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APRESENTAÇÃO
O conceito de segurança pública diz respeito a um processo composto por um conjunto de ações
que garantem que o cidadão usufrua dos seus direitos e deveres sem que haja uma ação ilegítima
de violência. A segurança pública deve ser compreendia como um direito de todos, compondo o
rol de direitos fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988, sendo um dever do
Estado.
Sua concretização não se resume apenas à oferta de policiamento. Outros direitos, como saúde,
moradia e educação também devem ser fornecidos à população. Ademais, este valor deve ser
como um correlato da dignidade humana e está intimamente ligado à ressocialização dos
egressos do sistema carcerário.
Bons estudos.
DESAFIO
A concretização da segurança pública depende de um conjunto de ações por parte dos agentes
públicos. Esta deve ser pensada de forma preventiva e não apenas em seu sentindo contencioso.
Muitas são as contribuições do planejamento público para a sua concretização.
Imagine que você acabou de assumir o cargo de Secretária de Segurança Pública do Município
de Estrela/RS, que tem cerca
de 80 mil habitantes.
Diante da reconhecida problemática, pense em ações que tenham
em vista coibir a violência na sua perspectiva preventiva. Assim,
sugira práticas direcionadas a cada uma das instituições presentes,
de modo que estas possam verificar a viabilidade prática dessas
ações internamente.
INFOGRÁFICO
O século XX foi marcado por dois grandes conflitos bélicos. A Primeira e a Segunda Guerras
Mundiais envolveram um grande número de países e deixaram milhões de mortos ao redor do
mundo. Sem segurança, as pessoas fugiam de seus países em busca de abrigo em outros lugares.
Neste Infográfico, você vai ver o conceito de direitos humanos e como eles estão estabelecidos
no ordenamento jurídico interno, além da segurança pública enquanto um direito fundamental
individual e dever do poder estatal.
CONTEÚDO DO LIVRO
Boa leitura.
DIREITOS
HUMANOS E
LEGISLAÇÃO
SOCIAL
Introdução
Para um pleno desenvolvimento das relações sociais, o poder estatal
precisa desempenhar uma série de ações visando ao bem-estar cole-
tivo. Entre elas, destacam-se as políticas públicas que evitem situações
de riscos às pessoas e aos seus patrimônios. A Constituição Federal de
1988 estabelece que a segurança pública é um direito individual cuja
consecução está para além da oferta de policiamento.
Na prática, para que haja uma plena consecução da segurança pública
é necessária, de forma cumulada, a garantia de outros direitos fundamen-
tais, como o acesso à educação, à saúde de qualidade, a condições de
moradia, entre tantos outros. Nesse sentido, a garantia plena à segurança
representa um dos maiores desafios do Estado.
Neste capítulo, você compreenderá o conceito de segurança pública
como um dever estatal e uma garantia fundamental. Ainda, verificará que,
para o pleno exercício desse direito, o indivíduo deve ter acesso a um
conjunto de outras garantias, uma vez que a Constituição Federal de 1988
reconhece que esse valor ultrapassa a oferta de policiamento nas ruas.
2 Segurança pública e direitos humanos
Tais condições devem ser verificadas por todos os poderes estatais. Espe-
cificamente, o Judiciário poderá determinar a implementação de ações que
garantam esse direito quando do inadimplemento estatal de suas obrigações,
ou seja, quando do enfretamento de matérias que careçam de ações estatais
para assegurar o direito à segurança pública, o Poder Judiciário poderá deter-
minar que os entes estatais desenvolvam ações que visem à garantia prática
desse direito.
4 Segurança pública e direitos humanos
Para Noberto Bobbio, em seu livro A era dos direitos, baseando-se a teoria
de Karel Vasak, os direitos fundamentais podem ser classificados em geração
de acordo com as conquistas sociais que levam ao seu reconhecimento pelo
Estado (BOBBIO, 2004). Cumpre ressaltar que, como decorrência da própria
natureza dos direitos fundamentais, não há uma hierarquia entre as dimensões
desses direitos, e sim apenas uma distinção no sentido histórico em que foram
conquistados. Superando a visão de Bobbio, Paulo Bonavides descreve a
existência de outras dimensões dos direitos fundamentais.
Vale destacar que, apesar da evolução do reconhecimento e da normatização
dos direitos fundamentais, atualmente o maior problema a ser enfrentado
é a concretização de tais garantias, visto as inúmeras dificuldades para a
implementação fática de tais direitos. Atualmente, com o vasto conjunto de
documentos normativos nacionais e internacionais sobre os mais variados
aspectos para os direitos humanos, podemos compreender que sua problemática
se dá no plano da concretude.
No Brasil, a Constituição de 1988 é reconhecida por ser um avanço no
reconhecimento dos direitos e das garantias fundamentais (BRASIL, 1988).
A doutrina constitucionalista, conforme Bulos, considera que esse Texto avan-
çou ao ponto de trazer direitos fundamentais de cinco dimensões, ligadas à paz.
