimtiação dos exercícios de seus direitos individuais, como aqueles
pertinentes à saúde e à segurança.
5) O sistema carcerário brasileiro é centrado em um modelo punitivo de privação de
liberdade. Na prática, muitos são os desafios para a garantia dos direitos dos
apenados.

No Brasil, o número de reincidência à prática criminosa é considerado alto em


relação a países europeus. Dentre outras maneiras, como é possível explicar esse fato?

A) O sistema carcerário brasileiro cumpre sua função de reintegração. Após a saída, o ex-
detento tem plenas condições de reinserção na sociedade.

B) A educação é uma garantia àqueles que estão no regime semiaberto. Assim, quem se
encontra em regime fechado não pode exercer tal direito.

C) Tendo em vista o auxílio nos gastos do Estado com a reclusão, cabe ao apenado
desenvolver atividades laborais durante o cumprimento da pena.

D) Ao apenado, a saúde tem um caráter contributivo, ou seja, o exercício deste direito é


limitado quando se está cumprindo pena.

E) Entre as garantias estabelecidas pela Lei de Execução Penal, destaca-se que o


cumprimento da pena deve, em tese, garantir a ressocialização.

NA PRÁTICA

A segurança pública deve ser compreendida como um direito de todos, inclusive daqueles que
estão em regime de cumprimento de pena privativa de liberdade. Para a concretização desta
garantia, é preciso que o Estado observe outros direitos fundamentais, como o acesso à educação
e à saúde.

Neste Na Prática, você vai ver os elementos inerentes à tutela da ressocialização.


SAIBA MAIS

Geopresídios

O aumento da violência e o modelo carcerário problemático são agravantes do aumento da


chamada sensação de insegurança. Logo, é preciso refletir sobre alguns destes aspectos. Você
pode ler mais sobre a situação prisional no Brasil no link a seguir.

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Violências, direitos humanos e segurança pública em debate

Violência e segurança pública estão intimamente ligados. É possível verificar os indicadores e


analisar se a segurança está sendo garantida. Este artigo traz uma importante reflexão sobre o
tema. Veja a seguir.

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A superlotação nos presídios

Neste vídeo, você vai ver como é a realidade nos presídios brasileiros superlotados, onde muitos
direitos não são garantidos.

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Rio do medo

Este documentário mostra, sob diferentes pontos de vista, como é viver em um ambiente
inseguro. Acompanhe.

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