Todavia, uma das maiores problemáticas do Texto está no campo da sua
efetivação, já que, apesar de ser destinado aos sujeitos um rol amplo de ga-
rantias, muitas vezes o Estado não dispõe de condições e recursos financeiros
para a sua concretização. Uma consequência desse descompasso é a chamada
judicialização dos direitos fundamentais, em que, não tendo seus direitos
concretizados, os indivíduos provocam o Judiciário por uma resposta.
Para saber mais sobre os trabalhos da Organização das Nações Unidas (ONU) para
a defesa dos direitos humanos, acesse o site do Centro Regional de Informação das
Nações Unidas (UNRIC).
Segurança pública e direitos humanos 9
Outra garantia vital é que o apenado tenha acesso a uma política pública
de saúde direcionada às especificidades da vida em cárcere. Na realidade, o
poder estatal não consegue ofertar serviços específicos a esse público, fazendo
com que muitos padeçam de inúmeras doenças, algumas das quais originadas
das péssimas condições de higiene do ambiente.
O modelo ideal de sistema carcerário deveria contar com profissionais
como defensores públicos, assistentes sociais e psicólogos, porém nem sempre
a composição de equipes disciplinares é possível. Ademais, os espaços deve-
riam conter instrumentos, como cursos profissionalizantes e de capacitação,
que possibilitam a ressocialização e a reintegração como detento, mas muitas
carecem desses recursos, diante de uma estrutura social tão distinta.
Na concepção moderna de justiça, o Poder Judiciário deve colaborar para
a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. E, para isso, precisa
criar ações direcionadas à mitigação das diferenças de classes, como a dos
apenados. Todavia, na prática, poucos são os projetos e ações realizados por
esse setor para o enfretamento dessa problemática.
Entre as ações positivas realizadas, estão os chamados mutirões dire-
cionados à execução penal, que buscam revisar o processo dos apenados e,
portanto, verificar se já cumpriram os requisitos mínimos para serem postos em
liberdade. Apesar de a sanção penal ter delimitações, muitas vezes o apenado
já cumpriu o quantum da sua pena, mas ainda aguarda a marcha processual
lenta para usufruir de sua liberdade.
Leituras recomendadas
MELO, F. CNJ e TJAM inauguram programas que impactam na celeridade processual
e na ressocialização de egressos do sistema prisional do Amazonas. Tribunal de Justiça
14 Segurança pública e direitos humanos
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
DICA DO PROFESSOR
Nesta Dica do Professor, você vai ver mais sobre o conceito de ressocialização do apenado.
EXERCÍCIOS
B) Diante da divisão dos direitos fundamentais estabelecida por Norberto Bobbio, a segurança
pública pode ser considerada um direito fundamental de terceira dimensão, visto que sua
natureza se estabelece na solidariedade.
C) a tutela constitucional é delimtiada à proteção física das pessoas naturais. Coube à lei
infraconstitucional estabelecer a tutela patrimonial.
A) apesar dos avanços, traz o direito à segurança de forma indireta. Trata-se de uma garantia
corolária à segurança privada.
B) o Brasil, apesar de signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, a
subescreveu com ressalvas, não reconhecendo o dispositivo da segurança.
D) a Constituição Federal de 1988 distoa dos valores trazidos na Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 1948 quanto à tutela da segurança pessoal.
E) o Brasil ratificou com reservas a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.
Assim, a recepção dos artigos deve ser vista de forma isolada.
4) A segurança pública deve contemplar ações que tenham em vista garantir melhores
condições à população. Inclusive, deve direcionar ações para aqueles que estão em
regime de cumprimento de pena privativa de liberdade.
D) Apesar dos avanços, a Constituição Federal de 1988 não consagrou direitos para as
pessoas que estão em regime de cumprimento de pena.
E) O apenado sofre uma delimtiação dos exercícios de seus direitos individuais, como aqueles
pertinentes à saúde e à segurança.
5) O sistema carcerário brasileiro é centrado em um modelo punitivo de privação de
liberdade. Na prática, muitos são os desafios para a garantia dos direitos dos
apenados.
A) O sistema carcerário brasileiro cumpre sua função de reintegração. Após a saída, o ex-
detento tem plenas condições de reinserção na sociedade.
B) A educação é uma garantia àqueles que estão no regime semiaberto. Assim, quem se
encontra em regime fechado não pode exercer tal direito.
C) Tendo em vista o auxílio nos gastos do Estado com a reclusão, cabe ao apenado
desenvolver atividades laborais durante o cumprimento da pena.
NA PRÁTICA
A segurança pública deve ser compreendida como um direito de todos, inclusive daqueles que
estão em regime de cumprimento de pena privativa de liberdade. Para a concretização desta
garantia, é preciso que o Estado observe outros direitos fundamentais, como o acesso à educação
e à saúde.
Geopresídios
Neste vídeo, você vai ver como é a realidade nos presídios brasileiros superlotados, onde muitos
direitos não são garantidos.
Rio do medo
Este documentário mostra, sob diferentes pontos de vista, como é viver em um ambiente
inseguro. Acompanhe.